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HERMANO CARMO (coordenação)


ANA ESGAIO, CARLA PINTO, PAULA CAMPOS PINTO

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lnseriu-se um novo capítulo (5) sobre a questão da sustentabilidade no


desenvolvimento comunitário, questão de incontornável atualidade.
Introduziu-se em anexo, um caso para aplicação dos conteúdos progra-
máticos ÍNDICE GERAL
Com a presente revisão, espera-se continuar a responder às expetativas dos
diversos leitores, estudantes e profissionais, que apoiaram o livro ao longo do
seu ciclo de vida e a quem agradecemos o incentivo. Bem hajam por isso.

Num prévia .................................................................................................. ..

‹ /\ equipa que organizou esta edição ............................................................... ..

(fnpítulo 1 -Introdução ............................................................................... ..

I. 'l`empo disponível ..................................................................................... ..


- 2. listrutura de conhecimentos ..................................................................... ..
' 2.1. Conceções do Mundo e da Vida do coordenador ............................. ..
¡- l 2.2. Teorias e conceitos ........................................................................... ..
2.3. Modelos ........................................................................................... ..
2.4. Resultados esperados e valor acrescentado da aprendizagem ............. ..
J. Público-alvo ............................................................................................ _.
4. Sistema de comunicação educacional ....................................................... ..
4.1. Materiais ........................................................................................... ..
4.2. Interação ........................................................................................... ..
4.3. Avaliação ........................................................................................... ..
lim síntese .................................................................................................... ..
Leituras complementares ............................................................................... ..

Capítulo 2 - Tradição, modernidade e mudança ........................................... ..

l. Elementos em jogo num processo de intervenção social ........................... ..


Caso 2.1 - Construção de balneários e lavadouros em Vera Cruz (México)
Caso 2.2 - O caso do xarope para a sarna ................................................ ..
Atividade 2.1 ............................................................................................ ..
2. O choque de culturas, questão central em qualquer mudança programada.
2.1. A comunicação intercultural....................................... ...................... ..
Caso 2.3 - O caso da pílula partilhada ................................................................ ,. 36 A educação para o desenvolvimento .... ..
2.2. Problemas de perceção .................................................................................. 36 Atlvliiarie 4.1 ........................................................................ ..
Caso 2.4 - As mãos decepadas (campanha de vacinação, Norte da Tailândia) ...... .. 36 1.2. O conceito de Comunidade ................ ..
Caso 2.5 - O equívoco do crocodilo (campanha contra a tuberculose, Zimbabwe) 37 A ideia de comunidade nas Ciências Sociais ................ ..
Caso 2.6 - Colonização interna na Indonésia ...................................................... .. 38 U conceito de comunidade em Ander-Egg .................. ..
Caso 2.7 - Uma campanha contra o tifo (Perú) .................................................. .. 38 O conceito de comunidade na sociedade contemporânea
Caso 2.8 - Diferentes modos de aprender ............................................................ .. 39 Atividade 4.2 ........................................................................ ..
3. Papel do interventor social .................................................................................. .. 40 ,iiflj A organização comunitária e o Serviço Social de Comunidades
4. Um mapa conceptual do processo de intervenção social ...................................... .. 41 i Organização comunitária .................... ..
Em síntese .................................................................................................................. A 41 Serviço social de comunidades. ............ ..
Teste formativo ........................................................................................................ .. 42 43 ........................... .. 76
Leituras complementares .......................................................................................... .. 43 Desenvolvimento Comunitário .............. .. O I I I I I I I U I O I I I I I O I I I I I II

l. Dimensões do conceito ........................ .. I I O I I I Í I I I O . O I Ó I U I I Í . I II

Capítulo 3 - As alterações do ambiente de intervenção social .................................. .. 45 As raizes ............................................. .. I Ó Í I I I I I Ú . I Ó I I I . U I I Q I O I II

Os princípios ...................................... ..
l. A evolução dos condicionalismos ambientais ...................................................... .. 45
A planetarização .................................. ..
i.l. Os condicionalismos ambientais pré-industriais .......................................... .. 47 4.4. ...................................................................... .. 80
i.2. Os condicionaiismos ambientais da sociedade industrial .............................. .. 48
de Desenvolvimento Comunitário .... ..
1.5. Os condicionaiismos ambientais da sociedade de informação ...................... .. 49 Tipologia geográfica ............................ ..
Atividade 3.1........................................................................................................_. 51 Tipologia conceptual .......................... ..
Í. A evolução da intervenção social .......................................................................... .. 51 Tipologia de modelos de intervenção de Rothman ...... ..
j 2.1. A intervenção social nas sociedades pré-industriais ...................................... .. 52 4.5 ........................................................................ .. 84
i_ Situação geral ................................................................................................ 52 de algumas experiências ............................................ ..
Em Portugal .................................................................................................. 53 4.1 - A experiência do Gana: exemplo de um projeto à escala nacional
'" 8.1. A intervenção social na sociedade industrial ................................................ .. 54 4.2 - Um projeto na Sardenha: exemplo de um projeto à escala regional
ig Situação geral ................................................................................................ 54 ..... ....................................................................... .. 87
'A Em Portugal ................................................................................................ .. 56 4.3 - A estratégia da «sopa de pedra»
2.5. A intervenção social na sociedade de informação ........................................ .. 57
4.4 - O projeto «Revitalização da Comunidade de Ouguela»
Atividade 3.2 ........................................................................................................ .. 60 4.5 - Um programa de educação funcional no Paquistão
Em sinrese .................................................................................................................. 60 v lmento Comunitário na atualidade .................. ..
Taste Formativo .......................................................................................................... 60 ihndlncias da investigação .......................................... ..
Leituras complementares .......................................................................................... .. 61 Dissertações ..........................................
Monografias e artigos .................................................. ..
Capítulo 4 - O desenvolvimento comunitário: enquadramento geral ...................... .. 63
AI tendencias do ensino .............................................. ..
1. Conceitos-base .................................................................................................... .. 64 Ím instituições de ensino presencial ............................ ..
1.1. O conceito de Desenvolvimento .................................................................. .. 64 Im instituições de ensino a distância I I Ó I I I I I I O O I O I I O O O O I I I I I O I II

Um ponto de partida: o conceito de problema social .................................... 64


Uma aproximação terminoiógica ................................................................ .. 65 .SOU III I I I I O e O I O O O I I I I O I I e I I I I O I I a I a a I I a a I a I a a a I a o I a I a I I e s e O I Q a a o o a O o I a o a I s I ea

Perspetiva de Lebret ................................... ..... ..................... .......... .. 65 a a a I e s a a I s a e a I I a s a a s e s as

Posição do Banco Mundial e do PNUD .... .. .................... 67 eempiemenrares .................................. .. Í Í Í Í Ó I Ó Í Ó Í I Q Í Q I Í I I I I I II

L I . .
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À Q-Q..
(Íapítulo 5 - Sustentabilidade e desenvolvimento comunitário ................................ .. 105 Fase de análise continuada .......................................................................... .. 138
Caso 6.3 - Fogões na Índia e no Irão ............................................................ .. :38
I. O desafio da sustentabilidade .............................................................................. .. 1 06 Avaliação final .............................................................................................. .. -39
1.1. Desconstrução de um conceito .................................................................... .. 106 Atividade 6.2................................................................................................ .. 139
1.2. A insustentabilidade da conjuntura .............................................................. .. 108 l. A questão da pobreza e o contributo da Antropologia ........................................ .. _39
2. Desenvolvimento sustentável: O desafio da metamorfose .................................... .. 11 _i. l _ Atualidade da questão na Agenda Internacional .......................................... _. 140
2.1. Desenvolvimento sustentável como novo paradigma de desenvolvimento .... .. 11 , 5.2. Aspetos conceptuais: a pobreza como carência e como presença .................. .. _44
2.2. Princípios do desenvolvimento sustentável .................................................. .. __
4-.-

A pobreza como carência ............................................................................ .. -44


Atividade 5.1. .............................................................................................. .. 11 A pobreza como presença ............................................................................ .. 146
3. Contributo cívico de uma profissão .................................................................... ._ 1 4

Uèüãi-IGG 3.3. Caso 6.3: a experiência do CASU ................................................................ .. 150


3.1. Insustentabilidade das respostas tradicionais e novas necessidades de formação O que foi o CASU? .................................................................................... .. 150
social ............................................................................................................ ._ 114 1970/71: o ano charneira ............................................................................ .. 150
3.2. Novos recursos, novas respostas e estratégia de qualificação .......................... .. 116 1972/73: primeiros resultados do enquadramento técnico .......................... .. 151
3.3. Domínios de atuação .................................................................................. .. _ 18 1973/74: o ano da Revolução ...................................................................... .. 151
3.4. Terrenos prioritários de contributo para a sustentabilidade .......................... .. 120 Atividade 6.3 ...................................................................................................... .. 153
Atividade 5.2 ............... .Í................................................................................... .. 121
i".|n síntese ................................................................................................................ .. -54
lim síntese ................................................................................................................ .. 121
'leste formativo ...................................................................................... .. -54
'leste formativo ............................................................................................................ .. 122
lritiiras complementares .......................................................................................... .. -55
Leituras complementares .......................................................................................... .. 123

( Iapítuio 7 - Sociologia de Intervenção e Desenvolvimento Comunitario ................ .. 157


Capítulo 6 - Antropologia Aplicada e Desenvolvimento Comunitário .................... .. 125
i . Domínio e vertentes da Sociologia de intervenção ............................ .. a a a a a I u a u u a a a a o a ao 157
l. Evolução dos interesses dominantes da Antropologia Aplicada ............................ .. 125
Atividade 7.1 ............................................................................................... .. u a a o O o a o o o a a a ao 158
1.1. O que é a antropologia Aplicada? ................................................................ .. 125
l.l. O que é a Sociologia de Intervenção? .......................................................... .. 158
1.2. A Antropologia Aplicada no Reino Unido .................................................. .. 127
1.2. Precursores da Sociologia de Intervenção .................................................... .. 161
Antes e durante a primeira guerra mundial .................................................. .. 127
1.3. A Sociologia de Intervenção em contexto micro ........................................ .. 162
O período entre guerras .............................................................................. .. 128
1.4. A Sociologia de Intervenção em contexto meso .......................................... .. 162
1.3. A Antropologia Aplicada nos Estados Unidos .............................................. ._ 129
l.5. A Sociologia de Intervenção em contexto macro .......................................... .. 164
Antes da segunda guerra mundial ................................................................ .. 129
Atividade 7.2 ................................................................................................. .. c o n o Q Q Q a o U O oo 169
Durante a 2.* guerra mundial ...................................................................... .. 129 .I 2 169
' . O método Paulo Freire, paradigma da Sociologia da intervenção .......................... ..
Depois da 2.* guerra mundial ...................................................................... .. 131
2.1. A trajetória existencial .................................................................................. .. 170
1.4. A Antropologia Aplicada em Portugal .......................................................... .. 131
Atividade 6.1 ................................................................................................ .. 133
Azâvâdzàz 7.3 ............................................................................................ . . . . . » s ú ú › a a - o - - - - eo 173
2.2. A obra............................................................................................... .. I O I I I O O O I .I 173
2. Valor da contribuição da antropologia para o trabalho comunitário .................... .. 133
Educação como prática de liberdade ............................................................ .. 175
2.1. Valor político .............................................................................................. .. 133
Educação e extensionismo rural .................................................. .. a a a u n a a a a a a a a a ou 175
2.2. Valor cognitivo ............................................................................................ .. 135
Extensió o comunicación? La conscientización en el medio rural ¢ a n U o o I I Q u 0 I I 0 I I 00 176
Caso 6.1 - O erro de Squillachi e o engenho de Arandas (Espanha) ............ .. 136
Pedagogia do oprimido (1970) .................................................................... .. 176
Caso 6.2 - Negociações num motim (Coreia) ............................................ .. 137
Os registos africanos ................................................................. -- 177
2.3. Valor prático ................................................................................................ .. 137
As obras da reaprendizagem do Brasil ....................................... .. 178
Fase de pré-estudo ...................................................................................... .. 138
Fase de planeamento .................................................................................... .. 138
Azivââzdc 7.4............................ ----------------------------------- 180

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2.3. O método Paulo Freire ............. .. I O O I I I U U O I O O O I O I I O I 0 O I U I I I O I I I O I I I I O I I O I O I O I I I I I I I I 0 I I I I I I O I I I I I I II 180 Caso 7.1 - Um PIOÍCIO C0mUfli¡áfi° U0 Eq“ad°" '''''''''''''''''''''''''''''''''''''''' " 219
Atividade 7.5..................................... .. I I I C U Í C I O I I O I I I I U O I I I I O I I I I I I O I I I I . O I I Í I I I I O C I Í I I Í I Í I I I I I I I I I O I I I IO 182 Identificar recursos -------------------------------------------------------------------------------------- " 220
3. Empowerment e advocacy, dois conceitos integradores ...................... .. 0 I I I Ç I I I I I I I | I I l Ie 182 O diagnóstico .............................................................................................. .. 221
3.1. Raízes do empowerment ........... .. 183 Técnicas de recolha de dados ...................................................................... .. 223
3.2. A advocacy .................................................................................................. .. 184 Atividade 8.2. ....................................................................................................... .. 224
3.3. Metodologia do empowerment e da advocacy.............................................. .. 185 2.3.2. Investigação geral: variáveis relevantes................................................ .. 224
4. A não-violência ativa, uma estratégia de intervenção social ........ .. I I I O I I I O U O I I I I I I I U I O O I I I IO 186 2.4. Planeamento e programação em Desenvolvimento Comunitário ................ .. 225
4.1. Aspetos conceptuais .................................................................................... ..

187 O que é planear? .......................................................................................... .. 225
4.2. Fundamentos filosóficos da NVA O I I I I I O O I I I I I I I O I I I O I Ó I I O I I Í Ó I Í I Í Í I I I I II 189 Procedimentos obrigatórios nos atos de planear e organizar ........................ .. 225
4.3. Fundamentos sociopolíticos da NVA ................................ .. 191 Atividade 8.3........................................................................................................ .. 227
›-v ' ' " . . 1

4.4. Metodologia da NVA ............... .. I I I O I I I I I I I I I I I I I I O I I I I I I I I O O I I I I I I I I I I OC 193 2.5. Execuçao e administraçao de programas em Desenvolvimento Comunitário 7
Análise da Situação .................... .. I I I I I O I I I U I D I Í I I I O I I I I Í I I O I I I O I I I I I I I C .I 193 O que é administrar? .................................................................................. .. 227
Escolha do objetivo .................... .. I I U I Q U Q n I I I 0 I I I e Q O Q U I O C I I O I I I I I I O I I I I I OI I I o I e I U e U I I I O O I 0 O o 0 O o Q I I eo 194 Questões-chave na administração de programas: as questões da coesão e da
Primeiras Negociações .............. .. 195 condução ........................................................................................... .Z ....... .. 228
Apelo à Opinião Pública ............ .. 195 2.6. Motivação e liderança em intervenção comunitária: aproximações teóricas.... 228
Envio de ultimatos e ações diretas 196 Teoria da pirâmide de necessidades de Maslow ............................................ .. 229
Caso 7.1 - O ultimato a Smuts... 196 Teoria da realização pessoal de Mc Clelland ................................................ .. 229
Caso 7.2 - O boicote às uvas da Califórnia. ................................................. .. 197 Teoria de Homans ...................................................................................... .. 230
Atividade 7.6 ..................................... .. 198 Teoria do processo de maturação de Argyris ................................................ .. 230
4.5. Thich Nhat Hanh e o Budismo Activo: uma influência para o Serviço Social 199 Teoria da análise transacional de Bern e Harris e teorias X e Y de Mc Gregor 232
Em síntese .............................................. ..I I Ó I I U I Ó O U I I I I I I O I I O I O O I I O I I I I I I I I I I I O O I' O I O I I I I U O 0 I D O | I I I Q I a Q I I II 202 Teoria de Argyris sobre os estilos de supervisão ............................................ .. 232
Teste formativo ............................................................ .. I l 0 I I I O I O 0 I I 0 I O O O I I I O I I O I I I a a ¡ O I | O I U I I I I I I Il 202 Teoria da liderança de Blake e Mouton ........................................................ .. 232
Leituras complementares ................................................................. .. I U I O O I I I I I I I I I I I C I I Q U U I Il 203 2.7. Avaliação de programas ................................................................................ .. 233
3. Redes e parcerias .................................................................................................. .. 236
Capítulo 8 - Metodologia da intervenção comunitária ................... .. I Ç I I I I I I I I I I O I O I I I I I I I I II 205 3.1. As parcerias na conjuntura atual .................................................................. .. 236
A glocalização .............................................................................................. .. 237
1. Uma bússola para a intervenção comunitária: a abordagem sistémica .................. .. 205 Efeitos nos atores sociais .............................................................................. .. 238
1.1. O macroscópio ........................... .. 206 Efeitos da mudança no grupo familiar .................................................... 240
1.2. O nevoeiro informacional ........... .. 207 Parcerias e desenvolvimento local ................................................................ .. 241
1.3. A questão da informação no trabalho comunitário ...................................... .. 208 3.2. A parceria como estratégia de trabalho colaborativo .................................... .. 243
1.4. O que é a abordagem sistêmica? 209
4
Das Redes às parcerias ................................................................................ .. 243
1.5. Aplicação da abordagem sistémica ao trabalho comunitário ........................ .. Os Parceiros ................................................................................................ .. 245
4

Atividade 8.1....................................... .. _

Características do trabalho em parceria ........................................................ .. 245


a

2. Passos para a intervenção em comunidades ............................................ .. I I I I O I I I I I O I DO

A armadilha da retórica................................................................................ .. 246


4

2.1. Aspetos gerais ............................. .. I I I I I O O I I U I I I I O I I U C I O O I I U I I I I I I I I I O I I O I I I O I O I O O I I O I I I I.

an Exigências do trabalho em parceria ................................................ .: ............ .. 247


2.3. Estudo e diagnóstico ............................................................ ..
4 Desafios estratégicos no planeamento, gestão e avaliação das parcerias ........ .. 248
2.3.1. Vertentes do estudo e do diagnóstico preliminar .... ..
F Atividade 8.4........................................................................................................ .. 252
Lançar ‹‹pontes›› ...................................................... .. .-

Em síntese ................................................................................................................ .. 252


Proceder a uma caracterização preliminar da comunidade .............. .. mt: formativo ........................................................................................................ --
Fazer o levantamento de experiências anteriores ...... .. Cornpicrncntarcs ................... unuun."""."""". . . . . , I . . , , , , , , , , , , , , , , . , . . . . . . . . . . . . . . . . . . › - --
Identificar necessidades l\J× i Jl× \Jl)\Jl)\Jl) I¡l\I¡ ® \lC›\OG\›-F\U~>\.›J©

12
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- . ' _ _ ..'..~ . z ~ - ": i"nuv:iiia._.. 290
Capítulo 9 - Campos específicos do desenvolvimento comunitário ...... ._ ................ _. 255 5 1 Desenvolvimento comun|t.irio c ctliic.u,.i‹› para u|ii.i iii II\‹M.I›l\H C
Variáveis em jogo 1121 ¢¢1U¢=1Çã° Para 3 d°'“°°"““i“ '''''''''''''''''''''''''''''''''''''''' "
1. Desenvolvimento comunitário e educação ........................................ _.
255
O Ç o o a Q O O o o n Q Q Q o I na i Papel do Desenvolvimento comunitário ............................. ....................... ._ )
1.1. A mudança na educação ............................................................ ._ ................._ 255
256 .z 5.2.' Desenvolvimento comunitário e educação aberta c a distância .................... _. 292
1.2. Relação da escola com a comunidade: um exemplo .................. _. o o o n Q I a O | I Q o a o o I oo

O ensino aberto e a distância ...................................................................... __ 292


..................
1.3. Comentário .............................................................................. _. 259 _ O EAD e a educação para a resolução de problemas básicos ........................ ._ 294
1.4. Parceria escola/comunidade na educação para a cidadania ........ _. ................_. 26o O EAD e o reforço à educação formal ........................................................ _. 295
Desenvolver os talentos: construir identidades ricas .................. ._ ................_. 262 O EAD e o desenvolvimento da educação contínua .................................... ._ 295
No fio da navalha: ser sujeito da sua história ............................ ._ .................. 265 j Em resumo .................................................................................................. _.
Viver em comum: ser cidadão de corpo inteiro .......................... ._ Q Q o o I o n o o o I o o a Q o ao
265 Atividade 9.5........................................................................................................ ._
1.5. A educação intercultural e a intervenção comunitária ................ _. I o I I Q o I n o o a l a Q I n eo
265 .
. ........................................ .. 297
A educação intercultural e as doutrinas da assimilação, da integração e do piu- lim
lesteSíntese iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
formativo H
........................................................................................................ _. 298
ralismo cultural ........................................................ _.
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii H 265 1 ` m lementares 299
Aprendizagens da educação intercultural ...................................................... _. 266 “mms C0 P iiiiii ii
Um grupo estratégico: os formadores ........................................ _. ~~~~~~~~~~~~~~~~ -- 267 N é‹ 501
A.i.zi<iz..‹i¢ 9.1.......................................................................................................... 269 “'“P““a '''''''''''''''''''''''''''''''''"
. - ............ _. 0
2. Desenvolvimento comunitário e saúde .............................................. ._ ................ ._ 269
iiiiiliografia de referencia ............................................................................ _. 3 3
2.1. Apoio a cidadãos fragilizados por condições de saúde particulares .............. ._ 270
2 1 - - ~ f › ' .............. _. 321
2.2. Em Centros de saúde .............................. _; ................................... _. o a u e I a Q a I e I I Q ao
7 Anexo - Exercício de aplicaçao dos conteudos prograITl=1t1C0S ------------------ --
2.3. Açao a partir de instituiçoes de cuidados diferenciados de saude.................. _. 271 -« ......................................................._ 322
Atividade 9.2........................................................................................................_. 272 ^“"'d“d°1 ''''''''''''''''''''''''''''''''''''" .... _.._ 322
Atividade 2 .......................................................................................................... 2
3. Desenvolvimento comunitário e exclusão social ................................ _. ................ ._ 272 '
Atividade 3 .................................................................................................... _. 3 3
3.1. A pobreza como forma de exclusão social .................................................... ._ 272 A _ _d d 4 ____________________________________________________________________ ,. 323
3.2. Importância sociopolítica da pobreza .......................................................... _. 275 1 tm a C iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii H
3.3. O combate à exclusão social ........................................................................ _. 275
3.4. Crianças e jovens em situação de exclusão social .......................................... _. 277
3.5. Adultos em situação de exclusão social ........................................................ ._ 279
3.6. Idosos em situação de exclusão .................................................................... _. 280
Atividade 9.3 ...................................................................................... ._ ................ ._ 282

4. Desenvolvimento comunitário e ação macrossocial .............................................. ._ 282


4.1. Planeamento e organização comunitárias .................................................... _. 282
4.2. Programas de defesa dos Direitos Humanos ................................................ ._ 283
As gerações de Direitos Humanos ................................................................ ._ 283
O reforço normativo .................................................................................... ._ 284
A dificuldade de execução ............................................................................ _. 285
A intervenção no terreno ............................................................................ ._ 286
4.3. Organização comunitária em situações de ameaça à proteção civil .............. ._ 287
4.4. Trabalho comunitário em programas internacionais .................................... _. 289
Atividade 9.4 ...................................................................................... _. ................ __ 289
5. Rumos promissores ............................................................................. ._ ............... ._ 289

15
14 _ _ .
Figura 8.2 - Variáveis relevantes na abordagem sistémica de urna etiiiiuiiiçllaic _.
Figura 8.3 - Variáveis relevantes na abordagem sistémica de uma comuni a e ._ 219
Figura 8.4 - Tipos de necessidades .................... __: ............................................. ._ 222
Figura 8.5 - Matriz de análise SWOT da comunidade X .................................. ._ 227
r:¡gura 8.6 - Exemplo de Plano de Ação......................... ................ 231
ÍNDICE DE FIGURAS jqgum 3_7 _ Mgdglgs de comportamento segundo um critério de maturi a e ._ 232
Figura 8.8 - Estilos de supervisão .................................................................... ._ 232
Figura 8.9 - Matriz de Blake e Mouton ............................................................ _. 233-234
Figura 8.10 - Tipologias de Avaliação .............................................................. _. 241
Figura 8.11 - Oferta social necessária............. _.: ................................................ ._ 244
Figura 2.1 - Elementos presentes em qualquer processo de intervenção social 33 Figura 8.12 - Estratégias do trabalho colaborativo ....... _: ................................... _. 244
Figiira 2.2 - Mapa conceptual de um processo de intervenção social ................ ._ 42 Figura 8.13 - Variáveis de análise do trabalho colaborativo .......... ....... ..... _.
Figura 3.1 - Caracterização das três vagas civilizacionais .................................. ._ 46-47 Figura 9.1 - Absentismo, insucesso e abandono escolar: prevençao, an ise e 258
Figura 3.2 - Ambientes da intervenção social .................................................... _. 52 diagnóstico precoce ......................................... .......... ._ ............
Figura 3.3 - Comparação das políticas neoconservadora e social-democrata, no Figura 9.2 - Absentismo, insucesso e abandono escolar: objetivos da intervençao 259
que diz respeito às três teses do EPK ............................................ ._ 58 precoce ................ __: ...................... ............................................... ._ 261
Figura 3.4 - Tipologia de trabalhos de intervenção social ................................ _. 59 j:¡gu¡a 9,3 - Vertentes da parceria escola/comunidade .................................... _. 262
Figura 4.1 - Areas-Chave da Educação para o Desenvolvimento ...................... ._ 69-70 Figura 9.4 - Mapa conceptual da educação da personalidade ............................ ._ 263
Figura 4.2 - Modelos de Desenvolvimento Comunitário: tipologia geográfica.... 81 Figura 9.5 - Desenvolver os talentos ............ _.: ................................................. _. 264
Figura 4.3 - Três perspetivas de prática comunitária segundo Rothman ............ _. 82-83 Figura 9.6 - Liderança: a questão da autonomia .............................................. _. 268-269
Figura 4.4 - Ação do novo Presidente da Câmara (modelo da sopa de pedra) 88-89 Figura 9_7 _ Um grupo estratégico: os formadores ............................................ ._ 274
Figura 5.1 - Dimensões da sustentabilidade ...................................................... _. 107 Figura 9.8 - Índice de exclusão social .............................................................. _. 281
Figura 5.2 - Princípios do desenvolvimento sustentável .................................... _. 112 Figura 9.9 - Uma nova velhice ........................... .................................... ._ 288
Figura 5.3 - Um mapa conceptual da educação para a cidadania ...................... _. 115 Figura 9.10 - Intervenção em situações de prot-eçao civil: ................................. ._ 291
Figura 5.4 - Vertentes da intervenção social ...................................................... ._ 118 ¡:¡gu¡-a 9_11 _. Educação para a democracia: variáveis em jogo .... _.: ................... ._
Figura 6.1 - Aplicações dominantes e obras ilustrativas da AA portuguesa ........ ._ 132 Figura 9.12 - Hipóteses de contribuição do ensino à distância em diversos campos 6 297
Figura 6.2 - Matriz de conhecimentos do antropólogo num processo de inter- úteis ao desenvolvimento comunitário ........................................ _. 29 -
venção social ................................................................................ ._ 137
Figura 6.3 - Espiral PPA .................................................................................. _. 142
Figura 6.4 - Espiral ascendente ........................................................................ ._ 143
Figura 6.5 - Conceitos de pobreza .................................................................... ._ 145
Figura 6.6 - Quadro de indicadores da cultura da pobreza, segundo Oscar Lewis 147
Figura 6.7 - Modelo integrador de uma subcultura de pobreza ........................ ._ 148
Figura 7.1 - Breve cronologia de Lebret ............................................................ ._ 165-166
Figura 7.2 - Ideias-chave de Suicídio ou sobrevivência do Ocidente ................ _. 167-168
Figura 7.3 - Paulo Freire: vida e obra................................................................ _. 171
Figura 7.4 - Principais conceitos integradores do pensamento de Paulo Freire._.. 174-175
Figura 7.5 - Ensinar exige ............................................................................... ._ 179
Figura 7.6 - Momentos e técnicas da NVA ...................................................... ._ 194
Figura 8.1 - Variáveis relevantes na abordagem sistémica de uma comunidade _. 211

16 17
_ 1
l llavvc o grau de Doutor em Ciências da l'iducaçãi‹› na cs|›ccia1idadc dc Organiza-
A EQUIPA QUE ‹›1‹‹;/\N|'/.ou ESTA EDIÇÃO tao de Sistemas de Formação (1995) e o título de /\greg;u1‹› em Política e Ação
*ua ial (2,002), na Universidade Aberta. Professor (Íatedrátic‹› do ISCSP da Univer-
nhla‹l‹- de Lisboa e da Universidade Aberta, onde ensina desde 1983 e desde 1989,
|e›.¡›‹~|iva|nente. No ISCSP, tem lecionado nas áreas de administração pública, ciên-
í tm. «Ia educação, ciência política, serviço social, política social e sociologia. Presen-
lrínrnle é membro integrado do Centro de Estudos de Administração e Políticas
1'|l|›|i‹as (( ÍAPP), coordenador da pós-graduação em gerontologia, vice-presidente
du ( Íonsclho Científico e membro da Comissão Científica do Senado da Universi-
Ana Esgaio almlv de Lisboa. Na Universidade Aberta foi pró-reitor, diretor do departamento de
Assistente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas tlêm ias sociais e políticas e do mestrado em relações interculturais. Lecionou nas
(Universidade de Lisboa) na área do serviço social. Mestre em rltvas de administração e gestão educativa, ciência politica, comunicação (em edu-
Sociologia e Licenciada em Política Social, é doutoranda em uigau multimedia, intercultural e saúde), serviço social, política social e sociologia,
Ciências Sociais, na especialidade de Serviço Social. É membro em rvgirne presencial e online. Colabora no seminário ele projeto no doutoramento em
do Centro de Administração e Políticas Públicas, sendo o seu .\'m/rum/zilidade Social e Desenvolvimento e e' colaborador do Centro de Estudos das
domínio de investigação a responsabilidade social das organi- Mlp,|'z|ç¿"›cs e das Relações Interculturais (CEMRI). Desde 1970 desempenhou fun-
zações e a prática do Serviço Social, o que lhe valeu já o Prémio (Dvs técnicas, docentes em vários organismos nacionais e internacionais nas áreas da
GR/ICE ele remonsabilidade social empresarial (2010). A sua experiência extra-acadé- |¡'y,t||a|\ç;1 social e da educação. Tem 14 livros e 63 artigos ou ensaios publicados.
mica centrou-se na gestão de projetos e redes locais, particularmente no Concelho
de Oeiras, onde trabalhou dez anos.
Paula Campos Pinto
1 Carla Pinto Doutorada em Sociologia pela Universidade York (Toronto,
Professora auxiliar do ISCSP/UL, doutorada na especialidade de Canadá) é atualmente docente no Instituto Superior de Ciências
Política Social, mestre em Sociologia e licenciada em Política Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, investigadora no
Social. Leciona Serviço Social e Política Social há 18 anos e tem Centro Interdisciplinar de Estudos de Género e no Centro de
desde então orientado estágios curriculares nos domínios da Administração e Políticas Públicas, e Coordenadora do Observa-
intervenção social. Os seus principais tópicos de investigação e de tório da Deficiência e Direitos Humanos da mesma universidade.
publicações centram-se nas temáticas do empowerment, envelhe- A sua atividade profissional tem-se desenvolvido sempre na área
cimento e teoria e prática contemporânea do Serviço Social e da dh dclieiência tendo desempenhado ao longo de mais de uma década funções diri-
Política Social. Para além da atividade académica, tem estado ligada à intervenção Qelnes na LPDM. Centro de Recursos Sociais, atual Fundação LIGA. Integra várias
na saúde mental e apoio social a pessoas e famílias afetadas pelo VIH/SIDA. Íqulpas internacionais de investigação de que se destacam o projeto Disability Rights
Prrmtotiorz International, que promove a nível internacional a monitorização dos
Hermano Carmo Gllrcitos humanos das pessoas com deficiência e a ANED, rede europeia de especia-
Nascido em 1950, efetuou os estudos secundários no Colégio llutus em análise de políticas públicas na perspectiva da deficiência, que coordena em
Militar e no Liceu Nacional de Salvador Correia de Sá em Portugal. É autora de diversos trabalhos sobre temáticas ligadas à deficiência, inclu-
Luanda. Concluiu o Curso de Administração Ultramarina Dio. cidadania e direitos, publicados em Portugal e no estrangeiro.
(1970), a Licenciatura em Ciências Sociais e Políticas (1974) e o
Mestrado em Ciência Política (1985), no Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.

19
18
L- -- '
CAPITULO 1
INTRODUÇÃO
' Hermano Carmo

O presente manual é o resultado da experiência letiva desenvolvida desde


1983 no ISCSP, altura em que o coordenador desta ediçao começou a lecio
Mr a unidade curricular Serviço Social de Comunidades e Desenvolvimento
Objetivos Comunitário em Outubro de 1983, no Instituto Superior de Ciencias Sociais
e Políticas da então Universidade Técnica de Lisboa. Desde os anos noventa,
No final desta unidade, o estudante deverá estar apto a: til experiência foi complementada pela ocorrida na Universidade Aberta, pri
explicitar os enquadramentos curriculares em que a disciplina meiro em regime de ensino a distância clássico, e depois, a partir de 2006
pode ser aprendida; Im regime de ensino online.
descrever os fatores que condicionam a estratégia de lecionação Deste modo, desde a sua primeira versão o manual procurou responder às
de uma disciplina; Meessidades de aprendizagem dos estudantes quer em sala de aula quer em
referir o tempo previsto para o esforço de aprendizagem; |'l|1me de ensino `a distância.
explicitar as convicções que fundamentam o desenvolvimento . No início dos anos oitenta do século passado, não havia no mercado por
comunitário;
Güzuea nenhum manual atualizado sobre a matéria, que permitisse introdu
enunciar os principais autores que servem de referência a esta
Ill 0 estudante de Ciências Sociais e da Educação nesta metodologia de inter
disciplina;
Vençlo sociall.
referir dois instrumentos metacognitivos que deverão ser apren- F'
O O

A. O pretexto e a motivaçao surgiram com a necessidade de criar a disciplina


didos no decorrer da aprendizagem;
explicitar os resultados esperados e o valor acrescentado da
Desenvolvimento Comunitário na Universidade Aberta, como conse
aprendizagem;
E ncia natural da própria existência de uma instituição que, aberta não só
enunciar os tipos de pessoas a quem este manual se destina; meme, pretendia dar o seu contributo para uma estratégia de Educaçao
referir os materiais de aprendizagem que irá usar; 'fita a Democracia e para o Desenvolvimento, com o poderoso instrumento
10. descrever os meios de interação de que pode dispor; ifiueativo que era o ensino a distância, à semelhança das suas congéneres.
11. explicitar os instrumentos de avaliação que irão ser utilizados; mu" . z . . z . .. . . .. ... ... ......-.....¬..__----....-- - ........--...-..-
. . ..- ~~‹_.~›.
--o-...nu-nuounuunøzn¡u›‹›‹ouuo›n¢unu~.uu¡n.-nw-.,~‹z.›..|.‹›---- . --- - ...-.....-...- ....-- -- ...-....- -

12. descrever o manual, em traços gerais, através do índice. A-'“ O excelente ensaio pioneiro de Manuela Silva (1962). POI' ¢×¢mP10. já tinha 81610 ¢€llf2d0 há ¢¢1`¢fl dC
Tempo previsto para o estudo desta unidade: cerca de 3 horas pi Vinte anos e não tinha formato pedagógico ele manuel Ilenlat.
|N'|'Roi›ii‹_:A‹› l›iis|iNv‹ii.\/|MiiN'i'‹› i :‹ ›MiiNrrARio

Uma unidade curricular com esta temática pode apresentar-se num de três lurinando), para atingir os objetivos de aprendizagem da unidade curricular
tipos de enquadramento curricular: lilisciplina ou seminário). Tal critério foi generalizado para toda a União
lluropeia pelas chamadas recomendações de Bolonha, e integrado no sistema
- como componente de cursos formais nas áreas de Gestão, de Ciências liiitinâuivo português pela Lei 49/2005 de 30 de Agosto e pelo Decreto-Lei
Sociais e da Educação, tanto em contexto de ensino graduado como em 74/2006 de 24 de Março. De acordo com este quadro doutrinário e norma-
programas de pós-graduação; ílvu. a presente disciplina está prevista como semestral, o que implica um
- como módulo de programas não formais de cariz profissionalizante; efi1i›rç‹› de trabalho correspondente por parte do estudante.
- como curso autónomo, em regime livre, num contexto de educação
cívica, para a Democracia e para o Desenvolvimento.
2. |".S'1`RUTURA DE CONHECIMENTOS
A sua estratégia de lecionação decorre do tempo disponível, da estrutura
de conhecimentos a ensinar, do público que vai ser alvo da aprendizagem e (Íomo atrás foi referido os contextos em que esta disciplina se insere
do sistema de comunicação educacional escolhido. podem ser vários. Daqui decorre que a estrutura de conhecimentos a trans-
Os pontos que se seguem estruturam-se, deste modo, de acordo com as mitir deva apresentar-se sem quaisquer pré-requisitos para além dos decor-
quatro vertentes referidas, nas quais se integraram as variáveis sugeridas por rentes da formação secundária completa do agrupamento de Ciências Eco-
Gowin ara a constru Ção de um 9 ual uer conhecimento Moreira e Buch- Iiiiniico-Sociais. Isto implica apenas uma formação mínima no domínio das
weitz, 1993 e Novak e Gowin, 1996). P Qlêiicias Sociais, correspondente à exigida para acesso aos cursos superiores
com curricula nesses domíniosz.

1. TEMPO DISPONÍVEL
I. 1. Conceções do Mundo e da Vida do coordenador
A variável tempo é determinante para a estruturação de qualquer curricu-
lum de ensino-aprendizagem. Curiosamente trata-se de um elemento fre- P. um imperativo de honestidade intelectual e de cuidado epistemológico
quentemente subvalorizado pelos construtores de curricula, quer eles sejam leferir que as estratégias de organização curricular e de lecionação foram for-
exteriores ao processo de lecionação - caso do ensino básico e secundário - temente condicionadas por quatro convicções do coordenador deste projetoãz
quer tenham como incumbência lecionar o que haviam programado - caso
dos professores do ensino superior. Os resultados são conhecidos, bastando - ii crença personalista de que o Homem é um fenómeno que não se
recordar a frequente queixa dos professores do ensino básico e secundário repete;
sobre a fizlta de tempo para dar os programas e a recorrente crítica, de estu- - a de que os três valores explicitados na Revolução Francesa - Liberdade,
dantes do ensino superior, à diferença entre programas previstos, programas igualdade e Fraternidade - constituem ainda grandes referências éticas
lecionados e tempo disponível para a aprendizagem.
Dadas as particularidades da Educação Aberta e a Distância (EaD), desde
*___ _ _ _ _ __ _ _ , __________,_ _ ._ _ _ _ ___ _ ___ _ _ _..,,_ -_ z -z z z zz:z:__._ _ _ _-- _ -_ _.....__.;-z_.___..-._¬._........_.à-
- - - _ -_z_z_ __ _~-._---_._;z_zzz_z_A_.__~_.- ~ A __...;;;_......__._...____..-___--_.__.

há muito que as Universidades Abertas se preocuparam com esta questão,


' Nn caso particular dos estudantes de Ciências Sociais é evidente que, não sendo indispensável, uma pre-
sendo relativamente consensual o regime de créditos adotado no seio da ' plriiçlo prévia nas disciplinas de Sociologia Geral, Antropologia Geral e Metodologia das Ciências
European Association of Distance Teaching Universities (EADTU), baseado Socliiiii permitir-lhes-á ancorar melhor os conhecimentos desta disciplina.
5 É claro que as convicções dos autores são partilhadas por toda a comunidade científica, política e téc-
na previsão do tempo de trabalho necessário ao aprendente (estudante ou i Iilee que estrutui-ou a doutrina, a teoria e a metodologia do Desenvolvimento Comunitário.

22
L ._ 23
............................................................ ._
II

do nosso Tempo, dotadas de poder de agregação de quereres comum de iva assim como desafiá-lo a construir os seus próprios modelos de
culturas muito diferentes; ao e intervenção sobre a realidade.
- a convicção de que a Democracia é o melhor modelo de sociabilidade
que se conhece; -
- finalmente a tese que defende que as comunidades humanas são suscep- idos esperados e valor acrescentado da aprendizagem
tíveis de aperfeiçoamento através do Desenvolvimento Comunitário. l
luar o ciclo de aprendizagem proporcionado pela disciplina pre-
- - - 4
e o estudante aprenda szgmficatzvamente a
2.2. Teorias e conceitos
hecer as principais variáveis em jogo no trabalho C0mL1nitá1'i0;
A disciplina Desenvolvimento Comunitário será emoldurada num quadro i lr a relaçao
" entre desenvolvimento
` comunitário, funçoes econó-
teórico-conceptual interdisciplinar que recorrerá, com frequência, às Ciên- . e sociais do Estado, cidadania e sustentabilidade,
cias Sociais, nomeadamente à Antropologia, Sociologia e Ciência Política, e ' 1 flcar a estrutura conceptual do desenvolvimento comunitário;
às Ciências da Educação, sobretudo no que respeita às Teorias construtivis- liecer a contribuição da Antropologia Aplicada, da Sociologia de
tas de Ausubel, Novak e Gowin, e às concepções andragógicas de Knowles e rançlo e da Abordagem Sistêmica para o desenvolvimento comu-
Paulo Freire. ` °¡ . .
Socorrer-se-á, em particular, de contribuições de autores ligados à Psicos- :ver e discutir a metodologia do desenvolvimento comunitário
sociologia, nomeadamente Maslow, McClelland, Homans, Argyris, Bern e ias diversas fases;
Harris, Mc Gregor, Blake e Mouton. ir o desenvolvimento comunitário a várias situações.
Para além disso fará naturalmente apelo ao contributo das Teorias Gerais
da Política Social e do Serviço Social e às suas aplicações ao Desenvolvi- alor acrescentado da aprendizagem, pretende-se que o estudante
mento Comunitário, sobretudo através das obras de Ander-Egg, Myriam ngir três ambiciosos objetivos:
Baptista e, no nosso espaço, de Manuela Silva.
Os conceitos-chave ligados a esta área de conhecimentos serão, por vezes, mínio do saber que aprenda a integrar a teoria e a metodologia
\ 0 F' _

identificados, relacionados e hierarquizados, sob a forma de mapas concep- balho com comunidades na resoluçao de situaçoes problema
tuais. Procurar-se-á, através de exercícios propostos ao estudante, treiná-lo
no uso deste instrumento metacognitivo. imínio do saber fazer que aprenda a aperfeiçoar as suas compe-
is eomunicacionais, através do treino da leitura, da escrita, da fala
|I€lI$Ii
2.3. Modelos Imínio do saber situar-se que aprenda a questionar-se como
E
para poder assumir se como profissional de intervenção social.
nl

Com alguma frequência os conteúdos de aprendizagem serão apresenta-


dos aos estudantes sob a forma diagramada, a fim de facilitar a interiorização ¡,,.. . . ... . .. . » ~- - -z---~----‹-------~----~---°-"'*°'""'“'“°°°°* 1 1"“°:"""":°:`:° :`:""'7777"°": TUTP P O O';;:.':77`-_--7777777177777

de uma abordagem sistémica, complementar da apresentação linear e analí- ids aprendizagem significativa que se contrapõe ao de aprendizagem mec'âm€¢.(A\1SUb¢1. Clt- IR
ln. op cn' ), supõe uma interiorização de conhecimentos novos por assoccilação ou aneoêa
tica clássica da realidade social e conceptual. Deste modo procurar-se-á pro- |Nras cognitivas
' ' pré- existentes
' . Em termos práticos. obriga a uma estratégia e ensino que az
porcionar ao estudante diversas leituras da realidade, tanto por via dedutiva Í" lsneía anterior do aprendente. tese muito defendida pelas correntes andragógicas.

24 25
_H._.
_ _ ..- . i
iN'i'iioL›UÇAo Ul1»'¡IÍ1,NV\ )lzVIM|'»I\I it s \.\ uvi\.ii¬u i nntu

3. PÚBLICO-ALVO ti da r-diicação para a saúde e para o cooperativismo, na formação de


rea. extensão rural, protecção civil, enfermagem c serviço social.
' Uma disciplina desta natureza tem certa facilidade em captar a atenção de lsrlplliiii I)esenvolvimento Comunitário situa-se, deste modo, num dos
publicos bastante heterogeneos. Do nosso ponto de vista deve todavia dire- de prcociipações prioritários do ICDE e a estratégia comunicacional
cionar-se para a formação de agentes potenciais de mudança comunitária, propor pretende abrir possibilidades de auto-aprendizagem pura, ou
nomeadamente conibinatórias de ensino a distância e presencial.
il foi referido noutro lugaró, parece ser consensual que qualquer sis-
- quadros superiores da Função Pública (da Administração Central, Regio-
Imirm. para obter resultados com qualidade educativa, tem de integrar
na-1 C I-0611)» C de Organizações sem fins lucrativos da sociedade civil (de
de componentes:
Instituições Particulares de Solidariedade Social, de outras ONGs e de
organizações do setor cooperativo) susceptíveis de integrarem programas is de boa qualidade, preparados para serem usados em regime de
de intervenção social em comunidades urbanas, suburbanas ou rurais; idizagem, em suportes diversificados (scrzpto, audio, video, infor-
- dirigentes e quadros de empresas, possuidores de uma estratégia de desen- e multimedia);
volvimento da sua responsabilidade externa; de interação (informação, aconselhamento e tutoria) adequados à
- professores e formadores, dois tipos de profissionais cujo magistério lvo e aos objetivos de aprendizagem;
pode contribuir decisivamente para estabelecer pontes entre as respeti- de avaliação rigorosos e transparentes, quer no que diz respeito
vas organizações e as comunidades onde se inserem; dos aprendentes (estudantes eformandos) quer no que concerne
-jovens estudantes do ensino superior, das áreas de Ciências Sociais,
lflltrolo de qualidade do próprio sistema ensinante.
Ciências da Educação e Administração Pública5;
- cidadãos com empenhamento cívico, nomeadamente militantes de pois como é que cada um desses elementos se operacionaliza em
movimentos sociais, de grupos de interesse, de associações cívicas de planeamento desta unidade letiva.
natureza religiosa ou profana e de partidos políticos.

4. sisTEMA DE coMUNicAçÃo EDUcAcioNAL


que integrarão a unidade curricular poderão incluir:
Conforme foi claramente sublinhado na Conferência do International
Council for Distance Education (ICDE-Bangkok) de 1992, e confirmado pela 1 que constituirá o texto de base; em anexo a este manual
evolução histórica das últimas décadas, tem havido cada vez mais tendênciapara se uma bibliografia de obras de referência com carácter facultativo;
criarem combinatórias ensino presencial e de ensino a distância nos mesmos "lllateriais escritos e audiovisuais, disponíveis na plataforma,
espaços cumcukzres, extrazndo dos dois tipos de ensino o que de melhor cada um aprofundar os conhecimentos do estudante e mostrar
deläfaalerá dar à5P0P_u1¢Ç5€5 (C1l'm0, 1997: 295). Registou-se desde então uma experiências de Desenvolvimento Comunitário em diferentes
Ín encia paga o apoio crescente dos sistemas de ensino a distância a projetos numa perspectiva de estudo de casos;
e organizaçao e desenvolvimento comunitário, nomeadamente em domínios
__vz__.______ _ __ _ z-.__.-_ __ -_ _-_ -_-_ f z.-..- _ _ _ ___--.__--.-.- .. - ---_---- -.._-.-____._.,...... _..._._...._.....-_-.q..___-.-...,,
z _ _ _
O modelo portugues de Ensino Aberto e a Distância (EAD). (Intervenção na Expolíngua
5 É bom de
editora nãomaguçcer
es ' de grande utilidade
que uma das funçoes ° ' - das Universidades
social - - Abertas 6 a de Outubro de 1996). Estas componentes estratégicas aplicam-se a qualquer sistema de
eriais e ucativos, nao só para os seus estudantes mas para a sociedade em geral. que possam ser mais visíveis no EaD.

26
-
1N'rnoDuÇAo

4.2. Interação l.¡‹:|'ruRAs CQMPLEMENTARES


Recomenda-se ao estudante que, para além do indispensável trabalho
individual, utilize os recursos que estão à sua disposição, tirando deles o
melhor partido. Nomeadamente recomenda-se-lhe que MOREIRA, M. A.; BUCHWEITZ, B. (1993), Nova.: estratégia: de ensino e
aprendizagem: os mapas conceptuais e o Vê epistemológico, Lisboa,
- contacte, por sua iniciativa, a equipa docente, de quem poderá colher Plátano.
serviços de orientação e tutoria usando os meios de comunicação NOVAK, Joseph; GOWIN, Bob (1996), Aprender a aprender, Lisboa Plá-
acordados; i tano, 1.* ed. de 1984.
- crie e trabalhe em grupos de auto-ajuda (e.g. grupos de estudo, grupos NORTHEDGE, Andrew (1990), T/ae good study guide, Milton Keynes,
tarefa) com colegas inscritos na disciplina; The Open University.

4.3. Avaliação

De acordo com o quadro normativo em vigor, recomenda-se ao estudante:

- que procure respeitar os momentos de auto-avaliação, através de ativi-


dades propostas ao longo do manual;
- que se empenhe nos momentos de hetero-avaliação, quer sejam em
contexto de avaliação contínua quer sob a forma de avaliação clássica
(e.g. frequências e exames).

O funcionamento do subsistema ensinante será avaliado através de vários


tipos de instrumentos, consoante o quadro normativo em vigor.:

Em síntese
Esta primeira unidade começou com uma explicação sobre os diversos
enquadramentos curriculares em que a disciplina pode ser aprendida.
Seguidamente descreveram-se os fatores que condicionam a sua estratégia
de lecionação, nomeadamente o tempo disponível, a estrutura dos conteú-
dos, os tipos de pessoas a quem este manual se destina e os sistemas de comu-
nicação educacional passíveis de usar.
Pretendeu-se, com esta breve apresentação, desafiar o estudante a prepa-
rar a sua própria estratégia de aprendizagem, uma vez que será o principal
gestor do processo.

28 ------ ' an
C^ÉII9iQ_,_2
TRADIÇÃO, MODERNIDADE E MUDANÇA, À,
Hermano Carmo

ÃLEM ENTOS EM JOGO NUM PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL

Ao iniciar o estudo de uma disciplina cujo principal objetivo é ajudar o


te a aprender uma metodologia de intervenção social convém, antes
mais. desmontar uma ideia feita da sociedade industrial, a de que tudo o
é tradição é cristalizado, antiquado, substituível, e de que o que se apre-
Como novidade, moderno, é em si mesmo bom e adotável para melho-
qualidade de vida das populações.
Objetivos 7
Consideremos duas situações reais, uma relatada por George Foster
4: 14-15) e outra vivenciada pelo coordenador deste manual, que ilus-
No final desta unidade, o estudante deverá estar apto a
as consequências deste modo de pensar e agir.
1. identificar os principais elementos em jogo em qualquer pro-
cesso de intervenção social; gay- .- . › .......-..------....-z ._z_z__:z___z_z__._--.._...__z___zz-:¬zz___¬z ___, _z_z¬____ zwazz ____a¬zzz____.._zzzzz____Í;:___zz_zz¬zz ,__z_z_-_z_zz___-_-_z_-azazz

2. reconhecer a necessidade de conhecer a cultura do sistema- 2.1 - Construção de balneários e lavadouros em Vera Cruz (México)
-cliente como condição de eficácia da intervenção social; lmbito de um programa de saúde pública promovido pela administração
3. reconhecer a necessidade de conhecer o ponto de vista do sis- Íllflloana um engenheiro projectou e construiu um equipamento para uma
tema-cliente como imperativo de eficácia; que combinava balneários e lavadouros. Tal empreeendimento obede-
4. entender o choque cultural subjacente a qualquer situação de Ios critérios de economia e de espaço a que ele estava habituado. Deste
intervenção social; ~ mandou implantar os lavadouros lado a lado virados para uma parede
5. definir 0 conceito de cultura adotado pelas Ciências Sociais; foi instalada a canalização que os servia e que, simultâneamente, abas-
6. descrever a situação de divergência de percepções em termos de o conjunto de balneários construídos do outro lado da referida parede.
--¬,.............-..... - ___ -zz nzzzzz -_-_-::__-z-Y--z___› âfzzzz _;- -_- -__~_- ___--__ z-_-_-__ -=___¬-_-_-_, _-____ __ __. ______ __

processo comunicacional;
da Universidade de Berkeley (Califórnia) este antropólogo participou desde o início dos anos
7. reconhecer que todo o processo de mudança tem custos e bene- como perito de diversas organizações ligadas a programas de desenvolvimento comunitário
fícios; dominios da saúde, educação e engenharia, entre as uais a UNESCO. A sua experiência no ter-
8. identificar quatro elementos estratégicos no desempenho de um nomeadamente no México, Colômbia. Peru. Brasil. fndia. Paquistão, Filipinas, Afeganistão e nou-
em desenvolvimento, gi-anjeou-lhe justa fama como especialista em mudança de sociedades
interventor social; Dois dos seus principais livros. sullntlool ollllloos da Antropologia Aplicada, são citados
9. elaborar um mapa conceptual do processo de intervenção social deste capitulo em leírum eomplmsnflm.

_ ...i. -.
O desenho do projecto permitiu uma construção a baixo custo e uma pou- lim qualquer dos casos encontramos os principais elementos presentes em
pança de tempo às mulheres, as quais passaram a dispor de acesso imediato a qualquer processo de intervenção social (figura 2.1):
água potável junto das suas habitações em vez de terem, penosamente, de ir
ao rio lavar a roupa, lavar-se e abastecer-se de água para a confecção de refei-
uma pessoa ou conjunto de pessoas a quem chamamos sistema-clienteg
ções. Qual não foi o seu espanto quando verificou que as mulheres, longe de
lhe agradecerem a sua obra, o acusaram de as estar castigando. Questionadas, que aparenta um conjunto de necessidades sociais;
explicaram que seriam obrigadas a trabalhar voltadas para a parede tal como uma outra pessoa ou pessoas que se constitui(em) em recurso do sistema
os seus filhos, quando se portavam mal e eram, desse modo, punidos pelo cliente para responder às referidas necessidades e a que chamaremos sis-
professor. As novas instalações, acrescentaram, não lhes permitiriam conver- tema-interventor;
sar comodamente enquanto lavavam a roupa. uma interação entre o sistema-cliente e sistema interventor que se
traduz num conjunto de comunicações, através das quais se pretendem
identificar necessidades e recursos e organizar respostas adequadas às pri-
Caso 2.2 - O caso do xarope para a sarna
meiras através dos segundos;
No início dos anos setenta, no decorrer de uma epidemia de sarna ocorrida
um ambiente que emoldura a interação, proporcionando condições
num bairro de lata de Lisboa, vários médicos voluntários colaboraram com o
Centro de Ação Social Universitário (CASU), aconselhando medidas preven-
favoráveis ou desfizvordveis à intervenção.
tivas à população, diagnosticando a doença e preconizando terapêuticas ade-
quadas. Em dada altura uma jovem pediatra pertencente à equipa medicou
Figura 2.1 - Elementos presentes em qualquer processo de intervenção social
um bébé fortemente afetado na cabeça com um xarope de efeito sistémico.
Dias depois, fomos confrontados com uma violenta gritaria oriunda do posto
médico do CASU. Aproximando-nos, apercebemo-nos da indignação da mãe
Sistema interação Sistema
da criança que invectivava a médica com abundantes insultos, acusando-a de interventor ‹'*í› Cliente
incompetência profissional por ter mandado pôr um champô que só fiz com Ambiente de
que a cabeça da criança infictasse ate' cbamando as moscas.. .!. A médica por seu intervenção
turno, extremamente ofendida, acusava a mulher de ignorante, uma vez que
não se tratava de um champô mas de um xarope. Se não percebeu tinba obri-
gação de ler a bula. . .! lim qualquer dos casos o sistema-cliente aparentava precisar de ajuda:
._.......~«-_-_-¬¬-1-.....-<¬__....-._===..zi-_z¬:..;;;_.__ __.:-_-__...-_-__v-z -_..-..___._._.._-_-.._- - ~_~_-_z;_-_zzz_- - - --_ _ _-_ -____ --._....______.____----_-_ _ ______zz-----_-_-____=_-. no primeiro, de um programa de saneamento básico que incluisse 0 abaste-
fllmcnto e a distribuição de água potável; no segundo, de serviços médicos
Atividade 2.1
ira combater a sarna. No entanto, enquanto que no primeiro caso a popu-
Analise com cuidado os dois casos apresentados procurando responder às
o não foi ouvida sobre as suas necessidades, no segundo o sistema-cliente
seguintes questões (em meia página):
mle-criança) tomou a iniciativa de pedir apoio ao sistema interventor
1. Que fatores estiveram na base dos incidentes críticos ocorridos? médica).
2. Como poderiam ter sido evitados de modo a que a ação fosse mais eficaz? Vejamos agora o comportamento dos sistemas-interventores:
3. Como caracteriza os elementos de tradição e de mudança nos dois casos?
Considera que os elementos de tradição são todos maus? E os que se asso-
ciam à mudança? _ _.,.__--.-.._----.-_--..---_-_----:>z;_----1-1 z '-'------>--1-~'-~-* f '11' f""" '*'f"""^"""'°" ' ' 7

Í Considera-se sistema-cliente, para efeitos de intervenção social, toda a pessoa, grupo, organização,
4. Leia agora o texto que se segue e confronte-o com as respostas que deu.
tfoinunidade ou rede social com necessidades sociais que requerem qualquer tipo de intervençao social
...__------~~-z¬-_..----_--...._.--.---u---.quo-»‹u n«-- .-. -. . ... .ç-_ - _ - . ..‹. ._-_.-- --.---‹....-..-..---.-.-......- _ _ _:~---_.._~ ___-z~;z--_-_-_-_-_ -_~~-_..;=¬~_-_ _-_..____- - -_-_›_z-_ _
plsneada.

33
.. . . ..
'|'RAl›lçAt›. Mt›l›i‹1RN|l›Al›l‹:|¿MUl›AN‹,1A r lll£Nl'¢.NVí ll.VlMliN`l`() (It )MllNl'I'ÁRl()

- o engenheiro mexicano e a sua equipa assumirain-se como recursos I. U (II IOQUE DE CULTURAS, QUESTÃO CENTRAL EM QUALQUER
únicos do processo de intervenção social, desprezando a opinião do sis- Ml ll)/\N(,IA PROGRAMADA
tema-cliente sobre as suas próprias necessidades; subjacente a este com-
portamento objetivamente arrogante, percebem-se dois tipos de juizos listes dois casos chamam-nos a atenção para o contexto de choque de cul-
apriorísticos: o de que qualquer mudança e' boa e o de que, dada a sua furar que envolve frequentemente as situações de mudança programada, con-
superior capacidade tecnológica, os interventores sociais podem prescindir ftuluiuulo populações e técnicos com divergentes modos de encarar a
da opinião daspopulações; como se observou, o falhanço destes dois pres- lliutlunça e, por consequência, atribuindo diferente valor aos custos e bene-
supostos conduziu ao fracasso da intervenção; flflns das alterações em jogo.
- no segundo caso a médica teve o cuidado de ouvir as queixas da mãe e
de observar devidamente a criança o que lhe possibilitou um diagnós- _ z«._'
I. I. A comunicação intercultural
tico correto da doença e o estabelecimento de um correto plano tera-
pêutico; os problemas advieram da sua execução. Sintomas desse choque são os diferentes problemas de comunicação que
Htfnicos e populações enfrentam ao longo de qualquer processo de interven-
Isto leva-nos ao terceiro tipo de elemento presente em qualquer processo filn social. Comunicar é, como se sabe, pôr em comum uma dada informação.
de intervenção social: a interação, ou seja o modo como os dois sistemas Por detrás de qualquer comunicação humana esconde-se um complexo pro-
comunicam e se relacionam. Qllso em que o emissor (quem partilha informação) após variadas operações
Tanto no primeiro caso como no segundo, o choque cultural entre os dois internas de selecção, comparação e codificação de informação, a emite sob a
sistemas em presença conduziu a uma comunicação deficiente determi- forum dc uma mensagem verbal ou não verbal para um ou mais receptores
nando o fracasso da intervenção. No primeiro caso registou-se uma total que tt vão receber com os seus sensores (visuais, auditivos, tácteis e cinestési-
ausência de comunicação na fase de estudo e diagnóstico da situação. No ins) c. através de um processo de descodificação, também ele complexo, lhe
segundo caso os problemas de comunicação observaram-se nas orientações flo dar sentido, de acordo com os elementos de natureza emocional e cog-
terapêuticas (fase da execução): a médica partiu do princípio que a mãe da jlllilva que possuem. Tanto no processo de codificação como no de descodi-
criança sabia ler e que leria a bula do medicamento. Ora o fato é que a cliente fioaçllo das mensagens, a cultura dos protagonistas9 desempenha um papel
era analfabeta e mesmo que o não fosse pertencia a um grupo social em que Illencial na perceção, ou seja no reconhecimento, filtragem e contextuali-
não era hábito lerem-se as bulas dos medicamentos, uma vez que as indica- llçlo da informação. Quanto maior for a distância cultural entre os atores
ções dos médicos eram consideradas quase sagradas. Por seu turno a cliente, Ioolais mais difícil se torna o processo comunicacional.
dado ignorar os efeitos sistémicos do xarope considerou-o como um champô, _ Nem sempre esta distância é evidente, sobretudo quando os protagonistas
com efeitos tópicos à semelhança de certos emplastros tradicionais. mam a mesma língua e não têm traços exteriores que a indicie. A história
Finalmente, no primeiro caso o ambiente não teve qualquer efeito espe- plguinte foi presenciada pelo autor num bairro de barracas onde decorria
cial no desfecho dos acontecimentos uma vez que não havia uma história de Ima campanha de planeamento familiar.
relacionamentos anteriores. No segundo caso, o fato de a população já Q- - ~ ... ._ ..----.---....-- -.- _ _ . . -. _-_----___---_---------__.__-._-..__.._--._-....----..---.....-.---.-..---. ._ . _. _ . . _ . .. .. .

conhecer bastante bem os técnicos e voluntários do CASU tendo com eles Í U termo cultura, frequentemente usado ao longo deste manual, designa a herança social que qualquer
lntllvíduo recebe ao longo da sua socialização. E a acepção vulgar em Ciências Sociais não tendo a cono-
uma relação de confiança e cooperação facilitou a resolução do mal-enten- taçlo comum de conjunto de conhecimentos sobre Artes e Ciências que diferencia os que os têm (os
dido não se havendo registado qualquer sequela decorrente do incidente. cultos) dos que não os têm. Para as Ciências Sociais um camponês iletrado e um professor universitá-
rlo são ambos portadores de cultura nlo lendo cientificamente correto valorá-los. Para se perceber de
forma simples esta questão, vale a pena Ver o filma Os lmss devem estar loucos. Adiante voltar-se-á a esta
qucstio.

__ 55
I K/'\I ¡I\'.I\\ I. ÍVI\ Il ¡I'.I\I\|ll lfll ¡Il‹ lá =IW\II~IflH\'|fl l¡If.›\l"zl\|VK¡I-.VIIVIÍEÍY I\I \ .\ IIVIUIYI I l'\I\I\¡

decurso de um programa de vucinuçiiti no Norte da Tailândia as equipas de


Caso 2.3 - O caso da pílula pzutillizttlâi
vacinação depararam com um obstáculo inesperado: sempre que entravam
Ao fim de dois meses de campanha fomos confrontados com um desagradá-
nas aldeias a população fugia manifestando sinais de medo. Não conseguindo
vel incidente: uma mulher que havia frequentado as reuniões de formação e
prosseguir com a vacinação foi elaborado um inquérito que concluiu que o
a quem, na consulta havia sido prescrita uma dada pílula anti-concepcional,
logotipo da ONG pintado nas portas de todos os jeeps era responsável pelo
apareceu no posto médico para receber tratamento de escoriações e trauma-
insólito comportamento da população: com efeito, para aqueles camponeses,
tismos ocasionados por uma violenta sova dada pelo seu companheiro habi-
um par de mãos separadas do corpo é um símbolo inquietante do mundo dos
tualmente pessoa calma e pacífica. Interrogada sobre as razões do incidente
espíritos resultando daí sentimentos de medo e desconfiança sempre que che-
respondeu, um pouco agastada, que tinha tido a culpa de confiar na pílula,
gzivam os jeeps das equipas de vacinação (Foster, 1974: 25).
indicada pela médica, o que não havia evitado que engravidasse. O marido
sabendo que ela estava a tomar a pílula e que apesar disso engravidou, inter-
pretou o fato como estando ela a enganá-lo com outro homem, agindo em liste caso chama a tenção para um aspecto extremamente importante na
conformidade com os padrões habituais naquela cultura. irlzição intercultural: é que o sistema interventor deve dar tanta importân-
Considerando a pílula adequada e segura, a equipa do centro de saúde des- cia à comunicação icónica como à verbal, uma vez que esta também é cul-
confiou que algo havia corrido mal no seu uso, apesar dos cuidados da enfer- uirâilmente produzida e interpretada. ,
meira de Saúde Pública que havia feito uma sessão de formação sobre o
assunto. Após uma conversa com a jovem mulher concluiu-se que esta, num (faso 2.5 - O equívoco do crocodilo (campanha contra a tuberculose,
dado dia, havia cedido uma dose a uma vizinha que se havia esquecido de com- Zi mbabwé)
prar idêntico fármaco na farmácia... Como é óbvio, engravidaram as duas.
Sabendo que o crocodilo é um animal temido em várias zonas rurais do
'/.imbabwé foi decidido pelas autoridades sanitárias, encarregadas do desen-
Neste caso, para além de problemas já referidos no caso 2.2, nomeada- volvimento de uma campanha contra a tuberculose naquele país, usar a
mente a questão do hábito de não leitura das bulas, esteve presente um imagem desse animal nos cartazes em que se apelava à população que procu-
padrão típico daquela cultura, a solidariedade de vizinhança que foi mais rasse os postos de vacinação. Pretendia-se desse modo associar a sua perigosi-
forte que as recomendações da enfermeira de Saúde Pública. A mulher sabia dade ao risco da doença. Os cartazes foram interpretados do seguinte modo:
o crocodilo propaga a tuberculose devendo ser evitado qualquer contato com
que estava a correr um risco mas preferiu corrê-lo a ferir as regras de solida-
esse animal (Foster, 1974: 25-26).
riedade para com a amiga. . .. .. . _ _ - -_____..._________________--__._____-__...____.__________.__._._______ ___-..-.___-__‹.z-.-._._..__.___.- ___... __ ___ _ _ __ ___.______¬.._.-.-.___-.._______-_-› -_

O problema aqui, como no caso anterior, foi o sistema interventor ter


2.2. Problemas de perceção
ignorado que as diversas culturas têm diferentes padrões de associação, de
É frequente a ocorrência de mal-entendidos entre sistema-cliente e sis- tlcordo com a sua experiência de vida: a perceção, ou seja a atribuição de sig-
tema-interventor, em virtude das diferentes percepções da realidade. Os casos nlficado à informação recebida, depende do posicionamento ou ancoragem
seguidamente apresentados ilustram algumas dessas situações. dessa informação no sistema cognitivo do receptor que integra toda a infor-
mação que este já possui, a qual lhe é transmitida de forma organizada pela
š;¿$`iIÃÍEiišálššÃ¿L§`,§;áç1É¿¿§Â§Ã§¿BÃlil-§`§};2iH;§á§“iš§§LÍz"çTzâíáilãiiil cultura onde foi socializadon.
Uma organização não governamental (ONG) de origem americana usa como ›. ~. . .. . .. -_ _ - _ - ___- -___-__.____.___›._..___-.______-__._..._.___.______.______-__-___.______________-______..__...____..._-....__...z z z ...___ :_ z _____:_z__ _ __ __ -_ -__ -_ _ -_-_ _: -_ f_._.._..._ _. ____-

ll Para aprofundar esta questão vale a pena estudar a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel,
logotipo um par de mãos que se apertam como símbolo de amizadelo. No
Uma breve introdução encontra-se em Moreira, M. A.; Buchweitz, B., 1993, Novas estratégias de
ensino e aprendizagem: os mapas conceptuais e o Vê epistemológico, Lisboa, Plátano; e Novak, Joseph;
'O Semelhante ao logotipo da União Geral dos Trabalhadores (UGT). (iowin, Bob, 1996, Aprender a aprender, Lisboa Plátano, 1.* ed. de 1984.

36 37
'l¬IU\|)|(,1AU. MUDl'.I{N|l)ÀlL)l". F. MUUÃNQI/\
m'f.s'|f.Nv‹›1.\/|M|1*.N'|'‹›‹t‹›MuNI'|'ÁR|‹›

A divergência de percepções entre os protagonistas de um processo de N l ' -v


hnalmente, como nao estavam familiarizados com o cinema, nao interpre-
.-

>
intervenção social planeada pode verificar-se em diversos domínios, obri- H vivam os planos como um continuum mas como uma desconexa série de
gando qualquer interventor social que queira ser eficaz, a manter uma cons- ; renas sem relação entre si (Foster, 1974: 129-130).
tante auto-vigilância sobre os seus atos. Os casos que seguidamente se rela-
tam descrevem duas situações de divergência de percepções.
, ,gq Aqui a divergência perceptiva começou por resultar do diferente modo de
Caso 2.6 - Colonização interna na Indonésia lrpirsentar gráficamente a realidade:
Numa dada altura, antes da independência, o serviço agrícola holandês pre-
parou uns cartazes para apoiar a campanha de povoamento de uma parte do para os americanos, familiarizados com a tecnologia óptica que per-
território com população provinda de zonas sobrepovoadas. O cartaz mos- mite representar objetos e seres vivos em dimensões diversas do seu
trava um fértil arrozal a perder de vista com uma lindíssima paisagem por tamanho real, era perfeitamente natural apresentar os piolhos com uma
fundo; em primeiro plano, as figuras de um agricultor da sua mulher e de dimensão superior à real;
uma filha sorriam para quem quizesse olhá-lo. Mais atrás, muito mais para os membros da comunidade índia que não possuíam experiência
pequeno devido à perspectiva, observava-se um rapazinho. Os agricultores
que lhes permitisse ancorar a informação recebida de forma conve-
candidatos à distribuição das terras compreenderam que estas eram excelen-
niente (interpretar os piolhos gigantes projectados como representações
tes para as meninas mas más para os rapazes uma vez que o seu crescimento
era obviamente raquítico (Foster, 1974: 26). gráficas de piolhos reais) era perfeitamente natural considerar que se
estava a representar seres diferenciados.

Neste caso, a divergência de percepções entre os organizadores da campa- /\ ineficácia da intervenção decorreu também do meio de comunicação
nha de colonização interna e os candidatos resultou do fato de, estes últimos, Izllllizatloz é frequente, de fato, gerarem-se mal-entendidos resultantes de um
à semelhança dos europeus na Idade Média, não possuírem a noção da repre- os protagonistas usar uma tecnologia de comunicação com suportes”
sentação gráfica em perspectiva. ülmiis ou códigos de representação não familiares ao outro.

Caso 2.7 - Uma campanha contra o tifo (Perú) Caso 2.8 - Diferentes modos de aprender”
Uma equipa da Universidade de Cornell durante um programa de educação l'essoal escolar e os alunos geralmente pertencem a culturas diferentes com
para a saúde junto de uma comunidade índia do Perú, exibiu um filme a tlifcrentes formas de comunicação e diferentes crenças e valores. Por exemplo
cores produzido nos Estados Unidos sobre a transmissão do tifo pelos pio- Philips (1972) estudou o modo como as crianças índias norte-americanas
lhos. Uma semana mais tarde questionou-se o auditório para avaliar a eficá- uprendiam em casa e comparou-o com o modo esperado de aprendizagem na
cia do instrumento (o filme) tendo-se imediatamente percebido que a men- elcola. Philips observou que estas crianças se sentavam silenciosamente nas
sagem não havia passado e que não havia sido consciencializado que o piolho mas carteiras durante a aula, mesmo quando o professor lhes dirigia alguma
era vector do tifo:
- em primeiro lugar, alegavam eles, nunca tinham visto piolhos gigantes
Un suportes da informação podem ser o audio, o video, o scrzlvto o inƒormo(ático) ou a sua combinação
como os mostrados no ecrã;
ml) forma multimedia. Cada um destes suportes tem caracteristicas comunicacionais próprias, com uma
- segundo nunca tinham visto pessoas doentes como as mostradas no filme, as nrumática específica culturalmente aprendida. Para melhor caracterizar os diferentes suportes e canais de
quais apresentavam uma curiosa e desagradável cor branca e rosada. Talvez, titwnunicação cfr. por exemplo, Trindade, Armando, 1991, Introdução à Comunicação Educacional,
aventaram, essa fosse uma doença que afligia outras espécies de gente, mas não |..llbon. Universidade Aberta.
I! Wliiitzkly, Nancy, 1995, Salas de aula multiculturais e de ensino integrado, p. 145, in Arends, Richard
viam relação com os seus próprios problemas;
I.. 1995, Aprender a ensinar, Lisboa. McGraw-Hill. pp. 141-183.

39
..__.4zí¡;¡;__ _ _
FRADIÇAO. MODERNIDADE E MUDANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . ¡ z . _ _ . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

pergunta. A maioria dos americanos admitiria que estas crianças eram muito ipnrtamentos errados, frutos de preconceitos e esteriótipos sobre o sis-
tímidas ou que possuíam dificuldades de aprendizagem ou linguísticas, reme- tt--cliente.
tendo-as, neste último caso, para classes de baixo desempenho ou de ensino 'Ím terceiro lugar, o interventor social deve conhecer os principais ele-
especial. Pelo contrário Philips verificou que no seio da sua própria cultura nos que integram o ambiente da intervenção (políticos, económicos e
era esperado que aprendessem através da observação de modelos adultos sem nrtilturais), que lhe traçam um quadro de ameaças e de oportunidades
interagirem com eles; que quando precisavam de ajuda deveriam dirigir-se a itëgicas.
irmãos mais velhos e não aos adultos; e que estavam habituados a uma auto- llnulmente, deve estar atento a todos os elementos que configuram a inte-
determinação em casa muito maior do que a que era permitida na escola. lu social decorrente do processo de intervenção social, nomeadamente os
ga-A_ _ integram o sistema de comunicações em presença quer estas se façam sob
Este último caso mostra claramente que as divergências perceptivas mt presencial quer a distância. Nas comunicações feitas presencialmente
podem também surgir da diferente interpretação dos comportamentos de ¡ E n interventor estar atento tanto às mensagens verbais como às não ver-
acordo com a cultura do receptor. O que para um é boa educação para outro . (por exemplo, mimico-gestuais e icónicas). Nas comunicações a distân-
pode ser sinal de dificuldade de aprendizagem. i ou seja, naquelas em que a relação interventor-cliente é mediatizada por
lquer medium, torna-se indispensável que este saiba escolher os suportes
mediatização adequados (scripto, audio, video ou informático) e os canais
3 PAPEL DO INTERVENTOR SOCIAL 'timunicação de que se vai servir (terceiras pessoas, correio, rádio, televisão,
Í

| met) de modo a evitar a ocorrência de filtros comunicacionais.

De todos os casos referidos podem-se extrair alguns ensinamentos sobre o


papel do interventor social em qualquer processo de mudança planeada.
UM MAPA CONCEPTUAL DO PROCESSO DE INTERVENÇÃO
Em primeiro lugar, o interventor deve conhecer a cultura do sistema-
cliente assim como as suas principais especificidades (idade, género, estatuto
CIAL
social, particularidades étnicas e linguísticas, etc). Paulo Freire, o conhecido
Uma forma de diagramar os conceitos subjacentes a um dado corpo de
educador brasileiro, refere que o interventor social deve tentar entender as ç . . . . _ .
heetmentos, o seu relacionamento e hierarquizaçao, é construindo um
pessoas com quem trabalha por dentro, tal como quem observa um vitral: só
é possível observar convenientemente um vitral se nos colocarmos do lado de P' conceptual”. Se quizermos organizar os principais conceitos expressos
LOngo desta unidade sob a forma de um mapa conceptual poderemos fazê-
dentro do edifício, de modo a que o sol o ilumine.
ÚO modo como se apresenta a figura 2.2.
Em segundo lugar, para que a sua ação seja eficaz, é necessário que o
interventor se conheça a si próprio e exerça tuna rigorosa auto-vigilância
Im síntese
sobre os seus atos: só a partir desta autoscopia permanente é possível con-
A0 longo desta unidade introdutória começou por se salientar o conjunto
trolar a sua ação, necessáriamente emoldurada pela cultura que interiorizou
I principais elementos em jogo num processo de intervenção social. Segui-
que lhe moldou um conjunto de valores e atitudes próprios, os quais condi- n . . . . . . . ,_ .
ente, a partir de uma estratégia indutiva discutiu-se a situaçao habitual
cionam o seu modo de ver o Mundo e a Vida e os seus comportamentos, tra-
duzidos em opiniões e condutas profissionais. Nenhuma intervenção social é . . . . . . - . . ..._ . ....-.«.‹.-------- --_.-..._--_...~------.-.-.... `~- ---_ _ . -. .. _ . _ _ .-_ . --- .. --. - - - _ - - -1---_--...-....._--.__._.__....._..-...__..~..._-._._.__-....¬._.._.-._____..~..._

inóqua, decorrendo da postura do interventor como cidadão e como pessoa. fl' Novak. Joseph; Gowin, Bob, 1996. Aprender tl aprender, Lisboa, Plátano, 1.* ed. de 1984 ou
É condição de eficácia da ação, portanto, que este assuma um posiciona- ørllrit. M. A.; Buchweitz, B., 1993. Novel eetretáziu de ensino e aprendizagem: os mapas concep-
I e o Ve epistemológico, Lisboa. Pllteno.
mento autocrítico sobre o seu desempenho. Só este lhe pode permitir evitar

41
. .¢
Figura 2.2 - Mapa com.'eptint| de um processo ele intervenção social
Lmruaas CoMPLEMEN'rAiu‹;s
I..ÍÍÍÍÍÍÍII'Ífl*'.i.^*:flv,!è.‹°s'=!. . 1
integre quatro elementos:

CARMO, Hermano (1984). «O fator humano na administração


pública››, Lisboa, Instituto Damião de Goes.
FOSTER, George (1962). «As culturas tradicionais e o impacto da tec-
6 constituido polr um conjunto de traduz-se em é constituido por um conjunto de
nologia››, Rio de Janeiro, Fundo de Cultura.
... I FOSTER, George (1974). «Antropologia aplicada››, Cidade do México,
Fondo de de Cultura Economica.
-tfwflurwn FREIRE, Paulo (1967). «Educação como prática de liberdade››, Rio de
com diçucmcs
Janeiro, Paz e Terra.
°°"1 mm que cria condições
ç J . favoráveis ou FREIRE, Paulo (1968). «O papel do trabalhador social no processo de
mudança», in Freire, P., 1977, Ação cultural para a libertação e
,gfósfíflfiz que se apresentam 3°” ° f°""“ °'°
t 1 1 'I 1' sob H forma de um outros escritos, Lisboa, Moraes, pp. 51-58.
FREIRE, Paulo (1972). «Pedagogia do Oprimido››, Porto, Edições
Afrontamento.
que se constitui em que identificam que manifestam
NETO, João Pereira (1972). A evolução social em Portugal depois de
1945 (contribuição para o seu estudo), separata de «Estudos Políti-
cos e Sociais» IV, n.° 3, 1966.
ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz (coord.) (1995). «Sociologia das
Migrações››, Lisboa Universidade Aberta, bloco multimedia inte-
de choque cultural, como aspecto central a observar em qualquer processo grando um manual, 10 videogramas, 6 audiogramas e um guia de
de mudança programada, chamando-se a atenção para a dinâmica comuni- exploração dos videogramas.
cacional subjacente e, em particular, para a questão da divergência de per- WINITZKLY, Nancy (1995). «Salas de aula multiculturais e de ensino
cepções que pode condicionar diferentes juizos sobre os benefícios e custos integrado››, in Arends, Richard I., 1995, Aprender a ensinar; Lisboa,
de qualquer mudança. Finalmente, apresentou-se o problema sob a forma de McGraw-Hill, pp. 141-183.
um mapa conceptual a fim de permitir ao leitor dispor de uma visão de con-
junto sobre o complexo processo em estudo. 1

Teste formativo
1. Após leitura aprofundada do texto do capítulo e feitas as respectivas ativi-
dades, abra o manual na página intitulada objetivos da unidade.
2. Tente atingir os objetivos, escrevendo as suas respostas sem recorrer ao
texto do interior do capítulo.
3. Confira as suas respostas com o texto e proceda à sua correcção.

42
_ 43
_.
I: 17 ' II _
CAPITULO, 3 _ ,Í __,......_.-.av-I"“"* ,i... ...... .z ~
.. _,.‹-

As ALTERAÇÕES Do AMBIENTE
_ DE INTERVENÇÃO sociAL 4
Hermano Carmo

Nu unidade anterior apresentou-se um modelo simples, que representa os


Ilncipais elementos em jogo na intervenção social. Um desses elementos é
||'n dúvida o ambiente social da intervenção, que lhe define uma moldura
I Oportunidades e de limitações de natureza cultural e histórica que a con-
lfllonam. Nesta unidade descrever-se-á resumidamente a evolução da inter-
mçlo social em função desses condicionalismos ambientais.
Objetivos

No final desta unidade, o estudante deverá estar apto a . A EVOLUÇÃO DOS CONDICIONALISMOS AMBIENTAIS”

descrever a teoria das três vagas de Tofiler; Para descrever as mudanças efetivas que se têm verificado, Toffler recorre
identificar as principais características das sociedades pré-indus- Á terceira vaga, a uma sugestiva metáfora aquática, considerando que as
triais;
Pmdes alterações registadas ao longo da Historia, ocorreram de acordo com
identificar as principais características da sociedade industrial;
II ondas civilizacionais:
identificar as principais características da sociedade de informa-
çao; - a primeira, iniciada há cerca de 10 mil anos, possibilitou a sedentariza-
estabelecer comparações entre as variáveis caracterizadoras dos ção humana em torno de uma civilização agrícola;
três tipos de sociedade;
ainda a primeira vaga não se havia espalhado por todo o planeta, .há
explicitar os ambientes de intervenção social, de acordo com os
cerca de trezentos anos começou a emergir uma segtmda vaga, ocasio-
seus níveis de complexidade e com a natureza da intervenção
nada pela revolução industrial, que acelerou vigorosamente o ritmo de
exigida;
mudança, criando uma nova civilização, que se espalhou sobretudo nas
identificar os modelos de intervenção social característicos dos
três tipos de sociedade referidos.
zonas temperadas da Terra;

O texto que se utiliza nesta unidade para caracterizar o ponto de vista de Toffler sobre a evolução socie-
Tempo previsto para o estudo desta unidade: cerca de 4 a 5 horas tel tem a sua origem em Carmo (1997. 823-107)-

,` _ I _ ¡_|| i..._ __. _ _ 45


_ _ .
2
._ ' _
- a partir da segunda metade do século XX, começou a surgir, em vários Figura 3.1 - Caracterização das três vagas civilizacionais (cont.)

pontos das regiões mais industrializadas, uma terceira onda de mudança, ___¬¡_'.';`_*_-`__¬'z` " __~__ ¡_'_-JJ`_‹__J_*_J: ; ; _‹__.. ,uu TJ _ _'_'*"¡"i_=_ ._J*¡_{___"_:wi-,'_'._ z_,|__`_*_-'_*~.-.z __'J_,_;u_.›JÇ_--__.1_`í.=_§ {¬_ fz z_‹,~›`_'_~.':

que indicia a emergência de uma civilização substancialmente diferente liamllia - Extensa - Nuclear Proliferação dos tipos
das duas precedentes, alicerçada no desenvolvimento da informação. de família além dos
anteriores
list ola Ensino predominante Ensino padronizado; Ensino modular;
As três civilizações, como as ondas do mar, coexistem, colidem e mistu-
mente informal; curriculum encoberto proliferação de formas
ram-se em combinatórias infinitas, num permanente e vertiginoso movi- U
elitismo (pontualidade, e conteúdos pedagógicos
C
mento. Este processo, faz com que, em nenhuma das zonas da Terra se viva l obediência, repetição) J
apenas o impacto de uma vaga de mudança. O que se assiste, pelo contrário, Unidades Economia A Companhia; Organização adhocrática;
é à permanente colisão de duas, ou mesmo das três ondas referidas. Assim, .g económicas predominantemente organização desconcentração
\
familiar centralizada e
enquanto os países mais ricos se submergem numa tremenda colisão entre a 'F
burocratizada
segunda e a terceira vagas civilizacionais, nos países do terceiro mundo «É ---- -_ E
Sistema Poder relativamente Poder muito Crise no Estado
observa-se um enorme choque entre civilizações da primeira e da segunda ` A político fragmentado; centralizado; um novo (interna e externa);
vagas, adivinhando-se já várias bolsas da chamada sociedade de informação. alguns imperialismos papel social, o novas possibilidades
Para caracterizar cada uma das três civilizações referidas, Toffler recorre a regionais integrador; Estado- para a pilotagem dos
-Nação; imperialismos sistemas políticos
um modelo analítico, que parte de três aspetos a que chamou tecnosfera,
J J_ J J à escala mundial J J
sociosfera e inƒosfira, cada um dos quais com diversas variáveis-chave (figura .'77 Media Elitismo dos Media Mass-Media Self-Media
3.1). É este modelo que nos servirá de referência para caracterizar os contex- Ideias-força Não padronização; Padronização; Modulação;
tos societais da intervenção social. t pouca especialização; especialização; sistematização;
N tempo cósmico sincronização (tempo dessincronização;
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(tempo físico); mecânico); desconcentração;
o desconcentração concentração; dimensionação;
Figura 3.1 - Caracterização das três vagas civilizacionais
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maximização; descentralização
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ä*¬`-'-1'f.'if'='í¬'--»'=-"f"Í`¿*‹'-fàí-T centralização JJ J
Energia Força humana e animal; Carvão; petróleo; Sol; marés; vento;
išzlzz Relação com Dependência da Guerra à Natureza; Evolução controlada;
algum aproveitamento nuclear (de fontes biomassa; etc. (de fontes a Natureza, Natureza; crença na evolução alteração da ideia
>”
J J do vento e da água perecíveis) renováveis) ‹r= §r='-
tradição e Fatalismo e no progresso de progresso; diálogo
Tecnologia Rudimentar Máquina a vapor; Eletrónica; Biologia; _ modernidade com a Natureza
motor elétrico; motor computador, Engenharia Iltintrz Carmo (1985), cit. in Carmo (1997: 90)
de combustão interna; Genética; Engenharia
motor nuclear Espacial; Oceanologia
Economia Sistema integrado de Divórcio entre Advento do prossumidor;
produção e consumo; produção e consumo, desconcentração 1.1. Os condicionalismos ambientais pre-industriais
divisão sexual do mediatizado pelo da produção;
trabalho sem grandes mercado; divisão sexual descentralização
>75! 'fl° OZOlfl°-1 clivagens entre produção assente na produção
A tecnosfera das civilizações pré-industriais ou, de acordo com a tipologia
do consumo; fim
e consumo (Mitos sexistas); da economia subsidiada tofleriana, de primeira vaga, tinha como traços dominantes sistemas ener-
economia subsidiada géticos e tecnológicos rudimentares, e economias baseadas na agricultura de
(cont.) Iubsistência.

46 47
l J _ lo. 'it I.r I -I _.
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A sociosfera apresentava tim tipo de organização dominante que assentava A- o poder, quer económico quer político, revela-se extremamente centra-
na divisão sexual e etária do trabalho no interior da família extensa e em
lizado. Expressões desse poder, o Estado-Nação e a organização buro-
alianças de famílias. Os sistemas de ensino eram predominantemente infor- crática, atingiram limites anteriormente inatingidos, chegando a alcan-
mais à excepção de reduzidas elites quando a complexificação social o per-
çar, quer um quer outra, dimensões planetárias;
mitia. O sistema político era fragmentado, à excepção de alguns imperialis- a família, reduzida à dimensão nuclear, deixou de funcionar como uni-
mos regionais. dade de produção, passando a ser substituída por empresas de cada vez
Por seu turno a infosfera tinha as seguintes características: o medium maiores dimensões;
comunicacional escrito era propriedade de grupos muito reduzidos (ex.: ~- os media expandem-se aos campos do audio-visual e atingem por vezes
escribas, sacerdotes); as ideias-força que orientavam as concepções do dimensões gigantescas, assumindo-se como fábricas de informação
Mundo e da Vida tinham muito a ver com a situação de forte dependência padronizada, destinadas a grandes massas populacionais;
das condições naturais condicionando uma conceção cósmica do tempo - toda a civilização da 2.a vaga, considera Toffler, repousa sobre um con-
subordinada ao ciclo agrícola, um omnipresente fatalismo e uma organização junto de seis ideias-força que condicionam os comportamentos. Essas
da vida alicerçada em critérios de não padronização, de fraca especialização e ideias-força, de padronização, especialização, sincronização, concentra-
desconcentração de atividades humanas. ção, maximização e centralização, determinaram uma crença generali-
zada no progresso e uma posição arrogante do homem como conquis-
tador da Natureza.
1.2. Os condicionalismos ambientais da sociedade industrial

Com o advento da civilização da 2.* vaga, os estilos de vida alteraram-se 1.3. Os condicionalismos ambientais da sociedade de informação
substancialmente:
Tal como aconteceu com a formação da 2.* vaga, a emergente civilização
- as fontes energéticas que entretanto se descobriram e exploraram, per- da 3.a vaga, criou modos de vida diferentes:
mitiram um forte avanço da tecnologia, assente em diversos tipos de
motor (a vapor, de combustão interna, eléctrico e nuclear); - com o enorme avanço tecnológico e com a crise petrolífera, observou-
- na economia, registou-se uma autonomização crescente do sistema de se uma diversificação das fontes energéticas, passando a utilizar-se cada
distribuição - o mercado - que passou a mediatizar as relações entre os vez mais fontes renováveis sempre que economicamente competitivas
sistemas de produção e de consumo; em termos mundiais, observa-se com as perecíveis;
uma grande interligação entre o crescimento das zonas de 2.a vaga, e o - a tecnologia da terceira vaga, assenta diretamente na produção cientí-
empobrecimento de áreas de 1.a vaga, levando alguns autores a falar de fica, esbatendo-se cada vez mais as tradicionais fronteiras entre investi-
uma autêntica economia subsidiadaló. gação básica e aplicada; enquanto que a tecnologia da segunda vaga
assentava no motor (a vapor, eléctrico, de combustão interna ou mesmo
l6
Subsidiada em energia, matérias primas e mão-de-obra a baixos custos, provenientes de áreas geográfi- nuclear), agora é diretamente a biologia, a electrónica (com o computa-
cas ou sociais dependentes. Cfr. por exemplo, Schumacher, E. F. (1980), Small is Beautiful (Um estudo dor como ferramenta dominante), a oceanologia, e, as engenharias
de economia em que as pessoas também contain), D. Quixote, Lisboa. No mesmo sentido já Lebret
em 1958, havia escrito o seu clássico Suicide ou survie de L'Occident? (Les editions Ouvrières, Paris), genética e espacial, que funcionam como berços de tecnologia;
posteriormente publicado em português: Lebret, L.J. (1964), Suicídio ou Sobrevivência do Ocidente?, - na economia, registou-se uma diversificação de agentes económicos,
Livraria Morais, S. Paulo.
um aumento em ritmo acelerado de pequenas e médias empresas a par

48
49
(por vezes mesmo em alternativa) das grandes empresas industriais, uma
desmassificação da produção, uma complexificação das redes de distri-
›\.âvâ.iz.zi.z3P§?iP“ `
lirmrrendo à figura 3.1, procure comparar os três tipos puros de sociedade,
buição e um crescente poder do consumidor. Em termos mundiais, o
viiriélvcl por variável. Por exemplo: como se caracteriza o modelo dominante
modelo de economia subsidiada tem sido cada vez posto mais em ques-
ilr liimília nas sociedades pré-industriais? e na sociedade industrial? e na
tão, se bem que subsista;
mirictlâide de informação? Que tipos de família coexistem hoje em Portugal?
- ao modelo burocrático de organização sucede um modelo adhocrático, liusôi coexistência é pacífica ou condiciona a ocorrência de problemas sociais
j I I
caracterizado por um ciclo de vida efemero, uma vez que e orientado que exigem intervenção social?
para objetivos temporalmente delimitados; as conexões entre organiza-
ções multiplicam-se, gerando uma nova forma de articulação social, a
rede.
- a família, tal como a empresa, diversificou-se. O poder político com- 1. A i‹:voLUÇÃo DA INTERVENÇÃO soc1AL
plexificou-se, observando-se a emergência de novas formas de regulação,
no meio de uma crise, à escala planetária, do Estado-Nação e dos siste- llura melhor comparar a evolução da intervenção social, observe-se a
mas administrativos da sociedade industrial; Sum 3.2:
- a diversidade e a novidade também atingiram os media, que acrescen-
taram novas dimensões às já existentes, graças à informática, às teleco- ¡ l".sta matriz P rocura definir os ambientes em (1 ue P ode ocorrer a inter-
municações e à sua combinação com o avanço tecnológico no domínio |~lnç;'í‹› social, de acordo com dois critérios:
do audio-visual. Na feliz expressão de Negropontew, a informação
I r--' ø-f
passou a ser guardada e difundida por bytes (informação digitalizada) ‹› critério do nivel de atuaçao que define contextos de intervençao,
em substituição dos velhos átomos (papel e outros suportes físicos). desde aqueles em que a interação ocorre entre sistemas individuais
(A...C, em que sistema-cliente e sistema-interventor são indivíduos), até
Para terminar a sua análise Toffler refere Cl ue a civilizaÇão da 3.* va a se aos que configuram situações em que os protagonistas são sistemas mais
alicerça numa ideia de progresso em que a evolução controlada e o respeito complexos (D...W: grupos, organizações, comunidades, conjuntos
pela natureza como imperativo de sobrevivência ganham carta de nobreza. metropolitanos, organizações nacionais ou internacionais);
Tal como a civilização industrial, a sociedade da informação apoia-se num - o critério da natureza dominante da atividade, que procura chamar a
conjunto de seis ideias-força que sucedem às da civilização da 2.2 vaga: a atenção para a focagem da intervenção social, se na área das necessida-
modulação, a sistemização, a des-sincronização, a desconcentração, o dimen- des socioeconômicas, sociopolíticas ou socioculturais.
sionamento e a descentralização. De acordo com estas ideias, avoluma-se a
convic ão de Cl ue o crescimento tem limites, os recursos são limitados e ue,
por isso, o homem tem de os saber gerir com equilíbrio.

'7 Ncgroponte, Nicholas, Ser digital,1996, Lisboa, Caminho.

50
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Figura 3.2 - Ambientes da intervenção social ` iii iiiisociaçoes gregas, chinesas e indianas, destinadas a proteger os
ii'm.idores comerciantes contra naufrágios e ataques de piratas.
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iiii ii centralizaçao política ocorrida a partir dos finais da Idade Média
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[T1 '11 eia c com o modelo de Estado que daí emergiu, a preocupaçao do
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Comunitário =‹ W 1-'
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ii-se institucionalmente como Estado Protector (Rosanvallon, s/d)
Regional Z. Z O
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i aqui, o modelo de intervençao social assenta na responsabilidade
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- _ aaaa az P ~ tlii sociedade civil
Nacional E
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Internacional <1i</1 ><›-i álc


n Portugal
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iltle o começo da nacionalidade que este modelo é praticado em Portu


2.1. A intervenção social nas sociedades pré-industriais irtemente influenciado pelas concepçoes cristas de ver o Mundo e a

De acordo com esta matriz orientadora pode afirmar-se que, nas socieda-
des pré-industriais o ambiente da intervenção social se caracteriza por um › evitar morrer ( ) nao preparado para o falecimento, o homem medie
, Í

nivel de atuaçao de baixa complexidade (individual, grupal, por vezes orga-


Í Í I I I

terminava a distribuiçao de uma parte dos seus bens, normalmente a


nizacional e raramente comunitário) focado em aspetos de natureza socioe- P iirte, por obras de misericórdia e missas po r sua al m a As doaçoes po r
conómica. I: os testamentos reflectiam essa PPÇ
re ara ao ‹‹Por remissao dos P ecados››
m se preces, instituiam-se missas e capelas, fundavam-se estabelecimen
Situação geral I
assistencia aos mais desvalidos, aos doentes, aos leprosos, às crianças
Com efeito, a intervenção social neste tipo de sociedades visa, em regra, lonadas; distribuiain-se esmolas P or P obres; dotavam-se mosteiros,i 8re
resolver necessidades de subsistência, ocasionadas por circunstâncias adver- m paredadas e confrarias, libertavam-se servos, resgatavam-se cativos;
sas atribuídas a causas não controláveis pelo homem (seca, pobreza, doença, I m se barcas e pontes para a travessia de rios A solidariedade social
morte...). Os sistemas-clientes são pessoas e famílias, os inteiventores a maior os vivos exigia um elo entre estes e os defuntos.
parte das vezes também o são, de acordo com organização social vigente. A ) Esta realidade encontrava-se á resente nos testamentos (... dos
legitimação da intervenção é, quase exclusivamente, de ordem ético-religiosa, I primeiros reis. Se D Afoso Henriques se preocupou com os cativos
não se considerando que o Estado tenha o dever de ajudar, nem o cidadão o Ds nas maos dos mouros, doando para o seu resgate 10 000 morabiti
direito de esperar ajuda. O modelo de intervenção é claramente assistencial. Í u seJ a, 10 000 moedas de ouro islamicas, nao se es (1 ueceu dos P obres
As excepções são pontuais, a maior parte das vezes da iniciativa de merca- no a quem legou mais de 6 000 morabitinos, além de beneficiar os hos
dores que formam organizações mutualistas (Maia, 1987: 89) das quais são de Guimaraes, Santarém e Lisboa (Tavares, M ] F 1989 122)
exemplos:
partir do século XV re 8 istou-se uma P ro 8 ressiva intervençao do poder
- as confrarias do deserto, no antigo Egipto, destinadas a cobrir os riscos a assistencia com a nomeaçao de P rovedores, P ara a administraçao de
de perda de mercadorias e vidas, ocasionados por tempestades ou por IO s estabelecimentos assistenciais e para garantir o cumprimento dos
ataques de salteadores às caravanas; nentos dos benfeitores ue os haviam instituido (Tavares, M J F

52
_|z“". H
@A
I

1989: 267). Assim, em 1492 foi criado por por D. João ll o Hospital de lflãiis de uns poucos e deixando muitos em situação de miséria. Dão disso
Todos os Santos que integrou todos os hospitais e confrarias de Lisboa numa lim'-iiiiiiilio diversas obras produzidas na época, como as dos escritores rea-
única instituição, obra que seria terminada pelo seu sucessor D. Manuel I. lllianl". dos pais fundadores da Sociologia” e mesmo de artistas plásticoszl.
Em 1498 por iniciativa da rainha D. Leonor, viúva de D. João II, foi /\ complexidade dos problemas sociais emergentes levou a sociedade civil
criada a primeira Misericórdia em Lisboa, diretamente tutelada pela Igreja, | iii=|.i,iiiii'/.ar-se para lhes fazer frente sob a forma de movimentos sociais como
seguindo-se-lhe outras, em várias localidades tanto em território metropoli- E iriiliiilhista e o mutualista e a pressionar o Estado, obrigando-o a assumir
tano como ultramarino, à medida em que se foi processando a expansão para Em iiôiila vez maior papel de regulador do sistema social e económico.
outros territórios. A rede de Misericórdias constituiu, durante muitos anos, llesic modo, aos fins de Segurança e Justiça preconizados pelo modelo
a principal rede de ação social em território português, mantendo-se ativa até Ás listado Protetor, veio a acrescentar-se o fim de Bem-Estar, instituindo-
à atualidade. ele iim modelo de Estado Providência (Rosanvallon, s/d), inicialmente con-
A par das Misericórdias foram instituídos pela família real e por diversas Íihido segundo uma lógica de seguro social obrigatório, a partir da política
famílias nobres diversos recolhimentos e mercearias, para fazer face ao aumento ÂQ llismarck.
_f_=._z.

de crianças orfãs e abandonadas, de viúvas e de outra populaçãols que havia (Íom as grandes convulsões ocorridas durante o século XX de entre as
caído em situação de pobreza em virtude de circunstâncias várias (guerra de Quais se destacam a 1.a guerra mundial, a revolução comunista de 1917, a
África, epidemias, e mais tarde das perdas resultantes da expansão). Itliic económica desencadeada em 1929, e, mais tarde, a revolução chinesa e
1 2.” guerra mundial, o Estado viu-se na contingência de intervir cada mais
jioiiiii regulador e orientador da sociedade civil nos campos da economia,
2.2. A intervenção social na sociedade industrial fidiicaição, saúde e segurança social, através da definição de políticas econó-
Bilciis e sociais adequadas às circunstâncias e mesmo como prestador direto
De acordo com a matriz orientadora apresentada no início desta secção, a serviços sociais.
intervenção social que se desenvolve na sociedade industrial caracteriza-se Após a 2.* guerra mundial, a partir das contribuições doutrinárias de
por níveis de atuação de cada vez maior complexidade (individual, grupal, Keynes e Beveridge e da experiência intervencionista colhida antes e durante
organizacional, comunitário, regional, metropolitano nacional e internacio- I conflito, consolidou-se um modelo de proteção social mais amplo esten-
nal), incidindo em aspetos de natureza socioeconómica (ex.: necessidades de Íldo a todos os cidadãos, crismado por Ramesh Mishrazz (1995) de Estado-
subsistência) mas também com cariz sociopolítico e sócio cultural (necessi- laPi'ovidência Keynesiano (EPK), justamente pela sua paternidade doutriná-
dades de participação). Ill. De acordo com este autor (1995: xi), a política social do EPK tem três
Ingredientes básicos:
Situação geral
I. . _ . _ - - ..---._ --..___ -_ -_ - -_-_-_=__= _ _ -_ - f - ~-_:~_:--~‹~ = ff f ff--~ - 1 f f '----*ff f f f'-*""='*“"':::::“"""" Í 7 ""`“""°"""""`“"""-""""`°`___""".`_`__°"`-"."--_'_".`__.`...-_

Com as profundas alterações demográficas ocasionadas pela revolução 1' Us relatos da vida dos mineiros por Emile Zola, no Germinal, e dos operários ingleses por Dickens, em
industrial, nomeadamente com os processos de êxodo rural e urbanismo, I

Vidas difíceis, transcendem em muito a simples ficção para se aproximarem da trágica realidade que
geraram-se fortíssimos desequilíbrios sociais, concentrando riqueza nas então se vivia.
5" Grande parte dos chamados pais fundadores da Sociologia (Proudhon, Saint-Simon Comte, Marx,...)
procuraram descrever e interpretar o fenómeno da industrialização e das suas consequências sociais.
liiigels, por exemplo, companheiro político de Marx, n'A situação da classe trabalhadora em Inglaterra,
faz um notável relato das condições de vida dos operários.
Um tipo de assistência inovador para a época (século XVI) foi protagonizado pelos recolhimentospara con-
il Exemplos típicos são os trabalhos de Van Gogh na sua fase de Borinage, em que se retratam cenas do
vertida: ou arrependidas, instituições destinadas à recuperação de prostitutas. «A sua finalidade era reti-
quotidiano dos mineiros daquela região.
rar estas mulheres da prostituição e dar-lhes um dote com que pudessem casar, enviando-as muitas vezes
H Professor de Política Social da Universidade de York, Canadá.
para os territórios conquistados, a cargo das autoridades civis e religiosas» (Tavares, M.].F., 1989: 275).

55
54

_
- a finalidade de promover o pleno emprego; lniiiiie. desde a revolução liberal até à revolução de 25 de Abril de 1974,
- um conjunto de serviços universais ou quase universais para satisfazer tou numa excessiva responsabilidade da sociedade civil, particularmente
necessidades básicas da população liulções de assistência da Igreja Católica, a que se juntou a ação suple-
- o empenho em manter um nível mínimo de condições de vida para mais oii menos tímida do Estado.
todos os cidadãos. D eiiiilo de intervenção social praticado, à exceção de algumas experiên-
ptmiiiiiis grande parte das quais não sobreviveu devido à conjuntura polí-
Observando a evolução deste modelo de Estado, Mishra caracteriza-a em tfiiriieterizou-se por ações de natureza meramente assistencialista, volta-
três períodos: para ii resolução de problemas de subsistência, descurando frequente-
ii necessária intervenção preventiva, de cunho socioeducativo e
- um período de pré-crise, antes de 1973, em que o paradigma Keynes- illiico, no sentido de dotar de voz e de capacidade de intervenção
Bez/eridge, operacionalizado pelo Estado, registou um bom desempe- que a não tinham”.
nho, graças graças à situação de crescimento económico do pós-guerra;
- um período de crise, de meados a fins dos anos setenta, ocasionada pela
ocorrência dos dois choques petrolíferos, pela consequente crise econó- A intervenção social na sociedade de informação
mica mundial, e pela emergência de políticas neoliberais que tiveram
como consequência o declínio da credibilidade do EPK como para- período de transição, entre a sociedade industrial que persiste (se bem
digma de política social; em muitos sítios agonizante) e a sociedade de informação, ainda com
- e um período de pós-crise (anos oitenta e seguintes) de que falaremos mos mal definidos, tem sido pródigo em convulsões sociais cuja aná-
na secção seguinte. lilo cabe neste manual”.
As respostas em termos de intervenção social indiciam algumas tendencias
Ao longo do período em que foi dominante a sociedade industrial, a inter- A
venção social foi, portanto, partilhada pelo Estado e pela sociedade civil, Em primeiro lugar contrariamente ao que as teses catastróficas neoliberais
numa relação tensa, em que as competências dum e doutra se definiram em 1 iam, no período que Mishra (1995) apelidou de pós-CIÍSC (2I10S
função do maior ou menor poder que os vários segmentos sociais iam tendo ta e seguintes), o Estado Providência Keynesiano não foi desmantelado.
para fazer valer os seus direitos sociais. Esta situação fez com que fossem, jus- se verificou foi o desenvolvimento de duas conceções diferentes de ver
tamente, os grupos sociais mais carenciados, os que tiveram uma mais fraca social: a neoconservadora e a social-democrata (figura 3.3).
intervenção social por parte do Estado, grande parte das vezes com progra-
mas meramente assistenciais, remetendo para as organizações da sociedade
civil o papel de responder às necessidades de subsistência.

Em Portugal
Dado o atraso com que o processo de industrialização decorreu em Por- .. _ ‹-~---....--.-__-..~-:f:-- _ _ _-_ 1-17-__-__.-_:-_ _-.‹.- _ ___ _ _
_ _ _ _______ _ ______,__.,.,.,___ _ ___-_;-~._-_...-...-.-.--......

tugal, a sociedade portuguesa foi, até aos anos sessenta, dominantemente Exemplo deste estilo dominante era o estigma de marginalidade ou pelo menos de excentricidade, com
agrícola com alguns enclaves industriais”. O modelo de intervenção social que ficavam os profissionais de serviço social que se aventuravam a ultrapassar os estreitos limites do Ser-
viço Social de Casos para se aventurar pelo Serviço Social de Grupos ou de Comunidades.
. .. .. . . - _. ----_.--.--..-.....-.---.¬›-_..__¬.-_.__-¬-...-...-_-.---›-z--__.-.-._ z.-zw-ez»-_.›-›---»----._-..-«.-.---_-....;zz-._-zzz;z;;__.;;__ ___.. __-vf.- ff -----.-- -¬- - - --.

Para aprofundar esta questão vide os trabalhos de Naisbitt, Pintasilgo e Toffler indicados no final desta
23 Sobre a situação social em Portugal a partir dos anos sessenta vide Barreto (1996 e 2000) e Costa (2002). unidade. Poderá encontrar uma síntese em Carmo. 1997. também referido na mesma lista.

56 57

____.
I HÁ- I
Figura 3.3 - (Ioinpiiriiçflo iliis políticas neoconservadora e social-democrata, z iiirefas de engenharia e organização;
no que diz respeito às três teses do EPK
» ._ .,,i« .¬ . , , . , ,. . .à ii i, ,- i . . V * . ., . ,
iii ividades operacionais.

Pleno emprego Desinvestimento Manutenção (Íoiu base no trabalho de desconstrução efetuado, a equipa propôes uma
Serviços sociais universais Privatização Serviços nacionais Io¡¿i;i segundo «três grandes famílias de. trabalhos››, cada uma das quais
Combate à pobreza Desinvestimento quase total Rendimento mínimo básico apreseiita como uma organização de atividades que correspondem a fun-
I. iliversas (Chopart, 2003: 40) O resultado de tal exercício observa-se na
Beats-°X_s_fliP1st______ _ _ __Rsia¢ Usida _ Suécia* ru 3.4. _ _
_ _ _EõSffld9sUsid°§___ __ ___Afl§ffá1ie_ lliii síntese, e retomando a matriz proposta na figura 3.2, a intervençao
i..,..i., ç "e..,..ii" to . na atualidade, para ser eficaz tem de se adequar aos vários níveis de
Ioim. RameshMishra,Tl9953 3 3 3 3 3 3
, transcendendo o simples nível interpessoal e, em. consequcnfilas
liionar-se numa ótica integrada, ultrapassando a perspetlva mêfamfiflffi
nómica para assumir um papel sociopolítico e sociocultural.
Uma segunda tendência que se observa, é para adequar as respostas
à diversidade e complexificação dos problemas. Esta tendência, claramen
identificada nos resultados de um gigantesco programa de pesquisa realizado Figura 3.4 - Tipologia de trabalhos de intervenção social
em França, ao longo dos anos 90 do século passado (Chopart, 2003), teve
como efeito a identificação de várias profissões ligadas à intervenção social.
Uma das equipas de investigação, coordenada por Elisabeth Maurel (cit.
_ Iiiwlflsifl imbalhasdfi L
in Chopart, 2003: 35), partiu do conceito de intervenção social «utilizado
para (...) ressituar as atividades dos profissionais do social enquanto produto
í | \
de um conjunto de políticas públicas que contribuem para o tratamento da 1. Presença 2. Oraanizfleãa "
questão social e para o desenvolvimento de diversas formas de solidariedade»
e procurou desconstruir o campo das profissões certificadas do trabalho
social, identificando seis funções transversais que se observavam no terreno:
, iimçâ(0 z óziniewfi‹› 9 A 1 i^ r
o acolhimento, o acompanhamento social, a informação-orientação, a media- P _ -cssrúsnsózfzs
deipwsffimflfl A A i j
ção, a coordenação, a engenharia social e o desenvolvimento. fi - Aoom.pariharite8` (5Ml ç
1 6° Pf°i°°1°S '
A partir dessas funções, a equipa de investigação fez o registo sistemático
do emprego do tempo por parte de cada trabalhador da amostra ao longo de
Maurel, 2003 (cit. in Chopart, 2003: 35)
uma semana. O resultado desse registo foi agrupado em seis grandes catego-
rias de atividades (Chopart, 2003: 39):
É neste contexto que se fundamenta a importância do Desenvolvimento
- atividades de contato com o público; Comunitário, assunto do próximo capitulo.
- tarefas administrativas;
- tarefas de enquadramento e direcção;
- tarefas de negociação política;

S8 59

....a-5-1-._-__... ... -..


1-1 143%

Atividade 3.2 l.iâi'i'uRAs COMPLEMENTARES


De acordo com o que leu no ponto 2 procure caracterizar o tipo (ou tipos)
de intervenção social que tem observado na zona da sua residência ou na área
do seu local de trabalho (freguesia, bairro...). Procure sintetizar as suas ideias
BARRETO, António (1996). A situação social em Portugal 1960-1995,
numa página A4 (máximo), através de indicadores objetivos.
Lisboa, ICS.
BARRETO, António (org-.), 2000, A situação social em Portugal 1969-
-1999, volume II, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
Em síntese CASTELS, Manuel (2003). O poder da identidade, Lisboa, F. C. Gul-
Na presente unidade procurou-se salientar, de modo necessariamente ,Í benkian, in A era da infiirmação: economia sociedade e cultura, vol.
sucinto, os principais traços caracterizadores da evolução da sociedade humana. II, c. 1997.
Para atingir esse objetivo recorreu-se ao modelo heurístico de Toffler e à suai; CASTELS, Manuel (2005). A sociedade em rede, Lisboa, E C. Gul-
metáfora das três vagas. I benkian, 2.=* edição, in A era da infirmação: economia sociedade e
Caracterizado cada modelo de civilização em estado puro, observou-se que cultura, vol. I, c. 1996.
em qualquer sociedade atual se regista a coexistência de elementos de dois ou 1 COSTA, Joaquim (2002). Sociedade Portuguesa Contemporânea, Lisboa
dos três modelos referidos, daí resultando situações conflituais que se tradu- Universidade Aberta.
MISHRA Ramesh (199 5). O Estado-Providência na sociedade capitalista:
zem na ocorrência de problemas sociais.
estudo comparativo das políticas públicas na Europa, América do
A unidade foi concluída pela descrição dos sistemas de intervenção social z
Norte e Austrália, Lisboa, Celta.
característicos de cada um dos modelos de sociedade anteriormente referidos. A
NAISBITT, John (1988). Macrotendências, Lisboa, Presença.
NAISBITT, John; ABURDENE, Patricia (1990). Megatrends 2000, 3.*
ed., S. Paulo, Amana-Key.
Teste formativo PINTASILGO, M. L. (1985). Dimensões da Mudança, Lisboa, Edições
1. Após leitura aprofundada do texto do capítulo e feitas as respectivas ativi- Afrontamento.
dades, abra o manual na página intitulada objetivos da unidade. ROSANVALLON, Pierre (s/d). A Crise do Estado Providência, 2.* ed.,
2. Tente atingir os objetivos, escrevendo as suas respostas sem recorrer ao Lisboa, Inquérito, 1.* ed. 1984.
texto do interior do capítulo. TOFFLER, Alvim (1981). A Terceira Onda, Rio de Janeiro, Record.
3. Confira as suas respostas com o texto e proceda à sua correcção.
-----.-------..-......---,.-..-------..__.___._.________.._.__._-..._-..-..__._____....____-_...___..._...._.-.-..___.__...._...._._.__._-._-__..-.....-__-__...-_

61

. L. _.
CAPITULO 4
Objetivos o DESENVOLVIMENTO cOMUNiTÁRiOz
No final desta unidade, O estudante deverá estar apto a
ENQUADRAMENTO GERAL
- explicitar o valor de uma aproximação teórico-conceptual a questões práticas; Ana Esgaio e Hermano Carmo
- identificar conceitos-base que integram o campo semântico do conceito de
volvimento comunitário;
- discutir a noção de problema social;
discutir o conceito de desenvolvimento, a partir duma perspetiva termir
- discutir O conceito de desenvolvimento, a partir da ótica de Lebret; Elia
P unidade destina-se a dar-lhe elementos de ' natureza
' teórico-concep-
lvimento
- discutir o conceito de desenvolvimento, expresso pelo Banco Mundial e pelo '
que lhe permitam enquadrar-se na problematica do desenvo
- identificar os quatro indicadores que integram O índice de desenvolvimento nitário Como já escrevemos noutro lugar,
- explicitar dois critérios inerentes à noção de desenvolvimento e a sua op
. - ' ide-
lização na elaboração de um currículo de educação para O desenvolvimento; ^ a atitude de reserva face à teoria, COUS
Ilmos observado, com frequenciaàlum tilidade tática para O exercício do tm'
- referir dez áreas-chave e respetivas aprendizagens, inerentes a um currículo de ›-ii algo de esoterico, sem qu quer u P _ Z ue
cação para O desenvolvimento; I írico Reconhecendo fundamento em certas críticas, uma W q
- referir vários contextos em que é aplicada a palavra comunidade e identificar m cmp - - do i' nadas teorias não passam de especulações doutrinárias
. . conce-
característica que une estas designações; auto cs g
por vezes sem a prov a do confronto com
_ O real, 11111162 É dcmals
_ salientar
mimll
- discutir O conceito de comunidade proposto por Ander-Egg à luz da conj - - - ' a boa teoria O ue pel'
economia de informaçao sistemaçgada num S C ›ori;1mar as su”
do final do século; - ' or os seus recurso
investigador (e ao estudante) gfiflf me _ _ bú l
- nomear algumas alterações a fazer na formação dos interventores sociais em ¿ ° d `
t gias e pesquisa (ou de estudo) - Uma boa teoria
_ _funciona comod. sso ai)
- ' t a ao ou de a ren izagem
das mudanças ocorridas; como espartilho, de qualquer processo de inves ig Ç ( P
- explicitar as decisões mais relevantes num processo de organização comunitária; 0 ei Ferreira, 19932 37)-
- definir os objetivos do serviço social de comunidades e a sua operacioi
para O sistema-cliente e para o interventor social; de-SC, d€Sf¢ m0d°› que faça uma pnm-cl' 'rad aP roxima
l idfiãonasaounida
tema
definir desenvolvimento comunitário e discutir as dimensões do conceito; - - - is esenvo v "
desta disciplina, O qual se apresentará ma _ b ue
- descrever a evolução do desenvolvimento comunitário, das suas raízes à ati ntes Começaremos por discutir brevemente os conceitos- ase q
- explicitar os princípios do desenvolvimento comunitário; O co
i nceito de Desenvolvimento Comunitário o qual será, em
- discutir a tipologia geográfica de desenvolvimento comunitário;
mais detalhadamente apresentado, recorrendo-se a uma abordagem
- discutir a tipologia conceptual de desenvolvimento comunitário;
mente diacrónica e sincrónica. A unidade terminará com a aprfl-
- discutir a tipologia de Rothman, dos estilos de intervenção comunitária; ' '
de alguns casos paradigmáüws ' tos de Desenvolvimento
de Pf°le
- descrever as principais tendências atuais do desenvolvimento comunitário indicia
itário.
das pela investigação publicada e pela oferta educativa.

J õa
...R _ I I
1 CONCEITOS-BASE A de crianças que morreram à nascença num dado território, e se esse
número for significativo, traduzido numa elevada taxa de mortalidade
O conceito de desenvolvimento comunitário integra quatro conceitos a inliintil, então contém o primeiro elemento da definição de problema
que iremos fazer referência neste ponto: desenvolvimento, comunidade, siicial;
organização comunitária e serviço social de comunidades. o segundo elemento da definição, refere um julgamento sobre aquela
situação como uma fonte de dificuldade ou de infelicidade e suscetível
de melhoria. Para que uma dada situação seja considerada problema
1 O conceito de Desenvolvimentozó social é necessário, pois, a existência de consciência de que a situação
traz dificuldades ou infelicidades e de que pode ser melhorada.
O campo semântico do termo desenvolvimento tem vindo a ser infestado
por uma acumulação excessiva (quase cancerígena) de definições. Para O cla- i Se antigamente, por falta de tal consciência, muitas das situações que hoje
rificarmos iremos usar, nos pontos que se seguem, uma estratégia de aproxi- l ionsideradas problemas sociais nao se traduziam como tal, com o fenó-
mações sucessivas. no da planetarizaçao generalizarain-se alguns consensos em torno do que
ilnimamente desejavel para a qualidade de vida das populaçoes Consen
Um ponto de partida: o conceito de problema social que se cristalizaram em torno do conceito de desenvolvimento, que pas-
Comecemos por analisar duas definições de problema social, um conceito Pi nos seguidamente a analisar.

que nos servirá de ponto de partida:


Uma aproximação terminológica
situação que afeta um número significativo de pessoas e é julgada por estas ou Pari Jose Pedro Machado”, a palavra desenvolver, é constituída por des +
por um número significativo de outras, como uma fonte de dificuldade ou infe- vo /ver : O prefixo des, de origem
' latina (dis), significa, entre outras coisas,
licidade e considerada suscetível de melhoria27.3 |laçao
"' de algum estado (ex .: desengano); forma adjetivos em que se nega
ale 8ada situaÇão incom P atível com os valores de um si Snificativo número de P es- utilidade primitiva (ex descortes, desumano, desconexo, desleal). Nos
soas as quais concordam ser necessária uma ação transformadora (Rubington e " ` ' O

bos denota entre outros significados uma cessação da situação primitiva


I

Weinberg, 1995: 4).


l .i desempatar, desoprimir, desmamar, desenganar, desimpedir. A palavra
V0 lver, por seu turno, significa, entre outras coisas, enredar (ex.: envolveu-
Estas noções, contêm dois aspetos importantes a reter:
fla conspiração).
Ou seja, de acordo com este autor, um dos significados da palavra desen-
- primeiramente, o fato de ser uma situação que afeta um número signi- Ver poderia ser acabar com um estado de enredamento.
ficativo de pessoas, o que leva a perspetivar a questão num nível macro.
Neste sentido, uma criança que morre ao nascer não constitui em si um Perspetiva de Lebret
problema social, uma vez que afeta um número reduzido de pessoas. O sentido do conceito em análise não é unívoco, mas pelo contrário mul-
Se, no entanto, a considerarmos como fazendo' parte de um conjunto 'Icetado O que transparece na definição de Lebret, principal dinamizador
escola francesa de Economia e Humanismo (Ander-Egg, 1980: 33/34):
O texto que se segue resulta da adaptação de Carmo, 1996, A educação para o desenvolvimento num
”¿.¡ ,_._________ - __-_._¬-_ ---_-____¬_ -_---.-.___---›-1:-------Left-__' ----f---'----f^-1 1'---°f'ff'*'^TÍ*'T“"'“"'“°°*°"'T“""`""""""""°°_°_""°"'7-

contexto de diversidade, in II Seminário de Formação em Interculturalidade, Granada.


cit in Abecassis, Henrique Manzanares (s/d), Problemas Sociais Contemporâneos, AAISCSPU, Lisboa, MACHADO, José Pedro (1977), Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, ed. Horizonte, 3.'
a partir de um dicionário de Ciências sociais patrocinado pela UNESCO. edição. Lisboa.

65
. i › r - - ¬ T'
1
i›i~w'Nvui.viivii‹.N iu i.u|viuI~u I MUN

série de passagens. para uma populiiçíio determinada, de uma fase me . - - .¬ - f ara se alcan arem níveis
humana para uma fase mais iiumiina, ao ritmo mais rápido possível, ao ct lunoiógico acima expresso. uma vez quê, P y Í _
financeiro e humano menos elevado possível, tendo em conta a solidaried. iires de qualidade de vida, é indispensável cessar com as situaçoes t pi-
0 - ial de ciclos viciosos de
entre todas as populações. i snbdesenvolvimento, de enredamento soc , g
iii_z g isiibstituindo-os
\ por uma dinâmica de crescimento e maturaçao.
Desta definição, sobressaem as seguintes ideias-força:
ilçiio do Banco Mundial e do PNUD
-
mesmo sentido que Lebret, 0 Baflcd Munch'al inicia O seu
d relatório
- trata-se de um processo dinâmico e inacabado, de uma direção que
toma e não de um ponto que se alcança. Neste sentido, nenhum país n desenvolvimento mundial em 1992 (Sf€€1' Cí al), âfifmdfl 0 que
deve considerar desenvolvido, mas apenas posicionado num dado po
n ' 31 Ã equitâtiilfo
loi_z,ro de un desarrollo sustenido ` ` si gue siendo la empresa
S logmdos ITIÂS
en el curso
de uma escala;
f
lui que enfrenta el genero humano. pesar e os .avance
_ ue
inerentes a ele, estão os critérios de pragmatismo e economicidat
iris^ últimas generaciones › todavia hay más de mil millones dc _Pefwnas . (1
tendo permanentemente de se avaliar os seus custos e os seus benefícii . .
,H vn condlcli-,nes de pobreza y sufren de un acceso totalmen t e insuficiente
I . a
- está diretamente ligado à noção de solidariedade intra e internacion i
I
Ei - servicios de educación, Salud,_ ÍflffH¢SffUCU~1fa›
, . Ueffa Y Cfedlm
- que_
O que lhe confere uma ideia de globalidade e radicalismo' O desenv i¬,,.,¡¡~¡¡-fan para poder disfrutar de un mejor nivel de vida. Proporcionar op0..l'_
. c i s 9 ' , 0 '
vimento parece não se conseguir sem ser participado por todos e sem _ ' millones cu a situación no
à raiz da estrutura social. Mam - depuedan
nurlio amejor-
Fm que estas personaisd
hacer reali aydlos O s u p OCie_e_ncial es la eiiipresa esenciai
to cilcntos
ilesarrollo. (sublinhado nosso)
A parte mais frágil e arriscada da definição de Lebret, é sem dúvida a
qi
diferencia uma fase menos humana de uma fase mais humana da popula _ ' ' mun diais sobre
f seu turno em recentes relatorios i O desenvolvimento_
em presença, podendo correr O risco, para O leitor menos prevenido, deS35i rio, publicados
' l
pelo Programa das Naçoes_ Unidas para O Desenvo- vi
tratar de um mero juízo etnocêntrico. j (PNUD, 1990-93) define-se desenvolvimento humano do seguinte
De fato, não foi numa aceção subjetiva e etnocêntrica que Lebret empri
gou a expressão: com efeito, se a interpretarmos no contexto da sua obraz
observaremos que a ideia de maior ou menor humanidade . anda de ma,C d¿ ve I O ement h uma in est un processus qui conduit à l'élargisS€IT1¢HÍ . . dfi
. la
dadas com a de qualidade de vida em todas as suas facetas (material e espiri nie dšsp ossibilités qui s'offrent à chacun. En principe, 61165 50m dhmlfées
tual), que ele caracteriza de forma extremamente rigorosa, decerto influe Hieuvcnt épvo l uer avec le temps - Mais quel que soit
_ _ le stade de_ développement,
.
n ' g impliquent que soient réalisées trois conditions essentielles: vivre long-
ciado pela sua dupla formação de base3°. Anda de igual forma ligada ao se /

n ips et en bonne santé, acquérir ' un savoir


' et avoir. accès aux. ressources
_ neces-
as
.H Pgur jouir d'un niveau de vie convenable. Si ces conditions ne sont p
.. . .- ' ~ '
t inacessibles. (Ra pO1't--- 1993:
_ ___ _-...._ _ -_ _-.-_._....;__.._.._.~.__.___._..__..._.....
iiiiiitcs, de nombreuses possibilites resten P
29 Cf. por exemplo, Lebret, L. J. (1964), Suicídio ou Sobrevivencia do Ocidente? (c 1958) Morais
O O ^ I I . ' 1 n Edi
i-II6)
tora, S. Paulo.
3° Lebret tinha simultaneamente uma boa re
p paraçao matemática, que havia recebido na escola naval,
filosófica, devida à sua formação como dominicano. Nos seus escritos, observa-se um feliz cruzament . . - ' ' ial sobre O Meio
de rigor científico e de voluntarismo militante. Talvez por isso, João XXIII o tenha chamado como peri 1 ípreiiiiiiti desenvolvimento sustentado, f0l difundida fim 1987 Pela Çmmssao Mund ,
ao C oncíl'io Vaticano II, onde desempenhou um papel de relevo na elaboração da Constitui "O G iii s ' ' . - lvimento' ‹‹ ue
dium et Spes. Cf. Mailey, François (s/d) Lebret: A Economia Ao Serviço Dos Homens (c. 1968), ça Uni'
au iliaçii
' as` necessidades
. do presente sem comprometer a capaci a F _ g é _d ia de solidariedade
Gráfica, Lisboa. 3.! ró prias., fiz, in ap. cit. pág. 8. O aspeto mais interessante âiesägie iniçao, a i e
. -
rguraeional, aproximando-se claramente do pensamento e ret.

66
67
--.-_.-¡n¡¡¡L¡..¡_;..
Baseado neste conceito de ilcsciivolvimciito, aquele organismo P ro P os un' liumanidade. Uma sociedade sem solidariedade constitui terreno fértil
índice de desenvolvimento humano (IDH), calculado a P artir de Cl uatrÉ ii ii emergência de conflitos sociais, onde se gastam enormes quantidades
indicadores (UNDP 2013) icrursos para solucionar problemas evitáveis.
I°`.siâi necessidade observa-se quer à escala do grupo familiar, exigindo-se
- esperança média de vida à nascença
iii nova solidariedade nas relações entre sexos e entre gerações, quer a
- duraçao média da escolaridade para a populaçao maior que 25 anos
tis sistémicos mais complexos como os das organizações, das regiões, dos
- duraçao esperada da escolaridade à entrada do sistema de ensino
Í leii c da própria comunidade internacional considerada como um todo.
- rendimento nacional per capita corrigido \
iiópria questao ainbiental, por vezes posta de forma meramente tecno-
1

Em qualquer das fontes referidas, a noçao de desenvolvimento apresenta l tica, deve assumir-se em termos de solidariedade intergeracional, uma vez
-se ligada a dois criterios e its ações das gerações atuais irão condicionar fortemente a qualidade de
iii das próximas gerações”.
-odeum a situaçao que concede o acesso a recursos e serviços que per. l)o que acima se disse, podem-se identificar dez áreas chaves na educação
'_ .
Hlltfim, a uma populaçao, desfrutar um melhor nivel de vida, ii o desenvolvimento (figura 4.1), agrupadas em áreas transversais, i.e.,
o de uma situaçao que permite tirar partido e aperfeiçoar o potencial i e afetam sistemicamente os grupos aprendentes na sua conceção do
humano de um dado conjunto social Lindo e da vida e áreas específicas, que os preparam para o exercício de
péis particulares.
A educaçao para o desenvolvimento
d dE neste quaidro que estes e outros organismos internacionais tem defen
Figura 4.1 - Áreas-Chave da Educação para o Desenvolvimento
i o a necessi ade de uma estratégia de educaçao para o desenvolvimento
.,. ,~.‹. *i '.-çi«I-i,i i li1ú›Ii`i*~»`iM.“1514i
i '› "'›` '-M'-' ' .H '^~'.'.~*."~'.~~ '.i`z'.=›`›`¬*~'z'.i,i'i'.¬.i "'i¬i'*i.i,i',' i'.i›~'.-.i1"ii'‹›"W"~`i'¡~`f'~.`líi'.ii`f.'*z"¡i'¬='.-`›'.'."¬ P
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¡',;,¿*.|_.¡¡,."'i z1ixi_i.Ji¿,'i¡,¿._.;;¬.;,¡._-¿,â,i
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Tal estrategia devera integrar um conjunto de programas que dotem a popu '
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i
»\*.i]'T'(i'i" `i 'Í W'/,€l(~z«;i".¿Lili»âifÍ'zÇ'i',=,l'l]~lul'.iÇ\LIil*Í{~Í{:Íj.j.'àlH'.I,`¬ffliÍ1¡ij.*z zlfli' if.: jl¬fi}why-5`,*l,, . `5iÇ(z.'.~5ii{-Wi»;i:ziÇ1 .‹,'Í2 }i'Í'.l` .fi~nfi'i'-2i`i*.'.il*,i"i,i,l
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;..,.-_i«¿|.;-W-Viçig,i¡..=_.¡_z.w.;¡.z›,›¡,iz.;
¬ i í-Il2'.'.'iÍ'Ii,=1]á'.›iJiW.~.=»`f,i'ø‹«-ziwiz-.zwcw.i.flz',"«.',~,&i«,i,ø.i,j.'.›$;;=
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.*.*z

É-'i l:'›`iÍ*‹'i' 'i`.'."i`‹.Í'v.


I

laçao aprendente, de maior capacidade de acesso a tais recursos e serviços Í thin transve l'SalS' n

ajuda-la a por a render o seu potencial humano Esta expressao integra duai Mudança ° aprender a adaptar-se a mudança
° aprender a gerir a mudança (planear, organizar e controlar a mudança)
vertentes indissociaveis
Autonomia ° aprender a ser autónomo sem se insularizar no individualismo
primeira aponta para a necessidade de uma educaçao para a gestao dg; Democracia ° aprender competências comunicacionais indispensáveis ao exercício
recursos disponiveis da forma mais correta a fim de da democracia (ler, escrever, falar e escutar).
° aprender competências para o exercício da democracia representativa
- evitar mortes desnecessarias e prolongar a vida com qualidade (escolher, respeitar e substituir representantes).
° aprender competências para o exercício da democracia participativa
- poder escolher onde e como quer viver e trabalhar, de forma critica ‹ (preparar, tomar e executar decisões)
com um estatuto de efetiva cidadania económica
Solidariedade ° aprender a ser solidário no espaço (nas dimensões individual”, familiar,
- poder por a render as suas potencialidades como pessoa organizacional, comunitária, nacional e mundial)
° aprender a ser solidário no tempo (para com as gerações futuras54 e passafLs”l_
Í âegunda sublinha a indispensabilidade de uma educaçao para a solida l' i i ' õ V
-._. _ -.._- - _ _ ------__ _-__--..__._«..._-_- -‹.- -.-_--...,...---_-...._-.-.__ -_--__..--._ -- .‹_--___-_._ --_-_.___...--....._-__-...-._-.-.--~.-...-_-«-›.z-«_-.~---4.-....._ -im
raw.)
rie a e, novo nome da fraternidade, o valor central da revoluçao frances:
liutii ideia é fortemente sublinhada pelo relatório do Banco Mundial, no seu conceito de desenvolvi-
mais esquecido durante a epoca industrial mento sustentado. cfr. supra.
dade tf::I:5Sl:e:1Â)eCianplšnlçëârâzâçâpešeio iâiostrar que, atualmente, a solidarie Para com as crianças, adolescentes, adultos e idosos que integram as gerações vivas.
A solidariedade com os nossos netos é fundamento do desenvolvimento sustentado.
sao e um dever moral, voluntariamenti A defesa do património e a assunção da História em rodas as suas facetas positivas e negativas integram
assumido por alguns, para se assumir como um imperativo de sobrevivenci. n lolidariedade com os antepassados

69
n
Figura 4.1 - Áreiui-( Iliiive da Htliicação para o Desenvolviniento (‹.°‹mt.) riiiiicterística une todas estas designações: é a presença de uma dada
nçit que confere uma identidade ao sistema designado por comuni-
Áreas específicas: que determina uma fronteira entre os elementos que lhe pertencem
Ambiente ° aprender a viver com qualidade protegendo o arnbiente como llic são alheios.
património comum da humanidade atual e futura
População ° educação para a paternidade e maternidade responsáveis ltlelu de comunidade nas Ciências Sociais
Saúde ° educaÇão ara nutriÇão le cedo o conceito de comunidade foi discutido com detalhe pelas
° educação para prevenção de doenças
Sociais, no contexto da observação do fenómeno da urbanização. É
' treinamento sanitário básico
Cidadania ' educação para produção
logo alemão Ferdinand Tönnies que tem sido atribuída a primeira
económica ° educação para gestão de recursos i do conceito por contraposição ao de sociedade36. Para este autor,
° educação para distribuição de bens e serviços I unidade é uma forma de vida antiga que se desenvolveu a partir da
' educação para consumo
i de famílias num mesmo espaço, caracterizando-se por uma coesão
Mulheres ° como agentes estratégicos de desenvolvimento
° como agentes estratégicos de democratização
liiiscada em laços de sangue, de amizade, de costume e de fé. Com o
Interculturalidade ° educação para a identidade cultural ento do processo de urbanização decorrente da industrialização, o
° educação para a diversidade cultural i de organização social transforma-se em sociedade:
° educação para o ecumenismo
imitação produz-se sob o signo de uma abstração que se verifica no fato de
Foiite: Carmo, 1995
um viver para si, num estado de concorrência ao mesmo tempo social e eco-
' . 57
icâr .
Â{iÍziÂçliÍi"W`m”WWW"" is dele muitos foram os cientistas sociais que procuraram descrever
Elabore um mapa conceptual que exprima o conceito de desenvolvimento C
meno comunitário. Das suas contribuições emerge um conjunto de
nas suas diversas facetas.
associadas ao conceito58 que devemos reter:

az alto grau de intimidade pessoal


sz relações sociais afetivamente alicerçadas
1.2. O conceito de Comunidade
compromisso moral
Tal como relativamente ao conceito de desenvolvimento encontram coesão social
diversos significados para a palavra comunidade, de acordo com o con Continuidade no tempo
em que se insere.
conceito de comunidade em Ander-Egg
Assim, é frequente ouvirmos ou lermos o termo aplicado para
neste mesmo sentido que Ezequiel Ander-Egg define comunidade, na
pequenos agregados rurais (aldeias, freguesias) ou urbanos (quarteirões,
Obra clássica sobre desenvolvimento comunitário:
ros), mas também a grupos profissionais (ex.: comunidade médica, com . .........--...--__.;__<-zz~»z-z====¬v¬vfzzz-:ff<-11:»>>ffzff ff'f'f"=“““^^ffffff >°""*Í“““=--v""""°Í:""77 7“"' ' ' * *""

dade científica), a organizações (comunidade escolar), ou a sistemas mais Tlinnies, F., 1977, Comunauté et société: categories fondamentales de la sociologie pure, Paris, Retz/
complexos como países (comunidade nacional), regiões (comunidade euro- Cl.¡.|'l.. tradução francesa da 1.* ed. de 1887.
Êoudon, R. (coord.), 1990, Dicionário de Sociologia, Lisboa, D. Quixote, p. 241.
peia) ou mesmo o mundo visto como um todo (comunidade internacional Mlrlhall. Gordon, 1994, Concise dictionary of Sociology, Oxford/New York, Oxford University Press,
ou mundial). pp. 72-73.
l

70 71
. ' fraco
La comunidad es una agrupación organizada de personas que se = ' ; '
uma insu b. n iissão ou uma ameaça de secessao. Se é .
como unidad social, cuyos elementos participan de algun rasgo, interés, Êmmjlcn como
'mi ii=sc numa tormen at de rivalidades entre comunidades. Pode
_ _ ser confiscado
.
gl d A aralisia da economia e
mento, objectivo o función común, con conciencia de pertenencia, si Fui uma das comunidades em detrimento as outras. p ç
en una determinada área geográfica en la cual la pluralidad de personas in ¡¡ lmçfvcnçoes~ estrangeiras
' aceleram e ntão muit as vezes a crise interna e a pas-
racciona más intensamente entre si qui en otro contexto (Ander-Egg, 19 flgrni :\ luta armada4°.

Subjacentes a esta definição estão duas ideias força: Por outro lado a elevada densidade social indispensável CXÍICHCIQ Clfi
tiiniunidade deixou de ser determinada pela Pffisfifiça físlca aí PÊÊOÊÊ
- a de um agregado social com um conjunto de interesses vitais com ¡ çla pertencem. Com efeito a generalizaçaodas nqvaã tecnatíägde em
com uma elevada densidade social”, traduzida numa forte co ração e comunicação (NTICs) permite uma interaçao e qu i a d
. - àf de
de pertença; o de presença virtual dos protagonistas, daI1d0 Úflgem _ °rmaç_a°^
. . - distan-
- e a de uma proximidade geográfica que permite uma estru es telemátzcas ou czbercomumdades em que a bflfffilfa (la
sólida de tais interesses. deixou de existir Castels, 2003, 2005)
-
En tre as muitas ^ ' destes d.oois
consequencias ' fatos sobressai a necessidade de
O conceito de comunidade na sociedade contemporânea ulr na formação dos interventores sociais que trabal ham com comunida-
Duas circunstâncias têm contribuído para fazer renascer a reflexão sob wmponentes de Ciência Política como a gestão de conflitos e compe-
o conceito de comunidade: a conjuntura social e política e o de no domínio das NTÍCS‹
mento das novas tecnologias de informação e comunicação (NTICS).
Após um longo período em que esteve relativamente latente, a q Állvidade 4.2
' ^ tico do conceito
comunitária foi recentemente reacendida em virtude da explosão m l. lilabore um mapa conceptual que ¢XP1`1ma 0 °amP° Seman
tural, ocasionada pela concentração de grandes massas populacionais po de comunidade.
- onde vive
2. Observe os locais ' e onde trabalha . De acordo com os elementos
doras de diferentes culturas, e da alteração da balança de Poder deco
do fim da guerra fria simbolicamente marcada pela queda do muro de que estudou nesta secção considera-os como comunidades?
t (ESCICWI 115-0
. - sua res os a.
em 1989. mais que uma página A4 a fundamentar a P

Rompendo com o estado Nação, a reivindicação comunitária enferma muitas


vezes de uma lógica destruidora. Reconciliar os grupos e a coletividade emerge
como uma das prioridades da democracia moderna. (...) O objetivo perseguido , A organização comunitária e o S erviço
' Social de Comunidades
pela comunidade - assegurar a sua prosperidade, a sua liberdade e a sua defesa -
entra (frequentemente) em concorrência com o desenvolvimento do Estado- Outros dois conceitos que muitaS VCzes se encontram associados ao de
-Nação. Se este Estado é estável e as suas instituições legítimas, ele está à altura volvimento comunitário são os d e 0 r ganizaÇão comunitária e serviço
de negociar com as comunidades insatisfeitas e de converter em interesses polí- de comunidades.
ticos as suas reivindicações. Se o Estado é autoritário, reage pela repressão ao que
_ . - - .. -- ¬ - -- _. _ . ¬ . . _ ..---_ - - ..- .. ......-.- ---.‹.....----..---.~.- --..-_--__._- ..-__._.._.._..._.._-.-`__¬.-_-- ---... -_-.._--.....-_..._--.---...-._-_.-...-.._«.._`_ -..--- ___-......-...--_-- __..--..._.._.~._--ou

39
Usamos o termo no sentido que Durkheim dá à densidade moral como grau de coesão que existe à volta
dos valores, interdita: ou imperativos sagrados que liga os indivíduos ao todo social, eir. in Xiberras, M. 1996,
As teorias da exclusão: para uma construção do imaginário do desvio, Lisboa, Instituto Piaget, p. 48. UMD 'del'D'NESCO», Junho de 1993.
0 pioimn, Eiiszizzziz (1995). L: réwil ‹°‹›mmW““"`"› “C°““¡“

72 1 73
Organização comunitária
luis (experiência de vida, disponibilidade emocional e de tempo),
O termo organização exprime a ideia de uma articulação de meios
recursos. E neste sentido que, por exemplo, uma empresa é uma organizaç 'lulu desempenhar utilíssimos papéis sociais no enquadramento de crian-
_ _ .. - - 41
uma vez que é um sistema em que se encontram articulados de forma c ui loriiiação, em serviços que nao exijam esforço físico excessivo, etc. .
rente meios materiais (instalações, equipamentos, energia, verbas) e humai
irviço social de comunidades
(quadros dirigentes, técnicos, administrativos, operários e auxiliares) c.
| serviço social de comunidades é uma estratégia macrossocial do Ser-
vista a atingir os seus objetivos empresariais.
Sui iai”, com os objetivos de ajudar uma dada populaçao ar
O mesmo se passa em relação aos agregados sociais que se querem tra
formar em comunidades. Imagine-se, por exemplo, um bairro nos arredo iliiinzir consciência das suas necessidades e recursos
de uma grande cidade. As suas características de dormitório fazem com c_ Áiuuiinir uma posição crítica sobre a sua realidade `
o anonimato dos seus residentes seja uma característica marcante e o cc Organizar dinamicamente os seus recursos para responder as suas
trole social informal seja baixo, constituindo terreno fértil para a ocorrên‹ Iirressidades
de inúmeros problemas sociais (ex.: elevadas taxas de absentismo à escola,
pequena delinquência juvenil, de falta de apoio a idosos e população doen jm zi população-cliente, isto implica três passos que correspondem a
etc.). .ii tiuitas etapas de autonomização crescente: tomar conscienciaçde uma
Neste contexto, entende-se por organização comunitária o processo i situação-problema, valorá-la criticainente comparando-a a situaçoes
articulação de meios (materiais e humanos) suscetíveis de criar condições Iutivzis desejáveis e agir para a modificar. _
um determinado conjunto social para que se transforme numa comunidad me processo o profissional de Serviço Social deve assumir-se como
Para que a organização de comunidades se processe com eficácia e ez Io do sistema-cliente e não como substituto dele, ajudando-o.a respon-
ciência é necessário um conjunto de decisões estratégicas, nomeadamente lltuações de carência, dinamizando processos que criem çondições para
envolvimento de sistemas de liderança eficazes e participados, para a
- identificar recursos 0 da comunidade e para a integração desta no ambiente que a rodeia.
- estabelecer prioridades in exige um conjunto de conhecimentos, técnicas e atitudes específicas:
- articular recursos :cimentos de Antropologia Cultural, de Sociologia, de Gestão. e de
:iii Política, entre outros domínios; técnicas de intervenção. social de
A identificação dos recursos existentes é fundamental e requer particul: c'l.:i macro como por exemplo a estratégia da não-violência ativa, publi-
atenção por parte dos agentes sociais. Peter Drucker uma das figuras de refi e c relações públicas, etc.; e atitudes anti-etnocêntricas43 e anti-crono-
rência no campo da gestão considera que um recurso é algo a que é atribuíd '‹'a.r'l'l.
uma dada utilidade. O petróleo, por exemplo, antes de ser considerado ur
tllrinia unidade deste manual voltaremos a este assunto. _a1 d
recurso estratégico era visto como um líquido peganhento e malcheiroso qu - V ' ' ` ` ra a três métodos: o Servi o Soci e
illcuiiiailmente costumava-se dizer que o Serviço Social integ v _ t da recoíceptualim
estragava as culturas agrícolas. Certas plantas, antes de se lhes descobrir ‹ ¬
im. de (zrupos °
e de Comunidades. ° dos anos sessenta çom o movimen
A partir É do Om várias-
valor medicinal eram mondadas como ervas daninhas (Drucker, Petei nniicido e desenvolvido na América Latina, tende-seça considerar um m to o apenas c
ilégias que se aplicam consoante as contingências da situação-problema.
1986). O mesmo se passa com os recursos sociais: a população idosa é con ; ii ' Antropologia
- o etnocentrismo
- e› um preconçeito
' que se caracteriza
' pela conside
' ra ção da su P erio-

siderada frequentemente como um grupo-problema, pelas características d‹ ide de uma dada cultura relativamente às demais.
Ieulo ismo cronocentrismo designa o preconceito que considera um determinado temp0 (P2S5ad0›
alguns dos seus elementos (dependência económica, física e emocional). Ni Icn r e gou F u turo) superior aos outros - Deste modo › os fundamentalismos conservadores baseiam-se
.
. ,. - _ ' ' ntrismo
entanto é também um recurso social valioso se se tirar partido doutras carac mi posição cronocentrica focada no Passado, os fiindamentalismos progressistas num cronoce
lil 0 no futuro (os amanhãs que cantam)'' os modismos, num cronocentrismo fixado no Presente. Para

74
75

4:.
_ __... .._¡¡J-i-.__ . .
Atividade 4.3 M uuii dimensao teórica pelos pré requisitos de análise sociológica e eco-
De acordo com o que estudou na secção anterior identifique um bairro, fre- uuuuci a que se obriga,
guesia ou aldeia que lhe seja familiar e que necessite de uma estratégia de - uni.: dimensao metodológica pelos propósitos de mudança planfiadã
organização comunitária. Fundamente a sua escolha, salientando os recursos que dcfende,
a articular. lumlmente uma dimensao prática pelas consequencias que a sua aplica-
gnu tcm no terreno, tanto pela implicaçao das comunidades no proC€SSO
«lu scu próprio Desenvolvimento como pela alteraçao das praticas pro-
lissionais a que obriga
2 O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

O termo Desenvolvimento Comunitdrio tem sido utilizado com diversos As raízes


SCIIU'dos de acordo com o contexto histórico e social em que se inscreve”
(Carmo, 1995). No entanto, na aceção técnicaque hoje se lhe reconhece, é Au longo de uma existencia de cerca de meio seculo o Desenvolvimento
em 1950 que é consagrado no Documento das Nações Unidas intitulado nuuiitário atravessou diversas fases procurando adaptar - se aos condicio-
Progresso social através do Desenvolvimento Comunitário (Silva, 1962). liunus da conjuntura
Nesse relatório é definido como um processo tendente tz criar condições de As suas raizes, de acordo com Ezequiel Ander-Egg (1980 62) C Mlflam
progresso económico e sociãlpãrã toda ã comunidade, com tz participação ãctivã I piisii (1973) situam-se no periodo que mediou as duas guerras mundiais,
t 3

da sua população e u partir da sua iniciativa. partir das praticas experimentadas em dois diferentes context o s em p íricos
Mais recentemente e no mesmo sentido Ezequiel Ander-Egg (1980: 69)
caracteriza-o como uma técnica social depromoçao do /somem e de mobilização F' Fi
I
Ê. ,¡ prática de formaçao de lideres locais, desenvolvida no sistema colo
de recursos loumunos e institucionais, mediante a participação activa e democrd nial britanico de administraçao mdlrfita,
tica do população, no estudo, planeamento, e execução de programas ao nivel de - .i experiencia americana de organizaçao comunltárlas 00H10 res P osta aos
comunidades de base, destinados cz mel/oorur o seu nivel de vida. inumeros problemas de desorganizaçao social, de anomia e de compor-
n-
timento desviado que se registaram nessa epoca, fruto Ãlas ÃÊHÍÊÊUÊ
cias da industrializaçao, da urbanizaçao, da imigraçao e as 1 ic a CS
2 1 Dimensões do conceito sócio-economicas do pos guerra, culminada com a crise de 1929

Subjacente às duas definições é possível discernir quatro dimensões do lioi, contudo, de P ois da se gunda 8uerra mundial que o DcS€I1V0lV1m€flf°
COIICCIÍOZ 1 omunitário se estabeleceu como metodo complementar de intervençao
9 Cial para fazer face aos problemas sociais da conjuntura Com efeito o con-
- uma dimensão doutrinária pela implícita filosofia personalista que lto destroçara os alicerces economicos e sociais dos antigos beligerant€S,
defende; E ncedores e vencidos, fazendo emergir um complexo conj unto de P roble-

---- --- . - .-.-_ _ - ----.. -_ -...›-.-__--¬.--.-...- -_-..-_-_-_-.._._._¬--_-.__-.-. _..¬.-__--.-.......-_-'-.-.-- ---__..--..-_----..-____......-__._ .. -..--..-.__----_-...-.


1 as de desorganizaçao social de anomia e de comportamento desviado
_ _ ---.___ ---- --__ --- ... .--._ _ ___.- __--__

que qualquer intervenção social alcance resultados com qualidade, precisa, de acordo com esta er e lal situaçao carecia de métodos de intervençao social mais poderosos que
tiva, integrar o Passado dos protagonistas (experiência,
. .
conhecimentos
.
prévios), com o seu pFuturo
Sp
I usados ate entao, exigindo a criaçao de sinergias decorrentes da co o p era-
l

' Planos, P ro 8ramas) e Presente (análise ob'etiva das necessidades e recursos .


(sonhos, ex etativas, I 0 entre os recursos estatais e os exí uos meios das co munidades locais

.V H. I _ _
Manuela Silva (1963: 14-15 e 87- I 24) refere alguns marcos importantes
a prlocípio das necessidades sentidas que defende que .todo o projeto
primeiros quinze anos após-guerra, cuja análise permite salientar as prin
de ilc~senv‹›lvimento comunitário deve partir das necessidades Sentldaã
pais linhas de delimitação deste domínio da intervenção social.
pela população e não apenas das necessidades consciencializadas pelos
Logo em 1948 realizou-se uma Conferência Internacional em C
Eéi liiius; _ _
sobre administração em África, de acordo com a tradição de estudos
II princípio da participação, que afirma a necessidade do envolvimento
nos daquela Universidade, em que se reconheceu a utilidade do Desenvo
çprnlumlo da população no processo do seu próprio Desenvolvimento;
mento Comunitário como instrumento de desenvolvimento dos territó
É princípio da cooperação que refere como imperativo de eficácia -a
em vias de descolonização.
ënlulmração entre setor público e privado nos projetos de Desenvolvi-
Em 1950, conforme acima se referiu, foi publicado o relatório da O
Ineiiio Comunitário;
intitulado Progresso social através do Desenvolvimento C'omum'ta'rio q
9 princípio da autossustentação que defende que os processos de
legitimou este sistema de intervenção social aos olhos da comunidade in
miizlmiçzi planeada sejam equilibrados e sem ruturas, suscetíveis de
nacional.
-lrmliuienção pela população-alvo e dotados de mecanismos que previ-
Seis anos mais tarde, em Baarn (Países Baixos) realizou-se um E
nani efeitos perversos ocasionados pelas alterações provoCadaS;
que consagrou a noção de região-problema como conceito fundamental
9 princípio da universalidade que afirma que um projeto só tem pro-
Desenvolvimento Comunitário. A importância desta designação reside
biilvilidades de êxito se tiver como alvo de Desenvolvimento uma dada
consciência da exiguidade dos recursos para fazer face às necessidades
população na sua globalidade (e não apenas subgrupos dessa populaÇã0)
sublinhando o interesse de identificar zonas de maior intensidade de prob
9 como objetivo a alteração profunda das condições que estão na base
mas socioeconómicos a fim de nelas se concentrarem os meios disponíveis.
da situação de subdesenvolvimento.
Em 1958, no Seminário realizado em Palermo (Itália) deu-se um n
passo na construção deste domínio cognitivo, através da ligação da '
gação à ação. Com efeito pode afirmar-se que neste Encontro o Desenvo À planetarização
mento Comunitário se consagra como campo da Ciência Aplicada, do
de instrumentos de estudo e diagnóstico a par das estratégias de a amente e no seguimento dos Encontros referidos, as experiências
empírica existentes na época. nvolvimento Comunitário foram-se multiplicando e diversificando
No ano seguinte em Bristol (Reino Unido) fecha-se a primeira fase do todos os continentes ao longo dos últimos quarenta anos em variadíssi-
ciclo de vida desta técnica de intervenção com a realização de um Seminário contextos, desde o particularíssimo modelo de organização social do
sobre a a licaÇão do desenvolvimento comunitário às zonas urbanas alar- até ao muito americano movimento das escolas comunitárias.
gando a sua área de atuação, até aí mais focada no desenvolvimento de zonas Os seus princípios e metodologia têm sido aplicados a diversos níveis de
rurais. iente45 variando desde o simples bairro urbano ou aldeia até .à
nacional passando pelas diversas circunscrições intermédias (muni-
distritos, cantões, etc.). Os conteúdos e estilos de atuação apresentam
2.3. Os princípios uma enorme diversidade, configurando um quadro de enorme
empírica.
Ao lon 8o do P ercurso descrito, foi emer8indo um con`unto
J de P rincíP ios - .._.......-.--- _-_-,----..- ._ _ ... . _ - _ .- . .

que configuram todas as estratégias de Desenvolvimento Comunitário, ainda I.lu‹›rtla-se que se considera como sistema-cliente, para efeito de intervenção social, toda a pessoa.
hoje de grande atualidade: fupo. organização comunidade ou rede social com necessidades sociais, requerendo qualquer tipo de
fñtlrvenção social planeada.

78
79

__
É . ¬ - . ¬¡ z xr \u.u\r1¡z g_|m"¿" v\,||_,' ||Y|I'[¡|`  \I \ø\ lIVI\JI`I I l1l\I\I

Portugal não foi imune a todo este movimento: desde o final dos anos ii geográfica
senta que se registam experiências de Desenvolvimento Comunitário,
disso testemunho al g umas p ubli caçoes
” so b a forma d e monografias (VV
tërlo geográfico parte da observação de regularidades observadas em
1965, 1987) ou artigos46.
ironias do Mundo, tipificando o Desenvolvimento Comunitário de
Movimentos vanguardistas dos Direitos Cívicos como o GRAAL, e o
ëoin os modelos de atuação dominantes em diversas Regiões como se
nizações públicas como o Serviço de Promoção Social Comunitária do
lim ligura 4.2: ‹ _ g
tuto da Família e Ação Social foram protagonistas de projetos comuni
r de permitir uma primeira aproximação à caracterizaçao de mode-
muito influenciados não tanto pela política intervencionista do Estado
Êenenvolvimento Comunitário, a tipologia geográfica tem o inconve-
sobretudo, pela gigantesca vaga de fundo promovida pelo Concílio V
cle liomogeneizar artificialmente os projetos regionais. A medida em
II e pelo pensamento de alguns dos seus mentores como o demasiado
método foi aplicado em várias partes do Mundo observa-se que em
cido padre Lebret47. › sc aplicava um ou vários dos tipos descritos, consoante o quadro
Também a Academia Portuguesa não ignorou completamente o
mento do Desenvolvimento Comunitário apesar dos tempos difíceis
politicamente se viviam, que condicionavam fortemente a realização de
lllgnril 4.2 - Modelos de Desenvolvimento Comunitário: tipologia geográfica
jetos deste teor. O ensino do Desenvolvimento Comunitário iniciou-se
nos curricula dos Cursos de Administração Ultramarina e de Serviço
° Bairros dormitórios ° Criar C0I'flUflÍdad¢5 ° Consciencializar
do então Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina
0 Escolas comunitárias através do despertar necessidades comuns
Universidade Técnica de Lisboa, quer nos Institutos Superiores de ° Centros de saúde do espírito de ° Descobrir formas de
Social. cooperação cooperação otimizando
os recursos existentes
° Países sem recursos ou ° RCCOHSUUÍI ° Integrar o DC no Plano
Atividade 4.4 com recursos naturais a estrutura social Nacional (centralização
Elabore um mapa conceptual do Desenvolvimento comunitário, fazendo , ~ otimizados
nao ' ' C €C0flÔ mica numa alta autoridade)
referência aos elementos que estudou no ponto 2. « z Más Condições ' Otimizar os recursos ° Pôr o aparelho de Estado
estruturais (sociais existentes a nivel ao serviço do DC
e económicas) flí-1CÍ0fl3l
° Falta grave de quadros
° Países e Regiões com ° Suplantar dicotomias ° Definir regioes
3. TIPOS DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO dualismos estruturais inter-regionais e zonas-problema
.M|péres) e assimetrias ° Concentrar recursos
A fim de entender os grandes modelos de atuação que se têm vindo a cidade-campo nessas zonas para
provocar efeitos de
filar, apresentar-se-ão seguidamente três tipologias que procuram
mudança rápida e colher
zar tal diversidade de acordo com três critérios: um critério geográfico, efeitos de demonstração
critério conceptual e um critério de estilo de intervenção. f 0 Países e Regiões com ° Utilizar o DC como ° Integração dos dois
“Ha sistemas de meio para dinamizar niveis de
-----_-_---f _ _--- -_-.-¬--- - -. --‹‹--- - -_ _--_: _;_1

(Sardenha) Desenvolvimento o Desenvolvimento desenvolvimento


4° É o caso de diversos artigos publicados na extinta revista Informaça"o Social do ex M inistério da Saúde
e Assistência, entre 1966 e o princípio dos anos setenta. Regional f°8¡°"al (Regional e Local)
47 Sobre este autor vide infra, capítulo 6.
lllvi. l9(›2. op. cit.

80 81
l

3'2' Tipologia conceptud `_š Figura 4.3. - Três perspetivas de prática comunitária segundo Rothman (cont)
._ .~ ._ ‹__›¡_~¡_‹ _ "›1_1°`~:-__..¡ _ _ _ , i ` __ ;_~ ~ _*:v`*_'.:;";*'; _;¿¿‹i.*1l£*._:¿i___«_yf1,.'_i___:'š1___<;_i f Í1<<_äi*"zl×:fi1“_Íi“_$j5I\×_>1i_*“`iIf;Í*_;`í›1=`r“ 11*:'¡›*;__v_*=~'¡*5_fi%`1~1|'Yíl'"`~1§"×;_i-jr“zifllcil<"_`1=.*;«11-:`__~'LW '
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tipologia a que chamou conceptual, que distingue tres
A tipos, de acordo
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i=z,›_.1=‹.~ “"“" z__› _ _-.-_-tz.-,;‹_,' .-_-4:, -.¡¡z' _i-'.;_---='-z'_1›~_=_~.-vz= 'i-'_-F.:-à--_.--__¬-_
° Í ____‹.___.ii,___-_.›_“.¶,__|‹_i__
.___._.__-|z_~__ __1__¡=_“‹ , *,._._._›_*‹._i¬›_'__z..^›‹ i___,~__.
__._._ ___z_›_,__.__›___-, __-,_-¡_,¬ _›.›..-___¿! ._¿_..-, _'_‹.+,_.â›_;z›_,-gi.-_
_›_;__.-_»i;_›,‹‹'__,.›; _'_,~;,;j_z,,«_--q_,£' ;,.__fl_zif;-z. _ Ir-Iz_-_|_=_âi_.,z__.__f_.__iz_z,- _..-=.›‹=z,--=-_.__-z-_..-›____zz_-.-.,._,__›_ i;›.›
‹`-`_'_-i›í&_¬"‹`f-@àí'f_‹.='_':_'~i _':'~Ífz_x=¬'=¬1-‹"12.í'.f‹'‹E-'fzzf.':-fi-_ _ _ _
*-'.=‹i.*.^._=:‹'f_"="'¬”-'. _. _ _ _

complexidade do sistema-cliente: iticas Comunicação Consenso ou conflito Conflito ou ação


i consensual entre contestatária, ação direta;
grupos da comunidade; negociação
- Tipo integrado correspondente, na tipologia anterior, ao afio-as.:
"iii grupo de discussão
caracterizado pela aplicação das técnicas de Desenvolvimento Coi Catalisador; Compilador e analisador Ativista; advogado;
tário à escala nacional- 3
'CIIÍOÍCS coordenador; formador de fatos; programador; agitador; «parte louça››
professor em matéria implementador (broker); negociador,
- Tipo adaptado, análogo ao europeu, sempre que o projeto tenha _
de resolução de ‹‹guerrilheiro››
regional; problemas facilitador
-Tipo Projeto
' _ Piloto, semelhante ao latino e ao americano, quai Manipulação Manipulação de dados e Manipulação de
escala de intervenção é mais restrita. de pequenos grupos- de organizações formais organizações de massas
-tarefa e de ,processos políticos
Iafãlfll 88 Colaboradores Empregados e Alvos externos da ação;
de poder patrocinadores opressores a ser coagidos
3.3. Tipologia de modelos de intervenção de Rothinan s da Comunidade Comunidade total ou Segmento
de- geográfica total segmento (por vezes de comunidade
«comunidade funcional››)
M2115 fficfiflffimfiflffi, Jack Rothman (cit in Jacobsen e HeitKamp, 1 õ no que Interesses comuns Interesses conciliáveis Interesses em conflito
311-324) propôs uma tipologia particularmente útil de práticas de int as inte- ou conciliáveis ou em conflito dificilmente conciliáveis;
ei
çao comunitária, recorrendo ao critério dos estilos de intervenção, suge interior recursos escassos
I idade
a existência de três modelos (figura 4.3): I
de Cidadãos Consumidores Vítimas T
› cliente
Figura 4.3. - Três perspetivas de prática comunitária segundo Rothman do Participante no Consumidores ou Empregadores, membros
:liente processo interativo de recipientes constituintes
›_= _ _.¿_¿..__,--`~.Í -. - ` --_-¢‹:-¬1_-= if =-fl'¬».-.›
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_ _-_*-fz-_‹_-'.,›e_=,=`, "'. _==' _,--.'_›__'”` ,._z'-11'¡!~.-'_=F._*-_-'‹_z_'=¬_;_ :a=¡.-z_.-,¡V_ -_»-_-__~=_; is
šêficia Instituições, D. C. Conselhos de Bem-Estar; Movimentos sociais tipo
- 1» ' _ - -1' .z.=_
-;-s¿t=_i-1¡=›5‹z=_ísro'-'i‹,'f›C§.fë.-Eçfii=âàz:'=â'-'.':á';_'z'z'_~,i_.='='‹:{#=_'-=,› ^*.'; ›`='.=_; *f.'.~.'_.'='›)i-_,.'.f=_ =_'-€'._-_~z'_-Iz'_i_-`_'f='-_=,= f=í_‹f_-I=›,';'.'.=I-=r='i ='_1i`f.'='_'_t- _'-i '_-›'.'£‹'*z't.-f:_›.-3 fi. .==3s-=_*.f_5-.-

Tipos de metas Autoajuda; Capacidade


âii;-'- .z-_iz_.›¿-.'.=.Í_5*`-i:'e¬.':ä'-iífiii

Resolução de
"r.'.=Í~*_'-*-'_ _z*-¬5'I>“=.›'f.ê'‹j_'T‹'_ ,=-'_§-:1¬:§=-fl
- ' - ‹- ›
z'_;_‹5'‹'Ã' ]'_'z:›': _¡F'_iv_;f.=_' 'z:'›"_z'_-Ff.=.i_';'_=f_';i_z›.'fÉ";.'¶z":_'fl;?-W
_ _. ,_
tz. ..-~.~:i__- .-.f .--_.›w_w.;--z=za=.-_-.wi-3ug-.5-¢z~-;,;.›;‹:-wi*

Substituição das relações


.'_'_-_'.1."-.5'›_-

'I no 3.° Mundo; Conselhos Municipais Alinsky, Poder negro,


Corpo de Paz; de Planeamento, Buro- movimentos feministas,
de açao
' ' ' e integraçao,
comunitária ' ~ _ problemas concretos da de poder e de acesso a S'_
._Grupos de cracia federal Planea- sindicatos, movimentos
comunitária (metas orientadas para comunidade (metas recursos (metas orientadas f Consumidores, etc. mento ambiental; Grupos de consumidores, grupos
processos) orientadas para para processos e _ _ de planeamento regional radicais
f¢5Ulf3d0S) resultados) já ç _ 90:: práticas Trabalhador de aldeia, Dirigente ou técnico Organizador local
Assunções Anomia; carência de Problemas sociais Populações gm . de vizinhança, de planeamento
respeitantes aos relações humanas e de substantivos; saúde física desvantagem; injustiça
L_-S1
T consultor de D. C.,
problemas da padrões democráticos de e mental, alojamento, social, depravação l extensionista rural
comunidade solução de problemas Educador de adultos, Demógrafo, especialista Sindicalista, organizador
lazer iniquidade ' og”
Estratégia Intenso envolvimento da Reunião racional de Cristalização de resultados A *“ trabalhador de grupos em estudos sociais, de grupos minoritários,
básica de não clínicos, administrador público, organizador de
população na solução fatos caracterizadores e organização das pessoas :_
mudança profissional de técnico de planeamento movimentos dos direitos
d°S seus PfóPf1°S dos problemas e em função de alvos I dinâmica de grupos, hospitalar humanos, trabalhador de
Pmblemas decisões inimigos _ extensionista rural associações de inquilinos
(Conti) " | _|A‹:i›i1s1.~1N, Michael; HEITKAMP, Thomasine (1995). Wán'/eing wir/1 comuniríes, in JOHNSON, Wayne et al. (1995),
_' Mid/ services. An inrraduccion, Itasca. E E. Publishers. pp. 311-324.

82 8
3
- Mode lo de Desenvolvimento
' Local,
¬ caracterizado
- por uma interveni
- no l'tl havia al Suma ex P eriência de trabalho comunitário do período sob
muitp localizada (perspetiva microssocial), orientada para o processo linlo col onial, sobretudo a partir de projetos dinamizados por missioná-
çriaçao de grupos de autoajuda em que o interventor assume um pa optou-se por aproveitar essa experiência e alargá-la à escala nacional.
acilitador com uma forte componente socioeducativa;
llldudes
- Modelo de Planeamento Social caracterizado por uma intervençao
n lizise neste diagnóstico foram definidas duas finalidades estratégicas de
componente meso e macro mais evidente, voltada para a resoluçao
ilio nacional:
problemas concretos, (orientação para o resultado) em que o intervÉ
*oniover o desenvolvimento socioeconômico, compatibilizando as estru-
tor assume um papel de gestor de programas sociais;
lnis tradicionais de âmbito local com a Administração Pública à escala
- Modelo de Ação Social caracterizado por uma intervenção de perspet`l irional;
änfëšfäda (maCf0, 111680, micro), orientada para a alteração dos sisteIT i lt "|.ii' um processo de democratização das instituições sociais, económicas
e o er em presença em que o interventor assume um papel de É políticas
VISIR, advogado do sistema-cliente e negociador, aproximando-gg jiinização do projeto
figura do militante; . irojeto havia começado em 1951, coordenado a nível nacional por um
mismo criado para o efeito, o Departamento de Desenvolvimento Comu-
- - ¬ - - _-_--..-..-.._¬.__-_-..__..._.__..___.______________________
_-_.-_-...._..._..__._____`_________ _`_____
_
irio e Bem Estar Social, na esteira de outras organizações que existiam
Atividade 4.5 le os anos quarenta Foi dotado de amplos poderes e procurou desempe-
Releia a lsua Atividade
D ' ' A - aos tipos
4.3 e complete-a, fazendo referencia - de l ol Sua missao atribuindo ao desenvolvimento comunitário um duplo

I es envolvliriíiento Copiunitario
' ' ' que pensa serem adequados a, zona que sele- el: o de técnica de reestruturação social fundamentada numa filosofia
cionou. ti ize as tres tipologias estudadas e fundamente as suas escolhas' tica democráticae o de técnica de promoção do crescimento económico
Escreva em tópicos; use uma dimensão máxima de uma página A4. ` liuido aos recursos locais.
_ .-..___..____-- _-_--_ -__`__--...-...._ -_ _~_.-_-..._;.._.
principais objetivos do projeto mostram claramente a sua ambição:
liminação do analfabetismo
_umento do rendimento do setor agrícola
4. REi_ATo DE ALGUMAS EXPERIÊNCIAS revenção do desemprego e do êxodo rural
*lelhoria das comunicações
Nesta
. se cçao
" iremos
° '
descrever resumidamente -
alguns projetos de desel_ romoção da saúde pública da educação e do lazer
tlucaçao da mulher para a economia domestica e educação dos filhos
volvimento comunitário realizados a diferentes escalas de complexidai
iitímulo ao artesanato e à pequena indústria
(silva, 1962 z carmo, 1997). l

Caso 4.1 - A experiência do Gana: exemplo de um projeto à escala nacional resultados revelaram-se muito interessantes, tendo-se conseguido
iender
Antecedentes
Após o processo que culminou com a independência (1957), esta antiga coló- I nerosos projetos de melhoramentos locais pela via da cooperação local. Por
nia 'br'itanica
^ ` viu ' _ se confrontada com problemas de natureza estrutural dos 'I ø' nv '
do esforço entre o governo central e a populaçao (foi) possivel rea
jUgElÇâO
I _

quais se salientavam um território com fracas infraestruturas e uma sociedade .r um avultado número de obras de utilidade pública, tais como escolas, hos-
ãósé;-colionial çlarecida de quadros técnicos e políticos, com um forte processo iis, clínicas, estradas, centros de convívio e divertimento, etc. (Silva, 1962:
c
xo o rur e com uma fraca experiência de vivência democrática. I I . . .

69).

84 85
É no entanto de salientar que em virtude da instabilidade política que llíiniriii‹› da educação básica e da promoção social;
instalou após a subida ao poder (1957)e posterior queda (1966) de K fifiriiinçiiii profissional (ex.: técnicas agrícolas, economia doméstica rural,
Nkrumah e do excessiv o voluntarismo dos protagonistas da então fiioilos de melhorar a nutrição através de pequenos mclllotëlfllfl-BHIOS 100315
política de socialismo africa no muito
` d o que se havia feito sofreu uma ënnio o desenvolvimento da avicultura);
- ~ _ ~ ' r
ficativa regressão. Vnlgni'|'1.açao agrícola (ex.. demonstraçao dos procedimentos corretos pa a
Uma primeira lição a tirar desta experiência é a de que, quanto maior g poda de oliveiras; de técnicas de combate à mosca da azeitona);
a es cal a de um projeto, mais recursos políticos e económicos requer, lfliuenio do artesanato local (remodelação dos teares, técnicas de tecelagem
sen d o su f`iciente
` a congregação de vontades individuais. A segunda, é a Q ve|g:is);
que projetos desta dimensão, ainda que muito descentralizados, i llninniração de linhas de crédito agrícola e formação para o Sou LISO;
_ - - ° - ~
t'il›n,:\‹› de circuitos de comercializaçao para o escoamento dos produ o
t s
de uma mínima massa crítica or8anizacional, com
lmynis.

- linhas de comando bem definidas, 9


- instâncias de coordenação consensu al mente aceites, onde se possa
ltados
patibilizar a indis p ensável participação popular com a sua represen
icsultados começaram a observar-se ao fim de algum tempo:
a níveis superiores de decisão,
- sistemas de articulação entre os agentes generalistas de intervenção
Io foi fácil o começo; os agricultores mostravam-se desconfiados e'me.smo
unidades orgânicas especializadas,
is -to emprego de novos métodos; houve necessidade de proceder primeiro a
- sem a qual são ineficazes (por não conseguirem atingir os objetivos ni demonstração palpável dos resultados que se procurava alcançar através do
ja d os) ou ineficientes (porque os alcançam a custos excessivos) piego de processos mais modernos. Para tanto, a equipa consegpiu.convenc(çr
pequeno número de agricultores a consentirem numa experiencia de po .a
O projeto seguidamente sumariado ilustra a aplicação da estratégia 9 oliveiras e combate científico à mosca da azeitona. A escolha deste meio
desenvolvimento comunitário a uma esc ala regional. Com apoio de ni-se nos dois fatos seguintes: operação de custo reduzido e resultados visi-
zfi ' . A ' .
equipa internacional as autoridades ital ianas e sardas começaram por Win .| curto prazo. A operaçao foi coroada do maior exito, pois que o rendimento
uma zona-piloto onde procuraram concentrar os recursos do projeto. mi oliveiras aumentou (...) (significativamente) (Silva, 1962: 50-51)-

o m projeto na Sardenha. exemplo de um projeto à escala regional m o aumento de rendimento dos agricultores que haviam aderidoflà
Caracterização ência gerou-se um efeito de manc/:ia de azezte sobre toda a populaçao
A área escolhid a integrava quarenta povoações com um total de dez mil habi- pouco a pouco foi aderindo ao projeto. 'Í _
tantes. Tratava-se de uma regiao
`" rural d e cultura tradicional, com uma si ni- medida que os resultados iam sendo conhecidos ápopulaçao foi
8
ficativa área montanhosa apresentando uma economia deprimida (baixa ro- ndo as suas atitudes tradicionalmente fatalistas e individualistas,
P
dutividade agrícola, frágeis circuitos de distribuição e baixo consumo)°3 do a ter opiniões e condutas mais cooperativas e maior disciplina no
Dada a sua dimensão, foi necessario recorrer ao apoio externo, tanto no que ho.
respeita ao enquadramento té cnico como ao apoio financeiro. O terceiro caso contado por Manuela Silva (op. cit.: 43-47) exemplifica a
Áreas-chave de intervenção › de um projeto a escala local, com recursos exiguos, situaçao com-
Após a efetivação de um diagnóst`ico d a situação definiram-se as seguintes por uma forte liderança consentida e por bastante imaginaçao.
áreas-chave, onde foram concentrados os esforços do projeto:

86 87

m _ .
" "' fllgnru 4 4 - Ação do novo Presidente da (lñiiniru (modelo da sopa de pedra) (CUM)
Caso 4. 3 - A estratégia
` daf «sopa
' de pedra» 4 ' '
Caracterização
O projeto realizou-se na aldeia francesa de Aspères, situada na região de
Montpellier, com 4500 habitantes, integrada numa zona agrícola quas‹ um Plano Diretor ' Fortalece-se uma atitude de planeamento ll
ljlfilcfl ° Surgem novas necessidades de consumo como o desejo de
exclusivamente dependente da cultura da vinha. Tal como no caso anterior l adquirir equipamento doméstico ll
o diagnóstico da situação apontou para diversos problemas de falta de pro- n de uma cooperativa ' Melhoria da situação das mulheres ll
dutividade resultantes de técnicas antiquadas, praticadas por uma populaçãci - - ~
innuo para aquisiçao `
° Quebra da mentalidade fatal'is ta tradicional
envelhecida pelo êxodo rural. beu. máquinas de lavar
il electrodomésticos ll _
Intervenção
Após a realização de eleições autárquicas foi escolhido um novo Presidente da
Câmara que se revelou um líder inteligente, aproveitando os recursos locais - - ' straté-
itro lado permitiu começar-se a criar alguma confiança nas 6
para responder às necessidades, através de uma intervenção que poderíamos
lperativas
› ' e a por
^ em causa a mentalidade
_ fatalista
_^ _ tradicional ° A
.
designar por estratégia da sopa de pedra (figura 4.4).
Eii que se gerou permitiu a emergencia da consciencia de que seria
_ - _--~__. ~ z--......_-à¬....-_z ~_~_._-._._§_=- -_-_ -_...____-.___._....-__-.__i-......_-._-.

l alterar as técnicas produtivas no sentido de melhorar os rendimen-


famílias.
Tudo começou com a resposta à necessidade sentida pela população
zzmpanha que se seguiu, compraram-se 57 tratores, o que levou à
asfaltar as principais vias de comunicação da zona, o que se fez recorreni
lade de se proceder ao treino dos utilizadores para o seu uso e manu-
-se ao trabalho voluntário.
Mas essa inovação criou uma nova necessidade: a de dar trabalho ao
Esta ação teve como consequências imediatas, a possibilidade de introi
que entretanto havia perdido clientes dada a menor utilizaçao de
zir pneus nas carroças com a consequente redução dos estragos nas estrac
de tração. Esse problema foi resolvido com imaginação reconver-
bem como uma menor utilização de cavalos de tração.
_e o antigo ferreiro em novo mecânico, solução que sat1Sf€Z I0Cl3 2

- ' la ão ad uiria
Figura 4.4. - Ação do novo Presidente da Câmara (modelo da sopa de pedra) iedida em que aumentavam os rendimentos e a popu ç . q_l
___
ioder de compra, foram emergindo outros quereres comuns (Pintasi go,
inicialmente não consciencializados. Foi o caso das necessidades sen-
1. Reconstrução das estradas ' Possibilidade de introduzir pneus nas carroças ll li» ae melhorar as condições habitacionais e de dotar as famílias de equi-
(asfaltagem) com trabalho ' redução dos estragos nas estradas e dos cavalos de tração -_ ‹ entos domésticos mais modernos. Em resposta foi delineado um 1319.1310
voluntário ll ° maior confiança nas estratégias cooperativas e quebra da _ - -
IetorMunicipal -
e criada ' de consumo para aq_uisi Çao
uma cooperativa A _e
mentalidade fatalista tradicional ll *I
° necessidade sentida de modernizar as técnicas produtivas _” ' rodomésticos. Estas ações tiveram duas consequências com influencia
para melhorar os rendimentos ` J
lliva para a modernização da comunidade: por um lado legitimou-SC 0
2. Modernização das técnicas ° Necessidade de tratores ll S
produtivas ll
neamento como atitude desejável para a mudança; por outro, 0 gfUP°
° aquisição de 57 tratores ll I . - ' rmitindo-lhe
° ensino da sua utilização ll Irltégico das mulheres viu o seu tempo disponível alargado, pe
' necessidade sentida de dar trabalho ao antigo ferreiro Ç tlllzá-lo em tarefas mais gratificantes e produtivas.
3. O ferrador/carpinteiro é ° Aumentam os rendimentos ll "
. . l
treinado para se se tranformar ° é criado maior poder de compra ll 1
em mecânico de tratores ll ° necessidade sentida de nelhorar as condições habitacionais _

(cont.)'

I 89
88
ez _ ...mun . ‹ - - \ . › z . . . z . . . . - ¬ . . . . . . _

.... . ..... .,. .. .. _ ,...-........_._.¬_...... . -......zw

Caso 4.4 - O projeto “Revitalização da Comunidade de Ouguela” mjmudcndo à necessidade premente de apoiar os idosos da aldeia, sobre-
jiu os que revelavam menor autonomia, e aproveitando um recurso dispo-
Caracterização
vel. ‹› edifício da escola que estava ocupado a menos de 50°/o, foi criado um
Com 152 habitantes, situada na zona da raia, no fim da estrada (no sentido
||Ir‹› comunitário com valências de apoio domiciliário (com confeção de
literal) a cerca de dez quilómetros do concelho de Campo Maior, a aldeia de
i!lç‹'›cs para acamados) e Centro de Dia. Para além dos resultados imedia-
Ouguela tinha vindo a sofrer desde há vários anos, os custos da sua situação
iirmc visíveis para a população idosa, esta iniciativa permitiu criar maior
periférica. O predomínio de população idosa, a economia estagnada e um
Não entre todos os protagonistas do-projeto.
castelo em ruinas, eram alguns dos sinais mais evidentes desses custos.
mic então foram várias as iniciativas destinadas a atingir os objetivos acima
Intervenção Íliiidos, de entre as quais se salientam:
No sentido de inverter a situação, em Agosto de 1996 foi criado o Projeto de
Revitalização da comunidade de Ouguela, coordenado pelo Provedor da im colóquio sobre princípios, estratégias e exemplos de projetos de desen-
Santa Casa da Misericórdia de Campo Maior, engenheiro agrônomo e pro- mlvimento comunitário;
fundo conhecedor da zona, à qual se associaram em parceria outra institui- | realização em Julho de 1997 de um Encontro Nacional de Jovens das
ções, grupos e particulares de entre os quais se salientam: \|dcias Históricas;
1 estudo da viabilização de pequenas empresas de restauração e de salsi-
- a Câmara Municipal de Campo Maior;
flliuria tradicional com garantia de qualidade;
- a Delegação Escolar que se associou à rede com recursos do projeto escolas
› estudo para a reabilitação patrimonial do castelo e das habitações que se
isoladas;
uui|i'1.am no seu interior para posterior utilização em turismo de habitação;
- o jornal Notícias de Campo Maior dando visibilidade ao projeto;
:fiação de um jornal do projeto A ladeira da fonte vel/aa, principal instru-
- a comissão de moradores de Ouguela;
nento de informação sobre as Atividades em curso.
- diversos particulares dos quais é de realçar um antigo professor do primeiro
ciclo do ensino básico, entusiasta desde a primeira hora.
metodologia de desenvolvimento comunitário tem sido aplicada com
A necessidade de criar uma massa critica de recursos para o projeto levou ao 'ia frequência na educação de adultos. O caso seguidamente relatado
ll

concurso e posterior obtençao de verbas de programas europeus (Subpro- 1-' 1

Eve um P ro`eto
J deste ti P o, desenvolvido no Paquistão (Carmo, 1997:
grama Integrar da Medida I -Apoio ao desenvolvimento social, do 2.° Quadro
I73).
Comunitário de Apoio) e nacionais (do orçamento do Estado). Tais finan ll
ciamentos permitiram o recrutamento a tempo inteiro em regime de resi-' l
A I 1-' ›-f l j
dencia local, de uma tecnica com a missao de coordenar as operaçoes do alo 4.5 - Um” programa de educação funcional no Paquistão
projeto no terreno. mi uma população de 121.5 milhões de habitantes (1991), um PNB per
Os objetivos do projeto foram os seguintes: ›. de 380 US$dol. (1990), uma esperança média de vida dc 58 anos (1991)
- revitalização, reforço e diversificação da economia local; Ima taxa de mortalidade de menores de cinco anos de 134 por mil (1991),
- fixação, atração e participação da população; Paquistão situava-se entre os países mais pobres do mundo, na última
- melhoria da qualidade de vida da população; Cada do século XX49. Os seus indicadores educacionais são coerentes com
- animação socioeducativa, cultural e recreativa; ituação geral do país: de acordo com dados de 1985, apenas 47°/o da sua
- fomento da cooperação entre instituições e empresas locais através de parcerias; pulação entre 5 e 10 anos de idade ia à escola, reduzindo-se o contingente,

----..-----_--___--_.`..__._..._-_--.._..--_,__.._....._..¬._.___.--......... ______-_-- _ ___-_z_ - - _ _ _ _ __z....._.- - -_.. _ _ ___.._z_-_z_......_ ¬¬`..-_;-__.- _ _ __..__.zz - - - _ _-:=:-__---- z _ _:-_ -_ _;.;1
...... ..........--_--~ -Ízzzfz---zzzfl---11'-'~-¬--fm ""f"' " ' ' '

Licenciada em Política Social. ÍICEF, 1993, Situação mundial da infância, UNICEF, Brasília.

91
\1 F ` ` ` na vIuIIl1u\I

para 27% sc considerarmos ii coorte dos ll aos 13 anos, e para 13% n


,,u|,. ,, seu Começo em 1985. beneficiaram
. ` ' deste p ro g rama P erto de 16
grupo dos 14 e 15 anos”.
Se os indicadores globais revelam um quadro preocupante a situação de cette -
m|i‹›s de aprendizagem, P2l'<?C<fnd° que ° BFEP tem vindo a encontrar
grupos sociais é dramática. É o caso da mulher rural que apresenta uma tax fiescciite recetividade na populaçao.
de alfabetização de 7.3%. Esta situação decorre, não só da fraca e geografica
mente assimétrica oferta do sistema de ensino, sobretudo no que respeita â
, E5
rede de equipamentos escolares, aos poucos professores e às verbas disponl ;›|-:sr.NvoL\riMENTo coMUNiTAR1o NA ATUALIDAD 1
veis, mas também a razões de natureza cultural e religiosa, que levain a restrin-
gir a procura por parte da mulher em geral, e da camponesa em particular. .. - dada pela Academia
|m|›ortancia t do e ensino
- ao esflu _ ' deste
1 processo de
amas
É neste contexto que a Allama Iqbal Open University, através do seu gabi-
inÇ*io social é retratada Pela inVeSt18a'ša° Publicada e pc os Pmgr
nete de extensão universitária e projetos especiais (Bureau for University . . › - ' ' ' ” ensino.
| olerecidos nas varias instituiçoes de d d tros não pode ser
Extension and Special Projects) oferece, desde 1985, vários programas edu- -^ ° que o levantame nto uma e ou
cativos um dos quais, o Basic Functional Education Programme (BFEP), mi ai consciencia 52
. r ` ão ocorre e
seguidamente se relata.
zlvo, dada a velocidade com quê 2 Pf0dUÇa° de mformaç
em conta a sua dimensao- - planetaria
' ' pode, no entanto fazer-se uma
O projeto destina-se a uma população-alvo rural e suburbana, de ambos os
sexos, analfabeta. Os seus cursos não têm como objetivo a sua alfabetização, iproximada dos rumos que atualmfifltë SC des enham atraves da consulta
- Í

mas a melhoria da qualidade de vida, através do ensino de ‹‹saberes›› que unias bases de dados disp0I1íV¢1S-
aumentam a capacidade de melhorar o seu quotidiano, como a puericultura,
a higiene, a eletrificação das aldeias, os primeiros socorros, a gestão domés-
tica, o sistema de crédito agrícola e o planeamento familiar. 'endências da investigação
Todo o sistema se baseia numa forte interação criada entre a equipa central
da Universidade, encarregada de produzir os materiais, e as equipas de - -
fu colher indicadores ' ^ ' con fetridaCD
sobre a impoätancia à investi
Rom gaação ncSt€
Dissermn
campo, compostas por díades mistas, os Field l%rkers, para poderem traba- I

no recorremos a duas bases de da os em SUP; . l Sciences ,Index (ed¡_


r 6

lhar com populações de ambos os sexos, mediatizadas por coordenadores de Í*


ibstracts (da Universidade de Michigan), ff 3 0014 '
campo a tempo inteiro (Field Co-ordinators). A . - ' 6 í ul d
›or H. W Wilson Company) das quais foram selecionados 7 I I 05 É
Após um trabalho exploratório em que procuram ajudar os aldeões a identi-'il - ' ' ` ublicados nos dois anos
rações, artigos e monografias dispon1V€lS›
ficar as suas principais necessidades educativas, os Field Workers ajudam-nos f . ° -' ` ionado
na organização de grupos de aprendizagem (unissexuais, uma vez que se trata eccntes, a data de publicaçao do artigo mcnC › de cada uma dfilas
.95 ¢ 1996-97 respetivamente). _ _ d
de uma região muçulmana tradicional) cada um dos quais escolhe um líder.
Esse líder é, seguidamente, alvo de um treino que dura uma semana, por cada Í 'ii efeitos de análise os títulos foram classificados em dois qua IOS
. . ` e inter-
módulo escolhido (que dura em média seis semanas), em que vai aprender a 4,-A do a sua temática dominante e de acordo com as perspet1VaS d
- - propostas por Rothman 55 . D a sua leitura P odem-Sc
9 çomunitária
apresentá-lo através dos dois tipos de materiais adotados: cartazes indutore
(flip-c/øarts), com linguagem iconográfica e audiogramas produzidos em lin- (IJ
P as linhas tendenciais que se seguem.
guagem localmente inteligível. Na sexta sessão, o grupo discute com um pro-
fissional todas as questões suscitadas nas cinco sessões prévias.
- ' " " * “_“""~"""`.__À›`..-›__`~_.`-"_`v_`--F-_-_"`_` ' , . n 1-
-__ -___ __..--_- ..._-.--_ _ _ _-----_._‹._-.___~`_._›-~_-_._..--...____-.-__-._-..--___....._._._--..___._¬~¿......-._._..._.-.__..`____~_-__-_.-_._.__-z_._-..-.‹--_.-~.__._...-_._-__._-...-`__....-.___-.- _ _ . U 0 Carmo 1998) cuja identi ficaçao encontra no
. .. _ _ ._ .. _ _ _ _ _ _ _ _ _-._ _ _.- - _ _ ._ -__-...-_._.____--__¬_- _.-___.-- _ _.__._-¬. -_.__ _ _-_.- _ _.-- __.- _. --._ __--__..--_-_. _ _ -.- -_ __ _ _ _ _ ... _-___----___- _... _-.. _.__-- _ ___-- _._..-._-__._-_-..__-..-._..__._- Q
|
'eiientc secçao foi elaborada a partir de um ar g ( ›
. alega unidade. tg Câmara J B 1936 CÂMARA A III Revolução Industrial e o Caso Português,
WILLIAMS, J. (1992). Meeting National Needs T/øroug/7 Distance Education: T/se approac/s oft/ie Alkud
I so re esta ques ao g, . ., _ C, _ . › » L. b ,ISCSP, P_ 63_111_
Iqbal Open University, Pakistan, ICDE, Bolletin vol. 29, p. 56. Portugal Face à III Revoluçao Industrial, Sflmlfláflo d°5 80 ' ls oa P
i ponto 3.3.

93
. _=......¡i&n_.._--
Dissertações
iografias e artigos
Quanto aos trabalhos acaidéiiiiuis visando o doutoramento (mais ijiie respeita aos trabalhos publicados sob o formato de monografias
mente o mest-rado) podemos agrupar a temática escolhida em cinco
lgos, podemos agrupar a temática escolhida nas cinco linhas de preo-
de preocupaçoes:
acima referidas a que se acrescentam, com menor representação, os
Iiios do trabalho e emprego e o dos idosos.
1. d.
Estu dos flsobre minorias.
' ' -
E o agrupamento em que se integram iriiilêiicia que observámos nas dissertações, reforça-se quanto ao inte-
issertaçoes correspondendo a quase 1/3 da amostra, PH
iiiaiiifestado pelos investigadores mas apresenta uma particularidade
esta preferência deve-se à visibilidade do fenómeno das minorias Q iiic: com efeito se metade dos títulos analisados se reporta a aspetos
seu posicionamento como problema no imaginário social, do Desenvolvimento Comunitário, sublinhando o interesse que tem
Sse como teiapa prioritario da comunidade científica ligada às
_ Q 0 Ip ç . . .

posto nas questões metodológicas e teóricas, a perspetiva dominante já


ociais.
d ' ~ inseridas
Qu quer. das dissertaçoes ' ' neste grupo parece ter tece ser a do Desenvolvimento Local (modelo A de Rothman) mas sim
ta o umaiperspetiva de Desenvolvimento Local (modelo A
liliiiicamento Social. Este fato pode indiciar uma crescente preocupação
As minorias explicitadas nos títulos foram as seguintes: afro- iiiiiidade científica e profissional em procurar soluções mais integra-
nos, jovens negf0S, hlspanicos, judeus, imigrantes em geral
piira o Desenvolvimento Local, através de parcerias estratégicas com
mentais, deficientes, toxicodependentes, jovens delinquenros ¢
lzações exteriores à própria comunidade, dotadas de recursos mais
solteiras. isos para fazer face aos problemas sociais.
2. Aspetos teóricos, metodológicos e políticos do Desen
u p 0
serviços de saúde mental continuam a constituir objeto de estudo
Comunitario. Enquadram-se neste grupo temático mais de um q
iiaiite neste campo. No entanto, relativamente à temática das disserta-
da ÂHIOSÍY2, <.`l1Str1l)u1daS pelas perspetivas A (Desenvolvimento regista-se uma diversificação de interesses dos investigadores pela utili-
B (Planeamento Social), e incidindo sobre questões ligadas à política
_ 3
ila metodologia do Desenvolvimento Comunitário para a intervenção
neamento, organização e controlo do Desenvolvimento Comi em campos muito específicos como o da prevenção da saúde, e do
3 aude As dissertaçoes incidindo sobre aspetos da saude comi
0 S , . . F' . . . I
ii grupos mais fragilizados como as grávidas em risco, pessoas infecta-
ocupéšlm .o Ãerceiro lugar do corpus, todas ligadas à questão da eoin o virus da SIDA, toxicodependentes e cancerosos. A perspetiva
ment ain a.que numa delas tal abordagem se faça a proposlto , - da
nante continua a ser a do Desenvolvimento local (modelo A), o que
codependencia. lógico em virtude da especificidade dos grupos-alvo.
' A - . _
4. A infancia e a juventude constituem tambem áreas escolhidas
maior parte dos artigos que incidem a atenção sobre minorias debruça-
que apenas por cinco dissertações.
lolire grupos minoritários específicos como imigrantes, desalojados e
5. O quinto agrupamento temático diz respeito ao trabalho com as grupos altamente vulneráveis. Os restantes referem aspetos diversos
1135 fiffl gfifal, OU Com 0 subgrupo parental (pais e avós). 'ltiibalho social com minorias, nomeadamente as questões da educação
ltural e do bilinguismo
. arece tambem de sublinhar a ausencia de dissertaçoes que incidam
P I . ^ ' ' f-f o n
A maior parte dos artigos integrados na temática da infância e juventude
cificamente sobre aspetos do modelo C de Rotliman (Ação Social)
tam, pelas razões apontadas para a saúde, uma perspetiva de Desen-
Sfato. deve- °
. ) se, prfqvavaqlmente, à complexidade .
dos grupos-alvo (movimen lmcnto Local. A maior parte dos artigos sinalizados refere-se a situações
oci ais e a con itu idade da estrategia
f ° de tipo
~ .
C que pode ter ndo
trabalho social com grupos de crianças e jovens, em geral ou em contexto
desestimulante na definição dos objetos de estudo, levando os candi
r. Apenas dois artigos se debruçam sobre a questão específica dos gangs
doutoramento a escolher temas menos polémicos
is. A dimensão da amostra não permite mais do que levantar meras

94 95

- __
- - - . - ~ - ¬ . = A . . - ¡' ` `¡ ¡ ¡¡y..|i|\ \l\'IVI\JI`IIÍ'II\I\

hipóteses de explicação deste fino que, ai ser representativa, tanto pode


Fani concluir, gostaríamos apenas de salientar que, através de uma con-
ficar uma maior preocupação com a prevenção como uma fuga dos in
nlpida à base de dados Proquest Social Sciences Premzuin Collectzon rea-
gadores a estudarem temas particularmente polémicos.
eni Iulho de 2014, desde que este trabalho foi pela primeira vez publi-
A perspetiva dos articulistas que se debruçaram sobre as famílias
( I')*)›*)-2014) e utilizando como palavra chave «desenvolvimento comu-
consoante a temática específica do artigo. Assim, enquanto aqueles q
›», foram adicionadas 34.952 novas entradas. Destas, 24.602 referem-
fizeram de forma geral se repartiram entre os modelos A e B, os que e
| izriigos, 2.005 a monografias e 1.436 a dissertações,.o que dem0I1SU'a 21
ram o seu trabalho sobre famílias maltratadas e movimentos de m
unidade de interesse e investigação nesta área temática.
escolheram a perspetiva C.
População idosa, trabalho e emprego. Muito poucos foram os artigos
se debruçaram sobre o trabalho comunitário com idosos e com a temática;
Au tendências do ensino
trabalho e emprego. Estes números, a confirmarem-se em futuras
com amostras mais significativas, indiciam dois tipos de tendências, q
tendências do ensino do Desenvolvimento Comunitário podem infe-
delas preocupante:
tlai abundância de materiais educativos produzidos, sob a forma de arti-
- no que respeita aos idosos a tendência a esquecê-los, o que revela não mnnografias ou manuais, e pela diversidade dos programas letivos ofe-
a ignorância do seu peso demográfico crescente mas também o p is nas várias instituições de ensino54. Com a consciência, atrás referida,
ceito de os considerar como problema e não como recurso comuni É impossível fazer um levantamento exaustivo duma situação em perma-
- no que concerne ao trabalho e emprego, a tendência a descen mudança, apresentam-se seguidamente alguns elementos que 1nd1C1aII1
investigação de temas politicamente inconvenientes; neste caso, purtância dada a esta área disciplinar.
gar estes tipos de problemas apresentar-se-ia provavelmente con
maré neoliberal que grassa por todos os países industrializados. instituições de ensino presencial _
instituições de ensino presencial que mais frequentemente integram o
Em resumo, da breve análise de dissertações, monografias e artigos volvimento Comunitário nos seus curricula são, C0m0 861121 df? €Sp€raf,
duzidos nos anos em análise sobre Desenvolvimento Comunitário, se vocacionam para a formação de quadros para o desenvšlvimento
extrair-se as seguintes tendências: ~
e económico. '
Podemos agrupa-las '
nas que lecionam ' '
Ciencias ociais
, iou
flduçação e as que se ligam a programas de Desenvolvimento Economico
1. quanto às temáticas escolhidas pelos investigadores, regista-se
por via de intervenção de tónica tecnológica. Nas pr1melr2lS› CHCOI1'
consenso em torno de cinco cachos de preocupações:
lo posicionado em diversos contextos curriculares, como os seguintes:
- aspetos teóricos, metodológicos e políticos
i . . z ,.. ~ \ ›-'
- aspetos relacionados com a saúde comunitária I em programas de Ciência Política e da Administraçao, ligado a gestao
- questões relativas às minorias
autárquica; _ d
- trabalho com crianças e jovens
- em curricula de Ciências da Educaçao surge, pOr V€ZfiS› lflffigfa 0
- apoio à família em técnicas de animação sócio-cultural e em estrategias de educa-
ção de base da população adulta;
2. quanto à perspetiva assumida pela investigação, observa-se uma
nância dos modelos de Desenvolvimento Local (A) e de Plan
- - como as que adotam modelos de lecionaçao
` ” flexível , com diver-
Social (B) em detrimento do modelo de Ação Social (C) de Ro Thmo as que usam métodos presenciais
W eoinbinações de ensino presencial e a distancia.

96
97
- em licenciaturas eiii Sociologia e Antropologia, nos domínios _ . . ,~ ' " iadaem
tíguos à Sociologia de liitervenção” e à Antropologia Apli Iniiii muito contribuiu a revista I..ituíl;i5íšolíãcoëetšíííflâlãzmarinos
° ' (l)48
Q ttiirssiira da Estua'os.Colomais t _ (3 a Sru O de investiga-
- nos cursos de Serviço Social e de Política Social é habitual
o ensino dos seus princípios e estratégias em disciplinas co |t›‹,,1), que conseguiu congregar uni numeroso g p trabalhos
E - ' ' ' ue a resentaram
das à aprendizagem da teoria e método do Serviço Social, Btfltitiilos de vários campos discipl1flaf€S› (1 P
rado sob forma integrada ou tridimensional (Casos, G illversiis temáticas de que SC Sãllfimíami
Comunidades); neste último caso aparece como parte in › - ' l imento e do Subdesenvol
mietiis teóricos e conceptuais do D€S€flV0 V
do Serviço Social de Comunidades.
Vlttieiito; . .
. - ' nto Comunitário'
No segundo tipo de instituições, incluem-se as que lecionam p "M
tti|‹›Ce metodologia geral do Dcsílnvolvmie
- - ' ten d o em vista o idesenvol-
diagnóstico de comunida 65 fUl`a15
da área da Saúde Pública e da Agronomia. Neste último domínio o
tento planeado; _ _
volvimento Comunitário apresenta-se frequentemente ligado às áreas
| uiçati " do Desenvolvimento Comunitário em_ contexto
_ urbano; ._
Sociologia Rural e Extensão Rural.
|,||i r i ‹›.'s particulares do desenvolvimento comunitário
. como a Pf0m°Ça° d
Em Portugal o ensino de matérias ligadas ao Desenvolvimento Com f ' ' ' 0 1mP
` acto sociocultural de gran CS
ii iiiulher, a saude comunitaria,
tário, parece ter ocorrido pela primeira vez, ainda nos anos cinquenta,
IÊVPSÍIÍTICÍIÉOS C 3 1IOXlCOClCp€I`lCl€nC1a-
Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (ISEU), mais tarde
sucessivamente Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Uli
itlém do ISCSR o ensino do Desenvolvimento Comunitário tem SIIÓO
e Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (1974). O pio - ' ' ` o Social nos res etivos ns-
ti lecionado nas Licenciaturas emi Serviç t; htegralflte das dis
desta escola insere-se na atrás referida tradição britânica de adn . - ° ' ' ` como ar ei '
Superiores e na Universidade Cato ica, P
colonial57. A
de Serviço Social. _ .
Retratam tal tendência a análise dos curricula dos cursos, tanto das - por esta temática
' algun s arti gos P ublicados na
ein a preocupaçao
ciaturas como dos Mestrados, a realização de diversos encontros acai . - ' ' - ' b a de onde se salientam
do Instituto Superior de Serviço Social Lis o ,
abundância de dissertações e relatórios de estágio, e o volume de
intes temáticas:
monografias publicados, entre os finais dos anos cinquenta, e os anos
Um exemplo interessante desta preocupação foi a criação em 1963 giipetos teóricos e metodológicos;
partir do Centro de Estudos Políticos e Sociais, do Centro de Estudos iip I'icaçoes
" do Desenvolvimento Comunitário em contexto urbano;
.. da saude
Pi-gvençao f `
mental nas comunidade s';
Desenvolvimento Comunitário, depois crismado de Centro de Estudos
Serviço Social e Desenvolvimento Comunitário: Os resultados da sua 1- trabalho comunitário em autarquias; ä 1
dade começaram a fazer-se sentir desde logo, com a recolha e publicação trabalho comunitário em contexto de educaçao PQP” af'
uma bibliografia com cerca de trezentos títulos e de diversos estudos
longo dos anos seguintes. outras instituições da Academia Pmtuguesa 3 Pcfceção sobre a impor-
- - ~ ' " ter sido idêntica rova-
desta técnica de intervençao social nao parece . ñ _ A _ ›
- .. ‹ --- ---.._.-_----.....-.-...-.,._..._›.._-...._~.__...__.-.¬..__._._-..___..-_.__.~¬.____..._._`_..__....-_ -_ _-~_-_ z - _ z -_-.. _ _ _-_-- _ _ _. __.-.-.___~.›_ _ _-_:Az -_ _..- ¬7¬-_ - -- te por dois motivos: primeiro porquê ã ffad1Ça° Pmamca dÊal1_m:'
- - ' ível à escola es eci iza a
55 Cfr. capítulo 6. em territórios ultramarinos apenaâ erízi sens tradilëão ameri-
56 Cfr. capítulo 5. - r or ue a
57 No referido artigo e no final deste manual encontrará uma abundante bibliografia geral que lhe d°mÍm°S° ° ISCSP(U)' Em c.gun O uga , P dgdemocracia e estabi
indicação sobre as obras publicadas neste terreno. dz; 01-ganização comunitária exigia um COHICXIO
social na sociedade civil que não existiu até 1976-

98
99
_ __ . I- I i
là-
F'

Recentemente, com a iinpleiiientação dos Programas Europeus de .


mi África: República da África do Sul (2 instituições e 2 programas) e
Contra a Pobreza e depois dos trabalhos pioneiros de Bruto da Co
i Lesotho (uma instituição e 3 programas)
Manuela Silva (Costa, A . e Silva, M ., 1985 , 1989), tem vindo a obse rvi
5,; Ásia; Japão (6 instituições e 6 programas)
um novo interesse por esta problemática, retratado através de diversos t
r hit Australásia e Pacífico: Austrália (9 instituições e 10 programas)
lhos (VVAA, 1994; Pereirinha, 1992).
na |".uropa: Reino Unido (8 instituições e 8 programaS)
iiii América: Canadá (11 instituições e 13 programas), Estados Unidoã
Em instituições de ensino a distância
(5 instituições e 5 pr0g1'a1'I1fiS) C C0l0mb1a (7 1fl5UtU1Ç°¢5 e 7 Programas
As instituições de educação aberta e a distância (EAD) já há muito
vindo a incluir estas matérias no âmbito da sua vocação de serviço à co;
Iii ilado a registar é que não existe correlação entre oferta dest; tipo de
nidade e ao Desenvolvimento (Carmo, 1996a 1996b). i . . . - ' ti o s como
lflit disciplinar e estádio de desenvolvimento do respe vl p , ôr de
Para ilustrar a situação atual, recorreu-se à base de dados (em CD - ~ - ~
inientos acima coligidos demonstram clararnentã, o que eva
É . a55
do International Centre for Distance Learning da Open University do Ri - miserabilista
- ° ' sobre o ensino estas mat rias . d r
qualquer perspetiva
Unido (1993).
l| análise dos documentos acima referenciados parece poãtanto po e
Os resultados dessa consulta foram os seguintes: - ' ' se tem vin o a assumir
ltili'-se que o Desenvolvimento Comunitário
-
ii uma eficaz e eficiente ' de intervençao
estratégia ' ' à escala meso e macro.
° registam-se 81 unidades letivas (módulos, disciplinas e cursos) focã
no ensino do Desenvolvimento Comunitário
° quatro instituições oferecem cursos inteiros dedicados a este domíi ¡i,i.i,,.izéilš`i"ii`iii*i“M"i
l't'octire fazer uma listagem dos projetos de desenvolvimento comunitário
- a University of New England, com um Certificate em DC;
ilii 'lrea onde habita ou onde trabalha (freguesia, baÍ1'1"0, C0flC¢lh0~--)-
- a University of South Australia, com um Advanced Diploma
liiiquadram-se nalguma das temáticas atrás referidas? Em que estilo de
DC aplicado aos aborígenes; . . >
lntervenção (tipologia de Rothman) se enquadram. . tro de
- a University of South Pacific (Fiji), com um Certificate e 1 , No centro de documentação da instituiçao onde se sitiša o seu cent ba
Diploma em DC; e . ra -
iipoio, faça um levantamento dos títulos que tenhíanè re eršnlcljas ao .td
- a University ofWest England-Bristol, com um Certificate em IÍ - - ' -
llto comunitário (exemplos de descritores. comuni
' e, tm a o' comuni .
-
ri'0. desenvolvimento comunitário› organização comunitária, S6??/lÇ0 500141 de
° 21 instituições de 16 países integram o Desenvolvimento Comunitä
comunidades, etc.).
como disciplina curricular.
° a maior parte das instituições sinalizadas oferecem unidades não 1
mais nesta área do conhecimento.
ln síntese í _ 6 ,
Tais programas são lecionados por 73 instituições sediadas em 31 país
.unidade começou com uma reflexão sobre o papel do dom nio te rico-
dispersos por todos os Continentes, observando-se que é em países
eeptual para o entendimento da realidade. Seguidameifte discutiram-se
influência anglo-saxónica que se regista maior diversidade de oferta - ' 'mento comu-
. A . ou misto
. . Os paises
, em C ns conceitos-base como o de problema social, desenvo vi ,
cursos e cadeiras em regime de ensino a distancia
se observa maior oferta de instituições e programas são os seguintes: . - - - ' ' 1
mit ótica miserabilista defenderia que o Desenvolvimento Com unitário seria uma estratégia aplicáve
bretudo para fazer face a situações de pobreza.

100
101

__
mdadfi, organizaÇão com unit A rm. servico social de comunidades e De8
vimento Comumzáno Seguiu se .i .apresentaçao de cinco casos pai-ad¡ ii u|‹As COMPLEMENTARES
cos
al de proJ etos de Desen volvimento (.omun1tár1o, realizados à escala
I
H , regional e local
ANDER-EGG, E. (1980). Metodologia y Practica del Desarrollo de la
Comunidad, Tarragona, UNIEUROP (10.a ed.).
Teste formativo I M I _ M" N BAPTISTA, Myriam V. (1973). Desenvolvimento da Comunidade, S.
Apdó s l eilãura aprofundada do texto do capitulo e feitas as respetivas Ati
d Paulo, Cortez e Moraes (3.“ ed.).
a es › a raomanualn a página intitulada objetivos da unidade
2 Tem CARMO, H. (1995). Educação para o desenvolvimento: um imperativo
e atingir os objetivos, escrevendo as SU9.S I'€Sp0StaS Sem rccøffgf estratégico, in Poder e sociedade. jornadas interdisciplinares (Actas),
texto do interior do capitulo Lisboa, Universidade Aberta.
3 Confira as suas resp ostas com o texto e proceda à sua correçao CARMO, H. (1997). Ensino Superior a Distância: contexto mundial,
Lisboa, Universidade Aberta.
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103
p p . ¡..| .. _
.
CAPÍTULO 5
SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO
Carla Pinto e Hermano Carmo

:pois de um enquadramento geral ao desenvolvimento comunitário,


c-nos essencial desenvolver um pouco mais um conceito basilar para o
lilimento e prática do desenvolvimento no contexto presente: a susten-
dade”.
sustentabilidade é um dos desafios centrais da nossa época, precisa-
:e pelo fato de vivermos em sociedades que se revelam cada vez mais
rentáveis, em conjugação com um processo de mudança em aceleração
:nte desde há mais de 50 anos, por uma desigualdade social agravada
lltimos 20 anos, e pela fibrilhação das instituições políticas, acusadas de
Objetivos iiência, ineficácia e corrupção. Face a este enquadramento, são já abun-
ea os estudos prospectivos, de variadíssimas instituições nacionais e
No final desta unidade, o estudante deverá estar apto a
nacionais, estatais ou sedeadas na sociedade civil, que apontam para o
discutir a noçao de sustentabilidade,
2 . . M vimento e complexificação de alguns problemas sociais, exigindo novas
. identificar a conjuntura que promoveu o desenvolvimento d
petências aos cidadãos e aos profissionais que trabalham no social.
conceito; 1
m face desta realidade complexa e complexificante, as profissões de
3. descrever e discutir as principais dimensões da sustentabilidad
4. identificar os principais desafios à sustentabilidade na con]
'venção social em geral, e o serviço social em particular, têm de dar um
tura global planetária; ributo cívico para tornar a sociedade mais sustentável. Para atingir esse
5. discutir o conceito de desenvolvimento sustentável; ` tivo, é indispensável e urgente criar e manter uma rede global de recur-
6. discutir a importância axiológica, teórica e metodológica É natitucionais que permitam conhecer e caracterizar cada vez melhor o
conceito de sustentabilidade para a intervenção social em 001
texto de globalização;
7. discutir e relevar o contributo do serviço social para a elaboi' ite capitulo tem por base uma comunicação dos autores, intitulada «Social Work and sustainability:
.I civic contribution of a professiom, apresentada na Conferência Internacional ENSACT 2011
ção e implementação de estratégias sustentáveis de desenvolv iiicinl Action in Europe: social sustainable development and economical challenges››, que decorreu em
mento c de intervenção social. ruxelas. de 10 a 13 de abril de 2011.

105
Figura 5.1 liliuemocu da siistciitabilidadc
contexto social co m as siias'iiiie~
. i- ~ c- oportunidades,
.luis - .
as necessidades dos
temas clientes (
. PCSSORS ~ 8 ruins
I . mm unidades ' e organizaçoes)
- - os _
interventores com as suas lor ~ Q'as e lr;. iquuas
-› ‹ \ e aperfeiçoar
° ,
as formas d . Sustentabilidade: um mapa conceptual
ção às várias escalas. e
i-Í . J

O que é? Queielxos a`
1. O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE Propriedade que pemiito ` _ ' ' ¬' - » ~
iiflfllil M nocoeaidadeado Í
Hlllflll um comprometer' as
qmoou fuuras ` A
Este caP í ÍUÍO, centrado na no ' - - . _
rccom d ,_ (530 de sustentabilidade, inspira-5¢
acaro - na
que num en ação do professor
A _ _M v da Universidade Hebraica de]
› a conferencia realizada em C asta 1' Económica Social Cultural
passado, defendia a necessidade de ¢ t Ê ione nos anos setenta do
d _ s ruturar os cursos de serviço Prlnclpióà: ~ , _{ \¿,çPnn‹;ipi0s: .
tc" 0 em vista os 211108 que se se uiriam e '“ ÍI lnirqlu não ° organização de ostruiurafl A
economicas do longo prazo
i dos direitos humanos A
e da autonomia dos individuos ea
° garantia da memória
' ao do~_'pai;r'imoi\io V V _ Í "
1 8 nao os anos passados, uma vez
OS a
tcmP:f10S de entao, .-‹ - .
iriam trabalhar no S quarenta anos seguintes e não «rain capa-zes de responder a _ unidades. sociais s ~ _ _ _ - garantia do respeito
Qliio da sua iaxigênoias do sistemas ' - ° sistema judicial diiedigno o 1 A pela-idenúdado' do s
_ em que os P rofesso res haviam ' -
exercido a profissãg, de estáveis
9° preservação de `
V ç independente s ,_
° qualidade de vida- integral dos
_
" `
e grupos -
` “ as *
Aplicand 0 esse conselho à pro f`issao, " em si- mesma , a questao . central
li Iflenrgn de i-nfraestnituraa _. ' ~ cidadãos _ç . - garantia do diroitoà .
nossa ref] exao
" é a seguinte: - como reo ' ~
. rganizar a profissao de serviço - social,
. no ambiente ° estabilização monetária ' igualdade da opoflunidados ' d`rferençaoiiltiirIil '
unicidade de restrição de endividamento r garantia da inclusão dos cidadãos, _ - promoção do-diálogo
efetiva utilidade cívica nas próximas illilu ~ uso eficaz dos recursos no processo decisório, da promoção interoultiirale ›
mimo a QUÊ esta tenha uma ll Impactos transparência de processou da autonomia, da solidariedade e da z '
Dito de outro modo , q ue estrategia , . d esenvolver para que esta profissão poli açlo ° sistema fiscal equilibrado capacidade de auto-ajuda ' 1 O ç _ Í, _,
justiça inter-geraoional garantia de protecção social lí A 1 ¬ A Í“ I
s ustentável num gn uadra fr - . .
q menw de 514.230 que exige sustentabilidade?

1 -1. De ~ de um conceito
.
Sc°nStm§a0 Ambiental, o que obriga ao uso progressivamente maior das energias
fliniwilveis e a promoçao de comportamentos dos atores sociais, indivi-
A sustCn tab¡1°idade é uma propriedade
. _
do sistema soc'al
tillil c coletivos, suscetiveis de promover a auto-regeneração ambiental.
P onde; às necessidad es do resent i que permite
-
Trata-se d e um dos desafi osP centrai
6. sem comprometer as 8¢faÇ0€S fil Éfiflnómica, o que condiciona produtores, distribuidores e consumido-
tel ii práticas inteligentes de gestão dos recursos disponíveis, evitando os
ÊÍXÚS ( f`lgura 5,1); S da 110553 ÔPOCH, apresentando
dllpcrdícios
Social, através da regeneração das instituições sociais (famílias, organi-
lições, comunidades e instituições políticas) que elevem a coesão social
I R orientação coletiva, para niveis mais exigentes de defesa dos direitos
lllimanos e de qualidade de vida.
Cultural, garantindo a sobrevivência da memória e do património, res-
peitando identidades individuais e coletivas e promovendo o diálogo
intercultural e inter-religioso.

107

l06

_.-__-E-.í_í
1.2. A insustentabilidade da conjuntura
nais. jovens a objetos frequentes de uma socialização desestruturada, _,
,- ° ' ” ` ternet sao
Usando este conceito como referência para analisar a sociedade di ni entre familia, escola e media (sobretudo televisao e ip ),
1 - es se mento
mação, observam-se alguns indícios inquietantes que ameaçam a sua iris «la sociedade de consumo que os olha como um simp g
tabilidade, um dos quais ,alo (`omo reação adaptativa, pr0Cl1fãffl 1105 56115 PHTCS 3 Segufança
` parece ser a incapacidade para gerir a inforn
para a transformar em conhecimento útil. iinllia c a escola não lhes consegue dar. O . ital
Esta paradoxal incompetência para comunicar, à qual Goleman ambiente anómico, tem vindo a reduzir perigosamente o cap
chama autismo social, parece decorrer da situação complexa em que a riiulii'/indo-se na redução de consensos sobre o sistema normativo,
.J - ~ ' an a essoal e
dade contem p orânea se en contra, marcad a por três processos estrutu: ml‹›rr1.açao da cooperaçao e no aumento da insegur ç p
Ii , _ .
- Uma mudança, acelerada desde meados do século passado, rest - - ifi-
nlëin da mera análise da conjuntura, qualquer estrategia de requíl
da conjugação de três variáveis que mutuamente se influenciam - ~ da area
,as profissoes f ' ~ social
da intervençao ' deve ter e m conta as en-
sitoriedade, novidade e diversidade - e à colisão de três vagas em iiuciais de médio e longo prazo. _ À .
posição, decorrentes da civilização agrícola, industrial e de infor ii esse intuito, recorremos a três relatorios, pf0dUí1d[(->]5 _P°fÉ8€n°"f15
(Tofifler, 1970, 1980). ~ - ' ' "o uro eia
Iiiiilas pelas Naçoes Unidas (Pintasilgo, 19931), P;¿109)fl1a Pm
- Uma desigualdade social, crescente desde o final dos anos o. ¬ - ' ue ara u
no c (zrevi 2008) e pelos Estados Unidos (Ad er, h, P
traduzida no aumento do fosso entre os mais ricos e os mais j f ' desafios e outros taíntofs c amin os P.arat os
lie ilc 2025 apontam varios
(Paugam, 2003, Pochman, 2004). . , - - - ' '
nr. lzm sintese, os principais desafios identifica os oram
osseguin es:
- Novos sistemas de Poder, fundamentados no controle da informa
do conhecimento, na descentralização da violência e no aume,
1' estrutura da população mundial vai alterar-se significativamente, em
poderes erráticos.
riiiilc do crescimento demográfico, do envelhecimento genãralilã-dO
-
países em desenvolvimento '
e do aumento de migraço "es e zonas
Esta conjuntura anómica tem tido efeitos profundos sobre as ge:
,¡".¡m¡da5 para zonas mais prósperas; b
vivas que sofrem estímulos contraditórios, a que muitas vezes não estãi 1 . i -, f' bienteesorea
paradas para responder serenamente. l situaçao ira decerto aumentar as pressoes sobre o am .
As gerações adultas portam-se, como previa Margarete Mead nos ant anomia esgotando o modelo de desenvolvimento atualmente existente;
9 u
- - ~ ' ” exclusão social
como migrantes no tempo (Mead, 1969), à deriva no meio do turbilh .ls pressoes irao provocar o agravamento de situaçoes de ä .al na
, ' c
mudança, gerindo dificilmente as alterações da instituição familiar c C tic pobreza a escala global, com efeitos poderosos na lcoesao SOCI
-' ' . ' . A la..
dinâmica interna (conjugal, inter-geracional e inter-nuclear) e com cre lcntaçao coletiva, aumentando a instabilidade e a vio enc
tes dificuldades de comunicação noutros contextos sociais (organizac.
- ameaças, os referidos relatorios ap ontam claramente
. ultrapassar tais
0 I .

comunitário, político, etc.).


A novíssima geração constituída pelos mais velhos, um conjunto dem :ns de intervenção de que se salientam:
fico em expansão, encontra-se igualmente desorientada, com a qualidai
- - ~ ~ ' '“ orada na ideia
vida ameaçada devido à dominante ideologia de mereadoõo e com os seus i n primeiro lugar a criaçao de uma nova visao .global anc
tos específicos (experiência, capital humano) muitas vezes desperdiçado ' sustentabilidade ambiental, económica, social e cultural;
' - ° ~ ' " as olíticas
n segundo lugar, a operacionalizaçao de tal visao em nov p
60 à M 1 ú . . z z u n 1
riano oreira designa ironicamente a ideologia capitalista dominante por reolo ia d iblicas relativas ao ambiente, à população, à educação, ao trabalho, à
g e mm'M
dindo à arrogante dogmática neoliberal atualmente em voga. (Cfr. (Íiirmo. 2002)
úde e à igualdade de género;

108
I 09

._ .
- Em terceiro lugar. à moblllzuçtiii das forças sociais e dos recursc
-
iwnic simples. '
O desenvolviment o sustentável
. im lica
' um
° tlimpo
Smo equl`líbrio
Objetivos dg
níveis na sociedade civil. tinta ve'/. que os desafios não podem sei
_» '
ll ‹'×ci'iiçao que consiste em conseg uir ao me '
tados apenas pelas agências púlilicâis, mas em parceria.

¡¡,,¡-¡~v¿¡çã0 e promoção ambiental,


2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O DESAFIO DA MET. nim içíio económica,
FOSE ¡|mI;| promoção social.

F mmig, 0 desenvolvimento ' ' l traduz-se


sustentave dimensõessempre num detfif
de Sustentabil-
Perante os desafios que acabamos de referir, traduzidos em prt
° '
i nível de (des)equilíbrio entre as S uas
sociais novos (ou pelo menos com nova complexidade) e novas nece: . z m
I
f - de desenvolvimen
.lina dada pratica to sustentavel P ode apresëflfflf
_ _ U
de formaçao e de novas práticas profissionais, é necessário assumi
,-1

. . f ' " to de sustentabilidade


compromisso da sustentabilidade e de um desenvolvimento sustentái rir de sustentabilidade economica, mas P210 tan , d
dera a resentar um bom n1V€ l e
ll "'"blent`1l” Outro projeto ainda Pod' nls)ões económica ou social,
lliilidade ambiental, H1aS nao nas imc
. - ~ um e uilibrio
° f ' forte ou fraco , das
2.1. Desenvolvimento sustentável como novo paradigina de desenvolv. éirâliicas ainda Ppderao apresentar, basicfiâmeme ilimitada, Contudo é
iirii-*ÕCS Cm mnlunto' A Vanaçao C de ser devidamente avaliado e
. , - ' I ' t m

A noção de desenvolvimento sustentável remonta a meados do sécu tienie este dificil equ1l1bf10 que C , , 1 , .mo ue
sado, quando cresceram as preocupações gerais com o desenvolvimen d odermos assegurar um nivel mensurave mini q
il dc mo O adpd ' t ' de fato uma prática de desenvolvimento
questões ambientais, em face da constatação da ligação dificilmente liie que um 21 0 Pmle ° C _ _ - On-
genciável entre os crescentes problemas ambientais e os modelos de z lvel Esta é mais uma tarefa de difícil resoluça0, que C0ntmua C C _
volvimento, e sobretudo de crescimento, económico e tecnológico ter t a mente em aberto e sujeita aos jogos de poderes, locais e globais.
nantes. Neste contexto crescente de interesse sóciopolítico e acadt
/científico nestas questões, acontecem duas conferências da ONU st
ambiente, a de Estocolmo, em 1972, e a de Nairobi, em 1982, que lan lncípios do desenvolvimento sustentável
a discussão dos temas da sustentabilidade ambiental e desenvolvimc
levaram à criação da World Comission on Em/irnoment and Dez/elojr nos a`udar nesta discussão e construção de linhas orientadoras., tere-
(WCED) da ONU, presidida por Gro Brundtland. O relatório deco; ie levár em atenção os princípios qiue tem vin^doba selíádefiilrípërií
dos trabalhos desta comissão, de 1987, introduziu em definitivo a expi dos para o desenvolvimento sustentavel. Neste am itot. n(l0fNamr€
Desenvolvimento Sustentável (DS) no discurso político internacional ie enunciada pela International Union for t/ae Conserva to ‹Cuidar
recomendações e linhas de orientação práticas emanadas por diversos rmral Resources (IUCN), que lançou em 1991 oddocumletqqtxqellto Sus-
nismos internacionais. Neste relatório Brundtland definiu-se desen¬ ii», onde propunha uma estrašécgèaIglgllalepiígââadfišfigšëuta 5.2).
mento sustentável como uma abordagem ao progresso humano que sa l assente nos vários principio
as necessidades presentes sem comprometer nesse processo a capacidad
gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades (WCED, 19
Após a definição de desenvolvimento sustentável defendida no rela
Brundtland, foram surgindo muitas mais variações sobre este conceito, ‹

110
lll
_i
" I .
-
¡,¡^¬,¡ ¡1y\n vuvu ¡` |\I \-¡\IiYI\¡I`I Il\I “LJ

FiguriiS.2 l'|i|
' Ii' ll
p nn i l ii i l riieiiviilviiiiciiiu sustentável (IUCN. 1991)

I. Respeitar e cuidar da coinuniiliiile de vlilu


iimlc Sil 1 ' blema de sus-
,-,i.,2.â-,ISf ¢"39:ê5.a_fisa1_ië-ads da vid* A ~ - de referencia
iii- nos iornais ^ ' uma 11 otícia re ativa a um pr0
3. Conservar a vitalidade e diversidade da 'l`err;i liiliiliidc. I _ 9
4 . Mini mizar
' o esgotamento
" de recursos não-renováveis HW Õ f¢PfeScntado O pm.blein.a napouclail - ue ossam em seu
5. Manter o desenvolvimento nos limites de capacidade da Terra
'l"'"|“l algumas ações' individuals co euvasi q ãoií roblema refe-
6. Mudar atitudes e práticas pessoais
eiiilcr assegurar uma maior sustentabilidade na situaç p
7 . Capacitar as comunid ades para cuidarem dos seus ambientes â na notícia _ . . -
s sos
8. Proporcionar enquadramentos nacionais de integração do desenvolvimento e cons ......9#'Yfl¢1‹ "Wi 0 papel de um trabalhador social na operacionalizaçao das suas
Í 9. Forjar umafialiança global
›|m.s't1lS J_fi:;_fiWJg_g_;;_ Í
Fonte: Adams, Thomas ( 1993593)

Em síntese, consideramos como p ri ncípios centrais do desenvolvi!


sustentável os seguintes: l'I'RlBUTO CÍVICO DE UMA PROFISSÃO

- valorização da interdepen d"encia' entre todos os seres na ‹‹comuni'da liic o ce nário acima apresentado,_ defendemos
_ a necessidade
. das
a elprá)-e
. ' o social assumirem um p P
vida›› do planeta Terra, interligaçao ecossistémica entre seres vivos Jo social, e em especial do serviç › _ . á 1
nimados,
. -d (ie promover uma sociedade mais sustcnt ve .
-fo cívica no senti o _ . . ..
- valorização da perspetiva do ‹‹Cuidado››/Conservaçao, em oposiçl mw
r|ve_fiÇao ” na comunidade
_d “tica cívica é entendida
ecgnómica, social,como uma
cultural PamC1Paça°
e espiritual da
desenvolvimento a qualquer custo; misciente na vi a p0 › _ . . d -
- posição biocêntrica, e não antropocêntrica - a humanidade é p '
il? 1* que se pertmcci A mieivenç ão cívica constitui
coisa Pública» com¢l1'0
um verda ã¡0
o bem
«comunidade de vida››, que tem de ser defendida na sua integri al' ' '
limia, imPlica ' ndo o envo vimento com a ‹‹ › _
-O subjetiva do ator social enquanto indivíduo, _
- empowerment individual e coleti dai
as .. ~Nao ” e' uma
. mera _ aÇnão
a é apenas um EU que age, é um EU como
vo que leve ao «cuidar da vid
especial o empowerment das comuni'dad es locais
' e indigenas
' ' no se .çao coletiva, ou seja,
de conseguirem continuar a cui'dar do seu ecossistema; Í
: um Nós que age. . _ 0_
- criação e manutenção de uma «aliança global» internacional de . ~ na sua defini ao pr0H1
'rviço social enquanto pr0fiSS20 que assumf _ Ç . .
do planeta; iVa l mes h “man istas ' nomeadamente os direitos' chumanos, fissão a Justiça
da
- equidade intergeracional e intrageracional abarcand " ~ ial é or definiçao uma pr0
, o geraçoes pl O ~desenvolvimento
das, presentes e futuras, levando o desenvolvimento su n9ao '
cív1Ci.1›_Í1flâ~0 d pessoal;
' somente eSix
_ t enção i P" social
intervençao
profissignal - O serviÇ0
_
especializada,social não
nos seus
ser, à semelhança do paradigma desenvolvimentis stentável a
tu na tecnici _ a eP 1 a 111 ntrário
€1'V é nos seus valores de base que se revela
ta hegemónico, g
nocêntrico no presente;
c metodologias.~ C O CO i re am cons ensos vontades e identi-
Justiça e participação democrática ativ " al 1' 0 seu Potenclal” e neles se (King g t o rofissional e o cidadão
a, nao ienada nem alienant - ~ ' "o en re
indivíduos, grupos e comunidades. I
NU Serviço Social- f a ° Clara dlstmça ue o os i c iionamento em cada uma
vela-se tarefa distop1C21, uma Vez _ P nto na outra
Apenas desta forma conseguiremos verdadeiramente preservar lh 'ertentes condiciona de fato o p0SlCl0fl3m¢
e inc Aorar
ao conservarmos a vitalidade e diversidade da Vida e a sua renovação. a qualidade
humanidade nãodeé vida
donahu!!
cursos do plantea, nem das outras espécias vivas. do

Il2
113
sus'i'iiN'|"/iiiii.mami R n|is|iNV‹1I.V|MEN'f'H ‹ fiwli iN|'|'Á|u‹› Dl“lSii.NV()l.Vl Mi".N'l`('¬l (Í()MUNl'l`l\Rl()

3.1. Insustentabilidade das rcspimiiis tradicionais e novas necessida Figura 5.3 - Um mapa conceptual da educação para a cidadania
formação social

Mas para que o serviço social possa assunir mais fortemente um pi


U , I 1

compromisso civico é necessário termos consciência de alguns obstácu


é necessário ultrapassar. Antes de mais, observa-se uma fragmentaç
respostas de formação na área da intervenção social, sustentadas por l
/E \ QFEBHÍ3/ \VeflBnie4
mais ou menos insularizadas umas das outras ou, nalguns casos mais 1
fragilizadas por lutas corporativas fraticidas, que desperdiçam e I 1
necessárias a melhorar o ensino e a investigação e a qualificar as práti
área da intervenção social em geral e do serviço social em particular.
/EC?
im-chove 2 área-chave 3 área-chave 4 área-chave 5 área-chave 6 área-chave 7, 8 e 9 área-chave 10
Esta situação é insustentável, tanto pela falta de autenticidade
representações e práticas profissionais, a qual enfraquece a consistên
i .L 1
| | I /\_ ._
formação por dentro, como pela imagem de imaturidade que dá da 1
são, parecendo mais preocupada em buscar a sua identidade do que em nomeadamente

a sociedade envolvente. Tal situação é particularmente preocupante ni


texto ‹‹glocal›› já anteriormente descrito, que impõe novas necessidai 1 [m*'°i. ;¶.,.'°"':. ¬'^|;. 'f“""Fz.fl”.f. “°"àzà.. .l
formação social para toda a população, quer como cidadãos, quer com
fissionais. Com efeito, torna-se imperioso: Iii, 2014: 39

- Promover a educação parental, de modo a aumentar as compet


socializadoras dos adultos, tlcação para a autonomia, de modo a desenvolver os täentos indivi-
- Desenvolver a inteligência emocional e social, com vista a melhc iis c a ajudar cada indivíduo a ser líder do seu destino ;
_, 0 O F'

competencias comunicacionais e cooperativas, ueaçao para a solidariedade, para com as geraçoes passadas , para
- Desenvolver competências económicas e políticas, com o objet'1 ni as presentes64 e para com as futuras65;
aumentar a coesão social e aumentar as competências de orie.I' .ucação para a diversidade, quer a que ocorre da mudança, quer do
coletiva; iralismo cultural, quer ainda das diferenças de género e de idade;
- Desenvolver novos conteúdos da educação para a cidadania ( .ucação para democracia, tanto encarada como uma meta a alcançar
5.3) nomeadamente nas seguintes áreas-chave: mo um método para chegar a essa meta.

min iliria Paulo Freire na sua clássica Pedagogia do Oprimido, a ser sujeito da sua própria história.
iln ilcste tipo de solidariedade é a que fundamenta a educaçao para preservaçao do património
il.
Ilus' solidariedade para com os familiares, para com as pessoas de outras idades, gëI1€r0, Cultura,
mlldade. etc. _
ilu: educação para o desenvolvimento sustentado e para a preservaçao do ambiente.

II4 115
Sendo exigível fiirinação sociiil nestes domínios a toda a popular lu mpital bumano, melhorando as qualificações através da reforma da
indispensável que quem viii ter comi) missão profissional ajudá-la a col. iirmação inicial e da criação de sistemas sustentáveis de aprendizagem
necessidades de subsistência c de participação (Falcão, 1979: 15-29) seja ln longo da vidaóõ, organizados em parcerias multilaterais à escala
venientemente treinado em todas estas áreas-chave. mropeia.
Neste contexto, a primeira tese que defendemos é que qualquer prog lu capital social da comunidade profissional, desenvolvendo uma cul-
de formação de agentes de intervenção social, seja ele dirigido a assist um interna assente na confiança recíproca e na colaboração solidária,
sociais, a animadores socioculturais, a educadores sociais, a psicólogos c |uc aumente a sua coesão e incentive práticas profissionais baseadas na
nitários ou a outros profissionais desta área, deverá conter a preocuj vsponsabilidade social dos profissionais.
explícita de os educar como cidadãos. Tal preocupação, deverá ser con
zada no conteúdo dos planos de estudos, nos valores e práticas incu 'ii que as metas axiológicas do serviço social possam ser atingidas,
pelos docentes e na cultura das organizações de formação, sob pena de ii-n‹›s necessário, antes de mais, assegurar estratégias de formação dos
mover uma formação inconsistente, manipuladora e, por consequência, iiimais (quer seja a formação inicial de base, quer a formação ao longo
traditória com os desígnios apregoados. lu ativa) que promovam uma formação com qualidade dos assistentes
i. como profissionais e como cidadãos interventores. Neste sentido
3.2. Novos recursos, novas respostas e estratégia de qualificação lcrâimos indispensável a existência de uma rede global de recursos ins-
miiis, que permitam conhecer e caracterizar cada vez melhor os ele-
Face ao exposto acima, fica claro que os modelos de intervenção socia ›n centrais da intervenção social:
naram-se mais complexos (Chopart, 2003), exigindo competências pari
ponder a novas necessidades (como se referiu atrás), e para saber usar ~ contexto social, com as suas ameaças e oportunidades;
quadamente novos recursos, como ii necessidades e potencialidades dos sistemas-cliente (pessoas, grupos,
nmunidades e organizações);
- Observatórios e laboratórios sociais, que cada vez mais se perfilam C ri sistemas-interventores com as suas forças e fraquezas;
subsistemas autónomos no interior do sistema de intervenção socia N formas de intervenção, que devem ser aperfeiçoadas às várias escalas
- Novas formas de organização como projetos, redes e parcerias; e micro, meso e macro).
- Novos conceitos mobilizadores (que são recursos metacognit
como os de sustentabilidade, de responsabilidade social e ambiental, jualidade da formação no serviço social passa igualmente por outras
*ertentesz pela implementação de redes (regionais, nacionais e inter-
Só com essas competências se poderão qualificar as respostas em dom:
lais) de formação, inclusivas e fortemente colaborativas, e pelo estabe-
como o dos cuidados de proximidade, sobretudo na advocacy de grupos
nto de um conjunto de premissas comuns que garantam uma estru-
gilizados, o da intervenção sócio-educativa, particularmente em funçõi
D curricular de qualidade.
empowerment e o das políticas públicas, quer em áreas clássicas como a ~
iirmação dos assistentes sociais, bem como o desenvolvimento do
cação, a segurança social, a saúde e a habitação, quer em domínios emer
:imento no trabalho social, deve assentar em princípios colaborativos
tes como o ambiente.
lcipativos entre os vários atores no domínio da profissão, nomeada-
Em resumo, para legitimar as profissões da área da intervenção social
por meio de fortes parcerias entre as universidades e outros organis-
necessário criar condições para realizar uma verdadeira metamorfose, ass
no desenvolvimento do seu capital humano c do seu capital social: ring Open and Flexible (LOF).

ll(›
l 17

_. _
¬ :-

mos' form ativos, os profissionais de terreno e suas associações represen ‹› domínio dos cuidados de proximidade, onde se desenrola no con-
os sistemas-cliente, as entidades empregadoras e demais organizações creto a execução de políticas e onde acontece a prestação direta de ser-
cas e privadas com interesses nas áreas de atuação do trabalho social. viços. Ê a dimensão mais micro e meso de atuação e tem-se revelado
A .qualificação dos profissionais do serviço social é condição premente como o domínio por excelência ocupado pelo trabalho social. Este
uma intervenção mais eficaz, eficiente e relevante para os objetivos de domínio de intervenção informa os outros, pois é o que mais próximo
volvimento das sociedades onde se intervém. Efetivamente é fator de está da realidade de intervenção67.
werment dos profissionais, para que estes possam ser elementos capaci o domínio dos observatórios sociais, campo vocacionado para o estudo
res e catalizadores do empowerment dos sistemas-cliente (Pinto, 2009). c a elaboração de diagnósticos sobre as realidades de intervenção. Deste
modo providencia informação relevante para as políticas sociais, cuida-
dos de proximidade e para os laboratórios sociais.
3.3. Domínios de atuação por fim o domínio das ações de laboratório social, campos de experi-
mentação da inovação social, de teste de novas respostas sociais, de
ÔUU0 aspecto fundamental para um contributo civico do serviço novas práticas e metodologias. Daqui também provém informação
o reconhecimento dos domínios básicos de atuação (figura 5.4) indi essencial para os outros domínios e daqui se difundem saberes prefe-
da intervenção social (Carmo, 2007b, 2008a): rencialmente aplicados pelos cuidados de proximidade.
- o dominio das políticas públicas, como nível de decisão e orien
geral da intervenção social. A Política Social constitui-se como a /\ criação de sinergias, através da constituição de redes e de parcerias entre
sao mais macro de intervenção, mas também a mais abstrata e domínios básicos da intervenção social, revela-se essencial para assegu-
ios respostas de ação social mais eficazes e eficientes, mais sustentáveis e
Onde
,_ se desenvolve a preparaÇ, ão a exec ução evaçao
a ali " d epo v

publicas de intervenção. É este domínio que desenha as linhas gerais


i I

orientação da atuação dos outros três domínios. l".stes domínios básicos de intervenção são interdependentes e entre si
m promover mecanismos de retroalimentação, com base na circulação
Informação, na disseminação de saberes e de práticas, e na constituição
Flgllra 5.4 - Vertentes da intervenção social
comunidades de intervenção reflexivas, empenhadas e participativas.

7
Quatro vertentes indissociáveis () serviço social que se procura identificar apenas com os cuidados de pro-
,da intervenção social idade, ou com a mera execução técnica de políticas, está a limitar-se à
Politica social i ida na sua potencialidade de ação e de eficácia.
A amplitude da contribuição cívica da profissão depende em larga medida
/ ldacide eioriema)
Capacidade desta participar ativamente nos domínios macro das políticas
Observatório social i i À Labgfatáfiø 5°c¡¡,| , is, e nos domínios da investigação e da experimentação social.
(estuda e dífigfloatiea) » (experimenta novas situações)

Cflídfldos de proximidade ç W ç
<~׫‹=~f=zp‹»z‹«w~õ‹›zz›i i
Difunde ---->' U que não significa necessariamente que sabe mais ou melhor do que os outros, uma vez que estando
mais próximos, também podem ter maior dificuldade de distanciamento analítico e interpretativo sobre
Í°`‹›nie: Carmo. 2011 i realidade de intervenção.

118 119

-
U" H ele cult l- |llli\IBI`V\~|N'|Yfl|`|\|\.\ lfV|\l|Y||fl|(|\]
nF.sF.Nvoi.viMF.N'ro t:oMuN|'r'ÁRlo

3.4. Terrenos prioritários de contributo para a sustentabilidade luimanos, de critérios e atitudes fundamentais, que passam necessaria-
mente pela busca universal da verdade e da justiça. Outro terreno prio-
Tendo em atenção o quadro conjuntural e de evolução das sociedad riiâírio de intervenção do serviço social para a sustentabilidade revela-se
filado anteriormente, bem como as necessidades de formação qualifica nu advocacy e empowerement da “geração grisalha”: esta novíssima
proporcione uma intervenção eficaz e eficiente nos vários domínios de _grmção vive os problemas da sociedade contemporânea tal como a
venção social, selecionámos cinco terrenos de intervenção que nos pa |›‹›pulação adulta, mas encontra-se muito mais fragilizada para lhes
prioritários para a meta da sustentabilidade, que passamos a apresenta
lu'/.er face. Paradoxalmente, a discriminação etária da população mais
velha com base na sua suposta inatividade, e logo inutilidade, mais não
a) sustentabilidade ambiental: o serviço social pode desempenhz liw. do que desperdiçar recursos que esta geração possui em quantidade,
papel essencial na educaçao para a cidadania ambiental Esta t
I-Í Í I Q . al

tomo por exemplo tempo disponível e experiência empírica, que não


é uma questao de solidariedade, com as geraçoes
" passadas, que n ‹ nilo devidamente tidos em conta pelas comunidades onde residem.
xaram o património ambiental, com as vivas, como condiçao sustentabilidade cultural: o serviço social é neste ponto de grande
. _ _ _ Í
qualidade de vida e para o desenvolvimento, e em especial solidar valor no desenvolvimento da “sociedade arco-íris” e no desenvolvi-
. ,, de de ix
para com as futuras geraçoes, a quem devemos a condiçao lnento comunitário. O aprender a viver com e na diversidade, exige
planeta habitável, mantendo a sua biodiversidade. abertura, compromisso e respeito mútuo. Face à constatação da multi-
b) sustentabilidade económica: o serviço social associa-se neste tfulturalidade das sociedades globalizadas, o grande desafio parece ser o
muito especialmente à promoção e manutenção da responsab'il de construir a interculturalidade, enquanto desbravar de caminhos e
social das organizações (Esgaio, 2009). Todas as organizações, te viveres verdadeiramente comuns, em que cada comunidade tem a aber-
ou não fins lucrativos, estejam ou não a funcionar segundo as l iu ra e a liberdade de poder aprender com as outras, e deste modo pode-
mercado competitivo, também têm obrigações para com o be m rem transformar-se umas com as outras.
da sociedade onde se inserem, ou mesmo, em termos de solidari
global, para com toda a humanidade. No presente momento de
que começa por ser financeira e económica, para se revelar em t‹ Àtlvidade 5.2
seu drama humano como crise social e política, podemos constar
Discuta de que modo se vê enquanto profissional civicamente comprometido
forma clara a profiinda e indissociável ligação entre o económic
ünm vista à sustentabilidade da nossa sociedade
social. O serviço social precisa neste ponto de empenhar-se por C
der uma economia em função das pessoas, e opor-se de modo int
a todas as opções que usem as pessoas e as comunidades como ii Em síntese
mentos ou meios ao serviço da economia, ou do potencialmente Através do percurso deste capítulo procurámos salientar a importância da
manizante Mercado.
llcntabilidade como propriedade sistémica capaz de permitir o futuro, nas
c) sustentabilidade social: em termos planetários, é necessário ma
Illtores condições possíveis, não só a todos os seres humanos, mas bem
que nunca o empenho do serviço social na defesa e promoçao
" da M0 a todos os seres vivos.
peraçao internacional para o desenvolvimento. Num mundo ‹ infelizmente, a atual conjuntura global é insustentável e é tarefa urgente
zado, nao temos problemas meramente nacionais ou locais, por llescapável a de mudar o modo como vivemos, nos relacionamos, traba-
urge a promoção de uma verdadeira ética mundial (Küng, 1999): os, produzimos, ou consumimos É tarefa que cabe a todos os atores
ética global para o mundo, fundada num mínimo necessário de v' É .liiis, sejam indivíduos, grupos, organizações ou comunidades.
l

120 121
_ ` ` H
O serviço social, em particular
. .i . 6. uma
e s | ›roíiss"
nao que sempre se ide i
com a mudança e o desenvolvimento humano e social, independent rms COMPLEMENTARES
das múltiplas variações de evolução nos vários países e re iões do .
. g 1
onde vem acontecendo , c d a sua d'iversidade
` ` e metodoló gica.
teórica
É uma ação de interven ç ão pro fissional
` ' i'
que assume uma inte. ADAMS W. THOMAS, D_ (1993). Mainstream sustainable develop-
básica entre Saberes, Técnicas e Valores.
Para prosseguir os seus valores h ment° the challenge of Putting th¢°fY mw practice' journal of
umanistas, o serviço social tem de 1' _ O _ 4.
-se empenhado não só académica ou Internatzonal Development, V0l- .Í N- 6› Pi; 591(60 rd) Lisboa
tecnicamente, mas civicame. ÇARM0, H. (2001). Problemas soczazs contempor neos coo . , ›
essencial que os assistentes sociais este'a
j m preparados e assumam o i Universidade Aberta. _
tante papel que podem desemp enhar na criação de futuros mais justos _ para a czdadanza
ÇARM0, H. (2014). Educaçao - ' no seculo
' XXI: tr: lbos de
sustentáveis.
intervenção, 1-ÍSb0â, ESCOIÉU' Edltofa'

_-..._ _ _-_ g _«7 __ _ 7 _ _ -_ ff- 'í

Teste formativo
Após leitura ap rofiindada d o texto do capítulo e feitas
` as respetivas ativii
des,abraomanualn a p ágina` intitulada
' ` ' ` '
objetivos da unidade.
Tente atingir os objetivos, escrevendo as
suas respostas sem recorrer ao tea
do interior do capítulo.
Confira as suas respostas com o texto e proceda à sua corre ão
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1 23
CAPITULO 6
|'‹›|.OciA APLICADA E DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO
Hermano Carmo

"inteiras unidades deste manual O leitor apercebeu-se dos prin-


un em jogo em qualquer situaçao de intervençao social em
Objetivos r estudou algumas características societárias que influencia-
i dos modelos de intervenção social através dos tempos.
L I . . .
No final desta unidade, o estudante deverá estar apto a lunnento permitiu-lhe, nas unidades IV e V, entender com
- definir Antropologia Aplicada (AA), aculturação, I ça o conceito de desenvolvimento comunitário no quadro
integração e subcultura; Im conjunto de conceitos que lhe são contíguos, identificar as
- identificar os períodos de evolução da AA; 'lncípios, diferenciar vários tipos que se têm Observado no ter-
- descrever as principais contribuições de antropólogol r itlp,uns casos concretos, ter uma ideia de conjunto sobre os
1 | o ç-. c o
no campo da AA 5 ínios de aplicaçao na atualidade e, finalmente, contextualizar
- descrever as principais contribuições de antropólogos I 9 _ . , . , . . .
nto comunitario na questao global da sustentabilidade
ricanos no campo da AA; id o 0 ^

c e nas duas seguintes, irá estudar tres campos do conheci-


I

- descrever as principais contribuições de antropólogol r permitirão, com alguma solidez, escorar teórica e metodolo
ses no campo da AA;
l torvcnção comunitária. Esses domínios são os da Antropolo
- discutir O valor político-doutrinário da contribuição d
ll Sociologia de Intervenção e da Abordagem Sistémica.
o trabalho comunitário;
- discutir o valor cognitivo da contribuição da AA para
comunitário;
Í DOS INTERESSES DOMINANTES DA ANTROPOLOGIA
- discutir o valor metodológico da contribuição da AA
balho comunitário;
- discutir a inscrição do problema da pobreza na agcnd
. antropologia Aplicada?
cional;
- discutir os conceitos que apresentam a pobreza como I por antropólogos como Roger Bastideóg (1971) e George Foster69
carência de recursos;
I/lnrropologia Aplicada designa um estilo de fazer Antropolo
- discutir os conceitos que apresentam a pobreza como I
presença de uma configuração cultural com identidld Ilol l'l'|tncês. notabilizou-se pelos seus estudos sobre religiões e sobre etnopsiquiatria.
- descrever as principais variáveis em jogo numa culturtd lflttlln 2.

125

J
gia, que aplica o património de conhecimentos, técnicas e atitudes
jm ra essa tendência; mais recentemente com a criação de diversasorga-
Ciencia Social a projetos de mudança planeada
ni'/.ações não governamentais (ONGs) e de empresas transnacionais
De acordo com George Foster (1974), ao longo da História da An
registou-se um acrescido interesse pela contribuição da Antropologia
logia observa-se que as linhas de interesse dominantes da Antropologia
para a resolução de problemas de ordem prática ocorridos em vários
cada variaram substancialmente, de acordo com a conjuntura sociopolí
domíniOs74.
podendo-se tipifica-las em três periodos distintos

- ate a primeira guerra mundial, em que a Antropologia foi


A Antropologia Aplicada no Reino Unido
oiar a administraçao colonial7 e a açao missionaria7 ,
- entre as duas guerras, em que se debruçou predominantemente
ll durante a segunda metade do séc. XIX a contribuição dos antropólo-
processos de aculturaçao72 decorrentes, em grande medida, da
lmvia sido solicitada no âmbito da luta contra a escravatura. Foi, no
concentraçao de populaçoes em cidades africanas, fruto da conj
io, com a necessidade de operacionalizar a doutrina definida na Con-
do exodo rural de regioes deprimidas com o efeito de atraçao desses
'ia de Berlim que obrigava as potências coloniais à Ocupaçao efetiva dos
tros populacionais em fase de industrializaçao,
torios, que este ramo da Antropologia se evidenciou.
- apos a segunda guerra mundial, em que se especializou ao serviço
diversos programas publicos e privados; inicialmente foram as
Antes e durante a primeira guerra mundial
especializadas das Naçoes Unidas, entao criadas7 , que con
No Reino Unido isto foi particularmente evidente nos primeiros anos do
- `_ -_-.¬ ___-._..-__ M M..--__<-______- _ ...----.. _...._.___.__._._.. ___- _-_._....._.._._-_..-.____..__._.__ ..-_ ...-_ ¬__.._._ __.. _ -.__ ¬-- `__._._ -.--í.._.
o XX, em que a necessidade de resolver problemas práticos de adminis-
Instrumentos desta política foram as várias instituiçoes criadas para a formaçao de administra
niais, de que sao exemplo a Ecole Coloniale de Paris, o Institut Colonial International de
› local, que exigia um conhecimento profiindo dos usos, costumes 'e
Institut Universitaire des Territoires d'Outre-Mer en Anberes (Belgica), o Instituto Real dos mas das populações administradas, esbarrou com a ignorancia generali-
Amsterdao e a Escola Colonial de Lisboa
dos administradores. Esta circunstância motivou quase todas as grandes
A açao missionária contribuiu de dois modos para a formaçao de uma Antropologia Aplicada
meiro lugar com a informaçao de natureza etnográfica recolhida pelos missionarios no terr da antropologia britânica a articular a sua curiosidade académica com
constituíam, frequentemente, a melhor fonte de informaçoes para os investigadores desafios postos pela política colonial de administração indireta:
também porque alguns desses missionários foram, eles proprios, excelentes investigadores
obra dos Jesuítas no Oriente, Henri Junod, com O seu estudo sobre os Tongas do sul de
Placide Tempels com o seu trabalho pioneiro sobre a filosofia Banta, Carlos Estermann com a já ..) seria muito difícil citar uma obra de antropologia de primeira ordem
Etnografia do SW de Angola, sao exemplos desta contribuiçao durante a época clássica, que não tivesse ligação direta ou indireta com ‹‹necessi-
Considera se aculcuraçao O processo de contato entre duas ou mais diferentes culturas daí
efeitos de arszmilaçao da cultura dominada pela dominante, combinaçao das culturas em presença dades» administrativas. Todos os grandes antropólogos britânicos, excetuando
forma de uma cultura resultante (mtegraçao) ou formaçao de situaçoes de coexistencia no mesmo talvez Radcliffe-Brown, foram chamados em graus diversos a dedicar-se à antro-
de uma cultura dominante com unidades identitárias menores (subculturas) sob a forma de pologia aplicada (Leclerc, 1973: 85)
çoes pluralistas Para um melhor enquadrarnento nestes e noutros conceitos básicos das Ciências
sugere se a consulta de Dicionários de especialidade Entre os mais acessíveis no mercado
-se os seguintes Boudon, Raymond et al (coord) 1990, Dicionário de Sociologia, Lisboa, D A consciência deste problema levou Sir Reginald Wingate, governador do
Marshall, Gordon, 1994 The concise Oxford dictionary of Sociology Oxford/New York Oxford
versity Press, Panoff e Perrin, 1973, Dicionário de Etnologia, Lisboa, Ediçoes 70
a defender a indispensabilidade de formar os funcionarios da admi-
De fato a Organizaçao Mundial de Saude (OMS), a Organizaçao das Naçoes Unidas para a ção colonial britânica no domínio da Antropologia. No seguimento
a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organizaçao para a Alimentaçao Agricultura (FAO) o
NNUU para a Infância (UNICEF) e outras, tiveram um papel marcante no desenvolvimento da
pologia Aplicada no pós guerra, por se haverem assumido como empregadores de antropólogos e I om o aumento da visibilidade do fenómeno multicultural, os cientistas sociais e os antropólogos em
ciadores de projectos particular têm sido chamados a dar o seu contributo como consultores técnicos. Cf. Rocha-Trindade,
M. Beatriz, coord., 1996, Educação intercultural de adultos, Lisboa, Universidade Aberta.

127

_ . ._.. -
dfism tese' em 1903› foi assinado um Protocolo entre a Administração nas cidades após fugirem das condições adversas (fome, guerra ,..) dos locais
mal e as_Univefs¡dad¢S de Oxford e de Cambridge de acordo com o qual oiidc viviam.
Universidades Passafflm a oferecer um programa de formação de Após a segunda guerra mundial e com os processos de descolonização a
trad°fes' nos CamP0S acima referidos (Foster, 1974: 277). AA britânica praticamente deixou de ter expressão significativa.
_FO1 ao abfigf) dessff acordo que cientistas sociais como Seligman75, E
Pr1tChafd76 C Nadew fizeram vários estudos no terreno sobre diversas
Em fionsefluêmiíl da dificuldade de aplicação do sistema de Ad 1.5. A Antropologia Aplicada nos Estados Unidos
95° mdlfeta 305 Ib0S› Thomas foi contratado pela Administração da N
em 1908* com 0 0l>jetivo de estudar aquele grupo étnico. Em 1909 Enquanto na Europa a Antropologia era posta ao serviço da administra-
man fez um levantamento etnográfico do Sudão a pedido da Admi çilo colonial, nos Estados Unidos os antropólogos dirigiam os seus olhares
daquele território. para o estudo de culturas alienígenas, através de trabalhos de campo bem
_ Eznquamo demffia a primeira guerra mundial (1915), foram feitos no tlclimitados, como resposta aos excessos da corrente evolucionista unilinear
móno da_ NOW Guiné estudos sobre os Papuas. Quatro anos mais do século XIX, que havia desenvolvido grandes teorias dedutivas sobre a evo-
(1919) foi Criada na Cidade do Cabo a primeira Cátedra de Anti lução do Homem sem grande fundamentação empírica.
Ban_t_° enquanw 911€ no Departamento de Estudos Indígenas era criada
Antes da segunda guerra mundial
secçm amr°P°lógÍ°fl. É também dessa época (1920) que data o p
estudo sobre 05 Ashanti na Costa do Ouro (Ghana). 'l`al movimento foi protagonizado por antropólogos como Franz Boas e
elos seus discípulos (e.g. Herskowits, Lowie, Sapir, Ruth Benedict, Margaret
O período entre guerras cad) que, no período entre as duas grandes guerras se dedicaram ao estudo
pequenas comunidades culturalmente homogéneas tanto em território
NO períodf' entre guerras, como atrás foi referido, a aplicação da An
P°l°8ia f¢Z'Se Sentir Com maior evidência em contextos de aculturação, iericano79 como noutras paragensso numa perspetiva monográfica. A exce-
n_° qffc respeitava 30 estudo sobre O impacto da mudança nas culturas › parece ter sido O conjunto de trabalhos de campo integrados na estraté-
C1°fm1S> °°m° em investigações sobre o então chamado fenómeno da de aplicação aos índios, da política do New Deal (Foster, 1974: 299).
" 73 d0S Contingentes
ba-l1Z3Ça0 - . . que se começaram a concen
populacionais
Durante a 2.* guerra mundial
A situação descrita alterou-se substancialmente com O começo da segunda
`-¬.._..__..._.-.._,____

1-» _ -___..- _ _- z -.-_-.-..-. _-. z - ‹-..--- - -_- - -__-.-----------.---_----.--.¬.¬-.i_i__¬¬_._._-_._____---.----

75 - ^ .
Êgeâfimšpiilogo bn_tamC0, médico de formação inicial, fez trabalho de campo na Nova Guiné, mundial e com as consequentes necessidades de entender diferentes
Zi u :cá Oba; SCWIW dO governo deste território que, juntamente com a sua mulher Brenda,
76 u cs u os 994922) de grande interesse para a administração local. e gentes. De acordo com a nova conjuntura, os serviços dos antropó-
Prøfcfsor dê Umversfdadfi de Oxford, com trabalhos de campo sobretudo feitos em territóri
(Sudao, Zaire, Quém E foram procurados por muitos departamentos das Forças Armadas,
a' Úópia e outros, este antropólogo notabilizou-se pelos seus estudos ao
77 administração colonial meadamente nos seguintes domínios:
Este antropólogo bmânim, ficou conhecido pelos trabalhos de Antropologia Aplicada que realizo
Nigéria e no Sudã 3
7a . 0' ° _Sffviço do governo britânico.
lgniârälã 53:23:23 ãíigflar a situação de vaziocultural (anomia em termos durkheimianos), O estudo de Ruth Benedict sobre os padrões de cultura dos Kwakiutl da Colúmbia Britânica (Canadá)
. _ Padrões culturais tradicionais (das suas comunidades de origem) s r dos Pueblo do Arizona e Novo México (1934, Patterns of culture, New York) é um exemplo para-
tuiçao por novos Padrõ es Culturais. Este fenómeno observável em diversos contextos migratórios
tligmático.
:::;:§nÉl:rb§'uE;Ít:šE África esta designação pelo fato ide frequentemente a comunidade de Vide por exemplo, Mead, M. (1968). Coming of age in Samoa, New York, Wfilliam Morrow 85 Com-
a ignorância dos obsewfl Como veremos adiante, a noçao de vazio cultural escondia frei pany, 1.* ed. de 1927; 1970, Growing up in New Guinea, New York, Dell, 1.* ed. de 1930; 1963, Sex
fldores relativamente à formação de subculturas marginalizadas. Cfr. and temperament in three primitive societies, New York, Dell, 1.* ed. de 1935; 1971, New lives for
(2003: 72-82)
old: cultural transformation - 1928-1953, New York, Dell, 1.* ed. de 1956.

128
129
_ .._ __
- apoio na elaboração de manuais de sobrevivência, para a Força aért das referidas zonas sem o recurso à humilhação das populações dos
forças especiais que tinham (ou poderiam vir a ter) de sobreviver países vencidos, nomeadamente do Japão e da Alemanhasz.
zonas desconhecidas ' (ex .: selva
' tropical),
' ° como consultores para a ‹
_. . _ c
boraçao desses manuais, os antropólogos revelaram-se preciosos, p I)epois da 2.a guerra mundial
. . , , . . Ar
conhecimentos que dispunham acerca das estrategias de sobrevive Depois da guerra, a Antropologia Aplicada americana tem vindo a dedi-
dos povos desses territórios (procura e conservação de água e alimen 1 uu' se a diversos serviços especializados em diversos domínios (Foster, 1974:
construção de abrigos, etc.); ,\í)*)-317):
- estudos para compreender o comportamento do inimigo; neste âm lt
f`icou ce'l e b re o estu d o d e Ruth B ene d'ict so b re a cul tura japonesa, Í colaboração em programas de agências especializadas das NNUU (vide
borado em condições particularmente adversas: supra) e em programas de agências governamentais no âmbito da coo-
peração com países da América Latina, nomeadamente no campo da
Se Ruth Benedict (1887-1948), figura de proa da Antropologia Cul saúde pública e do desenvolvimento rural;
ral americana, tivesse sido contactada para fazer um estudo sobre a c - consultoria aos serviços da marinha e, mais tarde à administração civil,
tura japonesa por uma qualquer instituição académica numa altura em matéria de administração dos territórios da Micronésia, ocupados
que o Japão e os Estados Unidos não estivessem em guerra, provai durante a guerra;
mente teria feito um trabalho bem diferente do que resultou do s apoio a programas de Desenvolvimento Comunitário promovidos por
clássico Ó Crisântemo e óz Espada. O fato desta obra lhe ter sido en organizações não governamentais (ONGS) de vocação transnacional;
mendada pelo Estado Maior Americano durante a Segunda Guc - mais recentemente apoio à gestão de empresas (por exemplo no âmbito
Mundial, com o intuito de entender o comportamento dos solda‹ de estudos sobre cultura organizacionalsõ).
japoneses nos teatros de operações, considerado então paradoxa
impôs-lhe um conjunto de condicionamentos, de entre os quais
salientam, do ponto de vista metodológico, (ter sido) obrigada a 1 1.4. A Antropologia Aplicada em Portugal
utilizar a técnica designada como observação participante, habitual
investigação antropológica (...); em sua substituição, teve de recorre Em complemento ao que foi referido no capítulo anterior84, listar-se-ão
uma engenhosa combinação de entrevistas a informadores qualifica‹ lieguidamente, de forma topicalizada, alguns domínios e exemplos de obras
e a cidadãos americanos de origem japonesa, à análise de conteúdo . que caracterizam a contribuição da Antropologia Aplicada portuguesass.
emissões de propaganda da Rádio Tóquio, e ainda, a uma árdua p
quisa de natureza documental (Carmo, 1997: 156-157). LI! Relativamente ao Japão um exemplo claro desta política conhecedora dos padrões de cultura dos venci-
dos foi a que consistiu em destruir os centros de poder económico-militares conhecidos por Zaibatsw,
sem no entanto tocar na figura do imperador, que representava a unidade do Estado. No caso alemão,
- treino de quadros para administrar zonas ocupadas, à medida qu‹
n conhecimento da cultura alemã, permitiu uma mais rápida demazificação das estruturas sociais. Sobre
avanço aliado se ía definindo, o que permitiu um controle intelige; este último processo há uma interessante narração romanceada do ficcionista Leon Uris, intitulada
/lrmagedão (Lisboa, Europa América).
'A (If. Bilhim, J., 1991, Cultura organizacional: Moda ou Paradigma, ‹‹Lusíada, Revista de Ciência e Cul-
lura››, Lisboa, Universidade Lusíada, Série de Gestão, (1), Abril, pp. 63-84.
Um exemplo poderá clarificar o que foi afirmado: contrariamente ao soldado ocidental que, quandc '4 Veja 0 ponto 5.2. Sobre a contribuição específica do ISCSP como instituição pioneira no domínio da
situação militar de derrota eminente, apresentava uma baixa motivação para combater, o militarj Antropologia Aplicada vide Barata, O. S., 1996, Os 90 anos do ISCSP: dos estudos coloniais ao desa-
nês parecia ganhar combatividade, situação que tinha rvidentes efeitos negativos em termos de ba fio do Sul, in ISCSP - 90 anos: 1906-1996, Lisboa, ISCSP/UTL.
nos aliados. I” (Íomo atrás se referiu a AA portuguesa teve motivações semelhantes às observadas no Reino Unido.

131
Lfmnaunw v \.IL‹V IIVISHY I \¡ \4\¡|YlUl`l I HÃIKÍ

Figura 6.1 - Aplicações tloiniiiaiites e obras ilustrativas da AA portuguesa


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Atividade 6.1
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¡¡ I í
lriscolha uma zona que conheça bem (por exemplo o bairro, freguesia ou con-
Acu tura9 ao ° Martin s, M
orais,' 195 8, ontacto de culturas no Congo
O
celho, onde reside, onde trabalha ou onde habitualmente passa férias).
(Achegas para o seu estudo), Lisboa, Junta de Investigações do U
CEPS, 166 pp.
Procure listar os contributos que a AA poderia dar para a melhoria da quali-
° Monteiro, Ramiro L., 1973, A família nos muceques de Luanda, «lade de vida dos seus residentes.
ISCSP/UTL. -_ -..,____.._...........___._-........-____~._...__---`._..-~ - -_ z z z..._..-_z z-___-_... -_ __-.-«... -_-_7...--. -_---.-..~-..._-_-.........-__...~-_-__..-_.-..__¬._..-...._-__.._...__....

*Í 'F 7 O'“"`i7"77""77717'7:§`7;7m7"7”"7:7I L 'F 5. H O


esenvolvimento Almeida, P. V., 1968, Irrigaçao e Cooperativismo, 2iši7ipp.F
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mento Comunitário em programas de promoção socioeconómica em Liio coMuN1TÁ1uo
regiões de Angola, Lisboa, ISCSPU, 176 pp.
' Moreira, C. D., 1988, A entreajuda e a cooperação em meio rural, EPS
pp. 49-76. Com alguma informação sobre os interesses dominantes que condiciona-
° Neto, J. P., 1988. Desenvolvimento e mudança cultural, EPS (1-2), pp. 39-1 fliii o desenvolvimento da Antropologia Aplicada (AA) em diversos países,
° Possinger, H., 1970, Extensão rural, EPS ( 1-2), pp. 65-84.
mos em condições de refletir sobre o valor acrescentado que este ramo de
° Trigo de Morais, 1964, O colonato do Limpopo, EPS (2).
Educação ° Carmo, H., 1996, A educação para o Desenvolvimento num contexto de
iihecimento trouxe para a qualidade do trabalho comunitário. Seguindo
diversidade, in O1/mres sobre a dzƒèrença. jornada: de Antropologia, ISCSP/ pensamento de Foster (1962: 163-240) e de Leclerc (1973: 81-97) pode-
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Junta de Investigações do Ultramar. CEPS, 125 pp.
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asiático: que fi1turo?, Macau, Fundação. Macau/Instit. Cultural de nosso ver a crítica é correta naquilo que afirma, mas injusta no que ignora.
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Promoção ° Fernandes, J. A., 1966, A mulher africana. sua coloniais e imperiais, não é menos verdade que, nesse mesmo con-
_f_*=;_ pp.
575-684 e EPS (3), pp. 1027-1096
, o trabalho dos cientistas sociais proporcionou o conhecimento de
Saúde pública ° Neto, J. P., 1967, O especialista em Ciências Sociais perante o problema
culturas e contribuiu de forma decisiva para a formação de um pen-
”*Í*É1F RÊl?.fi°?ÊP5 .(111 PP- 25'36-
Trabalho ° Mendes, Afonso, 1958, A Huila e Moçâmedes (Considerações sobre o universal descentrado do eurocentrismo inicial.
lho indígena), Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar. CEPS, 208 pp Esta ambivalência do papel do cientista social resulta do espaço de auto-
° Neto, José P., 1964, O Baixo Cunene. Subsídios para o seu D‹ que este possui, por ser portador de um poder que o seu empregador
Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar. CEPS, 217 pp.
domina, o saber que lhe advém da sua formação académica.

132
133
.
Deste modo, a contribuição da AA não se circunscreveu a uma mera lim resumo, se a AA foi usada pelos poderosos do mundo para manter o
engenharia social instrumentalizada pelos poderes dominantes ao serviço wii poder, foi também um vigoroso instrumento de consciencialização da
uma dada prática política (policy), mas assumiu-se também como co iiiiiilzitle do género humano e, por vezes, uma ferramenta ao serviço da liber-
cia crítica mais ou menos distanciada dessa prática (politics), reivindicando Iutziii dos povos oprimidossó. Em termos político-doutrinários duas contri-
direito de ter um estatuto autónomo nos sistemas-interventores e de hiiiçoes merecem realce:
ouvida nos processos de tomada de decisão.
Esta permanente tensão entre os interesses da administração e os in a de ter permitido demonstrar que não há culturas superiores nem infe-
ses dos antropólogos pode ser observada em diversos escritos tanto de riores, mas apenas diferentes estádios de desenvolvimento tecnológico a
mas das principais figuras da Antropologia Aplicada clássica, por exem que não correspondem situações análogas de desenvolvimento social;
Evans Pritchard, Malinowski e Nadel (Leclerc, 1972: 92-94), como de a de que a mudança é sempre um instrumento, nunca um fim em si
pólogos naturais dos territórios dependentes (Leclerc, 1972: 153-158), mesmo, podendo uma dada realidade social mudar para melhor ou para
como o queniano Jomo Kenyata (1937, Facing Mount Kenya) ou o sen pior.
Cheikh Anta Diop (1954, Nações negras e cultura e 1959, A unidade
da Áfiica negra).
Um outro aspeto frequentemente ignorado pelos críticos da AA foi o 2.2. Valor cognitivo
'unto de re ercussões a médio e lon 8o razo desta rática científica, no
damente na formaÇ ão de uma consciência anticolonialista e na sei No capítulo 2 procurou-se desenhar um modelo que retratasse uma qual-
ção dos Direitos Humanos expressos na Carta das Nações Unidas. qiiri° intervenção social. Afirmou-se que a intervenção social é uma situação
E necessário (...) distinguir a utilização imediata dos conceitos da an i que um dado sistema-interventor (que se assume como recurso e não
pologia clássica, que a situa no interior do processo colonial, e as r iiio principal protagonista) interage com um dado sistema-cliente, emol-
sões ideológicas a longo termo, fora da esfera administrativa e científica. rado por condicionalismos ambientais, com vista a ajudá-lo a responder
este ponto de vista a antropologia é um dos elementos que anunciam e necessidades sociais. Para que o processo de ajuda seja eficaz e eficiente,
param o desmoronar da ideologia até então dominante no Ocidente (o ihém dissemos, é fundamental um profundo conhecimento do sistema-
nialismo). Designaremos por ‹‹anticolonialismo›› a atitude geral que to nte e também uma consciência da cultura do sistema-interventor.
possível utilizar para esse fim conceitos e material empírico da antropo É aqui que reside a principal contribuição de natureza cognitiva da AA:
(Leclerc, 1972: 129-130) im efeito, este ramo das Ciências Sociais dota o interventor de conheci-
Em 1947 o Gabinete executivo da American Anthropological As: iitos indispensáveis ao entendimento das comunidades onde trabalha e
submete à Comissão dos Direitos do Homem das Nações Unidas um Pro › contra eventuais preconceitos que possa ter na sua prática profis-
de Declaração: «dado o grande número de sociedades que entraram em nal, decorrentes de elementos culturais que tenha interiorizado no seu
tacto direto no mundo moderno e a diversidade dos seus modos de de socialização. Os dois casos seguidamente contados por Foster
tarefa que se apresenta àqueles que desejam redigir uma Declaração dos 1963) mostram bem a vantagem de conhecer a cultura do Outro para se
tos do Homem, consiste essencialmente em resolver o seguinte pro er ser eficaz na intervenção.
como poderá a declaração proposta ser apreciável a todos os seres hu
não ser uma declaração de direitos concebida unicamente em termos
valores dominantes nos países da Europa ocidental e da América?››
Viilc a este propósito, a importância que a AA teve no pensamento de Paulo Freire (capítulo 6) e na defi-
l972:141) nição de programas de educação intercultural (capítulo 9).

il 34 135
_
Casojá 6.1
já - O Eerro de Squillachi e o engenho de Arandas (Espanha) ' talidade na cultura dos prisioneiros, permitiu-lhe aquele
_ comportamento
_ , _
Em várias . ocasioes
._ da história
. . da
j hspiinha
1. o governo, como ajuda, para a j' gparcntemente
. absurdo,
. que se revelou de grande eficácia, possibilitando-lhe
n diálogo com os amotinados.
investigação criminal, tentou proibir os homens e as mulheres de cobrirem os 'li
rosto com capas, chapéus de abas caídas, xailes ou charpas. Em 1766 o rei '9 Um dos maiores valores que a AA tem para o trabalho comunitário reside,
Carlos II, por instigação do seu impopular primeiro-ministro siciliano Squil- A4 jiiiiiiimente no capital de conhecimentos sobre a cultura do Outro o que
lachi, fez uma Ordem Real proibindo os soldados e os funcionários do a ' Pflillllfc uma evidente emlmtia naim°1'a§ã°- Tal Capital U'aduZ'5c em Cluatm
governo de usarem capa longa e chapéus de abas largas, ordem que subse- Â lljmfi dfi 5456735 lfigufa 6-2)¡
quentemente se estendeu ao público em geral. O furor resultante é conhecido _ _
na história como o motim de Squillachi, e resultou na expulsão do odiado . 5°bf¢ 9- Cultura dO SISÍCHH-Cliente (A, B,
estrangeiro. O seu sucessor espanhol, o conde de Arandas, conquanto simpa- . ' 50bf¢ 3 Cultufa d° Sistema ÍHÍCWCHÍOI' (1› 2›
M2556 00111 215 f¢S1ífiÇÕ¢S HO vestuário, revogou a ordem. Conseguiu o Sou V` - sobre os eventuais pontos críticos resultantes do contacto das duas cul-
objetivo facilmente tornando a capa comprida e o chapéu de abas largas o A turas (simbolizado pelas notações alfanuméricas), que podem constituir
uniforme oficial do carrasco (Foster, 1963: 181). Obstáculos à mudança prctendkja (ex_¡ B2);
- sobre os eventuais. pontos a explorar87 resultantes de convergencias de
elementos culturais (valores, padrões) das duas culturas, que podem
Durante a guerra da Coreia, no princípio da década de 1950, tropas indianas assumir-se como estímulos à mudança (ex.: CN).
supervisavam a repatriaçao de prisioneiros chineses em poder dos aliados. Os
que desejavam ser mandados para a sua terra eram separados das tropas anti-
comunistas que desejavam permanecer na Coreia do Sul. Numa ocasião um Figura 6.2 - Matriz de conhecimentos do antropólogo num processo de intervenção social

anticomunistas amotinados e mantidos como reféns dentro do cercado port A


¢5PfiÇ0 dfi HOVCHÍ2 HIÍIIUIOS. OS ânimos serenaram e os reféns foram postos» J H V ¿,¿¿.¿,¿¿;¡¿ÀÀ
em liberdade depois do Comandante indiano, O General 5_ p_ p_ Thorat ter 1 A I 1
entrado corajosamentc no çei-gado ¢ pg;-gumadg 305 surpreendidos prisiongjm - ------- - -- ------------- zz -
ros chineses: Que espécie de çhingggg 550 vocês? Qndg ¢S¡á a vossa h0Spi¡a_j¡_ ~-- - - --~ - B3 - C3
dade? Não ofereceram aos meus homens nem chá nem cigarros! Os prisio-li
“°1f°S SUfPf°¢fldí<l°S fefluafalfl ¢› dfipois de alguns minutos voltaram com E
4 a . -za
ããããã já ` "
_-_ : -; -_-7-::_~;_-_-___:_-:_-; 7 _ 7 - - - --_;-_-7 ¬ -_-_-_-_-__ _- -: f; --
" BN_ -_ -_ _-:_-_-:_ _ f
ã CN
-;; ____ _- __ _ _- ~, _ _ , ~

chá, cigarros e, finalmente com o major e seus homens. O General Thorati 7


disse que «foi tocado o sentimento de hospitalidade» dos prisioneiros pela suail
inesperada declaração e que eles lhe pareceram completamente estupefatos» A
1
3. Valor prático
. - _ › ---_ --- -_----_z....- __-_.<........--...._.._..-_-__~.__.--_-._-..-.....- - _...--_-...____._-__._._...._-.._.___-.----¬-.-_.._.¿___ __ _¡ .

A Procurando explicar o valor da Antropologia no quotidiano de um projeto


Num e noutro caso foram aplicados conhecimentos empíricos dos inti a I g I , : 1

ventores sobre a cultura dos Outros: no primeiro caso o conde de Aranc intervençao Social çeorge Postei (1963 197. 216) refere quatro momeni
A ni is em que o seu contributo é particularmente importante:
sabia que a figura do carrasco era temida e odiada: aproveitando esse co
¬ . . _ a ... _ -.- ...._.__......-......____._......-. ...-..-.-.-_____.i.._....-......-..._.____.__ ___--.--...-_.___...._....-._.-._-_.-z-a z f -_~_ ._ ~_.._._-.._-_ z-_ _.z A» -..... -v z z zz 4 -_ -__.--_-az- -_ -_ - ...---..-.___-._-__

cimento, previu (e bem) que a mudança do traje do carrasco iria prodU1 , , . _


or rca ão nc ativa um alt ... 1d d d _ lata os estudantes que sejam praticantes de judo estes pontos a explorar assemelham-se à pega que os
P ç g 1 a . eraçao natura 3 m0 3. 0 VCSÍUÉI10 CI`I`ll)1.1Ç3€ dois judocas utilizam em combate: trata-se de um ponto de aplicação de forças para provocar o dese-
no segundo caso, o conhecimento que o General possuia do valor da hosj 'l“¡l““¡°› “M °”° “° ““'¡d° fl* m“d““9“ Pf°'°“d¡d*~

136 137
Fase de pré estudo mudo como eram feitas as refeições: com efeito, o fato de estas serem con-
Na fase inicial da vida de um piojcto, caracterizada ela sua natui vrneionadas no interior das habitações, com sistemas de aquecimento a lenha
exploratória, o contributo práuco do intropólogo (nós diríamos de qua ‹~ sem chaminés, fazia com que o fumo se desenvolvesse em grande quanti-
czentzstóz soczzzl) reside na recolha de dados dis oníveis sobre o sister ilzule, sendo o principal causador dos referidos problemas de saúde. Quando
cliente, numa perspetiva monográfica, a fim de poder formar um quadro .ns equipas pretenderam introduzir fogões com sistemas de exaustão do fumo
referencia .utavés de chaminé, defrontaram forte resistência. Chamado a diagnosticar a
sil nação o antropólogo descobriu que o fumo tinha a função benéfica de afas-
Definidas as caracteristicas globais do sistema-cliente, cabe ao antro
mr os insetos dos telhados de colmo, entre os quais o perigoso anófeles pro-
logo proceder ao estudo mais detalhado dos elementos da cultura do
pagador da malária. A recomendação consistiu em propor a mudança em
tema-cliente que possam ter relaçao com o projeto de intervençao
.simultâneo dos telhados e dos fogões.

Fase de planeamento
Nesta fase o antropólogo pode colaborar em tres tipos de tarefa Avaliação final
No final de cada projeto é indispensável proceder à sua avaliação. Neste
operacionalizaçao do problema e discussao do programa de intetv‹ 11 portante momento o papel do antropólogo consiste em ajudar a equipa a
3 .
çao dai decorrente, rmificar os valores e contravalores do projeto, discutir como os obstáculos
análise dos obstaculos que provavelmente se irao encontrar, de aco: Irnuficados
r foram removidos e capitalizar experiência através do registo da
com 0 conhecimento global do sistema-cliente, pcriência. Esta função de cronista da intervenção é extremamente impor-
- recomendaçao de medidas para a ultrapassagem de tais obstaculos. I me e merece ser sublinhada: o péssimo hábito de muitos interventores
D ciais não registarem as suas experiências faz com que frequentemente se
Fase de análise continuada É nha de iniciar uma intervenção sem se beneficiar da experiência acumulada
Ao longo do período em que decorrer a interven ao 0 antro olo o d‹ lt anteriores projetos.
Ç P 8
funcionar como ol/aos e ouvzdos do sistema-interventor a fim de rocedG
deteçao precoce de incidentes criticos e P ro P or as devidas correÇ oes demÉ °° i
vençao Releia o que escreveu na atividade 6.1. Complete-a, aproveitando o que
Caso a deteçao seJ a tardia, o antro P olo 8o P oderá funcionar como co ns aprendeu no ponto 2: acha que uma abordagem antropológica permitiria
tor para diagnosticar a situaçao e preconizar medidas corretivas, comÉ corrigir as políticas de intervenção? (por exemplo desmontando estereóti-
caso que se relata a seguir ilustra bem (Foster, 1963 80-81) pos sociais) '
- conhecer melhor `tanto o sistema-cliente como o interventor? (procure
encontrar exemplos justificativos)
-~_-¬z¬ -- __ ..._ ¬¬__.___ __ _ ____` _ ___ __ `__ __ __ __"_`_ ___`_ '_ O _
- acompanhar melhor a intervenção no terreno? (justifique)
Caso 6 3 - Fogoes na Indza e no Irao
Em projetos de saude publica realizados na Índia e Irao observou-se a ocor-
rência de doenças respiratorias e inflamaçoes oftalmologicas, em virtude do
I A QUESTÃO DA POBREZA E O CONTRIBUTO DA ANTROPOLOGIA
~'-¬-'---- --~---¬--- -- _ _ «. _- _ _ _ __ _ _____ _____ __`__ _ -_____ Q _

got exemplo no casçl de um projecto de educaçao para a saude estudar mais detalhadamente os padi
e comportamento abituais (de higiene, nutriçao, ptevençao da saude em geral padroes de atuaçãoi Nesta secção vamos examinar brevemente um problema de todos os
à doença, etc ) Impos que a sociedade contemporânea ainda não conseguiu resolver - a

139

__.-*__ . . .
pobreza” - e procuraremos mostrar o contributo que a Antropologia lisic posicionamento na agenda internacional pode. ser facilmente ilus-
para a diagnosticar e propôr estratégias de intervenção social. *min pelo relatório da UNICEF de 199495 0 qual identifica a pobreza C01110
In dos quatro macroproblemas da humanidade, os quais interâjgem nàiim
|'utcss‹› de realimentação mútua. Esse processo, apresentado sob orma a-
3.1. Atualidade da questão na Agenda Internacional rumada, é identificado por espiral PPA (P de pobrela, P.d¢ P0[_>f1laÇa° C A
lr ambiente) a qual interage com uma quarta variavel, a instabilidade (fig.
Sendo um P roblema de todos os tem P os9° a (1uestão da P obreza 3anl .,1). Conforme se observa no mesmo relatório (Grant, 1994: 49) 21: r€Sp0SÃ2l
P articular relevância na atualidade devido à con`u
J 8aÇão de vários fato este conjunto de problemas é complexa, apresentando-se sob a orrnafl e
agrupados em duas macrotendências: ma espiral ascendente (figura 6.4), que integra políticas de saude e nutriçao,
.Q educação (com particular realce para o sexo feminino dada a discrimina-
- o agravamento da qualidade de vida de substanciais massas popul ai In existente), de planeamento familiar e de luta contra os problemas equa-
nais em virtude da explosao demográfica, de uma política de ajuda lunados pela espiral PPA(I).
. . . . n
terceiro mundo com efeitos perversos de endividamento nos países
pobres, do consequente alargamento do fosso que separa países ric` ‹
_ . . .
pobres, da concentraçao de imigrantes pobres em países ricos, da o c
rencia de conflitos armados com recurso a meios letais extremame
eficazes”, dos efeitos das políticas neoliberais etc.;
- a maior visibilidade da situação dada pelos meios de comunica
social, acompanhada, no entanto, por fenómenos de nevoeiro info 77
cional (sobre infirmação, subinfirmação e pseudoinfiormação)92, o que t
por vezes condicionado os operadores de comunicação a desempen
voluntária ou involuntariamente, o papel de porta-vozes ou caixas de
sonância de estereótipos, preconceitos e medos.
_ _ . _ . _ _ ...-.. - . ~- ..------..._--..._-__---....__-._-.`._._._`-..`~¬._-_._--.._,_...___.____-_%-___..--__._._.____--.__.‹.......-.....¬.__.__-.......-_....._--¬¬--.¬............_.».-...._ .... -._----..--ú-.-na

B9 Preferimos usar o termo pobreza em vez exclusão social (cfr. capítulo 8), uma vez que esta última abri
I í i Í C

situaçoes que nao se inscrevem num quadro de pobreza, como muito bem defende Bruto da
(1998: 12).
9° A alusão à pobreza e à atitude perante os pobres é um tema recorrente na literatura que suporta tod
i
grandes tradiçoes religiosas, quer seja difundida em suporte escrito (Bíblia, Alcorao, livros sagrado
Budismo, Induísmo, etc ), quer através da literatura oral nas culturas ágrafas
9] . . ¢ nc
Os novos sistemas de armas nem sempre se destinam a provocar a morte do adversário A perversi
dos senhores da guerra explora diversos conhecimentos seculares, nomeadamente dois que têm tido
1
tos evidentes no empobrecimento das populaçoes
° por vezes, é melhor causarfiridos em vez de mortos, ao uma vez que aqueles atrasam os movimento:
inimigo enquanto que os segundos são deixados no terreno; '
' um inimigo com fime e' um inimigo desmoralizado.
Alguns tipos de minas antipessoais procuram atingir o primeiro objetivo; as bombas químicas d
C
lhantes, o segundo; ambos os tipos de arma são objetivos aceleradores de pobreza. F
91 Morin, 1981, As grandes questões do nosso tempo, Lisboa Editorial Notícias, p. 19 e sgs., cit. in Car:
1997: 78-79 e Carmo 1998, 39-40. ii Grant, coord., 1994, Situação mundial da infância, Brasília, UNICEF, pp. 25 e 49.

140 141
lílgurii (i..I › I"..~piriiI PPA Iligurii 6.4 - lispiral ascendente

A ESPIRAL PPA A ESPIRAL ASCENDENTE


' Altas taxas de miirtiilidõiile inliiiiiil leviiiii iiii piilii ii iiiiiipriiiiiii se iiii .i gariiiitir-se icnrlo mais filhos.
° Falta de água limpa. combiiiiilvriii r iireiiiii
. ii iiiriiiiiiu Liii iiiiiiit-iii.i- ~.i iiete‹iii‹l.itle
' ' de lilh os para ajudar no campo e em casa.
° Insegurança na doença e na velhice iiuiiicniii ii iieteiiiii ade de iiiiiiiiis Iilliiis. ° Crianças saudáveis e bem alimentadas apresentam um desenvolvimento mental melhor e se
° Falta de escolaridade significa menos toiiscieiiciii dos métodos e benefícios do planejamento familiar, menor utilização dos centros
de saúde. beneficiam mais do processo educacional.
' Falta de confiança no futuro e de controle sobre as circunstâncias não encoraja o planejamento -inclusive o planejamento familiar. ° Menos dias de aula perdidos devido a doenças.
' Falta de status da mulher, geralmente associado â pobreza. quase sempre significa mulheres sem escolaridade
sem controle sobre sua fertilidade.

siii'inEE ~ ‹ EDUCAÇÃO
POBREZA NU'|'R|ÇÃ0 (especialmente
i>oPui.AcÃo z ~ ¬ \demeninas)
__ _ __ __" ___, 1:1. ff:f;' 'c ,___ í'_____¬Tf:' ' _ _ ___ f _

° Desemprego, baixos salários para os trabalhadores, diluição do ganho económico.


° Diminuição da disponibilidade de terras-lotes herdados divididos e subdivididos entre * ° Melhor instrução associada a melhores conhecimentos sobre saúde, melhores práticas
muitos filhos. de saúde e melhor utilização dos serviços de saúde.
' Sobrecarga dos serviços sociais, escolas, centros de saúde, postos de atendimento ao
planejamento familiar, serviços de água e saneamento.

° Dificuldade em atender as ° Melhor saúde e melhor alimentação ' Mulheres instruídas têm mais
° Maior pressão sobre as terras marginais, super
necessidades atuais significa que a reduzem as mortes infantis e tornam probabilidade de Casar mais tardfii
exploração dos solos, uso excessivo de pastos, corte
exploração a curto prazo do meio excessivo de matas. o planejamento familiar mais aceitável. adiar _a_prim_eira gestação, de
ambiente teve prioridade sobre a ° Erosão do solo, enchentes. permitir maior espaçamento entre
I
proteçao a longo prazo.
...

° Maior uso de pesticidas, fertilizantes, água para os partos, e de ter menos filhos.
° Falta de conhecimento sobre as irrigação - aumento da salinidade, poluição de áreas
questões ambientais e as pesqueiras.
consequências a longo prazo das ° Migração para favelas superpopulosas, problemas de
ações realizadas hoje. abastecimento de água limpa e saneamento, detritos
industriais erigosos, oluição do ar dentro de
recintos fechados, deslizamentos de terra.

Número menor de partos e artos mais ' F¡ll10S dC fflmlllfls m¢U0f¢$


Erosão do solo, salinidade e espaçados melhoram as condições de têm ITIHÍS l'0b2bÍl¡dfld¢ (IC
enchentes causam o declínio na saúde e nutrição da mãe e da criança. SC mãlflfiüiflf na CSCOI3 C
produção, nos níveis de emprego O
Número menor de filhos geralmente I de continuar sua educação
e de renda, perda na produção
pesqueira. significa mais recursos e mais tempo por mais tempo.
Moradias miseráveis, serviços disponível para o cuidado de cada filho.
ineficientes, problemas de doenças
exacerbados por superpopulação
e baixa produtividade.

__ Pi.iiNi:Ai.iENro N
Fiiiiiiuiiit " *
_- z AMBIENTE

~---------~ __ - _:-_ffff¡i¡-_-_" Í' ..r^_._1_; z- ----~

° Mais prosperidade e maior segurança melhoram ° Crescimento populacional


° Retrocessos devidos a instituição da democracia, repressão, ° Divisões sociais. as condições de saúde, tornam o planejamento mais lento signi ica menores j
autoritarismo. ° Perturbações de familiar mais aceitável, e aumentam as taxas de deseräprego._
° Desvio de recursos para o setor militar. ordem política. perspectivas para a educação das crianças. ° Força de trab _o mais I
' Clima não propício a investimentos, perda de renda 0 Problemas de ' Crescimento populacional mais lento significa produtiva e mais adaptável.
proveniente do turismo, etc. refugiados menos pressão sobre os serviços de saúde e de ° Maior capacidade para É
° Interrupção dos serviços de saúde e educação . '
migraçao' interna
` 5
I Êducaçãa prevenir e enfrentar pressoes 1
° Interrupção do comércio e de oportunidades económicas. e internacional. ° Populações mais abastadas e mais instruídas têm ambientais.
Recursos nacionais e internacionais desviados para emergências. mais condições de manter ambientes saudáveis.

PROGRESSOS CONTRA PROBLEMAS PPA


INSTABILIDADE (POBREZA, CRESCIMENTO POPULACIONAL, DESGASTE AMBIENTAL)
\ --- 1.1---_ffff f _._l" 4' ' ""' --fffffff

Iiiinie' Grant, 1994: 25


: (iramt, 1994: 49
A nível europlçu, os~ diversos
' - . _ . de luta contra a pobreza dao
|›i‹›gr.iin.is ._ Êliiiliis os conceitos referidos têm em comum estarem associados a situa-
te testemun o da inscrição desta questao na agenda da Uniao
I * . 'v ‹ | ¡¬ ."' 0,..
ile ‹'arê`ncia, seja de acesso a recursos (alimentação, habitação, dinheiro,
o que mostra a sua relevância mesmo para alguns dos países mais ind
). seja de acesso a possibilidades de valorização das pessoas (educação,
lizados
. _ d o planeta. Para a sua visibilizaçao
°' ~ muito
- contribuíram
- os us culturais, etc.).
sociais de varios países entre os quais se situam vários antropólogos
ëriii dc modo algum menosprezar estes conceitos, que ajudam a tipificar
seus trabalhos em comunidades pobres rurais e urbanas. óiiicno, vejamos seguidamente uma contribuição complementar dada
Ani topologia, que ajuda a esclarecer e aprofundar o conceito de pobreza
3.2. Aspetos conceptuais: a pobreza como carência e como presença iivâi c a ressaltar a ideia da existência de estratégias de sobrevivência con-
las por subculturas próprias.
Para diagnosticar um problema não basta observa-lo no terreno: é
fwnfrontâr esses dados com o saber, sedimentado por várias gr
investi ga ore s e sistematizado
` ' - - Figura 6.5 - Conceitos de pobreza
sob o formato de conceitos articulados ,,,,, _ zj _,_-››.,z.,‹z__-1,,,,zz~,.,‹=z...:z ›.~f 4,.,-_¬iz_z='_-f:z›'‹'z fz _
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.,~‹€
¬›, i. ._¬‹. ii-ui,
gi.. -_ .J..,¬,'› ¬.w zi-._ ig 1zJ‹

bd Qda uando çKurtI Lçewin,


` um dos pais ' da psicossociologia,
' - - afirmava que R di Grupos ou pessoas portadores de - Campos de refugiados.
F na mazsávratzco do que uma boa teorza, não caricaturava a rea (R) um rendimento abaixo do qual
não podem fazer a despesa - B. Lata, favelas, muceques,
ato , se .consi` erarmos a economia' de tempo e energias- que uma bga
mínima necessária à manutenção CCC.
proporciona as pessoas para poderem entender a realidade, percebe-se da vida. Distingue-se em P.
Sente o sentido da afirmação. Mas uma boa teoria tem de ser escorada primária (R < mínimo necessário
ons conceitos que, por seu turno descrevem regularidades observáveis. à manutenção meramente física)
bons conceitos não seria possível a comunicação humana. e P. secundária (R < despesas
primárias de habitação,
b Paradçentender o1 fenómeno multifacetado
' ,, vindo
da pobreza tem . a
transportes, etc.)
er-se iversos conceitos que podemos agrupar em dois tipos não exd Ser pobre em Portugal, hoje,
Espaço Representação social da pobreza
os que acentuam tratar-se de um fenómeno de carência de recursos de (cultural) numa dada cultura e num dado é diferente de o ser há 30 anos,
ordem, e os que sublinham' a preâçnça de configui-açoes.. de fatores que e Tempo momento histórico. e de o ser, hoje, na Dinamarca
conferem uma identidade própria (histórico) ou emÍAngola.
Auto- Representação da pobreza feita O mesmo R tem ¢
A pobreza como carência imagem pelo próprio, de acordo com a sua significados e usos para os
experiência existencial de luta pela velhos pobres ou para os
Num breve artigo de 198495, Bruto da Costa sumarizou alguns eo
sobrevivência novos pobres.
šitleis pêra a análise da p0l>fCZa (figllfa §-_5), os quais, mais tarde com Ex.: considerar-se pobre aquele Atribuição do Rendimento
Norma
1 V3 ( -øC0Sf2› 6.51122, 1985, 1989) iria aprofundar e submeter ao que tiver um R < X Mínimo Garantido.
observaçao empírica9 . Extensão Total: carece de todo o tipo de Famílias multi-carenciadas
.._.__.._-_____.___ ______, _ ,__ _ ___ _
da carência recursos - Famílias com carências
94 Por exemplo Óscar Lewis, cuja teoria adiante se descreverá em linhas gerais' 1968 A Im da Parcial: carece de alguns recursos delimitadas
BI ' _ ' ' › fu ra
Duração Permanente: de longa duração - Desempregados há mais
*H% Mais
õiiiifiig
tardeÊ;‹,,Í°cii'
Bmgo Ja119 C0 t,ibhomimdiontra a P°bm'
oncezíod pobreza, R'°dedeEconomia»
«Estudos Ja“°“°=. E*P'°“ã° E Cultura PP-
(IV.3) Ab¡¡1._junh0_ Temporária: situação coiijuntural de 1 ano
da b . S a apro n ou a sua investigação no seu doutoramento intitulado O
po reza. Portugal 1980-1989 e em vários outros escritos, como o que publicou em 1998 ou de curta duração - Desempregados recentes
sociais, Lisboa, Gradiva.
lirulu da C0 sta, A., 1984

144 145
- --f-.¬.z..¬ zu;-tv "vu-zu n I \ \ Iivi\ii\|| I ANIU
IIESENVUI.VlMlš{N'I`0 (I(_)MUN|'1`ARI()

A pobreza como presença


Um importante contributo
- piri esta . d ¡ ili'st°i'ição de Lewis condensada na figura 6.6 é extremamente rica e
1 1 1 -"‹ perspetiva o problema fo eiisiiiiiista, descrevendo a (sub)cultura da pobreza com abundância de
pe o antropólogo norte-americano Óscar Lewis Após o seu d t
* - ou orai tr'ii‹›rcs. Da sua análise pode facilmente verificar-se que a condição de
(1940, Universidade de Colúmb'ia) , este académico dedicou se ao es
-
comunidades pobres do sul dos Estados - tu em para além de querer significar estar numa condição de fizlta de recur-
Unidos e México tendo-se ai iiiiliéiii sublinha um determinado estilo de vida, com padrões de compor-
bido que a P obreza tem tend encia
^ ' a desenvolver-se em Soeledades
- u
. _ q e min 1 iró P rios, diretamente li 8ados a estraté 8ias de sobrevivência para
SCHÍÍQITI 35 S€g1.11I`1ÉCS CafãlC1ÍCI`fSÉ1CaSZ
liiu' à situação de carência.
- fortes assimetrias
' ' na a qualidade
' - dos vários estr
de vida
atos socia
PÍÊSÊUÇH COITIO as que se observam em sociedades em e stádios prin liigura 6.6 - Quadro de indicadores da cultura da pobreza, segundo Oscar Lewis
do caP i ÍÂÍISIUO,
' ' - coloniais
em situaçoes - ~ ou neocolo W IT I

liiçiiii com a sociedade envolvente II - Natureza da comunidade


O

- dualismo económ' 0, 0CaS10nado'


lc
pela tensao entre sistemas de e‹ nv .
lui dr recursos económicos 33. Más condições habitacionais
mia m onetária ' com uma produçao , dominantemente
_ voltada p Iiin 34. Amontoamento (sobrelocação)
iÍPÍ'll¡I 35. Fraca organização
_ , , Cç
ÍUCYO, em confronto com sistemas d e economia de subsistencia, iii iiiuiiiâição 36. Consciência de pertença face ao exterior
ocorrência de elevadas taxas de desemprego e subemprego; Ímlii
lllius liaixos III - Caracterização da família
- participação cívica socialmente desestimulada°
3 Hivuipiego e subemprego crónicos 37. Ausência da infância, como fase protegida
~ existência de valores dominantes que estimulam a acumulaçã !Hiiiiueiitos baixos 38. Iniciação sexual prematura
i

riqueza, favorecem o stat us economico e inter retam a ob iuêiii ia de posse de propriedades 39. Uniões livres em casamentos consensuais
r c luuriiriâi de posse de economias 40. Alta taxa de abandonos
um fracasso pessoal. P P ela luiiêiicia de reservas alimentares no lar 41. Alta taxa de famílias chefiadas por mães
lliiiôiiiria de dinhero no dia-a-dia 42. Maior conhecimento do parentesco materno
lltii taxa de uso de penhores para crédito 43. Maior autoritarismo
APf0fundando a sua investi gaçao ” junto
' -
de comunidades -
muito oi illii taxa de uso de agiotas locais 44. Falta de vida privada
através de estraté ias d " - - , . P .lrôiliiiis locais espontâneos 45. Enfase verbal sobre a solidariedade familiar,
8 ff 0bS¢1'Vaça0 participante e de analise de histór'lã
Vida, apercebeu-se que, no interior
' ' das culturas rural e urban im de roupas e mobiliário em 2.” mão desmentida na prática
a e identifi
I ° 0 ‹

'Nil iiii de compra de pequenas quantidades


uma subcultura 97 _ IV - Aspetos individuais
de P°b1`eZfl , a qual procurou caracterizar n uma listi le jréneros
perto de sessenta elementos distint - - lui .xa produção e baixo consumo 46. Forte sensação de marginalidade, desamparo,
d OS, agrupados em quatro tipos de ln C limit taxa de alfabetização dependência, inferioridade, resignação e fatalismo
mes (fi8uf3 5-6) que pretendem descrever iii .xa participação nos sindicatos 47. Alta incidência de privação materna e de oralidade
Iii ixii participação nos partidos políticos 48. Estrutura fraca do ego
- a relaÇão d a comunidade
' - envolvente;
com o meio lili ixii participação associativa 49. Confusão quanto à identificação sexual
' A - .
a dinamica intra-comumtana _ , .
Ãiiiixii iitilização dos bancos 50. Falta de controle sobre os impulsos.
Mxii utilização dos hospitais Espontaneidade comportamental
- as características da família II iiiii utilização de grandes lojas 51. Orientação quase exclusiva para o Presente. Fraco
- as características individuais Mina utilização dos museus e galerias sentido de Passado e Futuro.
Ôtliu à polícia 52. Machismo
Ôeiiciiiifiança face à hierarquia da «outra 53. Tolerância quanto a patologia fisiológica
rima e se por su b cultura ' " -1 ~~-«-----~--¡~ 54. Ausência de consciência de classe
pria (in Carmo 1998 Eduäçnêitf :ma Cultural oontextuíi dotado de uma idemidadc Jidudc›› (governo, administração, etc.)
dom F . Í _ ensino
_ a istancia
^ ° : questao
" da forma - o d fo ilciiifiiiifiança face à Igreja 55. Baixo nível de aspirações
quaissié àílš?/Í.: ;:Ê`C¿lz1;:;7e¡;. elclícçwis escreveu divelrsas obras sobre o assunto, a mais ÊBnheii:i uiiitsciêiicia dos valores da classe média, 56. Exaltação da aventura como um valor
di
, tjwjo Con .
jm _z em P ortu
_ 8uês PC 21 Moraes e transposto para o cinema
- com 0 fins sem os praticarem 57. Presença quotidiana da violência
:to gera çoes. A b reve exposiçao que se segue fundamento L .
¢u|m¡.a (ja Pobreza, in Bl . A W _ u-se em ewis, O., 196 \liii taxa de casamento consensual
austein, . e oock (organizadores). 1968 O homem contra a ob
J

guerra mundial, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, pP_ 355_369I ' P \itu taxa de jus materno
i.Lmz‹›fu. iiaasz io2).i I TI I _
Q; .

Apesardo seu valord " . . _ - - - _


à dcscri _. d _ °"U'lUV0, um.i das~ limita Ç oe S que tem sido a
P iriiuciro aspeto caracterizador é a economia de sobrevivência na qual,
mesma çao e Lewis é aPde *-1 ue zâm dlemasiados
importânciagg .~ - -
indicadores dando a l
. rocuran o u tra assar essa d`f` ' llsuióimcnte, os agregados familiares se confrontam com a necessidade
modelo integrador da cultura da pobre; in _ d 1 lculšade vejaIT. iuiriir rendimentos suficientes para sobreviver. Esta situação, está asso-
spira o em cw'
subi'inham oito
' aspetos essenciais
- - de uma cultura de pobreza99 15 i em ¡ altos índices de desemprego ou de subemprego, a baixos salários e a
indices de produtividade. Nestes agregados é comum as pessoas utili-
liiriuas de crédito de emergência, recorrendo por exemplo, a casas de
Figura 6.7 - Modelo integrador de uma subcult ires e ai agiotas locais o que as endivida ainda mais. Deste modo, a con-
ura de pobreza
dii sobrevivência diária é o seu principal objetivomo.
ieitiinda característica liga-se à habitação: Com efeito, as zonas onde
iiilo normalmente degradadas, como degradada é a habitação, sem
íruuuuuaãfi ;ñes para uma qualidade de vida socialmente aceitável. O exíguo espaço
' ._z i`r..:_.'_.i._-.-ai.-.x~; . _. _
Clonal, cria condições de amontoamento e de falta de intimidade.
itro quadro associado às comunidades pobres, é a saúde precária, com
iixiis de morbilidade e maiores taxas de mortalidade de menores de
alãfffâfssi ,ze_(aufiuuauuf
" "
-_.
-_
_ . _. . J iit'i_
"¡'Íi':Í"='.':11-'íiiifl
iuios que as verificadas nas áreas circundantes.
1 aspeto que se liga diretamente à questão da saúde, é o das carências
mares: regista-se com frequência que este tipo de população tem uma
1-nr
itfiição deficiente, quer do ponto de vista quantitativo quer qualitativo.
í
M propósito Lewis, em várias das suas pesquisas, observava como traço
das subculturas de pobreza, a ausência de despensas, uma vez que 6
ii não haver reservas alimentares em casa.
i quinto aspeto caracterizador é a presença de níveis de instrução e for-
› profissional extremamente baixos. Esta situação, como é óbvio, tem
:ações imediatas sobre o rendimento familiar, e, mediatas, sobre a
lução das situações de pobreza.
mo resultado de todos estes fatores registam-se, nestas comunidades,
Fonte: Carmo, 1993:325
l elevados de patologia psicológica e de problemas sociais de compor-
to desviado (alcoolismo, toxicodependência, prostituição etc.) (Carmo,
Outras críticas lhe têm sido feitas tant T T7
326).
o d
exemplo em Os eondmadosda Yerra (s/d Lisiâsãriälela Polítiça como metodológica Franz Fano
_ , ' a, meiro 1 ed fra d i I . n
Pfczartêm
glco, a Capacidade revolu
se apontado ` ár`fmgllldgdcsangrííéuçšslâuraãlde
cion
algumas ia dos ort d d ' - -Pobreza
flCeSa D0e 1958)
Ponto acusa Lewis
de vista di
metol
nao
" explicita
' ' Os cménos
- . uuhzados
. . ara olh e. s eCÇã0
' "' dos. iflquiridos,
- . . . uma vez que I

a esc
entanto, ter_ cham a d o a atençao
' para Pa presen ça deafatores
das h1SfÓflaS
. . de vida ' O mérito deste autor 1
,_ id
Ples carencia de recursos cmlficadorcs da Pobfcza Para além de
99 Carmo 1 H 1993 _' A
_ , A criança da me_ do da . . . _ _ . |
fer, Actas II, Lisboa, Universidade Abtê,fiaf7F:Pia32l-3:1il3dade, m A cidade' Jornadas mt” efllufidl-*'¢'I" '
P4 . ...-._--¬«.-~-~---..--«~~-~....-1›-ez»‹-.››.›~.‹‹-.equz.....snow-›¬.‹‹.....--.... .-ti-‹¬.....--.---._,.----_--._.---..-...._..-‹--z-.-.z-‹--_._-~-~_‹~ ~~

que alguns autores denominam rultura de urzinría (Castels, 2003: 78).

148
149
3.3. Caso 6.3: a experiência do CASU s. mas também a constituição de uma equipa de estudantes de Ciências
tlais que procederam ao estudo exploratório da Quinta o Bacalhau, per-
O projeto seguidamente relatado espelha a utilidade da aproximação 2 il llulo uma visão holística daquela comunidade, um levantamento das suas
pológica no trabalho comunitário e, em particular, em comunidades pi üessitlades e recursos e a definição de um plano de intervenção mais fun-
doras de uma cultura de pobreza. mvniado.
l'a|'a a execução de tal plano a equipa do CASU, até então apenas com-
O que foi o CASU? -Ma por voluntários1°3, apercebeu-se da necessidade de recrutar um
O Centro de Ação Social Universitária (CASU) foi uma instituição 1 queixo grupo de técnicos que funcionassem como assessores da Direção e
cular de solidariedade social (IPSS) criada durante a década de sessent Inu núcleo de formação e enquadramento dos voluntários. Tal desígnio
estudantes universitários oriundos de várias escolas e com diferentes mi s alcançado com o recrutamento de três técnicos para as áreas de serviço
ções religiosas e políticas, unidos, no entanto, pela preocupação cíviz illl. investigação social e saúde pública, graças a um pequeno subsídio da
prestar um serviço útil à população de alguns bairros de barracas de Lisbú .titlaçíio Gulbenkian.
A motivação inicial havia estado ligada ao problema do realojament
populações que haviam ficado sem teto após as cheias de 1967. A par W72/73: primeiros resultados do enquadramento técnico
então o trabalho cresceu em bola de neve, à medida em que as necessi‹ (iraças à reorganização operada foi possível, nos anos seguintes, melhorar
se iam detetando, tendo sido criado um jardim infantil, com apoio da J serviços prestados, nomeadamente:
Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), aberto um posto médico qu‹
- enquadrar tecnicamente as atividades até então desenvolvidas;
recia consultas facultadas por jovens médicos e apoiadas por estudant
-ze lrsponder com eficácia a situações de proteção civil (ex.: incêndios);
medicina, iniciado o funcionamento de salas de estudo para comba
š realizar vários estudos que serviram de fundamentos para a intervenção
insucesso escolar das crianças em idade escolar e organizadas colónia
subsequente104;
férias para crianças e jovens, alguns dos quais, por incrível que pareça 1
É organizar um seminário de formação de voluntários.
cidade ribeirinha, nunca haviam visto o mar.
l973/74: o ano da Revolução
1970/71: o ano charneira
Fruto do investimento anteriormente efetuado, o ano letivo de 1973/74
Com o crescimento das atividades foi necessário recrutar mais volt
jlltou um acréscimo de atividades, das quais se sublinham:
rios, o que foi feito através de uma campanha dinâmica junto de vária
tituições do ensino superior e de movimentos juvenis (ex.: Juventude Ê- a reorganização do serviço de acolhimento e encaminhamento social,
versitária Católica - ]UC)1°2. - a organização de mais um seminário de formação de voluntários, para
A abundância de voluntários possibilitou, não só o alargamento da o que se contou com a colaboração de uma estudante brasileira de pós-
vidades de resposta imediata às necessidades sociais empiricamente d‹ -graduação conhecedora do método Paulo Freire.
š, . _ .. _ _ - _ - __ ---___ _._.__...__--_--_-______-__-.__-__..____.__-._ _ ___. _- -___...H-----_._-_._-__-_.._._.____---_ ..-__ ..--_ ___... _.__-._--__¬._ --.__ ___.. _- _ _-
. _ . . . . _ _ _ . _ _ _ .. _ _ _ --. . _ _ _ -.-__ .__...-¬.._._v_¬¬¬¬._._-.__._.....-----._..__...___.___...__._.__.._.___..._._.__..____.._...._-..._¬..___.¬__...-...____-_--_...._-_..-..________._._______...____...-~_..

M únicas exceções eram duas educadoras de infância que trabalhavam no jardim infantil e duas moni-
"ll Inicialmente as quintas da Curraleira, Bacalhau e e Calçada, mais tarde nas duas primeiras e no l lmss que apoiavam as salas de estudo, todas pagas pela SCML.
Coxo. Ílnram vários dos quais se salientam, pela sua importância um levantamento demográfico dos três bair-
W A título de curiosidade vale a pena fazer referência a dois jovens dirigentes do CASU empenhadc ful para fundamentar a criação de uma escola primária, o que foi conseguido, ainda que tardiamente, e
campanha: o estudante do Instituto Superior Técnico António Guterres e o estudante da Facult Áflls trabalhos de parceria com o ISCSP/UTL, sobre os padrões alimentares da população e sobre o
Ciências Virgílio Meira Soares, o primeiro mais tarde conhecido pelas suas atividades como di lmblente familiar das crianças do jardim de infância, tendo ambos permitido proceder ao diagnóstico
político e o segundo pelas de Reitor da Universidade de Lisboa. I subsequente intervenção nesses dois domínios (saúde e educação).

1 so 151

_
É \.la..‹ua4s 1 V \.1a‹V aavlusi I xl \4\¡|VI\-HI I s !'\I\I\¡

- a assunção da importância de uma estratégia de relações públicas, o com valências de apoio aos clubes recreativos locais, desporto, excur-
permitiu visibilizar o projeto e ser suporte de uma política de capt sões, e colónias de férias abertas e fechadasm.
de financiamentos; Os resultados dessa consciencialização foram .
diatos, traduzindo-se; U trabalho desenvolvido ao longo dos anos que precederam a revolução
- no lançamento de um jornal policopiado, o Boletim do CASU105; e I974 procurou dar voz e protagonismo à populaçao local Isto permitiu,
- na realização de um Encontro de Centros Sociais, com os objetivc logo que o ambiente se tornou favorável, nomeadamente com a revolução,
com eles trocar experiências e de sensibilizá-los (bem como a pré ur os residentes da Quinta do Bacalhau organizassem uma cooperativa de
SCML) para a necessidade de criar um estatuto da responsabili‹ aliitação, sugestivamente chamada Cooperativa Portugal Novo, e conseguis-
médicamó; Iam um realojamento completono.
- na organização de uma visita da Secretária de Estado da Assistência A experiência relatada permite sublinhar três fatores relevantes que con-
qual se lhe apresentou uma proposta de intervenção integrada nos II'll›uÍram para o seu êxito:
bairros, e numa campanha (com a colaboração de várias organizaçí
da própria população) contra a política de desalojamento da po os laços de parceria que se criaram entre CASU e população em vez de
municipal107; uma relação paternalista de natureza meramente assistencial;
- a alteração da estrutura do CASU, que deixou de se organizar a existência de um corpo de voluntários empenhados, de diversas for-
termos hierárquico-funcionais para se articular em função dos proj mações, disponíveis não só para agir mas também para aprender como
em curso: o fazer;
--~ o enquadramento por técnicos com preparação em Ciências Sociais;
° Projeto médico-sanitário com as seguintes áreas-chave: planeam‹ neste caso a preparação antropológica revelou-se de primordial impor-
familiar, socorrismo, higiene, puericultura; consultas médicas e sa tância e a teoria de Lewis constituiu uma boa referência para a pesquisa-
mento básico com ações relativas a águas lixos e esgotos. -ação desenvolvida;
° Projeto de educação para o desenvolvimento: com valências de cre
jardim de infância, salas de estudo, formação profissional (este
chegou a começar) e alfabetizaçãolos. Azâvi¿i§áʚ͚"`""W`""`"W`W"`*M"`_“""“`WW“W“""""`WWWW
° Projeto tempos livres, integrando atividades desenvolvidas duran Releia o que escreveu na atividade 6.2.
período letivo (fins de semana) e de férias (Natal, Páscoa e Vei I. Complete-a, aproveitando o que aprendeu no ponto 3:
2. Considera que os modelos das espirais da UNICEF, (figuras 6.5 c 6.4, se
aplicam à zona que escolheu? porquê?
l05 ~ 1
O Boletim do CASU foi orientado por uma estudante brasileira, Benalva Vitorio com formaçao 3. considera que a população da zona que escolheuse enquadra nalgum dos
em jornalismo, inscrita no ISCSP/UTL a completar uma licenciatura no domínio das Ciências 5
hoje professora na Universidade Católica de Santos - Brasil. conceitos descritos na figura 6.3 ou no conceito de cultura de pobreza?
106 Apesar do CASU ter saído vencido, não tendo conseguido fazer aprovar um estatuto de responsabi porquê?
médica que protegesse os habitantes dos bairros da discriminação que então se observava no aceSI
serviços de saúde, a discussão permitiu visibilizar o problema que, após a revolução, foi lentament‹
mado. Comandou esta campanha o então estudante de medicina Jaime Nina que, anos mais tarde .‹

a ser conhecido pela sua participação na equipa portuguesa que descobriu o virus HIV2. .' Nas colónias abertas as crianças iam dormir a casa; as fechadas funcionavam em regime residencial e des-
'07 Tal política implicava o desmantelamento prioritário de barracas onde vivessem isolados sem lhi llnavam-se a adolescentes.
alternativa de realojamento o que atingia antes de mais a população idosa. l' Nos outros dois bairros, Monte-Coxo e Curraleira a população não conseguiu o realojamento preten-
ms Neste campo foi pioneira a experiência do estudante Francisco Cordovil que foi viver para uma b dido devido à confluência de diversos fatores de entre os quais merecem realce a falta de coesão das
na Quinta da Curraleira, onde desenvolveu um programa de alfabetização segundo o método Paulo . comissões de moradores e a maior dimensão dos bairros.

152
153
mw I ma uiuoia Ai ui.AIiA If i1m|nNVt1IV|MflNT‹ it ‹iMi1N¡|Á¡z¡‹›

Em síntese
Esta unidade começou com a apresentaçao do conceito de Antro Effua/is COMPLEMENTARES
P
Aplicada (AA) e com a descri ç ao d e al gumas d as suas utilizaçoes em di
contextos
Seguidamente, discutiu-se a utilidade deste corpo de conhecimento BASTIDE, Roger (1971). Ant/Jropologie Appliquée, Paris, Payot.
O trabalho comunitário, recorrendo-se a uma reflexao em tres dime BENEDICT, R. (1972). O Crisântemo e a espada, S. Paulo, Perspectiva.
l
politica, cognitiva, e metodológica BRUTO DA COSTA, A. (1998). Exelusões sociais, Lisboa, Gradiva.
Na terceira parte, mostrou-se a aplicaçao da Antropologia na intervi BRUTO DA COsTA, A. e SILVA, M. ez ol. (1985). A pobreza em Portugal,
social em contextos de pobreza, terminando-se com a apresentaçao Lisboa, Caritas.
caso paradigmático BRUTO DA COSTA, A. e SILVA, M. (1989). A Pobreza urbano em Por-
tugal, Lisboa, Caritas.
CARMO, Hermano (coord.); ALVES, S. ; DIAS, I.; MONTEIRO, S.; ALBU-
Teste formativo QUERQUE, R. (1996). Exclusão social' rotas de intervenção, Lisboa,
ISCSP.
Apos
d bleitura aprofundada do texto dO capitul o e feitas as respetivas ativi¿ CASTANO, Javier Garcia (1994). Antropologia de la Educación: el Estu-
es, a ra o manual na pagina intitulada objetivos da unidade
dio de la Transmisión-Adquisición de Cultura, Madrid, Eudcma.
Tente atingir os objetivos, escrevendo as suas respostas sem recorrer ao tell
FOSTER, George (1974). Antropologia aplicada, Cidade do México,
do interior do capitulo
Fondo de Cultura Economica.
Confira as suas respostas com o texto e proceda a sua correçao
FOSTER, George, s.d., As Culturas tradicionais e 0 impacto das tecnolo-
gias, Rio de Janeiro, Fundo de Cultura Económica.
LECLERC, G. (1973). Crítica da Antropologia, Lisboa, Estampa.
POCHMANN, Marcio et al. (org.) (2004). A exclusão no mundo: Atlas de
exclusão social, volume 4, S. Paulo, Cortez Editora.

_
_ __. iss
Objetivos

No final desta unidade, O estudante deverá estar apto a


1. distinguir a Sociologia de Intervenção da Sociologia clássica; CAPÍTULO 7
2. distinguir os conceitos de pedido e encomenda num processo de intem
3. discutir a importância, para a intervenção subsequente, das fases de li
SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO
lação do pedido e de definição da encomenda; E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
4. explicitar a contribuição de Le Play, dos marxistas e de Freud como p Ana Esgaio, Carla Pinto e Hermano Carmo
sores da Sociologia de Intervenção;
5. referir a contribuição de Lewin e Moreno para a Sociologia de Intervl
6. referir a contribuição de Mayo, Elliot Jacques, Crozier, escola de anál'
titucional e Schein para a Sociologia de Intervenção; ll oM INIO E vERTENTEs DA sOcIOLOc_-:IA DE INTERVENÇÃO
7. referir a contribuição de Alins , Dolci e Lebret para a Sociologia de ky O

venção; mié de Castro, especialista em alimentação e ex-Presidente da Organiza-


8. fundamentar a afirmação de o método Paulo Freire ser um paradigmal ir Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas, autordelçlšver-
Sociologia de Intervenção; «bras em que analisa O fenómeno da fome em termos planetários , na
9. identificar os principais fatores de socialização que influenciaram a itlução do seu livro Sete palmos de terra e um caixãol 5 refere em dada
ft
ção do seu pensamento e obra;
10. contextualizar a produção de cada um dos seus principais livros no ei
e no tempo;
Io tcncionamos escrever um livro neutro. (...) Não é este um ensaio de Socio-
11. referir as ideias-chave neles expressas e relacioná-las com obras anterl
gia clássica. De uma sociologia académica, espartilhada na camisa de. forças de
12. descrever os principais procedimentos do método Paulo Freire;
1
ma metodologia que sempre tentou separar, no sociólogo, O investigador CIO
.3 . discutir O conceito de empowerment; amem, limitando sempre a função do sociólogo à de.um simples lnvefltaflaflffi
14. discutir o conceito de advocacy;
.z
B tudo aquilo que se apresenta aos seus olhos, teleguiados por métodos de tra-
5. descrever sucintamente os princípios práticos do empowerment;
-z

Ilho consagrados. O nosso estudo sociológico é O oposto deste géner0 dC


4

6. discutir os conceitos de violência e de não violência ativa (NVA); isaio. É um estudo. de sociologia participante ou comprometida. De uma
17. explicitar os fundamentos filosóficos da NVA; iciologia que não teme interferir no processo de mudança social com os seus
4

8. explicitar os fundamentos sócio-políticos da NVA; A :lindos e por isto mesmo não tem o menor interesse em encobrir os traços de
19. descrever a metodologia da NVA. ma realidade social, cuja revelação possa acarretar prejuízos a determinados
20. Identificar a contribuição do budismo ativo para o desenvolvim 'upos ou classes dominantes.
comunitário '
Tempo previsto para o estudo desta unidade cerca de 4 a 5 horas
- da fome, Geografia da f0m€, Ô l1V1:0
sopolítica ' fleE1'°_ da fome >. O ciclo do caranguejo,
_ _ S50 alguns
h
¬..-.-. ~.-_-›- ____.--_.---._--¬-.__.-~..___._.`_.._..---._-.. -__ ...... _.. _-_ -_-_.. __-- . ..- - - - - _ _ --...- - _.-- -.._-_ -_«._-_._-_-Q--_--.....-.-._-_|~_-........---_-.-~‹...._‹-.Q is sugestivos títulos deste autor que Darcy Ribeiro considerava o intelectual brilha": que 5015;'
termo paradigma designa um conjunto de convicções na maioria das vezes implícitas cota 997, Confissögs S. Paulo, Companhia das Letras, p. 122). A sua obra foi difunhi a po; to odo
_ - ' '
(;wP0|(¡¡¢z da fome, por exemplo, segundo o editor (Brasília Editora, Porto) avia si o tra uz
i oe
nas quais' os investigadores elaboram as suas /npdteses, as suas teorias e mais geralmente dqfinem I
métodos (Boudon, 1990, Dicionário de Sociologia. Lisbon D. Quixote, p. 186). I idiomas à data da edição (1974). _
\s'|'aO. josué de (1975). Sete palmos de terra e um caixão, Lisboa, Seara Nova. p. 25.

_ ...-
157
l|l "H l`V\¡I YIIVII l` I\l \‹\ lIVILI|`III'\I\I\¡

(---l No fundo a ' " '- . .- - .


utopia consistia exazIil‹if;li§iieiii:°Iiiii)i\iêi.i i):llCa`d0dque
Clemífica, C a I"..~‹i;i perspetiva de fazer ciência intervindo, tem assumido uma grande
se Ím0l>ilizasse, para ser melhor foto frafido D rcsíjo C que O Processo lmigciieidade de formas no terreno. Apesar dessa diversidade todas as
CH bem mais comprometida do queba sociol ÉS a Ormaj' a anƒlga - jivriôncias que partilham desta perspetiva partem de uma premissa
defendemos. Mas era comprometida com uplgiaâiovla, oujílvalidade cien Iuumz a constatação de que o saber não é monopólio do sistema-inter-
uma imagem estática da sociedade considerad a 1 eo ogla l) n'n0b'lhsmo' tor, mas que este e o sistema-cliente possuem capitais de informação
dv _ ›. . a como uma coisa já feita,
a Ê Pefffilíëh enquanto a nova sociologia considera a estrutura social com ai realidade social que devem pôr em comum a fim de, juntos, cons-
Pf0cesso em constante e rapida
f ' transformaçao.._ (negrito
. nosso). O Írem um valor acrescentado de conhecimento.
"`”""""'-°---`._ . ...... __ _
l)c acordo com Hess (1984: 7) qualquer tipo de processo de intervenção
-*"- --z-__.-.._-_._~_--__...

Atividade 7_1_ f li*¡;i~se com a formulação de um pedido por parte do sistema-cliente (ou de
A partir deste texto, faça um quadro comparative que pcl_m.t iii o represente), que se caracteriza pela expressão de uma necessidade
aborda em ro O t I _ _ i a contrastar a liil, decorrente da consciência de um dado problema, muitas vezes de con-
CO lg P P 5 3 POY ,losue de Castro, da sociologia clássica.
. mp ete-o, acrescentando-lhe uma reflexão pessoal sobre as vantagens e ius pouco definidos. Justamente em consequência da indefinição referida,
1flC0nvenienr
Proc -
d. es de cada uma das aproximaçoes _ referidas.
. * primeira tarefa do interventor consiste em identificar, em diálogo com o
ure iscutir os resultados a que chegou com outras pessoas (colegas ele- ma-cliente, o problema desencadeador do pedido formulado.
mfifltos exteriores à co munidade
` ' '
academica) '
e introduza-lhe ' ~
os necessários 'limita-se já de uma primeira intervenção uma vez que, neste processo, as
apffffeiçoamentos. partes em presença são desafiadas a
--__-__%_-_-..-_-_,. _. _

desconfiar do óbvio,
identificar e pôr de lado preconceitos (pré-conceitos) sobre a realidade
l'l ' O que É a Sociologia de Intervenção? i em questão, e
exercer o papel de analistas sociais a um nível superior de objetividade.
h O texto que acaba de analisar
. enquadra-se naquilo que alguns
C amam Sociolo ia de Int ” ' ' -
Caracterizado o problema de forma mais objetiva e o pedido de modo
ramo é uma peisgzú
P va . rias clc`iÊ“ç*Í°
iencias (Ram' ' Has*
Sociais 1982)-
- MEUS
- emdo
(e da Sociologia que
.
parti claro e rigoroso, o interventor fica em condições de poder passar a uma
qufi aSSume a uzrulêncza da influência do investigador no b'
cstudø, C ue a utiliz _ _ I _ . Seu O j€tO nda fase de intervenção. Esta consiste na negociação entre as partes sobre
no u d q a com o intuito explicito de pmduzlr mcjhørias 0 papel que cabe a cada uma na resolução do problema. Dito de outra
d (1 3 ro de uma ética de liberdade e de solidariedade Distingue
, trata-se de uma fase de contratualização, em que sistema-interventor
3 P¢fSPetivanso C1l‹)).ógica
investigador ` l ` tradicional
' ' .° a interferência
que' procurava evitar . -se'
lliitema-cliente terão de chegar a um acordo sobre os direitos e deveres de
0 0 jeto de estudo, de varios modos, buscandg nessa um no processo de intervenção que se segue. A esta fase Rémi Hess
tiva distanciada , um a objetividade
' ' ' z
analoga a. que se julgava
. ”
pgssívej a a definição da encomenda (1984: 7). Aqui o valor acrescentado da
nas Ciências Físico-Naturaisl 14
tervenção exprime-se de dois modos:
'_' V ` '\--_.-..-...___ ....______ _* __ _

S°b¡`¢
SANTOS
¬ 2 questao da ob`etividad
J e d a investigação
' ' ' científica
' - . - Sociais
e nas Ciencias . . em parriçulzz
_
z Boaventu fa S 01188, 19 9 1 , Um discurso sobre as Ciencias,
., . -› por um lado na assunção, por ambas as partes, de que a intervenção
5 a ed Porto, Edi ões Af
DCPÚÍS da revolu_Ça0
adotad ' lflffff
' '
d UZ1d2.Pelo '
princípio' da incerteza
' - `
de Heisenberg," a comunidade
Ç. 1
científica exige um esforço de todos os protagonistas e não apenas do sistema-
0 uma atitude mas
mais com
humilde fa à objetividade.- esta passou a ser considerada,
-
ponto que se alcança não como -interventor;
° um* *W950 que 6 imperioso tomar.
- por outro, na explicitação dos papéis que cabem às partes envolvidas.

158
159
O desprezo por estas duas fiises iniciais de intervenção condiciona nr 1. Precursores da Sociolo S ia de Interven ça"o
vamente todo o processo subsequente em três aspetos:
l)e entre os precursores da Sociologia da Intervenção podemos destacar
- ao remeter implicitamente para o sistema-interventor a respons: neles cujo trabalho, no terreno, visava dominantemente objetivos sociais, os
dade de todo o processo de intervenção, inutiliza-se o capital de ‹ ie procuravam resultados políticos e os que visavam desígnios terapêuticos.
riência do sistema-cliente e tende a ignorar-se a sua cultura, o l)e entre os primeiros, Le Play (1806-1882) foi, sem dúvida, uma figura
constitui caminho certo para a ineficácia da intervenção, como os ‹ irrâinte com os seus estudos monográficos sobre diversos tipos de famílias
relatados no capítulo 2 bem ilustraram; icrárias em que procurou, a partir do estudo aprofundado de casos típicos,
- em segundo lugar, a rejeição paternalista da participação do sisti v _ . , . , .
iitrever os padroes de vida dos operarios da epoca e propor medidas para
-cliente tem como efeito imediato a infimtilização deste, impediu lliorar a sua qualidade de vida Uma das variaveis estrategicas desses estu-
realização de qualquer estratégia conducente à sua autonomização; lii era o orçamento familiar que estudado ao pormenor, fornecia informa-
- por último, o desprezo pela contribuição do sistema-cliente no prol e s preciosas sobre os recursos das famílias e o modo como esses recursos
de reelaboração do pedido e contratualização da encomenda, faz un utilizados.
que este não possa assumir o papel de espelho do sistema-interve; Numa outra linha situaram-se os autores da corrente marxista: primeiro o
impedindo este último de se vigiar relativamente aos seus próprios ñprio Marx116 e o seu companheiro político Engels117, mais tarde Lenin118
dicionamentos culturais. Vlao-Tse-Tung119, postularam que para a melhoria da qualidade de vida
ii populações seria indispensável uma alteração do sistema de poder exis-
Após esta negociação prévia, o processo de investigação-ação continu nc, precedido do respectivo estudo da situação. A intervenção proposta
vários modos, de acordo com as contingências da situação e com a form Ir estes autores difere da de Le Play tanto pela sua tónica sócio-política
teórica e metodológica dos interventores. Ino pela sua postura macrossocial.
Não cabe num capítulo, em que apenas se pretende apresentar a Socf Num contexto intimista de relação médico-doente, Freud defende que a
gia de Intervenção como alicerce do trabalho comunitário, aprofundar ni Llilança desejável (da situação de doença para a cura) passa por um processo
este assunto115. Far-se-á apenas referência a alguns precursores desta corri intervenção em que o terapeuta ajuda o paciente a recordar e verbalizar
bem como a autores mais significativos que categorizaremos em três gru uações esquecidas da sua infância. Deste modo a cura é precedida de uma
Vestigação partilhada sobre o passado. A identificação e análise dos acon-
- os que preconizam a intervenção em pequenos grupos (contexto mi :imentos críticos que marcaram o desenvolvimento psicológico do paciente
-social); Pitas através da intervenção psicanalítica) constitui, assim, parte indispen-
- os que praticam a intervenção em organizações (contexto meso-soc fcl do processo de cura (resultado desejado).
- os que usam a sua tecnicidade em situações mais complexas (ma
-sociais). Sobre a vida e obra de Marx cf. Mc Lellan, D. (1974), O Pensamento de Karl Marx, Coimbra, Coim-
bra Editora.
À situação da classe trabalhadora em Inglaterra, trabalho publicado em 1845, é uma obra clássica de
iuiâtilise sócio-económica com o intuito de entender para atuar.
l".x.: Em Que fazer? (1925, Paris, Librairie de l'I-Iumanité, 1.a ed. de 1902) Lenine propõe as grandes
lllilias de orientação política para os militantes do partido bolchevique postulando a criação de uma
›‹ ›. › _ ..-. «--- -¬ ~-----.- __- ---_- -.-_. -.._ -_-___ -_ -_ -_..- z 7-- - -_... _ _ _ __- - - -- z -_ _ -_-_;-__-----«.--`-.»~ ---..- ----...---.__- -.-M-.-.---_-__-.--...-....-.__-_____ __..
....¬_.._-_.___._..---«...-.-.__-_~...¡.
organização pequena e coesa de interventores políticos profissionais em alternativa a uma organização
115 Para o fazer sugere-se o estudo aprofundado das leituras complementares que figuram no fim dest: maior mas de menor coesão.
dade, nomeadamente as obras de Barbier (1997). de Hess (1982) e de Tavares da Silva (1983) Em livros como Relatório sobre uma investigação feita no Hunan a respeito do movimento camponês
como da abundante bibliografia que se poderá obter a partir deues trabalhos. (1927) e Sobre a prática (1937) in Mao Tsetung, 1971, Obras escolhida: de Mao Tšetung, Pequim, Edi-

160 161
-. __
1.3. A Sociologia de Intervenção em contexto microm) No campo fabril, são conhecidos os resultados positivos das intervenções
'I ' ' I I

I lion Mayo (1880-1949), ocorridas ao longo dos anos vinte, em empre-


Com Kurt Lewin e o seu método de pesquisa-ação em situação de gru I têxteis e de produtos eléctricos. A partir dessas intervenções Mayo provou

com Jacob Levi Moreno e os seus trabalhos sobre sociometria, psicodrai lnlluência das relações humanas na produtividade das organizações,
sociodrama, a Sociologia de Intervençãom ganhou visibilidade nos meios 1il‹› o primeiro de uma série de autores que deram corpo ao conhecido
démicos. Através dos seus trabalhos estes dois autores demonstraram q1 nvimento das relações humanas.
grupo pode ser usado como unidade de intervenção social eficaz, tanto /\ partir dos seus trabalhos desenvolvidos no âmbito do Tavistock Institut
Iimdres, o psicanalista Elliot Jacques publicou em 1951 um ensaio sobre
- mudar os comportamentos (opiniões e condutas) dos elementos qi lrtvcnção e mudança na empresa, em que apresentou uma metodologia a
integram, como para it' chamou sócio-analise (Hess, 1982: 117-125). Para além da aplicação
- operar mudanças no ambiente externo ao próprio grupo. in conhecimentos da psicanálise à analise e intervenção organizacional,
ii técnica difere das usadas pela corrente de relações humanas por conferir
A estratégia de intervenção de qualquer destes autores difere da prec n importante papel ao sistema-cliente. Com efeito,
zada por Freud, entre outros aspetos, porque o campo de investigação pe
ação não é o Passado do sistema-cliente mas o seu Presente (investiga-se 1 'liiila-se de uma pesquisa-ação em que a teoria e a prática são inseparáveis. (O
agir no aqui e no agora). Neste terreno, o Passado e o Futuro do sistema-clii ii um do trabalho desenvolvido com os elementos da organização não se traduz
nao são ignorados mas surgem como raiz e como expectativa do Pres: num) relatório exterior aos participantes mas de um relatório aprovado pelo con-
respetivamente. liiiiio das pessoas em presença, desde a direção aos responsáveis sindicais (Hess,
N82: 118).

1.4. A Sociologia de Intervenção em contexto meso122 Apesar das reservas postas por alguns autores, pode também considerar-se
ibra do sociólogo francês Michel Crozier123, enquadrável na Sociologia de
Em contexto organizacional muitas têm sido as contribuições que vi Icrvenção. A sua estratégia de atuação consiste na realização de um inqué-
tirar partido dos conhecimentos académicos das Ciências Sociais para mI ti clássico à organização em análise e pela posterior apresentação e discus-
a realidade. J dos resultados com o sistema-cliente. A principal crítica que lhe têm feito
lide no fraco papel conferido aos analisados no decorrer do processo, que
ÇÕCS fm Linguas Estrangeiras, Tomo I, pp. 19-84 e 499-524), Mao considera indispensável que a
0 têm papel ativo, 'nem nas fases do pedido e da encomenda nem na reco-
'20 politica seja precedida de inquéritos às condições de vida das populações. I c análise de dados (Hess, 1982: 145-152).
O leitor poderá aprofundar este tipo de intervenção na disciplina de intervenção social com grupos
além das leituras recomendadas, sugere-se, pela sua natureza introdutória, os seguintes trabalhos: 1
Numa linha mais ativa e próxima da sócioanálise de Elliot Jacques posi-
FUS. Catherine (1980), Psicoterapias de grupo, Lisboa/S. Paulo, Verbo; Luft, J. (1976), Introdll Ina-se a chamada escola de análise institucional de que são figuras mar-
dinâmica de grupo, Lisboa Moraes, (3.3 edição); Maisonneuve, J. (sld) A Dinâmica dos grupos, Li
ntcs Lapassade, Lourau, Lobrot e Ai'doino124. Partindo de uma matriz
I-lVf0S CIO Brasil, (c. 1967); e Muchielli, R. (1971) La dynamique des groupes - applications prati
m Paris, Librairies Techniques Entreprise Moderne, ESF. . lrica resultante do cruzamento da Sociologia e da Psicanálise, estes auto-
Seguimos aqui a categorização de 1-less ignorando, por ser irrelevante para este manual, se seria mai
recto incluir estes autores no campo da Psicologia ou da Sociologia. A questão parece ser mais di
Ilnr exemplo, de 1963, Le phenomène bureaucratique, Paris, Seuil e de 1977, Ifacteur et le système,
_ u porativismo académico que de interesse real numa área tipicamente interdisciplinar.
I22 I ) ara aprofundar esta secçao,
, . . . . organizacional
. . |'ar¡s. Seuil.
recomenda-se a leitura de Bilhim, J . , 1996, Teoria :‹ Vide sobre isto, por exemplo, Lapassade, G. e Lourau, R., 1973, Para um Conhecimento da Sociolo-
turas e pessoas, Lisboa, ISCSP, adotado como manual para as disciplinas da Universidade Aberta, .` |ln. 2.' ed., Lisboa, Assírio e Alvim; e Lobrot, M., 1966, A Pedagogia Institucional, Lisboa, Iniciativas
logia da empresa e Comportamento organizacional. i'.‹iitoriais, prefácio de Ardoino, introdução de Rui Grácio.

162 163
_...i...¡íi¡..__ ._
i›n.sr.Nvt›i.viMF.N"I'0 COMUNITARIO

res sublinham
termos a im gliortânci'
Operacionais sistema
sua im:i:r:lLi:lção de pjíndsâriêans
começa o A ' -
:afš:;1::)ÇÂ>§; _
llinafigura interessante _ _ um elo de l1gaÇão
Por constituir _ _
entre a Sociolo-

tituído e fazer emergir o poder instiruinte para depois, por negociação Ílu clássica e a Sociologia de Intervençao é o sociólogo francês Alain Tou-
qmjibmr Os dois pólos do Sistema de poder; ' fiilne que, de 1955. a 1968, produziu uma obra ao mesmo estilo de Crozier,
Mais recentemente Schein 125, centra a sua atenção em termos in eum predominancia do uso. do inquérito como técnica de recolha de dados,
Vos na gestão da cultura Organizacional, podendo no entanto apontar mi que os inquiridos participavam exclusivamente como fornecedores de
o mesmo tipo de limitações já referidas para Crozier. lnlmmaçao (Hcssš 19.82: 152).' . .
Não seria justo terminar esta breve Viagem pela Sociologia de In revolta estudantil de Maio de 1968 relatada por si em 'O movzrnento de
em contexto meso sem fazer referência a um grande psicossociólogo Mam constitui uma ruptura parcial com essa postura. A partir de .entao a sua
guês, Manuej Tavares da Silva, figum pioneira neste domínio 126 tamo obradtem-se repartido entre uma persp.et.1va clássica e a Sociologia de Inter-
termos nacionais como internacionaism. Da sua lon ' ` S vençao no estudo dos movimentos Soclam. . .
. 128 , ressalta um metodo
mente, poucos escritos , _ ga pratica
de intervenção solíe, Entre os trabalhos
. que .adotaram
. esta. última
,_ postura é de salientar
. a. Vida
apoiado pela integração teórica da Psicanálise, da teoria do Gcstalt e f rnorte do Cbzlepopulan diário de pesquisa-açao que relata a sua vivência dos
dinâmica de grupos, e por uma étiga de intervenção fortemente respei illtimos tempos do regime de Salvador Allende e do golpe de Estado enca-
da liberdade e da integridade do sistema-cliente. bcçado por Pinochet' _ _ _ _
Um outro autor, por vezes esquecido, mas que teve uma influência deci-
iiiva na Sociologia de Intervenção, quer em contexto comunitário quer em
1_5_ A Sociojogia (ie Intervenção em contexto macro espaços de cooperação intercontinentais, foi Lebres, a quem se fez. já uma
breve referência na capítulo 4, a propósito do conceito de desenvolvimento.
Têm sido Várias as Contribuições enquadrávcis na Sociologia de In Com uma vida dedicada à promoção social e ao desenvolvimento dos
ção, que se posidonam numa ótica Sóciopolítica para imewir em Con povos (figura .7.1).a obra de Lebret representa o compromisso, entre uma
sociais mais amplgs que os Circunscritos a grupos ou a organizações À Postura doutrinária. marcada pela sua fé crista e pelo empenhamento pelos
lhança das se çoes
” anteriores,
' '
seguir-se-a' uma breve seleçao
- de autores
' excluídos, - e uma sólida preparaçao
- - científica que utilizou como instrumento
Semauvos neste domínia de entendimento da realidade social.

'25 Cir. in Bilhim, 1991,. Cultura organizacional: moda ou pai-adígmag, Figura 7.1 - Breve cronologia de Lebret

anue avares da Silva (1933_1932) em hccnc¡a¿0 em Geografia C Bacharel, Mestre e Doutor em §97_`NaAsçc-Àspssç A ççççççç H
cologia Social. Especialista em dinâmica d e anális ` t ' ' ' -
C grupos portugueses
nheiro e professor de muitos dos atuais especialistas C C ln neste
“vençao °rgamZa°1°nal›
domínio. A sua monf01 1914 - Bacharelato em Matemática
"ã° Pfifmšfiflflwf abundam- obra zszfizz. zzzzâz, no znfmzo, mzfzzâz uma gmçã., de ° 1912- Mista-§ssrES°°1sN#vfl1__ _ __ _ ______ rrrr__
zzz 22 Ízffzzíaízzfijggl afäšfcfãríza Sab§d°ššf› Pf°fS§¡°“fl C hflgëmfl- _ 191§-C9n51ui_°<=flfS9Paffl_<2fi¢i=l__ _ _
zzmpz óz saia. i'vi......._,_d_., _.gTfͧ_,_,“d,'¿'§Sf§ É _Í_fl°§,_Í*§§__'{§§§Iͧ_§§(2§§z“§t de ¿"'§“:m‹fi° _!2%â__:_EsEfa_P_sri_9__flsrisiâ51_9_42§2isise1e__
çação (esçolas de enfermagem, de magistério primário, Centros de Educação Especialioforfiiaëfgâé 1933 - Funda a Juventude Marítima Cristã; Atividade de organização sindical .dos marítimos
C , . . . . ' _ .. "

..ÍíZ;§...§, Z';í;';(;_í°f;'_; ,“*:f;§2_*¿_f_“;_§¿“§;:_;j; z5;í§:ƒ_,í§¿f;f;ƒI;_f;g;,{;“5§g;¿c§*;¿~S‹-¿~0¿§¿§d¿zz¿. F” “'° °“'“P° *°'°“ °-*°-°f“-”' W“*°'-'”“°'*"'”f*“*"-”'f*f*f*-f“-"-


;:,*;°;v§:f;f::;__:;:_g¿1fi;f<;;;5g1;,f.da,Cfãsofl-gi~^~ M. d
' ~ . ' a

' ___ _
1944 - Funda o Centro de Estudos Economia e Humanismo e uma revista com o mesmo nome
A sua contribuição assume dimensão internacional.
no fim âzszz unidade ...fz'.Í~Í,.'ÍÍ_§a,.“Z,§',Í,,,Ê,}.'ÍzÍ'..,Ífiií§.§`l,Í,`1Í_'§Í_'§Í_“;§f,f;`¿,_§“z,§ ijzfma _J945/51__fF.azdiv=fS°°=fib="1°i<!s_°flfli2°-fl@_ÊsisPaséflflke ______________
(comi)

164

s "Ê-_ s _
165
. .l ...

Figura 7.1 - llrevr tt-‹m‹›l‹›¡.z,ia de Lebret (cont) Outro autor que tem tido grande influência no domínio macro da Socio-
1 _. -- I-¬..-.¬_..~.¬»¬-----››_ --.-.--_...-.... ..._-.-......-..

1958 - Funda OJRFED. Publica o .S`uic1dio ou s‹›/›n'w':›‹*m'ia do Ocidente


. ...l.41., ,, .. _ _ .- _- - -¬-«»_¬-__ _ _ _ ___ _ __ _~7-W _f_-_-___-_-_f_-__-, __-_
lojiia de Intervenção foi Saul Alinsky. Nascido em Chicago num bairro de

~â§fiafla~@vkma@2smaai 1;;s eeee s


1964 - Nomeado perito para o esquema XIII (que daria origem à Gaudium et Spes) do Concíli I
lulu. estudou Sociologia e Criminologia na Universidade daquela cidade,
entre 1926 e 1930 onde foi profundamente influenciado pelos mestres
daquela instituição” 1.
«ré-Mmass _e_-ej___ee“e“”_ Seguindo as orientações da escola de Chicago, realizou vários trabalhos de
Fonte: Malley, François (s/d) tampo sobre grupos marginais. Para atingir os seus objetivos de investigação
Iol›re a delinquência, conseguiu penetrar na quadrilha de Al Capone, que
I
0 p e ,.,
G!! udou durante dois anos. Continuando os seus estudos, começa a trabalhar
A técnica do inquerzto-particmaçao, que aplicou pela primeira vez ‹ com delinquentes, tanto na rua como na prisão, registando-se nessa altura
1933 com comunidades de pescadores da Bretanha, constituiu uma imp Í lllna viragem nas suas preocupações profissionais que deixaram de ser exclu-
tante contribuição metodológica para a Sociologia de Intervenção em cO ilvamente académicas para passarem a integrar-se numa linha de intervenção
texto comunitário, não deixando de ser curioso o silêncio de vários auto1 incial.
sobre este fato. Os seus procedimentos integravam os seguintes passos: ' ()s livros que escreveu ao longo da sua vida, de que se destacam Reveille
fiir mdicczit (1946) e Rulesfir radical: (1971)132,
1. reconhecimento da comunidade;
2. seleção de uma pequena equipa de voluntários para a realização de u mostram uma escrita vigorosa, (fazendo) às vezes pensar no Príncipe de Maquia-
levantamento dos principais problemas da comunidade; vel ou num Que faire? aperfeiçoado. (Hess, 1982: 152). A sua técnica e tra-
3. treino da equipa em técnicas de recolha de dados; balho é construir grupos ou organizações comunitárias enraizadas num bairro e
4. realização do levantamento; cujo fim é ajudar os habitantes do bairro a organizarem-se, quer dizer, a defen-
der os seus direitos (Hess, 1982: 129).
5. análise dos dados com a equipa local;
6. difusão dos dados pela comunidade e debate sobre a estratégia ‹
mudança. Figura 7.2 - Ideias-chave de Suicídio ou sobrevivência do Ocidente
z; _ _ z_z _ __ __ ___ _ ._ _ _ _ _ _ _ _ zz z z z z z z _ _ z z z ___ __ __ _ __ _ ,___ ___z.__ _z_____~_z_z_z__z z z z_z _ z z_________z_»__z_z.z.z z_z_z_._ _z_.z_z_z_ _ _z_z_z_ __z_z____z_z_z_z_ _z_z__z_z_-_z_- z z z z _. _ z_z_z

Na mesma linha de preocupações com o fenómeno da planetarização q' _ |'*"= 1 A §iwaÇš9-š9..M9f!ë9____ _ sn


Á humanidade cresce, e o seu crescimento é rápido. Mais de metade da humanidade acha-se na
encontramos em Teilhard de Chardin 129 , Lebret publica Suicídio ou sobr€1
Ásia. onde o seu crescimento
. é mais rá ido do fl ue até ora se ensava ca . 1
vência do Ocidente cujas ideias-chave insertas no índice se juntam na figu
Á Terra é muito desigualmente povoada, muito desigualmente explorável e muito desigualmente
7.2 como elementos de reflexão, por configurarem um trabalho pioneiro ‹ Explorada (cap. 2) l
diagnóstico dos grandes problemas da humanidade, ainda hoje de gran‹ Os povos são muito desiguais face à vida (cap. 3), à fome (cap. 4), à doença (cap. 5) às possibilida-
atualidadelão. des de desenvolvimento económico e social (cap. 6)
' Num mundo que se tornou pequeno, o despertar da consciência, favorecido pelo desejo de saber,
provoca reações de amplitude até então desconhecida (cap. 7)
I 29
Chardin havia construído uma notável teoria sobre a evolução do universo, da vida e da humanida (comt) O
em que caracterizava o tempo presente como uma época de consciencialização progressiva da hun r: . . _ . _ _- ___-.- _-___...__.¬-.í_¬¬-_______.._..___.___.._._..._____-......¬.¬_-____...._..._.._.____.__..__..____.-__._.....___-_-...-.._..-__...._...__...__-.-..---....________.._._-.__.__-¬¬-.-.._¬

nidade da sua unidade à escala do planeta (processo de planetarização). Cf Leça, Almerindo, 191 lg' .Sobre a contribuição da escola de Chicago para as Ciências Sociais vale a pena ler-se o ensaio do soció-
Uma história da vida e do homem sobre o cone do tempo, Lisboa, Academia Internacional de C lo S0 brasileiro Sebastião Vila Nova, 1998, Donald Pierson e a escola de Chi Cago na sociolo 'a brasi-
tura Portuguesa. leira:
A entre humamstas e messtâmcos, Lisboa, Ve ga, sobretudo o ca P ítulo terceiro, PP . 57-102.
1.51)
Excepto, naturalmente, no que respeita às estatísticas utilizadas. W Convém esclarecer que o termo radical tem, para os americanos o sigmficado de progressista.

166 167
,_ ...._.._..¡.¡-í._.._.-.
sot ioioom or iN riiiivxucsko ii t›mNv‹ii viMi‹N io ‹ oMuNi i Amo
t›r.si+:Nvoi.viMtiN'ro coMuNi"rÁi›.io

Figura 7 2 - Ideias eli ii ve tl e Su u idio ou so b reutvêncza do Ocidente (cont )


li no pensamento deste autor evidencia-se, todavia, mais do que em
wiízfzšii - os p zsz'es privi
7 išwdm i ` “W`"
gia os não compreendem a situaçao Odo Mundo ' |bici. a comP onente sócio P olítica, aP roximando-se neste ponto da pers-
O domínio inglês cedeu lugar ao dovmínio ameficano (cap 1) O O 7 7 lvii de Saul Alins Tal como neste autor, encontra-se em Dqlci uâílfiâ
A doutrina do colonialismo disfarçado só poderá conduzir ao insucesso (cap 2) mu ia ao evidente em ensinar às comunidades excluídas, CSUÊIÍ 81215
O regime capitalista, nas suas formas antigas e atual nao permite a valorizaçao racional do c _ ' ' - - A i' ativa
' 136 .
o |eii i e atuaçao, respeitando os princípios da nao violenc a
do Mundo (cap 3)
As civilizaçoes estao a desintegrar se e a revoltar se contra o Ocidente (cap 4)
Parte III - Exigências de uma nova civilizaçao O Atividade 7 2
A capacidade global de aumento da produçao da Terraseria, provavelmente, suficiente face liniabeleça as ligações adequadas entre os nomes de autores (lista 1) e as pala-
cimento das necessidades da humanidade O mesmo nao é verdade, porém, regionalmente (a
l vias chave (lista 2)
A aptidao dos povos subdesenvolvidos para resolver os seus problemas de desenvolvimento
Lista 1 Lista 2
geral, ainda muito insuficiente (cap 2)
Marxistas psicodrama
apacidade de ajuda dos povos desenvolvidos é, consideravelmente mais elevada do que a
hoje praticada, mesmo levando se em conta os custos das políticas de defesa (cap 3) l e Play alteração do poder em termos macro
Moreno orçamentos familiares
É indispensável estabelecer novos modos de relaçoes entre paises desenvolvidos e subdesenvo
Alain Touraine dialéctica instituinte/instituído
O mundo tem a resolver uma nova civilizaçao Nenhuma das grandes forças atuais Poré
imediatamente pronta para essa tarefa H movimento das relações humanas
investigação-ação sobre o Passado
O principe de Maquiavel
A metodologia de intervençao de Alins que se reconhece facilmen Crozier
pscola de análiszz institucional movimentos sociais
delo C de intervençao comunztarza de Rothman (vide supra, capitu cultura organizaCi01'12ll
foi amplamente difundida, tanto através dos seus escritos e prática con socio análise
Lebret fermento na massa
seu magistério, sobretudo após ter criado um instituto para formaçao
d Schein inquérito clássico
balhadores sociais radicais (o IAF Institute)
Elliot ]acques investigação-ação sobre o Presente
Àsemelhança de Leb ret e Alins , o italiano Danilo Dolci dedicou a su. inquérito-participação .
Tavares da Silva
a uma P rática de investi83923o-aÇao, aP ós a sua formaÇao inicial em Ci integração teórica/ética interventiva
É
Humanas e dep ois de um perío do de trabalh o social intensivo com cri ar
adolescentes órfaos, durante e imediatam ente após a segunda guerra muni
O seu método de atuaçao que explicitou em diversos dos seus escri
U
assemelha-se muito ao inquérito-participaçao de Lebret. como n
al 0 MÉTODO PAULO FREIRE PARADIGMA DA SOCIOLOGIA DA
autor, Dolci baseia a sua açao transformadora na criaçao e treino de pi
nos grupos de militantes cívicos que deveriam assumir um papel de fe
ITERVEN O
fm
que leveda a massa134 Dada a especificidade das zonas onde Dolci i '
A complexidade das situaçoes com que o intecçventor so cial se defronta no
ue os níveis
w- ~~¢~‹~-_¬--..- ` ___ -. _-... _ 7 __- -___--Q-_.--~..‹. ›‹.›_...-..--...--..-_---.-.--_ A.. ›_-- -__ ___.. __
'
treno, determina estratégias de diagnóstico e e resp osta em q
Vide, por exemplo, de 1964, Inquérito em Palermo, Lisboa, Morais, e de 1971 Inventa: 0
1
__- -~.- - - __-_:zzz:z¬..-~--.~zzz...z===~zf-___ 7

Lisboa, Morais I
_ I- "_ 0 “_” “_ 0 - ' ' ¡- 3 353; da sua CSIIQIÉ-

A metáfora evangélica espelha claramente as convicções de Dolci que sempre se assumiu como ui l M uitos das suas interven Ções localizaram se na Sicília onde consegl*iu sobrevive p
tlo empenhado no trabalho social glii visar explicitamente autonomizar os grupos de excluídos das maos da Maf`ia .
~ inteira
Recorda se que sobre n nlo violencia ativa. dedicar-se-á uma secçao ' ' 110 final desta unidade.

_ _
I I II I`V\'I IOYIIIY \ H

micro. meso e macro se eiicoiitiem


. ~
devidamente -
inte grados. Vem a pi-oj Figura 7.3 -~ Paulo Freire: vida e obra
POY ISSO, fëllermos uma especial referência ao chamado método Paulo J j ¡
H I, j I ‹ H I 2 ,
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por constituir um verdadeiro paradigma de Sociologia de intervençao ,`m,'


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os tres contextos coabitam numa interaçao
' - fecunda lj .i.ç,~¿.¡je_|.; .:.{.¶.l;.~,],;.Á.la E 1.1.1.1,,wildM_.¡.f,{i].;.¿¿.¡.¡11%¿,,;¿_.,.;,,i: ¡¶.¡,-j M,I,M|,|,w.m.;i‹.`¿W._. ¿¿.|,¿,`,:_¬, W.. ¿,¿_., ,¿ ,._,`.|.i, ~,-__,¡ ¿.:,›,`.'_'.¿: »._,M,¡¿._.|,1¿¿K,,;-,V¡¡.|,¿¡,_¿,¿,.=.¿¡..im,¡l,¿,¿¿¿gÀj|_|,¿¿ ,› I J ç

Nasce no Recife
Dada a importancia do pensamento de t A família desloca-se para jaboatão
S C flUf0r, que se transfG
numa referencia obrigatoria tanto ara as C`^ ' d Ed O ipai morre
P iencias a ucação com (
as Ciencias Sociais em al ' ~ lngressa na Faculdade de Direito de Recife
861' , a descriçao do método será precedida
' dÉ Casa. Ensina Língua Portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz,
breve contextualização sobre a sua trajetória existencial e sobre a ob
I' onde havia estudado.
diretamente produziu e indiretamente estimulou 137 Contacta com a educação de adultos-trabalhadores (Funções
dirigentes no SESI, uma Confederação sindical)
Nomeado membro do Conselho Consultivo de Educação, mais
tarde é nomeado dirigente na Prefeitura Municipal do Recife
2 1 A trajetoria existencial Doutoramento em Filosofia da Educação. Concurso para
_professor ç
F . . Certificado de livre docente da cadeira de História e 1967, Educação como
O rare nasceu em 1921 110 RCClf€› Capital do Estado de Pe nam Filosofia da Educação prática de liberdade
numa familia de classe media (figura 7 3) Com sua mãe aprendreu 3 Destituído das suas funções pela Junta Militar 1968 - Educação e
Asila-se na Embaixada da Bolívia extensionismo rural
partir de Palavras C SIÍUÉIÇÚCS da Vida quotidiana › ainda antes de ter idad
ir à escola, experiencia que mais ' tarde recordaria - como deter ` C Trabalha no Chile como assessor do Instituto de 1968 - Ação culturalpara
. . . _ _ minante p Desarrollo Agropecuário e do Ministério da Educação a libertação
sua estrategia pedagogica de iniciar a aprendizagem a partir de al
P 3.Vl e como consultor da UNESCO junto do Instituto de
mas geradores 5 Capacitación y Investigación en Reforma Agraria
Em 1931afaml i ia d es I - - Professor da Universidade de Harvard (EUA) 1969 - Extensió o
Ri comunicación?
laboatao ' onde FreirP PassaOca se liaila
0 per o o urinaa suapequena Cidade perto
adolescência de
- E l'a ue v1' 1970 - Pedagogia do
dura experiencia da morte precoce d e seu pai e da coesão do núcleo q f' oprimido Í Í
aff
(mae, ele e tres irm ãos) apesar da dificil ` ' ' situaçao
° - económica . inerente
. a' Consultor especial do Conselho Mundial das Igrejas 1977 - Cartas à Guiné-
acontecimento E l a tambem que experimenta e aprende a dar valor à (Suiça). Professor na Universidade de Genéve Bissau
Missões da UNESCO por todo o Mundo
dariedade › con C€1t0 que impregna toda a sua obra de 1980 - Quatro cartas aos
_ uma confiança h U Arnnistiado volta ao Brasil para reaprender 0 país
nista nos seres humanos › arirud e que fascina e seduz aquel es que apoi'ar Professor da PUC-S. Paulo e da Universidade de animadores e às animado-
seus pontos de vista › (1 ue leva os que criticam
' ' . Campinas - UNICAMP Í ras culturais (de S. Tomé)
a sua obra a apelidá-la de 1
Morre a primeira mulher
ica mas ,_ . . _
P que' em qualquer (105 CaSOS, nao deixa ninguém indiferente. Casa novamente E
Secretário da Educação da Prefeitura de S. Paulo, convidado 1991 - A educação na
pelo Partido dos Trabalhadores. Faz reformas no sistema de cidade
ensino público ç
Volta à vida académica na USP, PUC-SP e UNICAMP 1993 - Pedagogia da
esperança
1995 - À sombra desta
Um3 503 obra de introduçao ao pensamento e obra Paulo Freire assim como ao efeito multi 1' d mangueira
pro uziu no pensamento contemporâneo sobre Educação e Sociedad 6 d M ' G d P ma O 1996 - Pedagogia da
c a e oacir a otti ue oll
trará referida no fim desta unidade q autonomia
lili Vc
já a figura 7 4 que sintetiza os rinci ais co II ' ° 7 (76) Morre
P P C¢Ir08 integradores do pensamento de Paulo Freire.
.

(iadotti (1996)

171
. -
Enquanto tirava o curso de Direito, começou a ensinar Língua Po
lIt~gi'essado ao Brasil cni 1980, dedicou-se, conforme afirmou entao, a rgfl-
no colégio onde havia feito 0 curso secundário e casou com uma p
lrr o seu pais, continuando a dedicar-se ao ensino e à investigação-aça0,
primária, Elza Oliveira, uma figura discreta mas determinante em toda 8
iiieiro na Pontifícia Universidade Católica de S. Paul0 (PUCf5P)_P 33
mação e desenvolvimento do seu pensamento educativo.
iversidade de Campinas (UNICAMP), depois tambem na Universida e
Entre 1944 e 1957 esteve ligado ao setor de educação e cultura do _t,¿_ Paulo (USp)_ Dois anos após a morte da primeira mulher volta.a casar
(órgão da Confederação Nacional da Indústria), primeiro como
UHH) com uma amiga de longa data, Ana Maria, tal como Elza ligadadà
depois como Superintendente. Nessas funções ganhou uma forte
i|t.i‹,'ão e que, como ela, teve o duplo papel de companhelfã d€ 2lf€f05 C P
na área de educação de adultos trabalhadores. Após esses anos de
tiras profissionais. _
terreno concluiu o Doutoramento em Filosofia da Educação na U
Num breve interregno, entre 1989 e 1991 e já com.perto de setenta anols,
de Recife. Desde então, a par da alfabetização de adultos a que con
lia o desafio de Luiza Erundina de Sousa, recém-eleita prefeita de S- P3Ufl0
ligado, dedicou-se ao ensino superior lecionando em cursos de Serviço
Partido dos Trabalhadores (PT), para coordenar a políticade €dUCaÇa°
e de formação de professores.
nele gigantesco município. Nessas funções teve ocasiao de orientär iiume-
Em 1956, com 35 anos, passou a fazer parte do Conselho Consultivo
pequenas reformas na escola pública, introduzindo uma nova inamica
Educação do Recife, tendo mais tarde ingressado como Diretor do
jiâirticipação de todos os agentes educativos. A _ as
mento de Documentação e Cultura daquela prefeitura. |:¡j¿ura profundamente carismática pelo testemunho de coerencia eiâtre
No âmbito das suas preocupações com a educação de adultos
que defendia e a prática que gostosa e empenhadamente viveuà eiâou
um método de alfabetização que aplicou na cidade de Angicos (Rio
idores por todo o mundo quando morreu (1997). Indicador o vbpr
do Norte), tendo conseguido resultados muito bons com cerca de 300
iífico e prático da sua contribuição é, sem dúvida, o conjunto de pu 1-
balhadores rurais em apenas 45 dias. O grande êxito da experiência fez
ties que sobre ela se têm produzido, quer em varias centenas de artigos e
que fosse convidado pelo então Ministro da Educação Paulo de Tarso
ios, quer no volume extraordinário de teses de mestrado e doutoramento
para conceber um plano nacional de alfabetização, o que fez, prc
têm vindo a público (Gadotti, 1996: 527-556)-
criação de vinte mil centros de cultura para dois milhões de
(Gadotti, 1996: 72). O plano acabou por não ser posto em prática em
tude do golpe militar de 1964. Atividade 7.3
Sendo obrigado a sair do país pela Junta Militar, viveu cinco anos A partir da breve biografia que acabou de ler e da consulta da figura 7.3 p1'0~
Chile, um ano nos Estados Unidos e dez anos em Genéve. Ao longo cure identificar os acontecimentos significativos na vida de Paulo Freire, que
16 anos de exílio teve ocasião de aperfeiçoar o seu método em contextos terão influenciado as suas ideias sobre a educação
renciados e de o divulgar por todo o mundo, tanto em contexto
micol39 como não académico14°.
. . . ._ ._ ._ . . _ . .. . .- . ¬...››_-__«--~.-_.-¬--_----_._.-.-.-.._--_~‹.--.._.._..__..._.__......¬_._-.---~--.__._--.--- __...._-...¬.-._.,‹.._..---_- -_--------- _--.~.__.._..__..--._..__-..._...-..-._--........---._..‹.~.__...
A obra
'39 Freire foi professor convidado de várias Universidades das quais se salientam as de Santiago do
Harvard e Genéve, tendo coleccionado ao longo da sua vida 28 títulos de Doutoramento
Causa. A o l on o da sua longa vida como educador Paulo Freire _ escreveu . várias
W) Sob o patrocínio da UNESCO e do Conselho Mundial das Igrejas Paulo Freire palmilhou todos os nas dge livros e artigos › feitos sozinho ou em parcefla, tf&dUZ1d05
. em
tinentes, ensinando o seu método através de muitas centenas de intervenções em seminários e
acompanhando diversos projectos de alfabetização no terreno ao longo dos 16 anos em que esteve versos idiomasm. O discurso interdisciplinar da sua obra dominado por
dido de regressar ao Brasil. Por ironia da História, a comunidade internacional deve à Junta
difusão mundial do pensamento deste grande educador. . ii sua obra mais
- conhecida
_ _~ . , foi,' por exemplo, traduzida
' em 20 lí flguflfi .
Ill A ¡.›m/agogia do Oprimido, sem dilvidii

172
173
xi _ ç
. _- Il A
¡:| ul |\v\ | vlivll IV ¡¡ \\:¡vu\ II \l\

E_

referências das Ciências da lil f' fã" l' A ' `^ `


tut.igi‹›. ia ntropologia, Ciencia . . .Í u›ncc|i‹›s
jijkm-¡¡ 7,4 _ Principais j , - .'mttgi
. -¿ido res dO P ensamento
de Paulo Freire (cont)
Sociologia, Filosofia e 'l`eologia. é simultaneamente denso e coloqui
do permanente vaivém entre a sua atividade teórico-reflexiva e a su e '
...... ....__.........,__............... .....__........~ .

. de c ducaçao
- rtadora.- estilo ~ em qU€ 0 Pro fessor se assume
_ , c0m0,_
riigiiu |›|-ulwlematizadora 0% libc d aber usando como estratégia um permanente dial08° Cn
cívica de educador empenhado. a . a O S _ _ r '

Vejamos seguidamente de forma muito resumida alguns dos seu lmnlimm du Êducando na USC A d aião constitui uma das mais imP0rtanteS Praticas Para
(wi vilucilf C C°flS°1°“"âaãa°gF _ 1 9ã7) *_
¡ I 4-' . e

. da liber a c .
pais escritos, procurando extrair as ideias-chave deste educador sobres l"|l“M'| di) *'*””*"""'
` F FF Í adora anteriormente não tgnfada (líledlta) mas POS'
~ . . POSSIPI
' 'lidade de ação trans
› ~ orm ' . . mas al Caflçavc
' is (viá-
venção socioeducativamz. llw VHÍVLI- ” al n ados (inéditos)
~ em diri-ÊÍQO
(viável) ou de açao ' " a ob etivos ainda
tizaçãg umnao C2 Çinédito mas viavel
pf0C€SSO _, . ,_
ou uma meta ine
'
Fwiu um prévio processo e con SCICII ›
. . , -
z - alcan ave¡S_ __g_
~ - - ' ffc UCIIÍCITIÊUÍC
Figura 7.4 - Princ ipais conceitos integradores do pensamento de Paulo Freirel43 um vI¡ÍV¢`l SÊÍQÍ to t f ó icos, ISIO C ln __.çi_,,r
e . P' ~ F'P3Flavra muito usad a pc 1 0 gfu po de educandos _na sua linguagfim
. quotidiana' que
um gcrildflffl- ~ renda gm da leitura C d 2 CÍSema
l

Açao cultural: açao desencadeada pelas pessoas que aprendem a “ler” e a “escrever” a sua rei
«-1 rf
› |››H~I sff2BEÉÊí.P.?iÊYÊÊÊÊ993ee ii
2 ' - aça0
” de reflectir . › procurando o porque^ C 0 Para quê dos objc-
' sobre 0 qué' S6 disse
atuan d o so b re ela para a transformar, assumindo-se como criadores de cultura. llvitiiitlzaçao.
Alienação: situação em que o indivíduo está privado da razão, perdendo o domínio de algo ‹ Iii ›ii|.í|¡fiC- g
p¢ÍrÍr¢ÍflÇ¢ÍÍ(Q9!í§iÇ9Í›Í ¢Í<Í:Ío¶¶Í‹Í5Ítni¢0,ÍÍ‹rulÍru;a, Í¢rÍc-)- Í ÍÍ ÍÍ ÍÍ Í ÍÍ ÍÍ Í ÍÍ Í ÍÍ Í ÍÍ Í Í ÍÍ ÍÍ limlnlti (l99Õ)
Circulo* de cultura: escola nao gtradiciognalgongdefise,pratica a educaçao problematizadora
Codificação: representação de uma situação vivida pelo educando no seu quotidiano através
suflssfli 1P<ífi1s=.==1_(<i¢S¢flhQS›..S!.í4¢§›. sfsleaefiemcsf Padsf Pf9¢.¢<1¢fià_ S9a.Pr‹›bl°a1atí2.asã° ~ como pratica' ' de liberdade
Condicionamento ideológico: processo pelo qual as pessoas sao levadas a desenvolver um tlucaçao d imeira das Suas grandes
portamento automático e acrítico perante a realidade social, sob a forma de opiniões e con Zumo refere Gadotti (1996: 259)› trata 56 a pr
frflfflfía S°.¢i@JiëaÇã°.§_1a.idfelssiaëamiflflflff- '
ii. publicada ' - - almente no Chile,
inici
' I10 ÊXI'lio › e depois em_ vários, Países'
_ sua dlssertaçao para
Consciência crítica: perceção que revela as razões explicativas de uma dada realidade social . . e havia ro osto na
i |~rcire desenvolve as teses qu P P
além da qflssoisefldisieaamisw _i.<§l¢91ósi¢9.fa2 sflfsfldff - '
rssor da Universidade do Reci'fe :
Conscientização: Processo educativo que permite, a educadores e educandos, ganhar uma
ciência crítica. Passa por um triplo processo de observar objetivamente a realidade em quest!
f- ' -
olítico, uma vez que atraV€S ' dela, educando e
descodificá-la comparando o ser da situação com o dever ser desejado, e por definir estraté iai R °d“°a9a° e um ato P ' utro e aPf°n'
- ' ' 1-dade de ensinar 0 0
ae Sua effflflssfermasãv aftarëë dseuma asia Flilfilrfll- s educador em diál0g°› Pfatlcam a hbe
ÍCgultura:é tudo o que as pessoas criam e que aparece como resultado da sua ação sobre o m der com ele; ' am
gqDescodificaçao
_* _ :Í processo
g Í de Í anális
Í Í/ec ri'ticad asgsituações codificadas. U .. z ° um to de libertaça0,
- ›- uma Vez q ue exige um
it educaçao e um instr en
Educar: ato dialógico do professor com o aluno, em que ambos ensinam e aprendem com o de conscientiZaÇã05 .P um des em Socicdadgg
assumindo serem ambos criadores e portadores de cultura. ninguém educa ninguém. .NingudC .. - ntra randes di ic a
eduedez sz' nresrnd /mnzens edncnnz-se entre sz' 1nedz`atinadospe1o mundo (Freire, 1972: 79). uma educaçao libertadora enco g
' ' -
- ~ economiCaS_p f °
oliticas ' ' en formadas por valores B
e sociais
Educação bancária: estilo de educação pelo qual o professor, considerado único det t d
com condiçoes
Saber (cultura), transmite-o (deposita-o) mecanicamente ao educando que o recebe
CI]acriticami
OI' O Cí] padrões culturais autoritarios.
assumindo não ser detentor de cultura.
Í - __ f _ ~f_ ;_»f;_-f::z¬z 7: *_-_ zf;__¬ z, f:__f¬f;_:: f,-_7__¬ â- fz _ 1 _' f; mg
._
.ducaçao e extensiomsmo rur 1968 Cuemavaca México em cojabø-
- - ai
14.: O s conceitos-chave
- - encontram-se explicados
-
.( . -
.ste trabalho foi publicado em
em › _
de Paulo Freire na figura 7.4. Recomenda-se, por i
cruzamento do texto que se segue com o seu estudo ;› com outros autores, Procurando_ registar
_ chilenos
uma cXPcfiênCia de uma
de investiga-
ms' O leitor poderá aprofundar o conjunto de conceitos usados por Paulo Freire em Gadotti, op. dt.1
de temas geradores para a alfabe tizaÇ ao de camp0n€S€S
709-734. Nesta caixa limitamo-nos a transcrever de forma livre aqueles que são indispensáveis ã ~
preensão deste texto. lidade próxima da capital. Nele Freire

174
175
__
contrapõe o conceito ilc educação problematizadora ao de
uz. um dedicado à metodologia dialógica da pesquisa dqs temas g1el'a<10-
ingênua ou bancária, através da formação de uma consciência
(pp. 109-170) e outro à explicitação de uma teoria. da açao c .tur , COH-
por parte dos atores educativos em presença;
umtlo a uma teoria da ação anti dialógica caracterizada pelas ideias-força
- expõe uma metodologia para a pesquisa de temas geradores;
mnquista, de dividirpara reinar, de manipulação e de znvasao cultural, uma
- reflete sobre o papel do trabalhador social no processo de m
tz da ação dialógica que integra os conceitos de co-laboraçao, uniao, orga-
faz diversas sugestoes aos coordenadores dos círculos de cultura
'do c síntese cultural (171-261)- A _
aplicação do método de alfabetização no terreno.
Ao longo do texto nota-se claramente uma convergencias dO P¢I1Sa1T1°nâ°
No mesmo ano estes textos são publicados com outros inéditos ista no que respeita à análise sócio-política que lhe serve de ponto e
humanização da educação e do papel educativo das Igrejas na América ida c da doutrina social da Igreja, nas suas prop0StaS CÍC 1flf¢1'Y€flÇa9¿Eât5l
sob o título Ação culturalpara a libertação (editado em Portugal em 1 piu influência não se manifesta, no entanto, com a mesma intensi a e.
¡ (.|'c¡¡0, O marxismo apresenta-se, para Freire, como um poderoso ins-
Extensió o comunicación? La conscientización en el medio rural mcnto analítico mas não mais que isso. A raiz filosófica da sua praxis É O
Publicado em Santiago (1969), este pequeno livro aborda criti mento cristão, poucos anos antes rejuvenescido pelo Concilio Vat1Can0
conceito de extensão rural , técnica sócio-edu cativa então muito em voga ia que ele próprio dá o seu contributo pessoal,.sendo.considerafíltp POI
en sinar
` ' `
melhores tecnicas '
agricolas aos camponeses. Considerando o ms autores como um dos fundadores da Teologia (la Llbeftaçaf _ °
como estava a ser utilizada como uma forma de educação bancária, llm dos aspetos em que é mais visível tal influencia é,lÊçrr(11 duväla, na
Freire propõe como alternativa a prática de uma educação prob pcnhada opção por tuna intervenção social nao-violenta ü , a qu a sua
sobaforma d e uma comunicação nos dois sentidos entre técnicos sobre a necessidade de libertar o opressor da sua condiçao de opressora
camponeses. da libertação do oprimido da sua condição de oprimido É Um CÍOS Sinais
is visíveis146.
Pedagogia do oprimido (1970)
Este livro é, sem dúvida, o mais conhecido e traduzido deste autor. Os registos africanos Q _ dd es 8 às am_
-se de uma obra de maturidade em que são sistematizadas as principais \ ' '
lim Cartas a Gume'-Bissau (1977) C “aff” Cart” “O5 am
m '

de pensamento desenvolvidas em escrito s anteriores, mas de forma mais culturais. República de S. Ybmé e Príncipe (1930), PaU10 FYCÍYC Pf°'
tematizada. Em resumo, as suas ideias-chave contidas na Pedagogia do aplicar a sua teoria da educação dialógitta C da 39” cultural a° mn'
mido são as seguintes:
- ' ' " f - erentoriamente: Paulo
- o principal objetivo da educação é libertar o oprimido da sua co /freire, desde o iníciofoz e e considerado um dos pazsfim ff-Y gi _ de
4 C f t de vista as semelhanças que se encontram entre os seus escritos e os
de oprimido e o opressor da sua condição de opressor (p. 41); li' 97' On “mam este Pon O ' ' D Hélder Câmara, arcebispo de Olinda
liguras conhecidas da então chamada Igreja progressista como . . ' B_ d
- ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os . (vide
¡. R¢,¿¡f¢ . por exemplo, 1968, Revoluçao ~ degtro daliiiretiara
, S a b 1 á) c D. António Fra8oso, iSp0 C

libertam-se em comunhão (pp. 37-78); (Írateus, 1969, Evangelho e problernatzca socia , Zaha, - der eia farm das armas. Bmw desdejovem a
.Í”'”'¡¡5 filüu ou foi adepto da violencia ou da Í-om 1, .0 Pionediídds Pela Prática educacional que P0de ser
- ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo: os
"Íllectir sobre a educação e a se eflgaám: "Ê Ííoííilial 42) Para entender melhor esta opção, vide a
educam-se entre si, mediatizados pelo mundo (pp. 79-108). transformadora (Frclrc, A- M, 199 › 1" a ° ' ' '

última Secção adeste


l*`.ncontramos mesmacapitulo.
tese em D . Hélder Câmara'. ( ) desenvolvimento
I[4 ., para nós é batalha sagrada e sem
A par destas três ideias centrais, Paulo Freire retoma a temática da , _ - ' ' s a _ udar os sub-bomens (quer
/""”“" superando em abmlutzdeie:llolwmmt0s¡{.la;cl¿1'z¿ud:‹:iindi:1:f;:Ç‹£u;:lbnZg0ritmo) a viver o desenvolvi-
tização já iniciada nos seus anteriores escritos sistematizando-a em dois .fr trate de subumanização pe ml! ”¢› qu" fe a e
memo integral (...). Câmara, vp- vit-› P- 9-

176
177
l J _. _.
_..‹z_~zz:=z:-n- z

texto de cooperaçao entre povos de dilcicntcs nacionalidades e cultura ‹› cuidado em dar voz aos agentes educativos que normalmentea nao
prática reflectida foi a da coopcraçao entre a sua equipa e a das Jovens Fu têm (nomeadamente estudantes, professores e famílias) atraves da imple-
blicas da Guiné-Bissau e de S I`omé e Príncipe acabadas de ganhar a mentação de um modelo de gestão democrática das escolas públicas;
independencia politica ‹› esforço de uma reforma curricular adequada as novas necessidades
Na primeira obra começa com uma lon 8a introduçao em (1 ue o a dos educandos; _ _
procura adequar as teses das suas obras anteriores, empiricamente ali Cl zi atenção aos pequenos pormenores que integram a qualidade de vida
das em projetos-piloto, a escala de um pais. Seguem-se ezasseis cartas a N nas escolas (instalações, equipamentos, etc.);
Cabral Comissario Nacional para a Educaçao e Cultura, e a Com 1 âi dinamização de associações educativas pela criaçao do Movimento de
Nacional de Alfabetizaçao A principal tonica do livro reside na ideia qu lovens e Adultos de S. Paulo.
processo de ajuda internacional, ajudados e cooperantes se em en
numa relaçao dialo Eica, evitando situaÇoes de educaÇao bancaria decorrC
Figura 7.5 - Ensinar exige
de atitudes aternalistas ou infantilizadas147 ,, .. ,. . i- - t~ _ -f -‹ ,_,z › . ,._, -,, ,;=z,››- fz.-=-_'érz'af.=.¡=â zL-51"â'_is,›=,‹**‹¬‹=^,-=¿-z‹.===¡' _ - .
‹';:s.\f':-f*'z'§...š
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:'_`~'.'=,*ifi¬'='Em'‹~5*ä'if¿i3“f'*'I'â's‹"zi=¬‹'$Í=.ãf¿'
_. _ . - ,.=z‹i‹f'i.,¿.;iz,››¬
. ¬ . z , z- ..=i=Ê¡Y='J§ .fizff-"z.,('},|zr«Ff-'¶'¡'¡l=i‹iz§'=.1,_1n7,i¡ri~"ͬJ=z§¡=rr?¢5,ƒ›,,i¡:›z1'E-‹:,-1riëif-5.5,›z.¡z,-,-,¡zi,:z-..,L.:fg
,,',-zLiš›ir.I¡P,-;,fi'f
ÍL*¿f-"~1~%v.^~ iâ?s'.fl¡'é'¿f.-_¬=,›=`-'_i'E~'š" ~›,z,=?-¬'
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_.-,à:.fziz,¬-1.
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-'¬ I* ~ 'I' / ,Ii i' ; ~ ~i;i-:PS5-#¬ií*'r' =~=1¢;',',“;~i*'~===§z*.i ?.w%*,'É'»'1¿'i.rz=§›=#-'-7.' -;;1.f'ê¿3=¬f..'z>.+.>#€z'à=7.'‹ë.=.›*.,':=,.-^›-ffiâeaHifé*rfifiêzgiâ:!šÃ?ëiw›y.'zfi=#Yf'gififnaäfif5%fà%a="5:fH¡Êfia=*ë#äêzf'.rëiaf:.<«'.=\ii@1rf‹éâí=§§f*uév.=í==â'.z~êi#ie1f#.iã'¢f'Iá@§iv,nt'z'f'~;¿7rb‹E,'*.âzàf$i'hs'.í¡'.=?‹*rá-:We-ie*wäfiwf×rf1fffé~i:,ü~f=§¡‹'àffü'.?z
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i i".!:¬-.¬"1iäfiwãšifzëfl'fià§iâ'fs.'1?'f‹=i'iu;-.-i.='.ii'fâ.ã#=›i.'.=kz'z!f-'ê‹'šz!f»fi*-›iêf.ifi@fifl¿?f-¢fiaznafm-É-az¿:.=.-›'H'fzêz.a=!iif¬,'›='.=ef¿f\-é,'Éiflé-za›à='¿'-@fl:,a=.L~§.'.=.=zvw
.i . ‹iz'¬§i.¬^-U*‹' .f‹41'
Na segunda, retoma um dialo o e istolar com os animadores locais,
i"-'Ê..ƒ. ,v1z¡1_ _-i- I-iz._¶ -1. äfiš ii._ .i. .. ¬ . .. . i .. _ ,nie .i ›,.z z 1, 1”. ii i.. ¡›= ¬ .wi L ... r
. ,‹~í`~"'l~:,.i-1121.*`i
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..› ".“ . .-"~-=¬z*›-#‹”=‹=-#1”-' ‹›-‹--”*==`=z~"f"r"'f'-* "-" “ *- ' ' *- '

curndocml
a o e es rfl e ec ti r a sua experiencia da criaçao de circulos de cull Nm» liií docência sem - Rigor metódico, pesquisa, espírito critico, risco, aceitaçao do
¡,“ im ¡.¡ novo, crítica sobre a prática, estética
- Ética, encarnação das palavras pelo exemplo, respeito pelos
As obras da reaprendzzagem do Brasil saberes dos educandos, rejeição de qualquer forma de
Foi dito atras que, ao regressar do exilio, Paulo Freire afirmou ser seu discriminação, reconhecimento e aceitação da identidade
meiro objetivo querer reaprender o seu P ais, atitude sabia es fl uecida com cultural
quencia pelos que, por contingencias varias (de natureza económica, pol í Íiininzir não é transferir - Consciência do inacabamento, reconhecimento de se ser
academica, entre outras), estiveram afastados do seu pais de origem uuliecimentos condicionado, curiosidade, aPf°cn5ã° da f€€llÍd2<l€› b0lT1 SCHSO,
Os seus ultimos escritos148 reflectem justamente esta atitude curiosa e humildade, tolerância, alegria e esperança
ca que e uma das caracteristicas de toda a sua obra - Convicção de que a mudança é possível
Em Educaçao na czdade (1991), sao compiladas diversas entrevistas - Respeito pela autonomia do educando
registam a experiencia como Secretario Municipal da Educaçao de S PÉ - Luta pelos direitos dos educadores

Nele observa-se o modelo politico e educativo adotado, em consonanciai Liiuiiiâir é uma - Segurança, competência profissional e generosidade
as suas teses Em concreto, regista-se ¡||im'ificidade humana - Compreender que a educação e uma forma de intervençao no
mundo, reconhecer que a educação é ideológica,
comprometimento, tomada consciente de decisões, liberdade
e autoridade

__ -___~ .,.__._-...-_..- _._..___._,___._._.._-.-.-~-um


- Disponibilidade para o diálogo, querer bem aos educandos,
saber escutar
Os resultados das campanha da Guiné foram bastante desanimadores (Torres, 1996 in Gadotti, ø
p 137) provavelmente devido ao erro voluntarista de se haver querido alfabetizar na língua da J
um |:¡.¿.¡¡¢_ Paulo (1996), Pedagogia da autonomia, S. Paulo, Paz e Terra, 5.” edição
nistraçao, o portugues, em vez de se adotarem as línguas maternas dos educandos Vários estudos
bilinguismo tem apontado vários contras a essa estratégia, se bem que a segunda nao seia isenta ‹
ticas, uma das quais a de que a alfabetizaçao em lín 8ua materna só tem sucesso a lon SP
o razo ql
essa língua tem um suporte escrito utilizável no dia a dia Em caso negativo os alfabetizados de Na. Pedagogia
' da esperança ,- um reenco ntro com a Pedagogia do oprimido
transformam-se em analfabetos funcionais de Amanha l ]9)3),
i ' sobre a re al`d
procura reflectir 1 ad e l atino
` - americana nos 25 anos C1ue
Há outros escritos importantes desta fase como Pro mora sim, na não (1993) e Cartas a Cristina (1
que nao se comentam uma vez que a sua temática transcende a deste manual
' `
mcdlaram 35 duas 0bfaS› retratando dlversas luta
s sociais q ue ent ICÍHHÍO SC

1.79

......ami-__ .....'.4fi|fií|í _
l)ESENVOl.VlMEN"l'O (Í()MUNI'l'ÁRlO

tfavafãm. Tal reflexão continua


' em À sombra desta mangueira (1995
Pf°CUf0u
A desmistific
y ' -
ar as teses do neoliberalismo dos anos noventa 1 É 4. Concepção de materiais educativos que integram
Sua conce ao sobre o a . - fichas-roteiros com os temas e palavras geradores decompostos em
tor Social e poíídco _ t Pel do CCÍUCQCÍOI, que concebe como inti
mcmqp _ , sin etiza-se
' num p e q ue no livro
` '
publicado pos famílias fonéticas
am 6 30314 da ¢W0”0m1¢ (1996) de cujo indice se fez um ada '
da . , . -- materiais icónicos (desenhos, slides, etc.) que codificam as situa-
P 3 Construção figura 7.5. F ções reveladas pelos temas e palavras geradores.
..._-.\""._

$. Desenvolvimento do trabalho de alfabetização que envolve, em cada


L ` z- . não
em mm afenÇ30 21 figura 7 - 4 - A partir del a procure construir um m
°eP¡Ufll do pensamento de Paulo Freire apa co ti apresentação de um desafio ao grupo sob a forma de uma situação
C Úmplete o ma a conc codificada;
texto _ P _ eP tual
_ com outros conceitos que tenha encontrado
Rel 'Inas nao estejam registados na figura 7.4 r a animação do grupo com o objetivo de descodificar a situação (tema
acione cada um dos. conceitos
autor ~ ' . do seu mapa icom os respectivos
- escritos
- gerador) e de fazer emergir as palavras geradoras;
e com as condi Ç oes existen ciais
figurflõ) ' ` em que foram produzidos
- . d
reveja trabalho com o grupo sobre as palavras geradoras desmontando-as em
bocados (sílabas), descobrindo as respectivas famílias (através de combi-
No máx'imo numa á in
- - sobre a sua conce , d
im _ p g a A4, procure reflectir nações de vogais) e encontrando novas palavras e frases através da sua
efvëntor
O pa I social
. , confronta
_ ' °
ndo-a com as exigencias
^ que Freire Pçao
- defende pai- combinação.
conãe de fnflmlfiff, Seja professor ou não (figura 7.5).
tulo 2.Onte
Em as principais teses
I de Paulo_ Freir com o mapa conceptual do capí
e À medida que o trabalho vai avançando e o grupo vai adquirindo maior
que aspetos e que a qualidade da intervenção social é melhoradi grau de conscientização, vai conquistando a autoestima de quem des-
mm as propostas de Freire?
~ 1 ..._ -.. -...__ _ "
cobre que é possível ser sujeito da sua própria história e não mero
___-`-..--¬.-_.___, _ ...
objeto de uma história concebida por outros. Através deste processo de
fortalecimento progressivo, o educando deixa de estar alienado da rea-
2'-3' O método Paulo Freire lidade que o envolve e passa à condição de cidadão, empenhado numa
dupla luta, de se libertar da sua condição de oprimido e de libertar 0
Um 3 Vfiz apresentado o autor ' '
F e a sua obra, identificados os se opressor da sua condição de opressor, este último oprimido pela desu-
postos ilgsóficos e ex li - . . us P¡`¢8l
memo P citadas
. ~ as id eias - chave que orientam
° o seu en^ manidade do seu papel.
ost › Csfainos em condi çoes de entender o metodof - ãoP
de alfabetiza
57rare,
_° P°f este educador, mundial
que se Sumari
' , Ç Pi
_ mente conhe cido como Metodo Pa Em resumo, para Freire a educação é um ato político em que o ensinante
za nas seguintes etapas: I
mvida e ajuda o aprendente a meditar sobre a sua condição humana, assu-
1.Levflntamento do univ - indo-se como seu recurso para que ele se possa superar como pessoa -
futu erso vocabular dos grupos que inte rarão
ros educandos. g i :scobrindo que é criador e portador de cultura - e possa ultrapassar os cons-
2. Sele " . lngimentos sociais que o limitam a fim de se tornar um cidadão de corpo
3. CríaÊ:i° ie Palavras geradoras a partir do levantamento efectuado.
0 de temasdgeradores a partir teiro.
“veis de _ das . duas e tapas anteriores, susceä
_ esenca ear uma análise crítica da situ a ao
" exist
' '
P°PUl&çao-alvo. Ç anual
_.

lfll
Atividade 7 S Às duas ideias-chave que assiiialiímos na definição - acréscimo de poder e
Observando a realidade do l ou I oiii I e vive (tonce lh o, freguesia, bairro) Lliieiiio de eficácia do exercício da cidadania - servirão de guia para a breve
cure fazer um levantamento exploritoiio do volume e característic Modiição ao tema que se segue.
a
populaçao analfabeta Seguidamente, só ou em grupo, simule(m) qu
Í
desenvolver um projecto de alfabetizaçao para esse grupo-alvo ue p
daria de acordo com o que foi dito nas páginas am¢;¡0¡¢S> 1 Raízes do empowerment

Ucscrevendo o poder como uma capacidade para

í)OIíÍ:E'Iš)O\X/ERMENT E ADVOCACY DOIS CONCEITOS INT ii) influenciar o pensamento e o comportamento dos outros,
li) icr acesso a recursos e processos disponíveis e capacidade para influen-
ciar a sua distribuição,
O processo de progressivo fortalecimento individual e coletn i) tomar decisões e fazer escolhas próprias e ter capacidade de as pôr em
encontramos no centro do pensamento de Paulo Freire, alias como de p rática,
epresentantes daquilo que se tem chamado Sociolo ia d I rv tl) vigiar e resistir, se necessário, ao poder dos outros (Pinto, 1998),
g e nte
remete-no s para dois conceitos atualmente muito utilizados. o em ow
objetivo do empowerment é, justamente, possibilitar ao sistema-cliente
e a advocacy 149 De acordo com Carla Pinto (1998) o empowerment P é'
liii se de um acrescimo desse poder
As origens deste modo de intervenção são antigas, podendo dizer-se que
Um processo de reconhecimento, criaçao e utilizaçao de recursos e de
I 6 resultante de diversos movimentos sociais que, em vários tempos e de
mentos pelos individuos, grupos e comunidades, em si mesmos e no meio r
losl. modos, procuraram que as pessoas assumissem um papel ativo na
vente , q ue se traduz num acréscimo de poder - psicologico, socio-cultura
tico e economico - que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia do mirução da sua história pessoal e coletiva. Constituem exemplos desses
da sua cidadania (negrito nosso)
exi Dviinentos (Simon, 1994, cit. in Pinto, 1998) 151..

a revolução protestante, o capitalismo mercantil e industriallsz, os


Surgido em finais da decada de setenta do seculo vinte nos Estados movimentos transcendentalistas e anarquistas, com a sua doutrina de
L
no trabalho de Barbara Solom 011, BlaCk empowerment soczózl work m opj
responsabilização de cada indivíduo pelas suas opções e com a crença
communztzes, este conceito tornou-se nos ultimos anos uma palavra ma nas possibilidades humanas de autoaperfeiçoamento;
Í

domínio da intervençao social15°, associada habitualmente a interv‹ a democracia Jeffersoniana, as experiências de comunidades utópicas e
social com grupos populacionais particularmente vulneraveis (m os vários movimentos de alargamento dos direitos cívicos, económicos,
uli
minorias étnicas, infectados com VIH, outros doentes, desempregados) sociais e culturais, com o seu apelo à cidadania ativa, no contexto da
defesa dos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade.
‹ _““ “”`“ """"` "`""""“'*“"*~*---
Na presente secçao procura-se sintetizar o excelente artigo de Carla Pinto (1998) cu¡a idem
encontrará em lezturas recomendaz/eis Uma vez que a designaçao inglesa dos dois conceitos é un
mente utilizada e nao tem tr d ( omo refere esta autora, convém salientar no entanto que, alguns dos movimentos referidos tiveram
Na mvcsn a ao ue f b a “Ç” direta Para P0ffUgl1€S› optou-se por manter a terminologia Oleiros perversos de disempowerment. Foi o caso do capitalismo com o seu contingente de problemas
1 abundanãcçunlqza aãzãp tre o assunto, Cârla lfänto aponta dois indicadores sugestivos que comi
s e con ceito na asc c dados Pro uest Social Sciences, encontrou 1 Iociais acompanhados de uma alienação de grandes massas populacionais reduzidas à condição de obje-
b Ç
gos so re esta temática, publicados entre 1988 e 1997 por seu rumo na X] Çonferêncm Imcm tos da História.
Un dois movimentos apresentaram muitas ligações como bem o demonstrou Max Weber na sua obra
905” 51 DA (VHHCOUVH, 1996) 101 abstracts fazem referência ao conceito
Lliissica sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.

183
_ .._.
""" ""“V"""" 1 ø\'IVI\JÕ`IIf\Í\I\l

~' ~›-vivi
DES ENVOLVIM ENTO (`.( IM UN ITÁRIO

Mais YCCCHWTICMC. e iii após ii segunda guerra mundial, consti liiir conceito merece uma chamada de atenção: se o sistema-interventor
influencias importantes para o desenvolvimento da ideia de empowem
iiliiir a representar o sistema-cliente untodos decisores sociais (políticos,
seguintes movimentos sociais:
liiisirativos, económicos, etc.) corre o risco de criar uma nova forma de
triieialismo, ainda que sofisticado. Para que tal não aconteça a advocacy
- movimentos de luta pelos direitos cívicos como os do Poder Negrc
i liiiitar à sua componente de representação, uma perspetiva socioedu-
dos Unidos), os feministas e os que defendem a emancipação de
fii. de modo a que o sistema-interventor caminhe de um papel represen-
grupos excluídos como os dos homossexuais e pessoas com defic.
ti de cunho mais diretivo, para um progressivo apagamento desse papel,
- movimentos anticoloniais, como o promovido por Gandhi para l
|didii em que o sistema-cliente assume a sua auto-advocacy.
pendência da Índia153, por Fanon para a Argélia, Nyerere para a'
nia, Amílcar Cabral para a Guiné-Bissau e Cabo Verde;
- correntes da nova esquerda com o seu apelo à democracia partici] Metodologia do empowerment e da advocacy
alicerçada na crescente consciencialização dos cidadãos;
- movimentos de autoajuda constituídos para fazer face aos novos p , partir de diversos trabalhos recentes (cit. in Pinto, 1998: 21), regista-se
mas emergentes do processo de mudança da sociedade contempo I Ã _ A . . . . .
l iiii eonvergencia de pontos de vista sobre os princípios orientadores para
- correntes de renovação religiosa, como as de diálogo ecuménico 1 lica do empowerment que se podem resumir nas seguintes orientações:
teologia da libertação;
- novas correntes de intervenção social incubadas em ambiente estabelecer um relacionamento de parceria com o cliente encarando-o
' i
mico e exportadas para as práticas de intervenção como a Sociol O como alguém com direitos e deveres, potencialidades e carências;
Intervenção, atrás referida; o movimento de reconceptualizaçi dar ênfase e centrar o processo de empowerment na perspetiva da
serviço social ocorrido nas décadas de 60 e 70 na América latina expansão das capacidades, potencialidades e recursos, do cliente e do
comp; teoria da aprendizagem do comportamento impotente, de iieii meio envolvente;
man , inserem-se também nesta tendência. manter uma abordagem dupla cliente-meio envolvente, isto é, contex-
tualizar sempre o cliente e a sua situação;
procurar direccionar de forma conscientemente seletiva a prática para
3.2. A advocacy populações historicamente marginalizadas e oprimidas;
não apressar o ritmo necessariamente lento do processo de empower-
Associado ao conceito anterior surge frequentemente o de advocac) ment nem deixar-se levar pelo desencanto trazido pelas dificuldades
traduz a ação do sistema-interventor em defesa ou em representação tl desta abordagem. O processo de empowerment requer quantidades
tema-cliente. substanciais de perseverança;
definir programas e intervenções com base nas necessidades e preferên-
cias expressas pelos clientes e pelas suas comunidades (Pinto, 1998, 21-
I . _' l l -Q---__--Qi-__--›."-`-__-'-"`-i--_-""--..-_.-`-_-"`_-_`I-`_.__--`-|_--."___I__"›_-I--'-`_--__':'~"_""""'_""`“_°""_“'.°-".fiOlI

Kia ultimâ secçao deste capítulo poderá aprofundar o pensamento de Gandhi -25, negrito nosso).
isfi . teoria
- a aprendizagem
. _
do comportamento impotente _ _'
sugere que «os indivíduos que exper _
situaçoes onde as suas ações não têm qualquer efeito sobre o que lhes venha a acontecer são ui iecorrente da multiplicidade de tendências que lhe deram origem, o con-
nados a não esperar dos seus comportamentos resultados úteis, na maioria das situações. Este
eo
comportamento impotente apresenta deficits aos níveis motivacional, cognitivo e afectivo. Se 0 › de empowerment não é consensual. Como conceito-moda que é, tem
duo não espera conseguir influenciar uma dada situação na qual esta envolvido é provável que muitas vezes alvo de apropriação por parte de correntes político-doutri-
motivação para agir de todo» (Pinto 1998: 16).
is antagónicas, que 0 utilizam como arma de arremesso para defenderem

1 84
185
_ Í¡..|__
05 seus P°m0S d¢ Vlfifflm. lim siimâi, apresentando virtualidades not ii de :itropelos aos direitos cívicos, são alguns exemplos atuais, que reque-
nomeadamente Para G Ptrspetiva de intervenção comunitária que dei iii dos sistemas-interventores estratégias adequadas de abordagem, sem as
mos como modelo C de Rothman (ver capítulo 4), há que utilizar este: iiiiis. ou se mantém o indesejável status quo, ou se geram processos de
Concelms ff as Csffaféglãfi 1 que apelam com prudência dada a ambival 'iiiide instabilidade configurando várias formas de violência.
de que sao portadores. ll. iicste contexto que se situa a Não-Violência Ativa (NVA), estratégia que
i iii
- brevemente descrita ' nesta secçao.

4. A NAO-vioLÊNciA ATIVA, UMA i=.sTRATEciA DE INTERVEN


P'
P

sociAi.1fi6 . I . Aspetos conceptuais

Para se entender corretamente a estratégia da NVA, é importante reflectir


F0! dito atras que os processos de intervenção social em comunidat
iii pouco sobre as situações que constituem o seu alvo de atuação: todas elas
Cflllílm, COH1 fl'€qU€I1Clfl, com questoes ligadas aos respectivos sistem
A . ' u o

iiiíiguram um quadro de violência que se pode definir como um fenómeno


poder. Isto e obvio se pensarmos que grande parte dos problemas soci
Í I °

Iviiil pelo qual pessoas e bens são parcial ou totalmente afectados na sua
f@laC10flam C0IT1 d¢Slgl11ldades de acesso aos recursos, necessários a gai Iiegridade funcional pela força, situação essa considerada condenável à luz
a qualidade de vida das p0pulaç5¢S_
oii direitos humanos internacionalmente aceites (Carmo, 1983: 10).
Como consequencia desta situação, intervir numa comunidade sigi
lista definição permite chamar a atenção para os seguintes fatos:
alterar as condiçoes de acesso a esses recursos (materiais e imateriais)
muitas vezes eles sao escassos ou, ainda que o não sejam, quem os teri ea violência resulta de um jogo de forças entre dois interlocutores -
z- ¡ 1 .
€XC€SSO nao esta disposto a partilhá-los com quem os nao tem, muitos quem a exerce e quem a sofre;
Gessos de intervenção social confrontam-se com conflitos de interes si é uma situação em que o poder, concebido como uma relação entre a
difícil resolução. capacidade de obrigar e a vontade de obedecerlõo, está desigualmente
Questoes de distribuição de terras e de água em processos de reforma distribuído em favor de quem exerce a violência;
- 157 , conflitos
ria - entre fazendeiros
. e indios
, . da Amazonia, , . tensoes
_ urban ~ apesar de ser uma situação condenável à luz dos direitos humanos inter-
a
torno .da posse de solos para diferentes utilizações158, movimentações p nacionalmente aceites, não deixa de ser um conceito relativo na sua
lares hgadas à ClU€SÍ30 dO ambientel59 e situações de instabilidade deco operacionalização: no plano individual, aquilo que uns poderão consi-
derar não violento é, por outros, considerado violentolõl; num quadro
155
mais amplo, aquilo que numas sociedades é considerado aceitável num
šlm exeqrliplo âlaíp diSt0 É 0 USO deste estilo de atuação, por parte da corrente neoliberal, para
sua FP o dtica e 1m1m11Ç20
` ` ' . _ _ dr quadro de paz social, noutras poderá ser tomado como um violento
mtcivençao estatal - Em contrapartida as correntes de esquerda ui
para un amentar as suas politicas de fortalecimento de populações vulneráveis no sentido de gaii atropelo aos direitos humanoslóz;
capacidade reivindicativa face ao Estado ~ para subsistir, a violência exige a manutenção da capacidade de obrigar
156
Para a P_rofund Há ¢Sf¢ P°flf° vlds
O ' Carmo (1983). Muller (1972, 1997, 1998) fz vasto (1971)
I57
A movimento os .äm terrã no Brasil inscreve-se neste tipo de problemática e da vontade de obedecer;
158
tr s uos
movimenta
_ I Ç õe S os reâl' cntcs de bairros
- z - contra a construçao
de classe media - de bairros
. soci. 3
lg ' eavioentar
T ' '
caçao ecomuiiidades - ~ de minorias
contra a instalaçao - - nas suas imediaçoes,
- - - sã
O l Sobre este conceito de poder vide Moreira, A., 1979, Ciência Política, Lisboa, Bertrand, p. 152; e 1986,
p os signi icativos de conflitos de interesse neste domínio.
15') ° A - . () Pacifismo, Errados Político: e Sociais, Lisboa, ISCSP, vol. XIV, (3-4), pp. 5-30.
Êzlcâígclä <il“°~m° à instalaçao de sistemas agressores do ambiente (estações incineradoras, c l lix.: os diversos modos como são encarados os castigos corporais aplicados às crianças, considerados vio-
desastre . elóras' e a(erroÊ
t ' ° habitaçoes
sanitarios, ' - em zonas protegidas, - - decorrem
etc.) e tensoes lentos em certas sociedades e meramente educativos noutras.
s eco _ gl c95 maf S flflgras, descargas de efluentes não tratados, etc.). sao
- alguns exem
questões ambientais em que os conflitos de interesses são evidentes. F l l°`.x.: os diferentes modos de se encarar a pena de morte e os trabalhos forçados nos quadros normativos
de diferentes países.

186 187
r
Os quadros de violência não têm todos a mesma origem: de acord real: por um lado, resistência, é um termo que está ligado a uma estratégia
Hector Valla163 esta pode ter origem numa ordem social injusta (vi‹ tlelciisiva. Por outro o termo passiva vai sublinhar essa conotação dando .a
opressora)164, protagonizada pela ação direta do Estado (violência estai lilvizi que se trata de uma metodologia meramente reativa e desprovida de ini-
mais subtilmente por um sistema normativo ilegítimo face aos d tlziiivzi. Ora, a verdade é que se ela é desencadeada por uma. reação a uma
humanos internacionalmente aceites (violência institucionalizada), ou lliuzição considerada injusta, tem como pressupostos um projecto de socie-
na reação a essa ordem social (violência subversiva). tliiilc c de homem novo bem como uma metodologia própria, o que lhe con-
Um indicador de violência estatal é a muito denunciada imput ii¬rr um cariz fortemente dinâmico e antecipativo (Carmo, 1983: 12-13)-
com que alguns organismos do Estado agem na sua relação com os cid
Por detrás deste comportamento está uma conceção do papel da políci
outros órgãos de segurança, que acentua a sua função repressiva em 1 lÁ.2. Fundamentos filosóficos da NVA
sua faceta de apoio e garante da segurança do cidadão. A violência ‹
l . _ - - ~
tem-se observado sobretudo em algumas áreas críticas como durante ~ As raízes desta estratégia sao muito antigas encontrando-se alusoes a este
trução criminal e no interior do sistema prisional. Nalguns países a m Iiiuilo de atuar em diversos textos sagrados do judaísmo, do cristianismo, do
aparelho estatal estende-se mesmo a ações clandestinas como as operaçi lllimismo do budismo e do hinduísmo. A atuação dos primeiros cristãos
Õ 3

extermínio de grupos marginalizados. Íiicc aos seus perseguidores é um exemplo da antiguidade desta técnica e,
A violência legal ou institucionalizada de que nos fala Valla, ocorri yllmultaneamente, da sua eficácia real, traduzida na cristianização do império
vés de quadros normativos explicitamente violentos como os que peri: {flnnan0.
a pena de morte, os que legitimam os interrogatórios sob violência, a ri Na consciência profana a alternativa não-violenta à resoluçao dos proble-
mentação prisional desumana, etc.); mas também se regista em quadro: hiiis pela força registou uma significativa evoluçao através dos tempos, tanto
mativos implicitamente violentos, por omissão ou por inoperância, \ . . . - - ' ' no
na progressiva instauraçao de ordens jurídicas mais humanizadas, como
ráveis à ação violenta dos atores legais (através da insuficiência de gar: Crescente avanço dos direitos humanos.
constitucionais, de lacunas legais e de omissões regulamentares. Para isso muito contribuiu o carisma de grandes figuras recentes que pro-
Por parte da sociedade civil observa-se também a ocorrência de situ tagonizaram lutas gigantescas em favor da dignidade humanalós bem como
de violência a que Valla chama violência subversiva, a qual pode assu ¡ eficácia dos resultados dessa estratégia no terreno, em alternativa à açao
forma de violência subversiva organizada (ex.: grupos de guerrilha Viulentalóó As várias correntes e figuras que defendem a NVA como forma
desorganizada (protagonizada por exemplo por delinquentes). de intervir apresentam uma matriz personalista que se traduz nos seguintes
Contra este modo de resolver problemas e conflitos situam-se os ch princípios:
dos movimentos de não-violência ativa (NVA):
A esta estratégia sóciopolítica têm-se dado vários nomes: resistência - na exigência de uma prévia reflexão ética sobre a sociedade, assente na
siva, não-violência e não-violência ativa. Preferimos o último, pois o t ideia de que o homem é um fenómeno que não se repete;
resistência passiva tem a nosso ver elementos que alteram o seu signif 2 _ _ _ _ _______ _ _ __ _ _ _ _ .-- .~ -.__~-~---- f fzfz--->;=-_=“;'--1:1 r vv'““'“":;Z` “"“ ''77'7

W' São conhecidas as figuras do Mahatma Gandhi e de Nehru na Índia, de Gandhi, Luthuli e do próprio
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Nelson Mandela na África do Sul de Alinsky, Luther King e Cesar Chávez nos Estados Unidos, de Lech
'63 Valla, H., 1973, A violência, Lisboa, Ed. Paulistas. \X/alesa na Polónia, de D. Hélder Câmara e Paulo Freire no Brasil e de tantos outros que, com a sua prá-
'64 Exemplos deste tipo de violência, que se acoberta muitas vezes sob a capa daquilo que Adriano D tica e a sua liderança deram visibilidade à estratégia de NVA. i A _ _
chama clandestinidade do Estado, podem ser encontrados nos relatórios da Amnistia Intern W' Exemplos evidentes de vitórias obtidas através da NVA foram: a independencia da Índia, o fim do apart»
ii
Retratando a situação no Brasil vale a pena ler Dimenstein, G.. 1996, Democracia em pedaços, S. heid, a conquista de direitos cívicos nos EUA pelos negros, a queda do muro de Berlim e a conscien-
Companhia das Letras. cialização para os problemas do ambiente.

188 189
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- na coerência entre a reflexão ética e a prática política; p›¡fá-la Com a situação pieseiiic no início da ação. O critério que pro-
e A U "'

- na coerência entre meios e fins que no dizer de Gandhi, se asseme - .`a legitimaçao
side -- - da. .içati
. ..~ é. p0fE2lI1t0› 0 da Vmleflciamenorenaooda
às sementes e às plantas'°7. :iiisência de violência.

Assentaiido em fundamentos éticos de natureza personalista, a NVA Quanto ao terceiro problema, pode ser evitado coflm uma organlZ3Ça° (ias
se pode refugiar numa perspetiva maniqueísta, considerando-se uma est içtivs. que vise controlar e encaminhar Paía _aÇÕ€5 na°_'V_1°l¢f“Ía5› as enefglfs
gia de eleitos e remetendo outros modos de atuar para o campo dos male denencadeadas pelo processo de consciencialização da injustiça. Esta questao
Confrontados com este risco, alguns doutrinadores como Gandhi, sal it miicic para a necessidade de uma pedagogia e de uma gestao da nao-vio-
ram três tipos de problemas éticos que ocorrem no uso desta estratégia Uiicia de que se falará a seguir.

i - o fato de a NVA ser um tipo de violência moral: qualquer tipo de 1`


, . A . . n_
e uma forma de violencia moral uma vez que pressiona de algum 1.5. Fundamentos sociopolíticos da NVA
OS adversários no sentido dese'ável;
J . - - - ' lítico os de
- os prejuízos causados ao adversário: muitas vezes ao fazer valer os (Ionsiderando como objetivos básicos de qualquer sisteipa'p0 straté
direitos um movimento de NVA prejudica seriamente não só o ac promover a coesão social e a orientaçao para os projetos eo etivos, a tl: `
sário mas mesmo terceiros, inocentes: Sli: da NVA procura apresentar-se como uma alternativa viavel para a cançai'
- quando Gandhi iniciou o movimento de não-cooperação com a in esses desígnios. d ais
u A o ú F, ú e e , _ - ma as m' '
tria textil que culminou com a adopçao do khadi como trajo naci A analise dos conflitos que assolam o planeta mostra que LI . .
. . 1
indiano, tal campanha teve como consequência uma crise econó fii'it c's raízes das atitudes favoráveis à resolução de problemas _ _ por Vlã Vl0l¢flW›
,,
grave na indústria têxtil inglesa o que levou ao desemprego muitos ‹ reside no modo como os atores sociais foram socializados: populaçoes que
rários (Carmo, 1983: 22 ); V I Vcram prolongadas situações de conflito armado, interiorizaram os valores .
- - ~ ' ' reviven-
- o risco de desencadeamento de violênci a pel o even t u al d escontro l ¢ padrões duma cultura militar, caracterizada por estrategias do S0b
uma situação causada por uma ação não-violenta; exemplo desta si eia ' e d e relacionamento humano dominantemente agressivas, apreS€nt8!1d0
,_ _ _ A . 1 . . em ue os valores e os
çao foi a exp losao
" de violencia q ue se deu em 1 9 20 , n o d ecorrer de muitas dificuldades em se adaptar a uma cultura q. d S rincí ais
1 ' ' . a
cam p anha de desobediênci acv iil pomovi
r 'd apor G an dh'i,oqueo l ‹ piiilrões pacificos sejam dominantes. E por isso :Inc ITjL1.1I2›Sd dão talino
A ' ocioe uca .
a interromper a campanha de nao-cooperaçao por varios anos ligiiras que defendem a NVA, salientam o seu v or s _ i . .
_ os dois primeiros P roblem EIS 113.0 " d €V€I`I1 S61' 1gI10l.'3
' d OS. A Ch aVC p a para ensinar as populações a negociar os seus interesses sectoriais (princípio
i .. ' ' líticas a adotar ( rincí-
sua resolu ç ão p arece estar n a análi se dos cus tos comparativos ' da tlii coesao) como para adquirir consensos sobre as po P
de NVA. De acordo com estes autores a ação tem legitimidade s pio da orientação)._ _ _ ,__
, z
_ A
_ d c
riêndas de
danos por si causados forem menores que os danos que a atual situ: Do ponto de vista da socializaçao politica a vivencia .aí CXP eu oder
, - ` cienci izar o s
causa. Por outro, lado ainda que seja uma coação moral, interessa c luta atraves da N VA permite aos protagonistas cons d bre O ušl esta
.. ' ° ' ' ' ' o er so
de nao cooperar com a injustiça e interiorizar que o p I F mis como
se ' ão evou i
se cscora requer o seu consentimento. Esta constataçd f d ga le itimi
. - ' ' en erem -
'67 Ex.: não é possível plantar paz através da guerra, como a História recente bem mostra. As geraç õ‹ 'l lioteaulós, Gandhi, Luther King e muitos outros a e E
foram socializadas nas lutas armadas pela libertação dos territórios dependentes têm tido enorm ‹
culdade em aprender a dirimir os conflitos sem ser pelas armas uma vez que absorveram uma ci
militar. W' 1987. A desobediência civil. l..iiil1oti. Edições Antígona.

l9l
190
a
I

dade169 da desobediência civil face a uma ordem jurídica injusta (C:


iÍ.4. Metodologia da NVA
1983 : 25-26) . Deste modo, para a NVA a ideia' ' de coesao
i' social
' deve
associada à de coerência entre legalidade e legitimidade, sem a qu
a I"sc‹›rada nos princípios político-doutrinários atrás descritos. 2 Cflfafégla
pode haver paz social17°. . . ' ' meto-
Ée NVA operacionaliza-se em passos bem definidos que integrâíg Uma
No que respeita ao objetivo político da orientação coletiva, a NVA 1
P Ítilogia rigorosa, apresentada de forma diagramada na figura - -
algumas ideias interessantes que seguidamente se apontam.

Análise da Situação _ _ _
- Programa construtivo: qualquer ação de NVA não pode circunsc
i Neste primeiro passo pretendem-se atingir dois objetivos.
se à mera denúncia de uma dada situação considerada injusta, mas
conter elementos que integrem o anuncio de alternativas viaveis
e ¡ 0 e 0 ¡ e j

conhecer as características da injustiça, uma vez qu€_a lgnfifâncfa ia


- Organização: dadas as energias sociais que liberta que devem ser
situação fornece argumentos ao adversário porque 112.1 _0 PfmCíP¡° _a
quadamente enquadradas e a necessidade de manter a coerência
l Verclaa'e acima ale taclo173, retirando a imagem de autenticidade do movi-
meios e fins (vide supra), qualquer movimento que use a estratég
niento perante a opinião públifla; _
NVA deverá ser cuidadosamente organizado, nomeadamente
avaliar a relação de forças em presença, que consiste em! falei' Um
seguintes aspetos: direção coesa e centralizada, formação de quad:
retrato rigoroso da situação recolhendo provas adequadâ$› C°f1f:¡`°“faf 0
previsão das energias libertadas através da repartição de papéis172.
retrato efectuado com a matriz ética defendida, localllfll' 3 mlustlça 3
denunciar e a combater, identificar potenciais adversários e suas. razões.
Em resumo pode concluir-se que, em termos sóciopolíticos, a não-
identificar potenciais aliados, ativos e passivos, identifiilfll' 35 PfmC¡Pâl3
lência ativa (NVA) procura alterar os processos de comando social, tant
I redes de poder de decisão (sede do Poder), identificar aS C<ffl°¢P_9õ°' 0
que respeita aos que visam a coesão como a orientação coletiva, a p
Mundo e da vida em presença (ideologia do Poder) C ldfiflflfifll' 0
duma visão personalista da intervenção social. A tónica de conqtusta
quadro jurídico que dá cobertura à situação de injustiça (f0fl'flil dO
P oder, escolhida P or muitas doutrinas P olíticas, o õe uma tónica de exi Poder). -
cio do poder, por parte de cada cidadão, como sujeito da sua história e
tagonista solidário de uma história coletiva em construção. l

169 O conceito de legitimidade difere do de legalidade enquanto que o primeiro exprime uma rela
coerência entre um dado ato e uma matriz ética ue fu d
q o n amenta, o segundo reporta se à Coen
C n El'e um ato e um dado quadro legal Assim, o boicote às uvas da Califórnia promovido por
. U I O I I ‹

Chavez (vide caso 6 ) foi legítimo mas nao legal, enquanto que a prisao de Xanana Gusmao rom
pelas autoridades indonésias foi legal (d e aco rd o com o quadro normativo` vigente
` P ileglÍ
no país) mas
aos olhos da comunidade internacional.
170 liste princípio, enunciado por Gandhi e seguido por todos os. doutrinadorãs dfllitífiašâícssíiglêƒíri
Esta ideia encontra-se claramente exposta em muitos documentos das Nações Unidas, bem com
' cató l ica ao promover as chamadas Comissões fi1
textos doutrinários de várias p roveniênci as . A igreja
` busca da Verdade constitui o desígnio humano fundamental: .ninguém se po e cãvcrsário (O termo ¡ní-
e Paz é um bom exemplo desta atitude. iliitle pelo que a deve procurar tanto em si como no Outro ainda que seja umvfl dade O único método
Vide na figura 6.4 a noção de inédito viavel migo é propositadamente excluído do vocabulário d_a.NVA)- Para procurar a eqrimpmo que daí pode
2
«Há que definir, por exemplo quem está disponível e preparado para ações diretas e quem vai apoiar legítimo e eficaz é o da não violência, devendo o militante da NVA acertar 0 5° a doutrina do Say?
nomicamente o movimento» (Carmo, 1983: 29). decorrer para a sua liberdade e integridade física. Estes três princípios integram
graha, etimologicamente busca da verdade (ClI'm°- W331 16)-

192
193
Figura 7.6 Mmm~n|‹›.~. e técnicas da NVA
tleve ter em conta a íinura reconciliação com o adversário ou, pelo

í“~‹~T-~@“-*-. z‹.›zr@- ›-_-v'-1 menos, a coexistência pacífica com ele, após o termo do processo de
intervenção.

f^e"¡f¡¿-'*í-_;~i°D z Primeiras Negociações


As primeiras negociações visam
(šmm)
abrir canais de comunicação entre as partes em litígio (suportes de
informação, sistemas de mediatização dos discursos, etc.); e
_- reduzir os filtros comunicacionais (estereótipos e outros filtros produ-
tores de ruído na transmissão e na interpretação das mensagens).

Í |'a ra isso, constituem metas das primeiras negociações:

Aeãeflóenaøogpmçlu
' 1'
açazzaemwvmqaódlrmíi
_ expressar aos representantes do adversário as conclusões da análise da
situação e os objetivos do movimento: nas primeiras negociações e nas
que se lhes seguirem o comportamento dos atores deve ser pautado por

impacto
'Í í.Í¿Í ei u

É ' 'í 'í

i
WN vííí '
critérios de objetividade, rigor e clareza no discurso;
e dar testemunho da metodologia não violenta: para alcançar esta meta
é exigível um comportamento de respeito pelo adversário, uma atitude
de racionalidade na argumentação e a explicitação da metodologia não
Fonte: Muller, 1972: 121-172 violenta;
- apresentar uma imagem de determinação, procurando mostrar que se
está disposto a assumir as consequências dos atos praticados dentro do
Escolha do Objetivo
quadro legal existente.
Analisada a situação com a objetividade possível, a organização está 1
condições de poder definir o(s) objetivo(s) pelo qual se vai lutar. Os critéri 'uv
Apelo à Opiniao Pública
para se definir correctamente um objetivo são, de acordo com Muller (197 Se as primeiras negociações não resultarem o passo estratégico seguinte é
os seguintes: O O de alargar o conflito à praça pública procurando dar a máxima publicidade
io movimento, às suas razões e objetivos, e ganhar aderentes.
- deve ser exequível, isto é, possível de alcançar. Objetivos utópicos n
O que se pretende com este apelo é movimentar a opinião pública no sen-
só são inúteis pela sua ineficácia, como produzem efèito de vacina sol
tido de retirar a sede de apoio passiva175 ao poder político e, tanto quanto
a população retirando-lhe confiança sobre a viabilidade de futuramer
possível, neutralizar a sede de apoio ativa. (Carmo, 1983: 36)
lutar pelos seus direitos;
- deve ser preciso e limitado no tempo e no espaço174; este objetivo é avaliável? Ou seja, está equacionado de modo a podermos concluir num dado horizonte
_ _ _ _ _ - _- -_¬..._..z z «_ «_ zz _.._;_zz...--._ ~- ------ - _._----_» --- ---... _-¬____...---_-.------_-__.--_.....‹.._.-_-..__.___._.._.-...-.-...__.__..__.....~¡.¡
temporal que o conseguimos (ou não) alcançar?
lí* l)e acordo com Adriano Moreira (1979: 152) o poder político assenta o seu poder no apoio ativo dado
'74 A precisão do objetivo pode observar-se pela resposta clara e rigorosa às clássicas perguntas de Lami
por certos segmentos sociais (através de financiamento, militância, etc.) e no apoio passivo do resto da
o quê? quem? onde? quando? quanto? como? e porquê? bem como pela resposta afirmativa à quel!
população, pela sua não oposlçlo no exercício dem poder.

l 94
195

-_
----wzznvzn vuvu H H I \ .l lM|IN||/\R|()

i m‹:s|‹:Nvo|,v|MiiN'r‹› ‹ :‹›MuN|'|'ÁR1‹›

Os tipos de apelo podem ser vários: comunicados, petições, desfil


chas, greves de fome limitadas, entre outros. Dois aspetos revelam-i As u S'ões diretas de não coo eraÇ ão, q ue têm or ob`etivo retirar o a oio
pensáveis nesta fase: aiiverszírio, usando o oder de não coo P erar com ele, odem assumir
iveisiis modalidades: a devolução de títulos e condecorações176, os boico-
_ tomar a iniciativa de controlar a informação que passa para a 1” i. ii objeção de consciência, a recusa coletiva ao imposto, a greve parcial
publica e ll; suas diversas versões, desde que não apoiadas em piquetes com ação
- verificar previamente o seu rigor e veracidade. jressiva sobre quem quer trabalhar), a greve geral e o /aarta/178.

muÍ1Jci11iiaÍ=:xemplo interessante defiuma ação que visou apelar à opinião j


(luso 7.2 - O boicote às uvas da Califórnia
para que olhasse a entao pouco falada questão de Timor, foi
ração protagonizada pelo navio Lusitânia Expresso: o seu aluguer, o r (Íesar Chávez, um americano de origem mexicana, deparando com a forte
exploração de que eram alvo os c/aicanos que trabalhavam nas vinhas califor-
mento dos passageiros, alguns dos quais altamente meaíz'a'tz`c0s, a publi.
Iiiunas decidiu, em 1965, formar um sindicato. Após longos meses de estudo
da intenção de fazer a viagem entre Lisboa e Dili, a viagem em si, o cc
tia situação e de organização dos camponeses pobres, apresenta uma lista de
com a armada indonésia que proibiu a entrada em águas de Timor,
reivindicações ao patronato. Como este se recusasse a negociar é organizada
fatos bem explorados no sentido de alertar a opinião internacional
nina greve. É de salientar a metodologia não-violenta deste movimento. Os
drama de Timor. “ piquetes de greve, por exemplo, tinham instruções expressas para unicainente
lníormarem os trabalhadores da situação e apelar-lhes para a paralisação. A
Envio de ultimatos e ações diretas reação dos proprietários foi violenta apoiada nas autoridades locais, tendo
O ultimato é o traço de união entre as tentativas de acordo negocia havido muitos despedimentos e recrutamento de trabalhadores doutros locais.
prova de força da açao direta, como o caso 7.1 ilustra; Nessa altura, César Chávez decidiu organizar o boicote às uvas, tendo-se
criado piquetes de boicote em todos os Estados Unidos os quais se revelaram
tie grande eficácia. Organizou-se seguidamente uma marcha de 500 km para
Caso 7.1 - O ultimato 3 wwnmiàiiii ii cidade de Sacramento a fim de dar publicidade ao movimento. Em Boston
Um exemplo deultimato é o que fez Gandhi em 1908 ao general Smug foi feita uma representação da Boston tea party culminando no lançamento de
propósito do Aszatzc Act, conhecido por Black Act, pelo qual era çfiado U caixas de uvas ao mar. Em muitos sítios organizaram-se comités de apoio for-
bilhete de identidade especial para os indianos. dado o general Smuts ter qi; mando-se pouco a pouco uma opinião favorável, o que permitiu o suporte
brado o compromisso de anular aquela lei, Gandhi deu-lhe um prazo, fim íinanceiro dos grevistas. Os proprietários decidiram então exportar o mais
o qual aconselharia todos os indianos a queimar o seu bilhete de identidai possível os excedentes que tinham. O sindicato dos estivadores em S. Fran-
e a aceitar as consequências desse ato de desobediência civil, o que de fg cisco recusou-se a carregar a uva destinada ao Oriente. Em Inglaterra, Fin-
aconteceu. (Carmo 1983: 38)

T'-`_""`_` -T`~"`_"""""`_" `“""""**`¬¬'~-~--- ----------.....¿


'ixemplos desta modalidade foram a devolução por Gandhi ao Vice-Rei da Índia, das condecorações que
uivia recebido na guerra dos bóeres; situações semelhantes ocorreram durante a luta civil contra a guerra
O passo para a ação direta, em caso de fracasso das negociações am:
io Vietname.
re s, nem sempre é facil
' ' de dar, uma vez que exige
- muito
- maior~ empe .im dos mais conhecidos boicotes da História foi o que a população negra de Montgomery fez aos auto-
mento por parte dos protagonistas, podendo ter de entrar no campo da tl 'arros até que deixasse de ocorrer a situação de segregação. Após muitos meses a andar a pé e recorrendo
meios alternativos, acabou a segregação a pedido das próprias companhias de transportes que não con-
bediência civil com todos os riscos daí decorrentes Muller tipifica as a eguiram suportar por mais tempo os prejuízos.
diretas em ações de não cooperação e ações de intervenção. ) /mrtal consiste na greve geral nlo só da população ativa mas de toda a sociedade civil. Os casos de
'arral são raros, registando-Ie ocorrências durante o processo de independência da Índia e após a inva-
lo soviética da Hungria. em 1956.

l 96

_ ` nl'
sut;|t)l.(i‹¡IA lili IN'I'l¿RVF.NÇÃ() ii f7I!..'iiÍNVIí\l.VlMlf.N'II › t 'i ›Ml INI'I'ÁRI() ni‹:si~:Nv‹iiv|Mr.N'ro c‹›MUNI'I`M‹I‹>

lândia, Suécia e Noruega os estivadores entretanto alertados, recusaram- lfnnsiiierando que vai rcali'1.ar-se brevemente umareunião entre a comissao
descarregar toneladas de uva. Apesar da intervenção das forças armadas de moradores e uma equipa de técnicos da autarquia, a fim de examäiareflgã
fizeram compras maciças para os soldados do Vietname o boicote não foi q |m›I›le|na e proporem soluções adequadas, elabore dois iriemorzíiéicafš de
brado. Após cinco anos de luta os proprietários cederam tendo reconhecido pit-¡›.ir:ii' essa reunião, recorrendo ao que leu,sobre os conceitos à . nários
sindicato e as suas reivindicações em 29 de Julho de 1970. Na sua mi/›‹m›‹›rment e advocacy bem como a estrategia de NVA, píara ois ce
final Chávez referiu: (...) Hoje, numa altura em que /id tanta violência neste possíveis: pertencer à comissão de moradores e ser técnico a autarquia.
estamosfilizes por mostrar que este acordojustifica a nossa posição: ajustiça
pode ser realizada pela ação não-violenta (Carmo, 1983: 40-41).
.--_._-_‹__--..._.-___.-___.--___--_._-..._._.__%____.___..._-_._-.__-..._-___...`-_..__..._._.......___.-.._.~_..._...-____..-..._.¬___.-....-¬___-.._-..__.....~.__.-..__.----_ ... . . . . . .

Q Thich Nhat I-Iarih e o Budismo Ativo: uma influência para o Serviço


As ações diretas de intervenção visam uma confrontação direta
adversário, contrariamente às ações de não cooperação que têm por
retirar-lhe as fontes de poder179. O movimento Greenpeace é um () princípio da não-violência está na base de todas as grandes religiões 6
uma ONG que recorre com frequência a este tipo de ações, dispondo lições espirituais. Sendo a espiritualidade uma das dimensoes humanas
uma experiência e de uma organização logística bastante sofisticada. n c iiis
â , ela é também uma dimensão de interesse para o Serviço Social,
vein desenvolvendo mais - abertamentenas iiltimšis
' ' ' das
deca / . este as [geeto da
sclc
As modalidades de ação direta são muitas, destacando-se, pela freq
o sit-in, o die-in, a obstrução de vias de comunicação, a usurpação civil prática, a nível teórico, operativo e axiologico. nesta oticš (1519 I se
. - o ua
governo paralelo. na o Budismo Ativo como um exemplo entre OUIYOS affav 5_ q `
As duas primeiras, muito usadas em campanhas pelos direitos cívicos, le relevar a importância da não-violência no contexto da intervenção
lutas contra a implantação de sistemas nucleares (centrais e ial, e particularmente do Serviço Social. _ _
armas) e em ações em favor do ambiente, consistem em sentar-se (ou O interesse pelo budismo cresceu no último século nos países ocldcfltfllãi
-se) no território do adversário e não sair de lá pelo seu pé enquanto ialmente pela sua vertente contemplativa,.mas tem VÍHCÍO 3 S51' Cada Vc*
forem reconhecidos os direitos reivindicados. reconhecida a sua influência social (Brazier, 2008).
No entender dos budistas,- ' ' social
a sua pratica ' distiiigu
' ` e-se
/9 de outras ers-
ue :linha
A obstrução de vias de comunicação tem sido muito usada por
res e camionistas europeus como suporte às suas reivindicações. A ivas religiosas, procurando uma revoluçao na consciencia umana q
civil e o governo paralelo são modos mais raros de ação, pretendendo tos práticos imediatos e num tempo vifld0W0 (Bf3Z1€f› 2008› P' 42)'
sar o aparelho de Estado através de greves de zelo, de boicote in '
A estes aspetos, claramente relacionados com o concei'to de não-violência
.
informações, de criação de chefias paralelas etc. Exemplos deste tipo de va desenvolvido anteriormente, junta-se a necessidade de uma liderança
ção ocorreram nos meses que precederam a democratização dos paísel de inspirar a mudança junto dos indivíduos, levando-os êšprivilegigšsg
z - . roc
Leste que culminou com a queda do muro de Berlim em 1989. comumlso, atraves de um rigoroso processo de treino step
desenvolver um elevado nível de disciplina e de fe nessa finalidade, dC
z z zv f fz--‹--.zzz=-f-----f z _z~ff 7 fz 7 ' ícacudi

Atividade 7.6. forma a concretizar uma revolução paCífiCf=l (Bf2lZÍ€f› 2903)-


» - do movimento
Uma vertente critica ' '
budista ' ' a questionar
viria É .a excessiva
. '
Imagine que na sua zona de residência vai ser instalada uma central de trata-
mento de lixos e que não se regista acordo entre a população e a autarquia gznrralização de algumas escolas nos processos de contemplação lfldlvldua-l›
sobre tal investimento. desenvolvendo em contrapartida a ideia de um novo budismo: o budismo
_ ._.--‹»_-.--.._-..--_.---›...¬-›--_.-~-»¬~ - ç _ _ ‹...... ..........
....¬....-..-.-....... . . . . _ ._.....-.-_.-...-_-.-_....-_.--...-....«¬_-

179
Poderá encontrar uma análise mais detalhada em Carmo, 1983 e Muller. 1972. W" Por exemplo, através da aboliçlo dal clmei iociail e da guerra.

198 199
.._
ativo ou budismo co mprometido lste movimento religioso é partic
fifiiiiiiiii idade monástica › no ~sudoeste
* de_ França, Sfdc
, da Ordem
. - Imcrscr'
2008)que
mente interessante na perspetiva do Serviço Social, em grande parte
possui- centros e comunidades
' ~ em v ários países ocidentais (Brazier, -
enfase na interligaçao entre a açao e o bem-estar individual e coletivo . . . ' _ duranre e após a guerra do Vietname,
I hich Nhat Hanh notificou se
Chappell (1999 czt zn Brazier, 2008 pp 85 - 86 ) apresenta como p r . " aldeias e de reconciliação Crlrffi
pais características do budismo ativo, as seguintes W liderar um trabalho'dc rccoltistršlçlaliâzdcue es elhava a convicção de uma
Vietname do Norte e Vietname o u › (1 blšmas Sociais Concretos C na
. ~ ' ro
- açao na sociedade e nao apenas a meditaçao ou devoçao,
piiiiica budista progressista, na f¢fP°5ta a P al m (mentes do mOv¡_
I riza ão da a enda anti-opresslva, df? que gumas C0 P .
- nova moralidade (nao violencia e consciencia ecológica) em col "W O Ç - g ' af d (Brazier 2008) Destacam-se, em parti-
mrnto budista se tinham asta o ›
ponto com a tradicional vida monástica,
eul-ir algumas das ações desenvolvidas (Hanh, 2004)¡
¡ . _
` Ô
ovas formas de comunidade, através da aposta nas novas tecnolog
nos mass media,
a constituição de comunidades de auto-ainda (Pfoduçao familiar Conlu
- diálogo inter-religioso,
" 'tá ia);
- preocupaçao com a natureza e seres vivos,
2 gad? C??diirB:cL‹1)(iãod:jI‹iiiêBi prata o Serviço Social no Vietname (19Õ4)›
a criaça
- necessidade de um novo tipo de economia (extinçao das desiguald
que propunha um programa de dese nvolvimento . comunitário
_ _' )_ Cm
e da degradaçao ambiental)
quatro vertentes (educação rural, S2lÚd¢› €C0fi0m1a Ê Ofgamzaçw '
- nao discriminaçao em funçao do genero,
- o apoio a refi1giadoS; _ _ b d.¿ -
- interesse na reforma institucional e pessoal - ~ ' ' ' ' editativas e a deso c I flClfl
- a articulaçao entre práticas tradicionais m
civil não violenta e ativa.
facilmente constatavel a ressonancia que estas orientaçoes tem no
viço Social que partilha estes mesmos princípios e valores O Budismo ~ - - ' _ o-violencia ativa qU¢ CH ¢ z-v ' ^ ' . á

A metodologia utilizada baseia se, po1S, 112 na _ ' d Ó d


que a vida apresenta sofrimento, mas que é possível e imperioso agir no
tido d e alterar esse so frimento Perante as dificuldades, necessidades, inj
I
longe de uma atitude passiva: Praticar a paz, fazer “Paz vw” dentro nJá”
L . . " e a com aixão mesmo em si aç
ças e opressoes constatadas quotidianamente na prática do Serviço So cultivar ativamente a compreensao, 0 dm”. 1 t im m;2 0 de guerra "qu"
n ' I
‹ Jp mnfitsão e conflito. Praticar a paz, 65106514 mm 6' P
também é o compromisso da açao para a mudança que dá vida a esta pr
C
sao social O Budismo Ativo e o Servi ço Social partilham igualmente a vi mmgem (Hmh 2904” pi 8)' - ' ^ ' é f nómeno
Esta prática exige o reconhecimento de que a violencia um e
de interconectividade e interdependcncia entre todos os sistemas, entre t . ' ' ` t re uer ue os indivíduos assu-
o omnipresente e de que a prática nao violen a q q
os indivíduos e comunidades, seja a nivel local quer planetário A mud
a mam responsabilidades pelas Suas ações (Hanh> 2004)'
individual nao pode acontecer sem que haja mudança nos coletivos
i Neste sentido e tendo trabalhado ativamente no período de gufirfa C Pós'
interagem com o individuo, nem pode acontecer mudança social sem qu
3 I

i
consciencias individuais mudem Trata-se da mesma conceçao integrar 'bue rra ' um dos conceitos centrais.. que utiliza é o de recomeço,
^ OU S¢Ja› 3 Prá'
5 Han
iv rica da reconciliação e da renovaçao, que se desenvolve em tres passo ( ›
holística da pessoa-na-situaçao/ambiente que é central ao Serviço Social
No ambito do budismo ativo é incontornável a figura de Thich Nhat H 2004. p. 119-120):
a
(1926- ), monge budista vietnamita Tendo escrito mais de uma centena ' ° - essoa
- Expressar o apreço, reconhecendo atributos positivos de outra p ›
livros de filosofia, poesia e ficçao, vive atualmente na Aldeia da Ameixa u '
para que ela possa reconhecer qualidades em si m esma',
¬ -. -_ _.. -~. -. -........ -_-_-..- _-_.. - ... ...-._-_.-‹¬¬~.-. -oq

.-..__-.----‹.«..«-----__-‹...-._~-
,_,----.-..-_-..---.-.-..--... ... . . . z . . .i i |¬~ -

- Nobel da Paz em 19 67.


nu p0¡ PQ; isso nomeado por Martin Luther King Jr. para o Prémio

201

_ _
- Expressar os remorsos relativos aos comportamentos que produz;
sofrimento no outro , o q ue im p l'ica h umi'ld ade no abandono do s l.i‹:rruRAs CoMPi.EMi¿N°|'ARi‹;s
mento e orgulho próprio;
- Expressar mágoas e dificuldades, ou seja, expressar o no ó
sofrimento, de forma consciente e sem juízos de valor. sso pr ç - _ ~ ',U_d B sília.BRA-
BARBIER, René (1997)-/1Pf~“I“”“ “fm Brasília E ra
Esta prática de recomeço é aplicável tanto aos indivíduos, r BROÊ;,I1:¡lÊÍ,I.q.e May, ]_ (1990). O Movimento Greenpeace, Lisboa, Cfr-
comunidades como a p aíses e entre paises
' ' ' g upos
. ,, , . No Budismo Ativo a noça'oO culo de leÊã09r;;-) Nfl violência d¿¡¿wz e sistema político, Lisboa.
compaixao e central para a possibilidade do recomeço, mas no Serviço S
d I

tra uziríamos este sentimento mais operativamente nos princípios da e


C^P~M°› H' ' ao .. os 1 2 1933.
` ISCSR in «Estudos Políticos C So,Cl.alS:z'zi,‹Êi[., Ric: de Janeiro,
tia, aceitação, validação e não julgamento dos sistemas-clientes. E b m FREIRE, P. (1967). Educaçao como pratzea z e ,
linguagens possam ser diferentes, quer o Budismo Ativo quer o Servim S0 fi Paz e Terra.
° ço 0‹ _ _ . - ~ Af t mento.
estão empenhados, pela sua própria definição, na mudança individual ec ___ (1972). Pedagogia do Oprimido, Porto, Ediçoes rçn 2 Bo má
tiva para o maior bem, estão comprometidos na ação não-violenta por soC _ (1989). Educadores de rua. Uma abordagem er tzc , 8 ›
d ad es mais ` humanas e com o menor sofrimento
` possível. Podem, por ` C UNICEF.
. . ~ ' Rés.
ap ren d er mutuamente a fazer o seu melhor. IS ` 1982 . S lo za de Intervença0› LlSb03› . _ _ _
AD ,
I(PzIESSC,)1iÍ:Im11\/ioacir '
)(coÍ›i:l))í1996). -
Paulo Freire: uma bzobzblzograƒwi
. ~ 1 F re.
Em síntese Brasília' Cortez Editora/UNESCÊ)/Éínsiitufëo P331: z/íi›?ente Paris.
MULLER, Jean-Marie (1972)- Sffflffglf 6 “Ú 0"
Nesta unidade começou-se por fazer b
I _, . um. reve panorama da Sociologia Fayard _ , . ›
nteivençao, recorrendo-se a uma tipologia segundo um critério de comp _ , _ ~ - 1,1, b a, Instituto
1 (1997). Prmczpzos e métodos de mtervençao eu/1 is 0
l
d I I I I O

a e sistemica do sistema-cliente Piaget. . -


Seguidamente apresentou-se o meto ' d o Paulo Freire como paradi ma ,. zó .l.i|bon.
.___ (1998). O Przn€¢P'0 de n¢0'W0l¿'"““- Percurso fi os -fim
uma Sociologia de Interven ção , em que as escalas micro, ' 8 ‹
meso e macro Instituto Piaget. _ . .
encontram bem integradas. PINTQ, Carla (1998). Empowerment._ uma pratzca
f ' 4'e serv: ço social. lfl
Na tercei ra secção reflectiu-se sobre as no ões de
ç empowerment e aduoc
aq VVAA, 1998, «i>01izi¢z s0¢iz1››. Lisb‹›a15C5P- , , ,.
como dois con ceitos ' `integradores de uma Sociologia
` ` de Inteiven TAVARES DA SILVA, Manuel (1983;.6ƒ31 13it;t4rgz'a psieossociológzea. in «I 81.
4-1 ' cl

que dotados de grande ambivalência. çao ain. cologia››, IV (3-4), 1983› PP- ' ' _ . U
.
VASTO, Lanza del (1971). Tee/mzque de la non vzo 1enee, Pa ris Denöe
Finalmente, descreveu-se a não-violên `
cia ativa, como estratégia de intel Gonthier.
venção social integrante na perspetiva da S ` l
ocio ogia de Intervenção.

Teste formativo
1. Após leitura aprofimdada do texto do capítulo e feitas as respectivas Ativi-
dades, a b ra o manual na página
` intitulada
` ` objetzvos
' ` da unidade.
2. Tente atingir os ob`etivo
j S, CSCICVCIICIO 218 SLlaS I'CSpOSlÍaS SCH] FCCOITCI' 8
texto do interior do capítulo. o
3. Confira as suas respostas com o texto e proceda à sua correção.

.. ...... -.-.

202
203

__ _. -
l
CAPITULQ 8
METoDoLoGiA DA INTERVENÇÃQ coMUNiTÁR1A
Ana Esgaio, Hermano Carmo e Paula Campos Pinto

1. UMA BÚssoLA PARA A INTERVENÇÃO coMUNiTÁRiAz A ABOR-


Objetivos
DAGEM SISTEMICA
No
1. final . . d esta unidade..
' o estudante deverá estar apto a ' Era uma vez, há muitos anos, na distante Índia, seis cegos decidiram dar um
explicitar as principais virtualidades da abordagem sistémica,
passeio pela selva. Em dada altura, tendo esbarrado com um obstáculo, um
2 ' discutir os conceitos de nevoeiro ' informacional
' '
, sobre infor fll deles bradou: - Cuidado! Uma serpente!
ção, subinformação e pseudoinformação.
Após o pânico inicial, o aviso desencadeou uma onda de reações contraditó-
45. gilmar
a ' -
a abqídagem sistémica - ao trabalho, comunitário;
rias, à medida que cada um opinava sobre o obstáculo desconhecido: - Que
- ciar as iversas fases do trabalho comunitário'. _ disparate! É um muro! -- disse o segundo cego. - Não! É uma árvore! Afir-
5 . definir os P rincí
. P ais ob' t ' i_
je ivos da fase de estudo e diagnóstico_ 1
mou o terceiro. - A mim parece-me um leque, retorquiu o quarto. - Não
uma comunidade; percebes que é uma lança de que alguém se esqueceu?! Comentou agastado 0
6. descrever as técnicas de recolha de dados mais usadas em tmb
quinto. O sexto, que vinha um pouco atrás conversando com um servo, o
lho comunitario, único do grupo que via, comentou: - a mim parece-me uma simples vas-
7 ' explicitar os as petos mais ' relevantes no l soura. E tu meu leal servidor que te parece?
p aneamento da in
venção comunitária; - Eu apenas vejo um elefante, meu senhor!
8 - explicitar os aspetos mais ' relevantes na administra ”
çao de proji
tos de intervenção comunitária; ¬
9. identificar
d algumas contribui ções para o entendimento dos p N Esta velha história indiana que já ouvimos contada de mil diferentes
cessos e motivaçao ” e liderança
' -
nas comunidades; ~ maneiras, chama a atenção para dois problemas bem prosaicos com que qual-
10 - discutir os conceitos de avaliação,
' de eficácia e de eficiencia.
'^ ' i quer interventor social se depara permanentemente.
1 1 - descrever alguns novos desafios com
que as comunidades a Em primeiro lugar, para a questão da multiplicidade de pontos de vista
se confrontam;
lobre a mesma realidade, que condiciona a perceção dos observadores. Assim,
12. explicar a importância do trabalho em parceria e as suas exli
ao esbarrar respetivamente com a tromba do animal, com o seu dorso, com
gências.
Tempo previsto '
uma perna, com uma orelha, com um dente e com o rabo, cada um dos cegos
para o estudo desta unidade' cer
. ca de 4 a 5 ho fil associou o obstáculo à sua experiência anterior, havendo tirado conclusões

205
erradas. Este problema reali rm.i' â i nctcssii
' Ld
1 e '83 de uma rigorosa
i i il
vigi . c '

do sistema interventor sobre as suas próprias perceções, condicionada: |.¿. O nevoeiro informacioniil
cultura de que é portador.
O segundo ensinamento desta história tem a ver com o erro com Uma das características da realidade social que nos rodeia íljäiílfiflníglííoã
qualquer dos seis primeiros protagonistas: é que qualquer deles tinha W., Complexidade, o que dificulta extraordinariamente o seuito de nevoeiro
perceção parcial da realidade. Para identificarem o inesperado obstácul I',irzi exprimir esta dificuldade Edgar M01'1fl Pf°P°e^° °°1âCeenxcr ar COnve_
1
W-‹"maci01131185, que impede o homem contemporaneo e tor É nevccim
necessária a ajuda do servo que possuía uma visão de conjunto do m
Em qualquer situação de intervenção social e, por maioria de razão
C iiivntemente a realidade que o rodeia. De acordo com este au fiítms entre O
tratar de uma intervenção em comunidades, o sistema-interventor di
3 ||i|`‹›i'macional integra três componentes que funcionam como
1 nliscrvador e a realidãdëi
mente sera eficaz se nao possuir uma visao de conjunto sobre o sist
Í

-cliente e sobre o ambiente em que se processa a intervenção. - ~ excesso de informações ÍIIÚICIS


~ A sobre informaçao, C1U€ SC “aduz no , , . .. d
gm que é imerso ' no seu quotidiano - Em termos prat1COS, _ 21 S1fUaÇa°.al seC
. - ando um interventor SOCI
1.1. O macroscópio bre informa ao está sempre presente qu _ _
SO f
con ron a t conii um qualquer sistema-cliente. Tal
_ excesso de informaçaod
- f - dificulta-lhe
' - - ' al ( roduz ruí 0),
Esta questão é, aliás, comum a outras realidades do Mundo e da Vida inutil extraordinariamente a analise M do re p
. . , uma a ao ade uada.
abertura da sua já clássica obra sobre a abordagem sistémica Joël de Ro. mdispensavel para poder desenvolver Ç _ _ I
_ A sub'informaçao, ” SC gundo elemento do nevoeiro informaciona í - ,,
chama a atenção para a necessidade de uma nova visão global que per , - 0 ue nos envolve. Uma tpica
` 1 decorre dos insuficientes dadosdsobre t I qafos do Século XIX que, para
discernir o que ele chama domínio do infinitamente complexo: . .. - " ar o
S1fUaÇ3° de Submformaçao em ii Oi. ii g idos a representarem exten-
- - iam coag
Microscópio, telescópio: palavras que evocam as grandes descobertas cientí nao fantasiarem os seus mapas SC V
no campo do infinitamente pequeno e do infinitamente grande O micros sas regioes '~ desconheci'das a branco. _ _ d _ f ão
_ . . . i . . i Ci
rt - - ' ” inda existe a seu oin ormaç ,
permitiu um vertiginoso mergulho nas profiindezas do ser vivo, a descobe
célula, dos micróbios e dos vírus, o progresso da biologia e da medicina
. . . O t|
_ iiiiiiii
ou seja iiiiiiiiiiiiiii
' o conjunto 'iiiiiiiiiii de
maisiniformaçoes
iiiiiiciiiiiiiiii
_ iil el
l'b Crada ouiiinvoluntariamentc
cópio abriu ao espírito a imensidade do cosmos, traçou a rota dos planetas
e - - ii iiiiiiiciiiiiii
' :liciiiiii
estrelas e preparou o homem para a conquista do espaço - iiiiiiiiiiiiiiiiiis
No seu quotidiano ioiiiiii profission , 0 lflfe rven tor_ social confronta-se.dcom
d
Hoje encontramo-nos perante um outro infinito o infinitamente comp! qualquer dos três filtros referidos. Bastará ao leitor pensar na quim! 3 C
Mas desta vez não há instrumentos: apenas um cérebro nu, uma inteligên . .. ' o a enas no último m S, CHUC
C
uma ló 8ica desarmadas P erante a imensa com P lexidade da vida e da socieda iiiii iiiiiiiiiiiiiiçiiii com que iioi iioiiiiiiiliiiiiiiif iiia ão de natureza Profissio-
I
noticiários, publicidade, PI`0P2gf-m Ê m Ong; Ena
(...) Precisamos pois de um instrumento novo, tão precioso como o for ' " 0 p ro e .
31 nal, etc., para entender a dimensao
microscópio e o telescópio para o conhecimento científico do Universo, mas
seria, desta feita, destinado a todos aqueles que tentam compreender e sit
Ui
sua ação.
A este instrumento chamei maeroseojoio (macro, grande e skopein, observar) (Rosi ` __ _ ,,,,_...-¬.«--«-.<‹-.-

l975:9l .
~ resumida 1997 , Ensino superi0I'
IM O texto que se segue é uma adaptação do que se escreveu em Carmo,
..----.--.....___..-____....-....?a¬z- -_ _-Az -_ ___..z_z_-__., _ __- -_ -_¬._._- _ _z;.._-.z- _ --......- - _v.......__z z _..__- _ _.___.._;;- _ - _ _..___....._..._...-.__.¬..__~..._-. .4
,ii zâmziz op. vir., PP- 73 ° SBS- . - - N ¡- , . 19-26, ózzz dz 1.*
'83 Esta precaução foi já referida no capítulo 2. "“ ili\/Ioiiin, E., s/d, A9 Sfmd” quumc' d° now) tempo' Lisiiiiiii Eiiiiiiiiiiii iii iiiiiii iiii
ed. 1981.

206
207

_ . ._ - .
za u iu vunviivinni iu \.uMul\|| I AMU

1.3. A questão da informação no trabalho comunitário


I.4. O que é a abordagem sistémica?
No trabalho comunitário esta questão põe-se com particular incidência:
preciso ter uma metodologia rigorosa que permita selecionar informa
Nascida neste século, a partir da fecundação de várias disciplinas entre as
quais se contam a biologia, a teoria da informação, a cibernética e a teoria
relevante sobre as comunidades com as quais se trabalha a fim de . . 190 - - _
,los sistemas (Rosnay, 1975. 77) , a abordagem sistémica parte da consta
- diagnosticar os seus recursos e necessidades;
unção que o Universo é constituído não por unidades singulares mas por sis-
temas, isto é por conjuntos de elementos em interaçãowl. Assim,
- programar linhas de atuaçao adequadas,
` situações de sobre186, sub187 e pseudoinformaçãolss que obscu
- e evitar
- o próprio Universo é um sistema de galáxias,
recem a visibilidade dos problemas.
- o sistema solar, como o nome indica, é um sistema de astros que
mantém uma relação entre si e com a estrela em torno da qual gravitam,
É neste contexto que a abordagem sistémica se torna um poderoso inl
_ 0 planeta Terra também o é, com o seu delicado equilíbrio ecológico,
trumento de trabalho em dois diferentes aspetos
assim como qualquer continente, país, região, cidade, aldeia, bairro,
como esperanto 189 científico e técnico, permite que diferentes agente
comunidade, grupo, pessoa, célula, átomo
com formações diversas possam falar uma mesma linguagem simples, apes
3.
dos seus múltiplos pontos de vista;
Tendo cada sistema uma identidade própria é contido por, e contém, uma
como ferramenta metodológica, salienta os principais elementos em jogt
infinidade de outros sistemas (macrossistemas e subsistemas respetiva-
em cada situação e as suas principais relações.
mente), como se dum infinito jogo de bonecas russas se tratasse192. O
A identidade de cada sistema é construida no interior da sua fronteira,
que distingue o que lhe pertence do que lhe é exterior e integra os seguintes
conjuntos:

Q ___-w-.z` _L~¬ Í --_ --›-. -.`- Q ` _ _ _ -.»`_ ___._- __ _-...__-__ -.Í --Í* _. 7 7 __v_ __!
- subsistemas que o compõem;
As grelhas de análise para estudo e diagnósticoç de comunidades propostas por alguns autores, com exceiu - relações entre os diversos subsistemas;
sivas variaveis, conduzem a situaçoes de sobre-informação Voltaremos ao assunto
187 Muitas são as sit uaçoes' d e su b -in
` fo rmaçao
' em intervençao
' " social' . Tres
^ exemplos nos bastarao
' para i'lulu - inputs, ou seja, elementos entrados no sistema, provenientes do sistema
trar esta questão: a falta de conhecimento sobre as estratégias de sobrevivên ' das f íli
I O I cia am as que vi
'vafl
O tg
contextual (macrossistemas);
abaixo do limiar de pobreza absoluta - que só em 1985 se soube abrangerem mais de um terço das fim
lias portuguesas, pelo estudo pioneiro de Bruto da Costa e Manuela Silva - a ignorância sobre 0 quøliw
- outputs, ou elementos que saem do sistema para o macrossistemawô;
diano das populações que vivem de noite e dormem de dia nas grandes cidades e a falta de informh
__ _ __ _ _ _ _ _: ,_ ._ _ _ ___ ;:z__z _ _ z..__-_ z z. z _ z . -----~-~------~-__.¬.__._ __...__--...._.._..¬_.....~......._-----.‹~_.-.....-__. _ 1 az
ção existente sobre as crianças de rua e sobre os sem-abrigo Qualquer destes grupos são clientes rlq
. p _ l°líI
vilegiados dos trabalhadores sociais que, no entanto, têm em geral um conhecimento superficial do sem Transcenderia os limites deste manual a explicação pormenorizada da abordagem sistémica. Limitar-nos-
modo de viver. emos a seleccionar a informação indispensável à compreensão da sua utilidade para a análise e intervenção
188 ~ ~ comunitária, remetendo os leitores mais interessados para as leituras recomendadas no fim desta unidade.
Fontes de seudo-informa Çao sao os inúmeros esterióti P os difundidos tanto P elos meios de comuníceni'
I'lI Não sendo muito comum na ontologia Ocidental, esta ideia de sistema encontra-se em outros modos de
ção social como p elos aparentemente o bjetivos relatórios profissionais. Nas próprias comunidades, se 0 |
interventor não se acautela, tomará como verdadeira muita inform ão difiindida elos vári ver o Mundo e a Vida. Sobre isto pode ver-se por exemplo Tempels, R, 1965, La philosophie b§.nt0U¢›
aç p os grupo!
em presença que frequentemente o tentarn instrumentalizar. Paris, Presence Africaine; e Altuna, Raúl, 1974, Cultura banto e cristianismo, Luanda, Edições Ancora.
W)
IBÍ. ‹ z
O esperanto foi uma língua internacional criada em 1887 por Zamenhof, que acenta na máxima inter-_' Ex.: Tomando uma dada comunidade como sistema a analisar, o seu macrossistema (ou sistema contex-
nacionalidade das raízes e na invariabilidade dos elementos lexicológicos (in Dicionário enciclopédico: tual) será a cidade ou a região onde se situa com o qual interage; por seu turno, o centro medico dessa
Koogan- La rrousse-Selecçoes,
' 1978). Ao designar
' a abordagem sistémica
` ' como um esperanto científico-J comunidade será, para este efeito, considerado como um seu subsistema.
-técnico, pretende-se sublinhar a sua vocação transdisciplinar.
I'H A, modzfifaçõzi da contexto que muímm das output: do sistema (..) modificanšpar sua vez os input: que ele
mzbe do seu contexto e par eonuqltlneía, também os outputs subsequentes. o anel de retroação (feed-


°,

209
.Ju |s1 \ avnvll 01 ¡\ \4\ |v|\.Hv||||I\|\
E

1.5. Aplicação da abordagem sistémica ao trabalho comunitário , , _ , ' 'd d :


Figura 8.1 - Variáveis rclcviinioii iiii iil›oiil.igcin sistémica de uma comuni a e

Como atrás foi referido, a abordagem sistémica constitui uma útil í


j ilfmiroiilmnçløi ° I'=l'¡°fl"› * °°*"'"'¡'l*4 °í'%f.'?'i'í”°“”” As
men ta para descrever os aspetos mais
` relevantes de uma dada realidade
cionando a informação mais relevante e eliminando os elementos de s Í
_ Í*
.._¬_-.¬
E
. . ii
H ç
4
_ ç
i V
ç
i ç i i ,
A ri _`.`.
.
..¡¬.z , i ,› * i

informação.
Considerando uma dada comunidade como
um sistema, vejamos qu:
9
interrogações básicas que nos podem servir de guia para formular um c
nóstico acerca da sua atual situação, que posteriormente servirá de fu 'JV L pi *__ __ _ .
,. , ç pç.”
_., ¿_._ . z

mento ao programa de atuação194. i


l'uiiii~ (Íarmo, 1986
Numa primeira aproximação (figura 8.1) poderemos formular três i
juntos de perguntas:
dentes e entre estes e o exterior (rede comunicacional) e osiv[;::1:[e>;1;:
- Quanto ao seu ambiente externo, expressão que aqui é sinónimo de valores e comportamentos pa1'Ulhad0s Pelas Pessoas que V
tema contextual ou de macrossistema, interessa saber os aspetos ou ca comunidade (cultura).
terísticas do meio exterior que condicionam a vida da comunidade
- tipo
›~ O terceiro - de questoes
~ tem a ver com os outlp uts bç daÍ comunidade
mduzcm
causa, ou no sentido do seu desenvolvimento (oportunidades) ou do
- .
face ao macrossistema (saídas). o que é que os seu s a itan es
Q PNQ
atraso (ameaças) ; por exemplo, a presença ou ausência de equipame
sociais em zonas contíguas à comunidade ou de acessos rodoviár.r. para a própria comunidade e para o exterior (bens e serviços) . QUC
-
expectativas -' sobre o seu futu ro individual e coletivo
tem a populaçao
constitui uma variável contextual importante.
(imagens defitl`147`0)?
- Quanto ao seu ambiente interno (o interior da comunid
ade como : procurando Objetivar mais a nossa análise, há que ter em conta que nem
tema) é importante colher, nesta primeira aproximação, informaçi
sobre o modo como responde aos inputs do macrossistema (oir f -
todas as caracteristicas '
do ambiente fetam diretamente
externo aal a comuni-
d desemprego esse
tos) 195 , ao modo como está organizado o sistema de poder e lider c, tliíide. Por exemplo, Hum C01_1CClh° com uma ta taxa f C _ ma vez› ue
" d e comunicação entre os ar
(estrutura firmal e infirmal) , os pad roes re
problema não se distribui de igual modo por todas as regueslas, U Cl
g população ativa e a oferta de emprego se encontram desigualmente repar-
. - e o ortunida-
ridas. Deste modo interessa destrinçar, do quadro de anicaç-18 P
-back) pelo qual o fimczonamento
' de um sistema
' depende dos seus próprios outputs. Esta retroação pode des que configuram o ambiente externo, aquelas que Cffitlvflmfiflte afetam 9'
compensadora ou reguladora quando o sentido da variação dos outputs subsequente é contrária ao sem comunidade em causa sob a forma de inputs relevantes (figura 3-2)-
da variação dos outputspreeedentes (..) (ex.: termostato) ou amplificadora ou cumulativa quando o sent
da variação dos outputs subseq uentes é o mesmo que o da variaçao
" dos outputs precedentes (ex.. fènómenos
/øabituaçao a drogas) (Lapierre, s/d: 48-49).
l94
Para o fazer recorreu-se ao modelo do avião, diagrama inicialmente concebido como instrumento de
l 'Ni Quando aqui se fala em bens e serviços não se pretende adotar uma persäeçltiva ' âconomiâistâo
' ` . Pelo con-
de bens
lise e inte rvençao
' organizacional
` ` (Carmo, 1986, 1997), mas que permite de igual forma salientarll
- considera-se
irário ' .
fazer parte do conjunto de outputs de uma comuni _ d ' a e to a a pro1 uç d ara s¡›_
principais elementos em jogo na análise e intervenção comunitária.
° ' " ain. da ue nao - contabilizáveis
-- - numa economia e mercado, que e a pro _ t ul _P
Ex.: como é que uma comunidade rural se organiza para dar resposta à procura de produtos hortí serviços e informaçao q _ _ S m¡cfl.0_
própria -
' ou para o ex terior. Para usar os exemplos _ anteriores
d é po der-se-iam
omunidade formular
Produzaspara
seguin
seu eau¡o_con_
d a vi'la mais
` próxima?
` . como é que num dado bairro ` urbano os res'id entes se organizam para reagir
CQ
aumento de assaltos supostamente feitos por habitantes de um bairro vizinho? . ' - que Pro dutos hortícolas e em que quantida
lšsçoss' - e que a c 'd d b o aumento de assaltos.›
sumo e para vender fora? Que rcspoiitaii efectivas dá um a comuni a e ur ana a

210
2ll
_
ivirz. iuuui.\.¡\.ilf\ Un lN I I'.l\VI!¡N\,3I\U l;UMUNI I MUA
l`)F.SF.NV()1.VlM ENTO (IOM UN l'l"ÁRI()

Figura 8.2 - Variáveis relevantes na abordagem sistémica de uma comunidade


Para usar os exemplos acima referidos, não basta saber que uma dada
1 H ` Q H . .' . ç ç ¬ A '
ioinunidade rural se dedica ao cultivo de produtos hortícolas em quantidade:
ç i Hç `='z'i**.¡zç,`g.x:¿/z
_¡.z~..~;ij£;:` *çx «_ .ir×.~“¡.¡ ' V, iq z iq lg;-. ¢§;,.f;. -í ;;_'..¡ j .ffí:.`¡
6 preciso saber com que ritmo o faz para responder às necessidades do mer-
iiido regional e se esses produtos têm a qualidade suficiente197 que lhes per-
i¢»ma@uuuu iam uufiuu guumuammuui mita serem competitivos face à concorrência. Do mesmo modo, não basta
l Âfifiuaaããaäi ifiufiufiuäfií iuãäuuuuuus iiâilicr que a comunidade urbana reage à onda de assaltos: é preciso saber se o
iii'/. atempadamente e de forma adequada198.
wwaãuuuuuui l àfifiäaãräi uussuuuuuàfià
1
Atividade 8.1.
Fonte: Carmo, 1986 I . Selecione uma comunidade que já conheça, perto do local onde vive, onde
trabalha ou onde passa férias.
2. Imagine que dentro de poucos dias haverá uma reunião na Câmara Muni-
Tais inputs (entradas) podem ser agrupados sob a forma de exigências
cipal de cuja ordem de trabalhos faz parte a seleção de uma comunidade
o ambiente externo faz à comunidade (e.g. solicitações de produção
em que se irá ensaiar um projeto de desenvolvimento comunitário.
mica ou cultural, procura de mão-de-obra) e de recursos (investimen
3. Com recurso ao modelo do avião, procure caracterizar e diagnosticar a
financeiros, quadros técnicos, equipamentos). Numa terceira aprox comunidade que escolheu, procurando fundamentar a sua opção.
interessa saber com que rapidez e com que qualidade responde a co
dade às exigências referidas (figura 8.3).

Figura 8.3 - Variáveis relevantes na abordagem sistémica de uma comunidade


2. PAssos PARA A INTERVENÇÃO EM COMUNIDADES

(z~‹zz›zii»»iz«~z‹i›zzii›zfz«««.z»] Uma vez dotado de uma bússola que lhe permite selecionar informação
relevante sobre uma dada comunidade onde pretende intervir, o leitor está
em condições de realizar uma reflexão mais aprofundada sobre vários proce-
dimentos que integram a metodologia de intervenção. Para o fazer recorrere-
mos aos ensinamentos de Ander-Egg (1980, 1995), autor com grande expe-
riência neste domínio.
*smufiuwfiuuu ragufiäfiwyfâ âífw«›~*flwfl~fià”¬
i i - z ç ç z ç-g.'.¿*.“: ,-.¬ 'si!.zV¿¡,¡-¿. 1,.-‹ .,¿ '.j;j.`I.
z~. .~ . .« .wi-;~

"
.- '

W Um dos modos como a qualidade pode ser observada é pela procura subsequente, que indica o grau de
satisfação do mercado face às saidas anteriores. Daí que uma das formas de avaliar a qualidade dos out-
li.-1
.z3"_Lz‹¡.;i;',ir-`-;,íf_:* "'i i`
§.;\*{ lia H ii i, 'i -'i.
í.5*f. z(¡;.~¿;ji" -'~i:;Í;~_,.1~`›'~ z;j1`‹;j- (__, »,`
, i i, ii- ci. ¡".*'v` ç
;. ¿,
.
puts de um sistema seja pela análise do feed-back aos outputs anteriores.
› A i i A z im A A
`}1;`l."í'~1` I`;l3Íí‹.~Ii».‹i`<""ii 'L*`1i'5"iÍ"i*ií `Íi‹'?"I<-i`“Í”=íi"f' Wi“"`"""*`l5i1*1ilWÍi'Í“Íi^=1i"`ÍÍi`ÍÍÍ'“." .M Í1` .1` .z W" Uma comunidade que cria milícias populares para responder a uma onda de assaltos, por exemplo, res-
1:. , i rim ¿ .I Á, ¡M`j,M.,.,,.i`.,,,¡z, W ,"z~j,¬ ¬ ..;,~ i H- i i :- _ '
¿`,;V,`,¿.¿ 1: .:|,¶¡)'(i`i;;.fi.i,(.;.i,;Í' ,;i.iiiiF..¿,¡Êi‹Í.y¡.ii 1 "li
iii 4;; A Hi\','ci“ i« i
"if i.»i..,{-›‹ ii › i, ,:¿‹i K '*j,-,ij ¡.¬ 2 ';`f,;j ,Í
z 3, , ponde de forma atempada mas não adequada aos inputs do ambiente uma vez que, para além da ilega-
lidade da reação, tem uma efielcla duviduia por criar condições para o aumento de violência e, portanto,
Ponte: Carmo, 1986
para a redução da segurança que pretendia restabelecer.

212 . 21.3
l')l{SHNV()I.VlM I'€N'l"() (§( )M UN|'|"ÁRI()

l 2.1. Aspetos gerais


No mesmo sentido são de evitar os hábitos colecionistas (de informação
Em traços gerais podem distinguir-se quatro fases em qualquer prc lmiiil), devendo os interventores obedecer a rigorosos critérios, que lhes per-
de desenvolvimento comunitário: mitam seleccionar apenas os dados relevantes para a ação a empreenderzlw.
Para combater este erro frequente aquele autor sugere duas ações dife-
- Estudo e diagnóstico rriiciadas ao longo do trabalho, alicerçadas na ideia de que não é necessário
- Planeamento Irrminar a investigação para iniciar a ação (1980: 100):
- Execução do plano
- Avaliação final Intervenção preliminar
Intervenção geral
No entanto, na sua já clássica obra sobre metodologia e prática do dt
volvimento de comunidades (1980) Ander-Egg alerta para o erro frequ /\ intervenção preliminar envolve quatro etapas a seguir caracterizadas, e
` de empreender estudos demasiado prolongados e pormenorizados, um processo contínuo de avaliação:
normalmente têm dois tipos de efeitos negativos:
I. a investigação preliminar em que se procede a uma aproximação
- relativamente ao sistema-interventor produzem o que tem sido exploratória da problemática da comunidade, procurando identifi-
l
mado síndroma a'e paralisia por analise, que se traduz no desvio car os problemas óbvios por ela vividos sob a forma de necessidades
objetivos principais de uma dada organizaçao que, em vez de mobil sentidas;
. . os resultados que constituem
os seus recursos para atingir . a sua raza_' 2. o diagnóstico preliminar, através do qual se identificam as situações-
existir (e g produçao de bens ou serviços), gastam-nos em análises 1 -problema mais evidentes para uma ação imediata;
teis, em projetos de intervençao comunitaria, os estudos prolonga 3. o planeamento preliminar, que permite definir estratégias e objetivos
tem um efeito desmoralizador sobre o sistema-interventor, tanto para a ação imediata;
impedi-lo de contribuir para a resoluçao de problemas da comunid. 4. a execução preliminar, que tem o objetivo de dar respostas rápidas aos
como pelo fato de tais ` estudos, quando concluídos, não produzi i problemas detetados; e
valor acrescentado significativo199 para a intervenção subsequente. 5. a avaliação preliminar, que não é uma fase mas um processo contínuo
- relativamente ao sistema-cliente, as investigações de natureza de de comparação dos resultados obtidos com os previstos, seguida da
I
siado prolongada provocam um efiito de vacina face às mudanças j: introdução de ações corretivas.
tendidas: com efeito, se pensarmos que muitas populações-clientes
portadoras de atitudes de fatalismo e de comportamentos de reaçã Na esteira das ações preliminares, a intervenção geral tem o objetivo de
mudança, ao prolongar excessivamente a fase de estudo e diagnóstic iolidificar o conhecimento sobre a comunidade, de identificar situaçoes-
O
interventores reforçam esse tipo de atitudes e comportamentos. problema não percecionadas na fase preliminar, de afinar o plano de inter-
venção, introduzindo-lhe estratégias e objetivos de mais longo prazo e afe-
tando-lhe os necessários recursos, e criar rotinas de intervençao mais dura-
I 9l 0
--‹-.--~-----~---¬`~---~--------›------~-~-~~--~--~‹~--~›~-L ¬ 1 z -oz zz-~¬z:_-zz _ _--.-- z _ _--- - _ _ ¬---Qonoçq
douras. Tal como as ações preliminares tipifica-se em cinco tarefas:
A ausência de valor acrescentado pode decorrer da desatualização do estudo que, quando terminl
retrata uma comunidade que já mudou, ou da sua desadequação, quando por exemplo os resulta
que chegou têm valor académico mas não têm qualquer valor para a prática de intervenção. di Jill
' Ander-Egg chama a arençlo pm n neceuldnde de evitar o Ferichiimo metodológico que crê que os meio-
dos e técnicas operam por ll mllmol (Audit-Eu. 1980: 99)

_. __ 2l5
-
- ~ 1\ 1 ou | unv ¡a\il1\¡r1\| \-4\lIVI\-H1IIf\I\I(\ lil `Il PU V\‹|I VIIVIÍ IY I\J' \i\ |lVI\|IYI I I\I\|\I
'-Iii

- investigação geral, a desenvolver enquanto se executa o plano preliml instrumentalizai' por ninguém, procurando assumir um papel ativo de
- diagnóstico geral catalisador de comunicação e, se possível, de cooperação.
- planificação geral - entre comunidade e ambiente tendo em conta que várias situações-pro-
- execução do plano geral blema podem ser resolvidas com recurso a meios externos à própria
- avaliação geral comunidade, a qual muitas vezes se encontra geográfica, económica ou
socialmente insularizada.

2 3. Estudo e diagnóstico Proceder a uma caracterização preliminar da comunidade


j À medida que os contactos se vão processando e os laços entre sistema-
2 3.1. Vêrtentes do estudo e do diagnóstico preliminar cliente e sistema interventor se vão tecendo, este vai tendo acesso a várias
I informações sobre aquele, o que lhe permite fazer um primeiro retrato da
Dados os objetivos atrás referidos, a fase de estudo preliminar operat l mmunidade e dos fatores que poderão ter influência na ação subsequente.
naliza-se em cinco diferentes procedimentos: São quatro as dimensões desta caracterização sumária a ter em conta:

l.° lançar pontes Dimensão geográfica, que envolve a identificação de fatores dessa natu-
2.° proceder a uma caracterização preliminar da comunidade reza que possam condicionar a qualidade de vida da comunidade quer
3.° fazer o levantamento de experiências anteriores como ameaças quer como oportunidadeszol. Interessa ter em conta que
4.° identificar necessidades nesta, como nas outras três dimensões, frequentemente uma mesma
5.° identificar recursos característica pode ser considerada simultaneamente como ameaça e
como oportunidade, como limitação à qualidade de vida e como
Lançar ‹‹pontes›› recurso para a sua promoção. A falta de acessibilidade, por exemplo, que
Uma vez que a questão da comunicação é crucial em qualquer situaçã
' o em princípio seria considerada como uma limitação, pode ser transfor-
intervenção social, o primeiro procedimento a desenvolver no trabalho C1 mada em recurso se for combinada com outros fatores: uma região
uma comunidade é o estabel ecimento
` de contactos e d e canais (pontes) C pouco acessível pode ter recursos paisagísticos, cinegéticos, culturais,
a possibilitem. lúdicos, etc., que a tornem atrativa a segmentos de mercado exteriores.
São três os tipos de pontes a construir: Daqui se conclui que o ato de caracterizar uma comunidade não pode
ser uma descrição mecânica da realidade, mas deve procurar produzir
- entre sistema-cliente e sistema-interventor, procurando elimina! um valor acrescentado de informação através da indagação, relativa-
choque cultural referido no capítulo 2, nesse sentido, os intervent
' . o o ai
mente a cada um dos elementos observados, sobre a sua dupla caracte-
deverão estudar previamente a cultura do sistema-cliente e exercer Ul rística de limitação e de recurso.
rigorosa autovigilância, a fim de não serem traídos por preconceitos Dimensão económica, que envolve a caracterização dos subsistemas de
sua própria cultura; E _ produção, distribuição e consumo da comunidade.
- entre segmentos da comunidade: é bom não esquecer que em mui
comunidades há organizações, grupos e pessoas, que se ignoram, col
petem entre si ou mesmo hostilizam-se, devendo os interventores pl ml Clima, localização, acessibilidade. potencial agrícola ou industrial, distribuição espacial da população.
curar conhecer o sistema de relações em presença, para não se dei:

217
_
i›i~:si‹:Nv‹›i.viMi-iN'i'‹› ‹:oMiiNi'i'Áiiio

- Dimensão sociológica, que respeita à estrutura (distribuição esp l . .


i . . _ , . ' I rioridades de
. A . (natalidade,
funcional, estratificação social) c à dinamica . morta hr uma hierarquia de necessidades que ajude a estabe ecer p
migrações, mobilidade social , sist ema d e po d er) da populaçao
"
- D'imensão ideológica, segundo a qual se procuram identificar os i
e crenças dominantes, que possam constituir travões ou aceleradc
l (Íiiso 8.1 - Um projeto comunitário no Equador
mudança.
i'elzi prospeção, uma população pode descobrir necessidades de que inicial-
iiienie não se dava conta, pois há todo um caminho de reflexão que se vai ope-
Em suma, esta caracterização p rév`ia tem como principal
' ` '
objetivo nindo e que se vai- traduzindo
' num aumento de ansiedades e. novas FL.erspeti-
_
fatores que possam constituir ob s tácul os ou estímulos à mudança,' nai
"'d
viis que conduzem , por certo › a uma averiguação de necessidades _ o jetivas,
dendo de vista que o mesmo fator pode revestir-se dos dois aspetos. iii-is que até então não eram sentidas. É o caso de uma comunidade do Equa-
iior onde trabalhava um técnico de uma organização internacional. A popu-
| a .

Fazer o levantainento de experiências anteriores _ - - ' ' de luz elétrica mas o técnico
iiiçâio sentia como primeira necessidade a faltlía ›ia estava dimi
. ,, precedente pode ser muito
A caracterizaçao . facilitada
.. .
se os interve I - - ' e a econom '
iiescobriu que a erosao do terreno era terrive e qu . . . 1 _
tiverem acesso à informação co lh'di a anteriormente sobre a comunida iiiiindo anualmente por esse fato. Era preciso consciencializar a popu aça0
questão. E por isso conveniente,
` O iiisto s e levá-la a tomar conta do solo. Como havia muitos habitantes que quê-
nesta fase, fazer um levantamento dos i .
-
' ' ` elaborado um lano educa-
mentos existentes - estatísticas, legislação, relatórios, informa ao di riiim aprender a ler, aproveitou este desejo e fozill . bllâma do solo
ç' 'fiii . - - ' ' usivos ao to -
na comunicação social, documentos pessoais, etc.2°2 - o que constitui iivo, utilizando como material de leitura teipas d d d P bre as colheitas
. -_ - a os so
apreciável economia de tempo e energias. lum reunioes comos agricultores, foram so icita os _
No entanto é importante frisar que muitos documentos, ou não têm anteriores a fim de ser possível um confronto. Lentamente os habitantes cap-
lid I O O C ¡-¡ ,Ú '
. .
i.iram o problema da erosao ” .do terreno e o tecnico pacientemente
d» ' onserva aguardou
' ão do 8010205.
1 Eldê ÉCCIIIC3 IICIII ClCI`1iÍÍfiCa OU I`1'l3.lS na
d I
, I
o sao Cl o que caixas de resson' iité este momento para sugerir um programa e c Ç
e estereótipos, preconceitos e medos2°3 d d
, po en o ser fontes de nevi _ _ ._‹._..._-_._..........í..__‹.-_ . - - -

informacional. E exigível ao sistema-intervent


or, portanto um trabalh
tico sobre a documentação existente, confrontando-a com o resultad o _ . - - ' ' na-
O liste caso é ilustrativo dos vários tipos de ncCcSS1dad€S ff (10 seu fclacm
suas observações diretas.
'iento ao longo do processo de intervcnÇã0 (figura 8'4)'
Identificar necessidades
Com base nos elementos colhido s, o interventor social está em condii Figura 8.4 - Tipos de necessidades

de identificar as princi p ais necessi'dad es, materiais e imateriais, da com


dade. E importante que tal tarefa seja feita em conjunto com elemento1
população, de modo a desvelar necessidades inicialmente ocultas e a nti ¡ .d a mma, A _ 'ref zizzzizidadz ,
' ai? Gzlzl» P» a f FE iiiiii /É/;IC0mb¿¡¢r o fatalismo
Deu tas "
202 Para aprofundar o modo de efectiv . . . a
ar a pesquisa documental e reflectir sobre as vantagens e in
nientes de cada uma das fontes referidas recomenda-se a leit r d C _ ~ ' ` d de o início do ro-
u a e armo, H. e Ferreira, M. (1 ' Essa a razão porque diversos autores defendem que a P0PUÍ=1Ça° d¢V° PamC1Paf cs P
57-33). . . z - ' lo o que se disse sobre Lebret no
cesso, como foi referido nas unidades anteriores. Reveja, por exemp
203 Exemplo típico é o que se tem escrito sobre comunidades ciganas' a maior arte da d
. capitulo 4. ,d d cum” _ Aut°_¡nqu¿¡.¡¡°' ¡n 1965,
duzida, em vez de contribuir para o conheciment d ul ` p ` ' ocumentação'
o a c tura desta etnia. mais nao faz senao ap ' Brito, M. A. Quintela de. i965. Pmlplçlo de necessi a es e re _ _tário e “mic”
uma visão ideológica (pró ou contra) preconceituada. TCM
Desenvolvimento comunitlrlm silllinlriü dl gII\I¶¢ÃE0b¡¡'¢ (:'~(*)°l¢"V°l“m°“f° mmum
¡ux¡|¡¡,-zz do promoçlo social comunitária. Lin tia. P 3- -

218
__ 219
-
Pela descrição, a estratégia do técnico foi C => B => D => A: a _ ativa
- torna-o
. ~ ' impor tante
jmpiilaçao niiin recurso -
^ e . barato _de enquaciramefl
_ á el ro-IO
veitando uma necessidade sentida de natureza i . . 1
material, a necessidad i i ii po Pulação infantilwi'› mesmo ~ :i sua dependencia, um 1nCIu¢5“°n . . I V ¡men_
P
alfabetização (C), concebeu uma estraté ` f
gia para azer emergir uma nec lilema, deve ser também considáerada ' com o um recurso utilizáve
a cultura para C
de Solidariedade,
dade material até então oculta (à popu l açao), a de combater a erosao ( ›~ nv E
-‹ familiar
' ° e comunit ' ria ` e p romover um_
mr a coesao
de supor que a resposta positiva aos dois tipos de necessidades tenha au . . , ' ' uer sociedade humana.
tado a autoestima da po p ulação aiju d an d o a vencer o seu fatalismo (In
iiiiiispiiiisiiviii ii iiiiiiiiiiiiiiiiii iiii viciii iiii iiiiiiiq d em s er visíveis ou estar ocultos,
. . '
libertando energias e recurs os para responder à necessidade sentida de ter iai como as iieiiiiiisiiiiiiiciiiisi
r terem natureza material ' ou ima °Os iiiiiciii:lOSCpili›
teri . a e ao in i_ t e rventor social_ _ a dtarefa .de_
tricidade (A). ~ ' ' ma-cliente. Na transiçao
os desvelar e de os hierarquizar com o siste _ _a SOCIC
dade in ' d ustri'al para a sociedade de informação _ _ cada vez mais se valorizam
. os
Identificar recursos
recurso s humanos relativamente aos materiais dada . a_ sua capacidade
(1 para
sem
Um dos autores mais lidos e conceituados no domínio da Gestão, Pi
a novas situa oes. Deste mo o,
Drucker, num livro sugestivamente intit l d I ' ' 206 c giiiaiiiim novos iiiiiciiiisiiis iii para iiiiiäiiii iiiiiiiii teria; o interventor deverá
u a o novaçao e gestao refer naturalmente descurar a questao ' ošrec ursos d- ma Onívéis
Um ‹‹recurso›› é uma coisa que não existe até o hom d b i i i a sobretudo estar atento aos recursos umanos is P -
em esco rir uma utiliz
para al go existente
i na Natureza, e desse modo a dotar de um valor e ó l
Até essa altura, as plantas não passam de ervas e os minérios não saoconmaism
I I .

tico
pedras. I-Iá pouco mais de um s é cu l o, nem o petróleo que empapava o soloi i
" (Ljma
iiiiigiiiis
vez executado s os cinco procedimentos _ que_ se acabam
_ _ de descrever,
d _
H . f ' " r o dia nóstico reliminar a COITIU
a bauxite, o minério do al L1l'I1lI`ll0, CI'3I`l'1 I`€CLll'SOS. EIHITI COISRS HOCIVQS, 3111
o interventor esta em condiçoes .de fazed .t S ão encoiínrada em termos de
_ '“ a si ua
faziam com que o solo não fosse fértil. O fungo da penicilina era uma praga i
um recurso. Os bacteriologistas davam-se a grandes trabalhos para protege
iiidiiidii que- se iiiiiiiiiiz iiii iiiiiiiiiciiiiiiziiiiiiäi
' ' evoiiu ão de acordo com vários'
desenvolvimento, 1121 P¢fSP¢UVaÇa° aƒsfla Ç_
suas culturas de contaminação p or p arte del e . M as então em 1920, um mé r ¬ nários e opção por uma dada estrategia de atuaçao.
londrino, Alexander Fleming, compreendeu que essa ‹‹praga›› era precisament d iiii A operaçãoi de d'iagnos ticar é delicada › uma vez que decorre do confronto d
b o id U O

acterici a que os bacteriologistas procuravam - e o fungo da enicilin . - ' ' m a escala de valores o
p a tornC da pesqiusa empírica, com a teoria existente e co
-se um valioso recurso. O mesmo se aplica às esferas social e económica.
diagnosticador. _ _ . . ._ d
- tilizados na sistematização e
Um dos instrumentos frequentemente u _ uam)
Este texto chama a atenção para um aspeto fundamental no trabal 4' ' ticos é a análise SVVOT, uma matriz de análise composta por q
comunitário: é que o ato de 1idClliíliflC3l' I'€Cl11'SOS é llfll atO (1116 CXlgC ` l
` lllt iiigàios
e qua ra ntes 0 rtam(strenghts
_ d dq ue suHilieaças
a sua designação'' pontos fortes,
weaknesses, opportunities . . P°m°S frams'
and threats).
gência e criatividade por parte dos protagonistas
oportuni a es e a › . f mc_
Por exemplo, na sociedade industrial a população idosa é considerada Se, por um lado, os quadrantes relativos aos p ontos fortes _d ed raC0S ICa as
LL
pro bl ema, em virtude de não estar inserida n ul _ -
a pop açao ativa, de ser uJ tem ara u ma análise interna da comunidade, as oportuni . a es e ame Ç _
grupo psicológica, económica e socialmente dependente, etc. Como verem f P se a aspetos exteriores a essa mesma comunidade (que
` diversa co i
no cap ítuI o 9, atualmente começa a esboçar-se uma tendência fe erem' - ' ' no e externo da comuni 'd aComiispon
de, referi-
, nS dem, respetivainente, ao ambiente inter W f rimcim
derando-o um valioso recurso social , justamente p el as mesmas característi
Ci
d 05 anteriormente no âmbito do modelo do aviao). 'Desta ~ orma,
° 0dP ál ise
que o apresentavam anteriormente como p robl ema : o fato de não estar ~ da análise ' SWOT é a defini Çao do objeto e an
ii passo para a construçao

-..........-....- ---.. ..- _.. -........ -.. --- _ -_-------..--....._....-_..........__..-..-... _


207 No fundo, ¿ o reconhecimento da importância . do papel dos avós, qufif CSN “la
social ' d °s° mpenhado
20( '
' 1985, Lisboa, Presença, pag. 42.
pelos avós biológicos quer por dvd! Pmfi”¡°""i"'

220
221

.
(expresso no título da mesma), de forma a delimitar quais os aspetos inter- Técnicas de recolha de dados
nos e externos. Para efetivar o estudo e o diagnóstico, o interventor social deve recorrer às
Pretende-se ainda que a análise SWOT seja centrada no presente, di técnicas de recolha de dados habituais em Ciências Sociais. As que se usam
evitar-se na formulação dos aspetos a utilização de verbos que remetem tom mais frequência são as técnicas de pesquisa documental, de observzâção
objetivos, ou seja, para uma proposta de ação futura. Será, pois, preferencial, participante, de entrevista e de auto inquérito ou inquérito participação .
l Ii

a utilizaçao de substantivos. Mais recentemente, as metodologias audiovisuais têm vindo a ganhar


A análise SWOT deve, pois, constituir-se como uma fotografia rigorosl relevo, particularmente no trabalho com populações marginalizadas por
da situação da comunidade no presente, devidamente contextualizada com situações de pobreza, baixa escolaridade, barreiras linguísticas e culturais,
as características internas e do ambiente externo, e baseada nas evidência! deficiência, género e idade. Estas metodologias distinguem-se por tomarem
empíricas recolhidas no processo de construção do diagnóstico. como dados de investigação, não palavras ou números, mas sim imagens
Este instrumento não deve ser estático, uma vez que se pretende que, a par (Prosser 86 Loxley, 2008; Rose, 2007).
da intervenção realizada, se possa atualizar de forma permanente o diagnós- A sua aplicação pode contribuir para o desenvolvimento de processos de
tico, assegurando a adequação dessa mesma intervenção às necessidades sen-r investigação-ação participada e emancipatória. Técnicas como o pbotoaozce
tidas na comunidade, em cada momento e por cada segmento da população permitem aos membros de uma comunidade exprimir em imagens, a partir de
em concreto. desenhos ou de uma câmara fotográfica ou de vídeo (por exemplo incorpora-
Apresenta-se abaixo um exemplo de uma análise SWOT de uma comu- das num telemóvel), fatos e experiências do seu quotidiano e da comunidade.
nidade. O poder expressivo destas imagens, que muitas vezes valem mais do que
mil palavras, é depois explorado em debates e exposições coletivas, que
Figura 8.5 - Matriz de análise SWOT da comunidade X ajudam a comunidade a tomar consciência dos seus problemas e contribuem
para despoletar processos de mudança social e política. . 209
Não cabendo neste manual o aprofundamento de todas estas técnicas z
S (Strenghts - Pontos Fortes) W (Wealmesses - Pontos Fracos) deixam-se apenas recomendações práticas.
- Competências dos elementos da - Elevada taxa de desemprego Allá-lÍSC
comunidade - Escassa fixação de jovens intgfna da - Quanto à técnica de observação, é conveniente não esquecer dois aspe-
- Fabrico de produtos - Baixa taxa de natalidade ad tos essenciais - a escolha do observatório e o envolvimento do obser-
gastronómicos pelas famílias - Isolamento dos idosos i
comunid e
- Património natural vador. Qualquer observatório tem um horizonte de observação para
além do qual não é possível ver. E por isso necessário que o interventor
social faça observações múltiplas em diversos momentos e de diversos
O (Opportunities - Oportunidades) T (Threats - Ameaças)
locais. Por outro lado quanto mais o interventor se envolver com a
comunidade mais acede a informações vedadas a forasteiros; o custo
- Existência de financiamento para - Crise económico financeira Análise
projecto de empreendedorismo local - Assimetrias de desenvolvimento
dessa vantagem traduz-se numa perda de objetividade e de visão de con-
- Programas de apoio à regional (a nível demográfico e €XÍCI'l1a
d junto (cf Carmo e Ferreira, 1998: 89-118).
requalificação/promoção do económico)
património natural - Desconhecimento dos produtos Cmnunldade
2°” Esta técnica encontra-se descrita no capítulo anterior, a propósito da contribuição de Lebret para 2
gastronómicos e do património Sociologia de Intervenção. _ d
natural pelo ambiente externo ill” O leitor pode encontrií-lu dcucritaii e discutida: com detalhe em qualquer manual de metodologia a
Ciências Sociais. como em Carmo 0 Ferreira. l')98. referido no fim desta unidade.

222 225
- _
_ "' \~\¡'W|UN|

l)l{SF.NV( )l.VlM ENTO COM UNITÁRIO


- llâelatiigamente à técnica de entrevista, esta deverá der usada para
er in oämatñao relevante junto de informadores qualificadoszlo
recomen áve informa
assumir um Na sua obra (1980: 140-187)) Ander-Egg salienta nove aspetos a ter em
não se perder '_ . formato nao
' demasiado
" estruturado a ifim
Ullll a na investigação geral:
450) Çao i mportante (çf Carmo e Ferreira,
- 1998; 11
- mim
Quanto à es uisaãodocum ' ' . Localização
a co11202ta d . fental convém diversificar as fontes para
. Evolução histórica
atrás se referi Ç d a in 01'maçau
" 6 análise
' da sua veracidade
- e, '-l\ú- . Estruturas físicas fundamentais
Q às u, píope er à sua análise crítica.
~ uanto meto oo ias ' ° ' .. .. 4 . Infraestruturas e equipamentos
dar voz aos ru O 8_ audiovisuais, estas deverao ser utilizadas 5 . Estrutura e movimentos de população
d d 8 P s mais marginalizados.
' Mais
' do que o registo
- da
(›. Níveis de vida
a C envolvente (Cm áudio, foto vídeo ou desenho) é fl
lise crítica que o interventor social for capaz d
Ó . ,

i a re exao e

7. Organização social
. _ _ , e gerar a anzif 8. Perceção da mudança
¡`¢81Sf0S que permitira desenvolver a consciência crítica dg que
Paulo Freire,
' de modo a gerar processos de mudança social 9. Estudo de recursos e potencialidades

Atividade 3,2 ` ' """"-'“*-=--- -___ __.-- _»..`--...~-.‹-¬.~-..._

~-~~-~~-~~~~--~-»««~~--«W 2.4. Planeamento e programação em Desenvolvimento Comunitário


C onsi'd ere a comunidade
' - selecionou
que já - . .
para a atividade 8.1.
Imagine que na reuniao '~ da Camara
^ ' ' . - - . O que é planear?
nada essa comunid d _ Municipal em que PafUC1P°U foi SCÍCCIO-
8 e para ensaiar o projeto referido O planeamento comunitário é um processo dedutivo que parte da defini-
Faça um memorando que permita servir de guião à equipa q . f
i,'ã`ii› de grandes orientações decorrentes do querer comum - a que se dá o
- , . preliminar.
estudo e diagnostico _ _ ue vai azer o
nome de estratégias, políticas, etc. - para a definição de metas claramente
_.__-__.___.___---._-___--.._-.___._`___
-.---.__-----_%_.-.-._-._._"__--.. __ ___

._ ._--...--_-__.¬c..___ _ , _
^

I
iivaliáveis e de meios a afetar para as alcançar.
-_.__-¬...___ _ ___ _

2.3.2. Investzgação gem/: variáveis relevantes Procedimentos obrigatórios nos atos de planear e organizar
Para que o planeamento da intervenção comunitária seja bem feito é
de Longe
u defd
ser uma mo g ia à boa moda etnografica, a investigaçao
no raf f - - ..
necessário que preencha alguns requisitos, habituais em qualquer processo de
q C 1105 2 Ander-Egg é o aprofundamento adequado da ir planeamento:
preliminar. Isto não significa que não se tenha de se revestir de d
e abundância de dados mas t' . gran C - As estratégias e objetivos devem ser clara e rigorosamente formulados,
› ao somente de que toda essa informação
ser organizada e fim " - - de modo a evitar problemas de comunicação e interpretação entre os
lh _m 9230 de um objetivo que é o de conhecer a com
Para mf? Or a ajudar a desenvolver-se. P rota8onistas do P rocesso; como re8ra (I uando definimos um dado
objetivo deveremos interrogarmo-nos se ele é avaliávelzl 1.
_ . _ _ -_ -...--~-`~.--.¬......_
-‹.-......_..~-...__ _
--‹---...._`_`___-_..-.____ _ _
- O quadro de resultados desejáveis traçado sob forma de estratégias e
“OE xemp lod'fo
s ein rmadores aff ' z 7:- -_z_m___._ ._____ _

' ~qu 1 icados tí icos numa


-
“'“ *----_~‹--.-ez..-...-«_ ---.`...--._ .__
....-.-.-_¬-_-...._ __ ___ ___
objetivos, deve apresentar uma hierarquização clara a fim de se enten-
sia,_ 0 padre. os comerciantes , o s operadores da- Ju n~ za d ° .
“`¬ -- ~-..~__-..--......._

_ P de trans ortes
comunidade
be sao o presidente
sejam identificados. P ' m como os “der” farmals ° "1f°1'mfll8

JII
O leitor poderá encontrar um! rllliiilo mlll iiprtiliiiitliida sobre este assunto em Carmo. l995

_ .-
. \ \.ur\ lIl\ NY I Eiflvflwçfltw

I›i‹:si‹:Nvo1.v|MiêN'i'‹› tri ›MuN|'rÁ|u‹›

der quais são as prioridades definidas; esta questão é muito impo


liigurn 8.6 Ifixemplo de Plano de Ação
sobretudo quando se registam cortes de recursos: nessa altura há
abdicar de objetivos e interessa saber quais os menos importantes
Nncollidadflfl Objetivos Objetlvol ¡¡|¡›¡g¿¡|¡g Ilecunos Atividades
o projeto. Gerais Específicos

- O plano deve também retratar a relação de dependência entre os


1.1 Reforçar as redes
objetivos (precedências no tempo, por exemplo), a fim de se otimizar de apoio ao
envelhecimento
sua execução. i 'nesão social
n identidade
1. Re forçar a coesão
; Social e a identidade
1.2 Estimular a
partilha de saberes
Projeto de voluntariado
- Nesse d ocumento devem estar previstos procedimentos de ax da comunidade entre gerações
1.3 Valorizar o comunitário
património da Oflcinas de transmissão
para a monitorização da sua execução. comunidade de saberes
-Levantamento do
- Cada objetivo deve ser seguido da previsão de recursos a afetar (j -Intergeraclonalidade
População em
geral património da
-Empowerment .Líderes locais comunidade (natural e
instalações equipamentos, verbas, tempo previsto). Esta medida -Advocacy -Autarquia local
edificado; material e
imaterial)
em regra muitos dissabores pois a tendência geral de quem planeia -Grupos D -Empresas locais Ações de formação
(desenvolvimento de -Escolas e (turismo, produlios
como diz o povo, ter mais 0//aos ue barri a, isto ' definir ob competências) estabelecimentos gastronómlcos, técnicas
«Grupos A (ação de ensino superior de procura de emprego 0
9' Z e› social) empreendedorismo)
excessivamente ambiciosos frequentemente inalcançáveis. Os efeito: 2.1 Desenvolver
-Parcerias
-IPSS locais
¬Empresas de «Sessões de balanço de
2. Promover competências para a
formação competencias e
vacina nos técnicos e nas populações são conhecidos, injetando n Emprego 3 di U3 mizaçãod empregabilidade -Mediação pelo
-Empresas de elaboração de projetos
edlnàmica ,Ê d° E mpreg°e a 2.2 Apoiar 0 elemento X de vida
desenvolvimento de comunicação
noutras resistências à mudança, exteriorizados muitas vezes sob a comunidade iniciativas de Consultoria a iniciativa:
empreendedorismo empreendedoras
de comportamentos, céticos quanto às perspetivas de alteração do da população - Piano de coriillcaclo.
dl UI
quo, e cínicos quanto à boa fé dos agentes (técnicos e políticos). 32"f'.3.âY.'zÊ.°›°¿»i "'"°

Na sequência da análise SW/OT, apresentada anteriormente,


abaixo (Figura 8.6) uma proposta de plano de ação, que possa operacio fffly ,l 7 fi _ _ _ _ _ _ z zf liifllliiiímm-3;'

zar uma intervenção comunitária, com base nos aspetos identificados.

A utilização deste instrumento reúne, no nosso entender, algumas van Atividade 8.3
. - - ` ` ` es.
Considere a comunidade que selecionou para as atividades anterior
Simule uma necessidade sentida pela C0mUflÍdäd¢-
- Partindo da fitografia da situação da comunidade, permite sis Formula um plano de ação para responder à necessidade detetada.
as orientações para uma ação coerente com as necessidades identifi
(ol/Jar cinematografico);
- Permite ainda articular necessidades, objetivos gerais e específicos,
2,5, Execuçao e administraçao de programas em Desenvolvimen o _
›-f ' ° '-' . t

tégias, recursos e atividades, assegurando a resposta a múltiplas


dades de forma integrada, reforçando a coerência interna da in nitário
ção e evitando a sobreposição de atividades.
O que é administrar?
O termo administrar do latim ad manu: tra/were, significa trazer à mão,
I

comandar. Esta expressão operacionaliza-se no terreno, numa função com-


plexa, que integra açõel Cie:

227
......
DESF.NV()I.VlMENTO COMUNITÁRIO

- planeamento (definição de rumos);


1
or O ,.¡ I U ` " .E 0 ' 1 J ,... I ¡_,

ganizaçao (identificaçio, luerarquizaçao e articulaçao de meios)


1 .
liderança, passaremos seguidamente em rápida revista algumas contribuições
. - - - - 212
- controle (comparação dos resultados obtidos com os previstos e intro Q
teóricas com aplicabilidade neste domínio .
d uçao
" d e medidas
` " '
de correçao,
- comunicação (pôr em comum), para o que deve ter particular atençã Teoria da pirâmide de necessidades de Maslow
na conceção de um sistema de comunicações aceitável (com mecani
c De acordo com este autor existem cinco tipos de necessidades humanas,
mos fiáveis de produção, distribuição e validação da informação) e res-
sl

a que corresponde uma ordem de prioridades:


peitá-lo;
- motivação dos protagonistas, através da capacidade de os convencer do A. Necessidades fisiológicas
valor do projeto e de manter a coesão possível para os conduzir aos obje- B. Necessidades de segurança
tivos definidos; C. Necessidades de pertença
D. Necessidades de estima
Questões-chave na administração de programas: as questões da coesão e E. Necessidades de autorrealização
da condução
Como facilmente se vê, administrar (ou gerir) não é tarefa fácil exigindo Isto significa que, em regra, as primeiras precedem as segundas e a que as
conhecimentos diversos e maturidade emocional. A verdade porém é que segundas para se manifestarem exigem uma satisfação suficiente das que as
qualquer projeto de desenvolvimento comunitário exige esta função, pelo precedem.
que quem quer que seja que venha a trabalhar neste domínio precisa de
desenvolver competências nas áreas referidas. Implicações práticas para o trabalho comunitário: _
De forma simplificada pode afirmar-se que todas essas competências se O interventor comunitário deve ter em conta as prioridades das necessi-
destinam a ser instrumentos de duas estratégias: dades sentidas pela população.
Por exemplo: Considerando, numa dada comunidade, os problemas de
uma estratégia de coesão, que pretende criar laços fortes de solidarie- imagem negativa da comunidade no meio envolvente (D)
dade entre sistema interventor e sistema cliente, entre os subsistemas falta de espírito cooperativo (C)
deste e entre este e centros de recursos e decisão exteriores à comuni- fome e malnutrição (A)
dade, tudo isto em torno do querer comum formalizado no projeto; insegurança nas ruas (B)
- uma estratégia de condução que se reporta ao modo como é concebido O trabalho comunitário deverá ser desenvolvido de acordo com as priori-
o processo de decisão (preparação, tomada e execução das decisões) dades de Maslow (A =› B => C => D)
(Carmo, 1995: 681). il
Teoria da realização pessoal de Mc Clelland
De acordo com este autor todas as pessoas têm necessidade de se sentir
pessoalmente realizadas para estarem motivadas para uma ação. Os líderefil
\

2.6. Motivação e liderança em interven " ' ° "


çao comunitaria. aproximaçoes
teóricas em particular, têm necessidade de

Uma vez que em todo este processo de d ' ' Al ------z.--.-----__--¬-..--...u‹›‹-‹.--zuuz.-.¢›››¢~~ . -›v _-..-...-......z-a--ez...--..-..-es
_.
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~..-._----..-_ --- ..‹.`----..--‹.‹¬-_._«---------
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---

z
-~
.---------..--_...-Qu-Q.--,...-_....lu

a ministração de projetos de , 212 Para o leitor que queira aprofundar esta questão recomenda-se a leitura de Guest, Hersey e Blanchard,
desenvolvimento comunitário estão presentes as " d 1980 e de Harley e Bianchlrd. 1986. cuja identificação bibliográfica encontra no fim deste capítulo em
questoes a motivação c fl
l
lziiurzu romplmmum.
l
Í
'll

228
-' `_'| _ I.
¿ .. *_ __
Ê. tomar parte na formulação dos objetivos que lhes digam respeito; Figura 8.7 - Mudelmi de ‹.'nni|mi'|iimemo segundo um critério de miituridzide
. escolher obietivos moderadamente dificeis de atingir que funcionam
como desafios;
3. ter recompensas que lhes aumentem a satisfação pessoal e a aumgg..
rima de preferencia a recompensas externas. ,
Aziiuàzglobzi passiva Apivsm Y
Atitude perante osfioutros T P Dependente Independente
änplicações práticas para o trabalho comunitário: Comportamentos Padronizados Adequados
ulinterventor social devera deixar sempre um «espaço de manobra» Â Interesses Superficiais Profundos
' 1 - , .
POP 29210 C, em particular, aos lideres comunitários, sem o qual eles terão, ^=¡F54=..fe¢f=.ee.E¢mPe... Cv~.e!=9.PfeZ°.........._- Média
Pew.. ._ .
tendência a desinteressarem-se da ação. Consciência de si Estcreotipada Objetividade

Teoria de Homans
Implicações práticas para o trabalho comunitário:
D6 acirçlql cäim este. autor, certas tarefas exigem um nível mínimo de O interventor comunitário deverá promover uma estratégia socioeduca-
comunica _i i a e (densidade social) para ser eficazes e eficientes.
tiva para ajudar a comunidade, os seus grupos e lideres, a passar do modelo
comportamental A para o modelo comportamental B.
Implicações práticas para o trabalho comunitário:
Ist o implica,
. - da parte do interventor
. comunitário,
' ' uma particular
" atençao
nv H
Teoria da análise transacional de Bem e Harris e teorias X e Y de Mc Gregor
De acordo com estes autores, as transações comunicacionais entre os serel
_ *fm Ídefltílififlíi controlar, melhorar e manter a rede de comunicações humanos efetuam-se segundo modelos de relacionamento (segundo a teorli
da comunàdade, nomeadamente os centros de produção de informação,
da análise transacional)
os canais e comunicaçao e os filtros e amplzficadores de informaçao;
T ' ' ›-1

- em promover programas de formação que desenvolvam as competên- Í - Pai => Criança,


CIÉIS PHI3. COI`I1l1I`llC3l' C COOpCI`aI`.
- Criança => Pai, ou
- Adulto => Adulto,
Teoria do processo de maturação de Argyi-is Ê
- e assentes em atitudes de desconfiança ou de confiança básica (teorias
De acordo com este autor, o comportamento dos seres humanos é mais l | X e Y de Mc Gregor)
ou menos maduro, podendo identificar-se dois modelos (tipos ideais) de .¡
COHIPOITÉIIIICHÉOZ
Implicações práticas para o trabalho comunitário:
O interventor comunitário deverá desenvolver estratégias de relaciona-
mento com a comunidade-cliente de modo a privilegiar uma relação
AdultoÔAdulto e desenvolver um clima de confiança básica

Teoria de Argyris sobre os estilos de supervisão


De acordo com este autor, os estilos de supervisão observados em qual-
quer processo de intervenção podem-se tipificar de acordo com o quadro
seguinte:

230 231

..
fÍ'f.'?.'. _“.f?.'f?.*.'§'.$.'f.'.`.ÍiÔ.lÊ`“`“"""Ç^° °WUN1'1`^Rl^
i u ‹ u | n ú - n n - . . . , , , _ _ _ _ _ ,
........»›q¢g.
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

Flfiuta 8.8 - Estilos de supervisão - Aproveitar os três tipos de lideres existentes


- Propor a distribuição de tarefas de acordo com as suas características de
liderança

2.7. Avaliação de programas


“ ' "' ' ' ' f ' f f '" f f ¬ f -¬ f f ~ff^`^'-'-'f- - f- -'--f-f-ff-1 - - -ff:-t-Hfffzz z~z~fz-=-_-_-.-.-z.--H .-.-......g

' ' ' ' ' ' ' ' "` ' ' ' ' ff: -' '1'-'-2 -'ff ¬~^-'fz' 21 fl.^:::;'.;'.¬¡*
_ ç
já atrás foi afirmado que a avaliação deve ser considerada uma ferramenta
ImPlÍ°aÇÕe5 PYÍÍÍCHS Para o trabalho comunitário
para monitorar a execução de um dado plano e não apenas a sua etapa final.
Na verdade a avaliação é o processo através do qual, em diversos momen-
O IHWYVCHÍOF C01T1Ufl1fár1o deverá desenvolver estratégias de re
mento com a comunidade-cliente de modo a que o seu modelo de tos da intervenção, se procuram medir os resultados em função dos objeti-
namento se venha a transformar gm YB_ vos propostos, identificar possíveis erros e lacunas, bem como os êxitos e
os efeitos não esperados. Assim, no início da intervenção deverá ser feito um
Teoria da liderança de Blake ¢ Mguton planeamento da avaliação para definir quando terão lugar os momentos ava-
liativos, de que modo serão estes conduzidos e por quem.
Fig'-'fa 3-9 - Matriz de Blake e Mouton
Ander-Egg (1985: 212-213) salienta a importância da avaliação para o
interventor social: uma avaliação rigorosa permite comprovar os resultados
alcançados e comparar aquilo que se fez com o que se queria fazer, recorrendo
a dados e fatos objetivos e não a meras opiniões. Só deste modo é possivel
tomar decisões adequadas, introduzindo correções e reajustes ao programa de
Tipo B intervenção sempre que necessário. Esta função de feedback que a avaliaçlo
Baixa prioridade à relação
pode alimentar é de grande utilidade em qualquer projeto de desenvolvi-
mento comunitário.
. Podemos distinguir vários tipos de avaliação, tendo em conta o momento
em que se avalia, o autor ou responsável pela avaliação e o tipo de dados
De acordo com estes autores o estilo de liderança pode exercer-se
que se utilizam para proceder à avaliação (ver figura 8.10).
acordo como valor que os atores sociais atribuem às tarefas a realizar ou
f¢laÇ°¢5 5001215 2 CÍCSCHVOÍVCI. O resultado é expresso em quatro tipos
Comportamento dos quais três deles podem assumir papéis de l Figura 8.10 - Tipologias de Avaliação
(Tipos A, C e D da figura 8.9)_
Quando se avalia? Avaliação diagnóstica ou ex-ante (corresponde ao diagnóstico);
ImPlÍC3ÇÕeS Pfáfififls Para o trabalho comunitário: Avaliação contínua, formativa ou on-going (resultados e processos intermé-
O interventor comunitário deverá desenvolver estratégias de rel dios para permitir melhorar continuamente a ação);
mento com a comunidade-cliente dz mgdo a Avaliação final, sumativa ou ex-post (síntese, que contem a fase inicial e inter-
média da svalleçlo e que, em termos gerais, indica se os objetivos do projeto
- Selecionar líderes
- Formar líderes (cana)

232
LL- _

I l_
.-...¡...-. .i. \|\
|)I'i.SF`.NVOI.VIMIiN"I`("I (K )MUNl'I`ÁRI()

Figura 8.10 - Tipologias de Avaliação (cont)


Uma vez que avaliar 6 sempre comparar, tem de existir uma referência
Quem avalia? Autoavaliação (participação de todos os membros da comunidade e do sis :interior à intervenção que permita medir objetivamente se os objetivos
tema-interventor); Iiiram atingidos. Tal implica a definição de indicadores. Ê
Avaliação interna (por parte de pessoas da entidade/instituição que promove i Indicadores são unidades que servem para medir o grau de obtençao de
uma meta ou resultado. Podem ser de dois tipos:
l
Desenvolvimento Comunitário);
i
Avaliação externa (por especialistas externos à intervenção e entidade).
Muitas vezes recorre-se a vários meios simultaneamente (avaliação mista) ° indicadores quantitativos (ex.: n.° de participantes nas atividades, n.°
O que se avalia? Dados quantitativos: resultados e produtos obtidos e questões da eficácia de atividades realizadas, aumento das taxas de IRS/IRC, aumento do
Í
eficiência da ação, sendo que a primeira é a relação entre os objetivos defini- n.° de postos de trabalho) e _ _
dos inicialmente e efetivamente atingidos, e a eficiência se traduz na relação ° indicadores qualitativos (ex.: grau de satisfação dos participantes, per-
entre o nível de execução dos objetivos e os recursos despendidos (modelo cl
ás- ceção de mudança pelos participantes - alteração das imagens de
sico experimental);
futuro).
Dados qualitativos: processos comunitários (tomada de decisão, repartição de
tarefas, elaboração de normas, influências e pressão exercida para a conformi-
Quer sejam de natureza quantitativa ou qualitativa, os indicadorels devem
dade), as transações estabelecidas entre os membros e entidades da comuni-
dade e os impactos (efeitos potenciais e efetivos) a médio e longo prazo de
ser mensuráveis e objetivamente verificáveis, para permitir a sua ap icaçao e
ação. Será ainda relevante detetar eventuais efeitos não previstos no planea- leitura, em momentos sucessivos e por diferentes avaliadores.
mento, mas decorrentes da ação levada a cabo (modelo alternativo/paradigml Na avaliação de programas o interventor comunitário pode socorrer-se de
de avaliação realista). um conjunto de técnicas, designadamente: .
-_-_ _~_-_-¬-2-zzz_z~;_-_-_-_z_zz-.¬zz...-_-_ _¬ _ _-_-_ _ _- .-__~-_~_-_ _~›_- _- -_-_›___~ -.-_-_-__ z -_-_-_ _¬~:.-_-_-_-__z;-_-_ _-_~_z_-_-_-_ _ _ _ _ _¬-_z_-_-_-.»_~_»_- -_-_ _-_ ,O-_z_»_~_~_z¬z_*_-_-____ Í _ _ _ _ -_- - -_ -_ 1-Q

° Análise documental
° Observação (estruturada ou não-estruturada)
i

Serrano (2008: 97-98) enuncia os princípios básicos a que deve obedecd


a avaliação. De acordo com a autora, a avaliação deve ser: .ij ° Entrevista (estruturada ou semiestruturada)
° Inquérito ou questionário
° Objetiva e confiável, medindo com rigor e isenção os fatos .j ° Grupo de discussão (Focus Group)
° Válida, gerando análises e conclusões pertinentes e fidedignas .j ° Escalas ou instrumentos estandardizados
° Fiável, medindo com o mesmo grau de exatidão os resultados em difo ° Outras técnicas de grupo (debates, brainstorming, ...)
rentes ocasiões ,: 1 I . r

° Oportuna, ocorrendo no momento adequado para impedir distorçõq Sempre que um projeto termina deve ser realizado um balanço ge al
que sempre ocorrem com o passar do tempo, e ~ sobre a ação desenvolvida. Essa tarefa que designamos por avaliaçao final,
° Prática, ajudando a identificar os aspetos positivos e negativos da inter-j deve responder a quatro questões:
venção e as formas de os melhorar
- qual foi a eficácia absoluta do projeto, ou, dito de outro modo, será que
Importa ainda que a avaliação seja ética, respeitando a comunidade e ol os resultados obtidos estão de acordo com os objetivos planeados? .
parceiros da intervenção e útil, isto é, que tenha o propósito claro de contri- - qual a eficácia relativa do projeto, ou seja, como çomparar a efifiáola
buir para melhorar a intervenção em curso ou intervenções futuras; deste projeto com a eficácia de projetos análogos realizados noutras altu-
ras e noutros lugiresi
Í
¢

234 _ __ _ __ :as
- qual a eficiência absoluta do ro' t '
resultados obtidos e os recurs P le if, mo é, qual a relação entre c mudança único na história humana, em que as únicas características perma-
r I d _ os que oram afetados para atingir
- . es
se ncntes parecem ser a transitoriedade, a novidade e a diversidade213.
em ta °5 _(f¢laÇa0 Cntre custos e benefícios)
- qual a eficiência relativa do ' Esta situação deu origem a uma situação de anomia214 planetária, que
. 1 ro eto o .
Cia deste Pro`eto
J F -›~p . l Sela' como mmpafaf 2 €fiClê n
com a e iciencia de ' fo etos icm sido recentemente analisada por diversos autores.
alturas e noutros lugares? P J '
análogos realizados noutra Fukuyama (2000), por exemplo, sugere que nas últimas décadas do século
XX os alicerces da sociedade contemporânea foram seriamente danificados
por aquilo a que chama a grande rutum, cujos efeitos se observam sobretudo
em três domínios: no acréscimo da delinquência215, na desagregação da
3. REDEs E PARCERMS família nuclear e no declinar da confiança. De acordo com este autor, as três
tendências conjugadas têm vindo a baixar perigosamente o capital social216
Como se referi ' com evidentes efeitos desagregadores, urgindo reconstruir a ordem social do
U atfáS› as sociedades co ntemporaneas
^ e a ortu
particular têm sofrido um i antesco r P - guesa em século XXI na base da confiança entre os seres humanos.
d h , _ _ _ 88 _ p ocesso de transformaçao result
0 C oque civilizacional da socied d ” an” Outros autores têm vindo a defender vigorosamente a necessidade de
. d a e agrícola tradicional,
' ' com as socied. d
in u s trial ' e da informaçao
' - Os efeit. d al a eS combater as identidades assassinos (Malouf, 1999), valorizando as múltiplas
,
jra'm lzj ias .. significativos,
. . _ - _ osd 6 t' processo sobre
sao reduzindo - as pessoas
. e as
pertenças de cada ser humano sem as amputar, na consciência da unidade do
d raS ticamente o capztal socuzl u-ad
Zi o em níveis de confiam 3 3 d ._ _ › U' género humano e na convição dos seus objetivos comuns (Dalai-Lama,
Ç e cooperaçao
Neste contexto, qualquer pro _ em d _ bastante b aixos.
C _ _ J ei ntervençao
~ comunitário
- ~ deve 1-0- 2000) e da eficácia de uma colaboração pacífica na resolução dos problemas
urar envolver atores diversificados (entidades ' bl' ' P (Muller, 1972, 1997, 1998).
fins IUCHÍÍVOS),
tercelro Sector, a dando
.

fim de consistência à soci dpdl


fortalecer a red mas e Particularmente
a e civil,
e privadas com e sem
O I .

ao
es A glocalização
famílias. Oda] de aP°i° das PCSSOEIS 6 das Uma das mais poderosas tendências que se têm observado nas sociedades
contemporâneas é a que alguns autores designam por glocalização, ou seja o
processo simultâneo e de forças opostas a que as sociedades contemporâneas
3. 1 Í
As parcerias na conjuntura atua]
. .

(e os seres humanos individualmente considerados) estão sujeitas, de globali-


zação e de localização.
Para podermo s refletir
' sobre o a el d ' Hans-Peter Martin e Harald Schumann (1998) procurando analisar este
as -
temos de nos interrogar sobre as plíijl-Ícip _ Parcerials na presente conjuntura fenómeno estimaram que, a manterem-se as macrotendências atuais, dentro
. ais caracter sticas dessa mesm
juntura: será que a sociedade . _ a mn' de algumas décadas apenas dois décimos da humanidade disporão da possi-
portuguesa neste princípio de milénio é
mesma de alguns anos atrás? Trata- d - . a bilidade de ter uma vida com a qualidade exigida pelos direitos humanos
Se e uma pergunta retórica ois t d
estarem os de acordo que a res osta é _ _ P o os
P negativa, nao só para Portu al
todo o planeta. S 111218 para
Todos temos consciencia'^ - que se viv
. h ' c I
ZÚ Cf. o capítulo 5.
acej erad a, fruto do choque de tres
A mod › l 0J¢›' numa
'l' ' sociedade em mudan.ça 214 Usa-se o termo anomia com o mesmo sentido que lhe dá Durkheim: uma situação de insegurança social
d d _ _ _ eços civi izacionais - o de uma socie- decorrente da ausência de normas para fazer face a situações novas.
a e agrícola tradicional, o da sociedad d 2” Esta tendência não é, no entanto, tão evidente como o alarmismo da comunicação social faria supor.
m _, _ e in ustrial e o da sociedade da info; Para a situação em Portugal, vide Lourenço, N. e Lisboa, M. (1998).
açao. Esse choque imenso à escala la ' configura um processo de" l
p netária 21° O capital :ocíalpode nr definído simplesmente como um conjunto de valores informais ou normas partilha-
das pelo: membros JI um pupo que permite a cooperação entre mas pessoas (Fukuyama, 2000: 36)

236
. z» 237
-- _
internacionalment
fica ¬ ‹
S0 . d d d ;co;sagr.id‹›.s.- l >ara« prevenir
' a consolidaçao
~ ~ desta catastró- A criança e o adolescente s‹›lifcm frequentemente um processo de sociali-
. cze. a e os ozs éczmos,
' propoem~ -
10 medidas de fundo, algumas dai zação desestruturado, dividido entre a família, a escola, os media e os pares.
quais exigem uma sociedade civil forte, organizada e infm-mada Na sociedade de consumo a divisão agravou-se, pois entraram em cena os
Na mesma linha de raciocínio, Alvin e Heidi Toffler (1995' 175 215) agentes económicos que atacaram sem dó nem piedade o segmento de mer-
' _ I
consideram ind'ispensável desenvolver tres estrategias - para fazer face ao cado juvenil ocasionando tremendas tensões pela criação de novas necessida-
'
novos desafios: dar poder às minorias que o não têm, criar uma demo;-me
i
des, muitas vezes fictícias, as quais o jovem-objeto não tem possibilidade real
. ,
Sfmídífefd, tirando partido das novas tecnologias de informaçao e comuni“ de satisfazer. É a velha questão da contradição entre fins e meios, tão bem
W930, C pI'0m0ver novas regras de distribuição das decisões descrita por Robert K. Merton nos anos cinquenta, que aquele autor consi-
Os exemplos poderiam multiplicar-se. Estes parecem suficientes pa derava ser um fator etiológico da delinquência.
` ra
salientar a necessidade ` '
de uma gigantesca ~ - .. no sentido
ressocializaçao . da cons-v Neste caldo de cultura conturbado e muitas vezes contraditório, algumas
tru Ção daq uilo que Adriano ' ` recentemente designou
Moreira - -
por cidadam . crianças e adolescentes procuram refúgio entre os seus pares, que lhes forne-
cosmopolita (cit- in Carm 0, 2014 ), isto ` é uma consciencia planetária daE
°^ ' - cem a segurança que a família, a escola e os media lhes negam. E o fenómeno
direitos
_ '
e de deveres Universais ' que possam reconstruir - o tal capital
. 50;-ig dos novos capitães da areia217.
1
acima referido. Os adultos, por seu turno vivem uma situação de insegurança nunca
Para _ talditarefa, o associativismo
' ° ' -
da sociedade - - afigura-se um instru-
civil . experimentada anteriormente, tanto no que respeita ao seu estilo e qualidade
/ . ,
mento in spensavel que ja deu provas no Passado, quer para o desenvol- de vida (e.g. amanhã terei emprego?) como nas pequenas decisões quotidia-
vimento pessoal e social dos indivíduos › quer eemg fem-amema de inte11. nas (e.g. até que horas autorizo que os filhos regressem a casa?). Para carac-
venção para melhorar a vida das populações. terizar a situação destes adultos sujeitos a um stress permanente, a antropó-
loga americana Margaret Mead (1969) escreveu que eles se encontravam
Efeitos nos atores sociais numa situação de migrantes no Tempo.
Os principais recursos de ue d' f f ~ - Para tornar o problema mais agudo, vive-se hoje, no mundo, numa con-
d d _ _d (1 1SP0m0S para azer ace as novas necessi-
a es sao › evi entem Cflffi, as pessoas, individualmente
' ' ' consideradas ou juntura de retórica neoliberal triunfalista, que privilegia as relações dissocia-
coletivamente organizadas. Esta convicção é hoje consensual Para com tivas entre atores sociais como a competição e o conflito, em detrimento de
pro-r

::;.;í;z;f::f;::;.Ef:Iâf¿.:fr1:;as if de
volvimento (PNUD). como SÉ referiu SO Ê; ítÍi1çoe4s Unidas Para o Desen. i
relações associativas como a cooperação e a solidariedade.
Um grupo frequentemente negligenciado nestas análises é o dos mais
velhos, muitas vezes remetidos para o sótão social das inutilidades, numa ati-
é atualmente considerado dos mais fiáveis ir O estelâstrumcnioi que tude consistente com a cultura de desperdício a que a sociedade de consumo
dos povos, integra quatro indicadores três dlós a aii Rir O eSenV'0lVlmcnw nos tem habituado.
rança de vida, duração esperada da escolarid (clluais nao eãongismlços (espe. Para entender os efeitos da conjuntura nos idosos, interessa recordar que
ensino e n.° médio de anos de escolaridade daa populaçao
C a emía adulta)
a O Sistema da
e apena; este grupo já não e' o que era:
um ÊICOÍÍÕITÚCO (0 PNB per capita) e mesmo esse corrigido numa escala
logaritmica. - Antes de mais, trata-se de um grupo muito mais numeroso do que há
Mas
cada Vezcomo _ dvivem as p e Êsoas, todo este processo, em que Q Futuro entra uns anos atrás, devido ao aumento da esperança de vida.
mais tmais
A e p ressa no rlesente sem pedir
' licença?
- Observemos, antes de - Em segundo lugar, em resultado dos avanços da medicina e da emer-
› os res ru ' ' ' ° -
g pos etarios c assicos (crianças e jovens, adultos e idosos) dos gência de padrões de cultura que favorecem a saúde (e.g. luta antitabá-
atores individuais. gica e fomento do exercício físico), este grupo etário tem vindo a con-

238 239

_._-.
~ ~ f - 1...'

quistar alguma autonomia. lis tu d os recentes retratam 1


distin um _ esta ten d êne Parcerias e desenvolvimento local
g do entre novos-idosos e vel/Jos idosos
- Tal autonomia foi naturalmente refor d Esta reflexão parece contrariar algumas práticas de intervenção social
°
ça a com o acréscimo de hab local, baseadas na dispersão de recursos em atividades muito diversificadas.
taçoes C consequente P'-'del' de compra dos reformados. lista situação tem como efeito encontrarmos na mesma área geográfica diver-
Esta novíssima geração vive os r bl sos serviços a oferecerem o mesmo tipo de respostas, por vezes aos mesmos
p 0 emas d a sociedade
°
contempo;-án
como a P oP ulaçao
' adulta, estando, no entanto, muito_ mais_ fragilizada do q 1 utentes, a par de diversos cidadãos que carecem de cuidados específicos e que
aquela para lhes fazer face Parad U não os encontram por falta de oferta adequada.
d d . oxal mente, recursos que possui. em quzn
a e (por exemplo tempo disponível e experiência empíriez) Sã f ã Como medida preventiva de tal situação tem vindo a perfilar-se a ideia de
. _ o requenru que as organizações locais se devem concentrar naquilo que fazem (ou
meme de5P¢fd1Çad°5 Pfilas comunidades onde residem.
podem fazer) bem, e não se devem dispersar por actividades múltiplas,
Efeitos da mudança no o familiar O muitas vezes com elevados custos e eficácia duvidosa. Isto porque por muito
mvirtue
' d d amuanao f- z . ^ generosas que possam ser as intenções, não é previsível que uma mesma ins-
1, E d Ç perada
P nas ultimas decadas, os sistemas f tituição possa prestar serviços diversificados (Figura 8.11) de qualidade a
iares sofreram profundas U-ansf
- para a redução da dimensão°fmaÇ0€S,
cias dos '
registando-se em getal as tendên
' ' l
toda a população. Normalmente, à excessiva diversificação da oferta corres-
_ d ,_ nucleos familiares, para a despadroni
çao os PaP¢15 Pafffflfals,
° para a democratização
. ponde a redução da sua qualidade.
_ das rela õe ' 'W
inter-relacionais e para a redução dos laços ¢mo . . Ç s lconjfllgfils «I
cionais entre núc eos amilia-
res e família externa.
Por outr Figura 8.11 - Oferta social necessária
1 A o l ado , com a perda de peso relativo. do modelo de famíli
I
HUC Car,_ tem aumentado 18si Snifi cativam
al W' ' ° sistemas convivenq
ente varios - .
ternativos como 05 501042 , as unioes de fato, os casais. sem filhos, os núcleol
m°n°Pa1'Cm5aÍS›
am _ as famílias re8adas , e tornados visiveis
' ' ' outros sistemfl
- 1. Infância e juventude ° Ama, creche, jardim de infância, ATL, sala de estudo. Gentrø
eriormente raros ou ostracizad os como ' ~ -
de férias, lar, centro de acolhimento temporário, família dl
Os ares h _ o das comunidades geriátricas ou acolhimento, etc.
P omossexuais.
Com a mudan Ç-1 Operada tanto os in ~ - ' 2. Pessoas com deficiência ° Intervenção precoce, lar de apoio, apoio ambulatório.
lar . › dividuos como as familias . .Í
z - se fragili.. serviço de reabilitação, centro de atividade ocupacional
am registand
social ue é o - se , como afirmou Fukuyama (2000), uma perda de capital (CAO), apoio domiciliário,
q urgente repor, por via do fortalecimento de redes so ' ' de 3. Idosos ° Apoio domiciliário, centro de convívio, centro de dia, lar,
° - _ ciai
“P010 quê rejuvenesçarn a sociedade civil S cuidados de saúde primários, continuados e paliativos, hos-
pital de retaguarda, acolhimento familiar, centro de férias,
4. Família e comunidade ° Atendimento/acompanhamento social, centro de aloja-
mento temporário, comunidade de inserção, centro comu-
nitário, refeitório, centro de férias

2l7 Ad n
- d .
¬"*~<----¬--~_.._~.._._.____._,___
-..._,__.___¬..___.._-___.- _ _
zzzz~.-zHzz__i¬:___:___,
5. Toxicodependentes e pessoas ° Apoio psicossocial, apoio logístico, apartamento de reinser-
°518naÇ30 ecorre do clás _
infetadas com VIH/SIDA ção, cuidados de saúde, etc.
C as estratégias de sobrevivêriifã)
Baía. de Jorgcf
ças e a ofinado
esoentesque descreve com
abandonados dainvulgar P°1`$PÍCácia
cidade de a vida
S. Salvador da
6. Novas respostas ° Unidade de emergência para acolhimento de crianças e
218
Termo usad ' - jovens em situação aguda, apoio domiciliário integrado,
0 para dcslgnaf PCSSOHS que vivem sozinhas
ou Por C¡¡.C¡mstânC¡as que não controlam (C g viuva) Por 0PÇao (ex.: adultos solteiros ou separados)
banco alimentar contra a fome, etc.

240
241
Como corolário desta ttsc, wiiicçà 1 ser consensual que a diversil
da oferta em matéria de política social (particularmente nos domír 5 2 A parceria como estratégia de trabalh0 C0l2b°1'aÍÍV°
saude, segurança social e educaçao), deve ser feita nao tan
to pela cria Perante a conjuntura atual, mas também como resposta à diversidade ' ` dos
F
multi P las valencias na mesma institui Çao, mas P ela articulaçao em
a . - - ' rece mais vanta osa ara a e i-
sólidas de instituiçoes, especializadas em rest sisicmas-clientes e respectivas necessidades, Pa d fl i ãg de uma
p ar serviços especificos d
ximidade ~'^~ ` dos rocessos de intervençao social, a aposta na e in ç .
“mma, - P - - - ` al (1 cad a um d os a entes de inter '
E esta, alias, a tendencia que se observa em diversos textos de d vsi rategia de especialização da oferta soci e _ y gd d _
social contemporanea (Pintasilgo 1996 1998) Vejamos apenas doiso venção Este processo de especialização implica a criaçao de re es e coopc
, - r eria.
plos significativos vaçao e a aprendizagem do trabalho em pa d _ as Suas exigências
- - ' '
Neste sentido, importa delimitar o conceito e plarceria , t estão C ava
m Dezembro de 2001 a Comissao Europeia aprovou um Relatora
. - - f ' u aneamen o '
junto sobre a mclusao social Nesse importante documento consid e principais desafios estrategicos colocados no se p ›8
indispensavel promover parcerias entre os diversos operadores de mt 3
Iiâição.
ç ao social para melh orar a eficacia e a eficiencia da sua oferta e para c
seg uirem criar se rvi ços d e al ta qualidade se Das Redes às parcerias d al d_ _ nário mn
Por seu t urno, na Carta Social publicada em 14 de Julho de 2000 ' '
Comecemos por observar o significado a p av ra no icio - '
governo portugues, pode observar-se, particularmente no capitulo c junto de parceiros:
grado as novas respostas (pp 377 e sgs ), a importancia dada a organi
-
_ O termo conjunto -
sublinha ` dá) conceito
a natureza coletiva fu . › o (inici.
ue 'á só
nosé
de parcerias para a implementaçao de respostas eficazes e eficientes aos
desafios i fornece uma primeira pista sobre as condiçoes ç HCÊHHÊÉICS Sèciais
, - - ° ' n unto e a
Assim, por exemplo para a criaçao de um Sistema de Acolhimenl possivel existir uma parceria quando ha ull)T;uÍ0 J dado fim
- ~
(pessoas, grupos, organizaçoes, ...) que tra a um
am par . . - ue
Emergencia no distrito de Lisboa destinado a crianças e Jovens em
carentes de acolhimento imediato, foi necessário estabelecer uma pa i - Por seu turno o termo parceiro significa aquele qu€lP¢'"”ÍP¢_ em qo
. ' ão orizont . s
solida entre a Santa Casa da Misericordia de Lisboa, a Casa Pia de Lisbr compartzl/aa de ..., o que apela para um. UP°~de fe aç
Centro Regional de S egurança S ocial de Lisboa e Vale do Tejo e o Inst parceiros não têm uma relaçao hierarquica, S30 Pares'
para o Desenvolvimento Social 1
~ -
Perante os significados -
acima explanados, a parcedria su
dgere
d um trabalho
hetemgcnci
Tambem para o estabelecimento de unidades de Apoio Domiciliário l
- ' ões ota o e "
grado a idosos, a pessoas com deficiencia e com doença mental, foi ne dC Um C°nlUm° de grupos” equlpas C orgamzaç , as duas dimensões'
- - ° ' o nas su -
rio estabelecer uma parceria firmada por um Protocolo entre os MinisCi dade e identidade, que se constitui como um grup d
da Saude e do Trabalho e da Solidariedade (Carta Social 377) CI d e desenvo 1vi'mento (grupo D) › na medida em _ que os seus elementos
. têm c
Os exemplos poderiam multiplicar-se Estes bastam para entender q sc desenvolver como parceiros e de ação social (GU KMF” Al' “Sto que pos'
organizaçao em parceria nao se trata de uma moda passageira mas de suem um objetivo exterior comum (Carm0, 2008)- [_ h
I ` , - f laborativo numa in a
I`I`l£1Cl'O[Cl'lCl.€I1CIa COHÉCIIIPOFQHC3, quê SL1I'gC COITIO IÉCSPOSÉÉI O1'g3.I1lZëlClOI`l Atraves da representaçao grafica do trabaílho cofu d to do mesmo
3 , - - ' ' ' ro n amen
desafio da diversidade continua, podemos identificar diversos niveis e ap
(Himmelman, 2001).

243
_
DESENVOLVIMENTO COMUNITARIO

Figura 8.12 - l".st|'utégias do trabalho colaborativo


(adaptado de Himmelman, 2001 in Esgaio, 2010: 91) O aprofundamento do trabalho colaborativo é, pois, influenciado pelas
-~¿f1,v - ' 4. \_. _.¬¡ z; 11,.: ,._.¬. M M., ‹z,z-ri
1 diferentes configurações do grau de implantação territorial, da confiança
'1'-1» ,j zjip/'=.'l‹,~.-i;$;¡;'.›¡;.;j /~¡;¿;‹.f¡,¡;,j¿1zj j'¡j*,~'~"l~1
Ji-if-ilif;/z1i‹ *,W111'l entre os atores e da sua permanência no tempo. À medida que se avança no
,
"11 .z'W"*/'- W111->1›:s= z.-:‹×»;i›'i;:`‹z'i1«zzz-11-:lium-a-:~=~~' contínuo Rede-Colaboração, o grau de confiança e a necessidade de implan-
I Troca de informação para benefício mútuo E E " O 1 W lação territorial aumentam, implicando relações cada vez mais duráveis.
j
1 xi
.L
ff zz __ _
' 'L' "' ¡' 74 'Í 1' f'~ z Í Í li gli Í J
i
A colaboração é a configuração de trabalho colaborativo mais complexo e,
[Mudança de actividades para um objetivo SO O Pi por essa razão, a mais difícil de atingir, uma vez que implica um forte rela-
O c _,J
cionamento e equilíbrio entre os atores presentes.
{Ut11lzaçao de recursos para um objetivo comum

_”, _,,, _ _' 7; Í "V dj


Os Parceiros
[ Capacitação Institucioinalw E
Estes atores (indivíduos e organizações) que se assumem como parceiros
no sentido de qualificar as respostas aos problemas sociais contemporâneos
através de uma articulação complexa de recursos, são de natureza diversa:
Desta forma , as es trategias
' ' de trabalho colaborativo
- representadas, confi-
guram-se como diferentes níveis de aprofundamento do mesmo partindg - O primeiro ator é o cidadão-cliente, que deixa de ser considerado mero
das Redes, com uma vis”ao mais instrumental de troca de informação para 0 Q n ,

objeto de intervenção para ser desafiado a assumir o protagonismo de


benefício mút U0, para uma Vlsao ' " de empowerment colaborativo- na fase de parceiro, de sujeito da sua história;
colabora
d_ ão Hi l ' ' - .
_ Ç ( 1111116 1112111, 2001), mais aproximada do conceito de parceria - O voluntário, individualmente considerado ou organizado em ONGI.
iscutido neste capítulo. deixa de ser considerado como mero instrumento de intervenção social.
A Hirnmelman (2001) analisa ainda o trabalho colaborativo de acordo com para assumir também ele o papel de parceiro nos projetos, com direito
tfes Vflflávelsf 0 16111130, 21 Confiança e a sua implantação territorial, pelo que a acompanhamento e formação;
sintetizamos a sua análise na figura seguinte. - As agências públicas de segurança social, saúde, educação, emprego e
formação profissional deixam de trabalhar de costas voltadas, uma vel.
Figura 8.13 - Variáveis de análise do trabalho colaborativo que a integração de respostas é condição estratégica de eficácia e de efi-
(adaptado de I-Iimmelman, 2001 in Esgaio, 2010: 92) ciência;
- Os serviços de segurança (PSP, GNR), assumem neste modelo um
Confiança
particular relevo, não só como garantes da integridade física de todos e
particularmente dos mais frágeis, mas também por se assumirem como
-‹°'°°° efetivos parceiros na reconstrução do capital de confiança indispensável
à construção da paz social.
- Finalmente as autarquias, com a sua visão holística local, assumem um
papel decisivo no fomento e no apoio das redes de recursos.

Características do trabalho em parceria


Implantação Delimitado o conceito de parceria, identificamos as principais caracteris-
territorial
ticas desta estrategia de trabalho colaborativo:
4Q_*_,;_

244
_ 245
Ill 1!. |11'\lI Vllvu |w|\ \›\ iv|\ |\l||\|\u\

- reunem uma diversidade de percepçoes e recursos,


- Em terceiro lugar porque supõe que o trabalho em parceria é automa-
- permitem a criaçao de sinergias através da partilha desses recursos'
Í ticamente mais eficaz e mais eficiente que o modelo de trabalho con-
- devem ter al g u ma continuidade no tempo, nao devendg ser encara
vencional, o que também é falso; ainda que aplicado a situações em que
como uma mera opçao ou oportunidade excepcional que as organ
1 este modelo seja adequado, exige uma aprendizagem específica por
çoes podem utilizar,
parte dos atores e um desempenho coerente com essa aprendizagem,
sao parte iiâtegrante da gestao e praticas quotidianas,
sem os quais se torna ineficaz219 e ineficientezzo.
- existe inter ependencia entre organizaçoes que a ela pertencem
Sendo a parceria o instrumento organizacional mais eficaz e mais eficiente
PCIEIHIIC CSÍÍEIS CEIIEICÉCIISÍICQS, POCICITIOS 21 OIlII3I` C ‹
P OHIO pI`lI1ClpalS Vëlflfag para resolver certo tipo de problemas, tem todavia exigências que decorrem
deste tipo de organizaçao a flexibilidade (confere maior rapidez de respo
da sua natureza e que é necessário conhecer.
e maior adaptaçao e abrangencia das respostas relativamente às necessida
I
do sistema-cliente), o aproveitamento de recursos (permite maior qualid
2 Exigências do trabalho em parceria
de resposta e eficiencia, minimizando a duplicaçao de esforços e servi
ços A partir da análise efetuada, estamos em condições de listar quatro tipos
capacitaçao organizacional e dos agentes (leva ao desenvolvimento de co
I de exigências no trabalho em parceria:
petencias individuais e organizacionais - empowerment mdlwdual
al
zacional - e a uma maior capacidade de ultrapassar problemas), o porem
G - Em primeiro lugar, o trabalho em parceria constitui um desafio ético
de lnovaçao e criatividade (capacidade acrescida de encontrar respostas alt
I para cada protagonista, seja ele um indivíduo, um grupo ou uma orga-
nativas para novos problemas), e o envolvimento cívico que propgfgmna
nização. Numa conjuntura que privilegia frequentemente o individua-
lismo e a competição em detrimento do trabalho cooperativo, trabalhar
A armadilha da retórica
em parceria obriga cada ator a um esforço de humildade, que 0 leve u
5 “E035 3P0111H<121S, a que se juntou uma violenta critica polztzcamen controlar o inevitável narcisismo, para se pôr ao serviço do bem
correta ao modelo buro cratico, uma certa retorica dominante tem vindo
comum.
defend er, com maior ou menor veemencia, as virtualidades da or
ganiza - Em segundo lugar, o trabalho em parceria exige um estilo democrático
em rede e das parcerias
de orientação, que demora tempo a aprender. Tal estilo obriga a que as
Ainda que com motivaçoes generosas, tal posiçao pode ser extremamen
decisões sejam preparadas de forma participada, sejam tomadas por
perniciosa para a implantaçao de parcerias sólidas e autossustentadas E is
decisores legitimados pela parceria e sejam respeitadas de forma disci-
p orque en ferma d e varios erros de avaliaçao 1
plinada. Para que o processo de decisão decorra desta forma é indis-
pensável que cada um aprenda a comunicar melhor (a ler, escrever, falar
" Em Pf1mff110 lugar parte da premissa de que o modelo burocrátic e escutar melhor), individualmente e em grupo.
é intrinsecamente 111311, 0 que e falso, 0 modelo burocratico ainda
- Os dois primeiros tipos de condicionamentos apelam para a exigência
o melhor que se conhece para a execuçao de trabalho rotineiro e tip
de criar e respeitar um conjunto de regras que deem coesão a rede, que,
ficado
por vezes, podem colidir com os interesses particulares das instituições
- Em segundo lu 8ar P orque Cre que o trabalh o em rede é melhor que
|

trabalho burocratico em todas as situaçoes o que também é falso pa


, 1 1'
respostas padrao a problemas sociais tipificados, o modelo burocrán fl” E ineficaz quando não consegue atingir os objetivos que se tinha proposto alcançar.
é mais e Ficiente que o ad-hocrático ° 22” É ineficiente quando a rclnçlo entre custos e resultados é desequilibrada, i.é., quando os custos são
demasiados face non beneficiou.

247
_ “I _
parceirasnl. É portanto fundamental que as organizações parceiras '
bilizem dffàm C não apenas de /ure
- via- mental que os agentes tradicionais da intervenção social (entidades públicas
o funcionamento da parezna 50
pena de quebrarem a sua coesao interna e organizações não-lucrativas) interajam com outras organizações (empre-
- Finalmente ara ue o trabal ' tenha exito,
^ - - sas), no sentido de construir uma nova abordagem as questões da exclusão
condi __ d' q _ ho em parceria existe um social, minimizando os impactos do processo de estigmatização de que os
çao ecisiva, muitas vezes invisível a olhares menos atentos' só 4Í
possível tirar partido desta forma s ' d seus clientes são alvo quando procuram os seus serviços e dos seus efeitos na
uperior e organização se as pessoa|
intervenientes tiverem maturidade emoci dependência dos sistemas-cliente relativamente a esses serviços (Esgaio,
onal. Não chega ter-se com..
petência técnica. Não basta P ossuir- se recursos financeiros, humanos 2010).
e materiais' é preciso saber lidar com as A definição de uma estratégia de parceria é outro dos fatores fundamen-
d _' _ _ . emoções próprias e com as tais e implica a definição clara, inequívoca e conhecida de todos os elemen-
os outros, é necessário saber mobilizar von tad es para atingir os objg.
tivos coletivos, ultrapassando narcisismos
- - . . .
e idiossincr tos, da missão (razão de existência da parceria), visão (imagens de futuro da
asias pessoais e parceria) e valores (princípios éticos em que se baseia a ação da parceria). A
institucionais.
parceria implica, pois, a consensualização de um querer comum, mobili-
Se forem res P eitadas estas quatro exigencias,
' ^ - . c zando os parceiros para os objetivos e para a ação e definindo os produtos e
.- locais
populaçoes . a um patamar superior de oqualidade
. subirá trabalho social
uer om u imagens de futuro partilhados, num determinado quadro ético de atuação.
criam cond`IÇUCS
" Para responder de forma funcionalmente
. q articulada
porque às
5° I
Para atingir esta consciência e atuação partilhada, deve também ser definida
necessidades reais da o ul ' 1' uma estratégia de comunicação adequada e que assegure a transmissão da
P P 9~Ça0'C1¢flf¢› quer porque será possível fazê-lo de
forma participada, estreitando os l aços interpessoais e aumentando o ca ital mensagem interna e externamente, dando visibilidade aos resultados e impac-
social. P tos da atuação da parceria nestes dois níveis.
Também as questões relativas ao planeamento, execução e monitoriza-
Desafios estratégicos
' no planeamento, gestão e avaliaçao
" das parcerias ' ção da intervenção proposta apresentam desafios à parceria, pela diversidade
Perante a análise realizada de vantagens e limitações das parcerias, colo- dos atores e pela exigência de operacionalizar o querer comum, através de
cam-se vários desafios estratégicos
` a esta forma de organizaÇao
" d a interven-
' resultados a alcançar, afectando os recursos necessários para os atingir. Neste
Çã° SOCÍQL nomeadamente a gestao “ dos relacionamentos
' entre parceiros,
' sentido, a parceria deve partir das necessidades específicas detectadas com
definição de uma estraté i' °
a a população-alvo com que trabalha e e delinear um plano de ação em que
_
8 3 de Pamfifla, o planeamento, execuçao e mømtg. .
rização da intervenção proposta e a sustentabilidade
- - d ' - objetivos gerais, objetivos específicos, estratégias e actividades formam um
parceria. a própria atuaçao da todo coerente e realista, potenciador da ação da parceria. Paralelamente deve
d Desta forma
_ '_ › um dos asfipectos que a estratégia
- de parceria enfatiza é o da ser construído um plano de monitorização e avaliação que permita identi-
emocratizaçao das rela oes entre ar ' ficar claramente resultados e impactos e reformular a intervenção ao longo
co Í _ d §_ _ ' .que pa;-¢¢¡¡-os
ceiros, .o que implica -
m n veis e P0d¢l', objetivos e tipologia diversos, tem, de rel ` do tempo, através da aprendizagem por parte da parceria com os seus suces-
Cflffff Si, de forma a P rosse8uir um objetivo
' ' comum. Neste sentido, sos e insucessos. Desta forma, é bastante relevante a definição dos momen-
- acionar-se
é funda..
.-.--.---.~.. -.~.._.-..~_.__-..._..._ ---__
Íí_“_
LTm,-.`
__-;_ __

tos e instrumentos de avaliação, da equipa responsável por esse processo,


bem como a definição a priori de indicadores de avaliação quantitativos e
""-"'H-~--z¬- --¬~...- __.--__-..

221
3 P ¢X¢mpl0 que uma dada parceria é acordado um co 'unto d Í

d f
```````````````````````````````````````` $_&_`%".`à__1_

ençomms, d¢ pomuahdadc, C de deveres múmos Para


. - a que pertencem os parceiros legitimam - que uaãr
a arceria nei
If] fu e regras e requência de qualitativos.
organizaçoes esse . one é fundamental qu¢ gs
con frontarem com frequentes dilemas d ' Cl 0 HOYIHHUVO, sob pena de os atores se Os processos de planeamento, execução e monitorização da intervenção é
.
mmha organizaçãoç) e du P la fidel d -- da parceria
1 24€ (e.g. vou a esta reuniao . ou à da
incontornável a figura do gestor, que deve possuir um perfil adequado as exi-
gências da intervençlo social e do trabalho em parcerias em particular.

248
249
_
LJ{'i›\I'‹NV\ !I.VIIV||'.N H I l A INIUNI I Í\lU\)

O p erfil d e um gestor do século XXI foi discutido em Abril de 198(


Como generalista, o gestor precisa possuir uma bagagem multidisciplinar
(FNEGE 1980) 2 pe d 1 d o do presidente Pompidou, numa reuniao entre 3 I
que lhe permita traduzir os vários discursos na organizaçãozzz, dominar dife-
empresarios e 15 académicos franceses As suas conclusoes foram reproduzi
rentes línguas de trabalho223 e dominar a linguagem informática224.
das num relatorio ainda h oje atu al , que seguidamente se sintetiza
Como animador, este profissional deve dominar a técnica de entrevista,
De acordo com aquele documento, cada gestor deve ser, simultanea-
técnicas de animação de pequenos grupos e técnicas de negociação. Mas esse
meme, um espeelallsta, um generalista e um animador
domínio instrumental não lhe basta, sob pena de se transformar num mero mani-
pulador de pessoas: precisa de desenvolver a sua inteligência emocional e social
Antes de mais um especialista em estruturas, isto é em análise e inter-
(Coleman, 1995, 2006, 2009), bem como uma visão holística225 (Zohar, e
Ven9a° °1`ga111ZflCl0I1<~1l, 0 que integra seis tipos de competencias
Marshall, 2004) e enquadrar a sua prática numa sólida matriz axiológica.
Por fim, um dos aspectos muitas vezes negligenciado no trabalho de par-
Capacidade para planear ou seja para de mr rumos, o que integra
ceria é a análise da sustentabilidade da parceria e da sua atuação, nas suas
- Saber integrar os varios quereres comuns da organizaçao
quatro vertenteszzóz
- Saber aproveitar o planeamento como bussola e nao como espartzl/ia
Capacidade para organizar, isto é para artzcular meios, o que implica - sustentabilidade económica: avaliação dos custos de manutenção das
- Saber criar recursos ações, análise do potencial de obtenção de receitas próprias que permi-
- Saber hierarquizar few;-S05 tam financiar as ações e avaliação da viabilidade de apresentação de can-
Capacidade para controlar, ou seja, para comparar resultados obtidos didaturas a linhas de financiamento;
com resultados previstos e introduzir correçoes, o que exige - sustentabilidade social: impacto social da atuação da parceria, nomea-
- Desenvolver capacidades de observaçao damente em termos de satisfação das necessidades das organizações e
- Desenvolver capacidades de escuta população e de melhoria da qualidade de vida da população-alvo;
Capacidade para motivar, isto e para mobilizar os colaboradores para os - sustentabilidade ambiental: impacto ambiental da atuação da parceria,
objetivos coletivos, o que obriga a quer no desenvolvimento de ações específicas (ex.: ações de sensibiliza-
- Saber identificar o potencial das pessoas e da organizaçao ção ambiental) quer em termos de redução do impacto da sua activi-
- Saber provocar efeitos de sinergia, atraves de açoes de coesao e de dade (ex.: política de reutilização de resíduos produzidos pela parceria);
conduçao das pessoas e da organizaçao - sustentabilidade cultural: promoção da diversidade cultural da própria
parceria, integração do princípio de igualdade de oportunidades nas
Capacidade para criar uma rede comunicacional aceitavel, que exige o
actividades desenvolvidas e respeito e valorização do património do sis-
treino das competencias para
tema-interventor e do sistema-cliente.
_ Sabfil' 1613 CSCICVCI, falar e escutar com clareza e rigor
- Saber montar circuitos comunicacionais correctos (emissores, 222
Ex.: Educação, Ciências Sociais, Direito, Finanças Públicas, Gestão de recursos humanos, etc.
canais, suportes e filtros) -:___
223
Ex.: o inglês, outras línguas da UE e das comunidades migrantes como o crioulo, o russo, o árabe, etc.
224
- Saber respeitar as regras comunicacionais Ex.: Processamento de texto, folha de cálculo, bases de dados, tratamento estatístico, software de comu-
nicações, etc.
6 Capacidade de desenvolver os recursos que tem ao seu dispor, ou seja 225
Zohar e Marshall (2004) falam de inteligência espiritual, outros autores como Charles Handy (1978)
competencia para por os talentos disponíveis a render Isto implica saber referem-se à visão helicóptero, para designar a capacidade de posicionar a realidade em contextos mais
amplos. Neste texto preferimos chamar-lhe visão holística, por permitir situar cada situação numa tota-
gerir as multiplas inteligencias dos colaboradores (Gardner, 1995) lidade contextualizada.
226 Cf. Capítulo V. Isto apesar do enfoque deste capítulo ser nas parcerias de âmbito local, cuja proximidade
física permite, muitas vezes. reduzir os custos da ação a implementar.

_-_.L_ _ '-i_

_ _ 251
-
¡,¡ ......mood

É importante realçar que as parcerias não se desenvolvem da mesma formi


em todos os territórios, já que as condiçoes territoriais específicas pode , LEITURAS CoMm.EMENTAREs
` ' ` ''
facilitar ou dificultar o seu estabelecimento, nomeadamente pela concent
ri
fl'
çao ou ausencia de competências e conhecimentos específicos (Corvelo
nv A I

Moreira e Carvalho, 2003). ' ANDER.EGG, Ezequiel (1980). Metodologia _y Pratica del Desarollo de la
--- _ ..-..---.-.----___ ..._._._...-..-_-_--.....- __...-_..-~-.__....._-__-.-..--_.«_-__....._..¬-_---...-._-...--_-...~_.¬.-.._`_._-_...__`.-..¬--- -..._-.....-...---.-..-----..-._.--..-----`-.--.~‹o‹
Comunidad, Tarragona, UNIEUROP “o-a °d')'
Atividade 8.4 l ANDER-EGG, Ezequiel e AGUILAR, M. J- (1995)- f11×'flÍ¿¢€ã0 df Pfošm'
mas e serviços sociais, Petrópolis, Vozes, 2.* ed. . ' .
Tendo em conta as atividades 8.1 e 8.2, e com base no que acabou de ler rela- 1
CARMO Hermano (1986). Análise e intervenção organizacional, Lisboa,
tivamente ao trabalho em parceria, elabore um conjunto de recomenda õ
ç es
1 práticas a distribuir aos diversos parceiros com vista a dotar a rede de melhor FUNDETEC. _ _ _
CARMO, Hermano (1995). Avaliação em 'Intervençzão coníugilittígig; in
capacidade de resposta aos problemas detetados. '
Estudos de homenagem ao Profissor Adriano Moreira, vo . , IS 02,
- _ - _- _-----.-._--.----.___......_-.__.._.-..._..¬.¬.--_-......._.-...--.----..~___._.._-.--.._..-...-.._,.._...›..--_..-._-.-_--..~-...-_.------..-.. ._. -.-------._--__-_-.`._‹._..‹.-...-`..._-_.›....‹.`-....Q

ISCSP, pp. 671-689 (original de 1992).


CARMO H e FERREIRA Manuela M. (1998). Metodologia da investi-
a ¿,0. ° ia para autoaprendizdgem, Lisboa, Universidade Aberta.
Em síntese
G11fAnt-óifio Carlos (1996). Como elaborar projetos de pesquisa, S.
Esta unidade iniciou com uma breve reflexão sobre a complexidade da rea-
Paulo, Atlas. .
lidade social, causadora daquilo que Morin chama nevoeiro informacional.
GUEST Hersey e Blanchard (1980). A mudança organizacional atravlt
Como bússola metodológica para a análise e intervenção nas comunidades da liderança eficaz S. Paulo, Multimedia Tecnologia Educacional.
foi sugerida a abordagem sistémica, havendo-se proposto um modelo ilustrativo I-IERSEY e Blanchard (1986). Psicologia para administradores: ii teoria c
S . . . . . .
eguidamente discutiram-se as diversas fases de análise e intervenção em Í

as técnicas da liderança situacional, 5- P2Ul0› EPU' .


comunidades, seguindo-se de perto as propostas de Ezequiel Ander-Egg. LAPIERRE J. W (s/d). A Análise dos sistemas politicos, LX, ROIIU-
Completou-se a discussão dos procedimentos metodológicos com a alusão» 1\/[Apçotis E e PAUWELS L. (2011). The Sage handbook of visual
aos contributos de diversos autores e à sua aplicabilidade no terreno. 1 research methods. London: Sage. .
A secção terminou fazendo referência às principais variáveis em jogo num . MOREIRA, Carlos Diogo (1995). Modelos e Métodos de avaliação dl
processo de avaliação de projetos comunitários. ` programas de investigação e açãv, Í-1Sl?0a› ISÇSP- . I,
ROSE, Gillian (2012). Visual methodologies: An introduction to researc
Numa terceira secção, discutiu-se o conceito de parceria como instru- A
ing with visual materials. London: Sage. I _ b I L. b
mento de intervenção comunitária, a sua importância e as condições para
ROSNAY, Joel de (1977). OMacroscápzo, para HW! 01540810 4 › ls °“'
uma boa prática de trabalho em parceria. 0 lj
Arcádia.
. _ _ _.-.---¬ ...,=_----
- -V -az -_ _-_.--..._ z z_-..-_-1--.----...í1za-...._---...-_.._-..-..-----..--- - ---..--..--..._......._---.._--...-.._--..--..-_ __-_-_--.....__....... i
1
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T u

este formativo `
fi
1. Após leitura aprofundada do texto do cap ítul o e feitas
` as respetivas ativi- V
dades, abra o manual na página intitulada objetivos da unidade.
2. Tente atingir os objetivos, escrevendo as suas respostas sem recorrer ao
texto do interior do capítulo.
3. Confira as suas respostas com o texto e proceda à sua correção.
A z . - ._ -.--_ ‹ ‹,-...---.,-.‹-....---›.---_ Q--~..‹--_‹.-.-z...-un---ou-_~_..o..,qoonuno;-naomi-: .nu O u 0 0 no n 0 no Q to-.ooo Q u-onfuuuoou Q 0 n ao u n IQ Q ao n Q u Q n Q-u_u uq:-‹.¬‹,~-.~--.~~..._---n-1....

252
h__
CAPÍTULO 9
CAMPOS Esl>EcíE1cos DO DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO
Hermano Carmo

Nesta última unidade de aprendizagem discute-se brevemente a aplicação


do Desenvolvimento Comunitário a diversas situações no terreno.
Na seleção dos campos de aplicação, procura-se fazer referência aos cacho:
de preocupações enunciadas no capítulo 4 deste manual, bem como a alguns
domínios menos estudados mas igualmente importantes.

Obletlvos

1. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E EDUCAÇÃO


No final desta unidade, O estudante deverá estar apto a descrever
apllcaçao do desenvolvimento comunltarlo nos segulntes campos
Absentlsmo, insucesso e abandono escolares
Um dos problemas mais vigorosamente debatidos no mundo contempo-
ducaçao lntercultural râneo é, sem dúvida, O da crise da educação.
Apolo domlclllarlo e ambulatorlo a cldadaos fraglllzados poe
condiçoes de saude particulares
Culdados de saude prlmarlos 1.1. A mudança na educação
Culdados diferenciados de saude
6 Apolo a crianças e Jovens em sltuaçao de exclusao soclal Em termos resumidos227 pode equacionar-se a questão do seguinte modo:
7 Apolo a adultos em situaçao de exclusao soclal há bem poucos anos quando se discutia sobre educação quase todos os inter-
Apolo a ldosos em situaçao de exclusao soclal locutores se referiam ao que hoje se chama formação inicial. Estava-se numa
Planeamento e organlzaçao comunltarla época em que o ciclo de vida do Conhecimento, isto é, O tempo que mediava
Defesa dos dlreltos humanos entre O momento da sua criação e O da sua morte, era longo, podendo
Sltuaçoes de ameaça a proteçao clvll mesmo exceder O ciclo de vida humano.
Açao soclal lnternaclonal
Educaçao para a democracia
Educaçao aberta e a dlstancla
1” Para uma diacuulo null uprofunduli cf. Carmo. 1997. pp. 71-183.

.4¿.l_
H
›-i I FÍII\›‹¡‹c¡__z.__.__

Como conse q uênc'ia imediata


` ` ~ desta
A - situaçao,
»' .¬~ considerava-se
° que os conhe- os protagonistas diretamente ligados ao sistema educativoml e a comunidade
cimentos acumulados na primeira
' ' . parte
. da
r . vida
- de um indivíduo
- - constituíam
. envolvente229.
património cognitivo suficiente para o desempenho dos vários papéis que el; Exemplos típicos são os problemas do absentismo, insucesso e abandono
iria ter ao longo da sua vida. escolar. Qualquer intervenção sobre este tipo de problemas deve ser prece-
Hoje a situação alterou-se drasticamente: o Futuro entra cada vez maii dida de um estudo cuidado, feito o mais precocemente possível (figura 9.1),
depressa no Presente sem pedir licença (Toffler, 1970, 1980, 1990), daí msm, de modo a poderem ser implementadas medidas de prevenção adequadas.
tando
ter M um d processo ge mudança acelerada que, na expressao ,_ feliz
. de Marga- O absentismo, por exemplo, pode ser limitado a certos dias da semana, a
ea , n os con ere O estatuto de mzgrantes - no Yãmpo (Mead, 1969) certos tempos do dia escolar ou a certas disciplinas. Mas também pode apre-
llçvando outros autores a considerar estarmos a entrar numa espécie de Idade sentar-se sob a forma de ausências prolongadas resultantes de doença, de aci-
0 Ferro Planetzírza (Morin, 1991). dente ou de outras razões como mudança de residência, dificuldades de
Resultante da força conjugada, do aumento da esperança média de vida acesso à escola ou ainda como reação a situações de insucesso.
das populaçoes e da redução drástica do ciclo de vida do Conhecimento O insucesso, por seu turno, pode ser limitado a alguns períodos escola-
(Kn°Wlc5› 19803 4Ú'41)› 8 formação inicial perdeu peso relativo circuns res, a uma deficiente interação com determinados professores ou a certas dis-
crevendo'-se à aprendizagem básica de conhecimentos, técnicas eiatitudeir ciplinas ou, generalizado, criando condições para a ocorrência de uma pri-
suscetíveis de virem alicerçar a aprendizagem ao longo do resto do ciclo de meira ou de novas reprovações.
vida. Finalmente O abandono pode dever-se a razões de natureza extraescolar,
Em contrapartida regista-se O alargamento da formação contínua I como à necessidade de desempenhar precocemente papéis de adulto23°, ou
medida. em que se val' tomando consciencia
'^ ' da degradabilidade
- - do saber` e 'do ser consequência de situações diretamente ligadas à escola como insucesso!
seu ciclo de vida cada vez mais curto. Este fato associado académicos e problemas de natureza disciplinar, que podem fazer emergir
comportamentos de isolamento, depressão, refúgio em grupos de pares mil
- ao alargamento da escolaridade obrigatória, sucedidos na escola, etc. ,
- Êpáâloargamento das taxas de cobertura dos ensinos secundário e ter-
.
- c à generalização da ideia de que a educação não se deve circunscrever
às camadas infanto-juvenis mas estender-se a montante, às coortea
gšfšntis pré-escolares e, a jusante, a toda a população adulta, ativa ou
3

tem contribuído para pressionar os sistemas educativos com uma sobrecargi'


O ^ Q I. ' ,'

de exigenclas a que estes nao têm conseguido dar resposta. .Ê

228 Estudantes, professores e outro pessoal não docente.


1.2. Relação da escola com a comunidade: um exemplo . 229 Famílias, autarquias, instituições públicas, organizações não governamentais, líderes comunitários, entre
outros. Pode ver sobre este assunto Staudt, 1995, Social work in the shools, in Johnson, 1995 pp. 115
-128 (Cf. Leituras complementares).
Em consequência deste quadro geral têm vindo a crescer os problemas de 23° E.g. Cuidar dos irmão: enquanto os pais trabalham, contribuir com o seu trabalho para o orçamento
ensino-ap rendiz agem cuja
' resoluçao
" exige
' uma intervençao
° - concertada, entre familiar, gravidez precoce. etc.

257
256
__ . "-_|
Figura 9 ' l _
Abs cnusniüâ
` '
IIi!lllL`CNMl 1' iliitliirirmrj
- escolar: prevenção, análise e d'iagnóstico
' precooq
Figura 9.2 - Absenlnuno. iilsiliiessii c :ilizindono escolar: objetivos da intervenção precoce
'Ú' ni _g¿¿_

Absentismo ¡n¡u““°
Í J E V E i _ -_ 'T 'TTT nnfl'TT l ¡__¡.'ff __ 1-1 í ' ' 'T T' 1 'T' Ã z ' I __.

Abandono Absentlsmo insucesso Abandono


0 Llmitadoa o Limitedoe
°°'t°s(”) ` certos(es) Objectivos: Objectivos: o Criação de uma
` - a I . Precoce
Para desempen”
de papai; 1. Promover o 1. Promover o rede social de
ias
- tempos *--› _' °e'Í°°°5 de adulto desenvolvimento desenvolvimento apoio com os
- disciplinas A A _ ãäëfãëfs (EXI trabalho pessoal e social dos pessoal e social diferentes
p remunerado, protagonistas , dos protagonistas actores
. A _ _ j substituição dos pala,
'.:.::::'::..
_ DO con uzmdo a uma
_., gravidez precoce,
etc.)
.
l
2. Criar uma rede social
de apoio com os
diferentes actores
*"'* 2. Criar uma rede
social de apoio
com os diferentes
i
___,
1 o
educativos
Contrato
- Aciãgãie «A iiiinzielra re°'°.Ya9ã° educativos. actores personalizado
- Outras razões (ex: I suceslsixp/igvaçoes i ° .c°m° "°a€Ç5o eo ll ç educativos. de formação, em
mudança de 4- IHSUCGSSO escolar .¡ Sistemas-cliente: 1 função do
residëngja, jntenção ~ (EX: iS0lamerltO, - estudante Sistemas-cliente: projecto de vida
de abandono, dePf€S5ã0, refúgio em colegas *"""; ø estudante (com todos os
acessibilidade). QFUPOS de pares mal professor(es) colegas protagonistas no
sucedidos na escola, .
pessoal não docente I professor(es) processo)
etc.) ,à família pessoal não docente j
comunidade j família
(ex: hospital, autarquias, comunidade
No estudo deste tipo de situaçoes
' ~ devem evitar se ' ° ONGS) z (ex: hospital, I
e ter-se em conta que cada caso é um caso diferente
' ' JUÍZOS pré-concebidol autarquias, ONGs)
exi gm
` d0 respostas pe Í

sonalizadas › ainda que se possam e devam estabelecer medidas provam H


que criem um am b'lente dissuasor
- da sua ocorrência. 'VII,
Após O seu estud O e diagnostico,
' ' ' 'im poe-se uma intervenção
precoce Q 1.3. Comentário
concertada ten -
' d° em COHII2 que quanto mais ced O se age maior é a probabl. l
lidade de êxito (figura 9.2).
Salvaguardadas as especi'f`lcidades
' _ Em qualquer das três situações que nos servem de exemplo a comunidade
de cada caso, qualquer intervenção ms”.1
campo deve visar o desenvolvim ento pessoal e social dos exterior à escola desempenha um papel ativo, quer como parte do pro-
'
protagonistas (rfiz
capítulo 7 - empowerment) e a cria
' " o de uma r blema quer como instrumento para a sua solução. Este fato tem levado
processo. 93 ' -
ede social que os apoie ms”, muitas vozes a reclamar a presença de especialistas em intervenção sociai232
As situaçoes
” de abandono pcl a a sua maior ' gravidade
- . nas equipas escolares ou pelo menos, entre os protagonistas exteriores à escola
aconselham inter- .
venções de natureza mais diferenciada,
' que com ela têm de concertar estratégias. As áreas-chave da sua atuação são
nomeadamente o recurso a especialls..
- .
tas das áreas da psico
' 1 ogia
' e servi- Ço social
- , no sentido as seguintes:
' ~ o menor na
de apoiar
construção progressiva de um projeto - . 2
de vida 31 do al › qu possa fazer pai-rg - Prevenção primária de problemas que possam afectar a igualdade de
um contrato personalizado de " - -
dos para tados os mt _ ÍÔ' mfl€fl0 C0m objetivos e tarefas bem defini. oportunidades dos estudantes, tanto no que respeita ao acesso ao ensino
P agonistas do processo.
como no que concerne ao seu sucesso académico;
.---_-____-...._----...,--‹----...---._... _. .--... . _... ¬-.-......--_.----..---. ,.....--_----.....--..---...-_-.._-.____-..-.-.._-_-----_...----..----_.---..----_-....--_.-..-.-...__--. .¬ . . . . .. .z .

231 Sobre
p o construçao deE um projecto de C:;wimmm`""""`"""“"""“'“T'
vida ver Carmo (l993)_ ~ -~- - -¬zzz.-..... 232 Nomeadamente técnicos com formação em Política Social, Serviço Social, Psicologia, Sociologia ou
Antropologia.

258
259

-
\ -Il
. iu i , uivii .i N iimufl
|›i‹..¬i~.i\ivui.viivii.i\i

- Despiste e diagnóstico precoce desses problemas;


- Intervenção precoce para rcdu'/.ir os seus efeitos. . .
~ ~~' iiiiii'i'ici'iis. . ilustrar
Para ° ` dade de dominios em qut'
a varie Í _- 21
I/É árcâs Mod “tir basta rever a listagem de áreas-chave de educa‹,2l0
coa oraçao po e exis . i ~ -
Em qualquer destes três campos é indispensável, como atrás se referiu, qui
hara o desenvolvimento (f18urad4. 1, CÍlPítç1lzç› estabelecer prioridades cdw
a intervenção social vise criar condições para - ° es
Perante
.
CMIVQS- D0 uma talde
P°m° dwemddde
“sta O auC Optio , _ ib sendo a grande
. 3
finalidade
l 'mento essoaldee
- 0 desenvolvimento pessoal e social dos sistemas clientes233; - ' a tomo ao do desenvo vi P
qualquer Parceria cšçsäe generqí, P bmnšer três vertentes (figura 9.3):
- a implementação de redes sociais de apoio mais sólidas. ~ dos alunos, É
social C5 gnm eve a

No caso específico d o tra balh o comunitário com instituições de ensino


pré-escolar e escolar (creches, jardins de infância, e escolas de ensino básico), Figura 9,3 - Vertentes da parceria escola/comuflidadfi
deve ser procurada uma forte ligação à família e à comunidade de residência,
numa estratégia integrada de socialização das faixas etárias envolvidas.
No que respeita à intervenção em escolas de ensino secundário e supe- _ _ s - s pi s comunidade?
que prioridade para uma parceria da esco a com a
rior, a intervenção deve ser conduzida em duas vertentes:
Desenvolvimento pessoal e social dos cidadãos
í
de modo a que estas instituições se assumam como verdadeiros instru-
mentos de socialização da população discente, não se re ortando à
cução de programas escolares atomizados234° p exe-
De'-5°"V°'\(*" t?'e"t°s 1
geliâgatiiigr Desenvolverplrl
competências
- no sentido de se poderem vir a instituir como instituições socialm
ç ¿ ç
J

individuais , viver em comum


ativas nas comunidades onde estão inseridas235. CHIC

Tef uma _ Ser6sujeito da


' história . deSer ¢¡dId¡°
corpo lnillffl
1.4. Parceria escola/comunidade na educação para a cidadania identidade rica sua pr pm

Para alcançar melhores resultados nos domínios referidos, a escola tem de


i i l
se articular com a comunidade envolvente através de parcerias sólidas. Ao ini- pãdrslocâgfiiiáiie a gutonomia a democrooll
ciar o trabalho, a questão que imediatamente se coloca é em que áreas é que
uma p arceria entre a escola e a comunidade
` se pode realizar? ç 1

,
_ A zdueação do caracter, ' ' de. desfrilšolver
com o objetivo _ osistalentos
ricas indi-
x.. estudantes emocionalme t `
m . , _ n e. mais maduros, academicamente mais b i, ' ' d c ITI odo a formar personalidades indivi uais dmaal -ossa vi;
ais autonomos, professores mais competentes como educadores; famíliasem mais responsáveis;
sucedidos autarcas
e socialmente 'iz viduais .
mais solidários com a escola, etc. .. - conse uir ue ca a Ufl° P
M O desenvolvime nto de actividades da a'rea-escola , de form a integra JI
- A ¢dUCaÇa° Para liderança' a fim de g- -tq da sua PróPria história
` d a, a valorização efetiva das discipli-
nas de Desenvolvimento Pessoal e So 'al ' a ser suficientemente autonomo para Sef Sulel O
ci e a valorizaçao dos sistemas de estão d
exem p los d e ações a empreender neste domínio.
2% P
g
'
emocrática, sao três (Freire, 1972). d m,o¡,,a
or exemplo como centros de voluntariado e de educação cívica através de programas de serviços comu- i .. ' ra ue cada a rendente CSC
nirários prestados pelos vários le ' - A ¢dUCaÇa° Para a democracia, pa-d ((11 de modg a poder vir a ser um
competências para viver em comu a e
- ' ni
e mentos da comunidade escolar (estud d
nao
' d occnte). antes, ocentes e mesmo pessoal '

1'
cidadão de corpo mt=lr0-

260

26 l
DESF.NV0l.VlMENTO COMUNITÁRIO

Desenvolver os talentos' construir identidades rica


° s Figura 9.5
O carácter de um °
a tornam um fenómaiagfissoâeé nao
u~m Conjunto
se WPCÍÊ de traços
° que a ldemificam
- Ê (1U°
d. q (MOICIYH, 1979), que integra as Desenvolver oii talentos
suas iveišíis pertenças (a grupos, organizações, local e época em que viveu)
ll (construlr personalldades ricas)
C um Per 1 único de tra os co nitivo ' ' f ° - i
Partir da teoria das inteliç^ ` g iil `S, emocionais e cacos, dlagmmados a Paim; fomdøm az identidade "'°*"°l'F
circula
Fl' “'“°ldP"°°""
da:
°"*"l ""““""~
gcnclas m “P135 df? H0Wafd Gardner, do conceito (amami. Dei»-um¢.z‹›iw¢ iiminiiiz em*°9°m“" '
de inteligência emocional de Goleman e d ' 1 ' d
éticos de Dal 'l 2 - zi “po ogia C cqmpoitamemos 1 . llnguíitloos' l “ V Fgmflila
al ama ( 000)* O QUÊ permite isolar 10 traços identificadores.
(figura 9.4)
a. «mciniz i Esícola i
4'
Figura 9'4 _ MaPa COHCPPÍUQI da cduCaÇã0 da personalidade
5» anmuimøwfls z ^"'
"""| _ i l Rede cflmunltáfla de :pola P .
6; .¢°|¿¡¡¢°¡ç°u l ¡¡¡t¡¡ P A ç (flitfltfll, G dO 3.° ç ç

desenvolvelse em dois
“"'P°“°" / 1. T‹›‹i‹›zz¬‹›zpzr‹zzi'r‹›zi‹›¢zls'«vem procurmbfanaàrf 7
B. lnterpuaoals ' rodou os fatores nos seus programas r . l
2. Em osso da falhas de uns. os outros deverüf'o«procurar ç›
9- exlmnclnlø nxlølónlcøfl zúimzià-ias (coma nú zzzmpizii r ea
de naturcza UC COfldiCiQnam a

-~ ~ ' i ao A __ uem ara i ¡


m°V° a formaçãoiile _)
de nível -~///7 V - Grande parte das famílias procura incidir o seu papel educativo nos
micro dfmicro
iiivel \ de nível macro
domínios emocionais e éticos (domínios 7, 8 e 9).
- Muitas escolas circunscrevem a sua atuação ao desenvolvimento da inte-
oiir=‹-fl«-»~i ligência linguística e lógico-matemática (Gardner, domínio 1 e 2) e
também, ainda que de forma menor, nos domínios emocionais e éticos.
/¡'l'°gr“ izizígfz - Constituída a parceria numa rede comunitária de apoio, esta pode não
só, colmatar as zonas desguarnecidas (domínios 3,4,5,6), mas também
reforçar as zonas estratégicas (domínios 7, 8 e 9)
integra integra imggfa ¡m - _ //
33” intfgra int*igra `
integra '
integra -
integra ¡mcg,¡

K"-'~«‹«i=1«~1@~›°~i«›-l-~zf‹~i @»«fl@‹ziif‹#»i~i f~ziéf~zz«lzzz»i rz -z z z lmz q @...l.....; ... :X el No fio da navalha: ser sujeito da sua história
Vejamos agora a educação para a liderança: se considerarmos a liderança
1 fo. ›-z
(__, M ._.i.f..zz«--ef ea _
âexcmp O por exemplo como a capacidade para mobilizar através do consentimento (figura 9.6),
sabemos que a aprendizagem desta capacidade se faz através do desempenho
Fome: Carmo, 2014
V V 7 ' ` z . -i ' .L .;.'>-›l='--'ê':H*'z.'=! .'.i
de sucessivos papéis de obediência de participação e de comando, que cada
um vai experimentando ao longo do seu processo de socialização, num
quadro de valores comummente aceite. Este tripé - experiência de obediên-
AO eâtabcflãcef uma Parceria CSCOÍ2-C0munidade, com vista ao desenvolvi-
mento
_ os t entos indiv'iduais
' dos alunos para construir
- identidades
. _ mais cia e de comando num quadro de valores - é que distinguir:-í mais tarde o
F1635, percebemos ue à artida a famí ` ' líder que serve do líder que se serve.
em regra, todas as(iiec,essi)dades edu cativas
'ha Íiaa esçola
criançalsoladamemc nao cobrem,
e do adolescente:

262
263
- ...-wiwvwnvimnwiun \|iv|UI¬lIlI'\IiIU l¡l›DI'IY V\JIzV IIVHBH |\ I \ \¡lV|\.ii1| | nun

Figura 9 6 I iilciuiiçii ia qucsr.i‹› da autonomia


Para além destes efeitos positivos imediatos, é de esperar que o aumento
de trabalho voluntário a partir da escola, tenha um efeito de legitimação
,,.,.......~.--- ~ l-Hiflnw d
P°d¢ dfifimr se como uma “M ^ -~¬-..~...e_ aprende se na operacionalização de desta junto da comunidade, para além de aumentar os níveis de confiança e
integra vários Mam de participação, induzindo o crescimento do capital social da comunidade
no exercício de
para através de
envolvente.

@ Viver em comum: ser cidadão de corpo inteiro


ÍMMWM A vertente da educação para a democracia será analisada na última secção
deste capítulo. Por agora bastará dizer que uma parceria sólida entre a escola

( l Fome
(iardner [994
e Gardner 1994
W,
zohzfiâãifiiisu 2004 cs z C4 Em
Blake e Mouton
Ú
øiwimmi izimziiúm
C5 2 C10 Fontes
Silva 1933 CU e Cl2 Fontes
h
“W”
e a comunidade pode apoiar a aprendizagem significativa da democracia,
encarada quer como meta a alcançar quer como método de vivência em
COITILIITI.
C2 F°“"=$ Carmo, 1996 Moreira
(mlcmm 1995 2006 e Bilhim 2008 C I-3Pl€l'l'¢, S cl

ââ/
c (iardrier 1994

É Éciš®....i
llšëwlwirmila 1.5. A educação intercultural e a intervenção comunitái'ia236

Com o aumento de pressão social sobre os sistemas educativos e com ri


I onte Carmo, 2014
abertura destes a todos os segmentos sociais, tornou-se regra dominante u
coexistência de diversas culturas num mesmo espaço, o que ainda hi
poucos anos era uma situação pouco frequente ou pelo menos ignorada em
Naturalmente que tal rocesso tem muitos países.
P varios niveis de aprendizagem, mn
soante o objeto da lideran a se a o A educação intercultural emerge, neste contexto, como elemento indil-
Ç J proprio individuo, ou os grupgs, Qfga
niza Ç oes › comuni dades ou sistemas mais complexos Mas em todos esses pensável à realização das teses da Revolução Francesa257, contribuindo para
níveis, ele tera de 3prender a obedecer e a mandar num a criação de uma sociedade mais livre, mais igualitária e mais fraterna, em
quadro de valores
consentido que os seus segmentos aprendam, não só a saber respeitar a diferença mas
No quadro de uma parceria da escola com a comunidade a fim d também a tirar partido da diversidade para viver melhor.
e
Sfigulr que cada aluno possa vir a ser suficientemente autónomo
, paracon
ser
sujeito da sua propria historia , um dos instrumentos A educação intercultural e as doutrinas da assimilação, da integração e
que imediatamente
ocorre é o fomento do rrabalho voluntario a partir da escola do pluralismo cultural
A experiencia tem de monstrado que o fomento do trabalho voluntário a O modo de gerir a crescente diversidade social e, em particular, os seus
Pal'U1'
d d da 650013, para alem de criar re cursos humanos adicionais, à comuni efeitos no sistema educativo, tem variado de acordo com os pressupostos
a e, a custos baixos, e um fgm; Contributo para o desenvolvim ._ M_¿£-1 .-qm-.ía
ento pessoal
e social dos próprios voluntari os ensin .- 236 O texto que serviu de base a esta secção foi apresentado pelo autor na sua forma original, na Universidade
diência e de coord ena ao num ' u ando os a d°SemPC11haf papeis de obe de Florença, em Maio de 1998, num seminário para estudantes de pós-graduação intitulado Educação
Ç (1 adro de valores partilhados, experiencia intercultural e ensino a distância: A questão da formação de formadores. Algumas partes já haviam sido
riquíssima que lhes irá ser extremamente util ao lon o do s l d discutidas em Carmo. 1998, Educación intercultural a nivel de posgraduados y enseñanza flexible. ren-
nos vários papéis que virao a desempenhar 8 eu cic o e vida lidades y deufion ln La educación intercultural en Europa: un enfoque curricular, Barcelona.
237 Reveja a iiecçlo rlurlflø palm 0 Jlirnvoívimenro. ponto 1.1 do capítulo 4.

_ . 265
_
-‹~v

doutrinários. Em termos simplificados pode-se dizer que existem três modos


No domínio do Saber fazer:
principais de encarar a diversidade social que designaremos como doutrinas
3. aprender a gerir informação
da assimilação cultural, da integração cultural e do pluralismo cultural
4. aprender a comunicar
(W/initzldy, 1995).
5. aprender a gerir situações de diversidade
No domínio do Saber situar-se:
- a doutrina da assimilação cultural parte de pressupostos etnocêntricos,
6. aprender a avaliar valores e padrões
considerando haver uma cultura-referência da qual todas as outras se
7. aprender a ser autónomo
devem aproximar; é a perspetiva típica das doutrinas racistas, e de todas
8. aprender a agir de modo cooperativo e solidário
as que partem de teorias evolucionistas hoje cientificamente postas em
causa mas ainda com bastantes adeptos; - -
Neste quadro de objetivos, ' escola/comunidade
uma parceria ' pode or
. gani-
.
- a doutrina da integração cultural arranca do pressuposto mais generoso zar programas de desenvolvimento das competências cognitivas, ¢m0Cl0flalS,
da igualdade do género humano e defende que, no mesmo espaço, todas - - - ' m-estar da
éticas e práxicas, que permitam melhorar substancialmente o be
as culturas devem misturar-se e transformar-se numa que delas resulte; escola e da comunidade em geral, olhando o Outro nao como uma ameaça
a metáfora aplicável a esta perspetiva é a do caldo de culturas (melting mas como uma Oportunidade de crescimento em Paz.
pot); apesar de partir de pressupostos opostos do assimilacionismo, tal
como aquela doutrina parece considerar a diversidade cultural como um Um grupo estratégico: os formadores
mal a eliminar; Objetivos tão ambiciosos, apesar de justos, confrontam-se com a comple-
. _ ~ - ' ias. Uma
- contrariamente às anteriores, a doutrina do pluralismo cultural consi- xidade dos grupos a educar. crianças, jovens, adult<?5› V¢ll10S C mm°f
dera que a diversidade é um valor a preservar e que a sociedade enri- vez que nenhum país tem recursos para criar em simultaneo progiãmflii fälfü
quece o seu património ao preservar essa diversidade sob o guarda-chuva toda a população, a questão de política educativa que se poe é a e se e 3;
de um conjunto de valores e padrões de convivência comuns; a metá- - - -
nar grupos-alvo prioritários, em quem se possam concentrar os recurl
fora para este ponto de vista é a da salada de culturas. educativos. fo
Na hierarquização das prioridades sobressai claramente o grupo do; ¡'-
A corrente da educação intercultural é herdeira desta última doutrina, madores, de que os professores constituem um subgrupo importante. rati-
assumindo que a crescente diversidade étnica, linguística, de género, de esta- -se de um conjunto muito diversificado de profissionais cuja fori'il1aÇTf>› É fm'
. .. - A ~ ' ' a ores
tuto social e de capacidade de aprendizagem, deve ser considerada não só feita com padroes de exigencia e qualidade, pode ter efeitos mu tip ic .
como problema mas também (e sobretudo) como recurso educativo. extremamente benéficos sobre o conjunto da populaçao. Na figura 9.7 r¢g1S-
tam se alguns exemplos de grupos de formadores e dos efeitos previsíveis de
Aprendizagens da educação intercultural programas de formação em educação intercultural. _ d
Num recente encontro internacional foi defendido que qualquer pro- Naturalmente que para poder desenvolver tais estratégias o forma or tem
grama de educação intercultural exige oito tipos de aprendizagens: de estar disponível, ele próprio, para se assumir como aprendente»

No domínio do Saber: - assumindo a sua condição de migrante no Tempo em pr0C¢SSO dC


constante adaptação à mudança e aos seus desafios e .
1. aprender a conhecer o Eu
2. aprender a conhecer o Outro aprendendo a coabitar com a diversidade nas suas variadas vertentes
(geracional, linguística, tecnológica, económica, social, religiosa, cultu-
ral, etc.).

266
267
. zz
...
Ainda que se selecionem apenas os professores para um programa de edu- |i|¡¡¡¡-¡¡ 9,7 - Um grupo estratégico: os formadores (cont)
cação intercultural, somos confrontados com um grupo-alvo gigantesco,
para o qual os meios disponíveis de comunicação educacional são franca- ‹'~i.1*.:*"`.'= .ixz . . `- “ i `

pm-ma¿0¡-es Os mesmos referidos para os Os mesmos resultados que para os j§:f¢flS


mente insuficientes, uma vez que
de adultos jovgns Emergência de mais grupos de cida aos,
Gestores de recursos humanos 3 tivos e competentes no seio das
_ __ . _ - d _
- o número de especialistas em educação intercultural é abaixo das neces- (tanto de organizaçoes oficiais Mclfíimumda esd d tividadc das
-
como particulares C oramento a pro u
sidades, e
organizações públicas, COOPCTHÍÍWS ¢
- os recursos materiais (instalações e equipamentos) e financeiros são privadas _ s s _
insuficientes. Formadores . - de intervençao
Profissionais ~ - melhmamã nto_ da q ualidade deidoso
social do vida dos
de idosos
. " ima em
de idosos social teraçao a g
problema para recurso
Para além destes problemas de reduzida oƒèrta educacional, regista-se um
conjunto de substanciais dificuldades na perspetiva da procura.
Com efeito, os professores a formar, são muitos, encontram-se geografi-
camente dispersos, possuem diferentes qualificações iniciais, desempenham
É neste quadro de dificuldades que as estratégias de desenvolvimento
papéis profissionais muito diversos, de acordo com os grupos que ensinam, - , - - - ' ' ' recursos locais e
comunitario se tornam indispensáveis tirando pârâido dos ñ 238
apresentam, em regra, disponibilidade de tempo muito reduzida, o que lhes . - - - * ' uestao .
criando sinergias com meios externos as comuni a es em q
dificulta o acesso a programas convencionais de formação e pertencem, por
vezes, a comunidades linguísticas diversas, o que dificulta substancialmente
o processo de comunicação educacional. Atividade 9.1 _ .
1 Selecione e caracterize um problema específico existente numa instltulçlø
Figura 9.7 - Um grupo estratégico: os formadores educativa que conheça (creche, jardim de infância, escola do ensino básicü,
secundário ou superior).
2 Identifique esquematicamente diversas ações conducentes à sua res0luÇiO,
Formadores E-ClUC8d0raS df ÍIIFÊHCÍH Redução de comportamentos racistas e
de ¢¡-ianças Enfermeiros bem como as pessoas grupos ou instituições que deverão ser chamadas I
I

xenófobos por parte dos educadores, das colaborar. (Escreva no máximo uma página A4)
Professores
crianças e, indiretamente das suas famílias.
PI'0dUf0I'€S/I'¢âlÍZ&d0fCS dê 1'2íClÍ0 Interiorização de atitudes de respeito pela ______ *....._._.‹..‹.-_-...__.._...._-_----.--

e televisão educativa dif¢;¢nç¿_


Criação de hábitos de cooperação entre
. u ; I I
culturas 2. Desenvolvimento comunitario e saude
Redução do absentismo e do abandono escolar
Í Aumento do sucesso escolar
Fm-mzdm-gs Professores 1 ' "' ' F' . .
Redução do absentismo escolar No dominio da proteçao da saude das populaçoespoidenj ldfifflflfim
dg jgvens Líderes juvenis
Aumento do sucesso do ensino e formação três campos em que as técnicas de intervenção comunitária tem sido usadas
Í-Ídeffis COIUUHÍUÍFÍOS (POÍÍFÍCOS, Redução do abandono escolar e do abandono
f¢ÍÍgÍ0S0S› C SOCÍHÍS) das ações de formação profissional
com êxito:
PFOHSSÍOIHÍS dê ÍI1I€I'V¢HÇã0 SOCÍHÍ Prevenção de problemas sociais de _ _. z--_..-.-...-.---._-z---Q--_» ---

Profissionais da comunicação comportamento desviado - a distancia,


238 O ensino flexível, com uma forte componente de ensino ' ^ ° pode 'revelar- se um modelo
. ' alta-
social (jornalistas, produtores, mente adequado tanto para aumentar a taxa de cobertura do ensino presencial como para atingir ãopu-
Q I '

realizadores, publicitários, etc.) - oportunidade


lações adultas que. doutra forma, não teriam ' de melhorar as su as q ualificaÇ ões. Ver a tante
o ponto 5.
(cont)

268 ç , 269
' '' I ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' * ° ' \ ~ I I ~ a o - › ‹ ¢ - ~ n . -- . n | vn . . , . ~ z z z z . n Q n r rven ON 'Õš - '_""" III1¡|iV\ lvllvuiwu ‹- w

no apoio a cidadãos fra illz d ~ - , .


_ em programas de cuidagos ;¡,¡::£;:sC(q:Í;Ê¡:Ê de saude particulares 2.2. Em Centros de saúde

_ em ÍHSÚÍUÍÇÕÚS de cuidados diferenciados de saúde Alguns dos programas atrás referidos podem ser desenvolvidos nos Cen-
tros de Saúde que constituem instrumentos fundamentais da organização e
2.1.Apoio' a ci'd¿~ -- .,, de saude
, pai-1;i¢u1¿¡-es do desenvolvimento das comunidades locais.
a aos fragilizados por condiçoes
Para além deste tipo de ações, os Centros de Saúde, que estão particular-
Na literatura de especialidade encontram-se várias
' a1 usões ao apoio comu.. mente vocacionados para a prestação de cuidados primários, podem melho-
nitário (domiciliário e ambulatório) a cidad'aos fra i'l'izados rar substancialmente os seus serviços recorrendo às técnicas de intervenção
de saúde particulares
. _ S por
dj ~ comunitária. São exemplos de ações em que tal tem sido observado, diversas
_ 1 como ido '
sos, deficientes, - con
doentes crónicos,
ço¢|
doem”
mentais, a coólicos, toxicode ' ~ campanhas de vacinação em massa, programas de apoio a grávidas em geral
P¢fld€flfCS, seropositivos, orradofes de SI e a certos grupos de risco (mães demasiado novas ou demasiado velhas), ações
doentes terminais239; P DA °
Em termos genericos
' ' de educação para a saúde24l e programas de prevenção de epidemias.
e salvaguardadas as es pecificidades
' ' de cada ru o o
tipo de apoio requerido pode agrupar-se em duas vertentes' g P ,
2.3. Ação a partir de instituições de cuidados diferenciados de saúde
- ajuda logística
- apoio psicossocial Os hospitais como recursos da comunidade deveriam ser encarados pelos
utilizadores como instituições seguras e instrumentos de cura. No entanto.
A ajuda logística re fl uer a cri ação de con dições materiais que propozçig- quer pelas condições envolventes242, quer pela falta de recursos, quer ainda
nem uma melhor autonomia ao siste
' ma- cliente
' 'i ~ de risco.
em situaçao - Éo pela situação objetivamente frágil em que o utilizador se encontra - por estar
caso do apoio medicamento so para doentes crónicos,
- dos programas de troca doente ou por requerer acompanhamento específico243 - a vivência de uma
de serin g&S para toxicode
'
P endentes , d 0 apoio
' domiciliário
' ' - - para idosos
- ¢ estadia num hospital é habitualmente traumática.
doentes, da instalaçao
” de sistemas
' d e telecomunicaçoes
' ~ para isolados
- e da Neste sentido, é desejável que, a par dos cuidados diferenciados de saúde
ad aPtaÇa0
' dO €Spaço doméstico- a certos tipos
_ de deficiências24° prestados nessas instituições, sejam desenvolvidas ações que permitam ao
. O apoio psicossocial visa reduzir o sofrimento solitário doente
cidadãos muitas vezes se encontram e criar uma re de soci a_| ãm e a que
oio estes
ue
contribua
. lh - . _ P
para me orar a sua qualidade de vida. Sao exemplos de apoio q - durante a sua estadia, sentir-se tratado como pessoa, sem perda dos seus
psico-social, os centros de dia para idosos
' °
e deficientes, as visitas do miciliá-
' '' direitos de cidadania;
rias para doentes crónicos e os ro r - A
E--

- após ter alta, contar com ajuda logística e apoio psicossocial no local
P 5 amas de aP°1° Para grupos de doentes onde vai convalescer.
m¢flÍ3ÍS, alcoólicos, toxicodependentes sero ositivos
- -
doentes terminais. ' P , portadores de SIDA e
-_ _.-í.n_

241 O campo da educação para a saúde é muito amplo, abrangendo áreas tão diversas como a educação para
a saúde mental, para o planeamento familiar, a formação de socorristas e paramédicos, o ensino de medi-
das de prevenção contra as chamadas doenças de mãos sujas (ex.: cólera, sarna), etc.
----~---.--.~‹.-- -. ~‹. ..-__-._-_.-_--
“°*
..._
~~---.-.--._-_-...._ 242 Os exemplos de condições envolventes ameaçadoras para quem entra num hospital são inúmeros. Bas-
.__.-,..-..._¬~ _---.-...«..-,
239 . ---..---..-_--_--..----..--..--
Rmia ° ponto 5 1 do zzz fwiz 4 tará fazer referência aos espaços frios e despersonalizados e à cultura organizacional autoritária, em que
24° Por exemplo a red UÇ110
' dcpb arreiras
i ar uitectónic ~ - .. o cidadão-utilizador tem frequentemente a sensação de perda da cidadania, pelo modo como lhe é
ms motora q as C 3 adaPfaÇa° dfi 1fi5ffiÍaÇoes sanitárias para deficien.. negado o acesso a informação que lhe diz respeito, pela dinâmica inter-pessoal infantilizadora, etc.
245 É o caso das grávidas em risco. por exemplo.

270
..| ¡ 'I-'|I... ,_ 271
E nestas duas vertentes que o serviço social hospitalar tem um papel extre- › ° . ' ' ' - 1 S d 0.' i _
1.a Dimensão: vida digna (5 l .()0). Índices de pobreza (22 65) dt UFUU
mamente importante a desempenhar, servindo de interface entre o cidadão- prego (5.70) e dc. desigualdade
. ' (22 . 65 ). _ _ _ d
-utilizador e a comunidade hospitalar e entre o hospital e a comunidade
2.* Dimensão: conhecimento (17.00)I Ífld1C¢S df? 3lf21b¢UZ3Ç3›0 (5-70) ff ff
envolvente.
escolarização Sup€1'Í0l'(11-_30)- _ ,, . F .l
3.2 Dimensão: vulnerabilidade (32.00)= Índices df? P0PUlaÇa° ln am*
Áiišéiaiziiiiéiššf (17.00)244 e de violência (15.00).
1. Selecione e caracterize um problema de saúde existente na zona onde
. - - a de um ma a conceptual
reside ou onde trabalha. Diagramando as variáveis do IES sob a foriši I Sulllconjumo da
2. Identifique esquematicamente diversas ações conducentes à sua resolução, ' reza e um
bem como as pessoas, grupos ou instituições que deverão ser chamadas a
(Novak,
.. 2000),
- podemosf Considerar que a 11,0'
acionad a com outras das suas
exclusao social e que esta freq'uentemente9r§\
colaborar. (Escreva no máximo 1 página A4)
dimensões, quedea olhar
Este modo podem agudlzardlfigura
a pobreza, tfifa fadi1° me nte a i`deia de alguns_ auto
_ '
- f°
idilica de ue ode haver po breza sem exclusão: com _ a_ globalizaçao,
_
rei; algo b
to a a po reza ex , pcfimé), ainda que possa não haver consciência
_ disso,
. uma
3. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E EXCLUSÃO SOCIAL
. ,. ” ' ` de ualidade de vida de um
situaçao de rutura com os padroes minimoã (11 P' ocial

3.1. A pobreza como forma de exclusão social grupo


Istode
, referência,
- ou Seja,
e particularmente
° um Certo mdcl à C clicreza
evidente quan o po usao ia associada
es
d _ alguma
Idade
das situações descritas no IES, nomeadamente o desemprego, €5lBUa
Como foi referido anteriormente, a consciência crescente dos problemas
ritante baixa escolarização ou insegurança dficoffeme de uma P°P“laç¡°
sociais e particularmente da pobreza e do subdesenvolvimento levou a várias
g
. ,
ilias numerosas imersa
. . f Í ' w \ .

ativa sobrecarregada com a responsabilidade de am


tentativas de operacionalizar estes conceitos. Um exemplo conhecido foi o
em ambientes mais ou menos violentos.
índice de desenvolvimento humano (IDH) criado pelo PNUD, que teve o
Aplicando o IES a Portugal observa-se (P0Chmann› 2004: 189)'
mérito de chamar a atenção para o fato de que a carência de recursos mate-
riais - expressa pelo produto nacional bruto per capita corrigido - era apenas _ um índice de pobreza de 0.988 (32-a P051Çã0 mundial d_ 1
uma componente da qualidade de vida das populações e que esta depende, _ um índia-3 do população infantil de 0.931 (12.a posiçao mun lã)
em grande parte, da capacidade para viver mais e melhor (esperança média
_- um índice de homicídios de 0.985 (51-a P0SÍÇã0 mundlffll
de vida) e dos conhecimentos que dispõe (taxa de alfabetização, e número
- um índice de desemprego de 0.912 (35-a P°SiÇã° mundlffl)
médio de anos de escolaridade da população adulta). 1
- um índice de desigualdade de 0.915 (96-a P°5ÍÇã° mundfal)
Recentemente, uma equipa brasileira reconhecendo algumas fragilidades
- um índice de alfabetização de 0.909 (7531 posição mundial) _al
no IDH calculou um índice de exclusão social (IES), procurando «incorpo-
- um índice de escolarização superior Cl€ 0-174 (75-a P°51Ça° mundl )
rar em si um maior número e uma maior variedade de dimensões da vida
- u m índice agregado de exclusão social de 0.860 (36-a P°5iÇã° mundial)
humana, de maneira a constituir uma síntese mais robusta, focada na exclu-
são social e capaz de captar mais eficientemente as condições em, que essa
última se efetiva em determinada unidade geográfica» (Pochmann, 2004: - ' t usado não este índice. que
244 Em boa verdade, para tornar o IES mais robusto, P0Cl'1mam1 dczfcfila Sã dependência qu: incluim
à ^ v ' ° C
17). Os índices escolhidos foram sete , todos eles já usados em agências das '
apenas se aplica aos Pa
íses com piramides etárias jovem, mas 0 U 'CC
' IES l' ável a todos os países, qU¢l' 00m
Nações Unidas, integrados nas três seguintes dimensões: também o peso de p0PUl*“¡ ão idosa. Deste modo tornaria o ap IC
População jovem quer envelhecida.

272 273
I !t'.M';N VUl.VlMI.'.N lt J t_.\ nvl uwi iruuu

liigurii 9.8
3.2. Importância sociopolítica da pobreza

Índice de exclusãa z¢¢¡¡| Esta primeira constatação leva-nos a uma segunda questão: qual a impor-
Pfldlmünn, Igfdg ¡|_( tância política da pobreza?
Au” do “dah °faIfl|. excluaio no mundo:
' ' '"“|°-C°ff€2Eätora
Se nos recordarmos que a função política, em qualquer sociedade, se pode
operacionalizar em dois conjuntos de tarefas - as que promovem a coesão
s Emlüsão ,social social e as que coordenam a orientação para objetivos coletivos, então, as
perguntas a fazer serão:
W” "`"°"° 'mx vuinembifldaós l
- em primeiro lugar, se a existência da pobreza contribui para a coesão
social ou, pelo contrário, para a desagregação da sociedade global;
- em segundo lugar, se a sua presença, facilita ou dificulta a orientação
para objetivos coletivos.
% da Poiwulaçâú tz/
rena. < zussóoiz1 dia
-
Rflfld- vdos 10%
Il mzâzmm/
_ s
E °""'°'¡°'
s I â
infantil li s ç j ¬;
grand. dos 10% % de popuhção acfiva i . N, de

%.de deeempregzdos 0 com f°'m°i°ã°-i“"P°f¡°" V V . l pah¡l|'°°¡:z, fl Da investigação empírica feita nos últimos anos, corroborada pela análise
"Ê Pflpfllflção ' activa
. a í as :› is i ' i %í P°P"h95° < 1--(5 anos ~ i- _í l z 0;,_ 1
histórica, parece não haver dúvidas que, em termos de saldo global, a pre-
sença continuada de situações de pobreza enfraquece a coesão das socieda-
des globais, uma vez que

- cristaliza solidariedades defensivas (de sobrevivência) nos grupol


, Comparando
_ com outros países Portu al
in d ices d e pobreza ¢ de C - ' . 8 aPf€Scnta em termos globais, excluídos, (efeito de ghetização),
_ xclusao social ue col , - reduz os laços de solidariedade interestratos e aumenta drasticamente
semiperiférica (médio alto), a par da Grêlcia ocam 10 pais numa P°s1çã°

paises ._ Europeia como a Chipre Rc ao, [give
da Uniao ' èlçl alguns dos novos os níveis de desconfiança e de insegurança enfraquecendo o capital
Eslovénia e a paises' como a Islândia Cor ' > CPU 103 eca, Eslováq ui a e social (Fukuyama, 2000; josine Junger-Tas, 2001), e
* eia do S Ill e Nova Zelandia ^ - Para est - reforça, objetivamente, comportamentos de violência de vários tipo!
POSÍÇÊÍO, razoável em term OS globais ' mas baixa ' 3
buiu sobretudo a baixa escolarização ' em termos europeu; C0 ntri- ° (violência política, social, doméstica).
e a forte desi . '
Esta constataçao " fornece-nos para 'á um gualdade social.
- . .
, a ri z - Por outro lado, as orientações neoliberais e neoconservadoras imple-
fenómeno: C que 3 Pobreza em Portllgjfil ez fortemente P meHa.plsta para a anahse
influenciada por as d° e- mentadas nos últimos anos, têm contribuído claramente para o aumento da
tos culturais e po1'iticos.
' -
Se isto é verdade ” P
poderá ser eficaz se tiver um a forte compongme › entao o combate à po b reza só anomia, por todos reconhecida.
cultural e política
Esta primeira pista` confirma-se e clarif -
tado S d a investigação
` ' ~ recem 153 SC, SC a cruzarmos com os resul-
e sobre a reProduçao " da pobreza em P 3.3. O combate à exclusão social
(Amaro et al 2001), sobre o trabalho inf ti] (P. ortugal
tos da imigração (Rocha-Trindade, 2004)inciom efêiii); IÍÍJ8), É Siibrc oi efei- De forma sumária, podemos dizer que o combate contra a pobreza tem
de investi gâçao
" sublinha
' -
a im ortânci a das` * (1 quer estas m ' has
P .
duas componentes referidas, de conjugar um conjunto de políticas articuladas, nas quais se devem ins-
crever duas prioridades estrategicas e dois imperativos táticos.

274
275
._ _.. i
Em termos políticos, ai primeira :irticulzição a fazer é entre políticas locais, ‹- - bater a obreza, É al” ` dar os pobres a tor-
E a melhor mancim tic se com P
estatais, europeias e globais, rcspcitaiido o princípio da subsidiariedade e a .. '
' e líderes do pfÓPf10 de stino.
narem-se pessoas autônomas ' o bedecer a uma
autonomia relativa da escala do combate, mas tendo consciência que os . ~ te à obreza deverao
Para isso, f0daS 35 39065 de Comba P
níveis mais abrangentes constituem contextos constrangedores. . . .. . t im 1°ica duas medidas complementares : u ma
- 'Í
Neste contexto, é fundamental desburocratizar os programas de luta tática de autonomlzaçaobls O rficularmente assumindo a voz dos que nao
o 0 a

luta pelos direitos dos po FCS» P


contra a pobreza, combatendo o efeito de paralisia por análise, que tem con- d ro ressivamente› Êl m¢q¡da que os
têm voz (advocacy), que deverá ecrescer p g
duzido vários projetos em virtude da sobrecarga de procedimentos inúteis, - - (1 d
aior ca aci a e de intervenção sobre o seu prÓpfÍ0
sujeitos pobres ganhem m P
_ 245 ,_,
ou com controles desproporcionados. destino (empowerment) . ima a enorme importância da intervençao
Qualquer que seja a escala do combate à pobreza (local, estatal, será É neste contexto que se S
indispensável articular as políticas a desenvolver com os três valores herdados comunitária.
da Revolução Francesa, que constituem património europeu doado à Huma- otar o assunto far-se-á referência a 9

Seguidamente e sem a intcnçãq de esg


nidade: a liberdade, a igualdade e a solidariedade, novo nome dado à Frater- al uns grL1P05 espec íficos.
certos aspectos a ter em con t2 no trabalho com g
nidade. A História dos últimos 200 anos mostrou que se não houver um
equilíbrio entre eles, construir-se-á uma sociedade mutilada. _ F, .. -31246
. - 0 de exclusao soci
A terceira articulação política a fazer, será entre políticas sectoriais que 3.4. crianças 6 iflvefls em maça
promovam uma vida materialmente digna através de uma economia soli- deve
tada em todas as culturas, C0 mo uma fase que
dária, o desenvolvimento do conhecimento ao serviço das pessoas e a cria- A infância
. é conside ' (1 uer e m virtude da fragilidade da própria
ção de uma sociedade segura (não securitária), promotora de uma paz social ser particularmente pf0Í€g1 3° q ' ^ ' futura do. grupfl-
, rante da sobrevivencia
sustentada. crian a, quer pelo fato desta ser o ga ` _ .al da mf-ãncju.
Neste quadro político, duas prioridades estratégicas se impõem: A Çconvergência
' a` v0 lt8 da prioridade a dar a pr0f¢Ça° 5°Cl
' . êncíai a -
" Mundial sobre a s0l21'€1/W
ficou claramente expressa, na Pfflflfdfa” . da d 90,
um lano mundia l para deca 4'
- por um lado, o reforço do capital social (Putnam, 1993, Correia, 2005) teção e o desenvolvimento da criançfl 6 H I P . ' d s b
l P la Criança, realiza o S0 0
através de medidas que fomentem a confiança e a participação das aP7^01/ados no Encontro Mundial de Cupufl 6”
, - d ONU 30 de Setembro de 1990
populações; o reforço da participação deve ser fomentado ao nível das em ' ' ' M' istros
“ verl ficado entre os 7
O consenso entao ff!
comunidades de vizinhança, através de medidas como o desenvolvi- -^ '
da de consciencia da gravi
'dade da situação
.
em
mento do associativismo e da vigilância dos locais de residência (mais presentes, decorreu da toma 'an as (e adolescentes) em muitoS Paises.
olhos na rua), num processo de responsabilização crescente. que se encontram atualmente as i eraÇ sete grupos de alto risco247, sobre
. ..os
- por outro lado, a preocupação com a educação da juventude, que deve De entre elas, H UNICEF “ms , d Q; amzaçoes
. u a oes dos governos e 35 8
assumir-se como um empreendimento coletivo, capaz de unir jovens, quais devem incidir especiais pre0C P 9 . .. S ue afcc_
_ ° QNG5), uma vez que con Fi 8uram situaçofi q .
N ao G OVernamentais ( - em Qu fazem m esmo perigar a sua
famílias, escolas, instituições religiosas e cívicas, em torno de projetos de _ -
ram o desenvolvimento da criança e do jov ›
vida que assentem na educação do carácter, para a liderança e para a
existência física: __ _. . .
democracia (Carmo, 2004) como foi referido atrás. ________ . - das (3 d‹
------------------------“" d rment assumem ca¡'a[Cl'iS[1C3$ tipicas do mo
m owe
245 Tanto 0 processo de advocafy como O C 6 P ,
Poder-se-á dizer que o que acaba de afirmar-se aplica-se a toda a sociedade Rothman. Carmo (1993: 321-333)-. , .
e não apenas aos pobres. É verdade. Mas os pobres são antes de mais pessoas, 246 Parte do texto desta secção pode encontdrar-se iâajontígâaneçlrs em ckcunstâncias especialmente dificeis.
247 ExP¢¡‹;, F, Myers, W. (1988). Análises e situ ça .
ainda que normalmente excluídas. 1988/91. Bogotá. UNICEF-

27'.
276
( MPOS~` F§l'['(
A ú : ll*l(.OS
`l À' DO DF..W.NVOl.VlMl*.N '\IU ( i.HMUNI . I`ÁRl() DESF.NVOl..VlMF.NT`O COMUNITARIO

- crianças em estratégia de sobrevivência 3.5. Adultos em situação de exclusão social


- crianças maltratadas e abandonadas
- crianças institucionalizadas São muitos os grupos de adultos em situação de exclusão social. Para além
- Crianças em conflito armado das situações referidas em pontos anteriores destacam-se, pela sua gravidade,
- crianças em desastres naturais e ecológicos as famílias em situação de pobreza absoluta, os imigrantes e minorias étnicas
- crianças com necessidades específicas excluídas, os sem abrigo, os desempregados, os reclusos e os ex-reclusos.
- crianças de rua A questão da pobreza já atrás debatida251, requer medidas de alta com-
plexidade que envolvem toda a comunidade envolvente bem como um
Segundo estimativas da UNICEF, no princípio da última (geada do esforço político considerável, no sentido não só de combater os seus efeitos
século
d XX›bal cerca de oite nta milhoes
` " de crianças
' em todo o mundo eram obri- . imediatos252 mas também de evitar a sua reprodução intergeracional253.
ga as a tra har para sobreviver. Dessas, trinta milhões viviam nas ruas das Os imigrantes e minorias étnicas são grupos particularmente vulneráveis
randes
Êadas oucidades
d , emFvirtude
` -
de terem fugido _
de casa, de terem sido abando- a todo o género de exploração254, em virtude das características que os iden-
A . e terem icado órfas (Carmo, 1993: 324). tificam como física, cultural e juridicamente diferentes. A intervenção comu-
eram maioria
levad era 1;rivada de cuidados
' com a saude› e educaçao , e quase rodas nitária necessária, passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento de progra-
ao crime àaS ra ctnt tentar a difícil ãscolha entre resistir ou aderir, à violência, mas de educação intercultural, pela necessidade de se ter em conta o muitas
rua d d* LP os i ui_Çao e 30 ÉISO 6 drogas, que eram a realidade - - da
da vida vezes presente bilinguismo e pela indispensabilidade de integrar nesses pro-
P es e ima e Rio de Janeiro até Bombaim, Lagos e Nova Iorque-248 gramas estratégias claras de prevenção do racismo e da xenofobia.
fara além do estigma da pobreza, muitas destas crianças e adolescentes Um grupo que tem vindo a crescerde forma preocupante é o dos desalo-
con rontam-se com
da delinquência O a acusação frequentemente infundada
' -
de viverem à custa jados ou sem-abrigo255. Com demasiada frequência esta tendência tem resul-
,_ Ib _ > (1 _ ue as ' ~
tornado alvos fáceis para os instrumentos de tado de medidas políticas incorretas, como a desinstitucionalizaçlo ¡pill-
repressao pu lica e privada . sada de doentes mentais sem o cuidado de encontrar alternativas viáveis pari
A respíosta a estle tipo de situações tem de ser necessariamente de natureza substituir os internamentos crónicos, ou em virtude da desregulamentlçlø
comunit ria envo vend - - í_-_L.
_
neoliberal cujos nefastos efeitos socioeconómicos afetam dominantemente
lia (quando exse i t ) › comar ' com
O umcfradnlho "~O próprio
C c e instituiçoes 1° lovemzsol
publicas - comdea famí-
e privadas rote- os indivíduos já de si fragilizados por outras circunstâncias como os idosos,
ção social e com 'd d d ' ^ ' ° P os doentes mentais, os ex-reclusos, as crianças, etc.
(Para onde foraineieisidilfliill a C e residencia (de onde fugiram) e de fuga Tal com em relação as crianças de rua, o trabalho com desalojados deve
passar pela conjugação de intervenções personalizadas de natureza psicos-
---- ..--.-.--, _--.._--...---_-__-..-.-_--._ ..-_ _- --.....--_--.-.---¬..._-__..--_--__--_--....-¬.-._-..-----.--...-- _ --....--- _._¬........-›_.__..._...-..-_---.------------..-..-_..-._.¬---..›--.....- . z _ .. ¬ ..¬‹ » - . . . .. . . _ . . - .

248
' mmúmmm-my
Grant, 1991, Simaçao Mundial dalE nJT; E E Cu* E E Em-C E “mw i E "Y E " "`“"`a *""`“'““"“°“~~-~------~-------_...
f^ancia,' Brasília, ' UNICEF, p. 36. Nas ultimas z - décadas a situação 251 Sobre esta situação reveja o ponto 3 do capítulo 5.
descrita tem vindo a manter-se. ' _ _.|i_A` 252 As ações de proteção social em situações de alto risco pessoal e familiar, passam por medidas para garan-
249 Existe já vária investi a ao” so b re crian
' E - . tir níveis de alimentação, saúde, habitação, emprego e rendimento mínimo, que permitam evitar o agra-
das grandes cidades)_ É_ ciianças de rua ëfss ciiilerállé m(aifquc
isso flmbalham
ormem naouruavjvcm
. Paradurante O dia nas artérias
a rofund " vamento da situação social do sistema-cliente e ganhar espaço de manobra para intervenções continua-
poderá recorrer a bibliografia produzida pela UNICEF pelo Instituto dc Apoio 5 C . ar esta cqiuestao das sobre os fatores de reprodução de situações de pobreza.
. _ _ ç f riança e a versos
gígbâlrlsâfilêaílšglllcos que ençloqtrará em instituições de ensino superior. _ l 255 As ações continuadas sobre os fatores de reprodução da pobreza, integram programas de educação geral
250
crian as e a o es ' - . . e para a cidadania, orientação e formação profissional e reforço dos fatores de resiliência.
ci al t balh é Ç _ Ccmffs dff (C Ha) rua é importante nao esquecer que o primeiro e prin-
P faé feita0 por
venção com os próprios
animadores dê respeitando
ma com apoi a auttqnomia(por
' e 1 es doliorosamente conquistada.
- A inter- 254 Vale a pena sublinhar que o tipo de exclusão e a intensidade com que ocorre varia, não só de acordo com
, o cnico e retaguar a que a ós o est b l ` fatores históricos e culturais da sociedade envolvente, mas também com as características dos grupos
uma relação estável com a crian ça a ajudam ' ° um pro -
a construir d ' P a C ecimento de excluídos.
. _ _ jecto e vida que pode assar l
reinte Sra Çao na famlli a, na escola e/ou num posto de trabalho (Carmo, 1993: 328-331),P Pc 3 sua 255 Sobre os sem-abrigo vide Alves, Sandra, 1996, in Carmo (coord.), 1996.

278 . 279
› @¡¡¡lí._..__._
¡ _ 4 nn» . ¡ ¡ ¡ , . - . .

social, acompanhadas por vezes de medidas psicoterapêuticas, com ações de


(re)construção da rede social de apoio do sem-abrzgo. Em segundo | ugar. trata-sã de umança fenómeno novo
média de vidanas ' licações
suasSistemas
C dos lmP Sam-.
Como é sabido o desemprego é um dos fatores principais de exclusão qualitativas: dada a ext‹:nsao_ a es P er . _ _ ,_ E
social nas culturas que possuem uma economia de mercado. Para além das tários de apoio à sua continuidade, ser idoso hoje já nao É 0 q ue era. m
A - observa_ se nalitera . ' '
tura de es_P ecialidade a frequente distinção
indispensáveis medidas de política social que excedem o objeto deste manual, consequencia, l
é de salientar o valor da intervenção comunitária no apoio aos vários tipos de -
entre novos-zdosas e velhos_ zdososi com estilos de vida ° e 11606551'dades c ara-
desempregados256. Constituem exemplos interessantes as iniciativas locais de - - rocura sintetizar
' ' _ no quadro 9.9: .. é _
mente diferenciados conforme se p
emprego (ILE), e os Clubes de Emprego, umas e outros procurando conju- -
A com lexidade '
do fenomeno ap ela_ cada _vez mais para uma re flexaocomo
s ria
gar ações do empawerment do sistema-cliente com a advocag/ do sistema P it desi nado por alguns autores
no sentido de se combater o PÍCCOHCC Q 8
interventor257. - ' “ como os do etnocentrismo, dO racismo C do
BMWSWU (“g¿'”m)” tao grave . z 1 os seuS Pares
Um grupo extremamente marcado pela exclusão social, quer no que res- sexismo, mas ate agora menos visive q ue
- ' -
peita ao emprego quer ao do restabelecimento de laços de vizinhança é o dos Podemos definir etarismo como uma atitude P reconceituada sobre Um
reclusos e ex-reclusos. exigindo um apoio personalizado para a sua reinser- d do grupo etário traduzida em opiniÕ€S Ê condutas discriminatórias com
a Ê

- ~ ' O. C0
ção na comunidade. efeitos de exclusao social desse grup Tal mo em outras atitudes estereoti-
-
padas observa-se o etarismo -' so' em .mf m b ros
nao g de outros g1'uP0S Cfáflos
mas também naquele que é alvo de discriminaçao.
3.6. Idosos em situação de exclusão258

O fenómeno da velhice, tal como o vemos hoje, é relativamente novo. Quad” 9,9 - Uma nova velhice
Esta afirmação, aparentemente paradoxal, merece uma explicação.
Em primeiro lugar, é novo na sua dimensão: por exemplo, a esperança
média de vida nos EUA, no começo do século, era de 45 anos. Menos de
10% da população tinha mais de 55 anos e só uma pessoa em cada vinte e
Novos D°5 Autónomos Ajudar a adaptar-SC Formação
cinco chegava aos 65 anos. Hoje são numerosos os adolescentes que conhe- idosos 55'60 a°s devido às à situação de reforma, de segunda
cem todos os avós, contrariamente à geração dos seus pais para quem conhe- 75-80 anos campanhas sobretudo ao tempo llV1'¢ oportunidade
cer todos os avós era relativamente raro. Em consequência, prevê-se que a antitabágiCa› como oportunidade para
Formação para
pela alimentação o seu desenvolvimento
população com mais de 85 anos irá crescer, em 2030, para o triplo da sua o desempcnlw
racional e p¢l0 pessoal e para 0 de papéis sociais
dimensão de 1980 (Mann, 1995, in Johnson, 1995: 223). fomento do desempenho de pap€1S
compatíveis com
exercício físico, socialmente úteis
a sua idade
regista-Sc uma e experiência
256
De entre eles destacam-se os jovens que procuram um primeiro emprego e os desempregados de longa Ajudar a reorganizar
melhoria
duração. Os grupos mais afectados têm sido as mulheres, os jovens e os mais velhos, vitimas de políticas o dia-a-dia
substancial
desumanas de motivações economicistas.
257 da saúde d€SI€ Ajudar a definir novas
O estudo dos projectos de ILE pode ser feito pelo recurso aos De artamentos li ados à olítica de
Emprego e de Solidariedade Social. Quanto aos Clubes de Emprego,P vale a pena conhecer
8 aP experiên-
grupo etário metas de vida
cia pioneira da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
258
O texto que serviu de base a esta secção foi apresentado pelo autor na sua forma original, numa inter- Velhos ACÍITI3 Cada vez maÍS Garantir apoio
venção no painel sobre Formação ao lango da vida, do 2.° Encontro de Professores Aposentados, no Fun- idosos CÍOS dependentes psicossocial
chal, em Fevereiro de 1997 intitulado Potencialidades do ensino aberto e a distância para a população 75-80 anos menor saúde
Garantir ajuda logístiCa
mais velha. física e mental

280
CAMPOS ESPECÍFICOS DO DF.SHNV()l.VlMP.N'l"() (I()MLJNl"I`ÁR1O
..«...... _._....,. . . . . . . . ¬ . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . ‹ . - . . . . - . . . U
°E5ENV*°'~Y'.*Y'.E.l_`lÍFÍÊ7°W'5l'TÍ*.*Ê'9

O objetivo da luta contra o etarismo é, basicamente para que a sociedade


assuma que o idoso é um cidadão de corpo inteiro
' ` 259 (seja ele um novo ou 4.1. Planeamento e organização Comlllllfáflas
velho idoso), com potencialidades e limitações como outro qualquer cidadão
No planeamento e organização comunitárias a nível municipal, regio-
e, como tal, deve ser olhado e tratado. É neste contexto
doutrinário que se nal e nacional assume uma particular importância a questão da articula-
deve ler o quadro 9.9, onde se sumarizam alguns objetivos do trabalho
, O

-
ção entre os protagonistas do processo uma ve z q ue se trata de sistemas
comunitário com os dois grupos de idosos e se enunciam linhas de atuação - 260 .
coletivos _ além
desta população numa linha de formação contínua. -
Neste tipo de trabalho em rede de parce iros
'_ é fundamental
bl a rg ueriapara
rede seja
....-_-_.-..._.....-__-..-_...~..--_-_¬._..__.....__--..-«___. ¬. _ _.. ----..-_.-~`~....-._..-~..-_...-...-..--...-......-..-..-›-.--..--.. ..- _..---___. ..- _.`-.--..~-_._-¬»_._---.-.._-.-_-.-.....-..--...-._-_-¬.‹ dos aspetos técnicos adequados a cada situaçao-pro ema, E P _
Atividade 9.3 assumida como um sistema-cliente cuja coesão e locomoçao merecem cui-
. - de não se atin-
1. Selecione e caracterize um problema social relacionado como um grupo dados especiais por parte de quem lldefa 0 Pfocesso' Síbípefm tos dcma
. . - ' nio a cus -
socialmente excluído que resida ou trabalhe na sua zona de residência. girem os objetivos desejados, ou de se conseguir 685€ CS 8
2. Imagine que dentro de dois dias vai realizar-se uma reunião da Assembleia . 261
siado elevados .
de Freguesia em que se vai equacionar a questão e procurar-se debater
estratégias de intervenção social para a solucionar. Faça um plano que
resuma a sua contribuição para essa reunião. (Escreva no máximo uma 4.2. Programas de defesa dos Direitos Humanos
página A4).
._----.....-.--.___-..-_-.-.......--..._ __ ..- .. - ..-..--. -_ .. _-- _. ._ -.. _ -_ -- _ .._- _ -_ - -.. --... _ - _ ....---.--~.-`-_-...-.-._-..__.__.___«

Numa conjuntura profundamente marcada pela consciência da desigual-


-
dade, a sociedade do século XXI confron t il-se p ermanentemente
r O seu âmbito com a quel-
como pu.
_ - - ar a ›
4. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E AÇÃO MACROSSOCIAL tao dos Dlreltos. Humanos,
- ' tamo Pamil _ Agintervenção social 3 como serie
defender o património cívico conquista o _ A _ h d a ash
de supor encontra-se no epicentro desta dinamica, sendo C ama 3
Como se registou na tipologia de modelos de intervenção de Rothman sobretudo nesta segunda vertente.
(cf capítulo 4, ponto 3.3.) há situações de intervenção comunitária que
transcendem a simples ação local (modelo A), apelando a uma perspetiva ~ ' ' H os
macro pela sua evidente dimensão sociopolítica (modelos B e C). Sem àso geragiçlesdcizeeglliíáfã
senti afitiiiizgão dos direitos humanoS, Galtuflg (W943
_ o
querer repetir o que então foi dito valela pena chamar a atenção, ainda que
de forma resumida, para algumas especificidades destes tipos de intervenção
comunitária.
em camadas, a partir
grupos dominantes:
- ' E ,

o
um bolo

es io C gmpf” S a ' ..
..
-*-`_.¡‹«-_._¿_~›'. - Geraçao zero., a Igreja
° '
desafia a ariçtocra cia
. .
. - - . '
_ Pnmeira geraçao. a burguesia desa ia aá aristocracia

_ __ _ _ _ ________-;:z= _.-‹__--¬_- -- ___,__,_,


~__ -.z~:..._--1.-~;;;_ __ z- -:--_.-zm»--~¢.-»
¬vY
____ z z _:-_-ff-_-_.._ ;_z:z›_~ __ _ _ zAzz_-.._zzzz¬--_..~__-_-‹¬-
-¬ --
›-__.__«..._-.-.- _............-.-Q-‹ _____....z.-......----->'='-““":;:““““' ' ' '

. - ' ' nidades' do mesmo modo o sistema


_ - . ~ .. -.. ¬ --- _.- ..--..- - - --....... -.... -.-.___-__-...-.-._ «_-.-._-.._-.-.--..--_-.-......--.__-.--_-~..__-_._....._-._-..._---. -__-..._-...-,-.. _-_.... _
26° O sistema dieflfe P°d° mfcgrar Várms gmpoiiçlifgífimmçocs C comrãanizaçõics com diferentes estilos de
2591: neste sentiao de cidadania
~ ~ plena que se deve encarar o idoso
- nao~ apenas como um grupo-problema mas -interventor é aqui' constitu
` ído p or diversos in iv uos, gfUP05› °
' ` al.
'
como recurso social que pode e deve ser posto ao serviço da comunidade. atuação, estatuto legal, cultura organizacion
261 Rgveja, a este propósito os pontos 2.4 e 2.5 do capítu10 7-

282 j_ _ 283
. .. ._
_ .V wztiwniv v\ JLVIMHN |`( ) (I()MUN|'|'AR|()

l)F..H`1°ÉNV()l.\/IMl*1N'l`() (IOMUNI`I`ÁRl()

` Segunda geração: os camponeses e t fa balh ad ores (industriais) desafiam


a burguesia - Os Pactos Internacionais para os Direitos Civis e Políticos e sobre os
- Terceira geração: Mulheres crian Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966), atualmente com 136
› Ç2S› Outros povos e a Natureza desa-
fiam a tecnocracia. e 135 aderentes respetivamente, que procuraram clarificar a Declaração
Universal (idem: 27-28);
De acordo com esta evolu ao ” ' ' - A Declaração e Programa de Ação de Viena (1993), que afirma a inter-
em A _ _ _ Ç › os_ direitos humanos foram-se afirmando,
tres grupos distintos, ainda que indivisíveis
' e interdependentes'
° dependência dos direitos humanos e o seu igual valor, consagra diversos
direitos coletivos, como os das mulheres, e explicita diversos modos de
~ Direitos civis e po l'iticos
' ~ az - ' ' * °
(geraÇ ao - A os monitorizar (idem: 27).
_uSt0 à _ d ul). direito a vida, a um Julgamamø
1(Hegarfizšr)
› . C1 , a ` liberdade
. de reuniao,
°" de palavra, de religião,
. . etc.,
Na Europa, foi-se ainda mais longe com a aprovação, da Convenção
- Direitos económicos e sociais (geração vermelha) direiw ao U- bal Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e Liberdades Fundamen-
- - Í a ho tais (1953) e da Carta Social Europeia (1965), criando-se o Tribunal Euro-
abf1g0, alimentaÇa°>
" Segurança 50011,
' Cuidados
- de saúd e etc. '
- Direitos de solidaried ade (gcraçao
” verde): direitos col ` i peu dos Direitos do Homem, encarregue de vigiar o cumprimento da Con-
- etivos ou de ru 0
(...) incluem o direito à autodetermi " g P i venção. Recentemente, a Estratégia de Lisboa (2000), ao associar o cresci-
fl3Ç30, (...) ao desenvolvimento dos
povos indígenas à sua identidade, o direito a um ambiente rot mento económico à coesão social, deu um passo significativo na operacio-
e i oe
ã paz (Hegzmy, 1999z 50). P g nalização dos direitos de segunda e de terceira geração.

O reforço normativo A dificuldade de execução


De acordo com Haga;-ty (1999: 25) F . h 1 Apesar de todo este reforço normativo, muito caminho há por percorrer:
h › « 01 o o ocausto, e o fato de da Ale-
m fin 8' ter sido
' .
capaz de cometer atrocidades con Em primeiro lugar, no reforço do quadro normativo, no sentido de
tra milhões dos seus pró-
prios cidadaos nos anos de 1930 com 0 ' f melhor interpretar as situações (por exemplo, a explicitação dos estados de
ue b › P uca inter erencia
^ ' das outras naçoes,
~
q aca ou por empurrar a comunidade internacional emergência em que se possam suspender os direitos) e de fazer face a novos
para a codificação dg
regras para proteger os direitos do homem» ( ) desafios como o da pobreza, do envelhecimento, da genética e das relações
Assim , e procurando operacionalizar
- ~ . , i.
os rinci (1 interculturais.
Na Õ U .d _ P P OS aprova os na Carta das
Ç es nl as df? 1945, foram sucessivamente a rov d d' 1 Em segundo lugar, na redução do fosso entre o mundo do dever ser,
C uraram exp 1.icitar
. _ _
os direitos humanos: p a os ip omas que pm-
expresso por um quadro normativo progressivamente aperfeiçoado, e uma
realidade de atropelos quotidianos a esse padrão. Dois fatores têm contri-
_ A D€C1aração Universal dos Direitos do Homem (1948) A buído para esta contradição:
30 artigos 8arante um COIIjunto
` ' '
de direitos civis
' '
q ue i (1-21)
e politicos
f '
n os seus
reconhece vários direitos econ ' ' ' ' C - Por um lado, a complexidade crescente da sociedade contemporânea,
01111008, sociais e culturais (22 - 30) A esar
de bastante vaga nas suas disposições
' ' constituiu um ' ' ` P expressa
a especie de Ma na
C arta d o Mun d o (Humphrey, 1988, cit. in . Hegai-ty, 1999. 27) ou como 8 na multiplicação dos atores
f ~ d . _ . ,
(šäcmešscrita por Joao Paulo II, a pedra angular das Nações Unidas políticos, económicos e culturais,
regionais, nacionais e transnacionais,
legitimados ou erráticos,
estatais e da sociedade civil;
J-_L.Li¶. -:fi

284
¡ r 285
suuvu xlu Ufl|'$¡‹\..4II"I\.ø\Jfl LÍLÍ
lJl'.M".N VuL.v ||vi|:u¬| i u xium um nI\I\~'

e a multiplicação e mistura das suas relações situação delicada confronta-o frequentemente com um dilema de dupla
política/economia, . - ' " funcionalmente
fidelidade: ao sistema-cliente e à organizaçao de quem
sociedade civil/Estado, depende. .
exigem um sistema de respostas igualmente complexo. - ~ ' f to de muitas
Um fator que torna este tipo de açao mais complexa é cp :nas min movi
Por outro lado, a conjuntura explosiva criada por uma globalização dese- - - ~ ° "
vezes, o sistema-cliente nao ser uma organização
estrutura a
daí decorre A estra
'
quilibrada, pela revolta dos Condenados da Terra (Fanon, s.d.) que cul- - '
mento social, com toda a fluidez de funcioname nto q ue - '
minou nos acontecimentos do 11 de Setembro de 2001 , tem criado um , - - - ' '
tegia da nao-violência ativa (NVA) Pafec
e ser° nestas circunstâncias, uma
quadro preocupante, de retrocesso dos direitos, liberdades e garantias. escolha recomendávelzóz.

A resposta da administração Bush, a nosso ver, em nada contribuiu para


melhorar a situação, tendo-se revelado desproporcionada e desadequada: . ,. - - - ~ ' ' 'l
4.3. Organizaçao comunitária em situaçoes de ameaça à proteçao CIVI

- desproporcionada, pela violência com que respondeu e pelos chamados - -


Outras situaçoes que requerem grande maturi ad
'dade emocional e ca aci-
d ameaça à Plgotc
efeitos colaterais quer em populações civis quer nos próprios militares; - ' iais
dade de gestao por parte dos interventores socd h . sao as e
terramotos cpidc'
- desadequada, porque o terrorismo não se combate com terrorismo, mas F, . . ° ^ ¢ Ç eias › "
çao civil nomeadamente devido à ocorrencia ,
com desenvolvimento. mias e conflitos armados. _ _
Para ilustrar a complexidade do que está em ]0g0› °b5efVe'5e 3 figlffa lp
A estratégia imperial dos EUA (Todd, 2002) traduzida por intervenções -
em que se listam, de modo meramente exemplid 'ficativa › al§uns dosblím
civil rincipais
comu
militares unilaterais contra um alegado eixo do Mal, pela não ratificação de problemas a resolver em caso de emergencia e proêfiçâgcer meios
tratados como o Protocolo de Quioto e o que cria o Tribunal Penal Interna- -
agentes e serviços que podem coordenar, execu tar ou o -
cional, pelo menosprezo relativamente às NNUU e às suas agências (e.g.
UNESCO), tem constituído um fator de regressão dos DH, ainda que acom-
panhado de um discurso com cosmética democrática.

A intervenção no terreno
Os programas de defesa dos Direitos Humanos requerem cuidados espe-
ciais por parte do sistema-interventor, sobretudo em virtude de duas carac-
terísticas a ter em conta:

- uma conjuntura marcada por fortes tensões e


- um sistema-cliente de contornos nem sempre bem definidos.

As características da conjuntura requerem grande maturidade emocional


por parte dos interventores, uma vez que o seu trabalho se reveste de um V
-- --- ---_ --_....._- --- --_›.._.--.-----'-‹›--f -_--quo-uz-Q-... ›~¬‹-um
.........

. . . . . - - ' ' omendável a uem venha a


envolvimento direto na defesa do sistema cliente (advocacy) obrigando-o, 262 Sobre movimentos sociais há vária bibliografia sociológica e politológica, rec . _ [_ C1 and Pa"
especializar-se
. nesta área de intervenção. ql-IC fl'¡'1fl$°°nd°“a a dlmcnsw
' 1 de uma dim?
onto 4. ma sam '
no entanto a um distanciamento necessário à sua condição técnica. Esta este desígnio específico vale a pena rever 0 CaPÍ“1l° 6* Pamcu “meme ° P

286 __ 287
<=^r1r9S.fl¬=vfl¢fr!s9i. ‹=‹=«~~~›¬'^f‹›‹› DB8lN'VO!MMlN'm t10MuNiTAiuo
. . . . . . ¬ . ¬ . - - - . _ .. - ‹ . . . . × . n n = ¢ n v - ¡ ¡ |;||.\v1›-.. -mzzzzzz---s. - . --‹›~~

Figura 9.10 - I ntervençâu em situações de proteção civil


- desenhar um lano de intervença"o274 com resultados a atin 8ir de ime-
diato, a curto e a médio prazo;
- identificar, mobilizar e organizar os recursos necessários à intervenção.

4.4. Trabalho comunitário em programas internacionais

Se em programas de intervenção comunitária de maior amplitude em ter-


ritório nacional é exigida uma grande capacidade de organização, em ações
internacionais275 tal capacidade é condição de sobrevivência, dado o apoio
político, militar e logístico a que obriga.
7 A na-za-~ Neste tipo de projectos a área-chave das comunicações é indispensável,
sendo condição indispensável ao sucesso das operações em curso.
1..

Atividade 9.4
-if-Ê-É
==.,=-‹

'z;f.;'.,=z;‹: zé-Frã.;".'“
1. Imagine que o município onde reside foi devastado por um tremor de terra
que causou grandes prejuízos materiais e humanos.
sistem . td.ecorre da analise
, l da figura 9.10, nestas situaçoes
' ›-' e1 exigido
- - que o 2. Dentro de algumas horas vai reunir-se um Gabinete de Crise coordenado
a-in erventor atue com o máximo ' - -A .
de eficácia e de eficiencia, num por si, a fim de tomar medidas imediatas e propor ações para restabeleci-
curto espaço de tempo para mento da normalidade da vida do concelho.
3. Elabore um esquema de trabalho que lhe permita orientar a reunião de
- caracterizar a situação-problema nas suas linhas mestras, distinguindo forma eficaz. (Escreva no máximo uma página A4)
os problemas que requerem ação imediata dos que, sendo importantes
exigem uma resposta diferida.

263
Forças Armadas ou Militarizadas (Exércit M `nh F A' - - 5. RUMOS PROMISSORES
cia de S¢guranÇ2 Illíblica e Cruz Vermelhã). llll lll lllçll clllllll Gllllllllll Nllllllllllll Repllllllclllllll llolll
264
âíapaälcpres Bombeiros, Bombeiros Municipais e Bombeiros Voluntários
265
a ministração Central (AC) e Re 'onsi (AR , ha - - l . . Ao terminar este manual gostaria de partilhar com o leitor algumas refle-
saúde (ex.: Instituto Nacional de Emeäência Médica Iliililtlitlilifólliliilêliltliiilail ídllélvSl§ilil clllvillllllllllll 'llllâlllll llll xões sobre duas áreas de aplicação do desenvolvimento comunitário que
da Saúde) Segurança soam (ex _ Dire ões G . C › _ _ guc, ospitais, entros
. l " s R l ' -'

266 . ,. ..,d
SÊ;1al)›
m_af338riCu.lf͡ra,
MU_fllClP&l, ambiente e outroil. Serviços
Junta de Freguesia, clllll Técnicos
lllllllll Municipais.
egllllllllll lllllllllllllcllllclllllll Eqlllplls dll açao 274 O hábito de elaborar e manter atualizados planos de emergencia para fazer face a várias situaçoes e
267
erviço Nacional de Proteção Civil. risco para as populações tem, em vários momentos e locais, sido responsável pelo salvamento de muitas
268 got área de actilvidade' e prolduto alclabado (bens e serviços).
pessoas e bens. Seria recomendável, por isso, que cada comunidade concebesse os seus planos de emer-
269 ooperativas, nstituições artic ares d S l`d ' d d ' - - - . . gência contra riscos coletivos.
clubes desportivos, redes de radioarnador; oiil delliiiilifaclloiírlicdlãlllnälíiliilil-ililll‹l:ltÍ'i Olgallllllllllllll llllglllllllll 275 As intervenções das Nações Unidas e de várias das suas agências em várias partes do Mundo com auxí-
270 Reparar estradas e caminhos, reparar sistema elétrico, de saneamento básiizo ¢l;z¢ lio humanitário, com forças de interposição entre beligerantes ou com programas de desenvolvimento
271 Construiçao e reparações de habitações provisórias ou definitivas. _ social, bem como certas ações da Cruz Vermelha Internacional e de ONGs como os Médicos sem Fron-
272
Reparação e fornecimento de equipamentos domésticos e de trabalho. teiras ou a Ação Médica Internacional, são exemplos de ações deste tipo que exigem grande especializa-
273
Reparaçao e fornecimento de equipamentos de produção. ção técnica. e fortes conhecimentos da língua e da cultura dos sistemas-clientes. '

233
...n
_ __ ._ 1
._. _.*¡..._ll
" .
H*-i-m-“H 289
desenham rumos promissores para o uso desta estratégia de intervenção p¡gu¡¡¡ 9,1 I ›- l".duc:iç:"io para a democracia: variáveis em jogo
social como instrumento socioeducativo, neste período de construção da
Sociedade de Informação:
> \

1,1 vmzme 2.' vertente


- a educação para a democracia
W* 7 P ____'_________ _V__ V .,... .. .. .F¬.z«z

5-3:2, -: "V li 1 U1 1 1 i1 i 1

- a educação aberta e a distância ' _'j`_;¿"¡`: `_`¡_'_, .f_.,_.I*‹-,'.›_z'›.'z


l'-¿._(-` ._ -- ›I. z ' ' ' ' I

_ A _ . . ` competências em três dominios metodológicos


exige competências em tres domínios conceptuais e práticos cxlge

5.1. Desenvolvimento comunitário e educação para uma democracia renovada


' _C . _ - d d racomunicar apren era _i ar _
Como referimos noutro lugar (Carmo, 1997: 140), nas sociedades deste a reiiiliärgafliii e a cnvoliift âiimçao
comP°utlêÊ%iãS Pam actiggwaeäêâäèafiäifvü avril": qmlldade mprcscmaçms politicas
relilexão crítica sobre
final de século observa-se uma tendência para a crescente participação popu-
lar, quer no que respeita à preparação e execução das decisões políticas, quer
quanto à própria tomada de decisão em si. Esta tendência para um novo tipo
de democracia participativa, ainda há bem poucos anos considerada utópica em vários conteúdos
tem vindo a alastrar por todo o mundo, com força crescente.
__,.*.¿. . ..c‹.zz-
,..-¡. - _;:-2, ' -' 'A “tê `

Torna-se imperioso, por isso, uma ação permanente e organizada de edu- Fonte: Carmo, 2014
cação dos cidadãos para o exercício dos seus direitos democráticos, sem a
qual eles se tornam extremamente vulneráveis a manipulações de natureza ° no reconhecimento da necessidade de vida em comum em condi-
populista destinadas a plebiscitar decisões, legitimando-as com a capa da par- ções de estabilidade sociopolítica, e . _ d
ticipação democrática. ° na valorização das práticas de cidadania como instrumentos e
aperfeiçoamento pessoal e social276. bé
Variáveis em jogo na educação para a democracia _ ~ ' tam m ser
- em terceiro lugar a constataçao de que a democracia deve '
A figura 9.11 resume de forma diagramada algumas das principais ideias-
entendida como um método de sociabilidade, um_ caminho
_ para. viver
.
chave que, a nosso ver, devem estar presentes em qualquer programa de edu-
melhor em comum, que exige práticas de comunicaçao, dfl Pa“¡°¡P¡"
cação para a democracia:
ção e de representação as quais requerem um treino prévio que integra. 9

- em primeiro lugar a tese de que a educação para a democracia não pode a nosso ver, um conjunto de dez aprendizagens báSlCflS-
ser o resultado de uma aprendizagem mecânica, livresca, desinserida da
Papel do Desenvolvimento comunitário
experiência dos aprendentes, mas deve ser efeito de uma aprendizagem - ' nvolvimento comu-
Como facilmente se compreende, as téCn1C&S dC (1656
significativa (Novak e Gowin, 1996), ou seja, ancorada na sua expe- - - ° ' ro ramas de educa "o ara
nitário adequain-se extraordinariamente bem a p g ça P
riência anterior;
a democracia nas suas duas vertentes:
- em segundo lugar a ideia de que a democracia deve ser encarada como
meta, querendo com isto dizer-se que este conceito configura um quadro _ no que respeita ao entendimento da democracia como meta a alcançar,
axiológico de referência traduzido . - - forma de
já vimos que os princípios e as raízes que fundamentam esta
° na assunção de um conjunto de direitos humanos e de deveres cívi-
cos como projeto comum da humanidade, ~~~~~~~~~~~~~ ,2o14.
276 Rcwia a¢¢¡-ça disto o ponto 2 do capítulo 6 sobre o método Paulo Freire. Para aprofundar Vldfl Cflfflw

290 291
interven Ção so C i al 277 decorrem
~ de uma« concepçao
~ ~ - democrática
- de enten- - o ritmo a que quer aprender,
der o desenvolvimento das sociedades; - a quem quer recorrer para aprofundar conhecimentos ou colher orien-
- no que concerne à assunção da democracia como método de aperfeiçoa- tações metodológicas (equipa central ou centros de apoio locais),
mento do funcionamento social, a prática do desenvolvimento comuni- - a que sistema de creditação se quer submeter (grau académico, certifi-
ttário leva
d . os
g ci dadriilqs
" a comunicar
' melhorz 78 , a preparar, toma; ¢ ¢x¢¢u- cado profissional ou certificado de frequência),
ar as ecisoes que. es dizem
' ' de forma mais
respeito - responsavel,
, .
e treina- - e um processo de ensino-aprendizagem em situação de descontigui-
os, no seu quotidiano local, para atos políticos típicos das democracias dade geográfica e por vezes mesmo temporal, i.é, em que o aprendente
representativas como escolher, respeitar e substituir representantes. e o ensinante não se encontram juntos, habitualmente, ao longo do pro-
cesso educativo28°.

5.2. Desenvolvimento comunitário e educação aberta e a distância279 A universalização desta modalidade de ensino pode constatar-se a partir
de levantamentos recentes que identificam mais de mil diferentes organiza-
desfafa f_:15PÂmd€f 30o ürsafiãs educativos a que se fez referência no ponto 1 ções, localizadas em cerca de 110 países bem como a sua inclusão nas agen-
auniaetem › vin o a esenhar_ se na consciencia
'^ --internacional
- -.
a ideia das internacionais como tema prioritário.
Íde um
1. si stema de respostas complementares às tradicionais,
. . . que pommam . Em âmbito Europeu, o próprio Tratado de Maastricht menciona expres-
amp iar e diversificar a oferta educativa. samente a necessidade de considerar métodos de ensino a distância na for-
mação de recursos humanos para a União Europeia. No mesmo contexto e
O ensino aberto e a distância
sentido, é de mencionar a inclusão da educação aberta e a distância como
EHUC 65128, emerge com particular evidência o ensino aberto e a distân- Ação do Prograina Sócrates das Comunidades Europeias e a criação de sis-
acia ( EAD ) q ue sã pode definir
' como uma modalidade
- -
de ensino .
que obriga temas de ensino e formação a distância para apoiar o processo de revisão c
nar; [(›i'ocfesso e nšediatizaçao para suprir a descontiguidade entre ensi- de reforço das estruturas educativas dos países da Europa Central e de
p_ro essor ou ormador) e aprendente (estudante ou formando).
Leste, tarefa essa assumida pelas Redes da European Association of Distance
Este tipo de ensino nasceu e desenvolveu-se ao longo dos últimos 150 anos
Teaching Universities (EADTU) e European Distance Education Network
sob múlti p los form atos que, de comum, tem
^ duas características
- dominantes:
-
(EDEN).
_ uma filosofia de aprendizagem aberta o que significa que o aprendemo No plano global, a UNESCO entendeu elevar o International Council
possui margem de manobra para escolher: for Distance Education (ICDE), entidade representativa dos sistemas de
- 0 que quer aprender (conteúdos de aprendizagem), ensino a distância em todo o mundo, à categoria de Organização Não Gover-
- Onde quer aprender (local de aprendizagem), namental (ONG) classe A daquele organismo das Nações Unidas; bem como
- como quer aprender (métodos e media), encomendar-lhe um conjunto de estudos de estratégia a integrar num docu-
- quando quer aprender (ocasião do dia ou da semana), mento sobre «A Educação no Século XX1››.
-__ _ - ›_;z_z:_ _ z_-......___ __z_ z_z______._ z z z.._-__-~z z z_.~_- _ __ -_ z_.._._--.-_ _ -......-___...-_ _- -___-._ __ --.._______ --..--___ _ _ -_._____......____.__ Lz-_-.__--.._.-.z.---..-..---a..----..-..-- . .. _ _

277 28° O problema da descontiguidade espácio-temporal reduziu-se profundamente com a evolução tecnoló-
Reveja sobre isto o ponto 2 do capítulo 6. e
273 gica, à medida em que se foram adotando, cumulativamente com o correio, outros meios de comunica-
Na aP¡`¢"dÍ2¡1Ê¢ITã das lšjluaäo competências comunicacionais enunciadas no diagraina deve também ção. Hoje, tal descontiguidade é ultrapassável tanto no que respeita à distância espacial (com a rddío e
constaro estu o a P u ici ade , da p ro paganda e das técnicas
' - publicas,
de relaçoes › - bem como 0 U-¢m0.
da televisão) como no que concerne à distância temporal (com o telefone e o rddio amadorismo) entre
para a utilização de diversos meios de comunica çao
' escrita
' ' '
audiovisual -
e telemátic h ' ` ` ensinante e aprendente. Com o desenvolvimento e generalização do uso da informática e da telemdtiea
trabalho comunitário. , j ai Ole habituais no
279 O texto que se segue foi extraído de Carmo, 1996a l996b e 1997 registados desde a década de oitenta, a possibilidade de interactividade tem vindo a crescer em expo-
nencial, reduzindo drasticamente a questão da distância entre ensinante e aprendente.

292 293

. _ _ _
\.niv||'\.¡n I €›|'I'.\.||'l\..Ub UU U|.'«¶".NVUI.VlM|'›N'l'l1(ÍUMllNl'l'ARl()
IIDIISIÊNVUI.VIMl¡.N'l'() (`Í()MUNl'|'ÁRIU

A análise dos resultados dos sistemas de EAD, em termos de eficácia e de


outros frequentados por muitos milhares de pessoas que trabalham no terren0,
3
eficiência, conduz a um saldo global positivo, sobressaindo o efeito de mul-
as quais de outro modo nunca poderiam aceder a qualquer tipo de formaçao.
tiplicador de oportunidades a custos mais baixos que os do ensino presen-
cial, o que parece contribuir para a aceleração do metabolismo socioeconó-
O EAD e o reforço à educação formal _ _
mico dos países onde estão implantados.
A função de reforço à educação formal das populações periféricas tem
No campo específico da formação de quadros locais para o desenvolvi-
sido a preocupação dominante dos sistemas de ensino a distância de países de
mento pode dizer-se que o contributo do ensino a distância se tem integrado
desenvolvimento intermédio como alguns da Arnérica Latina e Ásia-Pacífico.
em três tipos de estratégias educativas:
Esta função é bem ilustrada pela atividade desenvolvida pela Sukhothai
Thammathirat Open University da Tailândia criada em 1978. TeI1d0 äbefw
- na educação para a resolução de problemas básicos, os seus primeiros cursos em 1980 em 1983 já possuía 110 mil estudantes e
- no reforço à educação formal
nove mil diplomados alcançando 177 mil CSIUÓHHÍCS Êm 1989- . _'
- e no desenvolvimento da educação contínua
A preocupação com a formação de quadros para o Desenvolvimento nao
é nova, na Tailândia, nomeadamente no respeitante à formação dos recursos
O EAD e a educação para a resolução de problemas básicos
humanos da função pública286: desde a reforma Chakkri da segunda metade
Em países com problemas estruturais de subdesenvolvimento, como a
do séc. XIX - comparada por alguns autores à Era Meiji do Japão - que este
Indiazsl ou o Paquistão282, o ensino a distância tem assumido o papel de ins-
país se tem vindo progressivamente a modernizar. A partir de 1932, com o
trumento da política educativa para a resolução de problemas básicos da
nascimento de uma monarquia constitucional, passou a ser governado por
população.
uma elite civil e militar, que construiu um aparelho de Estado em padrões
O caso da Índia é paradigmático: a partir de um sistema de quatro Uni-
europeus, com um funcionalismo qualificado. Neste contexto, merece ser
versidades Abertas283 e de diversas universidades presenciais com departamen-
sublinhado o cuidado posto pelos decisores da STOU em se integrarem na
tos de ensino a distância que seccionam em cinco línguas284, o número de
política desenvolvimentista do seu país. Talvez por isso, esta instituiçao haja
matrículas cresceu três vezes mais rapidamente que o do ensino superior pre-
sido designada pela UNESCO como a «instituição de vanguarda» (lead ins-
sencial, prevendo-se que venha a corresponder no ano 2000, a perto de 24%
titution) no Consórcio para a Inovação do Ensino Superior para a Ásia e
de todas as matrículas em programas formais do ensino superior do país285.
Pacífico.
A formação intensiva de técnicos de desenvolvimento comunitário tem
sido uma preocupação constante. A IGNOU, por exemplo, oferece um curso
O EAD e o desenvolvimento da educação contínua ç ç
em Desenvolvimento Rural com duração de três meses, para população sem
Nos países mais industrializados, para além de uma oferta diversificada
qualificações académicas e desenvolve programas diversos nas áreas de edu-
de programas formais, uma importante contribuição do ensino a distância
cação para a saúde, gestão dos recursos hídricos, educação paramédica, entre
para o desenvolvimento local tem sido através das ações de formaçao contí-
nua que permitem a atualização e especialização de grupos situados em áreas
281 População: 853.1 milhões de habs (l991); IDI-I: 0.309; PNB per cap.: 350 US$dol. (1990); esperança
média de vida: 60 anos (1991); taxa de mortalidade de menores de cinco anos: 126 por mil (1991); taxa
geográfica ou funcionalmente periféricas constituindo um poderoso fator de
de alfabetização de adultos: 48.2% (1990). democratização da distribuição do Conhecimento. Os exemplos multipli-
282
Sobre a experiência do Paquistão reveja o caso 4.5 do capítulo 4.
283
Indira Gandhi National Open University e Universidades de Andhra, de Kota e de Nalanda.
284
Gujarati, hindi, marata, urdu e inglês. Cf. Perry, op. cit., pág. 18.
285
Nestes números não se incluem numerosos estudantes, matriculados em diversos prograrnas não formais
286 Cf. I-Ieady, Ferrel (1970), Administração pública: Uma perspetiva comparada. Zahar, Rio de janeiro, pp.
136 e sgs. e Riggs, Fred (1964), Administration in developing countries - The rheorie ofprismatie society.
e livres integrados na política de desenvolvimento global daquele país.
I-Ioughtori Mifflin Company. Boston.

294
295
.-vv--ú. - - -- -- ' _
n.|-.|›»..- ..i -1 ~--

cam-se, bastando dizer que praticamente todos os paí535 d egenvg l vjdgg


. . .
utjlj.. .
Figura -
9.12 - Hipóteses ' '
de contribluição '
do ensino ' '
Ãíistâónçjlsççmd'iversos ca m p os úteis
zam este modelo de formaçao,_ com êxito
. .
assinalável. ' a° memo “memo com uni rio .

Tal êxito tem sido legitimado pelo cuidado posto numa trilogia de estra- ,
tégias educativas:
Idosa; Apoio domiciliário Formação de voluntários de Apoio Domiciliário
- em primeiro lugar, pela elaboração de materiais escritos, audiovisuais e I C¢““°S de ¡d°s°s F°"mÇã° de pcssoal
- 1 - - - z z - ' (de convívio
° e de dia)
' Formaçao' contínua para os i'dosos
lnformatlcos de alta qualidaäe clenflfica C andragoglcëjš _ z Lares de retaguarda (tipo universidade de terceira idade
- em segundo lugar, pela criaçao de sistemas de comunicaçao educacio-
nal diversificados; Minorias Minorias étnicas Formação de pessoal
- finalmente, p ela im Novos pobres Formaçao de voluntários
` p lementação de exigentes procedimentos de ava- O Sem flbf¡8° F°'maÇã° Para a ¡'“°g”Çã°
liação tanto dos estudantes como dos próprios sistemas ensinantes. Crianças da rua i

Em resumo
A diversidade de campos de aplicação do EAD ao trabalho comunitário
pode ser ilustrada pela figura 9.12:
ÂÍí;í&ZiÊš`§š''''''''''''''''''''''''''''''''M
Imagine que a partir de um acordo entre a sua Câmara Municipal, a Calxa
Figura 9.12 - Hipóteses de contribuição do ensino à distância em diversos campos úteis
de Crédito Agrícola e a Universidade Aberta vai instalar-se um Centro de
ao desenvolvimento comunitário
|mu»i»u..z..a..z...,..............._._.a_ ..__ . .. Animação Sociocultural com valências de ensino a distância formal, forma-
ção profissional mista (presencial e a distância) e um ninho de empresas-
Você foi encarregado de colaborar na feitura do estudoflde viabilidade desse
i iugramas Familias em IISCO Cursos formais (bacharelatos, licenciaturas, projeto. Na próxima semana terá lugar a primeira reuniao das entidades par-
comuns Voluntariado social
mestrados e idoutoramentos) ceiras. _ _
A1'UCUlaÇã° dC SCYVÍÇOS Cursos de formação profissional (não formais e
Apoio a organizações de livfzs Elabore um esquema que lhe permita preparar a sua intervençao nesse encon-
CCOHOITIIH 50031 Cursos de formação de voluntários ( ara o exercício tro de forma a que o Centro possa começar a funcionar brevemente. (Escreva
da liderança e de tarefas específicas) P no máximo duas páginas A4)
Formação contínua para pessoal dirigente, técnico, _- _- _v:_____::_ Í _ .__-._ _ _ f zzzzz _ _ __ _
- - - _..-_* zz-_f_:::-_<_¬fA..-...-....._...-.--.-›------'- -.-~›----¬‹-.-..-_-._._ _ _ . ___ - .........-......--_-.---._-.-›-----*

administrativo e auxiliar de organizações públicas


e particulares
Crianças Amas e creches familiares Em síntese al d Í _ m
Centros infantis
Formação de amas -
Nesta última -
unidade '
foram referidos '
sucintamente guns Oom. nios eA
Formação de voluntários
Adopções Formação de pessoal que o uso das técnicas de organização e desenvolvimento comunitário se tem
Colocações familiares Formação de pais adotivos
Crianças deficientes e suas
revelado eficazes. ,
Formação de familiares de crianças deficientes
famílias No campo da educação foi salientado o contributo do trabalho comuni-
jovens Apoio psicossocial a jovens Formação de voluntários tário para resolver problemas educativos, como o absentismo,do inspucçftqre
Associativismo juvenil Formação de pessoal o abandono escolar, e para enfrentar novos desafios como a e ucaÇao -
Jovens deficientes Formação de líderes juvenis cultural. _ _ , .
Formação de jovens deficientes
Na área da saúde sublinhou-se a importância da intervençao comunitária
(cont) E -
na ajuda - e no apoio
logística ' psicossocial
' ' a cidadãos
' ` ` ados p or condi-
fragiliz

296
297
. . . .
_¡.|.. ¡ __ ,_________.
ções de saúde particulares . b em como
- -
na qualificação dos cuid '
- - e diferenciados.
primários - . ados d C saude LEITURAS CoMi>i.i-:MENTARES
Seguidamente, fez-se alusão aos processos de empowerment e ad
nos processos
_ de ajuda a segmentos de o ula ão ~ vamo,
' idadz-35
condições. P P Ç excluída de várias ¢
Num quarto ponto chamou-se a at ANDER-EGG, Ezequiel (1980). Metodologia y Pratica del Desarollo
”' - -
t ra balh . , . em contextos macrossoeiair
d o comunitario 611930 Para algumas
como em especificidades
serviços vg do de la Comunidad, Tarragona, UNIEUROP (10.* ed.).
BEZDENOV, S. (1976). Uma escola comunitária na jugoslávia,
ciona os para 0 planeamento C Or . ._ , ca-
aniz ' Lisboa, Moraes.
defesa dos direitos humanos , em situaçõesaçaodcomumtánai
e ameaça à roteem Campanhas
5 . . de
A . internacional.
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programas de ambito P Ç o ciVl l e em cidade, ƒomadar pluridisczplinares, Actas vol. II, Lisboa, Universi-
A unidade foi concluída com uma discussão s b d ' dade aberta, pp. 321-333.
O 1'€ 018 Campos em
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TCSÍC fO['[natiV0 TT* TT ""`"""`""““ f -
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1. Após leitura aprofundada do texto do capítulo e feitas as resp t. . . _ (1997). Ensino superior a distância: contexto mundial; modllol
dades abra O manual , _ _ _ _ _ e ivas ativi_
> na pagina intitulada objetivos da unidad¢_ ibéricos, Lisboa, Universidade Aberta.
2 - Tente atingir
' os objetivos
' ' escrevendo (1998). Educação para o desenvolvimento: um imperativo eltfl-
texto do im . d ' 35 Suas respostas sem recorrer ao
erior o capítul0_ ítégico, in Tavares, M. J. F. (organização), 1998, Poder e sociedade
3 ~ Confira as suas fesP ostas com o texto e proceda à sua correçao.
-
n u u o I
(Atas das Jornadas Interdisciplinares), Lisboa, Umversldtt G
d

Aberta, pp. 489-506, Coleção de Estudos Pós-Graduados.


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298
299
x _
Rosi=.MBER
simaçãí ,F'l ' (199-4()l;1Estimativa
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menta °5 P°1' uma blbllografia analítica de obras selecionadas.
No fim de cada unidade de aprendizagem listou-se uma bibliografia reco-
mendada. A escolha das obras teve em conta o pouco tempo disponivel do
estudante. Procurou-se não ceder à tentação de aconselhar todas as obras
julgadas interessantes como complemento de informação ao manual, mas
apenas as mais relevantes.
A bibliografia que agora se apresenta segue uma lógica diferente: pretende
servir de referência para quem queira aprofundar algumas das temáticas aflo-
radas ao longo do livro. Tal bibliografia inclui todas as obras recomendada!
em cada unidade bem como outras consideradas interessantes para um
estudo mais apurado. Apesar de mais extensa, esta bibliografia procura inte-
grar apenas títulos de maior relevância, não pretendendo ingenuamente
esgotar o assunto mas apenas apoiar o estudante no acesso a obras, algurnal
antigas, que pode não encontrar em suporte informático.
Esta bibliografia de referência não dispensa, por isso, a consulta de Base!
de Dados de Ciências Sociais disponíveis em CD-ROM ou acessíveis pela
Internet. Por exemplo: UMI (1996), Social Sciences Index/ Full Text, Luso-
doc; UMI (1995) Dissertations Abstracts; Sociofile; ERIC; ICDL/UKOU,
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VVAA (1970). Programa para uma política humanista, Lisboa, Moraes. . O caso apresentado abaixo destina-se a realizar um trabalho de aplicação
VVAA (1970). Fenómeno urbano e desenvolvimento social na região de Lisboa, Infiirmaçda dos conteúdos abordados neste Manual, no sentido de facilitar os processos
50€íal, n.° 19, Julho-Setembro, pp. 37-56. de aprendizagem.
VVÊIÊIÍIÍ/9l\Ê€Êi)(;/§ÊzlÍlli11l:(â:çao e Desenvolvimento, Análise Psicológica, Lisboa, ISPA, (4), série II

VVAA (1984). La Securité Sociale à L°I-Iorizon 2000, Genéve, OIT.


VVA)Pš(()1 Actas do IX Congresso Iberoamericano de Segurança Social, Lisboa,
Leia o seguinte caso:

VVAA (1992). II seminário sobre A pobreza - mudança/desenvolvimento: Documentação Imagine que trabalha como te'cnico(a) na Câmara Municipal de Melgaço, na
Lisboa, Comissariado Regional do Sul de Luta Contra a Pobreza. l Divisão de Ação Social. Uma das fieguesias do Concelho e' caracterizada pela
VVAA (1994) P0bI'¢Za É com todos: mudanças possíveis, Lisboa, Comissão das Comunida- elevada taxa de desemprego na ƒizixa etãria dos jovens entre os 20 e os 35 anos,
des Europeias. estando a população mais velha inserida em atividades ligadas à agricultura e à
(1995). Metodologia de ação social. Análises sócio históricas do serviço social, produção de vinho (Alvarinho).
Desta fiirma, verifica-se cz tendência dos jovens procurarem trabalho noutras
WINITZKLY, Na-my (19;z;;zo›ša_Í;u:;; :Í ord: lOxf‹l>rd University Press. . ãreas do Concelho e, mesmo, do país.
Richard I. (1995), Apm-nder a ensëililllaii [riu
RL/Iraiâ e deÃiñsino integrado, in Arendt» Em termos de equipamentos, existe uma antiga casa senhorial, propriedade da
Câmara Municipal, existindo ainda um elevado potencial em termos de recursos
XUNTA DE GM-ÍCIA (1990) O consumo, de dro, asc 'I , ppl 141-183. ' naturais e paisagísticos.
drogodependencias, Santiago de Com ostel g Em' dem _ P alltonómllfo so-bm
(EDIS). P 3› quipo e Investigacións Sociolóxicas Elabore sucintamente uma proposta de diagnóstico e intervenção para esta
ZOHAR, .Dália-h C MARSHALL, Ian (2004). Inteligencia
- A - espiritual,
- . . , _ de Fogo - área territorial, aplicando os conhecimentos adquiridos na disciplina de Desen-
Lisboa: Sinais
Publicaçoes. volvimento Comunitãrio, que sera' apresentada na próxima sessão da Câmara
Municipal

320 321
.
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;¿i§â§zi¿i“¿.?a¿`ii " Atividade 3


Elabore o enquadramento teórico da situação apresentada, respondendo aos Apresente uma proposta de intervençao para a situaçao apresentada, respon
seguintes pontos: dendo aos seguintes pontos

1.1 Quais os elementos deste processo de intervenção? Defina objetivos gerais para a intervençao a partir das necessidades iden-
1.2 Que tipo de problema(s) social(ais) estão em jogo nesta situação? tificadas
1.3 Que implicações para a intervenção tem o conceito de comunidade? Defina objetivos específicos para a intervençao a partir dos objetivos
1.4 Como aplicaria os modelos de Rothman ao caso apresentado? gerais identificados
1.5 Quais os contributos da Antropologia Aplicada e/ou da Sociologia de Identifique, em traços gerais, a estrategia de intervençao a utilizar
Intervenção para o caso apresentado? Preveja as atividades a implementar de acordo com os objetivos e estra-
1.6 Quais os contributos da abordagem sistémica para este caso? tégia definida
1.7 Qual a relevância das teorias da motivação e liderança para o caso? Afete os recursos disponíveis às atividades previstas

Atividade 2 Azwlazóeé
Elabore o diagnóstico da situação apresentada, enquadrando os seguintes Apresente uma proposta de avaliaçao da intervençao, respondendo aos seguin
passos no processo a prosseguir: tes pontos

2.1 Lançar pontes 4 1 Identifique a metodologia a seguir (tipo de avaliaçao, instrumentos de


2.2 Caracterizar a comunidade recolha de dados, momentos, equipa)
2.3 Investigar experiências anteriores 4 2 Sistematize os indicadores de avaliaçao a utilizar
2.4 Identificar necessidades
2.5 Identificar recursos
2.6 Construir uma análise SWOT Bom trabalho'

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