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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – CAMPUS III


CENTRO DE HUMANIDADES OSMAR DE AQUINO
CURSO DE GRADUAÇÃO E LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

SANDRA ROSA DE LIMA E SILVA

EDUCAÇÃO INFANTIL E LINGUAGEM: a importância da aquisição


da linguagem na pré-escola

GUARABIRA – PB
2013
2

SANDRA ROSA DE LIMA E SILVA

EDUCAÇÃO INFANTIL E LINGUAGEM: a importância da aquisição


da linguagem na pré-escola

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação e
licenciatura em Pedagogia da
Universidade Estadual da Paraíba, em
cumprimento às exigências para obtenção
do grau de licenciatura em pedagogia

Orientador (a): Mônica de Fátima Guedes


dos Santos

GUARABIRA – PB
2013
3

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA SETORIAL DE


GUARABIRA/UEPB

S586e Silva, Sandra Rosa De Lima e

Educação infantil e linguagem: a importância da


aquisição da linguagem na pré-escola / Sandra Rosa de
Lima e Silva. – Guarabira: UEPB, 2013.

18 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Pedagogia) Universidade Estadual da Paraíba.

Orientação Prof. Me. Mônica de Fátima Guedes de


Oliveira.

1. Educação Infantil 2. Interação Social 3. Linguagem I.


Título.

22.ed. CDD 371.12


4
5

Por meio das brincadeiras, os professores


podem observar e constituir uma visão dos
processos de desenvolvimento das crianças
em conjunto e de cada uma em particular,
registrando suas capacidades de uso das
linguagens, assim como de suas capacidades
sociais e dos recursos afetivos e emocionais
que dispõem (BRASIL, 1998, p. 28).
6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................05

2 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS NA PRÉ-ESCOLA...07


2.1 A linguagem oral e escrita da criança na pré-escola............................................10

3 PRESENÇA DA LINGUAGEM ORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................13

4 REFERENCIAL CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL – UMA


PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA LINGUAGEM......................................................14

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................15

REFERÊNCIAS..........................................................................................................17
5

EDUCAÇÃO INFANTIL E LINGUAGEM: a importância da aquisição


da linguagem na pré-escola

SILVA, Sandra Rosa de Lima1

RESUMO
O presente artigo visa discutir a importância da aquisição da linguagem na pré-
escola. Seu principal objetivo é a discussão da utilização das diferentes linguagens
da criança (corporal, musical, plástica, oral e escrita), ajustadas às várias intenções
e situações de comunicação. De forma que ela possa compreender e ser
compreendida, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades, desejos e, assim,
avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo sua
capacidade expressiva. Esse trabalho foi elaborado a partir de uma pesquisa
bibliográfica e das observações em sala de aula do próprio pesquisador,
investigando como se dá o desenvolvimento da linguagem na Educação Infantil, com
base na teoria de alguns autores. Dentre eles, destacam-se Jean Piaget (1998),
Vygotsky (1998), e o Referencial Nacional para a Educação Infantil (1998). Desta
forma, este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da importância
da aquisição da linguagem nas crianças da Educação Infantil. Há que se ressaltar
que é nessa fase, durante o processo de construção de conhecimento, que as
crianças se utilizam das mais variadas linguagens e exercem a capacidade que
possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar.
Ao fim desse breve estudo, chegamos à conclusão que as crianças constroem o
conhecimento a partir das interações sociais com as outras pessoas e com o meio
em que vivem, através da imitação. Vale salientar, que o professor é mediador entre
a criança e a linguagem, organizando e propiciando ambientes e situações de
aprendizagens significativas.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil. Linguagem. Interação Social.

1 INTRODUÇÃO

O trabalho ora apresentado tem como um de seus principais objetivos, de


acordo com os diferentes tipos de linguagem, discutir a importância da aquisição da
linguagem escrita e oral, com crianças da pré-escola. Além de utilizar as diferentes
linguagens corporal, musical, plástica, oral e escrita ajustadas às várias intenções e
situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar
suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de
construção de significados, enriquecendo sua capacidade expressiva.
1
http://lattes.cnpq.br/9233543863784308
6

A elaboração do referido trabalho foi fruto de uma pesquisa bibliográfica, a


partir das observações na sala de aula da própria pesquisadora, investigando como
se dá o desenvolvimento da linguagem pré-escolar, com crianças de faixa etária de
04 (quatro) anos e 05 (cinco) anos de idade.
A aquisição e o domínio da linguagem surgem nesta fase em múltiplas
circunstâncias, através das quais as crianças podem perceber a função social que
ela exerce e, assim, desenvolver as mais diferentes capacidades de raciocínio
linguístico.
A questão do desenvolvimento da linguagem com crianças na fase pré-
escolar se torna de grande importância e se dá através de estímulos sistematizados
provocados pelo meio, ou seja, pelo universo ou até pelo contexto onde está
inserida. É por meio deste fator que o educador, de uma maneira mais sistemática,
pode contribuir significativamente com a capacidade de domínio da linguagem com
crianças nesta fase de desenvolvimento infantil. A criança da fase pré-escolar se
encontra em um processo importante de apropriação da linguagem,
progressivamente, vai construindo conhecimentos sobre sua língua materna. A
linguagem passa a se estruturar e se incorporar a partir de suas relações
intersubjuntivas com o meio social.
O trabalho com a linguagem constitui um dos eixos básicos na educação
infantil, dada sua importância para a formação do indivíduo e interação com outras
pessoas, bem como na orientação das ações das crianças, na construção de muitos
conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento.
Para Piaget (1986), a aprendizagem da linguagem oral e escrita é um
elemento importante para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e
de participação das diversas práticas sociais. Aprender uma língua não é somente
aprender as palavras, mas também os seus significados culturais, e com eles os
modos pelos quais as pessoas do seu meio sociocultural entendam, interpretem e
representem a realidade.
A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem
da língua, por meio de um trabalho de linguagem oral e escrita, constitui-se num dos
espaços da ampliação das capacidades de comunicação e expressão ao
desenvolvimento gradativo da aptidão associadas as quatro competências
linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever.
7

Em relação ao que diz Garcia (1993), a criança ao chegar à escola, ainda que
em turmas de pré-escolar, ao contrário do que acreditam, traz consigo suas
“leituras”; leituras que lhes facilitam entender e compreender o mundo físico-social
no qual vivem. E, neste caso, a aprendizagem é o resultado de sua interação com o
mundo. A criança se desenvolve aprendendo, e aprende se desenvolvendo. Por
isso, o ambiente escolar é um dos espaços mais favoráveis neste processo
educacional por estar em volta, a pluralidade de ordem social, cultural e econômica.
Segundo Vigotsky (1989), o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-
relacionados desde o primeiro dia de vida da criança.
Mais do nunca, nos dias atuais, considera-se a aquisição da linguagem uma
das atividades mais importante para o desenvolvimento das crianças na Educação
Infantil. Neste sentido, este estudo, baseado nas pesquisas bibliográficas, utiliza
como inquietação o desenvolvimento da linguagem na pré-escola, o qual seja uma
responsabilidade da escola, do professor e do processo de interação social com
meio em que as crianças vivem. Portanto, nosso artigo se justifica por sua
contribuição quanto à aquisição da linguagem das crianças na pré-escola. Pois, este
estudo se caracteriza pela responsabilidade social inspirada na escola a partir de
sua função perante a sociedade.

2 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS NA PRÉ-ESCOLA

A interação social das crianças com outras, que ainda não têm linguagem
estruturada, tem um aspecto interessante na pré-escola, pois, não é somente na
interação com o educador, mas também com outras crianças, que já dominam a fala
plenamente de forma que existam muitas possibilidades de troca de aprendizagem
linguística, o que torna o ambiente altamente formativo e construtivo de
competências, as quais estão por serem constituídas.
As diferentes situações, a exemplo das solicitações, tanto verbais como
gestuais, colocam as crianças num ambiente rico em desafios, que requer dela uma
reação à sua maneira e possibilidade, criando atitudes e respostas que, se estivesse
só com o educador, não teria chances de vivenciar.
8

Sendo assim, o universo familiar e social, bem como as atividades lúdicas


contribuem para o desenvolvimento da linguagem. É por meio das interações nas
brincadeiras que a criança cria uma linguagem simbólica (imitativa). A imitação
consiste, então, em uma reconstrução individual daquilo que é observado,
contribuindo para o desenvolvimento já conquistado.
A imitação em fases iniciais do desenvolvimento na pré-escola tem sido
estudada sob diferentes perspectivas teóricas, que atribuem importância e
interpretação diferenciadas. Em geral a imitação é vista como importante no
desenvolvimento da socialização, da linguagem e da cognição, mas a compreensão
desse processo e de seu papel específico depende da teoria de desenvolvimento e
de como inclui o ambiente social.
Piaget (1971) descreve seis fases no desenvolvimento inicial de imitação. São
elas: Fase 1 – exercícios ou reflexos; Fase 2 – imitação esporádica; Fase 3 –
imitação esporádica de sons e movimentos; visíveis que já que já pertencem ao
repertório; Fase 4 – imitações de movimentos já executados pelo sujeito, mas de
maneira visível para ele, e início de imitação de modelos sonoros ou visuais novos;
Fase 5 – imitação sistemática de modelos novos, compreendendo os que
correspondem a movimentos invisíveis do próprio corpo; Fase 6 – início de imitação
representativa e de imitação deferida, a qual ocorre na ocorre na Educação Infantil.
Portanto, o desenvolvimento da linguagem se dá por meio da imitação ao
aparecimento da função simbólica que precede a representação.
As crianças imitam, espontaneamente as outras e as suas educadoras,
durante seu livre brincar e em todas as atividades escolares. Conclui-se também que
os processos de imitação são apontados pelas diferentes teorias do
desenvolvimento como sendo básicas e centrais na aprendizagem, importantes na
aquisição da linguagem por meio das comunicações, expressões e interações
sociais, na constituição de individualização e na vida de representação da criança na
Educação Infantil. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01):

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que


assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira,
as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal,
transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e
características do papel assumido, utilizando-se de objetos
substitutos.
9

Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998), a


imitação é um dos recursos que a criança, para o seu desenvolvimento, utiliza em
brincadeiras com as outras crianças (juntamente como faz de contas, a oposição, a
linguagem e apropriação da expressividade corporal). Na pré-escola, as crianças
reproduzem sons, gestos, posturas, expressões faciais, vindo de pessoas com as
quais convivem. Conforme afirma Oliveira (2000, p. 19):

O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia,
favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a
não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de
que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e
se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente
a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e
confiável.

Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Além
disso, considera-se que a brincadeira atua como uma forma de assimilação do real
ao “eu” da criança. Para adaptar-se ao mundo, ela faz uma representação deste, e a
brincadeira é uma atividade que transforma o real de acordo com suas necessidades
afetivas e cognitivas.

Vale salientar que, na pré-escola, a criança tem ao seu lado uma parceria que
se dirige a ela a todo instante, gesticula, tem expressões facial que acompanham a
mensagem oral, enfim, solicita a atenção de uma com as outras.
A criança precisa de parcerias para desenvolver-se, principalmente no que se
refere à aquisição da linguagem; é fundamental reconhecer nas outras crianças,
parcerias competentes que auxiliem esse desenvolvimento. Esse é um recorte
significativo para ser analisado quando se focaliza o ambiente Pré-escolar.

A interação entre as crianças é, para além de uma condição


fundamental do desenvolvimento de relações e de laços de
sociabilidade – e, por isso, um dos mais importantes factores de
‘educação oculta’ das crianças – o espaço onde se estabelecem os
valores e os sistemas simbólicos que confirmam as culturas infantis.
(AGOSTINHO, 2003, p. 130).
10

Nesse processo de interação que a criança desenvolve ações que estão além
de suas capacidades reais, entendemos que mais que potencialmente, é necessária
a presença dos outros para que se desenvolva uma ação compartilhada
favorecendo essas atitudes.
O instante em que a criança começa falar é entendido como um marco
fundamental tanto para os pais, familiares e educadores, no cotidiano de suas
relações com a criança, como pelas teorias psicológicas sobre o desenvolvimento,
uma das questões mais intrigantes diz respeito ao funcionamento da linguagem e à
configuração das primeiras palavras.
Vygotsky (1989) diz que a interação social pressupõe generalização, da
mesma forma que a generalização só é possível na interação social. Além disso, o
significado da palavra é entendido como produto da evolução histórica da
linguagem, o que não implica, no entanto, que ela seja algo já dado, acabado,
imutável.
Ao ingressar na pré-escola, a criança se depara com um espaço que possui
composição própria, com objetos específicos e uma estrutura social diversa da
familiar. É necessário levar em conta a ação da escola, que tenta ajustar a criança
às suas exigências e à transformação desta ao procurar adaptar-se a tal situação.
Esse processo evidencia muito claramente como a criança se apropria de
formas diferentes de conduzir uma situação, desde que ela tenha oportunidades de
interagir com o “outro”. Daí a importância do educador estar comprometido com essa
questão, compromisso que passa necessariamente pelo entendimento do seu
significado.

2.1 A linguagem oral e escrita da criança na pré-escola

Para podermos entender as questões linguísticas da criança nesta fase,


precisamos, antes de tudo, entender que ela já está munida de uma linguagem, a
linguagem oral, intuitiva, natural, compatível com sua idade.
Ao entrar na escola, ela se depara com a linguagem escrita, na verdade, ela
se defronta com outra linguagem totalmente nova e desconhecida. A criança, que irá
ser treinada na linguagem escrita, tornar-se-á bilíngue, isto é, conhecedora da
linguagem oral, falada e treinada para a linguagem artificial da escrita.
11

Segundo Vigotsky (1989) a aprendizagem tanto da leitura e quanto da escrita


se pauta na necessidade da criança em compreender o mundo natural e social onde
está inserida. Este processo é resultado de outro processo de interação
sujeito/mundo. O mundo assume a condição do objeto, o que define quantitativa e
qualitativamente o processo de construção de conhecimento pelo sujeito.
Ler e/ou escrever é tão natural quanto andar. A criança que está exposta a
experiências interessantes sobre a linguagem escrita com materiais para escrever,
tem a oportunidade de falar e perguntar, disponibilidade de outro para ouvi-la e
responder às suas perguntas, contatos permanentes com livros, palavras escritas,
números e experiências positivas com a leitura, desenvolve seu interesse e
curiosidade, construindo conhecimentos sobre a escrita, que está incorporada à sua
atividade cotidiana.
Oliveira (1995) destaca que o processo cognitivo, atuam também, as
experiências do sujeito, no caso específico, as experimentações sociais da criança
com a linguagem oral, que se relaciona diretamente com a necessidade de ler e
escrever. Toda aprendizagem, como por exemplo, a linguagem escrita, ao se iniciar,
não provoca um desenvolvimento acabado; pelo contrário, revela um processo de
desenvolvimento. A partir de sua internalização, a criança encontra novas
possibilidades de operar com a realidade.
Smith (1989) fala sobre o aprender a linguagem escrita, é experimentar, usar,
praticar, conhecer, criar. Só se aprende algo realizando esse algo, é lendo e
escrevendo que a criança aprende a ler e a escrever.
Neste caso, é preciso ressaltar que o processo de construção da linguagem
escrita é um processo discursivo, marcado por uma rede de interações que integra a
criança ao meio social – histórico – cultural.
O processo de alfabetização, em uma perspectiva interativa, incorpora à
prática pedagógica a dimensão do lúdico e da imaginação que, além da lógica e da
gramática, constitui o esquema interpretativo da criança. Por isso, é fundamental que
a professora tenha clareza que a apropriação da linguagem pela criança é um
processo histórico e unificado de desenvolvimento individual e coletivo. De acordo
com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23,
v.01):
12

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado,


brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que
possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis
de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude
básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças
aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

A prioridade é que a pré-escola se coloque como tarefa para trabalhar a


linguagem em suas funções, prática e criadora. Porém, consciente de que, ao
trabalhar, a função criadora da linguagem chegará à sua função prática.
Todavia, ao discurso que vincula o cuidar da criança com sua educação,
acrescenta-se, neste momento, a premência em definir a prioridade e o enfoque que
devem ser dados às dimensões, desenvolvimento – aprendizagem – ensino. A forma
como essas dimensões se articulam com uma concepção de conhecimento e ação
de conhecer é determinante na formulação de uma abordagem educativa que se
concretize em projetos educacionais – pedagógicos.
Vygotsky (1989), ao desenvolver uma teoria sobre a formação de conceitos,
mostra como o conhecimento se transforma em conceitos a partir de um movimento
de elaboração complexo: ao analisar os métodos tradicionais de estudo da formação
de conceitos na infância, os mesmos não nascem com as crianças, sendo fruto de
um longo processo que se inicia na fase mais precoce da infância.
Os conceitos têm sua gênese, de acordo com esta perspectiva, nos sujeitos
envolvidos na interação, enquanto movimento intrapsicológico, mas também (e ao
mesmo tempo - interpsicológico) do sujeito. A elaboração de conceitos pela criança
irá depender da diversidade, não só quantitativa, mas, especialmente, qualitativa,
das experiências que vivenciará nos espaços institucionais nos quais se enquadram.
Daí, então, a necessidade de nos determos no estudo das interações
evidenciadas na instituição de educação infantil, a fim de delimitar alguns de seus
elementos componentes, bem como o valor destas interações em termos de
apropriação e elaboração de conceitos, principalmente de sua linguagem pela
criança.
13

3 PRESENÇA DA LINGUAGEM ORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A linguagem oral está presente no cotidiano e na prática das instituições de


aprendizagem de educação infantil. Diversas instituições conhecem a linguagem e a
maneira como as crianças aprendem de modos bastante diferentes.
Há exemplo de alguns casos práticos que consideram o aprendizado da
linguagem oral como um processo natural, o qual ocorre em funções de maturação
biológica, prescindindo-se nesse caso de ações educativas planejadas com a
intenção de favorecer essa aprendizagem.
Em outros casos, ao contrário, acredita-se que a intervenção direta do adulto
é necessária e determinante para o aprendizado da mesma. Nessa probabilidade, a
linguagem é considerada apenas como um conjunto de palavras pára a nomeação
de objetos, pessoas e ações.
Smith (1989) ressalta que para aprender a ler e escrever, a criança precisa
construir um conhecimento de natureza conceitual: precisa compreender não só o
que a escrita apresenta, mas também de que forma ela representa graficamente a
linguagem. A linguagem não é apenas vocabulário, lista de palavras ou sentenças. É
por meio do diálogo que a comunicação acontece. São os sujeitos em interações
singulares que atribuem sentido único as palavras. A linguagem não é homogênea:
há variedades do falar, diferentes no grau de “fonalidade”, bem como no que se
pode e deve falar em determinadas situações comunicativas.
O processo que trata da maturação biológica está intimamente ligado à
intervenção direta do aluno. À medida que a criança vai amadurecendo a vida,
através de conhecimentos, faz-se necessária a fonte de informação, que é a relação
interpessoal.
Garcia (1993) menciona que o não saber da criança, em determinadas
situações, aponta para a possibilidade do uso do saber. A criança avança na
construção e apropriação de novos conhecimentos a partir da troca, da relação e da
interação com outros indivíduos. O papel do “outro” na construção do conhecimento
é de grande significado, pois, o que o “outro” diz ou deixa de dizer é constitutivo do
conhecimento.

[...] as condições de um rico ambiente interacional referem-se,


especialmente, à existência de parceiros envolvidos afetivamente
14

com a criança e disponíveis para interagir com ela, o que inclui os


adultos e as outras crianças da creche, e também a presença de
suportes ambientais que favoreçam a interação (FERREIRA, 2004, p.
65)

Alguém que interfere intencionalmente no processo vivido pela criança na


adequação da linguagem e, neste sentido, estar proporcionando novas
possibilidades para este desenvolvimento é a professora que, no universo da
educação infantil, tem um papel fundamental enquanto “mediadora” no
desenvolvimento do seu aluno.

4 REFERENCIAL CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL – UMA


PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA LINGUAGEM

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Nº 9.394/96) nos aponta


alguns passos na etapa da Educação Básica à Educação Infantil. Para tanto, o
Ministério da Educação e Desportos (MEC) apresenta o Referencial Curricular
Nacional da Educação Infantil, para esta modalidade de ensino, pretendendo
melhorar a Educação Infantil em todo o país e capacitar professores para uma
educação de qualidade.
Este referencial pressupõe uma linguagem sistematizada e significativa, no
processo de desenvolvimento da criança. Ele vê a pré-escola como um espaço de
ampliação das experiências para trabalhar a linguagem de forma coerente,
desenvolvendo suas capacidades na construção de conhecimentos.
Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,
1998) para que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso, é preciso que o
professor considere, na organização do trabalho educativo: a interação com crianças
da mesma idade e de idades diferentes em situações diversas como fator de
promoção da aprendizagem e do desenvolvimento e da capacidade de relacionar-
se; Os conhecimentos prévios de qualquer natureza, que as crianças já possuem
sobre o assunto, já que elas aprendem por meio de uma construção interna ao
relacionar suas ideias com as novas informações de que dispõem e com as
interações que estabelece; a individualidade e a diversidade; o grau de desafio que
as atividades apresentam e o fato de que devam ser significativas e apresentadas
15

de maneira integrada para as crianças e o mais próximas possíveis das práticas


sociais reais; a resolução de problemas como forma de aprendizagem.
Os conteúdos de leitura e escrita deverão ser construídos e compreendidos
com situações significativas, nas quais a criança compõe significados, expressando
suas ideias no processo de construção da linguagem coletiva de um texto, interação
da prática social, leitura e escrita, percebendo o ambiente e explorando-o com ainda
mais curiosidade, utilizando-se das diferentes linguagens para poder expressar suas
ideias e ser compreendida no processo de construção dos significados cultural e
social.
Esses pressupostos têm como objetivos ampliar gradativamente suas
possibilidades de comunicação e expressão, interessando-se por conhecer vários
gêneros orais e escritos, escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo
professor. Interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma
convencional, escolher livros para ler e apreciar conhecimentos de reprodução oral
de jogos verbais.
Neste sentido, aprender a língua é, sobretudo, buscar compreender o
universo de significação do povo que faz uso dele.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interação para a aquisição da linguagem se apresenta como meio para que


a criança aprenda à medida que socializa com o outro. O processo de aprendizagem
é intersubjetivo, caracterizando-se pela busca de sentido e compreensão. A
linguagem é, portanto, um processo de expansão e extensão de um modo de
descoberta. Falar, ler e escrever são instâncias de desenvolvimento integral do
sujeito, no processo da escolarização na socialização formal. Para Smith (1989), as
crianças aprendem a partir do que as outras pessoas fazem e as ajudam a fazer.
Portanto, temos na imitação (atividades lúdicas) como processo determinante
no desenvolvimento da linguagem, para aprender a ler e escrever é imprescindível
que a criança esteja envolvida em situações significativas que viabilizem o “fluir do
significado”, que lhe sejam oferecidas oportunidades de produzir e criar suas
histórias, desenvolvendo e estimulando, assim, o seu discurso oral e sua
competência narrativa.
16

É sempre importante planejar situações de comunicação que exijam graus de


fonalidades, como conversas, exposições orais, entrevistas e não só reprodução de
contextos comunicativos informais. Crianças em séries iniciais podem ir
desenvolvendo desde cedo seus hábitos de leitura e escrita. Entendemos que tal
trabalho só irá ocorrer se houver a participação e presença contínua do professor,
que deverá atuar também como mediador.
Vale ressaltar a importância desse estudo, quanto a esta modalidade de
ensino, em especial, na questão da contribuição no processo de ensino e
aprendizagem, na construção da linguagem, criando assim espaços para a
manifestação da expressão infantil, lentamente edificando conhecimentos, usando-a
com sentido e funcionalidade e, através dela, expressando sua subjetividade e
afirmando sua pessoa.
É momento, então, de estudar as posições teóricas que fundamentam as
orientações do domínio da linguagem oral e escrita, pelo educador que desenvolve
atividades na modalidade da Educação Infantil.
Relacionando todos os itens abordados nesse artigo e o meu olhar reflexivo
de antes da minha vivência como educadora na sala de Educação Infantil, conclui
que eles contribuíram não só para a educação, mas também na minha forma de
pensar, de ter uma visão mais ampla com relação ao processo de aquisição da
linguagem e refletir sobre as formas de educação nos dias atuais, colaborando na
minha formação acadêmica, na minha profissão e na minha vida.

ABSTRACT

This paper discusses the importance of language acquisition in preschool. Its main purpose
is to discuss the use of the different languages of the child (body, musical, plastic, oral and
written), adjusted to various intentions and communication situations. So that she can
understand and be understood, to express their ideas, feelings, needs, desires, and thus
advance the process of constructing meaning, enriching their expressive power. This work
was developed from a literature review and observations in the classroom of the researcher
himself, how is investigating language development in early childhood education, based on
the theory of some authors. Noteworthy among these is Jean Piaget (1998), Vygotsky
(1998), and the National Reference for Early Childhood Education (1998). Thus, this study
will provide a more conscious about the importance of language acquisition in children from
kindergarten. It should be noted that this phase is during the process of knowledge
construction, the children are used in a variety of languages and exercise capacity they have
to have original ideas and hypotheses about what we seek to unravel. At the end of this brief
study, we conclude that children construct knowledge from social interactions with others and
with the environment they live in, through imitation. It is noteworthy, that the teacher is the
17

mediator between the child and the language, organizing and providing environments and
situations of significant learning.

KEYWORDS: Early Childhood Education. Language. Social Interaction.

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