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Universidade do Minho

Portfólio de Grupo

“A surpresa de Handa”

Desenvolvimento da Linguagem Oral na Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.ºCEB

Complementos De Didática Da Língua Portuguesa Para A Educação Básica


Professora Doutora Íris Susana Pires Pereira
MEPEEB

Bia Russo Coelho PG49770


Inês Manuela Gama PG49780
Juliana Félix PG49784

Braga
2022-2023
Índice
Introdução

“Tentar descobrir o significado, construir histórias e partilhá-las com outros, oralmente ou


por escrito, é uma parte essencial do ser humano.”
Gordon Wells, 1986

No âmbito da unidade curricular Complementos da Língua Portuguesa, foi-nos


proposto a realização de um estudo sobre a importância da narrativa no desenvolvimento oral
das crianças. Nosso grupo esteve focado no tema da consciência oral no pré-escolar, para
trabalhar essa competência apoiamo-nos na obra “A Surpresa de Handa”, de Eileen Browne.
Educação Pré-Escolar
Desenvolvimento da Linguagem Oral

1. Fundamentação Teórica

O desenvolvimento da linguagem oral não é um processo natural. Se é verdade que a


criança já nasce com a capacidade de produzir sons, falar, também é verdade que isso não
chega para que ela aprenda a falar. Os estímulos que a criança recebe por parte do meio e
daqueles com quem priva, são de grande importância para o desenvolvimento desta
capacidade. Como refere Hohmann & Weikart (1997), “A linguagem é constituída por um
processo interativo, e não por uma capacidade inata” (p.526). Será a frequência e, sobretudo,
a qualidade dessas interações que farão a diferença no desenvolvimento de cada criança.
De acordo com as Orientações Curriculares de Educação Pré-Escolar (OCEPE) “A
aprendizagem da linguagem oral e escrita deve ser concebida como um processo de
apropriação contínuo que se começa a desenvolver muito precocemente e não somente
quando existe o ensino formal” (2016, p.60). Assim, desenvolver a linguagem deve adquirir
um objetivo centralcomeçar no pré-escolar, para que quando as crianças cheguem ao primeiro
ciclo a aprendizagem seja mais simples.
Se é verdade que a criança já nasce com a capacidade de produzir sons, falar, também
é verdade que isso não chega para que ela aprenda a falar. Os estímulos que a criança recebe
por parte do meio e daqueles com quem priva, são de grande importância para o
desenvolvimento desta capacidade.
Desenvolver a linguagem oral é, portanto, essencial nesta etapa, já que esta é fulcral
não só na comunicação e relação com os outros mas também para se expressar e construir o
seu próprio pensamento. Quando as crianças chegam ao Jardim de Infância já levam consigo
uma bagagem, a qual contém o domínio da linguagem oral, diferente em cada uma delas. No
entanto, o/a educador/a deve sempre estimular as crianças, através de interações refletidas e
intencionais, a comunicar. Só assim irão alargar, gradualmente, o domínio da linguagem oral,
objetivo essencial nestas idades.
Para que as crianças aprendam a comunicar oralmente, de forma cada vez mais
correta, é, então, necessário que o/a educador/a promova momentos de interação verbal, para
que as crianças possam, aos poucos, ir construindo frases complexas e, mais tarde, formas
mais elaboradas do discurso. Este desenvolvimento acontece se a criança tiver interesse em
comunicar, o que requer que se sinta ouvida e que o que tem atenha coisas interessantes para
dizer será valorizado. O que se espera não é que o adulto fale por falar ou faça perguntas ao
acaso, por intuição. Quando promove uma interação, deve tê-la previamente preparada e com
uma intencionalidade definida. Estas interações devem ser regulares, em diferentes contextos
e, até, com diferentes interlocutores. (Por mim colocava aqui o parágrafo que temos sobre
Vygotsky, dando força e coerência ao que estamos a falar. Começaria com “Vygotsky (2001),
afirma que …” até ao final)
Estes momentos de desenvolvimento da comunicação oral acontecem quando o/a
educador/a: fala de forma gradualmente mais complexa, fazendo pedidos ou dando ordens;
proporciona momentos de jogo/brincadeira que estimulem a comunicação verbal; utiliza
vocabulário diversificado e coloca questões para que as crianças associem novas palavras ao
seu conhecimento; estimula as crianças a manifestar as sua ideias; promove momentos de
conversa, não entre si e a criança mas entre as próprias crianças; e, ainda, conta histórias,
possibilita conversas sobre elas e gera momentos de reconto por parte da criança.
Quando se fala em linguagem e seu desenvolvimento não se pode passar sem referir
Vygotsky (1939), que afirma que a linguagem não se pode pensar como apenas a expressão
do conhecimento que a criança já adquiriu, mas antes existe uma relação entre esta e o
pensamento. Dessa forma, a linguagem exerce uma função crucial na formação do
pensamento e do caráter. Um dos princípios da teoria de Vygotsky assenta na “Zona de
Desenvolvimento Proximal” (ZDP), esta traduz-se na distância entre a zona de
desenvolvimento real, o que a criança já aprendeu e pode resolver sozinha, e a zona de
desenvolvimento potencial, o que a criança pode fazer com a ajuda dos outros. Assim, a
criança deve ser estimulada no sentido de alargar os seus conhecimentos de modo a atingir
um nível superior.

Importa ressaltar que a leitura dialogada não tem como objetivo avaliar se a criança
compreendeu a leitura, nem trazer para a roda de conversa o trabalho de questões
normalmente “escolarizantes”, como quem são as personagens, onde se passa a ação, etc.
Apesar de esse tipo de questões poder fazer sentido em determinadas situações, o objetivo
está sempre voltado para o desenvolvimento da linguagem oral, aliás como já citado e
definido como uma das orientações nas OCEPE.
Contudo, apesar de estarmos mais voltadas para o pré-escolar, entendemos que as
potencialidades da leitura dialogada não se restringem ao público não leitor. Na verdade, e
nas palavras de Pereira (2020), quando a criança se torna leitor a leitura dialogada passa a
adquirir “outros contornos, que se complexificam ao longo da vida, como bem o ilustra a
realização dos clubes de leitura dos leitores adultos” (p. 57).

Para que seja possível um momento de leitura, é essencial que o/a educador/a tenha
livros pré selecionados que sejam adequados e estimulantes, possibilitando o diálogo e a
expressão oral. Esses livros não são nada mais, nada menos que narrativas. Estas podem ser
entendidas como: “Narrativa é discurso, e a principal regra do discurso é que deve haver um
motivo para que o mesmo se distinga do silêncio. A narrativa é justificada pelo fato de que a
sequência de eventos que ela conta é uma violação da canonicidade: ela conta algo
inesperado ou algo que o ouvinte tem motivo para duvidar. O ‘motivo’ da narrativa é resolver
o inesperado, eliminar a dúvida do ouvinte ou, de alguma forma, corrigir ou explicar o
‘desequilíbrio’ que, antes de mais nada, fez com que a história fosse contada. Uma história,
portanto, tem dois lados: uma sequência de eventos e uma avaliação implícita dos eventos
contados (Bruner, 2001, p. 119).
Ou seja, a narrativa é uma forma de provocação, que irá exigir que os ouvintes façam
uma análise e, no caso da leitura dialogada, oralizem essa análise e comuniquem-se uns com
os outros. A narrativa é, então, uma atividade cultural que necessita de recursos da linguagem
oral, não deixa de ser, dessa forma, uma ação de linguagem. As interações que ocorrem entre
as crianças ou entre as crianças e o/a educador/a organiza e proporciona experiências
compartilhadas (Dickel & Sartori, 2020).

2. Narrativa

Livro: A surpresa de Handa


Autor/a: Ilustrador/a: Eileen Browne
Ano: 1994
Descrição da obra: Em duas pequenas tribos do Quénia vivem duas amigas, a Handa e a
Akeyo. Handa gosta muito da sua amiga e, por isso, um dia decide fazer-lhe uma surpresa:
reunir as frutas mais saborosas, e diferentes, que conseguir para dar à amiga. No caminho
para a tribo da Akeyo, a surpresa que Handa tem para oferecer vai sofrer algumas mudanças.
Quem será surpreendida no final?

3. Atividades

Todas as atividades foram pensadas de forma a promover o desenvolvimento da


linguagem oral das crianças. Os focos de intencionalidade centraram-se em três pontos:
trabalhar o conceito de surpresa com as crianças; alargar o vocabulário e a expressão oral;
promover o conhecimento da multiculturalidade.
De referir que as atividades e a leitura foram pensadas de modo a trabalhar a simbiose
leitura-imagem, que nesse livro é fundamental para entender a surpresa. Poderiam ser lidos
somente o texto ou somente a imagem, no entanto, o facto de os dois serem vistos ao mesmo
tempo é que promove a “graça” do livro.
- Objetivos:
Promover a curiosidade e o gosto pela leitura;
Invocar as ideias prévias das crianças;
Estimular a linguagem oral e a participação;
Desenvolver a capacidade de as crianças de organizarem os seus discursos;
Alargar a competência linguística;
Estimular a capacidade de estruturar uma narrativa.

- Organização da turma:
Sentadas em círculo de forma que todas consigam visualizar o livro na mão do/a
educador/a.

1ª Atividade - Diálogo preparatório de leitura

Pré-leitura

Esta atividade tem como principal objetivo escutar as ideias prévias das crianças e
introduzir o conceito da surpresa, que é fundamental para o entendimento da narrativa.

OBS: As respostas das crianças são possibilidades que entendemos que possam
surgir de forma natural no decorrer do diálogo adulto-criança. Temos consciência que no
contexto real poderão surgir outro tipo de respostas/questões levantadas pelas crianças, ao
que se espera que o educador aceite e integre no diálogo, parafraseando ou reformulando
sempre que se veja necessário para a criança melhor contribuir para o desenvolvimento oral
da criança e do grupo. Assim como coloque questões que guiem as crianças no sentido
esperado da conversa.

Educador/a: Vamos falar de surpresas?

Crianças: Sim; eu gosto; o que é isso?; está bem.

Educador/a: Sabem o que é uma surpresa?

Crianças: Eu sei; não; sim; eu já fiz uma à minha mãe; a minha mãe já fez uma ao meu pai.

Educador/a: Qual foi a melhor surpresa que já tiveram?


Crianças: Recebi uma boneca que eu queria muito; o meu pai/mãe veio visitar-me; recebi
um trator.

Educador/a: Acham que quando fazemos uma surpresa a alguém, essa pessoa já sabe ou está
à espera?

Crianças: Não; não, porque assim já não é surpresa; o meu pai fez uma surpresa à minha
mãe e eu sabia.

Educador/a: Mas a tua mãe não sabia, pois não?

Crianças: Não.

Educador/a: Então para ela foi uma surpresa.

Crianças: Ah, pois é.

Educador/a: Hoje trouxe um livro que fala sobre uma surpresa.

Educador/a: O que veem na capa?

Crianças: Frutas; um menino; um menino com um chapéu de frutas; uma menina; um


pássaro muito grande.

Educador/a: Será que é um chapéu?

Crianças: Não, porque não se pode pôr frutas nos chapéus; mas está na cabeça; porque está
preso ao cabelo.

Educador/a: Realmente não é um chapéu. É uma cesta que algumas pessoas, em alguns
lugares, colocam na cabeça com a ajuda de um lenço de pano. (mostrar imagem)

Educador/a: E será um menino ou uma menina?

Crianças: É um menino porque tem cabelo curto; é um menino porque eu estou a ver; é uma
menina porque tem tranças; os meninos também podem ter tranças.

Educador/a: Quando começarmos a história vamos descobrir se é menino ou menina.


Concordam?
Crianças: Sim; está bem; pode ser.

Educador/a: Acham que esta história se pode passar em Portugal?

Crianças: Sim, porque deve ter tratores - porquê? - porque é o que eu gosto; não porque essa
menina é de outro país.

Educador/a: E agora na parte de trás do livro, a contracapa, o que vemos?

Crianças: Frutas e muitas letras; frutas; legumes; comida.

Educador/a: É de comer, sim, mas não são legumes, são frutas.

Educador/a: Será que estas frutas são as mesmas que estão na capa?

Crianças: Sim, são iguais; não sei, deixa-me ver; eu acho que sim.

Educador/a: Este livro chama-se “A surpresa de Handa”. Já alguma vez ouviram o nome
Handa?

Crianças: Não; nunca ouvi; é estranho; não conheço ninguém com esse nome.

Educador/a: Acham que é um nome que se usa em Portugal, ou será de outro país?

Crianças: Acho que sim.

Educador/a: Vamos ver se descobrimos no livro!

Educador/a: Então qual é que vocês acham que será surpresa da nossa amiga Handa?

Crianças: Deve ter a ver com as frutas; vai receber frutas; eu não sei.

Educador/a: Vamos descobrir?

Crianças: Sim!

2ª Atividade - Primeiro momento de leitura

Leitura
Essa atividade tem como principal objetivo estimular o gosto pela leitura e promover
uma leitura dialogada, ou seja, o/a educador/a irá incentivar o diálogo e fazer pausas
estratégicas para garantir a compreensão da narrativa.

Educador/a: Então vamos começar…

Educador/a inicia a leitura, mostrando sempre as imagens.

Na página onde se verifica a cauda do primeiro animal, no canto superior direito da folha,
chama a atenção.

Educador/a: Oh, o que será isto aqui? (apontando)

Crianças: Uma minhoca, uma cobra, uma ramo.

Educador/a vira a página e após a leitura:

Educador/a: O que aconteceu aqui?

Criança: O macaco tirou a banana!

Educador/a: Pois foi, acham que a Handa se apercebeu?

Criança: Não, porque ela não viu.

Educador/a: O que será que o macaco vai fazer com a banana?

Criança: Vai comer; vai levar para os filhinhos.

Educador/a vira a página e mostra canto superior esquerdo da página e pergunta o que acham
que aconteceu.

Crianças: Comeu! Atirou a casca para o chão.

Educador/a continua a leitura, mantendo o mesmo registo de questão até ao ponto em que as
crianças já “adivinham” o que irá acontecer.

Crianças: Agora este animal vai roubar a fruta; vai ficar sem outra fruta.

Ao chegar ao momento onde o papagaio tira a última fruta, o/a educador/a faz nova pausa.
Educador/a: E agora, o que acham que vai acontecer?

Crianças: Agora ela vai ficar triste porque não tem nada; agora não sei, ela não tem frutas; já
não tem frutas, vai chorar.

Educador/a: E agora? Qual surpresa a Handa vai entregar à sua amiga Akeyo?

Crianças: Não vai ter surpresa; acabaram as frutas; nenhuma.

Educador/a: Pois, as sete frutas já não estão no cesto.

Educador/a chama atenção para o animal amarrado a um pau de madeira.

Educador/a: O que é que vêm aqui?

Educador/a espera que percebam que há um animal e, caso necessário, faz perguntas que guie
as crianças a verem que está preso.

Educador/a: O que acham que pode acontecer?

Crianças: Nada; o animal está preso; já não tem mais frutas para ele tirar.

Educador/a: E agora? O que está a acontecer na corda?

Crianças: Partiu!; ele soltou-se.

Educador/a: O que aconteceu?

Crianças: Ele bateu na árvore; foi contra a árvore.

Educador/a: Sim, a corda enrolou-se nas patas e ele foi contra a árvore. E o que aconteceu
com o cesto?

Crianças: A cabra foi contra a árvore e caíram tangerinas e o cesto ficou cheio; ficou com
fruta nova; ficou com outras frutas; ficou cheio de tangerinas (Salvador).

Educador/a: Mas reparem, a Handa continua a caminhar… Acham que ela se deu conta do
que aconteceu?

Crianças: Ela não sabe; eu acho que não.


Educador/a: Qual acham que será a reação da Handa quando vir o cesto?

Crianças: Acho que ela não vai gostar; vai ficar surpreendida; vai ficar assustada.

Educador/a: Será que a Akeyo vai gostar?

Crianças: Não sei, vamos ver (Salvador).

Educador/a: O que se passou aqui?

Crianças: Chegou com tangerinas; ela tinha sete frutas e afinal esta é que era a fruta
preferida dela (Salvador).

Educador/a: A Akeyo gostou?

Crianças: Sim!

Educador/a: E a Handa, como reagiu?

Crianças: A Handa está com cara de surpresa; ela ficou assustada porque não sabe quem fez
aquilo; ela gostou porque a amiga disse que é a fruta preferida.

Educador/a: Mas que surpresa!

3ª Atividade - Segundo momento de leitura

Roda de Conversa

Essa atividade tem como principal objetivo perceber qual foi a compreensão das
crianças acerca da narrativa, para isso o/a educador/a coloca questões e estimula a
participação, promovendo também o desenvolvimento da linguagem oral. Durante o diálogo
após a narrativa, o/a educador/a também irá introduzir a discussão de conceitos e de palavras
apresentadas, promovendo a construção de novos conhecimentos e do alargamento de
vocabulário por parte das crianças. É importante destacar que nem todas as atividades
precisam de ser feitas no mesmo dia, tendo em vista que a duração depende, também, do
interesse e envolvimento das crianças. Assim, podem ser criadas duas ou mais sessões para
trabalhar a mesma narrativa, nesse caso o/a educador/a deve relembrar as crianças da
narrativa e ter sempre o livro presente.

Educador/a: Então, gostaram?

Crianças: Sim; eu gostei; foi divertida.

Educador/a: E afinal, qual foi a surpresa da Handa?

Crianças: Não sei; foi as frutas; foi as tangerinas.

Educador/a: E ela fez uma surpresa ou foi surpreendida?

Crianças: Fez uma surpresa à amiga; foi surpreendida; as duas coisas; mas ela também ficou
surpreendida por causa das tangerinas por isso é os dois; fez a surpresa à amiga mas também
fez a ela porque não sabia que tinha tangerinas.

Neste momento, a atividade continua, porém agora mais focada no conhecimento das
diferentes frutas. O educador/a deve estimular as crianças a dizerem os nomes das frutas que
já conhecem e das que estão a descobrir.

Educador/a: Já conheciam todas estas frutas?

Crianças: Não; só algumas; algumas eu até já comi.

Educador/a: Quais não conhecem?

Crianças: Maracujá; abacate.

Educador/a: Querem provar?

Crianças: Sim; eu quero.

O/A educador/a mostra um cesto com as frutas da narrativa e permite que as crianças
sintam os cheiros e vejam as texturas, sempre estimulando o diálogo e a partilha, para
desenvolver a expressão e a linguagem oral. Em seguida, com as frutas já previamente
cortadas, apresenta e dá a provar às crianças.
Focando depois nos animais, o/a educador/a propõem um diálogo a este respeito.
Incentivando a expressão e a linguagem oral, mobilizando os conhecimentos prévios e
estimulando a curiosidade e vontade de aprender.

Educador/a: E os animais, conhecem todos?

Crianças: Eu sim; não; alguns eu conheço.

Educador/a: Já viram alguma vez?

Crianças: Não; eu já vi no jardim zoológico alguns; eu já vi na televisão.

Educador/a: Querem ver como eles são?

Crianças: Sim!; quero; sim, vai ser divertido.

Educador/a pesquisa vídeos na internet com as crianças, para verem como são e como
se movem na natureza (vídeos previamente pesquisados em casa). Em seguida, promove uma
conversa sobre o comportamento dos animais, colocando questões para que as crianças
entendam porque eles retiraram as frutas da cesta.

Para falar sobre a multiculturalidade, o/a educador/a volta a mostrar as ilustrações do


livro e questiona onde será que essa narrativa se passa. Em seguida lê os agradecimentos
contidos no livro, destacando o nome da tribo que inspirou as ilustrações.

Educador/a: Temos aqui informações novas!! Quénia, tribos, África… Conhecem alguma
destas palavras? Já as ouviram?

Crianças: Não; a África eu conheço; eu sou de Angola.

Educador/a: Onde podemos buscar informação? Será que estes livros podem ajudar? (livros
previamente escolhidos pelo educador/a com mapas, curiosidade e explicações sobre África e
os assuntos em causa)

O/a educador/a mostra num mapa onde fica Portugal, onde fica o continente africano
e onde está localizado o Quénia. Nesse momento, caso existam crianças de outras
nacionalidades no grupo, o educador/a também mostra onde são localizados os países em que
nasceram.
Educador/a: As tradições deste país são diferentes das nossas em Portugal, sabiam?
Gostavam de saber mais sobre as tradições do Quénia?

Crianças: Sim; eu quero; eu gostava de saber.

Educador/a: Então vamos juntos pesquisar acerca disso!

O/a educador/a deve ter previamente livros com informação pertinente acerca do
assunto e/ou realizar pesquisas na internet (previamente acessadas). Caso alguma criança seja
oriunda deste país, ou tenha familiares de lá, pode convidar a ir à sala falar sobre o país ou
cozinhar uma comida típica, por exemplo, criando uma nova atividade de promoção da
multiculturalidade.

OBS: Essas atividades que envolvem pesquisa e um aprofundamento de


conhecimentos sobre os animais e sobre as diferentes culturas, poderiam ocorrer em uma
sessão posterior como uma nova atividade.

SESSÃO POSTERIOR

O/A Educador/a relembra a história, estimulando as crianças a acederem aos


conhecimentos que foram construídos. A sala já estaria preparada com um ambiente que
reforçasse a ideia do livro, como panos, casinhas de palha, bonecos, frutas em um cesto, entre
outros. O objetivo é criar um ambiente que estimule a expressão oral e a comunicação entre
as crianças e entre as crianças e o/a educador/a.

4ª Atividade - Terceiro momento de leitura

Reconto

O reconto é um instrumento valioso que permite que as crianças se apropriem da


narrativa. É uma atividade extremamente crucial e deve estar sempre prevista, não se trata de
uma atividade de pós-leitura, tendo em vista que é na realidade uma nova forma de ler, que
coloca as crianças como protagonistas e estimula o envolvimento.

Educador/a: Alguém quer recontar a história?

Crianças: Sim; não; eu queria.


O/a educador/a apresenta um cesto como o da Handa, as frutas da história e
fantoches/máscaras com os diferentes animais. Em seguida, organiza as crianças, definindo
qual será cada animal, qual irá ser a Handa e qual será responsável por guardar cada uma das
frutas. O/A educador/a sugere que o grupo que fica a assistir apoie e ajude caso haja
necessidade. O reconto pode acontecer mais de uma vez, para que todas as crianças possam
participar e experimentar colocar-se em diferentes papéis, se assim o desejarem.

5ª Atividade - Momento de pós-leitura

Fazer uma surpresa

Esta atividade tem como objetivo estimular o trabalho em equipa, a expressão e a


comunicação oral, a linguagem e a criatividade. O/A educador/a propõem que as crianças
façam uma surpresa para os colegas da escola: dramatizem a narrativa e ofereçam uma salada
de frutas. Esta atividade exige um maior planeamento, por isso seria realizada numa sessão
posterior à primeira leitura.

Ainda com esta atividade vamos concretizar, com as crianças, o conceito de surpresa.

Para fazer a salada de frutas será necessário comprar as frutas. Para isso, pode ser
realizada uma visita de estudo ao Mercado Municipal da cidade, fazendo até uma comparação
com o mercado do Quénia, que viram nas pesquisas. As crianças oferecem desenhos ou uma
flor aos comerciantes, sendo elas a escolher e preparar a surpresa, fazendo ponte com o
conceito que serve de mote ao livro. Antes de ir tudo deve ser registado: quais as frutas que
irão comprar e a quantidade, colocando por escrito e em desenho ou recortes, o que irá
trabalhar a literacia emergente e aprendizagem holística, pois envolve a matemática, por
exemplo.

Depois de comprarem as frutas, ajudam a lavar e a preparar a salada que irão oferecer.
Realizam, ainda, um convite para cada sala da escola, a convidar para a surpresa que
prepararam. Ensaiam a dramatização e, no dia marcado, apresentam aos amigos. No final
lancham a salada de fruta que prepararam
Momento final - Avaliação/Síntese

Terminado o momento do lanche, é chegada a hora de recordar/avaliar todas as


aprendizagens realizadas com o livro d”A Surpresa de Handa”.

As crianças serão convidadas a eleger o que mais gostaram de aprender e /ou fazer.
Poderia ser realizado um jornal de parede com as aprendizagens destacadas pelas crianças,
acompanhado de fotos e comentários das mesmas. Serão também estimuladas a avaliar a
atividade do lanche sobre o que correu bem, o que poderia ter feito diferente e que sugestões
poderemos deixar. Como forma de complemento, seria também pedido às crianças o que
mais gostariam de descobrir.

Consideramos também importante recolher a opinião individual de cada criança e


respetivo registo no seu portfólio individual, ou no portfólio de turma.
Considerações finais

ideias a trabalhar:

- a responsabilidade enquanto profissionais de educação em promover e


potenciar um ambiente rico e estimulante para permitir/estimular um
desenvolvimento da linguagem das crianças que ficarem à nossa
responsabilidade. Sobretudo para as crianças de famílias ou meios menos
estimulantes. Temos o dever/responsabilidade de lhes dar a oportunidade de se
aproximarem das crianças que têm a sorte de ter um ambiente estimulante e
facilitador do desenvolvimento da linguagem…
Referências

Bruner, J. (2001). A cultura da educação. Artmed Editora.

Hohmann, M., & Weikart, D. (1997). Educar a criança. Fundação Calouste


Gulbenkian.

Pereira, Í. (2020). Boas conversas. A leitura partilhada como área de investigação.


Entreler(0), 50-59. Plano Nacional de Leitura 2027
https://www.pnl2027.gov.pt/np4/file/3148/Entreler_0.pdf

Vygotsky, L. S. (1896-1934). Pensamento e Linguagem. Ed Ridendo Castigat Mores.


https://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/vigo.pdf

Silva, I. L., Marques, L., Mata, L., & Rosa, M. (2016). Orientações Curriculares para a
Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

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