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A importância da interação e do diálogo

através da contação de histórias: uma


experiência na educação infantil
Kamilli Souza da Silva1
Welinton Manoel Gonçalves Ribeiro2

Resumo
Este artigo tem como objetivo, analisar as interações infantis expressas por meio da
linguagem oral, tendo como eixos que norteiam esse trabalho, as narrativas dadas através
da contação de histórias com crianças da Educação Infantil. A linguagem oral possui quatro
principais eixos que movimentam a comunicação das crianças. Esses eixos são descritos por
meio das conversas, das narrativas, das brincadeiras e da comunicação que são essenciais
para o desenvolvimento da oralidade entre as crianças. Na educação infantil, a oralidade é a
linguagem fundamental para a comunicação entre os sujeitos envolvidos neste processo. É
por meio dela que as crianças expressam seus sentimentos e emoções e externam seus
desejos. A contação de história é o elo que interliga o adulto a conhecer e imergir na
essência do público infantil.
Palavras chave: oralidade; contação de histórias; educação infantil.

1 Universidade Federal do Pará | kamillisouzakss@gmail.com


2 Universidade Federal do Pará | 16manoelw@gmail.com

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Encontro Paraense de Licenciaturas | 28 a 31 de janeiro de 2020, Bragança, Pará, Brasil
SILVA; RIBEIRO
A importância da interação e do diálogo através da contação de história: uma
experiência na educação infantil

Introdução
A linguagem oral pode se dar de maneira espontânea, porém há métodos de instigá-
las por meio de rodas de conversa indagando a criança a relatar sobre o seu cotidiano ou
dar livros para que esta leia e nos dê o seu entendimento a respeito do que está sendo
tratado. É importante lembrar que a criança não lê um livro da mesma forma que um
adulto, ela interpreta pelo olhar, pois sua leitura não é convencional como a nossa, mas
também não podemos descartar o seu valor. Devemos incentivar os questionamentos da
criança, para enriquecermos o diálogo e assim incentivar a mesma a falar.
A experiência no Estágio na Educação infantil I e II, nos fez perceber o quanto as
crianças são diferentes, seja em suas expressões, seu comportamento, suas experiências, seu
conhecimento de mundo, suas curiosidades e principalmente em sua fala, em que a mesma
“possibilita aprender a organizar, relacionar sistemas, sentidos e valores complexamente”
(GOULART; MATA, 2016, p. 46). Nestes estágios, acompanhamos crianças de 4 e 5 anos,
aparentemente muito pequenas, mas que traziam consigo uma bagagem de significados e
uma estrutura que está em processo. Com isso, dar relevância a essa linguagem torna a
criança um ser de valor cultural, permite a ela se auto reconhecer parte daquele meio em
que vive, e oportuniza uma imersão na expressividade de sua língua, é pelo falar que
propagamos sentimentos, emoções e desenvolvemos algumas habilidades.
Para os graduandos de pedagogia, os estágios em educação infantil tem suma
importância para a formação de professores, pois faz com que os alunos possam adentrar
no ambiente escolar e acompanhem, participando de forma ativa, as propostas curriculares
previstas para cada etapa de desenvolvimento, psicomotor e cognitivo das crianças que
estão envolvidas, essencialmente, no estudo do processo de aquisição da linguagem.
A professora doutora Selma Pena, docente da Universidade Federal do Pará, no
período em que lecionou para turma 116 do curso de pedagogia do campus Belém da
UFPA (turma a qual fomos discentes), possibilitou-nos o acesso a livros e artigos de extrema
importância para se trabalhar este tema, fazendo-nos perceber como a linguagem oral
ocorre de maneira natural e, também, através do papel do outro na aquisição dessa
linguagem. A referida docente nos mostrou, de maneira prática e dinâmica durante suas
aulas, a diversidade da fala dentro da sala de aula e o que ela pode proporcionar para as
professoras e para as crianças, por meio das conversas, brincadeiras, narrações e da
comunicação em geral, isso inclui a contação de histórias. Neste sentido, partilhamos da
teoria sociointeracionista de Vygotsky, na qual se afirma que o desenvolvimento humano se
dá nas trocas sociais através da interação e da vivência em sociedade.
Ao realizarmos este trabalho, nosso objetivo principal foi possibilitar experiências que
estimulassem a oralidade entre as crianças através da contação de história, sendo elas
protagonistas da linguagem dentro da sala de aula. Este objetivo se desdobrou em
objetivos específicos que foram: Estimular a participação de todas as crianças nas atividades;
Dar relevância ao diálogo, a comunicação e a expressividade entre as crianças e as
professoras, através da contação de histórias; Utilizar a linguagem da criança como agente
principal nas atividades.

Justificativa

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A importância da interação e do diálogo através da contação de história: uma
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A escolha deste tema deu-se mediante o despreparo por parte, principalmente, de


uma das professoras para trabalhar com a linguagem oral das crianças e a falta de interação
que algumas possuem para com as demais por meio da fala, partindo de uma das várias
situações ocorridas em sala, citaremos uma que foi o ponto decisivo para que pudéssemos
abordar este assunto. Narraremos a situação central que nos motivou a realização de nosso
projeto de intervenção e, consequentemente, deste trabalho.
Em um dos dias de observação no Estágio em Educação Infantil I, as crianças foram
recebidas em sala com livros em cima das mesas, isso foi uma novidade, já que
habitualmente elas escolhiam um brinquedo. Após o café da manhã, a professora pediu
para que cada um escolhesse apenas um livro, não mais que um. Todas as crianças
escolheram um livro, e assim, a professora pediu para que elas o lessem.
Muitas crianças pediram para que nós lêssemos o livro escolhido por elas. Atendemos
o pedido de algumas, porém, devido a demanda de crianças na turma neste dia ser intensa,
não pudemos atender o pedido de todas as crianças ali presentes. Nesta creche, havia uma
grande diversidade de livros. Havia livros que continham apenas imagens, outros com frases
curtas, textos, preto e branco, coloridos, livros pequenos e grande, enfim, uma variedade de
livros que atendiam as expectativas e gostos de todas as crianças ali presentes.
Após as crianças fazerem uma leitura prévia da obra escolhida, a professora decidiu
fazer uma roda e foi perguntando para cada uma delas o que elas tinham lido, entendido e
aprendido, na intenção de que elas resumissem o enredo do livro sob a percepção delas.
Antes das crianças começarem a fazer suas narrativas, a docente tentava,
insistentemente e sem sucesso, fazer com que todos prestassem atenção para o que os
colegas estavam falando. Este feito é muito difícil de conseguir com crianças de 4 e 5 anos,
devido à inquietude comum em crianças desta idade, por conta da força e vigor que elas
esbanjam nesta fase.
Logo que a primeira criança começou a contar sua história, compreendida por meio da
leitura inicial, considerando que a mesma estava atenta aos comandos da professora
responsável pela turma, e explicou a história segundo o seu ponto de vista. Entretanto, no
momento em que a criança estava narrando, as demais começaram a conversar, a brincar,
falar alto e a professora chama a atenção destas em um tom de voz alto, tirando a
concentração de quem estava contando sua história.
Em nossa perspectiva, percebemos que a professora preferiu interromper a narrativa e
chamar a atenção dos que não estavam participando, ignorando totalmente, ou não
atribuindo valor à criança que, corajosamente, recontava sua história do ponto de vista
individualizado e criativo, onde a docente não se atentou aos detalhes explicitados na nova
narrativa formada.
A contação de histórias exige um olhar atento e diferenciado do docente em relação à
reação das crianças à narrativa que está sendo exposta oralmente. O professor deve abrir
espaço para ouvir as crianças, as deixar expressarem suas emoções e sentimentos ante o
que está sendo tratado. Uma remontagem oral de textos infantis exige que, o tratamento
dado para a exposição das histórias, contos, lendas, parlendas ou textos literários infantis,
não seja algo mecanizado, sem vida e sem prazer, mas sim algo agradável e interativo para
as crianças.

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Referencial teórico
A linguagem oral e as crianças
Sabe-se que, “o processo de fala das crianças ocorre não somente de maneira natural,
mas através da mediação do adulto” (AUGUSTO, 2011, p. 53). É correto afirmar, que nessa
aquisição da linguagem se dá por meio de um processo contínuo, fazendo com que a fala
da criança seja influenciada pelos seus responsáveis, ou seja, as pessoas que desde o seu
nascimento os cercam, trazendo e transmitindo sons variados, principalmente o da fala, e
assim, o falar das crianças é despertado pela ação dos adultos.
O processo contínuo da fala se dá por meio do contexto em que a mesma está
inserida, o que resulta em uma aquisição cultural estabelecida socialmente, analisando o
modo de vida dessas crianças fazendo-nos perceber que a partir dessa inserção social, elas
passam a imaginar, criar e a aprender informalmente a ler o mundo a sua volta e
consequentemente se apropria oralmente desse contexto e realizam suas vivências
particulares através de várias maneiras, seja pelas brincadeiras, pelos desenhos e
principalmente pela fala, onde elas irão reproduzir aquilo que está acontecendo em sua
volta, fatos positivos e negativos, mas que estarão “interpretando as referências da
realidade” (GOULART; MATA, 2016, p. 62)
A linguagem oral traz uma importância para a educação infantil, pois “as palavras, seus
significados e os modos de dizer são fontes da curiosidade da criança pequena que inicia aí
sua entrada no mundo da representação” (AUGUSTO, 2011, p. 55) e o quão relevante é
também, saber utilizar a fala e o diálogo das mesmas para a elaboração de atividades
relacionadas à suas experiências, valorizando seu conhecimento de mundo, que está em
processo e contribuindo continuamente para com seu desenvolvimento social.
É no movimento contínuo da linguagem oral, especialmente por meio da
fala, agindo sobre a própria linguagem e sobre o mundo, então, que as
crianças vão se conhecendo e reconhecendo socialmente como pessoas.
Identificam-se com outros e, ao mesmo tempo, diferenciam-se, criando
seus modos de ser-pensar-viver. Aprender a falar e a ouvir é um
fundamental aprendizado humanizador, ampliando de vários modos à
inserção dos sujeitos no universo simbólico. (GOULART; MATA, 2016, p.
47).

É através dessa inserção social das crianças que ocorre também a apropriação da
cultura exercida, desde a fala, os gestos, seu modo de interação, até o seu entendimento e
sua opinião sobre determinados assuntos. Tornando cada vez mais importante os modos
de participação do outro nesse processo de apropriação, como afirmam as autoras:
“Com olhos bem abertos, as crianças atentam para as pessoas e coisas do
mundo desde que nascem [...] Mas é somente por meio dos olhos e dos
ouvidos? E nessa trilha dos sentidos (audição, olhar, paladar e olfato),
entendemos os modos como às crianças se apropriam de linguagens e
expressões deste mundo, além de criarem possibilidades de novas
maneiras e exprimir suas existências e experiências”. (GOULART; MATA,
2016, p. 53 e 54).

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A linguagem oral adquirida pela criança através do outro, irá contribuir para com a
inserção social dela, como já foi dito, mas também fornecerá a mesma, possibilidades de
explorar seu conhecimento sobre o mundo a sua volta, através de indagações, observações,
expressividade de sentimentos via comunicação oral e a dialogar com o outro a partir
daquilo que ela apreendeu com o adulto em casa e na escola, seja entre as mesmas ou com
a professora, e assim, quando conversamos com as crianças, elas também aprendem a
conversar.
A oralidade é um elo intermediário no processo de apropriação da linguagem escrita,
desta forma, a oralidade, leitura e a escrita devem ser trabalhadas de forma integrada. A
linguagem oral é uma forma representativa das emoções, sentimentos e habilidades
cotidianas, na qual se faz necessário a participação dos adultos nessa elaboração, seja os
responsáveis ou os professores. A oralidade dentro das creches precisa ser trabalhada de
modo que a valorize, através das crianças, sendo elas principais agentes dessas ações.

O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na


educação infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para
a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças,
na construção de conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento
(LIMA; CRUVINEL; ALVES, 2013, p. 1 e 2).

A importância do trabalho com as linguagens na educação infantil são variadas e


necessárias devido à primeira leitura realizadas por elas, sendo a leitura de mundo. Se
apropriar dos conhecimentos que as crianças possuem é fundamental para que as
atividades tenham êxito, visto que o aprendizado é contínuo, trabalhar com o que já se tem,
aprimora e influencia as aprendizagens das mesmas. Ressaltando assim, o papel
fundamental do professor na educação infantil, como mediador e elaborador da cultura
oral, dessa forma, as autoras Smolka; Magiolino; Rocha (2016, p. 93), propõem “uma
organização do espaço e do tempo e a disponibilidade dos materiais como formas de
mediação fundamentais para que as atividades, as interações, o envolvimento e o
desenvolvimento das crianças se realizem, e a professora permitir-se acolher todas as
formas de participação das crianças”.
Para ensinar, o professor deve primeiramente organizar, de maneira intencional, os
conhecimentos e as práticas por ele adquiridos e associá-las ao desenvolvimento cognitivo,
afetivo e moral dos indivíduos, e posteriormente imergi-los na cultura escrita.
Entretanto, para cumprir a função de ensinar os conhecimentos e as
práticas sobre a leitura e a escrita, o professor precisa adquirir
competências nos modos de organizar intencionalmente esses
conhecimentos e práticas específicos, associando o ensino ao
desenvolvimento “cognitivo, afetivo e moral dos indivíduos”. Só assim,
podem os educandos se apropriarem dos conhecimentos e práticas
necessários para sua inserção no mundo da cultura escrita.
(BORTOLANZA; FARIA, 2013, p. 105).

A linguagem oral difere-se da linguagem escrita quanto a sua estrutura e função, o que
torna a aquisição da habilidade escrita mais complexa, visto que a oralidade é espontânea,
ou seja, a criança desenvolve ao longo da vida por meio de estímulos dos adultos. Por

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outro lado, a escrita é imposta culturalmente, e assim, o ensino e aprendizagem estão


ligada às linguagens oral e escrita, afirmado por:
O ensino ocorre por meio da linguagem (oral e escrita), a aprendizagem
se realiza por meio da linguagem (oral e escrita), o pensamento se
materializa nas palavras (pensamento verbal). Dessa forma, a linguagem
oral e escrita é o elemento central do desenvolvimento da consciência
humana e da relação entre o homem e o mundo que o circunda.
(BORTOLANZA; FARIA, 2013, p. 103):

A oralidade refina o vocabulário da criança, seus conhecimentos passam dos mais


simples para os mais complexos. Elas passam a utilizar a fala de modo correspondente em
diferentes situações, envolvendo muito mais do que saber falar e se expressar, elas
entendem os significados das palavras e o valor da comunicação.
Com o passar do tempo e a partir do contato com a língua, a criança
refina seu conhecimento e passa a fazer segmentações mais rebuscadas,
a construir estruturas mais complexas e, posteriormente, a pronunciar-se
metalinguisticamente sobre esse conhecimento. (LORANDI; CRUZ;
SCHERER, 2011, p. 151).

Sendo a escola um “lugar de mediação cultural”, é, consequentemente, o


espaço em que o professor, por meio de suas práticas pedagógicas,
organiza para seus alunos a aprendizagem dos conceitos científicos…
(BORTOLANZA; FARIA, 2013, p. 99)

A escola é um lugar de formação cultural, onde as crianças são constantemente


incentivadas a desenvolver habilidades adquiridas pelo constante incentivo à aquisição da
linguagem oral, sinalizada ou escrita. Na escola, as crianças experimentam novas palavras,
dialogam sobre o cotidiano, produzem narrativas que ganham sentido por meio da
imaginação de cada uma. A escola é um lugar capaz de realizar sonhos e/ou produzi-los,
por ser um lugar que se reproduzem experiências vividas no cotidiano.

A comunicação oral por meio da contação de histórias


Uma das formas de comunicação oral que utilizamos foi a contação de histórias. Sobre
este tema, Moraes (2012, p. 9-10), diz que “contar histórias é brincar com as palavras, com
o que se vê e com o que se pensa”, enfatizando também, a criatividade que deve estar
presente nas linguagens utilizadas nos espaços educacionais. E assim, o adulto por
conhecer o real sentido das coisas, dos objetos, formas e ademais, deve dar lugar à
imaginação e fazer fluir novos sentidos, acompanhando o pensar da criança, como as
autoras Smolka; Magiolino; Rocha (2016, p. 94) afirmam:
[...] pensar nas muitas formas de participação do adulto nas brincadeiras:
propondo, provocando, orientando, escutando, interpretando, ou delas
participando, criando situações fictícias, ampliando a criação imaginária
das crianças, ou mesmo assumindo papéis nas brincadeiras.

A contação de histórias vai muito além da diversão, ela é a porta de entrada para um
ambiente ainda mais inovador: o da leitura. Neste sentido, Malacarne; Malacarne (2016, p.

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7), fazendo uso das ideias de outros autores referência neste assunto, afirmam que [...]
contar histórias é um dos principais meios para o desenvolvimento da linguagem e para a
formação de futuros leitores. Adiante, as autoras destacam que:
Para formar um leitor, não basta apresentá-lo ao livro, é preciso cultivar
desde cedo o hábito de ler e, depois, cuidar para não fazer da leitura uma
cobrança avaliativa que aos poucos faz com que a criança perca o
interesse pelos livros. (MALACARNE; MALACARNE, 2016, p. 10)

O ato de contar histórias deve ser agradável para quem conta e muito mais para quem
ouve, e isto não se aplica apenas ao público infantil, mas também aos demais públicos.
Cabe ao professor, no âmbito de contar histórias, o conhecimento prévio das mesmas ao
lê-las repetidamente se houver necessidade, ficar atento aos detalhes que envolvem os
personagens para que os alunos que estão “lendo” a história por meio do professor consiga
perceber esses detalhes mínimos, mas que fazem a diferença e atraem o ouvinte. Através
de uma história bem contada, as crianças podem sentir emoções e sentimentos que elas
ainda não conhecem sozinhas, a história, deste modo serve como mediação para a
obtenção dos conhecimentos das áreas inexploradas das crianças.
Ao contar histórias, o professor deve ter posse de objetos ou algo que faça com que a
criança se recorde da mesma, tais como fantoches, fantasias ou algo que referencie a
história contada por ele. Além disso, o mesmo deve estar atento a alguns outros cuidados,
como falar de forma adequada, clara e agradável, não se irritar com os alunos mais
agitados, trabalhar a entonação, a interpretação, as pausas, os ritmos, e a provocação com
suspenses e risos.
Em uma breve avaliação do professor em relação ao público ouvinte, este deve
planejar suas ações de forma a adequar as atividades à faixa etárias e aos interesses dos
que irão participar, bem como, estar atento à extensão da narrativa, para não cansar ou
desmobilizar a criança.

Metodologia das atividades


O projeto contou com sete intervenções, cuja pretensão foi de explorar as habilidades
de comunicação entre as crianças. Cada proposta interventiva trazia consigo um tema
característico e importante para o público infantil, bem como, previa uma proposta lúdica
para o tratamento do tema. Portanto, cabe aqui descrever esses momentos pensados e
planejados para analisar a habilidade comunicativa das crianças em sala de aula, individual e
em grupo.

a) Primeira intervenção
Nesta ocasião, foi o momento em que retornamos ao encontro das crianças e fizemos
uma “roda de conversa” com relatos sobre as férias de cada uma, como forma de fazê-las
recordarem sobre os momentos marcantes de passeios ou viagens em família. Levamos
imagens de lugares onde elas possivelmente possam ter ido, que condução pegaram para
chegar a esse lugar, quais comidas comeram, o que fizeram etc. ao final, perguntamos se
elas gostaram das férias, e o que elas gostariam de fazer para que suas férias fossem mais
divertidas.

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Nosso objetivo com essa atividade foi fazer as crianças interagirem conosco e que
assim confiassem em nós para enriquecer a comunicação.

b) Segunda Intervenção
Neste segundo momento contaríamos a história “A confusão na floresta”, da autora
Minéia Pacheco. Adaptaríamos a história para ficar mais compreensível para as crianças. Em
seguida, perguntaríamos para as crianças quais os personagens da história e faríamos uma
dinâmica sobre os sons de cada animal. Para a realização desta atividade, colocamos sons
de vários animais em um rádio ou caixa de som, e distribuíríamos figuras de animais para as
crianças. Elas teriam que identificar o som dos animais e a criança que estivesse com a
figura do animal iria compartilhar a imagem com as outras crianças.
Esta intervenção não aconteceu como o previsto, devido a ausência de livros sobre o
tema. Logo, a solução foi trocar a história, a metodologia e os objetivos. Assim, escolhemos
o Livro intitulado “Ernesto”, que tratava a questão das diferenças, do respeito ao outro e da
aceitação de si. A metodologia utilizada para reafirmar a aprendizagem e a interação das
crianças com o tema exposto, partiu da confecção de um boneco igual o do livro que
estava sendo lido. Este boneco, que se chamava Ernesto assim como na história, foi feito em
T.N.T, com enchimento em plumante e em papel, seus olhos, boca e cabelos foram feitos
em E.V.A.

c) Terceira intervenção
Realizamos a contação da história “De olho na mata atlântica” da autora Ingrid
Biesemeyer Bellinghausen. A finalidade da contação desta história é desenvolver a
linguagem oral, para as crianças entrarem em contato com o tema “Mata Atlântica”, listar os
nomes dos animais que apareciam nas histórias, nomear as cores dos animais e das plantas
e comparar o tamanhos dos animais. Logo após essa roda de atividades, estimulando a
participação, trabalhamos a interpretação corporal através dos animais contidos nas
histórias, com viseiras personalizadas pelos mesmos, promovendo a brincadeira após a
leitura.

d) Quarta intervenção
Contamos a história da “Zeropeia” do autor Herbert de Souza.O intuito da Contação
desta história foi valorizar as especificidades de cada um. O jeito de falar, de vestir, de ser,
menino ou menina. Em seguida, pedimos às crianças que construam sua própria centopeia
com materiais que levamos como, papéis coloridos recortados em círculos, cola e tinta,
além de pedaços de E.V.A.

e) Quinta intervenção
Realizamos a contação de uma história em forma de trava línguas, “Três tigres tristes”
de Fernando Vilela e Nina Barbieri. A intenção ao contar essa história foi promover a
capacidade de comunicação das crianças, mostrar a linguagem oral na contação e na
brincadeira e analisar sua criatividade individual após a leitura do trava língua.
Após o momento da leitura, promovemos atividades em grupo, dividindo a turma,
distribuindo diferentes trava línguas para os grupos em forma de figuras, e assim, as
crianças tentarem falar corretamente e em coletivo.

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f) Sétima intervenção
Contamos a história “Cada família é de um jeito” de Aline Abreu, promovendo o
entendimento que nem todas as famílias são compostas por mães, pais e irmãos. A turma
do Jardim I nos proporcionou essa diversidade familiar.
No meio da contação pudemos ir perguntando espontaneamente quem são as
pessoas que moram em suas casas, mesmo que nem todas as crianças se sentissem à
vontade para responder, foi importante perceber a atenção delas para com a leitura.
Após a contação, propomos que todas as crianças desenhassem suas famílias de sua
maneira em uma folha de papel, em seguida, pedimos e fizemos o possível para que todas
tivessem espaço para que contassem sobre essas pessoas que estão presentes em suas
vidas.

Conhecendo a escola e o trabalho das professoras


A educação infantil de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (1996), art. 29, é a
primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade. A turma a qual observamos, está
inserida no art. 30, inciso II, que aponta a oferta de pré-escolas para as crianças de 4
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Dessa forma, percebe-se uma organização para o real
funcionamento da educação infantil nas unidades de ensino da Educação Básica,
ressaltando a importância da mesma para as crianças e para as comunidades.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a entrada na creche ou
pré-escola significa, na maioria das vezes, a primeira separação das crianças dos seus
vínculos familiares para se incorporarem a uma situação de socialização estruturada (2017,
p. 32). Ou seja, a educação infantil possibilita essa socialização intencionalmente para que a
criança possa estimular o seu próprio desenvolvimento, dar ênfase ao que se estipula na
educação infantil, o vínculo entre cuidar e o educar¸ entendendo o cuidado como algo
indissociável do processo educativo, sendo necessário ambos estarem relacionados nos
diversos momentos propostos na creche/pré-escola.
A BNCC (2017, p. 34), estabelece seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento
para a educação infantil, sendo eles: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e
conhecer-se. Destaca-se que todos esses direitos impõe a necessidade de imprimir
intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na Educação Infantil. O currículo da
educação infantil está estruturado em cinco campos de experiências, sendo eles: o eu, o
outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala,
pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
(BNCC, 2017, p. 36-39). A partir dessa estrutura curricular, definem-se os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento, consistindo em grupos organizados por faixa etária que
correspondem às possibilidades de aprendizagem e às características do desenvolvimento
das crianças. (BNCC, 2017, p. 40).
A nossa proposta de intervenção foi desenvolvida na Unidade de Educação Infantil
Caripunas (UEI Caripunas) Sua realização se deu na turma de Jardim I, com crianças de 4 a 5
anos de idade, que possuía 24 alunos matriculados, visto que nos dias de estágio o número
máximo de crianças se deu em 17 (dezessete) e o mínimo em 9 (nove), em que a professora

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Ana é responsável pelo turno da manhã e a professora Fernanda pelo turno da tarde. É
válido ratificar, que preservamos os nomes reais dos envolvidos citados neste trabalho
A creche é de turno integral, iniciando o atendimento às 7h30 e finalizando às 17h30.
Com isso nos permitimos observar cada uma dessas crianças levando em consideração
características específicas como a interação entre as mesmas e com as professoras, suas
falas, suas brincadeiras, seus comportamentos diante das refeições e nas atividades
executadas em sala.
A estrutura da creche consistia em 3 salas de aula para atender crianças do maternal
até o jardim II, uma copa/cozinha, o salão onde eram servidas as refeições de café da
manhã, almoço e jantar e um cantinho de leitura para as crianças exercitarem a imaginação.
A creche possuía um parquinho que era utilizado para a recreação, porém, não havia
sombreamento e o sol era intenso, por isso, poucas vezes as professoras levavam as
crianças para um passeio neste espaço.
Os equipamentos da creche não eram atuais. Entretanto, a creche dispunha de uma
Televisão em cada sala, de um aparelho de datashow, colchonetes para a o descanso das
crianças, mesas e cadeiras adequadas ao tamanho das mesmas, brinquedos e livros de
todos os tamanhos dispostos pelas salas, um aparelho de DVD e filmes para o lazer dos
meninos e meninas que permaneciam ali o dia inteiro durante a semana.

Resultados e discussões
O projeto de intervenção em foco neste trabalho foi resultado da observação da
disciplina de Estágio na Educação Infantil I e II, onde ficamos responsáveis pela observação
na turma do Jardim I, buscando analisar especificamente os principais sujeitos da pesquisa,
as crianças e as professoras, assim como outros aspectos importantes foram notados,
como as salas de aula, a área coletiva e de recreação, os banheiros, o espaço onde
ocorriam as refeições, os materiais a serem fornecidos para as crianças, objetos,
brinquedos, os livros infantis e a qualidade do espaço como um todo.
Durante o estágio na educação infantil I e II, pudemos acompanhar as atividades
desenvolvidas pelas professoras do jardim I, tanto no turno da manhã quanto no turno da
tarde, e isto nos edificou mais em relação às experiências que tivemos no decorrer dos
meses deste estágio. Participamos de algumas atividades e da vida das crianças desta
turma, tivemos o prazer de compartilhar momentos importantes e de dividirmos o
aprendizado. Percebemos que o aprender está presente em todos os momentos que são
propostos na educação infantil, as atividades realizadas são intencionalmente organizadas
de acordo com a faixa etária, com as especificidades de cada um e de seus interesses.
Porém, tais características se diferenciavam de um turno para o outro, ou seja, de
professora para professora, notamos que havia diferenças nas práticas exercidas pelas
mesmas e não se percebe uma integração entre elas, resultando em exercícios
diferenciados e desproporcionais para as crianças. Apesar das diferenças, compreendemos
que o ensino não se resume em habilidades educativas inerentes às disciplinas escolares,
mas sim, em um processo que é desenvolvido diariamente entre a família, a creche, as
crianças e as professoras.

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Ao analisarmos as crianças durante o Estágio na Educação Infantil I, o desafio foi


escolher atividades que valorizassem a participação das crianças nas propostas por nós
trazidas para a sala de aula, bem como, o exercício de suas falas, visto que haviam muitas
crianças que preferiam não participar do que estava sendo proposto em sala e muito
menos interagiam por meio de conversas. Sendo assim, autora Silvana de Oliveira Augusto
(2011, p. 55-58) propõe algumas possibilidades de trabalho na educação infantil, e ressalta
tais situações comunicativas que devem estar presentes entre as práticas em sala, sendo
elas: comunicar-se no cotidiano formal e informalmente, brincar com textos orais, produzir
narrativas (parlendas, quadrinhas...) e conversar. E assim pretendemos alcançar nossos
objetivos por meio de atividades que valorizem a ação das crianças através de sua
linguagem oral.
Este projeto foi desenvolvido a partir das observações da relação de práticas cotidianas
associadas à oralidade, mais especificamente, a partir das conversas informais entre as
crianças, as brincadeiras propostas por elas, pelos fatos narrados em relação a sua vida,
suas experiências e curiosidades, as contações de histórias na qual participaram e se
envolveram, suas expressões em frente às atividades e as diferenças linguísticas e culturais
que elas trazem para o contexto da sala de aula e que consequentemente são exercidas.
Dessa forma, percebe-se que a participação de todas as crianças nas atividades é muito
importante, o que nos permitiu compreender que todas estão ligadas pela fala, mesmo que
alguns falando muito e outros pouco, a linguagem delas faz parte da relação de convívio
diariamente. Dar ênfase a tudo que é dito por elas é essencial para que se possa educar,
ensinar e cuidar, todas as situações relatadas por elas podem ser aproveitadas, usadas
como meio de aprendizagem e torná-las autoras de suas próprias ações.
Sendo assim, ficou notório a presença de grupos formados por meninos e por meninas
e que, estes grupos poucas vezes se misturavam quase que de maneira generalizada, no
momento de entrada na creche, em que ocorre a distribuição de brinquedos, livros, blocos
ou jogos, porém, cabe aqui ressaltar, que cada criança possuía especificidades relacionadas
à interação com as demais. Logo, havia crianças tímidas, que preferem não se misturar ou
não tem a oportunidade de interagir, crianças que ainda choravam sentindo falta dos
responsáveis, outras que eram “ignoradas” pelos colegas, que preferiam estar correndo em
sala, chamavam atenção fazendo coisas erradas como morder, bater, puxar cabelo, se auto
machucar…
Por outro lado, havia crianças que gostavam de estar naquele ambiente, que se
sentiam confortáveis e protegidas, tentavam interagir com todos, criavam brincadeiras
diversas, escutavam e prestavam atenção, eram observadoras e atenciosas, outras eram
muito ligadas a leitura, gostavam de ouvir histórias, de perguntar sobre, descobrir, competir,
explorar e criar coisas diferentes. Todas essas características foram observadas enquanto as
atividades pelas professoras eram realizadas, durante as brincadeiras e nas refeições. Apesar
das especificidades encontradas no Jardim I, a turma me permitiu participar do seu
cotidiano todas as quartas-feiras e me possibilitando conhecer suas experiências e suas
vivências, seja pelas suas atitudes, falas, conversas e brincadeiras.
As crianças em geral, nos acolheram positivamente, permitiram nossa participação em
suas atividades e brincadeiras, pediam para que lêssemos livros, que cantássemos músicas e
que escutássemos o que elas tinham de novidade toda semana. Percebemos a afetividade
que essa turma possuía, através dos abraços, dos beijos e principalmente da atenção, que
elas tanto desejavam. Ficou esclarecido o quanto que essas crianças tinham para nos

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oferecer e ensinar, seja pelo conhecimento de mundo que elas adquiriram e adquirem
diariamente, pelas suas realidades sociais e econômicas, pelas personalidades e pelos
gestos.
Em relação às intervenções, notamos a efetiva participação das crianças na maioria dos
temas propostos por meio das contações de histórias. Algumas histórias se destacaram das
demais, como, por exemplo, o trava línguas, trabalhado através da narrativa três tigres
tristes, onde por meio da metodologia descontraída utilizando figuras com iniciais iguais,
como as figuras para formar o trava língua “o pinto pia, a pia pinga” ou “três tigres tristes”,
causou risos e uma descontração sem medida na sala, além do incentivo que as crianças
davam umas às outras para que tentassem falar as palavras corretamente.
Outra história que se destacou positivamente foi “Ernesto”. O final dessa história era
inusitado e triste. Então pensamos: Por que não levamos um boneco do personagem da
história com uma carinha triste e outra feliz e pedimos para as crianças formarem um final
diferente para ele? assim o fizemos. Essa narrativa provocou sensações de carinho, piedade,
amor, respeito entre as crianças, que por várias vezes, associaram a história com fatos
vividos por elas ou por pessoas próximas. Logo, elas tiveram a atitude de falar coisas bonitas
para deixar o boneco feliz. Foi uma das melhores histórias que contamos para elas, a qual
pudemos ver um mix de sensações aflorando de cada uma delas.
Em suma, as intervenções surtiram um resultado gratificante para nós, ao vermos
algumas crianças que eram retraídas e solitárias, se envolvendo nas brincadeiras e
interagindo com as demais crianças, bem como, perceber que elas introjetaram conceitos e
valores que servirão para as suas vivências sociais, como a colaboração, o trabalho em
equipe, o respeito, a paciência e o companheirismo, foram construídos por meio das morais
que existiam por trás de cada história que foi explanada para os meninos e meninas que
estavam presentes naquele local.

Conclusão
As histórias representam indicadores efetivos para situações desafiadoras, assim como
fortalecem os vínculos sociais, educativos e afetivos. Partindo dessa ideia, vemos a
importância de cultivar a leitura e estimular a imaginação nas crianças, para despertar
pequenos leitores e ampliar os diferentes modos de olhar o mundo e as relações sociais
nele existentes, com isso “ouvir a história, assumir os papéis, vivenciar intensamente as
emoções que se produzem nas múltiplas relações – entre professora, crianças, texto literário
[...] – são modos de profunda participação e apropriação da cultura” (SMOLKA;
MAGIOLINO; ROCHA, 2016, p. 95 e 96).
Em todas as intervenções houve pontos positivos e negativos. Algumas histórias foram
melhores aceitas pelas crianças, devido aos recursos lúdicos que utilizamos para auxiliar as
atividades. Percebemos que, quando levamos materiais manipuláveis a contação de
histórias era muito mais proveitosa, pois as crianças realmente tinham um contato mais
próximo com o que estava sendo exposto.
É função do professor (e não apenas dele), instigar a criança a “ler” o mundo e as
coisas que os rodeiam, humanizar as crianças e potencializar a imaginação, a linguagem, a
atenção, a memória e o gosto pela leitura e outras habilidades humanas, e para obter estes
resultados começa-se pela Contação de uma boa história, planejada e executada a partir de

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estudos sobre o público alvo e sobre as considerações positivas que a história trará para
este público. O professor da educação infantil deve, acima de tudo, ter paciência e cuidado
com o tratamento dado à linguagem oral das crianças, deve estar atento a cada palavra,
gesto ou ação que envolva o trabalho pedagógico com as mesmas.

Referências
AUGUSTO, Silvana de Oliveira. A linguagem oral e as crianças possibilidades de trabalho na
educação infantil. Caderno de formação: didática dos conteúdos formação de professores /
BORTOLANZA, Ana Maria Esteves; FARIA, Sandra Alves. Concepção de mediação: o papel
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LIMA, Bianca; CRUVINEL, Fabiana Rodrigues; ALVES, G. Como desenvolver a linguagem oral
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MORAES, Fabiano. CONTAR HISTÓRIAS: A ARTE DE BRINCAR COM AS PALAVRAS. Editora
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A importância da interação e do diálogo através da contação de história: uma
experiência na educação infantil

SMOLKA, Ana Luiza Bustamante; MAGIOLINO, Lavinia Lopes Salomão; ROCHA, Maria Silvia
P. M. Librandi da. Crianças, linguagem oral e linguagem escrita: modos de apropriação. In:
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em:18 Dez. 2019.

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