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ESCOLA ESTADUAL “PADRE HERCULANO PAZ”

TRABALHO DE GEOGRAFIA
PROF⁰: PAULO HENRIQUE ARAÚJO

NICOLE CRISTINA SILVA PAZ

A REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL

TURMA: 3⁰ ANO “C”


DATA: 23/03/2022
INTRODUÇÃO

Neste trabalho são explicadas a história da reforma agrária, suas formas no decorrer
da história, como ela se aplica no brasil, a criação e promulgação das leis do Estatuto da
Terra, a realidade desse movimento nos dias de hoje e os impactos que sua aplicação (ou
não-aplicação) tem na sociedade e economia do Brasil.

A REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL

A reforma agrária ー formalmente definida como “O conjunto de medidas que visem a


promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de
atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade” no Estatuto da Terra de 1964
ー é um movimento que consiste na reorganização das terras ociosas dos latifúndios de um território.
Para o melhor entendimento do que significa esta reforma e qual forma dela é praticada no Brasil,
utiliza-se três diferentes conceitos:
1. A distribuição massiva de terras: situação ocorrida na Revolução Francesa,
quando as terras da Igreja e dos nobres foram distribuídas entre a burguesia vencedora e
seus aliados.
2. A distribuição de terras do Estado: ocorre durante processos de colonização
de áreas desérticas ou desabitadas, tendo como exemplo a Lei de Propriedade Rural dos
Estados Unidos em 1862. As pessoas interessadas em colonizar o país recebiam lotes de
65 hectares (sendo 1 hectare equivalente a 10.000 m² – o tamanho médio de um campo de
futebol) e adquiriam sua posse se o cultivasse por 5 anos.
3. O modelo brasileiro, a distribuição de terras que não cumprem com sua
função social: a ferramenta dos movimentos sociais que visam acesso à terra. Tais grupos
realizam “assentamentos rurais”, ou seja, se estabelecem em uma porção de terra que
consideram sem “função social”, na expectativa de que ela seja desapropriada e distribuída
entre os membros do assentamento.

Na história condizente ao último caso houve, primeiramente, uma distribuição


dessas terras, esta ocorrida no Brasil Colônia, mais especificamente na época das
capitanias hereditárias. Essa divisão desigual e baseada no poder que era possuído por
apenas capitães de alto escalão fez com que grandes pedaços de terra tenham sido e
continuem sendo detidos na mão de poucos núcleos familiares e indivíduos apenas.

A partir desse contexto de hereditariedade e suas consequências chega-se ao ano


de 1964, onde, visando a melhoria para os pequenos agricultores e povos indígenas, o
presidente da época, João Goulart (1961-1964) criou o denominado Estatuto da Terra,
conjunto de leis que visava institucionalizar a reforma agrária. Neste documento, por
exemplo, está citado o Artigo 2⁰, que assegura a propriedade da terra aqueles que
cumprem com sua função social (definida como a manutenção da produtividade da terra,
conservação de seus bens naturais, regulação da propriedade conforme as leis e o bem
estar daqueles que trabalham nela) e o § 4º, que institucionaliza o direito dos indígenas
sobre suas próprias terras e o regime tutelar contra o detrimento destas.

Apesar de criado, o Estatuto da Terra nunca chegou a entrar em vigor no mandato


de João Goulart, desde que o mesmo foi vítima do golpe militar de 1⁰ de abril de 1964, que
deu fim à 4ª república do Brasil e iniciou a Ditadura Militar no país. Posteriormente, o
Estatuto foi promulgado, já no mandato do primeiro presidente ditador do Brasil, Humberto
de Alencar Castello Branco (1964-1967), porém, apesar de institucionalizado como a lei nº
4.504 de 30 de novembro de 1964, o Estatuto da Terra que completa em 58 anos no ano de
2022 nunca foi de fato colocado em prática.

A partir disso chega-se enfim ao Brasil atual, que apresenta grandes semelhanças
ao seu passado extremamente desigual. Segundo a revista Repórter Brasil, nos dias de
hoje cerca de 3% do total das propriedades rurais do país são latifúndios e ocupam 56,7%
das terras agricultáveis. Surpreendentemente, toda esta extensão de terra está em posse
de apenas 300 maiores proprietários rurais brasileiros, ou seja, uma área equivalente ao
estado de São Paulo e do Paraná juntos é detidas por apenas 300 indivíduos, um número
destoante quando situado num país onde quase 5 milhões de famílias de agricultores
esperam um pedaço de terra para começar seu pequeno negócio.

Além da questão dos pequenos agricultores, os povos indígenas vêm sendo cada
vez mais ameaçados em seus territórios. No dia 18/03/2022, a Câmara dos Deputados
discutia um projeto que libera a mineração em terras indígenas brasileiras. Na semana
anterior, a Casa aprovou urgência para votação desse mesmo projeto que, além de colocar
em risco as vidas indígenas protestantes por meio da brutalidade de como esses protestos
são calados, ameaça essas comunidades de uma possível invasão, e coloca em perigo
constante o passado do povo nativo brasileiro, promovendo a cada dia mais um
apagamento histórico apoiado pelo governo.

Por fim, cita-se algumas outras formas de como o latifúndio prejudica o Brasil em
diversos âmbitos, como a agricultura familiar é uma melhor escolha visando a
sustentabilidade e saúde dos brasileiros e como a distribuição de terra para seus ideais
donos pode ajudar a biodiversidade e economia do país:

Primeiramente, temos o fato de que a adequação ao as tecnologias e ao maquinário no campo


geram inúmeros desempregos e levam pessoas sem posse de terras a considerarem a cidade uma
melhor opção, porém muitas vezes a situação é diferente. A grande maioria das famílias agricultoras
de baixa renda possuem um baixo ou inexistente nível de escolaridade, um estilo de vida muito
diferenciado ao dos grandes centros, um conhecimento informal sobre seus ofícios ー pois aprendem
majoritariamente na prática e o conhecimento é passado de modo hereditário ー , e, quando estes
fatores são levados em consideração juntamente com o currículo exigido por empresas das grandes
cidades atualmente, é inegável uma realidade na qual muitas dessas pessoas são marginalizadas e
precisam buscar outros métodos de conseguir seu sustento.

No exemplo citado existe apenas mais um dos motivos do porque a produção de


pequeno porte deve ser motivada e mantida pelo governo. Em relação ao tópico
desemprego e economia, dados mostram que a agricultura familiar gera 10,1 milhões de
empregos diretos e indiretos para o Brasil e é menos propensa a substituir a mão de obra
humana por máquinas, além de corresponder hoje por 38% do Produto Interno Bruto
Agropecuário do País e de alimentar 70% das famílias brasileiras. Pode-se discutir também
a questão ambiental, que mostra onde esse tipo de agricultura afeta em níveis muito
menores o meio ambiente usando, por exemplo, menos combustíveis poluentes, já que a
mão-de-obra é majoritariamente humana, e pode até contribuir para a manutenção do solo
e preservação dos recursos naturais da terra, de forma que, enquanto os sistemas
latifundiários adotam a monocultura, que é nociva ao solo pelo plantio de apenas uma
cultura repetidamente, a agricultura familiar faz o rodízio de plantio na terra. Essa dinâmica
a mantém mais fértil e diminui a necessidade do uso de agrotóxicos, outro ponto positivo,
pois aumenta a qualidade do alimento e diminui o risco à saúde daqueles que o consomem.

Para ilustrar realmente como a monocultura e os latifúndios têm grandes impactos no meio
ambiente, existem os dados referentes ao desmatamento, a perda da biodiversidade pela escassez de
habitats, a degradação do solo que acelera os processos de desertificação, ao esgotamento dos
mananciais de água pelo uso intensivo da água ー 70% da água total do Brasil e utilizada na
agricultura, e, pelo menos metade dessa água é desperdiçada ー a contaminação do solo, ar e água
por fertilizantes, agrotóxicos e antibióticos e geração de resíduos como os utensílios utilizados para a
aplicação dos agrotóxicos no solo.

Em última análise, é fato que em termos da preservação dos recursos naturais da


terra, os povos indígenas são os maiores preservadores da biodiversidade brasileira,
estudos comprovam que as Terras Indígenas são os territórios tradicionais que mais
preservam a floresta: apenas 2% da cobertura foi perdida em 33 anos de história e, como já
citado anteriormente, é fato também que a agricultura familiar é uma opção muito mais
sustentável e saudável para a população do país.

No final, não há dúvidas sobre o apoio à Reforma Agrária e as medidas por esta
determinadas.

CONCLUSÃO

Considerados os fatos citados neste trabalho, conclui-se então que a necessidade


da reforma agrária no país vem apenas crescendo nos últimos anos, além do fato de que a
monocultura intensiva é nociva tanto ao âmbito sociocultural quanto econômico do país, e
pode colocar em risco a qualidade de vida das gerações futuras assim como já coloca
muitas vezes a da geração atual.

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