Você está na página 1de 1

HOME > GEOGRAFIA DO BRASIL > GEOGRAFIA HUMANA DO

BRASIL > CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA NO BRASIL

Concentração
fundiária no Brasil
A concentração fundiária é considerada por
muitos um grave problema no espaço rural do
Brasil, com a maior parte das terras nas mãos
de poucas pessoas.

No Brasil, há uma grande concentração


fundiária e muitos espaços improdutivos

O território brasileiro tem como uma de


suas questões políticas internas mais
debatidas a temática da concentração
fundiária, ou seja, a posse não
democrática da maior parte das terras
no espaço rural do país. Em razão da
intensiva concentração de renda, do
estabelecimento de monoculturas
voltadas para a exportação, além de
uma série de fatores históricos, o campo
brasileiro é altamente concentrado nas
mãos de poucos proprietários. Observe
o quadro a seguir:

Tabela elaborada pelo DIEESE a respeito


da estrutura fundiária no Brasil ¹

Como é possível observar nos dados da


estrutura fundiária brasileira, a maior parte
dos estratos de área – 42,5% –
encontra-se concentrada em 0,8% de
imóveis, que apresentam uma área
média de 6.185 hectares. Por outro lado,
33% dos imóveis apresentam uma área
equivalente a 1,4% dos estratos de área
ocupados, o que equivale a uma área
média de apenas 4,7 hectares. Outros
25,4% dos imóveis apresentam uma
área média de 16,2 hectares e ocupam
3,7% da área total do Brasil destinada à
produção econômica no campo. Isso
revela que há uma grande quantidade
de terras sob posse de um número
muito pequeno de pessoas.

No entanto, é um erro atribuir somente


às políticas dos últimos anos o problema
da concentração fundiária brasileira.
Trata-se de um processo histórico que
vem se perpetuando nos dias atuais e é
frequentemente associado à questão da
colonização do Brasil com a divisão da
área ocupada pelos portugueses em
Capitanias Hereditárias. Citam-se
também as sesmarias (lei que distribuía
as terras entre produtores, obrigando-
os a nelas manter algum tipo de cultivo)
e, posteriormente, a Lei de Terras de
1850, que agregou um grande valou ao
solo e tornou as propriedades
inacessíveis à população de baixa e
média renda.

Em contrapartida, movimentos sociais


do campo reuniram-se de forma mais
organizada a partir da década de 1950,
embora antes também existissem lutas
pela democratização das posses no
meio rural. Constituíram-se, nessa
época, então, as chamadas Ligas
Camponesas, que, até o início da
ditadura militar, deram o rumo à luta
pela terra no Brasil, inclusive
apresentando um ousado modelo de
reforma agrária, abalizado pelo então
presidente João Goulart no ano de 1963,
sendo este deposto logo em seguida
pelo Golpe de 1964.

Durante o regime militar (1964-1984) foi


elaborado o chamado Estatuto da Terra
para melhor regulamentar a questão
fundiária no país. No entanto, há muitas
críticas direcionadas a essa lei, que,
segundo alguns posicionamentos, pode
ser considerada uma falsa tentativa de
promover a reforma agrária, tendo como
intuito principal a sua dificultação
burocrática.

Mesmo posteriormente, com o fim da


ditadura e a consolidação do Plano
Nacional de Reforma Agrária em 1985, a
questão pouco avançou, principalmente
pela força de setores ruralistas,
notadamente a UDR (União Democrática
Ruralista) que conseguiu se sobrepor
aos movimentos sociais do campo.
Esses movimentos, nesse momento,
tinham como principal representação o
MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), que, através de
ocupações de latifúndios rurais quase
sempre improdutivos, tenta ainda hoje
pressionar o governo pela execução
completa da reforma agária.

Vale lembrar que reforma agrária não


representa uma simples distribuição de
terras, mas a viabilização para que os
produtores possam nela produzir, com
incentivos fiscais (tais quais os que
alguns grandes produtores hoje
recebem) e fornecimento de
tecnologias, métodos e condições de
cultivo. Ressalta-se também que a
reforma agrária não é um consenso,
havendo, por exemplo, aqueles
ideólogos que argumentam que a sua
implantação diminuiria a produtividade
do agronegócio e das mercadorias de
exportação do país. Trata-se, afinal, de
um polêmico debate que vem se
arrastando por muitos anos no Brasil
sem encontrar um devido consenso.

_________________________________

¹ Dados da tabela: DIEESE, Estatísticas


do Meio Rural 2010-2011. apud,
MARTINS, D. et al. Geografia sociedade
e cotidiano: espaço brasileiro. Volume
02, 3ª ed. São Paulo: escala
educacional, 2013. p. 109.

Por Me. Rodolfo Alves Pena

Gostaria de fazer a referência deste texto em


um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PENA, Rodolfo F. Alves. "Concentração fundiária


no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/concentraca
fundiaria-no-brasil.htm. Acesso em 15 de março
de 2023.

De estudante para estudante

Mande sua pergunta

Ex: Quem descobriu o Brasil?

Enviar

Vídeoaulas

Vídeo 1

Lista de exercícios

Exercício 1

(UFRN) Nas últimas duas décadas, têm


sido cada vez mais frequentes noticiários
destacando conflitos pela posse da terra
em diversas regiões do Brasil. Entre as
causas responsáveis por tais conflitos,
pode-se identificar:

a) Ampliação do mercado de terras,


promovendo sua desvalorização e a
modernização do processo produtivo.

b) Expansão da agricultura familiar, tendo


em vista as políticas de crédito agrícolas
para produção moderna de grãos
destinados ao mercado externo.

c) Cumprimento da função social da terra


como resultante da expansão da fronteira
agrícola e das relações não capitalistas
de produção.

d) Maior organização dos trabalhadores


rurais, que buscam soluções para a
questão da terra e para a concretização
da reforma agrária.

Exercício 2

(UFPI) Sobre a estrutura fundiária e as


relações de trabalho no campo brasileiro,
assinale a alternativa correta:

a) A estrutura fundiária apresenta


acentuada concentração da propriedade
decorrente das formas de apropriação
das terras desde o período colonial.

b) A partir de 1850, com a Lei de Terras,


todos os trabalhadores rurais passaram a
ter acesso à terra.

c) A modernização do campo
proporcionou a extinção dos contratos de
parceria em todas as regiões brasileiras.

d) Nas áreas de fronteiras agrícolas,


todos os trabalhadores rurais possuem
títulos de propriedade da terra.

e) Os boias-frias são assalariados que


trabalham nas propriedades de forma
permanente e com vínculo empregatício.

Artigos Relacionados
Geografia

Agricultura familiar
Conheça as principais características da
agricultura familiar e descubra...
Geografia

Geografia do Brasil

Estrutura Fundiária
Veja as principais características
inerentes à estrutura fundiária do...
Geografia do Brasil

Geografia do Brasil

Importância da Agropecuária
Brasileira
A importância da agropecuária brasileira
e o papel do agronegócio na...
Geografia do Brasil

Geografia do Brasil

Questão agrária no Brasil


Leia nosso texto e saiba qual é a
definição de questão agrária. Entenda...
Geografia do Brasil

Geografia do Brasil

Reforma agrária
A reforma agrária é uma das questões
mais polêmicas que envolvem a...
Geografia do Brasil

Geografia

Índice de Gini
Descubra o que é o Índice de Gini, como
ele é utilizado e qual é o seu...
Geografia

Institucional

Quem Somos
Anuncie
Politica de Privacidade
Termos de Uso
Fale Conosco

Siga o Brasil Escola

Facebook

Instagram

Twitter

Youtube

Copyright © 2023 Rede Omnia - Todos os direitos


reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem
prévia autorização (Inciso I do Artigo 29 Lei 9.610/98)

Você também pode gostar