Você está na página 1de 35

Processos Fundiários e

agrários do Mato Grosso


Um Seminário para aula de Geografia de mato Grosso
Estrutura fundiária brasileira
Grandes concentrações de FUNDAÇÃO ROBERTO
MARINHO. Geografia. Rio de
terras Janeiro: Globo, 1996. p. 24.

Aproximadamente 1% de
proprietários controlam 45% das
terras

Consequências
Desemprego estrutural, êxodo rural
alimentos mais caros e problemas
ambientais
O início
O processo de colonização do território hoje ocupado pelo
Estado do Mato Grosso começou em 1525. O português Pedro
Aleixo Garcia foi o responsável pelas primeiras expedições de
exploração do local. O próprio nome do estado remete à
dificuldade encontrada pelos exploradores.
Histórico Fundiário
Mato Grosso
Em se tratando especificamente do Estado de Mato Grosso, apesar
de já existir diversos povos indígenas como os Bororos e os Parecis,
o estado foi povoado no começo do século XVIII quando o ouro foi
descoberto pelos bandeirantes. Assim, as terras foram intensamente
ocupadas com o mesmo processo que o Brasil: Sesmarias, Lei de
Terras, Marcha para o Oeste, e de forma mais concentrada (a partir
de meados do século XX), através das colonizadoras, principalmente
se tratando da região Norte do estado.
Lei das sesmarias
O sistema de sesmarias perdurou no Brasil até 17 de
julho de 1822, quando a Resolução 76, atribuída a José
Bonifácio de Andrade e Silva, pôs termo a este regime de
apropriação de terras. A partir de então a posse passou a
campear livremente no país, estendendo-se esta situação até a
promulgação da Lei de Terras de 1850, que reconheceu as
sesmarias antigas, ratificou formalmente o regime das posses, e
instituiu a compra como a única forma de obtenção de terras.
Sesmarias em Mato Grosso
• Em Mato Grosso, foram concedidas cerca de 1000
sesmarias, mas que hoje é muito difícil contabilizar em
quantas elas foram repartidas sem ter informações oficiais
sobre o recorte dessas propriedades.
Histórico Fundiário
Lei de terras
No Segundo Reinado, o Brasil tomou uma medida que seria
determinante para a sua histórica concentração fundiária. Em 18
de setembro de 1850, o imperador dom Pedro II assinou a Lei
de Terras, por meio da qual o país oficialmente optou por ter a
zona rural dividida em latifúndios, e não em pequenas
propriedades.
Lei de terras de 1850
• Tinha como intenção implícita evitar que o imigrante e o negro
liberto tivessem acesso à terra, almejando perpetuar a
desigualdade social e fundiária no Brasil, houve a consolidação
da terra como mercadoria, pois somente quem tivesse dinheiro
para comprar é que teria acesso a ela. Portanto, a estrutura
agrária continuou concentrada(OLIVEIRA, 2007).
Mato Grosso de 1930
• Com programas federais cujo objetivo era interiorizar a
população “excedente” de outras regiões - a chamada marcha
para o oeste –, já que a não se realizou a reforma agrária.
Foram implantadas várias colônias agrícolas oficiais e
particulares, principalmente no sul do estado. (HIGA, 2005).
Este foi o primeiro momento em que Mato Grosso serviu como
alternativa para não realizar uma reforma agrária nas outras
regiões já consolidadas do país.
Colônia Russa em primavera do leste - MT
Histórico das políticas fundiárias
Marcha para o Oeste

Durante o Estado Novo (1937-1945), Getúlio Vargas


empreendeu a chamada Marcha para o oeste em 1938, diante
da situação deixada pelo governo da República Velha, em que a
economia e a população estavam concentradas nas regiões
litorâneas do Sul e Sudeste.
Histórico das políticas
fundiárias
• Integração
• Reforma Agrária
• Dar incentivos econômicos
• Desenvolvimento populacional
• Integração com indigenas
• Malha Rodoviaria
Histórico das políticas fundiárias
Estatuto da terra 1964

Trazia uma proposta de Reforma Agraria através da colonização


dirigida sobre terras devolutas
indicava a possibilidade de expansão da fronteira agrícola tida como
um "vazio demográfico", desconsiderando a presença e os territórios indígenas
Busca combater os latifúndios quanto os minifúndios por serem improdutivos
e incapazes de cumprir a "função social da terra"
Politicamente seria uma resposta as demandas de movimentos sociais do campo
alinhado aos Projetos políticos dos governos militares.
Histórico das políticas fundiárias
PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO NACIONAL (PIN)
O Programa de Integração Nacional (PIN) foi um projeto criado
durante o governo presidencial do general Emílio Garrastazu
Médici (1969-1974) que tinha por principal objetivo a ocupação de
terras na região Amazônica por meio da imigração de contingentes
populacionais da região Nordeste.

Na área do Ministério da Agricultura, o programa visava à colonização


e à reforma agrária, prevendo para tanto a elaboração e a execução
de estudos e a implantação de projetos agropecuários e
agroindustriais.
Histórico fundiário
Mato Grosso

Rossetto (2011; 2015) ressalta que os dois principais fatores que


contribuíram com o povoamento de forma mais intensa em direção à
região Norte do estado de Mato Grosso foram a construção das
rodovias federais e as ações das colonizadoras oficiais e
particulares. Entre 1970 e 1990, o INCRA titulou definitivamente mais de
3.600 milhões de ha às margens das rodovias federais e 3.400 milhões
foram titulados provisoriamente
para as empresas de colonização (MORENO, 1999).
Estrutura fundiária
Mato Grosso
O estado de Mato Grosso que tem cerca de
60% da sua área territorial destinada à agricultura monocultora
de grãos direcionados à
exportação, principalmente no Norte do Estado, onde há
predominância do agronegócio,
evidenciando a tendência à elevada concentração da estrutura
fundiária. Moreno (1999)
Estrutura Fundiária
De acordo com dados do Relatório do Banco de Dados da Luta
pela Terra (Dataluta/Mato Grosso) (GECA, 2016),o Estado
possui 578 assentamentos rurais resultantes do processo de
reforma agrária.
Estrutura Fundiária
Mato Grosso

Rossetto (2011) ressalta que a maior parte do território mato-


grossense era ocupada por propriedades com área acima de 4
módulos fiscais, considerados não familiares, utilizados
principalmente para o cultivo da soja e do algodão em grandes
áreas monocultoras integradas à agropecuária moderna.

Fonte: censo agropecuário 2006


Estrutura Fundiária
Mato Grosso
Segundo o Censo Agropecuário 2006 (BRASIL, 2009), Mato
Grosso era ocupado por 86.167estabelecimentos de agricultura
familiar camponesa, em 4.884.212 ha, e por 26.811
estabelecimentos não familiares, distribuídos em um espaço de
42.921.302 ha.

Fonte: censo Agropecuário 2006


Órgãos Regulamentadores
INCRA
Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária

MDA
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Órgãos
Regulamentadores
Intermat

O Intermat é responsável pela política de


assentamentos do Estado de Mato Grosso.
A Diretoria Agrária, criada pela Lei
Complementar n.º 36/1995, atua na gestão e
no desenvolvimento dos assentamentos
rurais e no apoio social aos assentados
rurais. Existem 122 assentamentos de
responsabilidade do INTERMAT, todos
eles e mais os(as) trabalhadores(as) rurais
assentados(as) integram o Sistema de
Informações de Projetos de Reforma Agrária
– SIPRA – e têm direitos a créditos via
Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar
Órgãos Parceiros
Sefaz MT – Atua Diretamente na Regularização Fundiária
Sema MT – Atuante no Processo de preservação do meio Ambiente
Secretaria de Estado de Agricultura familiar – Desenvolve Projetos e
gestão de pessoas ligadas ao campo e Agricultura familiar
Ministério Público Do Estado de Mato Grosso- Atua na defesa e
posse legal das terras defendendo os direitos a jus constitucional
DESENVOLVIMENTO AGRáRIO
Mato Grosso

“A importância do agronegócio em Mato Grosso”, mostra que no


estado a característica central do agronegócio é o seu
caráter patronal, baseado na grande propriedade e na plantation
voltada para a exportação.
O estado utiliza insumos de ponta e tecnologia de última
geração.
Os movimentos sociais do campo
Apesar de haver as mais variadas siglas, os movimentos sociais
do campo constituíram-se, historicamente, a partir de duas
principais frentes: as Ligas Camponesas, entre as décadas de
1940 e 1960, e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), criado na década de 1980.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/movimentos-sociais-campo.htm
Os movimentos
sociais do campo
Números do MST em Mato Grosso

• Desconcentraram mais de 200 mil


hectares de terra.
• De 18 mil a 20 mil pessoas vivem hoje
assentadas em MT em áreas onde
antes não viviam mais do que 200
pessoas, se juntarmos tudo.
• De todas as escolas que existem em
assentamentos do MST, 10% estão em
Mato Grosso

Fonte: Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal do Estado


de Mato Grosso 2012
https://sindjufe-mt.jusbrasil.com.br/noticias/2285811/15-anos-de-mst-
em-mato-grosso-conheca-um-pouco-mais-de-historia
Os movimentos
sociais do campo
MST em Mato Grosso

A primeira ocupação do
movimento no estado foi
realizada em 14 de agosto
de 1995, na improdutiva
fazenda Aliança, em Pedra
Preta, região sul de MT.
Conflitos Agrários e Fundiários
A luta pela terra, a violência dos proprietários fundiários e a
parcialidade do Estado no conflito agrário, pela criminalização
da questão agrária, indicam a continuidade do processo de
dilaceramento da cidadania no campo, mas revelam também o
vigor das lutas agrárias.
REFERÊNCIAS
• Uma leitura da questão agrária em
Mato Grosso
Paulo
Girardi https://journals.openedition.org/confins/10446
www.imea.com.br
www.intermat.mt.gov.br

Você também pode gostar