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em que as três secretarias do MDA que foram delegadas ao PT, foram divididas entre equipes
e representantes de movimentos sociais e sindicais concorrentes entre elas ou ligadas a
correntes diferentes do partido. Na divisão, a Secretaria de Reordenamento Agrário – SRA
para a CONTAG, A Secretaria de Agricultura Familiar para a Federação dos Trabalhadores
da Agricultura Familiar e o INCRA para o MST e Secretaria do Desenvolvimento Territorial
para às cooperativas da agricultura familiar.
Ainda que benéfica essa divisão po
Como os camponeses estavam a mais tempo naquelas terras, isto gerou uma revolta
camponesa que ocasionou no tensionamento no conflito existente e desencadeou na
mobilização pela terra.
A condição para o não cultivo da mandioca, era dada por conta da criação de gado do
fazendeiro. Os camponeses mais antigos do assentamento, relatam que o cultivo do arroz,
feijão e milho não demorava até a colheita, por isso era permitido, já o da mandioca é
demorado, varia de 10 a 20 meses. O gado era criado solto e o fazendeiro, não se
responsabilizava pela destruição das roças, e para que isto não ocorresse, o fazendeiro cedia,
arame farpado para os camponeses cercarem as roças. Ressalta-se que era proibido aos
camponeses comprarem arame, somente podia ser usado o arame cedido pelo proprietário,
ainda assim, haviam casos em que o gado invadia os cercados. Este processo caracterizou o
primeiro conflito dos camponeses com o ex-proprietário, “roça x gado”.
Segundo Almeida e Mourão (2017), este tipo de conflito é característico do latifúndio
tradicional, que do ponto de vista jurídico,
Após a incorporação das terras pela fazenda, os camponeses passaram a trabalhar para o
fazendeiro, o qual permitia a produção de roça pelos campônios. Nesta comunidade, havia a
presença de três homens, a serviço do proprietário, encarregados de vigiar as ações das
pessoas ali residentes, devido às restrições impostas pelo fazendeiro.
Com a territorialização da fazenda São Bartolomeu, as terras, que antes eram usadas
pelos camponeses para a produção de cultivos de subsistência, passaram a ser de uso
exclusivo do agropecuarista proprietário. Além da comunidade Centro dos Carneiros, era
permitido a produção de roças para comunidades camponesas localizadas no entorno da
fazenda1, esses últimos, camponeses foreiros, pois trabalhavam em regime de pagamento de
renda2. A permissão do proprietário para o cultivo da roça, visava a derrubada da mata, que
após a colheita da roça dos camponeses, semeava o capim.
Como as contradições antigas se manifestam nas áreas novas, a frente de expansão que
se instalou, na década de 1950, onde hoje está situado o assentamento São
Bartolomeu/Luzilândia, tempos depois, após a abertura das matas realizadas pelos campônios
e valorização das terras, devidos as construções de rodovias (BR-316 e BR-222), foi
alcançada pela frente pioneira, chegou a figura do grileiro, cercou e vendeu a propriedade,
como o camponês
1
Trabalhavam em regime de pagamento de renda as comunidades Sapucainha, Sumaúma, Francilina, Três
Satubas, Campo Novo, Pucunzal, Centro do Antonio Branco, Panela Furada e outras
2
O pagamento da renda era alto, segundo os relatos, o camponês tinha que pagar com a produção, no caso do
arroz, 105kl por linha plantada.
Ao se referir sobre a frente de expansão agrícola da Pré-Amazônia Maranhense, Arcangeli
(1987), afirma que ela se constituiu de uma economia camponesa não capitalista e não
homogênea, que se diferencia conforme a relação dos produtores, com seu principal meio de
produção, a terra. Para o autor, três categorias de produção não capitalista estão presentes em
todo o Maranhão, são elas:
a) pequenos produtores proprietários, que adquiriram título propriedade da pequena
gleba que trabalham; b) pequenos produtores arrendatários (ou “foreiros”), que
trabalham em terra alheia, de terceiros, aos quais pagam a renda fundiária, ou em
dinheiro produto ou em trabalho; c) pequenos produtores posseiros, que ocupam
terras devolutas, livres e que, em sua atividade produtiva, apresentam grande
mobilidade espacial (ARCANGELI, 1987, pp. 113-114)
Isto pode ser evidenciado pelos nomes dos municípios que constituem a microrregião
do Pindaré, dos quais citamos como exemplo: Santa Inês (antiga Aldeia dos Pretos), Santa
Luzia, Lagoa Grande do Maranhão, Brejo de Areia, Centro dos Boas (atual Vitorino Freire),
Governador Newton Bello.
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A origem da estrutura agrária maranhense está inserida no processo de ocupação da
região Nordeste do Brasil. Nesse estado, a expansão da monocultura da cana-de-açúcar e
pecuária extensiva, constituíram-se nas atividades que incorporaram enormes extensões de
terras, no contexto do desenvolvimento do capitalismo comercial. Desse processo, resultou na
atualidade uma estrutura agrária extremamente concentrada, na qual o movimento do capital
se expande vorazmente, monopolizando o território.
O Maranhão, é o estado brasileiro com o maior número de conflitos pela terra no
período contemporâneo. Os conflitos que ocorrem no estado, estão historicamente atrelados
ao movimento do capital que se expande por todo o território. Para entender o cenário atual
conflitivo do Maranhão, retornaremos à década de 1970, para compreender os eventos que
ocorreram na história do estado e que refletem sua realidade hoje. Importante salientar que a
atuação do Estado do Maranhão nessa década, deve ser compreendida no contexto da política
de segurança nacional do regime militar, que oferecia condições favoráveis para a reprodução
do capital no estado.
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A origem da estrutura agrária maranhense está inserida no processo de ocupação da
região Nordeste do Brasil. Nesse estado, a expansão da monocultura da cana-de-açúcar e
pecuária extensiva, constituíram-se nas atividades que incorporaram enormes extensões de
terras, no contexto do desenvolvimento do capitalismo comercial. Desse processo, resultou na
atualidade uma estrutura agrária extremamente concentrada, na qual o movimento do capital
se expande vorazmente, monopolizando o território.
O Maranhão, é o estado brasileiro com o maior número de conflitos pela terra no
período contemporâneo. Os conflitos que ocorrem no estado, estão historicamente atrelados
ao movimento do capital que se expande por todo o território. Para entender o cenário atual
conflitivo do Maranhão, retornaremos à década de 1970, para compreender os eventos que
ocorreram na história do estado e que refletem sua realidade hoje. Importante salientar que a
atuação do Estado do Maranhão nessa década, deve ser compreendida no contexto da política
de segurança nacional do regime militar, que oferecia condições favoráveis para a reprodução
do capital no estado.
Importante frisar que no Maranhão, na década de 1970, nas áreas de ocupação antiga,
relata Mattos Junior (2010), que havia uma convivência “harmoniosa”, entre grandes
proprietários fundiários e trabalhadores rurais. Os fatores responsáveis por essa convivência
“harmoniosa”, segundo o autor, destacam-se: as relações de compadrios entre os proprietários
de terras e camponeses; desconhecimento da legitimidade da posse das terras pelos posseiros;
índices de analfabetismo elevados; e a falta de uma organização representativa no campo. A
comunidade Centro dos Carneiros, de certa forma, vivia dentro da propriedade da Fazenda
São Bartolomeu, por tanto, existia uma certa convivência “harmoniosa” com o proprietário.
Ressalta-se ainda que na década de 1980, tanto os Sindicatos de Trabalhadores Rurais
como a Igreja, por meio de denúncias contra proprietários de grandes extensões de terras e
mobilização de massas camponesas para reivindicar um pedaço de terra, foram essenciais na
luta contra o movimento do capital. É nesse contexto, que a Paróquia de Vitorino Freire vai
articular os camponeses da
Andrade (1991) nos levou a compreender como os fazendeiros usavam a solta do gado nas lavouras
de arrendatários, posseiros e pequenos sitiantes, a fim de expulsá-los da área. Essa prática era usada
como forma de coerção para que desanimassem e viessem a abandonar as terras de onde retiravam
a sua subsistência.
Entre as décadas de 1940 a 1970, segundo Mattos Júnior (2010), havia uma
convivência “harmoniosa”, entre grandes proprietários fundiários e trabalhadores rurais. Os
fatores responsáveis por essa convivência “harmoniosa”, segundo o autor, destacam-se: as
relações de compadrios entre os proprietários de terras e camponeses; desconhecimento da
legitimidade da posse das terras pelos posseiros; índices de analfabetismo elevados; e a falta
de uma organização representativa no campo. Para Mattos Júnior (2010, p. 96)
É a partir das insatisfações com o pagamento da renda, dos conflitos e expulsão dos
trabalhadores rurais das áreas que já eram ocupadas por seus familiares que se
verificou o processo de articulação para a desapropriação de áreas e criação dos
assentamentos rurais. Enfatiza-se que é na década de 1980 que se tem um
incremento no número de denúncias feitas pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais
contra proprietários de terra e há a mobilização dos trabalhadores feita pela Igreja e
pelo próprio sindicato para iniciar o diálogo com o INCRA com o objetivo de forçar
a desapropriação das áreas em litígio.
A discussão presente no capítulo, parte das narrativas feitas por moradores das
comunidades Centro dos Carneiros, Alto Brasil, Brejo das Flores e Farusa, as quais
comparadas à bibliografia consultada, permitiu a interpretação que subsidiou esta escrita
acadêmica.
Entre os entrevistados estão
Na comunidade Brejo das Flores, o antigo e o atual presidente da associação de
moradores, além de outros camponeses da comunidade
Na comunidade Centro dos Carneiros, moradores da comunidade, entre eles, dois que
participaram do processo de constituição do assente