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AS OLIGARQUIAS TOCANTINA NOS CASTANHAIS DA REGIÂO

Arão Marques da Silva .

A cidade de Marabá desde os primórdios da colonização foi um centro


articulador de atividades econômicas e atraiu muito comerciante e aventureiro,
que buscavam por aqui enriquecimento fácil, primeiramente, com o extrativismo
do caucho e da castanha, com a pecuária, e o extrativismo mineral de
diamante e cristal nos rios Tocantins e Araguaia, e na atualidade, com a
exploração da maior jazida de minério no mundo na serra dos Carajás.
Durante muito tempo a região ficou esquecida devido aos acidentes
geográficos existentes nos rios Tocantins e Araguaia. Somente no século XIX
que a região começou a passar por um processo de ocupação. E o governo do
Estado que já desejava dilatar a ocupação para a além de Alcobaça (atual
Tucuruí) e teve a oportunidade de promove-la através da implantação de uma
colônia agrícola nas proximidades da foz do rio Itacaiúnas. O Burgo Agrícola do
Itacaiúnas foi, na verdade, uma tentativa oficial de ocupar o Sudeste Paraense
a partir da agricultura. A ocupação da região começa a se consolida com o
extrativismo e com a busca por campos naturais para a criação de gado
bovino. Vale ressaltar que todas as tentativas no sentido de encontrar os tais
campos naturais fracassaram. A partir da descoberta do caucho e do início da
exploração no Sudeste Paraense, a ocupação da região vai se intensificando
cada vez mais em decorrência da grande quantidade de pessoas que se
deslocam para cá em busca de possibilidades de melhoria de vida. No boom
da borracha a produção tocantina de caucho ainda era modesta. Isso devido a
vários fatores como: à distância das árvores de caucho em relação a
seringueiras e a dificuldade de navegação nos rios Araguaia e Tocantins
imposta pela geografia da região.
Com a crise na economia da borracha, no início do século XX, a região do
Sudeste Paraense, passa agora, a se destacar com uma produtora de
castanha, e isso já partir da segunda década do século XX, vários pessoas
ocuparam a região a fim de trabalharem com o extrativismo da castanha. Ao
contrário do que ocorreu no restante da Amazônia que estava passando por
uma crise econômica, isso em decorrência dos seringais asiáticos, dos ingleses
ofertarem borracha com um preço bem menor do que os preços da borracha
amazônica, a cidade de Marabá faz uma transição rápida para o extrativismo
da castanha. A extração da castanha utilizou na região os mesmo moldes do
extrativismo da borracha. Sendo que uma década após a crise na economia da
borracha, Marabá já havia se transformar no maior exportador mundial de
castanha. A extração da castanha foi um dos fatores responsáveis para
promoveu a ocupação da região, tanto por famílias de posseiros, como por
comerciantes e aventureiros que se descoloram para cá com os mais variados
objetivos.
Os comerciantes que ocuparam a região se articularam com aos políticos da
capital a fim de se apropriarem das terras públicas onde havia grande
concentração de castanhais. Uma destas pessoas foi Deodoro de Mendonça
que através de negociatas escandalosas se apropriou dos maiores castanhais
da região no início da década de 1920. Deodoro de Mendonça, juntamente com
sua família foram aforando os castanhais com o apoio do governo do Estado. O
Estado não tendo como demarcar os aforamento as oligarquias da castanha,
passa a utilizar os acidentes geográficos para delimitar as áreas aforadas, isso
no futuro acabou promovendo o conflito pela posse das sobras das áreas
aforadas, pois as oligarquias afirmavam que as sobras dos castanhais eram
suas, enquanto isso os posseiros marginalizados ocupavam esses espaços e
ali faziam roçados.
Em Marabá, de 1920 até o final da década de 1970, as pessoas que podiam
extrair castanha, tanto em castanhais públicos, ou do povo, como, também,
podiam vender sua mão-de-obra a dono de grandes castanhais, que através do
sistema de aviamento, extraiam castanha na região. A extração da castanha
promoveu a principio a ocupação sazonal da região. Muitas dos atores sociais
que vinham trabalhar nos castanhais acabaram se fixando por aqui. Outros
foram se apropriando de terras e se transformando em posseiros. As famílias
de posseiros que foram se fixando na fronteira Amazônica de forma
espontânea e aqui foram se reproduzindo socialmente e construíram vínculos
com as pessoas e com o novo lugar.
Com relação às oligarquias que foram surgindo na região a partir da
apropriação de castanhais e da criação de gado boi, os membros da família
Mendonça detiveram da década de 1920 até a segunda metade da década de
1950 poder político e econômico. Neste período o monopolizado do político
regional estava com a família Mendonça. Essa família era carismática,
enquanto a família Mutran se destacava pelo uso da violência simbólica e
física. O carisma, juntamente, com as negociatas políticas possibilitou a família
a sua manutenção no poder por três décadas. Vale lembrar, que os
governantes estaduais na tentativa de manter seus currais eleitorais concedias
as oligarquias regionais poder político e econômico, e isso é um dos fatores
que favoreceu a manutenção da família na prefeitura de Marabá durante este
período. Já a família de sírio-libanês Mutran, só vai conseguir ganhar uma
eleição para prefeito em Marabá, quando Zacarias Assunção é governo do
Estado. Zacarias Assunção começa a desarticular as oligarquias comanda
pelos Mendonça ao apoiar a família Mutran para prefeito de Marabá em 1956.
Com a eleição de um Mutran para prefeito de Marabá, os Mendonça foram
perdendo visibilidade política e social na região, enquanto isso, os Mutran vão
se apropriando as terras públicas através dos aforamentos perpétuo que o
Estado estava concedendo aos seus aliados políticos.
O governo do Estado, numa tentativa de aumentar a produção de carne na
região para ser fornecida aos moradores da capital incentiva a derrubada de
castanhais para o plantio de capim e a criação de gado boi. O grupo Mutran,
neste período, juntamente com as principais oligarquias da região vai
destruindo os castanhais e plantando capim. Na verdade, a economia da
castanha foi se articulando com a pecuária, de tal forma que os castanhais
foram sendo transformados em grande de fazenda de gado bovino.
Com relação, aos posseiros que estavam ocupando a região entorno da cidade
de Marabá, vale destacar, que parte deste campesinato encontrava-se
submetido ao domínio dos donos dos castanhais, através do sistema de
aviamento que explorava os extratores da castanha de tal forma, a ponto do
castanheiro ao final da safra não conseguir quita a dívida do barracão, tendo
que continuar trabalhando para o dono do castanhal em outras atividades com
a limpeza de pasto, dentre outras.
O sistema de aviamento, juntamente, com as fraudes na medida do hectolitro
foi um dos principais mecanismos utilizados pelos comerciantes de castanha
em Marabá. O castanheiro trabalhava durante a safra no castanhal enquanto
que a família ficava na cidade sendo fornecida pelo dono do aviamento ou
castanhal. Na verdade, o dono do castanhal viola o direito de liberdade do
castanheiro, tornando objeto de exploração. No sistema de aviamento o
trabalhador fica preso à dívida construída no barracão. Existe nesta forma de
exploração uma relação paternalista de exploração. As relações de exploração,
neste caso, se estabeleciam nem sempre apareciam em sua forma real; eram
mediatizadas por relações de caráter paternalistas, especialmente as que se
davam entre o dono de castanhal e encarregados.
Conforme Emmi, (1999; p.74) as relações entre donos de castanhal e
castanheiros vitimas maiores da exploração e subordinação é mais evidente do
que a exploração que o encarregado do castanhal e dono barracão sofre.
Havia em parte passividade do castanheiro em relação à exploração, pois
alguns roubavam a castanha para vender ao dono de outro castanhal, no
enfrentamento direto com os homens do patrão de onde resultaram freqüentes
mortes, também havia àqueles que fugiam após receber o aviamento.
Como vimos, o sistema capitalismo no Sudeste Paraense e na Amazônia
apropria-se de práticas paternalistas para explorar com maior intensidade os
homens e mulheres que se submetiam a extrativismo da castanha. O
paternalismo juntamente com o sistema de aviamento foi os meios que a
empresa extrativa utilizou nas relações de trabalho para se apropriar e explorar
a castanha, promovendo, com isso, o enriquecimento de uma pequena minoria
de comerciantes e políticos locais. O domínio do sistema capitalismo sobre o
Sudeste Paraense possibilitou o desbravamento dessa região e a submissão
dos homens e mulheres a exploração e o enriquecimento rápido das
oligarquias dos castanhais na região.
Percebe-se, portanto que o trabalhador fica submetido ao sistema aviamento a
ponto de a força de o seu trabalho ser suficiente apenas para pagar a
alimentação. Em alguns casos os trabalhadores não conseguem pagar sua
dívida fictícia , pois aquele produto que custa um determinado preço no
mercado ao ser repassado ao castanheiro, é repassado por um preço até cinco
vezes maior. O castanheiro é um indivíduo que se caracteriza pela sua extrema
pobreza e impossibilidade de melhorar de vida, tendo em vista que este aluga
sua mão-de-obra ao dono do barracão que passa a abastecer este enquanto
está no castanhal. Quando chegar ao final da safra o saldo do castanheiro na
maioria das vezes é irrisório, quando não fica ainda devendo ao barracão, e
que portanto, na próxima safra precisa retornar para quita sua dívida. A dívida
era contraída a partir da compra de farinha de mandioca, carne seca, sal, café,
açúcar, munição, pilha de lanterna, fumo e fósforo. Com vimos esses produtos
e gêneros alimentícios eram que possibilitavam a sobrevivência dos
castanheiros enquanto estes permanências nos castanhais, além disso, a caça
e a pesca de animais complementavam o cardápio.
Vale notar, que historicamente para o sistema capitalismo o trabalhador deve
receber pelo seu trabalho apenas o suficiente para atender as necessidades
básicas, sendo que esta ética foi utilizada por aqueles que detinham o poder
político e econômico na região. Dentro desta dominação capitalista imperou a
pauperização do castanheiro, isso devido às relações produções existente na
região, apoiada numa superestrutura, para então, desenvolver o processo de
exploração do homem pelo homem. Esses são alguns dos mecânicos
utilizados pelos donos do poder na região.
Com relação às terras da região, vale lembrar que até 1950, o domínio sobre
as terras de Marabá resultado um quadro fundiário que poderia ser
apresentado da seguinte forma: terras dos índios e de posseiros, ambas em
continua redução, e latifúndios dos exploradores da castanha, em expansão. A
propriedade da maior parte das terras acessíveis manifestava e ao mesmo
tempo sustentava então o domínio político das oligarquias locais. Nos anos
1960, a oligarquia da castanha pôde exercer o poder econômico e político de
maneira absoluta, nas décadas de 1970 e 1980 vão aparecendo sintomas de
sua decadência como grupo dominante.
A oligarquia da castanha que até a década de 1970 detinha cerca de 80% das
terras no Sudeste Paraense, vinham desmatando e transformando os
castanhais em pastagem para o plantio de capim, tendo em vista que os
castanhais aforados pelas oligarquias, haviam sido apossados definitivamente
através do recebimento do título definitivo e os posseiros não tendo aonde se
fixarem começaram a ocupar as propriedades das oligarquias da castanha,
isso tem provocando intensos conflitos na região pela posse de terras, além da
morte de camponeses sem terra.
A região em torno da cidade de Marabá é o lugar onde há mais conflito pela
posse da terra, isso devido à concentração fundiária existente por aqui. Vale
lembrar que o posseiro na Amazônia é um sujeito que não possui o documento
da terra. Ainda sobre a ocupação e apropriação de terras no Sudeste
Paraense, os posseiros desempenham o papel de prepara a terra para o
fazendeiro que depois de um certo tempo consegue o título da terra,
geralmente, de forma fraudulenta e expulsam os posseiros da propriedade.
Isso muitas das vezes com a ajuda da policia. (Petit, 2003, p. 206-207).

A partir da colonização oficial na década de 1970, as políticas governamentais


para a ocupação da região, objetivavam em parte, tirar o campesinato regional
da marginalidade e ofertar a ele a oportunidade de se estabelecer na terra. O
início da década de 1970 é marcado pela Guerrilha do Araguaia e pela
transformação da região em Área de Segurança Nacional. A ação do Estado na
região através da construção da BR 230 e de outras rodovias, e mais ação do
Exercito na repressão do movimento guerrilheiro, e mais os projetos de
colonização das margens das rodovias e a implantação do Programa Grande
Carajás, fez com que novas oligarquias começassem a emergir na região.
O domínio da bipolaridade das famílias Mendonça e Mutran exercida na região
no período de 1920-1970 é substituído, agora pela a intervenção do Estado
através da nomeação do administrador municipal. As oligarquias regionais a
partir começaram perder visibilidade social e política, no período que vai de
1970 a 1985, sendo que com a redemocratização do Brasil a família Mutran
volta á prefeitura de Marabá e passa a governar a cidade com mão-de-ferro.
Segundo Petit, (2003, p. 192-197) a família Mutran é de origem sírio-libanês e
vieram para Marabá no final da década de 1920. Em Marabá, começaram a se
destaca pelo envolvimento com comercio de transporte, principalmente, de
castanha. Na década de 1950, quando Zacarias Assunção, através da lei nº.
913, que cria o aforamento perpétuo os Mutran, que eram a oligarquias que
estava ascensão que mais se beneficiou com essa medida. Vale lembrar, que
os governantes estaduais anteriores, tomaram medidas burocrática a fim de
favorecer seus aliados políticos regionais, como a família Mendonça em
Marabá. Dionísio Bentes e Magalhães Barata são exemplo disso, pois através
concederam aos seus aliados políticos da Família Mendonça em Marabá, título
de castanhais, concedendo a estes poder econômico e político na região.
Durante o governo de José Malcher (1937-1945) os Mendonças se aliam ao
governo e passam a fazer oposição a Barata, isso para se manter ativo no
cenário político regional. Quando Barata retorno ao governo do Estado (1945-
1954), a oligarquia comandada pela família Mendonça já encontrava-se em
declínio. E quando Zacarias Assunção elege-se governador do Estado passa,
agora a favorecer os emergentes Mutran que conseguem depois de várias
tentativas elege-se prefeito em Marabá.
Os Mutran se mantiveram no poder até a década de 1970, quando a região do
Sudeste Paraense foi transformando em área de segurança Nacional e os
prefeitos eram indicados pelos militares. Vale lembra, que neste período quem
ganhavam as eleições em Marabá os aliados das oligarquias regionais,
principalmente, quem os Mutran apoiavam. A guerrilha do Araguaia
responsável pela transformação de Marabá em área de Segurança Nacional e
da perda de poder político da família Mutran, mesmo em parte, pois logo após
a redemocratização do Brasil eles retornam para a política e passavam a
governar o sudeste Paraense com mão-de-ferro.
Segundo Petit, (2003, p. 2001-2002) de 1970-1985, período em que Marabá foi
declarado área de Segurança Nacional e os prefeitos eram nomeados pelos
generais, começou a emergir novas oligarquias regionais, e que agora, a
família Mutran tinha que reconquistar seu espaço social com os filhos da
Ditadura com Haroldo Bezerra, que foi prefeito nomeado pelos militares.
O presidente José Sarney no IV congresso da Contag, realizado em
26/03/1985 para 5mil camponeses afirmou através do (PNRA) Plano Nacional
de Reforma Agrária que iria assentar em 10 anos 12 milhões de famílias
camponesas. O discurso do presidente não agradou o PFL e os grandes
proprietários de terra do País, imediata criaram UDR (União democrática
Ruralista) isso uma reação a proposta do governo de fazer a reforma. A UDR
fez oposição as CUT, CGT MST, à parte da Igreja e sindicatos, além de fazer
pressão na votação da Constituição em 1988. A UDR passou a financiar
milícias armadas para eliminar posseiros, além de promover propaganda nos
meios de comunicação de massa com os movimentos sociais e promover a
violência no campo. Em 1987 a UDR estava presente em 19 estados da
Federação e contava com 200organizações aliadas, 60 deputados federais e
250 mil membros e a direção nacional, desta instituição residia em
Parogominas. Na região do sudeste Paraense, a UDR, através do antigo
sindicato dos Produtores e Exportadores, têm promovido a violência, contra
posseiros, padres, lideranças sindicais e políticos locais que apóiam a luta
camponesa. (Petit, 2003, p. 208-213).
A partir da segunda metade da década de 1980, com a redemocratização do
Brasil, os atores políticos regionais se articulam e formam aliança para disputar
as eleições regionais. Em 1985 Marabá deixa de ser área de Segurança
Nacional e na eleição para prefeito no ano seguinte Hamilton Bezerra (PMDB)
derrota Vavá Mutran (PDS), isso devido com o apoio do governador Jader
Barbalho, boa parte das lideranças camponesas e movimentos sociais. Na
eleição seguinte Nagib Mutran Neto e Guido Mutran são eleitos prefeito e
vereador em Marabá. Dois anos depois Vavá Mutran é eleito deputado
estadual. Nagib Mutran neto teria sido eleito prefeito em Marabá, por ser jovem
e médico e pela administração de Hamilton Bezerra ter sido um desastre. De
qualquer maneira, vale notar, que em 1985 a juíza de Marabá era casada com
Osvaldo Mutran Junior. Essa representante do judiciário concedia favores e
privilégios a família Mutran, além da UDR, através do Sindicato Rural de
Marabá, financiar através de leilão de gado as eleições para a família Mutran.
O PMDB regional, através de Jader Barbalho, quando estava no Mirad
desapropriou e pagou em dinheiro 58 castanhais para fim da reforma agrária,
sendo parte destes imóveis eram do grupo Mutran que utilizou uma parcela
deste recurso para financiar a campanha. No entanto, há controvérsia em
relação ao apoio de Jader Barbalho nas eleições de 1988, segundo o vereador
Maurino Magalhães, não houve apoio do Jader Barbalho aos Nagib Mutran,
agora, segundo Haroldo Bezerra, os Nagib Mutran ganharam a eleição, por que
Jader teria apoio. (Petit, 2003, p. 214-217).
Em 1990, quando Jader Barbalho retorna ao governo do Estado com o apoio
do grupo Mutran que era o maior exportador de castanha, uma das primeiras
medidas que toma é reduzir de 13% para 2,6% o ICMS da castanha. Em 1992
o deputado estadual Vavá Mutran é cassado, depois de ter sido inocentado
pelo assassinato do fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda Daniel Lira
Mourão. Mesmo cassado, mais com o apoio de Jader Barbalho e da juíza
Ezilda Pastana, Vavá Mutran fazia e acontecia. O PSDB de Haroldo Bezerra,
em 1992 faz aliança com o PL, PFL, PST formando a frente anti-Mutran e
derrota Plínio Pinheiro Neto, candidato que os Mutran apoiavam. Em 1996, os
senadores, José Sarney e Jader Barbalho do PMDB realizaram um grande
comício numa tentativa de eleger novamente um Mutran a prefeito de Marabá,
mais a aliança formada pelo PFL sae vitoriosa elegendo o médico Geraldo
Veloso. Mesmo não tendo ganhado a eleição, quatro peemedebistas foram
eleitos vereadores, sendo que dois eram Mutran. A candidata Cristina Mutran
ao executivo municipal, teve a segunda maior votação, ficando muito a frente
do candidato do PT. (Petit, 2003, p. 218-220).
Portanto, na atualidade, o que tenho observado é que a família Mutran tem
perdido visibilidade política e social, isso devido o surgimento de novas
oligarquias regionais e ao seu histórico de violência sobre a população
regional. Os Mutran, juntamente, com outras oligarquias perderam o monopólio
político e econômico, que detinha tanto sobre as terras da região, assim como
sobre uma parcela da população. As mudanças ocorridas na região em
decorrência da emergência de novos atores políticos é que possibilitou a
fragmentação e a perda de visibilidade social, política e econômica da família
Mutran no Sudeste Paraense. Na atualidade, a administração pública da cidade
de Marabá é exercida por um grupo que utiliza todos meios necessários para
se manter no poder.

Bibliografia:

Emmi, Marilia Ferreira. A oligarquia do Tocantins e domínio dos castanhais.


Belém: UFPA/NAEA, 1999.
PETIT, Pere. Chão de promessas: elites políticas e transformações
econômicas no estado do Pará pós-1964. Belém, Paka-tatu, 2003. (p. 185-
248).

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/as-oligarquias-


tocantinas-nos-castanhais-do-sudeste-para/49176/#ixzz3DU96tgmz

Amazônia: Reminiscências das terras dos castanhais, por Rogério


Almeida

Publicado em março 21, 2006 por Redação


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Houve um tempo em que os castanhais das terras do Araguaia-


Tocantins1 foram livres. Os rios configuravam as principais vias de
transporte. Os dias reinaram assim até o ano de 1920 do século
passado. Na época a Amazônia respirava o ocaso do ciclo do
extrativismo da borracha. O Comércio dos irmãos Chamom fazia o
aviamento2 nos municípios de Marabá e Tucuruí (na época Alcobaça),
sudeste do Pará. Desta forma era ativado o extrativismo da
castanha3.

Enquanto cabia as empresas Bittar irmãos, Dias & Cia, Nicolau da


Costa e A Borges & Cia, entre tantos, a empresa em Belém. Europa e
Estados Unidos foram o destino da produção. Explica a pesquisadora
Marília Emmi, na obra, A Oligarquia do Tocantins e o Domínio dos
Castanhais.
Até então os índios gavião e seus sub grupos(krikateje, parketeje e
akrikateje), bem como, kaapor, xicrin, atikum, guajajara, suruí, entre
outros povos, eram os senhores do lugar. Ainda que o estado viesse
a declarar durante o regime militar a porção de terras um vazio
demográfico. Trabalho escravo, mandonismo e clientelismo davam
contorno ao poder dos coronéis.

Conforme pesquisa de Emmi, o comerciante e político Deodoro de


Mendonça e sua parentela hegemonizam no domínio dos castanhais
até 1940. No período aportaram na região descendentes de sírios-
libaneses, família Mutran, oriunda do município de Grajaú, Maranhão,
que data da década de 1920. Já em 1930 arrenda e adquire várias
terras. Coube a empresa A Borges & Cia aviar a família.

Os municípios de Marabá e São João do Araguaia concentravam os


castanhais. Vários foram os mecanismos que transformaram terras
livres em terras de negócios. O domínio da terra refletia o poder
político baseado no tronco familiar.

O bom negócio residia na coleta e comércio da castanha. Através da


força, arrendamento e aforamento, as terras públicas foram
transferidas para o poder privado. Desta forma a família Mutran, a
partir de 1950, vai se configurar como senhora da vida e da morte de
muitos camponeses e coletadores de castanha. Na pesquisa de Emmi,
há indicadores que em 1960, a família chegou a ser detentora de
80% dos castanhais.

MUTRAN – A senhora dos Castanhais


Na paisagem das oligarquias dos castanhais, a dos Mutran se tornou
o de maior destaque. Tornaram-se notáveis na história da região pelo
abuso da violência. A condição de escravidão, ou modo similar de
submissão, continua a ocorrer nas terras do Araguaia Tocantins. O
modelo é apenas uma face das várias modalidades de violência que
povoam atmosfera da região. Mister em crimes impunes envolvendo
a luta pela terra. A primazia entre os mortos é de camponeses e seus
apoiadores.
São muitas as acusações de crimes que pesam nas costas do clã dos
Mutran. Assassinatos, corrupção na administração da prefeitura de
Marabá, manutenção de cemitérios clandestinos em “suas” fazendas,
submissão de trabalhadores rurais à condição de trabalho escravo.

Nas duas listas já divulgadas pelo Ministério Público do Trabalho


(MPT), constam três propriedades da família. As “listas sujas” do
trabalho escravo foram divulgadas nos anos de 2003 e 2004. As
propriedades são: Fazenda Cabaceiras, ocupada pelo MST desde 26
de março de 1999, a Fazenda Peruano, também ocupada pelo MST
em abril de 2004, e a Mutamba, onde o MST ocupou, mas não
conseguiu se manter. Sob força de liminar os nomes das fazendas
foram retirados nas listas. Desta forma o fazendeiro pode pleitear
financiamento público.

Na página www.repoterbrasil.com.br, a reportagem de Leonardo


Sakamoto, divulgada no último dia 30 de julho de 2004, denuncia
que a empresa Jorge Mutran Exportação e Importação Ltda., foi
obrigada a pagar a multa de R$ 1.350.440,00, por ter sido autuada
mais de uma vez por trabalho escravo em sua fazenda Cabaceiras,
em Marabá, sudeste do Pará. Trata-se da maior indenização a ser
paga no Brasil por um caso de redução de pessoas à condição
análoga a de escravo, à época. .

A reportagem de Sakamoto conta ainda que: “a sentença foi


expedida por Jorge Vieira, da 2ª Vara da Justiça do Trabalho de
Marabá, é o final de uma ação civil pública movida pelo Ministério
Público do Trabalho. Os réus aceitaram as determinações do MPT e o
juiz homologou a sentença. A ela não cabe recurso. A reportagem
apurou que, caso não tivesse sido feito um acordo, em caso de
condenação o valor da sentença poderia ser maior”. Os responsáveis
pela empresa citados no processo da Cabaceiras são os irmãos
Evandro (dono também da fazenda Peruano), Délio e Celso Mutran e
Helena Mutran

Sakamoto explica ainda que: “os bens dos citados foram


indisponibilizados pela Justiça. Se pagarem a indenização – o que
estava previsto para começar em 27 de agosto de 2004- eles serão
desbloqueados. O não pagamento acarretará em aumento do valor,
que passará a R$ 3.858.400,00.” A multa deveria ter sido paga em
18 parcelas.

A fazenda Cabaceiras mantinha cemitério clandestino. A denuncia


veio à tona em setembro de 1999, através de reportagem assinada
por Ismael Machado, publicada na revista Caros Amigos, São Paulo,
edição de número 30. A presença de cemitério clandestino na
fazendeira Cabaceiras foi realizada por uma testemunha de 64 anos,
que foi mantida no anonimato. O depoimento ocorreu no dia 21 de
julho na Procuradoria da República do Pará.

A Quincas Bonfim e Sebastião Pereira Dias (Sebastião da Teresona),


lendários pistoleiros da região, cabia a contratação de peões para a
derrubada da mata nativa e implantação de pasto. Além da
contratação de peões constava na rotina dos pistoleiros a eliminação
de desafetos e peões insubordinados. Conta a matéria de Machado
que pelo menos 40 homicídios ocorreram entre os anos de 1982 a
1989, a década de maior incidência de violência na região. Antes de
pertencer ao clã Mutran, a Fazenda Cabaceiras foi administrada pela
empresa Nelito Indústria e Comércio S/A..

No depoimento colhido pelo procurador Ubiratan Cazetta, são citados


como responsáveis pelas mortes ocorridas na Cabaceiras os Mutran,
Evandro, Osvaldo dos Reis Mutran, codinome de Vavá Mutran, Bené,
Guido e Junior. Os dois últimos chegaram a exercer mandatos de
vereadores em Marabá pela legenda do PMDB.

A testemunha que diz ter trabalhado na fazenda conta ter


presenciado as mortes. Ela narra que quando ocorria pagamento dos
peões, os pistoleiros faziam tocaia, pegavam o dinheiro, e traziam de
volta para o patrão. É daí que surge o nome de localidades próximas
aos castanhais batizadas com o nome sugestivo de some homi .

Um ancião explica que se tratava de tocaia para recuperação no


numerário dos trabalhadores dos castanhais, no caso dos que
recebiam a remuneração pela coleta. O dinheiro era tomado e os
peões encaminhados ao encontro com deus ou o diabo. Quem sabe?.

Nesses conformes as terras não estariam cumprindo a sua função


social da terra, como consta na Constituição Federal, posto a sua não
utilização natural, a produção, e o não respeito à legislação
trabalhista. O que faltaria para desapropriar?

No ano de 1987 o então ministro da reforma agrária Jader Barbalho


promoveu um processo de desapropriação de fazendas nas regiões
sul e sudeste do Pará. Na análise de pesquisadores das academias
locais e de além mar, há o consenso de que a desapropriação serviu
muita mais de socorro financeiro aos fazendeiros da região, que
respiravam dias de fragilidade econômica e política.

Os Mutran teriam sido os mais beneficiados. Ainda que a luta tenha


sido encaminhada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São
João do Araguaia, em Brasília ganhou outro contorno. Passadas
quase três décadas desde o que se convencionou chamar de
redemocratização, oligarcas ainda como Jader Barbalho, José Sarney
e Antonio Carlos Magalhães, ainda influenciam nos bastidores da
capital do país.

——-
VAVÁ- O CHEFE DA FAMÍLIA
Osvaldo dos Reis Mutran, vulgo Vavá Mutran foi julgado pelo Júri
Popular e absolvido no dia 24 de agosto de 2005, em Marabá, pelo
assassinato de uma criança de oito anos, David Ferreira Abreu de
Souza, crime ocorrido em 2002, Km 07, Nova Marabá. O garoto foi
morto com um tiro na cabeça quando jogava futebol em frente a uma
propriedade do assassino. Na ocasião populares provocaram uma
quebra-quebra na casa do chefe do clã.
A Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) atua no caso
como Assistência da Acusação do Ministério Público. No corolário de
impropérios cometidos pelo miliante de 73 anos, como se diz na
crônica policial, consta ainda a morte de um fiscal da Fazenda do
Estado, Daniel Lira Mourão, idos de 1990. .

Entre as décadas de 1950 até meados de 1980 tal notícia soaria


como galhofa no oco dos ouvidos dos chefes dos castanhais da
região.

O filho de Nagib foi prefeito nomeado de Marabá e deputado estadual.


Vavá é pai de dos filhos, Nagib Neto que foi prefeito de Marabá e
Osvaldo Júnior, vereador – casado com Ezilda Pastana, juíza em
Marabá. Vavá tem dois irmãos, Guido – com um filho ex- vereador
(Guido Filho) – e Aziz. Vavá e Nagib Neto tiveram os mandatos
cassados. Conta Sakamoro em reportagem. Júnior veio a morrer no
fim do ano passado quando brincava de roleta russa.

Por conta da execução do fiscal da Receita foi alvo de uma Comissão


Parlamentar de Inquérito, cassado do cargo de deputado estadual e
condenado a oito anos de prisão. Não cumpriu a pena integralmente.
Pelo crime cometido Vavá foi premiado com indulto (perdoado).
Mourão foi morto por não concordar em deixar o fazendeiro passar
gado sem registro, o que o livraria de pagar impostos. Já Nagib, o
filho foi cassado por corrupção na prefeitura e condenado a repor ao
erário público cerca de um milhão.

Sinais do fim?
Na memória política da região consta que era impossível a vitória em
um pleito eleitoral sem negociar com a oligarquia. Nos dias atuais os
sinais de fragilidade são latentes. No legislativo do município de
Marabá não possui nenhum assento. Já na alça estadual, perdeu o
único que tinha, Cristina Mutran, que veio a ser candidata a vice do
executivo municipal, ficando apenas em terceiro lugar no recente
pleito.
Se antes era normal a presença de representantes da família nas
páginas sociais, tem se tornado freqüente o nome da mesma em
manchetes desprovidas da pompa da “nata da sociedade”. A fazenda
Volta do Rio, localizada no município de Eldorado do Carajás, foi
desapropriada para fins de reforma agrária.

26 de Março- uma ocupação simbólica do Pará

A desapropriação da fazenda Cabeceiras por crime ambiental e


trabalho escravo chegou a ser comemorada nos dais 18 e 19, em
outubro de 2004. A festa para a comemoração do decreto assinado
pela presidência da República, numa segunda feira, 18, para a
desapropriação da Fazenda Cabaceiras, foi na Universidade Federal
do Pará (UFPA), Marabá, sudeste do Pará.

A propriedade em nome da Jorge Mutran Importação e Exportação


LTDA, com 9. 774 hectares, fica em Marabá. Guedes de Guedes,
coordenador da Secretaria de Desenvolvimento Agrário Nacional do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA),
representou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto,
que não participou do evento por motivo de saúde.
Pesaram a favor da desapropriação o uso constante de mão obra
escrava pelo pecuarista Evandro Mutran, reincidente no expediente, e
“dono” da área, que recebeu a maior multa no Brasil pelo uso de
trabalho degradante. A coordenação do MST comemora com
entusiasmo a conquista. Ainda mais por se trata de um clã
imortalizado na história do Pará pelo uso da violência contra
trabalhadores rurais, e apropriação de terras de forma ilegal.

Há sete anos, cerca de 350 famílias do MST (Movimento dos


Trabalhadores Rurais Sem Terra) mantêm parte da propriedade
ocupada. A ocupação ocorreu o dia 26 de março de 1999, quando da
passagem de ano de morte dos dirigentes do MST, Fusquinha e
Doutor, tocaiados por fazendeiros no município de Paraupebas. Lá as
famílias produzem e estudam. O assassinato dos dirigentes, como
muitos outros, ainda permanece impune. O MST e Comissão Pastoral
da Terra (CPT) planejam pedir a federalização do crime.

A desapropriação que se encontra sob Mandado de Segurança no


Superior Tribunal Federal (STF), foi distribuído em fevereiro do ano
passado para o Ministro Sepúlveda Pertence. O caso da fazenda é
inédito, avalia o presidente do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart. ‘É um processo mais
complexo, mas não é só saber [se a fazenda] produz ou não produz”,
afirmou Hackbart.

Para o Incra, pesou na desapropriação o ‘trabalho degradante” na


propriedade, os danos ao meio ambiente e a produtividade. (Folha de
São Paulo, 19 de outubro/2004).

PRODUÇÂO DOS SEM TERRA


Mesmo contra a maré podemos avaliar como significativa a produção.
No ano de 2004 o setor de produção do MST do Pará contabiliza que
o acampamento produziu o equivalente a R$ 853.323,00. Incluídas as
produções que os técnicos chamam de lavoura branca (arroz, milho,
farinha, fava, feijão, banana, mandioca, etc), criação de pequenos
animais e hortaliça.
Nesse portfólio a mandioca é o que responde com a maior produção,
seguido do arroz. Na criação de pequenos animais se destaca a
criação de frango, com cerca de mil bicos. No setor de hortaliça
abóbora e quiabo são os produtos principais. A expectativa é de
melhoria da produção, posto o investimento na formação de
assentados e ocupantes em cursos de agronomia (superior) e
técnicos agrícolas (médio).
No ano passado os moradores do acampamento, por ocasião da
passagem de mais um ano de luta, distribuíram parte da produção
numa feira de cem metros no BR -150, que fica em frente ao
acampamento. Ironia das ironias, a mesma do massacre de Eldorado
dos Carajás, prestes a completar a primeira década de impunidade.

Como manter o ânimo das 200 famílias que permanecem na área


ocupada ante as adversidades? Por conta de sua proximidade com o
município de Marabá, 35 Km, é alvo constante de pesquisadores da
região, de outros estados do Brasil e mesmo do estrangeiro. Suíços,
canadenses, franceses e americanos já visitaram a área. O lugar que
já conta com energia, possui até pequenas mercearias e quatro
templos religiosos. Um católico e três evangélicos.

A expectativa da produção para este ano não é boa. Os acampados


reclamam da fraqueza da terra. À cada dia do retardo do processo de
desapropriação, os lavradores são obrigados a lavrar terras mais
distantes do acampamento, onde também coletam ouriços da
castanha e cupuaçu. Nos quintais dos barracos os moradores já
plantaram acerola, cupuaçu, carambola, ameixa, banana e jaca. Uma
senhora ocupante teme um dia ter de sair do lugar.

*Rogério Almeida é autor do livro Araguaia-Tocantins: fios de uma


História camponesa/2006, mestrando do Núcleo de Altos Estudos
Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Colabora com a rede Fórum Carajás www.forumcarajas.org.br

1 A bacia do Araguaia-Tocantins banha três regiões do território


nacional: Norte, parte do Nordeste e Centro Oeste. Mede 813.674
Km2 e corta os estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Goiás, Mato
Grosso e parte do Distrito Federal. Dois biomas integram a bacia do
Araguaia -Tocantins, cerrado e a Floresta Amazônica, com predomínio
do primeiro. Para melhor compreender a disputa pela terra na região
sugiro a leitura da obra A Oligarquia do Tocantins e o Domínio dos
Castanhais, da pesquisadora e professora da Universidade Federal do
Pará (UFPA), Marília Emmi,1999.

2 Aviamento consistia no forma de poder dos comerciantes com os


coletadores de castanha. Os comerciantes adiantavam suprimentos
necessários aos dias de trabalho floresta, cabendo ao coletador a
venda obrigatória da castanha ao comerciante.

3 Castanha do Pará (Bertholletia Excelsa), é uma frondosa árvore.


Em remotos tempos, abundou em vários estados do Norte. É do
ouriço, o fruto, que se extrai a castanha.
Publicado no EcoDebate, www.ecodebate.com.br, 21/03/2006

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