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II – A FRENTE AGRÍCOLA

Há uma tendência a identificar o inicio do soerguimento econômico da


Amazônia com a construção da Belém-Brasília, os incentivos fiscais e a criação da
SUDAM. Trata-se de uma meia-verdade, pois nenhuma dessas medidas por si teria
efeito considerável, não fosse a existência de certas precondições que vinham
lentamente amadurecendo. As novas frentes iniciaram-se no final da década de 1930 e
se beneficiaram da ação governamental Marcha para o Oeste.

Por volta das primeiras décadas do século passado iniciou-se a penetração de


nordestinos no Maranhão, que avançou até Imperatriz. Moradores do Sudoeste do
Maranhão deslocavam-se para a região do Itacaiúnas, realizando a descida do Rio
Tocantins, de Imperatriz para Marabá. O padrão usual de ocupação consistia nos
indivíduos embrenharem-se na mata e escolherem um sitio considerado favorável, em
geral junto a um curso d’agua (igarapé) ou pequena lagoa: em terreno com barro,
considerado vantajoso para a lavoura e a criação de porcos, oferecendo, ainda, material
para a construção de casas. Estabeleciam-se com suas famílias e realizavam suas
queimadas. Quando houvesse um sitio considerado especialmente privilegiado, havia a
tendência à formação de um aglomerado. A medida que um aglomerado se expande,
transforma-se no local da primeira comercialização, podendo chegar a oferecer
rudimentos de instrução escolar para as crianças. A partir daí cria-se o centro, que é o
local onde se encontra a roça de um ou mais lavradores. Em 1951, Serafim Canafista da
Silva, maranhense que havia migrado para a região em 1929, se estabeleceu e um local
na região de Apinagés, onde encontrou algumas barracas abandonadas de castanheiros
junto a um igarapé, dano origem à localidade de São Domingos das Latas, que viria a
ser tornar o município de São Domingos do Araguaia.

Entre 1953 e 1963, a área de cultura e o volume de produção de arroz na região


duplicaram. Instalam-se em Imperatriz beneficiadores de arroz vindos e Sul criando-se
um importante eixo comercial Imperatriz-Anápolis. Outra corrente migratória surge na
região, com a chegada de pecuaristas baianos e goianos.

Com a construção da rodovia Belém-Brasília, abriu-se um ramal até a cidade de


Marabá, a PA-70, o que facilitou a chegada de fazendeiros de Minas Gerais, Bahia e
Espirito Santo à região.
VIII – A TRANSAMAZÔNICA

Em março de 1970 o governo federal anunciou a construção de várias rodovias


no território nacional, entre elas a Transamazônica, que tinha a função de ligar o
Nordeste ao Amazonas, passando pela cidade de Marabá. Em janeiro de 1972 a estrada
já tinha alcançado Altamira. Observa-se a enorme transformação ocorrida com o
advento da estrada. A principal impressão que fica da construção da Transamazônica é
que representa o coroamento do processo de quebra do isolamento da região. A médio
prazo a estrada pode oferecer condições de escoamento para a produção que poderão se
beneficiar todos os lavradores. Todavia, é bastante provável que a entrada de pessoas na
área vá suplantar de muito a capacidade de absorção, nos seus desdobramentos futuros,
pelo projeto do INCRA, que aparece como possivelmente inadequado em sua finalidade
declarada de absorver um contingente ponderável de mão-de-obra nordestina. Nas
regiões mais despovoadas da Transamazônica na direção do Xingu e adiante, os riscos
na aplicação da politica de colonização e a questão de terras podem ser menos evidentes
a curto prazo, mas acabarão por se revelar se não houve uma preparação adequada para
um povoamento de massas.

A abertura da Transamazônica favoreceu o desenvolvimento de municípios


como São Domingos do Araguaia, que apesar de não estar à beira da estrada, viu sua
economia crescer com a abertura da mesma, onde a construção de um ramal ligando a
sede do povoado à estrada incentivou a mudança de vários comerciantes do Apinagés
para lá. A abertura da Transamazônica constituiu-se no golpe de morte sobre a
navegação fluvial.

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