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RESUMO DO FICHAMENTO DE GOULART, JOSÉ A.

TROPAS E TROPEIROS NA FORMAÇAO DO


BRASIL, EDITORA CONQUISTA (1961)

INTRODUÇAO

 Goulart foca em seu estudo nas tropas de transporte de mercadorias. As tropas de


muares chucros foram relegadas a segundo plano.
 A tropa como um sistema e não como um meio de transporte.

CAPITULO 01

 Evasão rápida de todas as regiões brasileiras para a concentração na região das minas
 De 1705 a 1750, 800.000 pessoas passaram de Portugal para a Colonia (metade da
população do reiono)
 O reino receava que o ouro viesse a provocar ideias de independência no Brasil.
 Os homens que se dirigem em grandes números para o Brasil pouca preocupação tem
em organizar meios de sobrevivência nas ermas regiões centrais do Brasil. Vêm
guiados por uma vontade de enriquecer rapidamente e retornar ao reino o mais
rápido possível.
 P. 25: “ Em alguns decênios, um território de aproximadamente dois milhões de
quilômetros quadrados, ate então desabitado, foi quase que repentinamente
ocupado, embora submetido a um povoamento escasso, de núcleos densos mas
separados pelas imensas áreas desertas que se interpunham entre uns e outros. A
significação econômica de tal forma de povoamento pode ser avaliada ‘pela
dificuldade que representa estabelecer-se um sistema de transporte eficiente e
econômico em região tao irregularmente ocupada.’ E Caio Prado Junior profere esta
sentença: ‘ Será este o maior ônus legado pela mineração ao século XVIII.”
 O índio e o negro escravizados, assim como o mameluco assalariado vao ser usados no
primeiro momento como os meios de transporte usuais
 A habitação nos centros mineradores era móvel, e se fixava em regiões pouco
acessíveis em sua busca incessante pelo acumulo do ouro. A todo o momento a
necessidade de transporte constante, fácil e eficaz aumentava. Tudo que não era
obtenção imediata de riqueza era relegada ao plano secundário. O muar foi
encontrado como um meio de suprir essa necessidade.

O SURGIMENTO DO MUAR E O COMERCIO DE ANIMAIS

 Condições propicias para a criação de muares nas campinas da região sul. O autor
usa como fonte Oliveira Viana, mas Caio Prado argumenta o mesmo.
 Os preadores de indígenas (bandeirantes) se voltaram para a riqueza das campinas
sulistas [ pecuária ], agora requisitadas pela falta de condições materiais para a
subsistência humana e prosperidade do negocio minerador na região das minas.
o Fase do fascínio pela Planice Platina [ termo usado por Oliveira Viana]
o Sistema transplantado da mineração nos Andes
 LIVRO: ALFREDO ELLIS JUNIOR, ‘’ O CICLO DO MUAR’’, REVISTA DE HISTORIA N. 1,
JANEIRO- MARÇO, SÃO PAULO, 1950

ABERTURA DO CAMINHO PARA O RIO GRANDE DE SÃO PEDRO


 P. 41: “ Desde a Bula e 4 de maio de 1493, do Papa Alexandre VI, reformada
em 7 de junho de 1494 pelo Tratado de Tordesilhas, até 1750 o Rio Grande do
Sul permaneceu como terra desconhecida. Só em 1620, pelo Alvará que a
denominou de ‘Capitania del-Rei’, é que aquela parte do Brasil foi incorporada
aos domínios de Portugal que, por sinal, nem sabia onde a mesma se localizava
ao certo.”
 P. 41: “Talvez até agora ninguém tenha aquilatado do valor dessa ligação como
fez Alfredo Ellis Junior ao escrever que: ‘ Talvez a estrada do Rio Grande a São
Paulo tenha sido a rota de maior importância na Historia do Brasil, pos sem ela
não teria havido o ciclo do ouro, não teria havido o do café e nem a unidade
nacional teria sido levada a cabo.’”
 P. 44: “ As viagens empreendidas de Santos para o Sul pelo Sargento-mor
Manuel Gonçalves de Aguiar, em 1711 e 1714, é que fizeram nascer e tomar
corpo a ideia de se abrir uma artéria de Curitiba para o Sul. Poucos anos
depois dessas viagens, surgiu Bartolomeu Pais de Abreu com o seu projeto,
propondo abrir um estrada pelo sertão, fazendo aquela ligação tão desejada e
necessária./ Na explanação que o paulista Pais de Abreu dirigiu ao rei, datada
de 23 de maio de 1720, fazia ver que a abertura do caminho por ele idealizado
traria como consequência o aproveitamento do inumerável gado existente ‘no
despovoado e extensíssimo país desde Laguna até a Colônia do Sacramento’ e
provocaria, sem dúvida, o rápido povoamento daquelas regiões tal como
acontecera com as do centro, tão logo descobertas as minas de ouro de
Cataguases (Minas Gerais).”
 Em 1727, o governador da Capitania de São Paulo, Caldeira Pimentel, mandou
Francisco de Sousa Faria abrir um caminho de terra da Capitania de São Paulo
aos Campos de Curitiba [ generalização da região sul]” COMPLEMENTOS MEUS
 . 46: “ O caminho aberto por Sousa Faria foi posteriormente retificado por
Cristóvão Pereira, a partir de 1738. É como diz Carlos da Costa Pereira: ‘ a
estrada de Conventos, aberta por Sousa Faria, em 1728, ligando Ararangua e
Laguna, e Laguna aos campos de Lajes e Sorocaba, seria dentro em pouco
abandonada. Maiores vantagens ofereceria, como sucedeu, o caminho de
Viamão que passava por Santo Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula,
campos da Vacaria, campos de Lajes, Campos Gerais, Itararé, Sorocaba, onde
se realizavam as celebres feiras de gabo vacum e asinino’ (A região das
araucárias)/ O caminho aberto por Sousa Faria ficou conhecido pela
denominação de caminho ‘Dos Conventos’; e o de Cristóvão Pereira era
chamado de ‘Estrada Real’.” IMPORTANTISSIMO
 Em 28 de abril de 1747, Cristovao Pereira de Abreu recebe os direitos da Casa
Doada
 A abertura do caminho da Estrada Real de Pereira de Abreu torna Curitiba e
Sorocaba como lugares de convergência.

O APARECIMENTO DAS TROPAS DE MUARES

 Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Goias será onde o sistema de transporte de
muares sera implementado mais intensamente. Estas quatro localizações foram
povoadas diante uma riqueza que poderia ser extraída.
 P. 48: “ (...) São Paulo, pela sua localização, tornou-se o ponto de convergência não só
das numerosas manadas de burros e bestas tocadas do Sul, como também das tropas
de cargueiros já organizadas, que trafegavam entre o interior e o litoral./ Há razoes
geográficos, porem, que explicam essa posição de São Paulo no decorrer dos tres
primeiros séculos; é uma área de transição entre as altas serranias de Minas Gerais e
os campos do Sul; da mesma forma, é o platô que se situa entre as regiões
montanhosas e o litoral, apertado entre as serras do Mar e da Mantiqueira. E ao
alcançar seu território, as aguas dos rios tomam a direao oeste, no sentido da
depressão central do continente sul-americano, formada pela bacia do sistema
Paraná-Paraguai, dando as costas ao Atlântico./ Dessarte, a Paulicéia tornou-se um
ponto de articulação das varias regiões circunvizinhas, bem como a área de passagem
mais procurada pelos que demandavam o interior ou deste procuravam o litoral.”
 P. 50: “ Não é difícil concluir com Afonso Arinos que ‘quem salvou a obra épica, mas
efêmero dos bandeirantes foi o trabalho modesto e paciente do tropeiro’

REPERCUSSÃO DO USO DE MUARES

 P. 51 Explicação morfológica do uso dos muares no transporte de mercadorias


 John Mawe: Viagens ao interior do Brasil, Rio, 1944
 Medidas da Coroa para impedir a criação de muares em 1761, com medo que esta
fosse afetar a criação de equinos no território brasileiro, mais especificamente dos
criatórios de cavalo no nordeste (Bahia, Pernambuco e Piauí). Em 1763 a ordem foi
revogada.

REAÇAO DE SÃO PAULO CONTRA A CRIAÇAO DE MUARES EM MINAS

 Queda dos rendimentos de São Paulo com a criação de muares em Minas.


Governador, Dom Luiz Antônio de Souza, em 1768 – 73
 AUGUSTO DE SAINT-HILARIE: VIAGEM À PROVINCIA DE SÃO PAULO
 Mulas criadas em Minas Gerais pagavam menos impostos, eram mais acessíveis para a
compra e, normalmente, eram vendidas a metade do preço daquelas que eram
trazidas da região do Rio Grande. No entanto, grande parte dos rendimentos das
capitanias como São Paulo [ Campos Gerais incluído], Santa Catarina e Rio Grande
vinham do comercio e transito de animais entre as regiões.

CAPITULO 02

A TROPA DE MUARES E SUA CARACTERISTICA PRIMORDIAL

 P. 63-4: “ Tropa é termo genuinamente brasileiro com essa significação etimológica.


Moraes, no seu Dicionario da Lingua Portuguesa, foi talvez quem primeiro assim se
referiu a esse vocábulo, consignando-o com o seguinte verbete: ‘ termo do Brasil,
bestas de carga, que fazem o transporte de mercadorias, onde não há vias férreas, ou
fluviais, e seguem com os seus condutores como que em caravanas’. O mesmo
dicionarista registra o derivado tropeiro, dizendo ser ‘termo do Brasil, condutor de
tropas; homem que viaja com cavalgaduras de carga, e cáfila, onde não há vias férreas
e fluviais que compra e vende tropas de muares’”
 Este posicionamento difere daquele de Aluísio de Almeida, que atribui às origens do
termo como castelhanas.
O LOTE

 O lote era composto de sete cargueiros. Este ficava aos cuidados de um auxiliar de
tropeiro, os camaradas (tocador ou tangedor).
 Cada tropa é composta por cerca de 200 a 300 mulas (p. 68)

ORDEM DE CATEGORIAS DAS TROPAS

 Tropas de mais de cinco lote eram consideradas de primeira categoria, diferenciadas


pela cabeçada ornada de prata e enfeitada de martinetas, campainhas, plumas e
guizos (madrinha?)
 Meios e Instrumentos de transporte no Interior do Brasil (DOCUMENTO – MINISTERIO
DA EDUCAÇAO)

ARREIOS E APETRECHOS DA TROPA

CUIDADOS INDISPENSAVEIS NO APRONTO DA TROPA

INCOVENIENTES DA TROPA

 SAINT-HILARIE E ESCHWEGE CRONISTAS IMPORTANTISSIMOS


 O sal custa sete vezes mais na região das Minas do que no Rio. Minas Gerais envia,
além do ouro, algodão couro e café (em pouca quantidade) [p. 86 – Charles James Fox
Bunbury ]

GEOGRAFIA DAS TROPAS

 P. 90: “ Mas o que estabelecia diferença entre esses grupos de cargueiros (Nordeste) e
as tropas de muares do Centro-Sul e do Oeste, é que no geral os primeiros eram de
propriedade dos estabelecimentos de produção, tangridos por assalariados ou
escravos dos fazendeiros, dos senhores de engenho, enquanto a tropa, não: esta
pertencia ao tropeiro, homem livre e independente que negociava o transporte e que
também comerciava com cargas de sua propriedade.” COMPLEMENTOS (...) MEUS

A MADRINHA

 P. 92: “ Avé-Lallemant registrou-a nas estancias sul-riograndenses no exercício de sua


preciosa função. ‘Em geral – diz ele- a madrinha é uma égua velha, bem conhecida dos
cabalos e burros da estancia. Com um cincerro ao pescoço, vai ela à frente da tropa e
com inviolável fidelidade a seguem os animais, de modo que, geralmente, só é preciso
guiar a madrinha. E isso é uma vantagem extraordinariamente grande, mormente em
maus caminhos. De fato, nas moitas e matas, as tropas na sua maioria se dispersariam
e se perderiam, se a madrinha, com o seu cincerro, não conservasse todos os animais
reunidos.’ / Essa é a função principal da madrinha.”

CAPITULO 03

CAPACIDADE DE CARGA DOS MUARES

 P. 98: “ Essas dificuldades influíram consideravelmente no processo de


desenvolvimento das regiões servidas pelas tropas de muares, pois a elas, certamente,
deixaram de chagar em tempo oportuno certos materiais e implementos progressistas
que, devido a peso e volume não podiam ser carregados por mulas; e assim não
logravam acesso às regiões centrais.”

TEMPO GASTO NAS CAMINHADAS E NAS VIAGENS

 A caminhada era o percurso diário, a viagem a distancia percorrida entre o ponto de


partida e chegada.
 Levavam 30 dias para chegar de Ouro Preto ao Rio de Janeiro
 P. 102: “ As caminhadas variavam de acordo com a procedência das tropas umas
vencendo maiores distancias diárias que ouras. Assim, as paulistas – observação feita
por Antonil- costumavam viajar somente ate ao meio-dia, ou quando muito, ate uma
ou duas horas, dependendo da temperatura; as baianas, mais afeitas, caminhavam ate
as tres horas; e as mineiras, talvez devido a maior distancia a percorrer, andavam de
sol a sol. Pela duração das caminhadas pode-se aquilatar da importância desse sistema
de transporte para a vida daquelas regiões. Minas, era a mais necessitada de
intercambio; por isso, suas tropas faziam caminhadas mais longas.”

OUTRAS DESIGNAÇOES DE GRUPOS DE CARGUEIROS

CAPITULO IV

O TROPEIRO

 O tropeiro era o dono da tropa, empresário de transporte. Correio, emissário oficial e


intermediário de negócios. O tropeiro era um traço de união entre centros urbanos
afastados [ MAFALDA P. ZAMELLA ‘ O Abastecimento da Capitania das Minas Gerais no
Seculo XVIII’ (USP, 1951)
 Havia uma grande quantidade de tropeiros reinóis. A atividade não era exclusiva a
nenhuma região brasileira.
 (...)/ ‘ Também, em regra, pertencia à gente melhor da província: para compra das
tropas, para registos e direção de sua indústria, era conveniente possuir certa
instrução e algum capital, exigência que limitava o recrutamento dos membros de sua
categoria e a fixava na classe dos mais abastados. Seleção profissional e social,
portanto.’ (...)/ ‘Compreende-se, destarte, o ascendente social exercido. Hospede nas
fazendas, querido e ansiosamente esperado, trazia as novidades, aviava as
encomendas femininas, geria interesses financeiros do chefe da casa. Todos
igualmente lhe votavam amizade, ate os escravos de estimação aos quais premiava os
pequenos serviços.” (CALOGERAS, cit) P. 116
 P. 117: “ Documentaçao das mais preciosas para o estudo e analise da personalidade
dos tropeiros é o punhado de cartas de tropeiros reunidas por Aluisio de Almeida no
Boletim Bibliografico, n 19, 1951, publicado pela Biblioteca Municipal de São Paulo.”

A INDUMENTARIA DO TROPEIRO

 JOÃO MAURICIO RUGENDAS, Viagem pitoresca através do Brasil.

A DIETA DO TROPEIRO
 Escassez de sal
 Carne-seca, feijão, angu de milho, farinha de mandioca, torresmo e café com açúcar.
Cachaça consumida em baixíssima quantidade. Pimenta e fumo.

O CAMARADA E O COZINHEIRO

 O camarada precisava de uma serie de conhecimentos técnicos: lida com animais e


cargas, homem de confiança.
 P. 126: “ (Os camaradas) Assalariados dos tropeiros, esses homens ocupavam situação
econômico-social inferior à de seus patrões, muito embora essa diferenciação pouco
se notasse quando, no trabalho, se confundiam.” COMPLEMENTOS MEUS ENTRE (...)

CAPITULO V

O POUSO

COSTUMES E TAREFAS OBSERVADOS NOS POUSOS

 P. 135: “ Não será demais que agora ouçamos um pouco a Charles Ribeyrolles,
republicano exaltado, que ate nos grupos de cargueiros encontrou inspiração para as
suas apostrofes ideológicas, e que no seu Brasil Pitoresco assim nos fala de tropas: ‘ As
mulas partem das fazendas carregadas e dividas em 8, 10 ou 12 lotes que formam o
que se chama uma tropa. Cada lote de sete marcha sob a vigilância de um negro que
delas cuida, e a quem se chama tocador. O chefe da tropa é o arreador, homem livre,
depositário de confiança do senhor e responsável pelo êxito da viagem. Funciona
como tesoureiro, capitão e veterinário. Tem algumas vezes, como estado-maior, dois
ou tres cães que velam à noite nos pousos; mas quase sempre anda só.”
 P. 140: “ O tropeiro não goza prazer, / Sua vida continuo penas;/ Chega de tarde no
rancho, / Que trabalho, meu Deus, vai me dar!/ Comendo feijão com torresmo, /
Escolher para cama um lugar; / Triste vida do tropeiro, coitado./É chegar a tropa do
pasto, / Eu já ouço o cincerro tinir; / Couro em cima do lote,/ Os cabrestos, já vou
partir... (De uma toada do norte de Minas)” HUGO DE CARVALHO RAMOS, TROPA E
BOIADAS.

EVOLUÇAO DO POUSO E SUA INFLUENCIA NA FIXAÇAO DE POPULAÇOES

 Rancho -> povoado; venda -> povoação; estalagem -> vila; hotel -> cidade

O ACAMPAMENTO

CAPITULO VI

SOROCABA, EMPÓRIO DE MUARES

 Sorocaba fundada em 1654 por Baltazar Fernandes


 P. 152: ” No seu artigo intitulador ‘O Ciclo do Muar’, Alfredo Ellis Junior aduz a
seguinte nota: ‘ O ciclo do muar nasceu com a abertura da estrada do Rio Grande
do Sul a São Paulo, em 1724 e terminou em 1875, mais ou menos, com o advento
da ferrovia’. É possível, portanto, que a feira sorocabana so tivesse sido organizada
depois de alguns anos da importação de muares, do extremo-sul para o centro,
sendo o ano 1750 bem provável para seu inicio.”
 Segundo o Cônego Luis Castenho de Almeida, o apogeu das feiras foi em 1850 ate
1860, antes da guerra do Paraguai
 P. 154: “ Valha-me a Virgem Maria/ Que do ceu olha pra mim; / Valha-me as
chagas divinas/ Do meu Senhor do Bonfim:/ Pois aqui nessas Congonhas,/ A Fé
sofre grande abalo:/ Em vez de rezar na missa/ O povo vende cavalo./ Vendem na
porta da Igreja,/ Com grande contentamento,/ Burros de carga e passeio,/ Cavalo,
besta e jumento./ Aqui só padre é que reza;/ O mais é cavalaria./ Valha-me Nossa
Senhora,/ Qu’eu volto já pra Bahia.”
 A viagem de Viamao começava em Setembro ou outubro, e as tropas começavam
a chegar em Sorocaba em janeiro ate março. Algumas, mais afetadas pela jornada,
ficavam em estancias em Lajes ate a feira do próximo ano.
 Em maio, junho a julho, se realizava a feira.

CAPITULO VII

IMPORTANCIA ECONOMICA E SOCIAL DA TROPA DE MUARES

 Sem o muar, a economia central do Brasil não conseguiria ter se desenvolvido. Da


mesma forma, que a vida econômica da região sudeste-sul de 1750-1850 está toda
concentrada no ciclo do muar.
 P. 174: “ O Porto de Nossa Senhora da Estrela, mais conhecido como Porto da Estrela,
era o ponto terminala da estrada que descia de Minas Gerais e ficava situado no fundo
da Guanabara. Nele se reunia grande numero de tropas pejadas de produtos das
alterosas e de outras regiões adjacentes, e onde havia, inclusive, grande copia de
animais cargueiros à venda, dos quais se supriam os tropeiros levando-os como
reserva nas suas longas viagens de retorno.”
 P. 176: “ A esta altura vai bem a seguinte observação de Afonso Arinos: ‘ O que se
chama enfaticamente a riqueza nacional , principalmente no sul onde é maior, se
erguem em sua quase totalidade, no lombo de burro e no braço de negro. Duas longas
orelhas ficariam melhor, como símbolo da nossa nacionalidade, que o lema ordem e
progresso, inscrito em nossa bandeira’”

IMPORTANCIA SOCIAL

 P. 180: “ Essa era um parte importantíssima da ação social desenvolvida pelos


tropeiros: a transmissão de informações orais que também são um cometimento de
caráter social. O tropeiro era o telegrafo, era o jornal, era o radio, porque era ele, ao
regressar da Corte, quem levava as noticiais mais frescas, eram ‘os primeiros a dar as
ultimas’ posto que estas ao serem transmitidas, já levavam obrigatoriamente um
atraso muita vez de meses. Mas, sem a regularidade das viagens das tropas, as
populações segregadas nos núcleos interiorizados ficariam praticamente
incomunicáveis e so poderiam expedir e receber noticias em casos esporádicos.”

DOCUMENTOS

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