O documento discute as características e influências do Renascimento italiano em três frases:
1) O Renascimento italiano foi marcado pela revivificação do conhecimento clássico anteriormente desprezado pela Igreja cristã e pela secularização da arte e da ciência;
2) Isso contribuiu para o desenvolvimento do indivíduo e do capitalismo na Europa;
3) O Renascimento também influenciou outras culturas, embora de forma menos absoluta do que na Europa devido a oscilações regulares entre períodos seculares e
O documento discute as características e influências do Renascimento italiano em três frases:
1) O Renascimento italiano foi marcado pela revivificação do conhecimento clássico anteriormente desprezado pela Igreja cristã e pela secularização da arte e da ciência;
2) Isso contribuiu para o desenvolvimento do indivíduo e do capitalismo na Europa;
3) O Renascimento também influenciou outras culturas, embora de forma menos absoluta do que na Europa devido a oscilações regulares entre períodos seculares e
O documento discute as características e influências do Renascimento italiano em três frases:
1) O Renascimento italiano foi marcado pela revivificação do conhecimento clássico anteriormente desprezado pela Igreja cristã e pela secularização da arte e da ciência;
2) Isso contribuiu para o desenvolvimento do indivíduo e do capitalismo na Europa;
3) O Renascimento também influenciou outras culturas, embora de forma menos absoluta do que na Europa devido a oscilações regulares entre períodos seculares e
GODDY, Jack – Renascimentos, um ou muitos? Editora Unesp
A origem da modernidade situa-se no sincretismo Europeu com a cultura árabe,
indiana e chinesa. Da mesma forma, o capitalismo tem como raízes uma cultura letrada eurasiana mais ampla. P. 12: “ Consequentemente, todas as culturas escritas poderiam às vezes olhar para trás e reviver o conhecimento passado, como foi o caso dos humanistas europeus, e possivelmente levar a uma florescência cultural, isto é, uma nítida explosão de progresso. Especialmente nas questões religiosas, essa evocação do passado pode ter um caráter mais conservador do que libertador para as artes ou as ciências. Ou pode acontecer, é claro, de a libertação cultural não envolver evocação alguma.” Principais características do Renascimento italiano: o Revivificação do conhecimento clássico desprezado pela religião hegemônica cristã o Revenant: retornar ao mundo dos mortos (ressureição, ou revivificaçao de uma literatura morta) o O renascimento é, segundo Toybee em seu livro um Estudo da historia, “ uma ocorrência particular de um fenômeno recorrente” o P. 12: “ A característica principal desse gênero era ‘ a evocação de uma cultura morta pela representação viva de uma civilização que ainda desperta interesse’” Secularização do escopo intelectual da religião. Reconsideraçao do lugar da religião dentro das artes e das ciências. Deixa-se de lado as restrições religiosas, desmitificando o conhecimento e a vida. Transformaçao econômica e social da Europa, fundamental para as realizações do Renascimento. Assim, nasce a sociedade moderna. P. 14: “ Segundo Fontenelle, a ‘leitura dos antigos iluminou a ignorância e a barbárie dos séculos precedentes...De repente tivemos ideia da Verdade e da Beleza que demoramos tanto para alcançar’ P. 15: “ Os primeiros humanistas italianos dos séculos XIV e XV, como Petrarca, que foi educado em Bolonha, evocam constantemente uma ‘era dourada’ das letras nos tempos antigos; ‘les temps revient’, levando à producara de manuscritos antigos. Estes lhes mostrariam não apenas a maneira apropriada para escrever latim, ou de representar, mas também a maneira correta de viver, não rejeitando o mundo, mas fazendo parte dele: vida ativa (da cidade), em vez da vida contemplativa (do mosteiro). (...) Afirmou-se que Petrarca fundou o conceito de individuo e que este representou o nascimento do ‘homem moderno’. Veneza era la nuova Constantinopli, sobretudo por sua intima ligação com o Oriente Medio, que um historiador descreve como a ‘parte antiga de um império oriental [Bizâncio] no Ociente’. Enquanto isso, Florença era a segunda Roma.” O capitalismo, a modernização e a conquista mundial estão intimamente inter- relacionados. A revivificaçao da cultura clássica insere um elemento pagao e secular na arte (Boticelli, Remebrant, Caravaggio) Retratos, mitos, cenas palacianas, representação de paisagens e da vida comum (secularização da arte). O teatro emerge. P. 16: “ Para haver renascimento, é preciso que antes haja uma morte, nesse caso a morte da civilização clássica, hoje considerada tao fundamental para a cultura europeia. Essa morte ocorreu com a queda do Imperio Romano e causou, em parte, o declínio da economia urbana europeia e da vida cultural que existia ali. Mas a vida cultural também sofreu com a disseminação das religiões abraamicas, que proibiam não so formas de representação como o teatro e as artes visuais (exceto no cristianismo católico, para propósitos religiosos), como também, ate certo ponto, a musica, a dança e outras formas de diversão, como jogos de cartas, encorajando geralmente a atividade puritana, por exemplo, em torno do sexo.” A religião iniba a investigação do mundo natural, insistindo em que Deus era onisciente e onipotente. O cristianismo exigia uma literatura própria, não para ampliar a mente, mas para confirmas suas crenças. Os monoteístas eram mais hegemônicos e menos abertos para versos alternativas da ‘verdade’. A coerência do irracional existente no cristianismo prejudica o desenvolvimento das ciências e das artes. O papel de Deus abraâmico como criador era monopolista. Evocar o período pagao significava libertar a mente (para os cristãos) P. 19: “ (...) mas apenas no Renascimento a pintura plenamente secular foi legitimada. Isso se deveu, em parte, às mudanças ideológicas, mas há também a questão do patronato, que passou a ser exercido não mais pela Igreja ou pela corte, mas pela burguesia, e envolveu uma revitalização da cidade e da vida urbana. O resultado é claro na atenção que se dá à natureza. (...) O Renascimento rompeu com o passado.” P. 20: “ No Renascimento, pouco a pouco emergiu um mercado de arte em que cada principe ou republica queria para si o melhor artista. Com a laicização crescente do tema, mais espaço foi dado à imaginação e à inovação. Esse mercado alcançou seu auge nos Paises Baixos, onde o aburguesamento do patronato foi maior; na Italia, a aristocracia da cidade sempre se envolveu no processo, mesmo nas republicas, como Florença ou Veneza. (...) . A pintura de retratos foi parte importante da visão do Renascimento como pai do modernismo, da noção de que ele representa o inicio do individualismo. Esse traço é visto como característico do capitalismo (via o empresário) e é especialmente evidente na pintura, sobretudo nos retratos (e esculturas) de indivíduos, em particular de leigos.” O Renascimento permite o homem ser um individuo espiritual (Jacob Burckhardt, The Civilization of the Renaissance in Italy) O desenvolvimento do individuo foi o principal traço do Renasicmento italiano (Crouzet-Pavan, Renaissances italiennes) P. 20: “ Já existiam retratos na Antiguidade, nas pinturas budistas e em outros tipos de pinturas na China; não há nada de novo (moderno) no retrato renascentista, exceto quando é visto em contraste com as restrições da arte medieval crista, que em certos aspectos ainda estavam presa à tradição iconoclasta das religiões abraâmicas.” O realismo e a individualidade não estavam ligados modernismo P. 23: “ P. 23: “ No cristianismo, a procura da ‘verdade’ implicava um reexame dos textos antigos para encontrar a fe real. (...) com a Reforma de Lutero e o Renascimento, o processo se intensificou. Para os cristãos, a tentativa de reconstituir as palavras de Deus ou de Cristo era o objetivo principal da sabedoria do ‘renascimento’. Essa recuperações do texto podia assumir a forma de uma ‘reforma’ ou, em outras religioes’ de ‘fundamentalismo’ P. 24: “ Em termos religiosos, o olhar para tras assume a forma de ‘reforma’ ou talvez simplesmente de referencia ao que o divino pos por escrito. É reforma quando o olhar para tras implica um processo de eliminação do refugo. A recuperação era vista como um estimulo ou justificativa para um novo começo; na verdade, todos esses movimentos implicam necessariamente tanto a inovação quanto a recuperação de textos ou conhecimentos anteriores. (...) O que foi característico na Europa foi a dimensão do colapso do conhecimento anterior, o que em parte teve a ver com a chegada de uma religião hegemônica, monoteísta, e com a extraordinária quantidade de areas da herança antiga que estavam prontas para renascer quando a fe afrouxou o controle, ou seja, quando houve certa secularização. Nunca houve a continuidade do mundo clássico presumida muito mais tarde pela intelectualidade acadêmica.” Renascença no século V, quando a Grecia recuperou a obra de Homero. A literatura torna-se um instrumento de educação. P. 26-7: “ Um dos motivos por que os períodos de florescimento no Islã, e talvez em outros lugares, pareçam menos importantes, ou menos influentes na historia, é o fato de que as passagens de uma abordagem religiosa para outra mais secular, de um período de relativo conservadorismo e ate de regressão para outro de efervescência, eram mais regulares e menos absolutos em meios culturais não europeus; além disso, tinham caráter de oscilação entre opostos, ao contrario do Renascimento europeu, que nos parece um rompimento final em circunstancias restritivas.” P. 28: “ Seja como for, a diferença de tamanho entre as coleções do Islã e da Europa é extraordinária. E isso se deve em parte ao fato de que leste do Mediterraneo e, mais em geral, o Oriente Medio nunca experimentaram o grande declínio do conhecimento P. 33: “ À parte esse olhar para tras, o próprio Renascimento italiano foi seguido por uma florescência da cultura em muitos níveis: nas artes, é claro, mas também no renascimento da pintura e do teatro secular (e do teatro em geral), como aconteceu com o conhecimento do mundo, por exemplo com a Revoluçao Cientifica. Os dois não foram totalmente independentes, pois o olhar retrospectivo se dirigia a um período mais secular, ‘ pagao ‘, em que a investigação material e as artes eram mais livres. Alem disso, em todos esses campos, o florescimento trazido por esse Renascimento estava obviamente relacionado com a revitalização econômica do comercio e da manufatura europeus, iniciada muito antes, nas apenas na Europa, mas especialmente no comercio com o Oriente, em que a Italia teve um papel preponderante.” ue ocorreu no Ocidente P. 34: “ Com a retração da economia de troca no Ocidente após o fim do Imperio Romano, o ‘excedente’ da produção rural foi desviado pelos proprietários de terras para a construção de mansões e a criação de vastas cortes, que se tornaram centros de consumo de produtos de luxo. Parte desses produtos vinha do Oriente, em troca de barras de prata e de outros metais, ou de matéria-prima, como madeira, dos quais o Oriente necessitava tanto naquela época quanto hoje. Em geral, o crescimento das cortes permanentes, ao contrario das cortes circulantes tao comuns no inicio da Idade Media significou o desenvolvimento de cidades, com trabalhadores especializados, artesãos e comerciantes que não so abasteciam as populações urbanas e rurais, mas também praticavam o comercio de produtos de luxo para a nobreza e seus parasitas.” P. 35: “ O comercio já começava a reviver no século VIII quando Veneza restabeleceu as relações mercantis com os mundos bizantino e islâmico, que não havia sofrido o mesmo declínio que o Ocidente. (...) Com o comercio de Veneza, o Mediterraneo reabriu: produtos manufaturados preciosos, como sedas, perfumes, porcelanas e especiarias, eram importados do Oriente e produtos brutos, como metais, barras de ouro e de prata e lã, eram exportados. Na segunda metade do século XII, roupas de la eram comercializadas em grande quantidade a partir de Champagne, da Inglaterra e de Flandres para os países do Mediterraneo.” Comercio como fator central para o Renascimento. Intercambio comercial e cultural entre Oriente e Ocidente. As grandes cidades do norte e do centro da Italia lideraram a revolução comercial do século XII. P. 36: “ A alfabetização possibilitou a difusão de novas técnicas. Na verdade, o credit bancaire estava obviamente relacionado ao uso da escrita e, por fim, da palavra impressa. E com a restauração do comercio veio a florescência das arte e do conhecimento, o que também aconteceu em outros lugares. Ambos requeriam o apoio – na forma de patronato ou venda – das cortes, dos proprietários de terras, da Igreja ou dos comerciantes, que tanto contribuíram para o conhecimento do período. (...) A arte estava inevitavelmente onde estava o dinheiro, isto é, na Igreja, na corte e depois na classe em expansão dos comerciantes e dos fabricantes.” P. 37: “ É claro que a atividade comercial significava que havia grande demanda por letramento no Ocidente, por conta do envio de cartas entre os vários estabelecimentos e da realização da contabilidade de transações mais complexas. A pressão por educação vinha agora tanto dos mercadores leigos quanto dos que trabalhavam para o Estado e a Igreja. Exigia-se pessoal alfabetizado. (...) Portanto, partiu dos comerciantes a pressão para que seus filhos lessem, escrevessem e calculassem, e eles empregavam tutores para esse fim O contato com o Oriente, por via do comercio, significou uma exposição a uma cultura não crista, o retorno à obra dos antigos. O contato com outras religiões produz uma certa secularização, que foi benéfico para o avanço da ciência e da liberação das artes. Depois do declínio de Roma, a educação superior foi interrompida no Ocidente, mas prossegui sem problemas no Oriente. P. 45: “ Ao fim e ao cabo, o maior debito da Europa com o Islã e o Oriente está nas ciências duras [hard sciences] , e não na religião ou nas artes. É importante reconhecer a divida que temos com o Islã nesses outros campos para nos redimirmos um pouco desse elemento autocongratulatório e etnocêntrico que tanto marca nosso pensamento sobre o papel do Renascimento italiano na situação mundial presente e passada.” P. 46: “ Mas não é so o Islã que é excluído da historia do Renascimento: a India e a China também são, embora algumas de suas realizações tenham atingido a Europa por intermédio de um Islã que se estendia do sul da Espanha ao Extremo Oriente. E essas realizações foram muito consideráveis. No caso da China, Joseph Needham declarou que, ate o século XVI, a ciência chinesa estava à frente da Europa em muitos aspectos. (...) A India também estava à frente da Europa em alguns aspectos, por exemplo, no uso e na produção de algodão antes da Revoluçao Industrial e, intelectualmente, com seus algarismos ‘arabicos’ e amatematica. Essas culturas não estavam simplesmente de braços cruzados à espera de serem superadas por uma Europa renascente. Elas deram sua própria contribuição a um avanço cientifico, tecnológico, econômico, e com isso, contribuíram nesse processo para o Renascimento europeu.” O comercio significava tanto troca de conhecimento, de cultura, quanto de mercadorias.
SOUZA, José Antônio de C. R. de; BARBOSA, João M. O Reino de Deus e o Reino Dos Homens: As Relações Entre Os Poderes Espiritual e Temporal Na Baixa Idade Média (Da Reforma Gregoriana a João Quidort). Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997. 204p