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Rascunho do projeto de I.

Alana M. Drapcynski

Após a descoberta do ouro na região central do território brasileiro, o foco da


sociedade colonial se voltou do litoral para a região interiorana. A povoação local foi se
desenvolvendo de maneira rápida e desvairada, se estabelecendo nas regiões mais ermas
do território. A lógica do povoamento visava, acima de tudo, o rápido acúmulo de
riquezas com pouca preocupação para as necessidades de subsistência. Todas as
atividades que não se voltavam para a extração de ouro, eram negligenciadas.

Logo houve fome, e com a fome, a necessidade de transporte de bens de


subsistência. Da mesma maneira, à medida que se desenvolvia, a extração aurífera
demandava um método de escoamento rápido da produção para os principais portos da
região litorânea.

Durante o primeiro momento, o negro e índio escravizado serão a força braçal


usada para o transporte de pessoas e mercadorias pelas serras das estradas interioranas.
Mas este meio de transporte se mostra lento, ineficaz e oneroso.

No extremo sul do território, uma nova alternativa se apresenta: o muar.

Resistente e forte, o muar conseguia empreender grandes jornadas com agilidade


enquanto carregava cangalhas com o dobro do seu peso. Com este potencial, logo foi
utilizado para o transporte de mercadorias, interconectando as regiões sul-sudeste ao
centro do país.

A implementação do sistema de transporte de mercadorias em lombo de mula,


gera a infra-estrutura que viabiliza a extração do ouro na região das minas, e
subsequentemente, o desenvolvimento da região central.

O troperismo atua como um articulador de diferentes regiões brasileiras, unindo


as áreas meridionais às centrais e litorâneas. Neste sistema, além de agente econômico, o
tropeiro se torna um elo social da sociedade colonial brasileira, unindo as áreas do
território brasileiro pela disseminação de notícias e costumes.
Em 1727, Francisco de Sousa Faria abre o caminho entre São Paulo e Curitiba,
mais tarde chamado de Estrada dos Conventos, que liga Araranguá a Laguna, Laguna a
Lajes, e Lajes a Sorocaba.

Mais tarde, em 1738, Cristóvão Pereira de Abreu expande este caminho a região
sul, até o Viamão, passando por Vacaria, Lajes, Campos Gerais, Itararé e Sorocaba. O
caminho de Pereira de Abreu ficou conhecido como a Estrada Real e foi a principal rota
utilizada no comercio de muares.

A abertura desta via, coloca Curitiba e Sorocaba como pontos centrais para o
comercio e descanso de tropas, criando uma micro-economia de cidades que também se
desenvolvem graças a nova demanda de pousos e consumo de mercadorias ao longo da
rota.

Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Goiás serão regiões onde o sistema de
transporte de muares será implementado mais intensamente.

A feira de Sorocaba, além de atacado de tropas, é também um local onde


diferentes culturas brasileiras entram em contato uma com as outras, trocando costumes
e tradições. O enconsto, região onde as tropas descansavam antes da feira, é o principal
ponto de sincretismo entre as culturas paulista, gaúcha, nordestina e mineira.

O tropeiro se figurou como um plantador de cidades, um incorporador e


disseminador de hábitos culturais, um capitalista e até mesmo um informante em uma
época em que grande parte da população era analfabeta.

Ele é um agente do desenvolvimento interno da economia brasileira, levando a


uma nova configuração de habitação do território, gerando diferentes modelos de
comércio e alterando os centros de produção do mundo colonial.

O ciclo da pecuária, como pontua Caio Prado Jr, foi o mercado interno mais
relevante do período colonial. Neste ciclo, o troperismo foi o principal agente para a
expansão do comércio pecuário.

Ademais, o tropeiro também foi um dos fundadores da cultura nacional,


sobretudo a sertaneja. Entender a formação da cultura tropeira é conhecer um pouco mais
sobre as raízes sociais do Brasil. Mais acima de tudo, o troperismo é um fenômeno
interessante pois é um símbolo do desenvolvimento e unificação interna do território
brasileiro.
Temas de interesse:
• Colégios e escolarização de mulheres na rota Viamão-Sorocaba durante o
segundo ciclo do troperismo (1822-1897), mais especificamente entre 1830-
1888.
• O troperismo como um modelo de economia capitalista
• Vida artística em Sorocaba (teatros, bailes, artistas)
o Teatro Santa Clara
o Teatro São Rafael

Principais achados:
ALMEIDA, Aluísio de. Memória histórica de Sorocaba (I-IX). 1964. Coletânea de
textos do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba
• Recolhimento de Santa Clara, colégio para a educação de meninas fundado em
1805 por dona Manoela de Santa Clara e Dona Rita de Santa Inês.
• Dona Joaquina de Vasconcelos, primeira professora da cadeira feminina para a
instrução de jovens meninas, sucedida em 1841 por dona Vicentina Adelaide de
Vasconcelos. Esta leciona ate o fim do Império. Em 1883, uma segunda cadeira
se abre e é preenchida por dona Adelina Carolina da Silva Abreu, seguida por
Dona Januária de Sima de Oliveira Lima e posteriormente por Zulmira Ferreira
do Vale.
• Sorocaba como Meca do liberalismo.
• Teatro Santa Clara, aberto em 1839 pelos conservadores, e Teatro São Rafael
construído em 1835 por dona Gertrudes Aires de Aguirre, em homenagem ao
filho Rafael Tobias, líder da revolução liberal em 1842. Dona Gertrudes era neta
do capitalista e tropeiro Paulino Aires de Aguirre.
• “ A feira de Sorocaba”, comédia escrita por Francisco Luís de Abreu Medeiros.
• José Joaquim da Costa e Silva, junto a sua esposa dona Guilhermina Clotilde da
Cunha, ambos portugueses e professores de musica, fundaram abrem na segunda
metade do século XIX o primeiro colégio feminino em Sorocaba, com externato,
internato e semi-internato com um programa focado no ensino da musica.
• O Colégio União Sorocabana foi fundado em 1874 e possuía duas seções
separadas. A seção masculina fechou-se no final deste mesmo ano, mas a
feminina continuou a lecionar até a década de 1890-1900. O colégio feminino
foi dirigido pelas americanas H. Wilul e Ana Wilk.
• Dona Gertrudes de Almeida Pilas, mãe de Ubaldino do Amaral, funda um
internato para meninas no Paraná.
• Em 1887, dona Escolástica Rosa de Almeida inicia um externato para meninas.
No mesmo amo, o Colégio Coração de Jesus é fundado por uma senhora baiana.
Dona Augustinha de Try era uma professora belga que dava aulas particulares
para meninas em 1889.
ALMEIDA, ALUÍSIO DE. Vida e Morte do tropeiro, Editora Martins, São Paulo, 1971
• O paulista como homem aventureiro, sucessor do bandeirante.
• Origens do modelo de transporte tropeiro.
• Diferenças nos ciclos de pecuária do nordeste e do sul.
• O termo tropeiro como castelhianismo.
• Principais estradas tropeiras em São Paulo: Maioridade, Vergueiro e Cubatão.
• As feiras como uma mistura entre o festivo e o sagrado, misturando o profano ao
religioso.
• Feira de Lajes (compra de tropas de muares e gado), feira de Sorocaba
(emblemática feira do ciclo do tropeiro), feira de Três Corações (feira de gado
vacum em Minas Gerais), feira de Caxias no Maranhão, feira de Santana na
Bahia para a venda de gado vacum dos sertões de São Francisco.
• Motivo para Sorocaba ser o centro de convergência do mundo tropeiro.
• Primeira feira: após a abertura do caminho do Rio Grande em 1733 e antes de
1757.
• A feira de Sorocaba como representação máxima do sincretismo entre as
diferentes regiões e culturas brasileiras. O enconsto e descanso das tropas como
o principal local de união e disseminação de costumes das culturas paulista,
gaúcha, nordestina e mineira.
• Vale do Paraíba local de interesse para o ciclo do troperismo entre a região de
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Troperismo no Rio de Janeiro definido pelos três
locais: Serra da Estrela, Serra dos Órgãos e Mantiqueira.
• Mentalidade do homem tropeiro: linhagem bandeirante de cavaleiros feudais,
independentes e individualistas. (p. 94)
• O modo de transporte tropeiro como algo que se assemelha à logica da economia
capitalista (p. 109).
• Grandes capitalistas que financiavam o comercio das tropas: Paulino Aires de
Aguirre e José Gomes Pinheiro.
• O tropeiro como plantador de cidades.
• Ciclo bandeirante-minerador e bandeirante tropeiro.
• O tropeiro como uma criação latino-americana.
• Vínculo pan-americanismo na figura tropeira.
• Luiz Jácome, domador.
• Religiosidade tropeira sentimental e pouco instruída. Uma religiosidade lírica.
CALDEIRA, Jorge. A Nação Mercantilista. Editora 34, 2 reimpressão 1999
• Visão colonizadora: o interior é irrelevante.
• Economia mercantil e natural.
• Germe da mobilidade.
• O troperismo como um sistema movido a logica do lucro (modelo fazendo-
rancho-comercio)
• Expansão do comercio varejista no troperismo.
• O troperismo como um sistema complexo de diferentes atividade atendendo a
leis da concorrência.
• O negócio de comercio de tropas como um empreendimento democrático e
acessível.
• P. 197: “ Em outras palavras: era o que de mais próxima havia naquele
momento, em todo planeta, de uma economia capitalista.”

FURTADO, Celso – Formação Econômica do Brasil. COMPANHIA DAS LETRAS,


12 reimpressão (2006)
• As terras americanas só tinham importância para a metrópole. se produzissem
metais
• A economia mineira abre um ciclo migratório europeu novo.
• A tropa de mulas como infra-estrutura do sistema mineiro.
• A criação de gado não une as regiões da rota tropeira, mas sim a procura de gado
que irradiava dos grandes centros dinâmicos (Minas Gerais – sec. XVIII – e Rio
de Janeiro – sec. XIX)
• Tratado de Mathuen (1703)

GOULART, José A. : Tropas e tropeiros na formação do Brasil, Editora Conquista


(1961)
• Tropas de transporte de mercadorias e tropas de muares xucros.
• A tropa como um sistema e não como um meio de transporte.
• A mentalidade colonizadora na migração de homens para as regiões centrais do
território americano (acúmulo de riquezas o mais rapidamente possível e depois
o retorno para a metrópole)
• No primeiro momento, o índio e negro escravizados, assim como o mameluco,
serão usados para o transporte de pessoais e mercadorias.
• A habitação nos centros mineradores era móvel e se fixava em regiões pouco
acessíveis. A busca incessante de ouro era a preocupação principal, e tudo que
não focava nesta obtenção era relegado a segundo plano. Pela desorganização da
povoação na região, a necessidade de transporte constante, fácil e eficaz era vital
para o funcionamento do negócio de mineração. O muar foi encontrado como
um meio de suprir essa necessidade.
• Fase do Fascínio pela Planície Platina
• Manuel Gonçalves de Aguiar (1711-1714) empreendeu viagens de Santos para o
sul do país, iniciando um projeto de abertura de via entre Curitiba e a região
mais ao sul, desconhecida até então pelos portugueses.
• Em 1727, Francisco de Sousa Faria abre o caminho entre a Capitania de São
Paulo e os Campos de Curitiba que é chamado de Estrada dos Conventos que
liga Araranguá a Laguna, e Laguna a Lajes e Sorocaba. . Em 1738, Cristóvão
Pereira retifica este caminho, expandindo-o mais ao sul até Viamão, passando
por Vacaria, Lajes, Campos Gerais, Itararé e Sorocaba. O caminho de Pereira
ficou conhecido como a Estrada Real e foi a principal rota utilizada no comercio
de muares. A abertura deste caminho leva Curitiba e Sorocaba a serem pontos de
convergência para o comercio e descanso de tropas.
• Pelos seus serviços à Coroa, Cristóvão Pereira de Abreu recebe os direitos da
Casa Doada em 28 de Abril de 1747.
• Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Goiás serão onde o sistema de
transporte de muares será implementado mais intensamente.
• “ Não é difícil concluir com Afonso Arinos que ‘ quem salvou a obra épica, mas
efêmera dos bandeirantes, foi o trabalho modesto e paciente do tropeiro.’” (p.
51)
• Origem do termo tropa
• Desenvolvimento das cidades na rota tropeira: rancho -> povoado; venda ->
povoação; estalagem -> vila; hotel -> cidade.
• A viagem de Viamão começava em Setembro ou outubro e as tropas chegavam a
Sorocaba de janeiro até março. Algumas estanciavam em Lajes até o próximo
ano. Em maio, junho e julho, após a estação chuvosa, se realizava a feira.
• Sem o muar, a economia central do Brasil não conseguiria ter se desenvolvido.
Da mesma forma, que a vida econômica da região sudeste-sul de 1750-1850 está
toda concentrada no ciclo do muar.
• Porto de Nossa Senhora da Estrela: porto situado no fundo da baía de Guanabara
da estrada que descia de Minas Gerais.
• O tropeiro como o disseminador de notícias.

GIL, L. Tiago: Coisas do Caminho – Crédito, confiança e informação na economia do


comercio de gado entre Viamão e Sorocaba (1780-1810). UnB, 2018
• O estudo do crédito nas relações pessoais de uma sociedade católica e
corporativa na rota mercantil de animais entre Viamão e Sorocaba.
• Metade dos valores gerados na rota mercantil de muares foi movimentado por
pessoas que empreenderam o negócio apenas uma vez.
• O ciclo do troperismo era uma economia sem o monopólio de grandes
mercadores.
• Manuel Nunes Vieira, entre 1790 e 1806, foi o tropeiro que mais conduziu
tropas pelo caminho Viamão-Sorocaba.
• O negócio de animais era uma possibilidade aberta a qualquer pessoa que tinha
acesso à recursos ou à uma possibilidade de empréstimo. Era um negócio
lucrativo, fácil, isento de riscos e acessível a todas que tivessem localizados em
áreas de capim e matas com bom acesso à recursos hídricos.
• Um muar no Viamão era adquirido por 4$000 ou 5$000 e revendido em
Sorocaba por 14$000 ou 15$000.
• Após a reconquista lusa do Rio Grande, em 1777, a elite se apossa dos mais
proveitosos pedações de terra. A possibilidade da plantação de trigo que era
comercializada no Rio de Janeiro , além do vasto contingente de bois, equinos e
muares, foram grandes atrativos econômicos.
• A produção pecuária no Rio Pardo é marcada pelo intercambio mercantil e
cultural com os castelhanos. O contrabando inicia o comercio de muares e gado
vacum.
• Microeconomia de locais que se desenvolvem graças ao comercio com a rota das
tropas.
• Pastores e pequenos negociantes achavam um meio de sobrevivência naquele
comercio em paralelo a pequena lavoura.
• O principal consumo na feira de Sorocaba do mercado carioca era a compra de
carne verde (gado vacum)
• Cavalos e bestas eram vendidos em sua maioria para São Paulo e Minas,
destinados ao transporte de cargas do interior ate os principais portos.
• A violência como um valor compartilhado na sociedade tropeira. A violência era
monopólio das principais casas da elite tropeira assim como de grupos familiares
mais consolidados.
• A noção tropeira de uma economia fortemente edificada nas relações sociais.
• Mercados matrimoniais.
• Economia relacional era a base onde mercados matrimoniais, transições
comerciais e redes sociais eram formadas.
• Os Registros, além de arrecadação de impostos, cumpriam a função de
dispersam informações.
• Relacionar uma pessoa a um grupo era uma forma de pedir os documentos, ou
seja, validação do individuo dentro do contexto social. Dependendo onde esta
pessoa estava inserida, isto poderia afetar seu acesso a credito.
• O significado da palavra crédito é “ fé que se dá alguma coisa”
• A fofoca como um meio de adensar as relações sociais no caminho das tropas.
• A confirmação da vida era a primeira mediação de confiança. Dever não era
condenável.
• A economia tropeira era uma economia capitalizada (cheia de capitães)
• Os tropeiros como um grupo heterogêneo definido em sua grande parte por
iniciativas aventureiras de pessoas com poucos recursos.
• Oikonomia da economia capitalizada.
• Três logicas de crédito: o credor, o devedor e o capitalista (que visava o aumento
e concentração de recursos de devedores e credores)
• Fraternidade mercantil: fundir fé aos negócios dentro da logica mercantil,
mantendo a corporação sobre uma base de irmandade religiosa que definia o
caráter cristão.
• O troperismo como noção de corporação.
• A família como o espaço político, econômico e religioso da sociedade tropeira.

PRADO Jr. Caio – Formação do Brasil contemporâneo. Companhia das letras, 2011, 9a
reimpressão
• Na mineração não há logica de expansão.
• A penetração ao território incentivada pela pecuária se expande por contiguidade
e permanece conectada com o centro irradiador.
• O povoamento centro-sul é definido por deslocamentos bruscos e migrações.
• São Paulo é uma região de transição espremida entre serranias (serra do Mar e
Mantiqueira). Seus rios procuram o interior e depressão da bacia Paraná-
Paraguai. A colonização do território se desenvolve em sentido litoral-interior.
• A descoberta do ouro no sec. XVIII inicia um revolução demográfica.
• A Seca Grande de 1791-3 foi o golpe final da pecuária nordestina. A partir deste
ponto, esta é substituída totalmente pela do Rio Grande do Sul.
• O eixo econômico brasileiro se desloca para o setor Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Geris.
• A agricultura de subsistência se desenvolve as margens dos grandes centros
urbanos a que serve.
• O consumo de milho por bestas na rota tropeira é o principal meio de lucro para
fornecedores nos ranchos de pouso.
• No sertão o milho predomina, enquanto a mandioca é a principal fonte de
alimento no litoral.
• As sociedades mineradores são moveis e nômades.
• A lei exclui a pecuária das dez léguas marítimas.
• O Rio Grande do Sul é abundante em recursos pluviais (rio Grande e seus
afluentes Mortes, Sapucaí e Verde)
• Tratado de Santo Ildefonso (1750): firma a paz na região sul entre portugueses e
castelhanos. A partir desta data, a criação e utilização das campinas sulistas pode
começar. Sesmarias são distribuídas a granel. No primeiro momento, o couro é o
principal bem de exportação.

RODRIGUES, José Wasth – Tropas Paulistas de Outrora. Coleçao paulistica, v. X


1978
• Companhia de “Aventureiros” organizada por Cristóvão Pereira de Abreu
em 16 de janeiro de 1752 para expedição da região do Rio Grande de São
Pedro.
• Vestimenta paulista: chapéu largo de feltro fino, poncho de pano castanho,
azul ou branco, calção de couro, bota e cinturão enfeitado.
• Crônica de Arago M.J.E de Souvenir d’un Aveugle: coronel polonês e um
paulista se confrontando em uma prova laço. Boa exemplificação da honra
feudal e valentia do gênero paulista.
• Regimento de Sertanejos de Itu (1798)
Monteiro R. Rodrigo: Territorialidade e memória tropeira em São Paulo: O
caminho paulista das tropas. UNESP, 2013
• Tropeada Paulista Anual
• Jornal Cruzeiro do Sul
• Academia Sorocaba de Letras
• Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba
• O transporte de pessoas e mercadorias em ombro escravizado era caro,
ineficiente e oneroso. Estes, a medida que o sistema de transporte por
tropas cargueiras foi sendo disseminado, foram sendo realocados para o
trabalho na extração aurífera.
• O troperismo como articulação das terras meridionais às áreas
mineradoras.
• Divisão territorial do trabalho (cada região da rota tropeira se
especializava em uma determinada atividade essencial para a
manutenção do negocio tropeiro)
• A vinda da família real, em 1808, causa uma alteração na rota dos
muares, sendo que a partir de então o Rio de Janeiro vira o principal
centro de atividade.
• Com a expansão das linhas ferroviárias, o troperismo deixa de ser uma
atividade subsidiaria. Com a República, a atividade administrativa se
descentraliza e os estado começam a ter suas próprias criações de
animais.
• O troperismo atua como uma amalgama de diferentes regiões brasileiras,
permitindo a propagação de costumes e usos entre espaços do território,
como formas de falar, arte e religião. O troperismo é o elo da sociedade
colonial brasileira.
• Festividades do Divino e as Cavalhadas.
• Complexo fazenda-rancho-comercio (exploração da terra, atração de
compradores e venda de produtos)
• A territorialidade tropeira marca as regiões que estavam localizadas na
rota das tropas.
• Ao redor de Sorocaba, os campos naturais favorecem a instalação das
tropas para doma e engorda. Itapetininga fica famosa por essa atividade.
• Os animais na feira de Sorocaba circulavam pelas ruas chamadas hoje de
General Carneira, Penha, 13 de maio, São Bento, XV de Novembro e
Avenida São Paulo.
• O ideal do homem do interior -> herói tropeiro.

HOLANDA, Sérgio Buarque. Caminhos e fronteiras, 4 edição – São Paulo, Companhia


das letras, 2017
• Cavalos no século XVII, em São Paulo, eram símbolos de status. A expansão de
seu uso e criação ocorre no século XVIII.
• As estradas brasileiras são construídas pensando no transito de pedestres.
• O troperismo como fator determinante para São Paulo ter se adaptado a padrões
modernos do capitalismo.
• Noção feudal de lealdade.
• Dignidade sobranceira e senhoril
Cronistas, livros e documentos importantes:
• Crônicas de Eschwege.
• LIVRO: “ Curiosidade Brasileiras”, de Laemmert (1863) – IMPORTANTE
• Viajante inglês Henderson (1821) D
• Principe Maximiliano de New Wied (1818)
• LIVRO: Alfredo Ellis Jr. “ O Ciclo do Muar”, Revista de Historia N. 1 Janeiro-
Março, São Paulo, 1950.
• John Mawe, “ Viagens ao interior do Brasil, Rio, 1944
• Augusto Saint-Hilarie “ Viagem à Provincia de São Paulo”
• Crônicas de Charles James Fox Bunbury
• João Mauricio Rugendas “ Viagem pitoresca através do Brasil”
• Antonio Francisco de Aguiar (1795-1811) escreve mais de 100 cartas contendo
informações sobre o cotidiano do trabalho de inspeção das tropas e da forma de
negociação dos tropeiros.
• AESP: Testamentos de Sorocaba.
• ACMPOA: Testamentos de Porto Alegre
• Souvenirs d’un Aveugle, Voyage autor de Monte. Paris, 1839. V. 1 (1820)
• Antonio Vieira dos Santos: Memorias Historicas da Cidade de Paranaguá e seu
município, Curitiba, 1950.
• Rafael Straforini, 2001
• Série “ Alguns Tropeiros Sorocabanos”, publicada no jornal Cruzeiro do Sul em
1976, por Aluísio de Almeida.
• Mario Mattos (1984)
• Vera Ravagnani Job (1984)
• Rogich Vieira “ O papel do Troperismo na Integração cultural do Brasil”
• Globo Rural, série sobre troperismo em 2006
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Levantamento iconográfico

Champ Nocturne sur Ytarere


(Campo noturno de Itararé); J.B. Debret au Brèsil, 1827

Cena da Província do Rio Grande; J.B. Debret, 1828.


Homme de Rio Grande – [Gaúcho] (Homem do Rio Grande – Gaúcho); J.B. Debret,
1825

Ville d'Espiritu Santo del Serrit, 1827. Vila do atual município de Jaguarão, no Rio
Grande do Sul, junto ao rio de mesmo nome. A vila era especializada no criatório e na
produção do charque.
Loja di carne secca [sic], J.B. Debret, 1825

Tropeiros pobres, busto de negociante paulista de cavalo e indumentária de negro –


estudo. J.B. Debret, 1820-1830 C
Negociante paulista de cavalos. J.B. Debret, 1820-1830 C

Limite de la Province de St. Paul et de la Coritiba. "J. B. DeBret au Brezil 1827


Joaquim da Rocha Ferreira, Pouso noturno de tropeiros (data)

Andre Figuerey, Pouso de tropeiros em Sorocaba (1830)


Van Emelen Adrien Henry Vital, Rancho na Estrada de Sorocaba (1830)
Benedito Calixto, Cavalhadas em Campinas (1846)
As cavalhadas eram uma celebração cultural que ocorria no interior de São Paulo,
como Campinas, Itu e Sorocaba. São um ótimo tópico de pesquisa para a análise mais
aprofundada da mentalidade do tipo paulista. Aluísio de Almeida define, o tropeiro
paulista como parte de uma linhagem bandeirante de cavalheiros feudais independentes
e individualistas. Este tipo de comportamento é demonstrado mais claramente, quase em
forma de caricatura, nestas celebrações culturais; no entanto, a mentalidade de honra
feudal tropeira também é transplantada para a vida comercial e social.
Henrique Manzo, Velha Fazenda Paulista (1835)
Demonstração do tipo de arquitetura das fazendas e estâncias tanto da região
paulista, como de toda a região sul. Devido as extensas propriedades, a moradia se
expande de forma horizontal, sem a necessidade da expansão vertical, como ocorre na
região central, Ouro Preto sendo um bom exemplo, e na região litorânea, onde a povoação
é mais densa e as ruas mais estreitas. Ao contrário, as fazendas e cidades que se
estabelecem ao longo da rota tropeira se configuram pela largura tanto das casas como
das ruas.
Charrua civilizado, peões. J.B. Debret, 1828.
Tropeiro e carregador de porco – estudo. J.B. Debret, 1820-1830 C
Campeiros, Propriétaires de troupeaux dans la Province du Rio Grande (Campeiros,
proprietários de tropas na Província do Rio Grande). J.B. Debret, 1823
Esclave nègre conduisant les troupeaux dans la province de Rio Grande (Escravo negro
conduzindo tropas na Província do Rio Grande) J. B Debret, 1823

Engenho de carne seca brésilien (Engenho de carne seca brasileiro); J.B. Debret, 1829
Desenho de Bigg-Wither, 1872-1873

Guache (sic) conducteur de Troupeaux (Gaúchos condutores de tropas). J.-B. Debret,


1825
Negros e paulista – estudo. J.B. Debret, 1820-1830.
Homme de Ste. Catherine et Paulista (Homem do Santa Catarina e Paulista). J.B. Debret
1825

Tropeiro Paulista e pendinchão de esmolas, Henrique de Manzo


A “ Casa do Grito”, localizada no parque da Independência, é um dos últimos
exemplares de construções de pau-a-pique na cidade de São Paulo. Ela foi construída na
segunda metade do século XIX e servia, além de moradia, como pouso para viajantes na
rota da antiga Estrada das Lagrimas. No inicio do século XX, abandonada pelos donos,
servia como cocheira.

A construção pode ser considerada uma interessante representação de um possível


local de pouso e venda na rota das tropas.
Exemplares de esporas, estribos, freios e ferraduras da coleção do Museu Ipiranga.

Calçada de Lorena. Pintada por Oscar Pereira da Silva, São Paulo (1920) a partir do
desenho de Hercules Florence de 1826.
Pouso de tropeiros em Cubatão. Pintada por Franta Richer, São Paulo (1920), a
partir do desenho de Hercules Florence em 1826

A Estrada de Cubatão, que ligava o interior de São Paulo a Santos, foi uma das
mais importantes estradas na rota tropeira.
Vista de Cubatão. Pintada por Benedito Calixto, São Paulo (1922), a partir do desenho
de Hercules Florence de 1826
Coleção do Museu Ipiranga de esporas, estribos e freios usados na rota tropeira
As violas eram parte central da expressão cultural e religiosa dos tropeiros. Eram
tocadas durante a noite, nos pousos e encostos enquanto a tropa repousava. Era esse o
período de nostalgia e sentimentalidade dos peões e tropeiros, onde cantavam suas
cantigas que falavam sobre o sofrimento na rota tropeira, nostalgia, devoção e
acontecimentos/figuras históricas.

No canto inferior direito da imagem está localizada uma tocha de taquara,


utilizada para a iluminação. Os objetos são Doação de Roseli de Oliveira e se encontram
no Museu do Ipiranga.
A religiosidade tropeira é definida pela mobilidade. O primeiro item é uma pomba
do divino, item utilizado no Festival do Divino, a celebração mais importante do culto
tropeiro. O festival ocorria nas grandes feiras de comercio de animais, como a feira de
Sorocaba. O segundo item, é uma miniatura da Nossa Senhora Aparecida, utilizada na
oração diária. Ambos fazem parte da coleção do Museu Ipiranga, também doados por
Roseli de Oliveira
Pedro Américo, Independência ou morte (1888), Museu do Ipiranga
Nota-se o carro de bois sendo puxado por um peão no canto esquerdo da imagem,
da mesma forma, mais ao fundo há uma mula com cangalha sendo guiada por um peão.

É interessante observar a representação destas figuras, que fazem parte do ciclo


da pecuária, em uma das pinturas mais emblemáticas da história artística brasileira.

Imagem retirada do site: https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/palacio-


itamaraty/patrimonio-historico/independencia-ou-morte-grito-do-ipiranga-estudo

FONTES ICONOGRÁFICAS

Bueno, B. P. S., Barreto, A. P., & Dias, G. S. (2021). Cultura material e práticas sociais
no Caminho do Viamão: paisagens toponímicas, arqueologia do cotidiano das viagens,
perfil e bagagem dos tropeiros (séculos XVIII e XIX). Anais do Museu Paulista:
História e Cultura Material, 29.
GIL, L. Tiago: Coisas do Caminho – Crédito, confiança e informação na economia do
comercio de gado entre Viamão e Sorocaba (1780-1810). UnB, 2018
Museu do Ipiranga (Fotos pessoais)
Museus Castro Maya

Bibliografia:

Luís Castanho de Almeida, pseudônimo - Aluísio de Almeida

ALMEIDA, Aluísio de. Memória histórica de Sorocaba (I-IX). 1964. Coletânea de


textos do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba
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