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Alana M. Drapcynski
Mais tarde, em 1738, Cristóvão Pereira de Abreu expande este caminho a região
sul, até o Viamão, passando por Vacaria, Lajes, Campos Gerais, Itararé e Sorocaba. O
caminho de Pereira de Abreu ficou conhecido como a Estrada Real e foi a principal rota
utilizada no comercio de muares.
A abertura desta via, coloca Curitiba e Sorocaba como pontos centrais para o
comercio e descanso de tropas, criando uma micro-economia de cidades que também se
desenvolvem graças a nova demanda de pousos e consumo de mercadorias ao longo da
rota.
Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Goiás serão regiões onde o sistema de
transporte de muares será implementado mais intensamente.
O ciclo da pecuária, como pontua Caio Prado Jr, foi o mercado interno mais
relevante do período colonial. Neste ciclo, o troperismo foi o principal agente para a
expansão do comércio pecuário.
Principais achados:
ALMEIDA, Aluísio de. Memória histórica de Sorocaba (I-IX). 1964. Coletânea de
textos do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba
• Recolhimento de Santa Clara, colégio para a educação de meninas fundado em
1805 por dona Manoela de Santa Clara e Dona Rita de Santa Inês.
• Dona Joaquina de Vasconcelos, primeira professora da cadeira feminina para a
instrução de jovens meninas, sucedida em 1841 por dona Vicentina Adelaide de
Vasconcelos. Esta leciona ate o fim do Império. Em 1883, uma segunda cadeira
se abre e é preenchida por dona Adelina Carolina da Silva Abreu, seguida por
Dona Januária de Sima de Oliveira Lima e posteriormente por Zulmira Ferreira
do Vale.
• Sorocaba como Meca do liberalismo.
• Teatro Santa Clara, aberto em 1839 pelos conservadores, e Teatro São Rafael
construído em 1835 por dona Gertrudes Aires de Aguirre, em homenagem ao
filho Rafael Tobias, líder da revolução liberal em 1842. Dona Gertrudes era neta
do capitalista e tropeiro Paulino Aires de Aguirre.
• “ A feira de Sorocaba”, comédia escrita por Francisco Luís de Abreu Medeiros.
• José Joaquim da Costa e Silva, junto a sua esposa dona Guilhermina Clotilde da
Cunha, ambos portugueses e professores de musica, fundaram abrem na segunda
metade do século XIX o primeiro colégio feminino em Sorocaba, com externato,
internato e semi-internato com um programa focado no ensino da musica.
• O Colégio União Sorocabana foi fundado em 1874 e possuía duas seções
separadas. A seção masculina fechou-se no final deste mesmo ano, mas a
feminina continuou a lecionar até a década de 1890-1900. O colégio feminino
foi dirigido pelas americanas H. Wilul e Ana Wilk.
• Dona Gertrudes de Almeida Pilas, mãe de Ubaldino do Amaral, funda um
internato para meninas no Paraná.
• Em 1887, dona Escolástica Rosa de Almeida inicia um externato para meninas.
No mesmo amo, o Colégio Coração de Jesus é fundado por uma senhora baiana.
Dona Augustinha de Try era uma professora belga que dava aulas particulares
para meninas em 1889.
ALMEIDA, ALUÍSIO DE. Vida e Morte do tropeiro, Editora Martins, São Paulo, 1971
• O paulista como homem aventureiro, sucessor do bandeirante.
• Origens do modelo de transporte tropeiro.
• Diferenças nos ciclos de pecuária do nordeste e do sul.
• O termo tropeiro como castelhianismo.
• Principais estradas tropeiras em São Paulo: Maioridade, Vergueiro e Cubatão.
• As feiras como uma mistura entre o festivo e o sagrado, misturando o profano ao
religioso.
• Feira de Lajes (compra de tropas de muares e gado), feira de Sorocaba
(emblemática feira do ciclo do tropeiro), feira de Três Corações (feira de gado
vacum em Minas Gerais), feira de Caxias no Maranhão, feira de Santana na
Bahia para a venda de gado vacum dos sertões de São Francisco.
• Motivo para Sorocaba ser o centro de convergência do mundo tropeiro.
• Primeira feira: após a abertura do caminho do Rio Grande em 1733 e antes de
1757.
• A feira de Sorocaba como representação máxima do sincretismo entre as
diferentes regiões e culturas brasileiras. O enconsto e descanso das tropas como
o principal local de união e disseminação de costumes das culturas paulista,
gaúcha, nordestina e mineira.
• Vale do Paraíba local de interesse para o ciclo do troperismo entre a região de
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Troperismo no Rio de Janeiro definido pelos três
locais: Serra da Estrela, Serra dos Órgãos e Mantiqueira.
• Mentalidade do homem tropeiro: linhagem bandeirante de cavaleiros feudais,
independentes e individualistas. (p. 94)
• O modo de transporte tropeiro como algo que se assemelha à logica da economia
capitalista (p. 109).
• Grandes capitalistas que financiavam o comercio das tropas: Paulino Aires de
Aguirre e José Gomes Pinheiro.
• O tropeiro como plantador de cidades.
• Ciclo bandeirante-minerador e bandeirante tropeiro.
• O tropeiro como uma criação latino-americana.
• Vínculo pan-americanismo na figura tropeira.
• Luiz Jácome, domador.
• Religiosidade tropeira sentimental e pouco instruída. Uma religiosidade lírica.
CALDEIRA, Jorge. A Nação Mercantilista. Editora 34, 2 reimpressão 1999
• Visão colonizadora: o interior é irrelevante.
• Economia mercantil e natural.
• Germe da mobilidade.
• O troperismo como um sistema movido a logica do lucro (modelo fazendo-
rancho-comercio)
• Expansão do comercio varejista no troperismo.
• O troperismo como um sistema complexo de diferentes atividade atendendo a
leis da concorrência.
• O negócio de comercio de tropas como um empreendimento democrático e
acessível.
• P. 197: “ Em outras palavras: era o que de mais próxima havia naquele
momento, em todo planeta, de uma economia capitalista.”
PRADO Jr. Caio – Formação do Brasil contemporâneo. Companhia das letras, 2011, 9a
reimpressão
• Na mineração não há logica de expansão.
• A penetração ao território incentivada pela pecuária se expande por contiguidade
e permanece conectada com o centro irradiador.
• O povoamento centro-sul é definido por deslocamentos bruscos e migrações.
• São Paulo é uma região de transição espremida entre serranias (serra do Mar e
Mantiqueira). Seus rios procuram o interior e depressão da bacia Paraná-
Paraguai. A colonização do território se desenvolve em sentido litoral-interior.
• A descoberta do ouro no sec. XVIII inicia um revolução demográfica.
• A Seca Grande de 1791-3 foi o golpe final da pecuária nordestina. A partir deste
ponto, esta é substituída totalmente pela do Rio Grande do Sul.
• O eixo econômico brasileiro se desloca para o setor Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Geris.
• A agricultura de subsistência se desenvolve as margens dos grandes centros
urbanos a que serve.
• O consumo de milho por bestas na rota tropeira é o principal meio de lucro para
fornecedores nos ranchos de pouso.
• No sertão o milho predomina, enquanto a mandioca é a principal fonte de
alimento no litoral.
• As sociedades mineradores são moveis e nômades.
• A lei exclui a pecuária das dez léguas marítimas.
• O Rio Grande do Sul é abundante em recursos pluviais (rio Grande e seus
afluentes Mortes, Sapucaí e Verde)
• Tratado de Santo Ildefonso (1750): firma a paz na região sul entre portugueses e
castelhanos. A partir desta data, a criação e utilização das campinas sulistas pode
começar. Sesmarias são distribuídas a granel. No primeiro momento, o couro é o
principal bem de exportação.
Ville d'Espiritu Santo del Serrit, 1827. Vila do atual município de Jaguarão, no Rio
Grande do Sul, junto ao rio de mesmo nome. A vila era especializada no criatório e na
produção do charque.
Loja di carne secca [sic], J.B. Debret, 1825
Engenho de carne seca brésilien (Engenho de carne seca brasileiro); J.B. Debret, 1829
Desenho de Bigg-Wither, 1872-1873
Calçada de Lorena. Pintada por Oscar Pereira da Silva, São Paulo (1920) a partir do
desenho de Hercules Florence de 1826.
Pouso de tropeiros em Cubatão. Pintada por Franta Richer, São Paulo (1920), a
partir do desenho de Hercules Florence em 1826
A Estrada de Cubatão, que ligava o interior de São Paulo a Santos, foi uma das
mais importantes estradas na rota tropeira.
Vista de Cubatão. Pintada por Benedito Calixto, São Paulo (1922), a partir do desenho
de Hercules Florence de 1826
Coleção do Museu Ipiranga de esporas, estribos e freios usados na rota tropeira
As violas eram parte central da expressão cultural e religiosa dos tropeiros. Eram
tocadas durante a noite, nos pousos e encostos enquanto a tropa repousava. Era esse o
período de nostalgia e sentimentalidade dos peões e tropeiros, onde cantavam suas
cantigas que falavam sobre o sofrimento na rota tropeira, nostalgia, devoção e
acontecimentos/figuras históricas.
FONTES ICONOGRÁFICAS
Bueno, B. P. S., Barreto, A. P., & Dias, G. S. (2021). Cultura material e práticas sociais
no Caminho do Viamão: paisagens toponímicas, arqueologia do cotidiano das viagens,
perfil e bagagem dos tropeiros (séculos XVIII e XIX). Anais do Museu Paulista:
História e Cultura Material, 29.
GIL, L. Tiago: Coisas do Caminho – Crédito, confiança e informação na economia do
comercio de gado entre Viamão e Sorocaba (1780-1810). UnB, 2018
Museu do Ipiranga (Fotos pessoais)
Museus Castro Maya
Bibliografia:
Jorge Caldeira
CALDEIRA, Jorge. A Naçao Mercantilista. Editora 34, 2 reimpressão 1999
Celso Furtado
FURTADO, Celso – Formação Econômica do Brasil. COMPANHIA DAS LETRAS,
12 reimpressão (2006)