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CONHECIMENTOS GERAIS

Conhecimentos Gerais

Brasil República – História, política, economia e cultura

O Brasil República teve seu início com a proclamação da República declarada pelo Marechal
Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889. Veja mais detalhes!

O Brasil República teve seu início com a proclamação da República declarada pelo Marechal
Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889.

Esse ato foi um ato militarista, pois eles queriam o poder, e o país estava em crise com o fim da
monarquia e a abolição da escravatura. Os latifundiários, também chamados de ―a elite agrária‖,
estavam insatisfeitos com a forma que os governantes estavam administrando de forma conjunta com
a participação das Forças Armadas. O Marechal Deodoro permaneceu no governo até 1891 quando
renunciou o seu cargo passando a governar o vice-presidente Marechal Floriano Peixoto.

Constituição de 1891

Foi preciso criar uma nova Constituição, pois a antiga não representava as novas regras políticas e
os novos interesses. A nova Constituição foi elaborada de forma que garantia os interesses do
governo e das elites agrárias. Um avanço para a época foi constar na Constituição o voto aberto e o
sistema presidencialista adotando a República Federativa o sistema institucional. O poder executivo
era exercido pelo presidente da República e os estados eram governados pelos presidentes
estaduais.

A Política do Café com leite

Os estados mais ricos e bem desenvolvidos eram os estados de Minas Gerais e São Paulo que
atuavam com o grande crescimento no setor agrícola que visava à produção de café em São Paulo e
a produção de leite em Minas Gerais. Os governantes favoreciam as regras e normas beneficiando
esse setor da economia, enquanto a indústria que tentava a sua expansão sofria grandes
consequências. Esses estados eram privilegiados, enquanto os demais sofriam com a escassez e
com o abandono, principalmente, os estados do norte e nordeste do país. Constatamos essa situação
até os dias atuais.

Economia no Brasil República

Por volta de 1930, a economia do país se intensificava com o processo da industrialização e o Brasil,
por ser um país tropical, tudo que se plantava dava muito certo, tornando a agricultura um dos meios
de exportação. O Brasil se tornava uma economia forte aos olhos do restante dos demais países e a
sociedade passou gradativamente a deixar o campo para participar da vida ativa da cidade urbana.

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Cultura no Brasil República

Com a urbanização, as pessoas se interessaram pelas artes, pela música e pela cultura. Nesse
sentido, a produção cultural aumentou e novos movimentos foram se formando como o movimento da
Bossa Nova e do Cinema Novo. Era preciso atrair a atenção da população para a diversão, e foi
nessa ocasião que o esporte foi um meio atraente, garantindo a diversão. O futebol ganhou o
interesse da população e tornou-se um grande negócio para empreendimentos no país, e continua
sendo até os dias de hoje.

A Chegada dos Europeus ao Continente que hoje chamamos de América

A região da cidade de Jerusalém, na Palestina, onde atualmente fica o Estado de Israel é sagrada
para os fiéis das três mais importantes religiões (ditas)* monoteístas do mundo: o judaísmo, o
cristianismo e o islamismo. Desde épocas muito remotas, judeus, cristãos e muçulmanos fazem
peregrinações a Jerusalém para venerar os Lugares Santos de suas respectivas fés.
Na Idade Média – e ainda hoje, em certa medida – os cristãos em geral acreditavam que os lugares
onde os santos viveram, os objetos por eles usados e o que restava de seus corpos (as chamadas
―Relíquias‖) possuíam poderes milagrosos, como a cura de enfermos e a salvação para os
pecadores. Havia vários lugares de veneração espalhadas por todo o mundo cristão, mas a Terra
Santa, onde Jesus viveu, pregou e foi supliciado, era considerado o mais sagrado de todos.

Para os judeus, Jerusalém é a principal cidade de sua antiga pátria e ali se encontram vários locais
sagrados, principalmente o ―Muro das Lamentações‖, ruínas do Templo de Salomão destruído pelos
romanos no primeiro século de nossa era. Para os cristãos, é reverenciada por ter sido o local no qual
Jesus de Nazaré viveu durante os três últimos anos de sua vida, pregou, fez discípulos e foi
crucificado. Para os muçulmanos, Jerusalém é uma Cidade Santa porque foi dali, da ―Cúpula do
Rochedo‖, situada no coração de Jerusalém – reza a Tradição que ainda é possível ver a marca do
casco do cavalo alado que o levou – que Maomé subiu ao céu.

Apesar da grande distância da Europa Ocidental, muitos peregrinos faziam uma longa e arriscada
jornada para chegar a Jerusalém. Alguns iam primeiro para Roma e, em seguida, partiam de algum
porto italiano para Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente ou Império Bizantino e, de
lá, para a Palestina. As pessoas mais pobres percorriam todo o trajeto a pé.

Os Europeus dependiam visceralmente das especiarias encontradas nas Índias (nome dado
vagamente a toda a região sudeste do continente asiático). Em particular nos períodos mais quentes
do ano as especiarias ou temperos (cravo, canela, noz moscada, pimenta...) eram fundamentais para
a conservação e aprimoramento do sabor dos alimentos. A mesma rota usada pelos Peregrinos era
também a rota dos mercadores (hoje eufemisticamente conhecidos como comerciantes) que iam da
Palestina às Índias por terra e lá, trocavam produtos europeus pelas especiarias. Não raro,
simplesmente saqueavam vilarejos hindus de suas riquezas e as vendiam na Europa com lucro de
100%, independente da desgraça causada no local do saqueio.

Após longo período de cerco, em 1453 as poderosas muralhas de Constantinopla caíram sob o poder
dos canhões de Maomé III. A ―Queda de Constantinopla‖ e sua ocupação pelos turcos otomanos
(muçulmanos) marca o fim do Império Romano do Oriente. Muitos sábios migraram de Constantinopla
para Roma, Veneza e Gênova, na península Itálica e ajudaram, com seus aportes, a incrementar o

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Renascimento Europeu.

Em busca de um Caminho Marítimo para as Índias

Com as rotas terrestres para as Índias completamente bloqueadas pois os inimigos mortais dos
Europeus Ocidentais ocupavam toda a Palestina e até Constantinopla (hoje Istambul, na atual
Turquia), além disso as disputas entre Católicos e Protestantes no Segundo Cisma do Cristianismo
tornava a Europa Central uma área consideravelmente perigosa para os mercadores católicos da
Península Ibérica. Era necessário encontrar um "Caminho Marítimo" para "as Índias".

As viagens navais daqueles tempos podem ser comparadas – grosso modo – às viagens espaciais
da era moderna. Inicialmente, somente Portugueses e Espanhóis dispunham dos conhecimentos
técnicos necessários à construção de grandes embarcações e, com o auxílio de instrumentos
aprendidos com os muçulmanos (como o astrolábio, por exemplo, instrumento fundamental ao fiel
muçulmano para localizar a direção da cidade de Meca para suas preces diárias mesmo em dias
nublados ou durante a noite) podiam navegar e orientar-se pelas estrelas, mesmo à noite.

Após a Unificação do Reino de Espanha com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de
Castela que possibilitou a união de forças necessárias à retomada de Granada, ao sul da Espanha
(os muçulmanos ocuparam toda a Península Ibérica por cerca de 700 anos, daí muito de sua
influência aparece na cultura daqueles povos e dos latino-americanos, nós, que descendemos deles)
um navegador genovês (nascido em Gênova, na Península Itálica) chamado Cristóvão Colombo
conseguiu os recursos necessários a subvencionar sua ambiciosa viagem de circunavegação – dar
uma volta à Terra, que, já se sabia, era redonda – e chegar ―ao Levante, viajando na direção do Sol
Poente‖. Só não contava mesmo encontrar um continente inteiro no meio do caminho - sorte dele,
aliás, que não contava com suprimentos, equipamentos e tripulação suficientemente motivada e
crédula para chegar tão longe quanto a China, na hipótese de o Continente que hoje chamamos de
América não existisse...

No entretempo os Portugueses chegavam às Índias circunavegando o Continente Africano em


viagens, para a época, cheias de perigos e aventuras.

Após muitos contratempos Colombo chega às ilhas do Caribe e imagina haver chegado às ilhas de
―Cipango‖ – nome pelo qual o Japão era conhecido – e, como Marco Polo 300 anos antes, embora
viajando na direção contrária, chegar até o ―Império Katai‖ – como era conhecida a China. Índios do
Caribe faziam referência a um "Grande Reino" no Continente (referiam-se à Confederação Azteca)
que Colombo interpretou como sendo o famoso "Império Catai" encontrado por Marco Polo 250 anos
antes. Toma posse de todas as terras encontradas em nome dos reis Cristãos de Aragão e Castela –
independentemente de serem terras habitadas por outros seres humanos, que receberam o nome de
―índios‖ pois que se imaginava estar chegando às Índias.

Colombo morreu acreditando haver descoberto uma rota marítima para as Índias, navegando em
linha reta na direção do Sol Poente. Naquela época, era totalmente desconhecida a existência de um
Continente inteiro e habitado por milhares de Nações de Seres Humanos diferentes no caminho entre
a Europa e a Ásia. Este continente recebeu o nome de ―América‖ pois foi o florentino (nascido em
Florença, na Península Itálica) Américo Vespúcio, que navegou, estudando todo o litoral destas terras
recém encontradas, o descobridor de que se tratava de um ―Mundo Novo‖ – Mundus Novus é o título
do Trabalho em que registra oficialmente, pela primeira vez na história do Ocidente, que havia um
continente inteiro entre a Europa e a Ásia, continente que, como se disse, em sua homenagem leva o
nome de ―América‖.

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Dividindo o Novo Mundo

Ainda em 1494 não se tinha a dimensão das terras encontradas e as disputas entre portugueses e
espanhóis causavam, por vezes, embaraços diplomáticos. Sendo as duas Nações católicas,
solicitaram ao chefe de sua Igreja, o Sr. Giuliano della Rovere, reverenciado pelas duas Nações como
―papa Júlio II‖ – o famoso patrão de Michelangelo Buonarotti, o escultor que foi obrigado a pintar o
teto da Capela Sistina, uma das maiores obras de arte de toda a nossa história – que dividisse as
terras encontradas e a serem encontradas entre eles. O Tratado de Tordesilhas, de 1494 divide o
mundo entre portugueses e espanhóis.

\Todas as terras encontradas e a serem encontradas até 370 léguas náutica a Oeste do Arquipélago
de Cabo Verde pertenceriam a Portugal e todos os que estivessem além daquela linha demarcatória
pertenceriam à Espanha. Evidentemente, não tardou a que os protestantes ingleses, holandeses e
franceses também se fizessem ao mar e questionassem aquela divisão. Vale lembrar que o Sr.
Giuliano della Rovere estava dividindo entre Portugal e Espanha terras habitadas por milhões de
seres humanos que foram sistematicamente exterminado ao longo dos séculos.

A ressaltar ainda que os reinos da Inglaterra, Holanda e França (profundamente influenciados pelo
Segundo Grande Cisma no Cristianismo, a Reforma Protestante) não reconheciam a autoridade do
Sr. Della Rovere para dividir o mundo chegando mesmo a desafiar-lhe a lhes mostrar "o testamento
de Adão" concedendo aos católicos a posse de todas as terras do mundo...

Mais adiante estudaremos como Portugal ampliou o território do Brasil pois, como se vê no mapa
abaixo, o Tratado de Tordesilhas concedia muito mais território aos Espanhóis que aos Portugueses.

O “achamento” do Brasil

Este é o termo usado por Pero Vaz de Caminha, cronista da viagem da Frota de Cabral em direção
às Índias.

Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha no Idioma Português como era escrito em 1500; clique
sobre a imagem para vê-la ampliada

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A Carta de Pero Vaz de Caminha estará disponível novamente na sessão de Downloads da sua
página Cultura Brasileira nos formatos PDF, RTF e HTML.

Caso você, como eu, prefira ler livros em formato papel, tradicional, A Carta é encontrável em
qualquer boa livraria ou através da Internet.

Chegando ao que hoje chamamos de litoral da Bahia no dia 22 de abril de 1500, Pedro Álvarez

Cabral, que liderava uma frota de 3 navios a caminho das Índias, celebra uma missa e reclama estas
terras para o Monarca Português. Segundo alguns Autores, a frota de Cabral foi desviada para Oeste
por uma sucessão de calmarias e tempestades; segundo outros, conhecedores das viagens de
Colombo em 1492, os Portugueses propositalmente navegaram mais a Oeste a fim de verificar se
encontrariam terras a serem reclamadas com base no Tratado de Tordesilhas. O termo utilizado por
Pero Vaz de Caminha em sua famosa Carta foi ―achamento‖ e, embora o idioma português tenha
mudado muito em 512 anos, quem ―acha‖ alguma coisa, é porque estava procurando, portanto, é
plausível que a chegada de Cabral ao território que ele inicialmente chamou de ―Ilha de Vera Cruz‖,
depois, ao perceber ser muito grande, recebe o nome de ―Terra de Santa Cruz‖ e, com o passar dos
anos e a descoberta de grandes quantidades de pau-brasil (de cuja seiva se extraía uma preciosa
tintura vermelha para tecidos) estas terras são finalmente batizadas com o nome de Brasil.
Desnecessário ressaltar o nível predatório a que chegou a extração do pau-brasil nestas terras. Havia
grandes florestas daquelas árvores; questiono: quantos dos leitores deste texto já viram,
efetivamente, uma única árvore de pau-brasil? Sintomático, não?

Choque Cultural de Civilizações Diferentes

Do ponto de vista dos portugueses que aqui chegaram, o que aconteceu foi um ―descobrimento‖, do
ponto de vista dos chamados ―índios‖, o que aconteceu foi uma hecatombe e pode ser melhor
descrito como Mecanismo de Conquista Colonial. Fato é que aquele (re)encontro de povos separados
no tempo e no espaço por mais de 50.000 anos resultou numa ―empresa lucrativa‖ para os Europeus
e no extermínio em massa dos nativos. Vem daquele tempo a expressão ―ficar entre a cruz e a
espada‖: ou o ―índio‖ se converte ao cristianismo, veste roupas e se batiza, portanto vê a morte de
sua própria identidade cultural, ou, se resistir, é passado ao fio da Espada e é exterminado, morre
mesmo, fisicamente.

Disse alguns parágrafos acima que as Grandes Navegações podem ser comparadas às viagens
espaciais e volto aqui ao tema: imagine que seres inteligentes de um planeta situado em outro
sistema estelar diferente do Solar dispusessem de tecnologia suficientemente avançada para
atravessar o Espaço, estas distâncias que parecem intransponíveis até à mais avançada ciência
contemporânea. Caravelas imensas que conseguiam atravessar o Oceano seguramente tinham para
aqueles seres humanos que moravam nestas terras características similares. E os seres que vinham
dentro delas pareciam também humanos. Este debate foi motivo de profunda discussão teológica na
Europa ―Os índios são seres humanos também ou animais parecidos?‖; ―Os índios têm alma?‖ –
enquanto isso, os índios se questionavam se os recém-chegados eram humanos ou deuses. Todos
faziam experiências ou concílios. Os índios experimentavam: por vezes mantinham um português
debaixo d'água, no fundo de um rio ou lago, por algumas horas; se saísse incólume, era um deus,

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caso contrário, era humano também. Já os Europeus, em seus concílios religiosos decidiram
simultaneamente que:

Os índios têm alma e são, portanto, humanos. Deve-se convertê-los ao cristianismo, dentro do
contexto da chamada "Contra-Reforma", "civilizá-los" segundo os padrões cristãos europeus.

Os negros africanos eram considerados, como os escravos o eram pelos romanos,


meros instrumenta vocalia, objetos de que se pode apropriar e que apresentam a curiosa
característica de também falar, como os papagaios; contudo, não tinham alma e não podiam ser
"salvos do pecado original", seja lá o que isso signifique.

Imagine ainda que os seres extra-terrestres, hipoteticamente, aqui chegados, tomassem a si as


mulheres terrestres e transformasse os homens em seus escravos obrigando-os a destruir suas
casas e dar aos que chegaram todas as coisas de valor que tivessem, dando a uns poucos a
alternativa de participar do processo de saque fazendo alianças com os extra-terrestres para explorar
os seres humanos. Foi mais ou menos isso o que os Europeus fizeram com os índios: cooptaram
alguns e subjugaram a maioria que acabou morta (física ou culturalmente).

Todos sabemos que onde hoje fica o Rio de Janeiro moravam então os Carijós, ―índios‖ aparentados
aos Tupinambás que se pintavam (usando genipapo e urucum, vegetais com tinturas vermelha e
enegrecida) com pequenos pontos na pele. Sabemos também que no idioma Tupinambá, assim
como no Carijó, tanto a aldeia quanto a casa do ―índio‖ é chamada de Oca. Como muitos iam até
a Oca dos Carijós ou cari-oca, esta passou a ser a denominação de quem nasce naquela terra... ;)

Hoje não há mais Oca, não há mais carijós e o pau-brasil (havia florestas de pau-brasil no hoje sertão
nordestino, como hoje há muita madeira nobre no futuro ―deserto amazônico‖ se não se contiver a
ganância daqueles que desmatam a Amazônia) o pau-brasil, enfim, só se vê (quando se vê) em raras
exibições reservadas para demonstrar um pouco da vegetação nativa...

A mentalidade predatória das riquezas nativas segue avançando violentamente e é imaginável que,
dentro de uns 50 a 100 anos se fale no "Deserto Amazônico", antiga Floresta... Depende de cada um
de nós a conscientização e a preservação ambiental do mundo em que vivemos!

Etnocentrismo e o "Abandono Salutar" do Brasil entre 1500 e 1530

O interesse pelo Oriente – Como vimos, a armada de Pedro Álvares Cabral, em verdade, dirigia-se às
―Índias‖ mas, seja acaso, tormentas, calmarias ou por propósito (o mais provável) chegou ao Brasil
em 1500. Apesar de ter tomado posse da terra em nome do rei de Portugal, o principal interesse da
monarquia, enfatize-se estava voltado para o Oriente, onde estavam as tão cobiçadas especiarias.

O “Achamento”

A Carta de Pero Vaz de Caminha fala em ―achamento‖ destas terras, não fala em ―descobrimento‖ ou
―casualidade‖. Tudo indica que, realmente, procuravam alguma terra, e a acabaram ―achando‖... O
relato abaixo permite-nos uma idéia de como aconteceu este ―achamento‖ segundo relatos de
marujos da esquadra cabralina.

Na terça-feira à tarde, foram os grandes emaranhados de ―ervas compridas a que os mareantes dão
o nome de rabo-de-asno‖. Surgiram flutuando ao lado das naus e sumiram no horizonte. Na quarta-

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feira pela manhã, o vôo dos fura-buchos – uma espécie de gaivota – rompeu o silêncio dos mares e
dos céus, reafirmando a certeza de que a terra se encontrava próxima. Ao entardecer, silhuetados
contra o fulgor do crepúsculo, delinearam-se os contornos arredondados de ―um grande monte‖,
cercado por terras planas, vestidas de um arvoredo denso e majestoso.

Era 22 de abril ale 1500. Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava
terra – mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Nos nove dias seguintes, nas
enseadas generosas rio sul da Bahia, os 13 navios da maior amada já enviada às índias pela rota
descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra e seus habitantes.

O primeiro contato, amistoso como os demais, deu-se já no dia seguinte, quinta-feira, 23 de abril. O
capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi a terra, em um batel, e
deparou com 18 homens ―pardos, nus, com arcos e setas nas mãos‖. Coelho deu-lhes um gorro
vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu um cocar de plumas e um
colar de contas brancas. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava, naquele instante, no curso da
História.

O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações que possuem
uma ―certidão de nascimento‖ tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz de Caminha enviou
ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o ―achamento‖ da nova terra. Ainda assim, uma dúvida
paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral muito mais para oeste do que o
necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do Brasil um mero acaso?

É provável que a questão jamais venha a ser esclarecida. No entanto, a assinaturas do Tratado de
Tordesilhas, que, seis anos antes, dera si Portugal a posse das terras que ficassem a 370 léguas (em
torno de 2.000 quilômetros) a oeste de Cabo Verde explique a naturalidade com que a nova terra foi
avistada, o conhecimento preciso das correntes e das rotas, as condições climáticas durante a
viagem e a alta probabilidade de que o país já tivesse sido avistado anteriormente parecem ser a
garantia de que o desembarque, naquela manhã de abril de 1500, foi mera formalidade: Cabral
poderia estar apenas tomando posse de uma terra que os portugueses já conheciam, embora
superficialmente. Uma terra pela qual ainda demorariam cerca de meio século para se interessarem
de fato.

Todas as culturas e civilizações humanas partilham algumas coisas em comum; por exemplo, tanto
Esquimós, quanto Bosquímanos, Tupinambás, Astecas, Zulus, Mongóis, Japoneses e Europeus
consideram a própria cultura ou civilização superior a todas as demais. Para os Ibéricos (Portugueses
e Espanhóis) cristãos, com seu elã vital de "propagar o cristianismo católico" iam além e
consideravam sua cultura ou civilização "a única válida" a exemplo dos estadunidenses hoje em dia,
no século XXI.

Aquela visão tacanha não permitiu ver a tremenda diversidade cultural entre as mais distintas
civilizações e povos diferentes que aqui viviam: Tupinambás, Carijós, Tupiniquins, Ianomamis,
Guaranis... Todos eram "índios sem cultura, sem rei nem lei" e tinham de receber a cultura e a
religião ibéricas - a alternativa era a morte ("Ficar entre a cruz e a espada" tem precisamente este
significado, por sinal).

Apenas a título de ilustração ou curiosidade, todas as civilizações humanas têm a sua própria forma
fazer sacrifícios humanos. Hoje em dia, nos EUA, a moda é julgar formalmente e, o considerado
"culpado" de algo como "crime hediondo" é sacrificado através do uso da Cadeira Elétrica, da Forca
ou da Injeção Letal. Na Península Ibérica ao tempo da conquista colonial do Brasil eram também
muito comuns os sacrifícios humanos. A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, nome
eufemístico da Santa Inquisição, julgava - aplicando violentos métodos de tortura física e psicológica,
extraindo confissões as mais diversas - e, ao término dos trabalhos, "abandonava ao braço secular" o
corpo da vítima a ser sacrificada indicando como deveria ser. Um método muito popular de Sacrifício
Humano na Península Ibérica ao tempo da conquista colonial era a fogueira.

A vítima era queimada numa fogueira, em geral ainda em vida (como ocorreu com Giordano Bruno,
por exemplo); em alguns casos eram garroteados - mortos por enforcamento através de um garrote
em torno da garganta - e, a seguir, incinerados para delírio da platéia. Também no continente que
hoje chamamos América, nos tempos da conquista colonial, se praticava o sacrifício humano:
inimigos derrotados eram mortos e sua carne, devorada pelos vencedores - um ritual nem tão raro

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nem tão comum quanto os Sacrifícios Humanos perpetrados na Europa cristã, naturalmente. Mas uns
não consideravam aos outros como praticando esse tipo de coisa...

Agora, imagine que você desse de presente para um grupo de índios da Amazônia (onde não há
eletricidade, água encanada, saneamento básico ou mesmo respeito por parte da FUNAI - Funerária
Nacional de Índios) um computador de último tipo, capaz de pegar o sinal da Internet por satélite e
funcionar a bateria. Diante de tal peça, os Ianomami, respeitosos, o enfeitariam com penas,
colocariam outros adereços comuns e deixariam o computador em exibição, todo enfeitado, a quem
desejasse olhar. Estranho? E nós que pegamos seus instrumentos de trabalho - como arco-e-flexa,
por exemplo - e penduramos como enfeite em nossas paredes? Qual a grande diferença?

Enfim, em última instância, no mundo humano e sendo o ser humano como é, vence sempre quem
dispõe de maior poderio bélico, não aquele povo que manifesta um tipo superior de moralidade.
Assim, hoje já não há quase nada de cultura nativa nestepaíz. Os "índios" foram convertidos ou
assassinados.

Os Tupiniquins

Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500
nativos.

Eram, se saberia depois, tupiniquins – uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século
16, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupis-guaranis tinham chegado à região numa série de
migrações de fundo religioso (em busca da ―Terra sem Males‖, no começo da Era Cristã. Os
tupiniquins viriam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Bertioga, em São Paulo. Eram uns 85
mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados
dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570 já estavam praticamente extintos, massacrados par
Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil.

O "Abandono Salutar" de 1500 a 1530 com poucas viagens exploratórias

Primeiras Expedições

O Brasil, ao contrario do Oriente, não possuía, em princípio, nenhum atrativo do ponto de vista
comercial. Ao longo do período pré-colonial foram, entretanto, enviadas várias expedições a nosso
pais.

Primeiras expedições – Entre 1501 e 1502, Portugal enviou a primeira expedição com a finalidade de
explorar e reconhecer o litoral brasileiro. Essa expedição, da qual se desconhece o nome do
comandante, foi responsável pelo batismo de inúmeros lugares: cabo de S. Tomé, cabo Frio, São
Vicente, etc. Com certeza, nessa expedição viajou o florentino Américo Vespúcio, que,
posteriormente, em carta ao governante de Florença, Lourenço de Médici, irá declarar que não
encontrou aqui nada de aproveitável. Apesar disso, constata a existência do pau-brasil, madeira
tintorial conhecida dos europeus desde a Idade Média, que até então era importada do Oriente.

O pau-brasil – As primeiras atividades econômicas concentraram-se, pois, na extração daquela


madeira, segundo o regime de estanco, isto é, sua exploração estava sob regime de monopólio régio.
Como era costume, o rei colocou em concorrência o contrato de sua exploração, que foi arrematada
por um consórcio de mercadores de Lisboa chefiado pelo cristão novo Fernão de Noronha, em 1502.

No ano seguinte (1503) Fernão de Noronha montou uma expedição pata a extração do pau-brasil e
fez o primeiro carregamento do produto.

No Brasil, foram estabelecidas então as feitorias, que eram lugares fortificados e funcionavam, ao
mesmo tempo, como depósito de madeira. O pau-brasil era explorado através do escambo, no qual
os indígenas forneciam a mão-de-obra para corte e transporte da madeira em troca de objetos de
pouco valor para os portugueses.

Brasil 1570. Padres solicitam às Autoridades portuguesas - a Metrópole do Brasil na época - que
enviem órfãs para se casar com os rudes trabalhadores que aqui moravam pois estavam obcecados -
como usualmente os padres sempre são - com a sexualidade dos trabalhadores que, além de os
afastar da missa, produzia uma indesejável quantidade de mestiços e a prioridade então era o

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"branqueamento da pele".

O filme DESMUNDO revela de maneira realista o choque cultural entre meninas profundamente
religiosas e seus maridos, brutais, acostumados com a dureza do trabalho e a lidar com o trabalho
escravo. A maioria "amolece" a esposa como um domador de cavalos. Algumas se suicidam tentando
voltar - a nado - a Portugal, algumas enlouquecem. A maioria, como desde sempre em terra brasilis,
"se acomoda" à situação.. Alain Fresnot explorou este tema brilhantemente no filme "Desmundo".
Reproduzo abaixo dois trechos apenas para "dar um gostinho" ;)

Desmundo - Brasil 1570 - Os Casamentos

Neste breve trecho do filme Desmundo - 2002, de Alain Fresnot, vemos claramente tanto a
preocupação dos padres com a sexualidade dos homens que estavam trabalhando no Brasil
(interessante como os padres SEMPRE se preocupam muito com a sexualidade. Tem por ela tanta
obcessão quanto os famintos e os morbidamente obesos têm obcessão por comida...)

Com a chegada de muitas órfãs criadas em instituições religiosas de Portugal espera-se tanto trazer
os rudes "brasileiros" de volta à Igreja Católica quanto branquear a pele, deixando os habitantes de
produzir mestiços à farta em ligações não sacramentadas pela Igreja Católica Apostólica Romana.

Tudo indica ser este o máximo de preocupação que Portugal dedicava ao Brasil até aquela época -
antes da descoberta de veios de ouro e prata ou mesmo do início da exploração de terras cultiváveis.
Ainda havia índios em quantidade por aqui, cabe acrescentar...

Mineração no Brasil Colônia

Condicionantes da mineração – Até o século XVII, a economia açucareira era a atividade


predominante da colônia e o interesse metropolitano estava inteiramente voltado para o seu
desenvolvimento. Porém, a partir de meados do século XVII, o açúcar brasileiro sofreu a forte
concorrência antilhana, claro, os holandeses, uma vez ―expulsos‖ passaram a produzir em suas
colônias no Caribe, fazendo com que a Coroa portuguesa voltasse a estimular a descoberta de
metais.

Os paulistas, que conheciam bem o sertão, iriam desempenhar um papel importante nessa nova fase
da história colonial. Já em 1674, destacou-se a bandeira de Fernão Dias Pais, que, apesar de não ter
descoberto metais preciosos, serviu para indicar o caminho para o interior de Minas. Poucos anos
depois, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva – o Anhangüera – abriria caminho para o Brasil
central (Goiás e Mato Grosso).

Descoberta do ouro e povoamento – A procura de metais preciosos no Brasil era bem antiga e datava
do início da colonização, sobretudo depois da descoberta da rica mina de prata de Potosí, em 1545,
na atual Bolívia. A criação do governo-geral em 1548, e a sua instalação no ano seguinte, foi um
reflexo daquela descoberta.

De fato, diversas foram as ―entradas‖ (expedições sertanistas oficiais) que partiram da Bahia, Espírito
Santo, Ceará, Sergipe e Pernambuco para o interior.

Os principais exploradores do sertão, foram os paulistas. Com um irrisório apoio oficial, Fernão Dias
Pais partiu em 1674 para o sertão, onde permaneceu por seis anos, chegando ao Jequitinhonha.
Porém, não descobriu nada de valor. Em 1681 encontrou turmalinas acreditando serem esmeraldas.

Contudo, durante os anos em que permaneceu no sertão, desbravou grande parte do interior das
Gerais e abriu caminho para futuras descobertas de importância.

Costuma-se atribuir o início da mineração à descoberta do ouro feita por Antônio Rodrigues Arzão,
em 1693, embora a corrida do ouro começasse efetivamente com a descoberta das minas de Ouro
Preto por Antônio Dias de Oliveira, em 1698.

Além de se difundir pelo Brasil, a notícia chegou a Portugal através da correspondência dos
governadores ao rei.

De diversos pontos do Brasil começou a chegar grande quantidade de aventureiros, ávidos de rápido

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enriquecimento. Mesmo de Portugal vieram, a cada ano, cerca de 10 mil pessoas, durante sessenta
anos.

A primeira conseqüência desse deslocamento maciço da população para as regiões das minas foi a
grave carestia, que se tornou particularmente catastrófica nos anos 1697 – 1698 e, novamente, em
1700 – 1701. O jesuíta Antonil, que viveu nesse tempo, escreveu que os mineiros morriam à míngua,
―com uma espiga de milho na mão, sem terem outro sustento‖.

População das minas: paulistas e emboabas – A população era bastante heterogênea, mas
distinguiam-se claramente paulistas e forasteiros. Estes eram chamados, depreciativamente, pelos
paulistas, de ―emboabas‖, que em língua tupi queria dizer ―pássaro de pés emplumados‖ - referência
irônica aos forasteiros, que usavam botas; os paulistas andavam descalços.

Nesse tempo a população paulista era de mamelucos e índios que utilizavam como língua o tupi, mais
do que o português. Embora minoritários, os paulistas hostilizavam e eram hostilizados pelos
emboabas. Julgavam-se donos das minas por direito de descoberta. Mas a rivalidade entre paulistas
e emboabas tinha outros motivos mais significativos.

O comércio de abastecimento das Minas era controlado por alguns emboabas que auferiam grandes
lucros. Dada a sua riqueza e a importância da atividade que exerciam, passaram a ter grande
influência. Manuel Nunes Viana, português que veio ainda menino para a Bahia, era um desses ricos
comerciantes e principal líder dos emboabas. Era proprietário de fazendas de gado no São Francisco
e estava associado aos comerciantes da Bahia.

A Guerra dos Emboabas – O estopim da guerra foi o desentendimento entre Nunes Viana e Borba
Gato, que era guarda-mor das Minas e, portanto, representante do poder real. A fim de combater o
contrabando do ouro, a Coroa havia proibido o comércio entre as Minas e a Bahia, com exceção do
gado. Apesar dessa determinação, o comércio proibido continuou, sob a liderança de Nunes Viana.
Borba Gato determinou então a expulsão de Nunes Viana das Minas, mas este não a acatou e foi
apoiado pelos emboabas.

Ora, a maior parte das Minas era ocupada pelos emboabas, e os paulistas estavam concentrados no
rio das Mortes, de onde os emboabas decidiram, então, desalojá-los. Sendo minoritários, os paulistas
se retiraram, mas um grupo deles, com maioria de índios, foi cercado pelos emboabas, que exigiram
a rendição, prometendo poupar-lhe a vida caso depusesse as armas. Foi o que fizeram os paulistas.
Mas, mesmo assim, foram massacrados no local que ganhou o nome de Capão da Traição.

Expulsos das Minas, os paulistas penetraram em Goiás e Mato Grosso, onde novas jazidas seriam
descobertas.

A organização da economia mineira – Havia, basicamente, dois tipos de ―empresas‖ mineradoras: a


lavra (grande extração) e a faiscação (pequena extração). A lavra consistia numa exploração de
dimensão relativamente grande em jazidas de importância e utilizava amplamente o trabalho escravo.
À medida que essas jazidas iam se esgotando e sua exploração tomava-se antieconômica, ocorria o
deslocamento das lavras para outras jazidas, deixando o que restara da anterior para a faiscação,
praticada por pequenos mineradores.

No Brasil, o ouro encontrava-se depositado na superfície ou em pequenas profundidades: inicialmente


exploravam-se os veios (nos leitos dos rios), que eram superficiais; em seguida, os tabuleiros (nas
margens), que eram pouco profundos; e, finalmente, as grupiaras (nas encostas), que eram mais
profundas. Dizemos, por isso, que predominou o ouro de aluvião, que era depositado no fundo dos
rios e de fácil extração, ao contrário das minas de prata do México e do Peru, que dependiam de
profundas escavações.

A extração do ouro de aluvião era, portanto, mais simples, mas de esgotamento mais rápido. Por essa
razão, mesmo na organização das lavras, as empresas eram concebidas de modo a poderem se
mobilizar constantemente, conferindo à atividade mineradora um caráter nômade. Por conseguinte, o
investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto. Seguindo as características
de toda a economia colonial, a mineração era igualmente extensiva e utilizava o trabalho escravo. A
técnica de extração, por sua vez, era rudimentar e mesmo o número de escravos para cada lavra era
reduzido, embora haja notícias de lavras com mais de cem escravos. Na realidade, a manutenção de
uma empresa com elevado e permanente número de escravos era incompatível com a natureza in-

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certa das descobertas e da produtividade das minas.

São Paulo – A descoberta das minas funcionou como um poderoso estímulo às atividades
econômicas em São Paulo. Porém, no início do século XVIII, a sua população mal ultrapassava 15 mil
pessoas e uma boa parte dela foi para as minas. Em compensação, recebeu um acréscimo
populacional proveniente de Portugal e já no final do século XVIII tinha perto de 117 mil habitantes.

Assim, as lavouras foram se ampliando e multiplicaram-se as atividades manufatureiras. O porto de


Santos ganhou súbita importância como porta de entrada para escravos e produtos importados
europeus.

Como as minas necessitavam de animais de carga e transporte, alguns paulistas deslocaramse para
Paranaguá e Curitiba, onde dedicaram à criação. Outros foram buscar na região platina (Rio Grande
do Sul, Uruguai e Argentina) o gado muar, essencial para o transporte.

Os caminhos para as minas – Situadas no interior do centro-sul, as minas eram localidades de difícil
acesso. De São Paulo aos núcleos mineradores a viagem era de sessenta dias. Havia três caminhos
de acesso. O que foi aberto por Fernão Dias Pais passava por Atibaia e Bragança e alcançava a
Mantiqueira. O outro, saindo de São Paulo, percorria Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Jacareí,
Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Lorena para chegar às três principais regiões mineradoras:
Ribeirão do Carmo, Ouro Preto e rio das Velhas. Um terceiro caminho passava por Mogi-Guaçu e
correspondia, grosso modo, ao traçado da Estrada de Ferro Mojiana, hoje desativada.

A Bahia possuía uma ligação com Minas muito anterior à descoberta do ouro. O caminho foi aberto
pelos bandeirantes paulistas no século XVII do sul para o norte. A vantagem dessa via era a sua
segurança e conforto. Não faltavam pastos para os cavalos, nem alimento para os viajantes. As
estradas eram mais largas e podiam ser percorridas sem medo de ataques indígenas.

A Bahia estava apta a se integrar à economia mineira por várias razões: era um centro antigo de
colonização e, como tal, tinha uma economia mais bem preparada para atender às demandas de
Minas; a sua pecuária havia se expandido para o sertão e pelo rio São Francisco dirigindo-se para as
minas; além disso, era um grande centro importador de produtos europeus e tinha a vantagem de
estar mais próximo de Portugal do que os portos sulinos.

Como aconteceu com outras regiões, grande contingente de baianos foi atraído pelas minas. Até
senhores de engenho abandonaram tudo e se mudaram para lá com todos os seus bens e escravos.

Mas as autoridades coloniais não viam a integração da Bahia na economia mineira com bons olhos.
Não interessava ao rei que os baianos abandonassem a economia açucareira. Havia ainda a
preocupação com a venda de escravos dos engenhos para as minas. Por outro lado, o contrabando
do ouro era difícil de ser controlado na estrada de Minas à Bahia. Por isso, a Bahia foi proibida de
fazer comércio com as Gerais, exceto no que se refere ao gado. A proibição, entretanto, foi inútil.
Contrariando as determinações, os baianos continuaram tão ativos no comércio com as minas quanto
os paulistas e os fluminenses.

De qualquer modo, para efeitos legais, o comércio muito intenso mantido pelos mercadores baianos
com as minas era considerado contrabando. E uma das maiores figuras desse contrabando era,
justamente, Manuel Nunes Viana, que teve um destacado papel no episódio da Guerra dos
Emboabas.

O Rio de Janeiro, no começo, não dispunha de acesso direto às minas, o que dificultava o seu
comércio. Mas rapidamente se beneficiou com a abertura do ―caminho novo‖, construído em três anos
(de 1698 a 1701) e aperfeiçoado entre 1701 e 1707.

Com a sua abertura, a viagem do Rio para Minas poderia ser realizada em doze ou dezessete dias,
conforme o ritmo da marcha. A vantagem do ―caminho novo‖ era óbvia comparado com o de São
Paulo a Minas, no qual se gastavam sessenta dias. E essa vantagem teve importantes
conseqüências, pois transformou o Rio no principal fornecedor das minas e na principal rota de
escoamento do ouro. São Paulo sofreu os efeitos da nova situação, mas graças à descoberta de
minas em Goiás e Mato Grosso as perdas foram contrabalançadas.

Sendo uma economia essencialmente importadora, a mineração dependia do abastecimento externo

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de alimentos, ferramentas, objetos artesanais, incluindo os de luxo, gado, principalmente o muar, para
transporte e tração e, finalmente, escravos. Três agentes se encarregaram desse abastecimento: o
tropeiro, que trazia alimentos e outras mercadorias; o boiadeiro e os comboieiros, que chegavam com
os escravos.

A articulação econômica – Ao abrir-se como um grande mercado, a mineração foi responsável pela
articulação econômica da colônia, integrando não apenas São Paulo, Rio e Bahia, mas também,
através de São Paulo, a região sulina como um todo.

O gado muar era essencial como meio de transporte. E o principal centro produtor estava localizado
na região platina, que, tradicionalmente, fornecia esse gado para as minas peruanas. Com a
decadência destas últimas, um novo estimulo para a sua criação veio de Minas. Assim se intensificou
a ocupação da região platina, que resultou, no final, na incorporação do Rio Grande do Sul ao
domínio português.

Minas era também um grande mercado de escravos. A crescente demanda de mão-de-obra escrava
provocou significativas alterações no tráfico. Na África, a moeda de compra de escravos era o fumo. A
Bahia e Pernambuco tornaram-se, ao mesmo tempo, grandes produtores de fumo e agenciadores de
escravos africanos, propiciando o aparecimento de armadores e traficantes brasileiros.

Os traficantes nordestinos chegaram a superar a concorrência de nações poderosas como Inglaterra,


França e Holanda, batendo também os portugueses.

Beneficiados com a abertura do ―caminho novo‖, mercadores do Rio de janeiro se dedicaram


intensamente ao tráfico, utilizando, como moeda de compra de escravos, aguardente (pinga), açúcar
e até ouro.

A intensificação do tráfico teve efeitos internos importantes. Na Bahia e em Pernambuco ocorreu a


expansão da cultura do tabaco e, no Rio, do engenho de aguardente, destacando-se Parati.

Assim, atuando como pólo de atração econômica, a mineração favoreceu a integração das várias
regiões antes dispersas e desarticuladas. Surgiu, desse modo, um fenômeno antes desconhecido na
colônia: a formação de um mercado interno articulado. Outra conseqüência importante da mineração
foi a de ter deslocado o eixo econômico do nordeste para o sul, valorizando principalmente o porto do
Rio de Janeiro. Não foi por acaso que em 1763, na administração pombalina, â capital da colônia
acabou transferida da Bahia para o Rio de Janeiro.

Contrabandeando – Portugal tinha, nesse quadro, uma posição parasitária. A Coroa procurava extrair
o máximo de benefício através da cobrança de impostos, adotando medidas para evitar â sonegação
e o contrabando. E não perdia nenhuma oportunidade para carrear o ouro para os seus cofres. Ela
cobrava impostos nas alfândegas portuguesas e brasileiras, impunha taxas para â passagem de rios,
estabelecia impostos para lojas e vendas e também sobre â comercialização de escravos, sem contar
os impostos que incidiam diretamente sobre â mineração, como o quinto.

Porém, Portugal tinha um ponto fraco: â sua indústria manufatureira era muito pouco desenvolvida, de
modo que â maioria das mercadorias vendidas às minas era importada da Inglaterra.

Os ingleses possuíam, só em Lisboa, cerca de noventa casas comerciais. Assim, lucravam


indiretamente com o comércio entre Portugal e o Brasil e, também, diretamente através do
contrabando. E esse contrabando era feito abertamente e, muitas vezes, com â cumplicidade das
autoridades coloniais portuguesas.

Os holandeses e franceses, que não tinham esse mesmo acesso, conseguiam introduzir suas
mercadorias através do contrabando realizado com navios brasileiros na África, que, além de
escravos, traziam seus produtos para serem vendidos nas minas.

Mineração e urbanização. A atividade minerados era altamente especializada, de modo que toda
mercadoria necessária ao consumo vinha de fora. Por isso, ao lado dos milhares de mineradores,
foram se estabelecendo artesãos e comerciantes, dando à região das minas um povoamento com
forte tendência urbanizados. Também â administração, preocupada em evitar o contrabando e â
sonegação, favoreceu a urbanização. O agrupamento em cidades facilitava o controle sobre â
produção minerados. Assim, rapidamente os arraiais de ouro se transformavam em centros urbanos:

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Vila Rica do Ouro Preto, Sabará, Ribeirão do Carmo (atual Mariana), São João del Rei, etc.

Por serem grandes as incertezas, â atividade mineira não permitia â constituição de empresas de
grande vulto, em caráter permanente, salvo em casos reduzidíssimos dos grandes mineradores. Para
as empresas de menor tamanho, devido às incertezas e à voracidade fiscal, â situação geral era â
impermanência, o que resultou numa forma muito especial de trabalho escravo. Não podendo arcar
com os custos da manutenção de uma escravaria numerosa, os pequenos mineradores davam aos
escravos, em geral, uma autonomia e liberdade de iniciativa que não se conheceu nas regiões
açucareiras. Muitas vezes trabalhavam longe de seu senhor ou mesmo por iniciativa própria,
obrigados apenas à entrega da parte de seus achados. Essa situação possibilitou aos escravos
acumularem para si um certo volume de riqueza que, posteriormente, foi utilizado na compra de sua
alforria (liberdade).

Apesar disso, não se deve concluir que â escravidão fosse menos rigorosa nas minas. Tal como nos
centros açucareiros, â desigualdade foi reproduzida com â mesma intensidade e â pobreza
contrastava com â opulência de uma minoria. Ao contrário do que se acreditava, â mineração não foi
mais democrática. E mais: as grandes fortunas não tiveram origem na atividade minerados, mas no
comércio.

A administração das minas. Diferentemente das outras atividades econômicas da colônia, â


mineração foi submetida â rigorosa disciplina e controle por parte da metrópole. Aqui, as restrições
atingiram o seu ponto culminante.

Desde o século XVII â mineração já se encontrava regulamentada. Os Códigos Mineiros de 1603 e


161 S, embora admitissem â livre exploração das minas, impunham uma fiscalização rigorosa na
cobrança do quinto (quinta parte do ouro extraído).

Com as descobertas do final do século XVII, â metrópole elaborou um novo código, que substituiu os
anteriores e perdurou até o final do período colonial: o Regimento dos Superintendentes, Guardas-
mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, que data de 1720.

Para a aplicação efetiva das medidas contidas no regimento, foi criada â Intendência das Minas para
cada capitania em que o ouro havia sido descoberto. A principal característica desse órgão era a sua
completa independência em relação a outras autoridades coloniais. A intendência reportava-se
diretamente ao Conselho Ultramarino.

O mais alto cargo da intendência pertencia ao superintendente ou intendente, que aplicava a


legislação e zelava pelos interesses da Coroa. Outro funcionário importante era o guarda-mor, a
quem competia a repartição das datas (lotes de jazidas auríferas) e a fiscalização e observância do
regimento em locais distantes; em certas circunstâncias cabia ao guarda mor nomear, pára substituí-
lo, os guardas-menores.

A fim de evitar as sonegações, outro elemento veio a se agregar à administração: a Casa de


Fundição. Na verdade, ela existia desde 1603 e, de acordo com o Código Mineiro da mesma data,
deveria ter uma função importante na arrecadação do quinto. Todo o ouro extraído deveria ser levado
a essa casa e fundido em forma de barra, da qual se deduzia, automaticamente, o quinto da Coroa.
Nas barras assim fundidas ficava impresso o selo real e só assim o ouro podia circular.

Todas as descobertas deveriam ser comunicadas à intendência. Em seguida, os guardas-mores


delimitavam a zona aurífera em diferentes datas. Em dia, hora e local previamente anunciados, fazia-
se a distribuição das datas: a primeira cabia ao descobridor, a segunda à Coroa, que a revendia
posteriormente em leilão, e, a partir da terceira, procedia-se por sorteio, embora a dimensão das
datas fosse proporcional ao número de escravos do pretendente.

A exploração das datas deveria iniciar-se num prazo de quarenta dias. Caso contrário, o proprietário
era obrigado a devolver o seu lote. Em caso de perda dos escravos, a data poderia ser vendida.

Tributação em Minas – O objetivo da Coroa era garantir, por todos os meios, a sua renda. Desde o
século XVII, existia uma legislação minerados que estipulava o pagamento de 20%° (1/5) do ouro
descoberto e explorado. Com a descoberta do ouro em Minas, o primeiro problema foi o de saber de
que modo esse imposto - o quinto - deveria ser cobrado:

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Utilizaram-se, basicamente, três formas: a capitação, o sistema de fintas e as Casas de Fundição.

A primeira a ser aplicada foi a capitação, que era, na prática, um imposto que incidia sobre o número
de escravas de cada minerador, esperando-se, com isso, que a arrecadação correspondesse ao
―quinto‖. Mas essa medida gerou revoltas, pois os mineradores ficavam sujeitos ao pagamento
mesmo que seus escravos não encontrassem ouro algum.

Tentou-se, por isso, adotar o sistema de fintas, que consistia no pagamento, pela população
minerados, de 30 arrobas anuais fixas, que, teoricamente, corresponderiam ao quinto. Mas quem não
concordou dessa vez foi o rei, que obrigou à volta ao regime de capitação. Devido a novas revoltas,
ele recuou e aceitou o sistema de fintas, cujo pagamento foi garantido pelas Câmaras Municipais
locais. Esse sistema foi adotado em 1718.

O rei continuava insatisfeito. Secretamente fez os seus funcionários trabalharem para a instalação
das Casas de Fundição nas Minas. Segundo esse novo regime, os mineradores seriam obrigados a
enviar o ouro em pó para ser fundido e transformado em barras com o selo real nas Casas de
Fundição, onde o ouro seria automaticamente quietado.

Em 1719, o governador de Minas, o conde de Assumar, anunciou a instalação, para o ano seguinte,
das Casas de Fundição. A notícia deu origem a boatos, e os mineradores se revoltaram em vários
lugares. O governo de Minas, entretanto, contava com uma tropa recémcriada, os dragões, que foi
imediatamente utilizada para sufocar as rebeliões. Em junho de 1720 eclodiu em Vila Rica um sério
levante organizado por grandes mineradores, ao qual aderiram também os setores populares
encabeçados por F’ Filipe dos Santos. No processo, o movimento se radicalizou e acabou sendo
controlado por este último. Provavelmente por sua sugestão, os revoltosos chegaram a pensar em
assassinar o governador e declarar a independência da capitania.

Dezesseis dias depois da eclosão da revolta, Assumar ocupou Vila Rica com 1500 soldados e pôs fim
ao movimento. Filipe dos Santos foi sumariamente condenado e executado e o seu corpo
esquartejado.

Cinco anos depois dessa revolta, finalmente entraram em funcionamento as Casas de Fundição
(1725).

A Coroa e as autoridades coloniais achavam que o único modo de evitar o contrabando e a


sonegação era retirar o máximo das minas. Assim, o desvio do ouro, se continuasse, seria menor. Por
isso, dez anos depois, o rei ordenou o retorno ao sistema da capitação. Em 1751 a capitação foi
novamente abolida para se adotar um sistema conjugado: Casas de Fundição e cobrança de cotas
anuais fixadas em 100 arrobas (1500 kg). Além disso, ficou estabelecido que, se as cotas não fossem
pagas, toda a população ficaria sujeita à derrama (cobrança forçada para completar as 100 arrobas).
Esse recurso extremo e odiado pelos mineiros foi um dos fatores que levaram à Inconfidência Mineira
em 1789.

Distrito Diamantino – A opressão colonial havia se intensificado consideravelmente na mineração do


ouro. Mas foi na extração do diamante que se estabeleceu a forma mais extrema dessa opressão.

Os primeiros diamantes foram encontrados em 1729, e o regime de extração era semelhante ao do


ouro até 1740. Dos diamantes extraídos pagava-se o quinto. Em 1740 alterou-se o regime de sua
exploração, mediante o regime de concessão e contrato, que consistia na concessão de exploração a
um único contratador, ficando este obrigado à entrega de uma parte da produção diamantífera. O
primeiro contratador foi João Fernandes de Oliveira, sucedido mais tarde por Felisberto Caldeira
Brant. Esse sistema perdurou até 1771, quando então se estabeleceu o monopólio real, com a
instalação da Real Extração.

No tempo de Pombal (1750 - 1777), a extração ficou limitada ao Distrito Diamantino, atual
Diamantina, absolutamente isolado do resto da colônia. Sua administração era exercida pela
Intendência dos Diamantes, cuja criação data de 1734. No distrito, o intendente possuía poder
virtualmente absoluto, incluindo o direito de vida e morte sobre as pessoas de sua jurisdição.
Ninguém podia entrar ou sair do distrito sem sua expressa autorização. A fim de evitar o contrabando,
instalou-se um verdadeiro regime de terror, com estímulo à delação, o que favoreceu a criação de um
clima de medo e total insegurança.

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O declínio da mineração. A partir da segunda metade do século XVIII, a atividade mineradora


começou a declinar, com a interrupção das descobertas e o gradativo esgotamento das minas em
operação. O predomínio do ouro de aluvião, de fácil extração, não requeria uma tecnologia
sofisticada. Porém, à medida que esses depósitos aluvionais se esgotavam, era necessário passar
para a exploração das rochas matrizes (quartzo itabirito) extremamente duras e que demandavam
uma tecnologia com maiores aperfeiçoamentos. Chegando nesse ponto, a mineração entrou em
acentuada decadência.

A quase completa ignorância dos mineradores (o conhecimento que se tinha era fruto da experiência)
e a utilização pouco freqüente de novas técnicas, por falta de interesse e de capital, selaram o destino
das minas no Brasil. A atividade se manteve porque a área de exploração era grande e as
explorações foram conquistando essa região até que ela se exaurisse completamente nos inícios do
século XIX. À Coroa só interessava o quinto. Assim, a partir de 1824, já na época do Brasil
independente, concedeu-se o direito de prospecção a estrangeiros, que recomeçaram a explorar com
melhores recursos técnicos e mão-de-obra barata.

Inconfidência Mineira – 1789

Há 225 aconteceu no Brasil uma rebelião de porte significativo – embora circunscrito principalmente a grupos
intelectuais isolados a que se associaram proprietários de escravos e minas de ouro, enriquecidos e enfurecidos co
a cobrança predatória de impostos de 20% (o ―quinto dos infernos‖ que ninguém suportava). Hoje, um governo aind
menos legítimo que a Coroa Portuguesa, além de ser na prática ferrenho defensor de interesses estranhos àqueles
dos moradores destas terras cobra impostos superiores a DOIS QUINTOS DOS INFERNOS que não revertem aos
que os pagam, mas conta com o apoio ou, o que vem a ser o mesmo, a APATIA, de praticamente toda a população
Com uma nota macabra: a todo 21 de abril (data em que se rememora o enforcamento de Tiradentes) os cobradore
dos impostos mais elevados do mundo se juntam, sob os aplausos entusiásticos da plebe ignara, para comemorar
bravura dos que lutaram principalmente contra impostos elevados... Não podemos nos esquecer disso quando, a
cada ano governos cobradores de impostos predatórios venham a "comemorar" os que lutavam, principalmente,
contra os impostos elevados!

Dificuldades Iniciais

A principal fonte documental, disponível ao historiador, referente àquele momento da História Nacional constitui os
chamados ―Autos da Devassa‖; além de poemas de época, raras cartas e poucas atas (apreendidas antes que
fossem destruídas) das muitas reuniões secretas ocorridas no período tratado. Tiradentes foi preso no Rio de Janei
em janeiro de 1789 e todo o processo durou mais de dois anos. Os Autos da Devassa constituem um emaranhado
contradições e conflitos (disponível ao pesquisador na Biblioteca Nacional), elaborado em pesado jargão político e,
embora a justiça portuguesa (que vergonha!) fosse superior em muitos aspectos à justiça brasileira neste século XX
já traz em si as deformidades a que nos acostumamos aqui na Colônia: suborno, meias-verdades, confissões
extraídas através de tortura e, naturalmente, apresenta somente um aspecto da Inconfidência: como era visto pela
Coroa Portuguesa. Como no aparato judicial brasileiro contemporâneo, lida-se com parcialismo, omissão de fatos e
distorção de outros; o que torna a tarefa de recomposição de todo o movimento realmente tarefa hercúlea. Tentarei
me fixar nos dados que não são conflitantes e no que a historiografia crítica já conseguiu levantar acerca do período
estudado, sempre citando as fontes, quando existentes.

A descoberta de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais e a cobrança predatória de impostos por
parte da coroa portuguesa

Logo ao início do século XVIII (1701 – 1800, a diferença de um ano deve-se ao fato de o calendário
gregoriano, que usamos, começar no ano 1, não no ―ano zero‖, naturalmente) encontraram-se
algumas jazidas de ouro e diamantes em rios e córregos nas ―minas gerais‖. Colônia de Exploração
desde que as primeiras caravelas aqui chegaram até nossos dias, o Brasil existe para o
enriquecimento da Metrópole que, ao saber da existência de ouro toma conta de todo o processo
extrativo criando uma forma similar às atuais ―parcerias público-privadas‖ concedendo a gente de
confiança do reino a exploração das reservas naturais. Com as consequências previsíveis em todo o
modelo capitalista não regulamentado: corrupção, desvio, roubo, fraude... A ganância da ―gente de
confiança‖ falou mais alto que qualquer eivor de vínculo patriótico ou pessoal para com o Estado ou a
Monarquia Portuguesa.

Em meados do século XVIII (1740 – 1750) as descobertas de novos e ricos filões de ouro atingiram
seu ápice e muitos potentados mantinham escravos arrancando o ouro da pedra para transferir a

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Portugal. A Coroa ficava, por decreto, com 1/5 de todo o ouro extraído do Brasil. Em 1720 foram
ativadas as Casas de Fundição e proibida a circulação do ouro em pó, visando evitar as constantes
fraudes e evasões – assim como o surgimento de uma incipiente moeda nacional.

Todo o ouro produzido no Brasil deveria ser fundido e ―quintado‖, após o que recebiam a gravação de
um selo real, ―Quintado‖, o que o tornava legal e propriedade do dono da reserva extrativista.

Apesar daquelas medidas, muitos proprietários, principalmente ligados ao clero, conseguiam desviar
partes significativas de ouro e diamantes para seus familiares e amigos na Metrópole usando, por
exemplo, ícones de santos esculpidos com um furo no interior justamente para o transporte das
riquezas ilegalmente traficadas para fora do Brasil – eram os famosos ―santos do pau oco‖...

Evidentemente as reservas de ouro e pedras preciosas são limitadas e chegam a um natural


esgotamento, dependendo da velocidade em que se processe sua extração. No caso do ouro, o
esgotamento começou a se demonstrar mais agudo a partir de 1780; estima-se que, entre 1740 e
1744 se extraiu mais de 10 Toneladas de ouro (montanhas de ouro se transformaram em grandes
lagos em pouco tempo, dada a voracidade da extração); já entre 1776 a 1780 essa quantidade não
chegava a 4 Toneladas.

Entre a extraordinária voracidade do contratado para a extração e a voracidade tributária da Coroa


Portuguesa – que custava a crer num ―esgotamento dos veios‖ e considerava mais provável um
incremento na fraude e nos desvios.

Daí adveio uma série de decretos estipulando uma cota de 100 arrobas anuais de ouro para a Coroa.
Caso a colônia não atingisse a meta imposta pelo FMI, digo, pela Coroa Portuguesa, era decretada a
Derrama, que consistia num saque sistemático de toda a colônia com vistas a arrancar dos colonos
todos os bens de valor até que se atingisse a meta estabelecida pelo FMI, digo, pela Coroa
Portuguesa.

A Derrama

O Brasil, à época, não contava com um Exército Regular; foi criada uma milícia armada pela coroa
com a finalidade de impor as normas ditadas pela Metrópole: o infame ―Esquadrão de Cavalaria
Ligeira da Guarda do Ilustríssimo e Excelentíssimo Vice-Rei do Estado‖ mais conhecido como
―Dragões‖. Sob ordem do Vice-Rei no Brasil, os Dragões invadiam casas – sem distinção de classe
social ou mesmo vínculo com a atividade mineradora – e as saqueavam até atingir a cota
estabelecida pela Coroa. Aquele tipo de saque sistemático era chamado de ―Derrama‖ e, ficando
claro que se devia ao fato de a colônia não haver atingido a cota prevista para o ―quinto‖ – 20% –
tornou-se comum a reclamação contra ―o quinto dos infernos!‖

Ressalto que o quinto dos infernos – tão antipático e motivo principal da eclosão da Inconfidência
Mineira – não constituía sequer uma parcela dos dois ou três quintos dos infernos que o governo
federal brasileiro cobra dos cidadãos hoje em impostos embutidos nos alimentos, medicamentos,
aluguéis, serviços diversos, etc. Isto ALÉM do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física (que não
incide sobre a renda, isenta de impostos, mas sobre o Trabalho) E o pagamento pelos serviços que o
governo federal deveria prestar publicamente mas não o faz. Estima-se que o trabalhador brasileiro,
hoje, trabalhe cerca de 6 meses somente para pagar impostos, mais 2 meses para pagar por serviços
(de educação, saúde e serviços diversos que o governo federal deveria prestar aos cidadãos, hoje
reduzidos à categoria de ―consumidores‖).

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CONHECIMENTOS GERAIS

Houve duas ações de Derrama, evidentemente de surpresa; uma que durou todo o ano de 1762 e,
após violento saque à população local, atingiu a meta de 100 arrobas (cerca de uma tonelada e meia
de ouro); a segunda teve início em 1768 e levou três longos anos de agonia para saquear o que a
Coroa Portuguesa havia determinado.

Em 1788 a tensão na colônia era insuportável e já se antevia uma nova Derrama para 1789. Chegara
a hora de tomar algum tipo de providência...

O movimento se articula. Precariamente, embora...

Eram anos em que a Filosofia do Iluminismo se impunha na Europa e os EUA haviam conquistado
sua independência em relação à Inglaterra após combates sangrentos em 1776. Os ―pais fundadores‖
da nova nação do Norte articularam o movimento também – como ocorrerá na Inconfidência Mineira –
de cima para baixo e também sem sequer pensar em propor a abolição da escravidão.

Estudantes brasileiros frequentavam a então prestigiosa Universidade de Coimbra (que,


deploravelmente, decaiu tanto que hoje em dia outorga títulos de Doutor ―Honoris Causa‖ até a
analfabetos como o Sr. Lula da Silva). No século XVIII Coimbra era um potente farol propagador das
luzes do iluminismo e estava ainda em seu apogeu.

Segundo os Autos da Devassa, uma reunião composta por seis participantes deu início a toda a
conspiração. Teve lugar na casa do Tenente-Coronel Francisco Paula Freire de Andrade em finais de
dezembro de 1788; o comandante da Sexta Companhia de Dragões estaria insatisfeito com a
possibilidade de o Vice-Rei, Visconde de Barbacena, removê-lo do cargo numa reestruturação da
milícia; os demais conspiradores eram:

O empresário de mineração e intelectual Inácio José de Alvarenga Peixoto

O filho do capitão-mor de Vila Rica (atual Ouro Preto) José Álvares Maciel

O padre José da Silva de Oliveira Rolim

O vigário de São José Carlos Correa de Toledo

E finalmente aquele que levará a culpa por todo o movimento, o obscuro alferes (único pobre do
grupo, com fama de louco e estuprador mas um excelente propagandista do ideário independentista
do Brasil, que era disso que se tratava agora, Liberdade Ainda que Tardia!): Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes eera um Alferes (hoje chamamos àquela Graduação de Aspirante-a-Oficial)

Naquele encontro ficou estabelecida a data da deflagração do movimento, seus primeiros passos e
um projeto para a nova Nação Independente:

Segundo os Dragões, a Derrama estava prevista para fevereiro de 1789 e a data certa seria
transmitida aos conspiradores através da senha ―hoje é dia do batizado‖

O Alferes (Asírante a Oficial) Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) iniciaria uma agitação em Vila
Rica e pequenos grupos ampliariam o tumulto. Convocados os Dragões, o tenente-coronel Freire de
Andrade retardaria a chegada dos soldados permitindo a Tiradentes deslocar-se até Cachoeira,
residência oficial do Visconde de Barbacena, que deveria ser executado e Tiradentes regressar a Vila
Rica com a cabeça do tirano. Propositalmente atrasados, os Dragões, liderados por Freire de
Andrade perguntariam à turba o que queriam, ao que todos deveriam bradar LIBERDADE. Cidade
controlada por Freire de Andrade, estimavam contar com a adesão de outras localidades, proclamar a
República, ler a declaração de Independência. Estava prevista ainda a criação de uma fábrica de
pólvora e a utilização do quinto para o pagamento de tropas e gastos com uma campanha que se
imaginava longa.

Depois da primeira reunião, a casa de Freire de Andrade passou a ser frequentada por quantos eram
simpatizantes a um movimento republicano e independentista no Brasil. Por simplificação, costuma-
se dividir os envolvidos naquele sonho – que logo se transformaria em pesadelo – em três grupos:

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CONHECIMENTOS GERAIS

Ideólogos, principalmente representados por:

O desembargador Tomás Antônio Gonzaga e o advogado veterano Cláudio Manuel da Costa

Ativistas ou agitadores, principalmente representados por

Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), Padre Rolim e o tenente-coronel Freire de Andrade

Fisiológicos – que aderiram ao movimento por motivos pessoais, se a revolução fosse vitoriosa, suas
enormes dívidas para com a Coroa seriam extintas. Deste grupo saem os traidores

Joaquim Silvério dos Reis e Domingos de Abreu Vieira

Quem foi Tiradentes?

Ao contrário de todos os participantes do movimento era o único pobre: não era proprietário de minas
nem tinha dívidas para com a coroa. Portava ideais e, embora claramente não liderasse um
movimento composto por juízes, advogados e coronéis, foi de uma dignidade ímpar assumindo a si
toda a culpa pela conspiração e o movimento, sem delatar ninguém, mesmo quando, no auge da
Devassa, todos apontassem os dedos para o barbeiro, mascate e dentista. Sim, que a Odontologia
não tem origem na medicina, mas na barbearia... Antes da invenção da anestesia, o barbeiro aparava
os pelos da cabeça e da face e, caso encontrasse um cliente se queixando de dores de dente, dava-
lhe muito aguardente, sugeria que se segurasse a arrancava o vilão da boca do queixoso (daí a
alcunha ―Tiradentes‖, séculos antes da invenção da anestesia, das próteses ou dos tratamentos de
canal...)

A critério do leitor, Tiradentes seduziu ou foi seduzido por uma moça de 16 anos que o acusou de
estupro e, como ocorria muito naquele período, foi obrigado a casar-se com ela; ele de pronto e até
de bom gosto aquiesceu, mas ficou com a alcunha de ―estuprador‖... A idade média para o
casamento das moças até o início do século XX no Brasil era de 13 anos e, aquelas que chegavam
aos 14, 15 anos de idade já começavam a ficar desesperadas com a possibilidade de não
conseguirem se casar, traço da cultura brasileira até o início do século passado. À luz deste dado,
sabemos não serem raros os casos de moças de 15 ou mais anos de idade a alegarem sedução ou
estupro para obrigar seu Amado relutante a tomar a decisão de se casar. Por isto, deixo este tipo de
julgamento a critério do eventual leitor...

Alistou-se na Sexta Companhia de Dragões (era subalterno a Freire de Andrade, portanto) e


amargava anos sem promoção vendo seus colegas serem promovidos a cada vez mais altos cargos
enquanto ele patinava na condição do que hoje chamamos de ―aspirante a oficial‖, então ―alferes‖.

Complementando a renda com suas atividades de barbeiro-dentista e vendedor ambulante, passeava


intimorato pelas ruas de Vila Rica distribuindo panfletos e gritando ―Viva a República!‖ O que lhe
valeu a fama de pessoa mentalmente desequilibrada – embora excêntrico demais para ser preso,
repita-se, jamais foi promovido na carreira militar.

Conhecedor dos rudimentos da filosofia iluminista então em voga, foi, de longe, o mais importante e
entusiasta propagador e divulgador das idéias de República e Independência em nossas paragens
naquela época.

Desconfiado ou acautelado, o Visconde de Barbacena postergava a deflagração da Devassa e,


quando Tiradentes viajou para o Rio de Janeiro, então capital da Colônia, em busca de apoio, foi
aprisionado a 10 de janeiro de 1789. O Visconde de Barbacena iniciou um processo investigatório –
recebendo grosso suborno para eximir alguns conspiradores da lista a ser entregue à Devassa que a
Coroa Portuguesa faria, enriqueceu espantosamente. O processo levou mais de dois anos para ser
levado a cabo, houve várias condenações – algumas mais brandas, outras mais severas, todas
comutadas ―magnanimamente‖ pela Coroa, como era costume na época, somente Tiradentes foi
condenado à forca e esquartejamento.

Outra vítima foi Cláudio Manuel da Costa que, na véspera de morrer aprisionado num cubículo
improvisado como prisão na casa de um acólito do Visconde de Barbacena, elaborou longa lista de
conspiradores da qual constavam vários potentados já eximidos – a peso de alto suborno – pelo

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próprio Vice-Rei... Versão oficial para a morte de Cláudio Manuel da Costa, advogado decano e
poeta: ―suicídio‖...

Os propósitos dos revoltosos

Sem dúvida a cobrança de impostos predatórios por parte da Coroa Portuguesa que, como volta a
acontecer 225 depois no Brasil, impede o desenvolvimento da colônia e ainda, hoje como então, os
impostos não revertem a favor daqueles que o pagam. Contra aqueles impostos de 20% - o ―quinto
dos infernos‖ – principalmente a insurreição encontra seu principal combustível. Os revoltosos
almejavam ainda a Independência do Brasil – um tema também atual, a conquista da nossa
Independência está ainda, e sempre, na ordem do dia! – e a implantação de um governo republicano
– o que, 225 anos depois segue sendo desejável, por sinal.

Padres, juízes e coronéis eram donos de minas de ouro e prata, assim como de escravos, portanto a
abolição não constava de seus propósitos iniciais que, basicamente, circunscrevia-se à luta por:

Independência do Brasil

Implantação de um Regime Republicano

Ativação da manufatura e industrialização do Brasil, principalmente de ferro e pólvora, além de


tecidos e outros itens proibidos pela Potência que então nos dominava, Portugal.

O Resultado

Como já tradicional na Historiografia Brasileira, os fisiológicos e traidores vencem os idealistas.

Aqueles que ingressaram no movimento por motivos pragmáticos, não ideológicos, como Joaquim
Silvério dos Reis, que via na Independência uma forma de se livrar das dívidas para com a Coroa
Portuguesa encontrou um meio bem mais pragmático de manter a solvência e cair ainda mais na
simpatia das benesses da Coroa: traiu o movimento, entregando os revoltosos.

Os de ―alta estirpe‖ apressaram-se a prestar juras de inocência e apodar toda a culpa no ―Alferes
Louco‖, o que servia inclusive aos interesses da Coroa por tornar um movimento liderado por alguém
de tais origens algo pouco digno de ser minimamente considerado sério. Evidentemente não era o
líder do movimento – se é que líder o movimento tinha, que até isso é obscuro pela pouca
documentação que nos ficou – mas seguramente contava-se entre seus mais ferrenhos e
entusiasmados defensores e propagadores.

Lendo-se os Autos da Devassa fica-se envergonhado pela postura pusilânime de gente


profundamente envolvida na conspiração que se apressou em protestar inocência ou ingenuidade
legando toda a culpa a Tiradentes que, com muita dignidade, a ninguém delatou e assumiu toda a
culpa pelo movimento. A primeira vítima da Devassa foi o advogado e poeta Cláudio Manoel da
Costa, encarcerado e suicidado num presídio improvisado após ser submetido a bárbara tortura e
confessar o envolvimento de muitos potentados que haviam subornado o Visconde de Barbacena
para que não aparecessem como envolvidos. Como no caso Vladimir Herzog, tudo aponta na direção
de um assassinato disfarçado em ―suicídio‖, mas jamais se terá certeza. O que se pode afirmar com
segurança é que sua morte foi muito útil ao Visconde de Barbacena e a todos quantos este protegia

As Condenações e o Destino dos Conspiradores

Somente Joaquim José da Silva Xavier (―de alcunha Tiradentes‖) cumpriu a sentença de
enforcamento, que aconteceu com grande pompa e circunstância no Rio de Janeiro, capital da
Colônia, sob os aplausos da plebe ignara e salvas de canhão numa cidade toda enfeitada para a
grande ocasião da imolação pública de um dissidente que, na sequência e como determinava a
justiça, foi esquartejado sendo as partes de seu corpo enviadas aos locais onde ―pregava suas idéias
odiosas‖. A cabeça de Tiradentes foi salgada e enviada a Vila Rica a fim de ser exposta na praça do
Palácio, o que nunca aconteceu pois, apesar da vigilância dos guardas, a cabeça foi roubada e não
mais apareceu. Da sentença constava ainda a ―declaração de infâmia‖, extensiva a seus filhos e
netos, além da destruição de sua casa.

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Além de Cláudio, Manoel da Costa, vitimado antes da conclusão do processo, e de Tiradentes,


supliciado conforme se decretou, também foram açoitados publicamente, após darem três voltas em
torno do patíbulo em que sucumbiu Tiradentes três dias antes, ou seja, no dia 23 de abril de 1790,
dois outros peixes pequenos: Vitorino Gonçalves Veloso e José Martins Borges.

O padre José da Silva de Oliveira Rolim recebeu perdão total (embora tudo indicasse estar ele tão ou
mais envolvido no movimento que o ―alferes louco‖) e morreu prestigioso e influente em sua terra
natal, Diamantina.

O desembargador Tomás Antônio Gonzaga foi exilado mas prosperou imensamente na África,
morrendo rico e influente.

O tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade morreu também na África, rico e prestigioso,
após 17 anos no exílio.

Joaquim Silvério dos Reis, regiamente recompensado pela Coroa Portuguesa, mudou-se para o
Maranhão onde viria a morrer de causas naturais em fevereiro de 1819.

Atualidade do Movimento

Quando D. João VI transferiu a coroa para seu filho não houve uma ruptura institucional que
possibilitasse ao Brasil receber o título de Nação Independente ou mesmo Soberana. O golpe militar
que implantou uma forma presumivelmente republicana no Brasil em 1889 pouco mais foi que uma
farsa em que o mais notável foi a ausência da participação popular.

Independência e República, portanto, seguem sendo ideais distantes, metas ainda não atingidas
pelos brasileiros...

A cada 21 de Abril os sucessivos desgovernos que cobram dos súditos o dobro ou o triplo do
montante que deflagrou a Inconfidência Mineira sobem em palanques e enaltecem a ousadia dos que
lutaram por baixos impostos, independência e república (como se já houvéssemos atingido pelo
menos parte daqueles ideais). Espantosa mesmo é a concordância bovina do povo anestesiado, que
se deixa levar mais por discursos e propaganda, desprezando sua vida real.

A Expansão Napoleônica, o Bloqueio Continental, Fuga da Família Real para o Brasil

Napoleão e o Império – Napoleão chegou ao poder através do golpe de 18 Brumário, em 1799, que
pôs fim à Revolução Francesa ao dissolver o Diretório. A partir disso, foi concentrando o poder em
suas mãos até que, em 1804, proclamou-se imperador da França.

O Bloqueio Continental – Com a Revolução Francesa havia se iniciado uma longa luta entre a França
revolucionária e os países absolutistas que se sentiam ameaçados pelo seu exemplo. Com a
ascensão de Napoleão, essa luta ganhou um novo impulso. Em 1805, Inglaterra, Prússia, Áustria e
Rússia uniram-se pela terceira vez contra a França, coligação que Napoleão desfez com relativa
facilidade, mas não conseguiu vencer a Inglaterra. Esta, graças à sua posição insular e sua poderosa
marinha, manteve-se intocável. Para fazer face ao poderio britânico, Napoleão decretou o Bloqueio
Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra. Ele procurou, assim, criar toda
sorte de dificuldades econômicas, a fim de desorganizar a economia inglesa.

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Todavia, o bloqueio contrariava também os poderosos interesses econômicos do continente e, logo


de início, encontrou fortes oposições. Outra fragilidade do bloqueio encontrava-se no fraco
desempenho das indústrias francesas, incapazes de ocupar o grande vazio deixado pelo súbito corte
do fornecimento britânico. Além disso, os produtos coloniais, cuja distribuição era controlada pela
Inglaterra, teriam de encontrar substitutos adequados.

Portugal e o bloqueio – A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí
a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse
ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real
transferiu-se para o Brasil em 1808, sob proteção inglesa. Começou então, no Brasil, o processo que
iria desembocar, finalmente, na sua emancipação política.

A Transferência da Corte para o Brasil

O duplo aspecto das guerras napoleônicas – As guerras napoleônicas (1805-1815) apresentaram


dois aspectos importantes: de um lado, a luta contra as nações absolutistas do continente europeu e,
de outro, contra a Inglaterra, por força das disputas econômicas entre essas duas nações burguesas.

As principais nações continentais - Áustria, Prússia e Rússia - foram subjugadas por Napoleão a
partir de 1806, em razão da sua imbatível força terrestre. Entretanto, foi no confronto com a Inglaterra
que as dificuldades tomaram forma, paulatinamente, até asfixiarem por completo as iniciativas
napoleônicas.

Em 1806, apesar de o domínio continental estar aparentemente assegurado, a Inglaterra resistiu a


Napoleão, favorecida pela sua posição insular e sua supremacia naval, sobretudo depois da batalha
de Trafalgar (1805), em que a França foi privada de sua marinha de guerra.

Strangford e a política britânica para Portugal – Sem poder responder negativa ou positivamente ao
ultimatum francês por ocasião do Bloqueio Continental, a situação de Portugal refletia com toda a
clareza a impossibilidade de manter o status quo *. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe
opor resistência, e também sem poder prescindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava
hesitante. Qualquer opção significaria, no mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou do que
dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse
possível vislumbrar uma solução aceitável. Nesse contexto, destacou-se o papel desempenhado por
Strangford, que, como representante diplomático inglês, soube impor, sem vacilação, o ponto de vista
da Coroa britânica.

Para a Corte de Lisboa colocou-se a seguinte situação: permanecer em Portugal e sucumbir ao


domínio napoleônico ou retirar-se para o Brasil. Esta última foi a solução defendida pela Inglaterra.

A fuga da Corte para o Brasil – Indeciso, o príncipe regente D. João adiou o quanto pôde a solução,
pois qualquer alternativa era danosa à monarquia.

Afinal, a iminente invasão francesa tornou inadiável o desfecho. A fuga da Corte para o Rio de
janeiro, decidida na última hora, trouxe, não obstante, duas importantes conseqüências para o Brasil:
a ruptura colonial e o seu ingresso na esfera de domínio da Inglaterra.

Chegando ao Brasil, D. João estabeleceu a Corte no Rio de janeiro e em 1808 decretou a abertura
dos portos às nações amigas, pondo fim, na prática, ao exclusivo metropolitano que até então
restringia drasticamente o comércio do Brasil.

A Penetração Britânica no Brasil

Breve histórico – Desde a sua formação, Portugal esteve sob permanente ameaça de anexação por
parte da Espanha, finalmente concretizada com a União Ibérica em 1580. A conseqüência imediata
dessa união foi, como vimos, a ocupação holandesa a partir de 1630.

Motivado por tais experiências, Portugal adotou sempre uma cautelosa política de neutralidade e
buscou apoio, quando necessário, na Inglaterra. Logo após a Restauração (1640), Portugal foi
obrigado a fazer concessões comerciais aos ingleses em troca de apoio contra a Espanha e a
Holanda. Os tratados de 1641, 1654 e 1661, com a Inglaterra, foram produtos dessa concessão que,
afinal, acabou resultando na crescente dependência de Portugal. Através desses tratados foi aberto à

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burguesia inglesa o mercado colonial português, na condição de nação mais favorecida.

O mais importante tratado, pelo seu caráter lesivo a Portugal, foi o de Methuen, assinado em 1703,
em pleno início da mineração no Brasil. O tratado possuía apenas dois artigos:

Artigo 1 °. Sua Sagrada Majestade El Rei de Portugal promete, tanto em seu próprio Nome, como no
de Seus Sucessores, admitir para sempre de aqui em diante, no Reino de Portugal, os panos de lã e
mais fábricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até o tempo em que foram proibidas pelas
leis, não obstante qualquer condição em contrário.

Artigo 2º. - E estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Britânica, em Seu Próprio Nome, e no de
Seus Sucessores, será obrigada para sempre, de aqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os
vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja paz ou guerra entre os Reinos de
Inglaterra e de França) não se poderá exigir direitos de Alfândega nestes vinhos, ou debaixo de
qualquer outro título direta ou indiretamente, ou sejam transportados para Inglaterra em pipas, tonéis
ou qualquer outra vasilha que seja, mais que o que se costuma pedir para igual quantidade ou
medida de vinho de França, diminuindo ou abatendo terça parte do direito de costume.

O Tratado de Methuen estipulou, em síntese, a compra do vinho português em troca de tecidos


ingleses. Esse acordo bastante simples foi, entretanto, altamente nocivo para Portugal porque, em
primeiro lugar, importava-se mais tecido do que se exportava vinho, tanto em termos de quantidade
como em valor; em segundo, as manufaturas portuguesas foram eliminadas pela concorrência
inglesa. Por último, dado o desequilíbrio do comércio com a Inglaterra, a diferença foi paga pelo ouro
brasileiro. Desse modo, o Tratado de Methuen abriu um importante canal para a transferência da
riqueza produzida no Brasil para a Inglaterra.

Os tratados de 1810 – Com tempo, a dependência de Portugal se aprofundou e essa foi a razão por
que D. João finalmente se submeteu às exigências inglesas e se transferiu para o Brasil. Em 1810,
quando a Corte já se encontrava no Rio de Janeiro, a Inglaterra fez D. João assinar três tratados que
a favorecia. Um deles era o de Amizade e Aliança o outro de Comércio e Navegação e um último que
veio regulamentar as relações postais entre os dois reinos.

Do conjunto dos dispositivos, destacavamse alguns artigos que feriam frontalmente os interesses
econômicos de Portugal e do Brasil, além da humilhação política que outros itens impuseram à
soberania lusitana.

Em um artigo do segundo tratado, por exemplo, a Inglaterra exigiu o direito de extraterritorialidade.


Isso significava que os súditos ingleses radicados em domínios portugueses não se submeteriam às
leis portuguesas. Assim; esses súditos elegeriam seus próprios juízes, que os julgariam segundo as
leis inglesas.

E os portugueses residentes em domínios britânicos gozariam dos mesmos direitos? Não. O príncipe
regente aceitou, resignadamente, a "reconhecida eqüidade da jurisprudência britânica" e a "singular
excelência da sua Constituição‖. Inversamente, pode-se dizer que a Inglaterra não reconheceu
nenhuma eqüidade na jurisprudência lusitana...

Outro aspecto escandaloso dos tratados foi o direito assegurado à Inglaterra de colocar suas
mercadorias no Brasil mediante a taxa de 15% ad valorem *, enquanto os produtos portugueses

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pagavam 16%, isto é, 1 % a mais que os ingleses! Os demais países estavam submetidos à taxação
de 24% em nossas alfândegas.

Em síntese: A extrema brutalidade dos tratados impostos pela Inglaterra não foi obra do acaso. Ela se
explica pela pesada pressão econômica que o bloqueio napoleônico exerceu sobre a Inglaterra. De
fato, as guerras napoleônicas, e suas conseqüências para a economia inglesa, tornaram premente a
necessidade de abrir novos mercados, sob pena de a Inglaterra sucumbir às pressões da conjuntura.
A quebra do pacto colonial era vital, pois as mercadorias estavam se acumulando e precisavam ser
escoadas de algum modo, o que tornava a exclusão inglesa do mercado americano algo impensável.
Ora, a relativa facilidade com que a Inglaterra impôs seus interesses ao Brasil permitiu a maciça
exportação de seus produtos, inundando o nosso mercado. Mais do que isso, a presença inglesa
trouxe modificações radicais na posição do Brasil dentro do mercado internacional: saímos da órbita
do colonialismo mercantilista português para ingressar na dependência do capitalismo industrial
inglês.

A Inglaterra e as Novas Formas de Dominação

Transformações do Rio de Janeiro – Após a abertura dos portos, pela primeira vez o Brasil pôde
manter contatos comerciais diretos e regulares com o exterior, sem a intermediação de Portugal. O
Rio de Janeiro transformou-se então num "empório do Atlântico Sul", nas palavras do historiador
Nelson Werneck Sodré. Ali chegavam mercadorias de diversas procedências e dali eram exportados
os produtos brasileiros.

As formas da nova dependência – Com o fim do exclusivo metropolitano, uma nova forma de
dependência se estabeleceu, manifestando-se no déficit permanente da balança comercial externa.
Essa situação decorreu da franquia dos portos, que alterou as tarifas alfandegárias de 48%, na época
do exclusivo, para 24% com D. João, a fim de favorecer contatos comerciais diversificados. As trocas
comerciais, todavia, não favoreceram o Brasil, e diversas razões podem ser alinhadas para explicar
essa situação.

Até a ruptura colonial, nosso comércio era, pelo menos, equilibrado, embora a produção fosse
prejudicada pelas excessivas taxas e restrições em favor da metrópole. Em compensação, Portugal
representava um mercado garantido para as exportações brasileiras.

A abertura dos portos alterou profundamente os hábitos de consumo no Brasil, com a chegada de
grande quantidade de mercadorias, sobretudo de origem inglesa. Um viajante inglês, John Mawe,
assim descreveu o Rio dessa época:

"O mercado ficou inteiramente abarrotado; tão grande e inesperado foi o fluxo de manufaturas

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inglesas no Rio, logo em seguida à chegada do Príncipe Regente, que os aluguéis das casas para
armazená-las elevaram-se vertiginosamente. A baía estava coalhada de navios, e em breve a
alfândega transbordou com o volume das mercadorias. Montes de ferragens e pregos, peixe salgado,
montanhas de queijos, chapéus, caixas de vidro, cerâmica, cordoalha, cerveja engarrafada em barris,
tintas, gomas, resinas, alcatrão, etc., achavam se expostos não somente ao sol e á chuva, mas à
depredação geral; (...) espartilhos, caixões mortuários, selas e mesmo patins para gelo abarrotavam o
mercado, no qual não poderiam ser vendidos e para o qual nunca deveriam ter sido enviados."

Enquanto isso, as exportações brasileiras não cresciam na mesma proporção, nem tão rapidamente
quanto era necessário para fazer face às importações. A Inglaterra não adquiria produtos brasileiros,
pois suas colônias já os produziam. Só entravam no mercado britânico aquelas mercadorias
consideradas úteis às indústrias têxteis, como o algodão e o pau-brasil. De Portugal, a Inglaterra
adquiria o vinho e o azeite. Com isso, a balança comercial do Brasil tornou-se deficitária.

Esse déficit permanente precisava ser saldado de alguma forma. A solução dependia do fluxo de
capital estrangeiro, que aqui chegava na forma de empréstimo público. Mas os altos juros cobrados
apenas agravavam a situação e, por volta de 1850, representavam 40% das finanças públicas.

Independência? Ou Morte?

Uma imagem 66 anos depoiS

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O Grito do Ipiranga - Pedro Américo (1888)

A primeira aproximação pictográfica que temos com a Independência do Brasil acontece como deve
ser, nos livros de escola, quando vemos a pintura de Pedro Américo, ―O Grito do Ipiranga‖, elaborada
em 1888, já no final do Segundo Reinado.

D. Pedro II foi educado pelos melhores professores brasileiros e era estimulado por seu tutor, José
Bonifácio de Andrada e Silva, a travar contato com as artes e os artistas de seu tempo. A isto somado
o fato da força do cultivo do café na lavoura brasileira, o Segundo Reinado no Brasil foi bastante
próspero e trouxe muitos avanços em arte e cultura.

D. Pedro II foi o maior incentivador da cultura e da arte na história do Brasil. Pedro Américo,
subvencionado pelo Império, estudou na Europa e, a pedido do Imperador, pintou várias obras.
Destaque para ―O Grito do Ipiranga‖, de 1888.

O fato de o quadro datar de 66 anos após os eventos protagonizados pelo pai do Imperador, D. Pedro
I, não deve toldar o nosso raciocínio.

Antecedentes

A Independência foi fermentada num longo processo. Napoleão Bonaparte liderava a Revolução
Burguesa na Europa, num tempo em que Portugal era refém econômico da grande potência da
época, a Inglaterra. Com o avanço inexorável de tropas napoleônicas a Portugal, a Inglaterra enviou
tropas e navios, tanto para combater Napoleão quanto para escoltar a Família Real para o Brasil em

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1808.

Muitos historiadores enfatizam o momento da transferência da Família real para o Brasil como o
marco do início de todo o processo de Independência em relação a Portugal. Alguns preferem a
expressão ―emancipação política‖, dada a dependência crônica em relação ao grande capital
estrangeiro. Naquela época, Inglaterra. Hoje, EUA.

No Brasil D. João VI começa a esboçar o arcabouço de uma Nação Soberana, com um Banco
próprio, o Banco do Brasil, fundado no momento de sua chegada, 1808, a assinatura de Tratados de
Comércio com as Nações Amigas, etc. No Congresso de Viena, em 1815, ocorre a Elevação do Brasil
a Reino Unido a Portugal e Algarves, com o rei D. João VI residindo aqui. O Brasil, formalmente, não
era mais uma Colônia, mas um Reino Unido. Em torno deste tema gira todo o processo de
Independência em relação a Portugal.

As cortes, comandadas pela burguesia portuguesa, eram compostas por homens levados ao poder
no processo conhecido como Revolução do Porto: afirmavam a autonomia política de Portugal em
relação à Inglaterra mas desejavam avidamente levar novamente o Brasil ao estatuto de Colônia.

O movimento de ruptura com as cortes em Portugal já estava fermentando na mente de D. João VI


quando foi forçado a voltar para lá em 1821 após a deposição dos ingleses pelas cortes de Lisboa na
Revolução do Porto. Percebendo os ânimos daqueles que começavam a orgulhar-se em chamar-se
de BRASILEIROS deixou D. Pedro como Príncipe Regente e recomendou: ―Pedro, se o Brasil se
separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros‖.

José Bonifácio de Andrada e Silva

Em dezembro de 1821 chega ao Rio de Janeiro uma ordem das cortes a D. Pedro. Deveria ele abolir
a regência e regressar imediatamente a Portugal. Resignado, começa a fazer os preparativos para o
regresso quando a onda de indignação dos brasileiros se faz notória. José Bonifácio de Andrada e
Silva, na condição de membro destacado do governo provisório de São Paulo, envia uma carta a D.
Pedro. Nela criticava duramente a decisão das Cortes de Lisboa e chamava a sua atenção para o
importante papel reservado ao príncipe nesse momento de crise. Aquela carta foi publicada na
Gazeta do Rio de 8 de janeiro de 1822, com grande repercussão. Dez dias depois, chegou ao Rio
uma comitiva paulista, integrada por José Bonifácio, para entregar ao príncipe a representação
paulista. Nesse mesmo dia, D. Pedro nomeou José Bonifácio ministro do Reino e dos Estrangeiros,
cargo que este resolveu aceitar depois da insistência do próprio príncipe. Essa nomeação tinha um
forte significado simbólico: pela primeira vez o cargo era ocupado por um brasileiro.

Empossado no cargo de ministro do Reino e de Estrangeiros, em janeiro de 1822, Bonifácio logo


conquistou, para a causa emancipadora, os representantes da Áustria e da Inglaterra. Além disso,
ordenou ao Chanceler-Mor (cargo que corresponde, hoje, ao de ministro da Justiça) que não
publicasse lei alguma, vinda de Portugal, sem primeiro submetê-la à a apreciação do príncipe;
nomeou um cônsul brasileiro para Londres, declarando, ao Gabinete inglês, que só tal funcionário
poderia, então, liberar navios que se destinassem ao Brasil; enviou emissários às Províncias do norte,
a fim de congregá-los para a causa da independência, avisando que teriam que se sujeitar à regência
de D. Pedro e não às ordens que recebessem de Lisboa.

As Províncias do norte estavam ao lado das Cortes portuguesas e executando o decreto 124, de 29
de setembro de 1821; principalmente, no Maranhão, o que fez com que José Bonifácio, em ofício à
Junta de Governo daquela Província, dissesse, ironicamente, que não era de se esperar que o
Maranhão tivesse "a aparente e fastigiosa idéia de ser considerada província daquele reino
(Portugal)". O Brasil, àquela altura dos acontecimentos, não podia continuar fragmentado e José
Bonifácio estava enfrentando a tarefa hercúlea de reunir as Províncias, unindo o país em torno de
uma idéia política, que era a monarquia constitucional parlamentar. No dizer de Tito Lívio Ferreira e
Manoel Rodrigues Ferreira, ―sob esse ponto de vista, ele é, legitimamente, o campeão da unidade do
Brasil‖.

Sempre ativo, aliciou conspiradores em Pernambuco, no Maranhão, no Rio Grande do Norte, na


Bahia e no Pará, para que se rebelassem, na hora exata, contra a metrópole que o ludibriara, traindo
o acordo do Reino Unido de Portugal e do Brasil; em junho de 1822, reorganizou o erário, por
intermédio de seu irmão, Martim Francisco, e, em julho, formou uma nova Armada, contratando, para
a obra de construção da Marinha de Guerra, o marujo e aventureiro lorde Cochrane. Importante ainda

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a presença de Gonçalves Ledo, que angariou os fundos necessários para fortalecer a Armada.

Levou D. Pedro a conquistar a simpatia das populações de Minas e de São Paulo, forçando-o a
viajar, pois, dizia ele, ―o Brasil não é o Rio de Janeiro‖. Quando os decretos vindos de Portugal
anulavam, sumariamente, todos os atos da regência, ele, habilmente aliado a D. Leopoldina, escreve
a D. Pedro, jurando que, de Portugal, o humilham: ―De Portugal não temos a esperar senão
escravidão e horrores. Venha V.A. Real o quanto antes e decida-se; porque irresoluções e medidas
de água morna, à vista desse inimigo que não nos poupa, para nada servem – e um momento
perdido é uma desgraça‖. Com isso, instigava o príncipe a se rebelar, combatendo as suas
hesitações e desânimos.

Hoje estão disponíveis – inclusive na Internet – os documentos comprobatórios de que os


acontecimentos de 7 de setembro foram premeditados e conduzidos por José Bonifácio.

O 7 de Setembro em documentos

Em fins de agosto, a Maçonaria no Brasil se organizava e enviava emissários como Antônio de


Menezes Vasconcellos Drummond que, chegando de Pernambuco para onde fora comissionado por
José Bonifácio, traz informações e cartas inquietantes. As Cortes em Lisboa chamando o Príncipe de
―rapazinho‖, ordenam seu imediato regresso e ainda o aprisionamento de Bonifácio.

Encontra-se no magistério muitos professores que preferem minimizar (ou mesmo ridicularizar) os
fatos que tiveram lugar às margens do Ipiranga naquela data. Não me conto entre estes. Quem dera
os governantes de hoje tivessem a mesma coragem!

A documentação comprobatória é muito extensa e está à disposição do pesquisador. À falta de


maiores habilidades ou mesmo confiança no método chamado de ―viagens astrais‖, atenho-me à
documentação. Cito aqui, a título de exemplo, a carta do Padre Belchior, de 1896, mencionada por
José Castellani em sua página e que diz, em seus pontos principais, o seguinte:

―O príncipe mandou-me ler alto as cartas trazidas por Paulo Bregaro e Antônio Cordeiro. (...) D.
Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e deixou-
os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, abotoando-se e compondo a fardeta – pois vinha de
quebrar o corpo à margem do riacho do Ipiranga, agoniado por uma disenteria, com dores, que
apanhara em Santos – virou-se para mim e disse:

_ E agora, padre Belchior?

E eu respondi prontamente:

_ Se V.A. não se faz rei do Brasil, será prisioneiro das Cortes e talvez deserdado por elas. Não há
outro caminho, senão a independência e a separação.

D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro,
Carlota e outros, em direção aos nossos animais, que se achavam à beira da estrada. De repente
estacou-se, já no meio da estrada, dizendo-me:

_ Padre Belchior, eles o querem, terão a sua conta. As Cortes me perseguem, chamam-me, com
desprezo, de rapazinho e brasileiro. Pois verão agora o quanto vale o rapazinho. De hoje em diante
estão quebradas as nossas relações: nada mais quero do governo português e proclamo o Brasil
para sempre separado de Portugal!

(...) E arrancando do chapéu o laço azul e branco, decretado pelas Cortes, como símbolo na nação
portuguesa, atirou-o ao chão, dizendo:

_ Laço fora, soldados! Viva a independência, a liberdade, a separação do Brasil.

(...) O príncipe desembainhou a espada, no que foi acompanhado pelos militares; os paisanos tiraram
os chapéus. E D. Pedro disse:

_ Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil.

(...) Firmou-se nos arreios, esporeou sua bela besta baia e galopou, seguido de seu séquito, em

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direção a São Paulo, onde foi hospedado pelo brigadeiro Jordão, capitão Antônio da Silva Prado e
outros, que fizeram milagres para contentar o príncipe.

Mal apeara da besta, D. Pedro ordenou ao seu ajudante de ordens que fosse às pressas ao ourives
Lessa e mandasse fazer um dístico em ouro, com as palavras ―Independência ou Morte‖, para ser
colocado no braço, por um laço de fita verde e amarela. E com ele apareceu no espetáculo, onde foi
chamado o rei do Brasil, pelo meu querido amigo alferes Aquino e pelo padre Ildefonso (...)‖

D. Pedro e a Maçonaria

A ata da nona sessão do Grande Oriente do Brasil – Assembléia Geral – realizada no 13º dia do 5º
mês maçônico do Ano da Verdadeira Luz 5822 (2 de agosto de 1822), consta ter o Grão-Mestre da
Ordem, conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva, proposto a iniciação de Sua Alteza D. Pedro
de Alcântara. E que, ―aceita a proposta com unânime aplauso, e aprovada por aclamação geral, foi
imediata e convenientemente comunicada ao mesmo proposto, que se dignando aceitá-la,
compareceu logo na mesma sessão e sendo também logo iniciado no primeiro grau na forma regular
e prescrita na liturgia, prestou o juramento da Ordem e adotou o nome heróico de Guatimozin‖. Na
décima sessão, realizada a 5 de agosto, Guatimozin recebeu o grau de Mestre Maçom.

A ata da 14ª sessão – Assembléia Geral – do Grande Oriente Brasílico, fundado a 17 de junho de
1822, fechado a 25 de outubro do mesmo ano, pelo seu Grão-Mestre, D. Pedro I, e reinstalado como
Grande Oriente do Brasil, em 1831, foi publicada, junto com outras, no Boletim Oficial do Grande
Oriente do Brasil, Nº 10, de outubro de 1874, no Ano III da publicação (criada em 1872).

Daquela ata, consta que a Assembléia decidiu ser imperiosa a proclamação da independência e da
realeza constitucional, na pessoa de D. Pedro. Mostra, também, que o dia da sessão, 20º dia do 6º
mês maçônico do Ano da Verdadeira Luz de 5822, era o dia 9 de setembro. Isso porque o Grande
Oriente utilizava, na época, um calendário equinocial, muito próximo do calendário hebraico, situando
o início do ano maçônico no dia 21 de março (equinócio de outono, no hemisfério Sul) e
acrescentando 4000 aos anos da Era Vulgar. Desta maneira, o 6º mês maçônico tinha início a 21 de
agosto e o seu 20º dia era, portanto, 9 de setembro, como situa o Boletim de 1874.

Portanto, não é procedente supor que a data da Assembléia tenha sido 20 de agosto (dia do Maçom
no Brasil), tampouco se deve minimizar o fato de que a Maçonaria atuava viva e ativamente na
direção da independência, particularmente através do Grão Mestre José Bonifácio e do Primeiro
Vigilante, Ledo Ivo.

O fato existiu – temos a ata – e é digno de ser lembrado e comemorado por todos os maçons, mesmo
porque não era possível, no dia 9, os obreiros terem conhecimento dos fatos do dia 7, dados os
escassos recursos de comunicação da época. Mas não a ponto de falsear a verdade histórica, quer
por ufanismo, quer por desconhecimento.

A Independência hoje

A tarefa é monumental. Cumpre romper os grilhões que nos atam aos mercadores. Tudo hoje se
cobra, muito se rouba ou suborna: desde a consciência de alguns políticos até os pequenos atos de
cavalheirismo que outrora se prestava de bom grado.

Em Atenas os Filósofos detinham o Poder. Em Esparta, os soldados tinham a Chefia da Cidade-


Estado. Que diria aquele povo orgulhoso se imaginasse um dia os povos do mundo dominados pelos
mercadores? Que a reflexão em torno dos atos heróicos de nossos ancestrais possa inspirar nossos
contemporâneos.

Num país que inventou a prerrogativa jurídica segundo a qual as leis "pegam" ou "não pegam", não é

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de estranhar que as imposições contra o tráfico de escravos e contra a própria escravidão tenham
demorado tanto para "pegar". As pendengas judiciais, aos tortuosos caminhos legais da Câmara e do
Senado, aos entraves e recuos provocados por infindáveis discussões partidárias; aos conflitos entre
os liberais e conservadores que antecediam a aprovação de qualquer nova lei contra a escravidão,
deve-se acrescentar o fato de que, depois de finalmente aprovadas, tais leis se tornavam, no ato e na
prática, letra morta. Esse processo sórdido explica por que a luta legal contra a escravidão se
prolongou por 80 anos no Brasil.

Foi somente após a humilhação internacional resultante do "Bill Aberdeen" que o Brasil, enfim, se
dispôs a proibir o tráfico. A abolição se tornou, então, uma questão interna, realmente "nacional". Sem
a pressão exterior, seu processo se prolongaria por quase quatro décadas. A maioria dos
conservadores era, a priori, contra a libertação dos escravos. Se ela tivesse de ser feita, os
proprietários precisariam ser indenizados pelo Estado e o processo deveria ser ―lento, gradual e
seguro‖. Em maio de 1855, o conselheiro José Antônio Saraiva propôs que a escravidão fosse extinta
em 14 anos e que o Estado pagasse 800 mil-réis por escravo entre 20 e 30 anos, 600 mil-réis pelos
de 30 a 40, 400 mil-réis pelos de 40 a 50 e um conto (ou 1 milhão) de réis por escravo com menos de
20 anos.

Entre os liberais, as posições variavam muito. Havia os que pensavam como os conservadores; havia
os republicanos radicais; havia os fazendeiros de São Paulo interessados em solucionar logo a
questão substituindo os escravos por imigrantes europeus -desde que recebessem incentivos
financeiros para o projeto.

De qualquer forma, em 28 de setembro de 1871, numa jogada política sagaz, o gabinete


conservador, chefiado pelo visconde do Rio Branco (acima, à esquerda), conseguiu aprovar a
chamada Lei do Ventre Livre, segundo a qual seria livre qualquer filho de escrava nascido no Brasil.
Além de arrancar a bandeira abolicionista das mãos dos liberais, ainda bloquearia por anos a ação
dos abolicionistas mais radicais, garantindo, assim, que a libertação dos escravos fosse um processo
"lento, gradual e seguro". Na prática, a lei seria burlada desde o início, com a alteração da data de
nascimento de inúmeros escravos. O Fundo de Emancipação, criado pela mesma lei e oriundo da
Receita Federal - para pagar pela alforria de certos escravos - também foi logo dilapidado, usado em
grandes negociatas. Muitos proprietários arrancavam os filhos recém-nascidos de suas mães e os
mandavam para instituições de caridade, onde as crianças eram vendidas por enfermeiras que
faziam parte do esquema armado para burlar a Lei Rio Branco. Em alguns manuais escolares, o
conservador visconde do Rio Branco ainda surge com a mesma imagem que adquiriu aos olhos dos
abolicionistas ultramoderados: a imagem de "Abraham Lincoln brasileiro".

Golpeada pela Lei do Ventre Livre, a campanha abolicionista só recomeçaria em 1884. Um ano mais
tarde, porém, o Parlamento jogou outra cartada em sua luta para retardar a abolição: em 28 de
setembro foi aprovada a Lei Saraiva Cotejipe, ou Lei dos Sexagenários. Proposta pelo gabinete
liberal do conselheiro José Antônio Saraiva e aprovada no Senado, comandado pelo presidente do
Conselho de Ministros, o barão de Cotejipe, a lei concedia liberdade aos cativos maiores de 60 anos
e estabelecia normas para a libertação gradual de todos os escravos, mediante indenização. Na
verdade, a Lei dos Sexagenários voltaria a beneficiar os senhores de escravos, permitindo que se
livrassem de velhos "imprestáveis".

No início de 1888, a impopularidade do chefe de polícia do Rio de Janeiro, Coelho Bastos, fez cair o
ministério de Cotejipe, que abertamente afrontava a princesa Isabel. Os conservadores
permaneceram no poder, com João Alfredo como presidente do ministério. Em abril de 1888, Alfredo
chegou a pensar em propor a abolição imediata da escravatura, porém obrigando os libertos a ficar
por "dois anos junto a seus senhores, ira trabalhando mediante módica retribuição". No mês seguinte,
não foi mais possível retardar o processo abolicionista - agora liderado pela própria princesa Isabel.
Depois que a regente assinou a lei, Cotejipe estava entre os que foram cumprimentá-la. Ao beijar-lhe
a mão, o barão teria dito: "Vossa Majestade redimiu uma raça, mas acaba de perder o trono". A frase
se revelaria profética...

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Brasil: sociedade e cultura após a ―abolição‖

A lei sucinta e direta que a princesa Isabel assinou em 13 de maio de 1888 não concedia indenização
alguma aos senhores de escravos. De qualquer forma, ao longo dos 17 anos que se estenderam da
Lei do Ventre Livre à abolição efetiva, os escravocratas tinham encontrado muitas fórmulas para
ressarcir-se de supostas perdas, entre elas o tráfico interprovincial de escravos, as fraudes ao fundo
de emancipação e à Lei do Ventre Livre. Mas se os escravocratas não atingiram um de seus
objetivos, o fracasso dos abolicionistas foi maior e mais amargo. Afinal, horas como Nabuco,
Patrocínio, Rebouças, Gama, Antônio Bento e Rui Barbosa - apesar de suas divergências ideológicas
- acreditavam que a abolição era a medida mais urgente de um programa que só se cumpriria com a
reforma agrária, a "democracia rural" (a expressão é de Rebouças) e a entrada dos trabalhadores
num sistema de oportunidade plena e concorrência. Para eles, como expôs Alfredo Bosi, "o desafio
social e ético que a sociedade brasileira teria de enfrentar era o de redimir um passado de abjeção,
fazer justiça aos negros, dar-lhes liberdade a curto prazo e integrá-los numa democracia moderna".

Mas nada disso se concretizou. Os negros libertos - quase 800 mil-- foram jogados na mais temível
miséria. O Brasil imperial -- e, logo a seguir, o jovem Brasil republicano - negou-lhes a posse de
qualquer pedaço de terra para viver ou cultivar, de escolas, de assistência social, de hospitais. Deu-
lhes, só e sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte dos libertos, depois de perambular
por estradas e baldios, dirigiu-se às grandes cidades: Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Lá,
ergueram os chamados bairros africanos, origem das favelas modernas. Trocaram a senzala (acima,
à direita) pelos casebres (à esquerda). Apesar da impossibilidade de plantar, acharam ali um meio
social menos hostil, mesmo que ainda miserável.

O governo brasileiro não pagou indenização alguma aos senhores de escravos (―Indenização
monstruosa, já que uma grande parte deles eram africanos ilegalmente escravizados, pois haviam
aportado ao Brasil depois da Lei Feijó, de 7 de novembro de 1831‖, como disse, em discurso na
Câmara, Joaquim Nabuco). O preço para que tal indenização absurda não fosse paga foi, porem,
enorme. Teria sido justamente para evitar qualquer petição que pudesse vir a ser feita pelos
escravocratas que Rui Barbosa (ao lado), ministro das Finanças do primeiro governo republicano,
assinou o despacho de 14 de dezembro de 1890, determinando que todos os livros e documentos
referentes à escravidão existentes no Ministério das Finanças fossem recolhidos e queimados na sala
das caldeiras da Alfândega do Rio de Janeiro. Seis dias mais tarde, em 20 de dezembro, a decisão
foi aprovada com a seguinte moção: ―O Congresso Nacional felicita o Governo Provisório por ter
ordenado a eliminação nos arquivos nacionais dos vestígios da escravatura no Brasil‖. Em 20 de
janeiro de 91, Rui Barbosa deixou de ser ministro das Finanças, mas a destruição dos documentos
prosseguiu.

De acordo com o historiador Américo Lacombe, "uma placa de bronze, existente nas oficinas do
Loyde brasileiro, contém, de fato, esta inscrição assaz lacônica: ―13 de maio de 1891. Aqui foram
incendiados os últimos documentos da escravidão no Brasil‖. Foi, portanto, com essa espécie de
auto-de-fé abolicionista que o Brasil comemorou os três anos da mais tardia emancipação de
escravos no hemisfério ocidental. Embora pragmática -- e muito mais verossímil do que a versão
oficialesca de que os documentos foram queimados para ―apagar qualquer lembrança do triste
período escravocrata‖-, a medida foi torpe. E ajudou a fazer com que, passados mais de cem anos da
libertação dos escravos, o Brasil ainda não tenha acertado as contas com seu negro passado.

Proclamação da República - 15 de Novembro de 1889

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Não houve um só tiro que pudesse revelar que se tratava de um golpe e não de um desfile. Se
ecoassem disparos (de fato, houve dois, mas ninguém os escutou), talvez aqueles 600 soldados
percebessem que não estavam ali para participar de uma manobra, e sim para derrubar um regime.
Na verdade, vários militares ali presentes sabiam que estavam participando de uma quartelada.
Mesmo os que pensavam assim achavam que quem estava caindo era o primeiro-ministro, Ouro
Preto Jamais o imperador D. Pedro II - muito menos a monarquia que ele representava.

Não é de estranhar a ignorância dos soldados do 1° e do 3° Regimento de Cavalaria e do 9°


Batalhão. Afinal, até poucas horas antes, o próprio líder do golpe se mostrava indeciso. Mais: estava
doente, de cama, e só chegou ao Campo de Santana quando os canhões já apontavam para o
quartel. Talvez ele não tenha dado o "Viva o imperador" que alguns juraram tê-lo ouvido gritar. Mas
com certeza impediu que pelo menos um cadete berrasse o "Viva a república", que supostamente
estava entalado em muitas gargantas.

A cena foi bem estranha Montado em seu belo cavalo, o marechal Deodoro da Fonseca desfilou
longa lista de queixas, pessoais e corporativas, contra o governo -o governo do ministro Ouro Preto,
não o do imperador. O imperador – isso ele fez questão de deixar claro – era seu amigo: "Devo-lhe
favores". O Exército, porém, fora maltratado. Por isso, derrubava-se o ministério. Difícil imaginar que
Deodoro estivesse dando um golpe, ainda mais golpe republicano – ele era monarquista. Ao seu lado
estava o tenente-coronel Benjamin Constant, militar que odiava andar fardado, não gostava de armas
e tiros e, até cinco anos antes, também falava mal da república. Ambos, Deodoro e Constant
contavam agora com o apoio de republicanos civis. Mas não havia sinal de "paisanos" por perto -
esses apenas tinham incentivado a aventura golpista dos dois militares (por coincidência ou não, dois
militares ressentidos).

O fato é que naquela mesma hora o ministro Ouro Preto foi preso e o gabinete derrubado. Mas
ninguém teve coragem de falar em república. Apenas à noite, quando golpistas civis e militares se
reuniram, foi que proclamaram - em silêncio e provisoriamente - uma república federativa
"Provisoriamente" porque se aguardaria "o pronunciamento definitivo da nação, livremente
expressado pelo sufrágio popular". E o povo a todas essas? Bem, o povo assistiu a tudo
"bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava", disse Aristides Lobo. Embora Lobo
fosse republicano convicto e membro do primeiro ministério, seu depoimento tem sido contestado por
certos historiadores (que citam as revoltas populares ocorridas naquela época). De qualquer forma, o
segundo reinado, que começara com um golpe branco, terminava agora com um golpe esmaecido. A
monarquia, no Brasil, não caiu com um estrondo, mas com um suspiro. E o plebiscito para
"referendar" a república foi convocado em 1993 - com 104 anos de atraso. O império já havia
terminado.

Toda a movimentação em direção à República ocorreu absolutamente sem participação popular, o


que é praticamente uma constante na História do Brasil, lembrando que as exceções são úteis para
confirmar as regras.

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1889 - Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram


para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil - Laurentino Gomes.

Um Marechal Deodoro da Fonseca velho, doente, alquebrado e monarquista foi conduzido a


participar de um golpe que ele compreendeu ser para derrubar o ministério de Ouro Preto e mesmo
ao final da noite de 15 de novembro de 1889 ainda concluía os trabalhos com um "Viva o Imperador!"
como era praxe. Seu sucessor, Floriano Peixoto, conhecido como "Marechal de Ferro" manteve a
unidade nacional com pulso firme mas não pode ou não quis sequer iniciar o processo de
independência de fato do Brasil ou mesmo implantou princípios republicanos que até o dia de hoje
(primeira década do século XXI) inexistem no Brasil.

Benjamin Constant foi o cérebro do golpe no Rio de Janeiro, seguindo o ideário positivista segundo o
qual um povo atrasado e sem tradição cultural ou democrática precisa de uma ditadura provisória
decidida pelos que sabem até que possa ele mesmo, "povo", tomar as rédeas da situação. Somente
em 1993 (104 anos depois dos eventos de 1889, portanto) "o povo" foi conclamado às urnas para se
manifestar sobre o sistema e a forma que o governo brasileiro deveria assumir (monarquia ou
república; parlamentarismo ou presidencialismo). Em 1889 ocorreu meramente um golpe palaciano
que não modificou rigorosamente nada na estrutura sócio-econômica do Brasil da época. Em 1888
ocorreu a Abolição da Escravidão e, no ano seguinte, a república foi implementada através de um
golpe militar tortuoso contudo, para o que se propunham, bem sucedido.

O Brasil, "país emergente" desde 1822, quando foi proclamada de direito mas não de fato a
"independência", segue uma Nação obedientemente dependente de interesses externos (anteontem
da Inglaterra, ontem do governo dos EUA e hoje da Bolsa de Valores de Wall Street) não se tornou
republicano através do golpe de 15 de novembro de 1889 da mesma forma que não se tornou
independente através da "proclamação" de 1822.

Dentre os princípios republicanos já conhecidos desde a Grécia Clássica estão o da impessoalidade


e meritocracia.

Tomemos fatos recentes como exemplo. Um cidadão que não se formou em Direito (consta haver
estudado, sem concluir o curso), não passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (parece
que adquiriu o título de acordo com a tabela da corrupção nacional, nem mais, nem menos) e jamais
foi aprovado em concurso para juiz em qualquer instância - sem mencionar o fato de haver roubado
R$ 700 milhões do governo do Acre e se defendido com o brasileiríssimo "decurso de prazo" recebeu
o cargo de Advogado Geral da União e, nele, destacou-se por não defender a União, mas uns poucos
cidadãos (Lula da Silva e sua quadrilha) CONTRA a União e os interesses nacionais. Seguindo Lula
da Silva e seus asseclas no Poder foi nomeado Juiz do Supremo Tribunal Federal e vem se
destacando pela defesa dos criminosos que saqueiam os cofres públicos, contra o povo brasileiro,
portanto.

A coisa toda poreja compadrio e favorecimento pessoal (cadê a "impessoalidade" republicana?) além
de comprovadamente o critério da meritocracia haver sido o primeiro a ser desprezado. Como ocorre
em praticamente todas as nomeações políticas de praticamente todos os governos brasileiros de
João VI a Lula da Silva (depois representado por Dilma Roussef na presidência) o gabinete de
ministros é formado por gente amiga do governante e sem competência alguma para o exercício de
suas funções.

Outro exemplo? Em 2010 Aloísio Mercadante Oliva foi nomeado "ministro da Educação" e, além de
não ter qualquer destaque na área - jamais publicou uma linha sobre filosofia da educação ou
demonstrou qualquer particular valor no tema enorme que lhe fizesse merecer um ministério deste
porte. Além disso, desvia rios de recursos públicos para o ensino privado; que as famosas "verbas
para a educação" são alocadas principalmente para instituições privadas através de programas
especialmente criados para isso. Sobra pouquíssimo para o Ensino Público (que deveria ser uma
prioridade republicana absoluta) e mesmo este recurso o Economista Mercadante Oliva
frequentemente "contingencia". A palavra "contingenciamento" é sinônimo de arrancar recursos
públicos dos fins a que se deveriam destinar e alocá-los para a ciranda financeira. É de se admirar
que o Brasil vá tão mal em Educação? Nomearam um ministro anti-republicano para um cargo dessa
importância...

Não republicano nem democráticos, seguimos sendo uma nação governada segundo princípios

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CONHECIMENTOS GERAIS

fisiológicos como descrevo alhures: http://www.culturabrasil.pro.br/ptfascista2012.htm

À luz de revelações brilhantemente trazidas a lume por Laurentino Gomes em seu livro "1889: Como
um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da
Monarquia e a Proclamação da República no Brasil" estou aprofundando este tema. Confira em breve
neste espaço.

Lázaro Curvêlo Chaves - 15 de Novembro de 2012

Revisando em Novembro de 2014

Getúlio Dornelles Vargas (1883 – 1954)

Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja (RS) a 19 de abril de 1883. Foi chefe do governo
provisório depois da Revolução de 30, presidente eleito pela constituinte em 17 de julho de 1934, até
a implantação da ditadura do Estado Novo em 10 de novembro de 1937. Foi deposto em 29 de
outubro de 1945, voltou à presidência em 31 de janeiro de 1951, através do voto popular. Em 1954,
pressionado por interesses econômicos estrangeiros com aliados no Brasil como Lacerda e Adhemar
de Barros, é levado ao suicídio a 24 de agosto de 1954. Com uma bala no peito ele atrasa o golpe
militar em 10 anos e ―sai da vida para entrar na história‖... Contrariamente ao que todos os
governantes fizeram antes dele e vêm fazendo depois dele, o governo Vargas conquistou a vinda de
técnicos estrangeiros para incrementar a nossa economia. Todos os outros governantes brasileiros
antes e depois de Vargas colocaram, em maior ou menor grau, a economia brasileira a serviço de
interesses estrangeiros. Por isso, apesar de todos os seus defeitos, é considerado O MELHOR
PRESIDENTE QUE O BRASIL JÁ TEVE EM TODA A HISTÓRIA.

Por volta de 1894 estudou em Ouro Preto (MG), na Escola de Minas. Em 1898 torna-se soldado na
guarnição de São Borja e em 1900 matricula-se na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo
(RS). Não permaneceu lá por muito tempo, foi transferido para Porto Alegre (RS) a fim de terminar o
serviço militar. Em março de 1904, matricula-se na faculdade de direito de Porto Alegre, onde
conhece dois cadetes da escola militar, Pedro Aurélio de Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra,
dedicando-se, à ocasião, ao estudo das obras de Júlio de Castilhos (positivista, fundador do Partido
Republicano no Rio Grande do Sul).

Formou-se em dezembro de 1907, começando a trabalhar como segundo promotor público no


tribunal de Porto Alegre, mas voltou a sua cidade natal, São Borja, para exercer as lides de
advogado. Em 1909 elegeu-se deputado estadual, foi reeleito novamente em 1913, mas renunciou
em sinal de protesto a Borges de Medeiros, que governava o Rio Grande do Sul. Voltou à assembléia
legislativa estadual em 1917, e foi reeleito em 1921. Em 1923 torna-se deputado federal, e em 1924
torna-se líder da bancada gaúcha na Câmara. Washington Luís é eleito presidente em 1926 e
escolhe Getúlio Vargas como ministro da Fazenda, devido ao seu trabalho na comissão de finanças
da Câmara, mas ocupou o cargo por menos de um ano, sendo escolhido como candidato ao governo
do Rio Grande do Sul. Eleito, tomou posse a 25 de janeiro de 1928.

Cenário Internacional

A quebra da Bolsa de Valores em Nova Iorque, em 1929, trouxe uma crise sem paralelo ao
capitalismo. O mundo capitalista faliu. A única nação que vivia fora da jogatina da Bolsa de Valores, a
União Soviética, foi a única infensa ao cataclisma.

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O principal produto da pauta de exportações brasileiras à ocasião era o café. Produto de sobremesa.
Em situações de crise, as sociedades humanas economizam com o supérfluo. Café é supérfluo. As
exportações brasileiras sofrem vertiginoso decréscimo. Justamente os criadores de gado do Rio
Grande do Sul e Minas Gerais e os produtores de cana-de-açúcar da Paraíba que são aqueles que
―põem o dinheiro na casa chamada Brasil‖ estão sendo ludibriados pelos coronéis paulistas, que se
organizam em torno do paulista Júlio Prestes para a sucessão de Washington Luís, ao invés de
respeitar a ―política do café-com-leite‖ que rezava ser agora vez de um político apoiado pelos
mineiros. O rompimento é inevitável.

Num primeiro momento Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul e João Pessoa, da Paraíba, formalizam
aliança contra os propósitos de Washington Luís.

As eleições que se realizaram no dia 1º de março de 1930 – fraudadas ao extremo – deram a vitória a
Júlio Prestes. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições, afirmando que a vitória
de Prestes deu-se apenas por meio da fraude. Além do mais os deputados eleitos em estados onde a
Aliança conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí iniciou-
se uma conspiração com base no Rio Grande do Sul.

No dia 26 de julho de 1930 João Pessoa foi assassinado por João Dantas. Aquele episódio, que a
princípio não guardava características políticas, deu-se por motivos passionais, acabouu servindo
como estopim para uma mobilização armada, que efetivamente se realizou a partir do Rio Grande do
Sul em 3 de outubro. No dia 10 Vargas partiu de trem rumo a capital federal, temia-se que uma
grande batalha se realiza-se em Itararé (fronteira do Estado do Paraná) onde as tropas do governo
federal estavam acampadas para deter o avanço das tropas de Vargas. A batalha nunca se realizou
pois os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto e mais o almirante Isaías de Noronha depuseram
Washington Luís e formaram um junta governativa.

Em 3 de novembro de 1930, a junta passa o poder a Vargas que se faz chefe do governo provisório.
Tratou de organizar o ministério, chamando Lindolfo Collor para o ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, que foi criado no dia 26 de novembro, bem como Francisco Campos que ficou com a pasta
da Educação e Osvaldo Aranha com a da Justiça.

Reação dos coronéis paulistas

Em 1932 explodiu a chamada ―revolução constitucionalista‖ de 9 de julho em São Paulo. Aquela


―revolução‖ não passou de uma revolta patrocinada pela oligarquia paulista a pretexto de exigir do
governo federal a reconstitucionalização do país. De fato, os coronéis paulistas ansiavam por
reassumir o poder através de eleições controladas por eles. A Era Vargas foi o ponto final na política
da República Velha.

O movimento foi derrotado e Medeiros preso. Vargas, contudo, se sentiu pressionado a conceder a
realização das eleições para uma Assembléia Constituinte em 5 de maio de 1933. A Constituição
entrou em vigor em 16 de julho de 1934, juntamente a isso o Congresso realizou eleições indiretas e
Vargas seguiu no poder, agora como presidente constitucional.

O período é marcado por polarização ideológica, de um lado a ANL (Aliança Nacional Libertadora)
que integra comunistas, liberais, socialistas e cristãos, de um lado, e a AIB (Ação Integralista
Brasileira), movimento inspirado pelo nazi-fascismo.

A ANL é posta fora da lei em 11 de julho de 1935. Sua extinção provocou a reação de setores
militares identificados com seu programa político, neste contexto eclodiu em novembro de 1935 a
chamada ―Intentona Comunista‖ liderada por Luis Carlos Prestes, esta contudo se limitou ao levante
de algumas guarnições militares em Natal (RN), Recife (PE) e do 3º Regimento de Infantaria na Praia
Vermelha e da Escola de Aviação no Rio de Janeiro. Contava com o apoio do Kremlin mas com
escasso apoio popular no Brasil e violenta repressão por parte do Estado varguista, foi sufocado sem
grande dificuldade.

As eleições marcadas para 1938 estavam se aproximando, a oligarquia paulista lança a candidatura
de Armando Sales de Oliveira, o próprio governo indicara o paraibano José Américo de Almeida.
Vargas concebe a idéia de permanecer no poder e fecha o regime inaugurando o Estado Novo a
pretexto de deter os planos de um golpe por parte dos comunistas, que queriam lançar o país à uma
Guerra. Na realidade, o ―Plano Cohen‖ fora forjado no interior do próprio governo para justificar

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perante a opinião pública nacional e internacional a sua permanência e o fechamento autoritário que
promovia.

No dia 10 de novembro de 1937 Vargas deu o golpe ordenando o cerco do Congresso Nacional,
determinando o seu fechamento e fazendo um pronunciamento onde anunciava a promulgação de
uma nova Constituição que substituiria a de 1934. Tal Constituição já estava sendo elaborada a
algum tempo por Francisco Campos que se inspirara na Constituição autoritária da Polônia, esta
ficou, naturalmente, conhecida como "A Polaca".

A Constituição do Estado Novo previa a extinção dos partidos políticos, colocando na ilegalidade
inclusive a Ação Integralista Brasileira. Esta tentou golpe, tomando de assalto o Palácio Guanabara
em 11 de maio de 1938. Foi frustrada em seus propósitos.

Além da extinção dos partidos políticos, uma série de medidas foram tomadas para reprimir as
oposições, tais como a nomeação de Interventores para os Estados, censura aos meios de
comunicação realizada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Tal órgão também
cuidava de difundir a ideologia do Estado Novo, censurando, arquitetando a propaganda do governo
e exercendo o controle sobre a opinião pública.

Em 1943 edita a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que garantia a estabilidade do emprego
depois de dez anos de serviço, descanso semanal, regulamentação do trabalho de menores, da
mulher e do trabalho noturno; a criação da Previdência Social e a instituição da carteira profissional
para maiores de 16 anos que exercessem um emprego; a jornada de trabalho foi fixada em 8 horas
de trabalho, antiga reivindicação dos trabalhadores brasileiros.

Em 19 de março de 1931 foi criada a Lei de Sindicalização, ou seja os estatutos dos sindicatos
deveriam, a partir daquela medida, ser aprovados pelo ministério do Trabalho. Enfim, Vargas assumia
o controle do movimento operário nos moldes da Carta del Lavoro de Benito Mussolini na Itália.

Vargas objetivava com esta política trabalhista, favorável aos operários, conquistar o apoio das
massas populares ao governo. Tal política paternalista buscava ainda anular as influências da
esquerda, desejando transformar o operariado num setor sob seu controle, para ser usado pelo jogo
do poder. A mesma política foi praticada à mesma época por Juan Domingo Perón na Argentina e
Lázaro Cárdenas, no México.

Economia

Fala a verdade: você não sente saudade do tempo em que o dinheiro mantinha o valor?

A crise internacional de 1929 que, como vimos acima, atingiu em cheio a economia brasileira,
diminuindo nossas exportações, aumentando nossos estoques de café e baixando o preço do
produto. Por pressão dos coronéis paulistas, Vargas criou em 1931 o Conselho Nacional do Café que
implementou a "política de sustentação" através da compra e queima dos excedentes que estavam
estocados em depósitos do governo. A queima de 17,2 milhões de sacas em 1937 e nos anos
seguintes provocou a redução dos preços do produto no mercado internacional.

As dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola conduziram o governo a investir no desenvolvimento


industrial como saída para a nossa dependência externa. A Segunda Guerra Mundial reduziu a oferta
de artigos industrializados. Isso obrigou a substituição destas importações, fomentando o
desenvolvimento das indústrias locais. Implementa-se ainda uma política de exploração das riquezas
nacionais, com o Estado participando das atividades econômicas principalmente aquelas vitais que

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precisam de estímulo governamental para desenvolver-se, como a siderurgia e a do Petróleo.

As medidas econômicas tinham características nacionalistas, como a criação da Companhia


Siderúrgica Nacional, que iniciou a construção da Usina de Volta Redonda com financiamentos norte-
americanos. Isso se deu principalmente devido ao estreitamento das relações entre o Brasil e os EUA
em 1942, para fazer face ao esforço de guerra. Neste mesmo ano veio ao Brasil uma Missão Técnica
estadunidense que trabalhou em projetos como a Companhia Vale do Rio Doce, que explorava e
exportava minérios, e a Hidrelétrica de Paulo Afonso. Vargas cria também o Conselho Nacional do
Petróleo que objetivava diminuir a dependência brasileira do combustível, controlando o refino e a
distribuição.

Contrariamente ao que todos os governantes fizeram antes dele e vêm fazendo depois dele, o
governo Vargas conquistou a vinda de técnicos estrangeiros para incrementar a nossa economia.
Todos os outros governantes brasileiros antes e depois de Vargas colocaram, em maior ou menor
grau, a economia brasileira a serviço de interesses estrangeiros. Por isso, apesar de todos os seus
defeitos, é considerado O MELHOR PRESIDENTE QUE O BRASIL JÁ TEVE EM TODA A HISTÓRIA.

Em troca da ajuda norte-americana, o Brasil deu o seu apoio aos aliados na Segunda Guerra
Mundial, rompendo relações diplomáticas com as nações do Eixo. O afundamento de navios
mercantes brasileiros por submarinos alemães – reza a lenda que teriam sido navios estadunidenses
usando bandeiras nazistas para forçar o Brasil a ingressar na Guerra ao lado dos estadunidenses,
contrariamente ao que Perón, por exemplo, na Argentina fez, adotando a neutralidade e aproveitando
para crescer. De todo o modo, sob Vargas, o Brasil se aproveitou muito bem da situação para
desenvolver-se. O Brasil declara guerra à Alemanha em 22 de agosto de 1942, enviando a FEB
(Força Expedicionária Brasileira) para lutar na Itália. Sua participação não foi tão relevante para a
vitória dos aliados, mas foi importantíssima para o final do autoritarismo no Brasil. Pracinhas que
foram à Europa lutar contra regimes autoritários, voltam ao Brasil e aqui encontram... Um regime
autoritário! Getúlio demonstrou-se favorável em 1943 à redemocratização do país, mas só quando a
guerra tivesse se encerrado.

Em outubro de 1943 políticos de Minas Gerais, elaboram um manifesto repudiando o Estado Novo, o
chamado "Manifesto dos Mineiros". Em 1944 começam a chegar relatórios sobre as tropas brasileiras
na guerra que davam conta do desejo de redemocratização.

Em 28 de fevereiro de 1945 a Constituição de 1937 recebeu um ato adicionou que possibilitava fixar
as eleições presidenciais e logo destacaram-se duas candidaturas a do Brigadeiro Eduardo Gomes
que se opunha a Vargas e a do General Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra de Getúlio.

Neste período também se criaram três partidos políticos, a UDN (União Democrática Nacional)
conservadora, direitista e anti-Vargas, o PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro), criados sob a inspiração de Vargas.

Em 22 de abril concede a anistia a todos os presos políticos, inclusive Luís Carlos Prestes. A 28 de
maio fixa a data das eleições para 2 de dezembro daquele ano.

A oposição temia que Getúlio inviabilizasse a realização de eleições presidenciais, como já fizera pelo
menos duas vezes, em 1934 e 1938. Progredia a conspiração que desejava depor Getúlio Vargas, o
que efetivamente ocorre a 29 de outubro de 1945, quando tropas do Exército cercam o Catete e o
obrigaram a renunciar. A presidência foi ocupada interinamente por José Linhares, presidente do
Supremo Tribunal Federal e Vargas foi para o auto-exílio em São Borja.

Dutra é eleito presidente e Getúlio Senador pelo Rio Grande do Sul e por São Paulo, além de
Deputado Federal pelo Distrito Federal além de mais seis Estados. Optou pelo cargo de Senador,
passando à oposição ao governo Dutra. Em 1950 lança sua candidatura à presidência juntamente
com Café Filho pelo PTB e PSP (Partido Social Progressista). É eleito e assume o poder a 31 de
janeiro de 1951.

Eleito com o propósito de implantar reformas nacionalistas, desde o início do seu mandato sofreu
vigorosa oposição por parte da direita – a atuação de Carlos Lacerda, governador do Rio, e de
Adhemar de Barros, governador de São Paulo, que em suas freqüentes viagens aos EUA urdiam um
golpe contra Getúlio manifestava-se abertamente em artigos vigorosos e em programas de rádio com
uma virulência e eloqüência sem paralelo na história nacional. Lacerda foi um canalha. Mas como

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aquele canalha falava bem, sô!

Getúlio inicia campanha pela nacionalização total do petróleo com o slogan "o petróleo é nosso", o
que culminaria com a criação da Petrobrás em 1953. Pelos acordos a que foi compelido a submeter-
se a Petrobrás ficaria com o monopólio de perfuração refino de Petróleo, enquanto a distribuição do
produto permaneceria com as empresas privadas.

Naquele período Vargas entra em constantes atritos com empresas estrangeiras acusadas de enviar
excessivas remessas de lucro ao exterior. Em 1952 um decreto institui o limite de 10% para as tais
remessas.

Em 1953 nomeia João Goulart, importante líder do PTB, para o Ministério do Trabalho, com o objetivo
de criar uma política trabalhista aproximando os trabalhadores do governo, Goulart concede um
aumento de 100% ao Salário Mínimo e é praticamente canonizado pelos trabalhadores brasileiros e
crucificado pelo empresariado multinacional.

Jango causava profundo descontentamento entre os militares que em 8 de fevereiro de 1954


entregaram um manifesto ao Ministério da Guerra (Manifesto dos Coronéis). Getúlio pressionado e
buscando a conciliação, opta por afastar João Goulart.

Lacerda lidera um poderosa, diabólica e brilhante campanha difamatória contra Getúlio Vargas com
vistas a afastá-lo para tornar mais simples a entrega das riquezas brasileiras ao grande capital
estadunidense, o que contrariava frontalmente os interesses do povo brasileiro e do presidente
Getúlio Vargas. Levanta os ânimos contra o presidente e ele procura mais do que nunca amparar-se
nos trabalhadores. A 1º de maio de 1954 concede finalmente o prometido aumento de 100% no
Salário Mínimo. A oposição no congresso entra com um pedido de impeachment, mas Getúlio tem
maioria.

A imprensa conservadora, particularmente o jornal Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda segue em


sua campanha contra o governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda sofre um atentado que matou o
major-aviador Rubens Florentino Vaz. Aquela infelicidade, um agudização da crise política. As
investigações demonstraram o envolvimento de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de
Getúlio. Fortunato acabou sendo preso e Lacerda passou a infernizar ainda mais a existência de
Getúlio.

A Carta-Testamento de Getúlio Vargas

A pressão da oposição tornou-se mais intensa, no Congresso e nos meio militares: exigia a renúncia
de Vargas. Cria-se um tal clima de tensão que culmina com o tiro que Vargas dá no coração na
madrugada de 24 de agosto de 1954. Um grande PATRIOTA que, com um tiro no peito, atrasou o
Golpe Militar arquitetado pelos ianques contra os países de seu quintal (América Latina) no Brasil por
10 anos! Antes de suicidar-se escreveu uma Carta-Testamento, na realidade seu testamento político.
Ei-la:

"Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se


desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o
direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a
defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos
econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de
libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do
povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados
contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso.
Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade
nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a
funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem
que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que
destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano.
Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100

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milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos
defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de
sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo
suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que
agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de
rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em
holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma
sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para
a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a
reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de
meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a
resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me
liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei
contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O
ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a
minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da
vida para entrar na História." (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)

Numa República que começa com um Golpe Militar sem participação popular alguma, passa por
governos inexpressivos e impopulares na República Velha, apresenta uma gama de aproveitadores e
corruptos que vão de Jango a Collor chegando a Lula Dilma da Silva Rousseff, GETÚLIO
DORNELLES VARGAS foi o que de melhor o BRASIL conseguiu produzir em termos de liderança
política!

Lázaro Curvêlo Chaves. Texto revisado a 26 de maio de 2008

Revisado novamente a 10/12/2014

A República Velha em Crise

A ―Lei Celerada‖ (1927) - Enquanto a presidência de Artur Bernardes (1922-1926) foi extremamente
conturbada, o que o obrigou a governar permanentemente em estado de sítio, a de seu sucessor,
Washington Luís (1926 - 1930), sob esse aspecto foi tranqüila.

As revoltas tenentistas e o avanço do movimento operário - em suma, a questão social que chegou a
ameaçar o poder da velha oligarquia - estavam dominados. Em 1927, entrou em vigor a lei Celerada,
censurando a imprensa e restringindo o direito de reunião; essa nova lei era dirigida contra os
tenentes e os operários filiados à organização revolucionária BOC (Bloco Operário Camponês).

Mas a aparente calmaria política do governo de Washington Luís era enganosa. No final do seu

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mandato, todos os vícios acumulados pela República Oligárquica conduziram a uma solução violenta
- a Revolução de 1930 -, que pôs fim à República Velha.

A crise de 1929 e o fim da valorização do café - Em 1906, como já vimos, o Convênio de Taubaté deu
início à política de valorização do café. O excedente era comprado mediante empréstimos no exterior
e estocado, a fim de manter o seu preço internacional. Durante a Primeira Guerra Mundial, que
paralisou o comércio internacional, a exportação brasileira de café declinou, trazendo de volta o
fantasma da superprodução. Em 1917, diante da ameaça de uma supersafra, o governo central
apoiou a realização de uma segunda valorização, com a compra de 3 milhões de sacas. Para alivio
geral, em 1918, a geada atingiu 40% dos cafezais. Nesse mesmo ano, com o fim da guerra, o
comércio internacional se normalizou, elevando o preço do café, para a euforia dos cafeicultores.

A alegria não durou muito. Em 1921, foi colocada em prática a terceira valorização do café, com a
compra efetuada pelo governo central. A cada valorização, estimulava-se o plantio de novos cafezais,
de modo que, nos anos 20, já se começava a pensar numa política que tornasse permanente a
valorização.

Ora, um dos fatores básicos da Revolução de 1930 foi a crise da política de valorização do café, em
virtude da violenta crise do capitalismo (1929).A grande depressão solapou a base artificial em que se
vinha mantendo a lucratividade dos grandes cafeicultores.

Os efeitos da crise foram a retração do mercado consumidor, a suspensão do financiamento para


estocagem do café, a exigência da liquidação imediata dos débitos anteriores. Em suma, caiu por
terra toda a paciente montagem da política de valorização.

Cisão das oligarquias - Ao lado da crise da política de valorização, surgiu, em 1930, a questão
sucessória. Washington Luís, ao contrário do que era esperado, não indicou como seu sucessor um
mineiro, segundo o hábito do rodízio das oligarquias do PRP e do PRM. Em vez de um mineiro,
Washington Luís preferiu apoiar a candidatura de Júlio Prestes, um paulista, para garantir a
continuidade das práticas de proteção ao café. Ora, Antônio Carlos, presidente do estado de Minas,
esperando ser o presidente da República, viu-se frustrado. Daí a cisão entre o PRP e o PRM, dois
partidos que eram a base da República Velha.

Imediatamente, Antônio Carlos tomou o encargo de articular uma candidatura de oposição. Para isso,
buscou o apoio do Rio Grande do Sul. Dessa união nasceu a Aliança Liberal, que lançou Getúlio
Vargas (gaúcho) como candidato à presidência e João Pessoa, um paraibano, como vice-presidente.
Para firmar o nome de seus candidatos, a Aliança Liberal baseou sua campanha na necessidade de
reformas políticas: instituição do voto secreto, anistia política, criação de leis trabalhistas para
regulamentar a jornada de trabalho e outras voltadas para a assistência do trabalhador.
Rapidamente, a AL sensibilizou a massa urbana, ganhando apoio até mesmo dos tenentes.

A vitória de Júlio Prestes - Entretanto, nas eleições de 1° de março de 1930, o candidato eleito foi
Júlio Prestes. Os velhos líderes gaúchos, como Borges de Medeiros, tendiam a aceitar o resultado.
Um inconformismo tomou conta de políticos então emergentes, como Osvaldo Aranha e Lindolfo
Collor, aos quais se juntaram os tenentes Juarez Távora e Miguel Costa. Um grave acontecimento
veio enfim precipitar a revolução: o assassinato de João Pessoa.

João Pessoa governava o estado da Paraíba desde 1928 e era membro da Aliança Liberal. A sua
política no estado sofreu forte oposição de coronéis do interior, apoiados pelos paulistas, que os
ajudaram com o envio de armas. O seu assassinato em julho de 1930, quando conversava com
amigos numa confeitaria, foi motivado por questões pessoais. Não se tratou de um atentado político.
Mas, dado o clima de tensão e de frustração pela derrota, a morte de João Pessoa serviu como
bandeira para os aliancistas desencadearem um levante armado contra a oligarquia paulista.

A 3 de outubro de 1930, toda a oposição se uniu, e um movimento militar teve início no Rio Grande
do Sul. No nordeste, sob a liderança de Juarez Távora, começou a rebelião.

A deposição de Washington Luís - Enquanto isso, Washington Luís nada podia fazer, em virtude do
seu isolamento. O próprio estado de São Paulo não estava coeso em torno dele. O Partido
Democrático, fundado em 1926, fazia-lhe oposição. Assim, a perspectiva de resistência contra as
tropas do sul, sob o comando do tenente-coronel Góis Monteiro, era nula. Para evitar maiores
conseqüências, em 24 de outubro Washington Luís foi deposto pelos generais Mena Barreto, Tasso

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Fragoso e pelo almirante Isaías de Noronha. Washington Luís partiu para o exílio e Getúlio Vargas,
chefe do movimento, assumiu a chefia do Governo Provisório.

Getúlio Vargas no Poder

O Governo Provisório - A 11 de novembro de 1930, através do decreto n°. 19 398, dissolveu-se


ajunta Governativa que derrubara Washington Luís, formando-se o Governo Provisório, sob a chefia
de Getúlio Vargas. O decreto definia as atribuições do novo governo e ratificava as medidas da junta
Governativa. Confirmava-se nele a dissolução do Congresso Nacional e das Casas Legislativas
estaduais e municipais.

As ambigüidades de Vargas - Tão logo a revolução triunfou, três forças políticas se alinharam. De um
lado, as oligarquias tradicionais, que perderam o controle do poder; de outro, os tenentes, que,
influenciados pelo fascismo - em voga na Europa -, defendiam a mais completa centralização do
poder; no centro, os militares legalistas, que pretendiam a manutenção da ordem. Getúlio Vargas,
equilibrando-se sobre essas tendências, não se definiu por nenhuma delas. Assim, entre 1931 e
1932, fez concessões aos tenentes, nomeando-os interventores em diversos estados. Destacou-se
nessa época o tenente Juarez Távora, que teve sob seu controle nada menos que doze estados, do
Espírito Santo para o norte, o que lhe valeu, segundo a expressão dos seus opositores, o apelido de
Vice-rei do Norte. O núcleo tenentista aos poucos foi sendo marginalizado. Nos fins da década de
1930, seria neutralizado pelo crescente prestígio que Vargas concedeu aos militares legalistas, que
se opunham à tendência radical dos tenentes.

Portanto, o Governo Provisório não conseguiu solucionar os conflitos, pois Getúlio não atendeu às
reivindicações dos tenentes e, tampouco, às reivindicações da oligarquia tradicional. Os primeiros,
organizando-se em clubes políticos - entre os quais se destacou o Clube Três de Outubro -,
defendiam um esquema de poder francamente ditatorial e a adoção de medidas econômicas
nacionalistas, como a nacionalização dos bancos estrangeiros e das riquezas minerais. A última
aspirava ao retorno imediato à normalidade constitucional, com a realização de eleições que
supostamente a recolocariam no poder.

A Revolução Constitucionalista de 1932

São Paulo: perda da hegemonia – Com a revolução de 1930, São Paulo foi o grande perdedor. A
―política dos governadores‖ e a política de valorização do café, que tinham garantido sua hegemonia
até então, foram postas de lado com o triunfo da revolução de 1930 e a crise de 1929. Os coronéis

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paulistas não tardariam em agitar a plebe a "Declarar Guerra ao Brasil" - uma guerra que, por sinal
perderam e contudo seguem comemorando a todo o dia 9 de julho...

Por outro lado, agravou-se a contradição entre a velha oligarquia e a interventoria do tenente João
Alberto. O Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista se uniram, sob a palavra de ordem
―interventor civil e paulista‖, para exigir a imediata reconstitucionalização do país. A pressão da
oligarquia paulista foi afinal sentida pelo governo central. Em 1 ° de março de 1932, Pedro de Toledo
foi nomeado interventor de São Paulo, atendendo-se à primeira exigência.

O Código Eleitoral – Apesar da oposição tenentista aglutinada em torno do Clube Três de Outubro, no
dia 24 de fevereiro de 1932 Getúlio mandou publicar o novo Código Eleitoral e o anteprojeto da
Constituição, marcando para maio de 1933 as eleições para a Assembléia Constituinte. Pelo novo
Código Eleitoral foram estabelecidos o voto secreto e, pela primeira vez, o voto feminino, além da
representação classista, isto é, os sindicatos profissionais, tanto patronais como de empregados,
elegeriam deputados que teriam as mesmas prerrogativas dos demais parlamentares.

A revolução – Apesar das reformas, em 9 de julho de 1932, eclodiu em São Paulo a revolução
constitucionalista, que durou três meses. Os paulistas, chefiados pelo general Isidoro Dias Lopes,
permaneceram isolados, sem adesão das demais unidades da federação, excetuando um pequeno
contingente militar vindo de Mato Grosso, sob o comando do general Bertoldo Klinger.

Para reprimir a rebelião paulista, Vargas enfrentou sérias dificuldades no setor militar, pois inúmeros
generais simplesmente recusaram a missão. Percebendo o débil apoio que tinha no seio da cúpula
do Exército, e a fim de consegui-lo, Vargas rompeu em definitivo com os tenentes, que não eram bem
vistos pelos oficiais legalistas.

Em 3 de outubro de 1932, em meio à crise militar e apesar dela, Getúlio conseguiu esmagar a revolta
paulista.

A Assembléia Constituinte e a Constituição de 1934

A Constituinte – Em 3 de maio de 1933, com base no novo Código Eleitoral, realizaram-se as


eleições para a Assembléia Constituinte, instalada em novembro do mesmo ano. A composição da
Assembléia representou o ressurgimento das antigas oligarquias estaduais. Ao lado delas, surgiram
os representantes classistas eleitos pelos sindicatos profissionais.

A Assembléia foi presidida pelo mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, e a terceira Constituição
do Brasil - a segunda da República - foi promulgada no dia 16 de julho de 1934.A nova Constituição
preservava o federalismo, o presidencialismo e a independência dos três poderes: Executivo,
Legislativo e Judiciário.

Executivo – No plano do Executivo, nas disposições transitórias, fixou-se em caráter excepcional a


eleição do primeiro presidente pelo voto indireto da própria Assembléia. Getúlio Vargas foi confirmado
na presidência, vencendo seu opositor, Borges de Medeiros. A inovação mais notável no Executivo
foi a obrigatoriedade da adoção de uma assessoria técnica para cada ministério. Extinguiu-se a vice-
presidência.

Legislativo – No âmbito do Legislativo, foi mantida a divisão entre Câmara e Senado, sendo seus
representantes eleitos por voto direto, secreto e universal, bem como pelo voto profissional, como
preconizava o Código Eleitoral de 1932. O número de representantes na Câmara dos Deputados era
proporcional ao número de habitantes dos estados: até vinte deputados, um deputado para cada 150
000 habitantes; acima de vinte, um deputado para cada 250 000 habitantes. Além disso, a Câmara
contava com deputados eleitos indiretamente pelos sindicatos - patronais e de empregados, cujo
número não excedia um quinto do total de representantes. O mandato dos deputados era de quatro
anos. Quanto ao Senado, era integrado por dois representantes por estado, incluindo o Distrito
Federal (Rio de Janeiro). O mandato dos senadores era de oito anos, sendo a metade renovada a
cada quatro anos.

Judiciário – O Supremo Tribunal Federal foi transformado em Corte Suprema. Segundo Hélio de
Alcântara Avellar, ―à definição e atribuição pertinentes a esse poder, incluíram-se seções referentes à
Justiça Eleitoral e Militar. Surge a Justiça do Trabalho‖. Outra inovação foi o mandado de segurança,

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que permitia ao cidadão proteger-se contra os atos arbitrários de qualquer autoridade.

Nacionalismo e estatização. A política de imigração sofreu restrições, visando sobretudo a imigração


japonesa: estabeleceu-se o limite de 2% sobre as nacionalidades já residentes no país. Proibiu-se a
concentração de estrangeiros numa mesma região. Preconizou-se ainda a estatização de empresas
estrangeiras e nacionais, quando fosse do interesse geral da nação. As companhias de seguro
estrangeiras foram nacionalizadas; estabeleceu-se o princípio da propriedade nacional do subsolo,
explorável privadamente mediante explicita concessão estatal. Por fim, ocorreu a nacionalização da
informação, proibindo-se a imprensa nas mãos de estrangeiros.

A Legislação Trabalhista – A grande novidade da Constituição de 1934 foi a legislação referente ao


trabalho. A questão social, que Washington Luís classificara como ―caso de polícia‖, passou a ser
considerada ―caso de política‖. Uma das mais importantes conquistas da Era Vargas.

Fruto de uma Época (todos os países do mundo se encaminhavam na mesma direção) Vargas não
deixou de fazer como sempre se faz nesse país até este dia: apresentar as conquistas sociais do
povo como uma dádiva do governante...

Desde os primórdios da revolução de 1930 era nítida a preocupação com o trabalhador, antes
simplesmente ignorado e destituído de qualquer direito. Assim, criou-se o Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio (26/11/1930), com Lindolfo Collor à frente. Nos anos seguintes,
regulamentaram-se os sindicatos, a jornada de trabalho e o trabalho dos menores e das mulheres.

No texto constitucional, artigo 121, proibiram-se as diferenças salariais com base em diferenças de
sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Foram estabelecidos salários mínimos regionais; jornada
de trabalho de oito horas; descanso semanal; férias anuais remuneradas; indenização do trabalhador
em caso de demissão sem justa causa; regulamentação das profissões; proibição do trabalho a
menores de 14 anos, de trabalho noturno para menores de 16 anos, de trabalho reconhecidamente
nocivo à saúde aos menores de 18 anos e às mulheres.

A razão principal que levou a nova classe dominante a se importar com o mundo do trabalho foi a
preocupação em controlar e frear a formação de um operariado organizado, com ideologia própria.
Desde a primeira década do presente século já era visível a propagação do anarquismo e do
comunismo. Para vincular o trabalhador ao Estado, preparou-se uma legislação própria, que acabou
ligando todos os órgãos trabalhistas (sindicatos) diretamente ao Ministério do Trabalho.

A educação – A criação do Ministério da Educação e Saúde, em 1930 (cujo primeiro titular foi
Francisco Campos), já era sintoma de uma nova visão na área da educação. A nova Constituição
estabeleceu, nesse ponto, o ensino primário obrigatório, com a perspectiva de fazer o mesmo,
posteriormente, com outros graus de ensino.

A CLT imitação brasilieira da Legislação Trabalhista do Fascismo Italiano, baseada na "Carta Del
Lavoro" de Mussolini. Rezam os cânones dos livros didáticos tradicionais que "A CLT foi publicada no
Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas,
unificando toda legislação trabalhista existente no Brasil.

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Seu principal objetivo é a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho, nela
previstas. A CLT é o resultado de 13 anos de trabalho - desde o início do Estado Novo até 1943 - de
destacados juristas, que se empenharam em criar uma legislação trabalhista que atendesse à
necessidade de proteção do trabalhador, dentro de um contexto de "estado regulamentador".

A Consolidação das Leis do Trabalho, cuja sigla é CLT, regulamenta as relações trabalhistas, tanto
do trabalho urbano quanto do rural. Desde sua publicação já sofreu várias alterações, visando
adaptar o texto às nuances da modernidade. Apesar disso, ela continua sendo o principal instrumento
para regulamentar as relações de trabalho e proteger os trabalhadores.

Seus principais assuntos são:

Registro do Trabalhador/Carteira de Trabalho;

Jornada de Trabalho;

Período de Descanso;

Férias;

Medicina do Trabalho;

Categorias Especiais de Trabalhadores;

Proteção do Trabalho da Mulher;

Contratos Individuais de Trabalho;

Organização Sindical;

Convenções Coletivas;

Fiscalização;

Justiça do Trabalho e Processo Trabalhista."

A Revolução Industrial

A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo
de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do
enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por
notável evolução tecnológica.

Convenciona-se chamar de "Revolução Industrial" um fenômeno de vertiginoso domínio humano


sobre máquinas, bens materiais e seres humanos que teve início na Inglaterra na segunda metade do
século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de
capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da
revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.

Etapas da industrialização

Tradicionalmente distinguem-se três períodos no processo de industrialização em escala mundial:

1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". Preponderam a produção


de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.
1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Alemanha,
Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de produção se
desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como a hidrelétrica e a
derivada do petróleo. O transporte também se revoluciona, com a invenção da locomotiva e do barco
a vapor.

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1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se automatiza; surge
a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos meios de
comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia genética, a robótica.

Com as transformações ocorridas na virada do século XX para o XXI, contudo, somos obrigados a
acrescentar uma nova etapa, na qual o Capitalismo de Cassino dificulta o processo de
industrialização por um lado e, por outro, reforça-o através da maior concentração de rendas de todo
o período capitalista mundial.

Artesanato, manufatura e maquinofatura

O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu em fins da Idade Média com o
renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía os
meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o
artesão realizava todas as etapas da produção.

A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e o


comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o
artesão trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir.
Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente
fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A
produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da
produção.

Na maquinofatura, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da máquina e à


gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.

Em outras palavras, o capitalismo, que surge como um câncer entre os mercadores da baixa (final)
Idade Média, atinge o seu apogeu com a consolidação da chamada Revolução Industrial que, desde
então, é o modelo Fáustico que nos leva a, vertiginosamente, produzir máquinas idealmente cada vez
melhores e produzir cada vez mais máquinas, sofisticadas e descartáveis para que o consumidor seja
obrigado a descartar o velho produto e adquirir o mais recente em velocidade cada vez maior. Há
estudos em curso acerca desta face DESTRUTIVA que o chamado progresso nos traz: o ser humano
existe na face da Terra há cerca de 200.000 anos. Somente há pouco mais de 150 anos ingressamos
no que Marshal Berman chama de "A Vertigem da Modernidade"

Tudo o Que é Sólido Desmancha no Ar - neste livro, o consagrado Autor Marshall Berman, debate o
tema do surgimento e desdobramentos da chamada Revolução Industrial a partir de uma leitura
interessante, romântica e cativante do "Fausto", de Goethe, outra Obra que recomendo, por sinal:

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O pioneirismo inglês

Quatro elementos essenciais concorreram para a industrialização: capital, recursos naturais,


mercado, transformação agrária, vamos ver isso de perto:

Na base do processo, está a Revolução Inglesa do século XVII. Depois de vencer a monarquia, a
burguesia conquistou os mercados mundiais e transformou a estrutura agrária. Os ingleses
avançaram sobre esses mercados por meios pacíficos ou militares. A hegemonia naval lhes dava o
controle dos mares. Era o mercado que comandava o ritmo da produção, ao contrário do que
aconteceria depois, nos países já industrializados, quando a produção criaria seu próprio mercado. A
chegada dos Europeus ao continente que hoje chamamos "América" e aos volumosos saques de
ouro, prata e outras riquezas dos nativos foi a principal fonte de capital para financiar a posterior
industrialização da Inglaterra.

Além da riqueza amealhada através de saques aos povos nativos do Continente Americano, aos
Africanso e Hindus, até a segunda metade do século XVIII, a grande indústria inglesa era a
tecelagem de lã. Mas a primeira a mecanizar-se foi a do algodão, feito com matéria-prima colonial
(Estados Unidos, Índia e Brasil). Tecido leve, ajustava-se aos mercados tropicais; 90% da produção
ia para o exterior e isto representava metade de toda a exportação inglesa, portanto é possível
perceber o papel determinante do mercado externo, principalmente colonial, como secundo fator
preponderante na arrancada industrial da Inglaterra. As colônias "contribuíam" com matéria-prima,
capitais e consumo.

Os capitais também vinham do tráfico de escravos e do comércio com metrópoles colonialistas, como
Portugal. Provavelmente, metade do ouro brasileiro acabou no Banco da Inglaterra e financiou
estradas, portos, canais. A disponibilidade de capital, associada a um sistema bancário eficiente, com
mais de quatrocentos bancos em 1790, explica a baixa taxa de juros da época; isto é, havia dinheiro
barato para os empresários. Aqui fica ressaltada outra diferença de visão entre os primeiros
mercadores e produtores industriais e os contemporâneos. Durante a Era do Capitalismo de Cassino
em que vivemos neste século XXI, o "remédio" para todos os males da economia capitalista
("capitalismo" e "crise", não por acaso, são conceitos que andam sempre juntos) é o aumento de
juros aliado ao aumento na arrecadação de impostos. Sem mais povos a globalizar fora da Europa,
no mundo globalizado de hoje cada trabalhador é taxado violentamente para subvencionar a
manutenção do enriquecimentos dos que vivem no topo da pirâmide social.

Depois de capital, recursos naturais e mercado, vamos ao quarto elemento essencial à


industrialização, a transformação na estrutura agrária após a Revolução Inglesa. Com a gentry no
poder, dispararam os cercamentos, autorizados pelo Parlamento. A divisão das terras coletivas
beneficiou os grandes proprietários. As terras dos camponeses, os yeomen, foram reunidas num só
lugar e eram tão poucas que não lhes garantiam a sobrevivência: eles se transformaram em
proletários rurais; deixaram de ser ao mesmo tempo agricultores e artesãos, ou seja, com o roubo das
terras camponesas perpetrado pelo governo britânico com a força da Legislação e da Polícia, não
restou alternativa ao camponês exceto submeter-se às baixíssimas condições de vida ao redor das
indústrias britânicas. Friedriech Engels elaborou um estudo detalhadíssimo sobre a situação da
classe trabalhadora na Inglaterra em função dos fatos narrados neste parágrafo. Um Clássico
indispensável a quem deseja aprofundar-se no assunto:

Duas conseqüências se destacam: 1) diminuiu a oferta de trabalhadores na indústria doméstica rural,


no momento em que o mercado ganhava impulso, tornando-se indispensável adotar nova forma de

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produção capaz de satisfazê-lo; 2) a proletarização abriu espaço para o investimento de capital na


agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da
produtividade de produtos agrícolas mais voltados a atender ao consumismo crescente. Quando
possível, pois a Revolução Industrial se, por um lado, trouxe avanços técnicos na produção de bens
cada vez mais sofisticados, por outro tornou cada vez mais difícil a vida cotidiana de pessoas que
viviam do próprio trabalho, seja no campo, seja nas cidades. Difícil consumir os bens onerosos
gerados pela indústria se a situação existencial (aquisição de alimentos, providência de moradia,
tratamento médico, educação...) vem se tornando cada vez mais difícil.

Ainda assim, população cresceu e o mercado consumidor também; a sobra de mão-de-obra para os
centros industriais fez com que o preço da carne humana, digo, da força de trabalho humana, na
forma de salários, fosse cada vez mais aviltada. Um problema que vem se agravando
espantosamente ao longo do último século e meio, com ênfase para a decadência brutal da Era do
Capitalismo de Cassino do Século XX.

A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra - Friedrich Engels

Mecanização da Produção

As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, mas de problemas concretos colocados
por e para homens práticos. O invento atende à necessidade social de um momento; do contrário,
nasce morto. Leonardo Da Vinci, por exemplo, inventou (antes mesmo que inventassemum processo
chamado de "patente") a máquina a vapor, o submarino, o helicóptero e várias outras "geringonças",
como eram chamadas no século XVI, obras que encontraram meios de viabilização no século XVIII.

Para alguns historiadores, a Revolução Industrial começa em 1733 com a invenção da lançadeira
volante ("flying shuttle", por John Kay. O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a
capacidade de tecer; até ali, o tecelão só podia fazer um tecido da largura de seus braços. A
invenção provocou desequilíbrio, pois começaram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, James
Hargreaves inventou a spinning jenny, que permitia ao artesão fiar de uma só vez até oitenta fios,
mas eram finos e quebradiços. A water frame de Richard Arkwright, movida a água, era econômica
mas produzia fios grossos. Em 1779, S Samuel Crompton combinou as duas máquinas numa só, a
mule, conseguindo fios finos e resistentes. Mas agora sobravam fios, desequilíbrio corrigido em 1785,
quando Edmond Cartwright inventou o tear mecânico.

A Lançadeira Volante ("Flying Shuttle"), criada por John Kay em 1733

Cada problema surgido exigia nova invenção. Para mover o tear mecânico, era necessária uma

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energia motriz mais constante que a hidráulica, à base de rodas d’água. James Watt, aperfeiçoando a
máquina a vapor, chegou à máquina de movimento duplo, com biela e manivela, que transformava o
movimento linear do pistão em movimento circular, adaptando-se ao tear.

Para aumentar a resistência das máquinas, a madeira das peças foi substituída por metal, o que
estimulou o avanço da siderurgia. Nos Estados Unidos, Eli Whitney inventou o descaroçador de
algodão.

O Tear Mecânico ("Power Loom"), criado por Edmond Cartwright em 1785

Revolução Social

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que


trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e meios
de produção (instalações, máquinas, matéria-prima); de outro, o trabalho. Os operários passaram a
assalariados dos capitalistas (donos do capital).

Uma das primeiras manifestações da industrialização foi o crescimento demográfico urbano. Londres
chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como
Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos,
acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de se submeter à disciplina da fábrica.
Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças, a quem os industriais pagavam bem
menos e obrigavam a trabalhar 12 a 18 horas por dia, durante os sete dias da semana. Na indústria
têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças
começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou
pagamento de dias parados neste caso.

A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia freqüentes paradas
da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo
para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se rebelavam contra as
máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e
governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas.

A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por idéias vindas da
Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia
subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto pago por
toda a comunidade custeava tais despesas. E ainda há quem pense que foi o Lula quem inventou o
bolsa-esmola...

Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os penteadores de lã.


Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; a associação passou a ter
caráter reivindicatório. Assim surgiram as Trade Unions, os Sindicatos. Gradativamente, conquistaram
a proibição do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve...

Pessoalmente estou 100% convencido que, se a Espécie Humana conseguir sobreviver apesar de a
industrialização crescente, as guerras e o Capitalismo de Cassino estarem ameaçando a nossa
Espécie, em 200 a 300 anos se falará em "Trabalho Assalariado" como hoje falamos em "Trabalho

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Escravo". Pode me cobrar!

Da 1ª Guerra Mundial (1914 - 1918) até o Brasil governado pelos criminosos neste século XXI. Como
chegamos a essa situação?

Introdução (07/11/2014): um amigo me enviava, com frequência, e-mails com suas inquietações
acerca da situação política brasileira, criticava o que ele via como "ingresso do Brasil no comunismo"
e conclamava a uma Intervenção Militar. Nada a ver. O Brasil jamais, em toda a sua história, passou
sequer perto de um sistema de economia planificada - que dirá de "comunismo"; o que houve e está
passando foi a tomada da esfera pública por criminosos que se vestem de vermelho e, sem ler ou
conhecer bulhufas de Marx, Lênin, Trotsky ou comunismo roubam dinheiro público e governam com
incompetência. Explicava a ele que "Ditadura Militar" já se tentou por aqui sem sucesso e muitas
mortes. Que Algo Novo era preciso. Tivemos de esperar mais dois anos para que este Algo Novo
surgisse e teremos de esperar mais algum tempo até que o Brasil seja passado a limpo uma vez
Resgatado dos criminosos que o sequestraram...

À carta que, em 2012, escrevi a meu amigo e, penso, pode ajudar a entender um pouco do que vem
ocorrendo no mundo desde a Primeira Guerra Mundial até nossos dias...

São José do Rio Pardo, madrugada de 27 de novembro de 2012

Grande Amigo!

Usualmente você se comunica comigo através de e-mails, sempre muito bem-vindos por trazerem
artigos interessantes, bem-humorados e com os quais se pode concordar, pelo menos em parte.
Dada o fato de somente por telefone eu ter a uma aproximação ao seu pensamento, a escolha dos
anexos em emails que me envia aponta também nesta direção. Ou você concorda com o que ali vai
escrito ou falado ou, por outro lado, busca a minha opinião ou concordância. Sua escolha de não se
expressar por email – apenas enviar-me mensagens de outrem ou anexos – permite-me apenas, pela
qualidade de sua escolha diante de um universo virtualmente infinito de escolhas possíveis, intuir pelo
menos certo nível de concordância, pelo menos com alguns aspectos do que ali vai divulgado.

Peço a sua paciência, meu grande Amigo, e rogo que se recorde que nossa antiga amizade e laços
familiares nos unem bem mais que qualquer eventual discordância que venhamos a ter acerca de
observações sobre como o mundo (particularmente o mundo da política brasileira) funciona. Insiro
esta observação pois vivo num país em que se vê pessoas se matarem umas às outras por
divergências em jogos de futebol (um torce pelo time A, o outro pelo time B e, em função disso, vão
às vias de fato), em alguns casos por divergências políticas (o amigo ―A‖ apoia o político corrupto ―x‖
e o amigo ―B‖ apoia o político corrupto ―y‖ e, para que se mantenham em bons termos é necessário
que o eleitorado escolha, por exemplo, o político corrupto ―z‖. Se ―x‖ ou ―y‖ vence, a amizade se perde
sem que qualquer dos dois tenha a mais pálida relação com qualquer deles, ou filiação partidária ou
preferência futebolística). No Brasil eu não conheço, pessoalmente, casos de rupturas por motivos
religiosos, mas não descarto que possa acontecer em determinadas regiões.

O Brasil é um país majoritariamente católico (eu diria mesmo, com clareza, violentamente católico) e,
se alguém ―entrega o coração a Jesus‖ e seu dinheiro para um televangelista protestante destes que

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CONHECIMENTOS GERAIS

infestam as emissoras radiofônicas e algumas televisivas como praga de mato, há sempre o perigo
de rupturas, claro. Talvez, por coisas assim, os mais tradicionais entre os de mentalidade mais
simplória prefiram a fórmula que ouviram de seus avós, aquela bem antiga e ultrapassada entre a
maior parte dos brasileiros com acesso à Internet, ou seja, aquela coisa simplificante e simplória de
dizer algo como ―política, religião e futebol não se discute‖.

Passei a maior parte de minha vida estudando, em sociologia, movimentos multitudinários de seres
humanos. Meu mestrado em ciência política vai pras picas se não puder falar sobre isso. Em ciência
percebemos que as observações religiosas além de não ter nada de útil a oferecer, na maior parte
das vezes tem sido brutalmente danosa! Os casos são inúmeros... Desde Galileu, que com um
telescópio constatou ser verdade o que o padre polonês Nicolau Copérnico deixou cautelosamente
para publicação póstuma. A atitude de Copérnico vivendo sob o autoritarismo religioso de seu tempo
me faz lembrar um antigo professor de história que muito influenciou na minha escolha da carreira
profissional; uma vez perguntei a ele ―o que achava‖ acerca de uma decisão tomada pelo General
Ernesto Geisel. Meu professor, cauteloso, saiu pela tangente: ―Eu não acho nada! Havia outro
professor aqui antes de mim. Ele achava muitas coisas e hoje ninguém consegue achar ele!‖

Lembro-me vivamente do início das pesquisas em torno de doenças cardíacas e o descobrimento


fabuloso e salvador de vidas de coisas como ―válvulas mitrais artificiais‖, ―ponte de safena‖ e mesmo
―transplantes cardíacos‖. Talvez o Amigo se lembre também... A Igreja Católica Apostólica Romana
proibiu violentamente que se tocasse ―na sede da alma‖, no que foi acompanhada por toda a coorte
de televangelistas que começavam a pulular; isso foi ali pelo início dos anos 70... Hoje há muitos
bispos católicos e mesmo bispos protestantes e televangelistas com corações implantados, marca-
passos, safenados, portadores de marca-passos e este deixou de ser um problema. Hoje a violência
religiosa se ergue feroz contra a pesquisa em células-tronco (em países atrasados como o Brasil o
Senado Federal até mesmo convida sacerdotes de vários credos a dar sua opinião numa questão
científica!). Conheces o problema, não? Em cerca de 50% dos casos em que as mulheres
engravidam elas perdem seus blastocistos iniciais numa menstruação e sequer se dão pela coisa.

Alguns ficam firmes, se multiplicam e, quando velhos, passam a implicar com os religiosos – ou a
pregar teorias anti-científicas, de acordo com suas idiossincrasias pessoais. Mas é necessário haver
uma fecundação bem-sucedida e que se retirem os blastocistos – nome técnico da massa informe de
células que têm o potencial de se desenvolver em praticamente tudo o que temos no corpo: células
cerebrais (há esperança para os que são afligidos pelo Mal de Alzheimer, por exemplo, nesta
pesquisa), células epiteliais (ampliando a possibilidade de recomposição de pessoas que sofreram
severas queimaduras), células ósseas (e aqui os reumáticos podem pensar em pular de alegria...). O
problema é que as religiões tentam mais uma vez bloquear os avanços científicos! Alguns dizem que
―a alma é insuflada pelo criador no corpo logo no momento da concepção‖ – UAU! Mas o que é
―alma‖, quem criou esse criador? Por que os religiosos de todas as fezes têm tamanha obsessão com
tudo o que se refere à sexualidade humana? Mas afinal, por que vivem obstaculizando o avanço da
ciência. Por isso – sem mencionar os anos de pesquisa em torno de religiões comparadas em
Antropologia – não posso simplesmente ―deixar de falar em religião‖.

Já a respeito do futebol, de bom grado me calo! Não entendo bulhufas! Um bando de barbados
brutalmente bem-remunerados em roupas e penteados ridículos correndo atrás de uma bola de
borracha e couro com um camarada vestido de preto correndo atrás não da bola, mas dos eventuais
infratores de seja lá quais forem as regras... Isso realmente eu preferi deixar fora do meu campo de
interesse, portanto, nada tenho a dizer a respeito. Talvez manifestar o meu espanto como as pessoas
são capazes de entrar em lutas ferozes por motivos ridículos que nada têm a ver com elas, mas isso
não ocorre somente no futebol, parece estar impresso em nossos genes que tenhamos de, em certos
momentos, nos agregar com pessoas de ideologia ou crenças similares e lutar contra grupos rivais
que pensem de maneira diferente.

Enfim, nesta primeira mensagem ao Amigo neste formato, vou me concentrar, se me permite num
aspecto das muitas questões políticas que colocas – a Universidade Federal Fluminense dedicou a
mim extraordinários professores e recursos de pesquisa durante mais de 12 anos, precisamente em
torno desse tipo de conhecimento, então, aqui navego por águas conhecidas, ok?

O Governo dos Militares foi um boa?

Vejo em suas mensagens a recorrência deste tipo de colocação em tonalidades distintas, ora uma

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expressão jocosa – e mando aqui um Viva às Expressões Jocosas! – ora um discurso de parlamentar
reminiscente dos governos militares como Bolsonaro ou José Sarney, ora um locutor de rádio do
interior da Paraíba, saudosista dos militares... Compreensível que isso ocorra no Brasil, jamais se
democratizou de maneira completa, a república não passa de um nome e os cofres públicos são
tratados como ―Cosa Nostra‖ por todos os governos. Quando digo ―todos os governos‖, gostaria de
deixar claro que não abro exceção por não haver exceção alguma a fazer! Durante a Ditadura Militar
(demos ao que aconteceu a terminologia apropriada dentro das Ciências Sociais, se me permite:
Ditadura Militar) não se falava em corrupção pois, como já sabia meu velho professor de história,
quem achava muito, simplesmente sumia. Mas a roubalheira e o saqueio aos cofres públicos durante
a Ditadura Militar foi intenso. Concedo, menor e menos sofisticado que os esquemas de FHC, Collor
de Mello ou Lula da Silva, que estes batem todos os recordes desde que D. João VI saqueou o Banco
do Brasil quando voltou para Portugal em 1821. José Ribamar Sarney é provavelmente o político
profissional mais antigo ainda no poder, alçado que foi pelos militares, e em seu governo a
roubalheira aos cofres públicos tampouco deixou a desejar.

Não, a Ditadura Militar não foi uma boa para os brasileiros – e não apenas pelo nível de corrupção,
em nada diferente dos outros – e não há condições objetivas de acontecer aquele tipo de governo na
América Latina novamente dentro do horizonte perceptível. Examinemos um pouco de história.
Paciência, por favor, meu Amigo, estou velho e tendo a ser mais prolixo do que quando mais novo.
Mas mantenho a objetividade e, em nome da objetividade rogo a paciência para uma aproximação
científica – das ciências sociais – acerca do que sabemos sobre as Ditaduras Militares plantadas na
América Latina pelos EUA.

Um pouco de História

I. O período Entre Guerras na Europa

Voltemos no tempo até o final da I Grande Guerra na Europa (1914 – 1917). De um lado havia os
países capitalistas aliados aos EUA que, a princípio, prefere não interferir. Aquela Guerra era uma
Guerra em torno da partilha dos territórios coloniais na África e Indochina. Os EUA já tinham, desde a
imposição da Doutrina do presidente James Monroe – ―A América (o continente inteiro) para os
Americanos (dos EUA)‖ toda a América Latina como sua possessão. Não tinham ainda crescido ao
nível do interesse em colônias na África ou Sudeste Asiático. De um lado, portando a Inglaterra, a
França e a Rússia, países capitalistas com várias colônias conquistadas a outros países (Argélia,
Afeganistão, Indochina, Oriente Médio...). De outro as Monarquias Centrais da Europa, que queriam o
seu lugar na partilha dos país dos outros: Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália (esta muda de
lado à medida que a Guerra avança, de acordo com seus interesses.).

A Rússia sai da Guerra em 1917 – a soldadesca se recusava a lutar numa Guerra pela partilha de
colônias para beneficiar os ricos banqueiros e empresários russos enquanto eles morriam como
moscas. A Rússia sempre foi muito populosa e na prática a única coisa que os Tzares tinham a
oferecer era carne humana, bucha de canhão. Enquanto a vida dos que produziam a riqueza da
Rússia era sugada pelos poucos que ocupavam o poder ou orbitavam em torno do Tzar (banqueiros,
sacerdotes e empresários, sumarizando) eles mesmos, os que geravam a riqueza, nada tinham. A
fome matava os russos em casa enquanto as balas prussianas e austríacas dizimavam a soldadesca.
Os Russos voltam para a casa e, segundo o famoso Hino, ―A Internacional‖, cantavam: ―Se a raça vil
cheia de galas, nos quer à força canibais, logo verá que nossas balas são para os nossos generais!‖
Explode a Guerra Civil na Rússia que, após muitos percalços se transforma no primeiro país do
mundo governado por operários, camponeses e soldados – assim como a França havia, em 1789 –
se tornado o primeiro país do mundo oficialmente governado por ―gente do povo‖, no caso francês
mais antigo, é o que o famoso historiador britânico, recentemente falecido, Eric Hobsbawm chamava
de ―Revolução Burguesa‖; saem os reis, príncipes, condes, barões e sacerdotes e se cria um Estado
Laico – excomungado pela Igreja e em torno do qual se criou um ―cordão sanitário‖ par que aquela
ousadia não se espalhasse.

Hoje é a norma no mundo. Em 1917 foi a primeira vez na história escrita da civilização industrial em
que aqueles que geram a riqueza da nação tomam a si o cargo de dizer como essa riqueza deve ser
expendida, despachando sumariamente (em muitos casos fisicamente mesmo, por fuzilamento ou
enforcamento) os sanguessugas de cima que nada faziam e tudo tinham. Com o passar dos anos o
regime soviético apodreceu e o poder voltou, na prática, aos banqueiros e empresários de outrora.
Curiosamente, os líderes políticos na Rússia de hoje são os mais corruptos da Era Soviética, apenas

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mudaram de nome e se aliaram aos estadunidenses de Wall Street, mas este é assunto para outra
oportunidade, combinado?

Com a saída dos russos, a máquina bélica alemã e austro-húngara cresce espantosamente a ponto
de os soldados alemães já vislumbrarem a Torre Eiffel quando os EUA desembarcam com tropas
descansadas e armamento pesado de fazer inveja numa Europa já exaurida. Em finais de 1917 os
generais austro-húngaros e alemães se rendem com os soldados daqueles países se sentindo na
prática vitoriosos. Sem disparar uma espoletinha, os EUA decidem a Guerra a favor dos Britânicos
que, endividados, transferem os títulos da dívida que tinham para com os Rotschild para os EUA
determinando ali o início da hegemonia estadunidense no cenário mundial.

O final da Grande Guerra deixa os vencedores pouquíssima coisa menos ruim que os derrotados.
Terra destruída por bombardeios demora a ser recomposta para produzir alimentos. Na Itália, uma
sucessão de golpes bem-sucedidos, particularmente na área da propaganda, conduz o ex-socialista,
e ex-combatente da I Guerra Benito Mussolini ao Poder com vasto apoio e suporte dos EUA, da
Inglaterra e da França. A trajetória de Benito Mussolini tem tantos e tamanhos paralelos com a de
Lula da Silva que chega a ser espantoso: também foi militante esquerdista na juventude e abraçou a
extrema direita para assumir o poder e muitos sequer perceberam isso até praticamente os dias de
hoje – ainda há quem imagine Mussolini como ―um homem de esquerda‖, como ainda há no Brasil de
hoje quem imagine Lula da Silva como ―um home de esquerda‖, o que deixou de ser há muito
tempo...

Na Alemanha derrotada a inflação dispara violentamente a ponto de um pãozinho (pãozinho francês


desses que custava 0.7 copeques na URSS desde 1917 até 1989) custava de manhã uns 500
Francos, à tarde 2.500 Francos e, na manhã seguinte já estava cotado a 5.000 Francos e pior que
isso! As pessoas carregavam carrinhos de mão carregados de Francos já impressos em papel jornal
que mal valia o seu peso em papel mesmo para comprar coisas banais.

Com o ―mau exemplo‖ da Rússia, estavam todos apavorados com a possibilidade da ascensão de um
regime similar por ali. ―Comunismo‖ na poderosa Alemanha era algo que aterrorizava e tirava o sono
dos banqueiros e empresários estadunidenses e britânicos.

II.A Ascensão do Fascismo

Para conter o comunismo na Alemanha, segue-se o exemplo da Itália. Nos EUA Mussolini era
recebido com festa pela liberdade que concedia aos negócios na Itália ao encarcerar os comunistas –
na Itália não ocorreram grandes massacres embora tenha havido séria violência interna, a maioria
dos dissidentes foi exilada ou presa, mais ou menos como aconteceu na Ditadura Vargas em seus
primeiros anos. Mussolini se tornou extraordinariamente popular entre os italianos, e até a Igreja
Católica se rejubila com a sua colocação. O Sr. Achille Ratti, o antecessor imediato do Sr. Eugenio
Pacelli assina com Mussolini, em 1929 o famoso Tratado de Latrão, concedendo generosa
―compensação financeira‖ à Igreja por territórios perdidos e reconhecendo o Estado do Vaticano
como um Estado Soberano – e o Sr. Achille Ratti, chamado por seus seguidores de Papa Pio XI,
torna-se seu primeiro chefe ficando no cargo até sua morte em 1939 – politicamente inexpressivo fora
a coincidência de estar no cargo quando Mussolini resolve acenar ao povo católico da Itália com
agrados a seu principal líder religioso. Eugenio Pacelli, famoso como ―o Papa de Hitler‖ tem uma
trajetória mais interessante, voltaremos a ela mais adiante.

Adolf Hitler, a quem o respeitadíssimo Marechal Hindenburg chamará de ―Pequeno Cabo Austríaco‖
até a sua morte em 1934 começa com sua arenga nos arredores de Viena após frustrar-se para
ganhar a vida como pintor sem ter talento algum para isso. Havia combatido e se ferido na I Guerra e
era mais um dos muitos ex-combatentes alemães que se sentiam traídos pelos seus generais.
Transfere-se para a Alemanha. Os bares de Munique se converteram em ponto de encontro dos
desempregados e insatisfeitos em geral onde sempre havia um locutor a pregar a sua versão de
redenção e uma plateia ávida por ideias que lhes libertasse da situação em que se encontravam.
Dívida externa para com os franceses num tratado – o Tratado de Verdun – absolutamente
impossível de cumprir; economia esfacelada pela Guerra e, dada a avidez dos banqueiros alemães
gera-se uma inflação sufocante em busca de mais poder dos banqueiros sobre a moeda do país e
por aí ia...

A arenga de Hitler corria na direção do antissemitismo e anticomunismo militante. ―Os culpados por

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estarmos nessa situação são os judeus e os comunistas!‖ ―Temos de tomar de volta toda a riqueza de
que os judeus se apossaram e varrer do mundo a canalha comunista‖. Sua arenga era precisamente
o que os banqueiros e empresários internacionais esperavam para suportar um ―regime forte‖ que
fosse capaz de conter o ―avanço do comunismo‖ e que providenciasse um país seguro para as
transações financeiras. Henry Ford foi um dos primeiros industriais a se aproximar e fazer amizade
pessoal com Adolf Hitler (foi assim que nasceu a ideia da fabricação de um carro popular – em
alemão, Volkswagen – usando tecnologia da Ford e aço importado dos empresários anglo-
estadunidenses). À medida em que Hitler se fortalecia, mais e mais empresários e banqueiros do
mundo o aplaudiam e apoiavam. A IBM providenciou as máquinas necessárias para o controle da
população; aquelas máquinas de gravar números longos nos braços dos judeus, ciganos, comunistas
e homossexuais que eram aprisionados nos campos de extermínio vinha com a tecnologia e a
assinatura da IBM. A ―questão judia‖ não parecia incomodar a ninguém. Em outras palavras,
nenhuma nação civilizada do mundo se importava com o destino dos judeus na Alemanha Nazista,
pelo contrário! Mesmo Eugenio Pacelli – a quem seus seguidores chamavam de Papa Pio XII,
sucessor do Sr. Achille Ratti – rezava pessoalmente missas agradecendo a deus pelo envio de um
homem capaz de conter os maiores inimigos da fé católica na Alemanha: judeus e comunistas.

Com largo apoio de banqueiros e empresários britânicos, estadunidenses, alemães e franceses o


poder de Hitler atinge paroxismos inimagináveis. Todos fazem vista-grossa quando a Alemanha
governada pelo Partido dos Trabalhadores (o nome completo então era: Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhadores Alemães), usando as cores, os slogans e a propaganda socialista o bruxo
Friedrich Goebels levava as massas alemães ao delírio e até hoje impressiona os mais simplórios
com slogans vazios de ideologia ou substância. Mas, claro, fez escola. Veja o Barack Obama que se
elegeu e reelegeu com o slogan ―Yes We Can‖ - ―Sim, nós podemos‖. Sim o quê? Podem o quê?
Mais um slogan vazio, completamente vazio. O mesmo no Brasil. As cores vermelhas, os slogans de
esquerda e o discurso praticamente imutável desde o tempo em que Lula estava efetivamente na
esquerda são usados hoje para entregar o grosso da produção dos trabalhadores brasileiros para a
ciranda financeira internacional. O Amigo se preocupa com a corrupção e as obscenas ―indenizações‖
que eles ganham por haverem sofrido ―perseguição‖ durante a Ditadura Militar. Tudo isso é certo, eu
digo, combater a corrupção e a vergonha dessas indenizações. Há pouco ainda assisti a uma
entrevista (deve ter sido a última que deu na vida) de Millôr Fernandes na TV Câmara. Ele criticava o
Ziraldo e o Jaguar que recebem uma fortuna do governo a título de ―indenização‖. Dizia Millôr: ―eu
estava combatendo a Ditadura e esses caras estavam fazendo pecúlio...‖

Amigo, junte 10.000 anos de indenizações a desavergonhados como Ziraldo ou Jaguar; some mais
uns 5.000 anos de roubo aos cofres públicos levando Antônio Palocci e o Lulinha a se tornarem as
maiores fortunas do Brasil, já quase emparelhando a do assassino em maça Eike Batista. Agora
some tudo e multiplique por dois. Este é o tanto que o Governo do Brasil manda por ano para os
banqueiros brasileiros, estadunidenses e europeus, seja a título de ―ajuda‖, ―juros‖, ―juros sobre juros‖
ou o que for. É um saque BRUTAL aos cofres públicos e o mais escandaloso desvio de recursos
públicos para finalidades imorais (embora tornadas ―legais‖ por congressistas remunerados
mensalmente ―por dentro e por fora‖ para tornar a roubalheira legal do ponto de vista jurídico.).

Sim, vamos juntos criticar a corrupção desavergonhada dos sucessivos desgovernos Lula da Silva;
sim, vamos criticar o pagamento irracional de indenizações espúrias a gente idem – e, uma vez que
houve o que se chama de ―anistia ampla geral e irrestrita‖, como é que não pagam às famílias dos
militares que morreram enquanto tentavam matar comunistas também? É realmente uma vergonha!
Mas não deixemos que isso nos cegue em relação ao elefante sentado no meio da sala: a sangria
monstruosa de rios caudalosos de dinheiro oriundo de nossos impostos para enriquecer cada vez
mais os jogadores da bolsa de valores e banqueiros em geral que não produzem nem fazem
absolutamente nada de útil para ninguém!

Eu não chegaria a ponto de criticar os programas assistencialistas pelo viés puro e simples de ser
humilhante – como dizia o Sábio Luiz Gonzaga, ―dar esmola a um homem são, ou lhe mata de
vergonha ou vicia o cidadão‖. É preciso, sim, em algum momento parar com isso. Mas para tanto é
fundamental que a economia (do grego ―eco‖, casa e ―nomos‖, gerenciamento) volte a tratar das
trocas de bens materiais entre pessoas e abandone esse caminho esquisito que a transforma mais
em sacerdócio e a afasta da ciência. Que o país cresça e que o fruto do trabalho das pessoas reverta
a elas que geram a riqueza da nação. É absurda esta situação em que os que mais trabalham não
têm acesso à riqueza enquanto os mais ricos em geral não fazem nada. Isso corrompe a nação como
um todo e gera a criminalidade esparsa das periferias, a busca de fuga de uma realidade insuportável

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em drogas assassinas. O Brasil é um país rico (neste ponto, não há reparo a fazer nos discursos
presidenciais). O problema é a forma como os governos brasileiros, numa linha contínua desde
Castello Branco até Lula da Silva (e sua representante neste seu terceiro mandato, aquela búlgara,
me esqueço o nome, é tão insignificante...): capitalismo e crise são sinônimos. Sempre que se fala
em viver em capitalismo é viver em crise. Ou o amigo se lembra de algum momento na vida nacional
em que não se tenha falado em ―crise‖?

Mas, voltemos à história e aprofundemos este tema ao final se a sua paciência a tanto chegar...

III.A Segunda Guerra


Como dizia, as nações do mundo faziam vista grossa tanto ao massacre aos judeus na Alemanha –
mais ou menos como o mundo fica cego às monstruosidades que os Israelenses perpetram contra os
palestinos em sua própria terra – quanto, mais adiante, à medida em que Hitler vai rearmando a
Alemanha com aço importado dos EUA, pólvora da Inglaterra e vai até refazendo seu parque
industrial para gerar essas coisas internamente, sem ter de pedir a quem quer que seja. Mas para
isso precisará ainda da matéria-prima, o que somente se encontra em outras partes da Europa que
Hitler passou a chamar de seu ―espaço vital‖ – Lebensraum em alemão.

Hitler anexa os Sudetos (região da hoje República Checa que tinha um maioria de alemãs favoráveis
a Hitler) e o mundo se cala. Hitler fabrica seus tanques blindados (em alemão, Panzer) e modifica a
constituição do país; ao invés de declarar obediência às Instituições do país, torna-se obrigatório
declarar obediência ao Führer.

No entretempo, Franklin Delano Roosevelt consegue, com certa facilidade, eliminar o que entrou para
a história como ―The Business Plot‖. O General Fascista Estadunidense Smedley Butler intenta um
putsch contra o governo estadunidense, o que foi considerado ―extremamente grave‖ pela comissão
do Senado que examinou a questão em 1933. Há rumores de envolvimento do vice-presidente Harry
Truman, jamais confirmados. Mas os banqueiros jamais perdoaram Roosevelt pela enormidade da
intervenção estatal que permitiu aos EUA sair da crise provocada – hoje o sabemos em detalhes a
partir de vasta documentação – pelos banqueiros em busca de tomar a si o controle da moeda que
circula nos EUA (o que vêm a conseguir somente em 1985, no governo Reagan que, na prática, ao
transferir ao Banco Central Estadunidense, um banco privado com fins lucrativos como o Bradesco ou
o Itaú embora ostente o pomposo nome de fantasia de ―Federal Reserve‖, Reagan transferiu todo o
poder decisório em economia da Casa Branca para Wall Street que se torna cada vez mais o centro
decisório de todo o poder estatal mundial.).

Enfim, com a quebra da bolsa de valores em 1929 os banqueiros torciam para que o próximo
presidente estadunidense transferisse esse poder de controle da moeda do país para eles. Elege-se
Franklin Roosevelt e consegue superar a crise sem os bancos: cria amplas obras públicas gerando
empregos, cria programas assistencialistas e um programa educacional ampliado e veloz que torna
praticamente desnecessário o assistencialismo em menos de 2 anos e os EUA voltam a respirar
aliviados. Os banqueiros jamais o perdoam mas é preciso prestar atenção ao que acontece na
Europa também, então, de momento, Roosevelt é poupado, vindo a morrer em meio à Segunda
Guerra, sem que haja a menor suspeita de envenenamento ou algo parecido. Assume o vice que se
recusa a dialogar com os russos e praticamente cria o que Churchill vem a chamar de ―cortina de
ferro‖ em torno dos países do Leste Europeu. Mas estou adiantando o carro na frente dos bois.
Voltemos à Europa...

O mapa da Alemanha desenhado pelos vencedores na Primeira Guerra deixa dois pedaços de terra
separados por um enclave polonês. A cidade portuária de Dantzig (hoje Gdansk) fica dentro de
território polonês e, pelo Tratado de Versalhes, passava a ser alemã. Em 1941 Hitler ―fecha o
corredor polonês‖ apossando-se do território da Polônia num movimento de torquês com tanques
blindados (Panzer) vindos de ambas as partes da Alemanha.

Antes disso havia assinado um tratado com Stalin. Sendo Vyacheslav Molotov o Ministro das
Relações Exteriores da União Soviética e Joachim von Ribbentrop o Ministro das Relações Exteriores
da Alemanha, o tratado leva o nome de "Tratado de Não Agressão ou Tratado Molotov/Ribbentrop".
Na prática, a Polônia é dividida em áreas de influência Alemã e Soviética (e a brutalidade soviética na
Polônia é pouco menor que a brutalidade alemã, diga-se de passagem).

Com o tratado de 1939 Stalin espera ganhar tempo, pois vê a coisa toda de duas maneiras. O

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Nazismo é a cara feroz do capitalismo, a Democracia Burguesa sua cara serena, mas como se trata
de um problema entre capitalistas, pouco importa se ―de cara feia‖ ou ―de cara boa‖, eles que se
entendam! Por outro lado, sabe que as arengas de Hitler sempre giraram em torno de ―eliminar o
perigo comunista‖ e o serviço de inteligência russo já informa das intenções de Hitler de se apossas
dos campos de trigo da Ucrânia, Poços de Petróleo e Reservas Naturais em carvão mineral e ferro de
outras áreas da União Soviética. Precisa se preparar, precisa de tempo para transformar fábricas de
canos em fábricas de fuzis, fábricas de tratores em fábricas de tanques de guerra, etc... É um desvio
no caminho do socialismo, mas inevitável para a sua sobrevivência, mas, no limite, o motivo final a
levar ao colapso da União Soviética em 1989.

De 1939 a 1941 as tropas nazistas avançam sobre a Dinamarca, a Holanda, a Bélgica, a França... A
Leste, tropas nazistas tomam a Romênia, a Bulgária, a então Tchecoslováquia, a Sérvia, a Hungria...
Em 1941 Hitler, aos brados de ―palavras o vento leva, papéis e tratados a gente rasga‖, invadiu a
União Soviética e, após tentar em vão a tomada de Moscou, cerca Stalingrado. A importância de uma
cidade com o nome de seu dirigente político não deve ser subestimada! É como se os iranianos, de
alguma forma, cercassem a Disneylândia ;) Do mundo inteiro chegam simpatizantes da experiência
socialista e mesmo os poetas e escritores brasileiros como Jorge Amado e Carlos Drummond de
Andrade levantam a sua solidariedade ao povo da União Soviética e principalmente à Batalha de
Stalingrado que, afinal, foi o ponto de virada da Guerra e o início do ocaso do nazismo na Alemanha
para o bem da Humanidade.

Enquanto os capitalistas da Alemanha lutavam contra os capitalistas na Dinamarca, Bélgica e


Holanda, praticamente nada se fez. Quando ocorre a invasão da França e o Marechal Charles De
Gaulle se refugia na Inglaterra levantando o seu povo à Resistência a partir da BBC em vários
programas diários. Sem Internet nem televisão, naquele tempo, todo o mundo ficava ouvindo o que
se dizia no rádio, claro! Eu cheguei a viver o final desta era.

Num primeiro momento, os banqueiros, empresários e políticos por ele patrocinados nos EUA,
Inglaterra e vários pontos do mundo (como a Argentina, por exemplo) ficam torcendo freneticamente
para que Hitler consiga esmagar a União Soviética. Nos EUA isto chega a ser, durante muito tempo,
a política oficial de Estado, pelo menos até que os japoneses, aliados dos alemães, atacam uma
colônia estadunidense no meio do Oceano Pacífico, Pearl Harbor, jogando os EUA na Guerra. Até o
ataque japonês a Pearl Harbor havia nos EUA uma forte propensão à ―neutralidade‖. Em Ciência
Política dizemos que a neutralidade sempre serve bem a quem está vencendo ou é mais poderoso.
Em política é fundamental tomar partido em questões assim e o quanto antes, melhor!

Enfim, a virada!

A Resistência em Stalingrado é extraordinariamente bem-sucedida para os Russos que aprisionam e


fazem desfilar em parada na Praça Vermelha o Marechal Nazista Von Paulus e todos os oficiais e
praças que estavam, sob as ordens de Hitler, proibidos de capitular ou voltar derrotados para a
Alemanha. Hitler esbraveja feroz contra o ―incompetente‖ Von Paulus a quem tinha elogiado tanto,
pouco tempo antes. Ao insultar oficiais das SS estes, mais orgulhosos que pavão em dia de
cruzamento, devolvem suas medalhas ao Führer num urinol.

O desespero de ―encontrar uma solução para a questão judia‖ na Alemanha Nazista é tão grande
quanto este hoje de Israel em ―encontrar uma solução para a questão palestina‖. Depois de
circunscritos em guetos que são periodicamente atacados militarmente, forçados a trabalho escravo
nas fábricas de Von Krupp e outros como Arthur Schindler (de quem, espantosamente, os judeus
parecem gostar até hoje: deve ter sido um daqueles ―escravistas bonzinhos‖...) agora são
condenados à morte nos campos de extermínio situados por todos sob domínio alemão: Majdanek,
Auschwitz e Ravensbrück foram os primeiros descobertos e libertados pelo Exército Vermelho em
avanço em direção a Berlin. Quando os ―aliados‖ capitalistas se decidem, uma vez haver ficado
evidente que Hitler jamais destruiria a União Soviética, parecendo mais provável o contrário, eles
partem para o desembarque de tropas em continente europeu.

Em sua trajetória guerreira encontram e libertam vários outros campos de concentração e extermínio
de judeus, ciganos e comunistas que vão libertando e filmando: Treblinka, Sobibor, Buchenwald,
Mauthausen... O Exército Vermelho já havia libertado a maior parte dos países ocupados pelos
nazistas e instalado no poder líderes de partidos trabalhistas simpatizantes aos soviéticos. Esse tipo
de ―libertação‖ tinha de ser contido pelos estadunidenses e britânicos antes que os russos

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―libertassem‖ Paris, era esta a maior preocupação e empenho dos banqueiros e empresários que
financiaram as campanhas de Dunquerque e o desembarque na Normandia.

Em suma, de avanço em avanço os russos chegam às portas de Berlin. Estadunidenses e Britânicos


se desesperam e chegam mesmo a convocar uma nova ―reunião de cúpula‖, na qual imploram a
Stalin que espere a chegada de suas tropas, que não tomem Berlin antes da chegada de tropas
ocidentais. Um descaramento depois de haverem retardado ao nível do desespero a abertura de uma
frente ocidental contra Hitler que desafogasse o peso da Guerra, todo nos ombros do Exército
Vermelho. Stalin pergunta: ―há quantos quilômetros está a tropa que vocês têm mais próxima a
Berlin?‖ – ―Cerca de 1.200 km, responde Winston Churchill‖. Stalin mostra a Churchill e Truman
(Roosevelt já havia morrido, seja lá do que for) uma foto que um agente russo tirou de um agente da
CIA conversando com um alto representante nazista e chegou mesmo a apresentar a gravação de
um diálogo negociando ―uma paz em separado entre a Alemanha Nazista e os aliados ocidentais,
pois com os russos não há acordo possível‖, o que Stalin confirma: ―só admitimos uma rendição
INCONDICIONAL‖, nada mais de tratados ou palavras que eles não respeitam.

Vocês querem fazer uma paz em separado com Hitler, Himmler, Goebels, Göring e seus asseclas,
advirto-os a se apressarem. Minhas tropas estão a 60 km de Berlin e entramos amanhã!‖. A Batalha
de Berlim dura de 16 de abril até 2 de maio de 1945, quando a Bandeira Vermelha, com uma Foice
um Martelo entrelaçados, é hasteada no alto do Bundestag. Hitler, Himmler e Goebels, sem conseguir
mais contato com seus ―adversários‖ ocidentais, a quem almejavam se entregar, cometem suicídio.
Herman Göring, um aristocrata cocainômano, ao final da guerra mais viciado que nunca e mais gordo
que um porco capado foge esbaforido com a família em direção às tropas ocidentais para se entregar
sabendo que, se caísse nas mãos dos russos não haveria compaixão nem contemplação.

IV.Os Julgamentos de Nuremberg

Após muitas negociações e diálogos por vezes tremendamente ríspidos instala-se o Tribunal
Internacional de Nuremberg. Stalin, a princípio dizia que os Nazistas aprisionados, mesmo pelos
aliados ocidentais, deveriam ser sumariamente enforcados. ―Fuzilamento é para homens de guerra e
de honra, açougueiros como estes, depois do que vimos em Majdanek e Auschwitz, devem ser
enforcados!‖

Stalin acaba aceitando o desafio e envia uma representação legal para Nuremberg com o peso de
quem havia decidido a Guerra e destruído a besta nazista em seu ninho. O General Iona Nikitchenko,
que havia participado pessoalmente do conflito e sofreu a perda de um sem-número de familiares e
amigos para os nazistas se demonstra absolutamente inflexível. Os Advogados Ocidentais se
demonstram brilhantes no curso dos julgamentos. O que teve maior destaque e brilhantismo tanto em
retórica quanto em precisão e apresentação de provas foi Sir David Maxwell-Fyfe, o representante
britânico da acusação. O representante estadunidense Robert H. Jackson vem sendo glamourizado
pela mídia mas, a despeito de uma bela peça de ―abertura de trabalhos‖ pouco contribuiu para as
condenações sendo francamente personagem de segundo nível em todo o processo. Os quatro
juízes (um Russo, um Francês, um Britânico e um Estadunidense) em seu veredicto final chegaram
ao seguinte:

Hermann Göring, Martin Bormann, Wilhelm Frick, Joachim von Ribbentrop, Hans Frank, Alfred
Rosenberg, Alfred Jodl, Ernst Kaltenbrunner, Wilhelm Keitel, Fritz Sauckel, Arthur Seyss-Inquart,
Julius Streicher foram condenados à morte por enforcamento.

Göring conseguiu uma cápsula de cianureto com tenente estadunidense que se tornou simpatizante
nazista e escapou da forca. Os demais, para o cadafalso!

Rudolf Hess, o segundo na linha sucessória nazista até 1941 pegou um avião logo no início da
Guerra, voou sozinho até a fazenda de um lorde britânico favorável aos nazistas e provavelmente
buscasse um entendimento com os britânicos. Churchill se recusou sequer a recebê-lo e ele passou a
maior parte da guerra nos presídios britânicos. No Julgamento de Nuremberg foi condenado a prisão
perpétua. Quando morreu, no lugar do presídio que o conteve foi construída uma sinagoga e seu
corpo foi cremado com as cinzas jogadas ao mar para que nenhum traço dele se tornasse ponto de
encontro para neonazistas.

O escravista Gustav Krupp von Bohlen und Halbach e os Banqueiros, subvencionadores da Guerra e
Receptadores até de implantes dentários de ouro dos judeus em seus bancos, Franz von Papen e

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Hjalmar Schacht foram absolvidos apesar dos veementes protestos de Nikitchenko o promotor russo
implacável.

O "nazista arrependido" Albert Speer pegou 20 anos de prisão e se tornou um notório pregador
antinazista até o final de sua vida.

V.A Guerra ―Fria‖ e as situação dos países coloniais, ou ―sob a órbita de influência dos EUA‖, como o
Brasil

O primeiro ato da Guerra chamada de Fria foi deflagrado pelo presidente Harry Truman, sucessor de
Roosevelt o Japão já estava derrotado pelas forças estadunidenses no Pacífico para além de
qualquer possibilidade de reação, mesmo assim, numa ―demonstração de músculos‖ aos Soviéticos,
Truman ordenou o bombardeio atômico das cidades de Hiroshima (6/8/1945) e Nagasaki (9/8/1945).
A partir daquele momento a animosidade entre os ex-aliados EUA-URSS contra os nazistas se
exacerbou até que o Império destruísse, através da corrida armamentista e uma campanha de
propaganda monumental, o ―inimigo comunista‖.

Através do que entrou para a história como ―Operation Paper Clip‖ – operação clipe de papel – todos
os oficiais nazistas da Gestapo e parte das SS foram recrutados para prestar serviços à CIA e ao FBI,
dado o seu amplo conhecimento em questões de segurança contra o inimigo interno e externo.
Alguns cientistas vieram da Alemanha para os EUA outros, por diferentes simpatias e mundividências
foram para a União Soviética e ajudaram crucialmente a impulsão de ambas as indústrias bélicas, de
pesquisa científico-espacial. A KGB considerou não ter absolutamente nada a aprender com gente
que houvesse servido à Gestapo ou às SS, caso se apresentassem eram sumariamente executados!

Durante todo o período que vai do término da II Grande Guerra até 1989 quando a URSS se
desmembra e os Alemães se reunificam, o mundo viveu às vésperas de uma Guerra Aberta entre
EUA e URSS, muito ansiada pelos estadunidenses, que se esmeravam em suas propagandas a dizer
o oposto, e temida pelo povo pacato da União Soviética. Falo com conhecimento de causa, meu
Amigo. Passei 8 anos estudando russo pois pretendia fazer o meu doutorado em ciência política onde
considerava que o processo político estava melhor encaminhado. De certa forma, posso dizer que me
equivoquei; se estivesse de fato bem encaminhado não teria contado com o apoio interno que teve
quando o eixo Reagan-Tatcher-Wojtila contaram com um dirigente soviético fraco (Mikhail
Gorbatchov) em seu intento de destruir a única Nação industrializada que ainda tinha um
encaminhamento econômico diferente do capitalismo.

Veja, na União Soviética os preços eram todos controlados pelo povo através de seus representantes
em eleições amplamente democráticas – eleições para deputados distritais que elegiam deputados
majoritários que escolhiam entre eles um Primeiro Ministro. Como nos EUA, na União Soviética os
cidadãos não votavam diretamente para o presidente, mas nos deputados que levariam seus votos. O
processo era ligeiramente diferente mas o paralelo segue sendo válido. A manutenção de um mesmo
dirigente que estivesse acertando era considerada normal na União Soviética – por sinal, este é um
traço do socialismo na Rússia que tem uma forte tradição, herdada do Império Romano do Oriente ou
Império Bizantino, de dirigentes fortes e praticamente vitalícios.

O desemprego foi erradicado. Veja, não foi ―reduzido‖, foi erradicado. Mencionei que sou 2º Sargento
da Reserva da Força Aérea Brasileira? Fui transferido compulsoriamente para a Reserva por haver
sido aprovado em concurso público para o magistério – e era o que eu queria. Pois bem, recordo-me
que na Escola de Especialistas de Aeronáutica havia, na minha turma, 500 sargentos alunos que se
formaram e puderam escolher onde iriam trabalhar. Durante 2 anos estudamos recebendo proventos
pelo exercício desta atividade e éramos obrigados a prestar o Serviço Militar Obrigatório durante 5
anos (devidamente e, naquele tempo, BEM REMUNERADO) como paga pelo período de estudos.
Todos os 500 estavam empregados. Não havia a menor possibilidade de o cidadão sair formado da
EEAER e ―ficar desempregado‖. Ao nos formarmos escolhíamos, de acordo com a nossa
classificação, onde pretendíamos servir durante aqueles 5 anos (havia 1 vaga no III COMAR, no Rio
de Janeiro e eu, 3º colocado na turma de 500 pude escolher aquela vaga; à medida em que o
desempenho do cidadão era menor, sua colocação ficava igualmente menor e para ele ―sobravam‖ os
lugares mais remotos para servir, Noronha, lembro-me eu, era o mais temido à época). Da mesma
forma, o Estado Soviético pagava – pagava, jamais se imaginou em ―cobrar‖ – ao estudante para
cursar as carreiras que o Estado Soviético precisava. Se, num ano, o planejamento rigoroso dos
soviéticos previa que haveria uma carência de 8.000 engenheiros, 20.000 médicos, 40.000

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enfermeiras, 150.000 pedreiros e por aí vai, o Estado Soviético pagava ao jovem para se dedicar à
carreira de sua escolha. Ao término, todos estavam empregados, não havia a possibilidade de o
sujeito se formar num estabelecimento de ensino soviético e ―ficar desempregado‖. A questão é que
tinham de escolher de acordo com a sua colocação. Em geral, os lugares mais desejados eram
Moscou, Leningrado, Volgogrado (a cidade de Stalingrado foi rebatizada após a denúncia dos crimes
de Stalin feita por Nikita Kruschov) e as menos desejadas eram Kaliningrado e umas outras na
Sibéria.

O maior salário – digamos, do gerente de uma fábrica de automóveis – jamais poderia ser 9 vezes
superior ao do menor salário – digamos, do faxineiro da fábrica de automóveis. Desigualdade social
foi assim, também erradicada.Sei disso por relatos tanto de amigos russos quanto de amigos
britânicos, franceses e ingleses em visita à URSS - naquela época descobri que tenho uma grande
facilidade com idiomas e me decidi a estudar os outros idiomas europeus mais falados também, até
como ―passatempo‖ pois não imaginava possível colocar sequer um pé fora do Brasil o que, por sinal,
até hoje não consegui, embora domine plenamente o inglês, razoavelmente o russo e mediocremente
o alemão, o francês, o espanhol e o italiano; enfim, tinha contatos multiculturais que faziam os
mesmos relatos. Não é a mesma coisa que ir pessoalmente e ver com meus olhos, mas considero os
relatos que obtive bastante confiáveis.

O Estado Nacional era o único proprietário de moradias e Terra. Os aluguéis, por convenção, eram
vinculados a 9% do salário do chefe da família. Numa população numerosa e crescente,
frequentemente havia uma ―fila de espera‖ por moradias que foi enfurecendo a população e
enfraquecendo os governantes.

Os preços eram todos tabelados pelo governo. Mais por uma questão cultural localizada o preço do
pão foi FIXADO em 0.7 copeques e não podia sofrer qualquer alteração – e congelado em 0.7
copeques permaneceu por 72 anos consecutivos. A jogada dos banqueiros de 1929 girou em torno
de jogatina em bolsa de valores e, como na URSS não havia nada disso, eles sabiam pelos jornais
que havia uma crise chacoalhando o resto do mundo mas ficaram incólumes. Até cresceram no
período. Espantosamente. Uma das conquistas mais surpreendentes da URSS foi pegar uma nação
que ainda usava arados de tração humana nos campos em 1917 e lançá-la no pioneirismo da
informática, pesquisa espacial, etc. Não fosse os estadunidenses ameaçarem perpetuamente um
ataque nuclear e os russos seguiriam vivendo em paz, ―exportando‖ a Revolução na medida em que
um exemplo pode fazê-lo, o que era intolerável aos banqueiros e especuladores que puxam as
cordas dos seus marionetes políticos nos EUA, Inglaterra e semelhantes.

Havia prostituição, isso é inegável, mas circunscrita à chamada ―indústria turística‖ e usualmente
envolvia uma boa dose de vocação para profissional do sexo por parte da interessada em
determinadas coisinhas que brilhavam nos EUA e Oeste da Europa mas não chegavam a todos,
portanto a ninguém na URSS – mais tarde se soube que alguns dirigentes altamente corruptos se
beneficiavam de coisas que ninguém mais conseguia ter e isso também foi insuportável para o povo
russo.

A propaganda dos EUA e Grã Bretanha era monocórdia contra a ―falta de liberdade‖ existente na
União Soviética, gerando diálogos surreais mesmo em países como o Brasil. Lembro-me de um
amigo que me dizia ser complicado demais para um russo viajar para fora da União Soviética: era
necessário obter permissão, dizer o que iria fazer, muitos defecavam para o Ocidente como bailarinos
famosos e pessoas interessadas nos brilhos supérfluos inexistentes nos também inexistentes
shoppings russos e coisas assim. Ora, quantos de nós, brasileiros, consegue viajar para a França ou
a Rússia ao longo de toda a sua vida mesmo? Em que os obstáculos econômicos aqui existentes são
menos rigorosos que os obstáculos políticos na União Soviética? Ideal seria a LIBERDADE, mas tudo
indica que a Espécie Humana ainda está distante de sequer desejar de fato chegar a tal ponto,
politicamente falando.

Estou seguro de que o povo russo vivia melhor durante o tempo em que a Economia era Planificada
do que hoje, com ―o mercado‖ ditando autoritariamente regras que ninguém entende. Exemplos?
Outrora quando chegava um produto estrangeiro (laranjas ou bananas, por exemplo) em algum
supermercado russo, todos corriam às gôndolas, compravam e o produto sumia rapidamente até que
se conseguisse nova importação. Dinheiro não faltava para ninguém. Mas não havia muitos produtos
diferentes ou diversificados à disposição nas prateleiras dos supermercados e isso os incomodava.
Hoje eles olham tristes e de bolsos vazios para supermercados e shopping centers abarrotados de

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bens que pouquíssimos tem dinheiro para comprar...

A prostituição cresce na Rússia como uma epidemia. É, de fato, uma das principais fontes de renda
para famílias tornadas empobrecidas pois já não há emprego para todos, o Estado não mais
regulamenta isso, fá-lo ―o mercado‖, que ninguém entende. A Máfia Russa, erradicada na Revolução
de 1917 ressuscita com força e algumas das maiores fortunas, assim como das mais escandalosas
misérias, do mundo vêm da Rússia, hoje capitalista. E seus dirigentes são os mesmos caras que
ontem se auto-intitulavam ―comunistas‖ e hoje são ―liberal-socialistas‖, seja lá o que for que isso
signifique exceto algo como ―eu quero é o meu, pô!‖.

E o caso Brasileiro?

Durante o período da Guerra Fria, um dos fatos mais impactantes nos EUA foi a perda de seu maior
aliado no Caribe, Fulgêncio Batista, que regia ditatorialmente a Ilha de Cuba de acordo com os
interesses do Império. Era o paraíso da prostituição, jogos de azar e consumo de drogas para os
estadunidenses, há poucas milhas náuticas de Miami.

Um advogado, filho de latifundiários, bem educado, versado em várias línguas como o inglês e o
russo alia-se a um pequeno grupo de insatisfeitos com os rumos que o seu país estava tomando e
tenta fazer algo a respeito. Fidel Castro é preso em sua primeira tentativa e, como um pintinho
julgado por um tribunal de urubus vaticina: ―Condenem-me, pouco importa, A História me Absolverá.‖.
Foi condenado a prisão perpétua na ilha corrupta e venal de Fulgêncio Batista. Filho de latifundiários
abastados, consegue subornar alguns dos guardas mal-remunerados e foge da prisão indo para o
México onde se encontra com o médico Argentino Che Guevara e o poeta Camilo Torres além de
Octávio Paz e outros. Octávio Paz já era idoso mas, com Guevara, Camilo Torres, seu irmão e um
magote pequeno de 15 idealistas decidem criar um núcleo educacional em algum lugar da Ilha e
conquistar os corações e mentes das pessoas para que sensibilizassem com relação ao que estava
acontecendo por lá.

Nenhum deles falava em ―comunismo‖, ―socialismo‖ ou qualquer coisa remotamente parecida com
isso. Seu intento era, principal, senão unicamente MORALIZANTE. Atravessam o Golfo do México
numa embarcação de nome ―Granma‖, um pequeno iate já vivendo seus dias finais, naufragam num
pântano longe de qualquer recurso, já começam a se desesperar mas os poetas e a verve
moralizante de Fidel anima a todos. Não podemos permitir que nossas filhas e nossas irmãs sigam se
prostituindo e se drogando entre os cassinos dos ianquis, temos de combater esse tipo de
imoralidade custe o que custar! Cometem tantos erros a caminho que é espantoso que sequer
tenham conseguido chegar à Sierra Maestra e conquistar a aliança de alguns camponeses num
primeiro momento.

Aos poucos o povo pobre da região vai compreendendo melhor os propósitos ―daqueles barbudos‖
que chegam mesmo a dar entrevistas a publicações liberais estadunidenses simpáticas a eles. O
movimento vai crescendo e a Guerra de Guerrilhas contra os boinas verdes estadunidenses
estacionados em Cuba tem seu início. Do Exército de Fulgêncio Batista pouca resistência encontram
e muitos militares de bom-grado aliam-se a Fidel e seus companheiros. No dia 1º de Janeiro de 1959
entram vitoriosos em Havana e todos os amigos do alheio fogem para Miami ou Espanha. Aqueles
que ficam recebem um tratamento diferente. O Exército de Batista é DESCOMISSIONADO.
Aprenderam isso com a Revolução Mexicana que venceu mas manteve o antigo exército viciado de
outrora, que desfez rapidamente todas as conquistas da Revolução. Não iriam repetir aquele erro,
deve-se tentar acertar ou, na pior das hipóteses, ser criativo, errar outros erros, sabe?

Enojados com os ianquis não queriam ouvir seus conselhos acerca de ―como encaminhar a sua
revolução‖. Cometeram erros novos, em economia, em política... Mas aprenderam a duras penas e,
em dois anos erradicaram a prostituição e, que me recorde, Cuba era o único país do mundo inteiro
que não permitia qualquer tipo de jogo (até na URSS havia algo parecido com uma ―Loteria Nacional‖,
em Cuba, NADA MAIS DE JOGO!). Mas o mundo dá voltas (a despeito do que a Igreja Católica
Apostólica Romana obrigou Galileu a dizer) e os estadunidenses, saudosos de seu paraíso tropical
de jogatina, prostituição e entorpecentes declara guerra ao novo regime cubano que, em desespero,
aceita o suporte de quem se habilitar. Os russos se apresentam e Fidel Castro – CONTRA a decisão
ou a vontade de Che Guevara – decide seguir a linha do socialismo de tipo soviético para a Ilha. Che
Guevara deixa a Ilha, passa pelo Congo (Belga na época), treina e arregimenta pessoas tentando o
ideal de reproduzir o que eles conseguiram em Cuba em todo o continente Latino-Americano.

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Considera a Bolívia, um país com fronteiras com vários outros países da Região e então vivendo sob
um regime autoritário antipático ao povo o lugar ideal para iniciar seu périplo. Não consegue o apoio
que imaginava conseguir e sucumbe às Forças da CIA em aliança com o Exército Boliviano a 8 de
outubro de 1968. Seu corpo é exposto ao público por dias a fio a fim de provar a contenção da
―exportação da Revolução Comunista de Cuba‖, numa simplificação grosseira do que de fato
aconteceu por lá. Ah, sim, parece que os jogos se tornaram legais em Cuba novamente, a
prostituição volta a atrair turistas estadunidenses e, enfim, como dizia Wilhelm Reich, se você botar
um pedaço de carne fresca perto de um pedaço de carne podre, é mais provável que a carne podre
corrompa a carne fresca que a carne fresca fazer rejuvenecer a carne podre. Uma ilha fresca cercada
por um podre e sem o apoio da hoje inexistente União Soviética... Pobre Cuba...

Enfim, na década de 60 os EUA decidiram que não iriam ―perder‖ nenhum outro país ―para os
comunistas‖. Fundaram a War College e convocaram todos os generais da América Latina a
frequentar seus cursos de anticomunismo intensivo. Os generais ficaram lisonjeados e voltaram a
seus países de origem (Brasil, Argentina, Chile, Panamá, Bolívia, Peru, Venezuela...) e onde criaram
suas próprias versões da Escola Superior de Guerra nos moldes do War College estadunidense que,
vale ressaltar, lhes prestou apoio integral e incondicional com esta finalidade.

Padres católicos e pastores protestantes estadunidenses foram bem remunerados para trazer sua
mensagem fundamentalmente anticomunista aos fiéis religiosos de todo o subcontinente. Todos os
presidentes eleitos democraticamente pelos povos de todos os países Latino-Americanos foram
sistematicamente substituídos por generais entreguistas ao governo estadunidense – e, embora
entreguistas seguindo ordem de uma potência externa contra partes de sua própria população, foram
amestrados para se autoproclamar ―nacionalistas‖. Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Chile, Peru,
Panamá... Todos os presidentes foram depostos por golpes militares com amplo apoio popular – a
esta altura do campeonato os estadunidenses haviam aprendido principalmente com os fascistas da
Alemanha o poder da propaganda. O Brasil é um caso particular pois, em aliança à Ditadura Militar se
criou ainda uma organização midiática com poderes enormes e grande apelo popular, num primeiro
momento para dar suporte ao golpe e, nos anos posteriores, a empresa – Organizações Globo – se
sofisticou para prestar apoio integral e incondicional ao mandante de turno. Logo após a deposição
de João Goulart, a primeira medida que Castello Branco assinou, ao amanhecer do primeiro dia, logo
após sua posse, foi a revogação da Lei de Terras (que iniciava uma incipiente reforma agrária às
margens das ferrovias) e da Lei de Remessa de Divisas ao Exterior, abrindo totalmente as pernas do
Brasil para a penetração do capital estadunidense. Como em conhecido movimento os
estadunidenses faziam mais retiradas que penetrações mas o movimento deixou o Brasil em péssimo
estado real. Para isso a Rede Globo foi muito útil dando números diferentes da realidade e erguendo
loas às ―conquistas dos militares‖ entre o anúncio de um ―terrorista procurado‖ e outro.

A palavra ―comunista‖, cujo significado pouquíssimos entre os generais sabiam precisar, servia para
rotular quem quer que se opusesse ao regime. Tenho um relato pessoal triste a esse respeito.
Lembro-me de haver chegado ao III COMAR no apagar das luzes da Ditadura Militar. Mas os mais
antigos apontavam para os poderosos aviões Hércules C-130 e Búfalo informando que eram
constantes os transportes – só de ida evidentemente – de aviões lotados com ―300, por veze 500
comunistas‖ que eram despejados no meio do Atlântico. Eram os ―desaparecimentos‖ de que meu
antigo professor de história falava... Então um dos métodos era este...

No início da década de 70 as crises sucessivas foram se agudizando e os EUA ―para ajudar o Brasil‖
emprestaram-nos rios de dinheiro. Nixon havia rompido com a obrigatoriedade do valor de
equivalência em ouro para a moeda e o dólar passou a ser emitido liberalmente, sem lastro. E
emprestado a juros amargos para os países que interessava manter sob rigoroso controle. Foi a
época do ―Milagre Brasileiro‖. O país ficou rico de repente sem que se acrescentasse um prego na
produção industrial. Explicação oficial? ―Milagre Brasileiro‖. Fato: ingresso de empréstimos tão
amargos que muitos brasileiros passaram a já nascer devendo 2 milhões de dólares cada um aos
EUA...

Em fins da década de 70 e da 80 os poucos ―comunistas‖ ou opositores que ainda sobravam vivo era
essa corja que está no poder hoje e vale menos do que aquilo que o gato enterra. Por outro lado, os
militares foram incorporando partes de seu discurso ―nacionalista‖ levando-o mais a sério do que o
empresariado e os banqueiros estadunidenses gostariam. Enfim, chegou o momento de mandá-los
de volta para a Caserna. E isso foi, novamente um fenômeno global regional. Foi uma situação
parecida em todos os países sob Ditadura Militar tutelada pelos estadunidenses em toda a América

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Latina. Saíram os generais do Paraguai, do Brasil, do Uruguai, do Chile, da Argentina, da Venezuela,


do Peru, da Bolívia...

Entravam em cena agora os civis eleitos pelo povo – direta ou indiretamente – já começando uma
pregação anti-estatizante. No caso brasileiro, lembro-me que o IUPERJ liderou a divulgação por aqui
do ideários estadunidense do ―Fim da História e Das Utopias‖ por um lado e, por outro, ―contra o
Estado Paquidérmico, a favor de um Estado Mínimo‖. Foram cortados recursos dos serviços públicos
e aviltados os salários do funcionalismo como uma forma de ―provar‖ que os serviços públicos são
ineficientes e deve-se entregá-lo à iniciativa privada. Demorou mas conseguiram. Com o escarrado
do capeta Fernando Henrique Cardoso a traição ao povo brasileiro se consumou e a privataria
começou: comunicações, energia, serviços de saúde, escolas e universidades... Tudo foi privatizado
ou se concedeu recursos do BNDES a fundo perdido para a fundação de novas empresas. Muitos
espertalhões se fizeram nessa onda que esmaga a maioria da nossa população. Lembro-me do
LAQFA (Laboratório Químico-Farmacêutico da FAB) que fabricava, com o apoio decisivo da
Fundação Oswaldo Cruz, praticamente todos os remédios importantes para simplificar a existência
humana. Visitei sua fábrica: farinha de trigo (treco simples de se conseguir e fazer) prensado no
formato de um comprimidinho no qual são diluídos os componentes químicos ativos de cada
medicamento. Neste, ácido acetilsalicílico; naquele outro, losartana sódica; num outro, cloridrato de
diltiazem. Facílimo de fazer e distribuído de graça para a população, independente de renda. A
Indústria Farmacêutica protestou contra o que chamou de ―competição desigual‖ e os Laboratórios
Químicos Farmacêuticos existentes no Exército, Marinha e Aeronáutica foram sumariamente
fechados pois o lucro da Indústria Farmacêutica era algo simples para a compreensão do político
corrupto no poder, já noções vagas como ―saúde pública‖ redundavam incompreensíveis. Se há
incompetência nos serviços públicos está na cúpula, não no funcionalismo!

Quer um exemplo? D. Pedro II anunciou a transposição do Rio São Francisco, uma brutalidade
imbecil pois há um aquífero enorme embaixo de toda a Região Nordeste e a construção de poços
artesianos seria uma solução mais racional, barata, rápida e eficiente para a seca do que as obras
prometidas desde 1840. Lula retomou o discurso de D. Pedro II, algumas pessoas levaram a sério e
um padre baiano chegou mesmo a fazer greve de fome às margens do Velho Chico em protesto
contra a decisão. Vejamos como está a situação hoje: a obra foi loteada em vários pedaços a
diferentes empreiteiras privadas. Uma das partes era considerada árida demais, tinha mais pedras e
era a área mais complexa para o trabalho, menos lucrativa, essa foi entregue ao Exército Brasileiro.
Quase 10 anos depois, a única parte pronta é justamente a parte feita pelo exército pior remunerado,
mal armado, mal nutrido e mal fardado do mundo ocidental. As partes das empreiteiras empacaram e
elas já estão extorquindo o governo por mais, que seguramente será concedido com tanta certeza
quanto aquela que hoje me acalenta, que o Velho Chico jamais irá a lugar algum nesse ritmo.

Ditadura Militar? Fora do Horizonte dos Possíveis neste momento

Principalmente porque os interesses dos banqueiros e jogadores estadunidenses vem sendo


cumprido integralmente pela sucessão de corruptos que nos governam em linha contínua de José
Ribamar Sarney a Lula da Silva. Por que os ianquis iriam dar alguma forma de suporte a uma
intervenção militar que não lhes interessa?

Lula está hoje tão firmemente fincado no campo da direita política como o diabo mitológico o está ao
campo do inferno. Claro, claro, seu discurso precisa, como o de Mussolini em outras eras seguir
sendo ―de esquerda‖, mas isso os banqueiros já entenderam, é jogada para a plateia. Embaraçoso é
que haja intelectuais brasileiros que, ou se equivocam na análise ou são venais ou chegaram ao
limite de sua consciência possível e ainda veem Lula da Silva, de alguma forma, como remotamente
ligado ainda ao campo da esquerda. Está tão na direita quanto Golbery o estava. Nada a fazer a este
respeito.

A Rede Globo de Televisão se voltou contra a Ditadura Militar que a criou e vem promovendo uma
série de programas ―educativos‖ conduzindo a opinião pública como um todo a se posicionar contra
qualquer movimento similar àquele. ―Não é mais necessário, já cumpriram sua finalidade de tornar o
Brasil um país seguro para a jogatina dos bancos e têm de ficar é quieto em suas casernas‖, esse é o
mote da programação global contemporânea.

Eu veria com bons olhos um movimento realmente nacionalista por aqui, mas como saber? Como
confiar? Você confia num cara, ele chega lá e faz o contrário não apenas do que você esperava e ele

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prometeu a vida inteira, mas aproveita para fazer um saque brutal aos cofres públicos aplicando sua
própria visão imoral e bandidesca do que seja privatização do que era público. Você seguiria um líder
messiânico a prometer o paraíso na Terra, Amigo? Eu não! Lembro-me de Günter Grass em ―O
Tambor‖, na boca de um menino alemão que, logo ao início da ascensão do nazismo decide
permanecer com 3 anos de idade tocando seu tambor de lata até a morte: ―Era uma vez um povo
bom e amigo que acreditava em Papai Noel. Só tarde demais descobriram que Papai Noel era o
Diabo!‖

A Geopolítica do Golpe de 64

Antecedentes

Desde que James Monroe, em 1822 proclamou a Doutrina clássica que levaria o seu nome e
nortearia a administração estadunidense por muitos anos face ao colonialismo da Europa, ―A América
(inteira) para os Americanos (dos EUA)‖, com profunda agudização no final da Segunda Guerra
Mundial os EUA buscam exercer diretamente a sua hegemonia sobre todas as Nações, muito
particularmente as do que consideram ―seu quintal‖, a América Latina. A onda nacionalista das
primeiras décadas do século XX em nosso hemisfério (Perón na Argentina, Vargas no Brasil, etc.)
contrariava os interesses do empresariado internacional representado pelo governo estadunidense
que, desde sempre, fez carga contra tais políticas.

Getúlio Vargas conseguiu, com um único tiro no próprio peito em agosto de 1954, acertar a um só
tempo a oposição a ele (local, mas com raízes profundas em Washington) e retardar o golpe militar
no Brasil por 10 anos. Isso, além da melhor legislação trabalhista e previdenciária que o país já teve,
a ele devemos em que pesem eventuais desavenças que possamos ter com aquele importante líder
latino-americano.

Seu sucessor, Juscelino Kubitschek começou a inserir o Brasil no contexto do que mais tarde se
chamaria de ―globalização‖: trouxe montadoras de automóveis para o Brasil – dando um incentivo
insignificante à indústria nacional, tão insignificante que durou menos de uma década. Em que pese a
propaganda tão ufanista quanto vazia, depois da falência da Romiiseta e da Gurgel, não temos
indústria automobilística no Brasil. Tudo o que temos são montadoras de automóveis de marcas
estrangeiras. Juscelino promoveu crescimento e avanço ao Brasil, concedamos, dentro dos marcos
do capitalismo ampliando o endividamento externo e deixando aberta a porteira da corrupção.

No quadro externo, a Guerra Fria entre o capitalismo estadunidense e o socialismo (em verdade uma
espécie de capitalismo de Estado) de corte soviético esquentava cada vez mais. Em janeiro de 1959
Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e outros idealistas entravam vitoriosos em Havana,
colocando para correr a ditadura pró-estadunidense de Fulgêncio Batista. Cuba fica a cerca de 160
milhas náuticas de distância da Flórida. Quando, em 1961, Fidel Castro anunciou que a Revolução
Cubana seguiria na direção do Socialismo foi uma calamidade para os estadunidenses. Tanto pela
proximidade do inimigo ―em seu quintal‖ quanto pelo exemplo que potencialmente trazia a outras
Nações colocadas sob a órbita de influência estadunidense desde a ―Doutrina Monroe‖.

De fato, cresciam e se fortaleciam após anos de exceção nacionalista burguesa, os partidos e


movimentos de esquerda na América Latina: os Montoneros no Uruguai, os Tupamaros no Peru, o
Partidão no Brasil, o MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionária) chileno, etc. Todos seduzidos
pelo exemplo de um grupo idealista capaz de mobilizar as massas a expulsar o invasor estrangeiro
fosse na forma de capital, fosse na forma de sua presença física mesma. Surgia no Cone Sul a
polarização entre a direita (que, desde sempre, defende o Capital e a manutenção da Ordem
colocada e benéfica a poucos banqueiros, empresários e latifundiários) e a esquerda (que, desde
sempre, defende os direitos do Ser Humano contra o Capital – que o Capital seja colocado a serviço
do Humano ao invés do Humano a serviço do Capital, lutando uma Nova Ordem).

Comprovando - mesmo tardiamente - a intervenção estadunidense na América Latina em geral e no


Brasil em particular, Camilo e Flávio Tavares escreveram o roteiro, com documentos recentemente
liberados pelos Estados Unidos da América classificados como "Top Secret" (Altamente Secretos)
para a série de 3 filmes que foram ao ar pela Rede Brasil, intitulado "O Dia que durou 21 Anos" (eles
contam o período da Ditadura Militar com sendo desde 1964 - a deflagração do golpe - até 1985, a
posse de José Ribamar Sarney; nas minhas contas, as trevas da Ditadura se fizeram presentes de
maneira direta desde 1964 até a primeira eleição direta para presidente da república, com a posse de

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Collor de Mello em 1990. Infelizmente. É Brasil ladeira abaixo desde o suicídio de Vargas no dia 25
de agosto de 1954 até os dias de hoje, agosto de 2012.

O Embaixador Estadunidense no Brasil reunia-se frequentemente com o Presidente Kennedy para


discutir os detalhes do Golpe Militar no Brasil

O Dia que Durou 21 Anos

Há um trailer disponível no Youtube e aproveito para inserí-lo aqui, uma vez caber no contexto e
enriquecer o conhecimento do Estudante e do Pesquisador que me honram com sua visita. Assista.
Divulgue. Chore comigo...

O War College e seus clones, as Escolas Superiores de Guerra impõem a Ideologia da Soberania
Nacional

Fazendo face a esta situação, os EUA criaram o War College e ofertaram bolsas de estudos com
vultuosos estipêndios para que os oficiais superiores e generais de toda a América Latina
freqüentassem a seus cursos. Regressando da Metrópole, pulularam em todas as colônias ―Escolas
Superiores de Guerra‖: no Panamá, Argentina, Chile, Paraguai, Brasil, Peru, Venezuela, etc. O eixo
era monocórdio: como hoje a política externa estadunidense volta-se ao ―combate ao terrorismo e ao
narcotráfico‖ naquela ocasião o mote era ―combater o comunismo‖. Tão irracional este quanto aquele,
todo o comportamento minimamente desviante era considerado ―simpatizante do comunismo‖ e se
começaram a criar organismos de informação e segurança nos quartéis para dar combate ao ―inimigo
interno‖, criando-se fichas de supostos simpatizantes do comunismo. Nos EUA, era a época do
Macarthismo, que instaurou a delação obrigatória no meio artístico e trouxe grave dano à produção
cinematográfica de Hollywood. No Chile, Paraguai, Brasil, Argentina, etc. eram os quartéis vigiando
os políticos para que não ocorresse qualquer desvio na direção do socialismo.

Diante de tal situação o eleitorado brasileiro optou, nas eleições de 1960, por conduzir o Collor de
Mello daquela época, conhecido como Jânio Quadros, com sua política moralizante, voltada
meramente a combater a corrupção com o discurso, sem suporte partidário que lhe desse
sustentação, à Presidência da República mas, sabiamente, elegeu para a Vice-Presidência o
varguista João Goulart (na legislação vigente desde a redemocratização de 1946 até o golpe de 1964
era possível votar para Presidente por um Partido e para Vice-Presidente por outro diferente). Depois
de tomar algumas e outras, além de medidas ―moralizantes‖ altamente discutíveis como proibir rinhas
de galo e desfiles de moda em trajes de banho (o que, na melhor das hipóteses, poderia ser iniciativa
de um Ministro da Justiça. De um Presidente da República se esperava algo mais profundo, mais
sério) Jânio se disse acossado por ―Forças Ocultas‖ que jamais nomeou e renunciou tomando o
cuidado de levar consigo a Faixa Presidencial. Ansiava regressar ao poder ―nos braços do povo‖ e
exercer seu autoritarismo em sua plenitude, antigo e recorrente sonho de todos os governantes que
passam pelo Palácio Governamental Brasileiro. O povo, contudo, aplaudiu sua decisão de renunciar e
ninguém se mobilizou para que retornasse. João Goulart estava justamente em visita à China
Socialista governada por Mao Tsé-Tung em agosto de 1961 quando da renúncia do Presidente. Os

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militares se articularam com o Congresso Nacional: não era considerado possível deixar um
―simpatizante do comunismo esquerdizante‖ assumir a presidência da República no Brasil. A
ideologia da Segurança Nacional da Escola Superior de Guerra brasileira não o admitiria. Jango faz
uma viagem longa, tortuosa, tomando a rota do Pacífico, mais longa, até chegar de volta ao Brasil.
Chegando de regresso ao Brasil, Jango encontra um quadro pronto: o Congresso Nacional, com as
bênçãos das Forças Armadas, promulgou a vigência do Parlamentarismo – sempre é bom recordar o
segundo dos ―Primeiros Ministros‖ deste período parlamentarista brasileiro, Tancredo Neves, homem
de confiança dos militares...

Parêntese: em setembro de 2005 recebi um e-mail, idêntico ao de setembro de 2004 e com a mesma
esperança embutida para agosto de 2006: ―o mês de agosto no Brasil é marcado por tragédias: em
agosto Vargas se suicidou, em agosto Jânio renunciou. Em agosto passado Lula não se suicidou nem
renunciou.‖

Videla, Geisel, Pinochet... Todos líderes plantados na América Latina pelo Império...

Em 1962 o povo brasileiro foi convidado às urnas. Plebiscito: ―Você é favor do parlamentarismo no
Brasil?‖. Quem votasse ―sim‖ desejava a continuidade da excressência montada pelos militares em
articulação com o parlamento; quem votasse ―não‖ desejava o retorno da Ordem Institucional de
1946. O voto ―não‖ foi maciçamente vencedor mas João Goulart jamais obteve o apoio necessário a
fazer uma política de esquerda coerente. Houve avanços, mas a própria limitação de sua consciência
possível e o quadro de propaganda maciça anticomunista do período tornaram suas propostas e
medidas mais decisivas absolutamente inócuas.

A virada do ano de 1963 para 64 encontra generais conspiradores em todos os quartéis do país e até
na Esplanada dos Ministérios em Brasília. O golpe se articulava. Era necessário evitar que João
Goulart tomasse as medidas ―esquerdizantes‖ de decretar a Reforma Agrária de terras devolutas às
margens das Rodovias Federais e limitar a remessa de divisas ao exterior. Para isso se mobilizou, em
vários pontos do país, conservadores de todos os matizes contra João Goulart e a favor da ditadura
ansiada pelos EUA para o Brasil.

Jango reagiu convocando o povo para um Comício histórico na Central do Brasil, Rio de Janeiro, na
sexta-feira 13 de março de 1964. A Central do Brasil, além de ser o ponto de chegada e partida do
maior número de trabalhadores do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, fica exatamente ao lado do
antigo prédio do Ministério do Exército, o que foi considerado uma afronta direta aos militares que
optaram por não responder naquele instante. No Comício da Central do Brasil Jango anunciou a
expropriação de terras devolutas às margens das rodovias e a nova lei limitando a remessa de lucros
ao exterior

A Máquina de Guerra do Exército Brasileiro aumenta sua movimentação com deslocamentos de


tropas e exercícios ―de rotina‖ os mais diversos pelo país afora. Além disso, propagandistas das
Forças Armadas Brasileiras aliados aos EUA e à Igreja Católica orientam grandes contingentes
populares a protestar contra o processo de esquerdização do Brasil que João Goulart estaria
protagonizando. Pipocam em vários pontos do país, com ênfase para a cidade de São Paulo, as
―Marchas da Família com Deus e Pela Liberdade‖ ou seja, marchas contra João Goulart, contra a
Democracia e a favor da Ditadura, das Forças Armadas Brasileiras e dos EUA. Infelizmente, aqui no
Brasil, como já ocorrera na Alemanha nazista e se repetiria em vários outros países-satélite dos EUA,
o povo foi às ruas pedindo a Ditadura, a intervenção das Forças Armadas contra a Democracia
embora, naturalmente, utilizassem um linguajar mais apropriado ao tempo em que viviam.

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O 1º de Abril de 1964

Era um tempo em que os EUA apoiavam golpes militares em todas as suas colônias. Confira esse
trecho do vídeo "Jango", de Sylvio Tendler

Sem contar com o apoio popular esperado, menos ainda com qualquer tipo de apoio dos auto-
proclamados ―representantes do povo‖, Jango retira-se melancólico para sua terra natal, São Borja, e
aguarda os desdobramentos dos acontecimentos. Presidindo a Câmara dos Deputados no dia 1º de
Abril de 1964, Auro de Moura Andrade, ecoando no Congresso Nacional a voz dos quartéis, declara
vaga a Presidência da República com o Presidente em território nacional. Sob vaias dos poucos
representantes genuínos do povo brasileiro e da democracia, Moura Andrade transfere a Presidência
da República para o Presidente efetivo da Câmara dos Deputados, Paschoal Ranieri Mazilli que, tão
logo os militares se instalam nos postos de comando da Nação, transfere a Presidência ao general
Castello Branco, que governará o Brasil até 1967, quando foi substituído pelo também general Costa
e Silva. O começo do golpe contou com o apoio de todo o conservadorismo brasileiro e contou ainda
com a apatia simpática de todos os que estufavam o peito e se diziam ―apolíticos‖, como se essa
expressão tivesse algum significado no mundo humano – ―O homem é um animal político‖, zoon
politikon, segundo Aristóteles. Quem se proclama apolítico está assinando um atestado público de
ignorância e incompetência para o exercício da cidadania.

A primeira e mais notória medida de Castello Branco, por sinal, é revogar as leis que limitavam a
remessa de lucros ao exterior e aquela que decretava a Reforma Agrária de terras devolutas às
margens das rodovias federais.

Aos poucos vai ficando claro que os militares não vieram para mudar absolutamente nada e,
inesperadamente, buscam perpetuar-se no poder ao contrário do que imaginavam aqueles que lhes
deram sustentação no início.

AI-5, o Golpe dentro do Golpe

Quando a demência sobe ao poder o povo sofre. Todas as grandes tragédias da humanidade têm um
início medíocre, fundado em alguma forma de mal-entendido que se constitui meramente na gota
d’água que faltava para a deflagração de um evento maior que já estava em gestação há muito
tempo. Em 1968 foi um protesto jocoso do Deputado Federal pelo Rio de Janeiro Márcio Moreira
Alves, sugerindo que as moças que estavam se formando na Escola Normal da Tijuca se recusassem
a ir ao tradicional baile dos Cadetes da Marinha. O general Costa e Silva pediu ao Congresso
autorização para processar o Deputado Márcio Moreira Alves. Pedido negado, o que parecia uma
brincadeira foi se transformando numa bola de neve sem fim que descamba no que se chama até
hoje de ―golpe dentro do golpe‖, a decretação do Ato Institucional número 5, de 13 de dezembro de
1968. Com AI-5, fechava-se o Congresso Nacional e o Presidente-general passava a ter amplos
poderes para decretar estado de sítio, intervenção nos Estados, cassação de mandatos e suspensão
de direitos políticos além de subordinar o Judiciário e o Legislativo ao Executivo e suspendia o efeito
de habeas corpus para crimes considerados atentatórios à ―segurança nacional‖.

Com o AI-5 começou o período mais negro da Ditadura: milhares de pessoas foram aprisionadas
entre intelectuais, artistas, cientistas, estudantes, trabalhadores, políticos... Todos identificados como
―inimigos do povo brasileiro‖. Seguiram-se mais prisões, torturas, assassinatos e ―desaparecimento‖
de presos políticos foram praticados em nome da segurança nacional...
O mesmo acontece, sob rigorosa orientação e controle estadunidense no Chile, Paraguai, Argentina,
Uruguai, Venezuela, Panamá, etc. As décadas de 1960 a 80 do século XX ficaram marcadas pelas

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ditaduras militares na América Latina.

Os EUA decretam o final das ditaduras militares

Somente a ascenção dos democratas ao poder nos EUA e sua política de ―respeito aos direitos
humanos‖ com vistas a dar combate aos regimes socialistas do Leste Europeu faz com que a sede de
todas as ditaduras ordene que seus generais fantoches promovam aberturas ―lentas, graduais e
seguras‖ rumo à democracia, sendo caninamente obedecidos pelos militares brasileiros, chilenos,
paraguaios, argentinos, etc. A resistência dos Tupamaros no Peru, dos Montoneros no Uruguai, do
MIR chileno, dos movimentos guerrilheiros no Brasil não deve ser olvidada. Menos ainda a atuação
parlamentar quando os militares permitiram a reabertura do Congresso com dois partidos, o MDB,
Movimento Democrático Brasileiro, também conhecido como ―Partido do Sim‖ e ARENA, Aliança
Renovadora Nacional, conhecida como ―Partido do Sim, Senhor!‖ – o ―Não‖ estava proibido, atuava
na clandestinidade...

Mesmo sem olvidar estes processos de resistência à Ditadura, seja pela via parlamentar, seja pela via
revolucionária, somos obrigados a constatar que somente após a política agressiva dos EUA contra
os países que praticassem crimes contra os direitos humanos a abertura efetivamente começou a
acontecer. Os EUA precisavam conter regimes socialistas autoritários que torturavam, degredavam,
matavam e perseguiam seres humanos, mas para evitar o dissabor de serem contraditados na ONU a
esse respeito, decidiram-se por fazer uma faxina em seu próprio quintal, a América Latina. A espinha
dorsal da resistência aos interesses estadunidenses estava morta, exilada, sepultada, esquecida ou
domesticada. Era a hora de ―abrir‖. Depois de um número elevadíssimo, embora talvez jamais se
saiba corretamente, de mortes e do desespero generalizado de todo o continente, os generais do
Cone Sul se viram forçados pelos interesses estadunidenses a transferir o poder aos civis. Em alguns
casos, como o brasileiro, tomando o cuidado de evitar ―revanchismos‖, em outros, como no argentino,
que desesperadamente tentou uma guerra contra a Inglaterra para conquistar alguma popularidade e
conseguiu justamente o oposto: humilhados pelo adversário estrangeiro, tiveram de se haver com a
crítica interna contundente de serem mais eficientes em matar seus próprios concidadãos do que
efetivamente enfrentar inimigos da Nação Argentina – por lá, um número significativo de militares
torturadores e assassinos foi mais ou menos punido.

De todo o modo, em todo o Cone Sul, ocorreram raríssimos casos de punição, muita ―auto-anistia‖, o
regresso dos exilados mas a hegemonia estadunidense já estava colocada com raízes profundas na
economia, na educação e mesmo na cultura dos povos da América Latina tornando desnecessária a
Ditadura como forma de encaminhamento dos interesses estadunidenses por aqui.

Ocorreram eleições nos moldes estadunidenses que repetiram regimes políticos e econômicos nos
mesmos moldes da matriz e chegamos ao século XXI constatando entre estarrecidos e anestesiados
que até mesmo conceitos outrora relevantes na América Latina como ―Nacionalismo‖, ―Patriotismo‖,
―Interesse Nacional‖, etc. estão decompostos. A prática não mais existe há muito tempo: os militares
começaram a decompor estes conceitos. Como amar uma pátria que tortura, mata, persegue, cala,
silencia e impede as pessoas de serem livres e terem bons costumes? Até o conceito de patriotismo
encontra-se esvaziado. Em nosso país há alguns bolsões, grupos isolados nos quais expressões
como ―amor à pátria‖, ―nacionalismo‖, ―brasilidade‖ ainda fazem sentido e mesmo o Hino Nacional
Brasileiro é ouvido entre frêmitos de emoção – e não estou falando em jogos desportivos ou coisa
parecida –, mas isso constitui exceção quando deveria ser regra... Há um longo caminho à frente e
não será entregando nossas riquezas aos interesses privados de grupos estrangeiros entre
escândalos de corrupção que haveremos de cantar com orgulho a nossa liberdade e independência,
ainda por acontecer.

A Ditadura Militar (1964 - 1990)

―Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada... É tempo de meio silêncio, de boca gelada e

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murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.‖

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Recife, 1964. Beira da praia, brisa da noite, mansões dos usineiros. As garrafas de champanha são
abertas. Festa. Pessoas bonitas, perfume, olhares de fêmeas, dentes brancos de alegria. As risadas
unem o gozo ao deboche. Vida longa para o novo governo! Que nunca mais se falem em greves nem
nessa maldita terra para os camponeses! Morte aos inimigos da propriedade!

Um pouco longe dali, noite negra e silêncio. De repente, chegam os soldados. Vasculham os
casebres. Procuram os inimigos da pátria. As pessoas simples têm medo. Precisam dormir cedo
porque amanhã têm de ir para roça cortar cana. Mas o olho continua aberto. Só a boca é que
permanece fechada.

No quartel, homens armados de fuzil automático arrastam o ancião. Espancado em praça pública.
Maxilar quebrado por uma coronhada de rifle. Chutaram-lhe tanto os testículos, que arrebentou a
bexiga. Vai urinar sangue por quase um mês, O velho ferido está algemado. Ao seu redor, caminhões
do Exército, berros de oficiais, rádio, holofotes, metralhadoras,

Por que tanto aparato? Por que tantos homens, tantas armas, tanta força bruta? Por que o velhinho é
tão perigoso?

Gregório Bezerra nasceu no sertão. Criancinha, viveu a fome e

a prepotência dos latifundiários. Foi quase um escravo. Brinquedo de menino era enxada e foice,
sonho de um dia comer carne-seca. Nunca viu escola. Só aprendeu a ler e escrever com 24 anos,
quando servia o Exército - e nunca mais deixaria o orgulho de ter sido militar. Pouca instrução, mas o
conhecimento da vida e a argúcia do homem do povo.

Um dia, entrou em contato com aquela gente estranha. Falavam coisas que ele nunca tinha ouvido
mas que, extraordinariamente, parecia já saber. Alguns eram até doutores, mas o tratavam como
igual. Muitos dos estranhos eram como Gregório, como Severino, como José, como tantos outros:
mãos de calo, cara rasgada de sol, trabalho e sofrimento.

Ouviu, refletiu e juntou-se a eles.

Voltava ao canavial, onde o homem perde a perna, ou o juízo, pela picada de cobra, o golpe errado
do facão, o jeito doido de o capataz falar. Mas agora, era ele que tinha o que dizer para contar para
os seus irmãos de labuta. Nos campos, nos mocambos miseráveis, nas portas das usinas e das
fábricas, Gregório seria a voz da consciência dos que ainda não tinham consciência, a posse dos que
nada possuíam. Ele era o homem do povo que descobre sua força e, finalmente, se levanta. Em vez
de lamentar suas misérias, ergue-se para combatê-las.

Sabia falar a língua dos humildes e fazer as perguntas decisivas; a quem pertence? A quem é dado?
O que se deve transformar? Os homens mais poderosos de Pernambuco o temiam. Gregório
Bezerra, velho quase analfabeto, ferido e enjaulado em 1964. Líder camponês, ex-deputado federal,
inimigo do latifúndio. E se um dia todos aqueles homens e mulheres com as mãos grossas e rosto
queimado se transformassem em milhões de Gregórios? Era preciso evitar a qualquer custo.

Por isso, Gregório Bezerra tinha sido preso. Naquele momento, os grandes senhores da terra
comemoravam sua vitória. O reveillon de 1964 acontecia em 31 de março.

O papel dos EUA no Golpe Militar de 1964

A Operação "Brother Sam"

O Dia que Durou 21 Anos

Governo Castello Branco (1964 – 1967)

Bem que Leonel Brizola propôs ao presidente Jango resistir ao golpe de 1964 com armas na mão, a
partir do Rio Grande do Sul. Mas o presidente, muito deprimido, não queria derramamento de

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sangue. Como milhares de brasileiros, os dois também se exilaram no estrangeiro.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro - Copacabana e Ipanema -, a classe média se confraternizava com
a burguesia. Chuva de papel picado, toalhas nas janelas, buzinaço, banda e chope. Abraços, choro
de alegria, alívio pelo fim da desordem. O Brasil estava salvo do comunismo! Os crioulos não
invadiriam mais as casas das pessoas de bem! As empregadinhas voltariam a ficar de cabeça baixa!

Mas nos subúrbios o medo substituía o chope. Ali, a revolução iria procurar os "inimigos do Brasil". E
quem seriam esses monstros? Pessoas simples, enrugadas pelo trabalho duro, mas que tinham
ousado não se curvar; operários, camponeses, sindicalistas.

Nenhum banqueiro, nenhum megaempresário, nenhum tubarão foi sequer chamado para depor numa
delegacia, Eram todos homens de bem, pessoas que amavam o próximo... principalmente se o
próximo fosse um bom parceiro de negócios.

Os soldados armados de fuzis prendiam milhares de pessoas: dirigentes populares, intelectuais,


políticos democratas. A UNE foi proibida e seu prédio, incendiado. A CGT, fechada. Sindicatos
invadidos à bala. Nas escolas e universidades, professores e alunos progressistas expulsos. Os
jornais foram ocupados por censores e muitos jornalistas postos na cadeia. A ordem era calar a boca
de qualquer oposição.

Os políticos que não concordaram com o golpe, geralmente do PTB, tiveram seus
mandatos cassados. Ou seja, perderam seus direitos políticos por dez anos. O primeiro cassado,
inimigo número um do regime, foi Luís Carlos Prestes. O segundo foi o ex-presidente João Goulart.
Depois, veio uma lista de milhares de pessoas que foram demitidas de empregos públicos, presas,
perseguidas, arruinadas em sua vida particular. Juscelino e Jânio também perderam seus direitos,
para que não tentassem nenhuma aventura engraçadinha na política. Só a UDN não teve punidos:
coincidência, não?

Os comunistas, claro, eram perseguidos como ratos. Muitos foram presos e espancados com
brutalidade. O pior é que o xingamento de ―comunista‖ servia para qualquer um que não
concordasse com o regime. Seria o suficiente para ser instalado numa cela, Fariam a reforma
agrária num cubículo 2 X 2 e socializariam a propriedade do buraco no chão que servia de
privada.

Para espionar a vida de todos os cidadãos, foi criado em 1964 o SNI (Serviço Nacional de
Informações). Havia agentes secretos do SNI em quase todos os cantos: escolas, redações de
jornais, sindicatos, universidades, estações de televisão. Microfones, filmes, ouvidos aguçados.
Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso. Imagine o clima numa sala de aula,
por exemplo. Eu mesmo perguntei, certa vez, a um professor de história, ―o que ele achava‖ de algo
que os militares haviam decretado. Ele, apavorado, respondeu algo como: ―Não acho nada! Eu tinha
um amigo que achava muito e hoje ninguém acha ele!‖ Eram muitos os ―desaparecidos‖ naqueles
tempos... O professore correndo o risco de ser detido caso fizesse uma crítica ao governo. Os alunos,
falando baixinho, desconfiando de cada pessoa nova, apavorados com os dedos-duros. A ditadura
comprometia até as novas amizades! O pior é que o SNI cresceu tanto que quase acabou tendo vida
própria, independente do general-presidente, a quem estava ligado. Seu criador, o general Golbery
do Couto e Silva, no final da vida, diria amargurado: ―Criei um monstro.‖

O novo governo passou a governar por decreto, o chamado AI (Ato Institucional) O presidente
baixava o AI sem consultar ninguém e todos tinham de obedecer. O AI-1determinava que a eleição
para presidente da República seria indireta. Ou seja, com O Congresso Nacional já sem os
deputados e senadores incômodos, devidamente cassados, e um único candidato. Adivinha quem
ganhou? Pois é, em 15 de abril de 1964 era anunciado o primeiro general-presidente, que iria nos
governar o Brasil segundo interesses do grande capital estrangeiro nos próximos anos: Humberto de
Alencar Castello Branco.

Castello tinha sido um dos figurões da Sorbonne, ou seja, dos intelectuais da ESG. A maioria de seus
ministros também era oriunda da ESG, a ―Escola Superior de Guerra‖, réplica nacional do ―War
College‖ norte-americano. Tranqüilos com a vitória, os generais nem se importaram com as eleições
diretas para governador em 1965. Esperavam que o povo brasileiro em massa votasse nos
candidatos do regime. Estavam errados. Na Guanabara e em Minas Gerais venceram políticos
ligados ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. (Em São Paulo não houve eleições. Seriam depois.)

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Mostra clara de que alguns meses depois do golpe ainda tinha muita gente que não apoiava o
regime. Pois bem, os militares reagiram. Vinte e poucos dias depois das eleições desastrosas, foi
baixado o AI-2, que acabava em definitivo com as eleições diretas para presidente da República.
Agora, o presidente seria ―eleito‖ indiretamente, ou seja, só votariam os deputados e senadores. Voto
nominal e declarado, ou seja, o deputado era chamado lá na frente para dizer, no microfone, se
votava ou não no candidato do regime. Quantos teriam coragem de dizer, na cara dos ditadores, que
não aprovavam aquela palhaçada? Muito poucos, inclusive porque os mais ousados eram
sumariamente cassados.

O AI-2 também acabou com os partidos políticos tradicionais. O PSD, o PTB, a UDN, tudo isso foi
proibido de funcionar. Agora, só poderiam existir dois partidos políticos: a Arena e o MDB.

A Arena (Aliança Renovadora Nacional) era o partido do governo. Estavam ali todos os políticos de
direita que apoiavam descaradamente a ditadura. De onde vinham? Basicamente, da UDN. Mas
também um bando de gente do PSD, do PSP de Adhemar de Barros e, por incrível que pareça,
muitos da velha guarda integralista. Apoiavam o regime militar em tudo que ele fazia.

O MDB (Movimento Democrático Brasileiro) era o partido da oposição consentida. A ditadura,


querendo uma imagem de democrática, permitia a existência de um partido levemente contrário.
Contanto que ninguém fizesse uma oposição muito forte. O MDB era formado pelos que sobraram
das cassações, um pessoal do PTB, alguns do PSD. No começo, a oposição era muito tímida. Nos
anos 70, porém o MDB conseguia votações cada vez maiores para deputados e senadores. Então
seus políticos - muitos eram novos valores surgidos na década - começaram a fazer uma oposição
importante ao regime, capitaneados pela figura do deputado paulista Ulisses Guimarães (1916-1992)
. Naqueles tempos, brincando é que se diz a verdade, comentávamos que o MDB era o ―Partido do
Sim‖ e a ARENA era o ―Partido do Sim Senhor!‖

O AI-3, do começo de 1966, determinava que as eleições para governador também seriam indiretas.
Os únicos com direito a voto eram os deputados estaduais, que tinham de ir lá na frente e declarar
para todo mundo em quem votavam. Mais intimidação seria impossível, não é mesmo? O circo estava
todo armado para que a ARENA governasse todos os setores da vida nacional.

A Constituição de 1967

No Brasil, os homens da ditadura faziam questão de criar uma imagem de que o país era um regime
―democrático‖. Alegavam que existia partido de oposição e eleições para deputado e senador. Vá lá,
mas acontece que os políticos mais críticos estavam cassados e o MDB, sob vigilância. Além disso, o
Congresso Nacional ficou com os poderes muito cerceados. Um deputado podia fazer pouca coisa
além de elogiar as praias douradas do Brasil. No fundo, quem mandava mesmo era o general-
presidente e pronto. Dentro dessa preocupação de manter a aparência (só a aparência) de
―democrático‖, o regime promulgou a Constituição de 1967, que vigorou até 1988, quando finalmente
foi aprovada a Constituição atual. Promulgar não é bem a palavra. Porque não existiu sequer uma
Assembléia Constituinte. Os militares fizeram um rascunho do texto constitucional e enviaram para o
Congresso aprovar. Congresso mutilado pelas cessações, nunca devemos esquecer. O trabalho era
pouco mais do que aplaudir. Trabalhos regulados por um relógio que tocava corneta. Deputados
obedientes como soldados em marcha.

Para começar, eleições indiretas para presidente da República e governadores de Estado, Os


prefeitos de capital e cidades consideradas de ―segurança nacional‖ (como Santos, em São Paulo, o
maior porto do país, ou Volta Redonda, no Rio de Janeiro, por causa da gigantesca Companhia
Siderúrgica Nacional) seriam nomeados pelo governador. Em outras palavras, a Arena governaria o
país pela força da lei (e das armas, claro).

A Constituição de 1967 aumentava as atribuições do Executivo e a centralização do poder. É por isso


que havia Congresso aberto. Pela Constituição, os deputados e senadores não podiam fazer quase
nada, a não ser discursos. Veja bem: a lei não permitia nem mesmo que o Congresso pudesse
controlar as despesas do Executivo. No país inteiro, governadores e prefeitos também podiam gastar
à vontade no que quisessem - estradas para valorizar latifúndios, estádios de futebol para enriquecer
empreiteiras, teatros para a elite se divertir, prédios públicos enormes para os figurões ficarem sem
fazer nada no ar condicionado. Os deputados estaduais e vereadores não tinham poderes para
impedir esses gastos.

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Os governadores perderam a autonomia para gastar. Para qualquer obra importante, tinham de pedir
dinheiro ao governo federal, ou seja, ao general-presidente. O mesmo valia para os prefeitos. Por
exemplo, vamos imaginar que na cidade X, o Fulano do MDB fosse eleito prefeito. A maior parte do
dinheiro dos impostos ficava com o governo federal, em Brasília. O prefeito Fulano quer fazer uma
escola municipal para X. Não tem dinheiro. Tem de pedir para o governador, que é da Arena e,
certamente, recebe ordens de Brasília para não dar nada. Agora, se o prefeito fosse da Arena, as
coisas mudavam de figura. Principalmente porque o prefeito se lembraria de apoiar a eleição de
deputados e senadores da Arena. Esqueminha montado e quase sem furos. Dá para entender por
que o regime militar não teve medo de manter eleições para o Congresso e permitir a existência do
MDB? Era como um jogo de futebol facílimo de ganhar, porque o juiz roubava escancarado para o
lado de quem já estava no poder...

O pior de tudo é que o regime iria fechar mais ainda. O último ato do governo de Castello foi a LSN
(Lei de Segurança Nacional). Reprimir passava a ser sinônimo de ―defender a pátria‖.

A Economia no Governo Castello Branco

A primeira atitude do novo governo foi anular as reformas de base. Criaram um Estatuto da Terra,
que previa uma tímida reforma agrária. Claro que jamais sairia do papel dos burocratas. O latifúndio
estava livre para engolir os camponeses.

A lei de 1962, que controlava remessas de lucros para o estrangeiro, foi anulada. As multinacionais
foram ofertadas com todas as facilidades.

Os mestres do PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) foram os ministros Otávio Gouveia de
Bulhões (Fazenda) e Roberto Campos (Planejamento).

Para diminuir a inflação, eles aplicaram receitas econômicas monetaristas. Trataram de tirar o
dinheiro de circulação. Para começar, cortaram os gastos públicos, ou seja, o governo investiria
menos em hospitais e escolas – já se preparava a introdução do ensino pago nas universidades
públicas e começava-se com a política de esvaziamento na qualidade do ensino público gratuito de
boa qualidade, valorizando mais as instituições privadas. Até antes da Ditadura Militar, estudar em
colégios particulares era amesquinhante demonstração de incompetência para acompanhar o
elevadíssimo nível que então o ensino público mantinha... Em 1964, tinha sido fundado o Banco
Central para controlar todas as operações financeiras do país. Também foi criada uma nova moeda, o
cruzeiro-novo.

Os salários foram considerados os grandes responsáveis pela crise econômica do país. Claro, os
operários deviam estar ganhando fortunas e o país não poderia suportar um soldador ou torneiro
mecânico passando férias na Cote d’Azur, fazendo compras na Avenue Montaigne, em Paris. Assim,
os aumentos salariais passaram a ser sempre menores do que a inflação. A idéia era fazer com que o
aumento de preços, por causa do crescimento dos salários, fosse cada vez menor.

Acompanhe o raciocínio dos caras. Por exemplo, se a inflação fosse de 30% naquele ano, a lei
obrigava o patrão a conceder um aumento abaixo daquela inflação, de só, digamos, 20%. Claro que
esse patrão iria compensar o prejuízo de ter de pagar mais salários aumentando os preços de seus
produtos e serviços. (Por isso mesmo, diziam, existia a inflação!) Mas, em quanto? Se o salário
aumentava em 20%, o patrão poderia aumentar os preços em, digamos, 21%: teria até um pouquinho
mais de lucro do que antes. Mas o aumento geral dos preços (por causa do salário maior em 20%,
todos os empresários reagiriam aumentando os preços em 20% e quebrados) seria perto dos vinte e
pouco por cento, e não mais os 30% anteriores, No ano seguinte, com inflação de, suponhamos, uns
22%, o patrão poderia dar um aumento de salário de só uns 10%. Aí os preços, para compensar esse
aumento salarial, subiriam uns 12%, por exemplo. E assim, num passe de mágica, a inflação teria
caído de 30% para 12% ao ano. Claro que tudo isso está simplificado, mas a idéia básica era essa
mesma. Agora, não sei se você se tocou: por essa receita, os salários eram comidos pela inflação.
Em outras palavras, a ditadura militar reduziu a inflação arrochando os salários dos trabalhadores.

Um dos recursos para diminuir salários foi a extinção da estabilidade. Pela lei antiga, depois de dez
anos numa empresa, era quase impossível despedir um empregado. Isso acabou. No lugar, foi criado
o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), em 1966, que ainda existe mas, com os ventos
ainda mais conservadores que andam soprando neste país, tem havido uma tendência a propor a
suspensão até deste direito para os trabalhadores. Funciona assim: a cada mês, o patrão deposita

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nos bancos uma parte do salário do empregado, formando uma espécie de caderneta de poupança
(outra invenção do regime militar) chamada de FGTS, Acontece que o FGTS só pode ser sacado em
momentos especiais, como na compra de uma casa própria ou, caso mais comum, quando o
empregado é despedido. Essa lei facilitou a vida dos empresários. Agora, despedir era tranqüilo. Os
empregados, sabendo que podiam perder o emprego a qualquer momento, eram obrigados a aceitar
salários mixurucas.

Grandes empresas (como as automobilísticas) chegaram a ser acusadas de ter uma armação para,
de vez em quando, despedir alguns operários (logo absorvidos por outra fábrica, tudo combinado
secretamente). A rotatividade da mão-de-obra (rodando de emprego em emprego) seria um excelente
mecanismo para baixar salários.

Em princípio, o dinheiro do FGTS serviria para que o recém-criado BNH (Banco Nacional da
Habitação) financiasse casas populares. Na prática, o que aconteceu foi que o BNH acabou
financiando a construção de condomínios de luxo para milionários. Ou seja, o pobrezinho pagando,
indiretamente, a mansão do ricaço.

Não devemos esquecer que as greves estavam totalmente proibidas. O peão tinha de engolir quieto a
pancada salarial, senão haveria outra paulada mais dolorosa ainda. Para que os empréstimos do
governo federal e os impostos devidos a ele fossem pagos decentemente, criou-se a correção
monetária. Antes, o sujeito podia esperar um ano para pagar impostos porque então ele pagaria uma
quantia desvalorizada pela inflação. Agora, a correção monetária simplesmente aumentava o valor da
dívida no mesmo percentual da inflação.

Como o governo não queria emitir papel-moeda (estava combatendo a inflação), obviamente os
empresários sofreram restrições ao crédito. Juros altos, dificuldade de obter empréstimos, poucos
investimentos. A economia crescia pouco. Os ministros sabiam que estavam provocando esta
recessão. Achavam que era um dos remédios para baixar a inflação. Realmente, as compras
diminuíram. Reduzida a demanda (procura), caíram os preços: outro fator deflacionário.

Para agilizar o crescimento da economia, Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões, os


ministros-gurus do PAEG, criaram muitas facilidades para o investimento estrangeiro. Tinham-se ido
os tempos do nacionalismo trabalhista.

Bem, e o PAEG deu certo? Para o que ele se propunha, sim, foi bem-sucedido. A inflação caiu. O
preço social disso é que representa problema. Os economistas ―iluminados‖ da época falavam
pudicamente no ―lado perverso‖ das medidas econômicas.

Por que a economia voltou a se recuperar? Há várias explicações. Para começar, os investidores
estrangeiros ficaram mais tranqüilos: não havia mais ameaça de nacionalismo, nem de greves e
muito menos de socialismo. Além disso, o novo governo tinha eliminado as restrições ao capital
estrangeiro. Assim, as multinacionais começaram a investir em peso na construção de novas fábricas.
O FMI, feliz com o Brasil militar, também emprestou dinheiro, E nós vimos que ajuda do FMI era uma
espécie de garantia para que outros banqueiros confiassem no país.

Uma das causas mais importantes da inflação é o descontrole da economia: cada empresário tenta
lucrar na marra, simplesmente aumentando os preços. Vira uma corrida histérica de preços e salários
aumentando sem parar. Para reverter o quadro, deveria haver um acordo nacional dos empresários
entre si e dos empresários com os trabalhadores. Mas Jango, no seu tempo, encontrara dificuldade
em montar o acordo. Ocorria o oposto: as lutas de classes se tornavam mais agudas.

Obviamente, a ditadura não resolveu as coisas por consenso, promovendo um plano com que toda a
sociedade concordasse. As coisas foram impostas na marra. Na marra principalmente sobre os
trabalhadores. Ou seja, o consenso foi obtido na base do ―Ou você concorda comigo ou entra na
porrada!‖ De qualquer modo, a estabilidade foi conseguida.

Quer dizer então que uma ditadura consegue estabilidade? Essa pergunta necessita de outra: de que
tipo de estabilidade estamos falando? Quando examinamos as estatísticas econômicas percebemos
que a estabilidade teve um preço: o aumento de exploração da força de trabalho.

Costa e Silva (1967 – 1969)

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Os militares tinham indicado e o Congresso balançou a cabeça: o novo general-presidente era Arthur
da Costa e Silva. Só a Arena tinha votado na eleição indireta. Em vez de levantar o braço, batia
continência. O MDB, em protesto (era minoria), havia se retirado do plenário. Com mãos ao alto.

Costa e Silva era tido como um homem de hábitos simples. Em vez da companhia dos livros, como
gostava o pedante Castello Branco, preferia acompanhar as corridas de cavalos. Pessoalmente,
diziam que era ―gente boa‖. Mas se Costa e Silva queria tranqüilidade, tinha escolhido mal o
emprego. Melhor seria dar palpites no jockey.

Depois do impacto de 64, com aquela onda de prisões e fechamentos, as oposições ao regime
voltaram a se articular. Até mesmo Lacerda tinha virado oposição. É que ele tivera esperança de se
tornar presidente, mas aqueles a quem bajulara lhe viraram as costas. Magoado, procurou unir
Juscelino e Jango, exilados, numa Frente Ampla. Pouco resultado daria. Longe do país, tinham pouca
influência.

Apesar do PAEG de Castello diminuir a inflação e retomar o crescimento, a situação da classe


operária vinha piorando. Em 1965, os operários paulistas ganhavam, em média, apenas 89% do que
recebiam em 1960, em 1969, apenas 68%. Estava ficando feia a coisa.

Os anos 60 formaram a grande década revolucionária. Os anos da minissaia, dos homens de cabelo
comprido, da pílula anticoncepcional; da guerra do Vietnã, dos hippies, do feminismo; da Revolução
Cultural na China, da Primavera de Praga, dos Beatles, dos Rolling Stones, de Jimi Hendrix e Janis
Joplin, do LSD, do psicodelismo, das viagens à Lua; de Kennedy, Krutchev e Mao Tsetung; do
cinema de Godard, Pasolini e Antonioni; das idéias e dos livros de Sartre, Marcuse, Althusser,
Hermann Hesse, Erich Fromm e Wilhelm Reich; dos transplantes de coração, dos computadores e do
amor livre, de Bob Dylan, Jim Morrison e Martin Luther King; de "Paz e Amor", Woodstock e Che
Guevara.

Especialmente, 1968. Trabalhadores e estudantes se levantaram no mundo inteiro. Em Paris,


cidadela do tranqüilo capitalismo desenvolvido, os operários fizeram greve geral e os estudantes
jogavam pedras na polícia. Nos muros da capital francesa, os grafites anunciavam o novo mundo: ―É
proibido proibir‖, ―A imaginação no poder!‖, ―Amor e revolução andam juntos‖. Nos EUA, atacava-se o
racismo. Tempos de Martin Luther King e de Malcolm X, grandes líderes negros. Os estudantes norte-
americanos também sonhavam com socialismo e milhares deles protestariam contra o absurdo de a
máquina de guerra ianque agredir o povo do Vietnã. Na América Latina, sonhava-se com guerrilhas
libertadoras. Na Tcheco-Eslováquia, aconteceu a Primavera de Praga: os comunistas, liderados por
Dubcek, tentaram construir o socialismo humanista. Na China Popular, o camarada Mao Tsetung
estimulava a Revolução Cultural. A Cuba revolucionária de Fidel Castro e Che Guevara mostrava o
caminho para os jovens latino-americanos: guerrilha, revolução popular, socialismo ―Hasta la victoria
compañeros!‖ (Até a vitória companheiros!) No Brasil, a luta era contra uma ditadura militar e um
capitalismo troglodita. Desafiando abertamente o regime, os operários fizeram greve em Contagem
(Minas Gerais). Pouco depois, pararam os metalúrgicos de Osasco (São Paulo).

O governo militar, através da Lei Suplicy, quis impedir que os estudantes se organizassem. O maldito
acordo MEC-Usaid previa a colaboração dos técnicos americanos na reformulação do ensino
brasileiro. E o que os ianques propunham? Acabar com as discussões políticas na universidade:
estudante deveria apenas ser mão-de-obra qualificada para atender as multinacionais aqui
instaladas. Além disso, o governo queria que o ensino superior fosse pago. Ou seja, faculdade só
para minoria de classe média alta para cima.

Mas a UNE estava lá para lutar contra. Época gloriosa do movimento estudantil. Coragem, sonhos
libertários, utopia na alma. A juventude queria o poder no mundo! Os estudantes iam para a rua
contra um governo que esculhambava a universidade pública, contra um regime militar. Apesar de
proibidas, suas passeatas nas ruas atraíram cada vez mais participantes, de operários e boys a
donas de casa e profissionais liberais. A grande imprensa chamava-os de ―infantis‖, ―toxicômanos‖,
―desequilibrados‖. A polícia atacava. Cassetetes, gás lacrimogêneo, caminhões brucutu. Eles
respondiam com pedras, bolas de gude (contra a cavalaria da PM), coquetéis molotov e idealismo.
Os principais líderes estudantis estavam no Rio de Janeiro: Vladimir Palmeira e Luís Travassos.

Voltando no tempo...

Imagine que você, com sua idade atual, acaba de voltar no tempo. Estamos em 1968, no Rio de

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Janeiro. Em que é que você está pensando? O que é que você faz no dia-a-dia?

Imagine que você é de classe média e está se preparando para o vestibular. Assustador. A faculdade
tem vagas reduzidas. Aliás, essa é uma das bandeiras do movimento estudantil: alargar o funil que
desemboca na universidade. Que curso você vai seguir? A maioria quer ser engenheiro, médico,
advogado. Mas tem gente que quer conhecer o Brasil para transformá-lo: vão estudar sociologia,
história, filosofia e até economia. Um amigo seu diz, brincando, que tem um professor de sociologia
da USP que um dia ainda vai ser presidente da República.

Na faculdade, quem não é de esquerda está por fora. Claro que há uma povão de gente alienada,
que nem dá bola para o que acontece no país. Mas você e seus amigos são conscientizados. O
problema é que existe uma floresta de partidos e grupelhos de esquerda: PC do B, AP, Polop,
Dissidência na Guanabara e tantos outros (sigla era um troço importante naquela época). Só não vale
o PCB, que não é bem visto pela garotada, que o chama de ―Partidão‖. Parece com um velho sábio
que não dá mais no couro. Na verdade, o fato de o PCB não aceitar a luta armada contra o regime
tira o charme dele. Afinal, todos temos pôster de Che Guevara e Ho Chi Minh na parede de casa e
gostamos de nos imaginar na selva entre os camponeses, com idéias na cabeça e um fuzil na mão.

As pessoas lêem o suficiente para não se sentirem alienadas. Estamos em 1968 e alguns autores
são obrigatórios: Leo Huberman, Engels, Lênin, Nélson Werneck Sodré, Caio Prado Jr, Moniz
Bandeira e o famoso manual marxista de Politzer. Quem não leu, ouviu falar. O que é suficiente para
participar de um debate, que é o que mais interessa. Para os mais metidos a espertos, cabe citar
Marcuse, Althusser, Gramsci e Erich Fromm.

No corredor da faculdade, vocês discutem política. Baixinho, mas escancarado (até 1968 ainda dava
para fazer isso). De um lado, os que acham que primeiro devem organizar os trabalhadores para
depois partir para luta armada, do outro, os que acham que a luta armada organizará os
trabalhadores. Isso mesmo que você está lendo: na cabeça do pessoal, a revolução está ali na
esquina. É só pegar.

Hoje tem passeata convocada pela UNE. Na faculdade, pintamos as faixas com os dizeres manjados
como ―Abaixo a ditadura‖ e o provocativo ―Povo armado derruba a ditadura‖. Vamos para a passeata?
É um problema. Sua mãe tem medo, seu pai (na época, é claro, lembre-se de que estamos em 68)
apoiou o golpe. Melhor ir escondido. Se você é mulher pior, porque tudo é proibido: freqüentar boate,
beber, chegar em casa tarde da noite, viajar com o namorado e, óbvio, ir à passeata. Portanto, mais
uma que vai escondida alegando que ia ―ficar na biblioteca estudando‖.

Lá está você com o pessoal, no centro da cidade. Gritando palavras de ordem contra o regime. Dos
edifícios, papel picado e aplausos. O apoio dos escritórios te enche de autoconfiança e você
realmente se sente fazendo algo de importante na história do Brasil. Na cabeça, o grande hino da
época, Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré: ―Vem, vamos embora / que esperar
não é fazer / quem sabe faz a hora / não espera acontecer‖...

De repente, chegam os homens. Marcham juntos, compactos, uma massa sem indivíduos. É a
polícia. Escudo, cassetete de madeira, capacete protegendo o miolo mole. Corre que eles estão
vindo! Dá tempo de pixar o muro com o spray ―Abaixo a repressão!‖ Sai fora. O cheiro de gás
lacrimogêneo incomoda. Hora de botar a pastilha de Cebion debaixo da língua, lenço molhado no
nariz. O pau cantou! Contra a violência cega, a consciência estudantil, contra a brutalidade do
Estado, pedradas, xingamentos e alma libertária transbordando.

Não há graça nenhuma. Tem gente que sai com o rosto ensopado de sangue, hematomas pelo
corpo, dentes quebrados, Muitos são presos e empurrados para o carro coração de mãe. Haja
claustrofobia. Seguirão para a delegacia, para serem fichados, humilhados e levar uns cascudos. Só
no final do ano é que a polícia começa a atirar para matar.

Se você não apanhou muito nem foi preso, dá para chegar num barzinho no começo da noite, Depois
de uns chopes, ou cuba-libre (rum com Coca-Cola), todo mundo ficava animado para contar pela
décima vez suas proezas, sempre um pouquinho exageradas, é claro. Você pode estar
interessado(a) numa pessoa, num cara ou numa menina. (Mas não há duplo sentido: o
homossexualismo não era tolerado nem pela esquerda. Ser bicha era quase sinônimo de ser contra-
revolucionário. Muitos guerrilheiros machos se remoeriam de culpa pelos anônimos desejos
inconfessáveis. Só no final dos anos 70 as mentalidades começaram a mudar.) Pois bem, se você

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estivesse a fim de alguém, logo trataria de falar alto para aparecer. Essas coisas não mudaram
demais desde então, não é mesmo? Um bom caminho era se mostrar intrépido no combate aos
policiais e, ao mesmo tempo, estar por dentro das últimas novidades culturais.

No cinema, contavam muito os filmes intelectualizados. O esquema de Hollywood, bajulando atores e


espetáculos, não estava com nada. Pelo menos nos papos-cabeça. O negócio era filme de diretor-
autor. Antonioni (Blow-up, 1967, e , Zabriesky Point, 1969), Jean-Luc Godard (A Chinesa, 1967),
Pasolini, Bergman, Visconti, Fellini e o nosso Glauber Rocha ( Terra em Transe, 1967, Dragão da
Maldade contra o Santo Guerreiro, prêmio de Cannes 1969 como melhor diretor), É claro que
também se via muita coisa comercial... Aí as estrelas eram Marlon Brando, Richard Burton, Marilyn
Monroe, Sophia Loren, Jane Fonda, Paul Newman, Marcelo Mastroiani, Alain Delon e, claro, Jane
Fonda, que depois de posar nua virou militante contra a Guerra do Vietnã.

Em literatura, a turma gostava de coisas engajadas como obras de Brecht, Maiakovski, Pablo Neruda,
Gorki, Sartre. Mas também valia Franz Kafka, o judeu tcheco que escrevia em alemão sobre o
absurdo da sociedade burocrática. O americano Henry Miller descrevia o sexo com uma crueza tão
violenta que achavam que era arte. Quem já gostava de misticismo lia Hermann Hesse.

Claro que ninguém era um chato de ir a um bar e ficar conversando sobre coisas intelectuais e
políticas o tempo inteiro. Isso só existe em série da Globo. As pessoas também dançavam, iam a
festas, bebiam além da conta, namoravam, iam às compras, estudavam para as provas.

Toda menina moderninha falava de amor livre. Anticoncepcional era a pílula da moda. Entretanto,
mesmo entre o pessoal de esquerda, havia muito conservadorismo. A maioria das moças casaria
virgem mesmo e, no máximo, permitiriam algumas carícias avançadas. Mulher que transasse com
alguns caras era vista como ―galinha‖, e certamente ninguém iria querer algo mais ―sério‖ com elas.
Como já ensinava Maquiavel no Renascimento italiano, os preconceitos têm mais raízes do que os
princípios.

O fechamento do regime (mais ainda!)

A esquerda voltava a crescer no Brasil. Nas ruas, as passeatas contra o regime militar começavam a
reunir milhares de pessoas em quase todas as capitais. Diante disso, a direita mais selvagem partiu
para suas habituais covardias. Aliás, covardia era a especialidade da organização terrorista de direita
CCC (Comando de Caça aos Comunistas). O nome já diz tudo. Consideravam que a esquerda era
feita por mamíferos a serem abatidos. Os trogloditas, então, atacaram os atores da peça Roda Viva,
de Chico Buarque, em São Paulo, Surraram todo mundo, inclusive a atriz Marília Pêra. Depois,
metralharam a casa do arcebispo D. Hélder Câmara, em Recife (alguns membros da Igreja Católica
estavam deixando de bajular o regime). Em São Paulo, os filhinhos-de-papai da Universidade
Mackenzie (onde nasceu o CCC) agrediam os estudantes da USP, na rua Maria Antônia, valendo
desde pedradas até tiros de revólver.

De acordo com o jornalista Zuenir Ventura, o fanático brigadeiro João Paulo Burnier elaborou um
plano criminoso, o Para-Sar. Uma loucura: os pára-quedistas da aeronáutica, secretamente,
pegariam os inimigos do regime e jogariam do avião no mar alto, a uns 40 quilômetros da costa. Além
disso, havia o projeto de explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, começo da avenida Brasil, área
industrial e de trânsito engarrafado. Morreriam umas 10 mil pessoas queimadas. Tragédia nacional.
Burnier botaria a culpa nos comunistas e, com a população querendo o linchamento dos
responsáveis, prenderia os esquerdistas e os executaria sumariamente. Que coisa diabólica, não? Só
não se concretizou graças à bravura e ao patriotismo de um militar da aeronáutica: o grande brasileiro
capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o Sérgio Macaco. A operação teve de ser cancelada.
Mas o capitão Sérgio foi afastado da Aeronáutica.

A greve operária de Contagem terminou com acordo salarial entre patrões e empregados: Mas em
Osasco a coisa foi diferente. Ela tinha sido bem melhor preparada, inclusive com participação de
estudantes esquerdistas na organização do movimento. O governo então falou grosso. O sindicato
dos metalúrgicos foi invadido e o presidente, José Ibraim, teve de se esconder da polícia. O exército
preparou uma operação de guerra e ocupou as instalações industriais. A partir daí, quem fizesse
gracinha de greve teria de enfrentar os blindados e fuzis automáticos. Ou seja, as greves acabaram.

Contra os meninos e meninas do movimento estudantil, foram lançados homens armados até os

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dentes. Agora passeata começava a ser dissolvida a bala. No Calabouço, um restaurante carioca
freqüentado por estudantes, a polícia militar assassinou um rapaz, Édson Luís. Nem a missa de
sétimo dia, na catedral da Candelária, foi respeitada pela polícia, que baixou o sarrafo nas pessoas
que saíam do templo. Em resposta, a maior passeata já vista na avenida Rio Branco: a célebre
Passeata dos Cem Mil (26/6/1968). Era a multidão, bonita, vigorosa, olhando para a vida, exigindo a
mudança.

Os militares estavam apavorados. Até onde aquilo tudo iria levar? Concluíram que precisavam
endurecer mais ainda o regime. E endureceram. As passeatas de estudantes passaram a ser
reprimidas pelas próprias Fonas Armadas e muitos estudantes foram baleados. Agora, em vez do
cassetete, vinha o fuzil automático. O congresso secreto da UNE, em Ibiúna (SP) foi dissolvido, com
1240 estudantes presos.

O pior estava por vir. Faltava só o pretexto.

No Congresso Nacional, o jovem deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, fez um discurso em que
recomendava que as mulheres não namorassem os militares envolvidos com as violências do regime.
O que seria do país, se os oficiais não namorassem? Ficariam com o fuzil na mão? Os generais
exigiram sua punição, mas o Congresso não permitiu.

Foi, então, que saiu o Ato Institucional nº 5, o AI-5, numa sexta-feira, 13 de dezembro de 1968. Claro
que o caso do deputado era só desculpa. Tratava-se, na verdade, de aumentar a repressão e
silenciar os opositores.

O AI-5 foi o principal instrumento de arbítrio da ditadura militar. Com ele, o general-presidente
poderia, sem dar satisfações a ninguém, fechar o Congresso Nacional, cassar mandatos. de
parlamentares (isto é, excluir o político do cargo que ocupava, fosse senador, governador, deputado
etc.), demitir juízes, suspender garantias do Poder Judiciário, legislar por decretos, decretar estado de
sítio, enfim, ter poderes tão vastos como os dos tiranos.

Tem gente que chega a falar do ―golpe dentro do golpe‖. Se a ditadura já era ruim, agora ela
piorava.E muito!

Da Constituição de 1988 ao Plano Real

Nas eleições de 1986, os deputados federais e senadores, além de ir para o Congresso, ficaram com
a tarefa de elaborar a nova Constituição.

Por causa do Plano Cruzado, que congelou os preços, o PMDB recebeu uma avalanche de votos.
Assim, o presidente da Assembléia Nacional Constituinte foi o deputado paulista (PMDB) Ulisses
Guimarães.

Desde o início dos trabalhos, a Constituinte se dividiu em dois grupos de políticos. De um lado, o
bloco progressista, formado por parlamentares dos partidos de esquerda (PT, PCB, PC do B), e de
centro esquerda (PDT e um pessoal do PMDB que, na maioria, depois fundaria um novo partido, o
PSDB). Do outro lado, o bloco do centrão, formado por políticos conservadores (no Brasil, a direita
tem vergonha e gosta de se dizer ―de centro‖), basicamente do PFL, PDS, PL, PTB e vários do
PMDB.

O PFL (Partido da Frente Liberal) era formado por políticos ligados à burguesia, muitos foram

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membros do regime militar e originários do PDS. No PFL estavam políticos tradicionais,


particularmente do Nordeste, como é o caso do baiano Antônio Carlos Magalhães. O PL era uma
espécie de minifilial do PFL, ou da UDN, ou da Arena, ou do PDS. O PTB, já vimos, nada tinha a ver
com o antigo PTB de Jango, Getúlio e Brizola. Era só o nome para um partido agrupando gente
próxima do PDS e do PFL. O PMDB, como acabamos de falar, estava dividido entre uma ala mais
conservadora e outra que defendia reformas inspiradas nas idéias social-democratas (caso dos
senadores Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas que, mais tarde, fundariam o PSDB).

Não foi fácil elaborar a Constituição. Havia muitos interesses em disputa e os lobbies (grupos que
buscam apoio de alguns políticos para pressionar o Congresso para fazer certas leis) de
latifundiários, multinacionais, militares e até do presidente Sarney, marcavam em cima dos
constituintes.

Finalmente, a Constituição foi promulgada em 1988 e é a que está em vigor atualmente. (Em termos:
chegamos a 2014 num país cuja "constituição" tem mais emendas que artigos e incisos!)Tem seus
problemas e muitas vezes dá a impressão (hehehe) de que foi feita de improviso. Ela sempre parece
nos lembrar de que no Brasil fazem muitas leis porque elas nunca são cumpridas. De qualquer modo,
é sconsiderada a mais democrática que nós já tivemos.

São muitas as novidades e pontos importantes. Vamos destacar alguns:

Garantia maior dos direitos humanos contra a arbitrariedade do Estado – Este é um ponto que muitos
brasileiros ignoram: o Estado tem obrigações para com o cidadão, e também possui limites. Quem
respeita a lei jamais poderá ser coagido pelo governo. O Estado não pode fazer o que quiser com o
cidadão. O Estado também é obrigado a seguir a lei.

A pena de morte e a tortura são proibidos pela Constituição – Se a polícia pudesse prender, torturar e
matar quem ela quisesse, para que serviriam juízes e tribunais? Para que serviriam as faculdades de
Direito? A questão é simples: a lei ou o faroeste. Se você acha que a lei deve prevalecer sobre a
selvageria do bangue-bangue, então até a polícia tem de obedecê-la. E a lei é clara: todos têm direito
á um julgamento, ninguém pode ser torturado, ninguém pode ser executado. A defesa desses direitos
elementares para todo mundo, inclusive para os bandidos, é a garantia de que o Estado está sob
controle do cidadão. Se a polícia virar grupo de extermínio, ou seja, agir contra a lei, como ela poderá
defender a lei? Como a sociedade poderá confiar nela, já que a polícia faz o que quer? Como evitar
que ela passe a dominar a sociedade, impondo uma espécie de ordem fascista? Quando a gente
exige que os bandidos sejam tratados dentro da lei (julgamento, sem tortura etc.) estamos garantindo
que o cidadão comum também será tratado legalmente. A defesa dos direitos humanos para todas as
pessoas protege os inocentes contra as arbitrariedades do Estado.

Direitos do cidadão – Nos anos 90, uma das palavras da moda era cidadania. Ela expressa a idéia de
que todos os cidadãos têm direitos que devem ser respeitados pelo Estado: o direito de liberdade
individual, o direito de poder interferir no governo, direito à segurança, à educação, à saúde, à
habitação, ao emprego. Está tudo isso na Constituição de 1988. Mas nos anos 90, a sociedade
estava tomando consciência de que não deveria ficar de braços cruzados, aguardando que as
atitudes do governo caiam do céu. Os cidadãos organizados (associações, sindicatos etc.) devem
cobrar do Estado a prestação desses serviços. Esta é a grande idéia democrática de nossos tempos:
a sociedade civil se organiza para lutar e conseguir o respeito a seus direitos de cidadania.

Garantias constitucionais – A Constituição estabelece vários dispositivos que defendem o cidadão


quando seus direitos são negados. Os principais são:

Habeas-corpus. Se você foi preso ou vai ser preso injustamente (você não desrespeitou a lei), seu
advogado pode pedir ao juiz um habeas corpus para livra-lo da polícia imediatamente. Repare que as
ditaduras adoram suspender o direito de habeas corpus, exatamente para fazer prisões ilegais à
vontade.

Habeas-data. É o direito de todo o cidadão de saber o que está na sua ficha em posse da polícia ou
de um órgão de segurança do governo. Acabou esse negócio de o governo te fichar sem você saber.

Mandado de Segurança. Protegem o cidadão quando seus direitos estão prestes a ser
desrespeitados por uma instituição. Agora, existe também o mandado de segurança coletivo, isto é,

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impetrado por sindicatos e associações da sociedade civil.

Mandado de injunção. Assegura o exercício de um direito garantido pela Constituição.

Ação popular. Qualquer cidadão brasileiro pode impetrar uma ação contra um órgão público e
também contra as pessoas que se beneficiarem de uma atitude inconveniente do governo. A ação
popular pode ser feita quando o cidadão considera que a sociedade está sendo ameaçada por
corrupção no governo, ou por desrespeito ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural, Ou
seja, se você tiver provas contra algum funcionário público ou político, ou se alguma empresa estiver
poluindo sua cidade, por exemplo, trate de entrar com uma ação popular contra eles. Vão ter de parar
e podem ir até para a cadeia. Um belo instrumento democrático, não é verdade? E em alguns casos
até já funcionou mesmo.

Igualdade de direitos fundamentais entre homens e mulheres Agora, ―chefe de família‖ é o casal.
Trabalhos iguais, salários iguais, sem discriminação Vitória contra o machismo.

Racismo é crime. Antes era apenas contravenção (crimezinho, tipo jogar no bicho). Agora, dá cadeia.
Ou seja, se você vir alguém cometendo alguma discriminação (clube que não deixa negro entrar,
jornal que diz tolices anti-semitas, grupos que atacam orientais etc.) chame a polícia que o cara vai
preso na hora. Sem direito a pagar fiança.

Fim da censura. Acabou esse negócio de um idiota da polícia federal decidir o que a gente pode ler,
os filmes que a gente pode assistir ou as músicas que podemos ouvir. Agora, todos têm direito de se
manifestar livremente. Claro que isso não te dá direito de mentir, de caluniar, Você pode defender as
idéias, mas não o desrespeito à lei,

Novos direitos trabalhistas. A jornada de trabalho semanal máxima passou a ser de 44 horas (era de
48). Além disso, o pagamento da hora-extra é obrigatório e vale 50% mais do que a hora comum de
trabalho. Nas férias, o trabalhador recebe o salário normal, acrescido de um terço. Se o trabalhador
for despedido, ele recebe uma indenização de 40% do valor de seu FGTS. A mulher que vai um ter
um filho ganhou o direito de ficar em casa, recebendo salário do patrão. É a licença-gestante, que
vale por 120 dias (antes, eram só 89). 0 trabalhador rural passou a ter os mesmos direitos
trabalhistas do trabalhador urbano, incluindo carteira assinada, 13° salário, férias remuneradas e
aposentadoria.

Novos direitos sindicais. Agora, o Estado está proibido de intervir nos sindicatos. Mas continuou a
unicidade sindical, ou seja, em cada região só pode existir um único sindicato por categoria. Também
foi mantido o imposto sindical, que ajuda a manter sindicatos pelegos (foi criado no tempo de Vargas,
lembra? Reveja a pág. 277). Agora, o direito de greve é irrestrito, mas nos setores essenciais
(hospitais, transportes, energia elétrica etc.) é preciso avisar com antecedência e manter um
funcionamento mínimo.

Novos direitos políticos. Agora, pessoas com 16 anos para cima e analfabetos já podem votar. Antes,
eram excluídos. Para ser candidato, é preciso ter pelo menos 18 e não ser analfabeto.

Eleições em dois turnos. Para presidente, governador e prefeito de cidades com mais de 200 mil
eleitores, a eleição poderá ser em dois turnos. Caso nenhum candidato tenha superado 50% do total
de votos válidos (não contam os brancos e nulos), haverá um segundo turno com a disputa de
somente os dois mais votados no primeiro turno. O voto, claro, é direto e secreto.

Mandatos. Originalmente, o mandato do presidente era de 5 anos. Os deputados, governadores e


prefeitos são eleitos por um período de 4 anos. Os senadores, de 8 em 8 anos.

Ampliação dos poderes do Congresso Nacional. Agora, o Congresso tem várias atribuições que não
possuía no tempo do regime militar. Na verdade, o presidente da República (chefe do Poder
Executivo) tem de governar negociando com o Congresso. O Congresso Nacional se dedica
fundamentalmente a fazer leis. Mas ele também atua como fiscal da sociedade. Por exemplo, por
meio das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) apanhou o esquema ilegal do presidente
Collor com PC Farias. O Congresso também ganhou o direito de aprovar ou vetar o Orçamento Geral
da União. Ou seja, o presidente da República apresenta um plano de gastos para o ano que vem e
que deve ser aprovado por deputados e senadores. O Congresso Nacional também pode reformar a
Constituição, mas para isso há necessidade de três quintos de votos do total de deputados e

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senadores.

Medida provisória. No tempo da ditadura, existia o decreto-lei. O general-presidente decretava uma


lei e ela passava a valer imediatamente. Se depois de um mês o Congresso não se pronunciasse
contra o decreto (poderia estar fechado, por exemplo), o decreto passava automaticamente a valer
como lei ordinária (comum). Isso acabou. Agora, existe a medida provisória, que tem um prazo de 30
dias para ser examinada pelo Congresso. Se depois de um mês o Congresso votar contra ou não
votar nada, a medida é imediatamente anulada. Na prática, a Medida Provisório funciona de maneira
mais autoritária e permanente que os Decretos-Lei da Ditadura Militar.

Reforma Agrária. Está prevista na Constituição, mas a lei oferece tantas dificuldades, que os
latifundiários comemoraram quando ela foi aprovada. Na verdade, só se pode fazer reforma agrária
em terra improdutiva. Mas a lei não é clara a respeito do que é terra produtiva ou não. Em outras
palavras, neste terreno, crucial para a conquista da justiça social neste país, não se avançou um
milímetro.

Proteção ao índio. As comunidades indígenas terão suas terras demarcadas. Isso trouxe um
problema grave. Muitas dessas áreas são ricas em minerais, e cobiçadas por empresas
multinacionais. Os militares (com certa dose de razão) também temem que os EUA, por exemplo,
inventem que esses povos indígenas devem ficar ―independentes do Brasil‖ e enviem tropas para a
região. Assim, o Brasil perderia territórios riquíssimos. A preocupação é séria mesmo. Em vários
programas de televisão na Europa e nos EUA, aparecem filmes que escancaram que a Amazônia
deveria pertencer ao mundo inteiro e não ao Brasil. Em nome da defesa dos índios (realmente
ameaçados pelos donos de madeireiras e garimpeiros), cobram um pedaço do nosso país. Olho vivo!
Além de os norte-americanos seguirem de olho num pedação do nosso país, os índios continuam
desassistidos.

*** O Partido (dito) dos Trabalhadores se recusou a assinar a Constituição e chegou mesmo a
expulsar pelo menos uma parlamentar que, eleita pelo Partido, preferiu assiná-la. No poder desde
2003 o PT, coerentemente, além de não cumprir, modifica a Constituição através de Decretos e
Emendas Constitucionais engendradas no Planalto e levadas a efeito pelos parlamentares
subordinados ao Executivo.

Proteção ao meio ambiente. Ainda faltam muitas leis. Afinal de contas, o que mais temos são grandes
empresários lucrando fortunas com fábricas que poluem o ar e as águas e que destróem as florestas.
Depois, pegam o avião e vão respirar ar puro na Suíça, enquanto nossos bebês de Cubatão (SP)
nascem sem cérebro. Agora, a Floresta Amazônica, a Serra do Mar, a Mata Atlântica e o Pantanal se
tornaram patrimônio nacional.

A Constituição tem ainda muitos defeitos e limitações mas é, no geral, razoavelmente democrática.
Existe a possibilidade de ela ser modificada com três quintos dos votos de todos os deputados e
senadores. Nos anos 90, se fala muito em fazer uma reforma constitucional. Alguns pontos já foram
alterados. Por exemplo, originalmente, a Constituição assegurava certos privilégios para as empresas
brasileiras. Agora, as empresas multinacionais têm os mesmos direitos que as empresas nacionais. O
mesmo artifício vem sendo utilizado para questionar e minar direitos históricos que os trabalhadores
conquistaram através de lutas dificílimas neste país ao longo dos séculos.

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Avanços? Só no papel...

A Constituição guarda em si a possibilidade de ser modificada. Inclusive para pior, o que,


infelizmente, tem acontecido neste mundo tristemente tendente à direitização e fascistização
internacional em nome de abstrações desumanas e inumanas como o ―neoliberalismo‖ e a
―globalização‖.

Parece um jaula de ferro inescapável que aprisiona todo o mundo - os poucos muito ricos
encarcerados em seus condomínios fechados e fortificados, deslocando-se em carros blindados
cercados de Seguranças e os mais pobres presos do lado de fora. Há um movimento crescente
contra essa perversão monstruosa em que nos enfiaram.

Foi com esta Constituição já promulgada que correram as eleições presidenciais de 1989. Vejamos
de perto aquela campanha.

Collor de Mello, o dragão da maldade, contra o „Santo Guerreiro‟

Depois de quase trinta anos, finalmente os brasileiros puderam votar direto para presidente da
República. A ditadura militar durou 25 anos. De 1964 até 1989 o povo em nada participou das
decisões diretas do Executivo Nacional, por 25 anos completamente subserviente aos quartéis. Na
primeira eleição, claro, as chances de se eleger um cidadão egresso do regime que vigorou e
governou este país por tanto tempo era de fato concreta. As chances, contudo, de finalmente vermos
as coisas modificadas na direção popular também eram concretas e, portanto, o entusiasmo popular
era justificadamente formidável, com quase todo mundo querendo se informar, debater e votar com
inteligência.

As primeiras pesquisas de 1989 apontavam a liderança das candidaturas de Brizola (PDT) e de Lula
(PT). Teria o Brasil um presidente de esquerda? Os grandes empresários roíam as unhas: quem será
nosso candidato?

Os jovens talvez tivessem a resposta. Pela primeira vez, o pessoal a partir de 16 anos poderia votar.
Uma juventude que vinha sendo reprimida e moldada. Consumismo, individualismo egoísta,
futilidade, esses eram os valores que choviam sobre a cabeça da moçada. Geração Coca-Cola. Nos
anos 80, da Era Reagan, o herói era o pouco-cérebro-muitos-músculos do cinema americano: Rambo
(Silvester Stallone). O guerrilheiro tinha deixado de ser ídolo. O pôster de Che Guevara foi para a lata
de lixo. Agora, o ideal era o yuppie, o rapaz que abandonou a contestação e que se realiza
existencialmente ganhando muito dinheiro na Bolsa de Valores e consumindo feito um mauricinho.
Academia de ginástica, shopping, computador, amar a si mesmo. A TV Globo se tornava uma Bíblia.
Como seriam então os anos 90? Muito diferentes?

Foi quando apareceu o Caçador de Marajás. Fernando Collor de Mello. Veio quase como que do
nada e, de repente, as pesquisas o apontavam como o favorito para vencer as eleições presidenciais
de 1989. Como será que ele conseguiu isso?

Collor nasceu em família tradicional de políticos. Seu avô, Lindolpho Collor, tinha sido ministro de
Getúlio: Seu pai, o senador Arnon Mello (UDN), ficou conhecido por ter assassinado a tiros um colega
durante uma sessão do Congresso. Deve ter sido assim que o filho aprendeu a fazer política de
impacto. Logo depois que se casou pela primeira vez, com uma milionária, Fernandinho ganhou de

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presente dos militares a prefeitura da cidade ―estratégica‖ de Maceió. Isso mesmo, uma prefeitura de
presente de casamento. Claro que ele não tinha sido eleito. Era o tempo da ditadura e os prefeitos de
capitais eram escolhidos. Bastava ser homem de confiança do regime militar. E Collor foi de
confiança. No Colégio Eleitoral, mostrou ser um fiel deputado do PDS, votando em Paulo Maluf contra
Tancredo Neves. Aí os tempos mudaram. Sarney saiu do PDS e foi para o PMDB. Tancredo foi para
o beleléu e Sarney ganhou a presidência de graça. Collor aproveitou para mostrar suas habilidades
atléticas na modalidade esportiva ―salto para onde estiver bom‖: foi para o PMDB, se derramou em
elogios à Nova República e só faltou dar um beijinho na boca de Sarney. Aproveitando o entusiasmo
pelo Plano Cruzado, Collor foi eleito governador de Alagoas. Naquela época começou a sonhar com
a presidência. Bolou um excelente esquema publicitário: perseguir funcionários públicos com altos
salários, os chamados marajás. Os jornais do país não poupavam elogios ao jovem governador que
―combatia a corrupção‖. Nem todas as reportagens, porém, mostravam que por trás daquele carnaval,
Collor distribuía cargos públicos para parentes de sua nova mulher (Rosane) e perdoava as dívidas
dos usineiros de açúcar com o governo do Estado.

A política eleitoral partidária é, via de regra, um completo absurdo. Collor foi mais um exemplo. O
homem que tinha sido malufista e do PDS arrebatou o país com a imagem de que era novo na vida
política nacional. Um esquema publicitário caríssimo tratava de divulgar a idéia de que Collor era o
único candidato que ―não tinha rabo preso‖. As grandes redes de televisão adoraram seu discurso
demagógico e passaram a dar cada vez mais espaço. Grana, poder e cara-de-pau, eis a receita para
o sucesso collorido. Seu partido, o PRN (Partido de Reconstrução Nacional), arrebanhava antigas
figuras do regime militar, vindas do PDS e do PFL. Muitos deles notórios envolvidos em falcatruas e
maracutaias. Assim, o marajá, milionário dono de duas empresas de televisão, conquistava o coração
dos pobres dizendo-se o único político capaz de ajudá-los. De sarneísta no tempo do Plano Cruzado,
passou a atacar o Sarney quando percebeu que este era um excelente caminho para a popularidade.

O vencedor disparado do primeiro turno das eleições presidenciais de 1989 foi Fernando Collor. Ele
representava a materialização dos novos valores: jovem, empresário, moto, esportes, ascensão
vertiginosa, beleza, televisão, consumo, autoconfiança.

A emoção ficou por conta da disputa do segundo lugar, para ver quem iria brigar com Collor no
segundo turno - Lula ou Brizola? (Mário Covas, do PSDB, ficou em quarto lugar.)

Leonel Brizola (PDT) teve resultados excepcionais no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, estados
onde tinha sido governador. Sua campanha era centrada nos princípios nacionalistas e reformistas,
ao estilo do velho PTB do começo dos anos 60, e temperada com a social-democracia européia, na
qual Brizola tinha vários amigos. Atacava as multinacionais e os banqueiros estrangeiros, acusando-
os de sugar a economia brasileira, como se fossem um monstruoso pernilongo. Para Brizola, as
―perdas internacionais‖ seriam a origem de todos os problemas brasileiros. O problema é que além do
Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, o PDT tinha poucos votos.

O PT já estava organizado em quase todo o país. Em 1988, já tinha mostrado sua força, elegendo
prefeitos em diversas cidades importantes do país. Sua grande força são os militantes do PT,
geralmente estudantes e sindicalistas, que trabalham de graça, só por idealismo. Isso não é
propaganda, é um fato que os adversários do PT reconhecem. O PT também contava com o apoio de
católicos leigos e de padres progressistas ligados à Teologia da Libertação, uma espécie de
socialismo cristão. Os petistas conseguiram muitos votos graças ao trabalho da Igreja nas CEBs
(Comunidades Eclesiais de Base). O socialismo não era mais visto como uma coisa do diabo.
Resultado: Lula venceu Brizola por uma leve vantagem.

No segundo turno, Brizola falou em ―engolir o sapo barbudo‖ e apoiou Lula com sinceridade,
transferindo muitos votos para o candidato petista. Além do PSB e do PC do B, Lula tinha agora o
apoio do PCB de Roberto Freire e até dos tucanos do PSDB, apesar de esses últimos terem ficado
meio em cima do muro.

Então, o inesperado aconteceu. Lula começou a subir nas pesquisas e a encostar em Collor. Veio o
primeiro debate. (Collor, antidemocrático, ainda não tinha ido a nenhum.) Para muitas pessoas,
Collor, que fez faculdade, venceria facilmente Lula, o torneiro mecânico. Mas o contrário aconteceu.
Lula mostrou que valia a experiência de anos de assembléias sindicais. Entre os peões, todo mundo
igual, só prevalece a idéia de quem tem cérebro e sabe argumentar. Foi nessa excelente escola que
Lula tinha aprendido a debater. Irônico, ágil nas respostas, mostrando conhecer mais dados

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econômicos do que o adversário, surpreendeu o país no debate apresentado pelas tevês. Collor foi
trucidado. E, nas semanas seguintes, Lula empatava nas pesquisas. A esquerda brasileira estava a
um passo do poder.

A assessoria de Collor preparou o troco. No horário eleitoral, apresentava vídeos com uma tecnologia
caríssima, impossível nos programas do adversário. Até uma ex-namorada de Lula foi convocada
para falar mal dele. Espalhavam o boato de que a vitória do PT significaria ―a ignorância no poder‖.
Os erros de gramática de Lula, bem maiores do que os de Collor, apavoravam a classe média. O
apoio de tantos intelectuais a Lula era visto como uma excentricidade da esquerda.

No segundo debate entre os candidatos, Collor foi bastante agressivo, valendo-se de um candidato
cansado (tinha feito vários comícios no mesmo dia) e talvez confiante demais. Nesse enfrenta mento
decisivo, Collor, homem rico, dizia que não tinha dinheiro ―para comprar uma aparelhagem de som
igual à de Lula‖. Ridículo, mas eficaz. Lula, tolamente, perdeu-se em ficar criticando a má atuação de
Collor como governador em Alagoas: será que tinha confundido a eleição para a qual era candidato?
Na mesma época, alguns jornais deram a entender que militantes do PT faziam parte de quadrilhas
de seqüestradores. Apesar do conteúdo falso das insinuações, muita gente ficou assustada. O velho
anticomunismo troglodita foi acionado e espalhou-se o boato absurdo de que Lula seria defensor dos
regimes comunistas do Leste europeu e que, se ele ganhasse as eleições, o país viraria um caos,
com os empresários parando de investir e fugindo para Miami. Bem, era difícil negar que uma vitória
de Lula provocaria uma comoção no meio empresarial. O próprio PT também não tinha sido muito
claro a respeito de seu programa de governo. No fundo, a população temia a instabilidade. E estaria
completamente equivocada em seus receios?

O vale-tudo para eleger Collor contava com a colaboração da poderosa Rede Globo, ou melhor, a
"Rede Gllobo". No Jornal Nacional, noticiário noturno, a TV Globo manipulou as imagens do debate:
só aparecia Collor dizendo coisas inteligentes e Lula dizendo bobagens. Como se fosse o confronto
entre o gênio e santo com o jumento encapetado. Resultado: Collor venceu as eleições. Vitória
apertada, mas que aliviou as classes dominantes. As elites podiam comemorar, com champanhe e
caviar, e o povo mais humilde, com pão e água. Saiba mais sobre as constantes manipulações
da Rede Globo de Telealienação lendo este trabalho: Rede Globo de Telealienação, que publiquei
a 28 de agosto de 2004.

Collor de Mello, Neoliberalismo e Globalização

Simon Hartog, em seu documentário "Beyond Citizen Kane" levado ao ar na BBC em 1993, mostra a
dimensão e a influência da Rede Globo na vida do brasileiro (Uma influência maior que a vida). O
documentário mostra filmagens da rede em seus maiores momentos e mostrando que por trás de
toda essa glória e sucesso reside uma empresa poderosa, com um enorme poder sobre as pessoas,
incluindo artistas, políticos, e muitos outros. Controvérsias envolventes a criação da rede, aliados com
o regime militar durante 20 anos, a notícia falsa ea cobertura infame do debate presidencial em 1989
são mostrados com os comentários de várias pessoas famosas, incluindo os ex-diretores e jornalistas
que trabalharam na Globo .

Durante toda a campanha, Collor acusou Lula de querer confiscar o dinheiro das cadernetas de
poupança. Pois assim que assumiu a presidência, ordenou que o dinheiro das poupanças fosse
bloqueado. Ninguém poderia sacar além de uma certa quantia e o governo só devolveria o dinheiro
depois de um ano, em prestações.

A ministra Zélia Cardoso de Mello comandava as mudanças econômicas. Ela acabou com o cruzado
e fez a moeda voltar a ser o cruzeiro; os preços foram congelados, embora os aluguéis, as
mensalidades escolares e a tarifas elétricas continuassem sendo reajustados; foram extintos o IAA
(Instituto do Açúcar e do Álcool) e o IBC (Instituto Brasileiro do Café), tidos como empresas estatais
que só serviam para atrapalhar agricultura.

O projeto econômico do governo Collor era apoiado no neoliberalismo. Segundo Fernandinho e Zélia,
este seria o caminho para o país ingressar no Primeiro Mundo. Vamos entender como é que
o neoliberalismo apareceu no mundo?

O capitalismo vivia uma profunda transformação desde a crise internacional de 1973. Em primeiro
lugar, as empresas multinacionais passaram a ser responsáveis pela maior parte do volume de

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produção e comércio do mundo. O que significa que os investimentos no estrangeiro eram cada vez
maiores e a economia se tornava globalizada: um produto poderia ser feito com peças vindas, por
exemplo, do México, Sri Lanka, Japão e Itália, para ser vendido em todos esses países.

Em segundo lugar, o volume de capital gerado pelas empresas particulares superou o que estava nas
mãos do Estado, o que certamente revelava a inferioridade econômica do governo diante dos
grandes monopólios e incentivava a privatização de empresas estatais.

Em terceiro lugar, a concorrência entre a Europa ocidental, os EUA e o Japão exigiu um aumento de
eficácia na produção e uma busca frenética por novos mercados. Em resposta a essas exigências,
aconteceu a afirmação dos setores de serviços de alta tecnologia (informática, tele comunicações,
robótica, engenharia genética, química fina) e a reestruturação das empresas (técnicas
administrativas de reengenharia cortando o número de empregados, controle de qualidade,
computadores e robôs substituindo mão-de-obra, terceirização, isto é, empresas que encerram
determinadas sessões e passam a contratar outras empresas para fazer aquele serviço).

Desde a crise de 1929 que o Estado capitalista se intrometia fortemente sobre a economia. Receitas
do economista J. M. Keynes para estimular o crescimento e evitar os desarranjos do mercado. Depois
da Segunda Guerra, o keynesianismo levou ao Welfare State, o Estado do bem-estar. Mas a crise de
1973 e as mudanças que nós relatamos acima, deram voz a economistas como Milton
Friedman e Friedrich Hayek, que atacavam violentamente as idéias keynesianas. Assim, nos anos 80,
Keynes saiu da moda e os países desenvolvidos começaram a seguir o neoliberalismo. Os primeiros
―heróis‖ neoliberais foram o presidente Ronald Reagan (EUA) e a primeira-ministra Margareth
Thatcher (Inglaterra), verdadeira heroína de Collor (o que ela fazia o deixava muito doidão). Quase
todo o mundo desenvolvido seguiu suas receitas, menos o Japão.

A idéia básica do neoliberalismo é a de que, se os homens tiverem total liberdade para investir e
lucrar, chegarão a um desenvolvimento do mercado capitalista que beneficiará a toda sociedade.
Vamos ver como:

Os neoliberais acham que o Estado não deve se intrometer sobre a economia. Por isso defendem
a privatização, ou seja, as empresas e bancos estatais seriam todos vendidos para as empresas
particulares. Num segundo passo, seriam privatizados os hospitais públicos, a assistência social
(aposentadoria e planos médicos seriam feitos por empresas privadas especializadas, que
receberiam mensalidades das pessoas interessadas) e as universidades do governo.

Os impostos cobrados sobre os ricos devem ser menores. Aumentariam as diferenças sociais mas,
em compensação, argumentam os neoliberais, sobraria mais dinheiro para os ricos investirem na
economia, resultando, a médio prazo, em mais empregos e melhores salários.

As duas medidas anteriores se ligam ao corte nos gastos públicos. Nem investimentos em empresas
estatais nem gastos sociais.

Desregulamentação da economia. Facilidades absolutas para o vale-tudo capitalista. Isso inclui


abertura para as importações (baixas taxas alfandegárias) e o fim do controle do governo sobre as
operações financeiras. No mundo inteiro estão se formando livres mercados, como o da União
Européia, o Nafta (Canadá, EUA, México), o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai) e as
ligações entre o Japão e os Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, Hong Kong, Formosa).

Facilidade para contratar e demitir mão-de-obra, tornando as empresas mais ágeis. Isso significa
abolir leis de proteção trabalhista. Os sindicatos podem protestar. Neste caso, um dos objetivos do
neoliberalismo é destruir o poder dos sindicatos operários.

Estímulos para os investimentos de capital estrangeiro. A economia do planeta está se tornando


multinacional.

Os neoliberais defendem um regime político liberal, ou seja, com eleições decentes, liberdade de
imprensa, pluripartidarismo. Acontece que neoliberalismo econômico não é a mesma coisa que
liberdade política. Foi o caso do Chile, que já nos anos 80 aplicava as receitas neoliberais, mas
dentro de uma das piores ditaduras militares que o continente já conheceu (a do general Pinochet).

Sem dúvida alguma, Collor foi o primeiro e é o principal responsável por ―rolado a bola‖ do

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neoliberalismo em nosso país. Foi ele quem combateu leis nacionalistas que controlavam os
negócios das empresas estrangeiras no Brasil e quem iniciou um programa consistente de venda das
empresas estatais. Ao se recusar a pagar aposentadorias melhores, Collor também mostrava seu
empenho em adotar a idéia neoliberal de cortar brutalmente os gastos do governo com programas
sociais. Tudo isso, dizia ele, faria o Brasil entrar no Primeiro Mundo.

Enquanto o país esperava para entrar no Primeiro Mundo, Collor tratou ele mesmo de ir para lá fazer
umas comprinhas no seu estilo de consumidor yuppie: gravatas Hermès, uísque Logan 12 anos,
malas Louis Vuitton. O governo mandou liberar as importações, abaixando as tarifas alfandegárias:
foi a partir de Collor que o país foi invadido pelos produtos estrangeiros, de eletrodomésticos a
queijos franceses, de quinquilharias coreanas a vinhos alemães. Os automóveis nacionais foram
xingados de ―carroças‖ e esperava-se que a abertura para os importados criasse concorrência, o que
forçaria as multinacionais do Brasil a melhorar a qualidade de seus produtos. Havia um fundo de
verdade nisso tudo. Além do mais, puxa, graças a Collor, qualquer favelado já tinha o direito de
comprar automóveis Mercedes Benz, telefone celular e gel para passar no cabelo.

O presidente era um Indiana Jones tupiniquim. Adorava a imagem de esportista, de atleta que tudo
pode. Parecia que todos os problemas seriam facilmente resolvidos porque o homem do Planalto
possuía a sutileza de um lutador de caratê e a inteligência de um fanático por jet-ski. O segredo para
disparar a economia era o mesmo usado para acelerar uma moto Kawasaki 1000. Enquanto isso, o
povo competindo na raia, na modalidade ―disputa por uma migalha de comida‖.

Da cozinha para a cama

Quando Zélia pegou ―emprestado‖ o dinheiro das poupanças, ela tinha em mente duas coisas.
Primeiramente, o governo estaria com dinheiro em caixa, não precisando emitir papel-moeda para
cobrir seus gastos. Depois, as pessoas, sem a grana da poupança, deixariam de comprar. Como as
vendas cairiam, a tendência seria a queda dos preços. As duas coisas ajudariam a abaixar a inflação.

Como todo "Economista" brasileiro faz, Zélia explica por que precisa foder com todo o mundo para
nossa economia funcionar: era o confisco dos ativos financeiros, inclusive poupança

Acontece que deu tudo errado. Caindo as vendas, claro, os empresários trataram de diminuir a
produção. Com isso, as pessoas eram despedidas. Recessão e desemprego. Então, valia o velho
esquema brasileiro para lucrar, na base do aumento frenético dos preços. O Brasil mergulhava em
uma das piores crises econômicas de sua história. A inflação ultrapassou os 20% mensais e a
recessão (diminuição das atividades econômicas) fez o país regredir. A Associação Brasileira de
Supermercados constatou a diminuição de 15% no consumo de arroz e feijão: trocando em miúdos, o
povo comia menos. Nas grandes cidades, milhares de maltrapilhos, vítimas do desemprego,
passaram a morar nas caladas. No Brasil de Collor, com o salário mínimo mais baixo do que o do
Paraguai, morar em barraco passou a ser sonho de consumo.

A inabilidade em negociar a dívida externa com os banqueiros internacionais abalou o cargo da


ministra da economia. A gota d’água foi o namoro de Zélia com o ministro da Justiça, o sr. Bernardo
Cabral. É óbvio que uma mulher tem o direito de transar com quem ela tiver vontade. Zélia não era
pior ministra porque se tornou amante de um espertinho casado. Aliás, a vida íntima deles nunca foi
de nossa conta. Mas a imagem moralista do governo Collor ficou arranhada: foi ele que se incomodou
com isso tudo, não o povo, que apenas se divertia com as revelações picantes.

Zélia acabou sendo demitida. No seu lugar, assumiu o embaixador Marcílio Marques Moreira.

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Diplomata de carreira, renegociou a dívida externa, ganhando elogio dos americanos. É como a
raposa que aplaude o bom comportamento das galinhas. Enquanto isso, a economia brasileira ia
caindo do poleiro.

Paulo César Farias, o PC - O Poder por trás do Poder

O empresário alagoano Paulo César Farias, o PC, começou a vida como homem pobre. Esperto e
bajulador, ligou-se a políticos importantes e foi ganhando fortuna.

Em 1984, PC Farias auxiliou um grupo que colhia fundos de empresários nordestinos em apoio à
eleição indireta de Paulo Maluf no Colégio Eleitoral. O candidato do regime militar perdeu para
Tancredo, mas PC tinha conquistado experiência e prestígio nos bastidores mais sujos da política.

Dois anos depois, PC já era o principal responsável pela campanha de Fernando Collor nas eleições
para governador. Mostrou-se bastante eficiente, conseguindo o patrocínio dos usineiros alagoanos.

―De acordo com os levantamentos feitos pela Receita Federal, a entrada de Collor no governo de
Alagoas representa o início da formação do império que seria construído até maio deste ano (...)
Antes de Collor assumir o governo de Alagoas, empresas de propriedades de PC enfrentaram graves
dificuldades financeiras.‖ (Xico Sá, Folha de S. Paulo, 30/09/92).

Onde Collor ia, o PC ia atrás. Quanto mais poder Collor obtinha, maior era a fortuna de PC Farias.
Simples coincidência?

Briga entre irmãos detona crise

As Capas de Veja na História do Brasil...

Os irmãos Collor de Mello não se falavam. Um acusava o outro de praticar a modalidade esportiva
"rasteira no irmão". Pedro ficou furioso quando descobriu que o jornal de sua propriedade, a Gazeta
de Alagoas, ganharia um novo concorrente. E quem era o dono do novo jornal? PC Farias. Com um
detalhe: PC era sócio de Collor. Pedro não agüentou mais. Que irmão é esse que se junta a outro
cara para ganhar dinheiro? Botou a boca no mundo. Concedeu uma entrevista à Veja que foi mais
venenosa do que cocaína: revelava os podres do irmão, suas ligações safadas com PC e o suposto
fato de que ele se drogava. A acusação mais grave de Pedro era a denúncia de que Fernando havia
montado um esquema de corrupção com PC Farias. Os empresários que quisessem favores do
governo deveriam dar uma contribuição por fora. Dinheiro que ia para o bolso do Collor via PC. Muito
simples e atrevido. A dupla dinâmica morcegava o país.

Pouco depois, o jornal O Globo publicou denúncia de empresários de transportes queixando-se de


que pagavam US$ 500 mil mensais ao ―esquema PC‖ para que o governo aumentasse as tarifas.

Os escândalos se sucediam. O país exigia uma investigação apurada. Assim, instituiu-se uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito). Tratava-se de um grupo escolhido de deputados e senadores

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que passou a investigar profundamente as ligações Collor-PC. A cada dia que passava, apareciam
mais indícios da vergonhosa associação. Entretanto, faltava o principal: como provar as ligações
entre os dois? Sem documentos, as denúncias não levariam a nada.

Viva o povo brasileiro

No domingo, 27 de junho de 1992, a revista IstoÉ publicou uma entrevista bombástica com Eriberto
Freire, motorista da secretária do presidente Collor, Ana Acioli. Eriberto revelava a chave do
esquema: ele depositava a grana das propinas com cheques fantasmas, isto é, contas abertas em
nome de pessoas inexistentes, um truque usado para despistar. Percebeu? O dinheiro da corrupção
era depositado em contas fantasmas. Assim, ninguém suspeitaria que estavam à disposição de PC e
de Collor.

A CPI começou a rastrear as operações financeiras de PC. Descobriram que ele pagava as contas de
Cláudio Humberto, porta-voz da presidência da República, Cláudio Vieira, secretário do presidente, e
até as compras de calcinhas de Rosane Collor. PC pagou a reforma dos jardins na casa da Dinda
(residência de Collor em Brasília): uma fábula, dinheiro suficiente para construir centenas de jardins
iguais. Truque óbvio para lavar dinheiro.

Tudo isso demonstra claramente a vantagem da democracia sobre um regime autoritário. Muita gente
acha que uma ditadura acabaria com os corruptos. Que bobagem! Para começar, de onde veio
Collor? Começou a carreira apoiando a ditadura militar: foi da Arena, depois do PDS e votou em
Maluf, o candidato do regime autoritário. Se Collor fosse um ditador, o primeiro jornal que ousasse
fazer uma criticazinha seria fechado. A revista IstoÉ jamais teria permissão para publicar aquela
entrevista demolidora. Numa ditadura, o Congresso e o Poder Judiciário teriam de se calar diante dos
desmandos do Executivo. Foi justamente por vivermos num regime aberto que os esquemas não
puderam ser abafados. A imprensa livre, os deputados e senadores decentes, os juízes
independentes, tudo isso foi fundamental para dar um basta à bandalheira instalada no governo.

Muitas pessoas se perguntaram: por que grandes empresários, como a família Marinho, dona
da Rede Globo, e outros, que tinham apoiado a eleição de Collor, acabaram se voltando contra ele?
Porque, normalmente, os empresários querem um governo que os favoreça, e não um governo que
arme tanto a ponto de prejudicar os negócios. Qual é o empresário que gosta de saber que parte de
sua grana vai para o bolso de um político corrupto? A lógica do capitalismo é a do investimento, não a
da rapinagem, do roubo descarado.

Além disso, havia o clamor popular. Cada vez mais, as pessoas tomavam consciência dos fatos e
repudiavam aquela sem-vergonhice no Palácio do Planalto. No Brasil inteiro as pessoas começavam
a falar ―o Brasil está mudando‖. Até a Rede Globo embarcava nessa nova mentalidade, exibindo uma
série televisiva de Gilberto Braga, Anos Rebeldes, que mostrava uma clara simpatia pelos estudantes
revolucionários dos anos 60 no Brasil. A tevê não cria nem reflete a realidade, ela é a realidade.

Collor quis dar uma de esperto. Convocou a população a desfilar com tarja preta de luto contra os
ataques ao presidente. Tiro pela culatra. Nas capitais de todo o país, centenas de milhares de
estudantes caras-pintadas foram para as ruas, vestidos de verde e amarelo, para exigir a deposição
do presidente corrupto.

Talvez você tenha ouvido alguém falar que os jovens foram manipulados. Não dê ouvido a esse tipo
de comentário cretino, feito por pessoas que acham que aqui no Brasil a população sempre será
cordeirinha, manipulada, enganada. Ora bolas, pense bem: os jovens não sabiam o que estava
acontecendo? A população não tinha consciência dos fatos? Não precisavam de ninguém para sair
na rua e exigir as mudanças no país! Por trás da aparente crítica, essa idéia de que o povo foi joguete
dos políticos e meios de comunicação não passa de uma repetição sutil do velho desprezo que as
elites sentem pelo povo, a antiga crença safada de que o povo não passa de um gado incapaz de agir
por conta própria. Mentira! As pessoas que foram para a rua, dos meninos das escolas aos
aposentados, sabiam exatamente o que estavam fazendo, sabiam que aquilo era uma excelente
pressão sobre o Congresso.

Claro que tinha muito político que estava em cima do muro. Mas eles pensaram: ―Se eu votar a favor
de Collor, o que será de mim nas próximas eleições?‖ Maravilhas da democracia: a pressão do povo
realmente pode mudar as coisas!

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A luta da população não era um simples protesto moralista que afirma que a corrupção é o grande
mal. Era bem mais do que isso. Ela tinha uma idéia, que talvez fosse difusa e pouco consciente, mas
muito rica: a de que se deve construir uma nova ética. Em vez da ética do golpe de caratê, do ―cada
um por si mesmo‖ e do ―ao poder tudo é permitido‖, a ética construída pela vontade e pela
consciência popular.

Queima de Arquivo ou Crime Passional? Mais um dos "mistééérios" da política brasileira...

Parlamentarismo ou presidencialismo?

O Brasil deveria continuar presidencialista ou seguiria o parlamentarismo? Deveria continuar a ser


uma república ou voltaria a ser uma monarquia parlamentar? Os brasileiros responderam através do
plebiscito de abril de 1993. Dos 70% que se interessaram em votar, cerca de 2/3 escolheram a
república e 55% decidiram pelo presidencialismo.

Cai o Pano

Em 29 de setembro de 1992, a esmagadora maioria dos deputados federais concedeu licença para
Collor ser julgado, pelo Senado, por crime de responsabilidade (desobediência à Constituição).
Imediatamente, ele foi afastado. Finalmente, em 22 de dezembro, os senadores votaram o
impeachment do presidente, isto é, Collor perdeu o mandato presidencial. Ninguém mais poderia
dizer que no Brasil quem é poderoso faz o que quer!

Todo o mundo democrático aplaudiu o Brasil. Talvez, pela primeira vez na América Latina, uma crise
política foi contornada sem intervenção direta das Forças Armadas. Sem dúvida, esperança de dias
melhores.

Itamar Franco

Ele é o mineiro que nasceu no mar: Itamar Franco veio à luz num navio, quando sua mãe viajava de
Salvador para o Rio de Janeiro. Tal como o pai, formou-se em engenharia. Mas na faculdade (Juiz de
Fora, MG) já se envolvia com o movimento estudantil. Nos anos 60 foi político do PTB, Durante o
regime militar, esteve no MDB, quando foi eleito prefeito de Juiz Fora e senador.

Itamar Franco era conhecido como político honesto. Por isso Collor o tinha convidado para ser o vice
da chapa do PRN. Pela segunda vez na vida, ele entrava de gaiato no navio. Agora, com a saída de
Collor, Itamar, o vice, assumia a presidência do Brasil.

Itamar Franco tinha hábitos bem mais austeros do que Collor. Não aparecia pilotando jet-ski ou motos
japonesas de última geração. Os aviões supersônicos que ele gostava de pilotar eram as belas
meninas que, de vez em quando, apareciam nos noticiários com o título de ―a nova namorada do
presidente‖. (Itamar era descasado, e, portanto, dono do próprio nariz, se é que você me entende...)

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CONHECIMENTOS GERAIS

No começo do governo, a inflação disparou. Temperamental, Itamar dava umas broncas, xingava
ministros na frente da imprensa e depois ficava quieto. Cismou que a solução para a economia do
país era trazer de volta o antigo fusquinha, o carro de sucesso da Volkswagen que o Brasil não mais
produzia por ser considerado antiquado. Num entusiasmo de Carnaval, no Rio de Janeiro, a imprensa
fotografou o presidente abraçado com uma moça de memória fraca: a coitadinha usava vestido curto
mas tinha esquecido de botar a calcinha. O país riu da cena com a entusiasta da frente liberal. Mas
isso era problema pessoal do Itamar, ele não era pior governante por causa do episódio pornô-
humorístico. Na verdade, o presidente preferiu se dedicar às namoradas e deixou o Brasil nas mãos
do PSDB. O todo-poderoso ministro Fernando Henrique Cardoso assumia as rédeas do governo.

Partidos...

PDS muda de nome

Era uma vez a UDN, que apoiou o golpe de 64 e mudou a sigla para Arena... e depois mudou para
PDS... e depois para PPR... até que em 1995, virou PPB.

Entre seus principais caciques, PauIo Maluf (SP) e Espiridião Amim (SC).

A bicada dos tucanos

Em 1988, muitos políticos saíram do PMDB para fundar o PSDB (Partido da Social-Democracia
Brasileira). O símbolo é aquela ave bicuda chamada tucano.

Social-democracia foi uma palavra que ficou pouco tempo na moda aqui no Brasil, logo suplantada
pelo neoliberalismo. Em princípio, os social-democratas do PSDB defendem uma economia
modernizada mas que dê atenção especial para as questões sociais. Ou seja, o PSDB proclama-se
um partido de centro esquerda. Na prática ―evoluiu‖ de um partido de indecisos, de gente ―em cima do
muro‖ para mais um partido de direita que se recusa terminantemente a assumir-se como tal...

Justiça seja feita, na CPI contra Collor os tucanos, acompanhando os deputados do PT deram
bonitas bicadas bicadas no governo.

Mas o governo de Itamar Franco acabou sendo dominado pelo PSDB, principalmente através do
ministro Fernando Henrique Cardoso. Itamar não deu nenhum pio contrário. O tucano FHC aproveitou
para implantar o plano real, que o levou ao maior dos vôos: a presidência.

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CONHECIMENTOS GERAIS

O Plano Real

A inflação no país havia disparado. Os preços aumentavam diariamente, mas você só recebia no final
do mês. Ou seja, a cada dia, o dinheiro que você tinha no bolso estava sendo desvalorizado. Para o
pessoal da classe média, dava para se defender um pouco jogando em fundos de aplicação
financeira (FAFs), que rendiam juros diários. Mas para o povão, sem conta em banco, era uma
desgraça só.

As eleições presidenciais de 1994 começaram a esquentar. Lula, do PT, saiu disparado nas
pesquisas de opinião. O PT tinha feito algumas boas prefeituras e seus deputados eram famosos
pela dedicação ao trabalho parlamentar. Nas denúncias de corrupção, apareceram políticos de quase
todos os partidos, mas nenhum do PT. O PT sempre teve muito prestígio entre intelectuais,
sindicalistas e estudantes. A cada eleição que passava, conquistava mais votos. Em todos os
movimentos populares, tipo camponeses sem-terra, associações de moradores, greves operárias, lá
estavam os militantes do PT. Um governo de Lula era a promessa de muita atenção aos problemas
sociais. Isso atraía grande parte do eleitorado.

Mas o PSDB tinha algumas cartas na manga. A principal era o fato de ter um governo nas mãos:
Fernando Henrique Cardoso (FHC) era o ministro no comando da economia. O PSDB possui muitos
intelectuais, o próprio FHC foi um dos mais importantes sociólogos burgueses do Brasil, professor da
USP e de diversas universidades estrangeiras. O PSDB também tinha fama de políticos honestos e
modernizadores, como Mário Covas (SP), por exemplo. No Ceará, dois governadores tucanos (Tasso
Jereissati e Ciro Gomes) tinham realizado obras sociais elogiadas por alguns setores (principalmente,
os ligados ao PSDB...). No mínimo, eram bem diferentes dos velhos políticos oligárquicos.

Faltava o ovo de Colombo. O PSDB achou. No México e na Argentina, foram instalados planos
econômicos que reduziram drasticamente a inflação. Os economistas do PSDB adaptaram essas
idéias para o Brasil: nascia o Plano Real.

A principal medida do plano foi criar uma nova moeda, o real. Só que esse real passava a valer um
pouquinho mais do que o dólar americano! Coisa esquisita, o dinheiro do Brasil valendo mais do que
o dos EUA. Enfim, isso teve vários efeitos. O primeiro é que as importações ficavam muito mais
fáceis. Afinal, o Brasil comprava com uma moeda valiosíssima. Facilitando as importações, as
empresas puderam reduzir os custos da compra de máquinas e matérias-primas. Além disso, os
produtos importados passaram a chegar bem baratos, provocando a queda dos preços dos similares
nacionais. O principal, porém, estava no fato de que o truque para segurar a inflação era encontrar
um ponto em comum. Como chegar a um acordo se cada empresário, cada sindicato, queria botar os
preços e salários num nível? O ponto de acordo foi encontrado: o dólar, que todos reconhecem como
uma moeda forte e estável. Pronto, o dólar seria a âncora, a referência absoluta para todos os
preços.

O resultado inicial foi empolgante: a inflação desceu de modo espetacular. Os pobres descobriam que
seu dinheiro não diminuía mais a cada dia. A propaganda governamental enfatizava que, na prática,
os trabalhadores ―estavam ganhando mais‖. Podiam comprar a crédito porque as prestações eram as
mesmas todos os meses. Todo mundo comprando, economia reaquecida. De repente, o ministro FHC
e sua equipe pareciam ter realizado um milagre econômico. (Epa! Já ouvimos essa expressão

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CONHECIMENTOS GERAIS

antes...)

É bem verdade que a velha conhecida, a Rede Globo, voltava a dar força total para o seu candidato,
no caso, o tucano.

O PT não percebeu a importância da queda da inflação. Seus dirigentes chegaram a declarar que a
inflação nem era o maior problema do país. Pronto, foi mole para a campanha do PSDB dizer que ―se
Lula for eleito, o Plano Real será extinto e a inflação retornará ao Brasil‖. De nada adiantou o PT dizer
que no dia seguinte às eleições, os preços voltariam a subir. Inclusive, porque isso não aconteceu
realmente.

Para consolidar sua candidatura, FHC montou uma aliança com o maior partido do país, o
conservador PFL, herdeiro do velho PDS. Pronto, estava garantido o apoio do Congresso ao Plano
Real.

O PT ainda tentou apresentar a imagem de Lula como um político moderno, estadista recebido por
grandes líderes políticos europeus, que nada tinha para assustar a classe média. Mas era bem difícil
competir com a imagem do professor bem-sucedido, do ministro que criou um plano que tinha
"acabado com a inflação".

As eleições presidenciais de 1994 nem precisaram de segundo turno. FHC venceu facilmente. Lula,
em segundo lugar, veio bem depois. Nas eleições para governador, o PSDB também "arrebentou".

Apontamentos para a história do Brasil (Primeira Parte)

Introdução

A Era Lula tem entre suas características mais marcantes a forma peculiarmente excêntrica como lida
com o dinheiro público e como trata os fatos. O mais chocante, contudo, é o fato de ele haver
construído sua imagem pública durante quase 3 décadas como um líder sindical importante, um
homem profundamente ligado à causa dos Trabalhadores do Brasil (daí a criação de um "Partido dos
Trabalhadores" de que hoje guarda somente o nome) mas, ao finalmente galgar o poder muda de
lado! Alia-se aos banqueiros, jogadores da Bolsa de Valores e políticos tradicionais de um lado e, de
outro, ao lumpemproletariado, ABANDONANDO a Classe Trabalhadora, traindo a Classe
Trabalhadora e toda a sua própria história existencial pregressa.

A primeira prioridade do dinheiro arrecadado dos impostos brasileiros é a manutenção dos lucros
estratosféricos dos megaespeculadores internacionais. A seguir, gastos com propaganda. Em terceiro
lugar, suborno a parlamentares para que votem medidas governamentais contrárias aos interesses
dos brasileiros. Em quarto, ampliar o número dos que o apóiam entre os miseráveis, que mantem em
situação de miséria, agora como clientes do Estado. Em quinto gastar prodigamente com
Propaganda, falando de um Brasil com pleno emprego, renda em alta, preços em queda, inflação
controlada, educação pública cada vez melhor, saúde pública de primeiro mundo e por aí vai - tudo
ao contrário do Brasil real, ça va sans dire... Com a corrupção vertiginosamente crescente
praticamente NADA sobra para a... Gestão Pública: saúde, educação, segurança, infraestrutura...
Essas coisas, enfim, que aparecem magníficas na Propaganda deixando-nos a todos com vontade de
nos mudarmos para aquele Brasil lindo da Propaganda que aqui, no mundo real, as coisas estão
totalmente diferentes...

Sempre que há algo de elogiável acontecendo no país, por mais que nada tenha a ver com o
governo, a propaganda desinforma afirmando que ―neste governo se fez...‖ Por outro lado, quando é
pilhada em ilícitos criminais, a cúpula palaciana lidera a propaganda desinformando: ―é algo que
herdamos do governo passado...‖ Assim, a quadrilha formada pelo PT para tomar o Estado Nacional
e permanecer em postos de comando indefinidamente ―era coisa dos tucanos‖; a paralisia provocada
na economia pelas altas taxas de juros e impostos extorsivos. Queda na produtividade e na
circulação econômica corresponde a queda no consumo de energia. Isto aparece na propaganda
como ―chegada à plenitude energética...‖, estradas em péssimo estado de conservação são parte da
herança maldita (meia verdade: são sim, mas o governo Lula nada fez para reverter este quadro,
agudizando-o cruelmente).

Para apresentar um contraponto a esta forma curiosamente peculiar de apresentar os fatos e


contribuir para que não nos esqueçamos dos fatos neste período, começo a tomar notas sobre os

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CONHECIMENTOS GERAIS

acontecimentos dos últimos 3 anos e pouco.

Março de 2003

Nomeado o deputado federal Henrique Meirelles, eleito pelo PSDB de Goiás, para a presidência do
Banco Central sob aplauso de todos os especuladores internacionais e protesto dos trabalhadores
brasileiros.

Ficou claro que o PT se transformou em um partido de direita propondo a privatização do Banco


Central do Brasil, as mesmas reformas na previdência que o PSDB desejava (taxação de inativos,
aumento na idade para aposentadoria, etc.) e o Ministério da Fazenda, subordinando-se ao Banco
Central, encaminha a economia brasileira segundo os interesses dos bancos privados internacionais
e não segundo os interesses do povo trabalhador do Brasil.

Rompo com o PT a 15 de março.

Março de 2003

A prioridade do governo na questão das reformas passa a ser desvincular o Banco Central do
Governo Federal. Ora, dar autonomia ao Banco Central é abrir mão completamente do poder
governamental de nortear a política econômica no país. Com um Banco Central privatizado – essa é
a expressão, estão alguns petistas pensando em PRIVATIZAR o Banco Central! – só o ―Mercado‖
governará a economia deste país, esvaziando ainda mais os poderes do Executivo Federal,
transferindo ainda mais significativamente às hienas, chacais e abutres do ―mercado‖ o controle sobre
nossa economia.

Março de 2003

Lula informava em sua campanha ser o único capaz de promover uma amplo ―pacto social‖ e levar a
cabo ―as reformas necessárias‖. Ao início do governo encaminha reformas econômicas à direita da
Ditadura Militar, num governo mais mentiroso que o de Collor de Mello e mais entreguista que o de
Fernando Henrique, justamente porque, pela sua trajetória política, ninguém em sã consciência,
jamais imaginou que ele o fizesse.

Novembro de 2003

Idosos obrigados a provar que estão vivos

Idosos precisam se explicar ao govern petista: "o que ainda fazem vivos"?

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PFL (atualmente DEM) lança o "Troféu Berzoíni de Crueldade"

A Previdência Social no Brasil arrecada uma enormidade de recursos que são, em sua maior parte,
desviados para o pagamento dos juros da dívida (o tal do ―superávit primário‖...), por isso aparece
como deficitária. Pretensamente para combater o déficit da previdência, na prática para ampliar a
quantidade de recursos arrancados dos trabalhadores, aposentados e pensionistas para desviar aos
bancos, em novembro de 2003 o então ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoíni, obrigou os
aposentados e pensionistas com mais de 90 anos a comparecer, portando suas identidades e CPF
(faltou pedir que fossem ―acompanhados de seus avós‖...) para explicar o que diabos estavam
fazendo ainda vivos.

Foram filas imensas, gente passando mal, um desrespeito com quem trabalhou para construir este
país. Um dos primeiros e mais rumorosos de uma série de escândalos envolvendo malversação de
recursos públicos, incúria administrativa, incompetência política e corrupção dos mais diversos tipos.

Janeiro de 2004

Rifados ministérios para composição política

Cristovam Buarque, demitido do Ministério da Educação – por telefone! – informa que segue em
apoio a Lula que promovendo Tarso Genro a ministro da Educação concede-lhe Foro Privilegiado
para se defender das acusações de corrupção no processo eleitoral no Rio Grande do Sul. Berzoini
deixa de ser ministro da imprevidência e se torna sinistro do trabalho mau remunerado e do
desemprego. A previdência foi para o peemedebista Amir Lando.

Maio de 2004

―A política econômica do governo interfere no combate à fome e à miséria.‖ e ―O governo parece mais
preocupado em saldar compromissos externos a honrar seus compromissos com o povo brasileiro‖,
D. Mauro Morelli, bispo de Duque de Caxias (RJ) em março de 2004.

Junho de 2004

Desemprego zero para a companheirada

A MP 163/04, que reformula a Casa Civil ampliando poderes de José Dirceu (Suspeito de corrupção
no caso da propina de Waldomiro Diniz assim como de envolvimento no assassinato do prefeito
petista de Santo André) e criando cerca de 3.000 cargos de livre designação do executivo a valores
aproximados de R$ 4.000,00 cada um.

Junho de 2004

Parlamentares petistas votam o menor salário em pauta e saem para festejar sua vitória contra os
trabalhadores brasileiros

No passado, parlamentares petistas estavam sempre entre os que defendiam os maiores valores
para o salário. No poder, a situação mudou completamente: ficam os petistas do lado dos banqueiros,
contra os trabalhadores.

Outra mudança significativa era a busca de emprego e renda. No poder, por um lado o PT ampliou a
quantidade de desempregados desinformando na propaganda que ―nunca antes neste país se gerou
tantos empregos...‖ – por outro, ampliou-se a base do clientelismo estatal...

A oposição de direita propôs reajuste para R$ 260,00 ao salário mínimo. O PT atacou os


trabalhadores com o menor salário proposto: R$ 245,00 que, aprovados, passam a vigorar
imediatamente. Para comemorar esta vitória sobre os trabalhadores, parlamentares petistas, num
restaurante elegante de Brasília, gastam em uma noitada o equivalente a 2 anos do novo salário
votado.

Julho de 2004

―Sem inflação, aumenta a renda dos brasileiros‖

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CONHECIMENTOS GERAIS

Registrados aumentos de até 10% nos impostos e 91% preços de remédios, aluguéis, telefones,
energia elétrica, gasolina, arroz, feijão, açúcar, carne, peixe, frango. Salários federais congelados há
mais de 10 anos. Salário Mínimo reajustado em menos de 3%. A propaganda governamental segue
desinformando: ―aumenta o poder de compra da população e a inflação segue contida‖.

Dezembro de 2004

Separando o joio do trigo

Parlamentares do PT (Heloísa Helena, Luciana Genro, Babá e João Fontes) votaram, no Congresso
Nacional, contra a reforma da Previdência, proposta pelo governo Lula, retirando direitos dos
trabalhadores e favorecendo ainda mais o capital financeiro. Por isso o Partido (dito) dos
Trabalhadores decidiu-se a amputar seu braço esquerdo expulsando aqueles parlamentares e
provocando a desfiliação de muitos intelectuais e simpatizantes de esquerda, que partiram para a
fundação de um novo partido.

Ao se desligar dos ideológicos e autênticos e convocar ao governo fisiológicos históricos como


Waldemar da Costa Neto (PL), Roberto Jefferson (PTB), José Janene e Severino Cavalcanti (PP),
entre outros, Lula demonstra saber precisamente separar o joio do trigo, fica com o joio e joga o trigo
fora.

Janeiro de 2005

Dívida brasileira atinge R$ 1.000.000.000.000,00!

Após aprovar medidas que taxam inativos e pensionistas, além de aumentar exponencialmente os
impostos brasileiros – que chegam a 40% de tudo quanto se produz – o Brasil atinge o recorde de R$
1.000.000.000.000,00 (um trilhão de reais) em dívidas que seguem aumentando dadas as altas taxas
de juros praticadas pelo governo federal.

Numa patriotada esquisita e para desviar a atenção deste entreguismo deslavado começa-se a fichar
estrangeiros que chegam ao Brasil como ―reciprocidade diplomática‖ ao que é feito a nossos
cidadãos em viagens por aí afora. Naturalmente, esta medida não atinge os multimilionários que
viajam em seus transportes privados, mas somente àqueles que se utilizam de serviço de transporte
coletivo (aéreo e marítimo). Com uma vantagem para os criminosos hoje encastelados no poder: a
Polícia Federal, ocupada com esta picuinha menor, diminui sua atividade preventiva e repressiva ao
crime.

Março de 2005

Brasil não precisa mais do FMI: já aprendeu a errar sozinho

Mais uma vez atraiçoando a confiança do povo e renegando todo o seu passado histórico de lutas
heróicas contra as ingerências estrangeiras nos nossos assuntos internos, discursando numa direção
e agindo em outra, o governo petista anuncia que não renovará o acordo com o FMI, mas manterá a
mesmíssima política econômica, ou seja, seguirá com superávit primário acima daquele que o
organismo internacional determina, manterá elevadas taxas de juros e, consequentemente o arrocho
tributário necessário a desviar recursos da produção para remunerar o capital especulativo.

Qual o efeito prático para os brasileiros, da supressão do acordo com o FMI? Absolutamente
nenhuma e acrescentamos mais uma expressão para meu ―Novíssimo Dicionário da Novilíngua
Petista‖: Quando o governo diz ―Não precisamos mais do FMI, o Brasil já pode caminhar com as
próprias pernas.‖ Entenda-se: ―Vamos continuar mantendo os juros mais elevados do mundo,
cobrando altíssimos impostos e pagando mais e melhor ao especulador do que ao produtor ou
trabalhador. O FMI até nos elogia. Aprendemos tudo sobre economia na escola de quebrar países do
FMI e vamos continuar arrochando os brasileiros como nunca antes neste país.‖

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CONHECIMENTOS GERAIS

Maurício Marinho recebe suborno, é filmado, inicia-se a CPI dos Correios e tem início o maior
escândalo de corrupção do país antes do Petrolão

Novembro de 2005

Pegaram o PC Farias de Lula da Silva

Em entrevista à jornalista Renata Lo Prete, o então deputado Roberto Jefferson revela que Delúbio
Soares, através de Marcos Valério, pagava um ―mensalão‖ para que os parlamentares venais
votassem a favor do governo. Lula, que até a véspera daria um cheque em branco a Roberto
Jefferson, declara que ―não sabia de nada‖.

Novembro de 2005

Vivendo de sobras

Nem foi ato falho, foi transparência e sinceridade: o Ministro Antônio Palocci disse com todas as
letras que o ideal era ter um superávit primário menor (o dinheiro de nossos impostos que é
reservado para remeter à ciranda financeira que, com juros elevados, promove o crescimento de
nossa dívida) para que ―sobrasse‖ mais dinheiro para infra-estrutura, educação, saúde, segurança...

Em outras palavras e sem meias palavras: a equipe econômica de Lula informa que primeiro
atenderá aos banqueiros; com o que sobrar, se verá o que é possível fazer em termos de administrar
o Brasil.

Dezembro de 2005

Faz-se um pouco de justiça

Por 293 votos a 192, em decisão histórica, o plenário da Câmara decidiu aprovar a recomendação do
Conselho de Ética, cassando o mandato de José Dirceu e lhe retirando os direitos políticos por oito
anos. O agora ex-deputado só poderá ser candidato a cargo público na eleição de 2016, quando
estiver com 70 anos de idade.

Comparam-se miseravelmente no autoritarismo e no ódio. Mussolini, ao contrário de Lula, pelo


menos era nacionalista...

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Apontamentos para a história do Brasil - 2ª Parte

Apresento aqui mais alguns fatos amplamente documentados e que demonstram cabalmente o
modus operandi dos criminosos que se encastelaram no governo em nome de uma "esquerda" que
sé existe no eleitorado (quando tanto).

Para refletir, pois um povo sem memória está fadado a repetir sua própria história. O Mensalão do
PT, de 2005 e cujo julgamento somente chgou a término em 2012, segundo relatos divulgados pela
Polícia Federal e mesmo a INTERPOL, que também investiga o caso, é "coisa de criança", "um
quase nada", em comparação com a montanha de dinheiro roubado da Petrobrás e que tanto
prejudica as finanças e a credibilidad do Brasil.

Rememoremos, de 2005, o caso do Mensalão (desvendado pela CPI dos Correios) e, de 2006, o
caso dos "Aloprados" que se dispunham a comprar um dossiê contra os adversários do PT na
Campanha eleitoral daquele ano por uma quantia que me foge à compreensão. Se alguns dos réus
do Mensalão foram suavemente punidos, o maior suspeito o caso do "Dossiê dos Aloprados" segue
impune: Aloísio Mercandante Oliva.

Fevereiro de 2005

Lula da Silva confessa publicamente crime de responsabilidade

Durante comício em Jaguaré (ES) declarou haver ouvido de um ―alto companheiro‖ que havia
encontrado um órgão público em estado de penúria porque ―a corrupção durante o tempo em que os
tucanos governaram foi muito grande‖. Lula informou haver ordenado a seu subalterno que ―cale a
boca‖ e que ―você só tem o direito de falar isso para mim (Lula). Aí para fora, você cale a boca e diga
que está tudo bem.‖

Após confessar publicamente sua prevaricação, Lula teve o dissabor de desexplicar que não disse o
que disse várias vezes até que a oposição de direita se esquecesse do episódio e, também
prevaricando, deixasse de abrir processo de impedimento por crime de responsabilidade do
Presidente da República. Por estas e outras esta eleição é a primeira de nossa história a estar sub
judice.

O crime de Prevaricação é assim previsto no Código Penal Brasileiro:

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Instalada a CPMI dos Correios

Maio de 2005

Após exaustivas manobras do governo Lula para comprar parlamentares e evitar a instalação da
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito voltada a investigar irregularidades na gestão aparelhada
dos Correios, a minoria conseguiu os votos e o apoio necessários (houve um vídeo de um funcionário
dos Correios recebendo propina e a cachoeira de denúncias comprovadas de Roberto Jefferson).
Sob protestos por parte dos governistas de que seria ―golpista‖ e que estaria tentando ―antecipar o

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CONHECIMENTOS GERAIS

calendário eleitoral‖ a CPMI foi instalada. Para evitar maiores dissabores o governo, pela primeira vez
na história das CPI’s no Congresso Nacional Brasileiro, impôs que a Presidência ficasse com o
senador petista Delcídio Amaral e a relatoria (que tradicionalmente ficava com a oposição) foi dada
ao deputado federal Osmar Serraglio, do PMDB governista.

CN RQN 3/2005 de 25/05/2005

Ementa: Requerem, nos termos do § 3º do art. 58 da Constituição Federal e na forma do art. 21 do


Regimento Interno do Congresso Nacional, a criação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
para investigar as causas e conseqüências de denúncias de atos delituosos praticados por agentes
públicos nos Correios - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

Ao término de 1 ano de trabalho durante o qual o governo Lula tentou de todas as maneiras
inviabilizá-la, o relator Osmar Serraglio, que ao término dos trabalhos já não mais se comportava
como um dócil parlamentar governista da base remunerada de apoio ao governo Lula provou que:

O PT implantou o mais sofisticado esquema de corrupção da história deste país;

Lula estava ciente de todas as falcatruas montadas por Dirceu, Genoíno, Silvinho, Delúbio, Sereno et
caterva;

O ―mensalão‖ foi uma realidade. Se o suborno a parlamentares se dava em termos mensais é


irrelevante. A periodicidade coincide com as mais relevantes votações propostas pelo Planalto contra
o povo trabalhador deste país;

Ao contrário do que repetia ad nauseam o mantra de José Dirceu, ficou provado em abril de 2006 que
―O governo de Lula é um governo que rouba, deixa roubar e protege quem rouba.‖

Grandes Momentos da CPI dos Correis a partir do Blog do Augusto Nunes

O Modus Operandi Petista (pagar ao marqueteiro com dinheiro desviado, em contas no exterior)

O Mensalão do PT segundo Joaquim Barbosa

―Corrupção é prática usual no Brasil‖ – Lula da Silva

Julho de 2005

Num castelo em Paris, o novo rico Presidente Lula da Silva declara a uma jornalista contratada
especificamente para ―entrevistá-lo‖ que, ao contrário de todas as provas e evidências apresentadas,
não houve a prática de suborno a parlamentares. Confrontado aos rios de dinheiro em espécie
circulando do PT para outros partidos como fruto de uma lavagem de dinheiro oriundo do Palácio do
Planalto mesmo Lula da Silva, que se demonstrou exageradamente econômico no uso da verdade,
para dizer pouco, orientado pelo brilhante advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, declara que
o que houve foi a prática de ―Caixa 2‖. Um crime considerado ―menor‖ e já prescrito. Em sintonia com
o chefe, Delúbio Soares, tesoureiro e homem de confiança de Lula da Silva, declara que toda a
movimentação de dinheiro do PT para parlamentares da base de sustentação do governo no
Congresso até o momento da instalação da CPI foi meramente fruto de caixa 2 ou, como preferia
declarar: ―recursos não contabilizados‖. O fato de rios de dinheiro serem transferidos precisamente
quando ocorriam votações relevantes para o governo no Congresso foi, segundo Lula e Delúbio,
―mera coincidência‖.

Setembro de 2006

O caso do dossiê – o vale-tudo petista

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CONHECIMENTOS GERAIS

Um bando de petistas, dentre os quais o coordenador da campanha de Aloízio Mercadante, o


presidente do PT, Ricardo Berzoini, o segurança de Lula da Silva, Freud Godoy, o churrasqueiro de
Lula e um companheiro na direção do Banco do Brasil montam uma operação envolvendo quase R$
2 milhões para comprar um dossiê confeccionado especialmente para prejudicar a candidatura de
direita rival à sua.

A Polícia Federal prendeu os diretamente envolvidos e pesquisa a origem do dinheiro. O Banco


Central e o Ministério da Fazenda obstruem as investigações que, 15 dias após o episódio, não
apresentam a origem do dinheiro dos petistas envolvidos em mais este crime. No episódio da
violação do sigilo bancário do caseiro que meramente atestou em público haver visto o ex-ministro
Antônio Palocci numa casa suspeita, de lobbies e diversões com as meninas alegres de Jane Mary
Córner, o Banco Central e o Ministério da Fazenda levaram menos de 1 dia para revelar toda a sua
transação bancária determinando a queda do ministro. Um ministro que dependia do silêncio de um
caseiro para se manter no poder já não exercia poder algum, convenhamos... Palocci hoje responde
a uma série de inquéritos na justiça civil por corrupção em Ribeirão Preto e, candidato dos banqueiros
e da elite econômica, responde também na justiça eleitoral pelo crime de abuso do poder econômico.

Lula da Silva, ecoando o desejo popular e os discursos da oposição, alega que ―tem interesse em
saber a origem do dinheiro‖. Fosse isto verdade, bastava a ele convocar Mercadante, seu segurança,
seu churrasqueiro ou o presidente do PT e perguntar a eles onde conseguiram o dinheiro para mais
esta falcatrua. Uma pesquisa doméstica desta natureza só perde o sentido porque interessa a Lula
não conhecer, como ele alega, mas esconder a origem desta pequena fortuna.

Apontamentos para a História do Brasil, 3ª Parte

Queda de ministros corruptos no Terceiro Mandato Lula da Silva - Com uma exceção que confirma a
regra

Começa o Terceiro Mandato Lula da Silva: nenhum político a seu redor suspeito de ser honesto

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CONHECIMENTOS GERAIS

Lula da Silva, para eleger Dilma presidente do Brasil se coligou praticamente com todos os partidos
políticos brasileiros com exceção do PSDB e do Democratas – a oposição pífia, que começou a
desgraceira das privatizações, desregulamentações, endividamento público e privado crescente,
salários em queda livre e tudo o que o então Deputado e então na Esquerda Sérgio Miranda batizou
de ―Herança Maldita‖ numa obra que segue atual e primorosa.

Independente do que se diga (jamais confie nas palavras dos políticos, somente nos seus ATOS!) e
Lula bombardeou com essa história de ―Herança Maldita‖ tantas vezes que a expressão se banalizou
e ele aproveitou para não reverter nada e manter o Brasil no curso ladeira-abaixo iniciado com o que
o Consenso de Washington determinou para os países sob sua órbita de influência – Plano Cavallo
na Argentina, Plano Real no Brasil e similares em praticamente todos os outros países do
subcontinente.

Eleito em 2002 com um discurso que ainda continha traços de esquerda, com um discurso dúbio:
esquerdista para os trabalhadores e ultradireitista para os Banqueiros, Especuladores (promovidos à
revelia e com desprezo à língua portuguesa ao status de ―investidores‖) e donos de Grandes
Corporações que, sabemos hoje, financiaram sua campanha tanto no caixa um como no caixa dois
(ou ―recursos não contabilizados‖, como dizia Delúbio Soares).

Nenhum – anote bem – NENHUM político é fiel ao eleitorado, a seu próprio discurso e, no caso
específico de Lula da Silva, sequer à sua biografia! Todos os políticos são fidelíssimos aos
financiadores de campanha e ponto final. Mesmo desconfiando que Lula estava mentindo para
alguém, em minha santa inocência imaginei que mentia para os banqueiros e governaria com e para
os trabalhadores, confesso haver batalhado para sua eleição no primeiro mandato. Seu primeiro ato
de governo foi o de nomear o escroque e biliardário capacho do que se convencionou chamar de
―Mercado de Capitais‖ Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central do Brasil.

Naquele momento percebi para onde estava indo seu governo e passei a apontar-lhe os erros. O
primeiro foi este mesmo, ao invés de Estatizar o Banco Central ou criar outro mecanismo que permita
ao povo ter acesso ao dinheiro SEM CUSTO, optou por manter o esquema criado, por ordem de
Washington, pela Ditadura Militar (viver em colônia é foda...). O BACEN empresta dinheiro aos
bancos a juros – no caso brasileiro a juros estratosfericamente altos – que, por sua vez o empresta a
empresas a taxas ainda maiores e estas pagam – relutantemente – o salário reduzidíssimo dos
trabalhadores de um dos países mais desiguais, se não O MAIS DESIGUAL – do mundo.

Pois bem, ao optar por coligar-se com gente como Maluf, Collor, Sarney, Calheiros e o que há de
mais retrógrado e conservador na política brasileira, depois de ficar comprovado que pagava propina
aos congressistas para votar de acordo com o que ele queria (dane-se o povo que os elegeu no voto
obrigatório através de urnas eletrônicas pré-programadas e capazes de dar o resultado antes mesmo
do final da votação, um ―avanço‖ nos direitos de cidadania que só ocorre nos países mais
democraticamente atrasados do planeta Terra: Brasil e sua subcolônia, o Paraguai). Resultado?
Depois que o PT optou por tornar-se mais um partido tradicional (ou, como chamava Antônio
Gramsci, ―Partido da Ordem‖) não há, entre os aliados de Lula da Silva um único político sob
suspeição de honradez ou honestidade. Para se escolher alguém para um ministério, não se levou
em conta o que se costuma chamar de ―meritocracia‖ ou ―Notório Saber na Área‖ mas o compadrio, o

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favoritismo, o loteamento descarado: ―tal ministério para o Partido Tal e de porteira fechada!"

Surpreende que perpetrem tantas e tamanhas falcatruas? É claro que não. O povo brasileiro (a se
acreditar no resultado das urnas eletrônicas que não há como sabermos o que tem dentro, conferir
discrepâncias gritantes a posteriori ou sequer haver tempo de levar em conta o voto das centenas de
sessões cujas urnas eletrônicas fazem o que os aparelhos eletrônicos em geral se divertem em fazer:
dão defeito) SABENDO que votava em gente corrupta e ―ficha suja‖, perpetrou o crime de lesa-pátria
que Lula da Silva chamou mesmo de ―ser inocentado pelas urnas‖. O Chefe de Estado (não o de
governo, que, no caso brasileiro e de todos os países subordinados à orientação dos EUA são
exercidos pela mesma pessoa, o ―presidente‖ ou a ―presidente‖) é dar o exemplo. Premiar os bons e
os justos e, tal qual a Igreja na Idade Média, entregar à justiça do mundo os que perpetram
atrocidades. De novo, no caso brasileiro a coisa foi toda posta de ponta-cabeça. Lula (e Dilma)
punem severamente quem demonstra qualquer deslize na direção da honradez ou da honestidade e
premia regiamente o crime.

Lembra-se quando a Dilma montou um dossiê com o que considerava coisas ilícitas feitas por
Dona Ruth Cardoso?

Lembra-se de como a então Chefe da Casa Civil em substituição a José Dirceu, que caiu no
Escândalo do Mensalão, furibunda e agressiva aos jornalistas só tinha em mente o que muitas
professoras primárias têm quando algum dos aluninhos faz xixi no meio da Sala de Aula: ―quem
vazou?‖ Pouco importa o fato em si: Dilma xeretar a vida dos outros com fins políticos. O que passou
a ter relevância foi descobrir ―quem vazou‖ isso para a Imprensa. Pelos seus olhares assassinos dava
para perceber que, descoberta a pessoa que cometeu aquele raro ato de honestidade, ser
inconfidente aos corruptos, deve ter recebido da chefe o que o grande Luís Gonzaga chamava de ―as
do fim‖.

Cronologicamente:

Junho de 2011 – Antonio Palocci, que renunciou ao Ministério da Fazenda e, a seguir, ao cargo de
Deputado Federal para evitar ser cassado e ter os direitos políticos suspensos, já na condição de
Ministro Chefe da Casa Civil de Dilma, teve seu imenso patrimônio exposto pela reportagem
magnífica da Folha de S. Paulo que descobriu haver ele decuplicado duas vezes sua já imensa
fortuna entre 2006 e 2010. Ele usou palavras para dizer coisas como ―respeitei a quarentena‖, que é
curtíssima no Brasil e não dispõe de mecanismos para evitar que o fraudador em tela use informação
privilegiada mas sua ―consultoria‖ vá com a assinatura de outra pessoa, evidentemente. Disse ainda –
de que vale mesmo a palavra dos políticos? – que ―não houve dinheiro público envolvido em seu
processo de enriquecimento nababesco‖.

Com o direito de o vermos lado a lado com uma mulher que disse ter por prioridade acabar com a
miséria no Brasil (a miséria tem uma importância crucial para a eleição de políticos tradicionais no
Brasil, por isso mesmo ninguém acaba com ela, no máximo concedem algumas migalhas insultuosas
que mantém a miséria. Até onde sei, o bolsa esmola dava a cada miserável bem menos de 1 dólar
por dia, o que define ―Miséria Absoluta‖ segundo os parâmetros da ONU). Acho que com metade ou
mesmo 1/3 da imensa fortuna amealhada por Antônio Palocci daria para mitigar o sofrimento de uma
massa significativa da população brasileira com obras de verdade, que dão empregos e salários de
verdade, coisas assim, básicas, fora das reflexões desse governo que aí está. Palocci caiu.

Julho de 2011 – Alfredo Nascimento, sinistro dos Transportes desde o início do desgoverno Lula

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pediu demissão após a avalanche de evidências de que cobrava propina na pasta sob sua
responsabilidade e órgãos a ela ligados. As evidências foram apresentadas pela Revista Veja no dia
2 e ele pediu demissão no dia 6.

Antonio Jobim saiu do Ministério do Terceiro Mandato Lula por discordância com o encaminhamento
político - exceção que confirma a regra, o único que não caiu por corrupção em 2011

Agosto de 2011 – Antonio Jobim, após declarações contundentes sobre a idiotice de toda a matilha
que se entrincheirou no poder Lulo-Petista, declarou haver votado em Serra em 2010 e – o pior dos
desaforos, pelo qual perdeu o cargo – dizer o óbvio ululante: que Ideli Salvati, essa Erzebeth Báthory
rejeitada pelo Eleitorado Catarinense, é ―fraquinha‖. Fraca em desempenho, sem dúvida alguma!
Tanto que Gilberto Carvalho, pouca coisa melhor, precisa frequentemente tapar os buracões que ela
deixa. Mas poderosa e forte o suficiente para derrubar o Ministro da Defesa e indicar para o seu lugar
o também fraquinho Celso Amorim, aquele que sugeriu ao Lula que os problemas entre os judeus e
os palestinos poderia ser resolvido com um jogo de futebol, provavelmente a maior de todas as gafes
não só do governo Lula como da maioria dos governos de que tenho notícia ao longo da história da
humanidade....

Com relação à idiotice no poder, Nelson Rodrigues, um homem assumidamente de direita disse que
um dia os idiotas perceberiam que são a maioria e chegariam ao poder. A TV Manchete - confesso
não me lembrar exatamente quando - levou ao ar um breve documentário que levei ao ar aqui: A
Revolução dos Idiotas - Nelson Rodrigues

Excetuando-se a guerra declarada contra o povo das favelas (cotidianamente lemos nos jornais
escândalos de PM’s cariocas ou soldados do Exército que roubam telefones celulares de civis
inocentes sob a alegação haver suspeita de se encontrar uma lista de telefones de traficantes;
meninas – mesmo virgens – sendo estupradas aos berros de ―era mulher de marginal agora é mulher
de militar!‖; ligações de PM’s e soldados do Exército com os traficantes (por parentesco ou raízes
similares). Bem, fora essa guerra, felizmente o Ministro da Defesa terá pouco a fazer em termos de
Defender o Brasil de um agressor militar externo. Não raro vemos - até na Ultra-Direitista Rede Globo
de Telealienação vemos cartases dos moradores das favelas com dizeres como "Precisamos de
investimentos em infraestrutura - saúde, educação - não de repressão!"

Evidentemente que, para ter realmente efeito no que tange a diminuir a criminalidade e o tráfico de
drogas era fazer na prática o que a propaganda Lulo-Petista anuncia tão hipnótica quanto
mentirosamente: distribuir a renda brasileira de maneira correta a fim de que não haja mais

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biliardários e miseráveis, melhorar o salário de médicos e professores (esse lance de construir


escolas e hospitais de fachada, pode até render um troco bom para os corruptos de plantão, mas
para resolver o problema humano, só humanamente mesmo: melhorar - e muito - o salário das
pessoas que cuidam do corpo e do cérebro dos líderes do Futuro. Medida que teria a vantagem
suplementar de deixar as Forças Armadas com mais recursos para reforçar nossas fronteiras, montar
uma malha de radares eficiente na Amazônia que virou uma casa de noca para aviões de todas as
bandeiras (particularmente aquela com um crânio e dois ossos cruzados embaixo) levarem nossas
riquezas para seus países de origem, etc.

O que esperar de Amorim (Amorim!) comandando generais, brigadeiros e almirantes? Só o Futuro


dirá...

Enfim, as exceções confirmam a regra e Jobim foi o único da leva atual que não caiu por corrupção,
mas por falar a verdade, ter deslizes éticos de honradez e honestidade incompatíveis com este
Terceiro Mandato Lulo-Petista. Recebeu a ordem de apresentar sua carta de resignação no dia 4, o
que fez, penso eu, até com alívio!

Se o Brasil algum dia voltar a ser governado por gente patriota (o último que tivemos foi Getúlio
Vargas, aliás) quem quererá no currículo o título de ex-ministro do governo mais corrupto da história
do Brasil?

Agosto de 2011 – Neste caso a iniciativa foi da Polícia Federal que, num gesto de honradez e
honestidade, investigou o então ministro Wagner Rossi, da Agricultura e comprovou sua associação
ilícita com empresas com interesse no ministério e até efetivar contratos em troca de financiamento
de campanha. Rossi entregou sua carta de demissão no dia 17, 13 dias depois de Jobim o haver
feito.

Setembro de 2011 – Pedro Novais, indicado por José Sarney para o ministério do Turismo, ocupado
por Marta Suplicy durante o governo direto de Lula da Silva, mereceu uma série de artigos na Folha
de S. Paulo, nomeando uma plêiade de irregularidades que comprovavam cabalmente estar ele
(Novais) confundindo o Público com o Privado – pagando empregadas com dinheiro do ministério,
hospedar-se em motéis caríssimos (pessoalmente jamais estive num motel que cobre quase R$
3.000,00 a diária, deve ter tantos atrativos que se esquece até o que se foi fazer ali...) também às
custas do ministério e por aí vai. Também com Pedro Novais começa-se a perceber o esquema das
ONG’s que, sabemos todos, muitas vezes só existem no papel e ganham fortunas de ministérios em
troca de módicas propinas a quem libera o recurso. Entregou carta de demissão no dia 14 e Sarney
imediatamente fez saber que ―esse ministério é meu!‖ Pobre Brasil, tão longe de Deus, tão perto do

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Maranhão... Eu sei e você sabe que o Maranhão é no Brasil e que Sarney foi eleito pelo Amapá. Mas
se até a Dilma pode dizer em rede pública que sente pena das pessoas ―que saem do Nordeste para
o Brasil‖ eu não tenho direito a uma pequenina digressão poética em homenagem ao meu xará
mexicano (Lázaro Cárdenas disse em 1934: ―Pobre do México, tão longe de Deus, tão perto dos
EUA...‖). De mais a mais todos sabem que eu não acredito em nada que eu não possa pegar, cheirar,
lamber... Não acredito na Juliana Paes, por exemplo – essa é do Luís Fernando Veríssimo, do tempo
em que ele ainda era de esquerda...

Outubro de 2011 – Orlando Silva. Esse me deixou realmente puto! Estava procurando no Youtube
uma música linda que minha tia, falecida a 12 de Outubro gostava muito, ―Caprichos do Destino, com
Orlando Silva" – o cantor da década de 30 e só aparecia esse camarada na busca, ora comendo
pamonha, ora depondo em alguma dessas ―comiponi‖ do Congresso (comiponi = comissões de
porcaria nenhuma) e nada de achar a tal música. Até que resolvi gravar em mp3 e fazer um
slideshow em homenagem a minha tia tendo como trilha sonora a música que ela mais gostava.

Orlando Silva (da cota de Ministros do PC do B, mais um partido manchado pelo PT)

Curiosamente, o PC do B , tal como o PT, já foi um partido de esquerda, antes de todos se tornarem
essa geléia geral de siglas sem significado algum. Orlando Silva era ―da cota do PC do B‖ para o
ministério e mais uma – aí sim – herança maldita de Lula para Dilma (ou de Lula para Lula, via Dilma,
como se queira). Aprendendo com o PT como se aparelha um ministério para amealhar recursos
contabilizados e não contabilizados para o Partido, Orlando Silva fazia o mesmo através de ONG’s e
foi denunciado formalmente por um cidadão que estava nesse esquema das ONG’s e não conseguiu
pagar a propina que o ministro exigia (o que lhe valeu até um tempo na cadeia, etc.) Mesmo com a
insistência de Lula (que, infelizmente, ainda estava falando – pelo menos das mentiras de Lula
estamos livres por um bom tempo, quanto maior esse tempo, melhor!) sua posição no governo se
tornou insustentável quando até o STF acatou a medida solicitada pelo Procurador Geral da
República e abriu processo contra o ministro. Lula queria que ele respondesse ao processo no cargo.
Aparentemente, sua culpa era maior que a consciência de Lula (será que esses caras, no poder, têm
algum sentimento? ―Culpa‖, por exemplo, ou... ―consciência‖, não... Acho que me excedo, Lula não
tem sentimentos nem consciência apague a linha aí acima). Enfim, Orlando Silva é forçado a pedir
demissão no dia 26 e, antes que o diabo esfregasse um olho, lá estava Aldo Rebello, do PC do B,
para ocupar a cota do partido no ministério. Ah! Um detalhe importante: as delegações desportivas
internacionais solicitaram formalmente a Dilma um novo interlocutor que, para pessoas sérias, a
seriedade das acusações e a consistência das provas apresentadas contra Orlando Silva eram

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suficientes para desqualificá-lo como interlocutor de alguma valia...

Novembro de 2011 – Carlos Lupi, Ministro do Trabalho e Emprego de um dos países com a maior
taxa de desemprego do mundo. Há um problema aqui, mesmo os historiadores do futuro terão
dificuldade em relatar esse período da história do Brasil em que a propaganda maciça e massacrante
vai para um lado e a realidade social para outro. Como os órgãos de pesquisa são orientados a
desconsiderar uma série de pessoas como ―desempregadas‖ – quem não procurou emprego naquela
semana, quem está procurando o primeiro emprego, quem recebe alguma esmola do governo, etc E
jamais revelar o número de demissões por períodos, jamais se tem noção da realidade. Fato é que a
criminalidade aumenta, quando aparece uma vaga para qualquer coisinha as filas são imensas e
todas as famílias brasileiras têm vários desempregados entre elas a ―taxa oficial‖, se não me
equivoco, gira aí entre 5% e 6%. Na verdade, estimo amadoristicamente que, se computarmos as
demissões e todas as pessoas que estão em plenas condições funcionais mas não encontram
trabalho essa taxa está entre 40% e 50%!

Mas não é isso que o está derrubando, é a comprovada cobrança de propina por parte de seus
subalternos em praticamente todos os convênios – particularmente com ONG’s – que o Ministério do
Trabalho e Emprego tem firmado. Até este momento a versão Lula da Silva de sair pela tangente –
―Não sei de nada, não vi nada...‖ tem colado. Esse é corrupto antigo, burro velho, craca de navio,
soube se posicionar de maneira bem distanciada da propina direta e pode ser mesmo que não caia
mas, insisto, nem ele, nem qualquer outro dos muitos associados de Lula da Silva tem sobre si a
menor suspeita de honradez ou honestidade. No caso de Lupi, francamente, nem feições de gente
honesta o cara tem!

No "Jornal Nacional" da TV Globo ontem, uma notícia chamou a atenção: "Ministério do Trabalho não
compreende como aumenta tanto a despesa com o pagamento de salários-desemprego num quadro
próximo ao pleno emprego em que o Brasil se encontra(SIC), deu na Globo que mente
descaradamente desde que recebeu sua licença para funcionar da Ditadura Militar que apoiou do
começo ao fim, como apóia todos os governos de turno). Claramente a confusão entre a realidade
(elevadíssimas taxas de desemprego) e a fição da propaganda (baixas taxas de desemprego)
começa a ruir...

Mas com a notícia veiculada pela Folha de S. Paulo nesta terça-feira, 15 de Novembro de 2011 a
situação de Lupi à testa do Ministério do Trabalho e Emprego fica insustentável.

Reproduzo abaixo:

Ministro ajudou aliado a criar sindicatos-fantasmas - Folha de S. Paulo, 15 de Novembro de 2011

Deputado obteve registro para entidades patronais sem representação no Amapá

Lupi assinou sete certificados dados a associações e afirma ter apenas seguido procedimentos legais
ANDREZA MATAIS
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, concedeu registro a sete sindicatos patronais no Amapá para
representar setores da indústria que, segundo o próprio governo local, não existem no Estado.
Os certificados saíram a pedido do deputado Bala Rocha (PDT-AP), dirigente do partido de Lupi, que
afirma ter se valido da proximidade partidária com o ministro.

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Nenhum dos presidentes desses sindicatos é industrial. São motoristas de uma cooperativa de
veículos controlada por um aliado de Rocha. Os sindicatos têm registros em endereços nos quais não
há estrutura montada.

As certidões foram dadas pelo ministério em abril e agosto de 2009 e levam a assinatura de Lupi, ao
lado da inscrição "certifico e dou fé", e do então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio de
Medeiros.

O ministério foi avisado por ofício pela Federação das Indústrias do Estado do Amapá, em fevereiro
de 2009, de que esses sindicatos não tinham representação.

Como resposta, a pasta alegou que "não cabe ao ministério apurar se os integrantes da entidade
possuem indústria no ramo ao qual pretendem representar" e que apenas sindicatos poderiam fazer
esses questionamentos.

Em agosto deste ano, o deputado Vinícius Gurgel (PRTB-AP) enviou ofício ao gabinete de Lupi
reiterando as suspeitas de irregularidades.

Entre os sindicatos criados está o das Indústrias da Construção e Reparação Naval.


A produção de navios no Estado é zero, segundo o secretário de Indústria do Amapá, José Reinaldo.

Assim como não há indústria de papel e celulose, segmento que também ganhou carta sindical de
Lupi. "No Amapá a gente apenas produz matéria-prima para fabricar papel", disse o secretário.
Hoje, afirma, o setor público domina a economia do Estado. Em 2009, segundo o IBGE, havia 145
empresas da indústria, com 4.000 empregos. "A criação de tantos sindicatos só se explica pelo cunho
político", afirmou.

O reconhecimento do ministério daria aos sete sindicatos força para disputar o controle da Federação
das Indústrias do Amapá, que tem orçamento anual superior a R$ 10 milhões e controla verbas do
Sistema S (Sesi, Senai).

A federação é dirigida hoje pelo PR. Quem escolhe o presidente são os dirigentes dos sindicatos, por
maioria.

Os sindicatos também têm o direito de recolher o imposto sindical pago por empresas que se filiarem
a eles. A Caixa Econômica Federal, responsável por dividir o imposto, disse que o valor dos repasses
é sigiloso.

Os presidentes dos sindicatos do Amapá têm em comum o fato de serem de uma cooperativa de
motoristas ligada a um político do PTB, aliado ao PDT no Estado.
A maioria dos supostos industriais declarou à cooperativa ser motorista. As indústrias das quais
dizem ser donos existem apenas no papel.

Três delas, de construção e reparação naval, papel e celulose e de bebidas não alcoólicas, são do
mesmo endereço, uma casa num bairro simples de Macapá.

Para abrir um sindicato patronal, é necessário filiar ao menos três empresas com dois anos de
atividade. O organizador da nova entidade também precisa ser dono de empresa do setor.
No caso do presidente do Sindicato de Joalheria e Ourivesaria, Rosiney Ribeiro da Silva, ele tem em
seu nome um comércio atacadista de café registrado num endereço onde há uma casa.
O da indústria de mármores tem como endereço a cooperativa. O da indústria da pesca é registrado
na casa do presidente do sindicato de material plástico.

ATUALIZAÇÃO FINAL DESTE ÍTEM: CAI FINALMENTE O SEXTO MINISTRO


COMPROVADAMENTE CORRUPTO DO TERCEIRO MANDATO DO GOVERNO LULA DA SILVA, A
05/11/2011 - A Comissão de Ética do Planalto recomendou à Presidente Dilma o afastamento do
ministro Carlos Luppi. Dilma não se dobrou e decidiu mantê-lo no poder até o mês de janeiro próximo.
Alguns componentes da Comissão de Ética do Planalto sentindo-se ofendidos, ameaçaram demitir-se
eles mesmos se, diante de tantas e tamanhas evidências a presidente optasse por manter um
ministro nestas condições. Como resultado, Carlos Luppi - PDT - CAIU A 5 DE DEZEMBRO DE 2011.

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Com a queda do sétimo ministro do terceiro mandato do governo Lula da Silva - seis por comprovada
corrupção e um (Antônio Jobim, da Defesa) por falar a verdade - fica a questão: quem será o
próximo?

ATUALIZAÇÃO - 2 de fevereiro de 2012 - Cai o Sinistro das Cidades, o oitavo a sair, o sétimo por má
gestão do dinheiro público, o Sr. Mário Negromonte devido a uma série de denúncia de corrupção,
suborno a parlamentares (os tais R$ 30.000,00 mensais aos adversários políticos dentro de seu
partido o PP, de Paulo Maluf, da base de apoio a Lula neste seu Terceiro Mandato por procuração à
Búlgara. PIOR: para o seu lugar, o PP ("dono" da pasta das Cidades nestes tempos de fisiologia, anti-
republicanos e anti-democráticos) indicou Aguinaldo Ribeiro, dono de uma das companhias que
supostamente constroem casas para o programa governamental chamado ironicamente de "Minha
Casa, Minha Vida". O Avô dele contratava assassinos de aluguel para eliminar lideranças
camponesas em seu Estado Natal - Paraíba. Com um pedigree desses, vamos ver até quando se
segura na pasta...

ATUALIZAÇÃO - 25 de novembro de 2014 - Candidata à reeleição, Dilma Rousseff, na véspera do


dia da votação, veio à TV, não ficou claro se para esclarecer ou confundir: "A meus eleitores que
eventualmente não tenham oportunidade de ler, anuncio a publicação de uma revista denunciando
que cometi crime de responsabilidade. Prometo investigar a revista e 'seus parceiros ocultos'..."

Era a Veja anunciando mais um escândalo: a malversação de recursos da Petrobrás - mais uma

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Empresa Estatal Aparelhada e Saqueada pela Máquina Petista - era feita com o beneplático de Lula
da Silva e Dilma Rousseff

O Terceiro Mandato Lula da Silva ainda não acabou, ele acaba de ganhar um Quarto Mandato a
começar no dia 1º de Janeiro próximo e as dúvidas são maiores que as certezas. Sequer começará?

Analisando o Ministério Interino do Quarto Mandato do PT/PCdoB: Marcelo Neri, o homem que
acabou com o desemprego e a desigualdade social no Brasil

Obra de Ficção Política, "A Nova Classe Média": todo o brasileiro que consegue manter a
temperatura corporal em torno de 37,5 º Celsius é considerado "Classe Média" e "Fora da Miséria"

Interino, claro, pois se tornou praxe em todos os mandatos do PT/PCdoB o ministério ser loteado
entre partidos da Base Alugada e vários ministros caem por corrupção ou desavença interna logo nos
primeiros meses, portanto o que se apresenta é um ―instantâneo‖ fugaz de um ministério que cumpre,
miseravelmente, dois papéis apenas, tapar o buraco para que não fique nenhum ministério sem
alguém formalmente nomeado (para um governo que se preocupa exclusivamente com as
aparências, desprezando a essência do Brasil real, este motivo é forte) e distribuir entre os partidos
da Base Alugada as recompensas pelo apoio comprado no Congresso Nacional.

Um detalhe interessante é que, com o nome altissonante (esse governo de merda é tão bom em
siglas quanto é ruim em encaminhar a administração do Estado, aliás) de ―Democracia Direta‖ ou
―Criação de Conselhos Populares‖ o governo do PT/PCdoB tenta dar um Golpe Silencioso na
Sociedade Brasileira. A comparação com a Alemanha (que a presidentA gosta tanto de citar) Nazista
é irresistível: em fevereiro de 1933 Hitler e seus associados consideraram necessário incinerar o
Reichstag (Parlamento) atribuindo o ato aos adversários e passando a governar ditatorialmente, sem
oposição.

No Brasil opta-se pelo ―Golpe Silencioso‖. A motivação é a mesma de todos os fascistas em todas as
latitudes, longitudes e tempos históricos: fechar o Congresso e governar sem oposição.
Curiosamente, esta tentativa vem sendo bloqueada pelos motivos errados (o Congresso, até o final
de 2014 composto majoritariamente por parlamentares venais, não querendo perder a moeda de
troca com o governo que é esse apoio comprado em troca de ministérios e remuneração direta com
recursos roubados de Estatais, como no Mensalão e no Petrolão, vem impedindo por motivos
egoístas um Atentado contra a Democracia que, para espanto do Pesquisador do Futuro, usa o seu
santo nome – ―Democracia‖ – em vão).

É de se esperar, neste quadro, que o governo PT/PCdoB busque desacreditar cada vez mais a
atividade parlamentar (usando os slogans tonitruantes de hábito) e mobilizar a sociedade para
legitimar o Atentado contra a Democracia – a conferir se a sociedade brasileira se deixará
(novamente) manipular pelos criminosos no poder há tanto tempo ou se optará por reforçar o
Parlamento Real do Brasil, esvaziando os podres poderes de um Executivo Virtual.

É certo que não terei tempo de analisar todos os nomeados, associados do poder criminoso e
corrupto em tempo: muitos cairão, como sói acontecer, antes mesmo que consigamos entender a que
vieram. Começo, até pelo caráter virtual do Executivo, a analisar o ministério, portanto, a partir dos
que já conhecemos.

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Abertas as apostas, quantos dias ou semanas até que esta foto fique desatualizada?

Marcelo Neri, Ministro-Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos desde 22 de março de 2013 é,


de longe, o ministro com mais relevantes realizações neste governo e até por isso chega ao cume de
uma carreira fulminante, estando cotadíssimo para substituir Aloísio Mercadante tão logo ele seja
afastado da Casa Civil como já o foi de praticamente todos os Ministérios da Esplanada – o filho do
General Oliva poderá ir para a Defesa, por exemplo, que já não precisa contar com Diplomatas ou
gente que sequer saiba onde fica exatamente a Escola Superior de Guerra, quanto menos haja
concluído um de seus cursos, indispensáveis a quem almejava um cargo ligado a qualquer ministério
militar.

Neri foi meu contemporâneo na Universidade Federal Fluminense – como não fazíamos os mesmos
cursos, não estou seguro se frequentava aulas anteriores ou posteriores ao ponto em que me
encontrava; as pessoas com quem eu gostava de conversar e sair – além das psicólogas do prédio
ao lado daquele em que funcionavam as Ciências Sociais ;) – ostracisavam o Neri: tinha fama de ser
―dedo-duro da Ditadura Militar‖. Era novinho (nasceu em 1964), contudo havia agentes da Ditadura
entre estudantes de idade bem tenra e, nos tempos paranóicos em que vivíamos, era melhor não
arriscar... Jamais conversei com ele e não creio que tenha perdido grande coisa. Dentre suas
realizações no governo fascista do PT/PCdoB arrolo:

_ Acabou com o desemprego no Brasil;

_ Aumentou a renda dos brasileiros mais pobres e diminuiu, praticamente eliminando, as


desigualdades sociais no Brasil;

_ Ampliou tanto a renda dos mais pobres que chegou mesmo a criar uma ―Nova Classe Média‖: há
um livro dele, publicado com esse título; não recomendo, apenas informo;

_ Quando ainda estava na Fundação Getúlio Vargas, conseguiu para Lula da Silva uma taxa de
aprovação superior a 90% (índice que sequer o General Ernesto Geisel – 82%, Benito Mussolini –
56% e Adolf Hitler – 74% chegaram a atingir no auge de seus governos, de mesmo corte ideológico e
mesma metodologia de pesquisa) Isto lhe granjeou uma promoção à presidência do IBGE;

_ Na Presidência do IBGE conquistou para os Nordestinos no Brasil um nível de vida equivalente


àquele dos Finlandeses, o que lhe granjeou nova promoção, desta vez à presidência do IPEA;

_ Sob sua gestão o IPEA foi um dos órgãos mais importantes para a reeleição de Dilma Rousseff, o
que lhe granjeou o posto de Ministro, que vem exercendo concomitantemente à Presidência do IPEA;

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Enquanto isso, aqui no Brasil real...

Toda a manhã, quando vou comprar jornal, entro num barzinho cheio de homens vazios que passam
o dia se dopando pesadamente com cachaça. Telefono para alguns familiares e amigos em Salvador,
Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Recife e Manaus numa pesquisa
informal sem sequer um centavo de dinheiro público investido no processo: ―todos os bares estão
cheios de homens vazios‖, como dizia o Poeta em ―O Dia da Criação‖. Não fazem parte das taxas
oficiais de desemprego, que não leva em conta quem está desempregado há mais de um mês, quem
não procurou emprego na semana da pesquisa ou quem recebe qualquer forma de ajuda
assistencialista do governo.

Penaliza a situação da geração atual: está perdida; mas concentro minha preocupação primordial no
Pesquisador do Futuro: onde encontrará dados confiáveis em que fundamentar sua pesquisa sobre a
realidade social do Brasil nestes anos terríveis? Até pouco tempo era possível, na página do
Ministério do Trabalho (e Emprego...) verificar quantas pessoas recebiam o auxílio chamado de
―Seguro Desemprego‖ e assim ter um vislumbre mais claro: da última vez que fiz o cálculo, havia um
contingente numeroso, em torno de 35% dos trabalhadores brasileiros com carteira de trabalho,
mensalmente, recebendo o Seguro Desemprego. Atualmente aqueles dados não são mais acessíveis
ao comum dos mortais, de maneira que se tornou impossível saber a verdade acerca do desemprego
no Brasil.

A ―Nova Classe Média‖, segundo Neri, é composta pelas pessoas que têm em casa pelo menos um
aparelho de TV, um fogão e uma geladeira. Essa definição ampliou enormemente o número de
brasileiros que ―deixou de ser pobre e ingressou na Classe Média‖. Como fizeram para ampliar o
consumo e viajar para o exterior eu realmente não sei. Confesso, apesar de haver assistido a
inúmeras reportagens relatando isso em várias emissoras de TV e lido reportagens similares em
diversos órgãos de imprensa escrita, que não consigo acreditar.

Aqui e ali, contudo, aparecem discrepâncias mesmo nos órgãos mais áulicos, como a Folha de S.
Paulo que, no auge da celebração mercantil da ―Nova Classe Média‖ publicou um artigo intitulado
―Segundo a ONU, Brasil é o país mais desigual da América‖. Difícil entender... A ONU não dispõe de
órgãos independentes de pesquisa e depende dos dados enviados pelos governos. Como
conseguiram chegar a conclusões tão discrepantes daquelas da FGV é um daqueles mistérios que
talvez nunca seja resolvido ...

Como Neri acabou com a miséria no Brasil, foi necessário inventar um novo adjetivo para os sete
milhões de brasileiros que passaram fome e cinquenta e três milhões de brasileiros (entre os quais
me incluo) que só conseguiram fazer uma refeição por dia em 2014: ―Extrema Pobreza‖. No discurso
de posse, a presidentA disse que ―vai combater a extrema pobreza‖. Se Neri continuar dando a ela o
mesmo sucesso, será necessário inventar um novo adjetivo - ―Extrema Implicância‖ talvez, ―esse
povo deve ser tudo tucano...‖ – para categorizar os brasileiros que seguirão passando fome e não
conseguem viver ou acreditar nesse Brasil virtual dos desgovernos do PT/PCdoB.

Neri acabou com a miséria no Brasil, ―isso é indiscutível‖, como disse donadilma durante a campanha

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eleitoral passada, mas há uma propaganda que passa em todas as emissoras de TV, da Fundação
Abrinq, pedindo doações para ajudar ―milhões de crianças brasileiras‖ que precisam se prostituir ou
catar lixo para sobreviver. Como a Fundação Abrinq apoia esse governo que ―acabou com a miséria‖
a gente fica desconfiado: para que querem essas doações que ficam pedindo com tanta insistência?
Que há ―milhões de crianças‖ passando fome, se prostituindo e catando lixo é público e notório, mas
como não fazem parte das estatísticas oficiais do governo apoiado pela Fundação Abrinq, será que
as eventuais doações chegarão mesmo àquelas crianças?

A seu favor, embora Neri lide com monumentais quantidades de recursos públicos para sua
propaganda e pesquisa, não consta que esteja sendo investigado por qualquer desvio de recursos. A
maior acusação contra ele segue a mesma de quando estava nos bancos universitários:
DESONESTIDADE INTELECTUAL. Que, no Brasil atual, além de não constituir crime, possibilita a
conquista de promoções sucessivas.

Aposto que quando Aloísio Mercadante Oliva cair da Casa Civil (possivelmente indo para a Defesa),
Marcelo Neri será o próximo, dados os relevantes serviços prestados a esse governo. É aguardar e
conferir...

Década Perdida – Dez Anos de PT no Poder – Marco Antonio Villa (Uma Resenha)

Indispensável à biblioteca de todo o pesquisador sério

Após ―Mensalão - O Julgamento do maior caso de corrupção da História Política do Brasil‖, publicado
pela LeYa, Villa nos brinda com mais um trabalho de peso e de fundo sobre os últimos dez anos do
que aconteceu no cenário político nacional desde a posse de Lula da Silva até o final do julgamento
do Mensalão em 2012.

Dotado de uma prosa cativante sem perder jamais o rigor científico, Villa paginou seu trabalho no
formato de um capítulo para cada ano. Um livro que se lê com avidez e espanto, trazendo algumas
novidades e muito do que se acompanhou na imprensa momento a momento nos últimos dez anos.
Pessoalmente, me vi incapacitado de deixar o livro já após ler as primeiras linhas e a contracapa,
onde está registrado: ―Vivemos um tempo sombrio, uma época do vale-tudo. Desapareceram os
homens públicos. Foram substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a
qualquer preço. E rapidamente. Não importam os meios. Garantidos pela impunidade, sabem que, se
forem apanhados, têm sempre uma banca de advogado, regiamente paga, para livrá-los de alguma
condenação. São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa
política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. O Brasil de hoje é uma sociedade
invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação. É uma república bufa. Uma República
petista.‖

Embora concorde com a maioria das conclusões a que o Autor chega em vários pontos, não é um
livro voltado a este tipo de consideração. Principalmente descritivo, com embasamento em farta
documentação citada nas notas de rodapé ou na bibliografia constante ao final, trata-se de um
registro histórico do que aconteceu e ainda está fresco na memória de quem prestou atenção ao
noticiário nesta década, de fato desperdiçada.

Ao ler o trabalho de Villa, senti algo similar ao que havia sentido ao ler ―1968, o que fizemos de nós‖,
do Zuenir Ventura: um conhecimento necessário mas, francamente, extremamente doloroso. Escrevo
com o coração neste momento (na falta de um cipó, usualmente escrevo com um azorrague, aqui
coube uma exceção) para desabafar meu desconforto. Ler o que a cambutadefedapada que tomou o
poder nos vem fazendo momento a momento é como recordar um processo de tortura: ―em 2003 nos
enfiaram agulhas nos olhos; em 2004 nos arrancaram as unhas; em 2005 nos penduraram no pau-
de-arara...‖ Confesso que senti algo assim. Mas não pude abandonar a leitura enquanto não a concluí
que o livro é realmente MUITO BOM. Além de bem escrito – a prosa do Villa sempre me seduziu,
confesso – e rigorosamente embasado em dados e fatos facilmente conferíveis, o Autor critica
também severamente a oposição mais dócil da história do Brasil (adjetivação minha, o Autor critica a
oposição em termos bem mais sóbrios e consentâneos com o rigor acadêmico, naturalmente) que
perdeu uma oportunidade única de interromper a escalada do descalabro quando, em 2005, optou
por não levar adiante o que a legislação brasileira manda que se faça, ou seja, iniciar um processo de
impeachment de Lula da Silva – e não faltaram motivos! – a oposição fez uma avaliação equivocada
do quadro e apostou que a opinião pública executaria – através da votação obrigatória em urnas

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eletrônicas – o que lhes faltou coragem de fazer: remover um mandatário incompetente e corrupto. A
oposição perdeu a aposta e o Brasil perdeu – e segue perdendo – muitíssimo com isso.

Um parêntese contrariado antes de mergulhar na resenha: como assim ―sem ideologia‖?

Tornou-se comum nos meios acadêmicos falar-se que o mundo vive, ―após a queda do muro de
Berlim‖, um tempo ―sem ideologia‖. O argumento é que há uma concordância entre todas as facções
político-partidárias quanto ao encaminhamento político e econômico das nações do Globo Terrestre
em torno dos ditames da Bolsa de Valores de Wall Street no que se tornou conhecido como
―Consenso de Washington‖. Mas... Isso não é... IDEOLOGIA?

Sufoca-se o movimento sindical – não apenas no Brasil, o fenômeno é internacional –, supervaloriza-


se a moeda do Império e, muito pior, em acintosa afronta aos fatos prega-se (na imprensa como nas
academias) que os serviços públicos são de má qualidade e deve-se proceder privatizações e
desregulamentações de um tipo de capitalismo que causaria náuseas até a Adam Smith! E isso não é
ideologia?

Não há espaço – mesmo nas Universidades Federais, pasme o eventual leitor – para a discordância
ou dissidência. Há que se concordar com o Pensamento Único (que não é considerado ―ideológico‖,
quem discordar da Ideologia Dominante é, ele sim, portador de uma ―ideologia‖ e, segundo os
cânones dogmáticos das academias contemporâneas, ―ideologia ultrapassada‖). E isso apesar – ou
talvez por causa – de se estar procedendo a um sucateamento proposital do Ensino Público há mais
de 20 anos, pelo menos no caso brasileiro, ainda em 2013 as Universidades Públicas são
inquestionavelmente superiores – em resultados e excelência pedagógica – a suas similares
privadas. E isto num quadro de salários aviltadíssimos de todo o funcionalismo público e falta crônica
de investimentos no setor. Portanto, apesar da evidente superioridade do serviço público de
educação superior é preciso (―sem ideologias‖) repetir o mantra sectário tradicional: a máquina
pública é perdulária e há que se privatizar todos os setores da economia. Que se gasta mal o dinheiro
público é evidente! A corrupção descarnada, descarada, desavergonhada do caso brasileiro é
emblemática. Mas se, como na Escandinávia, no Canadá, na França, na Inglaterra ou em qualquer
país que ainda consegue prover algum bem-estar social a seus cidadãos se mantiver a Saúde e a
Educação, pelo menos estas, dentro da dimensão pública com eficiência e FORA da corrida de lobos
dos mercados, já se terá uma conquista significativa!

O fracasso da experiência socialista na União Soviética (e é disso que se está falando quando se
papagueia ―a queda do muro de Berlim‖) deve-se a uma série de fatores EXTERNOS ao ideário
comunista, particularmente a partir da ascensão do criminoso Stálin em 1924. A repetição do mantra
burguês ―o muro de Berlim caiu‖ visa desarmar qualquer tentativa de se pensar o comunismo de
maneira séria. Quando um burguês diz: ―o muro de Berlim caiu‖ está, implicitamente, dizendo, ―ficam
os povos do mundo proibidos de sequer sonhar com algo melhor que o encaminhamento rapinante
dos mercados que vivemos no mundo contemporâneo‖. Mas, repitem ad nauseam, ―isso não é
ideologia‖. Seria cômico se não fosse trágico!

Minha única discordância com meu Amigo Villa, portanto, reside neste ponto – e ele, como professor
de uma das melhores Universidades Públicas do Brasil conhece de perto a realidade sórdida dos
salários e condições de trabalho da categoria – vivemos um tempo com ideologia, sim, meu Amigo. O
que Herbert Marcuse chamava de Pensamento Único e hoje se chama de Globalização.

Depois que li ―Our Inner Ape‖ e ―Bonobo – The Forgotten Ape‖, ambos de Frans de Waal, vejo como
são semelhantes as três espécies do gênero ―homo‖ (troglodita = chimpanzé; paniscus = bonobo;
sapiens = humano) em seus comportamentos político e sexual. E me espanto de haver conseguido
me formar em antropologia sem jamais haver sequer sido estimulado a pensar em nossos primos
comuns. Muito do comportamento primata de tucanos e petistas já aparece em chimpanzés e
bonobos. Corrupção, chantagens, golpes; assim como altruísmo e empatia são características
primatas anteriores às formações religiosas e, evidentemente, políticas. Mas divago...

Quando ―o PIB cresce‖; ―o desemprego diminui‖, ―as importações aumentam‖, ―o risco país cai‖, ―a
bolsa está em alta e o dólar em baixa‖ – ou o contrário – se está enrodilhado na Jaula de Ferro a que
Max Weber se referia e preso irremediavelmente a um tipo de análise ideologicamente clara e
datada. Ressalva feita, vamos à Obra

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Ano a ano

O livro é muito bom, a resenha difícil. Ressalto apenas alguns dos muitos itens que o Autor compilou
na composição da Obra.

2003

Lula assume a presidência e afirma reiteradas vezes que ―jamais foi de esquerda‖ – de fato, é bom
lembrar isso, que até ele deve ter se esquecido pois atualmente todo o mundo – em particular os
neo-conversos ao petismo – fala que Lula é e sempre foi de esquerda. Frei Betto e Emir Sader à
frente. Estou preocupado com a saúde do Emir Sader. O que ele escreve no BLOG é tão diferente
de tudo o que escrevia antes de 2003 que se torna difícil crer tratar-se da mesma pessoa. Dada sua
idade avançada, talvez caiba a sua família verificar o que está acontecendo com a saúde de um
homem que escreveu, traduziu e apresentou obras importantíssimas para a esquerda brasileira e
hoje se tornou um reles propagandista do lulopetismo.

Neste capítulo revemos os personagens da época vivamente apresentados com o brilhantismo da


pena segura de Villa. José Dirceu como ―homem forte‖, verdadeiro ―Primeiro Ministro Informal‖ do
presidencialismo brasileiro; Frei Betto e o Programa Fome Zero (que não deu em nada exceto o que
os religiosos poderiam considerar uma blasfêmia: para Frei Betto Lula seria maior que Jesus Cristo
por realizar um milagre ainda maior que a mera multiplicação de pães e peixes – como tudo o que
envolve religião, ficou-se somente nas palavras mesmo); o cabidão de emprego aos rejeitados pelo
eleitorado em seus estados natais; até o defeito no Rolls Royce que precisou ser empurrado e a
chuva de lágrimas de crocodilo na posse.

Começa o racha dentro do PT com os autênticos recebendo a alcunha de ―radicais‖ e acabando


expulsos do partido por não acatar o alinhamento do PT com a continuidade da política econômica
ideologicamente orientada pelos tucanos na gestão anterior.

Revemos as ―emoções‖ em clima feérico, meio carnavalesco, meio futebolístico, do ufanismo vazio
em torno de um ―operário‖ que chegou à presidência de seu país. A lua de mel com a imprensa e a
promessa de moralização da coisa pública – entre tantas promessas que jamais se cumpriram.

2004

O caso Waldomiro Diniz e o fim da lua de mel de Lula com a imprensa: paladinos da ética recebendo
propina de bicheiros e propondo a legalização de bingos. Propõe-se uma CPI que o governo
consegue contornar. Larry Rhotter escreve para o New York Times que Lula da Silva ―tem um
problema com a bebida‖ e que isso preocupava seus aliados. Ameaça de expulsão do jornalista
estadunidense. Com a corrupção de Waldomiro/Dirceu, Antonio Palocci se torna o novo ―homem
forte‖ do governo Lula, elogiadíssimo por todos os banqueiros e apostadores da bolsa,
consequentemente por toda a imprensa e intelectualidade venal brasileira. Almir Pizolatto usa o
Banco do Brasil para contratar cantores e pagar por um evento voltado a arrecadar fundos para um
partido político que começa a se confundir com o Estado – não se sabia na época, mas era apenas a
ponta do iceberg...

2005

Aqui cabe, entre parênteses, uma citação direta.

―Em fevereiro de 2013, o PT aproveitaria a comemoração de mais um aniversário para fazer uma
exposição na Câmara dos Deputados, onde amplo painel apresentava uma linha do tempo com a
história do partido. Sintomaticamente, o ano de 2005 fora suprimido: a 2004, sem qualquer
explicação, seguia-se um salto para 2006. Não era para menos...‖

Em todo o noticiário apareceu a imagem de Maurício Marinho, um funcionário dos Correios, que
cobrava uma propina de R$ 3 mil, segundo ele, com o respaldo do deputado Roberto Jefferson.
Como um novelo de lã enrolado aparecia o primeiro fio que desembocaria no Escândalo do
Mensalão.

Para ampliar a base de sustentação do governo, o PT comprou o PTB. Comprou e não pagou o
combinado no momento azado. Parlamentares petebistas acusavam Jefferson de ficar com a grana

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(ninguém questionou a venda do partido) que partiu para o ataque e, através da Folha de S. Paulo,
começou a detalhar o esquema do Mensalão. Na Câmara, sem acordo, elegia-se o inexpressivo
Severino Cavalcanti para a presidência e a economia, segundo o Autor, ―ia bem‖. Talvez. Também
sou funcionário público. Aposentado. O último reajuste que tive foi no segundo mandado de FHC e
girou em cerca de 1% após mais de 8 anos sem reajuste algum. Talvez o desemprego tenha caído,
mas, diante do quadro negro vivido no cotidiano real dos brasileiros, custo a crer que os salários
fossem miseramente significativos.

Em junho o depoimento de Roberto Jefferson no Conselho de Ética da Câmara, assistido no Brasil


como se em clima de final de copa do mundo. Pessoalmente não me recordo de haver
testemunhado tanto interesse por parte da população na atividade parlamentar quanto naquela
ocasião. Jefferson brilhou e terminou seu depoimento com um ultimatum a José Dirceu (que cumpre
pena de 10 anos e 10 meses no presídio da Papuda por corrupção e formação de quadrilha) ―Zé
Dirceu, se você não sair daí rápido, você vai fazer réu um homem inocente, que é o presidente Lula‖
e reiterava apocalíptico: ―Rápido, sai daí rápido, Zé!‖. A propalada ―inocência‖ de Lula da Silva talvez
tenha enganado a alguns por algum tempo. Mas a tese jurídica (que determinou a condenação de
Dirceu) do ―Domínio do Fato‖ não se aplicaria também a Lula da Silva?

Quando Jefferson disse que, ―ao falar ao presidente que estava acontecendo isso e isso, ele chorou‖
eu me lembrei de William Shakespeare em Otelo (Ato 4, Cena 1): ―Oh, demônio, demônio! Se as
lágrimas de uma mulher pudessem fecundar a terra, cada gota que caísse daria luz a um crocodilo!‖
Tudo teatro...

Instaura-se a CPI Mista (da Câmara e do Senado) dos Correios, o governo se mobiliza primeiro para
evitar sua instalação, depois para ficar com a presidência e a relatoria (vejo nisso uma grave falha
em nossas leis: se um partido político não quer a instalação de uma CPMI deveria ficar impedido
pelo menos de presidi-la ou relatá-la, mas o Brasil...). O petista Delcídio Amaral fica com a
presidência e o peemedebista Osmar Serraglio com a relatoria. Noam Chomsky ressalta a
importância da opinião pública em todos os processos políticos, alçando-a mesmo ao nível de um 4º
Poder. Mais por força da Opinião Pública – que, fato raro em nosso país, acompanhou atentamente
os desdobramentos daquela CPMI – do que pelas qualidades éticas de seus membros, o relatório
final foi satisfatório e encaminhado ao Ministério Público. Levaria 8 anos para que toda a tramitação
chegasse a seu fim – punindo alguns, livrando outros – sempre sob o crivo da Opinião Pública,
grande agente em todo o processo.

Naquele instante a oposição perde todas as oportunidades de trazer Lula da Silva às falas e
instaurar um processo de impeachment. Na avaliação de tucanos e pefelistas (o DEM ainda não
havia recebido este nome) ―Lula deveria ser mantido nas cordas, sangrando‖ e o povo, em sua
sabedoria, o repudiaria nas urnas. Erro grave de avaliação. No Mahabharata, a rainha Kunti, pouco
antes da batalha de Kurukshetra manda, através de Krishina, um recado a seu filho Yudishtira (filho
dela com o deus Dharma): ―um mau rei é uma doença contagiosa que corrompe o reino inteiro‖. No
Brasil dizemos que ―o peixe começa a apodrecer pela cabeça‖. Bem, o povo brasileiro,
aparentemente, aprovou todos os desmandos de Lula da Silva e o reelegeu... Pior para todo mundo.
Ele passa a se julgar acima de todas as instituições e considera haver recebido do povo um cheque
em branco para fazer o que bem entendesse – e, aparentemente, não estava equivocado...

2006

O ano começa com um escândalo envolvendo o então todo-poderoso Führer da Economia Antonio
Palocci. Estaria envolvido em negociatas não republicanas com pessoas que atendiam pelo nome de
Buratti e Poletto (Naquele momento muita gente pensava: quando se votou em Lula se elegia
também Valério, Delúbio, Poletto e Buratti? Sim.).

Recebido mais do que com afabilidade pelos senadores, Palocci vai explicar reuniões secretas numa
mansão que alegava desconhecer, assim como os citados cidadãos mencionados acima. Sai
praticamente sob aclamação deste primeiro encontro.

Outros cidadãos brasileiros são chamados a depor no Senado e um se destaca: o caseiro


Francenildo, que cuidava da mansão e afirma ter visto, sim Palocci, os outros citados e muito mais
gente – inclusive ―garotas de programa‖ frequentemente na tal mansão. O coitado do Francenildo
recebeu pouco mais de R$ 20 mil de seu pai através de transferência bancária e isso foi divulgado

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na imprensa como se houvesse se tratado de propina tucana para que ele mentisse ao senado a fim
de minar Antonio Palocci.

Quando a verdade veio à tona, não restou a Palocci senão renunciar, com o governo e a oposição a
aplaudi-lo muito pelo ―excelente‖ encaminhamento da economia brasileira, todos com um terror
pânico de assustar ―os mercados‖. Manteiga assume a pasta da Fazenda e dá continuidade à
esbórnia iniciada por FHC e sua farândola e continuada por Antônio Palocci, para alegria geral ―dos
mercados‖ e infelicidade geral da nação. O Autor insiste que, apesar de tudo a economia ―ia bem‖.
Estou com 54 anos de idade. Os últimos 15 anos foram os piores de toda a minha existência, para
mim, toda a minha família e todas as pessoas com quem tenho algum tipo de relacionamento: todos
hoje têm de trabalhar muito mais em troca de um rendimento muito menor do que no passado. Se
isso é indicativo de alguma coisa... Enfim, eu não entendo deste tipo de economia que ―deixa o país
bem‖ mas os trabalhadores seguem ladeira abaixo em todos os indicadores imagináveis –
ressalvadas as maquiagens de estatísticas, outra marca relevante desta década perdida. E fico
contrariado ao ver gente que vive hoje pior do que vivia há 15 anos afirmando que ―tudo está bem‖
ou mesmo ―as coisas estão hoje muito melhor‖.

2007

Lula perde o – pouquíssimo – pudor. Assume a presidência da república em seu segundo mandado
com o paroxismo da propaganda e marquetagem. Pior, dada a inépcia da oposição, com a chancela
popular para corromper, roubar, censurar, pressionar, ―fazer, enfim tudo o que precisa ser feito‖ para
preservar e ampliar seu projeto de permanecer no poder. O vale-tudo ganha definitivamente o status
de única política oficial de governo.

Uma estratégia de marketing que se demonstra até hoje bem sucedida é a criação da sigla PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento). Tratou-se de juntar numa só sigla as pouquíssimas
atividades a que o governo se reduziu (em geral em ―parcerias‖ com prefeituras, estados e iniciativa
privada, como já o fazia FHC) Na prática, o Brasil diminui e a maioria das obras ficou só no projeto –
muitas, nem isso.

A Reforma Ministerial se arrastou por cerca de 6 longos meses – sem proposta programática
alguma, mero loteamento do ministério segundo um critério de ―cotas‖ a partidos que deram apoio à
reeleição de Lula da Silva.

A transferência portentosa de recursos do governo para as centrais sindicais e o MST os mantêm


sob o controle do governo como não acontecia desde o Estado Novo de Vargas.

Novamente – e deve ser verdade para alguma parcela da população; o Autor é muito criterioso para
falar sem fundamento – ―na economia o clima segue favorável‖. Evidentemente não favorável a
todos, digo eu, não conheço pessoalmente ninguém que tenha se beneficiado com a rapinagem do
grande capital especulativo (que os economistas chapa branca insistem em chamar de capital
financeiro). Mas deve ter beneficiado alguns, a julgar pelas pesquisas, mesmo sabendo que são
desproporcionalmente maquiadas...

O escândalo e o livramento de Renan Calheiros (o Senado Federal da República também perdeu o


decoro como instituição); as benesses do BNDES aos ―bolivarianos‖ em detrimento do Brasil ou dos
legítimos interesses nacionais. Nada. Só interessa a Lula seu projeto de permanecer no poder.

Caos no tráfego aéreo, na Força Aérea e em todas as Forças Armadas a bem da verdade: sem
reajustes salariais efetivos há cerca de duas décadas, amarga o Brasil ainda o sucateamento de seu
armamento e a quase inexistência de munição.

Foi naquele ano que Lula afirmou pela primeira vez ser capaz de ―provar‖ que o Mensalão não
existiu. Pessoalmente interessado no combate a crenças ilógico-religiosas, aprendi ser impossível
(sempre uso esta palavra com cuidado) provar que não existe algo que seja efetivamente
inexistente, como deuses, demônios, fadas, gnomos, Saci-Pererê... Fiquei curioso para ver como
Lula provaria a inexistência de algo que ficara amplamente provado quando não menos para verificar
que argumentos se pode utilizar para provar que algo que supostamente não existiu efetivamente
não tinha existência. Era bazófia e isso não serve de argumento para o que eu precisava. Já o
argumento de ―61% do povo deu a resposta na eleição, no ano passado‖ é forte. Mas prova apenas
que, sob Lula, a sociedade civil apodreceu, que ―o Brasil se apequenou (uma expressão feliz de

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Villa)‖; não que o propinoduto da compra de votos não tenha existido.

A propaganda exalta tanto ―o passado histórico de lutas‖ de Lula, mensaleiros e operadores do


mensalão que a maioria embarca na lenga-lenga. Quando se mergulha no que de fato essa gente
fez chega-se a uma equação de soma zero. Qual foi mesmo a contribuição de Genoíno, por
exemplo, para o engrandecimento do Brasil ou mesmo a preservação da ética? E de Dirceu? E da
inexpressiva Dilma Roussef, por falar nisso? Tudo propaganda. E, de tão repetida, vira verdade no
imaginário popular, como já o sabia Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista.

Villa faz as contas. Lula se formou torneiro mecânico pelo SENAI em 1963. Aposentou-se da Villares
em 1972 após cortar o dedo mindinho. Nove anos, portanto. O que se diz em suas biografias
autorizadas de autoria de Frei Betto e Emir Sader (e que Lula repete sempre que pode), que ―ficou
27 anos no chão de fábrica‖ é pura mentira. Foi, no máximo, um terço deste tempo. Desde 1972
exerce as funções de sindicalista profissional e só.

Naquele ano Lula ergue a defesa do Etanol e do que ele chama de combustível verde (é preciso
conferir isso, mas consta que os custos de produção do Álcool combustível sejam muito mais
elevados que o produto final, o que fere todas as regras do capitalismo e os países desenvolvidos há
muito perceberam isso). Com a descoberta de jazidas de petróleo em pontos longínquos da Costa
Brasileira e em águas incrivelmente profundas o discurso muda; Lula delira e, de ―auto-suficiente em
petróleo‖ – o que, aliás, não somos até hoje – já fala em pleitear um assento entre os membros da
OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Muita, muita propaganda. E a maioria,
como se sabe, acredita e aceita muito mais a propaganda que sua vida real, bem desagradável e em
queda livre.

Anunciado o início das Obras de Transposição do rio São Francisco – proposta de 1818 e totalmente
anacrônica, o problema no Nordeste não é exatamente ―falta de água‖, mas falta de infraestrutura
para o seu armazenamento; além disso, estudos da UNEB demonstram cabalmente que poços
artesianos seriam uma alternativa mais barata, rápida e eficaz que a transposição de um rio que
agoniza. Um padre faz greve de fome. À toa. Tudo não passou de boutade, em parte eleitoreira, em
parte para que os encarregados tomem das empreiteiras a propina usual nestes casos. Em pouco
tempo a obra estaria abandonada e o único trecho ainda ―vivo‖ foi construído pelo Exército Brasileiro
numa área pedregosa e pouco interessante às empreiteiras. Sem gastar um centavo dos cofres
públicos os Servidores Públicos do EB demonstram mais uma vez a falácia neoliberal de que ―os
serviços públicos são ineficientes e tudo deve ser privatizado‖. Tudo que foi feito pela iniciativa
privada fracassou. O que coube ao Exército, apesar de todo o desmantelamento de que vem sendo
vítima desde que Collor de Mello se tornou presidente (desmoralizado, desarmado, sem fardamentos
adequados ou mesmo rancho para os militares) demonstra o quanto prestação de Serviço Público
pode ser mais eficiente que a privada.

2008

O ano da crise da ―bolha de crescimento‖ estadunidense fundamentada nas derivativas e apostas de


altíssimo risco que permitiam a até meia centena de cidadãos fazer o seguro de uma única casa.
Charles Ferguson denunciaria o esquema de pirâmide e a irresponsabilidade dos banqueiros e
apostadores de Wall Street que, em última análise, levaram o mundo àquela crise superável (talvez)
somente pela de 1929. Capitalismo sem controle ou regulamentação resulta nisso mesmo mas nada
se aprendeu. ―Com a queda do muro de Berlim‖ os apostadores e banqueiros internacionais se
sentiam tão livres quanto o Lula para fazer o que bem entendessem com o patrimônio alheio. E, lá
como cá, ficariam impunes. Conferir o documentário premiado ―Inside Job‖ e o livro recém lançado
―O Sequestro da América‖ ambos de Charles Ferguson.

A coisa vinha de longe. Estourou em 2008 e o governo estadunidense providenciou o que eles
chamam de ―bail out‖, no Brasil apelidado de ―ajuda para evitar o risco sistêmico‖, repassando o
dinheiro do contribuinte para salvar os apostadores e banqueiros que fracassaram em suas apostas
numa demonstração clara do quão ―VISÍVEL‖ a mão do mercado pode ser no capitalismo
desregulado e sem controle.

No Brasil, o ufanismo de Lula seguia sem limites: ―se a crise por lá for um tsunami, por aqui não
passará de uma marolinha‖, pregava ele. Os anos seguintes (até os dias de hoje) trariam uma
verdade diferente, com altíssimas taxas de juros ―para tornar o mercado de capitais brasileiros mais

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atraente aos apostadores da bolsa‖; pífias taxas de crescimento; alguns instantes em que – de novo,
pesquisas e estatísticas maquiadas e sob rígido controle – cai o desemprego mas também a renda
do trabalhador. Incentivam-se os empréstimos predatórios, como se fez nos EUA resultando num
contingente enorme de famílias inadimplentes, pois não há aumento efetivo na renda das famílias,
ao contrário, esta segue em queda livre há pelo menos duas décadas.

À página 176 da 1ª Edição de ―Década Perdida‖ lemos ―O governo aprofunda os laços com o grande
capital e tinha no BNDES o principal instrumento para viabilizar esta aliança. Diferentemente do
período do regime militar, que incentivava a então chamada ―tríplice aliança‖ (tripé formado pelas
empresas estatais, nacionais e estrangeiras), o lulismo colocou os recursos financeiros do Estado a
serviço do grande capital.‖

A escandalosa compra da Brasil Telecom pela OI demandou uma modificação na Constituição


Brasileira (não creio que haja no Brasil quem saiba que conjunto de leis regem nosso pacto social, a
Constituição promulgada pelo congresso constituinte em 1988 já tem mais emendas que artigos – e
são muitos – a única certeza possível, dadas as tramitações de várias propostas de emendas
constitucionais no congresso é que as leis de hoje já não valerão amanhã; o pacto social brasileiro
está totalmente esgarçado, mais uma realização lulopetista...

Tarso Genro foi alçado à pasta da Justiça principalmente para impedir que a Polícia Federal
investigasse as falcatruas do lulopetismo e Franklin Martins se tornou o Goebbels de Lula
profissionalizando ainda mais a máquina de marketing governamental com o requinte da proposta de
censura à Imprensa e Internet travestidos de ―Conselho Federal de Jornalismo‖ que, felizmente, não
aconteceu. Tampouco saiu dos planos do governo pairando como uma ameaça sobre nós como uma
permanente Espada de Dâmocles.

Com a crise nos EUA um pouco de verdade acaba se refletindo nas estatísticas brasileiras:
crescimento pífio, desemprego crescente e salários em queda livre.

2009

Ainda refletindo a crise do capitalismo desregulamentado e sem controle nos EUA, ―a comparação
com outros países demonstraria que o Brasil estava entre os mais atingidos pelo desarranjo global,
uma situação muito distinta daquela que o governo vinha insistentemente propagandeando‖, lemos à
página 167.

Queda do PIB, fuga de dólares (apesar dos juros mais altos do planeta), reservas em baixa, balança
comercial desfavorável. Curioso que, quando a economia (do ponto de vista do grande capital, claro
está) anda mal, a política apresenta (ainda do ponto de vista das elites com as quais e para as quais
Lula governa) pontos positivos.

O destoamento vem do caso Cesare Battisti que, diz o Autor citando o jurista Armando Sparato
―[Batistti] não era um extremista perseguido na Itália por seus ideais políticos, e sim um criminoso
comum, que praticava roubos com o fim de lucro pessoal e que se politizou na prisão‖. Assassino de
pelo menos quatro italianos pede – e recebe – ―asilo político‖ do Brasil. Corporativismo, talvez?
Seu modus operandi em nada difere daquele dos aloprados...

Lula lança vários balões de ensaio na esperança de conquistar um terceiro mandato com o apoio
popular através de plebiscito mas desiste da ideia fabricando uma sucessora literalmente do nada. E
a campanha para a eleição presidencial de 2010 começa já no primeiro semestre de 2009 com Lula
levando Dilma Roussef – que se destaca por sua absoluta inatividade, despreparo e insignificância –
a todos os comícios de que participa, apresentando-a como ―mãe do PAC‖. Roussef é repaginada
pelos marqueteiros e passa por uma série de cirurgias plásticas e um banho de cosmética.

Em 2009 o repasse de recursos do governo ao MST (não para assentamento de famílias,


infelizmente) bate todos os recordes e chega a R$ 152 milhões. Não mais lutam pela reforma
agrária, mas são um esteio de sustentação importante do projeto de poder de Lula.

Mais uma vez o Senado, já desmoralizadíssimo, surge feio no noticiário: nepotismo, ascensoristas
de elevadores automáticos melhor remunerados que Pilotos de Caça da FAB, excesso de diretorias,
atos secretos, o escambau!

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No Paraguai elege-se Lugo (que usa a semelhança com o nome de Lula e o mesmo marqueteiro
para seu projeto pessoal de poder) e Lula concede aos hermanos um aumento de 300% no valor da
energia gerada por Itaipu além de estender uma linha de financiamento, via IBGE, de R$ 450
milhões para a construção de linhas de transmissão até Assunção.

O Senado instala uma comissão de ética cujos membros todos tinham muito que explicar e nada a
contribuir para o aprimoramento dos costumes. Analisam a situação dos ―atos secretos‖ e outros
desmandos divulgados na imprensa e, rapidinho, engavetam tudo num relatório de menos de duas
páginas completas.

Foi também o ano da chicana da ocupação da Embaixada Brasileira em Honduras pelo candidato
derrotado Manuel Zelaya, que recebeu o apoio de Lula, permaneceu na Embaixada – transformada
em sede de um grupo golpista apoiado por uma nação estrangeira contra os interesses do povo
hondurenho, fenômeno inédito na diplomacia brasileira – por quatro longos meses. O Itamaraty sai
chamuscado do episódio. Lula segue com a popularidade em alta. E Dilma cresce nas pesquisas
antes mesmo da sucessão começar.

O Tribunal de Contas da União encontra irregularidades em várias obras tocadas pelo governo
debaixo da nova grife ―PAC‖. O governo ensaia desautorizar o TCU e criar um órgão acima do TCU
―pois precisa realizar as coisas e não pode ficar todo instante paralisando obras para se explicar‖.
Logo se percebe que o problema do PAC (que jamais deslanchou) não estava no TCU – que
questionou pouquíssimas coisas – mas num problema de gestão: os ―contingenciamentos‖, dinheiro
cortado do orçamento para alimentar a ciranda financeira, impedem que mais de 4 ou 5% das obras
governamentais recebam os prometidos recursos...

2010

O ano da eleição presidencial.

Como de costume, os tucanos demoram DEMAIS para definir candidato e Lula já leva a Dilma a
tiracolo há mais de um ano. Condenado pelo TSE a pagar umas pequeninas multas simbólicas por
―antecipação de campanha eleitoral‖, ri-se da justiça e propõe que seus correligionários façam uma
vaquinha para ir pagando as multas que ele não vai deixar a ―Dilminha‖ na mão só por causa de
firulas jurídicas...

Sem que o PAC houvesse realizado sequer 5% do inicialmente programado, como estratégia de
marketing, Lula e Dilma lançam o PAC 2 que só vigorou na propaganda (e só como propaganda)
naquele ano.

Consta que Dilma tenha recebido tratamento para um câncer, o que estimulou Lula a tentar em vão
ressuscitar a ideia do plebiscito em busca de um terceiro mandato. O resultado prévio apontava na
direção de uma divisão de 50% que Lula preferiu não arriscar e torcer pelo pronto restabelecimento
de sua criatura, o que de fato ocorreu, seja lá como for.

A administração pública foi toda desviada para a eleição de Dilma Roussef, com exceção da área
econômica que seguia com suas benesses ao grande capital, como há anos.

O Edital de um trem-bala ligando São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro ensejou um festival de
ufanismo vazio. Não se assentou um parafuso para fazer sequer uma maquete do tal trem-bala, mas
foi usado e abusado como ―suprema realização da mãe do PAC‖. Haja!

2011

É embaraçoso! O que de mais consistente o PT produz desde que chegou ao poder é escândalo!
Corrupção e incompetência são sua marca característica.

Logo após a posse de Dilma Roussef, com direito à chorumela protocolar, aplausos idem e ufanismo
agora discreto na imprensa (as crises sucessivas do capitalismo fazem estrago até em quem o
defende com tanto empenho quanto o PT no poder e se começa a pensar em alternativas já no início
do que, para muitos, não passa do Terceiro Mandato Lula, por procuração) começam os escândalos.

Dilma bate de frente com um general (José Elito Siqueira) por haver falado um truísmo: ―ocorreram

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desaparecimentos políticos no Brasil, é um fato, não há que se vangloriar ou se envergonhar.


Aconteceu.‖ Dilma Roussef considerou um acinte, abriu sindicância mas, quando ia levar adiante seu
projeto de provocar mais uma cena de marketing político estourou o escândalo dos Passaportes
Diplomáticos distribuídos a filhos, netos, sobrinhos e animais domésticos de partidários do governo a
torto e a direito. Segundo o Itamaraty o número chegava a 328 (suspeita-se que este seja um terço
do número real, mas...). O Ministério Público imediatamente entrou com ação exigindo a suspensão
do benefício antidemocrático, antirrepublicano concedido a poucos apaniguados. Prevaleceu a tese
do ―direito adquirido‖ e um número não insignificante de desocupados filhotes do poder segue com o
benefício ilícito...

O inferno de Dilma mal começava. Vários de seus ministros, sete num total, caem sucessivamente
de junho de 2011 a fevereiro de 2012. Todos escrupulosamente arrolados na Obra de Villa, mas aqui
ouso remeter o eventual leitor ao levantamento que eu mesmo fiz no período, dia a dia, e que em
pouco ou nada se diferencia do que meu Amigo publica em seu livro. Os Ministros que caíram por
corrupção logo ao início do governo Dilma estão arrolados, por data, sem o brilhantismo ou a beleza
da prosa de Villa, voltarão ao ar assim que eu revisar o texto (fique ligado:)

2012

Dilma se elegeu, em parte, com um discurso estatizante imputando ao adversário a pecha de


―desejar privatizar a PETROBRÁS‖.

Ao assumir o poder realiza vários leilões de privatização de áreas de prospecção e beneficiamento


do petróleo brasileiro (o que já se vinha fazendo desde a época dos tucanos, sem novidades aí, a
questão é que ela falou uma coisa e fez outra – o que, desgraçadamente, tampouco é novidade na
política brasileira...)

Além de vastos setores da PETROBRÁS são vítimas de privatizações sucessivas Aeroportos e


Estradas. A oposição, sem rumo, até concorda. A Ideologia do Pensamento Único não encontra, nos
políticos com representação eleitoral, divergência alguma.

Chegamos a um momento em que a oposição não tem um projeto alternativo e o governo não tem
como se sustentar dada a escalada da crise do capitalismo internacional em geral e brasileiro em
particular. O ano de 2012 será marcado ainda por várias manifestações públicas contra o governo
que seguem acontecendo em todo o país até o momento em que concluo estas linhas.

Um fato que surpreendeu a muitos – eu mesmo fiquei surpreso, confesso – foi a revelação de que
Demóstenes Torres, Senador pelo DEM e uma das mais tonitruantes vozes contra o PT e seu
desencaminhamento ético, na prática ―dormia com o inimigo‖! Demóstenes Torres era um quinta
coluna, quem diria! Dia 11 de julho de 2012 Demóstenes Torres foi caçado por quebra de decoro
parlamentar ficando inelegível até 2027.

Considerações Finais

―A eleição de Lula da Silva em 2002 foi recebida como um conto de fadas‖. E foi mesmo, eu me
lembro!

Villa tece considerações altamente pertinentes (ou impertinentes, dependendo de quem o leia)
acerca da aversão da esquerda tupiniquim ao mundo das letras. Se Vladimir Lênin em várias
oportunidades (―Que Fazer?‖; ―O Estado e a Revolução‖) enfatizaria que ―sem teoria revolucionária
não há ação revolucionária – e sua (de Lênin) Obra enciclopédica sublinha o quão necessário é à
Vanguarda do Proletariado conhecer de tudo, particularmente o Materialismo Dialético que, a
despeito da propaganda em contrário, segue sendo o que de mais avançado a filosofia ocidental
produziu até os dias de hoje. Se Lênin, enfim, escrevia muito e agia mais ainda, os pseudo
revolucionários tupiniquins optaram por não se dedicar aos estudos – vou um pouco mais longe: a
repudiar e perseguir mesmo quem busca estudar a sério os problemas nacionais com vistas a
soluções concretas – e se ater apenas a uma prática pragmática que a joga nos braços do velho
coronelismo e transforma um projeto político alternativo em mísero projeto de poder.

Com o aval de boa parte da intelectualidade nacional se faz tabula rasa de toda a luta dos
trabalhadores desde o Anarco-Sindicalismo da virada do século XIX para o XX até as lutas sindicais
do ABC sob a liderança de um cidadão que trabalhou apenas 9 anos e já aos 27 assumia a profissão

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de sindicalista de tempo integral – repudiando todo o embasamento teórico que uma tal proposta
pudesse trazer.

Villa enfatiza que, dada a fragilidade intelectual de Lula da Silva, a coisa fica ―personalizada‖. O culto
à personalidade de Lula da Silva atinge o paroxismo. Sem obra escrita alguma, mas propaladas
―realizações práticas‖ (Quais? Conquista de uns reajustes salariais insignificantes aqui e ali?), atacar
as fragilidades éticas de Lula da Silva – desculpa, Villa, o cara é um anão físico, intelectual e moral,
eu tenho de usar esse azorrague de alguma forma... – seria ―atacar todo o projeto político da
esquerda no Brasil‖ que, ainda segundo os intelectuais em parte venais, em parte complexados, se
vertebraria em Lula da Silva que, como bem o diz Villa já no início do livro, NEGA haver sido jamais
de esquerda em sua vida.

Ainda assim, segue o Autor, em moldes Stalinistas apaga-se o passado histórico de lutas dos
comunistas e anarquistas brasileiros e se faz passar a imagem de que a Esquerda no Brasil começa
(e, pelo jeito acaba...) com o sindicalismo lulo-petista do ABC.

Lemos à página 272

―Os bancos e empresas estatais foram usados como instrumentos de política partidária para o que o
ministro Celso de Mello, do STF, chamaria de ―projeto criminoso de poder‖, quando do julgamento do
mensalão. Os cargos de direção foram loteados entre as diferentes tendências do Partido dos
Trabalhadores e o restante foi entregue à saciedade dos partidos da base aliada no Congresso
Nacional. O PT transformou o patrimônio nacional, construído durante décadas, em moeda para
obter recursos partidários e pessoais, como ficaria demonstrado em vários escândalos durante a
década.‖

(...)

―...o Bolsa Família caiu como uma luva, soldando o novo tipo de coronelismo petista. Se as 14
milhões de famílias do programa identificam em Lula a razão para o recebimento do benefício (SIC,
chamar aquela miséria de ―benefício‖...) sabem que, para serem cadastradas e mantidas no Bolsa
Família, dependem do chefe local. E os governichos criminosos, recordando antiga expressão da
República Velha, permanecem dominando milhões de pré-cidadãos‖

((Que não foram ―retirados da miséria‖ como quer fazer acreditar a propaganda governamental, mas
nela mantida agora debaixo do coronelismo petista está mais que provado! Causa espécie ainda a
mim a conivência da imprensa. Não faz um mês li na Folha algo como ―com o pleno emprego a que
chegamos os beneficiários (SIC) do Bolsa Família ficam sem programas que lhes permitam sair
desta dependência‖. Assim, sem vergonha nem copydesk: acaso os ―beneficiários‖ do Bolsa Família
estão empregados? Acaso se pode confiar nas pesquisas que utilizam uma metodologia
peculiaríssima para considerar alguém ―desempregado‖? Como é que se fala em ―pleno emprego‖ e
num contingente de milhões de seres humanos a receber ajuda governamental precisamente por...
não ter emprego? E na mesma linha! Aparentemente não é só no PT ou no governo. A rainha
mitológica do Mahabharata estava pra lá de certa: ―um governo corrupto corrompeu o país inteiro!‖))

Conclui o Autor com um parágrafo muito bom:

―A década petista terminou. E nada melhor para ilustrar o fracasso que o crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB), de 0,9% em 2012. Foi uma década perdida – para o país. (...) O PT não tinha um
projeto para o país. Nunca se interessou em planejar o médio e o longo prazo. O que possuía era um
mero projeto de poder, de tomar o Estado e transformá-lo numa correia de transmissão para seus
interesses partidários. E conseguiu.‖

(Minha) Conclusão

Há que se ler este livro, importantíssimo para o conhecimento de um dos momentos mais dramáticos
da vida brasileira. O que acima descrevo é meramente uma pequena coleta de alguns aspectos do
livro que me chamaram a atenção, mas dada a riqueza de detalhes, a precisão – e a beleza da prosa
– da escrita, com farto embasamento em dados concretos, é preciso lê-lo e relê-lo. Já nasce uma
Obra de Referência principalmente ao Historiador do Futuro. Se o Brasil tiver futuro, o que não é tão
certo...

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Do fundamentalismo lulopetista

Ainda de Frans de Waal, uma de minhas mais recentes leituras foi ―The Bonobo and The Atheist‖, no
qual de Waal questiona a posição do ―ateísmo militante‖ de gente do quilate de Richard Dawkins e
do saudoso Christopher Hitchens. Daquele livro ressalto uma frase que é decisiva para entendermos
a cegueira de muitos petistas (particularmente dos neoconversos ao petismo): ―não se pode
convencer racionalmente uma pessoa a abandonar uma convicção a que não aderiu usando de
faculdades racionais; é um desperdício de esforço.‖ Os fundamentalistas religiosos não o são por
haverem concluído racionalmente serem suas crenças superiores às descobertas científicas ou o
que o valha, mas por haverem sido doutrinadas desde tenra infância a acreditar naquelas sandices,
das quais não se libertarão pela via racional como pela via racional nelas não entraram. O mesmo
cabe aos lulopetistas: nada na realidade dos fatos corrobora o que a propaganda insistente,
persistente e hipnótica através dos meios de comunicação para a massa trombeteia diuturnamente a
peso de ouro. Mas não são pessoas que tenham se tornado petistas por motivos racionais (os que o
foram saíram do PT, no máximo, em 2004); são fundamentalistas petistas amestrados para
repetir ad nauseam velhos e batidos chavões do que de pior produziu certa esquerda estalinista
tupiniquim, mesmo que seu Führer insista, também ad nauseam que ―jamais foi de esquerda‖...

Como na religião e no futebol, os petistas e neopetistas deixarão de sê-lo, se o deixarem, por


motivos outros que não considerações de cunho racional. E repetirão, como Hans Frank nos
julgamentos de Nuremberg em 1946: ―mil anos se passarão e nossa culpa ainda não terá sido
lavada...‖

Um País Partido - 2014 - A Eleição Mais Suja da História

Certa feita um discípulo perguntou a Confúcio (551 – 479 Antes da Nossa Era), quais as três coisas
fundamentais para se ter um bom governo. Confúcio respondeu: um bom exército, comida e
confiança nos líderes. O discípulo voltou a insistir, querendo saber se era possível retirar algum
desses itens e continuar a se ter um bom governo. Confúcio novamente respondeu: ―sem um
exército, um povo bem alimentado e confiante, luta; sem comida, um povo que confia nos seus
líderes faz qualquer coisa. Pode-se ter um bom governo sem comida e sem exército, mas sem líderes
confiáveis, mesmo um país rico e bem guardado está fadado à ruína‖.

Avant Propos

O livro demorou a chegar pela transportadora. Logo ao início da leitura não consegui me furtar a
publicar nas redes sociais minhas primeiras impressões acerca de dois aspectos que mais me
chamaram a atenção já nas primeiras páginas, logo após Villa descrever em detalhes o processo
eleitoral brasileiro desde o golpe militar que implantou a República no Brasil a 15 de novembro de
1889 até a última eleição, detalhando cada votação, direta ou indireta, em todos os momentos
históricos nos últimos 125 anos de História do Brasil. Uma preciosidade em termos de levantamento
histórico detalhado que, logo no primeiro capítulo, li como um ―brinde‖ inesperado. Villa, sempre
radicalmente acurado e citando sempre as fontes primárias de sua pesquisa, detalha as eleições da
República Velha, a Revolução de 30, o Estado Novo, a Redemocratização de 1946 e as eleições
relativamente livres e subsequentes até 1964, seguido do Golpe Militar e todas as eleições de cada
General através do ―Colégio Eleitoral‖ do Congresso Nacional, a nova redemocratização após a
Campanha das Diretas e as eleições mais ou menos livres de 1989 até esta última. Detalhadamente
num estudo primoroso.

Os temas que me chamam a atenção não são abordados no contexto em que aqui o faço, Villa cita
os FATOS como ocorreram, aqui ouso algumas ilações, estimo que pertinentes (ou impertinentes,

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dependendo do lado do espectro político em que o eventual leitor se encontre, claro):

_ Segundo Villa, durante a campanha, uma das muitas mentiras espalhadas pelas redes sociais
acerca de Marina Silva por um grupo grande de blogueiros remunerados pelo Ministério das
Comunicações – fora os ingênuos úteis que se sujaram de graça mesmo – foi que ela seria
HOMOFÓBICA. Algo absolutamente irreal, particularmente para quem lhe conhece a biografia. Mas a
calúnia ia mais longe: divulgou-se amplamente no Twitter e no Facebook que ―os seguranças
armados de Marina Silva mataram a pancadas um homossexual que tentou se aproximar dela‖ – algo
absolutamente inverídico que não apareceu na campanha na TV ou no Rádio, o papel das redes
sociais na Campanha de 2014 foi crucial.

Aqui a minha ilação, quiçá pertinente: há anos o PSOL – de nascimento puro, a partir da insatisfação
de Heloísa Helena com a guinada à Direita do PT – se tornou um partido com discurso popular e
esquerdista ainda mais contundente que o do PT, contudo, na prática apoiando e aprovando todas as
medidas encaminhadas por parlamentares petistas (reitero que o PSOL é o que chamávamos nos
áureos tempos de ―partido de cúpula‖: conta com um grupo razoável de parlamentares, intelectuais e
simpatizantes, mas não tem contato algum com qualquer base em qualquer movimento social
organizado, seja sindical, seja de que natureza for). Ora, recordo-me que a até então insuspeita
Luciana Genro, candidata à Presidência pelo PSOL, naquele mesmo instante em que se erguia uma
campanha de calúnias e difamações em torno da completamente inverídica ―homofobia‖ de Marina
Silva, escolheu como opositor preferencial o também candidato nanico Levy Fidelix que não tinha
medo em expor sua (de Levy Fidelix) homofobia. E tanto a Luciana Genro martelou o tema que,
naquele instante, ajudou muito a campanha de calúnias do PT contra Marina Silva. Se foi proposital
ou mera coincidência, é difícil dizer. Claro é o fato que o PSOL há muito se constitui no partido que
mantém a fama de ser ―de esquerda‖ enquanto na prática é um mero homologador do
encaminhamento político e econômico criminoso do PT/PCdoB. A refletir.

O outro caso é o de André Vargas que, recebendo Joaquim Barbosa, então presidente do Supremo
Tribunal Federal em cerimônia na Câmara dos Deputados, acintosamente fazia o mesmo gesto com
o punho cerrado que os mensaleiros todos faziam ao serem presos, um a um. Questionado, disse
que ―Joaquim Barbosa não merece ser membro de um Poder, pois não entende o conceito de Poder
Unificado‖. Isso é realmente preocupante! A última vez na história em que isso aconteceu nem foi no
Brasil, foi na Alemanha em 1936 quando todos os juízes tiveram de prestar juramento de fidelidade a
Adolf Hitler e o conceito de ―amor ao Fuehrer‖ foi incorporado como Conceito Jurídico (defendido até
mesmo por Martin Heidegger). Será que o PT deseja implementar o mesmo no Brasil? Repudio a
expressão ―bolivarianismo‖ por vários motivos: Simon Bolívar foi um líder importante da América
Andina de Fala Hispânica e tinha ideais mais que nobres; o que se faz hoje por lá em nome dele não
é sequer uma sombra do que sonhava o líder revolucionário que – e aí minha implicância mesmo
com o termo – não afetou EM NADA a História do Brasil em seu tempo. Já o conceito de Nazismo,
assim como o de Aparelho Criminoso do Estado (os Julgamentos de Nuremberg deixaram claro que o
Nazismo foi, entre outras coisas, uma forma brutal e criminosa de aparelhamento do Estado por um
Partido Político) estão mais próximos de nossa compreensão...

A fim de compreender o Aparelhamento da Justiça na Alemanha Nazista – por ilação, o que o PT


deseja para o Brasil de hoje – é fundamental a leitura de um livro que clama por uma tradução em
nosso idioma para que mais gente possa tomar ciência do assunto, de Ingo Müller: "Hitler's Justice:
The Courts of the Third Reich"

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"Hitler's Justice: The Courts of the Third Reich" - Ingo Müller

Confira ainda

Lula Mussolini da Silva Hitler

De como o PT se transformou num partido de ideologia fascista e comportamento fisiológico

Apresentação

Concluindo a Leitura e Apresentando minhas Impressões (o Autor não pode, naturalmente, ser
responsabilizado pelas emoções que despertou em mim, para o bem ou para o mal e eu o Admiro
muito, dentro de uma amizade que já vai para a terceira década, para desrespeitá-lo a ponto de fazer
com que o leitor considere DELE ideias que são minhas e pelas quais ele não é, em absoluto,
responsável).

Villa, fecundo Autor que nos brindou com ―Década Perdida – Dez Anos de PT no Poder‖ no ano
passado, conseguiu, mais uma vez, fazer um levantamento isento, acuradíssimo, momento a
momento, de todos os fatos envolvendo as eleições de 2014 desde o início do ano até o final das
Eleições; cada ato mais significativo ou importante de cada participante, principalmente dos
candidatos, foi registrado da maneira imparcial, científica e precisa que já se tornou sua marca
registrada. Trata-se de um livro que precisa ser lido por todo o Brasileiro interessado em saber o que
de fato aconteceu durante ―a eleição mais suja da história‖, momento a momento, denúncia a
denúncia, debate a debate...

Introdução: onde me encontrava até meados de 2013 e onde me encontro hoje

Estive mesmo desiludido dos temas policiais que tomaram conta do noticiário político e, bastante por
isso, pouco me interessei pela campanha eleitoral de 2014 em seu início. O motivo principal, contudo,
foi a percepção clara de que, fosse quem fosse o eleito, teria de levar a cabo uma série de medidas
econômicas ditadas pela chamada ―Globalização‖ ou, mais especificamente, pela Bolsa de Valores
de Wall Street que, neste mundo reduzido a uma única ideologia forte, ―os mercados‖ ocuparam todo
o espaço e os políticos, como diz José Saramago em ―Vozes contra a Globalização‖, não passam de
comissários de bancos e grandes corporações.

Atendendo a pedidos de amigos que ainda conversam comigo mesmo depois de o PT e o PSDB
haverem conseguido me reduzir a um estado de exílio doméstico, publiquei algo sobre o que chamo
de ―Derrota da Política‖ – a presença constante de temas policiais dentro do que deveria ser espaço
dos debates e decisões políticas – e proponho algumas sugestões Radicais como uma ruptura
institucional – sem derramamento de sangue, sonho que a humana espécie já chegou a um estado
evolutivo que nos permita deixar o tacape do lado de fora da caverna quando vamos conversar e agir
em torno de coisas sérias como a Salvação de Vidas Humanas, precisamos, de alguma forma,
INTERROMPER O MASSACRE CONTRA O HUMANO que vem sendo perpetrado no cotidiano.
Parafraseando Mikhail Bakunin, que dizia não ser possível se chegar a uma sociedade libertária
através de qualquer forma de ditadura, afirmo ser impossível chegarmos à Luz trilhando um caminho
de Trevas (haja visto o que a própria história nos ensina: esse não é um bom caminho e eu o
repudio!).

O surgimento de Aécio Neves foi o Primeiro Fenômeno Eleitoral da Década, em particular por haver
ele encontrado, já no final da campanha, o eixo central do encaminhamento unificado da indignação
de todos os que não suportam mais ver a política ser tratada como assunto de polícia: a Ética Prática,
como disse em carta que dirigi a ele logo após a eleição. Apresentando uma Solução Viável, menos

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radical, mais racional que minha sugestão anterior, conquistou meu entusiasmo.

Repito não ver diferença entre os encaminhamentos neoliberais, subordinados à Globalização, dos
que se dizem ―de esquerda‖ e dos que criticam a esquerda. Saúdo Aécio Neves como um
―Fenômeno‖, pois conseguiu trazer de volta – e de maneira convincente e prática que atingiu mais da
metade do eleitorado brasileiro – a Ética para as considerações políticas e mesmo ―a política de volta
para a política‖.

Com um encaminhamento honrado, sincero, sério, republicano e justo, há espaço para propormos
mais mudanças e aprofundarmos os caminhos inadiáveis ao país mais desigual da América, com
cidadãos que, em pleno século XXI ainda vivem como se vivia no século XIX!

Acompanhei somente o Segundo Turno das Eleições, conforme explico em: Por que apoiei Aécio
Neves.

O que encontramos no livro mais recente de Villa

Vejo na página 28 um dado importantíssimo: somos um país com um número muito maior de
mulheres (particularmente, de eleitoras) do que de homens e isso pautou, em grande medida, a
campanha.

Dilma Rousseff, a exemplo do que fez Margaret Thatcher na década de 80 do século passado e faz
hoje Angela Merkel aprendeu que, num mundo masculino a mulher que se dedica á vida pública com
níveis elevados de Poder precisa se esquecer da fragilidade de seu sexo e de coisas a ele comuns
(como a ternura, a meiguice, a compaixão, a feminidade...) e agir de maneira máscula, dura –
Thatcher, por exemplo, era chamada de ―Dama de Ferro‖. Apesar disso, num país levado às cordas
da ignorância por uma sucessão de desgovernos infelizes, AINDA consegue fazer as mulheres do
mundo cotidiano, de alguma forma, se identificarem com aquela caricatura máscula que lidera o
governo brasileiro desde 2010, segundo informações de assessores descontentes, sempre aos gritos
autoritários e mesmo arremessando objetos em subordinados. Coisas do Brasil...

A 25 de julho um comunicado do Banco Santander dava a entender que o Brasil ficaria pior se Dilma
Rousseff fosse reeleita e isso provocou uma reação brutal de Lula da Silva, amigo pessoal do dono
do Santander, dirigiu a ele as seguintes palavras: ―Botin, meu querido. Eu tenho consciência que não
foi você que falou, mas essa moça tua que falou não entende pôrra nenhuma de Brasil ou do governo
Dilma‖. E continuou: ―Manter uma mulher dessas em cargo de chefia é sinceramente...Pode mandar
embora e mandar o bônus para mim.‖ Finalizou dizendo: ―Aqui no Brasil o Santander ganha mais do
que em Nova York, Londres, Pequim, Paris, Madri e Barcelona!‖. Foi convincente. Ato contínuo,
Emílio Botin demitiu não somente ―aquela moça‖, mas quatro funcionários graduados do Banco e
publicou duas notas (uma aos clientes e outra ao público em geral) de retratação pela ―análise‖
anterior. Por ali já se percebia como seria a atuação prática do Lula e seus associados sempre que o
projeto de Poder do PT fosse ameaçado.

Não entendo – juro por Deus – os valores em questão quando se fala nas falcatruas envolvendo uma
quantidade estapafúrdia de dinheiro público, da Petrobrás. A compra de uma usina em Pasadena
(para que diabos a Petrobrás precisa de uma usina tão longe das plataformas de prospecção de
petróleo brasileiras não vou nem tentar entender!). Entendi, contudo, que a Petrobrás (no que a CPMI
do Congresso sobre o tema considerou ―um bom negócio‖) comprou por R$ (ou seria U$) 2 Bilhões
um treco que valia pouco mais de 40 Milhões. E entendo que dá um sobrepreço aí de umas 50 vezes
a mais. Algo como comprar uma caneta que vale R$ 10,00 por R$ 500,00. Sob qualquer ponto de
vista, não parece nada com ―um bom negócio‖. E ali se começou a deslindar a meada de mais um
escândalo. Conheço – tristemente o confesso – gente que, quando ouve falar em mais um escândalo
de corrupção ou superfaturamento do PT, sendo do partido ou de sua base alugada, simplesmente
boceja...

Um diretor demitido da empresa informa que a quantidade de dinheiro girando em torno dos
desmandos consequentes do aparelhamento da Petrobrás pelo PT e partidos ―da base‖ deixa a
enormidade de recursos desviados dos Correios, do Banco do Brasil e do Banco Rural no processo
do Mensalão parecendo dinheiro de balinha ou pirulito. Um dos ladrões capturados pela atuação
eficientíssima da Polícia Federal trabalhando em articulação com a Justiça Federal no Paraná chegou
a devolver, de uma tacada, mais dinheiro do que todo o volume transacionado durante o Mensalão –
e aquele foi apenas UM dos negócios sujos. Beneficiando-se de um processo conhecido como

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―delação premiada‖ – e concordo com o que meu amigo Villa fala, não no livro, mas na TVEJA e na
TV Cultura: essa nomenclatura esquisita precisa mudar... Um sujeito que se arrepende e passa a
colaborar com a justiça, ainda que não pelos motivos mais nobres, seguir sendo chamado de
―delator‖ e que a justiça ―premie‖ um delator soa esquisito a ouvidos acostumados com um Brasil de
outras Éticas... – delatando premiadamente então, ficamos sabendo que o dinheiro roubado da
Petrobrás alimentou a campanha eleitoral do PT e sua base alugada neste 2014 pelo menos até que
a justiça estancasse a sangria – o que, em minha opinião, pode explicar os motivos que impediram
Dilma Rousseff de cumprir o Superávit Primário que ela mesmo havia proposto ao Congresso
Nacional (sem acesso ao Petrolão, encontrou outras fontes ilegais de financiamento, uai!) e, em vias
de incorrer em crime de responsabilidade, correu para mudar a lei – algo como um motorista que
atropela e mata alguém e muda a lei para que isso não seja mais considerado crime; ou como um juiz
parado numa blitz por estar errado multar pesadamente a policial que cumpria com o seu dever. Um
país partido e de cabeça para baixo, eis onde moro...

Os petistas bocejando diante do novo escândalo que se apresenta, repetindo o mantra ―é que nosso
governo combate a corrupção...‖ e Dilma Rousseff tão à frente nas pesquisas que havia mesmo a
possibilidade de ela vencer já no primeiro turno. Foi quando Eduardo Campos morreu e a tragédia
embaralhou todas as cartas políticas novamente. Marina Silva, após alguns percalços, assumiu o
posto de candidata do PSB (embora sua Rede Sustentabilidade tenha outra origem e propósitos e ela
estivesse no PSB mais por acidente) e rapidamente subiu nas pesquisas de opinião pública.

Uma coisa desagradável é termos de suportar essas pesquisas sabe-se lá como feitas e, o que é
pior, mas tema para outro artigo: estatísticas totalmente díspares da realidade em que vivemos, o que
dificultará enormemente o trabalho do Historiador do Futuro...

Quando o PT se sentiu ameaçado por Marina, que ficou durante algum tempo à frente nas pesquisas,
Lula da Silva partiu para a agressão verbal e os militontos remunerados pelo Ministério das
Comunicações começaram uma campanha de calúnias (a chamada ―desconstrução‖) contra a
candidata que chegou a chorar sem conseguir sintonizar-se com o ódio que sobejava do lado petista
ou mesmo responder à altura. De mentira em mentira, de calúnia em calúnia, de ataque em ataque,
Marina foi ultrapassada por Aécio Neves e chegou ao dia do Primeiro Turno em terceiro lugar.

Houve o intervalo da Copa do Mundo – e abro aqui um parêntese pois me lembrei que a Oposição
que finalmente parece haver aprendido a ser Oposição de fato, promete iniciar 2015 com a CPI do
PAC pois consta que muitas obras do PAC, estádios de futebol incluídos, chegaram a ter sobrepreço
de quase 100%. Um Deputado Federal chegou a mencionar que um Estádio de Futebol construído
para a FIFA pelo preço de 2 Bilhões custou menos de 1 Bilhão, sendo o resto superfaturamento,
propina. Bem, a CPI do PAC verificará se isso é fato mesmo.

No primeiro turno Dilma sempre levava uma cola para ler as perguntas e mesmo as réplicas,
beneficiando-se do formato do debate, diluído entre candidatos inexpressivos que a Legislação
Eleitoral (elaborada para Parlamentares Inexpressivos) assim o exige.

Interessante ainda a colocação de Villa acerca das já tradicionais ―entrevistas aos candidatos‖ feitas
pela Rede Globo. Dilma Rousseff não foi, exigiu que os entrevistadores se deslocassem para Brasília
e, de dentro de um Prédio Público, do alto de sua autoridade de Presidente da República, sabotou a
entrevista com circunlóquios e um ritmo bem lento nas respostas enquanto o tempo corria. Segundo
Villa até o Juiz Petista Dias Tofolli considerou impróprio aquele tipo de comportamento mas, sem ser
provocado por nenhum candidato, partido ou coligação, disse nada poder fazer...

Chegou o dia da eleição e o único ―Programa de Governo‖ submetido – de maneira arrevesada,


improvisada e adaptada a cada circunstância – ao eleitorado era o de Marina Silva. Nenhum dos
outros candidatos apresentou, no Primeiro Turno, um programa de governo.

Em minha opinião, como a mídia brasileira treina o telespectador (o leitor de jornais também, mas
particularmente o telespectador) para sintonizar-se com ódios e crimes diversos durante a maior parte
do tempo, quem apresenta e representa mais ódio (hipocritamente sempre o negando que isso
parece fazer parte do jogo político) se sintoniza melhor com a população e assim, Dilma Rousseff
teve mais votos que os outros dois candidatos – contudo, somados os votos de Aécio e de Marina,
Dilma ainda tinha de destilar muito ódio ainda, e isso é farto na hordas petistas.

Para o Segundo Turno, Marina Silva demorou DEMAIS para se posicionar. Dizem os que a

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conhecem que, por ser evangélica, tem de consultar a terra, mas também o céu até que tome uma
decisão e isso a faz se demorar mesmo. Enfim, decidiu apoiar Aécio Neves (a exemplo do que fez o
PSB em tempo bem mais razoável) e foi um apoio importante naquele instante. Seria mesmo
impensável vê-la apoiando os caras que a achincalharam tanto no primeiro turno...

Chegamos ao Segundo Turno das Eleições e só então me decidi a acompanhar, mais como um
exercício de análise psicológica dos seres humanos que, a meu ver, representam os mesmos
interesses econômicos (Dilma e Aécio), apenas para lhes ler as microexpressões e linguagem
corporal. Fui capturado pela sinceridade e univocidade de Aécio Neves e concluí que, entre as duas
direitas em disputa naquele segundo turno, uma era sincera a outra corrupta e mentirosa. Optei pela
ética e passei a defender Aécio Neves granjeando com isso um sem-número de amigos novos nas
redes sociais e perdendo pelo menos dois que, se dizendo (talvez mesmo ―se considerando‖) ―de
esquerda‖ recusavam-se a apoiar a UDN informando preferir ficar com o PSD. Fiquei um tantinho
aporrinhado: a UDN nem existe mais e eu tenho de perder bons amigos por causa de políticos que
sequer sabem da minha existência? Que saco!

No capítulo 13, ―48 Horas Agitadas‖ Villa nos presta o enorme obséquio que apresentar uma
transcrição INTEGRAL das perguntas e respostas dos candidatos e ―indecisos‖ no último debate da
Rede Globo. Confesso que foi uma leitura dolorosa: eu já não suportava mais ouvir a Dilma falando c-
a-n-d-i-d-a-a-a-a-t-o naquela altura e sua inferioridade intelectual e moral estava gritantemente
patenteada. Foi vexatório para ela, contudo, insisto, como nossa gente se identificou mais com ela do
que com um cidadão bem-educado, com o perfil de um Líder, a meu juízo houve um empate. Tanto
no debate quanto no resultado das eleições. Inquestionavelmente Aécio Neves era e representava o
melhor para o Brasil naquele momento e sua superioridade no debate foi também seu calcanhar de
Aquiles: um povo idiotizado e impregnado de ódio pela mídia se identificou muito mais com o ódio
idiota de Dilma que com a Ética de Aécio que, até este dia, muita gente não consegue sequer
entender!

A política suja dos blogueiros e colunistas de aluguel se fazia frenética! Lula da Silva, em evento em
BH apresentou o que disse ser uma ―análise psicológica‖ de Aécio Neves e ―psicóloga‖ que o
―analisa‖ deduz que se trata de homem violento, cheio de ódio, capaz de agredir mulheres, que tem
problemas psiquiátricos e o evento termina com um rapper dizendo a Lula que Aécio fornecia cocaína
para festinhas em BH enquanto a claque contratada repetia o puxador: ―Aécio Cheirador‖ – assim
como a alegada homofobia de Marina Silva, tampouco esta acusação tem o menor fundamento. Mas
quem está interessado na verdade quando em questão está o projeto de poder do PT que se estende
não por mais um mandato Dilma, mas pela volta de Lula para mais dois mandatos a partir de 2018!

Outro que me perseguiu – embora não pessoalmente, através de ―amigos‖ – foi um candidato a
Deputado Federal pelo PRTB de Collor (da base alugada do governo) que se apresentava em
constantes e amplamente distribuídos vídeos pelo Facebook falando coisas totalmente descabidas
sobre Aécio Neves: atribuía ao candidato a prática de um sem-número de crimes; segundo o cara,
até roubar as renas do Papai Noel o Aécio roubou! Notei que seu tom de voz e ritmo buscavam
assemelhar-se aos programas ―mundo cão‖ do Datena e do Marcelo Rezende e isso fez com que até
mesmo advogados que têm de profissão os anos que tenho de vida, mas não perdem um programa
―mundo cão‖, mesmo diante de meus pedidos de clemência pois não suporto programas policiais, o
apresentassem como ―um homem de esquerda‖ a quem devo prestar a mesma cortesia que aos
juízes do Supremo, que acusam petistas por haverem cometido crimes... Gente leiga considerar que
se deve dar a mesma atenção a um militonto que se deve prestar a juízes do Supremo já seria
suficientemente ruim. Que advogados velhos façam isso é incompreensível!

Pessoalmente, repito, considero que houve empate na eleição. O fato de se usar urnas eletrônicas e
Dias Tofolli permanecer recluso ―contando votos‖ com assessores pouco antes de divulgar o
resultado com uma diferença irrisória (proporcionalmente falando) no número de votos a cada
candidato é um problema que somente uma modificação radical na Legislação Eleitoral pode
resolver. Os cartazes espalhados nos postes das grandes cidades com caricaturas e dizeres
detratores a Aécio Neves, além do terrorismo petista de ameaçar diretamente desligar dos programas
―Minha Casa Minha Vida‖ e ―Bolsa Família‖ todos os eleitores de Aécio também forçaram a eleição
numa direção diferente do que seria caso se tivesse conquistado a liberdade de votar no Brasil... Já
está em tramitação no Senado Federal, por sinal, o Projeto de Lei apresentado no dia 30 de outubro
de 2013 pelo Senador Aécio Neves tornando o benefício do bolsa família permanente. Este projeto,
se aprovado, fará o Bolsa Família se perpetrar, independente de qual governo esteja no poder, ou

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seja, acabando com a moeda de troca do PT. Nada mal para quem iria ―Acabar com o Bolsa
Família‖...

Enfim, a Eleição Mais Suja da História chegou a seu fim com o Brasil enfrentando inflação crescente,
juros altos e um banqueiro já designado para Ministro da Fazenda – e banqueiro do Bradesco, o
banco que usa o trabalho servil dos Funcionários dos Correios para ampliar seus lucros à custa do
Estado. Villa conclui constatando que o resultado desafia analistas. Eu diria mais ―analistas de países
com povo e eleições civilizadas‖, onde quem se enfurece e busca ―desconstruir‖ o adversário é que
perde por ser entendido como moralmente inferior – no Brasil isso não parece ser problema...

Para mim houve um resgate e agradeço até hoje ao Senador Aécio Neves. Não mais por ele ser
quem é ou representar o que representa: ele nos deu um Norte. Há pelo menos meio Brasil
preocupado com a Superioridade Intelectual e Moral, independente de ideologias e isso não é pouco.
Restará ao PT nos próximos quatro anos destruir ainda mais os conceitos de moralidade e
desmoralizar a intelectualidade nacional que não se vendeu; reduzir os níveis educacionais,
incrementar os programas de ódio e ―mundo cão‖ na TV, que já vão dando o tom de como deve o
eleitor amestrado se comportar e por aí vai. A oposição fará o possível para resgatar a Honra, a
Moralidade e a Intelectualidade Nacional. É uma luta difícil. Mas não impossível.

História

História (do grego antigo ἱστορία, transl.: historía, que significa "pesquisa", "conhecimento advindo da
investigação")[1] é a ciência que estuda o ser humano e sua ação no tempo e no espaço
concomitantemente à análise de processos e eventos ocorridos no passado. O termo "História"
também pode significar toda a informação do passado arquivada em todas as línguas por todo o
mundo, por intermédio de registos históricos.

A palavra história tem sua origem nas investigações de Heródoto; em grego antigo, o termo "História"
é Ἱστορίαι (Historíai). Todavia, será Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o
cruzamento de dados e uso de diversas fontes diferentes. O estudo histórico começa quando o ser
humano encontra os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados. Esse
estudo, do ponto de vista europeu, divide-se em dois grandes períodos: Pré-História e História.

Os historiadores usam várias fontes de informação para construir a sucessão de processos históricos,
como, por exemplo, escritos, gravações, entrevistas (História oral) e achados arqueológicos. Algumas
abordagens são mais frequentes em certos períodos do que em outros e o estudo da História
também acaba apresentando costumes e modismos (o historiador procura, no presente, respostas
sobre o passado, ou seja, é influenciado pelo presente).

Os eventos anteriores aos registos escritos pertencem à Pré-História. As sociedades sem escrita,
mas sobre as quais há registos escritos por povos que já conheciam a escrita e que coexistiam com
elas, são descritas pela Proto-História (é o caso, por exemplo, dos povos celtas da cultura de La
Tène).

As Concepções da História

As concepções formais da História

Em sua evolução, a História se apresentou pelo menos de três formas. Do simples registro à análise
científica houve um longo processo. São elas:

História Narrativa - O narrador contenta-se em apresentar os acontecimentos sem preocupações com


as causas, os resultados ou a própria veracidade. Também não emprega qualquer processo
metodológico.

História Pragmática - Expõe os acontecimentos com visível preocupação didática (ver: Didática da
história). O historiador quer mudar os costumes políticos, corrigir os contemporâneos e o caminho
que utiliza é o de mostrar os erros do passado. Os gregos Heródoto e Tucídides e o
romano Cícero ("A Historia é a mestra da vida") representam esta concepção.

História Científica - Agora há uma preocupação com a verdade, com o método, com a análise
crítica de causas e consequências, tempo e espaço. Esta concepção se define a partir da

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mentalidade oriunda das ideias filosóficas que nortearam a Revolução Francesa de 1789. Toma
corpo com a discussão dialética (de Hegel e Karl Marx) do século XIX e se consolida com
as teses de Leopold Von Ranke, criador do Rankeanismo, o qual contesta o chamado "Positivismo
Histórico" (que não é relacionado ao positivismo político de Augusto Comte) e posteriormente com o
surgimento da Escola dos Annales, no começo do século XX.

História dos Annales (Escola dos Annales) - Os historiadores franceses Marc Bloch e Lucien
Febvre fundaram em 1929 uma revista de estudos, a "Annales d'histoire économique et
sociale",[5][6] onde rompiam decididamente com o culto aos heróis e a atribuição da ação histórica
aos chamados homens ilustres, representantes das elites (ver: Revisionismo histórico). Para estes
estudiosos, o quotidiano, a arte, os afazeres do povo e a psicologia social são elementos
fundamentais para a compreensão das transformações empreendidas pela humanidade. Surgindo
ainda o movimento da Nova História Crítica e da Nova História.

As Concepções Filosóficas da História

Ver artigos principais: Consciência Histórica, Filosofia da história e Teoria da História

Ainda no século XIX surgiu a discussão em torno da natureza dos fenômenos históricos. A que
espécie de preponderância estariam ligados? Aos agentes de ordem espiritual ou aos de ordem
material? Antes disso, a fundamental teológica fez uma festa na mente cordata do povo.

Concepção Providencialista - Segundo tal corrente, os acontecimentos estão ligados à determinação


de Deus. Tudo, a partir da origem da Terra, deve ser explicado pela Divina Providência. No passado
mais remoto, a religião justificava a guerra e o poder dos governantes. Na Idade Média Ocidental,
a Igreja Católica era a única detentora da informação e, naturalmente, fortificou a concepção
teológica da História. Santo Agostinho, no livro A Cidade de Deus, formula essa interpretação. No
século XVII, Jacques Bossuet, na obra Discurso Sobre a História Universal, afirma que toda a História
foi escrita pela mão de Deus, E no século XIX, o historiador italiano Césare Cantu produziu uma obra
chamada Storia universale de profundo engajamento providencialista.

Concepção Idealista - Teve em Georg Wilhelm Friedrich Hegel, autor de Fenomenologia do Espírito,
seu corporificador. Defende que os factos históricos são produto do instinto de evolução inato do
homem, disciplinado pela razão. Desse modo, os acontecimentos são primordialmente regidos por
ideias. Em qualquer ocorrência de ordem econômica, política, intelectual ou religiosa, deve-se
observar em primeiro plano o papel desempenhado pela ideia como geradora da realidade. Para os
defensores dessa corrente, toda a evolução construtiva da humanidade tem razão idealista.

Concepção Cíclica - De acordo com as teorias cíclicas da história o progresso das sociedades
humanas desenvolve-se de acordo com grandes ciclos que se repetem ao longo dos tempos,
independentemente da vontade dos homens. A explicação cíclica da história teve origem
nos historiadores da Grécia Antiga. O polímata árabe Ibn Khaldun na sua obra Muqaddimah, escrita
em 1377, delineou sobre uma teoria cíclica da História. No século XVIII, Giambattista Vico no no
livro Ciência Nova, publicada em 1725, foi o primeiro pensador da história a propor uma teoria cíclica
da história em que as cidades humanas passavam inevitavelmente por certas fases distintas de
desenvolvimento ao longo dos tempos. Já mais recentemente, Oswald Spengler e Arnold J.
Toynbee também sugeriram que a história humana se desenrola em ciclos, pois encontramos sempre
a evidência deste princípio nas inúmeras civilizações cuja ascensão e queda, evoluindo sempre mais
altos que os anteriores, são a confirmação da evolução cíclica da espécie humana.

Concepção Psicológico-social - Apoia-se na teoria de que os acontecimentos históricos são


resultantes, especialmente, de manifestações espirituais produzidas pela vida em comunidade.
Segundo seus defensores, que geralmente se baseiam em Wilhelm Wundt Elementos de Psicologia
das Multidões, os factos históricos são sempre o reflexo do estado psicológico reinante em
determinado agrupamento social (ver: História das mentalidades e História das ideias).

Concepção Materialista - Surgiu em oposição à concepção idealista, embora adotando o mesmo


método dialético. A partir da publicação do Manifesto Comunista de 1848, Karl Marx e Friedrich
Engels lançam as bases do Materialismo Histórico, onde argumentavam que as transformações que a
História viveu e viverá foram e serão determinadas pelo fator econômico e pelas condições de vida
material dominantes na sociedade a que estejam ligadas. A preocupação primeira do homem não são
os problemas de ordem espiritual, mas os meios essenciais de

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CONHECIMENTOS GERAIS

vida: alimentação, habitação, vestimenta e instrumentos de produção. No prefácio de Crítica da


Economia Política, Karl Marx escreveu:

― As causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções políticas, não as devemos


procurar na cabeça dos homens, em seu entendimento progressivo da verdade e da justiça
eternas, mas na vida material da sociedade, no encaminhamento da produção e das trocas. ‖

Documentos e Fontes Históricas

Ver artigos principais: História documentada e Método histórico

O fato histórico é estudado através de vestígios e documentos. As fontes históricas são constituídas
por elementos das quais o homem fez e deixou no passado. Os fatos históricos influenciam o futuro,
ou seja, o atual mundo é composto dos acontecimentos e feitos anteriores.
Os monumentos, templos, esculturas, pinturas e outros objetos em geral são considerados vestígios;
as tradições (oral) são lendas, canções, narrações e outras formas de manifestações culturais
expressas na oralidade; e os documentos escritos são todos aquelas fontes escritas,
como leis, livros e relatórios. Porém, por diversas vezes é difícil saber se a fonte histórica é original,
se não foi modificada ou falsificada, por isso existe uma ciência especial, a Heurística, só para cuidar
da verificação e investigação da autenticidade das fontes históricas.[7]

Sobre fontes e documentos é feita a crítica histórica:

Crítica objetiva - Verifica o valor extrínseco, externo de um documento; se é original ou apenas uma
cópia.

Crítica subjetiva - Verifica o valor intrínseco, interno, de um documento. É um trabalho especializado,


comparativo, que só pode ser realizado pelas ciências auxiliares da História: Arqueologia (estuda
ruínas, objetos antigos); Paleontologia (fósseis); Heráldica (emblemas e brasões); Epigrafia
(inscrições lapidares); Numismática (moedas); Genealogia (linhagens familiares); Paleografia (estudo
da escrita antiga)Antropologia, Linguistica e Geografia

Periodização histórica

História

Paleolítico
Idade
da Pedra Mesolítico

Neolítico

Pré-história Idade do
Cobre

Idade dos Idade do


Metais Bronze

Idade do
Ferro

Antiguidade Oriental
Idade Antiga
Antiguidade clássica

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Antiguidade tardia

Alta Idade Média


Idade Média
Baixa Idade
Média

Idade Moderna

Idade Contemporânea

Relacionados [Expandir]

v•e

O passado da humanidade se divide em dois grandes grupos, a Pré-História e a História.

Pré-História

A pré-história é o período que inicia com o surgimento do ser humano anterior à escrita, inventada
na Mesopotâmia a cerca de 4 000 a.C.Caracteriza-se, grosso modo, pelo nomadismo e atividades
de caça. Surge a agricultura e a pecuária, os quais levaram os homens pré-históricos
ao sedentarismo e a criação das primeiras cidades. A Pré-História divide-se em três
períodos:[8][9][10]

Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, quando descobriu-se o fogo;

Neolítico ou Idade da Pedra Polida, quando ocorreu a Revolução Agrícola, sendo domesticado os
animais, e o início da prática da domesticaçãode espécies vegetais;

Idade dos Metais, quando iniciou-se a fundição dos metais e a utilização deste na fabricação de
instrumentos, sendo o último período da Pré-História demarca o conjunto de transformações que dão
início ao aparecimento das primeiras civilizações da Antiguidade, Egito e Mesopotâmia.

História

A História divide-se em quatro períodos:

Idade Antiga – A Antiguidade compreende-se de cerca de 4000 a.C. até 476 d.C., quando ocorre
a queda do Império Romano do Ocidente. É estudada com estreita relação ao Próximo Oriente, onde
floresceram as primeiras civilizações, sobretudo no chamado Crescente Fértil, que atraiu, pelas
possibilidades agrícolas, os primeiros habitantes do Egipto, Palestina, Mesopotâmia, Irão e Fenícia.
Abrange, também, as chamadas civilizações clássicas, Grécia e Roma

Idade Média – A Idade Média é limitada entre o ano de 476 d.C. até 1453, quando ocorre a conquista
de Constantinopla pelos turcos otomanose consequente queda do Império Romano do Oriente. É
estudada com relação às três culturas em confronto em torno da bacia do mar Mediterrâneo.
Caracterizou-se pelo modo de produção feudal em algumas regiões da Europa.

Idade Moderna – A chamada Idade Moderna é considerada de 1453 até 1789, quando da eclosão
da Revolução Francesa. Compreende o período da invenção da Imprensa, os descobrimentos
marítimos e o Renascimento. Caracteriza-se pelo nascimento do modo de produção capitalista.

Idade Contemporânea – A chamada Idade Contemporânea compreende-se de 1789 até aos dias
atuais. Envolve conceitos tão diferentes quanto o grande avanço da técnica, os conflitos armados de
grandes proporções, a Nova Ordem Mundial e a ideia de "fim da história."

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A era Cristã e a Divisão da História

Ver artigos principais: Anno Domini, Era comum e Impacto do cristianismo na civilização

A referência de maior aceitação para se contar o tempo, atualmente, é o nascimento de Cristo. Mas já
houve outras referências importantes no Ocidente: os gregos antigos tinham como base cronológica o
início dos jogos olímpicos; os romanos antigos, a fundação de Roma. Outras culturas diferentes da
ocidental podem utilizar outras referências - por exemplo, os árabes contam seu tempo pela Hégira,
a emigração (não fuga) de Maomé de Meca para Medina (ver: Calendário islâmico).

Geografia

A Geografia é a ciência que estuda o conjunto de fenómenos naturais e humanos, os quais são
aspectos da superfície da Terra, considerada na sua distribuição e relações recíprocas. A Geografia
estuda a superfície terrestre. A origem etimológica do termo é derivada dos radicais gregos geo =
"Terra" + grafia = "escrita". Descreve as paisagens que resultaram da relação entre o homem e
a natureza. Desde a mais alta antiguidade o homem se preocupava com o conhecimento do espaço
em que vivia (ambiente). Certas vezes esse conhecimento era uma resposta desejada pela
curiosidade. Outras vezes tais conhecimentos tinham objetivos econômicos ou políticos.] O
conhecimento sistematicamente abordado da Terra é o objetivo específico da Geografia. A Geografia
é uma disciplina que nasceu na própria época em que surgiu o homem. Mas o homem só categorizou
a Geografia como ciência depois que a civilização grega floresceu.

Na superfície da Terra são compreendidas quatro esferas: a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e


a biosfera. É o habitat, ou meio ambiente. Nela vivem os animais (seres humanos e não humanos) e
as plantas.

A superfície da Terra é conhecida pela sua habitabilidade. Na superfície da Terra são apresentadas
diversas características. Uma das características de maior importância é a complexidade interativa
dos elementos físicos, biológicos e humanos. Dentre esses elementos podemos citar
o relevo, o clima, a água, o solo, a vegetação, a agricultura e a urbanização. Outra característica é o
fato de que o ambiente varia muito de um lugar para outro, conforme os lados antagônicos: de um
lado o calordos trópicos e, por outro o frio das regiões polares, a aridez dos desertos ao contrário
das umidade das florestas equatoriais, a vastidão das planícies rebaixadas em contraposição à
ingremidade das montanhas e as superfícies geladas e despovoadas em oposição às
grandes metrópoles que ultrapassam os milhões de habitantes.

Outra característica ainda é o registro regular dos certos fenômenos, como os climáticos. O registro
regular dos fenômenos climáticos faz com que sua distribuição espacial seja generalizada por esses
fenômenos climáticos. Os exemplos mais verdadeiros são a medições térmicas e pluviométricas. As
medições térmicas e pluviométricas são os principais elementos climáticos para a agropecuária e
outras atividades feitas pelo homem.

Na geografia há quatro preocupações particulares. Primeiro, onde o seu objeto se localiza. Segundo,
como os fenômenos se inter-relacionam (em especial o modo como a humanidade e a território se
relacionam, de modo igual que a ecologia). Terceiro, a regionalização. E, quarto, as áreas
correlatas. Pela geografia são pesquisados os locais onde desenrola a vida das pessoas, de como os
locais se distribuem acima da superfície terrestres e os fatores de ambiente, cultura, economia e
fatores que se relacionam à recursos da natureza. Todos esses fatores têm influência nessa
distribuição. Trata-se de uma tentativa de respostas e perguntas a respeito de como é possível uma
região ser reconhecida pela população, modus vivendi, cultura e a respeito dos movimentos e
relações ocorridas entre os locais diferenciados. Foi sistematizada como disciplina acadêmica em
atribuição aos pesquisadores Alexander von Humboldt e Carl Ritter, que viveram no Século XIX. O
profissional desta disciplina é o geógrafo.

Definição

Etimologia

A origem etimológica do nome "geografia" é derivada do vocábulo grego geographía (γεογραπηία),


que significa "descrição da Terra" e "carta geográfica". O termo é composto pelos radicais
gregos geo = "terra", + graphein = "descrever". O nome da disciplina é representado

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no latim como geographia. Esta é a fonte do eruditismo em cinco línguas europeias: em língua
portuguesa e italiana, geografia (século XVI); em língua espanhola, geografía, (1615); em língua
francesa, geographie (aproximadamente 1500); em língua inglesa, geography (século XVI). A palavra
inglesa geography é uma palavra emprestada do vocábulo francês e alemão Geographie (século
XVI); O vocábulo alemão Erdkunde é derivado de duas palavras: Erde = "terra", + Kunde =
"conhecimento".[22] Esta palavra foi registrada pelo especialista em linguística alemão Johann
Christian Adelung (1732-1806), em 1774. Erdkunde é traduzido do vocábulo francês e
alemão Geographie.

O Conceito de Geografia

A geografia é uma ciência na qual é estudado o modo como os habitantes se relacionam com a
Terra. O desejo dos geógrafos é ter o conhecimento do lugar onde passa a vida dos homens,
das plantas e dos animais e a localização dos rios, dos lagos, das montanhas e das cidades. Pelos
geógrafos é estudado o porquê desses elementos são encontrados na sua localização e como são
inter-relacionados entre si. A origem etimológica da palavra "geografia" é derivada do
grego geographía (γεογραπηία), cujo significado é descrição da Terra. A geografia é grandemente
dependente em relação às demais disciplinas para a obtenção de informações básicas, em especial
de certos ramos especializados. Na ciência geográfica são utilizados os dados de outras disciplinas
com a química, da matemática, da física, da astronomia, da antropologia e da biologia e esses dados
são relacionados com estudos das populações e de seu meio ambiente.

Os geógrafos são utilizadores de um grande número de técnicas que vai da análise de mapas,
leituras especializadas e análises estatísticas de censos demográficos. Os mapas constituem o
instrumento e o meio de expressão de maior importância que não pode faltar no trabalho de um
geógrafo, seja em casa, na sala de aula, no expediente comercial, nas palestras, nas viagens, nas
reuniões, em qualquer lugar, em qualquer idioma. Além de serem estudados os mapas, estes são
atualizados pelos geógrafos graças à especialização das pesquisas, fazendo com que seja
aumentado o nosso conhecimento geográfico.[23]

Dada a utilidade do conhecimento geográfico no cotidiano das pessoas, a geografia começa a ser
aprendida no jardim de infância ou no ensino fundamental com extensão até o ensino superior. Na
ciência geográfica é objetivada a base do estudo do senso de saber para onde vai
viajar dirigir um meio de transporte, de ser capaz de ler mapas, de compreender as relações
espaciais e de conhecer o tempo, o clima e os recursos naturais.

O homem sempre teve necessidade e fez uso do conhecimento geográfico. Pelos povos pré-
históricos era necessário encontrar cavernas que pudessem servir como moradias, próximas de
reservas regulares de água e locais propícios a caça. Tinham o conhecimento da localização dos
rastros deixados pelos animais e as trilhas por onde os inimigos passavam. Pelos povos pré-
históricos eram utilizados carvão ou argila em cores para elaborar o desenho dos primeiros mapas de
sua região nas paredes das cavernas ou na secura da pele dos animais.

No passar do tempo, o homem foi aprendiz da agricultura e da domesticação dos animais. Por essas
atividades o homem foi forçado a ser atencioso ao clima e aos pastos que ele pretendia localizar.
Porém, o seu conhecimento geográfico era verdadeiramente restrito à distância possível de ser
percorrida num dia.

Atualmente, não é mais possível a nossa satisfação com o limite de um conhecimento geográfico da
área de cercania de nossas residências. Hoje, nem mesmo era o bastante às pessoas o
conhecimento das terras e dos mares na sua maior proximidade, como era ocorrente na época em
que o Império Romano tinha o mesmo tamanho das nações modernas do Brasil e dos Estados
Unidos. O geógrafo só realiza satisfatoriamente sua tarefa, quando considera em suas análises os
diversos aspectos conhecidos do nosso planeta.

História

Ver artigo principal: História do pensamento geográfico

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Antiguidade greco-romana

Reconstrução do século XIX do mapa de Eratóstenesdo mundo conhecido, c. 194 a.C.

Os primeiros registros de conhecimentos geográficos são encontrados em relatos de viajantes


no século V a.C. Um famoso exemplo de viajante daquela época foi o grego Heródoto, o pai da
história. O conhecimento dos cidadãos da Grécia Antiga a respeito da Terra era grandemente
avançado. Especialistas em filosofia como Pitágoras e Aristóteles tinham a crença de que a Terra
era redonda.

No século III a.C., Eratóstenes de Cirene foi o primeiro a utilizar a palavra Geografia. Esta palavra
aparece escrita numa obra de domínio público denominada Geografia. O cientista grego fez o cálculo
da circunferência da Terra com aproximação gigantesca.

Depois, o geógrafo e historiador grego Estrabão selecionou todo o conhecimento clássico sobre
Geografia. Todo esse conhecimento encontra-se reunido numa obra de 17 volumes sobre a época
em que Jesus Cristo viveu.

Esta publicação se tornou a única referência sobre obras gregas e romanas desaparecidas. Outra
importante contribuição foi a do astrônomo e geógrafo Ptolomeu. Ptolomeu viveu no século II da era
cristã. Por mais que o astrônomo tivesse grande contribuição, seus estudos apresentavam erros.

Idade Média, Renascimento e Iluminismo

"Nova Orbis Tabula in Lucem Edita" (Frederik de Wit, c. 1665).

Devido à queda do Império Romano no Ocidente, o conhecimento geográfico greco-romano foi


perdido na Europa. Porém, entre os séculos XI e XII foi preservado, revisto e ampliado por
geógrafos muçulmanos da Península Arábica. Mas os acréscimos e acertos feitos pelos geógrafos
árabes Edrisi, Ibn Battuta e Ibn Khaldun foram ignorados pelos pensadores europeus. Durante
as cruzadas, foram retomadas as primeiras teorias.

Assim, os erros de Ptolomeu continuaram no Ocidenteaté as Grandes Navegações. As Grandes


Navegações passaram a reabastecer a Europa de informações mais detalhadas e exatas sobre o
restante do mundo. Em 1570, o cartógrafo flamengo Abraham Ortelius organizou diversos mapas
num livro só. Seria este, talvez, o atlas mais antigo do mundo.

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Capitão James Cook (1728-1779).

Uma importante personalidade que retomou os estudos de geografia foi o alemão Bernhardus
Varenius (Bernhard Varen). O livro Geographia generalis (1650; Geografia geral) sofreu várias
revisões. Este livro continuou sendo a principal obra de referência durante um século ou mais. O
cartógrafo mais importante do século XVI também era de Flandres: Gerardus Mercator. Gerardus
Mercator (Gerard de Cremer) ficou famoso por criar um novo sistema de projeções. O então
cartógrafo aprimorou os sistemas de projeções que utilizavam longitudes e latitudes.[24]

No século XVIII, James Cook fez a fixação de novos padrões precisos e técnicos em navegação. Foi
responsável pelas viagens científicas. Na segunda viagem, circunavegou o globo. Esta viagem
científica ocorrida entre 1772 e 1775 foi o mais famoso de seus itinerários. Na França foi criado o
primeiro estudo de pesquisadores sobre topografia detalhada de um grande país. Este trabalho
intelectual foi realizado entre os séculos XVII e XVIII por quatro gerações de especialistas em
astronomia e profissionais de pesquisa da família Cassini. A partir do trabalho, o atlas nacional da
França foi publicado pela primeira vez em 1791.[24]

Como muitos que o antecipavam, Alexander von Humboldt fez uma proposta de conhecimento sobre
as demais partes do mundo. Apesar dessa proposta, acabou por fazer a distinção por dois objetivos.
Primeiro, pela cautelosa elaboração que antecipava suas viagens bem-sucedidas. E, segundo, pela
busca e exatidão de suas análises. São de especial interesse seus estudos sobre os Andes. Estes
estudos foram feitos numa viagem às Américas Central e do Sul. Isso ocorreu entre 1799 e 1804.
Inicialmente, foi feita uma descrição sistemática e inter-relacionada de cinco características. São
elas: altitude, temperatura, vegetação e agricultura em montanhas que se localizam em regiões de
latitude em direção à linha do Equador.

Surgimento da Geografia moderna

Capa da obra Crítica da Razão Pura, 1781.

Humboldt apresentou as bases da Geografia moderna. As bases da Geografia moderna tinham


destaque na análise direta e nas medições precisas como base para leis generalistas. O especialista
em filosofia Immanuel Kant foi autor da obra Kritik der reinen Vernunft (1781: Crítica da razão pura).
Na obra, Kant definiu de modo satisfatório o lugar da Geografia em relação às diferentes áreas do
conhecimento. A definição de Kant afirma que a Geografia lida com os fenômenos espaciais. É a
mesma coisa que dizer que a história lida com os fatos já ocorridos no passado. Tanto Kant quanto
Humboldt ensinaram Geografia física e eram da mesma época que Carl Ritter. Carl Ritter era

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professor da primeira disciplina de Geografia estabelecida numa instituição de ensino superior dos
tempos modernos.

Três inovações institucionais do século XIX também exerciam importante função no surgimento da
Geografia moderna. Primeiro, o novo retrato das instituições de ensino superior. Segundo, a fundação
de sociedades geográficas e as perguntas sobre aspectos e recursos naturais que os governos de
várias nações patrocinavam. E, terceiro, a implantação de estações que se dirigem à análise
geográfica sistemática ajudou na elaboração de mapas com dados sobre vários fenômenos da
natureza.

Friedrich Ratzel, líder da escola determinista (1844-1904).

Paul Vidal de La Blache, líder da escola possibilista (1845-1918).

A Geografia é uma disciplina universitária, isto é, um campo de pesquisas e estudos avançados em


instituições de ensino superior. A disciplina geográfica foi estabelecida assim na Prússia nos anos 70
do século XIX. Depois estabeleceu-se na França e nos demais países europeus. Entre os mais
importantes conhecedores dessa época de processo expansivo e explicação definitiva do objeto
geográfico estavam o especialista em geografia e geologia alemãoFerdinand von Richthofen.
Ferdinand von Richthofen escreveu uma grandiosa enciclopédia de cinco volumes. Esta publicação
enciclopédica trata de temas relacionados à Geografia da China. Ferdinand Paul Wilhelm provocou o
desenvolvimento do método geográfico na Alemanha e nas demais nações. Outro alemão, Friedrich
Ratzel, líder da escola determinista, escreveu trabalhos pioneiros em Geografia humana e política.
Para Ratzel, o meio natural condiciona a atividade humana.

A quantidade de geógrafos com formação acadêmica avançada cresceu muito. Esse fator fez com
que surgissem diferenciadas correntes no interior da área do conhecimento. Diferem quanto aos
pontos de vista e na ênfase dada a certas características. Apesar disso, a preocupação de todas as

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escolas foram as questões próprias da civilização humana e suas diferenças inter-regionais. Paul
Vidal de La Blache encabeçava a escola possibilista.

A escola possibilista acreditava que a natureza oferece diferentes escolhas possíveis do ser humano
em cada área geográfica. Paul Vidal de La Blache foi um dos principais responsáveis por fazer surgir
a disciplina geográfica dos tempos modernos na França. Deve-se a ele a explicação definitiva do
campo da Geografia regional. Esta explicação definitiva destacava-se no estudo de áreas de menor
porte e homogêneas de modo relativo. Foi o primeiro professor de Geografia da Sorbonne. Paul Vidal
de la Blache realizou o planejamento de uma obra gigantesca. Esta enciclopédia tratava de temas
relacionados à Geografia regional no mundo inteiro. Entretanto, a vida de La Blache era muito curta
para terminar de publicar a futura enciclopédia. Géographie universelle (1927-1948) foi concluída por
seu colega de faculdade Lucien Gallois. Esta coleção de livros é uma das melhores publicações
impressas sobre Geografia regional.

Século XX

William Morris Davis (1850-1934).

No século XX, a Geografia evoluiu rapidamente. A disciplina geográfica recebeu novas conceituações
e métodos. No começo, a geomorfologia foi o campo geográfico de maior atração. Na geomorfologia,
predominam as teorias do americano William Morris Davis. William Morris Davis na primeira metade
do século XX, foi desenvolvedor do conceito de ciclo de erosão. O especialista em geomorfologia
constituiu uma nova geração de profissionais da geografia.

Até a metade do século XX, focalizou-se em particular a Geografia Regional e a grande quantidade
de lugares e povos do mundo. Depois da Segunda Guerra Mundial, os profissionais da Geografia
regional de modo frequente se associavam com a realização de programas econômicos em áreas
subdesenvolvidas. Nos anos 60 do século XX, a atenção se voltou para dois objetivos. Primeiro, o
aperfeiçoamento de metodologias de quantidade. E, segundo, a ação construtiva de padrões
sistemáticos relacionados à natureza e o homem. No final dos anos 1960 e começo dos anos 1970,
voltaram a serem discutidos os cuidados com o meio ambiente. Antes disso, esse tema foi
relativamente esquecido por muito tempo.

Nos anos 1970 e 1980, surgiram modelos de quantidade que se baseiam em grandes grupos de
dados calculados em censos e demais tipologias de pesquisa foi entendido por alguns profissionais
de geografia como um exagero de ideia fixa com o espaço abstrato, em consequência ou em virtude
do prejuízo ou dano causado à localização terrestre. Exigia-se, então, um tratamento mais
comportamental. De acordo com a exigência, o envolvimento do tratamento mais comportamental era
de percepções e escolhas únicas. Além disso, os geógrafos desejavam uma geografia mais
humanística. Outras facções exigiam que tratassem de assuntos radicais. Porém, permeando todas
as alterações, havia a intenção comum de favorecer quatro elementos. Primeiro, os seres humanos e
suas sociedades. Segundo, o meio ambiente físico e biológico. Terceiro, o caráter regional de certas
ocorrências; E, quarto, as associações e relações que acontecem em todas as regiões. Estas últimas
podem ser observadas tanto do ponto de vista ecológico como sistêmico.

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O Museu do Louvre como visto do avião.

Ainda no século XX, se espalharam as fontes de dados estatísticos. Em especial, foram realizados
censos demográficos de diversos países. A fotografia aérea demonstrou que é um novo e útil
instrumento de trabalho. No entanto, ainda mais eficientes e que cumprem os requisitos tecnológicos
foram as possibilidades abertas pelo sensoriamento remoto. Isso se favoreceu com duas inovações
tecnológicas: primeiro, a partir de satélites artificiais; e, segundo pelo uso de notebooks na
abordagem de grandes quantidades de dados.

O objetivo central do estudo da Geografia é a superfície da Terra. A superfície da Terra sofreu


rápidas alterações na segunda metade do século XX. Os geógrafos começaram se preocupar com
vários outros problemas. Esses problemas não são apenas preocupações dos geógrafos, mas
também dos cientistas e acadêmicos de diversas outras áreas. Os problemas de maior preocupação
dos geógrafos são os seguintes: a desertificação é causada tanto pelas frequentes secas quanto pela
atividade humana; o desmatamento de florestas equatoriaisafeta de maneira negativa o
frágil equilíbrio ambiental; o perigo de desastres naturais de todos os tipos são também acidentes que
os seres humanos causam, em particular os nucleares; a poluição ambiental, como a acidez da
chuva e o ar poluído nas cidades; as altas taxas de crescimento populacional fazem com que as
pessoas sejam incapazes de sobreviver em certos países de poucos recursos; o problema da
desigualdade entre as regiões na divisão dos recursos e das riquezas; a ameaça da fome e
da miséria é agravada por problemas econômicos e políticos.

Entre os campos possíveis de desenvolvimento da Geografia encontram-se três perspectivas a


seguir. Em primeiro lugar, os recursos minerais e de demais tipos nos oceanos são explorados. Em
segundo lugar, a engenharia genética é usada para o crescimento da produtividade agrícola e a
solução de problemas que as pragas criaram; estes problemas atrapalham a expansão dos cultivos
em diversas regiões do mundo. E, em terceiro lugar, a supercondutividade é aperfeiçoada para a
melhoria do problema da distribuição de energia elétrica. Todos esses problemas e perspectivas
envolvem questões geográficas. Estão ligados a fatores naturais e humanos e a sua distribuição
espacial. Estas dificuldades e dimensões apresentam sempre novos desafios para os especialistas.

Novas perspectivas de análise

Karl Marx (1818-1883).

Na segunda metade do século XX apareceram recentes maneiras de análise da superfície terrestre e


as relações de estabelecimento do ser humanocom o meio em que vive. Entre as principais podemos
citar:[25]

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