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HUÍLA
ISCED – HUÍLA
HISTÓRIA DE ÁFRICA II
O PROFESSOR: João Jeremias Chiweyengue
O ESTUDANTE: Manuel Luaia Mateus
ASSUNTO:
A INVASÃO COLONIALISTA DE ÁFRICA, A SUA PARTILHA,
OCUPAÇÃO E AS RESISTÊNCIAS AFRICANAS
Objectivo geral
Explicar a invasão colonialista de África, a sua partilha, ocupação e as resistências
africanas
“os estrangeiros efectuavam as suas transações à pressa e fugiam logo que possível ao
calor seco ou húmido e às febres de regiões consideradas como o túmulo dos homens
brancos” (Brunschwig, 1972, p. 17).
A derrota francesa em Sedan (1871) diante dos alemães que lhe custou a perda das
províncias orientais de Alsácia e Lorena, tornou amargo o patriotismo francês e agora
desejavam compensar a derrota sofrida, provando ao mundo que a França ainda tinha
possibilidades de retomar o seu lugar de grande potência e como já não podia
reconquistá-lo na Europa, vai tentar reparar em África.
De 1858 a 1864 explorou as regiões entre o rio Zambeze e o lago Niassa. De 1866 a
1873 explorou a região do rio Rovuma aos lagos Tanganiyka, Moeru e Bangweulu
tendo, numa das suas expedições alcançado o Lualaba (curso superior do rio Congo).
Livingstone deu a conhecer o centro da parte autral do continente africano, o que
permitiu a elaboração de uma carta da região. Efectuou o reconhecimento do curso do
alto e médio Zambeze e realizou a primeira travessia da África Austral de Ocidente a
oriente.
Assim, de acordo com Vaux, citado por Cornevin (1987, p. 402), Livingstone explorou
os lagos Niassa, Tanganiyka, Moeru e Bangweulu. Precisou a linha de partilha das
águas entre o Congo e o Zambeze, fez conhecer, enfim, num relato apaixonante ainda
hoje, a riqueza destas terras consideradas antes dele como quase desérticas.
A falta de informações sobre Livingstone, levou o jornal “New York Herald” enviar uma
expedição comandada por Henri Stanley, jornalista americano. Este encontrou
Livingstone em Oudjiji, na margem oriental do lago Tanganiyka, em Novembro de
1871., mas não conseguiu convencê-lo a regressar a Grã-Bretanha. De Volta à Europa,
Stanley escreveu o livro que o tornou célebre, intitulado “Como Eu Encontrei
Livingstone” e começou a preparar uma nova expedição à África.
Entre 1874 a 1877, Henry Stanley (jornalista, explorador e escritor Inglês) realizou a
segunda expedição em África que resolveu o maior problema hidrográfico da África
central percorrendo o curso do rio Congo ou Zaire até a foz. Deu a conhecer grande
parte da África Central. Sabia-se que a África Central era facilmente acessível por leste
e que o Congo era navegável. Em Luanda a 5 de Setembro de 1877, Stanley escrevia:
“sinto-me convencido de que a questão desta poderosa via aquática há-de tornar-se,
com o tempo uma questão política. O rio é e será o grande caminho principal da África
Ocidental e Central.
Entre 1875 a 1878, Pierre de Brazza Savorgnan, (explorador francês) realizou uma
expedição no Ogoué que lhe permitiu reconhecer o curso do rio e percorrer o interior
do actual Congo e Gabão.
A conferência de Geografia
Entusiasmado pelos relatos de Cameron, Leopoldo II da Bélgica reuniu em Setembro
de 1876 em Bruxelas uma Conferência Internacional de Geografia. Nesta Conferência
de Bruxelas nasceu a Associação Internacional para a Exploração e Civilização da África
Central, mais conhecida por Associação Internacional Africana (A.I.C.), com fins
científicos e filantrópicos e cujo comité executivo era presidido pelo próprio rei Belga.
Em 1879 Stanley partiu novamente para a África Oriental, com instruções para que
organizasse no Congo três estações politicamente independentes, sob a soberania do
Comité de Estudos do Alto Congo.
Contudo, também neste ano de 1879, com o apoio da Sociedade de Geografia de Paris
e do Comité Francês da Associação Internacional Africana, Brazza voltou ao Gabão e
realizou uma nova expedição que o levou até Stanley Pool.
A ratificação deste acordo, ameaçava a viabilidade dos postos que Stanley tinha
implantado e dos acordos que tinha negociado. O problema resultava numa questão
de direito internacional. A soberania era considerada pelas potências europeias uma
prerrogativa dos estados, por isso, nenhum particular, companhia ou associação podia
reclamar direritos soberanos sobre territórios não adjucados, nem mesmo um rei, o
que significa que as aquisições de Leopoldo II no Congo eram susceptíveis de serem
tomadas por qualquer Estado soberano, como a França.
Cumprindo com as instruções de Leopoldo II, no sentido de garantir toda a terra que
fosse possível obter, colocando-a sob a soberania do empreendimento régio, o mais
depressa possível e sem perda de um minuto, Stanley conseguiu, posteriormente,
alguns acordos que vieram frustrar o desenvolvimento dos interesses comerciais da
França em Pool e estabelecer três postos no Alto Congo (Postos criados por Stanley:
Leopoldville (actual Kinshasa); Stanleyville (actual Kisangani); Elisabethville (actual
Lubumbashi).
Por este facto, a 26 de Fevereiro de 1884 era assinado o Tratado Luso-Britânico, mais
conhecido por “Tratado do Zaire”, que reconhecia a soberania portuguesa em toda
costa ocidental compreendida entre os paralelos 5º 12`e 6º de latitude Sul, ou seja,
desde Malembo e Cabinda até ao Ambriz e até Noqui, no interior.
Logo que ficou conhecido na Europa, o Tratado Luso-Britânico foi alvo de severas
críticas na Inglaterra, cuja opinião pública considerava Portugal um país retrógrado que
nada de positivo faria na região, e desencadeou também a oposição da França e de
Leopoldo II, dado que as suas ambições territoriais ficavam ameaçadas.
Leopoldo II compreendeu que só as rivalidades entre as principais potências europeias
sendo bem exploradas poderiam salvar a sua obra. Fez então um hábil jogo
diplomático que consistiu em preparar a opinião internacional de forma a torná-la
mais favorável à constituição de um “Estado Livre” na região, aberto ao comércio de
todas as nações, que à instalação de qualquer outro Estado europeu na região, que
poderia exigir direitos sobre as mercadorias.
Face a esta situação, Portugal, numa tentativa para fazer valer os seus alegados
“direitos históricos” sobre a região do Congo, propôs a realização duma conferência
Internacional sobre assuntos africanos. Por outras palavras, em Maio de 1884, Portugal
tinha proposto uma conferência Internacional para resolver a questão do Congo.
Daí que as potências europeias preferissem que a maior parte da zona submetida à
liberadade comercial ficasse com a A.I.C., uma vez que Leopoldo II dava todas as
garantias para o livre câmbio internacional na região.
Assim a A.I.C., foi sucessivamente reconhecida pela Inglaterra (12-12-1884); Itália (19-
12-1884); Império Austro-Húngaro (24-12-1884); Países Baixos (27-12-1884); Espanha
(7-01-1885); Rússia (05-02-1885); Suécia e Noruega (12-02-1885); Dinamarca (23-02-
1885). A Alemanha tinha reconhecido a A.I.C., antes da Conferência de Berlim (08-11-
1884).
• Definição das formalidades a observar para que as novas ocupações nas costas
de África sejam consideradas efectivas, isto é, só teria territórios coloniais
quem fizesse a ocupação efectiva, militarmente. Mas antes desta ocupação, as
potências que no futuro adquirissem possessões ou assumissem protectorados
devia notificar às outras potências signatárias do Acto Geral de Berlim;
A expedição alemã, chefiada pelo alemão Karl Peters, colocou em 37 dias, 140.000
km2 sob proteção alemã, através de 12 tratados de protectorados. E a 27 de Fevereiro
de 1885, dia seguinte ao do encerramento da Conferência de Berlim, Bismark
proclamou o estabelecimento do protectorado alemão numa vasta região da África
Oriental (Tanganiyka e os actuais Ruanda e Burindi).
Este facto alarmou a Inglaterra a e França, rivais entre si e rivais da Alemanha, pois,
esta última (que tinha despertado um pouco tarde para a expansão colonial, uma vez
que apenas em Abril de 1884 deu início à ocupação de territórios em África,
apoderando-se do Sudoeste Africano e, depois, do Togo e dos Camarões) parecia
apostada em recuperar o tempo perdido e as outras duas potências não estavam
dispostas a perder a corrida para a África. Assim, desencadeou-se a “corrida” para o
interior de África.
Sempre que ocorriam choques no terreno entre duas destas potências, os problemas
eram resolvidos com recurso à política de compensação mundial, que consistia em
uma das potências renunciar à região em disputa recebendo, em compensação o
direito de ocupar uma outra região no continente africano ou fora dele.
O choque entre Britânicos e Alemães no Uganda foi resolvido pelo tratado germano-
britânico de 01 de Julho de 1890 em que a Alemanha renunciou ao Uganda, em
benefício da Inglaterra, tendo recebido em compensação, a ilha de Heligolândia e o
Beco de Caprivi, que permitia o acesso dos alemães do Sudoeste Africano ao rio
Zambeze. Previa-se também, o acesso dos alemães ao Tchad, a partir dos Camarões e
dos ingleses a partir da Nigéria, para permitir a realização do Mittel Afrika.
Entretanto, quando ocorria um choque entre uma potência e outro país mais fraco não
vigorava a política de compensação mundial. Foi o que aconteceu em 11 de Janeiro de
1890, quando a Grã-Bretanha enviou um ultimato ao Governo português exigindo a
retirada de todas as forças portuguesas das regiões entre Angola e Moçambique,
porque o projecto português, chocava com o projecto britânico.