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A África entre os séculos XV – XIX

A partir do século VII, ou mesmo antes, a África estabelceu contactos com outros povos (árabes
e persas) . No século XV, a África subsariana iniciou contactos com os europeu, e no século
XIX, as portências europeias deram início às campanhas de ocupação efectiva do continente
africano, dando fim ao período Pré-colonial. Neste período, a sociedade africana apresentava as
seguintes características:

1. A nível social e ideológico: entre os séculos XV –XIX, a sociedade africana foi resultado
de 3 elementos fundamentais:
i) As tradições locais: linhagens dominadas e dominantes, que exercem o poder
político-ideológico, controlo dos ritos mágico-religiosos como arma fundamental
do poder.
ii) A influência dos povos árabes e da religião islâmica : sobretudo na África do norte
e na costa oriental, onde gerou a cultura Swahili.
iii) A influência da cultura ocidental-europeia: que trouxe com ela o cristianismo,
sobretudo nas regiões costeiras africanas.
2. A nível político: entre os séculos XV – XIX existiram em África vários estados em
forma de reinos e impérios. Ex: Mwenemutapa, Congo, Mali, Songay e Gana; e
sociedades sem estado em forma de clãs, tribos, grupos étnicos, etc.
3. A nível comercial: antes da presença europeia, o continente africano esteve envolvido
no comércio transariano, cujos principais centros de produção e de trocas comerciais se
localizavam no interior. O contacto com os europeus e a dinâmica do comércio triangular
e, sobretudo o tráfico de escravos, trouxeram profundas alterações. Os reinos do litoral
(ex: Maganja da Costa em Moçambique), se tronaram militarizados e especializaram-se
no comércio de escravos, e por sua vez, os reinos do interior passaram a se organizar de
acordo com as necessidades do comércio no litoral. Os produtos mais procurados pelos
europeus eram o ouro, o marfim e os escravos.

A invasão do continente africano

A invasão da África pelas potências imperialistas teve início por volta do ano 1870 e
sistematizou-se a partir de 1880. Segundo UZOIGWE existem várias teorias para explicar as
razões que levaram os europeus a ocuparem a África, a saber:
1. Teorias económicas1: a crise de 1870 levou a transição do capitalismo de livre-
concorrência ao capitalismo monopolista ou finaceiro que trouxe a necessidade de novas
fontes de matérias-primas e para abastecer as indústrias e novos mercados para colocar
os seu produtos. Nota - dois pontos tornam esta teoria discutivel:
i) O fraco investimento das principais potências europeias (Inglaterra, França e
Alemanha) em África, pode seignificar que a maior parte do território africano
não era um bom mercado para a recuperação da crise, pois, o poder de compra era
baixo e mesmo a matéria-prima abundante em África era difícil de escoar devido
à escassez de vias de comunicação (linhas férrea).
ii) A ocupação de África foi em grande parte liderada por indivíduos aventureiros,
exploradores, entre eles comerciantes, militares, missionários e caçadores de
elefantes, facto que pode demostrar a fraca atenção dos europeus em África.
2. Teorias psicológicas: argumentam que a partilha e a colonização da África deveram-se a
supermacia da “raça branca”. Estas teorias dividem-se em:
i) Darwinismo social: George Hegel usou a teoria da selecção natural de Charles
Darwin2 para argumentar que os povos africanos foram conquistados por serem
“raças inferiores” ou “espécies não evoluídas”, devendo ser dominadas pela “raça
superior – Branca” devido ao processo inevitável de “selecção natural”. O ponto
alto da defesa desta teoria atingiu-se com o nazismo na Almeanha de Hitler.
ii) Cristianismo evangélico: defendida principalmente por missionários, que
afirmavam ser seu dever moral espalhar o crsitianismo e a civilização ocidental
em África, para “salvar as almas” dos africanos. Contudo, estes missionários, nos
seus relatórios não só abordavam sobre o número de fiéis convertidos, como
também das potencialidades económicas do continente africano.
iii) Atavismo social: Defendido por SCHUMPETER, considera o imperialismo um
“egoísmo nacional colectivo” e deste modo as potências ocuparam a África pelo
simples desejo de dominar as nações “fracas”, demostrando o seu poder.
3. Teorias diplomáticas: apresentam argumentos políticos e podem ser divididas em:

1
Principais defensores: Rosa Luxemburgo, George Ledebour, John Atkinson Hobson e Vladimir Lenine.
2
Para Charles Darwin (1859), “as espécies que melhor se adaptam às transformações ambientais sobrevivem, e as
que menos se adaptam desaparecem pelo processo de selecção natural.
i) Prestígio nacioanl: defendida por Carlton Hayes, sustenta que o imperialismo foi
um fenómeno nacionalista, visando manter o prestígio nacional, isto é, a grandeza
das nações europeias, dos governos, face à crise de 1870 que levara ao
descontentamento e a manifestações populares.
ii) Equilíbrio de forças: defendida por Langer e F.H. Hinsley, sustenta que as
potências europeias decidiram a partilha de África para manter o equilíbrio de
forças e evitar conflitos entre si pelo controlo de recursos de algumas regiões
africanas.
iii) Estratégia global: Para Ronald Robinson e John Gallagher, a África não foi
ocupada por motivos económicos, mas sim em resposta aos movimentos de
reacção à presença europeia que começavam a surgir e que ameaçavam os
interesses estratégicos globais dos europeus.

Portanto, as teorias psicológicas e diplomáticas assemelham-se por refutarem as razões


económicas para a partilha de África.

4. Teoria da dimensão africana: apresenta uma visão africanista. Defende que a partilha e
a conquista de África foram uma consequência lógica de um processo de “devoração” de
África pela Europa, no qual, os motivos económicos atraíram os europeus e a resistência
africana precipitou a conquista militar efectiva, marcando o início da era colonial.
Portanto, o domínio económico antecedeu a dominação económica.

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