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MISSIONÁRIOS E EXPEDICIONÁRIOS NA
ÁFRICA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
3- Relacionar as missões e expedições europeias na África com a ideologia imperialista do século XIX.
Premissa
Conforme vimos na primeira aula do curso, o fim do tráfico transatlântico de africanos escravizados teve grande
impacto em muitas sociedades africanas, sobretudo naquelas que estavam diretamente ligadas a esse comércio.
Muitos estados que dependiam da venda de escravos para sobreviver se viram em meio à necessidade de alterar
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Não foram, porém, apenas as sociedades escravizadoras e os traficantes que sofreram com a
abolição do tráfico. O alto nível de especialização desse comércio havia criado uma ampla rede
de grupos que dependiam, indiretamente, do tráfico transatlântico. Era o caso, por exemplo,
dos povos que viviam da produção monocultora de gêneros alimentícios. Esses produtos eram
comprados, em larga escala, pelas sociedades que haviam parado de produzir alimentos para
produzir escravos.
sentiram-se à vontade para iniciar aquilo que Leila Hernandez (2005) chamou de “processo de roedura”.
Com interesses múltiplos, diversas nações europeias iniciaram uma exploração aparentemente pacífica do
interior africano.
Nesse contexto, três personagens foram fundamentais para o aprofundamento do conhecimento que os
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Os comerciantes europeus já eram conhecidos entre as sociedades africanas envolvidas no comércio de africanos
escravizados. Muito embora esses homens poucas vezes tenham adentrado o continente, a relação comercial foi
o principal vínculo entre a Europa e a África entre o século XV e meados do XIX. A partir da segunda metade do
A saída do escravo como principal item de exportação abriu espaço para que os africanos passassem a
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É importante ressaltar, porém, que, grosso modo, as sociedades africanas vendiam gêneros
básicos (óleo de palma e amendoim, por exemplo) em troca de produtos manufaturados
(sobretudo os tecidos produzidos nas fábricas inglesas).
A entrada maciça de manufaturas serviu para abalar ainda mais as sociedades africanas que ainda se
recuperavam das transformações econômicas causadas pelo fim do tráfico transatlântico: a substituição dos
tecidos tradicionalmente produzidos por aqueles que chegavam aos montes graças aos comerciantes europeus.
Muitos artesãos, por não conseguirem competir com os baixos preços desses produtos, acabaram sendo
obrigados a largar suas oficinas de produção para engrossar a massa de trabalhadores nas lavouras
É preciso ressaltar ainda o início do comércio de produtos de luxo. A partir da segunda metade do século XIX, a
África passou a ser a maior exportadora de marfim do mundo, sem contar o ouro da costa ocidental e os
As missões na África
Embora a presença de missionários religiosos na África date dos primeiros contatos estabelecidos entre
europeus e africanos, a partir do século XIX essas missões passaram a ser mais numerosas.
Ainda que muitos missionários tenham se preocupado em compreender as diferentes culturas africanas com as
quais entraram em contato (conhecendo seus costumes, línguas e tradições, o principal objetivo das missões
era converter os africanos não apenas à fé cristã mas também à cultura da Europa ocidental.
Dessa forma, nas escolas e igrejas construídas pelos missionários, os africanos deveriam aprender
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Mesmo que as missões religiosas tivessem “nobres intenções” (muitos missionários aceitaram escravos
foragidos em suas propriedades), o resultado da catequese foi desastroso para os grupos convertidos, sobretudo
As chamadas sociedades tradicionais africanas reconheciam nos chefes religiosos uma importante autoridade
política e tinham o culto aos deuses e antepassados como uma das formas de preservar sua memória. A
imposição de um novo Deus e de novos valores morais acabou alterando padrões de vida milenarmente
O ímpeto expedicionário
Desde o início de sua relação com a África, os europeus tinham o objetivo de conhecer aquele continente
A soberania das sociedades africanas e as epidemias de malária e febre amarela, contudo, impediram que os
europeus adentrassem o continente africano de forma sistemática até meados do século XIX. Até então, o
conhecimento sobre os “sertões” da África era obra de alguns aventureiros e das leituras feitas de viajantes
Em meio à formação da ideologia neoimperialista que passava a vigorar nas nações europeias (que haviam
perdido suas possessões no Novo Mundo fazia pouco tempo), o continente africano passou a ser visto como o
futuro celeiro da Europa, onde seria possível encontrar mão de obra barata, mercado consumidor e gêneros
primários.
Conhecendo o continente
As expedições tinham como objetivo principal conhecer o curso dos rios (as verdadeiras estradas naturais da
Essas campanhas, compostas de dezenas de homens, eram minuciosamente documentadas por seus chefes;
dessas anotações sairiam as informações necessárias para a exploração das regiões reconhecidas.
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Pelos expedicionários europeus, pois eram nesses locais que as principais trocas comerciais
africanas se efetivavam
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As descrições feitas por esses exploradores também permitiram que boa parte da Europa, e não só as
Diversos jornais europeus narravam essas expedições como verdadeiras aventuras, nas quais bravos homens
conviviam dia após dia com o perigo de uma terra repleta de tribos, animais ferozes e doenças desconhecidas.
Tais narrativas ajudaram a criar, no continente europeu e nos Estados Unidos, a ideia de uma África que
As expedições se tornaram tão frequentes ao longo do século XIX que exploradores chegaram a se encontrar em
Tais encontros podem ser encarados como a primeira versão da corrida pela África que se iniciaria pouco depois.
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Nomes como Mungo Park, Henri Barth, David Livingstone, Richard Francis Burton e Henry
Stanley tornam-se famosos na Europa e nos Estados Unidos.
Livingstone, um médico missionário escocês, fez sua expedição pelo sul do continente e foi
responsável pela “descoberta” do lago Niassa em 1859. Nesse mesmo ano, o inglês Burton ―
escritor, diplomata, antropólogo, linguista e geógrafo ― “encontrou” o lago Tanganica, no
nordeste africano.
O reconhecimento do território africano empreendido pelas campanhas de exploração e pelas missões religiosas
foram facilitadores de uma verdadeira invasão de mercadores europeus nas caravanas e rotas de comércio que
Muitos desses mercadores começaram a controlar algumas redes de comércio, criando novos sistemas de
De início isso não representou nenhum tipo de perigo para as elites africanas, que já estavam acostumadas a
negociar com árabes, indianos e com os próprios europeus. No entanto, no decorrer do século, os europeus se
tornaram senhores das principais rotas comerciais do litoral africano, incluindo as que ligavam as cidades
Como já mencionado, o marfim era um dos produtos mais procurados pelos europeus. Isso porque era trocado
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Desde o início do comércio entre africanos e europeus, a arma de fogo foi um dos itens que mais entraram na
As sociedades africanas detentoras de armas de fogo tinham grande vantagem militar sobre as que utilizavam
Além disso, as armas dificultavam a destruição de rebanhos e plantações, e facilitavam a caça de animais
Essa espingarda poderia ser carregada com as balas de pólvora feitas na África, bem como ser consertada pelos
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Ainda assim, apesar de o mosquete ter grande serventia para diferentes sociedades africanas,
havia uma grande desvantagem na compra dessa arma: ela era infinitamente inferior às
metralhadoras produzidas na Europa. No momento certo, os europeus souberam aproveitar
essa diferença.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisou como o enfraquecimento dos estados africanos facilitou a entrada dos europeus nesse
continente;
• Examinou as consequências trágicas que a entrada maciça de clérigos cristãos trouxe para as sociedades
tradicionais africanas;
• Relacionou como as expedições exploratórias estavam vinculadas à política neoimperialista dos países
europeus.
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