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ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS - ESA

Índice

1. História
2. Geografia
3. Inglês
4. Português
5. Matemática
6. Literatura
NÚCLEO DAS FORÇAS ARMADAS - DISCIPLINAS COMUNS

HISTÓRIA
HISTÓRIA

1. A EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA


DOS SÉCULOS XV E XVI

A Segunda metade do século XV, o mundo europeu


sofreu grandes transformações políticas, econômicas,
sociais e culturais. Estas transformações marcaram o fim
da Idade Média e o início da Idade Moderna, trouxeram
como consequência a expansão comercial europeia e
levaram aos Descobrimentos Marítimos.
Houve o fortalecimento e centralização do poder real,
surgindo as monarquias nacionais e no campo econômico
comércio tornou-se mais importante. Na sociedade, surgiu
e se fortaleceu uma nova classe social: a burguesia
mercantil. No campo cultural, houve o Renascimento
artístico cujo berço de nascimento foi a Itália, nesse houve Para vendê-las mais barato era necessário um meio de
a valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da transportá-las em grande quantidade e a baixo custo,
época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma evitando os intermediários.
visão completa e humana da natureza, ao contrário dos No Oceano Atlântico, porém, não havia rotas
homens medievais; marítimas conhecidas que ligassem Europa e Oriente. Era
- As qualidades mais valorizadas no ser humano preciso descobri-las.
passaram a ser a inteligência, o conhecimento e o dom Para tal empreendimento era necessário à
artístico; mobilização em escala nacional, fazendo com que a
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia centralização monárquica fosse um verdadeiro pré-
estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e requisito para a expansão marítima.
XVI o homem passa a ser o principal personagem A sólida Monarquia Portuguesa caracterizada pela
(antropocentrismo); centralização administrativa, a posição geográfica, a
- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com ausência de guerras, a base econômica mercantil e a
grande intensidade. O homem renascentista, Escola de Sagres, fundada pelo Infante Dom Henrique,
principalmente os cientistas, passa a utilizar métodos cujo objetivo seria o preparo e ensino de técnica aos
experimentais e de observação da natureza e universo. navegadores que prestavam serviço para o infante,
entretanto, não há garantias históricas de sua existência,
Nas ciências, houve o progresso técnico e científico e foram os fatores que deram a Portugal hegemonia da
no campo religioso, o Cristianismo foi divulgado em navegação no século XV.
outros continentes, além da reforma protestante de Lutero O Estado Moderno, através das práticas mercantilistas,
e as chamadas contrarreformas. buscava o acúmulo de capitais e as colônias irão contribuir
As rotas comerciais que ligavam Europa, Ásia e África de forma decisiva para este processo. Assim, através da
tinham como centro de convergência o Mar Mediterrâneo. exploração colonial os Estados Metropolitanos se
O Mercantilismo era a prática econômica típica da enriquecem, como também sua burguesia. O Sistema
Idade Moderna e era marcado, sobretudo, pela Colonial Tradicional conheceu dois tipos de colônias: a
intervenção do Estado na economia. Durante Colônia de Povoamento e a Colônia de Exploração.
aproximadamente três séculos foi a prática econômica Colônia de Povoamento: característica das zonas
principal adotada pelos países europeus, o que só seria temperadas da América do Norte e marcada por uma
quebrado com o questionamento sobre a interferência do organização econômico- social que buscava manter
Estado na economia e o consequente advento das ideias semelhanças com suas origens euro- peias: predomínio da
liberais. pequena propriedade, desenvolvimento do mercado
As importantes rotas comerciais da seda e das interno, certo desenvolvimento urbano, valorização dos
especiarias (pimenta, gengibre, cravo, canela, noz- princípios de liberdade (religiosa, econômica, de
moscada, açafrão, cardamomo e ervas aromáticas), imprensa), utilização do trabalho livre, desenvolvimento
bloqueadas pelo Império Turco Otomano, árabes industrial e desenvolvimento do comércio externo.
muçulmanos, em 1453, com a queda de Constantinopla, Colônia de Exploração: típica das zonas tropicais da
cidade pela qual as especiarias orientais chegavam à América, onde predomina a agricultura tropical escravista
Europa, onde eram distribuídas com grandes lucros, pelos e monocultora. Não houve desenvolvimento de núcleos
navios das repúblicas de Gênova e Veneza. Tal fato urbanos nem do mercado interno, ficando esta área
encareceu o comércio dos produtos do oriente para dependente da Metrópole. A principal característica desta
Europa, motivando a procura de um caminho marítimo área foi a Plantation- latifúndio, monocultor escravocrata.
pelo Atlântico, contornando a África. A colonização inglesa na América do Norte
apresentou as duas formas colônias. As treze colônias
inglesas podem assim ser divididas: as colônias do norte e
do centro serão colônias de povoamento; as colônias do
sul serão colônias de exploração.
As colônias do norte tiveram suas origens nas lutas
sociais que ocorreram na Inglaterra, quais sejam, as
perseguições aos puritanos pela Dinastia Stuart (
1603/1642 ). Com a Revolução Puritana (1640/1660) o
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HISTÓRIA

contingente que chega à colônia é basicamente formado partilha (divisão) das terras descobertas, o Papa Alexandre
por nobres aristocráticos. Desde cedo, os colonos do VI, a pedido dos "Reis Católicos", por intermédio da Bula
norte demonstram sua vocação comercial, dinamizando o Intercoetera (1493) estabeleceu os limites das terras entre
mercado externo através do chamado “comércio Portugal e Espanha, através de um meridiano imaginário
triangular”. que seria contado a partir de 100 léguas a oeste das Ilhas
Exemplificando, segue uma forma do comércio de Cabo Verde e Açores, o que não foi aceito por
triangular: Portugal.
Da Nova Inglaterra com a África - comércio do rum, Os países ibéricos chegaram a um acordo através do
que seria trocado por escravos; Tratado de Tordesilhas ou de participação do Mar
Da África para as Antilhas - comércio de escravos, que Oceano, assinado em 1494. Ficou estabelecido que as
seriam vendidos para o trabalho nas fazendas de açúcar; terras e Ilhas a leste do meridiano, a contar de 370 léguas
Das Antilhas para a Nova Inglaterra - melaço - das Ilhas de Cabo Verde, pertenceriam a Portugal e, as
subproduto da cana para a fabricação do rum. que ficassem a oeste da mesma linha, pertenceriam à
Já as colônias do sul desenvolveram-se obedecendo os Espanha. Consequências da expansão marítima e
critérios do mercantilismo (monopólio). Houve comercial europeia:
predomínio do latifúndio monocultor (algodão) e a) O surgimento de Impérios Coloniais regidos pela
utilização da mão-de-obra escrava. As colônias de política mercantilista;
exploração irão apresentar aspectos comuns, quanto a sua b) Oceano Atlântico passou a ser o principal centro
organização econômica. comercial;
c) Propagaram-se os conhecimentos geográficos e
Ciclo Português astronômicos e os das ciências naturais;
d) Baixou o preço de custo das especiarias;
O ciclo oriental ou português visava a contornar o e) Surgiram as companhias de comércio como a
litoral da África para chegar às Índias (oriente). O grande Companhia das Índias Orientais e Ocidentais;
impulso para os descobrimentos portugueses foi a criação f) A burguesia passou a ter maior importância social e
do Centro de Geografia e Náutica, localizado em Sagres influência política.
(sul de Portugal), pelo Infante Dom Henrique ("O
Navegador"). O Estado financiava as pesquisas e
reservava para si a exclusividade das viagens. A tomada de 2. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA
Celta, em 1415, no norte da África, marcou o início das AMÉRICA
conquistas de além-mar.

Com o descobrimento do Brasil em 22 de abril de


1500 pela expedição liderada por Pedro Alvares Cabral, as
expedições que se sucederam foram exploratórias, na
intenção de defender a América e procurar riquezas no
“Novo Mundo”. As principais expedições foram:
1ª expedição: Gaspar de Lemos (1501): Acompanhado
de oficiais e mercadores, ele circulou pelo litoral,
reconhecendo a abundância de Pau Brasil e nomeando
vários lugares, de acordo com os dias Santos: Rio São
Francisco, Baía de Todos os Santos, entre outros.
2ª Gonçalo Coelho (1503): Buscou riquezas e
continuou o reconhecimento territorial. Entre o Rio de
Janeiro e Cabo Frio, implantou o sistema de feitorias,
locais de armazenamento das madeiras e preparo para seu
transporte. Foi instituído pela Coroa Portuguesa o estanco
do Pau Brasil e os primeiros colonizadores portugueses a
Ciclo Espanhol prática de escambo com os índios.
O ciclo ocidental ou espanhol objetivava chegar ao Os primeiros trinta anos de presença portuguesa na
Oriente (Índias) viajando pelo ocidente ("El Ocidente por América é chamado de período pré-colonial, pois embora
el poniente"), segundo os planos do navegador Cristóvão o entusiasmo e necessidade de defesa pela descoberta de
Colombo, natural de Gênova (Itália), que acreditava na um novo território, as viagens ao oriente, em especial à
esfericidade ou redondeza da terra. Recebeu apoio dos Goa na Índia, estavam auferindo enorme lucratividade aos
"Reis Católicos" que governavam a Espanha: Fernão (rei portugueses. A definição da rota marítima com o oceano
de Aragão) e Isabel (rainha de Castela). Suas caravelas Índico a partir de 1498 gerou enorme prosperidade aos
eram: Santa Maria (nau capitânia), Pinta e Nina. lusos, visto que as desejadas e valiosas “especiarias”
(cravo, canela, pimenta: produtos utilizados na
O Tratado de Tordesilhas conservação e tempero de alimentos) estiveram sob o
controle dos mercadores portugueses. O Brasil, neste
O descobrimento da América quase levou Portugal a contexto, não apresentou produtos que desbancassem o
declarar guerra a Espanha, pois o rei daquele país julgava- recente comércio marítimo das especiarias, ficando em
se lesado em seus direitos. Para solucionar o problema da segundo plano na política econômica de Portugal.
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HISTÓRIA

Situação que sofreu modificação quando a rota começou a


ser rivalizada por outras regiões, como a Inglaterra e
Holanda, deteriorando o monopólio português, forçando-
o a buscar novas formas de aquisição de riqueza. O Brasil,
a partir de 1530, emerge como a região a ser devastada.
Antes disso, organizaram-se expedições predatórias a
fim de defender militarmente a região descoberta, que
estava constantemente sendo atacada pelos corsários
franceses, ingleses e holandeses. Ao mesmo tempo,
buscava-se circular pelas regiões litorâneas com a intenção
de reconhecer o território que estava sob administração
portuguesa, de acordo com o Tratado de Tordesilhas
(1494) e saber a disponibilidade de produtos a serem
explorados. Esses objetivos se agregavam para assegurar a
posse, embora a colonização propriamente dita não fora
efetivamente realizada, uma vez que as expedições
enviadas não continham planejamentos fixos de formação
de vilas e cidades, acompanhadas de suas instituições
fiscais, administrativas e militares.
A primeira forma de administração realizada por
Portugal na colônia portuguesa da América (atual Brasil)
foi implementada por Dom João III em 1534, o que https://historiaprimeiroanoblasallesp.wordpress.com/2015/11/27/capit
anias-hereditarias-alessandro-marega/
denominamos de Sistema de Capitanias Hereditárias. Foi
assim que teve início a colonização regular da colônia.
Entre os direitos da Coroa Portuguesa (Metrópole)
Esse sistema não havia sido algo novo, ela já tinha sido
podemos citar: monopólio da exploração do pau-brasil;
testada em outras colônias portuguesas, como em algumas
fabricação de moedas; o quinto de ouro e das pedras
ilhas no atlântico, as Ilhas da Madeira e de Cabo Verde na
preciosas. São Vicente e Pernambuco foram as Capitanias
África.
que mais prosperaram. Na Capitania de São Vicente
Para tanto, seria preciso investimento alto a fim de
foram fundadas as povoações (vilas) de santos (por Brás
construir cidades, fortalezas, instituições, portos, além de
Cubas), Santo André da Borda do campo, São Paulo de
um exército humano que se deslocasse para o “além-mar”
Piratininga e Itanhaém.
a fim de iniciar a exploração territorial. Contudo, o vasto
Diversos fatores do relativo insucesso das Capitanias:
projeto de colonização exigiria recursos exorbitantes. Na
a indisciplina dos colonos, os ataques dos indígenas, a
tentativa de minimizar os custos, instalou-se em 1534 as
grande extensão dos lotes com terras inférteis, as
capitanias hereditárias, projeto já desenvolvido nas
incursões de invasores estrangeiros, a falta de recursos dos
possessões portuguesas insulares da África ocidental, cuja
donatários, a inexistência de um governo central para
função era repassar aos privados o custeio com a
ajudar os donatários.
colonização, já que Portugal não tinha condições de arcar
São Vicente, doada a Martim Afonso de Sousa, foi
sozinho com essa despesa. Por motivos de melhor
administrada pelo Padre Gonçalo Monteiro. São Vicente
aproveitamento para a administração da colônia, a Coroa
incluía dois lotes. Principal riqueza: cana-de-açúcar. A
Portuguesa delega a exploração e a colonização aos
extinção das Capitanias Hereditárias ocorreu na
interesses privados, principalmente por falta de recursos
administração do Marquês de Pombal (1759). A
de Portugal em manter a sua colônia de além mar.
instituição das Capitanias resultou numa grande
O território foi dividido em 15 capitanias,
descentralização: o rei dava aos donatários amplos
administradas por capitães donatários oriundos da
poderes.
pequena nobreza reinol. Seus afazeres e obrigações, bem
As Capitanias são em número de quinze e os
como suas regalias, estavam descritas na Carta de Foral,
donatários, doze. Entretanto o regime das Capitanias
onde constavam os direitos e deveres dos donatários:
hereditárias não apresentou o resultado esperado,
fundar vilas ou núcleos de povoação; distribuir lotes de
comprometendo essa primeira iniciativa de Colonização.
terras ou sesmarias; exercer a justiça civil e criminal;
colonizar, defender e fazer progredir a Capitania com seus
Capitania de PERNAMBUCANO
próprios recursos.
Outro importante documento foi a Carta de Doação,
Em Pernambuco, a administração da capitania ficou
que oficialmente repassava, por mando do Rei, a posse da
sob responsabilidade de Duarte Coelho Pereira, que logo
região ao donatário com seus respectivos limites
tratou de fundar vilas e efetivar as primeiras instalações de
geográficos, não permitindo a venda e nem sua repartição.
povoamento europeu.
Entretanto, assegurava o direito de repassá-la
Duarte Coelho pertencia a uma família de nobres
hereditariamente.
portugueses. Filho de Gonçalo Coelho, comandante da
primeira expedição exploratória no Brasil, ele havia
recebido o direito pela posse da Capitania de Pernambuco
em razão de sua extensa carreira militar no Império
português, cuja recompensa foi cedida no ano de 10 de
março de 1534 pelo rei D. João III.

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HISTÓRIA

O capitão donatário se transferiu definitivamente para Sem dúvida, a desvalorização do açúcar no mercado
a América levando sua esposa, D. Brites de Albuquerque, internacional contribuiu significativamente para a perca de
seus filhos, parentes e colonos dispostos a explorar o prestígio da “nobreza da terra”, sobretudo quando os
território. Muitos deles, receberam lotes de sesmarias que comerciantes portugueses instalados no Recife
estimularam o povoamento e dispersão de colonizadores conseguiram formar sua própria câmara, desvinculando-se
pela extensa capitania. da jurisdição de Olinda, no episódio que ficou conhecido
A instalação de feitorias e a existência de povoações de como Guerra dos Mascates. Entretanto, sua posição de
europeus no entorno de Itamaracá levou Duarte Coelho e capital continuou nos séculos posteriores, perdendo tal
sua comitiva a descer por aquela região. Em seguida, posto apenas em 1827.
atravessou o rio Igarassu e fundou, nessa região, o
primeiro povoado da Capitania, no ano de 1535. Capitania de SÃO VICENTE
Construiu fortes, moradias e a considerada igreja mais
antiga do Brasil, chamada dos Santos Cosme e Damião, Martim Affonso de Sousa fundou em janeiro 1532 a
até hoje existente no atual município. primeira vila brasileira, São Vicente, que em setembro do
Em seguida, deslocou-se para a região mais ao sul, mesmo ano se tornaria a Capitania Hereditária de São
fundando o Colégio Jesuíta, Igrejas, Câmara, Cadeia, e Vicente, sendo ele o capitão donatário.
dando o nome de Olinda. Esta se tornou a sede da A chegada de Martim Affonso foi fácil devido à
capitania, onde se instalaram as autoridades civis e presença de portugueses na região, que já estavam
eclesiásticas, bem como foi a moradia dos senhores de instalados lá havia anos e já tinham estabelecido um bom
engenho. contato com os índios locais.
Inserido no planejamento arquitetônico de construção A Capitania de São Vicente, apesar de ter sido a
das cidades portuguesas, Olinda tinha o perfil ideal, pois primeira vila brasileira, porém, não prosperou na
se localizava em um ponto alto do relevo litorâneo, produção de açúcar, por ser uma Capitania litorânea, e ser
estratégico para a construção dos fortes defensivos, além barrada na Serra do Mar. Além da geografia não favorecer
da visão privilegiada que permitia monitorar os navios que a região, São Vicente sofria vários ataques de
entravam e saiam, além da movimentação de pessoas na contrabandistas e corsários o que o tornava uma Capitania
parte baixa da vila. sem segurança.
Martim Affonso de Sousa não permaneceu muito
Representativo é o valor das igrejas que até hoje tempo no Brasil, deixando sua Capitania nas mãos dos
existem, embora a grande maioria das construções muitos portugueses que permaneceram aqui, como Braz
preservadas não sejam anteriores ao século XVII, em Cubas, que depois se tornou capitão-mor da capitania.
função da invasão dos holandeses e da quase completa Esses portugueses é que realmente colonizaram a região.
destruição ocorrida em meio à guerra (1630-54). Com destaque para os jesuítas, que serviam como
Olinda conheceu seu esplendor entre o século XVI e mediadores entre os nativos locais e os colonizadores
início do XVII, local de residência dos principais, sendo portugueses, e fundaram muitas outras vilas, sendo a mais
hegemonicamente reconhecida a principal região da famosa de todas a vila de São Paulo.
capitania e uma das principais vilas da América A colonização da Capitania de São Vicente aconteceu,
portuguesa, que fora elevada à categoria de cidade e sede por dois importantes motivos, o primeiro por defesa, pois
do bispado em 1676. Seu declínio iniciara por causa dos essa capitania se encontrava muito próxima dos domínios
mesmos holandeses, cujos projetos de construção de uma espanhóis, e o segundo e mais importante, foi por conter
nova cidade no porto fez com que proliferassem nela ouro e prata, o que desencadeou a busca pelo “el
moradias, ruas, saneamentos, pontes e várias construções dorado”, trazendo muitos aventureiros portugueses que
no que hoje é o Recife. buscavam riquezas.
De todas as capitanias hereditárias, apenas estas duas
prosperaram: Pernambuco e São Vicente (atual litoral de
São Paulo). Elas fundaram os primeiros povoados,
rapidamente transformados em vilas, cujos centros
econômicos e políticos foram importantes para o início da
colonização.
Entretanto, o fracasso do Sistema de Capitanias
Hereditárias se deu pelo desinteresse de alguns donatários,
de localidades com solos inférteis e da resistência dos
povos indígenas.
Como vimos, os objetivos iniciais eram impulsionar o
povoamento de europeus, colonizar e defender
militarmente o território. Há tempos, os franceses
rondavam a região, explorando a madeira de Pau-Brasil e
contrabandeando as riquezas, inclusive em Pernambuco.
Entretanto, a expedição de Cristóvão Jacques e,
posteriormente, a presença de Duarte Coelho inibiram a
ação dos corsários. Contudo o combate à existência de
Vista de Olinda (cidade alta) e Recife (cidade baixa) no século XVIII.
Fonte: http://www.bahia.ws/recife-dos-holandeses/
ataques externos era apenas parte do problema, pois
outro, talvez mais urgente, fosse necessário resolver: os
contatos com os índios.

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HISTÓRIA

É importante ressaltar que em 1549, outra forma de  doar sesmarias, facilitando o estabelecimento de
administração foi implementada na colônia portuguesa da engenhos;
América: o Governo Geral, mas ele não resultou no fim  proteger os interesses metropolitanos no que diz
do sistema de capitanias. Com ele, o poder não se respeito ao estanco do Pau Brasil e à arrecadação de
concentrava mais nos particulares, com a figura de seus impostos.
donatários, mas nos funcionários nomeados pelo rei, cuja
função era comandar a região em nome da monarquia e É importante lembrar que o Governo Geral não
com poderes centralizados. Deste modo, expressava-se foi criado para acabar com as Capitanias hereditárias,
um modo de governar contrário às capitanias hereditárias, mas sim para centralizar a administração.
na tentativa de criar um gerenciamento de governabilidade
que estivesse sob o controle do rei e não de privados. As Capitanias continuaram existindo e sendo
administradas pelos seus donatários, que, entretanto, a
GOVERNOS GERAIS partir daí, deveriam prestar obediência política ao
Governador Geral. O que desapareceu foi a
descentralização política, pois o governador como
representante do rei português, simbolizava a autoridade
suprema na Colônia, o poder centralizado de onde
partiam as decisões políticas em nome de Portugal.
Os três primeiros Governadores do Brasil foram,
respectivamente, Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem
de Sá.

1º Governador Geral (Tomé de Souza - 1549/1553)


Os fatos principais foram: chegou à Bahia em 1549 e,
neste mesmo ano, fundou Salvador, a primeira cidade e
Fonte:http://www.jurassico.com.br/aulas-de-historia/governo-geral/
capital brasileira. Foi auxiliado pelo náufrago Diogo
Álvares Correia ("Caramuru"); trouxe o primeiro grupo de
O insucesso das Capitanias Hereditárias mostrou a
padres jesuítas incluindo Manuel da Nóbrega para iniciar o
impossibilidade da colonização com base apenas no
trabalho de catequese; criação do primeiro bispado do
capital particular. O Governo Geral foi instituído pelo rei
Brasil, sendo D. Pedro Fernandes Sardinha nosso
D. João III em 1548, a conselho de Luís de Góis. Foi
primeiro (1551); realizado uma visita às Capitanias do Sul;
criado tendo em vista a necessidade de organizar e
mandou que se organizasse uma expedição para fazer o
centralizar a administração, exercer uma melhor
reconhecimento do interior da Bahia (Francisco Bruza
fiscalização, promover a defesa da Colônia contra os
Espinoza). Incrementou a cultura da cana-de-açúcar;
ataques estrangeiros e para dar " favor e ajuda" aos
importou gado da ilha de Cabo Verde; introduziu escravos
donatários das Capitanias.
negros africanos no Brasil.
As atribuições do Governador Geral estavam no
Regimento (Regimento de Almeirim ou Regimento da
2º Governador Geral (Duarte da Costa -
Castanheira) que foi entregue a Thomé de Souza na cidade
1553/1557)
de Almeirim Portugal. Nesse documento, de 17 de
Fatos principais: trouxe sete jesuítas incluindo o "
dezembro de 1548, Dom João III estabeleceu as funções
Apóstolo do Brasil e do Novo Mundo" (José de
do Governador do Brasil, criando um elo entre as
Anchieta); houve a invasão da Baía de Guanabara pelos
Capitanias, e definiu as diretrizes para a fundação da
franceses chefiados por Villegaignon; surgiu a questão
cidade do Salvador, a capital e a sede do Governo Geral.
entre o 1º Bispo e o filho do Governador (Álvaro da
Os três auxiliares do Governador Geral eram: provedor-
Costa); foi fundado o colégio de São Paulo de Piratininga
mor, ouvidor-mor e o capitão-mor da costa. O provedor-
pelos padres jesuítas (Nóbrega, Anchieta, Manuel de
mor era encarregado de assuntos financeiros; o ouvidor-
Paiva, Leonardo Nunes e Outros); houve uma insurreição
mor cuidava de assuntos judiciais; o capitão-mor da costa
dos indígenas ("Confederação dos Tamoios") chefiada por
era encarregado da defesa.
Cunhambebe.
O Governo Geral foi criado mediante em
Regimento que procurava superar os antigos obstáculos
3º Governador Geral (Mem de Sá - 1558/1572)
encontrados. Seus artigos dão atribuições muito bem
Expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, graças
definidas ao novo representante do governo português na
à participação dos tamoios pelos jesuítas Nóbrega e
Colônia.
Anchieta ("Paz de Iproig"); fundação da cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro por Estácio de Sá (1565);
Competências do Governador Geral:
organização de três entradas (expedições oficiais em busca
 coordenar a defesa da terra contra ataques, de ouro); combate à escravização indígena e antropofagia;
instalando e refazendo fortes, construindo navios e chegada do segundo Bispo do Brasil (D. Pero Leitão), em
armando os colonos; 1559, o primeiro havia sido ¨servido¨ num ritual
 fazer alianças com os índios, iniciando sua antropofágico em 1556 – Bispo Sardinha.
catequese;
 explorar o sertão, informando a Coroa
Portuguesa sobre as descobertas feitas, principalmente
sobre metais preciosos;
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HISTÓRIA

DIVISÃO DO BRASIL EM DOIS GOVERNOS teve seus resquícios com a invasão dos mouros na
1572-78 península ibérica, os quais inseriram diversos elementos na
região, incluindo o açúcar. Com as cruzadas, os interesses
Em 1572, o rei de Portugal, Dom Sebastião, resolveu por esse produto foram ampliados, de modo que seu
dividir o Brasil em dois governos: Ao Norte, sediado em cultivo foi prosperando no norte da África e séculos
Salvador, sob a chefia de Luís de Brito e Almeida e ao Sul depois encontrou nas ilhas atlânticas o espaço de
sediado no Rio de Janeiro, chefiado por Antônio Salema. desenvolvimento sob o qual os portugueses tiveram suas
Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu primeiras experiências na plantação e comercialização do
saques, ataques e ocupações de países europeus. Estes açúcar em grande escala.
ataques ocorreram na região litorânea e eram organizados Assim como as capitanias hereditárias, a produção de
por corsários ou governantes europeus. Tinham como açúcar foi anteriormente testada nestas ilhas, servindo de
objetivos o saque de recursos naturais ou até mesmo o base e experimentação para futuramente serem utilizadas
domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e no Brasil.
holandeses foram os povos que mais participaram destas O povoamento de europeus na América deveria ser
invasões nos primeiros séculos da História do Brasil sustentava a partir de bases econômicas que oferecessem
Colonial. Neste período Portugal vivia a chamada União vantagens aos novos colonos. A opção mais rentável foi
Ibérica, que elevou o Rei Espanhol Felipe II ao trono pela empresa açucareira. A conhecida prosperidade que
português do período de 1580 a 1640. acompanhou o crescimento das principais capitanias, São
Contudo, antes disso, Portugal já havia estabelecido Vicente e Pernambuco, teve na adaptabilidade das mudas
relações comerciais com os ricos negociantes holandeses, de plantação de açúcar uma importante base de
que passaram a financiar a produção açucareira no Brasil e crescimento. O clima e o solo fértil, além das imensas
a controlar toda a sua comercialização no mercado terras, foram determinantes na organização das primeiras
europeu. Por outro lado, no mesmo período, a Espanha vilas e cidades coloniais, as quais emergiram na
pretendia dominar todo o território dos Países Baixos, na dependência da produção desta especiaria. Entretanto, das
qual a Holanda estava situada, pois a circulação de duas capitanias que prosperaram, Pernambuco ainda foi
mercadorias naquela região contribuía significativamente mais longe (São Vicente encontrou imensas dificuldades
para abastecer os cofres do tesouro espanhol. no começo do XVII e já não apresentava os lucros de
Em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, anos anteriores), chegando a ser o maior produtor de
incluindo a Holanda, criaram a República das Províncias açúcar do mundo em fins do século XVI, concorrendo
Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em relação com o Recôncavo Baiano, contexto de grande
aos espanhóis. Ao incorporar Portugal na União Ibérica, lucratividade para os portugueses.
aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha Duarte Coelho, em Pernambuco, desde os primeiros
planejou impedir que os holandeses continuassem a anos de assentamento na região estimulava o plantio de
comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de açúcar. Tanto é que em 1535 já nasciam os primeiros
sufocar economicamente a Holanda e impedir sua engenhos, crescendo vertiginosamente nas décadas
independência. posteriores.
Portanto, nota-se o rápido crescimento estimulado
ECONOMIA E SOCIEDADE AÇUCAREIRA pelo clima favorável, solo de massapê e alianças com os
indígenas locais. Nesse sentido, a empresa do açúcar
ganhou intensa expansão, ampliando-se rapidamente para
o Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia.
Acontece que juntamente com esse alargamento e
predomínio das zonas canavieiras, surgiram vilas e cidades
que projetavam a vida dos engenhos e das senzalas. O
alargamento do plantio açucareiro estimulou o
crescimento de atividades paralelas, a exemplo da
produção de subsistência, em especial da farinha de
mandioca, principal alimento dos escravos. A pecuária
tivera que ser multiplicada pela necessidade da sua força
motriz utilizada nas moendas, bem como nos transportes.
Fonte:http://pt.slideshare.net/QuedmaSilva/engenho-de-acar-36398131
Portos foram ganhando cada vez mais circulação de
pessoas e mercadorias, dinamizando as atividades locais e
A economia açucareira foi a base da colonização fortalecendo o crescimento de certas regiões. Nesse
portuguesa na América. Desde o início da colonização, sentido, a empresa colonial girava em torno da cana:
Portugal procurava estimular o povoamento da região formação de vilas e cidades, defesa do território, relações
recém descoberta através da produção do açúcar, entre grupos sociais.
buscando fixar os colonos na terra, que até então servia Sua produção esteve baseada no esquema da Plantation,
principalmente de extração do Pau Brasil nas feitorias definida pela exportação de um determinado gênero
espalhadas pelo litoral. (monocultura), criado em larga escala, utilizando imensos
Contudo, foi apenas com a introdução das capitanias latifúndios, com base na mão de obra escrava.
hereditárias que esse produto vingou. Oriundo do oriente As primeiras camadas a serem definidas em torno da
e tido como importante especiaria na Europa (utilizada produção açucareira eram os senhores de engenho e os
pelos grandes nobres, no casamento de princesas, posse escravos. Estes últimos foram bastante impulsionados por
de reis, etc.), sua implementação na cultura portuguesa aquela atividade econômica, reconhecida como sua

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HISTÓRIA

principal força motriz. Os senhores viviam em suas casas pensou no Brasil como região para onde seria transferida a
grandes, junto com familiares, agregados e escravos população. Considerou sua Colônia americana como
domésticos, enquanto o escravo residia nas senzalas. supridora ou fornecedora de matérias primas e
O desenvolvimento do açúcar permitiu a consumidora de produtos enviados pela metrópole".
diversificação de grupos sociais, como as diversas artes
liberais (sapateiro, carpinteiro, alfaiate, pescador, entre Ciclos econômicos
outros) que se proliferaram nas áreas urbanas e deram tom
à dinâmica econômica das áreas adjacentes aos engenhos.
Ao mesmo tempo, desembarcavam em Pernambuco
escravos de várias etnias africanas, utilizados como mão
de obra nas lavouras. Eles constituíam elementos
fundamentais na produção açucareira, responsáveis pela
fabricação e transportes das sacas. O tráfico de escravos,
fenômeno que envolvia a compra, deslocamento e venda
de escravos entre África e Brasil, encontrou ambiente
bastante favorável em Pernambuco, despejando milhões
de africanos como mão de obra da produção local e
fomentando o porto do Recife devido à lucratividade
derivada do comércio de cativos.
O possuir escravos era um sinal de prestígio e poder,
servindo, em algumas situações, como produtos de
exibição. Já os senhores eram detentores de
comportamentos associados à fidalguia portuguesa, sendo Fonte;https://descomplica.com.br/blog/geografia/mapa-mental-
a partir do século XVII vistos como membros da industrializacao-brasileira/
“nobreza da terra”, em função dos serviços de
colonização e expulsão dos invasores neerlandeses. Seus O estudo da formação econômica do Brasil pode ser
trajes, participação em cerimônias, controle da orientado através do estudo dos ciclos, isto é, o período
administração e política local através de sua inserção nas no qual determinado produto ou atividade econômica
câmaras revelam o poder que era revestido a essas constituiu realmente o esteio econômico básico da
pessoas, que estão na base da formação do patriarcalismo, Colônia. Segundo este conceito os ciclos de nossa
concentração de terras e rendas ainda persistente no economia podem ser limitados, no tempo, da seguinte
Brasil. forma: ciclo do Pau Brasil (de 1500 a 1553); ciclo da
cana-de-açúcar (de 1600 a 1700); ciclo do ouro ou da
mineração (de 1700 a 1800).

Importantes aspectos

As características básicas eram monocultura,


escravidão, latifúndio e exportação. Elas estão mais
identificadas com a produção açucareira. Principais
produções: açúcar e mineração. Atividades subsidiárias:
algodão, tabaco, extrativismo vegetal.
Outra forma de produção não escravista: a pecuária. A
existência de "produtos-rei" ou "ciclos" em nossa
Representação da relação senhor e escravo.
economia resulta da dependência ao mercado externo, ou
Fonte: http://www.fcnoticias.com.br/senhor-de-engenho-e- seja, uma produção voltada basicamente para o exterior.
escravos/ Manufaturas que se desenvolveram na etapa colonial:
charqueadas e curtumes, cerâmica e cordoaria, estaleiros,
Portanto, a economia açucareira assumiu um papel caieiras, artefatos de ferro, ourivesaria, manufaturas de
fundamental nos primeiros passos de construção das tecidos, etc.
sociedades coloniais, bem como na fixação de colonos e
na exploração da terra que visava sobretudo enriquecer a Companhia de comércio
metrópole, com a mercadoria sendo monopolizada e
exportada pelos comerciantes régios. O Brasil se tornou, a Portugal exerceu, inicialmente, o direito de
partir de então, uma região açucareira de grandes exclusividade (monopólio) sobre certos produtos (ex.: Pau
latifúndios. Pernambuco, em especial, dependerá por Brasil). No período da União Ibérica (1580 - 1640), o
séculos da exportação desse produto, embora tivesse monopólio tornou-se total. Após a União Ibérica,
importância também a plantação de mandioca e algodão. Portugal continuou com o sistema de monopólio, através
das Companhias de Comércio.
ATIVIDADES ECONÔMICAS DO BRASIL As Companhias de Comércio na época colonial
COLÔNIA foram:
- Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649).
Aspectos gerais "A mentalidade mercantilista entre Contribuiu para a expulsão dos holandeses do Nordeste
os séculos XIV e XV caracterizou-se pelo espírito do brasileiro, sendo criada por sugestão do Padre Vieira.
lucro fácil e enriquecimento rápido". "Portugal não
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HISTÓRIA

- Companhia de Comércio do Estado do Maranhão Pecuária Bovina no Nordeste


(1682). Esteve ligada à revolta de Beckman .
- Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e
Maranhão (1755) e
- Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e da
Paraíba (1759). Foram criadas pelo Marquês de Pombal.

A agroindústria açucareira A empresa açucareira foi a


solução que possibilitou a valorização econômica das
terras descobertas e dessa forma garantiu a posse pelo
povoamento da América Portuguesa. O cultivo da cana-
de-açúcar desenvolveu-se no litoral, especialmente na
Zona da Mata Nordestina. A cana-de-açúcar foi o mais
importante produto agrícola até o Primeiro Reinado. Esta http://schafergabriel.blogspot.com.br/2014/11/o-ciclo-do-acucar-
atividade favoreceu o aparecimento de uma nova estrutura e-escravidao-no-brasil.html
social e econômica.
Durante mais de século e meio, a produção do açúcar A pecuária bovina foi introduzida no Brasil em
representou, praticamente, a única base da economia meados do século XVI e se desenvolveu inicialmente em
brasileira. Até meados do século XVII, o Brasil foi o Pernambuco e na Bahia, de onde penetrou para os sertões
maior produtor mundial de açúcar. A escolha da empresa consumidores desse produto brasileiros. Apesar da sua
açucareira não foi feita por acaso. Os portugueses importância como elemento de penetração e de
escolheram a exploração da monocultura da cana-de- povoamento de várias regiões, a pecuária bovina foi
açúcar porque, além de seu aspecto econômico, ela sempre uma atividade secundária, complementar portanto
viabilizaria a colonização do país. Obs.: Portugal não tinha às atividades econômicas principais como a lavoura
condições econômicas suficientes para estabelecer cavadeira e mais tarde a mineração. Importante como
sozinho, uma empresa açucareira no Brasil. A Coroa vai fornecedora de força de tração animal e meio de
fazer uso do Sistema de Capitanias hereditárias. transporte para os engenhos, além de ser fonte de
alimento e de couro, a pecuária não exigia, como o
Consequências da produção açucareira: engenho, muito capital para seu desenvolvimento. Por
isso mesmo, era muito mais fácil instalar uma fazenda de
 ocupação das terras úmidas do litoral nordestino
gado do que um engenho de açúcar. Para formar uma
(Zona da Mata);
fazenda de gado, o eventual fazendeiro não precisava de
 a formação da família patriarcal; mão de obra abundante nem de importar equipamentos
 surgimento de uma aristocracia rural (os caros. O fundamental era a terra, em grande extensão e
senhores-de-engenho); aberta ao desbravamento no interior da colônia.
 as invasões holandesas no Nordeste ("Guerra do Para os senhores de engenho, era importante afastar o
açúcar"); gado dos engenhos porque ele causava-lhes prejuízos, pois
 introdução do escravo negro africano; estragava o plantio da cana-de-açúcar, e a sua importância
 fixação do colono à terra; era absolutamente inferior. O gado servia apenas como
 progresso das Capitanias de Pernambuco e São alimento, transporte e força de trabalho em alguns
Vicente; engenhos, ao passo que a empresa açucareira era, então, a
 desenvolvimento da monocultura e do latifúndio; fonte fundamental da riqueza colonial. Por essa razão o
gado foi afastado do litoral e penetrou para o interior em
 surgimento de povoados, vilas e cidades.
busca de novas pastagens e outros alimentos naturais.
O sertão nordestino seria, finalmente, povoado. Nas
O sociólogo Gilberto Freyre no livro "Casa margens do Rio São Francisco nasceram e cresceram
Grande e Senzala", descreveu muito bem a muitas fazendas de gado no decorrer do século XVII. A
sociedade açucareira nordestina onde predominava pecuária era o vínculo de ligação do senão do Nordeste
o patriarcalismo. Atividade pastoril A criação de com o litoral açucareiro. As fazendas nordestinas do senão
gado (pecuária) durante o Brasil Colônia esteve, abasteciam a zona do açúcar, ao mesmo tempo que se
inicialmente, associada ao cultivo da cana-de- tornavam área de atração para as pessoas pobres e
açúcar junto ao litoral, porque era uma atividade marginalizadas daquela região, que viam na pecuária uma
acessória (de subsistência) possibilidade de melhorar sua condição de vida.
Geralmente a fazenda de gado exigia pouca mão de
Com a expansão da agroindústria açucareira surgiram obra. Os trabalhadores (vaqueiros) eram livres e só
conflitos entre criadores de gado e plantadores de excepcionalmente se encontrava um negro numa fazenda
cana. O gado foi obrigado a se deslocar para o sertão, do senão nordestino. Os vaqueiros eram brancos,
porque as terras do litoral eram necessárias ao cultivo mestiços, poucos negros livres e alguns índios.
da cana-de-açúcar. Junto ao Rio São Francisco ("Rio Além de um pequeno salário, o vaqueiro era pago com
dos Currais") surgiram várias fazendas de gado como a de um quarto das crias, que ele recebia após cinco anos de
Garcia D'Ávila, proprietário da Casa de Torre e Guedes trabalho. Essa forma de pagamento era um grande
de Brito. A iniciativa de afastar o gado do litoral partiu dos estímulo para o vaqueiro que sonhava em ser fazendeiro e
senhores de engenho, no que foram apoiados pela se instalar por conta própria, passados os cinco anos.
metrópole.

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HISTÓRIA

A pecuária foi responsável pelo povoamento do sertão Intendência das Minas


nordestino da Bahia ao Maranhão. Foi um excelente
instrumento de expansão e colonização do interior do Era o órgão responsável pelo policiamento da
Brasil. Com ela surgiram muitas feiras que deram origem a mineração, pela fiscalização e direção da exploração das
importantes centros urbanos, como por exemplo Feira de jazidas. Era o local onde se fazia o registro das minas
Santana, na Bahia. No século XVIII, com a mineração, a descobertas. Funcionou como tribunal e era responsável
pecuária nordestina ganhou novo impulso econômico. A pela cobrança de impostos. A descoberta de uma jazida
necessidade de abastecimento das zonas mineradoras deveria ser comunicada ao Intendente das Minas que
elevou o preço da carne bovina e, consequentemente, procedia a divisão das datas (lotes).
estimulou os criadores nordestinos a expandir suas O indivíduo que havia descoberto tinha o direito de
atividades. escolher os dois primeiros lotes. Em seguida, era escolhida
uma data para a Fazenda Real, que depois a vendia em
A MINERAÇÃO leilão. Os outros lotes eram sorteados entre os
interessados presentes.
O ciclo do ouro, diamantes e pedras preciosas fez com Mão de obra O negro escravo africano predominou
que nosso país passasse a ter novas riquezas. Teve como mão de obra na área mineradora. O negro, na área
importância decisiva na ocupação da região de Minas mineradora, desfrutava de uma situação melhor do que na
Gerais, Mato Grosso, Goiás e Planalto Baiano. A região açucareira: podia conseguir a carta de alforria,
mineração tornou-se a mais importante atividade pagando certa quantia.
econômica do Brasil Colônia no século XVIII. Áreas de produção As principais áreas mineradoras
Pela própria característica desta atividade, altamente no Brasil Colônia foram Minas Gerais, Mato Grosso e
lucrativa, a Coroa, para evitar evasão de divisas, teve que Goiás, ou seja, a parte Centro Sul do país.
exercer controle direto sobre a produção. Foi assim a Apogeu da mineração O século XVIII corresponde à
atividade econômica que maior fiscalização sofreu por fase de apogeu da mineração, levando certo autor a falar
parte de Portugal. De início, era permitida a livre na "Idade do Ouro" do Brasil. Neste período houve
exploração, devendo ser pago como tributo a metrópole, a grande desenvolvimento artístico e cultural na região de
quinta parte (20%) de tudo que era extraído ("o quinto"). Minas Gerais, como o estilo barroco das construções das
Depois dos primeiros achados de ouro em Minas Gerais igrejas e moradias, a Escola Literária Mineira, as esculturas
(1693), surge o Regimento de Superintendentes, guardas- do "Aleijadinho", as músicas cantadas nas igrejas e
mores e oficiais deputados para as minas de ouro (1712), associações religiosas.
em que era estabelecido a Intendência das Minas, através
da qual o superintendente dirigia, fiscalizava e cobrava o TRATADO DE METHUEN - 1703
tributo ("o quinto").
Foi estabelecida depois a cobrança indireta através da O tratado estipulava o seguinte:
capitação, isto é, um tributo fixo pago em ouro e que  Portugal admitia só consumir tecidos ingleses.
recaia sobre cada um dos trabalhadores empregados nas  A Inglaterra admitia só consumir vinhos
minas. Para evitar o descaminho e o contrabando, portugueses.
Portugal proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas
e criou as Casas de Fundição (1720). Quando o quinto Como consequência desse tratado, Portugal tornou-se
arrecadado não chegava a cem arrobas (1500 kg), um país exclusivamente agrário, o que prejudicou as
procedia-se a "Derrama", isto é, obrigava-se a população a possibilidades de desenvolvimento de uma indústria
completar a soma. manufatureira, colocando o país submisso ao capital
inglês. O tratado tornou-se um dos motivos para o
escoamento do ouro brasileiro para os cofres britânicos.
Declínio da mineração. As jazidas de ouro e
diamantes encontradas no Brasil eram de aluvião. Isto
quer dizer que elas estavam na superfície da terra e, por
isso mesmo, era mais fácil explorá-las. Por esse motivo, as
jazidas se esgotaram rapidamente e a mineração entrou em
decadência.
Em 1765, o Marquês de Pombal, ministro português,
determinou a cobrança de impostos atrasados. Esta
cobrança, denominada "derrama", era feia com muita
violência pelas autoridades portuguesas. Extração de
Havia dois tipos de extração de ouro: a faiscação e as diamantes O Brasil foi o primeiro grande produtor
lavras. moderno de diamantes. Os primeiros achados foram na
A faiscação ou faisqueira era a pequena extração, feita região do Arraial do Tijuco, depois Distrito Diamantino
por homens livres e nômades; era uma atividade realizada (subordinado diretamente a Portugal) e atual cidade de
normalmente nas areias dos rios ou riachos. Diamantina situada em Minas Gerais.
As lavras eram a extração de grande porte, exigiam Consequências A atividade mineradora ocasionou
maior investimento de capital, eram estabelecimentos muitas transformações para a Colônia (Brasil) e trouxe
fixos, dispondo de mão de obra escrava e algumas consequências (internas e externas) no plano político,
ferramentas. A lavra foi o tipo de extração mais social e econômico.
frequente na fase áurea da mineração.

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HISTÓRIA

Podemos alinhar como consequência da mineração: MARCAS DA SOCIEDADE COLONIAL


- o surgimento das inúmeras povoações (núcleos
urbanos) no interior: as "Vilas do Sertão"; Basicamente três grupos étnicos entraram na
- o controle direto do sistema de produção mineral formação da sociedade colonial: o indígena, o europeu
pela Coroa, para assegurar grandes núcleos na exploração (português) e o negro africano. Desde o início da
das minas; colonização mesclaram-se os grupos étnicos, através da
- surgimento de reações contra a política fiscal miscigenação racial, originando-se vários tipos de
(Revolta de Vila Rica e Inconfidência Mineira); mestiços:
- a transferência da capital em 1763, da Bahia - do branco com o negro = mulato
(Salvador) para o Rio de Janeiro, que tornar-se-á o - do branco com o índio = mameluco (caboclo)
principal centro urbano da Colônia; - do negro com o índio = cafuzo
- progresso cultural com o aparecimento do estilo
barroco nas igrejas de Minas Gerais e os trabalhos As condições históricas da colonização criaram formas
esculpidos por "Aleijadinho"; de convivência e adaptação entre as raças formadoras da
- deslocamento do eixo econômico do Nordeste etnia brasileira. Os índios sempre que conseguiram,
açucareiro (em crise) para a área mineradora (Centro Sul); optaram pelo isolamento. Já o convívio entre portugueses
- surgimento do mercado interno por causa do e africanos obedecia às regras do sistema escravista aqui
desenvolvimento do comércio; implantado, resultando em maior aproximação e em
- ocupação de todo o centro do continente sul- verdadeira promiscuidade.
americano pela colonização portuguesa; A Sociedade Colonial Nos séculos XVI e XVII a
- abertura das primeiras estradas entre o interior sociedade colonial brasileira era basicamente rural
"sertão" e o litoral; (agrária), patriarcal e escravista, onde a atividade
- desenvolvimento da pecuária. econômica predominante era a agricultura (cana-de-açúcar
e tabaco).
O ciclo do ouro e do diamante foi responsável por
profundas mudanças na vida colonial. Em cem anos a
população cresceu de 300 mil para, aproximadamente, 3
milhões de pessoas, incluindo aí, um deslocamento de 800
mil portugueses para o Brasil. Paralelamente foi
intensificado o comércio interno de escravos, chegando
do Nordeste cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos
representam a transferência do eixo social e econômico do
litoral para o interior da colônia, o que acarretou a própria
mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro,
cidade de mais fácil acesso à região mineradora.
A vida urbana mais intensa viabilizou também,
melhores oportunidades no mercado interno e uma
sociedade mais flexível, principalmente se contrastada
com o imobilismo da sociedade açucareira.

Cultivo do algodão
Inicialmente utilizado para a produção de
vestimentas de pobres escravos, atingiu apogeu no século
XVIII com o desenvolvimento da indústria têxtil, durante Fonte:http://schafergabriel.blogspot.com.br/2014/11/o-ciclo-do-
acucar-e-escravidao-no-brasil.html
a Revolução Industrial. Teve grande produção no
Maranhão e Pernambuco.
Esta sociedade era rigidamente estratificada: no vértice da
Cultivo do fumo O fumo (tabaco) era cultivado no
pirâmide estavam os grandes proprietários rurais
litoral da Bahia (Recôncavo), de Sergipe e Alagoas, tendo-
(“senhores de engenho”), que formavam uma aristocracia
se constituído num comércio complementar e dependente
rural; na base havia um contingente numeroso de escravos
ao do açúcar pois servia para a troca (escambo) de
e dependentes.
escravos da África.
Extração das "Drogas do Sertão" "Drogas do
As principais nações indígenas
Sertão" eram assim chamados os produtos extraídos da
exuberante Floresta Amazônica, Pará e Maranhão. Na
Usando-se critérios linguísticos, podemos dividir os
extração das "drogas do sertão" foi empregada a mão de
índios do Brasil em quatro nações:
obra indígena. "Droguistas do Sertão" eram expedições
- Caraíbas - encontrados no norte da bacia Amazônica;
que penetravam no Vale Amazônico à procura destes
- Nuaruaques - encontrados na bacia Amazônica, até
produtos. "Tropas de Resgate" eram expedições militares
os Andes;
que iam escravizar índios na Amazônia para trabalhar nas
- Jês ou Tapuias - encontrados no Planalto Central
fazendas do Maranhão e Pará.
brasileiro;
- Tupis - encontrados por toda a costa atlântica e
algumas áreas do interior.

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HISTÓRIA

A maior parte dos indígenas que habitavam o litoral  Bantos - divididos em dois grupos: Congo
do Brasil na época do descobrimento pertencia ao grupo angolanos e moçambiques. Os bantos foram traduzidos
linguístico tupi. O indígena brasileiro encontrado pelos para o Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco.
portugueses vivia num regime de comunidade primitiva,  Malês - eram os sudaneses islamizados.
ou seja, uma forma de organização social onde a ausência
da propriedade privada dos meios de produção resulta Os negros possuíam religião politeísta e suas crenças
numa economia comunitária, onde não existiam classes mesclaram-se ao cristianismo (sincretismo religioso). A
sociais. escravidão negra no Brasil não foi apenas uma questão de
Contribuições Os índios deram importante preferência do negro ao índio, mas sim uma questão de
contribuição para os costumes, cultura e a formação do interesse da burguesia e do governo português, que já se
povo brasileiro. Dentre essas contribuições, podemos enriqueciam com o tráfico negreiro antes da descoberta
destacar: o uso da rede para dormir, tão comum nas do Brasil.
regiões Norte e Nordeste; a utilização do milho, da
mandioca, do guaraná, etc; as técnicas da coivara, ou Aprisionados ou trocados, os negros eram trazidos
queimada das roças antes de fazer novo plantio e diversos para o Brasil nos porões dos navios negreiros (tumbeiros).
vocabulários falados no idioma. Durante a viagem, morriam cerca de 40% dos traficados.
A escravidão e o extermínio indígena Na época do Marcados com ferro em brasa, os negros eram
descobrimento, a população indígena do Brasil era de mais embarcados em Angola, Moçambique e Guiné e
de um milhão de pessoas. desembarcados em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O
Atualmente, está reduzida a menos de cem mil. negro entrou na sociedade colonial brasileira como cultura
Os primeiros contatos entre brancos e índios foram dominada; as marcas da escravidão persistem até os dias
amigáveis. Mais tarde, quando teve início a exploração de hoje.
agrícola, os índios passaram a ser um obstáculo para os
colonizadores, que precisavam de suas terras e de seu As contribuições dos negros para a cultura brasileira O
trabalho. Assim, os indígenas começaram a ser obrigados negro deu importantes contribuições para a cultura e para
ao trabalho da lavoura. a formação do povo brasileiro, podendo citar-se:
Muitos índios foram massacrados ou  diversos vocábulos falados no idioma;
escravizados pelo colonizador, que lhes roubava a terra e
 hábitos alimentares, principalmente da culinária
atacava suas mulheres. A escravidão dos indígenas
baiana;
acontecia principalmente nas áreas mais pobres, onde
havia poucos recursos para a compra de escravos negros.  instrumentos musicais, como tambores,
O maior exemplo disso foi a Capitania de São Vicente atabaques, flautas, marimbas, cuícas e berimbaus;
(São Paulo), nos séculos XVI e XVII; de lá partiam as  ritmo musical das canções populares brasileiras,
bandeiras do ciclo do apresamento indígena, que como o samba;
promoviam verdadeiras guerras de extermínio.  danças, como o cateretê, o jongo, etc. (folclore).

O NEGRO NO BRASIL COLONIAL No campo, o negro foi a mão de obra nos canaviais e
nas roças de tabaco do Brasil colônia, e nos cafezais e
algodoais à época do império. O negro do campo esteve
sempre, mais do que qualquer outro, à disposição do
senhor. Era este quem cuidava das suas vestimentas,
alimentação e moradia.

Enquanto o tráfico negreiro não despertou indignação


e revolta e mesmo sanções internacionais, o negro escravo
foi alvo dos castigos mais atrozes e aviltantes que um ser
humano podia enfrentar: tronco, açoite, viramundo, cepo,
libambo, peia, gonilha são denominações das brutalidades
Foto: Escravidão – ONU terríveis a que foi submetido, isso quando a agressão não
era maior, como pontapés no ventre de escravas gestantes,
Os negros foram introduzidos no Brasil a fim de olhos vazados e dentes quebrados a martelo. O trabalho
atender às necessidades de mão de obra e às atividades de sol a sol (cerca de 14 horas por dia) transformava o
mercantis (tráfico negreiro). O comércio de escravos negro de campo num verdadeiro trapo humano. Como
africanos para o Brasil teve início nos primeiros tempos da reação, os negros tentaram organizar-se em quilombos,
colonização. Na África os negros eram trocados por promover levantes ou abandonar em massa as fazendas, e
aguardentes de cana, fumo, facões, tecidos, espelhos, etc. quase sempre foram reprimidos a ferro e fogo.
Os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a No que se refere à legislação, com passar dos anos
uma grande variedade de etnias. De modo geral, podemos os movimentos abolicionistas foram rompendo a
classificar os negros entrados no Brasil em três grandes resistência da elite e ganhando espaço político, resultando
grupos: na aprovação de leis que minimizavam o poder da
 Sudaneses - oriundos da Nigéria, Daomé, Costa escravidão, como a Lei do Ventre Livre, de 1871 e a dos
do Ouro. Compreendia os iorubas, jejês, minas, fanti- sexagenários, em 1885. Alguns negros foram alforriados
ashanti e outros. Localizados inicialmente na Bahia, depois por prestarem serviços especiais, como os soldados de
se espalharam pelas regiões vizinhas. Henrique Dias, os praças do batalhão de Libertos da

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HISTÓRIA

guerra da independência na Bahia e os escravos que navios e 500 canhões, os holandeses iniciaram sua
serviram às tropas brasileiras na guerra do Paraguai. No primeira invasão ao Brasil em 1624. Os holandeses
final do império, negros de "filiação desconhecida" atacaram a cidade de Salvador, na época o centro
obtiveram a liberdade com base na legislação que administrativo da colônia. Mas, um ano após terem
determinava que "o brasileiro só é escravo se nascido de chegado, foram expulsos, sem grandes dificuldades.
ventre escravo".
O negro deixou marcas profunda na própria Uma segunda tentativa de invasão se deu em 1630,
composição física do povo brasileiro. Apesar de muito se dessa vez em Pernambuco. Os holandeses conseguiram
dizer ao contrário, os negros reagiram à opressão branca e conquistar as vilas de Olinda e Recife. Houve combates,
iniciaram, no Brasil, os primeiros movimentos para a sua mas os invasores holandeses resistiram e estabeleceram o
libertação, formando os quilombos. controle de uma extensa parte do litoral brasileiro que ia
do Sergipe ao Maranhão.
Quilombo é o nome que se dá à aldeia
(comunidade) onde se concentravam escravos A principal resistência a invasão foi comandada por
fugidos da exploração e dos maus-tratos sofridos nas Matias de Albuquerque até a queda do Arraial Velho do
fazendas, minas e casas de família do Brasil colonial. Bom Jesus e em fins de novembro de 1635, passou-se o
Os maiores quilombos eram formados por pequenas comando a D. Luís de Rojas y Borja, que desembarcou
aldeias, os mocambos. Seus habitantes - quilombolas - em Jaraguá, em Alagoas, à frente de um novo contingente
tendiam a organizar-se política e economicamente como luso-espanhol. Próximo da vila de Porto Calvo, travou-se,
as tribos ou nações africanas de origem, o que era em janeiro de 1636, a batalha de Mata Redonda, que
dificultado por conviverem num mesmo quilombo negros resultou em nova vitória holandesa e na morte do
de diversas origens, mestiços e até índios das redondezas. comandante espanhol.
De modo geral, as terras eram comunais e cada indivíduo
ou família cultivava uma pequena parcela. Também era Os ataques ao interior das capitanias de Pernambuco,
praticada a escravidão, que já existia em regiões da África. de Itamaracá e da Paraíba continuaram e os engenhos e
Os quilombolas faziam incursões noturnas às canaviais eram impiedosamente incendiados. Esse era o
fazendas, para buscar mulheres e encorajar novos quadro do Nordeste quando chegou ao Recife, em
companheiros a segui-los. Essa situação servia de fevereiro de 1637, o conde holandês João Maurício de
justificativa para as expedições punitivas que, inicialmente, Nassau-Siegen, que retomou Porto Calvo, expulsando as
pretendiam capturar os fugitivos. Mais tarde, a tropas coloniais para o sul do rio São Francisco, de onde
prosperidade alcançada por alguns quilombos despertou a elas se refugiaram na Bahia.
cobiça dos sertanistas e bandeirantes. Embora não
tivessem forças armadas organizadas, raros foram os MAURÍCIO DE NASSAU
quilombos que caíram sem resistência.
O mais importante dos quilombos foi o dos
Palmares. Localizava-se na Serra da Barriga, no atual
Estado de Alagoas, e durou mais de 70 anos. Como
Palmares significava a liberdade e, portanto, era uma
atração constante para novas fugas de escravos, tinha de
ser destruído pelos senhores prejudicados pela existência
dessa rebeldia negra.
Palmares foi destruído em 1694, pelo bandeirante
Domingos Jorge Velho, contratado pelos senhores de
engenho. Em 1695, foi assassinado Zumbi, o maior líder
negro da História do Brasil. Sua cabeça foi exposta em
Pernambuco, no Pátio do Carmo, acabando com a lenda
da sua imortalidade.
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maur%C3%
As invasões holandesas ADcio_de_Nassau

Os holandeses reagiram rapidamente, concentrando Para o cargo de governador na Nova Holanda, foi
seus esforços no controle das fontes dos produtos que nomeado o conde João Maurício de Nassau, que chegou
negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das ao Recife em janeiro de 1637. No período em que
Índias Orientais. Essa empresa, de porte enorme, se governou o Brasil Holandês, de 1637 a 1644, Nassau
apossou dos domínios coloniais portugueses no Oriente. procurou estabelecer uma administração eficiente e um
Em decorrência dos êxitos desse empreendimento, os bom relacionamento com os senhores de engenho da
holandeses criaram, em 1621, a Companhia das Índias região. Desse modo, foram colocados à disposição dos
Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o proprietários de engenho recursos financeiros, para serem
controle do açúcar brasileiro e monopolizar o seu utilizados na compra de escravos e de maquinário para o
comércio nos mercados europeus. fabrico do açúcar.
Para controlar a produção e comercialização do Nassau também criou as Câmaras dos Escabinos,
açúcar, era necessário ocupar e se apoderar de partes do que eram órgãos de representação municipal, a fim de
território colonial brasileiro, onde o açúcar era produzido. estimular a participação política da população nas decisões
Desse modo, contando com uma frota composta de 26 de interesse local.

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HISTÓRIA

Durante o governo de Nassau, o Recife recebeu Brasil e logo se impôs no mercado europeu.
intensos investimentos. Uma nova região fora criada. Até Consequentemente, provocou a queda das exportações
então, o Recife era apenas um povoado de pescadores e brasileiras. Já na segunda metade do século XVII, os
comerciantes em torno do porto, onde escoava a riqueza engenhos brasileiros estavam em decadência. Era o fim
destinada aos senhores de engenho, residentes em Olinda. do chamado Ciclo da Cana-de-açúcar na história
Entretanto, a invasão levou à destruição da sede da econômica do Brasil. Restava a Portugal encontrar outros
capitania de Pernambuco e a necessidade de erguer uma meios para explorar economicamente a Colônia. Um novo
nova capital. Neste momento, o Recife foi escolhido, ciclo de exploração colonial teria início com a descoberta
tendo sido alvo de construções diversas, como moradias, de riquezas minerais como o ouro, a prata e os diamantes,
ruas, saneamento, iluminação, proibição de despejar lixos na região que ficaria conhecida como Minas Gerais.
nas ruas e rios, além das pontes, sinagoga, igrejas, jardim
botânico, palácios, entre outros. Uma nova cidade, com Invasões francesas
forte influência da arquitetura holandesa, fora criada.
Mesmo depois da expulsão dos invasores, o Recife Comandados pelo almirante francês Nicolas
continuou crescendo e gerando concorrência à declinante Villegaignon, os franceses fundaram a França Antártica no
Olinda. Rio de Janeiro, em 1555. Foram expulsos pelos
Os comerciantes residentes no Recife pós-holandês portugueses, com a ajuda de tribos indígenas do litoral,
tiveram vários conflitos com os senhores de engenho de somente em 1567.
Olinda, que resultou na criação de uma nova câmara que construíram uma sociedade com influências
viesse a atender os interesses dos recifenses, no ano de protestantes, uma vez que, no século XVI, milhares de
1710. Entretanto, reações existiram de modo que essa protestantes europeus vieram em fuga da Europa para a
mesma câmara fora destruída pelos olindenses, América em consequência da perseguição católica durante
indesejosos de ceder politicamente aos comerciantes. O a Contrarreforma religiosa (conjunto de medidas tomadas
conflito resultou no estabelecimento definitivo da câmara pela Igreja Católica com o surgimento das religiões
em 1711, no episódio que ficou conhecido como Guerra protestantes).
dos Mascates. Sob a influência francesa, algumas partes do litoral
Com o fim do domínio espanhol sob Portugal, em brasileiro ganharam diversas feitorias e fortes (militares).
1640, o novo rei português, D. João IV, decidiu recuperar O principal povo indígena que perpetuou a aliança com os
o Nordeste brasileiro retirando-o do domínio holandês. franceses foi o Tamoio. Deste acordo surgiu a
Esse período coincidiu com o descontentamento dos Confederação dos Tamoios (aliança entre diversos povos
senhores de engenho do Nordeste brasileiro diante dos indígenas do litoral: tupinambás, tupiniquins, goitacás,
holandeses. Nassau já havia partido e, para explorar ao entre outros), que possuíam um objetivo em comum:
máximo a produção do açúcar brasileiro, a Holanda derrotar os colonizadores portugueses.
adotou inúmeras medidas impopulares, em especial o Durante cinco anos, aproximadamente, ocorreram
aumento dos impostos, o que contrariava os interesses diversos conflitos entre os portugueses e a Confederação.
dos proprietários de engenho. No ano de 1567, os portugueses derrotaram a
Confederação, extinguindo-a e expulsando os franceses do
 Insurreição/Restauração pernambucana território colonial.
A luta contra os holandeses no Nordeste brasileiro foi Ao contrário do que muitos pensaram, os franceses
iniciada pelos próprios senhores de engenho da Região e não desistiram tão facilmente do Brasil. Eles foram
durou cerca de dez anos. Sob iniciativa dos senhores, os expulsos do litoral brasileiro, da região sudeste (Rio de
colonos da Região foram mobilizados e travaram várias Janeiro), porém estabeleceram uma nova fixação no
batalhas contra os holandeses. As mais importantes foram território durante o século XVII, mas na região nordeste,
a de Guararapes e Campina de Taborda. mais precisamente na cidade de São Luís (atual capital do
Mas a expulsão definitiva dos holandeses teve início Maranhão), onde fundaram, em 1612, a chamada França
em junho de 1645, em Pernambuco, através da eclosão de Equinocial.
uma insurreição popular liderada pelo paraibano André Outra vez, a França estava tentando desenvolver
Vidal de Negreiros, pelo senhor de engenho João uma civilização no Brasil colonial. A metrópole Portugal,
Fernandes Vieira, pelo índio Felipe Camarão e pelo negro rapidamente, no intuito de não perder partes do território
Henrique Dias. A chamada Insurreição Pernambucana da colônia, enviou uma expedição militar à região do
chegou ao fim em 1654, tendo libertado o Nordeste Maranhão. Essa expedição portuguesa atacou os franceses
brasileiro do domínio holandês. tanto por terra quanto por mar. No ano de 1615, os
Porém, a expulsão dos holandeses do território franceses foram derrotados e se retiraram do Maranhão,
brasileiro teria um impacto negativo sobre a economia deslocando-se para a região das Guianas, onde fundaram
colonial. Durante o período em que estiveram no uma colônia, a chamada Guiana Francesa.
Nordeste, os holandeses tomaram conhecimento de todo Após duas tentativas mal sucedidas de
o ciclo da produção do açúcar e conseguiram aprimorar os estabelecimento de uma civilização francesa, nos séculos
aspectos técnicos e organizacionais do empreendimento. XVI e XVII, no Brasil colonial (França Antártida e França
Quando foram expulsos do Brasil, dirigiram-se para as Equinocial), os franceses passaram a saquear, através de
Antilhas, ilhas localizadas na região da América Central. corsários (piratas), algumas cidades do litoral brasileiro, no
século XVIII. A principal delas foi a cidade do Rio de
 O fim de um ciclo açucareiro Janeiro, de onde escoava todo ouro extraído da colônia
Lá montaram uma grande produção açucareira que, rumo a Portugal. Uma primeira tentativa de saque, em
em pouco tempo, passou a concorrer com o açúcar do 1710, foi barrada pelos portugueses; entretanto, no ano de

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HISTÓRIA

1711, piratas franceses tomaram a cidade do Rio de - A conquista do Pará foi efetuada por Francisco
Janeiro e receberam dos portugueses um alto resgate para Caldeira Castelo Branco, que fundou o forte Presépio,
libertá-la: 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 origem da cidade de Belém (1616).
bois. Terminavam, então, as tentativas de invasões - O povoamento do Piauí foi feito do interior para o
francesas no Brasil. litoral, graças à criação de gado bovino. Os irmãos
Domingos Afonso Mafrense ("O Sertão") e Julião Afonso
Invasões inglesas Serra, rendeiros da Casa da Torre (de Garcia D'Ávila),
fundaram a Vila Mocha, depois Oeiras, antiga capital de
Em 1581, sob o comando do corsário inglês Thomas Piauí (1674).
Cavendish, ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, - A conquista do Vale Amazônico foi realizada pelo
por quase três meses, as cidades de São Vicente e Santos, Capitão Pedro Teixeira (1637 - 1639), que subiu o rio
requerendo pagamento de resgate, em razão da proibição Amazonas (de Belém até Quito), tomando posse desta
do comércio da colônia portuguesa com países que não imensa região, em nome do rei de Portugal. A posse da
fossem da União Ibérica. bacia amazônica deveu-se aos missionários (jesuítas,
franciscanos, carmelitas e mercenários), às lutas contra os
A EXPANSÃO TERRITORIAL – Entradas e estrangeiros, os "droguistas do sertão" e às expedições
bandeiras. militares ("tropas de resgate").

"Os portugueses andavam como caranguejos, Importante: Só com a expulsão dos franceses da
arranhando o litoral". (Frei Vicente Salvador). Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e do
Maranhão foi possível completar a ocupação da
Região Nordeste.

Ocupação do Interior. As quatro bases econômicas


da ocupação do sertão foram: a criação de gado, caça ao
gentio (índio), a atividade mineradora e a extração de
especiarias, produtos silvestres e plantas medicinais
("drogas do sertão").

O elemento humano que realizou a expansão


territorial do Brasil era representado pelos criadores de
gado (boiadeiros), pelos padres missionários no seu
trabalho de catequese, pelos entradistas e bandeirantes,
Conquistas do Norte e Nordeste cuja atuação foi de fundamental importância e cujos
motivos de ação foram múltiplos e variados: expedições
- Na Paraíba as primeiras tentativas foram feitas, sem militares, apresamento de indígenas, descoberta de ouro e
êxito, por Frutuoso Barbosa. Mais tarde, ele e Felipe de pedras preciosas.
Moura com uma expedição por terra e Diogo Flores O caminho dos que partiam de Pernambuco em
Valdés, chefiando uma expedição marítima, fundaram o demanda (direção)do sertão foi o Rio São Francisco,
Forte de São Felipe, depois abandonado por causa dos conhecido como "Rio da Unidade Nacional" e "Rio do
ataques dos índios potiguares. A conquista da Paraíba foi Currais", devido à existência de grandes e numerosas
efetivada por Martim Leitão, que se aliou ao chefe fazendas de gado em suas margens. No Sul, onde tiveram
indígena Piragibe, surgindo a cidade de Filipéia de Nossa início as primeiras expedições pelo interior, os meios de
Senhora das Neves (1584), depois chamada de Paraíba, penetração do sertão foram os Rios Paraná, Tietê e
atual João Pessoa. Paraíba do Sul.
- A conquista de Sergipe foi efetuada Cristóvão de
Barros, em 1590, que derrotou os índios chefiados por A ocupação da Planície Amazônica
Boiapeba e fundou São Cristóvão. O povoamento do Vale Amazônico amoldou-se às
- Manuel Mascarenhas Homem conquistou o Rio contingências da coleta dos produtos extrativos,
Grande do Norte, com auxílio de Feliciano Coelho e sobretudo vegetais ("drogas do sertão "), na considerável
Jerônimo de Albuquerque. Em 1597, foi fundado o Forte dispersão amazônica, onde os cursos d`água serviam
dos Reis Magos, que a partir de 1599, passou a se chamar como único polo forte e estável de atração do
Natal. povoamento. Nesta atividade extrativa o índio era
- Pero Coelho de Souza tentou, sem êxito, através de insubstituível, pois sem ele "não se dava um passo".
duas investidas, ocupar o Ceará. Os padres jesuítas A escravização dos silvícolas pelos colonos, no
Francisco Pinto e Luiz Figueira também não conseguiram. Maranhão, deu origem a conflitos com os padres jesuítas a
A ocupação do Ceará foi realizada por Martim Soares organização da produção também reflete as condições em
Moreno, ajudado pelo índio Jacaúna. Fundou o Forte de que ela se realiza: não tem por base a propriedade da terra
Nossa Senhora do Amparo (1613) que deu origem à atual (fundiária), como na agricultura e na mineração. A
cidade de Fortaleza. exploração realiza-se indiferentemente na imensa floresta
- O Maranhão foi conquistado por Alexandre de aberta a todos e faz-se de maneira esporádica, coincidindo
Moura e o mameluco Jerônimo de Albuquerque (1615), com as épocas próprias da coleta.
do interior para o litoral, graças à atividade pastoril.

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HISTÓRIA

Colonização do Vale Amazônico  começaram no século XVI e atingiram apogeu


nos séculos XVII e XVIII;
Diversos fatores contribuíram para a ocupação do  tiveram a participação ativa dos paulistas.
Vale Amazônico: a extensa rede hidrográfica, a fundação
de diversas missões religiosas, a presença dos droguistas Entradas pioneiras. Em 1504, Américo Vespúcio
do sertão e das tropas de resgates. organizou uma entrada em Cabo Frio (RJ). Depois
A rede hidrográfica A Bacia Amazônica é a maior bacia Martim Afonso de Souza organizou três outras: no Rio de
fluvial do globo. Essa imensa rede hidrográfica é Janeiro (Francisco Chaves), em Cananéia (SP) e na região
comandada pelo Rio Amazonas, o segundo do mundo do rio da Prata (Pero Lopes de Souza).
pela extensão e pelos inúmeros afluentes, alguns dos quais Ciclo das entradas. Além das entradas pioneiras,
estão incluídos entre os mais extensos rios da Terra: temos o ciclo baiano, sergipano, cearense, espírito-
Madeira, Juruá, Tapajós, Xingu, etc. Os cursos fluviais, santense e amazônico. Os integrantes do Ciclo baiano são:
por serem inteiramente navegáveis, contribuíram Francisco Bruza Espinosa, o padre Azpilcueta Navarro,
sobremaneira para a ocupação da Amazônica. Antônio Dias Navarro e Gabriel Soares de Souza. Pero
Coelho de Souza e os padres jesuítas Francisco Pinto e
Ocupação e povoamento do Centro-Sul (século Luiz Figueira destacaram-se no Ciclo Cearense. Marcos de
XVIII) Azevedo pertence ao ciclo espírito-santense; o capitão
Teixeira está ligado ao ciclo amazônico.
O Centro-Sul compreendia as atuais Regiões Sudeste Ciclo das bandeiras. As bandeiras paulistas
e Centro-Oeste. Sua ocupação se processou através do abrangem três fases: ciclo do ouro de lavagem, ciclo da
extrativismo mineral e pelo movimento das "entradas e caça ao índio (bandeirismo de apresamento) e grande ciclo
bandeiras". A atividade responsável pela ocupação e do ouro. Estas bandeiras, além de procurar riquezas
povoamento do Centro-Sul, especialmente das atuais minerais escravizavam índios e combatiam os negros que
regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, foi a haviam fugido das fazendas.
mineração. Ciclo do ouro de lavagem. Fernão Dias Paes
("Caçador de Esmeraldas"), foi o mais famoso
Ocupação do Extremo Sul O Extremo Sul foi a bandeirante do ciclo do ouro de lavagem. Outros nomes
última região incorporada ao território brasileiro. Isto deste ciclo: Brás Cubas, Luís Martins, André Leão, Garcia
ocorreu só no final do século XVIII. Rodrigues Paes, Heliodoro Eobanos e Jerônimo Leitão.
O meio geográfico A parte meridional do Brasil
apresenta uma individualidade em relação às demais
regiões: está totalmente dentro do clima temperado
(subtropical), possui uma vegetação de fácil penetração,
com uma planície (Pampa ou Campanha Gaúcha) coberta
por campos limpos, apresentando pequenas ondulações
("coxilhas").
A ocupação da extremidade sul do Brasil foi
essencialmente militar. O tipo de povoamento baseou-se
na colonização e imigração. O regime da posse da terra
era a grande propriedade.
Em 1737, povoadores militares ocuparam o Rio
Grande do Sul fundando o Forte (presídio) Jesus Maria
José, do qual se originou a atual cidade do Rio Grande. Fonte: http://www.terrabrasileira.com.br/folclore3/k20ouro.html

Expansão bandeirante O romance "Caçador de Esmeraldas", escrito por


Olavo Bilac, descreve a bandeira chefiada por Fernão Dias
Constituem movimentos de expansão territorial, Paes, nos sertões de Minas Gerais.
responsáveis pela atual configuração geográfica do Brasil.
As entradas eram expedições organizadas pela iniciativa Ciclo da caça do índio. Antônio Raposo Tavares foi
oficial (governo), prevaleceram no século XVI e o bandeirante que mais se destacou na caça ao gentio
normalmente respeitavam a linha de Tordesilhas. As (indígena). Ele destruiu as províncias missionárias
entradas de Aleixo Garcia e Pedro Teixeira constituem jesuíticas (missões ou reduções) de Guairá (no Paraná),
exceções. Tape e Uruguai (no Rio grande do Sul) e Itatim (em Mato
As bandeiras geralmente organizadas graças à iniciativa Grosso), aprisionando milhares de índios. Depois de
particular, eram expedições que: atravessar Mato Grosso, entrou na Bolívia, atravessou a
 ultrapassavam a linha do Meridiano de Cordilheira dos Andes, foi até o oceano Pacífico,
Tordesilhas; regressou ao litoral Atlântico pelo Rio Amazonas e voltou
 contribuíram para aumentar consideravelmente o a São Paulo pela zona costeira (1648-1651) - (1º Périplo
território brasileiro; Brasileiro).
 partiam, quase todas de São Vicente (São Paulo); Os irmãos Preto (Manuel e Sebastião) foram os
primeiros a fazer uma investida contra uma província
 utilizavam os rios Tietê, Paraná, São Francisco e
inaciana. Eles atacaram as reduções jesuíticas de Guairá
os afluentes meridionais do Amazonas;
(1628 - 1630), Tape e Uruguai, habitadas por cerca de
 aprisionavam índios em massa; 200.000 indígenas. Domingos Jorge Velho foi o

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HISTÓRIA

bandeirante paulista contratado para destruir o Quilombo Em 1680, uma expedição chefiada por D. Manuel
dos Palmares (1694), localizado em Alagoas. Após Lobo, governador do Rio de Janeiro, fundou a Colônia do
extinguir aquele agrupamento de negros fugitivos, ocupou Sacramento na margem esquerda do Rio da Prata, foco de
o interior de Piauí, exterminando os indígenas ("Guerra grande disputa entre Portugal e Espanha, na região
dos Cariris" ou "Guerra dos Bárbaros"), possibilitando a Platina. A fundação da Colônia de Sacramento, pelos
montagem de 39 estâncias de gados na região. Bartolomeu portugueses, motivou a reação dos espanhóis e os
Bueno da Silva (pai), chamado pelos índios de choques militares no sul tornaram-se frequentes.
"Anhanguera", devassou os sertões de Goiás. O forte presídio Jesus-Maria-José, atual cidade do
Rio Grande (RS), foi fundado pelo Brigadeiro José da
Grande ciclo do ouro e diamante. Antônio Silva Pais, que chefiava uma expedição para combater os
Rodrigues Arzão descobriu as primeiras minas de ouro, espanhóis. Em 1760, o Rio Grande foi elevado à condição
em 1693, no rio Casca (Cataguases) em Minas; Manuel de Capitania, subordinada ao Rio de Janeiro. Tratados de
Borba Gato descobriu as Minas de Sabará (Minas limites
Gerais), em 1700; Bernardo da Fonseca Lobo descobriu Após a vigência da União Ibérica, foram assinados
diamantes em Diamantina (antes Arraial do Tijuco e diversos tratados de limites que envolviam regiões ao sul
Distrito Diamantino) - Minas Gerais, em 1729; da América tais como: Lisboa, 1º de Utrecht, 2º de
Bartolomeu Bueno da Silva Júnior (filho), 2º Utrecht, Madri, El Pardo, Santo Idelfonso e Badajós.
"Anhanguera", encontrou ouro onde surgiu Vila Boa, hoje Tratados de Lisboa (1681) Foi motivado pela anexação
cidade de Goiás; Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro espanhola da Colônia do Sacramento. Portugal, apoiado
em Coxipó-Mirim (Mato Grosso), em 1719. pela Inglaterra, obtém a devolução da Colônia (1681).

Monções - Foram expedições fluviais, que saíram de 1º Tratado de Utrecht (1713). O 1º Tratado de
São Paulo (Porto Feliz), em direção a Mato Grosso e Utrecht foi firmado entre a França (Luís XIV) e Portugal
Goiás, como consequência do movimento bandeirista. (D. João V). Estabeleceu os limites entre o Brasil e a
Guiana Francesa, assegurando o nosso domínio sobre o
OS TRATADOS DE LIMITES E AS GUERRAS NO Amapá (ou a Terra do Cabo Norte), tendo como base o
SUL rio Oiapoque (Vicente Pinzón).
2º Tratado de Utrecht (1715). Foi firmado entre
Antecedentes Portugal e Espanha. A Colônia do Sacramento era
 O Tratado de Tordesilhas, na realidade jamais devolvida pela segunda vez a Portugal, porque os
demarcado, nunca foi respeitado. A identificação dos espanhóis haviam atacado e retomado aquela Colônia. Os
limites dos domínios portugueses e espanhóis na América colonos espanhóis protestaram contra a devolução e
do Sul agravou-se após a União Ibérica; fundam Montevidéu, junto à Colônia do Sacramento,
 A ocupação portuguesa no Sul (política provocando novos choques na região.
expansionista realizada pelos bandeirantes) chocou-se com Tratado de Madri (1750). Foi o mais importante dos
os interesses espanhóis no Rio da Prata, que tinha em Tratados de limites assinados entre portugueses e
Buenos Aires seu centro mais importante; espanhóis. Estabeleceu a troca da Colônia do Sacramento,
 A cobiça dos portugueses (aliados dos ingleses) que passaria para Espanha.
pela área do Prata é comprovada pela fundação da
Colônia do Sacramento em 1680, defronte a Buenos O brasileiro Alexandre de Gusmão ("Avô dos
Aires, centro da disputa entre espanhóis e portugueses; Diplomatas brasileiros") defendeu o princípio do "Uti
Possidetis" (direito de posse), ou seja estabeleceu que cada
 O interesse inglês em dominar o mercado platino
uma das nações ficaria com os territórios que já
após a Restauração portuguesa (1640). A Inglaterra
estivessem em seu poder. Este princípio, aceito pela
pressionará para a ocupação, pelos portugueses, da saída
Espanha, beneficiou Portugal que havia ocupado as terras
do Rio da Prata;
a oeste do Meridiano de Tordesilhas, graças à expansão
 O contrabando, facilitado pela presença da territorial feita pelos bandeirantes, durante o período da
Colônia do Sacramento provocou intensos choques entre União Ibérica (1580 - 1640), completada pelos criadores
portugueses e espanhóis, levando-os a assinarem diversos de gado e padres missionários.
tratados a respeito da região. O Tratado de Madri é importante porque dava ao
Brasil (salvo pequenas modificações, como a compra do
Ocupação do extremo sul Acre em 1903), aproximadamente, a sua atual
Abandonada por longo tempo, só no final do século configuração geográfica. Os padres jesuítas espanhóis,
XVII esta região, cujas pastagens são as melhores do país, juntamente com os comerciantes da região não se
teve o estabelecimento de várias missões jesuíticas conformaram com as decisões do Tratado de passar a
espanholas: Santo Ângelo, São Borja, São Miguel, São região dos Sete Povos das Missões para o domínio
Lourenço, São João Batista, São Nicolau e São Luís português: instigaram os índios a uma luta, ocasionando a
Gonzaga, que foram os Sete Povos das Missões, do rio "Guerra Guaranítica". Como o tratado não foi cumprido,
Uruguai. porque os demarcadores suspenderam os trabalhos, a
Colônia do Sacramento permaneceu com Portugal.

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HISTÓRIA

monárquico compunha uma tendência política da época


conhecida como “despotismo esclarecido”. A chegada do
esclarecido Marquês de Pombal pode ser compreendida
como uma consequência dos problemas econômicos
vividos por Portugal na época. Nessa época, os
portugueses sofriam com a dependência econômica em
relação à Inglaterra, a perda de áreas coloniais e a queda da
exploração aurífera no Brasil.

Buscando ampliar os lucros retirados da exploração


colonial em terras brasileiras, Pombal resolveu instituir a
cobrança anual de 1500 quilos de ouro. Além disso, ele
resolveu tirar algumas atribuições do Conselho
Ultramarino e acabou com as capitanias hereditárias que
seriam, a partir de então, diretamente pelo governo
português. Outra importante medida foi a criação de
várias companhias de comércio incumbidas de dar maior
fluxo às transações comerciais entre a colônia e a
metrópole.
Fonte:https://www.10emtudo.com.br/aula/enem/entradas_e_bandeiras
No plano interno, Marquês de Pombal instituiu uma
/ reforma que desagradou muitos daqueles que viviam das
regalias oferecidas pela Coroa Portuguesa. O chamado
Guerra de El Pardo (1761) Erário Régio tinha como papel controlar os gastos do
corpo de funcionários reais e, principalmente, reduzir os
Anulou o de Madri, porque os índios dos Sete Povos seus gastos. Outra importante medida foi incentivar o
das Missões revoltaram-se ("Guerra Guaranítica") e desenvolvimento de uma indústria nacional com
Portugal recusou-se a entregar a Colônia do Sacramento. pretensões de diminuir a dependência econômica do país.
Outra importante medida trazida com a
Tratado de Santo Idelfonso (1777). administração de Pombal foi a expulsão dos jesuítas do
Brasil. Essa medida foi tomada com o objetivo de dar fim
Antecedentes Em consequência da Guerra dos Sete às contendas envolvendo os colonos e os jesuítas. O
Anos, na Europa, surgiram hostilidades na América. D. conflito se desenvolveu em torno da questão da
Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, atacou e exploração da mão de obra indígena. A falta de escravos
ocupou a Colônia do Sacramento em 1762, tendo sido negros fazia com que muitos colonos quisessem apresar e
devolvida no ano seguinte. Posteriormente, os espanhóis escravizar as populações indígenas. Os jesuítas se
se apossaram de Santa Catarina e, pela quinta vez, da opunham a tal prática, muitas vezes apoiando os índios
Colônia do Sacramento. contra os colonos.
Vendo os prejuízos trazidos com essa situação,
O Tratado reconheceu o princípio do "Uti Pombal expulsou os jesuítas e instituiu o fim da
possidetis"(direito de posse) e restabeleceu, em linhas escravidão indígena. As terras que foram tomadas dos
gerais, o Tratado de Madri. Contudo, Portugal cedia a integrantes da Ordem de Jesus foram utilizadas como
Colônia do Sacramento, os Sete Povos das Missões e parte zonas de exploração econômica através da venda em leilão
do Rio Grande; a Espanha devolvia a Ilha de Santa ou da doação das mesmas para outros colonos. Com
Catarina. Tratado de Badajós (1801) As guerras relação aos índios, Pombal pretendia utilizá-los como
napoleônicas levaram a Espanha a lutar contra Portugal. força de trabalho na colonização de outras terras do
O Tratado de Badajós pôs fim à Guerra e determinou que território.
a Colônia do Sacramento passaria para a Espanha. Como
não mencionasse os Sete Povos e parte do Rio Grande, Mesmo pretendendo trazer diversas melhorias para a
permitiu assim que Portugal ficasse na posse dos Coroa, Pombal não conseguiu manter-se no cargo após a
territórios conquistados (Rio Grande de São Pedro). morte de Dom José I, em 1777. Seus opositores o
acusaram de autoritarismo e de trair os interesses do
Reformas Pombalinas governo português. Com a saída de Pombal do governo,
as transformações sugeridas pelo ministro esclarecido
Durante a segunda metade do século XVIII, a Coroa encerraram um período de mudanças que poderiam
Portuguesa sofreu a influência dos princípios iluministas amenizar o atraso econômico dos portugueses.
com a chegada de Sebastião José de Carvalho aos
quadros ministeriais do governo de Dom José I. Mais
conhecido como Marquês de Pombal, este
“superministro” teve como grande preocupação
modernizar a administração pública de seu país e ampliar
ao máximo os lucros provenientes da exploração colonial,
principalmente em relação à colônia brasileira.
Esse tipo de tendência favorável a reformas
administrativas e ao fortalecimento do Estado
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HISTÓRIA

Revolta de Beckman (1684) – Maranhão

Ocorreu no Maranhão e teve como causas: A luta


entre os colonos e jesuítas devido a escravização dos
índios; a mudança da sede do governo do Estado do
Maranhão, de São Luís para Belém; os abusos cometidos
pela Cia de Comércio do Estado do Maranhão que exercia
Fonte:http://www.historiadeportugal.info/marques-de- o monopólio de todo o comércio de compra e venda da
pombal/REBELIÕES COLONIAIS produção maranhense; a concorrência na exploração das
"Drogas do Sertão". Aproveitando a ausência do
OS CONFLITOS DO BRASIL COLÔNIA governador, Manuel Beckman (rico fazendeiro),
secundando pelo irmão Tomás Beckman, Jorge Sampaio e
As rebeliões coloniais conheceram duas fases: Francisco Deiró, depuseram o capitão-mor e tomaram a
movimentos nativistas e movimentos de libertação administração da capitania.
nacional
Organizaram uma "Junta dos Três Estados"
Movimentos Econômico Nativistas (representantes do clero, nobreza e povo) que tomou as
seguintes medidas: expulsão dos jesuítas; abolição do
Caracterização Nativismo é o sentimento de apego monopólio comercial (a Cia de Comércio foi extinta);
(amor) a terra EM QUE NASCEU. Os movimentos envio de um emissário a Portugal para justificar o
nativistas expressam o descontentamento dos colonos movimento e fazer reclamações.
frente a problemas econômicos locais. Estes movimentos,
liberados pela aristocracia rural brasileira (proprietários de O movimento terminou com a nomeação do novo
terras e escravos), classe dominante da Colônia, via seus governador, Gomes Freire de Andrade, que anulou os
lucros reduzidos pela intermediação dos comerciantes atos da Junta. A repressão à revolta levou à morte os
portugueses. líderes rebeldes. Manuel Beckman foi enforcado (1685).
Este movimento, foi isolado e não contestou a dominação
O sentimento nativista, no Nordeste desenvolveu-se metropolitana, mas apenas um de seus aspectos: o
em função das lutas contra os holandeses, para combater a monopólio. O governo português extinguiu a Companhia
política de "arrocho" após a saída de Nassau do Brasil; no de Comércio do Maranhão, como queriam os revoltosos,
Sudeste foi devido as lutas pela posse de minas. As mas os jesuítas puderam retornar e continuar o seu
principais manifestações foram: Aclamação de Amador trabalho.
Bueno (1641); Revolta de Beckman (1684), Guerra dos
Emboabas (1707-1709); Guerra dos Mascates (1710) e Guerra dos Emboabas (1709). Ocorreu em Minas
Revolta de Vila Rica (1720). Gerais e teve como causa a luta pela posse das minas entre
paulistas e emboabas (forasteiros). Com a descoberta de
Aclamação de Amador Bueno (1641) Ocorreu em ouro no Brasil, muitos portugueses e populações da orla
São Paulo, região que se encontrava marginalizada dentro litorânea, que estavam decadentes devido ao declínio da
do sistema Colonial Português e onde existia grande produção açucareira, dirigiram-se para os sertões de Minas
número de espanhóis, devido a União Ibérica e a Gerais entrando em conflito com os descobridores das
proximidade da região do Prata. Em 1º de dezembro de minas (paulistas) para exploração das jazidas.
1640 deu-se a Restauração em Portugal sendo aclamado o
Duque de Bragança que reinou com o nome de D. João O primeiro incidente aconteceu entre o paulista
IV, acabando o domínio espanhol. Em 1641, chega a São Jerônimo Pedroso de Barros e o reino (português) Manuel
Paulo a notícia da restauração. Parte da população Nunes Viana, em Caeté. A nomeação do "emboabas"
insuflada pelos espanhóis resolveu aclamar o paulista Manuel Nunes Viana como "governador das Minas"
Amador Bueno, rico fazendeiro, rei de São Paulo. irritou os paulistas, pois se sentiram lesados, começando,
Recusando o título, procurou abrigo no mosteiro de São então, violentos choques: atacados pelos emboabas
Bento. Este episódio pode ser conceituado como "simples chefiados por Bento do Amaral Coutinho, junto ao rio das
e vã tentativa dos castelhanos em, fazendo valer o Mortes, depois de resistirem, os paulistas cercados se
prestígio adquirido, subordinarem São Paulo à coroa da renderam, mas foram traídos. Foi o episódio do Capão da
Espanha". Traição (1708) onde morreram 300 paulistas. O

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HISTÓRIA

governador do Rio de Janeiro D. Fernando Mascarenhas Revolta de Vila Rica (1720). Ocorreu em Minas
de Lencastre tentou acabar a luta, mas não teve êxito Gerais e teve como causas principais a criação das "casas
(1709). Seu substituto, Antônio de Albuquerque Coelho de fundição", a carestia de vida e monopólio e estanco
de Carvalho conseguiu a pacificação. sobre mercadorias. Com a criação das casas de fundição,
Principais consequências: · criação de uma nova todo ouro extraído deveria ser fundido em barra , isto é,
Capitania, a de São Paulo e Minas do Ouro, separada do "quintado" (retirado o imposto do quinto) sendo proibida
Rio de Janeiro (09 de Novembro de 1709) que passou ao a circulação do ouro em pó, para evitar o contrabando.
domínio direto da Coroa, sendo seu primeiro governador
Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho; · elevação O monopólio que os reinóis (portugueses) exerciam
da vila de São Paulo à categoria de cidade (julho de 1711); sobre a comercialização de gêneros de primeira
· separação entre a Capitania de São Paulo e a de Minas necessidade encarecia, à medida que aumentava a
Gerais (1720) · transferência do polo de irradiação de produção de ouro. Vários mineiros, entre os quais Pascoal
Taubaté para Sorocaba pelos bandeirantes paulistas; · da Silva Guimarães, Sebastião Veiga Cabral e Felipe dos
descoberta de ouro nas regiões de Mato Grosso e Goiás Santos Freire (principal líder), em Vila Rica, promoveram
para onde se dirigiram, depois, os paulistas. o levante.
O governador de Minas, Conde Assumar (D. Pedro
Guerra dos Mascates (1710 – 1711). Foi um conflito Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos) que estava em
ocorrido em Pernambuco, resultado do choque entre a Ribeirão do Carmo (Mariana), atendeu às exigências dos
aristocracia rural de Olinda e os comerciantes revoltosos. Em seguida , contando com os "Dragões" e os
("Mascates") de Recife. A rivalidade entre "brasileiros" (de paulistas, avançou contra Vila Rica, reprimiu
Olinda) e "portugueses" (de Recife), tinha como causas: violentamente esta rebelião prendendo os principais
1º) a decadência da lavoura açucareira devido a chefes. Felipe dos Santos, o de mais baixa condição social,
concorrência Antilhana, levou a aristocracia rural a foi o único condenado à morte: foi enforcado e
endividar-se com os comerciantes portugueses que esquartejado.
monopolizavam o comércio de Pernambuco; 2º) mesmo A revolta de Vila Rica foi o reflexo do aumento da
decadente, Olinda era Vila, possuía Câmara Municipal e exploração portuguesa sobre o Brasil. Este movimento foi
tinha autonomia em relação a Recife, que era sua comarca local e não contestou a dominação portuguesa. Seu
e subordinada administrativamente. objetivo não era fazer a libertação do Brasil e sim acabar
com os abusos do monopólio português. A revolta de
A elevação de Recife a categoria de vila pelo rei de Felipe do Santos (1720) antecedeu a Inconfidência
Portugal no final de 1709, por pressão dos "mascates" Mineira (1789), na mesma Vila Rica (atual Ouro Preto).
separando-a de Olinda precipitou os acontecimentos. Os
primeiros desentendimento surgiram entre o governador A consequência dessa revolta foi a criação da
Sebastião de Castro Caldas, simpático aos mascates (de Capitania de Minas Gerais, separada de São Paulo
Recife) e o ouvidor Luiz de Valenzuela Ortiz, favorável (1720). A Revolta de Vila Rica foi fundamental para o
aos de Olinda. amadurecimento da consciência colonial. Por outro lado,
Um atentado à vida do governador por inaugurou um período de sangrentas repressões
desconhecidos levou-o a tomar medidas repressivas desfechadas pela Metrópole. O antagonismo entre
contra os olindenses. Estes revoltaram-se em fins de 1710, Colônia e Metrópole é retratado nas últimas palavras de
liderados por Bernardo Vieira de Melo, invadindo Recife, Felipe dos Santos: "Morro sem me arrepender do que fiz e
derrubando o pelourinho (símbolo de autonomia certo de que o canalha do rei será esmagado". Era o
administrativa) e obrigando o governador a fugir para a prenúncio das lutas de libertação nacional que se
Bahia. desencadeariam no Brasil a partir do século XVIII.
Abertas as vias de sucessão, o governo foi entregue
ao bispo D. Manuel Álvares da Costa, que anistiou os Tentativas de Libertação Colonial
amotinados, enquanto era rejeitada a proposta do
Sargento-mor Bernardo Vieira de Melo de proclamar a
independência de Pernambuco sob a forma republicana de
governo, no mesmo estilo das cidades livres da Itália
(Veneza e Gênova) e contaria com a proteção de uma
potência cristã.
A luta terminou com a chegada do novo governador,
Felix José Machado, que recebeu ordem de pacificar os
conflitos em Pernambuco. Os principais envolvidos foram
presos e Recife foi confirmada como vila, passando a ser o
centro administrativo da Capitania. A vitória dos
comerciantes de Recife tornou claro à aristocracia rural
que os seus interesses eram bem diferentes dos interesses
portugueses. A rivalidade entre brasileiros e portugueses
na Capitania continuou a existir mas só se transformou
novamente em revolta mais de um século depois (1817 -
Revolução Pernambucana) e com caráter diferente.

Características:

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HISTÓRIA

- estes movimentos tinham como objetivo libertar o - Tomás Antônio Gonzaga desembargador e poeta,
Brasil do domínio português e foram mais abrangentes autor do poema "Marília de Dirceu" e "Cartas Chilenas";
que os movimentos nativistas; - Cláudio Manuel da Costa, advogado e poeta muito
- ocorreram no período de crise do capitalismo rico, emprestava sua casa para os conspiradores se
comercial e ascensão do capitalismo industrial (este era reunirem;
contrário aos monopólios); - padres Carlos de Toledo e José de Oliveira Rolim; -
- com a Revolução Industrial, a partir do final do Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel,
século XVIII desenvolve-se o livre cambismo, que forçava comandante do "Regimento dos Dragões", tropa militar
a abertura de novas frentes de trabalhos. Isto chocava-se de Minas Gerais, e que estava hierarquicamente logo
com o pacto colonial; abaixo do governador;
- a Inglaterra, nação pioneira da Revolução Industrial, - Inácio de Alvarenga Peixoto, poeta e minerador;
como centro da capitalismo desejava garantir os mercados - José Álvares Maciel, estudante universitário, tendo
de matérias-primas e consumidores de manufaturados; chegado ao Brasil em 1788, era francamente fiel aos ideais
- as nações Ibéricas (Portugal e Espanha) entraram em iluministas;
decadência. Por não terem acumulado capital suficiente - José Joaquim de Maia, estudante universitário, que
para iniciar o processo de industrialização, ficaram presas teria se entrevistado com Thomas Jefferson, embaixador
ao Mercantilismo e ao Absolutismo (Antigo Regime). Não dos Estados Unidos na França e um dos líderes do
tinham, portanto, as condições necessárias para ingressar movimento de independência daquele país, e solicitado
na nova fase do Capitalismo; auxilio aos norte-americanos;
- o Liberalismo político e econômico, posto em prática - Domingos Vidal Barbosa e Salvador Gurgel do
na Revolução Francesa, repercutiu nas colônias; Amaral, doutores;
- a Independência dos Estados Unidos (em 1776 - - Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Coronel; -
primeiro país do Continente Americano a romper com os Luiz Vieira da Silva, cônego;
laços coloniais) provou que o colonialismo mercantilista - Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiros
podia ser derrotado; (coronéis) e o mestre de campo Inácio Correa Pamplona
- o Iluminismo, filosofia revolucionária do século (delatores).
XVIII que defendia os princípios de "Liberdade,
Igualdade, Fraternidade", foi o pensamento que orientou O Alferes Joaquim José da Silva Xavier
os movimentos contrários ao Antigo Regime; ("Tiradentes") é considerado o principal nome pois foi
- os movimentos que precederam nossa independência o que propagou junto ao povo insatisfeito e conseguiu
política sofreram influências das ideias liberais da França e adeptos para a conspiração. A revolta seria iniciada por
da Independência dos Estados Unidos e quase todos ocasião da "Derrama" (cobrança dos impostos atrasados)
tiveram a participação ativa do clero e da Maçonaria; e a senha seria: "Tal dia faço meu batizado". O Visconde
- a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana de Barbacena (Luiz Antônio Furtado de Mendonça) era o
(1798) e a Revolução Pernambucana (1817) foram os então governado de Minas Gerais. Com exceção de
principais movimentos precursores da Independência do Tiradentes, todos os líderes da Inconfidência Mineira
Brasil. eram ricos, ligados à extração mineral e à produção
agrícola. Esse fato é perfeitamente compreensível, pois os
Inconfidência Mineira (1789) Aconteceu na região grandes proprietários eram os que mais interesses tinham
de Minas, onde a opressão metropolitana estava em romper o pacto colonial.
concentrada nos monopólios e nos impostos. Foi o
primeiro movimento de tentativa de libertação nacional e Planos dos conjurados: · fazer a independência com
teve como causas: a capital em São João Del Rei;
 Intelectuais: A divulgação das ideias liberais  fundar uma universidade em Vila Rica;
francesas, trazidas da Europa por estudantes brasileiros  adotar uma bandeira com o dístico (frase ou
(Domingos Vidal Barbosa, José Álvares Maciel, José lema): "Libertas quae sera tamem" (liberdade ainda que
Joaquim Maia, José Mariano Leal) e o exemplo da tardia), do poeta Virgílio;
Independência dos Estados Unidos (1ª colônia da  adotar, provavelmente a forma republicana de
América a se libertar do domínio da metrópole - 1776); governo;
 Políticas: O governo despótico da metrópole, a  instituir o serviço militar obrigatório e uma ajuda
péssima administração dos vice-reis e governadores de (pensão) às famílias numerosas;
minas;  criar indústrias;
 Sociais: O desenvolvimento de uma classe média  quanto ao trabalho escravo, não chegaram a uma
com o aparecimento de uma elite intelectual; conclusão.
 Econômicas: A cobrança de pesados impostos
que asfixiaram a região mineradora por ocasião da A denúncia e a devassa. O movimento não chegou a
exaustão das minas, o estanco do sal, a derrama (cobrança ter sucesso, uma vez que os grandes planos não iam muito
dos quintos atrasados), a proibição de instalação de além das salas de reuniões. Isolados da grande massa
fábricas (1785), a proibição da construção de estradas para popular, sem pensar em armas para o levante, bastou uma
o interior e para o litoral. denúncia para acordar os conspiradores de seu grande
A conspiração foi realizada por elementos da elite sonho.
econômica, onde se destacou a presença de padres e
letrados como:
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HISTÓRIA

Joaquim Silvério dos Reis, principal delator e um dos precursor da Independência que apresentou características
maiores devedores da Coroa, resolveu denunciar o mais populares. Considerada a Primeira Revolução Social
movimento ao Visconde de Barbacena, em troca do do Brasil, a Conjuração Baiana teve a participação de
perdão da dívida. pessoas humildes como soldados, libertos, alfaiates, etc.
Logo após aconteceram os seguintes fatos: Surgiu devido à pregação das ideias liberais francesas e
- O Visconde de Barbacena suspendeu a "derrama" e ação da Maçonaria. Seus objetivos eram: atender às
determinou a prisão dos envolvidos em sua Capitania; reivindicações das camadas pobres da população, libertar
- houve prisão de Tiradentes no Rio de Janeiro, na o Brasil de Portugal, proclamar a república, conceder
ruas dos Latoeiros, atual Gonçalves Dias, (o vice-rei na liberdade de comércio e abolir a escravidão.
época era D. Luís de Vasconcelos e Souza); Seus objetivos, portanto, foram mais abrangentes, não
- Foram abertas duas devassas que depois se se limitando apenas aos ideais de liberdade e
unificaram, transformando-se numa alçada (tribunal independência do movimento de Minas Gerais. O levante
especial); baiano propunha mudanças verdadeiramente
- Cláudio Manuel da Costa suicidou-se na prisão , em revolucionárias na estrutura da Colônia. Pregava a
Vila Rica (Casa dos Contos); igualdade de raça e cor, o fim da escravidão, a abolição de
- de todos os conjurados presos, que respondiam pelo todos os privilégios, podendo ser considerada a primeira
crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), tentativa de revolução social brasileira. A revolta teve
Tiradentes foi o único que assumiu total responsabilidade como líderes:
e participação no movimento;  João de Deus Nascimento, alfaiate e
- na sentença, 12 líderes foram condenados à morte e principal figura;
depois perdoados pela rainha D. Maria I, que condenou  Manuel Faustino dos Santos Lira, alfaiate,
alguns ao degredo perpétuo e outros ao degredo preto liberto;
provisório;  Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas,
- Tiradentes foi condenado à morte por enforcamento. soldados.
Foi executado no Campo da Lampadosa, no Rio de
Janeiro, no dia 21 de abril de 1792; a cabeça cortada e Todas as pessoas acima estavam aliadas aos elementos
conduzida para Vila Rica, o corpo foi esquartejado e da Maçonaria. A divulgação da ideologia liberal da
postos os pedaços pelos caminhos de Minas Gerais. Revolução Francesa era feita, na Bahia, pela loja maçônica
Avisado da conspiração, o Visconde de Barbacena "Cavaleiros da Luz", que contava com a participação de
suspendeu a derrama e iniciou a captura dos implicados. intelectuais como Cipriano Barata (cirurgião) e José da
Quase três anos depois terminava a devassa. A sentença Silva Lisboa (futuro Visconde de Cairu).
que condenava à morte 11 dos acusados foi modificada O movimento limitou-se a Salvador, antiga Capital do
por Dona Maria I. Estabeleceu-se o degredo perpétuo Brasil, onde grande parte da população compunha-se de
para dez inconfidentes e apenas um serviria de bode artesãos livres (sapateiros, alfaiates, mulatos, ex-escravos).
expiatório: Tiradentes. Pode-se afirmar ainda que a Conjuração Baiana foi
influenciada também pela Independência de Haiti, antiga
Consequências: suspensão da derrama; abolição do colônia francesa situada nas Antilhas. Tendo sido
estanco do sal; a ideia de independência germinaria mais distribuídos papéis em Salvador anunciando o
tarde em 1822. Sobre o movimento pode-se afirmar que a movimento, o governador da Bahia, Marquês de Aguiar
falta de consistência ideológica não invalida o significado (D. Fernando José de Portugal e Castro), mandou apurar a
da Inconfidência Mineira. Era um sintoma da autoria dos manuscritos, tendo sido identificado o soldado
desagregação do Império português na América. Pode-se, Luís Gonzaga das Virgens, que foi logo preso.
portanto, considerá-la, sem hesitação, um movimento Traídos por delatores, os chefes foram presos e
precursor da Independência do Brasil. julgados. Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João
de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira foram
condenados à morte (enforcados) e depois esquartejados;
os intelectuais como Cipriano Barata foram absolvidos.
A violência da repressão expressou a popularidade do
movimento. Seis dos réus foram condenados à morte e os
demais tiveram pena de degredo ou prisão. O surgimento
das lutas de libertação aumentou a repressão
metropolitana. A Coroa passou a conceder prêmios em
dinheiro, privilégios e cargos importantes aos
denunciantes dos chamados crimes contra a Coroa
Portuguesa.

REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817


Fonte:https://www.google.com.br/search?q=tiradentes&source=ln
ms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi627flgKXUAhWEjJAKHYPmB
A chamada Revolução Pernambucana, também
bUQ_AUIBigB&biw=1242&bih=566#imgrc=a7hnJRZh1lLNrM:&spf conhecida como Revolução dos Padres, eclodiu em 6 de
=1496607339330 março de 1817 na então Província de Pernambuco, no
Brasil.
Conjuração Baiana (1798). Também conhecida Dentre as suas causas, destacam-se a crise
como "Revolução dos Alfaiates" foi o movimento econômica regional, o absolutismo monárquico português
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HISTÓRIA

e a influência das ideias Iluministas, propagadas pelas O decorrer da revolução


sociedades maçônicas.

 Antecedentes
No começo do século XIX, Olinda e Recife, as duas
maiores cidades pernambucanas, tinham, juntas, cerca de
40 000 habitantes (comparados com 60 000 habitantes do
Rio de Janeiro, capital da colônia). O porto do Recife
escoava a produção de açúcar, das centenas de engenhos
da Zona da Mata, e de algodão. Além de sua importância
econômica e política, os pernambucanos tinham
participado de diversas lutas libertárias. A primeira e mais
importante tinha sido a Insurreição Pernambucana, em
1645. Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817,
possibilidade de proclamar a independência de Olinda. cujas estrelas representam Paraíba, Ceará e Pernambuco,
As ideias liberais que entravam no Brasil junto com inspirou a atual bandeira pernambucana.
os viajantes estrangeiros, e por meio de livros e de outras O movimento iniciou com ocupação do Recife, em
publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a 6 de março de 1817. No regimento de artilharia, o capitão
elite pernambucana, que participava ativamente, desde o José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado,
fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o
maçônicas. Em Pernambuco, as principais foram o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de
Areópago de Itambé, o Patriotismo, a Restauração, o Pernambuco outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu
do Oriente e o Pernambuco do Ocidente, que serviam como trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das
locais de discussão e difusão das "infames ideias francesas". tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de
Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas,
e militares, para elaborar planos para a revolução. cercado, acabou se rendendo.
O movimento foi liderado por Domingos José
 Causas imediatas Martins, com o apoio de Antônio Carlos de Andrada e
 Presença maciça de portugueses na liderança do Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o
governo e na administração pública; governo Provincial, apossaram-se do tesouro da província,
 Criação de novos impostos por Dom João VI instalaram um governo provisório e proclamaram a
provocando a insatisfação da população pernambucana. República.
Segundo escritor inglês então residente no Recife, era Em 29 de março, foi convocada uma assembleia
grande a insatisfação local ante a obrigatoriedade de se constituinte, com representantes eleitos em todas as
pagar impostos para a manutenção da iluminação pública comarcas, foi estabelecida a separação entre os poderes
do Rio de Janeiro, enquanto no Recife era praticamente Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi
inexistente a dita iluminação; mantido como religião oficial, porém havia liberdade de
 Grande seca que havia atingido a região em 1816 culto (o livre exercício de todas as religiões); foi
acentuando a fome e a miséria, como consequência, houve proclamada a liberdade de imprensa (uma grande
uma queda na produção do açúcar e do algodão, que novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a
sustentavam a economia de Pernambuco, esses produtos escravidão, entretanto, foi mantida.
começaram a sofrer concorrência do algodão nos Estados
Unidos e do açúcar na Jamaica;  Expansão e queda
 Influências externas com a divulgação das ideias As tentativas de obter apoio das províncias vizinhas
liberais e de independência relacionadas aos iluministas, fracassaram. Na Bahia, o emissário da revolução, José
que estimularam as camadas populares de Pernambuco na Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso
organização do movimento de 1817; ao desembarcar e, imediatamente, fuzilado por ordem do
 A crescente pressão dos abolicionistas na Europa governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do
vinha criando restrições gradativas ao tráfico de escravos, Norte, o movimento conseguiu a adesão do proprietário
que se tornavam mão de obra cada vez mais cara, já que a de um grande engenho de açúcar, André de Albuquerque
escravidão era o motor de toda a economia agrária Maranhão, que depois de prender o governador, José
pernambucana; Inácio Borges, ocupou Natal e formou uma junta
 O movimento queria a independência do Brasil e governativa, porém não despertou o interesse da
a Proclamação da República. população e foi tirado do poder em poucos dias. O
jornalista Hipólito José da Costa foi convidado para o
cargo de ministro plenipotenciário da nova república em
Londres, mas recusou.
Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão
pernambucano, enquanto uma força naval, despachada do
Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos
dias, 8000 homens cercavam a província. No interior, a
batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca.
Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em
direção ao Recife. Em 19 de maio, as tropas portuguesas
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HISTÓRIA

entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada e emancipação política do final do século XVIII, tendo
sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no relação com a Abertura dos Portos e com a Elevação do
dia seguinte. Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves.
Apesar de sentenças severas, um ano depois, todos Em 7 de setembro apenas se formalizou a separação de
os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam Portugal, mas a consolidação da Independência só viria
sido executados. ocorrer com a abdicação de D. Pedro I, em 1831.
A Corte Portuguesa no Brasil (1808-1821)
 Auxílio externo Antecedentes: A ideia da transmigração não era nova: D.
Em maio de 1817, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz João IV e o Marquês de Pombal já haviam pensado em
Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil dólares executá-la.
(atualizado ao câmbio 2007, aproximadamente 12 milhões  a transição do capitalismo comercial pelo
de dólares) na bagagem com três missões: capitalismo industrial. Agora, a economia se apoiava na
1. Comprar armas para combater as tropas de D. João presença de grandes fábricas, no aceleramento da
VI. mecanização e na modernização da produção e da força
2. Convencer o governo americano a apoiar a criação de trabalho;
de uma república independente no Nordeste  a violenta luta entre o absolutismo monárquico e
brasileiro. os princípios liberais (liberdade, igualdade, fraternidade)
3. Recrutar alguns antigos revolucionários franceses na Europa;
exilados em território americano para, com a ajuda  a disputa entre a Inglaterra (berço da Revolução
deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha Industrial) e a França para alcançar a hegemonia europeia
de Santa Helena, que seria transportado ao Recife, e a dependência econômica de Portugal em relação à
onde comandaria a revolução pernambucana. Inglaterra.
Depois retornando a Paris para reassumir o trono de Causas da transmigração da família real portuguesa
imperador da França. para o Brasil:
- o Bloqueio Continental decretado por Napoleão
Porém, na data de chegada do emissário aos Estados Bonaparte (1806), que obrigava todos os países do
Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam continente europeu a fechar seus portos ao comércio com
sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas as Ilhas Britânicas.
da rendição. Quando chegaram ao Brasil os quatro
veteranos de Napoleão recrutados (conde Pontelécoulant, Alguns artigos de Bloqueio Continental
coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet), Art. I - As Ilhas Britânicas são declaradas em Estado
muito depois de terminada a revolução, foram presos de Bloqueio;
antes de desembarcar. Art. II - Todo o comércio e toda a correspondência
Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá com as Ilhas Britânicas estão proibidos...
chegou a se encontrar com o secretário de Estado, Art. III - Nenhuma embarcação vinda diretamente da
Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de Inglaterra ou das colônias inglesas... será recebida em
que, enquanto durasse a rebelião, os Estados Unidos porto algum.
autorizariam a entrada de navios pernambucanos em
águas americanas e que também aceitariam dar asilo ou - D. João, regente de Portugal desde 1792 devido à
abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do loucura de sua mãe (D. Maria I), sob pressão resolve
movimento. fechar os portos aos ingleses (Ago. 1807), mas se nega a
confiscar os bens e prender os súditos ingleses por causa
 Consequências da aliança que Portugal possuía com a Inglaterra.
Debelada a revolução, foi desmembrada de
Pernambuco a comarca de Rio Grande (atual Rio Grande - A ASSINATURA DA CONVENÇÃO
do Norte), tornando-se província autônoma. Essa havia SECRETA (Outubro 1807) entre Portugal e
sido anexada ao território pernambucano ainda na Inglaterra que previa: o embarque da família real para o
segunda metade do século XVIII, juntamente o Ceará e Brasil com proteção inglesa, no caso de Portugal ser
Paraíba, que também se tornaram autônomas ainda no invadido; a liberdade de comércio inglês com um porto no
período colonial, em 1799. Brasil a ser determinado e a ocupação da Ilha de Madeira
Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários pelos ingleses durante o período de guerra;
rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, como recompensa, - O Tratado de Fontainebleau (27/ 10/ 1807), que
puderam formar uma província independente. dividia Portugal entre França e Espanha (as colônias
Apesar dos revolucionários terem ficado no poder seriam partilhadas posteriormente);
menos de três meses, conseguiram abalar a confiança na - A invasão de Portugal pelas tropas franco-espanholas
construção do império americano sonhado por D. João ao comando do General Junot e os conselhos do ministro
VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos inglês Lord Strangford ao Ministro dos Estrangeiros
eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela Conde de Linhares para a família real retirar-se para o
subversão da antiga ordem na Europa. Brasil.
- D. João (Príncipe-Regente) e a família real,
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA escoltados pela esquadra inglesa (Almirante Sidney Smith),
A independência do Brasil não foi um fato isolado, se estabelecem no Brasil: é a "Inversão Brasileira",
restrito ao dia 7 de setembro de 1822, mas um processo segundo Silvio Romero, isto porque o nosso país, que era
histórico cujas origens remontam às tentativas de então colônia, passou a ser sede do governo português.
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HISTÓRIA

Portugal livrou-se das tropas napoleônicas e ficou Política Externa de D. João foi marcada por três
sob a tirania do general inglês Beresford. O Brasil, fatos: ocupação da Guiana Francesa, assinatura dos
no entanto, dentro da América Latina ficou numa tratados de 1810 com a Inglaterra e conquista da Banda
situação bem particular com a continuação do Oriental do Uruguai. D. João lançou um manifesto ao
regime monárquico, do governo centralizado e mundo (1º de maio de 1808) declarando guerra à
mantendo forte herança colonial. França. Em consequência, a Guiana Francesa foi
invadida (dezembro de 1808) e ocupada (1809) pela
expedição chefiada por Manuel Marques, com o
Logo ao chegar à Bahia D. João, aconselhado pelo
apoio militar britânico (Capitão Yanes Lucas Yeo). O
Visconde de Cairu, assinou a carta régia de 28 de janeiro
comissário geral francês Victor Hughes, capitulou.
de 1808, decretando a abertura dos portos brasileiros com
outros países. Isto significou o fim do pacto colonial
O Marquês de Queluz (João Severiano Maciel da
(monopólio do comércio da colônia pela metrópole) e
Costa), nomeado governador da Guiana, realizou uma boa
pode ser considerada como o primeiro grande passo a
administração e mandou vir a cana-caiana, a fruta pão, o
independência política do Brasil.
abacateiro, etc. Por determinação do Congresso de Viena
Através do Alvará de 1º de abril de 1808, D. João
(1814 - 1815), a Guiana foi devolvida à França em 1817.
concedeu liberdade para a instalação de indústrias no
Brasil, revogando o Alvará de 1785 de D. Maria I, que
Dois tratados comerciais foram assinados entre
proibia o estabelecimento de fábricas no Brasil.
Portugal e Inglaterra em 1810: Tratado de Comércio e
Esta liberdade industrial não trouxe significativos
Navegação e o Tratado de Aliança e Amizade. Estes
progressos ao setor pelos seguintes fatores:
foram conseguidos pelo Lord Stranford, enviado ao Brasil
 faltava-nos capital e uma política protecionista; pelo ministro inglês Canning.
 o mercado consumidor era inexpressivo;
 não existia uma mentalidade empresarial; Através deles, Portugal perdeu o monopólio do
 a aristocracia possuía uma mentalidade rural e comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na
escravista; dependência do capitalismo inglês.
 a Inglaterra dificultava, ao máximo, a importação
de máquinas. Pelo Tratado de Comércio e Navegação assinado
pelo Conde de Linhares e por Lord Strangford era
Em decorrência dos Tratados de 1810 que concedido privilégio alfandegários aos produtos
privilegiavam os produtos ingleses, os incentivos que D. ingleses que entrassem no Brasil. Com isso, foi
João tinha dado à indústria têxtil e metalúrgica ficaram inaugurado a política do livre-cambismo (baixas
nulos. tarifas sobre os produtos importados). As taxas eram
Principais consequências da vinda da Família Real as seguintes: 15% para a Inglaterra; 16% para Portugal e
para o Brasil: 24% para outros países. Era livre o porto de Santa
- aumentou O comércio externo brasileiro, dominado Catarina e os súditos ingleses que fossem incriminados em
pelos comerciantes ingleses; - maior subordinação de terras portuguesas só poderia ser julgado na presença de
Portugal à Inglaterra (Tratados de 1810); uma autoridade britânica e com base nas leis de seu país
- aceleração do processo de Independência do Brasil: de origem. Em contrapartida, se um português fosse
de colônia de Portugal à sede da Monarquia Portuguesa acusado em terras inglesas, teria de confiar nas diretrizes e
(Inversão Brasileira); autoridades da própria justiça inglesa.
- o Brasil passa a consumir, em larga escala, os
produtos manufaturados ingleses: as indústrias nacionais O Tratado da Aliança e Amizade determinava a
entram em crise; gradual extinção do tráfico negreiro para o Brasil e a
- a quebra da estrutura colonial: livre comércio, (acaba proibição de Santa Inquisição em nosso país.
o monopólio) e liberdade de indústria;
- medidas em prol do desenvolvimento cultural:
criação de faculdades, órgãos de ensino, etc;
- estabelecimento das bases administrativas brasileiras;
- mudanças de hábitos e costumes: as elites brasileiras
imitam o estilo de vida europeu.

A influência inglesa no Brasil, a partir de XIX A


influência inglesa foi marcante durante o governo de D.
João no Brasil.
O Tratado de Comércio e Navegação, assinado
em 1810 entre Portugal e Inglaterra, comprometeu
(prejudicou) o progresso econômico brasileiro, visto que
desestimulou a instalação de fábricas em nosso país. Por
esse Tratado, as mercadorias inglesas entravam no Brasil
com tarifas privilegiadas, recebendo uma taxa de 15% ad
valorem, bem menor do que as de Portugal. Isto marcou o
livre-cambismo alfandegário, que irá permanecer até 1844
(2º Reinado).
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HISTÓRIA

3. O PERÍODO JOANINO E A Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal


INDEPENDÊNCIA
Em 1815 o Brasil foi elevado à categoria de Reino
Unido ao de Portugal e Algarves. Nosso país deixou de
Política interna do governo Joanino. Os principais ser uma simples colônia. Esta decisão, proposta pelo
fatos foram: a criação de diversos órgãos administrativos, representante francês Talleyrand no Congresso de Viena,
o incentivo ao nosso desenvolvimento cultural, a vinda de dava direito de voto a Portugal no citado Congresso e
uma missão artística francesa, o inicio da política de legitimava a permanência da Corte Portuguesa no Brasil.
imigração. Foi, sem dúvida, uma medida que acelerou mais ainda o
nosso processo de emancipação política. Em 1816, com a
O PERÍODO JOANINO (1808 - 1821) morte da rainha D. Maria I, o Príncipe Regente subiu ao
trono com o título de D. João VI, rei de Portugal, Brasil e
Algarves.

Revolução Pernambucana de 1817 Revolução de


caráter liberal, republicano e federativo que ocorreu
durante o Brasil/Reino, é considerada o movimento
precursor de nossa Independência de âmbito quase
nacional, pois teve a adesão de várias Províncias do
Nordeste.

Revolução do Porto e o regresso de D. João As ideias


liberais francesas difundidas em Portugal, o
descontentamento popular motivado pela grave crise
econômica que o reino português atravessava (fome e
miséria) e a tirania exercida por Beresford foram as
Foi marcado pela tentativa de D. João de manter um principais causas da Revolução Liberal ou
equilíbrio entre a aristocracia brasileira e os comerciantes Constitucionalista (1820).
portugueses. Com a Corte no Brasil (1808 - 1821) foi
necessário introduzir-se uma série de melhoramentos para Os revolucionários, aproveitando a ausência do
a administração do reino e das colônias, já que o Rio de Marechal Beresford que viajara para o Rio de Janeiro
Janeiro passava a ser, de fato, a capital. iniciaram a revolta na cidade do Porto. Organizaram uma
O rei Dom João tomou diversas medidas em favor "Junta Provisória do Governo Supremo do Reino" e
do nosso progresso cultural criando: processaram-se as eleições para as Cortes Constituintes
 a Imprensa Régia (primeiro jornal publicado "A (para elaborar a Constituição). Eles pretendiam a
Gazeta do Rio de Janeiro" e a primeira revista "O constitucionalização do país, a expulsão de Beresford, o
Patriota"); regresso de D. João e a recolonização do Brasil.
 Escola de ensino superior (Faculdades de
Medicina da Bahia e Rio de Janeiro);
 Academia de Belas Artes e Biblioteca Real;
 Real Teatro São João e Jardim Botânico.

Outras realizações de D. João: criação de diversos


estabelecimentos como Banco do Brasil, Arquivo Militar,
Academia da Marinha (Rio de Janeiro), Casa da Moeda,
Fábrica de Pólvora, Academia Real Militar, etc.
Em 1816, D. João VI mandou vir para o Brasil uma
missão artística francesa que exercerá grande influência
nas artes plásticas do país, cujos integrantes eram:
- Joaquim Lebreton (chefe); Fonte: http://portuguesesreais.blogspot.com.br/2011/06/revolucao-do-
- Jean Baptiste Debret (pintor), retratou nossos porto-1820-e-o-retorno-de.html
costumes na obra "Viagem Pitoresca e Histórica do
Brasil"; D. João ao regressar, deixou seu filho D. Pedro de
- os irmãos Taunay (Antônio e Augusto), pintor e Alcântara (futuro Imperador D. Pedro I) como Príncipe
escultor; Regente do Brasil. Na certeza de que a independência do
- Grandjean de Montigny (arquiteto). Brasil estava próxima teria aconselhado a D. Pedro antes
de partir: "Pedro, se o Brasil se separar, antes seja por ti,
A política de imigração para o Brasil foi inaugurada que me hás de respeitar, do que para alguns desses
por D. João VI em 1818, pois promoveu a vinda de aventureiros". Com o regresso de D. João VI em 1821, o
colonos suíços, que fundaram a cidade de Nova Friburgo processo de Independência do Brasil irá se acelerar devido
(RJ). à política recolonizadora das Cortes.

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HISTÓRIA

Política das Cortes (Portugal) Rompimento definitivo Depois do "Dia do Fico" D.


Após o regresso de D. João VI, as Cortes portuguesas Pedro constituiu o "Ministério da Independência
irão tomar uma série de medidas que visavam a (16.01.1822) e nomeou José Bonifácio (principal figura)
recolonizar o Brasil: para a Pasta do Reino e dos Negócios Estrangeiros.
- extinção de tribunais e repartições públicas criadas
por D. João VI no Rio de Janeiro; Pelo decreto do "Cumpra-se" (04.05.1822) só seriam
- subordinação direta das Províncias a Portugal (D. aqui aplicadas as ordens que não fossem contrárias aos
Pedro só ficaria governando o Rio de Janeiro); interesses brasileiros. Logo depois, por influência da
- D. Pedro deveria regressar "para completar sua Maçonaria, D. Pedro recebeu do Senado o título de
educação". "Defensor Perpétuo do Brasil".

A reação a estas medidas foi através do "Clube da D. Pedro em 03 de junho convocou uma Assembleia
Resistência" onde se destacaram a Imprensa e a Constituinte e fez publicar um manifesto aos governos e
Maçonaria e nomes como José Clemente Pereira, José nações amigas. Viajou em seguida a São Paulo para
Bonifácio, Gonçalves Ledo, Januário da Cunha Barbosa, restabelecer a paz naquela Província agitada (disputa entre
entre outros. O jornal "Revérbero Constitucional Francisco Inácio e Martim Francisco).
Fluminense" com artigos escritos por Gonçalves Ledo e
Januário da Cunha Barbosa fazia violentas críticas à No dia 07 de setembro de 1822, às margens do
política das Cortes, contrárias aos interesses do Brasil. riacho Ipiranga (São Paulo) após ter recebido
O movimento em prol da Independência crescia correspondência de D. Leopoldina e José Bonifácio
cada vez mais. Além disso, as ideias liberais (ideal através do carteiro Paulo Bregaro, D. Pedro tomou
democrático) da Revolução Francesa e da Independência conhecimento das últimas decisões da Corte Portuguesa:
dos Estados Unidos tiveram significativa influência nos anulação de todos os seus decretos e ameaça de envio de
movimentos de nossa Independência como: a tropas caso não retornasse imediatamente para Portugal.
Inconfidência Mineira (1789), Conjuração Baiana (1798) e
Revolução Pernambucana (1817). Em vista disto resolveu dar o grito de
"Independência ou Morte... Estamos separados de
O "Fico" Portugal". Ao chegar no Rio (14/09/1822) foi aclamado
Para a aristocracia brasileira (classe dominante) era Imperador Constitucional e Perpétuo do Brasil. É o início
necessário a permanência de D. Pedro no Brasil pois sua do Império (1822) que ira até 1889, com a Proclamação da
"partida representaria o esfacelamento do Brasil". Em 09 Republica. José Bonifácio de Andrada e Silva, pela
de janeiro de 1922 ("Dia do Fico") D. Pedro resolveu atuação em favor (prol) de nossa emancipação política,
desobedecer Cortes após ter recebido um abaixo assinado passou a ser chamado "Patriarca da Independência".
com 8.000 assinaturas, redigido pelo Frei Francisco
Sampaio de Santa Tereza e entregue por José Clemente "Guerras da Independência" Foram assim chamados
Pereira (Presidente do Senado da Câmara). Disse que os movimentos contrários ao Grito do Ipiranga e onde se
ficaria no Brasil para "o bem de todos e felicidade geral da destacaram diversos oficiais estrangeiros (Cochrane,
Nação". Grenfell, Labatut, Lecor, Taylor) que lutaram para
O dia do Fico constituiu-se em mais um passo para submeter as Províncias que não aceitaram a proclamação
nossa Independência. O episódio do Dia do Fico marcou da Independência. A luta desenvolveu-se na Bahia,
a primeira adesão pública de D. Pedro a uma causa Maranhão, Pará, Piauí e Cisplatina, onde as tropas
brasileira. Ele desrespeitara abertamente as decisões da portuguesas e alguns homens mantinham-se fiéis a
Corte Portuguesa. As tropas portuguesas (Divisão Portugal, não aceitando a autoridade de D. Pedro.
Auxiliadora Portuguesa) sediada no Rio de Janeiro,
comandada pelo General Jorge de Avilez, revoltaram-se, Na Bahia a resistência foi maior: a tropa lusitana
ocupando o Morro do Castelo. (portuguesa) chefiada pelo General Madeira de Melo foi
Exigiam que D. Pedro acatasse as ordens das Cortes. derrotada na batalha de Pirajá pelo General Labatut,
A enérgica reação dos brasileiros neutralizou as tropas completando pela ação do Brigadeiro Lima e Silva e o
lusas, que foram obrigadas a voltar para Portugal (Fev - Almirante Cochrane que bloqueou Salvador. Ganhamos a
1822). batalha devido o toque do corneteiro Luís Lopes que
recebera ordem do Major Barros Falcão de "retirada" e, ao
invés disso, tocou "avançar cavalaria", provocando o
pânico entre os portugueses, que recuaram.

Após o 07 de setembro, surgiram divergências entre os


grupos que se haviam unido em favor da independência
política: o grupo de tendência conservadora (de José
Bonifácio) e o grupo maçônico, de tendência liberal (de
Gonçalves Ledo).
José Bonifácio da loja maçônica Apostolado da
Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, da qual D.
Pedro foi grão-mestre, pregava uma monarquia
Fonte: http://www.estudopratico.com.br/periodo-joanino/ centralizada com poderes absolutos e ele a frente de um
Ministério.

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HISTÓRIA

O Brasil acabava de libertar-se do colonialismo limites do liberalismo brasileiro durante o Império - um


português, mas não deixaria de conhecer outras formas de liberalismo deturpado pelo escravismo.
dependência. A independência brasileira foi em boa Para a classe dominante era fundamental manter a
parte fruto da influência inglesa e da Aristocracia escravidão no país, pois o escravismo, além de ser a base
Rural brasileira, e por isso mesmo implicou em da estrutura social (estrutura de privilégios), era também o
compromissos econômicos muito fortes com a elemento fundamental na economia brasileira.
Inglaterra. Uma das primeiras iniciativas do imperador
brasileiro foi convocar uma assembleia constituinte para
A independência política não foi seguida da elaborar uma Constituição para o país para, ao mesmo
independência econômica, pois a economia dos países tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear
latino-americanos (incluindo o Brasil) passou a funcionar iniciativas revolucionárias que já estavam acontecendo no
de conformidade com o mercado mundial controlado pela Brasil.
Inglaterra. A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a
primeira tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela
incompatibilidade entre os deputados e a vontade do
4. BRASIL IMPÉRIO Imperador.
Desde o início do trabalho começaram os
desentendimentos entre os deputados constituintes e o
PRIMEIRO REINADO 1822-1831 Imperador. Este, na abertura da sessão disse que
defenderia a Pátria e a Constituição desde que "fosse
digna dele e do Brasil".
Havia também divergências entre os liberais radicais,
partidários de uma constituição liberal que limitasse os
poderes do Imperador e concedesse maior autonomia às
Províncias (Federalismo) e os "Conservadores", tendo a
frente José Bonifácio que desejavam a limitação do direito
ao voto e uma centralização política rigorosa.
Não admitindo a limitação de seus poderes,
conforme o anteprojeto constitucional de Antônio Carlos,
D. Pedro I decretou a dissolução da Assembleia
Constituinte.
Denominou-se "Noite da Agonia" (11 Nov 1823)
o dia do fechamento (a dissolução) da Assembleia
O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período da Constituinte, por ordem de D. Pedro I, através do uso das
monarquia no Brasil após a independência. Esse período armas.
se inicia com a declaração da independência por Dom Numa nova tentativa, a CONSTITUIÇÃO é
Pedro I e se finda em 1831, com a abdicação do outorgada em 1824, garantindo poderes especiais ao
imperador em favor do ser filho. imperador, esta foi a primeira do Brasil independente.
Quando Dom Pedro I declarou a independência do Dom Pedro I, Imperador do Brasil entre 1822 e 1831.
Brasil, em 7 de setembro de 1822, movido por intensa Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao
pressão das elites portuguesas e brasileiras, o exército Imperador o poder de dissolver a Câmara e os conselhos
português, ainda fiel à lógica colonial, resistiu o quanto provinciais, manobrando por tanto o legislativo, além de
pôde, procurando resguardar os privilégios dados aos eliminar cargos quando necessário, instituir ministros e
lusitanos em terras brasileiras. senadores com poderes vitalícios e indicar presidentes de
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte
contra essa resistência dão ao monarca um aumento do poder de decisão nas mãos do imperador e
considerável de prestígio e poder. evidenciavam um caráter despótico e autoritário de um
A nossa Independência política não provocou governo que prometeu ser liberal.
profundas mudanças sociais em nosso país pois, Essa guinada autoritária do governo gerou novas
continuava a nossa dependência econômica com a revoltas e insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda
Inglaterra, através de empréstimos, financiamentos e ao país recém independente. Uma dessas revoltas foi a
maior volume comercial. A aristocracia rural possuía Confederação do Equador, ocorrida m Pernambuco
mentalidade escravista e ideologia conservadora e a em 1824. Liderados por Frei Caneca, os pernambucanos
sociedade era essencialmente composta de duas classes revoltosos contra o governo foram reprimidos pelos
sociais antagônicas: a aristocracia e o escravo. militares, não sem antes mostrar sua insatisfação com os
A produção mantinha-se organizada em função do rumos do país.
mercado internacional comandado pela Inglaterra e não Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da
das necessidades da maioria da população brasileira. O Cisplatina, que transformou essa antiga parte da colônia
modelo econômico da época colonial permaneceu intacto: no independente Uruguai em 1828. Essa guerra causa
produção agrária, monocultura, escravista e exportadora. danos ao país, tanto políticos quanto econômicos. Com
Nestas condições, não é difícil concluir que os problemas com importações, baixa arrecadação de
grandes beneficiados pela Independência foram os impostos, dificuldade na cobrança dos mesmos por causa
proprietários rurais, pois o Estado Brasileiro organizou-se da extensão do território e a produção agrícola em baixa,
em função dessa elite dominante, que estabeleceu os causada por uma crise internacional, a economia brasileira

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HISTÓRIA

tem uma queda acentuada. de março de 1831 muitos brasileiros foram atacados a
O Brasil independente herdou os tratados de 1810, cacetadas e garrafadas, num episódio que ficou conhecido
celebrados por D. João com a Inglaterra. Foram esses como a Noite das Garrafadas. Dom Pedro I fica irado e
tratados, especialmente o de Comércio e Navegação e o promete castigos. Mas não consegue sustentação política e
de Aliança e Amizade, que garantiram a continuidade da é aconselhado por seus ministros a renunciar ao trono
preponderância britânica no Império brasileiro. brasileiro.
Em 1826, para garantir o reconhecimento da Nesse momento, duas das mais importantes
independência, D Pedro I cedeu aos interesses ingleses, categorias de sustentação do regime também retiram seu
renovando a taxa preferencial de 15% sobre os produtos apoio. A Nobreza e o Exército abandonam o Imperador e
ingleses por mais quinze anos, com dois de carência, além tornam a situação política insustentável. D Pedro I não
da promessa de acabar com o tráfico negreiro. Em 1827, encontra solução. Abdica em favor do filho, Pedro de
sob pressão da diplomacia inglesa, ocorreu a ratificação do Alcântara, então com 5 anos em 7 de abril de 1831.
acordado no ano anterior com um novo adendo: o Brasil
assumia o compromisso de extinguir o tráfico de escravos PERÍODO REGENCIAL (1831-1840)
em três anos.
Com isso, D. Pedro I mostrava sua fraqueza diante
dos interesses britânicos e, especialmente com relação ao
tráfico negreiro, feria diretamente os interesses da
aristocracia rural escravista. Em vista disso, a Assembleia
Geral procurou facilitar a concessão de privilégios
semelhantes a outras nações, como a França, Áustria e
Estados Unidos, entre outros. Em 1828, para melhorar a
imagem desgastada, D. Pedro passou a adotar uma
postura nacionalista e decretou a unificação das tarifas
alfandegárias, ou seja, toda e qualquer mercadoria,
procedente de qualquer país do mundo, pagaria apenas
15% de taxa alfandegária quando entrasse no Brasil.
A redução das tarifas aduaneiras, na prática, a
instauração do livre-cambismo no Brasil, reduziu Toda a agitação política do governo de Dom Pedro I
drasticamente a arrecadação do governo e contribui, ainda culminou em sua rápida saída do governo durante os
mais, para o desequilíbrio na balança comercial brasileira. primeiros meses de 1831. Surpreendidos com a vacância
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um deixada no poder, os deputados da Assembleia resolveram
grande embate quanto a sucessão do trono português. instituir um governo provisório até que Dom Pedro II,
Diante de reivindicações de brasileiros e portugueses, herdeiro legítimo do trono, completasse a sua maioridade.
Dom Pedro abdica em favor da filha, D. Maria da Glória. É nesse contexto de transição política que observamos a
No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe de Estado presença do Período Regencial.
e usurpa o poder da irmã. Com a morte de D. Pedro I, em 1834, os caramurus
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras passaram a compor, com os direitos liberais ou
para solucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse moderados, o “regresso conservador”. Tornaram-se parte
fato, irrita os brasileiros, uma vez que o Imperador está dos maioristas em 1840 e da facção áulica do início do
novamente priorizando os assuntos de Portugal em segundo Reinado.
detrimento do Brasil. Essa “reaproximação’ entre Portugal Os liberais moderados, entendidos como a direita
e Brasil incomoda e gera temor de uma nova época de liberal, cor- respondiam à outra parcela da aristocracia
dependência. Com isso, o Imperador perde popularidade. rural. Eram monarquistas, evidentemente, pois viam nela a
A questão passa a ser uma das grandes bandeiras da proteção dos seus privilégios. Porém, desejavam-na
oposição liberal brasileira. Nos últimos anos da década de constitucional, uma vez que a Constituição de 1824
1820, esta oposição cresce. O governante procura apoio assegurava a sua continuidade na posição de mando. De
nos setores portugueses instalados na burocracia civil- fendiam a manutenção da ordem em primeiro lugar e não
militar e no comércio das principais cidades do país. pretendiam nenhuma reforma econômica ou social. Como
Incidentes políticos graves, como o assassinato do opositores das reformas políticas, batiam-se pela
jornalista oposicionista Líbero Badaró em São Paulo, centralização político-administrativa. O liberalismo que
em 1830, reforçam esse afastamento: esse crime é rotulava essa facção era apenas de fachada, adequado às
cometido a mando de policiais ligados ao governo suas necessidades de classe dominante. Preponderou
imperial e Dom Pedro é responsabilizado pela morte. durante os primeiros anos das Regências, dividindo-se a
Sua última tentativa de recuperar prestígio político é partir de 1835. Eram denominados chimangos e uniam-se
frustrada pela má recepção que teve durante uma visita a sob a égide da Sociedade Defensora da Liberdade e
Minas Gerais na virada de 1830 para 1831. A intenção era Independência Nacional, fundada por Evaristo da Veiga.
costurar um acordo com os políticos da província, mas é Empenharam-se no combate aos restauradores e
recebido com frieza. Alguns setores da elite mineira fazem exaltados federalistas, na defesa da ordem e da
questão de ligá-lo ao assassinato do jornalista. Revoltados, centralização, fornecendo subsídios para a orientação
os portugueses instalados no Rio de Janeiro promovem governista.
uma manifestação pública em desagravo ao imperador. Os liberais exaltados, fazendo às vezes da esquerda
Isso desencadeia uma retaliação dos setores antilusitanos. liberal, eram representados não só por algumas parcelas da
Há tumultos e conflitos de rua na cidade. Na noite de 13 aristocracia rural, como também por outros segmento
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HISTÓRIA

sociais. Apresentavam-se divididos em camadas primeiro trio de governantes é fruto de uma negociação
sobrepostas, constituindo-se inicialmente por uma camada entre os restauradores e liberais moderados. É composto
de homens livres, destituídos de propriedades, ou pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos, marquês
pequenos proprietários. Variando de região para região, de Caravelas, representante dos restauradores; Nicolau de
desenvolviam atividades nos centros urbanos ou nos Campos Vergueiro, representante dos liberais moderados;
campos, oscilando numa relação de dependência, entre a e, no papel de mediador, o brigadeiro Francisco de Lima e
classe dominante e a classe que fornecia o trabalho. Silva, representante da oficialidade mais conservadora do
Seguia-se o aglomerado urbano e rural marginalizado de Exército. Os liberais radicais não participam do governo,
recursos: agregados, lavradores e citadinos, dedicados a mas obtêm vitórias importantes no Legislativo.
pequenos expedientes e biscates.
Enquanto os moderados batiam-se pela Regência Trina Permanente
preservação da ordem e instituições, opondo-se a qualquer A regência trina permanente é eleita pela Assembleia
alteração no status quo, os exaltados eram os reformistas. Geral em 17 de junho de 1831. Sua composição inclui as
Defendiam o direito de manifestação, reformas políticas, facções políticas que se expressam na capital e os
desde o estabelecimento de uma monarquia interesses regionais da elite agrária. É integrada pelos
descentralizada até a proclamação de uma República, a deputados moderados José da Costa Carvalho,
reforma na Constituição de 1824, ampliando marquês de Montalvão, representante do sul, e João
principalmente a autonomia provincial, batendo-se pelo Bráulio Muniz, representante do norte, além do
federalismo. Sem muita clareza, exigiam reformas na brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que já integrara
estrutura econômica e social. Apelavam para a a regência trina provisória. O padre Diogo Antônio
violência, arrastando as forças de composição variada, sob Feijó é nomeado ministro da Justiça. Guarda Nacional – A
a bandeira do federalismo. Eram também chamados de formação da Guarda Nacional é proposta pelo padre
jurujubas ou farroupilhas, e se organizavam em tomo da Diogo Antônio Feijó e aprovada pela Câmara em 18 de
Sociedade Federal e de clubes federalistas espalhados pelas agosto de 1831. Sua criação desorganiza o Exército.
províncias. Com a Guarda Nacional, começa a se constituir no
país uma força armada vinculada diretamente à
O avanço liberal aristocracia rural, com organização descentralizada,
As tendências e evolução destes grupamentos composta por membros da elite agrária e seus agregados.
políticos e da própria vida política do período regencial Os oficiais de alta patente são eleitos nas regiões e, para
devem ser entendidas em dois momentos que o muitos historiadores, é um dos componentes
caracterizam: o avanço liberal e o regresso conservador. fundamentais do coronelismo político – instituição não-
O primeiro momento decorreu entre 1831 e 1834, oficial determinante na política brasileira e que chega ao
quando as forças liberais se uniram para combater os apogeu durante a República Velha. Reformas liberais – As
restauradores. Juntos, também estabeleceram reformas bases jurídicas e institucionais do país são alteradas por
institucionais, entendidas tradicionalmente como liberais várias reformas constitucionais que, em sua maioria,
ou descentralizadoras, com o objetivo de acalmar as favorecem a descentralização do poder e o fortalecimento
tensões regionais latentes. Na realidade, as reformas das Províncias. Em 29 de novembro de 1832 é aprovado
propaladas não passaram de concessões dos moderados, o Código do Processo Criminal, que altera a organização
então preponderantes, no sentido de deter a vaga do Poder Judiciário. Os juízes de paz, eleitos diretamente
revolucionária, esvaziando-a. É evidente que a sob o controle dos senhores locais, passam a acumular
união entre moderados e exaltados era precária e amplos poderes nas localidades sob sua jurisdição.
circunstancial, não se apoiando em bases sólidas. Daí, sua Ato Adicional de 1834 – A tendência à
efemeridade. descentralização do poder é reforçada pelo Ato Adicional
É neste primeiro momento que se desenrolam as assinado pela regência trina permanente em 12 de agosto
duas primeiras regências trinas, assinaladas pelo precário de 1834. Considerado uma vitória dos liberais no plano
equilíbrio político. institucional, o Ato extingue o Conselho de Estado,
transfere para as Províncias os poderes policial e militar,
Regência Trina Provisória até então exclusivos do poder central, e permite-lhes
Instalada no mesmo dia da abdicação de dom Pedro eleger suas assembleias legislativas. O poder Executivo
I, em 7 de abril de 1831, a regência trina é uma exigência provincial continua indicado pelo governo central e o
da Constituição para o caso de não haver parentes caráter vitalício do Senado também é mantido. A regência
próximos do soberano com mais de 35 anos e em trina é substituída pela regência una eletiva e temporária,
condições de assumir o poder. Ela é provisória porque com um mandato de quatro anos para o regente.
não há quórum suficiente no dia da abdicação para a
eleição de uma regência permanente. A primeira tarefa do Primeira Regência Una
novo governo é atenuar os impasses que levaram à O processo de escolha do primeiro regente único do
abdicação de dom Pedro I, quase todos resultantes dos país começa em junho de 1835. Os principais
excessos de um poder extremamente centralizado. O concorrentes são o padre Diogo Antônio Feijó, de
último ministério deposto por dom Pedro I, de maioria tendência liberal, e o deputado pernambucano
liberal, é reintegrado e os presos políticos são anistiados. conservador Antônio Francisco de Paula e Holanda
O poder dos regentes é limitado. Não podem, por Cavalcanti. Feijó defende o fortalecimento do poder
exemplo, dissolver a Câmara, que, na prática, torna-se o Executivo e vence o pleito por uma pequena margem de
centro do poder do país. votos.
Composição política da regência – A composição do Governo Feijó – Empossado dia 12 de outubro de

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HISTÓRIA

1835 para um mandato de quatro anos, padre Feijó não Eclosão da revolta no Rio Grande do Sul, devido ao
completa dois anos no cargo. Seu governo é marcado por centralismo do Governo Regencial e ausência de proteção
intensa oposição parlamentar e rebeliões provinciais, do charque nacional em concorrência com o charque
como a Cabanagem, no Pará, e o início da Guerra dos platino.
Farrapos, no Rio Grande do Sul. Com poucos recursos Os líderes Bento Gonçalves, Davi Canabarro
para governar e isolado politicamente, renuncia em 19 de receberam o apoio de Giuseppe Garibaldi. Chegaram a
setembro de 1837. proclamar duas Repúblicas: Piratini ou Rio Grandense e
Diogo Antônio Feijó (1784-1843) nasce em São Paulo República Juliana ou Catarinense. Somente em 1945 o
numa família de “barões do café”. Ordena-se sacerdote movimento acabou, sendo negociada a paz com Duque de
católico em 25 de outubro de 1805. Em 1821 é eleito Caxias.
deputado às Cortes Constitucionais, em Lisboa.
Defensor de ideias separatistas é perseguido pela Cabanagem (1835 –1836)
Coroa portuguesa, refugiando-se na Inglaterra. Volta ao De características populares, a Cabanagem ocorreu
Brasil após a independência. Deputado nas legislaturas de na província do Grão Pará. A eclosão do movimento
1826 a 1829 e de 1830 a 1833, combina ideias de um deveu-se ao abandono político e a miséria da população
liberal radical com propostas e práticas políticas (que vivia em cabanas). A massa rebelde chegou a tomar o
conservadoras. Luta contra o absolutismo, a escravidão e governo, porém, não havendo consenso entre os cabanos
o celibato clerical. Chama os liberais de “clube de sobre que rumo tomaria o levante e ocorrendo traições
assassinos e anarquistas” e se afasta dos restauradores. internas, essa rebelião acabou sendo massacrada em 1840
Ocupa o Ministério da Justiça entre 5 de julho de 1831 e 3 com um saldo de 40 mil mortes, numa população que não
de agosto de 1832. Em 1833 é eleito senador e, em 1835, chegava a 100 mil habitantes.
regente único do reino. Autoritário na condução do
Estado e sem bases de apoio próprias, é obrigado a Sabinada (1837 –1838)
renunciar em 1837. Participa da Revolução Liberal em Restrita às camadas médias, a Sabinada ocorreu na
1842. Derrotado, foge para Vitória. Volta ao Rio de Bahia, sob a liderança do médico Francisco Sabino
Janeiro em 1843 e, nesse mesmo ano, morre em São Álvares da Costa Vieira (daí o nome Sabinada), foi um
Paulo. movimento cuja especificidade era proclamar uma
República provisória até a maioridade de D. Pedro.
Segunda regência Una Acabou se desenrolando uma guerra civil sangrenta que
Com a renúncia de Feijó e o desgaste dos liberais, os foi sufocada por uma intensa repressão militar, apoiada
conservadores obtêm maioria na Câmara dos Deputados e pelos latifundiários em Salvador.
elegem Pedro de Araújo Lima como novo regente único
do Império, em 19 de setembro de 1837. Balaiada (1838 –1841)
Governo Araújo Lima – A segunda regência una é A Balaiada se iniciou no Maranhão e caracterizou-se
marcada por uma reação conservadora. Várias conquistas por ser popular, e tinha como líderes o vaqueiro
liberais são abolidas. A Lei de Interpretação do Ato Raimundo Gomes, o fabricante de balaios, Manuel
Adicional, aprovada em 12 de maio de 1840, restringe o Francisco dos Anjos Ferreira, e o chefe de um quilombo,
poder provincial e fortalece o poder central do Império. o negro Cosme.
Acuados, os liberais aproximam-se dos partidários de dom O movimento que abalou o Maranhão, apesar das
Pedro. Juntos, articulam o chamado golpe da maioridade, mortes, inclusive de Manuel Francisco, “o Balaio”, apenas
em 23 de julho de 1840. foi pacificado após ser nomeado o Presidente da
Província, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva (futuro
REVOLTAS DO PERÍODO REGENCIAL Duque de Caxias).

A revolta dos Malês (1835) - Bahia


Pode ser compreendida como um conflito que
deflagrou oposição contra duas práticas comuns herdadas
do sistema colonial português: a escravidão e a
intolerância religiosa. Comandada por negros de
orientação religiosa islâmica, conhecidos como malês, essa
revolta ainda foi resultado do desmando político e da
miséria econômica do período regencial.
Com o deslocamento do eixo econômico-
administrativo do Brasil para a região sudeste e as
constantes crises da economia açucareira, a sociedade
baiana do período tornou-se um sinônimo de atraso
econômico e desigualdade socioeconômica. Além desses
fatores, devemos também destacar que as prescrições
religiosas incentivadas pelas autoridades locais
promoveram a mobilização desse grupo étnico-religioso
específico.
Anos antes da revolta, as autoridades policiais
tinham proibido qualquer tipo de manifestação religiosa
Revolução Farroupilha (1835 -1840) em Salvador. Logo depois, a mesquita da “Vitória” –

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HISTÓRIA

reduto dos negros muçulmanos – foi destruída e dois províncias de seu agrado e de substituir autoridades
importantes chefes religiosos da região foram presos pelas judiciais e policiais de fidelidade duvidosa.
autoridades. Dessa maneira, os malês começaram a Nas eleições, os chefes políticos colocavam nas ruas
arquitetar um motim programado para o dia 25 de janeiro bandos armados; o governo coagia eleitores e fraudava os
de 1835. resultados das urnas. A eleição de 13 de outubro de 1840,
Nesta data, uma festa religiosa na cidade Bonfim que deu início a esse estilo novo (e violento) de fazer
esvaziaria as ruas de Salvador dando melhores condições política, ficou conhecida como “eleição do cacete”, e
para a deflagração do movimento. Naquela mesma data, deu vitória aos liberais. Todas as outras eleições realizadas
conforme a tradição local, os escravos ficariam livres da depois disso não escaparam à regra: continuaram
vigilância de seus senhores. Entre os ideais defendidos igualmente violentas.
pelos maleses, damos destaque à questão da abolição da
escravatura e o processo de africanização de Salvador por Guerra contra Oribe e Rosas
meio do extermínio de brancos e mulatos. Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas,
Mesmo prevendo todos os passos da rebelião, o respectivamente presidentes do Uruguai e da Argentina,
movimento não conseguiu se instaurar conforme o buscavam, na década de 1850, criar um só país, o que
planejado. A delação feita por dois negros libertos acionou desequilibraria as forças na bacia do Prata, uma vez que o
um conflito entre as tropas imperiais e os negros malês. novo país controlaria sozinho os dois lados do estuário do
Sem contar com as mesmas condições das forças rio da Prata, vindo contra os interesses do Brasil na
repressoras do Império, o movimento foi controlado e região.
seus envolvidos punidos de forma diversa. Apesar de não D. Pedro II declarou guerra aos dois países, e
alcançar o triunfo esperado, a Revolta dos Malês abalou as mandou organizar um novo exército no Sul, sob cuidados
elites baianas mediante a possibilidade de uma revolta do então conde de Caxias. Ele invadiu o Uruguai em 1851,
geral dos escravos. derrubando Oribe e apagando a possibilidade do Uruguai
se fundir com a Argentina.
Golpe da Maioridade
Questão Christie

Em 1862, três arruaceiros foram presos no Rio de


Janeiro, então capital do Brasil. Ao serem detidos, foram
identificados como marinheiros britânicos e, devido à
relação entre Inglaterra e Brasil, os marinheiros foram
liberados. Mesmo assim, o embaixador inglês no Brasil,
Fonte:https://periodorengencial.wordpress.com/golpe- William Dougal Christie, exigiu que o Império indenizasse
da-maioridade/ a Inglaterra pela constrangedora prisão da carga do navio
inglês Prince of Wales, saqueado próximo da província do
A política centralista dos conservadores durante o Rio Grande do Sul, a demissão dos policiais que
governo de Araújo Lima estimula revoltas e rebeliões por detiveram os marinheiros britânicos e um pedido oficial
todo o país. As dissidências entre liberais e conservadores de desculpas do imperador à coroa britânica.
fazem crescer a instabilidade política. Sentindo-se No ano seguinte, como o Brasil não cedera às
ameaçadas, as elites agrárias apostam na restauração da pressões, navios britânicos bloquearam o porto do Rio de
monarquia e na efetiva centralização do poder. Pela Janeiro e apreenderam cinco navios ancorados. D. Pedro
Constituição, no entanto, o imperador é considerado II, sofrendo pressão popular, tentou uma saída
menor de idade até completar 18 anos. diplomática, chamando o rei Leopoldo I da Bélgica para
Clube da maioridade – Os liberais lançam a conduzir uma arbitragem imparcial. Leopoldo I favoreceu
campanha pró-maioridade de dom Pedro no Senado e o Brasil e, como a Inglaterra negou-se a pedir desculpas, o
articulam a popularização do movimento no Clube da imperador cortou relações diplomáticas com a Inglaterra,
Maioridade, presidido por Antônio Carlos de Andrade. A no mesmo ano de 1863. A Inglaterra apenas desculpou-se
campanha vai às ruas e obtém o respaldo da opinião em 1865, quando mostrou apoio ao Brasil na Guerra do
pública. A Constituição é atropelada e Dom Pedro é Paraguai.
declarado maior em 1840, com apenas 14 anos. A vitória do governo na disputa acabou por
As disputas políticas, contudo, tornaram-se fortalecer a imagem do Brasil no exterior, pois o Brasil
sangrentas a partir da ascensão liberal, e governar havia se ainda tinha 40 anos de existência, e temia não ter
tornado sinônimo de exercício do poder discricionário*. reconhecimento junto aos países europeus. Os outros
Assim, para controlar o país, o par- tido que se encontrava países da América do Sul passavam por problemas
no governo estabelecia a rotina de nomear presidentes de
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HISTÓRIA

parecidos. O Brasil aceitou pagar a indenização da carga REVOLUÇÃO PRAIEIRA


roubada mas rompeu relações diplomáticas com a
Inglaterra, só retornadas em 1865.

II REINADO

Fases do governo pessoal de Dom Pedro II:


A primeira fase (1840 - 1850) compreende o período
da pacificação interna, ocasião em que se efetua a
hegemonia do café e se restabelece o poder do Sudeste,
contra as revoltas liberais de São Paulo e Minas (1842),
finaliza-se a Revolução Farroupilha
(1845) e surge a Insurreição Praieira (1848). Estabeleceu-
se, ainda, o protecionismo alfandegário, com as tarifas
Alves Branco (1844). Revolução Praieira: o levante que se pôs contra o governo de Dom
Na pacificação interna destacou-se Luís Alves de Pedro II.
Lima e Silva. Pelos relevantes serviços prestados ao
Império (na pacificação interna e nas lutas externas) foi No começo do Segundo Reinado, a ascensão dos
promovido a Marechal e elevado a Duque (Duque de liberais que apoiaram a chegada de Dom Pedro II ao
Caxias). poder foi logo interceptada após os escândalos políticos
A Segunda fase (1850 - 1870) assinala o período de da época. As “eleições do cacete” tomaram os noticiários
apogeu do Império, graças a expansão da lavoura cafeeira, da época com a denúncia das fraudes e agressões físicas
a efetivação do parlamentarismo, o envolvimento do que garantiriam a vitória da ala liberal. Em resposta,
Império na Região Platina entre 1852/1870 (Uruguai, alguns levantes liberais em Minas e São Paulo foram
Argentina e Paraguai) e os empreendimentos de Mauá. preparados em repúdio às ações políticas centralizadoras
A terceira fase (1870 - 1889) assinala o período de do imperador.
declínio do Império: o sistema político monárquico perde Nesses dois estados, os levantes não tiveram
o apoio dos cafeicultores do Vale do Paraíba, em bastante expressão, sendo logo contidos pelas forças
decadência, o que tem como consequência a futura militares nacionais. Entretanto, o estado de Pernambuco
Abolição. foi palco de uma ação liberal de maior impacto que tomou
As disputas políticas entre progressistas (Feijó) e feições de caráter revolucionário. Ao longo da década de
regressistas (Araújo Lima), durante as regências, 1840, setores mais radicais do partido liberal recifense
resultaram posteriormente no Partido Liberal e no Partido manifestaram suas ideias através do jornal Diário Novo,
Conservador, que se alternaram no governo ao longo do localizado na Rua da Praia. Em pouco tempo, esses
Segundo Reinado. agitadores políticos ficaram conhecidos como “praieiros”.
Entre as principais medidas defendidas por esses
Revoltas liberais de 1842 liberais estavam: a liberdade de imprensa, a extinção do
A revolta dos liberais pretendia, na realidade, poder moderador, o fim do monopólio comercial dos
impedir a ascensão dos conservadores ao poder. portugueses, mudanças socioeconômicas e a instituição do
A revolta começou em Sorocaba (SP), sob a voto universal. Mesmo não tendo caráter essencialmente
liderança do Padre Feijó, a participação do Brigadeiro socialista, esse grupo político era claramente influenciado
Rafael Tobias de Aguiar e de Nicolau Pereira de Campos por socialistas utópicos do século XIX, como Pierre-
Vergueiro. Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.
A revolta em Minas começou em Barbacena, Em 1847, o movimento passou a ganhar força com
chefiada por Teófilo Otoni e apoiada por José Feliciano a nomeação de um presidente de província conservador
Pinto Coelho e Limpo de Abreu. mineiro para conter a ação dos liberais pernambucanos.
Os revolucionários nomearam presidentes Revoltados com essa ação autoritária do poder imperial,
revolucionários para as Províncias: para São Paulo, o os praieiros pegaram em armas e tomaram conta da cidade
Brigadeiro Tobias de Aguiar e José Feliciano Pinto Coelho de Olinda. A essa altura, um conflito civil, contando com
da Cunha para Minas Gerais. o apoio de grandes proprietários, profissionais liberais,
O Barão de Caxias, escolhido para reprimir a artesãos e populares, tomou conta do estado.
rebelião, enviou um destacamento ao comando do Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade de
Coronel Amorim Bezerra, que aniquilou os rebeldes Recife e entraram em novo confronto com as forças
paulistas em Venda Grande. imperiais. Nesse período, o insurgente Pedro Ivo surgiu
Os rebeldes mineiros foram derrotados por Caxias como um dos maiores líderes dos populares. Entretanto, a
em Santa Luzia, tendo contado com a ajuda do seu irmão, falta de apoio de outras províncias acabou desarticulando
o Barão de Tocantis (Coronel José Joaquim de Lima e o movimento pernambucano. No ano de 1851, o governo
Silva). imperial deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de
Vencidos, os principais implicados foram presos. oitocentas baixas.
Em 1844, com a nomeação de um Ministério Liberal, os
revoltosos foram anistiados. Parlamentarismo (1847 - 1889)
Pela primeira vez o Brasil experimentou em sua
história o Parlamentarismo ou Governo de Gabinete. Em
1847 foi criado o cargo de Presidente do Conselho de

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HISTÓRIA

Ministro também chamado de Chefe de Gabinete. O Diante do poder do Beneplácito, o Imperador não
sistema tornou-se, então, parlamentarista desde esta data concedeu o placet (visto de autorização) à Bulla Syllabus,
(1847) até a Proclamação da República (1889). que enviada pelo Papa, queria separar católicos de
O primeiro a ocupar o cargo de Presidente do maçons. Dois Bispos (de Olinda e de Belém) desacataram
Conselho de Ministro foi Manuel Alves Branco; o último a decisão do Imperador e acabaram sendo presos. Apesar
foi o Visconde de Ouro Preto, que chefiou o último da soltura, este episódio levou a Igreja a romper com o
gabinete da Monarquia. Império.
O Parlamentarismo brasileiro foi chamado de Questão Militar: Ao voltar da Guerra do Paraguai com
"Parlamentarismo às avessas" (o poder Legislativo ao os ideais Positivista e Abolicionista, o Exército passou a
invés de nomear o Executivo, estava subordinado a este). questionar a sua condição de exclusão política, chegando a
ter dois de seus oficiais participando de eventos na
"Política da conciliação" Imprensa para criticar esta situação. Porém, como esta
Por inspiração de D. Pedro II, o Marquês do Paraná atitude era proibida e vista como indisciplina, acabou
(Honório Hermeto Carneiro Leão) inaugurou, em 1853, a resultando em prisões, o que levou o marechal Deodoro
"Política da Conciliação", período de grande progresso da Fonseca a assinar um violente manifesto que junto ao
material para o país (1853 - 1858). Tendo falecido em corpo de militares se colocaram em oposição ao governo
1856, o Marquês do Paraná foi substituído por Caxias. de D. Pedro II.
Questão Social: A luta dos negros contra a escravidão
O Movimento Republicano ganhava cada vez mais adeptos na sociedade já que neste
A partir da segunda metade do século XIX o café período, o sentimento abolicionista estava presente em
transformou-se no principal produto de exportação do diversos setores como intelectuais e os oficiais do
Brasil, ao atingir o Vale do Paraíba em 1820 e a região do Exército, além da própria opinião partidária
Oeste Paulista em 1850, trouxe uma mudança significativa completamente favorável ao fim da escravatura.
em termos sociais e políticos (formando uma elite
moderna no Oeste Paulista) resultando em atritos com o A Abolição do Tráfico Negreiro
Governo Imperial, por querer maior participação política A pressão britânica na abolição do tráfico. Em
no país. Em 1870 foi lançado o Manifesto Republicano no meados do século XIX foi extinto no Brasil o tráfico
jornal do Rio de Janeiro “A República”. Em 1873, na negreiro. A iniciativa não foi por vontade e decisão do
Convenção de Itu, os republicanos da Província de São governo brasileiro, mas resultou da eficiente pressão
Paulo orientariam a formação do Partido Republicano britânica nesse sentido. Várias razões explicam essa
Paulista –PRP. atitude do governo britânico. Em primeiro lugar, a
Os Militares, simpáticos ao republicanismo, e a Revolução Industrial do século XVIII, na Inglaterra, que
aliança com os civis representados pelo PRP, derrubaram generalizou o emprego do trabalho assalariado, pondo fim
a Monarquia em fins do século XIX. a toda forma compulsória de exploração do trabalhador,
tornou a sociedade sensível ao apelo abolicionista. De
A CRISE DO IMPÉRIO fato, para as sociedades europeias do século XIX, que
acompanhando o exemplo britânico evoluíam no sentido
O Império paulatinamente, no decorrer da segunda do emprego generalizado do trabalho livre assalariado, a
metade do século XIX, vinha se envolvendo numa série escravidão, em contraste, começou a ser vista em toda a
de conflitos que acabara lhe desgastando, e ao perder o sua desumanidade, criando bases para uma opinião
seu prestígio abriu caminho para que o republicanismo se abolicionista. Evidentemente, os bons sentimentos
instalasse no Brasil. Seu desgaste ocorre devido ao por si sós eram insuficientes para qualquer ação concreta
enfrentamento de 3 Questões: contra a escravidão. Na verdade, o capitalismo industrial é
um sistema baseado no crescimento permanente, com
abertura de novos mercados. Ora, os escravos, por
definição, não são consumidores e, portanto, as
sociedades escravistas representavam sérios bloqueios
àquela expansão. Os acordos para a extinção do tráfico.
Tendo abolido o tráfico em suas colônias em 1807 e
a escravatura em 1833, a Inglaterra passou a exigir o
mesmo do Brasil, a partir dos tratados de 1810. Pelo
tratado de 23 de janeiro de 1815, assinado em Viena,
estabeleceu-se a proibição do tráfico acima da linha
equatorial, o que atingiu importantes centros fornecedores
de escravos, como São Jorge da Mina. Em 18 de julho de
1817, os governos luso-brasileiro e inglês decidiram atuar
conjuntamente na repressão ao tráfico ilícito,
inspecionando navios em alto mar. Para efeitos práticos,
Fonte:http://olhonahistoria.blogspot.com.br/2011/10/at contudo, apenas a Inglaterra possuía recursos para isso.
ividades-de-historia-do-brasil_12.html Após 1822, a Inglaterra estabeleceu o fim do tráfico
negreiro como uma das exigências para o reconhecimento
Questão religiosa - Como já é sabido, a Igreja era da emancipação do Brasil. Assim, o tratado de 3 de
submetida ao poder Imperial, fato este confirmado na novembro de 1826 fixou o prazo de três anos para a sua
Constituição de 1824 através do Padroado e Beneplácito. completa extinção. O tráfico passou a ser considerado, a

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HISTÓRIA

partir de então, ato de pirataria, sujeito às punições


previstas no tratado. Finalmente, a 7 de novembro de
1831 - com atraso de dois anos em relação ao estipulado
pelo tratado de 1826 -, uma lei formalizou esse
compromisso.
As resistências do Brasil, apesar das crescentes
pressões britânicas, o tráfico continuou impune no Brasil.
E a razão era simples: toda a economia brasileira, desde a
época colonial, estava assentada no trabalho escravo. Em
tal circunstância, a abolição do tráfico criaria enormes
dificuldades à economia, comprometendo as suas bases
produtivas. Ademais, desde a abdicação de D. Pedro I em Em 13 de Maio de 1888, é assinada a Lei Áurea
1831, os senhores rurais haviam se apropriado do poder abolindo definitivamente a Escravidão. Ocorreu que não
político, o que fortalecera consideravelmente a sua houve indenizações aos proprietários que insatisfeitos,
posição na sociedade. Por isso, nenhum dos acordos romperam com o Império entrando no PRP, sendo
assinados com a Inglaterra foi cumprido, de modo que o chamados por isso de Republicanos de última hora.
tráfico continuou com o consentimento tácito das
autoridades. A QUEDA DO IMPÉRIO
A Inglaterra, por sua vez, esforçou-se para fazer
cumprir os termos dos tratados, de modo unilateral. E o Na manhã do dia 15 de Novembro de 1889, a união
fez em meio a dificuldades, pois os traficantes, cercados entre Civis (cafeicultores articulados em torno do PRP) e
em alto mar, atiravam os negros ao oceano, atados a uma Militares, chefiados pelo Marechal Deodoro da Fonseca
pedra que os impedia de vir à tona. Além disso, o tráfico, depõe o Ministério Imperial e prendem seu Presidente,
em vez de se extinguir, continuou a crescer Visconde de Ouro Preto. Era o golpe da República, que
incessantemente. seria proclamada solenemente na Câmara Municipal do
A passividade do governo brasileiro ante o tráfico e, Rio de Janeiro, pondo ao fim a Monarquia brasileira que
portanto, o não cumprimento dos compromissos se iniciara em 1822.
assumidos através de vários tratados fez a Inglaterra tomar Vários seriam os fatores que derrubaram o Império
uma atitude extrema. Em 8 de agosto de 1845, o no Brasil, como por exemplo, a própria imobilidade do
Parlamento britânico aprovou uma lei, chamada Bill Império diante das grandes transformações pelas quais
Aberdeen, conferindo à Marinha o direito de aprisionar passavam a política, economia e a sociedade a partir de
qualquer navio negreiro e fazer os traficantes meados do século XIX, o constante desgaste a que vinha
responderem diante do almirantado ou de qualquer sendo submetido e a difusão de ideias liberais e
tribunal do vice almirantado dos domínios britânicos. A positivistas em favor de um governo republicano como
repressão ao tráfico foi assim intensificada, e os navios era o caso da Argentina e Uruguai, países vizinhos que
britânicos chegaram a apreender navios em águas adoram este modelo para resolverem seus problemas,
territoriais brasileiras, até mesmo entrando em seus além dos Estados Unidos que era o exemplo para toda a
portos. A lei Eusébio de Queirós (1850). Em março de América Latina. Somou-se a esses fatos a aversão dos
1850, o todo-poderoso primeiro-ministro Gladstone cafeicultores de um Terceiro Reinado ser comandado pelo
obrigou o Brasil ao cumprimento dos tratados, Conde d`EU (Gastão de Orleans), marido da Princesa
ameaçando-o com uma guerra de extermínio. O governo Isabel.
brasileiro finalmente se curvou ante as exigências
britânicas e em 4 de setembro de 1850 promulgou a lei de
extinção do tráfico pelo ministro Eusébio de Queirós. A
lei Eusébio de Queirós, que pôs fim ao tráfico negreiro de
forma súbita, liberou uma soma considerável de capital,
que passou a ser aplicado em outros setores da economia.
As atividades comerciais, financeiras e industriais
receberam um grande estímulo. Em 1854 começou a
funcionar a primeira estrada de ferro brasileira, de Mauá a
Fragoso (futura Leopoldina Rafways); em 1855, iniciou-se
a construção da estrada de ferro D. Pedro II (fu- tura
Central do Brasil); o telégrafo apareceu em 1852. Enfim,
um novo horizonte se descortinou. Com a abolição do
tráfico, os dias da escravidão no Brasil estavam contados
e, portanto, os dias de existência do Império, cuja riqueza
baseava-se fundamentalmente no fruto do trabalho
escravo, também estaria no fim.

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HISTÓRIA

5. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA províncias, liberdade de voto, liberdade de ensino,


redução das prerrogativas do Conselho de Estado e
mandatos não vitalícios para o Senado Federal. As
propostas do Visconde de Ouro Preto visavam a
preservar o regime monárquico no país, mas foram
vetadas pela maioria dos deputados de tendência
conservadora que controlava a Câmara Geral.
A ameaça de deposição e mudança dentro do
exército serviu de motivação suficiente para que o
Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio
de Janeiro e invadisse o Ministério da Guerra. Segundo
alguns relatos, os militares pretendiam inicialmente exigir
somente a mudança do Ministro da Guerra.
No Paço Imperial, o presidente do gabinete
Fonte:http://brasilescola.uol.com.br/historiab/procla (primeiro-ministro), Visconde de Ouro Preto, havia
macaodarepublica.htm tentando resistir pedindo ao comandante do destacamento
local e responsável pela segurança do Paço Imperial,
A Proclamação da República Brasileira foi um general Floriano Peixoto, que enfrentasse os amotinados,
levante político-militar ocorrido em 15 de novembro de explicando ao general Floriano Peixoto que havia, no
1889 que instaurou a forma republicana federativa local, tropas legalistas em número suficiente para derrotar
presidencialista de governo no Brasil, derrubando a os revoltosos. O Visconde de Ouro Preto lembrou a
monarquia constitucional parlamentarista do Império do Floriano Peixoto que este havia enfrentado tropas bem
Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do mais numerosas na Guerra do Paraguai. Porém, o general
imperador Dom Pedro II. Floriano Peixoto recusou-se a obedecer às ordens dadas
Podemos destacar a importância do processo de pelo Visconde de Ouro Preto e assim justificou sua
industrialização e o crescimento da cafeicultura enquanto insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro Preto:
fatores de mudança socioeconômica. As classes médias “Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente
urbanas e os cafeicultores do Oeste paulista buscavam inimigos e aqui somos todos brasileiros!”.
ampliar sua participação política através de uma nova
forma de governo. Ao mesmo tempo, os militares que Em seguida, aderindo ao movimento republicano,
saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se aproximaram Floriano Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo o
do pensamento positivista, defensor de um governo Visconde de Ouro Preto. O único ferido no episódio da
republicano centralizado. Proclamação da República foi o Barão de Ladário que
Além dessa demanda por transformação política, resistiu à ordem de prisão dada pelos amotinados e levou
devemos também destacar como a campanha abolicionista um tiro. Consta que Deodoro não dirigiu crítica ao
começou a divulgar uma forte propaganda contra o Imperador D. Pedro II e que vacilava em suas palavras.
regime monárquico. Vários entusiastas da causa Relatos dizem que foi uma estratégia para evitar um
abolicionista relacionavam os entraves do derramamento de sangue. Sabia-se que Deodoro da
desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de Fonseca estava com o tenente-coronel Benjamin Constant
relação de trabalho legitimado pelas mãos de Dom Pedro ao seu lado e que havia alguns líderes republicanos civis
II. Dessa forma, o fim da monarquia era uma opção viável naquele momento. Na tarde do mesmo dia 15 de
para muitos daqueles que combatiam a mão de obra novembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi
escrava. solenemente proclamada a República. À noite, na Câmara
No ano de 1888, a abolição da escravidão promovida Municipal do Município Neutro, o Rio de Janeiro, José do
pelas mãos da princesa Isabel deu o último suspiro à Patrocínio redigiu a proclamação oficial da República dos
Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto
que justificavam a presença de um imperador enérgico e foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa, e, só
autoritário, não faziam mais sentido às novas feições da no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado ao povo a
sociedade brasileira do século XIX. Os clubes mudança do regime político do Brasil. Dom Pedro II, que
republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro.
mesma época diversos boatos davam conta sobre a
intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros da Pensando que o objetivo dos revolucionários era
Guarda Nacional. apenas substituir o Gabinete de Ouro Preto, o Imperador
A Situação Política do Brasil em 1889: o governo tentou ainda organizar outro gabinete ministerial, sob a
imperial, através do 37º e último gabinete ministerial, presidência do conselheiro José Antônio Saraiva. O
empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do imperador, em Petrópolis, foi informado e decidiu descer
presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso para a Corte. Ao saber do golpe de estado, o Imperador
Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, reconheceu a queda do Gabinete de Ouro Preto e
do Partido Liberal, percebendo a difícil situação política procurou anunciar um novo nome para substituir o
em que se encontrava, apresentou, em uma última e Visconde de Ouro Preto.
desesperada tentativa de salvar o império, à Câmara Geral,
atual câmara dos deputados, um programa de reformas No entanto, como nada fora dito sobre República
políticas do qual constavam, entre outras, as medidas até então, os republicanos mais exaltados, tendo
seguintes: maior autonomia administrativa para as Benjamin Constant à frente, espalharam o boato de

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HISTÓRIA

que o Imperador escolheria Gaspar Silveira Martins,


inimigo político de Deodoro da Fonseca desde os Embora se argumente que não houve participação
tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe popular no movimento que terminou com o regime
de governo. Com este engodo, Deodoro da Fonseca foi monárquico e implantou a república, o fato é que também
convencido a aderir à causa republicana. O Imperador foi não houve manifestações populares de apoio à monarquia,
informado disso e, desiludido, decidiu não oferecer ao imperador ou de repúdio ao novo regime. Alguns
resistência. No dia seguinte, o major Frederico Sólon pesquisadores argumentam que, caso a monarquia fosse
Sampaio Ribeiro entregou a D. Pedro II uma popular, haveria movimentos contrários à república em
comunicação, cientificando-o da Proclamação da seguida, além da Guerra de Canudos. Entretanto, o que
República e ordenando sua partida para a Europa, a fim teria ocorrido foi uma crescente conscientização a respeito
de evitar conturbações políticas. A família imperial do novo regime e sua aprovação pelos mais diferentes
brasileira exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida a setores da sociedade brasileira. Neste sentido, um caso
sua volta ao Brasil na década de 1920. É possível notável de resistência à república foi o do líder
considerar a legitimidade ou não da república no Brasil abolicionista José do Patrocínio, que, entre a abolição da
por diferentes ângulos. Do ponto de vista do Código escravatura e a Proclamação da República, manteve-se fiel
Criminal do Império do Brasil, sancionado em 16 de à monarquia, não por uma compreensão das necessidades
dezembro de 1830, o crime cometido pelos republicanos sociais e políticas do país, mas, romanticamente, apenas
foi: devido a uma dívida de gratidão com a Princesa Isabel.
Aliás, nesse período de aproximadamente dezoito meses,
“Artigo 87: Tentar diretamente, e por fatos, José do Patrocínio constituiu a chamada “Guarda Negra”,
destronizar o imperador; privá-lo em todo, ou em que eram negros alforriados organiza- dos para causar
parte da sua autoridade constitucional; ou alterar a confusões e desordem em comícios republicanos, além de
ordem legítima da sucessão. Penas de prisão com espancar os participantes de tais comícios.
trabalho por cinco a quinze anos. Se o crime se
consumar: Penas de prisão perpétua com trabalho no A ausência de participação popular no movimento de
grau máximo; prisão com trabalho por vinte anos no 15 de novembro, um documento que teve grande
médio; e por dez anos no mínimo”. repercussão foi o artigo de Aristides Lobo, que fora
testemunha ocular da Proclamação da República, no
O Visconde de Ouro Preto, deposto em 15 de Diário Popular de São Paulo, em 18 de novembro, no
novembro, entendia que a Proclamação da República fora qual dizia: “Por ora, a cor do governo é puramente
um erro e que o Segundo Reinado tinha sido bom. O militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só
Império não foi a ruína. Foi a conservação e o porque a colaboração do elemento civil foi quase
progresso. Durante meio século, manteve íntegro, nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado,
tranquilo e unido território colossal. O império atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.
converteu um país atrasado e pouco populoso em Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma
grande e forte nacionalidade, primeira potência sul- parada!”. Na reunião na casa de Deodoro, na noite de 15
americana, considerada e respeitada em todo o de novembro de 1889, foi decidido que se faria um
mundo civilizado. Aos esforços do Império, referendo popular, para que o povo brasileiro aprovasse
principalmente, devem três povos vizinhos o ou não, por meio do voto, a república. Porém esse
desaparecimento do despotismo mais cruel e plebiscito só ocorreu 104 anos depois, determinado pelo
aviltante. O Império aboliu de fato a pena de morte, artigo segundo do Ato das Disposições Constitucionais
extinguiu a escravidão, deu ao Brasil glórias Transitórias da Constituição de 1988.
imorredouras, paz interna, ordem, segurança e, mas
que tudo, liberdade individual como não houve A República da Espada (1891-1894)
jamais em país algum.
Quais as faltas ou crimes de Dom Pedro II, que
em quase cinquenta anos de reinado nunca
perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma
ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre
a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os erros
praticados que o tornou merecedor da deposição e
exílio quando, velho e enfermo, mais devia contar
com o respeito e a veneração de seus concidadãos? A
república brasileira, como foi proclamada, é uma
obra de iniquidade. A república se levantou sobre os
broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma
origem criminosa, realizou-se por meio de um
atentado sem precedentes na história e terá uma
existência efêmera!
O movimento de 15 de Novembro de 1889 não foi Período inicial da história republicana onde o
o primeiro a buscar a república, embora tenha sido o governo foi exercido por dois militares, devido o temor de
único efetivamente bem-sucedido, e, segundo algumas uma reação monárquica. Momento de consolidação das
versões, teria contado com apoio tanto das elites nacionais instituições republicanas. Os militares presidentes foram
e regionais quanto da população de um modo geral. os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

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HISTÓRIA

III - O voto era descoberto (não secreto), direto e


O governo de Deodoro da Fonseca é dividido em dois universal aos maiores de 21 anos. Proibido aos soldados,
momentos, o governo provisório e o governo analfabetos, mendigos e religiosos de ordens monásticas.
constitucional. IV - Ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem
como os direitos e as garantias individuais.
Governo Provisório (1889-1891)
Período que vai da Proclamação da República em 15 A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada
de novembro de 1889 até a elaboração da primeira pelo modelo norte-americano, sendo adotado o nome de
constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Nas
de 1891. "disposições transitórias" da Constituição ficava
Entre as principais medidas do governo provisório estabelecido que o primeiro presidente do Brasil não seria
estão a extinção da vitaliciedade do Senado, a dissolução eleito pelo voto universal, mas sim pela Assembleia
da Câmara dos Deputados, a supressão do Conselho de Constituinte.
Estado, extinção do Padroado e do beneplácito, a Além da elaboração da Constituição de 1891, o
separação entre Igreja e Estado, a transformação das governo provisório de Deodoro da Fonseca foi marcado
províncias em estados, o banimento da Família Real. uma política econômica e financeira, conhecida como
Além disto, estabeleceu-se a liberdade de culto, a Encilhamento. Rui Barbosa, então ministro da Fazenda,
secularização dos cemitérios, criação do Registro Civil - procurou estimular a industrialização e a produção
para legalizar nascimentos e casamentos - a grande agrícola. Para atingir estes objetivos, Rui Barbosa adota a
naturalização, ou seja, todo estrangeiro que vivia no Brasil política emissionista, ou seja, o aumento da emissão do
adquiriu nacionalidade brasileira, e foi convocada uma papel-moeda, com a intenção de aumentar a moeda em
Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela circulação.
elaboração da primeira constituição republicana do Brasil. O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades
anônimas fazendo com que boa parte do dinheiro em
A Constituição de 1891 circulação não fosse aplicado na produção, mas sim na
Durante os trabalhos da Assembleia Constituinte especulação de títulos e ações de empresas fantasmas.
evidenciaram-se as divergências entre os republicanos. A especulação financeira provocou uma desordem
Havia o projeto de uma república liberal - defendido pelos nas finanças do país, acarretando uma enorme
cafeicultores paulistas - grande autonomia aos estados desvalorização da moeda, forte inflação e grande número
(federalismo); garantia das liberdades individuais; de falências.
separação dos três poderes e instauração das eleições. Este Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via
projeto visava a descentralização administrativa, tornando com bons olhos esta tentativa de Rui Barbosa em
o poder público um acessório ao poder privado - industrializar o Brasil, algo que não estava em seus planos.
marcante ao longo da República Velha.
O outro projeto republicano era inspirado nos ideais Governo Constitucional (1891-1894)
da Revolução Francesa, o período da Convenção Nacional Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro
e a instalação da Primeira República Francesa. Este ideal da Fonseca eleito pela Assembleia - permaneceu no poder,
era conhecido como república jacobina, defendida por em parte devido às pressões dos militares aos
intelectuais e pela classe média urbana. cafeicultores. A eleição pela Assembleia revelou os
Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo choques entre os republicanos positivistas (que
discutir os destinos da nação. Por fim, inspirada nas ideias postulavam a ideia de golpe militar para garantir o
de Augusto Comte, com bastante aceitação dentro do "continuísmo") e os republicanos liberais.
exército brasileiro, o projeto de uma república positivista. O candidato destes era Prudente de Morais, tendo
O seu ideal era o progresso dentro da ordem, cabendo ao como vice-presidente o marechal Floriano Peixoto. Como
Estado o papel de garantir estes objetivos. o voto na Assembleia não era vinculado, Floriano Peixoto
Este Estado teria de ser forte e centralizado. Em 24 foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca. O novo
de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda governo, autoritário e centralizador, entrou em choque
Constituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto com o Congresso Nacional, controlado pelos
de uma república liberal foi vencedor. cafeicultores, e com militares ligados a Floriano Peixoto.
Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o
Foram características da Constituição de 1891: Congresso votou o projeto da Lei das Responsabilidades,
I - Instituição de uma República Federativa, onde os tornado possível o impeachment de Deodoro. Este, por
Estados teriam ampla autonomia econômica e sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional,
administrativa; prendeu líderes da oposição e decretou estado de sítio.
II - Separação dos poderes em Poder Executivo, A reação a este autoritarismo foi imediata e
exercido pelo presidente - eleito para um mandato de inesperada, ocorrendo uma cisão no interior do Exército.
quatro anos (sem direito à reeleição), e auxiliado pelos Uma greve e trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de
ministros; o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso novembro no Rio de Janeiro, e a sublevação da Marinha
Nacional, formado pela Câmara de Deputados (eleitos no dia seguinte liderada pelo almirante Custódio de Melo-
para um mandato de três anos, sendo seu número onde os navios atracados na baía da Guanabara
proporcional à população de cada Estado) e pelo Senado apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura
Federal, com mandato de 9 anos, a cada três anos um do Congresso - forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar
terço dele seria renovado; o Poder Judiciário, tendo como à Presidência, sendo substituído pelo seu vice-presidente,
principal órgão o Supremo Tribunal Federal. Floriano Peixoto

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HISTÓRIA

A REPÚBLICA DO CAFÉ COM LEITE (1894-1930) Prudente de Morais foi o primeiro presidente
civil que favoreceu a volta do poder agrário já que estes
estavam limitados a dominar somente o poder legislativo.
A política que permaneceu no poder nesse período
foi chamada de Café com Leite já que seus representantes
maiores eram São Paulo, maior produtor e exportador de
café do País, e Minas Gerais, que, apesar de não ser o
maior produtor de leite, se dedicava em especial a este
produto. Nesse período, os principais governantes do País
estavam fortemente ligados ao café, como é o caso de
deputados, senadores, governadores e presidentes do
Brasil.
Os cafeicultores formavam o setor economicamente
mais poderoso da sociedade da época, o que lhes gerava
aliados em potencial. Eles não tiveram dificuldades em
manter o poder: faziam arranjos com os “coronéis”,
latifundiários que formavam as oligarquias estaduais e
Fonte:https://www.infoenem.com.br/compreenda-a- regionais; fraudavam as eleições; colocavam o exército e a
politica-do-cafe-com-leite/ polícia contra a população que se revoltava. Nesse
contexto houve vários movimentos sociais de resistência à
Após governos militares (Deodoro da Fonseca e nova ordem política. Dentre os movimentos se destacam
Floriano Peixoto), na chamada República de Espada, os o cangaço, o contestado, Canudos, a revolta contra a
fazendeiros paulistas conseguiram controlar a situação e vacina obrigatória, contra a chibata e as revoltas
assumir de fato a presidência da República, tarefa que tenentistas.
depois dividiram com os fazendeiros de Minas Gerais.
A República Oligárquica é a denominação dada ao O Coronelismo
período de 1894 a 1930, em que a política do País era Durante a chamada Primeira República (1889-
dirigida por oligarquias agrárias e por representantes civis -1930), apenas pessoas do sexo masculino que tivessem
na presidência. mais de 21 anos de idade e fossem alfabetizadas podiam
A política de valorização do café durante a segunda votar. Esses brasileiros privilegiados eram apenas 3% da
metade do século XIX, até a década de 30, no século XX, população. Isto é, no primeiro período de nossa história
o café foi o principal produto de exportação brasileiro. As republicana, somente três em cada cem brasileiros podiam
divisas provenientes desta exportação contribuíram para o votar para escolher os governantes. Já em 1960, na última
início do processo de industrialização- a partir de 1870. eleição direta antes do regime militar (1964-1985), 17,8%
Por volta de 1895, a economia cafeeira passou a dos brasileiros podiam votar, isto é, eram maiores de 18
mostrar sinais de crise. As causas desta crise estavam no anos e alfabetizados. A porcentagem de votantes sobre a
excesso de produção mundial. A oferta, sendo maior que população subiu para 48% nas eleições de 1982.
a procura, acarreta uma queda nos preços prejudicando os
fazendeiros de café. Mas o fato de só 3% dos brasileiros serem eleitores
Procurando combater a crise, a burguesia cafeeira - não era o único problema da Primeira República. Os
que possuía o controle do aparelho estatal - criou grandes fazendeiros dominavam a política e fizeram um
mecanismos econômicos de valorização do café. Em acordo entre eles: mineiros e paulistas se revezariam na
1906, na cidade de Taubaté, os cafeicultores criaram o presidência da República.
Convênio de Taubaté - plano de intervenção do estado na
cafeicultura, com o objetivo de promover a elevação dos As eleições eram uma farsa. Eram feitas apenas para
preços do produto. Os governadores dos estados que houvesse a aparência de que quem escolhia os
produtores de café (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas governantes era o povo. O governo lançava os candidatos
Gerais) garantiam a compra de toda a produção cafeeira e sempre ganhava as eleições. Quando a oposição
com o intuito de criar estoques reguladores. O governo ameaçava ganhar em algum lugar, as eleições eram
provocaria uma falta do produto, favorecendo a alta dos falsificadas, fraudadas: defuntos votavam (os títulos não
preços, e, em seguida vendia o produto. tinham a foto do eleitor); assinaturas eram falsificadas; as
Os resultados desta política de valorização do café atas eram rasuradas com ponta de canivete e lixa.
foram prejudiciais para a economia do país. Para comprar
toda a produção de café, os governos estaduais recorriam Quem mandava em tudo e em todos eram os
a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a “coronéis”: no advogado, no padre, no professor, nas
população; além disto, caso a demanda internacional não pessoas que trabalhavam em suas fazendas. Ele era o
fosse suficiente, os estoques excedentes deveriam ser grande proprietário de terras, o latifundiário.
queimados, causando prejuízos para o governo - que já
havia pago pelo produto! Se houvesse mais de um coronel no município,
Assim, o poder oligárquico era exercido no nível mandava aquele que tinha mais jagunços, mais armas e
municipal pelo coronel, no nível estadual pelo governador mais vontade de lutar. No dia das eleições, seus cabos
e, através da política do café com leite, o presidente eleitorais entregavam a cédula fechada e preenchida aos
controlava o nível federal. eleitores e os acompanhavam até a hora da votação para

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HISTÓRIA

ver se a colocavam na urna. Era o chamado “voto de resultados eleitorais finais e pela diplomação dos eleitos.
cabresto”. Assim, o candidato do coronel sempre saía
vitorioso. Essa prática gerava o chamado “curral "Degolas": O trabalho da Comissão de Verificação
eleitoral”, eleitorado dominado pelos seus coronéis. de Poderes do Congresso consistia, na realidade,
em negação da verdade eleitoral, pois
representava a etapa final de um processo de
aniquilamento da oposição, chamado de "degola",
executado durante toda a República Velha.

Partidos políticos
A Primeira República, de 1889 a 1930, conheceu
partidos estaduais. Foram frustradas as tentativas de
organização de partidos nacionais, entre estas a de
Francisco Glicério, com o Partido Republicano Federal, e a de
Pinheiro Machado, com o Partido Republicano Conservador.
Depois dos dois primeiros presidentes militares
(Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto), todos os
outros que governaram o Brasil durante a Primeira
República (1889-1930) ou foram grandes fazendeiros ou
tiveram o apoio deles. Todos estavam, de alguma forma,
ligados a São Paulo e a Minas Gerais.

Charge de Storni, 1927. (Fundação Biblioteca Nacional, Rio de A SUCESSÃO OLIGÁRQUICA (1894-1930)
Janeiro)
Prudente de Morais (1894-1898)
A denominação de coronel veio do Império, Seu governo foi marcado pela forte oposição dos
quando os grandes proprietários recebiam esse florianistas. Adotou uma postura de incentivar a expansão
título da Guarda Nacional. industrial, mediante a adoção de taxas alfandegárias que
dificultavam a entrada de produtos estrangeiros. Esta
política não agradou a oligarquia cafeeira, reclamando
A "política dos governadores" incentivos somente para o setor rural.
O principal acontecimento de seu governo foi a
Durante a Velha República, também chamada de eclosão da Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, no
Primeira República ou do Café com Leite, prevaleceu um interior da Bahia. As causas deste movimento são
esquema de poder que ficou conhecido como "política encontradas no latifúndio de caráter monocultor voltado
dos governadores", montado por Campos Salles, eleito em para atender os interesses do mercado externo. O
1898: o presidente da República apoiava os candidatos predomínio do latifúndio acentua a miséria da população
indicados pelos governadores nas eleições estaduais e sertaneja e a fome.
estes davam suporte ao indicado pelo presidente nas O movimento de Canudos possui um cunho
eleições presidenciais. religioso (messianismo). Antônio Conselheiro, pregando a
Significava que o coronel mais poderoso do Estado, salvação da alma, fundou o arraial de Canudos, às margens
ou seja, aquele, que tinha o apoio de um maior número de do rio Vaza-Barris. Canudos possuirá uma população de,
coronéis, era “eleito” seu presidente. Esse chefe político, aproximadamente, 20 mil habitantes. Dedicavam-se às
uma vez no poder, colocava membros de sua família e pequenas plantações e criação de animais para a
amigos nos principais cargos do governo, para controlar subsistência.
toda a máquina administrativa do Estado. Deputados, O arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica,
senadores, vereadores, professores, chefes militares, da que perdia fiéis; nem aos latifundiários, que perdiam mão
saúde pública, dos correios e de outras repartições eram de obra. Sob a acusação do movimento ser monarquista, o
sempre parentes ou pessoas intimamente ligadas ao governo federal iniciou uma intensa campanha militar.
presidente do Estado. E, por sua vez, o presidente da A Guerra de Canudos é objeto de análise de Euclides
República para se eleger e continuar no poder precisava da Cunha, em sua obra "Os Sertões".
ter o apoio da maioria dos coronéis e dos presidentes dos
Estados. Em troca desse apoio os coronéis recebiam Campos Sales (1898-1902)
dinheiro do governo federal, para realizar obras nos seus O sucessor de Prudente de Morais recuperou a
domínios. situação financeira do Brasil, abalada pelas revoltas e pelas
O plano dependia da ação dos coronéis, grandes crises econômicas ocorridas nos governos anteriores. Para
proprietários de terras cujo título derivava de sua restabelecer o crédito brasileiro no exterior, Campos Sales
participação na Guarda Nacional (instituição que, durante negociou com banqueiros de outros países um acordo
o Império, assegurava a ordem interna). Eles controlavam denominado funding loan. Por esse acordo, o Brasil deixaria
o eleitorado regional, faziam a propaganda dos candidatos durante um determinado período de pagar juros dos
oficiais, fiscalizavam o voto não secreto dos eleitores e a empréstimos anteriores e faria um novo empréstimo. O
apuração. governo dava como garantia as rendas das alfândegas de
O governo central também controlava a Comissão de alguns portos, da Central do Brasil e do abastecimento de
Verificação de Poderes do Congresso, que era responsável pelos água do Rio de Janeiro. O principal auxiliar do presidente

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HISTÓRIA

foi o ministro da fazenda, Joaquim Murtinho, que tomou Nilo Peçanha.


uma série de medidas para restaurar as abaladas finanças Na disputa pela sucessão, paulistas e mineiros
do país. desentenderam-se, abrindo espaço para outras
Para garantir o apoio do Congresso à sua política candidaturas: marechal Hermes da Fonseca, do Rio
financeira, Campos Sales colocou em prática a política dos Grande do Sul, apoiado por Minas Gerais; e Rui Barbosa,
governadores, que caracterizava toda a vida política do apoiado por São Paulo e Bahia. Os partidários de Rui
país até a Revolução de 30. procuraram atacar o adversário, criticando sua condição
Como já dissemos, a política dos governadores militar; daí a campanha ser conhecida como civilista.
consistia basicamente num acordo entre o presidente da Apesar do apoio do poderoso PRP (Partido Republicano
República e os governadores dos Estados, visando Paulista) e do programa de reformas apresentado por Rui
fortalecer ambas as partes. Seriam admitidos no poder Barbosa, os civilistas perderam as eleições para o Marechal
Legislativo federal apenas os deputados que Hermes.
representassem a situação em seus respectivos Estados.
Após as eleições, a Comissão Verificadora de Poderes, Hermes da Fonseca (1910-1914)
controlada pelo Executivo federal, "diplomava" ou Este foi um dos mais convulsionados períodos da
"degolava" os candidatos eleitos, conforme fossem ou não República. O presidente pôs em prática a política das
partidários do governo de seu Estado. Em troca, a salvações, que consistia em intervir nos Estados onde o
Câmara dos Deputados eleita e "diplomada" daria todo o governo não tinha o apoio das oligarquias locais. Houve
apoio às iniciativas do governo federal. intervenções em todo o Nordeste, provocando violentas
Através desse sistema, as oligarquias estaduais disputas como as que aconteceram no Ceará.
mantiveram-se no poder durante décadas e, ao mesmo Durante o mandato de Hermes da Fonseca,
tempo, ficou assegurado o predomínio político de São ocorreram a Revolta da Chibata, a Questão do Contestado
Paulo e Minas Gerais, os dois Estados economicamente e a Sedição do Juazeiro.
mais fortes e com maior representação no Congresso.
Venceslau Brás (1914-1918)
Rodrigues Alves (1902-1906) Seu mandato coincidiu com a Primeira Guerra
No governo de Rodrigues Alves, a cidade do Rio de Mundial, da qual o Brasil participou, lutando contra a
Janeiro foi saneada graças ao cientista Osvaldo Cruz, que Alemanha. Em seu governo foi promulgado o Código
conseguiu eliminar o flagelo da febre amarela. A capital Civil Brasileiro. A gripe espanhola, terrível epidemia que
brasileira foi também modernizada pelos trabalhos surgiu na Europa em consequência da guerra, fez milhares
realizados na administração do prefeito Francisco Pereira de vítimas no Brasil.
Passos, que alargou as ruas e construiu a Avenida Central, Nesse governo foi resolvida a questão de limites
atual Avenida Rio Branco. O Acre foi incorporado ao entre Paraná e Santa Catarina. Os governos dos dois
Brasil pelo Tratado de Petrópolis, e a cafeicultura iniciou Estados entraram em acordo sobre a região do
uma fase de apogeu favorecida pelas determinações do Contestado e dividiram entre si as terras em disputa.
Convênio de Taubaté.
Nessa época ocorreu ainda a Revolta da Escola Rodrigues Alves - Delfim Moreira (1918-1919)
Militar. O fator principal desse movimento foi a O eleito em 1918 fora Rodrigues Alves que faleceu
obrigatoriedade de vacinação contra a varíola, decretada (gripe espanhola) sem tomar posse. Seu vice-presidente,
pelo governo federal, o que já causara revoltas e motins de Delfim Moreira, de acordo com o artigo 42 da
rua no Rio de Janeiro (Esses motins e revoltas são Constituição Federal, marcou novas eleições. O vencedor
designados pelo nome de Revolta da Vacina). O do novo pleito foi Epitácio Pessoa.
presidente resistiu às pressões dos militares rebeldes, que
pretendiam obrigá-lo a abandonar o Palácio do Catete. Epitácio Pessoa (1919-1922)
Depois de alguns conflitos os revoltosos foram vencidos O governo de Epitácio Pessoa realizou obras para
pelas forças do governo. combater as secas do Nordeste, fez reformas no Exército
e promoveu a construção de ferrovias.
Afonso Pena (1906-1909) Nessa época cresceram as insatisfações contra a
Embora abalada por crise políticas, a administração política dos "grandes Estados". A contestação ao sistema
de Afonso Pena fez melhorias na rede ferroviária, como a do café com leite evidenciou-se durante a campanha de
ligação de São Paulo a Mato Grosso, modernizou as sucessão presidencial. São Paulo e Minas Gerais indicaram
Forças Armadas, estimulou o desenvolvimento da a candidatura de Artur Bernardes. A oposição articulou a
economia do país e incentivou a imigração. O presidente Reação Republicana, movimento organizado pelos chefes
faleceu antes de completar o mandato e foi substituído políticos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e
pelo vice Nilo Peçanha. Pernambuco, que lançaram a candidatura de Nilo Peçanha
para a Presidência. Hermes da Fonseca e parte da jovem
Nilo Peçanha (1909-1910) oficialidade do Exército apoiaram sem sucesso a Reação
Durante seu governo foi criado o Serviço de Proteção Republicana, pois Artur Bernardes venceu as eleições.
dos Índios (SPI), substituído mais tarde (em 1967) pela Em 5 de julho de 1922, ocorreu a Revolta do Forte
Fundação Nacional do Índio (Funai). Outra medida de Copacabana, contra a posse do sucessor de Epitácio
importante foi o saneamento da baixada fluminense. Pessoa.
A campanha eleitoral entre os civilistas, que A revolta foi prontamente sufocada pelas forças do
apoiavam Rui Barbosa, e os hermistas, partidários de governo, que massacraram parte dos jovens oficiais. Estes,
Hermes da Fonseca, tumultuou a fase final do governo de em número dezoito, saíram do forte e avançaram, de

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HISTÓRIA

armas nas mãos, contra as tropas enviadas para combatê- Getúlio Vargas para presidente e João Pessoa para vice-
los. Do episódio dos Dezoito do Forte, como ficou presidente. Esta chapa contava com o apoio das
conhecido o levante, participou o tenente Eduardo oligarquias do Rio Grande do Sul, Paraíba e de Minas
Gomes, que mais tarde se tornaria uma das figuras de Gerais, além do Partido Democrático, formado por
maior destaque nas Forças Armadas e na política dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP).
brasileira. O programa da Aliança Liberal vai de encontro aos
interesses das classes dominantes marginalizadas pelo
Artur Bernardes (1922-1926) setor cafeeiro e, aumentando sua base de apoio, defendia a
Artur Bernardes governou todo o período em estado regulamentação das leis trabalhistas, a instituição do voto
de sítio. Seu mandato foi marcado por revoltas como a de secreto e do voto feminino. Reivindicava a expansão da
1923, no Rio Grande do Sul, e a de 1924, em São Paulo. industrialização e uma maior centralização política. De
No Rio Grande do Sul, o político Borges de quebra, propunha a anistia aos tenentes condenados,
Medeiros havia sido reeleito governador do Estado pela sensibilizando o setor militar.
quinta vez. Inconformados, seus opositores recorreram às Porém, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, o
armas para impedir sua posse. A revolta gaúcha contra o candidato da situação, Júlio Prestes, venceu as eleições. A
governo do Estado foi pacificada graças ao ministro da vitória do candidato situacionista provocou insatisfação
Guerra, Setembrino de Carvalho, que promoveu o das oligarquias marginalizadas, dos tenentes e da camada
chamado Acordo de Pedras Altas. Esse acordo garantiu o média urbana. Alguns tenentes, como Juarez Távora e
cumprimento do mandato de Borges de Medeiros, mas João Alberto, iniciaram uma conspiração para evitar a
introduziu modificações na Constituição estadual, que posse de Júlio Prestes. Temendo que a conspiração
impediam sua reeleição e diminuíam o poder dos coronéis pudesse contar com a participação popular, os líderes
locais. oligárquicos tomaram o comando do processo.
Em São Paulo, sob a chefia do governo reformado "Façamos a revolução antes que o povo a faça", esta
Isidoro Dias Lopes, os revoltosos contra o governo de fala de Antônio Carlos Andrade, governador de Minas,
Bernardes dominaram a cidade por 23 dias. Pretendiam a sintetiza tudo.
deposição do presidente. O governador do Estado, Carlos O estopim do movimento foi o assassinato de João
de Campos, foi obrigado a fugir. As tropas federais Pessoa. Em 03 de outubro, sob o comando de Góes
conseguiram vencer os revolucionários, obrigando-os a se Monteiro eclode a revolta no Rio Grande do Sul; em 04
retirarem em direção a Mato Grosso. de outubro foi a vez de Juarez Távora iniciar a rebelião na
Nas barrancas do rio Paraná, os revolucionários Paraíba.
paulistas encontraram-se com oficiais rebeldes do Rio Por fim. Em 24 de outubro de 1930, temendo-se
Grande do Sul, formando a Coluna Prestes. Sob o uma guerra civil, o alto comando das Forças Armadas no
comando de Luís Carlos Prestes, a tropa revolucionária - Rio de Janeiro desencadeou o golpe, depondo
que pretendia derrubar as oligarquias - percorreu mais de Washington Luís, impedindo a posse de Júlio Prestes e
20.000 quilômetros pelo interior do Brasil. Sempre formando uma junta pacificadora, composta pelos
perseguida pelas tropas do governo, a Coluna Prestes generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante
acabou se refugiando na Bolívia, em 1927, e se dispersou. Isaías Noronha. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas
era empossado, de forma provisória, como presidente da
Washington Luís (1926-1930) República
Governo marcado pela eclosão da Revolução de
1930. Primeiras Rebeliões no Brasil Republicano
No ano de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque As rebeliões no início da República foram um
quebrou, causando sérios efeitos para a economia protesto trágico contra a opressão e a miséria, mas um
mundial. A economia norte-americana fica arruinada, com protesto sem projetos claros e definidos. Quase sempre,
pesadas quedas na produção, além da ampliação do as aspirações dos rebeldes primitivos se mesclavam à
desemprego. A crise econômica nos EUA fez-se sentir em profunda religiosidade, sem orientação política consciente.
todo o mundo. Daí a razão do seu isolamento e, consequentemente, do
Os efeitos da crise de 1929, para o Brasil, fizeram-se seu fracasso ante as forças repressivas dos poderes
sentir com a queda brutal nos preços do café. Os constituídos.
fazendeiros de café pediram auxílio ao governo federal, O banditismo social era diferente do banditismo
que rejeitou, alegando que a queda nos preços do café comum por sua origem. O bandido social era, geralmente,
seria compensada pelo aumento no volume das uma resposta às injustiças e perseguições que sofria.
exportações, o que, aliás, não ocorreu. Muitas vezes, eram figuras que tinham a admiração por
No plano interno, em 1930, ocorriam eleições parte da comunidade, que, não raro, engrandecia seus
presidenciais. Washington Luís indicou um candidato feitos de coragem e valentia. Entretanto, o bandido social,
paulista - Júlio Prestes, rompendo o pacto estabelecido na ao contrário do revolucionário, não tinha intenções diretas
política do café com leite. Os mineiros não aceitaram em mudar o sistema social, mas sim resistia ao que
(Washington Luís representava os paulistas e, seguindo a considerava injusto em suas vivências no meio social
regra, o próximo presidente deveria ser um mineiro, aliás vigente.
o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de
Andrada). O rompimento da política do café com leite vai O CANGAÇO
fortalecer a oposição, organizada na chamada Aliança O cangaço existiu no Nordeste durante cerca de
Liberal. setenta anos: de 1870 a 1940. Surgiu da própria situação
A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, tendo difícil vivida pela população nordestina. Como vimos, o

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HISTÓRIA

proprietário rural – o coronel – era o dono da situação,


mandava em tudo e em todos. Acontecia que, muitas
vezes, esses chefes políticos brigavam entre si, disputando
o domínio sobre um município ou uma região. Cidades
inteiras e milhares de pessoas passavam anos envolvidas
nas lutas dos coronéis e de suas famílias.

Para essas lutas, os coronéis formavam bandos de


jagunços. Mas, além dos jagunços, havia também o
“cabra” ou cangaceiro manso, um morador comum que,
para poder trabalhar na terra, se comprometia a defender
sempre o coronel. A palavra “cangaço” vem de “canga”,
peça de madeira que prende os bois ao carro ou ao arado.
Portanto, por extensão, ela significa a submissão do
cangaceiro ao coronel. Nas últimas décadas do século XIX
a situação do Nordeste se modificou. Aumentou a
produção de algodão, a terra ficou mais cara e a vida ficou O lendário cangaceiro Lampião posa para foto segurando uma
mais difícil para os pobres do sertão. Foi a época em que edição d’O Globo, 1936. (Benjamin Abrahão/Acervo Abafilm).
surgiram bandos de cangaceiros independentes, livres do
controle dos coronéis, que passaram a agir em vários Em junho de 1938, depois de muito torturado, o
Estados Nordestinos. comerciante Pedro Cândido revelou à polícia o
esconderijo de Lampião. Atacado de surpresa, o pequeno
No começo, esses bandos surgiram para assaltar, para bando de onze cangaceiros foi massacrado pela polícia:
conseguir alimentos e, também, para lutar contra as Lampião, Maria Bonita – a mulher de Lampião – Enedina,
injustiças de algum coronel. Os bandos mais famosos Luís Pedro, Caixa de Fósforos, Elétrico, Mergulhão,
surgiram durante a grande seca de 1877-79, quando Sexta-feira, Diferente, Cajarana e Desconhecido. Suas
morreram de fome mais de 300.000 nordestinos – 60.000 cabeças foram cortadas, colocadas em latas com
deles no Ceará, que tinha 800.000 habitantes – e mais de querosene e sal grosso, levadas para Maceió e depois para
600.000 cabeças de gado. Salvador, onde foram enterradas anos mais tarde.
Em julho de 1940, Corisco, o Diabo Loiro, herdeiro
Os bandos de cangaceiros eram conhecidos pelos e vingador de Lampião, preferiu a morte a entregar-se à
nomes dos seus chefes. O primeiro foi João Calangro. polícia. Depois da morte de Lampião, em 1938, nenhum
Depois veio Jesuíno Brilhante. Em seguida, na passagem outro bando veio ocupar o seu lugar. Com o fim da
do século, surgiu Antônio Silvino, o Governo do Sertão. República Velha em 1930, encerrava-se também a era do
Tanto Antônio Silvino quanto outros chefes do cangaço cangaço. Mas a principal causa que lhe deu origem
costumavam distribuir parte do que saqueavam aos continuou: a concentração da terra nas mãos de poucos
pobres. Por isso, embora perseguidos pela polícia, os latifundiários, provocando a miséria e a fome de milhões
cangaceiros, muitas vezes, eram protegidos e escondidos de brasileiros.
pela população. Alguns coronéis, os “coiteiros”,
protegiam os cangaceiros, tanto para evitar ataques às suas Messianismo
propriedades quanto para receber ajuda deles quando Os chamados movimentos messiânicos são aqueles
precisassem. liderados por pessoas que representam para a sua
comunidade um líder espiritual, praticamente um
O principal bando de cangaceiros foi chefiado por "Messias", e a partir de suas pregações religiosas passa a
Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, o arregimentar muitos fiéis, criando uma forma de
Rei do Cangaço. Virgulino nasceu por volta de 1900, em organização popular, divergindo das regras tradicionais e,
Serra Talhada, sertão de Pernambuco. Pertencia a urna por isso, é vista como uma ameaça à ordem constituída.
família de lavradores e pequenos criadores. Sua família Exemplos disso foram os movimentos da Guerra do
estava em conflito com outra, a de um coronel. Por causa Contestado e a Guerra de Canudos.
disso, em 1919, seu pai foi morto pela política. Virgulino
falou, então, aos dois irmãos mais velhos: “Perdemos A Guerra de Canudos. Governo Prudente de Morais
tudo, não perdemos? Agora, é matar até morrer”. E partiu (1894-1898):
com eles para o cangaço, percorrendo os Estados
nordestinos, fazendo justiça com as próprias mãos e
enfrentando as “volantes”, nome que recebiam as equipes
de policiais que perseguiam os cangaceiros.

Em 1937, Corisco, o Diabo Loiro – que era o


principal lugar-tenente de Lampião – desentendeu-se com
o chefe e resolveu separar-se do grupo, levando com ele
sua gente; isso provocou a divisão do bando em dois
grupos menores.
Fonte:http://www.efec
ade.com.br/antonio-conselheiro-e-a-guerra-dos-canudos-2/

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HISTÓRIA

equipados com as mais modernas armas do tempo.


Um dos maiores movimentos messiânicos no Canudos resistiu até 5 de outubro desse ano, quando foi
Brasil foi Canudos, tendo como destaque o beato Antônio arrasado e seus habitantes foram dizimados pelas tropas.
Vicente Mendes Maciel – o célebre Antônio Antônio Conselheiro morre em 22 de outubro de
Conselheiro, que apareceu no sertão nordestino por volta 1897, vítima de ferimentos causados por uma granada.
de 1870. Canudos é destruída totalmente; sua população, dizimada.
A figura do beato era comum no sertão A cabeça de Antônio Conselheiro é cortada e levada até a
nordestino. Iniciou-se com as atividades do padre José faculdade de Salvador, para que a ciência estudasse os
Maria Ibiapina, que procurou fazer as relações entre a traços raciais que, segundo se acreditava na época,
Igreja, o clero e seus fiéis. Seu principal feito foram as predispunha-o para a demência, o crime e o fanatismo.
várias casas de caridade, mistura de orfanato e escola, as
quais aumentaram em número a partir da segunda metade A Guerra do Contestado
do século XIX. Essas casas de caridade eram Não foi só no Nordeste que os problemas
administradas por ordens leigas, não reconhecidas pela relacionados a terra e ao domínio dos coronéis
Igreja, mas toleradas por ela. E foi por causa dessas casas provocaram revoltas populares. No Sul do País, cerca de
que se multiplicaram as ordens de beatos, expressão 20.000 camponeses envolveram-se numa guerra de mais
concreta da intensificação da religiosidade no sertão de três anos, de 1912 a 1916, contra os coronéis e as
nordestino. tropas do governo. Foi a chamada Guerra do Contestado,
que recebeu esse nome porque aconteceu numa região
Formação de Canudos contestada por dois Estados: tanto o Paraná quanto Santa
Foi neste contexto que Antônio Conselheiro Catarina defendiam a possa daquelas terras.
começou a se destacar, o que lhe causou uma perseguição
por parte da Igreja, visto que ele não fazia parte Região do Contestado
oficialmente do clero. O número de seguidores do beato Desde o momento de seu povoamento, no século
era significativo no período logo após a Proclamação da XVIII, o Contestado era uma região violenta. Em
República, então ele se estabeleceu no sertão baiano, na primeiro lugar, devido à luta contra os índios;
localidade denominada Arraial de Canudos, às margens do posteriormente, por causa das lutas entre famílias pela
rio Vaza-Barris. disputa de terras.
Um grupo social composto de beatos se forma na A revolta dos camponeses teve duas causas principais:
localidade, rompendo com o mundo político republicano a primeira é que as fazendas dos coronéis eram muito
que os envolvia, organizando-se como uma comunidade grandes e os camponeses não tinham suas próprias terras
que pretendia crescer de forma autônoma partindo da sua para trabalhar; a segunda, também ligada à questão da
própria organização sem a intervenção do Estado. O terra, tem a ver principalmente com a construção da
projeto era construir uma cidade santa de nome Belo estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul, passando
Monte. pela região do Contestado.
Canudos aos poucos foi se transformando em um
núcleo organizado, tornou-se um grupo relativamente Conflito
próspero, inclusive comercializando os produtos A companhia construtora da estrada pertencia a um
cultivados por seus moradores nas cidades próximas. empresário norte-americano que era acusado de ter
Entretanto, os grandes fazendeiros da região se subornado pessoas do governo para contratar sua
incomodaram com o crescimento de Canudos, iniciando empresa. Com o apoio dos coronéis, essa companhia
articulações para a sua dispersão, com o apoio da Igreja. conseguiu, também do governo, a propriedade de uma
As denúncias contra Canudos se multiplicaram, acusando faixa de terra de trinta quilômetros, quinze de cada lado da
o Conselheiro de conspirar contra a República, estrada, provocando a expulsão da população que ali vivia.
argumento, aliás, amplamente utilizado como pretexto às Além disso, cerca de 8.000 trabalhadores da estrada de
repressões que então foram desencadeadas. Mas na ferro, que tinham vindo dos grandes centros do País e
realidade, o que não agradava os grandes proprietários era eram mantidos sob rígido controle, ficaram na região, sem
a autonomia vivenciada pelos pobres; os latifundiários ter o que fazer, quando terminou a construção. Para
necessitavam de mão de obra abundante e barata. agravar ainda mais o problema, um grupo ligado à
Enquanto isso a Igreja também pretendia manter sob seu companhia construtora da estrada comprou 180.000
controle a massa de cristãos, e não as deixar ao comando hectares de terra na região, expulsando seus habitantes e
do beato Antônio Conselheiro. implantando a maior empresa madeireira da América
Latina, que só produzia para exportar. Por tudo isso, a
Governo contra Canudos revolta era grande.
Com resistência, Canudos teve seu primeiro confronto Havia na região muitos monges, beatos, profetas
com as forças do Estado em 1896, no governo de populares que pregavam a religião e eram seguidos pela
Prudente de Morais, que foi obrigado a autorizar o população. O principal desses foi o monge José Maria. Ele
aumento dos esforços para combater os vistos rebeldes. era contra a República, por considerar regida pela “lei do
Devido às seguidas derrotas que as forças oficiais diabo”, causadora de todos os males e sofrimentos pelos
sofreram, a Guerra de Canudos começou a ocupar as quais o povo estava passando. Era a favor de um novo
páginas dos noticiários, tornando-a nacionalmente mundo, o “Reino Milenarista”, em que vigoraria a lei de
conhecida. No ano de 1897, em abril, finalmente se Deus, todos teriam terra para plantar e haveria paz,
organizou a quarta expedição, sob o comando do general prosperidade e justiça.
Artur de Andrada Guimarães, formada por 8 mil soldados

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HISTÓRIA

No final do século XIX, celebrizou-se o monge João Diziam mais: seria uma falta de respeito obrigar as
Maria, que, depois de sua morte, se tornou figura lendária mulheres a serem vacinadas. O povo não foi esclarecido e
entre os sertanejos. todo mundo era vacinado, mesmo a força. Os vacinadores
Por volta de 1912, ocupou o seu lugar José Maria, passaram a ser agredidos pela população e o Rio de
que se dizia seu irmão. Rapidamente passou a liderar um Janeiro transformou-se num campo de batalha.
grupo de fiéis que se reunia num bairro rural do município A falta de esclarecimento foi a base para a revolta,
de Curitibanos, em Santa Catarina. Porém, sob pressão do principalmente por se tornar obrigatória a vacinação.
prefeito da cidade, os fiéis foram obrigados a se transferir Policiais acompanhavam os agentes de saúde para
para a região do município de Palmas, onde ocorreram as vacinarem as pessoas a força nas suas casas. Surge a Liga
disputas entre catarinenses e paranaenses. Novamente os Contra a Vacina Obrigatória, liderada pelo senador Lauro
fiéis foram dispersos pelas autoridades e, dessa vez, José Sodré, que pretendia se promover politicamente. A
Maria foi morto. organização tomou proporções populares de revolta
contra a obrigatoriedade da vacinação que, após uma
semana de motim, foi cancelada. Muitos mortos e feridos
foram consequências da repressão policial aos revoltados.
O centro da cidade foi, entretanto, reorganizado para a
elite, restando aos podres as periferias.
Nos dias 12, 13, 14 e 15 de novembro de 1904, as ruas
da cidade do Rio de Janeiro foram tomadas pelo povo. A
população apedrejou e saqueou casas comerciais,
espancou policiais e outras autoridades, invadiu quartéis,
construiu barricadas, incendiou bondes. Os líderes dessa
revolta foram homens do povo, como “Pata Preta”, “João
Capoeira”, “Beiço de Prata”, “Manduca” etc.

O Contestado. Foto: Claro Jansson

Foram mais de três anos de duros combates. De um


lado o Exército, a polícia estadual e os coronéis
latifundiários, bem armados e utilizando até pequenos
aviões de reconhecimento. Do outro lado, camponeses
miseráveis, armados de facões, foices e enxadas. E
milhares deles, incluindo crianças, mulheres e velhos,
perderam a única coisa que tinham: a vida. Mais uma vez
o governo da República colocou-se contra o povo e ao
lado dos coronéis e latifundiários. Charge da Vacina Obrigatória, publicada na Revista da
Semana em 2 de outubro de 1904.
A revolta contra a vacina obrigatória
Em 15 de novembro de 1902, assumia a presidência Mas por trás da revolta popular contra a vacina
Rodrigues Alves com seu projeto de saneamento e obrigatória estava a insatisfação contra problemas bem
melhoramento do porto do Rio de Janeiro. Seus auxiliares mais sérios que a população enfrentava: a falta de
foram o médico Oswaldo Cruz, para o saneamento, e o emprego, a fome, a falta de democracia (as eleições eram
engenheiro Francisco Pereira Passos, indicado para a fraudadas), a demolição dos cortiços do centro do Rio –
prefeitura do Distrito Federal (Rio de Janeiro). desabrigando milhares de pessoas pobres – para
A ideia do governo era transformar o Rio de Janeiro embelezar a cidade etc. A polícia não perdeu tempo.
num cartão-postal do País. Para isso, deveriam combater Milhares de pessoas foram presas, centenas foram
as doenças provocadas pela falta de higiene e pelo desterradas para o Acre e os imigrantes que se envolveram
contágio com estrangeiros. A política da imigração e nessas revoltas foram expulsos do Brasil.
entrada aos capitais estrangeiros foi prejudicada.
Com a reurbanização da cidade, as camadas populares A Revolta da Chibata
foram afastadas para a periferia. Habitações coletivas A Revolta da Chibata também aconteceu no Rio de
foram demolidas, dando lugar a construções voltadas para Janeiro, que na época era a capital do País. Foi uma
a burguesia. A separação social foi consolidada revolta dos marinheiros contra os castigos físicos a que
geograficamente. eram submetidos. Esses castigos tinham sido abolidos na
O jovem médico Oswaldo Cruz, ao assumir a direção Marinha um dia depois da Proclamação da República. Mas
da Saúde Pública do Rio de Janeiro, durante o governo de foram estabelecidos novamente um ano depois: “Para as
Rodrigues Alves, fez um juramento: acabar com a febre faltas leves, prisão e ferro na solitária, a pão e água; faltas
amarela. Para isso, mandou matar os mosquitos, que eram leves repetidas, idem por seis dias; faltas graves, 25
os transmissores da doença. Mas o povo achava que os chibatadas”.
mosquitos nada tinham a ver com a febre amarela e não
deixava os mata-mosquitos entrarem nas casas. Com a Causas da revolta
varíola, a situação ficou mais grave. O governo decretou a Em 22 de novembro, a revolta estoura, quando o
vacina obrigatória, mas seus adversários políticos diziam marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250
que não se podia obrigar ninguém a tomar a vacina. chibatadas por ter ferido um colega da Marinha, dentro do

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HISTÓRIA

encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra estava indo As revoltas tenentistas


para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na Os próprios militares, principalmente a oficialidade –
presença dos outros marinheiros, desencadeou a cadetes, tenentes e capitães – não estavam contentes com
revolta. O motim se agravou e os revoltosos chegaram a o governo. Não suportavam mais a situação humilhante
matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na de defender pelas armas um governo que fraudava as
Baía da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio eleições.
dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O clima ficou A primeira revolta tenentista ocorreu no dia 5 de
tenso e perigoso. julho de 1922, no Rio de Janeiro. Os oficiais que serviam
Na noite do mesmo dia, os marinheiros – liderados na Escola Militar e no Forte de Copacabana pegaram em
pelo marinheiro João Cândido, que passou a ser armas para derrubar o governo. Foram cercados e
conhecido como Almirante Negro – apoderaram-se dos obrigados a entregar-se. Porém, dezessete oficiais
mais importantes navios da Marinha: os encouraçados deixaram o Forte, recebendo a adesão de um civil, Otávio
Minas Gerais e São Paulo. Expulsaram os oficiais, matando Correia, com a decisão de resistirem até a morte.
os que resistiram ao movimento. Os revoltosos exigiram o Caminharam então pela praia de Copacabana contra as
fim dos castigos corporais, melhora da alimentação e tropas do governo. As forças governamentais iniciaram
anistia para os rebeldes. Ameaçaram bombardear a cidade seus disparos, respondidos pelos revoltosos. Dos dezoito,
se não fossem atendidos. apenas dois conseguiram sobreviver: os tenentes Siqueira
Campos e Eduardo Gomes. Por isso, esse episódio ficou
conhecido como “Os dezoito do Forte de Copacabana”.

Os 18 do Forte de Copacabana, em destaque, de chapéu e terno,


Ao lado de um dos marinheiros, João Cândido lê o manifesto da o civil Otávio Correia
Revolta: fim dos castigos corporais (foto: Agência Estado)
A segunda revolta tenentista aconteceu em São
Quatro dias depois, o presidente da República, Paulo, no dia 5 de julho de 1924. Os revoltosos,
marechal Hermes da Fonseca, aboliu os castigos e comandados pelo general Isidoro Dias Lopes, ocuparam a
concedeu anistia aos marinheiros que se entregassem. cidade durante 23 dias. Mas seus quartéis foram
Estes depuseram as armas e entregaram os navios. Dois bombardeados pelas tropas legalistas e os revoltosos
dias depois, o marechal Hermes mostrou o verdadeiro retiraram-se para Foz do Iguaçu, no Paraná, onde se
valor de sua anistia: os marinheiros que haviam se uniram a um grupo de oficiais vindos do Sul, que ficou
revoltado foram expulsos da Marinha. No início de conhecido como Coluna Prestes.
dezembro centenas deles foram presos. A Coluna Prestes foi a terceira revolta tenentista.
Mas não acabaria aí a punição do governo àqueles Tratava-se de uma coluna guerrilheira que partiu de
que defendiam um tratamento mais humano para os Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1924, liderada pelo
marinheiros. Vinte e cinco deles pagaram com a própria então capitão Luís Carlos Prestes. Com um núcleo fixo de
vida: dezesseis morreram de sede, calor e sufocamento na cerca de trezentos militares, mas chegando a ter mais de
cela subterrânea do presídio da Ilha das Cobras, sede dos 1.500 homens, a Coluna percorreu cerca de 25.000
fuzileiros navais; nove foram fuzilados durante a viagem quilômetros do território brasileiro, durante dois anos e
de 69 dias para a Amazônia, para onde estavam sendo meio, procurando conhecer o Brasil, lutando e incitando o
desterrados 105 dos revoltosos, acompanhado de cerca de povo a lutar contra as tropas do governo. Foram mais de
duzentos trabalhadores considerados desordeiros, com cem combates, sem que nenhum dos lados saísse
vagabundos e, ainda, com 44 mulheres consideradas vencedor. No final, a Coluna retirou-se para a Bolívia, o
prostitutas, todos a bordo do navio Satélite. Paraguai e a Argentina, onde alguns dos seus membros
ficaram exilados.
João Cândido conseguiu sobreviver à Ilha das Nessa marcha pelo Brasil, os tenentes viram que a
Cobras e foi internado em abril de 1911, como louco e miséria do povo brasileiro era maior do que pensavam.
indigente, no Hospital Nacional de Alienados. Na ocasião, Viram também a exploração do povo pelos coronéis
disse: “Neste mundo nem todas as promessas se latifundiários, e firmaram sua convicção de que era preciso
cumprem. Acreditei na palavra do marechal Hermes da mudar as coisas, substituir o governo. Por isso, apoiaram a
Fonseca e estou preso nesta desgraça!”. Revolução de 1930. Mas Luís Carlos Prestes achava que a
Todos foram absolvidos em 1912 e João Cândido simples mudança do governo – a saída dos fazendeiros de
morreu em 1969. São Paulo e Minas para a entrada de outros – não resolvia

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HISTÓRIA

o problema do povo, que precisava de terra, de trabalho,


de educação e saúde. Assim, Prestes não apoiou a
Revolução de 1930. Mais tarde ingressou no Partido
Comunista, do qual foi secretário-geral de 1943 a 1980.

MOVIMENTO OPERÁRIO

No início do XX, o ambiente das fábricas era


insalubre, mal iluminado e sem ventilação adequada; os
operários trabalhavam de 14 a 16 horas por dia para
receber salários que não acompanhavam o aumento do
custo de vida; além disso, não havia direitos a férias, nem
à aposentadoria. Em 1920, em São Paulo, 51% dos
operários eram estrangeiros, enquanto no Rio de Janeiro
Greve Geral 1917
estes somavam 35%; a maioria formada por imigrantes
italianos, portugueses e espanhóis. Apesar das frequentes
O movimento grevista se alastrou para o Rio de
rivalidades entre brasileiros e estrangeiros, assistiu-se na
Janeiro, Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
República Velha à formação de um movimento operário
Em São Paulo, os patrões concordaram em
combativo e atuante.
aumentar os salários em 20% e prometeram não dispensar
nenhum grevista, respeitar o direito de reunião, libertar os
Ideologias
grevistas presos e fazer esforços, em conjunto com o
As doutrinas que tinham maior penetração no
governo, para melhorar as condições de vida dos
movimento operário eram o Socialismo e o Anarquismo.
trabalhadores. Diante dessas promessas, o operariado
Os socialistas fundaram vários partidos políticos, como o
paulista voltou ao trabalho. Terminada a greve, porém, os
Partido Operário, criado em 1890, na cidade do Rio de
empresários passaram a perseguir e a demitir os principais
Janeiro. Eles lutavam por reformas, como a jornada de
líderes do movimento.
oito horas, e desejavam conquistá-las, sobretudo, por via
Nos anos seguintes à greve geral de 1917, as lutas
democrática. Já o Anarquismo era predominante em São
operárias por melhores condições de vida e de trabalho
Paulo. Contrários à existência do Estado, os anarquistas se
prosseguiram. Em março de 1922, um grupo composto
negavam a participar das eleições; defendiam a conquista
por líderes operários e intelectuais fundou o Partido
do poder pelos operários por meio da grave geral
Comunista do Brasil (PCB). Os comunistas, ao contrário
revolucionária.
dos anarquistas e socialistas, possuíam uma organização
centralizada e nacional, que defendia um governo do
A greve de 1917
proletariado e a coletivização das terras e das fábricas.
Em 1917, os operários de São Paulo realizaram a
Diferentemente dos anarquistas, os comunistas
maior greve ocorrida na Primeira República. O
participavam do processo eleitoral, pois julgavam que esse
movimento se iniciou com a paralisação de algumas
era um meio legítimo de atuação para a transformação
fábricas e logo se alastrou. Em uma das manifestações dos
social.
trabalhadores – às portas de uma fábrica de tecidos do
Poucos meses após sua fundação, o PCB foi
grupo Matarazzo –, a polícia abriu fogo contra os
colocado na ilegalidade pelo governo republicano. Apesar
manifestantes, baleando o trabalhador anarquista
disso, continuou a atuar de forma clandestina nos
Francisco Martinez, que morreu no dia seguinte.
sindicatos e na imprensa. De sua parte, os jornais do
O enterro do jovem operário foi o estopim de uma
patronato passaram a rotular todas as greves como ações
greve geral em São Paulo e enfrentamentos entre
comunistas orientadas por Moscou, capital da então União
trabalhadores e policiais. Para voltar ao trabalho, os
Soviética.
trabalhadores exigiam:
As autoridades da República Velha, por sua vez,
 jornada de oito horas e aumentos salariais; consideravam o movimento operário como uma questão
 abolição do trabalho noturno para mulheres e de polícia e o reprimiam invadindo associações operárias e
menores de 18 anos; prendendo grevistas. O presidente Artur Bernardes, no
 pagamento pontual; entanto, usou outra estratégia para enfraquecer o
 diminuição dos aluguéis e o congelamento dos movimento operário: em 1925 tornou feriado nacional o
preços dos alimentos. dia 1º de maio. Com isso, pretendia que os trabalhadores
deixassem de ver e usar essa data como dia de resistência e
a transformassem em dia de festa.

CULTURA

Semana de Arte Moderna


A década de 1920 foi uma época de intensas
indagações e descobertas. Os artistas e intelectuais
buscaram um novo jeito de expressar o país por meio da
literatura, das artes plásticas, da música e da pintura. Esse
movimento ganhou o nome de modernismo. O que é ser
moderno? É estar de acordo com a moda? É copiar
46 nuceconcursos.com.br
HISTÓRIA

modelos? Ou será que ser moderno é só se atualizar sem altos e baixos, aventura e violência, amor e ódio. Mas
precisar copiar? Eram essas perguntas que estavam na repare como essa história era contada agora com humor e
cabeça dos nossos artistas e intelectuais. Eles queriam criatividade! Esse era o estilo dos modernistas.
atualizar a nossa cultura. Mas, para isso, era preciso
descobri-la. Em 1928, Mário de Andrade publicou
O marco simbólico do modernismo brasileiro foi a Macunaíma, cujo personagem-título era a cara do
Semana da Arte Moderna, que se realizou em São Paulo Brasil. Macunaíma nasceu índio, depois virou negro
em fevereiro de 1922. Mas esse foi só um marco e depois branco. Essa era a imagem do nosso país na sua
simbólico. O modernismo já vinha acontecendo antes da diversidade de culturas. Macunaíma sobrevoou o país num
Semana e iria continuar acontecendo depois dela, como pássaro chamado tuiuiú. Ele viu o país lá do alto. Viu
vamos ver adiante. como as regiões são diferentes, mas viu também que são
No Rio da Janeiro, desde o final do século XIX, já essas diferenças que fazem o Brasil. Mário de Andrade
se percebia um interesse pela música popular, como o mostrava que nós não somos completamente brancos,
maxixe, o corta-jaca e as modinhas. Alguns artistas nem completamente negros, nem completamente índios.
compreendiam que a cultura negra devia ser respeitada Somos um povo em formação. Com muito mais
como expressão do Brasil. Também em São Paulo, Minas perguntas do que respostas.
e outros Estados essa atitude começava a existir. Mas,
afinal de contas, o que aconteceu em São Paulo na Os escritores modernistas não pensavam sempre
Semana de Arte Moderna? Entre os dias 13 e 17 de igual. Dentro do movimento existia um grupo chamado
fevereiro de 1922, no Teatro Municipal, foram realizados Verde Amarelo, ao qual pertencia o escritor Cassiano
concertos, exposições, palestras. No seu concerto, o Ricardo. Na mesma época em que Mário de Andrade
maestro e compositor Heitor Villa-Lobos causou grande escreveu Macunaíma, Cassiano Ricardo escreveu Martim
impacto ao incorporar à orquestra instrumentos de Cererê. O personagem-título era agora um herói bem
congada, tambores e uma folha vibratória de zinco. comportado, sério e patriota. Você se lembra do
Na época, esses instrumentos eram considerados nacionalismo de Olavo Bilac? Pois Martim Cererê era uma
populares e não deviam fazer parte de uma orquestra. A espécie de soldado sempre defendendo as nossas
congada e os tambores pertenciam às culturas negra e fronteiras. Ele não olhava do alto, como Macunaíma. O
indígena, vistas como primitivas e bárbaras. Os que estamos querendo mostrar é como o modernismo iria
modernistas mostraram que eram justamente essas construir diferentes visões da nacionalidade. Alguns viam
culturas que tornavam o nosso país original e diferente. o país como uma interrogação, um desafio. Já outros
Esse era o espírito do movimento: mostrar uma nova preferiam vê-lo como realidade pronta a ser louvada em
imagem do país, uma nova fisionomia cultural. O que versos. Mas, apesar dessas diferenças, o modernismo teve
antes era escondido, agora era mostrado. Por que negar as um saldo muito positivo: mostrou como era importante
culturas africana e indígena, se elas faziam parte da nossa pensar a nossa cultura e ousar novas formas de expressão.
realidade? Na Semana de Arte Moderna também foram
expostas as pinturas de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Essa foi uma das propostas do modernismo:
Goeldi. Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Ronald acabar com as velhas opiniões sobre o Brasil, sobre a
de Carvalho apresentaram ao público os seus escritos. nossa cultura. Ser moderno era estar a par das
A Semana funcionou como um estopim. A arte inovações artísticas e intelectuais. Mas ser moderno
buscava refletir as transformações por que passavam o era, sobretudo, absorver essas informações de forma
mundo e o país. Em meio a um acelerado processo de criativa e crítica. A cultura exprime o jeito de ser de
industrialização e urbanização, surgiam nas grandes cada nacionalidade. Ela não está só nos livros, mas
cidades edifícios, letreiros luminosos, viadutos, máquinas e nas cirandas, vaquejadas, marujadas; está no vatapá,
fábricas. O tempo corria mais rápido. A arte precisava tacacá, arroz de cuxá; nas histórias de botos
acompanhar o “fluxo da vida moderna”, diziam os encantados, da mula sem cabeça, do Saci Pererê.
modernistas. Para isso, era necessário mudar a maneira Também são cultura o casario colonial, as igrejas
tradicional de se expressar. Mais ousadia criativa, mais barrocas e as carrancas do rio São Francisco... O que
rebeldia e menos formalidade. Mas era necessário, o modernismo mostrou é que a cultura não está
também, responder a algumas perguntas. Que país é este? apenas nas grandes cidades, mas nas várias regiões
Quem somos nós? Os modernistas contaram uma outra brasileiras.
história do Brasil. Não aceitavam mais a história “balofa”
dos heróis, dos grandes feitos, dos monumentos e Na década de 1930, o modernismo tomou grande
medalhas, e então usaram o humor e a sátira. A história impulso no Nordeste. Foi o movimento do regionalismo
que contaram falava da cobiça dos povos, da exploração literário. Os romances de Jorge Amado falam da Bahia,
dos índios e negros, da depredação de nossas riquezas. José Lins do Rego descreve os engenhos de açúcar;
Vejamos como Oswald de Andrade contou sua “História Graciliano Ramos conta a vida de Alagoas, Érico
pátria”: Veríssimo a do Rio Grande do Sul. Já em Pernambuco é
Gilberto Freyre quem busca uma nova interpretação
Lá vai uma barquinha carregada de aventureiros Lá sociológica para a cultura brasileira, conhecida como
vai uma barquinha carregada de bacharéis Lá vai democracia racial. Esse movimento deu origem nova
uma barquinha carregada de cruzes de cristo... imagem do Brasil.

Essas barquinhas eram as caravelas da colonização


portuguesa, escrevendo a nossa história. Uma história de

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HISTÓRIA

O Período GETULISTA presidente, por João Pessoa – presidente do Estado da


Os que mais se beneficiaram dos governos da Paraíba.
Primeira República foram os grandes fazendeiros, Getúlio Vargas e João Pessoa queriam chegar ao
principalmente os do café. O governo garantia o preço do governo na base do voto, das eleições. Mas você já sabe
café. Isto queria dizer que se o preço do café baixasse no bem como eram as eleições na época: fraudulentas. E
mercado internacional, o governo brasileiro comprava aconteceu o que estava previsto: Júlio Prestes venceu. Os
todo o café produzido aqui, pagando o preço combinado oposicionistas não se conformaram, alguns queriam partir
anteriormente com os fazendeiros. Esse café era para a revolução armada, outros não. Mas um fato levou
armazenado, à espera de que o preço no exterior subisse. todos a se unirem e pegarem em armas contra o governo:
Essa enorme quantidade de dinheiro que o governo João Pessoa foi assassinado. Estourou a revolução. Em 24
utilizava para estocar (armazenar) café vinha dos impostos de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto pelos
pagos por toda a população. Fica claro, assim, que havia militares. Em 3 de novembro de 1930 Getúlio Vargas
uma transferência de recursos da maioria da população para assumiu a presidência como chefe vitorioso da revolução
uma minoria, os fazendeiros do café. que acabou com a República Velha (1889-1930). O povo
Ao mesmo tempo, não havia nenhuma preocupação foi às ruas. Parecia uma festa. A esperança em dias
em fazer com que os preços dos alimentos básicos – melhores renasceu.
arroz, feijão, leite, pão, carne etc. – parassem de subir e
ficassem acessíveis a toda a população. O Governo Provisório (1930-1934)
Getúlio Vargas assumiu a presidência em caráter
A Revolução de 1930 provisório, até que fossem convocadas as eleições para a
A maioria da população estava descontente com o escolha dos novos governantes. Nesse período, Getúlio
governo. Os salários eram baixos e as condições de deteve todo o poder em suas mãos, fechando o Congresso
trabalho, péssimas; trabalhava-se de dez a doze horas por e nomeando interventores para os Estados.
dia. Os trabalhadores fizeram muitas greves e o governo
as reprimiu com a ajuda da polícia. Muitos foram presos e O novo governo começou atendendo às principais
expulsos do Brasil. Outros morreram na cadeia ou lutando reivindicações dos trabalhadores: criou o salário-mínimo,
por melhores condições de vida e trabalho. estabeleceu a jornada de oito horas de trabalho,
estabeleceu o repouso semanal remunerado obrigatório, as
A classe média e os industriais também estavam férias pagas, a indenização pelo tempo de serviço quando
descontentes, já que o governo só dava atenção à o trabalhador fosse demitido etc. As mulheres
produção agrícola, especialmente ao café, pouco ou nada conseguiram o direito de votar. Mas, por outro lado, o
estimulando o desenvolvimento industrial. governo também começou a exercer um controle muito
grande sobre os trabalhadores, os sindicatos deveriam
Muitos militares não escondiam sua insatisfação. obedecer às regras determinadas pelo governo. Os
Principalmente aqueles que tinham vindo de famílias de trabalhadores continuavam, portanto, sem liberdade para
classe média baixa. Esses militares, de modo especial os se manifestar, para reclamar seus direitos. Em resumo, a
tenentes, estavam cansados de sustentar o governo que só situação do povo não melhorou muito, apesar da
ajudava os grandes fazendeiros e prejudicava a classe propaganda do governo que apresentava Getúlio como
média, os pobres, os trabalhadores, enfim, os grupos “pai dos pobres e dos trabalhadores”.
sociais dos quais esses próprios militares faziam parte. Por
isso, os tenentes e outros militares se revoltaram e lutaram Os paulistas, de modo especial os fazendeiros do
diversas vezes contra o governo. café, não se conformavam com a derrota sofrida na
Revolução de 1930 e queriam reconquistar o controle do
Até mesmo os grandes fazendeiros de outros governo. Não aceitavam o interventor que Getúlio tinha
Estados – fora São Paulo e Minas – estavam descontentes. nomeado para São Paulo, o tenente pernambucano João
Eles também queriam tirar proveito do governo. Estavam Alberto. Os paulistas queriam um interventor civil e
cansados de apenas São Paulo e Minas mandarem no paulista.
Brasil.
As manifestações de rua foram crescendo. Os
E, ao se aproximarem as eleições de 1930, até o manifestantes – em sua maioria estudantes universitários,
presidente de Minas Gerais e os fazendeiros mineiros comerciários e profissionais liberais – para conseguir mais
deixaram de apoiar o governo federal. Por que isso apoio para seu movimento, apresentavam como principal
ocorreu? Porque Washington Luís tinha sido indicado por causa da revolta o fato de Getúlio Vargas não querer
São Paulo na eleição anterior para presidência da convocar eleições e dar uma nova Constituição ao Brasil.
República e, de acordo com a política do café com leite, Isto é, o governo provisório estava se estendendo por
agora seria a vez de Minas Gerais indicar o candidato. muito tempo, com o presidente mandando e
Washington Luís, porém bateu o pé e insistiu: “O desmandando sem ter de prestar contas a ninguém.
candidato vai ser Júlio Prestes, presidente do Estado de
São Paulo”. Os mineiros não gostaram. Assim, em 1930, Em maio de 1932 tornaram-se mais intensas as
nas eleições presidenciais para a sucessão de Washington manifestações paulistas contra o governo provisório, A
Luís, apoiaram a organização da Aliança Liberal, que Revolução Constitucionalista estava nascendo. Os
lançou uma chapa de oposição. Nessa chapa, o cargo de oradores que falavam exaltados nos comícios criticavam
presidente da República era ocupado por Getúlio Vargas – violentamente os tenentes e os interventores nomeados
presidente do Rio Grande do Sul – e o de vice-- pelo governo federal. Na noite do dia 23 de maio, os

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HISTÓRIA

conflitos de rua foram violentos. Primeiro os escolhidos pelas associações de trabalhadores, por meio
manifestantes contrários a Getúlio assaltaram uma casa de de eleição entre os seus filiados.
armas. Em seguida, atacaram as redações dos jornais
tenentistas e a Legião Revolucionária, que era o clube A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada no
político dos tenentes. As forças do governo federal dia 15 de novembro de 1933. A nova Constituição, a
reagiram e quatro estudantes foram mortos: Martins, segunda do período republicano, foi promulgada no dia
Miragaia, Dráuzio e Camargo. As iniciais de seus nomes – 16 de julho de 1934. Foi mantida a eleição direta para
MMDC – tornaram-se o símbolo da Revolução presidente da República, com exceção de Getúlio Vargas,
Constitucionalista paulista, que estourou a 9 de julho de que foi eleito pela Assembleia Constituinte para exercer o
1932. mandato até o dia 3 de maio de 1938.
Os revolucionários paulistas esperavam que os
Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Na Constituinte, que elaborou a Constituição de
Sul aderissem ao movimento. Mas isso não ocorreu. 1934, eram numerosos os representantes da classe média e
Somente a região sul do Mato Grosso, sob o comando do dos trabalhadores brasileiros. Por isso mesmo fizeram
general Bertoldo Klinger, acompanhou São Paulo. Como uma Constituição mais voltada para os interesses do povo.
o Estado de São Paulo não estava preparado para uma Pela primeira vez colocou-se um capítulo sobre a
ação militar tão grande, todo seu parque industrial educação e a cultura, instituindo, entre outras coisas, o
precisou se adaptar para fornecer material para a luta. ensino primário gratuito e obrigatório. A Constituição
Apesar do grande esforço de resistência e da previa que, com o tempo, o ensino secundário e o
cooperação do povo de São Paulo, a superioridade das superior também deveriam ser gratuitos para todos, o que
forças federais era evidente. Assim, os paulistas renderam- nunca aconteceu. Outro aspecto importante da
se em 28 de setembro de 1932. Dentre as várias causas Constituição de 1934 foi a defesa dos interesses dos
que contribuíram para que São Paulo perdesse a luta, trabalhadores.
podemos apontar as seguintes:
A Constituição de 1934 foi a segunda Constituição
1 São Paulo ficou isolado, lutando sozinho contra Republicana. Uma Constituição bem mais preocupada
todos os outros Estados, que apoiaram Getúlio com os problemas sociais – educação, trabalho etc. – do
Vargas. que as anteriores (a de 1824 e a de 1891). Era uma época
2 São Paulo, por isso mesmo, foi obrigado a lutar em de intensos debates, de muitas manifestações. Todos –
três frentes ao mesmo tempo: Minas Gerais, Paraná e militares, políticos, estudantes, trabalhadores – queriam
Vale do Paraíba, na divisa com o Rio de Janeiro. influir nos novos rumos que o Brasil haveria de seguir.
3 Os próprios paulistas que participavam da Revolução A Revolução de 1930 havia trazido a possibilidade
não se entendiam; militares e políticos de São Paulo de mudanças na vida de grande parte da população
nunca chegavam a um acordo. brasileira, sempre marginalizada. Havia a expectativa de
4 Os trabalhadores não estavam muito animados a lutar melhoria salarial, melhor assistência médica e educação,
contra Getúlio Vargas, que tinha tomado várias enfim, mais justiça social e oportunidade de uma vida
medidas que os beneficiavam. melhor para todos.
5 O governo federal agiu rapidamente, reunindo as Por outro lado, havia fortes resistências às mudanças
forças que tinha e fazendo-as marchar contra São que a população esperava. Essas resistências vinham dos
Paulo. que se beneficiavam da situação que existia no Brasil: os
latifundiários, os industriais e os grandes comerciantes.
O Governo Constitucional (1934-1937) Entre as correntes políticas existentes nessa época
Embora derrotados, os constitucionalistas de 1932 havia algumas que defendiam mudanças mais profundas e
conseguiram em parte os seus objetivos, pois Getúlio imediatas no Brasil. Destacava-se, entre elas, o Partido
Vargas apressou-se em convocar as eleições para a Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922. Proibido
Assembleia Constituinte. Essas eleições aconteceram em de funcionar livremente, esse partido passou a agir na
maio de 1933. Foram as primeiras realizadas depois da ilegalidade. Apesar disso, o PCB tinha então cerca de
Revolução de 1930 e apresentavam algumas novidades em 10.000 filiados e simpatizantes, que eram chamados de
relação às da República Velha. As possibilidades de fraude “vermelhos” devido à cor da bandeira comunista. Os
diminuíram, mas continuaram a existir. comunistas juntaram-se a outros grupos políticos que
tinham ideias semelhantes às suas e formaram a Aliança
As principais características dessas eleições foram: Nacional Libertadora (ANL). Os integrantes da ANL
1 Voto secreto e obrigatório. eram chamados de aliancistas. Essa frente popular pregava
a derrubada do governo e uma transformação profunda e
2 Todos os brasileiros alfabetizados que tivessem mais rápida no País, ou seja, uma revolução. Dentro do quadro
que 18 anos puderam votar, inclusive as mulheres, político, costuma-se dizer que essas forças são forças de
que votaram pela primeira vez. esquerda. Completamente oposta à Aliança Nacional
3 A organização e a fiscalização das eleições foram Libertadora havia a Ação Integralista Brasileira, liderada
feitas pela Justiça Eleitoral, que não existia durante a pelo escritor Plínio Salgado. Os integralistas, ferrenhos
República Velha, quando as votações eram anticomunistas, eram chamados de “galinhas-verdes”, por
organizadas pelo governo que, por isso mesmo, causa da cor do uniforme que usavam. Volta e meia os
sempre saía vencedor. aliancistas e os integralistas entravam em choque, sendo
4 Duzentos e cinquenta representantes na Constituinte comuns as brigas pelas ruas das cidades.
foram eleitos pelo voto popular e cinquenta foram

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HISTÓRIA

O governo, em grande parte, tinha simpatia pelos 3 Poder de acabar com a liberdade de imprensa, por
integralistas e combatia os comunistas e os esquerdistas. meio da censura prévia – só podia ser publicado
Via a Aliança Nacional e suas ideias como um perigo que aquilo que era aprovado pelos censores do governo.
devia ser derrotado. Por isso, em julho de 1935, o governo 4 Poder de nomear interventores nos Estados.
proibiu as atividades da Aliança Nacional Libertadora, 5 Poder de governar até que fosse realizada uma
acusando-a de subverter a ordem. Os aliancistas, mesmo consulta popular – um plebiscito – para ver se os
proibidos de atuarem legalmente, continuaram a agir. brasileiros aprovavam ou não o Estado Novo (isso
Organizaram uma rebelião contra o governo para nunca chegou a ser feito).
novembro de 1935. A rebelião teria início nos quartéis.
Mas no dia combinado apenas três quartéis se rebelaram: Portanto, todos os poderes estavam nas mãos do
um em Natal (Rio Grande do Norte), um em Recife presidente, que era agora um verdadeiro ditador. Para
(Pernambuco) e um no Rio de Janeiro. O governo agiu fazer a propaganda de Getúlio e do Estado Novo, foi
rápido e controlou a situação sem maiores dificuldades. organizado o Departamento de Imprensa e Propaganda
Esse fato entrou para nossa história com o nome de (DIP). Grandes festas cívicas eram organizadas em
“Intentona Comunista”. homenagem a Vargas, de modo especial no Dia do
As prisões ficaram cheias de aliancistas. Os presos Trabalho (1º de maio), no aniversário do Estado Novo (10
políticos foram submetidos às mais cruéis torturas. Luís de novembro) e no aniversário do próprio Getúlio. O
Carlos Prestes e sua mulher Olga Benário Prestes foram rádio foi muito utilizado por ele para falar aos
presos em março de 1936. Prestes ficou confinado numa “trabalhadores do Brasil”.
solitária até o fim do governo de Getúlio, em 1945. Olga, A economia também passou a estar diretamente
por ser judia alemã, foi entregue à Gestapo, a terrível subordinada ao presidente da República, que governava
polícia alemã, em agosto de 1936, mesmo estando grávida, com o auxílio dos conselhos técnicos, cujos membros
e acabou assassinada num campo de concentração nazista. eram nomeados da seguinte forma: uma metade pelo
Sua filha, que nasceu na prisão, foi salva pela mãe de governo e a outra pela associação dos trabalhadores das
Prestes que, depois de muitas tentativas, acabou diversas profissões. Dessa forma, foram organizados,
conseguindo que a polícia alemã lhe entregasse o bebê. entre outros, o Conselho Nacional do Trabalho, o
Conselho Nacional de Economia, o Conselho Nacional de
O Estado Novo (1937-1945) Serviço Público, o Conselho Nacional de Comércio
Corria o segundo semestre de 1937. As eleições Exterior etc. O governo do Estado Novo deu muita
estavam de novo na ordem do dia. Deveriam ocorrer no importância à indústria nacional. Para ajudar seu
dia 3 de janeiro de 1938, já que Getúlio deveria passar o desenvolvimento, planejou a Hidrelétrica de Paulo
governo ao novo presidente no dia 3 de maio do mesmo Afonso, no Rio São Francisco, para o fornecimento de
ano. Dois candidatos já estavam com a campanha nas energia; fundou a Companhia do Vale do Rio Doce, para
ruas. Do lado do governo, José Américo de Almeida, da extrair e exportar ferro; criou o Conselho Nacional do
Paraíba. Pela oposição, Armando de Salles Oliveira, ex- Petróleo. Mas a obra mais importante foi a fundação
governador de São Paulo. Usina Siderúrgica de Volta Redonda em 1943. Sua
importância foi muito grande, pois passou a fornecer aço
Mas Getúlio Vargas tinha outros planos. Não lhe à indústria nacional. Com isso, toda a indústria se
agradava a ideia de deixar o poder. Porém, como desenvolveu.
continuar no governo? A maneira encontrada foi forjar Quem financiou a construção de Volta redonda
um plano – como se ele tivesse sido feito pelos foram os Estados Unidos. Em troca desse
comunistas – segundo o qual haveria greves, líderes financiamento, Getúlio Vargas entrou na Segunda
políticos seriam assassinados, igrejas incendiadas. Seu Guerra Mundial (1939-1945) ao lado dos aliados
autor foi o capitão Olímpio Mourão Filho e recebeu o (Inglaterra, França, União Soviética e Estados
nome de Plano Cohen, tendo sido entregue ao ministro da Unidos) contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e
Guerra, Eurico Gaspar Dutra. Getúlio Vargas não teve Japão). A Força Expedicionária Brasileira (FEB) levou
dúvida e, com o plano nas mãos, convenceu as Forças 25.000 soldados – os “pracinhas” – a combater na Itália.
Armadas de que só um governo forte, uma ditadura, Lá morreram cerca de 2.000, sendo enterrados no
poderia enfrentar a ameaça dos comunistas. Assim, as cemitério de Pistoia. A volta dos pracinhas, com o fim da
Forças Armadas apoiaram o golpe de Getúlio, preparado guerra, foi uma verdadeira festa. A guerra estava ganha. As
para o dia 10 de novembro de 1937, e que instalou o ditaduras do Eixo tinham sido vencidas. Restava agora
chamado Estado Novo. acabar com a ditadura brasileira do Estado Novo. Foi o
que se fez.
Nesse dia, os brasileiros acordaram como em
qualquer outro dia, mas o País já não era o mesmo:
Getúlio continuaria no poder, agora com força total. Nada
de eleições, nada de democracia. A nova Constituição –
que já estava pronta – foi “dada” ao País no mesmo dia,
concedendo grandes poderes ao ditador. Entre os quais os
seguintes:
1 Poder de fechar o Congresso Nacional.
2 Poder de acabar com os partidos políticos.

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HISTÓRIA

pouco comentada no Brasil, Marcus Firmino Santiago da


Silva, coordenador do curso de Direito da Escola Superior
Professor Paulo Martins, do Distrito Federal, e estudioso
sobre a Segunda Guerra, afirma que a participação
brasileira foi muito importante. “O apoio do Brasil foi
disputado na Segunda Guerra. De forma um pouco velada
por parte dos países do eixo (Alemanha, Itália e Japão) e
de maneira clara pelos aliados, especialmente os norte-
americanos, além da Inglaterra e da França”, afirma.

O primeiro grupo de militares brasileiros chegou à


Itália em julho de 1944. O Brasil ajudou os norte-
americanos na libertação da Itália, que, na época, ainda
estava parcialmente nas mãos do exército alemão. Nosso
país enviou cerca de 25 mil homens da Força
Expedicionária Brasileira (FEB), e 42 pilotos e 400
O fim da ditadura do Estado Novo homens de apoio da Força Aérea Brasileira (FAB). Os
Sempre houve oposição à ditadura. Mas o controle pracinhas conseguem vitórias importantes contra os
do governo sobre a sociedade era muito forte, alemães, tomando cidades e regiões estratégicas que
perseguindo e prendendo quem era contra. Com toda a estavam no poder destes, como o Monte Castelo, Turim,
repressão existente, a oposição quase não podia se Montese, entre outras. Mais de 14 mil alemães se
manifestar. Uma das primeiras manifestações claras a renderam aos brasileiros. A ação dos pracinhas não foi
favor da redemocratização do País foi o chamado fácil por vários motivos. O primeiro, porque o
Manifesto dos Mineiros, lançado em 1943 por políticos de treinamento recebido no Brasil e nos Estados Unidos não
Minas Gerais, do qual surgiu a União Democrática era muito próximo à realidade da guerra que encontraram.
Nacional (UDN), o partido de oposição a Getúlio. Os soldados não estavam habituados ao clima frio dos
Já em 1945, em São Paulo, o I Congresso Brasileiro montes Apeninos, que atravessam a Itália e nem
de Escritores defendeu a posição de que a cultura só acostumados a lutar em local montanhoso. Só na batalha
poderia existir num clima de liberdade, sendo, portanto, do Monte Castelo, houve mais de 400 baixas entre os
necessário o fim da ditadura. No mesmo ano, José brasileiros. “Além disso, foi fundamental para o
Américo de Almeida (homem de confiança de Getúlio esforço de guerra a cessão de bases navais e aéreas
que, em 1937, fora candidato a presidente) deu uma no território brasileiro. Um desses locais que teve
entrevista contra o Estado Novo que teve muita participação decisiva foi Natal, no Rio Grande do
repercussão. Norte”, afirma o professor.

A população, principalmente os estudantes e os A capital potiguar serviu como local para


trabalhadores, sempre que podiam se manifestavam a abastecimento dos aviões de guerra americanos e base
favor da redemocratização. Foi o que aconteceu com a naval antissubmarino. Com o fim da Segunda Guerra
volta dos pracinhas brasileiros que lutaram na Itália. Na Mundial em 1945, a FEB foi desfeita em 1946. Brasil na II
festa da vitória, muitas faixas apareceram nas Guerra Mundial. Os saldos da participação da FEB na
manifestações, pedindo democracia, Constituinte e anistia Segunda Guerra mundial revelam que foi negativa, apesar
para os presos políticos. da bravura dos soldados que sobreviveram, houve muitas
baixas devido ao mal preparo e investimentos do governo
Diante das pressões, Getúlio Vargas convocou de Getúlio Vargas. A FEB teve mais de dois mil mortos
eleições para dezembro de 1945. Além disso, concedeu em combates, e mais doze mil mutilados devido os
anistia aos presos políticos e deu liberdade para a combates na Itália.
organização dos partidos que pretendessem participar das
eleições. Mas, ao mesmo tempo, estimulou seus No retorno para casa muitos ex-combatentes
partidários a realizarem manifestações públicas favoráveis passaram por vários problemas psicológicos e financeiros,
à sua continuação no poder. Nessas manifestações a pois não se esquece uma guerra tão facilmente. A partir de
palavra de ordem era “Queremos Getúlio”. Por isso, o 1963, foram criadas em todo o país as Associações
movimento foi chamado de Queremismo. Nacionais dos Veteranos da FEB (ANVFEB), que tinham
o intuito de comemorar as vitórias, honrar os mortos, e
Participação brasileira na II Guerra Mundial apoiar os combatentes. Com encontros semanais os ex-
No dia 1º de setembro de 1939, as forças nazistas combatentes debatiam assuntos pertinente as suas
alemãs de Adolf Hitler invadiram a Polônia, dando início à aposentadorias, ações de cunho social e construíam a
Segunda Guerra Mundial. O Brasil passou a participar do história dos Brasileiros que lutaram na Segunda Guerra
conflito a partir de 1942. Na época, o presidente da Mundial.
República era Getúlio Vargas. A princípio, a posição
brasileira foi de neutralidade. Depois de alguns ataques a Texto adaptado disponível em
navios brasileiros, Getúlio Vargas decidiu entrar em http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/como-
acordo com o presidente americano Roosevelt para a foi- -participacao-brasil-segunda-guerra-mundial-495726.shtml
participação do país na Guerra. Embora a história dos
pracinhas - diminutivo de praça, que é soldado - seja ainda

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HISTÓRIA

Governo Eurico Gaspar Dutra (1946 - 1951) Nação por mais um mandato presidencial (1951-1954).
A maciça votação que recebeu, quase 50% dos votos
Eleito graças às bases políticas formadas por Getúlio válidos, foi uma demonstração de que a marca populista
Vargas, Eurico Dutra foi o primeiro presidente eleito pelo estava presente e de que a imagem positiva do “pai dos
voto direto após o Estado Novo. Empossado em 1946, pobres” foi facilmente relembrada pela maioria do
ele vivenciou as tensões e problemas que marcavam o eleitorado brasileiro. A grande marca dessa vitória ficou
desenvolvimento da Guerra Fria no cenário político registrada na marchinha de carnaval “Retrato do velho”,
internacional. de autoria do sambista Haroldo Lobo, gravada por
Internamente, teve como primeira grande ação, a Francisco Alves e lançada em 1951 para comemorar a
convocação da Assembleia Constituinte que discutiria as volta de Vargas à Presidência da República.
leis a serem integradas a uma nova Carta Magna. Essa nova etapa do governo Vargas (1951-1954) foi
Oficializada em 1946, a nova constituição brasileira marcada pelo antagonismo entre o discurso nacionalista
determinava a autonomia entre os três poderes e a do presidente e a necessidade de o Brasil atrair
realização de eleições diretas para os cargos executivos e investimentos estrangeiros para consolidar o processo de
legislativos estaduais, municipais e federais. Militares e industrialização do país. O maior exemplo do
analfabetos não poderiam votar, o voto feminino foi nacionalismo presente em 1950 foi a campanha pela
mantido e sua idade mínima reduzida para os 18 anos de nacionalização da exploração de petróleo. Sob o lema O
idade. De fato, somente as mulheres que atuavam no petróleo é nosso, o governo brasileiro criou a Petrobrás
funcionalismo público com cargos remunerados é que em 1953, instituindo o monopólio sobre a exploração e o
deveriam votar obrigatoriamente. refinamento do petróleo no Brasil. A participação das
Na economia, observamos que o país reconquistava empresas estrangeiras nesse mercado estaria restrita à
os níveis de importação na medida em que as grandes distribuição e ao comércio do produto, fato que
nações industrializadas retomavam o antigo ritmo de desagradou aos interesses do capital internacional no
produção. Sendo um mercado consumidor de grande Brasil. Os Estados Unidos e parte da burguesia nacional
interesse, o Brasil absorveu uma significativa quantidade ligada ao capital estrangeiro ficaram descontentes com a
de bens de consumo, principalmente dos Estados Unidos. política nacionalista de Vargas. A restrição às remessas de
Em pouco tempo, as reservas cambiais do país foram lucro ao exterior e o controle à entrada de recursos
diminuindo, a indústria nacional desacelerou e a dívida estrangeiros no País completaram o quadro de
externa voltou a crescer. nacionalismo econômico, que marcou esse novo período
Não se restringindo ao campo econômico, a aliança presidencial de Getúlio Vargas frente ao governo
do governo Dutra junto ao governo norte-americano brasileiro.
também repercutiu em ações políticas de natureza
autoritária. Após receber uma significativa quantidade de
votos, o Partido Comunista foi posto na ilegalidade e
todos os funcionários públicos pertencentes ao mesmo
partido foram exonerados de seus cargos. Pouco tempo
depois, o governo do Brasil anunciou o rompimento de
suas relações diplomáticas com a União Soviética.
Observando o agravamento dos problemas
econômicos do país, Dutra adotou medidas que
facilitavam a importação de combustível e maquinário
industrial para o país.
Em maio de 1947, o Plano Salte pretendia
reorganizar os gastos públicos com saúde, alimentação,
transporte e energia. Por meio dessas ações de controle, o
governo Dutra conseguiu atingir uma média anual de Outro fator de descontentamento por parte da elite
crescimento econômico de 6%. econômica nacional foi a política populista de Vargas e
Chegando em 1950, os brasileiros preparavam-se suas ações voltadas para atender aos anseios da classe
para uma nova eleição para presidente da República. Mais operária. Getúlio nomeou João Goulart como Ministro do
uma vez, assim como em 1945, o cenário político nacional Trabalho, e ambos foram responsáveis pela ampliação dos
experimentava a carência de líderes políticos nacionais. De direitos trabalhistas e pelas propostas, como, por exemplo:
tal forma, o PSD ofereceu a candidatura do incógnito a majoração do salário-mínimo em 100%, anunciada pelo
mineiro Cristiano Machado e a UDN apostou novamente presidente Vargas no dia 1º de maio de 1954, Dia do
no brigadeiro Eduardo Gomes. O PTB por sua vez, Trabalhador.
chegava à frente lançando o nome de Getúlio Vargas, que
venceu com 48% dos votos válidos.

Segundo Governo de Getúlio Vargas (1951 - 1954)

As eleições para a sucessão do presidente Dutra


contaram com a volta triunfal de Getúlio Vargas como
candidato favorito da maioria da população. O carisma do
ex-presidente foi decisivo para uma vitória consagradora
que marcou o retorno de Vargas ao cargo máximo da

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HISTÓRIA

cardíacos, Café Filho se licenciou do governo e deixou o


cargo para Carlos Luz, presidente da Câmara dos
Deputados. Acusado de planejar um golpe, Carlos Luz foi
deposto da Presidência, sendo substituído por Nereu
Ramos. Finalmente, depois de contornada a crise política
e a ameaça sucessória, o presidente eleito Juscelino
Kubitschek, JK, tomou posse em 31 de janeiro de 1956.

“Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha


morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro
passo no caminho da eternidade e saio da vida para
entrar na História."
Diante dessa realidade, cresceram os movimentos de
oposição ao governo. Liderada pelo partido União Governo JK (1956-1961)
Democrática Nacional (UDN) e tendo à frente o
jornalista Carlos Lacerda, do jornal Tribuna da A grande marca dos cinco anos de mandato
Imprensa, a oposição começou a manifestar uma forte presidencial de Juscelino Kubitschek foi o
campanha contra Getúlio Vargas. desenvolvimento econômico e industrial. Sob o lema 50
anos em 5, o presidente JK prometia desenvolver a
A crise política se agravou quando, em 5 de agosto economia brasileira e promover o equivalente a 50 anos de
de 1954, ocorreu um atentado na Rua Toneleros, progresso em apenas 5 anos de governo.
endereço residencial do jornalista Carlos Lacerda, no Rio Para tanto, JK elaborou um projeto de governo,
de Janeiro. O atentado tinha o objetivo de “calar a denominado Plano de Metas, por meio do qual visava
oposição”. Entretanto, a tentativa de atingir o jornalista concentrar investimentos em cinco setores considerados
fracassou. No momento em que Carlos Lacerda, estratégicos: energia, transportes, alimentação,
acompanhado pelo major Rubens, aproximava-se do seu indústria e educação. Essas cinco metas de
apartamento na Rua Toneleros, em Copacabana, tiros desenvolvimento tiveram como meta-síntese a construção
foram disparados e atingiram fatalmente o major da de Brasília.
aeronáutica. Lacerda ficou apenas ferido no pé por uma Além da construção de Brasília, vista como símbolo
bala. As investigações apontaram como mandante do de crescimento econômico e integração nacional, o
crime o chefe da guarda pessoal do Presidente, Gregório governo JK atuou em outros importantes setores visando
Fortunato. Embora Getúlio Vargas não tivesse sido ao desenvolvimento do País. Nesse sentido, podemos
diretamente acusado, a ligação do principal suspeito de destacar os maciços investimentos na área energética,
mando do crime com a Presidência da República foi como as inaugurações das usinas hidrelétricas de Furnas e
suficiente para manchar a imagem do governo e aumentar de Três Marias, ambas em Minas Gerais. A criação do
a pressão contra o presidente Vargas. Conselho Nacional de Energia Nuclear completou o
projeto de desenvolvimento no setor energético,
Ao perder o importante apoio das Forças Armadas e necessário para o crescimento industrial do País. Na área
vendo aumentar a oposição ao seu governo, Getúlio da indústria, JK atraiu as multinacionais por meio de uma
Vargas se deparou com uma grave crise política. Oficiais política de incentivos fiscais com redução de tarifas para
do exército e da aeronáutica sugeriram a renúncia do que empresas estrangeiras instalassem filiais no Brasil. A
Presidente, mas Vargas relutou em aceitar o que implantação da indústria automobilística foi o grande
considerava ser uma saída desonrosa do poder. Diante das símbolo de desenvolvimento industrial desse período. A
pressões pela sua renúncia, o presidente afirmava que instalação da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do
somente morto sairia do Catete (sede do governo federal, Campo – SP, e a inauguração da fábrica de motores Willys
no Rio de Janeiro). E Vargas realmente cumpriu a deram o impulso inicial ao grande desenvolvimento do
promessa. Um dia antes de cometer suicídio no Palácio do setor automobilístico no País.
Catete, o presidente deparou-se com o lançamento de um JK também promoveu investimentos para ampliação
manifesto à nação, assinado pelas principais lideranças do da malha rodoviária, inaugurando as Rodovias São Paulo
exército brasileiro. O Manifesto dos Generais exigiu a – Belo Horizonte e Belém –Brasília. O desenvolvimento
imediata renúncia de Getúlio Vargas, em 23 de agosto de econômico da Região Nordeste também mereceu atenção
1954. Tornava-se evidente o agravamento da crise política e culminou com a criação da Superintendência de
e a insustentabilidade do mandato presidencial. Mesmo Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).
assim, Vargas não admitiu sua renúncia e, como afirmou
em sua carta-testamento, preferiu “sair da vida para entrar
na história”, cometendo suicídio com um tiro no peito, na
madrugada de 24 de agosto. Observe, na carta deixada por
Vargas, a visão do presidente sobre a sua trajetória e a
situação política que teve de enfrentar no final do seu
mandato.
Com o suicídio de Vargas, o vice-presidente Café
Filho assumiu a Presidência da República. Sua função
seria a de conduzir o País até a posse do novo presidente,
nas eleições de 1955. Entretanto, vítima de problemas

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HISTÓRIA

O governo do presidente Juscelino Kubitschek ficou vassoura e prometia varrer a “roubalheira” e moralizar a
conhecido, portanto, como um período de grande política nacional. Leia abaixo o jingle (música de
crescimento econômico e de modernização do País. A campanha) do candidato Jânio Quadros.
figura de JK era constantemente associada à imagem de
um presidente inovador e empreendedor. Por essa razão, "Varre Varre Vassourinha"
tornou-se conhecido pelo popular apelido de presidente "Varre, varre, varre, varre, varre vassourinha
bossa nova. Lembre-se de que bossa nova era a Varre, varre a bandalheira
denominação do movimento musical da década de 1950, Que o povo já está cansado
que fez muito sucesso, revolucionando a música brasileira, De sofrer desta maneira
com pitadas do tradicional samba brasileiro e de Jânio Quadros é a esperança
influências do jazz, oriundo dos Estados Unidos. Ao Desse povo abandonado
relacionar as ações do presidente com a revolução Jânio Quadros é a certeza
ocorrida na arte brasileira, pretendia-se consolidar a De um Brasil moralizado
imagem positiva de JK como um grande estadista, que Alerta, meu irmão
trouxe progresso e desenvolvimento para o País. Vassoura, conterrâneo
Entretanto, o crescimento econômico promovido Vamos vencer com Jânio"
pelo governo JK não foi exaltado de forma unânime por
todos os setores da sociedade. A política O governo de Jânio Quadros foi marcado por
desenvolvimentista de Juscelino teve um preço muito alto, intensa crise política em função de suas atitudes
e diversas críticas foram feitas ao seu governo. polêmicas. Em pouco tempo de governo, apenas oito
Contrastando com todo o progresso e o otimismo estava meses, todo o carisma responsável pela esmagadora
o significativo aumento da dívida externa e a crescente alta vitória nas eleições acabou se transformando em uma
da inflação. Esses foram os principais alvos de imagem desgastada e muito contestada por boa parte da
contestação, pela oposição, ao governo de JK e tornaram- população.
se temas favoritos da campanha política nas eleições Entre muitas ações polêmicas da Presidência, pode-
presidenciais de 1960. se destacar, entre as que mais desagradaram à elite, a
Com o programa de metas, mais de 2 bilhões de postura independente do governo com relação à política
dólares entraram no Brasil, a produção industrial cresceu externa. No auge da Guerra Fria, o Brasil se reaproximou
80%, com um crescimento anual de 7,9 % ao ano. dos países do bloco comunista, reatando relações
Porém, a inflação era de 19,2 % no ano de 56 e, em 1960, diplomáticas com a União Soviética. Tal política,
era de 30%. Os salários não acompanharam a inflação. certamente, desagradou à burguesia brasileira, temerosa do
As greves eram constantes e foi pedido ao FMI avanço dos ideais socialistas no País e despertou a atenção
mais verba para equilibrar as dívidas. O FMI só poderia do governo dos Estados Unidos, sempre preocupado com
liberar mediante acordos que não foram aceitos por JK. o possível “efeito dominó”, ou seja, com a expansão dos
Assim JK deixou para o seu sucessor um saldo devedor, movimentos revolucionários de caráter socialista na
baixos salários, porém um país que estava crescendo e América Latina. A Revolução Cubana tinha acabado de
recebendo investimentos de multinacionais. ocorrer, possibilitando a tomada do poder pelo líder
comunista Fidel Castro, e o Brasil, como uma das grandes
A CRISE DO POPULISMO E REVOLUÇÃO nações do continente americano, merecia especial atenção
DE 1964 por parte da política externa estadunidense.
Em meio ao crescimento da oposição, o presidente
Governo Jânio Quadros (1961) Jânio Quadros tomou mais uma medida considerada
“desastrosa” para o seu futuro político. A Presidência da
Jânio Quadros, governador do Estado de São Paulo, República homenageou o líder guerrilheiro Ernesto “Che”
surpreendeu o Brasil com a inesperada vitória nas eleições Guevara, principal expoente da Revolução Cubana, ao
presidenciais de 1960. O futuro sucessor de JK lançou-se lado de Fidel Castro, com a medalha da Ordem do
candidato por um minúsculo e desconhecido partido, o Cruzeiro do Sul. Essa era a maior condecoração de honra
Partido Democrata Cristão (PDC). Embora contasse com ao mérito que poderia ser oferecida pelo governo
o apoio da tradicional União Democrática Nacional brasileiro a grandes personalidades. Ficara evidente, com
(UDN), a candidatura de Jânio era vista como uma esse episódio, o desgaste político de Jânio Quadros frente
candidatura inexpressiva, se comparada com o favorito aos setores mais conservadores da sociedade brasileira.
general Lott, candidato da, até então, imbatível aliança
entre PSD-PTB. Mas, nas eleições de 1960, prevaleceu a
influência do populismo. Com uma campanha eleitoral
voltada às classes populares, criou-se a imagem de Jânio
Quadros como o candidato humilde, representante do
povo. Jânio, surpreendentemente, venceu as eleições com
48% dos votos.
Para se aproximar das massas, Jânio se apresentava
como o candidato “do tostão contra o milhão”, referindo-
se à milionária campanha eleitoral promovida pela aliança
PSD-PTB. Mas, o grande trunfo da propaganda de Jânio
Quadros foi o discurso voltado ao combate à corrupção
no País. Jânio utilizou como símbolo de campanha uma

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HISTÓRIA

Brochado da Rocha e Hermes Lima. Este último foi


responsável pela proposta de realização de um plebiscito
(consulta popular) para que o eleitor escolhesse entre a
permanência do regime parlamentarista ou a volta do
presidencialismo.
O plebiscito realizado em 6 de janeiro de 1963
possibilitou a restituição do regime presidencialista no
Brasil. A grande maioria dos cidadãos brasileiros (nove em
cada dez eleitores) rejeitou a manutenção do
parlamentarismo. Dessa forma, o presidente João Goulart
teve restabelecidos seus poderes de chefe do Poder
Executivo e pôde colocar em prática suas propostas de
governo.

Outras atitudes consideradas impopulares e


inusitadas, como a suspensão da realização das provas de
trufe em dias de semana, a proibição de brigas de galo e da
utilização de biquíni nas praias, marcaram a cura passagem
de Jânio Quadros pelo governo brasileiro. Alegando a
ação de “forças terríveis” contra o seu governo, Jânio
Quadros anunciou sua renúncia ao cargo de presidente da
República no dia 25 de agosto de 1961, apenas oito meses
depois de assumir a função de comandante máximo da
nação.
João Goulart precisou contornar o quadro de
A renúncia do presidente Jânio Quadros, entretanto, crescente instabilidade econômica e social que marcou o
não representou uma solução para a crise política. Ao País no início da década de 1960. Naquele período, o
contrário, a situação se agravou com o problema aumento das greves operárias por todo o Brasil assustava
sucessório. A Constituição determinava a posse do vice- a elite econômica, preocupada com a organização do
presidente eleito, João Goulart. Acontece que Jango, movimento operário nas grandes cidades. No campo, o
como era popularmente conhecido, encontrava-se em surgimento dos movimentos de luta pela reforma agrária
viagem à China quando da renúncia de Jânio. Lembre-se também gerou receio entre os latifundiários. As chamadas
de que a China era um país comunista e essa visita do Ligas Camponesas, fundadas em 1962, pelo líder
vice-presidente, mais uma vez, suscitou o já tradicional Francisco Julião, questionavam a concentração fundiária e
temor da burguesia brasileira de que ideais socialistas se exigiam a democratização do acesso à terra.
expandissem pelo País. Enquanto se aguardava o retorno
de João Goulart, a Presidência da República foi Era visível, portanto, a dificuldade de Jango em
provisoriamente ocupada pelo presidente da Câmara dos administrar a instável realidade política e socioeconômica
Deputados, Ranieri Mazilli. do período. Diante desse cenário, o presidente passou a
defender a realização de amplas reformas que, segundo
Governo João Goulart (1961-1964) ele, seriam capazes de reduzir as desigualdades e injustiças
sociais.
Enquanto muitos políticos clamavam pela legalidade
e defendiam o cumprimento da Constituição, outras Ao anunciar as chamadas Reformas de base, em
importantes lideranças, como os ministros militares, eram comício realizado na Central do Brasil (RJ), em 13 de
contrários à posse de Jango. Diante do impasse político, a março de 1964, João Goulart provocou forte reação dos
solução encontrada foi a aprovação de uma emenda setores mais conservadores da sociedade brasileira e
constitucional que instituiu o parlamentarismo no Brasil. reforçou, entre a burguesia, o já tradicional receio da
Mas, afinal, que diferença faria a posse de João provável implantação do socialismo no País,
Goulart em um regime parlamentarista ou na tradicional especialmente porque entre as propostas de reforma
República presidencialista? Lembre-se de que, no sistema defendidas pelo presidente João Goulart estava a reforma
parlamentarista de governo, o presidente da República agrária, proposta que atingia diretamente os interesses
exerceria apenas a função de chefe de Estado, com dos grandes proprietários rurais, ou seja, de uma
poderes limitados, já que o chefe de governo (Poder significativa parcela da elite econômica do país. As
Executivo) seria confiado a um Primeiro-Ministro, eleito propostas reformistas anunciadas pelo presidente Jango
pelo Congresso Nacional. O sistema parlamentarista, não foram bem aceitas pela maior parte da elite brasileira.
portanto, foi visto como uma boa alternativa para A reação conservadora foi imediata. Em 19 de março de
contornar a crise e garantir a posse do presidente João 1964, uma multidão calculada em aproximadamente 500
Goulart. mil pessoas saiu às ruas de São Paulo na famosa
manifestação conhecida como a Marcha da família com
Garantida a posse (1º/9/1961), o período de Deus pela liberdade.
governo do presidente Jango contou com a participação
consecutiva dos primeiros-ministros Tancredo Neves,
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HISTÓRIA

Iniciou um violento processo de repressão política,


contra aqueles que eram considerados opositores do
regime militar:
 cassou, suspendendo, os direitos política de 378
pessoas, entre as quais três ex-presidentes:
 Juscelino, Jânio e Jango - seis governadores,
entre eles, Magalhães Pinto, de Minas Gerais e Carlos
Lacerda, da Guanabara, que apoiaram o golpe e 55
membros do Congresso Nacional.
 demitiu 10.000 funcionários públicos
 mandou instaurar 5.000 inquéritos, envolvendo
40.000 pessoas.
 desenvolvida uma política externa de
aproximação com países da área socialista, apesar, de
Era comum entre a burguesia brasileira a opinião de eleito por correntes conservadoras.
que o governo João Goulart, por meio de suas reformas,  estimulada uma política de reforma de bases,
implantaria o socialismo no Brasil, e foi esse o com vistas à modernização do Brasil.
“argumento” utilizado para justificar a reação
conservadora e o apoio ao golpe que depôs o presidente No plano econômico, liberou a remessa de lucro das
em 1964. Entretanto, sabe-se que não havia uma posição empresas estrangeiras no Brasil, permitindo que as
clara do governo em defesa do socialismo. Essa visão era multinacionais ficassem livres para mandar dinheiro para
muito mais fruto do receio da elite do que propriamente fora do país.
uma postura ideológica por parte do governo brasileiro. Instituiu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), acabando desta forma com a estabilidade de
emprego para o trabalhador brasileiro, permitindo assim
que as empresas passassem a dispensar a mão-de-obra a
qualquer momento, transformando-o em instrumento de
pressão sobre o trabalhador. Estabeleceu um amplo
programa de controle sobre os salários e sobre os
movimentos operários, intervindo nos sindicatos,
proibindo e reprimindo greves.
Em 27 de outubro de 1965, decretou o AI-2 que
estabelecia, entre outras decisões, as seguintes:
 maiores poderes para o presidentes fazer o
Congresso aprovar as leis.
 competência da Justiça Militar para julgar civis
que, de acordo com o governo, tivessem cometido crimes
GOVERNOS MILITARES contra a segurança nacional.
 fechou os partidos políticos e, depois de algum
Governo Castelo Branco (1964/1967)
tempo, reorganizou-os sobre a forma do bipartidarismo
ou seja, apenas dois partidos.
Derrubado João Goulart do poder, os ministros
militares, Arthur da Costa e Silva, do Exército, Correia de  um da situação, isso é, favorável ao governo: a
Mello, da Aeronáutica e Augusto Rademaker, da Marinha, ARENA (Aliança Renovadora nacional)
assumiram o comando político do país e escolheram para  um de aposição, isto é, contrário ao governo:
ocupar o cargo o cargo de presidente da República, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
No dia 9 abril de 1964, era decretado o primeiro de Em 5 de fevereiro de 1966, era a vez de ser instituído
uma série de atos políticos que tinham como objetivo dar o AI-3, determinando que os governadores e vice-
uma capa de legalidade às decisões dos militares. Estes governadores também seriam eleitos de maneira indireta,
atos eram denominados Atos Institucionais (A.I). Este além de que os prefeitos das capitais não seriam eleitos e
A.I. nº 1 tornava a eleição para presidente da República sim, nomeados pelos governadores dos respectivos
indireta, isto é, sem o voto popular. Estados.
No dia 11 de abril de 1964, o Congresso Nacional Mais tarde, os prefeitos de outras centenas de
aceitou a indicação dos ministros militares e Castelo município passariam a ser também indicados pelos
Branco assumiu o cargo de presidente no dia 15 de abril governadores, sob a justificativa de municípios de
do mesmo ano. Deveria governar até 31 de janeiro de segurança nacional.
1966, completando o período de Jânio e Jango, porém seu Dentro deste quadro, aqueles que tentassem discordar,
mandato foi prorrogado até 15 de março de 1967. eram presos, cassados, exilados ou ainda, poderiam viver
Como primeiro ato de seu governo Castelo Branco em perigosa clandestinidade. Universidades colégios e
revogou os decretos de Jango que promovia as reformas sindicatos eram invadidos pela polícia, vários elementos
de base, revogando os decretos de nacionalização das destas categorias foram presos e submetidos aos
refinarias de petróleo, assim como o que desapropriava as chamados IPM’s (inquéritos Policiais Militares).
terras.

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HISTÓRIA

O Governo Costa e Silva (1967/1969) Constituição, quem deveria assumir era o vice-presidente,
o civil Pedro Aleixo.
O marechal Artur da Costa e Silva assumiu a Os ministros militares, Lyra Tavares, do Exército,
presidência, em 15 de março de 1967, contra a vontade do Augusto Rademaker, da Marinha e Souza Mello, da
Marechal Castelo Branco, porém como Costa e Silva era Aeronáutica, impediram a posse de Pedro Aleixo,
ministro do Exército e contava com apoio dos seus formando uma junta provisória que governou o Brasil
comandados, acabou por assumir o mandado presidencial. durante dois meses.
Costa e Silva passa a governar com uma nova Durante este período, os militares promoveram uma série
Constituição, a quinta do período republicano, que havia de modificações na Constituição de 1967, numa nova
sido outorgada no dia 24 de janeiro de 1967. emenda que, na prática dava mais poderes ao presidente.
Esta Constituição dava grandes poderes ao presidente
da República, sendo modificada novamente por uma O Governo Médici (1969/1974)
emenda constitucional de 17 de outubro de 1969. De
acordo com sua nova versão, apenas o presidente da
República poderia propor leis sobre:
1 matéria financeira
2 criação de cargos, funções ou empregos públicos.
3 fixação ou modificação dos eleitos das Forças
Armadas.
4 organização administrativa ou judiciária, matéria
tributária e orçamentária.
5 serviços públicos e administração do Distrito Federal.
6 servidores públicos da União.
7 concessão de anistia relativa a crimes políticas.

Durante o governo do marechal Costa e Silva, No dia 22 de outubro, após dez meses de recesso, o
cresceram no país manifestações públicas contra a Congresso já sem os deputados cassados pelo AI-5 foi
ditadura militar. Apesar de uma repressão policial violenta, reaberto para receber a indicação do General Garrastazu
estudantes saíram às ruas em passeatas, operárias Médici à presidência da República. No dia 25 do mesmo
organizaram greves contra o arrocho salarial, os políticos mês, o general Médici era eleito e no dia 30 de outubro
mais corajosos faziam discursos atacando a violência da tomava posse no cargo.
ditadura. Os padres progressistas pregavam contra a fome Durante o governo Médici, o país passaria pelo
do povo e a tortura que passou a ser praticada pelos período mais repressivo de todos os governos militares.
órgãos de segurança contra os adversários da ditadura. Os atos terroristas como sequestros de pessoas e aviões,
No Rio de Janeiro, em 1968, mais de cem mil pessoas assaltos a bancos etc, atingiram o auge: no centro do país,
saíram à rua em passeata, protestando contra o assassinato na região do rio Araguaia, organizou-se a guerrilha que
do estudante Édson Luís, de 18 anos, pela polícia. pretendia derrubar o governo à força.
O ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, O AI-5 continuaria sendo utilizado e nenhuma
tentou então promover uma união das diversas correntes medida abrandaria a ditadura plena, imposta após a sua
políticas, contra o movimento que ele mesmo havia decretação. Já no meios de comunicação sofreram e
apoiado em 1964. censura prévia.
A proposta política era formar uma ampla frente para Os DOI - CODI conquistavam autonomias e, em
defender a promulgação de uma nova Constituição, pena pouco tempo, liquidaram grupos terroristas de extrema
anistia, por eleição diretas em todos os níveis, daí a esquerda. Avançaram também, contra outros setores da
aproximação com os ex-presidentes Juscelino Kubitschek sociedade, criando um clima de temor e insegurança entre
e João Goulart. todos aqueles que ousavam buscar formas de repúdio à
Diante das pressões da sociedade em favor da situação.
democracia, o governo militar reagiu de maneira Diante deste quadro não era de se espantar que um
extremamente forte. Foi decretado no dia 13 de dezembro número cada vez maior de intelectuais e artistas
de 1968 o A.I-5, o mais violento dos instrumentos de procurassem exílio em outros países, como forma de não
força lançado pelo regime militar. sofreram retaliações. Por outro lado, o modelo econômico
Utilizando-se do AI-5, o governo prendeu milhares de adotado gerou um rápido crescimento que entre 1969 e
pessoas em todo o país, entre as quais destacamos Carlos 1973 atingiu taxas que variaram entre 7% e 13% ao ano, o
Lacerda, o marechal Lott e Juscelino. que os meios de comunicação passaram a chamar
a) Fechou o Congresso nacional por tempo ufanisticamente de “milagre brasileiro”, levando à euforia
indeterminado; o empresariado brasileiro e o capital estrangeiro.
b) Cassou os mandatos por dez anos de 110 A classe média encontrava várias oportunidades de
deputados federais, 160 deputados estaduais, 163 empregos com o crescimento da atividade das
vereadores, 22 prefeitos e afastou ainda, 4 ministros do multinacionais no país, além, é claro, de um aumento no
Supremo Tribunal Federal; padrão de consumo, resultado numa sofisticação
c) Decretou o confisco de bens. desconhecida por muitos. O responsável, por tal
crescimento, foi a expansão do crédito ao consumidor.
Em agosto de 1969, o general Costa e Silva adoeceu Beneficiada pelo crescimento econômico, a classe
e foi impedido de continuar exercer a presidência. Pela média, de uma maneira geral, passou a legitimar o governo

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HISTÓRIA

e suas atitudes ou, pelo menos, a se omitir quanto à A ideia de uma abertura democrática na política
participação política. Nas eleições de novembro de 1970, a amedrontava certos setores militares de linha dura
ARENA foi vitoriosa, mas a oposição incentivando os continuaram a agir de maneira violenta.
votos brancos e nulos, obteve 30%. Em outubro de 1975, o DOI-CODI de São Paulo,
Os anos 70 foram marcados pela polarização órgão da repressão, ligado ao II Exército, efetuou
política, resultando na adoção por parte do governo de inúmeras prisões de supostos membros do partidos
uma política ufanista sustentada por slogans do tipo Comunista Brasileiro, entre os quais o jornalista Vladimir
“Brasil, ame-o ou deixe-o”, o Brasil era tricampeão de Herzog, que mais tarde foi encontrado morto em, sua
futebol no México em 1970, eram realizados festivais de cela.
músicas populares etc. Em fins de 1971, foi instituído o I Contra todas as evidências, o comandante do a II
PND (Plano Nacional de Desenvolvimento); além deste, Exército, general Ednardo D’Ávila Mello, apresentou uma
foi criado ainda o PIN (Programa de Integração declaração para os meios de comunicação, afirmando que
Nacional). o jornalista havia praticado o “suicídio”. Diante de tal
É neste período que são iniciadas as obras afirmação, o Cardeal D. Pedro Evaristo Arns, realizou na
monumentais ou faraônicas, algumas das quais jamais Catedral da Sé, um culto ecumênico, como forma de
concluídas até hoje como é o caso da Rodovia demonstração de desagrado das oposições.
Transamazônica; outras obras deste período, por exemplo: Em janeiro de 1976, novamente no DOI-CODI de
a hidrelétrica de ilha Solteira e a ponte Rio-Niterói (Ponte São Paulo, outro “suicídio” era anunciado, desta vez do
Costa e Silva). operário Manuel Fiel filho. Tal fato provocou uma rápida
Apesar da modernização e do crescimento reação do presidente Geisel, substituindo o general
econômico acelerados, muitas camadas da população não Ednardo D’Ávila Mello, por um oficial de sua confiança.
se beneficiaram com o “milagre”. A este setores, os Tal atitude delimitou a atuação dos setores radicais dos
economistas do governo, cujo grande representante era o militares.
ministro Delfim Neto, afirmavam que “É preciso primeiro Temeroso de um rápido avanço das oposições, o
fazer crescer o bolo, para depois dividi-lo”. presidente Geisel retrocedeu no processo de abertura
O resultado deste modelo de política econômica política: em 1976, decretou uma lei que limitava a
pode ser sentido ao tomarmos conhecimento dos propaganda eleitoral dos candidatos no rádio e televisão,
seguintes dados: reduzindo a apresentação do nome, número e currículo
 1964, morriam 70 crianças para cada 1.000 dos candidatos, sem que houvesse debates.
nascidas. Em abril de 1977, decretou o chamado “pacote de
 1979, morriam 92 crianças para cada 1.000 abril”, uma série de medidas autoritárias, entre as quais
nascidas. destacamos:
 1972, dos 3.950 municípios, somente 2.638  um entre os dois senadores que seriam eleitos em
possuíam abastecimento de água encanada. cada Estado, seria escolhido diretamente pelo
 1973, existiam 600 mil menores abandonados na governo, instituindo-se, assim, o chamado “senador
cidade de São Paulo e no fim dos anos 70, o número biônico”, isto é, senadores não eleitos por voto
chegava a 10 milhões em todo o Brasil. popular.
 Segundo o Banco Mundial, em 1975 existiam 70  os governadores continuaria sendo escolhidos em
milhões de analfabetos no país. eleições indiretas.
 o mandato do seu sucessor foi aumentado para seis
O Governo Geisel (1974/1979) anos.

Com o fim do mandato de Médici, outro general era


indicado e eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral para
a Presidência da República: o general Ernesto Geisel que
fazia parte de um grupo de oficiais militares favoráveis à
devolução gradual do poder aos civis.
O novo presidente estava disposto a promover,
conforme suas palavras, um processo gradual, lento e
seguro de abertura democrática. O governo Geisel
começou sua ação democratizante, diminuindo a censura
sobre os meios de comunicação, ficando este mecanismo
restrito a jornais, O Pasquim, o São Paulo (publicação de
Arquidiocese paulista).
Garantiu, ainda, a realização, em 1974, de eleições
livres para senadores, deputados e vereadores, antecedidas
de amplo debate político pela televisão. O resultado foi
que:
- O MDB, partido único de oposição obteve Em outubro de 1978, válido somente para vigorar a
aproximadamente 15 milhões de votos e elegeu 16 partir de 1º de janeiro de 1979, Geisel revogou os atos
senadores, contra 5 da ARENA, partido governista. O institucionais, entre eles o famoso AI-5.
resultado acabou assustando os militares de linha dura. No plano econômico, Geisel elaborou o II PND,
enfatizando a necessidade de expansão das indústrias de

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HISTÓRIA

bens de produção (máquinas, equipamentos pesados, aço, exílio, puderam retornar ao país. Os cassados foram
cobre, energia elétrica etc), a fim de se obter uma reabilitados na sua cidadania.
significativa infraestrutura econômica para o progresso 4. Porém, no segmento militar, aqueles que foram
econômico-industrial do país. punidos pelo governo, não puderam voltar às Forças
Armadas, o que não conferiu à anistia um sentido
No período, estimularam-se grandes obras visando irrestrito.
ao “desenvolvimento e ao crescimento” do país, nos 5. bipartidarismo foi eliminado, instituindo-se em seu
seguintes fatores: lugar. O pluripartidarismo, com o aparecimento de
novos partidos políticos para disputar as eleições. O
1. Setor de Mineração - exploração do minério de aparecimento de novos partidos ocorreu a partir da
ferro da Serra dos Carajás, extração da bauxita fragmentação do MDB, visto que a ARENA
(minério de alumínio), através da ALBRAS e da permaneceu basicamente unida. Desta forma
ALUNORTE. apareceram:
2. Setor Energético - construção de potentes usinas
hidrelétricas, como Itaipu, Sobradinho, Tucuruí etc, ARENA – PDS (Partido Democrático Social)
além da assinatura do acordo de cooperação Brasil- MDB – PMDB (Partido do Movimento
Alemanha Ocidental, no plano da energia nuclear, Democrático Brasileiro)
para a implantação de oito reatores nucleares no PT (Partido dos Trabalhadores)
Brasil. PDT (Partido Democrático Brasileiro)
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)
Ao final do governo Geisel, pode-se dizer que houve
um certa disputa na eleição indireta para presidente da No plano econômico, o ministro do Planejamento,
República, envolvendo os seguintes nomes: Delfim Neto, procurou executar o II PND, que
Pela Arena, disputavam os candidatos general João apresentava como principal preocupação promover o
Batista de Oliveira Figueiredo e como vice-presidente, crescimento da renda nacional e do emprego o controle
Aureliano Chaves. da dívida externa; o combate à inflação, o
Pelo MDB, disputavam os candidatos general Euler desenvolvimento de novas fontes de energia.
Bentes Monteiro e como vice-presidente, Paulo Brossard. O governo, no plano energético, lançou o chamado
Na votação do Colégio Eleitoral, o general Pró-ácool (programa Nacional do Álcool), visando
Figueiredo obteve 335 votos contra 266 do general Euler substituir gradualmente o petróleo importado, que passava
Bentes. neste momento por uma forte crise, com o aumento dos
preços internacionais. Lembram-se: “Carro a álcool”,
O Governo Figueiredo (1979/1985) “você ainda vai ter um”.’
Durante o governo do general Figueiredo as 1. Dívida Externa - após obter empréstimo junto
manifestações populares foram crescendo através de ao FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil tornou-
movimentos de críticas às decisões autoritárias e se subserviente aos banqueiros internacionais,
centralizadoras do governo militar. Diversos setores da estabelecendo uma grande ciranda financeira, contraindo
sociedade brasileira (sindicatos de trabalhadores, grupos novos empréstimos para saldar os antigos, ficando cada
de empresários, Igreja, associações artísticas científicas, vez mais endividado.
universidades e imprensa), passaram a reivindicar a 2. Inflação - Os desequilíbrios econômicos
redemocratização do país. acabaram levando a infração durante o governo
Figueiredo a alcançar cifras de mais de 200% ao ano,
Diante de tal situação, o governo assumiu o tendo os trabalhadores seus salários corrigidos pela alta
compromisso de realizar a “abertura política” e devolver a diária do custo de vida.
democracia ao Brasil. Diante deste processo de abertura 3. Desemprego - provocado pela falta de
política, os sindicatos representativos das classes investimentos nos setores produtivos, na expansão das
trabalhadoras se fortalecem e reaparecem as primeiras empresas, acabando por provocar uma redução do
greves contra o achatamento salarial. crescimento econômico e, consequentemente, do
desemprego. Em 1983, a situação no Rio e em São Paulo
Dentre estas greves, devemos destacar a dos tornou-se desesperadora, com os saques a supermercados.
operários metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em
São Paulo, onde começou a surgir a figura de Luís Inácio No plano político, a abertura provocou
Lula da Silva, que mais tarde vai se transformar no descontentamento entre os militares de extrema direita,
candidato à presidência da República pelo PT. que começaram a provocar os chamados “atentados
terroristas”.
A campanha da sociedade pela redemocratização do 1º em 1980, em São Paulo e Minas, as bancas de
país obteve os primeiros resultados positivos, entre os revistas e jornais, que vendiam publicações
quais podemos destacar: consideradas “subversivas”, sofreram incêndios.
2º em julho, durante a vista do Papa João Paulo II ao
3. Anistia ampla e geral, vigorando para todos aqueles Brasil, o jurista Dalmo Dallari, notório opositor do
que foram punidos pelo governo militar. Desta sistema e que iria discursar na presença do Papa, foi
forma, vários brasileiros que ainda se encontravam no sequestrado e agredido por desconhecidos.

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HISTÓRIA

3º em agosto de 1980, ocorria o primeiro atentado à governos militares. A inflação atingiu patamares nunca
bomba no Conselho Federal da OAB. no Rio de observados no Brasil. O combate à inflação tornou-se
Janeiro, com vítima fatal. uma obsessão do governo que, por meio de diversas ações
4º foi a vez do atentado à Câmara Municipal do Rio de (congelamento de preços e salários, mudança de moedas),
Janeiro, na sala de um vereador do PMDB, procurou conter o aumento de preços e evitar a queda do
mutilando um funcionário. poder aquisitivo da população. Os diversos planos
5º em 30 de abril de 1981, ocorreu o famoso episódio econômicos lançados pelo governo Sarney, como o Plano
do atentado do Rio-centro, onde ocorria um “Show” Cruzado (1986), não foram suficientes para eliminar
musical em homenagem ao dia do Trabalho. Uma definitivamente o problema da inflação. Decretou a
bomba explodiu dentro de um carro, no colo do moratória.
sargento do Exército, Guilherme Pereira do Rosário, No âmbito político, o presidente Sarney consolidou o
especialista em explosivo, matando-o processo de transição democrática e deu início à chamada
instantaneamente e ferindo gravemente o capitão Nova República. Mas o novo regime precisava de uma
Wilson Machado, que dirigia o carro. Outra bomba nova Constituição que o legitimasse e evitasse o retorno
havia sido colocado na casa de forças, mas não ao tempo de autoritarismo imposto pelos governos
chegou a explodir. militares.

Governo Collor (1990-1992)

Promulgada a nova Constituição, o próximo passo


em direção à consolidação da democracia e da Nova
República no Brasil foi a convocação das eleições de 1989.
Novamente, após 29 anos (o último presidente eleito pelo
voto direto foi Jânio Quadros, em 1960), o povo brasileiro
deveria comparecer às urnas e escolher o seu novo
presidente. Cerca de 82 milhões de eleitores participaram
da histórica eleição que determinou para o segundo turno
a disputa entre Fernando Collor de Mello (PRN) e Luiz
Inácio da Silva, o Lula (PT). O ex-governador do Estado
de Alagoas venceu e passou a representar a esperança da
maioria do povo brasileiro pela mudança.
Depois de várias investigações, os militares
concluíram que o capitão e o sargento tinham sido vítimas Com um discurso moralista de combate à corrupção,
de terroristas não identificados. sob o signo de “caçador de marajás” (apelido pelo qual
Nas eleições de 1982, o povo demonstrou sua Collor era conhecido), e com a promessa de atender aos
insatisfação elegendo muitos candidatos da oposição nos “descamisados” (expressão por ele utilizada para se referir
principais estados brasileiro. Finalmente, no dia 15 de à população mais pobre), Fernando Collor representava a
março de 1983, assumiram o poder os novos novidade e era visto por muitos como um jovem idealista,
governadores escolhidos em eleições populares. capaz de modernizar o País, consolidar a transição
Nada mais fácil de entender que as pressões democrática e promover o crescimento econômico.
exercidas pelas camadas populares para que o sucessor de
Figueiredo fosse escolhido através de eleições diretas, Dias depois de tomar posse, o presidente lançou o
fizesse surgir daí a chamada campanha das “Diretas Já”. plano de estabilização econômica, que objetivava acabar
No dia 25 de abril de 1984, em Brasília Goiânia e com a inflação. O ousado e polêmico Plano Collor,
mais nove municípios sob estado de emergência, o anunciado pela Ministra da Fazenda Zélia Cardoso de
Congresso nacional votou a emenda Dante de Oliveira Melo, decretou o congelamento de preços e o confisco da
298 deputados votaram a favor, 65 contra, três poupança dos brasileiros. Esta última medida,
abstiveram-se a 112 não compareceram. extremamente impopular, impediu que o cidadão
brasileiro fosse aos bancos sacar quantias superiores a
RESULTADO: faltaram 22 votos para que a emenda 50.000 cruzeiros (moeda que ressurgiu, na época, para
fosse aprovada. Continuava a eleição presidencial feita de substituir o antigo cruzado).
forma indireta.
Além do fracassado Plano Collor, o governo do
Governo José Sarney (1985-1990) “caçador de marajás” ficou marcado pela adoção de
medidas neoliberais, como a abertura da economia ao
A eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral capital estrangeiro e o processo de privatização de
teve um desfecho inesperado. Um dia antes da sua posse, empresas estatais. Entretanto, os índices de desemprego e
marcada para o dia 15 de março de 1985, o presidente de inflação aumentaram consideravelmente e contribuíram
eleito foi hospitalizado às pressas e, após um mês de para o desgaste da imagem do presidente perante a
internamento, faleceu em 21 de abril de 1985. Assumiu opinião pública. Para piorar, seu próprio irmão, Pedro
definitivamente a Presidência da República o vice José Collor, o denunciou e revelou à imprensa um grande
Sarney. esquema de corrupção articulado pelo ex-tesoureiro da
O maior dos desafios enfrentados por Sarney foi campanha eleitoral, Paulo César Farias.
administrar a herança de crise econômica deixada pelos
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HISTÓRIA

A reação da população diante das denúncias foi fatal plano real. Como Ministro da Fazenda no Governo de
para os destinos do governo. Enquanto em Brasília se Itamar Franco ele reuniu um grupo de economistas que
instalava uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), elaborou um plano capaz de estabilizar a economia. Com
nas grandes cidades eram realizadas grandes passeatas e uma moeda estável, o país pode voltar a crescer nos
manifestações contra o governo. Conhecido como Fora governos subsequentes.
Collor, o movimento pedia o afastamento do presidente. Um ano depois, FHC era eleito Presidente da
A Lei determinava a possibilidade de o Congresso votar o República já no primeiro turno. Derrotou seu principal
processo de impeachment (impedimento) do presidente adversário, Luís Inácio Lula da Silva, com mais de 54%
e, por isso, grande parte da população passou a exigir a dos votos válidos.
aplicação da penalidade prevista.
 Nova moeda: Real
Em 1º de julho de 1994 passou a vigorar a nova
moeda do país, o Real. O Banco Central fixou uma
paridade entre o Real e o Dólar, a fim de valorizar a nova
moeda. Um Real era o equivalente a Um Dólar.
O Plano Real animou empresários e a população, e
impulsionou o consumo interno. Mas o que era festa,
virou preocupação para o governo. Com o consumo em
alta, temia-se a volta da inflação, que acabou não
ocorrendo.

Fernando Collor de Mello, antes que o Superior  Primeiro mandato


Tribunal Federal iniciasse a sessão destinada ao seu Fernando Henrique tomou posse em 1º de janeiro
julgamento, renunciou o mandato presidencial em 29 de de 1995, sucedendo ao presidente Itamar Franco. Com o
dezembro de 1992. Com a renúncia, Collor tentou evitar a sucesso da nova moeda, a principal preocupação era
punição que provavelmente seria imposta pela sua controlar a inflação. Para isto, o governo elevou as taxas
condenação por improbidade administrativa: a cassação de juros da economia
dos direitos políticos que o tornaria inelegível por oito Outra iniciativa de destaque de FHC foi privatizar
anos. Entretanto, mesmo apresentando sua renúncia, o empresas estatais, como a Vale do Rio Doce e
ex-presidente Fernando Collor foi punido. Recentemente, Sistema Telebrás. Enfrentou muitas críticas de vários
nas eleições de 2006, cumprida a pena da inelegibilidade, setores da sociedade, principalmente de partidos de
Collor foi eleito Senador da República. oposição, como o PT (Partido dos Trabalhadores).
Surgiram muitas denúncias relacionadas às
Governo Itamar Franco (1992-1994) privatizações, de favorecimentos para determinadas
empresas internacionais na compra das estatais. Porém,
Após a renúncia de Fernando Collor, assumiu o não impediram o plano do governo de levantar verbas
mandato presidencial o vice Itamar Franco. Com apenas para promover as reformas necessárias no plano político.
dois anos de governo, a principal marca da administração Em 1997, foi aprovada pelo Congresso uma emenda
Itamar Franco foi a elaboração de um novo plano de constitucional permitindo a reeleição para cargos
estabilização econômica, dessa vez, mais bem-sucedido executivos: Presidente da República, Governadores e
que o lançado pelo seu antecessor. Prefeitos. Manobra política que beneficiaria FHC nas
eleições de 1998.
Com o Ministério da Fazenda ocupado pelo senador Outra vez o governo foi acusado de corrupção, por
Fernando Henrique Cardoso, o FHC, o governo lançou, compra de parlamentares em troca do voto favorável à
em 1994, o Plano Real, responsável pela reforma que proposta de reeleição. A oposição tentou criar CPIs para
implantou uma nova moeda em substituição ao investigar as denúncias, mas não houve sucesso.
desvalorizado cruzeiro. Equiparado ao dólar, o real elevou
o poder de compra do consumidor brasileiro e estabilizou  Segundo mandato
a economia, contendo a temida alta da inflação. O Calcado na estabilidade econômica e controle da
sucesso do Plano Real foi responsável pelo inflação, Fernando Henrique conseguiu se reeleger, em
lançamento da candidatura do ministro Fernando 1998. Disputou a eleição e venceu novamente no primeiro
Henrique às eleições de 1994. Chamado “pai do real”, turno.
FHC era o favorito disparado à corrida presidencial e Entretanto, seu segundo mandato começou em meio
venceu, sem a necessidade de realização do segundo a crises. O país estava mergulhado em uma recessão
turno, o novamente candidato do PT, Luiz Inácio Lula da econômica. Para controlar a inflação, as medidas
Silva em duas eleições: 1994 e 1998. desestimularam o consumo interno e, consequentemente,
elevaram o desemprego.
Governo FHC (1995-2002) Para piorar, uma crise internacional atingiu o Brasil
no início de 1999. Os investidores, receosos, tiraram
Fernando Henrique Cardoso governou o Brasil bilhões de dólares do Brasil. Não houve como manter a
durante oito anos, de 1995 a 2002. Foi o primeiro paridade Dólar/Real. O governo foi obrigado a
presidente da República a governar por dois mandatos desvalorizar a moeda e recorrer ao FMI(Fundo Monetário
consecutivos. Internacional). Com os empréstimos do FMI em mãos,
FHC, como é conhecido, teve notoriedade com o teve de adotar um rígido controle sobre os gastos

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HISTÓRIA

públicos, diminuir investimentos públicos e elevar ainda


mais as taxas de juros.
Em 2000, foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal O governo Lula emprega uma fatia do seu orçamento
(Lei Complementar 101), que contribui de forma em programas de caráter social como:
expressiva para o controle das contas públicas em todo o - Bolsa família: instituído no ano de 2004, reformulado
país. e fundido em um só programa de transferência de renda,
Em 2001, o governo se viu abalado novamente, provê famílias que se encontram em estado de pobreza e
desta vez com uma crise política. Três senadores da base as que estão em um nível baixíssimo de pobreza. Para se
aliada foram desmascarados com uma série de denúncias e manterem no programa estas famílias precisam seguir à
acabaram renunciando ao mandato, são eles: Jader risca algumas regras: as crianças com até 15 anos de idade
Barbalho, Antônio Carlos Magalhães e José Roberto obrigatoriamente precisam conservar-se na escola e ter
Arruda. uma constância mínima de 85%, bem como manter em
Ainda em 2001, ocorreu o chamado “apagão”. dia as carteiras de vacinação. É o programa mais
Foi uma crise nacional que afetou o fornecimento e a importante do governo Lula. Segundo levantamentos
distribuição de energia elétrica. A população teve que estatísticos, cerca de 11 milhões de famílias já foram
reduzir o consumo de energia. Foi estipulada uma meta contempladas.
máxima de consumo, que todos deveriam cumprir:
residências, indústrias, comércio, etc A aplicação de capitais prevista para o ano de 2008 é
de R$ 10,9 bilhões.
Governo Lula (2003-2010) - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti):
implantado em 1996, ainda durante a administração do ex-
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em presidente Fernando Henrique Cardoso, tem como
Caetés, a 27 de outubro de 1945, exerceu um papel de principal meta retirar as crianças e adolescentes de faixa
suma importância na fundação e consolidação do PT – etária entre 07 e 15 anos do trabalho infantil que traga
Partido dos Trabalhadores -, do qual é presidente de perigo a sua saúde e segurança. O projeto cede bolsas
honra. mensais – por volta de R$ 40 – com o intuito de manter
Lula participou de várias eleições antes de subir a estas crianças e adolescentes na escola durante um
rampa do Palácio do Planalto como chefe maior da determinado período e no tempo restante proporcionar-
Nação. lhes atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer. Já
Candidatou-se no ano de 1989 – derrotado pelo ex- foram favorecidas 875 mil crianças e adolescentes. Capital
presidente Fernando Collor de Mello -, em 1994 – previsto para 2008: R$ 368 milhões.
vencido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -, - Luz para todos: Criado no mês de novembro de
1998 – extenuado pela reeleição de Fernando Henrique 2003 com o objetivo de proporcionar energia elétrica a 10
Cardoso -, 2002 – sai vitorioso das eleições na corrida milhões de brasileiros moradores de áreas rurais, até o ano
contra José Serra, então candidato do ex-presidente FHC de 2008, concedendo a todos os brasileiros o direito à luz.
e em 2006, quando é reeleito na realização de um segundo Contemplados: 7,2 milhões. Previsão para 2008:
turno contra Geraldo Alckmin, da coligação PSDB/PFL. contemplar mais 3,5 milhões de pessoas.
- Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos:
A eleição de 2002 foi surpreendente, o então Programa pré-determinado para contemplar pessoas com
candidato Luís Inácio Lula da Silva conquistou mais de 58 15 anos ou mais, em parceria com Estados, municípios,
milhões de votos, atingindo um índice de aprovação não universidades, empresas privadas, organizações não-
alcançado em nenhuma de suas três tentativas anteriores. governamentais, corporações internacionais e instituições
A posse se deu em 1º de janeiro de 2003, civis, todas voltadas contra o analfabetismo. Conhecido
acompanhado por um grupo parlamentar minoritário como EJA – Educação de Jovens e Adultos.
formado pelo PT, PSB, PC do B e PL; foi escolhido para Contemplados: 8,9 milhões de pessoas
vice José de Alencar Gomes da Silva, pertencente ao PL. Orçamento previsto para 2008: R$ 381 milhões.
- ProUni: Instituído também durante o ano de 2004, o
Seu mandato caracterizou-se pela não interrupção da Programa Universidade para Todos tem como meta
estabilidade econômica do governo anterior, manutenção possibilitar a admissão de jovens – com baixa renda - no
da balança comercial com um superávit – quando há ensino superior, por meio de bolsas de estudo integrais ou
excesso da receita sobre a despesa num orçamento -, em parciais. São contemplados os estudantes que cursam a
fase de crescimento, e intensas negociações com a graduação em escolas privadas de nível superior. As
Organização Mundial do Comércio (OMC). instituições que concordam em participar são isentas de
alguns impostos. A seleção é feita levando-se em
es de reais, da dívida externa, porém não conseguiu consideração o resultado dos estudantes no Enem -, e a
frear o aumento da dívida interna que pulou do patamar situação socioeconômica de cada estudante.
de 731 bilhões de reais no ano de 2002 para um trilhão de
reais em fevereiro de 2006. Durante o governo Lula o Risco Brasil teve o mais
No campo da política fiscal e monetária, no entanto, baixo índice já visto na história do Brasil.
o governo vem se mostrando relutante em fazer grandes
transformações, optando pela manutenção do estado Porém nem tudo foi um mar de rosas durante o
tradicional; facultou ao Banco Central a autonomia governo petista, várias crises surgiram em decorrência de
política para manter a taxa de inflação sob controle, denúncias de corrupção em empresas do Estado, como
seguindo o objetivo determinado pelo governo. por exemplo, o MENSALÃO, o escândalo dos Correios e

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HISTÓRIA

vários outros que derrubaram diversos ministros, entre


eles José Dirceu, Antônio Palocci, Benedita da Silva, Luiz
Gushiken, entre outras personalidades de peso dentro do EXERCÍCIOS
PT.
No cenário internacional, o governo petista 01. O Tratado de Tordesilhas, celebrado em 1494
surpreendeu – para o bem e para o mal. Quando foi entre as Coroas de Portugal e Espanha, pretendeu
chamado de “o cara” pelo presidente norte-americano resolver as disputas por colônias ultramarinas
Barack Obama, Lula já desfrutava do prestígio de ser uma entre esses dois países, estabelecia que:
liderança internacional. Durante seu governo, o Brasil a) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas
reforçou laços políticos e comerciais, sobretudo na até a data de assinatura do Tratado, e as terras
América do Sul, África e Ásia. descobertas depois ficariam com os portugueses.
b) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados
Na diplomacia, a posição do governo em relação a por um meridiano estabelecido a 370 léguas a oeste
regimes ditatoriais como Cuba e Irã abalou a imagem do das ilhas de Cabo Verde.
país no exterior. O próprio Lula contribuiu para isso. c) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado,
Primeiro, ele comparou os protestos no Irã com queixas arrendaria as terras descobertas pelos portugueses e
de um derrotado. Depois, em visita a Cuba quando da espanhóis nos quinze anos seguintes.
morte de um preso político em greve de fome, comparou d) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras
os dissidentes a presos comuns. Foram também descobertas, para fazerem frente à ameaça colonialista
vergonhosas as posturas do Brasil em fóruns da Inglaterra, da Holanda e da França.
internacionais com respeito a área de direitos humanos, e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os
como no caso da iraniana condenada a pena de morte, e costumes e as religiões dos povos que habitassem as
no apoio ao projeto nuclear do Irã. terras descobertas.

02. No século XV, o lucrativo comércio das


especiarias - artigos de luxo - era praticamente
monopolizado pelas cidades europeias de:
a) Paris e Flandres.
b) Londres e Hamburgo.
c) Gênova e Veneza.
d) Constantinopla e Berlim.
e) Lisboa e Madri.

03. As expedições portuguesas ao Brasil nas duas


primeiras décadas do século XVI objetivaram
a) iniciar o cultivo da cana-de-açúcar e o imediato
povoamento.
b) travar contato com os nossos índios e iniciar
atividades comerciais com os mesmos
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das- c) transferir para o Brasil os acusados de heresias
disciplinas/atualidades/era-lula-2003-2010-governo-foi-marcado-
por-melhorias-sociais-e-escandalos- protestantes na corte portuguesa.
politicos.htm?cmpid=copiaecola d) reconhecer a terra descoberta e salvaguardar a sua
posse.
Governo Dilma Rousseff (2011-2016) e) estimular a catequese dos índios a pedido da
Companhia de Jesus
Primeira mulher presidente do Brasil foi eleita sem 04. Em 1798, surgiu na Bahia um movimento rebelde
nunca ter disputado uma eleição fato que foi explicado conhecido como Conjuração Baiana ou Revolta
por grande parte dos analistas pela transferência de votos dos Alfaiates, que contou com a participação das
de Lula, que teve, segundo o Datafolha 83% de avaliação camadas sociais mais humildes. Esse movimento:
de governo boa ou excelente. Assim, Lula tornou-se o a) pretendia fundar uma universidade e aproveitar as
primeiro presidente desde Getúlio Vargas a fazer o seu jazidas de ferro da região.
sucessor nas urnas e fez com que o PT se tornasse o b) contava, no plano político, com elementos adeptos da
primeiro partido desde a democratização a ficar no monarquia constitucional.
governo federal por três mandatos consecutivos. c) defendia o estímulo à produção de couro e charque,
Vence as eleições de 2014, entretanto a forte crise principais produtos da Bahia.
econômica e política que tem dentre as causa a d) foi o primeiro movimento de rebeldia no Brasil a
OPERAÇÃO LAVA JATO, que resulta num processo de questionar o Pacto Colonial.
impeachment em 2017. e) defendia a abolição da escravatura e o aumento da
remuneração dos soldados.
05. A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a
Portugal e Algarves foi uma medida tomada pelo
Regente D. João VI, com o objetivo:
a) de aumentar seu poder pessoal, pois ele passou a
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HISTÓRIA

dominar um Império que englobava as colônias a) Revolução Liberal.


espanholas na América. b) Cabanagem.
b) de unificar as Coroas de Portugal e Espanha, que era c) Confederação do Equador.
denominada pelos portugueses de país de Algarves. d) Revolta dos Alfaiates.
c) de melhorar a defesa do Brasil contra as constantes e) Revolução Pernambucana.
invasões de franceses e ingleses, que saqueavam as
nossas cidades litorâneas. 10. Em 1831, durante o Período Regencial, em
d) de obter o reconhecimento da dinastia de Bragança resposta às agitações militares e populares, criou-
por parte do Congresso de Viena, reunido na Europa se pelos moderados o (a)
e dirigido pelos países que derrotaram Napoleão. a) Guarda Nacional.
e) de satisfazer a cobiça das elites brasileiras, que, com b) Conselho de Estado.
essa medida, tiveram acesso às minas de prata de c) Clube da Maioridade.
Potosí, na Bolívia. d) Regência Una de Feijó.
e) Código do Processo Criminal
06. No dia 25 de março de 1824, D. Pedro I outorgou
a primeira Constituição brasileira, que tinha como 11. Na história do Brasil, o termo “messianismo” é
características o(a) usado no estudo de alguns movimentos sociais.
a) religião católica e voto universal. Assinale a única alternativa que apresenta um
b) poder moderador e senado vitalício. desses movimentos e seu respectivo líder.
c) liberdade administrativa às províncias e voto a) Revolta de Canudos / Antônio Conselheiro.
censitário. b) Revolta da Vacina / João Maria.
d) magistrados nomeados pelo imperador e religião c) Guerra do Contestado, Euclides da Cunha.
protestante. d) Os 18 do Forte de Copacabana / Miguel Lucena.
e) voto extensivo às mulheres e Poder Moderador. e) Coluna Prestes / Luís Carlos Prestes.

07. A formação das nações latino-americanas esteve 12. Em 1906, os governadores de São Paulo, Minas
atrelada às particularidades de seus processos de Gerais e Rio de Janeiro se reuniram e
independência. A América Espanhola se estabeleceram o Convênio de Taubaté, que
fragmentou em diversos Estados autônomos. A a) pode ser considerado o marco inicial da “política dos
América Portuguesa, ao contrário, não se governadores”.
fragmentou, mantendo sua unidade até os dias b) defendeu medidas para incrementar a imigração
atuais. Dos fatores abaixo, o único que não europeia.
contribuiu para a manutenção da integridade c) resultou na política de ampliação da produção cafeeira.
territorial brasileira foi a: d) estabeleceu a primeira política de valorização do café.
a) elevação do Brasil à categoria de Reino Unido junto a e) caracteriza a fundação da “política do café com leite”.
Portugal e Algarves.
b) incorporação da Província Cisplatina e da Guiana 13. A Revolta dos Malês foi um movimento de
Francesa por D. João VI. escravos africanos, muitos dos quais eram
c) ação pacificadora de Caxias no combate a várias muçulmanos, ocorrido em 1835 na seguinte
revoltas regenciais. província:
d) transferência da corte portuguesa para o Brasil em a) Maranhão b) Grão-Pará
1808. c) Bahia d) Pernambuco
e) manutenção do regime monárquico após a e) Minas Gerais
independência.
14. Com a promulgação da Constituição de 1934, a
08. Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII o Brasil segunda constituição do período republicano
estendeu consideravelmente seu território, o que brasileiro, inicia-se o período constitucional da
obrigou o estabelecimento de novos Tratados de Era Vargas. São elementos presentes nesta
Limites entre os Reinos Ibéricos. Neste sentido, Constituição de 1934, EXCETO:
podemos afirmar que: a) Voto secreto.
a) o Tratado de Madri deu origem às Guerras b) Voto feminino.
Guaraníticas. c) Justiça eleitoral.
b) ficou estabelecido, no Tratado de Santo Ildefonso, o d) Jornada de trabalho não superior a 8 horas.
princípio de Uti possidetis. e) Eleições diretas para a escolha do próximo presidente
c) Portugal, pelo Tratado de Badajós, assumiu o controle da República.
sobre o território da Guiana.
d) o Tratado de Utrecht, de 1713, reconheceu a posse da 15. Na República Velha, ocorreram vários
Colônia de Sacramento por Portugal. movimentos contestatórios. Identifique aquele
e) o Tratado do Pardo reconheceu o direito exclusivo de que está localizado geograficamente de forma
Portugal navegar pelo rio Amazonas correta:
a) Revolta da Vacina – Rio de Janeiro.
09. No ano de 1817, na Província de Pernambuco, b) Revolução Federalista – Paraná.
deu-se uma revolta contra o governo de D. João c) Canudos – Minas Gerais.
VI que ficou conhecida como: d) Contestado – Bahia.

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HISTÓRIA

e) Revolta da Armada – Rio Grande do Sul. final de agosto de 1961, foi uma consequência da:
a) renúncia do presidente Jânio Quadros, que provocou a
mobilização política para garantir a posse do vice-
16. A Política de emissão de dinheiro em grande presidente João Goulart.
quantidade, que causou uma desenfreada b) vitória eleitoral do PTB, que supostamente ameaçava
especulação na Bolsa de Valores, durante o os setores conservadores da sociedade brasileira.
governo do marechal Deodoro da Fonseca, ficou c) renúncia do presidente Juscelino Kubitschek, fato que
conhecida como: provocou uma extensa mobilização militar visando
a) Encilhamento. garantir a posse de João Goulart.
b) Crise de 1929. d) vitória eleitoral do PSD, partido que tinha em seus
c) Crise Contestada. quadros diversos elementos supostamente golpistas.
d) Queda do Banco do Brasil. e) política promovida por Leonel Brizola, que queria
e) Queda do Marechal de Ferro. impedir a tomada do poder pelos grupos ligados à luta
armada.
17. A eleição indireta de Getúlio Vargas para a
presidência nacional, na qual foi eleito para um 22. (UFRGS) A denominada "Campanha da
mandato de quatro anos, ocorreu no ano de: Legalidade", ocorrida no Rio Grande do Sul no
a) 1930 b) 1934 c) 1937 final de agosto de 1961, foi uma consequência da
d) 1946 e) 1950 a) renúncia do presidente Jânio Quadros, que provocou a
mobilização política para garantir a posse do vice-
18. Para controlar gastos e investimentos, priorizando presidente João Goulart.
saúde, alimentação, transportes e energia, foi b) vitória eleitoral do PTB, que supostamente ameaçava
criado o Plano Salte, que tem esse nome por ser a os setores conservadores da sociedade brasileira.
sigla composta pelas letras iniciais das c) renúncia do presidente Juscelino Kubitschek, fato que
prioridades. É correto afirmar que o Plano Salte provocou uma extensa mobilização militar visando
foi lançado no governo de: garantir a posse de João Goulart.
a) Juscelino Kubitschek. d) vitória eleitoral do PSD, partido que tinha em seus
b) Getúlio Vargas, durante o Estado Novo. quadros diversos elementos supostamente golpistas.
c) Dutra. e) política promovida por Leonel Brizola, que queria
d) João Goulart. impedir a tomada do poder pelos grupos ligados à luta
e) Jânio Quadros. armada.

19. No dia 05 de julho de 1922, jovens oficiais 23. (UNIFESP) Nos últimos anos do Regime Militar
resolveram abandonar o forte e marchar pela praia (1964-1985), a gradual abertura política implicou
de Copacabana, no Rio de Janeiro, para enfrentar iniciativas do governo e de movimentos sociais e
as forças legalistas. Esse episódio, conhecido políticos. Um dos marcos dessa abertura foi:
como “os 18 do Forte”, a) A reforma partidária, que suprimiu os partidos
a) provocou, imediatamente, a queda do último políticos então existentes e implantou um regime
presidente da República do “Café-com-Leite”. bipartidário.
b) provocou a renúncia do Presidente Artur Bernardes. b) O chamado "milagre econômico", que permitiu
c) levou o Governo Federal a transferir a Escola de crescimento acentuado da economia brasileira e
Formação de Oficiais do Rio de Janeiro para Porto aumentou a dívida externa.
Alegre. c) A campanha pelo "impeachment" de Fernando Collor,
d) deu início a um período ditatorial, interrompido que fora acusado de diversos atos ilícitos no exercício
apenas com a Revolução de 1930. da Presidência.
e) originou o movimento denominado de Tenentismo. d) O estabelecimento de novas regras eleitorais, que
determinaram eleições diretas imediatas para
20. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teve presidente.
efeitos favoráveis à política de industrialização no e) A lei da anistia, que permitia a volta de exilados
Brasil. Nesse período, o fato responsável pelo políticos e isentava militares que haviam atuado na
impulso da indústria brasileira foi o(a): repressão política.
a) desenvolvimento da indústria automobilística e de
bens de consumo. 24. (UFTM) O refrão Um, dois, três, quatro, cinco,
b) empenho efetivo do Estado na implantação da mil, queremos eleger o presidente do Brasil! foi
indústria pesada no Brasil. entoado nos vários comícios do movimento
c) Política dos Governadores, que estimulou a Diretas Já, iniciado em fins de 1983 e que tomou
industrialização de São Paulo e Rio de Janeiro. conta das ruas do país em 1984. Sobre esse
d) política de emissão de dinheiro – o Encilhamento – movimento, é correto afirmar que:
para incentivar o consumo interno. a) resultou na eleição do Presidente Fernando Collor de
e) Convênio de Taubaté, que favoreceu o comércio de Mello, que não chegou a terminar o seu mandato.
manufaturados de origem brasileira b) preocupou os militares, que tentaram acalmar os
ânimos por meio da lei que anistiou os presos
21. (UFRGS) A denominada "Campanha da Políticos.
Legalidade", ocorrida no Rio Grande do Sul no

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HISTÓRIA

c) renovou o cenário político nacional, pois foi a causa IV.O Governo Federal reduziu significativamente os
do surgimento de novos partidos e lideranças políticas. impostos visando a diminuir a carga tributária sobre a
d) contou com o apoio do Presidente Figueiredo, que classe média e a produção industrial.
autorizou a realização dos comícios e retirou o Estão corretas as afirmativas:
exército das ruas. a) I e II
e) terminou por não atingir seus objetivos, pois não se b) I e III
obtiveram os votos necessários para alterar a c) II e III
Constituição então em vigor. d) II e IV
e) III e IV
25. (UNESP) Desde a década de 1980 vários governos
brasileiros adotaram planos econômicos que 28. A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a
pretendiam controlar a inflação. Entre as Portugal e Algarves, em 1815, está ligada ao(à):
características destes planos, podemos destacar a) desejo de D. João de agradar os ingleses.
a) o Plano Cruzado, implementado em 1986, que b) projeto de implantação do regime monárquico no país.
eliminou a inflação, congelou preços, proporcionou c) assinatura do Tratado de Fontainebleau com a
aumento salarial e gerou recursos para o pagamento Espanha.
integral da dívida externa. d) ação das sociedades maçônicas estabelecidas no Rio de
b) o Plano Collor, implementado em 1990, que Janeiro.
determinou o confisco de ativos financeiros e eliminou e) necessidade de legitimar a representação de Portugal
incentivos fiscais em vários setores da economia. no Congresso de Viena.
c) o Plano Real, implementado em 1994, que reduziu as
taxas inflacionárias, estabilizou o valor da moeda, 29. A colonização brasileira foi motivada, de início,
proibiu aumentos de preços no varejo e provocou por preocupações sobretudo políticas, porque:
forte crescimento industrial. a) tinha como objetivo extrair as riquezas que se
d) o Plano de Metas, implementado em 2006, que presumia existir no interior do continente.
projetou um desenvolvimento industrial acelerado e a b) Visava através do povoamento, preservar a posse da
inserção ativa do Brasil no mercado internacional. terra já então disputada por corsários estrangeiros.
e) o Plano de Aceleração do Crescimento, implementado c) Pretendia-se essencialmente, conquistar as populações
em 2007, que apoiou projetos imobiliários, determinou indígenas para a fé católica.
investimentos em infraestrutura e estimulou o crédito d) Almejava-se a conquista do sertão através do estímulo
à pecuária extensiva.
26. (FATEC) Após o impeachment de Collor, Itamar e) Contava com o apoio da coroa espanhola, dirigida por
Franco assumiu a presidência do Brasil, dizendo D. Sebastião.
que sua meta era combater a pobreza, a inflação e
a recessão. Sobre seu governo é correto afirmar 30. Com relação ao sistema político implantado por
que: Portugal no Brasil, ao iniciar-se o
a) o desemprego e a miséria diminuíram, dando alento à empreendimento colonizador, podemos afirmar
população. que:
b) os erros políticos, administrativos e econômicos a) o sistema de capitanias hereditárias foi implantado
cometidos por ele geraram incertezas quanto ao futuro após o fracasso do sistema de governo-geral.
do país. b) com a implantação do governo-geral as capitanias
c) conseguiu reduzir consideravelmente a taxa foram extintas.
inflacionária do país, ao bloquear os ativos financeiros c) duas inovações surgiram após a instalação do governo-
das pessoas físicas e jurídicas. geral: as sesmarias e o monopólio da coroa.
d) visava a defender e recuperar as reservas internacionais d) a criação do governo-geral representou uma tentativa
do país com a decretação da moratória. de Portugal no sentido de centralizar a administração.
e) buscava controlar os preços e desindexar a economia, e) Com o fracasso das capitanias hereditárias as câmaras
com a criação do Plano Cruzado. municipais deixaram de existir.

27. (PUCRS) Considere as afirmativas a seguir, sobre 31. Os africanos saíam de sua terra para trabalhar
fatos relacionados à política interna do Governo como escravos...
Luís Inácio Lula da Silva. a) ...caçados pelos traficantes ou vendidos pelos chefes
I. Foi criado o programa "Primeiro Emprego", como tribais.
forma de combater o trabalho infantil e o escravo, em b) .....para fugir à opressão de seus chefes religiosos.
expansão em várias regiões do país. c) ....entusiasmados com a promessa de uma vida melhor
II. Ampliaram-se, através do ProUni, as vagas no ensino no Brasil.
superior, para acolher alunos provenientes do ensino d) ....voluntariamente, já que na África viviam em
público e com renda familiar reduzida. condições precárias.
III.O Programa Fome Zero, taxado por vários e) ...estimulados pela propaganda desenvolvida pelos
representantes da sociedade civil de assistencialista, portugueses.
tem sido criticado pelos entraves burocráticos e pela 32. Causa geral das invasões holandesas no Brasil:
forma de controle adotada para a concessão dos a) o interesse da burguesia holandesa em fundar no Brasil
benefícios, que dificultam a expansão do programa. uma colônia de povoamento.
b) a tentativa de superar o modelo colonial criado por
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HISTÓRIA

Portugal. Janeiro.
c) a vontade de interromper a produção de açúcar no e) problemas de relacionamento entre membros do
nordeste brasileiro. partido liberal paulista e a regência.
d) a necessidade de transferir o excedente populacional 39. Sobre o movimento abolicionista no Brasil do
dos Países Baixos. século XIX é correto afirmar que:
e) o desejo de romper o bloqueio econômico imposto a) foi marcado pela abolição da escravatura com
por Felipe II, após a União Ibérica. indenização para os ex-senhores de escravos.
b) foi liderado por Zumbi, que formou o famoso
33. O episódio conhecido como “Capão da Traição” Quilombo dos Palmares, onde muitos negros, ao
ocorreu na História do Brasil durante a: fugirem das senzalas, se refugiavam.
a) Rebelião de Beckman. c) foi uma reação dos escravos, marcada por tentativas
b) Revolta dos Malês. desesperadas como o suicídio e a morte pelo banzo.
c) Guerra dos Mascates. d) foi inspirado no iluminismo e levado a cabo por uma
d) Revolta de Felipe dos Santos. maioria branca, letrada, que pretendia retirar do país a
e) Guerra dos Emboabas. “mancha negra da escravidão.”
e) foi apoiado pelas elites senhoriais que conseguiram
34. O responsável pela transferência da capital do abolir a escravidão no Brasil, através da Lei Áurea
Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, assinada pela princesa Izabel.
foi:
a) D. João VI. 40. Sobre as revoltas do Período Regencial (1831-1840)
b) D.Pedro I. é correto afirmar que:
c) Marquês de Pombal. a) indicavam o descontentamento de diferentes setores
d) D. Manuel. sociais com as medidas de cunho liberal e
e) Visconde de Barbacena. antiescravistas dos regentes, expressas no Ato
Adicional de 1835.
35. A primeira constituição brasileira (1824) b) algumas, como a Farroupilha e a Cabanagem, foram
estabelecia, entre outros fatores, a existência de organizadas pelas elites da Bahia e não conseguiram
quatro poderes. Aquele que era exercido mobilizar as camadas mais pobres e os escravos.
exclusivamente pelo imperador era o Poder: c) expressavam o grau de instabilidade política,
a) Legislativo. descontentamento de camadas mais baixas da
b) Judiciário. população, o fortalecimento das tendências federalistas
c) Executivo. e a mobilização de diferentes setores sociais.
d) Moderador. d) provocaram a extinção da Guarda Nacional, espécie
e) Republicano. de milícia que atuou como poder militar da
Independência do país até esse momento.
36. O Plano Real, lançado em 1994 durante o governo e) a Revolta dos Malês e a Balaiada foram as únicas que
de Itamar Franco, teve como uma das ações o(a): colocaram em risco a ordem estabelecida e ameaçando
a) congelamento de preços e salários. o trono, sendo sufocadas pelo Duque de Caxias.
b) criação da Unidade Real de Valor.
c) instituição do empréstimo compulsório sobre os 41. Na história republicana brasileira (1889-2015), os
combustíveis (álcool e gasolina). dois presidentes que governaram o país por
d) bloqueio de parte do saldo das contas corrente e períodos mais longos, além de Getúlio Vargas,
poupanças dos correntistas. foram:
e) nova moeda brasileira passou a ser o Cruzado. a) Fernando Henrique Cardoso e Castello Branco.
b) Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
37. Ocorreu um movimento armado, liderado por c) Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da
Luís Carlos Prestes, com o intuito de implantar no Silva.
país uma ditadura do proletariado, durante a Era d) Juscelino Kubitschek e Luís Inácio Lula da Silva.
Vargas (1930-1945). Esse episódio da história é e) Emílio Garrastazu Médici e José Sarney.
conhecido como a:
a) Revolução Constitucionalista. 42. A revolução republicana e separatista que eclodiu
b) Intentona Integralista. no nordeste, ocorrida contra o governo de Pedro
c) Revolta da Armada. I:
d) Revolução Democrática de 64. a) Revolução Pernambucana de 1817;
e) Intentona Comunista. b) Sabinada;
c) Cabanagem;
38. Uma das principais causas da Revolução d) Balaiada;
Farroupilha foram as(os): e) Confederação do Equador.
a) precárias condições de vida dos ribeirinhos
amazônicos. 43. Sobre a Revolta da Chibata, assinale a alternativa
b) problemas econômicos dos produtores rurais gaúchos. correta.
c) divergências entre senhores de engenho e escravos na a) Embora os marinheiros revoltosos, homens negros em
Bahia. sua maioria, tenham assumido o controle de grandes
d) péssimas condições de saneamento básico no Rio de embarcações de guerra, não souberam como manejá-

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HISTÓRIA

las, visto que somente oficiais de alta patente possuíam d) necessidade de expulsar os Jesuítas da região dos Sete
conhecimento e domínio da tecnologia necessária para Povos da Missões.
conduzir as embarcações de guerra.
b) O governo não cedeu à pressão dos marinheiros e) a descoberta do ouro na região das Minas Gerais e a
revoltados e conseguiu dominar e prender todos os criação da Intendência das Minas.
envolvidos. As principais lideranças foram fuziladas
por formação de motim, e os demais participantes 46. Dentre as várias rebeliões de tendência liberal que
foram encaminhados a campos de trabalho no eclodiram no Brasil, com vistas à sua
extremo norte do país. emancipação política de Portugal, destaca-se, em
c) O movimento foi liderado por um marinheiro negro, Pernambuco, aquela que ficou conhecida como a
João Cândido, único líder que conseguiu anistia do "Revolução dos Padres". Indique a alternativa
governo e foi imediatamente liberado, uma vez que foi que corresponde ao movimento citado.
quem intermediou as negociações de rendição dos a) A Revolta dos Mascates.
marinheiros. b) A Confederação do Equador.
d) O movimento foi composto exclusivamente por c) A Revolução de 1817.
marinheiros negros que exigiam o fim dos castigos d) A Revolução Praieira.
corporais e a criação de uma lei que penalizasse a e) A Revolta dos Alfaiates.
discriminação racial nas forças armadas.
e) Além do fim do castigo corporal, o movimento exigia 47. A partir da eleição pelo Colégio Eleitoral do
melhoria na alimentação, criação de uma nova tabela Presidente Tancredo Neves, em 1985, inicia-se
de serviços, que diminuísse o excesso de trabalho dos um novo período republicano brasileiro, que
marinheiros, e anistia para todos os envolvidos na alguns autores chamam de Nova República.
revolta.
Sobre esse período, assinale a única resposta que
44. A Lei do Ventre Livre foi uma lei abolicionista, associa corretamente uma característica do
promulgada, no Brasil, em 28 de setembro de governo ao respectivo governante.
1871. a) No dia de sua posse, Fernando Collor de Mello
confiscou cerca de 80% do dinheiro que circulava no
Sobre a Lei do Ventre Livre, assinale a alternativa país.
correta. b) No governo do Presidente Itamar Franco,
a) Foi promulgada pelo Imperador Pedro II e concedia restabeleceu-se o cruzeiro como moeda nacional,
liberdade a todas as crianças e às respectivas mães que extinguindo- se o cruzado.
viviam sob a escravidão no território brasileiro. c) Alguns meses após assumir a Presidência da
b) Essa lei encontrou forte resistência entre os senhores, República, Fernando Henrique Cardoso anunciou o
visto que não previa indenização pelo fim da Plano Real, o qual passou a vigorar no País em 1º de
escravidão das crianças nascidas a partir da publicação julho de 1994.
da lei. d) Fernando Henrique Cardoso, na campanha eleitoral,
c) Instituía a liberdade de todas as crianças nascidas a expunha uma imagem de político renovador,
partir da publicação da lei, mas deixava a possibilidade preocupado em cassar “marajás”.
dessas crianças permanecerem sob “os cuidados” do e) No dia 2 de outubro de 1992, o vice-presidente Itamar
antigo proprietário até a idade de 21 anos. Franco assumiu, governando interinamente, até 29 de
d) Como a lei libertava a criança, mas não libertava os dezembro, quando o Congresso Nacional declarou
pais, assim que nasciam essas crianças eram retiradas vaga a presidência, por falecimento de Tancredo
do convívio com os pais escravizados e eram Neves.
destinadas a um abrigo mantido pelo Estado. 48. Em julho de 2011, faleceu o ex-presidente Itamar
e) De acordo com a lei, os senhores tinham a opção de Franco. A respeito da sua chegada ao poder e do
manter as crianças libertas junto aos pais escravizados seu governo, é correto afirmar:
até a maioridade, mas os senhores não podiam a) Venceu Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno
usufruir da mão de obra delas. das eleições disputadas em 1994, graças ao sucesso do
Plano Real, implementado no governo de Fernando
45. Durante o período colonial brasileiro, inúmeros Henrique Cardoso.
tratados foram assinados entre Portugal e b) Venceu Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1989
Espanha, tais como: o de Lisboa, o de Utrecht, o e organizou um governo de coalizão nacional, do qual
de Madri... Regulamentavam, a partir de então, as participaram todos os demais partidos políticos
fronteiras e os interesses das Coroas Ibéricas. brasileiros, inclusive o PT.
c) Assumiu a presidência após o processo de
As causas gerais da assinatura dos tratados do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello
período colonial foram: e, com seu ministro Fernando Henrique Cardoso,
a) superação prática da linha de Tordesilhas e atrito entre implementou o Plano Real.
colonos espanhóis e portugueses. d) Foi eleito em janeiro de 1985, em eleição direta pelo
b) a fundação da colônia do Santíssimo Sacramento e colégio eleitoral, e organizou um governo de reformas
utilização do princípio Uti possidetis. políticas e econômicas que permitiram sua reeleição
c) necessidade dos portugueses constituírem uma via de em 1994.
acesso ao interior do Brasil, pelo rio da Prata. e) Foi eleito em 1994 devido ao sucesso do Plano Real
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HISTÓRIA

implementado no governo do presidente Fernando


Henrique Cardoso, do qual participou como ministro
da Fazenda.

49. Na disputa entre Portugal e Espanha pelos


territórios a serem descobertos navegando-se a
Oeste, o limite que vigorou até o fim da União
Ibérica foi o:

a) Tratado de Tordesilhas.
b) Tratado de Utrecht.
c) trópico de Capricórnio.
d) meridiano de Greenwich.
e) meridiano de Cabo Verde.

50. Na Segunda Guerra Mundial, diferentemente do


que ocorreu na Primeira Guerra, teve a
participação direta do Brasil no conflito. O
governo no qual se deu a inserção brasileira na
Segunda Guerra Mundial foi:

a) João Goulart.
b) Jânio Quadros.
c) Getúlio Vargas.
d) Eurico Gaspar Dutra.

51. No ano de 1930, foi rompido o acordo da política


do café com leite, isto é, o desentendimento entre
os partidários do Partido Republicano Paulista
(PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM).
Nesse contexto histórico, que agitou a cena
política nacional, nasceu a Aliança Liberal (AL),
um agrupamento político que reunia líderes dos
estados:

a) de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Ceará.


b) de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do
Sul.
c) de São Paulo, da Bahia e de Pernambuco.
d) do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
e) do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e da Bahia.

52. As primeiras atividades econômicas na América


Portuguesa, por parte do governo, concentraram-
se na extração de pau-brasil, dentro do regime
de:

a) doação.
b) concessão.
c) permissão
d) estanco.
e) escambo.

53. O Período Regencial Brasileiro foi uma época de


agitações e rebeliões regenciais. Indique a
alternativa que contém a relação correta entre o
movimento e seu local de ocorrência:

a) Sabinada - Espírito Santo.


b) Balaiada - Ceará.
c) Levante Malê - Bahia.
d) Cabanagem - Goiás.
e) Farroupilha- Paraná.

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HISTÓRIA

Gabarito
01. B 02. C 03. D 04. E
05. D 06. B 07. B 08. A
09. E 10. A 11. A 12. D
13. C 14. E 15. A 16. A
17. B 18. C 19. E 20. B
21. A 22. A 23. E 24. E
25. B 26. B 27. C 28. E
29. B 30. D 31. A 32. E
33. E 34. C 35. D 36. B
37. E 38. B 39. D 40. C
41. C 42. E 43. E 44. C
45. B 46. C 47. A 48. C
49. A 50. C 51. D 52. D
53. C

BIBLIOGRAFIA E FONTES

ALBUQUERQUE, Luís de. Escola de Sagres,


Dicionário de História de Portugal. Dir. de Joel Serrão,
Vol. III, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1971, pp.716-717.

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NÚCLEO DAS FORÇAS ARMADAS - DISCIPLINAS COMUNS

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA

1. GEOGRAFIA DO BRASIL

1.1 – DADOS GERAIS

Continente: América do Sul

Região: Brasil

Coordenadas geográficas: 10°00′S, 55°00′W

Área
- Ranking 5º maior
- Total 8.514.876,599 km2 1,2
- Terra 8.456.510 km²
- Água 55.455 km²

Fronteiras
- Total 16.885 km

- Países vizinhos

Argentina 1.261 km

Bolívia 3.423 km

Colômbia 1.644 km

Guiana Francesa 730,4 km

Guiana 1.606 km

Paraguai 1.365 km

Peru 2.995 km

Suriname 593 km

Uruguai 1.068 km

Venezuela 2.200 km

Linha costeira 7.491 km

Reivindicações marítimas
- Mar territorial 12 nm
- Zona contígua 24 nm
- Zona econômica exclusiva 200 nm
- Plataforma continental 200 nm

Extremos de elevação

- Ponto mais alto Pico da Neblina 2.994 m - Ponto mais baixo Oceano Atlântico 0 m

Relevo Planícies na Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste; planaltos na região Sul e Sudeste.

Clima Principalmente tropical, mas Subtropical ao sul.

Recursos naturais bauxita, ouro, ferro, manganês, níquel, platina, alumínio, urânio, petróleo e opala (PI).

Uso da terra
- Terra arável 6,93% (2005)
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GEOGRAFIA

- Cultivos permanentes 0,89% (2005)


- Outros 92,18% (2005)

Terra irrigada 29.200 km²

Perigos naturais Secas e inundações na região Nordeste; inundações na região Sudeste; geadas e inundações na
região Sul.

Problemas ecológicos Desmatamento da Floresta Amazônica (a maior floresta tropical do mundo) e poluição do ar e
das águas (rios e mares) nas grandes metrópoles (São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre), em detrimento às atividades
químico-industriais impróprias.

Na extensão territorial do Brasil, estão incluídos o arquipélago de Fernando de Noronha, o Atol das Rocas, a Ilha da
Trindade, as Ilhas Martin Vaz e os Penedos de São Pedro e São Paulo.

Segundo Resolução nº 05, de 10 de outubro de 2002 do IBGE.

A geografia do Brasil é um domínio de estudos e conhecimentos sobre todas as características geográficas do território
brasileiro.

Descrição geral

O Brasil é o quinto maior país do mundo em área: tem 1,7% das terras emersas e ocupa 47% da América do Sul. Está
localizado na porção centro-oriental deste continente, com seu litoral banhado pelo oceano Atlântico. O Brasil tem uma
área total de 8.514.876 [1] [2] km² que inclui 8.456.510 km² de terra e 55.455 km² de água. O ponto culminante do Brasil é
o Pico da Neblina, com 2.994 m[3]; o ponto mais baixo é o nível do mar. O Brasil faz fronteira com nove repúblicas sul-
americanas: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela e o departamento
ultramarino da Guiana Francesa. Por comparação, o Brasil é um pouco menor em extensão territorial em relação aos
Estados Unidos da América.

A maior parte de seu clima é tropical, embora algumas zonas possam ser classificadas como temperadas. O maior rio do
Brasil, e também o mais extenso do mundo, é o Amazonas. A floresta que cobre a bacia do rio Amazonas constitui quase
a metade das florestas equatoriais da Terra.

O relevo do Brasil é formado por planaltos e planícies. Os planaltos ocupam a maior parte do território brasileiro. O s
principais planaltos são o Planalto das Guianas no extremo norte e o Planalto Brasileiro no centro-oeste, no nordeste, no
sudeste e no sul.

As principais planícies são: a Planície Amazônica no norte, a Planície do Pantanal no sudoeste e a Planície Costeira ou
Litorânea banhada pelo Oceano Atlântico.

Os principais climas do Brasil são: equatorial no norte, semi-árido no nordeste, tropical na maior parte do país, tropical de
altitude no sudeste e subtropical no sul.

As principais bacias hidrográficas do Brasil são: a Bacia do rio Amazonas no norte, a Bacia do Tocantins-Araguaia no
centro, a Bacia do São Francisco no leste, a Bacia do Paraná no centro-sul, a Bacia do Paraguai no sudoeste, a Bacia do
Uruguai no extremo sul, a Bacia do Atlântico Sul no litoral sul, a Bacia do Atlântico Sudeste no litoral sudeste, a Bacia do
Atlântico Leste no litoral leste, a Bacia do Atlântico Nordeste Oriental no nordeste e as Bacias do Parnaíba e a do
Atlântico Nordeste Ocidental no meio-norte.

O Brasil tem diferentes tipos de vegetação. Os principais são: a Floresta Amazônica no norte, a Mata dos Cocais no meio-
norte, a Mata Atlântica desde o nordeste até o sul, a Mata das Araucárias no sul, a Caatinga no nordeste, o Cerrado no
centro, o Complexo do Pantanal no sudoeste, os campos no extremo sul com manchas esparsas em alguns estados do país
e a vegetação litorânea desde o Amapá até Rio Grande do Sul.

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GEOGRAFIA

Área

Mapa-múndi com a relação dos países por ordem de área. Trata-se de um tema bastante relativo na geografia mundial.

 Total: 8.514.876,599 km² (inclui as águas internas).

 Terra seca: 8.456.510 km² (inclui o arquipélago de Fernando de Noronha e também Ilha Grande, Ilha Bela, entre outras
menores).

Deste modo, o Brasil é o país mais extenso da América do Sul. É ainda o terceiro das Américas e o quinto do mundo:
apenas a Rússia (com 17.075.400 km²), o Canadá (com 9.970.610 km²), a República Popular da China (com 9.517.300 km²)
e os Estados Unidos da América (com 9.372.614 km²) têm maior extensão.

Devido ao fato de apresentar tão grande extensão territorial, o Brasil é considerado um país continental, ou seja, um país
cujas dimensões físicas atingem a proporção de um verdadeiro continente, sendo que seu território ocupa 1,6% da
superfície do globo terrestre, 5,7% das terras emersas do planeta Terra, 20,8% da superfície do continente americano e
47,3% da superfície da América do Sul.

Como o Brasil tem o formato aproximado de um gigantesco triângulo, mais precisamente de um coração, é mais extenso
no sentido leste-oeste do que no sentido norte-sul. Entretanto, como essas distâncias são quase iguais, costuma-se dizer
que o Brasil é um país equidistante.

1 Distância Leste-Oeste: (em linha reta) 4.328 km.

2 Distância Norte-Sul: (em linha reta) 4.320 km.

Localização

Localização do Brasil.

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GEOGRAFIA

O Brasil se encontra nos hemisférios sul, norte e inteiramente no hemisfério ocidental do planeta Terra, está localizado no
continente americano, situando-se na porção centro-oriental da América do Sul, entre as latitudes +5º16'20" N e -
33º44'32" S e entre as longitudes -34º45'54"L e -73º59'32" O.

É cortado ao norte pela Linha do Equador, que atravessa os estados do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, e pelo
Trópico de Capricórnio, que passa pelos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, aos 23º27'30" de latitude sul.
A maior parte do território brasileiro fica no hemisfério sul (93%) e na zona tropical (92%).

Estando na porção centro-oriental da América do Sul, limita com todos os países sul-americanos, exceto com o Equador e
o Chile. Ao norte faz fronteira com a Guiana, Guiana Francesa, Suriname e a Venezuela; a noroeste com a Colômbia; a
oeste com o Peru e a Bolívia; a sudoeste com o Paraguai e a Argentina; e ao sul com o Uruguai. Toda a sua extensão
nordeste, leste e sudeste são banhadas pelo Oceano Atlântico.

O espaço geográfico do Brasil é considerado excepcionalmente privilegiado, já que é quase inteiramente aproveitável, não
apresentando desertos, geleiras ou cordilheiras - as chamadas áreas anecúmenas, que impossibilitam a plena ocupação do
território, como ocorre com a maior parte dos países muito extensos da Terra.
1.2 - COORDENADAS GEOGRÁFICAS DO BRASIL

O Brasil está situado entre os paralelos 5°16'19" de latitude norte e 33°45'09" sul e entre os meridianos 34°45'54" de
longitude leste e 73°59'32" oeste.
O país é cortado simultaneamente ao norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio; por isso, possui
a maior parte do seu território situado no hemisfério sul (92%), na zona tropical (93%), a menor parte no hemisfério norte
(1%) e a outra na zona temperada do sul (7%).

Altitudes e pontos extremos

Pontos extremos do Brasil.

As altitudes do território brasileiro são modestas, de modo geral. O território não apresenta grandes cadeias de montanhas,
cordilheiras ou similares. O ponto mais elevado no Brasil é o Pico da Neblina, com cerca de 2.994 m de altitude. O ponto
mais baixo é às margens de suas praias no Oceano Atlântico, com altitude de 0m.

a) Ao norte, o limite é a nascente do rio Ailã, no Monte Caburai, Roraima, fronteira com a Guiana.
b) Ao sul, o limite extremo é uma curva do arroio Chuí, no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai.
c) No leste, o ponto extremo é a Ponta do Seixas, na Paraíba.

d) O ponto extremo do oeste é a nascente do rio Moa, na serra da Contamana ou do Divisor, no Acre, fronteira com o Peru.

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GEOGRAFIA

Fusos horários

A partir de junho de 2008, o território brasileiro, incluindo as ilhas oceânicas, passou a estender-se por apenas três fusos
horários, todos a oeste do meridiano de Greenwich (longitude 0º). Em cada faixa de 15º entre pares de meridianos ocorre
a variação de uma hora. Isso significa que horário oficial no Brasil varia de 2 a 4 horas a menos em relação à hora de
Greenwich (GMT). O primeiro fluxo engloba as ilhas oceânicas (longitude 30º O) e tem 2 horas a menos que a GMT. O
segundo (45º O) tem 3 horas a menos e é a hora oficial do Brasil. Abrange Brasília, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e
todos os estados brasileiros banhados pelo oceano Atlântico. No terceiro (60º O), que tem quatro horas a menos, estão
inclusos todos os demais estados: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Amazonas e Acre. O fuso que
tinha 5 horas a menos em relação à GMT deixou de existir.

Horário de verão

Desde 1985 o Brasil adota o horário de verão, no qual os relógios de parte dos estados são adiantados em uma hora num
determinado período do ano. No período de outubro a fevereiro, é estabelecido o horário de verão nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul. Nesses lugares, durante o verão, a duração do dia é significativamente maior do que a duração da
noite, pois a mudança de horário retarda a entrada elétrica, quanto ao pico de consumo de energia elétrica, quando as luzes
das casas são acesas. Com isso o governo espera diminuir em 1% o consumo nacional de energia. Nos outros estados a
pequena diferença de duração entre o dia e noite em todas as estações do ano não favorece a adoção do novo horário.

Fronteiras

O Brasil tem 23.086 km de fronteira, sendo 15.791 km terrestre e 7.367 km marítima.

Marítimas

O litoral estende-se da foz do rio Oiapoque, no cabo Orange, ao norte, até o arroio Chuí, no sul. A linha costeira do Brasil
tem uma extensão de 7.491 km[6], constituída principalmente de praias de mar aberto.

Terrestres

Com exceção de Equador e Chile, todos os países da América do Sul fazem fronteiras com o Brasil. As extensões da
fronteira com cada país vizinho são:

1.3 - FRONTEIRAS DO BRASIL

País Extensão
Argentina 1.223 km
Bolívia 3.400 km
Colômbia 1.643 km
Guiana 1.119 km
Guiana Francesa 673 km
Paraguai 1.290 km
Peru 1.560 km
Suriname 597 km
Uruguai 985 km
Venezuela 2.200 km

Total 14.691 km

1.4 – GEOLOGIA DO BRASIL

O território brasileiro, juntamente com o das Guianas, distingue-se nitidamente do resto da América do Sul pela simples
observação do mapa geológico do continente. Na região ocidental situam-se os Andes, que sobressaem como se fossem
sua coluna vertebral, formando as cadeias montanhosas mais elevadas da América do Sul.

Larga faixa adjacente aos Andes, no lado oriental, comportou-se, em geral, como área subsidente no Cenozóico e
atualmente está coberta por depósitos quaternários, estendendo-se em planícies baixas e contínuas com diversos nomes
geográficos (Pampas, Chaco, Beni, Llanos).

Ocorrem pequenas áreas de rochas pré-cambrianas distribuídas ao longo do geossinclíneo Andino (restos do
embasamento trazidos à superfície pelos desdobramentos e falhas) e outras dispostas transversalmente ao eixo da grande
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GEOGRAFIA

cadeia. No mais, somente afloram rochas paleozóicas, mesozóicas e cenozóicas, na região andina e na faixa oriental
adjacente.

Estrutura geológica

Escudos antigos ou maciços cristalinos

São blocos imensos de rochas muito antigas, as primeiras que apareceram na crosta terrestre. Constituídos de rochas
cristalinas, do tipo magma-tico-plutônicas, formadas em eras pré-cambrianas, ou de rochas metamórficas, originadas de
material sedimentar do Paleozóico, são extensões resistentes, estáveis, bastante desgastadas e geralmente associadas à
ocorrência de minerais metálicos.

No Brasil, correspondem a cerca de 36% da área total de seu território e são divididos em duas grandes porções: o escudo
das Guianas, ao norte da planície Amazônica, e o escudo Brasileiro, na parte centro-oriental do país, cuja grande extensão
permite dividí-lo em seis escudos e núcleos: Sul-Amazônico, Atlântico, Araguaia-Tocantins, Sul-Rio Grandense, Gurupi e
Bolívio-Mato Grossense.

Bacias Sedimentares

São depressões relativas, ou seja, planos mais baixos encontrados nos escudos, preenchidos por detritos ou sedimentos das
áreas próximas. Esse processo de deposição sedimentar deu-se nas eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica e ocorre ainda
hoje.

Elas estão associadas à presença de combustíveis fósseis - o petróleo, o carvão, o xisto e o gás natural.

No Brasil, correspondem a 64% do território nacional, constituindo grandes bacias, como a Amazônica, a do Meio-Norte,
a do Paraná, a São-Franciscana e a do Pantanal Mato Grossense, ou pequenas bacias, geralmente alojadas em
compartimentos de planaltos, como as de Curitiba, do Recôncavo Baiano, de Taubaté, de Resende e de São Paulo.

Pré-cambriano

As maiores áreas de afloramento de rochas pré-cambrianas da América do Sul estão no Brasil e nas Guianas. São os
escudos. Os terrenos brasileiros mais antigos, constituídos de rochas de intenso metamorfismo, foram denominados em
1915, de complexo Brasileiro, por J.C. Branner. São também designados como embasamento Cristalino, ou, simplesmente,
cristalino. A bacia sedimentar do Amazonas, cuja superfície está coberta em grande parte por depósitos cenozóicos, em
continuação aos da faixa adjacente dos Andes, separa o escudo das Guianas do escudo Brasileiro.
O escudo das Guianas abarca, além das Guianas, parte da Venezuela e do Brasil, ao norte do rio Amazonas. As rochas
mais antigas desse escudo datam de 2.500.000.000 mais ou menos 400 milhões de anos. Boa parte da superfície é coberta
por sedimentos horizontais não metamorfoseados, da formação Roraima, que sofreram intrusões doleríticas datadas de
1.700.000.000 de anos. Essa é, portanto, uma área estável desde longa data.

Pequena zona de rochas pré-cambrianas ocorre na faixa dos estados nordestinos do Maranhão e Pará, constituindo o
núcleo pré-cambriano de São Luís, com rochas muito antigas, aproximadamente de dois bilhões de anos. Ultimamente,
têm-se ampliado muito os conhecimentos sobre o escudo Brasileiro, graças ao incremento das datações radiométricas.

Quase nada se conhece sobre a região pré-cambriana de Guaporé, coberta pela Floresta Amazônica, onde são escassos os
afloramentos. As poucas datações radiométricas parecem indicar que rochas sofreram um ciclo orogenético datado,
aproximadamente, de 2.000 milhões de anos.

A região pré-cambriana do rio São Francisco estende por partes dos estados da Bahia, Minas Gerais e Goiás, atingindo a
costa da Bahia. Uma unidade tectônica muito antiga dessa região, o geossinclíneo do Espinhaço, que vai de Ouro Preto até
a bacia sedimentar do Parnaíba, tem sido muito estudada, principalmente na região do Quadrilátero ferrífero (ver ferro). As
rochas mais antigas dessa área constituem o rio das Velhas, com idades que atingem cerca de 2,5 bilhões de anos.

Sobre elas assentam, em discordância, as rochas do grupo Minas, constituídas de metassedimentos que exibem, em geral,
metamorfismo de fácies xisto verde. A idade parece situar-se no intervalo entre 1.500 e 1.350 milhões de anos. Dentro
desse grupo é colocada a formação Itabira, de grande importância econômica das jazidas de ferro e manganês que contém.
As rochas do grupo Lavras, colocadas, em discordância, sobre as do grupo Minas, constituem-se de metassedimento que
exibem metamorfismo baixo, sendo comuns metaconglomerados, que tem sido interpretados como devidos a glaciação
pré-cambriana.

Grande parte da área pré-cambriana do rio São Francisco é coberta por rochas sedimentares quase sem metamorfismo e
só ligeiramente dobradas, das quais os calcários constituem boa parcela. Essa sequência conhecida como grupo Bambuí,
possui idade que se situa em torno dos 600 milhões de anos. As circunstâncias indicam que a região do rio São Francisco

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GEOGRAFIA

já havia atingido relativa estabilidade nessa época. Nessa época, propriamente dita, assim como em todas as partes do
mundo, não existiam ainda cidades, rodovias, ferrovias, estados, países, portos, aeroportos, enfim, tudo o que passou a ter
história, a partir da invenção da escrita cuneiforme.

Suspeita-se que um grande ciclo orogenético de cerca de dois bilhões de anos de idade, chamado de Transamazônico,
perturbou as rochas mais antigas da faixa pré-cambriana acima referida: a região do rio São Francisco.

As regiões do rio São Francisco e do rio Guaporé eram separadas, no fim do Pré-Cambriano, por dois geossinclíneos, o
Paraguai-Araguaia, margeando as terras antigas do rio Guaporé pelo lado oriental.

As estruturas das rochas parametamórficas do geossinclíneo Paraguai-Araguaia estão orientadas na direção norte-sul do
Paraguai e sul de Mato Grosso, curvando-se depois para nordeste e novamente para norte-sul no norte de Mato Grosso e
Goiás, e atingindo, para o norte, o estado do Pará, através do baixo vale do rio Tocantins. Perfazem extensão de mais de
2.500km. Iniciam-se por extensa seqüência de metassedimentos, constituindo, no sul, o grupo Cuiabá e, no norte, o grupo
Tocantins. Essa sequência é recoberta pelas rochas do grupo Jangada, entre as quais existem conglomerados tidos como
representantes de episódio glacial. A intensidade do metamorfismo que afetou as rochas do geossinclíneo Paraguai-
Araguaia decresce em direção à região do rio Guaporé.

O geossinclíneo Brasília desenvolveu-se em parte dos estados de Goiás e Minas Gerais. Suas estruturas, no sul, dirigem-se
para noroeste, curvando-se depois para o norte. A intensidade do metamorfismo de oeste para leste, variando de fácies
anfibolito para fácies xisto verde.

A região central de Goiás, que separa o geossinclíneo Paraguai-Araguaia do geossinclíneo Brasília, é constituída de rochas
que exibem fácies de metamorfismo de anfibolito. Uma faixa constituída de piroxenitos, dunitos, anortositos, etc., está em
grande parte serpentinizada.

Longa faixa metamórfica estende-se ao longo da costa oriental do Brasil, do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul e Uruguai.
Essa faixa, chamada de geossinclíneo Paraíba por Ebert, exibe rochas com metamorfismo mais intenso na Serra do Mar,
daí decrescendo em direção a nordeste. Cordani separou a região sul do Uruguai a São Paulo, denominando-a
geossinclíneo Ribeira.

As rochas de baixo metamorfismo (xistos verdes) são grupadas sob diferentes nomes geográficos: grupo Porongos no Rio
Grande do Sul, grupo Brusque em Santa Catarina, grupo Açungui, Paraná e sul do estado de São Paulo e grupo São Roque
na área de São Roque-Jundiaí-Mairiporã, no estado de São Paulo.

Os gnaisses e migmatitos da área pré-cambriana do norte, no estado de São Paulo e partes adjacentes de Minas Gerais,
constituindo a Serra da Mantiqueira, são ainda insuficientemente conhecidos. Seu conhecimento será muito importante
para elucidar entre as rochas parametamórficas dos geossinclíneos Brasília e Paraíba.

A faixa orogenética do Cariri, no Nordeste, possui direções estruturais muito perturbadas por falhas. Um grande acidente
tectônico, o lineamento de Pernambuco, separa a faixa do Cariri de uma outra pequena faixa azul, conhecida como
geossinclíneo de Propriá [7]. Importante unidade da faixa tectônica do Cariri é o grupo Ceará. Seus metassedimentos
exibem metamorfismos que variam de fácies xisto verde a de anfibolito. São recobertos, em discordância, pelas rochas do
grupo Jaibara.

A datação das rochas de todos esses geossinclíneos permitiu se estabelecesse que a fase de sedimentação intensa ocorreu
no Pré-Cambriano superior. Importante ciclo orogenético marcou o fim desses geossinclíneos, há cerca de 600 milhões de
anos. Esse ciclo recebeu o nome de Brasileiro.

As fases tardias do ciclo Brasileiro atingiram o Cambriano e o Ordoviciano. Produziram depósitos que sofreram
perturbações tectônicas, adquirindo mergulhos fortes e grande número de falhas, algumas de empurrão. Não se
acompanharam, entretanto, de metamorfismo. Em Mato Grosso extensos depósitos calcários dessa época constituem os
grupos Corumbá, ao sul, e Araras, ao norte. Em discordância sobre o geossinclíneo Corumbá, assentam as rochas do
grupo Jacadigo, constituídas de arcósios, conglomerados arcosianos, siltitos, arenitos e camadas e lâminas de hematita,
jaspe e óxidos de manganês.

Na faixa atlântica, há indícios de manifestações vulcânicas riolíticas e andesíticas associadas aos metassedimentos cambro-
ordovicianos. Ocorrem também granitos intrusivos, tardios e pós-tectônicos. Os sedimentos cambro-ordovicianos que
marcam os estertores da fase geossinclinal no Brasil não possuem fósseis, por se terem formado em ambiente não
marinho. Ocupam áreas restritas, cobertas, discordantemente, pelos sedimentos devonianos e carboníferos da bacia do
Paraná. A maior área encontra-se no estado do Rio Grande do Sul.

A sequência da base é chamada de grupo Maricá à qual sucede o grupo Bom Jardim. Este consiste em sequências
sedimentares semelhantes às do grupo Maricá, mas caracterizadas por um vulcanismo andesítico muito intenso. Segue-se o
grupo Camaquã, cujas rochas exibem perturbações mais suaves que as dos grupos sotopostos. Intenso vulcanismo riolítico
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GEOGRAFIA

ocorreu nas fases iniciais de deposição do grupo Camaquã. Existem, contudo, evidências de fases vulcânicas riolíticas
anteriores: os conglomerados do grupo Bom Jardim contém seixos de riólitos. Vulcanismo andesítico intermitente
também ocorreu durante as fases de sedimentação das rochas do grupo Camaquã.

Outra grande área de rochas formadas em ambiente tectônico semelhante é a do grupo Itajaí, em Santa Catarina. O grupo
Castro, no estado do Paraná, constituído de arcósios, siltitos e conglome-rados, parece ter-se formado na época dos
grupos acima citados. Riólitos, tufos e aglomerados ocorrem em diversos níveis dessa sequência. Rochas vulcânicas
andesíticas marcam as fases finais. Sobre as rochas do grupo Castro descansa uma sequência de conglomerados, conhecida
com formação Iapó.

Outras pequenas áreas de sedimentos equivalentes aparecem ainda no estado do Paraná. Depósitos aparentemente da
mesma idade aparecem ocorrem no estado de São Paulo, entre Guapiara e Ribeirão Branco, na bacia do rio Ribeira do
Iguape. Ebert descobriu em 1971, entre Itapira, no estado de São Paulo, e Jacutinga, em Minas Gerais, uma sequência
sedimentar não metamórfica, mas inclinada, a que denominou grupo Eleutério.

Bacia Sergipe-Alagoas

A Bacia de Sergipe-Alagoas situa-se na região nordeste do Brasil e abrange os estados de mesmo nome, Sergipe e Alagoas,
separados pelo rio São Francisco. Em sua porção terrestre apresenta uma área de 13.000 km² . A parte submersa se
estende por uma área de 32.760 km², até a cota batimétrica de 3.000 metros. A bacia limita-se, a norte, com a Bacia de
Pernambuco/Paraíba, pelo Alto de Maragogi; a sul, o limite da porção emersa é constituído pela Plataforma de Estância e,
no mar, pela Bacia de Jacuípe, através do sistema de falhas do Vaza-Barris.

A história geológica pós – paleozóica da bacia pode ser divida em duas grandes etapas. A primeira, do Jurássico Superior
ao Cretássio inferior, é constituídas por terrenos não marinhos equivalentes ao do Recôncavo; a segunda, do Cretássio
Inferior ao Terciário Inferior, é constituída por formações marinhas.

Presença do mar no Terciário

Causado pela transgressão marinha no período Terciário, que tomou parte do Nordeste, incluindo o vale do rio São
Francisco, Bahia e sul da Paraíba. Com a regressão marinha, o Nordeste voltou à sua porção continental atual.

Triássico

A maior área do triássico está no Rio Grande do Sul no geoparque da paleorrota. Esta região foi o berço da paleontologia
no Brasil, e é formadora de grandes paleontólogos.

1.4.1 - Relevo

O Brasil é um país de poucos desníveis. Cerca de 40% do seu território encontra-se abaixo de 200 m de altitude, 45%
entre 200 e 600 m, e 12%, entre 600 e 900 m. Apenas 3% constituem área montanhosa, ultrapassando os 900 m de
altitude.

Tradicionalmente, o relevo do Brasil é dividido de acordo com a classificação de Ab'Saber, res-peitado geógrafo paulista,
pioneiro na identificação dos grandes domínios morfoclimáticos nacionais. Sua classificação identifica dois grandes tipos
de unidades de relevo no território brasileiro: planaltos e planícies.

Mais recentemente, com os levantamentos detalhados sobre as características geológicas, geomorfólogicas, de solo, de
hidrografia e vegetação do país, foi possível conhecer mais profundamente o relevo brasileiro e chegar a uma classificação
mais detalhada, proposta, em 1989, pelo professor Jurandyr Ross, do Departamento de Geografia da Universidade de São
Paulo. Na classificação de Ross, são consideradas três principais formas de relevo: planaltos, planícies e depressões.
As duas subseções seguintes detalham ambas as classificações.

Planaltos

Os planaltos ocupam aproximadamente 5.000.000 km² e distribuem-se basicamente em duas grandes áreas, separadas
entre si por planícies e platôs: o Planalto das Guianas e o Planalto Brasileiro.

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GEOGRAFIA

Vista aérea do Monte Roraima.

Planalto das Guianas

O Planalto das Guianas fica na parte norte do país, abrangendo também Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana
Francesa. É muito antigo (do período Pré-Cambriano), cristalino e desgastado. Pode ser dividido em duas grandes
unidades:

 Região serrana, situada nos limites setentrionais do planalto. Como o próprio nome indica, apresenta-se como uma linha
de serras, geralmente com mais de 2.000 metros de altitude. Nessa região, na serra do Imeri ou Tapirapecó, localiza-se o
Pico da Neblina, com 2.994 metros, ponto mais alto do Brasil. Fazem parte desse planalto, ainda, as serras de Parima,
Pacaraima, Acaraí e Tumucumaque;
 Planalto Norte Amazônico, situado ao sul da região serrana, caracterizado por altitudes modestas, inferiores a 800
metros, intensamente erodidas e recobertas pela densa selva amazônica.

Planalto Brasileiro

O Planalto Brasileiro é um vasto planalto que se estende por toda a porção central do Brasil, prolongando-se até o
nordeste, leste, sudeste e sul do território. É constituído principalmente por terrenos cristalinos, muito desgastados, mas
abriga bolsões sedimentares significativos. Por ser tão extenso, é dividido em Planalto Central, Planalto Meridional,
Planalto da Borborema, Serras e Planaltos do Leste e Sudeste, Planalto do Meio-Norte e Escudo Sul-Riograndense.

Planalto Central

O Planalto Central, na porção central do país, caracteriza-se pela presença de terrenos cristalinos (do Pré-Cambriano)
que alternam com terrenos sedimentares do Paleozóico e do Mesozóico. Nessa região aparecem diversos planaltos, mas as
feições mais marcantes são as chapadas, principalmente as dos Parecis, dos Guimarães, dos Pacaás Novos, dos Veadeiros
e o Espigão Mestre, que serve como divisor de águas dos rios São Francisco e Tocantins.

Planalto Meridional

O Planalto Meridional, situado nas terras banhadas pelos rios Paraná e Uruguai, na região Sul, estende-se parcialmente
pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste. É dominado por terrenos sedimentares recobertos parcialmente por lavas vulcânicas
(basalto). Nessa porção do relevo brasileiro, existem extensas cuestas emoldurando a bacia do Paraná. Apresenta duas
subdivisões: o planalto Arenito-basáltico, formado por terrenos do Mesozóico (areníticos e basálticos) fortemente erodidos, e
a depressão periférica, faixa alongada e deprimida entre o planalto Arenito-basáltico, a oeste e o Planalto Atlântico, a leste.

Planalto Nordestino

O Planalto Nordestino, é uma região de altitudes modestas (de 200 m a 600 m) em que se alternam serras cristalinas,
como as da Borborema e de Baturité, com extensas chapadas sedimentares, como as do Araripe, do Ibiapaba, do Apodi e
outras.

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GEOGRAFIA

Serras e Planaltos do Leste do Sudeste

Pico da Bandeira.

As Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste, estão localizados próximos ao litoral, formando o maior conjunto de
terras altas do país, que se estende do nordeste até Santa Catarina. Os terrenos são muito antigos, datando do período Pré-
Cambriano, e integram as terras do escudo Atlântico. Merecem destaque, nessa região, as serras do Mar, da Mantiqueira,
do Espinhaço, de Caparaó ou da Chibata, onde se encontra o Pico da Bandeira, com 2.890 metros, um dos mais elevados
do relevo do Brasil. Essas montanhas, altas para os padrões brasileiros, já atingiram a altitude dos dobramentos modernos,
sendo consequência dos movimentos diastróficos (movimentos de amplitude mundial que produziram transformações no
relevo dos continentes) ocorridos no Arqueozóico. Em muitos trechos, essas serras desgastadas aparecem como
verdadeiros "mares de morros" ou "pães de açúcar".

Planalto do Maranhão-Piauí

O Planalto do Maranhão-Piauí (ou do Meio-Norte) situa-se na parte sul e sudeste da bacia sedimentar do Meio-Norte.
Aparecem, nessa área, vários planaltos sedimentares de pequena altitude, além de algumas cuestas.

Escudo Sul-Riograndense

O Escudo Sul-Riograndense aparece no extremo sul do Rio Grande do Sul e é constituído por terrenos cristalinos com
altitudes de 200 a 400 metros, caracterizando uma sucessão de colinas pouco salientes, conhecidas localmente por coxilhas,
ou ainda acidentes mais íngremes e elevados, conhecidos como cerros.

Planícies

As planícies cobrem mais de 3.000.000 de km² do território brasileiro. Dividem-se em três grandes áreas: a Planície
Amazônica, a planície litorânea e o Pantanal Matogrossense.

Rio Amazonas no Brasil.

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GEOGRAFIA

Planície Amazônica

A mais extensa área de terras baixas brasileiras está situada na região Norte. Trata-se da planície Amazônica e planaltos
circundantes, localizados entre o planalto das Guianas (ao norte), o planalto Brasileiro (ao sul), o oceano Atlântico (a leste)
e a cordilheira dos Andes (a oeste).

A planície, propriamente dita, ocupa apenas uma pequena parte dessa região, estendendo-se pelas margens do rio
Amazonas e seus afluentes. Ao redor dela aparecem vastas extensões de baixos-platôs, ou baixos-planaltos sedimentares.

Observando-se a disposição das terras da planície no sentido norte-sul, indentificam-se três níveis altimétricos no relevo:

 Várzeas, junto à margem dos rios, apresentando-se terrenos de formação recente, que sofrem inundações frequentes, as
quais sempre renovam a lâmina do solo;

Mapa da ecoregião da Amazônia. Os limites da ecorregião amazônica são mostrados em amarelo. Imagens: NASA

 Tesos ou terraços fluviais, cujas altitudes não ultrapassam os 30 m e que são periodicamente inundados;

 Baixos-planaltos ou platôs, conhecidos localmente por terras firmes, salvos das inundações comuns, formados por
terrenos do Terciário.

Planície do Pantanal

A mais típica das planícies brasileiras é a planície do Pantanal, constituída por terrenos do Quaternário, situada na
porção oeste de Mato Grosso do Sul e pequena extensão do sudoeste de Mato Grosso, entre os planaltos Central e
Meridional. Como é banhada pelo rio Paraguai e seus afluentes, é inundada anualmente por ocasião das enchentes, quando
vasto lençol aquático recobre quase toda a região.

As partes mais elevadas do Pantanal são conhecidas pelo nome indevido de cordilheiras e as partes mais deprimidas
constituem as baías ou largos. Essas baías, durante as cheias, abrigam lagoas que se interligam através de canais conhecidos
como corixos.

Planície Litorânea

As planícies e terras baixas costeiras formam uma longa e estreita faixa litorânea, que vai desde o Amapá até o Rio
Grande do Sul. Em alguns pontos dessa extensão, o planalto avança em direção ao mar e interrompe a faixa de planície.
Aparecem, nesses pontos, falésias, que são barreiras à beira-mar resultantes da erosão marinha.

A planície costeira é constituída por terrenos do Terciário, que se apresentam como barreiras ou tabuleiros, e por terrenos
atuais ou do Quaternário, nas baixadas. As baixadas são frequentes no litoral e as mais extensas são a Fluminense, a
Santista, a do Ribeira de Iguape e a de Paranaguá.

As planícies costeiras dão origem, basicamente, às praias, mas ocorrem também dunas, restingas, manguezais e outras
formações.

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GEOGRAFIA

Relevo segundo Jurandyr Ross

Tendo participado do Projeto Radam e levado em consideração a classificação de Ab'Saber, Jurandyr Ross propôs uma
divisão do relevo do Brasil tão detalhada quanto os novos conhecimentos adquiridos sobre o território brasileiro nos dois
primeiros projetos. Por isso, ela é mais complexa que as anteriores. Sua proposta é importante porque resulta de um
trabalho realizado com o uso de técnicas ultramodernas, que permitem saber com mais conhecimento como é formado o
relevo brasileiro. Esse conhecimento é fundamental para vários projetos (exploração de recursos minerais, agricultura)
desenvolvidos no país.

Ross aprofundou o critério morfoclimático da classificação de Ab'Saber, que passou a fazer parte de um conjunto de
outros fatores, como a estrutura geológica e a ação dos agentes externos do relevo, passados e presentes. Esta terceira
classificação considera também o nível altimétrico, já utilizado pelo professor Aroldo de Azevedo, embora as cotas de
altitude sejam diferentes das anteriores.

Desse modo, a classificação de Jurandyr Ross está baseada em três maneiras diferentes de explicar as formas de relevo:

1. morfoestrutural: leva em conta a estrutura geológica;


2. morfoclimática: considera o clima e o relevo;
3. morfoescultural: considera a ação de agentes externos.

Cada um desses critérios criou um "grupo" diferente de formas de relevo, ou três níveis, que foram chamados de táxons e
obedecem a uma hierarquia.

 1º táxon: Considera a forma de relevo que se destaca em determinada área — planalto, planície e depressão.
 2º táxon: Leva em consideração a estrutura geológica onde os planaltos foram modelados — bacias sedimentares, núcleos
cristalinos arqueados, cinturões orogênicos e coberturas sedimentares sobre o embasamento cristalino.
 3º táxon: Considera as unidades morfoesculturais, formada tanto por planícies como por planaltos e depressões, usando
nomes locais e regionais.

O relevo de determinada região depende de sua estrutura morfológica. Tendo sido feita uma nova classificação do relevo,
a corresponde uma nova análise da estrutura geológica brasileira.

As novas 28 unidades do relevo brasileiro foram divididas em onze planaltos, seis planícies e onze depressões.

Planaltos

Compreendem a maior parte do território brasileiro, sendo a grande maioria considerada vestígios de antigas formações
erodidas. Os planaltos são chamados de "formas residuais" (de resíduo, ou seja, do ficou do relevo atacado pela erosão).
Podemos considerar alguns tipos gerais:

 Planaltos em bacias sedimentares, como o Planalto da Amazônia Oriental, os Planaltos e Chapadas da Bacia do
Parnaíba e os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná. Podem ser limitados por depressões periféricas, como a Paulista,
ou marginais, como a Norte-Amazônica.
 Planaltos em intrusões e coberturas residuais da plataforma (escudos): São formações antigas da era Pré-Cambriana,
possuem grande parte de sua extensão recoberta por terrenos sedimentares. Temos como exemplos os Planaltos Residuais
Norte-Amazônicos, chamados de Planalto das Guianas nas classificações anteriores.
 Planaltos em núcleos cristalinos arqueados. São planaltos que, embora isolados e distantes um dos outros, possuem a
mesma forma, ligeiramente arredondada. Podemos citar como exemplo o Planalto da Borborema.
 Planaltos dos cinturões orogênicos: Origin-ram-se da erosão sobre os antigos dobramentos sofridos na Era Pré-
Cambriana pelo território brasileiro. A serras do Mar, da Mantiqueira e do Espinhaço são exemplos desse tipo de planalto.
Fazem parte dos planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste.

Depressões

Nos limites das bacias com os maciços antigos, processos erosivos formaram áreas rebaixadas, principalmente na Era
Cenozóica. São as depressões, onze no total, que recebem nomes diferentes, conforme suas características e localização.

 Depressões periféricas: Nas regiões de contato entre estruturas sedimentares e cristalinas, como, por exemplo, a
Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense.
 Depressões marginais: Margeiam as bordas de bacias sedimentares, esculpidas em estruturas cristalinas, como a
Depressão Marginal Sul-Amazônica.
 Depressões interplanálticas: São áreas mais baixas em relação aos planaltos que as circundam, como a Depressão
Sertaneja e do São Francisco.

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GEOGRAFIA

Planícies

Nessa classificação grande parte do que era considerado planície passou a ser classificada como depressão marginal. Com
isso as unidades das planícies ocupa agora uma porção menor no território brasileiro. Podemos distinguir:

 Planícies costeiras: Encontradas no litoral como as Planícies e Tabuleiros Litorâneos.


 Planícies continentais: Situadas no interior do país, como a Planície do Pantanal. Na Amazônia, são consideradas
planícies as terras situadas junto aos rios. O professor Aziz Ab'Saber já fazia esta distinção, chamando as várzeas de
planícies típicas e as outras áreas de baixos-platôs.

1.5 - CLIMA

O clima do Brasil é, em grande parte, tropical, mas o sul do país apresenta clima subtropical.

A região Norte, que compreende os estados do Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Amapá tem clima
equatorial, que confere à região uma boa distribuição anual de chuvas, com temperaturas elevadas, e baixa amplitude
térmica anual.

A região Nordeste tem clima diverso, variando de equatorial (Maranhão e parte do Piauí) a semi-árido (a região da
Caatinga, compreendendo o coração do Nordeste), e tropical, no centro e sul da Bahia. Os estados da região são o
Maranhão, Piauí, Bahia, Pernambuco, Ceará, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba.

A região Centro-Oeste, com os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, apresenta
clima tropical semi-úmido, com destaque para o período de chuvas, que alimenta o Pantanal Mato-Grossense.

Na região Sudeste, que compreende os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo predomina,
nas regiões mais altas, um clima tropical ameno, com quatro estações bem distintas. Já no noroeste do estado de São Paulo
e no Triângulo Mineiro predomina o clima tropical semi-úmido semelhante ao do cerrado do Centro-Oeste.
A região Sul do país possui clima subtropical, com baixas temperaturas nas serras gaúchas e serras catarinenses, sendo
frequente a formação de geadas e a ocorrência de neve na região durante o inverno e compreende os estados do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A maior temperatura registrada no Brasil foi 44,7ºC em Bom Jesus, Piauí, em 21 de novembro de 2005, superando o
recorde de Orleans, Santa Catarina, de 44,6ºC, de 6 de janeiro de 1963. Já a menor temperatura registrada foi de -17,8°C
no Morro da Igreja, em Urubici, Santa Catarina, em 29 de junho de 1996, superando o recorde do município de Caçador,
no mesmo estado, de -14ºC, no inverno de 1975.

Mapa climático do Brasil.

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GEOGRAFIA

Equatorial

Ocorre na região Amazônica, ao norte de Mato Grosso e a oeste do Maranhão e está sob ação da massa de ar equatorial
continental – de ar quente e geralmente úmido. Suas principais características são temperaturas médias elevadas (25°C a
27°C); chuvas abundantes, com índices próximos de 2.000 mm/ano, e bem distribuídas ao longo do ano; e reduzida
amplitude térmica, não ultrapassando 3°C. No inverno, essa região pode sofrer influência da massa polar atlântica, que
atinge a Amazônia ocidental ocasionando um fenômeno denominado "friagem", ou seja, súbito rebaixamento da tempe-
ratura em uma região normalmente muito quente.
Tropical

Abrange todo Brasil central, a porção oriental do Maranhão, grande parte do Piauí e a porção ocidental da Bahia e de
Minas Gerais. Também é encontrado no extremo norte do país, em Roraima. Caracteriza-se por temperatura elevada (de
18°C a 28°C), com amplitude térmica de (5°C a 7°C), e estações bem definidas – uma chuvosa e outra seca. Apresenta alto
índice pluviométrico, em torno de 1.500 mm/ano. A estação de chuva é o verão, quando a massa equatorial continental
está sobre a região. No inverno, com o deslocamento dessa mas-sa diminui a umidade e então ocorre a estação seca.

Tropical de altitude

É encontrado nas partes mais elevadas, entre 800m e 1000m, do planalto Atlântico do Sudeste. Abrange trechos dos
estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, norte do Paraná e o extremo sul de Mato Grosso do
Sul. Sofre a influência da massa de ar tropical atlântica, que provoca chuvas no período do verão. Apresenta temperatura
amena, entre 18°C e 22°C, e amplitude térmica anual entre 7°C e 9°C. No inverno, as geadas acontecem com certa
frequência em virtude da ação das frentes frias originadas da massa polar atlântica.

A Lagoa Rodrigo de Freitas e o Cristo Redentor.

Tropical atlântico ou tropical úmido

Estende-se pela faixa litorânea do Rio Grande do Norte ao extremo leste de São Paulo. Sofre a ação direta da massa
tropical atlântica, que, por ser quente e úmida, provoca chuvas intensas. O clima é quente com variação de temperatura
entre 18°C e 26°C e amplitude térmica maior à medida que se avança em direção ao Sul -, úmido e chuvoso durante todo
o ano. No Nordeste, a maior concentração de chuva ocorre no inverno. No Sudeste, no verão. O índice pluviométrico
médio é de 2000 mm/ano.

Neve no Planalto Serrano de Santa Catarina.


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GEOGRAFIA

Subtropical

Também pode ser classificado como temperado. É o clima das latitudes abaixo do trópico de Capricórnio: abrange o sul
do estado de São Paulo, a maior parte do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o extremo sul de Mato Grosso do
Sul. É influenciado pela massa polar atlântica, que determina temperatura média de 18°C e amplitude térmica anual
elevada para padrões brasileiros, de cerca de 10°C. As chuvas variam dos 1000 mm aos 2000 mm/ano, e bem distribuídas
anualmente. Há geadas com frequência e eventuais nevadas.

Em termos de temperatura, apresenta as quatro estações do ano relativamente bem marcadas. Os verões são quentes, na
maior parte da Região Sul (Cfa, segundo a Classificação climática de Köppen-Geiger), enquanto os verões são amenos nas
Serras Gaúcha e Catarinense, além do extremo sul do país, nas partes mais elevadas das Serras de Sudeste (caracterizado
por Köppen como Cfb), com média anual de temperatura inferior aos 17°C. Os invernos são frescos (frios para os padrões
brasileiros), com a ocorrência de geadas em toda a sua área de abrangência, havendo a ocorrência de neve nas partes mais
elevadas da região. A neve ocorre com regularidade anual apenas acima dos 1.000 metros de altitude (constituindo uma
pequena área entre os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina), sendo, nas áreas mais baixas, de ocorrência mais
esporádica, não ocorrendo todos os anos.

Nos pontos mais altos do planalto, onde pode ocorrer a neve durante os dias de inverno, estão situadas as cidades mais
frias do país: São Joaquim e Urupema, em Santa Catarina, e São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, as três com
temperatura média anual de 13°C. O local mais frio do país é creditado ao cume do Morro da Igreja, no município de
Urubici, próximo a São Joaquim, o ponto habitado mais alto da Região Sul do país.

Cena comum no interior do Nordeste brasileiro de nordestinos fugindo da seca.

Semi-árido

Típico do interior do Nordeste, região conhecida como o Polígono das Secas, que corresponde a quase todo o sertão
nordestino e aos vales médio e inferior do rio São Francisco. Sofre a influência da massa tropical atlântica que, ao chegar à
região, já se apresenta com pouca umidade. Caracteriza-se por elevadas temperaturas (média de 27ºC) e chuvas escassas
(em torno de 750 mm/ano), irregulares e mal distribuídas durante o ano. Há períodos em que a massa equatorial atlântica
(superúmida) chega no litoral norte de Região Nordeste e atinge o sertão, causando chuva intensa nos meses de fevereiro,
março e abril.

1.6 - HIDROGRAFIA

Bacias Hidrográficas
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GEOGRAFIA

De acordo com os órgãos governamentais, existem no Brasil doze grandes bacias hidrográficas, sendo que sete têm o
nome de seus rios principais. Amazonas, Paraná, Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Paraguai e Uruguai; as outras são
agrupamentos de vários rios, não tendo um rio principal como eixo, por isso são chamadas de bacias agrupadas. Veja
abaixo as doze macro bacias hidrográficas brasileiras:

São as seguintes:

 Região hidrográfica do Amazonas


 Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental
 Região hidrográfica do Tocantins
 Região hidrográfica do Paraguai
 Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental
 Região hidrográfica do Parnaíba
 Região hidrográfica do São Francisco
 Região hidrográfica do Atlântico Leste
 Região hidrográfica do Paraná
 Região hidrográfica do Atlântico Sudeste
 Região hidrográfica do Uruguai
 Região hidrográfica do Atlântico Sul

O Brasil possui uma das mais amplas, diversificadas e extensas redes fluviais de todo o mundo. O maior país da América
Latina conta com a maior reserva mundial de água doce e tem o maior potencial hídrico da Terra.

A maior parte dos rios brasileiros é de planalto, apresentando-se encachoeirados e permitindo, assim, o aproveitamento
hidrelétrico. As bacias Amazônica e do Paraguai ocupam extensões de planícies, mas as bacias hidrográficas do Paraná e
do São Francisco são tipicamente de planalto. Merecem destaque as quedas-d'água de Urubupungá (no rio Paraná), Iguaçu
(no rio Iguaçu), Pirapora, Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso (no rio São Francisco), onde estão localizadas usinas
hidrelétricas.

Os rios brasileiros apresentam regime de alimentação pluvial, ou seja, são alimentados pelas águas das chuvas. Em
decorrência de o clima tropical predominar na maior parte do território, as cheias ocorrem durante o verão, constituindo
exceção alguns rios nordestinos, cujas cheias ocorrem entre o outono e o inverno. Os rios do sul não tem vazante
acentuada, devido à boa distribuição das chuvas na região, assim como os da bacia Amazônica, também favorecidos pela
uniformidade pluviométrica da região.

No Brasil, predomina a drenagem exorréica, ou seja, os rios correm em direção ao mar, como o Amazonas, o São
Francisco, o Tocantins, o Parnaíba, etc. Pouquíssimos são os casos de drenagem exorréica, em que os rios se dirigem para
o interior do país, desaguando em outros rios, como o Negro, o Purus, o Paraná, o Iguaçu, o Tietê, entre outros.

Em sua maior parte, os rios brasileiros são perenes, isto é, nunca secam. Mas na região semi-árida do Nordeste há rios que
podem desaparecer durante uma parte do ano, na estação seca: são os chamados rios temporários ou intermitentes.

O Brasil possui poucos lagos, classificados em:

1. Lagos de barragem, que são resultantes da acumulação de materiais e subdividem-se em lagunas ou lagoas costeiras,
formadas a partir de restingas, tais como as lagoas dos Patos e Mirim, no Rio Grande do Sul, e lagoas de várzea, formadas
quando as águas das cheias ficam alojadas entre barreiras de sedimentos deixados pelos rios ao voltarem ao seu leito
normal. São comuns na Amazônia e no Pantanal Mato-Grossense;
2. Lagos de erosão, formados por processos erosivos, ocorrendo no Planalto Brasileiro.

Os centros dispersores — ou seja, as porções mais altas do relevo que separam as bacias fluviais — que merecem destaque
no Brasil são três: a cordilheira dos Andes, onde nascem alguns rios que formam o Amazonas; o planalto das Guianas, de
onde partem os afluentes da margem esquerda do rio Amazonas; e o Planalto Brasileiro, subdividido em centros
dispersores menores.

Os rios, ao desembocarem em outro rio ou no oceano, podem apresentar-se com uma foz do tipo estuário, com um único
canal, ou do tipo delta, com vários canais entremeados de ilhas; ocorre, excepcionalmente, o tipo misto. No Brasil,
predominam rios com foz do tipo estuário, com exceção do rio Amazonas, que possui foz do tipo misto, e dos rios
Paranaíba, Acaraú, Piranhas e Paraíba do Sul, que possuem foz do tipo delta.

País úmido, com muitos rios, o Brasil, possuía quatro bacias principais e três secundárias, divisão que vigorou até a
promulgação da Resolução nº 32, de 15 de outubro de 2003, aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

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Bacias principais
 Amazônica
 Tocantins-Araguaia
 Platina
 São Francisco

Bacias secundárias
 Nordeste
 Leste
 Sudeste-Sul

A imagem mostra o complexo da Região Hidrográfica do Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo.

Bacia Amazônica

Com uma área, em terras brasileiras, de 3.984.467 km², a bacia Amazônica — a maior bacia hidrográfica do mundo[10] —
ocupa mais da metade do território brasileiro e estende ainda pela Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana, Suriname e Guiana
Francesa. A Venezuela não faz parte dessa bacia. Além do rio principal — o Amazonas —, compreende os seus afluentes:
na margem esquerda, os rios Içá, Japurá, Negro e Trombetas; na margem direita, os rios Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e
Xingu.

Atravessada pela linha do Equador na sua porção norte, a bacia Amazônica possui rios nos dois hemisférios e, devido à
sua posição geográfica, apresenta três regimes de cheias: nos rios do norte, tropical boreal, com volume máximo em julho;
nos rios do sul, tropical austral, com volume máximo em março; e no tronco central, volume máximo em abril, maio e
junho. Dessa forma, o rio Amazonas tem sempre um grande volume de água, já que seus afluentes sofrem cheias em
épocas diferentes.

O rio Amazonas, segundo mais extenso do mundo, possui 6.570 km dos quais 3.165 km situam em território brasileiro.
Nasce na Cordilheira dos Andes, no lago Lauricocha (Peru), onde recebe os nomes de Ucayali, Marañon e Vilcanota, e
quando entra no Brasil passa a se chamar Solimões, nome que mantém até a foz do seu afluente rio Negro, próximo a
Manaus. É um rio tipicamente de planície, apresentando um declive mínimo. Sua nascente está apenas 70 metros mais
elevada que a sua foz.

Dentre os diversos rios do mundo, o Amazonas é possui maior débito, ou seja, é o que descarrega o maior volume de água
em sua foz: em épocas normais, lança no oceano 80.000 m³/s, mas chega a jogar até 120.000 m³/s. Um fenômeno
interessante que se observa na foz do rio Amazonas é a pororoca, encontro das águas do rio, durante as enchentes, com as
águas do mar, quando ocorre maré alta.

A largura média do rio Amazonas é de 4 a 5 km, mas chega, em alguns trechos, a mais de 50 km. Devido ao pequeno
declive que apresenta, a velocidade de suas águas é lenta, oscilando entre 2 e 7 km por hora.

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GEOGRAFIA

Além do rio Amazonas e seus grandes afluentes, inúmeros cursos de água desenham uma verdadeira teia na planície
Amazônica. São os furos, córregos ou pequenos rios que unem rios maiores entre si; os igarapés, pequenos e estreitos canais
naturais espalhados pelo baixo-planalto e planície; e os paranás-mirins, braços de rios que contornam ilhas fluviais.

Bacia Platina

Formada pelas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, estende-se pelo Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina.

O mapa mostra a Bacia do Rio Paraná, com destaque para o rio Tietê, um dos seus principais afluentes.

Bacia do Paraná

É a mais extensa das três, abrangendo mais de 10% do território nacional. Possui o maior potencial hidrelétrico instalado
no Brasil, merecendo destaque grandes usinas, como a de Itaipu, Jupiá e Ilha Solteira, no rio Paraná; Ibitinga, Barra Bonita
e Bariri no rio Tietê; Cachoeira Dourada, Itumbiara e São Simão, no rio Paranaíba; Furnas, Jaguara, Marimbondo e
Itutinga, no rio Grande; e ainda Jurumirim, Xavantes e Capivara, no rio Paranapanema.

Seus rios são tipicamente de planalto, o que dificulta muito a navegação, que se tornará mais fácil com a utilização das
eclusas construídas com a instalação das usinas hidrelétricas.

Os rios dessa bacia apresentam regime tropical austral, com chuvas no verão e, consequentemente, cheias de dezembro a
março.

Bacia do Paraguai

Compreende um único grande rio, o Paraguai, que possui mais de 2.000 km de extensão, dos quais 1.400 km ficam em
território nacional. É tipicamente um rio de planície, bastante navegável. Os principais portos nela localizados são
Corumbá e Porto Murtinho.

Além do Paraguai, destacam-se rios menores, como o Miranda, o Taquari, o rio Apa e o São Lourenço. O regime desses
rios é também o tropical austral, com grandes cheias nos meses de verão.

Bacia do Uruguai

O rio Uruguai e sua bacia ocupam apenas 2% do território brasileiro, estendendo-se pelos estados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Formado pelos rios Canoas e Pelotas, possui cerca de 1.500 km de extensão e serve de limite entre Brasil,
Argentina e Uruguai. Situa-se na porção subtropical do País e apresenta duas cheias e duas vazantes anuais. Seus afluentes
de maior destaque são: na margem direita, Peixe, Chapecó e Peperiguaçu; na margem esquerda, Ibicuí, Turvo, Ijuí e
Piratini. Com o potencial hidrelétrico limitado, o rio Uruguai é usado para a navegação em alguns trechos. Suas principais
hidrelétricas são: Barracão, Machadinho, Pinheiro, Estreito do Sul e Iraí.

Bacia do Tocantins-Araguaia
Ocupando uma área de 803.250 Km2, é a maior bacia hidrográfica inteiramente brasileira. Além de apresentar-se
navegável em muitos trechos, é a terceira do País em potencial hidrelétrico, encon-trando-se nela a Usina Hidrelétrica de
Tucuruí.
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O Tocantins, principal rio dessa bacia, nasce no norte de Goiás e deságua junto à foz do Amazonas. Em seu percurso,
recebe o rio Araguaia, que se divide em dois braços, formando a Ilha do Bananal; situada no estado de Tocantins, é
considerada a maior ilha fluvial interior do mundo.

Nessa região ocorrem rios de regime austral, ao sul, e equatorial, ao norte.

Mapa da Bacia do São Francisco.

Bacia do São Francisco

Formada pelo rio São Francisco e seus afluentes, essa bacia está inteiramente localizada em terras brasileiras. Estende-se
por uma área de 631.133 Km², o que equivale a 7,5% do território nacional.

O São Francisco é um rio de planalto, que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa os estados da Bahia,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Além de ser navegável em cerca de 2.000 km, possui também grande potencial
hidrelétrico, merecendo destaque as usinas de Três Marias, Paulo Afonso e Sobradinho. Seus principais afluentes são os
rios Paracatu, Carinhanha e Grande, na margem esquerda; e os rios Salitre, das Velhas e Verde Grande, na margem direita.

O rio São Francisco desempenhou importante papel na conquista e povoamento do sertão nordestino, sendo o grande
responsável pelo transporte e abastecimento de couro na região. Ainda hoje, sua participação é fundamental na economia
nordestina, pois, devido ao fato de atravessar trechos semi-áridos, permite a prática da agricultura em suas margens, além
de oferecer condições para irrigação artificial de áreas mais distantes. Possuindo um regime tropical austral, com cheias de
verão, tem um débito que oscila de 1.000 m³/s nas secas, a 10.000 m³/s nas cheias.

Bacias secundárias

Bacia do Nordeste

É constituída por rios do sertão nordestino, na sua grande maioria temporários, pois secam em determinadas épocas do
ano. Os rios dessa bacia são o Acaraú e o Jaguaribe, no Ceará; o Piranhas e o Potenji, no Rio Grande do Norte; o Paraíba,
na Paraíba; o Capibaribe, o Una e o Pajeú, em Pernambuco. Além desses, fazem parte dessa bacia os rios maranhenses
Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru e Mearim, além do rio Parnaíba, que separa o Maranhão do Piauí.

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GEOGRAFIA

Mapa da Bacia do Atlântico Leste.

Bacia do Leste

Constituída por rios que descem do Planalto Atlântico em direção ao oceano, merecem destaque os rios Pardo,
Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais e Bahia; Paraíba do Sul, em São Paulo e Rio de Janeiro; e Vaza-Barris, Itapicuru,
das Contas e Paraguaçu, na Bahia.

Bacia do Sudeste e Sul

É constituída também por rios que correm na direção oeste-leste, ou seja, que vão das serras e planaltos em direção ao
oceano. Destacam-se os rios Ribeira do Iguape, em São Paulo; Itajaí, em Santa Catarina; Jacuí e Camacuã, no Rio Grande
do Sul.

Com exceção dos rios temporários do sertão nordestino, os demais rios das bacias secundárias apresentam regime tropical
austral, com cheias no verão. São rios de planalto, pouco aproveitáveis para a navegação fluvial.

1.7 - VEGETAÇÃO

Mapa de vegetação do Brasil.

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Formações florestais

Floresta Amazônica

Também conhecida como Hiléia, recobre cerca de 40% do território nacional, estendendo-se pela Amazônia e parte das
regiões Centro-Oeste e Nordeste. Constitui uma das mais extensas áreas florestais do mundo.

Muito densa e fechada, com variedade de espécies, a Floresta Amazônica caracteriza-se por grande umidade, elevadas
temperaturas e pequena amplitude térmica. O nome latifoliada deriva do latim (lati = "largo") e indica a predominância de
espécies vegetais de folhas largas.

Acompanhando essa floresta há uma emaranhada rede de rios, que correm num relevo onde predominam terras baixas
(planícies e baixos-planaltos). Os solos são, em geral, pouco férteis.
Apesar de sua aparente uniformidade, a Floresta Amazônica abriga três tipos de associações, assim divididas:

1. mata de igapó: constantemente inundada, é formada principalmente por palmeiras e árvores não muito altas,
emaranhadas por cipós e lianas. É bastante rica em espécies vegetais;
2. mata de várzea: mais compacta, sofre inundações periódicas (cheias). Apresenta árvores maiores, sobressaindo as
seringueiras, por seu valor econômico;
3. mata de terra firme: pouco inundada, é a que apresenta árvores mais altas. Nela são comuns o castanheiro, o guaraná e o
caucho.

As queimadas para a abertura de pastos, instalação de fazendas para criação de gado e plantações de diversos produtos
agrícolas, os desmatamentos para retirada de madeira e a mineração são os principais impactos provocados pela ocupação
humana na Amazônia. A empresa culpada por esse impacto ambiental é a Husqvarna, uma marca sueca que fabrica desde
motosserras até produtos para manejo e manutenção de áreas verdes.

Mata dos Cocais

Mata dos Cocais.

Abrange predominantemente os estados do Maranhão e Piauí (Meio-Norte), mas distribui-se também pelo Ceará, Rio
Grande do Norte e Tocantins. Está numa zona de transição entre os ecossistemas da Floresta Amazônica e da caatinga. É
classificada como uma formação florestal, mas, na realidade, constitui uma formação vegetal secundária, por seu acentuado
desmatamento. Nesse ecossistema predominam dois tipos de palmeira muito importantes para a economia local:

 Babaçu, de cuja amêndoa se extrai o óleo; as folhas são usadas para a cobertura de casas e o palmito como alimento para
o gado. Um rico artesanato emprega suas fibras para confeccio-nar esteiras, cestos e bolsas. Da casca do côco, podem ser
retirados o alcatrão e o acetato.

 Carnaúba, cujo produto mais conhecido é a cera. Como tudo dessa palmeira pode ser aproveitado (folhas, caule, fibras), o
nordestino denominou-a "árvore da providência".

Na Mata dos Cocais, as altas temperaturas são constantes. As pastagens representam o principal impacto ambiental nesse
ecossistema.

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Floresta latifoliada tropical úmida da encosta

Mata Atlântica.

Estende-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, junto ao litoral, quase sem interrupções.
Predominando em regiões de clima quente e úmido, com verões brandos, surge nas encostas das serras litorâneas.
Topograficamente, surge em serras elevadas (escarpas do Planalto Atlântico) e formas arredondadas, chamadas "mares de
morros". Esta formação vegetal apresenta-se muito densa, emaranhada e com grande variedade de vegetais higrófilos
(adaptados a ambientes úmidos) e perenes.

Devido à sua localização geográfica é a formação vegetal brasileira que mais devastações sofreu, principalmente em
trechos menos elevados do relevo. Esse impacto ambiental é uma das consequências da intensa urbanização e
industrialização que ocorreram no Brasil.

Floresta latifoliada tropical

É a mesma floresta úmida da encosta, mas se desenvolve nas vertentes das serras, à retaguarda do mar, não influenciadas
diretamente pela umidade marítima. Muito densa, apresenta espécies bastante altas e de troncos grossos. No entanto,
quando se desenvolve em solos areníticos, ou de calcário, o aspecto da floresta modifica-se completamente: ela se torna
menos densa, com árvores mais baixas e de troncos finos.

Quase inteiramente devastada, por possuir solos férteis para a agricultura, restam, de sua formação original, apenas, alguns
trechos esparsos.

Mata de Araucária

Predominando em regiões de clima subtropical e tropical de altitude, que apresentam regular distribuição das chuvas por
todos os meses do ano, estende-se desde o sul de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul, em trechos mais íngremes
do relevo (Campos do Jordão, por exemplo). É muito comum no planalto Meridional, nos estados do Paraná e Santa
Catarina.

O nome aciculifoliada vem do latim (aciculi = "pequena agulha") e indica o predomínio de espécies que apresentam folhas
pontiagudas. Destaca-se a Araucaria angustifolia, mais conhecida como pinhei-ro-do-paraná, mas aparecem ainda outras
espécies, como a imbuia, o cedro, o ipê e a erva-mate.

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GEOGRAFIA

Os solos em que se desenvolve, em geral de origem vulcânica, são mais férteis que os das áreas tropicais o que explica a
grande devastação sofrida por essa vegetação para o aproveitamento agrícola.

Além dessas formações florestais aparecem ainda no Brasil alguns outros subtipos, merecendo destaque a mata dos Cocais
e as matas galerias ou ciliares.

A mata dos Cocais é uma formação de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga, abragendo áreas do Maranhão,
Piauí e Tocantins. O babaçu é a espécie predominante.

As matas galerias ou ciliares são florestas que se desenvolvem ao longo dos cursos de água, cuja umidade as mantém.
Praticamente devastadas pela ocupação humana, restringem-se a trechos do cerrado ou dos campos do Rio Grande do Sul.

Calcula-se que 5% da área original dos Pinheirais esteja preservada. A retirada da madeira, para a produção de móveis e
papel de jornal, e a agropecuária são os principais fatores de sua devastação acentuada.

Formações complexas

Cerrado

Cerrado.

Depois da Floresta Amazônica, é a formação vegetal brasileira que mais se espalhou, predominando no planalto Central,
mas aparecendo também como manchas esparsas em outros pontos do país (Amazônia, região da caatinga do Nordeste,
São Paulo e Paraná), recobrindo mais de 20% do território nacional. Predomina em áreas de clima tropical, com duas
estações: verão chuvoso e inverno seco.

Não é uma formação uniforme, o que permite identificar duas áreas: o cerradão e o cerradão propriamente dito. No
cerradão existem mais árvores que arbustos. No cerrado, bastante ralo, aparecem poucos arbustos e árvores baixas, de
troncos sinousos e casca espessa, que apresentam galhos retorcidos, com folhas muito duras; entre as árvores e os
arbustos, espalha-se uma formação contínua de gramíneas altas.

O cerrado espalha-se pelos chapadões e por algumas escarpas acentuadas.

Dentre os fatores que explicam a fisionomia do cerrado, além da escassez de água, destacam-se a profundidade do lençol
freático e a natureza dos solos, ácidos e com deficiências minerais.

A expansão agropecuária, os garimpos, a construção de rodovias e cidades como Brasília e Goiânia, são os principais
aspectos provocados pela ação humana, que reduziram esse ecossistema a pequenas manchas distribuídas por alguns
estados brasileiros.

O cerrado foi declarado "Sítio do Patrimônio Mundial" pela Unesco em 13 de dezembro de 2001.

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Caatinga

Caatinga: formação vegetal xerófila que aparece no Polígono das Secas.

Predominando na região de clima semi-árido do Nordeste é uma formação vegetal tipicamente xerófita, ou seja, adaptada
à escassez de água. É uma vegetação esparsa, que se espalha pelos maciços e tabuleiros, por onde correm rios, em geral
intermitentes.

Desenvolvendo-se em solos quase rasos e salinos, apresenta-se muito heterogênea: em alguns trechos, predominam
árvores esparsamente distribuídas; em outros, arbustos isolados; e em outros, ainda, apenas capões de gramíneas altas.

A falta de água impõe múltiplas adaptações aos vegetais na caatinga, que vão desde a perda das folhas na estação mais seca
até o aparecimento de longas raízes, em busca de lençois subterrâneos de água. Entre as principais espécies de árvores,
estão o juazeiro, o angico, a barriguda, e, entre os arbustos, as cactáceas, como o xiquexique e o mandacaru.

Atualmente, a Caatinga vem sendo agredida ao sofrer o impacto da irrigação, drenagem, criação de pastos, latifúndios e da
desertificação.

Pantanal

Aspecto do Pantanal Mato-Grossense, cuja vegetação reúne espécies da floresta, dos campos, do cerrado e até mesmo da
caatinga.

Ocupando a planície do Pantanal Mato-Grossense, é uma formação mista que apresenta espécies vegetais próprias das
florestas, dos campos, dos cerrados e até da caatinga.

Podem-se identificar nessa formação três áreas diferenciadas: as sempre alagadas, nas quais predominam as gramíneas; as
periodicamente alagadas, nas quais se destacam diversos tipos de palmeiras (buritis, paratudos e carandás); e as que não
sofrem inundações e são mais densas, aparecendo nelas o quebracho e o angico.

Formações campestres

Campos meridionais

Formações de campo limpo, ou seja, constituídos predominantemente por gramíneas, aparecem em manchas esparsas, a
partir da latitude de 20ºS. Em São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina recebem a denominação de campos do planalto;
no Rio Grande do Sul, são conhecidos como campos da Campanha ou Campanha Gaúcha; e em Mato Grosso do Sul,
onde aparecem em trechos esparsos, são chamados de campos de vacaria. No sudoeste do Rio Grande do Sul, os campos
meridionais surgem num relevo dominado por colinas suaves e de vertentes pouco acentuadas conhecidas como coxilhas.

Campos sujos

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Apresentam uma emaranhada mistura de gramí-neas e arbustos, geralmente decorrente da degradação dos cerrados. Seus
limites são bastante indefinidos.

Campos da Hiléia

Conhecidos como campos da várzea, caracteri-zam-se por serem inundados na época das cheias. Aparecem no baixo
Amazonas e em trechos do estado do Pará, principalmente na parte oeste da ilha de Marajó.

Campos serranos

Surgem em porções mais elevadas do território nacional, em pontos onde o relevo ultrapassa 1.500m, como nas serras da
Bocaina e do Itatiaia. Menos densos que as outras formações campestres, apresentam algumas espécies vegetais adaptadas
à altitude.
Formações litorâneas

Manguezais

Mangue.

Ocupam porções mais restritas do litoral, em reentrâncias da costa, onde as águas são pouco movimentadas, como os
pântanos litorâneos, os alagadiços e as regiões inundadas pela maré alta. Neles predominam vegetações halófitas (que se
adaptam a ambientes salinos), com raízes aéreas e respiratórias, dotadas de pneumatóforos que lhes permitem absorver o
oxigênio mesmo em áreas alagadas. Conforme a topografia e a umidade do solo, é possível distinguir o mangue-vermelho,
nas partes mais baixas, o mangue-siriúba, onde as inundações são menos frequentes; e o mangue-branco, em solos firmes.

Formações dos litorais arenosos

As praias e as dunas aparecem em vastas extensões de nosso litoral e nelas surgem formações herbáceas e arbustivas. Nas
praias, essas formações são pouco densas, mas, nas dunas, são relativamente compactas. Geralmente, entre o litoral
arenoso e a serra aparece também o jundu, formação de transição da floresta ao solo salino, ao alcançar o litoral.

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GEOGRAFIA

Domínios florestados

Vegetação brasileira.

A paisagem natural brasileira vem sofrendo sérias devastações, diminuindo sua extensão territorial e sua biodiversidade.

A Amazônia, desde muito tempo, sofre com as queimadas, efetivadas para práticas agrícolas, apesar de seu solo não ser
adequado a tais atividades. Com as queimadas, as chuvas, constantes na região, terminam por atingir mais intensamente o
solo (antes protegido pelas copas das árvores), que, consequentemente, sofre lixiviação, perdendo seu húmus, importante
para a fertilidade da vegetação. Intenso desmatamento também é realizado na região para mineração e para extração de
madeira.

Também a Mata Atlântica, imprópria para a agricultura e para a criação de gado, sofre agressões antrópicas, principalmente
na caça e pesca predatórias, nas queimadas e na poluição industrial. Em função disso, o governo federal estabeleceu que a
Chapada Diamantina seria uma área de preservação ambiental.

Sofrem ainda o Pantanal, os manguezais e as araucárias.

Domínio amazônico

Situado, em sua maior parte, na região Norte do país, o domínio amazônico compõe planaltos, depressões e uma faixa
latitudinal de planície e apresenta vegetação perenifólia, latifoliada (de folhas largas), rica em madeira de lei e densa, o que
impede a penetração de cerca de 95% da luz solar no solo e, portanto, o desenvolvimento de herbáceas.

No verão, quando a Zona de convergência intertropical se estabelece no sul do país, os ventos formados no anticiclone
dos Açores são levados pelo movimento dos alísios ao continente e, ao penetrá-lo, assimila a umidade proveniente da
evapotranspiração da Floresta Amazônica. Essa massa de ar úmida é chamada de massa equatorial continental, sendo
responsável pelo alto índice pluviométrico da região. Além de úmida, a Floresta Amazônica também é quente,
apresentando, em função de sua abrangência latitudinal, clima equatorial.

No inverno, quando a Zona de convergência intertropical se estabelece no norte do país, a massa polar atlântica, oriunda
da Patagônia, após percorrer o longo corredor entre a Cordilheira dos Andes e o Planalto Central, chega à Amazônia seca,
porém ainda fria, o que ocasiona friagem na região e, com isso, diminuição das chuvas.

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A vegetação da Amazônia, além de latifoliada e densa, possui solo do tipo latossolo pobre em minerais e uma grande
variedade de espécies, geralmente autofágicas, em virtude da grande presença de húmus nas folhas. Observa-se a presença
de três subtipos: a mata de terra firme, onde nota-se a presença de árvores altas, como o guaraná, o caucho (do qual se
extrai o látex) e a castanheira-do-pará, que, em geral, atinge 60 metros de altura, a mata de igapó, localizada em terras mais
baixas, zonas alagadas pelos rios e onde vivem plantas como a vitória-régia, e a mata de várzea, onde se encontram
palmeiras, seringueiras e jatobás.

Domínio do cerrado

Localizado, em sua maior parte, na porção central do país, o Cerrado constitui, em geral, uma vegetação caducifólia, ou
seja, as plantas largam suas folhas sazonalmente para suportar um período de seca, exatamente porque o clima da região é
o tropical típico, com duas estações bem definidas (típicas): verão úmido e inverno seco.

A umidade do verão se deve principalmente à atuação da massa tropical atlântica, úmida, por se formar no arquipélago dos
Açores, e quente, em função da tropicalidade.

Na região encontram-se ainda os escudos cristalinos do Planalto Central.

Domínio da caatinga

A Caatinga está localizada na região Nordeste, apresentando depressões e clima semi-árido, caracterizado pelas altas
temperaturas e pela má distribuição de chuvas durante o ano.

A massa equatorial atlântica, formada no arquipélago dos Açores, ao chegar ao Nordeste, é barrada no barlavento do
Planalto Nordestino (notadamente Borborema, Apodi e Araripe), onde ganha altitude e precipita (chuvas orográficas),
chegando praticamente seca à Caatinga.

Apesar de sua aparência, a vegetação da Caatinga é muito rica, variando a maioria delas conforme a época de chuvas e
conforme a localização. Muitas espécies ainda não foram catalogadas. As bromélias e os cactos são as duas principais
famílias da região, destacando-se os mandacarus, os caroás, os xique-xiques, as macambiras e outras mais.

Domínio dos mares de morros

Localizado em grande parte da porção leste, o domínio dos mares morro é assim chamado por causa de sua forma,
oriunda da erosão, gerada principalmente pela ação das chuvas.

Encontram-se na região a floresta tropical, Mata Atlântica ou mata de encosta, caracterizada pela presença de uma grande
variedade de espécies, a planície litorânea, largamente devastada, onde ainda se destacam as dunas, os mangues e as praias,
e serras elevadas, como a Serra do Mar, a Serra do Espinhaço e a Serra da Mantiqueira.

No litoral do Nordeste, encontra-se o solo de massapê, excelente para a prática agrícola, sendo historicamente ligado à
monocultura latifundiária da cana-de-açúcar.

Apresenta clima tropical típico e tropical litorâneo, caracterizado pela atuação da massa tropical atlântica, formada no
arquipélago de Santa Helena.

Domínio das araucárias

As araucárias se estendiam a grandes porções do Planalto Meridional, mas, por causa da intensa devastação gerada para o
desenvolvimento da agropecuária e do extrativismo, hoje só são encontradas em áreas reflorestadas e áreas de preservação.

Abrange planaltos e chapadas, constituindo uma vegetação aciculifoliada (folhas em forma de agulha), aberta e rica em
madeira mole, utilizada na fabricação de papel e papelão.

Destaca-se ainda na região o solo de terra roxa, localizado em praticamente toda porção ocidental da região sul, sudoeste
de São Paulo e Sul do Mato Grosso do Sul. Altamente fértil e oriundo da decomposição de rochas basálticas, o solo de
terra roxa, foi largamente utilizado no cultivo do café.

Apresenta clima subtropical, caracterizado por chuvas bem distribuídas durante todo o ano, por verões quentes e pela
atuação da massa polar atlântica, responsável pelos invernos frios, marcados pelo congelamento do orvalho (geada).

Domínio das pradarias

Localizado no extremo sul do Brasil, também apresenta clima subtropical, sendo portanto marcado pela atuação da massa
polar atlântica.
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Abrange os pampas, Campanha Gaúcha ou Campos Limpos, marcados pela presença do solo de brunizens, oriundo da
decomposição de rochas sedimentares e ígneas, o que possibilita o desenvolvimento da agricultura e principalmente da
pecuária bovina semi-extensiva.

É notável também a presença de coxilhas (colinas arredondadas e ricas em herbáceas e gramíneas) e das matas-galerias nas
margens dos rios.

1.8 FAUNA

O mico-leão-dourado é um mamífero típico da Mata Atlântica brasileira.

A grande variedade de ecossistemas responsável pela elevada diversidade de plantas no Brasil também resulta em
considerável variedade de espécies de animais sem paralelo no mundo, ou seja, é o país com a maior biodiversidade do
mundo. A fauna brasileira é riquíssima em aves, mamíferos, peixes de água doce insetos. Por exemplo, a fauna de peixes
de água doce brasileira possui mais de 3.000 espécies, quinze vezes maior que a fauna de peixes de água doce de todo o
continente europeu. Grandes áreas da Amazônia e do Pantanal ainda não tiveram sua fauna aquática estudada. É provável
que nos próximos 10 anos dobre o número de espécies de peixes de água doce conhecidas. No mar brasileiro, há outras
4.000 espécies de peixe s conhecidas, além de mais de 5.000 de moluscos e igual número de crustáceos e outros
invertebrados marinhos.

Outro importante grupo representado na fauna brasileira é o dos mamíferos e em particular os primatas. Das cerca de 520
espécies de mamíferos terrestres conhecidos no Brasil, mais de 100 são primatas, que inclui os micos, os sagüis e os
macacos-prego. Somente na última década sete novas espécies de macacos foram descritas, incluindo a menor espécie de
macaco conhecida, um sagüi de apenas 100 gramas de peso, menor que a palma de um adulto. Como esses animais vivem
em territórios muito restritos, delimitados por exemplo pela presença de rios ou de áreas sem floresta, é muito provável
que o número de espécies seja bem maior, pois muitos desses territórios podem ainda não ter sido explorados. Por
exemplo, o uacari-branco, um macaco de grande porte, é restrito à região do Mamirauá, no alto Amazonas, limitado pelos
rios que rodeiam a área. O mico-leão-dourado é restrito a pequenas áreas da Mata Atlântica.

Outros grupos de mamíferos bem representados na fauna brasileira são os marsupiais, com mais de 30 espécies, e os
morcegos, com mais de 140 espécies.

A maior parte dos mamíferos brasileiros ocorre na região amazônica. Entretanto, também no mar a fauna de mamíferos é
muito bem representada, com cerca de 35 espécies de golfinhos e baleias, quase metade das espécies conhecidas no
mundo, ocorrendo nos mares brasileiros. Outros mamíferos aquá-ticos abundantes são o boto-cor-de-rosa, e o boto-
tucuxi, importantes predadores dos rios amazônicos. Também nas águas encontram-se dois dos mamíferos mais
ameaçados atualmente, o peixe-boi e a ariranha.

A diversidade de aves também é muito significativa. Somente de araras, e papagaios contam-se mais de 70 espécies, dentre
elas a ararajuba, símbolo nacional, e a ararinha-azul, praticamente extinta. Além da harpia, a maior águia do mundo, que
ocorre na região amazônica.

Como a evolução de insetos e plantas é um fenômeno paralelo e interdependente, a grande diversidade de plantas com
flores no Brasil resultou também em imensa variedade de insetos. Acredita-se que existam no mínimo entre 10 e 15
milhões de espécies de insetos no Brasil, principalmente na Amazônia e na Mata Atlântica, regiões com maior diversidade
de plantas com flores.

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A fauna é gravemente afetada pela destruição de seus hábitats, principalmente os animais de grande porte, que necessitam
de amplas áreas territoriais, como a onça-pintada e o lobo-guará, e animais restritos a pequenos territórios, como grande
parte dos primatas.

1.9 - LITORAL

O Brasil é banhado pelo Oceano Atlântico, desde o cabo Orange até o arroio Chuí, numa extensão de 7.408 km, que
aumenta para 9.198 km se consideramos as saliências e as reentrâncias do litoral, ao longo do litoral se alternam praias,
falésias, dunas, mangues, recifes, baías, restingas e outras formações menores.

Segundo João Dias da Silveira, o litoral brasileiro apresenta características diversas, que levam à seguinte divisão:
 Litoral Norte: formado por sedimentos recentes, havendo o predomínio de restingas, lagunas e mangues;
 Litoral Nordeste: nele se localizam belas praias e dunas, além de alguns importantes portos comerciais;
 Litoral Leste: além de belas praias e portos importantes, abriga restingas, mangues, recifes e também algumas barreiras;
 Litoral Sudeste: Caracterizado pelas costas baixas e falésias, apresenta também restingas, lagunas e mangues na sua parte
sul. É o mais movimentado do país, com importantes portos comerciais, como o de Santos e o do Rio de Janeiro;
 Litoral Sul: formado por costas baixas e arenosas, além de extensas lagoas no Rio Grande do Sul. Os principais portos
são Itajaí, Paranaguá e Rio Grande.

O litoral brasileiro é beneficiado pelas condições favoráveis de navegação durante o ano inteiro, porém os portos são
obsoletos, mal equipados e congestionados.

Nele se explora a pesca, com produção modesta com relação à internacional. Essa atividade é supervisionada pela
Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), vinculada à Presidência da República.

Em trechos do nosso litoral existem salinas, principalmente no Nordeste (Rio Grande do Norte e Ceará) e no Rio de
Janeiro, que garantem a auto-suficiência na produção de sal.

Sob o ponto de vista turístico, nosso litoral apresenta grande potencial. É necessário, porém, que se melhore a infra-
estrutura urbana nos centros turísticos, para que se instale efetivamente uma indústria do turismo no país.
Na plataforma continental existem reservas petrolíferas, cuja exploração responde por 70% da produção brasileira de
petróleo. É importante conhecer alguns aspectos físicos do Oceano Atlântico, que banha o nosso litoral.

O Atlântico Sul apresenta uma salinidade média de 37‰, mais elevada que a das águas ocêanicas do planeta (35‰). As
temperaturas elevadas, os ventos constantes e a intensa evaporação fazem com que esses índices aumentem ainda mais nas
regiões de salinas.

As marés são em geral baixas, com amplitudes que oscilam de 2 a 4 m. Apenas o litoral maranhense registra marés baixas:
de 7,80 m, em São Luís, e de até 8,16 m, em Itaqui.

Nosso litoral sofre influência climática de três correntes marítimas: a das Guianas e a Brasileira, que são quentes, e a das
Falklands, que é fria. A corrente das Guianas banha o litoral norte, e a Brasileira, o litoral leste. A corrente das Falklands,
proveniente do pólo sul, banha pequeno trecho do litoral sul.

Quanto ao relevo, o Atlântico Sul apresenta a plataforma continental, que submerge até 200 m, seguida de declive abrupto,
o talude continental, desnível que alcança até 2.000 m de profundidade e vai até a região pelágica, onde surgem as bacias
dorsais e
oceânicas (ou seja, cordilheiras submarinas). Abaixo desse limite inicia-se a região abissal.

A largura da plataforma continental brasileira é bastante variável. Alcança cerca de 400 km do litoral do Pará, estreitando-
se bastante no litoral nordestino. Ela é mais larga junto à foz dos grandes rios., onde há o acumulo de muitos depósitos de
cascalho, areia e outros sedimentos.

Extensão do litoral brasileiro

Estados Extensão (km) Percentual (%)

Bahia 932 12,7


Maranhão 640 8,7
Rio de Janeiro 636 8,6
Rio Grande do Sul 622 8,5
São Paulo 622 8,5
Amapá 598 8,1
Ceará 573 7,8

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Pará 562 7,6


Santa Catarina 531 7,2
Rio Grande do Norte 399 5,4
Espírito Santo 392 5,3
Alagoas 229 3,1
Pernambuco 187 2,5
Sergipe 163 2,2
Paraíba 117 1,6
Paraná 98 1,3
Piauí 66 0,9
Total 7.367 100

Por apresentar características comuns, o litoral pode ser dividido em Norte, Nordeste, Sudeste e Sul.

Litoral Norte

Abrange a costa do Amapá e a do Pará e este é marcado pela foz do rio Amazonas, com canais, pequenos lagos,
manguezais e ilhas, entre elas a de Marajó. No norte do Amapá há ainda longas restingas.

Litoral Nordeste

É bem diversificado. Destacam-se as dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, que abrigam lagoas no período
das chuvas, e o delta do rio Parnaíba, entre Maranhão e Piauí. No trecho que vai do Rio Grande do Norte à Bahia são
comuns as restingas, dunas, lagoas e os mangues. Entre Alagoas e Sergipe está a foz do rio São Francisco. É marcante
também a baía de Todos os Santos, no estado da Bahia.

Litoral Sudeste

Tem diversos trechos escarpados e outros amplos e retilíneos. Do norte do Espírito Santo até o município de Cabo Frio
(RJ), são comuns pequenas elevações, baixadas e restingas. De Cabo Frio a Marambaia há restingas e lagunas. A partir daí
até São Sebastião, já em São Paulo, o litoral é sinuoso e escarpado, marcado pela presença natural da serra do Mar. Desse
trecho até o rio Ribeira do Iguape predominam as baixadas.

Litoral Sul

É bastante recortado no Paraná, já que a serra do Mar volta a estar próxima do litoral. Na costa catarinense há colinas
formadas pelo desgaste das escarpas da serra do Mar. Com uma faixa costeira ampla e retilínea, o estado do Rio Grande
do Sul é marcado pela laguna dos Patos e lagoa Mirim, que são formadas pelo fechamento de restingas.

Ilhas oceânicas

Em sua imensa maioria, as ilhas brasileiras são continentais ou costeiras, situadas junto ao litoral e apoiadas sobre a
plataforma continental. As principais são: Itamaracá, em Pernambuco, Grande, no Rio de Janeiro; São Sebastião, em São
Paulo; e Santa Catarina, no estado de mesmo nome.

A ilha de Marajó, no litoral paraense, apesar de estar em contato com o oceano Atlântico, é uma ilha fluvial; é formada
pela acumulação de sedimentos do rio Amazonas, ao lançar suas águas no oceano.

Há também as ilhas ocêanicas, que ficam distantes do litoral e emergem da Dorsal Atlântica. Seu número é reduzido e elas
apresentam, em geral, pouca extensão. São elas: o arquipélago de Fernando de Noronha, as ilhas de Trindade e Martim
Vaz, o rochedo de São Pedro e São Paulo, o atol das Rocas e o arquipélago de Abrolhos. Sua origem é vulcânica,
excetuando-se o atol das Rocas, de origem coralíngea.
Fernando de Noronha

A uma distância de 360 km do litoral do Rio Grande do Norte aparece o arquipélago de Fernando de Noronha,
constituído por 21 ilhas[11] de origem vulcânica que, juntas, totalizam uma área de 26 km². Fernando de Noronha é a mais
extensa e a única habitada, contando com cerca de 1.500 moradores, reunidos em Vila dos Remédios. Fernando de
Noronha foi, por muito tempo (1942-1987), território federal ligado às Forças Armadas, mas com a Constituição de 1988,
foi incorporado ao estado de Pernambuco, como distrito estadual. Há alguns anos, vem sendo explorado mais
intensamente no arquipélago o turismo, que, ao lado da pesca, é a principal atividade econômica.

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Trindade e Martim Vaz

Trindade e Martim Vaz, localizadas a 1.100 km da costa do Espírito Santo, constituem, na realidade, uma ilha maior,
Trindade, com 8,2 km², e um grupo de cinco ilhotas de vegetação escassa, conhecidas como grupo Martim Vaz, a 50 km a
leste de Trindade. A ilha maior é ocupada para observações meterológicas, por situar-se em área de dispersão de massas de
ar. São usadas como base da Marinha e estação meteorológica.

Penedos de São Pedro e São Paulo

Situados cerca de 900 km da costa do Rio Grande do Norte, os Penedos de São Pedro e São Paulo formam um
pequeno arquipélago, no qual se destacam cinco rochedos maiores e uma dezena de outros menores. Sem água potável ou
qualquer vegetação, são habitados apenas por aves marinhas, que lá procriam e deixam espessa camada de guano
(aculumação de fosfato de cálcio resultante do excremento das aves marinhas).

Atol das Rocas

O Atol das Rocas é uma pequena ilha circular, situada 150 km² a oeste de Fernando de Noronha. Possui área de 7,2 km²
e altitude de apenas 3 m acima do nível oceânico. Sem água potável e com uma rala cobertura vegetal, a ilha não é
habitada, ainda que abrigue uma farol, automático para orientar a navegação. O local é um refúgio para enorme variedade
de aves marinhas, que povoam todos os espaços da ilha, o que fez com que, em 1979, ela fosse transformada na primeira
reserva marinha brasileira.

Abrolhos

A 80 km da Bahia localiza-se o arquipélago de Abrolhos, formado por cinco pequenas ilhas, que compõem o primeiro
parque nacional marítimo. Possui grande quantidade e variedade de corais e é habitado por cabras selvagens e aves
marinhas. Sua população — de menos de 20 pessoas — dedica-se à manutenção e funcionamento do farol, fundamental
para a navegação aérea e marítima da região.

Ilhas fluviais

O Brasil possui algumas das maiores ilhas fluviais do mundo. Na foz do rio Amazonas, além de Marajó, estão as ilhas de
Gurupá, Caviana e Mexiana, todas maiores do que as ilhas costeiras brasileiras que abrigam capitais de estados. No
Tocantins está a ilha do Bananal.

Marajó

É a maior ilha flúvio-marinha do mundo, com 50.000 km². Localizada na foz do rio Amazonas, no estado do Pará, é um
dos grandes santuários ecológicos do planeta. O lado oeste da ilha é coberto por florestas e é rico em madeiras de lei e
palmeiras, como açaí, bacaba e tucumã. No leste predominam os campos cobertos por gramíneas. O guará, um pássaro
vermelho, é ave-símbolo da região. A principal atividade econômica da ilha é a criação de búfalos, seguida da pesca,
extração de madeira e borracha.

Bananal

Com 20.000 km² de área, é a maior ilha fluvial do mundo[12]. Localizada no estado do Tocantins, abriga ao norte o Parque
Nacional do Araguaia, e ao sul, duas reservas indígenas: Carajás e Javaés. Parte da ilha é inundada durante os meses de
janeiro a março, época de cheia do rio Araguaia. Por estar numa zona de transição entre a Floresta Amazônica e o cerrado,
possui fauna e flora bem variada. Entre os animais há a onça-pintada, uirapuru, garça-azul e tartaruga-da-amazônia. Entre
as principais espécies vegetais há vários gêneros de orquídeas e árvores, como a maçaranduba e a piaçava.

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Tópicos miscelâneos

1.10 - RECURSOS NATURAIS

Reservas brasileiras de urânio.

O Brasil é rico em minérios, como bauxita, ouro, ferro, manganês, níquel, fosfatos, platina, urânio; todo o petróleo que
extrai, é consumido na maior parte para produção de materiais de borracha e combustíveis por exemplo. Recentemente o
Brasil conquistou sua auto-suficiência no petróleo ou seja, produz internamente todo o petróleo que consome.

Produção mineral

O Brasil importa principalmente cobre, enxofre e mercúrio. Os principais locais de extração de minério no país são:

 Serra do Navio – produção de manganês, (atualmente escassa) voltada para o mercado externo; construção da estrada de
ferro Amapá pela ICOMI.
 Carajás – entre os rios Tocantins e Xingu; maior reserva de ferro do mundo; hidroelétrica de Tucuruí no rio Tocantins;
estrada de ferro Carajás; construção e ampliação dos portos de Ponta da Madeira e Itaqui em são Luiz (MA).
 Vale do Rio Trombetas – em Oriximiná (PA), produção de bauxita. Projetos Albrás e Alumar.
 Serra Pelada – no vale do rio Tapajós (PA); ouro.
 Rondônia – produção de cassiterita de onde se extrai o estanho.
 Quadrilátero Ferrífero ou Central (Minas Gerais) – a exploração mineral é feita principalmente pela CVRD (Companhia
Vale do Rio Doce, privatizada em 1997); a produção destinada ao mercado externo são escoadas pela estrada de ferro
Vitória-Minas até os portos de Vitória e Tubarão, no Espírito Santo; a produção para o mercado interno é escoada
principalmente pela estrada de ferro Central do Brasil até o porto do Rio de Janeiro e o terminal de Sepetiba e também
para São Paulo; ferro, manganês e bauxita.
 Maciço de Urucum – nas proximidades de Corumbá / MS; produção de ferro e manganês; maior parte da produção é
escoada pelo rio Paraguai; a produção é insipiente devido a precariedade dos sistemas de transporte e pela distância dos
grandes centros consumidores e a pequena utilização in loco.
 Sal Marinho (cloreto de sódio) – indústria, alimentação, gado; 90% da produção está no Nordeste (Areia Branca, Macau,
Açu e Mossoró, todas elas no Rio Grande do Norte) e na região dos Lagos no RJ;pelo clima quente, alta salinidade das
águas marinhas e a ação dos ventos alísios.

Combustíveis fósseis

1 Carvão mineral – formou-se pelo processo de soterramento de antigas florestas durante os períodos Carboníferos e
Permiano (Era Paleozóica); fases: turfa, linhito, hulha e antracito; 90% das reservas mundiais encontram-se na Rússia,
EUA e China; no Brasil,em Figueira(PR), em SC (vale do Tubarão) e RS (vale do rio Jacuí).
2 Petróleo – formou-se pela sedimentação de microorganismos marinhos no final do Mesozóico e início do Cenozóico. No
Brasil, 70% das reservas estão na Bacia de Campos (RJ) e o restante é extraído do Recôncavo Baiano e Rio Grande do
Norte. O Brasil desenvolve tecnologia para explorar petróleo em águas profundas através da Petrobrás.

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Uso da terra

Uso da terra.
Terra arável 5%
Culturas permanentes 1%
Pastos permanentes 22%
Florestas e regiões de mata 58%
Outras 14%
Terra irrigada: 28.000 km quadrados (1993)

1.11 - DIVISÃO POLÍTICA

O Brasil, dividido por suas 27 Unidades da Federação.

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O Brasil está dividido em estados, que têm administração independente, submetidos apenas à constituição brasileira, ao
código de leis brasileiras e à sua própria constituição estadual.

As unidades da federação possuem autonomia, porém não soberania. Somente a República Federativa do Brasil possui a
soberania. Esta, por sua vez, pode ser representada externamente pela União, que é um dos entes da Federação,
juntamente com os estados e municípios.

Atualmente, o Brasil está dividido em 26 estados e um Distrito Federal, agrupados em cinco regiões (populações do censo
de 2007):

Estado Sigla Região Capital População


Acre AC Norte Rio Branco 655.385
Alagoas AL Nordeste Maceió 3.037.103
Amapá AP Norte Macapá 587.311
Amazonas AM Norte Manaus 3.221.939
Bahia BA Nordeste Salvador 14.080.654
Ceará CE Nordeste Fortaleza 8.185.286
Distrito Federal DF Centro-Oeste Brasília 2.455.903
Espírito Santo ES Sudeste Vitória 3.351.669
Goiás GO Centro-Oeste Goiânia 5.647.035
Maranhão MA Nordeste São Luís 6.118.995
Mato Grosso MT Centro-Oeste Cuiabá 2.854.642
Mato Grosso do Sul MS Centro-Oeste Campo Grande 2.265.274
Minas Gerais MG Sudeste Belo Horizonte 9.273.506
Pará PA Norte Belém 7.065.573
Paraíba PB Nordeste João Pessoa 3.641.395
Paraná PR Sul Curitiba 10.284.503
Pernambuco PE Nordeste Recife 8.485.386
Piauí PI Nordeste Teresina 3.032.421
Rio de Janeiro RJ Sudeste Rio de Janeiro 15.420.375
Rio Grande do Norte RN Nordeste Natal 3.013.740
Rio Grande do Sul RS Sul Porto Alegre 10.582.840
Rondônia RO Norte Porto Velho 1.453.756
Roraima RR Norte Boa Vista 395.725
Santa Catarina SC Sul Florianópolis 5.866.252
São Paulo SP Sudeste São Paulo 39.827.570
Sergipe SE Nordeste Aracaju 1.939.426
Tocantins TO Norte Palmas 1.243.627

1.12 - PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A questão da preservação e da conservação ambiental ganha destaque no Brasil a partir da década de 1970, com o
surgimento de pequenos grupos que apontam a necessidade de incluir o tema do meio ambiente nas discussões da
sociedade. Na década seguinte, com a redemocratização do Brasil, cresce o número de organizações não governamentais
ambientalistas e surgem novas propostas de preservação do meio ambiente. Algumas se transformam em políticas
públicas, dando contornos mais definidos à legislação ambiental brasileira.

Na Constituição – Antes de 1988, o país já possuía leis que tratavam da questão ambiental. O Código Florestal, por
exemplo, é de 1965 e previa diversas sanções penais para os crimes contra o meio ambiente, embora elas não fossem
detalhadas. A Constituição de 1988 consolida o processo legal e institucional. O capítulo que trata do meio ambiente
enfatiza a necessidade de sua defesa e preservação e procura estabelecer mecanismos para que isso ocorra. Para os
especialistas, o grande problema é conseguir que essa legislação saia do papel e seja efetivamente aplicada, já que muitas
leis não foram sequer regulamentadas, como a que protegeria nossa biodiversidade, a mais rica do mundo. Outro destaque
na defesa do meio ambiente é a criação, em 1989, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Entretanto, o avanço
da legislação e a possibilidade de uma fiscalização mais rígida esbarram no ainda escasso volume de recursos destinados às
questões ambientais e na falta de articulação entre os governos federal, estaduais e municipais, sociedade civil, e mesmo
entre os vários órgãos federais, que frequentemente se opõem a questões como o uso da terra ou dos recursos hídricos.

Lei de Crimes Ambientais – A lei nº 9.605, sancionada em fevereiro de 1998 e regulamentada em setembro de 1999,
estabelece as penas para as infrações e agressões cometidas contra o meio ambiente no Brasil. Prevê multas que chegam a
50 milhões de reais para uma variedade de infrações: pesca em locais proibidos, crimes contra o patrimônio, soltura de
balões, pichações, caça ilegal, obras poluidoras, queimadas e desmatamento.

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Corredores ecológicos: uma proteção maior

Trata-se de um conceito de conservação que surge na década de 1990 com base na constatação de que proteger pequenas
áreas descontínuas, rodeadas por outras nas quais as atividades econômicas são exercidas sem nenhum controle, é
insuficiente para garantir a preservação de espécies animais e vegetais. Esses fragmentos se tornam cada vez mais frágeis,
por causa da perda progressiva das relações ecológicas e da diminuição das trocas genéticas. O corredor é um sistema de
manejo em que se procura integrar várias unidades de conservação às áreas ao seu redor, como fazendas. Estas devem
adotar formas de desenvolvimento não predatórias, de modo a permitir que as espécies possam ir de uma área para outra,
seja através de áreas de vegetação natural, seja de reflorestamento, seja mesmo de plantações. A eficiência dos corredores,
porém, é um assunto controverso, pois há poucos estudos, em geral feitos no hemisfério norte, que confirmem a adoção
dos corredores pelos animais.

Área binacional – O Corredor Binacional Iténez-Guaporé foi o primeiro a ser criado, em 2001. Ele nasce com uma área
de 23 milhões de hectares (quase do tamanho do estado de São Paulo), na bacia dos rios Guaporé-Mamoré e Iténez, na
fronteira do Brasil com a Bolívia. O corredor binacional está na área de maior diversidade de peixes do planeta, com 174
espécies de grande interesse comercial já catalogadas. No lado brasileiro existem 30 áreas protegidas. No território
boliviano há oito unidades de preservação. Também deverão ser criados corredores nas fronteiras com Peru, Colômbia,
Venezuela, Guiana e Guiana Francesa. Existem atualmente sete corredores ecológicos em fase de implementação ou
estudo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os investimentos,
porém, estão concentrados em três deles, dois com financiamento do programa piloto para a Proteção das Florestas Tropicais
do Brasil: o Corredor Central da Mata Atlântica e o Corredor Central da Amazônia.

Prioridades – Segundo o Ibama, o corredor amazônico tem 245,5 mil quilômetros quadrados, 70% dos quais são de
unidades de conservação e terras indígenas, o que facilitará sua implantação. Já o da mata Atlântica, que mede 77,5 mil
quilômetros quadrados, é difícil de concretizar, pois 95% de sua área ocupada está em propriedades privadas. No cerrado
está sendo implementado o Corredor Ecológico Araguaia-Bananal, que abrange 10 milhões de hectares nos estados de
Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. O corredor interligará nove unidades de conservação e reveste-se de importância
por representar uma região de contato do cerrado com a Amazônia. Vem sendo executado pelo Ibama, em parceria com
diversas universidades da região Centro-Oeste e com a organização não governamental Conservation International.

1.13 - ECONOMIA DO BRASIL

Economia do Brasil
Moeda Real (R$, BRL)
Ano fiscal Ano calendário
Banco Central Banco Central do Brasil
Organizações Unasul, OMC, e Mercosul
Bolsa de Valores Bovespa, Bolsa de Valores do Rio de Janeiro

O Brasil tem um mercado livre e uma economia exportadora. Medido por paridade de poder de compra, seu produto
interno bruto ultrapassa 1,8 trilhões de dólares, fazendo-lhe a nona maior economia do mundo em 2007 segundo o FMI[1],
(e décima maior economia segundo o Banco Mundial[2]), fazendo-a segunda maior das Américas.

O Brasil possui uma economia sólida, construída nos últimos anos, após a crise de confiança que o país sofreu em 2002, a
inflação é controlada, as exportações sobem e a economia cresce em ritmo moderado. Em 2007, o PIB brasileiro a preço
de mercado apresentou crescimento de 5,4% em relação ao ano de 2006 de acordo com o IBGE [3]. O Brasil é considerado
uma das futuras potências do mundo junto à Rússia, Índia e China.

Desde a crise em 2002 os fundamentos macro-econômicos do país melhoraram. O real vem se valorizando fortemente
frente ao dólar desde 2004, o risco país também vem renovando suas mínimas históricas desde o começo de 2007. Apesar
de sua estabilidade macro-econômica que reduziu as taxas de inflação e de juros e aumentou a renda per capita, diferenças
remanescem ainda entre a população urbana e rural, os estados do norte e do sul, os pobres e os ricos. [4] Alguns dos
desafios dos governos incluem a necessidade de promover melhor infra-estrutura, modernizar o sistema de impostos, as
leis de trabalho e reduzir a desigualdade de renda.

A economia contém uma indústria e agricultura mista, que são cada vez mais dominadas pelo setor de serviços. As
recentes administrações expandiram a competição em portos marítimos, estradas de ferro, em telecomunicações, em
geração de eletricidade, em distribuição do gás natural e em aeroportos (embora a crise área tenha atormentado o país)
com o alvo de promover o melhoramento da infra-estrutura. O Brasil começou à voltar-se para as exportações em 2004, e
mesmo com um real valorizado atingiu em 2007 exportações de US$ 160,649 bilhões (+16,6%),importações de US$
120,610 bilhões (+32%) e um saldo comercial de US$ 40,039 bilhões.

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História

Crescimento anual do PIB

2000 4,3%
2001 1,3%
2002 2,7%
2003 1,1%
2004 5.7%
2005 3.2% (revisado pelo IBGE)
2006 3.8%
2007 5.4%
2008 4.8% (previsão FMI)

A economia brasileira viveu vários ciclos ao longo da História do Brasil. Em cada ciclo, um setor foi privilegiado em
detrimento de outros, e provocou sucessivas mudanças sociais, populacionais, políticas e culturais dentro da sociedade
brasileira.

O primeiro ciclo econômico do Brasil foi a extração do pau-brasil, madeira avermelhada utilizada na tinturaria de tecidos
na Europa, e abundante em grande parte do litoral brasileiro na época do descobrimento (do Rio de Janeiro ao Rio
Grande do Norte). Os portugueses instalaram feitorias e sesmarias e contratavam o trabalho de índios para o corte e
carregamento da madeira por meio de um sistema de trocas conhecido como escambo. Além do pau-brasil, outras
atividades de modelo extrativista predominaram nessa época, como a coleta de drogas do sertão na Amazônia.

O segundo ciclo econômico brasileiro foi o plantio de cana-de-açúcar, utilizada na Europa para a manufatura de açúcar em
substituição à beterraba. O processo era centrado em torno do engenho, composto por uma moenda de tração animal
(bois, jumentos) ou humana. O plantio de cana adotou o latifúndio como estrutura fundiária e a monocultura como
método agrícola. A agricultura da cana introduziu a modo de produção escravista, baseado na importação e escravização
de africanos. Esta atividade gerou todo um setor paralelo chamado de tráfico negreiro. A pecuária extensiva ajudou a
expandir a ocupação do Brasil pelos portugueses, levando o povoamento do litoral para o interior.

Durante todo o século XVII, expedições chamadas entradas e bandeiras vasculharam o interior do território em busca de
metais valiosos (ouro, prata, cobre) e pedras preciosas (diamantes, esmeraldas). Afinal, já no início do século XVIII (entre
1709 e 1720) estas foram achadas no interior da Capitania de São Paulo (Planato Central e Montanhas Alterosas), nas áreas
que depois foram desmembradas como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, dando início ao ciclo do ouro. Outra
importante atividade impulsionada pela mineração foi o comércio interno entre as diferentes vilas e cidades da colônia,
propicionada pelos tropeiros.

O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século XIX até a década de 1930.
Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior
de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Foi introduzida
por Francisco de Melo Palheta ainda no século XVIII, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa.

Em meados do século XIX, foi descoberta que a seiva da seringueira, uma árvore nativa da Amazônia, servia para a
fabricação de borracha, material que começava então a ser utilizado industrialmente na Europa e na América do Norte.
Com isso, teve início o ciclo da borracha no Amazonas (então Província do Rio Negro) e na região que viria a ser o Acre
brasileiro (então parte da Bolívia e do Peru).

O chamado desenvolvimentismo (ou nacional-desenvolvimentismo) foi a corrente econômica que prevaleceu nos anos
1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar, com especial ênfase na gestão de Juscelino Kubitschek.

Valendo-se de políticas econômicas desenvolvimentista desde a Era Vargas, na década de 1930, o Brasil desenvolveu
grande parte de sua infra-estrutura em pouco tempo e alcançou elevadas taxas de crescimento econômico. Todavia, o
governo muitas vezes manteve suas contas em desequilíbrio, multiplicando a dívida externa e desencadeando uma grande
onda inflacionária. O modelo de transporte adotado foi o rodoviário, em detrimento de todos os demais (ferroviário,
hidroviário, naval, aéreo).

Desde a década de 1970, o novo produto que impulsionou a economia de exportação foi a soja, introduzida a partir de
sementes trazidas da Ásia e dos Estados Unidos. O modelo adotado para o plantio de soja foi a monocultura extensiva e
mecanizada, provocando desemprego no campo e alta lucratividade para um novo setor chamado de "agro-negócio". O
crescimento da cultura da soja se deu às custas da "expansão da fronteira agrícola" na direção da Amazônia, o que por sua
vez vem provocando desmatamentos em larga escala. A crise da agricultura familiar e o desalojamento em massa de
lavradores e o surgimento dos movimentos de sem-terra (MST, Via Campesina).
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Entre 1969 e 1973, o Brasil viveu o chamado Milagre Econômico, quando um crescimento acelerado da indústria gerou
empregos não-qualificados e ampliou a concentração de renda, o PIB chegou a crescer 14,0%. Em paralelo, na política, o
regime militar endureceu e a repressão à oposição (tanto institucional quanto revolucionária/subversiva) viveu o seu auge.
A industrialização, no entanto, continuou concentrada no eixo Rio de Janeiro-São Paulo e atraiu para esta região uma
imigração em massa das regiões mais pobres do país, principalmente o Nordeste.

Da Crise do Petróleo até o início dos anos 1990, o Brasil viveu um período prolongado de instabilidade monetária e de
recessão, com altíssimos índices de inflação (hiperinflação) combinados com arrocho salarial, crescimento da dívida
externa e crescimento pífio.

Já na década de 80, o governo brasileiro desenvolveu vários planos econômicos que visavam o controle da inflação, sem
nenhum sucesso. O resultado foi o não pagamento de dívidas com credores internacionais (moratória), o que resultou em
graves problemas econômicos que perdurariam por anos. Não foi por acaso que os anos 80, na economia brasileira,
ganharam o apelido de "década perdida".

No governo Itamar Franco o cenário começa a mudar. Com um plano que ganhou o nome de Plano Real a economia
começa a se recuperar. Pelas mãos do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que elegeria se presidente
nas eleições seguintes por causa disso, alija o crescimento econômico do país em nome do fortalecimento das instituições
nacionais com o propósito de controlar a inflação e atrair investidores internacionais.

Reconhecendo os ganhos dessa estratégia, o governo do presidente Lula mantém suas linhas gerais, adaptando apenas
alguns conceitos ao raciocínio esquerdista moderado do Partido dos Trabalhadores.

Indicadores macro-econômicos e financeiros

Indicadores macro-econômicos

PIB (PPC) US$ 1,835,642 milhões (FMI/2006)


PIB (Nominal) US$ 1.067.706 milhões (2006)
PNB US$ 800 bilhões (2005)
Crescimento 5.4% (2007)
PIB per capita US$ 8.600 (2006)
PNB per capita US$ 3.460 (2005)
Inflação (IPC) 3.1% (2006)
Gini 57.8
Desemprego 9.3 % (2007)
Força de trabalho 92,86 milhões

Principais indicadores

O Produto interno bruto (PIB) do Brasil (GDP) medido por Paridade de poder de compra (PPC) foi estimado em 1.818
trilhões de doláres em 2006, e em 1.067 bilhões em termos nominais. [5] Seu padrão de vida, medido no PIB per capita
(PPC) era de 8.600 doláres. O Banco Mundial relatou que renda nacional bruta do país era a quarta maior do continente
americano e renda per capita em termos nominais de mercado (PCC) era a oitava maior, sendo US$ 644.133 bilhões [7] e
US$ 3.460 [8] respectivamente, com isso, o Brasil é estabelecido como um país de classe média. Depois da desaceleração de
2002 o país se recuperou e cresceu 5.7, 3.2 e 3.7 por cento (PCC) em 2004, em 2005 e em 2006, [9] mesmo que se
considere estar bem abaixo do crescimento potencial do Brasil. Em 2007, o PIB demonstrou uma grande aceleração do
crescimento, com previsão inicial de 4,3% de crescimento, subiu para 4.9% e depois 5.2%, terminando por crescer 5.4%.
A moeda corrente brasileira é o real (ISO 4217: BRL; símbolo: R$). Um real é dividido em 100 centavos. O real substituiu
o cruzeiro real em 1994 em uma taxa de 2.750 cruzeiros por 1 real. A taxa trocada remanesceu estável, oscilando entre 1 e
2.50 R$ por US$. As taxas de juros em 2007 situam-se em torno 13%, [10]. As taxas de inflação estão em baixos níveis
também, a registrada em 2006 foi de 3.1% [5] e as taxas de desemprego de 9.6 por cento.

Economias regionais

As disparidades e as desigualdades regionais continuam a ser um problema no Brasil. As desigualdades regionais do Brasil
não se dividem simplesmente em: sul rico e norte pobre. A região Sul, porém, sempre se destaca quando o assunto é
qualidade de vida, os padrões da minoria rica da região são similares aos europeus, enquanto a maioria possui qualidade de
vida muito inferior, similar à países como Índia e África do Sul.

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Comércio exterior

Porto de Santos

Exportações US$ 160.6 bilhões (2007)


Importações US$ 120.6 bilhões (2007)
Saldo Comercial US$ 40.0 bilhões (2007)
Parceiros de exportação EUA 19.2%, Argentina 8.4%, China 5.8% (2006)
Parceiros de importação EUA 17.5% Argentina 8.5%, Alemanha 8.4% (2006)

Os maiores parceiros do Brasil no comércio exterior são a União Européia, os Estados Unidos da América, o Mercosul e a
República Popular da China.

O Brasil é a 10° maior economia mundial, de acordo com os critérios de Produto Interno Bruto diretamente convertido a
dólares estadunidenses, e está entre as 7 maiores economias mundiais em critérios de "purchasing power parity". Em
Outubro de 2007 foi divulgada uma pesquisa da ONU, em que mostra os melhores países para se investir do mundo. O
Brasil ficou em 5º lugar, atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Rússia.

O primeiro produto que moveu a economia do Brasil foi o açúcar, durante o período de colônia, seguindo pelo ouro na
região de Minas Gerais. Já independente, um novo ciclo econômico surgiu, agora com o café. Esse momento foi
fundamental para o desenvolvimento do Estado de São Paulo, que acabou por tornar-se o mais rico do país.

Apesar de ter, ao longo da década de 90, um salto qualitativo na produção de bens agrícolas, alcançando a liderança
mundial em diversos insumos, com reformas comandadas pelo governo federal, a pauta de exportação brasileira foi
diversificada, com uma enorme inclusão de bens de alto valor agregado como jóias, aviões, automóveis e peças de
vestuário.

Atualmente o país está entre os 20 maiores exportadores do mundo, com US$ 160,6 bilhões (em 2007) vendidos entre
produtos e serviços a outros países.

Em 2004 o Brasil começou a crescer, acompanhando a economia mundial. Isto se deve a uma política econômica adotada
pelo estado, ainda assim, as taxas de juros e a política tributária é considerada abusiva. No final de 2004 o PIB cresceu
5,7%, a indústria cresceu na faixa de 8% e as exportações superaram todas as expectativas.

O Brasil é visto pelo mundo como um país com muito potencial assim como a Índia, Rússia e China. A política externa
adotada pelo Brasil prioriza a aliança entre países em desenvolvimento para negociar com os países ricos. O Brasil, assim
como a Argentina e a Venezuela vêm mantendo o projeto da ALCA em discussão, apesar das pressões dos EUA [11].
Existem também iniciativas de integração na América do Sul, cooperação na economia e nas áreas sociais.

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Setores

Campo de soja em Campos Verdes (MS)

No Brasil, o setor primário (agricultura, exploração mineral e vegetal) ainda é muito importante, mas se observa um lento
crescimento proporcional do setor secundário (indústria) em relação aos demais. Cabe observar, no entanto, que a
desvalorização da moeda nacional, ocorrida em 1999, estimulou bastante as exportações e, consequentemente, o setor
agrícola.

Crescimento real do PIB setorial brasileiro

Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Agropecuária 5,45 4,08 3,11 -0,83 1,27 8,33 2,15 5,76 5,54 4,49 5,29
Indústria 6,73 1,91 3,28 4,65 -1,03 -2,22 4,81 -0,50 2,57 0,07 6,18
Serviços 4,73 1,30 2,26 2,55 0,91 2,01 3,80 1,75 1,61 0,61 3,32

Mercado financeiro

Na base do sistema financeiro brasileiro está o Conselho Monetário Nacional, que é controlado pelo governo federal. O
mais importante agente é o Banco Central do Brasil, que define a taxa de juros e pode influenciar o câmbio por ações de
open market. A principal bolsa de valores do Brasil é a Bovespa que movimenta títulos e outros papéis das 316 empresas
brasileiras de capital aberto. O maior banco do Brasil é o do governo federal Banco do Brasil. O maior banco privado é o
Bradesco.

1.13.1 -Economia por região

Centro-Oeste: baseia-se principalmente na agroindústria.

Nordeste: baseia-se normalmente em indústrias, petróleo e agronegócio. Políticas de incentivos fiscais levaram várias
indústrias para a região. O turismo é bastante forte.

Norte: baseia-se principalmente em extrativismo vegetal e mineral. Merece destaque também a Zona Franca de Manaus,
pólo industrial.

Sudeste: possui parque industrial diversificado e sofisticado com comércio e serviços bem desenvolvidos. Destacam-se as
regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte como os principais centros econômicos do Brasil.

Sul: a maior parte das riquezas provém do setor de serviços, mas possui também indústria e agropecuária bem
desenvolvidas. Destacam-se as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre.

Vale destacar que no Brasil predomina uma grande desigualdade regional, para se ter uma idéia, apenas o estado de São
Paulo corresponde por 34% do PIB Brasileiro e o estado do Rio de Janeiro por 11%. Apenas 7 estados do País
correspondem a 75,2% do PIB nacional.

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Parceiros comerciais

Principais importadores de mercadorias brasileiras

a) EUA
b) Países Baixos
c) Argentina
d) China
e) Alemanha
f) México
g) Chile,
h) Japão
i) Itália
j) Rússia

Principais exportadores de produtos para o Brasil

 EUA
 Argentina
 Alemanha
 China
 Japão
 Argélia
 França
 Nigéria
 Coréia do Sul
 Itália

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior — Balança Comercial Brasileira de 2005

1.14 - ENERGIA DO BRASIL

A produção de energia primária renovável - que compreende energia hidráulica, lenha, derivados de cana- de- açúcar, entre
outros - é predominante no Brasil. Em 1996 é de 124.760. 000 tep (toneladas equivalente de petróleo), o que corresponde
a 71,3% do total. A produção de energia primária não renovável - petróleo, gás natural, carvão, urânio - é de50. 180.000
tep, e representa 28,7% do total. Processada em hidrelétricas e refinarias, a energia primária torna-se secundária na forma
de eletricidade, óleo diesel, gasolina etc.

ELÉTRICA - Cerca de 97% de energia elétrica produzida no Brasil é gerada em hidrelétricas e há ainda um grande
potencial não explorado. A capacidade instalada de produção de energia elétrica no Brasil é de cerca de 55.000 MW
(megawatts), que, somados aos 5.000 MW que o país compra da parte paraguaia de Itaipu, totalizam 60.000 MW em 1996.
Essa capacidade é inferior à demanda e resulta em um déficit de 3.000 MW. Entre 1997 e 1998 está prevista a produção de
mais 4.670 MW que, mesmo suprido o déficit, é insuficiente para estabelecer uma boa margem de segurança.
Aproximadamente 59,3% do consumo abe à região Sudeste; 15,5% à Nordeste; 14,4% à Sul; 5,9% à Norte; e 4,9% à
Centro - Oeste. Considerando classes ou segmentos sociais, a indústria consome 48,5% do total; as residências, 24,7%; o
comércio, 12,7% e 14,1% cabem a outros. Nos anos 90, estabilização da economia levou a um crescimento acelerado do
consumo de energia, e o país opera com todo potencial instalado, próximo do limite da capacidade e fornecimento de
energia elétrica. Em 1996, esse consumo cresce 6% enquanto o PIB aumenta 2,9%. E não há investimento suficiente para
garantir que a capacidade cresça o necessário. Nos horários de pico, entre 18 e 19 horas, sobretudo nas regiões Sul e
Sudeste, o sistema trabalha abaixo da margem de segurança, com risco de provocar colapso no fornecimento. Em razão
do quadro deficitário, o governo estipula tarifas mais caras para o consumo de energia elétrica em horários de pico; ativa
projetos de usinas termoelétricas a gás natural que, ao contrário das hidrelétricas, podem ser construídas em pouco tempo
(18 meses, em média); e importa energia elétrica da Argentina, do Uruguai e da Venezuela.

Privatização- desde a promulgação da Lei 9.074, de 1995, que estabeleceu a privatização do setor, começam a ser feitas
parcerias entre as empresas públicas e privadas em obras de geração de energia. É o caso, por exemplo, da hidrelétrica de
Machadinho, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, que será concluída em 2001 e deve gerar 1.040 MW. O
governo também espera um reforço de investimento com privatização das empresas de geração de energia elétrica até o
final de 1998. O patrimônio estimado pelo Ministério das Minas e Energia é de US$ 70 bilhões. Em novembro de 1997 é
privatizada a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). O consórcio vencedor, formado por Votorantin, Bradesco,

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Camargo Correia e Previ, paga R$ 3 bilhões pela empresa. Os serviços de transmis-são de energia permanecem com o
governo.

Nuclear- As usinas nucleares também vão continuar sob monopólio do Estado. A construção desse tipo de usina foi um
opção do governo federal, que pretendia ter acesso à tecnologia nuclear. Em 1975, o Brasil assinou acordo de cooperação
nuclear com a então Alemanha Ocidental. Nesse mesmo ano foram desapropriadas terras na praia de Itaorna, em Angra
dos Reis, para que a construção das primeiras usinas tivesse início. Angra I foi inaugurada em 1985 e é a única em
funcionamento até hoje. Ainda assim, tem freqüentes interrupções de fornecimento de energia por causa das falhas em
seus equipamentos, forne-cidos pela empresa norte-americana Westinghouse. Para 1999 está previsto o início das
operações de Angra II, com capacidade estimada em 1.300 MW.

PETRÓLEO- A lei que regulamenta a entrada da iniciativa privada no setor de petróleo é sancionada pelo presidente da
República em agosto de 1997. Com isso, tanto empresas estrangeiras como nacionais poderão realizar pesquisa, produção,
refino, importação e exportação e transporte de petróleo. A Petrobrás, que permanece sob o controle acionário da União,
terá prioridade na escolha das áreas em que irá atuar. É criada também a Agência Nacional de Petróleo, para ser órgão
regulador do setor. Em 1996, as importações de petróleo e derivados - principalmente da Argentina e da Venezuela -
chegam a 813 mil barris por dia, e as exportações, a 81 mil barris por dia. No mesmo ano, a produção média foi de 786 mil
barris por dia (809 mil, se incluídos o LNG - líquido de gás natural). O déficit foi de 46% em 1996. Ao final de 1996, a
Petrobrás havia descoberto 13 novos campos de petróleo no mar, de onde é extraída a maior parte da produção, e seis em
terra. As descobertas contribuem para elevar as reservas no Brasil a 14,1 bilhões de barris. Em dezembro de 1997 o país
bate o recorde histórico de produção, com 1 milhão de barris por dia. Por sua vez, o consumo de petróleo e seus
derivados cresce 6,5% em relação ao ano anterior, em razão dos baixos índices de inflação, da queda do preço de carros
populares e da estabilidade do preço do combustível.

GÁS NATURAL- A produção de gás natural passa de 1,9 bilhão de m 3 em 1979 para 2,9 bilhões de m3 em 1996. Essa
fonte de energia tem grande diversidade de aplicação e é menos prejudicial ao meio ambiente. Pode ser utilizada em
indústrias, residências e gerar energia elétrica em termoelétricas. A participação do gás natural no consumo total de energia
no país ainda é pouco significativa.

Gasoduto Brasil- Bolívia - cuja construção foi acertada por acordo assinado entre os dois países em 1993. Com extensão
total prevista para 3.060 Km, dos quais 556 Km localizados em território boliviano e 2.504 Km no brasileiro, o gasoduto
começa a ser construído em 1997. Segundo previsões da Petrobrás, o primeiro trecho - de Corumbá a Campinas - no final
de 1998, e o segundo trecho - de Campinas a Canoas - no final de 1999. Embora as tubulações permitam o transporte de
até 30 milhões de m3 de gás por dia em parte do trajeto, o contrato inicial prevê 8 milhões de m 3 por dia. Há um plano
graual de importação que pretende alcançar, no oitavo ano de operação, 16 milhões de m3 por dia, o equivalente a 100 mil
barris de petróleo por dia. Esse volume permanecerá estável até o 20 0, quando expira o contrato. O gasoduto Brasil-
Bolívia é considerado um dos maiores projetos de infra estrutura do mundo, orçado em US$ 1,88 bilhão. Tem
participação acionária de companhias brasileiras, bolivianas e de empresas internacionais.

ÁLCOOL- Em 1996 são produzidos 14.134.000 m3 de álcool etílico no Brasil. A taxa de consumo fica em 14.965.000 m 3.
Para suprir o déficit são importados 1.621.000m3 (incluído metanol). Segundo o Ministério das Minas e Energia, o álcool
responde por combustível consumido no território nacional, vindo logo em seguida ao óleo diesel (46,7%) e à gasolina
automotiva (29,1%). Abastece cerca de 25% dos automóveis existentes no país. A produção de novos carros movidos a
álcool, no entanto, tem decrescido. Em 1997, até setembro, foram fabricados apenas 1.044 carros a álcool de um total de
1.597.872 produzidos em todo o território.

SUBSÍDIOS- O álcool ganha importância como combustível a partir de 1975, quando tem início o Proálcool (Programa
da Álcool) como resposta à crise do petróleo de 1973. À medida que o preço da gasolina se estabiliza, começam a ser
necessários subsídios para compensar o aumento dos custos da produção do álcool. Em 1997 ainda vigora o subsídio
cruzado em que cada litro de gasolina custa R$ 0,09 mais caro para financiar o álcool. Para tentar revitalizar o álcool como
combustível, o governo cria, em agosto de 1997, a Comissão Interministerial do Álcool. Entre as medidas em estudo estão
o aumento do porcentual de álcool misturado à gasolina (que em 1997 é de 22%) e sua adição ao diesel.

1.15 - DEMOGRAFIA DO BRASIL

A população do brasileira é de 157.079.573 em 1996 segundo realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Seu crescimento anual é de 1,38% entre 1991 e 1996, contra os 1,39% observados na década anterior. O
número de filhos por mulher- a taxa de fecundidade- está em quedas constante, o que leva a uma diminuição do número
de crianças e a um crescimento da população de adultos e idosos. Hoje, quase 80% dos brasileiros vivem em zona urbanas
e que a migração entre regiões diminuiu em comparação com o período 1986-1991. Taxa de fecundidade- A década de 50
marca a mudança no ritmo de crescimento da população. Cai a taxa de mortalidade e função do maior acesso ao
saneamento básico, à água potável e a vacinação, e do desenvolvimento de medicamentos como sulfas e antibióticos.
Essas conquistas, aliadas a alta taxa de fecundidade, causam uma aceleração do crescimento de população brasileira. A
partir da década de 60 as mulheres começam a poder planejar melhor o número de filhos. A taxa de fecundidade cai de 5,7
em 1965 para 2,4 em 1996. Isso deve-se à disseminação dos métodos anticoncepcionais: segundo a Pesquisa Nacional
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GEOGRAFIA

sobre Demografia e Saúde (PNDS 1996), realizada em 1996 pela Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil (Bemfam),
99,6% das mulheres conhecem algum método moderno para evitar a gravidez indesejada. Quando esse conhecimento alia-
se a uma maior escolaridade, o número de filhos é ainda menor. Entre as mulheres sem instrução formal a taxa de
fecundidade está em torno de 5,0. Entre as com mais de 12 anos de estudo cai para 1,5. As diferenças regionais também
são acentuadas. Enquanto na região Sul a fecundidade é estimada em 2,3 no início dos anos 90, no Norte e Nordeste essa
taxa é de 4,0.

Outra mudança é o crescimento da gravidez na adolescência. Segundo a PNDS, 16% das mulheres que tinham entre 20-24
anos no momento da pesquisa haviam tido seu primeiro filho antes dos 17 anos. No grupo de mulheres entre 45-49 anos
essa porcentagem cai para 10,6%. As alterações nos padrões de comportamento sexual, em que valores como virgindade e
casamento perdem a força contribuem para esse aumento. Além disso a melhoria do padrão de vida faz baixar a idade da
primeira menstruação e as meninas torna-se férteis mais cedo.

Faixas etárias- As crianças e adolescentes até 14 anos, que representam 31,62% da população, era 4,83% em 1991. Esse
envelhecimento da população também pode ser mostrado pelo índice que compara a população idosa, com 65 anos ou
mais, com a população de crianças menores de 15 anos. Para cada 100 crianças o Brasil tem aproximadamente 17 idosos
(16,97%). Esse número estava em torno de 14 (13,9%) em 1991.

A diminuição no número de crianças permite que os investimentos em educação sejam concentrados na melhoria da
qualidade de ensino e não mais no aumento no número de escolas e salas de aula. Já o crescente número de idosos
aumenta as exigências sobre o sistema de saúde- as doenças da terceira idade exigem maior acompanhamento e
internações mais prolongadas e sobre o sistema previdenciário. Um dos desafios é garantir e melhorar aposentadorias ao
mesmo tempo em que aumentam os beneficiários e diminuem os contribuintes. Essa diminuição, no entanto, ainda não se
deve ao envelhecimento da população e sim ao crescimento do desemprego e do emprego no mercado informal.

Estrutura por sexo - O número de homens em relação a cada grupo de mulheres- é de 97,26. Esse índice é chamado de
razão de sexo e quando é superior a 100 significa que há mais homens que mulheres na população. Quando é inferior a
100 é porque há mais mulheres. Em 1996 o número de mulheres supera o de homens por 2.184.491 mas a diferença é
proporcionalmente menor do que em 1991. Há , no entanto, grandes diferenças regionais. Na área urbana a razão de sexo
é de 94,25%, mas na zona rural os homens são maioria: a razão de sexo é de 108,97%. O número de homens também
supera o de mulheres nas regiões Norte e Centro- Oeste. Nessas duas regiões ainda há uma grande migração motivada
pela expansão da fronteira agrícola e garimpo, tipo de trabalho que atrai predominantemente os homens.

Família - As mudanças registradas na estrutura familiar são: o aumento das uniões informais e dos divórcios, a queda
drástica no número de famílias chefiadas por mulheres: mais de 1/4 de todas as famílias brasileiras. Esse número passa de
14,65% em 1980, para 18,12% em 1991, e 20,81% em 1996. O distrito Federal, com 26,7% e o Rio de Janeiro, com 26,1%,
são as unidades da federação com maior número de mulheres nessa situação. Entre elas predominam as moradoras pobres
da periferia das grandes cidades abandonadas por maridos e companheiros. Um dos motivos desses índices serem
considerados preocupantes é o fato de, tradicionalmente, as mulheres receberam menores salários. Segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1995, os salários acima de 20 mínimos são recebidos por apenas 0,7%
das mulheres e contra 2,8% dos homens. O número de casamentos formais cai de 952.294 em 1985 para 763.129 em
1994, uma queda de cerca de 29% em dez anos.

Cor ou raça - As regiões brasileiras tem diferença na distribuição de população segundo cor ou raça. Levantamento feito
pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 1996 (PNAD) mostra que as regiões Sul e Sudeste têm maioria de
população branca, enquanto no Nordeste e Norte predomina a parda. Na região Centro- Oeste, o número de pessoas
pardas é ligeiramente superior ao de brancas. Em relação a 1991 diminui o número de pessoas pardas e aumenta o número
dos que se declaram brancos ou pretos.

Essa pesquisa é baseada nas declarações dos próprios entrevistados que optam por uma de cinco categorias de INBGE.
Os mulatos, caboclos, cafuzos, mamelucos ou se declaram mestiços de negros com qualquer outra cor ou raça são
classificados como pardos.

Urbanização - Com 78,36% da população em áreas urbanas em 1996, o Brasil continua a apresentar decréscimo em sua
população rural. Mesmo o Maranhão, único estado com a maioria de população rural segundo o Censo de 1991, já tem
maioria de população urbana. A mudança da população do campo para as áreas urbanas começa na década de 50 e já na
década de 70 a maior parte da população brasileira (55,9%) está nas cidades. O nível de urbanização é especialmente
elevado nas regiões Sudeste (89,29%), Centro- Oeste (84,42%) e Sul (77,21) e vem aumentando gradualmente nas regiões
Nordeste (65,21%) e Norte (62,35%) (ver tabela População Urbana). Esse crescimento acontece não só em função da
migração e do crescimento vegetativo da população das cidades mas também pela incorporação de algumas áreas que eram
consideradas rurais ao setor urbano. O maior fator de atração das cidades é a possibilidade de melhor qualidade de vida
ligado a um emprego mais remunerado e a um maior acesso à saúde e à educação.

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Capitais - Ao contrário do que ocorria na década passada a população das capitais tem crescido mais lentamente do que a
população do país e é de hoje proporcionalmente menor. Passa de 24,98% do total em 1991 para 23,72% em 1996.
Palmas, a capital do Tocantins é uma das exceções. A cidade, fundada em 1990, cresce 29,31% ao ano entre 1991 e 1996.
São Paulo (9.839.436) Rio de Janeiro (5.551.538) e Salvador (2.211.539) são as capitais brasileiras: 0,26% e 0,40%
respectivamente (ver tabela Regiões metropolitanas e capitais). Em escala nacional, a cidade de São Paulo torna-se o
grande centro produtor de bens e serviços. O Rio de Janeiro perde parte de sua importância regional para a cidade de Belo
Horizonte. As cidades de Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia aumentam sua importância
regional.

Regiões metropolitanas - O país tem dez regiões metropolitanas onde residem 47.298.604 pessoas, ou 30,11% da
população total. Em 1991 esse número era de 29,90%. A taxa de crescimento anual é de 1,53%, pouco superior a média
nacional, o que indica que essas regiões deixaram de ser lugares de grande crescimento populacional. As regiões
metropolitanas de Curitiba, com taxa de crescimento anual de 3,40%; Fortaleza, com 2,32%; e Belém, com 2,23% são as
que apresentam maior crescimento são as das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, com 0,77%; Recife, 1,14% e São
Paulo, com 1,46% (ver tabela Regiões metropolitanas e capitais).O crescimento das regiões metropolitanas de São Paulo e
Rio de Janeiro é, ainda assim, superior crescimento dos municípios dessas capitais, o que indica um maior aumento
populacional nos municípios periféricos e uma quase estagnação do município central. Isso acontece porque o solo dessas
capitais se tornou muito caro, dificultando a sua utilização para a construção de moradias ou mesmo para a instalação de
indústrias. Essas cidades tendem a atrair cada vez mais o setor de serviços, especialmente os setores comerciais e
financeiros.

Migração- Segundo a Contagem da População do IBGE 2,6 milhões de brasileiros deslocaram-se no país, entre 1991 e
1996, em busca de melhores condições devida. A origem e o destino das migrações inter-regionais continuam basicamente
os mesmos mas a quantidade de migrantes em números absolutos tem diminuído. A maior redução dá-se na região Sul:
43,8%. A região Nordeste ainda é responsável pela maior parte do movimento migratório: 46,1% do total. E a região
Sudeste, embora recebe menos gente, continua sendo o principal destino dos migrantes. Ela recebe 1,2 milhão entre 1991
e 1996 contra 1,4 milhões de pessoas entre 1986 e 1991. Verifica-se também um movimento de retorno à região Nordeste
com um grande número de pessoas saindo da região Sudeste e voltando a sua região de origem. As regiões Norte e
Centro- Oeste, devem parte de suas altas taxas de crescimento demográfico à migração. Há também grandes movimentos
migratórios dentro de uma mesma região ou estado. Embora a Contagem Populacional 1996 não tenha pesquisado essa
migração, ela pode ser observado pelo crescimento de algumas cidades ou regiões metropolitanas que não são explicadas
só pelo fluxo inter - regional. Esse é o caso, por exemplo, do crescimento de regiões metropolitanas como as de Fortaleza
e Curitiba.

Mercosul - A expansão do comércio com países vizinhos, a partir de meados da década de 1980, contribuiu para mudar o
perfil da pauta brasileira de exportações, historicamente dominada por produtos primários. O Mercosul se apresenta,
assim, como alternativa para manter as exportações em alta e consolidar o Brasil como vendedor de aço, veículos
automotores, máquinas e demais produtos manufaturados.

Mercosul é a união aduaneira que entrou em vigor 10 de Janeiro de 1995 entre o Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, pela
qual se instituiu uma área de livre comércio, que engloba os quatros membros, e uma política comum de relacionamento
comercial com os demais países do mundo. O primeiro passo para integração regional foi dado em Julho de 1996, quando
o Brasil e Argentina, que tradicionalmente disputavam a hegemonia econômica e política do Cone Sul, assinaram a Ata
para a Integração Argentino-Brasileira, pela qual se definiu um programa de cooperação econômica entre os dois países.
Em 1990, com a Ata de Buenos Aires, acertou-se a eliminação gradativa das tarifas de comércio. E em março de 1991, o
Tratado de Assunção, constituiu o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), já com adesão do Paraguai e do Uruguai.
Em 1996, Chile e Bolívia firmaram com o grupo um acordo de parceria comercial sem direito a voto.

A solidariedade aduaneira no Mercosul, no entanto, não era plena à época de sua constituição: dos nove mil produtos que
os quatro membros comercializavam, cerca de 800 continuaram protegidos por barreiras alfandegárias e, para outros
tantos, se cobravam aos compradores externos impostos diferenciados, ou seja, não se aplicava a tarifa externa comum
(tec) prevista no acordo. O mercado potencial em 109 milhões de consumidores e o produto interno bruto (pib) total era
da ordem de meio trilhão de dólares.

1.15.1 - A População e o Espaço Urbano 1- A produção da cidade moderna.

As cidades industriais do século XIX.

A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, originou profundas alterações na forma e na função da cidade. A
indústria se multiplicava nos países europeus e nos Estados Unidos, onde vivia grande parte dos trabalhadores urbanos.
As lojas se instalavam nas ruas mais movimentadas, a fim de atrair um número cada vez maior de consumidores. As
residências passaram a ser construídas de modo caótico, nos poucos espaços que sobravam entre as fábricas e rodovias,
não haviam espaços para o lazer e o ar era muito poluído devido ao carvão utilizado nas indústrias. O nascimento da
indústria originou cidades insalubres, isto é, pouco saudáveis, marcadas pela aglomeração dos pobres em pequenos quartos
de cortiços, a população não tinha acesso à água tratada e nem rede de esgotos.
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A cidade no século XX e o planejamento urbano

As pesquisas e projetos nessa área se avolumaram e constituíram uma área de estudo, o urbanismo. As primeiras iniciativas
resultaram em bairros residenciais dotados de excelente infra-estrutura arborizados e ajardinados. As cidades planejadas
deveriam Ter largas avenidas e um sistema viário eficiente, permitindo o trânsito rápido. A cidade de Brasília é o exemplo
mais completo e bem acabado desse tipo de planejamento, que também foi adotado na implantação de cidades dos
Estados Unidos. França, Inglaterra, Israel e Japão.

2 - As interações urbanas contemporâneas

Formadas por um conjunto hierarquizado de cidades com tamanhos diferentes, onde se observa a influência exercida
pelos centros maiores sobre os menores. A hierarquia urbana se estabelece a partir dos produtos e dos serviços que as
cidades tem para oferecer. Nos países desenvolvidos, as redes urbanas são mais bem estruturadas.

As ricas metrópoles contemporâneas

As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte: populosos, modernos e dotados de graves problemas de
desigualdades sociais. A concentração populacional amplia a oferta de mão-de-obra e, desse modo, atrai investimentos
produtivos que contribuem para o desenvolvimento da indústria. A metrópole lidera a rede urbana à qual está interligada e
exerce uma forte influência sobre as cidades de menor porte, podendo transformar-se num pólo regional, nacional ou
mundial.

Conurbações: as cidades se aproximam

Quando os limites físicos das cidades estão muitos próximos, formam-se conurbações. Vista do alto, a conurbação tem o
aspecto de uma grande mancha urbana, ou seja, um conjunto de espaços urbanizados que engloba mais de uma cidade.

Nas megalópoles, o retrato da modernidade

A megalópole não é uma mega-metrópole, mas uma conurbação de metrópoles, nelas as regiões rurais estão quase
ausentes.

3 - Os principais problemas urbanos atuais

Um dos mais graves problemas é a habitação. Como os imóveis mais baratos em geral são os mais distantes do centro da
cidade, a população passa a morar cada vez mais longe do local de trabalho. Em consequência disso a população por não
ter um transporte coletivo digno vai trabalhar com seus próprios automóveis causando muito trânsito, poluição do ar,
poluição sonora e até mesmo dos rios.

4 - A urbanização mundial

Os países mais desenvolvidos

No século XIX, a urbanização foi mais intensa nos países que realizaram a Revolução Industrial e que constituem hoje
países desenvolvidos. A partir do século XX, o ritmo de urbanização diminuiu nesses países. No pós-guerra, a
concentração humana e a elevação do poder aquisitivo das populações dos países mais desenvolvidos produziram um
grande aumento do consumo de bens e serviços, que favoreceu a expansão do setor terciário da economia. Com o
desenvolvimento da tecnologia industrial , a produtividade aumentou e as necessidades de mão-de-obra se reduziram.
Parte da população ativa no setor secundário foi para o setor. Depois de 1980 os setor terciário e a prestação de serviços
aderiram aos avanços tecnológicos da informática.

Os países subdesenvolvidos

O século XX se caracterizou pela urbanização dos países subdesenvolvidos. O ritmo se acelerou a partir de 1950, devido
ao aumento das taxas de crescimento populacional. A industrialização, formaram-se grandes cidades, com maior
disponibilidade de emprego, conforto e ascensão social. A industrialização adotou um padrão tecnológicos muito mais
moderno do que o utilizado pelas indústrias do século XIX, o que resultou na criação de menos empregos. Nessas cidades
existe o setor terciário informal – aquelas atividades não regulamentadas, como a dos camelôs e biscateiros – cresce mais
que o formal. A maior parte da população ainda vive na zona rural.

A urbanização na África

Na África a maior parte da população vive na zona rural, pois as atividades agrárias predominam na estrutura econômica
de quase todos os países do continente. Os países da África são os que apresentam as taxas de urbanização mais elevadas

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entre os países menos desenvolvidos. Seus habitantes possuem uma renda anual inferior a 370 dólares. A urbanização
africana ocorreu quando houve um grande aumento do consumo mundial de matérias-primas, combustíveis fósseis e
produtos agrícolas.

A urbanização na Ásia

A Ásia, é o continente mais populoso do mundo, não tem uma tradição urbana. A população ainda é predominantemente
rural. Vivem com uma renda como a dos africanos, inferior a 370 dólares por ano. A urbanização ocorreu com a oferta de
trabalho das indústrias dos tigres asiáticos.

5 - A globalização da cidade

Com a globalização, surgem as metrópoles mundiais e tecnopolos. É nessas metrópoles que se concentram grandes
capitais, profissionais qualificados e tecnologia. O papel de metrópole mundial adquiriu tamanha importância na atualidade
que passou a ser a meta perseguida por muitas cidades desenvolvidas. Os tecnopolos, por sua vez correspondem a centros
urbanos que abrigam importantes universidades, instituições de pesquisa e os principais complexos industriais, onde se
desenvolvem tecnologias avançadas e pesquisas científicas.

1.16 - ATIVIDADE INDUSTRIAL NO BRASIL

No Sudeste, a mais industrializada das regiões brasileiras, as maiores concentrações industriais estão no Estado de São
Paulo, no qual a atividade se expandiu a partir do pólo industrial do Grande São Paulo, sobre quatro grande eixos
rodoviários: Anchieta, Dutra, Anhangüera e Castelo Branco.

A região Sul do Brasil, a segunda mais industrializada do país, em que pesem as transformações que vêm ocorrendo na sua
geografia industrial, apresenta sua atividade industrial ainda bastante vinculada ao setor agropecuário.

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Isso quer dizer que no Sul as produções agroindustriais, como a frigorífica e a de óleos vegetais, apresentam, ainda hoje,
elevada participação relativa no total do valor industrial produzido nessa região.

No Estado do Rio Grande do Sul, destaca-se como a mais importante de suas áreas industriais o Grande Porto Alegre e,
no Estado do Paraná, o Grande Curitiba.

Dentre as produções desenvolvidas nesses domínios pode-se citar: no caso do Grande Porto Alegre, a indústria
petroquímica (Canoas) e de calçados (São Leopoldo e Novo Hamburgo) e, no caso do Grande Curitiba, o refino de
petróleo (Araucária) e a indústria de móveis.

No Estado de Santa Catarina, destacam-se como importantes áreas industriais o Vale do Itajaí, com forte presença do
setor têxtil e a zona carbonífera do Estado, na qual sobressaem as produções de cunho carboquímico.

No Nordeste, a terceira região mais industrializada do país, com cerca de 9% da produção industrial brasileira, destacam-se
as produções vinculadas ao processo de transformação industrial das matérias primas regionais.

Os mais importantes centros industriais do Nordeste situam-se nas suas três grandes áreas metropolitanas — Recife,
Salvador e Fortaleza — com destaque para as produções têxteis e alimentícias, seguidas pela metalúrgica, química e de
eletrodomésticos.

1.17 - O TRABALHO NO BRASIL

Trabalho

O mundo de alta tecnologia e competição global elimina empregos e cria novos vínculos no mercado de trabalho. O
Terceiro Setor e os informais ocupam o espaço, impulsionados por iniciativas governamentais, como o Banco do Povo.

Sociedade encontra opções para trabalho e renda

Somos o oitavo maior PIB do mundo, com produção próxima a 800 bilhões de dólares anuais. Entretanto, no ranking do
PIB per capita, caímos para a 34ª posição entre os 133 maiores países. Segundo o PNAD, realizado pelo IBGE, temos 85

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milhões de pessoas, ou 54% da população, com renda inferior a R$ 132 mensais, mínimo utilizado como parâmetro pela
Organização Mundial de Saúde para definir a pobreza. Desses, cerca de 17 milhões vivem em estado de miséria absoluta.
Por Estado, o Maranhão possui 86% de seus habitantes abaixo da linha de pobreza. É o pior quadro do país.

A média no Nordeste é de 80% de pobres. Minas Gerais está em décimo lugar no país, junto com o Espírito Santo e Mato
Grosso, com 55% de pobres. A sociedade ressente esse desnível e procura suas próprias soluções. O chamado Terceiro
Setor reúne empresas, fundações e milhares de entidades que atuam prioritariamente na defesa do meio ambiente,
assistência a menores e adolescentes, educação, questões de gênero, direitos humanos, saúde e cultura. Os exemplos se
espalham de Norte a Sul do país, criando alternativas para geração de trabalho e renda. Segundo Cláudia Feres Faria, dou-
toranda em Sociologia e Política do Departamento de Ciência Política da UFMG, os movimentos sociais se caracterizam
nos anos 90 por abandonar qualquer tipo de "associativismo ingênuo" e suas posturas reivindicatórias para realizar "ações
propositivas".

Conforme a pesquisadora, busca-se reverter o desequilíbrio social estabelecendo-se um interface com o Estado, ancorada
na defesa da cidadania. Volta-se para a criação de novas alternativas de participação e intervenção. Essa dinamização e
mudança de relacionamento revitaliza os movimentos e a própria democracia brasileira. Pesquisa realizada em São Paulo e
Belo Horizonte demonstra não só o aumento quantitativo como também qualitativo na forma de associação no Brasil.
Nas duas últimas décadas surgiram, além de associações comunitárias, voltadas para solução de problemas imediatos,
entidades que lidam com questões éticas e políticas e ainda movimentos relacionados à revalorização da vida, como o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e a Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida. Tal renovação das
práticas sociais, conforme Cláudia Feres, imprime mudanças no padrão de relacionamento com o sistema político, na
medida em que passam a exigir maior publicidade no que tange às ações do governo e maior responsabilidade das agências
públicas na implementação de políticas sociais.
Os mais importantes centros industriais do Nordeste situam-se nas suas três grandes áreas metropolitanas — Recife,
Salvador e Fortaleza — com destaque para as produções têxteis e alimentícias, seguidas pela metalúrgica, química e de
eletrodomésticos.

Essa interação, entretanto, não está presente nas estratégias adotadas pelo governo federal para implementar as reformas
do Estado que considera prioritárias. Segundo a pesquisadora, "a lógica vigente parece se assentar no raciocínio segundo o
qual autoridade estatal e eficiência técnica não são compatíveis com transparência e controle externo do processo
decisório. Pressupõe-se que eficiência se resume tão somente a questões como o tamanho da máquina administrativa e
agilidade no processo de tomada de decisões. Negam-se, inclusive, diretrizes de agências internacionais como o Banco
Mundial, pelas quais essa reforma deveria envolver também a revitalização dos mecanismos de cobrança e prestação de
contas".

Informais compensam desemprego

Quase metade da População Economicamente Ativa(PEA) encontra-se no mercado informal de trabalho, que funciona
como um colchão social, absorvendo a pressão da demanda gerada pelo desemprego, pela falta de mão-de-obra qualificada
e por aqueles que querem fugir das altas taxas de juros e impostos cobrados pelo governo.

A afirmativa é do economista Ivan Beck, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. Segundo o IBGE, o
setor informal da economia brasileira movimentava, no mês de outubro de 1997, R$ 12,8 bilhões, através de quase 9.478
milhões de empresas que empregavam mais de 12 milhões de pessoas entre pequenos empregadores, trabalhadores por
conta própria, empregados com e sem carteira assinada e trabalhadores não remunerados.

Do total das empresas, instaladas sobretudo no Sudeste, 86% pertencem a trabalhadores por conta própria e apenas 14%
referem-se a empregadores que contratavam até cinco empregados. A pesquisa identificou que 67% são trabalhadores por
conta própria, 12% são empregadores, 10% empregados sem carteira assinada, 7% trabalhadores com carteira e 4% são
não remunerados. Com relação ao sexo, 64% são homens.

A única faixa onde as mulheres predominam é a de trabalhadores não remunerados, onde elas representam 62%. O
rendimento médio no setor informal - fora os proprietários - é de R$ 240,00, sendo que o rendimento dos homens (R$
253,00) é superior ao das mulheres (R$ 218,00). O rendimento aumentava conforme crescia o grau de instrução, mas havia
uma exceção: os trabalhadores com segundo grau incompleto ganhavam, em média, menos do que os que tinham o
primeiro grau completo. Apenas 10% possuem mais de um trabalho.

Os outros (90%), vivem do que ganham nessa atividade. Entre os que dizem ter mais de um trabalho, grande parcela é
empregado no setor privado, com carteira assinada na segunda atividade.
Afonso Pena

Uma dos maiores exemplos de mercado informal do Brasil encontra-se em Belo Horizonte, na Feira de Artesanato da
avenida Afonso Pena, que fatura, a cada domingo, de R$ 500 a R$ 600 mil. Transformada em um local turístico, a feira
movimenta a economia da cidade, sendo que 20,9% dos seus clientes gastam entre R$ 101 e R$ 500,00 e 44,3% fazem
compras para uso próprio ou da família. Os dados são de pesquisa divulgada pela Belotur.
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Banco do Povo atende microempresas

Um total de 1.027 operações foram acumuladas até julho deste ano, através dos bancos populares instalados nos
municípios de Ipatinga, Montes Claros e Uberaba, pelo Programa Estadual de Crédito Popular(Credpop). Foram liberados
R$ 1,8 milhão, gerando 115 novos empregos e beneficiando 352 representantes do ramo da economia formal e 655 da
informal, sendo 292(indústrias), 496(comércio), 239(serviços). Do total 671 operações de capital de giro e 91 capital
fixo(aquisição de máquinas e equipamentos).

Os dados foram repassados por Antônio Nicoliello, analista de projetos do Departamento de Pequenas e Médias
Empresas do BDMG. A previsão do Governo do Estado é implantar novos bancos nas cidades de João Pinheiro(com
apoio do Sebrae), Varginha, João Monlevade, Coronel Fabriciano (ampliação) Minas Novas, Formiga, Itaúna, Ponte Nova,
Ubá, Contagem, Governador Valadares, Teófilo Otoni e Uberlândia. Segundo o analista o objetivo do Programa é de
possibilitar o acesso ao financiamento através de Associações de Crédito Popular, a pequenos e micro empreendimentos,
individuais ou associados, formais ou informais, visando a expansão da atividade econômica do Estado.

Banco Popular

No final do mês passado(25/08) foi inaugurado o primeiro banco popular da capital - o Banpop/BH (Associação Civil
Comunitária de Microcrédito de Belo Horizonte). A agência funciona na avenida Afonso Pena, 4.045, bairro Mangabeiras,
nas dependências da Caixa Econômica Federal. O Banpop poderá incrementar as atividades e mudar os rumos da
economia. Seu público alvo são microprodutores, feirantes, empreendedores do setor informal, cooperativas e associações
de trabalho - pessoas físicas ou jurídicas.

O capital inicial é de R$ 4 milhões, sendo R$1,5 milhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES),
R$ 2 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e R$ 500 mil do Banco de Desenvolvimento de Minas
Gerais (BDMG). Outros recursos estão sendo acertados com o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
(Bird). O atrativo maior está certamente nos juros - 3,9% ao mês ou menos de 40% dos praticados no mercado. Os
valores dos empréstimos são de R$ 1,5 mil para capital de giro: R$ 3 mil para investimentos e R$ 10 mil para cooperativas,
com pagamentos em até 12 vezes.

Ações estratégicas favorecem criação de emprego

O governo mineiro criou um grupo de especialistas das Secretarias de Trabalho, Assistência Social, da Criança e do
Adolescente (SETASCAD), do Planejamento (Seplan), da Agricultura e da Fundação João Pinheiro para identificar as
áreas do Estado mais propícias à geração de emprego.

A razão é a elevação da taxa de desemprego que, na região metropolitana de Belo Horizonte, subiu de 4% da População
Economicamente Ativa (PEA, formada por pessoas com 14 anos e mais), em 1991, para 7,5% em 1998 (cerca de 570 mil
pessoas) Embora a criação de postos de trabalho dependa do crescimento econômico (que neste ano deve ser negativo) ,
que precisaria ser de pelo menos 6% a 7% ao ano para empregar os que estão fora do mercado e dar oportunidade aos que
nele ingressam (1,6 milhão de pessoas ao ano no Brasil), o governo estadual está procurando adotar algumas soluções
rápidas, especialmente incentivando a agricultura, a construção civil (com destaque para a habitação popular de baixa
renda), o setor de mini- confecções, a indústria de móveis, o turismo e o comércio de pedras preciosas, inclusive através de
organizações alternativas, como cooperativas e mutirões.

O presidente da Fundação João Pinheiro, João Batista Rezende, acha essa estratégia mais adequada ao momento
econômico do Estado e do país, que precisam de soluções imediatas, porque "R$ 1 milhão de investimentos no setor
agropecuário geram 300 empregos diretos e indiretos, no curto prazo, enquanto, por exemplo, na indústria automo-
bilística, são necessários R$ 500 mil por apenas um único emprego, ainda que esse setor possibilite, a médio prazo,
agregação de valor em vários produtos e faça circular maior riqueza".

Uma boa perspectiva próxima pode advir do acordo celebrado entre Brasil e Espanha, pelo qual, serão aplicados US$ 3
bilhões em agronegócios na área da SUDENE, na qual estão localizados 150 municípios mineiros, que deverão receber
US$ 60 milhões dos US$ 600 milhões previstos para a primeira fase. Outro projeto é do Programa Nacional de Agricultura
Familiar, com recursos da ordem de US$ 2 bilhões, a juros subsidiados, podendo participar associações de produtores para
alavancar empréstimos maiores. Recentemente o Estado reduziu o ICMS do setor moveleiro a fim de incentivar a criação
de pólos industriais, a surgir principalmente no Sul de Minas, conforme pretensões de empresários gaúchos já
manifestadas. Além disso, novos roteiros turísticos estão sendo imaginados para que o visitante passe mais tempo nas
terras montanhesas.

Por incrível que pareça, Minas recebe tantos turistas quanto a Bahia, cerca de 2,5 milhões por ano. Só que lá eles ficam de
10 a 15 dias, em média; aqui, apenas 1 ou 2 dias (o chamado turismo de negócios). O Secretário de Planejamento, Manoel
Costa, diz que dependem da liberação de recursos internacionais, os programas de médio e longo prazos, como o Projeto
Jaíba, a retomada do Programa de Apoio aos Pequenos Produtores (PAPP 2), o Plano Diretor para a BR-381, a
continuação da duplicação da Rodovia Fernão Dias, a implantação de um gasoduto no Vale do Aço e a reforma agrária.
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Briga dos números

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o mercado de ocupação nacional passa por quatro crises simultâneas:
crescimento da PEA nesta década e na próxima (ritmo de 3,4% ao ano para a faixa entre 25 a 49 anos, enquanto como um
todo, a população cresce a 1,5% anuais), o que aumenta a oferta de mão de obra; reorientação do modelo brasileiro de
desenvolvimento, de uma industrialização protegida para uma economia aberta, cuja competitividade reduziu o número de
postos de trabalho por unidade de investimento e de produto; introdução da tecnologia da informação, a gerar novas
formas de gerência e menos oportunidades de emprego para pessoas sem qualificação; e a passagem de uma economia
com inflação crônica para a estabilidade monetária, que alterou preços e salários relativos, afetando o nível e a composição
do emprego e dos rendimentos do trabalho.

Os especialistas divergem quanto à capacidade de o país enfrentar essas questões. A visão predominante da PUC Rio e do
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) é quanto à qualidade do emprego, porque a taxa de desemprego
aberto anterior à crise asiática era relativamente baixa nas regiões metropolitanas era de 4,82%, em dezembro de 1997,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), tendo passado para 7,26% em janeiro de 1998. A outra
visão, encampada pela UNICAMP, refere-se à perda do dinamismo da economia na geração de empregos, decorrente da
abertura comercial e estabilização monetária.

A tese do mau emprego apoiava-se no fato de que, entre 1981 e 1993, o número de gente ocupada subiu mais (3,22%) do
que o PIB (1,99%) e do que o crescimento da própria população (1.55%), a demonstrar a capacidade de gerar emprego do
país, ainda que no mercado informal.

A informalidade devia-se à estagnação do setor secundário (indústria) e à elevação do terciário (serviços), no qual
predominam trabalhadores sem carteira assinada ou autônomos (a participação do mercado informal na PEA elevou-se de
39,5% em 1990 para 47,5% em 1997).

Por isso, propõem mudanças na legislação para proteger essa gente. No entanto, Paulo Baltar, citado por Eduardo Rios-
Neto, no Conjuntura Política da UFMG, de março de 1999, conforme dados da Fundação SEADE (Sistema Estadual de
Análise de Dados Econômicos) para a região metropolitana de São Paulo, mostra o crescimento maior da taxa de
desemprego (75%) , no período 1989/1995, do que na taxa de crescimento da PEA (16,3%) e da ocupação (10,7%). O
debate portanto continua em aberto, embora a mensuração do IBGE e da SEADE seja diferente. Grosso modo, na
semana da pesquisa, o órgão federal pergunta se a pessoa trabalhou (não importa ser ou não apenas um bico). Se sim,
estaria fora da taxa de desempregados.

A SEADE indaga se o cidadão tem emprego. Essa a razão básica dos discrepantes índices das duas organizações. Eduardo
Rios-Neto salienta ainda que, se antes da crise asiática o desemprego afetava mais os jovens, as mulheres e os com menos
escolaridade; depois, generalizou-se entre todas as faixas.

1.18 - A QUESTÃO AGRÁRIA

TERRAS OCIOSAS: INVASÃO OU OCUPAÇÃO?


A Implementação da reforma agrária no Brasil tem encontrado no decorrer da História a oposição firme e bem-sucedida
dos grandes proprietários e latifundiários que concentram a maior parcela das terras cultiváveis do País.

Esse processo de redistribuição de terras é sobretudo uma questão política e social. Ele depende, por sua própria natureza,
do debate e da ampla participação de todas as classes sociais, principalmente os trabalhadores rurais, intrinsecamente
ligados à terra, mas dela sempre excluídos.
Esse drama foi muito bem colocado pelo poeta cearense Patativa do Assaré, em seu poema:

Esta terra é desmedida


E devia sê comum
Devia sê repartida
Um taco pra cada um
Mode morá sossegado.
Eu já tenho imaginado
Que a baxa, o sertão e a serra
Devia sê coisa nossa;
Quem não trabáia na roça
Que diabo é que qué com a terra?
O fato de a reforma agrária não Ter avançado deixa milhões de trabalhadores rurais sem grandes alternativas, forçando-os
muitas vezes a ocupar terras que são mantidas inexploradas para fins lucrativos. Isso porque os salários no campo são
baixíssimos e há milhões de camponeses que só encontram serviço nas épocas de safras (os trabalhadores temporários),
mas que querem cultivar o solo e alimentar suas famílias.
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Dentro desse contexto, pode-se discutir dois conceitos de propriedade: a) terra para trabalho; b)terra para negócio. A terra
para trabalho é aquela utilizada para sobrevivência, garantindo direito à vida. A terra para negócio serve para explorar o
valor da propriedade no mercado imobiliário, isto é, ela não se destina à produção e, dessa forma, não cumpre sua função
social.

Como se vê, temos duas concepções diferentes e antagônicas de propriedade da terra. Para uns a propriedade é sagrada e
inviolável, podendo o dono fazer (ou não fazer) com ela o que bem entender. Para outros a propriedade deve atender a
uma função social, deve ser produtiva, pois não é desejável, num país com milhões de pessoas subalimentadas, deixar bons
solos sem criações ou cultivos adequados.

Assim, os sem-terra montam seus acampamentos em fazendas improdutivas, procurando criar uma situação que obrigue o
governo a desapropriar essas terras e distribuí-las às famílias camponesas. Também nesse caso temos duas concepções
distintas acerca do mesmo fato: para os proprietários, trata-se de invasão; já para os camponeses trata-se de uma ocupação.
No fundo, esse desentendimento evidencia uma outra discordância, muito mais concreta, acerca do conceito de
propriedade. Vale a pena esclarecer que, para os trabalhadores rurais, a ocupação de terras ociosas, que não cumprem sua
função social (com cultivo, pastagens), não constitui invasão, pois eles têm como princípio o “direito à vida”, garantido
pela nova Constituição.

Nesse processo de ocupação, os camponeses têm se organizado através do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST). A etapa posterior à instalação dos acampamentos tem sido uma negociação com as autoridades governamen-
tais, com as seguintes alternativas:

 A expulsão da terra e a reintegração de posse para o proprietário ou para o Estado, no caso de terras públicas.
 A terra seria decretada para fins de reforma agrária e o proprietário seria indenizado; as benfeitorias seriam pagas em
dinheiro e a terra em TDAs (Títulos da Dívida Agrária). A etapa seguinte seria o assentamento (isto é, a fixação legal do
camponês à terra) e a obtenção de crédito e assistência técnica.

É importante lembrar que esse processo de luta pela terra (acampamento - assentamento) é muito complexo e violento,
não raras vezes envolvendo muitas mortes. De 1964 a 1984 foram assassinadas 884 pessoas, sendo que 565 dessas mortes
ocorreram entre 1979 e 1984. De 1985 a 1987 o número de mortes por ano no campo duplicou, perfazendo um total de
787 pessoas.

Na realidade, existem reformas agrárias, no plural, pois elas são sempre diferentes, de acordo com o país onde ocorrem.
Elas nascem de mudanças históricas, que são específicas a cada sociedade – não bastam o desejo isolado de algum político
ou a vontade de imitar outro país.

São condições sociais que dão origem às lutas pelas terras, à falta de gêneros alimentícios, à distribuição desigual das
propriedades, que podem resultar em reformas agrárias. E estas não se limitam à mera distribuição de lotes de terra, pois,
para serem consequentes, elas necessitam de uma política agrícola de créditos bancários – para a compra de sementes, de
adubos, de máquinas, de tratores etc. – além da assistência técnica e da cria-ção das condições para o escoamento da
produção.

Uma reforma agrária não visa apenas corrigir uma situação objetiva de injustiça social, mas destina-se a ampliar a produção
agrícola, a transformar amplas extensões de terras improdutivas em solos produtivos, cultivados. Assim, aumentando a
oferta de gêneros alimentícios, a redistribuição de terras interessa também à imensa maioria da população.

O CASO BRASILEIRO

A questão da reforma agrária no Brasil remonta ao século passado. Nas lutas pela abolição da escravatura, a distribuição
das terras já era uma reivindicação de alguns setores da sociedade. Desde essa época, contudo, os interesses dos grandes
proprietários – que constituíam a chamada “oligarquia rural” – já se faziam sentir na política brasileira. Esse panorama
permaneceu inalterado durante várias décadas e se estende aos dias atuais.

Já em 1946, a Constituição então promulgada estabelecia que era preciso “promover a justa distribuição da propriedade
para todos”, o que não ocorreu na prática. Diante desse fato, multiplicaram-se no País as organizações dos trabalhadores
rurais com o objetivo de defender seus direitos e a realização da reforma agrária, como as ligas camponesas das décadas de
50 e 60, os sindicatos rurais atuantes, a luta dos “sem-terra” rurais, os acampamentos e as ocupações de terras não-
cultivadas etc.

Com o advento do regime militar em 1964, essas organizações populares foram intensamente reprimidas, e muitos presos,
torturados ou exilados. Como consequência, a luta pela reforma agrária declinou, embora a situação no campo continuasse
sendo alvo de intensos protestos, dessa vez internacionais. Equipes de estudiosos da ONU (Organização das Nações
Unidas) visitaram o País no período e constataram que era necessário melhorar a situação dos camponeses e realizar
reformas urgentes no campo.

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Essa atitude pode ser bem resumida por uma frase de John F. Kennedy, presidente dos EUA (1960-1963): “Aqueles que
impossibilitam a reforma pacífica tornam a mudança violenta inevitável”. Ou sejam suas palavras querem dizer que é
preferível fazer uma mudança “vinda de cima”, de forma controlada, a conservar uma situação tão explosiva, que pode
originar revoluções “vindas de baixo”, populares e espontâneas, que riram contra os interesses capitalistas.

Foi dentro desse contexto que o governo do general Castelo Branco elaborou o estatuto da Terra, que pretendia a extinção
tanto do latifúndio quanto do minifúndio (propriedade rural de dimensões diminutas). Essa iniciativa também não chegou
a ser posta em prática devido aos interesses dos grandes proprietários.

REFORMA AGRÁRIA

Revisão da estrutura agrária de um País com objetivo de realizar uma distribuição mais igualitária da terra e da renda
agrícola. No Brasil, a questão da terra é hoje um grave problema social por causa da grande desigualdade na distribuição da
propriedade. Envolvendo promessas do Governo, acusações entre os fazendeiros e trabalhadores sem-terra e muita
violência, o problema tem suas origens na época colonial.

Das sesmarias à Lei de Terras – durante a colonização, Portugal aplica no Brasil a legislação e a política agrária praticadas
na metrópole desde o século XIV. Baseia-se na doação de terras de domínio público – terras devolutas – a particulares no
regime de sesmaria, ou seja, na condição de cultivá-las dentro de certo prazo. O objetivo é tanto o aumento da produção
agrícola quanto a ocupação territorial. No Brasil, a concessão da sesmarias é atribuída aos donatários e governantes das
capitanias e depois também às câmaras municipais. Enquanto na metrópole as concessões eram pequenas, na colônia, em
razão das grandes dimensões de território e do não-reconhecimento dos direitos dos índios sobre suas terras, as sesmarias
viram imensos latifúndios.

O governo português tenta controlar esse crescimento excessivo das propriedades, quase nunca acompanhado por igual
crescimento da produção. Em 1695 limita-se o tamanho das sesmarias ao máximo de 4 léguas de comprimento por 1 légua
largura (cerca de 24 Km², ou 2.400 há). Na prática isso não funciona, porque muitas terras são ocupadas em regime de
posse (direito de propriedade decorrente da exploração efetiva e duradoura de terras não ocupadas e raramente legalizadas.
Além disso, na agricultura extensiva da colônia, a produção se realiza pela ocupação contínua de novas áreas, fazendo com
que as propriedades rurais cresçam sempre mais em tamanho do que em produtividade. Em 1822, às vésperas da
independência, o regente Dom Pedro extingue o regime das sesmarias.

No Império, as principais medidas de regulamentação de acesso e posse legal da terra são tomadas na Lei de Terras, de 18
de Setembro de 1850. Ela estabelece que as terras devolutas só podem ser legalmente adquiridas por compra em leilões
públicos e que as terras ou posseiros somente devem ser legalizadas na parte efetivamente ocupada e explorada para o
sustento da família proprietária. O objetivo é ordenar a propriedade agrária e criar um mercado de terras, pois, com o fim
do tráfico de escravos, elas se tornariam o capital que iria substituir o investimento feito em mão-de-obra.

Terras na República – Essa lei não impede o crescimento da concentração agrária. A ocupação de novas terras continua a
acontecer de forma irregular, e, às vezes, violenta pelos grandes proprietários para quem a terra agora, além de símbolo de
prestígio e poder, é uma reserva de valor. Já os pequenos proprietários, em geral posseiros, encontram dificuldade para
legalizar a posse e não tem meios de disputar o mercado de terras – nas áreas de expansão agrícola, porque a terra é
valorizada, e nas áreas pioneiras, porque a terra é dominada pelos “coronéis” latifundiários ou seus prepostos.

Com a República, essa situação não muda. Na República Velha, os estados passam a administrar as terras públicas,
facilitando sua apropriação pelas oligarquias e coronéis. Em 1920, 4,5% dos proprietários possuem a metade das
propriedades rurais do país. Esse processo gera a redução das áreas de produção de subsistência, fazendo a nação importar
alimentos e a expansão descontrolada das áreas agroexportadoras, levando às crises de superprodução, como a do café
entre os anos 20 e 30. Após a Revolução de 1930 é criado o Ministérios da Agricultura, mas durante toda a era Vargas os
problemas agrários ficam em segundo plano, inclusive no Estado Novo, quando é instituída a legislação trabalhista para os
trabalhadores urbanos.

A reforma agrária – A partir das décadas de 40 e 50, o tema reforma agrária ganha destaque, a crescente modernização da
agricultura e da industrialização do país intensificam o êxodo rural, as migrações regionais e a concentração fundiária. Por
outro lado a organização dos trabalhadores rurais em sindicatos e federações faz crescer os movimentos reivindicatórios
no campo, como as Ligas Camponesas. Para o estado, a questão da terra vira um desafio político e para os partidos, uma
bandeira ideológica.

Nos anos 60, o governo de João Goulart anuncia o lançamento das “reformas de base”, começando pela reforma agrária.
Logo após a implantação do Regime Militar de 1964 é criado o Estatuto da Terra (1964) e, em 1970, o Instituto Nacional
de Reforma Agrária (INCRA), para tratar da questão agrária. Os resultados práticos são pequenos. Com a política de
incentivos fiscais dos anos 70 para os grandes empreendimentos agropecuários e extrativistas, a concentração aumenta
mais, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto os projetos do INCRA, como as agrovilas da
Amazônia, não se viabilizam.

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Na década de 80, os problemas da terra se agravam. A concentração fundiária continua grande: enquanto 4,5 milhões de
pequenas propriedades de até 100 ha têm apenas 20% de toda a área e empregam 78% da força de trabalho rural, 50 mil
grandes propriedades com mais de 1.000 ha ocupam 45% da área e absorvem 4% da mão-de-obra. Com o fim do “milagre
econômico” e a recessão há um grande aumento do desemprego e do êxodo rural. Com isso cresce o número de conflitos
violentos no campo: são 4,2 mil entre 1987 e 1994, deixando centenas de vítimas.

O governo tem usado a política dos assentamentos em terras públicas e áreas consideradas improdutivas e desapropriadas
para fins de reforma agrária. Nos últimos 12 anos são assentadas pouco mais de 300 mil famílias, menos de 7% do que
seria necessário segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terras (MST), que hoje lidera a mobilização social
no campo . Para o MST há 4,5 milhões de famílias no Brasil para assentar. Os proprietários reagem contra as pressões e as
invasões de terra do MST, também organizadas em entidades, como a União Democrática Ruralista (UDR).

Hoje se discute a eficiência da reforma agrária como solução econômica (aumento da produção) e social (aumento do
emprego e maior equilíbrio entre a cidade e o campo). Para uns, a produção nas pequenas propriedades já não é mais
competitiva, sobretudo na era da globalização econômica, e por isso não deveria ser estimulada. Para outros, ao contrário,
as pequenas propriedades continuarão a ser responsáveis pelo maior número de empregos no campo e pela maior
produção de alimentos de consumo interno.

A “REFORMA AGRÁRIA” DOS SEM-TERRA

1985 foi um ano de preocupações organizadas de terras por trabalhadores rurais sem terra. Firmou-se, especialmente no
sul do país, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Sua origem localizou-se no agravamento das condições de vida e trabalho dos trabalhadores no campo e no desemprego
crescente no campo e nas cidades. A não realização da reforma agrária prometida em 1964 no Estatuto da Terra e a
colonização oficial, atraindo e depois abandonando os colonos nas áreas pioneiras, sem condições de vida e de
escoamento de produção, fizeram crescer a decisão: nós precisamos conquistar a terra em nossa região.

Esta decisão teve no Movimento dos Sem Terra o principal instrumento de organização. E o resultado foi que no final do
ano havia 42 acampamentos com 11.655 famílias – perto de 60.000 pessoas – espalhadas em 11 estados de Norte a Sul do
país. Praticamente todos esses acampamentos foram antecidos por ocupações de terra.

Pode-se dizer que todos os “projetos de assentamento” realizados recentemente foram conquistas dos trabalhadores. Os
governantes atenderam à reivindicação teimosa do povo.

Durante o tempo em que o governo apresentou a proposta e elaborou o seu PNRA, o movimento usou uma tática de
aumentar a organização e pressionar o governo para que a reforma agrária atendesse às aspirações dos Sem Terra. A
decretação do PNRA, além de decepção, levou o movimento a executar mais ações de conquistar a terra.

Em outras palavras: os Sem Terra se deram conta que do governo não vem reforma agrária, pois ele apoia os
proprietários. Por isso, cresce a decisão e a prática de organização do Movimento dos Sem Terra, como instrumento da
reforma agrária feita pelos trabalhadores.

Isso reforça e aumenta a luta popular pela terra. Somam-se aos milhares (ou milhão) de posseiros que, em outros
momentos e em outras condições, ocuparam terra “livres” e agora travam lutas sangrentas para ver seus direitos
reconhecidos. Além disso, a ação do Movimento dos Sem Terra dá outro peso e abre novas perspectivas para a luta
organizada dos assalariados do campo.

1.19 - AMAZÔNIA

Amazônia, ampla região natural que se estende entre o maciço das Guianas e o Planalto Brasileiro, e desde o Atlântico até
os Andes, na América do Sul, com uma superfície de 7 milhões km2 compartilhada pelo Brasil (em sua maior parte),
Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.

Tudo na Amazônia é superlativo: a maior floresta tropical úmida do mundo se encontra em torno da mais extensa rede
fluvial do planeta, que por sua vez movimenta o maior volume de água doce disponível na Terra. Ao desembocar no
Atlântico, o rio Amazonas tem um caudal de 100 mil m3 por segundo, causador do fenômeno conhecido como pororoca,
e a evaporação de parte desse líquido é responsável pelas abundantes chuvas (em torno de 2.500 mm ao ano) que
garantem a sobrevivência da vegetação (ver "Ciclo da água", em Água).

Em linhas gerais, a região amazônica corresponde à bacia do Amazonas e seus mais de mil afluentes; mas a parte sul dessa
rede fluvial está numa outra região natural, a do cerrado do centro do Brasil (ver Campos abertos), enquanto a maior parte
da bacia do Orinoco e dos rios das Guianas tem características amazônicas. A inclusão da extensa região dos cerrados do
centro do Brasil na área amazônica é produto do conceito de Amazônia Legal, estabelecido pelo governo brasileiro em

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1966, que considera parte dos estados do Maranhão e Mato Grosso, bem como a totalidade do estado de Tocantins, como
integrantes daquela região, com a finalidade de que também se beneficiassem dos incentivos fiscais criados para os estados
realmente amazônicos.

Sua conformação física corresponde à sua origem sedimentar, alimentada pela erosão dos últimos contrafortes andinos e
dos dois antigos escudos pré-cambrianos (o maciço das Guianas e o Planalto Central do Brasil) que a definem, ao norte e
ao sul. O resultado foi uma amplíssima depressão com um ligeiro caimento para o leste, que explica as numerosas curvas
dos rios amazônicos e o caráter inundável da maior parte do território.

Se vista de um avião a Amazônia parece um imenso tapete verde bastante homogêneo; por baixo das copas das árvores se
distingue uma diversidade que é condicionada pela relação entre o terreno, a vegetação e as águas, além de evidenciar a
existência de vários "andares" de vegetação, cada um com características próprias bem marcadas.

A chamada várzea alta ou pestana é substituída pelas terras que só são inundadas nas enchentes excepcionais e, por contar
com os solos de melhor qualidade, é a parte mais habitada da floresta.
As várzeas são aquelas áreas que permanecem inundadas durante quatro ou cinco meses por ano, na estação das chuvas, o
que limita considera-velmente sua utilização econômica, enquanto os igapós, ou floresta inundada, correspondem às áreas
que, mesmo ocupadas por vegetação arbórea, permanecem sob as águas a maior parte do ano (nove a dez meses).

Além dessas diferenças, em vários setores aparecem terras altas de pouca fertilidade que são ocupadas por campos abertos
com vegetação de transição, como os lavrados de Roraima e os llanos da Colômbia e a Venezuela, verdadeiras ilhas de
pradaria em meio à exuberância vegetal da floresta.

Essas características, que por um lado alimentam a enorme biodiversidade da região, que conta com mais de 60 mil
espécies só de árvores, por outro lado determinam a considerável fragilidade dos ecossistemas amazônicos. As árvores
gigantescas (algumas ultrapassam os 100 m de altura) vivem muito mais do húmus produzido pela vegetação em
decomposição do que dos nutrientes dos solos pobres, que seriam rapidamente degradados se privados de sua cobertura
vegetal.

A ocupação humana, que se intensificou na segunda metade do século XIX durante o chamado "ciclo da borracha", não
ameaçava diretamente aquele equilíbrio uma vez que não precisava retirar as árvores; a economia coletora dos seringueiros,
assim como a extração das chamadas "drogas do sertão", destinadas à produção de medicamentos, harmonizava-se com o
equilíbrio ecológico.

Essa economia combinava com uma reduzida criação de gado nas áreas abertas e a existência de pouquíssimos centros
urbanos de certa importância, como Iquitos, Leticia, Manaus, Óbidos, Santarém e Belém do Pará.

No entanto, especialmente nas últimas duas décadas, a ocupação do território adquiriu novas características que
claramente entram em conflito com a preservação do meio ambiente.

A criação da Zona Franca de Manaus teve como resultado um crescimento demográfico sem prece-dentes na região, e
esse impacto foi complementado com a atividade de garimpeiros e empresas mineradoras no amplo arco que acompanha a
vertente sul do maciço das Guianas e nas bacias dos afluentes da margem direita do Amazonas. O garimpo, em particular,
teve consequências graves do ponto de vista ambiental, devido à contaminação por mercúrio dos rios amazônicos.

A isso se somou o avanço da pecuária, trazendo consigo as grandes queimadas destinadas a eliminar a vegetação arbórea
para abrir espaço às pastagens, e mais recentemente à atividade das madeireiras, que exploram as madeiras nobres
requeridas pelos mercados consumidores dos países ricos.

A proliferação de centros urbanos, cada vez mais numerosos, cria novas necessidades de terras agrícolas próximas, e o
resultado global dessa situação é que dez por cento da área total amazônica já foi desmatada.

Os riscos dessa ocupação desorganizada foram postos em evidência em março de 1998, quando as queimadas feitas pelos
agricultores no estado de Roraima saíram do controle humano, com a ajuda da seca que afetava a região desde novembro,
e provocaram o mais grave incêndio registrado em terras amazônicas. Segundo o governador de Roraima, foram
seriamente afetados 40 mil km2 de campos abertos e 10 mil km2 de florestas, enquanto técnicos do grupo ecológico
Amigos da Terra calcularam que a quantidade de carbono liberada na atmosfera pelo incêndio foi equivalente à poluição
produzida por todas as indústrias de São Paulo em dez anos.

Amazônia, Parque nacional, situado no estado do Pará, no norte do Brasil e fundado em 1974, após o primeiro estudo
completo da região amazônica. Possui 12.500 km2 de densa selva úmida tropical junto à margem ocidental do rio Tapajós.
A vegeta-ção é muito variada, formada por palmeiras, seringueiras, mangues, samambaias, orquídeas e epífitas. Quanto à
fauna, destacam-se os cervos, antas, os tamanduás, tatus, capivaras, botos (cetáceos de água doce), várias espécies de
macacos, tucanos, araras e colibris. Atualmente, existe uma controvérsia no que se refere ao equilíbrio entre a conservação
da região e a exploração de seus recursos.
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Amazonas (rio), corre pelo norte da América do Sul, em sua maior parte em território do Brasil; é o mais longo rio do
mundo, uma vez que nasce no nevado Mismi, na cordilheira de Chila, nos Andes do sul do Peru, o que lhe dá uma
extensão de quase 7.100 km. Esse número ainda não é preciso, pois os geógrafos não chegaram a uma conclusão a
respeito de qual de dois cursos de água, ambos nascidos no mesmo Nevado, é o verdadeiro ponto de partida.

A real extensão do Amazonas foi estabelecida pela primeira vez pelo Instituto Geográfico Nacional do Peru, no início da
década de 1980. Em 1994, uma expedição organizada pelos brasileiros Paula Saldanha e Roberto Werneck seguiu o curso
do rio desde sua foz, no Atlântico, até sua nascente nos Andes, comprovando os dados dos geógrafos perua-nos; e desde
1995 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil tem analisado fotos de satélite da região, chegando à
mesma conclusão.

Uma expedição organizada em 1986 pela National Geographic Society, dos Estados Unidos, tomando como nascente o
curso de água que se origina no monte Huagra, já tinha calculado a extensão do Amazonas em 7.025 km, o que seria
suficiente para reconhecé-lo como mais comprido que o Nilo e o Mississippi-Missouri.

O rio nasce com o nome de Apurimac a 5.500 m de altura, no departamento peruano de Arequipa, descendo as encostas
da montanha até unir-se ao Urubamba, na divisa dos departamentos de Junín e Ucayali, para formar o rio desse nome; já
na região das florestas equatoriais, o Ucayali se une ao rio Marañón (perto da cidade de Nauta, no departamento de
Loreto) e forma o Amazonas peruano.

Ao entrar em território brasileiro o Amazonas é chamado de Solimões até 30 km a leste de Manaus, onde recebe as águas
do rio Negro e recupera seu nome principal. Nos 1.900 km desde sua nascente até a planície na selva peruana, o rio realiza
uma descida de 5.440 m; nos 5.200 km restantes, até o Atlântico, o desnível é de apenas 60 metros.

Os 3.700 km desde a foz até Iquitos, na Amazônia peruana, são navegáveis para navios de grande calado. Se considerados
seus principais afluentes e os trechos navegáveis por embarcações menores, a bacia amazônica representa uma rede de
25.000 km de vias fluviais.

Em seu percurso, o Amazonas recebe quase 7.000 afluentes, que em conjunto ocupam uma área de quase 4 milhões de
quilômetros quadrados. Os sedimentos arrastados pelas águas totalizam 800 milhões de toneladas por ano, e esses
fragmentos de montanhas andinas são carregados pela correnteza até 200 km dentro do Atlântico, indo depositar-se na
costa da Guiana Francesa, frente a Caiena.

A variação média da altura das águas é de 10 m, entre a estação seca e a chuvosa, mas diante de Manaus essa diferença
pode ser de 16 m, fazendo com que a distância entre as margens aumente de 13 para 50 km. Na altura de Óbidos o
Amazonas apresenta sua menor largura, com 1.800 m, mas ali também se registra a maior profundidade (50 m); sua vazão
nesse ponto é de 200 mil metros cúbicos por segundo. Zona Franca de Manaus, criada em 1967, na capital do estado do
Amazonas. Foi planejada para incentivar um polo industrial visando desenvolver a Amazônia Ocidental, já que a
Amazônia Oriental contava com Belém, capital do estado do Pará, metrópole com ligações rodoviárias permanentes com
o restante do Brasil, bem próxima do litoral e com um processo de industrialização regional já mais adiantado. Em função
do difícil acesso a Manaus por terra e mesmo por ligações hidroviárias, tanto usando o rio Amazonas a partir de Belém
(Pará), quanto o rio Madeira a partir de Porto Velho (Rondônia), foi idealizado um processo de industrialização baseado
em produtos leves e de alta tecnologia, como no caso do gênero eletroeletrônico, que poderiam apoiar-se no transporte
aéreo para a movimentação tanto das matérias primas quanto dos produtos acabados.

A década de 70 foi crucial para o crescimento desse pólo industrial, pois toda uma gama de incentivos, legais e tributários,
foi desenvolvida objetivando atrair empresas nacionais e estrangeiras para a zona franca. Os resultados já na década de 80
puderam ser observados com a brutal ampliação do setor eletrônico e a implantação de novos gêneros como o de material
de transporte (construção naval e montagem de bicicletas e motocicletas), fabricação de relógios, brinquedos e outros.

Como resultado desse processo, sua população no período 1960-1996 apresentou um crescimento notável, passando de
152.432 habitantes em 1960, para 283.685 em 1970, atingindo 611.763 em 1980 e alcançando a marca de 1.108.162
habitantes em 1996. A ampliação das atividades industriais obrigou à retomada do tradicional meio de transporte da re-
gião, o fluvial, culminando com a consolidação da mais importante hidrovia do país em movimento de carga, o trecho do
rio Madeira entre Porto Velho e Manaus, na confluência do Amazonas com o rio Negro.

Amazonas (estado, Brasil), situado na região Norte do Brasil, tem como principal característica seu grande tamanho
associado às dificuldades de acesso. Uma área de 1.549.586 km2, que corresponde a 40,7% do espaço da região Norte e a
18,4% do território brasileiro, qualifica esse estado como o maior em extensão territorial. Limita-se ao norte com o estado
de Roraima e as repúblicas da Venezuela e da Colômbia; a oeste, com a Colômbia e o Peru; ao sul com o estado do Acre,
um pequeno pedaço da Bolívia e os estados de Rondônia e Mato Grosso; e a leste com o Pará.

O número reduzido de municípios (62 em 1991), quando comparado ao seu tamanho, implica o reconhecimento de que a
maioria deles possui grandes extensões territoriais. Quase 40% dos municípios apresentam áreas superiores a 20.000 km2.

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GEOGRAFIA

Essas grandes extensões contrastam com a baixa densidade demográfica, de 1,36 hab/km2, irregularmente distribuída ao
longo dos dez grandes vales fluviais que cortam o estado (Amazonas/ Solimões, Uatumã, Madeira, Negro, Purus, Japurá,
Juruá, Jutaí, Içá e Javari).

A exceção mais evidente fica por conta da cidade de Manaus, que experimentou um forte incremento populacional entre
1980 e 1991, partindo de 618.435 habitantes em 1980, para 1.005.634 em 1991, o que representa 67% da população urbana
do estado.

RELEVO E CLIMA

Quanto aos aspectos geomorfológicos, o estado do Amazonas situa-se em sua maior parte na Depressão da Amazônia
Central, área plana, de relevo caracterizado por vales fluviais, originando as formas de amplos topos tabulares. Ao longo
dos principais cursos fluviais forma-se outra unidade de relevo denominada planície interiorana, conhecida popularmente
como várzea, sendo justamente nessas áreas onde se concentra a maior parcela da população e das atividades produtivas
do estado.

A cobertura vegetal que domina a maior parte do território amazonense é a floresta ombrófila (densa e aberta) que se
caracteriza por árvores de grande porte, de folhagens sempre verdes e com alto coeficiente de transpiração, reflexo de um
clima equatorial quente e superúmido (temperaturas médias anuais acima de 25 C e precipitação pluvial variando entre
2.000 mm e 3.000 mm de altura média anual).

É nesse amplo domínio vegetal que se apoia uma das três mais importantes atividades econômicas do estado: a extração de
madeira e subprodutos da floresta (raízes, folhas, resinas e cascas). As duas outras (a indústria de bens de consumo durável
e a extração de minerais) concentram-se em localizações pontuais, quando analisadas na escala em que se situa a extensão
territorial do estado do Amazonas.

ECONOMIA E COMUNICAÇÕES

A produção de bens duráveis está vinculada a um enclave da indústria de transformação (montagem de produtos
eletroeletrônicos e de um segmento dos produtos de transporte – as motocicletas) e situa-se na cidade de Manaus (ver
Zona Franca de Manaus), o que explica o forte incremento populacional, na última década. A extração de minerais apoia-
se na estrutura geológica, operando em dois campos distintos: a prospecção de petróleo, na bacia do Solimões (rio Urucu),
no município de Coari, e a mineração de cassiterita no alto curso do rio Pitinga, no município de Presidente Figueiredo, e
na mina Igarapé Preto, no município de Novo Aripuanã.

Como já se viu anteriormente, o problema do difícil acesso ao interior do estado do Amazonas é o principal entrave ao
desenvolvimento de suas estruturas produtivas. As longas distâncias, pelas rodovias BR-364 e BR-319, entre essa unidade
da Federação e os grandes centros urbanos e áreas de produção do Sudeste e Centro-Oeste, dificultam a circulação de
mercadorias e de pessoas. O sistema de navegação fluvial ainda é precário e só nos últimos anos apresentou tendência à
melhora, com a ampliação da hidrovia do rio Madeira, que liga Porto Velho, capital do estado de Rondônia e ponto de
transbordo para a rodovia BR-364, com as cidades do vale do rio Amazonas, através de um sistema de barcaças.

O outro sistema que consegue superar essa dificuldade é o aeroviário, cuja base principal é o aeroporto internacional
Eduardo Gomes, em Manaus, que se tornou um dos principais terminais de carga aérea do Brasil, em virtude das ligações
materiais entre as empresas da Zona Franca de Manaus e os três grandes centros do Sudeste: São Paulo, Campinas e Rio
de Janeiro. Entretanto, esse tipo de transporte é reconhecidamente caro e somente cargas de pequeno peso/alto valor
e/ou subsidiadas podem suportar os custos inerentes a esse sistema, caso dos produtos operados pelas indústrias da
capital amazonense.

Em termos demográficos, o estado do Amazonas apresentou em 1991 uma população de 2.102.901 habitantes, dividida
em 1.501.807 em áreas urbanas e 601.094 em áreas rurais.

Manaus, cidade do norte do Brasil, capital do estado do Amazonas, que constitui um porto às margens do rio Negro,
próximo de sua confluência com o rio Solimões para formar o Amazonas.
A cidade, na qual podem atracar transatlânticos, é um dos principais portos em processo de desenvolvimento da bacia
amazônica, e estende sua influência aos vizinhos estados de Roraima, Acre e o norte de Rondônia, que escoam por ali seus
produtos.

Fundada em 1669 e transformada em capital da província do Amazonas em 1852, Manaus experimentou a partir de 1890
seu período áureo, com a riqueza produzida pelo boom da borracha. Os donos de seringais enriqueceram além do
previsível, e essa riqueza se evidenciou na construção de residências suntuosas, do esplêndido Teatro Amazonas, onde
faziam temporada as melhores companhias de ópera europeias, e na modernização da cidade, que rapidamente adquiriu
serviços modernos e belos edifícios públicos. Entre as exportações da cidade se destacavam a borracha, as castanhas do
Brasil, a madeira e outros produtos da floresta úmida que a rodeia.

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GEOGRAFIA

O fim do ciclo da borracha teve profundo efeito sobre a cidade, que viu decair seu comércio, diminuir a arrecadação e
perder-se a glamurosa vida da belle epoque. Mas a importância do seu papel na região amazônica levou sucessivos
governos a tomar medidas para reverter essa decadência, em um processo que levou à implantação da Zona Franca de
Manaus, motor do desenvolvimento moderno da cidade que entrou num novo período de crescimento.

Paralelamente, se transformou no principal centro de turismo ecológico do país, através dos admiráveis "hotéis de selva"
que reúnem o conforto da civilização com o contato direto com a natureza exuberante dos arredores da cidade.

Entre suas atividades econômicas significativas predominam as refinarias de petróleo, a indústria alimentícia, o turismo e a
fabricação de produtos químicos. População (1994): 1.108.612 habitantes.

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), criado em 1952, realiza pesquisas científicas na Amazônia, a fim de
obter conhecimentos maiores sobre a região e promover a integração entre o homem e a natureza. Elevado à categoria de
centro de excelência para o desenvolvimento de pesquisas na região amazônica, em torno de 1992, o instituto localiza-se
em Manaus, e conta com quatro bases de pesquisa flutuantes, núcleos de pesquisas nos estados do Acre, Roraima e
Rondônia, duas reservas florestais, além de duas estações experimentais.

O Inpa também assume a responsabilidade de formação de profissionais qualificados em ciência e tecnologia, através de
cursos de mestrado e doutorado em áreas afins.

Mineração na Amazônia, conjunto de atividades de retirada de minerais que ocorre principalmente em território brasileiro,
mas que também existem em alguns dos países da Amazônia. Por suas condições de isolamento, derivadas do tipo de
cobertura vegetal, do clima muito quente e úmido e das grandes distâncias envolvidas, as atividades de mineração na área
estão divididas em dois grupos: a mineração de grande porte, fixa em pontos determinados e dotada de uma infra-
estrutura especializada, e o garimpo, geralmente móvel, envolvendo grandes contingentes de pessoas, geralmente a procura
de ouro e pedras preciosas nos rios e barrancos.
As grandes mineradoras possuem planos de preservação da área minerada, através de técnicas de reflorestamento; já os
grupos de garimpo, por sua grande mobilidade e falta de controle de seus componentes, invadem terras indígenas e
parques naturais, muitas vezes causando grande destruição.

Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), criado em 1990, foi concebido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República em conjunto com os Ministérios da Justiça e Aeronáutica, e tem o propósito de zelar e fiscalizar
a Amazônia Legal (que compreende a Região Norte do Brasil, o estado do Mato Grosso e parte do estado do Maranhão).

O Sivam atua como uma poderosa rede de coleta e processamento de informações ao levantar as informações obtidas por
cada órgão governamental que trabalha na Amazônia, e tratar e integrar essas informações numa grande base de dados
para que todos os órgãos compartilhem desse conhecimento.

1.20 - REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

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GEOGRAFIA

Região Geoeconômica Nordeste

Estados
AL, BA, CE, MA, PB, PI, PE, RN e SE

Características geográficas

Área 1.558.196 km²


População 52.191.238 hab. IBGE/2007
Densidade 32 hab./km²

Indicadores

IDH médio 0.725 PNUD/2005


PIB R$ 280.504.256 IBGE/2005
PIB per capita R$ 5 498 IBGE/2005

A Região Nordeste é uma região do Brasil com 1.558.196 km² de área e 51.609.027 habitantes. A Região Nordeste é
curiosamente um pouco maior que o estado do Amazonas, com 1.558.196 km², contra 1.570.745,680 km² do estado do
Amazonas e é a terceira região em área. A região possui 30.998.109 eleitores (IBGE/2002), o segundo maior colégio
eleitoral do país, perdendo apenas para o Sudeste.

É a região brasileira que possui a maior quantidade de estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí,
Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Rio Grande do Norte e Sergipe.

História

O Nordeste foi primordialmente habitado pelos homens da Pré-História, posteriormente pelos índios, que antes da
colonização, realizavam trocas comerciais com europeus, na forma de extração do pau-brasil em troca de outros itens. Mas
foi durante o período de colonização que eles foram sendo incorporados ao domínio europeu ou eliminados, devido as
constantes "batalhas" contra os senhores de engenhos.

A região foi o palco do descobrimento durante o século XVI. Portugueses chegaram em uma expedição no dia 22 de abril
de 1500, liderados por Pedro Álvares Cabral, na atual cidade de Porto Seguro, no estado da Bahia.

Foi no litoral nordestino que se deu início a primeira atividade econômica do país, a extração do pau-brasil. Países como a
França, que não concordavam com o Tratado de Tordesilhas, realizavam constantes ataques ao litoral com o objetivo de
contrabandear madeira para a Europa.

Entre 1630 e 1654, a região foi dominada por neerlandeses e foi uma colônia da República das Sete Províncias Unidas dos
Países Baixos (Holanda contemporânea), sendo chamada de Nova Holanda.

Durante o período colonial, no século XVI, a resistência quilombola se iniciou no Brasil, com a fuga de escravos para o
Quilombo dos Palmares, na região da Serra da Barriga, atual território de Alagoas, nos vários mocambos palmarinos
chegaram a reunir-se mais de 20 mil pessoas. Mas somente em 1694 é que o Macaco, "capital" de Palmares, foi finalmente
tomado e destruído, depois de intensa perseguição, Zumbi dos Palmares foi finalmente capturado e teve sua cabeça
degolada e exposta em praça pública em Recife.

A cidade de Salvador foi a primeira sede do governo-geral no Brasil, pois estava, estrategicamente, localizada em um ponto
médio do litoral. O governo-geral foi uma tentativa de centralização do poder para auxiliar as capitanias, que estavam
passando por um momento de crise. A atividade açucareira é até hoje a principal atividade agrícola da região.

Migração nordestina

Devido à enorme desigualdade de renda, à grande concentração fundiária e ao problema da seca no Sertão Nordestino
(agravado pela chamada "indústria da seca", que beneficia políticos e latifundiários em detrimento das massas), o Nordeste
foi durante muito tempo e especialmente na segunda metade do século XX uma região de forte repulsão populacional.
Devido à grande oferta de empregos em outras regiões do Brasil, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, a migração
nordestina tem sido destaque na dinâmica populacional brasileira, em especial na Sudeste.

Na década de 1990, entretanto, devido às crises econômicas e à saturação dos mercados de várias grandes cidades, a oferta
de empregos diminuiu, a qualidade da educação piorou e a renda continuou mal distribuída, fazendo com que a maioria
dos nordestinos que haviam migrado, fugindo da miséria, e seus descendentes continuassem com estrutura de vida
precária. Por causa da visão espelhada nas décadas anteriores, o falso ideal imaginário que se formou em relação à região
Sudeste é da promessa de uma qualidade de vida melhor, de fácil oportunidade de emprego, salários mais altos, entre
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GEOGRAFIA

outros; iludido por esse sonho, quando um nordestino migra para o Sudeste em busca de uma melhoria na qualidade de
vida, normalmente acaba encontrando o contrário, além de sofrer, não raro, preconceito social no dia-a-dia.

Nos últimos anos, o movimento tradicional de emigração tem reduzido ou até invertido na Região Nordeste. Segundo o
estudo "Nova geoeconomia do emprego no Brasil", da Universidade de Campinas (Unicamp), os estados do Ceará,
Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte receberam mais migrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram para outras regiões.
O estado da Paraíba, segundo a mesma pesquisa, foi o exemplo mais radical da transformação por que tem passado os
padrões migratórios na região: inverteu o padrão migratório do saldo negativo de 61 mil pessoas para o saldo positivo de
45 mil. Em todos os outros Estados que continuam a contar com um saldo migratório negativo, o número de migrantes
diminuiu sensivelmente no mesmo período analisado: no Maranhão, diminuiu de 173 mil para 77 mil; em Pernambuco, de
115 mil para 24 mil; e na Bahia, de 267 mil para 84 mil. Os estudiosos, em geral, concordam que os movimentos
migratórios continuam intensos, sendo que não mais se dirigem quase que exclusivamente à Região Sudeste, mas sim se
concentram em direção às metrópoles nacionais nordestinas, como Fortaleza, Salvador e Recife.

Geografia

Estados do Nordeste (em sentido horário):

1 • Maranhão,
2 • Piauí,
3 • Ceará,
4 • Rio Grande do Norte,
5 • Paraíba,
6 • Pernambuco,
7 • Alagoas,
8 • Sergipe e
9 • Bahia.

A área do Nordeste brasileiro é de aproximadamente 1.558.196 km², equivalente a 18% do território nacional e é a região
que possui a maior costa litorânea. Um fato interessante é que a região possui os estados com a maior e a menor costa
litorânea, respectivamente Bahia, com 932 km de litoral e Piauí, com 60 km de litoral. A região toda possui 3.338 km de
praias.

Está situado entre os paralelos de 01° 02' 30" de latitude norte e 18° 20' 07" de latitude sul e entre os meridianos de 34°
47' 30" e 48° 45' 24" a oeste do meridiano de Greenwich. Limita-se a norte e a leste com o Oceano Atlântico; ao sul com
os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os estados do Pará, Tocantins e Goiás

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GEOGRAFIA

Sub-regiões do Nordeste: 1 • Meio norte, 2 • Sertão, 3 • Agreste e 4 • Zona da Mata

Para que se pudesse analisar de forma mais fácil as características da região Nordeste, o IBGE dividiu a região em quatro
zonas:

1. Meio-norte: o meio-norte é uma faixa de transição entre a Amazônia e o sertão, abrange os estados do Maranhão e Piauí,
também é chamada de Mata dos Cocais, devido as palmeiras de babaçu e carnaúba, no litoral chove cerca de 2.000 mm
anuais, indo mais para o leste e/ou para o interior esse número cai para 1.500 mm anuais, já no sul do Piauí, uma região
mais parecida com o sertão só chove 700 mm por ano, em média.

2. Sertão: o sertão fica localizado, geralmente, no interior do Nordeste, possui clima semi-árido, em estados como Ceará e
Rio Grande do Norte chega a alcançar o litoral, descendo mais ao sul, o sertão alcança o norte de Minas Gerais, no
Sudeste. As chuvas são irregulares e escassas, existem constantes períodos de estiagem, a vegetação típica é a caatinga.

3. Agreste Nordestino: o agreste é uma zona de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, localizado no alto do Planalto
da Borborema, é um obstáculo natural para a chegada das chuvas ao sertão, se estendendo do sul da Bahia até o Rio
Grande do Norte. O principal acidente geográfico da região é o Planalto da Borborema. Do lado leste do planalto estão as
terras mais úmidas (Zona da Mata); do outro lado, para o interior, o clima vai ficando cada vez mais seco (sertão).

4. Zona da Mata: localizada no leste, entre o Planalto da Borborema e a costa, fica a Zona da Mata, que se estende do Rio
Grande do Norte ao sul da Bahia, as chuvas são abundantes. A zona recebeu este nome por ter sido coberta pela Mata
Atlântica. Os cultivos de cana-de-açúcar e cacau substituíram as áreas de florestas. O povoamento desta região é muito
antigo.

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GEOGRAFIA

Demografia

Cor/Raça (2006)
Parda 62,5% Branca 29,2% Preta 7,8% Indígena e amarela 0,5%

Proporção de população com ascendência africana em cada estado do Brasil (quanto mais escuro, maior a ascendência africana).

Segundo dados do IBGE, a região possui mais de 49 milhões de habitantes, quase 30% da população brasileira, sendo a
segunda região mais populosa do país, atrás apenas da região Sudeste. As maiores cidades são Salvador, Recife e Fortaleza.
É também a terceira região quanto à densidade demográfica, contando com 32 habitantes por quilômetro quadrado.

As maiores cidades nordestinas, em termos populacionais, são: Salvador, Fortaleza, Recife, Teresina, São Luís, Maceió,
Natal, João Pessoa, Jaboatão dos Guararapes, Feira de Santana, Aracaju, Olinda, Campina Grande, Caucaia, Paulista,
Vitória da Conquista, Caruaru e Petrolina. Todos esses municípios possuem mais de 250 mil habitantes, segundo as listas
de municípios de estados do Nordeste por população.

Grupos étnicos

Para a formação do povo nordestino participaram três etnias: o índio, o português e o africano.

A miscigenação étnica e cultural desses três elementos foi o pilar para a composição da população do Nordeste, porém
essa mistura de raças não aconteceu de forma uniforme. Em algumas regiões, como no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande
do Norte, predominaram os caboclos, já em outras, como a Bahia, Piauí, Pernambuco Oriental e o Maranhão, os mulatos
predominam. Os cafuzos também são muito comuns no Maranhão.

Em torno de um quarto dos nordestinos tem ancestralidade predominantemente europeia, sobretudo portuguesa.
Pesquisas genéticas recentes feitas por um conceituado laboratório genético brasileiro descobriu que 19% desses
nordestinos brancos têm alguma ancestralidade holandesa. Entre nordestinos de outras raças a influência genética
holandesa não foi avaliada, mas é indiscutivelmente presente.

Distribuição populacional

Assim como acontece em todo o território brasileiro, a população nordestina é mal distribuída, cerca de 60,6% dela fica
concentrada na faixa litorânea (zona da mata) e nas principais capitais.

Já no sertão nordestino e interior, os níveis de densidade populacional são mais baixos, por causa do clima semi-árido e da
vegetação de caatinga. Ainda assim, a densidade demográfica no semi-árido nordestino é uma das mais altas do mundo
para esse tipo de área climática[5]. Em parte, entretanto, pode-se atribuir a relativa superpopulação da região à má infra-
estrutura e pouco desenvolvimento econômico e tecnológico, uma vez que se verificam áreas semi-áridas de grande
desenvolvimento que suportam densidades ainda maiores (vide Israel e certos Estados norte-americanos como o Texas e
parte da Califórnia).

De acordo com os dados do IBGE (2000), a concentração urbana do Nordeste é da ordem de 69,10%. A urbanização do
Nordeste foi mais lenta em relação ao resto do País, mas se acelerou muito nas últimas décadas. No período 1991-1996, a
participação da população rural no total da população teve queda de 45,8% [6].

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GEOGRAFIA

Economia

A renda per capita nordestina evoluiu de US$ 397 em 1960 (41,9% da nacional) para US$ 2.689,96 em 1998 (56% da
nacional). Ainda assim, é a região brasileira com a mais baixa renda per capita e maior nível de pobreza. 50,12% da
população possui uma renda familiar de meio salário mínimo e de acordo com o levantamento da UNICEF divulgado em
1999 as 150 cidades brasileiras com a maior taxa de desnutrição se encontram no Nordeste.

A capacidade energética instalada é de 10.142 MW.

Em 2003 seu PIB era de R$214 bilhões ou 13,8% do PIB brasileiro, superando o de países como Chile, Cingapura,
Venezuela, Colômbia e Peru. Apesar disso, há grandes desigualdades sócio-econômicas na região.

Agricultura

A cana-de-açúcar é o principal produto agrícola da região, produzido principalmente por Alagoas, seguido por
Pernambuco e Paraíba, também é importante destacar os plantios de algodão (Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte),
tabaco (Bahia) e caju (Piauí, Paraíba e Ceará), uvas finas, manga, melão, acerola, e outros frutos para consumo interno
e exportação. Também destacamos a produção de feijão em Irecê e de soja em Barreiras, Bahia. Nos vales do Rio São
Francisco (Bahia e Pernambuco) e do Açú (Rio Grande do Norte) existe o cultivo irrigado de frutas para exportação. No
sertão predomina a agricultura de subsistência, prejudicada às vezes pelas constantes estiagens.

Pecuária

Na região se cria principalmente gado, os maiores rebanhos bovinos estão na Bahia, Piaui, Pernambuco e Ceará, no sertão
os produtores têm sempre prejuízos devido as constantes secas. Também existem criações de caprinos, que são mais
resistentes, suínos, ovinos e aves.

As feiras de gado são comuns nas cidades do agreste nordestino, foram estas feiras que deram origem a cidades como
Campina Grande, Feira de Santana, etc.

Indústria

É mais forte e diversificada em regiões metropolitanas como a do Recife, a de Salvador e a de Fortaleza. Excetuando as
capitais, tem-se a região de Campina Grande no estado da Paraíba.

Destaca-se a produção de aços especiais, produtos eletrônicos, equipamentos para irrigação, barcos, chips, softwares,
baterias e produtos petro-químicos, além de marcas de etiquetas famosas, calçados de couro e de lona, tecidos de todos os
tipos e sal marinho e indústria automobilística. O pólo gesseiro de Araripina, em

Pernambuco, é o mais importante do país, responsável por 95% do gesso consumido no Brasil. [7].

Indústria petrolífera

Por ter sido palco da descoberta da primeira jazida de petróleo (em Lobato, Salvador), a região nordeste tem uma
produção histórica de petróleo. O petróleo é explorado no litoral e na plataforma continental de vários estados da região e
processado na Refinaria Landulfo Alves, em São Francisco do Conde, e no Pólo Petroquímico de Camaçari, ambos no
estado da Bahia. Recentemente foi lançada a pedra fundamental da Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco.

Os principais produtores nordestino de Petróleo são o Rio Grande do Norte (que em 1997 era o 2º maior produtor
petrolífero do país), a Bahia e Sergipe, as principais bacias estão no mar.

Recentemente foi descoberto petróleo em Sousa, no sertão paraibano.

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GEOGRAFIA

Problemas sociais

Favela no Bonfim, Salvador, capital da Bahia.

O Nordeste é a região mais pobre do Brasil, com os piores indicadores socioeconômicos do país como o IDH,
principalmente nas áreas rurais, que sofrem nos longos períodos sem chuva. Ironicamente, durante o Brasil Colônia,
quando a produção de açúcar era mais elevada, continha a região mais próspera do Brasil - a capitania de Pernambuco
(juntamente com a capitania de São Vicente, foram as únicas capitanias de sucesso logo no início da exploração). Desde o
fim da rentabilidade da exploração do açúcar na Zona da Mata (faixa outrora de mata atlântica, paralela ao litoral
nordestino), a região entrou em decadência. Em meados do século XX passou a se recuperar num ritmo mais rápido que o
Brasil, rapidamente ganhando posições em indicadores como IDH e PIB per capita. Apesar de estar avançando socioecono-
micamente mais rápido que o restante do país, ainda mantém o título de mais pobre e desigual do Brasil.
Atualmente a região ainda sofre com o trabalho infantil, principalmente no interior, e com a prostituição infantil nos
núcleos urbanos. Assim como em boa parte do país, os problemas sociais na região Nordeste são piores nos pequenos
municípios de maioria de população rural, diminuindo nas grandes cidades litorâneas.

1.21 - AMÉRICA DO SUL

Continentes vizinhos América Central, Antártida e África

Divisões administrativas
- Número de países 12
- Número de territórios 3

Área
- Total 17.850.568 km²
- Maior país Brasil
- Menor país Guiana Francesa

Extremos de elevação
- Ponto mais alto Aconcágua, 6.962 m
- Ponto mais baixo Laguna del Carbón, 105 m abaixo do nível do mar

Maior lago Lago Titicaca, 280 m

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GEOGRAFIA

Pontos extremos
- Ponto mais setentrional Punta Gallinas, Colômbia
- Ponto mais meridional Cabo Horn, Chile
- Ponto mais oriental Ponta do Seixas, Brasil
- Ponto mais ocidental Punta Pariñas, Peru
Maior ilha Terra do Fogo

Maior vulcão Gallatiri, 6.060 m


População
- Total 334.723.000 habitantes
- Densidade 21,32 hab./km²
- País mais populoso Brasil (187.316.000 hab.)
- País menos populoso Guiana Francesa (187.000 hab.)
- País mais povoado Equador (47 hab./km²)
- País menos povoado Guiana Francesa (2 hab./km²)

Línguas mais faladas Português e espanhol

Economia
- País mais rico Brasil (US$ 1.067.706)
- País mais pobre Guiana (US$ 870)

A América do Sul é um continente que compreende a porção meridional da América. Sua extensão é de 17.819.100 km²,
abrangendo 12% da superfície terrestre, porém só tem 6% da população mundial. Une-se à América Central, ao norte,
pelo istmo/canal do Panamá. Tem uma extensão de 7.400 km desde o mar do Caribe até o cabo Horn, ponto extremo sul
do continente. Os outros pontos extremos da América do Sul são: ao norte a Punta Gallinas, na Colômbia, ao leste a
Ponta do Seixas, no Brasil, e a oeste a Punta Pariñas, no Peru. Seus limites naturais são: ao norte com o mar do Caribe; a
leste, nordeste e sudeste com o oceano Atlântico; e a oeste com o oceano Pacífico.
Originalmente foi povoado por ameríndios e alguns povos de culturas sofisticadas, principalmente os incas. A maior parte
da América do Sul foi colonizada pela Espanha e Portugal. A reivindicação espanhola se baseava nas descobertas de
Cristóvão Colombo; em sua terceira viagem (1498) ele navegou ao longo da costa venezuelana e aportou em Trinidad. Em
1500, o explorador português Pedro Álvares Cabral desembarcou no atual estado da Bahia e se apossou desse território
em nome de Portugal. O Brasil português e o vice-reinado espanhol do Peru constituíam as duas principais jurisdições
administrativas da América do Sul nos séculos XVI e XVII. No século XVIII subdividiu o Peru, acrescentando dois vice-
reinados, Nova Granada (1717) e Rio da Prata (1776). No século XVII, Inglaterra, França e Holanda também
estabeleceram colônias na costa nordeste do continente. O povoamento inicial foi pelo litoral, e até hoje os centros
urbanos estão concentrados próximo à costa e não no interior do continente.
Em 1816 e 1825, a maior parte da América do Sul espanhola se tornou independente, sob a liderança de Simón Bolívar e
José de San Martín, e consequentemente dividiu-se em países: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile,
Argentina, Paraguai e Uruguai. O Brasil se tornou independente de Portugal em 1822. A Guiana Inglesa se tornou Guiana
independente em 1966, Suriname, colônia holandesa, teve sua independência em 1975, mas a Guiana Francesa ainda
continua sob domínio francês. O continente permaneceu politicamente independente na maior parte do século XIX,
principalmente graças à doutrina Monroe, que evitou a expansão europeia. Ao mesmo tempo, recebeu cerca de 15 milhões
de imigrantes provenientes da Europa, e sofreu influências culturais e ideológicas tanto dos Estados Unidos quanto da
Europa. Investimentos econômicos consideráveis foram feitos, principalmente pelo Reino Unido, na produção primária,
como mineração e carne, levando esses mercados à dependência. O continente é predominantemente católico romano;
No século XIX e princípio do século XX a Igreja ocupou posição política e social importante e exerceu força conser-
vadora. Recentemente, suas posições foram contestadas por padres do movimento da Teologia da Libertação, que visavam
o engajamento político da Igreja em prol dos pobres e destituídos. A rápida urbanização superou a oferta de emprego e
moradia. Como esforço para estimular o comércio e produção, formaram-se grupos econômicos como o Mercado
Comum Centro-Americano (MCCA), Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) (1960), e a Associação
Latino-Americana de Desenvolvimento e Intercâmbio (ALADI) (1981). Projetos de desenvolvimento superdimensionados
e a elevação dos preços do petróleo na década de 1970 sobrecarregaram muitos países sul-americanos com dívidas que
suas economias altamente dependentes dos mercados financeiros mundiais não tiveram condições de honrar. Desde 1º de
janeiro de 1995 vigora o Mercosul (Mercado Comum do Sul), que pretende extinguir gradativamente a fronteira econô-
mica entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A América do Sul possui vastos recursos naturais e graves problemas econômicos e sociais. Nas décadas de 1960 e 1970, a
maior parte dos países sul-americanos estava submetida a ditaduras militares, geralmente apoiadas pelos Estados Unidos
da América. Turbulências políticas continuam, a despeito da democratização iniciada na década de 1980. Em razão do alto
endividamento externo e interno, vários países sul-americanos aplicam as políticas do Fundo Monetário Internacional
(FMI), que comprimem as contas públicas mas não eliminam as crises.

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Nos últimos anos, essa parte do continente vive uma chamada "onda de esquerda". Em vários países, presidentes
considerados de esquerda são eleitos, em contraste com a situação vivida em décadas recentes. Essa onda começou com
Hugo Chávez, que ganhou as eleições na Venezuela em 1998. Depois, foi a vez de Luís Inácio Lula da Silva, no Brasil
(2002), Néstor Kirchner, na Argentina (2003), Tabaré Vázquez, no Uruguai (2004), Evo Morales, na Bolívia (2005), e
Michelle Bachelet, no Chile (2006).

Com 17,8 milhões de quilômetros quadrados, a América do Sul une-se à América do Norte pelo istmo da América Central
e separa-se da Antártica pelo estreito de Drake. A porção oeste é ocupada pela cordilheira dos Andes, cujo ponto mais alto
é o monte Aconcágua, com 6.960 metros. As planícies centrais abrigam a bacia hidrográfica do Orinoco, a Amazônica e a
do Prata. Na região norte, onde o clima é equatorial, encontram-se florestas tropicais úmidas. Os rios que descem a
cordilheira dos Andes em direção ao oceano Pacífico são, em geral, curtos, enquanto os que correm em direção ao
Atlântico, extensos, como o Amazonas, Tocantins, São Francisco, Paraná e da Prata.

Nas áreas mais secas do centro localiza-se o cerrado. O sul possui faixas áridas, como o deserto do Atacama, e uma zona
temperada, ocupada por florestas tropicais e pelos pampas argentinos. De acordo com o World Resources Institute, a América
do Sul preserva quase 70% de suas florestas. A maior mata nativa é a da Amazônia, seguida das florestas temperadas do
Chile e da Argentina.

A América do Sul tem 380 milhões de habitantes. Vazios demográficos (como as florestas tropicais, o deserto de Atacama
e as porções geladas da Patagônia) convivem com regiões de alta densidade populacional, como os centros urbanos de São
Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Lima e Santiago. A população é formada principalmente por descendentes de
europeus (em especial espanhóis e portugueses), africanos e indígenas. Há alta porcentagem de mestiços. As principais
línguas são o espanhol e o português.

A indústria está concentrada no beneficiamento de produtos agrícolas e na produção de bens de consumo. No Brasil e na
Argentina encontra-se mais diversificada, abrangendo setores como extração e refino de petróleo, siderurgia, metalurgia,
química e automobilística, entre outras. O Brasil é responsável por cerca de três quintos da produção industrial sul-
americana. A mineração inclui a extração de petróleo (com destaque para a Venezuela), cobre, estanho, manganês, ferro,
zinco, chumbo, alumínio, prata e ouro. A agricultura é intensiva nas áreas tropicais, onde há culturas voltadas para a
exportação (café, cacau, banana, cana-de-açúcar, algodão e cereais). A pecuária é praticada em larga escala no sul e no
centro.

EXERCÍCIOS respectivamente, 69%, 81% e 91% eram:


a) Centro-Oeste. Nordeste e Sudeste.
01. (ESA) - O segundo mais extenso domínio natural b) Nordeste, Sul e Sudeste.
brasileiro caracteriza-se por estar associado ao c) Nordeste, Sudeste e Sul.
clima tropical, que possui estações bem definidas, d) Norte, Sudeste e Centro-Oeste.
com verões chuvosos e longas estiagens no e) Norte, Centro-Oeste e Sul.
inverno; quanto à vegetação, predominam
formações arbustivas que cobrem solos ácidos. O 04. (ESA) - São localidades envolvidas na produção,
texto apresenta características do seguinte no beneficiamento e no escoamento da bauxita e
domínio natural: de seus derivados, a alumina e o alumínio:
a) Mata de Araucária. a) Conceição do Araguaia. Belém e Macapá.
b) Caatinga. b) Oriximiná, Barcarena e São Luís.
c) Cerrado. c) Imperatriz, Tocantinópolis e Macapá.
d) Mares de Morro. d) Imperatriz, São Luís e Boa Vista.
e) Amazônico. e) Barcarena, Tabatinga e Tocantinópolis.

02. (ESA) - O Agreste apresenta um quadro natural 05. (ESA) - Os climas predominantes no Brasil são:
diferenciado. Na maior parte da Bahia e em a) Litorâneo Úmido e Subtropical
Sergipe, a sub-região é constituída por baixos b) Equatorial e Tropical
planaltos. Já entre o Rio Grande do Norte e c) Equatorial e Tropical Semi-Árido
Alagoas, o Agreste é dominado pelo(a): d) Tropical e Subtropical
a) Chapada Diamantina. e) Litorâneo Úmido e Tropical Semi-Árido
b) Chapada do Apodi.
c) Chapada do Araripe. 06. (ESA) - Assinale a alternativa que indica a sub-
d) Serra de Ibiapaba região nordestina onde se localizam importantes
e) Planalto da Borborema. centros urbanos, como Campina Grande e Feira
de Santana, e que é classificada como faixa de
03. (ESA) - Em 2000, o Brasil possuía um grau de transição.
urbanização de 81%. No entanto, este grau se a) Mata dos Cocais.
apresentava de forma desigual entre as regiões b) Sertão.
brasileiras. Pode-se dizer que as regiões que c) Recôncavo Baiano.
tinham, em 2000, níveis de urbanização de, d) Zona da Mata.
e) Agreste.
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07. (ESA) - O Pró-Álcool foi criado em 1975, no 13. (ESA) - Assinale a alternativa que contém a
governo do Presidente Ernesto Geisel. O segunda região mais industrializada do país e
programa tinha como objetivo: que, historicamente, teve importante participação
a) tornar o álcool uma fonte de energia alternativa do capital local na implantação de novas
b) ampliar a pauta de exportações brasileiras indústrias, inicialmente, voltadas para o mercado
c) diminuir a concentração de terras no Brasil regional.
d) diminuir a dependência brasileira de gás natural a) Norte.
importado b) Nordeste.
e) tornar o álcool a principal fonte de energia do país c) Centro-Oeste.
d) Sudeste.
08. (ESA) - Assinale a opção abaixo que apresenta e) Sul.
um ambiente natural brasileiro que pode ser
definido como faixa de transição. 14. (ESA) - Aos deslocamentos populacionais
a) Mata de Araucária temporários relacionados às estações do ano ou às
b) Caatinga atividades econômicas, aplicamos o conceito de:
c) Floresta amazônica a) Movimento Diurno.
d) Pantanal b) Movimento Noturno.
e) Mares de Morros c) Nomadismo.
d) Transumância.
09. (ESA) - Sendo um dos principais rios que cortam e) Sedentarismo.
o território brasileiro, o rio Paraná é formado por
meio da confluência dos rios: 15. (ESA) - Assinale a alternativa que apresenta uma
a) Tietê e Paraíba do sul região do Brasil que é recoberta por vegetação
b) Tietê e Iguaçu herbácea ou campestre, em área de clima
c) Paranaíba e Grande subtropical, e que tem sofrido grande impacto
d) Parnaíba e Araguaia ambiental, tendo como conseqüência a formação
e) Tietê e Paranapanema de extensos areais. Dentre as causas desse
impacto, podemos citar a pecuária extensiva e a
10. (ESA) - Uma vez que a estrutura geológica agricultura monocultora.
brasileira é muito antiga e que o nosso território a) Sertão Nordestino.
apresenta sua superfície bastante desgastada pela b) Pantanal.
erosão, uma das formas de relevo a seguir não c) Campanha Gaúcha.
existe no Brasil. Assinale-a. d) Cerrado.
a) cadeia montanhosa e) Amazônia.
b) planalto ou chapada
c) planície fluvial 16. (ESA) - As cidades de Brasília – DF e Manaus –
d) planície costeira AM têm, respectivamente, os seguintes climas:
e) depressão relativa a) Tropical e Litorâneo Úmido.
b) Subtropical e Equatorial de Altitude.
11. (ESA) - A opção que indica os dois países c) Tropical e Equatorial.
vizinhos com os quais o Brasil possui as maiores d) Tropical Semi-árido e Tropical Continental.
extensões fronteiriças é: e) Equatorial e Subtropical.
a) Equador e Bolívia.
b) Chile e Equador. 17. (ESA) - Quanto aos trabalhadores do campo, os
c) Bolívia e Peru. posseiros são ocupantes de terras
d) Peru e Chile. a) de outros mediante o pagamento de uma renda em
e) Bolívia e Paraguai. dinheiro.
b) devolutas ou propriedades inexploradas.
12. (ESA) - Os últimos censos demográficos do Brasil c) de outros mediante o pagamento de uma renda em
têm registrado inúmeras mudanças na dinâmica e produto.
no comportamento da população brasileira. d) das quais são proprietários formais.
Todas as afirmações abaixo são exemplos destas e) pertencentes ao Governo Federal e que são exploradas
alterações com exceção da(o): mediante contratos com o Ministério da Agricultura.
a) declínio das taxas de natalidade, fecundidade e
mortalidade geral. 18. (ESA) - Marque a alternativa correspondente ao
b) aumento da população idosa no conjunto da domínio vegetal que cobria vastas extensões dos
população. Planaltos e Serras da Região Sul e trechos da
c) crescimento da população e ameaça de explosão Região Sudeste do Brasil.
demográfica. a) Floresta equatorial.
d) elevação do número de pessoas empregadas no setor b) Mata de Araucária.
terciário. c) Pantanal.
e) aumento da expectativa de vida. d) Cerrado.
e) Caatinga

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19. (ESA) - Identifique a Região onde está localizado b) entorno de Petrolina-PE e de Juazeiro-BA.
o Cinturão carbonífero do Brasil. c) região do Seridó, no Rio Grande do Norte.
a) Norte. d) Oeste baiano, no sul do Maranhão e do Piauí.
b) Sudeste. e) agreste da Paraíba e de Pernambuco.
c) Sul.
d) Nordeste. 25. (ESA) - No território brasileiro, o clima
e) Centro-Oeste. subtropical é predominante na região
a) Nordeste e trechos de maior altitude da região Norte.
20. (ESA) - Devido à sua grande extensão b) Sudeste, além do extremo norte da Serra da
_____________, o território brasileiro é abrangido Mantiqueira.
por diferentes fusos horários que conferem ao c) Sul, além de todo o extremo norte de Minas Gerais.
País horários _____________ em relação à hora de d) Sul, excluindo toda a parte serrana do Planalto
Greenwich. Assinale a única alternativa que Meridional.
completa de forma correta as lacunas acima. e) Sul, além do extremo sul de São Paulo e Mato Grosso
a) longitudinal – adiantados do Sul.
b) latitudinal – atrasados
c) geográfica – atrasados 26. (ESA) - “Em abril de 2007, durante a Cúpula
d) longitudinal – atrasados Energética Sul Americana, foi criado(a) o(a)
e) latitudinal – adiantados ___________, integrado(a) por vários países da
América do Sul, tendo o Panamá e o México
21. (ESA) - Devido à relativa escassez de chuvas, o como observadores.”
domínio em que quase todas as espécies são
decíduas e apresentam folhas de tamanho (TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges.
reduzido, e os solos são pouco profundos em Conexões: estudos de geografia do Brasil).
virtude do baixo nível de decomposição química
das rochas é o do (a): O texto refere-se ao(à)
a) Caatinga a) Mercosul.
b) Cerrado b) Banco da América do Sul.
c) Amazônia c) Unasul.
d) Araucária d) Conesul.
e) Pradaria e) Alca.

22. (ESA) - O período de maior crescimento 27. (ESA) - A população brasileira sempre teve um
vegetativo da população brasileira ocorreu: histórico de grande mobilidade desde a
a) entre os anos de 1940 e 1970, devido ao rápido colonização. Cerca de um terço da população
declínio das taxas de mortalidade e manutenção, em brasileira não reside onde nasceu. Entre as
patamares elevados, das taxas de natalidade. características da mobilidade da população
b) entre 1972 e 1940, devido à entrada de milhares de nacional na década de 90, está a(o)
imigrantes no país. a) queda do movimento migratório interno em direção
c) entre os anos de 1960 e 1990, devido às mudanças ao Sudeste.
estruturais ocorridas na economia brasileira. b) aumento do crescimento populacional de São Paulo,
d) nos primeiros anos do século XX, em decorrência das principal região atratora.
medidas sanitárias implantadas em todo o território c) redução drástica da corrente migratória em direção à
nacional. Amazônia.
e) entre os anos de 1988 e 2008, em decorrência do d) involução dos municípios de médio e pequeno porte
planejamento familiar sugerido em nossa última que tiveram suas populações atraídas pelas
Constituição Federal. metrópoles.
e) grande onda migratória de sulistas em direção ao
23. (ESA) - A formação vegetal na qual predominam Nordeste.
espécies de palmeiras como a carnaúba, o babaçu
e o buriti, e que é considerada uma zona de 28. (ESA) - Assinale a alternativa que apresenta os
transição entre os domínios da Amazônia e o da estados brasileiros que compõem a Amazônia
Caatinga é a(o) Ocidental.
a) Mata dos Cocais. a) Mato Grosso do Sul, Acre e Pará.
b) Pantanal. b) Maranhão, Amazonas e Tocantins.
c) Manguezal. c) Amazonas, Roraima e Piauí.
d) Restinga. d) Acre, Rondônia e Mato Grosso.
e) Pradaria. e) Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.

24. (ESA) - No Nordeste do Brasil, os pólos 29. (ESA) - O Aquífero Guarani constitui-se num
produtores de grãos, entre eles a soja, associados grande reservatório subterrâneo de água doce e
aos fluxos migratórios de agricultores do Sul do distribui-se por oito estados brasileiros. Dentre
País, estão concentrados no(a) eles encontra-se o estado do(a)
a) Zona da Mata Pernambucana. a) do Rio de Janeiro.
b) da Bahia.
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c) do Amazonas. b) transportes que transferem as mercadorias apenas de


d) de Minas Gerais. um país para outro.
e) do Pará. c) mercadorias estocadas de diversos modos, evitando a
sua deterioração e o seu desperdício.
30. (ESA) - O clima que abrange as terras altas do d) transferências de mercadorias entre modos de
sudeste, caracterizado por invernos mais transportes distintos.
rigorosos sob influência da massa de ar Polar e) formas de manuseio de cargas frágeis que possuem
Atlântica, trata-se do clima alto valor agregado.
a) subtropical úmido.
b) tropical semiárido. 36. (ESA) - Assinale a alternativa que apresenta a
c) litorâneo úmido. segunda maior bacia hidrográfica brasileira em
d) equatorial úmido. termos de volume de vazão e que possui uma
e) tropical de altitude. imensa bacia sedimentar onde está localizada a
maior ilha fluvial do mundo.
31. (ESA) - Nas áreas muito úmidas da Amazônia, a) Bacia Amazônica.
típicas de clima Equatorial, os solos são lavados e b) Bacia do Paraná.
têm seus minerais e nutrientes escoados pela c) Bacia do Tocantins-Araguaia.
água das chuvas, causando o empobrecimento do d) Bacia do São Francisco.
solo em curto prazo. A este processo de e) Bacia do Paraguai.
degradação do solo denominamos
a) laterização. 37. (ESA) - A classificação do relevo brasileiro em
b) lixiviação. grandes unidades, ou compartimentos, é uma
c) desertificação. síntese dos processos de construção e modelagem
d) antropização. da superfície terrestre e das formas resultantes.
e) ravinamento. Esta classificação distingue três tipos de
compartimentos, que são:
32. (ESA) - O Índice de Desenvolvimento Humano a) Planaltos, Planícies e Dobramentos Modernos
(IDH) serve para aferir as condições de vida de b) Escudos Cristalinos, Bacias Sedimentares e
uma população. Assim, o Brasil que, em 2011, Dobramentos Modernos
obteve 0,718 de IDH, ficou na 84ª posição no c) Planaltos, Planícies e Depressões
ranking de 187 países, deve promover ações para d) Plataforma Continental, Talude Continental e Fossa
melhorar sobretudo os seguintes indicadores Abissal
socioeconômicos: e) Chapadas, Depressões e Bacias Sedimentares
a) expectativa de vida e nível de instrução.
b) renda per capita e taxa de mortalidade infantil. 38. (ESA) - Em relação às bacias hidrográficas no
c) taxa de alfabetização e taxa de fecundidade. Brasil, assinale a assertiva correta.
d) índice de desemprego e esperança de vida. a) A região hidrográfica do Paraná é a bacia hidrográfica
e) dívida externa e PIB per capita. com maior capacidade instalada de geração de energia
hidrelétrica.
33. (ESA) - Nas últimas décadas, o crescimento b) A região hidrográfica do São Francisco é a terceira em
populacional e econômico resultou em contínuo volume de escoamento superficial.
aumento da demanda por energia no Brasil . O c) A região hidrográfica do Uruguai é a segunda mais
grande destaque no consumo final de energia no importante da Região Nordeste.
País tem sido o setor: d) Na região hidrográfica do Atlântico leste, situa-se o
a) de transporte Aquífero Guarani.
b) industrial e) A região hidrográfica do Parnaíba é formada por
c) agropecuário córregos que nascem nas vertentes da Serra do Mar.
d) residencial
e) comercial 39. (ESA) - Assinale a principal atividade econômica
da Campanha Gaúcha:
34. (ESA) - Sobre a divisão política atual do território a) Pecuária extensiva
brasileiro é correto afirmar que o Brasil é uma b) Extrativismo vegetal
República Federativa formada por c) Mineração
a) 27 estados, 3 territórios e o distrito federal. d) Turismo
b) 27 estados e o distrito federal. e) Pesca
c) 26 estados, 3 territórios e o distrito federal.
d) 26 estados e o distrito federal. 40. (ESA) - Assinale a alternativa que apresenta as
e) 26 estados, 2 territórios e o distrito federal. duas grandes rodovias previstas no Projeto de
Integração Nacional (PIN) do Governo Médici.
35. (ESA) - O Brasil apresenta estações intermodais a) Transamazônica e Via Dutra
que tornam as transferências de cargas mais b) Cuiabá-Santarém e BR 101
eficientes e menos custosas. As estações c) Cuiabá-Santarém e Transamazônica
intermodais se referem a(às) d) Transamazônica e BR116
a) trens de alta velocidade que são especializados no e) BR101 e BR 040
transporte de mercadorias de alto valor agregado.
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41. (ESA) - As cactáceas, tais como o xique-xique e o a) carvão vegetal, lenha e petróleo.
mandacaru , são espécies de vegetação brasileira b) eólica, solar e biomassa.
que apresentam folhas de tamanho reduzido para c) hidráulica, solar e lenha.
minimizar a perda de água pela transpiração. Tais d) biomassa, gás natural e petróleo.
espécies podem ser encontradas na/no (s) e) os principais combustíveis fósseis – petróleo e carvão
a) Mata Atlântica. mineral.
b) Manguezais.
c) Mata dos Cocais. 47. (ESA) - No romance “O Tempo e o Vento”, o
d) Araucária. escritor Érico Veríssimo descreve a história do
e) Caatinga. Rio Grande do Sul e suas paisagens, que marcam
a formação territorial da região. Identifique e
42. (ESA) - A carnaúba é uma árvore (palmeira) marque o clima predominante desse estado
esguia, que se apresenta em formações espaçadas brasileiro:
e atinge até 20 metros de altura. Indique a a) Equatorial.
alternativa que apresenta três estados brasileiros b) Tropical.
onde esta espécie pode ser encontrada. c) Subtropical.
a) Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte d) Semiárido.
b) Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná e) Temperado.
c) Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina
d) São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro 48. (ESA) - As migrações _________________ são
e) Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo realizadas temporariamente, em uma
determinada época do ano. É o caso de
43. (ESA) - A vegetação brasileira, com espécie de trabalhadores rurais que se deslocam em certas
conífera tipicamente sul-americana, é encontrada épocas do ano (por exemplo na colheita de algum
na(o) produto) e retornam após alguns meses, com o
a) Mata Atlântica. término do trabalho. O termo (deslocamento
b) Manguezais. populacional) que completa corretamente o texto
c) Mata dos Cocais. acima é:
d) Araucária. a) pendulares
e) Cerrado. b) sazonais
c) de êxodo rural
44. (ESA) - O Índice de Desenvolvimento Humano d) intrarregionais
(IDH) é utilizado como referência em estudos e) inter-regionais
comparativos das condições de vida das
populações. Seus três grandes indicadores são: 49. (ESA) - O território brasileiro possui vários tipos
a) Expectativa de vida ao nascer, nível de instrução e de florestas e de vegetação arbustiva e herbácea.
quantidade de trabalhadores abaixo da linha da São exemplos de formações arbustivas:
pobreza. a) Mata dos Cocais e Mata de Araucárias
b) Nível de instrução, PIB per capta e número de b) Mata de Cocais e Caatinga
empregos com carteira assinada. c) Mata Atlântica e Floresta Amazônica
c) Expectativa de vida ao nascer, PIB per capta e a d) Cerrado e Caatinga
quantidade de trabalhadores domésticos. e) Campos e Mata de Araucárias
d) PIB per capta, nível de instrução e taxa de
fecundidade. 50. (ESA) - Segundo a classificação de ROSS,
e) Expectativa de vida ao nascer, nível de instrução e PIB Jurandyr L.S., podemos citar como exemplos de
per capta. Depressão:
a) Depressão Sertaneja e Depressão dos Parecis
45. (ESA) - Sobre a atual dinâmica demográfica b) Depressão da Amazônia Ocidental e Depressão
brasileira, assinale a afirmativa correta: Marginal Sul-Amazônica
a) O Brasil está deixando de ser um país jovem. c) Depressão do Rio Amazonas e Depressão do
b) A participação relativa dos idosos vem declinando Tocantins
desde a década de 1980. d) Depressão do Alto Paraguai e Depressão do Miranda
c) O crescimento vegetativo compreendido entre 1940 e e) Depressão Sertaneja e Depressão da Borborema.
1970, não foi afetado pela redução da mortalidade.
d) A migração é um dos fatores de maior impacto na 51. (ESA) - O setor que possui o maior consumo final
composição atual da estrutura etária do Brasil. de eletricidade no Brasil é:
e) A Taxa de mortalidade infantil equipara-se a dos a) Agropecuário.
padrões do conjunto dos países desenvolvidos. b) Residencial.
c) Comercial.
46. (ESA) - Podemos classificar as fontes de energia d) Industrial.
como tradicionais, modernas e alternativas. Sobre e) Público.
as fontes de energia alternativas ou renováveis,
que causam menos impactos ao meio ambiente,
podemos citar os seguintes exemplos:

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52. (ESA) - Na faixa leste do Brasil, desde o século b) ocorrer originalmente em terrenos de altitudes médias
XVI, um domínio natural sofreu extensiva a elevadas nos planaltos e serras.
devastação, provocada por extração de pau-brasil, c) sua espécie predominante ser conhecida como
plantio de cana e café, expansão urbana e pinheiro-do-paraná.
implantação de eixos de transporte. Atualmente, d) apresentar folhas aciculifoliadas.
restam apenas 8% deste domínio natural e) ser constituído por vegetação estacional,
denominado: predominantemente arbustiva.
a) Pampas.
b) Mata Atlântica. 58. (ESA) - Analisando a dinâmica relativa aos climas
c) Complexo do Pantanal. que atuam no Brasil, percebe-se que em toda a
d) Cerrado. região Sul ocorre o clima: )
e) Floresta Amazônica a) tropical semiárido.
b) subtropical úmido.
53. (ESA) - Nas últimas décadas o processo de c) litorâneo úmido.
transformação do uso do solo, em função de uma d) equatorial úmido.
expansão rápida e intensiva da agropecuária e) tropical.
provoca inúmeros impactos ambientais no
Cerrado, entre os quais erosões profundas que 59. (ESA) - Os ventos alísios são correntes de ar que
atingem o lençol freático que denominamos sopram constantemente das proximidades dos
a) voçorocas. trópicos para o Equador. Em razão do movimento
b) assoreamentos. da Terra, os ventos, que se deslocam em linha
c) laterização. reta, sofrem um desvio aparente na sua trajetória,
d) lixiviação. chamado:
e) arenização. a) Efeito de Coriolis.
b) Massa de ar.
54. (ESA) - A concessão de áreas florestais para c) El Nino.
exploração econômica por empresas privadas está d) La Nina.
prevista na ( o ): e) Doldrums
a) Lei de Gestão de Florestas Nacionais.
b) Constituição Federal. 60. (ESA) - A sub-região nordestina que se estende
c) Estatuto da Terra. do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia,
d) Plano Amazônia Sustentável. localizada entre o litoral úmido e o semiárido é
e) Projeto Calha Norte chamada de:
a) Sertão
55. (ESA) - Um navio estava em Angra dos Reis (44º b) Zona da Mata
O) e saiu para fazer uma viagem em direção à c) Agreste
Fernando de Noronha (30º O), às 6 horas, no d) Meio Norte
período da manhã, e terá uma duração de 8 horas. e) Recôncavo Baiano
Que horas será na ilha de Fernando de Noronha
quando o navio atracar, considerando as
convenções:
a) 15 horas.
b) 12 horas.
c) 13 horas.
d) 14 horas.
e) 8 horas.

56. (ESA) - Processo de integração física das


manchas urbanas de duas ou mais cidades que
cresceram horizontalmente até os seus limites Gabarito
municipais, podendo ser também uma integração 1. C 2. E 3. B 4. B 5. B 6. E
funcional com intensos fluxos pendulares diários 7. A 8. D 9. C 10. A 11. C 12. C
de trabalhadores. Este processo é denominado: 13. E 14. D 15. C 16. C 17. B 18. B
a) segregação sócio-espacial. 19. C 20. D 21. A 22. A 23. A 24. D
b) hierarquia urbana.
25. E 26. C 27. A 28. E 29. D 30. E
c) gentrificação.
31. B 32. A 33. B 34. D 35. D 36. C
d) conurbação.
37. C 38. A 39. A 40. C 41. E 42. A
e) aglomerado subnormal.
43. D 44. E 45. A 46. B 47. C 48. B
57. (ESA) - A Mata de Araucárias ou Mata dos 49. D 50. B 51. D 52. B 53. A 54. A
Pinhais dominava vastas extensões da região sul e 55. A 56. D 57. E 58. B 59. A 60. C
sudeste do Brasil. São características desse
bioma, EXCETO:
a) ser constituído por floresta pluvial subtropical.

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NÚCLEO DAS FORÇAS ARMADAS - DISCIPLINAS COMUNS

INGLÊS
INGLÊS

Hello and welcome new student, meu nome é Inaldo Bento, known author.
sou professor de Inglês, minha primeira experiência 18 City / cidade / What’s your favorite city?
com ensino foi no ano de 2013 ensinando motoristas 19 Day / dia / Have a nice day!
de táxi para os grandes eventos que ocorreram aqui no 20 Down / para baixo / Don’t look down! Inglês
Brasil, que foram a Copa das confederações e a Copa Português Exemplo
do Mundo. Ensino inglês especificamente para cursos 21 Every / todo, cada, toda / Every love it the first
militares desde o ano de 2018. Preparei este material one.
com muito carinho para auxiliar você a realizar seu 22 Everybody / todo mundo, todos / Everybody
sonho. needs somebody.
Este material foi desenvolvido para permitir uma 23 Everyday / todo dia/ Would you like to study
preparação completa para as provas da ESA, ESPCEX everyday?
E EPCAR. Neste material serão apresentados todos os 24 Everything / tudo / Money isn’t everything. Want
assuntos detalhados e várias questões explicadas e to bet?
resolvidas. A idéia é que você consiga economizar 25 Everywhere / em todos os lugares / Love is
bastante tempo, pois abordaremos todos os tópicos everywhere.
exigidos no edital, não deixaremos de fora nenhum 26 Far / longe, distante / Do you live far from here?
assunto, seguiremos a linha adotada no documento já 27 First / primeiro (a) / This is my first visit to Rio.
citado. Este material contempla até mesmo aqueles 28 For / por, para / There’s a phone message for you.
alunos que não tiveram uma boa base de inglês na 29 Forever / para sempre / Families can be forever.
escola e tem dificuldades, ou está há algum tempo sem 30 Friend / amigo (a) / That’s what friends are for!
estudar. 31 From / de (origem) / Where are you from?
Vamos começar dialogando com quem não sabe 32 Good / bom, boa / It’s so good to see you after all
absolutamente nada de inglês, mas como qualquer this time!
outro candidato sonha com a carreira militar. Sabe 33 Happy / feliz / Your daughter looks so happy.
aquele medo que você tem de chegar na prova e não 34 He / ele / He couldn’t care less.
ser capaz de traduzir o que está escrito e não saber o 35 Her / ela, dela / I don’t know why she quit her job.
significado das palavras em inglês? Esse material vai te 36 Here / aqui / I've lived here for about three years.
auxiliar a realizar seu sonho! 37 Him / ele, dele / Why don’t you forgive him?
Se você sabe muito pouco ou quase nada de Língua 38 His / dele / Have you seen his new girlfriend?
Inglesa, então redobre sua atenção, pois será 39 How / como / How are you doing?
apresentado nesse momento as palavras mais 40 I / eu / I love you.
utilizadas nas provas de língua inglesa, então se você 41 If / se / If I were you, I would do the same!
dominar essas palavras sua chance de compreender os 42 In / em / I’ve got something in my eye.
textos da prova irão aumentar absurdamente. 43 Last / último (a) / What’s your last name?
Meu conselho é guardar todas essas palavras em um 44 Many / muitos / We have many reasons to
aplicativo de “flashcards” e ir fazendo exercícios celebrate.
diariamente. 45 Me / mim, me / Do you remember me?
Aprendendo essas palavras mais comuns você 46 More / mais / Listen more, and talk less!
compreenderá 50% de qualquer texto de prova e 47 Most / o (a) mais, maioria / Most of my friends
acrescentando a elas os Cognatos e as Frases Mais study English.
Comuns. 48 Much / muito / Thank you very much.
Inglês – Português – exemplo: 49 My / meu, minha / Did you know my father?
01 A, an / um, uma / I have an idea! 50 Near / perto, próximo / Is there a bank near here?
02 About / sobre, a respeito de / What do you know 51 Never / nunca / I’ve never been to the USA.
about love? 52 New / novo (a) / I need to buy a new car.
03 After / depois, após / See you after the class. 53 No, not / não / Please, don’t tell anybody.
04 Again / de novo / novamente Let me try again! 54 Now / agora / Thanks, I’m not hungry now.
05 All / todo, toda, todos (as) / Do you work all the 55 of / de / Why did you change the color of your
week? hair?
06 Almost / quase / We are almost there! 56 on / no, na / Do you go to church on Sundays?
07 Also- too / também / Nice to meet you, too... 57 only / apenas, somente / I was only trying to help.
08 Always / sempre / I will always remember you. 58 or / ou / Are you listening to me or not?
09 And / e / She kissed her and walked away. 59 other / outro, outra (s) / When did you first meet
10 Any / qualquer, nenhum / Do you have any each other?
question? 60 our / nosso, nossa (s) / We bought our house in
11 Beautiful / bonito (a) / Your sister is very 1994.
beautiful! 61 out / fora, saída / Get out!
12 Because / porque / I bought it because I wanted. 62 people / povo, pessoas / Smart people study
13 Before / antes, perante / Come back before foreign languages.
midnight, OK? 63 please / por favor / Could you please pass me the
14 Big / grande / I want to buy a big ice cream... salt?
15 Body / corpo / Sun lotion protects your body. 64 price / preço / He wants to be a polyglot at any
16 But / mas, porém / I’m sorry, but I think you’re price!
wrong. 65 same / o mesmo, a mesma / We were wearing
17 By / por / The book was translated by a well- exactly the same dress!
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66 she / ela / She is my best friend. CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO


67 so / tão, então / Thank you for being so patient.
68 something / algo, alguma coisa / Is there Conotação e Denotação são dois métodos principais
something you would like to say? de descrever os significados das palavras. Conotação
69 sometimes / às vezes / Sometimes it’s best not to refere-se à ampla gama de associações positivas e
say anything. negativas que a maioria das palavras carrega
70 still / yet ainda Is he still hungry? / I don’t know naturalmente com elas, enquanto a denotação é a
yet. definição precisa e literal de uma palavra que pode ser
71 than / do que / I spent more than I expected to. encontrada em um dicionário. Introduzir a ideia de
72 that / que, isso, aquilo / What’s that? conotação, definindo-a como as associações que as
73 the / o, a, os, as / Honey, can you bring me the pessoas fazem com uma palavra. Você pode contrastar
towel? a conotação com o valor denotativo de uma palavra,
74 their / deles, delas / I can’t forget their kindness. seu significado mais literal, e dar um exemplo de uma
75 them / eles (as), deles, (as) / Why don’t you visit palavra (como "galinha"). A conotação é a conotação
them once in a while? emocional e a denotação não são duas coisas
76 there / lá / We will never get there in time. separadas. / sinais. São dois aspectos / elementos de
77 they / eles, elas / They are improving their um signo, e os significados conotativos de uma palavra
pronunciation. existem junto com os significados denotativos].
78 thing / coisa / Things are getting better! - Conotação representa os vários tons sociais,
79 this / este, esta, isto / This is the one I want. implicações culturais ou significados emocionais
80 time / tempo, hora, vez / I want to spend more associados a um signo.
time with my family. - Denotação representa o significado explícito ou
81 to / para / I’ll have to tell your father. referencial de um sinal. Denotação refere-se ao
82 today / hoje / What’s the date today? significado literal de uma palavra, a "definição do
83 under / sob, embaixo / He hid under the bed. dicionário". Por exemplo, o nome "Hollywood"
84 us / nós, nos / Why don’t you come with us? denota coisas como glamour, glamour, enfeites,
85 usually / geralmente / He usually gets home at celebridade e sonhos de estrelato. Na mesma época, o
about noon. nome "Hollywood" denota uma área de Los Angeles,
86 very / muito / Thank you very much. conhecida mundialmente como o centro da indústria
87 way / jeito, modo, caminho / We must find a way. cinematográfica norte-americana.
88 we / nós / Why don’t we try it again later? Diction, um elemento de estilo, refere-se às palavras
89 what / o que / What time is it? que os escritores usam para expressar idéias. As
90 when / quando / When is your birthday? palavras transmitem mais do que significados exactos e
91 where / onde / Where do you live? literais, caso em que "conotam" ou sugerem
92 which / o qual / Which of your parents do you feel significados e valores adicionais não expressos nas
closer to? definições gerais do dicionário. Palavras que
93 who / que, quem / Who’s your best friend? "denotam" um significado central são aquelas que são
94 why / por que, por quê / Why are you studying geralmente usadas e entendidas pelos usuários e pelo
English? público para representar um objeto ou classe de
95 with / com / I live with my parents. objetos, um ato, uma qualidade ou uma ideia. No
96 without / sem / I can’t live without you. entanto, devido ao uso ao longo do tempo, palavras
97 word / palavra / I can still remember his last que denotam aproximadamente a mesma coisa podem
words... adquirir significados adicionais, ou conotações, que
98 yes / sim / Do you like Brazilian food? Yes, I love são positivas (meliorativas) ou negativas (pejorativas).
it. Considere as mudanças sofridas por essas palavras no
99 you / você, vocês / The more I see you, the more I século XX: liberal, diversidade, jogador de equipe,
want you. direita, seguidor, gay, minoritário, feminista,
100 your / seu, sua, seus, suas / It’s your last chance... esquerdista, abuso, conservador, maternidade,
Se você não conhecia a maioria dessas palavras, então extremista, direitos, relacionamento, assédio, família,
trate de aprender elas em outros contextos para chegar propaganda , pacificador e camarada. viciado em
no dia da prova capaz de entender os textos em inglês drogas. . .
e siga a dica de praticar essas palavras em um
aplicativo de “flashcard”. As palavras têm denotações (significados literais) e
conotações (significados sugestivos). O fungo é um
termo científico que denota um certo tipo de
crescimento natural, mas a palavra também tem certas
conotações de doença e fealdade. As conotações
podem ser positivas e negativas; por exemplo, a
senhora carrega uma pitada de elegância e
subserviência. A influência do significado conotativo
também pode mudar o significado denotativo, sendo
um exemplo a palavra completamente transformada
gay.
Denotação refere-se ao significado literal de uma

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palavra, a "definição do dicionário". Por exemplo, se denotação de uma palavra é o que a palavra se refere
você procurar a palavra cobra em um dicionário, diretamente, mais ou menos equivalente à sua
descobrirá que um de seus significados denotativos é definição lexical. Assim, a palavra "atheist" denota
"qualquer um dos numerosos escamosos, sem pernas, uma pessoa que não acredita ou nega a existência de
às vezes répteis venenosos com corpo longo e afilado, deuses. A conotação de uma palavra refere-se a
cilíndricos e encontrados na maioria das regiões quaisquer nuances sutis que podem ou não ser
tropicais e temperadas. " pretendidas pelo seu uso. Por exemplo, uma
Conotação, por outro lado, refere-se às associações conotação possível para a palavra “ateu” pode ser
que estão conectadas a uma determinada palavra ou às alguém que é imoral e perverso, dependendo de quem
sugestões emocionais relacionadas a essa palavra. Os está falando ou escutando. Separar a denotação
significados conotativos de uma palavra existem junto gramatical da conotação é importante porque, embora
com os significados denotativos. As conotações para a se possa supor que a denotação de uma palavra é
palavra cobra podem incluir o mal ou o perigo. totalmente intencional, a intenção das conotações de
Denotação é quando você quer dizer o que você diz, uma palavra é muito mais difícil de determinar.
literalmente. A conotação é criada quando você quer As conotações geralmente são emocionais por
dizer algo mais, algo que pode estar inicialmente natureza e, portanto, se forem intencionais, podem ter
oculto. O significado conotativo de uma palavra é o objetivo de influenciar as reações emocionais de
baseado na implicação ou associação emocional uma pessoa, em vez da avaliação lógica de um
compartilhada com uma palavra. Gorduroso é uma argumento. Se houver mal-entendidos sobre como
palavra completamente inocente: algumas coisas, uma pessoa está usando uma palavra em um debate
como motores de carros, precisam ser gordurosas. em particular, uma fonte primária desse mal-entendido
Mas o gorduroso contém associações negativas para a pode estar nas conotações da palavra: as pessoas
maioria das pessoas, quer estejam falando de comida podem estar vendo algo que não é pretendido ou o
ou de pessoas. Muitas vezes há muitas palavras que falante pode estar pretendendo algo que as pessoas
denotam aproximadamente a mesma coisa, mas suas não vêem. Ao construir seus próprios argumentos, é
conotações são muito diferentes. Inocentes e genuínos uma boa ideia não apenas olhar para o que suas
denotam a ausência de corrupção, mas as conotações palavras denotam, mas também o que elas denotam. A
das duas palavras são diferentes: inocente é relação entre palavras e significados é extremamente
frequentemente associado à falta de experiência, complicada e pertence ao campo da semântica. Por
enquanto que genuíno não é. As conotações são enquanto, porém, o que você precisa saber é que as
importantes na poesia porque os poetas as usam para palavras não têm significados simples e simples.
desenvolver ou complicar ainda mais o significado de Tradicionalmente, os gramáticos referem-se aos
um poema. Você pode morar em uma casa, mas significados das palavras em duas partes: denotação,
moramos em uma casa. Se você procurasse as palavras um significado literal da palavra conotação, uma
casa e lar num dicionário, descobriria que ambas as associação (emocional ou não) que a palavra evoca.
palavras têm aproximadamente o mesmo significado - Por exemplo, "mulher" e "filhote" têm a denotação
"uma morada". No entanto, o orador na frase acima "fêmea adulta" "na sociedade norte-americana, mas
sugere que a casa tem um significado adicional. "chick " tem conotações um pouco negativas,
Students, pay attetion. Em inglês assim como no enquanto" woman "é neutra.
português existem várias formas de se referir a casa, é Para outro exemplo de conotações, considere o
algo que pode ser qualquer casa, a casa de um amigo, a seguinte: negativo Existem mais de 2.000 vagabundos
casa de outra pessoa que em inglês a melhor tradução na cidade. neutro Existem mais de 2.000 pessoas sem
seria house, já quando se falar home a tradução seria endereço fixo na cidade. positivo Existem mais de
lar, é algo mais confortável, mais aconchegante. Então 2.000 desabrigados na cidade. Todas essas três
quando se fala home geralmente se refere a sua casa, expressões referem-se exatamente às mesmas pessoas,
seu lar e house se refere a casa de outros. mas invocarão diferentes associações na mente do
Home além da estrita definição do dicionário, ou leitor: um "vagabundo" é um incômodo público,
denotação, muitas pessoas associam coisas como enquanto uma pessoa "sem lar" é um objeto digno de
conforto, amor, segurança ou privacidade a uma casa, piedade e caridade. Presumivelmente, alguém
mas não necessariamente fazem as mesmas escrevendo um editorial em apoio a um novo abrigo
associações com uma casa. Qual é a primeira coisa que usaria a forma positiva, enquanto alguém escrevendo
vem à sua mente quando você pensa em lar? Os vários um editorial em apoio a leis anticompositoras usaria a
sentimentos, imagens e memórias que cercam uma forma negativa. Neste caso, a expressão legal seca
palavra compõem sua conotação. Embora tanto a "sem endereço fixo" evita deliberadamente a maioria
home quanto a house tenham a mesma denotação ou das associações positivas ou negativas dos outros dois
significado de dicionário, o lar também tem muitas termos - um especialista legal tentará evitar
conotações. completamente a linguagem conotativa ao escrever a
Compreender a diferença entre denotação e conotação legislação, muitas vezes recorrendo ao latim arcaico.
é importante para entender as definições e como os ou termos franceses que não fazem parte do inglês
conceitos são usados. Infelizmente, isso é complicado falado comum e, portanto, relativamente livres de
pelo fato de que esses termos podem ser usados de fortes associações emocionais. Muitas das mudanças
duas maneiras diferentes: gramaticais e lógicos. Ainda mais óbvias na língua inglesa ao longo das últimas
pior, vale a pena manter em mente ambos os usos e décadas têm a ver com a conotação de palavras que se
ambos os usos são relevantes para o projeto de referem a grupos de pessoas. Desde os anos 50,
pensamento crítico e lógico. Na gramática, a palavras como "negro" e "aleijado" adquiriram fortes
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conotações negativas, e foram substituídas por SINÔNIMO E ANTÔNIMO


palavras com conotações neutras (isto é, "negras",
"deficientes") ou por palavras com conotações A língua inglesa não é nada senão complexa. E essa
deliberadamente positivas (isto é, "africanas"). - complexidade se presta bem a algumas das melhores
Canadian "," com capacidade diferente "). “Eu sei o prosa da história. O fato de podermos dizer uma coisa
que você disse, mas o que você quis dizer?” O de cem maneiras diferentes é certamente parte da
significado da língua está continuamente mudando, é magia. Certas palavras têm significados idênticos;
sempre contextual e é influenciado por fatores alguns têm significados semelhantes; outros são tão
históricos, culturais e econômicos. Por exemplo, distintos quanto a noite e o dia. Quanto às palavras
termos que eram usados anos atrás, como gângster e com semelhanças, elas são conhecidas como
bandido denotavam (isto é, especificamente referidos sinônimos. Antônimos, no entanto, são palavras que
ou explicitamente significados) indivíduos envolvidos têm significados opostos. Então, há uma outra
em atividades criminosas, que eram propensos à categoria de palavras -num cheio de interesse e intriga.
violência e que tinham desrespeito geral por leis e Homônimos são palavras que são pronunciadas e
ordem social. Além disso, particularmente durante a soletradas da mesma forma, embora tenham
era da Depressão, gângsteres e bandidos foram significados diferentes. Vamos mergulhar em uma
associados a imigrantes masculinos da Itália, Irlanda e série de exemplos de antônimos, sinônimos e
outros países europeus. Os termos também sugerem homônimos.
uma ética urbana particular e um cachê cultural Exemplos de antônimos A Antônimos pode ser usada
particular que transcende em muito a sugestão original para demonstrar contraste entre duas coisas ou
de atividade criminosa. Basta pensar na categoria de fornecer pistas sobre o que significa. Aqui está uma
"rap gangster", um gênero musical. lista de antônimos para você revisar:
Profissionais de Conotação e Denotação
argumentaram captar a “verdade” da experiência
Achieve - Fail Giant - Dwarf Random - Specific
masculina. Os termos bandido e gangster também se
tornaram predominantes em toda a cultura jovem, Afraid -
designando estilos de vestuário, posturas, atitudes, Gloomy - Cheerful Rigid - Flexible
Confident
valores, etc. e gerando uma vasta gama de termos
relacionados. Muita coisa mudou desde os anos 30, e Ancient -
Individual - Group Shame - Honor
essas mudanças são refletidas na linguagem, conforme Modern
demonstrado pelo exemplo acima. Casa versus casa; Simple -
matar vs assassinato; religião vs fé; Conotação e Arrive - Depart Innocent - Guilty
Complicated
Denotação A conotação de algumas palavras - ou as
atitudes que associamos a elas - pode ser facilmente Arrogant - Knowledge -
Single - Married
percebida quando examinamos pares de palavras que Humble Ignorance
são essencialmente semelhantes em significado, mas
Attack - Defend Liquid - Solid Sunny - Cloudy
diferentes nas atitudes favoráveis ou desfavoráveis que
elas evocam na maioria das pessoas. Abaixo estão Blunt - Sharp Marvelous - Terrible Timid - Bold
listados dez pares de palavras que evocam sentimentos
negativos ou positivos. Para cada par, coloque um Brave - Cowardly Noisy - Quiet Toward - Away
sinal de mais após a palavra que transmite uma atitude
Cautious -
mais favorável e um sinal de menos após a palavra que Partial - Complete Tragic - Comic
Careless
leva uma atitude menos favorável. • refrescante - frio •
claro - natural • inteligente - astuto • gargalhar - Complex - Transparent -
Passive - Active
risadinha • esnobe - culto • policial - oficial • magro - Simple Opaque
esbelto • estadista - político • sorriso - sorriso afetado
• dominador - assertivo Agora, invente alguns pares de Permanent -
Crazy - Sane Triumph - Defeat
palavras do seu próprio: linguagem denotativa é Unstable
factual; conotativo carrega implicações emocionais Crooked -
Uma receita é denotativa; um anúncio conotativo Plentiful - Sparse Union - Separation
Straight
Palavras: Usando Denotação e Conotação Instruções:
Leia cada lista de palavras abaixo. Cada palavra tem Demand - Supply Positive - Negative Unique - Common
uma conotação diferente, mas tem a mesma denotação
Destroy - Create Powerful - Weak Upset - Relaxed
geral. Decida qual é a denotação geral para cada grupo.
Escreva sua resposta na linha fornecida. Em seguida, Divide - Unite Praise - Criticism Urge - Deter
numere as palavras em cada grupo da conotação mais
positiva para a conotação mais negativa. Drunk - Sober Private - Public Vacant - Occupied

Expand -
Problem - Solution Vague - Definite
Contract

Professional -
Freeze - Boil Villain - Hero
Amateur

Full - Empty Profit – Loss Wax - Wane

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Generous - Risky: dangerous


Quality - Inferiority Wealth - Poverty Benefit: profit, Hungry: empty,
Stingy , perilous,
revenue, yield ravenous, starved
treacherous

Brave: courageous, Injured: damaged, Sleepy: drowsy,


Para mais tipos de antônimos, incluindo antônimos valiant, heroic wounded, harmed listless, sluggish
classificados, antônimos complementares e anônimos
relacionais, sinta-se à vontade para apreciar Exemplos Cohesive: united, Senseless: absur
Intelligent:brilliant,
de antônimos. Exemplos de Sinônimo Sinônimos connected, close- d, illogical,
clever, smart
fornecem variedade em nossa fala ou escrita. E, como knit unreasonable
existem infinitas matrizes de sinônimos, é possível Tumultuous: he
evitar o uso excessivo e a repetição. Vamos dar uma Cunning: keen, Kindle: ignite,
ctic, raucous,
olhada em alguns exemplos de sinônimos: sharp, slick inflame, burn
turbulent

Destitute: poor, Vacant: empty,


Amazing:astoundin Fertile, fruitful, Loyal: faithful,
Polite: courteous bankrupt, deserted,
g, surprising, abundant, ardent, devoted
, cordial, gracious impoverished uninhabited
stunning productive
Deterioration:pollu Veracity: authent
Annihilation:destru Gargantuan:colossa Old: elderly, aged,
Portion: piece, tion, defilement, icity, credibility,
ction, carnage, l, mammoth, senior
part, segment adulteration truthfulness
extinction tremendous
Organization:associ
Risky: dangerous Enormous: huge, Wet: damp,
Benefit: profit, Hungry: empty, ation, institution,
, perilous, gigantic, massive moist, soggy
revenue, yield ravenous, starved management
treacherous
Partner: associate, Young: budding,
Brave: courageous, Injured: damaged, Sleepy: drowsy, Feisty: excitable,
colleague, fledgling,tenderfo
valiant, heroic wounded, harmed listless, sluggish fiery, lively
companion ot
Cohesive: united, Senseless: absur
Intelligent:brilliant,
connected, close- d, illogical, Exemplos de Homônimos Homônimos são palavras
clever, smart
knit unreasonable que têm a mesma ortografia e pronúncia, mas
Tumultuous: he significados diferentes. Aqui estão alguns exemplos
Cunning: keen, Kindle: ignite, comuns de homônimos:
ctic, raucous,
sharp, slick inflame, burn • Atmosphere - the gases surrounding the earth / the
turbulent
mood of a situation
Destitute: poor, Vacant: empty, • Bail - to clear out water / to release a prisoner
Loyal: faithful,
bankrupt, deserted, • Band - a ring, sometimes symbolizing eternity / a
ardent, devoted
impoverished uninhabited musical group
Deterioration:pollu Veracity: authent • Beat - to overcome something / to feel exhausted
Old: elderly, aged, • Capital - the chief city of a state / a crime punishable
tion, defilement, icity, credibility,
senior by death
adulteration truthfulness
• Cleave - to split or sever / to adhere to
Organization:associ • Dive - to go down quickly / an unpleasant place
Enormous: huge, Wet: damp,
ation, institution, • Employ - to put into use / to hire someone for a job
gigantic, massive moist, soggy
management
• File - to store computer data / to make a formal
Partner: associate, Young: budding, request
Feisty: excitable, • Fine - being of high quality / sum of money used as a
colleague, fledgling,tenderfo
fiery, lively penalty
companion ot
• Grave - something very serious / a place to bury the
dead
Para mais tipos de antônimos, incluindo antônimos
• Hide - to keep something secret / the skin of an
classificados, antônimos complementares e anônimos animal
relacionais, sinta-se à vontade para apreciar Exemplos • Iron - to press or smooth / silvery-gray metal
de antônimos. Exemplos de Sinônimo Sinônimos • Jade - a hard, green stone / a hardened or bad-
fornecem variedade em nossa fala ou escrita. E, como
tempered woman
existem infinitas matrizes de sinônimos, é possível • Lark - a small bird / something done for fun
evitar o uso excessivo e a repetição. Vamos dar uma • Objective - not being influenced by prejudice / the
olhada em alguns exemplos de sinônimos: lens of a microscope or camera
• Plaque - an ornamental plate or slab that
Amazing:astoundin Fertile, fruitful, commemorates a person or event / a deposit on teeth
Polite: courteous
g, surprising, abundant, prone to bacteria
, cordial, gracious
stunning productive • Refrain - to stop oneself from doing something / a
repeated line in music or poetry
Annihilation:destru Gargantuan:colossa
ction, carnage, l, mammoth,
Portion: piece, • Reticule - at a distance or disconnected / an unlikely
part, segment possibility
extinction tremendous

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• Tender - sensitive or painful to the touch / soft food Exemplos:


i.e. a chicken tender Dave goes to the beach to surf and relax. [O Dave vai
à praia para surfar e relaxar.]
O QUE SÃO AS CONJUNÇÕES? I like red and white wine. [Eu gosto de vinho branco e
tinto.]
 As conjunções “linking words”, “connectors” ou  Nor [nem] – Utilizado para apresentar uma alternativa
conectivos (escolha a forma que você prefere chamar, com ideia negativa à uma outra ideia também negativa
pois é tudo a mesma coisa) são palavras que ligam que já foi afirmada anteriormente.
duas partes de uma oração, para que a sentença possa Exemplos:
fazer sentido. Observe um exemplo, através dessas The virus cannot live in immunized individuals, nor in
duas orações: nature. [O vírus não pode viver em indivíduos
 I wanted to text you. [Eu queria te mandar uma imunizados, nem na natureza.]
mensagem.] He didn’t have the chest of a body builder, nor did he
 I don’t have your cellphone number. [Eu não tenho o have the six-pack abs. [Ele não tinha o peitoral de um
número do seu celular.] fisioculturista, nem tinha o abdômem tanquinho.]
 But [mas] – Mostra contraste.
Elas tem alguma relação de sentido, não é? Contudo, Exemplos:
percebemos que falta algo para unir as duas e fazer um The soccer in the park is entertaining in the winter,
sentido maior (e melhor) ainda: but it’s better in the heat of summer. [O futebol no
parque é divertido no inverno, mas é melhor no calor
 I wanted to text you, but I don’t have your cellphone
do verão.]
number. [Eu queria te mandar uma mensagem, mas eu
She is very old but still attractive. [Ela é muito velha,
não tenho o número do seu celular.]
mas ainda é atraente.]
 Or [ou] – Apresenta uma alternativa ou uma escolha.
Essa palavra “but” exerceu o papel que precisávamos:
Exemplos:
uniu as duas sentenças e estabeleceu uma lógica entre
The men play on teams: shirts or skins. [Os homens
elas. Portanto, o “but” é uma conjunção.
jogam em times: com camiseta ou sem camiseta.]
 Quais são os tipos de conjunções?
Do you want a boy or a girl, Dad? [Você quer um
menino ou uma menina, papai?]
Há três tipos de conjunções em inglês:
 Yet – Introduz uma ideia constratante que segue
 Conjunções Coordenadas (CoordinatingConjunctions) logicamente a ideia precedente, similar ao “mas”.
 Conjunções Subordinadas Exemplos:
(SubordinatingConjunctions) I always take a book to read, yet I never seem to turn a
 Conjunções Correlativas (CorrelativeConjunctions) single page. [Eu sempre levo um livro para ler, mas
Não se preocupe, você não terá que desvendar o que é parece que nunca viro uma só página.]
cada uma sozinho. Explicarei uma por uma nos Dulce was the oldest of the girls, yet her accent was
tópicos abaixo. the most prominent. [A Dulce era a mais velha das
irmãs, mas seu sotaque era o mais proeminente.]
 Conjunções Coordenadas  So [então, logo] – Indica efeito, resultado ou
consequência.
 As conjunções coordenadas são as mais comuns e as Exemplos:
que geralmente vem à cabeça quando pensamos em I’ve started dating one of the soccer players, so now I
“linkingwords”. Elas fazem exatamente o que seu have an excuse to watch the game each week. [Eu
nome implica: juntar as orações. comecei a namorar um dos jogadores de futebol, então
Elas podem juntar orações independentes, ou seja, agora eu tenho uma desculpa para assistir aos jogos
orações que possuem sentido completo por si toda semana.]
próprias, sem precisar de outra oração para fazer This is the easiest way to get there, so don’t argue.
sentido, frases ou apenas palavras. [Este é o caminho mais fácil para chegar lá, então não
Na língua inglesa há sete conjunções coordenadas e discuta.]
existe um acrônimo que pode ajudá-lo a se lembrar de
cada uma: Observações:
FANBOYS = For, And, Nor, But, Or, Yet, So 1. As conjunções coordenadas geralmente ficam no meio
 For [por] – Explica o motivo ou a proposta de algo de uma sentença e uma vírgula é utilizada antes do
(equivalente ao porque). “linkingword”.
Exemplos: 2. A não ser que ambas as orações sejam muito curtas,
I go to the mall every week, for I love to windowshop. neste caso a vírgula não será utilizada.
[Eu vou ao shopping center toda semana, por amar 3. Quando uma conjunção coordenada conecta duas
ver as vitrines.] orações independentes (ou seja, que cada uma possui
Paul though he had a great chance to be accepted at sentido sozinha, sem precisar da outra oração para
YALE, for his grandfather was the Dean of that fazer sentido), ela é normalmente acompanhada de
university. [Paul achava que tinha uma grande chance uma vírgula.
de ser aceito em YALE, por seu avô ser o reitor 4. A vírgula será utilizada quando “but” expressar
daquela Universidade.] contraste.
 And [e] – Adiciona uma coisa à outra.

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INGLÊS

 Conjunções Subordinadas Exemplos:


Dos três tipos de conjunções, as subordinadas são as  I didn’t know whether you’d want the cheesecake or
mais difíceis de reconhecer, mas não difíceis de the chocolate pudding, so I got you both. [Eu não
dominar. Você provavelmente já as utiliza sem nem sabia se você iria querer o cheesecake ou o pudim de
perceber. chocolate, então eu peguei os dois para você.]
As conjunções subordinadas, ou palavras dependentes,  I want either the cheesecake or the chocolate pudding.
sempre introduzem as orações dependentes (ou seja, [Eu quero ou o cheesecake ou o pudim de chocolate.]
orações que não possuem sentido completo por si  I’ll eat them both – not only the cheesecake but also
próprias, elas precisam de outra oração para fazer the chocolate pudding. [Eu comerei os dois – não só o
sentido) prendendo-as a uma oração independente (a cheesecake mas também o pudim de chocolate.]
que possui sentido completo por si só).
 I’ll have both the cheesecake and the chocolate
Exemplos
pudding. [Eu vou querer ambos o cheesecake e o
 Although I’ve been here before, he’s just too hard to pudim de chocolate.]
ignore. [Embora eu já tenha vindo aqui antes, ele é
 Oh, you want neither the cheesecake nor the
muito difícil de ignorar.]
chocolate pudding? No problem. [Ah, você não quer
 I guess I’ll never be the same since I fell for you. [Eu nem o cheesecake nem o pudim de chocolate? Sem
acho que eu nunca mais serei o mesmo desde que eu problemas.]
me apaixonei por você.]
 Observação
 I look at the world, and I notice it’s turning while my Quando juntar sujeitos no singular e plural, o sujeito
guitar gently weeps. [Eu olho para o mundo, e eu mais próximo do verbo é quem determina se o verbo é
percebo que ele está girando enquanto a minha singular ou plural.
guitarra chora suavemente.]
 If you leave me now, you’ll take away the biggest part Vamos fazer alguns exercícios de fixação para reforçar
of me. [Se você me largar agora, você irá levar a maior o assunto abordado:
parte de mim.]
 I’m everything I am because you loved me. [Eu sou 1. (UFSM 2001 – ADAPTED)A Florida panther rests
tudo isso que eu sou porque você me amou.] quietly in the Everglades of southwestern Florida.
 Just touch my cheek before you leave me, baby. [Só ALTHOUGH protected by the Endangered
beije a minha bochecha antes de me deixar, meu bem.] Species Act, only 30 Florida panthers are believed
 Once you dance, you can’t stop. [Uma vez que você to survive in the Everglades victims of disease and
dança, você não pode parar.] shrinking habitat as well as illegal hunting and
 There’s a light burning bright, showing me the way, automobiles.
but I know where I’ve been. [Há uma luz brilhando, – A palavra destacada no excerto acima estabelece uma
me mostrando o caminho, mas eu sei onde eu estive.] relação de:
 We’re never going to survive unless we get a little a) afinalidade.
crazy. [Nós nunca vamos sobreviver a não ser que a b) adição.
gente fiquei um pouco doido.] c) tempo.
d) concessão.
 When I see you smile, I can face the world. [Quando
e) condição.
eu vejo você sorrindo, eu consigo enfrentar o mundo.]
 You don’t know what you’ve got until it’s gone. [Você 2. The giant panda is China’s national symbol. But
não sabe o que tem até você perder.] it is an endangered species, with just 1,000
 Your heart will break like mine, and you’ll want only animals believed to exist in the wild.
me after you’ve gone. [Seu coração vai se partir como – In “BUT it is an endangered species” the connective
o meu, e você vai querer somente a mim depois que BUT gives the idea of:
eu partir.] a) consequence.
b) conclusion.
Observação c) contrast.
As orações podem ir em qualquer ordem, ou seja, d) addition.
tanto uma oração dependente como uma e) emphasis.
independente pode começar a frase, mas o que nunca
muda é que a conjunção subordinada é a primeira 3. (MACKENZIE 1998)Indicate the alternative that
palavra da oração dependente. best completes the following sentence:
He is very mature __________.
 Conjunções Correlativas a) spite of his age
As conjunções correlativos trabalham em grupo. Elas b) despite his age
vem em pares e você precisa utilizar ambas em lugares c) instead of his age
diferentes em uma oração para fazer sentido. Elas tem d) despite of his aging
esse nome justamente pelo fato delas trabalharem e) in spite his age
juntas (co-) e por relacionar um elemento de uma
sentença com outro (relação).
Sua correlação sempre denota igualdade, e mostra a Gabarito
relação entre as ideias expressas em diferentes partes 1. D 2. C 3. B
da sentença:
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INGLÊS

QUESTIONS TAG  Para se referir ao futuro, depois de algumas


conjunções: after, when, before, as soon as, until:
As tag questions são usadas, principalmente, para He'll give it to you when you come next Saturday.
confirmar a informação dita na frase. Em português, a Exemplos:
tradução da palavra tag é acréscimo, ou ainda, Hábitos
arremate.  He drinks tea at breakfast.
Na Língua Portuguesa também existem question tags,  She only eats fish.
que são chamadas de perguntas no final da frase e  They watch television regularly.
funcionam, basicamente, da mesma maneira. Elas  Ações ou eventos repetidos
sempre aparecerão no final da frase, separadas por
 We catch the bus every morning.
vírgula.
Ela tem dezoito anos, não tem? She is eighteen years  It rains every afternoon in the hot season.
old, isn't she?  They drive to Monaco every summer.
A question tag discordará obrigatoriamente da
primeira declaração da frase. Quando a primeira for Fatos gerais
afirmativa, a question tag será negativa, e quando ela  Water freezes at zero degrees.
for negativa, a question tag será positiva. Observe os  The Earth revolves around the Sun.
exemplos:  Her mother is Peruvian.
Greg is very intelligent, isn't he? O Greg é muito  Instruções ou orientações
inteligente, não é?  Open the packet and pour the contents into hot water.
You aren't Brazilian, are you? Você não é brasileiro, é?
 You take the No.6 bus to Watney and then the No.10
to Bedford.
Quando a tag for negativa, será, obrigatoriamente,
contraída, ou seja, nunca teremos uma tag como "is
not she?", ou "does not he?". Veja os exemplos: Eventos programados
Jhon can ride a bike, can't he? O Jhon sabe andar de His mother arrives tomorrow.
bicicleta, não sabe? (can + not = can't = cannot)  Our holiday starts on the 26th March
Julie is your neighbour, isn't she? A Julie é sua vizinha,  Construções no futuro
não é? (is + not = isn't)  She'll see you before she leaves.
Formação  We'll give it to her when she arrives.
As tag questions são formadas por duas frases. A
primeira é formada de um sujeito, um auxiliar, verbo NOTAS SOBRE A TERCEIRA PESSOA DO
principal e um complemento (objeto direto, indireto, SINGULAR NO "SIMPLE PRESENT"
etc). Veja os exemplos: Na terceira pessoa do singular, o verbo sempre
Sujeito Auxiliar Verbo Principal Complemento termina em -s:
he wants, she needs, he gives, she thinks.
You can drive a car. As formas negativas e interrogativas utilizam:
She doesn't like chocolate . DOES (= terceira pessoa do auxiliar "DO") +
infinitivo do verbo.
They have done the homework.
He wants ice cream. Does he want strawberry? He
does not want vanilla.
As segundas frases, chamadas question tags, são Verbos terminados em -y: na terceira pessoa do
formadas pelo auxiliar e pelo sujeito que compõe a singular, troca-se o -y por -ies:
primeira frase. Exemplos: Fly -->flies, cry --> cries
Sujeito Auxiliar Verbo Principal Complemento Exceção: quando houver uma vogal antes do -y:
Play --> plays, pray -->prays
You can drive a car. Adicione-es aos verbos terminados em:-ss, -x, -sh, -ch:
She doesn't like chocolate . He passes, she catches, he fixes, it pushes
EXEMPLOS
They have done the homework.  He goes to school every morning.
 She understands English.
 It mixes the sand and the water.
OS TEMPOS VERBAIS  He tries very hard.
 She enjoys playing the piano.
O "SIMPLE PRESENT" É UTILIZADO:
 Para expressar hábitos e fatos gerais, ações repetidas Vamos praticar alguns exercícios de “simple
ou situações, emoções e desejos permanentes: present":
I smoke (hábito); I work in London (situação
permanente); London is a large city (fato geral). 1. Assinale a alternativa correta para o verbo no
 Para dar instruções ou indicações: simple present:
You walk for two hundred meters, then you turn left. She doesn't ________ anymore.
 Para expressar eventos programados, presentes ou a) to run
futuros: b) run
Your exam starts at 09.00.
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INGLÊS

c) running O “PRESENT CONTINUOUS”


d) runes (PRESENTE CONTÍNUO)
e) ran
 É um tempo verbal utilizado, na língua Inglesa, para
2. Preencha os espaços com a conjugação dos descrever ações que estão acontecendo no momento
verbos no simple present: da fala ou ações que acabaram de acontecer. Esse
a) Do you ______ in America? ( to live) tempo verbal é formando pelo sujeito + simple
b) Jane ______ your friend. (to love) present do verbo to be (are/is) + o gerúndio do verbo
c) Juan and Carla ______ every morning. (to run) principal (-ing).
d) Every day she _______ english classes. (to teach)
e) Tomas ______ tv daily. (to watch) Exemplos (em parênteses encontra-se a forma
contraída):
3. Escreva a frase nas formas negativa e  I am (I’m) eating a hamburguer. (Eu estou comendo
interrogativa: We go to school every day. um hambúrguer)
 You are (You’re) learning a lot about that country.
(Você está aprendendo muito sobre aquele país)
 He is (He’s) washing the dishes now. (Ele está lavando
a louça agora)
 She is (She’s) studying English every day. (Ela está
estudando inglês todos os dias)
 It is (It’s) raining today. (Está chovendo hoje)
 You are (You’re) running a lot. (Vocês estão correndo
muito)
 We are (We’re) saving money to buy ice cream. (Nós
estamos economizando dinheiro para comprar
sorvete)
 They are (They’re) learning Spanish today. (Eles estão
estudando espanhol hoje).
Outras formas de utilizar o present continuous:
Utiliza-se o present continuous para mostrar ações que
estão acontecendo no momento da fala, mais
precisamente que começou antes, continuou e
continuará depois do momento da fala.
Exemplos:
 The baby is sleeping. He is so calm. (O bebê está
dormindo. Ele é tão calmo)
Utiliza-se o present continuous para descrever ações
que estão se modificando no momento ou na época da
fala.
Exemplo:
 The kids are getting very smart. (As crianças estão
ficando muito inteligentes)
Utiliza-se o present continuous para descrever ações
que podem ou não acontecer no momento da fala.
Exemplo:
 She is studying a lot. (Ela está estudando muito)
Formação das frases na negativa e na interrogativa:
O negativo é formado pelo acréscimo do “not” a
frase. (Entre parênteses forma contraída)
Exemplos:
 I am not reading the newspaper. (Eu não estou lendo
o jornal)
 You are not (aren’t) wearing pajamas. (Você não está
usando pijamas)
 He is not (isn’t) teaching about pollution. (Ele não está
ensinando sobre poluição)
Gabarito  She is not (isn’t) coming this year. (Ela não está vindo
1. B She doesn't run anymore. este ano)
2. a) live b) loves c) run d) teaches e) watches  It is not (isn’t) English test today. (Não há teste de
3. Forma Negativa: We don't go to school every day inglês hoje)
Forma Interrogativa: Do we go to school every day?  You are not (aren’t) helping to save the rivers. (Vocês
não estão ajudando a salvar os rios)

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INGLÊS

 We are not (aren’t) buying anything. (Nós não estamos SIMPLE PAST
comprando nada)
 They are not (aren’t) playing volleyball. (Eles não estão O Simple Past é usado para indicar ações passadas já
jogando vôlei) concluídas, ou seja, para falar de fatos que já
A interrogativa é formada pela alteração de posição do aconteceram; que começaram e terminaram no
verbo “to be” na frase. passado.
Exemplos: Para reforçar o uso desse tempo verbal, muitas
 Am I doing it right? (Eu estou fazendo isso certo?) expressões temporais são utilizadas nas frases.
 Are you dating my sister? (Você está namorando Os exemplos mais usuais são: yesterday (ontem), the
minha irmã?) day before yesterday (anteontem), last night (ontem à
noite), last year (ano passado), last month (mês
 Is he skating in the rink? (Ele está patinando no
passado), last week (semana passada), ago (atrás), etc.
ringue?)
Veja algumas frases no Simple Past com as expressões
 Is she saving money to buy a car? (Ela está guardando acima:
dinheiro para comprar um carro?)
 We did not go to school yesterday. (Nós não fomos
 Is it raining today? (Está chovendo hoje?) para a escola ontem.)
 Are you going to school now? (Vocês estão indo para  His birthday was the day before yesterday. (O
à escola agora?) aniversário dele foi anteontem.)
 Are we traveling alone? (Nós estamos viajando  She studied Math last night. (Ela estudou matemática
sozinhos?) ontem à noite.)
 Are they talking with my father? (Eles estão falando  I traveled1/travelled2to Brazil last year. (Eu viajei para
com meu pai?) o Brasil ano passado.)
Observa-se, portanto, que o present continuous é um
 They visited their uncle last month. (Eles visitaram o
tempo verbal que é utilizado para ajudar o falante a
tio deles mês passado.)
descrever uma ação que está acontecendo no presente
ou que acabou de acontecer e continuará acontecendo.  I called you three days ago. (Eu telefonei para você
três dias atrás.)
Vamos praticar alguns exercícios de presente  We learned how to dance samba last week. (Nós
continuous: aprendemos a dançar samba semana passada.)

1. Qual alternativa está incorreta?  Formação do Simple Past


a) I am being evil with my son. A formação básica do Simple Past é feita com o uso
b) Do I being evil with your son? do auxiliar did nas formas negativa e interrogativa, e
c) Am I being evil with my son? com o acréscimo de –ed, –ied ou –d ao final do verbo
d) I am not being evil with my son. principal no infinitivo, sem o to, na forma afirmativa.
Exemplo:
2. Escreva nas formas negativa e interrogativa a  verbo to dance (dançar - regular)
seguinte frase: I am doing my own meal. Regular verbs (verbos regulares)
__________________________________________ Para usar os verbos regulares em frases afirmativas no
__________________________________________ Simple Past, basta mudar a terminação do verbo de
acordo com as seguintes regras:
3. Conjugue o verbo to die (morrer) no Simple
Present e no Present Continuous: 1. Aos verbos regulares terminados em –e, acrescenta-se
somente o –d no final do verbo:
Gabarito  to love (amar) – loved
1. b: Do I being evil with your son?  to lie (mentir) – lied
O verbo "do" é auxiliar do Simple Present e não do  to arrive (chegar) – arrived
Present Continuous.  to like (gostar) – liked
2. Negative Form: I am not doing my own meal. 
Interrogative Form: Am I doing my own meal? 2. Aos verbos regulares terminados em
3. Simple Present consoante+vogal+consoante (CVC), duplica-se a
I die última consoante e acrescenta-se o –ed:
You die  stop (parar) – stopped
He/she/it dies
 control (controlar) – controlled
We die
You die  plan (planejar) – planned
They die  prefer (prefer) – preferred
Present Continuous
I am dying 3. Aos verbos terminados em –y precedido de consoante,
You are dying retira-se o y e acrescenta-se o –ied:
He/she/it is dying  to study (estudar) – studied
We are dying  to worry (preocupar-se) – worried
You are dying  to cry (chorar) – cried
They are dying  to try (tentar) – tried
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INGLÊS

4. Aos verbos terminados em –y precedido de vogal, 2. She didn't___________the man from going into
acrescenta-se somente o –ed: the store. (Stop)
 enjoy (aproveitar) – enjoyed a) Stopped
 stay (ficar) – stayed b) Stop
 play(brincar; jogar) – played c) Stoped
 Irregular verbs (verbos irregulares)
3. Did you____________calling him this week? (Feel
like)
Verbos irregulares
a) Felt like
Os verbos irregulares não seguem o padrão de
b) Feel like
formação do Simple Past dos verbos regulares. Eles
c) Feel liked
não seguem as regras indicadas acima, pois possuem
uma forma própria.
4. She_____________a few mistakes but, even so,
she won the game. (Make)
A formação de frases na afirmativa no Simple Past
a) Makes
segue a estrutura abaixo:
b) Maked
c) Made
Sujeito + verbo + complemento
5. Serra was__________by Fernando Henrique and
Exemplo: Dilma was...by Lula. (Appoint)
 She liked the English teacher. (Ela gostou da a) Appointed
professora de inglês). b) Appoint
Para construção de frases negativas no Simple Past, o c) Appointied
verbo do é empregado como verbo auxiliar.
Sendo assim, utiliza-se o did, que representa o verbo 6. Reescrevam as frases a seguir usando a forma
irregular do no passado. O verbo principal não é correta do 'passado simples'.
conjugado no passado, uma vez que o auxiliar já indica 1. I didn't talked to her because she avoid me at the last
o tempo verbal. meeting.
R:...
Sua estrutura frasal é da seguinte forma: 2. Where did you got this money?
R:...
Sujeito + did + not + verbo principal +
3. She call me yesterday and said she's doing all right.
complemento
R:...
Exemplo: She did not like the English teacher. (Ela
7. Passe as sentenças abaixo para o inglês.
não gostou da professora de inglês)
1. Eu não sabia o que tinha acontecido ontem.
Obs.: a forma contraída de “didnot” é “didn’t”.
R:...
Interrogative Form (Forma Interrogativa)
2. Você pediu para ela vir aqui?
R:...
Da mesma maneira que acontece na forma negativa, o
do é o verbo auxiliar utilizado no Simple Past para as
8. Traduza a frase para o português: "They didn't
frases interrogativas.
care about it because it didn't give them an
Assim, usa-se o did (passado de “do”) no começo da
advantage."
pergunta. Veja a estrutura abaixo:
R:...
Did + sujeito + verbo principal + complemento

Exemplo: Did she like the English teacher? (Ela


gostou da professora de inglês?)
Obs.: somente o verbo auxiliar (did) é conjugado no
Simple Past. Não é necessário conjugar o verbo
principal.

EXERCÍCIOS. Gabarito
1. B 2. B 3. B 4. C 5. A
Escolham a opção que melhor completa as 6. 1. I didn't talk to her because she avoided me at the
sentenças a seguir, fazendo uso da forma mais last meeting.
adequada de verbos regulares ou irregulares. 2. Where did you get this money?
3. She called me yesterday and said she's doing all
1. We __________ the information on the right.
magazine's website. (Find) 7. 1. I didn't know what had happened yesterday.
a) Finded 2. Did you ask her to come here?
b) Found 8. "Eles não ligavam para isto porque não isto não
c) Founded oferecia vantagem a eles."

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INGLÊS

PREPOSIÇÃO __________________________________________
__________________________________________
Preposição é a palavra que relaciona duas palavras
dentro da frase. Usamos ainda in quando nos referimos a leituras que
 As preposições mais comuns são IN, ON e AT. estão (ou poderiam estar) num papel:
Vamos começar com o “IN” essa preposição é usada I read it in the newspaper. (Li no jornal)
em um período do tempo como uma parte do dia, um The order was in the e-mail. (A ordem estava no e-
mês ou uma estação do ano. mail)
 Vejamos alguns exemplos: A palavra “on”, quando se referir a tempo, fica para
I always brush my teeth in the morning. (Eu sempre dias e datas específicos. Alguns exemplos disso:
escovo os dentes de manhã.) He was born on September 24th. (Ele nasceu em 24
Período do dia se usa a preposição IN no final dessa de setembro.)
frase ao invés de "in the morning” poderia ser “in the I go to the gym on Mondays and Wednesdays. (Eu
afternoon” (de tarde) ou até (de noite) in the night. vou à academia na segunda e na quarta.)
Então me responda na língua inglesa usando a Eu poderia mudar o local que a regra seria a mesma,
preposição in, qual período do dia que você escova os por exemplo, se você quisesse dizer que vai para o
dentes? shopping na terça e na quinta como ficaria a frase em
__________________________________________ inglês?
__________________________________________ __________________________________________
__________________________________________
My birthday is in June. (Meu aniversário é em junho.)
O meu aniversário poderia ser em qualquer outro mês Para falar de lugares, on é usado com superfícies,
que usaria a mesma preposição. Por exemplo, se eu como ruas ou objetos em cima de outros.
quisesse dizer que o meu aniversário é no mês de  Exemplos: The papers are onthecoffeetable. (Os
dezembro era só continuar com a preposição “in” e papéis estão na mesa de centro.)
mudar o mês final para dezembro. I left the keys on the counter. (Deixei as chaves no
Responda-me na língua inglesa usando a preposição balcão.)
in, qual a data o mês do seu aniversário? Também usamos on para informações em meios
__________________________________________ eletrônicos e que não poderiam virar papel:
__________________________________________  Exemplos:
There is na awesome vídeo on YouTube. (Há um
It’s always cold in winter. (Sempre faz frio no vídeo incrível no YouTube.)
inverno.) You can’t believe everything on the internet. (Você
Além de winter (inverno) as outras estações do ano em não pode acreditar em tudo na internet.)
inglês são summer (verão), spring (inverno) e fall She is on the phone. (Ela está ao telefone.) Audio
(outono). Então, você poderia, por exemplo, dizer que Player
sempre faz calor no verão que a preposição teria que At é usado para horários, momentos específicos, desta
ser a mesma: It’salways hot in summer. forma:
My brother was born in 1999. (Meu irmão nasceu em  Exemplos:
1999.) I will see you at 8 pm. (Verei você às 20h.)
Independente do ano de nascimento do meu irmão eu My interview is at 3 pm. (Minha entrevista é às 15h.)
devo usar a mesma proposição, então me responda, Essa regra do pronome at serve para qualquer outra
em que ano você nasceu? hora.
__________________________________________ The football game is at the stadium. (O jogo de
__________________________________________ futebol é no estádio.)
Com lugares, at acompanha locais específicos. Veja:
Quando for falar de lugares, use in também com os We are meeting at the cafe. (Vamos nos encontrar no
maiores, como cidades, lojas, países, bairros e partes café.)
da casa, como nos exemplos a seguir:
I used to live in Florida. (Eu morava na Flórida.) Vamos praticar!
Vamos supor que você mora em outra cidade que não
é a Flórida. Qual preposição você usaria e como 1. I live ______________ a house.
responderia em inglês a pergunta: Em qual cidade a) on
você mora? b) in
__________________________________________ c) at
__________________________________________
2. We will meet _________________ 5:00 pm.
I am in my room. (Estou no meu quarto.) a) in
Vamos supor que eu pergunte onde você se encontra e b) on
você quer dizer que se encontra em outra parte da casa c) at
que não seja o quarto. Pode ser a cozinha (kitchen), o
banheiro (toilet or bathroom), no quintal (back yard) 3. My birthday is _______________________ May
entre outros espaços da casa que você possa se 5th.
encontrar. Como você responderia? a) in

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INGLÊS

b) on Fill in the correct prepositions.


c) at
1- Peter is playing tennis _________ on/in Sunday.
4. The last Olympics were held
________________________ 2016. 2- My brother's birthday is ______on/at the 5th of
a) in November.
b) on
c) at 3- My birthday is _______in/at May.

5. I usually study _____________________ Sundays. 4- We are going to see my parents _______at/of the
a) in weekend.
b) on
c) at 5- In 1666, a great fire broke out _________ in/on
London.
6. My papers were ___ this table, where did they go?
a) on 6- I don't like walking alone ____in/of the streets
b) at __________at/in night.
c) in
7- What are you doing _______________in/on the
7. They left _____________________________ 9:00 afternoon?
am.
a) in 8- My friend has been living in Canada
b) on ___________for/on two years.
c) at
9- I have been waiting __________for/at you since
8. We met _________________________________ seven o'clock.
the park entrance.
a) in 10- I will have finished this essay __________by/at
b) on Friday.
c) at

9. I like taking a nap ____________________ the


afternoon.
a) in
b) on
c) at

10. It rained a lot ___________________________ the


spring.
a) in
b) on
c) at

Gabarito
1. A 2. C 3. B 4. A 5. B Answers:
6. B 7. C 8. C 9. A 10. A 1- on / 2- on / 3- in / 4- at / 5- in / 6- in - at / 7- in
8- for / 9- for / 10- by

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INGLÊS

Esse é um assunto que requer uma atenção maior Vamos para mais exercícios:
porque nos concursos como ESA, ESPCEX E
EPCAR. É comum ter mais do que uma questão sobre Complete the sentences be low using the a
esse tema, então é importante conhecer todas ppropriate prepositions:
preposições para chegar no dia da prova preparado: 1 - Lucy usually goes to the gym ____________ the
evening. (A Lucy geralmente vai à academia à noite.)
Outras preposições
Of A preposição “of” significa “de”. Made of plastic. 2 - The blue dress I like disnot ____________ the
– Feito de plástico. window anymore. I guess it’s been sold. (O vestido
Atenção com o “of” na prova pode aparecer alguma azul que eu gostei não está mais na vitrine. Eu acho
questão de assinalar a preposição correta e o off com que ele foi vendido.)
dois f significa outra coisa, muita atenção com essa
preposição of com um f só. 3- Two actors were hurt in the making ____________
the movie. (Dois atores ficaram machucados na
Em geral usa-se to quando há um “movimento” ou produção do filme.)
“transferência” implícita no contexto. A tradução de
to varia; em cada contexto uma preposição ou outra 4- Daniel was so tired heended up sleeping
do português se encaixa melhor. Veja os exemplos: ____________ the bus. (O Daniel estava tão cansado
To A preposição “to” significa, neste caso, “para”. que ele acabou dormindo no ônibus.)
Let’s go to Brazil. – Vamos para o Canadá.
I will give this book to you. Eu vou dar esse livro para 5- I prefer to study __________ night. (Eu prefiro
você. (Neste exemplo, temos uma transferência de estudar à noite.)
algo de uma pessoa para outra.)
I will talk to her. Eu vou falar com ela. (Aqui há uma 6- I’ve been dreaming ___________ my parents a lot.
transferência da mensagem de uma pessoa para a (Eu tenho sonhado muito com os meus pais.)
outra.)
7– What happened ___________ your car? (O que
Já o for, é usado em contextos que há um “propósito”
aconteceu com o seu carro?)
implícito ou um “benefício sendo oferecido”. Veja os
exemplos: I’m writing a book for children. Estou
8 - I got scared when I saw that man ___________ the
escrevendo um livro para crianças. (As crianças irão se
window. (Eu me assustei quando vi aquele homem na
beneficiar do livro.)
janela.)
We got a new table for the dining room. Nós
compramos uma mesa nova para a sala de jantar. (O 9- ___________ the Summer we always go to my
propósito da mesa é o de ficar na sala de jantar.) grandma’s house. (No verão nós sempre vamos pra
This brush is for painting. O pincel é para pintar. casa da minha avó.)
(Aqui, o propósito do pincel é pintar, por isso usa-se
“for”.) 10- The kid sand I like to go to the park ___________
I will do that for you. Eu vou fazer isso por você. Sunday mornings. (Eu e as crianças gostamos de ir ao
(Aqui fica claro que alguém irá fazer um favor para parque nos domingos de manhã.)
alguém, há um benefício sendo oferecido.)
For - A preposição “for” significa “para”. This present
is for you. – Este presente é para você.
With - A preposição “with” significa “com”. Do you
want to come with me? – Você quer vir comigo?
Estamos no shopping. From A preposição “from”
significa “de algum lugar”. Where are you from? – De
onde você é?
By: A preposição para mostrar como algo é feito por
ser traduzido por pelo ou por.
We sent a letter by post.
Would you like to pay by credit car or by cash
“by” também pode significar, “perto” ou “ao lado”
como nessa frase. Your shoes are by the door. – Seus
sapatos estão perto da porta.
About A preposição “about” significa “sobre” ou “a
respeito”. What are you talking about? – Sobre o que Don’t forget to check your answers!
você está falando?
Answers
1 - in; 2 - in; 3 - of; 4 - on; 5 - at; 6 - about / of;
7 - to; 8 - at; 9 - in; 10 - on

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INGLÊS

Atenção: Com o aumento de usuários nas redes Outras preposições:


sociais é muito comum escutar a palavra like no
sentido de gostar ou curtir algo. Exemplo, se você After A preposição “after” significa “depois”. We can
gostou do vídeo deixe um like, que significa no nesse have dinner after class. – Nós podemos jantar depois
contexto se gostou do vídeo deixe um gostei. Like da aula.
pode ser o verbo gostar mas também pode ser uma Between A preposição “between” significa “entre duas
preposição como veremos mais abaixo. coisas”. It’s between 3 and 5. – Entre 3 e 5.
Like A preposição “like” significa “como”. Out A preposição “out” significa “fora”. Stay out of
my property. – Fique fora da minha propriedade.
 Exemplos:
Today isn’t like yesterday. – Hoje não é (ou não está) Against A preposição “against” significa “contra”.
como ontem. Never go against your boss. – Nunca vá contra seu
She’slike her mother. (Ela é igualzinha à mãe.) chefe.
You don’t look like your father. (Você não se parece During A preposição “during” significa “durante”. He
com seu pai.) likes to sing during class. – Ele gosta de cantar durante
He plays the piano like a professional. (Ele toca piano a aula.
como profissional.) Without A preposição “without” significa “sem”. I
can’t live with out you. – Eu não posso viver sem
 Vamos reforçar esse tema com alguns exercícios. você.
Before A preposição “before” significa “antes”. Can
O like nas seguintes frases está como preposição you come home before work? – Você pode vir pra
ou verbo? casa antes do trabalho?
Under A preposição “under” significa “debaixo”. The
1- You look like your grand mother.
cat is under my bed. – O gato está debaixo da minha
A) Preposição
cama. Bônus:
B) Verbo
Among A preposição “among” significa “entre várias
2- It was a small bird like a sparrow. coisas”. He was among the suspects. – Ele estava entre
A) Preposição os suspeitos.
B) Verbo
Pronomes
3- She was like her brother. They were both excellent
writers.  Os Pronomes em Inglês (Pronouns), segundo a
A) Preposição função que exercem na frase são classificados em:
B) Verbo pronomes pessoais (personal pronouns)
pronomes possessivos (possessive pronouns)
4- No one can play the piano like he does.
pronomes demonstrativos (demonstrative pronouns)
A) Preposição
B) Verbo pronomes reflexivos (reflexive pronouns)
pronomes indefinidos (indefinite pronouns)
5- I like you pronomes relativos (relative pronouns)
A) Preposição pronomes interrogativos (interrogative pronouns)
B) Verbo

6- He likes to eat avocado. Importante destacar que os pronomes são palavras


A) Preposição que substituem ou acompanham os substantivos ou
B) Verbo mesmo outro pronome.

7- She like my family Se liga na dica:


A) Preposição  Os pronomes pessoais são termos que indicam
B) Verbo pessoas, lugares e objetos. São classificados em:

8- I like my house  Pronomes Pessoais do Caso Reto (Subject Pronoun):


A) Preposição funcionam como sujeitos, por exemplo: She is
B) Verbo beautiful (Ela é linda).

 Pronomes Pessoais do Caso Oblíquo (Object


Pronoun): funcionam como objetos, por exemplo:
Juan wants to me ether (Juan quer conhecê-la).

Answers  Os pronomes possessivos em inglês, tal qual no


1- A 2- A 3- A 4- A 5-B português, indicam que algo pertence a alguém ou
alguma coisa. São classificados em pronomes adjetivos
6- B- 7- B 8- B e pronomes substantivos.

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INGLÊS

 Pronomes Adjetivos (Possessive Adjectives):  How many cups of coffee do you drink a day?
diferentes da língua portuguesa, os pronomes adjetivos (Quantas xícaras de café você bebe por dia?)
não são flexionados em grau (singular e plural).
Sempre são acompanhados por substantivos, Agora é hora dos exercícios de fixação:
modificando-os.
1. (FUVEST – SP) Complete responses with the
 Exemplo: My house is located on Avenue de Paris appropriate possessive pronoun:
(Minha casa está localizada na Avenida de Paris).
a) Is this Mary’s book ? Yes it is
 Pronomes Substantivos (Possessive Pronouns): os ___________________________
pronomes possessivos substantivos tem a função de b) Is this your brother’s house ? Yes, it is
substituir o substantivo, diferente dos pronomes ____________________
adjetivos, que sempre estão ligados a ele. E, da mesma
maneira, não sofrem flexão de grau (singular e plural), a) Her - Hers
como ocorre na língua portuguesa. b) Hers – His
c) His – Her
 Exemplo: This house is mine (Esta casa é minha). d) His – Hers

 Os pronomes demonstrativos são palavras que 2. (PUC – SP) “What is the name of that man?”
indicam algo (pessoa, lugar ou objeto) e, de acordo “_________________ name is Tim Baker.”
com a função sintática que exercem na frase, são
classificados em: a) Hers
 Demonstrative Pronouns (pronomes substantivos), b) His
que substituem o substantivo, por exemplo: Give me c) Your
the big book. Give me this book (Dá-me este livro). d) Her
 Demonstrative Adjectives (pronomes adjetivos) que
descrevem o substantivo, por exemplo: That pen is 3. (FUVEST – PR) Reescreva completando com os
yours; this is mine (Essa caneta é sua; esta é a minha) pronomes possessivos correspondentes as
 Os pronomes reflexivos são aqueles que aparecem expressões destacadas:
após o verbo, concordando sempre com o sujeito da a) This is my book It’s __________________
oração. b) The house belongs to John and Mary. It’s
______________
São palavras construídas com os termos “self” (no
singular) e “selves” (no plural). a) Mine – Their
Exemplos: b) Mine – Theirs
 I promised myself study hard (Eu prometi a mim c) Mine – Mine
mesma estudar bastante) d) Their – Mine
 Maria sent herself a copy (Maria enviou uma cópia e) Theirs – Mine
para si mesma)
 Os pronomes indefinidos recebem esse nome uma vez 4. (PUC – PR) Check the alternative that adequately
que substituem ou acompanham o substantivo, de fills the gaps:
maneira imprecisa ou indeterminada. She is Fernanda Montenegro, but ____ real name
is Arlete Torres You are Grande Otelo, but ______
Porém, de acordo com a função que exercem nas real name is Sebastão Prata He is Ringo Star, but
frases, são classificados em: ______ real name is Richard Stakney You are Gal,
but _____ real name is Maria da Graça We are
Pelé and Zico, but ____ real names are Edson and
Indefinite Pronouns (pronome substantivo)
Artur.
Indefinite Adjectives (pronome adjetivo)
a) your – your – his – your – their
Exemplos: b) her – your – his – our – your
 Tell me something (Diga-me alguma coisa). c) her – your – his – your – our
 None is mine (Nenhum é meu). d) her – his – his – your – their
 Os pronomes relativos são palavras que exercem a e) her – your – his – your – their
função de sujeito ou objeto, por exemplo:
 It's an old man who lives here. (É um velho quem vive 5. (PUC – PR) Which of these books is yours ?
aqui) ________ is that thick one.
 When we get to town, let's find John. (Quando a) me
chegarmos à cidade, encontraremos o John) b) your
 Os pronomes interrogativos, também chamados de c) his
“Question Words”, são aquelas palavras utilizadas para d) mine
fazer perguntas, por exemplo: e) my
 Who is that woman? (Quem é aquela mulher?)

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INGLÊS

6. (U. F. São carlos – SP) You like my car, but I ARTIGOS


prefer _____________
a) mine Os artigos em inglês são muito importantes e, como as
b) its regras são bem específicas, vejo que muitos alunos não
c) yours os usam quando falam. Neste artigo, quero mostrar
d) your como usar os dois tipos de artigos em inglês e
compará-los, para ajudar você a entender melhor.
7. (OSEC – SP) My house is new. _____ windows Vamos começar dizendo que o inglês tem três artigos:
are red. ‘a’, ‘an’, ‘the’. E eles são sempre usados antes de um
a) You substantivo.
b) Their
c) It  Se liga na dica:
d) They Como usar os artigos indefinidos em inglês – a/an
e) Its Em português, os artigos indefinidos são: um, uma,
uns, umas. Os ‘indefinite articles’ (artigos indefinidos,
8. (FEEQ – CE) The apartment belongs to that man em inglês) que vemos aqui contemplam apenas o
and his wife. It is ________ apartment. singular. Eles são usados quando falamos de algo que
a) His não é específico. Por exemplo, ‘a table’ refere-se a
b) Her “uma mesa”, qualquer mesa. Talvez você queira comer
c) Their ‘na apple’, uma maçã, sem especificar qual maçã. A
d) Them regra diz que palavras iniciadas por (sons de) vogal são
acompanhadas de an. Se a palavra começar com (som
de) consoante, o artigo que a acompanha é ‘a’.
Exceções: Em geral, quando a palavra começa com
uma consoante, também começa com som de
consoante. O mesmo vale para vogal. Porém, quando
a vogal tem som de consoante ou a consoante não tem
som, temos as exceções à regra. Se uma palavra
começar com a letra ‘u’ e esta tiver som de ‘you’,
consideramos que o som é de consoante e usamos o
artigo ‘a’, como em: I went to a university (Fui a uma
universidade). Da mesma forma, se a palavra começar
com um ‘h’ mudo, usamos o artigo ‘an’: We have an
hour before the movie starts (Temos uma hora antes
de o filme começar).
The - o artigo definido em inglês
Como você já deve desconfiar, o artigo definido
em inglês, ao contrário dos indefinidos, fala de um
objeto específico. Em português, ele seria como: a, o,
as, os. Vamos retomar o exemplo da mesa: I bought
the table quer dizer que eu comprei a mesa, uma mesa
específica, e a pessoa que escuta sabe de qual mesa
estou falando.
PAY ATTENTION!
O que mais causa confusão com este artigo é saber
quando usá-lo e quando não usá-lo.
Não use ‘the’ com:
Nomes próprios como London, Steve Jobs ou John
Smith.
Esportes, como ‘basketball’, ‘tennis’ ou ‘soccer’.
Idiomas, como ‘English’, ‘Spanish’ ou ‘Portuguese’.
Matérias ou campos de estudo, como ‘Mathematics’,
Gabarito ‘English’ ou ‘Literature’
1. Hers – His Sempre use ‘the’ com:
2. His Nomes de rios, mares, oceanos, como ‘the Atlantic
Ocean’, ‘the Black Sea’ ou ‘the Missouri River’.
3. Mine – Theirs Desertos, golfos, florestas e penínsulas, tais como ‘the
4. her – your – his – your – our Amazon’, ‘the Sahara Desert’ e ‘the Gulf of Mexico’.
5. mine Países com ‘States’ (the United States), ‘Kingdom’ (the
6. yours United Kingdom) e ‘Republic’ (the Dominican
Republic).
7. its
8. their

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INGLÊS

VERBOS MODAIS Must: é usado para expressar obrigação.


 You must go to school. (Você deve ir à escola).
Os verbos modais são verbos distintos dos outros,  She must study more. (Ela deve estudar mais).
pois possuem características próprias, como:
 Não precisam de auxiliares; Usedto: é empregado para expressar um hábito do
 Sempre após os modais, o verbo deve vir no infinitivo, passado.
só que sem o “to”;  I used to watch cartoons when I was a child. (Eu
 Não sofrem alteração nas terceiras pessoas do singular costumava assistir desenhos quando era criança).
no presente. Logo, eles nunca recebem “s”, “es” ou  She used to play on the street when she was 8 years
“ies”. old. (Ela costumava brincar na rua quando tinha 8
anos de idade).
São verbos modais:
Inglês Português VAMOS PRATICAR!
can pode
could poderia 1. Qual das alternativas abaixo está incorreta?
may pode, poderia a) You should go to bed if you don't feel well.
b) You shouldn't read in poor light.
might pode, poderia c) You must take an aspirin.
should deveria d) We could have visitors in the afternoon.
must deve e) You ought to not watch TV without your glasses.
oughtto precisa
2. Qual a tradução correta da frase abaixo?
usedto costumava When I was in hospital, I couldn't get out of bed.
a) Quando eu estava no hospital, eu não saí da cama.
Se liga em como eles são usados: b) Quando eu estava no hospital, eu não devia sair da
Can: pode ser usada para expressar permissão, cama.
habilidade. c) Quando eu estava no hospital, eu não conseguia sair
 Can I drink water? (Posso beber água?). da cama.
 I can speak English. (Eu posso falar inglês). d) Quando eu estava no hospital, eu não queria sair da
cama.
Could: é empregado para expressar habilidade, só que e) Quando eu estava no hospital, eu não gostaria sair da
no passado. É usado também com o sentindo de cama.
poderia, em um contexto mais formal.
 I could ride a bike when I was 5 years old. (Eu 3. Escreva a frase abaixo na forma negativa e
podia/conseguia andar de bicicleta quando tinha 5 interrogativa:
anos de idade). Doctors could treat infections properly.
__________________________________________
 Could you bring me a sandwich and a coke, please?
__________________________________________
(Você poderia me trazer um sanduíche e uma coca,
por favor?).

May: é usado para expressar uma possibilidade no


presente ou no futuro. Também pode ser usado para
pedir permissão, no entanto, may é usado em
contextos mais formais que o can.
 It may rain tomorrow. (Pode chover amanhã).
 May I go to the bathroom? (Eu poderia ir ao
banheiro?).
Gabarito
Might: é usado para expressar possibilidades no
passado ou no presente. QUESTÃO 1
 She might have come to the party. (Ela poderia ter Alternativa E A maneira correta seria colocar o "not"
vindo à festa). entre o "ought" e o "to": You ought not to watch TV
without your glasses.
 He might have lunch with us tomorrow. (Ele pode vir
almoçar com a gente amanhã). QUESTÃO 2
Alternativa C Quando eu estava no hospital, eu não
Should e oughtto: é usado para expressar um conseguia sair da cama.
conselho. QUESTÃO 3
 You should go to the doctor. (Você deveria ir ao Negative Form: Doctors could not treat infections
médico). properly.
 You ought to quit smoking. (Você deveria parar de Interrogative Form: Could doctors treat infections
fumar). properly?

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INGLÊS

DETERMINANTES IMPERATIVO

Determinante é aquele que modifica o substantivo, em O “imperative” é o tempo verbal em inglês usado
inglês sua principal função é determinar a quantidade para expressar uma ordem, um pedido, dar instruções,
de coisas nas frases. e até mesmo para aconselhar alguém.
São eles:.
Little Como formar o imperativo?
few É bem simples!
much  Use o verbo em inglês no infinitivo sem “to” e sem
many conjugação.
Bom, agora vamos
estudar cada um some
 Ex: Close the door when you leave.(Feche a porta
deles any quando sair.)
separadamente.  Fill in the blanks.(Preencha os espaços em branco.)
 Little = pouco, pouca O uso do imperativo costuma ser bastante direto e, às
 Much = muito, muita vezes, pode soar meio rude e sem educação. Então,
preste sempre atenção ao contexto quando usar. Se for
Ambos são usados junto das palavras no singular. um pedido, por exemplo, para amenizar e não ser
Referem-se a coisas de quantidade indefinida, que não grosseiro, opte por usar “please” (por favor em inglês):
podem ser contadas individualmente.  Turn the TV down, please.(Diminua o volume da TV,
 .: She drinks much coffee. por favor.)
(Ela bebe muito café) – não dá para contar quantas
gotículas de café ela toma.  Usos do imperativo em inglês
Existem diversas situações do dia a dia em que
Repare que much é o oposto de little e vice-versa. encontramos frases no imperativo. Por exemplo, em
placas de sinalização: stop (pare), push (empurre),
 Ex: I drink little water.(Eu bebo pouca água) insert the coin (insira a moeda). Os manuais de
Não dá para contar quantas gotículas de água eu tomo instrução e receitas culinárias, também são cheios
deles. E, se você estiver falando sobre processos que
 Few = poucos, poucas devem seguir uma ordem, use palavras como: “first”
 Many = muitos, muitas (primeiro), “then” (então, daí) e “next” (em seguida,
Ambos são usados com substantivos no plural. depois).
Referem-se a coisas que podem ser contadas  First, break the egg.
individualmente, contáveis. (Primeiro, quebre o ovo.)
 Ex.: Peter has many books.(Peter tem muitos livros)  Then, add the flour.
É possível contar quantos livros uma pessoa possui. (Daí, adicione a farinha)
 There are few eggs in the basket.(Há poucos ovos na  After that, heat the pan for two minutes.
cesta) (Depois disso, aqueça a panela por dois minutos.)
É possível contar quantos ovos há numa cesta.  Forma negativa do imperativo
Para uma frase negativa no imperativo, usamos
Repare que many é o oposto de few e vice-versa. “don’t” ou “do not” antes do verbo:
 Do not smoke in the house.
 Some = algum, alguma, alguns, algumas, uns, umas,
(Não fume dentro de casa.)
um pouco de.
É usado em frases afirmativas.  Do not let the ball fall.
(Não deixe a bola cair.)
 Ex.: I will drink some coffee.(Eu tomarei um pouco de
café)
Pouca quantidade. Lembre-se que o imperativo é usado apenas com
o verbo em sua forma infinitiva, nunca conjugado
 Any = algum, alguma, alguns, algumas, uns, umas, um no passado ou na forma contínua.
pouco de (com sentido de nenhum / nenhuma).
É usado em frases negativas e interrogativas. CASOS GENITIVO
 Ex.: There aren’t any cars in the street.(Não há carro
algum na rua) O Caso Genitivo (ou Possessivo) por meio do uso de
Indicando nenhum carro. um apóstrofo (') seguido ou não de “s” é típico da
Língua Inglesa.
RESUMINDO: É usado basicamente para mostrar que algo pertence
 Some – frases afirmativas – algum, alguns, alguma(s). ou está associado a alguém ou a algum elemento. O 's
 Any – frases negativas e interrogativas – nenhum(a) vem após o nome do possuidor, que precederá sempre
a coisa pertencente.
Veja:
 The name of the boy is Joseph. = the boy's name is
Joseph. (boy = possuidor e name = pertencente)
(O nome do garoto é Joseph.)
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INGLÊS

 The invaders of the country influenced the language =  Brazil's for eigndebt (a dívida externa brasileira)
The country's invaders influenced the language.  The company's staff (o quadro de funcionários da
(country = possuidor e invaders = pertencente) (Os empresa)
invasores do país influenciaram a língua.)  The Army'straditions (as tradições do Exército)
 The diary of Bridget Jones = Bridget Jones's diary
(Bridget Jones = possuidor e diary = pertencente) (O 4. Substantivos comuns que terminam em -s ou cujo
diário de Bridget Jones.) plural seja com -s: acrescenta-se apenas ' (apóstrofo).
 The princess' title (o título da princesa)
Usos do caso genitivo - Uses of the genitive case  The workers' tools (as ferramentas dos trabalhadores)
1. A forma com 's é somente usada quando o possuidor
 The soldiers' victory (a vitória dos soldados)
é um ser animado, o que abrange: pessoas e animais,
além de nomes próprios, parentes em todos os graus,  The girls' uniforms (os uniformes das garotas)
títulos, cargos, funções, profissões, e outros
substantivos que só podem se referir a pessoas: 5. Substantivos cujo plural não termina em -s:
criança, menino(a), amigo(a), vizinho(a), colega de acrescenta-se 's
escola ou trabalho, etc:  The children's imagination (a imaginação das crianças)
 The Queen's popularity (a popularidade da rainha) - E  Women's toilet (banheiro feminino)
não "The popularity of the Queen"  The mice'snest (o ninho de camundongos)
 The governor's daughter (a filha do governador)
 My neighbor's house (a casa do meu vizinho) 6. Nomes próprios ou sobrenomes terminados em -s:
acrescenta-se 's ou apenas '.
 The children's toys (os brinquedos das crianças)
 Mr Jones' house ou Mr Jones's house (a casa do sr.
 The elephant's trunk (a tromba do elefante)
Jones)
2. Não podem levar 's os seres inanimados (coisas,  Mrs Williams' children ou Mrs Williams's children
lugares e substantivos abstratos); nesses casos  (os filhos da sra. Williams)
normalmente se usa a estrutura substantivo + of +  Myriah Cummings' letters ou Myriah Cummings's
substantivo ou um substantivo composto. letters
 The walls of my house need a new painting. (As  (as cartas de MyriahCummings)
paredes da minha casa estão precisando de uma nova  - Charles, Dennis, Francis, Lurdes, Marcos, Thomas,
pintura.) - house = coisa etc.
 The roof of my house, however, was fixed one month
ago. (O teto da minha casa, no entanto, foi consertado 7. Com nomes próprios reconhecidamente históricos,
há um mês.) - house = coisa clássicos ou bíblicos terminados em -s: é mais comum
 The door of the car ou the car door (a porta do carro) a estrutura substantivo + of + substantivo, mas
- car = coisa também pode ser usado o apóstrofo '.
 The leg of the table ou the table leg (a perna da mesa)  The teachings of Jesus ou Jesus' teachings
- table = coisa  (os ensinamentos de Jesus)
 Madrid is the Capital of Spain. (Madri é capital da  The Laws of Moses ou Moses' laws
Espanha) - Spain = lugar/país  (as leis de Moisés)
 Do you know the cause of the problem? (Você sabe a  The Book of Jeremias ou Jeremias' Book
causa do problema?) - problem = substantivo abstrato  (o Livro de Jeremias)
 (Euripedes, Archimedes, Hercules, Brahms, Getúlio
3. No entanto, há algumas exceções para a aplicação de 's Vargas, Villa-Lobos, Tiradentes, etc.)
em seres inanimados. É o caso de tempo, medidas,
lugares com nomes de pessoas, países, corpos celestes, 8. Quando há mais de um núcleo possuidor de algo em
a Terra, o mundo, nomes que representam um grupo comum: acrescenta-se 's apenas ao último dos núcleos.
de pessoas (company, team, government, etc.), pessoas  Charles and Diana's wedding (O casamento de
jurídicas e similares. Assim, pode-se dizer: Charles e Diana) - um casamento de duas pessoas.
 A day's work (um trabalho de um dia) - day= tempo  Sally and Susan's car (o carro de Sally e de Susan) - um
 A two weeks' vacation (férias de duas semanas) - carro só pertencente às duas.
twoweeks = tempo
 In a year's time (em um ano) - um ano = tempo 9) Quando há mais de um núcleo possuidor de coisas
 St. Peter's Cathedral (Catedral de São Pedro) - Peter = diferentes: todos os núcleos recebem 's.
nome de pessoa  Men's and women's clothes (roupas de homens e
 The moon's surface (a superfície lunar) roupas de mulheres)
 The Earth's atmosphere (a atmosfera da Terra)  Bob's and Jane's parents (os pais de Bob ≠ os pais de
 A Kilo's weight of sugar (um quilo de açúcar) - medida Jane)
de massa  Nicole's and Janna's voices (a voz de Nicole ≠ a voz
 Two hundred meters' walk (uma caminhada de de Janna).
duzentos metros) - medida de distância
 The world's highest mountains (as montanhas mais
altas do mundo)
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INGLÊS

REPORTER SPEECH  Today (hoje) → Last day (aquele dia) / Yesterday


(ontem)
O “reported speech” representa o discurso indireto  Toninght (hoje à noite) → Last night (noite passada)
em inglês.  Tomorrow (amanhã) → The next day / The following
Utilizamos essa forma quando vamos reproduzir a fala day (o próximo dia / o dia seguinte)
de outra pessoa, ou seja, quando vamos reportar o que  A yearago (uma ano atrás) → The year before (no ano
já foi dito por alguém. anterior)
Portanto, é muito empregado para narrar histórias e
 Say x Tell
fatos que já aconteceram.
O "said" e o "told" são formas no passado que
Exemplos:
utilizamos no discurso indireto. Embora ambos
 Direct Speech (Discurso Direto): I am not feeling well. significam "disse", eles são usados em situações
(Eu não estou me sentindo bem.) diferentes.
 Reported Speech (Discurso Indireto): He said that he Say: quando nós dizemos algo para alguém.
wasn’t feeling well. (Ele disse que não estava se Exemplo: I said I knew that about my stress. (Eu disse
sentindo bem.) que sabia sobre o meu stress).
Tell: quando nós dizemos a alguém sobre algo e
Note que é possível relatar o que uma pessoa disse mencionamos com quem estamos falando. Nesse
usando o discurso direto. Assim, transcreve-se o que caso, faz se necessário o objeto (me, you, her, him,
foi dito. etc.), por exemplo: The profesor told me I was
Exemplo: stressed. (O professor me disse que eu estava
 He said: "I am not feeling well". (Ele disse: "Eu não estressado).
estou me sentindo bem".)
No entanto, a ideia aqui é que você aprenda a utilizar o VAMOS PRATICAR COM EXERCÍCIOS DE
discurso indireto em inglês. FIXAÇÃO SOBRE ESSE TEMA?
Explicação:
A partir dos exemplos acima, podemos notar que 1. (UFRS) Considere a frase: If you don’t feed your
algumas palavras se alteram com o discurso indireto. Tamagotchi, it will die. Escolha a melhor opção
Se fôssemos utilizar o discurso indireto no português para reescrevê-la, começando com
para essa frase teríamos: Shetold me that_________________
Eu comprei esse livro. (discurso direto) a) if I won’t feed my Tamagotchi, it would die.
Ela disse que comprou aquele livro. (discurso indireto) b) if you didn’t feed your Tamagotchi, it had died.
A mesma coisa acontece no inglês: c) if I didn’t feed my Tamagotchi, it would have died.
 I have bought this book. (Eu comprei esse livro) → d) if I didn’t feed my Tamagotchi, it would die.
She said she had bought that book. (Ela disse que ela e) if you haven’t fed your Tamagotchi, it will have died.
tinha comprado aquele livro.)
Além disso, alguns lugares, pronomes e indicações de 2. (PUC-RJ) - The girl said to her parents, "Mom
tempo também podem ser alterados com a passagem and Dad, the police were here while you were
do discurso direto para o indireto. gone." If we turned this sentence into Reported
 Mudança de pronomes: Speech we would have:
We are meeting at my house. (Eles estão se The girl said to her parents that the
encontrando na minha casa.) → She Said that they police__________________
were meeting at her house. (Ela disse que eles estavam a) had been there while they had been gone.
se encontrando na casa dela.) b) had been here while they had gone.
 Mudança de lugares: c) have been there while they were gone.
I got here by train. (Eu cheguei aqui de trem.) → She d) have been here while they would be gone.
said he had got there by train. (Ele disse que ele e) would have been there while they have been gone.
chegou lá de trem.)
 Mudança do tempo: 3. (Mackenzie) They said, "Do parents know their
I met him last night. (Conheci ele ontem à noite.) → kids?" in the Reported Speech would be:
She said she had met him the night before. (Ela disse a) They said that did parents know their kids?
que ela conheceu ele na noite anterior.) b) They asked that parents know their kids.
c) They said that parents knew the kids.
PAY ATTENTION! d) They argued that do parents know their kids.
Confira abaixo algumas mudanças nos pronomes, e) They asked if parents knew their kids.
lugares e expressões de tempo utilizadas nos discursos
indiretos em inglês. 4. (UFPB) Read this sentence:
He said that he____________ this trend toward
 I (eu) → He/She (ele/ela)
reduced risk.
 We (nós) → They (eles, elas) a) is happy they found
 Me (mim) → Him, Her (ele/ela) b) has been happy we have found
 This (este) → That (aquele) c) was happy they had found
 These (estes) → Those (aqueles) d) will be happy we will find
 Here (aqui) → There (lá) e) would be happy they would find

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INGLÊS

5. (Fatec) - Considere a frase "It's a perfect setup for ADVÉRBIO


heart disease and diabetes, says Stampfer."
Assinale a alternativa em que a transposição dessa Os advérbios em inglês (adverbs) são palavras
frase para o discurso indireto está correta, invariáveis que modificam o verbo o adjetivo ou outro
completando a frase a seguir. advérbio. De acordo com o sentido que oferecem na
Stampfer says ______________________________ frase eles são classificados em: advérbios de tempo,
a) it was a perfect setup for heart disease and diabetes. modo, lugar, afirmação, negação, ordem, dúvida,
b) it is a perfect setup for heart disease and diabetes. intensidade, frequência e interrogativos.
c) it has been a perfect setup for heart disease and Os advérbios interrogativos são utilizados em
diabetes. perguntas e sempre aparecem no começo das frases.
d) it had been a perfect setup for heart disease and How: como When: quando Where: onde Why: por
diabetes. que
e) it will be a perfect setup for heart disease and diabetes.  Exemplos:
~  How old are you? (Qual sua idade?)
 When do you go in party? (Quando você vai na festa?)
 Where is my dresses? (Onde estão meus vestidos?)
 Why do we buy the car? (Por que nós compramos o
carro?)

Pay attention!
Muitas vezes há confusão no uso dessas duas classes
gramaticais. Confira abaixo as diferenças: Adjetivo:
termo que qualifica o substantivo ou pronome.
 Exemplo: Paul is a very fast runner. (Josh é um
corredor muito rápido).
Advérbio: termo que modifica os verbos, adjetivos e
outros advérbios. Ele aponta como, onde ou quando
ocorreu algo. Exemplo: Paul runs very fast. (Josh corre
muito rápido). Em ambos exemplos o “fast” (rápido) é
utilizado. Entretanto, no primeiro caso, o adjetivo
qualifica o nome (runner), enquanto no segundo caso,
o advérbio indica como ou de que maneira Paul corre
(very fast). Note que nesse exemplo, a palavra fast não
foi modificada, pois há alguns casos em que se usa a
mesma palavra para advérbios e adjetivos. Além do
fast (rápido, rapidamente), temos o late (tarde,
tardiamente), o hard (esforçado, esforçadamente), etc.
Obs: Geralmente as palavras terminadas em –ly são
advérbios, no entanto, existem exceções, por exemplo
os adjetivos: lovely (amável), friendly (amigável), lonely
(sozinho), etc.
 Se liga no quadro abaixo e você precisa saber o
significado dessas palavras, pois antes de resolver as
questões da prova você precisa aprender vocabulário!

Vamos ver alguns exemplos:


Adjetivo Advérbio:
Gabarito
Brave (bravo) Bravely (bravamente)
QUESTÃO 1
Certain (certo) Certainly (certamente)
Alternativa d) if I didn’t feed my Tamagotchi, it would
Happy (feliz) Happily (felizmente)
die.
Perfect (perfeito) Perfectly (perfeitamente)
QUESTÃO 2
Quick (rápido) Quickly (rapidamente)
Alternativa a) had been there while they had been
gone. Serious (sério) Serously (seriamente)
QUESTÃO 3
Classificação: Lista de Advérbios Afirmação:
Alternativa e: They asked if parents knew their kids.
certainly (certamente); evidently (evidentemente);
QUESTÃO 4 indeed (sem dúvida); obviously (obviamente); surely
Alternativa c) was happy they had found (certamente); yes (sim).
QUESTÃO 5
Alternativa b) it is a perfect setup for heart disease and Negação:
diabetes. no, not (não).

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Dúvida: Vamos agora para uma questão que caiu na


maybe (possivelmente); perchance (porventura); última prova!
perhaps (talvez); possibly (possivelmente).
– Choose the best alternative that completes the
Frequência: blanks with adjectives or adverbs.
daily (diariamente); monthly (mensalmente); a) well – beautifully – nicely – mostly
occassionally (ocasionalmente); often b) badly – beautiful – nicely – worst
(frequentemente); yearly (anualmente); rarely c) well – beautifully – nicely – slow
(raramente); weekly (semanalmente) d) great – beautiful – nice – quickly
Answers: letra D
Intensidade:
completely (completamente); enough (bastante); Os advérbios de lugar indicam onde algo acontece.
entirely (inteiramente); equally (igualmente); exactly Eles são normalmente inseridos após o verbo principal
(exatamente); greatly (grandemente); largely ou a oração a qual modificam. Os advérbios de lugar
(grandemente); little (pouco); merely (meramente); não modificam adjetivos ou outros advérbios.
much (muito); nearly (quase); pretty (bastante); quite
(completamente); rather (bastante); slightly  EXEMPLOS: John looked around but he couldn't see
(ligeiramente); sufficiently (suficientemente); throughly the monkey.
(completamente); too (demasiadamente); utterly I searched everywhere I could think of.
(totalmente); very (muito); wholly (inteiramente). I'm going back to school. Come in!
They built a house nearby.
She took the child outside.
Lugar:
Above (em cima); anywhere (em qualquer parte); "HERE" E "THERE" Here e there são advérbios de
around (em redor); bellow (abaixo); everywhere (em lugar muito utilizados. Eles indicam uma posição em
toda a parte); far (longe); here (aqui); hither (para cá); relação ao orador. Com verbos de movimento, here
near (perto); nowhere (em parte alguma); there (lá); significa "em direção ao orador ou junto a ele", e there
thither (para lá); where (onde); yonder (além). quer dizer "distante do orador ou longe dele".
Frase Significado Come here! Come towards me. The
Modo: table is in here. Come with me; we will go see it
actively (ativamente); amiss (erroneamente); badly together. Put it there. Put it in a place away from me.
(mal); boldly (audaciosamente); faithfully (fielmente); The table is in there.
fast (rapidamente); fiercely (ferozmente); gladly Here e there são associados a preposições para formar
(alegremente); ill (mal); quickly (rapidamente); locuções adverbiais tradicionais.
purposely (propositadamente); simply (simplesmente).  EXEMPLOS: What are you doing up there?
Come over here and look at what I found!
Ordem: The baby is hiding down there under the table.
firstly (primeiramente); secondly (em segundo lugar); I wonder how my driver's license got stuck under here.
thirdly (em terceiro lugar). Tempo: already (já); always
(sempre); early (cedo); formerly (outrora); hereafter Se liga na dica!
(doravante); immediately (imediatamente); late (tarde); Here e there são inseridos no começo da frase nas
lately (ultimamente); never (nunca); now (agora); orações exclamativas ou quando for necessário
presently (dentro em pouco); shortly (em breve); soon enfatizar algo. Eles são seguidos por um verbo, caso o
(brevemente); still (ainda); then (então); today (hoje); sujeito seja um substantivo, ou por um pronome, caso
tomorrow (amanhã); when (quando); yesterday o sujeito também seja um pronome.
(ontem).  EXEMPLOS: Here comes the bus!
There goes the bell!
Vamos fazer alguns exercícios para reforçar: There it is!
Here they are!
1- Fill in the blank with interrogative adverbs:
a) ____________________________________ is you ADVÉRBIOS DE LUGAR QUE TAMBÉM SÃO
name? PREPOSIÇÕES:
b) ____________________________________ do you Muitos advérbios de lugar podem ser utilizados como
live? preposições. Nesse tipo de uso, eles devem ser
c) _____________________________________ old is seguidos por um substantivo. Palavra Usada como
baby? advérbio de lugar, modificando um verbo usada como
d) ____________________________________ were preposição around. Exemplo: The marble rolled
you born? around in my hand.
I am wearing a necklace around my neck. behind
Hurry!
Answers
What / Where / When / Where

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INGLÊS

ADVÉRBIOS DE LUGAR TERMINADOS EM - The cat is hiding underneath the couch.


WHERE Will you be starting your plants ________________
Os advérbios de lugar que terminam em -where or in a greenhouse?
expressam a ideia de lugar sem especificar um local ou a) Round
direção. b) Home
EXEMPLOS: I would like to go somewhere warm for c) Outside
my vacation. d) Around
Is there anywhere I can find a perfect plate of
Answer: C.
spaghetti around here?
I have nowhere to go.
Will you be starting your plants outside or in a
I keep running in to Sally everywhere! greenhouse?
The ship sailed ________________, encountering
ADVÉRBIOS DE LUGAR TERMINADOS EM - heavy weather along the way.
WARDS a) Up
Os advérbios de lugar que terminam em -wards b) Down
expressam movimento em uma direção específica. c) Northwards
EXEMPLOS: Cats don't usually walk backwards. d) Backwards
The ship sailed westwards.
Answer: C.
The balloon drifted upwards.
We will keep walking homewards until we arrive. The ship sailed northwards, encountering heavy
weather along the way.
Atenção: Towards é uma preposição, e não um When she saw me waiting, she ran
advérbio, motivo pelo qual deve sempre ser seguido __________________ me.
por um substantivo ou pronome. a) Around
 EXEMPLOS: b) Towards
He walked towards the car. c) Through
She ran towards me. d) Forward

ADVÉRBIOS DE LUGAR QUE EXPRESSAM Answer: B.


MOVIMENTO E LOCALIZAÇÃO
Alguns advérbios de lugar indicam movimento e When she saw me waiting, she ran towards me.
localização simultaneamente.
EXEMPLOS: The child went indoors. ADVÉRBIOS DE GRAU
He lived and worked abroad. Water always flows Os advérbios de grau indicam a intensidade ou grau de
downhill. uma ação, de um adjetivo ou de outro advérbio. Eles
The wind pushed us sideways. são normalmente inseridos antes do adjetivo, advérbio
ou verbo modificado, embora haja algumas exceções
Vamos para o exercício de fixação! detalhadas abaixo.
Advérbio de grau extremely modifica a palavra cold
The following exercises will help you to gain gera uma intensidade no “frio”.
better understanding about how adverbs of place The water was extremely cold.
work. Choose the best answer to complete each
sentence: USO DE "ENOUGH" Enough pode ser utilizado
Close the door when you go ___________. tanto como advérbio quanto como determinante.
a) Out ENOUGH COMO ADVÉRBIO Enough como
b) Westward advérbio significa "no grau necessário". Ele deve ser
c) Lightly inserido depois do adjetivo ou do advérbio que estiver
d) Here modificando, e não antes, como ocorre com outros
advérbios. E pode ser utilizado nas orações afirmativas
Answer: A e negativas.
 EXEMPLOS: Is your coffee hot enough?
Close the door when you go out. This box isn't big enough.
The cat is hiding _______________ the couch. He didn't work hard enough.
a) On I got here early enough.
b) Underneath Enough é geralmente seguido por "to" + infinitivo.
c) Somewhere
d) There  EXEMPLOS: He didn't work hard enough to pass the
exam.
Answer: B. Is your coffee hot enough to drink?
She's not old enough to get married.
I got here early enough to sign up.
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INGLÊS

Enough também pode ser seguido por "for + alguém" utilizar um adjetivo ou advérbio de significado
ou "for + algo". contrário ou empregar "not very" junto ao adjetivo ou
 EXEMPLOS: The dress was big enough for me. advérbio original. Os significados das frases não serão
She's not experienced enough for this job. idênticos. Geralmente, a frase com "not very" é menos
Is the coffee hot enough for you? direta e, por isso, mais delicada que as demais.
He didn't work hard enough for a promotion.  EXEMPLOS: Frase original Significado oposto com
"not" Significado oposto com "not very" Significado
ENOUGH COMO DETERMINANTE oposto com antônimo The girl was beautiful.
Enough como determinante significa "suficiente". Ele The girl was not beautiful.
deve ser inserido antes do substantivo que está The girl was not very beautiful.
modificando. Utiliza-se com substantivos contáveis no
plural e com substantivos incontáveis. SIGNIFICADOS DIFERENTES ENTRE "VERY" E
"TOO" Existe uma grande diferença de significados
 EXEMPLOS: We have enough bread. entre os termos "too" e "very". "Very" expressa um
You have enough children. fato, enquanto "too" sugere que há um problema.
They don't have enough food.
I don't have enough apples.  EXEMPLOS: He speaks very quickly.
He speaks too quickly for me to understand.
USO DE "TOO" "Too" é sempre um advérbio, mas It is very hot outside.
possui dois significados distintos, cada um com seu It is too hot outside to go for a walk.
próprio padrão de uso. "TOO" COM ADVÉRBIOS DE TEMPO
SIGNIFICADO DE "TAMBÉM" Too como São aqueles que nos indicam quando algo aconteceu,
advérbio com significado de "também" deve ser acontece, acontecerá etc.
inserido no final da frase a qual modifica. Exemplos: soon (logo, brevemente, prontamente) first
(primeiramente, antes de tudo) tonight (hoje à noite)
 EXEMPLOS: I would like to go swimming too, if you late (tarde) early (cedo) eventually (no final das contas,
will let me come. finalmente) forever (para sempre) immediately
Can I go to the zoo too? (imediatemente) then (então, naquele tempo) lately
Is this gift for me too? (ultimamente, recentemente) tomorrow (amanhã)
I'm not going to clean your room too! yesterday (ontem) suddenly (de repente) today (hoje)
finally (finalmente) now (agora) afterwards (mais tarde,
"TOO" COM SIGNIFICADO DE em seguida) in September (em setembro) last month
"EXCESSIVAMENTE" Too como advérbio com (mês passado) finally (finalmente) before (antes) after
significado de "excessivamente" deve ser inserido (depois) already (já) still (ainda) yet (já, ainda não) just
antes do adjetivo ou advérbio modificado. Ele pode (recentemente, há pouco = adv. tempo / somente,
ser utilizado em orações afirmativas e negativas. exatamente = adv. modo) next
week/month/year/century (na próxina semana, no
próximo mês/ano/século) .
 EXEMPLOS: This coffee is too hot.
He works too hard. Isn't she too young?
I am not too short! Se o tempo for definido (today, yesterday, tonight,
Too é geralmente seguido por "to" + infinitivo. tomorrow) ou se estiver se tratando de dias da semana,
meses, etc. o advérbio normalmente vai para o final da
 EXEMPLOS: The coffee was too hot to drink. oração, podendo também, algumas vezes, ser colocado
You're too young to have grandchildren! no começo. Sendo posicionados no início da oração
I am not too tired to go out tonight. (front position), os advérbios não serão o foco
Don't you work too hard to have any free time? principal da mensagem:
Too também pode ser seguido por "for + alguém" ou  EXEMPLOS: I spoke to him last night. (Falei com ele
"for + algo". ontem à noite.)
 EXEMPLOS: The coffee was too hot for me. The goods will arrive on Monday. (As mercadorias
The dress was too small for her. irão chegar na segunda-feira.)
He's not too old for this job. Tomorrow I will talk to him. (Amanhã eu falarei com
Sally's not too slow for our team. ele.)
In February we usually go to the beach (In February).
[Em fevereiro nós normalmente vamos para a praia
USO DE "VERY" Very deve ser posicionado antes de
(em fevereiro).
um advérbio ou adjetivo, para reforçá-los.
Os demais advérbios de tempo, contudo, podem
EXEMPLOS: The girl was very beautiful.
aparecer em posições variáveis: - Now é normalmente
The house is very expensive. colocado depois do verbo to be, podendo ser posto
He worked very quickly. antes para enfatizar. Nos demais casos, fica como no
She runs very fast. Português:
 EXEMPLOS: They are now living in Japan. (Eles
Pay attention! agora estão morando no Japão.)
Se quisermos expressar a forma negativa de um Now, they are living in Japan. (Agora, eles estão
adjetivo ou advérbio, podemos incluir "not" ao verbo, morando no Japão.)
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INGLÊS

I wanna leave now! (Quero ir embora agora!) EXEMPLOS:


Now I understand! (Agora eu entendo!) She has already brought the check./She has brought
- Just, usado em orações afirmativas, é colocado antes the check already. (Ela já trouxe o cheque.)
do verbo principal ou entre o verbo auxiliar e o The books are already in the library. (Os livros já estão
principal no Present Perfect: na biblioteca.)
 EXEMPLOS: We just finished the report. (Nós há They have already found the books. (Eles já
pouco terminamos o relatório.) encontraram os livros.)
The bus has just arrived. (O ônibus acabou de Already pode também ser usado em orações
chegar/O ônibus chegou há pouco.) interrogativas, quando expressa surpresa por parte do
We have just moved into the new apartment. interlocutor (a) ou quando espera-se obter uma
(Acabamos de nos mudar para o novo apartamento.) resposta afirmativa (b): (a) Have you read this book
- Soon normalmente vai para o final da oração, already? It has just been published! (Vocês já leram
podendo, porém, ser colocado antes do verbo ou este livro? Ele acaba de ser publicado!) (b) Has he left
entre o auxiliar e o principal: already? Thanks God. (Ele já foi embora? Graças a
 EXEMPLOS: They are going to arrive soon. (Eles vão Deus!)
chegar logo.)
The children soon opened their presents. (As crianças - O advérbio EVER significa já no sentido de algum
prontamente abriram os seus presentes.) The doctor dia, alguma vez, sendo empregado em orações
will soon be here. (O médico logo estará aqui) interrogativas, tanto diretas (estará depois do sujeito)
- Afterwards (later) e lately normalmente vão para o quanto indiretas (estará intercalado entre o auxiliar e o
final da oração, podendo também ser colocados no paticípio):
início:  EXEMPLOS:
 EXEMPLOS: Henry has been very busy lately. (Henry Have you ever traveled abroad? [Você (alguma vez) já
tem estado muito ocupado ultimamente.) viajou para o exterior?]
Lately it has rained a lot. (Ultimamente, tem chovido Philip asked me if I had ever seen a rugby game. [O
bastante.) I'll speak to you afterwards (later). (Falo Philip me perguntou se eu (alguma vez) já assisti a uma
com você mais tarde.) partida de rúgbi.]
Afterwards (later) he said he was sorry. (Mais tarde, ele Advérbios de frequência é um dos assuntos que
se desculpou.) geralmente caem nas provas de inglês:
O advérbio STILL significa ainda ou ainda não (still Exemplos de advérbios de frequência indefinida:
not). Dá a ideia de que a ação é contínua, inacabada. always = sempre nearly always, almost always = quase
Pode ocorrer tanto em orações afirmativas como sempre usually, normally = normalmente generally =
também em negativas e interrogativas. Quando geralmente regularly = regularmente often, frequently
aparece em orações afirmativas, o still é colocado após = muitas vezes, frequentemente sometimes,
o verbo auxiliar ou entre o sujeito e o verbo (com os occasionally = às vezes, ocasionalmente rarely, seldom
demais verbos), isto é, assume a mid position: = raramente almost never, hardly ever = quase nunca
 EXEMPLOS: never = nunca from time to time = de vez em quando
Take your umbrella. It'still raining. (Pegue seu guarda- again and again = repetidas vezes now and again, now
chuva. Ainda está chovendo.) and then = de quando em quando at times = por
He may still see the errors of his deeds. (Ele ainda verá vezes Posição dos advérbios de frequência definida:
os erros de seus atos.) No fim da frase (normalmente).
She is still asleep. Em orações negativas: I still haven't
done the dishes.
 EXEMPLOS:
And I still had not made up my mind about doing it or
John plays tennis every day. O João joga tênis todos os
not. (Eu ainda não lavei a louça. E eu ainda não me
dias.
decidi quanto a lavá-la ou não.)
February has 29 days every four years. O mês de
Em interrogativas: Is it still raining? (Ainda está
Fevereiro tem 29 dias de quatro em quatro anos.
chovendo?)
I visit my dentist twice a year. Vou ao dentista duas
Os advérbios YET, ALREADY e EVER significam já.
vezes por ano.
Mas quais as diferenças entre os três? - O advérbio
YET significa ainda (ainda não) em orações negativas, - Posição dos advérbios de frequência indefinida: No
e tem o sentido de já em orações interrogativas no início ou no fim da frase para ênfase (ex. usually,
present perfect. Sua colocação é, necessariamente, no normally, generally, regularly, often, frequently,
final da oração (end position) e indica expectativa ou sometimes, occasionally).
busca de informação:
 EXEMPLOS: Occasionally, you hear noises in the
 EXEMPLOS:
basement. Ocasionalmente, ouve-se barulho no porão.
Is Sally here? Not yet. (Sally já está aqui? Ainda não.)
Sometimes he is naughty. Às vezes ele é mal
The postman hasn't come yet. (O carteiro ainda não
comportado.
veio.)
Generally, he is a nice person. Geralmente, ele é uma
Is supper ready yet? (O jantar já está pronto?)
boa pessoa.
- O advérbio ALREADY é empregado em orações
She is naughty sometimes. Ela é mal comportada às
afirmativas, em qualquer tempo verbal. É colocado
vezes.
após o verbo auxiliar (intercalado entre o particípio),
They don't come here often. Eles não vêm cá muitas
após o to be, ou após o objeto:
vezes.
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INGLÊS

Do you see her often? Costumas vê-la muitas vezes? Vamos praticar!
She visits her mother on Sundays usually. Ele visita a
mãe nos domingos normalmente. Complete these sixteen sentences to score your
No início da frase para ênfase (ex. always, never + knowledge of ADVERBS OF FREQUENCY.
imperativo).
Always brush your teeth. Escove sempre os dentes. 1- I seldom visit my relatives, so I
Always lock the door when you leave. Tranque sempre _____________________________ see my uncle
a porta quando sair. John.
Never say never. Nunca digas nunca. a) usually
b) almost never
Dica importante! c) almost always

Never forget what I said. Nunca esqueças o que eu te 2- I’m never late for our English class.I’m
disse. No meio da frase antes do verbo se este tiver a ___________________________ on time.
forma de uma única palavra. a) often
 EXEMPLOS: b) usually
I always get up early. Eu sempre levanto-me cedo. c) Always
I usually watch television. Eu normalmente vejo
televisão. 3- James goes to the beach only oncea year. He
I rarely drink wine. Eu raramente bebo vinho. ___________________ goes to the beach.
I hardly ever study. Eu quase nunca estudo. a) almost never
I never said that. Eu nunca disse isso. b) never
c) sometimes
Se liga na dica!
No meio da frase após o verbo BE. 4- My sister often
 EXEMPLOS: He is always late. Ele chega sempre _______________________________ a book in
tarde. theevenings.
He is usually lazy. Ele é normalmente preguiçoso. a) reads
They are never on time. Eles nunca chegam na hora. b) read
The weather is sometimes unpredictable. O tempo é c) is reading
às vezes imprevisível.
No meio da frase a seguir ao primeiro verbo auxiliar. 5. I _____________________ eat junk food because
 EXEMPLOS: I knowit’s not very healthy.
He is always complaining. Ele está sempre a queixar- a) always
se. b) sometimes
I have often seen her. Eu a tenho visto muitas vezes. c) seldom
I would never have invited him. Eu nunca o teria
convidado. 6. ____________________________________ we go
Your request will never be granted. O seu pedido to the gym to exercise,maybe two or three days a
nunca será aceito. week.
a) Rarely
SE LIGA NA EXCEÇÃO: b) Sometimes
Exceto os verbos auxiliares used to, have to e ought c) Always
to, que vêm somente depois do advérbio:
 EXEMPLOS: 7. I ________________________________ watch
He never used to say that. Ele nunca costumava dizer cartoons because I hatethem. News shows are
isso. much better.
I always have to remind him. Eu tenho sempre de lhe a) almost always
lembrar. b) sometimes
You always ought to respect your elders. Deves c) never
sempre respeitar as pessoas mais velhas. No meio da
frase após o sujeito nas interrogativas. 8. They always __________________________ to
Do you always come here? Vens sempre aqui? bed early becausethey always get up early.
Does she usually study? Ela estuda normalmente? a) go
Does he ever cook? Ele alguma vez cozinha? b) will go
Emprega-se ever em vez de never nas interrogativas. c) goes
Antes do verbo auxiliar nas respostas curtas.
She always works hard. But she never does! Ela 9. I went to a restaurant last week,
sempre trabalha muito. Mas ela nunca trabalha. butI____________________________ eat at
You rarely go to the cinema. home.
But I often do! Tu raramente vais ao cinema. Mas eu a) usually
vou muitas vezes. b) seldom
He never studies. No, he never does. Ele nunca c) always
estuda. Não, ele nunca. Fonte:

nuceconcursos.com.br 27
INGLÊS

10. She doesn’t ___________________________ finish Wellcome, student. Você chegou em uma área bônus
work earlybecause she is often busy. do material, para entender melhor essa área pay
a) never attetion! Todos os assuntos são importantes mas os
b) usually assuntos que tiverem o símbolo da bolinha preta antes
c) always ou destacados de alguma forma são assuntos que
geralmente são usados como questões em concursos
11. It ____________________ snows where I live, so I militares por isso estão destacados, nesses exercícios
nevermake a snowman. basicamente não tem teoria, são exercícios práticos e
a) sometimes comentados para te auxiliar na realização do seu
b) never sonho. Bons estudos!
c) always
Praticando - verbos modais
12. We visit our grandparents threeor four times
1- “Excuse me, sir. __________ you tell me the
________________________________.
time?” – “Sure, it’s 5:20.”
a) the month
a) Must
b) month
b) Do
c) a month
c) Can
d) Have
13. He almost never sees a doctorbecause he is
e) Shall
_______________________________ sick.
a) almost always
2- Qual a melhor tradução para a pergunta abaixo:
b) usually
“Can you tell me how to get there?”
c) seldom
– Of course I can.
a) Você pode me dizer como se consegue isso lá?
14. Do you __________________________ travel to
b) Quem pode me contar como se faz isso?
other countrieson your summer holiday?
c) Você pode me ensinar o caminho?
a) ever
d) Como se pode ir de lá para cá?
b) never
e) Você consegue atravessar para o outro lado?
c) how often
3- Escreva a frase abaixo na forma negativa e
15. I ___________________________________ study
interrogativa:
very hard, so I usually gethigh grades in school.
Doctors could treat infections properly.
a) always
b) rarely
4- Escreva a frase abaixo na forma negativa e
c) almost never
interrogativa:
You can smoke here.
16. He’s never angry. He________________________
has a smileon his face.
5- Escreva a frase abaixo na forma negativa e
a) never
interrogativa:
b) Always
I should wait for you here.
c) seldom
6- Escreva a frase abaixo na forma negativa e
interrogativa:
He can speak chinese.

7- Qual é a alternativa que completa corretamente a


frase:
“______________ you play the keyboard?
To
Can
Does

8- Selecione a alternativa cuja frase não apresente


um verbo modal.
a) You mustn't take medicine.
b) She had gone to Brazil.
c) May I ask you a question?
d) We must obey the law.
e) You shouldn’t drink much.
15 – 16 = Excellent13 – 14 = Good 12 or Less =
Study More! 9- Complete a frase:
Answers: 1. B 2. C 3. A 4. A 5. C 6. B 7. C 8. A 9. A “I’m sure she isn’t here. She ______ be at home” com
10. B 11. B 12. C 13. C 14. A 15. A 16. B o verbo modal mais adequado.

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INGLÊS

Gabarito 8) I’m going. ______ you come with me?


1–C
Escolha a melhor alternativa para cada uma das
2–C perguntas abaixo:
3- Negative Form: Doctors could not treat infections
properly. 9) Como você falaria com o seu amigo para pedir
Interrogative Form: Could doctors treat infections uma ajuda com o dever de casa?
properly? a) Could you help me with my homework?
b) Can you help me with my homework?
4 – Negative form: You can’t smoke here. c) Should you help me with my homework?
Interrogative form: Can you smoke here? d) Would you help me with my homework?
5 – Negative form: I shoud not wait for you here.
Interrogative form: Should I wait for you here? 10) Imagine que você está em sala de aula e precisa
pedir para ir ao banheiro. Qual a melhor opção?
6 – Negative form: He can’t speak chinese.
a) Can I go to the toilet, please?
Interrogative form: Can he speak chinese? b) Could I go to the toilet, please?
7–B c) May I go to the toilet, please?
8–B d) Would I go to the toilet, please?
9–C
11) Complete o texto abaixo com os modal verbs que
melhor se encaixarem:
Fera se liga na dica! Tenha em mãos um dicionário
Yesterday I was walking in the streets and the day was
online ou físico para te auxiliar na compreensão das
really hot, so I decided to stop at a restaurant and
palavras e fazer você adquirir novos vocabulários.
drink a soda. When I was almost asking it I decided
that I _______ take care of my health. I _____ drink
Escolha a alternativa que preenche corretamente cada
this but it _______ be so unhealthy… Then I tried to
uma das frases abaixo:
control myself and I said: “_______ I get an orange
juice, please?” The guy answered me: “Ok. ______ I
1) I did everything that I ______, but we lost the put ice and sugar?” Then I started to think like: “I like
match.
sugar, but it _______ be so unhealthy!” So I said:
a) can
“No, thanks.” A few minutes later I got my orange
b) can’t
juice. That sensation made me a winner! I said to
c) may myself: “Congrats, you _____ do it!” That story
d) could
_______ be amazing if I hadn’t taken the soda. But
ok, tomorrow _______ be different!
2) You ______ take this job. It’s perfect for you!
a) should Respostas comentadas!
b) can’t
c) can
d) shouldn’t 1) A resposta correta é a letra d. Na frase em questão,
could funciona como o passado do verbo can, ficando
3) I wish I ______ buy this new car, but it’s only a da seguinte maneira: I did everything that I could, but
distant dream. we lost the match. – Eu fiz tudo que pude, mas nós
a) might perdemos a partida.
b) shall 2) A melhor alternativa é a letra a, pois a frase deseja
c) can passar um sentido de aconselhamento. Veja: You
d) could should take this job. It’s perfect for you! – Você
deveria aceitar esse trabalho. Ele é perfeito para você!
4) If I had your number, I _____ call you tomorrow. 3) Acertou quem escolheu a letra d! No exemplo em
a) can questão, could possui o sentido de pudesse ou poderia,
b) should e funciona para expressar um desejo, como você pode
c) would perceber: I wish I could buy this new car, but it’s only
d) can’t a distant dream. – Eu queria que eu pudesse comprar
esse carro novo, mas é apenas um sonho distante.
5) The show _______ go on. 4) A resposta correta é a letra c. A frase traz um uso do
a) can would como expressão condicional, algo próximo de
b) shouldn’t iria, faria, e outras variações com o mesmo sentido.
c) could Veja: If I had your number, I would call you
d) must tomorrow. – Se eu tivesse seu número, eu te ligaria
amanhã.
Escolha entre as palavras will e would e complete
5) Essa frase é bem famosa no mundo das artes! Quem
cada uma das frases abaixo:
sabe do que estamos falando viu que a resposta certa é
6) I think she _________ leave Brazil one day.
a letra d, já que a palavra must tem o sentido de deve e
7) If I could, I ______ help you, but unfortunately I have
completa bem a frase, como você pode ver: The show
a lot of things to do.
must go on! – O show deve continuar!
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INGLÊS

6) Nessa frase estamos falando de algo que ainda pode B) Yes, I _______________ see them from here.
acontecer no futuro. Por isso, a melhor maneira é a C) He has just bought a big new car, he ____________
seguinte: I think she will leave Brazil one day. - Acho certainly be earning a lot of money.
que ela vai deixar o Brasil um dia. D) They say this herb ___________________ cure
7) Nesse exemplo estamos tratando de algo que poderia several diseases.
acontecer, mas não vai. Então devemos utilizar would. E) Now, after your clear explanation, I ____________
Veja: If I could, I would help you, but unfortunately I understand your point.
have a lot of things to do. - Se eu pudesse, eu te
ajudaria, mas infelizmente eu tenho muita coisa para 03. (Cesgranrio) Which is the idea expressed by may
fazer! in “Caffeine may be regarded as a mildly
addictive drug”?
8) Essa resposta é boa para você entender que tudo A) Ability
depende do contexto. Se desejamos fazer um convite D) Necessity
para chamar a pessoa para ir junto, usamos o would. B) Advice
Agora se a intenção é saber se o indivíduo vai E) Possibility
conosco, pode-se empregar will. Veja: I’m going. C) Obligation
Would you come with me? – Eu estou indo. Você
viria comigo? I’m going. Will you come with me? – Eu 04. (PUC-Campinas-SP) You ought ___________ a
estou indo. Você vai comigo? holiday.
9) Essa pergunta poderia ter mais de uma resposta: as A) take
letras a, b e d. Porém, vamos entender o contexto, que B) took
é uma conversa informal, pois é com um amigo. C) taking
Apesar de as 3 formas poderem ser utilizadas para D) to take
fazer pedidos ou solicitações, can é mais informal. E) taken
Could é um pouco mais educado e would é a mais
formal das três opções. 10) As letras b e c estão 05. Verbos Modais da Língua Inglesa: (PUC-
corretas! Essa questão é bem parecida com a anterior, Campinas-SP) Mother to child:
mas algo muito importante se altera aqui: o contexto! “You _______ tell lies.”
Nesse exemplo o interlocutor está em um ambiente
formal, logo ele precisa usar alguns mais educados A) mustn’t
para pedir permissão, caso de may e could, por B) may not
exemplo. C) had better
11) A melhor maneira de completar o texto é a seguinte: D) haven’t
Yesterday I was walking in the streets and the day was E) don’t need
really hot, so I decided to stop at a restaurant and
drink a soda. When I was almost asking it, I decided 06. Verbos Modais da Língua Inglesa: (ESPM-SP)
that I should take care of my health. I could drink it, Alfredo’s score on the test is the highest in the
but it would be so unhealthy… Then I tried to class; he _______________________.
control myself and said: “Could I get an orange juice, A) should study last night.
please?” The guy answered me: “Ok. May I put ice B) should have studied last night.
and sugar?” Then I started to think like: “I like sugar, C) must have studied last night.
but it would be so unhealthy!” So I said: “No, D) needn’t have studied last night.
thanks.” A few minutes later, I got my orange juice. E) used to study at nights.
That sensation made me a winner! I said to myself:
“Congrats, you can do it!” That story would be 07. (PUCPR) My vacation is over. I ________ get
amazing if I hadn’t taken the soda. But that’s ok, back to work immediately, otherwise I’ll lose my
tomorrow it will be different! job.
A) may
Existe uma expressão na língua inglesa chamada: B) should
“step by step” que significa “passo a passo”. C) can’t
Fazer exercícios leva a perfeição, fazer exercícios D) might
faz com que você esteja preparado para todos os E) must
tipos de questões que podem cair no concurso,
então toma mais questões aí. 08 (Milton Campos-MG) Guerrilla groups in
Colombia mustn’t stimulate ecological
01. Identify one of the following ideas in the destruction. In this sentence, the underlined word
sentence: It should be very strict. entails an idea of:
A) Capacity D) Permission B) Advice E) Conclusion C) A) advice.
Prohibition B) ability.
C) prohibition.
02. (Cesgranrio) In one of the following sentences we D) permission.
cannot use the verb can because of the meaning. E) absence of necessity.
Mark it.
A) Those boys __________________ swim well.

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INGLÊS

09. (PUC Minas) He ______ speak Italian when he EXERCÍCIOS – QUANTIICADORES


was ten years old.
A) may 1- Which of the underlined expression is used
B) might correctly?
C) can a) Much Brazilian children go to Disney World
D) could b) People spend many time visiting one another
E) should c) Many people travel during their vacations
d) Many money is spent during holidays
10. Verbos Modais da Língua Inglesa: (CESCEA-SP) e) Much special fruit and vegetables are prepared during
I’d rather stay at home, because it _________ rain thanksgiving
today.
A) needs not 2- Complete the sentences using the right
B) have to alternative:
C) may a) “She drinks _______ coffee”
D) mustn’t b) “How ______ cups of coffee do you drink every
E) must to day?”
c) “He says there was ______ milk in the pot. It was
almost empty”
d) “There are ________ bottles on that shelf” e) “How
_______ money do you have?”

a) little – many – little – few – many


b) many – much – little – few – many
c) much – few – little – few – many
d) much – many – little – few – much

3- Mark the alternative that complete correctly the


sentences:
“How________ potatoes do you need?”
“Do you need________ milk?
“How ________ cartoons of orange juice do you
want?”

a) how much – some – how many


b) many – any – how many
c) how many – any – how many
d) how much – any – how much
e) how much – some – how much

4- Mark the alternative that complete correctly the


sentences:
There are ________ dogs and cats for adoption if you
want one.
I have _______ books. Do you want _______ water?
I have so _________ love to give.

a) many/many/ much/much
b) many/ much/many/ many
c) much/ many/ many/ much
d) many/ many/many/ much
e) much/ many/many/ much

5- Mark the incorrect option.


a) I need to buy many potatoes.
b) Don' t waste so much money with me.
c) They need many wine to the party.
d) I'll give you so much love.
e) Tell them I want many oranges.

Gabarito
1. B 2. C 3. E 4. D 5. A
6. C 7. E 8. C 9. D 10. C

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INGLÊS

Se você ainda tem dúvidas sobre esse assunto tem


mais um exercício bônus.

01. He spent ______ money on clothes.


a) a lot
b) many
c) a little
d) a few
e) few

02. It is ______ better to say nothing.


a) very
b) many
c) a lot of
d) much
e) lots of

03. Ask the baker to bring ________ bread since we


are not hungry.
a) more
b) fewer
c) least
d) many
e) less

04. (ITA) If you had studied harder you would have


had _______ difficulty.
a) many
b) very
c) more
d) fewer
e) less

05. (UNESP) ________ has been written about this


subject.
a) Much
b) Many
c) Lost of
Gabarito comentado d) Fewer
Questão 1: e) Few
Letra C – Many people travel during their vacations
06. I bought _____ flowers and ____ milk than
Usamos "much" com substantivos incontáveis, como
yesterday.
"money", "time", "water", "music" etc., e "many" com
a) fewer / fewer
substantivos contáveis, como "Brazilian children",
b) fewer / less
"key", "cat", "house" etc.
c) less / less
Questão 2: d) more / fewer
Letra D – much – many – little – few – much. e) less / more
Utilizamos "much" e "little" com substantivos
incontáveis e "many" e "few" com substantivos 07. Assinale F (falso) ou V (verdadeiro):
contáveis. a) "coffe" – incontável b) "cups of coffee" – a) ( ) Many more things.
contável c) "milk" – incontável d) "money" – b) ( ) Much more intelligent.
incontável e) “bottles” - contável c) ( ) Fewer things to say.
Questão 3: Letra B - how many – any – how many. d) ( ) Less air to breathe.
"potatoe" – contável "milk" – incontável "caroons" –
contável 08. (UNBA) ______ stories were told to the children.
Questão 4: Letra A – many/many/ much/much. A a) Less
mesma justificativa para as questões anteriores: “dogs” b) Few
- contável “books” - contável “water” - incontável c) Much
“love” - incontável d) A lot
e) Lots
Questão 5: Letra C - They need many wine to the
party. “Wine” (vinho) é substantivo incontável. O 09. She didn’t want to drink ______ water because
certo seria “much wine”. she wasn’t _____ thirsty.

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INGLÊS

a) much / very EXERCÍCIOS – IMPERATIVO


b) many / much
c) fewer / less 1- Before my grandfather died, he said to me: “Don’t
d) less / more waste your time! Travel around the world! Have a
e) few / very beautiful house! Be with a person you love! Go to
the beach! Have a lot of friends!”

The imperative form of the verbs underlined in


the extract expresses:
A) Habits
B) Requests
C) Some advice

2- Complete as frases utilizando os verbos


(go, run, eat, drink, sit, open, help, close)

A) _________________! The bus is here


B) _________________! your orange juice!
C) _________________! your banana!
D) _________________! your grandma, please
E) _________________! the window! it's cold!
F) _________________! to school! it's o clock!
G) _________________! the box it's for you!
H) _________________! on that chair, please

3- Relacione na ordem correta.


a) Don't close ( ) that juice! It's Paul's
b) Don't drink ( ) that box! It's for Monica.
c) Don't sit ( ) your shoes. They're dirty!
d) Don't open ( ) the window. It's hot!
e) Don't eat ( ) on the floor! There's a chair
next to the table.
f) Don't touch ( ) that sandwich. It's Monica's!

4- Use os verbos dos parênteses para transformar as


sentenças em imperativo AFIRMATIVO.
1- _____________ outside (wait)
2- _____________ those books to your cousin (lend)
3- _____________ a car for your son today is his
birhday (buy)
4- _____________ me this knife boy (give)
5- _____________ the door of your car, this is LA
police (open)
6- _____________ the door Peter (close)
7- _____________ him now! (call)
8- I tell you every day: _____________ of the light (turn)
9- I am Lieutenant Walmir _____________ your
weapon now! (drop)
10- _____________ your keys in ignition (leave) and
________ (sit) on the other side of the car.
11- _____________ outside (wait)
12- _____________ outside (wait)
13- _____________ those books to your cousin (lend)
14- _____________ a car for your son today is his
birhday (buy)
15- _____________ me this knife boy (give)
16- _____________ the door of your car, this is LA
police (open)
17- _____________ the door Peter (close)
18- _____________ him now! (call)
Gabarito 19- I tell you every day: _____________ off the light
1. C 2. D 3. A 4. E 5. A (turn)
6. B 7. VVVV 8. B 9. A 20- I am Lieutenant Walmir _____________ your
weapon now! (drop)

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INGLÊS

21- _____________ your keys in ignition (leave) and 6- _Close____ the door Peter (close)
________ (sit) on the other side of the car. 7- _Call_ him now! (call)
22- _____________ outside (wait) C)
8- I tell you every day: _turn_ of the light (turn)
Use os verbos dos parênteses para transformar as 9- I am Lieutenant Walmir ___drop__ your weapon
sentenças em imperativo NEGATIVO [Don’t]. now! (drop)
23- _____________ outside (wait) 9- __Leave__ your keys in ignition (leave) and __sit__
24- _____________ those books to your cousin (lend) (sit) on the other side of the car.
25- _____________ a car for your son today is his 10- __Wait__ outside (wait)
birhday (buy)
11 __Please_wait_ outside (wait)
26- _____________ me this knife boy (give)
27- _____________ the door of your car, this is LA 12- __Please_lend_ those books to your cousin (lend)
police (open) 13- __Please_buy_ a car for your son today is his birhday
28- _____________ the door Peter (close) (buy)
29- _____________ him now! (call) 14- __Please_give_ me this knife boy (give)
30- I tell you every day: _____________ 15- __Please_open_ the door of your car, this is LA
off the light (turn) police (open)
31- I am Lieutenant Walmir _____________ your
weapon now! (drop) 16- __Please_close_ the door Peter (close)
32-- _____________ your keys in ignition (leave) and 17- __Please_call_ him now! (call)
________ (sit) on the other side of the car. 18- I tell you every day: __please turn__ of the light (turn)
33- _____________ outside (wait) 19- I am Lieutenant Walmir _please drop__ your weapon
now! (drop).
Adicione “please don’t” nas sentenças abaixo de
20- _Please leave_ your keys in ignition (leave) and
modo torná-las negativas porém mais polidas,
__please sit_ (sit) on the other side of the car.
educadas.
34- _____________ outside (wait) 21- __Please wait__ outside (wait)
35- _____________ those books to your cousin (lend) 22- __Do not ou don't_wait_ outside (wait)
36- _____________ a car for your son today is his 23- __Do not ou don't_lend_ those books to your cousin
birhday (buy) (lend)
37- _____________ me this knife boy (give) 24- __Do not ou don't_buy_ a car for your son today is
38- _____________ the door of your car, this is LA his birhday (buy)
police (open)
39- _____________ the door Peter (close) 25- __Do not ou don't_give_ me this knife boy (give)
40- _____________ him now! (call) 26- __Do not ou don't_open_ the door of your car, this is
41- I tell you every day: _____________ off the light LA police (open)
(turn) 27- __Do not ou don't_close_ the door Peter (close)
42-I am Lieutenant Walmir _____________ your weapon 28- __Do not ou don't__ him now! (call) 30- I tell you
now! (drop) every day: __do not ou don't_turn_ of the light (turn)
43- _____________ your keys in ignition (leave) and
29- I am Lieutenant Walmir __do not ou don't_drop_
________ (sit) on the other side of the car.
your weapon now! (drop)
44- _____________ outside (wait)
30- __Do not ou don't_leave_ your keys in ignition (leave)
and __do not ou don't_sit_ (sit) on the other side of
Gabarito
the car.
1- C
31- __Do not ou don't_wait_ outside (wait).
2- A)Run b)Drink c)Eat d)Help e)Close f)Go g)Open
32- Please don't wait outside (wait)
h)Sit
33- Please don't lend those books to your cousin (lend)
3 - a) Don't close ( b ) that juice! It's Paul's
34- Please don't buy a car for your son today is his birhday
b) Don't drink ( d ) that box! It's for Monica.
(buy)
c) Don't sit ( f ) your shoes. They're dirty!
35- Please don't give_ me this knife boy (give)
d) Don't open ( a ) the window. It's hot!
36- Please don't open_ the door of your car, this is LA
e) Don't eat ( c ) on the floor! There's a chair next to police (open)
the table.
37- _ Please don't close the door Peter (close)
f) Don't touch ( e ) that sandwich. It's Monica's!
38- _ Please don't call_ him now! (call)
4-
39- I tell you every day: please don't turn off the light
1- _Weit_outside (wait) (turn)
2 _Lend_ those books to your cousin (lend) 40- I am Lieutenant Walmir please don't drop your
3- __Buy__ a car for your son today is his birhday (buy) weapon now! (drop)
4- _Give__ me this knife boy (give) 41- Please don't leave your keys in ignition (leave) and
5- _Open___ the door of your car, this is LA police please don't sit (sit) on the other side of the car.
(open) 42- Please don't wait_ outside (wait)

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INGLÊS

EXERCÍCIOS DO SIMPLE PRESENT b) Há um erro na frase, já que não usamos does em


frases na afirmativa.
1- Combine as colunas, encontrando o complemento c) O correto é usar do na frase e não does.
adequado a cada verbo: d) A princípio não usamos do e does em frases na
1. I read ( ) a coke at lunch time. afirmativa como no exemplo, apenas em situações de
2. She always drinks ( ) his studio. enfase.
3. We walk ( ) a good book every week.
4. Aline eats ( ) in the park every Friday.
5. Mary gets up ( ) hamburger on Saturdays.
6. I work with ( ) in an apartment .
7. We sit down ( ) mother wash the dishes
after lunch.
8. Eduardo lives ( ) in front of the TV every
afternoon.
9. Kevin goes to ( ) early to study every day.
10. My brother helps my ( ) my father

2- Use Do ou DOES adequadamente.


a) ________________ Paula and you play soccer on Gabarito
Sundays? 1- Combine as colunas, encontrando o complemento
b) What ___________________ that cat eat? adequado a cada verbo:
c) Where _______________ Marianne usually go on
1 . I read (2) a coke at lunch time.
Saturday nights?
d) Josephine __________________ not study on the 2 . She always drinks (9) his studio.
weekends. 3. We walk (1) a good book every week.
e) What time _______________ you usually go to sleep? 4. Aline eats (3) in the park every Friday.
f) How many books _____________ Cristine and you 5. Mary gets up (4) hamburger on Saturdays.
have?
g) Tatiane and I __________________ not play 6. I work with (8) in an apartment .
volleyball on Saturdays. 7. We sit down (10) mother wash the dishes after
h) Karl and Kevin _______________ not watch TV on lunch.
Mondays. 8. Eduardo lives (7) in front of the TV every
i) __________________ your sister usually go jogging afternoon.
in the park? 9. Kevin goes to (5) early to study every day.
j) ___________________ your parents have pets?
10. My brother helps my (6) my father
3- Para as questões abaixo, preencha com do ou 2- a) _Do_ Paula and you play soccer on Sundays?
does. b) What _does_ that cat eat?
a) ______ you know my name? c) Where _does_ Marianne usually go on Saturday nights?
b) ______ Jack speak Portuguese? d) Josephine _does_ not study on the weekends.
c) Bob ______ want her to return.
d) She ______ want your pity. e) What time _do_ you usually go to sleep?
e) I ______ deserve that. f) How many books _do_ Cristine and you have?
f) That ______ mean he can’t. g) Tatiane and I _do_ not play volleyball on Saturdays.
g) I ______ trust Mary. h) Karl and Kevin _do_ not watch TV on Mondays.
h) Why______ we keep using it?
i) _does_ your sister usually go jogging in the park?
4. Aponte o erro presente na pegunta: “Do Jack and J) _do_ your parents have pets?
Samantha live abroad?” 3 – a) Do you know my name? /
a) O verbo auxiliar apropriado para a frase acima é does. b) Does Jack speak Portuguese? /
b) A frase acima não precisa de verbo auxiliar. c) Bob doesn’t want her to return.
c) Não há qualquer erro na frase acima.
d) O verbo auxiliar está posicionado incorretamente. d) She ______ want your pity. /
e) I don’t deserve that. /
5. Aponte o erro presente na frase “Bob and f) That doesn’t mean he can’t. /
Samantha likes you”. g) I don’t trust Mary. /
a) Não há qualquer erro na frase acima.
h) Why do we keep using it?
b) O correto é “Bob and Samantha does like you”.
c) O correto é “Bob and Samantha like you”. 4 –c) Não há qualquer erro na frase acima.
d) O correto é “Bob and Samantha doesn’t like you”. 5 – c) O correto é “Bob and Samantha like you”.
6 – d) A princípio não usamos do e does em frases na
6. Aponte a particularidade presente na frase “Bob afirmativa como no exemplo, apenas em situações de
does like chocolate”? enfase.
a) Não há particularidade na frase em questão.

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INGLÊS

PRATICANDO O PRESENT CONTÍNUOS

1- Assinale a alternativa que preenche corretamente


a lacuna da frase apresentada:

When Carlos has a headache, he __________ some


tea.
a) is drinking
b) drank
c) used to drink
d) drinks
e) would drink

2. Assinale a alternativa que preenche corretamente


a lacuna da frase apresentada:
Many countries ________________ with nuclear
reactors.
a) is experimenting
b) experiments
c) experimenting
d) would experiment
e) are experimenting

3. Assinale a alternativa que preenche corretamente


a lacuna da frase apresentada:
The population of the world is ______________.
a) going
b) covering
c) finding
d) growing
e) beginning

4. Assinale a alternativa correta:


The whole world _______________ against drugs
now.
a) is fighting
b) fought
c) had been fighting
d) has fought
e) fight

5. Assinale a alternativa que preenche corretamente


cada lacuna da frase apresentada:
I __________ to the radio every day, but I __________
listening to it now.
a) l isten – am not
b) listened – had Gabarito
c) listening – was not
d) was listening – not
1- d) drinks
e) not listen – was
2- e) are experimenting
6. Escreva nas formas negativa e interrogativa a 3- d) growing
seguinte frase: 4- a) is fighting
I am doing my own meal. 5- a) listen – am not
Negative form:
6- Negative Form: I am not doing my own meal.
Interrogative form:
Interrogative Form: Am I doing my own meal?
7. Conjugue o verbo to die (morrer) no Simple 7- Simple Present: I die You die He/she/it dies We die
Present e no Present Continuous: You die They die
Simple Present: Present Continuous: I am dying You are dying
Present Continuous: He/she/it is dying We are dying You are dying They
are dying

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INGLÊS

PRATICANDO - VERBOS IRREGULARES swam took went rode


(1) He _________________ his homework before he
1- identifique os tempos verbais dentro do texto: went to school.
Past simple regular (2) It was cold so we _________________ some hot
Past simple irregular chocolate.
Love history (3) I _________________ a sandcastle when I went to
It was (___________) about thirty years ago. My mum the beach.
lived (___________) in a flat with a friend in London. (4) It was a hot day so she _________________ in the
One day she went (_______________) to the lake yesterday.
supermarket to buy some things for a surprise birthday (5) His car had a flat tire so he _________________ the
party for her friend. She bought (______________) bus to work.
lots of things. When she got (_______________) to (6) I _________________ a horse last summer when I
the check out she paid (________________) and put went to my uncle's farm.
all the things into shopping bags. She put her (7) I was late for class so I _________________ to
flatmate's birthday card into the bag, but when she was school.
turning back home, she bumped (8) I _________________ two hamburgers so I am full.
(________________) into another person, then all (9) I _________________ a good book before I went to
your bags fell (_________________) out on her arms. bed.
They helped (________________) each other put the (10)She _________________ a lion when she went to the
things back in the right bag and both left zoo.
(________________) the supermarket. Infortunately, (11) A letter _________________ in the mail today.
when she got home she couldn't find the present and (12) They _________________ hiking yesterday.
the card for her friend. But she also lost (13) I _________________ my brother a game for his
(________________) a letter with her adress. So a birthday.
person went to her house to give back the letter and (14) She _________________ a good report card so her
presents. He rang (________________) on the bell mom was happy.
and my mum aswered (__________________). It was (15) I _________________ my friends when we went to
a very handsome man. She looked the park.
(_________________) and they fell
(________________) in love. And now, he is my 5- Escolha verdadeiro (true) ou falso (false):
father! a) O passado de "hit" é "hitted".(___________)
b) O passado de "make" é "made".(______________)
2- Agora traduza para o Inglês os verbos irregulares c) "Move" é verbo regular.(____________)
(lista de verbos) e depois escreva o passado deles d) "Talk" é verbo irregular.(______________)
de acordo com a lista (coluna do meio). e) Todo verbo pode ser irregular.(______________)
Português - inglês - passado
Comer 6- Quais verbos sublinhados a seguir são regulares e
Beber quais são irregulares?
Dormir Use I (para irregulares) e R (para regulares).
Dizer
Começar A. I read a lot yesterday. I usually read to keep myself up
Sair to date. (____)
Deixar B. We played soccer and ate hot dogs at the club last
Cortar weekend. (____)
Comprar C. I wasn't born yesterday! Tell me the truth. (______)
Vir D. We went abroad last month. We had a great time.
Pegar (_______)
Dar E. She cut her finger last night and needed somebody to
Acordar help her. (_________)
Entender F. They passed the test because they studied hard.
Vestir (_________)
Escrever G. They tied the game on the second half and won the
Ver championship. (____________)

3- Write questions in the past with these words. 7- Qual a pergunta a anteceder a resposta “yes, I
a) when / study english / you did”?
b) what / do / yesterday / she a) Did you buy a car?
c) like / the film / he b) Will you buy a car?
d) live / in paris / your parents c) Didn’t you have a nice car?
e) walk / down / the road / they d) Have you bought it?
e) You didn’t.
4- Fill in the blanks below with one of the 15
irregular past tense verbs in the box. 8- She did not tell me the truth. She __________ to
ate came did drank gave got made met ran read saw me.
a) lie
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b) lain 2- Português - inglês - passado


c) laid A) Comer EAT ATE
d) lay
e) lied B) Beber DRINK DRANK
C) Dormir SLEEP SLEPT
9- Brazil __________ last year’s world soccer D) Dizer SAY SAID
championship. E) Começar BEGIN BEGAN
a) win
F) Sair LEAVE LEFT
b) won
c) wins G) Deixar LET LET
d) to win H) Cortar CUT CUT
e) winning I) Comprar BUY BOUGHT
J) Vir COME CAME
10- John __________ me some money last week.
a) Sends K) Pegar GET GOT
b) send L) Dar GIVE GAVE
c) sent M) Acordar WAKE UP WOKE UP
d) sending N) Entender UNDERSTAND UNDERSTOOD
e) to send
O) Vestir WEAR WORE
11- Assinale a alternativa que corretamente preenche P) Escrever WRITE WROTE
as lacunas I, II e III das frases a seguir: Q) Ver SEE SAW
He __________(I) me a favor 2 months ago. 3- a) WHEN DID YOU STUDY ENGLISH?
They __________(II) an attempt to escape. b) WHAT DID SHE DO YESTERDAY?
I __________(III) an important decision last night.
c) DID HE LIKE THE FILM?
a) did –made – made D) DID YOUR PARENTS LIVE IN PARIS ?
b) made – did – made E) DID THEY WALK DOWN THE ROAD?
c) did – made – did 4- 1- did 2- drank 3- made 4- swam 5- took 6- rode 7-ran
d) made – made – made 8- ate 9- read 10- saw 11- came 12- went 13- gave 14-
e) made – did – did got 15- met
5- a - False b - True c - True d - False e - False
12- Marque o “past tense” de SPEND, LEAVE e
KNOW: 6- a. ( Irregular )
a) spended – leaved – known b.( Regular / Irregular )
b) spent – left – knew c. ( Irregular )
c) spended – left – knew d. ( Irregular / Irregular )
d) spent – leaved – known
e. ( Irregular / Regular )
f. ( Regular / Regular )
Gabarito g. ( Regular / Irregular )
1- It was (past simple irregular) about thirty years ago. 7- A
My mum lived (past simple regular) in a flat with a 8- E
friend in London. One day she went (past simple 9- B
irregular) to the supermarket to buy some things for a
surprise birthday party for her friend. She bought (past 10–C
simple irregular) lots of things. When she got (past 11-A
simple irregular) to the check out she paid (past simple 12 – B
regular) and put all the things into shopping bags. She
put her flatmate's birthday card into the bag, but when
she was turning back home, she bumped (past simple
regular) into another person, then all your bags fell
(past simple irregular) out on her arms. They helped
(past simple regular) each other put the things back in
the right bag and both left (past simple irregular) the
supermarket. Infortunately, when she got home she
couldn't find the present ans the card for her friend.
But she also lost (past simple irregular) a letter with
her adress. So a person went to her house to give back
the letter and presents. He rang (past simple irregular)
on the bell and my mum aswered (past simple regular).
It was a very handsome man. She looked (past simple
regular) and they fell (past simple irregular) in love.
And now, he is my father!

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PRATICANDO COM TRADUÇÃO – 13- Complete com IN, ON ou AT:


PREPOSIÇÃO a) They are going to meet me _______ Saturday, ____ a
quarter past nine.
Complete the sentences below using the b) Julia went to Paris ______ September, ______ 2003.
appropriate prepositions: c) ___ the morning I usually have five classes, ___ the
1 - Lucy usually goes to the gym ____________ the afternoons I always do my homework and ____ night
evening. I watch movies.
(A Lucy geralmente vai à academia à noite.) d) He'll be here ____ a few minutes.
e) The party will be ___ nine, ___ the morning ____
2 - The blue dress I liked is not ____________ the August 20th
window anymore. I guess it’s been sold.
(O vestido azul que eu gostei não está mais na vitrine. 14- Supply the correct preposition, like the example.
Eu acho que ele foi vendido.) a) They had to run after their cat.
b) Prices may vary day to day.
3 - Two actors were hurt in the making c) I recovered a very bad cold.
____________ the movie. d) The girl shouted help.
(Dois atores ficaram machucados na produção do e) Return my book me after you read it.
filme.)
15- Complete Corretamente usando IN, ON ou AT,
4 - Daniel was so tired he ended up sleeping quando necessário:
____________ the bus. a) I am going to meet you _______ Saturday, ____ a
(O Daniel estava tão cansado que ele acabou quarter past three.
dormindo no ônibus.) b) Dave went to Paris ______ June, ______ 1999.
c) ___ the morning I usually have classes, ___ the
5 - I prefer to study __________ night. afternoons I always visit my friend cecil and ____
(Eu prefiro estudar à noite.) night I sometimes watch TV.
d) She'll be here ____ a few minutes.
6 - I’ve been dreaming ___________ my parents a lot. e) The party will be ___ eight, ___ the evening ____
(Eu tenho sonhado muito com os meus pais.) September 26th.
f) ____ Easter I used to have dinner with my parents,
7 - What happened ___________ your car? but ___ Christmas day I have dinner with my parents-
(O que aconteceu com o seu carro?) in-law.
g) ________ This year we have classes with Mr.
8 - I got scared when I saw that man ___________ Burlington.
the window. h) I would like to go out with you _____ the end of the
(Eu me assustei quando vi aquele homem na janela.) class.
i) Can you be ___ time for lunch, please?
9- ___________ the summer we always go to my j) Sorry, I can't talk to you ___ the moment, but I can
grandma’s house. see you ___ lunchtime.
(No verão nós sempre vamos pra casa da minha avó.) k) I will travel to India ___ my vacations ____ next year.
l) Shakespeare was born _____ 1564 ___ Stratford-
10- The kids and I like to go to the park ___________ upon-avon ___ England.
Sunday mornings. m) I live _____ 33 Washington Street.
(Eu e as crianças gostamos de ir ao parque nos n) Pedro Alvares Cabral discovered Brazil _____ 22
domingos de manhã.) April, 1500.

11- Underline the correct preposition. 16- Complete with: IN – ON – AT:


a) Our parents protected us (from / of) the danger. ________ Sunday, Monday, Tuesday, Wednesday,
b) I learned (by / about) the horses. Thursday, Friday, Saturday.
c) Was she invited (of / to) the party? ________ the weekend.
d) She impressed it (on / at) silk screen. ________ Sunday morning, Monday afternoon,
e) This Avenue was named (from / after) my Tuesday evening.
grandmother. ________ January, February, March, April, May,
June, July, August, September, October, November,
12- Complete the sentence: December.
Nick lives _____ a farm, but I live ______ Goiania ________ January 1st, January 2nd, January 3rd,
and most part of my relatives live ______ as small January 4th, January 5th.
village near Annapolis. ________ 1999, 2000, 2001, 20002, 2003, 2009, 2010.
________ January 10th, 2010.
a) at – at – at ________ one clock, two-ten, a quarter to four, a
b) on – at – on quarter past five, half past nine.
c) in – at – at ________ Christmas, Easter.
d) in – in – in ________ the past, the future.
e) on – in – at ________ the summer, the winter, the spring, the
fall/autumn.
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17- Complete with on or at. d) from


I have to be ______ time for my job interview. e) in
The bus leaves ______ 8 o’clock.
We are meeting ______ midday in front of the 23- He walked __________ the room.
cafeteria. a) at
I study English ______ Mondays and Wednesdays. b) on
What are you doing ______ Friday evening? c) between
I always get up late ______ the weekend. d) into
I love Paris ______ night. e) among
I clean my apartment ______ Friday.
I have a dentist appointment ______ half past three.
I usually go to bed _______ midnight.

18- Complete with in, on or at.


We are going to Paris ______ the summer.
Millions of people left Europe ______ the nineteenth
century.
The opening will be ______ January.
I think driving ______ night is very dangerous.
I have one cup of coffee ______ the morning and
another one ______ the afternoon.
Albert Einstein was born ______ March 14, 1879 and
died ______ December, 1936.
Millions of people celebrate New Year’s ______
January first every year.
The tests will begin tomorrow early ______ the
morning and will last all day long.
I was born ______ a Saturday.
I prefer to work ______ the evening and I hate to get
up early ______ the morning.

19- The cat jumped __________ the table in order


__________ get the food that was __________ it.
a) up – to – on
b) about – for – up
c) over – for – about
d) on – to – on
e) onto – to – on

20- Choose the best alternative to complete the


blanks:
Julie was born __________ July 3, __________ night
__________ New York.
a) in / at / at
b) on / at / in
c) in / at / in
d) on / in / at

21- Choose the only option with the correct


preposition:
The man jumped __________ the horse and went
away.
a) of
b) under
c) out of
d) into
e) onto

22- Assinale a alternativa correta: Fried potatoes are


called “French Fries” __________ the United
States.
a) on
b) about
c) of

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Gabarito comentado l) Shakespeare was born __in___ 1564 _in__ Stratford-


1 - in; 2 - in; 3 - of; 4 - on; 5 - at; 6 - about / of; 7 - to; 8 - upon-avon _in__ England.
at; 9 - in; 10 - on m) I live __at___ 33 Washington Street.
11-a) protected from b) learned about c) invited to d) n) Pedro Alvares Cabral discovered Brazil __on___ 22
impressed on e) named after April, 1500.
As preposições em inglês são geralmente usadas antes de 16-ON Sunday, Monday, Tuesday, Wednesday, Thursday,
substantivos e pronomes. Elas não possuem exatamente Friday, Saturday
regras de uso, mas são combinadas com as palavras que as ON the weekend ON Sunday morning, Monday
antecedem. Sempre que usar “talk”, por exemplo, virá a afternoon, Tuesday evening
preposição “about”, assim como “learned about”, entre
IN January, February, March, April, May, June, July,
outros exemplos.
August, September, October, November, December
Exemplos: Conceal from / graduated from / infer from
ON January 1st, January 2nd, January 3rd, January 4th,
know about / concern about / think about speak to /
January 5th
invited to / belong to depend on / insist on / rely on run
after / named after / IN 1999, 2000, 2001, 20002, 2003, 2009, 2010
12-e) on – in – at Usamos “on” para dias e datas, ON January 10th, 2010
superfície e partes do corpo. Usamos “at” para um AT one clock, two-ten, a quarter to four, a quarter past
tempo exato e para indicar um lugar. Usamos “in” five, half past nine
para indicar meses, anos, séculos e longos períodos, AT Christmas, Easter
bem como para espaços fechados/específicos. IN the past, the future
13-a) They are going to meet me on Saturday, at a quarter IN the summer, the winter, the spring, the fall/autumn
past three.
17-I have to be ON time for my job interview
b) Julia went to Paris in September x 2003.
The bus leaves AT 8 o’clock. We are meeting
c) In he morning I usually five classes, in the afternoons I
AT midday in front of the cafeteria.
always do my homework and at night I watch movies.
I study English ON Mondays and Wednesdays.
d) He'll be here in a few minutes.
What are you doing ON Friday evening?
e) The party will be at nine, in the morning on August
20th. I always get up late ON the weekend.
Nesse caso, usamos o mesmo raciocínio empregado na I love Paris AT night.
questão anterior. I clean my apartment ON Friday.
14-b) from= de c) from = de d) for = por e) to = para I have a dentist appointment AT half past three.
Aqui as escolhas devem ser feitas pelos significados I usually go to bed AT midnight.
das preposições e também pelos verbos que as
18-We are going to Paris IN the summer.
precedem. From: Preços podem variar de dia para dia.
From: Eu me recuperei de um resfriado. For: A garota Millions of people left Europe IN the nineteenth century.
gritou por ajuda. To: Devolva meu livro para mim The opening will be IN January.
depois de lê-lo. I think driving AT night is very dangerous.
15- a) I am going to meet you __on__ Saturday, __at__ a I have one cup of coffee IN the morning and another
quarter past three. one IN the afternoon.
b) Dave went to Paris __in__ June, __x__1999. Albert Einstein was born ON March 14, 1879 and died
c) _in__ the morning I usually have classes, _in__ the IN December, 1936.
afternoons I always visit my friend cecil and __at__ Millions of people celebrate New Year’s ON January first
night I sometimes watch TV. every year.
d) She'll be here _in___ a few minutes. The tests will begin tomorrow early IN the morning and
e) The party will be _at__ eight, _in__ the evening will last all day long.
__on__ September 26th. I was born ON a Saturday.
f) __At__ Easter I used to have dinner with my parents, I prefer to work IN the evening and I hate to get up early
but _on__ Christmas day I have dinner with my IN the morning.
parents-in-law. 19- E
20- B
g) ___x_____ This year we have classes with Mr. 21- E
Burlington.
22- E
h) I would like to go out with you _at____ the end of the
23- D
class.
i) Can you be _in__ time for lunch, please?
j) Sorry, I can't talk to you _at__ the moment, but I can
see you _at__ lunchtime.
k) I will travel to India _on__ my vacations __x__ next
year.

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NÚCLEO DAS FORÇAS ARMADAS - DISCIPLINAS COMUNS

PORTUGUÊS
PORTUGUÊS

FONÉTICA

A Fonética Articulatória é o estudo da produção dos sons, ou seja, o estudo do aparelho fonador. Mas, vamos avançar um
pouco mais devagar: como se produz o som? Para que se produzam os sons que caracterizam a fala humana são necessárias
três condições:
• corrente de ar;
• obstáculo à corrente de ar;
• caixa de ressonância;

o que se traduz no aparelho fonador humano:

• Os pulmões, brônquios e traqueia - São os órgãos respiratórios que permitem a corrente de ar, sem a qual não
existiriam sons. A maioria dos sons que conhecemos são produzidos na expiração, servindo a inspiração como um
momento de pausa; no entanto, há línguas que produzem sons na inspiração, como o zulo e o boximane - são os
chamados cliques.
• A laringe, onde ficam as cordas vocais - Determinam a sonoridade (a vibração das cordas vocais) dos sons.
• O trato vocal - Formam a caixa de ressonância responsável por grande parte da variedade de sons.
• A cavidade nasal - Composta pelas fossas nasais e pela parte superior da faringe.
• A cavidade bucal - Composta pelos lábios, dentes, alvéolos, palato, véu palatino, língua e úvula.

Olhemos por um momento para o esquema do aparelho fonador antes de seguir o percurso do ar na produção de sons.

Esquema do Aparelho Fonador

1 - Traqueia

2 - Laringe

3 - Glote (Cordas vocais)

4 - Faringe

5 - Cavidade bucal

6 - Cavidade nasal

7 - Véu palatino ou Palato mole

8 - Maxilares (dentes)

9 - Língua

10 - Lábios

11 - Palato duro (céu da boca)

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.
PORTUGUÊS

Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos nasais (6). No meio está o véu palatino (7) que
brônquios para entrar na traqueia (1) e chegar à permite que o ar passe livremente pelas duas
laringe (2). Na laringe o ar encontra o seu primeiro cavidades, originando um som nasal; ou que impede a
obstáculo: a glote (3) (mais ao menos ao nível da passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar
maçã-de-adão, chamada de gogó no Brasil), mais apenas pela cavidade bucal - resultando num som
conhecida como cordas vocais. Semelhantes a duas oral.
pregas musculares, as cordas vocais podem estar A diferença é óbvia: compare-se o primeiro "a" em
fechadas ou abertas: se estiverem abertas, o ar passa "Ana" com o de "manta". A primeira vogal é oral e a
sem real obstáculo, dando origem a um som surdo; se segunda é nasal.
estiverem fechada, o ar força a passagem fazendo as Por fim, o ar está na cavidade bucal (a boca) que
pregas muscular vibrar, o que dá origem a um som funciona como uma caixa de ressonância onde,
sonoro. usando os maxilares (8), as bochechas e,
Para se perceber melhor a diferença, experimente-se especialmente, a língua (9) e os lábios (10), podem
dizer "k" e "g" (não "kê" ou "kapa", nem "gê" ou "jê"; modular-se uma infinidade de sons utilizando o palato,
só os sons "k" e "g") mantendo os dedos na maçã-de- o véu palatino, a úvula e os alvéolos (o pequeno alto
adão. No primeiro caso não se sentirá vibração, mas por trás dos dentes, ao qual se segue o palato).
com o "g" sentir-se-á uma ligeira vibração - cuidado
apenas para não se dizerem vogais, pois são todas A título de curiosidade:
sonoras.
Depois de sair da laringe (2), o ar entra na faringe Discute-se que a linguagem humana pode ter surgido
(4) onde encontra uma encruzilhada: primeiro a há cerca
entrada para a boca (5) e depois a para as fossas
de 100 mil anos, mas pensemos numa época mais 3 vogais = a, e, o;
recente - há cerca de 40 mil anos. Nesta altura, e 3 consoantes = k (c), x, r;
devido a reconstruções tendo por base o registro 2 semivogais = y (i, i).
arqueológico, sabe-se que o aparelho fonador dos
Neandertais tinha algumas diferenças marcantes do Representando a palavra foneticamente, ficaremos
Homem moderno, nomeadamente, a laringe com kayxeyro.
encontrava-se mais elevada. Isto significa que a língua
tinha uma mobilidade menor, limitando a Na palavra artilheiro, ar-ti-lhei-ro, o seguinte:
possibilidade da produção de sons.
4 vogais = a, i, e, o;
4 consoantes = r, t, lh, r;
1 semivogal = y (i).
FONOLOGIA
Foneticamente = artiĹeyro.
A FONOLOGIA se ocupa dos fonemas (= sons);
são eles as vogais, as consoantes e as semivogais. Na palavra viagem, vi-a-gem,

• Vogal = São as cinco já conhecidas - a, e, i, o, u - 3 vogais = i, a, e;


quando funcionam como base de uma sílaba. Em cada 2 consoantes = v, g;
sílaba há apenas uma vogal. NUNCA HAVERÁ 1 semivogal = y (m).
MAIS DO QUE UMA VOGAL EM UMA
MESMA SÍLABA. Foneticamente: viajẽy.

• Consoante = Qualquer letra - ou conjunto de letras M/N


representando um som só - que só possa ser soada
As letras M e N devem ser analisadas com muito
com o auxílio de uma vogal (com + soante = soa
cuidado. Elas podem ser:
com...). Na fonética são consoantes b, d, f, g (ga, go,
gu), j (ge, gi, j) k (c ou qu), l, m (antes de vogal), n
CONSOANTES = Quando estiverem no início da
(antes de vogal), p, r, s (s, c, ç, ss, sc, sç, xc), t, v, x
sílaba.
(inclusive ch), z (s, z), nh, lh, rr.
SEMIVOGAIS = Quando formarem os grupos AM,
• Semivogal = São as letras e, i, o e u quando EM e EN, em final de palavra - somente em final de
formarem sílaba com uma vogal, antes ou depois dela, palavra - sendo representadas foneticamente por Y ou
e as letras m e n, nos grupos AM, EM e EN, em final W.
de palavra - somente em final de palavra. Quando a
semivogal possuir som de i, será representada RESSOO NASAL = Quando estiverem após vogal,
foneticamente pela letra Y; com som de u, pela letra na mesma sílaba que ela, excetuando os três grupos
W. acima. Indica que o M e o N não são pronunciados,
apenas tornam a vogal nasal, portanto haverá duas
Então teremos, por exemplo, na palavra caixeiro, que se letras (a vogal + M ou N) com um fonema só (a vogal
separa silabicamente cai-xei-ro, o seguinte: nasal).

2 nuceconcursos.com.br
.
PORTUGUÊS

Por exemplo, na palavra manchem, terceira pessoa do assar = as-sar - aSar;


plural do presente do subjuntivo do verbo manchar, nascer = nas-cer - naSer;
teremos o seguinte: man-chem, 2 vogais = a, e; 2 desço = des-ço - deSo;
consoantes = o 1º m, x (ch); 1 semivogal = y (o 2º m); exceção = ex-ce-ção - eSesãw;
1 ressoo nasal = an (ã). mãxẽy. exsudar = ex-su-dar - eSudar;
alho = a-lho - aĹo;
ENCONTROS VOCÁLICOS banho = ba-nho - baÑo;
cacho = ca-cho - kaXo;
É o agrupamento de vogais e semivogais. Há três tipos querida = que-ri-da - Kerida;
de encontros vocálicos: sangue = san-gue - sãGe.

1. HIATO = É o agrupamento de duas vogais, cada Dígrafo Vocálico = É o outro nome que se dá ao
uma em uma sílaba diferente. Ressoo Nasal, pelo fato de serem duas letras com um
• Lu-a-na, a-fi-a-do, pi-a-da fonema vocálico.
• sangue = san-gue – sãGe
2. DITONGO = É o agrupamento de uma vogal e uma • planta
semivogal, em uma mesma sílaba. • lento
• Cai-xa = Ditongo decrescente oral. • lindo
• Cin-quen-ta = Ditongo crescente nasal, com a
ocorrência do Ressoo Nasal. Não confunda dígrafo com encontro consonantal, que
é o encontro de consoantes, cada uma representando
3. TRITONGO = É o agrupamento de uma vogal e um fonema.
duas semivogais. Também pode ser oral ou nasal.
• A-guei = Tritongo oral.
• Á-guem = Tritongo nasal, com a ocorrência da EXERCÍCIO
semivogal m.
1. (IDIB – 2016 – Prefeitura de Novo Gama – GO)
ENCONTROS CONSONANTAIS Sobre o estudo fonético da palavra ‘também’, é
correto afirmar que:
É o agrupamento de consoantes. Há três tipos de a) Há nela cinco fonemas.
encontros consonantais: b) Há nela um encontro consonantal.
c) Não ocorre ditongo.
1. ENCONTRO CONSONANTAL PURO = É o d) Não ocorre dígrafo.
agrupamento de consoantes, lado a lado, na mesma
sílaba.
• Bra-sil, pla-ne-ta, a-dre-na-li-na

2. ENCONTRO CONSONANTAL DISJUNTO =


É o agrupamento de consoantes, lado a lado, em
sílabas diferentes.
• ap-to, cac-to, as-pec-to

3. ENCONTRO CONSONANTAL FONÉTICO =


É a letra x com som de ks. 2. (CCV-UFC – 2016 – UFC) No texto aparece o
• Táxi, nexo, axila = taksi, nekso, aksila. substantivo “Choro” (linha 24). Na distinção
entre o substantivo “choro” e o verbo “choro”,
✓ Não se esqueça de que as letras M e N pós-vocálicas os sons representados pela letra o da sílaba
não são consoantes, e sim semivogais ou simples sinais tônica constituem
de nasalização (ressoo nasal). a) fonemas diferentes.
b) um caso típico de sinonímia.
4. DÍGRAFOS c) um caso típico de polissemia.
d) um caso típico de homonímia.
Dígrafo é o agrupamento de duas letras com apenas e) realizações concretas de um mesmo fonema.
um fonema. Os principais dígrafos são rr, ss, sc, sç,
xc, xs, lh, nh, ch, qu, gu. Representam-se os dígrafos
por letras maiores que as demais, exatamente para
estabelecer a diferença entre uma letra e um dígrafo.
Qu e gu só serão dígrafos, quando estiverem seguidos
de e ou i, sem trema. Os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e xs
têm suas letras separadas silabicamente; lh, nh, ch, qu,
gu, não.

arroz = ar-roz - aRos;

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3. (MS CONCURSOS – 2016 – Prefeitura de 6. (SERCTAM – 2016 – Prefeitura de Quixadá-CE)


Itapema - SC) Fonética é a parte da gramática Em relação à fonética, é importante não
que estuda os sons da fala ou fonemas. confundir letra com fonema. Logo, a alternativa,
Sabemos que existe a palavra falada e a palavra cujas as palavras tem o mesmo número de letras e
escrita. Para escrever, usamos letras, que fonemas é:
pronunciadas, representam um som. Esse som a) segundo; andrajo; ciência; quatro; brancas; comigo;
é o fonema. Os símbolos que representam infâmia; amigo; telhado; círios;
graficamente os fonemas são chamados de b) mulher; fantasia; tempo; ciência; fôssemos; quase;
letras. Nem sempre o número de letras das infinito; gaiola; cresce; desdobra;
palavras corresponde ao de fonemas. c) esfarrapados; envenenado; vergonha; companheira;
transporte; cortinas; fantasia;
Diante disso, observe as palavras a seguir e d) intimida; transporte; mulher; canário; fôssemos;
assinale a alternativa incorreta: ciência; encanto; viver; homem;
a) Complexo: 8 letras, 8 fonemas. e) orgânica; companheiras; relâmpago; existência;
b) Amanhecer: 9 letras, 8 fonemas. telhado; penacho; quase; continuei.
c) Chatice: 7 letras, 6 fonemas.
d) Galinha: 7 letras, 7 fonemas.

7. (CETREDE – 2016 – Prefeitura de Caucaia-


CE) Assinale a opção em que o x de todos os
4. (MÁXIMA – 2016 – SAAE de Aimorés-MG) Das vocábulos não tem o som de /ks/.
palavras listadas abaixo, uma delas possui mais a) tóxico – axila – táxi.
fonema do que letras. Isso ocorre em: b) táxi – êxtase – exame.
a) Chinelo – pensamento – exceto; c) exportar – prolixo – nexo.
b) Reflexo – exato – enxame; d) tóxico – prolixo – nexo.
c) Extraordinário – inexplicável – piscina; e) exército – êxodo – exportar.
d) Pirralho – quente – guerreiro.

8. (FUNDATEC – 2016 – Prefeitura de Foz do


5. (INSTITUTO AOCP – 2016 – EBSERH) Iguaçu) Assinale a alternativa em que todas as
Assinale a alternativa em que todos os palavras, retiradas do texto, têm o mesmo número
vocábulos tenham 6 fonemas. de letras e fonemas.
a) Continua, passagem, grande. a) Diques – barragens – esporadicamente.
b) Contra, quando, avançar. b) Problema – sociedade – extremos.
c) Alheio, sempre, convívio. c) Enxurradas – ambientais – lixo.
d) Depende, exclui, avançar. d) Consciência – humana – sedimentos.
e) Valores, relação, sentido. e) Solo – índices – ocorrência.

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9. (MÁXIMA – 2016 – Prefeitura de Fronteira-MG) ORTOGRAFIA E SEMÂNTICA

Texto
"Desde 1º de maio de 2009, estão em vigor as CURIOSIDADES ORTOGRÁFICAS
novas regras ortográficas da língua portuguesa. No
entanto, a obrigatoriedade da aplicação só
aconteceu no dia 1º de janeiro deste ano, 2016,
quando a nova ortografia será considerada correta.
Apesar de alterar apenas 0,5 % das palavras da
língua portuguesa no Brasil, as mudanças foram
percebidas de imediato quando começaram a ser
adotadas."

Dentre as alterações ocorridas na nossa língua,


podemos citar:
I. O alfabeto ganha três letras.
II. O fim do trema.
III. Emprego do hífen.
IV. Emprego do acento agudo

É CORRETO afirmar que:


a) Somente as alternativas I e III estão corretas; 7. TRÊS PLURAIS
b) Somente as alternativas I, II e IV estão corretas;
c) Somente as alternativas II, III e IV estão corretas; ALDEÃO → ALDEÕES, ALDEÃOS e ALDEÃES
d) Todas as alternativas estão corretas ANCIÃO → ANCIÃOS, ANCIÕES e ANCIÃES
ERMITÃO → ERMITÃOS, ERMITÕES e
ERMITÃES
SULTÃO → SULTÕES, SULTÃOS e SULTÃES
VILÃO → VILÃOS, VILÕES e VILÃES

DOIS PLURAIS

CASTELÃO → CASTELÃOS e CASTELÕES


CORRIMÃO → CORRIMÃOS e CORRIMÕES
ANÃO → ANÃOS e ANÕES
10. (CEPERJ - 2014 - PROCON-RJ - Técnico em HORTELÃO → HORTELÃOS e HORTELÕES
Contabilidade) Alguns vocábulos sofrem VERÃO → VERÃOS e VERÕES
alteração de timbre da vogal tônica ao serem ZANGÃO → ZANGÃOS e ZANGÕES
flexionados, como ocorre em olho – olhos. __________________________________________

O mesmo fenômeno pode ser verificado na ARTESÃO → ARTESÃOS e ARTESÃES


seguinte palavra do texto: REFRÃO → REFRÃOS e REFRÃES
a) bonecas SACRISTÃO → SACRISTÃOS e SACRISTÃES
b) conserto __________________________________________
c) lamentável
d) infortúnio ALAZÃO → ALAZÕES e ALAZÃES
e) defeituosos GUARDIÃO → GUARDIÕES e GUARDIÃES
RUFIÃO → RUFIÕES e RUFIÃES

EMPREGO DOS “PORQUÊS”

01. PORQUE – Conjunção coordenativa explicativa ou


subordinativa causal (= pois).
Ex.: Passou, porque estudou muito. (causa)
Porque estava doente, faltou ao trabalho. (causal)
Não chore, porque tudo passa. (explicação)
Entre, porque está chovendo. (explicação)

02. PORQUÊ – Usado como substantivo. Vem sempre


precedido por uma palavra determinante = artigo,
pronome ou numeral.
Ex.:
a) Não sei o porquê de tanta complicação.
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b) Este porquê é fácil de usar. 05. HÁ / A – Na indicação de tempo


c) Usei dois porquês em meu texto.
• HÁ – Indica tempo passado (= fazer).
03. POR QUE • A – Preposição, usada para indicar tempo futuro.
 No início de frases interrogativas.
Ex.: Por que você não estuda com mais empenho? 06. AFIM / A FIM

 Quando equivale a “pelo (a)(s) qual (is)” e flexões. • AFIM – É adjetivo (igual, semelhante); relaciona-se
Ex.: São muitas as dificuldades por que passamos. com a ideia de afinidade.

 Quando depois dele vier subentendida ou expressa a • A FIM – Surge na locução prepositiva “a fim de”, que
palavra razão (ou motivo) nas frases interrogativas significa “para” e indica ideia de finalidade.
indiretas.
Ex.: Não sei por que você se foi tão depressa. 07. AO INVÉS DE / EM VEZ DE
(por que motivo / razão)
• AO INVÉS DE – “inverso/contrário de”.
04. POR QUÊ – É usado em fim de frase.
Ex.: Você não estuda com mais empenho por quê?
• EM VEZ DE – “no lugar de”.
 Observação 08. EM PRINCÍPIO / A PRINCÍPIO
Em final de frase a palavra que deve ser sempre
• EM PRINCÍPIO – “= em geral”.
acentuada, por se tratar de um monossílabo tônico
terminado em e.
Ex.: Está preocupado com quê?/ Medo de quê? • A PRINCÍPIO – “= no início”.

09. AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A


OUTRAS EXPRESSÕES

01. ONDE / AONDE • AO ENCONTRO DE – Favorável, “aproximar-se


de”.
 AONDE – Usado diante de verbos que regem a
preposição A. (ir, chegar, dirigir-se, etc.) • DE ENCONTRO A – Indica oposição, choque,
colisão.
 ONDE – Usado diante de verbos que pedem
preposição EM. 10. SENÃO / SE NÃO

 DONDE – Usado com verbos que pedem preposição • SE NÃO – Usado equivalendo a caso não.
DE.
• SENÃO – Usado equivalendo a:
02. MAU / MAL
a) do contrário
 MAU – É adjetivo ( contrário de BOM ).
b) a não ser
 MAL
c) mas sim
• Advérbio (= “erradamente”; oposto de BEM)
• Substantivo (= “doença”, “moléstia”).
• Conjunção temporal (= “assim que”, “quando”).

03. CESSÃO / SESSÃO / SECÇÃO / SEÇÃO

 CESSÃO (= ceder, dar ; doação).

 SESSÃO (= Intervalo de tempo, encontro/ evento).

 SECÇÃO ou SEÇÃO (= parte / segmento /


subdivisão)

04. ACERCA DE / CERCA DE

• ACERCA DE – “sobre”, “a respeito de”.

• CERCA DE – “aproximadamente”.
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PRATICANDO 23)Todos estudam _____________ fazer boas provas.


(afim de / a fim de)
1) _____________ vais com tanta pressa? (Onde /
aonde) 24) _____________ subir, desceu rapidamente. (ao invés
de / em vez de)
2) Chegamos _____________ queríamos. (Onde /
aonde) 25) _____________ jogar tênis, preferimos futebol. (ao
invés de / em vez de)
3) _____________ fica aquela loja? (Onde / aonde)
26) _____________, concordo com tudo isso. (em
4) Os livros estão _____________ você queria. (Onde / princípio / a princípio)
aonde)
27) _____________, eu lecionava inglês; agora, leciono
5) Rodrigo nunca está de _____________ humor. (Mau espanhol. (em princípio / a princípio)
/ mal)
28) Quando a viu, foi rápido _____________. (Ao seu
6) Ele não é _____________ aluno. (Mau / mal) encontro / de encontro a ela)

7) Nosso time jogou muito _____________. (Mau / 29) Sua opinião veio _____________ minha. (ao
mal) encontro de / de encontro a)

8) A discórdia é um grande _____________. (Mau / 30) O caminhão foi _____________ muro. (ao encontro
mal) de / de encontro a)

9) _____________ entrou e já foi reclamando de tudo. 31) _____________ chover amanhã, iremos à praia. (se
(Mau / mal) não / senão)

10) Ele fez a _____________ dos seus direitos autorais. 32) Esperarei um pouco; _____________ vier, irei
(sessão / cessão / seção) embora. (se não / senão)

11) O casal viu o filme na _____________ das oito. 33) Desça daí, _____________ vai cair. (se não / senão)
(sessão / cessão / seção)
34) Não faz outra coisa _____________ reclamar. (se
12) Visitamos a _____________ de esportes daquela loja. não / senão)
(sessão / cessão / seção)
35) Não tive o intuito de exigir, _____________ de pedir.
13) Fizemos uma _____________ horizontal no plano (se não / senão)
geométrico. (sessão / cessão / seção / secção)

14) Houve uma palestra _____________ problemas


locais. (acerca de / a cerca de / cerca de / há EXERCÍCIOS
cerca de)
1. (IBFC – 2016 – Câmara de Franca-SP) Analise a
15) _____________ um ano nós chegamos aqui. (acerca afirmativa abaixo e assinale a alternativa que
de / a cerca de / cerca de / há cerca de) apresenta erro de língua portuguesa.
“E o amarrar do sapato pode ser mais
16) _____________ cem pessoas naquela sala. (acerca de tranqüilo, arrumando-se uma posição menos
/ a cerca de / cerca de / há cerca de) incômoda, acertando as pontas.”
a) o amarrar
17) _____________ trinta pessoas vieram ao encontro. b) menos incômoda
(acerca de / a cerca de / cerca de / há cerca de) c) do sapato
d) mais tranqüilo
18) A casa fica _____________ cem metros da praia.
(acerca de / a cerca de / cerca de / há cerca de)

19) Estamos _____________ dez minutos da praia.


(acerca de / a cerca de / cerca de / há cerca de)

20) _____________ anos que nos encontramos. (há / a)

21) Viajarei daqui _____________ dois meses. (há / a)

22) Eles possuem comportamentos _____________.


(afins / a fins)

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2. (IBFC – 2016 – Câmara de Araraquara-SP) Leia as d) hesite – hêxito


opções abaixo e assinale a alternativa que não e) hesite - êxito
apresenta erro ortográfico.
a) Plocrastinar - idiossincrasia – abduzir
b) Proclastinar - idiosincrasia – abduzir
c) Plocrastinar- idiossincrasia – abiduzir
d) Procrastinar - idiossincrasia – abduzir

6. (IBFC – 2013 – EBSERH) Assinale a


alternativa que completa, correta e
respectivamente, as lacunas.

O prazo foi _______________ e a inscrição será


3. (IBFC – 2014 – COMLURB) Assinale a de 16 _____ 20 de outubro.
alternativa que apresenta a grafia correta de
todas as palavras na frase. a) extendido – a
a) A gente vamos fazer a prova com muita atenção. b) extendido – à
b) A tirania dos coroneus do cacau deixo a gente c) estendido – à
confusos d) estendido – a
c) Pensei que ninguém havia notado o desaparecimento
dos documentos.
d) Quando ver ele, diga-lhe que mandei lembranças.

7. (IBFC – 2013 – EBSERH) Assinale a


alternativa que completa, correta e
respectivamente, as lacunas.
4. (IBFC – 2013 – MPE-SP) Assinale a alternativa
que completa, correta e respectivamente, as I. Espera-se que o rapaz tenha bom ________.
lacunas. II. O paciente corre risco __________.
I. O ___________ministro fez um belo discurso. a) censo – eminente
II. Durante a ______ , os deputados entraram em b) censo – iminente
discussão. c) senso – eminente
III. O dono da loja foi acusado d e ___________racial. d) senso – iminente
a) iminente - seção – descriminação
b) iminente - sessão – discriminação
c) eminente - sessão – discriminação
d) eminente - seção – discriminação
e) eminente - sessão - descriminação

8. (IBFC – 2013 – SUCEN) Assinale abaixo a


alternativa que não apresenta um problema
gramatical da mesma natureza daquele que
ocorre no verso “Com sodade do nordeste”:
a) Eu adoro pão com mortandela.
b) Dei uma esmola ao mendingo.
5. (IBFC – 2013 – MPE-SP) Assinale a alternativa c) Ela nunca tira a sobrancelha.
que completa, correta e respectivamente, as d) Pegue a bandeija e sirva os convidados
lacunas.
I. Não_______ em tomar as atitudes.
II. Ele teve_______ na sua tentativa.

a) exite – êxito
b) exite – hêxito
c) hesite – êxito
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11. (UPENET – 2014 – SES-PE) Sobre a Grafia das


palavras, é INCORRETO afirmar que, na frase
a) A morte de Eduardo Campos foi uma grande perda para o
Estado de Pernambuco, a palavra “perda" está grafada
corretamente.
b) Os Assistentes de Saúde têm enfarte quando recebem os seus
contracheques, a palavra “enfarte" também pode ser
grafada assim: infarto, infarte.
c) Moro numa casa geminada onde há muitos germes, a palavra 14. (FUNDEP - 2014 - IF-SP – Administrador)
“geminada" está grafada corretamente. Assinale a alternativa em que a lacuna deve ser
d) Não pertube! Gente doente, a palavra “pertube" está preenchida com o pronome interrogativo grafado
grafada corretamente. como POR QUE.
e) Só os pobres de coração cometem estupros, a palavra a) As pessoas não fazem coleta seletiva _____ não sabem
“estupros" está corretamente grafada. a importância disso?
b) Queria saber ______ vemos o lixo colocado nos
passeios fora dos dias de coleta.
c) Não sei bem ______, mas muitas pessoas não
atenderam ao pedido do diretor.
d) O fato de o país ser rota de petroleiros explica o
______ do desaparecimento dos recifes de corais.

12. (UPENET – 2014 – Prefeitura de Paulista-PE)


Analisando o texto 05, notamos a palavra
“pessoas” grafada com dois SS. Assim se
grafam também
a) gesso e lissonja.
b) assombro e bissar. 15. (FUNCAB - 2014 - PRODAM-AM - Engenharia
c) profissional e arrassar. Elétrica) “A internet, mesmo sendo plural, não
d) agressivo e excessivo. tem POR QUE se tornar um monopólio.” (§ 10)
e) admissão e cobissa. Na frase acima, o termo em destaque está
corretamente grafado, com os elementos
separados. Considerando-se que, de acordo com o
contexto, o referido termo pode apresentar
diferentes formas de grafia, pode-se afirmar que,
das frases abaixo, a única correta é:
a) A imprensa condenou o político por que este teria
agido de forma antiética.
b) Já se sabe porquê a imprensa condenou o político.
c) Por quê a imprensa condenou o político?
d) As razões por que a imprensa condenou o político não
13. (CESGRANRIO - 2014 - Petrobras - foram esclarecidas.
Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos de e) É importante saber porque a imprensa condenou o
Nível Superior) A expressão em destaque está político.
grafada de acordo com a norma-padrão da Língua
Portuguesa em:
a) A internet, tal como a conhecemos, aberta, livre e
democrática, é um fenômeno sem igual porquê é
incontrolável.
c) Os professores que pesquisam os cursos a distância
explicaram o por quê do sucesso atual da educação
via internet.
b) As melhores universidades do mundo abrem as portas
da excelência porque oferecem na rede cursos inteiros
de graça.
d) Os cursos na internet começam a ter peso fora do 16. (FUNCAB - 2014 - PM-MT - Soldado da Polícia
mundo virtual por que várias instituições começaram Militar) Assinale a opção em que a palavra
a aceitar créditos conquistados on-line. destacada foi corretamente empregada.
e) Porque a revolução da educação on-line de alto nível já a) As mulheres estavam MEIO nervosas por terem O
se tornou, de fato, uma realidade em todo o mundo? desmembramento entre os estados de Mato que falar
em público.

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b) Naquele dia, MAS ninguém apareceu no ACENTUAÇÃO


departamento.
c) PORQUE você não concorda com esse
procedimento? REGRAS GERAIS
d) As palavras foram MAU empregadas naquela situação.
e) Ele estava com medo, MAIS não demonstrava. 1. MONOSSÍLABAS

Acentuam-se as monossílabas tônicas terminadas em


A, E e O

Ex.: PÁ (s), PÉ (s), NÓ (s)

2. OXÍTONAS

 Acentuam-se oxítonas e monossílabos tônicos


17. (AOCP 2014 – UFC) Assinale a alternativa correta terminados em A, E, O seguidas ou não de S mesmo
em relação à grafa dos pares. seguidos de LO (S), LA (S).
a) Compense – compensasão. Ex.: cajá (s) café (s), jiló (s);
b) Período – periodisação. cantá-la (s), fazê-la (s), pô-lo (s)
c) Oxidante – oxidação.
d) Cognitivo – cognissão.  Acentuam-se oxítonas terminadas por -em, -ens
e) Concluir – concluzão. (com duas ou mais sílabas)
Ex.: armazém, parabéns

 Observação: Não se acentuam as oxítonas


terminadas em u(s) ou i(s) Ex.: caju, pitu, tupi

3. PAROXÍTONAS

 Acentuam-se as terminadas em: i, L, N, PS, R, US,


18. (FUNDAÇÃO DOM CINTRA - 2014 - IF-SE – UM (UNS), X; ditongo oral (crescente ou
Jornalista) “Pois que se aja e se assuma decrescente) seguido ou não de S, terminadas em à e
resiliência, porque ainda há gente que se importa”; em tritongo nasal.
“eu questionei os autores da proposta: por que razão
não deveriam ser as restantes horas de ‘Educação na Ex.: ímã(s), órgão(s); pônei (s), hífen; júri, lápis;
cidadania?’” iândom, íons; bônus, álbum (uns); série(s), jóquei(s);
bíceps; éter, látex, próton, cônsul, ímã, órfã,
Observamos aqui que a grafia do vocábulo enxáguem.
negritado é variável segundo as condições
contextuais; a alternativa em que a forma desse ATENÇÃO!
mesmo vocábulo está INCORRETA é: • Os prefixos paroxítonos terminados em i e r:
a) A justiça porque se luta é utópica. Ex.: anti, semi, super, inter
b) Qual será o porquê de haver tantas injustiças?
c) Os cristãos não devem respeitar as leis injustas por 4. PROPAROXÍTONAS
quê?  Acentuam-se todas.
d) Isso ocorre porque alguns dizem uma coisa e fazem Ex.: mágico, trêmulo, síndico
outra.
MUDANÇAS NAS REGRAS DE
ACENTUAÇÃO (Novo Acordo Ortográfico)

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói


das palavras paroxítonas (palavras que têm acento
tônico na penúltima sílaba).

Como era Como fica


andróide Androide
apóia (verbo apoiar) Apoia
apóio (verbo apoiar) Apoio
asteróide Asteroide
bóia Boia
estréia Estreia
estréio (verbo estrear) Estreio

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heróico Heroico Atenção:


idéia Ideia • Permanece o acento diferencial em pôde / pode.

Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito


Atenção: essa regra é válida somente para palavras
perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular.
paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a
palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
pessoa do singular.
Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas
2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no
hoje ele pode.
i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
• Permanece o acento diferencial em pôr / por. Pôr é
Como era Como fica
verbo. Por é preposição.
baiúca Baiuca
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por
bocaiúva Bocaiuva mim.

cauíla Cauila • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do


plural dos verbos ter e vir, assim como de seus
feiúra Feiura
derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir,
advir etc.).
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u
estiverem em posição final (ou seguidos de s), o Exemplos:
acento permanece. Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ex: tuiuiú, tuiuiús, Piauí. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em estudantes.
êem e ôo(s). Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em
Como era Como fica todas as aulas.
abençôo Abençoo
• É facultativo o uso do acento circunflexo para
crêem (verbo crer) Creem diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns
dêem (verbo dar) Deem casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja
dôo (verbo doar) Doo este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
enjôo Enjoo
lêem (verbo ler) Leem 5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das
formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do
magôo (verbo Magoo
presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
magoar)
perdôo (verbo Perdoo 6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados
perdoar)
em guar, quar e quir, como aguar, averiguar,
povôo (verbo povoar) Povoo apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc.
vêem (verbo ver) Veem Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas
vôos Voos formas do presente do indicativo, do presente do
zôo Zoo subjuntivo e também do imperativo.

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares VEJA:


pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas
pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. formas devem ser acentuadas.

Como era Como fica Exemplos:


• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua,
Ele pára o carro. Ele para o carro.
enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte. • verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque,
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo. delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.
Esse gato tem pelos Esse gato tem
brancos. pelos brancos. b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas
Comi uma pêra. Comi uma pera. deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal
sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais
fortemente que as outras):
Exemplos:
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua,
enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
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• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque,


delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a


primeira, aquela com a e i tônicos.

SÍLABA TÔNICA DE ALGUNS VOCÁBULOS


01. São Oxítonos – cateter, condor, ruim, ureter,
Nobel, mister;
3) (FGV – 2017 – Prefeitura de Salvador/BA –
02. São Paroxítonos – avaro, austero, aziago, ciclope, Auxiliar de Desenvolvimento Infantil) A palavra
filantropo, ibero, pudico, juniores, látex, recorde, “sucuri” não leva acento em sua sílaba tônica.
rubrica, têxtil, dúplex.
Assinale a opção que apresenta outra palavra que
não recebe acento pela mesma regra.
03.São Proparoxítonos – aerólito, ínterim, aríete,
a) Lua
lêvedo, bávaro, crisântemo, monólito, trânsfuga.
b) Marejado
c) Caju
 Observação: Há palavras que admitem dupla
d) Ideia
pronúncia (prosódia):
e) Rochedo
• Ajax / Ájax; alópata / alopata; anídrido / anidrido;
• acróbata / acrobata; biópsia / biopsia;
• crisântemo / crisantemo; Dário / Dario;
• Gândavo / Gandavo; hieróglifo / hieroglifo ;
• Madagáscar / Madagascar (mais geral);
• Oceânia /Oceania; ortoépia / ortoepia;
• oxímoro / oximoro; projétil / projetil; réptil/reptil;
• sóror/soror; transístor/transistor; xérox/xerox; etc.
4) (FGV – 2016 – SEE-PE – Professor de Língua
O melhor mesmo é não “chutar”. As dúvidas quanto à Portuguesa) Em uma prova de Português, uma
prosódia devem ser resolvidas por meio de consulta a das questões solicitava a separação silábica da
um bom dicionário. palavra importância e o gabarito seguido pela
professora era o de que a palavra deveria ser
separada da seguinte forma: im-por-tân-cia.
EXERCÍCIOS
Assinale a opção que indica o comentário correto
1) (FGV – 2017 – Prefeitura de Salvador/BA – sobre a questão.
Auxiliar de Desenvolvimento Infantil) A palavra a) O gabarito está incorreto, porque se trata de uma
década tem acento gráfico pela mesma razão que palavra com hiato.
o vocábulo b) O gabarito está correto, já que essa é a única separação
a) após. silábica possível.
b) trágica. c) O gabarito está correto, mas incompleto, pois outra
c) além. separação é possível.
d) ninguém. d) O gabarito está incorreto, pois a acentuação mostra
e) matá-lo. que se trata de proparoxítono.
e) O gabarito está correto, pois se trata de um ditongo
crescente e não de um hiato.

2) (FGV – 2017 – ALERJ – Especialista legislativo-


Tecnologia da Informação) Entre as palavras 5) (FCC – 2016 – TRF- 3ª região – Analista
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só Judiciário- Área Administrativa) Atente para as
existe com acento gráfico é: afirmativas abaixo.
a) história; I. Em ... presta homenagem às potências dominantes...
b) evidência; (1° parágrafo), o sinal indicativo de crase pode ser
c) até; suprimido excluindo-se também o artigo definido, sem
d) país; prejuízo para a correção.
e) humanitárias.

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PORTUGUÊS

II. O acento em "têm" (2° parágrafo) é de caráter ( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do
diferencial, em razão da semelhança com a forma plural do presente do indicativo dos verbos crer, dar,
singular "tem", diferentemente do acento aplicado a ler, ter, vir e seus derivados.
"porém" (3° parágrafo), devido à tonicidade da última
sílaba, terminada em "em". Assinale a alternativa que apresenta a sequência
III. Os acentos nos termos "excelência" (2° parágrafo) e correta de cima para baixo.
"necessário" (3° parágrafo) devem-se à mesma razão. a) V F F c) F F V
b) F V F d) F V V
Está correto o que consta em
a) I, II e III. d) II, apenas.
b) I, apenas. e) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.

9) (CESGRANRIO – 2016 – ANP – Técnico em


Regulação de Petróleo e Derivados-
Especialidade Geral) O grupo de palavras que
6) (IBFC – 2017 – EMBASA – Agente
obedecem às normas de acentuação da Língua
Administrativo) Assinale a alternativa em que as
Portuguesa é
duas palavras devem ser obrigatoriamente
a) raizes, dificil, século
acentuadas.
b) rúbrica, saúva, amavel
a) Critica – sofa.
c) também, possível, êxito
b) Violencia – reporter.
d) idolo, parabéns, ciencia
c) Enfase – vivencia.
e) indústria, saude, ninguém
d) Especifica – lamentavel.

7) (IBFC – 2016 – COMLURB – Técnico de


Segurança do Trabalho) O novo acordo 10) (CESGRANRIO – 2016 – UNIRIO – Assistente
ortográfico nos apresentou algumas alterações de em Administração) Das palavras acentuadas
acentuação de palavras em Língua Portuguesa. (todas retiradas do Texto III) história, camponês,
Leia as alternativas abaixo e assinale a que construísse e impossível, quais recebem acento
apresenta somente palavras acentuadas em razão da mesma norma ortográfica?
corretamente. a) Apenas duas, história e construísse, por serem
a) Seqüência, idéia, caráter, bóia, saúde. paroxítonas terminadas em vogal.
b) Sequência, idéia, carater, bóia, saúde b) Apenas duas, construísse e impossível, por terem a
c) Sequência, ideia, caráter, boia, saúde. mesma vogal tônica
d) Seqüência, ideia, caráter, bóia, saude. c) Três delas, história, construísse e impossível, por
serem proparoxítonas
d) Apenas duas, história e camponês, por serem
substantivos.
e) Nenhuma delas, pois as quatro palavras recebem
acento em razão de normas ortográficas diferentes.

8) (IBFC – 2016 – TCM-RJ – Técnico de Controle


Externo) Analise as afirmativas abaixo, dê valores
Verdadeiro (V) ou Falso (F) quanto ao emprego
do acento circunflexo estabelecido pelo Novo
Acordo Ortográfico.
( ) O acento permanece na grafia de 'pôde' (o verbo
conjugado no passado) para diferenciá-la de 'pode' (o
verbo conjugado no presente). Gabarito
( ) O acento circunflexo de 'pôr' (verbo) cai e a palavra 1. B 2. E 3. C 4. C 5. A
terá a mesma grafia de 'por' (preposição), 6. B 7. C 8. A 9. C 10. E
diferenciando-se pelo contexto de uso.
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PORTUGUÊS

MORFOLOGIA / CLASSES GRAMATICAIS

CLASSE CARACTERÍSTICA EXEMPLO

Substantivo Designa os seres em geral. casa, homem, país, Brasil

Caracteriza o substantivo, indicando qualidade, estado,


Adjetivo Homem feliz, grande país
modo de ser ou aspecto.

Especifica ou generaliza o substantivo, indicando-lhe o


Artigo a casa, uma casa
gênero e o número.

Numeral Indica quantidade, ordem, fração ou multiplicação. dois, terceiro, terço, quíntuplo

Substitui ou acompanha o substantivo, indicando-o Homem fez linda casa.


Pronome
como pessoa do discurso. Ele esta

Situa um acontecimento (ação, estado, mudança de


Verbo cantar, passei, partiremos
estado ou fenômeno) no tempo.

Modifica, indicando uma circunstância,


Anda devagar.
➢ verbo,
Advérbio Homem muito feliz.
➢ adjetivo,
Anda muito devagar.
➢ outro advérbio.

Preposição Relaciona uma palavra a outra. café com leite, lata de óleo

Pegou tudo. Saiu de casa.


Conjunção Possibilita a ligação entre duas frases ou duas palavras.
Pegou tudo e saiu de casa.

Interjeição Exprime sentimento repentino. Ai! Oh! Puxa! Opa! Ora!

VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Substantivo Advérbio
Adjetivo Preposição
Artigo Conjunção
Numeral Interjeição
Pronome
Verbo

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PORTUGUÊS

CLASSES INVARIÁVEIS

1. PREPOSIÇÃO

Une dois termos

O primeiro termo (antecedente) é explicado ou completado pelo sentido do segundo (consequente). Assim:

Antecedente Consequente
(regente / subordinante) Preposição (regido / subordinado)
Foi a Roma.
Fugiu de casa.
Mora Com A família

PRINCIPAIS RELAÇÕES SEMÂNTICAS

Autoria – Música de Djavan. / Tela de Renoir.

Lugar – Ver de perto. / Estar sob a mesa.

Destino – Ir a Brasília. / Ir à Bahia.

Instrumento – Escrever a lápis. / Ferir-se com a faca.

Finalidade – Vir para ficar. / Vir em socorro.

Conteúdo – Copo de (com) água.

Preço – Livro de dez reais.

Origem – Descender de família humilde.

Limite – Estudar até não poder mais. / Ir até a praia.

Oposição – O Brasil jogará contra a Argentina hoje.

Assunto – Falamos sobre cultura.

Posse – Camisa de Fernanda.

Causa – Tremer de frio. / Ser preso por vadiagem.

Meio – Viajamos de trem.

Causa – Morreu de fome.

Companhia - Viajei com familiares.


no (preposição em + artigo definido “o”)
 LOCUÇÃO PREPOSITIVA: Dois ou mais vocábulos
com valor de preposição. daqui (preposição de + advérbio aqui)

Ex.: a fim de, de acordo com, de encontro a, etc.  Na linguagem culta não se deve contrair a preposição
“de se o termo seguinte estiver exercendo a função
 FORMAS COMBINADAS E CONTRAÍDAS: sintática de sujeito de um verbo.
Ex.: Está na hora da onça beber água. (errado!)
• Combinação Está na hora de a onça beber água. (certo!)
ao (preposição a + artigo definido “o”)
aonde (preposição a + advérbio onde) 2. ADVÉRBIO

• Contração Indica circunstância (circunstante)


do (preposição de + artigo definido “o”)
Modifica: verbo, adjetivo ou advérbio
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PORTUGUÊS

indeterminadamente.
 CIRCUNSTÂNCIAS: Ex.: Faz anos que não vou a teatro.
(=qualquer teatro)
Ex.: Saiu com os amigos (companhia).
Conversaremos outro dia. (tempo) Obedeço a leis que respeitam os direitos humanos.
Falava-se sobre a guerra ao terrorismo. (assunto) (=quaisquer leis, desde que respeitem os DH )

 LOCUÇÃO ADVERBIAL: Duas ou mais palavras → Depois do pronome relativo cujo (e variações).
com valor de advérbio.
Ex.: às vezes, às pressas, à direita, à noite, etc. Ex.: Este é o carro cuja porta está com defeito.

 FLEXÃO DO ADVÉRBIO: → Antes dos pronomes de tratamento,


excetuando-se “senhor(a)”, “senhorita”, “dona” e
O advérbio é uma classe invariável em gênero e “madame”.
número, mas flexiona-se em grau. À semelhança do
adjetivo, admite dois graus: comparativo e superlativo. Ex.: Vossa Excelência resolveu o problema?
Não vi o senhor ontem.
Ex.1: Bianca fala tão alto quanto Mariana.
(comparativo de igualdade) → Antes de certos nomes de lugar, desde que não
estejam especificados.
Ele agiu mais / menos rápido (do)que eu.
(comparativo de superioridade / inferioridade) Ex.: Fui a Lisboa. / Fomos a Roma.
Fui à bela Lisboa. / Fomos à Roma antiga.
Ex.2: Jéssica dança muito rápido / rapidíssimo.
(superlativo analítico / sintético) → Não se contrai artigo com a preposição que
faça parte do nome de uma obra (revista, jornal,
 OUTRAS CONSIDERAÇÕES: obra literária) ou de um sujeito.

1) Certos advérbios podem apresentar-se no diminutivo Ex.: Publicou o anúncio em O Globo.


ou repetidos, mas ambos com valor de superlativo. (e não, “no” Globo)

Ex.: Hoje cheguei cedinho. (=muito cedo) Está na hora de o professor iniciar a aula.
Todos chegaram cedo, cedo.
 SEMÂNTICA:
2) Quando se coordenam vários advérbios terminados
em –mente, pode-se usar esse sufixo apenas no 1) Todo carro tem seus defeitos.
último advérbio. (sem artigo = “todos os carros, qualquer carro...)
Todo o carro tem seus defeitos.
Ex.: Ela estudava calma, tranquila e sossegadamente. (com artigo = “este carro, único, inteiro...)

3) Antes de particípios usam-se as formas analíticas: 2) Ele não é um amigo, mas o amigo!
mais bem, mais mal. (determinação específica, nível de importância)

Ex.: Aqueles candidatos estão mais bem (mais mal)


reparados que os outros. 4. NUMERAL

CLASSES VARIÁVEIS Dá ideia de número ao substantivo

3. ARTIGO  EMPREGO DO NUMERAL – CASOS GERAIS

Determina o substantivo 1) Numerais Ordinais

 EMPREGO DO ARTIGO – CASOS GERAIS • “gésimo”  dezenas


Ex.: 30º (trigésimo), 40º (quadragésimo)
1) USA-SE O ARTIGO DEFINIDO:
• “centésimo” ou “ingentésimo”  centenas
→ Depois do pronome indefinido todos (as) e do Ex.: 200º (ducentésimo), 400º (quadringentésimo)
numeral ambos, com o substantivo expresso.
2) Alguns Numerais Coletivos
Ex.: Todos os homens devem lutar pela paz. (conjunto de seres, com número delimitado)
Ambos os alunos se saíram bem nos exames.
Ex.: bíduo (período de dois dias), tríduo (per. de três
2) NÃO SE USA O ARTIGO DEFINIDO:
dias), década / decênio (per. de dez anos),
→ Antes de substantivos usados grosa (doze dúzias ou cento e quarenta e quatro),

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PORTUGUÊS

lustro (per. de cinco anos), novena (per. de nove dias),


quarentena (per. de quarenta dias), quinquênio (per. de • Próprio: particulariza um único ser da mesma espécie.
cinco anos), século / centúria (per. de cem anos), Ex.: Pernambuco, Cláudia, Brasil...
hectare (dez mil m2).
• Concreto: nomeia seres de existência real ou
3) Na enumeração de leis, artigos, decretos, portarias, imaginária. (de natureza independente)
parágrafos, circulares, avisos e outros textos oficiais, Ex.: Deus, fada, caneta, Cebolinha...
usa-se o ordinal até nove, e o cardinal de dez em
diante. • Abstrato: designa estados, qualidades, ações e
sensações / sentimentos dos seres. (de natureza
Ex.: artigo 9º (nono), parágrafo 21 (vinte e um) dependente)
Ex.: amor, fome, beleza, viagem, igualdade...
4) DIANTE DE ALGARISMOS ROMANOS:
• Primitivo: não tem origem em outra palavra
• Quando vem DEPOIS do substantivo: portuguesa.
Ex.: mar, terra, céu, pedra...
A) Lê-se como ordinal até dez:
• Derivado: tem origem em outra palavra portuguesa.
Ex.: D. João VI (sexto), Carlos X (décimo), etc Ex.: marujo, terremoto, pedreiro...

B) Lê-se como cardinal quando acima de dez:  COLETIVOS: nomeiam agrupamentos de seres da
mesma espécie.
Ex.: Papa Pio XII (doze), Século XX (vinte), etc Ex.: biblioteca (de livros), antologia (de trechos de
leitura), banca (de examinadores)...
• Quando vem ANTES do substantivo, a leitura
será sempre como ordinal: (Obs.: o coletivo é um substantivo singular, mas com
ideia de plural.)
Ex.: VII Caminhada pela Paz (sétima)
FLEXÃO DO SUBSTANTIVO
 SEMÂNTICA:
 FLEXÃO DE GÊNERO:
1) Sentido indefinido
1) Uniforme (grafia única para masculino e feminino)
Ex.: Já falei mais de mil vezes! • Epiceno: cobra macho / fêmea
(referência hiperbólica) • Comum-de-dois: o / a estudante
• Sobrecomum: a criança, o indivíduo
Deveria haver umas quinhentas pessoas lá.
(referência indeterminada) 2) Biforme (duas grafias: masculino e feminino)
• Desinenciais: aluno / aluna
2) Alguns numerais podem sofrer derivação de grau, • Heterônimos: homem / mulher
por meio de adjetivos ou substantivos com
sufixos. Nesse caso, o numeral acresce-se de
 Observações:
coloquialidade, ênfase, ironia, humor, conforme o
contexto.
1) Substantivo tido como de gênero duvidoso ou livre:
o / a personagem.
Ex.: Chegou em primeiríssimo lugar.
Há times que não conseguem sair da segundona.
2) Gênero aparente: Existem certos substantivos que,
Apesar de ser cinquentão, conserva sua elegância.
variando de gênero, variam em seu significado. Por
exemplo, o rádio (aparelho receptor) e a rádio
5. SUBSTANTIVO
(estação emissora), o capital (dinheiro) e a capital
(cidade), etc.
Dá nome aos seres
3) Substantivos de origem grega terminados em EMA
CLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVO
ou OMA são masculinos. Por exemplo: o axioma, o
fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema,
• Simples: possui um só radical. etc.
Ex.: tempo, sol, terreiro...
 FLEXÃO DE NÚMERO:
• Composto: são formados de mais de um radical.
Ex.: passatempo, girassol, pé-de-moleque... 1) Substantivos Simples

• Comum: indica um nome comum a todos os seres de A) os terminados em vogal, ditongo oral e N fazem o
uma espécie. plural pelo acréscimo de S.
Ex.: colégio, homem, vegetal... Ex.: troféu  troféus; ímã  ímãs,
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PORTUGUÊS

elétron  elétrons  contra-ataques


 Casos particulares: • grão, grã e bel seguidos de substantivos
 grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres
cânon e cânones
espécimen (espécimens ou especímenes) • palavras repetidas ou imitativas
hífen (hifens ou hífenes)  reco-recos
pólen (pollens ou pólenes)
 Observações
B) os terminados em IL fazem o plural de duas maneiras:
• Quando oxítonos, em IS. 1) Se os elementos repetidos forem verbos:
Ex.: canil  canis... Ex.: corre(s)-corres, pisca(s)-piscas

• Quando paroxítonos, em EIS. 2) Só devem ir para o plural os elementos representados


Ex.: míssil  mísseis. por substantivos, adjetivos e numerais. Verbos,
advérbios e prefixos (co-, ex-, vice- etc.) ficam
 Atenção: invariáveis.
• réptil (répteis) ou reptil (reptis)
projétil (projéteis) ou projetil (projetis) C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
• mal (males), mel (méis ou meles) formados de:
cônsul (cônsules) • substantivo + preposição clara + substantivo
 pés-de-moleque
C) os terminados em S fazem o plural de duas maneiras:
• Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o • substantivo + preposição oculta + substantivo
acréscimo de ES.  cavalos-vapor
Ex.: ás  ases, retrós  retroses...
• um segundo elemento limitando (ou determinando) a
• Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam idéia do primeiro, indicando tipo, espécie ou
invariáveis. finalidade.
Ex.: o lápis  os lápis; o ônibus  os ônibus...  bananas-maçã, tatus-bola, canetas-tinteiro ...

 Observação: Cais e cós são invariáveis.  Observação: No padrão culto, também é lícita a
pluralização de ambos os elementos “bananas-maçãs”,
D) os terminados em ÃO fazem o plural de três maneiras.
“canetas-tinteiros”... − Fonte: HOUAISS.
Ex.: avião  aviões
(a maioria e muitos aumentativos)
D) permanecem invariáveis, quando formados de:
alemão  alemães
cidadão  cidadãos • verbo + advérbio
 os bota-fora, os pisa-mansinho
E) os terminados em X:
• verbo + substantivo no plural
• Monossílabo – Ex.: fax  os fax ou faxes  os porta-lápis
• Dissílabo – Ex.: tórax  os tórax (invariáveis)
• verbos opostos
2) Substantivos Compostos  os leva-e-traz, os ganha-perde

 NÃO SEPARADOS POR HÍFEN:


 Observações:
Acrescenta-se o -s.
1) Substantivos estrangeiros aportuguesados: o chope – os
Ex.: pernalongas, pontapés, passatempos
chopes; o drope – os dropes; o clipe – os clipes); para
os não aportuguesados, acrescenta-se o -s: o show – os
 SEPARADOS POR HÍFEN: shows.
A) Flexionam-se os dois elementos, quando for:
• substantivo + substantivo  couves-flores 2) Mudança de número com mudança de sentido: bem
• substantivo + adjetivo  amores-perfeitos (felicidade, virtude, benefício) / bens (propriedades),
costa (litoral) / costas (dorso)...
• adjetivo + substantivo  gentis-homens
• numeral + substantivo  quintas-feiras 3) Outros plurais: pores-do-sol, os sem-terra, capitães-
mores; os arco-íris, os louva-a-deus,os diz-que-diz, os
B) Flexiona-se somente o 2º elemento, quando for: maria-vai-com-as-outras; bem-te-vis, bem-me-queres;
• verbo + substantivo
 guarda-roupas , tira-dúvidas 4) Duas formas de plural: guardas-marinha(s), padre(s)-
nossos, salvo(s)-condutos, terra(s)-novas, salários-
• palavra invariável + palavra variável
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PORTUGUÊS

família(s), máquinas-caixão(ões); Ex.: pessoas amigas, cães ferozes,


FLEXÃO DE GRAU DO SUBSTANTIVO crianças amáveis...
• Substantivo usado como adjetivo fica invariável
 Aumentativos e diminutivos formais Ex.: calças vinho, cursos relâmpago...
Ex.: cartão, portão, caldeirão, etc.
2) ADJETIVOS COMPOSTOS:
 O grau com valor afetivo ou pejorativo
Ex.: paizinho, mãezinha (afetivo);  REGRA GERAL: Somente o último elemento varia
gentinha (pejorativo). em gênero e número.
Ex.: pastas verde-claras
 Formação do diminutivo plural: acordos luso-brasileiros...
Ex.: bar  bares (plural)  bare + s  barezinhos
 Casos Específicos:
6. ADJETIVO
A) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo
Caracteriza o substantivo composto mantém no plural a mesma forma do
singular.
CLASSIFICAÇÃO DO ADJETIVO Ex.: pastas verde-abacate, blusas vermelho-vinho...

• Simples: possui um só radical. B) Azul-marinho e azul-celeste são invariáveis, assim


Ex.: bonito, inteligente ... como os compostos formados por locuções adjetivas
(na cor de, da cor de, cor de, de cor) e a expressão
• Composto: são formados de mais de um radical. rosa-choque.
Ex.: afro-brasileiro, cívico-religiosa...
Ex.: camisas azul-marinho, calças azul-celeste,
sapatos cor de azul (da cor da terra), pulseiras cor
• Primitivo: não tem origem em outra palavra de rosa .
portuguesa.
Ex.: azul, fiel ...
C) Os componentes sendo palavra (ou elemento) invariável +
adjetivo, somente esse último se flexionará.
• Derivado: tem origem em outra palavra portuguesa. Ex.: garotos mal-educados, povos semi-selvagens,
Ex.: azulado, recifense... esforços sobre-humanos, crianças recém-nascidas.
 ADJETIVOS PÁTRIOS (OU GENTÍLICOS): D) surdos-mudos; surdas-mudas.
Ex.: pernambucano, soteropolitano (simples)  FLEXÃO DE GRAU
franco-italiano (composto)
Comparativo – Pode ser:
ALGUMAS LOCUÇÕES ADJETIVAS
 de aluno (discente)  de paixão (passional) A) de igualdade: tão + adjetivo + quanto (ou como)
 de professor (docente)  de velho (senil) Ex.: Ela é tão inteligente quanto eu.
 de chuva (pluvial)  de criança (pueril)
B) de superioridade: mais + adjetivo + (do) que
 de rio (fluvial)  de filho (filial)
Ex.: Ela é mais inteligente (do) que eu.
 de cabeça (capital)  de guerra (bélico)
 de morte (mortal, letal)  de garganta (gutural) C) de inferioridade: menos + adjetivo + (do) que
Ex.: Ela é menos inteligente (do) que eu.
FLEXÃO DO ADJETIVO
 Observações:
 FLEXÃO DE GÊNERO
1) Duas qualidades do mesmo ser. (f. analítica)
Ex.: Ele é mais bom que inteligente.
1) UNIFORME
(grafia única para masculino e feminino)
2) Dois seres com a mesma qualidade. (f. sintética)
Ex.: rapaz inteligente / moça inteligente
Ex.: Ela é melhor que você.
2) BIFORME
(duas grafias: masculino e feminino) Superlativo – Pode ser:
Ex.: rapaz bonito / moça bonita
A) ABSOLUTO: a qualidade expressa não é posta em
relação a outros elementos.
 FLEXÃO DE NÚMERO

1) ADJETIVOS SIMPLES: • Analítico (duas ou mais palavras)


Ex.: Este assunto é muito fácil.
• Seguem a mesma forma dos substantivos simples.
• Sintético (uma palavra)
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PORTUGUÊS

Ex.: Este assunto é facílimo. altas autoridades:


Vossa Excelência V. Exa.(s) presidente da
B) RELATIVO: a qualidade expressa é posta em relação república,
a outros elementos. senador,
• de superioridade deputado, etc.
Ex.: Cláudia é a mais inteligente. Vossa sacerdotes e
Reverendíssima V. Revma.(s) religiosos em
• de inferioridade geral
Ex.: Eles são os menos inteligentes. Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais e bispos
Vossa Santidade V.S. o Papa
 SEMÂNTICA:
Vossa Paternidade V.P. (VV.PP.) superiores de
1) Alguns adjetivos podem assumir significação variada ordens religiosas
de acordo com a posição em que aparecem:
Vossa Alteza V.A. (VV.AA.) príncipes e
Ex.:
duques
grande homem (bom, correto...)
homem grande (proporções físicas destacadas) Vossa Majestade V.M. (VV.MM.) reis/rainhas
o cético Marx (adjunto adnominal)
Marx, o cético (aposto, título)
Vossa Majestade V.M.I. Imperadores
2) O contexto é determinante para se determinar o valor Imperial
semântico de algumas locuções adjetivas.
Ex.: água de chuva (pluvial) Vossa reitores de
dia de chuva (chuvoso) Magnificência V. Maga.(s) Universidades
problema de coração(cardíaco)
atendimento de coração(cordial) Vossa Onipotência V. O. Deus

7. PRONOME
B) Possessivos - São palavras que, ao indicarem a pessoa
Representa ou acompanha o substantivo gramatical (possuidor), acrescentam a ela a idéia de
posse de algo (coisa possuída). O pronome possessivo
CLASSIFICAÇÃO DO PRONOME concorda em pessoa com o possuidor e em gênero e
número com a coisa possuída.
A) Pessoais − Substituem os substantivos, indicando as
pessoas do discurso. PRONOMES POSSESSIVOS
1a pessoa meu(s), minha(s)
QUADRO DOS PRONOMES PESSOAIS Singular 2a pessoa teu(s), tua(s)
Núm. Pes. Retos Oblíquos 3a pessoa seu(s), sua(s)
1a EU Me, mim, comigo 1a pessoa nosso(a)(s)
Singular 2a Plural 2 pessoa
a vosso(a)(s)
TU te, ti, contigo
3a ELE se, si, consigo, o, a, lhe 3a pessoa seu(s), sua(s)
(A)
1a NÓS Nos, conosco C) Demonstrativos - Indicam, no espaço ou no tempo, a
Plural posição de um ser em relação às pessoas do discurso.
2a VÓS Vos, convosco
3a ELES se, si, consigo, os, as, PRONOMES DEMONSTRATIVOS
(AS) lhes
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
este (a) (s) Isto
ALGUNS PRONOMES DE TRATAMENTO
esse (a) (s) Isso
Pronome Abrev. s/ pl. Uso
aquele(a)(s) Aquilo
Você v. / vv. pessoas próximas
Senhor Sr. (s) tratamento de
Outros Demonstrativos
Senhora Sra.(s) Respeito
Senhorita Srta. (s) moças solteiras
• semelhante(s)  “Nunca vi semelhante injustiça!”
pessoas de
Vossa Senhoria V.Sa. (s) cerimônia: • tal (tais)  ”Tal fato é um grande avanço social.”
ofícios, • o(s), a(s)  = aquele(a)(s), aquilo
cartas Ex.: “Comprei o que querias.” (=aquilo)
comerciais... • mesmo(a)(s)  “As regras são as mesmas.”
• próprio(a)(s)  “Os próprios alunos leram o livro.”

D) Indefinidos – Referem-se à terceira pessoa do


discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando

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PORTUGUÊS

quantidade indeterminada. E) Interrogativos – Usados na formulação de perguntas


diretas ou indiretas. Assemelham-se aos indefinidos,
pois se referem a um ser sobre o qual não temos
informações sempre na terceira pessoa do discurso.

PRONOMES INDEFINIDOS PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS que, quem, qual e quanto
algum (a) qual (is)
( F) Relativos – Retomam um nome da oração anterior (o
s antecedente) com o qual se relaciona, projetando-o em
) outra oração.

( PRONOMES RELATIVOS
n VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
s
o(a) qual, os(as) quais Que
)
cujo (a) (s) Quem
certo (a)(s) qualquer, quaisquer
quanto (a)(s) Onde
muito (a) quanto (a)(s)
(
s  PRONOME: SUBSTANTIVO X ADJETIVO
)
nenhum (a) tanto (a)(s) A) Pronome substantivo: quando substitui o nome.
(
Ex.: Todos chegaram.
s
)
B) Pronome Adjetivo: quando o acompanha.
(
Ex.: Minha esposa é muito fiel.
n
s
)  EMPREGO DOS PRONOMES:
outro (a) quanto (a)(s)
1) Pessoais Retos
(
s
A) As formas eu e tu não podem vir precedidas de
)
preposição. Usam-se as formas oblíquas
Todo (a) um (a) (s) (ns) = aproximad. correspondentes “mim” e “ti” como complementos.
(
s Ex.: Não há segredos entre mim e ti.
) Chegaram duas encomendas para mim.
pouco
( B) Os pronomes eu e tu funcionam sempre como
a sujeito. Quando precedidos de preposição, eles
) representam o sujeito de um verbo no infinitivo.
(
s Ex.: Recomendaram para eu não sair hoje.
) Há novas mensagens para tu leres.
INVARIÁVEIS
Algo, nada, alguém, ninguém, outrem, cada (usados p/  Observações:
t pessoas)
u 1) Depois da palavra até, indicando direção, usa-se
d mim ou ti; indicando inclusão, eu ou tu.
o
(usados p/ Ex.: Os condôminos dirigiram-se até mim e
c solicitaram que até eu pressionasse o síndico.
o
i 2) Ordem direta x ordem inversa
s
a Ex.: Não é fácil para mim aguentar seu estresse.
s (Aguentar seu estresse não é fácil para mim.)
)
 LOCUÇÕES PRONOMINAIS INDEFINIDAS: C) Plural de modéstia – O pronome “nós” é empregado
no lugar do “eu” quando se pretende evitar o tom
cada qual, quem quer que, qualquer um, todo aquele que arrogante ou impositivo da linguagem.

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PORTUGUÊS

Ex.: Nós, presidente desta fundação de assistência


social, realizamos todo o trabalho na comunidade. Ex.: Rodrigo falou de si aos professores.
Ela levava consigo todos os seus pertences.
D) Quando exercer a função de sujeito, o pronome não
sofrerá contração.
Ex.: Apesar de ela não querer, nós viajaremos hoje. D) onosco e convosco

2) Pessoais Oblíquos Ex.: O patrão falará conosco.


(ou com nós mesmos, todos, próprios,...)
A) Átonos (usados sem preposição)
3) Pronomes Possessivos
Ex.: Ela não me engana mais. (OD)
A) Há casos em que o possessivo seu (e variações) pode
Tônicos (usados com preposição) gerar ambiguidade.

Ex.: Entregaram a encomenda a mim. (OI) Ex.: O pai repreendeu a filha porque ela bateu o seu
carro. (“O pai repreendeu a filha porque ela bateu o
B) Os pronomes o, a, os, as são complementos de carro dele”).
verbos que não exigem preposição (VTD):
B) A ideia de posse é, muitas vezes, representada pelos
Ex.: O trovão abalou a cidade. (...abalou-a) pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, lhe(s).

Adquirem as seguintes formas: Ex.: Roubaram-me o relógio. (... o meu relógio)


Bateram-lhe na cabeça. (... na cabeça dele)
• lo(s), la(s), quando associados a verbos terminados
em R, S ou Z. C) Ideia de aproximação, ironia, afetividade, cortesia:

Ex.: Encontrar o amigo. (Encontrá-lo) Ex.: Ele deve ter seus noventa anos.
Fez as tarefas. (Fê-las) Obedeça-me, seu imprestável!
Minha querida, que horas são?
• no(s), na(s), quando associados a verbos terminados Meu caro amigo, que bom vê-lo!
em som nasal. (ão, õe, am, em)
D) Uniformidade de tratamento
Ex.: Encontraram o livro. (Encontraram-no)
Fazem as referências. (Fazem-nas) Ex.: Você reouve teus objetos perdidos? (errado!)
Você reouve seus... (certo!)
 Observações: Tu reouveste teus....(certo!)

1) Depois da palavra eis e das formas nos e vos, 4) Pronomes Demonstrativos


usamos lo(s), la(s) também com terminações
suprimidas. A) Comprei o que me pediste.(= aquilo)

Ex.: Ei-lo aqui, meu amigo. B) POSIÇÃO NO ESPAÇO:


Este presente quem no-lo deu?
• Este(a)(s), isto – perto de quem fala.
2) Nos – Se o verbo estiver na 1a pessoa do plural, a
forma verbal perderá o “s” final. • Esse(a)(s), isso – perto de com quem se fala

Ex.: Sentimo-nos honrados com sua presença. • Aquele(a)(s), aquilo – longe dos falantes

3) Lhe(s), vos – Não alteram a forma verbal. C) POSIÇÃO NO TEMPO:

Ex.: Confiamos-lhes nossos segredos. • Este(a)(s), isto – indicam o tempo presente a ato da
Apresentamos-vos todas as metas da empresa. fala.
Ex.: Nestes últimos meses, estudei muito.
4) Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, o (e
variações) podem aparecer exercendo a dupla função • Esse(a)(s), isso – indicam o passado ou o futuro
de objeto direto de um verbo e sujeito de outro em próximos ao ato da fala.
orações como: Deixei-me filmar. / Faça-os sair Ex.: Em 2002, o Brasil sagrou-se pentacampeão do
daqui. mundo. Nessa época, ninguém acreditava que fosse
possível.

C) Os pronomes si e consigo referem-se ao próprio • Aquele(a)(s), aquilo – indicam um passado vago ou


sujeito (reflexivos). remoto. Ex.: A Ditadura Vargas marcou a história
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PORTUGUÊS

política do Brasil. Aquela foi uma época que ofuscou a Apresentaram argumentos. Eu discordei da
democracia no país. legitimidade deles.  Apresentaram argumentos de
cuja legitimidade discordei.
D) EM UM TEXTO:

• Este(a)(s), isto – indicam algo que vai ser dito 9. VERBO


posteriormente. Ex.: O maior mandamento é este:
“Amai-vos uns aos outros”. Indica ação, estado, mudança de estado ou
fenômeno da natureza
• Esse(a)(s), isso – indicam algo que já foi dito
anteriormente. MODO INDICATIVO − Ação real, certa
Ex.: “Amai-vos uns aos outros”, esse é o maior
mandamento. PRESENTE FUTURO DO FUTURO DO
PRESENTE PRETÉRITO
E) ESTE X AQUELE:
eu estudo eu estudaREI eu estudaRIA
Em um discurso, a oposição este x aquele é usada para tu estudas tu estudaRÁs tu estudarias
retomar elementos citados anteriormente. “Aquele” ele estuda ele estudará ele estudaria
retoma o primeiro e “este” o último elemento da nós estudamos nós estudaremos nós estudaríamos
citação. vós estudais vós estudareis vós estudaríeis
Ex.: A realidade social evidencia um abismo entre eles estudam eles estudarão eles estudariam
ricos e pobres: aqueles repletos de oportunidades que
são negadas a estes.
PRETÉRITO PRETÉRITO PRETÉR. MAIS-
5) Pronomes Indefinidos
PERFEITO IMPERFEITO QUE-
PERFEITO
A) Valor semântico e posição na frase.
eu estudei eu estudaVA eu estudaRA
Ex.: Alguma lembrança restou daquele amor. Tu estudaSTE tu estudavas tu estudaras
(anteposto  valor afirmativo) ele estudoU ele estudava ele estudara
nós estudaMOS nós estudávamos nós estudáramos
Lembrança alguma restou daquele amor. vós estudaSTES vós estudáveis vós estudáreis
(posposto  valor negativo = nenhum) eles estudaRAM eles estudavam eles estudaram
Observação:
Certas pessoas.... (anteposto = algumas)
Pessoas certas... (posposto = exatas, corretas) Pretérito imperf. do indicativo: AR = “VA” (cantava);
Qualquer pessoa.... (valor indefinido) ER / IR = “-IA” (fazia, partia);
Pessoa qualquer... (valor pejorativo) Exc.: tinha, vinha, punha.

B) Todo (a) (s) + artigo:


MODO SUBJUNTIVO − Ação possível, hipótese
Ex.: Todo carro tem seus defeitos. (qualquer)
Todo o carro tem seus defeitos. (este, inteiro) PRESENTE IMPERFEITO FUTURO
(QUE) (SE) (QUANDO)
6) Pronomes Relativos
eu estude eu estudaSSE eu estudaR
A) QUE  relativo universal (pessoas ou coisas).
tu estudes tu estudasses tu estudaRES
Ex.: O livro que nós lemos é excelente.
ele estude ele estudasse ele estudaR
A pessoa que eu amo é maravilhosa.
nós estudemos nós nós
estudássemos estudaRMOS
B) O QUAL  pessoas ou coisas (maior clareza). Depois
vós estudeis vós estudásseis vós
de preposições com mais de uma sílaba ou “sem” e
estudaRDES
“sob”, usa-se preferencialmente o relativo qual
(flexões). eles estudem eles estudassem eles
estudaREM
Ex.: Esta é Márcia namorada de Fernando, a qual
simultaneamente namora Jairo. MODO IMPERATIVO – Indica ordem, sugestão
Aquela é a árvore sob a qual sentávamos. AFIRMATIVO NEGATIVO
Este é o homem perante o qual me humilhei. --------------------------- ---------------------------
estuda tu não estudes tu
C) CUJO  liga algo possuído ao possuidor. estude você não estude você
Ex.: Este é o autor a cuja obra me refiro. estudemos nós não estudemos nós
estudai vós não estudeis vós
 Observações: estudem vocês não estudem vocês
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PORTUGUÊS

*PRES. INDIC..:requeiro,
requeres...

REQUERER *PRET. PERF.:requeri,


FORMAS NOMINAIS DO VERBO requereSTE, requereU,
INFINITIVO INFINITIVO requereMOS,
PESSOAL IMPESSOAL requereSTES, requereRAM
estudar eu Estudar
estudares tu GERÚNDIO *PRET. MQP.: requereRA, ...
estudar ele Estudando
estudarmos nós PARTICÍPIO *IMPERF. SUBJ.: requereSSE,
estudardes vós Estudado ...
estudarem eles
*FUT. SUBJ.: requereR, ...
DESTAQUES VERBAIS I
entreter, manter, abster... DESTAQUES VERBAIS IV
TER
“quando” ou “se”: ver → vir; vir → vier
VER - EAR NORTEAR
* norteio, norteias, norteia,
intervir, desavir, ...
VIR norteamos, norteais, norteiam
propor, dispor, compor, pressupor...
PÔR
“M-A-R-I-O” (mediar, ansiar,
remediar, incen-diar, odiar)
DESTAQUES VERBAIS II * Haver (V)
- IAR * medeio, medeias, medeia,
*pres. indic.: reavemos, reaveis mediamos, mediais, medeiam
REAVER * reouve (e não, “reaveu”)
* reouvesse (e não, “reavesse”)
VOZES DO VERBO
*pres. indic.: precavemos, precaveis
PRECAVER (-
SE) ATIVA  sujeito pratica a ação
(1 verbo / 1 locução verbal)
Ex.: Cláudia pintou um quadro.
DESTAQUES VERBAIS III (sujeito agente/ativo = Cláudia)

*PRET. PERF.: precavi, PASSIVA  sujeito sofre a ação


precaveSTE, precaveU, • Analítica  2 ou mais verbos
PRECAVER (-SE) precaveMOS, (auxiliar + principal no particípio)
precaveSTES, precaveRAM Ex.: Um quadro foi pintado por Cláudia.
* sujeito paciente/passivo = Um quadro
*PRET. MQP.: precaveRA, ... * agente da passiva = por Cláudia

*IMPERF. SUBJ.: precaveSSE, • Sintética ou pronominal  verbo + SE (partíc.


... apassiv.)
Ex.: Pintou-se um quadro.
*FUT. SUBJ.: precaveR, ...
REFLEXIVA  sujeito pratica e sofre a ação
Ex1.: Daniela cortou-se com a faca.
*PRET. PERF.: provi, (SE  pronome reflexivo / reflexividade = “a si
proveSTE, proveU, mesma”)
proveMOS, proveSTES,
PROVER proveRAM Ex2.: Os convidados cumprimentaram-se.
(SE  pron. reflexivo / reciprocidade = “uns aos
*PRET. MQP.: proveRA, outros”)
proveRAS...  Observações:
1) Na mudança de voz, o tempo e o modo do(s)
*IMPERF.SUBJ.: proveSSE, ... verbo(s) sempre permanecerão inalterados.
*FUT. SUBJ.: proveR, 2) As frases que aceitam conversão de voz verbal
proveRES... apresentam verbos transitivos diretos (VTD).

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PORTUGUÊS

VOZES VERBAIS E O AGENTE DA PASSIVA EXERCÍCIOS

a) Voz ativa = sujeito pratica a ação 1. (IBFC / Câmara de Franca-SP - 2016) Assinale a
alternativa correta. Na última frase do texto “O
b) Voz passiva = sujeito sofre a ação homem maduro é de uma imaturidade a toda
prova. Meu Deus, o que será de nós, os
c) Voz reflexiva = sujeito pratica e sofre a ação ao maduros?” a expressão "Meu Deus" se classifica
mesmo tempo como:
a) Advérbio
d) Voz recíproca = há correspondência de ações verbais b) Sujeito
c) Vocativo
Exs.: d) Aposto
1. Eu reconheci os criminosos. [voz ativa]

2. Os criminosos foram reconhecidos por mim. [voz


passiva analítica]

3. Reconheceram-se os criminosos. [voz passiva


sintética]

4. Paulo feriu-se. [voz reflexiva]


2. (IBFC / Prefeitura de Várzea Grande-MT - 2016)
No trecho "Como um livro tão fascinante podia
5. Lourdes e Gustavo se amam. [voz recíproca]
estar sendo usado como apoio para uma reles lata
de biscoitos?" (Parág. 9), o autor explora a
Obs.: A voz passiva pode ser sintética e analítica.
oposição entre o livro e a função que lhe fora
Havendo pronome apassivador, temos a voz passiva
atribuída. Essa oposição é evidenciada pela
sintética (v.t.d. + se / v.t.d.i + se). Já a voz passiva
seguinte classe gramatical:
analítica não apresenta partícula apassivadora.
a) advérbio
b) substantivo
6. Comunicaram os fatos ao diretor. [voz ativa]
c) adjetivo
d) artigo
7. Comunicaram-se os fatos ao diretor. [voz passiva
sintética]

8. Os fatos foram comunicados ao diretor. [voz passiva


analítica]

9. O que se vê é um poço sem fim, o mal em estado


puro.

OBSERVAÇÃO MUITO IMPORTANTE


Todas as vezes que encontrarmos “o” antes do 3. (UPENET – 2013 – JUCEPE) Em um dos
conectivo “que”, podendo substituir “o” por “aquele” ou pensamentos abaixo, emprega-se o verbo
“aquilo” , “o” é pronome demonstrativo e “que” é sublinhado no modo imperativo. Identifique-o.
pronome relativo. No exemplo acima, “o” é pronome a) "O comércio do mundo é conduzido pelos fortes e
demonstrativo, pois podemos substituí-lo por “aquilo”. usualmente opera contra os fracos." (Henry Beecher)
Sendo “que” pronome relativo, temos o início da oração b) "Nós não devemos apenas acreditar naquilo que
subordinada adjetiva, visto que toda oração subordinada vendemos. Devemos também vender aquilo em que
adjetiva é iniciada por pronome relativo. Trata-se a oração acreditamos." (William Bernbach)
grifada acima de uma oração subordinada adjetiva c) “Faça um cliente, não uma venda." (Katherine
restritiva. Sua voz verbal é passiva sintética (verbo Barchetti)
transitivo direto acompanhado da partícula apassiva “se”). d) "Se você pudesse vender a sua experiência pelo preço
Já a oração principal “O... é um poço sem fim, o mal em que ela lhe custou, ficaria rico." (J. P. Morgan)
estado puro” não apresenta voz verbal, pois temos verbo e) "O segredo do comércio está em levar as coisas de
de ligação em sua estrutura. Como teríamos voz verbal se onde abundam para onde são mais caras." (Ralph
verbo de ligação não expressa ação? Waldo Emerson)

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4. (UPENET – 2013 – JUCEPE) Observe os itens C) água azul


abaixo: D) voltou, pé ante Pé, e viu o dono...
I. “Viu o sorriso.”
II. “Continuara aquele sorriso...” () adjetivo
III. “Porque Quincas ria daquilo tudo...” () conjunção
IV. “...de quem se divertia.” () advérbio de modo
V. “... um riso que se ia ampliando...” () substantivo derivado

Em todos eles, os verbos se encontram A resposta CORRETA é a opção:


conjugados em um tempo do passado. Sobre o a) c,d,b,a
tempo verbal, assinale a alternativa que contém b) b,a,c,d
uma afirmação CORRETA. c) a,b,c,d
a) No item I, o verbo se encontra no pretérito d) d,a b,c
imperfeito.
b) No item II, o tempo do verbo é o mais-que-perfeito.
c) No item III, o verbo se encontra no pretérito perfeito.
d) No item IV, o verbo se encontra no pretérito perfeito.
e) No item V, o tempo do verbo sublinhado é o pretérito
mais-que-perfeito.

7. (CESGRANRIO – 2015 – BB) Na frase “‘É


importante informá-lo dos seus direitos’” (. 28-29)
emprega-se o verbo informar seguido do pronome
oblíquo. Entretanto, o redator poderia ter optado
por empregar, em vez de lo, o pronome lhe. A
frase resultante, mantendo-se o mesmo sentido e
5. (UPENET – 2014 – Prefeitura de Ipojuca) Sobre o respeitando-se a norma-padrão, seria:
EMPREGO DE CLASSE DAS PALAVRAS, a) É importante informar-lhe sobre os seus direitos.
assinale a alternativa CORRETA. b) É importante lhe informar a respeito dos seus direitos.
a) Em “porque uma das coisas mais associadas ao c) É importante informar-lhe dos seus direitos.
riso...”, – o termo sublinhado é classificado como d) É importante informar-lhe os seus direitos.
conjunção subordinativa que exprime circunstância e) É importante lhe informar acerca dos seus direitos.
modal.
b) “Há registros de saltimbancos se apresentando para
famílias” – o primeiro verbo desse trecho é pessoal,
cujo sujeito é representado pelo termo “registros”.
c) Em “antecipando o que irá acontecer...”, – o termo
sublinhado é classificado como pronome
demonstrativo.
d) “E o circo se propõe à difícil tarefa de nos trazer
alegria.” – o termo sublinhado é pronome pessoal reto
e poderia ser retirado da oração, sem causar qualquer 8. (FCC – 2015 – TRT 15ª)
prejuízo de ordem gramatical. Mas é possível retirar uma segunda conclusão... (8o
e) “Vocês já repararam que os artistas circenses nos parágrafo)
fazem alegres...” – o termo sublinhado se classifica ... pode relembrar ao mundo algumas vergonhas...
como pronome pessoal reto, utilizado para se referir a (último parágrafo)
alguém da 3ª. pessoa do singular. ... não têm final feliz. (último parágrafo)

Os segmentos sublinhados acima são


corretamente substituídos por pronomes em:
a) retirá-la - relembrar-lhe - o têm
b) retirá-la - relembrá-las - têm-no
c) retirar-lhe - lhe relembrar - têm-no
d) a retirar - relembrá-lo - o têm
e) lhe retirar - o relembrar - o têm

6. (CONSULPLAN – 2015 – PREFEITURA DE


SERRITA) Identifique a classe gramatical das
palavras em negrito e marque a alternativa
CORRETA:
A) a dentadura
B) tranquilamente

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9. (COVEST – 2015 – UFPE) No texto 3, consta o d) pronome pessoal - preposição - artigo - pronome
seguinte fragmento: “Como nos lembra Pierre Oléron, pessoal
a argumentação “só pode intervir se houver a e) nenhuma das alternativas
aceitação prévia de que um debate seja aberto”. O
verbo sublinhado também estaria flexionado conforme
a norma padrão na alternativa:
a) O deputado interviu com veemência na assembleia.
b) Eu intervi com veemência na assembleia.
c) A polícia interveio na hora mesma do crime.
d) Os professores interviram desde o início da sessão.
e) Tu interviste na hora certa?

13. Assinale a alternativa cuja relação é incorreta:


a) Sorria às crianças que passavam - pronome relativo
b) Declararam que nada sabem - conjunção integrante
c) Que alegre manifestação a sua - advérbio de
intensidade
d) Que enigmas há nesta vida - pronome adjetivo
indefinido
e) Uma ilha que não consta no mapa - conjunção coord.
10. (FCC – 2015 – MANAUSPREV) “Na época, o látex explicativa
representava 50% da exportação do Brasil”. O verbo
flexionado nos mesmos tempo e modo que o
grifado acima encontra-se em:
a) A temática amazônica se impõe...
b) ... escreveria sobre Paraty ou Pequim, certamente.
c) E teve uma importância econômica fundamental
durante 40 anos...
d) ... mas conheço um pouco o interior da Amazônia.
e) ... quando já era uma fortaleza avançada dos
portugueses... 14. ... a aceleração é uma escolha que fizemos.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo
em que se encontra o grifado acima, está em:
a) E quem disse que ...
b) ...queremos mais velocidade.
c) ... deixam as coisas mais rápidas.
d) ... cujos sintomas seriam a alta ansiedade ...
e) Os primeiros modelos se moviam a vinte
centímetros ...
11. Aponte a opção em que muito é pronome
indefinido:
a) O soldado amarelo falava muito bem.
b) Havia muito bichinho ruim.
c) Fabiano era muito desconfiado.
d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão.
e) Muito eficiente era o soldado amarelo.

15. ... Como fazia em noites de trovoadas.


O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo
em que se encontra o grifado acima está em:
a) Ao ouvir as notícias...
b) ... D. João embarcou na carruagem...
c) ... que passara a madrugada...
d) ... bastaram algumas semanas...
12. Assinale a alternativa correspondente à classe e) ... que o aguardava...
gramatical da palavra a, respectivamente: Esta
gravata é a que recebi; Estou disposto a tudo;
Fiquei contente com a nota; Comprei-a logo que a
vi.
a) artigo - artigo - preposição - preposição
b) preposição-artigo -pronome demonstrativo - artigo
c) pronome demonstrativo - preposição - artigo -
pronome pessoal
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16. O entusiasmo, que levava a citações... • Vogal Temática – dividem-se em nominais e verbais.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo Nominais são as vogais –a, –e e –o, quando átonas
que o grifado acima está na frase: finais: mesa, base, livro. Nesses casos, não poderíamos
a) Pouco a pouco se agrupam diante do homem... pensar que essas terminações são indicadoras de
b) Que se arrasta cantante... gênero, pois mesa, base e livro, por exemplo, não sofrem
c) Que a voz se fazia mais forte... flexão de gênero. É a essas vogais temáticas que se liga
d) Imaginou o boi fincado na paisagem... a desinência indicadora de plural: carro-s, mesa-s,
e) Os ouvintes (...) começam e mexer-se... dente-s.

Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café,


caqui, mandacaru, cipó, por exemplo) não apresentam
vogal temática; podemos considerar que os terminados
em consoante (feliz, roedor, mal, por exemplo) têm o
mesmo comportamento, só aparecendo a vogal
temática neles quando colocados no plural (feliz-e-
s, roedor-e-s, mal-e-s). Verbais são as vogais –a, –e e
–i que indicam a conjugação a que os verbos
17. ... que antecipam a chegada do elevador. pertencem: salvar (1ª), receber (2ª), sair (3ª).
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a
forma verbal correta passa a ser: • Tema – radical + vogal temática: levantas, comeste.
a) antecipa.
b) é antecipada. • Vogais e consoantes de ligação – unem elementos
c) foi antecipada. mórficos: frutífero, paulada.
d) tinha antecipado.
e) foram antecipadas. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

• DERIVAÇÃO

. Prefixal – acréscimo de prefixo: rever.

. Sufixal – acréscimo de sufixo: sociável.

. Parassintética – acréscimo simultâneo de prefixo e


sufixo: envelhecer.
18. Transpondo-se para a voz passiva a construção
um artista plástico pesquisando linguagem, a . Prefixal e sufixal – acréscimo não-simultâneo de
forma verbal resultante será: prefixo e sufixo: desrespeitoso.
a) Sendo pesquisada
b) Estando a pesquisar . Regressiva – redução da palavra derivante mediante
c) Tendo sido pesquisada substituição da terminação verbal por uma das vogais
d) Tendo pesquisado temáticas nominais: -a, -e ou –o. contar – conta;
e) Pesquisava-se marcar – marco; realçar – realce.

. Imprópria – mudança de classe gramatical: O seu


ESTRUTURA DAS PALAVRAS falar era manso.

• Radical – elemento básico de palavra: vidro – • COMPOSIÇÃO


vidraça.
. Por justaposição – união de palavras sem que sejam
• Cognatas – palavras formadas a partir de um mesmo alteradas fonética ou graficamente: arranha-céu,
radical: pedra, pedreira, pedrada, pedregulho, vaivém.
pedregoso.
. Por aglutinação – fusão de palavras, com alterações
• Afixos – prefixo (antes do radical): descontrole; em sua estrutura: planalto (plano alto), aguardente
sufixo (depois do radical): lixeiro. (água ardente).

• Desinência – elemento final da palavra, que indica as . Compostos eruditos – união de radicais gregos ou
flexões de nomes, ou seja, gênero e número latinos: psicologia, micróbio.
(desinência nominal) e de verbos, ou seja, número,
pessoa, tempo e modo (desinência verbal): menino, • HIBRIDISMO
lemos.
Combinação ou união de palavras de línguas
diferentes:

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Ex: sociologia (latim + grego), automóvel (grego + 5. Os vocábulos "aprimorar" e "encerrar"


latim), alcoômetro (árabe + grego), televisão (grego + classificam-se, quanto ao processo de formação
latim), bananal (africano +latim), Florianópolis de palavras, respectivamente, em:
(português + grego), burocracia (francês + grego) a) parassíntese / prefixação.
b) parassíntese / parassíntese.
• ONOMATOPEIA c) prefixação / parassíntese.
d) sufixação / prefixação e sufixação.
Palavra que reproduz ruídos, sons e vozes: bangue- e) prefixação e sufixação / prefixação.
bangue, tlintim, bum, psiu, reco-reco, zunzum, etc.
6. As palavras esquartejar, prova e preconceito foram
• REDUÇÃO OU ABREVIAÇÃO VOCABULAR formadas, respectivamente, pelos processos de:
a) sufixação - prefixação - parassíntese
Abreviação da palavra: cine, moto, analfa, metrô, b) sufixação - derivação regressiva - prefixação
neura. c) composição por aglutinação - prefixação - sufixação
d) parassíntese - derivação regressiva - prefixação
• SIGLA e) parassíntese - derivação imprópria – parassíntese
Combinação das letras iniciais de uma série de
palavras: INSS, USP, UFPE, UFRJ 7. Assinalar a alternativa em que a palavra entre
aspas é exemplo de derivação parassintética:
a) A situação mal resolvida provocou-lhe um "ataque" de
EXERCÍCIOS
ira.
b) Terminado o "combate", o soldado descansou.
1. Assinalar a alternativa que indique corretamente o c) A "reforma" tributária se faz necessária.
processo de formação das palavras SEM-TERRA, d) No "entardecer", o sol oferecia um incrível espetáculo.
SERTANISTA e DESCONHECIDO: e) Ler histórias policiais é seu "passatempo" predileto.
a) composição por justaposição, derivação por sufixação,
derivação por prefixação e sufixação; 8. Assinale a alternativa que exemplifica o processo
b) composição por aglutinação, derivação por sufixação e de DERIVAÇÃO PARASSINDÉTICA.
derivação por parassíntese; a) entardecer
c) composição por aglutinação, derivação por sufixação e b) pé-de-moleque
derivação por sufixação; c) automóvel
d) composição por justaposição, derivação por sufixação d) beija-flor
e composição por aglutinação; e) desdita
e) composição por aglutinação, derivação por sufixação e
derivação por prefixação. 9. Assinale a opção em que o processo de formação
de palavras está indevidamente caracterizado:
2. Assinalar a alternativa correta quanto à formação a) pão-nosso - composição por justaposição.
das seguintes palavras: GIRASSOL; b) aventuroso - derivação sufixal.
DESTAMPADO; VINAGRE; IRREAL. c) embonecar - composição por aglutinação.
a) sufixação; parassíntese; aglutinação; prefixação; d) descanso - derivação regressiva.
b) justaposição; prefixação e sufixação; aglutinação; e) incerto - derivação prefixal.
prefixação;
c) justaposição; prefixação e sufixação; sufixação;
parassíntese;
d) sufixação; parassíntese; derivação regressiva; sufixação;
e) aglutinação; prefixação; aglutinação; justaposição.

3. Assinalar a alternativa que registra a palavra que


tem o sufixo formador de advérbio:
a) desesperança;
b) pessimismo;
c) empobrecimento;
d) extremamente;
e) sociedade.

4. Assinalar a alternativa em que a primeira palavra


apresenta sufixo formador de advérbio e, a
segunda, sufixo formador de substantivo:
a) perfeitamente - varrendo.
b) provavelmente - erro.
c) lentamente - explicação.
d) atrevimento - ignorância.
e) proveniente - furtado.

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SINTAXE / TERMOS DA ORAÇÃO PREDICADO

É o que se diz quanto ao sujeito. Tudo menos o


TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO sujeito é o predicado. E se a oração não
apresentar sujeito, teremos apenas predicado.
Sujeito e predicado são, no geral, os termos essenciais da Neste último caso, predicado já não será o que se
oração. No geral, pois existe oração sem sujeito. Ao diz sobre o sujeito. Classifica-se em predicado
sujeito se atribui a prática da ação, na maioria das vezes. O nominal, verbal, verbo-nominal. Quem caracteriza
predicado é tudo menos o sujeito. o predicado verbal é o verbo principal ( v.t.d./
v.t.i. / v.t.d.i. / vi ); quem caracteriza o predicado
nominal é o predicativo do sujeito. Havendo
verbo principal e predicativo, temos predicado
SUJEITO verbo nominal.
a) SUJEITO DETERMINADO SIMPLES –
a) Luciana trabalhou pouco. [predicado verbal]
Quando empregado na oração, apresentando um
núcleo.
b) Hortência está animada. [predicado nominal]
Ex.: Antônio continua inquieto.
c) Hortência jogou animada. [predicado verbo nominal]
b) SUJEITO DETERMINADO COMPOSTO – Há
d) São duas horas. [predicado verbal]
mais de um núcleo.
e) Elas permanecem na sala. [predicado verbal]
Ex.: Regina e Roberto estão inquietos.
f) Elas viraram freiras. [predicado nominal]
c) SUJEITO INDETERMINADO – verbo na 3ª
pessoa do plural sem referenciar o sujeito; verbo no
g) Elas estão na sala preocupadas. [predicado nominal]
infinitivo sem referenciar o sujeito; v.t.i. + se / v.i.
+ se / v. de ligação + se
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Exs.: Estudam Matemática e Língua Portuguesa, todos
São os termos que acompanham determinadas
os dias.
estruturas para torná-las completas. Ei-los:
Objeto direto, objeto indireto, complemento
* Verbo na 3a pessoa do plural, sem indicar quem
nominal e agente da passiva.
pratica a ação espelha um sujeito indeterminado.
Contudo, se o contexto comunicar ou revelar o
OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO
sujeito, passamos a ter um sujeito implícito. Ou seja,
em “Lúcia e Paula foram à praia. Beberam água de
a) Examinei o relógio de parede.
coco.” Para o verbo BEBER o sujeito está implícito .
objeto direto
b) Distribuí alegria a todos os convidados.
Aspira-se a cargos públicos. [ verbo transitivo
obj. dir. objeto indireto
indireto + índice de indet. do sujeito ]
c) Desejo que ela seja feliz.
Está-se orgulhoso. [ verbo de ligação + índice de
objeto direto oracional
indeterminação do sujeito ]
d) Dependo de maiores informações.
Trabalha-se bastante, naquele escritório.
objeto indireto
[verbo intransitivo + índice de indet. do sujeito]
e) Obedecemos aos antigos costumes.
d) SUJEITO ORACIONAL – Quando o núcleo do
objeto indireto
sujeito for constituído por um verbo.
Exs.:
f) Confiamos nos investigadores.
objeto indireto
Estudar todo o programa é necessário.
g) Preciso de orientações que assegurem sólidos
Quem estuda edifica castelos.
resultados.

Nota: Toda oração que apresentar pronome


* CUIDADO: O uso de vírgula entre o sujeito
relativo é subordinada adjetiva. Exerce a função
oracional e seu verbo diretamente empregados é
de adjunto adnominal. Veremos que os adjuntos
comum, mas caracteriza erro. Logo, “Quem estuda,
adnominais estão sempre contidos em um outro
edifica castelos” apresenta erro de pontuação.
termo sintático. Assim sendo, a oração relativa
em negrito acima é adjunto adnominal oracional

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do núcleo do objeto indireto do verbo mesmo radical do verbo ou apresenta a mesma


PRECISAR. Todas as vezes que empregarem característica significativa:
uma oração relativa, ela será subconjunto do a) Morreu morte natural.
termo sintático que apresenta o substantivo ou
pronome absorvido pelo pronome relativo. * A espontaneidade do verbo MORRER é ser
Digamos que seja uma maneira regular de intransitiva. Todavia, por termos empregado o
“elastecer” o termo sintático anteposto ao substantivo “morte” – que traz a ideia já contida
pronome relativo acima. Então, o objeto indireto na palavra verbal – o verbo MORRER deixa de
do verbo PRECISAR é “ de orientações que ser intransitivo e, de fato, passa a ser transitivo
assegurem sólidos resultados” , sendo direto. Todas as vezes que um verbo intransitivo
“orientações” o núcleo do objeto indireto, e “que apresentar um substantivo que expresse a ideia
assegurem sólidos resultados” é o adjunto que o próprio verbo já comunique, não teremos
adnominal oracional do núcleo do objeto indireto. mais uma intransitividade, mas uma
transitividade direta, constituindo um pleonasmo
h) Os fiscais a quem confiaram as investigações na estrutura sintática do período.
solicitaram mais documentos.
b) Dormiu o sono dos justos e corajosos.
* Todo o termo grifado é o sujeito do verbo
SOLICITAR, sendo “fiscais” o núcleo do sujeito c) Chorava lágrimas de felicidade.
e, de fato, “os” e “a quem confiaram as
investigações” adjuntos adnominais. Trata-se de d) Ventava o vento da morte.
um adjunto adnominal não oracional e um
adjunto adnominal oracional, respectivamente. A OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO
oração relativa em negrito é restritiva, mas se PLEONÁSTICOS
fosse explicativa exigiria vírgulas ou travessões
após “fiscais” e antes de “solicitaram”. Essa É a dupla ocorrência da função sintática dos
pontuação à qual fazemos alusão hipoteticamente complementos verbais na mesma oração, a fim de
acarretaria em mudança de sentido e, por enfatizar o significado do termo em referência.
conseguinte, não deveria ser lida como pontuação
facultativa. a) As crianças, amo-as bastante.
i) Obedeço às normas que disciplinam o exercício dos * O segundo termo em negrito é o pleonasmo.
bons costumes. Temos um objeto direto pleonástico, pois o
pronome oblíquo representa “As crianças” – que
* “...normas...” = núcleo do objeto indireto. já exerce a função de objeto direto. O pleonasmo
é usado para destacar o objeto direto que o
“... que disciplinam o exercício dos bons emissor usara.
costumes.” = oração subordinada adjetiva. Logo,
adjunto adnominal do núcleo do objeto indireto. a) Ao pobre, não lhe devo.
“... às normas que disciplinam o exercício dos bons b) Ao comerciante, paguei-lhe a dívida.
costumes.” é todo o objeto indireto do verbo
OBEDECER. c) Ao diretor a quem me referi, à semana passada, dei-
j) Nas repartições públicas onde Silveira e Antunes lhe as devidas atenções.
trabalham, de fato, há crimes.
COMPLEMENTO NOMINAL
* Sendo “Nas repartições públicas” um termo que
indica lugar, temo-lo como adjunto adverbial de Completa advérbio, predicativo, substantivos vindos
lugar. Porém, ao se perceber o emprego do de verbos transitivos indiretos, substantivos vindos
pronome relativo “onde”, faz-se necessário de verbos transitivos diretos ( desde que apresentem
estender a leitura do adjunto adverbial de lugar valor passivo), substantivos abstratos.
até a palavra “trabalham”, pois a oração
subordinada adjetiva está contida no adjunto a) Não às determinações inflexíveis.
adverbial, uma vez que exerce a função de Complemento nominal [ completa advérbio ]
adjunto adnominal oracional. Como o adjunto
adnominal sempre está integrado a um outro b) Ela é fiel a seus pais.
termo sintático, o adjunto adverbial é Compl. nominal [ completa o predicativo do sujeito ]
definitivamente “Nas repartições públicas onde
Silveira e Antunes trabalham”. c) Sou-lhe grato. [ O sujeito está implícito; “grato” é o
predicativo do sujeito implícito; o pronome grifado
OBJETO DIRETO INTERNO complementa o predicativo. Logo, “lhe” é
complemento nominal por completar o predicativo do
Denominação dada ao complemento sujeito. Como o predicativo do sujeito está constituído
representado por uma palavra que possui o por um adjetivo, podemos argumentar morfologia-

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camente, dizendo que o pronome grifado é comple- sujeito implícito para o verbo “tenho”; “necessidade”
mento nominal por complementar um adjetivo ]. é o objeto direto do verbo “tenho”; “de cuja” é
complemento nominal, sendo seu termo regente a
d) A necessidade de orientações.[complemento nominal ] palavra “necessidade” (...tenho necessidade do livro).

e) Necessitar de orientações [ complemento verbal / • adnominal, o pronome relativo “cujo” pode exercer a
objeto indireto ] função de complemento nominal.
* “Necessitar é um verbo transitivo indireto, TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
sendo “de orientações” objeto indireto;
“necessidade” é substantivo vindo de verbo São aqueles que vão acompanhar substantivos,
transitivo indireto. Portanto, quando um pronomes ou verbos, informando alguma
substantivo vier de um verbo transitivo indireto, característica ou circunstância. Ei-los: aposto, adjunto
teremos complemento nominal. adnominal e adjunto adverbial.
f) A dependência de drogas proporcionou ao infeliz APOSTO
rapaz amarga existência. Sua finalidade é explicar, identificar, esclarecer, especificar,
[ complemento nominal ] comentar ou simplesmente apontar algo, alguém ou um fato.
g) A produção de leite trouxe expressivo lucro ao APOSTO EXPLICATIVO:
fazendeiro.
Sônia, a tia de meu tio, viajou.
Produzir leite foi oportuno ao fazendeiro.
Marília e Dirceu, os noivos da Inconfidência, eram
Quando um substantivo vier de verbo transitivo Maria Doroteia e Tomás Antônio Gonzaga.
direto, haverá complemento nominal se existir valor
passivo; havendo valor ativo, teremos adjunto APOSTO ENUMERATIVO:
adnominal. No exemplo acima, “de leite” é
complemento nominal, pois mantém relação com um Víamos somente três coisas: vales, montanhas,
substantivo vindo de um verbo transitivo direto ( campinas.
produzir ) e o valor é passivo ( Leite é produzido por
alguém ). APOSTO RESUMITIVO:
h) O consumo de drogas nas favelas garantiu a violência Os pais, os avós, os tios, todos, foram a Portugal.
a todos os moradores. [ compl. nominal ]
Amor, dinheiro, fama, tudo, passam.
i) Tenho medo de fantasmas. [ complemento nominal ]
APOSTO COMPARATIVO:
j) De que os policiais federais, garantiu o porta-voz da
presidência, estão preocupados com os crimes Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo.
acentuados nas fronteiras, não há dúvida. [ O
termo grifado é complemento nominal oracional, APOSTO ESPECIFICATIVO:
sendo o termo regente a palavra “dúvida”; o termo
em negrito é complemento nominal, sendo o termo O poeta Manuel Bandeira proporcionou inovações
regente o predicativo “preocupados”.] literárias a nós.
k) A necessidade de obediência às normas de proteção às O rio Beberibe está sujo.
terras é expressiva.
O Estados Unidos é um mau exemplo.
- “de obediência” é complemento nominal, sendo o
termo regente “necessidade” APOSTO DISTRIBUTIVO:

- “às normas de proteção” é complemento nominal, Separe duas folhas: uma para o texto e a outra para as
sendo o termo regente “obediência” perguntas.

- “às terras” é complemento nominal, sendo o termo APOSTO ORACIONAL:


regente “proteção”
Gritou a verdade a todos: que Lourdes é a criminosa.
O livro de cuja necessidade tenho custa caro. [
complemento nominal ] ADJUNTO ADNOMINAL (perto, perto, perto do
substantivo )
• O pronome relativo “cuja” no exemplo acima dá
início à composição de uma oração subordinada Termo que mantém relação com o substantivo. O
adjetiva restritiva. Lendo a oração relativa, temos: um substantivo é a classe gramatical que tem precedência

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em relação às demais palavras, pois é quem dá nome grifado é uma oração que apresenta pronome relativo (
aos seres. Assim sendo, as demais classes gramaticais “que” substitui o substantivo “provas” ). Lembra?
estão subordinadas ao substantivo. Geralmente Toda oração que apresentar pronome relativo é
exercem a função de adjunto adnominal o adjetivo, o subordinada adjetiva, exercendo a função de adjunto
numeral, o pronome e o artigo. adnominal oracional. Como todo adjunto adnominal
está contido em uma função sintática maior, devemos
a) Os simpáticos rapazes voltaram do clube. incluir a oração subordinada adjetiva como termo
sintático que constitui também o objeto direto do
Sujeito : “Os simpáticos rapazes” verbo VER.
Núcleo do sujeito: “rapazes”
Adjuntos adnominais do sujeito: “Os” , e) João Paulo II, que é o Papa, está doente.
“simpáticos”
O termo em negrito acima é adjunto adnominal
Adjunto adverbial: “do clube” oracional do núcleo do sujeito do verbo ESTAR.
Núcleo do adjunto adverbial: “clube” Temos uma oração subordinada adjetiva
Adjunto adnominal do núcleo do adjunto explicativa. Cuidado: Não é difícil encontrar em
adverbial: o artigo “o” que está aglutinado com a questões do provas públicas impropriedade
preposição “de” gramatical no emprego da pontuação das orações
adjetivas. No exemplo acima, a oração em negrito
b) Todo sábado, estudamos alguns tópicos, caro amigo. só pode ser explicativa, pois seu valor é absoluto.
Como pensar em restrição, se apenas uma pessoa
Adjunto adverbial de tempo: “Todo sábado” assume o papado. Toda oração subordinada
Núcleo do adjunto adverbial de tempo: “sábado” adjetiva com valor absoluto só pode ser
Adjunto adnominal do núcleo do adjunto explicativa, devendo ser pontuada com vírgulas
adverbial de tempo: “Todo” ou travessões.

Objeto direto do verbo “estudamos”: “alguns ADJUNTO ADVERBIAL


tópicos”
Núcleo do objeto direto: “tópicos” Termo representado por advérbios, relacionando-se
Adjunto adnominal do núcleo do objeto direto: com o verbo, o adjetivo ou com outro advérbio. São
“alguns” classificados pela ideia que comunicam.

Vocativo: “caro amigo” a) Paulo emprestou o dinheiro sábado passado. [adjunto


Núcleo do vocativo: “amigo” adverbial de tempo]
Adjunto adnominal do núcleo do vocativo: “caro”
b) Onde a marcha alegre se espalhou? [adjunto adverbial
c) A pessoa que estuda vence expressivas fronteiras. de lugar]

Sujeito: “A pessoa que estuda” c) Como acabou o dia? [adjunto adverbial de modo]
Núcleo do sujeito: “pessoa”
d) Almoçou pouco. [adjunto adverbial de intensidade]
Adjuntos adnominais do núcleo do sujeito: “A” e
“que estuda” ( trata-se de uma oração subordinada e) Por que ele tremia? De medo. [adjunto adverbial de
adjetiva. Como toda oração subordinada adjetiva causa]
exerce a função de adjunto adnominal, temos um
adjunto adnominal oracional restritivo, sendo “que” o f) Venha jantar comigo. [adjunto adverbial de
pronome relativo que exerce a função de sujeito do companhia]
verbo “estuda”. Os adjuntos adnominais estão sempre
“dentro”, ou melhor, integrando o termo sintático que g) Com a máquina conseguiu fazer todo o trabalho.
o apresenta. ) [adjunto adverbial de instrumento]

Objeto direto: “expressivas fronteiras”. h) Talvez ele chegue mais cedo. [ adjunto adverbial de
Núcleo do objeto direto: “fronteiras” dúvida ]
Adjunto adnominal do núcleo do objeto direto:
“expressivas” i) Vivia para o trabalho. [ adjunto adverbial de finalidade
]
d) Vi as provas que Sônia fez, à semana passada.
j) Viajou de avião. [ adjunto adverbial de meio ]
O objeto direto do verbo VER é “as provas que Sônia
fez, à semana passada”. Observe que o núcleo do k) Falávamos sobre produtos importados, à mesa. [
objeto direto é o substantivo “provas”, o artigo que adjunto adverbial de lugar ]
está anteposto ao substantivo “provas” é adjunto
adnominal do núcleo do objeto direto. Todavia, não l) Não permitirei a sua dispensa. [adjunto adverbial de
existe apenas um adjunto adnominal, pois o termo negação ]

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m) Descendia de nobres. [ adjunto adverbial de origem ]

n) Sairia sim, naquela manhã. [ adjunto adverbial de


afirmação ]

o) Comprou um relógio de ouro. [ adjunto adverbial de


matéria ]

p) A camisa custou vinte reais. [ adjunto adverbial de


valor ou de preço ]

q) Andava a cavalo, tranquilamente. [ adjunto adverbial


de meio ]

r) Trocou uma caneta por um lápis. [ adjunto adverbial


de permuta ] 4. (IBFC – 2013 – IBECI) Considere as afirmativas
a seguir.
s) Sobre a mesa, Senhores e Senhoras, há suficientes I. Sintaticamente, o sujeito da oração na lousa é
provas. [adjunto adverbial de lugar] classificado como simples.
II. O verbo empregado na oração escrita na lousa é
transitivo direto.
Está correto o que se afirma em:
EXERCÍCIOS a) I c) I e II
b) II d) nenhuma
1. (FCC – 2018 – DPE-SC) Para responder à
questão, considere o seguinte fragmento retirado 5. Marque a opção que não apresenta sujeito
do texto. indeterminado:
a) Precisa-se de funcionários competentes.
A partir das cinzas da Guerra Civil, o sindicalismo americano b) Come-se bem neste restaurante.
se reuniu para pleitear um dia de oito horas. c) Morre-se de tuberculose ainda hoje.
d) Deixaram a luz do pátio acesa.
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o e) Vendem-se pianos reformados.
fragmento dado. 6. “Neste exame de seleção, aquele candidato de
a) o sindicalismo americano é sujeito. Caruaru está cheio de esperança.” Os termos
b) A partir das cinzas da Guerra Civil é adjunto grifados funcionam como:
adverbial de tempo. a) adjunto adnominal – adjunto adverbial –
c) o verbo reuniu é intransitivo. complemento nominal.
d) um dia de oito horas é complemento verbal. b) adjunto adverbial – adjunto adverbial – objeto
e) de oito horas é complemento nominal. indireto.
c) adjunto adverbial – adjunto adnominal – objeto
2. (IBFC – 2016 – Prefeitura de Várzea Grande-MT) indireto.
Sobre os termos destacados em "Só para me d) adjunto adnominal – adjunto adnominal –
distrair, comecei a folheá-lo" (Parágrafo 4), pode- complemento nominal.
se afirmar que possuem: e) adjunto adnominal – adjunto adverbial – objeto
a) o mesmo referente pronominal e funções sintáticas indireto.
distintas.
b) mesma função sintática e referem-se à mesma pessoa 7. Assinale a alternativa onde a classificação do
do discurso. predicado está correta:
c) funções sintáticas distintas e referem-se a pessoas do a) Os candidatos estão na sala. (predicado nominal)
discurso diferentes. b) O jovem saiu rapidamente. (predicado verbo-nominal)
d) mesma função sintática e referentes pronominais c) Os alunos permanecem atentos. (predicado verbo-
distintos. nominal)
d) Os participantes do concurso chegaram cansados.
3. (FUNCAB – 2015 – FACELI) Em “CARA (predicado verbal)
SENHORA, lamento comunicar-lhe que a sua e) O gerente nomeou-o secretário. (predicado verbo-
vida terminará no prazo irrevogável e nominal)
improrrogável de uma semana.” os termos
8. Assinale a frase na qual o se não é pronome
destacados compõem a função de:
apassivador e nem índice de indeterminação do
a) vocativo.
sujeito.
b) aposto.
a) Estudou-se este assunto.
c) sujeito.
b) Ela se suicidou ontem.
d) adjunto adnominal.
c) Falou-se muito sobre aquela festa.
e) complemento nominal.
d) Aos inimigos não se estima.
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e) Fizeram-se reformas na casa.


SINTAXE DE PERÍODO COMPOSTO Os homens, cujos princípios não são sólidos,
acabam se corrompendo.

Período é uma frase organizada em orações. O período PRONOMES RELATIVOS: USOS E FUNÇÕES
simples é formado por uma única oração e o composto
por duas ou mais orações, que se podem relacionar por • Sujeito
meio de dois processos sintáticos diferentes: a Um indivíduo que zela por seus direitos merece tê-los.
subordinação e a coordenação. Ocorre subordinação (Um indivíduo merece ter seus direitos. Um indivíduo zela
quando um termo atua como determinantes de um outro por seus direitos.)
termo. A subordinação ocorre no período composto
quando surgem orações que desempenham funções • Objeto direto
sintáticas em outras orações. São três os tipos de orações As dificuldades que houver devem ser superadas
subordinadas. solidariamente. (Deve haver dificuldades. As dificuldades
devem ser superadas.)
➢ Subordinadas Substantivas são as que exercem
funções substantivas (sujeito, objeto direto e • Complemento nominal
indireto, complemento nominal, aposto e As fortes razões a que você sempre fazia referência
predicativo). desapareceram? (As fortes razões desapareceram. Você
sempre fazia referência às fortes razões.)
➢ Subordinadas Adjetivas são as que desempenham
funções adjetivas (adjuntos adnominais).
• Predicativo
O pessimista que eu era deu lugar a um insuportável
➢ Subordinadas Adverbiais são as que exercem sonhador. (Eu era pessimista. O pessimista deu lugar a
funções adverbiais (adjuntos adverbiais que exprimem um insuportável sonhador.)
as mais variadas circunstâncias).

SUBORDINADAS ADJETIVAS • Agente da passiva


Os mosquitos por que temos sido picados não
São as que desempenham funções adjetivas (adjuntos transmitem nenhuma doença? (Nós temos sido picados
adnominais). Há orações subordinadas adjetivas que por mosquitos. Os mosquitos não transmitem nenhuma
restringem o sentido do termo antecedente, doença?
individualizando-o: são as chamadas subordinadas
adjetivas restritivas. Outras realçam um detalhe ou • Adjunto adverbial
amplificam dados sobre o antecedente, que já se A enxada com que ele costumava trabalhar foi-lhe
encontra suficientemente definido: são as roubada. (Ele costumava trabalhar com a enxada. A
subordinadas adjetivas explicativas. enxada foi-lhe roubada.)

Observe: SUBORDINADAS ADVERBIAIS

Pedi ajuda a um homem que passava naquele Exercem a função de adjunto adverbial em
momento. relação à oração principal de que dependem.
Normalmente, são introduzidas pelas seguintes
A miséria parece não sensibilizar o homem, que se conjunções e locuções conjuntivas.
considera um ser emocionalmente privilegiado.
1) Temporais – quando, enquanto, logo que, assim que,
Leia os períodos abaixo e identifique as diferenças de depois que, até que, apenas, mal, etc.
significado que as orações subordinadas adjetivas Ex.: Todos choramos, quando ele morreu.
restritivas e explicativas apresentam:
2) Finais – a fim de que, para que, que (= para que)
Recebi uma carta de minha irmã que está morando Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse.
em Salvador.
3) Proporcionais – à proporção que, à medida que,
Recebi uma carta de minha irmã, que está morando quanto mais... etc.
em Salvador. Ex.: Quanto mais convivo com ele, mais o aprecio.

O país que não investe em seu próprio povo tem 4) Causais – porque, visto que, como, uma vez que, já
poucas possibilidades de crescer. que, etc.
Ex.: O tambor soa, porque é oco.
O país, que não investe em seu próprio povo, tem
poucas possibilidades de crescer. 5) Condicionais – se, salvo se, contanto que, desde que,
a menos que, etc.
Os homens cujos princípios não são sólidos Ex.: Se eu tivesse vinte anos, casar-me-ia com você.
acabam se corrompendo.
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lembrar que, estando o verbo da primeira oração no


6) Consecutiva – (tanto) que, (tão) que, (de tal forma) imperativo, as conjunções que, porque, pois etc. são
que, etc. coordenativas explicativas:
Ex.: Chovia, que era um horror!
Aguardem um pouco, que o doutor já está chegando.
7) Comparativas – (tal, como, quanto (mais...) do que,
(menos...) do que, (tanto) quanto, etc. Não falem alto, pois estamos em um hospital.
Ex.: O silêncio é mais precioso do que o ouro.
Tenham calma, porque todos serão atendidos.
8) Conformativas – como, conforme, segundo,
consoante, etc.
Ex.: Cada um colhe conforme semeia. ORAÇÕES REDUZIDAS

9) Concessivas – embora, apesar de que, ainda que, se São aquelas que não apresentam conjunções, sendo
bem que, conquanto que, etc. (as orações concessivas introduzidas por um verbo em uma de suas formas
expressam um fato – real ou suposto – que poderia opor-se à nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
realização de outro fato principal, porém não frustrará o Classificam-se da mesma forma que as orações
cumprimento deste). desenvolvidas.
Ex.: Mesmo que estivesse doente, ele trabalhava muito.
Ex.: É proibido fumar. (oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo)
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
Terminada a reunião, todos saíram. (oração subordinada
Nesse período, as orações não têm função sintática. adverbial temporal reduzida de particípio)
Na coordenação, ligam-se orações de mesmo valor.
Segundo a natureza das orações que ligam, as orações Chegando à estação, comprei as passagens. (oração
independentes coordenadas classificam-se da mesma subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio)
forma pelo qual classificam as conjunções
coordenadas:
EXERCÍCIOS
1) Aditivas – e, nem, locuções: não só..., mas também,
tanto... como, etc. 1. (FCC – 2018 – SEGEP-MA) E aproximou-se tanto do
Ex.: Não veio nem telefonou. velho filósofo, que sua sombra se projetou sobre ele.
2) Adversativas – mas, porém, contudo, todavia, A atuação combinada dos vocábulos em destaque
entretanto, no entanto, senão, etc. articula as orações, na ordem dada, numa relação
Ex.: Não saía, senão com os primos. de
a) conformidade e proporção.
3) Alternativas – ou, ora... ora, quer... quer, etc. b) intensidade e condição.
Ex.: Venha agora ou perderá o lugar. c) causa e consequência.
d) proporção e conformidade.
4) Conclusivas – logo, portanto, por isso, pois (após o e) condição e causa.
verbo), de modo que, etc.
Ex.: O ideal é nobre; vamos, portanto, lutar por ele. 2. (IBADE – 2017 – IPERON-RO) A oração
destacada em “É claro QUE NINGUÉM
5) Explicativas – pois (antes do verbo), porque, ESPERA que o Facebook faça isso.” classifica-se
porquanto, que, etc. como subordinada:
Ex.: Não leias no escuro, pois faz mal à vista. a) substantiva subjetiva.
b) substantiva predicativa.
IMPORTANTE! c) adjetiva explicativa.
d) adjetiva restritiva.
DIFERENÇA ENTRE CAUSAL E EXPLICATIVA e) substantiva objetiva direta.
Na oração subordinada adverbial causal, existe,
necessariamente, uma relação de causa e efeito. Uma
oração causal é fator determinante de sua principal e, no
tempo, ocorre antes dela. Em, por exemplo, “A rua está
molhada porque choveu”, a segunda oração é causa da
primeira. Por outro lado, com uma oração explicativa, o
falante esclarece o porquê de ter feito a declaração
anterior. Assim, em “Choveu, porque a rua está molhada”,
com a segunda oração, o falante está apenas apresentando
o motivo que o levou a fazer a declaração. É óbvio que
não há qualquer relação de causa e efeito. Convém

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b) apesar de.
c) quando.
d) porque.
e) já que.

6. (UFMT 2015 – DETRAN-MT) Leia a tira abaixo


e responda à questão.

(VERÍSSIMO, L.F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por
um raio. Porto Alegre: LSPM, 1997.)

No ditado popular, o efeito de sentido


pretendido pelo uso da conjunção mas difere
do pretendido pela conjunção portanto . Sobre
esses efeitos de sentido, analise as afirmativas.
3. (QUADRIX – 2017 – CONTER) No trecho I - A palavra mas estabelece mudança na orientação
“Você acha que nós queremos ver isso?”, o “que”: daquilo que está sendo dito, quebrando a
a) deveria, obrigatoriamente, ser substituído por “o expectativa do leitor.
qual”. II- O uso de mas denota que, mesmo demorada, a
b) deveria, obrigatoriamente, ser substituído por “nos justiça não falha.
quais”. III-O termo portanto estabelece sentido de explicação
c) é um pronome relativo. ao que está sendo dito.
d) introduz uma oração subordinada substantiva. IV-O uso de portanto leva o leitor a
e) é uma preposição, já que une termos de mesma interpretar aproveitem como conclusão de a justiça
classificação morfológica. ser lenta.

4. (FUNDEP 2015 – CORECON-MG) “Já as telas Está correto o que se afirma em


da internet, organizadas espacialmente, com a) I e III, apenas.
seus cliques de mouse, seus compartimentos b) II e IV, apenas.
de todas as cores, seus guichês planificados e c) II, III e IV, apenas.
seus pop-ups imprevistos e festivos, são um d) I, II e IV, apenas.
modelo bem alegre em que mirar, DESDE
QUE a conexão não caia de repente.” 7. (IADES 2015 – ELETROBRAS) Assinale a
alternativa em que a substituição da conjunção
A expressão destacada tem a função de “e" mantém o sentido original do trecho
introduzir uma ideia de “Furtar energia é crime e coloca em risco a sua
a) concessão. vida e a de muitas pessoas."
b) conclusão. a) Furtar energia é crime, conforme coloca em risco a
c) contradição. sua vida e a de muitas pessoas.
d) condição. b) Furtar energia é crime, quando coloca em risco a sua
vida e a de muitas pessoas.
5. (FCC 2015 – TRT-3ªREGIÃO) Abre parêntese: c) Furtar energia é crime, bem como coloca em risco a
há momentos − felizmente raros − em que a sua vida e a de muitas pessoas.
história pessoal se impõe às percepções d) Furtar energia é crime, entretanto coloca em risco a
conjunturais e o relato na primeira sua vida e a de muitas pessoas.
pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito, e) Furtar energia é crime, se coloca em risco a sua vida e
sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. a de muitas pessoas.
Fecha parêntese.
8. (AOCP 2015 – EBSERH) Assinale a alternativa
Sem que haja prejuízo do sentido e correção em que o termo destacado expressa finalidade.
originais, a conjunção acima destacada pode a) “Presente para os filhos?”.
ser substituída por: b) “... ou até mesmo pedir para uma outra pessoa realizar
a) contudo. tal tarefa.”.
nuceconcursos.com.br 37
.
PORTUGUÊS

c) “Ninguém mais precisa ter trabalho ao comprar um a) Conhecer bem o CDC é vital tanto para os lojistas
presente para um conhecido...”. quanto para seus fornecedores.
d) “Ganho para o mercado de consumo...” b) Conhecer bem o CDC é vital em especial para os
e) “... é uma correria dos convidados para efetuar sem lojistas assim como para seus fornecedores.
demora sua compra.”. c) Conhecer bem o CDC é vital nem tanto para os
lojistas como para seus fornecedores.
9. (VUNESP 2015 – TJ-SP) Há teorias d) Conhecer bem o CDC é vital inclusive para os lojistas
evolucionistas que defendem que as sociedades sem falar em seus fornecedores.
com maior número de pessoas altruístas so- e) Conhecer bem o CDC é vital não tanto para os lojistas
breviveram por mais tempo por serem mais bem como para seus fornecedores.
capazes de manter a coesão .
13. (FCC 2015 – TER-RR)
É correto afirmar que a frase destacada na
passagem expressa, em relação à que a Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um
antecede, o sentido de manual do perfeito candidato.
a) tempo.
b) adição. Identifica-se, no segmento sublinhado acima,
c) causa. a) uma finalidade, que reafirma as intenções do autor,
d) condição. expostas no texto.
e) finalidade. b) condição, pois o autor conclui não ter conseguido
aconselhar o candidato.
10. (VUNESP 2015 – TJ-SP) Na passagem – O c) noção de causa, que justifica a decisão tomada pelo
abraço caudaloso deu tão certo que ficaram autor.
perdidamente inseparáveis. –, o trecho d) a consequência de uma ação deliberada anteriormente
destacado expressa, em relação ao anterior, e) ressalva que restringe o sentido da afirmativa anterior
ideia de
a) consequência. 14. (VUNESP – 2014 – FUNDUNESP) Porque era
b) tempo quieto, os outros abusavam dele, botavam-lhe
c) causa. rabos de papel...
d) condição.
e) modo. Assinale a alternativa que indica a relação que a
conjunção Porque estabelece entre as orações e
11. (FCC 2015 – MANAUSPREV) apresenta a substituição correta da expressão em
destaque, sem alteração do sentido do texto
João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o a) Causa; Como era quieto, ...
famoso antropólogo Kurt Nimuendaju tentou b) Concessão; Embora fosse quieto, ...
encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido c) Condição; Se fosse quieto, ...
tragada pelas águas do rio Amazonas. Arqueólogos d) Proporção; À medida que era quieto, ...
americanos também vasculharam áreas arqueológicas e) Tempo; Enquanto era quieto, ...
da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e Guiana
Francesa, no final dos anos de 1940. Como não 15. (FUNDEP – 2014 – COPANOR) Leia o trecho.
conseguiram achar Miracanguera, “decidiram" que a
descoberta do brasileiro tinha sido “apenas uma “Nossa preocupação (de brasileiros) não é só controlar
subtradição de agricultores andinos". a exploração das florestas, mas também evitar uma
de suas piores consequências: a morte e o
Mantendo-se o sentido original, na desaparecimento total de muitas espécies de animais.”
frase Como não conseguiram achar
Miracanguera... (5o parágrafo), o elemento O conetivo sublinhado nesse trecho transmite a
sublinhado pode ser corretamente substituído ideia de:
por: a) contraste.
a) Por mais que b) adição.
b) Conforme c) conclusão.
c) Ainda que d) explicação.
d) De modo que
e) Uma vez que

12. (CESGRANRIO 2015 – BANCO DO BRASIL)


Na última frase do texto, é transcrita a opinião
de um empresário, para quem “conhecer bem o
CDC é vital não só para os lojistas, mas
também para seus fornecedores”. (L. 30-31)
Considerando-se o conteúdo dessa opinião,
que outra estrutura frasal poderia representá-
la?

38 nuceconcursos.com.br
.
PORTUGUÊS

16. (VUNESP – 2014 – PRODEST-ES) a) apesar de.


b) como.
c) porquanto.
d) embora.
e) à medida que.

19. (VUNESP – 2014 – PC-SP) O termo destacado na


frase – No mundo das sociedades científicas de
então, os pesquisadores elucubravam, mas não
sabiam fazer coisas, não conheciam a
manufatura. – pode ser corretamente substituído,
mantendo-se a relação de sentido estabelecida,
por:
a) nem.
b) portanto
c) porém
d) assim.
e) pois.

20. (FCC – 2014 – SABESP) Segundo ele, a mudança


climática contribuiu para a ruína dessa sociedade,
uma vez que eles dependiam muito dos
reservatórios que eram preenchidos pela chuva.

A locução conjuntiva grifada na frase acima pode


ser corretamente substituída pela conjunção:
a) quando.
b) porquanto.
Na frase do terceiro quadrinho – Entenda, apesar c) conquanto.
do meu sucesso, eu continuo sendo um cara d) todavia.
normal. – o termo destacado introduz informação e) contanto.
com sentido de:
a) causa.
b) conclusão.
c) condição.
d) alternância.
e) concessão.

17. (VUNESP – 2014 – PC-SP) Leia a tira a seguir e


responda à questão:

Na frase – … que os sonhos estão uma delícia… –


, a palavra “que” pode ser substituída por:
a) mas.
b) pois
c) portanto
d) se.
e) quando.

18. (Instituto AOCP - 2014 – UFGD) “Existe uma


óbvia barreira disciplinar, já que filósofos e
neurocientistas tendem a pensar de forma bem
diferente sobre a questão.”

A expressão destacada pode ser substituída, sem


prejuízo sintático-semântico, por
nuceconcursos.com.br 39
.
PORTUGUÊS

CONCORDÂNCIA NOMINAL b) Estudo __________ inglesa e a chinesa. (a língua)

c) ___________ indicador e médio estavam feridos. (o


1. UM ADJETIVO DEPOIS DE VÁRIOS dedo)
SUBSTANTIVOS
d) ___________ indicador e o médio estavam feridos. (o
a) Ela tem irmão e primo ___________ (pequeno) dedo)

b) Olhava animais e flores __________ (bonito) REGRA:

c) O irmão e o primo são / estão / parecem /


continuam / ficam / permanecem / tornam-se
________________ (pequeno)

d) Ele sentiu o fogo e a água ________ (gelado)

e) Ele apresentou argumento e razão ________ (justo)


4. PARTICÍPIO
f) Ele apresentou razão e argumento _____________
(justo) a) ___________ a prece, todos os fieis se levantaram.
(iniciado)
g) O seu argumento e sua razão eram _____________
(justo) b) ___________ os trabalhos, todos saíram. (terminado)

REGRA: c) _____________ os compartimentos do avião, os


passageiros puderam entrar. (revistado)

REGRA:

5. PRONOME DE TRATAMENTO

a) Vossa excelência não precisa incomodar-se com


2. UM ADJETIVO ANTES DE VÁRIOS ________ problemas. (SEUS ou VOSSOS?)
SUBSTANTIVOS
b) _________ Alteza não será feliz. (VOSSA ou SUA?
a) Ela tem ____________ memória e talento. (bom) Neste caso fala-se com a própria pessoa)

b) Ficou ____________ a plateia e o cantor. (irritado) c) _________ Alteza não será feliz. (VOSSA ou SUA?
Neste caso fala-se a respeito da pessoa)
c) Ficaram ____________ a plateia e o cantor. (irritado)

REGRA:
REGRA:

3. DOIS OU MAIS ADJETIVOS SE REFERINDO 6. MESMO


AO MESMO SUBSTANTIVO
a) Os alunos ___________ resolveram o problema.
a) Estudo __________ inglesa e chinesa. (a língua) (mesmo)

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.
PORTUGUÊS

b) As alunas ___________ resolveram o problema. 9. BASTANTE


(mesmo)
a) Ele ficou aqui ________________ tempos. (bastante)
c) Os alunos resolveram ___________ o problema.
(mesmo) b) Ele comprou _______________ livros. (bastante)

d) As alunas resolveram ___________ o problema. c) Os torcedores estavam ______________ felizes.


(mesmo) (bastante)

REGRA: REGRA:

7. ANEXO, INCLUSO, APENSO e LESO 10. MEIO

a) Amanhã ele enviará ____________ as procurações. a) Ela tomou duas _______ garrafas de cerveja. (meio)
(anexo)
b) Esse pacote pesa exatamente ________ quilo. (meio)
b) Os documentos seguirão ___________ à certidão de
registro. (anexo) c) Esse pacote pesa exatamente ___________ tonelada.
(meio)
c) ____________ às cartas seguirá a documentação.
(incluso) d) Ela estava ___________ preocupada. (meio)

d) As procurações serão enviadas ______________. (em e) A garota se sentia ___________ tonta. (meio)
anexo)
REGRA:
e) Foi um crime de __________-gosto e __________-
seriedade. (leso)

f) Ajudar essas pessoas seria um crime de __________-


pátria. (leso)

REGRA:
11. SÓ

a) As mulheres queriam ficar __________ na sala. (SÓ


com o sentido de SOZINHO)

b) As mulheres queriam ficar ___________ na sala. (SÓ


com o sentido de APENAS)
8. OBRIGADO
c) A menina ficou __________ no quarto. (A SÓS como
a) O professor lhe disse: muito ________________ locução adverbial)
(obrigado)
REGRA:
b) A professora lhe disse: muito _______________
(obrigado)

c) Os professores lhe disseram: muito


_______________ (obrigado)

REGRA:

12. É BOM, É PROIBIDO, É NECESSÁRIO +


SUBSTANTIVO

a) É ______________ a entrada. (proibido)

b) É ______________ muita paciência. (necessário)


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.
PORTUGUÊS

c) É ______________ entrada de animais. (proibido) REGRA:

d) Laranja é ___________ para a saúde. (bom)

REGRA:

16. PSEUDO

a) A ___________-sabedoria dos tolos é bem grande.


(pseudo)
13. ALERTA
b) A fé __________-poderosa que nos guia é nossa
a) Os vigilantes estavam _____________. (alerta) salvação. (todo)

b) O ___________ soou antes de acontecer o terremoto. OBSERVAÇÃO: TODO é invariável se utilizado em


termos compostos e quando pode ser substituído por
REGRA: COMPLETAMENTE.

REGRA:

14. MESMO

a) No jogo de ontem havia MENOS pessoas. 17. A OLHOS VISTOS

b) Elas estão MENOS cansadas hoje. a) Ela definhava _________________________. (a


olhos vistos)
c) Todos irão à festa, MENOS você.
b) Carlos envelhecia _________________________. (a
REGRA: olhos vistos)

REGRA:

15. TAL e QUAL

a) _________ opinião é absurda. (tal) 18. CARO E BARATO

b) _________ opiniões são absurdas. (tal) a) A camisa é ________________ . (caro)

c) Ele era ________ ________ seus primos. (tal qual) b) A camisa __________________ . (caro)

d) Os filhos são _________ _________ o pai. (tal qual) c) A camisa custou _______________. (caro)

e) Os boatos são __________ __________ as notícias. REGRA:


(tal qual)

42 nuceconcursos.com.br
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PORTUGUÊS

19. O MAIS, O MENOS, O PIOR, O MELHOR, 7) ____________-se (publicou/ publicaram) notícias


QUANTO + POSSÍVEL falsas.

a) Paisagens o mais _____________ ___________. 8) _____________ -se (desconfiou/ desconfiaram) das


(possível / bela) propostas iniciais.

b) Paisagens o mais _____________ ___________. REGRA:


(bela / possível)

c) Paisagens as mais _____________ _____________


(bela / possível)

d) Paisagens as mais _____________ _____________


(possível / bela)

REGRA:
9) Hoje sou eu que _____________ (começou/
comecei) a partida.

10) Foram os meninos quem _____________ (quebrou/


quebraram) a vidraça.

REGRA:

CONCORDÂNCIA VERBAL

1) A maioria dos alunos _______________ (votou/


votaram) contra a proposta.

REGRA:

11) Os Alpes ____________ (atrai/ atraem) turistas do


mundo inteiro.

REGRA:

2) Cerca de dez atores __________ (faltou/ faltaram)


aos ensaios.

3) Menos de cinco pessoas ______________ (veio/


vieram) à aula.
12) Os Lusíadas ___________ (perpetua/ perpetuam) a
4) Mais de um interessado _______________ (criticou/ glória de Portugal.
criticaram) o projeto.
REGRA:
5) Mais de um político se ________________ (acusou/
acusaram) mutuamente.

6) Mais de um poeta, mais de um sonhador já


____________ (viveu/ viveram) esses momentos.

REGRA:

13) Qual de nós __________ (contará/ contarão/


contaremos) a verdade?

14) Quais de vós ____________________ (comeram/


comeu/ comestes) do bolo?

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.
PORTUGUÊS

15) Muitos dentre nós _________________ (teria/ REGRA:


teriam/ teríamos) agido assim.

REGRA:

24) Você, seu amigo e eu _________________


(partiram/ partimos) bem cedo.

25) Tu e o vigia _____________ (ficou/ ficaram/


16) Vossa majestade _______________ (enganastes/ ficastes) aqui.
enganou) seu povo.
REGRA:
REGRA:

26) Marcos ou César se _________________ (casará/


17) As ruas e a praça _____________ (ficou/ ficaram) casarão) com Luciana.
cheias de gente.
27) A beleza ou a verdade sempre o ________________
18) __________________ (voltou/ voltaram) à tarde o (emociona/ emocionam).
menino e o pai dele.
REGRA:
19) A paz e a tranquilidade ____________________
(reinou/ reinaram) naquele lugar.

20) Um gesto, um movimento, um passo


____________________ (pode/ podem) incriminá-
lo.

21) A ameaça, o terror, a agressão, nada o


_______________ (deteve/ detiveram).
28) As acusações __________ (é/ são) um desabafo.
REGRA:
29) O sobrinho sempre ______________ (foi/ foram)
suas esperanças.

30) O problema ____________ (é/ são) as pessoas que


moram aqui.

31) O aprovado ___________________ (foi/ fui) eu.

32) Tu ______________ (é/ és/ sois) o aprovado.

REGRA:

22) Um e outro estudante _______________________


(pretende/ pretendem) morar lá.

23) Um ou outro estudante ______________________


(pretende/ pretendem) morar lá.

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PORTUGUÊS

33) Daqui à cidade _______ (é/ são) dez quilômetros. 43) Se te maltratarem, eles se ____________ (haverá/
haverão) conosco.
34) Que horas _______________ (é/ são)?
44) Todos os meninos __________ (havia/ haviam)
35) Agora _______ (é/ são) sete horas da manhã. voltado.

REGRA: REGRA:

36) Hoje _____________ (é/ são) 8 de Março.


45) ___________ (faz/ fazem) seis meses que ele vive lá.
REGRA:
46) Domingo ____________ (irá/ irão) fazer três
semanas que cheguei.

REGRA:

37) Dois metros _____ (é/ são) pouco para a cortina.

38) Quatro toneladas ____________ (é/ são) muito.

REGRA:

47) ____________ (bateu/ bateram) cinco horas no


relógio.

48) ____________ (bateu/ bateram) cinco horas o


relógio.

REGRA:

39) Na sala ____________ (havia/ haviam) vinte lugares.

40) Na sala ____________ (deve/ devem) haver vinte


lugares.

41) Na sala ____________ (existe/ existem) vinte lugares.

42) Na sala ____________ (deve/ devem) existir vinte


lugares.

REGRA: 49) Nós __________ (é/ somos) que temos culpa.

REGRA:

nuceconcursos.com.br 45
.
PORTUGUÊS

50) Os meninos _____________ (parecem gostar/ parece a) anexas


gostarem) do palhaço. b) anexos
c) inclusa
REGRA: d) em anexo
e) leso / lesa
f) lesa

9.
a) obrigado
b) obrigada
c) obrigados

10.
a) bastantes
b) bastantes
GABARITO c) bastante
CONCORDÂNCIA NOMINAL
11.
1. a) meias
b) meio
a) Pequeno / pequenos c) meia
b) Bonitas / bonitos d) meio
c) Pequenos e) meio
d) Gelada
e) Justa / justos 12.
f) Justo / justos a) sós
g) Justos b) só
c) a sós
2.
13.
a) boa a) proibida
b) irritada b) necessária
c) irritados c) proibido
d) bom
3.
14.
a) as línguas a) alerta
b) a língua b) menos
c) os dedos c) menos
d) o dedo
15.
4. a) tal
b) tais
a) iniciada c) tal quais
b) terminados d) tais qual
c) revistados e) tais quais

5. 16.
a) pseudo
a) seus b) todo
b) vossa
c) sua 17.
6. a) a olhos vistos
a) questão complicadas b) a olhos vistos
b) livro interessantes 18.
c) caso complicados a) possível / belas
b) belas / possível
7. c) belas / possíveis
a) mesmos d) possíveis / belas
b) mesmas
c) mesmo 19.
d) mesmo a) cara
b) cara
8. c) caro

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PORTUGUÊS

CONCORDÂNCIA VERBAL EXERCÍCIOS

1. (CESGRANRIO – 2018 – TRANSPETRO) O


1. votou / votaram período que atende plenamente às exigências da
2. faltaram concordância verbal na norma-padrão da língua
3. vieram portuguesa é:
4. criticou a) Mais de um mandato foram exercidos por Lobo
5. acusaram Neves.
6. viveram b) Fazem quinze anos que ele conseguiu entrar para a
7. publicaram vida pública.
8. desconfiou c) Necessita-se de políticos mais compromissados com a
9. começo população.
10. quebrou / quebraram d) Com certeza, haviam mais de trinta deputados no
11. atraem plenário naquele dia.
12. perpetua / perpetuam e) Reeleger-se-á, somente, os políticos com um histórico
13. contará de trabalho honesto.
14. comeram / comestes
15. teriam / teríamos 2. (CESGRANRIO – 2018 – TRANSPETRO) A
16. enganou concordância do adjetivo destacado foi realizada
17. ficaram de acordo com as exigências da norma-padrão da
18. voltou / voltaram língua portuguesa em:
19. reinaram / reinou a) A espionagem virtual e a ausência de punição dos
20. podem / pode responsáveis são corriqueiros na batalha virtual entre
21. deteve as grandes potências mundiais.
22. pretende / pretendem b) A guerra cibernética entre os países e o manejo de
23. pretende grandes quantidades de dados são básicas para
24. partimos determinar as relações de poder no futuro.
25. ficaram / ficastes c) O acolhimento dos refugiados e a redução das
26. casará desigualdades são necessárias para diminuir os
27. emocionam conflitos de interesse entre países ricos e pobres.
28. é / são d) Os e-mails e as conversas virtuais
29. foi são monitorados permanentemente em todo o
30. são mundo para revelar importantes segredos de estado.
31. fui e) Os softwares contra vírus e a atualização regular dos
32. és aplicativos são obrigatórias para a manutenção dos
33. são celulares em bom funcionamento.
34. são
35. são 3. (CESGRANRIO – 2018 – TRANSPETRO) A
36. é / são concordância da forma verbal destacada foi
37. é realizada de acordo com as exigências da norma-
38. é padrão da língua portuguesa em:
39. havia a) Com o crescimento da espionagem virtual, é
40. deve necessário que se promova novos estudos sobre
41. existem mecanismos de proteção mais eficazes.
42. devem b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas
43. haverão de grande porte permite que se suspeitem
44. haviam dos hackers responsáveis.
45. faz c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
46. irá preciso que se destinem à pesquisa tecnológica
47. bateram muitos milhões de dólares.
48. bateu d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
49. é guerra virtual pela informação, necessitam-se de
50. parecem gostar / parece gostarem estudos mais aprofundados.
e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma
proporção incontrolável, é aconselhável que
se estabeleça novas restrições de utilização pelos
jovens.

4. (FCC – 2018 – SEGEP-MA)O emprego dos verbos


está plenamente de acordo com a norma-padrão
da língua na frase:
a) Entre os maiores filósofos da Grécia Antiga,
destacam-se Diógenes, um mendigo que se mantêm
firme em sua busca pela virtude.

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.
PORTUGUÊS

b) Há certos bens cuja essência é tão afeita aos humildes REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
que não pode ser ao menos compreendida pelos
prepotentes.
c) Conforme o que constam em alguns registros, Trata do mecanismo que regula as ligações entre um
Diógenes foi aprisionado por piratas, que o vendeu verbo ou nome e os seus complementos.
como escravo.
d) Existe relatos segundo os quais três itens constituía os
únicos pertences de Diógenes: um alforje, um bastão e 1. REGÊNCIA NOMINAL
uma tigela. O termo regente é um nome
e) Para Diógenes, ter autodomínio e liberdade
resultariam em felicidade, por isso convinham evitar o REGÊNCIA DE ALGUNS NOMES
desejo e o apego. (Advérbio, Substantivo ou Adjetivo)
5. (FCC – 2018 – SEGEP-MA) A frase escrita em
acessível (a) idêntico a
conformidade com a norma-padrão da língua é:
acostumado a, com incompatível com
a) Não haviam informações claras sob as espedições afável com, para com indiferente a
pioneira que iniciaram a exploração do litoral aflito com, por liberal com
maranhense.
antipatia a, contra, por natural de
b) Não havia informações claras sobre as expedições que
apto a, para necessário a
iniciaram a exploração do litoral maranhense. atencioso com, para com nocivo a
c) Não tinha informações clara sob as expedições compaixão de/para com/por paralelo a
pioneiras que iniciou a exploração do litoral
compatível com parecido a, com
maranhense.
compreensível a permissivo a
d) Não existiam informações claras sobre as expedições comum a, de pertinaz em
pioneira que iniciaram a exploração do litoral conforme a, com preferível a
maranhense.
cruel com, para com, para prejudicial a
e) Não existião informações claras sob as expedições
cuidadoso com propício a
pioneiras que iniciaram à exploração do litoral descontente com respeito a / com / de / para
maranhense. devoção a, para com, por com / por
dúvida acerca de , de, em, semelhante a
6. (FUNCEPE – 2015 – CÂMARA DE ACARAÚ-
sobre sensível a
CE) Em “havia muitas estrelas” (linha 08), as fácil a, de, para situado (sito, residente,
regras de concordância verbal foram falho de, em
respeitadas. Assinale o item em que isso morador) → em, entre
firme em suspeito a, de
não acontece:
generoso com último a, de, em
a) Deve fazer vários anos que não há uma seca tão grato a
grande vereador, deputado,
hábil em senador → por, pelo(a)(s)
b) Grande parte dos sertanejos conta essa mesma história
horror a versado em
c) Um por cento dos nordestinos não se identifica com
hostil a, para com
Fabiano
d) Quais de nós conhecem histórias semelhantes?
e) Mantém-se sempre os sonhos, apesar das dificuldades
PREDICAÇÃO VERBAL

Trata da “transitividade” do verbo. Este pode ser:

 TRANSITIVO  Precisa de um complemento


chamado objeto.

A) Direto (VTD) – Precisa de complemento sem


preposição (objeto direto).

Ex.: Martha comprou flores.


VTD OD (o quê?)

Hugo bebeu um refrigerante.


VTD OD (o quê?)

B) Indireto (VTI) – Precisa de complemento com


preposição (objeto indireto).

Ex.: Paula gosta de estudar.


VTI OI (de quê?)

48 nuceconcursos.com.br
.
PORTUGUÊS

ANOTAÇÕES DO ALUNO
Ela obedece ao chefe.
VTI OI (a quem?)

Todos simpatizam com o diretor.


VTI OI (com quem?)

C) Direto e Indireto (VTDI) – Precisa de dois


complementos: um objeto direto e outro indireto

Ex.: Ele entregou a encomenda ao rapaz.


VTDI OD OI
(o quê?) (a quem?) 3. VISAR

 INTRANSITIVO  Não precisa de complemento ou A) Ele visa _______ sucesso. (sentido de desejar)
vem acompanhado por adjunto adverbial.
B) O jagunço ajeitou a arma e visou ____ alvo. (sentido
Ex.: Poucos saíram ontem. de mirar/ dirigir a pontaria)
VI adj. adverbial
de tempo (quando?) C) O diretor visou ____ documento. (sentido de pôr o
visto/ assinar)
Juliana mora em Paris.
VI adj. adverbial de lugar (onde?) ANOTAÇÕES DO ALUNO

2. REGÊNCIA VERBAL
O termo regente é um verbo

PRINCIPAIS VERBOS

1. ASSISTIR

A) Todos assistiram ____ jogo da seleção. (sentido de


ver) 4. QUERER
B) A enfermeira assistia ____ acidentados. (sentido de
prestar assistência ou ajudar) A) Ele quer _______ sucesso. (sentido de desejar)
C) O direito de criticar assiste ____ cidadãos (sentido de
pertencer) B) Os pais querem ________ seus filhos. (sentido de ter
afeto/ amar/ gostar)
D) Há vinte anos ele assiste ____ Recife. (sentido de
morar)
ANOTAÇÕES DO ALUNO
ANOTAÇÕES DO ALUNO

5. LEMBRAR E ESQUECER
2. ASPIRAR A) Eu lembrei ____ aniversário de Pedro. (verbo não-
pronominal)
A) Ele aspira ________ sucesso. (sentido de desejar)
B) Eu me lembrei ____ aniversário de Pedro. (verbo
B) O pedreiro aspirou _______ pó da construção. pronominal)
(sentido de inalar ou sorver)

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PORTUGUÊS

ANOTAÇÕES DO ALUNO ANOTAÇÕES DO ALUNO

6. INFORMAR, AVISAR, PREVENIR, 9. PREFERIR


NOTIFICAR, CIENTIFICAR, COMUNICAR,
ACONSELHAR, ADVERTIR, CERTIFICAR, A) Ele sempre preferiu ____ trabalho ____ estudo.
ETC.
B) Preferimos caminhar ____ correr.
A) O guia informou ___ local ___ viajantes.
ANOTAÇÕES DO ALUNO
B) O banco informou ___ cliente ___ dificuldade.

ANOTAÇÕES DO ALUNO

10. SIMPATIZAR E ANTIPATIZAR

A) Poucas pessoas simpatizam _____ o candidato.


7. OBEDECER E DESOBEDECER
ANOTAÇÕES DO ALUNO
A) Você obedeceu ____ regulamento.

B) Os operários desobedeceram ____ lei.

ANOTAÇÕES DO ALUNO

11. CHEGAR

A) Cheguei _____ colégio.

CUIDADO!
8. PAGAR E PERDOAR
O atleta brasileiro chegou EM PRIMEIRO LUGAR.
A) Nós pagamos ____ material. (verbo se referindo a
coisa) ANOTAÇÕES DO ALUNO

B) Deus perdoa ____ pecados. (verbo se referindo a


coisa)

C) Nós pagamos ____ vendedor. (verbo se referindo a


pessoa)

D) Deus perdoa ____ pecadores. (verbo se referindo a


pessoa)
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PORTUGUÊS

12. PISAR OBSERVAÇÕES FINAIS

A) Não pise _____ grama. 1) VTI  NÃO admitem voz passiva

ANOTAÇÕES DO ALUNO Exceção: (des)obedecer

Ex1.: “O filme foi assistido pelos alunos.” (errado)


Os alunos assistiram ao filme. (certo)

Ex2.: “O cargo era visado pelos gerentes.” (errado)


Os gerentes visavam ao cargo. (certo)

2) Não se deve dar um único complemento a verbos


de regências diferentes.

13. NAMORAR Ex1.: “Entrou e saiu da sala.” (errado)


Entrou na sala e saiu dela. (certo)
A) João namora ____ Maria.
Ex2.: “Assisti e gostei do filme.” (errado)
B) Você quer me namorar? Assisti ao filme e gostei dele. (certo)

ANOTAÇÕES DO ALUNO 3) Havendo pronome relativo, a preposição desloca-se


para antes dele.

Ex.: Esta é a faculdade a que aspiro.


Este é o autor a cuja obra me refiro.
Este é o autor de cuja obra gosto.
Este é o autor por cuja obra tenho simpatia.

EXERCÍCIOS
14. IR
1. (FCC – 2018 – ALESEP) Considerando a regência
A) Iremos ____ Santos e retornaremos à tarde. (sentido e a estruturação das sentenças, a alternativa em
de “não demorar”) que as duas construções estão corretas é:
a) Uma de que eu gosto / Fez promessas das quais não me
esqueci.
B) Vou _______ Alemanha estudar Linguística. (Sentido b) numa época em que a TV ainda não existia / Numa época
de “estabelecer residência”) aonde a corrupção não era divulgada.
c) muitas das marchinhas que ouvíamos no rádio / Muitos dos
ANOTAÇÕES DO ALUNO desfiles cuja a transmissão assistíamos pela TV.
d) O jarro que eu plantei a flor / O poço o qual caíram as
chaves.
e) numa época em que a TV ainda não existia / Numa época
que precisamos voltar.

2. (CESGRANRIO – 2018 – PETROBRAS) A


regência verbal da forma destacada atende às
exigências da norma-padrão da língua portuguesa
em:
a) A eficiência energética que os jornais se referem como
uma das condições de sustentabilidade do planeta
depende do uso dos meios alternativos de produção
de energia.
b) A melhoria da mobilidade urbana que as grandes
cidades precisam pode ser obtida pela redução dos
meios individuais de transporte automotor
c) O descarte de resíduos sólidos que algumas grandes
empresas têm implementado deveria ser evitado e
penalizado por uma legislação mais rígida.
d) O estudo sobre poluição sonora e seus efeitos sobre o
bem-estar humano que os planejadores
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PORTUGUÊS

urbanos necessitam têm sido postergados sem CRASE


justificativa.
e) Os erros que os governos se arrependem e que foram
cometidos em nome do progresso produziram REGRA GERAL
distorções ambientais e sociais de grandes proporções.
a) Vou à praia. (Vou ao campo.)
3. (CESGRANRIO – 2018 – PETROBRAS)
Considere a seguinte frase: b) As crianças foram à praça. (As crianças foram ao
“Os lançamentos tecnológicos a que o autor se refere parque.)
podem resultar em comportamentos impulsivos nos
consumidores desses produtos”. PRINCIPAIS CASOS EM QUE NÃO OCORRE
A CRASE:
A utilização da preposição destacada a é
obrigatória para atender às exigências da regência 1. ANTES DE PALAVRA MASCULINA
do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-
padrão da língua portuguesa. Ex.:
É também obrigatório o uso de uma preposição • Compramos a TV a prazo.
antecedendo o pronome que destacado em: • Ele leva tudo a ferro e fogo.
a) Os consumidores, ao adquirirem um
• Por favor, façam o exercício a lápis.
produto que quase ninguém possui, recém-lançado no
mercado, passam a ter uma sensação de
2. EM LOCUÇÃO FEMININA QUE INDIQUE
superioridade.
INSTRUMENTO
b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
Ex.:
em relação ao modelo anterior.
c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
• Ela escreveu a redação a caneta.
realizou foi importante para mostrar que o vício em
novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
3. ANTES DE VERBO
d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
Ex.:
sentirem recompensadas.
e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais • A pobre criança ficou a chorar o dia todo.
do que o seu orçamento permite em • Quando os convidados começaram a chegar, tudo já
aparelhos que elas não necessitam. estava pronto.

4. (INSTITUTO AOCP – 2014 – UFC) “Entre as 4. ENTRE PALAVRAS REPETIDAS QUE


pesquisas que apontam para efeitos positivos do FORMEM UMA EXPRESSÃO
consumo do chocolate, as mais numerosas são, de
longe, aquelas que associam o alimento a Ex: cara a cara, frente a frente, gota a gota
benefícios ao coração.”
CUIDADO!
Assinale a alternativa em que o verbo destacado
apresenta, na oração a que pertence, a mesma O PAÍS DECLAROU GUERRA À GUERRA
regência do verbo associar no período acima.
a) Foi ao cinema quando entardeceu. EXPLICAÇÃO: Neste caso, a primeira palavra
b) Crianças carentes precisam de atenção redobrada. GUERRA representa o OD do verbo DECLARAR.
c) Lavou o carro logo de manhã. A segunda, o OI do mesmo verbo.
d) Abandonou o emprego, pois estava insatisfeito.
e) Entregamos os vasilhames ao repositor. 5. ANTES DE ARTIGO INDEFINIDO
CUIDADO!
5. (FUNCAB – 2014 – PRODAM-AM) Assinale a
alternativa em que a frase segue a norma culta da Cheguei à uma hora da manhã.
língua quanto à regência verbal.
a) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. 6. QUANDO O A ESTIVER NO SINGULAR E A
b) Eu esqueci do seu nome. PALAVRA POSTERIOR NO PLURAL
c) Você assistiu à cena toda?
d) Ele chegou na oficina pela manhã. Ex.: Não me junto a pessoas corruptas.
e) Sempre obedeço as leis de trânsito.
7. APÓS PREPOSIÇÃO

Ex.: Estou aqui DESDE as 8h.

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ATENÇÃO! 4. CRASE e paralelismo.


Cheguei às 8h. Escreva assim:
8. ANTES DOS SEGUINTES PRONOMES: De segunda a sexta-feira
De terça a quinta-feira
a) Pessoais Ou
b) De tratamento (exceções: SENHORA, Da segunda à sexta-feira
SENHORITA, DONA e MADAME) Da terça à quinta-feira
c) Demonstrativo (exceções: ÀQUELE, ÀQUELA e
ÀQUILO) Não escreva assim:
d) Relativos (exceções: À QUAL, ÀS QUAIS) De segunda à sexta-feira
e) Indefinidos [exceção: OUTRA (S)] De terça à quinta-feira
CASOS FACULTATIVOS Escreva assim:
De 9h a 11h
1. ANTES DE NOME DE MULHER De 8h30min a 11h30min
Ou
EX.: REFIRO-ME À / A MARIA. Das 9h às 11h
Das 8h30min às 11h30min
EXCEÇÃO: antes de nome de mulher que seja uma
personalidade pública ou histórica Não escreva assim:
De 9h à 11h
EX.: Referiu-se A Joana D’arc da Revolução Francesa.
De 8h30min à 11h30min
9h às 11h
2. ANTES DE PRONOME POSSESSIVO NO 8h30min às 11h30min
SINGULAR

Ex.: VOU À / A MINHA CIDADE NATAL.


EXERCÍCIOS
EXCEÇÕES:
1. (CESGRANRIO – 2018 – BANCO DO
AMAZONAS) De acordo com a norma-padrão da
a) Não deu valor às SUAS qualidades.
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da
b) Esta casa é igual à SUA.
crase deve ser empregado na palavra destacada
c) Fiz uma promessa a Nossa Senhora.
em:
a) A intenção da entrevista com o diretor estava
relacionada a programação que a empresa pretende
3. APÓS A PREPOSIÇÃO ATÉ desenvolver.
b) As ações destinadas a atrair um número maior de
EX.: VOU ATÉ À / A PRAIA. clientes são importantes para garantir a saúde
financeira das instituições.
CASOS ESPECIAIS c) As instituições financeiras deveriam oferecer
condições mais favoráveis de empréstimo a quem está
1. AS PALAVRAS CASA E DISTÂNCIA DEVEM fora do mercado formal de trabalho.
ESTAR ESPECIFICADAS PARA QUE POSSAM d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas
ADMITIR CRASE ANTES financeiras consideram que vale a pena investir na
nova moeda virtual.
Ex.: e) Os participantes do seminário sobre mercado
A) Vou à casa DE MEUS AVÓS. financeiro foram convidados a comparar as
B) Olhava a manifestação à distância DE CEM importações e as exportações em 2017.
METROS.
2. (CESGRANRIO – 2018 – TRANSPETRO) Em
2. A palavra TERRA não admite CRASE português, o acento grave indica a contração de
anteriormente se estiver com o significado de dois “a” em um só, em um processo chamado
TERRA FIRME crase, e está corretamente empregado em:
a) Verei a política de outra forma à partir daquela
Ex.: Os marinheiros voltaram a terra. conversa.
b) Daqui à duas horas Lobo Neves receberá os amigos
3. ANTES DE NOME DE LUGAR com alegria.
a) Vou a Roma (VOLTO DE LONDRES) c) Assistimos à apresentações inflamadas de alguns
b) Vou a Londres (VOLTO DE LONDRES) deputados e senadores.
c) Vou à Bahia (VOLTO DA BAHIA) d) Em referência àqueles pensamentos, Lobo Neves
d) Vou à Roma dos belos monumentos arquitetônicos. calou-os rapidamente.
(VOLTO DA ROMA DOS BELOS
MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS)
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e) A política, à qual não quero mais em minha vida, PONTUAÇÃO


causou-me muitos problemas.

3. (CESGRANRIO – 2018 – PETROBRAS) O Os sinais de pontuação são recursos típicos da língua


acento indicativo de crase está corretamente escrita porque esta não dispõe do ritmo e da melodia
empregado em: da língua falada. É, pois, a pontuação um meio de
a) O médico atendia à domicílio. representar, na escrita, as pausas e entonações da fala.
b) A perna de Virgínia piorava hora à hora. Desse modo, não há critérios extremamente rígidos
c) Anunciata fazia rezas à partir do meio-dia. quanto ao uso dos sinais de pontuação. Mesmo assim,
d) Minha mãe levou à milagreira um bolo de fubá. faremos um breve estudo acerca das principais regras
e) O sobrinho da benzedeira assistiu à todas as sessões. para o emprego dos sinais de pontuação exigidas pelas
principais bancas examinadoras.
4. (VUNESP – 2018 – PREF. DE MOGI DAS
CRUZES) OBSERVAÇÃO INICIAL
No começo do século 20, a rápida industrialização nos
Estados Unidos deu origem ________ algumas das SUJEITO VERBO COMPLEMENTO
maiores fortunas que o mundo já viu. Famílias como ADJUNTO ADVERBIAL
os Vanderbilt e os Rockefeller investiram em ferrovias,
petróleo e aço, obtendo um grande retorno, e ORDEM DIRETA DA ORAÇÃO
passaram ________ ostentar sua riqueza. O período
ficou conhecido como Era Dourada. A desigualdade OBS.: Quando uma oração está na ordem direta, não
nunca foi tão grande – até agora. É o que mostra um pode haver pontuação separando seus elementos
relatório da UBS, companhia de serviços financeiros, formadores.
feito em parceria com a consultora PwC.
Para os autores do documento, a primeira Era USO DA VÍRGULA
Dourada aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a
atual começou em 1980 e deve se estender pelos 1. ADJUNTO ADVERBIAL DESLOCADO
próximos 10 a 20 anos, prolongada pelo desempenho
econômico da Ásia e de negócios ligados________ EX.: Após a explicação sobre o assunto, o aluno
tecnologia. resolveu as questões.
(IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)
ATENÇÃO!
Em conformidade com a norma-padrão, as
CASO O ADJUNTO ADVERBIAL SEJA
lacunas do texto devem ser preenchidas,
FORMADO POR APENAS UMA PALAVRA, A
respectivamente, com:
VÍGULA SERÁ FACULTATIVA
a) a…a…a
b) à…à…à
EX.: Hoje, o aluno resolveu as questões.
c) a…à…à
d) à…à…a
2. ORAÇÃO ADVERBIAL DESLOCADA
e) a…a…à
(VÍRGULA OBRIGATÓRIA)
5. (FUNCEPE 2015 – CÂMARA MUNICIPAL
EX.: Quando você chegar, avise-me.
DE ACARAÚ-CE) Assim como em “passo a
passo" (verso 5), não deve haver acento
3. ORAÇÃO ADVERBIAL EM ORDEM DIRETA
indicativo de crase em:
(VÍRGULA FACULTATIVA)
a) Tudo ocorreu as pressas
b) Não me refiro a esta música, mas a que você cantou
EX.: Avise-me, quando você chegar.
ontem
c) Ninguém voltou a terra natal
4. SEPARA ELEMENTOS DE MESMA FUNÇÃO
d) Os moradores observavam tudo a distância
SINTÁTICA
e) A medida que o progresso avança, a natureza morre
a) João, Pedro e Maria são irmãos.

b) Comprei frutas, verduras e legumes.

5. SEPARA APOSTO

EX.: Recife, a Veneza brasileira, é belo.

6. SEPARA VOCATIVO

Maria, você irá ao cinema conosco?

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7. SEPARA ORAÇÕES COMPOSTAS POR Na letra A, entende-se que apenas os alunos sem o
SUJEITOS DIFERENTRES E UNIDAS PELA caderno não participaram da aula. Já na letra B,
CONJUNÇÃO E compreende-se que todos os alunos estavam sem
caderno e não participaram da aula.
EX.: João estuda, e Maria trabalha.
OUTRAS PONTUAÇÕES
8. SEPARA ORAÇÕES NAS QUAIS HOUVE
POLISSÍNDETO 1. PONTO FINAL  Utilizado para encerrar qualquer
tipo de frase declarativa ou imperativa. Representa a
EX.: Ele canta, e dança, e pula. pausa máxima da voz.
9. SUBSTITUI VERBO IMPLÍCITO (ZEUGMA = Ex.: É preciso estudar tudo.
OMISSÃO DE TERMO JÁ CITADO)
Observação: Também é usado para indicar
EX.: Carlos estuda Medicina; Pedro, Engenharia.
abreviação de palavras (Sr. / Sra. / Obs.).
10. SEPARAR CONJUNÇÃO DESLOCADA
2. PONTO DE INTERROGAÇÃO  Usado em
EX.: Ele queria ir à praia; não irá, porém, devido à frases interrogativas diretas, ainda que a pergunta não
chuva. exija resposta.

OBSERVAÇÃO Ex.: Por que você faltou ontem?

O PONTO-E-VÍRGULA usado nos casos 9 e 10 3. PONTO DE EXCLAMAÇÃO  Usado ao final de


separa orações quando uma delas já possui vírgula frases exclamativas e imperativas. Também é comum
após interjeições ou orações que indiquem surpresa,
VÍRGULA E ALTERAÇÃO DE SENTIDO entusiasmo.

1. Ex.: Saia daqui! / Que bom!


a) O advogado do médico, Carlos Silva, requereu no
Supremo Tribunal de Justiça a anulação da prisão 4. PONTO E VÍRGULA  Pausa superior à vírgula.
temporária de seu cliente.
A) Separar os diversos itens de uma enumeração.
b) O advogado do médico Carlos Silva requereu no
Supremo Tribunal de Justiça a anulação da prisão Ex.: Os manifestantes entregaram uma pauta de
temporária de seu cliente. reivindicação constando os seguintes itens: redução da
jornada de trabalho; direito a descanso remunerado;
Na letra A, a presença das vírgulas indica que o nome fim das demissões e garantia dos direitos adquiridos na
do advogado do médico é Carlos Silva e o nome do última assembleia.
cantor é desconhecido por nós.
Porém, na letra B, a ausência das vírgulas indica que B) Separa orações que em seu interior já tenham vírgula.
Carlos Silva é o nome do médico. Neste caso, o nome
do advogado é desconhecido por nós. Ex.: Antes, você dirigia tudo; agora, dirijo eu.

5. DOIS PONTOS  Usados para “anunciar” algo.


2.
a) João quer almoçar.
A) Citação.
b) João, quer almoçar?
Ex.: Recordando um verso de Manuel Bandeira: “A
vida inteira que poderia ter sido e que não foi”.
As duas orações são compostas das mesmas palavras,
mas a pontuação diferente altera-lhes substancial- B) Enumeração.
mente o sentido.
Na letra A, há uma frase declarativa, marcada pelo Ex.: Ganhei muitos presentes: roupas, sapatos etc.
ponto final. O termo "João" é o sujeito da oração.
Na letra B, há uma frase interrogativa. A vírgula, após C) Na invocação das correspondências.
o termo "João", indica que ele funciona como
vocativo da oração. Ex.: Prezado Senhor:
Penso que não poderei comparecer à sua
3. festa, na próxima semana. (...)
a) Os alunos que esqueceram o caderno não participaram
da aula. 6. RETICÊNCIAS  Indicam interrupção do
pensamento.
b) Os alunos, que esqueceram o caderno, não
participaram da aula. Ex.: E eu que trabalhei tanto pensando que...
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PORTUGUÊS

7. ASPAS  2. (FCC – 2018 – SEGEP-MA)

A) Para isolar citação textual colhida a outrem. Os primeiros habitantes desse Estado faziam parte de
dois grupos: os tupis e os jês. (1° parágrafo)
Ex.: Como afirma McLuhan: “O meio é a
mensagem”. Os dois-pontos no trecho acima introduzem duas
noções, simultaneamente, denominadas
B) Para isolar palavras ou expressões estranhas à língua a) enumeração e exemplificação.
culta (expressões populares, gírias, estrangeirismos, b) enumeração e justificativa.
neologismos, arcaísmos etc.). c) exemplificação e justificativa.
d) explicação e exclusão.
Ex.: Ele era um “gentleman”. e) exclusão e enumeração.
Pedro estava “numa nice”.
3. (FCC – 2018 – SEGEP-MA) A frase que
C) Indicar sentido diverso do usual (ironia). permanece correta com o acréscimo de uma
vírgula após o termo sublinhado é:
Ex.: Ficou “lindo” (= feio). a) Infelizmente não se tem notícia da responsabilização
penal dos importadores de equipamentos para piratear
8. PARÊNTESES  Servem para isolar explicações, sinal de TV pelo crime de contrabando.
indicações ou comentários acessórios. b) Todos os brasileiros devem se preocupar com o
problema da fabricação de equipamentos para piratear
Ex.: Marcos leva uma vida mansa (dinheirinho, casa, sinal de TV por assinatura.
comida, roupa lavada etc.) e ainda reclama da vida. c) Ninguém sabe quando os tais 'gatonets' deixaram de
existir em nosso país nem mesmo se todos os
9. TRAVESSÃO  Pode ser usado: responsáveis serão punidos.
d) Dizem que alguns dos equipamentos utilizados para
A) nos diálogos, indicando que alguém está falando de piratear sinal de TV por assinatura às vezes não ligam
viva voz (discurso direto), marcando a mudança de nem desligam.
interlocutor. e) Autoridades poderão multar os responsáveis pela
pirataria de sinal de TV e também colocá-los na
Ex.: – Olá! Como vai? prisão.
– Vou bem. E você? (...)
4. (FUNCERN 2015 – IFRN) Considere o trecho:
B) para substituir a dupla vírgula (o duplo travessão).
Desde que a neurociência ajudou a convencer a
Ex.: Castro Alves – poeta romântico – foi um grande Suprema Corte a salvar a vida de Simmons (que
abolicionista. hoje cumpre prisão perpetua), a questão do
“teenage brain" – cérebro adolescente – assumiu
C) diante de enumeração, substituindo os dois pontos. um papel importante no sistema judiciário dos
Estados Unidos.
Ex.: Apesar da imensa crise financeira por que passou,
decidiu comprar tudo – roupas, sapatos, toalhas etc. No que se refere à pontuação, é correto
afirmar:
a) os parênteses podem ser excluídos sem implicações
EXERCÍCIOS para a construção de sentido; e os travessões somente
podem ser substituídos por parênteses.
b) os parênteses e os travessões demarcam trechos que
1. (CESGRANRIO – 2018 – PETROBRAS) A
vírgula está empregada corretamente em: podem permanecer entre vírgulas facultativas.
a) As grandes metrópoles que se destacaram no apoio à c) os parênteses podem ser excluídos com implicações na
construção do sentido; e os travessões somente
sustentabilidade, foram premiadas pelo mundo
podem ser substituídos por vírgulas.
inteiro.
b) É preciso que futuramente, as cidades tenham d) os parênteses e os travessões demarcam trechos que
melhores condições de vida: habitação, alimentação, podem permanecer entre vírgulas obrigatórias.
saúde, emprego, transporte, educação. 5. (FUMARC – 2014 – AL-MG) Assinale a
c) Não é só o território que acelera o seu processo de alternativa em que a alteração na pontuação do
urbanização, mas é a própria sociedade brasileira que trecho transcrito entre parênteses NÃO implique
se transforma cada vez mais em urbana. erro ou mudança de sentido.
d) Os estados que possuem os menores percentuais de a) Há alguns anos, é colunista da Folha que o publica
população vivendo em áreas urbanas, estão duas vezes por semana.
concentrados nas regiões Norte e Nordeste. (Há alguns anos é colunista da Folha, que o publica
e) Os passageiros, que dependem do transporte coletivo duas vezes por semana.).
esperam que o futuro lhes ofereça mais comodidade b) Tostão (o que foi jogador de futebol) abandonou a
do que o presente. carreira por causa de problemas em seu olho, fruto de
uma bolada.
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(Tostão, o que foi jogador de futebol, abandonou a Alguns viajantes descansavam próximo ao leito do rio.
carreira por causa de problemas em seu olho, fruto de Concluídas as negociações, a comitiva embarcou no
uma bolada.). avião.
c) Na coluna de 13/10/2013, afirma, sobre si mesmo,
que é um colunista, que foi jogador; não um jogador, METONÍMIA (ou SINÉDOQUE) – consiste na
que se tornou colunista... substituição de um termo por outro com o qual existe
(Na coluna de 13/10/2013, afirma sobre si mesmo uma relação de significado.
que é um colunista que foi jogador, não um jogador
que se tornou colunista.). “Qual branca vela n’amplidão dos mares.” (Castro
d) E se queixa de que tem gente, que não entende. Alves)
(E se queixa de que tem gente que não entende...). ‫׀‬
(barco)

“O bonde passa cheio de pernas.” (Carlos


FIGURAS DE LINGUAGEM Drummond de Andrade) ‫׀‬
(pessoas)

É um recurso de expressão que consiste no “Beijaria até uma caveira


emprego de palavras ou expressões em sentido Se espumante o Madeira ali corresse.” (Álvares de
figurado, ou em sentido diferente do atual. Azevedo) ‫׀‬
Há três tipos de figuras de linguagem: figuras de (vinho)
palavras ou tropos, figuras de pensamento e
figuras de construção, também chamadas de figuras PERÍFRASE (ou ANTONOMÁSIA) – é o
de sintaxe. emprego de uma expressão que identifica coisa ou
pessoa, salientando suas qualidades ou um fato notável
1. FIGURAS DE PALAVRAS (ou TROPOS) pelo qual são conhecidas:

Consistem na mudança ou substituição do sentido real O país do futebol acredita em seus filhos.
das palavras para o seu sentido figurado. São elas: ‫׀‬
(Brasil)
COMPARAÇÃO – é a comparação entre dois
elementos por meio de suas características comuns. A dama do teatro brasileiro foi indicada para o
Normalmente se emprega uma conjunção comparativa Oscar.
(como, tal qual, assim como, etc.): ‫׀‬
(Fernanda Montenegro)
“E na minh’alma o nome iluminou-se
Como um vitral ao sol...” (Florbela Espanca) “O autor de Quincas Borba é conhecido como o
Bruxo do Cosme Velho.”
“Sejamos simples e calmos ‫׀‬
Como os regatos e as árvores” (Fernando Pessoa) (Machado de Assis)

METÁFORA – consiste no emprego de uma palavra SINESTESIA – consiste na mistura de sensações que
fora de seu sentido próprio, tendo como base uma produzem forte sugestão:
comparação subentendida, já que a conjunção
comparativa não aparece claramente: “Meu Deus! Como é sublime um canto ardente!”
“Em praias de indiferença (Olavo Bilac) ‫׀‬
navega o meu coração. (audição + tato)
Venho desde a adolescência
Na mesma navegação.” (Cecília Meireles) “Os carinhos de Godofredo não tinham mais o gosto
‫׀‬ ‫׀‬
“Ó mar salgado, quanto do teu sal (tato) (prazer)
São (como) lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa) dos primeiros tempos.” (Autran Dourado)

“Meus paralíticos sonhos desgosto de viver.” (Carlos O vento frio e cortante balançava os trigais dourados
Drummond de Andrade) e
‫׀‬ ‫׀‬
CATACRESE – é a utilização de um termo fora de (tato) (visão +
seu sentido próprio por não haver uma palavra
apropriada para expressar o que se pretende. É, na macios que se estendiam.
verdade, uma metáfora desprovida de originalidade ‫׀‬
pelo uso constante. (tato)

Havia comentários interessantes na orelha do livro.


Os pés da mesa não suportaram o peso das caixas.

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2. FIGURAS DE PENSAMENTO As casas também iam bêbadas. (Carlos Drummond


de Andrade)
Caracterizam-se por apresentar ideias diferentes
daquelas que normalmente a palavra sugere na “A areia é fina deu no sino.
frase. As principais figuras de pensamento são: O sino é de prata deu na mata.
A mata é valente deu no tenente.” (Jorge de Lima)
ANTÍTESE – consiste no emprego de palavras ou
expressões de sentidos opostos, para realçar o GRADAÇÃO – consiste em organizar uma sequência
contraste de ideias: de ideias em sentido crescente ou decrescente:

“Porém se acaba o Sol, por que nascia?” (Gregório “O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha
de Matos) a gula do milionário.” (Olavo Bilac)

“Escrevo porque amanhece, “esse coração oculto


e as estrelas lá no céu pulsando no meio da noite, de neve, da chuva
lembram letras no papel, debaixo da capa, do paletó, da camisa
quando o poema me anoitece.” (Paulo Leminski) debaixo da pele, da carne.” (Ferreira Gullar)

“Não desejei senão estar ao sol ou à chuva – APÓSTROFE – é a invocação ou chamamento de


Sentir calor e frio e vento, alguém ou de alguma coisa. Corresponde
E não ir mais longe.” (Fernando Pessoa) sintaticamente ao vocativo:

EUFEMISMO – consiste na suavização da “Ai Nise amada! Se este meu tormento,


linguagem, evitando-se o emprego de palavras ou Se estes meus sentidíssimos gemidos” (Cláudio
expressões desagradáveis: Manuel da Costa)

“Era uma estrela divina “Senhor, escutai meu estrondoso medo.” (Adélia
Que ao firmamento voou!” (Álvares de Azevedo) Prado)
‫׀‬
(morreu) “Alegres campos, verdes arvoredos,
claras e frescas águas de cristal,
“Quando a Indesejada das gentes chegar...” que em vós os debuxais ao natural.” (Luís de Camões)
(Manuel Bandeira) ‫׀‬
(a morte) PARADOXO (ou OXÍMORO) – trata-se de uma
antítese, porém com maior intensidade no contraste de
IRONIA – consiste em se dizer o contrário do que se ideias antagônicas:
pensa, normalmente com intenção sarcástica:
“Amor é fogo que arde sem se ver,
“Moça linda bem tratada, É ferida que doi e não se sente,
Três séculos de família, É um não querer mais que bem querer,
Burra como uma porta; É um andar solitário entre a gente.” (Camões)
Um amor.” (Mário de Andrade)

“Os filhos estão nascendo 3. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO (ou DE


com tamanha espontaneidade. SINTAXE)
Como é maravilhoso o amor
(o amor e outros produtos) Caracterizam-se por apresentar determinadas
mudanças na estrutura comum das orações. São
HIPÉRBOLE – caracteriza-se pelo exagero da figuras de construção:
linguagem, para intensificar uma ideia:
ANÁSTROFE – é a inversão da ordem normal dos
“O pensamento ferve e é um turbilhão de lava.” termos da oração. Trata-se, normalmente, de uma
(Olavo Bilac) inversão simples do sujeito e do predicado:

“Farei que amor a todos avivente, “Já vinha a manhã clara


pintando mil segredos delicados.” (Camões) ‫׀‬ ‫׀‬
(predicado) (sujeito)
PROSOPOPEIA (ou PERSONIFICAÇÃO)
consiste na atribuição de características humanas a Dourando os horizontes.” (Cláudio Manuel da Costa)
seres inanimados ou irracionais. É também chamada
de animização: “Entre a caatinga tolhida e raquítica,
entre uma vegetação ruim, de orfanato:
“O dia nascia atrás dos quintais. no mais alto, o mandacaru se edifica.” (João Cabral de
As pensões alegres dormiam tristíssimas. Melo Neto)

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.
PORTUGUÊS

HIPÉRBATO – trata-se de uma inversão mais aditiva e) entre termos ou orações:


complexa que a anástrofe, porque a alteração na
ordem dos termos da oração é mais acentuada: “E a névoa e flores e o doce ar cheiroso
Do amanhecer na serra,
“Vendo o triste pastor que com enganos E o céu azul e o manto nebuloso
lhe fora assi negada a sua pastora,” (Camões) Do céu de minha terra.” (Álvares de Azevedo)

Ordem direta: O triste pastor vendo que a sua pastora ASSÍNDETO – consiste na ausência de conectivo
lhe fora negada assi com enganos. entre termos ou orações:

“De repente estala-me sobre os ouvidos “Erguem os colos, voltam as cabeças:


Como um clarim a meu lado, Param o ledo canto:
O velho grito, mas agora irado, metálico,” (Fernando Move-se o tronco, o vento se suspende.” (Tomás
Pessoa) Antônio Gonzaga) ANACOLUTO – consiste na
modificação da estrutura regular de uma oração, em
Ordem direta: O velho grito estala-me sobre os ouvidos, que se introduz uma palavra ou expressão que fica
de repente, como um clarim a meu lado, mas irado, solta, sem ligação sintática com os outros termos dessa
metálico, agora. oração:

ELIPSE – é a omissão de uma ou mais palavras, sem “Essas criadas de hoje, não se pode mais confiar
que se comprometa o sentido da frase: nelas.” (Aníbal Machado)
“Eu, não me importa a desonra do mundo.” (Camilo
(Eu) Posso pegar a minha moedinha de volta? Castelo Branco)

“Mas o tempo é firme. O boi é só. ANÁFORA – Consiste na repetição de uma ou mais
No campo imenso (vê-se) a torre de petróleo.” (Carlos palavras para dar ênfase a uma ideia. É muito usada
Drummond de Andrade) em poesia:

“Em frente do meu leito, em negro quadro “Nem um minuto se passa,


A minha amante dorme. (Ela) É uma estampa Nem um inseto esvoaça,
De bela adormecida.” (Álvares de Azevedo) Nem uma brisa perpassa
Sem uma lembrança aqui.” (Fagundes Varela)
ZEUGMA – é a omissão de uma ou mais palavras já
expressas anteriormente na frase: “Meu Deus,
me dá cinco anos.
“Uma parte de mim é multidão: Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,
outra parte (é) estranheza e solidão.” (Ferreira Gullar) Me dá um Natal e sua véspera.” (Adélia Prado)

“Há um retrato na parede ALITERAÇÃO – consiste na repetição de um


(há) um espinho no coração, mesmo fonema para realçar um determinado som ou
(há) uma fruta sobre o piano dar ritmo à oração ou verso:
e (há) um vento marítimo com cheiro de peixe,
tristeza, viagens...” (Carlos Drummond de Andrade) “Sino de Belém, pelos que inda vêm!
Sino de Belém bate bem-bem-bem-bem.” (Manuel
PLEONASMO – consiste na repetição de um termo, Bandeira)
para realçar seu sentido:
Vozes veladas, veludosas vozes,
“Nas tardes da fazenda há muito azul demais.” volúpias dos violões, vozes veladas,
(Vinicius de Moraes) vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz e Sousa)
“A mim me enerva o ardor com que ela vibra.
SILEPSE – consiste na concordância feita com um
“A flor que atiraste agora, termo que está subentendido, e não com o que
quisera trazê-la ao peito.” (Cecília Meireles) aparece claro na oração. Há três tipos de silepse: de
gênero, de número e de pessoa.
Há casos em que a repetição desnecessária cria um
pleonasmo vicioso, caracterizando um vício de • silepse de gênero
linguagem: A gente fica apreensivo com os relatos da pesquisa.

O elevador subiu para cima com excesso de pessoas. • silepse de número


Os alunos entraram para dentro da sala rapidamente. A turma da faculdade organizou uma festa e me
convidaram para paraninfo.
POLISSÍNDETO – consiste na repetição de um
conectivo (geralmente a conjunção coordenativa • silepse de pessoa

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PORTUGUÊS

Toda a equipe comemoramos o sucesso das vendas. menores porém, discordavam."


EXERCÍCIOS IV. "Isaac a vinte passos, divisando a vulto de um, para,
ergue a mão em viseira, firma os olhos."
1. "Ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!" a) anacoluto, hipérbato, anáfora, pleonasmo
b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto
Há, nesses versos, uma convergência de recursos c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato
expressivos, que se realizam por meio de: d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo
I - metonímia; e) catacrese, silepse, polissíndeto, zeugma
II - pleonasmo;
III - apóstrofe;
IV -personificação. TIPOS DE DISCURSO

Quanto às especificações anteriores, diz-se que: Há três modos de reproduzir a fala das personagens:
a) todas estão corretas.
b) nenhuma está correta. 1) Discurso direto: é a reprodução fiel das palavras da
c) apenas I , II e III estão corretas. personagem. Geralmente isso ocorre nos diálogos.
d) apenas III e IV estão corretas. Chamamos de verbos de elocução ou dicendi aqueles
e) apenas I está incorreta. que indicam qual interlocutor está com a palavra
(dizer, falar, perguntar, responder, exclamar, ordenar).
2. "Capitu parece vencer-se a si mesma"
Recursos gráficos: aspas; travessão; dois pontos.
A SI MESMA é redundância da palavra SE -
figura a que chamamos: Exemplo: Os meninos trocavam impressões
a) metáfora cochichando, aflitos com o desaparecimento da
b) anacoluto cachorra. Puxaram a manga da mãe e
c) pleonasmo perguntaram-lhe:
d) silepse - Que fim terá levado Baleia?
e) hipérbato
2) Discurso indireto: é aquele em que o narrador
3. A prosopopeia, figura que se observa no verso transmite, com as próprias palavras, o pensamento da
"Sinto o canto da noite na boca do vento", ocorre personagem. As falas se contêm numa Oração
em: Subordinada Substantiva.
a) "A vida é uma ópera e uma grande ópera."
b) "Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de Exemplo: Os meninos trocavam impressões
Tormentório, os portugueses apelidaram-no de Boa cochichando, aflitos com o desaparecimento da
Esperança." cachorra. Puxaram a manga da mãe e
c) "Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços." perguntaram-lhe que fim teria levado Baleia.
d) "Oh! eu quero viver, beber perfumes.
Na flor silvestre, que embalsama os ares." 3) Discurso indireto livre: apresenta características do
e) "A felicidade é como a pluma..." discurso direto e discurso indireto. A fala do narrador
e a da personagem parecem confundir-se numa só,
4. 1 - Vontade de beijar os olhos de minha pátria pois não há sinais indicativos de que a fala pertence a
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos". um deles especificamente.
2 - "Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço". Exemplo: Os meninos trocavam impressões
Vinicius de Moraes – Trechos cochichando, aflitos com o desaparecimento da
cachorra. Puxaram a manga da mãe. Que fim
A partir dos exemplos 1 e 2, indique as respectivas teria levado Baleia?
figuras de linguagem:
a) prosopopeia - aliteração. (Graciliano Ramos, Vidas Secas)
b) metáfora - gradação.
c) hipérbole - antítese.
d) aliteração - personificação.
e) metonímia - assíndeto.

5. Assinalar a alternativa correta, correspondente às


figuras de linguagem, presentes nos fragmentos a
seguir:

I. "Não te esqueças daquele amor ardente


que já nos olhos meus tão puro viste."
II. "A moral legisla para o homem; o direito, para o
cidadão."
III. "A maioria concordava nos pontos essenciais; nos por
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PORTUGUÊS

palavras.
INTERPRETAÇÃO X COMPREENSÃO EXEMPLO

TÍTULO DO
É muito comum, entre os candidatos a um cargo PARÁFRASES
TEXTO
público a preocupação com a interpretação de textos.
Isso acontece porque lhes faltam informações A INTEGRAÇÃO DO MUNDO
específicas a respeito desta tarefa constante em provas A INTEGRAÇÃO DA
relacionadas a concursos públicos. HUMANIDADE
"O HOMEM
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar UNIDO ”
A UNIÃO DO HOMEM
no momento de responder as questões relacionadas a HOMEM + HOMEM = MUNDO
textos. A MACACADA SE UNIU
(SÁTIRA)
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e
relacionadas entre si, formando um todo significativo CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA
(capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR). Fazem-se necessários:

a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros


CONTEXTO – um texto é constituído por diversas
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
frases. Em cada uma delas, há uma certa informação
que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
criando condições para a estruturação do conteúdo a texto) e semântico;
ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de
CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as OBSERVAÇÃO: Na semântica (significado das
frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação
seu contexto original e analisada separadamente, e conotação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de
poderá ter um significado diferente daquele inicial. linguagem, entre outros.

INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam


c) Capacidade de observação e de síntese e
referências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se d) Capacidade de raciocínio.
INTERTEXTO.
INTERPRETAR x COMPREENDER
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro
objetivo de uma interpretação de um texto é a
identificação de sua idéia principal. A partir daí, INTERPRETAR COMPREENDER
localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, SIGNIFICA SIGNIFICA
as argumentações, ou explicações, que levem ao
esclarecimento das questões apresentadas na prova. - EXPLICAR,
- INTELECÇÃO,
COMENTAR,
ENTENDIMENTO,
JULGAR, TIRAR
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado ATENÇÃO AO QUE
CONCLUSÕES,
a: REALMENTE ESTÁ
DEDUZIR.
ESCRITO.
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos - TIPOS DE
- TIPOS DE
fundamentais de uma argumentação, de um processo, ENUNCIADOS
ENUNCIADOS:
de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os
advérbios, os quais definem o tempo). • Através do texto,
• O texto DIZ que...
INFERE-SE que...
• É SUGERIDO pelo autor
• É possível DEDUZIR
2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança que...
que...
ou de diferenças entre as situações do texto. • De acordo com o texto, é
•O autor permite
CORRETA ou ERRADA a
CONCLUIR que...
3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado afirmação...
• Qual é a INTENÇÃO
• O narrador AFIRMA...
com uma realidade, opinando a respeito. do autor ao afirmar que...

4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou ERROS DE INTERPRETAÇÃO


secundárias em um só parágrafo.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
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PORTUGUÊS

QUANDO (TEMPO)
a) Extrapolação (viagem) QUANTO (MONTANTE)
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
que não estão no texto, quer por conhecimento prévio EXEMPLO:
do tema quer pela imaginação.

b) Redução Falou tudo QUANTO queria (correto)


É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE,
de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do deveria aparecer o demonstrativo O ).
entendimento do tema desenvolvido.
LOCUTOR E INTERLOCUTOR
c) Contradição
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do A noção de interlocução - que envolve os dois
candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, interlocutores e a situação - é uma noção fundamental
consequentemente, errando a questão. para qualquer trabalho com a linguagem. É uma das
competências necessárias para se chegar a ser um bom
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do leitor e um bom usuário da língua, falada e escrita,
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas porque a língua que nos interessa estudar e analisar é a
língua em uso, que se dá entre aquele que fala ou
numa prova de concurso qualquer, o que deve ser
escreve e aqueles que leem ou escutam. A noção de
levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e interlocução, além de supor a existência de
nada mais. um locutor (o sujeito que fala ou escreve) e de alguém
a quem a enunciação é dirigida (o interlocutor), supõe
COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe necessariamente a existência de uma situação,
que relacionam palavras, orações, frases e/ou a situação de comunicação. É só no cruzamento de
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se um locutor com um interlocutor numa situação
quando, através de um pronome relativo, uma específica que um enunciado ganha sentido.
conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo
*Tomemos como exemplo a frase Estou com frio. É
átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer possível imaginar diversas situações em que ela
e o que já foi dito. poderia ser proferida e os mais variáveis sentidos
que poderiam ser a ela atribuídos:
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no
dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome 1) Feche a janela, por favor.
relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da 2) Você sempre deixa a janela aberta.
regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se 3) Me aqueça.
4) Vamos embora?
pode esquecer também de que os pronomes relativos
têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade Tomemos como segundo exemplo a frase Há mendigos
de adequação ao antecedente. novamente morando embaixo da ponte. Imagine a
Os pronomes relativos são muito importantes na diversidade de sentidos que ela pode ter, se proferida
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz por um vereador preocupado com o embelezamento
erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar em de sua cidade, se proferida por uma assistente pessoal,
consideração que existe um pronome relativo se proferida por um comerciante das redondezas, etc.
adequado a cada circunstância, a saber: Uma situação de escrita ou mesmo de fala não se dá
sempre em forma de diálogo. Isto não significa, no
entanto, que não haja um locutor, um interlocutor e
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM uma situação de comunicação. Um conto, por
QUALQUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE exemplo: ele é narrado por alguém (neste caso, temos
DAS CONDIÇÕES DA FRASE. um narrador como locutor) e ele é escrito para alguém
(os interlocutores, neste caso, são leitores imaginados).
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR. Um discurso de um candidato a um cargo político tem
como locutor, obviamente, o candidato; como
QUEM (PESSOA) interlocutores, os possíveis eleitores, os partidários e
os adversários; a eles o político se dirige e a eles
tentará sensibilizar, comover, persuadir, dissuadir.
CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O
Chegamos assim a perceber que a noção de
POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍDO. interlocução traz outra, atrelada a ela: a noção
de adequação da linguagem aos interlocutores, à
COMO (MODO) situação de comunicação e à intenção.

ONDE (LUGAR) Concurso público exige adequada preparação em


interpretação de texto. Não se trata de estudo

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PORTUGUÊS

subjetivo como muitos pensam. Assim como as Nunca se sabe como os boatos surgem. Dizem os
questões de gramática, a análise de texto apresenta especialistas que o prazer de quem envia boatos por e-
fundamentos bem sólidos em seus critérios de mail é receber as histórias escritas por eles mesmos
correção. depois de algum tempo.
Destaco, neste artigo, a cobrança de questões com
base nas ideias explícitas ou implícitas. Explícito é A partir das ideias explícitas e implícitas no texto
aquilo que, literalmente, está escrito. Observe a acima, julgue os itens abaixo.
seguinte construção: Isabela estuda todos os dias
apostilas e questões relacionadas a concurso público. 1. A grande maioria das pessoas que vivem nos centros
Se o concurso afirmar que Isabela fará concurso urbanos costuma receber mensagens eletrônicas
público, a resposta será incorreta. A construção apelativas, com propagandas de instituições comerciais
apresentada não afirma explicitamente que ela fará. ou com solicitações de auxílio, principalmente
Afirma que ela estuda apostilas e questões relacionadas envolvendo crianças e (ou) velhos doentes.
a concurso público. Comandos comuns para ideias
explícitas são: “de acordo com o texto”, “com base no 2. A circulação de algumas mensagens, como a de se ter
texto”, “no texto”. os “rins retirados e acordar em uma banheira de gelo”,
Se, no entanto, o comando for apresentado assim: de caráter jocoso e assustador, pode partir do
depreende-se do texto (infere-se, deduz-se) que Isabela princípio de que alguns usuários desse tipo de
fará concurso público, a resposta será correta. comunicação são ingênuos – acatam e divulgam, sem
Implícito é aquilo que não está escrito literalmente, julgamento prévio, tudo o que leem.
mas você pode deduzir ou inferir das construções.
Não se pode extrapolar. Deve haver relação lógica. O 3. Embora os destinatários possam ignorar a real
próprio comando na prova deve deixar claro qual linha procedência e a veracidade das informações da
de interpretação o candidato deve seguir. correspondência, geralmente os remetentes últimos
Observe texto e questão de prova com interpretação podem ser reconhecidos pelos recebedores que, a
explícita. partir dos dados do endereçamento, acompanham as
informações de quem a enviou.
A televisão procura atender ao gosto da população a que se
dirige. Assim, acomoda essa grande massa de consumidores a Geralmente, questões com interpretações implícitas
antigos hábitos e tradições, em vez de propor, aos que assistem a são mais difíceis. O gabarito acima foi o seguinte: 1.E
ela, inquietações novas e uma visão mais crítica do mundo em (extrapolou), 2.C, 3.C (muitos candidatos reclamaram
que vivem. na época, mas todo o texto se relaciona ao tema
informática e fofoca).
De acordo com o texto.

a) Porque se dirige a um público desinteressado, a ANÁLISE DE TEXTOS


televisão não se preocupa com a qualidade de seus
programas; 1.1 TEMA, IDÉIA GLOBAL E TÓPICO DE UM
b) A televisão não se preocupa em elevar o nível de seus PARÁGRAFO
programas já que o público que a ele assiste não se
interessa por problemas sérios; ➢ Tema: Proposição essencial que vai ser tratada ou
c) Embora resulte do gosto de um público inquieto com demonstrada. Assunto primordial de que trata o
seus valores, a televisão nega-se a mudar o aspecto texto.
formal dos programas; ➢ Idéia Global: Conceito integral (opinião ou
d) O interesse de baixo nível cultural merece uma pensamento) baseado nos objetivos discursivos do
televisão que não questiona em profundidade os emissor que permeia todo o texto e o justifica.
problemas do mundo; ➢ Tópico de um Parágrafo: Temática central
e) O interesse do público determina os conteúdos apresentada e discutida no parágrafo considerado,
veiculados pela televisão que, assim, se furta às geralmente mediante desenvolvimento da argumentação.
propostas culturais novas.
1.2 ARGUMENTO PRINCIPAL
O gabarito foi a letra “e”. Houve apenas a mudança da
ordem “televisão” e “público” e termos sinônimos. DEFENDIDO PELO AUTOR
Observe, agora, o concurso do Senado com Corresponde à tese (proposição exposta para debate).
interpretação implícita. Geralmente é apoiada em argumentos com o intuito
de convencer um público-leitor sobre o ponto de vista
O nome é um pouco esquisito, mas se trata de algo chave apresentado pelo autor.
bastante conhecido: hoax é sinônimo de boato no
mundo digital. Quem nunca recebeu mensagens 1.3 OBJETIVO OU FINALIDADE
difamando empresas ou noticiando o caso do garoto
com câncer? Ou então a história de ter os rins PRETENDIDA
retirados e acordar em uma banheira de gelo, que, no
final, ainda pede para enviar o e-mail para os amigos? Diz respeito ao que o produtor de um texto pretende

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.
PORTUGUÊS

(intencionalidade), tem em mente ou quer que o leitor animais personificados. A linguagem pode ser formal
faça, a partir da leitura de seu texto. ou informal, tendendo as fábulas modernas ao humor.
1.4 SÍNTESE DO CONTEÚDO GLOBAL • Conto – É um gênero textual que apresenta um único
conflito, tomado já próximo do seu desfecho. Encerra
DO TEXTO uma história com poucos personagens, e também
tempo e espaço reduzidos. A linguagem pode ser
É um texto conciso com a seleção e a formal ou informal.
apresentação, de forma global e organizada, de
pontos fundamentais para a compreensão de um • Charge – É um desenho humorístico, com ou sem
determinado texto. legenda ou balão. É a crítica humorística de um fato
ou acontecimento específico e aborda temas sociais,
1.5 GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS: econômicos e, sobretudo, políticos.
CARACTERÍSTICAS • História em quadrinho – É uma narrativa visual que
GÊNEROS TEXTUAIS expressa a língua oral e apresenta um enredo rápido,
empregando somente imagem ou associando palavra e
São práticas sócio-históricas que se constituem como imagem.
ações para agir sobre o mundo e dizer o mundo,
constituindo-o de algum modo. São formas verbais de  ALGUNS EXEMPLOS DE TEXTOS
ação social relativamente estáveis realizadas em textos
situados em comunidades de práticas sociais típicas e EXPOSITIVOS
em domínios discursivos específicos.
Em outras palavras, “Gênero Textual é um conceito  Instrucional:
geral que engloba textos com características comuns
em relação à linguagem, ao conteúdo e à estrutura, • Receita Culinária – É um texto instrucional com
utilizados em determinadas situações comunicacionais, duas partes: ingredientes e modo de fazer. Pode
orais ou escritas.” Constituem-se como exemplos de apresentar título e outras informações (tempo de
gêneros: cartas, bulas, e-mails, anúncios, postais, avisos, preparo, rendimento, caloria, etc.). A linguagem é
artigos, requerimentos, editais, crônicas, fábulas, clara, objetiva e concisa.
contos, rezas, piadas, receitas, notícias, provérbios,
entre muitos outros.
• Manual – Sua finalidade é orientar sobre o
funcionamento de um aparelho, regras de um jogo,
Sempre que nos comunicamos por meio de palavras,
etc.
empregamos um gênero. Os textos (orais ou escritos)
constituem gêneros cuja especificidade depende da
situação de interação verbal, do momento em que ela  Informativo:
ocorre e das relações que a envolvem.
Os estudos referentes à comunicação agrupam os • Notícia – É um gênero textual cujo objetivo é
gêneros textuais por domínio discursivo. Daí informar ao leitor fatos atuais, com simplicidade,
encontrarmos vários tipos de domínio discursivo: concisão e precisão. A linguagem desse texto
jornalístico, didático, científico, religioso, jurídico etc. jornalístico é formal, clara e objetiva.
As fronteiras entre esses domínios são, em algumas
situações comunicativas, meio nebulosas, pois os • Reportagem – É um gênero textual que enfoca, de
gêneros podem ter uma configuração híbrida, forma abrangente, assuntos e não necessariamente
circulando por vários domínios. fatos novos. A linguagem desse texto jornalístico é
Vejamos agora alguns exemplos de gêneros textuais formal, objetiva e direta.
usados no cotidiano e suas respectivas características
gerais: • Gráfico – É uma representação gráfica de dados
físicos, econômicos e sociais.
• E-mail – É uma mensagem enviada e recebida através
de um sistema de correio eletrônico. Como é utilizado • Entrevista – É um gênero textual cuja finalidade é
em diversas situações comunicacionais, formais ou obter opiniões de uma pessoa a respeito de um
informais, a linguagem pode variar. Tem a estrutura assunto e divulgar informações sobre a vida pessoal ou
padrão da carta e, em geral, os parágrafos são curtos. profissional dela. Pode ou não aparecer em textos
jornalísticos.
• Poema – É a unidade da poesia, em versos com ou
sem rima. Esse gênero textual, em geral, apresenta  Opinativo / Expressivo:
recursos de sonoridade e ritmo, bem como palavras
em sentido conotativo e figuras de linguagem. O • Editorial – É um gênero textual que expressa a
conteúdo da composição poética é, em geral, abstrato, opinião de um jornal ou revista, ou de seus editores, a
expressivo, subjetivo e conotativo. respeito de um fato noticiado.

• Fábula – É um gênero textual que transmite um • Resenha Crítica – Gênero em que se fornecem
ensinamento e cujos personagens, em geral, são informações e uma análise a respeito de uma produção
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PORTUGUÊS

artística ou científica. para uma maior disposição artística do pintor. De fato,


a história pessoal dos grandes artistas parece relacionar
• Crônica – É um gênero textual em que se apresentam certa dose de sofrimento à maior capacidade de
fatos do cotidiano com uma linguagem geralmente produção: assim foi com Camões, Cervantes, Dante e
informal, levando o leitor a refletir. muitos outros. A alegria, ao contrário, parece estéril,
não leva derivativos. Van Gogh certamente
• Carta-argumentativa – Apresenta uma reclamação, transportou a saudade e a solidão para as telas que
uma solicitação, ou ambas, a uma autoridade ou pintou em seu quarto de Paris.
pessoa responsável.
 Comentário:
TIPOS TEXTUAIS No texto 1 (narrativo), o quarto é visto por um
narrador em sucessivos momentos de tempo. No
As principais bancas examinadoras que elaboram as texto 2 (descritivo), o observador apreende o mesmo
provas dos grandes concursos públicos no país quarto de Van Gogh num determinado momento de
denominam tipologia textual o estudo dos chamados tempo, fornecendo dele alguns elementos (não
modos de organização discursiva (CARNEIRO, A. D.: todos), a fim de identificá-lo, localizá-lo e qualificá-lo.
2001). São eles: Já no texto 3 (dissertativo) ocorre uma discussão
atemporalizada sobre a influência da dor na criação
• Descritivo – Verifica-se um relato detalhado de artística.
elementos (seres, objetos, cenas, processos...) em um
momento único, identificando-os, localizando-os e Quando produzimos um texto em qualquer gênero
qualificando-os. discursivo, precisamos decidir se teremos de narrar
• Narrativo – São narrados fatos reais ou fictícios e algum acontecimento, expor ideias, argumentar,
apresentados personagens em determinados espaço e descrever alguma situação ou cena, dar instruções ou
tempo. ordens. Em cada um desses casos, devemos recorrer a
• Dissertativo – Defende uma tese, organizando ideias estruturas específicas, características de cada um desses
e opiniões com a intenção de convencer o interlocutor “tipos de composição” dos textos: a narração, a
sobre um determinado assunto, através de exposição, a argumentação, a descrição e a injunção.
argumentos. Existem textos em que recorremos a mais de um tipo
de composição, em função dos objetivos a serem
 IDENTIFICANDO OS TIPOS TEXTUAIS ... alcançados. Em síntese, os tipos dizem respeito à
característica de natureza linguística.
Com base nos textos abaixo, todos construídos a partir
da sugestão do famoso quadro “O quarto de Vincent em Em contos, por exemplo, é muito comum
Arles”, de Van Gogh, identifique a que categoria encontrarmos trechos descritivos e trechos narrativos.
tipológica pertence cada um: Uma carta pessoal, por exemplo, pode apresentar em
sua constituição linguística um trecho narrativo, um
Texto 01 trecho descritivo e até ser finalizada com um parágrafo
de profunda reflexão (texto dissertativo); mas, como
Van Gogh viajou para Paris no final de dezembro e, gênero, é, no todo, uma carta, com as características de
no início de janeiro, alugou o quarto onde iria morar um texto que dialoga diretamente com um interlocutor
por um longo tempo. Logo que lhe foi permitido para falar questões pessoais.
ocupar o aposento, para lá transportou seus poucos
pertences, especialmente alguns quadros e fotografias. Uma reportagem de um telejornal também é um
Em seguida, instalou o cavalete de pintura ao pé da gênero textual, pois tem natureza funcional e
janela, por onde entrava a luminosidade necessária e interativa, comprometida com a informação e com o
começou imediatamente a pintar, certo do sucesso telespectador; mas contém elementos próprios da
que, no entanto, iria tardar muito. narração e da descrição, utilizados para que o
telespectador possa compreender bem a situação
Texto 02 enfocada.

O quarto estava localizado na parte velha de Paris.


Não era grande nem luxuoso, mas tinha tudo aquilo de
que o artista necessitava naquele momento de sua
vida: uma cama-beliche, duas cadeiras e uma mesa,
sobre a qual ficava uma bacia e uma jarra d’ água. Uma
grande janela envidraçada iluminava fartamente o
aposento, deixando sobre o assoalho de tábua corrida
um rastro de luz. Nas paredes ao lado da cama havia
dois quadros e algumas fotografias que lembravam ao
pintor a sua origem.

Texto 03
O fato de viver longe de casa pode ter contribuído
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.
NÚCLEO DAS FORÇAS ARMADAS - DISCIPLINAS COMUNS

MATEMÁTICA
MATEMÁTICA

TEORIA DOS CONJUNTOS EXERCÍCIOS

01. Em uma cidade, existem apenas dois jornais: A e


O conceito de conjuntos é primitivo. Conjunto não se B. Em uma pesquisa, se observou que
define. 40 pessoas das consultadas leem A, 25 B, 15 os
dois jornais e 32 nenhum dos dois.
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
Pergunta-se:
1. União
a) Quantas pessoas foram consultadas?
AB= b) Quantas pessoas leem apenas um jornal?
c) Quantas pessoas não leem A?

A B

U
2. Interseção U A B
U
AB= U
U 02. Em uma prova constituída de duas questões, se
U observou que 15 alunos acertaram as duas
U questões, 36 acertaram a 1ª , 30 acertaram
U somente uma questão e 19 erraram a
U 1ª questão. Quantos alunos participaram da
U prova?
A B

3. Subtração

A-B=
A B

03. Em uma pesquisa sobre o consumo de três


A B produtos A, B e C se observou que 30 pessoas
consomem A; 28 B; 27 C; 13 A e B; 17 A e C;
16 B e C; 9 A, B e C e 40 nenhum dos três.
Caso Particular
Se A  B, a diferença B - A é chamada Pergunta-se:
complementar de A em relação a B.
a) Quantas pessoas foram consultadas?
Representação: b) Quantas pessoas consomem só A?
c) Quantas pessoas consomem A ou B?
d) Quantas pessoas não consomem A?

A B
A
B

Observação:
O complementar de A em relação ao universo é
representado por A ou A’. C

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.
MATEMÁTICA

04. (EsSA-2019) Em uma escola com FUNÇÕES


180 estudantes, sabe-se que todos os estudantes
leem pelo menos um livro. Foi feita uma pesquisa
e ficou apurado que: 50 alunos leem somente o É um tipo de relação onde os elementos do primeiro
livro A. 30 alunos leem somente o livro B. conjunto estão ligados a um e somente um elemento
40 alunos leem somente o livro C. 25 alunos leem do segundo conjunto.
os livros A e C. 40 alunos leem os livros A e B.
25 alunos leem os livros B e C. Logo, a Ex.: A = {1, 2, 4}
quantidade de alunos que leem os livros A,B e C
é: B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}

a) 15. R = {(x, y)  A x B / y = 2x}


b) 20.
c) 30.
d) 25.
e) 10.

A B

DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM

C f:AB

Domínio

Contradomínio

Imagem

TIPOS DE FUNÇÕES

1) Função Injetora

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MATEMÁTICA

2) Função Sobrejetora EXERCÍCIOS

01. Calcule o domínio mais amplo das funções


abaixo:

a) f(x) = 3x  1

A B
1
b) f(x) =
3
4x
3) Função Bijetora

1 x
c) f(x) =
4x  8

A B

x 5
02. Seja a função real (x) =
x 1 . A sentença que
DOMÍNIO DE UMA FUNÇÃO
completa corretamente a expressão do conjunto
domínio D = {x | ________} dessa função é

a) x>1
b) x1
c) x>0
d) x0

03. (EEAR-CFS-2/2017) O domínio da função real

g(x) = é D = {x  / _________}.

a) x1ex2
b) x>2ex4
c) -1  x  1
d) -2  x  2 e x  0

04. (EEAR-CFS-B/2017) Se f(x) = +


n
é uma função, seu domínio é
D = {x   / __________}.

a) x>4ex1
b) x<4ex1
c) x < 4 e x  1
d) x > 4 e x  1

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.
MATEMÁTICA

FUNÇÃO COMPOSTA EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

01. (EsSA-2017) Sejam as funções reais dadas por f


(x) = 5x + 1 e g (x) = 3x - 2. Se m = f (n) , então
g(m) vale:

a) 15n+1
b) 14n-1
c) 3n-2
d) 15n-15
e) 14n-2
A B

02. (EsSA-2013) Se (2x + 1) = x2 + 2x, então (2)


vale:

a) 5/4
b) 3/2
c) 1/2
C d) 3/4
e) 5/2
EXERCÍCIOS

01. Sendo f(x) = 3x + 1 e g(x) = 4x - 3, determine as


leis que definem fog, gof, fof e (fog) o (gof).

02. Sejam f a função dada por f (x) = 2x + 4 e g a


função dada por g(x) = 3x - 2. A função fog deve
ser dada por

a) f(g(x)) = 6x
b) f(g(x)) = 6x + 4
c) f(g(x)) = 2x - 2
d) f(g(x)) = 3x + 4
e) f(g(x)) = 3x + 2

Gabarito
1. A 2. A

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MATEMÁTICA

FUNÇÃO INVERSA 04.(EEAR-CFS-2014) Seja a função : definida


por (x) = 4x – 3. Se 1 é a função inversa de ,
então 1(5) é

a) 17
b) 1/17
c) 2
d) 1/2

A B

PARIDADE DE UMA FUNÇÃO

1) Função Par
EXERCÍCIOS

01. (EsSA-2017) Funções bijetoras possuem função


inversa porque elas são invertíveis, mas devemos
tomar cuidado com o domínio da nova função
obtida. Identifique a alternativa que apresenta a
função inversa de f(x) = x + 3.

a) f(x)-1 = x – 3.
b) f(x)-1 = x + 3. A B
c) f(x)-1 = – x – 3.
d) f(x)-1 = – x + 3.
e) f(x)-1 = 3x.
2) Função Ímpar
02. Admitindo que f é uma função bijetora, obter a
inversa, em cada um dos seguintes casos:

f(x) =

A B
g(x) =
EXERCÍCIO

Classificar quanto à paridade as funções definidas


03. (EEAR-CFS-2/2017) Sejam as funções por:
polinomiais definidas por f(x) = 2x + 1 e
g(x) = f -1(x). O valor de g(3) é f(x) = 4x6 + 8

a) 3 g(x) = 3x5 - 6x
b) 2
c) 1 h(x) = x3 + 4x2
d) 0
i(x) = 5

j(x) = 0

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.
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 05. Sendo o conjunto dos números reais e a


DE FUNÇÕES
aplicação :  definida por (x) = x2,
podemos afirmar que 
01. Ao comparar o valor de (1) e (–1) da função
(x) = 5x6 + 4x2 + 3x – 1, obtém-se a) é sobrejetora e não injetora
b) é bijetora
a) (1) < (–1) c) é sobrejetora
b) (1) = (–1) d) é injetora
c) (1) > 2(–1) e) não é injetora nem sobrejetora
d) (1) = 2(–1)
06. (EEAR-CFS-1/2012) Considerando que o domínio
de uma função é o maior subconjunto de
constituído por todos os valores que podem ser
02. Sendo f(x) = 2x + 5 e g(x) = 3x – 4 determinar: atribuídos à variável independente, o domínio da
função h(x) = x  4 é
f(25) =
a) *
f(g(7)) =
b)  – {4}
c) {x| x < 4}
g{g[f(f(4))]} = d) {x| x  4}

07. Para que a relação definida por y  x  x  4


represente uma função real, os conjuntos domínio
e imagem dessa relação devem ser,
respectivamente, iguais a
03. O gráfico representa uma função definida no
intervalo –3, 10. A imagem dessa função é o a) e +
intervalo b) + e 4, 
c) 4,  e 4, 
d) 4,  e 2, 

08. Se 1 é a função inversa da função , de


 , definida por (x) = 3x – 2, então 1(1) é
igual a:
a) [–2, –1]
b) [–1, 4] a) –1
c) [–2, 5] b) –1/3
d) [–1, 5] c) –1/5
d) 1/5
e) 1/3
04. (EsSA-2018)Com relação às funções injetoras,
sobrejetoras e bijetoras podemos afirmar que:
09. Seja a função real de variável real
a) se, é injetora, então ela é sobrejetora. (x) = x  3  2  x . Seu domínio é o conjunto
b) se, é sobrejetora e não é injetora, então ela é bijetora.
de todos os valores de x tais que
c) se, é injetora e sobrejetora, então ela é bijetora.
d) se, é injetora e não é sobrejetora, então ela é bijetora.
e) se, é sobrejetora, então ela é injetora. a) –3  x  2
b) –7  x  1
c) x  –3 e x  2
d) x < 3 ou x > 2
e) 2x3

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MATEMÁTICA

10. Seja :  a função definida por (x) = 16. (EEAR-CFS-B-2/2003) É par a função :*
definida por:
e g a função inversa de . Então, g(2) é
a) (x) = 1
x2
a) –4 1
b) –1 b) (x) = x
c) 3 c) (x) = x
d) 5 d) (x) = x5

11. (EEAR-CFS-B/2017) Sabe-se que a função 17. (EEAR-CFS-B-2/2021) Dadas as funções


f(x)  é invertível. Assim, f (3) é
-1
(x) = e g(x) = , determine f(g(x)).

a) 3 a) 1
b) 4
c) 6
b)
d) 12

c)
12. (EEAR-CFS-2/2007) Seja : a função
1 x
definida por (x) = 3 e g a função inversa de . d)
Então, g(2) é

a) –4
b) –1
c) 3
d) 5

13. (EEAR-CFS-2/2005) Seja a função  de –{3} em


x 3
–{1}, definida por (x) = x  3 . Pela inversa de ,
o número 5 é imagem do número

a) 1/4
b) 1/3
c) 4
d) 3

14. (EEAR-CFS-B-2/2016) Na função


f(x)  mx - 2(m - n), m e n  . Sabendo que
f(3)  4 e f(2)  - 2 , os valores de m e n são,
respectivamente

a) 1 e -1
b) -2 e 3
c) 6 e -1
d) 6e3

15. A função abaixo que é ímpar é:

a) (x) = 3x6
b) (x) = 125 Gabarito
c) (x) = x4 + x2 – 3 1. C 2. 55,39 e 3. C 4. C 5. E
d) (x) = 5x – 8 263
e) (x) = x3 – 2x 6. D 7. D 8. E 9. A 10. D
11. D 12. D 13. C 14. C 15. E
16. A 17. D

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.
MATEMÁTICA

FUNÇÕES DO 1º GRAU C) Coeficientes da Função Afim

A) Função Afim y = ax + b

Características: a=

b=

Ex.: y = -x +2
y

y
x y

D) Estudo do Sinal da Função Afim

B) Função Constante

Características:

Ex.: y = 3

y Ex.: y = 2x – 5
x y

EXERCÍCIOS

x 01. Para que (x) = (2m – 6)x + 4 seja crescente em


, o valor real de m deve ser tal que

a) m>3
b) m<2
c) m<1
d) m=0

02. A função definida por y = m(x – 1) + 3 – x, m,


será crescente, se

a) m0
b) m>1
c) –1 < m < 1
d) –1 < m  0

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MATEMÁTICA

03. (EsSA-2019) Lembrando que zero ou raiz da FUNÇÕES DO 2º GRAU


função f (x) = ax + b é o valor de x que torna a
função nula, então, identifique a alternativa que A) Características:
apresenta a função f (x) cuja raiz é igual a + 3.

a) f(x) = 2x – 5.
b) f(x) = x + 3.
c) f(x) = 3x. Ex.: y = x2 + 2x - 3
d) f(x) = x – 3.
e) f(x) = 3x – 3.
x y y

04. (EEAR-CFS-1/2021) Se x = 2/3 é a raiz da função


dada por f(x) = mx + 2, sendo m real, então a lei
que define f é

x
a) x+2

b) x+2
c) −3x + 2
d) 3x + 2

B) Concavidade e Vértice
05. Se uma reta passa pelo ponto P(3, 4) e tem
coeficiente angular 2, então o coeficiente linear
dessa reta é y = ax2 + bx + c

a) –4
b) –2 y
c) 1
d) 3

06. O coeficiente angular da reta que passa pelos


pontos A(–1, 3) e B(2, –4) é
x
a) –1/2
b) –7/3
c) 3/2 V
d) 4/3 y V

07. (EEAR-CFS-1/2019) A função que corresponde


ao gráfico a seguir é f(x) = ax + b, em que o valor
de a é

a) 3
b) 2
c) –2
d) –1

08. Seja uma função  do 1o grau. Se (1) = 3 e


(1) = 1, então o valor de (3) é C) Zeros e Estudo do Sinal

a) –1
b) –3 01)  > 0
c) 0
d) 2

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.
MATEMÁTICA

y 03)  < 0

y
x

02)  = 0

y EXERCÍCIOS

01. Determine a imagem da função


f(x) = x2 + 6x – 4.

02. Qual é o valor máximo da função


y y = - 3x2 +6x + 7?

x
03. Para que a função (x) = (k – 4)x2 + kx – (k – 2)
seja quadrática, deve-se ter k 

a) –2
b) 0
c) 2
d) 4

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MATEMÁTICA

04. A função (x) = x2 – 2x – 2 tem um valor EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


____________ , que é _____ .
01. O conjunto solução de x2 – 4x + 4  0 é:
a) mínimo; –5
b) mínimo; –3 a) {x  | x2 > 0}
c) máximo; 5
d) máximo; 3 b) {x  | 2  x  2}
c) {2}
d) {4}
05. (EsSA-2016) As funções do 2º grau com uma e) {x   |x|  2}
variável: f (x) = a x 2 + b x + c terão valor
máximo quando
02. A função :A  , definida por (x)
a) a<0 2
= x  4x  3 tem conjunto domínio igual a
b) b>0
c) c<0
d) ∆>0 a) {x  | x  1 ou x  3}
e) a>0 b) {x  | x < 1 ou x > 3}
c) {x  | x < 1 ou x > 1}
06. (EEAR-CFS-1/2020) Para que a função d) {x  | x  3 ou x  1}
quadrática y = −x2 + 3x + m − 2 admita o valor
máximo igual a −3/4, o valor de m deve ser

a) −3 03. O conjunto solução da inequação


b) −2 (x2 – 5x + 6)(x – 3)  0 é:
c) −1
d) 0 a) {x  | x  3}
b) {x  | x  2}
c) {x  | 2  x  3}
07 .Dada a função :  , definida por
d) {x  | x  2 ou x  3}
(x) = –x + 3x – 2, é correto afirmar que
2

a) (x)  0, para x  1 ou x  2
b) (x) < 0, para qualquer valor de x 04. O número de soluções inteiras da inequação
c) (x)  0, para nenhum valor de x 2
d) (x) > 0, para 1 < x < 2 abaixo é: x  6x  10 < 0
x 2 1
a) 0
b) 1
08. O conjunto solução da inequação c) 2
x2 – 6x + 8  x + 2 em  é: d) 3
e) infinito
a) x
b) {x | 2 < x < 3}
c) {x | x  2 ou x  3} 05. (EsSA-2013) Os gráficos das funções reais
d) {x | x  2 e x  3} (x) = 2x – 2 e g(x) = 3x2 – c possuem um único
5
e) {x | 2  x  3}
ponto em comum. O valor de c é

a) –1/5
09. (EsSA-2018) O conjunto solução da inequação b) 0
x² + 5x + 6 < 0, onde x é um numero real (X € R), c) 1/5
é: d) 1/15
e) 1
a) {x € r/ -3 < x < -2} x 2  3x  2
b) {x € r/ -3 ≤ x < 2} 06. O domínio da função f ( x)  é:
c) {x € r/ -5 < x < 1} x2 1
d) {x € r/ -2 < x < 3} a) (–,–1 U [2, )
e) {x € r/ -5 < x < -6} b) [–1, 2)
c) (–,–1) U [2, )
d) (–,–1) U (2, )
e) (–1, 2]

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.
MATEMÁTICA

07. (EEAR-CFS-1/2019) Seja a função quadrática 12. (EsPCEx-2021) Sejam f(x) = 4x2 - 12x + 5 e
f(x) = ax2 + bx + 1. Se f(1) = 0 e f(–1) = 6, então o g(x) = x + 2 funções reais. O menor inteiro para o
valor de a é qual f(g(x)) < 0 é

a) 5 a) -2.
b) 4 b) -1.
c) 3 c) 0.
d) 2 d) 1.
e) 2.

08. (EsPCEx-2014) Assinale a alternativa


que representa o conjunto de todos os
números reais para os quais está definida a
13. (EEAR-CFS-2/2021) Um goleiro chuta a bola da
função f(x)= origem e esta desenvolve a trajetória da parábola
descrita pela fórmula y = -x2 - 2x + 24. Determine
o produto entre as coordenadas do ponto no qual
a) - {- 2, 2} a bola atinge sua altura máxima.
b) (–,–2) U (5, )
c) (–,–2) U (–2, 1] U (5, ) a) -25
d) (–,+1) U (5, ) b) -1
e) (–,–2) U [2, ) c) 30
d) 45

09. (EsPCEx-2014) Um fabricante de poltronas pode


produzir cada peça ao custo de R$ 300,00. Se cada
uma for vendida por x reais, este fabricante
venderá por mês (600-x) unidades, em que 0 ≤ X
≤ 600. Assinale a alternativa que representa o 14. (EEAR-CFS-2/2021) Determine o valor de m
número de unidades vendidas mensalmente que de modo que uma das raízes da equação
corresponde ao lucro máximo. x2 – 6x + (m+3) = 0 seja igual ao quíntuplo da
a) 150 outra:
b) 250
c) 350 a) m=1
d) 450 b) m=2
e) 550 c) m=3
d) m=4

10. (EsSA-2021)O lucro de uma empresa é dado por


uma lei L (x) = -x2 + 8x – 7, que que x é a
quantidade vendida (em milhares de unidades e L
é o lucro (em Reais). Qual o valor do lucro
máximo em reais?

a) 9000
b) 7000
c) 6000
d) 8000
e) 10000

11. (EsPCEx-2021) A função real definida por


f(x) = (k2 - 2k - 3) x + k é crescente se, e somente
se

a) k > 0.
b) -1 < k < 3.
c) k ≠ -1 ou k ≠ 3.
d) k = -1 ou k = 3. Gabarito
e) k < -1 ou k > 3. 1. C 2. D 3. B 4. B 5. D
6. D 7. D 8. C 9. A 10. A
11. E 12. B 13. A 14. B 15.

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MATEMÁTICA

FUNÇÃO MODULAR 02. Resolva as equações abaixo:

a) |x + 3| = 7
A) Módulo de um número

x, se x  0
x 
 x, se x  0
b) |2x – 1| = -5
Ex.: |7| =

|-5| =

|0| =
c) |x – 2| = 2x + 1
2
Obs.: |x| = x

B) Função Modular

Características:

Gráfico: y = |x|
03. Resolva as inequações abaixo:

a) |2x – 3| > 1
y
x y

b) |4x – 1| < 3
x

EXERCÍCIOS
c) |x + 5|  0
01. Construa o gráfico da função f(x) = |x 2 – 2x –
3|

x y y

d) |2x + 1| < -1

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.
MATEMÁTICA

04. (EEAR-CFS-B/2017) Seja f(x) = |x  3| uma FUNÇÃO EXPONENCIAL


função. A soma dos valores de x para os quais a
função assume o valor 2 é
Características:
a) 3
b) 4
c) 6
d) 7
Ex1: y = 2x
05. (EEAR-CFS-2/2019) Seja f(x) = | 3x – 4 | uma
função. Sendo a b e f(a) = f(b) = 6, então o
valor de a + b é igual a x y y

a) 5/3
b) 8/3
c) 5
d) 3

06. (EsSA-2020) Observe a inequação modular


|3x – 2| = 8 + 2x e identifique a alternativa que
apresenta uma das possíveis raízes:

a) 4.
b) 0.
c) -10.  1
x
d) -4. Ex2: y =  
e) 10. 2

x y y

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

01. (EEAR-CFS-1/2021) Seja a inequação


|−2x + 6| ≤ 4, no conjunto dos números reais. A
quantidade de números inteiros contidos em seu
conjunto solução é ____.

a) 3
b) 4 x
c) 5
d) 6

Obs:

01) A curva exponencial é uma __________ ao eixo dos


02. (EsSA-2021) A solução da inequação |3x - 10| ≤ ___________________________________
2x é dada por:
02) A curva exponencial sempre passa pelo ponto de
a) s= coordenadas ___________
b) s = {x   x  2}
c) s = {x  | x  2 ou x  10} 03) ______________________________________
d) s = {x  | x  10}
e) s = {x  | 2  x  10}
_______________________________________

Gabarito
1. C 2. E

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MATEMÁTICA

EQUAÇÃO EXPONENCIAL INEQUAÇÃO EXPONENCIAL

01) 25 2x - 6 5 3x + 4
Equação com a incógnita posicionada no expoente
de uma potência.

01) 27x-1 = 9x+3

02) (0,4) 4x + 1 (0,4) x – 3

EXERCÍCIOS
1
02) 32x+2 = 01. Se (x) = ax + b é uma função tal que (0) = 4/3 e
16 (–1) = 1, então o valor de “a” é

a) 1
b) 2
c) 1/2
d) 3/2

03) 84x-12 = 1 02. (EsSA-2019) Seja a função definida por:


:  , tal (x) = 2x. Então (a+1) − (a) é
igual a:

a) f(1).
b) 1.
c) f(a).
d) 2.f(a).
04) = 64 x - 1 e) 2.

03. (EEAR-CFS-2/2019) A população de uma


determinada bactéria cresce segundo a expressão
P(x) = 30 . 2x , em que x representa o tempo em
horas. Para que a população atinja 480
05) 125x+3 = 0,04 bactérias, será necessário um tempo igual a _____
minutos.

a) 120
b) 240
c) 360
d) 400

04. (EEAR-CFS-B/2017) A desigualdade


06) 22x – 5 . 2x +4 = 0  tem como conjunto solução

a) S  {x  R | x  1}
b) S  {x  R | x  5}
c) S  {x  R | x  5
d) S  {x  R |1  x  5}

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.
MATEMÁTICA

05. A solução da inequação 21 


x 2 5 x 1 1
 2 é: 04. (EEAR-CFS-2/2019) Sabe-se que = .
a) x0 Dessa forma, x + 2 é igual a
b) –5  x  0
a) 5
c) x0
b) 4
d) x  5 ou x  0 c) 3
e) nenhuma das alternativas d) 2

05. (EsSA-2009) A soma dos dois primeiros números


EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES inteiros da função definida por
g(x) = 1 é:
01. (EEAR-CFS-2/2002) Os valores de x para os 2 x 1
9  3 2 x  4
quais (0,8) 4 x  x  (0,8) 3( x 1) são
2

a) 3
a) –3/2 < x < 1/2 b) 1
b) –1/2 < x < 3/2 c) –1
c) x < 3/2 ou x > 1/2 d) 5
d) x < 1/2 ou x > 3/2 e) 7

06. (EsSA-2013) Se 5x+2 = 100, então 52x é igual a


02. (EEAR-CFS-1/2016) O conjunto solução da
inequação a) 4
b) 8
2 2x + 1   2 x+2 - 2 é c) 10
d) 16
e) 100
a) S= {x  |   x  2}
b) S={x  | 1  x  1}
c) S= {x  | 0  x  1 }
d) S= {x  | x  1}

07. (EsSA-2013) O conjunto solução da equação


exponencial 4x – 2x = 56 é:

a) {–7, 8}
b) {3, 8}
03. (EEAR-CFS-1/2020) Se 3x - = 0, então c) {3}
x + y é igual a d) {2, 3}
e) {8}
a) 0
b) 1
c) 3
d) −3

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MATEMÁTICA

08. (EsSA-2021) A soma dos possíveis valores de x na LOGARITMOS


equação 4X = 6 . 2x – 8, é:

a) 7 DEFINIÇÃO
b) 6
c) 0
d) 3 = x
e) 2

a=

b=

x=

09. (EsSA-2021) A função n(t) = 1000 . 20,2t indica o


número de bactérias existentes em um recipiente, Exemplos:
em que t é o número de horas decorridas. Em
quantas horas, após o início do experimento,
haverá 16000 bactérias? =

a) 10
b) 50 =
c) 15
d) 30
e) 20 log 1000000 =

EXERCÍCIO

Calcule .

APLICAÇÕES

01) = 0 Ex: =

02) = 1 Ex: =

an 57
03) loga  n Ex: log5 

Gabarito
1. B 2. B 3. D 4. D 5. D
6. D 7. C 8. D 9. E

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.
MATEMÁTICA

PROPRIEDADES OPERATÓRIAS EXERCÍCIOS

01) Logaritmo de um produto


01. (EsSA-2019) O valor da expressão A = +
é:
= +
a) 1.
b) 5/3.
Ex: = c) 2/3.
d) -1.
e) 0.
02) Logaritmo de um quociente

= - 02. (EsSA-2013) O logaritmo de um produto de dois


fatores é igual à soma dos logaritmos de cada
fator, mantendo-se a mesma base. Identifique a
Ex: = alternativa que representa a propriedade do
logaritmo anunciada.

Obs.: COLOGARITMO a) logb(ac) = logba + logbc


b) logb(ac) = logb(a + c)
= c) logb(a + c) = (logba)(logbc)
d) logb(a + c) = logb(ac)
e) loge(ac) = logba + logc

03) Logaritmo de uma potência

n 03. Se (x) = log x e ab = 1, então (a) + (b) é igual


logba  n.logba a

a) 0
b) 1
Ex: = c) 10
d) 100

Mudança de Base
04. Sejam x, y e b números reais maiores que 1. Se
=2e = 3, então o valor de logb(x2y3) é
logac
logba  a) 13
logbc
b) 11
c) 10
d) 8
Ex: =

Obs1: logba  1 05. Se log 8 = a, então log 3 2 vale


logba
a) a/2
b) a/4
c) a/9
Ex: log 57 = d) a/6

1
Obs2: log n 
b
. logba
a n

Ex: log 85 

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MATEMÁTICA

06. (EsSA-2017) Utilizando os valores aproximados 10. (EsSA-2019) Adotando-se log2 = x e log3 = y,
log 2 = 0,30 e log3 = 0,48, encontramos para o valor de será dado por:
log o valor de:

a) 0,33 a)
b) 0,36
c) 0,35
d) 0,31 b)
e) 0,32

c)

d)

07. (EsSA-2013) Sabendo que log P = 3loga – 4logb + e)


1 logc, assinale a alternativa que representa o
2
valor de P. (Dados: a = 4, b = 2 e c = 16)

a) 12
b) 52
c) 16
d) 24
e) 73 EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

01. Na igualdade = 1/3, a base a vale

08. Para que exista a função (x) = log(x – m), é a) a = 27


necessário que x seja b) a = 1/9
c) a = 3
a) maior que m
d) a = 1/9
b) menor que m
e) a = 1/27
c) maior ou igual a m
d) menor ou igual a m

02. (EsSA-2016) Dados log 3 = a e log 2 = b,


a solução de 4x = 30 é

09. Se =ae = b, então = a) (2a+1)/b


b) (a+2)/b
a) b 1 c) (2b+1)/a
a d) (a+1)/2b
b) a 1 e) (b+2)/a
b
c) ab  1
b
d) ab 1
a
03. Se x é um número real que satisfaz a equação
= 2x, então é igual a:

a) 3
b) 1
c) 2
d) 0
e) 4

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.
MATEMÁTICA

04. (EsSA-2013) Se =ae = b, então o valor 09. (EsPCEx-2017) O número N de bactérias de uma
cultura é dado em função do tempo t (em
de é:
minutos), pela fórmula N(t) = (2, 5)1,2t. Considere
a) a+b = 0,3, o tempo (em minutos) necessário
b) –a + 2b para que a cultura tenha 1084 bactérias é:
c) a–b
d) a – 2b a) 120
e) –a – 2b b) 150
c) 175
d) 185
e) 205

05. Aumentando um número em 28 unidades, o seu


logaritmo na base 2 aumenta em 3 unidades; esse
número é:

a) 3 10. (EEAR-CFS-1/2019) Sejam m, n e b números


b) 4 reais positivos, com b 1. Se logb m = x e se
c) 5 logb n = y, então logb (m.n) + logb (n/m) é igual
d) 25 a
e) 31
a) x
b) 2y
06. (EsSA-2011) Aumentando-se um número x em 75 c) x+y
unidades, seu logaritmo na base 4 aumenta em 2 d) 2x – y
unidades. Pode-se afirmar que x é um número

a) irracional
b) maior que 4
c) menor que 1
d) divisor de 8
e) múltiplo de 3 11. (EEAR-CFS-1/2020) Sejam a, b e c números
reais positivos, com b ≠ 1. Se = 1,42 e

= - 0,16 , o valor de é

a) 3
07. Se x e y são números reais positivos, b) 4
=xe = 4, então x + y é igual a c) 5
d) 6
a) 2
b) 4
c) 7
d) 9

12. (EEAR-CFS-B/2016) O valor de x na equação

=1 é
08. (EsSA-2019) Sejam f : {x  | x > 0} 
e g:  , definidas por f(x) = e a) 1
b) 3
g(x) = . 2x , respectivamente. O valor de fog (2) c) 9
d) 27
é:

a) 4
b) 0
c) -2
d) -4
e) 2

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MATEMÁTICA

13. (EEAR-CFS-B-2/2006) O menor número inteiro 17. (EEAR-CFS-2/2021) Dada as funções:


que satisfaz a inequação log2(3x – 5) > 3 é um
número:

a) par negativo
b) par positivo Assinale a alternativa correta:
c) ímpar negativo
d) ímpar positivo a) f(x) < f(y)
b) f(x) = f(y)
c) f(x).f(y) = 27
d) f(x) + f(y) = 11

14. (EsPCEx-2020) Seja f a função quadrática


definida por f {x)=2x2+ ( ) x + 2, com k R
e k>O. O produto dos valores reais de k para os
quais a função f (x) tem uma raiz dupla é igual a

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

15. (EEAR-CFS-1/2021) A função , definida por


f(x) = , com 0 < B ≠ 1, é tal que f(2) = 1.
O valor de f(1024) − f(64) é igual a

a) 8
b) 6
c) 5
d) 4

16. (EsSA-2021) Mudando para base 3 o ,


obtemos:

a) /
b)
c) /
d)
e) / Gabarito
1. E 2. D 3. D 4. E 5. B
6. B 7. D 8. B 9. C 10. B
11. B 12. A 13. D 14. A 15. D
16. E 17. C

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.
MATEMÁTICA

PROGRESSÕES b) Progressão Geométrica (P.G.)

Definição
a) Progressão Aritmética (P.A.)
É uma sequência numérica onde o quociente de
qualquer termo a partir do segundo pelo que o
Definição antecede é constante.

É uma sequência numérica onde a diferença de Ex: (2, 4, 8, 16, ... )


qualquer termo a partir do segundo pelo que o
antecede é constante.

Ex: (2, 5, 8, 11, ... )

Obs.:
Classificação

Crescente

Decrescente
Fórmula do termo geral
Constante

Obs.:

Ex: Obter o 10º e o 15º termos da P.G.(1, 2, 4, 8, .. )

Fórmula do termo geral

Soma dos termos de um P.G.


Ex: Obter o 27º e o 100º termos da P.A. (2, 5, 8, ... ).
1) Limitada

Ex: (2, 4, 8,.....) n = 7


Soma dos termos de uma P.A.

2) Ilimitada

Ex: (1, ½, ¼ , ... )

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MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS 06. (EsSA-2013) Em uma progressão aritmética, o


primeiro termo é 5 e o décimo primeiro termo é
01. O valor de n que torna a sequência (2 + 3n; - 5n; 1 45. Pode-se afirmar que o sexto termo é igual a
– 4n) uma progressão aritmética pertence ao
intervalo: a) 15
b) 21
a) [–2, –1] c) 25
b) [–1, 0] d) 29
c) [0, 1] e) 35
d) [1, 2]
e) [2, 3]

07. A soma dos 10 primeiros termos de uma P.A., cujo


02. Quatro números estão em PA de razão 3. Se o termo geral é dado pela expressão a k  3k - 16 , é:
primeiro termo somado ao último é igual a 19,
então o primeiro termo é a) 5
b) 14
a) 3 c) 18
b) 4 d) 6
c) 5
d) 6

08. (EsSA-2017) Em uma progressão aritmética cujo


03. Na PA decrescente (18, 15, 12, 9, ...), o termo igual primeiro termo é 1,87 e a razão é 0,004, temos que
a –51 ocupa a posição a soma dos seus dez primeiros termos é igual a:
a) 30 a) 18,88
b) 26 b) 9,5644
c) 24 c) 9,5674
d) 18 d) 18,9
e) 18,99

04. Quantos múltiplos de 3 existem entre 256 e 710?

09. O número de termos da PG ( , , 1, ..., 729) é:

a) 8
b) 9
c) 10
d) 81
e) 4

05. (EsSA-2015) Em um treinamento de


condicionamento físico, um soldado inicia seu
primeiro dia correndo 800 m. No dia 10. Suponha que os números 2, x, y, 1458 estão, nesta
seguinte corre 850 m. No terceiro 900 m e assim ordem, em progressão geométrica. Desse modo o
sucessivamente até atingir a meta diária de valor de x + y é:
2.200 m. Ao final de quantos dias, ele terá
alcançado a meta? a) 90
b) 100
a) 31 c) 180
b) 29 d) 360
c) 27 e) 1460
d) 25
e) 23

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.
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 06. (EEAR-CFS) Ao se efetuar a soma das


50 primeiras parcelas da P.A.: 202 + 206 + 210 +
01. O número de múltiplos de 12 compreendidos ..., por distração, não foi somada a 35a parcela. A
entre 357 e 3578 é igual a soma encontrada foi:

a) 268 a) 10.200
b) 269 b) 12.585
c) 270 c) 14.662
d) 271 d) 14.419
e) 272

07. Inserindo 5 meios positivos crescentes entre 4 e


2916, nesta ordem, obtém-se uma PG de razão
02. (EsSA-2009) Quantos múltiplos de 9 ou 15 há
entre 100 e 1000? a) 3
b) 1/3
a) 180 c) 2
b) 100 d) 1/2
c) 140 e) N.D.R.A.
d) 160
e) 120

08. (EsSA-2019) Em uma Progressão Aritmética, o


03. (EEAR-CFS-B-2/2016) A progressão aritmética, décimo termo vale 16 e o nono termo é 6 unidades
cuja fórmula do termo geral é dada por maior do que o quinto termo. Logo, o décimo
 5n - 18 , tem razão igual a segundo termo vale:

a) -5 a) 16,5.
b) -8 b) 19,5.
c) 5 c) 19,0.
d) 8 d) 17,0.
e) 17,5.

09. (EEAR-CFS-1/2020)As casas de uma rua foram


numeradas em ordem crescente segundo as
04. (EsSA-2010) Numa progressão aritmética (PA) de regras: os números formam uma P.A. de razão 5;
nove termos, a soma dos dois primeiros termos é cujo primeiro termo é 1; as casas à direita são
igual a 20 e a soma do sétimo e oitavo termos é ímpares e as à esquerda, pares. Assim, se Tiago
140. A soma de todos os termos desta PA é: mora na 3ª casa do lado esquerdo, o nº da casa
dele é
a) Sn = 395
b) Sn = 320 a) 26
c) Sn = 370 b) 31
d) Sn = 405 c) 36
e) Sn = 435 d) 41

05. (EsSA-2011) O número mínimo de termos que 10. (EsSA-2017) Em uma Progressão Aritmética com
deve ter a PA (73, 69, 65, ...) para que a soma de 6 termos, temos que a soma de seus termos é
seus termos seja negativa é igual a 102 e seu último termo é 27. Com base
nessas informações, a razão dessa progressão é:
a) 37
b) 18 a) 3
c) 20 b) 5
d) 38 c) 11
e) 19 d) 4
e) 7

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MATEMÁTICA

11. (EEAR-CFS-B/2017) Considere esses quatro 14. (EsSA-2021) Se (40, x, y, 5, ...) é uma progressão
valores x, y, 3x, 2y em PA crescente. Se a soma geométrica de razão q e (q, 8 – a, 7/2, ...) é uma
dos extremos é 20, então o terceiro termo é progressão aritmética, determine o valor de a.

a) 9 a) 8
b) 12 b) 25/4
c) 15 c) 23/4
d) 18 d) 6
e) 7

12. (EsPCEx-2019)Uma fábrica de tratores agrícolas, 15. (EEAR-CFS-2/2021) Seja X o valor de uma moto
que começou a produzir em 2010, estabeleceu no ato da compra. A cada ano o valor dessa moto
como meta produzir 20.000 tratores até o final do diminui 20% em relação ao seu valor do ano
ano de 2025. O gráfico abaixo mostra as anterior. Dessa forma, o valor da moto no final do
quantidades de tratores produzidos no período quinto ano, em relação ao seu valor de compra,
2010-2017. Admitindo que a quantidade de será:
tratores produzidos evolua nos anos seguintes
segundo a mesma razão de crescimento do a) (0,8)4.X
período 2010-2017, é possível concluir que a meta b) (0,8)5.X
prevista c) (2,4).X3
d) (3,2).X4

16. (EsPCEx-2021) No ano de 2010, uma cidade tinha


100.000 habitantes. Nessa cidade, a população
cresce a uma taxa de 20% ao ano. De posse dessas
informações, a população dessa cidade em 2014
será de

a) 207.360 habitantes.
b) 100.160 habitantes.
c) 180.000 habitantes.
d) 172.800 habitantes.
e) 156.630 habitantes.

a) deverá ser atingida, sendo superada em 80 tratores.


b) deverá ser atingida, sendo superada em 150 tratores.
c) não deverá ser atingida, pois serão produzidos 1.850
tratores a menos.
d) não deverá ser atingida, pois serão produzidos 150
tratores a menos.
e) não deverá ser atingida, pois serão produzidos 80
tratores a menos.

13. (EEAR-CFS-2/2019) Dada a equação 20x + 10x +


5x + ... = 5, em que o primeiro membro
representa a soma dos termos de uma progressão
geométrica infinita, o valor de 1/x é

a) 12
b) 10
c) 8 Gabarito
d) 5 1. B 2. C 3. C 4. D 5. C
6. A 7. C 8. A 9. C 10. D
11. B 12. E 13. C 14. D 15. A
16. A

nuceconcursos.com.br 25
.
MATEMÁTICA

ANÁLISE COMBINATÓRIA 2) Permutações Simples

A) Principio Fundamental da Contagem

Ex.1) Uma moeda é lançada três vezes. Quantas são as


possíveis sequências de cara e coroa?

3) Combinações Simples
Ex.2) De quantas formas três pessoas podem ficar em fila
indiana?

B) Fatorial de um Número Natural

n! =

Ex: 4! =

5! =
EXERCÍCIOS
0! =
01. Um shopping center possui 4 portas de entrada
para o andar térreo, 5 escadas rolantes ligando o
Obs: 10! = térreo ao primeiro pavimento e 3 elevadores que
conduzem do primeiro para o segundo
pavimento. De quantas maneiras diferentes uma
pessoa, partindo de fora do shopping center, pode
atingir o segundo pavimento usando os acessos
mencionados?
Ex: =
a) 12
b) 17
= c) 19
d) 23
e) 60

C) Técnicas de Contagem
02. (EsSA-2013) Em um guarda-roupa há quatro
1) Arranjos Simples camisas, cinco calças e três sapatos, então
identifique a alternativa que apresenta a
quantidade de formas diferentes que se pode
utilizá-las.

a) 
b) 453
c) 1
d) 12
e) 60

26 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

03. (EsSA-2013) Uma corrida é disputada por 06. Considere os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, e 6. A partir
8 atletas. O número de resultados possíveis para deles, podem ser criados _____ números pares de
os 4 primeiros lugares é quatro algarismos distintos.

a) 336 a) 60
b) 512 b) 120
c) 1530 c) 180
d) 1680 d) 360
e) 4096

04. Quantos números de 3 algarismos distintos


podemos formar empregando os caracteres
1, 3, 5, 6, 8 e 9?
07. A quantidade de números inteiros compreendidos
a) 60 entre 30.000 e 65.000 que podemos formar
b) 120 utilizando somente os algarismos 2, 3, 4, 6 e 7, de
c) 240 modo que não figurem algarismos repetidos, é:
d) 40
e) 80 a) 48
b) 66
c) 96
05. No Nordeste brasileiro, é comum encontrarmos d) 120
peças de artesanato constituídas por garrafas
preenchidas com areia de diferentes cores,
formando desenhos. Um artesão deseja fazer
peças com areia de cores cinza, azul, verde e
amarela, mantendo o mesmo desenho, mas
variando as cores da paisagem (casa, palmeira e 08. (EsSA-2009) Com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, e 6
fundo), conforme a figura. sem repeti-los, podemos escrever “x” números de
4 algarismos, maiores que 3200. O valor de “x” é:

a) 240
b) 300
c) 320
d) 210
e) 228

09. Com relação à palavra CASTELO:


O fundo pode ser representado nas cores azul ou
cinza; a casa, nas cores azul, verde ou amarela; e a a) quantos anagramas possui?
palmeira, nas cores cinza ou verde. Se o fundo b) quantos anagramas começam por vogal?
não pode ter a mesma cor nem da casa nem da c) quantos anagramas têm a sílaba CAS?
palmeira, por uma questão de contraste, então o d) quantos anagramas têm as consoantes juntas?
número de variações que podem ser obtidas para
a paisagem é

a) 6 .
b) 7.
c) 8.
d) 9.
e) 10.

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.
MATEMÁTICA

10. (EsSA-2016) O número de anagramas diferentes 15. (EsSA-2015) O número de anagramas diferentes
que podemos formar com a palavra RANCHO, de com as letras da palavra MILITAR que não
modo que se iniciem com vogal, é: possuem consoantes consecutivas que se pode
obter é:
a) 120
b) 240 a) 60
c) 720 b) 72
d) 1440 c) 120
e) 24 d) 186
e) 224

11. Considerem-se todos os anagramas da palavra


MORENA. Quantos deles têm as vogais juntas? 16. (EsPCEx-2017)Um grupo é formado por oito
homens e cinco mulheres. Deseja-se dispor essas
a) 36 oito pessoas em uma fila, conforme figura abaixo,
b) 72 de modo que as cinco mulheres ocupem sempre
c) 120 as posições 1, 2, 3, 4, 5, e os homens as posições
d) 144 6, 7 e 8. Quantas formas possíveis de fila podem
e) 180 ser formadas obedecendo essas restrições?

12. Quantos anagramas possui a palavra CARUARU?

a) 56
b) 456
c) 40 320
d) 72 072
e) 8 648 640

13. Quantos anagramas da palavra SUCESSO


começam por S e terminam com O?
17. Quantas comissões de 4 pessoas cada podemos
a) 7! formar a partir de um grupo de 10 pessoas?
b) 5!
c) 30
d) 60
e) 90

18.(EEAR-CFS-B/2017) Em um campeonato de
tênis estão inscritos 10 militares. Para disputar o
14. (EsSA-2013) Assinale a alternativa cuja palavra campeonato, esses militares podem formar duplas
possui 60 anagramas. diferentes.

a) AMEIXA a) 34
b) BRANCO b) 35
c) BANANA c) 44
d) PARQUE d) 45
e) PATETA

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MATEMÁTICA

19. (EEAR-CFS-1/2020) Dos 16 músicos de uma 03. (EsSA-2011) Quantos anagramas da palavra
banda, 12 serão escolhidos para fazerem parte de CONSOANTES podem ser formados com as
uma comissão. Se 2 dos músicos não podem ficar vogais juntas e em ordem alfabética?
de fora dessa comissão, o número de comissões
diferentes que podem ser formadas é a) 7!
2!2!2!
a) 1001 b) 7!
b) 701 2!2!
c) 601 c) 10!
d) 501 2!2!
d) 10!
2!2!2!
e) 10!
7!3!
20. Em um hospital do Recife, trabalham
6 cardiologistas e 5 neurologistas; quer se formar
uma junta médica composta de 5 profissionais de
tal forma que devem sempre participar 04. (EsSA-2014) Um colégio promoveu numa semana
3 cardiologistas e 2 neurologistas. Logo, o total de esportiva um campeonato interclasses de futebol.
juntas que podem ser formadas é: Na primeira fase, entraram na disputa 8 times,
cada um deles jogando uma vez contra cada um
dos outros times. O número de jogos realizados
a) 30 na 1ª fase foi
b) 40
c) 140 a) 8 jogos
d) 200 b) 13 jogos
e) 240 c) 23 jogos
d) 28 jogos
e) 35 jogos
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

01. Em uma barraca de cachorro quente, o freguês


pode escolher um entre três tipos de pães, uma
entre quatro tipos de salsichas e um entre cinco
tipos de molhos. Identifique a qualidade de 05. (EsSA-2014) Colocando-se em ordem alfabética os
cachorros quentes diferentes que podem ser anagramas da palavra FUZIL, que posição
feitos. ocupará o anagrama ZILUF?

a) 60. a) 103
b) 86. b) 104
c) 27. c) 105
d) 12. d) 106
e) 35. e) 107

02. Um trem de passageiros é constituído de uma


locomotiva e 7 vagões distintos, sendo um deles 06. Uma classe tem 10 meninos e 9 meninas. Seu
restaurante. Sabendo que a locomotiva deve ir à professor necessita formar comissões de
frente e que o vagão restaurante não pode ser 7 crianças, sendo 4 meninos e 3 meninas, que
colocado imediatamente após a locomotiva, incluam obrigatoriamente o melhor aluno dentre
o número de modos diferentes de montar a os meninos e a melhor aluna dentre as meninas.
composição é: O número possível de comissões é

a) 720 a) igual a 2300


b) 4320 b) menor que 2300
c) 5040 c) maior que 2400
d) 30.340 d) igual a 2352

nuceconcursos.com.br 29
.
MATEMÁTICA

07. (EsSA-2013) Para o time de futebol da EsSA, 11. (EsPCEx-2020)O Sargento encarregado de
foram convocados 3 goleiros, 8 zagueiros, organizar as escalas de missão de certa
7 meios de campo e 4 atacantes. O número de organização militar deve escalar uma comitiva
times diferentes que a EsSA pode montar com composta por um capitão, dois tenentes e dois
esses jogadores convocados de forma que o time sargentos. Estão aptos para serem escalados três
tenha 1 goleiro, 4 zagueiros, 5 meios de campo e 1 capitães, cinco tenentes e sete sargentos. O
atacante é igual a número de comitivas distintas que se pode obter
com esses militares é igual a
a) 84
b) 451 a) 630
c) 981 b) 570
d) 17.640 c) 315
e) 18.560 d) 285
e) 210

08. (EEAR-CFS-2/2017) De um grupo de 10 (dez) 12. (EsSA-2020) Um anagrama é uma espécie de jogo
pessoas, 5 (cinco) serão escolhidas para compor de palavras, resultando do rearranjo das letras de
uma comissão. Ana e Beatriz fazem parte dessas uma palavra ou expressão para produzir outras
10 (dez) pessoas. Assim, o total de comissões que palavras ou expressões, utilizando todas as letras
podem ser formadas, que tenham a participação originais exatamente uma vez. Para participar de
de Ana e Beatriz, é uma competição uma equipe decide criar uma
senha, fazendo um anagrama do nome original da
a) 24 equipe, que é "FOXTROT". De quantas
b) 36 maneiras diferentes poderá ser criada essa senha?
c) 48
d) 56 a) 10080.
b) 1260.
c) 2520.
d) 1680.
e) 5040.
09. (EEAR-CFS-1/2020) Seja o arranjo simples, com
x IN, tal que Ax+2,2 é igual a 30. Nessas
condições, o valor de x é

a) 8
b) 6
c) 4 13. (EsPCEx-2021) Oito alunos, entre eles Gomes e
d) 3 Oliveira, são dispostos na primeira fileira do
auditório da EsPCEx, visando assistirem a uma
palestra. Sabendo-se que a fileira tem 8 poltronas,
de quantas formas distintas é possível distribuir
os 8 alunos, de maneira que Gomes e Oliveira não
fiquem juntos?

10. Uma empresa tem 3 diretores e 5 gerentes. a) 8!


Quantas comissões de 5 pessoas podem ser b) 7·7!
formadas, contendo no mínimo um diretor? c) 7!
d) 2·7!
a) 500 e) 6·7!
b) 720
c) 4500
d) 25
e) 55

Gabarito
1. A 2. B 3. B 4. D 5. D
6. D 7. D 8. D 9. C 10. E
11. A 12. B 13. E

30 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

PROBABILIDADE b) ser primo?


c) ser menor do que 21?
d) ser maior do que 21?
Conceitos Básicos

- Experimento aleatório

- Espaço Amostral (U)

Ex.: Obs: A) 0  P(A)  1


 lançamento de uma moeda: U = B) Evento certo 
 retirar uma bola de uma urna contendo 2 bolas azuis, C) Evento impossível 
2 bolas verdes e 3 bolas pretas: U = D) Probabilidade de não ocorrer um evento.
- Evento

Ex.:

Lançando um dado e observando o resultado.

Eventos: Ex.: Lançando-se dois dados simultaneamente, qual é


a probabilidade de obter uma soma menor do que 10?
 A: sair um número par
A=
 Sair um número primo
B=
 Sair um número múltiplo de 5
C=
 Sair um número menor que 7 Adição de Probabilidades
D=
P(A U B)  Probabilidade de ocorrer o evento A
 Sair um número maior que 7 ou o evento B.
E=

Probabilidade de um Evento Ex.Uma urna contém 50 fichas numeradas de 01 a 50.


Retira-se ao acaso uma ficha da urna. Qual a
probabilidade de o número da ficha retirada ser
divisível por 6 ou por 8?

Ex1:De um baralho de 52 cartas, uma carta é retirada


ao acaso. Qual é a probabilidade de sair um às?

Ex2:Um número é sorteado ao acaso de 1 a 20. Qual é


a probabilidade do número sorteado:

a) ser par?
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.
MATEMÁTICA

Multiplicação de Probabilidades 03. Dois dados perfeitos e distinguíveis são lançados


ao acaso. A probabilidade de que a soma dos
P(A B)  Probabilidade de ocorrer o evento A e o resultados obtidos seja 3 ou 6 é:
evento B.
a) 7/18
b) 1/18
c) 7/36
d) 7/12
e) 4/9

Ex1:Uma urna tem 20 bolas sendo 5 brancas e


10 azuis. Se sortearmos duas bolas, uma de cada vez e
sem reposição, qual será a probabilidade de a primeira
ser azul e a segunda ser branca?
04. Na 8a A de uma escola há 18 meninos e
30 meninas, sendo que um terço dos meninos e
três quintos das meninas têm olhos castanhos.
Escolhendo-se ao acaso um aluno, a
probabilidade de ser menina ou ter olhos
castanhos é

a) 72,5%
b) 75%
c) 77,5%
Ex2: Se retirarmos sucessivamente e sem reposição d) 80%
duas cartas de um baralho, qual é a probabilidade de
obtermos duas cartas de espada

05. Quando Lígia para em um posto de gasolina, a


probabilidade de ela pedir para verificar o nível de
óleo é de 0,28; a probabilidade de ela pedir para
verificar a pressão dos pneus é 0,11 e a
probabilidade de ela pedir para verificar ambos,
óleo e pneus, é de 0,04. Portanto, a probabilidade
de Lígia parar em um posto de gasolina e não
pedir nem para verificar o nível de óleo e nem
para verificar a pressão nos pneus é igual a

a) 0,25
b) 0,35
EXERCÍCIOS c) 0,45
d) 0,15
01. (EsSA-2014) Jogando-se um dado comum de seis e) 0,65
faces e não viciado, a probabilidade de ocorrer um
número primo e maior que 4 é de

a) 1/3
b) 1/2 06. (EsSA-2010) Em uma escola com 500 alunos, foi
c) 1/6 realizada uma pesquisa para determinar a
d) 2/3 tipagem sanguínea destes. Observou-se que 115
e) 3/6 tinham o antígeno A, 235 tinham o antígeno B e
225 não possuíam nenhum dos dois. Escolhendo
ao acaso um destes alunos, a probabilidade de
que ele seja do tipo AB, isto é, possua os dois
antígenos, é de
02. Retirando-se aleatoriamente um elemento do
conjunto A = {1, 2, 3, 4, ... , 100}, a probabilidade a) 45%
de ele ser múltiplo de 5 é b) 15%
c) 23%
a) 2/5 d) 47%
b) 1/5 e) 30%
c) 1/10
d) 3/10

32 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

07. (EsSA-2016) Um aluno da EsSA tem uma EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


habilidade muito boa nas provas de tiro com
pistola, possuindo um índice de acerto no alvo de 01. Jogando-se dois dados, a probabilidade de
quatro em cada cinco tiros. Se ele atirou duas obtermos a soma dos pontos menor ou igual a 7 é:
vezes, a probabilidade de que ele tenha errado os
dois tiros é: a) 1/2
b) 1/36
a) 16/25 c) 7/12
b) 8/25 d) 3/36
c) 1/5 e) 1/4
d) 2/5
e) 1/25

07. (EsSA-2015) A probabilidade de um jogador de 02. Se um certo casal tem 3 filhos, então a
futebol marcar o gol ao cobrar um pênalti, é de probabilidade de os 3 serem do mesmo sexo,
80%. Se esse jogador cobrar dois pênaltis dado que o primeiro filho é homem, vale:
consecutivos, a probabilidade dele fazer o gol, em
ambas as cobranças, é igual a: a) 1/3
b) 1/2
a) 16% c) 1/5
b) 20% d) 1/4
c) 32% e) 1/6
d) 64%
e) 80%

09. Os registros mostram que a probabilidade de um


vendedor fazer uma venda em uma visita a um 03. Um dado honesto tem suas 6 faces numeradas de
cliente potencial é 0,4. Supondo que as decisões 1 a 6. Joga-se este dado duas vezes consecutivas.
de compra dos clientes são eventos A probabilidade de obter um número par no
independentes, então a probabilidade de que o primeiro lançamento e um número maior ou igual
vendedor faça no mínimo uma venda em três a 5 no segundo lançamento é:
visitas é igual a
a) 1/4
a) 0,624 b) 1/12
b) 0,064 c) 1/8
c) 0,216 d) 2/5
d) 0,568 e) 1/6
e) 0,784

04. Em uma bandeja há dez pastéis dos quais três são


de carnes, três são de queijo e quatro de camarão.
Se Fabiana retirar aleatoriamente e sem
10. (EsPCEx-2017) A probabilidade de um casal ter reposição, dois pastéis desta bandeja, a
um filho de olhos azuis é igual a 𝟏/𝟑. Se o casal probabilidade de os dois pastéis retirados serem
pretende ter 4 filhos, a probabilidade de que no de camarão é:
máximo dois tenham olhos azuis é:
a) 3/25
a) 1/9 b) 4/25
b) 7/9 c) 2/15
c) 8/9 d) 2/3
d) 2/3 e) 4/5
e) 1/2

nuceconcursos.com.br 33
.
MATEMÁTICA

05. Seja A = {k1, k2, k3, k4} o espaço amostral de um 09. (EsPCEx-2014) De uma caixa contendo 50 bolas
experimento aleatório. Considere a seguinte numeradas de 1 a 50 retiram-se duas bolas, sem
distribuição de probabilidade: p(k1) = 1/8, reposição. A probabilidade do número da
p(k2) = 1/10, p(k3) = 2/5 e p(k4) = x. O valor de x primeira bola ser divisível por 4 e o número da
é segunda bola ser divisível por 5 é

a) 36,5% a) 12/245
b) 37% b) 14/245
c) 37,25% c) 59/2450
d) 37,5% d) 59/1225
e) 11/545

06. (EsSA-2018) Num grupo de 25 alunos,


15 praticam futebol e 20 praticam voleibol, alguns
alunos do grupo praticam futebol e voleibol e
todos os alunos praticam algum esporte. Qual a
probabilidade de escolhermos um aluno ao acaso
e ele praticar futebol e voleibol ?

a) 20% 10. (EsPCEx-2018) Em uma população de homens e


b) 40% mulheres, 60% são mulheres, sendo 10% delas
c) 25% vegetarianas. Sabe-se, ainda, que 5% dos homens
d) 35% dessa população também são vegetarianos. Dessa
e) 30% forma, selecionando-se uma pessoa dessa
população ao acaso e verificando-se que ela é
vegetariana, qual é a probabilidade de que seja
mulher?

07. Em um grupo de 50 estudantes, 8 estudam a) 50%.


direito, 15 estudam medicina e 1 estuda direito e b) 70%.
medicina. Se um aluno é escolhido ao acaso, qual c) 75%.
a probabilidade de que ele estude direito ou d) 80%.
medicina? e) 85%.

a) 13/25
b) 14/25
c) 2/15
d) 11/25
e) 4/5
11. (EsSA-2020) Em uma escola particular foi feita
uma entrevista com 200 alunos sobre curso de
língua estrangeira. 110 alunos responderam que
frequentavam um curso de Inglês, 28 alunos
08. (EEAR-CFS-B/2016) Em um lançamento responderam que frequentavam somente o curso
simultâneo de dois dados, sabe-se que ocorreram de espanhol e 20 responderam que frequentavam
somente números diferentes de 1 e 4. ambos, inglês e espanhol. Qual a probabilidade
A probabilidade de o produto formado por esses de um desses alunos não frequentar nenhum
dois números ser par é desses dois cursos?

a) 52%.
a) b) 55%.
c) 62%.
b) d) 31%.
e) 42%.

c)

d)

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MATEMÁTICA

12. (EEAR-CFS-1/2021) Em um grupo de jovens, 25 MATRIZES


praticam futebol, 20 praticam vôlei, 5 praticam
futebol e vôlei e 10 não praticam nenhum esporte.
Ao selecionar, aleatoriamente, um jovem desse
grupo, a probabilidade dele praticar apenas A) Conceito
futebol é
É uma tabela com números agrupados em m linhas e
a) 0,6 n colunas.
b) 0,5
c) 0,4
d) 0,3  2  3 0,5 
Ex.: A =  
 0 1/ 7 6 

B) Representação Genérica
13. (EsSA-2021) Numa enquete foram entrevistadas
80 pessoas sobre os meios de transporte que
utilizavam para vir ao trabalho e/ou à escola. Elemento 
Quarenta e dois responderam ônibus, 28
responderam carro e 30 responderam moto. Doze
utilizam-se de ônibus e carro, 14 de carro e moto e
Matriz 
18 de ônibus e moto. Cinco utilizam-se dos três:
carro, ônibus e moto. Qual é a probabilidade de
que uma dessas pessoas, selecionada ao acaso,
utilize somente carro?

a) 8,75%
b) 23,75%
C) Tipos especiais de Matrizes
c) 21,25%
d) 35%
e) 33,75%
1 – Matriz Retangular e Matriz Quadrada

14. (EsPCEx-2021) Dois dados cúbicos não viciados,


um azul e outro vermelho, são lançados. Os dois
dados são numerados de 1 a 6. Qual a
probabilidade da soma dos números que saírem
nos dois dados dar 7, sabendo-se que no dado
azul saiu um número par?

a) 1/12
b) 1/2
c) 1/6
d) 1/3
e) 1/18
2 – Matriz Diagonal e Matriz Identidade

Gabarito
1. C 2. D 3. E 4. C
5. S 6. B 7. D 8. B
9. D 10. C 11. D 12. C
13. C 14. C

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.
MATEMÁTICA

3 – Matriz Oposta EXERCÍCIOS

 3  1 1  2 0 
01. Sendo A =   , B =   e
 2 1  1 4 3
2 2 1 
C =   . Calcule A . B – 2C.
0  3 5

4 – Matriz Transposta

D) Operações com Matrizes

1 – Adição e subtração

7 1 4 3 2  5
A =   B =  
0 2 1  1 2  1 
1 0  1
 1  faltam 2 elementos.
A+B= 02. Na matriz A = ... 2
 5 ... 3 
Se nessa matriz aij = 2i – j, a soma dos elementos
que faltam é
A–B=
a) 4
b) 5
c) 6
2 – Multiplicação de uma Matriz por um número real d) 7

2A =

3 – Multiplicação de Matrizes 03. Seja a matriz A = (aij)2x2 tal que aij = |i2 – j2|.
A soma dos elementos de A é igual a
Condição 
a) 3.
b) 6.
c) 9.
d) 12.

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MATEMÁTICA

04. A soma dos elementos da diagonal principal da


07. Considere as matrizes reais A  e
i 2 se i  j
matriz A = (aij)33, tal que a ij   , é um
i  j se i  j B . Se A = Bt, então y + z é igual a
número
a) 3
a) múltiplo de 3. b) 2
b) múltiplo de 5. c) 1
c) divisor de 16. d) -1
d) divisor de 121.

08. (EEAR-CFS-2/2019) Considere as tabelas das


aij  2i  j, se i  j
05. A matriz 2x3, com  , é: lojas A e B,
aij  i  j, se i  j

 2 0
 
a)   3 4  em que cada elemento aij ou bij representa o
 1 1
  número de unidades vendidas do produto i no
dia j. Considerando as quantidades vendidas nas
 2 3
  duas lojas juntas, por dia, o melhor dia de vendas
b)  0 4  foi o dia ____.
1 1
  a) 4
 2  3 b) 3
  c) 2
c)  0 4
1 1  d) 1
 
 2 0  1
d)  
3 4 1 
 2 0  1
e)  
 3 4 1 
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

2 1  1 2   4 1
01. Se A =   , B =   e C =   , então a
 3  1   1 0  2 1 
matriz X, de ordem 2, tal que X 2 A  B 3 X  C é
igual a:
1 1 1 1 
06. Sejam as matrizes A    e B  . Se A
t
 2 2   0  3  28 1 
e Bt são as matrizes transpostas de A e de B, a)  
 24 3 
respectivamente, então At + B t é igual a
 28 1 
b)  
0 2  23 3 
a)    28 1 
0  1 c)  
2 1  25 3 
b)    28 1 
  2  3 d)  
0 2  30 3 
c)    28 1 
  2  2 e)  
0 1  22 3 
d)  
0 5 

nuceconcursos.com.br 37
.
MATEMÁTICA

1 0 0 2  05. Uma matriz quadrada A diz-se simétrica se


02. Sejam as matrizes A =   e B .  2 1 2y 
2  1  1 3
 
A matriz A2 + B2 é: A = At. Assim, se a matriz A  x 0 z  1 é
 4 3 2 
1 4  simétrica, então x + y + z é igual a:
a)  
5 10
0 2  a) –2
b)   b) –1
 1 3 c) 1
1 2  d) 3
c)  
3 12 e) 5
3 6
d)  
3 12
3 0 
e)  
3 1

06. (EEAR-CFS-1/2021) Sejam as matrizes


At  e Bt  . Se

A+B  , então x + y é

03. (EEAR-CFS-1/2019) Dadas as matrizes a) 5


A e B , o produto A . B é b) 6
c) 7
a matriz
d) 8

a)

b)

c)

d)

04. (EEAR-CFS-B-2/2016) Se e
são matrizes opostas, os valores de a, b, x e k são
respectivamente

a) 1, -1, 1, 1
b) 1, 1, -1, -1
c) 1, -1, 1, -1
d) -1, -1, -2, -2

Gabarito
1. B 2. D 3. C
4. C 5. E 6. B

38 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

DETERMINANTES

2) Matriz transposta

A) Conceito  3 1 3
 
É um número associado a uma matriz quadrada. A    1 2 4
 1 2 2
 
5 1
Ex.: = 18
2 4

B) Matriz Quadrada de 2ª ordem (n = 2)


At =
3 2
Ex.: =
4 5

2  1/ 2
=
3 1
3) Troca de Filas Paralelas

C) Matriz Quadrada de 3ª ordem (n = 3)


B=

3 1 4
Ex.:  1 2 5
2 1 1

4) Produto de matrizes

1 3 4  3 2
A   
6 2 1   1 4
4 8 6

 2 1
B   
 1 3

D) Propriedades dos Determinantes


A.B=

1) Determinante Nulo

5 3 2
0 0 0 
1 2 3
5) Multiplicação por um número real
2 1 2
1 4 1 
C=
3 1 3

4 8 6
0 1 1 
2 4 3
nuceconcursos.com.br 39
.
MATEMÁTICA

Obs.: det (k . A) = kn . det A


23 1
03. Sendo = –2, então é igual a:
 log 2 x  1

a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

E) Matriz Inversa (A-1)

A . A-1 = A-1 . A = In
04. Se A = (aij) é a matriz quadrada de ordem 2 em
2, se i  j

que a ij  i  j , se i  j , então o determinante da
 4 2
Ex.: A    i  j , se i  j
 1 1 
matriz A é

a) –10
b) 10
c) –6
d) 6

EXERCÍCIOS 05. O determinante da matriz quadrada A = (aij), de


1, se i  j

 2 4 ordem três, onde aij = 0, se i  j ,é
01. A soma dos determinantes das matrizes   4i  j , se i  j
  6 2 
 2 1 
e   é a) 234
 7 4
b) 324
a) 12 c) 161
b) 13 d) 0
c) 14 e) 1
d) 15

x 1 x  2 1 1 1
02. O número real x, tal que  5, é  
3 x 06. Seja a matriz M = 2  3 x . Se
4 9 x 2 
a) –2 det M = ax2 + bx + c, então o valor de a é
b) –1
c) 0 a) 12
d) 1 b) 10
c) –5
d) –7

40 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

07. (EEAR-CFS-B-2/2016) Para que o determinante 2 1 1 2


03.Se B =   é a matriz inversa de A   ,
da matriz seja 3, o valor de b deve x y  1 4
então x – y é
ser igual a
a) 2
a) 2 b) 1
b) 0 c) –1
c) -1 d) 0
d) -2

04. (EsSA-2015) Sabendo-se que uma matriz


quadrada é invertível se, e somente se, seu
08. (EsSA-2020) Seja A uma matriz de ordem 3 tal determinante é não-nulo e que, se A e B são duas
que Det (A)= 4. Então Det (2A) vale: matrizes quadradas de mesma ordem, então det
(A.B) = (det A).(det B), pode-se concluir que, sob
a) 128. essas condições
b) 64.
c) 8. a) se A é invertível, então A.B é invertível.
d) 32. b) se B não é invertível, então A é invertível.
e) 16. c) se A.B é invertível, então A é invertível e B não é
invertível.
d) se A.B não é invertível, então A ou B não é invertível.
e) se A.B é invertível, então B é invertível e A não é
invertível.
09. Seja A uma matriz de ordem 2, cujo determinante
é –6. Se det(2A) = x – 87, então o valor de x é
múltiplo de

a) 13 05. (EsPCEx-2018) Uma matriz quadrada A, de


b) 11 ordem 3, e definida por
c) 7
d) 5

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Então det (A-1 ) é igual a

01. A e B são matrizes quadradas de ordem 3 e a) 4


B  k  A . Sabe-se que det A = 1,5 e det Bt = 96. b) 1
Então: c) 0
d) 1/4
a) k = 64 e) 1/2
b) k = 96
c) k = 1/4
d) k = 3/2 06. (EEAR-CFS-2/2021) Seja A= (aij) uma matriz de
e) k=4 ordem 2x2, com .

02. Sendo A uma matriz real quadrada de


ordem 3, cujo determinante é igual a 4,
qual o valor de x na equação: det (2AAt) = 4x ?
Considere A-1  a matriz inversa de A.
a) 4
b) 8 Então, a soma dos elementos a + b é:
c) 16
d) 32 a) 18
e) 64 b) 17/65
c) 19/20
d) 12/17

nuceconcursos.com.br 41
.
MATEMÁTICA

SISTEMAS LINEARES 02. O valor da soma x + y + z + t no sistema

x  2y  3z  4t  15
A) Regra de Cramer 
4 x  3 y  2 z  t  15
 é
Só é aplicada em sistemas com n equações e n 3x  y  4z  2t  10
incógnitas. 2x  4 y  z  3t  20

Ex.: 2x – y = 3 a) –6
3x + 2y = 8 b) 6
c) 2
d) 2
e) 30

03. (EEAR-CFS-B-1/2007) A tabela mostra os


pedidos de 4 clientes em uma lanchonete.

Cliente Pedidos
1 1 suco de laranja, 2 hambúrgueres e 3
porções de batata frita
2 3 sucos de laranja, 1 hambúrguer e 2
porções de batata frita
B) Análise dos Sistemas Lineares
3 2 sucos de laranja, 3 hambúrgueres e 1
porção de batata frita
4 1 suco de laranja, 1 hambúrguer e 1 porção
de batata frita
Sistemas Lineares
Se os clientes 1, 2 e 3 pagaram, respectivamente,
R$ 11,10, R$ 10,00 e R$ 11,90 por seus pedidos,
então o cliente 4 pagou R$

a) 5,00
Possível Impossível b) 5,10
c) 5,40
d) 5,50

04. Calcule a condição para que o sistema seguinte


seja determinado.
Determinado Indeterminado
2x – y + 4z = 1
x + my – 3z = 0
x + 3y + z = 3

EXERCÍCIOS

01. Dado o sistema linear abaixo cuja solução é


{(x, y, z)}, o valor de (xyz)3 é igual a:

3x  5y  2z  9

 2 x  3 y  z  0 . 05. Quais as condições para que o sistema abaixo
x  y  z  2
 tenha uma infinidade de soluções?

a) 27 mx – 8y = 12
b) –27 3x + 6y = p
c) 8
d) –8

42 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

06. Quais os valores de a e b para que o sistema EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


abaixo não tenha solução?
01. (EsSA-2010) O valor de k real, para que o sistema
ax + y + 2z = 1
kx  2y  z  2
2x + y – 2z = 0 
2x – y + 4z = b 2x  8y  2z  0 seja possível e determinado, é
2x  z  4

a) k  –7/2
b) k = 1/2
c) k  –3/2
d) k  –1/6
e) k  –1/2

3x  4 y  z  0  x  ay  3
 02. O sistema  nas incógnitas x e y tem
07. O sistema de equações 2x  y  3z  0 2 x  4 y  b
x  y  0
 infinitas soluções. O valor de ab é:
a) não tem solução
b) tem infinitas soluções a) 6
c) tem apenas a solução trivial b) 2
d) tem uma única solução não trivial c) 8
d) 16
e) 12

03. (EsSA-2019) Dadas as matrizes A  e


08. (EsPCEx-2020) A condição para que o sistema B . Considerando que a equação matricial
A.X=B tem solução única, podemos afirmar que:

a) k ≠ ±2
b) k = ±2
c) k = ±1
a IR, tenha solução única é d) k = ±4
e) k ≠ ±4
a) a 1
b) a -1
c) a 2 2x  5y  z  0
d) a -2 
04. Para que o sistema x  10y  2z  0 admita
e) a 0 6x  15y  mz  0

solução única, deve-se ter:

a) m1
b) m2
c) m  2
d) m3
e) m  3

nuceconcursos.com.br 43
.
MATEMÁTICA

05. (EsPCEx-2017) Considere o sistema linear 08. (EsSA-2011) Três amigos, Abel, Bruno e Carlos,
homogêneo onde k é um número real. juntos possuem um total de 555 figurinhas. Sabe-
se que Abel possui o triplo de Bruno menos 25
x – 3y + kz = 0 figurinhas, e que Bruno possui o dobro de Carlos
3x - ky + z = 0 mais 10 figurinhas. Desses amigos, o que possui
kx + y = 0 mais tem

O único valor que torna o sistema, acima, possível a) 300 figurinhas


e indeterminado, pertence ao intervalo: b) 275 figurinhas
c) 365 figurinhas
a) (-4, -2] d) 250 figurinhas
b) (-2, 1] e) 326 figurinhas
c) (1, 2]
d) (2, 4]
e) (4, 6]

06. (EsSA-2013) Em um programa de TV, o


participante começa com R$ 500,00. Para cada 09. (EEAR-CFS-1/2021) O sistema
pergunta respondida corretamente, recebe
R$ 200,00; e para cada resposta errada perde x – 2y + z = 2
R$ 150,00. Se um participante respondeu todas as 2x + 3y + z = 5
25 questões formuladas no programa e terminou 3x - 6y + 3z = 9 ,
com R$ 600,00, quantas questões ele acertou?
quanto a sua solução, é classificado como
a) 14
b) 9 a) impossível
c) 10 b) indeterminado
d) 11 c) possível e determinado
e) 1 d) possível e indeterminado

07. (EsSA-2005) O sargento Nilton recebeu a missão


de distribuir 33 caixas de munição, com 100
cartuchos cada, para 46 soldados distribuídos em
3 grupamentos. No grupamento “A” cada
soldado deverá receber 100 cartuchos e nos
grupamentos “B” e “C”, 50 cartuchos cada um 10. (EsPCEx-2021) Sejam as matrizes
dos soldados. Mas, na hora da distribuição, os
grupamentos trocaram de posição e o Sargento A = , B= e C=
distribuiu 100 cartuchos para cada soldado do
grupamento “C” e 50 cartuchos para cada um dos
soldados dos grupamentos “B” e “A”. Isso fez .
com que sobrassem 400 cartuchos. Percebendo o
erro, o Sargento refez a distribuição de modo
correto e notou que não sobrou nenhum cartucho. Se AB = C, então x+y+z é igual a
Baseando-se nessa situação, pode-se afirmar que
o número de soldados do grupamento “B” é: a) -2.
a) 13 b) -1.
b) 14 c) 0.
c) 11 d) 1.
d) 10 e) 2.
e) 12

44 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

11.(EEAR-CFS-2/2021) Determine os valores de a e b TRIGONOMETRIA


para que o sistema

Unidades de Medidas de Arcos

seja impossível. GRAU 


AÔB = 1º
a) a=3eb=4 A 1º
b) a≠3eb=4
c) a = -3 e b ≠ 12 B
d) a ≠ -3 e b ≠ 12 1
360 da circ.

RADIANO 
A B = 1 rad.

AB = 1 rad

0
R A

Círculo Trigonométrico
v

0 A u
1

Obs  OA é igual ao raio, que é igual a uma unidade


de comprimento.

Gabarito
1. C 2. E 3. C 4. D
5. B 6. D 7. B 8. C
9. A 10. E 11. C

nuceconcursos.com.br 45
.
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS TANGENTE

01. Exprima em radianos: v

a) 240o T tg x =
M
x
O
b) 330o A u

02. Exprima em graus:

a) rad SECANTE, COSSECANTE E


COTANGENTE

S
b) rad
Eixo das cotangentes R
S
T
M
0
x
A
Funções Trigonométricas

SENO

v
cotg. x =
sen x = sec x =
Q M
x cossec x =

O P A u
RELAÇÕES FUNDAMENTAIS

sen2x + cos2x = 1

COSSENO
sen x
tgx 
cos x
v

cos x = cos x
Q M cotg 
x sen x

O P A u
1
sec x 
cos x

1
cosec x 
sen x

46 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

GRÁFICOS 2 As funções tangentes e cotangente são periódicas


de período igual a .
Gráfico da função seno
y

ADIÇÃO DE ARCOS

sen (a + b) =
1 cos (a + b) =
 0  3 5 7 x
-1  2 3
2 2 2 2 2
tg (a + b) =

período SUBTRAÇÃO DE ARCOS

sen (a – b) =
Gráfico da função cosseno cos (a – b) =
y

tg (a – b) =

1
ARCOS DUPLOS
 0  3 5 5 x
-1  2 3
2 2 2 2 2
sen 2a =

cos 2a =
período

tg 2a =
Gráfico da função tangente
EXERCÍCIOS
y
01. (EEAR-CFS-1/2019) Gabriel verificou que a
medida de um ângulo é rad. Essa medida é
igual a

a) 48°
 0  3 5 5 x b) 54°
 2 3
2 2 2 2 2 c) 66°
d) 72°

SINAIS período
02. Se sen x = com x no 2º quadrante, podemos
sen cos tg
afirmar que;
+ + - + - +
4
- - - + + - a) cotg x =
3
cossec sec cotg 4
b) cos x =
5
Notas: 5
c) sec x =
1  As funções seno, cosseno, secante e 4
cossecante, são periódicas e o período é igual a 2 .

nuceconcursos.com.br 47
.
MATEMÁTICA

07.(eear-cfs-1/2020) ao subtrair cos 225° de sen 420°,


d) tg x = - obtém-se

e) sec x = - a)

b)
03. (EEAR-CFS-1/2020) Considere x um arco do
3º quadrante e cotangente de x igual a ctg x. Se
c)
sen x = - , então o valor de A = tg x +

é d)

a)
b)
c) 2
d) 3 08.(eear-cfs-1/2019) simplificando a expressão sen (2
– x) + sen (3 + x), obtém-se
04. Qual é o período das funções abaixo:
a) sen x
b) – sen x
  c) 2 sen x
a) f(x) = 2 sen  4 x - 
 3 d) –2 sen x

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
x 
b) f(x) = 1 – cos    
2  01. O período da função:

f(x) = 3 sen 4 (x - /5) é:


c) f(x) = 3 + 2 tg (3x) 
a)
4
b) 4
4
c)
05. (EsSA-2013) A soma dos valores de m que 5
satisfazem a ambas as igualdades sen x = d) 2

e)
e cos x = é 2

a) 5
b) 6 02. Seja x um arco do terceiro quadrante tal que:
c) 4 tg x = - . Podemos dizer então que
d) -4 sen x . cos x é igual a:
e) -6
3
a)
06. (essa-2017) sabendo que x pertence ao 4º 4
quadrante e que cos x = 0,8 , pode-se afirmar  3
que o valor de sen 2x é igual a: b)
4
a) 0,28 3
b) – 0,96 c)
c) - 0,28 8
d) 0,96 3
e) 1 d)
8
e) 0,3

48 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

03. Sendo x um arco de 4o quadrante tal que 06. Se x é um arco do 2o quadrante tal que
cos x = 0,5, podemos dizer que: sec x = - 2, então, pode-se afirmar que sen x e tg
x são respectivamente iguais a:
3
a) sen x = ; tg x = 3 3  3
2 a) e
3 2
3
b) sen x = - ; tg x = - 3 3
2 b) e 3
2
3  3
c) sen x = - ; tg x = 3 c) e - 3
2 2
3
3 d) e - 3
d) sen x = ; tg x = - 3 2
2
 3 3
e) e
e) sen x = 3 ; tg x =  3 3 2

07. (EEAR-CFS-1/2019) Se 0° x 90° e se

sen 4x = - , um dos possíveis valores de x é

a) 30°
b) 45°
04. Calcule o valor das expressões: c) 75°
d) 85°
a) A = sen 330° + cos 240° - tg 135°

08. (EEAR-CFS-2/2019) Se cos α = - e α é um


arco cuja extremidade pertence ao 2º quadrante,
então α pode ser ____ rad
a) 7
b) 17
c) 27
sen(  x )  cos(  2  x )  tg(2  x ) d) 37
b) B 
tg(  x )  cos( 2  x )  sen( 2  x )
09. (EsPCEx-2014)O valor de (cos 165° + sen 155° +
cos 145° - sen 25° + cos 35° + cos15°) é:

a) 2
b) -1
c) 0
d) 1
e) 12

05. Simplificando a expressão sen (2 – x) +


sen (3 + x), obtém-se 10. (EsPCEx-2019) Dentre as alternativas a seguir,
aquela que apresenta uma função trigonométrica
a) sen x de período 2π, cujo gráfico está representado na
b) – sen x figura abaixo é
c) 2 sen x
d) –2 sen x a) f(x)= 1-sen(𝜋-x).
b) f(x)=1+cos(π-x).
c) f(x)=2-cos(π+x).
d) f(x)=2-sen(π+x).
e) f(x)= 1-cos(π-x).

nuceconcursos.com.br 49
.
MATEMÁTICA

c)

d)

e)

11. (EEAR-CFS-1/2021)Se sen (a + b) = - e 15. (EEAR-CFS-2/2021) Dado tg(x) + cotg (x) = 5/2,
determine sen 2x:
cos (a – b) = - , então o valor de (sen a +
a) 2/5
cos a). (sen b + cos b) é
b) 4/5
c) 3/7
a) d) 9/7

b) -
16. (EEAR-CFS-2/2021) O valor da tg 1665º é:
c) a) 0
b) 1
d) - c) 3
d) 3

12. (EEAR-CFS-1/2021) O ângulo cuja medida é


rad pertence ao _____ quadrante.
a) 1º
b) 2º
c) 3º
d) 4º

13. (EEAR-CFS-1/2021) Se y = sen2θ + sen 2θ + cos2θ


e sen θ + cos θ = , então y é igual a

a)

b)
c) 2
d) 3

14. (EsPCEx-2021) Se θ é um arco do 40 quadrante tal

que cos θ = , então é igual a


Gabarito
1. E 2. A 3. B 4. 0,-1
a) 5. D 6. D 7. C 8. B
9. C 10. E 11. D 12. C
13. D 14. B 15. B 16. B
b)

50 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

NÚMEROS COMPLEXOS Obs1: b = 0  real

Obs2: a=0
  Imaginário puro
b0
 Obs3: complexo conjugado

imaginários

01) Unidade Imaginária

i 1

Ex: x2 + 1 = 0
04) Operações com Complexos

A) Adição

x2 + 2x + 5 = 0 (4 – 5i) + ( 1 + 2i) =

(5 – 3i) + (2 + 3i) =

B) Subtração

(5 + 2i) – (1 + 3i) =

(3 + 4i) – (3 – 5i) =

C) Multiplicação
02) Potências da Unidade Imaginária
(6 + 7i) . (1 + i) =
i0 = i4 =

i1 = i5 =

i2 = i6 =
(1 + 2i) . (2 + i) =
i3 = i7 =

Obs: i74 =

i2512351 =
D) Divisão

3  2i
1 i
03) Números Complexos

É todo número definido na forma a + bi com a e b reais


e i   1.

1  3i
2i

nuceconcursos.com.br 51
.
MATEMÁTICA

05) Forma Trigonométrica 02. (EsSA-2015) O número complexo i102, onde i


representa a unidade imaginária,
A) Plano de Argand-Gauss
a) é positivo.
b) é imaginário puro.
c) é real.
d) está na forma trigonométrica.
e) está na forma algébrica.

03. Qual o valor de m para que o produto


(2 + mi)(3 + i) seja um imaginário puro?

a) 5
b) 6
c) 7
B) Norma e Módulo d) 8
e) 10

04. (EEAR-CFS-2/2017) Considere = (2 + x) +


(x2 – 1) i e = (m – 1) + (m2 – 9) i. Se é um
C) Argumento número imaginário puro e é um número real, é
correto afirmar que x + m pode ser igual a

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4

05. (EEAR-CFS-1/2019) A parte real das raízes


complexas da equação x2 – 4x + 13 = 0, é igual a

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4

06. Se o número complexo z é tal que z = 3  2i, então

EXERCÍCIOS
 z 2 é igual a:
a) 5
01. (EEAR-CFS-2/2019) Se i é a unidade imaginária
b) 5  6i
dos números complexos, o valor de i15 + i17 é
c) 5 + 12i
d) 9 + 4i
a) –i
b) –1
c) 0
d) 1

07. (EsSA-2016) A parte real do número complexo


1/(2i)² é:

a) - 1/4
b) -2
c) 0
d) 1/4
e) 2

52 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

08. (EEAR-CFS-B/2016) Sejam Z1 e Z2 dois números 13. Seja z um número complexo, cujo módulo é 2 e
complexos. Sabe-se que o produto de Z1 e Z2 é cujo argumento é /6. A forma algébrica do
–10 + 10i. Se Z1= 1 + 2i, então o valor de Z2 é conjugado de z é
igual a
a) 1  3 i
a) 5 + 6i
b) 2 + 6i b) 3i
c) 2 + 15i
d) – 6 + 6i c) 3+i
d) 1 + 3 i

1  2i
09. O valor de é:
1 i 1
14. O complexo é igual a:
(1 i)12
a) 3 + 21 i a) –1/64
2
b) –1/32
b) – 32 + 21 i c) (1 + i)12
d) 1/12
c) – 32 – 21 i
e) 1 i
3 12
d) 2
– 21 i
e) 3

10. (EEAR-CFS-B/2017) Se i é a unidade imaginária, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


então, 2i3 + 3i2 + 3i + 2 é um número complexo
que pode ser representado no plano de 01. (EsSA-2014) Com relação aos números complexos
Argand-Gauss no ___________ quadrante. Z1= 2 + i e Z2= 1- i , onde i é a unidade
imaginária, é correto afirmar
a) primeiro
b) segundo a) z1 . z2 = -3 + i
c) terceiro
b) =
d) quarto
c) =
d) =
e) =
11. (EEAR-CFS-1/2020) Sejam ρ1 e ρ2,
respectivamente, os módulos dos números
complexos Z1 = 2 − 5i e Z2 = 3 + 4i. Assim, é
correto afirmar que

a) ρ1 < ρ2 02. (EsSA-2019) Considere o número complexo


b) ρ2 < ρ1 z = 2 + 2i. Dessa forma, z100 :
c) ρ1 + ρ2 = 10
d) ρ1 − ρ2 = 2 a) é um número imaginário puro.
b) é um número real positivo.
c) é um número real negativo.
12. Determine a forma trigonométrica dos números d) tem módulo igual a 1.
complexos abaixo. e) tem argumento 𝜋/4

a) z = 1 + i

03. (EEAR-CFS-B-2/2016) Sabe-se que os números


complexos Z1 = 2m (3 m)  (3n  5) i e
Z2 = 2m² 12  [4(n 1)]i são iguais. Então, os
valores de m e n são, respectivamente

a) 3e1
b) 2e1
b) z = 3i c) 2 e -1
d) 3 e -1

nuceconcursos.com.br 53
.
MATEMÁTICA

04. (EEAR-CFS-2/2019) Sejam Z1 = 3 + 3i, Q e R


09. Se i é a unidade imaginária e z 
2  i 2 , então:
as respectivas representações, no plano de
1 i
Argand-Gauss, dos números complexos Z2 e Z3.
Assim, é correto afirmar que Z1 =
a) z = 52  52 i
a) Z2 – Z3 b) z = 72  21 i
b) Z2 + Z3
c) – Z2 + Z3 c) z = 52 + 52 i
d) – Z2 – Z3
d) z = 72 + 21 i
e) z =  52  52 i

1987
 1 i  10. (EEAR-CFS-1/2020) Seja z = bi um número
05. O número complexo   é igual a:
 1 i  complexo, com b real, que satisfaz a condição
a) –i 2z2 − 7iz − 3 = 0. Assim, a soma dos possíveis
b) i valores de b é
c) –1
d) 1
e) 2i a)

b)
06. O módulo de um número complexo é 2 2 e seu c) 1
argumento principal é 45. A sua forma algébrica d) −1
é:
a) 4 + 4i
b) 2 + 2i
c) 2 – 2i
d) 2  i 2
11. (EEAR-CFS) Sejam x e y os números
e) 2+i 2
reais que satisfazem a igualdade
i(x  2i) + (1  yi) = (x + y)  i, onde i é a
unidade imaginária. O módulo do número
07. (EsSA-2011) Seja uma função :C definida por complexo z = (x + yi)2 é igual a
(x) = 2 cos (2x) + isen (2x). Qual o valor de
(/6)?
a) 5
b) 5
3 i
a) 
2 2 c) 2 5
b) 1 + i 3 d) 2
c) 3–i
d) 3+i 12. (EsPCEx-2014) A representação geométrica
e) 3 i

no Plano de Argand-Gauss, do conjunto
2 2 de pontos que satisfazem a condição
= , com z = x + yi
, sendo x e y números reais, é reta de equação:

a) 2x - 3y + 7 = 0
08. O módulo do número complexo (1+3i)4 é: b) 3x – 7y – 2 = 0
c) 2x – 3y + 3 = 0
a) 256 d) 4x – 3y + 3 = 0
b) 100 e) 2x – y = 0
c) 81
d) 64
e) 16

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MATEMÁTICA

13. (EEAR-CFS-2/2021) Considere o complexo POLINÔMIOS


z= . O valor de z1983 é:
01) Definição
a) -1
b) 0 P(x) =
c) i
d) -i

Ex: P(x) = 5x3 – 2x2 + x - 1

Q(x) = 0,2 x5 - x4 + x-i

14. (EEAR-CFS-2/2021) Dado o complexo


Obs.: Grau do Polinômio
Z = (cos 45º + i . sen 45º) , determine :
gr (P) =
a) i
gr (Q) =
b) -i
c) 1
d) -1
02) Valor Numérico, Polinômio Nulo e Polinômios
Idênticos

Valor Numérico:

P(x) = 4x3 – 2x2 + x + 2

P(3) =

P(-1) =

P(i) =

Nulo:

P(x) = 0  a0 = a1 = a2 = ... = an = 0

Idênticos:

P(x) = a0xn + a1xn-1 + ... + an

Q(x) = b0xn + b1xn-1 + ... bn

P(x) = Q(x)  a0 = b0 ; a1 = b1; ... ; an = bn

Gabarito
1. D 2. C 3. B 4. A 5. B
6. B 7. B 8. B 9. B 10. A
11. B 12. B 13. D 14. B

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.
MATEMÁTICA

EXERCÍCIO 02) R(x) = 0  P(x) é divisível por D(x)

Sejam: Ex: P(x) = x4 + 2x3 + x2 – 4x – 2

P(x) = (a – 3)x2 + (b – a)x + 5c D(x) = x2 + 2

Q(x) = x2 + 2x – 1

Quais os valores de a., b e c para: Método das chaves:

A) P(x) ser nulo

B) P(x) = Q(x)

04) Teorema do Resto

03) Operações com Polinômios “O resto da divisão de um polinômio P(x) por (x


– a) é igual ao valor numérico de P(x) com x = a,
ou seja, P(a)”

A) Adição: Ex: P(x) = 2x4 - 13x2 - 11

P(x) = 5x3 – 2x2 + x - 1 D(x) = x – 3

Q(x) = 2x3 + 4x + 5 Calcule o resto da divisão de P(x) por D(x).

P(x) + Q(x) =

B) Subtração:

P(x) – Q(x) = Obs: A) D(x) = x + a  R =

B) D(x) = ax + b  R =
C) Multiplicação: C) Teorema de D’Alembert
P(x) . Q(x) = “Um polinômio P(x) é divisível por (x–a) se, e
somente se, P(a) = 0.”
D) Divisão:

Dividir o polinômio P(x) pelo polinômio D(x) é encontrar


dois polinômios Q(x) e R(x) tais que:

P(x) = D(x) . Q(x) + R(x)

Obs: 01) Graus: gr(P)  gr(D)

gr(R)  gr(D)

gr(Q) = gr(P) – gr(D)

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MATEMÁTICA

EXERCÍCIO 07) Teoremas

Determine o valor de m para que P(x) = 2x4 - x3 + A) Gauss: “Toda equação polinomial de grau n (n  1)
mx2 + 5x – 2 seja divisível por x – 2. possui exatamente n raízes”.

B) Raízes Complexas: “se uma equação polinomial de


coeficientes reais admite como raiz a + bi, então,
admitirá com a mesma multiplicidade a raiz a –
bi”.

Ex: x3 – 2x2 + x – 2 = 0

05) Algoritmo de Briot-Ruffini

Ex: P(x) = 2x4 – 3x2 – 9x + 2

D(x) = x - 2

Obs:

1) se os coeficientes forem imaginários podem apresentar


raízes complexas não conjugadas.

2) toda equação polinomial, com coeficientes reais e grau


ímpar, têm pelo menos uma raiz real.

07) Relações de Girard


Ex: P(x) = 2x4 – 7x3 + 3x – 1
ax2 + bx + c = 0
D(x) = x + 1

ax3 + bx2 + cx + d = 0

06) Equações Polinomiais

P(x) = 0  P(x) é um polinômio

Ex: 3x4 – x3 + x – 1 = 0

Obs:
sendo a uma raiz de P(x) (P(a) = 0) então P(x) é divisível
por (x – a).

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.
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS 06. O resto da divisão de 4x3 + 2x2 + x – 1 por x2 – 3 é


igual a
01. O valor de a + b para que sejam idênticos os
polinômios a) 13x + 5
x b a b) 11x – 3
c) 2x + 5
P1(x) = 2 bx 2 x e P2(x) = x3 – 4x2 + x + 4 é:
d) 6x – 3
1 1 1
07. (EsPCEx-2014) O polinômio f(x) = x5 – x3 + x2 +
a) 0 1, quando dividido por q(x) = x³ - 3x + 2 deixa
b) 1 resto r(x). Sabendo disso, o valor numérico de r (-
c) 2 1) é
d) 3
e) 4 a) -10
b) -4
c) 0
02. (EEAR-CFS-B/2017) Considere d) 4
P(x)  2x³  bx²  cx, tal que P(1)  - 2 e P(2)  6 . e) 10
Assim, os valores de b e c são, respectivamente,

a) 1 e 2
b) 1 e -2
c) -1 e 3 06. O polinômio x3 – 5x2 + mx – n é divisível por
d) -1 e -3 x2 – 3x + 6. Então, os números m e n são tais que
m + n é igual a:

a) 0
b) 12
03. (EEAR-CFS-B-2/2016) Dado o polinômio: c) 24
ax3 + (2a + b)x2 + cx + d – 4 = 0, os valores de a e d) 18
b para que ele seja um polinômio de 2º grau são e) 28

a) a=0eb=0
b) a=1eb0
c) a=0eb0
d) a = -1 e b = 0
08. (EsSA-2008) Se o resto da divisão do polinômio
P(x)  2xn  5x  30 por Q(x) = x – 2 é igual a 44,
então n é igual a:
04. A divisão de p(x) por x2 + 1 tem quociente x  2 e
resto 1. O polinômio p(x) é: a) 2
b) 3
a) x2 + x – 1 c) 4
b) x2 + x + 1 d) 5
c) x2 + x e) 6
d) x3  2x2 + x – 2
e) x3 – 2x2 + x – 1
09. Seja a equação x3 – 5x2 + 7x – 3 = 0. Usando as
relações de Girard, pode-se encontrar como soma
das raízes o valor

05. (EsSA-2009) O resto da divisão de x3 + 4x por a) 12


x2 + 1 é igual a: b) 7
c) 5
a) 5x + 1 d) 2
b) 3x + 1
c) 1
d) 3x – 1 10. A soma dos inversos das raízes da equação
e) 5x – 1 x3 – 2x2 + 3x – 4 = 0 é igual a:

a) 3/4
b) –1/2
c) 3/4
d) 4/3
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MATEMÁTICA

e) 2 EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

01. Se o polinômio p(x) = (2m + 3n – p)x2 + (m + 2n


11. Sabe-se que –1 é raiz de multiplicidade 2 da – 5p)x + (p – 2) é identicamente nulo, a soma
equação 2x3 + x2 – 4x – 3 = 0. A outra raiz dessa m + n + p é igual a:
equação é um número:
a) –3
a) racional e não inteiro. b) –6
b) inteiro. c) 8
c) irracional negativo. d) 5
d) irracional positivo. e) 0
e) complexo e não real.

02. Seja p um polinômio de grau 4 e q um polinômio


de grau 8. O polinômio:
12. (EsSA-2018) Se 2 + 3i é raiz de uma equação
algébrica P(x) = 0, de coeficientes reais, então a) q3 tem grau 11
podemos afirmar que: b) p2 tem grau 6
c) q – p tem grau 8
a) – 3i também é raiz da mesma equação. d) p + q tem grau 12
b) 3 – 2i também é raiz da mesma equação. e) pq tem grau 32
c) 2 – 3i também é raiz da mesma equação.
d) 2 também é raiz da mesma equação.
e) 3 + 2i também é raiz da mesma equação. 03. Dividindo-se 4x6 – 5x5 – 3x4 + 15x3 – 30x2 + 9 por
x2 – 3, obtém-se um polinômio, cujo termo de 2º
grau tem coeficiente
13. (EsPCEx-2020) Dividindo-se o polinômio
P(x)=2 x4- 5 x3 +k x-1 por (x-3) e (x+2), os restos a) primo
são iguais. Neste caso, o valor de k é igual a b) menor que 5
c) múltiplo de 2
a) 10 d) divisível por 3
b) 9
c) 8
d) 7 04. (EsSA-2017) O conjunto solução da equação
e) 6 x3 - 2x2 - 5x + 6 = 0 é:

A) S = {–3; –1; 2 }
14. (EsPCEx-2017) As três raízes da equação
x³ - 6x² + 21x – 26 = 0 são m, n e p. Sabendo que B) S = {–0,5; –3; 4 }
m e n são complexas e que p é uma raiz racional, C) S = {–3; 1; 2 }
o valor de m² + n² é igual a: D) S = {–2; 1; 3}
E) S = {0,5 ; 3; 4 }
a) -18
b) -10
c) 0
d) 4 05. Determinando-se m e n de forma que
e) 8 x4 – x3 – 22x2 + m x + n seja divisível por
x2 – 5x – 6, o quociente dessa divisão será:

a) x2 + 4x + 4
b) x2  4
c) x2 + 4x  10
d) x3 3x + 1
e) (x  3)(x + 4)

06. (EsSA-2015) Uma equação polinomial do 3o grau


que admite as raízes -1, − 1/2 e 2 é:

a) x3 – 2x2 - 5x – 2 = 0 .
b) 2x3 – x2 - 5x + 2 = 0.
c) 2x3 – x2 + 5x – 2 = 0.
d) 2x3 – x2 - 2x – 2 = 0.
e) 2x3 – x2 - 5x – 2 = 0.

nuceconcursos.com.br 59
.
MATEMÁTICA

07. Uma raiz da equação x3 – 4x2 + x + 6 = 0 é igual à 12. (EsSA-2020) Identifique a alternativa que
soma das outras duas. As raízes dessa equação apresenta o produto das raízes da equação
são: 5.x³ - 4x² + 7x – 10 = 0.
a) 2, 2, 1
b) 2, 1, 3 a) 10.
c) 3, 2, 1 b) -10.
c) -2.
d) 1, 1, 2
d) 2.
e) nenhuma das anteriores
e) 7.

08. Para que o polinômio do segundo grau


13. (EsPCEx-2018) As raízes inteiras da equação
A(x) = 3x2 – bx + c , com c > 0 seja o quadrado do
23x - 7 .2x + 6=0 são
polinômio B(x) =m x +n ,é necessário que
A) 0 e 1.
a) b2 = 4c
B) -3 e 1.
b) b2 =12c
C) -3, 1 e 2.
c) b2 =12
D) -3, 0 e 1.
d) b2 = 36c
E) 0, 1 e 2.
e) b2 = 36

14. (EsSA-2020) O valor que deve ser somado ao


polinômio 2x³ + 3x² + 8x + 15 para que ele admita
09. (EsSA-2010) Sabe-se que 1, a e b são raízes do
2i como raiz, sendo i a unidade imaginária é:
polinômio p(x) = x3 – 11x2 + 26x – 16, e que
a > b. Nessas condições, o valor de ab + é: a) -12.
b) 3.
a) 49/3 c) 12.
b) 193/3 d) -3.
c) 67 e) -15.
d) 64
e) 19
15. (EEAR-CFS-1/2021)O número complexo
z = 2 + 3i é uma raiz do polinômio p(x) = x 3 − 5x2
10. (EsSA-2017) O grau do polinômio + 17x − 13. Sendo assim, é correto afirmar que
(4x – 1).(x2 – x – 3).(x + 1) é: p(x) possui
a) 6 a) outras 2 raízes não reais.
b) 5 b) apenas 1 raiz não real.
c) 3 c) 2 raízes reais.
d) 4 d) 1 raiz real.
e) 2
16. (EsPCEx-2021) Se o polinômio p(x)=x3 + ax2 - 13x
+ 12 tem x=1 como uma de suas raízes, então é
correto afirmar que
11. (EsPCEx-2020) Sabe-se que as raízes da equação
x3-3x2-6x+k=0 estão em progressão aritmética. a) x = 1 é raiz de multiplicidade 2.
Então podemos afirmar que o valor de é igual b) as outras raízes são complexas não reais.
c) as outras raízes são negativas.
a d) a soma das raízes é igual a zero.
e) apenas uma raiz não é quadrado perfeito.
a)

b) 4
17. (EsSA-2021) Dado o polinômio p(x) = 4x4 + 3x5
– 5x + x2 + 2. Analise as informações a seguir:
c)
I. O grau de p(x) é 5.
d) 3
II. O coeficiente de x3 é 0.
III. O valor numérico de p(x) para x = -1 é 9.
e) IV.Um polinômio q(x) é igual a p(x) se, e somente se,
possui mesmo grau de p(x) e os coeficientes são iguais.

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MATEMÁTICA

É correto o que se afirma em: BINÔMIO DE NEWTON

a) I, II e III apenas
b) II, III e IV apenas NÚMEROS BINOMIAIS
c) I, II, III e IV
d) I e II apenas
e) III e IV apenas
=

18. (EEAR-CFS-2/2021) Dados os polinômios 8


P(x) = x2 + ax - 3b e Q(x) = -x3 + 2ax - b, ambos Ex:   
divisíveis por (x-1), então a soma a+b é: 3

a) 1/3 5
b) 2/3   
5
c) 3/4
d) 7/5
5
  
0

5
  
 1

obs: Binomiais complementares

Ex: e

TRIÂNGULO DE PASCAL

0
 
0
 1 1
   
0 1
 2  2  2
     
0  1  2
3 3 3 3
       
0  1  2 3
 4  4  4  4  4
         
0  1  2 3  4
5 5 5 5 5 5
           
0  1  2 3  4 5

....................
Gabarito
1. B 2. C 3. D 4. D 5. A
6. E 7. B 8. B 9. C 10. D
11. B 12. D 13. A 14. D 15. D
16. D 17. A 18. D

nuceconcursos.com.br 61
.
MATEMÁTICA

PROPRIEDADES DO TRIÂNGULO DE PASCAL 05.Calcule:

1. Relação de Stifel 6
7
   
p
9 9 p2
     
 4 5

14  14 
     
10   11 DESENVOLVIMENTO DO BINÔMIO

2. Toda linha do triângulo começa e termina com valor


um. (x + a)o =

3. Soma dos termos da linha (x + a)1 =

(x + a)2 =
+ + + ....... + = 2n
(x + a)3 =

4. Termos eqüidistantes (x + a)4 =

 6 6 6  6  6 6 6


             
 0   1  2   3   4   5   6 

(x + a)m =
EXERCÍCIOS
FÓRMULA DO TERMO GERAL
01. Qual é a próxima linha do triângulo de Pascal?

1 7 21 35 35 21 7 1 Tp+1 =

02. Usando a relação de Stifel, resolva:


EXERCÍCIOS
7 7
a)      
5 6 01. Qual é o desenvolvimento do binômio (x + a)5?

12 12
b)      
4 5

03.Calcule a soma abaixo:

10  10  10   10  10  02.Desenvolva (2x – 1)4.


 
      .........    
  

 1 2 3 8 9

04.Resolva as equações:

 14   14 
    
 5x  1  x  3 

62 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

03. (EsPCEx-2017) O valor da expressão 08. Qual é o termo médio na expansão de


E = (999)5 + 5 . (999)4 + 10 . (999)³ + 10 . (999)² + 5 (x2+ 3y3)8?
. (999) + 1 é igual a:

a) 9.10³
b) 9.1015
c) 1015
d) 999999
e) 999 . 1015

04. Qual é a soma dos coeficientes do 09. (EsPCEx-2014) O termo independente de x no


desenvolvimento de: desenvolvimento de (x3 - )10 é igual a:
a) (3x + y)5
a) 110
b) 210
c) 310
b) (a2 – 2ab + b2)10 d) 410
e) 510

04. Qual é o 40 termo do desenvolvimento de


(3x+ y)6?

10. (EsPCEx-2021) Qual o valor de n, no binômio


(x+3)n, para que o coeficiente do 5º termo nas
potências decrescentes de x seja igual a 5670?

a) 5
05. Qual o coeficiente de x8 no desenvolvimento de b) 6
(1 – 2x2)5? c) 7
d) 8
e) 9

06.Determine o termo independente de x no


desenvolvimento de (x3 + 2x-3)6

07.Calcule o coeficiente termo independente de x no


desenvolvimento binomial de (2x2 – 1/x3)5.

nuceconcursos.com.br 63
.
MATEMÁTICA

GEOMETRIA PLANA c) Escalenos  São aqueles em que os três lados são


desiguais

TRIÂNGULOS

Conceito  Triângulo é o polígono de três lados.

Classificação quanto aos lados:

a) Eqüiláteros  São aqueles em que os três lados são


congruentes

Obs: Os três ângulos são desiguais

Classificação quanto aos Ângulos:

a) Acutângulos  São aqueles em que os três ângulos


internos são agudos

Obs: todo triângulo equilátero é também


equiângulo e vice-versa

b) Isósceles  São aqueles em que dois lados são


congruentes

b) Obtusângulos  São aqueles em que um ângulo


interno é obtuso

Obs:Nos triângulos isósceles os ângulos da base são


congruentes

64 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

c) Retângulos  São aqueles em que um ângulo interno RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS
é reto RETÂNGULOS

Teoremas Importantes

Teorema 1  (Condição de existência) Em todo e


qualquer triângulo, um lado tem que ser maior que a
soma dos outros dois e .menor que a diferença. 1a RELAÇÃO (Teorema de Pitágoras)  Em todo
triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual a
soma dos quadrados dos catetos.

a2 = b2 + c2

2a RELAÇÃO  Em todo triângulo retângulo, um


cateto é média proporcional (ou geométrica.) entre a
hipotenusa. e sua projeção sobre ela.

c2 = a . m

b2 = a . n

Teorema 2  Em todo e qualquer triângulo, um


3a RELAÇÃO  Em todo triângulo retângulo, a
ângulo externo é igual a soma dos ângulos internos
altura relativa a hipotenusa é média proporcional (ou
não adjacentes a ele
geométrica), entre as projeções dos catetos, sobre a
hipotenusa.

h2 = m . n

4a RELAÇÃO  Em todo triângulo retângulo, o


produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa
pela altura relativa a ela.

b.c=a.h

nuceconcursos.com.br 65
.
MATEMÁTICA

RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NOS 2a RELAÇÃO  Lei dos Cossenos


TRIÂNGULOS RETÂNGULOS

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

ConceitoDois ou mais triângulos são semelhantes,


quando todos os seus ângulos são respectivamente
congruentes e os lados homólogos são proporcionais

c b c
sen   cos   tg  
a a b

 Seno de um ângulo é a razão entre o cateto oposto ao


ângulo e a hipotenusa.
 Cosseno de um ângulo é a razão entre o cateto
adjacente ao ângulo e a hipotenusa. TEOREMA DE THALES  Toda reta paralela a
 Tangente de um ângulo é a razão entre o cateto um dos lados de um triângulo, determina um segundo
oposto ao ângulo e o cateto adjacente ao mesmo triângulo semelhante ao primeiro
ângulo.

Ângulos Notáveis

30º 45º 60º


1 2 3
sen
2 2 2
3 2 1
cos
2 2 2
3 1 3
tg
3
QUADRILÁTEROS
RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS
QUAISQUER Conceito  Quadrilátero é o polígono de quatro
lados.
1a RELAÇÃO  Lei dos Senos
Trapezóides  São os quadriláteros em que os lados
opostos não são paralelos.

66 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

Trapézios  São os quadriláteros em que os lados


opostos não são paralelos.

Trapézios Retângulos  São aqueles em que 2 Obs.:  Em um paralelogramo os lados opostos e os


ângulos internos são retos ângulos opostos são congruentes

Retângulo  É o paralelogramo em que todos os


ângulos são retos

Trapézios Isósceles  São aquele em que os lados


não paralelos, são congruentes
Obs.:as diagonais são congruentes e interceptam-se
nos seus pontos médios

Losango  É o paralelogramo em que todos os lados


são congruentes

Paralelogramos  São os quadriláteros em que os


lados opostos são paralelos.
Obs.:as diagonais são perpendiculares e interceptam-
se nos seus pontos médios

Quadrado  è o paralelogramo em que todos os


lados e todos os ângulos são congruentes
D

nuceconcursos.com.br 67
.
MATEMÁTICA

3 – Losango

Obs.:as diagonais são congruentes, perpendiculares e


interceptam-se nos seus pontos médios 4 - Quadrado
ÁREAS DE FIGURAS PLANAS

1 – Paralelogramo

=
5 – Trapézio

2 - Retângulo

68 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

6 – Triângulo c) Triângulo em função do ângulo

7 - Círculo

- Obs:

a) Triângulo Equilátero

8 – Coroa Circular

b) Triângulo em função dos lados

nuceconcursos.com.br 69
.
MATEMÁTICA

POLÍGONOS INSCRITÍVEIS E 02. Um barco parte para atravessar um rio. A direção


CIRCUNSCRITÍVEIS do seu deslocamento forma um ângulo de 120º
com a margem do rio. Sendo a largura do rio 60m,
a distância, em metros, percorrida pelo barco foi
de:

CONCEITO 1  Polígono inscritível ou inscrito, é a) 40 2


aquele em que todos os seus lados são pontos de uma b) 40 3
mesma circunferência.
c) 45 3
d) 50 3
CONCEITO 2  Polígonos circunscritíveis ou
e) 60 3
circunscrito é aquele em que todos os seus lados são
tangentes a uma mesma circunferência.
03. (EEAR-CFS-2/2019) Seja ABC um triângulo
retângulo em B, tal que AC = 12 cm. Se D é um
ponto de AB, tal que B D = 45º , então
CD = ________ cm

EXERCÍCIOS

01. A 100 m da base, um observador avista a


extremidade de uma torre sob um ângulo de 60º a) 3
com a horizontal. Qual a altura da torre? b) 6
c) 3 2
d) 6 2
a) 60 3 m
3
b) 100 m 04. A sombra de uma árvore mede 4,5 m. À mesma
3 hora, a sombra de um bastão de 0,6 m, mantido
c) 100 3 m na vertical, mede 0,4 m. A altura da árvore é:
3 a) 1,33 m
d) 60 m
3 b) 6,75 m
2 c) 4,8 m
e) 100 m d) 5m
2
e) 3m

70 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

05. (EsSA-2016) Num triângulo retângulo cujos 10. (EsPCEx-2017) Se o perímetro de um triângulo
catetos medem e , a hipotenusa mede equilátero inscrito em um círculo é 3 cm, a área
do círculo (em cm²) é igual a
a)
a) π/3
b) b) 3π
c) c) π
d) d) 3 π
e) e) 81 π

06. (EsSA-2015) Em um triângulo retângulo de lados 11. Na figura, A e B são pontos da circunferência e
9m, 12m e 15m, a altura relativa ao maior lado CD é seu diâmetro. Assim, o ângulo BÂC mede
será:

a) 7,2m
b) 7,8m
c) 8,6m
d) 9,2m
e) 9,6m

07. (EsSA-2016) A área do triângulo equilátero cuja


altura mede 6 cm é:

a) 12 cm2 a) 20°.
b) 30°.
b) 4 cm2 c) 50°.
c) 24 cm2 d) 60°.
d) 144 cm2
e) 6 cm2
12. (EEAR-CFS-2/2018) Considere o quadrilátero
ABCO, de vértices A, B e C na circunferência e
vértice O no centro dela. Nessas condições x
08. Se o perímetro do triângulo abaixo é maior que
mede
18, o valor de x é

a) 4
b) 5
c) 6
d) 7 a) 30°
b) 45°
c) 55°
d) 60°
09. Seja um triângulo ABC, conforme a figura. Se D e
E são pontos, respectivamente, de AB e AC , de 13. (EEAR-CFS-1/2019) Um trapézio tem 12 cm de
forma que AD = 4, DB = 8, DE = x, BC = y, e se base média e 7 cm de altura. A área desse
DE // BC, então quadrilátero é ______ cm2.

a) y=x+8 a) 13
b) y=x+4 b) 19
c) y = 3x c) 44
d) y = 2x d) 84

nuceconcursos.com.br 71
.
MATEMÁTICA

14. (EEAR-CFS-1/2019) A área de um hexágono 03. (EsSA-2013) Para que uma escada seja
regular inscrito em um círculo de 6 cm de raio é confortável, sua construção deverá atender aos
_____ cm2. parâmetros e e p da equação 2e + p = 63 , onde e
e p representam, respectivamente, a altura e o
a) 6 comprimento, ambos em centímetros, de cada
b) 9 degrau da escada. Assim, uma escada com
c) 12 25 degraus e altura total igual a 4 m deve ter o
d) 15 valor de p em centímetros igual a

a) 32.
b) 31.
15. (EEAR-CFS-2/2019) Uma “bandeirinha de festa c) 29.
junina” foi feita recortando o triângulo equilátero d) 27.
ABE do quadrado ABCD, de 20 cm de lado, e) 26.
conforme a figura. Considerando = 1,7 , essa
bandeirinha tem uma área de ______ cm2
04. (EsSA-2015) Qual é a área da circunferência
inscrita num triângulo ABC cuja a área desse
triângulo vale 12 m2 e cujas medidas dos
lados, em metros, são 7, 8 e 9:

a) 5 m2
b) m2
c) m2

d) m2
e) 12 m2
a) 180
b) 190
c) 210 05. (EsSA-2019) O valor do raio da circunferência que
d) 230
circunscreve o triângulo ABC de lados 4, 4 e 4
é igual a:

a) 4/3.
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
b) 3.
c) 4.
01. A área de um losango é 24 cm2. Se uma das
d) 2
diagonais desse losango mede 6 cm, quanto vale o
lado dele, em cm? e) 4

a) 4 06. (EsSA-2020) As medidas, em centímetros, dos


b) 5 lados de um triângulo são expressas por x+1 , 2x e
c) 6 x² - 5 e estão em progressão aritmética, nessa
d) 7 ordem. Calcule o perímetro do triângulo.

a) 18 cm.
b) 25 cm.
02. (EsSA-2015) Um hexágono regular está inscrito c) 15 cm.
em uma circunferência de diâmetro 4 cm. O d) 20 cm.
perímetro desse hexágono, em cm, é e) 24 cm.

a) 4. 07. (EsSA-2020) Uma pequena praça tem o formato


b) 8. triangular, as medidas dos lados desse triângulo
c) 24.
d) 6. são m , 4 m e 3 m . Qual é a medida do
e) 12. ângulo oposto ao maior lado?

a) 120°.
b) 60°.
c) 90°.
d) 45°.
e) 150°.

72 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

08. (EEAR-CFS-2/2019) O piso de uma sala foi 11. (EEAR-CFS-1/2021) Considerando a figura e
revestido completamente com 300 placas
quadradas justapostas, de 20 cm de lado. que sen 75° é igual a , calcula-se que
Considerando que todas as placas utilizadas não a = 5 ( _____ ) cm.
foram cortadas e que não há espaço entre elas, a
área da sala, em metros quadrados, é

a) 120
b) 80
c) 12
d) 8
.

09. (EEAR-CFS-1/2020) Da figura, sabe-se que


OB = r é raio do semicírculo de centro O e de
diâmetro AC . Se AB = BC, a área hachurada da
figura, em unidades quadradas, é
a) +
b) 1 +
c)
d)

12. (EEAR-CFS-1/2021) A diferença entre as medidas


de um ângulo interno de um dodecágono regular
e de um ângulo interno de um octógono também
regular é

a) 15°
b) 25°
a) -1 c) 30°
d) 40°
b)
13. (EsSA-2021) A águas utilizada em uma residência
c) r2 é captada do rio para uma caixa d’água localizada
a 60m de distância da bomba. Os ângulos
d) - formado pelas direções bomba – caixa d’água –
residência é de 60° - bomba – caixa d’água é de
75°, conforme mostra a figura abaixo. Para
bombear água do mesmo ponto de captação,
10. (EEAR-CFS-1/2020) A figura representa o diretamente para a residência, quantos metros de
logotipo de uma empresa que é formado por tubulação são necessários? Use = 2, 4
2 triângulos retângulos congruentes e por um
losango. Considerando as medidas indicadas, a
área do losango, em cm2, é

a) 72 metros
a) 3 b) 12,5 metros
c) 28 metros
b) 4,5 d) 35,29 metros
c) 5 e) 21,25 metros
d) 6,5

nuceconcursos.com.br 73
.
MATEMÁTICA

14. (EsPCEx-2021) Para fabricar uma mesa redonda GEOMETRIA ESPACIAL


que comporte 8 pessoas em sua volta, um
projetista concluiu que essa mesa, para ser
confortável, deverá considerar, para cada um dos PRIMAS
ocupantes, um arco de circunferência com
62,8 cm de comprimento. O tampo redondo da Prisma é a parte da região prismática, limitada por
mesa será obtido a partir de uma placa quadrada dois planos paralelos .
de madeira compensada. Adotando π = 3,14, a
menor medida do lado dessa placa quadrada que
permite obter esse tampo de mesa é

a) 72 cm.
b) 80 cm.
c) 144 cm.
d) 160 cm.
e) 180 cm. Obs.:As bases de um prisma, são sempre polígonos
congruentes.
15. (EEAR-CFS-1/2021) Na figura, se ABCD é um
paralelogramo, então o valor de x é Prisma Regular

É o prisma reto em que as bases são polígonos


regulares .

a) 18
b) 20
c) 22
d) 24

16. (EEAR-CFS-1/2021) Uma circunferência de 5 cm


de raio possui duas cordas AB = 6 cm e BC = x
cm. Se é perpendicular a , então x é
igual a
Paralelepípedo
a) 8
b) 7 é o prisma em que a base é um retângulo .
c) 6
d) 5

Paralelepípedos Especiais
17. (EEAR-CFS-2/2021) Num triângulo ABC, se o
ângulo do vértice A mede 70º, então o ângulo
determinado em BÎC (I é o incentro do triângulo
ABC) é:

a) 95º
b) 110º
c) 125º
d) 135º

Gabarito
1. B 2. E 3. B 4. A 5. A
6. E 7. A 8. C 9. B 10. B
11. B 12. A 13. A 14. D 15. B
16. A 17. C

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MATEMÁTICA

PIRÂMIDE

Consideremos um plano , um ponto V fora do


plano  e um polígono A, B, C, D ... contido nele.
Chamamos de pirâmide, ao conjunto de todos os
segmentos que têm como extremidades o ponto V e
os vértices do polígono.
v
Secção Meridiana

é a intersecção de um sólido de revolução com um


plano que contém o seu eixo.

Pirâmide Regular Obs.:A secção meridiana de um cilindro de revolução,


é sempre um retângulo.
É aquela em que a base é um polígono regular e a
projeção ortogonal do vértice coincide com o centro
da base. Cilindro Equilátero

É aquele em que a secção meridiana é um quadrado .

CONE

É o sólido gerado pela rotação de um triângulo em


SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO torno de um eixo onde um dos lados, coincide com o
eixo.
CILINDRO

É o sólido gerado pela rotação de um retângulo em


torno de um eixo, onde uma das dimensões do
retângulo coincide com o eixo.

nuceconcursos.com.br 75
.
MATEMÁTICA

Cone Equilátero EXERCÍCIOS

É aquele em que a secção meridiana é um triângulo 01. (EEAR-CFS-1/2019) Um pedaço de queijo, em


equilátero . forma de prisma triangular regular, tem 6 cm de
altura e possui como base um triângulo de 10 cm
de lado. O volume desse pedaço de queijo
é ____ cm3.

a) 150
b) 165
c) 185
d) 200

ESFERA
02. (EEAR-CFS-1/2020) Uma pirâmide regular, de
base quadrada, tem altura igual a 10cm e 30cm3
É o sólido gerado pela rotação de um semicírculo em
de volume. Constrói-se um cubo de aresta igual à
torno de um eixo onde o diâmetro coincide com o
aresta da base dessa pirâmide. Então, o volume
eixo.
do cubo é _____cm3.

a) 25
b) 27
c) 36
d) 64

03. Um cilindro de altura h = 5 cm e raio da base


r = 4 cm, tem volume V = ____ π cm³

a) 50
b) 60
c) 70
d) 80

04. Dobrando-se a altura de um cilindro circular reto


Círculo Máximo e triplicando o raio de sua base, pode-se afirmar
que seu volume fica multiplicado por
É a intersecção de uma esfera com um plano que
contém o centro da esfera. a) 6.
b) 9.
c) 12.
d) 18.
e) 36.

05. Seja uma pirâmide quadrangular regular com


todas as arestas medindo 2 cm. A altura dessa
pirâmide, em cm, é:

a) 2
b) 3
c)
d)

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MATEMÁTICA

06. Um filtro com a forma de um cone circular reto, 11. Considere π = 3, utilizando 108 cm³ de chumbo
tem volume de 200 cm³ e raio da base de 5 cm. pode-se construir uma esfera de ____ cm de
Utilizando π = 3, pode-se determinar que sua diâmetro.
altura, em cm, é igual a:
a) 7
a) 10 b) 6
b) 9 c) 5
c) 8 d) 4
d) 6

12. (EEAR-CFS-2/2018) Uma esfera E foi dividida


07. (EsSA-2018) A geratriz de um cone circular reto em 3 partes: A, B e C, como mostra o desenho. Se
de altura 8cm é 10cm, então a área da base desse os volumes dessas partes são tais que:
cone é:

a) 25π cm² V(A) = V(B) = e V(C) = 486 cm3


b) 16π cm²
c) 9π cm² então o raio da esfera é _____ cm.
d) 64π cm²
e) 36π cm²

08. (EEAR-CFS-2/2017) O setor circular da figura


representa a superfície lateral de um cone circular
reto. Considerando = 3, a geratriz e o raio da a) 8
base do cone medem, em cm, respectivamente, b) 9
c) 10
d) 12

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
a) 5e2
b) 5e3 01. Temos na figura abaixo a planificação de um
c) 3e5 sólido. Achar o seu volume.
d) 4e5

09. (EsSA-2015) Dobrando o raio da base de um cone 3


3
e reduzindo sua altura à metade, seu volume

a) dobra.
b) quadruplica.
c) não se altera.
d) reduz-se à metade do volume original. 8
e) reduz-se a um quarto do volume original.

10. Duas esferas de aço de raio 4 cm e cm


3
fundem-se para formar uma esfera maior. 3
Considerando que não houve perda de material
das esferas durante o processo de fundição, a
medida do raio da nova esfera é de:

a) 5 cm
b) 5,5 cm
c) 4,5 cm
d) 6 cm
e) 7 cm

nuceconcursos.com.br 77
.
MATEMÁTICA

02. Considere um cilindro reto, no qual a altura é 06. (EsSA-2017) Duas esferas de raios 3 cm e
igual ao diâmetro da base. Se o volume desse cm fundem-se para formar uma esfera maior.
cilindro é 54 cm3, a sua área total, em Qual é o raio da nova esfera?
centímetros quadrados é:
a)
a) 42 b)
b) 45
c)
c) 52
d)
d) 54
e)
e) 60

03. Deseja-se projetar uma lata cilíndrica para leite


07. As arestas de um cubo medem 12cm (veja figura).
condensado que tenha volume de 400 cm3. Se a
Qual o volume da pirâmide de vértice E e a base
altura da lata cilíndrica é 8 cm, a medida do raio
ABCD ?
da base deverá ser, em centímetros,
aproximadamente: (Dado: suponha π = 3,1)

a) 4,0 C G
b) 3,5
c) 3,0 B F
d) 2,8
e) 2,5 D H

A E

04. (EsSA-2016) A palavra “icosaedro”, de origem


grega, significa “20 faces”. Sabendo que o
icosaedro regular é formado por 20 triângulos
regulares, determine o número de vértices. 08. (EsSA-2018) Uma caixa d`água, na forma de um
paralelepípedo reto de base quadrada, cuja altura
é metade do lado da base e tem medida k, está
com 80% de sua capacidade máxima ocupada.
Sabendo-se que há uma torneira de vazão
50L/min enchendo essa caixa e que após 2hs ela
estará completamente cheia, qual o volume de
uma caixa d´agua cúbica de aresta k ?
a) 12 a) 7.500ml
b) 42 b) 5.000ml
c) 52 c) 6.000l
d) 8 d) 6.000cm3
e) 4 e) 7.500dm3

05. (EsSA-2016) Em uma pirâmide reta de base 09. (EsPCEx-2019) O volume de uma esfera inscrita
quadrada, de 4 m de altura, uma aresta da base em um cubo com volume 216 cm3 é igual a
mede 6 m. A área total dessa pirâmide, em m2, é
a) 38𝜋 cm³
a) 144
b) 36𝜋 cm³
b) 84
c) 48 c) 34𝜋 cm³
d) 72 d) 32𝜋 cm³
e) 96 e) 30𝜋cm³

78 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

10. (EsPCEx-2017) Determine o volume (em cm³) de 15. (EsSA-2021) A área da superfície de uma esfera é
uma pirâmide retangular de altura “a” e lados da 144π cm2. O volume da esfera é igual a:
base “b” e “c” (a, b e c em centímetros), sabendo
que a + b + c = 36 e “a”, “b” e “c” são, a) 72π cm3
respectivamente, números diretamente b) 162π cm3
proporcionais a 6, 4 e 2. c) 216π cm3
d) 288π cm3
a) 16 e) 2304π cm3
b) 36
c) 108
d) 432
e) 648 16. (EsPCEx-2021) Um poliedro possui 20 vértices.
Sabendo-se que de cada vértice partem
3 arestas, o número de faces que poliedro possui é
11. (EsPCEx-2020) Um poliedro convexo, com 13 igual a
vértices, tem uma face hexagonal e 18 faces
formadas por polígonos do tipo P. Com base a) 12.
nessas informações, pode-se concluir que o b) 22.
polígono P é um c) 32.
d) 42.
a) dodecágono. e) 52.
b) octógono.
c) pentágono.
d) quadrilátero.
e) triângulo

12. (EsSA-2020) Um cilindro equilátero é aquele


cilindro reto que possui altura igual ao dobro do
raio da base. Sabendo que o volume é calculado
pela fórmula .r².h, quanto mede o volume de um
cilindro equilátero que possui raio igual a ?

a) 4. ².
b) 6. .
c) .
d) 2. 4.
e) 6.

13. (EEAR-CFS-1/2021) Um poliedro convexo de 32


arestas tem apenas 8 faces triangulares e x faces
quadrangulares. Dessa forma, o valor de x é

a) 8
b) 10
c) 12
d) 14

14. (EEAR-CFS-1/2021) Em um prisma hexagonal


regular de 4 cm de altura, a aresta da base
mede 4 cm. As bases desse sólido foram pintadas
de branco e 4 faces laterais pintadas de preto. Se
SB e SP são as medidas das áreas pintadas de
branco e preto, respectivamente, então SP − SB =
______cm2.
Gabarito
a) 8 1. 18 ; 2. D 3. A 4. A
b) 16 5. E 6. A 7. 576 cm3 8. E
c) 24 9. B 10. D 11. E 12. D
d) 32 13. B 14. B 15. D 16. D

nuceconcursos.com.br 79
.
MATEMÁTICA

GEOMETRIA ANALÍTICA CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO DE TRÊS


PONTOS

PONTO No plano cartesiano, os pontos A(x1; y1) B(x2; y2) e


C(x3;y3) estão alinhados, se o determinante abaixo, for
DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS igual a zero.

y
y

x3
C y3
x2
B B y2
x1
A y1

A
Y2

Y1

0 0 x
X1
X2

x1 y1 1

x2 y2 1
COORDENADAS DO PONTO MÉDIO (xm ; ym)
x3 y3 1

A ÁREA E AS COORDENADAS DO
BARICENTRO DE UM TRIÂNGULO
M
xG =
B

yG =

0 x
y x1
Ay1

xm =

xG G x2 B
ym = yG y2

x3
C y3

0 x

80 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

RETA POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS

EQUAÇÃO GERAL  
Sejam r e s duas retas cujas equações são:


y r  y = mr . x+ nr


s  y = ms . x + ns

10) Paralelas

 
r // s 
r

20) Perpendiculares
0 x
 
r  s 

EQUAÇÃO REDUZIDA  é quando a equação da Obs: Se duas retas são concorrentes, elas têm um
ponto em comum e para se obter as coordenadas
reta está escrita da forma: y = m x + n onde “m” é o desse ponto, basta resolver o sistema formado pelas
coeficiente angular da reta e n é o coeficiente linear. equações das mesmas

DISTÂNCIA DE UM PONTO A UMA RETA

Obs  O número “n”, representa a ordenada do x0


 P y0
ponto no qual a reta intercepta o eixo 0y .

d
COEFICIENTE ANGULAR
rax+by +c=0

y
0 x

B
CIRCUNFERÊNCIA

 É o lugar geométrico dos pontos de um plano


Y2 A equidistantes de um ponto interior chamado centro.

Y1 

0
x
X1
X2

nuceconcursos.com.br 81
.
MATEMÁTICA

EQUAÇÃO REDUZIDA 03. (EsSA-2016) Dados três pontos colineares A(x, 8),
B(-3, y) e M(3, 5), determine o valor de x + y,
sabendo que m é ponto médio de ab
y
a) 3 P
b) 11
c) 9
C d) -2,5
e) 5
yo

0 x
xo
04. Seja ABC um triângulo tal que A(1, 1), B(3, –1) e
C(5, 3). O ponto ______ é o baricentro desse
triângulo.

a) (2, 1)
b) (3, 3)
EQUAÇÃO NORMAL c) (1, 3)
d) (3, 1)

05. (EsSA-2021)Um ponto P, de um sistema de


coordenadas cartesianas, pertence a reta da
equação y = x – 2. Sabe-se o ponto P é
equidistante do eixo das ordenadas e do ponto Q
EXERCÍCIOS (16, 0). Dessa maneira, um possível valor as
coordenadas do ponto P é:
01. (EsSA-2013) Os pontos M (– 3, 1) e P (1,–1) são
a) P (9, 7)
equidistantes do ponto S (2, b). Desta forma,
b) P (8, 10)
pode-se afirmar que b é um número
c) P (12, 10)
d) P (7, 9)
a) primo.
e) P (10, 8)
b) múltiplo de 3.
c) divisor de 10.
d) irracional.
e) maior que 7.

06. As retas de equações y + x – 4 = 0 e 2y = 2x – 6


são, entre si,
02. Para que os pontos A(x,3), B(–2x,0) e C(1,1) sejam
a) paralelas
colineares, é necessário que x seja
b) coincidentes
c) concorrentes e perpendiculares
a) –2
d) concorrentes e não perpendiculares
b) –1
c) 2
d) 3

82 nuceconcursos.com.br
MATEMÁTICA

07. (EEAR-CFS-1/2021) Considerando as retas r e s 12. Considere uma circunferência cujo centro é o
da figura, o valor de a é ponto (2;5). Sabendo que a reta 3x + 4y – 6 = 0 é
tangente a essa circunferência, podemos afirmar
que o comprimento da circunferência é igual a:

a) 10
b) 8
c) 25
d) 16
e) 4

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

01. (EsPCEx-2017) Uma circunferência tem centro no


eixo das abscissas, passa pelo ponto (4,4) e não
intercepta o eixo das ordenadas. Se a área do
círculo definido por essa circunferência é 17π, a
a)
abscissa de seu centro é
b)
a) 3.
c) 2 b) 4.
d) 3 c) 5.
d) 6.
e) 7.
08. Considere os pontos A(2, 3) e B(4, 1) e a reta
r: 3x + 4y = 0. Se dA,r e dB,r são, respectivamente,
as distâncias de A e de B até a reta r, é correto 02. (EsPCEx-2021) Sabendo-se que a equação
afirmar que 2x2 + ay2 - bxy - 4x + 8y + c = 0 representa uma
circunferência de raio 3, a soma a+b+c é igual a
a) dA,r > dB,r
b) dA,r < dB,r a) -10.
c) dA,r = dB,r b) -6.
d) dA,r = 2 dB,r c) -2.
d) 2.
e) 6.

09. Identifique a equação geral da circunferência de


centro (2 , 3) e raio igual a 5. 03. (EEAR-CFS-1/2021) Os pontos A(2, 2), B(5, 6) e
C(8, 1) são os vértices de um triângulo; os pontos
a) x2 + y2 = 25 D e E são pontos médios, respectivamente, de
b) x2 + y2 - 4xy – 12 = 0 e , e o ponto G é a intersecção de e
c) x2 – 4x = -16
d) x2 + y2 – 4x – 6y – 12 = 0 . Assim, as coordenadas de G são
e) y2 – 6y = - 9
a) (5, 3)
b) (5, 2)
10. (EsSA-2017) A equação da circunferência de c) (6, 3)
centro (1,2) e raio 3 é: d) (6, 4)

a) x2 + y2 – 2x – 4y + 14 = 0
b) x2 + y2 – 2x – 4y - 4 = 0 04. (EEAR-CFS-2/2021) A distância do ponto (2,-1) à
c) x2 + y2 – 4x – 2y - 4 = 0 reta r, de equação 2x - 3y + 19 = 0 é :
d) x2 + y2 – 4x – 2y - 14 = 0
e) x2 + y2 – 2x – 4y - 14 = 0 a) 22
b) 2
c) 30
11. 3x2 + 3y2 = 27, representa uma circunferência de
d) (7/5)
raio igual a:

a) 3 3
b) 27
c) 3
d) 9
e) 6
nuceconcursos.com.br 83
.
MATEMÁTICA

05. (EEAR-CFS-2/2021) A área do triângulo de


vértices A(1;2), B(-1;-2) e C(-2;-1) é:

a) 3
b) 6
c) 20
d) 2/3

06. (EEAR-CFS-2/2021) A equação reduzida da reta


que passa pelos pontos A (2;5) e B(4;-1) é:

a) 4x - 12
b) 3x - 11
c) -3x + 12
d) -3x + 11

Gabarito
1. C 2. B 3. A 4. B
5. A 6. D 7. 8.

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NÚCLEO DAS FORÇAS ARMADAS – DISCIPLINAS COMUNS

LITERATURA
LITERATURA

1. INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS O QUE É LITERATURA?


"A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do
real, é a realidade recriada através do espírito do artista
e retransmitida através da língua para as formas, que
são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova
O que é arte, afinal? realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma,
independente do autor e da experiência de realidade de
onde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem
As muitas respostas possíveis para a pergunta sobre o perderam a realidade primitiva e adquiriram outra,
que define arte variam imensamente ao longo da graças à imaginação do artista. São agora fatos de
história. outra natureza, diferentes dos fatos naturais
Durante muito tempo, a arte foi entendida como a objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social.
representação do belo. O artista literário cria ou recria um mundo de verdades
Mas o que é o belo? O que essa palavra significa para que não são mensuráveis pelos mesmos padrões das
nós, ocidentais, hoje, e o que significou para os povos verdades fatuais. Os fatos que manipula não têm
do Oriente ou para os europeus que viveram na Idade comparação com os da realidade concreta. São as
Média? verdades humanas gerais, que traduzem antes um
Na Antiguidade, por exemplo, o belo estava sentimento de experiência, uma compreensão e um
condicionado ao conceito de harmonia e proporção julgamento das coisas humanas, um sentido da vida, e
entre as formas. Por esse motivo, o ideal de beleza que fornecem um retrato vivo e insinuante da vida, o
entre os gregos ganha forma na representação dos qual sugere antes que esgota o quadro.
seres humanos, vistos como modelo de perfeição.
No século XIX, o Romantismo adotará os A Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se
sentimentos e a imaginação como princípio da criação admitindo possa haver conflito entre uma e outra.
artística. O belo desvincula-se da harmonia das Através das obras literárias, tomamos contato
formas. com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a
Do século XX em diante, diferentes formas de todos os homens e lugares, porque são as
conceber o significado e o modo do fazer artístico verdades da mesma condição humana."
impuseram novas reflexões ao campo da arte. Desde
então, ela deixa de ser apenas a representação do belo (Afrânio Coutinho)
e passa a expressar também o movimento, a luz, ou a
interpretação geométrica das formas existentes, ou até ALGUNS CONCEITOS SOBRE LITERATURA
a recriá-las. Em alguns casos, chega a enfrentar o "Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita
desafio de representar o inconsciente humano. Por pela palavra." (Aristóteles, filósofo grego, séc. IV
tudo isso, a arte pode ser entendida como a a.C)
permanente recriação de uma linguagem.
Afirma-se também, entre tantas outras possibilidades, "A literatura é a expressão da sociedade, como a
como meio de provocar a reflexão no observador palavra é a expressão do homem." (Louis de Bonald,
sobre o lugar da própria arte na sociedade de consumo pensador e crítico do Romantismo francês, início
ou sobre a relação entre o próprio observador e o do séc. XIX)
objeto observado. Ou seja, a arte pode ser uma
provocação, um espaço de reflexão e de "O poeta sente as palavras ou frases como coisas e
interrogação. não como sinais, e a sua obra como um fim e não
Toda criação pressupõe um criador que filtra e recria como um meio; como uma arma de combate." (Jean-
a realidade e nos permite sua interpretação. A arte, Paul Sartre, filósofo francês, séc. XX)
desse ponto de vista, é também o reflexo do artista,
de seus ideais, de seu modo de ver e de compreender "É com bons sentimentos que se faz literatura ruim."
o mundo. (André Gide, escritor francês, séc. XX)
Ou seja, como todo artista está sempre inserido em
um tempo, em uma cultura, com sua história e suas "A poesia existe nos fatos" (Oswald de Andrade,
tradições, a obra que produz será sempre, em certa poeta brasileiro, séc. XX)
medida, a expressão de sua época, de sua cultura.
Seria possível acrescentar outras observações, sobre os LITERATURA SEGUNDO O DICIONÁRIO
diversos significados que pode assumir a arte, a cada
obra analisada. No entanto, a reflexão feita até aqui é Literatura (Do lat. litteratura.] S.f. 1. Arte de compor
suficiente para dar a medida dos muitos horizontes ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso. 2.
que a arte nos abre e das realizações que ela possibilita O conjunto de trabalhos literários dum país ou duma
como forma de representação. época. 3. Os homens de letras: A literatura brasileira
fez-se representar no colóquio de Lisboa. 4. A vida
(Maria Luiza M. Abaurre; Marcela Pontara. Literatura Brasileira – literária. S. A carreira das letras. 6. Conjunto de
tempos leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005, pp., 5-6).
conhecimentos relativos às obras ou aos autores
literários: estudante de literatura brasileira; manual de
literatura portuguesa. 7. Qualquer dos usos estéticos
da linguagem: literatura oral [p.v.] 8. Fam. Irrealidade,

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LITERATURA

ficção: Sonhador, tudo quanto diz é literatura. 9. Na atualidade, o termo "Teoria da Literatura" tornou-
Bibliografia: Já é bem extensa a literatura da física se um sinônimo que abrangeria essas disciplinas,
nuclear. 10. Conjunto de escritores de propaganda de entretanto o termo significa uma alteração dos
um produto industrial. métodos, conceitos e objetivos. É, portanto, uma
nova disciplina, distinta das demais.
Fonte: www.literaturabrasileira.net
REFLETINDO... "Esta consiste numa modalidade histórica e
conceitualmente distinta de problematizar a literatura,
Cada tipo de arte faz uso de certos materiais. A de maneira metódica e aberta à pluralidade da
pintura, por exemplo, trabalha com tinta, cores e produção literária e de seus modelos de análise.
formas; a música utiliza os sons; a dança os Assim sendo, a teoria da literatura não é uma meia
movimentos; a arquitetura e a escultura fazem uso de dúzia de noções elementares e 'teóricas' cuja razão de
formas e volumes. E a literatura, que material utiliza? ser consiste em suas aplicações 'práticas'." 2
De uma forma simplificada, pode-se dizer que a O objeto da Teoria da Literatura é as obras escritas (e
literatura é a arte da palavra. também de natureza oral) que elaboram, de forma
Podemos dizer ainda, segundo o poeta norte- especial, a linguagem, constituindo universos
americano Ezra Pound, que a literatura é a linguagem ficcionais ou imaginários.
carregada de significado: "Grande Literatura é
simplesmente linguagem carregada de significado até o "...o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a
máximo grau possível". literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra uma
obra literária."
COMO CHEGAMOS A ISSO?
Finalidade da teoria da literatura
Partindo das experiências pessoais e sociais que vive, o
artista transcria ou recria a realidade, dando origem a Para se estudar literatura, é necessário o conhe-
uma supra-realidade ou a uma realidade ficcional. Por cimento básico de como ela é produzida. Por exemplo,
meio dessa supra-realidade, o artista consegue uma das características da linguagem literária é a
transmitir seus sentimentos e ideias ao mundo real, de capacidade polissêmica dos vocábulos, ou seja, a
onde tudo se origina. virtude que têm as palavras de, através de um único
Para essa transcrição da realidade, a literatura, no significante, apresentar uma variedade de significados.
entanto, não precisa, portanto estar presa a ela. Tanto Teorizar a literatura, portanto, é investigar, examinar,
o escritor quanto o autor fazem uso de sua imaginação analisar, ou ainda, lançar um olhar sobre as obras
constantemente: o artista recria livremente a realidade, literárias, desvelando o processo criativo. Comecemos
assim como o leitor recria livremente o texto literário pela base. A seguir uma breve explicação dos Gêneros
que lê. Literários e aos Estilos de Época.

E AS FUNÇÕES DA LITERATURA, QUAIS DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO


SERIAM?
Denotação é a significação objetiva da palavra; é a
No mundo antigo, a arte tinha uma função palavra em "estado de dicionário".
hedonística, isto é, devia causar prazer, retratando o
belo. E, nessa época, o belo na arte ocorria na medida
Conotação é a significação subjetiva da palavra;
em que a obra era verossímil, ou seja, semelhante à
ocorre quando a palavra evoca outras
vida ou à natureza. Modernamente esses conceitos
realidades por associações que ela provoca.
desapareceram, mas a arte ainda cumpre o papel de
proporcionar prazer. A literatura, jogando com
O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais
palavras, ritmos, sons e imagens e conduzindo o leitor
a mundos imaginários, causa prazer aos sentidos e à entre denotação e conotação:
sensibilidade do homem.
Denotação Conotação
Fonte: www.geocities.com Palavra com Palavra com significação
significação restrita ampla
TEORIA DA LITERATURA Palavra com sentido Palavras cujos sentidos
comum do dicionário extrapolam o sentido
A literatura pode ser considerada um produto cultural comum
e, sendo assim, não é homogêneo, muito menos Palavra usada de Palavra usada de modo
óbvio. "A literatura é objeto de uma problematização, modo automatizado criativo
de um questionamento, apto a revelar a Linguagem comum Linguagem rica e
superficialidade da atitude para a qual ela expressiva
corresponde, apenas, a uma noção difusa e
culturalizada..."
A literatura tornou-se objeto de investigação desde as AS FIGURAS DE LINGUAGEM
origens da civilização ocidental e já houve diversas
disciplinas para estudá-la: poética, história da Utilizadas no plano conotativo da linguagem, as
literatura, crítica literária, ciência da literatura, estética. figuras de linguagem são recorrentes nos textos literários,

2 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

pois através delas o autor e/ou poeta atribui a Brota esta lágrima e cai (...)
plurissignificação pertencente a esses textos. Mas é rio mais profundo
Sem começo e nem fim
Algumas figuras de linguagem mais recorrentes nos textos Que atravessando por este mundo
literários diversos são: Passa por dentro de mim.
(Cecília Meireles)
 Metáfora: Comparação sem o uso do conectivo
(como, tal qual, entre outros).  Eufemismo: Utilizada para amenizar certas
Meu coração é uma estrela. expressões.
(Cecília Meireles) Era uma estrela divina que ao firmamento voou.
(Álvares de Azevedo)
 Comparação: Compara dois seres de maneira
explícita através do uso dos conectivos.  Aliteração: Repetição de sons consonantais.
Meu coração tombou na vida Brancas bacantes bêbadas o beijam.
Tal qual uma estrela ferida (Augusto dos Anjos)
Pela flecha de um caçador.
(Cecília Meireles)  Assonância: Repetição de sons vocálicos.
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras.
 Metonímia: Estabelece uma relação de (Cruz e Sousa)
interdependência entre duas palavras. Esta
relação pode se dar por:  Paronomásia: Aproximação de palavras pela sua
A marca pelo produto; semelhança na grafia ou no som.
O efeito pela causa; Ah pregadores! Os de cá acharvos-eis com mais paço; os
O nome do autor pela marca; de lá, com mais passos.
O continente pelo conteúdo; (Pe. Antônio Vieira)
O concreto pelo abstrato;
A parte pelo todo;  Paralelismo: Repetição de ideias e palavras que se
O singular pelo plural; correspondem em relação ao sentido.
A matéria pelo objeto. Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
O Bento caiu como um touro É preciso ter gana sempre
No terreiro Quem traz no corpo a marca,
E o médico veio de Chevrolé Maria, Maria
Trazendo o prognóstico Mistura a dor e a alegria.
E toda a minha infância nos olhos. (Fernando Brandt e Milton Nascimento)
(Oswald de Andrade)

 Antítese: Aproximação de duas palavras opostas A INTERTEXTUALIDADE, A


em uma mesma frase. INTERDISCURSIVIDADE E A PARÓDIA
O sonho de um céu e de um mar
E de uma vida perigosa  Intertextualidade: Relação entre textos a partir de
Trocando ao margo pelo mel uma citação entre ambos;
E as cinzas pelas rosas
Te faz bem tanto quanto mal  Interdiscursividade: Relação entre dois discursos;
Faz odiar tanto quanto querer.
(Charly García)
 Paródia: Um tipo de relação intertextual em que
textos conversam, no entanto, apresentam
 Paradoxo: Aproximação de duas palavras críticas ou distorções de ideias.
opostas e opostas no plano dos sentidos.
Amor é fogo que arde sem se ver Exemplos:
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente TEXTO 01
É dor que desatina sem doer.
(Luís Vaz de Camões) VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada
 Personificação ou prosopopeia: Atribui Lá sou amigo do rei
características humanas a seres inanimados. Lá tenho a mulher que eu quero
Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada, Na cama que escolherei
Em meio dos desertos esgarrada, Vou-me embora pra Pasárgada
Perdida em macho vão! Vou-me embora pra Pasárgada
(Castro Alves) Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
 Hipérbole: Uso de uma linguagem exacerbada, De tal modo inconsequente
exagero na expressão. Que Joana a Louca de Espanha
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LITERATURA

Rainha e falsa demente


Vem a ser contraparente Épico Epopeia
Da nora que nunca tive (...)
(Manuel Bandeira)
GÊNERO Romance
TEXTO 02 NARRATIVO Novela
Ficção Conto
“QUE O MANUEL BANDEIRA ME PERDOE, Fábula
MAS…VOU-ME EMBORA DE PASÁRGADA” Crônica
Vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do rei
Não tenho nada que quero Tragédia
Não tenho e nunca terei GÊNERO Comédia
Vou-me embora de Pasárgada DRAMÁTICO Tragicomédia
Aqui eu não sou feliz Drama
A existência é tão dura Auto
As elites tão senis
Que Joana, a louca da Espanha
Ainda é mais coerente Ensaio
Do que os donos do país. GÊNERO Artigo
(Millôr Fernandes) ENSAÍSTA Análise de texto
Oratória
Entre o texto 01 e o texto 02 percebe-se uma
intertextualidade pois tem-se a citação textual/gráfica, no
poema de Millôr Fernandes, fazendo referência ao Manuel 1- GÊNERO LÍRICO: o adjetivo lírico vem de lira,
Bandeira. Há também a interdiscursividade, pois em instrumento de força expressiva já empregado pelos
ambos poemas tem-se a temática da reflexão sobre a vida gregos. Essa associação entre música e lirismo é feita
em determinado local (ainda que de maneira oposta), e desde as primeiras épocas da cultura artística ocidental,
por fim, há a paródia, visto que o texto 02 traz uma crítica chegando até nossos dias. A subjetividade lírica é
ao texto 01. estruturada com emoções, sentimentos e desejos, que
são expressos pela musicalidade, pela metáfora e pela
2. GÊNEROS LITERÁRIOS poesia. A linguagem poética é muito particular. Se a
prosa rejeita a rima, o verso, a busca. Para
entendermos sua linguagem, é necessária cuidadosa e
frequente leitura de poemas. Agora, mergulhe no
A palavra gênero, etmologicamente, significa família, lirismo deste poema de Gonçalves Dias da literatura
raça ou conjunto de seres dotados de características mundial:
comuns. Em literatura, poderíamos dizer, de maneira Não me Deixes!
simplificada, que gênero literário é um conjunto de obras Debruçada nas águas dum regato
dotadas de características comuns. A flor dizia em vão
Desde Platão – filósofo grego do século V a.C. os A corrente, onde bela se mirava...
três gêneros fundamentais são: o lírico; o dramático e o ‘Ai, não me deixes, não!
narrativo. Essa tripartição, no entanto, é muito fixa. ‘Comigo fica ou leva-me contigo
Lembre-se de que um gênero predomina sobre outro, ‘Dos mares à amplidão,
em algumas obras, mas nunca haverá a expressão pura Límpido ou turvo, te amarei constante
de um só gênero. Assim, fundindo a tripartição ‘Mas não me deixes, não!’
tradicional (lírico, dramático e narrativo) com as E a corrente passava; novas águas
diferenciações apontadas pelas modernas teorias Após as outras vão;
literárias, temos quatro gêneros e suas respectivas E a flor sempre a dizer curva na fonte:
formas: ‘Ai, não me deixes, não!’
E das águas que fogem incessantes
Soneto À eterna sucessão
Poemas de forma fixa Balada Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
Rondó, etc... ‘Ai, não me deixes, não!
GÊNERO Por fim desfalecida e a cor murchada,
LÍRICO Ode Quase a lamber o chão,
Poemas de forma livre Ditirambo Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Elegia Que a não deixasse, não.
Canção,etc... A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
‘Não me deixaste, não!’”

VERSO: é uma sucessão de sílabas ou fonemas


formando uma unidade rítmica e melódica que
4 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

corresponde, normalmente, a uma linha do poema. 4. Emparelhada – AABB


5. Interpoladas – ABBA
ESTROFE OU ESTÂNCIA: é um agrupamento de 6. Misturadas - ABCD
versos. Ela pode ser classificada quanto ao número de 7. Aguda – palavras agudas ou oxítonas
versos: 8. Grave – rimas graves ou paroxítonas
9. Esdrúxula – palavras proparoxítonas
Monóstico 1 verso 10. Rica – palavras pertencentes a diferentes categorias
Dístico 2 versos gramaticais
Terceto 3 versos 11. Pobre – palavras pertencentes a mesma categoria
Quadra ou Quarteto 4 versos gramatical
Quintilha 5 versos
Sextilha 6 versos FIQUE ATENTO!
Septilha 7 versos
Oitava 8 versos Verso regular: é o verso cuja métrica se repete.
Nona 9 versos Verso livre: é o verso que não obedece a uma
Décima 10 versos regularidade métrica.
Verso branco: ausência de rima.
MÉTRICA: também chamada de escansão, é a
medida dos versos. OUTROS RECURSOS SONOROS

Ex.: “Mas / que / se/ja in/fi/ni/to en/quan/to /  Aliteração: repetição de sons consonantais.
du/re” Nessa cruz sacrossanta descobertos (Gregório de
1 2 3 4 56 7 8 9 10 Matos)

De acordo com o número de sílabas poéticas, os  Assonância: repetição de sons vocálicos.


versos recebem o nome de Ó Formas alvas, brancas, Formas claras (Antífona,
Cruz e Souza)
Monossílabo 1 sílaba poética.
Dissílabo 2 sílabas poéticas 2. GÊNERO NARRATIVO:
Trissílabo 3 sílabas poéticas
Tetrassílabo 4 sílabas poéticas O narrativo se faz por meio de épico ou da ficção.
Pentassílabo ou Contudo, nada impede que essas duas manifestações
Redondilha menor 5 sílabas poéticas se mesclem.
Hexassílabo 6 sílabas poéticas
Heptassílabo ou EPOPEIA
Redondilha maior 7 sílabas poéticas Gênero literário no qual prevalecem os relatos
Octossílabo 8 sílabas poéticas descritivos de ações heroicas. Os modelos mais
Eneassílabo 9 sílabas poéticas perfeitos são os poemas Ilíada e Odisséia, atribuídos ao
Decassílabo, heroicos ou poeta grego Homero( séc. VII a.C.), e Eneida, do
sáficos 10 sílabas poéticas poeta latino Virgílio (séc. I a.C.). O exemplo máximo
Hendecassílabo 11 sílabas poéticas da épica em língua portuguesa é Os Lusíadas, de Luís
Dodecassílabo ou Vaz de Camões.
Alexandrinos 12 sílabas poéticas
Versos bárbaros versos com mais de 12 FICÇÃO
sílabas poéticas A palavra ficção vem do latim “fictionem” ato de criação
de inventar, simular, criação da imaginação. Literatura
RITMO: em poesia, o ritmo ocorre através da de criação é portanto, aquela que contém uma história
alteração de sílabas acentuadas e não acentuadas, ou inventada ou fingida, resultado da imaginação criadora.
seja, sílabas que apresentam maior ou menor A Literatura de criação é a interpretação da vida por
intensidade em sua enunciação. Observe o ritmo do um artista através da palavra. Sua essência é narrativa,
verso seguinte: e sua espinha dorsal corresponde ao velho ato humano
de contar e ouvir histórias. Mas nem todas as histórias
“Cavaleiro das armas escuras” (Meu Sonho, Álvares são artes. Para que tenha o valor artístico, a ficção
de azevedo) exige uma técnica de arranjo e apresentação, que
comunicará à narrativa beleza de forma, estrutura e
RIMA: é um recurso musical, baseado na semelhança unidade. A ficção distingue-se da História e da
sonora das palavras do final dos versos e, às vezes, no Biografia, por estas serem narrativas de fatos reais.
interior dos versos (rima interna). Obra de ficção é, pois, uma reinterpretarão, uma
revisão do real sob a ótica do escritor.
NOÇÕES DE RIMA
ELEMENTOS DA NARRATIVA
1. Consoante – apresenta semelhança de consoantes e
vogais O mundo da ficção desenvolve-se ao redor dos
2. Toante – Apresenta semelhança na vogal tônica seguintes elementos estruturais:
3. Cruzada ou alternada – ABAB
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LITERATURA

c) Indireto livre: fusão entre narrador e personagem, ou


 Personagem: é a pessoa (de “persona”) que atua na seja, a fala da personagem insere-se no discurso do
narrativa. Pode ser: narrador.
Protagonista/secundária/acessória; Ex.: “Agora (Fabiano) queria entender-se com Sinhá
Herói/Anti-herói; Vitória a respeito da educação dos pequenos. E eles
Plana/redonda. estavam perguntadores, insuportáveis. Fabiano dava-se
bem com a ignorância. Tinha o direito de saber?
 Enredo: é a narrativa, a trama, a rede de ações. Pode Tinha? Não tinha.“
ser: linear ou retrospectiva.
 Linguagem e Estilo: É a vestimenta com que o autor
 Espaço: Local onde ocorre a cena em questão da reveste seu discurso, nas fala, nas descrições, nas
narrativa. narrações, nos diálogos ou nos monólogos. O Estilo
remete ao individual, à criação pessoal.
 Ambiente: O ambiente envolve as condições
materiais e espirituais em que se movimentam as ESPÉCIES DE NARRATIVAS:
personagens.
 Crônica: vem do grego “Khónos” e significa tempo.
 Tempo: é o elemento fortemente ligado ao enredo Em épocas passadas, todo cronista era estudioso de
numa sequência linear ou retrospectiva, ao passado, História, hoje chamado de historiador. Atualmente, o
presente e futuro com seus recuos e avanços. Pode termo é reservado para nomear uma modalidade
ser: narrativa breve, periódica, episódica e comunicativa.
Geralmente trata de temas do quotidiano,
Cronológico: quando avança no sentido do relógio acontecimentos diários.
(horas, dias, meses e anos) e/ou estações do ano.
 Conto: obra de ficção em prosa. O conto é uma
Psicológico: Narrado a partir das lembranças do microvisão do mundo, capta e condensa um núcleo
narrador. narrativo. Atualmente, são dotados de uma atmosfera
abstrata, fantástica.
 Ponto de vista ou Foco narrativo: tecnicamente,
podemos dizer que se refere às diferentes maneiras de  Romance; É fundamentalmente ficção, de narrativa
narrar. Geralmente, resumem-se em: escrita em prosa literária, estruturada em capítulos. O
romance veio substituir o poema épico tradicional que
a) Narrador onisciente ou heterodiegético: narrador cantava grandes feitos. O romance é mais amplo que o
conta a história como observador que sabe de tudo do conto. Tem maior número de personagens e o espaço
início ao fim da narrativa. Geralmente utiliza os verbos é detalhadamente descrito. O tempo pode apresentar
na terceira pessoa do discurso. dois planos: presente e passado. No conto, a narrativa
gira em torno de uma situação (núcleo narrativo); no
b) Narrador-personagem ou homodiegético: encarna- romance, há um trançado de eventos e situações.
se numa personagem. Geralmente utiliza os verbos na Lembre-se: o romance é a “epopéia” burguesa.
primeira pessoa.
c) Narrador protagonista ou autodiegético:  Novela: É a modalidade narrativa que se caracteriza
Assemelha-se ao narrador-personagem, no entanto, é pela sucessividade dos episódios. Assim a novela
narrado pela principal personagem da narrativa. condensa os elementos do romance. Os diálogos são
mais rápidos, as narrativas, diretas, tudo favorecendo a
Ademais, as focalizações do narrador também podem precipitação da história para o seu desfecho.
ser:
a) Neutral: Quando o narrador não interfere as suas
opiniões na narração;
b) Interventiva: Compreende a intervenção dos 3 - GÊNERO DRAMÁTICO: Textos dramáticos são
pensamentos do narrador na diegese (narrativa). aqueles em que a “voz narrativa” está entregue às
personagens, que contam a história por meio de
 Discurso: é o procedimento do narrador ao diálogos e monólogos.
reproduzir as falas ou pensamentos das personagens.
São três: A tragédia é uma peça teatral na qual figuram
personagens nobres e que procura, por meio da ação
a) Direto: o narrador utiliza o diálogo para reproduzir dramática, levar a plateia a um estado de grande tensão
falas ou pensamentos das personagens. emocional. Geralmente, as peças trágicas terminam
com um acontecimento funesto.
b) Indireto: não há diálogos. O narrador é intérprete das
personagens. Comédia:
Ex.: “Baiano velho perguntou para o rapaz se o jornal - temas alegres, leves
não tinha dado nada sobre a sucessão presidencial.” - aborda fatos do cotidiano
- personagens humanos, reais

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LITERATURA

O auto é uma peça curta, em geral de cunho religio-


so. As personagens representavam conceitos abstra- Uma lata existe para conter algo,
tos, como a bondade, a virtude, a hipocrisia, o peca- Mas quando o poeta diz: “Lata”
do, a gula, a luxúria. Isso fazia com que os autos Pode estar querendo dizer o incontível
tivessem um conteúdo fortemente simbólico e, muitas
vezes, moralizante. Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
A farsa é também uma pequena peça, só que seu Pode estar querendo dizer o inatingível
conteúdo envolvia situações ridículas ou grotescas.
Tinha como objetivo a crítica aos costumes. Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
ESTILOS DE ÉPOCA
Na lata do poetatudonada cabe,
Também chamado de Estética literária ou escolas, os Pois ao poeta cabe fazer
Estilos na qual os escritores e suas obras apresentam Com que na lata venha caber
características comuns que expressam, tanto no
conteúdo quanto na forma, as tendências da época que A metáfora é a figura de linguagem identificada
vivem ou atuam. São essas afinidades que fazem um pela comparação subjetiva, pela semelhança ou
movimento literário ser diferente do outro. analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil
Cada período literário descrevia a sociedade da época brinca com a linguagem remetendo-nos a essa
enfocando sua cultura, linguagem e ideias. conhecida figura. O trecho em que se identifica a
O estudo destes períodos literários nos ajuda a metáfora é:
compreender e a acompanhar melhor as mudanças
que aconteciam na sociedade. a) “Uma lata existe para conter algo”.

De um modo geral, podemos reconhecer ao longo da b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata'”.
história literária brasileira 2 momentos básicos:
c) “Uma meta existe para ser um alvo”.
1º) Literatura do Período Colonial (1500-1836)
Período em que a cultura portuguesa se impôs. d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.

- Literatura Informativa (Quinhentismo) e) “Que determine o conteúdo em sua lata”


- Barroco
- Arcadismo 02. O termo (ou expressão) destacado que está
empregado em seu sentido próprio, denotativo,
2º) Literatura do Período Nacional (1836 até os ocorre em:
nossos dias)
Marcado pelo esforço em alcançar uma autonomia a) “(....) É de laço e de nó De gibeira o jiló Dessa vida,
cultural mais vigorosa. cumprida a sol (....)” (Renato Teixeira. Romaria.
Kuarup Discos. setembro de 1992.)
- Romantismo
- Realismo/Naturalismo b) “Protegendo os inocentes é que Deus, sábio demais,
- Parnasianismo põe cenários diferentes nas impressões digitais.”
- Simbolismo (Maria N. S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s.n.b.)
- Pré-Modernismo
- Modernismo c) “O dicionário-padrão da língua e os dicionários
- Pós-Modernismo unilíngues são os tipos mais comuns de dicionários.
Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de
consumo obrigatório para as nações civilizadas e
EXERCÍCIOS desenvolvidas.”

01. (ESA – 2014) A forma fixa caracterizada por versos d) "Às vezes eu tenho a impressão... que a bateria dele não
heroicos ou alexandrinos dispostos em duas acaba!" (O Globo. O menino maluquinho: agosto de
quadras e dois tercetos é chamada: 2002)

a)haicai. e) “Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos


b) oitava. outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o
c) soneto. cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o
d) décima. cômico é o que é verdadeiramente trágico para se
e) espinela. fazer.”

02. Metáfora 03. Relacione as espécies literárias ao lado com suas


respectivas características dispostas abaixo e
Gilberto Gil assinale a alternativa correta:
I. Modalidade de texto literário que oferece uma amostra
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LITERATURA

da vida através de um episódio, um flagrante ou b) 2,3,1


instantâneo, um momento singular e representativo; c) 2,1,3
possui economia de meios narrativos e densidade na d) 1,3,2
construção das personagens. e) 1,2,3
II. À intensidade expressiva desse tipo de texto literário, à
sua concentração e ao seu caráter imediato, associa-se, 06. Leia o texto a seguir e responda o que se pede
como traço estético importante, o uso do ritmo e da sobre gêneros literários.
musicalidade.
III. Essa modalidade de texto literário prende-se a uma "Quem sabe se nesta terra
vasta área de vivência, faz-se geralmente de uma não plantarei minha sina?
história longa e apresenta uma estrutura complexa. Não tenho medo da terra
IV. Nos textos do gênero, o narrador parece estar ausente cavei pedra toda a vida
da obra, ainda que, muitas vezes, se revele nas rubricas e para quem lutou a braço
ou nos diálogos; neles impõe-se rigoroso contra a piçarra da caatinga
encadeamento causal. fácil será amansar
V. Espécie narrativa entre literatura e jornalismo, esta aqui, tão feminina"
subjetiva, breve e leve, na qual muitas vezes autor,
narrador e protagonista se identificam. João Cabral de Melo Neto. Morte e vida Severina.

( ) Poema lírico Quanto ao gênero literário, é correto afirmar sobre


( ) Conto o fragmento do texto lido:
( ) Crônica a) Não há lirismo, pois é feito para ser representado:
( ) Romance b) É narrativo, pelo cunho regionalista e social;
( ) Texto teatral c) É dramático, com uma linguagem fortemente poética;
d) É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza
a) II – I – V – III e IV. da linguagem;
b) II – I – V – IV e III. e) É mais épico que lírico ou dramático.
c) II – I – III – V e IV.
d) I – II – V – III e IV.
e) I – IV – II – V e III. 06. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

04. (ESPCEX – 2016) Assinale a alternativa que


apresenta exemplo de discurso indireto livre.

a) – Desejo muito conhecer Carlota – disse-me Glória, a


certo ponto da conversação. – Por que não a trouxe
consigo?
b) Omar queixou-se ao pai. Não era preciso tanta
severidade. Por que não tratava os outros filhos com o
mesmo rigor?
c) – Isso não pode continuar assim, respondeu ela; – é
preciso que façamos as pazes definitivamente.
d) Uma semana depois, Virgília perguntou ao Lobo
Neves, a sorrir, quando seria ele ministro. Ele Entre os recursos expressivos empregados no texto,
respondeu que, pela vontade dele, naquele mesmo destaca-se a
instante. a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
e) Daí a pouco chegou João Carlos e, após ligeiro exame, referir-se à própria linguagem.
receitou alguma coisa, dizendo que nada havia de b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
anormal... outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
pensa, com intenção crítica.
05. Associe os gêneros literários às suas respectivas d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu
características. sentido próprio e objetivo.
1 – Gênero lírico e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
2 – Gênero épico inanimadas, atribuindo-lhes vida.
3 – Gênero dramático

A sequência correta, de cima para baixo, é 07. (IFSC - 2015)


( ) Exteriorização dos valores e sentimentos coletivos.
( ) Representação de fatos com presença física de atores. Poema tirado de uma notícia de jornal
( ) Manifestação de sentimentos pessoais predominando,
assim, a função emotiva. João Gostoso era carregador de feira livre e morava no
morro da Babilônia num barracão sem número
a) 3,2,1 Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
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LITERATURA

Cantou de Casimiro de Abreu, atribuindo-lhe uma nova


Dançou “roupagem” discursiva, embora mantendo a mesma ideia
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu contida no texto original.
afogado. d) é uma citação, pois Oswald de Andrade incorpora a seu
texto partes do texto de Casimiro de Abreu, com quem
Fonte: BANDEIRA, Manuel. In: Manuel Bandeira. São dialoga. Todavia, por não expressar a citação entre aspas,
Paulo: Abril Educação, 1981, p. 65. caracteriza-se como plágio.

Sobre o texto, é CORRETO afirmar que: 09. (UEG– 2008) X. MAR PORTUGUÊS
a) É um texto não literário porque tem como objetivo
detalhar fatos e deve ser classificado como Ó mar salgado, quanto do teu sal
reportagem, e não como poema. São lágrimas de Portugal!
b) É um texto informativo por apresentar informações Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
sobre um acontecimento recente e, por isso, deve ser Quantos filhos em vão rezaram!
classificado como notícia. Quantas noivas ficaram por casar
c) É um texto descritivo, diferentemente do que consta no Para que fosses nosso, ó mar!
título, porque apresenta várias características físicas e
psicológicas do personagem João Gostoso. Valeu a pena? Tudo vale a pena
d) É um texto literário, possui traços narrativos porque Se a alma não é pequena.
apresenta uma sequência de acontecimentos, e deve Quem quer passar além do Bojador
ser classificado como poema, conforme consta no Tem que passar além da dor.
título. Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
e) É um texto instrucional porque indica como realizar Mas nele é que espelhou o céu.
uma ação, aproximando-se, por isso, de um manual de
instruções. PESSOA, Fernando. Mar Português. In: Antologia
Poética. Organização Walmir Ayala. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2014. p. 15.
08. (ACAFE – 2018) MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
[...]

O sentido da tirinha é construído a partir da relação


MEUS OITO ANOS que estabelece com os famosos versos de Fernando
Oswald de Andrade Pessoa: “Tudo vale a pena / Se a alma não é
pequena” (versos 7-8) O modo como esses dois
Oh que saudades que eu tenho textos se relacionam é chamado de
Da aurora de minha vida a) paráfrase
Das horas b) linearidade
De minha infância c) metalinguagem
Que os anos não trazem mais d) intencionalidade
Naquele quintal de terra e) intertextualidade
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais 10. (ESA – 2013) Em poesia, para determinar a
[...] medida de um verso, divide-se o verso em sílabas
poéticas. Esse procedimento
Sobre o poema de Oswald de Andrade, é correto tem o nome de
afirmar que: a) redondilha.
a) o autor usou um recurso denominado bricolagem, uma b) dístico.
vez que criou um texto a partir de fragmentos de diversos c) escansão.
outros textos com os quais dialoga, em um processo de d) métrica.
citação extrema. E) quintilha.
b) trata-se de uma paródia que, de forma tendenciosa,
pauta-se pela recriação de um texto com caráter
contestador e crítico, em tom jocoso.  A LITERATURA PORTUGUESA
c) constitui-se de uma paráfrase do texto Meus Oito Anos,
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LITERATURA

Como metrópole que colonizou o Brasil durante os A POESIA TROVADORESCA


anos de 1500 até 1822, Portugal exerceu grande influência
no nosso país em diversos ramos, inclusive nas artes. Como a Língua Portuguesa ainda estava em fase de
Parafraseando Drummond, a literatura, como arte da início e de constante transformação, ainda não se tinha
palavra, baseia-se em um desmembramento de um grande acesso à alfabetização pela população. Esta dificuldade de
leque de opções pertencentes à arte. acesso à escrita e ao domínio das letras possibilitou a
Sendo assim, a literatura brasileira, ainda inexistente junção da poesia e da música durante o Trovadorismo.
durante os períodos medievais, vai ser projetada conforme Aliás, este nome tem origem na expressão trovador que
os moldes europeus e vindos de Portugal. significa pessoas que deviam ser capazes de compor os
As três grandes escolas literárias que compreendem os versos e achar a melodia correta.
primeiros anos desse país são o Trovadorismo, o
Humanismo e o Classicismo. OBS: Aliado a isto, ainda tinha-se o uso dos instrumentos
musicais para trazer a musicalidade para suas
TROVADORISMO (1198 – 1498) composições. Daí, surge a ideia do gênero lírico que
utilizava a lira e flauta, e também as características de
Contexto Histórico ritmo, rima e métrica presentes na estrutura do poema.
O Trovadorismo compreende o período medieval da
Europa em que Portugal ainda estava em gênese de sua
formação. Diante de tantas batalhas contra os mouros A poesia trovadoresca foi dividida em dois grandes
(árabes) que dominaram as terras portuguesas que, até grupos:
então não eram unificadas, durante 7 séculos, Portugal
inicia então a sua constituição.  Lírico amorosa:
Foi através da Guerra da Reconquista, após a expulsão
dos muçulmanos da Península Ibérica, que criou-se as  Cantigas de amor:
Terras Portucalenses.  Nas cantigas de amor o trovador confessa a dor
Afonso VI foi o nome de maior destaque durante a de um amor impossível devido à diferença de
retomada das terras portucalenses, e por conta disso, classes. A amada tinha classe superior, enquanto
nesse período, Raimundo e Henrique de Borgonha, ele participava de uma classe inferior.
guerreiros que lutaram contra os mouros, receberam,
 Utiliza as expressões mia senhor ou mia dona =
como recompensa, as filhas do rei Afonso VI em
minha senhora, para demonstrar a subserviência
casamento, bem como as terras. Além disso, o rei Afonso
do eu lírico à amada;
VI foi o responsável pelo reino de Castela e pela
unificação do Reino de Leão e da Galícia.  Tem a presença do amor cortês com extremo
Salienta-se que os Reinos das Terras Portucalenses eram 5: cuidado e zelo para não manchar a imagem da
amada;
 Reino de Leão;
 Uso de pseudônimos.
 Reino de Castela;
 Reino de Aragão;
 Cantigas de amigo:
 Reino de Navarra;
 As canções tem como tema o sofrimento da
 Reino da Galícia. mulher;
 O eu lírico é feminino mas o autor é um homem,
Henrique de Borgonha casou-se com D. Tereza e
pois naquela época as mulheres não tinham
herdou o condado Portucalense. Anos depois, seu filho,
acesso à literatura e nem à alfabetização;
Afonso Henriques, foi o responsável por formar a dinastia
de Borgonha, que durou até 1383. Este último também  As mulheres representadas pertencem às classes
ficou conhecido por, com apenas 17 anos, se autodeclarar mais pobres da sociedade;
independente e rei, e ir pedir o reconhecimento ao Papa  O eu lírico feminino confessa o seu amor pelo
de seu reinado, o que claramente, não foi possível. A amado para a mãe, para as amigas e para a
partir daí, Afonso Henriques lutou pela independência de Natureza de maneira geral;
seu condado dos Reinos que estavam sobre o poder do  Utiliza a expressão meu amigo = namorado,
primo, Afonso VI. amante.

Vale ressaltar também que durante esse período,  Satíricas:


Portugal passava pela Idade Média e, consequentemente,
estava imerso no Regime Feudal. Ademais, com o declínio  Cantigas de escárnio:
do Império Romano, a partir dos séculos IV e V, o latim  Apresenta uma linguagem irônica e sarcástica;
vulgar, língua oficial de Roma, passou a sofrer  Tem a presença do duplo sentido;
modificações entre os povos dominados. Foi nesse longo
 Sátira de maneira implícita e “às escondidas.”
período da Idade Média que começaram a surgir as línguas
neolatinas, como o português, o espanhol, o francês, o
italiano, o romeno e o catalão. No entanto, foi apenas no  Cantigas de maldizer:
século XIV que o português surgiu como língua oficial; as  Diferentemente das de escárnio, possui uma
cantigas dos trovadores foram, portanto, escritas em um sátira contundente e explícita;
outro dialeto: o provençal.  Linguagem muitas vezes associada ao
pornográfico;
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LITERATURA

 Palavras de baixo calão;


 Objetiva e direta. José de Arimateia foi publicado finalmente em 1967, mas
foi traduzido no século XIV. Pertence à trilogia da
OBS: Geralmente, as cantigas de escárnio e de maldizer Demanda do Santo Graal, se encaixando como a segunda
estavam associadas aos estilos de vida boêmios e parte. Envolve um misticismo a partir da visão de José de
marginal, e circulavam nas tavernas. Arimateia que recebe um pequeno livro (A Demanda do
Santo Graal). Diante disso, ele parte para Jerusalém onde
convive com Cristo, acompanha-o no martírio da
Os poetas, no Trovadorismo, recebiam outros nomes de crucificação e recolhe o seu sangue no Santo Vaso.
acordo com a seguinte classificação: Recebe a ordem de Deus para escondê-lo. Tendo feito
 Trovador: aquele que compunha, canta e tocava; isso, morre em Sarras. A narrativa termina com Galaaz
indo em busca do Santo Graal.
 Jogral: aquele que apenas cantava e tocava
(algumas vezes poderia virar um trovador se
A Demanda do Santo Graal corresponde à terceira parte
compusesse sua própria canção);
da trilogia. A lenda, de origem céltica, foi inicialmente
 Segrel: apenas interpretava a canção de outros cantada em verso com Perceval como herói. Por volta de
trovadores; 1220, na França, de acordo com pressão religiosa cristã,
 Menestrel: tocava e cantava nas cortes. tem a sua prosificação e a troca de Perceval por Galaaz.
Assim, a lenda que antes tinha cunho paganista passa a ser
cristã e é utilizada no intuito de catequização dos fiéis. Por
A PROSA TROVADORESCA isso, esta obra refere-se à uma novela de cavalaria mística
e simbólica, sobretudo para a Igreja Católica.
A principal manifestação da prosa durante a Idade Na narrativa, todos os cavaleiros lutam para chegar à
Média portuguesa foi através das novelas de cavalaria. comunhão máxima e sobrenatural, mas apenas um o
Originárias da Inglaterra e/ou da França, e de caráter logra: Galaaz. O escolhido, ele simboliza um novo Cristo,
tipicamente medieval, as novelas de cavalaria surgem da ou um Cristo sempre vivo, que parte em peregrinação
prosificação das canções de gesta que eram poesias com pelo mundo. Ao lado dele tem Boorz e Perceval, e mais
temas de guerreiros. Sendo assim, nesta prosa medieval, o distantes, Trisão, Palamades, Erec, Galvão, Ivam, Estor,
herói será o cavaleiro medieval, e o conteúdo deixará de Morderet, Meuragis e outros. (Simbolizando os discípulos
ser cantado e passará a ser lido. de Jesus)
As novelas de cavalaria adentram Portugal no século Em torno da távola redonda do Rei Artur, dezenas de
XIII, durante o reinado de Afonso III. Seu meio de cavaleiros esperavam ansiosamente a chegada do cavaleiro
circulação era, majoritariamente, na realeza e na fidalguia. misterioso que iria ocupar a cadeira perigosa. Surge então
Galaaz, filho de Lancelote. O Rei Artur conduz todos até
OBS.: Nessa época não se tem notícia de novelas de a praia, onde Galaaz dá prova de sua destinação como
cavalaria autenticamente portuguesas. Dessa maneira, cavaleiro eleito: consegue retirar a espada encravada numa
todas eram traduzidas do francês para o português. pedra flutuante, façanha que nenhum cavaleiro conseguira
realizar. À noite, reunidos em torno da távola redonda
para a ceia, os cavaleiros são surpreendidos pela aparição
As novelas de cavalaria foram divididas em três ciclos: do misterioso vaso, o Santo Graal, que a todos ilumina
com a Graça do Espírito Santo e os nutre com a luz de
 Ciclo Bretão ou Arturiano: Tinha como principal um místico alimento. Sobressaltados e extasiados com a
personagem o Rei Artur e os seus cavaleiros; experiência mística, os cavaleiros do Rei Artur juram não
 Ciclo Carolíngio: Em torno de Carlos Magno e descansar enquanto não encontrassem o cálice sagrado
os dozes pares de França; que os iluminaria com a graça celestial.
 Ciclo clássico: Temas relacionados à novelas de Inicia aí a demanda, a busca pelo Santo Graal, de
temas greco-latinos. forma que somente Perceval, Boors e Galaaz resistem e,
destes, coube a Galaaz o prêmio de, como o cavaleiro
Tratando-se de Portugal, apenas o Ciclo es­colhido, gozar a graça da vida “espiritual” antes de se
Arturiano/Bretão teve grande influência na Literatura des-pojar da carcaça terrena.
Trovadoresca. Os outros dois aparecem em menor grau Após a “consagração” de Galaaz, a novela continua
de produção. com a narrativa do caso amoroso adulterino de Lancelote,
pai de Galaaz, e da rainha Ginebra, esposa do Rei Artur.
Logo, as principais novelas de cavalaria em Portugal Segue-se o colapso do reino de Logres e a morte de Artur,
foram durante o ciclo bretão ou arturiano. Nomes como no meio de sangue, traições e lágrimas.
A História de Merlim, José de Arimateia e A Demanda do Santo
Graal. HUMANISMO (1478-1527)

A história de Merlim, primeira obra da trilogia, refere-se Contexto Histórico:


à narração sobre o mago Merlim muito conhecido na • Revolução popular em 1383: revolta do povo em
narrativa do Rei Artur e que profetiza a chegada de um relação aos casos extraconjugais de D. Leonor Teles e
cavaleiro escolhido. No entanto, a tradução portuguesa a associação entre o reino de Portugal e o da Espanha,
desapareceu com o tempo e sobrou apenas a versão representado pelo Conde de Andeiro;
espanhola. • Morte de D. Fernando, esposo de D. Leonor Teles;
• O Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I lidera
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LITERATURA

a revolução contra D. Leonor e assume o trono caraterísticas medievais, e de atualidade: contendo o


tornando-se D. João I. retrato satírico da sociedade e suas classes sociais;
• Possibilitou maior evolução das Letras e da produção • Trazia a espontaneidade e o improviso;
literária; • Utiliza da graça e do riso com base na caricatura para
• Início do antropocentrismo no século XV; provocar críticas sociais.
• Descobertas e conquistas ultramarinas e a tomada de
Ceuta em 1415. NOVELA DE CAVALARIA

O CRONISTA Amadis de Gaula (1508):


A obra retrata a história de Amadis, um cavaleiro
Fernão Lopes (1378?-1383): andante, amoroso e sentimental que vive à serviço cortês,
 Recebeu de D. Duarte a missão de escrever a partir da identificação constante e obsessiva à amada.
crônicas sobre o reinado português desde D. Este traço medieval vem em consonância com o
Henrique a D. João I; platonismo amoroso e o grande e mortal desejo entre os
 Autor de Crônica D’El-Rei D. Pedro, Crônica amantes: Amadis e Oriana. Inicia-se um despertar da
d’El-Rei D. Fernando e Crônica d’El-Rei D. sensualidade que vai de encontro aos valores medievais.
João I; Após o casamento com Oriana, Amadis começa a
 Atribuiu à literatura a historiografia e o literário; humanizar-se e apresenta os valores do homem moderno,
representando o início da Idade Moderna.
 Considerado “o pai da História de Portugal”
devido aos seus relatos historiográficos;
 Considerou em suas produções os movimentos CLASSICISMO (1527-1580)
de massa na configuração dos acontecimentos:
As festas noturnas de D. Pedro e a revolta
popular de 1383; Contexto Histórico:
 Considera os fatores econômicos e psicológicos • Renascimento: movimento artístico, filosófico, social,
do processo histórico; cultural e científico que marcou a passagem do
 Prosa de linguagem arcaica e medieval oriundo homem medieval para o homem moderno,
das novelas de cavalaria; priorizando a razão;
• Expansão marítima;
A PROSA DOUTRINÁRIA • A descoberta do caminho para as Índias em 1498;
• “Descobrimento” do Brasil em 1500;
• Majoritariamente escrita por monarcas, visto que • Transformação de Lisboa em centro comercial de
utilizava o efeito moralizante para o adestramento primeira grandeza;
físico e social para a guerra; • Exacerbação do luxo português;
• O culto da caça; • Inicia a partir do retorno de Sá Miranda da Itália e
• Equilíbrio entre a saúde do corpo e do espírito. chegada a Portugal com as novas tendências clássicas.

A POESIA HUMANISTA Características:


• Racionalidade;
• A poesia desliga-se dos compromissos musicais e • Antropocentrismo: o homem é o centro e medida para
passa a ser composta para a leitura/declamação; todas as coisas;
• Utilização da métrica, ritmo, rima para garantir a • A mitologia greco-latina;
musicalidade do poema. • Olhar horizontal em detrimento do olhar vertical;
• Cientificismo;
O TEATRO POPULAR DE GIL VICENTE • Estética clássica: culto à forma fixa (verso decassílabo,
o terceto, o soneto, a epístola, a elegia, a canção, a ode,
• Originário da França, com caráter religioso, e que após a oitava, a égloga);
ser representado pelo povo, tornou-se profano; • A mimese dos clássicos gregos;
• Disseminou-se pelas feiras, mercados, burgos e • Equilíbrio;
castelos da Europa; • Impessoalidade;
• Teve em Gil Vicente (1465/1466-1536/1540) o seu • Universalidade.
maior representante;
• Teatro corresponde em três fases: OBS.: Maneirismo: Estética intervalar entre o
 1ª fase (1502-1514): Influência de Juan del Classicismo e o Barroco, escola posterior da Literatura
Encina; Portuguesa. Visto como o movimento que tentou unir os
 2ª fase (1515-1527): Ápice da carreira dramática extremos clássicos e barrocos
de Gil Vicente. Trilogia das Barcas (1517-1518),
Auto da Alma (1518), A farsa de Inês Pereira
(1523), O Juiz da Beira (1525);
 3ª fase (1528): Características renascentistas e
intelectuais nas peças. Auto da Feira (1536).

• Pode ser dividido em tradicional: quando apresenta

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LITERATURA

A POESIA CLÁSSICA subdividem em:


 Proposição: o poeta se propõe a cantar os feitos
Luís Vaz de Camões (1524/1525-1580): bélicos de homens importantes;
 Invocação: chamamento e louvor das musas do
rio Tejo: as Tágides;
 Oferecimento: Dedicação ao D. Sebastião, Rei
de Portugal;
 Narração (Estrofe 19 a 144):
Os caminhos marítimos vividos pelos navegadores;
 Epílogo (Estrofe 145 a 156):
Desfecho das personagens e da viagem.

Enredo:

Após a dedicatória ao D. Sebastião, a narração inicia


com os navegantes e os deuses da mitologia grega. Júpiter
os abençoa, enquanto Baco discorda. Com a adesão de
Vênus e Marte a Júpiter, o concílio dos deuses decidem
abençoar os navegantes. Assim, estes chegam a
Moçambique. Baco prepara-lhe uma cilada, mas o
comandante da frota contorna-o e segue a viagem. Baco
ainda apronta algumas outras armadilhas para os
Maior representante clássico da Literatura Portuguesa; navegantes portugueses, mas é descoberto graças a Vênus
 Foi “desterrado” para longe da Corte em sua que roga por maior proteção aos homens.
juventude devido à amores proibidos; Quando chegam a Melinde, local onde são muito bem
 Teve como inspiração os poetas clássicos: recebidos, Vasco da Gama começa a contar a história de
Virgílio, Homero, Horácio e Petrarca; Portugal para o Rei de Melinde. A partir daí ele passa por
 Exilou-se como soldado em Ceuta e perde um D. Henrique de Borgonha até as batalhas históricas como
olho, retornando para Lisboa; a Batalha de Aljubarrota e desemboca na fala do Velho do
 Enviado para a expedição rumo às Índias em Restelo, um personagem importante na narrativa, pois
1553; representa a fala contrária ao desejo de vitória e
 Em 1556 é nomeado provedor mor dos bens de descoberta dos navegantes. Dando continuidade Gama
defuntos e ausentes em Macau; prossegue a sua narrativa sobre a primeira parte da
viagem, detendo-se nas peripécias mais importantes: o
 Acusado de prevaricação, vai a Goa para
fogo de Santelmo, a tromba marinha e o episódio do
julgamento, mas naufraga no rio Mecon;
Gigante Adamastor.
 Salva-se juntamente com uma parte de Os Baco ainda continua tentando prejudicar a frota
Lusíadas; portuguesa e decide descer ao fundo do mar para incitar
 Em 1567 é preso novamente em Moçambique os deuses marinhos contra a frota. Éolo, deus dos ventos,
devido à dívidas; decide soltá-los, mas Vênus envia as ninfas amorosas para
 Em 1569 retorna para Portugal e publica, em abrandar o furor dos ventos. Cessada a tormenta, chegam
1572, Os Lusíadas a maior e melhor epopeia a Calecut e uma última tentativa do deus Baco é
portuguesa; novamente desfeita. Ao chegar na Ilha dos Amores os
 Faleceu em 10 de junho de 1580 após sofrer com navegantes são favorecidos pelas ninfas em recompensa
a miserabilidade da pobreza. dos seus feitos heroicos. Depois do banquete, Tethys
conduz Vasco da Gama ao topo do monte e mostra-lhe a
Principal obra: máquina do mundo e o futuro glorioso de Portugal.
Os Lusíadas (1572):
A epopeia camoniana, considerada como a Bíblia da Análise:
Nacionalidade de Portugal, constituiu um retrato feliz e de  Representa a partir das figuras ficcionais o novo
muitas vitórias do povo português durante os anos de espírito trazido pela Renascença;
1500. Devido à expansão marítima e o achamento do  Vasco da Gama, na verdade, não é o herói, pois
Novo Mundo: Índia e Brasil, a sociedade portuguesa aqui o herói é o povo português representado
passou a vangloriar-se por sua grandeza e por seus feitos por este personagem e pelos navegantes;
sob o comando do digníssimo Rei D. Sebastião.  Episódios líricos/ficcionais: Ilha dos Amores, Os
Este poema narrativo tem como núcleo a viagem doze da Inglaterra, Inês de Castro, o Gigante
empreendida por Vasco da Gama, representante da nação Adamastor e o Velho do Restelo;
portuguesa, a fim de estabelecer o contato marítimo com
 Dualidade entre o maravilhoso e o racionalista;
as Índias. Composto por 10 cantos, 1102 estrofes e 8816
versos decassílabos heroicos, Os Lusíadas é a  Ufanismo e nacionalismo;
representação da melhor poesia clássica até os dias atuais.  Mitologia e seres mitológicos;
 Valorização da forma;
A epopeia divide-se em cinco partes:  Antropocentrista.
 Introdução (18 primeiras estrofes) que se
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LITERATURA

Principais cantos:
Canto V – O gigante Adamastor
Canto III – Inês de Castro Adamastor surge no Cabo da Boa esperança ou Cabo
D. Pedro era casado com Constança e tinha como sua das Tormentas. Por ter seduzido a ninfa Tétis, esposa do
amante Inês de Castro. Sua paixão foi descoberta pela deus Peleu, foi por ele transformado em rocha como
corte portuguesa e todos reprovavam sua vida de amor vingança. O Gigante prometeu destruir qualquer navio
dupla. Por isso, ele manda Inês para um castelo distante, que passasse por ele. Por isso, o local era representado
em Albuquerque. como uma nuvem carregada e pela tempestade.
Com a morte de D. Constança em um trabalho de
parto, D. Pedro fica livre para trazer Inês de volta e com Com isso, vê-se a representação mitológica da obra.
ela teve 4 filhos. Porém, o pai de D. Pedro, enquanto este Quanto à lírica, é uma das passagens mais importantes, já
estava fora em batalha, manda matar Inês. Seu filho ainda que representa o medo dos portugueses de atravessarem o
não tinha se casado com ela e seu pai não a queria para o Oceano Índico e o Atlântico, repleto de monstros,
filho, nem queria deixar o reino para algum dos 4 netos gigantes, penhascos e seres sobrenaturais.
que já tinha.
Assim, quando D. Pedro voltou e viu sua mulher Converte-se-me a carne em terra dura;
morta, mandou desenterrá-la, coroou-a e fez com que
toda a corte beijasse a mão da nova rainha como forma de Em penedos os ossos se fizeram;
vingança.
Estes membros que vês, e esta figura,
Passada esta tão próspera vitória,
Por estas longas águas se estenderam.
Tornado Afonso à Lusitana Terra,
Enfim, minha grandíssima estatura
A se lograr da paz com tanta glória
Neste remoto Cabo converteram
Quanta soube ganhar na dura guerra,
Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas,
O caso triste e digno da memória,
Me anda Tétis cercando destas águas.
Que do sepulcro os homens desenterra,
Canto IX – A ilha dos Amores
Aconteceu da mísera e mesquinha Quando a esquadra completa a viagem Vênus os
recompensa com um momento de descanso na Ilha dos
Que depois de ser morta foi Rainha. Amores, paraíso natural que era a imagem que se tinha do
Brasil, recém descoberto. É lá que a Máquina do Mundo é
Canto IV – O Velho do Restelo apresentada aos portugueses com inúmeras profecias.
Em meio à despedida dos navegantes em suas naus,
surge uma figura de um senhor desconhecido que inicia a Neste canto acompanhamos o encontro do plano
sua fala como uma negação ao desejo de descobrimento e mítico dos deuses com o plano histórico dos homens. Os
de glórias de Portugal. O Velho do Restelo começa a portugueses são elevados à condição de deuses. Nessa ilha
amaldiçoar a viagem e classifica aquela empreitada como eles encontram ninfas que foram flechadas pelo cupido.
um grande risco à vida e ao futuro português em busca da Vendo os portugueses ficam apaixonadas. Eles recebem
pura vaidade humana: o ouro, a fama e o poder. também um banquete e cada um ouve a previsão para o
Numa análise mais detalhada, percebe-se que este seu futuro. Vênus mostra ainda, a Vasco da Gama, uma
personagem representa o homem medieval que ainda esfera perfeita e mágica: a Máquina do Mundo.
estava imerso num sistema feudal, contra os avanços
científicos e a expansão marítima. Vês aqui a grande máquina do mundo,

—Ó glória de mandar! Ó vã cobiça Etérea e elemental, que fabricada

Desta vaidade, a quem chamamos Fama! Assim foi do Saber alto e profundo,

Ó fraudulento gosto, que se atiça Que é sem princípio e meta limitada.

C’uma aura popular, que honra se chama! Quem cerca em derredor este rotundo

Que castigo tamanho e que justiça Globo e sua superfície tão limada,

Fazes no peito vão que muito te ama! É Deus: mas o que é Deus ninguém o entende,

Que mortes, que perigos, que tormentas, Que a tanto o engenho humano não se estende.

Que crueldades neles experimentas!

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LITERATURA

Embora muito conhecido pela produção épica, verificando- se, porém, nos versos de Camões, certa
Camões também foi um grande poeta que cultivou os resistência do ser amado.
temas líricos amorosos em suas poesias, tal como no d) A dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o
poema abaixo. ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a
realização concreta.
e) O “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados,
Amor é fogo que arde sem se ver nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.

Amor é fogo que arde sem se ver; 02. (ESPCEX – 2019) Em relação ao Classicismo, que
É ferida que dói e não se sente; se desenvolveu durante o século XVI, marque a
É um contentamento descontente; alternativa correta.
É dor que desatina sem doer; a) Esse movimento literário possibilita a expressão da
condição individual, da riqueza interior do ser humano
É um não querer mais que bem querer; que se defronta com sua inadequação à realidade.
É solitário andar por entre a gente; b) A poesia dessa época adota convenções do bucolismo
É nunca contentar-se de contente; como expressão de um sentimento de valorização do
É cuidar que se ganha em se perder; ser humano.
c) Os poetas pertencentes a esse período literário
É querer estar preso por vontade; perseguiam uma expressão equilibrada, sóbria, capaz
É servir a quem vence, o vencedor; de transmitir o domínio que a razão exercia sobre a
É ter com quem nos mata lealdade. emoção individual, colocando o homem como centro
de todas as coisas.
Mas como causar pode seu favor d) Os autores dessa estética literária procuraram retratar a
Nos corações humanos amizade, vida como é e não como deveria ou poderia ser.
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Perseguem a precisão nas descrições, principalmente
pela harmonização de detalhes que, somados,
Luís Vaz de Camões reforçam a impressão de realidade.
e) A poesia desse período passa a ser considerada um
esforço de captação e fixação das sutis sensações
EXERCÍCIOS produzidas pela investigação do mundo interior de
cada um e de suas relações com o mundo exterior.
01. Texto I
03. (ESPCEX – 2016) Leia o soneto a seguir e
XLI marque a alternativa correta quanto à proposição
Ouvia: apresentada.
Que não podia odiar
E nem temer Se amor não é qual é este sentimento?
Porque tu eras eu. Mas se é amor, por Deus, que cousa é a tal?
E como seria Se boa por que tem ação mortal?
Odiar a mim mesma Se má por que é tão doce o seu tormento?
E a mim mesma temer. Se eu ardo por querer por que o lamento
HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento). Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Texto II Tanto podes sem meu consentimento.
E se eu consinto sem razão pranteio.
Transforma-se o amador na cousa amada A tão contrário vento em frágil barca,
Transforma-se o amador na cousa amada, Eu vou por alto-mar e sem governo.
por virtude do muito imaginar; É tão grave de error, de ciência é parca
não tenho, logo, mais que desejar, Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
pois em mim tenho a parte desejada. E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
Camões. Sonetos.
(Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. O artista do Classicismo, para revelar o que está
Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento). no universo, adota uma visão
a) subjetiva.
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de b) idealista.
Camões, a temática comum é c) racionalista.
d) platônica.
a) O “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se e) negativa.
realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres
em um só.
b) A fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos
versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que
odeia a si mesmo.
c) O “outro” que se confunde com o eu lírico,

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LITERATURA

04. 07. (ESPCEX – 2005) Camões(1525?-1580), nome


citado no texto, foi um dos maiores escritores da
língua portuguesa. Sobre Camões, é correto afirmar
que
[A] escreveu "A Odisséia", grande epopéia que narra a
viagem de Vasco da Gama às Índias.
[B] compôs poemas líricos, cuja temática era apoiada na
visão platônica do amor.
[C] escreveu "Os Lusíadas", o maior poema épico da
língua portuguesa, que narra as aventuras de Ulisses em
sua viagem para Tróia.
[D] compôs poemas religiosos, cujas figuras de linguagem
predominantes são a antítese e a metáfora.
[E] buscou em seus poemas líricos somente exaltar a
pátria.
Podemos associar corretamente essa pintura ao
a) Trovadorismo, pois os artistas compunham e cantavam 08. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
para os integrantes da Corte cantigas sobre as façanhas O dia em que nasci moura e pereça
dos cavaleiros medievais.
b) Trovadorismo, pois as cantigas líricas e satíricas, O dia em que nasci moura e pereça,
escritas em versos, eram cantadas pelos artistas ao som Não o queira jamais o tempo dar;
de instrumentos de corda. Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
c) Humanismo, visto que as personagens do teatro de Gil Eclipse nesse passo o Sol padeça.
Vicente, como os trovadores e os jograis, eram em sua
maioria nobres e constituíam a elite da época. A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,
d) Classicismo, pois os temas presentes nas cantigas líricas Mostre o Mundo sinais de se acabar,
e satíricas vêm das narrativas da mitologia greco-latina. Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
e) Classicismo, visto que Camões inspirou-se, para A mãe ao próprio filho não conheça.
escrever Os Lusíadas, nas cantigas trovadorescas que
narravam as aventuras dos navegantes portugueses. As pessoas pasmadas, de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
05. (ESPCEX – 2013) Epopeia é uma longa narrativa Cuidem que o mundo já se destruiu.
em versos que ressalta os feitos de um herói,
protagonista de fatos históricos ou maravilhosos. Ó gente temerosa, não te espantes,
A maior das epopeias da Língua Portuguesa é Que este dia deitou ao Mundo a vida
“Os Lusíadas”, de Camões, em que o grande Mais desgraçada que jamais se viu!
herói celebrado é
a) Diogo Álvares Correia. CAMÕES, Luis Vaz de. 200 sonetos. Porto Alegre:
b) Fernão de Magalhães. L&PM, 1998.
c) O Gigante Adamastor.
d) Vasco da Gama. No poema é possível localizar uma crise do
e) Cristóvão Colombo. humanismo renascentista que se expressa de forma:
a) realista.
06. (ESPCEX – 2005) O Renascimento é a expressão b) fatalista.
artística e cultural de uma época marcada por fatos c) romântica.
decisivos, que acentuaram o declínio da Idade Média d) otimista.
e deram origem à Idade Moderna. Sobre esse e) idealista.
período, pode-se afirmar que
[A] em Portugal, os textos eram escritos em galego- 09. Considere o trecho para responder à questão.
português, já que havia integração cultural e artística entre
Portugal e Galícia. No final do século XV, a Europa passava por grandes
[B] Dante Alighieri e Petrarca são os escritores que, em mudanças provocadas por invenções como a bússola,
Portugal, melhor representam esse momento cultural pela expansão marítima que incrementou a indústria
vivido pela pátria. naval e o desenvolvimento do comércio com a
[C] o homem dessa época se volta para a realidade substituição da economia de subsistência, levando a
concreta e acredita em sua capacidade de dominar e agricultura a se tornar mais intensiva e regular. Deu-
transformar o mundo. se o crescimento urbano, especialmente das cidades
[D] as influências da cultura greco-latina e o olhar do portuárias, o florescimento de pequenas indústrias e
homem voltado essencialmente para as coisas do espírito todas as demais mudanças econômicas do
nortearam a cultura do período. mercantilismo, inclusive o surgimento da burguesia.
[E] nesse período, os poetas cultivaram a poesia épica,
deixando de lado a poesia lírica, já que esta propõe a Tomando-se por base o contexto histórico da época e
realização física do amor. os conhecimentos a respeito do Humanismo, marque
(V) para verdadeiro ou (F) para falso e assinale a

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LITERATURA

alternativa correta. descobertas. Eram de grande importância porque


registravam as condições de vida e a mentalidade dos
( ) O Humanismo é o nome que se dá à produção primeiros colonizadores e habitantes das novas terras.
escrita e literária do final da Idade Média e início da Por isso que estes textos passaram a ser chamados de
moderna, ou seja, parte do século XV e início do XVI. Literatura informativa sobre o Brasil. Além disso
( ) Fernão Lopes é um importante prosador do houve também a literatura dos jesuítas, esta com um
Humanismo português. Destacam-se entre suas obras: objetivo mais religioso.
Crônica Del-Rei D. Pedro I, Crônica Del-Rei Fernando e
Crônica de El-Rei D. João. Os autores de destaque foram:
( ) Gil Vicente é um importante autor do teatro Pero Vaz de caminha e Padre José de Anchieta.
português e suas principais obras são: Auto da Barca do Muitos são as histórias dos viajantes que compararam
Inferno e Farsa de Inês Pereira. o Novo Mundo ao Paraíso. Américo Vespúcio, que
( ) Gil Vicente é um autor não reconhecido em esteve no Brasil em 1503, Cristóvão Colombo, que foi
Portugal, em virtude de sua prosa e documentação o descobridor da América, e outros navegantes que
histórica não participarem da cultura portuguesa. escreveram cartas aos papas relatando terem
a) V, V, V, F. encontrado o “Paraíso terreal”.
b) V, F, V, V. Diferentes dos europeus colonizadores, os índios que
c) F, V, V, F. viviam naquela região não tinham as doenças graves
d) V, V, F, F. dos brancos, e nem conheciam a noção do pecado,
eles viviam livres em suas terras em um regime de
10. (UFRGS 2005) Assinale com V (verdadeiro) ou F igualdade, comunhão de bens e decisões comunitárias.
(falso) as afirmações a seguir, relacionadas aos A carta de pero Vaz de Caminha possui um grande
Cantos I a V da epopeia "Os Lusíadas", de Camões. valor histórico, mas um duvidoso valor literário já que
sua carta teve o objetivo de informar a situação
( ) A presença do elemento mitológico é uma forma de encontrada na nova terra.
reconhecimento da cultura clássica, objeto de admiração e
imitação no Renascimento. Os dois grandes interesses presentes na carta de
( ) A disputa entre os deuses Vênus e Baco, da Caminha são:
mitologia clássica, é um recurso literário de que Camões - Interesse material (ouro e prata).
faz uso para criar o enredo de "Os Lusíadas". - Interesse espiritual (catequese dos índios).
( ) Do Canto I ao Canto V, leem-se as peripécias da - Descrição da flora, fauna e a geografia tanto dos
viagem dos portugueses até sua chegada à Índia, quando nativos, como da própria terra.
eles tomam posse daquela terra.
( ) No Canto II, lê-se a narração da viagem dos Agora tem-se alguns trechos da “carta a El-rei Dom
portugueses a Melinde, cujo rei pede a Camões que conte Manuel”, por Pero Vaz de Caminha:
a história de Portugal.
“E neste dia, a hora de véspera, houvemos vista de terra, isto é,
A sequência correta de preenchimento dos primeiramente d’um grande monte, mui alto e redondo, e
parênteses, de cima para baixo, é d’outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes
a) V - V - V - F. arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte
b) V - F - F - V. Pascoal e a terra a terra de Vera Cruz.
c) F - V - F - V.
d) F - F - V - F. E dali houvemos vista d’homens, que andavam pela praia, de 7
e) V - V - F - F. ou 8, segundos os navios pequenos disseram, por chegarem
primeiro.(...) A feição deles é serem pardos, maneira
d’avermelhados, de bons rostos e narizes, bem feitos. Andam
3. PERÍODO COLONIAL I nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa
QUINHENTISMO/BARROCO cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com
tanta inocência como tem em mostrar o rosto.

Literatura de informação O capitão, quando eles vieram, estavam assentado em uma


cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestidos, com
A Carta a EL-rei d.Manuel é o um colar d’ouro mui grande ao pescoço. (...)Um deles, porém,
primeiro de uma serie de textos pôs olho no colar do capitão e começou d’acenar com a mão para
sobre o Brasil, é um real registro do a terra e depois para o colar, como que nos dizia que havia em
nascimento do Brasil. Nela são terra ouro. E também viu um castiçal de prata e assim mesmo
contados os primeiros contatos acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia
entre portugueses e nativos, as também prata.
primeiras povoações em terras
brasileiras, que não fossem índios, E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela
mas sim europeus. São obras escritas nesta época, tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda a sua
quase sempre sem intenções artísticas, o objetivo delas vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres
eram informar a sociedade europeia como estava de nossa terra, vendo-lhes tais, feições, fizera vergonha, por não
sendo o trabalho e vida nas colônias recém- terem a sua como ela.

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LITERATURA

Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, São encontrados nas obras da literatura informativa,
nem nenhuma cousa de metal, nem de ferro; nem olho vimos. A muito elementos que mais tarde vieram a servir para
terra, porém, em si, é de muito bons ares, assim frios e dar uma base para compor o indianismo de Gonçalves
temperados como os d’Antre Doiro e Minho, porque neste tempo Dias, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães e
d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas, outros escritores do romantismo.
infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Mas LITERATURA DOS JESUÍTAS
o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar
esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa A carta que o padre Manuel da Nóbrega escreveu,
Alteza em ela deve lançar.” descrevendo a chegada da primeira missão jesuítica no
Brasil, por ele chefiada, em 1549, inaugurou a
A literatura Quinhentista foi uma continuação da literatura informativa dos jesuítas no Brasil, já que eles
literatura portuguesa. contribuíram em muito nesta parte da literatura.
A literatura dos viajantes está baseada nas cartas,
crônicas, relatório, documentos, enviados pelos O maior representante deste tipo de literatura entre os
padres, colonos, viajantes e aventureiros que falaram jesuítas foi o padre José de Anchieta.
da flora, da fauna, da geografia e dos usos e costumes José de Anchieta (1534-1597) nascido numa das ilhas
dos índios. Canárias e chegou ao Brasil em 1553; assim que
chegou colaborou com Manuel da Nóbrega na
Os colonizadores portugueses esperavam encontrar no fundação de um colégio em Piratininga, vilarejo que
Brasil as mesmas condições que os tornaram ricos daria origem a cidade de São Paulo.
com a exploração das índias. Os europeus ainda Além disso, ele escreveu cartas, sermões, poesias e
tinham em mente o mito do “Eldorado, a cidade de peças teatrais, utilizou os idiomas: latim, Tupi e
ouro”, uma região de incríveis riquezas, onde haveria português, em suas obras onde teve uma grande
pouco trabalho braçal e muito lucro. Este tipo de influência missionária.
pensamento fez com que o colonizador português não
se apegasse a terra e com isso o tratamento dado a ela POESIA
foi de maneira agressiva, com o único objetivo de tirar
toda a riqueza dela, sem medir as consequências. O Anchieta utilizava em suas poesias as antigas medidas,
pensamento do colonizador era somente um: ou seja, versos de cinco ou sete sílabas nos
enriquecer logo para poder voltar para Portugal rico. cancioneiros medievais. Anchieta também escreveu
poemas de sentido religioso, com versos fáceis de
A princípio no Brasil a fonte de renda para os serem cantados em cerimônias da igreja. Na verdade
colonizadores era o pau-brasil, embora tivesse um eram poesias essencialmente ingênuas, com conteúdo
importante valor no mercado de negócios, não simples, mas direto, sem muita complexidade para
chegava a se igualar aos preciosos recursos do Oriente. poder ser bem aceito e entendido na sociedade
Somente em 1532, aproveitando-se do preço europeia, pois era ela que patrocinava as expedições e
compensador do açúcar, os portugueses iniciaram o viagens.
cultivo do açúcar em terras brasileiras, auxiliados pelo
trabalho escravo. No entanto, a Carta e os outros A Santa Inês
textos produzidos no início da colonização queriam
apenas enaltecer exageradamente a terra e a fertilidade Na vinda de sua Imagem
do solo, sem na verdade ter uma real analise da Cordeirinha linda,
situação. Esse tipo de pensamento em relação ao Como folga o povo,
Brasil sempre contribuiu para certos para equívocos Porque vossa vinda
prejudiciais que atrasaram o desenvolvimento da Lhe dá lume novo.
região. No Brasil ou em qualquer outro lugar, sempre TEATRO
será necessário muito trabalho, esforço e
planejamento, só assim “dar-se-á nela tudo, por bem Também com a intenção de catequizar os índios,
das águas que tem”, como escreveu Pero Vaz de impor os conceitos europeus a eles, Anchieta foi o
Caminha em sua carta a D.Manuel. introdutor do teatro no Brasil. Suas peças seguiam as
tradições dos teatros medievais, principalmente tendo
Além da Carta, os seguintes textos informativos foram como modelo os autos de Gil Vicente.
de destaque: O Auto de São Lourenço é a obra mais importante
delas: é uma peça trilíngue , porque abrangeu três
- Tratado da terra do Brasil (1570?) e Historia da idiomas: Castelhano, Tupi, português. Também teve a
Província de Santa Cruz a que vulgarmente foi dança cantada, onde o tema predominante foi a luta de
chamada de Brasil (1576), de Pero Magalhães São Lourenço e São Sebastião contra os demônios,
Gandavo; que infelizmente tinham nomes tupis como Guaixará e
- Tratado descritivo do Brasil (1587), de Gabriel Amberê, com isso a cultura indígena passa a ser
Soares de Sousa; desvalorizada, pois os heróis eram santos conhecidos e
- Diálogos das grandezas do Brasil, escrito em 1618 adorados pelos europeus, mas os vilões tinham origens
por Fernandes Brandão. na cultura dos nativos. O objetivo disso era
supostamente adaptar a visão catequética para a

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LITERATURA

realidade indígena. Mas na realidade ser for bem O padre era mesmo bom,
analisado esta adaptação de visão serviu para Deu a mão a muita gente,
transformar os índios( por acaso donos da terra) em Deu a luz a muita gente,
vilões ou de inferiores aos brancos. Muitos colégios fundou.
Escreveu poema na areia,
A peça foi apresentada no pátio da Capela de São Não ligou para os leitores;
Lourenço, no Morro de São Lourenço, em Niterói só a Virgem pôde ler.
(RJ), em 1583. Tenho uma pena bem grande
FIQUE ATENTO! De saber que ele ensinou
somente aos índios espertos;
A INTERTEXTUALIDADE É PROCEDI- Que não estendeu o ensino
MENTO COMUM NO MODERNISMO À colônia portuguesa.
BRASILEIRO. Em HISTÓRIA DO BRASIL, Murilo Fizeram mal de botar
Mendes subverteu, de modo irônico, a história oficial Este padre notável
do país. Leia agora a “Carta de Pero Vaz”: Servindo de manequim
Na estátua positivista.
TEXTO 1
NÃO ESQUEÇA!
Carta de Pero Vaz
Veja que os autores além de citar o texto quinhentista
Murilo Mendes
ironizam, criticam. Este tipo de intertextualidade é
A terra é mui graciosa,
chamado de PARÓDIA.
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
BARROCO
No chão espeta um caniço,
“O BARROCO PRESSUPÕE, EFETIVAMENTE,
No dia seguinte nasce
A ATRAÇÃO RECÍPROCA DO ALTO E DO
Bengala de castão de oiro.
BAIXO, DO VISÍVEL E DO INVISÍVEL, DA
Tem goiabas, melancias.
LUZ E DA TREVA, DO METAFÍSICO E DO
Banana que nem chuchu.
SENSORIAL...”
Quanto aos bichos, tem-nos muitos.
Natália Correia
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d'aqui.
Castão: remate superior de uma bengala;
Cruzado: antiga moeda portuguesa;
Vossa perna encarnareis: a expressão quer dizer o
rei “estava mal das pernas”, isto é, sem dinheiro,
“quebrado”. As riquezas do Brasil poderão tirá-lo
dessa situação. A Dúvida de Tomé (1599) de Caravaggio.
TEXTO 2
Introdução:
PENA DE ANCHIETA
A origem da arte barroca
Murilo Mendes
A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas
O padre era mesmo bom, não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e
Não era padre, era santo, a chegar também ao continente americano, trazida
Mandava na tempestade; pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
Um morto ressuscitou, As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o
Um dia, pra batizar. sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que os
O índio levanta as armas artistas renascentistas procuram realizar de forma
Para matar o cristão, muito consciente; na arte barroca predominam as
O padre está longe dele, emoções e não o racionalismo da arte renascentista.
O vento vem lhe avisar, É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O
O padre se concentrou, estilo barroco traduz a tentativa angustiante de
Pensa com força no índio, conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo;
As armas dele caíram. céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza;
paganismo e cristianismo; espírito e matéria.
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LITERATURA

 Concílio de Trento (1545-1563) ->


NO BRASIL Estratégias para minimizar os impactos
causados pela Reforma Protestante;
O marco inicial do Barroco brasileiro é o poema  Companhia de Jesus ->
épico, Prosopopeia de Bento Teixeira (1601). Há Catequização por meio dos Jesuítas;
dúvidas quanto à origem do poeta, estudos literários  Tribunal do Santo Ofício ->
recentes afirmam que ele nasceu em Portugal, porém Inquisição Moderna (busca pelos hereges);
viveu grande parte de sua vida no Brasil, em
 Index -> livros proibidos pela
Pernambuco.
Igreja;
PROSOPOPÉIA é um poema épico com 94 estrofes  Reafirmação dos dogmas católicos.
com oitavas rimas (estilo camoniano ABABABCC),
que exalta Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro Contexto Histórico Brasileiro
donatário da capitania de Pernambuco. Bento Teixeira
imita Camões de maneira infeliz, sua obra é cansativa e •Durante o Barroco, o Brasil vivia o Século do Ouro
tem apenas valor histórico. que tinha como principal atividade econômica a
exploração do ouro;
Nesse período, as manifestações culturais no Brasil •Grande destaque para o estado de Minas Gerais;
serão reflexo de uma estrutura social, política e •Transferência da capital brasileira de Salvador para o
econômica de país-colônia (ciclo da cana-de-açúcar). Rio de Janeiro;
•Graças ao trabalho nas minas de ouro, além de
O Brasil ainda não tem uma sociedade bem crescer economicamente, o país avança no quesito
estruturada e consequentemente, as manifestações populacional;
literárias não chegam a constituir um bloco bem •Ciclo da cana-de-açúcar;
delineado, ou seja, não apresentam uma única direção •Invasões holandesas;
literária, mas sim, apresentam várias diversificações. •Herança do Barroco no Brasil: artes sacras, devido à
catequização dos jesuítas desde o Quinhentismo
NÃO ESQUEÇA! (escola literária brasileira anterior ao Barroco).
Em Portugal, o Barroco teve início em 1580 e se
estendeu até 1757 com a fundação da arcádia lusitana. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA
Quando Portugal caiu sob o domínio de Espanha, a LITERATURA BARROCA
arte barroca sofreu forte influência deste país.
Quanto ao conteúdo
Contexto Histórico Europeu - CULTO DO CONTRASTE: VISÃO
ANTROPOCÊNTRICA; MUNDO MATERIAL x
• Após a queda do Classicismo renascentista, o MUNDO ESPIRITUAL; FÉ x RAZÃO.
Barroco inicia-se, em Portugal, no ano de 1580 a 1756; - DUALISMO;BIPOLARIDADAE.
- RELIGIOSIDADE.
Fatores que impulsionaram a Reforma Protestante: - SENSORIALISMO
- FUSIONISMO.
 Herança dos ideais
- PESSIMISMO; MORBIDEZ (originado do conflito
antropocêntricos renascentistas ocasionando o
EU x MUNDO).
fortalecimento do pensamento e reflexão
- VISÃO EFÊMERA (passageira) DA VIDA.
individual;
- FEÍSMO (gosto pelos aspectos cruéis, dolorosos e
 Condenação da usura e dos lucros grotescos)
(juros) causando a insatisfação na burguesia; - REBUSCAMENTO (ORNAMENTAÇÃO).
 A imprensa de Gutenberg com a - GOSTO POR RACIOCÍNIOS COMPLEXOS.
tradução e produção da Bíblia Sagrada; - CULTO DA SOLIDÃO.
 Venda de indulgências através do - CARPE DIEM (marcado pela angústia, tensão)
perdão associado à venda. - MISTICISMO x EROTISMO.
- ARTE SEGUIDA PELA VISTA (PICTÓRICA).
• Reforma Protestante: - JOGO DO CLARO x ESCURO.
 Surge a partir da publicação das 95 - TEATRALIZAÇÃO.
teses de Martinho Lutero na Igreja de
Wittenberg; Quanto à forma
 Contou com o apoio da nobreza - VOCABULÁRIO ELEVADO.
germânica; - HERMETISMO.
 Impacto nas relações sociais - GOSTO PELAS INVERSÕES.
(camponeses/nobreza); - USO DE FIGURAS DE LINGUAGEM
 Impacto direto frente à Igreja (METÁFORAS, ANTÍTESES, PARADOXOS E
Católica. OXÍMOROS).
- PREFERÊNCIA POR VERSOS DECASSÍLABOS.
 Calvinismo -> predestinação.
Linhas estruturais do barroco
• Contrarreforma:

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LITERATURA

A presença de frases interrogativas também reforça o


aspecto conflitante desse período literário. POESIA LÍRICO-AMOROSA
A linguagem denotativa, objetiva, cede lugar à
metáfora – uma comparação implícita, através de Características:
imagens simbólicas -, acentuando, assim, a neces-
sidade de fazer vir à tona a sensação, a percepção. - O amor é retratado como fonte de prazer e
Duas tendências, na verdade, caracterizam as pro- sofrimento
duções literárias desse momento: o CONCEPTISMO - A mulher é retratada como um anjo e fonte de
OU QUEVEDISMO E O CULTISMO OU perdição (pois desperta o desejo carnal)
GONGORISMO.
TEXTO
O primeiro é marcado pelo jogo de ideias, através de
um raciocínio lógico; o segundo, pelo jogo de palavras, Rompe o Poeta com a Primeira Impaciência Querendo
através de uma linguagem bastante culta. Declarar-se e Temendo Perder Por Ousado

A realidade é para ser trabalhada através dos sentidos. Anjo no nome, Angélica na cara,
Porém, dentro da consciência caótica do escritor desse Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
período, sua percepção evidenciará temas como: o Ser Angélica flor, e Anjo florente,
desejo da salvação, a fugacidade do tempo, a descrença Em quem, se não em vós se uniformara?
e a corrupção.
Quem veria uma flor, que a não cortara
PRINCIPAIS REPRESENTANTES DO De verde pé, de rama florescente?
BARROCO BRASILEIRO E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
“Eu sou aquele, que passados anos
cantei na minha lira maldizente Se como Anjo sois dos meus altares,
torpezas do Brasil, vícios, e enganos” Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Esse era Gregório de Matos Guerra, o “Boca do
Inferno”. Com seu espírito crítico, satirizava políticos, Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o Posto que os Anjos nunca dão pesares,
povo. Para isso, usava palavrões e um vocabulário Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
bem baixo em suas obras.
Vocabulário
Nasceu supostamente em 7 de abril de 1633 na Bahia Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma
e morreu em Recife em 1696. Veio de uma família rica Galharda: elegante
que possuía dois engenhos de cana-de-açúcar e 130
escravos.
POESIA LÍRICO-RELIGIOSA
Educou-se em casa e no colégio jesuíta. Formou-se em
Direito na Universidade de Coimbra e lá exerceu a Características:
profissão sendo, inclusive, juiz de órfãos.
- O autor está dividido entre pecado e virtude (sente
Em 1681, quando voltou para o Brasil, foi vigário- culpa por pecar e busca a salvação)
geral e tesoureiro-mor, porém, durante este período - O autor vê o pecado como um erro humano, mas
recusou-se a usar a batina e denunciou injustiças da também, como a única forma de Deus cometer o ato
Ordem em que servia. Por causa disso, o Bispo do perdão.
ordenou seu afastamento. - O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como
advogado que faz a própria defesa diante de Deus
Escreveu poesia lírica, satírica e religiosa. Suas poesias (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)
satíricas possuem um ótimo material do ponto de vista
sociológico e linguístico (já que o autor usava um TEXTO
vocabulário bem popular). Nelas o escritor narra
episódios da vida popular, cotidiana e política. Através Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião
delas podemos conhecer melhor a sociedade da época
(período colonial). Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,
Da vossa Alta Piedade me despido:
A poesia lírica de Gregório de Matos também é muito Antes, quanto mais tenho delinquido,
boa e pode ser dividida em: Vos tenho a perdoar mais empenhado.

- Poesia LÍRICO – AMOROSA Se basta a vos irar tanto pecado,


- Poesia LÍRICO – RELIGIOSA (SACRA) A abrandar-vos sobeja um só gemido:
- Poesia SATÍRICA Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
- Poesia REFLEXIVO- FILOSÓFICA Vos tem para o perdão lisonjeado.
- Poesia ERÓTICA
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LITERATURA

Se uma ovelha perdida, já cobrada, Que em tua larga barra tem entrado,
Glória tal, e prazer tão repentino A mim foi-me trocando e tem trocado
Vos deu, como afirmais na Sacra História, Tanto negócio e tanto negociante.

Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada; Deste em dar tanto açúcar excelente


Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Perder na vossa ovelha a vossa glória Simples aceitas do sagaz Brichote.

Vocabulário Oh, se quisera Deus, que, de repente,


Um dia amanheceras tão sisuda
Despido: despeço Que fora de algodão o teu capote!
Sobeja: sobra
Cobrada: recuperada Gregório de Matos.

POESIA REFLEXIVO-FILOSÓFICA POESIA ERÓTICA: mostra o uso de palavrões e


alusões obscenas, mesmo em textos sutis onde a
Características: ambigüidade aparece repleta de safadeza.

- Pessimismo Pica-Flor
- Angústia diante da vida A uma freira que satirizando a delgada
- Temas abordando o desconcerto do mundo e a fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".
instabilidade dos bens materiais
Se Pica-Flor me chamais,
TEXTO Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens Se no nome que me dais,
do Mundo Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Se me dais este favor,
Depois da Luz se segue a noite escura, Sendo só de mim o Pica,
Em tristes sombras morre a formosura, E o mais vosso, claro fica,
Em contínuas tristezas a alegria. Que fico então Pica-Flor.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a Luz é, por que não dura? Gregório de Matos foi o maior nome do Barroco
Como a beleza assim se transfigura? brasileiro. Casou-se e pouco tempo depois aban-
Como o gosto da pena assim se fia? donou a mulher e a carreira de advogado para ser
repentista no Recôncavo Baiano.
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Em uma de suas sátiras ofendeu o governador da
Na formosura não se dê constância, Bahia – Antônio Luis da Câmara Coutinho – e foi
E na alegria sinta-se tristeza. preso e exilado para Angola. Teve autorização para
voltar para o país (mas não para a Bahia), foi para
Começa o mundo enfim pela ignorância, Recife e morreu em 1696.
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. A obra de Gregório de Matos foi publicada pela
Academia Brasileira de Letras cerca de 230 anos
Vocabulário: depois da sua morte. Por causa disso, muitos de seus
Pena: dor, sofrimento poemas se perderam e muitos textos que levam o seu
nome são de autoria duvidosa, já que Gregório de
POESIA SATÍRICA: mostra a crítica severa de uma Matos teve muito imitadores anônimos.
sociedade marcada pela mediocridade e pela
desonestidade, nasce de um sujeito lírico que adota um Padre Antônio Vieira (1608-1697)
ponto de vista conservador e preconceituoso. Seus
poemas satíricos renderam-lhe o apelido de Boca do PADRE ANTÔNIO VIEIRA nasceu em Lisboa, em
Inferno. 1608, chegou ao Brasil e se instalou em Salvador,
iniciando seu noviciado na Companhia de Jesus.
À cidade da Bahia Efetivou uma política de defesa dos cristãos? Novos,
procurando protegê-los da Inquisição em Portugal.
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado, Sua extensa obra reflete seu envolvimento nos debates
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, sociais e políticos de Portugal e do Brasil no século
Rica te vi eu já, tu a mim abundante. XVII. Os sermões e cartas, além de temas
especificamente religiosos também manifestam
A ti trocou-te a máquina mercante, questões polêmicas da época como: a luta pela inde-

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LITERATURA

pendência portuguesa, o confronto com holandeses Análise:


no nordeste, a escravidão índia e negra, a defesa dos
judeus e cristãos-novos contra a intolerância da Neste sermão, Pe. Vieira realiza uma crítica aos
Inquisição. pregadores do evangelho que não tem espalhado a
Palavra de Deus com propriedade. Portanto, sendo
OBRAS: CARTAS E SERMÕES ? Sermão da um de seus sermões mais conhecidos. Para ele, a
Sexagésima, Sermão de Santo Antônio aos peixes e palavra de Deus era como uma semente, que deveria
outros. ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à
conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos
Sua obra é notável pelo manuseio da expressão verbal, no plano terreno a culpa é única e exclusivamente dos
são textos riquíssimos em imagens, jogos de pregadores que não cumprem direito a sua função.
significado e conceitos, metáforas, e ricos em recursos
linguísticos. EXERCÍCIOS
Para a literatura, sua importância foi fundamental. 1. (ESPCEX (AMAN) - 2018) "Se gostas de afetação e
Vieira fixou a prosa na língua portuguesa nos mesmos pompa de palavras e do estilo que chamam culto, não
padrões de realização artística a que Camões fixou a me leias. Quando esse estilo florescia, nasceram as
poesia, transformando-se num clássico da língua. primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto
sempre a clareza, que só porque me entendiam
O mais conhecido sermão de Vieira, o Sermão da comecei a ser ouvido. (...) Esse desventurado estilo
Sexagésima é uma conclusão de que a palavra de que hoje se usa, os que querem honrar chamam-lhe
Deus vinha obtendo poucos resultados porque os culto, os que o condenam chamam-lhe escuro, mas
pregadores estavam mais aplicados em obter efeitos ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é
literários do que moralizantes, o que transformava os escuro, é negro (...) e muito cerrado. É possível que
sermões em vazios estéticos. somos portugueses e havemos de ouvir um pregador
Vieira compara a estrutura do sermão à estrutura de em português e não havemos de entender o que
uma árvore? a àrvore da vida?, onde as partes diz?!"
constituintes da árvore, todas relacionadas às partes do
sermão.(troncos, ramos, folhas, varas, flores, frutos) Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma crítica ao
numa ordem simetricamente inversa a seguir(frutos, estilo barroco conhecido como
flores, varas, folhas , ramos e tronco. Lendo-se a) conceptismo, por ser marcado pelo jogo de ideias, de
cuidadosamente percebe-se o ritmo das frases e a conceitos, seguindo um raciocínio lógico.
cadência do texto. Era uma peça para ser exposta b) quevedismo, por utilizar-se de uma retórica aprimorada,
oralmente. a exemplo de seu principal cultor: Quevedo.
c) antropocentrismo, caracterizado por mostrar o homem,
Seus sermões foram divididos em três partes: culto e inteligente, como centro do universo.
d) gongorismo, ao caracterizar-se por uma linguagem
 Intróito/Exódio: Início do sermão; rebuscada, culta e extravagante.
 Desenvolvimento; e) teocentrismo, caracterizado por padres escritores que
dominaram a literatura seiscentista.
 Peroração: Finalização da mensagem.
2. (PUC-Camp - 2009) A crônica histórica e
Obras informativa que se intensifica em Portugal no
momento das grandes navegações, conquistas e
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o descobertas ultramarinas, testemunhando a aventura
pregador evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este geográfica dos portugueses, os seus ideais de
texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também expansão da cristandade, assume um sentido épico e
faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a humanístico que se estende ao Brasil e logo adquire
semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores entre nós algumas características peculiares. À
do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam curiosidade geográfica e humana e ao desejo de
sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à conquista e domínio correspondem, inicialmente, o
China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam deslumbramento diante da paisagem exótica e
com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua exuberante (...) assim como os ideais de cate-quese,
conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos atestados pela literatura informativa e pedagógica
que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura e dos jesuítas (...).
hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os
de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit (CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da
seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das almas por meio da literatura brasileira I. 6. ed. S. Paulo: Difel, 1974. p. 11)
pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do
ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do Depreende-se desse trecho que, no início da
ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...) nossa colonização, a literatura produzida no
Brasil restringiu-se
a) a descrições da nova terra e à propagação do
Pe. Antônio Vieira cristianismo.
b) a relatos de viagem de interesse meramente geográfico.
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LITERATURA

c) à propagação dos valores morais da Contrarreforma. máquina mercante da colonização viera para ficar,
d) à precária formação de comunidades de leitores. irreversível, inexorável. E que, sendo inútil lamentar a
e) à veiculação de traços estilísticos do Barroco. sua intrusão nos portos da Colônia, importava
dominá-la imitando seus mecanismos e criando, na
3. (UFT - 2009) Assinale a alternativa em que todas esfera do poder monárquico luso, uma estrutura
as características pertencem à estética barroca. similar que pudesse vencê-la na concorrência entre os
a) 1. humanização do sobrenatural; 2. fusionismo; 3. impérios. Esse projeto o situa no centro nervoso da
intensidade; 4. impulso pessoal; 5. niilismo temático; 6. política colonial. Enquanto conselheiro de D. João IV,
cultismo e conceptismo; 7. o culto do contraste; 8. inspira ao rei a fundação de uma Companhia das
oposição do homem voltado para o céu ao homem Índias Ocidentais assentada principalmente em capitais
voltado para a terra; 9. pessimismo. judaicos.
b) 1. intensidade; 2. acumulação de elementos; 3. impulso
pessoal; 4. niilismo temático; 5. Subjetivismo; 6. o (Alfredo Bosi, Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia
culto do contraste; 7. imaginação criadora. 8. senso de das Letras, 1992. p.120.)
mistério; 9. sonho.
c) 1. fé; 2. exagero; 3. retorno ao passado. 4. intensidade; Depreende-se desse fragmento crítico que a
5. acumulação de elementos; 6. impulso pessoal; 7. poesia de Gregório de Matos, ao contrário
culto do contraste; 8. preferência (dentro do espírito a) do que ocorre com Antonio Vieira, mostra a nostalgia
de contrastes) pelos aspectos cruéis, dolorosos, de antigas situações do processo colonial.
sangrentos e repugnantes; 9. ilogismo. b) do que ocorria na oratória do padre sermonista, não se
d) 1. liberdade criadora; 2. intensidade; 3. fé; 4. preocupava com o que havia de mecânico no estilo
acumulação de elementos; 5. sentimentalismo. 6. barroco.
impulso pessoal; 7. preferência (dentro do espírito de c) dos sermões de Antonio Vieira, expressava o desejo
contrastes) pelos aspectos cruéis, dolorosos, do poeta de ver extinto o processo colonial.
sangrentos e repugnantes. 8. niilismo temático; 9. d) dos sermões do missionário barroco, empenha-se mais
tendência para a descrição e culto da solidão. na crítica da política colonial do que na missão
catequética.
4. (ESPCEX (AMAN) - 2013) Leia a estrofe que e) do que ocorre com Antonio Vieira, procura divulgar o
segue e assinale a alternativa correta, quanto às suas ideário colonial imposto pelo governo de D. João IV.
características.

“Visões, salmos e cânticos serenos 7. (PUC-Camp - 2010)


Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos O padre Antonio Vieira, ao contrário de um Gregório
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...” de Matos saudoso do "Antigo Estado"; sabia que a
máquina mercante da colonização viera para ficar,
a) valorização da forma como expressão do belo e a busca irreversível, inexorável. E que, sendo inútil lamentar a
pela palavra mais rara – Parnasianismo. sua intrusão nos portos da Colônia, importava
b) linguagem rebuscada, jogos de palavras e jogos de dominá-la imitando seus mecanismos e criando, na
imagens, característica do cultismo – corrente do Barroco. esfera do poder monárquico luso, uma estrutura
c) incidência de sons consonantais (aliterações) similar que pudesse vencê-la na concorrência entre os
explorando o caráter melódico da linguagem – impérios. Esse projeto o situa no centro nervoso da
Simbolismo. política colonial. Enquanto conselheiro de D. João IV,
d) pessimismo da segunda geração romântica, marcada inspira ao rei a fundação de uma Companhia das
por vocábulos que aludem a uma existência mais Índias Ocidentais assentada principalmente em capitais
depressiva – Romantismo. judaicos.
e) lírica amorosa marcada pela sensualidade explícita que
(Alfredo Bosi, Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia
substitui as virgens inacessíveis por mulheres reais, das Letras, 1992. p.120.)
lascivas e sedutoras – Naturalismo.
Nesse trecho, o historiador da literatura deixa ver
5. (ESA – 2011) Em "A arte _______________ é a que
expressão das contradições e do conflito espiritual do a) a poesia barroca é um gênero literário mais eficaz à
homem da época.", qual a alternativa que completa denúncia política do que os sermões de um padre da
corretamente a lacuna? Ilustração.
A) clássica b) homens de letras não deixam de repercutir, em suas
B) barroca obras ou ações, valores de algum posicionamento
C) romântica político.
D) árcade c) o estilo barroco foi determinante para que poetas ou
E) parnasiana sermonistas manifestassem repulsa ao processo
colonial.
6.(PUC-Camp - 2010) d) as preocupações políticas prejudicam o valor literário
tanto dos poetas como dos prosadores.
O padre Antonio Vieira, ao contrário de um Gregório e) as relações comerciais entre a colônia e a coroa foram
de Matos saudoso do "Antigo Estado"; sabia que a decisivas para a fixação do estilo barroco entre nós.

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LITERATURA

Que é melhor neste mundo, mar de enganos,


8. (UEL - 2011) Ser louco cos demais que ser sisudo.
1 Triste Bahia! Oh quão dessemelhante (MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo: FTD,
2 Estás, e estou do nosso antigo estado! 1998. p. 70.)
3 Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
4 Rica te vejo eu já, tu a mi abundante. A partir da leitura do poema, assinale a alternativa
correta.
5 A ti trocou-te a máquina mercante, a) De temática satírica, o soneto aborda o tema da
6 Que em tua larga barra tem entrado, insanidade, buscando criticar a sociedade da época que
7 A mim foi-me trocando, e tem trocado não sabia lidar com a loucura, o que antecipa um tema
8 Tanto negócio, e tanto negociante. que será abordado pelos poetas românticos.
b) O eu lírico expressa um sentimento de culpa diante da
9 Deste em dar tanto açúcar excelente sua impossibilidade de compreender o mundo, o que
10 Pelas drogas inúteis, que abelhuda está em total consonância com o veio religioso da obra
11 Simples aceitas do sagaz Brichote. de Gregório de Matos.
c) De inspiração filosófica, o poema trata dos
12 Oh se quisera Deus, que de repente desenganos do eu lírico frente a um mundo que não o
13 Um dia amanheceras tão sisuda entende e que o torna um indivíduo solitário, muitas
14 Que fora de algodão o teu capote! vezes obrigado a acompanhar a loucura “dos demais”.
d) A temática religiosa aparece neste poema por meio da
(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo: FTD, referência a Jesus Cristo, dada já na primeira estrofe,
1998. p. 141.)
em que a metáfora da via-crúcis é apresentada pelo eu
lírico como retrato de seu próprio sofrimento.
No que diz respeito à relação entre o eu lírico e a e) De temática amorosa, o poema traz os lamentos do eu
Bahia, considere as afirmativas a seguir. lírico, que, incapaz de conquistar o amor da mulher
I. Na primeira estrofe, o eu lírico identifica-se com a
amada, usa o poema como fuga da realidade,
Bahia, pois ambos sofrem a perda de um antigo
procurando na loucura, assim, uma redenção para a
estado. sua dor.
II. Na primeira estrofe, a Bahia aparece personificada,
fato confirmado no momento em que ela e o eu lírico
se olham.
10. Leia agora o texto “JOIA”, DE Caetano Veloso:
III. Na terceira estrofe, constata-se que a Bahia não está
isenta da culpa pela perda de seu antigo estado. JOIA
IV. Na quarta estrofe, o eu lírico conclui que a lamentável
Beira de mar Beira de mar
situação da Bahia está em conformidade com a
Beira de mar na América do Sul
vontade divina. Um selvagem levanta o braço
Abre a mão e tira um caju
Assinale a alternativa correta.
Um momento de grande amor
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
De grande amor
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. Copacabana Copacabana
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
Louca total e completamente louca
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
A menina muito contente
Toca a coca-cola na boca
9. (UEL - 2012) Um momento de puro amor
De puro amor
QUEIXA-SE O POETA EM QUE O MUNDO
VAY ERRADO, E QUERENDO EMENDÂLO O Analise as proposições abaixo e indique o
TEM POR EMPREZA DIFFICULTOSA. comentário incoerente:
a) O “mar”, a “américa do sul”, o “selvagem” levam o
Carregado de mim ando no mundo,
leitor à época do “achamento” – século XVI.
E o grande peso embarga-me as passadas, b) O gesto do índio, da 1ª estrofe, ressalta o que há de
Que como ando por vias desusadas, mais espontâneo na relação com a natureza.
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
c) O caju, fruta tropical e o momento de grande amor no
O remédio será seguir o imundo
gesto do índio contrastam com a coca-cola e o gesto
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, da menina.
Que as bestas andam juntas mais ornadas, d) O poeta faz duas viagens: uma viagem à época do
Do que anda só o engenho mais profundo.
descobrimento e outra à atualidade (século XX).
e) “a menina”, “a coca-cola”, o gesto de “tocar a coca-
Não é fácil viver entre os insanos, cola na boca” também remete à época do desco-
Erra, quem presumir, que sabe tudo, brimento, pois a coca-cola é produto estrangeiro no
Se o atalho não soube dos seus danos.
nosso país, inovação defendida pelo autor.
O prudente varão há-de ser mudo, 1. Caracteriza a literatura dos viajantes, no primeiro
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LITERATURA

século de existência do Brasil: classificação dos seres vivos pela biologia) conduz à
a) A constatação de que a terra não possuía nem ouro tecnologia e esta ao aumento da produção. Generaliza-
nem prata em grande quantidade e que, por isso, não se a ideia de que os negócios e a ciência costituem
merecia ser explorada. campos separados da religião.
b) O espanto do europeu diante do desconhecido, de um Essas mudanças fazem parte de um movimento
mundo estranho e fascinante, encarado como a cultural que define a fisionomia da Europa no século
própria representação do paraíso. XVIII: o Iluminismo .
c) A aceitação do índio como um indivíduo que, embora
praticasse uma religião diferente, deveria ter sua Iluminismo (de iluminar = esclarecer) designa o
cultura respeitada. esforço cultural cujo objetivo era atualizar conceitos,
d) O registro de que se fazia necessário estudar as leis e técnicas, visando a atingir maior eficácia e justiça
diversas línguas existentes, como forma de manter um na ordem social. Todo esse esforço baseava-se na
saudável intercâmbio com os povos nativos. concepção de que o progresso poderia trazer mais
e) O elogio dos índios pela sua falta de ambição quanto felicidade a um número maior de pessoas.
ao acúmulo de bens materiais, o que os fazia viver Por isso, o século XVIII é conhecido como século
felizes. das luzes, momento histórico em que se acreditava
que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência.
Essa crença consolidou-se na Enciclopédia, obra
publicada na França, a partir de 1751, coordenada
4. PERÍODO COLONIAL II pelos filósofos franceses D'Alembert, Diderot e
Voltaire. Nela, procurava-se reunir todo conhecimento
de um determinado momento histórico.
ARCADISMO A obra foi um grande sucesso editorial e circulou por
toda a Europa, chegando ao continente americano no
PARA QUE É PRECISO TER UM PIANO? final do século, mesmo enfrentando proibições.
O MELHOR É TER OUVIDOS A produção artística do período despoja-se da religio-
E AMAR A NATUREZA. sidade e busca o equilíbrio, refletindo sobretudo o
padrão do gosto da burguesia ascendente.
Alberto Caeiro (Heterônimo do poeta Fernando Pessoa) Esse novo estilo é denominado Arcadismo ou
Neoclassicismo e consiste, basicamente, na
recuperação dos traços principais da arte clássica, já
que os clássicos foram considerados fonte de
equilíbrio e saberdoria.

FIQUE ATENTO!

Os nomes Arcadismo e Neoclassicismo sintetizam as


características predominantes nos textos da época.
Veja por quê:

Arcadismo

Palavra que deriva de Arcádia, região da Grécia onde


pastores e poetas, chefiados pelo deus Pã, dedicavam-
se à poesia e ao pastoreiro, vivendo em harmonia
As sabinas, de Jacques-Louis David, Museu do Louvre perfeita com a natureza. No século XVIII o termo
Arcádia passou a designar também as academias
INTRODUÇÃO literárias que foram criadas na Europa.
O Arcadismo ou Neoclassicismo é um estilo que
procura restaurar a arte renascentista para fazer Neoclassicismo
oposição a arte barroca. Essa ideologia é fruto da
aristocracia e da alta classe média, que procura Nome que deriva do fato de os escritores da época
combater o absolutismo monárquico e o estilo prolixo imitarem os clássicos, quer voltando-se para a
e confuso em vigor. Antiguidade greco-romana, quer imitando os
escritores do Renascimento.
Contexto Histórico
A palavra imitação não deve ser entendida como
NA EUROPA simples cópia. Trata-se, antes de mais nada, de aceitar
e seguir determinadas convenções clássicas.
A Europa no século XVIII caracteriza-se por
mudanças marcantes. O intenso progresso científico (a NO BRASIL
formulação da lei da gravidade pelo cientista Isaac
Newton; a adoção do empirismo como método de Em 1768 inaugura-se o estilo árcade no Brasil com a
aquisição do conhecimento, pela filosofia, e a publicação das OBRAS POÉTICAS, de Cláudio

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LITERATURA

Manuel da Costa. Utilizou como material de suas obras de arte, princi-


palmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A
O estilo árcade ficará em moda até a publicação, em madeira também foi utilizada pelo artista.
1836, da obra SUSPIROS POÉTICOS E SAUDA-
DES, de Gonçalves Magalhães, que marca o início Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de
do Romantismo entre nós. Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O
conjunto de sua obra foi reconhecido como impor-
Contexto histórico tante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é
considerado o mais importante artista plástico do
O século XVIII, no Brasil, é considerado como século barroco mineiro (considerado também como barroco
do ouro, graças à intensa atividade de extração tardio).
mineral(Ciclo da Mineração). Desloca-se o eixo
econômico - e com ele o cultural - para Minas Gerais Carregamento da Cruz (escultura em madeira),
(centro de extração do minério) e o Rio de Janeiro Santuário de Bom Jesus de Matosinhos
(porto de escoamento e capital da colônia desde 1763). (Congonhas-MG)
Com a finalidade de contrabalançar seu déficit
comercial, Portugal explorava ao máximo sua colônia
americana. Os impostos sobre extração dos minérios AS MOTIVAÇÕES DA POESIA ÁRCADE
aumentava cada vez mais, dando origem a uma
generalizada insatisfação.  Inutilia Truncat: corta as coisas inúteis: o
Juntam-se a isso a influência das ideias liberais, trazidas rebuscamento barroco.
pelos estudantes brasileiros que passavam pelo Velho  Carpe Diem: aproveitar o dia (o amor e o prazer na
Continente, e a independência dos Estados Unidos. medida certa).
Todos esses fatos culminaram na Inconfidência  Fugere Urbem, Sequi Naturam: valorização da
Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, natureza e das coisas do campo, pois a civilização (“o
muitos deles ex-estudantes da Universidade de antigo regime”) corrompe o homem.
Coimbra.
 Áurea Mediocritas: vida medíocre materialmente mas
Esse mesmo grupo de oposição política era,
rica em realizações espirituais. Ideal do herói simples e
basicamente, o grupo que produzia ciência e literatura.
honrado.
Identifica-se na época uma literatura disposta a afastar-
se dos modelos portugueses, embora a imitação dos  Mimetismo: retoma-se a teoria de Aristóteles de a
clássicos seja ainda bem nítida. arte deve imitar a natureza.
Além das outras características árcades, revela-se a  Docere Cum Delectare: os aspectos didáticos unidos
busca de uma identidade brasileira, sobretudo: ao lado prazeroso da arte. Ensinar com prazer.
 Locus Amoenus: lugar tranqüilo, ou seja, a natureza
a) pelo aproveitamento do indígena como herói literário. prazerosa.
Esse aproveitamento ocorreu principalmente na
poesia épica que aqui se produziu. É o caso dos CARACTERÍSTICAS
poemas épicos O Uruguai, de Basílio da Gama, e
Caramuru, de Santa Rita Durão. • Os modelos seguidos são os clássicos greco-latinos e
os renascentistas; a mitologia pagã é retomada como
b) pela visão crítica da situação política do país, ocorre no elemento estético, daí a escola ser também conhecida
poema satírico de Cartas chilenas. como neoclassicismo.

REFLETINDO... • Racionalismo – predomina no Arcadismo, maior


objetividade nos textos, além de uma visão mais
Em termos de transformações históricas dessa época racional e analista do mundo.
ainda podemos destacar: o fortalecimento político do
Marquês de Pombal, o crescente sentimento nativista, • Bucolismo – os autores árcades defendem um
a Conjuração Mineira, a denúncia, o gosto pela encontro com a natureza, mostrando o ambiente
literatura funcionando como “status”. São dessa época campestre em oposição ao ambiente urbano. O que
também os trabalhos de Aleijadinho. importa é a paisagem natural, a vida simples do
campo, o pastoralismo dos gregos e romanos
ALEIJADINHO representando a euforia perdida, em contraste com as
linhas artificiais da cidade e os desajustamentos do
Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em convívio social. Fugere urbem et locus amoenus quaerere (
Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais fugir da cidade e procurar um lugar ameno, agradável)
sobre esta data). Era filho de uma escrava com um
mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística • Simplicidade de temas e de linguagem – para
ainda na infância, observando o trabalho de seu pai combater a exagerada arte barroca, o Arcadismo
que também era entalhador. propõe uma arte mais natural, mais espontânea, num
estilo mais simples (Inutilia truncat – cortar o inútil)
A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do bar-
roco. Em suas esculturas estão presentes caracte- • Fingimento poético – a Arcádia era o nome de uma
rísticas do rococó e dos estilos clássico e gótico. região da Grécia que, segundo a mitologia, era
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LITERATURA

habitada pelo deus Pan e por pastores. A identificação


doa autores árcades com a cultura clássica era tal que é TEXTO 2
muito frequente o uso de églogas (poemas pastoris) e
outros poemas em que os poetas fingem-se de XIV
pastores e chegam a utilizar pseudônimos gregos e
romanos. Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
• Pré-romantismo – em vários autores e obras Ou desconhece o rosto da violência,
arcádicas, notam-se manifestações sentimentais que os Ou do retiro a paz não tem provado.
aproximam do Romantismo. Essas manifestações se Que bem é ver nos campos transladado
referem principalmente ao nativismo, prenúncio do No gênio do pastor, o da inocência!
indianismo, à valorização da natureza e ao E que mal é no trato, e na aparência
nacionalismo. Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
ASPECTO FORMAL: Um só trata a mentira, outro a verdade.
- Sonetos Ali não há fortuna, que soçobre;
- Versos decassílabos Aqui quanto se observa, é variedade:
- Rimas Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
- Poesia épica.

Os principais poetas árcades brasileiros foram:


 Cláudio Manuel da Costa Cláudio Manuel da Costa é um curioso caso de poeta
 Tomás Antônio Gonzaga de transição. Ele reconhece e admira os princípios
 Alvarenga Peixoto estéticos do Arcadismo, aos quais pretende se filiar,
mas não consegue vencer as fortes influências
 Basílio da Gama
barrocas e camonianas que marcaram a sua juventude
 Santa Rita Durão intelectual. Racionalmente um árcade, emotivamente
um barroco, conforme ele mesmo confessa no
CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729 - 1789) prólogo de Obras poéticas:
VIDA (...) Bastará para te satisfazer, o lembrar-te que a
Nasceu em Mariana, filho de um rico minerador maior parte destas Obras foram compostas ou em
português. Estudou com os jesuítas no Rio de Janeiro Coimbra ou pouco depois (...) tempo em que
e formou-se em Direito na cidade de Coimbra. Portugal apenas principiava a melhorar de gosto
Voltando para o Brasil, estabeleceu-se em Vila Rica, nas belas letras. É infelicidade confessar que vejo
exercendo a advocacia. Ocupou altos cargos na e aprovo o melhor, mas sigo o contrário na
máquina burocrática colonial. Quando foi preso por execução.
suposta participação na Inconfidência, pela qual
manifestara vagas simpatias, era um dos homens mais O poeta admite a contradição que existe entre o ideal
ricos e poderosos da província. Deprimido e poético e a realidade de sua obra. Com efeito, se os
amedrontado, acabou SUPOSTA-MENTE poemas estão cheios de pastores - comprovando o
“suicidando-se” na prisão. projeto de literatura árcade - o seu gosto pela antítese e
Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (1839) a preferência pelo soneto indicam a herança de uma
tradição que remonta ao Camões lírico e à poesia
TEXTO 1 portuguesa do século XVII.
XCVIII Aliás, os seus temas são quase sempre barrocos. O
desencanto com a vida, a brevidade dolorosa do amor,
Destes penhascos fez a natureza a rapidez com que todos os sentimentos passam são
O berço, em que nasci! oh quem cuidara, os motivos principais de sua expressão. Motivos
Que entre penhas tão duras se criara barrocos. Contudo, para o homem barroco do século
Uma alma terna, um peito sem dureza! XVII, havia a perspectiva da divindade. Para o poeta
Amor, que vence os tigre por empresa de transição, existe apenas o sofrimento:
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara, Ouvi pois o meu fúnebre lamento
Que não me foi bastante a fortaleza. Se é que de compaixão sois animados.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano, Do sofrimento dos amores perdidos e de sua ânsia em
A que dava ocasião minha brandura, revivê-los, nasce a desolada angústia de alguém que,
Nunca pude fugir ao cego engano: procurando o objeto de sua paixão, não o encontra:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano, Nise? Nise? onde estás? Aonde espera
Onde há mais resistência, mais se apura. Achar-te uma alma que por ti suspira,
Se quanto a vista se dilata e gira,

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LITERATURA

Tanto mais de encontrar-te desespera! E mais as finas lãs, de que me visto.


Graças, Marília bela,
NOTA: Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
NISE, personagem fictícia, é frequentemente citada Dos anos inda não está cortado:
em sua poesia lírica. Os pastores, que habitam este monte,
Além do gênero lírico, Cláudio Manuel da Costa tenta Respeitam o poder do meu cajado:
a epopéia num poemeto chamado Vila Rica, onde Com tal destreza toco a sanfoninha,
canta a fundação da cidade e procura mostrá-la já Que inveja até me tem o próprio Alceste:
incorporada aos padrões civilizatórios europeus. Ao som dela concerto a voz celeste;
Apesar da influência visível de O Uraguai, de Basílio Nem canto letra, que não seja minha,
da Gama, o resultado é de uma mediocridade Graças, Marília bela,
irremediável. Graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura,
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810) Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Filho de um magistrado brasileiro, nasceu, no Depois que teu afeto me segura,
entanto, em Porto, Portugal. A família retornou ao Que queres do que tenho ser senhora.
Brasil quando o menino contava sete anos. Aqui É bom, minha Marília, é bom ser dono
estudou com os jesuítas, na cidade da Bahia. Com De um rebanho, que cubra monte, e prado;
dezessete anos foi para Coimbra estudar Direito. Por Porém, gentil Pastora, o teu agrado
algum tempo exerceu a profissão de advogado em Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.
terras portuguesas, mas em 1782 foi nomeado Graças, Marília bela,
Ouvidor de Vila Rica, capital de Minas Gerais. Graças à minha Estrela!
Ocupou altos cargos jurídicos e em 1787 tratou
casamento com Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a *Casal: pequena propriedade rústica
futura Marília. Ele tinha mais de quarenta anos e ela
era pouco mais do que uma adolescente. A detenção Desvios Sensuais
pelo envolvimento na Conjuração Mineira impediu o Estando ligado às concepções rígidas do Arcadismo,
enlace. Ficou preso três anos numa prisão no Rio de Tomás Antônio Gonzaga tende à generalização
Janeiro e depois foi condenado a dez anos de degredo insossa dos sentimentos e ao amor comedido e
em Moçambique. Lá se casou com a filha de um rico discreto. Mas há vários momentos, em Marília de
traficante de escravos e voltou a ocupar postos Dirceu, que indicam um desejo de confidência e onde
importantes na burocracia portuguesa. Morreu no aparecem atrevimentos eróticos surpreendentes. São
continente africano em 1810. momentos de emoção genuína: o poeta lembra que o
tempo passa, que com os anos os corpos se
Obras: Marília de Dirceu (Parte I - 1792; Parte II - entorpecem, e convoca Marília para o "carpe diem"
1799; Parte III - 1812), Cartas Chilenas (1845) renascentista:

Marília de Dirceu Ornemos nossas testas com as flores,


Publicada pela primeira vez em Lisboa, no ano de E façamos de feno um brando leito;
1792, é uma das obras líricas mais estimadas e lidas no Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
país, que permite duas abordagens igualmente válidas. Gozemos do prazer de sãos Amores.
A primeira mostra-a como o texto árcade por Sobre as nossas cabeças,
excelência. A segunda aponta para sua dimensão pré- Sem que o possam deter, o tempo corre;
romântica. E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
O pastoralismo, a galanteria, a clareza, a recusa em
intensificar a subjetividade, o racionalismo neoclássico O Pré-romântico
que transforma a vida num caminho fácil para as almas A tristeza da prisão domina a segunda e a terceira
sossegadas, eis alguns dos elementos que configuram o partes do poema. Há uma tendência maior à confissão.
Arcadismo nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, Por outro lado, as convenções arcádicas diminuem e o
especialmente as da primeira parte do livro, equilíbrio neoclássico é várias vezes rompido pelo tom
produzidas ainda em liberdade de desabafo que percorre o texto.
Nem sempre a amargura confere vigor poético aos
PARTE I versos, que continuam controlados nas imagens, nos
ritmos e na pintura das emoções. Mas, aqui e ali,
Lira I surgem flagrantes de grande beleza lírica, centrados
nos sentimentos de injustiça, de medo do futuro e de
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, medo da morte e, acima de tudo, na lembrança
Que viva de guardar alheio gado; dolorosa de Marília. Estas passagens induziram alguns
De tosco trato, d’expressões grosseiro, críticos a considerá-las manifestações de pré-
Dos frios gelos, e dos sóis queimado. romantismo. Veja-se o exemplo:
Tenho próprio *casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
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LITERATURA

Lira XIX Aquele, que só põe o seu cuidado


Em deixar a seus filhos o tesouro
Nesta triste masmorra, Que ajunta, Doroteu, com mão avara,
De um semivivo corpo sepultura, Furtando ao rico e não pagando ao pobre.
Inda, Marília, adoro
A tua formosura. POESIA ÉPICA
Amor na minha ideia te retrata;
Busca extremoso, que eu assim resista BASÍLIO DA GAMA (1741 -1795)
À dor imensa, que me cerca, e mata. Basílio da Gama nasceu em Minas Gerais e, órfão, foi
para o Rio de Janeiro estudar em colégio de jesuítas.
Quando em meu mal pondero, Estava para professar na Companhia quando ela foi
Então mais vivamente te diviso: dissolvida por ordem de Pombal. Abandonou-a e,
Vejo o teu rosto, e escuto após um tempo em Roma, foi para Portugal, a fim de
A tua voz, e riso. frequentar a Universidade de Coimbra. Preso por
Movo ligeiro para o vulto os passos; suspeita de "atividades jesuíticas", salvou-se do
Eu beijo a tíbia luz em vez de face; desterro dirigindo um poema de louvor à filha do
E aperto sobre o peito em vão os braços Marquês de Pombal. Este se tornaria seu protetor,
especialmente depois da publicação de O Uraguai, em
Cartas chilenas 1769, que colocava o autor dentro dos padrões
ideológicos do Iluminismo.
As Cartas Chilenas são 13 cartas escritas por Critrilo
(pseudônimo do autor que por muito tempo ficou O Uraguai
obscuro) relatando os desmandos, atos corruptos,
nepotismo, abusos de poder, falta de conhecimento e Poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas,
tantos outros erros administrativos, jurídicos e morais antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega
quanto pudessem ser relatados em versos decassílabos que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios
do "Fanfarrão Minésio" ( o governador Luís Cunha para ser eles mesmos seus senhores. O enredo em si, é
Meneses) no governo do "Chile" (a cidade de Vila a luta dos portugueses e espanhóis contra os índios e
Rica). Elas são sempre dirigidas a "Doroteu" (que tem os jesuítas dos Sete Povos das Missões. De acordo
uma epístola após as 13 cartas), ninguém mais do que com o tratado de Madrid, Portugal e Espanha fariam
Cláudio Manuel da Costa. As Cartas chilenas, por uma troca de terras no sul do país: Sete Povos das
outro lado, completam a obra de Gonzaga. São Missões para os espanhóis, e Sacramento para os
poemas satíricos que circularam em Vila Rica pouco portugueses. Os nativos locais recusam-se a sair de
antes da Inconfidência Mineira. Esses poemas eram suas terras, travando uma guerra. Foi escrito em versos
escritos em versos decassílabos e tinham a estrutura de brancos decassílabos, sem divisão de estrofes e
uma carta, assinada por Critilo e endereçada a divididos em cinco cantos, e por muitos autores, foi o
Doroteu, residente em Madri. Nessas cartas, Critilo, início do Romantismo.
habitante de Santiago do Chile (na verdade Vila Rica),
narra os desmandos e arbitrariedades do governador No Canto I, o poeta apresenta já o campo de batalha
chileno, um político sem moral, despótico e narcisista, coberto de destroços e de cadáveres, principalmente
o Fanfarrão Minésio (na realidade, Luís da Cunha de indígenas, e, voltando no tempo, apresenta um
Meneses, governador de Minas Gerais até pouco antes desfile do exército luso - espanhol, comandado por
da Inconfidência). Estes poemas foram escritos numa Gomes Freire de Andrada.
linguagem bastante satírica e agressiva, e sua
verdadeira autoria foi discutida por muito tempo. No Canto II, relata o encontro entre os caciques Sepé
Após os estudos de Afonso Arinos e, principalmente, e Cacambo e o comandante português. Gomes Freire
do trabalho de Rodrigues Lapa, a dúvida acabou: de Andrada à margem do rio Uruguai. O acordo é
Critilo é mesmo Tomás Antônio Gonzaga e Doroteu é impossível porque os jesuítas portugueses se negavam
Cláudio Manuel da Costa. a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre então o
combate entre os índios e as tropas luso-espanholas.
Fragmento da carta 2ª Os índios lutam valentemente, mas são vencidos pelas
armas de fogo dos europeus. Sepé morre em combate.
Não cuides, Doroteu, que brandas penas Cacambo comanda a retirada.
Me formam o colchão macio e fofo;
Não cuides que é de paina a minha fronha No Canto III, o falecido Sepé aparece em sonho a
E que tenho lençóis de fina holanda, Cacambo sugerindo o incêndio do acampamento
Com largas rendas sobre os crespos folhos; inimigo. Cacambo aproveita a sugestão de Sepé com
Custosos pavilhões, dourados leitos sucesso. Na volta da missão Cacambo é
E colchas matizadas, não se encontram traiçoeiramente assassinado por ordem do jesuíta
Na casa mal provida de um poeta, Balda, o vilão da história, que deseja tornar seu filho
Aonde há dias que o rapaz que serve Baldeta cacique, em lugar de Cacambo. Observa-se
Nem na suja cozinha acende o fogo. aqui uma forte crítica aos jesuítas.
Mas, nesta mesma cama, tosca e dura,
Descanso mais contente, do que dorme No Canto IV, o poeta apresenta a marcha das forças

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LITERATURA

luso-espanholas sobre a aldeia dos índios, onde se Cotou a larga história de seus males.
prepara o casamento de Baldeta e Lindóia. A moça, Nos olhos Caitutú não sofre o pranto,
entretanto, prefere a morte. O poema apresenta então E rompe em profundíssimos suspiros,
um trecho lírico de rara beleza: Lendo na testa da fronteira gruta
"Inda conserva o pálido semblante De sua mão já trêmula gravado
Um não sei que de magoado e triste O alheio crime, e a voluntária morte.
Que os corações mais duros enternece, E por todas as partes repetido
Tanto era bela no seu rosto a morte!" O suspirado nome de Cacambo.
Com a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios Inda conserva o pálido semblante
se retiram após queimarem a aldeia. Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
No Canto V, o poeta expressa suas opiniões a res- NÃO ESQUEÇA!
peito dos jesuítas, colocando-os como responsáveis
pelo massacre dos índios pelas tropas luso - O esforço neoclássico do século XVIII leva alguns
espanholas. Eram opiniões que agradavam ao Marquês autores a sonhar com a possibilidade de um retorno ao
de Pombal, o todo poderoso ministro de D. José I. sentido épico do mundo antigo. No entanto, numa era
Nesse mesmo canto ainda aparece a homenagem ao onde as concepções burguesas, o racionalismo e a
general Gomes Freire de Andrada que respeita e Ilustração triunfam, o heroísmo guerreiro ou
protege os índios sobreviventes. aventureiro parecem irremediavelmente fora de moda.
Convém ressaltar que O Uraguai, além das
A epopéia ressurge, é verdade, mas quase como farsa.
características árcades, já apresenta, algumas
tendências românticas na descrição da natureza
Compare-se, por exemplo, a grandeza do assunto de
brasileira.
Os Lusíadas - os notáveis descobrimentos de Vasco da
CANTO QUARTO (fragmento) Gama - com o mesquinho tema de O Uraguai - a
A Morte de Lindóia tomada das Missões jesuíticas do Rio Grande do Sul
pela expedição punitiva de Gomes Freire de Andrade,
Este lugar delicioso, e triste, em 1756 - para se ter uma ideia das diferenças que
Cansada de viver, tinha escolhido separam as duas obras.
Para morrer a mísera Lindoya.
Lá reclinada, como que dormia, SANTA RITA DURÃO (1722-1784)
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco Nascido em Mariana, estudou no Colégio dos Jesuítas
De um fúnebre cipreste, que espalhava na Rio de Janeiro até os dez anos, partindo depois
Melancólica sombra. Mais de perto para a Europa, onde se tornaria padre Agostiniano.
Descobrem que se enrola no seu corpo Durante o governo de Pombal, foi perseguido e
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge abandonou Portugal. Trabalhou em Roma como
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio. bibliotecário até a queda de seu grande inimigo,
Fogem de a ver assim sobressaltados, retornando então ao país luso. Ao Brasil não voltaria
E param cheios de temor ao longe; mais, e sua epopéia é uma forma de demonstrar que
E nem se atrevem a chamá-la, e temem ainda tinha lembranças de sua terra natal.
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte. Caramuru (1781)
Porém o destro Caitutú, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora O poema épico Caramuru é publicado doze anos
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes depois de O Uraguai, contudo não existe uma
Soltar o tiro, e vacilou três vezes continuidade entre ambos. Nem formal, nem
Entre a ira, e o temor. Enfim sacode ideológica. Ao contrário de Basílio da Gama,
O arco, e faz voar a aguda seta, admirador de Pombal, Santa Rita Durão lembra o
Que toca o peito de Lindoya, e fere período pombalino como uma época de horrores.
A serpente na testa, e a boca, e os dentes Assim, a visão anti-jesuítica de seu antecessor cede
Deixou cravados no vizinho tronco. lugar a uma narrativa de inspiração religiosa.
Açouta o campo co'a ligeira cauda Também ao inverso de Basílio da Gama, que procurou
O irado monstro, e em tortuosos giros inovar usando versos brancos e dividindo o poema em
Se enrosca no cipreste, e verte envolto apenas cinco cantos, o bom frei segue rigidamente o
Em negro sangue o lívido veneno. modelo camoniano de Os Lusíadas. Realiza seu poema
Leva nos braços a infeliz Lindoya em dez cantos, com estrofes de oito versos
O desgraçado irmão, que ao despertá-la decassílabos e rimados. Sua pretensão, tão maiúscula
Conhece, com que dor! no frio rosto quanto a sua falta de criatividade, é compor uma obra-
Os sinais do veneno, e vê ferido síntese sobre a colonização do Brasil:
Pelo dente sutil o brando peito. Os sucessos do Brasil não mereceriam menos um
Os olhos, em que Amor reinava, um dia, poema que os da Índia. Incitou-me a escrever este, o
Cheios de morte; e muda aquela língua, amor pela Pátria.
Que ao surdo vento, aos ecos tantas vezes
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LITERATURA

ao neoclassicismo foi o:
Resumo
A) Classicismo.
O poema narra a história (lenda?) do aventureiro B) Arcadismo.
Diogo Álvares Correia, que naufraga na costa da C) Romantismo.
Bahia, no século XVI, sendo recolhido por índios. Ele D) Parnasianismo.
os maravilha com sua espingarda, procurando depois E) Simbolismo
catequizá-los e colonizá-los. Esta junção do herói
português com o herói católico é representado pelo 3. (EsPCex – 2019) Influenciados pelo poeta latino
desejo de Caramuru em desposar uma jovem indígena Horácio, os poetas árcades costumam
e assim sacramentar a união entre os nativos e os reaproveitar dois temas da tradição clássica: o
conquistadores. fugere urbem e o aurea mediocritas. Assinale o
Noiva então com a casta Paraguaçu, filha de um trecho de Cláudio Manuel da Costa que apresenta
cacique e, como não há padres para efetivar o essas características:
matrimônio, os noivos embarcam, ainda puros, numa
caravela francesa, rumo à Europa. Lá, a exótica dupla a) “Como, ó Céus, para os ver terei constância, / Se cada
dos trópicos vai deslumbrar a requintada Corte da flor me lembra a formosura / Da bela causadora de
França. minha ânsia?”
Na partida do litoral brasileiro, ocorre a cena mais
famosa de Caramuru: jovens indígenas apaixonadas b) “Se o bem desta choupana pode tanto, / Que chega a
pelo "filho do trovão" nadam em desespero atrás do ter mais preço, e mais valia, / Que da cidade o
navio, suplicando que o herói não se fosse. Em certo lisonjeiro encanto;”
momento, já debilitadas resolvem retornar à terra.
Uma indígena, entretanto, prefere morrer a perder de c) “Enfim serás cantada, Vila Rica, / Teu nome alegre
vista o homem branco. É Moema, que vai perecer notícia, e já clamava; / Viva o senado! viva! repetia /
tragada pelas ondas: Itamonte, que ao longe o eco ouvia.”

Perde o lume dos olhos, pasma e treme, d) “Já rompe, Nise, a matutina aurora / O negro manto,
Pálida a cor, o aspecto moribundo, com que a noite escura, / Sufocando do Sol a face
Com a mão já sem vigor, soltando o leme, pura, / Tinha escondido a chama brilhadora.”
Entre as salsas* escumas desce ao fundo:
Mas na onda do mar, que irado freme, e) “Destes penhascos fez a natureza / O berço, em que
Tornando a aparecer desde o profundo: nasci: oh quem cuidara, / Que entre penhas tão duras
"Ah! Diogo cruel!" disse com mágoa se criara / Uma alma terna, um peito sem dureza.”
E sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
*Salsas: salgadas 4. (EsPCex – 2014) A temática do Arcadismo presente
nos versos abaixo é o
Como o tema era pobre em demasia, Santa Rita Durão “Se o bem desta choupana pode tanto,
enche os dez cantos do Caramuru com "guerras, Que chega a ter mais preço, e mais valia,
visões da história do Brasil dos séculos XVI a XVIII, Que da Cidade o lisonjeiro encanto”
viagens, festas na Corte, etc." O resultado dessa
mistura é uma obra prolixa, onde os episódios se [A] “carpe diem”.
atropelam sem unidade, dissolvendo qualquer [B] paganismo.
possibilidade de significado épico. [C] “fugere urbem”.
[D] fingimento poético.
QUEM SABE FAZ AGORA! [E] louvor histórico.

5. (EsPCex – 2013) Leia os versos abaixo:


EXERCÍCIOS
“Se não tivermos lãs e peles finas,
1. (ESA - 2017) O Arcadismo brasileiro originou-se e podem mui bem cobrir as carnes nossas
teve maior expressão em (no) as peles dos cordeiros mal curtidas,
e os panos feitos com as lãs mais grossas.
a) Rio de Janeiro Mas ao menos será o teu vestido
b) Minas Gerais por mãos de amor, por minhas mãos cosido.”
c) Ceará
d) Mato Grosso do Sul A característica presente na poesia árcade, presente
e) São Paulo no fragmento acima, é

[A] aurea mediocritas.


2. (ESA – 2015) O movimento literário que [B] cultismo.
caracterizou-se pelo pioneirismo na busca pela [C] ideias iluministas.
nacionalização da literatura por meio da valorização [D] conflito espiritual.
da paisagem e da cultura da nossa terra, opondo-se [E] carpe diem.

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LITERATURA

6. (UFPE - 2011) Inspirados na frase de Horácio Fugere 4-4)Enquanto a lírica brasileira do período árcade
urbem (“fugir da cidade”), os árcades voltaram-se para a dedicou-se ao pastoralismo, a narrativa continuou a
natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril. investir numa elegia da floresta virgem e de seu
O campo, que representa a natureza selvagem controlada habitante, o índio, através dos épicos de Basílio da
e posta a serviço do homem, seria o espaço de eleição, o Gama e de Frei Santa Rita Durão.
locus amoenus ou “refúgio ameno” em oposição aos centros
urbanos. Leia os textos a seguir e analise as observações 7. (EsPCex – 2010) “É o período que caracteriza
feitas em seguida. principalmente a segunda metade do século
O faisão, a perdiz e a cotovia/ À tua casa voavam, XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade
como que à Arca./O boi afável de bom grado burguesa. Vive-se o Século das Luzes, o
tornava/ Ao matadouro, ao lado do cordeiro,/ E todo Iluminismo burguês, que prepara o caminho para
animal para lá levava/ A si mesmo em oferenda./ O a Revolução Francesa.”
cardume escamado mais prazer tinha/ Em se banhar
em teu prato do que no riacho.” O texto acima refere-se ao
[A] Romantismo.
(Thomas Carew) [B] Simbolismo.
[C] Barroco.
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, [D] Realismo.
Que viva de guardar alheio gado, [E] Arcadismo.
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto; 8. (EsPCex – 2006) Leia as afirmações abaixo e, a
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; seguir, responda o que se pede.
Das brancas ovelhinhas tiro o leite I- Valoriza-se o ideal burguês da vida sustentada pelo
E mais finas lãs, de que me visto. trabalho em detrimento dos valores aristocráticos.
II – Cultiva-se a naturalidade: o homem deve conhecer e
Encheu, minha Marília, o grande Jovem, exprimir sua sensibilidade e seus sentimentos.
De imensos animais de toda espécie III – Prega-se uma vida mediana e equilibrada, longe do
As terras, mais os ares, mundo urbano. A linguagem deve ser simples,
O grande espaço dos salobres rios, consistindo apenas no que é essencial.
Dos negros, fundos mares.
Para sua defesa, O movimento literário definido pelas afirmativas é o:
A todos deu as armas que convinha, a) Romantismo
A sábia Natureza. b) Barroco
Ao homem deu as armas do discurso, c) Parnasianismo
Que valem muito mais que as outras armas; d) Arcadismo
Deu-lhe dedos ligeiros, e) Simbolismo
Que podem converter em seu serviço
Os ferros e os madeiros; 9. (EsPCex – 2004) A Revolução Francesa, cujo
Que tecem fortes laços marco é a Tomada da Bastilha, em 14 de julho de
E forjam raios, com que aos brutos cortam 1789, desalojou a nobreza do poder. Também a
Os voos, mais os passos. literatura do século XVIII assistira à transição do
estilo aristocrático, requintado e convencional,
(Tomás Antonio Gonzaga. Marília de Dirceu) para uma arte mais espiritual, espontânea e livre
de modelos, ao gosto da burguesia ascendente.
0-0)Como mostram os excertos, no período do O comentário acima refere-se à transição do
Arcadismo, o gênero pastoral, tanto na Europa como
no Brasil, criou uma visão idealista do campo, como a) Barroco para o Arcadismo
um lugar paradisíaco onde o homem, dominando a b) Classicismo para o Romantismo
natureza e os animais, poderia obter tranquilamente o c) Arcadismo para o Romantismo
seu sustento. d) Classicismo para o Humanismo
1-1)A fuga da cidade proposta pela poesia árcade não e) Barroco para o Romantismo
representava apenas um estado de espírito e uma
posição política e ideológica, mas uma realidade, uma 10. (EsPCex – 2003)
vez que esses poetas viviam e trabalhavam no campo. Aqui um regato
2-2)O fingimento foi uma característica marcante do Corria sereno
Arcadismo, através do qual os poetas imaginavam-se Por margens cobertas
ingênuos pastores da Arcádia, região da Grécia antiga, de flores e feno;
reunidos em confrarias dedicadas à contemplação da à esquerda se erguia
vida e à fruição do momento. um bosque fechado,
3-3)Critilo e Doroteu são dois pseudônimos árcades que e o tempo apressado,
figuram nas Cartas Chilenas. Nessas correspondências, que nada respeita,
o culto à natureza se sobrepõe ao conteúdo já tudo mudou.
propriamente político, razão por que a obra é São estes os sítios?
considerada expressão do Arcadismo brasileiro. São estes; mas eu
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LITERATURA

O mesmo não sou. FIQUE DE OLHO!


Marília, tu chamas?
Espera, que eu vou. Romantismo X romantismo

As características presentes no texto permitem romantismo: ao “romântico” atribui-se um conjunto


identificá-lo como pertencente ao de comportamentos e valores, como dar ou receber
A. Arcadismo e de autoria de Tomás Antônio Gonzaga. flores, apreciar o pôr-do-sol, namorar numa noite de
B. Romantismo e de autoria de Álvares de Azevedo. lua cheia, gostar de ler ou escrever poemas e histórias
C. Simbolismo e de autoria de João da Cruz e Sousa. de amor, emocionar-se com facilidade, ser gentil e
D. Arcadismo e de autoria de Cláudio Manuel da Costa. delicado com a pessoa amada...
E. Romantismo e de autoria de Gonçalves Dias.
Romantismo: amplo movimento artístico e cultural
do século do século XIX que representou os anseios
da burguesia e atribuiu a “romântico” um sentido
5. A ERA NACIONAL diferente: exaltado, heróico, idealizador, rebelde,
ROMANTISMO (POESIA) sonhador e... também sentimental.

CONTEXTO HISTÓRICO:
“O melhor profeta do mundo é o passado.”
Lord Byron Na Europa

- Os escritores alemães e os ingleses foram os pioneiros


Introdução
da nova tendência, mas coube aos franceses o papel de
divulgar o Romantismo (principalmente no Brasil).
– Período da consolidação da burguesia, que passou a
dominar a vida política, econômica e social após a
Revolução Francesa e a Revolução Industrial (virada
do séc. XVIII para o XIX).

A burguesia conquistou o apoio popular sob a égide


do lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade que traduzia o
desejo de romper com os valores aristocráticos, de luta
por uma sociedade mais harmônica com propostas de
um governo democrático, de igualdade e justiça social,
de direitos humanos, de liberdade de todo e qualquer
O Romantismo (A ARTE DA BURGUESIA) foi um indivíduo.
movimento artístico e filosófico surgido nas últimas
décadas do século XVIII na Europa que perdurou A realidade das sociedades industriais: mecanização da
durante grande parte do século XIX. Caracterizou-se indústria, maior produtividade, crescimento do
como uma visão de mundo contrária ao racionalismo mercado consumidor, divisão do trabalho, surgimento
que marcou o período neoclássico e buscou um do operariado. Solidificação do capitalismo. Plano
nacionalismo que aparentemente se perdera. social delineado em duas classes distintas: a classe
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de dominante (burguesia capitalista industrial) e a classe
espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de dominada (proletariado).
um movimento e o espírito romântico passa a designar
toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os PROGRESSO POLÍTICO, ECONÔMICO E
autores românticos voltaram-se cada vez mais para si SOCIAL DA BURGUESIA
mesmos, exprimindo seu mundo interior, valorizando ↓
o nacional, o folclórico e o popular, retratando o Romantismo
drama humano, amores trágicos, ideais utópicos. Se o ↓
século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo baseado na liberdade de criação e expressão, na
Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria supremacia do indivíduo, na desobediência aos
marcado pelo romantismo, pela subjetividade, pela padrões preestabelecidos (ilustrados e clássicos)
emoção e pelo eu. Foi uma arte renovadora, pois
rompeu com os padrões clássicos e buscou novas porta-voz da revolução (mundo novo, mais justo)
formas de expressão tais como versos brancos, versos ↓
livres, fusão dos gêneros literários. Não podemos rebeldia
esquecer o movimento STURM UND DRANG
(tempestade e violência) que antecedeu o Romantismo O Romantismo foi uma escola “da burguesia, pela
Alemão e se voltou contra os rigores da arte clássica. burguesia e para a burguesia”, de onde seu caráter
profundamente ideológico em favor da classe
dominante.

Porém, em pouco tempo, a rebeldia e a euforia

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LITERATURA

cederam ao desapontamento e à frustração diante da Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o


pouca repercussão prática dos ideais revolucionários que é provocado pelo impulso é permitido. Certos
na reformulação das relações sociais. sentimentos, como a saudade (saudosismo), a tristeza,
a nostalgia e a desilusão, são constantes na obra
DESCRENÇA → REAÇÃO romântica.
Visão de mundo romântica: reação ao antigo e ao
novo! Egocentrismo: cultua-se o "eu" interior, atitude
narcisista, em que o individualismo prevalece; micro-
O espírito romântico opôs: cosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo
o sentimento e o coração à razão e à mente, exterior).
a arte e a poesia à ciência,
o espiritualismo ao materialismo, Liberdade de criação: todo tipo de padrão clássico
a subjetividade à objetividade, preestabelecido é abolido. O escritor romântico recusa
o cristianismo à filosofia ilustrada, formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-
a noite ao dia, se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos
a expansão e o entusiasmo ao equilíbrio, clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial.
o isolamento ao convívio social,
os valores individuais aos universais...
A partir da visão idealizada do indivíduo como ser Medievalismo: há um grande interesse dos
original e singular, dotado de gênio e liberdade, fez a românticos pelas origens de seu país, de seu povo. Na
crítica da alienação do homem mergulhado em uma Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus
vida cotidiana e medíocre na estrutura da nova valores, por ser uma época obscura. Tanto é assim que
sociedade burguesa. o mundo medieval é considerado a "noite da
O Romantismo foi um movimento amplo e apre- humanidade"; o que não é muito claro, aguça a
sentou, muitas vezes, características contraditórias. imaginação, a fantasia. No Brasil, o índio representa o
papel de nosso passado medieval e vivo.
Um novo público
Pessimismo: conhecido como o "mal-do-século". O
Com o final do período clássico, desapareceram os artista se vê diante da impossibilidade de realizar o
mecenas das artes e surgiu um público consumidor sonho do "eu" e, desse modo, cai em profunda
amplo e anônimo, que impôs seu padrão de gosto e tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero,
suas aspirações e que propiciou o surgimento de uma frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicídio,
nova linguagem literária que evidenciou: solução definitiva para o mal-do-século.

- a oposição aos modelos da tradição clássica e a Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o
liberdade de criação e de expressão; romântico não aceita a realidade, volta ao passado,
- a rejeição por uma arte de caráter erudito e nobre a individual (fatos ligados ao seu próprio passado, a sua
favor de uma arte de caráter mais popular (interesse infância) ou histórico (época medieval).
pelo folclórico, pelo nacional);
- o apelo para os sentimentos e para a imaginação. Condoreirismo: corrente de poesia político-social,
com grande repercussão entre os poetas da terceira
O romance (prosa artística, forma mais acessível de geração romântica. Os poetas condoreiros,
manifestação literária) ganhou um espaço que sempre influenciados pelo escritor Victor Hugo, defendem a
lhe fora negado pela literatura clássica. O teatro justiça social e a liberdade.
ganhou novo impulso, abandonando as formas
clássicas e se inspirando em temas nacionais, que Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os
propiciou o surgimento do drama. poetas da segunda geração romântica e relacionada ao
poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar
Características da linguagem romântica um estilo de vida e uma forma particular de ver o
mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada
Subjetivismo: o romântico quer retratar em sua obra para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do
uma realidade interior e parcial. Trata os assuntos de sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica,
uma forma pessoal, de acordo com o que sente, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
aproximando-se da fantasia.
Religiosidade: como uma reação ao Racionalismo
Idealização: motivado pela fantasia e pela materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença
imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou
as coisas não são vistas como realmente são, mas válvulas de escape diante das frustrações do mundo
como deveriam ser segundo uma ótica pessoal. Assim, real.
a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como
virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, Culto ao fantástico: a presença do mistério, do
quase sempre, é espiritual e inalcançável; o índio, sobrenatural, representando o sonho, a imaginação;
ainda que moldado segundo modelos europeus, é o frutos da pura fantasia, que não carecem de
herói nacional. fundamentação lógica, do uso da razão.

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LITERATURA

Nativismo: fascinação pela natureza. O artista se vê Janeiro e São Paulo se tornaram as duas grandes
totalmente envolvido por paisagens exóticas, como se cidades na 1ª metade do século XIX.
ele fosse uma continuação da natureza. Muitas vezes, o
nacionalismo romântico é exaltado através da Durante todo o período de permanência da corte
natureza, da força da paisagem. portuguesa no Brasil (1808-1821), o país progrediu
muito. A independência econômica do país estava
Nacionalismo ou patriotismo: exaltação da Pátria, enraizada nesses fatos. Aos poucos o sentimento
de forma exagerada, em que somente as qualidades são anticolonialista começou a se fazer, gerando a
enaltecidas. independência política, em 1822.
As artes, em geral, refletiram uma temática de fundo
A literatura romântica no Brasil nacionalista: PAISAGENS TROPICAIS, FATOS
O progresso geral do Brasil durante e fase da HISTÓRICOS, PERSONAGENS BRASILEIROS.
permanência da Corte Portuguesa, imediatamente
seguida pela Independência (1822), teve indisputável Artes plásticas
expressão cultural e literária. O Rio de Janeiro tornou- Os artistas dedicam-se a pinturas históricas, que
se, além da sede do governo, a capital literária, e, com enaltecem o Império e o nacionalismo oficial.
a liberdade de impressão desencadeou-se intenso Exemplos são as telas A Batalha de Guararapes, de
movimento de imprensa por todo o país, em que se Victor Meirelles (1832-1903), Pedro Américo
misturavam a literatura e a política numa feição bem (QUADRO DA INDEPENDÊNCIA OU MORTE)
típica da época. O Romantismo coincidiu com a e Debret.
valorização das nossas tradições e origens, com a
definição da nacionalidade. Fomos muito Música
influenciados, desde o pré-romantismo, pelos Os compositores buscam liberdade de expressão e
europeus, entre eles Ferdinand Denis e Almeida valorizam a emoção. Resgatam temas populares e
Garret. folclóricos, que dão ao romantismo caráter
nacionalista. A ópera se desenvolve no país. Seus
No momento em que o Romantismo brasileiro é principais representantes são Carlos Gomes, autor
natural pelos temas e pelo estilo, se preocupa com o de O Guarani, e Elias Álvares Lobo (1834-1901).
sentido da sua universalidade. Eles são auxiliados por libretistas como Machado de
Assis e José de Alencar. Em 1863 estréia Joana de
O Romantismo brasileiro também procura exprimir as Flandres, de Carlos Gomes, com texto em português.
peculiaridades da natureza, história, costumes e língua A última ópera apresentada nesse período é O
dos brasileiros; o ideal da pureza amorosa contraposto Vagabundo, de Henrique Alves de Mesquita (1830-
às convenções sociais, o sentimento da natureza como 1906). Uma segunda fase do movimento é marcada
um refúgio e o gosto pelas paisagens exóticas, a pelo folclorismo. Sobressaem Alberto Nepomuceno
valorização do passado e do individualismo. Seu (1864-1920) e Luciano Gallet (1893-1931).
marco inicial é com a publicação de Suspiros
poéticos e saudades (1836), de Domingos MÚSICOS REPRESENTATIVOS: Choppin,
Gonçalves de Magalhães. Juntamente com Araújo Schubert, Beethoven.
Porto Alegre e Dutra Melo, Gonçalves de Magalhães
publica, apoio de Dom Pedro I, a revista Niterói, com Primeira Geração – Nacionalista – Indianista
o objetivo de consolidar uma cultura brasileira. A
escola romântica perdura, no Brasil, até 1881 com a Representantes: Gonçalves de Magalhães e
publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Gonçalves Dias
Machado de Assis (Realismo) e O Mulato, Aluísio
Azevedo (Naturalismo). Modelos Poéticos: Chateaubriand e Lamartine

DE OLHO NA HISTÓRIA! Temas: O índio, a saudade da pátria, a natureza, a


A vinda da família real para o Brasil foi o que religiosidade (panteísmo), o amor idealizado.
desencadeou a nossa independência política e social.
Para facilitar a administração do reino de Portugal, no Gonçalves de Magalhães
Brasil, uma série de transformações sociais e Domingos Gonçalves de Magalhães teve como meta a
econômicas se deram: a abertura dos portos, a implantação da nova corrente literária no Brasil. Seu
fundação do Banco do Brasil, a criação de tribunais de lirismo, entretanto, soou bastante artificial o que
finanças e justiça, o surgimento da imprensa, a criação prejudicou sua produção.
de bibliotecas, a “Independência”, a Fundação da
Faculdade de Direito (1827) de São Paulo e do Recife, OBRA: SUSPIROS POÉTICOS E SAUDADES
a Abdicação de Pedro I, as revoltas populares
(Sabinada, Balaiada, Cabanagem, Farroupilha), a O prefácio (única parte interessante da obra)
criação da Companhia Dramática Nacional (1833). funcionou como manifesto romântico.

Não podemos esquecer ainda que o surto do café, por


sua vez, provocou o deslocamento da atividade
econômica para São Paulo. Eis por que o Rio de

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LITERATURA

Gonçalves Dias Implorando cruéis forasteiros,


Seres presa de vis Aimorés.
Consolidou o Romantismo no
Brasil e entre os românticos foi o
mais contido, o mais equilibrado.
A herança clássica interferiu em
sua poesia e fez com que ficasse
entre a rigidez dos clássicos e o
exagero dos românticos (manteve-se preso à sintaxe 2) Poesia lírico-amorosa
portuguesa).
Foi o primeiro poeta, na estética romântica, que ao I
trabalhar a temática indianista (tradições, ambiência, Enfim te vejo! - enfim posso,
rituais, lendas) deu-lhe nível artístico e altura épica. Curvado a teus pés, dizer-te,
Consagrou-se por apresentar uma produção marcada Que não cessei de querer-te,
pela variedade temática, ritmo, jogos de imagens, Pesar de quanto sofri.
gosto pela descrição, pela plasticidade, pelos recursos Muito penei! Cruas ânsias,
expressivos. Explorou também a temática do Dos teus olhos afastado,
medievalismo com as SEXTILHAS DE FREI Houveram-me acabrunhado
ANTÃO. A não lembrar-me de ti!

III
Por seu modo de escrever foi admirado e serviu de Louco, aflito, a saciar-me
inspiração a grandes escritores tais como: Olavo Bilac, D'agravar minha ferida,
Machado de Assis e Manuel Bandeira. Tomou-me tédio da vida,
Com o indianismo, vale destacar, expressou um ideal Passos da morte senti;
de homem brasileiro. Conciliou também o Mas quase no passo extremo,
primitivismo com valores morais do cristianismo. No último arcar da esperança,
Tu me vieste à lembrança:
Os temas na poética de Gonçalves Dias Quis viver mais e vivi!

1) Poesia Indianista XVIII


Lerás porém algum dia
IV Meus versos d'alma arrancados,
Meu canto de morte, D'amargo pranto banhados,
Guerreiros, ouvi: Com sangue escritos; - e então
Sou filho das selvas, Confio que te comovas,
Nas selvas cresci; Que a minha dor te apiade
Guerreiros, descendo Que chores, não de saudade,
Da tribo tupi. Nem de amor, - de compaixão.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante 3) A lírica saudosista e naturista
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci; “(...)
Sou bravo, sou forte, Minha terra tem primores,
Sou filho do Norte; Que tais não encontro eu cá;
Meu canto de morte, Em cismar - sozinho, à noite -
Guerreiros, ouvi. Mais prazer encontro eu lá;
Já vi cruas brigas, Minha terra tem palmeiras,
De tribos imigas, Onde canta o Sabiá.
E as duras fadigas Não permita Deus que eu morra,
Da guerra provei; Sem que eu volte para lá;
Nas ondas mendaces Sem que desfrute os primores
Senti pelas faces Que não encontro por cá;
Os silvos fugaces Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Dos ventos que amei. Onde canta o Sabiá.(...)”
(Canção do Exílio)

DIALOGANDO COM O MODERNISMO


VIII
"Tu choraste em presença da morte? Os modernistas realizam, em todas as artes, uma
Na presença de estranhos choraste? aproximação crítica das obras do passado. No
Não descende o cobarde do forte; universo literário, a releitura de textos famosos das
Pois choraste, meu filho não és! escolas anteriores torna-se uma forma de rejeição ou
Possas tu, descendente maldito de admiração. Com frequência, os modernos terminar
De uma tribo de nobres guerreiros, por reescrever alguns dos textos consagrados sob uma
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LITERATURA

perspectiva de humor: é a paródia.


Observe o texto a seguir. Também Murilo Mendes mostra-se irreverente com o
célebre poema romântico:

Minha terra tem macieiras da Califórnia


onde cantam gaturamos de Veneza. (...)
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Segunda Geração

BYRONIANA – INDIVIDUALISTA – MAL DO


SÉCULO – ULTRA-ROMÂNTICA –
SUBJETIVISTA

Representantes: Álvares de Azevedo, Casimiro de


Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire.

Modelos poéticos: Byron (Inglaterra) e Mussett


Poucos poetas resistiram à chance de parodiar a (França) Poetas do “spleen” (= tédio), do satanismo.
antológica Canção do exílio, de Gonçalves Dias,
conforme podemos verificar num conjunto de Temas: A morte, o tédio, a dúvida, o medo de amar, a
excertos, como o de Oswald de Andrade, Canto do infância, solidão, boêmia, sensualidade reprimida.
regresso à pátria:
Álvares de Azevedo
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar A confissão íntima, o
Os passarinhos aqui extravasamento subjetivo e
Não cantam como os de lá acentuado pessimismo marcaram
Minha terra tem mais rosas sua obra cuja publicação foi
E quase que mais amores póstuma.
Minha terra tem mais ouro Para o jovem escritor, o amor, a
Minha terra tem mais terra (...) felicidade eram coisas inatingíveis, entretanto amou
Não permita Deus que eu morra desenfreadamente ao mesmo tempo que desejou
Sem que eu volte para são Paulo morrer. O contraste parece ter marcado seu lirismo
Sem que eu veja a rua 15 amoroso tornando-o surpreendente: a forte carga
E o progresso de São Paulo erótica divide espaço com o platonismo; a fantasia
cede, muitas vezes, seu lugar à realidade; a depressão e
Em Canção, Mário Quintana parece fazer um protesto a ironia, a solidão e o intimismo dizem do espírito
ecológico: contrastante do autor.

Minha terra não tem palmeiras... Em Lira dos Vinte Anos, temos exemplo desse
E em vez de um mero sabiá, espírito contraditório. A primeira e a terceira parte da
Cantam aves invisíveis obra revelam tratar-se de um escritor puro,
Nas palmeiras que não há. sentimental. A outra parte exibe um tom macabro,
satânico – Ariel x Caliban: Nesta obra temos: a virgem
Carlos Drummond, mais filosófico, reflete sobre a do mar (anjo) x A mulher sensual; o ambiente onírico
distância da felicidade em Nova canção do exílio: x o ambiente real, o amor x a morte, a morbidez x a
ironia e o humor. Os versos de inspiração byroniana
Um sabiá dividem espaço com poesias voltadas para os
na palmeira, longe. familiares – mãe e irmã principalmente.
Estas aves cantam
um outro canto. (...) No seu livro de contos Noite na Taverna – histórias
Onde tudo é belo fantásticas -, predomina a face Caliban. Seis estudantes
e fantástico, bêbados narram aventuras fantásticas de sexo,
só, na noite, assassinatos, mistérios e fundem realidade e
seria feliz. imaginação. Tudo com narração em 1ª pessoa.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.) Em o Poema do Frade, tem-se a história de uma
prostituta e jovem libertino.

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LITERATURA

humanas e sociais tais como a crítica ao cenário


repugnante da escravidão. Defendeu ainda os ideais
Macário é um misto de teatro e de narrativa (drama republicanos.
íntimo)
A perspectiva, assumida pelo autor, é mais racional,
Atenção! mais objetiva, o que aproxima da estética realista que,
por sua vez, já se estruturava na Europa. Entretanto a
Lira dos Vinte Anos é a obra mais significativa do linguagem do poeta o define como romântico: exagera
ultra-romantismo. Sob a influência de Byron, tem-se a em apóstrofes e antíteses violentas, em metáforas, nos
temática da morte, da evasão, da solidão, da fantasia. A hipérbatos, nas hipérboles, no uso de imagens, no
ironia e o humor aparecem na forma de crítica ao colorido, na pontuação dupla e emocionada, no uso
ultra-romantismo que impregna os textos. excessivo de reticências tudo em nome da expressão
estética, tudo em nome do realce. Enfim, ele não se
TEXTO I contentou com o essencial.

É ela! É ela! É ela! É ela Na sua poesia social, o escritor baiano fez uso do tom
É ela! é ela! — murmurei tremendo, grandiloqüente (poesia discursiva), bombástico da
e o eco ao longe murmurou — é ela! poesia comício.
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela. Além da poesia social o poeta investiu no lirismo
amoroso. Ao contrário dos românticos, Castro Alves
Dessas águas furtadas onde eu moro “Cantou as excelências das uniões corpóreas”, optou
eu a vejo estendendo no telhado pela mulher tangível e não mulher anjo, embora um ou
os vestidos de chita, as saias brancas; outro vestígio de amor platônico apareça.
eu a vejo e suspiro enamorado!
FIQUE ATENTO!

O poema épico-dramático O Navio Negreiro e o


TEXTO II poema Vozes D’áfrica estão na obra OS
ESCRAVOS de Castro Alves. Sua poesia lírica
Lembrança de Morrer aparece em ESPUMAS FLUTUANTES.

“(...) TEXTO I
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente, Não! Não eram dois povos que abalavam
Não derramem por mim nenhuma lágrima Naquele instante o solo ensanguentado...
Em pálpebra demente. Era o porvir - em frente do passado,
(...) A Liberdade - em frente à Escravidão,
Eu deixo a vida como deixa o tédio Era a luta das águias - e do abutre,
Do deserto, o poento caminheiro, A revolta do pulso - contra os ferros.
– Como as horas de um longo pesadelo O pugilato da razão - contra os erros
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; O duelo da treva - e do clarão!...
(...) (Ode ao Dous de Julho)
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida. TEXTO II

Terceira Geração Quando voltei.., era o palácio em festa!...


CONDOREIRA – HUGOANA – SOCIAL E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Representante: Castro Alves Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
E ela arquejando murmurou-me. “Adeus!”
Modelo poético: Victor Hugo (O Adeus de Teresa)

Temas: Denúncia da escravidão, luta social, defesa de


causas humanitárias, amor realizado.
TEXTO III
Castro Alves “O poeta dos escravos”
Morrer... quando este mundo é um paraíso,
Superou o exagerado indivi- E a alma um cisne de douradas plumas:
dualismo dos poetas da geração E eu sei que vou morrer.. dentro em meu peito
do mal-do-século e se voltou (Mocidade e Morte, anteriormente O Tísico)
para a construção de uma poesia
que refletisse sobre causas mais
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LITERATURA

TEXTO IV denominada , na narrativa, de GANCHO.

Negras mulheres, suspendendo às tetas Como gênero romântico, o romance tornou-se


Magras crianças, cujas bocas pretas comum, no Brasil, a partir da publicação, em jornais
Rega o sangue das mães: (FOLHETINS), de traduções de romances
Outras moças, mas nuas, espantadas, europeus. Alexandre Dumas, Walter Scott, Victor
No turbilhão de espectros arrastadas, Hugo são autores cujas obras tornaram-se populares
Em ânsia e mágoa vãs. em nosso país.

Aos poucos, o romance foi ganhando espaço. Em fins


do decênio de 30 (1830), surgiram as novelas e em
1844, Joaquim Manuel do Macedo, criou o primeiro
romance: A Moreninha.

O sentimentalismo exagerado, a mulher idealizada e o


amor impossível são traços que marcam a prosa
romântica. Como solução para o impasse romântico
ou ocorre um final feliz em que o amor supera as
barreiras sociais, ou um final trágico em que a morte
se coloca como única saída, adiando para a vida eterna
a realização amorosa.

O romance cumpriu ainda um amplo papel naquela


Romantismo (Prosa) ideia de formar o sentimento nacional e a própria
literatura local. Para tanto, os romancistas, sobretudo
José de Alencar, procuraram narrar, tematizar todo o
território nacional e os seus respectivos habitantes
típicos.

Atenção!
O pioneiro no romance brasileiro foi Teixeira e Sousa
com O Filho do Pescador, em 1843, mas não obteve
popularidade como Joaquim Manuel do Macedo.

IMPORTANTE!
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o
Romantismo renega as formas rígidas da literatura,
como versos de métrica exata. O romance se torna o
gênero narrativo preferencial, em oposição a epopéia.
É a superação da Poética, tão valorizada pelos
Almeida Júnior - Leitura clássicos.
O romance, chamado de "epopeia burguesa" pelo
filósofo alemão Friedrich Hegel, tem sua origem nas Os aspectos fundamentais da temática romântica são o
novelas de cavalaria medievais e seu marco histórico historicismo e o individualismo. O historicismo está
na publicação de Dom Quixote (1605-15), por Miguel de representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra),
Cervantes. Porém, somente no século XIX é que este Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal), José
gênero literário alcança prestígio, justamente por de Alencar (Brasil), entre tantos outros. São resgates
narrar a vida e o cotidiano burgueses, diferente da históricos apaixonados e saudosos.
poesia épica em que se narram os grandes feitos
históricos e heróicos de uma coletividade ou de um O individualismo traz consigo o culto do
povo, como em Os Lusíadas (1572), de Luis de egocentrismo e da auto análise, melancolia e
Camões. O romance, por sua vez, se atém ao pessimismo (mal do século). O movimento mais
indivíduo e a suas ações cotidianas, seguindo a importante dessa corrente - e fundador do
perspectiva individualista da ideologia burguesa. romantismo na Europa - é chamado Sturm und Drang
Seu público-alvo foi, inicialmente, constituído de (literalmente, tempestade e ímpeto), que teve o poeta
estudantes, moças e funcionários públicos. E alcançou alemão Johann Wolfgang von Goethe como seu mais
popularidade graças à relativa simplicidade do enredo famoso representante.
e à linguagem quase coloquial. Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774) de Goethe
marca o auge do Romantismo mórbido, obra de
Em geral, os romances eram, inicialmente, publicados intensa subjetividade a respeito de um amor
em folhetins de jornais e revistas importantes; e, impossível para seu protagonista (Werther), e causa
como nas telenovelas atuais, a cada final de capítulo, o uma tal comoção à sua época que uma onda de
autor deixava um assunto importante pendente para suicídios entre jovens é atribuída à leitura do volume.
assim garantir a continuidade da leitura, técnica

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LITERATURA

Outras características da prosa romântica: c) ROMANCE REGIONALISTA


Também chamado de sertanejo ou rural. Começou em
1) Flashback narrativo: é a volta no tempo para que 1869, com o romance O Ermitão de Muquém, de
sejam explicadas, por meio do passado, certas atitudes Bernardo Guimarães. Explora as paisagens e os
das personagens no presente costumes das ilhas culturais brasileiras: o Nordeste, o
Pampa Gaúcho, o Pantanal Mato-grossense, o Sertão
2) O amor como redenção: o amor é sempre visto de Minas e de Goiás. Nesta modalidade de romance,
como o único meio de o herói ou o vilão se redimirem merecem destaque: Bernardo Guimarães, José de
e se purificarem de seus erros Alencar, Visconde de Taunay e Franklin Távora.

3) Idealização do herói: esse herói é em geral dotado de d) ROMANCE HISTÓRICO


honra e coragem e às vezes põe a própria vida em O assunto é fornecido pelo passado histórico, de
risco para atender os apelos do coração preferência remoto ou lendário, de modo a permitir a
idealização. O compromisso do romancista com a
4) Idealização da mulher: essa mulher não tem opinião História limita-se à reconstituição do clima da época, à
própria e é dominada pela emoção e obedientes, fidelidade aos hábitos e aos costumes. No Brasil, só
submissas seja pelos pais ou após o casamento pelo José de Alencar explorou esta temática.
marido
Autores e obras
5) Linguagem metafórica: visto que a prosa romântica
tende à fantasia, é natural que haja muita descrição, JOAQUIM MANUEL DE MACEDO
comparação e metáfora, usadas para idealizar um
ambiente ou uma personagem. NASCIMENTO E MORTE – Nasceu em
São João do Itaboraí, Rio de Janeiro, em 24 de junho
O teatro romântico repousa na tradição da tragédia e de 1820. Faleceu em 11 de abril e 1882.
da comédia clássicas, do teatro shakesperiano, do
drama burguês e do melodrama de fins do século MEDICINA – Formou-se pela Faculdade de
XVIII, além de sugestões do teatro de tradição Medicina do Rio de Janeiro, em 1844. Neste mesmo
nacional de algumas literaturas. Dá-se a transformação ano, publicou o romance A Moreninha que lhe trouxe
em alguns casos, a mistura e a confusão de gêneros em logo prestígio e lhe decidiu o rumo a seguir: pouco
outros, até que triunfa o drama moderno e a comédia vocacionado para a atividade médica, entregou-se ao
de costumes e caracteres. Quando se consuma jornalismo e à política.
definitivamente a alteração, e já se passou do verso à
prosa, chega-se à concepção do drama moderno, POLÍTICA – Aproveitou a popularidade que lhe
voltado para os grandes problemas humanos, sociais, trouxe a novela A moreninha e fez-se deputado por
morais, históricos, com multiplicidade de várias legislaturas. Ingressou no magistério (pro-fessor
circunstâncias e de personagens, enriquecendo-se de História e Geografia no Colégio Pedro II).
assim a variedade da peça. Abundam as criações feitas
para não serem representadas, em verso ou em prosa, ADMIRAÇÃO DOS LEITORES – Macedo foi uma
ou mistura de prosa e verso, da mais audaciosa figura popular, admirado por todos os leitores do Rio
concepção, em que avultam excessos de de Janeiro de sua época. Tudo isto graças ao esquema
sentimentalismo e de imaginação, oscilando do novelesco, sentimental ou cômico, que descobriu para
sublime ao demoníaco, do normal ao mórbido e os seus livros: o namoro difícil ou impossível, o
macabro. mistério sobre a identidade de uma figura importante
na intriga, o conflito entre o dever e a paixão, as
Classificação dos romances brasileiros galhofas de estudantes.

a) ROMANCE URBANO SUCESSO – Produziu dezoito romances, mas apenas


Também chamado de citadino ou de costumes. O dois foram lidos e admirados: A Moreninha e O Moço
autor explora situações, conflitos e convenções sociais Loiro.
típicos da cidade. O Rio de janeiro, por ser o centro
cultural do Brasil na época, é a cidade mais retratada Obras mais conhecidas:
nos romances românticos. Os três autores que
merecem destaque nessa modalidade de romance são: 1. A Moreninha (romance, 1844)
Joaquim M. de Macedo, José de Alencar e Manuel A. 2. O Moço Loiro (romance, 1845)
de Almeida. 3. A Luneta Mágica (romance, 1869)

b) ROMANCE INDIANISTA Além de ficção, escreveu poesias e peças (teatro)


Narrativa preocupada com usos, costumes, tradições
do índio brasileiro, com o intuito de transformá-lo em
herói. Os romances visam à criação de heróis A MORENINHA
nacionais, míticos, lendários, tomados como símbolos
de elementos formadores da nacionalidade. Só um Modelo de romance – Macedo não tinha gênio
romancista explorou esta modalidade: José de Alencar. inventivo ou evolutivo, mas A Moreninha criou um
modelo de romance seguido por todos os prosadores
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LITERATURA

do Romantismo e só superado pelo Realismo. apaixonasse por alguém escreveria um romance) e a


resposta não poderia ser outra.
Fidelidade ao amor de infância – A história de (...)
Augusto e Carolina, ressaltando a fidelidade ao amor
de infância, foi seguida avidamente pelos leitores “- Já está pronto – respondeu o noivo Augusto.
cariocas da época. - Como se intitula?
- A Moreninha.”
Dados técnicos da obra:
a) Época: metade do século XIX. JOSÉ DE ALENCAR (O consolidador
do romance)
b) Cenário: cidade do Rio de Janeiro/Ilha de Paquetá.
NASCIMENTO E MORTE – José
c) Narrativa: primeira pessoa. Martiniano de Alencar nasceu em
Mecejana, Ceará, em 1.o de maio de 1829.
d) Personagens: Faleceu no Rio de Janeiro, vitimado pela tuberculose,
1. Augusto – herói; estudante de Medicina; casa-se com em 1877.
Carolina.
2. Carolina – heroína; a própria Moreninha. DIREITO - Cursou a Faculdade de Direito em São
3. Filipe – estudante de Medicina; irmão de Carolina. Paulo e Olinda, formando-se em
4. Dona Ana – avó de Carolina e de Filipe.
5. Fabrício – estudante de Medicina; amigo de Augusto e LITERATURA E JORNALISMO – Depois de
de Filipe. formado, começou a advogar no Rio, mas a literatura e
o jornalismo absorveram-no.

Resumo da obra ESTREIA – Foi no Diário do Rio de Janeiro que o


autor publicou, em folhetim, seus dois primeiros
A MORENINHA romances de ambientação carioca: Cinco Minutos e A
Joaquim Manuel de Macedo Viuvinha.

Este é o livro que marca o início do Romance OBRA MÁXIMA – Em 1857, Alencar publicou, em
Romântico no Brasil. Nele o autor enfatiza os detalhes folhetim, no jornal Diário do Rio de Janeiro, sua obra
do cotidiano e traz ao leitor de sua época o seu mais admirada: O Guarani.
próprio tempo. Trata-se de uma prosa de costumes
regionais em que vemos certa ingenuidade, que prende PLANO AUDACIOSO – A intenção de Alencar,
a atenção do leitor quando á o toque de mistério que escrevendo obras sobre todos os aspectos da nossa
envolve o passado dos protagonistas. nacionalidade (norte, sul, litoral, sertão, campo, cidade,
Contada por um narrador onisciente, a trama fala de índio, branco, passado, presente), foi compor uma
vários personagens, mas na realidade, concentra-se no “suma romanesca” do Brasil.
romance entre Carolina e Augusto. Ambos haviam se
conhecido quando ainda eram crianças, ele com 13 LÍNGUA NACIONAL – Alencar foi o primeiro
anos e ela com 7, num encontro casual na praia. O escritor brasileiro a propor uma linguagem diferente
mistério entre eles começa quando, levados pela dos padrões portugueses. Fez uso imoderado de
curiosidade infantil, visitam um velho enfermo e este, palavras do tupi-guarani e de expressões comuns no
encantado com aquelas crianças tão dóceis e meigas, nosso cotidiano.
pergunta o que são um do outro... a menina, sempre
faceira, responde que ele é seu marido... então, para Romances indianistas:
que Deus abençoe o desejo deles, o homem dá um
pequeno breve a cada: ... o verde, que foi dado ao 1. O Guarani (romance, 1857)
menino, contém um botão de esmeralda da blusinha 2. Iracema (romance, 1865)
da menina. Para ela foi entregue o branco, que levava 3. Ubirajara (romance, 1874)
dentro um camafeu que pertencia ao menino. A partir
daquele momento eles se pertenciam para sempre. Romances sociais ou de costumes :
Augusto contou, já adulto, tal fato para dona Ana, sem 1. Cinco Minutos (romance, 1856)
saber que Carolina ouvia e se extasiava... encontrara 2. A Viuvinha (romance, 1857)
seu “marido”!! Mas a linda moreninha o provocava o 3. Lucíola (romance, 1862)
tempo inteiro. Ora era um doce de menina, muito 4. Diva (romance, 1864)
meiga e inocente, ora era inconveniente e mimada 5. A Pata da Gazela (romance, 1870)
como criança birrenta... mesmo assim acabou se 6. Sonhos dOuro (romance, 1872)
apaixonando por ela. 7. Senhora (romance, 1875)
8. Encarnação (romance, 1877)
No final, depois de um mês, ao descobrirem que
realmente pertenciam um ao outro e já noivos, os Romances regionalistas:
amigos cobram a Augusto o romance da aposta... ( 1. O Gaúcho – ambientado no Rio Grande do Sul.
uma aposta que ele fez com os amigos que se caso

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LITERATURA

2. O Tronco do Ipê – ambientado no interior do Rio de espanhol. Sua casa-forte, às margens do Pequequer,
Janeiro. afluente do Paraíba, é abrigo de ilustres portugueses,
afinados no mesmo espírito patriótico e colonizador,
3. O Sertanejo – ambientado no Ceará (Fazenda mas acolhe inicialmente, com ingênua cordialidade,
Oiticica). bandos de mercenários, homens sedentos de ouro e
prata, como o aventureiro Loredano, ex-padre que
4. Til – ambientado no interior de São Paulo. assassinara um homem desarmado, a troco do mapa
das famosas minas de prata. Dentro da respeitável casa
Obras históricas: de D. Antônio de Mariz, Loredano vai pacientemente
urdindo seu plano de destruição de toda a família e
1. As Minas de Prata (romance,1865) dos agregados.

2. A Guerra dos Mascates (romance,1871) Em seus planos, contudo, está o rapto da bela Cecília,
filha de D. Antônio, mas que é constantemente vigiada
3. Alfarrábios (crônicas) por um índio forte e corajoso, Peri, que em
recompensa por tê-la salvo certa vez de uma avalancha
Teatro: O Demônio Familiar, Verso e Reverso, As de pedras, recebeu a mais alta gratidão de D. Antônio
Asas de um Anjo, Mãe, O Jesuíta. e mesmo o afeto espontâneo da moça, que o trata
como a um irmão. A narrativa inicia seus momentos
Crítica, polêmica, publicista: Cartas sobre a épicos logo após o incidente em que Diogo, filho de
Confederação dos Tamoios; Cartas Políticas de D. Antônio, inadvertidamente, mata uma indiazinha
Erasmo e Ao Imperador, Novas Cartas Políticas de aimoré, durante uma caçada. Indignados, os aimorés
Erasmo; Ao Povo; O juízo de Deus; A visão de Jó, o procuram vingança: surpreendidos por Peri, enquanto
Sistema Representativo. espreitavam o banho de Ceci, para logo após
assassiná-la, dois aimorés caem transpassados por
Fique Ligado!!!! certeiras flechas; o fato é relatado à tribo aimoré por
uma índia que conseguira ver o ocorrido.
Cartas sobre a Confederação dos Tamoios
ALENCAR, José de. Cartas sobre a Confederação A luta que se irá travar não diminui a ambição de
dos Tamoios: publicadas no Diário por IG. Rio de Loredano, que continua a tramar a destruição de todos
Janeiro: Typ. do Diário, 1856. 96 p. os que não o acompanhem. Pela bravura demonstrada
do homem português, têm importância ainda dois
As Cartas foram inicialmente publicadas no Diário do personagens: Álvaro, jovem enamorado de Ceci e não
Rio de Janeiro, do qual fora redator-chefe, sob o retribuído nesse amor, senão numa fraterna simpatia;
pseudônimo Ig., quando contava ainda com 27 anos. Aires Gomes, espécie de comandante de armas, leal
defensor da casa de D. Antônio. Durante todos os
A projeção de Alencar no mundo literário fez-se através da momentos da luta, Peri, vigilante, não descura dos
polêmica em torno da Confederação dos Tamoios (1856), poema passos de Loredano, frustrando todas suas tentativas
épico de Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e de traição ou de rapto de Ceci. Muito mais numerosos,
considerado então o chefe da literatura brasileira. A crítica por os aimorés vão ganhando a luta passo a passo.
ele feita ao poema denota o grau de seus estudos de teoria
literária e suas concepções do que devia caracterizar a literatura Num momento, dos mais heróicos por sinal, Peri,
brasileira, para a qual, a seu ver, era inadequado o gênero épico, conhecendo que estavam quase perdidos, tenta uma
incompatível, graças a sua modelagem clássica, à expressão dos solução tipicamente indígena: tomando veneno, pois
sentimentos e anseios da gente americana e a forma de uma sabe que os aimorés são antropófagos, desce a
literatura nascente. montanha e vai lutar "in loco" contra os aimorés: sabe
que, morrendo, seria sua carne devorada pelos
ENCICLOPÉDIA de literatura brasileira. 2. ed. Rio de antropófagos e aí estaria a salvação da casa de D.
Janeiro: Global, 2001. v. 1, p. 180. Antônio: eles morreriam, pois seu organismo já estaria
de todo envenenado. Depois de encarniçada luta, onde
De olho no RESUMO! morreram muitos inimigos, Peri é subjugado e, já sem
forças, espera, armado, o sacrifício que lhe irão
O Guarani – José de Alencar impingir. Álvaro (a esta altura enamorado de Isabel,
irmã adotiva de Cecília) consegue heroicamente salvar
Na primeira metade do século XVII, Portugal ainda Peri. Peri volta e diz a Ceci que havia tomado veneno.
dependia politicamente da Espanha, fato que, se por Ante o desespero da moça com essa revelação, Peri
um lado exasperava os sentimentos patrióticos de um volta à floresta em busca de um antídoto, espécie de
frei Antão, como mostrou Gonçalves Dias, por outro erva que neutraliza o poder letal do veneno. De volta,
lado a ele se acomodavam os conservadoristas e os traz o cadáver de Álvaro morto em combate com os
portugueses de pouco brio. D. Antônio de Mariz, aimorés.
fidalgo dos mais insignes da nobreza de Portugal, leva
adiante no Brasil uma colonização dentro mais Dá-se então o momento trágico da narrativa: Isabel,
rigoroso espírito de obediência à sua pátria. inconfor-mada com a desgraça ocorrida ao amado,
Representa, com sua casa-forte, elevada na Serra dos suicida-se sobre seu corpo. Loredano continua agindo.
Órgãos, um baluarte na Colônia, a desafiar o poderio Crendo-se completamente seguro, trama agora a
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LITERATURA

morte de D. Antônio e parte para a ação. Quando descobre que não tem leite para amamentar seu bebê,
menos supõe, é preso e condenado a morrer na que irá chamar-se Moacir...Ao chegar, Martim fica
fogueira, como traidor. O cerco dos selvagens é cada sabendo que é pai, mas se assusta e se preocupa com o
vez maior. Peri, a pedido do pai de Cecília, se faz estado de saúde da mulher...Iracema morre poucos
cristão, única maneira possível para que D. Antônio minutos depois, e Martim leva o filho para sua terra.
concordasse, na fuga dos dois, os únicos que se Alguns anos mais tarde, ele retornam ao Brasil.
poderiam salvar. Descendo por uma corda através do
abismo, carregando Cecília entorpecida pelo vinho que Ubirajara - José de Alencar
o pai lhe dera para que dormisse, Peri, consegue afinal
chegar ao rio Paquequer. Numa frágil canoa, vai Este é o terceiro romance de tema indianista de José
descendo rio abaixo, até que ouve o grande estampido de Alencar. Trata-se de uma lenda tupi, como disse o
provocado por D. Antônio, que, vendo entrarem os autor. A trama se passa antes da descoberta do Brasil.
aimorés em sua fortaleza, ateia fogo aos barris de A linguagem usada pelo autor é cheia de lirismo,
pólvora, destruindo índios e portugueses. descritiva, muito bonita e, talvez, seja a mais fácil de se
ler em comparação com suas outras obras. A
Testemunhas únicas do ocorrido, Peri e Ceci mensagem exibe os valores dos personagens
caminham agora por uma natureza revolta em águas, femininos, com beleza e ternura, e dos masculinos,
enfrentando a fúria dos elementos da tempestade. como lealdade e bravura. Jangarê, jovem caçador –
Cecília acorda e Peri lhe relata o sucedido. filho do “chefe dos chefes” araguaia, Camacã – torna-
Transtornada, a moça se vê sozinha no mundo. se Ubirajara, “senhor da lança”, após lutar e vencer o
Prefere não mais voltar ao Rio de Janeiro, para onde grande guerreiro Pojucã, da nação Tocantim. Antes de
iria. Prefere ficar com Peri, morando nas selvas. A ser “o senhor da lança”, ele havia encontrado na
tempestade faz as águas subirem ainda mais. Por floresta a jovem e linda virgem Jaci, da mesma nação
segurança, Peri sobe ao alto de uma palmeira, Pojucã. Encantado, ele decide que a quer como esposa
protegendo fielmente a moça. Como as águas fossem e sabe que tem que lutar por ela. Em sua aldeia tem
subindo perigosamente, Peri, com força descomunal, Jandira, a mais bela virgem de sua tribo e a quem
arranca a palmeira do solo, improvisando uma canoa. tomara como noiva muito antes de torna-se guerreiro.
O romance termina com a palmeira perdendo-se no Ao retornar à aldeia, levando consigo o derrotado
horizonte, não sem antes Alencar ter sugerido, nas guerreiro tupiniquim é aclamado o grande Ubirajara...
últimas linhas do romance, uma bela união amorosa, Durante as festividades, Jandira observa tudo,
semente de onde brotaria mais tarde a raça brasileira... orgulhosa dos feitos de seu noivo. Mas o jovem
guerreiro só pensa na linda Jaci... rejeita a índia
Iracema – A Lenda do Ceará – A Virgem dos araguaia, oferecendo-a ao inimigo como um prêmio de
Lábios de Mel – José de Alencar consolação antes da morte, a “esposa do túmulo”.
Jandira, arrasada, foge para a floresta. Ubirajara vai em
Este é um dos romances indianistas do escritor, busca de vencer a disputa para ter a honra de desposar
cearense. Narrado em 3º pessoa, conta o romance a bela Jaci. Após alguns conflitos, a lenda termina com
entre o colonizador português, Martim e a índia a união do ‘senhor da lança’, o chefe dos chefes, com
tabajara, Iracema, a “virgem dos lábios de mel” deste suas duas lindas esposas, Jaci e Jandira, que formaram
amor surgiu então uma nova nação e porque não dizer uma grande nação que levava o nome do maior
uma nova raça. O encontro entre eles acontece na guerreiro e herói, Ubirajara.
floresta quando ele é ferido com uma flecha. Ela o
ajuda levando-o para sua aldeia, onde ele conhece o Senhora – José de Alencar
Pajé Araquém. Depois de conflitos entre tribos
inimigas – Pitiguara e Tabajara – saberemos da Dividido em quatro partes: O Preço, Quitação, Posse
amizade que existe entre Martim e o índio Poti, da e Resgate, o livro não segue uma ordem cronológica,
tribo inimiga da qual Iracema pertence. Muitos como a que veremos aqui. Na realidade ele vai e vem
encontros e desencontros acontecem até que, certo do passado. Narrado em 3ª pessoa conta a história do
dia, Iracema dopa Martim e ao ver que conseguiu, romance entre Aurélia Camargo e Fernando Seixas.
deixando-o meio adormecido, ela deita-se com ele, que Ele vive com a mãe viúva e um irmão num subúrbio
pensa estar sonhando .No dia seguinte, a índia conta o carioca. Ao conhecer Fernando, a paixão entre eles
que aconteceu e que agora ele é seu esposo...Apesar de surge para valer e pensam até em casamento. Mas ele a
assustado, Martim aceita. A Nação Tabajara não fica abandona por causa de outra mulher. Arrasada,
satisfeita e Iracema segue a vida com Martim, ao lado Aurélia descobre que ele a trocou porque a outra
de Poti e sua tribo. Ela engravida e Martim explana o possuía um dote. Inesperadamente, Aurélia recebe
desejo de não querer outra pátria que não seja a do seu uma herança e, a partir daí, surge a oportunidade de
filho e do seu coração. Ele passa por uma cerimônia vingança ou, de reconquista. Através de seu tutor, seu
de aceitação da tribo e recebe o nome de Coatiabo - tio Lemos, Aurélia propõe a Seixas que ele se case
guerreiro pintado – e passa a pertencer à Nação de seu com uma moça possuidora de grande dote, mas impõe
amigo, agora irmão, Poti. Martim sente saudade da a condição de que ele só conheça a identidade dela
terra – Portugal – e isso entristece Iracema. O tempo quando for casar. Endividado, Seixas aceita... Mas fica
passa... Ela está só quando sente a chegada do bebê o muito feliz ao ver que a noiva é Aurélia. No entanto,
tem sozinha, apenas com a companhia dos espíritos da na noite de núpcias, ela mostra-lhe o recibo e expulsa-
floresta. Fica meio enfraquecida e arrasada quando o do quarto, chamando-o de vendido. Deste momento

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LITERATURA

em diante passam a viver um casamento hipócrita, de - É então verdade que me ama?


fachada. Na frente das pessoas, na sociedade formam - Pois duvida, Aurélia?
um perfeito casal apaixonado... Quando estão - E amou - me sempre, desde o primeiro dia que nos vimos?
sozinhos, Aurélia o trata com desprezo e autoridade... - Não lho disse já?
Ele se deixa levar. Mas, com trabalho e um pouco de - Então nunca amou a outra?
sorte, consegue juntar dinheiro suficiente e salda sua - Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de
dívida com a mulher... Despedem-se. Mas ... o amor outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo
triunfa!!! Aurélia, já arrependida do que havia feito, de amor, guardei - o para minha esposa, para ti...(...)
pede perdão ao marido e confessa todo seu amor e - Ou para outra mais rica!...(...)
que nunca deixaria de pertencê-lo... Ele também faz a José de Alencar critica ainda as intrigas de amor entre as
mesma confissão e por fim, vão para a câmara nupcial pessoas da sociedade da época, como a quetão do caça - dotes,
(onde já estiveram por duas vezes) e consumam o visto também na mesma citação anterior, neste trecho:
“santo amor conjugal”, que até então não havia "(...)- Ou para outra mais rica!(...)
acontecido.
Ainda relacionado com estas características da época,
ATENÇÃO!! José de Alencar critica ainda, o modo como os pobres
eram quase como excluídos da sociedade, da alta
Senhora – Fatos Históricos burguesia como é visto várias vezes na segunda parte
Algumas vezes, José de Alencar utiliza fatos que do livro, quando Aurélia era pobre.
ocorreram na época para representar datas.
Escolhemos dois exemplos desses fatos históricos Outros personagens
dentre os quais destaca - se a candidatura de nosso D.FIRMINA – mãe de encomenda de Aurélia que lhe
escritor, como é visto neste trecho, da página152: fazia companhia nas festas e compras.
D.EMÍLIA – mãe de Aurélia e irmã de Lemos a quem
Por essa época predispuseram-se as coisas para a candidatura este abandonou por ter-se casado com o Pedro
que o nosso escritor sonhava desde muito tempo; e coincidindo Camargo.
elas com a partida da tal estrela nortista, lembrou-se Fernando PEDRO CAMARGO - pai de Aurélia e filho natural
de fazer uma excursão ero-político por Pernambuco, a expensas do fazendeiro Lourenço Camargo, que deixa, ao
do Estado. morrer, uma herança à neta, Aurélia.
ADELAIDE – rival de Aurélia, quando pobre, na
O outro fato histórico usado por José de Alencar disputa do Seixas. Acaba se casando com o Dr.
nesta narração é a guerra do Paraguai, como é Torquato Ribeiro que Aurélia habilmente lhe arranja.
percebido neste outro trecho: TORQUATO RIBEIRO - moço bom e humilde que
A formosa mulher atravessava a sala pelo braço do General procurou ajudar Aurélia nos momentos difíceis,
Barão do T que para não desmentir o seu garbo marcial, fazia quando pobre.
naquele momento de heroísmo superior ao que mostrava na EDUARO ABREU - pretendente de Aurélia. Moço
guerra do Paraguai, onde havia sido um meio bayard. bom que custeou as despesas do enterro de sua mãe.
LÍSIA SOARES - amiga de Aurélia. Picante e um
Críticas Abordadas em Senhora tanto fofoqueira.

José de Alencar critica em Senhora em muitos trechos Lucíola – José de Alencar


o modo como o dinheiro influía na sociedade da
época ( e ainda influi ), utilizando para fazê-la, a sua Narrado na 1ª pessoa, o narrador-personagem chama-
personagem principal : Aurélia. se Paulo. Ele está contando para alguém, ou melhor,
escreve um manuscrito a uma senhora, na esperança
José de Alencar procurou mostrar como o dinheiro que ela compreenda o romance que aconteceu entre
elevavam as pessoas por entre a alta sociedade, se o ele e Lucíola.
possuíam, e como rebaixavam - nas, se não o tinham, Paulo um jovem que viera de Pernambuco para tentar
como mostra ao relatar a vida de Aurélia, a sua faze a vida na Corte, como era assim conhecido o Rio de
pobre e a sua ascendência após receber a herança de Janeiro no século XIX, conhece Lúcia, a cortesã mais
seu avô. bonita da sociedade carioca. Ela, realmente se
apaixona por ele e por causa disso tenta se regenerar e
A narração do livro cita por várias vezes como Aurélia renascer só para o amor de Paulo. Ela consegue... mas
recorre ao pensamento de que todos rodeavam - na o relacionamento só se ajusta depois de muitas idas e
por causa do dinheiro que possuía, como é visto neste vindas. Porém o desfecho não acontece da maneira
parágrafo na página 12: que a maioria dos românticos preferem... Lúcia morre
junto com o bebê que estava esperando e faz com que
Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem Paulo prometa que irá cuidar da irmãzinha, que nesta
exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia época estava morando com ela, como se fosse seu pai.
reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo Cumprindo a promessa, Paulo vai vivendo a própria
estalão. vida. Termina o manuscrito dizendo que parece ser
impossível se desfazer de suas lembranças depois de
E ainda nesta revolta de Aurélia na página 107, no tanto tempo.
diálogo com Seixas:

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LITERATURA

TEATRO ROMÂNTICO
Manuel Antônio de Almeida
É no Romantismo que se define o teatro nacional, e
Manuel Antônio de Almeida deve-se a Gonçalves de Magalhães, mais uma vez, o
(1831-1861) nasceu no Rio de papel de pioneiro: em 1838, era representado seu
Janeiro em uma família simples. drama Antônio José ou O poeta da Inquisição, considerado
Estudando com dificuldades econômicas, cursou a o marco inicial do teatro brasileiro. Mas a
Escola de Belas-Artes e Medicina, no Rio, contudo consolidação do teatro é atribuída a Martins Pena e
nunca exerceu a profissão dedicando-se ao jornalismo. suas comédias de costumes bem como o importante
Como escritor, Manuel Antônio de Almeida produziu trabalho de João Caetano.
uma das mais originais obras do Romantismo
brasileiro: Martins Pena

Memórias de um sargento de milícias. Luís Carlos Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro –
1815 – e morreu em Lisboa - 1848.Sua obra possuía
Esse romance foi publicado sob a forma de folhetins um realismo ingênuo, criando tipos e situações que
anônimos, assinados com o pseudônimo do jornal discretamente satirizavam a sociedade da época, sendo
Correio Mercantil, na qual o poeta trabalhou como comum a comparação com Manuel Antônio de
jornalista de 1852 a 1853. Almeida (Memórias de um Sargento de Milícia). Suas
Manuel Antônio de Almeida utiliza em sua obra comédias, por sua atualidade, são apresentadas até
personagens comuns do nosso cotidiano, dando hoje, com sucesso.
espaço ao barbeiro, à comadre, ao delegado, a parteira, Embora tivesse escrito alguns dramas (todos de
etc. Almeida é considerado como precursor do péssima qualidade), Martins Pena destacou-se por
Realismo, um pré-Realista. suas comédias, através das quais fundou o teatro nacional.
Um tema dominante tanto nas comédias da roça
Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel quanto nas urbanas é o do amor contrariado. A maior
Antônio de Almeida parte das tramas cômicas gira em torno de jovens
cujos desígnios amorosos ainda não se cumpriram.
Surgiu primeiro em folhetins, entre junho de 1852 e Como bem analisou Sábato Magaldi, tudo se origina
julho do ano seguinte. Os livros foram divididos em do fato de os pais preferirem pretendentes velhos e
dois volumes, o primeiro publicado em 1854 e o ricos para seus filhos. Estes, ao contrário, crêem no
segundo, em 1855. Mas só na 3º edição, amor sincero e desinteressado. Contudo, jamais um
postumamente, é que o autor teve seu verdadeiro sopro trágico percorre tais paixões irrealizadas porque
nome creditado. Das vezes anteriores ele havia todas elas serão resolvidas positivamente, em clima da
colocado um pseudônimo. Os personagens são mais completa farsa, no final das peças. As situações
Leonardo, Maria, Leonardo Pataca, Major Vidigal, são muitas parecidas (amor impossível pela má-fé de
Compadre, Luisinha, Vidinha e Comadre. Tudo vilões – desmascaramento cômico dos empecilhos –
começou numa viagem de navio quando Leonardo final feliz). Pode-se afirmar que o casamento(ou pelo menos
Pataca conhece Maria, e em meio a encontros e o namoro sério) constitui o epílogo mais comum destas comédias.
desencontros, nove meses depois nasce
Leonardo...Rejeitado pelo pai e sua mãe tendo fugido OBRAS PRINCIPAIS:
com o capitão do navio, o menino foi criado pelos
padrinhos. Desde pequeno provou que não queria Comédias: O juiz de paz na roça (1842); Os três médicos
nada com preocupações na vida...Preguiçoso e (1845); O judas em sábado de aleluia (1846); O diletante
desordeiro quando menino, na adolescência recebeu (1846); Quem casa quer casa (1847); O noviço (1853); Os
mais um adjetivo, mulherengo. E assim cresceu... O dois ou o inglês maquinista (1871).
padrinho se preocupava em saldar suas dívidas e livrá-
lo das confusões tentando arranjar-lhe um emprego Dramas: Itaminda ou o guerreiro de Tupã (1839)
honesto...Mas Leonardo ao queria saber de nada
disso...Foi viver com Vidinha e graças à sua O NOVIÇO
malandragem foi preso é engajado como soldado nas
milícias. E tinha por chefe o Major Vidigal. Mas nem Uma das poucas peças de Martins Pena em três atos,
mesmo assim Leonardo tomou jeito...Preso mais uma O noviço gira em torno da pérfida ação de Ambrósio que
vez teve a sorte de ter algumas senhoras do seu lado se casa por interesse com Florência, rica viúva, mãe da
que intercederam por ele. E graças a uma delas, jovem Emília, do menino Juca e tutora do sobrinho
Justamente a ex-amante do Major, Maria regalada, Carlos, este o personagem principal da peça O vilão
Além de ter sido solto, recebeu uma promo- Ambrósio já havia convencido a mulher a colocar Carlos
ção...Passou a ser o sargento de milícias. Sua vida só se (o noviço) em um seminário. Agora quer também
ajeita depois que ele se casa com a viúva Luisinha... internar Emília em um convento, pois ela se encontra
em idade de casar e teria de receber um dote
significativo da mãe. Igual destino aguarda o menino
que deve se tornar frade. Assim, Ambrósio ficaria com
toda a fortuna de Florência.
Carlos, no entanto, foge do convento e esconde-se na

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LITERATURA

casa da tia, já que quer fazer carreira militar e, cangaço, a seca, a miséria, as migrações.
sobretudo, desposar a prima Emília, por quem está Bernardo Guimarães
apaixonado. O acaso o ajuda na luta contra Ambrósio:
vinda do Ceará, surge Rosa, a primeira mulher do vilão O mineiro Bernardo Joaquim da Silva Guimarães,
e da qual ele não se separara oficialmente. Rosa conta além de advogado e jornalista, também foi professor,
a Carlos que o seu marido desaparecera com todo o romancista e poeta. Passou uma parte da sua infância
dinheiro que ela possuía. na cidade de Uberaba, lugar onde, mais tarde, serviria
de paisagem em seus romances. Na faculdade
O problema imediato de Carlos, porém, é livrar-se do conheceu Álvares de Azevedo, de quem se tornou
Mestre dos Noviços que está atrás dele para reconduzi-lo companheiro inseparável. Foi Bernardo, inclusive,
ao convento. Em cena hilariante, aproveita-se da quem ficou responsável pelas obras do amigo, quando
ingenuidade da mulher e troca de roupa com ela. Esta, este faleceu. Ainda estudantes, os dois se juntaram
em seguida, é encontrada pela autoridade religiosa com com outros colegas e fundaram a “Sociedade
a batina do rapaz. Confundida com o noviço fugido, é Epicuría”, onde se reuniam para trocar ideias e, o que
remetida imediatamente ao seminário. Enquanto isso, parecia provável, ideais também.
Carlos, vestido de mulher, começa a ameaçar Ambrósio
com a história de sua bigamia. Após inúmeras Segundo a observação de especialistas da área,
peripécias, o vilão é desmascarado diante da própria “Bernardo Guimarães está mais para contador de
Florência, e os jovens Carlos e Emília ficam livres para o histórias do que para romancista” pelo fato de suas
mútuo envolvimento amoroso. obras abordarem temas pitorescos e que tinham uma
certa fixação pela região em que passava o romance.
OS DOIS OU O INGLÊS MAQUINISTA Não foi à toa que se tornou o primeiro regionalista
romântico e especialista em escrever sobre as
Mariquinha e seu primo Felício se amam, mas como este paisagens tipos costumes de Minas Gerais e Goiás.
é pobre não há possibilidade de casamento. A moça é Sua obra mais popular é “A Escrava Isaura”,
cortejada por outros dois homens: Negreiro, um traduzido em diversos países. Ele ainda escreveu:
traficante de escravos, e Gainer, um inglês espertalhão. Canto da Solidão (1852); O Ermitão de Muquém (1858); O
A crítica operada contra os dois personagens – ambos Seminarista e Maurício (1877).
desejosos de obter a fortuna pessoal da jovem
mediante o casamento – parece transcender à
banalidade das tramas de Martins Pena. Funciona
como metáfora da própria realidade nacional, EXERCÍCIOS
dominada no plano econômico pelos traficantes e pelo
capital inglês. À chegada do pai de Mariquinha, a quem
todos julgavam morto, soma-se o conflito entre o 1. 1. (ESPCEX – 2017) Sobre o Romantismo no Brasil,
inglês e o traficante (outra metáfora da história do marque a afirmação correta.
Brasil da época?), permitindo a revelação dos [A] A arte romântica pôs fim a uma tradição clássica de
caracteres degradados dos dois pretendentes. Assim, três séculos e dá início a uma nova etapa na literatura,
Mariquinha e o primo Felício podem efetivar a relação voltada aos assuntos contemporâneos – efervescência
amorosa, como se o brasileiro simbolicamente social e política, esperança e paixão, luta e revolução –
tomasse posse da riqueza da nação. e ao cotidiano do homem burguês.
[B] O lema da bandeira brasileira “Ordem e Progresso” é
Fique Atento! nitidamente marcado pelos ideais românticos: parte da
suposição de que é necessário ordem social para que
Outros autores românticos de fundamental haja o progresso da sociedade.
importância foram: [C] O romantismo era um movimento antimaterialista e
antirracionalista, que usava símbolos, imagens,
Visconde de Taunay metáforas e sinestesias com a finalidade de exprimir o
mundo interior, intuitivo e antilógico.
Alfred d’Escragnolle Taunay mais conhecido como [D] O movimento inspirou-se em uma lendária região da
Visconde Taunay escreveu, em 1872, o romance Grécia Antiga, dominada pelo deus Pan e habitada por
regional, Inocência, na qual é ressaltada a sua pastores, que viviam de modo simples e espontâneo e
capacidade de transpor para a literatura as impressões se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e
visuais da paisagem sertaneja. Estas são algumas de celebrando o amor e o prazer.
suas obras: Cenas de Viagem (1868); Mocidade de Trajano [E] O estilo romântico registra o espírito contraditório de
(1870); Lágrimas do Coração (1873); Histórias Brasileiras uma época que se divide entre as influências do
(1874); A Retirada da Laguna (1874) e Dias de Guerra e Renascimento – o materialismo, o paganismo e o
do Sertão (1923). sensualismo – e da onda de religiosidade trazida
sobretudo pela Contrarreforma.
Franklin Távora
2. (PUC-Camp - 2012)
Sua obra, O Cabeleira, inaugurou um dos veios mais E, afinal, pergunta ele [Rousseau], como é esse
férteis de nossa ficção regional. Trouxe à tona negócio de "ricos" e "pobres", como é que é? Essa
problemas até então pouco conhecidos, abrindo ou desigualdade, para Rousseau, não é "natural", não
apontando certos temas, tais como o banditismo, o
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LITERATURA

decorre da Natureza – pois naquela época se falava B) Arcadismo.


assim – do próprio Homem. Ela decorre da história C) Romantismo.
dos homens e das relações múltiplas que entre eles se D) Parnasianismo.
estabelecem e que provocam como produtos E) Simbolismo.
derivados, uma porção de males como: a miséria e a
opulência, o poder de um lado, e, de outro, os pobres 5. (UFF - 2012)
desditados; os governantes, de um lado, e, de outrom Texto VI
os pobres desditados; os governantes, de um lado, e,
de outro, os pobres governados. Tudo isso, dizia Adormecida
Rousseau, tudo isso que vemos hoje em nossa frente,
essas diferenças todas entre nobres, burgueses, Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
camponeses, etc. não são nada naturais e precisam Numa rede encostada molemente...
acabar. Sim, precisam acabar, pois é esta e a fonte Quase aberto o roupão... solto o cabelo
absoluta e única de todos os males sociais. E o pé descalço do tapete rente.
FONTES, Luiz Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: 'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Brasiliense. 1982. p. 67. 5
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Diferentemente da natureza arcádica,
Via-se a noite plácida e divina.
convencionada como modelo de equilíbrio pelos
De um jasmineiro os galhos encurvados,
escritores neoclássicos, a natureza romântica
Indiscretos entravam pela sala,
representa-se de modo a 10
E de leve oscilando ao tom das auras,
a) se converter em simples cenário para as ações
Iam na face trêmulos – beijá-Ia.
humanas.
b) espelhar os sentimentos e as paixões das criaturas
Era um quadro celeste!... A cada afago
humanas.
Mesmo em sonhos a moça estremecia .
c) figurar a melancolia de quem se entrega a seus
Quando ela serenava... a flor beijava-a .
instintos. 15
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia
d) traduzir a preocupação humana com o equilíbrio
ecológico
Dir-se-ia que naquele doce instante
e) fortalecer os argumentos dos defensores do
Brincavam duas cândidas crianças...
paganismo.
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
3. (ESPCEX – 2011) “Ao velho coitado 20
De penas ralado,
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Já cego e quebrado,
Mas quando a via despeitada a meio,
Que resta? — Morrer.
P'ra não zangá-Ia... sacudia alegre
Enquanto descreve
Uma chuva de pétalas no seio...
O giro tão breve
Da vida que teve,
Eu, fitando a cena, repetia
Deixai-me viver! 25
Naquela noite lânguida e sentida:
Não vil, não ignavo,
"Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
Mas forte, mas bravo,
"Virgem! – tu és a flor da minha vida!..."
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. In: Obra completa. Rio de
Guerreiros, não coro Janeiro: Nova Aguilar, 1986. p. 124-25.
Do pranto que choro:
Se a vida deploro, Assinale a alternativa INCORRETA em relação à
Também sei morrer.” análise do poema de Castro Alves.
Sobre os versos acima, é correto afirmar que são de um poemaa) A valorização de elementos da natureza confere
[A] indianista, caracterizado pelas cargas lírica, dramática, épica e pela perfeita
sentidosutilização dos
particulares ao poema e indicia sua
vários recursos da métrica, da musicalidade e do ritmo. identificação com propostas estéticas do Romantismo.
[B] que é exemplo da melhor poesia barroca, quer na forma (decassílabos b) O rimados),
poema quer na
se organiza a partir de um episódio
temática desenvolvida (os estados contraditórios da condição humana). registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia
[C] byroniano, impregnado de egocentrismo, negativismo, pessimismo ea dúvida. subjetividade romântica presente em seu discurso.
[D] parnasiano, que manifesta uma postura anti-romântica, impassível c) eOimpessoal.
poema se constitui, principalmente, como descrição
[E] simbolista, que expressa a purificação, por meio da qual o espírito atinge
de umaas regiões
cena, repleta de elementos românticos,
etéreas, o espaço infinito. configurando-se de forma plástica e visual.
d) O poema é percorrido por um tom melancólico,
4. (ESA – 2015) O movimento literário que próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para
caracterizou-se pelo pioneirismo na busca pela expressar a frustração amorosa do eu lírico.
nacionalização da literatura por meio da valorização e) O ambiente noturno, privilegiado pelos poetas
da paisagem e da cultura da nossa terra, opondo-se românticos, contribui, no poema, para o
ao neoclassicismo foi o: estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma
A) Classicismo. e de desejo.
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LITERATURA

Sonhos tecidos de seda, cantadas de paixão


6. (UFMT - 2009) Assinale a alternativa cujo Em preto e branco e em cores
enunciado caracteriza o Romantismo enquanto No vaivém elástico, das rendas e dos amores.
desenvolvimento temático e tratamento estilístico. Você adora o jeito dele, sedutor
a) Observação da realidade marcada pelo senso quase Você faz ciúme, fala de um fã
fatalista das forças naturais e sociais pesando sobre o para que ele tome todo seu amor, nas taças graciosas do seu
homem; estilo nervoso, capaz de reproduzir o relevo sutiã.
das coisas e sublinhar com firmeza a ação dos (Publicidade, De Millus. "Feito com amor").
homens.
b) Criação de uma realidade abstrata e intangível, presa Lendo e analisando os textos, observa-se o
aos temas da morte e das paisagens vagas, seguinte.
impregnadas de misticismo e espiritualidade; ritmos 0-0)Os três textos têm características românticas,
musicais, alterativos e sinestésicos. explorando relações amorosas, de maneira sensual. Na
c) Gosto pela expressão dos sentimentos, sonhos e primeira pessoa do discurso, são textos que expressam
emoções que agitam o mundo interior do poeta; as emoções dos autores.
abandono gradual da linguagem lusitana em favor da 1-1)Castro Alves foi o único poeta do Romantismo a
brasileira, tanto no vocabulário quanto nas cantar o amor carnal, não o considerando impossível
construções sintáticas. de realizar, como em Gonçalves Dias (“Ainda uma
d) Representação objetiva da sociedade como meio de vez, adeus”), nem o sublimando com a morte
crítica às instituições sociais decadentes (igreja, próxima, como em Álvares de Azevedo (“Se eu
casamento); linguagem narrativa minuciosa, acúmulo morresse amanhã”).
de detalhes para criar impressão de realidade. 2-2)Os textos 1 e 2 aproximam-se pela delicadeza com
e) Necessidade de romper com velhas formas na que tratam o tema, sendo que o texto 2, pela sua
primeira fase do movimento, chocar o público com natureza de canção popular, tem uma linguagem
novas ideias; liberdade de criação como princípio coloquial e despojada de recursos poéticos mais
fundamental, privilégio dado à inspiração. sofisticados.
3-3)O texto 3, como texto publicitário, embora tenha
7. (UFPE - 2010) características românticas, é construído com
O Romantismo tem como características, entre finalidades diferentes da literária. A função dominante
outras, o subjetivismo, o individualismo, o não é estética, mas persuasiva, seduzindo o(a) leitor(a)
sentimentalismo, a imaginação e a fantasia. Esses com a forma como conduz a mensagem.
traços, porém, apesar de dominantes no 4-4)Comparando os três textos, percebe-se que o terceiro
movimento romântico oitocentista, extrapolam a utiliza com maior frequência o recurso de metáforas:
produção do estilo de época e se estendem a “vaivém elástico das rendas e dos amores”, “tome seu
criações artísticas de outros momentos históricos. amor, nas taças graciosas do seu sutiã”.
Considerando essas informações, analise os textos
a seguir.
Texto 1
8. (UFPB - 2009)
Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua na janela bate em cheio. Se te amo, não sei!
Boa noite, Maria! É tarde, é tarde
Não me apertes assim contra o teu seio. Amar! se te amo, não sei.
Boa noite! E tu dizes boa noite. Oiço aí pronunciar
Mas não digas assim por entre beijos... Essa palavra de modo
Mas não me digas descobrindo o peito, Que não sei o que é amar.
Mar de amor onde vagam meus desejos...
(Castro Alves, "Boa Noite"). Se amar, é sonhar contigo,
Se é pensar, velando, em ti,
Texto 2 Se é ter-te n’alma presente
Todo esquecido de mi!
Os botões da blusa
Que você usava Se é cobiçar-te, querer-te
E meio confusa Como uma benção dos céus
Desabotoava A ti somente na terra
Iam pouco a pouco Como lá em cima a Deus;
Me deixando ver
No meio de tudo Se é dar a vida, o futuro,
Um pouco de você Para dizer que te amei:
(Roberto Carlos, "Os seus botões"). Amo; porém se te amo
Como oiço dizer, – não sei.
Texto 3
(DIAS, Gonçalves. Poesia lírica e indianista. 1 ed. São Paulo: Ática,
Quando ele toca em seu corpo, você quase treme 2003, p. 199.)
Mas fica toda presa, dentro da coleção De Millus Poème
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LITERATURA

Considerando os traços estilísticos desse poema, c) lirismo amoroso.


identifique com V a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) d) descritivismo paisagístico.
e com F, a(s) falsa(s): e) egocentrismo exaltado.
( ) O poema é lírico, enfocando o amor a partir de uma
visão romântica, comparando o ser amado a uma 10. (ESA – 2003)
dádiva dos céus. 1 Quando em meu peito rebentar-se a fibra
( ) O poema apresenta versos de métrica regular (7 2 Que o espírito enlaça à dor vivente,
sílabas), estruturado em forma de soneto. 3 Não derramem por mim nem uma lágrima
( ) O poema caracteriza-se pelo tom subjetivista e 4 Em pálpebra demente.
sentimentalista, revelando a preocupação do eu lírico 5 E nem desfolhem na matéria impura
com os seus sentimentos. 6 A flor do vale que adormece ao vento:
( ) O poema foge à estética romântica, fazendo referência 7 Não quero que uma nota de alegria
de forma explícita ao amor físico. 8 Se cale por meu triste passamento.
9 Eu deixo a vida como deixa o tédio
A sequência correta é: 10 Do deserto, o poento caminheiro
a) VFVF 11 Como as horas de um longo pesadelo
b) VFFV 12 Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
c) FVVF (...)
d) VVFV 13 Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
e) FFVF 14 Se um suspiro nos seios treme ainda
15 É pela virgem que sonhei... que nunca
9. (UFG - 2010) Leia os trechos do poema “I - 16 Aos lábios me encostou a face linda!
Canção do exílio”, da coletânea As primaveras, de (...)
Casimiro de Abreu. 17 Descansem o meu leito solitário
18 Na floresta dos homens esquecida,
Canção do exílio 19 À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
20 Foi poeta – sonhou – e amou na vida. –
[...] (...)
Oh! que saudades tamanhas 21 Sombras do vale, noites da montanha
Das montanhas, 22 Que minh’alma cantou e amava tanto,
Daqueles campos natais! 23 Protegei o meu corpo abandonado,
Daquele céu de safira 24 E no silêncio derramai-lhe canto!
Que se mira, (Álvares de Azevedo)
Que se mira nos cristais!
[...] 6. O texto está organizado em torno da relação vida-
Debalde eu olho e procuro... amor-morte. Analisando essa relação, pode-se
Tudo escuro afirmar que
Só vejo em roda de mim! A. o poeta vê a morte como algo tenebroso, pavoroso,
Falta a luz do lar paterno que faz cessar toda alegria do amor e da vida.
Doce e terno, B. apesar de triste o passamento, o poeta pede que não
Doce e terno para mim. chorem, pois a morte é como um pesadelo que se desfaz
Distante do solo amado com o tempo.
— Desterrado — C. o poeta morre feliz, porque a natureza, a flor do vale,
A vida não é feliz. também morre, adormece ao vento com alegria.
Nessa eterna primavera D. embora cansado da vida e fracassado no amor, o poeta
Quem me dera, deseja sonhar e amar, temendo a solidão, a morte, o
Quem me dera o meu país! abandono.
[...] E. apesar do amor, o poeta considera a vida sinônimo de
dor, tédio e pesadelo, e a morte, alívio e libertação.
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martin Claret,
2009. p. 23-24.

A estética romântica, impulsionada pelo cenário QUEM SABE FAZ AGORA


histórico que vinha se desenhando no país, teve (Romantismo - Prosa)!
como projeto a busca do nacional pelos escritores,
que passaram a dar uma nova significação para os 1. (UPE - 2011) No romance Senhora, de José de
elementos da natureza do Brasil. Alencar, as características que fazem de Fernando
Dentro desse projeto, Casimiro de Abreu, no Seixas um herói romântico são:
poema, que abre o “Livro primeiro” da coletânea I. a preocupação com a família, quando esta lhe solicitou
As primaveras, exprime o amor e a saudade da o dinheiro que lhe foi confiado para poupança e ele
terra natal. Entretanto, o modo como o poeta havia gastado em seu próprio benefício. Martirizou-se
canta a pátria diferencia-se da maneira como os por saber que a irmã dependia desse dinheiro para se
demais românticos o fizeram, por evidenciar casar. Não tendo outra saída, sentiu-se obrigado a
a) intimismo nostálgico. aceitar a proposta de Aurélia para se casar com ela
b) pessimismo acentuado.
50 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

pelo dote de cem contos de réis, sem nada lhe revelar. imóvel, cogitando no que lhe cumpria fazer; se matá-la
II. a elegância excessiva de Fernando Seixas que o a ela, matar-se a si, ou matar a ambos. Aurélia como se
caracteriza como personagem idealizada. lhe adivinhasse o pensamento, esteve por algum
III. o fato de trair Aurélia devido a um casamento que lhe tempo afrontando-o com inexorável desprezo.
oferecia mais vantagens. – Agora, meu marido, se quer saber a razão por que o
IV. a importância dada por Fernando Seixas aos prazeres e comprei de preferência a qualquer outro, vou dizê-la; e
às futilidades da época. peço que não me interrompa. Deixe-me vazar o que
V. o desfrute da riqueza oferecida por Aurélia sem tenho dentro desta alma, e que há um ano a está
nenhuma preocupação. amargurando e consumindo. A moça apontou a Seixas
uma cadeira próxima.
Somente está CORRETO o que se afirma em – Sente-se, meu marido.
a) I e II. Com que tom acerbo e excruciante lançou a moça esta
b) I e III. frase, meu marido, que nos seus lábios ríspidos
c) II e IV. acerava-se como um dardo ervado de cáustica ironia!
d) III e V. Seixas sentou-se. Dominava-o estranha fascinação
e) IV e V. dessa mulher, e ainda mais a situação incrível a que
fora arrastado.
2. (UPE - 2011) Questão 02 - Em relação às
características que fazem do romance Senhora, de ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo, 1983.
José de Alencar, um precursor do romance
realista, assinale V para verdadeiro e F para falso Considerando o fragmento do romance Senhora,
nas afirmativas abaixo: assinale a alternativa CORRETA.
( ) A linguagem metafórica e a concepção idealizada do a) A linguagem erudita e sofisticada, utilizada no texto de
amor. Alencar, aponta que o romance Senhora representa
( ) A crítica à futilidade dos comportamentos e fragilidade exclusivamente ideologias defendidas pelos ideários
dos valores burgueses, oriundos do capitalismo racionalistas do Romantismo brasileiro.
brasileiro emergente na época. b) Aurélia, diante da indiferença que Seixas demonstra
( ) O amor como único meio de redimir todos os males. para com ela, não se intimida e revela para o marido
( ) O temor da realização amorosa. todas as intenções que a motivaram a comprá-lo como
( ) O casamento por interesse, a independência feminina se compra um objeto a ser adquirido.
e a ascensão social a qualquer preço. c) No segundo parágrafo do fragmento em análise, fica
evidente que a estética do romance romântico
Assinale a alternativa que apresenta a sequência fundamenta-se nos princípios e nos pressupostos
CORRETA. defendidos pelas teorias positivistas.
a) F; V; F; F; V. d) Na expressão "Meu marido", presente no texto, o
b) V; F; F; F; V. chamado amor romântico, fundamentado na inter-
c) F; F; V; F; V. relação da subjetividade e da objetividade exacerbada,
d) F; V; V; V; F é evidenciado de maneira contundente e irrefutável.
e) F; V; F; V; V. e) No quarto parágrafo, revelando tensão em seus
sentimentos, Aurélia, reconhecendo que vive há um
3. (UPE - 2012) ano amargura e consumição, decide explicar para
Seixas o que a motivou a fazer do seu casamento uma
Senhora (fragmento) negociação comercial.

– Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d'alma. 4. (ITA - 2012)


– Vendido sim; não tem outro nome. Sou rica, muito
rica, sou milionária; precisava de um marido, traste 1 De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de
indispensável às mulheres honestas. O senhor estava água que se dirige para o norte, e engrossado
no mercado; comprei-o. Custou-me cem mil cruzeiros, com os mananciais, que recebe no seu curso de dez
foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, léguas, torna-se rio caudal.
toda a minha riqueza por este momento. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata,
Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel enroscando-se como uma serpente, vai depois se
no qual Seixas reconheceu a obrigação por ele passada
espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola
ao Lemos. Não se pode exprimir o sarcasmo que
majestosamente em seu vasto leito.
salpicava dos lábios da moça, nem a indignação que
vazava dessa alma profundamente revolta, no olhar Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o
5
implacável com que ela flagelava o semblante do pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os
marido. Seixas, trespassado pelo cruel instinto, rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano.
arremessado do êxtase da felicidade a esse abismo de Perde então a beleza selvática; suas ondas são
humilhação, a princípio, ficara atônito. Depois quando calmas e serenas como as de um lago, e não se revoltam
os assomos da irritação vinham sublevando-lhe a alma, contra os barcos e as canoas que resvalam sobre
recalcou-os esse poderoso sentimento do respeito à elas: escravo submisso, sofre o látego* do senhor.
mulher, que raro abandona o homem de fina
Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou
educação. Penetrado da impossibilidade de retribuir o
quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda,
ultraje à senhora a quem havia amado, escutava
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LITERATURA

10 como o filho indômito desta pátria da liberdade. b) I e II.


Aí, Paquequer lança-se rápido sobre o seu leito, e c) I e III.
atravessa as florestas como o tapir, espumando, d) II.
e) II e III.
deixando o pelo esparso pelas pontas do rochedo, e
enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. De
6. (ITA - 2011) Acerca da protagonista do romance
repente, falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo rio Iracema, de José de Alencar, pode-se dizer que
recua um momento para concentrar as suas forças, e I. é uma heroína romântica, tanto por sua proximidade
precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a com a natureza, quanto por agir em nome do amor, a
presa. ponto de romper com a sua própria tribo e se entregar
(ALENCAR, José de. O guarani.) a Martim.
O trecho anterior, relacionado ao enredo do II. é uma personagem integrada à natureza, mas que se
romance, cria um cenário que prepara o leitor corrompe moralmente depois que se apaixona por um
para o conflito entre: homem branco civilizado e se entrega a ele.
a) espécies do mundo natural. III. possui grande beleza física, descrita com elementos da
a) nativos e a natureza. natureza, o que faz da personagem uma representação
b) índios e escravos. do Brasil pré-colonizado.
c) tribos indígenas.
d) colonizador e nativos. Está(ão) correta(s)
a) ( ) apenas I.
5. (ITA - 2012) b) ( ) apenas I e II.
c) ( ) apenas I e III.
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um d) ( ) apenas II e III.
1
fio de água que se dirige para o norte, e engrossado e) ( ) todas.
com os mananciais, que recebe no seu curso de dez
léguas, torna-se rio caudal. 7. (PUC-Camp - 2011)
É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enros- Argumento histórico – Na primeira expedição foi ao
cando-se como uma serpente, vai depois se Rio Grande do Norte um moço de nome Martim
Soares Moreno, que se ligou de amizade com Jacaúna,
espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola
chefe dos índios do litoral, e seu irmão Poti. Em 1608,
majestosamente em seu vasto leito.
por ordem de D. Diogo Meneses, voltou a dar
Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o princípio à regular colonização daquela capitania. Poti
5
pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os recebeu no batismo o nome de Antonio Filipe
rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Camarão, que ilustrou na guerra holandeza. Martim
Perde então a beleza selvática; suas ondas são chegou a mestre-de-campo e foi um dos exce-lentes
calmas e serenas como as de um lago, e não se cabos portugueses que libertaram a Brasil da invasão
revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam holandeza. O Ceará deve honrar sua memória como
sobre um varão prestante e seu verdadeiro fundador.
elas: escravo submisso, sofre o látego* do senhor.
(Adaptado de José de Alencar. Notas a Iracema. S. Paulo:
Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou Melhoramentos, 2.ed. p. 154)
quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda,
10 como o filho indômito desta pátria da liberdade. Alencar identifica como personagens de seu
Aí, Paquequer lança-se rápido sobre o seu leito, e romance as figuras históricas de Martim e Poti,
atravessa as florestas como o tapir, espumando, mas não faz o mesmo com Iracema. Isso se deve
ao fato de que Iracema
deixando o pelo esparso pelas pontas do rochedo, e a) não representa, em sua individualidade feminina,
enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. perso-nagem que, mesmo remotamente, se possa
De localizar no plano histórico.
repente, falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo b) é sobretudo uma protagonista romântica, de modo
rio recua um momento para concentrar as suas forças, que sua condição de nativa ressalta aspectos de mulher
e idealizada.
precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a c) não tem relevância histórica, tratando-se de uma índia
presa. inteiramente à margem dos costumes sagrados de seu
povo.
(ALENCAR, José de. O guarani.) (*) látego: chicote
d) encarna mais o afã de independência nacional do que,
propriamente, o código de conduta dos indígenas.
No contexto da obra, a personificação da
e) encarna a heroína clássica que, acima da História,
natureza
representa a espiritualidade, o senso de missão e a
I. descreve um cenário fiel ao ambiente natural.
nobreza da renúncia.
II. exibe a grandiosidade da natureza do país.
III. antecipa as características determinantes dos dois
8. (UFPR - 2012)
protagonistas masculinos.
"Incompreensível mulher! / A noite a vira bacante
Está correto o que se afirma apenas em infrene, calcando aos pés lascivos o pudor e a
a) I. dignidade, ostentar o vício na maior torpeza do
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LITERATURA

cinismo, com toda a hediondez de sua beleza. A estética do Romantismo.


manhã a encontrava tímida menina, amante casta e
ingênua, bebendo num olhar a felicidade que dera, e 10. (FGV-SP - 2008) Leia a seguir um trecho de
suplicando o perdão da felicidade que recebera." Memórias de um sargento de milícias, de Manuel
Antônio de Almeida, e responda à questão.
ALENCAR, José de. Lucíola.

Em relação ao romance Lucíola, considere as Vidinha era uma rapariga que tinha tanto de bonita
seguintes afirmativas: como de movediça e leve; um soprozinho, por brando
1. Para Lúcia, a prostituição funciona como autopunição, que fosse, a fazia voar, outro de igual natureza a fazia
na medida em que reforça o sentimento de culpa pela revoar, e voava e revoava na direção de quantos
pureza perdida e valorizada. sopros por ela passassem; isto quer dizer, em
2. O idealismo romântico convive com a aguda linguagem chã e despida dos trejeitos da retórica, que
percepção da importância da posição social, do ela era uma formidável namoradeira, como hoje se diz,
conflito entre dinheiro e virtude e com o realismo das para não dizer lambeta, como se dizia naquele tempo.
descrições sem reticências. Portanto não foram de modo algum mal recebidas as
3. O romance de Alencar coloca a literatura em relevo, primeiras finezas do Leonardo, que desta vez se
através das obras citadas, da crítica de Lúcia à Dama tornou muito mais desembaraçado, quer porque já o
das Camélias e da referência às leituras permitidas às negócio com Luisinha o tivesse desasnado, quer
mulheres. porque agora fosse a paixão mais forte, embora esta
4. O abandono da vida anterior não é purificação última hipótese vá de encontro à opinião dos
suficiente, razão pela qual o corpo manchado pelo ultrarromânticos, que põem todos os bofes pela boca
vício deve morrer junto com o fruto do amor pelo tal primeiro amor: no exemplo que nos dá o
impossível. Leonardo, aprendam o quanto ele tem de duradouro.

Assinale a alternativa correta. Assinale a alternativa correta a respeito do


a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. fragmento acima.
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. a) Incorpora termos da linguagem popular da época.
c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. b) Nele, usa-se exclusivamente o vocabulário formal da
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. aristocracia do Rio de Janeiro.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. c) O discurso é direto, quase jornalístico, predominante
no Romantismo.
9. (FGV-SP - 2008) Leia a seguir um trecho de d) O discurso é típico do Realismo, ainda que o
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel vocabulário pomposo seja do Romantismo.
Antônio de Almeida, e responda à questão. e) O vocabulário é característico do Romantismo.

Vidinha era uma rapariga que tinha tanto de bonita


como de movediça e leve; um soprozinho, por brando
que fosse, a fazia voar, outro de igual natureza a fazia
revoar, e voava e revoava na direção de quantos 6. REALISMO/NATURALISMO
sopros por ela passassem; isto quer dizer, em
linguagem chã e despida dos trejeitos da retórica, que
ela era uma formidável namoradeira, como hoje se diz,
para não dizer lambeta, como se dizia naquele tempo.
Portanto não foram de modo algum mal recebidas as
primeiras finezas do Leonardo, que desta vez se
tornou muito mais desembaraçado, quer porque já o
negócio com Luisinha o tivesse desasnado, quer
porque agora fosse a paixão mais forte, embora esta
última hipótese vá de encontro à opinião dos
ultrarromânticos, que põem todos os bofes pela boca
pelo tal primeiro amor: no exemplo que nos dá o
Leonardo, aprendam o quanto ele tem de duradouro.

Com base no excerto, assinale a afirmação correta


a respeito das Memórias de um sargento de
milícias.
a) Romance sisudo, despido de humor e graça.
b) As Memórias são narradas pelo próprio protagonista.
c) Romance de costumes, na linha dos romances Belmiro de Almeida, Arrufos, 1887. Óleo sobre tela,
românticos da sua época. 89,1 x 116,1 cm. O retrato de um casal em crise, que
d) Antecipa traços do Realismo, mesmo não sendo um poderia ilustrar vários capítulos do romance Dom
romance de costumes. Casmurro, de Machado de Assis.
e) A maneira de descrever Vidinha não corresponde à

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LITERATURA

Contexto histórico do Realismo no Brasil com o Naturalismo, direcionado pelas ideias


materialísticas. Zola, por volta de 1870, busca apro-
No Brasil do Segundo reinado (de 1840 a 1889), fundar o cientificismo, aplicando-lhe novos princípios,
impera o conhecido "parlamentarismo às avessas", negando o envolvimento pessoal do escritor que deve,
quando o Imperador D. Pedro II escolhe o senador ou diante da natureza, colocar a observação e experiência
o deputado para o cargo de primeiro-ministro, com a acima de tudo. O afastamento do sobrenatural e do
complacência do Partido Liberal e do Partido subjetivo cede lugar à observação objetiva e à razão,
Conservador, que se revezavam no poder, sempre sempre, aplicada ao estudo da natureza, orientando
segundo os interesses da oligarquia agrária. toda busca de conhecimento.

No campo da economia, o Brasil, na metade do Alfredo Bosi assim descreve o movimento: "O
século XIX, ainda mantinha uma estrutura baseada no Realismo se tingirá de naturalismo no romance e no
latifúndio, na monocultura de exportação com mão- conto, sempre que fizer personagens e enredos
de-obra escrava voltada para o mercado cafeeiro. submeterem-se ao destino cego das "leis naturais" que
Por volta da década de 1870, no entanto, as oligarquias a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá
agrárias, que até então "davam as cartas" na economia parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no
e na política do país, sofrem pressões internacionais lavor do verso tecnicamente perfeito".
para o desenvolvimento do capitalismo industrial no Vindo da Europa com tendências ao universal, o
Brasil, no sentido de um processo de modernização Realismo acaba aqui modificado por nossas tradições
que se dá lentamente. Inicialmente, pela proibição do e, sobretudo, pela intensificação das contradições da
tráfico negreiro. Com isso cresce a mão-de-obra sociedade, reforçadas pelos movimentos republicano e
imigrante, desenvolve-se a indústria cafeeira no abolicionista, intensificadores do descompasso do
interior do estado de São Paulo e ferrovias são sistema social. O conhecimento sobre o ser humano se
construídas. Ao longo dos trilhos, concentram-se as amplia com o avanço da Ciência e os estudos passam a
fábricas que dão origem à classe média urbana, que se ser feitos sob a ótica da Psicologia e da Sociologia. A
insatisfaz com a falta de representatividade política. Teoria da Evolução das Espécies de Darwin oferece
Essa classe, apóia-se no Exército e aceita a liderança novas perspectivas com base científica, concorrendo
dos cafeicultores paulistas, responsáveis pelos para o nascimento de um tipo de literatura mais
trabalhadores assalariados no país e defensores de engajada, impetuosa, renovadora e preocupada com a
mudanças estruturais, como a substituição da linguagem.
Monarquia, já desgastada e reacionária, pela República.
A Proclamação se dá em 1889, porém, a República Os temas, opostos àqueles do Romantismo, não mais
não atenderia as ambições da classe média e dos engrandecem os valores sociais, mas os combatem
militares. Então, representantes das oligarquias de São ferozmente. A ambientação dos romances se dá,
Paulo e Minas Gerais passam a controlar o Estado preferencialmente, em locais miseráveis, localizados
brasileiro, por meio de uma aliança entre seus com precisão; os casamentos felizes são substituídos
governadores que ficou conhecida como "Política do pelo adultério; os costumes são descritos
café-com-leite". minuciosamente com reprodução da linguagem
O Brasil da época é um país com ideias liberais, coloquial e regional.
republicanas, "modernas", no entanto, tem que O romance sob a tendência naturalista manifesta
conviver com uma estrutura político-econômica preocupação social e focaliza personagens vivendo em
oligárquica, agrária, latifundiária e coronelista. extrema pobreza, exibindo cenas chocantes. Sua
Da Europa foram trazidas algumas ideias, entre elas o função é de crítica social, denúncia da exploração do
positivismo de Auguste Comte, o determinismo homem pelo homem e sua brutalização.
histórico de Taine, o socialismo utópico de Proudhon
e o socialismo científico de Karl Marx, o A hereditariedade é vista como rigoroso determinismo
evolucionismo de Darwin e a negação do Cristianismo a que se submetem as personagens, subordinadas,
de Renan. também, ao meio que lhes molda a ação, ficando
entregues à sensualidade, à sucessão dos fatos e às
CARACTERÍSTICAS circunstâncias ambientais. Além de deter toda sua ação
sob o senso do real, o escritor deve ser capaz de
A literatura realista e naturalista surge na França com expressar tudo com clareza, demonstrando
Gustave Flaubert (1821-1880) e Émile Zola (1840- cientificamente como reagem os homens, quando
1902). Flaubert (1821-1880) é o primeiro escritor a vivem em sociedade.
pleitear para a prosa a preocupação científica com o
intuito de captar a realidade em toda sua crueldade. Outro tratamento típico é a caracterização psicológica
Para ele a arte é impessoal e a fantasia deve ser das personagens que têm seus retratos compostos
exercida através da observação psicológica, enquanto através da exposição de seus pensamentos, hábitos e
os fatos humanos e a vida comum são documentados, contradições, revelando a imprevisibilidade das ações e
tendo como fim a objetividade. O romancista construção das personagens, retratadas no romance
fotografa minuciosamente os aspectos fisiológicos, psicológico dos escritores Raul Pompéia e Machado de
patológicos e anatômicos, filtrando pela sensibilidade Assis.
o real.
Contudo, a escola Realista atinge seu ponto máximo A Principal característica do Realismo é a Psicologia

54 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

A Principal característica do Naturalismo é a Cientifica

Características

Realismo Naturalismo
Retrato Fiel do
Visão detrminista e
Personagem mecanicista do homem
Lentidão Narrativa Centificismo
Interpretação do Caráter
Personagens patológicas
Materialização do amor Incorporação de termos
científicos e profissionais
Determinismo e relação Determinista, "O Enterro em Ornans" (1850), considerado a
entre causa efeito Evolucionista, Positivista primeira obra prima de Courbet
Veracidade
Detalhes Específicos Comparação com o Romantismo

IMPORTANTE!! Realismo Romantismo


Artes Plásticas
Distanciamento do Narrador em primeira
narrador pessoa
A tendência expressa-se sobretudo na pintura.

As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos Valoriza o que se idealiza


Valoriza o que se é
sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o e sente
uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande
expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Crítica direta Crítica indireta
Para ele, a beleza está na verdade.
Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados Sentimentos à flor da
Objectividade
à fantasia romântica. São marcantes suas telas Os pele
Quebradores de Pedra, que mostra operários, e
Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma Textos, às vezes, Textos geralmente
pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que sem censura respeitosos
seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-
1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também Imagens sem Imagens fantasiadas,
destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao fantasias, reais perfeitas
naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela
Olympia exibe uma mulher nua que “encara” o Aversão ao Amor
Amores platônicos
espectador. platônico

Mistura de épico e
Separação
lírico nos textos

Cosmopolita Ufanista/Nacionalista

"Os Britadores de Pedras" (1849)

Machado de Assis tornou-se um dos grandes ícones da


literatura nacional.

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu dia 21 de


junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. O garoto
nuceconcursos.com.br 55
LITERATURA

pobre, filho de um operário mestiço chamado Comércio e Obras Públicas ofereceu uma razoável
Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina condição de vida. No ano de 1874, produziu o
Machado de Assis, marcou a história da literatura romance “A mão e a luva” em uma sequência de
brasileira. Ao contrário do que se imagina, a trajetória publicações realizadas dentro do jornal O Globo, na
de Machado de Assis não o conduziu naturalmente época, mantido por Quintino Bocaiúva.
para o mundo das letras. Ainda na infância o jovem O prestígio artístico de Machado de Assis o tornou
“Machadinho”, como era carinhosamente chamado, um autor de grande popularidade. Durante as
perdeu sua mãe. comemorações do tricentenário de Luís de Camões,
produziu uma peça de teatro encenada no Imperial
Durante sua infância e adolescência foi criado por Teatro Dom Pedro II. Entre 1881 e 1897, o jornal
Maria Inês, sua madrasta. A falta de recursos Gazeta de Notícias abrigou grande parte daquelas que
financeiros o obrigou a dividir seu tempo entre os seriam consideradas suas melhores crônicas.
estudos e o trabalho de vendedor de doces. Ainda O ano de 1881 foi marcante para a carreira artística e
sobre condições não muito favoráveis, Machado de burocrática de Machado de Assis. Naquele mesmo
Assis demonstrava possuir grande facilidade de ano, Machado tornou-se oficial de gabinete do
aprendizado. Segundo alguns relatos – no tempo em ministério em que trabalhava e publicou o romance
que morou em São Cristóvão – aprendeu a falar “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, considerado de
francês com a dona de uma padaria da região. suma importância para o realismo na literatura
brasileira.
Já aos 16 anos conseguiu publicar sua primeira obra A ampla rede de relações e amizades de Machado de
literária na revista “Marmota Fluminense”, onde Assis lhe abriu portas para um outro importante passo
registrou as linhas do poema “Ela”. No ano seguinte, na história da literatura brasileira. Em reuniões com
Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na seu amigo, e também escritor, José Veríssimo
Imprensa Nacional e dividiu seu tempo com a criação confabulou as primeiras medidas para a criação da
de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Academia Brasileira de Letras. Participando
Nacional, o escritor iniciante teve a oportunidade de ativamente das reuniões de escritores que apoiavam tal
conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da projeto, Machado de Assis tornou-se o primeiro
instituição e autor do romance “Memórias de um presidente da instituição. Com a sua morte, em 1908,
sargento de milícias”. foi sucedido por Rui Barbosa.
A trajetória de Machado de Assis é alvo de interesse
O contato com o diretor lhe concedeu novas dos apreciadores da literatura e de vários
oportunidades no campo da literatura e o alcance de pesquisadores. A sua obra conta com um leque
outros postos de trabalho. Aos 19 anos de idade, temático e estilístico bastante variado, dificultando
Machado de Assis se tornou colaborador e revisor do bastante o enquadramento de seu legado em um único
Jornal Marmota Fluminense. Nesse período conheceu gênero. O impacto da sua obra chegou a figurá-lo
outros expressivos escritores de seu tempo, como José entre os principais nomes da literatura internacional.
de Alencar, Gonçalves Dias, Manoel de Macedo e
Manoel Antônio de Almeida. Nesse tempo ainda se Por Rainer Sousa
dedicou à escrita de obras românticas e ao trabalho Equipe Brasil Escola
jornalístico.
Memórias Póstumas de Brás Cubas - trecho
Entre 1859 e 1860, conseguiu emprego como comentado da obra de Machado de Assis
colaborador e revisor de diferentes meios de
comunicação da época. Entre outros jornais e revistas, “Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”;
Machado de Assis escreveu para o Correio Mercantil, e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do
Diário do Rio de Janeiro, O Espelho, A Semana meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por
Ilustrada e Jornal das Famílias. A primeira obra exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me
impressa de Machado de Assis foi o livro “Queda que negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não
as mulheres têm para os tolos”, onde aparece como contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e,
tradutor. Na década de 1860, conso-lidou sua carreira não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a
profissional como revisor e editor. escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas
Na mesma época conheceu Faustino Xavier de seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de
Novais, diretor da revista “O futuro” e irmão de sua todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos
futura esposa. Seu casamento com Carolina foi bem queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma
sucedido e marcado pela afinidade que sua varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado,
companheira também possuía com o mundo da e ele obedecia – algumas vezes gemendo –, mas obedecia sem
literatura. Em 1867, Machado de Assis publicou seu dizer palavra, ou, quando muito, um “ai, nhonhô!” – ao que eu
primeiro livro de poesias, intitulado “Crisálidas”. O retorquia: – “Cala a boca, besta!”
sucesso da carreira literária teve sequência com a
publicação do romance “Ressurreição”, de 1872. Comentário:
A vida de intelectual foi amparada por uma
promissora carreira constituída no funcionalismo O trecho mostra como foi a criação de Brás Cubas e
público. A conquista do cargo de primeiro oficial da os desmandos que o menino cometia. As ações do
Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, pequeno não eram apenas a expressão de uma criança

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LITERATURA

levada, mas indicam como o filho de um membro da barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes
elite se comportava. Esse comportamento perdura, de de uma aquarela sobre papel de arroz." O Mulato
outro modo, por toda a vida de Brás Cubas. "Ana Rosa estremeceu toda, deu um grito, ficou lívida,
levou as mãos aos olhos. Parecia-lhe ter reconhecido
Dom Casmurro – Leia o trecho comentado do Raimundo naquele corpo ensanguentado. Duvidou e,
livro de Machado de Assis sem ânimo de formular um pensamento, abriu de
TRECHO súbito as vidraças.
Era, com efeito, ele.
“Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha (...) A moça deixou atrás de si, pelo chão, um grosso
quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance rastro de sangue, que lhe escorria debaixo das saias,
consternou a todos. Muitos homens choravam também, as tingindo-lhe os pés. E, no lugar da queda, ficou no
mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer- assoalho uma enorme poça vermelha." O Mulato
se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A
confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes
para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não "Naquela mulata estava o grande mistério e a síntese
admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...” das impressões que ele recebera chegando aqui: ela era
a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das
COMENTÁRIO sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a
Nesse trecho, Machado lança uma dúvida. De um palmeira virginal e esquiva que não se torce a
lado, a visão do narrador condiciona a opinião do nenhuma outra planta; era o veneno e era açúcar
leitor quando diz, por exemplo, que Capitu “vencia a gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a
si mesma”, dando a entender que ela seria dissimulada. castanha do caju, que abre feridas com seu azeite de
No entanto, o leitor atento percebe que Bento fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta
também chorou pouco; por outro lado, temos a viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito
situação em que Capitu, ao se ver livre do olhar de tempo em trono do idade da terra, piscando-lhe as
todos, parece se despedir de seu amado. Não se pode artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha
confiar no narrador, seu relato é revestido de ódio e daquele amor setentrional, uma nota daquela música
ressentimento, e não podemos, nós, leitores, confiar feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem
nos próprios olhos. de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência
Aluísio de Azevedo afrodisíaca." O Cortiço
"Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta
luísio Tancredo Gonçalves de Azevedo bravia, recuou de um salto e, antes que alguém
foi desenhista e mais tarde escritor conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e
profissional, se envolveu na política fundo rasgara o ventre de lado a lado." O Cortiço
maranhense, fundou jornais e publicou o
primeiro livro naturalista brasileiro, O Comentários:
Mulato, que foi muito mal recebido em sua __________________________________________
província natal. Foi o primeiro escritor __________________________________________
brasileiro a ter a literatura exclusivamente como ______________________________
profissão. Sua obra variou em qualidade, tendo feito ____________
alguns dramalhões românticos que considerava de má Raul Pompeia
qualidade - e eram - e obras naturalistas de relevância -
junto com outras de nem tanta relevância ou Raul D'Ávila Pompéia teve uma
qualidade. Mais tarde se desgostou da literatura e infância rica e reclusa. Seus pais eram
ingressou no serviço público. Foi membro da ABL, donos de uma fazenda de cana-de-
assim como seu irmão, o teatrólogo realista Artur açúcar e o mandaram para um
Azevedo. O que se segue são passagens de suas obras internato com 10 anos, em 1863. Lá recebeu
mais famosas e importantes, as naturalistas O Mulato, influências para escrever O Ateneu e escreveu seu
O Cortiço e Casa de Pensão. primeiro livro, antes dos 15 anos, muito aclamado pela
crítica da época, especialmente por ser o autor tão
TEXTO jovem. Mais tarde estudou num Externato e foi
"Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo estudar Direito, colaborando também com jornais e
acabado de brasileiro, se não foram os grandes olhos revistas. Era abolicionista e republicano. Muito
azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, sensível, este professor, político, jornalista, escritor e
lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; polemista se suicidou no Natal de 1895, abandonado
dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; pelos amigos, caluniado e humilhado na imprensa. Foi
estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direito e um escritor que não se pode enquadrar em único
fronte espaçosa. A parte mais característica de sua estilo, tendo influências naturalistas, realistas,
fisionomia eram os olhos - grandes ramalhudos, cheios expressionistas e impressionistas. Sua obra de maior
de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras importância é O Ateneu, que tem algum caráter
de um roxo vaporoso e úmido; as sobrancelhas, muito autobiográfico. Nas passagens a seguir, note a
desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam linguagem rebuscada que o autor usa.
sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta
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LITERATURA

do Ateneu. Coragem para a luta." O Ateneu político. No entanto, ela acaba se casando com Lobo
"Falavam do incendiário. Imóvel! Contavam que não Neves, que arrebata do protagonista não apenas a
se achava a senhora. Imóvel! A própria senhora com noiva como também a candidatura a deputado que o
quem ele contava para o jardim de crianças! Dor pai preparava.
veneranda! Indiferença suprema dos sofrimentos
excepcionais! Majestade inerte do cedro fulminado! A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição,
Ele pertencia ao monopólio da mágoa. O Ateneu pois construíra a fortuna com a fabricação de cubas,
devastado! O seu trabalho perdido, a conquista tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no
inapreciável de seus esforços!... Em paz!... Não era um mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na
homem aquilo; era um de profundis." O Ateneu política era vista como maneira de ascensão social,
uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a
eles.
RESUMO DAS PRINCIPAIS OBRAS
REALISTAS Lista de personagens

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) – Brás Cubas: filho abastado da família Cubas, é o
Machado de Assis narrador do livro; conta suas memórias, escritas após a
morte, e nessa condição é o responsável pela
A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da caracterização de todos os demais personagens.
sociedade patriarcal brasileira da época, é marcada por Virgília: grande amor de Brás Cubas, sobrinha de
privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O ministro, e a quem o pai do protagonista via como
garoto tinha como “brinquedo” de estimação o grande possibilidade de acesso, para o filho, ao mundo
negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para da política nacional.
maus-tratos em geral. Na escola, Brás era amigo de
traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá no Marcela: amor da adolescência de Brás.
futuro defendendo o humanitismo, misto da teoria Eugênia: a “flor da moita”, nas palavras de Brás, já
darwinista com o borbismo: “Aos vencedores, as que era filha de um casal que ele havia flagrado,
batatas”, ou seja: só os mais fortes e aptos devem quando criança, namorando atrás de uma moita; o
sobreviver. protagonista se interessa por ela, mas não se dispõe a
Na juventude do protagonista, as benesses ficam por levar adiante um romance, porque a garota era coxa.
conta dos gastos com uma cortesã, ou prostituta de
luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre Nhã Lo Ló: última possibilidade de casamento para
frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze Brás Cubas, moça simples, que morre de febre amarela
contos de réis”. Essa é uma das marcas do estilo aos 19 anos.
machadiano, a maneira como o autor trabalha as
figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas Lobo Neves: casa-se com Virgília e tem carreira
na obra não há, em nenhum momento, a política sólida, mas sofre o adultério da esposa com o
caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia protagonista.
e o eufemismo para que o leitor capte o significado. Quincas Borba: teórico do humanitismo, doutrina à
Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela só qual Brás Cubas adere, morre demente.
estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava.
Ao contrário, afirma categoricamente que ela o amou, Dona Plácida: representante da classe média, tem
mas fica claro que, naquela relação, amor e interesse uma vida de muito trabalho e sofrimento.
financeiro estão intimamente ligados.
Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes Prudêncio: escravo da infância de Brás Cubas, ganha
recursos da família com festas, presentes e toda sorte depois sua alforria.
de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação,
toma a resolução mais comum para as classes ricas da Dom Casmurro (1899) - Machado de Assis
época: manda o filho para a Europa estudar leis e
garantir o título de bacharel em Coimbra. Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz
de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida.
Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a Morando com sua mãe ( D. Glória, viúva ), José Dias
universidade. Marcela não vai, como combinara, (o agregado), Tio Cosme e a prima Justina, Bentinho
despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre. possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-
Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o namorada" dele , Capitolina - a Capitu . Seu projeto de
diploma nas mãos e total inaptidão para o trabalho, vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em
Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência que Bentinho iria para um seminário e tornar-se-ia um
parasitária, gozando dos privilégios dos bem-nascidos padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o
do país. seminário, mas sempre desejando sair, pois se
tornando padre não poderia casar com Capitu. José
Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é
segundo e mais duradouro amor. Enamora-se de quem consegue retirar Bentinho do seminário,
Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar
pelo pai, que via no casamento com ela um futuro no exterior. Quando retorna dos estudos, Bentinho

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consegue casar com Capitu e desde os tempos de e aumentou sua propriedade. Para agradar Bertoleza,
seminário havia fundamentado amizade com Escobar faz uma falsa carta de alforria. Depois de um tempo,
que agora estava casado e sempre foi o amigo íntimo João Romão compra mais terras e novas casas se vão
do casal. Nasce o filho de Capitu, Ezequiel. Escobar, o amontoando na propriedade. A procura de casa é
amigo íntimo, falece e durante o seu velório Bentinho enorme, e João Romão, acaba construindo um cortiço.
ele percebe que o seu filho era a cara de Escobar. Ao lado vem morar o Senhor Miranda que não gosta
Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até de João Romão, nem gosta do cortiço perto de sua
filha, o desespero de Bentinho é imenso. Vão para casa. No cortiço moram: Pombinha, que se
Europa e Bentinho depois de um tempo volta para o desencaminha por culpa das más companhias; Rita
Brasil. Capitu escreve-lhe cartas. Pouco tempo depois, Baiana, mulata que saía com Firmo; Jerônimo e sua
Ezequiel também morre, mas a única coisa que não mulher, e mais algumas pessoas. Quase sempre tem
morre no romance é BENTINHO E SUA DÚVIDA. festas no cortiço, se destacando nelas Rita Baiana
como dançarina provocante e sensual, que faz
Quincas Borba (1891) – Machado de Assis Jerônimo se apaixonar. Enciumado, Firmo acaba
brigando com Jerônimo e lhe da uma navalhada e
Quincas Borba o Homem, tinha sido muito pobre, e foge. Naquela mesma rua, é construído outro cortiço.
conseguiu fortuna. No final da vida mostrava um certo Os moradores do cortiço de João Romão chamam eles
desequíbrio mental, e acabou morrendo durante uma de "Cabeça-de-gato"; e recebem o apelido de
viagem ao Rio de Janeiro, longe de Barbacena, sua "Carapicus". Firmo foi morar no "Cabeça-de-Gato",
terra natal. Deixou, ao viajar, o cão sob os cuidados de onde se tornou chefe. Jerônimo, arma uma emboscada
Rubião, irmão de uma noiva sua que falecera antes do para o Firmo e o mata a pauladas, e fuge com Rita
casamento. Ao saber da notícia da morte do amigo, Baiana. Querendo vingar a morte de Firmo, os
Rubião dá o cachorro Quincas Borba a uma vizinha. moradores do "Cabeça-de-gato" brigam com os
Mas é surpreendido pela leitura do testamento em que "Carapicus". Mas um incêndio no cortiço de João
ele é declarado seu herdeiro, desde que ele zele pela Romão põe fim à briga coletiva. João Romão, agora
saúde e segurança do cão. Rubião e o cachorro vão endinheirado, reconstrói o cortiço e pretende se casar
para o Rio de Janeiro. Ele pretende se apossar da com Zulmira, filha do Miranda. E em logo os dois,
herança e passar a morar na corte. No trem, contudo, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa
conhece o casal SOFIA e Cristiano PALHA e se certa. Para se livrar de Bertoleza, João Romão manda
encanta pela esposa do desconhecido, Travam um aviso aos antigos proprietários da escrava,
amizade, e na capital, o casal oferece seus préstimos; denunciando ela. Pouco depois, aparece a polícia na
Sofia o ajuda a encontrar e mobiliar uma casa, Palha se casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus
encarrega de arranjar um advogado para resolver suas antigos donos. A escrava suicida-se, cortando o ventre.
questões legais. O dinheiro sobe-lhe a cabeça. Passa a
acreditar que ganhou real importância com ele, a O Mulato (1881) - Aluísio de Azevedo
ponto de poder pretender Sofia. Uma noite deixa suas Este é considerado pela como o primeiro romance
intenções com Sofia claras. Ela conta tudo ao marido, naturalista no Brasil, embora não seja uma
que, sutilmente a faz ver as vantagens que podem tirar autobiografia, nele está presente muito da vida do
da situação. Mas Rubião concorda em se tornar sócio escritor.
de Palha, com a mediação de um advogado arranjado Um empregado de origem portuguesa, João Dias
por este. Índices de ascensão social do casal começam primeiro caixeiro de seu patrão, tenta por todos os
a aparecer, até que Cristiano rompe a sociedade, meios se casar com a filha deste, Ana Rosa, pois ficaria
esfriando suas relações com Rubião. Rubião vai rico. A harmonia dos planos é quebrada pelo Dr.
perdendo tudo o que tem. À medida que perde seu Raimundo, de origem duvidosa, filho de uma negra,
dinheiro, vai também perdendo sua sanidade. Tem mulato pela cor e aspectos do cabelo. Com reservas é
surtos em que manifesta a certeza de ser Napoleão aceito pela sociedade, mas quando pretende o amor de
Bonaparte, ocasiões em que chama Sofia de Josefina. Ana Rosa, a sociedade o reprime. O vilão é o cônego
O golpe de misericórdia vem quando Palha e Sofia Diogo que manobra com as armas da intriga, da
arrematam sua casa em leilão. Internam-no num chantagem e da manipulação para conseguir que o
hospício a pretexto de caridade. Ele só concorda em ir rival amoroso de Raimundo, João Dias, o assassinasse
em companhia do cão. De lá fogem para Barbacena, à traição, libertando a cidade de sua presença
onde ele se torna um mendigo louco, que dorme na indesejada.
porta da igreja, junto com o cão, e vive de esmolas. De
vez em quanto, exclamava: “Ao vencedor, as batatas!” O Ateneu - Raul Pompeia

RESUMO DAS PRICIPAIS OBRAS O Ateneu é uma das obras mais importantes do
NATURALISTAS Realismo brasileiro. Trata-se de uma narrativa na
primeira pessoa, em que o personagem Sérgio, já
O Cortiço(1890) – Aluísio de Azevedo adulto conta sobre seu tempo de aluno interno no
Colégio Ateneu. A ação do livro transcorre no
João Romão, compra um estabelecimento comercial internato, onde convivem crianças, adolescente,
no subúrbio de Rio de Janeiro. Ao lado morava professores e empregados. O romance se inicia com o
Bertoloza uma escrava fugida, que possuía uma pai de Sérgio advertindo "Vais encontrar o mundo,
quitanda e umas economias. Os dois se juntam e com disse-me meu pai, à porta do Ateneu”. Dr. Aristarco é
o dinheiro de Bertoloza, João comprou algumas terras o diretor do colégio, que visava apenas o lucro. Tinha
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LITERATURA

o sonho de ver um busto com a sua face. Sérgio vai realista. O trecho apresentado acima representa essa
narrando as decepções, os medos, as dúvidas, a rígida perspectiva porque o narrador
disciplina, as amizades, os acontecimentos em torno
da própria sexualidade. O romance é um diário de um [A] exagera nas imagens poéticas traduzidas por “fluido
internato: as aulas, a sala de estudos, a diversão nos misterioso”, “praia”, “cabelos espalhados pelos
banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que ombros” em uma realização imagética da mulher que
acontecia nos dormitórios, no refeitório as disputas. O o tragava como fazem as ondas de um mar em ressaca.
mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da [B] deixa-se levar pelas ondas que saíam das pupilas de
perspectiva particular de Sérgio. Misturando alegria e Capitu em um fluido, misterioso e enérgico, que o
tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio, arrasta depressa como uma vaga que se retira da praia
pacientemente reconstrói, por meio da memória, a em dias de ressaca, não adiantando agarrar-se nem aos
adolescência vivida e perdida entre as paredes do braços nem aos cabelos da moça.
famoso internato. A obra acaba com o incêndio do [C] retira-se da praia como as vagas em dias de ressaca por
Ateneu pelo estudante Américo. No incêndio o diretor não ser capaz de dizer a Capitu o que está sentindo ao
fica perdido, estático com o que está acontecendo com olhá-la nos olhos sem quebrar a dignidade mínima
seu patrimônio e naquele mesmo dia é abandonado daquele momento em que duas pessoas apaixonam-se.
pela esposa [D] solicita à “retórica dos namorados” uma comparação
que seja, ao mesmo tempo, exata e poética capaz de
descrever os olhos de Capitu, revelando a dificuldade
de apresentar uma verdade que não estrague a
idealização romântica.
[E] ridiculariza a retórica dos românticos ao afirmar que
os olhos de Capitu pareciam com uma ressaca do mar
e, por isso, não seria capaz de descrevê-los de maneira
poética, traduzindo, assim, o realismo literário de sua
época.

2. No romance Quincas Borba, Machado de Assis


constrói as seguintes personagens.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Quincas Borba, Marcela e Rubião.
b) Quincas Borba, Marcela e Freitas.
c) Sofia, Cristiano Palha e Rubião.
d) Dona Augusta e Cirino.
e) Gonçalves Dias e Byron.

3. Considere as seguintes afirmações sobre o


romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
EXERCÍCIOS Machado de Assis.
I – Quando filiado a uma ordem religiosa, Brás contrariou
1. (ESPCEX – 2018) “Retórica dos namorados, dá-me sua natureza interesseira e sentiu-se verdadeiramente
uma comparação exata e poética para dizer o que recompensado ao diminuir a desgraça alheia.
foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem II –Baseado na constatação de que, ao olhar para o
capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o próprio nariz, o indivíduo deixa de invejar o que é dos
que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de outros, Brás teoriza sobre a utilidade da ponta do nariz
ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. para o equilíbrio das sociedades.
Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma III–A teoria do humanitismo de Quincas Borba foi
força que arrastava para dentro, como a vaga que se fundamentada no episódio da borboleta negra, que
retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser morreu nas mãos do protagonista por não ser azul e
arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às bela.
orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos
ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda Quais estão corretas?
que saía delas vinha crescendo, cava e escura, a) Apenas I.
ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.” b) Apenas II.
ASSIS. Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: c) Apenas I e II.
Ática,1999. p.55 (fragmento) d) Apenas I e III.
Com Dom Casmurro, obra publicada em 1899, e) Apenas I, II e III.
depois de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
e de Quincas Borba (1891), Machado de Assis deixa 4. (ESA – 2012) Sobre as obras e os autores do
marcas indeléveis de que a Literatura Brasileira vivia Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar
um novo período literário, bem diferente do que
Romantismo. Nessas obras, nota-se uma forma
diferente de sentir e de ver a realidade, menos A) o principal autor desse período é Adolfo Caminha que
idealizada, mais verdadeira e crítica: uma perspectiva trabalhou dentro de uma linha realista mais definida.

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B) Raul Pompeia é um autor significativo dessa época, autor bastante singular já em sua primeira fase. Nesta fase
porém suas obras mostram apenas traços impressionistas. está a parte mais significativa de sua obra, que perde força
C) a parte mais significativa da obra de Machado de Assis e criatividade na fase seguinte.
é representada por seus romances e contos. e) As duas fases machadianas marcam claramente o tipo
D) o teatro dessa época teve muitos adeptos dentre os de obra a que o autor se dedica: a primeira fase é poética,
quais podemos citar José de Alencar. com vasta produção de sonetos parnasianos; e, na segunda
E) Aluísio Azevedo e Machado de Assis produziram obras fase, o autor abandona a poesia, iniciando a produção de
numa linha naturalista bem definida. romances e contos.

5. (ESPCEX – 2013) Leia o fragmento abaixo: 7. Considere os seguintes fragmentos de análises de


“AO LEITOR obras de autores brasileiros.
Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros 1. Visto de outro ângulo, há também nesse romance uma
para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que outra versão, realista e psicológica, dos “perfis de
não admira, nem provavelmente consternará é se este mulher” cultivados pelo romantismo. Não é só este,
outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem porém, na ficção de língua portuguesa, o primeiro
cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez “perfil feminino” tratado em profundidade, com uma
cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual argúcia rara, que não impede a simpatia compreensiva:
eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou é também o primeiro estudo menos incompleto de
de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas “psicologia do adolescente”. (Augusto Meyer)
rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado.
Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e 2. Nesse romance o foco narrativo mostra a sua
não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. verdadeira força na medida em que é capaz de
Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências configurar o nível de consciência de um homem que,
de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará tendo conquistado a duras penas um lugar ao sol,
nele o seu romance usual, ei-lo aí fica privado da estima absorveu na sua longa jornada toda a agressividade
dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas latente de um sistema de competição. O personagem
colunas máximas da opinião.” principal cresceu e afirmou-se no clima da posse (...).
Tragédia do ciúme, no plano afetivo, e, ao mesmo
O fragmento acima é parte da obra “Memórias tempo, romance do desencontro fatal entre o universo
Póstumas de Brás Cubas”, publicada em folhetim em do ter e o universo do ser, esse romance ficará na
1880 e editada em livro em 1881. Essa obra, de autoria economia extrema de seus meios expressivos, como
de paradigma do romance psicológico e social da nossa
literatura. (Alfredo Bosi)
[A] Machado de Assis, é uma das mais conhecidas do
Naturalismo no Brasil. 3. Nesse romance, o autor veicula, a seu modo, por meio
[B] Guimarães Rosa, é tida como a mais importante de seus personagens um dos mais explorados motivos
produção do Modernismo no Brasil. da prosa literária – o triângulo amoroso. É, entretanto,
[C] Aluísio Azevedo, lançou no Brasil o movimento pela fala do personagem-narrador que conhecemos os
denominado Naturalismo. fatos, e é pelo filtro de sua visão que formamos o
[D] Machado de Assis, é apontada como o marco inicial perfil psicológico de cada uma das personagens.
do Realismo no Brasil. (William Roberto Cereja; Thereza Cochar Magalhães)
[E] Aluísio Azevedo, encerra o Romantismo e inicia o
Realismo brasileiro. 4. O seu maior romance é uma interpretação da vida e
uma procura do tempo perdido. Munido de uma
apurada técnica literária, ele vai iniciar a exploração da
6. (ESPCEX – 2006) Machado de Assis é tido pela vida, olhada em resumo, do cimo desse planalto em
crítica literária como um dos mais importantes que a velhice começa. O herói do romance nos relata
escritores da literatura brasileira. Quanto a sua de início como mandou reproduzir, peça por peça, em
produção literária, é correto afirmar que: outro bairro, a antiga casa de Mata-cavalos, quieta,
acolhedora, cheia de coisas velhas e consagradas pelo
a) Foi dividida em duas fases, em função dos temas uso. (Barreto Filho)
abordados e da linguagem utilizada, constituindo ambas a
principal produção da escola realista, iniciada com a Referem-se à obra Dom Casmurro os trechos:
publicação do romance Ressurreição. a) 2 e 4 apenas.
b) A parte mais significativa da obra de Machado de Assis b) 1, 2 e 3 apenas.
é a poesia, principalmente a produzida na primeira fase, na c) 3 e 4 apenas.
qual o autor se mostra um perfeito parnasiano, d) 1, 3 e 4 apenas.
produzindo muitos sonetos com grande preocupação e) 1, 2, 3 e 4.
formal.
c) As duas fases da obra machadiana possuem 8. . (ESPCEX – 2004) No romance de memórias que
características tão distintas que podem ser colocadas em tem como subtítulo “Crônica de saudades”, o autor
períodos literários também distintos: a primeira fase no retoma indiretamente os anos que passou interno em
romantismo e a segunda no Realismo, cujo marco inicial é um colégio. Nessa obra, o narrador-personagem
Memórias Póstumas de Brás Cubas. procura expor o que existe em sua memória,
d) Inicia com obras marcantemente inovadoras, sendo um refletindo sobre seu passado, à luz de uma profunda
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LITERATURA

desilusão. Essas afirmações referem-se ao romance: e) passo, ardor, conquista.

a) O seminarista – Bernardo Guimarães 11. Aluísio Azevedo tinha estabelecido um plano


b) Noite na Taverna – Álvares de Azevedo como romancista: “traçar um grande painel da
c) O Ateneu – Raul Pompéia sociedade brasileira, com a intenção declarada de
d) Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de reunir todos os tipos brasileiros, bons e maus, de
Assis seu tempo e compendiar, em forma de romance,
e) Memórias de um sargento de milícias – Manoel fatos de nossa vida pública que jamais serão apre-
Antônio de Almeida sentados pela História”.
Assim, ao lançar, em 1890, O Cortiço, o autor
09. coloca no romance as seguintes personagens
Capitu ficcionais que contracenam, exceto:
Compositor: (Luiz Tatit) a) Bertoleza e João Romão.
b) Marcela e Brás Cubas.
De um lado vem você com seu jeitinho c) Pombinha e Leònie.
Hábil, hábil, hábil d) Rita baiana e Jerônimo.
E pronto! e) Estela e Miranda.
Me conquista com seu dom
12. A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de
De outro esse seu site petulante peixe, com uma das mãos espalmada no chão e
WWW com a outra segurando a faca de cozinha, olhou
Ponto aterrada para eles, sem pestanejar.
Poderosa ponto com Os policiais, vendo que ela se não despachava,
desembainharam os sabres. Bertoleza, então,
É esse o seu modo de ser ambíguo erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou
Sábio, sábio de um salto, e antes que alguém conseguisse
E todo encanto alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo
Canto, canto rasgara o ventre de lado a lado.
Raposa e sereia da terra e do mar E depois emborcou para a frente, rugindo e
Na tela e no ar esfocinhando moribunda numa lameira de
sangue.
Você é virtualmente amada amante A cena narrada retrata o momento final do
Você real é ainda mais tocante romance O Cortiço: o trágico suicídio da negra
Não há quem não se encante Bertoleza. No contexto do romance, a morte dela
pode ser entendida como
Um método de agir que é tão astuto a) desfecho natural das condições de vida dos habitantes
Com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo do cortiço, marcadas pela competição desleal e pela
É só se entregar, é não resistir, é capitular violência gratuita.
b) ato de desespero diante da percepção de ter sido
Capitu enganada, de que sua carta de alforria era uma mentira
A ressaca dos mares e de que o amante, não tendo coragem de matá-la,
A sereia do sul restituía-a ao cativeiro.
Captando os olhares c) ato tresloucado de ciúme por João Romão, que a
Nosso totem tabu abandonara pela filha do Miranda, Zulmira, com quem
A mulher em milhares ia se casar.
Capitu d) gesto de desespero diante da traição dos moradores do
cortiço a quem Bertoleza defendera da ganância de
No site o seu poder provoca o ócio, o ócio João Romão e para quem dedicara toda sua vida.
Um passo para o vício, o vício e) rito religioso e sacrificial de alguém que se imola
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar conscientemente em defesa dos ideais de liberdade e
Capitu dos valores da sociedade.
Feminino com arte
A traição atraente 13. A passagem é extraída do capítulo “Das
Um capítulo à parte negativas”, de Memórias Póstumas de Brás
Quase vírus ardente Cubas.
Imperando no site Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei
Capitu a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui
califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao
10. O texto preserva algumas características da lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não
Capitu machadiana. Assinale a alternativa em que comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não
tais características estão indicadas. padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência
a) vício, feminilidade, arte. de Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras,
b) sabedoria, realidade, desencanto. qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem
c) olhares, ócio, petulância. sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E
d) habilidade, poder, ambiguidade.
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LITERATURA

imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do C. cada fase da vida – infância, adolescência e maturidade
mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a – é permeada por atividades que preparam o indivíduo
derradeira negativa deste capítulo de negativas: – Não para as etapas seguintes.
tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado D. a vida escolar, apesar de rigorosa, é o complemento
da nossa miséria. necessário à educação iniciada no ambiente doméstico.
E. os cuidados maternos tornam a pessoa mais sensível e,
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 27. ed. São em função disso, ela melhor pode enfrentar o mundo
Paulo: Ática,1999. p. 176. exterior.
Neste capítulo, Brás Cubas faz uma espécie de
balanço de sua existência, em que
a) demonstra tristeza por não ter conseguido um saldo
positivo em sua vida.
7. PARNASIANISMO
b) lamenta suas dificuldades e o fato de não ter tido
sucesso em sua vida.
c) orgulha-se por não ter deixado filhos para herdarem a
infelicidade humana. "Quero que a estrofe cristalina,
d) desculpa-se pelo fato de não ter suportado o Dobrado ao jeito
sofrimento como seus amigos. Do ourives, saia da oficina,
Sem um defeito"
TEXTO PARA AS QUESTÕES 14 E 15 (Olavo Bilac)

“‘Vais encontrar o mundo’, disse-me meu pai, à porta do


Ateneu. ‘Coragem para a luta!’
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que
me despia, num gesto, das ilusões de criança educada
exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor
doméstico, diferente do que se encontra fora, tão
diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um
artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais
sensível a criatura à impressão rude do primeiro
ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência
de um novo clima rigoroso. (…) Eu tinha onze anos.”

14. (ESPCEX – 2003) O Ateneu, romance do qual foi


extraído o fragmento, foi publicado em 1888. Sobre
esta obra, considerando o autor, a escola literária
vigente na época e suas características, pode-se
afirmar que
O
lavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo
A. foi escrita por Machado de Assis, em pleno período
Correia
realista, o que pode ser comprovado pelas ironias
presentes no fragmento.
B. seu autor é Raul Pompéia, maior representante do
Qual o sentido da "arte pela arte" da poesia
Parnasianismo, que é uma escola racionalista, e isso se
parnasiana?
comprova pela quase ausência de adjetivos no fragmento.
C. é de autoria de Aluísio Azevedo, que também escreveu
O estilo parnasiano surgiu na França. O termo
O cortiço, um outro romance experimentalista,
relaciona-se a um lugar mitológico da Grécia, o
característica básica do Naturalismo.
Parnassus, que seria a morada das musas e fonte de
D. é uma das muitas de Machado de Assis, em que o
inspiração para os artistas. Na revista literária Lê
pessimismo e a análise psicológica da personagem trazem
Parnasse Contemporain (O Parnaso Contempo-
a marca do Realismo.
râneo), os poetas novos faziam uma poesia em tudo
E. é a mais famosa de Raul Pompéia, na qual o autor
oposta à subjetividade romântica. Um dos princípios
afasta-se do Naturalismo, apesar de manter algumas
norteadores dos parnasianos era a “arte pela arte”, ou
características desse estilo.
seja, a concepção de que a arte deve estar
compromissada da realidade, procurando atingir
15. (ESPCEX – 2003) Nesse fragmento, extraído do
sobretudo a perfeição formal, ou seja, a arte existiria
romance O Ateneu, o narrador afirma que
por ela mesma e para ela mesma, sem outra finalidade.
Os parnasianos elegeram a Antiguidade clássica
A. a educação materna cria em torno das crianças um
(cultura geco-romana) como ponto de referencia para
ambiente que não as prepara adequadamente para a vida.
a almejada perfeição formal. No Brasil, considera-se
B. o carinho materno, nos primeiros anos de vida, é
como marco inicial do Parnasianismo a publicação da
essencial para se enfrentar, posteriormente, a rotina de um
obra Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882.
internato.

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LITERATURA

CONTEXTO HISTÓRICO mesma preocupação de objetividade, de cientificismo


e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo
O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo- romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua
Naturalismo, estando, portanto, marcado pelos ideais preferência dominante é pelo verso alexandrino de
cientificistas e revolucionários do período. tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em
Diz respeito, especialmente, à poesia da época, especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se
opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma pelo realismo, o universalismo e o esteticismo. Este
do Romantismo. O nome Parnaso diz respeito à figura último exige uma forma perfeita quanto à construção e
mitológica que nomeia uma montanha na Grécia, à sintaxe. Os poetas parnasianos vêem o homem preso
morada de musas e do deus Apolo, local de inspiração à matéria, sem possibilidade de libertar-se do
para os poetas. A escola adota uma linguagem mais determinismo, e tendem então para o pessimismo ou
trabalhada, empregando palavras sofisticadas e para o sensualismo.
incomuns, dispostas na construção de frases, A partir de 1890, o simbolismo começou a superar o
atendendo às necessidades da métrica e ritmo parnasianismo. O realismo classicizante do
regulares, que dificultam a compreensão, mas que lhes parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças
são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais
pintar objetivamente as coisas sem demonstrar de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim,
emoção. ele foi muito além de seus limites cronológicos e se
manteve paralelo ao simbolismo e mesmo ao
A nova tendência toma corpo a partir de 1878, quando modernismo.
nas colunas do Diário do Rio de Janeiro se tenta criar
a "Batalha do Parnaso", defendendo o emprego da O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século
ciência e da poesia social, sem visar modificar nada, XIX, fez de seu movimento a escola oficial das letras
recebendo a alcunha de Ideia Nova. O poeta Alberto no país durante muito tempo. Os próprios poetas
de Oliveira deseja o Realismo na poesia, enquanto em simbolistas foram excluídos da Academia Brasileira de
São Paulo, Raimundo Correia e alguns colegas criam Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em
polêmicas sobre o novo movimento na Revista de contato com o simbolismo, o parnasianismo deu
Ciências e Letras. Surge a poesia diversificada: poesia lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma
científica, socialista e realista. A científica é a única a poesia sincretista e de transição.
manter certo rigor e exclusividade. As demais se
libertam do Romantismo aos poucos. Características do Parnasianismo:

Brasil Impessoalidade e objetividade – Evitando as


confissões sentimentais, os parnasianos sobrepunham
O movimento parnasiano teve grande importância no a realidade exterior à interior, fazendo descrições
Brasil, não apenas pelo elevado número de poetas, objetivas de cenas e coisas, numa poesia pictórica,
mas também pela extensão de sua influência. Seus retratista, contrária à idealização romântica. Vasos,
princípios doutrinários dominaram por muito tempo a estátuas, elementos exóticos, históricos, filosóficos,
vida literária do país. Na década de 1870, a poesia arqueológicos e mitológicos serviram, entre outros,
romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em como temas de seus poemas.
Castro Alves é possível apontar elementos precursores
de uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 Visão carnal da mulher - Ao contrário dos românticos,
assistiu-se no Brasil à liquidação do romantismo, que descreviam a mulher idealizada, como virgem,
submetido a uma crítica severa por parte das gerações anjo, entre lágrimas e suspiros, os parnasianos viam-na
emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca como fêmea desejada e sadia.
de novas formas de arte, inspiradas nos ideais
positivistas e realistas do momento. Arte pela arte – Para os parnasianos a Verdade era
igual à Beleza, e a Beleza residia na Forma; portanto, a
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a arte não teria outra finalidade além da criação da
poesia científica, a socialista e a realista, primeiras Beleza, não teria qualquer compromisso, não existiria
manifestações da reforma que acabou por se canalizar em função da sociedade, da religião, da moral, etc. O
para o parnasianismo. As influências iniciais foram único compromisso da arte seria com a própria arte.
Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal Culto da forma – Em consequência da fórmula
propagandista do movimento a partir de 1877, quando Verdade= Beleza=Forma, os parnasianos buscavam a
chegou de uma estada em Paris. O parnasianismo perfeita expressão, do que decorre:
surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís
Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo a) Predominância da técnica sobre a inspiração, da forma
Dias (1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente sobre o conteúdo;
com Raimundo Correia (1883; Sinfonias), Alberto de b) Assimilação dos ideais das artes plásticas; comparação
Oliveira (Meridionais) e Olavo Bilac (1888; Poesias). do poeta com o pintor, o escultor, o ourives;
c) Procura da rima rica, rara, ou resultante da
O parnasianismo brasileiro, a despeito da grande combinação de categorias gramaticais diferentes;
influência que recebeu do parnasianismo francês, não aversão aos termos cognatos (originários da mesma
é uma exata reprodução dele, pois não obedece à raiz);

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LITERATURA

d) Retorno aos modelos clássicos grego-latinos e alusão à parecia supérfluo. Já os parnasianos consideram a
mitologia; poesia como um processo artesanal de luta com as
e) Correção gramatical; uso de vocábulos raros; inversão palavras, de busca do rigor, de suor e dedicação.
frasal; Rompem com o amadorismo e a facilidade. Mostram
f) Procura da palavra perfeita; que a arte, normalmente, não aceita os preguiçosos e
g) Predileção pelo soneto; aproximam-se da visão contemporânea sobre a
h) Repúdio ao hiato, encontro de duas ou mais vogais no construção do texto literário e o papel profissional do
fim de uma palavra e no princípio de outra; escritor.
i) Sonetos terminando com “chave de ouro”, isto é, com
um verso final bem escrito, procurando condensar
uma ideia e arrematando o poema com um belo efeito.

IMPORTANTE!!!!! OS POETAS DO PARNASIANISMO

No Brasil, a adoção do Parnasianismo tem um 1) OLAVO BILAC (1865-1918)


múltiplo significado:
VIDA
Representa um desligamento da realidade local no que
essa tinha de pobre, feia e suja. Na adoção de valores Nasceu no Rio de Janeiro, numa família de classe
europeus, os poetas fecham suas obras para um média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se
mundo grosseiro, feito de horrores, pestes e formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário
exploração, trocando o país concreto pela antiguidade, público, inspetor escolar, secretário do prefeito do
pelo sonho com a cidade-luz, Paris, e pelo Distrito Federal, exerceu constante atividade
nacionalismo ufanista. Nem todos os parnasianos são republicana e nacionalista, realizando pregações cívicas
conservadores do ponto de vista político, mas sua arte em todo o país, inclusive pelo serviço militar
o é. obrigatório. Era um exímio conferencista e
representou o país em vários encontros diplomáticos
Assinala o triunfo de uma estética rígida que internacionais. Foi coroado como "príncipe dos poetas
corresponde a uma sociedade imobilizada. Os brasileiros", encarnando a liderança do grupo
princípios da escola tornam-se cânones e quem os parnasiano. Por isso, ingressou na Academia de Letras,
desobedece , não ingressa no reino da poesia. Surgem na condição de fundador. Paralelamente, teve certas
vários tratados, ensinando os leitores os preceitos e os veleidades boêmias e estas inclinações noturnas não
truques da nova poética que acaba caindo no gosto do deixaram de escandalizar e, ao mesmo tempo, fascinar
público. Um público pequeno: a elite leitora de fins do a época.
século XIX chega no máximo a cinco por cento da
população. OBRAS

Apresenta uma arte centrada em obviedades escritas Poesias (Reunião dos livros Panóplias, Via-láctea e
com ênfase retórica. Além das fórmulas fixas de Sarças de fogo -1888); Tarde (1918)
agrado popular, como o soneto, do refinamento verbal A melhor definição de Olavo Bilac é feita por Antonio
- que distinguia o letrado do semi-analfabeto - e das Candido: "admirável poeta superficial". Poucos
regras autoritárias de poesia, os parnasianos produzem escritores no país merecem um conceito tão
mensagens convencionais, insípidas e, até mesmo, surpreendente. Admirável ele é porque soube valorizar
certas reflexões filosóficas muito próximas da a profissão de homem de letras, transformando-a,
banalidade. Esta tendência ao convencional e ao lugar- conforme suas próprias palavras em "um culto e um
comum consolida-se socialmente porque não ameaça, sacerdócio".
não questiona, não põe em xeque as concepções que Admirável é também a sua habilidade técnica que o
as classes dirigentes tinham de si mesmas e do Brasil. leva a versificar com meticulosa precisão: parece que
jamais erra métrica ou rima. "Todas as suas emoções
Domina intelectualmente o país por quarenta anos. De eram já metrificadas com exatidão e rimadas com
maneira inesperada, os poetas do período acabam abundância", diz Mário de Andrade. Admirável, por
ganhando adeptos não somente nas elites, mas fim, são os inúmeros sonetos que rompem com os
também nos círculos intelectuais das nascentes classes mitos da impassibilidade e da objetividade absoluta -
médias urbanas. Assim, o Parnasianismo espalha-se indicando uma herança romântica da qual o poeta não
por todo o país, alcançando um número monumental pode ou não quer se livrar.
de seguidores. Seu domínio foi de tal ordem que os Superficial nele são os quadros históricos e
organizadores da Semana de Arte Moderna tiveram mitológicos, o erotismo de salão, as miniaturas
como um dos objetivos básicos a destruição desses descritivas e o nacionalismo ufanista. Os temas, em
modelos parnasianos de poesia e de cultura. geral, não estão à altura do domínio técnico e dos
recursos de linguagem. Como acentua o próprio
Coloca a criação literária como resultante do esforço e Antonio Candido, o poeta transforma tudo, o drama
não da inspiração. Os românticos haviam expresso humano e a natureza, em "espetáculo", em coisa, em
uma crença tão apaixonada na espontaneidade, no matéria-prima dos recursos esculturais do verso.Com
"borbulhar do gênio", no instinto criativo, que todo o algumas exceções, seus poemas nada aprofundam e
trabalho de pesquisa e cuidado formal do artista ainda passam uma sensação de frieza.
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LITERATURA

Pela janela, como um rio enorme,


Podemos indicar os seguintes assuntos como Profusamente a luz do meio-dia
dominantes em sua poética: Entra e se espalha, palpitante e viva. (...)
a Antiguidade greco-romana (ver Características do Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Parnasianismo) Vem lhe beijar a pequenina ponta
a temática da perfeição (ver Atividade) Do pequenino pé macio e branco.
o lirismo amoroso
a reflexão existencial. Sobe...Cinge-lhe a perna longamente;
o nacionalismo ufanista Sobe... - e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! - prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
O LIRISMO AMOROSO Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca.(...)
Bilac trata do amor a partir de dois ângulos distintos:
um mais filosófico e sentencioso; o outro, mais E aos mornos beijos, às carícias ternas
descritivo e sensual. O primeiro caso ocorre nos trinta Da luz, cerrando levemente os cílios,
e cinco sonetos que compõem o livro Via láctea e que Satânia os lábios úmidos encurva
lhe granjearam imensa popularidade. E da boca na púrpura sangrenta
Escritos em decassílabos*, apresentam reflexões, Abre um curto sorriso de volúpia...
lembranças, paixões concretas ou irrealizadas,
cogitações sobre o caráter do afeto, etc., num conjunto A REFLEXÃO EXISTENCIAL
de qualidade desigual, oscilando entre o gosto
romântico e o gosto clássico. Em alguns poemas, contudo, o autor de Tarde
consegue mesclar uma visão sensual da vida com
O soneto XIII tornou-se antológico: meditações carregadas de melancolia e desassos-sego
sobre a proximidade da velhice e da morte.
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Possivelmente são as suas melhores criações.
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto... Não há como fugir da beleza da primeira estrofe
E conversamos toda a noite, enquanto de O vale, por exemplo:
A via láctea , como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Sou como um vale, numa tarde fria
Inda as procuro pelo céu deserto. Quando as almas dos sinos, de uma em uma,
No soluçoso adeus da ave-maria
Direis agora: "Tresloucado amigo! Expiram longamente pela bruma.
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?" Nem da força de In extremis, onde na hora da
morte (imaginária), o poeta lamenta a perda das
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! coisas concretas e eróticas da existência:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas." Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! de um sol assim!
*Decassílabos: versos de dez sílabas poéticas Tu, desgrenhada e fria,
Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,
A estes comentários sobre o significado dos E apertando nos teus os meus dedos gelados...
sentimentos, o autor vai preferir, em Sarças de fogo, a
celebração dos prazeres corpóreos. Uma profusão de E um dia assim! de um sol assim! E assim a esfera
beijos infinitos, abraços escaldantes, sangue fervente e Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
atritos libidinosos ajudam a enriquecer aquele erotismo Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
do fim do século XIX e cuja expressão em nossa Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
pintura é Visconti (ver ilustração). Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...
Olavo Bilac tem o olho fremente do voyeur (sujeito
que se excita apenas com a contemplação dos corpos E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! e este
ou do ato sexual) e se compraz na descrição nem medo!
sempre sutil da anatomia feminina. Se levarmos em Nós dois...e, entre nós dois, implacável e forte,
conta que a nudez das mulheres era um tabu na A arredar-me de ti, cada vez mais, a morte...
sociedade brasileira, podemos imaginar o frêmito que
os seus poemas causavam então. Em Satânia, a luz do Eu com o frio a crescer no coração, - tão cheio
meio-dia cobre de carícias o seu esplêndido corpo. De ti, até no horror do derradeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
Nua, de pé, solto o cabelo às costas, A boca que beijava a tua boca ardente,
Sorri. Na alcova perfumada e quente, A boca que foi tua!

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LITERATURA

2) ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937)


E eu morrendo! e eu morrendo
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo céu, e vendo VIDA
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! a delícia da vida!" Nasceu no interior do Rio de Janeiro e formou-se em
Farmácia. Exerceu várias funções públicas, entre as
O NACIONALISMO UFANISTA quais o magistério e tornou-se um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras. Sua lírica descritivista e
Olavo Bilac também quebra a impassibilidade convencional lhe garantiu um lugar no gosto médio da
parnasiana com o patriotismo retumbante de seus época, substituindo Olavo Bilac na condição de
versos. Transforma-se numa espécie de poeta oficial "príncipe dos poetas brasileiros", em 1924, quando o
da República Velha, fugindo do Brasil problemático e Parnasianismo já fora destruído pelas novas elites
inventando um Brasil de heróis intrépidos, grandezas artísticas do país. Morreu em Niterói, aos oitenta anos.
infinitas e símbolos a serem amados.
Bandeirantes ferozes, como Fernão Dias Pais Leme, OBRAS PRINCIPAIS
são transformados em agentes da civilização
("Violador dos sertões, plantador de cidades / Dentro Meridionais (1884); Versos e rimas (1895); O livro de
do coração da pátria viverás!") A natureza, a exemplo Ema (1900)
do Romantismo, vira expressão da nacionalidade.
Crianças são convocadas a amar a pátria com "fé e Entre todos os parnasianos é o que mais permanece
orgulho". E a poesia parece diluir-se num manual de atado aos rigorosos padrões do movimento. Manipula
civismo. os procedimentos técnicos de sua escola com precisão,
Mesmo assim - descontados o tom declamatório e o mas essa técnica ressalta ainda mais a pobreza
excesso ufanista - sente-se aqui e ali a dimensão do temática, a frieza e a insipidez de uma poesia hoje
verdadeiro criador. ilegível. Alfredo Bosi acentua que o criador de Vaso
grego sonha em desfazer-se de todos os
O caçador de esmeraldas, rápida e frustrada compromissos com a realidade.
tentativa épica, tem um belo início: Na década de 1920, Mário de Andrade já havia escrito
que o único problema de Alberto de Oliveira era o não
Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada ter nada para dizer, e que uma lágrima de qualquer
Do outono, quando a terra, em sede requeimada, poema de Goethe possuía mais lirismo que a obra
Bebera longamente as águas da estação, completa desse parnasiano menor.
Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata, Confirmando a justiça desses julgamentos, pouco
À frente dos peões filhos da rude mata, encontramos em Alberto de Oliveira além de poemas
Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão. que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos
Um dos seus poemas patrióticos mais conhecidos decorativos. Enfim, uma poesia de rimas exatas e
é Língua portuguesa: métrica correta. Uma poesia sobre coisas inanimadas.
Uma poesia tão morta como os objetos descritos.
Última flor do Lácio*, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura: Vaso grego é a tradução desta mediocridade:
Ouro nativo, que na ganga* impura
A bruta mina entre os cascalhos vela... Esta de áureos* relevos, trabalhada
De divas* mãos, brilhante copa, um dia,
Amo-te assim, desconhecida e obscura. Já de aos deuses servir como cansada,
Tuba* de alto clangor*, lira singela, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Que tens o trom* e o silvo da procela* ,
E o arrolo* da saudade e da ternura! Era o poeta de Teos* que a suspendia
- Então, e, ora repleta ora esvazada,
Amo o teu viço agreste e teu aroma A taça amiga aos dedos seus tinia,
De virgens selvas e de oceano largo! Toda de roxas pétalas colmada*.
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!" Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
E em que Camões chorou, no exílio amargo, Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
* Lácio: região que circunda Roma e onde se origina o Ignota* voz, qual se da antiga lira
latim. Fosse a encantada música das cordas
* Ganga: resíduo inútil de minério. Qual se essa voz de Anacreonte* fosse.
* Tuba: instrumento de sopro, similar à trombeta
* Clangor: som forte * Áureos: de ouro
* Trom: som de trovão * Diva: deusa, mulher formosa
* Procela: tempestade * Teos:
* Arrolo: arrulho, acalanto * Colmada: coberta
* Ignota: desconhecida
* Anacreonte: poeta grego
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LITERATURA

recitados no país:
3) RAIMUNDO CORREIA (1859-1911)
Vai-se a primeira pomba despertada...
VIDA Vai-se outra mais...mais outra...enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Nasceu no Maranhão e formou-se advogado, em São Raia sanguínea e fresca a madrugada...
Paulo. Trabalha no interior do Rio de Janeiro como
magistrado e, em Ouro Preto, como secretário de E à tarde, quando a rígida nortada
Finanças. Passa em seguida para a diplomacia, Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
trabalhando em Lisboa. Volta mais tarde à antiga Ruflando as asas, sacudindo as penas,
capital federal , onde mais uma vez exerce a Voltam todas em bando e em revoada...
magistratura. Morre, com cinquenta e dois anos, em
Paris, onde fazia um tratamento de saúde. Também dos corações onde abotoam,
OBRAS PRINCIPAIS Os sonhos, um por um, céleres voam,
Sinfonias (1883); Aleluias (1891) Como voam as pombas dos pombais;

A exemplo dos demais componentes da tríade No azul da adolescência as asas soltam,


parnasiana, Raimundo Correia foi um consumado Fogem...Mas aos pombais as pombas voltam,
artesão do verso, dominando com perfeição as E eles aos corações não voltam mais...
técnicas de montagem e construção do poema. Alguns
críticos valorizam nele o sentido plástico de suas Não menos enfático e declamatório, e com aquele
descrições da natureza. acento filosofante beirando à trivialidade, é o
soneto Mal secreto:
O gelo descritivista da escola seria quebrado por
uma emoção genuína - fina melancolia - que Se a cólera que espuma, a dor que mora
humanizava a paisagem, como se pode visualizar N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
no excerto abaixo: Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Esbraseia o Ocidente na agonia Se se pudesse, o espírito que chora,
O sol...Aves bandos destacadas Ver através da máscara da face,
Por céus de oiro e de púrpura raiados Quanta gente, talvez, que inveja agora
Fogem...Fecha-se a pálpebra do dia... Nos causa, então piedade nos causasse!
Delineiam-se, além da serraria, Quanta gente que ri, talvez, consigo
Os vértices da chama aureolados. Guarda um atroz, recôndito* inimigo,
E em tudo, em torno, esbatem derramados Como invisível chaga cancerosa!
Uns tons suaves de melancolia...
Quanta gente que ri, talvez existe,
O PESSIMISMO FILOSOFANTE Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!"
Essa melancolia transforma-se, em outros poemas,
numa visão dolorida da existência. O acento * Recôndito: escondido, âmago.
pessimista, a busca de uma dimensão quase filosófica
para o fracasso dos sonhos e certas emanações
sensíveis garantiriam a Raimundo Correia um lugar EXERCÍCIOS
especial dentro do Parnasianismo, não fosse a falta
de originalidade de sua inspiração. 1. (ESPCEX – 2018) Os parnasianos acreditavam
Mais de uma vez os estudiosos surpreenderam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam
influências excessivas de autores estrangeiros em sua combatendo os exageros de emoção e fantasia do
obra. Tanto em Mal secreto, quanto em As pombas, Romantismo e, ao mesmo tempo, garantindo o
seus dois sonetos mais conhecidos, há um quase equilíbrio que almejavam. Propunham uma
plágio de textos de Metastásio e Théofile Gautier, poesia objetiva, de elevado nível vocabular,
respectivamente. racionalista, bem-acabada do ponto de vista
A par dessa falta de singularidade, acrescente-se que formal e voltada para temas universais. Esse
ele ajuda a forjar o gosto da época por poemas de racionalismo, que enfrentava os “exageros de
reflexão existencial. Poemas que, na rigidez da fórmula emoção” e fixava-se no formalismo, fica bem
de quatorze versos, apresentam pequenas sínteses claro na seguinte estrofe parnasiana de Olavo
morais sobre a condição humana, numa filosofia Bilac:
bastante próxima da banalidade. Tais lugares-comuns [A] E eu vos direi: “Amai para entendê-las!/Pois só
do pensamento, como já vimos, agradavam ao quem ama pode ter ouvido/Capaz de ouvir e de
público, mas estão longe de constituir fonte profunda entender estrelas.”
de indagação e questionamento do sentido da vida. [B] Não me basta saber que sou amado,/Nem só
desejo o teu amor: desejo/Ter nos braços teu corpo
Entre as "pérolas" de seu repertório está delicado,/Ter na boca a doçura de teu beijo.
justamente o soneto As pombas, um dos mais [C] Pois sabei que é por isso que assim ando:/Que é

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dos loucos somente e dos amantes/Na maior investigação social.


alegria andar chorando. [D] O Simbolismo aceita o Realismo e suas
[D] Mas que na forma se disfarce o emprego/Do manifestações. De fato, a nova estética compartilha
esforço; e a trama viva se construa/De tal modo, que com as ideias do Cientificismo, Materialismo,
a imagem fique nua,/Rica, mas sóbria, como um valorizando, em contrapartida, as manifestações
templo grego. metafísicas e espirituais.
[E] Esta melancolia sem remédio,/Saudade sem razão, [E] O estilo Barroco, também chamado
louca esperança/Ardendo em choros e findando Quinhentismo, nasceu da crise dos valores
em tédio. renascentistas, ocasionada pelas lutas religiosas e pelas
dificuldades econômicas decorrentes da falência do
2. (ESPCEX – 2017) O projeto desse movimento comércio com o Oriente.
literário baseava-se na crença de que a função
essencial da arte era produzir o belo, e o lema 5. (UNESP - 2020)
escolhido para traduzir essa ideia foi “a arte pela Tal movimento distingue-se pela atenuação do
arte”. É possível observar, nesse contexto, sentimentalismo e da melancolia, a ausência quase
características como a preocupação com a técnica completa de interesse político no contexto da obra
(metro, ritmo e rima) e o resgate de temas da (embora não na conduta) e (como os modelos
Antiguidade clássica (referências à mitologia e a franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma
personagens históricas). Essa escola literária é expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua,
conhecida como do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos
[A] Neoclassicismo. autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura
[B] Arcadismo. brasileira e foi um critério de excelência. É possível
[C] Classicismo. mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores desse
[D] Expressionismo. movimento não representava para as classes
[E] Parnasianismo. dominantes uma espécie de correlativo da
prosperidade material e, para o comum dos leitores,
3. (ESPCEX – 2013) Quanto à poesia parnasiana, uma miragem compensadora que dava conforto.
é correto afirmar que se caracteriza por
[A] buscar uma linguagem capaz de sugerir a realidade, (Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira,
fazendo, para tanto, uso de símbolos, imagens, 2010. Adaptado.)
metáforas, sinestesias, além de recursos sonoros e
cromáticos, tudo com a finalidade de exprimir o O texto refere-se ao movimento denominado
mundo interior, intuitivo, antilógico e antirracional. a) Romantismo.
[B] cultivar o desprezo pela vida urbana, ressaltando o b) Barroco.
gosto pela paisagem campestre; elevar o ideal de uma c) Parnasianismo.
vida simples, integrada à natureza; conter nos poemas d) Arcadismo.
elementos da cultura greco-latina; apresentar equilíbrio e) Realismo.
espiritual, racionalismo.
[C] apresentar interesse por temas religiosos, refletindo 6. (ACAFE 2017) “Diferentemente do Realismo e do
o conflito espiritual, a morbidez como forma de Naturalismo, que se voltavam para o exame e para a
acentuar o sentido trágico da vida, além do emprego crítica da realidade, o Parnasianismo representou na
constante de figuras de linguagem e de termos poesia um retorno ao clássico, com todos os seus
requintados. ingredientes: o princípio do belo na arte, a busca do
[D] possuir subjetivismo, egocentrismo e equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos
sentimentalismo, ampliando a experiência da acreditavam que o sentido maior da arte reside nela
sondagem interior e preparando o terreno para mesma, em sua perfeição, e não na sua relação com o
investigação psicológica. mundo exterior.”
[E] pretender ser universal, utilizando-se de uma
linguagem objetiva, que busca a contenção dos CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 334.
sentimentos e a perfeição formal.
Sobre o Parnasianismo, assinale a alternativa
4. (ESPCEX – 2007) Leia as afirmações abaixo e correta.
assinale a única alternativa correta. a) Os maiores expoentes do Parnasianismo, na poesia
[A] A poesia parnasiana, numa atitude anti-realista, e na prosa, ocuparam-se da literatura indianista, na
buscava uma expressão maior da interioridade do qual exaltavam a dignidade do nativo e a beleza
artista. Para isso, o poeta contava principalmente com superior da paisagem tropical.
sua inspiração, associada a temáticas pitorescas. b) Um exemplo de poesia parnasiana é a obra Suspiros
[B] A característica mais marcante do Parnasianismo é poéticos e saudade, de Gonçalves de Magalhães, na
o culto da forma, representado pelas formas fixas, qual o poeta anuncia a revolução literária, libertando-
como o soneto, pela metrificação rigorosa e pelas se dos modelos românticos, considerados
rimas perfeitas. A beleza do poema deveria ser ultrapassados.
alcançada a qualquer custo. c) Os parnasianos consideravam que certos princípios
[C] Os naturalistas resgatam o preceito grego da “Arte românticos, como a simplicidade da linguagem,
pela Arte”, produzindo obras desvinculadas da valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe
realidade e sem qualquer compromisso com a e vocabulário mais brasileiros, sentimentalismo, tudo
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isso ocultava as verdadeiras qualidades da poesia. delírio de grande parte de sues poemas, como no
d) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da fragmento de Cruz e Sousa:
Costa exemplificam a tendência de uma poesia pura, Cristais diluídos de clarões álacres,
indiferente às contingências históricas, com sátira à Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
mestiçagem e elogio à nobreza local. Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos.

2) O EFEITO DE SUGESTÃO
SIMBOLISMO
Diz Mallarmé:
CONTEXTO HISTÓRICO
Os parnasianos tomam os objetos em sua integridade
A decadência econômica europeia nas últimas décadas e mostram-nos. Por isso carecem de mistério.
do século XIX põe por terra as esperanças positivistas Descrever um objeto é suprimir três quartas partes do
e materialistas. Uma nova forma de encarar o mundo prazer de um poema, que é feito da felicidade de
faz com que se retomem os valores até então adivinhar-se pouco a pouco. Sugerir, eis o sonho. E o
adormecidos: o idealismo e o misticismo são uso perfeito deste mistério é o que constitui o
revitalizados. Surge o Simbolismo, opondo-se ao símbolo: evocar o objeto para expressar um estado de
objetivismo realista. alma através de uma série de decifrações.
A Europa vivia em estado de alerta, cada país Sua observação é chave para o entendimento da
procurava aumentar os seus contingentes militares e poética simbolista. Abandona-se o descritivismo
aperfeiçoar os seus armamentos. Era o fantasma da parnasiano em busca de uma revitalização do gênero
guerra. lírico. São criadas novas imagens, novas metáforas e
As consequências desse clima se farão sentir mais símbolos. Acentua-se o caráter obscuro de certas
profundamente logo no início do século XX, e as palavras e o emotivo de outras, tudo como repúdio à
últimas manifestações simbolistas e as primeiras linguagem poética usual, carregada de lugares-comuns,
produções modernistas serão contemporâneas da clichês e frases-feitas que se repetiam de geração em
Primeira Guerra Mundial, em 1914, e da Revolução geração.
Russa, em 1917. Trata-se de reinventar a linguagem, explorar suas
O Simbolismo, refletindo esse momento histórico, possibilidades, recriá-la palavra após palavra, à procura
percebe a falência do racionalismo, do materialismo e de imagens originais e envolventes. A verdadeira
do positivismo, insuficientes para a compreensão do poesia consiste em não-dizer, não-declarar, não
mundo exterior, e retorna às tendências espiritualistas. designar as coisas pelos seus nomes triviais. A
O sonho, o inconsciente, a metafísica e a religiosidade verdadeira poesia está em insinuar, dizer
renascem na procura de um mundo ideal situado ora figuradamente, sugerir.
no interior do individuo, ora no sobrenatural. Fugindo Cruz e Souza foi especialista na utilização de imagens
ao racionalismo, o artista mergulha então no irracional, ousadas com efeito de sugestão. Angústia sexual e
cuja expressão exigia uma linguagem nova, metafórica erotismo misturam-se na exaltação de uma mulher que
e sugestiva. parece devorar os homens:
As primeiras manifestações simbolistas já esta-vam Cróton* selvagem, tinhorão* lascivo, Planta mortal,
presentes na coletânea Parnasse contemporain, com carnívora, sangrenta, De tua carne báquica* rebenta A
poemas de Baudelaire, Mallarmé e Verlaine. Mas é no vermelha explosão de um sangue vivo
livro As flores do mal, de Charles Baudelaire,
publicado em 1857, que vamos encontrar as diretrizes Cróton - arbusto ornamental
da poética simbolista e de praticamente toda a Tinhorão - erva ornamental
moderna poesia europeia. Báquica - relativo a Baco, deus grego do vinho e da
Ainda que o símbolo tenha sempre existido em dissipação
literatura, é no final do século XIX que se intensifica o
seu uso, libertando a palavra de sua carga lógica pa-ra 3) MUSICALIDADE
expressar sentimentos profundamente subjetivos.
Na tentativa de sugerir infinitas sensações aos leitores,
CARACTERÍSTICAS os simbolistas aproximam a poesia da música.
Entendamos: não se trata de poesia com fundo
1) SUBJETIVISMO musical, mas poesia com musicalidade em si mesma,
através do manejo especial de ritmos da linguagem,
Os simbolistas retomam a subjetividade da arte esquisitas combinações de rimas, repetição intencional
romântica com outro sentido. Os românticos de certos fonemas, sujeição do sentido de um
desvendavam apenas a primeira camada da vida vocábulo a sua sonoridade, etc. Realiza-se assim a
interior, onde se localizavam vivências quase sempre exigência de Verlaine: "A música antes de qualquer
de ordem sentimental. Os simbolistas vão mais longe, coisa."
descendo até os limites do subconsciente e mesmo do
inconsciente. Rimbaud surpreende a França com o ardor de
seus versos malditos, escritos em plena
Este fato explica o caráter ilógico ou o clima de adolescência. Verlaine leva a musicalidade e o

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efeito sugestivo das palavras a um limite até então escassa ressonância: Paraná, Santa Catarina e Rio
desconhecido na literatura europeia. Grande do Sul. É como se o gosto dos poetas da
escola por neve e névoas, outonos e longos
Somos atingidos pelo efeito dos ritmos e dos sons de crepúsculos exigisse regiões frias e nebulosas.
qualquer poema simbolista, mesmo que não Há quase um fatalismo geográfico: Alphonsus de
conheçamos profundamente o idioma em que ele foi Guimaraens produz seus textos nas cidades
escrito. Verlaine, por exemplo, deixou os mais célebres montanhosas e fantasmagóricas de Minas Gerais. No
versos desta sedução pela música em Canção de Rio de Janeiro, de grandes sóis e clima tropical, o
outono: agrupamento simbolista, mesmo com o reforço de
Le sanglots longs / Des violons / De l´automne / Cruz e Sousa - que emigrara da antiga cidade do
Blessent mon coeur / D´ une langueur / Monotone * Desterro (hoje Florianópolis) - acaba sufocado pela
* Os lamentos longos / Dos violinos / Do outono / luz, pelo calor e pela onda parnasiana.
Ferem o meu coração / De um langor / Monótono.
Os adeptos da nova estética tornam-se alvo de
A música é obrigatória, como nesta espécie de zombarias, quando não de desprezo. A maioria dos
receita poética de Cruz e Sousa: críticos não os compreende e o público leitor mostra-
Derrama luz e cânticos e poemas se indiferente ou hostil frente aquela poética
No verso e torna-o musical e doce aristocrática, complicada, pretensiosa. Somente depois
Como se o coração, nessas supremas do triunfo modernista, alguns desses poetas seriam
Estrofes, puro e diluído fosse. revalorizados.

Mesmo a morte, na obra do simbolista brasileiro, Não se pense contudo que a marginalidade simbolista
possui uma terrível musicalidade: implica numa mudança das relações de dependência
A música da Morte, a nebulosa, entre os letrados brasileiros e os valores europeus. A
Estranha, imensa música sombria, exemplo dos parnasianos - e às vezes é difícil
Passa a tremer pela minh'alma e fria identificar diferenças poéticas entre ambos - os
Gela, fica a tremer, maravilhosa... simbolistas transplantam uma cultura que pouco tem a
ver com a realidade local. Daí resulta uma poesia
4) IRRACIONALISMO E MISTÉRIO frequentemente distanciada tanto do espaço social
quanto do jeito íntimo de ser brasileiro. Um pastiche
No princípio, os simbolistas têm como projeto dos "padrões sublimes da civilização".
"revestir as ideias de uma forma sensível", isto é, tra-
duzi-las para uma linguagem simbólica e musical. Outra vez estamos diante do velho sonho colonizado:
Pouco a pouco, este intelectualismo se converte numa reproduzir aqui os modelos recentes da arte europeia.
aventura anti-intelectual, numa negativa à pos- A grande exceção neste contexto parece ser a obra de
sibilidade de comunicação lógica entre os homens. Cruz e Sousa, embora outros poetas do período
"Nós não estamos no mundo", brada Rimbaud, o tenham deixado criações isoladas de relativo interesse
mundo concreto se esvaiu, perdeu sua inteligibilidade. e qualidade.
Agora é puro mistério: atrás da ordem aparente das
coisas estão o caos, a névoa, a bruma, a neblina, o As primeiras experiências de acordo com os novos
incorpóreo, o fantasmagórico, o estranho, o inefável*. preceitos são realizadas por Medeiros e Albuquerque,
Rimbaud considera o artista um vidente que foge da a partir de 1890. Porém, os textos que
realidade ilusória e penetra na realidade inexplorada verdadeiramente inauguram o Simbolismo perten-
das sensações. Para adquirir esta vidência é cem a Cruz e Souza que, em 1893, lança duas obras
indispensável um "desequilíbrio de todos os sentidos", renovadoras: Broquéis e Missal. A primeira compõe-se
uma ponte em direção ao ilógico e à loucura. Só os de poemas em versos e a segunda de poemas em
"alquimistas do verbo" podem enxergar além da prosa.
obviedade do cotidiano e deparar-se com a essência
misteriosa da vida. Cruz e Sousa chega a implorar pelo AUTORES SIMBOLISTAS
mistério:
Infinitos, espíritos dispersos, CRUZ E SOUSA (1861 - 1898)
Inefável, edênicos*, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos Vida
Com a chama ideal de todos os mistérios.
João da Cruz e Souza nasceu em Desterro (hoje
Inefável - indescritível, o que não pode ser expresso. Florianópolis), filho de escravos libertos pelo marechal
Edênicos: que procedem do Éden, do paraíso Guilherme de Souza, que adotou o menino negro e
ofereceu-lhe a chance de estudar com os melhores
O SIMBOLISMO NO BRASIL professores de Santa Catarina. Foi seu mestre,
inclusive, o sábio alemão Fritz Müller, correspondente
CONTEXTO CULTURAL de Darwin. Apesar da morte de seu protetor,
conseguiu terminar o nível intermediário e, com pouco
O Simbolismo no Brasil é um movimento que mais de dezesseis anos, tornou-se professor particular
ocorre à margem do sistema cultural dominante. Seu e militante da imprensa local. Aos vinte anos, seguiu
próprio desdobramento aponta para províncias de com uma companhia teatral por todo o Brasil, na
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LITERATURA

condição de "ponto". Durante estas viagens entregou- comuns verbais de seus antecessores. No seus poemas,
se à conferências abolicionistas. Em 1883, foi abundam substantivos comuns com iniciais maiúsculas
nomeado promotor público em Laguna, no sul da e palavras raras. A linguagem denotativa quase
província, mas uma rebelião racista na pequena cidade, desaparece na quantidade de símbolos, aliterações*,
impediu-o de assumir o cargo, embora esta história sinestesias*, esquisitas harmonias sonoras.
seja contestada por algumas fontes. Ao contrário do texto parnasiano, o simbolista exige
Voltou a viajar e a cada regresso sentia a ampliação do do leitor um esforço de decifração, de "tradução" da
preconceito de cor. Mudou-se então, definitivamente realidade sugerida para a realidade concreta. A todo
para o Rio de Janeiro. Lá se casaria com uma moça momento, o poeta apela para a linguagem metafórica:
negra (Gavita) e conseguiria modesto emprego de "O demônio sangrento da luxúria..."
arquivista na Central do Brasil, já no ano de 1893. Às "Punhais de frígidos sarcasmos..."
inúmeras dificuldades financeiras somavam-se o "Ó negra Monja triste, ó grande soberana." (A lua)
desprezo dos intelectuais da época, que viam nele "As luas virgens dos teus seios brancos..."
apenas um "negro pernóstico", o período de loucura "O chicote elétrico do vento..."
mansa vivido pela esposa, durante seis meses, e a
tuberculose que atacou toda a sua família: ele, a A musicalidade se dá através de aliterações.
mulher e os quatro filhos. Numa carta ao amigo e Sejam em v:
protetor, Nestor Vítor, deixou registrado seu
infortúnio: Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas
"Há quinze dias tenho uma febre doida... Mas o pior, vagam nos velhos vórtices* velozes
meu velho, é que estou numa indigência horrível, sem dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas*...
vintém para remédios, para leite, para nada! Minha
mulher diz que sou um fantasma que anda pela casa!" Sinestesias: correspondência entre as diversas
Este mesmo amigo providenciou uma viagem do sensações, sons, olhares e cheiros.
poeta à região serrana de Minas Gerais, em busca de Aliterações: repetição de fonemas no início, meio ou
paliativo para a doença. Mal chegando lá, Cruz e Sousa fim das palavras.
piorou e faleceu na mais absoluta solidão. Três anos Vórtices: redemoinho, turbilhão.
após - já tendo enterrado dois filhos - Gavina também Vulcanizadas: ardentes, exaltadas.
desapareceria por causa da tuberculose. O terceiro
filho morreria em seguida. O último, vitimado pela Sejam em m
mesma moléstia, desapareceria em 1915. A família Mudas epilepsias, mudas, mudas, mudas epilepsias
estava extinta numa terrível tragédia humana. Masturbações mentais, fundas, agudas negras
nevrostenias
OBRAS PRINCIPAIS Os exemplos são infinitos. Em s: "Surdos, soturnos,
Broquéis (1893) - Missal (1893) - Evocações (1899) - subterrâneos desesperos..." Em f: "Finos frascos
Faróis (1900) Últimos sonetos (1905) facetados" E assim por diante, sempre a "música antes
de qualquer coisa." Vale a pena lembrar também que o
A obra de Cruz e Sousa é a mais brasileira de um escritor não ignorava a sinestesia, utilizando-a com
movimento que foi, entre nós, essencialmente frequência: "vozes luminosas" - "aromas mornos e
europeu. Nela opera-se uma tentativa de síntese entre amargos" - "claridade viscosa" - "vermelhos
formas de expressão prestigiadas na Europa e o drama clarinantes", etc.
espiritual de um homem atormentado social e
filosoficamente. O resultado passa, às vezes, por Da mesma forma, quando necessitado de novas
poemas obscuros e verborrágicos mas, na maioria dos palavras com sonoridade originais, ele não tinha
casos, a densidade lírica e dramática do "Cisne Negro" vergonha de inventá-las: "purpurejamento - suinice -
atinge um nível só comparável ao dos grandes tentaculizar - maternizado, etc.
simbolistas franceses. O primeiro aspecto que
percebemos em sua poética é a linguagem renovadora. Temas básicos

A linguagem metafórica e musical No entanto, a poética de Cruz e Sousa vai além destes
procedimentos estilísticos inovadores. A junção da
linguagem estranha com três ou quatro temas
recorrentes e profundos é que lhe garantiu o lugar
privilegiado em nossa literatura. A rigor, os seus
assuntos são limitados:

A obsessão pela cor branca


O erotismo e sua sublimação
Uma das pouqíssimas fotos de Cruz e Sousa. O sofrimento da condição negra
A espiritualização
Ainda que sua formação tenha sido dentro do
Parnasianismo - e desta escola ele guarde o cultivo da A obsessão pela cor branca
perfeição e o gosto pela métrica e pelo soneto - Cruz e
Sousa foge da objetividade lingüística e dos lugares-
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LITERATURA

Roger Bastide desvela nos primeiros livros de Cruz e uma comunhão. Para tentar atingi-lo, destruirá a
Sousa uma imensa nostalgia de se tornar ariano. O concepção parnasiana onde se formara: as coisas
poeta parece ocultar as suas origens numa louvação materiais se enevoarão, se diluirão. Os corpos
contínua da cor branca. O branco em seus diversos femininos, no entanto, procurarão puxá-lo para a
tons, o branco da neve, do luar, da neblina, da bruma, luxúria da vida terrena, atrapalhando a sua trajetória
do cristal, do marfim, da espuma, da pérola, das luzes rumo às Essências.
e dos brilhos. O crítico contou em Broquéis cento e
sessenta e nove referências a este universo de Hermetismo: fechamento, sentido obscuro.
brancuras. Platonismo: vem da filosofia de Platão, que afirma
ser o nosso mundo uma cópia inferior de um mundo
O primeiro poema do livro, Antífona*, já é ideal.
indicativo do que virá depois:
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras Erotismo e sublimação*
De luares, de neves, de neblinas!
Ó formas alvas, fluidas, cristalinas, A mulheres surgem na obra de Cruz e Sousa como um
Incensos dos turíbulos* das aras* símbolo de sensualidade. Mas ao contrário das figuras
A lua, "fantasma de brancuras vaporosas", surge femininas de Olavo Bilac - descritas minuciosamente
a todo instante: em sua graça corpórea, como esculturas belas e frias -
Clâmides* frescas de brancuras frias as mulheres do catarinense aparecem, com frequência,
Finíssimas dalmáticas* de neve sob a forma de "cruéis e demoníacas serpentes"
Vestem as longas árvores sombrias, arrastando o poeta para convulsões, espasmos, anseios
Surgindo a Lua nebulosa e leve... e desejos obscuros.
Névoas e névoas frígidas ondulam Estamos longe daqueles retratos parnasianos,
Alagam lácteos e fulgentes* rios emoldurados por um erotismo convencional.
Que na enluarada refração tremulam
D'entre fosforescências, calafrios... Cruz e Sousa prefere mergulhar nas sensações
despertadas pelas "carnes tépidas":
Nevrostenias: angústias, neuroses Carnais, sejam carnais tantos desejos,
Antífona: versículo recitado antes ou depois da leitura Carnais, sejam carnais tantos anseios,
de um salmo. Palpitações e frêmitos* e enleios*,
Turíbulo: objeto para espargir incenso Das harpas da emoção tantos arpejos*...
Ara: altar Estes "sentimentos carnais" exasperam o poeta em
Clâmide: manto dos antigos gregos "febres intensas, ânsias mortais, angústias palpitantes"
Dalmática: túnica impelindo-o a necessidade de sublimar as "flamejantes
Fulgente: brilhante atrações do gozo".

Também as mulheres que estimulam É necessário transportar estes espasmos e dese-


sexualmente o poeta, em sua maioria, são jos para o reino sideral e assim desmaterializá-los:
brancas:
Para as Estrelas de cristais gelados
Braços nervosos, brancas opulências as ânsias e os desejos vão subindo,
Brumais brancuras, fúlgidas brancuras galgando azuis e siderais noivados
Alvuras castas, virginais alvuras, de nuvens brancas a amplidão vestindo.
Lactescências das raras lactescências. Sublimação: Processo inconsciente de desviar a
Se existe uma vingança de Cruz e Souza contra o energia da libido para outras esferas ou atividades.
preconceito de cor, ela não se dá exatamente através Frêmitos: vibrações, arrepios.
de uma aproximação com seu mundo étnico. Ele Enleios: laços, atrações.
buscou na aristocratização intelectual, no Arpejos: execução rápida e sucessiva de notas
hermetismo*, na imitação do dernier cri parisiense e musicais.
no desprezo pela vulgaridade, sua diferença em relação
aos escritores brancos vinculados ao Parnasianismo. O sofrimento da condição negra
Como diz Roger Bastide, "criando uma arte de
reticências e sutilezas", ele quis mostrar que o negro Em Faróis e Evocações (poemas confessionais em
não era um materialista, preso à terra e ao prazer dos prosa), Cruz e Sousa produzirá textos dolorosos e
sentidos. noturnos. A escuridão da noite - sempre associada à
Daí também o platonismo* contínuo de sua poesia, na ideia de morte - substituirá o culto do branco e do
qual o universo concreto não passa de um reflexo erotismo. Estes dois livros correspondem à época da
sombrio de Essências e Ideias supraterrestres. Assim a loucura de sua mulher, das maiores dificuldades
poesia fica imaculada, limpa das impurezas da vida. E financeiras, do preconceito de cor e do descaso dos
a obsessão pelo branco ganha uma dimensão intelectuais por sua obra. Como que lhe traduzindo a
filosófica, que poderia ser representada da seguinte agonia interior, o estilo torna-se mais obscuro e
maneira: tortuoso do que normalmente. O seu sentimento
Mundo platônico > Mundo das Ideias e Formas Puras dominante é o de opressão, como se percebe em O
> Mundo alvo e nevoento emparedado:
Este é o mundo ao que o poeta aspira: uma libertação,
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LITERATURA

Se caminhares para a direita, baterás e esbarrarás por fim, encontrará a paz:


ansioso, aflito, numa parede horrendamente Sorrindo a céus que vão se desvendando,
incomensurável de Egoísmos e Preconceitos! Se A mundos que vão se multiplicando,
caminhares para a esquerda, outra parede, de Ciências A portas de ouro que vão se abrindo!
e Críticas, mais alta do que a primeira. Se caminhares
para a frente, ainda nova parede, feita de Despeito e A religiosidade filosófica permite-lhe - apesar de
Impotências, tremenda, de granito, broncamente se todos os dramas de sua vida - declarar-se um
elevará do alto! Se caminhares, enfim, para trás, há vencedor, como verificamos no seu derradeiro
ainda uma derradeira parede, fechando tudo, fechando poema, o antológico Sorriso interior:
tudo - horrível! - parede de Imbecilidade e Ignorância, O ser que é ser e que jamais vacila
te deixará n'um frio espasmo de terror absoluto. (...) E Nas guerras imortais entra sem susto,
as estranhas paredes hão de subir - longas, negras, Leva consigo este brasão augusto
terríficas! Hão de subir, subir, subir mudas, silenciosas, Do grande amor, da grande fé tranqüila.
até as Estrelas, deixando-te para sempre perdidamente
alucinado e emparedado dentro do teu Sonho... Os abismos carnais da triste argila
O sofrimento da condição negra não se transforma em Ele os vence sem ânsia e sem custo...
protesto racial, e sim em isolamento, solidão, Fica sereno, num sorriso justo,
aristocratização amarga. Enquanto tudo em derredor oscila.

O Simbolismo é para ele uma forma de revolta contra Ondas interiores de grandeza
a sociedade e contra suas próprias origens africanas, Dão-lhe esta glória em frente à Natureza,
pelas quais sente, ao mesmo tempo, orgulho e pesar. Esse esplendor, todo esse largo eflúvio*.
O "emparedado" vinga-se das "paredes" que o
asfixiam com a sua criatividade poética. É uma revolta O ser que é ser transforma tudo em flores...
estética, raramente quebrada pela denúncia social, a E para ironizar as próprias dores
não ser em textos como Litania dos pobres: Canta por entre as águas do Dilúvio!

Os miseráveis, os rotos Mesmo que, em sua fé platônica-cristã, o poeta cante a


São as flores dos esgotos esperança de uma outra vida, momentos de desespero
e tristeza continuam aflorando em sua obra final.
São espectros implacáveis
Os rotos, os miseráveis O soneto Vida obscura, que alguns julgam
dedicado a sua própria esposa, e que outros vêem
São prantos negros de furnas como um auto-retrato do artista, é a mais
Caladas, mudas, soturnas (...) conhecida de suas criações:

Faróis à noite apagados "Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,


Por ventos desesperados(...) ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
Bandeiras rotas, sem nome, o mundo para ti foi negro e duro.
Das barricadas da fome.
Atravessaste no silêncio escuro
Bandeiras estraçalhadas a vida presa a trágicos deveres
Das sangrentas barricadas. e chegaste ao saber de altos saberes,
A tuberculose veio culminar o processo trágico de tornando-te mais simples e mais puro.
Cruz e Sousa e sua família. Os tormentos atingem
agora a plenitude, e a morte paira sobre tudo com sua Ninguém te viu o sentimento inquieto,
túnica negra. Em Últimos sonetos, a linguagem parece magoado, oculto e aterrador, secreto,
se despir dos excessos anteriores e chega à perfeição. que o coração te apunhalou no mundo.
O poeta está diante do grande abismo e procura
decifrar seu formidável mistério. Já não se trata apenas Mas eu que sempre te segui os passos
da angústia de um homem proscrito por causa de sua sei que cruz infernal prendeu-te os braços
raça. O sofrimento, de fato, é inerente à condição e o teu suspiro como foi profundo!
humana. E, diante do fim, o artista experimentará
sensações diversas, desde o desejo de dissolução na Manuel Bandeira sintetizou bem a poderosa
"Noite redentora" até a expectativa de ressurreição em poética de Cruz e Sousa:
outra vida
Dos sofrimentos físicos e morais de sua vida, do seu
Seu processo de espiritualização é difusamente penoso esforço de ascensão na escala social, do seu
católico: dá a impressão de que acredita na sonho místico de uma arte que seria uma 'eucarística
sobrevivência dos mortos, que estes serão espiritualização', do fundo indômito de seu ser de
restituídos a sua "verdadeira pátria", isto é, a 'emparedado' dentro da raça desprezada, ele tirou os
pátria das almas e das essências platônicas, onde acentos patéticos que lhe garantem a perpetuidade de
reina o "Transcendente", o "Absoluto" e onde, sua obra na literatura brasileira. Não há gritos mais

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LITERATURA

dilacerantes, suspiros mais profundos do que os seus. Dos laranjais hão de cair os pomos
Lembrando-se daquela que os colhia.
ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870-1921)
As estrelas dirão: - "Ai, nada somos,
Pois ela se morreu silente* e fria..."
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua que lhe foi mãe carinhosa


Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Foto esmaecida do poeta mineiro Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
VIDA Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
Nasceu em Ouro Preto, filho de um comerciante
português e de uma sobrinha do escritor romântico, Silente: silencioso, secreto.
Bernardo Guimarães. Fez seus estudos preliminares na A lembrança do sofrimento nunca o abandona, como
cidade natal e depois cursou Direito em São Paulo. se percebe em Ismália, espécie de balada, onde a
Nutre intensa paixão platônica pela filha do autor de A loucura, a solidão e a morte se interpenetram:
escrava Isaura, Constança, que morreria de
tuberculose antes dos dezoito anos e, para quem Quando Ismália enlouqueceu,
escreveria muitos de seus versos. Retornou para Minas Pôs-se na torre a sonhar...
Gerais, exercendo a função de juiz em Conceição do Viu uma lua no céu,
Serro e, mais tarde, em Mariana. Casou-se com uma Viu outra lua no mar.
jovem de dezessete anos, Zenaide, com quem teve
quatorze filhos e com quem encaramujou-se na vida No sonho em que se perdeu
privada, ao ponto de morrer praticamente na Banhou-se toda em luar...
obscuridade, às vésperas da Semana de Arte Moderna. Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
OBRAS PRINCIPAIS
E, no desvario seu
Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Na torre pôs-se a cantar...
mística (1889), Câmara ardente (1899), Kyriale (1902) Estava perto do céu,
Mineiro, passado quase toda a sua vida nas cidades Estava longe do mar...
barrocas e decadentes da região aurífera, Alphonsus de
Guimarães sofreu as influências ambientais dessas E como um anjo pendeu
cidades, povoadas apenas, no dizer de Roger Bastide, As asas para voar...
"de sons e sinos, de velhas deslizando pelos becos Queria a lua do céu,
silenciosos, de vultos que se escondem à sombra das Queria a lua do mar...
muralhas. Cidades de brumas, conhecendo as mesmas
existências cinzentas e os mesmos fantasmas noturnos: As asas que Deus lhe deu
donzelas solitárias, vestidas de luar." Sua poesia gira Ruflaram de par em par...
em torno de pouco assuntos: Sua alma subiu ao céu,
A morte da amada Seu corpo desceu ao mar
É um tema dominante em sua poesia: a morte da A religiosidade litúrgica
noiva amada, a doce Constança, desaparecida na flor
da mocidade. De certa forma, não conseguirá mais O desaparecimento precoce da noiva associado ao
esquecê-la e, assim, os seus poemas de amor sempre se clima místico das cidades barrocas induzem
vincularão à ideias fúnebres. Amor e morte é uma Alphonsus de Guimaraens à religiosidade. Ao inverso
velha fórmula romântica, mas Alphonsus a tratará de de Cruz e Sousa cuja espiritualização é angustiada e
maneira diferente, fugindo do patético e alcançando filosófica, a do poeta mineiro não tem "arroubos ou
um tom elegíaco*, onde predominam a melancolia e a iluminações fulgurantes", como diz Andrade Muricy.
musicalidade. Trata-se de uma religiosidade emotiva, feita de preces
Nem o casamento, nem o passar do tempo ajudarão o e crenças simples. Nada de abstrações metafísicas.
poeta a atenuar esta tristeza. Em vários momentos, a Nada de indagações exasperadas. Seu catolicismo está
dor parece mais uma convenção poética do que mais próximo das fontes tradicionais da liturgia.
propriamente um sentimento real. Houve quem lhe apontasse um misticismo exterior e
superficial, mas é forçoso reconhecer beleza na série
No entanto, um soneto como Hão de chorar por de orações que dirige à Virgem Maria:
ela os cinamomos guarda forte carga de emoção: Doce consolação dos infelizes
Primeiro e último amparo de quem chora,
Hão de chorar por ela os cinamomos Oh! Dá-me alívio, dá-me cicatrizes
Murchando as flores ao tombar do dia Para estas chagas que te mostro agora.
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LITERATURA

Aliás, a deificação de Nossa Senhora parece (oceanos, cosmos...) para expressar a ideia de
corresponder à sublimação do amor pela noiva morta. liberdade.
O arrebatamento religioso pela Mãe de Deus indicaria Conhecimento intuitivo e não-lógico. Ênfase na
a troca de uma paixão concreta por uma devoção imaginação e na fantasia. Desprezo à natureza: as
católica. Massaud Moisés fala em "platonismo místico" concepções voltam-se ao místico e sobrenatural.
porque, ao encarnar esta paixão na figura da Virgem, Pouco interesse pelo enredo e ação narrativa:
"o poeta transcendentaliza e essencializa a mulher pouquíssimos textos em prosa. Preferência por
amada, conferindo-lhe o atributo de plenitude momentos incomuns: amanhecer ou entardecer,
espiritual válido no contexto católico e de acordo com faixas de transição entre dia e noite.
a sua sensibilidade cristã." Linguagem ornada, colorida, exótica, bem
Ilustrativo das tendências simbólicas, místicas e rebuscada e cheia de detalhes: as palavras são
musicais de Alphonsus é o seu poema escolhidas pela sua sonoridade, num ritmo
colorido, buscando a sugestão e não a narração.
A catedral:
DE OLHO NA HISTÓRIA DA ARTE!!
Entre brumas ao longe surge a aurora.
O hialino* orvalho aos poucos se evapora, O impressionismo
Agoniza o arrebol*. Publicado por: Thiago Ribeiro em Artes (Mundo
Educação)
A catedral ebúrnea* do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos*:


Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus! (...)

Por entre lírios e lilases desce


A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino dobra em lúgubres responsos:


Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O céu é todo trevas: o vento uiva.


Do relâmpago a cabeleira ruiva Impression du Soleil Levant - 1873 (Museu
Vem açoitar o rosto meu. Marmottan, Paris) Quadro de Claude Monet que
E a catedral ebúrnea do meu sonho deu início ao. Movimento Impressionista.
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu. O impressionismo foi um movimento artístico surgido
E o sino geme em lúgubres responsos: na pintura no final do século XIX, na França.
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus! Influenciou também a música, que passou a adotar
suas ideias por volta de 1890. Apesar de não se
Hialino: transparente considerar um impressionista, foi em torno de
Arrebol: vermelhidão do nascer ou do pôr do sol. Édouard Manet que se reuniu grande parte dos artistas
Ebúrnea: de marfim que passaram a ser chamados de Impressionistas. O
Responsos: versículos rezados ou cantados. movimento tem como característica romper os laços
com o passado, várias obras de Manet são inspiradas
Resumo das características do Simbolismo na tradição, porém serviu de inspiração para os novos
artistas.
Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e
o sub-consciente: ideia metafísica, crença em forças O movimento foi um marco na arte moderna. Os
superiores e desconhecidas, predestinação, sorte, autores impressionistas não mais se preocupavam com
introspecção. os ensinamentos do Realismo ou da academia, e
Essa maior ênfase pelo particular e individual do mesmo se mantinham alguns aspectos do realismo,
que pelo geral e Universal: valorização máxima do não se comprometiam com denúncia social.
eu interior, individualismo. Reproduziam paisagens urbanas e suburbanas.
Tentativa de afastamento da realidade e da Os pintores impressionistas pesquisavam a produção
sociedade contemporânea: valorização máxima do pictórica, não se interessavam em temáticas nobres ou
cosmos, do misticismo, negação à Terra. no retrato fiel da realidade e sim na criação de novas
Os textos comumente retratam seres efêmeros formas de registrar a luz e as cores, decompondo-as,
(fumaça, gases, neve...). Imagens grandiosas captando o instante em que a ação acontecia. As telas

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LITERATURA

eram pintadas ao ar livre, o objetivo era criar obras dentre as ondas mais pródigas, mais vastas
espontâneas, inspiradas na natureza. dos sentimentos mais maravilhosos.
.....................................................................
A primeira exposição pública impressionista foi Enche de estranhas vibrações sonoras
realizada em 1874, em Paris, onde participou o a tua Estrofe, majestosamente...
expositor Claude Monet, autor de Impressão: O Põe nela todo o incêndio das auroras
Nascer do Sol, (1872), tela que deu origem ao nome Para torná-la emocional e ardente.
do movimento. Derrama luz e cânticos e poemas
No Brasil, o representante mais expressivo do no verso, e torna-o musical e doce,
impressionismo é Washington Maguetas. Destaca-se como se o coração nessas supremas
também o pintor Eliseu Visconti, que no início do Estrofes, puro e diluído fosse.
século XX, foi o artista que melhor representou o .........................................................
movimento, não se preocupando em reproduzir
modelos clássicos e sim em registrar os efeitos da luz Da leitura do texto, trecho de um poema de Cruz
solar em suas telas e Sousa, principal nome da poesia simbolista
brasileira, infere-se que o autor NÃO propõe ao
poeta buscar a palavra ou a expressão
EXERCÍCIO a) evocadora de sensações e emoções indefiníveis.
b) exata, capaz de com a maior nitidez descrever um
01. (ESPCEX – 2016) Quanto ao Simbolismo, objeto.
assinale a alternativa correta. c) portadora de uma musicalidade que imprima ritmo e
[A] O objetivo declarado dos poetas desse movimento doçura ao verso.
literário era um só: desenvolver a beleza formal à d) sinestésica, conforme exemplifica empregando clarões
poesia, eliminando o que consideravam os excessos ruidosos.
sentimentalistas românticos que comprometiam a e) capaz de fundir, num só ato perceptivo, duas ou mais
qualidade artística dos poemas. Na base desse projeto sensações.
estava a crença de que a função essencial da arte era
produzir o belo. O lema adotado – a arte pela arte – 03. (ESPCEX – 2014) O texto a seguir refere-se a qual
traduz essa crença. poeta brasileiro?
[B] A preocupação dos artistas desse período não é “Em sua obra, o drama da existência revela uma provável
mais a análise da sociedade. O principal interesse é a influência das ideias pessimistas do filósofo alemão
sondagem do “eu”, a decifração dos caminhos que a Schopenhauer, que marcaram o final do século XIX.
intuição e a sensibilidade podem descortinar. A busca Além disso, certas posturas verificadas em sua poesia
é do elemento místico, não-consciente, espiritual, – o desejo de fugir da realidade, de transcender a
imaterial. matéria e integrar-se espiritualmente no cosmo –
[C] O desejo de dar um caráter científico à obra parecem originar-se não apenas do sentimento de
literária define as condições de produção dos textos opressão e mal-estar produzido pelo capitalismo, mas
dessa estética. Os escritores acompanham com também do drama racial e pessoal que o autor vivia.”
interesse as discussões feitas no campo da biologia e [A] Gregório de Matos
da medicina, acreditando na possibilidade de tornar [B] Castro Alves
esse conhecimento como base para a criação de seus [C] Machado de Assis
romances. [D] Cruz e Souza
[D] Essa estética substitui a exaltação da nobreza pela [E] Lima Barreto
valorização do indivíduo e de seu caráter. Em lugar de
louvar a beleza clássica, que exige uma natureza e um 04. (UFPA - 2010) Ao tratar de Alphonsus de
físico perfeito, o artista desse período literário elogia o Guimaraens, o crítico literário Alfredo Bosi afirma:
esforço individual, a sinceridade, o trabalho. Pouco a
pouco, os valores burgueses vão sendo apresentados No poeta mineiro, passadista e decadente, há um
como modelos de comportamento social nas obras de homem preso às franjas de uma religiosidade
arte que começam a ser produzidas. espantada, cuja função última é a de evocar o
[E] O modelo de vida ideal adotado pelos autores do fantasma da morte para reprimir os assaltos
período envolve a representação idealizada da Natureza obsedantes dos três “inimigos da alma”: diabo,
como um espaço acolhedor, primaveril, alegre. Os poemas carne e mundo.
apresentam cenários em que a vida rural é sinônimo de
tranquilidade e harmonia. (BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3.ed. São Paulo:
Cultrix, 1989. p. 314.)

02. (UFMT - 2008) Embora dispensasse, como o


Podemos observar essas características do ‘poeta
parnasiano, uma atenção especial ao cuidado com
mineiro’ expressas nos versos da alternativa
a linguagem, o poeta simbolista imprimiu ao seu
a) Quando Ismália enlouqueceu,
texto marcas que diferenciaram esses
Pôs-se na torre a sonhar...
movimentos.
Viu uma lua no céu.
Viu outra lua no mar.
Busca palavras límpidas e castas,
b) Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
novas e raras, de clarões ruidosos,
Por que viestes, se era tão tarde?
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LITERATURA

O sol não beija mais os flancos a) os versos decassílabos apresentam os paradoxos


Da montanha onde morre a tarde característicos do Barroco.
c) Venham as aves agoireiras, b) a expressão objetiva aponta para a racionalidade dos
De risada que esfria os ossos... poetas do Realismo.
Minh’alma, cheia de caveiras, c) a linguagem dos versos materializa no texto a visão
Está branca e padre-nossos. bucólica do Arcadismo.
d) Dir-se-ia que naquele doce instante d) as metáforas insólitas traduzem a crítica social própria
Brincavam duas cândidas crianças... do Modernismo.
A brisa, que agitava as folhas verdes, e) a combinação vocabular provoca a ênfase na
Fazia-lhe ondear as negras tranças! sonoridade típica do Simbolismo.
e) A serviço da Vida fui,
a serviço da vida vim; 03. Considerando que o Parnasianismo surgiu em
só meu sofrimento me instrui, oposição ao lirismo romântico, pode-se afirmar
quando me recordo de mim. que
a) a poesia parnasiana se caracterizava pelo exagero de
imagens e pelo transbordar dos sentimentos do poeta.
05. (ESPCEX – 2012) Leia a estrofe que segue e
assinale a alternativa correta, quanto às suas b) o compromisso com o social e com a realidade
características. exterior constituía a principal preocupação dos poetas
“Visões, salmos e cânticos serenos parnasianos.
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... c) o movimento parnasiano foi fortemente marcado
Dormências de volúpicos venenos pelas teorias psicanalíticas que valorizavam o
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...” inconsciente e os sonhos.
[A] valorização da forma como expressão do belo e a d) a corrente literária parnasiana se originou na Itália, em
busca pela palavra mais rara – Parnasianismo. meados do século XX, tendo influenciado toda a
[B] linguagem rebuscada, jogos de palavras e jogos de poesia ocidental com sua profunda preocupação com
imagens, característica do cultismo – corrente do Barroco. a humanidade.
[C] incidência de sons consonantais (aliterações) e) os poetas parnasianos valorizavam a perfeição da
explorando o caráter melódico da linguagem – forma: para eles, o sentido essencial da arte estaria na
Simbolismo. própria arte e não no mundo exterior.
[D] pessimismo da segunda geração romântica, marcada
por vocábulos que aludem a uma existência mais 09. (ESA – 2016) Interesse pelas zonas profundas da
depressiva – Romantismo. mente e pela loucura; desejo de transcendência e
[E] lírica amorosa marcada pela sensualidade explícita que integração cósmica; linguagem vaga, fluida que
substitui as virgens inacessíveis por mulheres reais, busca sugerir em vez de nomear. Essas são
lascivas e sedutoras – Naturalismo. características que identificam as obras de autores
A) naturalistas.
06. As afirmações seguintes referem-se ao B) parnasianistas.
Parnasianismo no Brasil: C) simbolistas.
I. Para bem definir como entendia o trabalho de um D) quinhentistas.
poeta, Olavo Bilac comparou-o ao de um joalheiro, ou E) realistas.
seja: escrever poesia assemelha-se à perfeita lapidação
de uma matéria preciosa. 10.
II. Pelas convicções que lhe são próprias, esse I. "Seja qual for o lugar em que se ache o poeta, ou
movimento se distancia da espontaneidade e do apunhalado pelas dores, ou ao lado de sua bela,
sentimentalismo que muitos românticos valorizavam. embalado pelos prazeres; no cárcere, como no palácio;
III. Por se identificarem com os ideais da antiguidade na paz, como sobre o campo de batalha; se ele é
clássica, é comum que os poetas mais representativos verdadeiro poeta, jamais deve esquecer-se de sua
desse estilo aludam aos mitos daquela época. missão, e acha sem-pre o segredo de encantar os
sentidos, vibrar as cordas do coração, e elevar o
Está correto o que se afirma em pensamento nas asas da harmonia até as ideias
a) II, apenas. arquétipas."
b) I e II, apenas
c) I e III, apenas II. "Por isso, corre, por servir-me,
d) II e III, apenas. Sobre o papel
e) I, II e III A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
07. (ESA – 2019) Leia os versos a seguir, e assinale a Corre; desenha, enfeita a imagem,
alternativa que os analisa corretamente: A ideia veste:
Vozes veladas, veludosas vozes, Cinge-lhe o corpo a ampla roupagem
Volúpias dos violões, vozes veladas, Azul-Celeste
Vagam nos velhos vórtices de vozes Torce, aprimora, alteia, lima
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,

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LITERATURA

Como um rubim." economia: a ascensão do café no Sul e Sudeste, e o


declínio da cana-de-açúcar no Nordeste.
III. "Estou farto do lirismo comedido O governo republicano não garantia esperanças e não
Do lirismo bem comportado promovia as tão esperadas mudanças sociais, pelo
Do lirismo funcionário público com livro de ponto contrário, a sociedade se encontrava dividida entre a
expediente elite detentora de dinheiro, respeito e poder das
[protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor. oligarquias rurais e a classe trabalhadora rural, bem
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no como dos marginalizados nos centros urbanos.
dicionário
[o cunho vernáculo de um vocábulo." A desigualdade social culminou em diversos
movimentos sociais pelo Brasil, como a Revolta de
Os trechos anteriores expõem ideias defendidas Canudos, ocorrida no final do século XIX no sertão
por diferentes movimentos literários. Aponte a da Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro,
alternativa em que aparecem, respectivamente, os dentre outros movimentos de protesto às condições
nomes dos mesmos. de vida no Nordeste. Além disso, ocorreu também os
a) Arcadismo - Parnasianismo - Romantismo movimentos protestantes no meio urbano, como a
b) Romantismo - Parnasianismo - Modernismo Revolta da Chibata, em 1910, contra o maltrato da
c) Barroco - Romantismo - Parnasianismo Marinha à corporação e também as greves de
d) Romantismo - Arcadismo - Modernismo operários.
e) Parnasianismo - Barroco - Romantismo
Já no começo do século XX começa a surgir os
primeiros indícios da crise cafeeira com a
superprodução de café, a chamada crise da “República
Café-com-Leite”.
8. PRÉ-MODERNISMO É em meio a este quadro na sociedade brasileira que
começa no Brasil uma nova produção literária,
intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário
"Não há um só homem de coração bem formado que Tristão de Ataíde. Trata-se das obras literárias de um
não se sinta confrangido ao contemplar o doloroso grupo de escritores que propunham as mesmas
quadro oferecido pelas sociedades atuais com sua temáticas e formas, as que seriam enquadradas no
moral mercantil e egoísta" futuro movimento literário: o Modernismo. Destaca-se
Euclides da Cunha neste período a obra Os sertões, de Euclides da Cunha
e Canaã de Graça Aranha. Contudo, o Pré-
Modernismo não é tido como uma “escola literária”,
pois apresenta características individuais muito
marcantes.

No entanto, há características comuns às obras desse


período: a ruptura com a linguagem pomposa
parnasiana; a exposição da realidade social brasileira; o
regionalismo; a marginalidade exposta nas personagens
e associação aos fatos políticos, econômicos e sociais.
Os principais autores pré-modernistas são: Euclides da
Cunha, Augusto dos Anjos, Lima Barreto, Graça
Aranha, Monteiro Lobato.

Esta época apresenta, na literatura, um entre cruzar de


várias correntes estéticas. Por um lado, tem-se a queda
da proposta realista-naturalista-parnasiana, e de outro
uma afirmação da poesia simbolista. Na mesma época,
então, vai surgir uma prosa de ficção que, ligada à
O Pré-Modernismo acontece anos antes da Semana da tradição realista, vai revelar criticamente as tensões da
Arte Moderna, em 1922, e é o período de transição sociedade brasileira.
entre as tendências do final do Simbolismo ou Não pode ser considerada uma escola literária, mas
Parnasianismo, século XIX, e o Modernismo. sim um período literário de transição para o
Neste período, alguns anos após a abolição da Modernismo.
escravatura, muitos imigrantes, em sua maioria
italianos, vêm ao Brasil substituir a mão-de-obra rural RESUMINDO...
e escrava.
A urbanização de São Paulo faz surgir uma nova classe Referências históricas
social: a operária, ao mesmo tempo em que os ex-  Bahia - Rev. de Canudos
escravos são marginalizados nos centros urbanos.  Nordeste - Ciclo do Cangaço
 Ceará - milagres de Padre Cícero gerando clima de
Os estados brasileiros passam por transformações na histeria fanático-religiosa

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LITERATURA

 Amazônia - Ciclo da Borracha acrescentaram-se às edições posteriores. Na primeira


 Rio de Janeiro - Revolta da Chibata (1910) edição, a capa branca exibia o título com grandes e
 Revolta contra a vacina obrigatória (varíola) - Oswaldo vermelhas maiúsculas impressas no centro. No alto, as
Cruz letras pretas com o nome do autor e, em baixo, cidade,
Rio de Janeiro, e data, 1912. Falecido o poeta em
 República do café-com-leite (grandes proprietários
1914, Órris Soares reuniu à coletânea original (Eu) a
rurais)
produção recente de Augusto dos Anjos, incluindo
 Imigrantes, notadamente os italianos mesmo um poema inacabado, A Meretriz. A Imprensa
 Surto de urbanização de SP - greves gerais de Oficial do Estado da Paraíba editou, em 1920, Eu e
operários (1917) Outras Poesias, prefaciado pelo organizador. Augusto
 Contrastes da realidade brasileira - Sudeste em dos Anjos assombrou a elite letrada do país com seus
prosperidade e Nordeste na miséria versos que não eram parnasianos, nem antecipavam o
 Europa prepara-se para a 1ª GM - tempo de incertezas modernismo. Eram apenas seus. E tamanha era a
putrefação que seus versos representavam que, ainda
Características do período hoje, ele é inclassificável em uma escola, e admirado
como um poeta original. Considerado pelo público e
Na prosa, tem-se Euclides da Cunha, Graça Aranha, pela crítica, habituados à elegância parnasiana, um
Lima Barreto e Monteiro Lobato que se posicionam livro de mau gosto, malcriado, alguns dos poemas de
diante dos problemas sociais e culturais, criticando o Eu são vistos como os mais estranhos de toda a nossa
Brasil arcaico e negando o academicismo dominante. literatura, por vários motivos. Dentre eles, ressaltamos
Na poesia, Augusto dos Anjos modifica o Simbo- o vocabulário pouco comum, repleto de palavras com
lismo, injetando-lhe traços expressionistas e revê- forte carga cientificista; a multiplicidade de influências
lando uma visão escatológica (cenas de fim do mundo) literárias que recebe, tornando difícil, se não
da vida. impossível, sua classificação estilística e principalmente
Quanto às características, percebe-se um individua- o desespero radical com que tematiza o fim de todas
lismo muito forte, ainda assim pode-se destacar alguns as ilusões românticas, a fatalidade da morte como
pontos de aproximação desses autores. apodrecimento inexorável do corpo, a visão do
 Ruptura com o passado, principalmente em Augusto cosmos em seu processo irreversível de demolição de
dos Anjos que afronta a poesia parnasiana ainda em valores e sonhos humanos.
vigor
 Denúncia da realidade brasileira, mostrando o Brasil O exotismo de Augusto dos Anjos (principais
não oficial do sertão, dos caboclos e dos subúrbios características de sua obra)
 Regionalismo N e NE com Euclides; Vale do Paraíba
e interior paulista com Lobato; ES com Graça Aranha - Musicalidade (aliterações e assonâncias) “A diáfana
e subúrbio carioca com Lima Barreto água e alvíssima”;
- Obsessão cromática (140 combinações com o preto),
 Tipos humanos marginalizados (sertanejo, nordestino,
além do vermelho=sangue;
mulato, caipira, funcionário público)
- Uso de superlativos absolutos sintéticos e palavras
 Apresentação crítica do real na polissílabas;
ficção - Adjetivações constantes (horrível, hórrido, horrendo);
- Estilo interjetivo.
Autores - Presença do Gongorismo barroco (jogo de palavras);
- Cientificismo naturalista;
Augusto dos Anjos (1884/1914) - Herança parnasiana (apuro formal);
- Herança simbolista (musicalidade, morte, maldição, a
Publicou apenas um único livro de poesias, Eu, mais tarde desagregação da matéria);
reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra é - Expressionismo alemão (deformação caricatural e
cientificista, profundamente pessimista. Sua visão da cruel da realidade).
morte como o fim, o linguajar e os temas usados por
muitos são considerados como sendo de mau gosto, Principais poemas
mas caracterizam sua poesia como única na literatura
brasileira. Psicologia de um vencido
Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com
sonetos e verso decassílabo. Sua visão de mundo e a Eu, filho do carbono e do amoníaco,
interrogação do mistério da existência e do estar-no- Monstro de escuridão e rutilância,
mundo marcam esta nova vertente poética. Há uma Sofro, desde a epigênesis da infância,
aflição pessoal demonstrada com intensidade A influência má dos signos do zodíaco.
dramática, além do pessimismo. Constância da morte,
desintegração e os vermes. Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Eu e Outras Poesias Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Análise da obra Que se escapa da boca de um cardíaco.
A obra Eu, único livro de Augusto dos Anjos, foi Já o verme — este operário das ruínas —
editada pela primeira vez em 1912. Outras Poesias
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LITERATURA

Que o sangue podre das carnificinas outros, feitas na biblioteca de seu pai, fundamentaram
Come, e à vida em geral declara guerra, a postura existencial do poeta; a adesão ao
Evolucionismo de Darwin e Spencer e a angústia
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, funda, leta, ante a fatalidade que arrasta toda a carne
E há-de deixar-me apenas os cabelos, para a decomposição. Fundem-se a visão cósmica e o
Na frialdade inorgânica da terra! desespero radical, produzindo uma poesia violenta e
nova na língua portuguesa. Temos, portanto, em Eu e
Versos Íntimos outras poesias, além da linguagem científica e
Vês! Ninguém assistiu ao formidável extravagante, a temática do vazio da coisas (o nada) e a
Enterro de tua última quimera. morte (finitude da vida) em seus estágios mais
Somente a Ingratidão - esta pantera - degradados: a putrefação, a decomposição da matéria.
Foi tua companheira inseparável! Simultaneamente, reflete em seus versos a profunda
Acostuma-te à lama que te espera! melancolia, a descrença e o pessimismo frente ao ser e
O Homem, que, nesta terra miserável, à sociedade, elaborando, assim, uma poesia de
Mora, entre feras, sente inevitável negação: nega as falsas ideologias, a corrupção, os
Necessidade de também ser fera. amores fúteis e as paixões transitórias:
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, "Melancolia! Estende-me a tua asa!
A mão que afaga é a mesma que apedreja. És a árvore em que devo reclinar-me...
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Se algum dia o prazer vier procurar-me
Apedreja essa mão vil que te afaga, Dize a este monstro que eu fugi de casa!"
Escarra nessa boca que te beija!

O asco ao prazer é expresso de maneira contundente;


MORCEGO a relação entre os sexos é apenas "a matilha espantada
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. dos instintos" ou "parodiando saraus cínicos, / bilhões de
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: centrossomos apolínicos / na câmara promíscua do vitellus."
Na bruta ardência orgânica da sede, Reduzindo o amor humano à cega e torpe luta da
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. células, cujo fim é senão criar um projeto de cadáver, o
poeta aspira à imortalidade gélida, mas luminosa, de
"Vou mandar levantar outra parede..." outros mundos onde não lateje a vida-instinto, a vida-
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho carne, a vida-corrupção.
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre minha rede! Augusto dos Anjos vale-se muitas vezes de técnicas
expressionistas na montagem de seus textos. O
Pego de um pau. Esforços faço. Chego Expressionismo, corrente estética Modernismo,
A tocá-lo. Minh’alma se concentra. representou uma reação contra o Impressionismo,
Que ventre produziu tão feio parto?! contra o gosto pela nuance, contra o refinamento e
A Consciência Humana é este morcego! sutileza na captação do momento.
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra A imagem é intencionalmente deformada e agrupada
Imperceptivelmente em nosso quarto! de maneira desconcertante, através da transfiguração
da realidade. Em lugar da delicadeza e da suavidade, a
A obra surgida em momento de transição, pouco antes imagem é deformada, por meio de um desenho
da virada modernista de 1922, é bem representativa do violento, que acentua e barbariza a forma,
espírito sincrético que prevalecia na época, aproximando-se, às vezes, do grotesco e da caricatura.
parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por Daí o “mau gosto”, o “apoético" que, em Augusto dos
outros. A métrica rígida, a cadência musical, as Anjos, são convertidos em poesia. O jargão científico
aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao e o termo técnico, tradicionalmente prosaicos, não
esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para devem ser abstraídos de um contexto que os exige e os
fazer do Eu um livro que sobrevive, antes de tudo, justifica. Fazia-se mister uma simbiose de termos que
pelo rigor da forma. definissem toda a estrutura da vida (vocabulário físico,
químico e biológico) e termos que exprimem o asco e
Em outras palavras, considerando a produção literária o horror ante a existência.
desse poeta, pode-se dizer que traduz sua objetividade Apoiando-se em hipérboles e paradoxos, e na
pessimista em relação ao homem e ao cosmos, por exploração de efeitos sonoros, Augusto dos Anjos
meio de um vocabulário técnico-científico-poético. funde a inflexão simbolista e a retórica científica,
criando uma dicção singular, que projeta a
Transformado em catecismo pelos pessimistas e em hipersensibilidade e a visão trágica e mórbida da
bíblia dos azarados e malditos, o livro Eu é de uma existência.
instigante popularidade, resistente a todos os Formou-se em direito, mas foi sempre professor de
modismo, impermeável às retaliações da crítica e aos Literatura. Nervoso, misantropo e solitário, este
vermes do tempo. Foi o poeta mais original de nossa possível ateu morreu de forte gripe antes de assumir
literatura. um cargo que lhe daria mais recursos.

As leitura precoces de Darwin, Haeckel, Lamarck e


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LITERATURA

Euclides da Cunha (1866/1909) leva o autor a buscar termos precisos e, nesta escolha,
sua linguagem torna-se especializada e, por isso, às
Exerceu a função de engenheiro civil vezes difícil, mas que se justifica pelo objetivo de
no meio militar. Foi membro da ABL, tornar exata a comunicação das ideias.
do Instituto Histórico e catedrático em
Lógica pelo Colégio Dom Pedro II. Considerada uma das obras-primas da literatura
Viajou muito e escreveu Os Sertões brasileira, Os Sertões, publicada em 1902, ano de sua
pela experiência própria de ter primeira edição, cinco anos após a campanha de
testemunhado a Guerra de Canudos Canudos, cujo trágico desfecho Euclides da Cunha
como correspondente jornalístico. Envolvido num testemunhou como repórter de O Estado de São Paulo,
grande escândalo familiar, foi assassinado em duelo apresenta não só um completo relato da Campanha de
pelo amante da esposa. Canudos, que foi a luta sangrenta contra os fanáticos
Positivista, florianista e determinista, é seu estilo chefiados por Antônio Conselheiro, os quais
pessoal e inconformismo caracterizam-no como um ameaçavam a segurança das cidades e povoações
pré-modernista. Foi o primeiro escritor brasileiro a vizinhas, mas apresenta ainda um admirável estudo da
diagnosticar o subdesenvolvimento do país, terra e do homem do sertão nordestino, das condições
diagnosticando os 2 Brasis (litoral e sertão). de vida do sertanejo, da sua resistência e capacidade,
de acordo com a visão de Euclides da Cunha. Ele foi o
Obras principais: único jornalista que atentou para a valentia dos
 Os Sertões (1902) jagunços.
 Contrastes e Confrontos (1906)
 Peru Versus Bolívia (1907) Da primeira à última página, O Sertões é uma obra que
incomoda. Ele foi escrito exatamente para isso. Para
 Castro Alves e seu Tempo (1908)
instigar, provocar a pesquisa e estimular a procura da
 À Margem da História (1909) verdade. É um livro contra o conformismo. É um
 Canudos: Diário de uma Expedição (1939) livro de ideias e soluções, de questionamentos e
proposições ousadas. Já é lugar comum dizer que
Os Sertões algumas de suas conceituações científicas não
resistiram à evolução. Contém os vícios ou distorções
Análise da obra típicos da época.
Os Sertões dá início ao que se chama de Pré- É uma narrativa da insurreição de um grupo de
Modernismo na literatura brasileira, revelando, às fanáticos religiosos e não só descreve a sociedade mas
vezes com crueldade e certo pessimismo, o contraste também a geografia, geologia, e zoologia plana do
cultural nos dois "Brasis": o do sertão e o do litoral. sertão brasileiro. Com seu apurado estilo jornalístico-
Euclides da Cunha critica o nacionalismo exacerbado épico, traça um retrato dos elementos que compõem a
da população litorânea que, não enxergando a guerra de Canudos: A Terra, O Homem e A Luta. A
realidade daquela sociedade mestiça, produzida pelo descrição minuciosa das condições geográficas e
deserto, agiu às cegas e ferozmente, cometendo um climáticas do sertão, de sua formação social: o sertanejo,
crime contra si própria; o que é o grande tema de Os o jagunço, o líder espiritual, e do conflito entre essa
Sertões. Em tom crítico, também mostra o que séculos sociedade e a urbana, mostra-nos um Euclides
de atraso e miséria, em uma região separada geográfica cientificista, historicista e naturalista que rompe com o
e temporalmente do resto do país, são capazes de imperialismo literário da época e inicia uma análise
produzir: um líder fanático e o delírio coletivo de uma científica em prol dos aspectos mais importantes da
população conformada. sociedade brasileira.
Todos os importantes questionamentos e as grandes
formulações sociológicas, antropológicas, históricas e A primeira parte, A Terra, descreve o cenário em que
políticas para compreender o Brasil, antes e depois da se desenrolou a ação. Euclides da Cunha, num
República, tiveram seu embrião nas páginas de Os apanhado geral, estudou os caracteres geológicos e
Sertões. topográficos das regiões que estão entre o Rio Grande
do Norte e o sul de Minas Gerais, de modo particular
A obra revela, às vezes com crueldade e certo a bacia do rio São Francisco. Nos sertões do norte,
pessimismo, o contraste cultural nos dois "Brasis": o fala discorre sobre a seca, das causas da mesma, dando
do sertão e o do litoral. A transição de valores relevo especial ao papel do homem como agente
tradicionais para modernos está na denúncia que faz geológico da destruição, que ao praticar desde os
da realidade brasileira, até então acostumada a retratar tempos mais remotos a agricultura primitiva baseada
um Peri, uma Iracema, um gaúcho, ícones do nosso em queimadas, arrasou as florestas. Os desertos, a
Romantismo. Evidencia, pela primeira vez em nossa erosão, o ciclo das secas terríveis vieram em seguida.
literatura, os traços e condições reais do sertanejo, do
jagunço; "a sub-raça" que habita o nordeste brasileiro; A segunda parte, O Homem, completa a descrição do
o herói determinista que resiste à tragédia de seu cenário com a narrativa das origens de Canudos. Ali
destino, disfarçando de resignação o desespero diante Euclides da Cunha estudou a gênese do jagunço e,
da fatalidade. Essa ruptura de visão de mundo gera principalmente, a de seu líder carismático, Antônio
também um rompimento no plano linguístico. A Conselheiro. Falou de raças (índio, português, negro),
objetividade científica na abordagem de um problema
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LITERATURA

e de sub-raças (que indica com o nome "mestiço"). Início da luta


Em O Homem o autor caracterizou o sertanejo como
"Hércules-Quasímodo", usando antíteses e paradoxos As autoridades de Juazeiro se recusam a mandar a
(Hércules era um semideus latino, encarnação de madeira que Antônio Conselheiro adquirira para
força e valentia; Quasímodo era sinônimo de cobrir a igreja de Canudos; os jagunços, então,
monstrengo, de pessoa disforme, personagem de pretendiam tomar à força o que haviam comprado e
Nossa Senhora de Paris, romance de Victor Hugo). pago. Avisado das intenções dos homens de
Preparando o ambiente para os episódios de Canudos, Conselheiro, o governo do Estado manda que em
Euclides da Cunha expôs a genealogia de Antônio Juazeiro se organize uma força que elimine o foco de
Conselheiro, suas pregações e a fixação dos sertanejos banditismo.
no arraial de Canudos. Eis um trecho para análise. A primeira expedição - Cem homens, comandados
pelo tenente Pires Peneira, são surpreendidos e
“...É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules- derrotados pelos jagunços no povoado de Uauá.
Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos A segunda expedição - Quinhentos homens,
fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase comandados pelo major Febrônio de Brito e
gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros organizados em colunas maciças, são emboscados
desarticulados. Agrava-o a postura normalmente pelos jagunços em terrenos acidentados, no Morro do
abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um Cambaio e em Tabuleirinhos. Destacam-se os
caráter de humildade deprimente. A pé, quando “bandidos” João Grande e Pajeú, este último
parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral considerado por Euclides verdadeiro gênio militar.
ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal Reduzidas a cem homens, as tropas do governo
para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo decidem voltar.
sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda
da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça A terceira expedição - Mil e trezentos homens,
trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num comandados pelo coronel Moreira César, armados
bambolear característico, de que parecem ser o traço com canhões Krupp — recém-importados da
geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na Alemanha —, sem planos definidos, partiram em
marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar fevereiro de 1897, atacando de frente, do Morro da
um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa Favela, o arraial de Canudos. Os jagunços, protegidos
com um amigo, cai logo -- cai é o termo -- de cócoras, pela irregularidade do relevo, buscavam o corpo-a-
atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio corpo e desorganizaram as tropas, que na retirada
instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos desastrosa deixaram para trás armas, munições, os
dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, canhões Krupp e o próprio general Moreira César,
com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável. morto após ter sido ferido em combate.

É o homem permanentemente fatigado. A quarta expedição - Cinco mil homens,


comandados pelos generais Artur Oscar, João da Silva
Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular Barbosa e Cláudio Savaget, são enviados pelo sul. As
perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto tropas dividem-se em duas colunas. A primeira é
contrafeito, no andar desaprumado, na cadência cercada pelos jagunços no Morro da Favela e tem de
langorosa das modinhas, na tendência constante à se socorrer da segunda coluna que, vitoriosa em
imobilidade e à quietude. Cocorobó, havia mudado de estratégia, dividindo-se
em pequenos batalhões. As duas colunas tentam um
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude...” ataque maciço. Conseguem tomar boa parte do arraial,
mas os soldados mal resistem à fome e à sede.
(FRAGMENTO DE “O HOMEM”)
Em agosto de 1897, oito mil homens deslocam-se para
A terceira parte, A Luta, é a mais importante, a região, comandados pelo próprio ministro da
constituída da narrativa das quatro expedições do Guerra, o marechal Carlos Bittencourt.
Exército enviadas para sufocar a rebelião de Canudos,
que reunia "os bandidos do sertão": jagunços (das São cortadas as saídas de Canudos, o abastecimento de
regiões do Rio São Francisco) e cangaceiros água é interrompido. Um tiro de canhão atinge a torre
(denominação no Norte e Nordeste). Havia cerca de da Igreja. Estoicos, esperando a salvação eterna, os
20.000 habitantes no arraial, na maioria ex- sertanejos não se renderam, e muitos foram degolados
trabalhadores dos latifúndios da região. após o assalto final. Perpetrou-se dessa forma o crime
de uma nacionalidade inteira, no dizer de Euclides da
Dividida em seis subtítulos (Preliminares, Travessia do Cunha, que a tudo acompanhou do Morro de Uauá, de
Cambaio, Expedição Moreira César, Quarta Expedição, onde escrevia suas reportagens para o jornal A
Nova Fase da Luta e Últimos Dias) completou, por sua Província de São Paulo, hoje O Estado de São Paulo, mais
vez, o elenco dos personagens esboçado na segunda tarde refundidas nessa obra monumental que são Os
parte (O Homem), quer estudando-os em conjunto, Sertões.
como no trecho Psicologia do Soldado, quer em closes
partícularizantes, como no retrato físico e psicológico
do coronel Antônio Moreira César.

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LITERATURA

verdade Maria tem o filho devorado por uma vara de


porcos), Milkau foge, juntamente com Maria, em
Graça Aranha (1866/1931) direção a outros horizontes, numa “corrida no
Infinito”, em busca da luminosa Canaã, a Terra
Aluno de Tobias Barreto, seguiu a Prometida, “onde as feras não fossem homens”, onde
carreira diplomática depois de ser juiz no a vida não seja uma competição de ódios mas uma
Maranhão e no Espírito Santo. conquista de amor.
Participou ativamente do movimento modernista,
como doutrinador. Colaborou na fundação da ABL Visto desta maneira, Canaã é o poema das raças novas,
(mesmo sem ter livro publicado) e da Semana de Arte da miscigenação das raças, de onde nascerá a perfeita
Moderna de 22, por isso sendo considerado por harmonia universal.
muitos um modernista. Não é considerado modernista
porque sua única obra "modernista", A viagem O personagem Lentz
maravilhosa, é feita em um estilo extremamente
artificial. Morreu logo antes de publicar sua Lentz é um adepto das teorias racistas. Para ele, os
autobiografia, O meu próprio romance, de 1931. brasileiros, por serem mestiços, estão condenados à
dominação por parte de raças “superiores”. Lentz
Obras principais: profetiza a vitória dos arianos, enérgicos e
 Canaã (1902/romance) dominadores, sobre o brasileiro fraco e indolente. Suas
 Estética da Vida (1921/ensaio) ideias deixam entrever a filosofia de Nietzsche e o
 Espírito Moderno (1925/ensaio) evolucionismo de Darwin.
 A Viagem Maravilhosa (1927/romance)
Para Lentz, renovar o Brasil é cobri-lo com os corpos
humanos da raça superior, demonstração represen-
tativa do colonialismo agressivo, ou seja, imperialis-
mo, calorosamente discutido com alusões estéticas.
Canaã
“A lei do amor” x “A lei da força”
Análise da obra
Assim, podemos ver que Milkau e Lentz representam
duas ideologias postas em debate. E o contraste entre
Tendo sido lançado no mesmo ano de Os Sertões, de
o universalismo (Milkau) e o racismo (Lentz), entre a
Euclides da Cunha (1902), poderíamos dizer que
“lei do amor” (Milkau) e a “lei da força” (Lentz).
Canaã é o primeiro romance ideológico brasileiro em
Justamente neste ponto, Canaã adquire maior
que se discute o destino histórico do Brasil. Ao
importância para a Literatura Brasileira, pois o
mesmo tempo, Canaã representou uma ponte entre as
romance de confrontação ideológica era inédito entre
correntes filosóficas e estéticas do final do século XIX
nós, e antecipou a tomada de consciência dos
(Realismo, Naturalismo, Simbolismo) e a revolução
modernistas.
modernista da segunda década do século XX.
Na verdade, Graça Aranha, com Canaã, apresenta
O polo central de Canaã são os debates entre dois
tópicos que serão desenvolvidos mais tarde em A
colonos alemães que se estabelecem no Espírito Santo:
Estética da Vida, de 1921. O brasileiro terá de vencer o
Milkau e Lentz.
Terror Cósmico, superar o lírico individual e atingir a
poesia do cosmos unitário, numa identificação de
O personagem Milkau
consciência e universo.
Milkau representa o otimismo, a confiança no futuro
Graça Aranha toca, portanto, no ponto vital das
do Brasil e na força regeneradora do amor universal. A
discussões do início do século XX: a campanha por
maneira de Tolstói, Milkau prega a integração
uma estética nacional assimilada na consciência
harmônica de todos os povos na natureza-mãe,
universal, Este era o debate do dia-a-dia: a naciona-
revelando um evolucionismo humanitário. É um
lidade brasileira, vista e analisada profundamente,
humanista saudoso do gênio livre e individualista da
opondo-se ao ufanismo e ao patriotismo superficial.
Alemanha. Por isso deplora o desmoronamento da
tradição da cidade brasileira invadida por colônias
A estrutura romanesca e a linguagem
estrangeiras e sonha com a “ligação do homem ao
homem” e com a realização da liberdade.
Muitos têm afirmado que a extrema preocupação de
Graça Aranha em discutir ideias (Canaã é, na verdade,
Milkau não se limita à defesa de idéias abstratas. Seu
um romance de ideias) prejudicou a composição
humanismo desdobra-se em ação quando passa a
ficcional (literária) propriamente dita. José Guilherme
proteger Maria, jovem colona, expulsa pelos patrões
Merquior acusa a má intervenção do pensamento, da
quando estes a sabem grávida, vindo a dar à luz em
tese, na matéria narrada. A dimensão realista do livro é
trágica situação.
incompatível com a sua dimensão explicativa. Daí
resultaria uma certa deficiência estrutural da obra. O
Após salvar Maria, libertando-a do cárcere onde estava
ardente desejo de explicar o “objetivismo dinâmico”
por ter sido acusada de matar o próprio filho (na

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LITERATURA

leva o autor a fazer “filosofia ficcionalizada” ou Lima Barreto (1881/1922)


“ficção filosofante”. Formalmente, isto se revela na Nascido de pai português e mãe
intervenção teórica do autor a cada momento do escrava, era mulato e pobre.
romance, através de digressões que interrompem o Afilhado do Visconde do Ouro
universo ficcional. Daí o esvaziamento das Preto, conseguiu estudar e ingressar
personagens (são praticamente ideias, e não pessoas), a aos 15 anos na Escola Politécnica.
desvalorização do enredo que serve apenas de pretexto Lá sofreu toda sorte de humilhações
para análises sociais ou psicológicas do Brasil. Mesmo e preconceitos e, quando estava no
o drama de Maria, a personagem trágica do romance, é 3º ano, teve de trabalhar e sustentar a família, pois o
entremeado de longas cenas que demonstram a pai enlouquecera. Presta concurso para escriturário no
lubricidade e a venalidade dos magistrados locais. Já Ministério da Guerra, permanecendo nessa modesta
no final, quando Milkau busca o juiz de direito para função até aposentar-se.
tentar uma solução para o processo em que Maria está
envolvida, os dois acabam discutindo sobre a etnia Socialista influenciado por autores russos, Lima
brasileira, aproveitando Graça Aranha para tecer Barreto vive intensamente as contradições do início do
argumentos sobre o mulatismo. século, torna-se alcoólatra e passa por profundas crises
depressivas, sendo internado por duas vezes. Em
Entretanto, se levado pela preocupação em discutir o todos os seus romances, percebe-se traço auto-
Brasil, Graça Aranha não estruturou personagens ou biográfico, principalmente através de personagens
enredo convincentes, algumas cenas de violência e negros ou mestiços que sofrem preconceitos.
instinto servem de relevo e interesse pela linguagem
impressionista de que se revestem, assim como as Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca,
descrições ricas da natureza brasileira. São cenas criticando a miséria das favelas e dos cortiços. Posi-
tipicamente naturalistas: o enterro do velho caçador, ciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação
cujo cadáver é disputado aos coveiros por cães recebida pelas mulheres, voltada para o casamento, e a
furiosos e urubus famintos; o rito bárbaro dos República com seu exagerado militarismo. Utiliza-se
magiares, que fecundam a terra com o sangue de um da alta sociedade para desmascará-la, desmitificá-la em
cavalo açoitado até a morte; o pavor de Maria na sua banalidade.
estalagem em que se abriga, dormindo juntamente Seus personagens são humildes funcionários públicos,
com uma velha criada que esconde pedaços de carne alcoólatras e miseráveis. Sua linguagem é jornalística e
sob o colchão e, à noite, os ratos passeiam-lhe sobre o até panfletária.
corpo; enfim o nascimento do filho de Maria em plena
mata, entre porcos que acabam por devorar a criança Triste Fim de Policarpo Quaresma
diante do horror da mãe. Evidentemente, estas cenas
vão além do realismo, mas não chegam a um Análise da obra
naturalismo “científico” de um Zola. Este naturalismo
é sensível ao nível da linguagem narrativa, tipicamente Estrutura
impressionista. De fato, natureza, ambiente, homens e
coisas são apreendidos num enfoque impressionista, A obra divide-se em três partes.
usando o narrador uma retórica declamatória com
farta adjetivação, na qual dois ou três adjetivos ligam- Primeira parte - Retrata o burocrata exemplar,
se ao mesmo substantivo, ou até os substantivos patriota e nacionalista extremado, interessado pelas
adjetivam. A descrição de Maria adormecida na mata, coisas do Brasil: a música, o folclore e o tupi-guarani.
coberta pelos pirilampos, representa bem o Esta parte está ligada à Cultura Brasileira, onde
impressionismo, filtrado de simbolismo. De fato, conhecemos a personagem e suas manias. Sabe tudo
formas, cores, aspectos luminosos confundem-se sobre a geografia do nosso país. Sua casa é repleta de
numa descrição emocional do momento, através de livros que se refiram à nossa nação. O que come e
períodos breves, geralmente no imperfeito do bebe é tipicamente brasileiro. Até o seu jardim só
indicativo, sugerindo a ideia de continuidade. possui plantas nativas. Chega a estudar violão –
instrumento de má fama na época, pois era associado a
Assim, Canaã revela-se uma obra sincrética. Do malandros – com Ricardo Coração dos Outros, já que
Realismo encontramos traços na fixação da paisa-gem descobre que a modinha, estilo tipicamente brasileiro,
humana da colônia, em prosa quase docu-mental, com era tocada com esse instrumento.
a simplicidade da vida laboriosa dos imigrantes ou as
doenças da burocracia judiciária. Do Simbolismo Duas são suas grandes ações. A primeira está em
encontramos a preocupação metafísica, a alegoria estudar o folclore do Brasil para incrementar uma festa
retórica, a associação das sensações do momento que de seu vizinho, General Albernaz com algum folguedo
faz com que o naturismo ultrapasse a simples popular. Descobre então o Tangolomango, brincadeira
observação da realidade. Note-se ainda a presença de que consistia na dança com dez crianças, até que um
mitos folclóricos indígenas e europeus, que ajudam no’ sujeito, com uma máscara, deveria pegar uma a uma
desenvolvimento da ideia de Milkau e na exaltação do sucessivamente. O problema é que Quaresma
Brasil. empolgou-se tanto com a brincadeira que terminou
passando mal, por falta de ar, ou, como se dizia na
época, acabou tendo um “tangolomango”. Por aí já se
tem uma ideia da ironia do autor.
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LITERATURA

O clímax da falta de senso de ridículo do protagonista pedindo a reparação de tal erro.


foi ter mandado à Câmara um requerimento, pedindo
para que a língua oficial do Brasil deixasse de ser o Infelizmente, o herói não foi interpretado
Português, idioma emprestado e por isso incentivador adequadamente, o que revela uma certa miopia dos
de inúmeras polêmicas entre nossos gramáticos (seu governantes. Por causa de tal pedido, é preso e
argumento, nesse aspecto, é o de que não podemos condenado à morte, pois foi visto como uma traição.
dominar um idioma que não é nosso e que, portanto, Há nesse ponto uma ironia, pois justo o único
não respeita a nossa realidade. Ideias bastante personagem que se preocupou com o seu país foi
interessantes, mas apenas isso, pois é ridículo imaginar considerado traidor, enquanto outros, que se
que uma língua seja mudada por decreto). No seu aproveitaram no conflito para conseguir vantagens
lugar propõe o tupi. políticas, como Armando Borges, Genelício e
Resultado: vira motivo de chacota até na Imprensa. Bustamante, saíram-se vitoriosos.
Seus colegas de trabalham aumentam as constantes
ironias que jogam sobre a ele. Um chega a dizer que No final, tal qual Dom Quixote, Quaresma acorda,
Quaresma estava errado ao querer impor aos outros recobra a razão. Percebe que a pátria, por que sempre
uma língua que nem ele próprio, autor do lutara, era uma ilusão, nunca existira. Num momento
requerimento, dominava. Ideia inverídica, tanto que o pungente, tocante, descobre que passara toda a sua
protagonista, irado, não percebe que escreve um ofício vida numa inutilidade.
em tupi. Quando o documento chega aos superiores, a
consequência é nefasta: o protagonista é internado no Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, na configuração
hospício. dos elementos da narrativa, notamos a presença
predominante da ironia e as impertinências contidas na
Segunda parte - Mostra o Major Quaresma figura central do romance, Quaresma, alegando que o
desiludido com as incompreensões o que o faz se tupi, por ser a língua nativa brasileira proporcionaria
retirar para o campo onde se empenha na reforma da melhor adaptação ao nosso aparelho fonador. Além
agricultura brasileira e no combate às saúvas. Nesta disso, segundo ele, os portugueses são os donos da
parte, dedicada à Agricultura Brasileira, vemos língua e, para alterá-la teríamos de pedir licença a eles.
Quaresma refugiar-se num sítio que compra, em O narrador é solidário com sua personagem pois não
Curuzu, e tem por intenção provar que o solo deixa de criticar os que zombam de Quaresma. No
brasileiro é o mais fértil do mundo. Dedica-se, livro, encontramos ora um Quaresma, entusias-mado,
portanto, a estudar tudo o que se refere a agricultura. apaixonado pelo Brasil, ora um Quaresma desiludido,
Mais uma vez, distancia-se, em sua perfeição, da amargo, diante da ingratidão do país para com seus
realidade. Torna-se defeituoso. bons objetivos. Nesse ponto, o que vemos é um
personagem condenado à solidão, já que seus ideais
Terceira parte - Acentua-se a sátira política. batem de frente com os interesses políticos e com o
Motivado pela Revolta da Armada, Quaresma apoia capital estrangeiro.
Floriano Peixoto e, aos poucos, vai identificando os
interesses pessoais que movem as pessoas, Desse modo, temos o personagem central vivendo
desnudando o tiranete grotesco em que se convertera três momentos na obra: valorizando as coisas da terra
o "Marechal de Ferro". Quaresma larga seus projetos – a história, a geografia, a literatura, o folclore; no sítio
agrícolas ao saber que estava ocorrendo a Revolta da do sossego a frustrada busca de uma solução para o
Armada, quando marinheiros se rebelaram contra o problema agrário, o que faz o romance se vestir de
presidente Floriano Peixoto. Na filosofia do uma profunda atualidade; finalmente, o envolvimento
protagonista, sua pátria só seria grande quando a na Revolta da Armada, o que acaba lhe custando a
autoridade fosse respeitada. Em defesa desse ideal, vida.
volta para a Capital, para alistar-se nas tropas de defesa
do regime. Enredo

O interessante é notar a alienação em que a população O funcionário público Policarpo Quaresma, nacio-
mergulha diante de um tema tão preocupante como nalista e patriota extremado, é conhecido por todos
uma revolta. Recuperada do susto dos constantes como major Quaresma, no Arsenal de Guerra, onde
tiroteios, parte da população chega a ver tudo como exerce a função de subsecretário. Sem muitos ami-gos,
um festival, havendo até quem colecionasse as balas vive isolado com sua irmã Dona Adelaide, mantendo
perdidas. os mesmos hábitos há trinta anos. Seu fanatismo
patriótico se reflete nos autores nacionais de sua vasta
Enfim, a revolta é sufocada. Quaresma é transferido biblioteca e no modo de ver o Brasil. Para ele, tudo do
para a Ilha das Cobras, onde trabalhará como país é superior, chegando até mesmo a "amputar
carcereiro. É então que presencia uma cena que lhe é alguns quilômetros ao Nilo" apenas para destacar a
chocante. Um juiz aparece por lá e distribui (esse grandiosidade do Amazonas. Por isso, em casa ou na
termo é o mais adequado mesmo) as condenações repartição, é sempre incompreendido.
aleatoriamente, sem julgamento ou qualquer outro tipo
de análise. Indignado, pois acreditava que sua pátria, Esse patriotismo leva-o a valorizar o violão,
para ser perfeita, tem de estar sustentada em fortes instrumento marginalizado na época, visto como
ideais de justiça, escreve uma carta para o presidente, sinônimo de malandragem. Atribuindo-lhe valores

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LITERATURA

nacionais, decide aprender a tocá-lo com o professor nação. Diante do entusiasmo e observações oníricas
Ricardo Coração dos Outros. Em busca de modinhas do comandante, o Presidente simplesmente responde:
do folclore brasileiro, para a festa do general Albernaz, "Você Quaresma é um visionário".
seu vizinho, lê tudo sobre o assunto, descobrindo,
com grande decepção, que um bom número de nossas Após quatro meses de revolta, a Armada ainda resiste
tradições e canções vinha do estrangeiro. Sem bravamente. Diante da indiferença de Floriano para
desanimar, decide estudar algo tipicamente nacional: com seu "projeto", Quaresma questiona-se se vale a
os costumes tupinambás. Alguns dias depois, o pena deixar o sossego de casa e se arriscar, ou até
compadre, Vicente Coleoni, e a afilhada, Dona Olga, morrer nas trincheiras por esse homem. Mas continua
são recebidos no melhor estilo Tupinambá: com lutando e acaba ferido. Enquanto isso, sozinha, a irmã
choros, berros e descabelamentos. Abandonando o Adelaide pouco pode fazer pelo sítio do Sossego, que
violão, o major volta-se para o maracá e a inúbia, já demonstra sinais de completo abandono. Em uma
instrumentos indígenas tipicamente nacionais. carta à Adelaide, descreve-lhe as batalhas e fala de seu
ferimento. Contudo, Quaresma se restabelece e, ao
Ainda nessa esteira nacionalista, propõe, em do- fim da revolta, que dura sete meses, é designado
cumento enviado ao Congresso Nacional, a substi- carcereiro da Ilha das Enxadas, prisão dos marinheiros
tuição do português pelo tupi-guarani, a verdadeira insurgentes.
língua do Brasil. Por isso, torna-se objeto de
ridicularizarão, escárnio e ironia. Um ofício em tupi, Uma madrugada é visitado por um emissário do
enviado ao Ministro da Guerra, por engano, leva-o à governo que, aleatoriamente, escolhe doze prisioneiros
suspensão e como suas manias sugerem um claro que são levados pela escolta para fuzilamento.
desvio comportamental, é aposentado por invalidez, Indignado, escreve a Floriano, denunciando esse tipo
depois de passar alguns meses no hospício. de atrocidade cometida pelo governo. Acaba sendo
preso como traidor e conduzido à Ilha das Cobras.
Após recuperar-se da insanidade, Quaresma deixa a Apesar de tanto empenho e fidelidade, Quaresma é
casa de saúde e compra o Sossego, um sítio no interior condenado à morte. Preocupado com sua situação,
do Rio de Janeiro; está decidido a trabalhar na terra. Ricardo busca auxílio nas repartições e com amigos do
Com Adelaide e o preto Anastácio, muda-se para o próprio Quaresma, que nada fazem, pois temem por
campo. A ideia de tirar da fértil terra brasileira seu seus empregos. Mesmo contrariando a vontade e
sustento e felicidade anima-o. Adquire vários ambição do marido, sua afilhada, Olga, tenta ajudá-lo,
instrumentos e livros sobre agricultura e logo aprende buscando o apoio de Floriano, mas nada consegue. A
a manejar a enxada. Orgulhoso da terra brasileira que, morte será o triste fim de Policarpo Quaresma.
de tão boa, dispensa adubos, recebe a visita de Ricardo
Coração dos Outros e da afilhada Olga, que não vê Obras principais:
todo o progresso no campo, alardeado pelo padrinho.
Nota, sim, muita pobreza e desânimo naquela gente  Romance:
simples. o Recordações do Escrivão Isaías Caminha (tematiza
preconceito racial e crítica ao jornalismo carioca -
Depois de algum tempo, o projeto agrícola de 1909)
Quaresma cai por terra, derrotado por três inimigos o Triste Fim de Policarpo Quaresma (inicialmente
terríveis. Primeiro, o clientelismo hipócrita dos publicado em folhetins - 1915)
políticos. Como Policarpo não quis compactuar com o Clara dos Anjos (1948)
uma fraude da política local, passa a ser multado  Conto:
indevidamente. O segundo, foi a deficiente estrutura o Os Bruzundangas (1923)
agrária brasileira que lhe impede de vender uma boa
safra, sem tomar prejuízo. O terceiro, foi a voracidade Monteiro Lobato (1882/1948)
dos imbatíveis exércitos de saúvas, que, ferozmente,
devoravam sua lavoura e reservas de milho e feijão. Homem de diversas atividades
Desanimado, estende sua dor à pobre população rural, (escritor, editor, relojoeiro,
lamentando o abandono de terras improdutivas e a fazendeiro, promotor, industrial,
falta de solidariedade do governo, protetor dos comerciante, professor, adido
grandes latifundiários do café. Para ele, era necessária comercial etc.). Tem por formação
uma nova administração. Direito e participa de grupos e
jornais literários, entre eles o
A Revolta da Armada - insurreição dos marinheiros da Minarete.
esquadra contra o continuísmo florianista - faz com Torna-se editor com a instalação da Editora Monteiro
que Quaresma abandone a batalha campestre e, como Lobato, que traz grandes inovações para o mercado
bom patriota, siga para o Rio de Janeiro. Alistando-se editorial brasileiro. Ainda assim, Lobato acaba falido.
na frente de combate em defesa do Marechal Floriano, No ano de 1925, funda a Companhia Editora Nacional
torna-se comandante de um destacamento, onde e começa a escrever sua vasta obra de literatura
estuda artilharia, balística, mecânica. infantil. Isso se dá por decepção com o mundo adulto,
por isso começa a investir no futuro do Brasil.
Durante a visita de Floriano Peixoto ao quartel, que já
o conhecia do arsenal, Policarpo fica sabendo que o Em 1917, publica, no jornal O Estado de São Paulo, o
marechal havia lido seu "projeto agrícola" para a
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LITERATURA

artigo contra a pintora Anita Malfatti (estopim do faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela?
Modernismo). A Propósito da Exposição Malfatti, Esta filosofia economiza reparos.
expressa uma postura agressiva contra as novas
tendências artísticas do século XX, que resultará no LOBATO, Monteiro. Urupês. Brasiliense: São Paulo;
seu desligamento dos principais participantes da 1948. 245-6.
Semana de Arte Moderna de 1922. Sua crítica Características de sua obra:
acalorada se dá porque ele não admitia a submissão da
cultura brasileira às ideias europeias, daí ser chamado - Extraordinário contador de histórias e de casos
de Policarpo Lobato. interessantes.
- Um tanto preso a modelos realistas.
Faz campanhas nacionais favor da exploração das - Criticava alguns hábitos do Brasil, como a cópia de
riquezas do subsolo: petróleo e minérios. Funda a modelos estrangeiros, a submissão das massas
Companhia de Petróleo do Brasil, acreditando no eleitorais e a servidão ao capitalismo internacional.
nosso desenvolvimento e denunciando o monopólio - Aproximou o texto literário da fala coloquial.
internacional. - Denunciava a realidade.
- Contava histórias regionais, mostrando os problemas
Aproxima-se das ideias do Partido Comunista do interior do Vale do Paraíba.
Brasileiro. Controvertido, ativo e participante, Lobato
defende a modernização do Brasil nos moldes Monteiro Lobato é reconhecido também por sua
capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e produção infantil, a qual não era explorada por
pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo autores. O primeiro livro de Monteiro Lobato lançado
do caboclo abandonado pelas autoridades em 1921 foi “A menina do narizinho arrebitado”. Sua
governamentais) do livro Urupês. Curioso é que, na literatura voltada ao público infantil tem caráter
quarta edição de Urupês, o autor, no prefácio, pede pedagógico e sempre tem intenção de passar uma
desculpas ao homem do interior, enfatizando suas moral. No entanto, sua obra-prima infantil é o "Sítio
doenças e dificuldades. do Pica-pau Amarelo", o qual retrata em seus
personagens a realidade das figuras brasileiras. A obra
ficou tão conhecida que foi adaptada para a televisão.
JECA TATU Sua obra regionalista é "Cidades mortas", na qual os
contos retratam a região do Vale do Paraíba no início
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio do século XX, após a decadência da economia
na realidade! cafeeira.
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
Quando comparece às feiras, todo mundo logo Obras principais:
adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza
derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de
 Contos:
espichar a mão e colher (...) Nada mais.
o Urupês (1919)
Seu grande cuidado é espremer todas as consequências
o Cidades Mortas (1919)
da lei do menor esforço – e nisso vai longe.
o Negrinha (1920)
Começa na morada.
Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que
moram em toca e gargalhar o João-de-Barro.
Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. A
EXERCÍCIOS
cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o
chão batido.
Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três 1. Leia o soneto a seguir.
pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem o
equilíbrio; inútil, portanto, meter a quarta, o que ainda Psicologia de um vencido
o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se a
natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares "Eu, filho do carbono e do amoníaco,
sobre os quais se sentam? Monstro de escuridão e rutilância,
Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo Sofro, desde a epigênesis da infância,
– colher, garfo e faca a um tempo? A influência má dos signos do zodíaco.
Seus remotos avós não gozavam de maiores Profundissimamente hipocondríaco,
quantidades. Seus netos não meterão a quarta perna Este ambiente me causa repugnância...
no banco. Para quê? Vive-se bem sem isso. Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na parede, Que se escapa da boca de um cardíaco.
Jeca não se move a repô-las. Ficam pelo resto da vida Já o verme — este operário das ruínas —
os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu. Que o sangue podre das carnificinas
Quando a palha do teto, apodrecida, greta em fendas Come, e à vida em geral declara guerra,
por onde pinga a chuva, Jeca, em vez de remendar a Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
tortura, limita-se, cada vez que chove, a aparar numa E há-de deixar-me apenas os cabelos,
gamelinha a água gotejante... Na frialdade inorgânica da terra!”
Remendo... Para quê? Se uma casa dura dez anos e
ANJOS, Augusto dos. Eu. Rio de Janeiro: Livr. São José, 1965.

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LITERATURA

era a defesa do regime republicano recém-instalado


A partir desse soneto, é correto afirmar: (1889).
I. Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o ( ) Surgiu num período em que, em termos gerais,
eu lírico desce ao limite inferior da materialidade predominava a estética parnasiana na poesia, com sua
biológica pois, pensando em termos de átomos valorização do mundo greco-latino e a concepção de
(carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados literatura como elaboração formal.
pela Química, constata-se uma dimensão onde não ( ) Nesta época, início do século XX, foi contemporâneo
existe qualquer resquício de alma ou de espírito. de alguns simbolistas remanescentes, que sonhavam
II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, com sensações inefáveis, distantes da realidade.
segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo ( ) Contrastando com os simbolistas e parnasianos,
(carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o Euclides da Cunha escreveu Os Sertões, documento
corpo (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma amargurado e realista, sobre a guerra de Canudos, da
(inorgânica) mantém-se intacta. qual participou como enviado do jornal O Estado de
III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e São Paulo. Descreveu, numa mescla de romance e
termina descrevendo o destino final do ser humano; ensaio científico, uma epopeia às avessas, que foi
retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de publicada em 1902.
sofrimento e da presença constante e ameaçadora da ( ) Lima Barreto, outro autor da época, tem como
morte inevitável. principal obra: O triste fim de Policarpo Quaresma. Em seu
livro, abandonou o mundo helênico, perfeito e
imaginário, descrevendo a tristeza dos subúrbios e
Está(ão) correta(s): revelando preocupação com fatos históricos e
a) Apenas II. costumes socais. Seu estilo era semelhante ao de
b) Apenas III. Machado de Assis, pelo refinamento linguístico, pela
c) Apenas I e II. forma trabalhada, limpa e perfeita.
d) Apenas I e III. A sequência CORRETA é:
e) Apenas II e III. a) FVVVV
b) FVFVF
c) FVVVF
2. (ESPCEX – 2011) Assinale a alternativa que indica d) VVVVV
em qual das três partes em que foi dividida a obra e) FFVVF
Os Sertões pode ser encontrado um elaborado
trabalho sobre a etnologia brasileira. 5. É correto afirmar que Augusto dos Anjos foi o
[A] A Terra poeta do
[B] O Nordestino a) Pessimismo aliado à ciência que acusava a degradação
[C] O Homem humana mediante associações e comparações com
[D] A Guerra processos químicos e biológicos.
[E] A Luta b) Cientificismo triunfante que, aliado à ideia de
progresso, marcou boa parte da lírica contemporânea
3. Considere as seguintes afirmações sobre Os aos primeiros anos da República.
Sertões, de Euclides da Cunha. c) Pessimismo acusatório que denunciou o latifúndio e a
I. Nas duas primeiras partes do livro, o autor descreve, política oligárquica, reproduzindo na poesia as
respectivamente, o homem e o meio ambiente que preocupações e temas de Lima Barreto.
constituíam o sertão baiano, valendo-se, para tanto, d) Esteticismo que depurava a forma de seus sonetos à
das teorias científicas desenvolvidas na época. perfeição, sem jamais fazer concessões a temas
II. Ao descrever os sertanejos, o autor idealiza suas considerados prosaicos ou de mau gosto.
qualidades morais e físicas e conclui que seu heroísmo e) Cientificismo militante disposto a abranger temas
era resultado da fé nos ensinamentos religiosos do como o cálculo algébrico, a crítica literária e arqui-
líder Antônio Conselheiro. tetura para retirar o caráter subjetivo da poesia.
III. O autor descreve, na terceira parte do livro, as várias
etapas da guerra de Canudos e denuncia o massacre 6. (UNISC 2016) Assinale a alternativa que preenche
dos sertanejos pelas tropas do exército brasileiro, corretamente as lacunas do texto a seguir.
revelando a miséria e subdesenvolvimento da região.
O início do chamado Pré-modernismo na literatura
Quais estão corretas?
brasileira data de 1902, com a publicação de
a) Apenas I.
__________. Além dessa obra relevante, de autoria de
b) Apenas II.
__________, merece destaque o romance
c) Apenas III.
__________, publicado por __________ em 1915. Já
d) Apenas I e III.
na poesia, o principal nome deste período foi
e) I, II e III.
__________, autor de __________.
4. Nas duas primeiras décadas do século XX, surgiu,
a) Urupês / Graça Aranha / Macunaíma / Domingos
no Brasil, o Pré-Modernismo. Sobre esse tema,
Olímpio / Mario de Andrade / Cinza das horas.
analise as proposições abaixo.
b) Canaã / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo
( ) Foi um movimento com ideário estético rígido, com
Quaresma / Monteiro Lobato / Manuel Bandeira /
linguagem altamente formal e cuja temática dominante
Eu e outras poesias.
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LITERATURA

c) Canaã / Monteiro Lobato / Luzia-Homem / Mario de e) Tem cunho social, embora esteja presa aos cânones
Andrade / Manuel Bandeira / Broquéis. estéticos e ideológicos românticos e influenciou
d) Urupês / Monteiro Lobato / Macunaíma / Mario de fortemente os romancistas da primeira geração
Andrade / Manuel Bandeira / Cinza das horas. modernista.
e) Os sertões / Euclides da Cunha / Triste fim de
Policarpo Quaresma / Lima Barreto / Augusto dos Texto 1
Anjos / Eu e outras poesias.
O Morcego
7. Leia o fragmento a seguir de Triste fim de
Policarpo Quaresma. Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
"Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, Na bruta ardência orgânica da sede,
palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
... ) o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento
inteiro de Brasil. ( ... ) Não se sabia bem onde nascera, mas não “Vou mandar levantar outra parede…”
fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no — Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro." Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
BARRETO, Lima. "Triste fim de Policarpo Quaresma". São Paulo: A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Scipione, 1997. Que ventre produziu tão feio parto?!
Este fragmento de "Triste Fim de Policarpo
Quaresma" ilustra uma das características mais A Consciência Humana é este morcego!
marcantes do Pré- Modernismo que é o: Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
a) Desejo de compreender a complexa realidade Imperceptivelmente em nosso quarto!
nacional.
ANJOS, A. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do
Romantismo. Texto 2
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do
Simbolismo. O lugar-comum em que se converteu a imagem de um
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do poeta doentio, com o gosto do macabro e do
Parnasianismo. horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico,
protagonista. até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.
8. Uma atitude comum caracteriza a postura CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de
literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).
Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e
Euclides da Cunha. Pode ela ser definida como 10. Em consonância com os comentários do texto 2
a) a necessidade de superar, em termos de um programa acerca da poética de Augusto dos Anjos, o
definido, as estéticas românticas e realistas. poema O morcego apresenta-se, enquanto
b) pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro percepção do mundo, como forma estética capaz
à nossa literatura, que julgavam por demais de
europeizadas. a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos
c) a necessidade de fazer crítica social, já que o realismo banais são revestidos na poesia.
havia sido ineficaz nessa matéria. b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por
d) uma preocupação com o estudo e com a observação meio do gosto pelo macabro.
da realidade brasileira. c) representar realisticamente as dificuldades do cotidia-
e) aproveitamento estético do que havia de melhor na no sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
herança literária brasileira, desde suas primeiras d) abordar dilemas humanos universais a partir de um
manifestações. ponto de vista distanciado e analítico acerca do
cotidiano.
9. A obra de Lima Barreto: e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de
a) É considerada pré-modernista, uma vez que reflete a elementos das histórias de horror e suspense na
vida urbana paulista antes da década de 20. estrutura lírica da poesia.
b) Gira em torno da influência do imigrante estrangeiro
na formação da nacionalidade brasileira, refletindo
uma grande consciência crítica dessa problemática.
c) Reflete a sociedade rural do século XIX, podendo ser EXERCÍCIOS II
considerada precursora do romance regionalista
moderno. Para responder às questões 1 e 2, ler o texto que
d) É pré-modernista, refletindo forte sentimento na- segue.
cional e grande consciência crítica de proble-
mas brasileiros. Eterna Mágoa
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LITERATURA

“O homem por sobre quem caiu a praga de rimas, o vocabulário requintado, além do ceticismo,
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste que antecipam conceitos estéticos vigentes no
Para todos os séculos existe Modernismo.
E nunca mais o seu pesar se apaga! b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia
Não crê em nada, pois, nada há que traga simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste. de escuridão e rutilância” e “Influência má dos signos
Quer resistir, e quanto mais resiste do zodíaco”.
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga. c) a seleção lexical emprestada do cientificismo, como
Sabe que sofre, mas o que não sabe se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da
É que essa mágoa infinda assim, não cabe infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão
Na sua vida, é que essa mágoa infinda naturalista do homem.
Transpõe a vida do seu corpo inerme; d) a manutenção de elementos formais vinculados
E quando esse homem se transforma em verme à estética do Parnasianismo e do Simbolismo,
É essa mágoa que o acompanha ainda!” dimensionada pela inovação na expressividade poética
e o desconcerto existencial.
Para responder à questão 1, analisar as afirmativas e) a ênfase no processo de construção de uma poesia
que seguem, sobre o poema. descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que
I. O existir pressupõe ser tomado pela tristeza do incorpora valores morais e científicos mais tarde
Mundo. renovados pelos modernistas.
II. Quanto mais o homem triste se submeter ao seu
infortúnio maior será o seu sofrimento. 04. Para responder à questão, ler o texto que segue.
III. O homem tem plena consciência do seu próprio
sofrimento. Em Marcha para Canudos
IV. O sofrimento do homem ganha dimensão de
eternidade. “Foi nestas condições desfavoráveis que partiram a 12
1. Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão de janeiro de 1897.
corretas
a) A I e a II, apenas. Tomaram pela Estrada de Cambaio. É a mais curta e a
b) A I e a III, apenas. mais acidentada. Ilude a princípio, perlongando o vale
c) A II e a IV, apenas. de Cariacá, numa cinta de terrenos férteis sombreados
d) A III e a IV, apenas. de cerradões que prefiguram verdadeiras matas.
e) A I, a II, a III e a IV.
Transcorridos alguns quilômetros, porém, acidenta-se;
2. Todas as alternativas estão corretas em relação a perturba-se em trilhas pedregosas e torna-se menos
Augusto dos Anjos, autor do poema em questão, praticável à medida que se avizinha do sopé da serra
EXCETO do Acaru.
a) Divulgou sua produção em um único livro. [...]
b) Enfatizou o lado obscuro do homem. Tinha meio caminho andado. As estradas pioravam
c) Associou-se ao movimento parnasiano. crivadas de veredas, serpeando em morros, alçando-se
d) Escreveu sobre a carne em decomposição. em rampas, caindo em grotões, desabrigadas, sem
e) Produziu poesia de caráter cientificista. sombras...
[...]
3. (ENEM 2014) Psicologia de um vencido Entretanto era imprescindível a máxima celeridade.
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Tornava-se suspeita a paragem: restos de fogueira à
Monstro de escuridão e rutilância, margem do caminho e vivendas incendiadas, davam
Sofro, desde a epigênese da infância, sinais do inimigo.”
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco, Todas as afirmativas que seguem estão
Este ambiente me causa repugnância… associadas ao trecho selecionado de Os sertões,
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia em que os homens se dirigem para o local do
Que se escapa da boca de um cardíaco. embate, EXCETO
Já o verme – este operário das ruínas – a) Atenção e rapidez são necessárias numa trajetória que
Que o sangue podre das carnificinas leva os viajantes a uma experiência belicosa.
Come, e à vida em geral declara guerra, b) A presença do inimigo é percebida pelo rastros de sua
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, passagem ainda recente.
E há de deixar-me apenas os cabelos, c) Os obstáculos que se apresentam prenunciam os
Na frialdade inorgânica da terra! trágicos eventos que ocorrerão.
d) Pelo assunto do trecho, é possível inferir que se trata
(ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. )
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de de um episódio constante na segunda parte da obra.
uma literatura de transição designada como pré- e) A estrada referida perturba a avaliação inicial do
modernista. Com relação à poética e à abordagem viajante dada a riqueza natural da área.
temática presentes no soneto, identificam-
se marcas dessa literatura de transição, como 05. A viagem de Euclides da Cunha à região de
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença Canudos, onde ocorre a revolta dos seguidores de
Antônio Conselheiro,
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LITERATURA

a) Ratifica sua posição em relação aos fanáticos rebeldes, novo e as tentativas de renovação da arte brasileira se
expressa em seu artigo A Nossa Vendeia. multiplicam com a promoção de exposições de
b) Impulsiona-o a produzir Os sertões, baseando-se pintura, esculturas modernas e artigos nos jornais,
somente no que realmente pôde presenciar. dedicados às tendências vanguardistas europeias.
c) Demove-o da concepção determinista vigente na
época, que concebe o homem como um cruzamento Na Europa, essa vanguarda tem como marca o avanço
de condicionamentos. tecnológico e científico do início do século XX. Nesse
d) Retifica a opinião vigente, passando a considerar a período, o cotidiano das pessoas sofre uma verdadeira
revolta como resultante do atraso da nação. revolução com a supervalorização do progresso e da
e) Influencia a prosa do autor, antes impregnada de máquina. O capitalismo entra em crise, dando início à
cientificismo e reacionarismo. Primeira Guerra Mundial (1914-1918), encerrando a
chamada belle époque. A seguir, a crise financeira,
oriunda do conflito, leva à Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), e nos anos intermediários, conhecidos
como "os anos loucos", as pessoas passam a conviver
com a incerteza e com o desejo de viver somente o
presente. Tais experiências despertam o anseio de
interpretar e expressar a realidade de forma
diferenciada, dando origem aos movimentos da
vanguarda europeia.
9. MODERNISMO – 1ª FASE (HEROICA OU Vanguardas Europeias
ICONOCLASTA)
Essa busca de novidades, no entanto, não se restringe
tão só à área da produção de manufaturados. Também
“E vivemos uns oito anos, até perto de 1930, na nas artes se verifica uma busca desenfreada do novo,
maior orgia intelectual que a história artística do um desejo de ruptura com o passado e um sonho com
Brasil registra.” um futuro maravilhoso, rico em promessas. Essas
(Mário de Andrade) tendências vão receber o nome genérico de vanguarda.
Assim, pode-se dar o nome de vanguarda a qualquer
movimento, dentro do século XX, que se caracterize
pela rebeldia e pela rejeição sistemática do passado.
Entre os movimentos de vanguarda do século XX,
destacam-se O Futurismo, o Dadaísmo, Surrealismo e
o Expressionismo. Essas manifestações artísticas
europeias, conforme veremos, exerceram conside-
rável influência sobre o modernismo brasileiro.

Antipassadismo passadismo cultural e liberdade


para criar são os princípios da arte que surgem nesse
momento. Destacam-se o ilogismo, o subjetivismo.
Valoriza-se a dimensão do inconsciente.
O termo “VANGUARDA” (do francês avant-garde)
Abaporu, de Tarsila do Amaral, é a tela brasileira mais designa aquilo que está à frente, o que é inovador. As
valorizada no mundo. Ela custou US$ 1,5 milhão. inovações aconteceram na pintura, na música, na
Abaporu é um nome tupi, que significa "homem que escultura, na arquitetura, na literatura.
come gente". Tarsila estava na fase antropofágica do
Modernismo, que propunha deglutir a arte e cultura O Futurismo
estrangeira e adaptá-la ao Brasil. Um dos criadores
deste movimento foi o marido da pintora, Oswald de Nasceu na Itália com Marinetti, por volta de 1900, e
Andrade, a quem a obra foi oferecida. propunha a violência como forma de superar a
A artista brasileira criou Abaporu com mãos e pernas tradição. Extremamente radical, o movimento defen-
grandes para valorizar o trabalho braçal pelo qual dia a destruição sumária dos museus e bibliotecas,
passava a maioria dos trabalhadores do País. Em símbolos do passado. Em literatura, os futuristas
detrimento, percebe-se que a cabeça dele é bem menor queriam inventar uma nova sintaxe, através da aboli-
que os outros membros, mostrando a desvalorização ção da pontuação e da rejeição do adjetivo e do
do trabalho mental na época. advérbio, para poder cultivar a "imaginação sem fios".
O slogan do primeiro manifesto futurista de 1909 era
No Brasil, o termo Modernismo envolve aspectos “Liberdade para as palavras”, e considerava o design
ligados ao movimento, propriamente dito, à estética e tipográfico da época, especialmente em jornais e
ao período histórico. Desde o início do século, a propaganda. A diferença entre arte e design passa a ser
literatura tradicional, acadêmica e elitizante se mantém abandonada e a propaganda é escolhida como forma
ao lado de tendências renovadoras, representadas por de comunicação.
escritores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato Filippo Tommaso Marinetti, publicou, em 1909, no
e Lima Barreto. Com o passar do tempo, a busca pelo jornal Le Figaro, o "Manifesto do Futurismo”:
92 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

febril da vida urbana, com seu ritmo alucinante,


“Cantaremos o amor ao perigo, o hábito da energia e a compõe o cenário tumultuoso da obra de
audácia”. Boccioni. Na tela aqui reproduzida, as formas
“Os elementos essenciais de nossa poesia serão a parecem transparentes, interiores e exteriores
coragem, a intrepidez e a rebeldia”. interpretam-se, há sobreposições simultâneas, tal
“A literatura até aqui tem glorificado a imobilidade como os acontecimentos que se desenrolam-no
pensativa, o êxtase e o sono; exaltaremos o edifício e na rua.
movimento agressivo, a insônia febril, o passo
acelerado, a cambalhota, o soco no ouvido, o murro”. Formas Únicas e
“Não há beleza senão na luta. Nenhuma obra-prima Continuidade no Espaço,
sem agressividade. A poesia tem de ser uma arremetida Boccioni, 1913. O artista
violenta contra as forças desconhecidas, para obrigá- comemorou a força e o
las a inclinar-se perante o homem”. dinamismo da vida moderna
“Queremos glorificar a guerra - o único doador de nessa escultura futurista que
saúde ao mundo - militarismo, patriotismo, o braço mostra uma figura andando a passos largos.
destruidor do Anarquista, as belas Ideias que matam, o
desprezo pela mulher”. Leia agora, o poema ODE AO BURGUÊS e observe
“Desejamos destruir os museus, as bibliotecas, lutar as influências futuristas no tom agressivo, exclamativo
contra o moralismo, o feminismo e todas as (à maneira de gritos). Perceba a irreverência contra a
mesquinhezes oportunistas e utilitaristas”. tradição no uso de versos livres, no emprego dos
O futurismo desenvolveu-se em todas as artes, substantivos duplos.
influenciando vários artistas que posteriormente insti-
tuíram outros movimentos modernistas. Repercutiu Ode ao Burguês
principalmente na França e na Itália, onde vários (Mário de Andrade)
artistas, entre eles Marinetti, se identificaram com o
fascismo. Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
No Brasil, Os principais modernistas repudiaram o A digestão bem feita de São Paulo!
Futurismo pela adesão de seu líder (Marinetti) ao O homem-curva! o homem-nádegas!
fascismo. Aceitaram apenas as inovações artísticas e O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
não a postura política. (“Não sou um futurista de é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Marinetti. Disse e repito-o. Tenho pontos de contato [...]
com o futurismo. Oswald de Andrade chamou-me de Eu insulto o burguês-funesto!
futurista, errou.”) – Mário de Andrade em Pauliceia O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Desvairada. Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
O futurismo enfraqueceu após a Primeira Guerra [...]
Mundial, mas seu espírito rumoroso e inquieto refletiu Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna e Morte ao burguês de giolhos,
no design gráfico pós-moderno. A pintura futurista cheirando religião e que não crê em Deus!
recebeu influência do cubismo e do abstracionismo, Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
mas utilizava-se de cores vivas e contrastes e a Ódio fundamento, sem perdão!
sobreposição das imagens com a pretensão de dar a Fora! Fu! Fora o bom burguês!…
ideia de dinamismo.
Expressionismo

Foi uma intensa busca da expressão dos próprios


conflitos e paixões de seus adeptos. Como corrente
literária, começou na Alemanha antes de 1914 e durou
até cerca da metade da década de 1920. Desenvolveu-
se paralelamente ao futurismo na Itália, influenciando
os movimentos modernistas de todo o mundo.
Os expressionistas partiram do mundo interior para o
exterior (opuseram-se à valorização da impressão).
Tudo tem origem na emoção, na subjetividade do
artista. Forma e conteúdo trabalham no sentido de
expor as sensações do artista independentes do
conceito de belo e feio. Cria-se a arte abstrata, uma
O barulho da rua invade a casa, de Umberto forma de contestação. As cores carregadas expressam
Boccioni, 1911. Um dos principais teóricos do ansiedade e pessimismo diante das situações trágicas
futurismo, Boccioni (1882-1916) retrata, em suas da vida. Muitas vezes as imagens aparecem distorcidas
telas e esculturas, a vida moderna plena de (caricaturas) para expressar o mundo interior do
movimento, dinamismo e força. “Desejo pintar a artista.
novidade, o fruto da nossa idade industrial’, Na literatura brasileira, temos manifestações
anotou o artista em seu diário. O nervosismo expressionistas de forma marcante na produção
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LITERATURA

poética de Augusto dos Anjos. Munch, foi roubada. Ela é considerada a melhor de
O expressionismo encerra um estado de desespero e todas e foi exibida no Brasil em 1996, durante a 23ª
apresenta a sociedade, o governo, a religião, o homem, Bienal de Arte de São Paulo. A segunda tela está na
em situação caótica. O estilo é explosivo e errático, reserva técnica do museu; a terceira, na Galeria
não descritivo, acentuando o dinamismo e a êxtase. Nacional de Oslo; e a quarta faz parte de uma coleção
particular.
Principais características (na pintura):
- pesquisa no domínio psicológico; Expressionismo no Brasil
- cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou
separadas; Em nosso país o movimento também foi importante.
- pasta grossa, martelada, áspera; Podemos destacar, nas artes plásticas, os artistas
- técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, expressionistas mais importantes:
fazendo e refazendo, empastando ou provocando Cândido Portinari, que retratou em suas telas a
explosões; migração do povo nordestino para as grandes cidades
- preferência pelo patético, trágico e sombrio. e a vida dos agricultores, operários e desfavorecidos.
Outros representantes do expressionismo brasileiro:
- Anita Malfatti - pode ser considerada a artista que
introduziu as vanguardas europeias em território
brasileiro. Retratou em suas obras retratos nus, cenas
populares cotidianas e paisagens. Usou cores fortes e
violentas em suas obras.

Em cena de rua em Berlim (1913), Ernest Ludwig


Kirchner apresenta sua visão do mundo moderno:
um lugar sombrio, habitado por seres hostis, de
feições distorcidas.

A Boba faz parte de um momento de "busca ativa" da


pintora. A tela é construída com o uso das cores, em
uma orquestração de laranjas, amarelos, azuis e verdes,
realçando dessa maneira as zonas cromáticas
delineadas pelas linhas negras, na maioria diagonais -
ordenação cubista. No primeiro plano, uma angulosa e
assimétrica figura recebe a aplicação irregular da cor.
Na fisionomia da figura retratada, a expressão
anormal e vaga da jovem é ressaltada por traços
negros, segundo a estética expressionista do irracional
e desarmônica. Já o fundo é elaborado com pinceladas
rápidas, o que serve de contraponto.
A tela O Grito foi pintada após uma experiência
alucinante vivida pelo norueguês Edvard Munch - Lasar Segall - é considerado o primeiro artista a
(1863-1944) enquanto passeava no parque Ekebert, introduzir o expressionismo alemão em território sul-
em Oslo. Em seu diário, o artista registrou o episódio: americano. Uma de suas obras mais conhecidas é
“Acima do fiorde azul-escuro havia ameaçadoras "Emigrante Navio" de 1939.
nuvens vermelhas como sangue e como línguas - Osvaldo Goeldi (autor de diversas gravuras).
de fogo. Meus amigos se afastavam e, sozinho,
tremendo de angústia, eu tomei consciência do As peças teatrais de Nélson Rodrigues apresentam
grito infinito da natureza”. significativas características do expressionismo.

As cores assustadoras vistas por Munch, frequentes Cubismo


durante os crepúsculos de outono nos países nórdicos,
foram atribuídas por astrônomos americanos em 2003 Nascido com base em experiências dos artistas Pablo
ao resultado de uma explosão vulcânica ocorrida na Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963).
Indonésia em 1893. Termo surgido na pintura, que designa um modo de
Há quatro versões do quadro. Em agosto de 2004, a expressão em que o artista fraciona o elemento da
primeira (acima), que estava exposta no Museu realidade que está interessado em representar e,

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LITERATURA

depois, o recria através de planos geométricos movimento Concretista. As estranhas associações


superpostos. Os cubistas pretendiam representar o deslocam o olhar do leitor para diversos aspectos da
objeto como se ele fosse visto sob diferentes ângulos realidade, ao mesmo tempo.
ao mesmo tempo.
hípica
Durante o desenvolvimento do cubismo há duas
principais etapas, são elas: Saltos records
- Cubismo Analítico: caracterizado pela decom- Cavalos da Penha
posição das figuras e formas em diversas partes Correm jóqueis de Higienópolis
geométricas, é o cubismo em sua forma mais pura e de Os magnatas
mais difícil interpretação. As meninas
- Cubismo Sintético: é a livre reconstituição da E a orquestra toca
imagem do objeto decomposto, assim, este objeto não Chá
é desmontado em várias partes, mas sua fisionomia Na sala de cocktails
essencial é resumida. Algo muito importante nesta
etapa é a introdução da técnica decolagem, que (Oswald de Andrade)
introduz no quadro elementos da vida cotidiana (telas, Cubismo no Brasil
papéis e objetos variados), o primeiro a praticar esta
técnica foi Braque. Somente após a Semana de Arte Moderna de 1922 o
movimento cubista ganhou terreno no Brasil. Mesmo
assim, não encontramos artistas com características
exclusivamente cubistas em nosso país. Muitos
pintores brasileiros foram influenciados pelo movi-
mento e apresentaram características do cubismo em
suas obras. Neste sentido, podemos citar os seguintes
artistas: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Rego
Monteiro e Di Cavalcanti.

Em 1937, Picasso pinta Mulher chorando, sob o


impacto da notícia do bombardeio de Guernica. A
obra do Barbarismo é inspirada em sua nova
companheira, a fotógrafa Dora Maar e é a expressão
da dor de uma mulher, da dor frente às desgraças. A
figuração dada ao rosto feminino permite o olhar
sobre diversas perspectivas. Mulher chorando retrata a
dor e o sofrimento perante as tragédias humanas.
Do CUBISMO, Tarsila extraiu as relações das coisas e
As cores que predomina na obra “Mulher chorando” exibiu uma leitura da VISUALIDADE BRASILEIRA.
são: Laranja: traz o significado do perigo e da Tudo se mistura numa geometria de formas e cores.
agressividade do e da agitação daquele período
histórico. Preto: significa o mal, a morte, o Estação Central do Brasil - 1924
desconhecido que revela insegurança da guerra.
Vermelho: violência. Verde escuro: malignidade, Dadaísmo
veneno, umidade.
O Dadaísmo surge em meio à guerra, em 1916, do
Na literatura, o cubismo viveu seu primeiro momento- encontro de um grupo de refugiados (escritores e
síntese assinado por Guillaume Apollinaire (1880- artistas plásticos) com o intuito de fazer algo
1918) cujas características fundamentais consistem no significativo que chocasse a burguesia da época.
uso de versos livres, presença do humor, ruptura Este movimento é o reflexo da perspectiva diante das
com a sintaxe tradicional, invenção de palavras, consequências emocionais trazidas pela Primeira
ênfase na disposição gráfica do poema, na Guerra Mundial: o sentimento de revolta, de
sobreposição de imagens, na linguagem nominal. agressividade, de indignação, de instabilidade.
Valoriza-se a aproximação das várias manifestações
artísticas (pintura – música – escultura – literatura). O Dadaísmo é considerado a radicalização das três
Valoriza-se o espaço em branco e em preto da folha vanguardas europeias anteriores: o Futurismo, o
de papel e da impressão tipográfica. Esses processos Expressionismo e o Cubismo. Os artistas desse
influenciaram o escritor Oswald de Andrade na década período eram contra o capitalismo burguês e a guerra
de vinte e serviram de base, mais tarde, para o promovida com motivação capitalista. A intenção
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LITERATURA

desta vanguarda é destruir os valores burgueses e a tanque militar e o elemento mecânico em suas costas
arte tradicional. sugere a torre de um canhão do veículo

A literatura tem como características: a agressividade Chifres:


verbalizada, a desordem das palavras, a incoerência, a A linha branca e áspera chama a atenção do
banalização da rima, da lógica, do raciocínio. Faz uso observador para os chifres que, em meio a tons de
do nonsense, ou seja, da falta de sentido da linguagem, cinza, se assemelham a ossos brancos e limpos em
as palavras são dispostas conforme surgem no um campo de batalha.
pensamento, a fim de ridicularizar o tradicionalismo.
O próprio nome “Dadaísmo” não tem significado Sombras:
nenhum, provavelmente tem o intuito de remeter à As sombras pintadas de maneira exagerada criam no
linguagem da criança que ainda não fala. observador uma sensação de inquietação.
Um dos principais autores e também fundador do
Dadaísmo é Tristan Tzara, o qual ensina o seguinte a Tromba:
respeito do movimento: A tromba do animal/veículo foi pintada seguindo o
mesmo estilo do corpo, mas com um pincel menor.
Para fazer um poema dadaísta Isso permite detalhes de textura e acaba por enfatizar
que, embora intrínseca ao todo, ela é um objeto
Pegue um jornal estranho.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você Quando, em 1913, o artista Marcel Duchamp propôs
deseja dar a seu poema. a criação de obras denominadas ready-made, ele causou
Recorte o artigo. um reboliço no mundo das artes. Utilizando materiais
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que do cotidiano, industrializados, ele provocou uma
formam esse artigo e meta-as num saco. discussão sobre o próprio conceito de arte, e
Agite suavemente. introduziu nas artes visuais a possibilidade da
Tire em seguida cada pedaço um após o outro. utilização de diversos materiais para compor uma
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são obra, expressar uma ideia. O ready-made como proposta
tiradas do saco. artística é algo que provoca as pessoas a pensarem
O poema se parecerá com você. sobre os objetos, pois eles são utilizados de forma
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma descontextualizada, de uma maneira inusitada.
sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do
público.

A linguagem dadaísta pretende anular qualquer


barreira quanto a significações, pois o importante nas
palavras não é seu significado, e sim sua sonoridade. O
som é intensificado com o grito, o urro contra o
burguês e seu apego ao capital.

O elefante Celebes (1921), de Max Ernst, um dos


fundadores do Dadaísmo. Neste quadro, o artista
desenvolve a técnica da montagem e da colagem,
muito utilizada pelos dadaístas.

Detalhes de Celebes se destacam:

Figura sem cabeça:


Cortada pela cintura, a figura sem cabeça gesticula em
primeiro plano. O movimento cria a sensação de
espaço e até mesmo ação fora da tela. Na literatura, temos o uso da técnica da “escrita
automática”, a invenção de palavras explorando-se os
Tanque militar: seus significantes, o gosto pela agressividade, pela
A criatura que, em tese, é um elefante lembra um desordem.

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LITERATURA

Influenciado pela técnica dadaísta do ready-made,


Oswald escreveu o poema abaixo
maturidade

O Sr. e a Sra. Amadeu


Participam a V. Exa.
O feliz nascimento
De sua filha
Gilberta
Da ruptura com o Dadaísmo, André Breton cria o
movimento surrealista.

Surrealismo Na composição ao lado (APARIÇÃO DO ROS-TO


O Surrealismo surgiu na França, após a Primeira E FRUTEIRA NUMA PRAIA), Dalí apresenta di-
Guerra Mundial, em 1924, quando o Manifesto do versos elementos que, ordenados, formam uma pai-
Surrealismo foi publicado por André Breton, ex- sagem, um cão e o rosto de uma mulher. Para ficar
integrante dos ideais do Dadaísmo. O manifesto trazia mais fácil para o leitor, vamos identificar primeiro o
concepções freudianas, ligadas à psicanálise e ao cão:
subconsciente. O próprio Breton assim denomina o 1- Observe da esquerda para a direita da pintura, o cão
Surrealismo: tomando toda a tela. A parte traseira do animal
começa à esquerda, o meio de seu corpo é feito pela
"SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico em fruteira com peras e sua cabeça encontra-se à direita,
estado puro, mediante o qual se propõe exprimir, olhando para fora da tela. Ele paira em pleno ar.
verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, 2- No canto superior direito encontra-se uma onírica
o funcionamento do pensamento. Ditado do paisagem, onde aparece uma baía com suas ondas, e
pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela uma montanha com um túnel. Mas que também é a
razão, alheio a qualquer preocupação estética ou cabeça do cão, sendo que sua coleira forma um
moral." viaduto ferroviário sobre o mar.
3- A fruteira com peras, que forma a parte central do cão,
Alguns pintores também aderiram ao Surrealismo, forma também o rosto de uma mulher, fronte e nariz,
como Salvador Dalí e René Magritte. cujos olhos são feitos de conchas marinhas.

De acordo com os artistas surrealistas, a arte deve fluir Nesta intrigante paisagem, muitos elementos são
a partir do inconsciente, sem qualquer controle da reconhecíveis, outros não. Havendo inúmeros
razão, o pensamento deve acontecer e ser expresso significados. Mas a tela é tão surpreendente que o
livre de qualquer influência exterior ou lógica. Está observador não se preocupa com o seu significado.
presente nas obras surrealistas: a fantasia, o devaneio e Será que você foi capaz de enxergar o grande cão?
a loucura.

As obras literárias seguiam o procedimento de que as


palavras deveriam ser escritas conforme viessem ao
pensamento, sem seguir nenhuma estrutura coerente.

Nas artes plásticas, o artista espanhol Salvador Dalí foi


quem mais externou o universo surrealista. São temas
marcantes de sua obra: a sexualidade, a angústia, as
frustrações, os traumas, a memória, o tempo, o sono,
o sonho.

O Surrealismo divide-se em comunistas e não


comunistas quando André Breton adere aos ideais
marxistas. No Brasil, vários escritores foram influenciados pelo
Surrealismo: Mário de Andrade, Oswald de Andrade,
Jorge de Lima, Murilo Mendes etc.

Murilo Mendes, poeta modernista, expoente da poesia brasileira


no século XX. Sua poesia fortemente surrealista é marcada pela
alteração (ou nulidade) lógica, embora haja manutenção da
sintaxe. O poema a seguir expõe a face mais clara do surreal
defendido por Mendes...

Pré-História

Mamãe vestida de rendas

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LITERATURA

Tocava piano no caos. cores discretas e desenhos precisos.


Uma noite abriu as asas e) da expressão e intensidade entre o consciente e a
Cansada de tanto som, liberdade, declarando o amor pela forma de conduzir
Equilibrou-se no azul, o enredo histórico dos personagens retratados.
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém! 2. (ESPCEX – 2011) “Reconstruir a cultura brasileira
Caiu no álbum de retratos. sobre bases nacionais; promover uma revisão
crítica de nosso passado histórico e de nossas
IMPORTANTE! tradições culturais; eliminar de vez o nosso
complexo de colonizados, apegados a valores
No que diz respeito à influência das vanguardas estrangeiros” foram propostas defendidas, dentre
europeias na produção literária brasileira destacamos o outros, pelos modernistas da Primeira Fase,
escritor Oswald de Andrade com a técnica dadaísta do
“ready-made”. O poeta lança mão da linguagem dos [A] Manuel Bandeira e Clarice Lispector.
convites para elaborar seu texto. [B] Mário de Andrade e Oswald Andrade.
[C] Graça Aranha e Monteiro Lobato.
[D] Carlos Drummond de Andrade e Lima Barreto.
Já o poeta Manuel Bandeira lançou mão de notícias de
[E] Euclides da Cunha e Monteiro Lobato.
jornal (poema tirado de uma notícia de jornal),
propagandas (Baladas das Três mulheres do Sabonete
Araxá), consultas médicas (Pneumotórax) para
elaborar alguns de seus textos, fato conhecido como 3. Assinale o que for correto:
técnica da colagem – influência da vanguarda dadaísta.
01) O movimento modernista da literatura brasileira,
Poema tirado de uma notícia de jornal desencadeado com a realização da Semana de Arte
Moderna (1922), costuma ser estudado em três
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no momentos sucessivos: a fase heroica, marcada pela
morro da Babilônia num barracão sem número publicação de obras inovadoras bem como por
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro manifestos que procuravam explicar o caráter
Bebeu diferenciado dessa produção; a fase social ou
Cantou ideológica, cujas obras denunciavam situações típicas
Dançou do país com acentuada visão crítica; a fase de
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu experimentação e reflexão sobre a linguagem, com
afogado. obras que visavam ao rigor da expressão formal. No
romance, dois principais representantes de cada fase
foram, respectivamente: Mário de Andrade e Oswald
EXERCÍCIOS de Andrade, Graciliano Ramos e José Lins do Rego,
Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
1. “Todas as manhãs quando acordo, experimento
um prazer supremo: o de ser Salvador Dalí.” 02) Canãa, Os sertões, Urupês e Triste fim de Policarpo
Quaresma, obras respectivamente de Graça Aranha,
NÉRET, G. Salvador Dalí. Taschen, 1996. Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto,
foram publicadas nos anos que antecederam a Semana
Assim escreveu o pintor dos “relógios moles” e de Arte Moderna, no chamado período pré-
das” girafas em chamas” em 1931. Esse artista modernista da literatura brasileira. Tais obras
excêntrico deu apoio ao general Franco durante a caracterizam-se como produções literárias de cunho
Guerra Civil Espanhola e, por esse motivo, foi nacionalista progressista, voltando-se para a denúncia
afastado do movimento surrealista por seu líder, de problemas sociais concretos do país.
André Breton. Dessa forma, Dalí criou seu
próprio estilo, baseado na interpretação dos
04) A tendência indianista do Romantismo no Brasil
sonhos e estudos de Sigmund Freud,
inicia-se com a publicação de obras como o Manifesto
denominado” método de interpretação
Antropofágico e Macunaíma, ambos de José de
paranoico”. Esse método era constituído por
Alencar. Os valores estéticos do movimento, expostos
textos visuais que demonstram imagens
no Manifesto Antropofágico,e resumidos na célebre
a) do fantástico, impregnado de civismo pelo governo
frase “tupi or not tupi, that is the question”,
espanhol, em que a busca pela emoção e pela
materializaram-se na personagem mais representativa
dramaticidade desenvolveram um estilo incomparável.
do indianismo romântico, Macunaíma, o herói sem
b) do onírico, que misturava sonho com realidade e
nenhum caráter, cujas origens podem ser buscadas na
interagia refletindo a unidade entre o consciente e o
tríplice herança do país: africana, indígena e cabocla.
inconsciente como um universo único ou pessoal.
c) da linha inflexível da razão, dando vazão a uma forma
de produção despojada no traço, na temática e nas 08) O Realismo e o Naturalismo, embora surgissem no
formas vinculadas ao real. mesmo momento no cenário histórico-literário do
d) do reflexo que, apesar do termo” paranoico”, possui Brasil, produziram obras de características muito
sobriedade e elegância advindas de uma técnica de diferentes. No Realismo, cujo maior representante é

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LITERATURA

Machado de Assis, obras como Memórias póstumas c) III.


de Brás Cubas e Dom Casmurro procuravam d) I e II.
demonstrar a influência do meio sobre as personagens e) I e III.
que, submetidas a condições sub-humanas, sofriam
processo de zoomorfização, tornando-se dominadas 6. O Modernismo, a partir de 1922, caracterizou-se
por seus instintos animais. No Naturalismo, como um movimento literário que procurou
notadamente nas obras de Aluísio de Azevedo, O romper com as formas artísticas de representação
cortiço e O mulato, as personagens, mais da realidade até então em voga. Entre 1922 e 1930,
emblemáticas, criticavam a arrogância e o período que compreende a chamada fase heroica
comportamento da sociedade, refletindo o olhar do Modernismo, uma das obras que marcou as
irônico do autor. primeiras manifestações desse movimento foi

16) Os versos “Descansem o meu leito solitário/ Na a) Jubiabá, de Jorge Amado.


floresta dos homens esquecida,/ À sombra de uma b) Fogo Morto, de José Lins do Rego.
cruz, e escrevam nela:/ – Foi poeta – sonhou – e c) Macunaíma, de Mário de Andrade.
amou na vida”, de Álvares de Azevedo, revelam a d) Estrela da vida inteira, de Manuel Bandeira.
inserção do poeta no chamado grupo ultrarromântico e) Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
do Romantismo brasileiro, influenciado pelo mal do
século e pelo individualismo, cuja principal marca é o 7. (ESPM-SP) Verifique o texto:
predomínio do negativismo, materializado em versos Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel
que valorizam a desilusão e a obsessão pela morte. arborizado de avenidas marinhas sem sol.
Losangos tênues de ouro bandeira nacionalizavam o
4. Em 1924, os surrealistas lançaram um manifesto verde dos montes interiores.
no qual anunciaram a força do inconsciente na
criação de novas percepções. Valorizavam a Esse fragmento da obra Memórias sentimentais
ausência de lógica das experiências psíquicas e de João Miramar, de Oswald de Andrade, revela
oníricas, propondo novas experiências estéticas. influência de uma corrente de vanguarda europeia
Sobre o Surrealismo, é correto afirmar: do Modernismo. Marque.
a) Acredita que a liberação do psiquismo humano se dá a) Futurismo, pela exaltação à velocidade e à tecnologia
por meio da sacralização da natureza. automotiva.
b) Baseia-se na razão, negando as oscilações do b) Surrealismo, pois as imagens insólitas apresentadas
temperamento humano. parecem ter sido extraídas dos sonhos ou do
c) Destaca que o fundamental, na arte, é o objeto visível inconsciente do narrador.
em detrimento do emocionalismo subjetivo do artista. c) Cubismo, já que somente partes dos objetos e da
d) Concede mais valor ao livre jogo da imaginação paisagem são descritas, a imagem é fragmentária.
individual do que à codificação dos ideais da sociedade d) Expressionismo, pela caricaturização, pela deformação
ou da história. da imagem através do exagero.
e) Busca limitar o psiquismo humano e suas e) Dadaísmo, pois o significado do texto é nenhum, já
manifestações, transfigurando-os em geometria a favor que as ideias estão misturadas ao acaso.
de uma nova ordem.
8. Analise as quatro imagens e leia o texto a seguir:
5. Considere com atenção as afirmações a seguir.

I. A Exposição de Anita Malfatti, realizada em 1917, e que


recebeu uma crítica demolidora de Monteiro Lobato,
foi o fato cultural mais importante na gestação da
Semana de Arte Moderna, pois ajudou a unir os jovens
artistas e intelectuais no combate às estéticas que
remontavam ao século XIX.
II. O primeiro livro que apresentou uma poesia
integralmente nova, afinada com as propostas de
liberdade formal e com os ideais nacionalistas do
grupo modernista em formação, foi Carnaval, de
Manuel Bandeira, publicado em 1919.
III. Durante a realização da Semana de Arte Moderna, no
Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, o momento
mais marcante foi aquele em que Manuel Bandeira
declamou seu poema “Os sapos”, no qual destila uma
ironia violenta contra os poetas simbolistas, sob os
apupos, as vaias e os assobios do público.
“[...] O artista expressionista transfigura assim todo o
Está correto apenas o que se afirma em: espaço. Ele não olha: vê; não narra: vive; não
a) I. reproduz: recria; não encontra: busca. A concatenação
b) II. dos fatos – fábricas, casas, doenças, prostitutas, gritos
e fome – é substituída por sua transfiguração [...].”
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LITERATURA

postura
(MICHELI, Mário. As vanguardas artísticas. São Paulo: Martins a) preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.
Fontes, 1991. p. 75.) b) conservadora, ao optar por modelos consagrados.
Com base no texto é correto afirmar que as c) preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.
imagens que se aproximam do expressionismo d) nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.
são: e) eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos.
a) 1 e 2.
b) 1 e 4.
c) 3 e 4. 10. O trovador
d) 1, 2 e 3.
e) 2, 3 e 4 Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras...
8. As Vanguardas europeias são movimentos As primaveras de sarcasmo
artísticos e culturais, com repercussão em muitas intermitentemente no meu coração arlequinal...
escolas literárias brasileiras. Pode-se, inclusive, Intermitentemente...
afirmar que elementos constitutivos das Outras vezes é um doente, um frio
Vanguardas estão presentes em autores e obras da na minha alma doente como um longo som redondo...
estética literária modernista. Sendo assim, diante Cantabona! Cantabona!
dessa afirmativa, assinale a alternativa Dlorom ...
CORRETA. Sou um tupi tangendo um alaúde!
a) As chamadas Vanguardas europeias foram importantes
para os movimentos culturais do início do século XX. ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias
No entanto, no Brasil, há um consenso entre os completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte:
estudiosos da literatura que essas Vanguardas em nada Itatiaia, 2005.
nos influenciaram.
b) O Dadaísmo, uma das chamadas Vanguardas europeias, Cara ao Modernismo, a questão da identidade
defendia que somente a associação entre todas as nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário
tendências vanguardistas poderia resultar em avanços de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é
importantes para as artes e para a cultura de um modo a) abordado subliminarmente, por meio de expressões
geral. como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval,
c) Temáticas oriundas dos estudos freudianos como remete à brasilidade.
fantasia, sonho, ilusão, loucura estão presentes em b) verificado já no título, que remete aos repentistas
obras surrealistas. Nas artes plásticas, Salvador Dali nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas
(1904/1989) é um dos principais representantes dessa viagens e pesquisas folclóricas.
Vanguarda. c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões
d) Mário de Andrade e Oswald de Andrade, participantes como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1),
da Semana de Arte Moderna, em muitas ocasiões, “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som
negaram a relação existente entre as Vanguardas triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).
europeias e os valores e as motivações das obras d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde
modernistas brasileiras. (civilizado), apontando a síntese nacional que seria
e) Há uma relação intensa entre Futurismo e Cubismo. proposta no Manifesto Antropófago, de Oswaldo de
Tanto uma quanto a outra têm os mesmos interesses e Andrade.
objetivos e em nada se diferenciam, exceto quando se e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos
relacionam com a arte literária. homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho
brasileiro por suas raízes indígenas.
9. HELOÍSA: Faz versos?
PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos...
Sonetos... Reclames.
HELOÍSA: Futuristas?
10. HISTORICAMENTE FALANDO...
PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a
acreditar na independência... Mas foi uma tragédia!
Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de
esguelha. A não me receber mais. As crianças Contexto histórico da primeira fase (1922-1930) -
choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal Certas transformações foram responsáveis pela criação
também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de do ambiente propício à instalação das novas ideias,
bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento ressaltando-se: o Centenário da Independência e a
(Mostra a faca) e fiquei passadista. Guerra Mundial (1914-1918), que favoreceu a
expansão da indústria brasileira, promoveu novas
ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003. relações políticas, além de abrir espaço para a
renovação na educação e nas artes. Deu origem,
também, ao questionamento do sistema político
O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade vigente, até então comandado pela oligarquia ligada à
ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos economia rural. Há, ainda, a grande influência da mão-
1930 diante de determinada vanguarda europeia. de-obra imigrante, instalada no Sul, centro de poder da
Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma vida econômica e política do país. Outros fatos

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LITERATURA

importantes foram: o triunfo da Revolução de


Outubro de 1930, cujo levante se deu em 1922, e a Além disso, visava estabelecer uma teoria estética, nem
fundação do Partido Comunista Brasileiro. sempre claramente explicitada por seus criadores e que
acaba por renovar o conceito de literatura e de leitor.
Igualmente relevante, foi a quebra da Bolsa de Valores A Semana incluiu uma série de eventos (l3, l5 e 17 de
de Nova York, em 1929, levando à queda do café fevereiro de 1922) no Teatro Municipal de São Paulo,
brasileiro na balança de exportação, nessa mesma data. reunindo artistas e intelectuais que, sob o aplauso e
Tal fato, desestabiliza, no Brasil, o grupo dirigente e vaias da plateia, apresentaram uma espécie de sarau,
abre espaço para o novo, dando legitimidade à arte e à declamando poemas, lendo trechos de romances,
literatura modernas, entendidas, a princípio, como fazendo discursos, expondo quadros e tocando
"capricho". O país vive os últimos anos da República música.
Velha, caracterizada pelo domínio político das
oligarquias, formadas pelos grandes proprietários Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna:
rurais. Em 1922, com a revolta do Forte de Durante a leitura do poema "Os Sapos", de Manuel
Copacabana, o Brasil entra num período Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho) , o
revolucionário de fato, culminando com a Revolução público presente no Teatro Municipal fez coro e
de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas. atrapalhou a leitura, mostrando desta forma a
desaprovação.
CARACTERÍSTICAS No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma
apresentação musical. Entrou no palco calçando num
O Modernismo tem como característica unificadora o pé um sapato e em outro um chinelo. O público
desejo de liberdade de criação e expressão, aliados aos vaiou, pois considerou a atitude futurista e
ideais nacionalistas, visando, sobretudo, emancipar-se desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-
da dependência europeia. Esse anseio de Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo
independência inclui: o vocabulário, a sintaxe, a no pé.
escolha de temas e a maneira de ver o mundo. Ao
rejeitarem os padrões estilísticos portugueses, seus Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a
criadores cobrem de humor, ironia e paródia as trajetória do Modernismo; fatos, especificamente,
manifestações modernistas, passando a utilizar as ligados à estética renovadora, se multiplicam. Em
expressões coloquiais, próximas do falar brasileiro, 1912, Oswald de Andrade traz da Europa a novidade
promovendo a valorização diferenciada do léxico. futurista; em 1913, o pintor Lasar Segall faz uma
O mais importante é a atualidade, por isso centram o exposição, negando a pintura acadêmica. Em 1917, a
fazer literário na expressão da vida cotidiana, descrita exposição dos quadros de Anita Malfatti, em São
com palavras do dia-a-dia, afastando-se da literatura Paulo, destacando a pintura expressionista, assimilada
tradicional, consagrada ao padrão culto. Um exemplo na Europa, coloca, de um lado, os que apoiam o novo
de incorporação da linguagem oral, na criação poética e, de outro, os conservadores.
e descrição de coisas brasileiras, valorizando o
prosaico, recoberto de bom humor, é o poema de Paranoia ou Mistificação
Mário de Andrade, O poeta come amendoim (1924). Monteiro Lobato, chocado com exposição de Anita
Contudo, é preciso ressaltar que não havia imposição Malfatti, escritor dispara: “talento fora do comum”,
de normas e nem tratamento unificado dos temas. porém “a serviço duma nova espécie de caricatura”
Os modernistas revelam o nacionalismo, através da “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que
etnografia e do folclore. O índio e o mestiço passam a veem normalmente as coisas e em consequência disso
ser considerados por sua "força criadora", capaz de fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida,
provocar "a transformação da nossa sensibilidade, e adotados para a concretização das emoções estéticas,
desvirtuada em literatura pela obsessão da moda os processos clássicos dos grandes mestres.
europeia". Cantam, igualmente, a civilização industrial, [...]
destacando: a máquina, a metrópole mecanizada, o A outra espécie é formada dos que veem
cinema e tudo que está marcado pela velocidade, anormalmente a natureza, e interpretam à luz das
aspecto preponderante no modo de vida da nova teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas
sociedade. Ao comporem o perfil psicológico do rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura
homem moderno, expõem angústias e infantilidades excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de
como forma de demonstrar o caráter e a com- todos os períodos de decadência; são frutos de fim de
plexidade do ser humano, apoiando-se, para tanto, na estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes,
psicanálise, no surrealismo e na antropologia. brilham um instante, as mais das vezes com a luz do
escândalo, e somem-se logo nas trevas do
A Primeira Fase (1922-1930) esquecimento”.
O primeiro momento, conhecido como fase heróica,
Na literatura, a transformação e o rompimento com o
corresponde à Semana de Arte Moderna em 1922, em
velho estão presentes, sobretudo, na obra de Oswald
São Paulo. Essa semana serviu como elemento de
de Andrade, Memórias Sentimentais de João Miramar,
divulgação e dinamização das discordâncias,
publicada em 1916, cuja característica experimental
acelerando o processo de modernização. O objetivo
notável se aprofunda em edições posteriores. Em
central era se impor contra o Naturalismo,
1920, Oswald e Menotti del Picchia iniciam a
Parnasianismo e Simbolismo ainda vigentes.
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LITERATURA

campanha de renovação nos jornais, tendo como


expoente o poeta Mário de Andrade que, em 1922,
traz a público Pauliceia Desvairada. Seu "Prefácio Carnaval II (Di Cavalcanti)
Interessantíssimo" corresponde a um primeiro Estilo artístico e temática
manifesto estético.
- Seu estilo artístico é marcado pela influência do
Outra manifestação, em 1921, são os Epigramas expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos
Irônicos e Sentimentais, de Ronald de Carvalho, que, (Diego Rivera, por exemplo).
apesar de terem sido publicados em 1922, já revelam a - Abordou temas tipicamente brasileiros como, por
busca por uma nova forma de expressão. No Rio de exemplo, o samba. O cenário geográfico brasileiro
Janeiro, Manuel Bandeira se utiliza do verso livre. Ao também foi muito retratado em suas obras como, por
final de 1921, os jovens de São Paulo preparam a exemplo, as praias.
Semana, contando com o apoio de Graça Aranha que, - Em suas obras são comuns os temas sociais do Brasil
ao procurar criar uma filosofia para o movimento, (festas populares, operários, as favelas, protestos
acaba seu líder. Vários escritores do Rio e de São sociais, etc.).
Paulo participam do evento: Manuel Bandeira, - Estética que abordava a sensualidade tropical do
Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Ronald de Brasil, enfatizando os diversos tipos femininos.
Carvalho, Ribeiro Couto, Mário de Andrade e Oswald - Usou as cores do Brasil em suas obras, em conjunto
de Andrade. com toques de sentimentos e expressões marcantes
dos personagens retratados.
Sabem que estão produzindo algo de novo, em
oposição às tendências dominantes, entretanto não Cabeça de Cristo (Victor
conseguem apontar claramente a trajetória a ser Brecheret)
seguida. A esses escritores juntam-se os que publicam
pela primeira vez: Luís Aranha Pereira, Sérgio Milliet, A escultura de bronze Cabeça de
Rubens Borba de Moraes, Sérgio Buarque de Holanda, Cristo, de 1920 reúne os elementos
Prudente de Morais (neto), Antônio Carlos Couto de básicos da arte de Victor Brecheret. O
Barros. Unem-se, também, os pintores: Anita Malfatti, artista paulista simplificou as formas
Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Vicente do de seu trabalho, dando simplicidade as linhas e dando
Rego Monteiro; o escultor Victor Brecheret; o volumes geométricos.
compositor Heitor Villa-Lobos e o historiador Paulo
Prado, criador do movimento Pau-Brasil, em 1924.
Ainda, em 1922, é lançada a renovadora revista
Klaxon, em São Paulo, cuja publicação se estende até O maestro Heitor Villa- Lobos (1887-
o número nove. 1959), quando se apresentou na
semana de 22, já era um nome
As diversas manifestações artísticas do respeitado como compositor, o
Modernismo que não o livrou de críticas
O ovo ou urutu (Tarsila do Amaral) conservadoras. A obra de Villa-
Características de suas obras Lobos enquadra-se no espírito
daqueles anos em busca de uma noção de brasilidade:
“Sim, sou brasileiro e bem brasileiro. Na minha música
eu deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil.
Eu não ponho mordaça na exuberância tropical de
nossas florestas e do nossos céus, que eu transponho
instintivamente para tudo que escrevo”.

- Uso de cores vivas O movimento pela nova estética se radicaliza em São


- Influência do cubismo (uso de formas geométricas) Paulo, revelando o aspecto agressivo e polêmico da
- Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens empreitada. Aos poucos, escritores de norte a sul se
do Brasil ligam ao grupo na batalha de oposição aos
- Estética fora do padrão (influência do surrealismo na conservadores. O espírito nacionalista, inspirado pelo
fase antropofágica) desejo de libertação da tradição europeia, toma conta
das manifestações e estimula a luta dos renovadores.

Após a Semana, surgem propostas variadas que dão


origem aos grupos: Pau-Brasil, lançado por Oswald de
Andrade. O nome adotado faz referência à primeira
riqueza brasileira exportada e o movimento tem como
princípios: a exaltação do Carnaval carioca como
acontecimento religioso da raça, o abandono dos
arcaísmos e da erudição, a substituição da cópia pela
invenção e pela surpresa; o Verde-Amarelo, se
colocando em oposição ao Pau-Brasil, prega o

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LITERATURA

nacionalismo ufanista e primitivista. Mais tarde, econômicos e culturais". Além de promover


transforma-se no grupo da Anta, escolhida como conferências, exposições de arte, congressos, o Centro
símbolo da nacionalidade por ter sido o totem da raça editaria uma revista.
tupi; o Regionalista, iniciado no Recife, prega o
sentimento de unidade do Nordeste; o Antropofágico, 1929 – Manifesto Nhengaçu Verde – Amarelo
liderado por Oswald de Andrade, inspirado no quadro (nhenga = língua dos tupis + Açu = grande.
Abaporu, (aba, "homem"; poru, "que come"), de Depois se transforma no Grupo Anta.
Tarsila do Amaral, propõe a devoração da cultura
importada com intuito de reelaboração,  Oposição ao Manifesto do pau-brasil
transformando o que veio de fora em produto  Pregava o nacionalismo ufanista e primitivista
exportável. As obras ligadas a esse movimento são  Inclinação para o nazifascismo
Cobra Norato, de Raul Bopp, e Macunaíma, de Mário
 Atuação mais política que literária.
de Andrade.
PLÍNIO SALGADO, MENOTTI DEL
Nesses agrupamentos, o enaltecimento do
PICCHIA, GUILHERME DE ALMEIDA,
primitivismo passa a incluir a mitologia e o simbólico,
CASSIANO RICARDO
sobretudo no movimento Antropofágico que,
propondo a devoração dos valores europeus, lança
suas ideias na Revista de Antropofagia (1928-1929). Verde-Amarelismo
Em 1926, como uma resposta ao nacionalismo do
Pau-Brasil, surge o grupo do Verde-Amarelismo,
De nos importantes manifestos! formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia,
Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. O grupo
1924 manifesto da poesia Pau-Brasil criticava o "nacionalismo afrancesado" de Oswald de
Andrade e apresentava como proposta um
 Poesia de exportação nacionalismo primitivista, ufanista e identificado com
o fascismo, que evoluiria no início da década de 30
 Língua natural. Sem arcaísmo, sem erudições,
para o Integralismo de Plínio Salgado. Parte-se para a
coloquial, o falar do povo
idolatria do tupi e elege-se a anta como símbolo
 Invenção, surpresa nacional.
 Combate à cultura acadêmica
 Combate à dominação cultural europeia 1928 – Manifesto Antropófago
 Defesa da criação de poesia primitivista
 Publicado na Revista Antropofagia
Oswald de Andrade  Manifesto mais radical, o devorar da cultura e das
técnicas importadas
O manifesto escrito por Oswald de Andrade foi  Deglutição cultural
inicialmente publicado no jornal Correio da Manhã,
 Inspiração no quadro Abaporu de Tarsila do Amaral -
edição de 18 de março de 1924; no ano seguinte, uma
Abaporu (Aba = índio/homem/gente) +
forma reduzida e alterada do manifesto abria o livro de
poesias Pau-Brasil. No manifesto e no livro Pau-Brasil  Busca da identidade nacional
(ilustrado por Tarsila do Amaral), Oswald propõe uma  OSWALD DE ANDRADE, TARSILA DO
literatura extremamente vinculada à realidade AMARAL
brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
RAUL BOPP
1926 Manifesto Regionalista do Recife
Revista de Antropofagia
 Recife – Primeiro Congresso Brasileiro Regionalista A Revista de Antropofagia teve duas fases (ou
"dentições", segundo os antropófagos). A primeira
 Movimento extenso, com 21 títulos
contou com 10 números, publicados entre os meses de
 Articulação inter-regional maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob a direção de
 Defesa de valores plebeus Antônio de Alcântara Machado e a gerência de Raul
 GILBERTO FREYRE (Líder do manifesto). JOSÉ Bopp. A segunda apareceu nas páginas do jornal Diário
LINS DO REGO. de S. Paulo, foram 16 números publicados
semanalmente, de março a agosto de 1929, e seu
Manifesto Regionalista de 1926 "açougueiro" (secretário) era Geraldo Ferraz.

Os anos de 1925 a 1930 marcam a divulgação do FIXANDO OS CONHECIMENTOS!


Modernismo pelos vários estados brasileiros. Assim é A Semana de Arte Moderna 1922, idealizada por um
que o Centro Regionalista do Nordeste, com sede em grupo artístico para colocar a cultura brasileira diante
Recife, lança o Manifesto Regionalista de 1926, em das vanguardas europeias, mostra a realidade brasileira
que procura "desenvolver o sentimento de unidade do e desenvolve não só um movimento artístico mas
Nordeste" dentro dos novos valores modernistas. também político e social. Ela acontece no Teatro
Apresenta como proposta "trabalhar em prol dos Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de
interesses da região nos seus aspectos diversos: sociais, fevereiro de 1922, com apresentações de recitais e

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LITERATURA

poesias, exposições de pintura e escultura, concertos por iniciantes, o movimento vai se estruturando de
musicais e conferências. forma mais vibrante no Rio e em São Paulo,
estendendo-se a Minas e ao polêmico regionalismo
Momento histórico: nordestino. As publicações variadas são fundamentais
 República Velha – 1894 /1930 para o movimento que, extremamente ativo, se
 Greve Geral -1917 estende até 1930, quando menos agressivo, muda de
 Fundação do Partido Comunista rumos, principalmente, com referência à prosa,
 O crack da bolsa de valores de Nova Iorque dominada, tradicionalmente, pela literatura oficial,
ligada à Academia Brasileira de Letras, antagonista dos
Características "futuristas", ou seja, dos modernistas, "rebeldes
excêntricos do período”. A partir dessa data, as novas
Quanto à forma
ideias se generalizam, constituindo-se em padrões de
criatividade. Findo esse primeiro momento, abre-se
 Versos livres espaço para a segunda fase; a fase construtiva que
 Liberdade na escolha de palavras prima pela estabilização das conquistas, com forte
 Síntese na linguagem apelo social.
 Busca de uma língua brasileira
 Pontuação relativa A Poesia - A poesia, produzida na primeira fase,
Quanto ao Conteúdo apropria-se do ritmo, do vocabulário e dos temas da
prosa, constituindo-se no principal veículo de
 Nacionalismo divulgação do movimento. Abandona os modelos
 Ironia e humor tradicionais do Parnasianismo e deixando de lado os
 Poesia-piada recursos formais, adota o verso livre, sem número
 Valorização de temas ligados ao cotidiano determinado de sílabas e sem metrificação, respeitando
 Urbanismo a inspiração poética. A cadência rítmica é mantida
 Valorização do índio próxima da prosa em obediência à alternância de sons
e acentos, demonstrando que a poesia está na essência
Essas novas ideias foram difundidas por algumas ou no contraste das palavras selecionadas. A opção
revistas da época. pelo verso livre expressa a alteração da música
contemporânea, produzida pelo impressionismo, pela
 Revista Klaxon – São Paulo /1922 dissonância, pela influência do jazz e dodecafonia.
 Revista Estética – Rio de Janeiro/1924
O registro do cotidiano aparece valorizado por meio
 A revista – Minas Gerais /1925 de elementos diferenciados, incluindo: a linguagem
 Revista – Minas /1925 coloquial; a associação livre de ideias; uma aparente
 Revista Madrugada – Rio Grande do Sul /1925 falta de lógica; a mescla de sentimentos contrastantes,
 Verde – Minas Gerais /1927 revelando o subconsciente e o nacionalismo. Às vezes,
 Festa – Rio de Janeiro /1927 a preferência recai sobre o "momento poético" -
 Revista de antropofagia /1928 observação de um determinado aspecto ou de um
instante emocional, resultando em condensação
Klaxon poética.

A revista Klaxon - Mensário de Arte Moderna foi o O presente é incorporado aos versos por meio do
primeiro periódico modernista, fruto das agitações de progresso, da máquina, do ritmo da vida moderna. O
1921 e da grande festa que foi a Semana de Arte humor, igualmente empregado, manifesta-se sob a
Moderna. Seu primeiro número circulou com data de forma de ironia ou paradoxo, surgindo o poema-piada,
15 de maio de 1922; a edição dupla, de números 8 e 9, condensação irreverente que busca provocar polêmica.
a última da revista saiu em janeiro de 1923.
Klaxon foi inovadora em todos os sentidos: desde o A Prosa
projeto gráfico (tanto da capa como das páginas A prosa do período não apresenta o mesmo vigor da
internas) até a publicidade das contracapas e da quarta poesia, mas revela conquistas importantes. A
capa (propagandas sérias, como a dos chocolates princípio, demonstra certa densidade, carregada de
Lacta, e propagandas satíricas, como a da imagens, provocando tensão pela expressividade de
"Panuosopho, Pateromnium & Cia." - uma grande cada palavra. Os recursos são variados como: a
fábrica internacional de... sonetos!). Na oposição entre aproximação com a poesia, o apoio na fala coloquial e
o velho e o novo, na proposta de uma concepção na utilização de períodos curtos. Um dos modernistas,
estética diferente, enfim, em todos os aspectos, era Oswald de Andrade, aplica essas experiências não só
uma revista que anunciava a modernidade, o século em seus artigos e manifestos, mas também na obra
XX buzinando (Klaxon era o termo empregado para Memórias Sentimentais de João Miramar (1924).
designar a buzina externa dos automóveis) Trabalha a realidade através de recursos poéticos,
Nessa primeira fase, o rompimento com o velho, a empregando metáforas e trocadilhos. Essa técnica,
necessidade de chocar o público e de divulgar novas aliada a uma "espécie de estética do fragmentário",
ideias estão marcados pelo radicalismo. Enquanto compõe-se de espaços em branco na formatação
várias revistas são criadas por escritores renomados e tipográfica e também na sequência do discurso,

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LITERATURA

cabendo ao leitor a tarefa de dar sentido ao que lê. acaba nas mãos do rico comerciante peruano
Venceslau Pietro Pietra, colecionador de pedras em
Ao lado de Oswald de Andrade, outros escritores se São Paulo. Em companhia de seus dois irmãos -
destacam: Antônio de Alcântara Machado com Pathé Maanape e Jiguê - vem para São Paulo a fim de
Baby, Plínio Salgado com O Estrangeiro, José reconquistar a pedra, que simboliza seu próprio ideal.
Américo de Almeida com Bagaceira. Há os que dão Porém, Venceslau, que está disfarçado de comerciante,
ênfase à experiência léxica e sintática, tendo como é na verdade o gigante Piaimã, comedor de gente; por
suporte a fala coloquial. Mário de Andrade é um de isso, as investidas de Macunaíma contra ele não dão
seus representantes com Amar, Verbo Intransitivo e resultado. Só depois de apelar para a macumba
Macunaíma. Neste último, o novo está, sobretudo, no Macunaíma consegue derrotar o gigante.
emprego da lenda, revelando contornos poéticos, Reconquistada a pedra, Macunaíma retorna ao
derivados da liberdade na escolha do vocabulário, Amazonas e se deixa atrair pela Iara, perdendo
nacionalizando o modo de escrever. definitivamente a pedra. Como já não vê mais graça no
mundo, vai para o céu, onde se transforma em estrela
PRINCIPAIS AUTORES da Constelação Ursa Maior, ficando relegado ao brilho
inútil das estrelas.
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Nascido em São Paulo, estudou história da música, foi
funcionário público, fundou museu, bibliotecas, Nascido em São Paulo, de família rica, viajou muito pela
discotecas, foi um dos mais importantes organizadores Europa onde entrou em contato com as vanguardas
da Semana da Arte Moderna, o principal líder do Europeias. Ficou inimigo de alguns companheiros
modernismo, o mais crítico, politicamente militou pela modernistas, por causa de sua postura, muitas vezes,
democracia. Foi chamado por todos de pai ou papa por agressiva. Promoveu a maior ruptura modernista com as
ter sido o espírito mais culto, mais vasto e mais versátil tradições passadistas e acadêmicas. Querendo
embarcando todos os gêneros literários. incomodar os acomodados, foi um guerrilheiro
Lutou por uma língua brasileira, próxima do povo anarquista, inconformista, inquieto, lutando contra a
(cuspe = guspe, quese = quasi). Valorizou, também, o mediocridade. Ele recriou novas linguagens, novas
brasileirismo e o folclore brasileiro. estruturas de pensamento.
Principais obras: Pauliceia Desvairada (1922); Há uma
gota de sangue em cada poema. (Poemas). Macunaíma, Características de sua obra:
o herói sem nenhum caráter. - Nacionalismo que busca as origens sem perder a visão
crítica da realidade brasileira.
Macunaíma - A paródia como uma forma de repensar a literatura.
Rapsódia escrita em 1926 e publicada em 1928, traz - Valorização do falar cotidiano
uma variedade de motivos populares que Mário de - Análise crítica da sociedade burguesa capitalista.
Andrade juntou de acordo com as afinidades - Inovação da poesia no aspecto formal.
existentes entre eles. Trata-se de uma espécie de
"coquetel" do folclórico e do popular do Brasil. Mário Principais Obras
de Andrade mistura o maravilhoso e o sobre-humano
ao retratar as façanhas de um herói que não apresenta Poesia
rigorosos referenciais espaço-temporais - Macunaíma é  Pau-Brasil (1925)
o representante de todas as épocas e de todos os  Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de
espaços brasileiros. Macunaíma, que leva o subtítulo Andrade (1927)
de "herói sem nenhum caráter", é também o nome do
personagem central, um herói ameríndio que trai e é Romance
traído, que é preguiçoso, indolente, mas esperto e  Os Condenados (1922)
matreiro, individualista e dúbio. Destituído da auréola
 Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
idealizada dos românticos, Macunaíma é o índio
moderno, múltiplo e contraditório. Nasce na selva,  Estrela de Absinto (1927)
filho de uma índia tapanhumas, fala tardiamente e só  Serafim Ponte Grande (1933)
anda quando ouve o som do dinheiro. Vira príncipe e  Marco zero I – A Revolução Melancólica (1943)
trai o irmão Jiguê ao brincar com as cunhadas,  Marco zero II – Chão (1946)
primeiro Sofará e depois Iriqui. Vira homem e mata a
mãe, enganado por Anhangá. Casa-se com Ci, a mãe Teatro
do mato, guerreira amazonas da tribo das Icamiabas.  O homem e o Cavalo (1934)
Macunaíma torna-se o Imperador do Mato Virgem.  A morta (1937)
 O rei da vela (1937)
Após seis meses, tem um filho. A criança morre,
transformando-se em planta do guaraná. Ci, cansada e Leitura e análise
desiludida, vira a estrela Beta da Constelação Senhor feudal
Centauro. Antes de morrer, porém, Ci deixa ao esposo
a muiraquitã, uma pedra talismã que lhe daria a "Se Pedro Segundo
garantia de felicidade. Mas o herói perde a pedra que Vier aqui

nuceconcursos.com.br 105
LITERATURA

Com história  Opus 10 (1952)


Eu boto ele na cadeia.”  Estrela da tarde (1963)
..................................................................................  Estrela da vida inteira (1966)
 Crônicas da província do Brasil (1937)
Brasil
 Guia de Ouro Preto (1938)
"O Zé Pereira chegou de caravela  Itinerário de Pasárgada (1954)
E preguntou pro guarani da mata virgem  Andorinha, andorinha (1966)
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Quando Manuel Bandeira morreu, em outubro de
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! 1968, um jornal dedicou-lhe a manchete Bandeira,
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! enfim, Pasárgada! em referência ao seu mais conhecido
O negro zonzo saído da fornalha poema - Vou-me embora pra Pasárgada. Neste poema
Tomou a palavra e respondeu o poeta evoca a vida que poderia ter sido e que não
— Sim pela graça de Deus foi, uma espécie de paraíso pessoal, lugar de sonhos e
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! de desejos, em que ele poderia realizar as felicidades
E fizeram o Carnaval” mais simples, como andar em burro bravo, subir em
.................................................................................. pau-de-sebo, andar de bicicleta, tomar banho de mar...

Pronominais A enumeração, neste lugar ideal, de fantasias tão


Dê-me um cigarro simples e despojadas já revela um dado biográfico que
Diz a gramática se transformará em fonte de muitos temas da poesia
Do professor e do aluno de Bandeira: a presença da morte, anunciada em plena
E do mulato sabido adolescência, sob a forma de uma tuberculose, doença
Mas o bom negro e o bom branco mortal na época . <...> fui vivendo, morre-não-
Da Nação Brasileira morre, e, em 1914, o doutor Bodner, médico-chefe do
Dizem todos os dias Sanatório de Clavadel, tentando-lhe eu perguntado
Deixa disso camarada quantos anos me restariam de vida, me respondeu
Me dá um cigarro assim: o senhor tem lesões teoricamente incompatíveis
com a vida: no entanto, está sem bacilos, come bem,
Manuel Bandeira dorme bem, não apresenta em suma nenhum sintoma
alarmante. Pode viver cinco, dez, quinze anos... Quem
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu em poderá dizer? Continuei esperando a morte para
1881, em Recife (Pernambuco) e faleceu em 1968. qualquer momento, vivendo sempre como que
Abandonou o curso da Escola Politécnica em São provisoriamente. Pasárgada.
Paulo, devido à tuberculose. Começou como
simbolista, mas ao entrar em contato com os A permanente consciência da morte, a luta contra ela,
modernistas paulistas, diversificou sua obra, tomando a convivência com sua presença - fazedoras de
um outro caminho, e tornando-se um dos melhores ausências - transformam-se poeticamente numa
poetas brasileiros. descoberta essencial de vida, numa valorização intensa
As fatalidades da vida deixam em sua obra cicatrizes da existência mais cotidiana, redescoberta como única,
profundas (morte do pai, da mãe e da irmã, irrepetível, insubstituível. Não é possível separar a
convivência e sofrimento com sua própria doença). experiência de vida da experiência poética do autor de
Buscou na própria vida inspiração para os seus Pasárgada, embora sua poesia - de uma universalidade
grandes temas: de uma lado a família, a morte, a intensa, ardente e simples - não possa ser reduzida a
infância no Recife, o rio Capibaribe; de outro, a acontecimentos biográficos, que se revelam matrizes
constante observação da rua por onde transitam os de imagens, de emoções, de ritmos, transfigurados na
mendigos, as prostitutas, os meninos carvoeiros, os alquimia da criação.
carregadores das feiras, falando o português gostoso O crítico Alfredo Bosi, em sua História concisa da
do Brasil (humor, ceticismo, ironia, tristeza e alegria literatura brasileira, escreve: <...> veremos que a
dos homens, idealização de um mundo melhor. presença do biográfico é ainda poderosa mesmos nos
livros de inspiração absolutamente moderna, como
Principais Obras: Libertinagem, núcleo daquele seu não-me-importismo
irônico, e, no fundo, melancólico, que lhe deu uma
Poesias fisionomia tão cara aos leitores jovens desde 1930. O
 Cinza das horas (1917) adolescente mau curado da tuberculose persiste no
adulto solitário que olha de longe o carnaval da vida e
 Carnaval (1919)
de tudo faz matéria para os ritmos livres do seu
 Ritmo Dissoluto (1924) obrigado distanciamento.
 Libertinagem (1930)
 Estrela da Manhã (1936) A sua obra, escrita ao longo de mais de meio século,
 Lira dos Cinquent’anos (1944) atravessa praticamente toda a história do Modernismo
 Belo Belo (1948) no Brasil e apresenta muitos dos mais expressivos
 Mafuá do Malungo (1948) livros da poesia moderna, como Ritmo dissoluto,

106 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

Libertinagem, Estrela da manhã e outros. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um
tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Último Poema Os amantes moram no Estácio, Rocha, Catete, Rua
General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila
“Assim eu quereria o meu último poema Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado,
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e Rua Clapp, outra vez do Estácio, todos os santos,
menos intencionais Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e
A pureza da chama em que se consomem os a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal,
diamantes mais límpido vestida de organdi azul”.
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação”.
Modernismo em Portugal
Pneumotórax
Fernando Pessoa
“Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos É de suma importância
A vida inteira que podia ter sido e que não foi. relembrarmos primeiramente sobre o
Tosse, tosse, tosse. Modernismo em Portugal antes de
Mandou chamar o médico: começarmos a falar deste grandioso
- Diga trinta e três. poeta.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três... Como toda estética literária advém de um contexto
- Respire. histórico e político, o Modernismo português surgiu
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e sob um clima de grande instabilidade interna, com
o pulmão direito infiltrado. greves sucessivas, aliado às dificuldades trazidas pela
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? eclosão da Primeira Guerra Mundial.
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango
argentino”. O assassinato do rei Carlos X, em 1908 foi o ponto de
partida para a proclamação da República. Com isso,
Porquinho-da-índia surgiu a necessidade de defender as colônias
ultramarinas, razão pela qual o povo português
“Quando eu tinha seis anos manifestou todo o seu saudosismo de maneira
Ganhei um porquinho-da-índia. acentuada.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! A lembrança das antigas glórias marítimas e a
Levava ele pra sala lamentação pelo desconcerto que dominou o país após
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos o desaparecimento de Dom Sebastião serviram de
Ele não gostava: berço para o nascimento de uma revista que
Queria era estar debaixo do fogão. representaria o Modernismo propriamente dito, a
Não fazia caso nenhuma das minhas ternurinhas... revista “Orpheu”, publicada em 1915.
- o meu porquinho-da-índia foi a minha primeira Fazendo parte dela estavam presentes figuras artísticas
namorada”. importantíssimas, tais como:

Neologismo Mário de Sá-Carneiro, Luís Montalvor, José de Almada-


Negreiros e Fernando Pessoa.
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras Seu conteúdo baseava-se no questionamento dos
Que traduzem a ternura mais funda valores estabelecidos estética e literariamente, na
E mais cotidiana. euforia frente às invenções oriundas da Revolução
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Industrial e na libertação de todas as regras e
Intransitivo: convenções referentes à produção artística da época.
Teadoro, Teadora. Os ecos Futuristas na valorização da máquina e da
velocidade aparecem já no primeiro número dos
Tragédia Brasileira versos do poema “Ode triunfal”, de Álvaro de Campos,
um dos heterônimos do poeta em estudo.
“Misael, funcionário da fazenda, com 63 anos de
idade. Dando enfoque principal a Fernando Pessoa, o
mesmo nasceu no dia 13 de junho de 1888 na cidade
Conheceu Maia Elvira na Lapa – prostituta, com sífilis, de Lisboa. Levou uma vida anônima e solitária e
dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os morreu em 1935, vítima de uma cirrose hepática.
dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num Quando falamos deste genioso artista, é necessário
sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, fazermos uma distinção entre todos os poemas que
manicura... Dava tudo quanto ela queria. assinou com o seu verdadeiro nome - poesia ortônima
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, e todos os outros, atribuídos a diferentes heterônimos,
arranjou logo um namorado. dentre os quais destacam-se Alberto Caeiro, Álvaro de
nuceconcursos.com.br 107
LITERATURA

Campos e Ricardo Reis. Os coage e obriga


E eles não nos percebem,
A questão da heteronímia resulta de características Nossa vontade e o nosso pensamento
pessoais referentes à personalidade de Fernando São as mãos pelas quais outros nos guiam
Pessoa: o desdobramento do “eu”, a multiplicação de Para onde eles querem E nós não desejamos.
identidades e a sinceridade do fingimento, uma
condição que patenteou sua criação literária e que deu Álvaro de Campos
origem ao poema que segue:
Heterônimo futurista de Fernando Pessoa, também é
Autopsicografia conhecido pela expressão de uma angústia intensa, que
sucedeu seu entusiasmo com as conquistas da
O poeta é um fingidor. modernidade. Na fase amargurada, o poeta escreveu
Finge tão completamente longos poemas em que revela um grande desencanto
Que chega a fingir que é dor existencial. Como podemos observar:
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve, Tabacaria
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve, Não sou nada.
Mas só a que eles não têm. Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
E assim nas calhas de roda À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Gira, a entreter a razão, Janelas do meu quarto,
Esse comboio de corda Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe
Que se chama coração quem é
Pessoa, Fernando. Lírica e dramática, In: Obras (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
de Fernando Pessoa Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por
gente,
No que se refere aos heterônimos, vejamos: Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Alberto Caeiro Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

É uma poesia aparentemente simples, mas que na Com a morte a por umidade nas paredes e
verdade esconde uma imensa complexidade filosófica, cabelos brancos nos homens,
a qual aborda a questão da percepção do mundo e da Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela
tendência do homem em transformar aquilo que vê estrada de nada. (...).
em símbolos, sendo incapaz de compreender o seu
verdadeiro significado. *Créditos da imagem: Georgios Kollidas / shutterstock
Por Vânia Duarte Graduada em Letras
A Criança

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas


Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe EXERCÍCIOS
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica, TEXTOS PARA AS QUESTÕES DE 1 A 3
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto Texto I
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.
O poeta come amendoim
Ricardo Reis
Noites pesadas de cheiros e calores amontados...
O médico Ricardo Reis é o heterônimo “clássico” de Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil
Fernando Pessoa, pois observa-se em toda sua obra a Andou marcando de moreno os brasileiros.
influência dos clássicos gregos e latinos baseada na Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...
ideologia do “Carpe Diem”, diante da brevidade da vida A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas [dos
e da necessidade de aproveitar o momento. mulatos...
Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.
Anjos ou Deuses Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras
ovais.
Anjos ou deuses, sempre nós tivemos, Só o murmurejo dos cr’em-deus-padre irmanava os
A visão perturbada de que acima [homens de meu país...
De nos e compelindo-nos Duma feita os canhamboras perceberam que não
Agem outras presenças. tinha mais escravos, por causa disso muita virgem do
Como acima dos gados que há nos campos rosário se perdeu...
O nosso esforço, que eles não compreendem,
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LITERATURA

Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta 2. A maneira como o poeta se refere ao passado
[República temporã. político-social da nação (Texto I, v. 5-12,
A gente inda não sabia governar... SUBLINHADOS) nos leva a concluir que:
Progredir, progredimos um tiquinho a) o Brasil de outrora e o do presente são muito
Que o progresso também é uma fatalidade... contrastantes.
Será o que Nosso Senhor quiser!... b) a nação brasileira foi tratada com muita reverência
Estou com desejos de desastres... pelo autor.
Com desejos de Amazonas e dos ventos muriçocas c) o poeta atribui grande importância ao período
Se encostando na canjera dos batentes... imperial.
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido... d) existe um desencanto geral pelo fracasso político de
Tenho desejo de gemer e de morrer... nossos governos.
Brasil... e) não há nostalgia na evocação desse passado.
mastigado na gostosura quente do amendoim...
falado numa língua curumim 3. A característica do estilo modernista ausente no
De palavras incertas num remeleixo melado texto I é:
melancólico... a) a ruptura com as convenções literárias.
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes b) expressão do dinamismo da realidade urbana moderna.
bons... c) valorização da fala brasileira.
Molham meus beiços que dão beijos alastrados d) presença da visão irônica.
E depois semitoam em malícia as rezas bem nascidas... e) emprego do verso livre.
Brasil amado não porque seja minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão nosso onde 4. Leia o poema de Manuel Bandeira
Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço Não sei dançar
aventuroso, Uns tomam éter, outros cocaína.
O gosto dos meus descansos, Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
O balanço das minhas cantigas, amores e danças. Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Brasil que eu sou porque é minha expressão muito Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
[engraçada, Abaixo Amiel!
Porque é o meu sentimento pachorrento, E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e
de dormir. Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Mário de Andrade. Poesias completas. São Paulo : Martins, Perdi a saúde também.
1996. pp.109-110 É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Texto II Eu tomo alegria!
A política é a arte de gerir o Estado, segundo Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou (...) (Libertinagem, Manuel Bandeira)
tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de
explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a
política uma função, ou conjunto das funções do
organismo nacional: é o exercício normal das forças de
uma nação consciente e senhora de si mesma. A Sobre os versos transcritos, assinale a alternativa
politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico incorreta:
dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de a) A melancolia do eu-lírico é apenas aparente:
parasitas inexoráveis. interiormente ele se identifica com a atmosfera festiva
A política é a higiene dos países moralmente sadios. A do carnaval, como se percebe no tom exclamativo de
politicalha, a malária dos povos de moralidade "Eu tomo alegria!"
estragada. b) A perda dos familiares e da saúde são aspectos
autobiográficos do autor presentes no texto.
Rui Barbosa. Texto reproduzido em ROSSIGNOLI, Walter. Português: c) A alegria do carnaval é meio de evasão para eu-lírico,
teoria e prática. 2a ed. que procura alienar-se de seu sofrimento.
São Paulo: Ática, 1992. p. 19
d) O último verso transcrito associa-se ao título do
1. Neste poema de Mário de Andrade, que pertence poema, pois o eu-lírico não participa, de fato, do baile
ao seu livro Clã do Jabuti (1927), o autor exprime de carnaval.
um ponto de vista sentimental bastante particular e) O eu-lírico revela, em tom bem-humorado e
sobre o Brasil. Esse ponto de vista deve ser descompromissado, ser uma pessoa exageradamente
definido como: sensível.
a) uma fé inabalável no futuro do país.
b) uma visão realista das grandezas nacionais. 5. Leia o poema a seguir.
c) um nacionalismo desprovido de efusões patrióticas.
d) um patriotismo de fundo saudosista. Poema retirado de uma notícia de jornal
e) uma nova espécie de ufanismo.
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava
no morro
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LITERATURA

[da Babilônia num barracão sem número. – Respire.


Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro ......................................................................
Bebeu – O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão
Cantou direito infiltrado.
Dançou – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
morreu afogado. (Libertinagem, Manuel Bandeira)

(Libertinagem, Manuel Bandeira) Leia as afirmações a respeito de Pneumotórax, de


Bandeira:
Leia as afirmações a respeito dos versos de I. A inclusão do discurso direto, a pontuação expressiva
Manuel Bandeira: e uma linha tracejada que cria um espaçamento gráfico
I. A originalidade e o aspecto inovador do poema são são recursos que reforçam o tom de prosa do poema e
expressos especialmente por meio do tom de prosa simulam uma dramatização.
narrativa e pela síntese de linguagem que faz lembrar o II. O poema apresenta registro de linguagem
texto jornalístico. essencialmente coloquial, o que contribui para ressaltar
II. O título do poema denuncia a intenção de se registrar o caráter prosaico da situação apresentada.
de modo sucinto, objetivo e impessoal uma notícia. III. A veracidade do que se apresenta no poema se deve à
III. Adotando o princípio modernista de que a arte deve relação inevitável com a doença realmente vivida pelo
ater-se ao cotidiano simples, banal, o poema focaliza poeta Manuel Bandeira.
um episódio corriqueiro relativo a uma única pessoa.
É correto o que se afirma em:
Pode-se afirmar que: a) I.
a) todas as afirmações são corretas. b) II.
b) somente a afirmação I é correta. c) III.
c) somente as afirmações I e II são corretas. d) I e II.
d) somente as afirmações I e III são corretas. e) II e III.
e) somente as afirmações II e III são corretas.
7. Leia os versos de Poética, de Manuel Bandeira:
06.
Poética
Evocação do Recife
Estou farto do lirismo comedido
"Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a Do lirismo bem comportado
casa de [meu avô." (Manuel Bandeira) Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
Irene no céu protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor
"Irene preta Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
Irene boa cunho
Irene sempre de bom humor." [vernáculo de um vocábulo
(Manuel Bandeira)
Abaixo os puristas
Considerando os dois fragmentos acima, pode-se
afirmar que: Todas as palavras sobretudo os barabarismos universais
a) a disposição horizontal do primeiro é mais poética que Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
a vertical do segundo. Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
b) o procedimento anafórico, como recurso poético,
apenas existe no primeiro. (...)
c) o ritmo poético existe, mas está presente só em "Irene
no céu". Quero antes o lirismo dos loucos
d) a presença de recursos estilístico-poéticos marca O lirismo dos bêbedos
igualmente ambos os textos. O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
e) o primeiro é prosaico e o segundo é poético. O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero saber do lirismo que não é libertação.
6. Leia o poema a seguir para responder ao teste.
Nos versos transcritos de Poética, de Manuel
Pneumotórax Bandeira, pode-se identificar a:
I. afirmação de um novo conceito estético, que propõe a
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. rejeição de todos os métodos tradicionais de
a vida inteira que podia ter sido e que não foi composição poética.
Tosse, tosse, tosse. II. condenação da linguagem acadêmica, erudita,
beletrista, valorizada pelo Parnasianismo.
Mandou chamar o médico: III. proposição de substituição de fórmulas poéticas
– Diga trinta e três. tradicionais por formas livres, espontâneas que
– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
110 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

garantam harmonia e comedimento de expressão.


IV. recusa à dissociação entre a espontaneidade do Instruções: As questões de números 11 e 12 referem-
sentimento e da expressão linguística. se ao poema abaixo.

Está correto o que se afirma em: Brasil


a) I e II. "O Zé Pereira chegou de caravela
b) II e III. E preguntou pro guarani da mata virgem
c) I e IV. — Sois cristão?
d) II e IV. — Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
e) III e IV. Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
8. O subtítulo da obra Macunaíma - "herói sem O negro zonzo saído da fornalha
nenhum caráter" - expressa simbolicamente a Tomou a palavra e respondeu
ideia de que o povo brasileiro: — Sim pela graça de Deus
a) obedece a um código moral próprio, particular, Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
baseado na lei do prazer individual. E fizeram o Carnaval”
b) trai a sua cultura original, incorpora a cultura do Oswald de Andrade.
colonizador, perdendo definitivamente a possibilidade
de construir uma identidade coesa. 11. (ENEM/MEC) Este texto apresenta uma versão
c) é volúvel, inconsequente, impulsivo, recusando humorística da formação do Brasil, mostrando-a
qualquer limite para realização de seus anseios. como uma junção de elementos diferentes.
d) reúne atributos demasiadamente variados e Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar
contraditórios, que constroem uma identidade que a visão apresentada pelo texto é
incoerente, indeterminada, indefinível. a) Ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado
e) não preserva sua identidade, rejeitando qualquer da formação nacional, quanto parece sugerir que esse
código moral definido, estável e perene. processo, apesar de tudo, acaba bem.
b) Inovadora, pois mostra que as três raças formadoras
Instrução: (Unifesp/SP) Leia o poema de Oswald — portugueses, negros e índios — pouco
de Andrade e responda às questões de números 09 contribuíram para a formação da identidade brasileira.
e 10. c) Moralizante, na medida em que aponta a precariedade
da formação cristã do Brasil como causa da
Senhor feudal predominância de elementos primitivos e pagãos.
"Se Pedro Segundo d) Preconceituosa, pois critica tanto índios quanto
Vier aqui negros, representando de modo positivo apenas o
Com história elemento europeu, vindo com as caravelas.
Eu boto ele na cadeia.” e) Negativa, pois retrata a formação do Brasil como
incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta
09. (Unifesp/SP) Considere as seguintes de seriedade.
características do Modernismo brasileiro:
I. Busca de uma língua brasileira; 12. (ENEM/MEC) A polifonia, variedade de vozes,
II. Versos livres; presente no poema resulta da manifestação do
III. Ironia e humor. a) Poeta e do colonizador apenas.
Nos versos de Oswald de Andrade, b) Colonizador e do negro apenas.
a) Apenas I está presente. c) Negro e do índio apenas.
b) Apenas III está presente. d) Colonizador, do poeta e do negro apenas.
c) Apenas I e II estão presentes. e) Poeta, do colonizador, do índio e do negro.
d) Apenas I e III estão presentes.
e) I, II e III estão presentes. 13. ENEM - 2010
Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou
10. (Unifesp/SP) Considerando os pressupostos do ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura
Modernismo e da poética oswaldiana, é correto nacional do início do século XX. Elogiada por
afirmar que a alusão a D. Pedro II, figura da corte seus mestres na Europa, Anita se considerava
portuguesa, sugere pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas
a) A reafirmação da base literária brasileira, decalque dos enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato.
valores europeus. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse
b) A negação do valor da literatura portuguesa e a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas
apresenta a brasileira como insuperável. modernistas:
c) A sátira ao referencial artístico português e, por exten- a) buscaram libertar a arte brasileira das normas
são, critica a importação de valores literários europeus. acadêmicas europeias, valorizando as cores, a
d) O confronto entre a arte literária brasileira e a originalidade e os temas nacionais.
portuguesa, elucidando a inevitável influência desta b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até
para a formação daquela. então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação
e) A pouca influência recebida da arte literária artística nacional.
portuguesa, o que confere autenticidade à literatura c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar
brasileira. fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática
nuceconcursos.com.br 111
LITERATURA

educativa. Marque a única opção que não pode ser inferida a


d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras partir da leitura do trecho acima, considerando a
retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à Semana da Arte Moderna.
tradição acadêmica. a) A Semana marcou o início oficial do Modernismo,
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, mas ela também é consequência de fatos literários ou
respeitando limites de temas abordados. não.
b) A Semana aconteceu no momento certo, nem antes
14. O quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, nem depois.
inspirou o Manifesto Antropofágico feito por c) Alguns fatos sociais, históricos e artísticos fizeram
Oswald de Andrade na primeira fase do com que a realização da Semana viesse a ser algo
Modernismo brasileiro. Identifique a relação do natural e necessário.
quadro com o conteúdo do Manifesto: d) Sem a realização da Semana, jamais eclodiria o
movimento modernista.
e) A semana simbolizou, também, a comemoração do
centenário da Independência brasileira.

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente.


Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os
individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. 11. A SEGUNDA FASE (1930-1945)
De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. É o período de maturação e de regionalismo,
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do revelando-se, após as conquistas da geração de 1922,
antropófago. uma fase muito rica na produção de prosa e poesia.
/.../ Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Reflete o momento histórico conturbado, reinante não
Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção só na Europa, mas também no mundo.
do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre
declaração dos direitos do homem. Uma pausa para a pintura!
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E
todas as girls.
(ANDRADE, Oswald. Manifesto
Antropófago (fragmento).

É correto afirmar:
a) O Manifesto Antropófago dá continuidade às ideias
do Verde-amarelo, do qual participou Tarsila.
b) O Manifesto e o quadro ironizam a figura do índio
que representou o herói nacional no Romantismo.
c) A figura deformada do índio mostra a ideia deformada
que o Manifesto tem do povo brasileiro do início do
século XX.
d) A figura do índio e seus rituais antropófagos
simbolizam as ideias nacionalistas e abertura da nossa
cultura para as influências estrangeiras.
e) O quadro Abaporu inspirou o Manifesto
Cândido Torquato Portinari nasceu em uma pequena
Antropófago, mas não relaciona a figura do índio a
cidade do interior Paulista chamada Brodowski, no dia
nenhum ritual.
29 de dezembro de 1903. Aos 15 anos Portinari deixa
São Paulo e vai para o Rio de Janeiro com a intenção
15. Dessa forma, a Semana, em vez de um início, foi
de aprimorar seu talento e estudar na Escola Nacional
um coroamento. A árvore vinha florescendo para
de Belas Artes. No início de sua carreira as principais
dar o fruto. Já a ideia estava sazonada. De modo
características de suas obras eram clássicas, mas com o
que a concretização só dependia de
passar do tempo o artista começa a se interessar pelo
circunstâncias favoráveis para desabrochar. Isso
modernismo.
ocorreu em 1922.
Afrânio Coutinho
Portinari ganha um concurso e consegue uma viagem

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LITERATURA

para a Europa, lá ele entra em contato com outros função do poeta.


pintores e se apaixona pelo movimento modernista, Sua carreira poética pode ser dividida em quatro fases.
movimento esse, considerado marginal no Brasil. Na Cada uma delas é composta por obras que nos
França, Portinari conhece a mulher que passará o resto permitem acompanhar a evolução de seus temas e sua
da sua vida, a uruguaia Maria Martinelli. visão de mundo.
CANDIDO PORTINARI, Retirantes (Retirantes), 1944 1ª fase: Eu maior que o mundo — marcada pela
As principais e mais conhecidas características de poesia irônica. Esta fase (a fase gauche) tem como
Portinari são as pessoas, o homem e a sociedade. características o pessimismo, o isolamento, o
Cândido se preocupava com o social e as suas obras individualismo e a reflexão existencial. Nota-se nesta
representavam isso. Seu quadro “Morro do Rio” foi fase um desencanto em relação ao mundo. Nesta fase,
exposto no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque sem se deixar envolver, o poeta mantém um certo
e, após aceitação da crítica, Portinari ganha uma distanciamento do mundo à sua volta, o que lhe
exposição individual de suas obras. possibilita brincar e soltar a razão, deixando-a entregue
Outras principais características de Portinari são as a si mesma, maquinando incertezas e certezas, mais
cores, muitas cores, porém não muito chamativas. afeitas a negar e anular que a construir. Daí os temas
Portinari conseguia pintar as emoções, suas obras, de do cotidiano, da família, do isolamento, da monotonia
alguma maneira, conseguem fazer o observador sentir entediante das coisas e do viver, expressos numa
e entrar no mundo daquelas pessoas que estão sendo linguagem coloquial plena de ironia seca, sarcasmo e
representadas. Cândido Portinari tinha uma humor desencantado, onde sentimento e emoção são
sensibilidade aos temas sociais que fazem com o que refreados.
apreciador de suas obras se transporte para outra
realidade. Obras características dessa fase: Alguma poesia, Brejo
das almas e Sentimento do mundo, obra já considerada de
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO transição para a fase social.

A Poesia Poema de Sete Faces

Nesta fase construtiva predomina a prosa, enquanto a Carlos Drummond de Andrade


poesia se apresenta de forma mais amadurecida. Não
precisa mais ser irreverente e experimentalista, nem Quando nasci, um anjo torto
chocar o público; agora familiarizado com a nova desses que vivem na sombra
maneira de expressão. As influências de Mário e disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Oswald de Andrade estão presentes na produção As casas espiam os homens
poética pós Semana de Arte Moderna. Os novos que correm atrás de mulheres.
poetas dão continuidade à pesquisa estética anterior, A tarde talvez fosse azul,
mantendo o verso livre e a poesia sintética. não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
A nova técnica está marcada pelo questionamento pernas brancas pretas amarelas.
mais vigoroso da realidade, acompanhada da Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu
indagação do poeta sobre seu fazer literário e sua coração.
interpretação sobre o estar-no-mundo. Consequen- Porém meus olhos
temente, surge uma poesia mais madura e politizada, não perguntam nada.
comprometida com as profundas transformações O homem atrás do bigode
sociais enfrentadas pelo país. Ampliando os temas da é sério, simples e forte.
fase anterior, volta-se para o espiritualismo e o Quase não conversa.
intimismo, presentes em certas obras de Murilo Tem poucos, raros amigos
Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima e Vinicius de o homem atrás dos óculos e do bigode.
Morais. Destaca-se ainda Carlos Drummond de Meu Deus, por que me abandonaste
Andrade. se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
PRINCIPAIS AUTORES (POESIA) Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
CARLOS DRUMMOND DE seria uma rima, não seria uma solução.
ANDRADE Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Nasceu em 1902, em Itabira (Minas Eu não devia te dizer
Gerais) e morreu em 1987. Formado em mas essa lua
Farmácia, não exerceu a profissão. Trabalhou como mas esse conhaque
jornalista em Minas Gerais e no Rio de Janeiro botam a gente comovido como o diabo.
Um dos maiores poetas brasileiros do século XX,
viveu sua vida e construiu sua obra preocupado em 2ª fase: Eu menor que o mundo — marcada pela
ver o mundo ao seu redor – porque, para ele, essa era poesia social. Esta fase, chamada fase social, é
marcada pela vontade do poeta de participar e tentar
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LITERATURA

transformar o mundo, o pessimismo e o isolamento da José, e agora?


1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os
problemas do mundo. Nesta fase, sem se distanciar, Se você gritasse,
deixa-se envolver pela realidade à sua volta e canta a se você gemesse,
impotência e a solidão em um mundo mecânico, frio e se você tocasse,
político; a decepção e a falta de perspectiva diante da a valsa vienense,
fragmentação causada pela guerra; o sofrimento e a se você dormisse,
solidariedade do ser humano brasileiro e universal. se você cansasse,
Temas estes abordados em tons ora esperançosos, ora se você morresse....
desesperançosos, com a mesma ironia, humor e Mas você não morre,
sobriedade. você é duro, José!

Obras características dessa fase: José (1942) e Rosa Sozinho no escuro


do Povo (1945). qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
José sem parede nua
Carlos Drummond de Andrade para se encostar,
sem cavalo preto
E agora, José? que fuja do galope,
A festa acabou, você marcha, José!
a luz apagou, José, para onde?
o povo sumiu,
a noite esfriou, 3ª fase: Eu igual ao mundo — abrange a poesia
e agora, José? metafísica e a objectual.
e agora, Você?
Você que é sem nome, Poesia metafísica. Afastando-se da ótica sociológico-
que zomba dos outros, realista e da representação social-concreta, o poeta
Você que faz versos, volta-se para um simbolismo abstrato. Seu lirismo
que ama, protesta? filosófico reveste-se de um “classicismo moderno”,
e agora, José? em que o poeta concentra-se na escavação do real,
mediante um processo de interrogações e negações
Está sem mulher, que acabam revelando o vazio existencial. O mundo
está sem discurso, apresenta-se como “um vácuo atormentado”, abolindo
está sem carinho, toda a crença e negando toda a esperança possível.
já não pode beber, Obras características dessa fase: Novos
já não pode fumar, poemas, Claro enigma, Fazendeiro do ar e A vida
cuspir já não pode, passada a limpo.
a noite esfriou,
o dia não veio, A ingaia ciência
o bonde não veio,
o riso não veio, A madureza, essa terrível prenda
não veio a utopia que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
e tudo acabou todo sabor gratuito de oferenda
e tudo fugiu sob a glacialidade de uma estela,
e tudo mofou,
e agora, José? a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
E agora, José? o círculo vazio, onde se estenda,
sua doce palavra, e que o mundo converte numa cela.
seu instante de febre,
sua gula e jejum, A madureza sabe o preço exato
sua biblioteca, dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
sua lavra de ouro, e nada pode contra sua ciência
seu terno de vidro,
sua incoerência, e nem contra si mesma. O agudo olfato,
seu ódio, - e agora? o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.
Com a chave na mão
quer abrir a porta, Poesia objectual. Representando uma ruptura em
não existe porta; relação à fase anterior, o poeta abandona a forma fixa,
quer morrer no mar, utilizando o verso que tem apenas a medida e o
mas o mar secou; impulso determinados pela coisa poética a exprimir.
quer ir para Minas, Essa atitude lúdica, a opção concreto-formalista que o
Minas não há mais. poeta agora realiza é uma radicalização de processos

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LITERATURA

estruturais que sempre marcaram seu modo de morrer.


escrever: a preferência pelo prosaico, pelo irônico,
pelo anti-retórico, pelo antilirismo intencional, Sua obra, elaborada ao longo de mais de seis décadas,
acrescido agora de uma exploração dos elementos compreende, como já visto, poesia e prosa. Apesar das
materiais da palavra (a letra impressa, o som, a qualidades e da quantidade da prosa (17 livros de
disposição espacial). crônicas e contos, fora o que ficou nos jornais), o
núcleo de sua produção é a poesia. Drummond
Obra característica dessa fase: Lição de coisas. também escreveu contos e crônicas: Contos de
Aprendiz, Passeios na Ilha, Cadeira de balanço, Os
O PADRE, A MOÇA dias lindos.

Carlos Drummond de Andrade Temas típicos da poesia de Drummond


Lição de Coisas. Editora José Olympio, março de
1962 - O Indivíduo: "um eu todo retorcido". O eu lírico na
poesia de Drummond é complicado, torturado,
O padre furtou a moça, fugiu estilhaçado. Vale ressaltar que o próprio autor já se
Pedras caem no padre, deslizam definia no primeiro poema de seu primeiro livro
A moça grudou no padre, vira sombra, (Alguma Poesia) como um gauche, ou seja, alguém
aragem matinal soprando no padre. desajeitado, deslocado, tímido, posição que marca
Ninguém prende aqueles dois, presença em toda sua obra.
Aquele um - A Terra Natal: a relação com o lugar de origem, que
Negro amor de rendas brancas. o indivíduo deixa para se formar.
Lá vai o padre, - A Família: o indivíduo interroga, sem alegria e sem
atravessa o Piauí, lá vai o padre, sentimentalismo, a estranha realidade familiar, a
bispos correm atrás, lá vai o padre, família que existe nele próprio.
lá vai o padre lá vai o padre lá vai o padre, - Os Amigos: "cantar de amigos" (título que parafraseia
diabo em forma de gente, sagrado. com as Cantigas de Amigo). Homenagens a figuras
Na capela ficou a ausência do padre que o poeta admira, próximas ou distantes, de Mário
E celebra a missa dentro do arcaz. de Andrade a Manuel Bandeira, de Machado de Assis
Longe o padre vai celebrando vai cantando a Charles Chaplin.
todo amor é o amor e ninguém sabe - O Choque Social: o espaço social onde se expressa o
onde Deus acaba e recomeça. indivíduo e as suas limitações face aos outros.
- O Amor: nada romântico ou sentimental, o amor em
A fase final. Em suas últimas produções, o lirismo de Drummond é uma amarga forma de conhecimento
Drummond não assume uma tendência definida ou dos outros e de si próprio
unidirecional. O poeta reelabora alguns temas e - A Poesia: o fazer poético aparece como reflexão ao
formas dos primeiros livros, mas também acrescenta longo da sua poesia.
algumas vertentes novas: a poesia de circunstância e o - Exercícios lúdicos, ou poemas-piada: jogos com
erotismo. Como o próprio nome já diz, as obras desta palavras, por vezes de aparente inocência naïf.
fase (década de 70 e 80), são cheias de recordações do - A Existência: a questão de estar-no-mundo.
poeta. Os temas infância e família são retomados e
aprofundados além dos temas universais já discutidos
anteriormente. CECÍLIA MEIRELES

Obras características dessa fase: Boitempo, A Nasceu em 1901, no Rio de Janeiro, e


falta que ama, Menino antigo, Esquecer para faleceu em 1955, professora, recebeu o
lembrar, A paixão medida, Corpo, Amar se prêmio da Academia Brasileira de
aprende amando, Amor natural. Letras por seu livro Viagem.

Negra (Boitempo I) No plano estilístico – ao contrário do coloquialismo


dos poetas modernos – há em sua obra uma tendência
A negra para tudo à linguagem elevada, sempre carregada de
a negra para todos musicalidade. A música, algumas vezes, parece ser
a negra para capinar plantar mais importante que o próprio sentido dos versos.
regar
colher carregar empilhar no paiol Também a exemplo dos simbolistas, as palavras para a
ensacar autora mais sugerem do que descrevem. Daí a força
lavar passar remendar costurar cozinhar das impressões sensoriais em seus poemas: imagens
rachar lenha visuais e auditivas sucedem-se a todo momento:
limpar a bunda dos nhozinhos O rumor de suas penas era um rumor de fontes
trepar. brancas em tardes morenas. Ressalte-se que certas
A negra para tudo palavras que aparecem continuamente em seus versos,
nada que não seja tudo tudo tudo tais como música, areia, espuma, lua e vento, acabam,
até o minuto de por sua repetição obsessiva, adquirindo uma dimensão
(único trabalho para seu proveito exclusivo)
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LITERATURA

metafórica. Simbolizam o efêmero, aquilo que passa Se permaneço ou me desfaço,


(em geral, os sentimentos do eu-lírico). Opõem-se, por - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo
exemplo, à palavra mar, que é a grande metáfora
daquilo que permanece (em geral, o sofrimento). Sei que canto, e a canção é tudo.
Outro traço de sua poética é o uso de imagens da Tem sangue eterno a asa ritmada.
natureza (a água, o mar, o ar, o vento, o espaço, a rosa, E um dia sei que estarei mudo:
etc.) e do infinito, compondo uma atmosfera de sonho -mais nada”.
e de fuga.
2º Motivo da Rosa
Igualmente no plano temático, a poesia de Cecília A Mário de Andrade
Meireles revela ligações com várias estéticas
tradicionais, especialmente o Simbolismo. Entre os “Por mais que te celebre, não me escutas,
seus motivos dominantes figuram:- O registro de Embora em forma e nácar te assemelhes
estados de ânimo vagos e quase incorpóreos. Neles À concha soante, à musica orelha
predomina uma difusa melancolia e uma noção de Que agrava o mar nas íntimas volutas.
perda amorosa, abandono e solidão.- Uma aguda
consciência da passagem do tempo, da brevidade Deponho-te em cristal, defronte e espelho,
enganosa de todas as coisas, sobremodo dos Sem eco de cisternas ou de grutas...
sentimentos. A atmosfera de dor existencial que Ausências e cegueiras absolutas
emana dos poemas de Cecília Meireles é centrada na Ofereces às vespas e às abelhas
percepção de que tudo passa e de que o fluir do tempo E a quem te adora, ó surda e silenciosa,
dissolve as ilusões e os amores, o corpo e mesmo a E cega e bala e interminável rosa,
memória. Um exemplo desta visão sofrida é Retrato: Que em tempo e aroma e verso te transmutas!
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim
triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o Sem terra nem estrelas brilhas, presa
lábio tão amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, A meu sonho, insensível à beleza
tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração Que és e não sabes, porque não me escutas...”
que nem se mostra. Eu não dei por conta esta VINÍCIUS DE MORAIS
mudança, tão simples, tão certa e fácil: Em que
espelho ficou perdida a minha face? Formado em Direito, Marcus Vinícius de
Melo Morais ingressou na carreira
Um de seus poemas mais conhecidos, O Romanceiro diplomática em 1943, servindo
da Inconfidência (1953), traz uma nova perspectiva sucessivamente em Los Angeles, Paris, Montevidéu e
sobre um importante evento da história brasileira: a novamente em Paris.
Inconfidência Mineira
Obras principais: Novos poemas (1938); Cinco elegias
Poesias: (1943); Poemas, sonetos e baladas (1946)
 Espectros (1919)
 Nunca mais... e poemas dos poemas (1923) A obra de Vinícius de Moraes divide-se em duas fases:
 Baladas para El-rei (1925) I - A primeira fase insere-se na linha de um
 Viagem (1939) neossimbolismo, de conotações místicas, em que há
um debate entre as solicitações da alma e as do corpo.
 Vaga música (1942)
II - A segunda fase, iniciada com Cinco elegias, assinala a
 Mar absoluto (1942) explosão de uma poesia mais viril. "Nela - segundo o
 Retrato natural (1949) próprio Vinícius - estão nitidamente marcados os
 Amor em leonoreta (1952) movimentos de aproximação do mundo material, com
 Doze noturnos de Holanda e O aeronauta (1952) a difícil mas consciente repulsa ao idealismo dos
 Romanceiro da Inconfidência (1953) primeiros anos."
 Pequeno oratório de Santa Clara (1955)
 História, cemitério militar brasileiro (1955) Características principais:

Motivo · Sua tendência ao verbalismo é contida pelo uso


frequente do soneto.
“Eu canto porque o instante existe · Seu grande tema é o amor. O amor em suas múltiplas
E a minha vida está completa. manifestações: saudade, carência, desejo, paixão,
Não sou alegre nem sou triste: espanto. Registra uma nova concepção sentimental,
Sou poeta. mais concreta, mais livre de preconceitos, mais atenta
às mulheres. Em seus poemas, destrói noções como a
Irmão das coisas fugidias, da eternidade do amor - dogma do Brasil patriarcal –
Não sinto gozo nem tormento em versos célebres como aquele "que seja eterno enquanto
Atravesso noites e dias dure", extraído do Soneto da fidelidade.
No vento · A partir dos anos de 1940 e 1950, o poeta se inclina
por uma lírica comprometida com o cotidiano,
Se desmorono ou se edifico, buscando inclusive os grandes dramas sociais do nosso

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LITERATURA

tempo. (O operário em construção e Rosa de Hiroshima, - Período da Poesia Católica (década de 1930): buscava
cujos versos iniciais transcrevemos, são os exemplos “restaurar a poesia em Cristo” (com Jorge de Lima);
mais conhecidos): revisita os versículos bíblicos e a simbologia das
Escrituras.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas - Período Surrealista (a partir de 1941): poesia onírica,
Pensem nas meninas alucinatória; associação de imagens e ideias; aspecto
Cegas inexatas visionário (= imaginação acelerada) e poliédrico
Pensem nas mulheres (=fixação da materialidade das coisas).
Rotas alteradas
Pensem nas feridas - Período Experimental (a partir de 1950): adesão à
Como rosas cálidas poesia experimental (concreta); poesia plástica,
imagética.
Não esqueça: Além de poeta, Vinícius de Moraes
trilhou com êxito a carreira de compositor de música Poema Espiritual
popular, tornando-se o grande letrista da Bossa Nova,
com clássicos como Garota de Ipanema e Chega de Eu me sinto um fragmento de Deus
saudade. A exemplo do soneto, a canção obrigou-o a Como sou um resto de raiz
restringir seus excessos verbais. Um pouco de água dos mares
O braço desgarrado de uma constelação.
Soneto da fidelidade
A matéria pensa por ordem de Deus,
“De tudo, ao meu amor serei atento Transforma-se e evolui por ordem de Deus.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto A matéria variada e bela
Que mesmo em face do maior encanto É uma das formas visíveis do invisível.
Dele se encante mais meu pensamento Cristo, dos filhos do homem és o perfeito.
Quero vivê-lo em cada vão momento Na Igreja há pernas, seios, ventres e cabelos
E em seu louvor hei de espalhar meu canto Em toda parte, até nos altares.
E rir meu riso e derramar meu pranto Há grandes forças de matéria na terra no mar e no ar
Ao seu pesar ou seu contentamento Que se entrelaçam e se casam reproduzindo
Mil versões dos pensamentos divinos.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive A matéria é forte e absoluta
Quem sabe a solidão, fim de quem ama Sem ela não há poesia.

Eu possa me dizer do amor (que tive) Jorge de Lima


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure”. · Poesia Parnasiana e Simbolista (entre 1914 e 1924): na
sua fase inicial, Jorge de Lima ainda estava preso aos
Mar modelos parnasiano e simbolista; valorizava a forma
“Na melancolia de teus olhos fixa do soneto.
Eu sinto a noite se inclinar · Poesia Nordestina: cunho memorialista (recordações
E ouço as cantigas antigas da infância no engenho); regionalismo nordestino;
Do mar temas e ritmos afro-nordestinos; fusão da poesia
negra, cristã e social.
Nos frios espaços de teus braços · Poesia Mística e Católica: simbologia das Escrituras e
Eu me perco em carícias de água arquétipos bíblicos; caráter musical e imagético; teor
E durmo escutando em vão surrealista e estética neobarroca.
O silêncio
Era um cavalo todo feito em lavas
E anseio em teu misterioso seio recoberto de brasas e de espinhos.
Na atonia das ondas redondas. Pelas tardes amenas ele vinha
Náufrago entregue ao fluxo forte e lia o mesmo livro que eu folheava.
Da morte”.
Depois lambia a página, e apagava
Murilo Mendes a memória dos versos mais doridos;
então a escuridão cobria o livro,
- Período Irreverente (antes de 1932): e o cavalo de fogo se encantava.
ainda contaminado pelo “espírito de
demolição” e do tom piadístico da Bem se sabia que ele ainda ardia
Primeira Geração Modernista na salsugem do livro subsistido
(influência do Manifesto Pau-Brasil e e transformado em vagas sublevadas.
do Manifesto Antropófago).
Bem se sabia: o livro que ele lia
era a loucura do homem agoniado
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LITERATURA

em que o íncubo cavalo se nutria. (Vinícius de Moraes)

Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poemas II e IV 2. O poeta refere-se à bomba atômica jogada pelos
EUA sobre Hiroshima como “a rosa”. Esse termo
ATENÇÃO!!! substitui o original porque há entre eles uma
relação de semelhança, resultante da
Jorge de Lima produziu algumas subjetividade de quem o criou. Quando esse
fotomontagens, no final da processo ocorre, tem-se uma metáfora. Essa
década de 1930, que se tornaram figura encontra-se também no seguinte trecho de
públicas através de uma crônica Vinícius de Moraes:
de Mario de Andrade a) As muito feias que me perdoem
no Suplemento de Rotogravura do Mas beleza é fundamental. É preciso
jornal O Estado de São Paulo, na Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso.
primeira quinzena de novembro b) Amo-te como um bicho, simplesmente,
de 1939. Vale lembrar que as De um amor sem mistério e sem virtude
onze fotomontagens que foram enviadas a Mario de Com um desejo maciço e permanente.
Andrade pertencem hoje ao arquivo do IEB – c) Me acordam numa carícia...
Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de O que foi que aconteceu?
São Paulo. Rodrigo telefonou:
MÁRIO DE ANDRADE MORREU.
Jorge de Lima. O nome da Musa (Acervo do IEB) d) Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
EXERCÍCIOS Não tinha chão
e) De repente, não mais que de repente
1. (ESPCEX – 2011) Sobre a poesia da Segunda Fez-se de triste o que se fez amante
Geração modernista, é correto afirmar que E de sozinho o que se fez contente.
3. A função de linguagem presente em “pensem” e
[A] apresenta fortes características regionalistas, assim “não se esqueçam” é a conativa ou de apelo, pela
como a prosa do período. qual, no contexto em que é empregada, o poeta
[B] valoriza as formas fixas, como o soneto, em a) reproduz a linguagem militar, para lembrar as
detrimento à liberdade de expressão. consequências da guerra.
[C] preocupa-se fundamentalmente com o sentido da b) utiliza a linguagem poética para referir-se à bomba
existência humana. atômica.
[D] apresenta forte tendência nacionalista e de crítica à c) dirige-se aos leitores, alertando-os sobre os efeitos
realidade social brasileira. catastróficos da bomba.
[E] é essencialmente experimentalista e inovadora quanto d) expressa seu sentimento de indignidade diante da
a temas e formas de expressão. indiferença que os fatos suscitam.
Texto para as questões 02 e 03. e) usa o imperativo na tentativa de manter contato com
os leitores.
A ROSA DE HIROSHIMA
4. Leia o poema abaixo, “Inscrição na areia”, de
Pensem nas crianças Cecília Meireles.
Mudas telepáticas O meu amor não tem
Pensem nas meninas importância nenhuma. Não
Cegas inexatas tem peso nem de uma rosa de
Pensem nas mulheres espuma!
Rotas alteradas Desfolha-se por quem?
Pensem nas feridas Para quem se perfuma?
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam O meu amor não tem
Da rosa da rosa importância nenhuma.
Da rosa de Hiroshima Nesse texto,
A rosa hereditária a) há lirismo sentimental, pois, ao contrário do que o
A rosa radioativa texto diz, nota-se que o amor tem importância para a
Estúpida e inválida autora.
A rosa com cirrose b) percebe-se que a ironia tão comum na poesia
A antirrosa atômica modernista desmonta a crença no amor romântico.
Sem cor sem perfume c) encontra-se a declaração da impossibilidade do amor
Sem rosa sem nada romântico na poesia moderna.

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LITERATURA

d) o sentimentalismo do poema é bastante marcante b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico,


(veja-se a pontuação), o que faz dele um texto de transformado em batalha épica que exalta a força dos
filiação romântica. ideais dos Inconfidentes.
e) a expressão do amor é romântica, o que se nota pelas c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho
referências aos elementos da natureza. histórico do movimento da Inconfi-dência: a derrota, a
prisão e a morte dos Inconfidentes.
5. (ESPCEX - 2019) Leia as afirmações abaixo sobre d) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da
Carlos Drummond de Andrade: Inconfidência, que, questionada poética-mente,
alcança sua dimensão histórica mais profunda.
I. Preferiu não participar da Semana de Arte Moderna, e) do caráter trágico, que, mesmo sem correspon-der à
mas enviou seu famoso poema “Os Sapos”, que, lido realidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, a
por Ronald de Carvalho, tumultuou o Teatro fim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes.
Municipal.
II. Sua fase “gauche” caracterizou-se pelo pessimismo, Leia estes poemas.
pelo individualismo, pelo isolamento e pela reflexão
existencial. A obra mais importante foi o “Poema de Texto 1 - Autorretrato
Sete Faces”.
III. Na fase social, o eu lírico manifesta interesse pelo seu Provinciano que nunca soube
tempo e pelos problemas cotidianos, buscando a Escolher bem uma gravata;
solidariedade diante das frustrações e das esperanças Pernambucano a quem repugna
humanas. A faca do pernambucano;
IV. A última fase foi marcada pela poesia intimista, de Poeta ruim que na arte da prosa
orientação simbolista, prezando o espiritualismo e Envelheceu na infância da arte,
orientalismo e a musicalidade, traços que podem ser E até mesmo escrevendo crônicas
notados no poema “O motivo da Rosa”. Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Estão corretas as afirmações: Falhado (engoliu um dia
a) I, II e III Um piano, mas o teclado
b) II, III e IV Ficou de fora); sem família,
c) II e III Religião ou filosofia;
d) II e IV Mal tendo a inquietação de espírito
e) III e IV. Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
6. (Enem) Um tísico* profissional.

Ó meio-dia confuso, (Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa.


ó vinte-e-um de abril sinistro, Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.)
que intrigas de ouro e de sonho
houve em tua formação? Texto 2 - Poema de sete faces
Quem ordena, julga e pune?
Quem é culpado e inocente? Quando eu nasci, um anjo torto
Na mesma cova do tempo desses que vivem na sombra
cai o castigo e o perdão. disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Morre a tinta das sentenças As casas espiam os homens
e o sangue dos enforcados... que correm atrás de mulheres.
— liras, espadas e cruzes A tarde talvez fosse azul,
pura cinza agora são. não houvesse tantos desejos.
Na mesma cova, as palavras, (....)
o secreto pensamento, Meu Deus, por que me abandonaste
as coroas e os machados, se sabias que eu não era Deus
mentira e verdade estão. se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
[...] MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: se eu me chamasse Raimundo
Aguilar, 1972. (fragmento) seria uma rima, não seria uma solução.
O poema de Cecília Meireles tem como ponto de Mundo mundo vasto mundo
partida um fato da história nacional, a mais vasto é o meu coração.
Inconfidência Mineira. Nesse poema, a relação
entre texto literário e contexto histórico indica (Carlos Drummond de Andrade. Obra completa.
que a produção literária é sempre uma recriação Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.) (*) tísico=tuberculoso
da realidade, mesmo quando faz referência a um
fato histórico determinado. No poema de Cecília 7. Esses poemas têm em comum o fato de
Meireles, a recriação se concretiza por meio a) descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, b) refletirem um sentimento pessimista.
que, recriado, passa a existir como forma poética c) terem a doença como tema.
desassociada da história nacional. d) narrarem a vida dos autores desde o nascimento.

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LITERATURA

e) defenderem crenças religiosas. (Conjunto de narrativas, escritas entre os anos de 1930


e 1960, por um mesma geração, oriunda de famílias
8. No verso “Meu Deus, por que me abandonaste” oligárquicas decadentes, com uma visão de mundo
do texto 2, Drummond retoma as palavras de crítica, um sentido missionário da literatura e padrões
Cristo, na cruz, pouco antes de morrer. Esse cartísticos bastante próximos do realismo do século
recurso de repetir palavras de outrem equivale a XIX).
a) emprego de termos moralizantes. A bagaceira, de José Américo de Almeida, constitui o
b) uso de vício de linguagem pouco tolerado. romance inaugural do ciclo de 1930.
c) repetição desnecessária de ideias.
d) emprego estilístico da fala de outra pessoa. Características
e) uso de uma pergunta sem resposta.
· Ênfase nas questões ideológicas e sociais. E não mais
9. Da humana condição no projeto estético da geração de 1922
· Rejeição ao experimentalismo técnico e ao gosto pela
Custa o rico entrar no céu paródia, substituídos por um realismo mais ou menos
(Afirma o povo e não erra). trivial: retrato direto da realidade, busca da
Porém muito mais difícil verossimilhança, linearidade narrativa, etc.
É um pobre ficar na terra. · Tipificação social explícita (indivíduos que
representam as várias classes sociais)
QUINTANA, M. Melhores poemas. São Paulo: Global, · Construção de um mundo ficcional que deve dar a
2003. ideia de abrangência e totalidade.
· Tomada de consciência do subdesenvolvimento
Mário Quintana ficou conhecido por seus (atraso e miséria do país)
“quintanares”, nome que o poeta Manuel Bandeira · Denúncia contínua da situação opressiva vivida por
deu a esses quartetos com pequenas observações camponeses e operários
sobre a vida. Nessa perspectiva, os versos do poema · Tentativa de comunicação com as massas através de
Da humana condição ressaltam uma linguagem coloquial
a) a desvalorização da cultura popular. · Valorização da realidade rural que levou os críticos a
b) a falta de sentido da existência humana. designarem o período como regionalista.
c) a irreverência diante das crenças do povo.
d) uma visão irônica das diferenças de classe. A prosa reflete o mesmo momento histórico da
e) um olhar objetivo sobre as diferenças sociais. poesia, cobrindo-se igualmente das preocupações dos
poetas da década de 30. São autores mais
10. Fragmento do poema do poeta mineiro Murilo representativos: José Lins do Rego, Graciliano Ramos,
Mendes (1901-1975). Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Erico Verissimo.

O pastor pianista Nessa fase, a prosa se reveste de caráter mais maduro


e construtivo, refletindo e aproveitando as conquistas
Soltaram os pianos na planície deserta da geração de 1922. A linguagem atinge certo
Onde as sombras dos pássaros vêm beber. equilíbrio e adota uma postura mais documental ao
Eu sou o pastor pianista, expor a realidade brasileira e focalizar o aspecto social.
Vejo ao longe com alegria meus pianos Essa tendência é aplicada nos romances urbanos,
Recortarem os vultos monumentais voltados à exposição da vida nas grandes cidades,
Contra a lua. revelando as desigualdades sociais, observadas na vida
Murilo Mendes urbana brasileira, com destaque para algumas obras de
Erico Verissimo.
Seria possível compararmos o fragmento do poema
“O pastor pianista” com: Os escritores focalizam, ainda, a realidade regional do
a) a poesia parnasiana de Olavo Bilac e de Alberto país, originando a prosa regionalista que destaca a seca
Oliveira, pela presença da temática da arte pela arte. e os flagelos dela decorrentes. Os romancistas
b) os cenários sertanejos e a representação do conflito comprometidos com essa temática são: Rachel de
entre indivíduo e natureza, como presentes em Vidas Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado e
secas, de Graciliano Ramos. Graciliano Ramos. Ao lado dessa tendência, encontra-
c) o indianismo e as metáforas de mestiçagem, como se a prosa intimista ou de sondagem psicológica,
encontrados no romance Iracema, de José de Alencar. elaborada a partir do surgimento da teoria psicanalítica
d) o poema-piada e a desconstrução com efeito de humor freudiana. Seus representantes são: Dionélio Machado,
da temática do amor, característicos da obra de Lúcio Cardoso e Graciliano Ramos. Portanto, a
Oswald de Andrade. denúncia social e a relação do "eu" com o mundo e,
e) o jogo poético entre os planos físico e onírico, como em especial, com o povo brasileiro são o ponto de
recorrente na obra de Jorge de Lima. tensão dos romances do período.

A preocupação mais marcante da prosa é o homem do


A PROSA Nordeste, incluindo sua vida precária e as condições
adversas impostas pela geografia do lugar, pela

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LITERATURA

submissão dos trabalhadores aos proprietários de Recebeu vários prêmios dentre eles Pablo Neruda
terras, advinda de sua grave falta de instrução. O (Rússia, 1989), Luís de Camões (Brasil-Portugal, 1995),
encontro com o povo brasileiro propicia, pois, o Jabuti (Brasil,1959, 1997) e Ministério da Cultura
nascimento do regionalismo, reforçado pelos temas (Brasil,1997)
dedicados à decadência dos engenhos; às regiões de Apesar de tanta popularidade, muitos críticos ainda
cana-de-açúcar; às terras do cacau no sul da Bahia; à tem muita reserva ao analisar suas obras.
vida agreste; às constantes secas, aprofundando as Jorge Amado morreu em 6 de agosto de 2001.
desigualdades sociais; ao movimento migratório; à
mão-de-obra barata, à miséria e à fome. Obras:

Em 1945, encerra-se o período dinâmico do Romance


Modernismo, abrindo espaço para a fase de reflexão,  O país do Carnaval (1913)
devotada aos questionamentos sobre a linguagem, ao  Suor (1934)
retorno a certos modelos estilísticos tradicionais,  Jubiabá (1935)
sobretudo, no início dos anos 50, visando inovações.
 Mar morto (1936)
Some-se a isso que, o término da Segunda Guerra
Mundial (1945) empurra o país para a era industrial e  Capitães de Areia (1937)
passa a contar com um proletariado de grande peso  Terras do sem-fim (1942)
representativo, ávido de participar efetivamente da  São Jorge dos ilhéus (1944)
vida política. Além disso, o país desponta como uma  Seara vermelha (1946)
potência moderna, facilitando o aparecimento da nova  Os subterrâneos da liberdade (1952)
estética, revelando, segundo Antonio Candido, "no seu  Gabriela, cravo e canela (1958)
ritmo histórico, uma adesão profunda aos problemas  Dona flor e seus dois maridos (1967)
da nossa terra e da nossa história contemporânea".
 Tenda dos milagres (1970)
Principais Autores (Romance)  Teresa Batista cansada de guerra (1973)
 Tiêta do agreste (1977)
JORGE AMADO  Farda, fardão e camisola de dormir (1979)
 Tocaia grande, a face obscura (1984)
Nasceu em 10 de agosto de 1912 na Bahia e é
considerado um dos mais populares escritores GRACILIANO RAMOS
brasileiros.
Trabalhou em jornais e formou-se pela Faculdade Nasceu em Quebrângulo, Alagoas. Conheceu bem os
Nacional de Direito no Rio de Janeiro, em 1935. sertões nordestinos onde viveu muito tempo. Passou
Seu primeiro romance - “O País do Carnaval” – foi parte de sua infância em Buíque, Pernambuco, em
publicado em 1931, porém, Jorge Amado só alcançou parte, em Viçosa, Alagoas. Estudou em Maceió, mas
notoriedade com seus dois romances seguintes não cursou nenhuma faculdade. Trabalhou como
chamados: “Cacau” e “Suor”. revisor de jornais no Rio de Janeiro. Elegeu-se prefeito
Em abril de 1961, foi eleito para integrar a Academia em Palmeira dos Índios. Tinha ligações com o partido
Brasileira de Letras. Comunista Brasileiro, o que ocasionou sua prisão em
1936.
Em seus livros, Jorge Amado leva até o leitor o Graciliano Ramos é, sem dúvida, o romancista que
dia-a-dia dos personagens marginalizados que soube exprimir, com maior agudeza, a dura realidade
vivem em Salvador (homens do cais do porto, do homem nordestino sem se deixar encantar pelo
pescadores, menores abandonados, pais-de-santo, pitoresco da região.
prostitutas, malandros), além de abordar também Fazendo com que o psicológico prevalecesse sobre o
vários costumes provincianos e festas populares. social, o que Graciliano investiga é o homem vivendo
o drama irreproduzível de seu destino, ou seja, o
Ao citar estes personagens e abordar questões de homem universal.
interesse social, o escritor denuncia a miséria e a
opressão em que vivem essas pessoas. Obras:
Suas obras apresentam altos e baixos, o escritor abusa
dos clichês e não tem cuidado formal. Apesar disso, ao Romance
lermos seus romances temos uma vasta visão da  Caetés (1933)
sociedade baiana.  São Bernardo (1934)
 Angústia (1936)
O tom coloquial e popular de suas obras cativou o
 Vidas Secas (1938)
público que se encantou com seus livros que foram
traduzidos em vários países.

Muitas de suas obras viraram novela (“Tieta”), série de


Vidas Secas, de Graciliano Ramos
TV (“Teresa Batista”) ou filme (“Dona Flor e seus
dois maridos”).
 Análise da obra
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LITERATURA

de não dar nome às crianças, para caracterizar a vida


Narrado em 3ª pessoa (ao contrário das obras mesquinha e sem sentido em que vivem os retirantes,
anteriores de Graciliano Ramos), Vidas Secas pertence que não têm consciência de sua situação, embora,
a um gênero intermediário entre romance e livro de ainda nesse primeiro capítulo, Fabiano e Vitória
contos. Nesta obra não é a personagem que ressalta sonhem com uma vida melhor: "Sinhá Vitória,
nele, mas o narrador que se faz sentir pelo discurso queimando o assento no chão, as moas cruzadas segurando os
indireto, construído em frases curtas, incisivas, joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se
enxutas, quase sempre em períodos simples. A obra relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo
pertence a um gênero intermediário entre romance e numa confusão.
livro de contos. Possui 13 capítulos até certo ponto
autônomos, mas que se ligam pela repetição de alguns Mais adiante é Fabiano quem sonha: "Sinhá Vitória
motivos e temas, como a paisagem árida, a vestiria uma saia larga de ramagens. A cara murcha de sinhá
zoomorfização e antropomorfização das criaturas, os Vitória remoçaria, as nádegas bambas de sinhá Vitória
pensamentos fragmentados das personagens e seu engrossariam, a roupa encarnada de sinhá Vitória provoca ria a
consequente problema de linguagem, seu Tomás da inveja das outras caboclas ... e ele, Fabiano, seria o vaqueiro,
bolandeira, a cama de varas de sinhá Vitória etc. para bem dizer seria o dono daquele mundo... Os meninos se
espojariam na terra fofa do chiqueiro das cabras. Chocalhos
O que une os episódios no livro é a utilização de tilintariam pelos arredores. A caatinga ficaria verde.
vários motivos recorrentes (a paisagem árida, a
zoomorfização e antropomorfização das criaturas, os Capítulo 2 - Fabiano
pensamentos fragmentados das personagens e seu
consequente problema de linguagem, seu Tomás da Mostra o homem embrutecido, mas ainda capaz de
bolandeira, a cama de varas de sinhá Vitória etc.), que analisar a si próprio. Tem a consciência de que mal
dada a sua redundância e a maneira como são sabe falar, embora admire os que sabem se expressar.
distribuídos, chegam a constituir um verdadeiro E chega à conclusão de que não passa de um bicho.
substituto da ação e da trama do livro.
Capítulo 3 – Cadeia
Também as personagens são focalizadas uma por vez,
o que mostra o afastamento existente entre elas. Cada Aqui, pela primeira vez, aparece a figura do soldado
uma tem sua vida particular, acentuando-se a solidão amarelo, que mais tarde voltará simbolizando a
em que vivem. Vidas Secas é, portanto, a dramática autoridade do governo. Igualmente, pela primeira vez,
descrição de pessoas que não conseguem comunicar- insinua-se a ideia de que não é apenas a seca que faz
se. Nem os opressores comunicam-se com os de Fabiano e sua família pessoas animalizadas. Ele é
oprimidos, nem cada grupo comunica-se entre si. A preso sem qualquer motivo e toma a analisar sua
nota predominante do livro é o desencontro dos seres. situação de homem-bicho. Só que, desta vez, não tem
Os diálogos são raros e as palavras ou frases que vêm mais coragem de sonhar com um futuro melhor. Ao
diretamente da boca das personagens são apenas fim do capítulo, temos Fabiano ciente de sua condição
xingatórios, exclamações, ou mesmo grunhidos. A de homem vencido e, pior ainda, sem ilusões com
terra é seca, mas sobretudo o homem é seco. Daí o relação à vida de seus filhos.
título Vidas Secas. O discurso do narrador é igualmente
construído com frases curtas, incisivas, enxutas, quase Capítulo 4 - Sinhá Vitória
sempre períodos simples. Escritor extremamente
contido, com o pavor da verbosidade, Graciliano Se as aspirações do marido resumem-se em saber usar
prefere a eloquência das situações fixadas à eloquência as palavras adequadas a uma situação, a de Vitória é
puramente verbal. O que há de libelo no livro se inclui uma cama de couro. Também essa cama será motivo
na sua própria estrutura e não em discursos das diversas vezes repetido no decorrer da obra, como
personagens ou do autor. veremos adiante. Além de ser a personagem que
melhor articula palavras e expressões, consequência de
Enredo ser talvez a que mais tem tempo para pensar, uma vez
que Fabiano trabalha o dia todo e à noite dorme, sem
Capítulo 1 – Mudança ter coragem para devaneios ou para falsear sua dura
realidade, ela é caracterizada como esperta e descobre
É a história da retirada de uma família, fugindo da que o patrão rouba nas contas do marido (no
seca. Fazem parte dela Fabiano, sua esposa Vitória, capítulo Contas).
dois filhos, caracterizados pelo autor apenas como "
menino mais novo" e "o menino mais velho", e a Capítulo 5 - O Menino Mais Novo
cachorra Baleia (deve-se lembrar que o romance fala
em seis viventes, contando com o papagaio que eles Também ele possui um ideal na vida: o de se
comeram por não haver comida por perto). Nesse identificar ao pai. No início do capítulo: "Naquele
capítulo temos a descrição da terra árida e do momento Fabiano lhe causava grande admiração."
sofrimento da família. As personagens não se
comunicam; apenas duas vezes o pai, irritado com o Adiante: "Evidentemente ele não era Fabiano. Mas se fosse?
menino mais velho, xinga-o. Essa falta de diálogos Precisava mostrar que podia ser Fabiano."
permanece por todo o livro, como também a intenção

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LITERATURA

Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as


Em seguida: "E precisava crescer ficar tão grande como mãos de Fabiano. Um Fabiano enorme. As crianças se
Fabiano, matar cabras à mão de pilão, trazer uma faca de esposariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num
ponta na cintura. Ia crescer espichar-se numa cama de varas, chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás gordos,
fumar cigarros de palha, calçar sapatos de couro cru." enormes."

E finalmente: "Ao regressar, apear-se-ia num pulo e andaria Percebe-se, aliás, que dos seis componentes da família,
no pátio assim, torto, de perneiras, gibão, guarda-peito e chapéu Baleia é quem, ao lado de Vitória, com maior clareza,
de couro com barbicocho. O menino mais velho e Baleia ficariam consegue elaborar seus devaneios.
admirados."
Capítulo 10 – Contas
Capítulo 6 - O Menino Mais Velho
É outro capítulo melancólico. Se em Cadeia Fabiano
"Tinha um vocabulário quase tão minguado coma o da conscientiza-se de que há no mundo homens que, por
papagaio que morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de possuírem uma posição social diferente da dele,
exclamações e de gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a podem machucá-lo, se em Festa os familiares
língua, com movimentos fáceis de entender Todos o percebem sua situação inferior e desajeitada e sentem-
abandonavam, a cadelinha era o único vivente que lhe mostrava se ridículos, agora chegam à conclusão de que pessoas
simpatia." O nível das aspirações dos componentes da com dinheiro também podem aproveitar-se deles. São
família decresce cada vez mais. O ideal do menino duas as reações de Fabiano ao notar-se roubado pelo
mais velho é o de ter um amigo. A amizade de Baleia patrão: primeiro revolta, depois descrença e
já lhe servia: "O menino continuava a abraçá-la. E Baleia resignação. Vale a pena ressaltar nesse capítulo que é
encolhia-separa não magoá-lo, sofria a carícia excessiva." sinhá Vitória quem percebe que as contas do patrão
estão erradas. Ela é caracterizada como a mais arguta e
Capítulo 7 – Inverno perspicaz dos seis viventes da família.

Temos a descrição de uma noite chuvosa e os temores Capítulo 11 - O Soldado Amarelo


e devaneios que desperta na família de Fabiano. A
chuva inundava tudo, quase inundava a casa deles Temos uma descrição mais profunda desta
também, mas eles sabiam que dentro em pouco a seca personagem. Observa-se que, fisicamente, é menos
tomaria conta de suas vidas outra vez. forte que Fabiano; moralmente é uma pessoa corrupta,
enquanto Fabiano é honesto; contudo é por ele
Capítulo 8 – Festa respeitado e temido, por ocupar o lugar de
representante do governo.
Apresenta primeiramente os preparativos
da família, em casa, para ir à festa de Natal na cidade e, Capítulo 12 - O Mundo Coberto de Penas
em seguida, dirigindo-se à festa. É, senão o mais, um
dos mais melancólicos capítulos do livro — quando as A seca está para chegar outra vez, prenunciando mais
personagens centrais da história, em contato com miséria e sofrimento. Fabiano faz um resumo de todas
outras pessoas, sentem-se mais humilhadas, as desgraças que têm marcado sua vida. Há muito não
mesquinhas e até mesmo ridículas. Percebem a sonha mais. Seus problemas agora são livrar-se de
distância em que se encontram dos demais seres e isso certo sentimento de culpa por ter matado Baleia e
é novo motivo de humilhação para eles. Resta a sinhá fugir de novo.
Vitória a solução do devaneio: "Sinhá Vitória enxergava,
através das barracas, a cama de seu Tomás da bolandeira. Uma Capítulo 13 – Fuga
cama de verdade."
Continua a análise de Fabiano a respeito de sua vida.
Para Fabiano, não há esperanças: "Fabiano roncava de A esposa junta-se a ele e refletem juntos pela primeira
papo para cima... Sonhava agoniado... Fabiano se agitava. vez. Vitória é mais otimista e consegue transmitir-lhe
Soprando. Muitos soldados amarelos tinham aparecido, um pouco de paz e esperança por algum tempo. E
pisavam-lhe os pés com enormes retinas e ameaçavam-no com numa mistura de sonhos, descrenças e frustrações
facões terríveis." termina o livro. Graciliano Ramos transmite uma visão
amarga da vida dos retirantes
Capítulo 9 – Baleia
Comentários
Conta a morte da cachorra. Caíra-lhe o pelo, estava
pele e ossos, o corpo enchera-se de chagas. Fabiano Vidas Secas começa por uma fuga e acaba com outra.
resolve matá-la para aliviar os sofrimentos dela. Os No início da leitura tem-se a impressão de que
filhos percebem a situação, magoados e feridos por Fabiano e sua família fogem da seca: "Entrava dia e saía
perderem um “irmão”: "Ela era como uma pessoa da dia. As noites cobriam a terra de chofre. A tampa anilada
família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do
diferenciavam..." poente. Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos
Já ferida, com os demais membros da família agarraram-se, somaram-se as suas desgraças e os seus pavores."
chorando e rezando por ela, Baleia espera a morte
sonhando com outro tipo de vida: "Baleia queria dormir
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LITERATURA

O último capítulo, Fuga, descreve cena semelhante: "A


vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se Fabiano entrevê na organização do Estado a entidade
tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços franzidos que humilha; o representante dessa entidade, às vezes,
rezando rezas desesperadas. Encolhido no banto do copiar e até frágil, mas a estrutura condiciona o humilhado à
Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas secas se incapacidade de reagir.
pulverizavam, torturadas pelos redemoinhos, e os garranchos se
torciam, negros, torrados. No céu azul as últimas arribações Entre os dois mundos que acabamos de descrever
tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, “não há um sistema de trocas, senão um mecanismo
devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus de opressão e bloqueio”. O que parece ser importante
um milagre. Mas quando a fazenda se despovoou. Viu que tudo para Graciliano Ramos é denunciar a desigualdade
estava perdido, combinou a viagem com a mulher; matou o entre os homens, a opressão social, a injustiça. São
bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com esses os temas de Vidas Secas, por isso foi dito no
a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar início desta análise que o livro não deve ser
aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao inundo, considerado apenas regionalista. Em momento algum
como negro fugido. o esmagamento de Fabiano e de sua família é
explicado apenas pela seca ou por qualquer fator
O romance decorre entre duas situações idênticas, de geográfico.
tal modo que a fim, encontrando o princípio, fecha a
ação num circulo. Entre a seca e as águas, a vida do Já foi feita uma referência anteriormente sobre a
sertanejo se organiza, do berço à sepultura, a modo de consciência de Fabiano quanto à sua condição
retorno perpétuo. animalizada na sociedade a que pertence. Affonso
Romano de Sant’Ana faz uma aproximação de
Mas será apenas a seca o motivo dessa fuga? Fabiano à Baleia, e de sinhá Vitória ao papagaio.
Percebemos no romance a descrição de dois mundos: Segundo ele, o pensamento de Fabiano, no capítulo
o mundo de Fabiano e o mundo composto pela que recebe seu nome, passa por três etapas:
sociedade. Do primeiro, fazem parte Fabiano, sinhá
Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo, "Primeiramente, ele se considera positivamente dizendo: —
Baleia e o papagaio. Do segundo, seu Tomás da Fabiano, você é um homem’. Depois se estuda com menos
bolandeira, o patrão de Fabiano e o soldado amarelo. otimismo, e considerando mais realisticamente sua situação se
Tanto as personagens do primeiro grupo como as do corrige ‘— Você é um bicho, Fabiano - Ou seja: um indivíduo
segundo vivem na mesma região, sofrendo todas a que não sendo exatamente um homem, pelo menos sabia se
mesma seca. Por que não foge dela o patrão de safar dos problemas. No entanto, poucas frases adiante, nova
Fabiano? Porque ele possui as terras e o dinheiro, alteração se dá em suas considerações. E de homem que se
porque ele emprega os trabalhadores segundo suas aceitara apenas como um bicho esperto, ele se coloca como um
próprias leis, fazendo deles meros escravos sem animal: “o corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois
qualquer direito a uma vida digna e independente. arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
Entristeceu.
Caracterizado como dono e opressor, o patrão não
tem necessidade de fugir da seca. De seu Tomás Decaindo do ponto mais elevado da escala, passando a individuo
também Fabiano sente-se distante. Porque seu Tomás apenas esperto e depois a um semelhante do animal, Fabiano
era culto, sabia comunicar-se com precisão, ao passo termina por se aproximar de Baleia, a quem, em contraposição,
que ele, Fabiano, só sabia grunhir e mal articulava uma em seu diálogo-a-um ele considera: “— Você é bicho,
ou outra palavra. Baleia ‘, Nesta frase estaria integrado o sentido duplo do termo
“bicho ‘. aplicado a Baleia: animal / esperteza, positivo /
Se o dinheiro do patrão representa um fator de negativo. Uma análise mais interessada nestes levantamentos
humilhação para Fabiano, a linguagem de seu Tomás poderia perfilar dentro do livro todos os processos sistemáticos de
significa a cultura e a educação que Fabiano jamais zoomorfização dos animais, destacando principalmente os verbos
poderá possuir. E ele se humilha mais uma vez. e adjetivos conferidos a um e outro elemento numa mesma
simbiose metafórica.
Seu Tomás simboliza ainda um status econômico de
segurança e conforto. De fato, sinhá Vitória manifesta A identificação entre sinhá Vitória e o papagaio
sempre o desejo de possuir uma cama igual a dele, e acentua-se sobretudo no capítulo Sinhá Vitória, quando
esse sonho é a mais alta aspiração que possui. ela tenta perceber o sentido da comparação que seu
O soldado amarelo, por sua vez, simboliza o governo. marido fizera do seu modo de caminhar com o do
Metido num “fuzuê sem motivo”, Fabiano acaba papagaio: "Ressentido, Fabiano condenara os sapatos de
preso. Temos agora um Fabiano não apenas verniz que ela usara nas festas, caros e inúteis. Calçada naquilo,
humilhado, mas vencido, consciente de sua situação trôpega, mexia-se como papagaio, era ridícula."
animalizada dentro de uma sociedade em que os mais
fortes sempre vencem os mais fracos. E é por esse A partir dai a imagem dos pés de Vitória vai se
mesmo motivo que, no capítulo O Soldado Amarelo, fundindo à imagem do papagaio, até que estilisti-
ficando as duas personagens, lado a lado, sem mais camente a superposição se destaca em frases como
ninguém por perto e Fabiano, podendo revidar a essas: Olhou os pés novamente. Pobre do louro. Aí o
injustiça anteriormente sofrida, resolve deixá-lo em adjetivo pobre já não se refere exclusivamente ao
paz. papagaio que foi morto para matar a fome da família,

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LITERATURA

mas descreve a própria sinhá Vitória tão “infeliz” um império, de onde o coronel José Paulino dirige,
como aquele “pobre louro “. No resto do capítulo, o guia os destinos de todos. E, em consequência, Carlos
autor usa de um processo de recorrência da imagem da considera-se e é considerado pelos servos, escravos e
ave, agora ampliando-lhe a área semântica, referindo- agregados o "coronelzinho" cujas vontades têm que
se à galinha, especialmente a “galinha pedrês", ser rigorosamente realizadas. Descreve com emoção a
devorada pela raposa. vida dos escravos, a senzala, o sofrimento e os castigos
do "tronco”. Outra cena a ser destacada é a
JOSÉ LINS DO REGO "enchente" do rio, vista através dos sustos e admiração
de Carlos. Uma descrição de grandiosidade bíblica.
Nasceu em 1901, em Pilar (Paraíba) e faleceu em 1957. Também vêm à tona as superstições e crendices
Formou-se em Direito, exercendo o cargo de comuns entre as camadas populares, como a do
promotor público. Fez parte da Academia Brasileira de "lobisomem". O romance se passa na região limítrofe
Letras. Foi criado num engenho, fato que influenciou entre Pernambuco e Paraíba, o que é deduzido através
toda a sua obra: das descrições de paisagem e da vida dos engenhos de
açúcar. São mostrados os bandidos, cangaceiros,
Obras: comuns na região, como única forma de reação social
Romance de um povo oprimido. Personagens: Tia Maria- moça
 Menino de engenho (1932) que, com ternura, amor e carinho, vai substituir a mãe
 Doidinho (1933) na memória de Carlos. Tio Juca- tio que, levando o
menino da cidade para o engenho, apresenta-lhe o
 Banguê (1934)
mundo novo do engenho e também o próprio avô. Tia
 O moleque Ricardo (1935) Sinhazinha, velha de uns sessenta anos despótica que
 Usina (1936) dirigia o engenho. Casada com um dos homens mais
 Pureza (1937) ricos da região, de quem estava separada desde o
 Riacho Doce (1937) começo do matrimônio, esta velha tirânica será o
 Pedra Bonita (1938) tormento da vida do menino. As negras, os moleques,
 Água – mãe (1941) todos tinham que se submeter à sua dureza e
 Fogo morto (1943) crueldade.
 Eurídice (1947)
RAQUEL DE QUEIROZ
 Cangaceiros (1953)
Nasceu em 1910, dedicou-se ao jornalismo e à
“Estas histórias do meu avô me prendiam a
tradução, militou durante algum tempo junto à
atenção de um modo bem diferente daquelas da
esquerda política. A terra e a tradição nordestinas
velha Totonha. Não apelavam para a minha
eram, no entanto, os pontos mais altos de sua
imaginação. Para o fantástico. Não tinham a
preocupação humanista.
solução milagrosa das outras. Puros fatos
Sua literatura é concisa e descarnada, perfeita
diversos, mas que se gravavam na minha
tradução do mundo que retrata: a seca e a miséria do
memória como incidentes a que eu tivesse
sertão.
assistido. Era uma obra de cronista, bulindo de
realidade”.
Obras
Romance:
Menino de Engenho
 O quinze
Narrado na primeira pessoa, por Carlos Melo, é o  João Miguel
primeiro livro do ciclo da cana-de-açúcar. O que  Caminho de pedras
constatamos é que o biógrafo foi superado pela  As três Marias
imaginação criadora do romancista. A realidade bruta é  O galo de ouro
recriada através da criatividade do gênero nordestino.  Memorial de Maria Moura
É a história típica, natural e sem retoques de uma
criança, Carlos, órfão de pai e mãe e que, aos oito anos O Quinze
de idade, vem viver com o avô, o maior proprietário
de terras da região-Coronel José Paulino. Carlos é O Quinze, obra de estreia de Rachel de Queiroz na
criado sem a repressão familiar e mesmo sem os literatura, narra o êxodo de trabalhadores da região de
cuidados e atenções que lhe seriam necessárias diante Logradouro e de Quixadá, no sertão cearense, para a
das experiências da vida. Vê o mundo, aprende o bem capital, Fortaleza, onde esperavam encontrar meios
e o mal e chega a uma talvez precocidade acerca dos para sobreviver à seca até chegar o inverno (estação
hábitos que lhe eram "proibidos", mas inevitáveis de das chuvas).
serem adquiridos. Pela ausência de orientação, torna-se Como história paralela à do êxodo, narra-se o caso de
viciado, corrompido aos doze anos de idade. Além dos amor entre a professora Conceição, que acode os
problemas íntimos do menino desorientado para a flagelados, e o caboclo Vicente, que coloca a terra
vida e para o sexo, temos a análise do mundo em que acima de tudo.
vivia, visto por Carlos, que é a personagem narradora.
Carlos vê o avô como um verdadeiro Deus, uma figura
de grandiosidade inatingível. O Engenho é o mundo, Os capítulos selecionados de O Quinze apontam para
nuceconcursos.com.br 125
LITERATURA

a figura de Conceição, moça de origem sertaneja, mas original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em
evoluída nos padrões culturais, que já não aceita a suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa
condição submissa da mulher. de fontes quinhentistas, a procura de uma “língua
brasileira”.

EXERCÍCIOS 4. Cândido Portinari é considerado um dos símbolos


do Modernismo brasileiro. Não só a sua temática
1. (ESPCEX – 2015) Leia o trecho a seguir e é revolucionária, como também a sua forma de
responda. expressá-la. Levando em consideração as
“O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não características estéticas e artísticas desse pintor e
seja: que situado sertão é por os campos- -gerais a fora o momento histórico da produção de sua obra,
a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais observe o seu quadro, O lavrador de café e, a
do Urucúia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, seguir, julgue os itens em (V) para verdadeiro ou
então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! (F) para falso e marque a alternativa que
Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de apresenta a sequência correta.
fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem
topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu
cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O
Urucúia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na
beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem
de vargens de bom render, as vazantes; culturas que
vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda
virgens dessas lá há. Os gerais corre em volta. Esses
gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer
aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de
opiniães... O sertão está em toda parte.”
Quanto ao trecho, é correto afirmar que
[A] não há ponto de vista do narrador, que apenas relata I. O quadro mostra que, com o advento do
as impressões alheias. Modernismo, os artistas tiveram maior liberdade de
[B] apresenta alguns neologismos, como “toleima”, expressão e alguns valores fizeram-se presentes: a
“almargem”, “opiniães” e “oestes”. denúncia social e a necessidade de valorização do que
[C] não há abordagem universal, a passagem constitui é nacional, deixando de lado a idealização.
apenas uma descrição do sertão. II. Apesar da figura do negro ser robusta e musculosa, os
[D] o trecho transpõe os limites do regional, alcançando a pés e as mãos desenhados são grandes demais para o
dimensão universal. resto do corpo, tornando-se metonímias
[E] transparece todo misticismo sertanejo, baseado apenas representantes da força de trabalho.
nos dois extremos: o bem e o mal. III. O negro é o protagonista da tela, pois não há mais
ninguém com ele e em todo quadro, importando
2. Assinale a alternativa que corresponde às ideias somente a relação entre ele e a terra. Isso o torna um
de Fabiano sobre a leitura. herói, símbolo da classe proletária.
a) Ler ajuda a vencer as dificuldades da vida. IV. O trem, presente no segundo plano da tela (lado
b) Ler não ajuda a afastar os problemas. esquerdo), refere-se à implantação de ferrovias para a
c) A leitura torna as pessoas mais autoritárias. expansão da cafeicultura no interior paulista, durante o
d) O bom leitor é um patrão intransigente. período em que ocorria a chamada “política do café
e) O maior problema do Nordeste é o analfabetismo. com leite”.
V. A principal intenção de Portinari, no quadro anterior,
3. (ESPCEX – 2015) Assinale a alternativa que é mostrar a importância e a influência que o café,
contém uma das características da segunda fase produzido em São Paulo, teve para a economia
modernista brasileira. brasileira, durante a República Velha (1889-1930).
[A] Os efeitos da crise econômica mundial e os choques
ideológicos que levaram a posições mais definidas a) V, V, V, V e V
formavam um campo propício ao desenvolvimento de b) V, V, V, F e V
um romance caracterizado pela denúncia social. c) F, V, V, V e F
[B] Na poesia, ganha corpo uma geração de poetas que se d) V, V, V, F e F
opõem às conquistas e inovações dos primeiros e) V, V, V, V e F
modernistas de 1922. Uma nova proposta é defendida
inicialmente pela revista Orfeu. 5. (ESPCEX – 2015) Leia o trecho do romance “São
[C] O período de 1930 a 1945 é o mais radical do Bernardo” e dê o que se pede.
movimento modernista, pela necessidade de ruptura “(...)
com toda arte passadista. O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro.
[D] As revistas e manifestos marcam o segundo momento Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos
modernista, com a divulgação do movimento pelos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O
vários estados brasileiros. resultado é que endureci, calejei, e não é um
[E] Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá

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LITERATURA

dentro a sensibilidade embotada. espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em


(...) seco" indica a voz do narrador em terceira pessoa, ao
Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma mostrar o estado de agonia em que se encontra a
pessoa a vida inteira sem saber para quê! personagem.
Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas d) A expressão “Forjara planos”, típica da linguagem
as manhãs e sair correndo, procurando comida! E culta, é seguida no texto por um provérbio popular:
depois guardar comida para os filhos, para os netos, “quem é do chão não se trepa”. Essa mudança de
para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! registro linguístico é reveladora do método narrativo
Não é bom vir o diabo e levar tudo? de Vidas secas, que subordina a voz das classes
(...) populares à da elite.
Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível e) O texto tem início com a esperança de Fabiano de
recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse mudanças em sua situação econômica; a seguir, passa a
possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que focalizar a realidade de pobreza em que a personagem
aconteceu. Não consigo modificar-me, é o se encontra, e finaliza com sua revolta e angústia
que mais me aflige. diante da condição de empregado, sempre em dívida
(...) com o patrão.
Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado.
Devo ter um coração miúdo, lacunas no 07. (ESPCEX – 2014) “(...)
cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. – Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com
enormes. certeza iam admirar-se ouvindo-o
(...)” falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas
Quanto ao trecho lido, é correto afirmar que um cabra ocupado em guardar coisas
[A] há predomínio de uma visão ufanista do narrador. dos outros. Vermelho, queimando, tinha os olhos azuis, a
[B] o intimismo dificulta uma visão crítica. barba e os cabelos ruivos; mas como
[C] a abordagem universal permite alcançar à dimensão vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios,
regional. descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos
[D] a incapacidade de modificar o modo de vida revela e julgava-se cabra.
traços deterministas. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos,
[E] o narrador externo explora conflitos internos do alguém tivesse percebido a frase imprudente.
personagem. Corrigiu-a, murmurando:
– Você é um bicho, Fabiano.
6. O texto abaixo apresenta uma passagem do Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um
romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, em bicho, capaz de vencer dificuldades.”
que Fabiano é focalizado em um momento de (Fragmento de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos)
preocupação com sua situação econômica.
Escrito em 1938, esta obra insere-se num A partir do texto apresentado, é correto afirmar que o
momento em que a literatura brasileira centrava personagem Fabiano
seus temas em questões de natureza social. [A] subestima-se pela própria condição animal.
"Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a [B] questiona a própria condição humana.
cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. [C] valoriza-se como ser humano.
Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à [D] sente vergonha da condição animal.
gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. [E] abomina a própria condição animal.
Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os
recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco."
8. Texto I
(In: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 55. ed. Rio de Logo depois transferiram para o trapiche o depósito
Janeiro: Record, 1991.) dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava.
Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não
Sobre este trecho do romance, somente está mais estranhas, porém, que aqueles meninos,
INCORRETO o que se afirma na alternativa: moleques de todas as cores e de idades as mais
a) Este trecho resume a situação de permanente pobreza variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite
de Fabiano e revela-se como uma crítica à economia se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e
brasileira e às relações de trabalho que vigoravam no dormiam, indiferentes ao vento que circundava o
sertão nordestino no momento em que a obra foi casarão uivando, indiferentes
criada. Isso pode ser confirmado pelas orações: "... à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos
Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos
gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes…" presos às canções que vinham das embarcações...
b) A oração: "Se pudesse economizar durante alguns meses,
levantaria a cabeça" tanto pode ser o discurso do AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das
narrador que revela o pensamento de Fabiano, quanto Letras, 2008 (fragmento).
pode ser o próprio pensamento dessa personagem.
Esse modo de narrar também ocorre com as demais Texto II
personagens do romance. À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do
c) A oração: "... Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando mercado de peixe, erque-se o velho ingazeiro — ali os
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LITERATURA

bêbados são felizes. Curitiba os considera animais 1. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica
sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em
pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do protagonista privilegiado do romance social de 30.
mercado. 2. A incorporação do pobre e de outros marginalizados
indica a tendência da ficção brasileira da década de 30
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de de tentar superar a grande distância entre o intelectual
Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento). e as camadas populares.
3. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados conseguiram, com suas obras, modificar a posição
são exemplos de uma abordagem literária social do sertanejo na realidade nacional.
recorrente na literatura brasileira do século XX.
Em ambos os textos, É correto apenas o que se afirma em:
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos a) I.
personagens marginalizados. b) II.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em c) III.
relação aos personagens. d) I e II.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a e) II e III.
sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das 10. No texto II, verifica-se que o autor utiliza
marcas de sua exclusão. a) linguagem predominantemente formal, para
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos problematizar, na composição de Vidas Secas,
marginalizados é direta. a relação entre o escritor e o personagem popular.
b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar
TEXTOS PARA AS QUESTÕES 09 E 10. a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.
c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente
Texto I uma história que apresenta o roceiro pobre de
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o forma pitoresca.
segurava era a família. Vivia preso como um novilho d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do
amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não texto literário em prosa, para analisar determinado
fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé momento da literatura brasileira.
não. (…) Tinha aqueles cambões pendurados ao e) linguagem regionalista, para transmitir informa-
pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória ções sobre literatura, valendo-se de coloquialismo,
dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns para facilitar o entendimento do texto.
brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam
as reses de um patrão invisível, seriam pisados,
maltratados, machucados por um soldado amarelo.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23. ed., 1969, 12. MODERNISMO 3ª FASE /
p. 75. NEOMODERNISMO (1945-1960)

Texto II
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro,
enigmático, impermeável. Não há solução fácil para Em reação à postura muito politizada da fase anterior,
uma tentativa de incorporação dessa figura no campo os poetas dessa geração voltam para um neo-
da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis parnasianismo, que se preocupa com o apuro formal e
soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, foge a temas considerados banais. Dentre esses
elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, autores – Geir Campos (Coroa de sonetos), Péricles
uma constituição de narrador em que narrador e Eugênio da Silva Ramos (Poesia quase completa),
criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande Alphonsus de Guimaraens Filho (Lume de estrelas),
medida, o debate acontece porque, para a Ledo Ivo (Acontecimento do soneto) – destaca-se
intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, João Cabral de Melo Neto (Educação pela pedra,
a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, Morte e vida Severina), pela inventividade verbal e
ainda é visto como um ser humano de segunda intensidade da participação nos problemas sociais. O
categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos mais importante livro de poesia dessa fase,
demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, influenciado pelas ideias dessa geração de artistas, é
com pretenso não envolvimento da voz que controla a Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Na
narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que prosa, João Guimarães Rosa e Clarice Lispector (A
essas pessoas seriam plenamente capazes. maçã no escuro) revolucionam o uso da linguagem.
João Guimarães Rosa (1908-1967) nasce em
Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, Cordisburgo, Minas Gerais. Médico, torna-se
n.º 2, 2001, p. 254.
diplomata em 1934. Exerce a medicina no interior de
Minas. Como diplomata trabalha em Hamburgo
9. A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das
(Alemanha), Bogotá (Colômbia) e Paris (França). Sua
informações do texto II, relativas às concepções
obra explora o manancial dos falares regionais, pondo-
artísticas do romance social de 1930, avalie as
o a serviço de uma escrita complexa, de imensa
seguintes afirmativas.
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LITERATURA

criatividade: Grande sertão: veredas é uma epopéia resgata a sutileza do elo entre a fala e o texto literário.
ambientada no interior de Minas Gerais, que transpõe
para o Brasil o mito da luta entre o ser humano e o Obras:
diabo.  Sagarana (1946)
 Corpo de baile (1956)
 Grande sertão: veredas (1956)
 Primeiras estórias (1962)
 Tutaméia: terceiras estórias (1967)
 Estas estrias (1969)
 Ave, palavra (1970)
 Corpo de baile (1956)

PRIMEIRAS ESTÓRIAS
Obra publicada em 1962, reúne 21 contos.
Trata-se do primeiro conjunto de histórias compactas
a seguir a linha do conto tradicional, daí o "Primeiras"
do título. O escritos acrescenta, logo após, o termo
estória, tomando-o emprestado do inglês, em oposição
Clarice Lispector (1926-1977) vem da Ucrânia para o ao termo História, designando algo mais próximo da
Brasil recém-nascida e é levada pela família para o invenção, ficção.
Recife. Em 1934 muda-se para o Rio de Janeiro. No volume, aborda as diferentes faces do gênero: a
Escreve o primeiro romance, Perto do coração psicológica, a fantástica, a autobiográfica, a anedótica,
selvagem, aos 17 anos. Em livros como A paixão a satírica, vazadas em diferentes tons: o cômico, o
segundo GH, Uma aprendizagem ou o livro dos trágico, o patético, o lírico, o sarcástico, o erudito, o
prazeres, A hora da estrela leva o subjetivo ao limite, popular.
deixando à mostra o fluxo da consciência e rompendo As estórias captam episódios aparentemente banais.
com o enredo factual. As ocorrências farejadas através dos protagonistas
João Cabral de Melo Neto, pernambucano, trabalha transformam-se de uma espécie de milagre que surge
grande parte de sua vida na Espanha como diplomata. do nada, do que não se vê, como diz o próprio
Sua poesia objetiva recusa sentimentalismos e traços Guimarães Rosa;
supérfluos. Morte e vida Severina, relato da viagem de "Quando nada acontece, há um milagre que não
um nordestino para o litoral que, no seu caminho, só estamos vendo".
encontra sinais de morte, é a obra que melhor Este milagre pode ser então, responsável pela poesia
equilibra rigor formal e temática social. extraída dos fatos mais corriqueiros, pela beleza de
Fonte: www.brasilliteratura.hpg.ig.com.br
pensar no cotidiano e não apenas vivê-lo, pelo amor
Momento Histórico que se pode ter pelas coisas da terra, pelo homem
simples, pelo mistério da vida. Dos "causos " narrados
brotam encanto e magia frutos da sensibilidade de um
 Fim do Estado Novo
poeta deslumbrado com a paisagem natural e/ou
 Mandato de Juscelino Kubtschek
recriada de Minas Gerais.
 1964 – 1978: ditadura militar
ENREDOS
Características
 Retrocesso em relação às conquistas de 1922
I - "As margens da alegria".
 Volta ao passado, revalorização da rima, métrica, Um menino descobre a vida, em ciclos alternados de
vocabulário erudito e das referências mitológicas. alegria (viagem de avião, deslumbramento pela flora, e
 Passadismo, academicismo fauna) e tristeza (morte do peru e derrubada de uma
 Introdução de uma nova cultura internacional nas árvore).
letras brasileiras.
 Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + II - "Famigerado".
maturidade artística. Nacionalismo + universalismo. O jagunço Damázio Siqueira atormenta-se com um
 Linguagem oralizada. problema vocabular: ouviu a palavra "famigerado" de
 Repetição de palavras um moço do governo e vai procurar o farmacêutico,
 Termo do falar sertanejo pessoa letrada do lugar, para saber se tal termo era um
 Termos que indicam fala e interlocução. insulto contra ele, jagunço.
 Frases truncadas.
III - "Sorôco, sua mãe, sua filha".
JOÃO GUIMARÃES ROSA Um trem aguarda a chegada da mãe e da filha de
Sorôco, para conduzi-las ao manicômio de Barbacena.
Considerado o maior criador em prosa do Durante o trajeto até a estação, levadas por Sorôco,
século XX, nasceu em Minas Gerais, estudou elas começam surpreendentemente a cantar.
medicina, trabalhou no interior de São Paulo como Quando o trem parte, Sorôco volta para casa cantando
médico da Força Pública. Conhecedor de uma dezena a mesma canção, e os amigos da cidadezinha,
de idiomas, possui narrativas mitopoéticas em que solidariamente, cantam junto.
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LITERATURA

foi atrás. O delegado, misto de filósofo, justiceiro e


IV - "A menina e lá". poeta, depois de ouvir pacientemente a queixa,
Nhinhinha possuía dotes paranormais: seus desejos, procura o conquistador e, sem a mínima hesitação,
por mais estranhos que fossem, sempre se realizavam. mata-o, justificando o fato como necessário, em nome
Isolados na roça, seus parentes guardam em segredo o da paz e do bemestar do universo.
fenômeno, para dele tirar proveito. As reticentes falas
da menina tinham caráter de premonição: por X - "Seqüência".
exemplo, o pai reclamara da impiedosa seca. Uma vaca fugitiva retorna a sua fazenda de origem.
Nhinhinha "quis" um arco-íris, que se fez no céu, Decidido a resgatá-la, um vaqueiro persegue-a com
depois de alentadora chuva. Quando ela pede um incomum denodo. Ao chegar à fazenda para onde a
caixãozinho cor-de-rosa com enfeites brilhantes vaca retornara, o vaqueiro descobre que havia outro
ninguém percebe que o que ela queria era morrer... motivo para sua determinação: a filha do fazendeiro,
com quem o rapaz se casa.
V - "Os irmão Dagobé".
O valentão Damastor Dagobé, depois de muito XI - "O espelho".
ridicularizar Liojorge, é morto por ele. No arraial, Um sujeito se coloca diante de um espelho,
todos dão como certa a vingança dos outros Dagobé: procurando reeducar seu olhar. Apagando as imagens
Doricão, Dismundo e Derval. A expectativa da do seu rosto externo. A progressão desses exercícios
revanche cresce quando Liojorge comunica a intenção lhe permite, daí a algum tempo, conhecer sua
de participar do enterro de Damastor. fisionomia mais pura, a que revela a imagem de sua
Para surpresa de todos, os irmãos não só concordam, essência.
como justificam a atitude de Liojorge, dizendo que
Damastor teve o fim que mereceu. XII - "Nada e a nossa condição".
O fazendeiro Tio Man 'Antônio, com a morte da
VI - "A terceira margem do rio". esposa e o casamento das filhas, sente-se envelhecido
Um homem abandona família e sociedade, para viver à e solitário. Decide vender o gado, distribuindo o
deriva numa canoa, no meio de um grande rio. Com o dinheiro entre as filhas e genros.
tempo, todos, menos o filho primogênito, desistem de A seguir, divide sua fazenda em lotes e os distribui
apelar para o seu retorno e se mudam do lugar. O entre os empregados, estipulando em testamento uma
filho, por vínculo de amor, esforça-se para condição que só deveria ser revelada quando morresse.
compreender o gesto paterno: por isso, ali permanece Quando o fato ocorre, os empregados colocam seu
por muitos anos. corpo na mesa da sala da casa-grande e incendeiam a
Já de cabelos brancos e tomado por intensa culpa, ele casa: a insólita cerimônia de cremação era seu último
decide substituir o pai na canoa e comunica-lhe sua desejo.
decisão. Quando o pai faz menção de se aproximar, o
filho se apavora e foge, para viver o resto de seus dias
ruminando seu "falimento" e sua covardia. XIII - "O cavalo que bebia cerveja".
Giovânio era um velho italiano de hábitos excêntricos:
VII - "Pirlimpsiquice". comia caramujo e dava cerveja para cavalo. Isso o
Um grupo de colegiais ensaia um drama para tornara alvo da atenção do delegado e de funcionários
apresentá-lo na festa do colégio. No dia da apre- do Consulado, que convocam o empregado da chácara
sentação, há um imprevisto, e um dos atores se vê de "seo Giovânio", Reivalino, para um interrogatório.
obrigado a faltar. Como não havia mais possibilidade Notando que o empregado ficava cada vez mais
de se adiar a apresentação, os adolescentes improvisam ressabiado e curioso, o italiano resolve então abrir a
uma comédia, que é entusiasticamente bem recebida sua casa para Reivalino e para o delegado: dentro havia
pela platéia. um cavalo branco empalhado.
Passado um tempo, outra surpresa: Giovânio leva
VIII - "Nenhum, nenhuma". Reivalino até a sala, onde o corpo de seu irmão Josepe,
Uma criança, não se sabe se em sonho ou realidade, desfigurado pela guerra, jazia no chão. Reivalino é
passa férias numa fazenda, em companhia de um casal incumbido de enterrá-lo, conforme a tradição cristã.
de noivos, de um homem triste e de uma velha Com isso, afeiçoa-se cada vez mais ao patrão, a ponto
velhíssima, de quem a noiva cuidava. de ser nomeado seu herdeiro quando o italiano morre.
O casal interrompe o noivado, e o menino, que
conhecera o Amor observando-os, volta para a casa XIV - "Um moço muito branco".
paterna. Lá chegando, explode sua fúria diante dos Os habitantes de Serro Frio, numa noite de novembro
pais ao notar que eles se suportavam, pois tinham de 1872, têm a impressão de que um disco voador
transformado seu casamento num desastre atravessou o espaço, depois de um terremoto. Após
confortável. esses eventos, aparece na fazenda de Hilário Cordeiro
um moço muito branco, portando roupas
IX - "Fatalidade". maltrapilhas.
Zé Centeralfe procura o delegado de uma cidadezinha, Com seu ar angelical, impõe-se como um ser superior,
queixando-se de que Herculinão Socó vivia cantando capaz de prodígios: os negócios de Hilário Cordeiro, o
sua esposa. A situação tornara-se tão insuportável que fazendeiro que o acolheu, têm uma guinada
o casal mudara de arraial. Não adiantou: o Herculinão espantosamente positiva. Depois de fatos igualmente

130 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

miraculosos, o moço desaparece do memo modo que Embora preocupado com a ascendência da moça,
chegara. Sionésio sente que a paixão é maior que o preconceito
e pede-a em casamento.
XV - "Luas-de-mel".
Joaquim Norberto e Sa- Maria Andreza recebem em XX - "Tarantão, meu patrão".
sua fazenda um casal fugitivo, versão sertaneja de O fazendeiro João - de - Barros - Dinis - Robertes tem
Romeu e Julieta. Certos de que os capangas do pai da uma surpreendente explosão de vitalidade em sua
moça virão resgatá-la, todos se preparam para um velhice caduca. Como se fora um Quixote, determina-
enfrentamento: a casa da fazenda transforma-se num se a matar seu médico: o Magrinho, seu sobrinho -
castelo fortificado. neto. Ao longo da viagem rumo à cidade, recruta um
É nesse clima de tensão que se celebra o casamento bando de desocupados, ciganos e jagunços, que
dos jovens, a que se segue a lua-de-mel, que acontece acatam sua liderança, pelo carisma natural do velho.
em dose dupla: dos noivos e do velho casal de Chegando à "frente de batalha", Tarantão percebe que
anfitriões, cujo amor fora reavivado com o fato. Na era dia de festa: uma das filhas de Magrinho fazia
manhã seguinte, a expectativa se esvazia com a aniversário. O susto inicial, provocado pela invasão do
chegada do irmão da donzela, que propõe solução "exército", transforma-se em alívio quando o velho
satisfatória para o caso. discursa, dizendo de seu apreço pela família e pelos
novos amigos, colecionados ao longo da última
XVI - "Partida do audaz navegante". cavalgada.
Quatro crianças, três irmãs e um primo, brincam
dentro de casa, aguardando o término da chuva. A XXI - "Os cimos".
caçula, Brejeirinha , brinca com o que lhe dava mais O menino da primeira estória revela agora a face do
prazer: as palavras. Inventa uma estória do tipo sofrimento, causado pela doença da Mãe, fato que
Simbad, o marujo, que ganha novos elementos quando apressa sua viagem de volta à casa paterna.
todos vão brincar no quintal, à beira de um riacho. Os últimos dias de férias são de preocupação. O
Liberando sua fantasia, Brejeirinha transforma um Menino só relaxava quando via, todas as manhãs e
excremento de gado no "audaz navegante", sempre à mesma hora, um tucano se aproximar da
colocando-o para navegar riacho abaixo. casa dos rios, onde se hospedava. Num processo de
sublimação, desencadeado pela beleza da ave, o
XVII - "A benfazeja". Menino ganha energia para resistir e para transferir à
Mula-Marmela era mulher de Mumbungo, sujeito Mãe uma carga de fluidos mentais positivos, que lhe
perverso que se excitava com o sangue de suas vítimas. permitam superar a doença.
Esse vampiro tinha um filho, Retrupé, cujo prazer só Quando o Tio o procura para comunicar a melhora da
diferia do do pai quanto à faixa etária das vítimas: Mãe, o Menino experimenta momentos de êxtase, pois
preferia as mais frescas. só ele sabia do motivo da cura.
Apesar de amar seu homem e ser correspondida, Grande Sertão: Veredas
Mula-Marmela não hesitara em matá-lo e depois cegar
Retrupé, de quem se torna guia. Passado algum tempo, Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais,
resolve assassiná-lo: percebe que esta seria a única conta sua vida de jagunço a um ouvinte não
maneira de refrear o instinto de lobisomem do rapaz. identificado. Trata-se de um monólogo onde a fala do
outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de
XVIII - "Darandina". disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes
Um sujeito bem- vestido rouba uma caneta, é vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que
surpreendido e, para escapar dos que o perseguem, este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. Toda a
escala uma palmeira. Uma multidão acompanha narração é intercalada por vários momentos de
atentamente os esforços das autoridades, que reflexão sobre as coisas e os acontecimentos do sertão.
procuram convencer o rapaz a descer. O assunto parece sempre girar na existência ou
Resistindo, ele diz frases desconexas e tira toda a inexistência do diabo, já que Riobaldo parece ter
roupa, revelando notável equilíbrio físico. A sessão de vendido sua alma numa certa ocasião... Riobaldo era
nudismo leva um médico a nova tentativa de diálogo. um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o
Ao se aproximar, o médico percebe que o sujeito caminho a bala. Entre seus companheiros, havia um
voltara à normalidade e que, envergonhado, pedia que muito o agradava: Reinaldo, ou Diadorim.
socorro. Conhecera-o quando menino e mantinha com ele uma
A multidão, sentindo-se ludibriada, não aceita essa relação que muitas vezes passava de uma simples
sanidade repentina e se dispõe a linchá-lo. Sentindo o amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um
risco, o sujeito berra um grito de louvor à liberdade, terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda
motivo bastante para a multidão ovacioná-lo e carregá- aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que
lo nos ombros. ia contra toda a rudeza do sertão, beirando, inclusive,
o amor e os ciúmes. Nas longas tramas e aventuras
XIX - "Substância". dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o
O fazendeiro Sionésio apaixona-se por sua empregada chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles
Maria Exita, que fora abandonada pela família e criada homens, que logo começa a mostrar certa confiança
pela peneireira Nhatiaga. Na fazenda, o ofício de por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo
Maria Exita era o de quebrar polvilho, trabalho duro perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e
mas que a moça realizava com prazer e competência. assassinado por um dos seus companheiros chamado
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LITERATURA

Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue


Hermógenes e seus homens por toda aquela árida
região. Como o medo da morte e uma curiosidade
sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais
conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto
entre o jagunço e o príncipe das trevas, apesar de não
explícito. Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que Morte e Vida Severina
Riobaldo começa a mudar à medida que o combate
final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente Análise da obra “Morte e Vida Severina”, de João
raiva do jagunço só é contida por uma relação mais Cabral de Melo Neto
estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor Morte e Vida Severina, o texto mais popular de João
completo. Segue-se, então, o encontro com Cabral de Melo Neto, é um auto de natal do folclore
Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim pernambucano e, também, da tradição ibérica. Foi
saboreada por Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou escrito entre 1954-55.
amarga: Hermógenes mata, durante o combate, o Naquela ocasião, Maria Clara Machado, que dirigia o
grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas teatro Tablado, no Rio, pedira que João Cabral
páginas, uma surpreendente revelação: na hora de escrevesse algo sobre retirantes. O poeta escreveu,
lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe que o então, um grupo de poemas dramáticos, para "serem
velho amigo de aventuras que sempre o cativou, de lidos em voz alta" e os dedicou a Rubem Braga e
uma forma especial, era, na verdade, uma mulher. Fernando Sabino, "que tiveram a idéia deste
repertório".
Morte Vida Severina tem como subtítulo Auto de Natal
pernambucano e tem inspiração nos autos pastoris
medievais ibéricos, além de espelhar-se na cultura
JOÃO CABRAL DE MELO NETO popular nordestina. É por esse motivo que, no poema,
João Cabral usa preferencialmente o verso
Nasceu em 1920 em Recife heptassilábico, a chamada "medida velha", ou
(Pernambuco). Diplomata, foi redondilho maior, verso sonoroso e facilmente obtido.
membro da Academia Brasileira de
Letras. É o mais importante poeta Morte e Vida Severina estruralmente está dividida em 18
das últimas décadas. Sua obra partes; no entanto, outra divisão muito nítida pode ser
trabalha com a construção da poesia. feita quanto à temática: da parte 1 a 9, compreende-se
o périplo de Severino até o Recife, seguindo sempre o
Obras: rio Capibaribe, ou o "fio da vida" que ele se dispõe a
 Pedra do sono (1942) seguir, mesmo quando o rio lhe falta e dele só
 O engenheiro (1945) encontra a leve marca no chão crestado pelo sol. Da
parte 10 a 18, o retirante está no Recife ou em seus
 Psicologia da composição (1945)
arredores e sofridamente sabe que para ele não há
 O cão sem plumas (1950) nenhuma saída, a não ser aquela que presenciou no
 O rio (1954) percurso: a morte.
 Morte e vida Severina (1956)
 Paisagens com figura (1956)
 Uma faca só lâmina (1956) Sua linha narrativa segue dois movimentos que
 Terceira feira (1961) aparecem no título: "morte" e "vida". No primeiro,
 A educação pela pedra (1975) temos o trajeto de Severino, personagem-protagonista,
para Recife, em face da opressão econômico-social,
 Museu de tudo (1975)
Severino tem a força coletiva de uma personagem
 Auto do frade (1984) típica: representa o retirante nordestino. No segundo
 Agrestes (1985) movimento, o da "vida", o autor não coloca a euforia
da ressurreição da vida dos autos tradicionais, ao
Psicologia da Composição contrário, o otimismo que aí ocorre é de confiança no
homem, em sua capacidade de resolver os problemas
Saio de meu poema sociais.
Como quem lava as mãos.
Algumas conchas tornaram-se, O auto de natal Morte e Vida Severina possui estrutura
Que o sol da atenção dramática: é uma peça de teatro. Severino,
Cristalizou. Alguma palavra personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se à
Que desabrochei, como a um pássaro. vida severina, à condição severina, à miséria.
Talvez alguma concha
Dessas (ou pássaro) lembre, O retirante vem do sertão para o litoral, seguindo a
Côncava, o corpo do gesto trilha do rio Capibaribe. Quando atinge o Recife,
Extinto que o ar já preencheu. depois de encontrar muitas mortes pelo caminho,
Talvez, como a camisa desengana-se com o sonho da cidade grande e do
Vazia, que despi. mar.
(...)
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LITERATURA

e até gente não nascida).


Resolve então "saltar fora da ponte e da vida", Somos muitos Severinos
atirando-se no Capibaribe. Enquanto se prepara para iguais em tudo e na sina:
morrer e conversa com seu José, uma mulher anuncia a de abrandar estas pedras
que o filho deste "saltou para dentro da vida" (nasceu). suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
Severino assiste ao auto de natal (encenação terra sempre mais extinta,
comemorativa do nascimento). Seu José, mestre a de querer arrancar
carpina, tenta demover Severino da resolução de algum roçado da cinza.
"saltar fora da ponte e da vida".
Neste trecho, Severino retirante se apresenta às
Passagens da obra pessoas e tenta, quando mais possa, logo de início
individualizar-se. Para tanto, usa referências pessoais,
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É de sobrenomes e nomes e geográficas. Inútil, ele é
E A QUE VAI apenas um igual a tantos outros Severinos e, desse
modo, difícil é desidentificar-se de maneira a
— O meu nome é Severino, distanciar-se deles, os seus iguais em sofrimento, dor,
como não tenho outro de pia. busca, no mesmo espaço geográfico da secura, fome,
Como há muitos Severinos, miséria e ignorância.
que é santo de romaria,
deram então de me chamar A partir do 31o verso, no entanto, sua fala deixa de ser
Severino de Maria; individualizada. Ao observar que "somos muitos
como há muitos Severinos Severinos/iguais em tudo na vida:/na mesma cabeça
com mães chamadas Maria, grande/que a custo é que se equilibra..." o retirante
fiquei sendo o da Maria funde sua saga à saga dos outros nordestinos, junta-se
do finado Zacarias. a eles no destino da retirada, da busca de saídas, da
Mas isso ainda diz pouco: procura, pobreza, sofrimentos e sonhos. E,
há muitos na freguesia, corajosamente se anuncia:
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias Mas, para que me conheçam
e que foi o mais antigo melhor Vossas Senhorias
senhor desta sesmaria. e melhor possam seguir
Como então dizer quem fala a história de minha vida,
ora a Vossas Senhorias? passo a ser o Severino
Vejamos: é o Severino que em vossa presença emigra.
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela, APROXIMA-SE DO RETIRANTE O MORADOR
limites da Paraíba. DE UM DOS MOCAMBOS QUE EXISTEM
Mas isso ainda diz pouco: ENTRE O CAIS E A ÁGUA DO RIO
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino — Seu José, mestre carpina,
filhos de tantas Marias que habita este lamaçal,
mulheres de outros tantos, sabes me dizer se o rio
já finados, Zacarias, a esta altura dá vau?
vivendo na mesma serra sabe me dizer se é funda
magra e ossuda em que eu vivia. esta água grossa e carnal?
Somos muitos Severinos — Severino, retirante,
iguais em tudo na vida: jamais o cruzei a nado;
na mesma cabeça grande quando a maré está cheia
que a custo é que se equilibra, vejo passar muitos barcos,
no mesmo ventre crescido barcaças, alvarengas,
sobre as mesmas pernas finas, muitas de grande calado.
e iguais também porque o sangue — Seu José, mestre carpina,
que usamos tem pouca tinta. para cobrir corpo de homem
E se somos Severinos não é preciso muito água:
iguais em tudo na vida, basta que chega ao abdome,
morremos de morte igual, basta que tenha fundura
mesma morte severina: igual à de sua fome.
que é a morte de que se morre — Severino, retirante,
de velhice antes dos trinta, pois não sei o que lhe conte;
de emboscada antes dos vinte, sempre que cruzo este rio
de fome um pouco por dia costumo tomar a ponte;
(de fraqueza e de doença quanto ao vazio do estômago,
é que a morte severina se cruza quando se come.
ataca em qualquer idade, — Seu José, mestre carpina,
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LITERATURA

e quando ponte não há? é, de qualquer forma, vida.


quando os vazios da fome — Seu José, mestre carpina,
não se tem com que cruzar? que diferença faria
quando esses rios sem água se em vez de continuar
são grandes braços de mar? tomasse a melhor saída:
— Severino, retirante, a de saltar, numa noite,
o meu amigo é bem moço; fora da ponte e da vida?
sei que a miséria é mar largo,
não é como qualquer poço: Esse também é um momento dramático e terrível do
mas sei que para cruzá-la auto: Severino encontra-se com seu José, mestre
vale bem qualquer esforço. carpina. Não é preciso dizer com quem,
— Seu José, mestre carpina, alegoricamente, ele se encontrou... Morando nos
e quando é fundo o perau? alagados, nas casas palafitadas, mocambos do Recife,
quando a força que morreu seu José é interrogado pelo retirante.
nem tem onde se enterrar, A metáfora "saltar da ponte e da vida", renunciar à
por que ao puxão das águas existência, não surpreende o homem que ouve a
não é melhor se entregar? conversa do retirante a lhe perguntar sobre o rio,
— Severino, retirante, também metaforicamente aí significando a própria
o mar de nossa conversa existência, com suas águas fundas e lodosas. É um
precisa ser combatido, diálogo figurado, intenso. A "vida de retalho",
sempre, de qualquer maneira, pequena e medida.
porque senão ele alaga Mas os dois são surpreendidos por uma notícia.
e devasta a terra inteira.
— Seu José, mestre carpina, UMA MULHER, DA PORTA DE ONDE SAIU O
e em que nos faz diferença HOMEM, ANUNCIA-LHE O QUE SE VERÁ
que como frieira se alastre,
ou como rio na cheia, — Compadre José, compadre,
se acabamos naufragados que na relva estais deitado:
num braço do mar miséria? conversais e não sabeis
— Severino, retirante, que vosso filho é chegado?
muita diferença faz Estais aí conversando
entre lutar com as mãos em vossa prosa entretida:
e abandoná-las para trás, não sabeis que vosso filho
porque ao menos esse mar saltou para dentro da vida?
não pode adiantar-se mais. Saltou para dento da vida
— Seu José, mestre carpina, ao dar o primeiro grito;
e que diferença faz e estais aí conversando;
que esse oceano vazio pois sabei que ele é nascido.
cresça ou não seus cabedais,
se nenhuma ponte mesmo A mulher anuncia o nascimento do filho do
é de vencê-lo capaz? carpinteiro.
— Seu José, mestre carpina,
que lhe pergunte permita: E você já sabe o que esta representação significa: o
há muito no lamaçal nascimento de outro Severino, aproximado, o auto,
apodrece a sua vida? dos modelos pastoris das peças medievais. É,
e a vida que tem vivido metaforicamente, o nascimento de Jesus, em meio à
foi sempre comprada à vista? pobreza. O subtítulo do poema se explica agora: auto
— Severino, retirante, de Natal pernambucano.
sou de Nazaré da Mata,
mas tanto lá como aqui APARECEM E SE APROXIMAM DA CASA DO
jamais me fiaram nada: HOMEM VIZINHOS, AMIGOS, DUAS CIGANAS
a vida de cada dia ETC.
cada dia hei de comprá-la.
— Seu José, mestre carpina, — Todo o céu e a terra
e que interesse, me diga, lhe cantam louvor.
há nessa vida a retalho Foi por ele que a maré
que é cada dia adquirida? esta noite não baixou.
espera poder um dia — Foi por ele que a maré
comprá-la em grandes partidas? fez parar o seu motor:
— Severino, retirante, a lama ficou coberta
não sei bem o que lhe diga: e o mau-cheiro não voou.
não é que espere comprar — E a alfazema do sargaço,
em grosso tais partidas, ácida, desinfetante,
mas o que compro a retalho veio varrer nossas ruas

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LITERATURA

enviada do mar distante. — Minha pobreza tal é


— E a língua seca de esponja que pouco tenho o que dar:
que tem o vento terral dou da pitu que o pintor Monteiro
veio enxugar a umidade fabricava em Gravatá.
do encharcado lamaçal. — Trago abacaxi de Goiana
— Todo o céu e a terra e de todo o Estado rolete de cana.
lhe cantam louvor — Eis ostras chegadas agora,
e cada casa se torna apanhadas no cais da Aurora.
num mocambo sedutor. — Eis tamarindos da Jaqueira
— Cada casebre se torna e jaca da Tamarineira.
no mocambo modelar — Mangabas do Cajueiro
que tanto celebram os e cajus da Mangabeira.
sociólogos do lugar. — Peixe pescado no Passarinho,
— E a banda de maruins carne de boi dos Peixinhos.
que toda noite se ouvia — Siris apanhados no lamaçal
por causa dele, esta noite, que há no avesso da rua Imperial.
creio que não irradia. — Mangas compradas nos quintais ricos
— E este rio de água cega, do Espinheiro e dos Aflitos.
ou baça, de comer terra, — Goiamuns dados pela gente pobre
que jamais espelha o céu, da Avenida Sul e da Avenida Norte.
hoje enfeitou-se de estrelas.
Cada um entrega ao menino o que tem de mais
Aproximam-se todos para louvar o menino recém- precioso: caranguejos, leite, água, um canário da terra,
nascido, tal como os reis magos. E vão saudá-lo bolacha d'água, boneco de barro, abacaxi, tamarindos,
dentro da pobreza, como ela lhes permitirá. jacas, mangabas e cajus. Ainda: siris, mangas e
goiamuns.
COMEÇAM A CHEGAR PESSOAS TRAZENDO
PRESENTES PARA O RECÉM-NASCIDO São as ofertas dos homens simples, que tiram de si
mesmos os melhores presentes para saudar a vida que
— Minha pobreza tal é começa. Outra vez a solidariedade é posta à palma,
que não trago presente grande: mostrada e demonstrada, largamente exercida por
trago para a mãe caranguejos todos.
pescados por esses mangues;
mamando leite de lama FALAM AS DUAS CIGANAS QUE HAVIAM
conservará nosso sangue. APARECIDO COM OS VIZINHOS
— Minha pobreza tal é
que coisa não posso ofertar: — Atenção peço, senhores,
somente o leite que tenho para esta breve leitura:
para meu filho amamentar; somos ciganas do Egito,
aqui são todos irmãos, lemos a sorte futura.
de leite, de lama, de ar. Vou dizer todas as coisas
— Minha pobreza tal é que desde já posso ver
que não tenho presente melhor: na vida desse menino
trago papel de jornal acabado de nascer:
para lhe servir de cobertor; aprenderá a engatinhar
cobrindo-se assim de letras por aí, com aratus,
vai um dia ser doutor. aprenderá a caminhar
— Minha pobreza tal é na lama, como goiamuns,
que não tenho presente caro: e a correr o ensinarão
como não posso trazer o anfíbios caranguejos,
um olho d'água de Lagoa do Carro, pelo que será anfíbio
trago aqui água de Olinda, como a gente daqui mesmo.
água da bica do Rosário. Cedo aprenderá a caçar:
— Minha pobreza tal é primeiro, com as galinhas,
que grande coisa não trago: que é catando pelo chão
trago este canário da terra tudo o que cheira a comida;
que canta corrido e de estalo. depois, aprenderá com
— Minha pobreza tal é outras espécies de bichos:
que minha oferta não é rica: com os porcos nos monturos,
trago daquela bolacha d'água com os cachorros no lixo.
que só em Paudalho se fabrica. Vejo-o, uns anos mais tarde,
— Minha pobreza tal é na ilha do Maruim,
que melhor presente não tem: vestido negro de lama,
dou este boneco de barro voltar de pescar siris;
de Severino de Tracunhaém. e vejo-o, ainda maior,
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LITERATURA

pelo imenso lamarão da pergunta que fazia,


fazendo dos dedos iscas se não vale mais saltar
para pescar camarão. fora da ponte e da vida;
— Atenção peço, senhores, nem conheço essa resposta,
também para minha leitura: se quer mesmo que lhe diga;
também venho dos Egitos, é difícil defender,
vou completar a figura. só com palavras, a vida,
Outras coisas que estou vendo ainda mais quando ela é
é necessário que eu diga: esta que vê, severina;
não ficará a pescar mas se responder não pude
de jereré toda a vida. à pergunta que fazia,
Minha amiga se esqueceu ela, a vida, a respondeu
de dizer todas as linhas; com sua presença viva.
não pensem que a vida dele E não há melhor resposta
há de ser sempre daninha. que o espetáculo da vida:
Enxergo daqui a planura vê-la desfiar seu fio,
que é a vida do homem de ofício, que também se chama vida,
bem mais sadia que os mangues, ver a fábrica que ela mesma,
tenha embora precipícios. teimosamente, se fabrica,
Não o vejo dentro dos mangues, vê-la brotar como há pouco
vejo-o dentro de uma fábrica: em nova vida explodida;
se está negro não é lama, mesmo quando é assim pequena
é graxa de sua máquina, a explosão, como a ocorrida;
coisa mais limpa que a lama mesmo quando é uma explosão
do pescador de maré como a de há pouco, franzina;
que vemos aqui, vestido mesmo quando é a explosão
de lama da cara ao pé. de uma vida severina.
E mais: para que não pensem
que em sua vida tudo é triste, Terminada a festa, seu José mestre carpina vem falar
vejo coisa que o trabalho com Severino. O diálogo final é de uma beleza rara: o
talvez até lhe conquiste: que vale a vida, mesmo que ela seja como a do
que é mudar-se destes mangues menino? Como a de Severino?
daqui do Capibaribe
para um mocambo melhor
nos mangues do Beberibe. CLARICE LISPECTOR

As ciganas prevêem o futuro do menino, uma boa e a Nasceu em 1925, na Ucrânia (URSS) e
outra má. Uma delas, a má, dá ao menino a leitura de faleceu em 1977. Veio ainda pequena para o Brasil e
um destino trágico: será pobre, fazendo dos dedos viveu no Recife e no Rio de Janeiro. Casou-se com
iscas/para pescar camarão, para sempre atrelado ao um diplomata e viveu em diversos países. Clarice
lamarão dos mocambos; mas a cigana boa prediz-lhe Lispector é uma escritora do período modernista do
um futuro melhor, porque o que vê não é lama que o Brasil que se destacou pelo grande grau de
envolva, "mas graxa"de alguma fábrica, o que equivale subjetividade presente em sua obra.
a dizer que ele ascenderá socialmente.
O menino é saudado pelos vizinhos, amigos. Todos Marcada por clássicos, como A Hora da Estrela, A
trazem presentes e o comparam às coisas boas da vida. paixão segundo G.H e uma lista quase interminável de
Embora ele seja um menino magro, "tem peso de contos, a obra de Clarice costuma ter uma temática
homem"; criança franzina é , mas "tem a marca de voltada para questões existenciais e para a história da
homem". E é belo como tudo que os cerca. De todos mulher na sociedade. Apresenta também uma
os versos, ressaltam-se: característica que se sobressai que é a epifania.

"belo como uma coisa nova/ na prateleira até então vazia" Essa característica presente em seus contos e
romances é um evento - geralmente um corriqueiro,
"Belo como um caderno novo/quando a gente principia." banal, e bastante cotidiano - do personagem que, de
metáforas das necessidades fundamentais do homem: repente, altera seu estado emocional, o levando a uma
o alimento e a educação. confusão, a uma desestabilização interior.

O CARPINA FALA COM O RETIRANTE QUE Daí, o leitor é convidado a assistir a um turbilhão de
ESTEVE DE FORA, SEM TOMAR PARTE EM pensamentos e agitações - o clímax da história - em
NADA que o personagem revê sua forma de ver a vida
(dentro da situação em que se encontra) para a partir
— Severino retirante, daí recomeçar.
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta O personagem retorna ao seu equilíbrio emocional

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LITERATURA

com uma nova visão, um aprendizado extraído do seu Estrutura da obra


momento de confusão.
É uma obra composta de três histórias que se
A obra de Clarice apresenta uma surpreendente entrelaçam e que são marcadas, principalmente, por
criatividade ao criar um enredo a partir de coisas duas características fundamentais da produção da
banais, de onde menos se espera que possa ser um autora: originalidade de estilo e profundidade
motivo de reflexão. psicológica no enfoque de temas aparentemente
comuns.
A partir da epifania, Clarice começa a discorrer sobre
questões intimistas e universais sem se apoiar em A linguagem narrativa de Clarice é, às vezes,
padrões. intensamente lírica, apresentando muitas metáforas e
outras figuras de estilo. Há, por exemplo, alguns
Obras: paradoxos e comparações insólitas, que realmente
surpreendem o leitor. E também é peculiaridade da
Romance autora a construção de frases inconclusas e outros
 Perto do coração selvagem (1944) desvios da sintaxe convencional, além da criação de
alguns neologismos.
 O lustre (1946)
 A cidade sitiada (1949) Foco narrativo
 A maçã no escuro (1961)
 A paixão segundo G.H. (1964) Quanto à linguagem, o livro a apresenta fartamente,
 Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969) em todos os momentos em que o narrador discute a
 Água viva (1973) palavra e o fazer narrativo. Interessante notar que,
antes de iniciar a narrativa e logo após a 'Dedicatória
do autor', aparecem os treze títulos que teriam sido
cogitados para o livro.

O recurso usado por Clarice Lispector é o narrador-


personagem, pois conforme nos faz conhecer a
 A hora da estrela (1977) protagonista, também nos faz conhecê-lo. Ele escreve
para se compreender. É um marginalizado conforme
Análise da obra “A lemos: "Escrevo por não ter nada a fazer no mundo:
Hora da Estrela”, de Clarice sobrei e não há lugar pra mim na terra dos homens".
Lispector Quanto à sua relação com Macabéa, ele declara amá-la
A hora da estrela é também uma e compreendê-la, embora faça contínuas interrogações
despedida de Clarice Lispector. sobre ela e embora pareça apenas acompanhando a
Lançada pouco antes de sua morte trajetória dela, sem saber exatamente o que lhe vai
em 1977, a obra conta os acontecer e torcendo para que não lhe aconteça o pior.
momentos de criação do escritor Rodrigo S. M. (a Macabéa, a protagonista, é uma invenção do narrador
própria Clarice) narrando a história de Macabéa, uma com a qual se identifica e com ela morre. A
alagoana órfã, virgem e solitária, criada por uma tia personagem é criada de forma onisciente (tudo sabe) e
tirana, que a leva para o Rio de Janeiro, onde trabalha onipresente (tudo pode). Faz da vida dela um
como datilógrafa. aprendizado da morte. A morte foi a hora de estrela.
O enredo de A hora da Estrela não segue uma ordem
É pelos olhos do narrador e através de seu domínio da linear: há flashbacks iluminando o passado, há idas e
palavra que a existência e a essência são expostas vindas do passado para o presente e vice-versa.
como interrogações. Tal presença masculina retrata
um universo de fragmentos, onde o ser humano não é Além da alinearidade, há pelo menos três histórias
respeitado, mas desacreditado nessa reconstrução de encaixadas que se revezam diante dos nossos olhos de
uma realidade mutilada. leitor:

Em A hora da estrela Clarice escreve sabendo que a 1. A metanarrativa - Rodrigo S. M. conta a história de
morte está próxima e põe um pouco de si nas Macabéa: Esta é a narrativa central da obra: o escritor
personagens Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à Rodrigo S.M. conta a história de Macabéa, uma
espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a nordestina que ele viu, de relance, na rua.
Rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste,
como Clarice. 2. A identificação da história do narrador com a da
personagem - Rodrigo S.M. conta a história dele
A despedida de Clarice é uma obra instigante e mesmo: esta narrativa dá-se sob a forma do encaixe,
inovadora. Como diz o personagem Rodrigo, estou paralela à história de Macabéa. Está presente por toda
escrevendo na hora mesma em que sou lido. É Clarice a narrativa sob a forma de comentários e
contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando desvendamentos do narrador que se mostra, se oculta
ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante e se exibe diante dos nossos olhos. Se por um lado, ele
da vida e da morte. vê a jovem como alguém que merece amor, piedade e
até um pouco de raiva, por sua patética alienação, por
nuceconcursos.com.br 137
LITERATURA

outro lado, ele estabelece com ela um vínculo mais homem antes de migrar da Paraíba. Queria ser muito
profundo, que é o da comum condição humana. Esta rico, um dia; e um dia queria também ser deputado.
identidade, que ultrapassa as questões de classe, de Um secreto desejo era ser toureiro, gostava de ver
gênero e de consciência de mundo, é um elemento de sangue.
grande significação no romance, Rodrigo e Macabéa se
confundem. Rodrigo S. M.: Narrador-personagem da história. Ele
tem domínio absoluto sobre o que escreve. Inclusive
3. A vida de Macabéa - O narrador conta como tece a sobre a morte de Macabéa, no final.
narrativa.
Glória: Filha de um açougueiro, nascida e criada no
Narrador e protagonista, inseridos em uma escrita Rio de Janeiro, Glória rouba Olímpico de Macabéa.
descontínua e imprevisível, permitem ao leitor a Tem um quê de selvagem, cheia de corpo, é esperta,
reflexão sobre uma época de transição, de incoerência, atenta ao mundo.
como um movimento em busca de uma nova
estruturação da obra literária similar à insegurança, à Madame Carlota: É a mulher de Olaria que porá as
ansiedade e ao sofrimento. O tema é oferecido, cartas do baralho para "ler a sorte"de Macabéa.
socializando a possibilidade de ruptura. Contará que foi prostituta quando jovem, que depois
O narrador revela seu amor pela personagem principal montou uma casa de mulheres e ganhou muito
e sofre com a sua desumanização, mas, também, com dinheiro com isso. Come bombons, diz que é fã de
a própria tendência em tornar-se insensível. Jesus Cristo e impressiona Macabéa. Na verdade,
O foco narrativo escolhido é a primeira pessoa. O Madame Carlota é uma enganadora vulgar.
narrador lança mão, como recurso, das digressões, o
que, aspectualmente parece dar à narrativa uma Outras personagens: As três Marias que moram com
característica alinear. Não se engane: ele foge para o Macabéa no mesmo quarto, o médico que a atende e
passado a fim de buscar informações. diagnostica a gravidade da tuberculose e o chefe, seu
Raimundo, que reluta em mandá-la embora.
Espaço / Tempo
Enredo
O Rio de Janeiro é o espaço. Ocorre que o espaço
físico, externo, não importa muito nesta história. O Macabéa (Maca) foi criada por uma tia beata, após a
"lado de dentro"das criaturas é o que interessa aos morte dos pais quando tinha dois anos de idade.
intimistas. Acumula em seu corpo franzino a herança do sertão,
Pelos indícios que o narrador nos oferece, o tempo é ou seja, todas as formas de repressão cultural, o que a
época em que Marylin Monroe já havia morrido - deixa alheia de si e da sociedade. Segundo o narrador,
possivelmente a década de 60 em seu fim ou a de 70 ela nunca se deu conta de que vivia numa sociedade
em seus começos - mas faz ainda um grande sucesso técnica onde ela era um parafuso dispensável.
como mito que povoa a cabeça e os sonhos de
Macabéa. Ignorava até mesmo porque se deslocara de Alagoas
Embora a história de Macabea seja profundamente até o Rio de Janeiro, onde passou a viver com mais
dramática, a narrativa é toda permeada de muito quatro colegas na Rua do Acre. Macabéa trabalha
humor e ironia. O próprio nome da protagonista como datilógrafa numa firma de representantes de
constitui-se numa grande ironia (tragicomédia). roldanas, que fica na Rua do Lavradio. Tem por hábito
ouvir a Rádio Relógio, especializada em dizer as horas
Personagens e divulgar anúncios, talvez identificando com o
apresentador a escassez de linguagem que a converte
Macabéa: Alagoana, 19 anos e foi criada por uma tia num ser totalmente inverossímil no mundo em que
beata que batia nela (sobre a cabeça, com força); procura sobreviver. Tinha como alvo de admiração a
completamente inconsciente, raramente percebe o que atriz norte-americana Marilyn Monroe, o símbolo
há à sua volta. A principal característica de Macabéa é social inculcado pelas superproduções de Hollywood
a sua completa alienação. Ela não sabe nada de nada. na década de 1950.
Feia, mora numa pensão em companhia de 3 moças Macabéa recebe de seu chefe, Raimundo Silveira, por
que são balconistas nas Lojas Americanas (Maria da quem ela estava secretamente apaixonada, o aviso de
Penha, Maria da Graça e Maria José). Macabéa recebe que será despedida por incompetência. Como
o apelido de Maca e é a protagonista da história. Macabéa aceita o fato com enorme humildade, o chefe
Possivelmente o nome Macabéa seja uma alusão aos se compadece e resolve não despedi-la imediatamente.
macabeus bíblicos, sete ao todo, teimosos, criaturas Seu namorado, Olímpico de Jesus, era nordestino
destemidas demais no enfrentamento do mundo; a também. Por não ter nada que ajudasse Olímpico a
alusão, no entanto, faz-se pelo lado do avesso, pois progredir, ela o perde para Glória, que possuía
Macabéa é o inverso deles. atrativos materiais que ele ambicionava.
Glória, com certo sentimento de culpa por ter
Olímpico: Olímpico se apresentava como Olímpico roubado o namorado da colega, sugere a Macabéa que
de Jesus Moreira Chaves. Trabalhava numa vá a uma cartomante, sua conhecida. Para isso,
metalúrgica e não se classificava como "operário": era empresta-lhe dinheiro e diz-lhe que a mulher, Madame
um "metalúrgico". Ambicioso, orgulhoso e matara um Carlota, era tão boa, que poderia até indicar-lhe o jeito

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de arranjar outro namorado. Macabéa vai, então, à estrela-d’alva. A beira do campo, escura, como
cartomante, que, primeiro, lhe faz confidências sobre um muro baixo, quebrava-se, num ponto,
seu passado de prostituta; depois, após constatar que a dourado rombo, de bordas estilhaçadas. Por ali,
nordestina era muito infeliz, prediz-lhe um futuro se balançou para cima, suave, aos ligeiros
maravilhoso, já que ela deveria casar-se com um belo vagarinhos, o meio-sol, o disco, o liso, o sol, a luz
homem loiro e rico - Hans - que lhe daria muito luxo e por tudo. Agora, era a bola de ouro a se equilibrar
amor. no azul de um fio. O Tio olhava no relógio. Tanto
, tempo que isso, o Menino nem exclamava.
Macabéa sai da casa de Madame Carlota 'grávida de Apanhava com o olhar cada sílaba do horizonte.
futuro', encantada com a felicidade que a cartomante
lhe garantira e que ela já começava a sentir. Então, Sobre o trecho acima, do conto Os cimos, de
logo ao descer a calçada para atravessar a rua, é Guimarães Rosa, é incorreto afirmar que:
atropelada por um luxuoso Mercedes Benz amarelo. a) é texto descritivo caracterizador da natureza,
Esta é a hora da estrela de cinema, onde ela vai ser representada pela presença da ave e do amanhecer.
"tão grande como um cavalo morto". b) utiliza recursos de linguagem poética como a
onomatopéia, a metáfora e a enumeração.
Ao ser atropelada, Macabéa descobre a sua c) descreve o tucano, utilizando frase nominal e de
essência: “Hoje, pensou ela, hoje é o primeiro dia de minha encadeamento de palavras com força adjetiva.
vida: nasci”. Há uma situação paradoxal: ela só nasce, d) apresenta um estilo repetitivo que confunde o leitor e
ou seja, só chega a ter consciência de si mesma, na impede a manifestação da força poética do texto.
hora de sua morte. Por isso antes de morrer repete e) pinta com luz e cor a linha do horizonte, onde em
sem cessar: “Eu sou, eu sou, eu sou, eu sou”. “dourado rombo, de bordas estilhaçadas”, nasce o sol.

Por ter definido a sua existência é que Macabéa 3. (UFLA) No conto Os Cimos (Primeiras Estórias,
pronuncia uma frase que nenhum dos transeuntes Guimarães Rosa), o menino mostra-se
entende: essencialmente
a) corajoso
“Quanto ao futuro.” (...) “Nesta hora exata Macabéa sente um b) determinado
fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que c) esperto
não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.” d) revoltado
e) inseguro
Com ela morre também o narrador, identificado com a
escrita do romance que se acaba. 3. (UFRN-RN) O fragmento textual que segue,
retirado da narrativa A terceira margem do rio, de
João Guimarães Rosa, servirá de base para esta
questão.
EXERCÍCIOS Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta,
tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e o rio-rio-
1. (PUC-SP) O livro Primeiras Estórias, de João rio — o rio — pondo perpé tuo [grifo nosso]. Eu sofria já o
Guimarães Rosa, começa com o conto As começo da velhice — esta vida era só o demoramento. Eu
margens da alegria e termina com Os cimos. mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços,
Há uma semelhança entre eles que é a perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer
caracterização do mundo interior de um menino, demais.
através de recursos do discurso indireto livre. De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor,
Sobre esses dois contos, é possível afirmar que: deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na
a) os contos tratam do mesmo tema, ou seja, relatam levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e
situações vividas por um menino em companhia de no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte.
seus tios, situações essas marcadas por envolvimentos Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranqüilidade.
emocionais diferentes. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro.
b) o segundo conto é uma continuação do primeiro e, em Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando ideia.
ambos, a viagem se faz em estado de sonho.
c) as personagens e o contexto são os mesmos e em ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1976.
ambas as narrativas o menino se encanta com
a beleza e o esplendor de um tucano.
No quadro do Modernismo literário no Brasil, a
d) o primeiro conto é marcadamente psicológico e
obra de Guimarães Rosa destaca-se pela
poético e o segundo é mais satírico e prosaico.
inventividade da criação estética.
e) o desfecho de ambos é trágico e inusitado e nega os
Considerando-se o fragmento em análise, essa
títulos de ambas as narrativas.
inventividade da narrativa Roseana pode ser
constatada através do(a):
2. (PUC-SP) E o tucano, o voo, reto, lento como se
a) recriação do mundo sertanejo pela linguagem, a partir
voou embora, xô, xô! mirável, cores pairantes, no
da apropriação de recursos da oralidade.
garridir; fez sonho. Mas a gente nem podendo
b) aproveitamento de elementos pitorescos da cultura
esfriar de ver. Já para o outro imenso lado
regional que tematizam a visão de mundo simplista do
apontavam. De lá, o sol queria sair, na região da homem sertanejo.
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c) resgate de histórias que procedem do universo faltas, e encontra o sentido da vida na confissão final
popular, contadas de modo original, opondo realidade que faz a Seu José, mestre capina.
e fantasia. e) O poema narra as muitas experiências da morte,
d) sondagem da natureza universal da existência humana, testemunhadas pelo migrantes, mas culmina com
através de referência a aspectos da religiosidade a cena de um nascimento, signo resistente da vida nas
popular. mais ingratas condições.
e) Todas as afirmativas são corretas.
8. Considere as seguintes comparações entre Vidas
5. É correto afirmar que, em Morte e Vida Severina: secas e A hora da estrela:
a) A alternância das falas de ricos e de pobres, em I. Os narradores de ambos os livros adotam um estilo
contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo sóbrio e contido, avesso a expansões emocionais,
da luta de classes. condizente com o mundo de escassez e privação que
b) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente retratam.
chega ao Recife, representa para o retirante a primeira II. Em ambos os livros, a carência de linguagem e as
afirmação da vida contra a morte. dificuldades de expressão, presentes, por exemplo, em
c) O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a Fabiano e Macabéa, manifestam aspectos da opressão
miséria, comprova-se pela ausência da ideia de social.
suicídio. III. A personagem sinha Vitória (Vidas secas), por viver
d) As falas finais do retirante, após o nascimento de seu isolada em meio rural, não possui elementos de
filho, configuram o “momento afirmativo”, por referência que a façam aspirar por bens que não
excelência, do poema. possui; já Macabéa, por viver em meio urbano, possui
e) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos sonhos típicos da sociedade de consumo.
e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma,
apesar dessas variações do meio físico. Está correto apenas o que se afirma em:
a) I.
6. É correto afirmar que no poema dramático Morte b) II.
e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto: c) III.
a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz d) I e II.
dele um exemplo típico de herói moderno, cuja e) II e III.
tragicidade se expressa na rejeição à cultura a que
pertence. 9. A obra A hora da estrela, de Clarice Lispector
b) A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar marca-se pela depuração da arte de escrever e
que, no retorno à terra de origem, o retirante estará dialoga com todo o universo ficcional da autora.
munido das convicções religiosas que adquiriu com o Despontam nela as perplexidades da narrativa
mestre carpina. moderna. Indique a alternativa que NÃO condiz
com esse romance entendido como um todo:
c) O destino que as ciganas prevêem para o recém-
nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo a) A história são as fracas aventuras de uma moça
de sua vida, marcada pela seca, pela falta de trabalho e alagoana, “numa cidade toda feita contra ela”, o Rio de
pela retirada. Janeiro.
d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida b) Macabéa, personagem do romance, tem a coragem e o
nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se heroísmo dos fortes e se torna, na vida, a grande
da retórica e da moralidade religiosa que os estrela com que sempre sonhou.
caracterizam. c) A estrela que dá título à obra é a estrela de cinema e só
e) O “auto de natal” acaba por definir-se não exatamente aparece mesmo na hora da morte.
num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento d) A narrativa constrói-se da alternância entre as
da força afirmativa e renovadora que está na própria reflexões do narrador que parece narrar a si mesmo e
natureza. os fatos apresentados que dão o retrato da
protagonista.
7. A leitura integral de Morte e Vida Severina, de e) O espaço da ação é o social-urbano, mas restrito à
João Cabral de Melo Neto, permite a correta “Rua do Acre para morar” e à “Rua do Lavradio para
compreensão do título desse “auto de natal trabalhar”.
pernambucano”:
a) Tal como nos Evangelhos, o nascimento do filho de 10. A respeito de A Hora da Estrela, de Clarice
Seu José anuncia um novo tempo, no qual a Lispector, indique a alternativa que NÃO
experiência do sacrifício representa a graça da vida confirma as possibilidades narrativas do romance:
eterna para tantos “severinos”. a) Livro com muitos títulos que se resumem à história de
b) Invertendo a ordem dos dois fatos capitais da vida uma inocência pisada, de uma miséria anônima.
humana, mostra-nos o poeta que, na condição b) História do narrador Rodrigo M. S., que se faz
“severina”, a morte é a única e verdadeira libertação. persona-gem, narrando-se a si mesmo e competindo
c) O poeta dramatiza a trajetória de Severino, usando o com a protagonista.
seu nome como adjetivo para qualificar a sublimação c) História da própria narração, que conta a si mesma,
religiosa que consola os migrantes nordestinos. problematizando a difícil tarefa de narrar.
d) Severino, em sua migração, penitencia-se de suas d) História de Macabéa, moça anônima e que não fazia

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falta a ninguém. situação de miséria, condição comum ao nordestino da


e) História de Olímpico de Jesus, paraibano e segunda metade do século XIX, época em que não só
metalúrgico, vivendo o mesmo drama de Macabéa e a poesia mas também a prosa se encarregaram de
identificando-se com ela. promover a denúncia social.

Texto
Ana ainda teve tempo de pensar por um segundo que
EXERCÍCIOS os irmãos viriam jantar — o coração batia-lhe
violento, espaçado. Inclinada, olhava o cego
Texto (questão 01) profundamente, como se olha o que não nos vê. Ele
mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os
Sentimental olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o
parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e
Ponho-me a escrever teu nome deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado, Ana
com letras de macarrão. olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas mulher com ódio. Mas continuava a olhá-lo, cada vez
e debruçados na mesa todos contemplam mais inclinada — o bonde deu uma arrancada súbita,
esse romântico trabalho. jogando-a desprevenida para trás, o pesado saco de
(...) tricô despencou-se do colo, ruiu no chão — Ana deu
um grito, o condutor deu ordem de parada antes de
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. Rio de Janeiro: saber do que se tratava — o bonde estacou, os
Record, 2001. passageiros olharam assustados.
Texto (questão 01) LISPECTOR, Clarice. “Amor” In Laços de Família. Rio de
Janeiro, Editora Rocco, 2000.
Graciliano Ramos
Texto (questão 02)
Falo somente do que falo:
do seco e de suas paisagens, Sem fazer véspera. Sou doido? Não. Na nossa casa, a
Nordestes, debaixo de um sol palavra doido não se falava, nunca mais se falou, os
ali do mais quente vinagre: anos todos, não se condenava ninguém de doido.
e onde estão os solos inertes Ninguém é doido. Ou, então, todos. Só fiz, que fui lá.
de tantas condições caatinga Com um lenço, para o aceno ser mais. Eu estava
em que só cabe cultivar muito no meu sentido. Esperei. Ao por fim, ele
o que é sinônimo da míngua. apareceu, aí e lá, o vulto. Estava ali, sentado à popa.
Estava ali, de grito. Chamei, umas quantas vezes. E
NETO, João Cabral de Melo. Poesia Completa e Prosa. São Paulo, falei, o que me urgia, jurado e declarado, tive que
Editora Nova Aguilar, 1999. reforçar a voz: — "Pai, o senhor está velho, já fez o
1. Com base nos fragmentos, assinale a alternativa seu tanto... Agora, o senhor vem, não carece mais... O
CORRETA. senhor vem, e eu, agora mesmo, quando que seja, a
a) São poemas representativos de uma estética, que ambas vontades, eu tomo o seu lugar, do senhor, na
defendia a métrica regular, o preciosismo da palavra, canoa!... E, assim dizendo, meu coração bateu no
sendo esses exemplos isolados, escritos para serem compasso do mais certo.”
lidos na Semana de Arte Moderna, em 1922, data
escolhida pelos organizadores para a comemoração do ROSA, João Guimarães. “A terceira margem do rio” In Primeiras
centenário da Independência do Brasil. Estórias. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1988.
b) Em “Sentimental”, em razão da situação propícia – o
momento em que a sopa esfria no prato –, o eu lírico, 2. Considerando os textos, analise as afirmativas a
por meio de seu gesto, informa a todos que o rodeiam seguir:
o sofrimento intenso, a dor dilacerante, a angústia I. A linguagem utilizada por Lispector anuncia uma
desmedida, oriundos do amor vivenciado mas não narrativa cuja principal característica é, por meio dos
correspondido. desvarios das personagens centrais e secundárias,
c) Em “Graciliano Ramos”, o eu lírico, consciente da promover e possibilitar denúncias sociais e históricas.
fragilidade geográfica do homem nordestino, declara II. Guimarães Rosa procura, por meio de uma linguagem
seu amor ao que não é considerado “Nordestes” e sofisticada, trazer à tona as inquietudes e as angústias
explica a desvalia e a insegurança de quem vive de um homem sertanejo cansado de sua família e que
“debaixo de um sol”, nos “solos inertes”, naquilo que decidiu ir à procura de novas aventuras amorosas para
é “sinônimo da míngua”. a sua vida.
d) No texto 04, Carlos Drummond de Andrade, de III.O encontro com o cego que masca chiclete provoca
maneira idiossincrática, cria uma imagem, por meio da em Ana um sentimento de inquietação. Ana vivencia
qual o eu lírico homenageia o amor. No texto 05, João uma espécie de epifania, ocorrência, por sinal, comum
Cabral de Melo Neto, no título e na temática tratada também em outras narrativas de Lispector.
no poema, homenageia o autor de Vidas Secas. IV. No texto 06, o narrador discorda daqueles que têm seu
e) Nos textos analisados, é perceptível uma referência ao pai como louco. Na sua narrativa, Guimarães Rosa
homem sertanejo, que sobrevive na adversidade, em põe o leitor para refletir sobre desejos humanos, como

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LITERATURA

a necessidade de tomar atitudes não previsíveis.


V. Lispector e Guimarães Rosa, cada um ao seu modo, 4.
por meio dos textos “Amor” e “A terceira margem do “Com perdão da palavra, sou um mistério para mim.”
rio”, fazem notar ao leitor que a vida humana, mesmo (Clarice Lispector, em A descoberta do mundo)
quando parece ordeira, pode, de um momento para o
outro, sofrer modificações. “Clarice era uma estrangeira na terra.”
(Antonio Callado)
Está CORRETO o que se afirma em
a) I, II e III. “Clarice era uma mulher insolúvel.”
b) I, III e IV. (Paulo Francis)
c) II, III e V.
d) II, IV e V. “Clarice não foi um lugar-comum, carteira de
e) III, IV e V. identidade, retrato. (...) Não podíamos reter Clarice em
nosso chão.”
Texto (Carlos Drummond de Andrade)
As margens da alegria Clarice Lispector (1920-1977).
ESTA É A ESTÓRIA. Ia um menino, com os tios,
passar dias no lugar onde se construía a grande cidade. Neste dezembro de 2007, o Brasil completa 30 anos
Era uma viagem inventada no feliz; para ele, produzia- sem Clarice. Essa escritora, que se enquadra no
se em caso de sonho. Saíam ainda com o escuro, o ar chamado “Pós-Modernismo”, desconstrói, em suas
fino de cheiros desconhecidos. A mãe e o pai vinham obras, a narrativa tradicional, como se pode observar
trazê-lo ao aeroporto. A tia e o tio tomavam conta em A hora da estrela, da qual destacamos o trecho
dele, justínhamente. Sorria-se, saudava-se, todos se abaixo.
ouviam e falavam. Ele se aproximou e com voz cantada de nordestino
O avião era da Companhia, especial, de quatro lugares. que a emocionou, perguntou-lhe:
Respondiam-lhe a todas as perguntas, até o piloto – E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a
conversou com ele. O vôo ia ser pouco mais de duas passear?
horas. O menino fremia no acorçôo, alegre de se rir – Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes
para si, confortavelzinho, com um jeito de folha a cair. que ele mudasse de ideia.
A vida podia às vezes raiar numa verdade – Eu não entendo seu nome – disse ela. – Olímpico?
extraordinária. Mesmo o afivelarem-lhe o cinto de Macabéa fingiu enorme curiosidade, escondendo dele
segurança virava forte afago, de proteção, e logo novo que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era
senso de esperança: ao não-sabido, ao mais. Assim um assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era,
crescer e desconter-se – certo como o ato de respirar – arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não
o de fugir para o espaço em branco. O menino. sabia responder. Disse aborrecido:
– Eu sei mas não quero dizer!
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova – Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não
Fronteira, 2005. precisa entender o nome.
3. Considerando a estrutura do texto narrativo em
prosa (narrador, personagens, foco narrativo, Acerca dessa obra de Clarice Lispector, assinale a
tempo, espaço, conflito, clímax, desfecho), alternativa correta.
assinale a alternativa CORRETA. a) Macabéa, personagem central, costumava ir ao cinema
a) No fragmento de “As margens da alegria”, as uma vez por mês e tentava encarnar a vida das estrelas
personagens apresentadas ao leitor traduzem, de modo de Hollywood. No final da obra, finalmente, consegue
muito claro e explícito, uma linearidade de esse intento, e vira estrela de cinema.
pensamento, de comportamento que as torna quase a b) A protagonista da história é uma menina do sertão que
mesma pessoa. vai morar no Rio de Janeiro. Ela vivia num limbo
b) “Saíam ainda com o escuro, o ar fino de cheiros pessoal, sem alcançar o melhor nem o pior. Ela
desconhecidos” é uma frase do texto indicando o somente vivia, expirando e inspirando, expirando e
horário em que alguma ação ocorre na narrativa, logo inspirando, ou seja, seu viver era ralo.
pode levar o leitor a compreender que a viagem do c) Olímpico, a figura masculina central, tem em comum
“Menino” ocorrerá entre 13h e 18h. com Macabéa o fato de vir do Nordeste e ser pobre e
c) Numa narrativa, o espaço é um elemento muito tão ingênuo quanto ela. Devido às características que
importante para a ocorrência das ações realizadas pelas vê nela, apaixona-se assim que a encontra.
personagens. No texto em análise, são citados alguns d) Apesar da profundidade de sua narrativa e da grandeza
espaços concretos e abstratos. do que busca mostrar, a linguagem de Clarice, nessa
d) No fragmento em análise, o “clímax” e o “desfecho” obra, é surpreendentemente simples, e, nos diálogos
da história escrita por Guimarães Rosa são elementos entre os personagens, a autora opta pela linguagem
da narrativa que se tornam facilmente identificados, regional.
como também são facilmente pontuados. e) Madame Carlota e Glória são personagens secundárias
e) O conto “As margens da alegria”, assim como outros na história. No entanto, ambas têm importância vital
contos de Guimarães Rosa, possui um vocabulário para a vida da protagonista, que conta com a ajuda
bastante ordinário, comum, sem a quase presença de delas em seus momentos de maior dificuldade.
palavras inventadas pela licença poética.

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5. O conto “A terceira margem do rio”, que faz parte Literatura, em 1998.


do livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, é Entre seus outros livros estão os romances O Ano da
um dos textos mais célebres e complexos do Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra
autor. Acerca desse conto, é correto afirmar que (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995) e O Homem
a) ele retrata de forma simbólica o luto vivido pelo Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993)
narrador, depois que seu pai passou a viver em uma e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos
canoa, o que equivale explicitamente à morte. de Lanzarote (1994-7).
b) ele apresenta o drama vivido pelo narrador, que não
consegue nunca encerrar a espécie de luto na qual No Brasil
mergulha após a partida do pai, que nem vai embora
nem regressa. O Brasil, nos anos 50 e 60, vive um período rico em
c) se trata de uma obra cuja singularidade reside circulação de ideias e discussão política e cultural.
unicamente no fato de as personagens não terem O governo Juscelino Kubitscheck (1956-1961), ao
nome e de não haver localização geográfica precisa. mesmo tempo que empreende uma política econômica
d) se trata de um texto que mostra de forma alegórica as e industrial, caracteriza-se por uma orientação
dificuldades de uma família diante do drama da democrático-paulista. A despeito da inflação crescente
loucura, que levou o pai a embarcar na canoa. o clima era de euforia pelo desenvolvimento (fábrica
e) é impossível encontrar um sentido para a atitude do de automóveis e tecnologia de comunicação) e pela
homem que embarca na canoa, e isso ilustra a democracia. Jânio Quadro substitui JK prometendo
imprevisibilidade do destino humano. estabilização econômica e justiça social; renunciou em
25 de agosto de 1961, deixando o vice no governo.
João Goulart enfrentou uma crise sócio-econômica
intensa e grande mobilização política. O país estava
dividido em dois grupos: forças populares X setores
conservadores temendo a ameaça comunista
(revolução socialista em Cuba 1959).
Ideias novas surgem nos vários setores de cultura: a
Bossa nova, o Cinema Novo, o Teatro de Arena, as
vanguardas concretas na poesia e nas artes plásticas.
Apesar do golpe militar de 1964, as atividades culturais
só perdem a efervescência com a decretação do Ato
Institucional – Nº 5 em dezembro de 1968 e o exílio
13. TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS de políticos e artistas (Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Chico Buarque de Hollanda, Vinícius de Moraes,
Ferreira Gullar).
Literatura Portuguesa O IA-5 instituiu a censura prévia para jornais, revistas,
teatro, cinema e televisão. Muitos artistas e intelectuais
José Saramago foram cassados, torturados, exilados e mortos. A partir
de então a linguagem artística tem dois caminhos: ou o
José de Sousa Saramago nasceu em 1922, em silêncio ou a metáfora. O AI-5 foi extinto em 1979,
Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de com ele desapareceu a censura, veio a anistia e vários
camponeses. presos políticos foram soltos.
Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à
literatura trabalhou como serralheiro, mecânico,  Poesia experimental
desenhista industrial e gerente de produção numa
editora. Dez anos depois de haver iniciado o Pós-
Iniciou sua atividade literária em 1947, com o romance Modernismo a poesia já procurava novos rumos,
Terra do Pecado, só voltando a publicar (um livro de enveredando por um caminho que de certo modo
poemas) em 1966. aniquilou o verso enquanto discursivo um verso
Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou sonoro, plástico e visual. Como na primeira fase
no Diário de Lisboa. Em 1975, tornou-se diretor- modernista, surgiram vários grupos e manifestos.
adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela
ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de Poesia Concreta
seus escritos, inicialmente como tradutor, depois
como autor. Manifesto lançado na Exposição Nacional de Arte
Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado Concreta Moderna de São Paulo (1956). Assinam o
do Chão, visto hoje como seu primeiro grande manifesto Augusto de Campos, Décio Pignatari e
romance. Memorial do Convento confirmaria esse Haroldo de Campos.
sucesso dois anos depois. É a principal corrente de vanguarda pela influência
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, que exerceu sobre poetas, artistas plásticos e músicos.
livro censurado pelo governo português - o que leva Do ponto de vista técnico, o Concretismo retoma e
Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias aprofunda posturas lançadas em 1922 (Oswaldo),
(Espanha), onde vive até hoje. Foi ele o primeiro autor provenientes das correntes de vanguarda futurista,
de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de cubista e surrealista.

nuceconcursos.com.br 143
LITERATURA

Ao suprimir o eu lírico, a poesia concreta, detém-se no complexa realidade do homem moderno.


aspecto significante de sua mensagem. O poema
assume forma de cartaz e o poeta se transforma num Poema obsceno
artista gráfico, num artesão sintonizado com o se Façam a festa
tempo. cantem dancem
que eu faço o poema duro
O poema concreto é um objeto em e por si mesmo, não um o poema-murro
intérprete de objetos exteriores e/ou sensações mais ou menos sujo
subjetivas. Seu material é a palavra (som, forma visual e carga como a miséria brasileira
semântica.
(Revista “Noigrandes 1958) Poesia Práxis (prática) ,

Noigrandes – Segundo Augusto de Campos esta O manifesto, com texto datado de 1961, sai como
palavra significa “antídoto contra o tédio”. posfácio do livro Lavra-Lavra (1962), de Mário
Chamie. Os adeptos dessa corrente pretendem
Plano-piloto para poesia concreta: mostrar que a palavra traz em si um mundo, cujo
significado está nela mesma, ou seja, a palavra seria um
Poesia concreta: produto de uma evolução crítica de elemento dotado de vida, de energia, independente do
formas. Dando por encerrado o ciclo histórico do contexto.
verso (unidade rítmico-formal), a poesia concreta
começa por tomar conhecimento do espaço gráfico Que é poema-práxis? É o que organiza e monta,
como agente estrutural. esteticamente, uma realidade situada, segundo três
Espaço qualificado: estrutura espaço-temporal, em condições de ação:
vez de desenvolvimento meramente temporístico-  O ato de compor;
linear.  A área de levantamento da composição;
 O ato de consumir.
se
nasce nasce O ato de consumir é, para nós, o ato da leitura ao nível da
morre nasce morre consciência dos leitores. Não significa que devamos escrever para
renasce remorre renasce o leitor, segundo a sua educação e o seu alcance intelectual, numa
remorre renasce sociedade de privilégio. Trata-se de atender ao modo de ser dessa
remorre consciência projetada em cada situação. Qual é, hoje, esse modo
redenasce de ser? É a utilidade. E o que é a utilidade para essa
desmorre desnace consciência? É tudo aquilo que ela pode usar e auferir ao nível
desmorre desnace desmorre de seus fins.
nascermorrenasce
morrenasce Medir é a medida
morre Mede
se A terra, medo do homem, a lavra;
(Haroldo de Campos) Lavra
beba coca cola ‘duro campo, muito cerco, vária várzea.
babe cola Repudiando a palavra-coisa do Concretismo, o poeta
beba coca práxis considera a palavra-energia, a palavra corpo
babe cola caco vivo.
caco
cola Poema / Processo
cloaca
(Décio Pignatari) É a proposta mais radical, o manifesto aparece no
jornal O SOL (1967) assinado por Wlademir Dias-
Ao exportarem a poesia concreta a vários países do Pino e Álvaro de Sá. A beleza do poema/processo está
Primeiro Mundo, os artistas realizaram os ideais de na técnica de criação, não necessariamente no poder
Oswald de Andrade. de expressão.
Poema/processo é aquele que, a cada nova experiência, inaugura
Poesia Neoconcreta processos informacionais. Essa informação pode ser estética ou
não: o importante é que seja funcional e, portanto, consumida. O
É a dissidência da poesia concreta no Rio de Janeiro; poema resolve-se por si mesmo, desencadeando-se, não precisando
seu manifesto foi lançado em 1959 em O JORNAL de interpretação para a sua justificação.
DO BRASIL. Reagindo contra os excessos de
Concretismo, este movimento propõe uma poesia
social, mais comunicativa e voltada para os problemas
do país. Destacam-se Ferreira Gullar, Thiago de Melo
e José Paulo Paes.
O neoconcreto nasce de uma necessidade de exprimir,
dentro da linguagem estrutural da nova plástica, a

144 nuceconcursos.com.br
LITERATURA

Tropicalismo viva a mulata ta ta ta ta

O ponto de partida do Outras músicas tropicalistas: Alegria, Alegria


movimento foi o III (Caetano); divino Maravilhoso (Caetano e Gil); Atrás
Festival de MPB da TV do Trio Elétrico (Caetano; Soy loco por ti América
Record (1967), do qual (Gil e Capinan); Super bacana (Caetano); Geleia Geral
saíram vencedores (Gil e Torquato Neto); É proibido proibir (Caetano);
Gilberto Gil (Domingo Os mais doces Bárbaros (Caetano).
no Parque) e Caetano
Veloso (Alegria, Alegria). O Movimento Pop Art no Brasil
O Tropicalismo foi o
último importante O lugar da arte sempre foi um tema extensamente deba-
movimento cultural do Brasil até o início dos anos 90. tido entre críticos, apreciadores, pesquisadores e os
Movimento artístico que surgiu na segunda metade próprios artistas. Durante um bom tempo, o mundo
dos anos 60 e veio à tona por intermédio de alguns da arte foi pensado como uma esfera autônoma, regida
jovens, que com uma línguagem verbal e musical por seus próprios códigos e fruto de uma criatividade
,totalmente fora dos padrões convencionais do Brasil, centrada na individualidade do artista. Contudo,
entraram para a História. principalmente a partir do século XX, notamos que
Unindo elementos da cultura nacional com proce- essa separação entre a arte e o mundo veio perdendo
dimentos estilísticos de vanguarda, o tropicalismo força na medida em que movimentos diversos
realçava um Brasil cheio de contrastes e injustiças. buscaram quebrar tais limites.

Combatendo o nacionalismo ingênuo, os tropicalistas Na década de 1950, observamos a formulação de um


defendiam uma renovação na arte inspirada nas idéias movimento chamado de “pop art”. Essa expressão,
de 22 (fragmentação, enumeração caótica técnica oriunda do inglês, significa “arte popular”. Ao
cinematográfica) e principalmente na Antropologia de contrário do que parece, essa arte popular que define
Oswald de Andrade. O movimento caracterizava-se tal movimento não tem nada a ver com uma arte
por um nacionalismo crítico e antropológico, que produzida pelas camadas populares ou com as noções
deglutia ao mesmo tempo, os Beatles, as guitarras folcloristas de arte. O “pop art” enquanto movimento
elétricas e Luiz Gonzaga. abraça as diversas manifestações da cultura de massa,
da cultura feita para as multidões e produzida pelos
Com o apoio de maestros eruditos, como Rogério grandes veículos de comunicação.
Duprat e Júlio Medaglia, a música tropicalista
enriqueceu-se, misturando o popular ao erudito, a Ao envolver elementos gerados pela sociedade
guitarra elétrica ao violino. São também representantes industrial, a “pop art” realiza um duplo movimento
da tropicália: o grupo Os Mutantes (Rita Lee), Tom capaz de nos revelar a riqueza de sua própria
Zé, Gal Costa e Maria Bethânia. existência. Por um lado, ela expõe traços de uma
sociedade marcada pela industrialização, pela repetição
Tropicália e a criação de ícones instantâneos. Por outro,
questiona os limites do fazer artístico ao evitar um
sobre as cabeças os aviões pensamento autonomista e abranger os fenômenos de
sob os meus pés os caminhões seu tempo para então conceber suas criações próprias.
aponta contra os chapadões
meu nariz O movimento “pop art” apareceu em um momento
eu organizo o movimento histórico marcado pelo reerguimento das grandes
eu oriento o carnaval sociedades industriais outrora afetadas pelos efeitos da
eu inauguro o monumento Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, adotou os
no planalto central grandes centros urbanos norte-americanos e britânicos
do país como o ambiente para que seus primeiros
representantes tomassem de inspiração para criar as
viva bossa sa sa suas obras. Peças publicitárias, imagens de
viva palhoça ça ça ça ça celebridades, logomarcas e quadrinhos são algumas
dessas inspirações.
o movimento é de papel crepom e prata
os olhos verdes da mulata Os integrantes da “pop art” conseguiram chamar a
a cabeleira esconde atrás da verde mata atenção do grande público ao se inspirar por
o luar elementos que em tese não eram reconhecidos como
do sertão arte, ao levar em conta que o consumo era marca
vigente desses tempos. Grandes estrelas do cinema,
o monumento não tem porta revistas em quadrinhos, automóveis modernos,
a entrada é a uma rua antiga e torta aparelhos eletrônicos ou produtos enlatados foram
e no joelho uma criança sorridente e morta desconstruídos para que as impressões e ideias desses
estende a mão artistas assinalassem o poder de reprodução e a
efemeridade daquilo que é oferecido pela era
viva mata ta ta industrial.
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LITERATURA

inovação poética. A Poesia Marginal não ganhou um


Entre outros representantes desse movimento, capítulo só seu nos livros didáticos de Literatura
podemos destacar a figura de Andy Warhol, conhecido Brasileira, mesmo porque nunca foi considerada um
pelas múltiplas versões multicoloridas de “Marilyn movimento literário, e sim um movimento de poesia,
Monroe”, produzida no ano de 1967. Outro exemplo mas ainda assim deixou um legado para diversos
de “pop art” pode ser reconhecido na obra “No poetas e escritores. Selecionamos três “poemas
Carro”, em que Roy Lichenstein utiliza a linguagem marginais” para você ler com os olhos e mergulhar em
dos quadrinhos para explorar situações urbanas. Ainda uma interessante experiência sensorial. Boa leitura!
hoje, diversos artistas empregam as referências da
“pop art” para conceber quadros, esculturas e outras Amor bastante
instalações. quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
Por Rainer Sousa (Equipe Brasil Escola) Mestre em foi como se eu olhasse
História de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
A Poesia Marginal (1970-1980) mil faces num só instante

A frase de Hélio Oiticica — basta um instante


artista performático, pintor e e você tem amor bastante
escultor —, define bem o
período cultural conhecido um bom poema
como Movimento Marginal, leva anos
que influenciaria a produção cinco jogando bola,
cultural no Brasil nos anos mais cinco estudando sânscrito,
setenta. A Geração seis carregando pedra,
Mimeógrafo, ou Poesia Marginal, contou com nove namorando a vizinha,
importantes nomes que divulgaram a nova concepção sete levando porrada,
artística na literatura brasileira (inovação encontrada quatro andando sozinho,
também no Concretismo), fruto das primeiras rupturas três mudando de cidade,
literárias apresentadas pelos escritores modernistas da dez trocando de assunto,
segunda década do século XX. uma eternidade, eu e você,
A poesia de mimeógrafo ficou conhecida por esse caminhando junto
nome porque muitos poetas recorriam ao mimeógrafo Paulo Leminski
(máquina para realizar cópias, com um original escrito
ou desenhado em relevo) para reproduzirem seus Rápido e rasteiro
textos e livros. O método quase artesanal era um Vai ter uma festa
processo alternativo de criação, produção e distri- que eu vou dançar
buição do poema, que substituía os meios tradicionais até o sapato pedir pra parar.
de circulação das obras, como editoras e livrarias. aí eu paro
Vendidos de mão em mão, os livros eram tiro o sapato
comercializados a baixo custo para um público restrito e danço o resto da vida.
que frequentava eventos relacionados com a cultura
marginal, assim conhecida por estar fora dos cânones Chacal
literários e à margem da crítica literária.
SALA SUNYATA
Na literatura e na poesia, a marginália foi representada
por nomes como Paulo Leminski, José Agripino de Ó, tabula rasa.
Paula, Waly Salomão, Francisco Alvim, Torquato Nada vezes nada, noves fora nada.
Neto e Chacal. No campo musical, já que a marginália Sol nulo dos dias vãos. Lua nula das noites vãs.
foi um movimento que influenciou as diversas artes,
os principais nomes desse período foram Sérgio Eis que atingi o ponto Nadir.
Sampaio, Tom Zé, Jorge Mautner, Jards Macalé e Luiz Se todas as coisas nos reduzem a
Melodia, que posteriormente foram rotulados pela ZERO
imprensa como “compositores malditos” da MPB, é daí do
epíteto ingrato e nada simpático para aqueles que não ZERO
encontravam espaço nas grandes gravadoras de discos que temos que partir.
da época. Waly Salomão

O inconformismo com os moldes literários impostos *A imagem que ilustra o artigo foi feita a partir de capas de
pela academia e com a chamada “cultura oficial” discos e livros dos artistas citados.
brasileira, responsável por deixar à margem toda
produção cultural que estava fora dos padrões, foi a Por Luana Castro (Equipe do Brasil Escola) Graduada
força motriz para esse grupo de artistas criativos que em Letras
subverteram a mesmice ao propor uma constante

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LITERATURA

Autores Contemporâneos  Anti-Nélson Rodrigues - 1974 - Direção: Paulo César


Pereio
Nelson Rodrigues  A serpente - 1978 - Direção: Marcos Flaksman
“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Ariano Suassuna
Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E Ariano Suassuna, professor da Universidade Federal
o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. de Pernambuco, e responsável por um dos mais
Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).” importantes grupamentos musicais do Brasil –
Nelson Rodrigues Armorial -,é natural da Paraíba, onde nasceu em 1927.
Jornalista, escritor, crítico teatral, membro do
Caracteristicas da obra Conselho Federal de Cultura [1968-1972],
BACHARE-LOU-SE EM Direito, em 1950. Escreveu
O teatro entrou na vida de Nelson Rodrigues por diversas peças teatrais, e concluiu o Auto da
acaso. Uma vez que se encontrava em dificuldades Compadecida em 1955. A peça foi representada no
financeiras, achou no teatro uma possibilidade de sair Primeiro Festival de Amadores acionais em 11957, no
da situação difícil em que estava. Assim, escreveu Rio de Janeiro, tendo sido premiada, Com isso ganhou
"Vestido de Noiva", sua primeira peça. Segundo curso nos grandes centros teatrais do sul do País.
algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero
literário predileto, e suas peças seguiram essa Auto da Compadecida
predileção , pois as mesmas são como romances em
forma de texto teatral. Nelson é um originalíssimo a) João Grilo é uma figura típica do nordestino sabido,
realista. Não é à toa que foi considerado um novo Eça. analfabeto e amarelo.
De fato a prosa de Nelson era realista e, tal como os
realistas do século XIX, criticou a sociedade e suas Habituado a sobreviver e a viver a partir de
instituições, sobretudo o casamento. Sendo expedientes, trabalha na padaria, vive em desconforto
esteticamente realista em pleno Modernismo, Nelson e a miséria é sua companheira.
não deixou de inovar tal como fizeram os modernos.
O autor transpôs a tragédia grega para o sociedade Sua fé nas artimanhas que cria, reflete, no fundo, uma
carioca do início do século XX, e dessa transposição forma de crença arraigada na proteção que recebe,
surgiu a "tragédia carioca", com as mesmas regras embora sem saber, da Compadecida. É essa convicção
daquela, mas com um tom contemporâneo. O que o salva. E ele recebe nova oportunidade de
erotismo está muito presente na obra de Nelson Manuel (Cristo), retornando- à vida e à companhia de
Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Chicó. É uma oportunidade inusitada de ressurreição e
Nelson não hesitou em denunciar a sordidez da retorno à existência. Caberá a ele provar que essa
sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas oportunidade foi ou não bem aproveitada.
obras. Esse erotismo realista de Nelson teve sua
gênese em obras do século XIX, como "O Primo b) CHICÓ. Companheiro constante de João Grilo e,
Basílio",e se desenvolveu grademente na obra do autor especialmente, seu diálogo. Chicó envolve-se nos
pernambucando. Em síntese, Nelson foi um grande expedientes de João Grilo e é seu parceiro, mais por
escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na solidariedade do que por convicção íntima. Mas é um
literatura brasileira.. amigo leal.
Ordem cronológica c) PADRE JOÃO, O BISPO e o SACRISTÃO. Essas
personagens, embora de atuação diversa, estão
Estreias das peças (todas no Rio de Janeiro) concentradas em torno de simonia e da cobiça,
 A mulher sem pecado - 1941 - Direção: Rodolfo Mayer relacionada com a situação contida no testamento do
 Vestido de noiva - 1943 - Direção: Zbigniew Ziembiński cachorro.
 Álbum de família -1946 - Direção: Kleber Santos
 Anjo negro - 1947 - Direção: Zbigniew Ziembiński d) ANTÔNIO MORAIS. É a autoridade decorrente do
 Senhora dos Afogados - 1947 - Direção: Bibi Ferreira poder econômico, resquício do coronelismo
nordestino, a quem se curvam a política, os sacerdotes
 Dorotéia - 1949 - Direção: Zbigniew Ziembiński
e a gente miúda.
 Valsa nº 6 - 1951 - Direção: Milton Rodrigues
 A falecida - 1953 - Direção: José Maria Monteiro e) PADEIRO e sua MULHER. Encarnam, um lado, a
 Perdoa-me por me traíres - 1957 - Direção: Léo Júsi exploração do homem pelo homem e, de outro, o
 Viúva, porém honesta - 1957 - Direção: Willy Keller adultério.
 Os sete gatinhos - 1958 - Direção: Willy Keller
 Boca de ouro - 1959 - Direção: José Renato f) SEVERINO DO ARACAJU e o CANGACEIRO.
 O beijo no asfalto - 1960 - Direção: Fernando Torres Representam a crueldade sádica, e desempenham um
papel importante na sequência de número cinco,
 Bonitinha, mas ordinária - 1962 - Direção Martim
porque nessa sequência matam e são mortos. Com
Gonçalves
isso propicia-se a ressurreição e o julgamento.
 Toda nudez será castigada - 1965 - Direção: Zbigniew
Ziembiński g) O ENCOURADO e o DEMÔNIO. Julgam,

nuceconcursos.com.br 147
LITERATURA

aguardando seu benefício, isto é, o aumento da elogio ao “ócio criador do poeta”.


clientela do inferno. É importante verificar que A farsa, segundo André Tissier “é o único gênero
representam, de alguma forma, um instrumento da dramático que sobreviveu a Idade Média” (Tissier,
Justiça, encarnado em Manuel (O Cristo). 1999: 8) 2 . Em sua origem ela era uma pequena peça
representada, no centro ou no final de um mistério ou
h) MANUEL. É o Cristo negro, justo e onisciente, moralidade, para relaxar a atmosfera ou cativar um
encarnação do verbo e da lei. Atua como julgador final pouco mais os espectadores.
dos da prudência mundana, do preconceito, do falso
testemunho, da velhacaria, da arrogância, da simonia, Pouco a pouco se tornou um texto autônomo e se
da preguiça. Personagem a personagem têm seu constituiu num gênero dramático independente. A
pecado definido e analisado, com sabedoria e com farsa pertence ao teatro popular, às “camadas
prudência. inferiores” da população, e é representada onde o
público vive e onde predomina uma atmosfera de
i) A COMPADECIDA. É Nossa Senhora, invocada por festa. Na Idade Média, a farsa era a adaptação de
João Grilo, o ser que lhe dará a Segunda oportunidade fábulas ou de contos da literatura oral. Este
da vida. Funciona efetivamente como medianeira, procedimento é igualmente utilizado por Suassuna: ele
plena de misericórdia, intervindo a favor de quem nela se inspira nas histórias populares do nordeste para a
crê, João Grilo. criação de sua obra. Assim para o segundo ato de sua
Farsa da boa preguiça ele se serve de uma história que
B- Estrato metafísico. Pela atuação das personagens, possui várias versões: de um intermédio popular
pelo sentido global que encima a peça, percebemos adaptado da literatura de cordel, de uma peça para
claramente que nela existe uma proposição metafísica, mamulengo e de um romance ibérico medieval
vinculada à Igreja Católica e à idéia da salvação. cantado ainda no sertão e intitulado O homem da vaca e o
poder da fortuna. Já o terceiro ato é inspirado num texto
Ao lado da significação global do texto, como tradicional anônimo do teatro de mamulengo do
estrutura, o Palhaço define essa proposição nordeste O rico avarento e também do conto popular
claramente. São Pedro e o queijo.

O Palhaço realiza, nessa peça, o papel do Corifeu, no O texto é composto de três atos que, característica do
teatro clássico, e sua intervenção corresponde à teatro de Suassuna, podem ser representados de forma
parábase da comédia clássica – trecho fora do enredo independente. Cada ato apresenta uma história
dramático em que as ideias e as intenções ficam completa que não tem necessidade de estar ligada ao
claramente expressas: ato que a segue ou a precede. Seguindo a tradição
medieval, Suassuna introduz cada ato por um prólogo
PALHAÇO: “Ao escrever esta peça, onde combate o e o termina por um exemplo, uma lição. No prólogo
mundanismo, praga de sua igreja, o autor quis ser ele anuncia o que vai se passar, descreve o espaço
representado por um palhaço, para indicar que sabe, cênico e introduz os personagens. Para criar o aspecto
mais do que ninguém, que sua lama é um velho catre, dramático da obra, o autor se serve da oposição entre
cheio de insensatez e de solércia. Ele não tinha o os personagens, dos conflitos de situação gerados por
direito de tocar nesse tema, mas ousou fazê-lo, esta oposição. Sempre dando características específicas
baseado no espírito popular de sua gente, porque a cada personagem, Suassuna traça um retrato dos dois
acredita que esse povo sofre, é um povo e tem direito casais que protagonizam a obra: Simão e Nevinha,
a certas intimidades” (p.23-24). Aderaldo e Clarabela.
... Espero que todos os presente aproveitem os
ensinamentos desta peça e reformem suas vidas, se Simão é pobre, poeta, preguiçoso, escritor de origem
bem que eu tenho certeza de que todos os que estão rural que, por força das circunstâncias, vive no meio
aqui são uns verdadeiros santos, praticantes da virtude, de uma burguesia urbana. Ele é dotado de uma grande
do amor a Deus e ao próximo, sem maldade, sem capacidade de criação associada a um humor
mesquinhez, incapazes de julgar e de falar mal dos espontâneo e debochado. O personagem revela um
outros, generosos, sem avareza, ótimos patrões, desligamento material incomparável, um pronunciado
excelentes empregados, sóbrios, castos e pacientes individualismo, mas ao lado dessas qualidades o que
(p.137). sobressai é um grande amor, uma confiança total e um
certo devotamento a sua mulher Nevinha. Mulher de
A intenção moral, ou moralidade da peça, fica muito origem humilde, fiel e digna, consciente de seus
clara, desde que se torne claro, também, que essa deveres para com seu marido e filhos, mostra uma
intenção vincula-se a uma linha de pensamento forte religiosidade e um certo conformismo aliado a
religioso, e da Igreja Católica. um sentimento de inferioridade característica da classe
social a que pertence.
A Farsa da Boa Preguiça
Aderaldo representa o burguês enriquecido graças ao
A obra de Ariano Suassuna intitulada Farsa da boa trabalho dos pobres. É um ser lascivo que quer a todo
preguiça, escrita em 1960 é considerada pela crítica custo possuir a esposa de Simão. Ele tenta seduzi-la,
como uma de suas obras primas. Ela tem como tema o inúmeras vezes, com a promessa de bens materiais.
elogio à preguiça, ou como melhor define seu autor o Ligado ao dinheiro, acredita fácil possuir as pessoas da

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LITERATURA

mesma forma que possui coisas. Clarabela, casada com Viva a preguiça de Deus
Aderaldo, é uma falsa intelectual, fútil e lasciva, que Que criou a harmonia,
abusa de expressões difíceis, a fim de mostrar uma Que criou o mundo e a vida,
erudição que não possui. Intolerante, superficial e Que criou tudo o que cria!
hipócrita, quer ser reconhecida como uma mulher Viva o ócio dos Poetas
culta, tanto quanto seu marido deseja ser um homem Que tece a beleza e fia!
de poder, o que os aproxima, pois são desejos que Viva o povo brasileiro,
representam uma vontade obstinada de ascensão Sua fé, sua poesia,
social, numa sociedade materialista que não vê e não Sua altivez na pobreza,
considera senão o lado aparente das coisas. Fonte de força e Poesia! (Suassuna, 1979:181)

O primeiro ato coloca o espectador em contato com Raimundo Carrero


este universo do sertão, com a personalidade dos Nasceu em Salgueiro, PE, em 20/12/1947. Jornalista,
protagonistas, suas vidas e conflitos. Ele faz um crítico literário, e escritor. Como jornalista, trabalhou
esboço do poeta preguiçoso, da mulher dedicada e no rádio, televisão e jornal Diário de
conformada com sua sorte e ao lado destes mostra a Pernambuco durante 25 anos, tendo exercido
ganância de Aderaldo e a futilidade de Clarabela. vários cargos, como os de crítico literário e editor
nacional. Foi assessor de imprensa da Fundação
O segundo ato será decisivo: neste momento da peça, Joaquim Nabuco e da Universidade Federal de
como uma característica bem comum às farsas, há Pernambuco. Integrou o Conselho Municipal (Recife)
uma mudança significativa no destino dos personagens de Cultura durante oito anos e o Movimento
pobres, que através de uma aposta, se tornam ricos. de Cultura popular. Foi aí que conheceu e conviveu
com Ariano Suassuna, de quem recebeu influências
No terceiro ato, encontramos nossos personagens literárias. Até 1998, foi presidente da Fundação de
empobrecidos novamente. Os anos passaram. Simão e Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco
Nevinha voltam à velha casa vizinha à do rico (Fundarpe). Em 2004, foi eleito para a Academia
Aderaldo. Eles retornam humildes em busca de Pernambucana de Letras, tomando posse em 20 de
trabalho. Simão bate à porta de Aderaldo e se janeiro de 2005. Em 1975 publicou seu primeiro
reencontra com Clarabela. Durante o período em que livro: A história de Bernarda Soledade - A tigre do
Simão estivera rico, eles tinham se tornado amantes, o sertão, que teve ótima repercussão mesmo fora de
que agora é passado. Clarabela, fiel a ela mesma, Pernambuco. Nunca quis trocar Recife por Rio ou São
multiplicara suas aventuras amorosas, preferindo-as Paulo, o que fez sua literatura não ficar tão conhecida
sempre mais grosseiras e brutais. A idéia de ter Simão quanto mereceria – e o obrigou a combater por muito
como criado a diverte prodigiosamente. Ela aceita seu tempo o rótulo de regionalista que todos os escritores
pedido de emprego apenas para humilhá-lo. Aderaldo, nordestinos costumam ganhar, embora sua obra não
que se transformara num grande avarento, revela toda tenha nenhum traço do gênero. Em compensação,
sua mesquinhez ao afirmar: “Eu não vou na casa de tornou-se muito popular em seu estado, promovendo
minha mãe para ela não visitar a minha e não concorridíssimas oficinas literárias. Seu
desequilibrar meu orçamento” (Suassuna, 1979:140) livro Somos pedras que se consomem (1995) ganhou os
Atualmente ele controla a própria comida e guarda-a prêmio Machado de Assis e APCA e foi incluído entre
sob sete chaves. Avarento, mesquinho e vingativo, a os dez melhores de 1995, escolhidos pelo jornal O
possibilidade de humilhar Simão lhe agrada: ele o Globo, e entre as dez melhores obras de ficção de
emprega em troca apenas de sua alimentação. O 1995, selecionadas pelo Jornal do Brasil. Em 1999
trabalho de Simão consiste apenas em “despachar” os lançou As sombrias ruínas da alma, sendo agraciado pelo
retirantes que vêm mendigar à porta de Aderaldo. Ele Premio Jabuti. Em 2005 lançou Os segredos da ficçao: um
deve encarregar-se de afastar os mendigos que em guia na arte de escrever narrativas, uma espécie de manual
época de seca não faltam. A todos Aderaldo responde de orientação adotado pela sua Oficina Literária, no
com uma negativa: ele não tem nada para dar, ele não Recife. Em 2010 ganhou o Prêmio São Paulo de
é responsável pela pobreza do mundo e ele não tem Literatura com o livro A minha alma é irmã de
nada a ver com isso. Simão piedoso para com aqueles Deus (2010). Pouco depois sofreu um AVC que o
que parecem ter ainda menos que ele, lembra a deixou fora do circuito por pouco tempo. No ano
Aderaldo o castigo divino, pra ouvir o avarento seguinte lançou Seria uma sombria noite secreta (Record,
exclamar: “O castigo do céu! Olhe a besteira dele!” 2011) e em 2013 lançou Tangolomango, ritual das paixões
(Suassuna, 1979: 147) O texto chega ao fim. Suassuna deste mundo, pela Record.
revela a verdadeira identidade dos vaqueiros de
Aderaldo, os mesmos que Clarabela tinha por A HISTÓRIA DE BERNARDA SOLEDADE: A
amantes: eles são demônios, vindos para buscar a alma TIGRE DO SERTÃO / RAIMUNDO
do infame personagem e de sua mulher. Eles os CARRERO
transportam vivos ao inferno. Nevinha e Simão
permanecerão vivos para cumprir seus destinos. O ato Uma filha durona que resolveu saquear e roubar as
termina por uma moralidade que encerra o texto e que terras adjacentes à sua fazenda, conhecida como
reforça o elogio à preguiça criativa do poeta. Através Puchinãnã. Inclusive a do seu tio Anrique. Este volta
dos personagens Suassuna deixa explícito seu liderando um grupo de desalojados, diz que vai
pensamento, nos versos finais: trabalhar com o irmão, coronel Militão Soledade, mas
mata-o e planeja seduzir e depois destruir sua filha
nuceconcursos.com.br 149
LITERATURA

Bernarda Soledade, a origem de todo o mal. Este parte de uma trama, de revoltosos com a dominação
enredo, do romance “A história de Bernarda Soledade de Bernarda sobre a terra dos outros. E que estes a
– a tigre do sertão”, o primeiro de Raimundo Carrero, chamam de tigre. Mas, em vez de dar cabo ao plano e
com então 25 anos, revela que é do mesmo autor da destruir Puchinãnã, Anrique propõe destruir os líderes
obra “O amor não tem bons sentimentos” da revolta. Para isso, teria que voltar a Santo Antônio
(Iluminuras, 2007). do Salgueiro na mesma noite, junto com guerreiros
Nada de romance açucarado: Carrero tem é desajuste armados, e matar os principais líderes – que esperavam
para mostrar. Suas temáticas são fortes, do primeiro ao Anrique para fazer a destruição da fazenda. “- Pois é,
mais recente trabalho. Quem o conhe-ce como pessoa, minha gente, não sou mais o chefe dos rebeldes. Não
e não sua literatura, surpreende-se como figura tão cometo nenhuma traição, porque estou ao lado do
doce e afável se transforma tanto quando artista. meu sangue. Agora, ouçam bem: todos os rebeldes,
Quem conhece os dois Carreros, logo imagina que ser bem armados, estão na praça do povoado. Aguardam-
humano complexo se esconde por trás da vasta barba me para as últimas instruções. Acreditem em mim,
branca… confiem em mim. Vamos matar, pelo menos, os
quatro chefes mais importantes, os que provocaram e
A história se desenrola em dois planos: o do tempo traçaram a rebeldia”, prega.
presente, das mulheres Gabriela (mãe), Bernarda e A matança se dá na cidade, sendo Pedro Lucas, filho
Inês (irmãs) e o do passado, contando a história de de Lucas Geremias (um dos maiores rebeldes) um dos
Puchinãnã. O primeiro é sinalizado em capítulos por poucos a sobreviver por parte dos revoltosos. Anrique
numerais romanos, o segundo em ordem alfabética. e Bernarda voltam como vitoriosos para Puchinãnã.
Todo o tempo presente é dado numa noite e início de Mas o desejo de vingança cresce dentro da população
dia. Nesse período, uma chuva forte, que atiça os de Salgueiro.
cavalos a relincharem, faz as irmãs e a mãe a temerem
pelo pior. Falam em volta dos mortos. E aí se explica Pedro Lucas jura vingar a morte do seu pai e ele tinha
quem morreu e como. Sem quê nem porquê, apenas contatos com Puchinãnã. Havia namorado Inês
como se fosse uma fonte louca de desejo por poder, Soledade e costumava tomar banhos nus com ela à
Bernarda Soledade desejou expandir os domínios de noite. Ainda que, segundo Carrero, não fizesse nada
sua fazenda para muito além, conquistando terras além de beijar seus cabelos e seios, embora estivessem
alheias e caçando animais selvagens na localidade. nus, em alta madrugada, sozinhos…
Mesmo sem o apoio do pai, ela comandou homens
que avançaram sobre essas terras, deixando muitos Pedro Lucas convence Inês Soledade a se vingar de
incomodados. Estes organizam uma reação, Anrique, tio que virou amante de sua irmã e que já
capitaneada por Anrique, tio de Bernarda. Anrique se havia matado o seu pai. Inês topa e armam um plano.
aproxima da fazenda dela, dizendo que quer trabalhar Ela iria chamar Anrique para um de seus banhos, em
lá como adestrador de animais (uma função que era alta madrugada, insinuando que se entregaria para o
exercida pela própria Bernarda). Mas, na verdade, tio, assim como fez Bernarda. O chamado era uma
planejava matar Militão Soledade, seu irmão, emboscada, pois Pedro Lucas estava preparado para
desvirginar Bernarda e acabar com a fazenda matar Anrique e seu belo cavalo, Imperador, além de
Puchinãnã. destruir Puchinãnã. Só depois de matar o tio e seu
cavalo e deixar outros rebeldes atacarem a casa grande
Bernarda é mulher de nascença, mas homem de da Fazenda, é que ele procura Inês Soledade para um
atitude. Nenhum traço de feminilidade nos revela sexo brutal, algo próximo de um estupro. A casa
Carrero em sua protagonista. Assim ela justifica a grande é derrotada. O mundo de dominação de
tomada das terras e de animais: “- Naquelas matas, Puchinãnã morre, sem Anrique e com os outros
vamos caçar muitos cavalos. Em Puchinãnã, falta um funcionários fugindo. Bernarda ainda dá a luz a uma
homem de músculos fortes. Poderia sair do meu filha, fruto do relacionamento com o tio, já morto. A
ventre. Entretanto, não passo de uma mulher seca. filha também não dura muito tempo viva.
Nenhum homem quis pousar sobre o meu corpo alvo.
E os cavalos serão a presença do macho”. Decidida, No plano do presente, a narrativa inteira se dá numa
auto-suficiente e sem sentimentos, assim é Bernarda. noite de muita chuva. A mãe, Gabriela Soledade, fica
Já trabalhando na fazenda, Anrique mata o irmão louca após a morte do coronel, e toda hora imagina
enforcado, numa morte, para os outros, misteriosa. que o seu noivo virá, e fará muitas festas. Enquanto a
Depois vai planejando tudo até que decide se bandear mãe delira, Bernarda dá ordens, manda rezar, mostra-
para o lado da sobrinha, logo depois de possuí-la no se uma mulher seca. Inês faz um bordado. No meio da
curral. “Anrique, pequeno e feio, próprio para a madrugada, em más lembranças, Bernarda vai até o
domação de animais”, descreve o autor, seria o local em que enterrou sua filha, que morreu muito
homem perfeito para tirar a virgindade de Bernarda. cedo, e foi sempre rejeitada. Bernarda queria um
“E era assim mesmo que ela desejava um homem. Um homem para cuidar de Puchinãnã e não mais uma
homem que fosse, ao mesmo tempo, o domador e o mulher. Inês disse que o destino de Puchinanã era ser
animal, para que sentisse domada e domadora. [...] Ele cuidado por mulheres, mas Bernarda rejeitava. Até esta
a beijou nos cabelos, na testa, no busto. Foram brutos, noite, no meio da chuva e desespero, ir pedir desculpa
mais brutos que as feras.” ao corpo de sua filha.
Inês sai à procura de Bernarda e, quando as duas
Após o sexo no curral, Anrique conta que tudo fazia voltam para casa, a mãe tinha saído. Encontram-na
depois no curral, pisada por cavalos. Bernarda diz que
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LITERATURA

não vai enterrar sua mãe, mas deixar ela apodrecer maio de 1994, aos 87 anos de idade.
dentro de casa. Pouco depois, Inês entra em trabalho Por Jussara de Barros (Equipe Brasil Escola)
de parto (embora escondesse da própria família que Graduada em Pedagogia
estava grávida da única vez que fez sexo, com Pedro
Lucas – ô homem azarado) e tem o filho sozinha. É Manoel de Barros
um homem, informa Bernada, que depois vem acudi- “O que escrevo resulta de meus armazenamentos ancestrais e de
la. Ela aproveita e joga o menino num rio. Apenas meus envolvimentos com a vida. Sou filho e neto de bugres,
informa a irmã, sem protestos por parte dela, de que andarejos e portugueses melancólicos. Minha infância levei com
agora não queria nenhum homem em Puchinãnã. árvores e bichos do chão. Penso que a leitura e a frequentação
O enredo de sangue não anula as incoerências e das artes desabrocha a imaginação para um mundo mais puro.
estranhezas do romance. Acho que uma inocência infantil nas palavras é salutar diante
Mário Quintana do mundo tão tecnocrata e impuro. Acho mais pura a palavra
do poeta que é sempre inocente e pobre".
Nascido em Alegrete, em 30 de julho de 1906, o poeta
gaúcho Mário Quintana tornou-se um dos principais Manoel de Barros
escritores brasileiros do século XX.
Seus primeiros textos foram publicados na revista O escritor mais famoso de Itabira, a 100 quilômetros
Hyloea, do próprio colégio em que frequentava, o de Belo Horizonte, Carlos Drummond de Andrade,
Colégio Militar de Porto Alegre, onde estudou por disse certa vez que não era o maior poeta brasileiro
cinco anos. vivo. Havia Manoel Wenceslau Leite de Barros. Ou
As principais características dos seus textos são a melhor, Manoel de Barros, autor de linhas e rimas
linguagem simples, clara, que fala de sentimentos e faz cheias de profundidade sobre simplicidades do dia a
alusões ao cotidiano. Fala do amor, das tristezas, da dia, as sutilezas das coisas "desimportantes". Do
infância, da morte, dentre outros. "apogeu do chão e do pequeno".
Mais tarde foi convidado para trabalhar na Editora Barros nasceu em Cuiabá, no dia 19 de dezembro de
Globo, tornando-se empregado do jornal Correio do 1916. Quando criança, ele passou boa parte de seus
Povo, no Rio Grande do Sul. dias no internato. Ao terminar a escola, foi para o Rio
Em 1940 foi publicado “Rua dos Cataventos”, seu de Janeiro onde se formou em Direito. Depois do
primeiro livro de poemas. casamento com Stella voltou para o Pantanal e
Em sua carreira desenvolveu trabalhos de tradução, assumiu uma fazenda de gado recebida como herança.
tendo o primeiro feito com a obra Palavras e Sangue, Lá, viveu até o fim da vida, em novembro de 2014.
de Giovanni Papini. Interpretou obras de autores Cronologicamente, o poeta pertence à terceira geração
renomeados como Marcel Proust, Honoré de Balzac, modernista, de 1945, assim como João Cabral de Melo
Graham Greene e Guy de Maupassant, tornando-se Neto (1920-1999) e João Guimarães Rosa (1908-
um dos responsáveis pelo acesso do povo brasileiro às 1967). Os autores dessa fase ficaram conhecidos pelo
obras da literatura internacional. apuro com as letras e menor apego a padrões estéticos.
Quintana teve seus poemas publicados no jornal Isso não significa que seja simples classificar a poesia
Correio do Povo, onde trabalhou por quarenta anos, de Barros em modernista, de vanguarda ou pós-
sendo este o maior veículo de divulgação de sua obra moderna. "Buscar uma classificação talvez seja uma
poética. Suas obras passaram a integrar os volumes forma inadequada de abordar uma poesia que
didáticos das escolas, sendo publicadas em vários questiona os padrões de uma sociedade obcecada com
exemplares de livros da língua portuguesa e de informação, classificação e eficiência", comenta
literatura. Rodrigo Franklin de Sousa, professor da Universidade
Uma das primeiras premiações que recebeu foi com o Presbiteriana Mackenzie e doutor em Letras pela
conto A Sétima Personagem, num concurso agenciado Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
pelo jornal de Porto Alegre, Diário de Notícias. Com o tempo, o escritor conquistou notoriedade no
Ao completar sessenta anos de idade foi homenageado meio literário. Foi vencedor do Prêmio Jabuti duas
pelos amigos Paulo Mendes Campos e Rubem Braga, vezes, em 1990 e 2002, com as obras "O guardador de
com uma obra de sua antologia poética, com sessenta águas" (1989) e "O fazedor de amanhecer" (2001).
poemas inéditos, que recebeu o prêmio Fernando Seus leitores não são apenas brasileiros. Os livros do
Chinaglia como o melhor livro do ano. poeta foram traduzidos e publicados na França, nos
Em 1980 ganhou o prêmio literário, máximo, da Estados Unidos, na Espanha e em Portugal. Em 2008,
Academia Brasileira de Letras, o troféu Machado de sua trajetória e as peculiaridades dos seus poemas
Assis, que homenageia um conjunto de obras. foram tema do documentário "Só dez por cento é
Dentre tantas obras, as de maior destaque são: mentira", de Pedro Cezar.
Canções, 1945; O Aprendiz de Feiticeiro, 1950; Adélia Prado
Quintares, 1976; O Baú de Espantos, 1986; dentre
outros. Por Paula Perin dos Santos
Um de seus poemas mais conhecidos é o Poeminha Adélia Luiza Prado de Freitas nasceu em 1936 em
do Contra, após a terceira tentativa em conquistar uma Divinópolis-MG, onde cresceu e se educou. Formou-
cadeira na Academia Brasileira de Letras. O poema se em Filosofia e trabalhou como professora. Em 1971
diz: “Todos esses que aí estão, atravancando meu publicou o livro de poemas “A Lapinha de Jesus”,
caminho, eles passarão... eu passarinho”. junto com Lázaro Barreto. Cinco anos depois foi que
Mário Quintana faleceu em Porto Alegre, em 5 de publicou sozinha seu primeiro livro, Bagagem (1976),

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LITERATURA

revelando uma artista de extrema originalidade e de jugo suave: ‘Amai-vos’”.


lirismo. Publicou depois “Coração Disparado” (1978),
coletânea que trouxe a consagração merecida, A poesia de Adélia Prado revela uma constante alegria
trazendo-lhe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do de estar viva, mesmo diante de tantas adversidades.
Livro de São Paulo. Até mesmo os palavrões que ela usa em seus textos
Seus poemas, contos e romances registram o cotidiano aparecem com tanta naturalidade, que quase passam
das pequenas cidades interioranas, com fortes despercebidos. E aqui cabe uma consideração
manifestações de religiosidade. “Lá estão as comadres, importante: o modernismo “dessacralizou” apenas a
as santas missões, as formigas pretas, o angu, as gramática, mas a linguagem continuou sendo a mesmo
tanajuras, as pessoas na sombra com faca e laranja”, “casta e burguesa” de sempre. A obra de Adélia
afirma Afonso Romano no prefácio da coletânea mostra que, como disse Afonso Romano, “é natural
“Coração Disparado”. Adélia faz poesia como quem que se escreva como se fala, porque se fala como se
está com o caderno ao lado do fogão, dizendo vive”.
verdades que não foram ditas pelos “poetas” até O perfume das bananas é escolar e pacífico.
então. Isso ela faz num tom mágico e fantástico, Quando mamãe disse: filha, vovô morreu, pode falhar
recriando a vida do interior mineiro por meio de uma de aula,
linguagem inovadoramente feminina, isto é, ela não eu achei morrer muito violoncelírico.
repete a mesma linguagem usada pelos poetas Abriam-se as pastas no começo da aula,
modernistas, nem seus poemas versam sobre imagens os lápis de ponta fresca recendiam.
desgastadas como “noite-canto-solidão”. O rapaz de espinhas me convocava aos abismos,
nem comia as goiabas,
“Tem cheiro especial as bolas de carne cozinhando desnorteada de palpitações.
O cachorro olha pra gente com um olho piedoso mas Filho-da-puta se falava na minha casa,
eu não dou Comida de cachorro é muxiba, resto de desgraçado nunca, porque graça é de Deus.
prato.” No teatro ou no enterro,
(EH!, “Coração Disparado”) o sexofone me põe atrás do moço,
O grande mérito de Adélia Prado é que ela explora porque as valsas convergem, os lençóis estendidos,
temas como a família, elemento praticamente abril, anil, lavadeira no rio,
descartado pelos poetas brasileiros, que preferem falar os domingos convergem.
nas amantes, quando muito em noivos e noivas. O entre-parênteses estaca pra convergir com mais
Afonso Romano afirma que parece que, de todos os força:
poetas, só ela tem marido e filhos, cuida da casa, do no curso primário estudei entusiasmada o esqueleto
quintal, das hortaliças. Ela valoriza a vida nas menores humano da galinha.
coisas, como os afazeres da casa, até as mais comuns, Quero estar cheia de dor mas não quero a tristeza.
como a gravidez no poema “Esperando Sarinha”, que Por algum motivo fui parida incólume,
revelam os mais simples desejos e expectativas de uma entre escorpiões e chuva.
gestante. (CÓDIGOS, “Coração Disparado”)
“Sara é uma linda menina ainda mal-acordada. Fontes
Suas pétalas mais sedosas estão ainda fechadas, SANT’ANNA, Affonso Romano. Adélia: a Mulher, o Corpo e a
dormindo de bom dormir. Poesia. IN: PRADO, Adélia. Coração Disparado. Rio de Janeiro,
Quando Sarinha acordar, (...) Nova Fronteira, 1979.
Duas horas vai gastar fazendo tranças e castelos." EXERCÍCIOS

Além disso, ela incorpora em sua obra a presença da Texto


mulher concreta em si mesma, capaz de revelar uma
eroticidade ausente na nossa “poesia feminina” No terceiro ato de “A farsa da boa preguiça”, Ariano
convencional. Desta forma, revela uma mulher que vai termina por uma moralidade que encerra o texto e que
além das ideologias, dos preconceitos, destemida a reforça o elogio à preguiça criativa do poeta. Através
ponto de descartar a maneira masculina de enxergar o dos personagens, Suassuna deixa explícito seu
mundo e os clichês da ideologia literária e social. pensamento, nos versos finais:
Viva a preguiça de Deus
“fazia tarde bonita quando me inseri na janela entre Que criou a harmonia,
meus tios e vi o homem com a braguilha aberta e pé Que criou o mundo e a vida,
de rosa-doida enjerizado de rosas” Que criou tudo o que cria!
Viva o ócio dos Poetas
Alguns de seus poemas dialogam com os de Fernando Que tece a beleza e fia!
Pessoa, Guimarães Rosa e Drummond, mas só para Viva o povo brasileiro,
marcá-los de uma maneira surpreendentemente Sua fé, sua poesia,
inovadora. Seu primeiro livro começa com o poema Sua altivez na pobreza,
“Com Licença Poética”, onde ela retoma pelo avesso Fonte de força e Poesia! (Suassuna, 1979:181)
o gauche de Drummond. Outra releitura bastante
interessante é a que ela faz do poema “No meio do 1. Sobre a obra em questão, analise as afirmações a
caminho”, também de Drummond: “Achei engraçado seguir.
quando o poeta tropeçou na pedra / Eu tropeço na lei I. O primeiro ato coloca o espectador em contato com

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LITERATURA

este universo do sertão, com a personalidade dos lido.


protagonistas, suas vidas e conflitos. I −Os livros, os poemas e os pássaros trazem consigo o
II. O segundo ato será decisivo: neste momento da peça, alimento da alma.
como uma característica bem comum às farsas, há II- Os poemas, como os pássaros, são livres e se
uma mudança significativa no destino dos personagens autogovernam.
pobres, que através de uma aposta, se tornam ricos. III−Só os poetas leitores têm o alimento dos pássaros
III. O personagem Simão, pobre, é feliz e criativo. O dentro de si.
dinheiro não lhe serve para nada, ele o afasta de sua
atividade. O poeta interrompe seu processo de criação, Quais estão de acordo com o poema?
sua vida afetiva se estilhaça, seu mundo se torna a) Apenas I.
confuso. b) Apenas II.
IV. Aderaldo e Simão representam duas ordens opostas de c) Apenas I e III.
intencionalidade: eles possuem objetivos e valores d) Apenas II e III.
diferentes. e) I, II e III.

São verdadeiras: 4. NÃO HÁ VAGAS


a) I, II e III.
b) I e II. O preço do feijão
c) II, III e IV. não cabe no poema. O preço
d) III e IV. do arroz
e) I, II, III e IV. não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
2. Sobre a novela “A História de Bernarda Soledade a luz o telefone
– A Tigre do Sertão”, do escritor pernambucano a sonegação
Raimundo Carrero, analise as proposições a do leite
seguir. da carne
I. Trata-se de uma novela cuja escrita sofreu forte do açúcar
influência da ideologia armorial. do pão
II. Centrada na protagonista Bernarda Soledade, a novela O funcionário público
narra a história de uma família no sertão nordestino, não cabe no poema
cuja filha primogênita alimenta o desejo de expansão com seu salário de fome
territorial da fazenda de Puxinãnã, e para tanto, ela sua vida fechada
lança mão de métodos ilícitos. em arquivos.
III. A protagonista envolve-se com o Tio Anrique, numa Como não cabe no poema
relação com objetivos claros: ele desejava vingar-se da o operário
sobrinha que tomou suas terras, e ela desejava um que esmerila seu dia de aço
filho que herdasse a bravura do tio. e carvão
IV. A trama que envolve desavenças familiares e com a nas oficinas escuras
comunidade, engendra relações de poder permeadas
pela virilidade e desejo de relações sexuais com – porque o poema, senhores,
objetivos distintos para homens e mulheres. está fechado: "não há vagas"
a) I, II e III. Só cabe no poema
b) I e II. o homem sem estômago
c) II, III e IV. a mulher de nuvens
d) III e IV. a fruta sem preço
e) I, II, III e IV.
O poema, senhores,
3. Leia o seguinte poema de Mário Quintana. não fede
nem cheira
OS POEMAS
(GULLAR, F. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. p.
Os poemas são pássaros que chegam 162.)
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês. Sobre o poema Não há vagas, de Ferreira Gullar,
Quando fechas o livro, eles alçam voo é correto afirmar.
Como de um alçapão. a) Ao ser aproximada de um ato lúdico como o fazer
Eles não têm pouso poesia, a crítica social é atenuada e perde força.
nem porto b) A ruptura com o verso tradicional situa o poema no
alimentam-se um instante em cada par de mãos contexto da primeira geração modernista.
e partem. c) Nota-se uma conjunção entre a reflexão sobre o fazer
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, poético e a preocupação com a realidade social
no maravilhoso espanto de saberes adversa.
que o alimento deles já estava em ti... d) A crítica política e a reflexão sobre a literatura
presentes no poema configuram exceção na produção
Considere as seguintes afirmações sobre o poema poética de Ferreira Gullar.
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LITERATURA

e) Trata-se de texto poético que destoa do conjunto da Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
obra Toda poesia por utilizar redondilhas maiores e ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
menores. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
5. O texto a seguir é a primeira estrofe do poema ele fala coisas como "este foi difícil"
“ovonovelo”, do poeta concretista Augusto de "prateou no ar dando rabanadas"
Campos. e faz o gesto com a mão
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
PRADO, Adélia.: www.jornaldepoesia.jor.br/ad01.html#casa.

Analise as afirmativas a seguir sobre o poema de


(CAMPOS, Augusto de. Apud. CLÜVER, Claus. Iconicidade e isomorfismo em Adélia Prado:
poemas concretos brasileiros. O eixo e a roda. Revista de literatura I. No poema, o eu lírico traz à tona a relação marido e
brasileira, Belo Horizonte, v. 13, p. 26, jul.- dez. 2006.)
mulher, fazendo notar que, nesse tipo de relação, há
sempre a sobreposição de um em detrimento da
É CORRETO afirmar que o poema:
posição do outro. Isso se explicita quando o eu lírico
a) enfatiza a subjetividade do poeta moderno.
assinala "Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas
b) faz uso construtivo dos espaços brancos da página.
que limpe os peixes."
c) emprega o verso tradicional.
II. Em "Coisas prateadas espocam: somos noivo e
d) produz um lirismo intimista.
noiva", a afirmação do eu lírico sobre o que ocorre
com o casal em determinado momento de suas vidas
6. Bilhete
propõe que o leitor reflita sobre a fragilidade do amor
Se tu me amas, ama-me baixinho
nos dias atuais e sobre a fragilidade do
Não o grites de cima dos telhados
casamento desde todo o sempre.
Deixa em paz os passarinhos
III. No filme A hora da estrela, Susana Amaral, a diretora,
Deixa em paz a mim!
assim como Adélia Prado, no poema "Casamento",
Se me queres,
trata sobre problemáticas da condição humana. No
enfim,
poema de Adélia, o trecho "O silêncio de quando nos
tem de ser bem devagarinho, Amada,
vimos pela primeira vez / atravessa a cozinha como
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
um rio profundo", entretanto, se distancia dessa
QUINTANA, Mario. Disponível em:
discussão.
<www.revista.agulha.nom.br/quinta2.html#bilhete>. Acesso em: IV. Algumas poesias contemporâneas, aqui exem-
jul. 2013. plificadas pelo poema "Casamento", embora tenham
uma estrutura métrica pouco rígida quando
Considerando o poema em destaque, analise as comparadas a um soneto clássico, por exemplo,
afirmativas a seguir: possuem, em termos estéticos, valor considerável.
I. O eu lírico tem certeza de que o amor e a vida são V. Assim como no poema de Adélia Prado, no filme
garantias perenizadas pela sorte cotidiana. Sociedade dos Poetas Mortos, podemos afirmar que o tema
II. O eu lírico propõe um amor intempestivo e "amor" é tratado. No poema, isso se explicita quando
avassalador, produtor de inquestionável frêmito. o eu lírico anuncia que sempre está disposto a agir em
III. O eu lírico propõe que o amor que lhe é parceria com o marido.
possivelmente ofertado considere algumas condições.
IV. Para o eu lírico, o amor é algo íntimo, não precisa ser Está correto o que se afirma em
anunciado de modo ostensivo. a) I e II.
V. O eu lírico, apesar da brevidade de ambos, parece não b) I e III.
ter pressa para sentir o amor e compreender a vida. c) II e III.
d) III e IV.
Está correto o que se afirma em e) IV e V.
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) I, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.

7. Casamento

Há mulheres que dizem:


Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.

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LITERATURA

típico da obra de Manoel de Barros.


8. d) O ato de desaprender pela desconstrução do sentido
O QUE A MUSA ETERNA CANTA normal das coisas, guiados pela visão da criança.
Cesse de uma vez meu vão desejo e) A desconstrução da linguagem pelo desprezo ao
de que o poema sirva a todas as fomes. neologismo e adoção do regionalismo.
Um jogador de futebol chegou mesmo a declarar:
“Tenho birra de que me chamem de intelectual, 10. Leia o texto para responder à questão.
5 sou um homem como todos os outros.”
Ah, que sabedoria, como todos os outros, VII
a quem bastou descobrir: No descomeço era o verbo.
letras eu quero é pra pedir emprego, Só depois é que veio o delírio do verbo.
agradecer favores, O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
10 escrever meu nome completo. Criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
O mais são as mal-traçadas linhas. A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
Adélia Prado para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
O comentário do eu lírico, a respeito do discurso
E pois. Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de
do jogador, é uma estratégia textual que
fazer
exemplifica:
nascimentos –
a) uma explicação da função do intelectual;
O verbo tem que pegar delírio.
b) uma dúvida quanto à opção do interlocutor;
c) uma afirmativa categórica sobre a função da leitura; BARROS, Manuel de. Livro das Ignorãças. Rio de Janeiro: Record,
d) uma ênfase na função comunicativa da linguagem; 1997.
e) uma atitude crítico-irônica sobre a função do poeta.
A respeito da análise do poema VII, de Manoel de
9.
Barros, julgue os itens e marque a alternativa
Eu queria usar palavras de ave para escrever.
correta:
Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem
I. No primeiro verso do poema, o autor utiliza-se do
nomeação.
recurso de linguagem – intertextualidade – numa
Ali a gente brincava de brincar com palavras
abordagem parodística, porque ao empregar o prefixo
tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada
des na palavra começo acaba por distorcer o sentido da
na pedra!
assertiva bíblica: "No princípio era o verbo [...];"
A Mãe que ouvira a brincadeira falou:
II. O poeta faz referência à arte poética, ao usar o verbo
Já vem você com suas visões!
"delirar", visto que o "delirar do verbo" constitui-se
Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis
numa ação de dissociar o verbo/a palavra de seus
e nem há pedras de sacristias por aqui.
lugares-comuns, de modo que o ato de linguagem
Isso é traquinagem da sua imaginação.
quebre as ligações com a sintaxe, a morfologia e a
O menino tinha no olhar um silêncio de chão
semântica convencionais;
e na sua voz uma candura de Fontes.
III. Para o sujeito lírico, o poeta deve ser como a criança:
O Pai achava que a gente queria desver o mundo
livre, simples e criativo no manuseio da palavra de tal
para encontrar nas palavras novas coisas de ver
forma que possa ver o mundo através de um olhar
[...]
curioso e destemido, um olhar criador;
O que a gente aprendia naquele lugar era
IV. Nos versos: "O delírio do verbo estava no começo, lá
só ignorâncias
onde a / Criança diz: Eu escuto a cor dos
para a gente bem entender a voz das águas e
passarinhos", o poeta recorre ao uso da figura de
dos caracóis.
linguagem sinestesia; e ainda remete ao ofício de poetar,
A gente gostava das palavras quando elas perturbavam
de fazer o verbo delirar. Isto é, o sujeito poético traz a
o sentido normal das ideias.
figura da criança que constitui o expoente máximo do
Porque a gente também sabia que só os absurdos
pensamento concreto, em função do imaginário, fonte
enriquecem a poesia.
BARROS, Manoel de. Menino do mato. da criação de ligações extraordinárias entre as coisas.
Nos trechos "O Pai achava que a gente queria Na infância, escutar a cor dos passarinhos é
desver o mundo / para encontrar nas palavras absolutamente possível. Em poesia também;
novas coisas de ver" e "Porque a gente também V. A literatura modernista rompe com frequência a
sabia que só os absurdos / enriquecem a poesia", fronteira dos gêneros, postulando a mistura entre o
Manoel de Barros indica uma característica poema e a prosa (poema prosaico) e, também, entre a
literária peculiar, identificada em Menino do prosa e o poema (prosa poética). No poema VII, de
mato. Assinale a alternativa que vem ao encontro Manoel de Barros, pode-se falar em mistura de
dessa característica: gêneros, uma vez que o poema apresenta um enredo
a) A visão do adulto prevalece à infantil, tendo em vista (característica do gênero narrativo), o diálogo –
que a criança desconstrói o mundo imaginário criado. marcado pelo discurso direto – "Criança diz: Eu
b) A ausência de visão infantil pelo contexto voltado ao escuto a cor dos passarinhos" (característico do gênero
culto da natureza. dramático) e o lirismo (característica do gênero
c) O ato de construção do mundo, a partir da visão do lírico) – visto no poema como um todo, sobretudo, no
adulto; por isso, o predomínio do realismo mágico, uso reiterado o verbo "delirar", que, desmembrado
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LITERATURA

(delirar), alude à lira e ao lírico, os quais remetem à


poesia, ao fazer poético e à história da poesia. 12. Na busca constante pela sua evolução, o ser
humano vem alternando a sua maneira de pensar,
a) Apenas III e IV estão corretos. de sentir e de criar. Nas últimas décadas do
b) Apenas I, II e IV estão corretos. século XVIII e no início do século XIX, os artistas
c) Apenas II, III e IV estão corretos. criaram obras em que predominam o equilíbrio e
d) Os itens I, II, III, IV e V estão corretos. a simetria de formas e cores, imprimindo um
e) Apenas II e III estão corretos. estilo caracterizado pela imagem da
respeitabilidade, da sobriedade, do concreto e do
11. civismo. Esses artistas misturaram o passado ao
presente, retratando os personagens da nobreza e
da burguesia, além de cenas míticas e histórias
cheias de vigor.

AZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.

Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos,


charges, grafismo e até de ilustrações de livros
para compor obras em que se misturam
personagens de diferentes épocas, como na
CLARK, L. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966. seguinte imagem:

O objeto escultórico produzido por Lygia Clark,


representante do Neoconcretismo, exemplifica o
início de uma vertente importante na arte a) Romero Brito. "Gisele e Tom".
contemporânea, que amplia as funções da arte.
Tendo como referência a obra Bicho de bolso,
identifica-se essa vertente pelo(a)
a) participação efetiva do espectador na obra, o
que determina a proximidade entre arte e vida.
b) percepção do uso de objetos cotidianos para a
confecção da obra de arte, aproximando arte e
realidade. b) Andy Warhol. "Michael Jackson".
c) reconhecimento do uso de técnicas artesanais na
arte, o que determina a consolidação de valores
culturais.
d) reflexão sobre a captação artística de imagens
com meios óticos, revelando o desenvolvimento de
uma linguagem própria.
e) entendimento sobre o uso de métodos de produção
em série para a confecção da obra de arte, o que
atualiza as linguagens artísticas. c) Funny Filez. "Monabean".

d) Andy Warhol. "Marilyn Monroe".

Pablo Picasso. "Retrato de


e) Jaqueline Roque com as mãos
cruzadas".

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LITERATURA

contra tendências irracionalistas e figurativas.


EXERCÍCIOS III. O Neoconcretismo se opunha ao Concretismo por
considerar a imaterialidade da obra de arte.
1. Podemos dizer que as origens da Pop Art remetem ao IV. O Neoconcretismo interessa-se pela positividade da
Dadaísmo, uma vez que a apropriação de produtos tradição construtivista da arte.
industrializados na execução dos trabalhos artísticos
era frequente. O artista Dadaísta Raoul Hausmann, Assinale a alternativa correta.
por exemplo, usava embalagens de produtos a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
comerciais em suas colagens. O imaginário b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
fantasmagórico de Max Ernst foi construído com c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
recortes de ilustrações populares. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
(Adaptado: HONNEF, K. Pop Art. Alemanha: Paisagem, 2004. p.
15.) 3. UFSC - 2013
As aparências revelam
Nesse contexto, assinale a alternativa correta. Afirma uma Firma que o Brasil
a) O caráter de apropriação dos elementos da cultura confirma: “Vamos substituir o
popular para os artistas Pop se aproximava do Café pelo Aço”.
Dadaísmo por imitação, na tentativa de releitura dos Vai ser duríssimo descondicionar
trabalhos Dadá. o paladar
b) Artistas Pop como Roy Lichtenstein, ao utilizarem a Não há na violência
tira de quadrinhos - elemento da cultura popular - em que a linguagem imita
grande escala, faziam crítica irônica ao Dadaísmo, uma algo da violência
vez que este era descomprometido política e propriamente dita?
culturalmente e com trabalhos que se voltavam sobre
sua própria construção formal. CACASO. As aparências revelam. In: WEINTRAUB, Fabio (Org).
c) Embora o Dadaísmo esteja na origem da Pop Art, as Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2004. p. 61. Para gostar de ler 39.
diferenças ficam evidentes à medida que se nota a
relação harmônica de Dadá com a tradição da pintura Com base na leitura do poema, assinale a(s)
neoclássica, enquanto os artistas Pop eram proposição (ões) correta (s) acerca da Poesia
essencialmente experimentalistas. Marginal:
d) Há uma distinção muito clara nas intenções dos dois I. Entre as temáticas das quais se ocupou a poesia
movimentos, dado o fato que a Pop Art utiliza-se da marginal da década de 1970, havia espaço para painéis
linguagem popular de forma despretensiosa, sem sociais, para a memória afetiva e a pesquisa poética e
críticas, e o Dadaísmo é uma crítica ácida, entre outras para o registro literário da intimidade. Sem grandes
coisas, ao “bom gosto” burguês. exageros, a única regra era atender aos princípios da
e) Apesar da aproximação formal da Pop Arte com Dadá, norma padrão da língua.
o artista Dadaísta Marcel Duchamp fazia crítica a ela II. Os versos “Vai ser duríssimo descondicionar / o
por seu caráter “retiniano”, ou seja, devido aos apelos paladar” podem ser entendidos metaforicamente
puramente visuais e decorativos. como uma referência a sacrifícios impostos à
população, obrigada a acomodar-se a uma nova ordem
2. Leia o texto a seguir: econômica.
A expressão Neoconcreto indica uma tomada de III. Nos poemas reunidos em Poesia marginal, os autores
posição em face da arte não-figurativa “geométrica” enfocam a denúncia e a crítica social de uma maneira
(neoplasticismo, construtivismo, suprematismo, escola sisuda, sem apelar para o humor, pois visam conferir
de Ulm) e particularmente em face da arte concreta credibilidade ao que é dito.
levada a uma perigosa exacerbação racionalista. IV. A frase “Vamos substituir o Café pelo Aço” pode ser
Trabalhando nos campos da pintura, escultura, gravura interpretada como uma referência à abertura do país
e literatura, os artistas que participa desta I Exposição para a exportação de minérios, defendida por
Neoconcreta encontraram-se, por força de suas empresários e pelo Governo à época da Ditadura
experiências, na contingência de rever as posições Militar.
teóricas adotadas até aqui em face da arte concreta, V. No primeiro e segundo versos, no jogo de palavras
uma vez que nenhuma delas “compreende” “Afirma”, “Firma” e “confirma”, repete-se o
satisfatoriamente as possibilidades expressivas abertas segmento firma; isso pode ser interpretado como uma
por essas experiências. referência à influência das grandes empresas nas
políticas estatais.
(GULLAR, F. Manifesto Neoconcreto. Jornal do Brasil: Rio de Janeiro, VI. Na estrofe final, observa-se como Cacaso procura
22 mar. 1959.) desvincular a linguagem das práticas sociais, ao propor
que não há violência nas palavras em si, mas apenas na
Com base no texto e nos conhecimentos sobre realidade a que elas se referem.
Concretismo e Neoconcretismo, considere as
afirmativas a seguir: a) II, IV e V.
I. O Neoconcretismo fez um retorno ao humanismo b) I, III e V.
ante o cientificismo concreto. c) II, V e VI.
II. O Neoconcretismo defende uma arte não-figurativa, d) I, II e IV.
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LITERATURA

e) Apenas VI. religiosos, festas, lendas, fatos históricos,


acontecimentos do cotidiano e brincadeiras. As danças
4. Sobre a Poesia Marginal, é incorreto afirmar: folclóricas brasileiras caracterizam-se pelas músicas
a) Poesia Marginal foi uma designação dada à poesia animadas (com letras simples e populares) e figurinos
produzida pela chamada “geração mimeógrafo”, e cenários representativos. Estas danças são realizadas,
incluindo poetas desconhecidos cuja produção literária geralmente, em espaços públicos: praças, ruas e largos.
estava fora do eixo Rio-São Paulo.
b) A Poesia Marginal ficou conhecida por esse nome Principais danças folclóricas do Brasil
porque seus poetas abandonaram os meios tradicionais
de circulação das obras, comercializando seus livros Samba de Roda
(que eram mimeografados) a baixo custo e vendendo- Estilo musical caracterizado por elementos da cultura
os de mão e mão, dispensando assim o trabalho das afro-brasileira. Surgiu no estado da Bahia, no século
grandes editoras. XIX. É uma variante mais tradicional do samba. Os
c) Entre suas principais temáticas estava a preocupação dançarinos dançam numa roda ao som de músicas
com a forma e com a pesquisa poética. Nota-se um acompanhadas por palmas e cantos. Chocalho,
cuidado extremo em atender aos princípios da norma- pandeiro, viola, atabaque e berimbau são os
padrão da língua, produzindo assim uma literatura instrumentos musicais mais utilizados.
canonicamente aceita pela Academia.
d) A tradição marginal estendeu-se pelos anos de 1980, Maracatu
quando outros recursos foram adotados, tais como a O maracatu é um ritmo musical com dança típico da
fotocópia e a produção de fanzines. região pernambucana. Reúne uma interessante mis-
e) Nos Estados Unidos, o termo “poesia marginal” é tura de elementos culturais afro-brasileiros, indígenas e
usado para designar a poesia produzida pelos poetas europeus. Possui uma forte característica religiosa. Os
chamados de beats, como Jack Kerouac e Allen dançarinos representam personagens históricos
Ginsberg. (duques, duquesas, embaixadores, rei e rainha). O
cortejo é acompanhado por uma banda com instru-
5. A capa do LP Tropicália ou panis et circencis, de mentos de percussão (tambores, caixas, taróis e
1967 ilustra o movimento da Tropicália. Os ganzás).
tropicalistas defenderam
Frevo
Este estilo pernambucano de carnaval é uma espécie
de marchinha muito acelerada, que, ao contrário de
outras músicas de carnaval, não possui letra, sendo
simplesmente tocada por uma banda que segue os
Capa do LP blocos carnavalescos enquanto os dançarinos se
Tropicália ou divertem dançando. Os dançarinos de frevo usam,
panis et circencis geralmente, um pequeno guarda-chuva colorido como
,1967. elemento coreográfico
Baião
Ritmo musical, com dança, típico da região nordes-
te do Brasil. Os instrumentos usados nas músicas
a) a absorção de elementos da cultura estrangeira e o de baião são: triângulo, viola, acordeom e flauta doce.
rompimento com a tradição da ortodoxia das A dança ocorre em pares (homem e mulher) com
patrulhas ideológicas. movimentos parecidos com o do forró (dança com
b) uma arte politicamente engajada e centrada nos corpos colados). O grande representante do baião foi
aspectos regionais do nordeste. Luiz Gonzaga.
c) sonoridades exclusivamente brasileiras e temas ligados Catira
à tradição popular. Também conhecida como cateretê, é uma dança
d) ritmos contidos e reservados em oposição aos caracterizada pelos passos, batidas de pés e palmas dos
modelos estrangeiros. dançarinos. Ligada à cultura caipira, é típica da região
e) o uso de guitarras elétricas e rejeitaram a utilização de interior dos estados de São Paulo, Paraná, Minas
instrumentos populares na execução das músicas. Gerais e Goiás e Mato Grosso. Os instrumento
utilizado é a viola, tocada, geralmente, por um par de
músicos.
14. DANÇAS FOLCLÓRICAS NO BRASIL Quadrilha
É uma dança típica da época de festa junina. Há um
animador que vai anunciando frases e marcando os
Introdução momentos da dança. Os dançarinos (casais), vestidos
com roupas típicas da cultura caipira (camisas e
As danças sempre foram um importante componente vestidos xadrezes, chapéu de palha) vão fazendo uma
cultural da humanidade. O folclore brasileiro é rico em coreografia especial. A dança é bem animada com
danças que representam as tradições e a cultura de muitos movimentos e coreografias. As músicas de
uma determinada região. Estão ligadas aos aspectos festa junina mais conhecidas são: Capelinha de Melão,

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LITERATURA

Pula Fogueira e Cai, Cai balão. vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não
eram propícios para receber a nova mensagem
cênica demasiado provo-cativa devido ao repicar
EXERCÍCIOS da máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e
dínamo e aos rumores de aeroplano previstos por
1. A música pode ser definida como a combinação Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação
de sons ao longo do tempo. Cada produto final coreográfica confirmava a tendência marca-
oriundo da infinidade de combinações possíveis damente teatral da gestualidade cênica, dada pela
será diferente, dependendo da escolha das notas, justaposição, colagem de ações isoladas seguindo
de suas durações, dos instrumentos utilizados, do um estímulo musical.
estilo de música, da nacionalidade do compositor
e do período em que as obras foram compostas. SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.;
LEIRNER (org.). O surrealismo. São Paulo: Perspectiva, 2008
(adaptado).

As manifestações corporais na história das artes


da cena muitas vezes demonstram as condições
cotidianas de um determinado grupo social, como
se pode observar na descrição acima do balé
Parade, o qual reflete
a) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética.
b) a alienação dos artistas em relação às tensões da
Segunda Guerra Mundial.
c) uma disputa cênica entre as linguagens das artes
visuais, do figurino e da música.
d) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais,
coreográficas e de figurino.
e) uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos
e lineares.

3.
Som de preto
Figura 1 - http://images.quebarato.com.br/photos/big/2/D/15A12D_2.jpg.
Figura 2 - O nosso som não tem idade, não tem raça
http://ourinhos.prefeituramunicipal.net/dados/fotos/2009/07/07/normal.
Figura 3 -
E não tem cor.
http://www.edmontonculturalcapital.com/gallery/edjazzfestival/JazzQuartet. Mas a sociedade pra gente não dá valor.
jpg. Só querem nos criticar, pensam que somos animais.
Figura 4 - http://www.filmica.com/jacintaescudos/archivos/Led-Zeppelin.jpg.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais,
Das figuras que apresentam grupos musicais em porque o 'funkeiro' de hoje em dia caiu na real.
ação, pode-se concluir que o(os) grupo(s) Essa história de 'porrada', isso é coisa banal
mostrado(s) na(s) figura(s) Agora pare e pense, se liga na 'responsa':
a) 1 executa um gênero característico da música se ontem foi a tempestade, hoje virá a bonança.
brasileira, conhecido como chorinho. É som de preto
b) 2 executa um gênero característico da música clássica, De favelado
cujo compositor mais conhecido é Tom Jobim. Mas quando toca ninguém fica parado
c) 3 executa um gênero característico da música europeia,
Música de Mc's Amicka e Chocolate. In: Dj Malboro. Bem funk.
que tem como representantes Beethoven e Mozart. Rio de Janeiro, 2001 (adaptado).
d) 4 executa um tipo de música caracterizada pelos
instrumentos acústicos, cuja intensidade e nível de À medida que vem ganhando espaço na mídia, o
ruído permanecem na faixa dos 30 aos 40 decibéis. funk carioca vem abandonando seu caráter local,
e) 1 a 4 apresentam um produto final bastante associado às favelas e à criminalidade da cidade
semelhante, uma vez que as possibilidades de do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de
combinações sonoras ao longo do tempo são símbolo da marginalização das manifestações
limitadas. culturais das periferias em todo o Brasil. O verso
que explicita essa marginalização é:
a) "O nosso som não tem idade, não tem raça".
2. No programa do balé Parade, apresentado em 18 b) "Mas a sociedade pra gente não dá valor".
de maio de 1917, foi empregada publicamente, c) "Se existia o lado ruim, hoje não existe mais".
pela primeira vez, a palavra surrealisme. Pablo d) "Agora pare e pense, se liga na 'responsa"'.
Picasso desenhou o cenário e a indumentária, e) "se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança".
cujo efeito foi tão surpreendente que se sobrepôs
à coreografia. A música de Erik Satie era uma 4. O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina
mistura de jazz, música popular e sons reais tais são personagens típicos de grupos teatrais da
como tiros de pistola, combinados com as Commedia del'art, que, há anos, encontram-se
imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e presentes em marchinhas e fantasias de carnaval.
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LITERATURA

Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em uma definição. Descobrimos que tínhamos de rejeitar
cidade, com faces e disfarces, fazendo suas todas as definições costumeiras porque elas não eram
críticas, declarando seu amor por todas as belas suficientemente abrangentes.
jovens e, ao final da apresentação, despediam-se O simples fato é que, à medida que a
do público com músicas e poesias. crescente margem a que chamamos de vanguarda
A intenção desses atores era expressar sua continua suas explorações pelas fronteiras do som,
mensagem voltada para a qualquer definição se torna difícil. Quando John Cage
a) crença na dignidade do clero e na divisão entre o abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos
mundo real e o espiritual. da rua a atravessar suas composições, ele ventila a arte
b) ideologia de luta social que coloca o homem no centro da música com conceitos novos e aparentemente sem
do processo histórico. forma.
c) crença na espiritualidade e na busca incansável pela
justiça social dos feudos. SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 1991. Adaptado.
d) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas
do início do século XVI. A frase "Quando John Cage abre a porta da sala
e) ideologia humanista com cenas centradas no homem, de concerto e encoraja os ruídos da rua a
na mulher e no cotidiano. atravessar suas composições", na proposta de
Schafer de formular uma nova conceituação de
5. Não é raro ouvirmos falar que o Brasil é o país das música, representa a
danças ou um país dançante. Essa nossa "fama" é bem a) acessibilidade à sala de concerto como metáfora,
pertinente, se levarmos em consideração a diversidade num momento em que a arte deixou de ser elitizada.
de manifestações rítmicas e expressivas existentes de b) abertura da sala de concerto, que permitiu que
Norte a Sul. Sem contar a imensa repercussão de nível a música fosse ouvida do lado de fora do teatro.
internacional de algumas delas. c) postura inversa à música moderna, que desejava
Danças trazidas pelos africanos escravizados, danças se enquadrar em uma concepção conformista.
relativas aos mais diversos rituais, danças trazidas d) intenção do compositor de que os sons extramusicais
pelos imigrantes etc. Algumas preservam suas sejam parte integrante da música.
características e pouco se transformaram com o passar e) necessidade do artista contemporâneo de atrair
do tempo, como o forró, o maxixe, o xote, o frevo. maior público para o teatro.
Outras foram criadas e são recriadas a cada instante:
inúmeras influências são incorporadas, e as danças 7. O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança
transformam-se, multiplicam-se. Nos centros urbanos, popular e folclórica é uma forma de representar a
existem danças como o funk, o hip hop, as danças de cultura regional, pois retrata seus valores, crenças,
rua e de salão. trabalho e significados. Dançar a cultura de outras
É preciso deixar claro que não há jeito certo ou errado regiões é conhecê-la, é de alguma forma se apropriar
de dançar. Todos podem dançar, independentemente dela, é enriquecer a própria cultura.
de biótipo, etnia ou habilidade, respeitando-se
as diferenciações de ritmos e estilos individuais. BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança.
São Paulo: Ícone, 2007.
GASPARI, T. C. Dança e educação física na escola: implicações para a prática
pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (adaptado). As manifestações folclóricas perpetuam uma
tradição cultural, é obra de um povo que a cria,
recria e a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se
Com base no texto, verifica-se que a dança, de identificar como dança folclórica brasileira
presente em todas as épocas, espaços geográficos a) o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde
e culturais, é uma personagens contam uma história envolvendo crítica
a) prática corporal que conserva inalteradas suas formas, social, morte e ressurreição.
independentemente das influências culturais da b) a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos
sociedade. religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo
b) forma de expressão corporal baseada em gestos as colheitas e a fogueira.
padronizados e realizada por quem tem habilidade c) o Congado, que é uma representação de um reinado
para dançar. africano onde se homenageia santos através de música,
c) manifestação rítmica e expressiva voltada para as cantos e dança.
apresentações artísticas, sem que haja preocupação d) o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários
com a linguagem corporal. outros profissionais para contar uma história em
d) prática que traduz os costumes de determinado povo forma de espetáculo.
ou região e está restrita a este. e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque
e) representação das manifestações, expressões, africano é utilizado com o objetivo de contar ou
comunicações e características culturais de um povo. recriar uma história nos desfiles.

6. Era um dos meus primeiros dias na sala de música. A 8. Por onde houve colonização portuguesa, a música
fim de descobrirmos o que deveríamos estar popular se desenvolveu básica-mente com o mesmo
fazendo ali, propus à classe um problema. instrumental. Podemos ver cavaquinho e violão
Inocentemente perguntei: — O que é música? atuarem juntos aqui, em Cabo Verde, em Jacarta, na
Passamos dois dias inteiros tateando em busca de Indonésia, ou em Goa. O caráter nostálgico,

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LITERATURA

sentimental, é outro ponto comum da música das alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades
colônias portuguesas em todo o mundo. O kronjong, a como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se
música típica de Jacarta, é uma espécie de lundu mais equipes de som que promoviam bailes onde foi se
lento, tocado comumente com flauta, cavaquinho e disseminando um estilo que buscava a
violão. Em Goa não é muito diferente. valorização da cultura negra, tanto na música
como nas roupas e nos penteados. No Rio
De acordo com o texto de Henrique Cazes, de Janeiro ficou conhecido como "Black Rio". A
grande parte da música popular desenvolvida nos indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando
países colonizados por Portugal compartilham discos de "equipe" com as músicas de sucesso
um instrumental, destacando-se o cavaquinho e o nos bailes, difundia a moda pelo restante do país.
violão. No Brasil, são exemplos de
música popular que empregam esses mesmos DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da
juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
instrumentos:
a) Maracatu e ciranda. A presença da cultura hip-hop no Brasil
b) Carimbó e baião. caracteriza-se como uma forma de
c) Choro e samba. a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas
d) Chula e siriri. nas periferias urbanas.
e) Xote e frevo. b) entretenimento inventada pela indústria
fonográfica nacional.
9. Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como c) subversão de sua proposta original já nos
dança aristocrática. oriunda dos salões franceses, primeiros bailes.
depois difundida por toda a Europa. d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam.
No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por e) reprodução da cultura musical norte-americana.
sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular.
Para sua ocorrência, é importante a presença de um
mestre "mar-cante" ou "marcador", pois é quem
determina as figurações diversas que os dançadores
desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes
marcações: "Tour", "En avant", "Chez des dames", "Chez
des cheveliê", "Cestinha de flor", "Balancê", "Caminho
da roça", "Olha a chuva", "Garranchê", "Passeio",
"Coroa de flores", "Coroa de espinhos" etc.
No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta
transformações: surgem novas figurações, o francês
aportuguesado inexis-te, o uso de gravações substitui a
música ao vivo, além do aspecto de competição, que
sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por
órgãos de turismo.

CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro:


Melhoramentos, 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações


da diversidade cultural do nosso país. Entre elas,
a quadrilha é considerada uma dança folclórica
por
a) possuir como característica principal os atributos
divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação
ou região.
b) abordar as tradições e costumes de determinados
povos ou regiões distintas de uma mesma nação.
c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo,
também, considerada dança-espetáculo.
d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o
qual define seu país de origem.
e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por
diversos gêneros musicais.

1. No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta


aos anos 1970, quando da proliferação dos
chamados "bailes black" nas periferias dos
grandes centros urbanos. Embalados pela black
music americana, milhares de jovens
encontravam nos bailes de final de semana uma

nuceconcursos.com.br 161

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