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GRANDES NAVEGAÇÕES

- Inserida no processo de superação dos entraves medievais ao desenvolvimento da


economia mercantil e ao fortalecimento da classe burguesa ("Revolução Comercial" –
séc. XV - XVII).
- Têm papel fundamental no processo de superação da crise do século XIV.
- Baixa Idade Média:
 Séc XI: decadência da estrutura feudal: agricultura de subsistência com técnicas
rudimentares.
 Cruzadas Católicas.
- Fez ressurgir o interesse pelo comércio do mediterrâneo.
 Interesse por especiarias: conservavam alimentos.
 Comerciantes das cidades italianas monopolizam o comércio de especiarias,
comprando-as em Constantinopla.
 Renascimento do comércio e da vida urbana.
 Surge a burguesia, a quem interessava uma estrutura política centralizada, o
que se concretiza com a formação dos Estados Nacionais: centralização
política com moedas e impostos nacionais influenciam o crescimento do
comércio.
 Crise do séc. XIV-XV: guerra dos Cem Anos (Inglaterra x França), levantes
camponeses, fome e a peste negra.
- Trava novamente o comércio.
- Cidades italianas (comerciantes italianos e árabes) tinham monopólio das
especiarias e elevam os preços diante do quadro de crise.
 Europa vivia a falta de metais preciosos (esgotamento de velhas minas), o que
agravava o problema inflacionário e paralisava o comércio.

• Fatores Gerais das Grandes Navegações:


- Necessidade de superação das barreiras que a crise do séc. XIV-XV impunha ao
desenvolvimento da economia de mercado.
- Déficit com relação ao comércio com o Oriente.
 Europa comprava mais do que vendia ao resto do mundo.
- Monopólios: monarquias nacionais precisavam quebrar este monopólio e o das cidades
italianas, de preferência, encontrando caminhos mais curtos, mais seguros, mais
econômicos.
- Centralização política: aliança entre a burguesia e reis, mediante monarquias nacionais.
 Para as viagens marítimas eram necessários grandes investimentos (de força e
materiais) que precisavam do apoio do Estado (dividendos políticos) e do capital
burguês (financia e tem participação nos lucros).
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- Progresso técnico e científico: caravelas, naus, bússolas, astrolábio.


- Atração pelas especiarias das Índias: cravo, canela, pimenta nox-moscada, seda, ouro e
prata.
- 1453: Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, o que dificulta aos italianos a
compra de especiarias;

• Expansão Ultramarina Portuguesa:


- Objetivo: buscar um novo caminho para as índias, contornando a África.
 Chegar às índias por outro caminho poderia levar à constituição de novo monopólio
no comércio de especiarias
- Fatores que fizeram de Portugal o pioneiro nas expedições marítimas:
 Expansão marítima precisava ser uma iniciativa da Coroa, o que exigia centralização
política, e Portugal era dos raros países centralizados politicamente. Havia se
centralizado politicamente, ainda no século XII, e o Estado Nacional havia se
associado aos interesses burgueses.
- Glória e terras para a nobreza, lucros para a burguesia e poder para o rei.
- A pretexto do espírito missionário, a Igreja justificava o empreendimento.
 Prosperidade dos grupos mercantis portugueses: era escola comercial para os navios
que vinham do Mediterrâneo com direção ao norte da Europa;
 Insuficiência de metais preciosos;
 Forte religiosidade: desejos de expandir a fé católica;
 Escola de Sagres (desenvolvimento de estudos teóricos náuticos) - Infante D.
Henrique;
- Processo de expansão marítima portuguesa:
 Marco inicial: conquista de Ceuta (cidade muçulmana no norte da África), em 1415.
- Importância mercantil: era cidade comercial importante.
- Importância religiosa: era cidade muçulmana.
- Importância militar: era uma cidade portuária, de onde partiam expedições piratas
árabes.
 Controlando o estreito de Gibraltar, Portugal evitava ataques e saques a
viagens portuguesas.
 Visavam interceptar caravanas árabes que faziam parada em Ceuta, mas a
destruição da cidade foi tão grande que os árabes buscaram outras rotas.
 Sem conseguir interceptar caravanas, Portugal precisava chegar diretamente
às fontes produtoras de riqueza. Para isso, teria então que contornar a África.
 À medida que atingia novas regiões, criava feitorias para negociar com os nativos.
 Portugal não intencionava colonizar, no sentido de fixar povoamento e
organizar a produção local. Queria apenas o lucro.
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 Na segunda metade do séc. XV, Portugal ocupa Açores, Madeira e Cabo Verde.
Novas conquistas se deram nos anos seguintes.
 Em 1481, D. João II decretou o monopólio régio sobre a exploração colonial.
 Em 1488, dobra o Cabo da Boa Esperança (Bartolomeu Dias).
 1497-98, Vasco da Gama chega a Calicute, nas Índias: objetivo era chegar às Índias
contornando a África pelo mar.
 1500, Cabral chega ao Brasil: objetivo era consolidar o caminho para as Índias e,
também, oficializar a posse de terras ao sul do Atlântico, consolidando a sua
hegemonia na região.
- Colonização nos primeiros anos:
 Nos primeiros 30 anos da colonização Portugal não estabeleceu estrutura
administrativa no Brasil. Todas as atenções estavam voltadas para as Índias.
 Portugal se interessou pelo pau-brasil. Troca com os indígenas (escambo).
 Realizou expedições de reconhecimento e policiamento, devido à cobiça de outros
países (Inglaterra e França) sobre as possessões portuguesas e espanholas.
 Essa cobiça leva à decisão de colonizar as novas terras.
 Inicialmente, Portugal não se interessou por colonizar o Brasil, suas atenções estavam
voltadas para as relações comerciais com o oriente, que eram mais lucrativas.

• Expansão Ultramarina Espanhola:


- Espanha demorou a sair aos mares, pois precisava, primeiro, se tornar um Estado
Nacional e a conseguir a paz interna, expulsando os muçulmanos.
 Guerra de Reconquista: os espanhóis unificaram o seu território para poder expulsar
os muçulmanos.
 Começaram a sua expansão marítima quase um século após Portugal.
- O projeto de Colombo foi primeiro negado por Portugal e depois aceito por Fernando de
Aragão e Isabel de Castela, reis católicos da Espanha (casaram-se em 1469).
 Projeto: chegar às Índias pelo ocidente.
 Colombo chegou primeiro às Antilhas (1492), e, em três viagens subsequentes,
chegou até a América do Sul, mas não se apercebeu que havia chegado a um novo
continente. Acreditava ter chegado às Índias e buscava encontrar os mercados
indianos.
- Em 1504, Américo Vespúcio afirmou que as terras descobertas por Colombo eram um
novo continente.
- Em 1513, Nunes Balboa confirmou a tese, atravessando por terra a América Central e
chegando ao Pacífico. Chamou o novo continente de América.
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- Entre 1519 e 1522, Fernando Magalhães cruzou o sul do continente americano e rumou
para a Ásia. Morreu em combate com nativos filipinos, mas sua viagem comprovou que a
terra é redonda.

• Rivalidade entre Portugal e Espanha:


- Os dois Estados eram católicos
- Intervenção do Papa Alexandre VI:
 Bula Intercoetera (1493): estabelecia limites para as possessões já existentes e futuras
descobertas dos dois reinos.
 Tudo até 100 léguas das Ilhas de Cabo Verde seria de Portugal. Além, seria
da Espanha.
 Afastava a Espanha da África.
 Tratado de Tordesilhas (1494): ampliação dos limites de 100 para 300 léguas.
 Visava demarcar o direito de exploração comercial de Portugal e Espanha.
 Portugal objetiva garantir a exploração das terras do sul do Atlântico.
 Indício de que Portugal sabia que já havia terras no Atlântico Sul.
 Divide o mundo entre Portugal e Espanha: o que desagrada outros Estados.

• Navegações Tardias:
- França, Inglaterra e Holanda só se lançaram as Grandes Navegações no início do séc.
XVI, ou seja, após a assinatura do Tordesilhas.
- França: em virtude dos conflitos da Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453), e da disputa
entre o rei Luiz XI (1451 - 1483) e os senhores feudais, somente em 1520 pode se
empenhar na expansão marítima.
 O rei Francisco I discordava do Tratado de Tordesilhas e os franceses passaram a
fazer expedições exploradoras ao novo continente, mas só conseguiram tomar posse
do Canadá e da Louisiânia, no sul dos EUA.
- Inglaterra: A Guerra dos Cem Anos e a Guerra das Duas Rosas (1455 - 1485),
retardaram o início da expansão marítima inglesa.
 Elizabeth I (1558 - 1603) incentivou a pirataria contra a Espanha.
 Estabeleceram-se no tráfico de escravos negros para a América.
 Fundaram alguns estabelecimentos comerciais nas costas das Índias.
- Holanda: face a importância que teve no comércio da Baixa Idade Média, detinha
grandes capitais, o que permitiu que financiasse parte da expansão da cana-de-açúcar no
nordeste brasileiro.
 Estabeleceram-se na Guiana, em algumas ilhas do Caribe e na América do Norte,
fundando Nova Amsterdã (Nova York).
 Também promoveram o tráfico negreiro.
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• Conseqüências da expansão ultramarina:


- O império português foi construído rompendo os monopólios comerciais existentes
(Itália: Mediterrâneo; Árabes: Índico).
 Revolução dos preços e dinamização comercial.
- Séc. XVI: Portugal tornou-se entreposto comercial de produtos asiáticos, não
se interessando na colonização.
- O Brasil não oferecia produtos para o comércio fácil e imediato, então foi
temporariamente desprezado. Apenas com a decadência do comércio oriental é que
os portugueses se interessaram pela sua colônia americana.
 Utilização da mão de obra escrava.
- Em 1519, os Espanhóis iniciaram a ocupação do território americano (Hernán Cortes, no
México).
- Pela força de seus armamentos, por brigas internas entre os Astecas e devido a suas leis
que impediam o assassinato de prisioneiros de guerra, os Espanhóis se impuseram.
- Em 1532, Francisco Pizarro e Diogro Almagro destruíram a organização social e política
dos Incas, no Peru.
- Em 1545, descobriram minas de prata no Potosí.
 Atraiu milhares de aventureiros.
 Grande quantidade de metais foi remetida à metrópole.
 Utilizaram-se do trabalho compulsório indígena.

• Outras conseqüências da expansão:


- Eurocentrismo.
- Fortaleceu a centralização política.
- O eixo econômico foi transferido do Mar Mediterrâneo, para o Oceano Atlântico.
- O comércio passou a ter proporção de empreendimento mundial.
- Desfez-se o monopólio das cidades italianas no comércio oriental.
- Aumento de volume comercial e diversificação dos artigos de consumo.
- Passaram a comercializar o tabaco e o milho norte-americanos e outros produtos.
- Acumulação de capitais: o mais importante foi o grande afluxo de metais preciosos para o
continente europeu. Essa "acumulação primitiva de capitais" contribuiu decisivamente
para a implantação do capitalismo.
- Essas transformações (Revolução Comercial dos séc. XV - XVIII), preparam a Revolução
Industrial (segunda metade do séc. XVIII).
- Introdução do trabalho escravo nas Américas.

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