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História do Brasil
– Parte 1 -
Corrobora, ainda, para essa versão, o domínio do pensamento católico quase que
completo na Europa. Na verdade, no campo espiritual e cultural, existia um monopólio
da Igreja Católica, e esse domínio era pertinente em âmbitos diversos da vida social, e
regulava a sociedade ao seu bel prazer. A Igreja Católica explicava o Planeta Terra
como o astro central do Universo, diga-se, o geocentrismo, isto é, a terra no centro do
Universo, divergindo do heliocentrismo (sol no centro do Universo), de Nicolau
Copérnico.
Dica do Bertazzo!
Geocentrismo: teoria defendida pela Igreja, de que a Terra era o centro do Universo.
Heliocentrismo: teoria defendida por Nicolau Copérnico, de que o Sol era o centro do
Universo.
A Alta Idade Média corresponde ao período histórico em que a Europa é tomada pelos
povos “bárbaros”, pelos germânicos, hunos, celtas, vikings, francos, e outros tantos
povos.
Além disso, na Alta Idade Média tem-se o início das Cruzadas: um movimento de
caráter político, militar e religioso, por parte das nações ocidentais da Europa, com o
apoio da Igreja Católica, para retomar a Terra Santa, Jerusalém, que havia sido tomada
pelos turcos otomanos.
Esse comércio com Índias será monopolizado por Gênova, Florenza e Veneza,
repúblicas italianas que tinham características comerciais e marítimas, e, além disso,
uma considerável força bélica, ou seja, o necessário para deterem os grandes lucros
desse comércio.
Ao passo que esses produtos iam sendo introduzidos na Europa, o movimento comercial
ia aumentando. O aumento do comércio de especiarias deu origem a rotas comercias,
tanto por terra, quanto por água. Essas rotas comerciais com o passar do tempo
ocasionaram o aparecimento de feiras de comércio, que se mobilizavam ao sabor das
caravanas com os produtos vindos das Índias.
São com as feiras comerciais, que surgirão as cidades, ou burgos, como ficaram
conhecidas. Daí, a classe predominante nesses burgos chamar-se burgueses: era uma
nova classe social, que tinha como preceito fundamental a relação com o comércio.
Os reis, que na Idade Média não detinham o poder de fato, aproximam-se da burguesia,
e em troca mútua de favores, buscam a centralização do poder nas mãos do monarca,
enfraquecendo o decadente poderio dos senhores feudais. Essa troca de favores
envolvendo a burguesia e os reis colocará a Europa em um novo eixo econômico: aos
poucos, o feudalismo é substituído por uma forma pré-capitalista de produção. Vive-se
a fase do mercantilismo.
Dica do Bertazzo!
Metalismo: a riqueza de uma nação era medida que pela quantidade de metais
preciosos que esta continha. Na Espanha, o metalismo também é conhecido como
Bulionismo.
A Formação de Portugal
Portugal é filho da Guerra da Reconquista.
É durante a Guerra de Reconquista, a qual tem esse nome devido ao ímpeto dos reinos
ibéricos em reconquistar o território peninsular, que surgirá Portugal.
Grandes reinos formavam a Península Ibérica, entre eles o Reino de Aragão; Reino de
Navarra; Reino de Castela e Reino de Leão. Este último era governado pelo rei Afonso
VI, o qual, resolveu presentear um nobre de origem francesa chamado Henrique de
Borgonha, devido as brilhantes campanhas militares, com uma porção de terras, ao sul
do rio Minho. Esse território era conhecido como Condado Portucalense.
Além das terras, o rei Afonso VI concedeu à Henrique de Borgonha, a mão de sua filha
em casamento, a princesa D. Teresa.
A dinastia de Borgonha chegaria ao seu fim no ano de 1383, quando o último rei da
dinastia, d. Fernando, o Formoso, morreu sem deixar herdeiros homens para a sucessão
do trono. Contudo, a única herdeira era uma mulher, a qual era casada com d. João I, rei
do Reino de Castela. Isso implica que, se a filha do Formoso assumisse o trono como
rainha, Castela iria incorporar aos seus territórios, o Reino de Portugal.
Durante as crises feudais dos séculos XII e XIII (Peste Negra, Guerra dos 100 anos,
Grande Fome e Revoltas Camponesas), muitos mercadores evitavam levar suas
mercadorias por trechos terrestres, na Europa, preferido, desta forma, as vias marítimas.
Avançando pelo Mar Mediterrâneo, passando pelas cidades portuguesas de Lisboa e
Porto, e direcionando-se até a Inglaterra e Flandres.
O grupo mercantil uniu-se a setores populares (arraia miúda), tendo como liderança um
filho bastardo do rei Formoso, D. João, Mestre da Ordem militar de Avis.
A revolução teve como desfecho a vitória dos grupos mercantis e da arraia miúda, na
Batalha de Aljubarrota com a liderança do Mestre de Avis. Este, em 1385, dará início a
Dinastia de Avis, agora como rei de Portugal, d. João I, e concedendo todas as regalias
possíveis os grupos mercantis. Isso explica, em partes, o porquê do pioneirismo
português nas Grandes Navegações, e sua forte tradição mercantil a partir de então.
A Expansão Portuguesa
O que levou Portugal a ser o pioneiro nas Grandes navegações?
Lembrando, que o único caminho conhecido para chegar até as índias, era pelo Mar
Mediterrâneo, e este se encontrava sob o domínio dos italianos, os quais encareciam
substancialmente os produtos, portanto, a busca por uma rota alternativa para chegar às
Índias não era, apenas, uma questão de sobrevivência, e sim de prosperidade.
“Esse foi um mito que se formou a partir de uma hipótese levantada por um estudioso inglês Samuel
Purchas, nos inícios do século XVII. A rigor, portanto, a palavra ‘escola’ só tem validade se tomada na
acepção de um estado de espírito – aquele estado de espírito mercantil e aventureiro que norteou as
navegações.” (LOPEZ, Luiz Roberto. P. 11. 1993).
Disponível em
https://www.google.com.br/search?q=astrol%C3%A1bio+b%C3%BAssola+e+quadrante&source=lnms&
tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662
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Dez anos depois, Vasco da Gama já estava fundando feitorias na cidade de Calicute, na
Índia. Assim, a chegada portuguesa às índias estava consolidada.
Expansão Espanhola
Ao contrário de Portugal, o qual conseguiu sua centralização política, relativamente,
cedo, a Espanha demorou um tempo maior para encontrar essa estabilidade política,
pois a Espanha era um território fragmentado, dividido entre quatro reinos (Reino de
Leão, Reino de Castela, Reino de Navarra e Reino de Aragão). Logo, não existia um
comando forte e uníssono que motivasse os espanhóis a se jogarem aos mares.
Esse cenário muda em 1469, quando ocorre o casamento de Fernando, rei de Aragão,
com Isabel, rainha de Castela. Uma estabilidade política a partir dessa união é vista, no
entanto, ainda existia um empecilho na vida dos espanhóis: a presença dos mouros no
sul da península, na região de Granada.
Após a expulsão dos mouros da Península Ibérica, e 1492, a Espanha, tal qual fez
Portugal, joga-se no Oceano Atlântico. Todavia, de um modo distinto. Distinto, porque
desde 1480, existia um tratado entre Espanha e Portugal, conhecido como Tratado de
Toledo: neste documento, as terras ao norte das Ilhas Canárias, seriam da Espanha, caso
fossem descobertas; ao ponto que, as terras ao sul, seriam de Portugal. Como Portugal
em 1480, já dominava quase toda costa ocidental da África, logicamente que a Espanha
precisaria de uma nova estratégia para chegar até as tão sonhadas Índias.
Essa nova estratégia foi proposta pelo genovês Cristovão Colombo: Colombo, segundo
sua tradição renascentista, tinha a convicção de que a terra era esférica, e
consequentemente, viajando para o ocidente, chegaria até o oriente.
Sob desconfianças de Fernando, Isabel apostou no projeto genovês, mas cabe ressaltar,
que o investimento e a crença no italiano foram limitados. Tão limitados, que a Coroa
Espanhola ofereceu 3 naus para a expedição (Santa Maria, Nina e Pinta), todas de
pequeno porte, se comparadas às 13 caravelas que compuseram a expedição de Cabral,
que chegou no Brasil, em 1500.
Cristovão Colombo morreu achando que estivesse chegado às Índias viajando de oeste
para leste. Todavia, foi Américo Vespúcio quem desfez esse equívoco, e por isso, em
sua homenagem, o continente leva até hoje o nome de América.
Em 1493, o papa Alexandre VI, que era espanhol, assinou um documento dividindo o
mundo entre Espanha e Portugal: era a Bula Inter Coetera, a qual estabelecia a divisão
em um marca a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde. Por esse tratado, a América ficaria
somente para a Espanha, e a para Portugal a África.
Houve descontentamento por parte de Portugal, e um novo tratado deveria ser feito.
Já, outros pesquisadores apresentam versões as quais afirmam que a frota de Cabral já
tinha noção de que existiriam terras, e chegar no Brasil seria uma maneira de marcar
propriedade nesse território, perante a presença espanhola naquelas proximidades. Uma
prova de que já se sabia dessa terra, foi a negação lusa em concordar com a Bula Inter
Coetera de 1493, a qual deixaria Portugal sem posses na América.
Depois de passarem rapidamente pelo Brasil, a frota seguiu viagem até seu destino
original, as Índias. No entanto, uma das caravelas retornou para Portugal com as “boas
novas” do “achamento” da nova terra. Nessa caravela que retornou, estava Pero Vaz de
Caminha, o escrivão da expedição, e escreveu os primeiros relatos e impressões sobre a
chegada dos portugueses no Brasil.
Exercícios
01 – (ESA – 2013) Entre os motivos que contribuíram para o pioneirismo
português no fenômeno histórico conhecido como “expansão ultramarina”, é
correto afirmar que foi (foram) decisivo (a) (s):
E) as reformas pombalinas.
A) espanhol.
B) inglês.
C) francês.
D) holandês.
E) português
A) Paris e Flandres.
B) Londres e Hamburgo.
C) Gênova e Veneza.
D) Constantinopla e Berlim.
E) Lisboa e Madri.
D) intenso intercâmbio comercial com o Oriente, por meio do transporte marítimo via
Constantinopla.
D) associação com a Espanha, pois o rei espanhol também era rei de Portugal, no final
do século XV.
II – a peste negra, com a qual os europeus se contaminaram, era até então desconhecida
na Europa;
III – houve a ascensão econômica das cidades italianas e o declínio das cidades
banhadas pelo Mar do Norte;
V – a propagação da fé cristã.
Assinale a única alternativa em que todos os itens listam características corretas desse
período.
5. Cristóvão Colombo descobriu o que julgou ser o caminho para as Índias, mas na
verdade havia aportado em terras desconhecidas.
A) 1, 2, 3, 4 e 5. B) 3, 5, 4, 1 e 2. C) 5, 2, 1, 4 e 3. D) 2, 4, 1, 5 e 3. E) 4, 1, 5, 3 e 2.
O povoamento da América do Sul teve início por volta de 20.000 a.C., segundo a
maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres humanos no Brasil datados de
16.000 a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C., encontrados nas escavações arqueológicas
de Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS). A dispersão da espécie por todo o
território nacional aconteceu em cerca de 9000 a.C., quando o número de homens
aumentou muito.
Tupis e guaranis
Ao longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação linguística e social que deu
origem aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e
9, originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos
500 anos da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo
com o homem branco. Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os
índios brasileiros fossem entre um e cinco milhões.
Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em conta as
possibilidades de abastecimento e as condições de segurança da área, um conselho de
chefes determinava o local onde eram erguidas. As aldeias eram formadas por ocas
(cabanas), habitações coletivas que apresentavam formas e dimensões variadas. Em
geral, as ocas eram retangulares, com o comprimento variando entre 40 m e 160 m e a
largura entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140 moradores. Suas paredes eram de
madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde a cobertura.
Para outros, o ritual antropofágico servia para reverenciar os espíritos dos antepassados
e vingar os membros da aldeia mortos em combate. Após as batalhas contra tribos
inimigas, a antropofagia tinha caráter apoteótico, mobilizando todos os membros da
aldeia numa sucessão de danças e encenações que terminavam com a matança de
prisioneiros e o devoramento de seus corpos.
Povos guerreiros
O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmente a versão da história
segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus,
sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas
possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e
liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser
predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número,
podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das
sociedades tribais.
Índios sobreviventes
Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de vida, os índios
optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo acesso difícil tornava o
contato com o branco improvável ou impossibilitava a este exercer seu domínio. Essa
alternativa, porém, teve um preço alto para as tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se
a regiões mais pobres ou inóspitas.
04 - "De começo, e fosse qual fosse, após a exploração cabralina, a importância dos
conhecimentos geográficos sobre o Brasil, o interesse de D. Manuel pelos seus
novos territórios da América foi, ao que parece, mais de ordem estratégica que
econômica."
Mas, antes de qualquer estudo sobre a colonização do Brasil, dar-se-á o estudo do Brasil
Pré – Colonização, porém, pós – “Descoberta”: essa confusa parte da história do Brasil,
inicia-se em 1500, e prolonga-se até, aproximadamente, 1530, quando o governo
português efetiva a colonização do território brasileiro.
Por um longo período, a terra americana permaneceu quase que em abandono. A Índia
continuava a ser o grande alvo das navegações marítimas portuguesas. Os interesses
mercantil e religioso prevaleciam acima de qualquer outro. "A alternativa ao espaço
índico, território das especiarias e pedras preciosas, é para todo o nosso século XVI, o
Norte da África. Índia e Marrocos, por vezes, dão-se as mãos como meios para um fim
mais histórico", conforme registrou o historiador português Luís Filipe Barreto.
O domínio sobre as riquezas do Oriente era um interesse tão forte para a economia de
Portugal que, quando os navegadores Fernão de Magalhães e Sebastião El Cano, a
serviço da Espanha, realizaram, entre 1519 e 1522, a primeira viagem de
circunavegação, passando pelo arquipélago das Molucas, chamado de Ilhas das
Especiarias, os portugueses sentiram-se ameaçados. Temiam que surgissem dúvidas
quanto à posse daquelas terras, dada a difícil demarcação do Tratado de Tordesilhas.
Então, para garantir o controle de suas terras, e, consequentemente do lucrativo
comércio oriental, o rei de Portugal propôs, ao rei da Espanha, a compra do arquipélago,
realizada em 1529, com o Tratado de Saragoça. Esse Tratado dava a Portugal todos os
direitos sobre as Ilhas das Especiarias, e dividia os domínios orientais dos dois países,
na altura das Filipinas.
A Pré - Colonização
O relativo abandono em que foi deixado o Brasil, durante vários anos após a descoberta,
facilitou as incursões de outros povos europeus, especialmente franceses e espanhóis.
Eles eram atraídos pelas notícias dos viajantes e pelos relatos dos sobreviventes de
naufrágios que falavam de povos e de costumes totalmente diferentes, e contavam sobre
riquezas fabulosas. Aos franceses, por exemplo, atraía a tinta do pau-brasil, fundamental
para suas manufaturas têxteis. Em constantes viagens às novas terras, recolhiam a
madeira e abasteciam seus navios.
A primeira expedição exploradora, em 1501, foi uma ação da Coroa. Comandada por
Gaspar de Lemos aportou, inicialmente, no litoral do atual estado do Rio Grande do
Norte rumando, em seguida, em direção ao sul. Os principais acidentes geográficos
encontrados no caminho recebiam nomes relacionados aos santos e dias de festas: Cabo
de São Roque e Rio São Francisco, entre outros. Em janeiro de 1502, a expedição
chegava ao Rio de Janeiro, indo depois até o Rio da Prata.
A Colonização Acidental
Dentre os inúmeros homens que viviam no Brasil destacaram-se Diogo Álvares Correa,
o Caramuru, e João Ramalho. Caramuru, desde o seu naufrágio, em 1510, até a sua
morte, em 1557, viveu na Bahia, sendo muito respeitado pelos Tupinambás. Tinha
várias mulheres indígenas, entre elas Paraguaçu, filha do principal chefe guerreiro da
região. Com ela teve muitos filhos e filhas, das quais duas se casaram com espanhóis,
moradores da mesma região. João Ramalho, por sua vez, não se sabe se era náufrago,
degredado, desertor ou aventureiro. Desde 1508 convivia com os índios Guaianá, na
região de São Vicente. Casou-se com Bartira, filha do maior chefe guerreiro da região.
Tiveram vários filhos e filhas, as quais se casaram com homens importantes.
Para solucionar esta questão de forma definitiva, a Coroa portuguesa estabeleceu uma
política de colonização efetiva do Brasil. Dois fatos concorreram para esta decisão. Um
deles foi o declínio do comércio do Oriente, cujos investimentos passaram a pesar
bastante na economia portuguesa. Os lucros ficavam em grande parte com os
financiadores de Flandres, atual Bélgica. O outro fato a influir foi a notícia da
descoberta, pelos espanhóis, de metais preciosos nas suas terras americanas. Tal notícia
estimulou o interesse dos portugueses pelo novo território, reforçando a ideia de um
"eldorado" promissor para os negócios de Portugal.
Enquanto Portugal reorganizava sua política para estabelecer uma ocupação efetiva no
litoral brasileiro, os espanhóis impunham sua conquista na América, chegando quase à
exterminação dos grupos indígenas: os astecas, no atual México, os maias, na América
Central e os incas, no atual Peru.
c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos
indígenas que dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras.
e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-
se pela aparente inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses
daqueles que patrocinavam as expedições.
Laura de Mello e Souza. Inferno Atlântico. São Paulo: Companhia das Letras,
1993, p. 22-23.
a) V–F–V–F
b) V–F–F–V
c) V–F–V–V
d) F–V–V–F
[Os tupinambás] têm muita graça quando falam [...]; mas faltam-lhe três letras das
do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se
não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adoram; nem os nascidos
entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso
Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se
não têm L na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem
preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua
vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns com os
outros. E se não têm esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os
reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o
filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade [...].
6. Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram
pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor
caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como
em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus
ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios.
c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão
de obra para colonizar a nova terra.
"Em toda a semana [os homens] se ocupam em fazer roças para seus mantimentos
(que antes não faziam senão as mulheres)".
Pindorama, Pindorama
c) a dúvida quanto à expressão mais adequada para designar a chegada dos portugueses,
daí a variação de verbos.
d) o pequeno conhecimento das novas terras pelos conquistadores, indicando sua crença
de terem chegado às Índias.
e) a diferença entre os termos que nomeavam as terras, sugerindo uma diferença entre a
visão do índio e a do português.
a) não existia propriedade privada, pois os únicos bens individuais eram os instrumentos
de caça, pesca e trabalho, como o arco, a flecha e o machado de pedra.
b) cabia aos homens, além da caça e da pesca, toda a atividade agrícola do plantio a da
colheita.
c) cada família tinha a sua propriedade, apesar de todos trabalharem para o sustento da
comunidade.
d) a economia era planificada, e todo o excedente era trocado com as tribos vizinhas.
a) praticada pelos povos indígenas para comércio interno, antes mesmo da chegada dos
europeus.
Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as
culturas indígena e europeia foi:
b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por
meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da
cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população.
Em 1534, Dom João III, intitulado "O Colonizador", implantou o sistema de capitanias
hereditárias. Dividiu o litoral brasileiro em quatorze faixas de terras, que se estendiam
do Oceano Atlântico para o interior até a linha imaginária de Tordesilhas.
O rei doou as terras a homens de sua confiança que arcavam com o ônus do
empreendimento. Esses homens, fidalgos de pouca importância social no Reino,
recebiam o título de capitães-generais e tinham o direito , entre outros, de transmitir as
capitanias doadas aos seus herdeiros. Por essa razão essas faixas de terras
denominaram-se capitanias hereditárias.
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia
ainda, o que pertencia à Coroa e ao donatário. Se descobertos metais e pedras preciosas,
20% seriam da Coroa e, ao donatário caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa
detinha o monopólio do comércio do pau-brasil e de especiarias. O donatário podia doar
sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e defendê-las, tornando-se assim
colonos.
Pernambuco e São Vicente foram as capitanias que mais prosperaram. Nelas haviam
ocorrido experiências de ocupação agrícola desde o período da colonização acidental.
Apesar de enfrentarem problemas comuns aos das demais capitanias, Duarte Coelho e
Martim Afonso de Sousa obtiveram sucesso. Conseguiram maior número de colonos e
estabeleceram alianças com grupos nativos.
O Governo Geral
Com a finalidade de "dar favor e ajuda" aos donatários e centralizar
administrativamente a organização da Colônia, o rei de Portugal resolveu criar, em
1548, o Governo Geral. Resgatou dos herdeiros de Francisco Pereira Coutinho a
capitania da Bahia de Todos os Santos, transformando-a na primeira capitania real ou da
Coroa, sede do Governo Geral. Esta medida não implicou a extinção das capitanias
hereditárias e até mesmo outras foram implantadas, como a de Itaparica, em 1556, e a
do Recôncavo Baiano, em 1566. No século XVII continuaram a ser criadas capitanias
hereditárias para estimular a ocupação do Estado do Maranhão.
Em 1551, no governo de Tomé de Sousa, foi criado o 1º Bispado do Brasil com sede na
capitania real, sendo nomeado bispo D. Pero Fernandes Sardinha. Foram também
instaladas as Câmaras Municipais, compostas pelos "homens bons": donos de terras,
membros das milícias e do clero. Nesse período ainda foi introduzida, nessa capitania, a
criação de gado e instalados engenhos. Com essas medidas o governo português
pretendia reafirmar a soberania e a autoridade da Metrópole, e consolidar o processo de
colonização.
As alianças entre franceses e grupos nativos hostis aos portugueses tanto ameaçavam
quanto dificultavam a expansão da atividade açucareira no litoral oriental.
No fim do século XVI, os núcleos de São Vicente e Natal eram os pontos extremos da
ocupação na América portuguesa. Entretanto, essa era uma ocupação por pontos,
interpondo-se o vazio entre eles.
O Engenho Colonial
O engenho, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente, por
dois grandes setores: o agrícola - formado pelos canaviais -, e o de beneficiamento - a
casa-do-engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente.
A parte das terras do engenho destinada ao cultivo da cana - o canavial - era dividida em
partidos, explorados ou não pelo proprietário. As terras não exploradas pelo senhor do
engenho eram cedidas aos lavradores, obrigados a moer sua cana no engenho do
proprietário, entregando-lhe a metade de sua produção, além de pagar o aluguel da terra
usada (10% da produção).
A Sociedade Açucareira
A sociedade da região açucareira dos séculos XVI e XVII era composta, basicamente,
por dois grupos. O dos proprietários de escravos e de terras compreendia os senhores de
engenho e os plantadores independentes de cana. Estes não possuíam recursos para
montar um engenho para moer a sua cana e, para tal, usavam os dos senhores de
engenho. O outro grupo era formado pelos escravos, numericamente muito maior,
porém quase sem direito algum. Entre esses dois grupos existia uma faixa intermediária:
pessoas que serviam aos interesses dos senhores como os trabalhadores assalariados
(feitores, mestres-de-açúcar, artesãos) e os agregados (moradores do engenho que
prestavam serviços em troca de proteção e auxílio).
Esses dois grupos - senhores de engenho e agricultores -, unidos pelo interesse e pela
dependência em relação ao mercado internacional, formaram o setor açucareiro. Os
interesses comuns, porém, não asseguravam a ausência de conflitos no relacionamento.
Os senhores de engenho consideravam os agricultores seus subalternos, que lhes deviam
não só cana - de - açúcar, mas também respeito e lealdade. As esposas dos senhores de
engenho seguiam o exemplo, tratando como criadas as esposas dos agricultores. Com o
tempo, esse grupo de plantadores independentes de cana foi desaparecendo, devido à
dependência em relação aos senhores de engenho e às dívidas acumuladas. Essa
situação provocou a concentração da propriedade e a diminuição do número de
agricultores.
Existiam também os lavradores, que não possuíam terras, somente escravos. Recorriam
a alguma forma de arrendamento de terras dos engenhos para plantar a cana. Esse
contrato impunha-lhes um pesado ônus, pois em cada safra cabia-lhes, apenas, uma
pequena parcela do açúcar produzido. Esses homens tornaram-se fundamentais à
produção do açúcar. O senhor de engenho deixava em suas mãos toda a
responsabilidade pelo cultivo da cana, assumindo somente a parte do beneficiamento do
açúcar, muito mais lucrativa.
Nesta época, o termo "lavrador de cana" designava qualquer pessoa que praticasse a
agricultura, podendo ser usado tanto para o mais humilde dos lavradores como para um
grande senhor de engenho, conforme explica o historiador americano Stuart Schwartz.
A Escravidão Indígena
De modo a inserir o índio no processo de colonização os portugueses recorreram a três
métodos. O primeiro consistia na escravização pura e simples, na base da força,
empregada normalmente pelos colonos. O outro criava um campesinato indígena por
meio da aculturação e destribalização, praticadas primeiramente pelos jesuítas, e depois
pelas demais ordens religiosas. O terceiro buscava a integração gradual do índio como
trabalhador assalariado, medida adotada tanto por leigos como pelos religiosos. Durante
todo o século XVI e início do XVII os portugueses aplicaram simultaneamente esses
métodos. Naquele momento consideravam a mão-de-obra indígena indispensável aos
negócios açucareiros.
A Coroa portuguesa ficava dividida. Considerando os indígenas como súditos, era legal
e moralmente inaceitável escravizá-los. Mas a realidade ditava-lhe essa necessidade. O
valor da Colônia centrava-se, cada vez mais, na grande produção açucareira, e esta, para
ser lucrativa, exigia um grande contingente de trabalhadores escravos. Como no Brasil
havia grande possibilidade de utilizar o indígena como mão-de-obra, e os senhores de
engenho não dispunham de recursos suficientes para importar africanos, a melhor opção
era mesmo usá-la.
Assim, a Coroa portuguesa, apesar de ter começado a criar em 1570, uma legislação
para proibir a escravização indígena, deixou suficientes brechas na lei para não
extingui-la de vez, o que afetaria a produção açucareira e, consequentemente, reduziria
seus lucros.
O período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da escravidão indígena nos engenhos
brasileiros, especialmente naqueles localizados em Pernambuco e na Bahia. Nessas
capitanias os colonos conseguiam escravos índios roubando-os de tribos que os tinham
aprisionado em suas guerras e, também, atacando as próprias tribos aliadas. Essas
incursões às tribos, conhecidas como "saltos", foram consideradas ilegais, tanto pelos
jesuítas como pela Coroa. Mas o interesse econômico falou mais alto e, dessa forma,
fazia-se vista grossa às investidas.
A Santidade
Enquanto os colonos, o clero e a Coroa discutiam sobre a melhor forma de conduzir a
questão indígena, os nativos tentaram, de várias maneiras, resistir à dominação
portuguesa. Uma forma de resistência indígena, conhecida pelo nome de Santidade,
ocorreu inicialmente em São Vicente, em 1551, ganhando força em Ilhéus e no
Recôncavo baiano, no final do século XVI. Oprimidos pelas ações dos jesuítas e dos
colonos, os índios usaram como forma de resistência os próprios símbolos de seus
dominadores, os símbolos da religião católica, seus rituais e figuras. Elaboraram um
culto sincrético e messiânico, misturando suas crenças e ritos aos da religião católica e
dando origem, assim, a um novo culto religioso, a Santidade.
Para Stuart Schwartz, "o culto da Santidade parece ter sido uma combinação da crença
dos tupinambás em um paraíso terrestre com a hierarquia e os ícones do catolicismo.
Centrava-se em ídolos feitos de cabaças ou pedras, dos quais se dizia possuírem poderes
sagrados. Em honra aos santos entoavam novos cânticos e realizavam cerimônias que
podiam durar dias a fio e onde se consumia grande quantidade de bebida alcoólica e
infusões de tabaco. Aparentemente esses rituais visavam a introduzir transes catatônicos
nos participantes."
No período entre 1560 e 1627, a Santidade sobreviveu no sul da Bahia. Índios, e mais
tarde negros escravos africanos ou crioulos fugidos, uniam-se em operações militares
contra os povoados habitados por portugueses, especialmente contra as plantações de
cana-de-açúcar e os engenhos do sul do Recôncavo. Assim, tornavam-se cada vez mais
ameaçadores e temidos.
A ação portuguesa foi vitoriosa, apesar de até o século XVIII haver notícias de guerra
entre os colonos e os índios, especialmente no interior da Bahia. A última referência
específica sobre a Santidade data de 1627, quando um bando atacou o engenho de
Nicolau Soares, matando escravos, saqueando a propriedade e levando os índios ali
residentes.
A Escravidão Africana
Nessa época, a Coroa começou a tomar medidas contra a escravização dos indígenas,
restringindo as situações em que isso poderia ocorrer, como: em "guerras justas", isto é,
conflitos considerados necessários à defesa dos colonos, que assim, poderiam aprisionar
e escravizar os indígenas, ou ainda a título de punição pela prática da antropofagia.
Podia-se escravizá-los, também, como forma de "resgate", isto é, comprando os
indígenas aprisionados por tribos inimigas, que estavam prontas a devorá-los.
O Tráfico Negreiro
Na Colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao tráfico
negreiro, atividade comercial bastante lucrativa. Os traficantes de escravos negros,
interessados em ampliar esse rendoso negócio, firmaram alianças com os chefes tribais
africanos. Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, onde trocavam
tecidos de seda, jóias, metais preciosos, armas, tabaco, algodão e cachaça, por africanos
capturados em guerras com tribos inimigas.
Essas reações contra a violência praticada pelos feitores, com ou sem ordem dos
senhores, eram punidas com torturas diversas. Amarrados no tronco permaneciam dias
sem direito a comida e água, levando inumeráveis chicotadas. Eram presos nos ferros
A convivência mais próxima entre senhores e escravos, na casa grande, abriu espaço
para as negociações. Esta abertura era sempre maior para os ladinos, conhecedores da
língua e das manhas para "passar a vida", e menor para os africanos recém-chegados, os
boçais. Na maioria das vezes, essas negociações não visavam à extinção pura e simples
da condição de escravo, e sim, obter melhores condições de vida: manutenção das
famílias, liberdade de culto, permissão para o cultivo em pedaço de terra do senhor, com
a venda da produção, e condições de alimentação mais satisfatórias.
Uma das formas da resistência negra era a organização dos quilombos - comunidades
livres constituídas pelos negros que conseguiam fugir com sucesso. O mais famoso
deles, o Quilombo de Palmares, formou-se na Serra da Barriga, atual Alagoas, no início
do século XVII. Resistindo por mais de 60 anos, nele viveram cerca de 200 mil negros.
Palmares sobreviveu a vários ataques organizados pela Coroa portuguesa, pelos
fazendeiros e até pelos holandeses.
A criação de gado tinha como objetivo suprir o mercado interno. O gado bovino
fornecia o couro, a carne e, além disso, era utilizado para mover a moenda dos
engenhos. Apesar de sua importância para as diversas atividades da Colônia,
considerava-se a criação do gado uma atividade secundária. Para que não prejudicasse a
produção do açúcar, ocupando e danificando o espaço do canavial, ela foi sendo levada
para o interior, cumprindo um importante papel em sua ocupação.
O Tabaco e o Algodão
Invasões Holandesas
Os holandeses participaram do empreendimento açucareiro no Brasil, desde o início.
Financiaram a instalação de engenhos e tornaram-se os maiores responsáveis pelo
processo de refinamento do açúcar e por sua comercialização na Europa. Este
empreendimento era tão importante para eles que, entre os anos de 1621 e 1622, o
número de refinarias de açúcar no norte da Holanda cresceu de três para vinte e nove.
Os holandeses obtinham lucro significativo com a venda de açúcar refinado para os
demais países europeus. Portanto, nem imaginavam abrir mão desse comércio.
Refeitos dos prejuízos, por conta de pilhagens a navios espanhóis carregados de metais
preciosos, os holandeses voltaram a invadir a Colônia em 1630, agora pela capitania de
Pernambuco, maior centro produtor de açúcar da Colônia e do mundo. Ali travaram-se
intensos combates pela posse da terra. Após uma série de derrotas, Matias de
Albuquerque refugiou-se no interior da capitania, fundando o Arraial de Bom Jesus,
entre Olinda e Recife. O Arraial tornou-se o centro da resistência contra os holandeses
até 1635. Os holandeses instalados inicialmente em Recife e Olinda, alguns anos depois
estenderam seu domínio às demais capitanias do litoral nordestino.
Em 1645 teve início um movimento de revolta contra o domínio holandês que ficou
conhecido como Insurreição Pernanbucana.
Na segunda metade do século XVII, em Pernambuco, havia uma nítida disputa de poder
entre os habitantes de Olinda, ricos senhores de engenho, e os moradores de Recife,
comerciantes portugueses. Os senhores de engenho consideravam-se "nobres", os
grandes aliados da Coroa portuguesa e, por conta disso, queriam ser tratados com
distinção.
Não podendo mais contar com o apoio prestigioso da Coroa, os senhores de engenho de
Olinda tentaram através da sua Câmara Municipal, uma ação contra os comerciantes
portugueses de Recife, aos quais chamavam de forma depreciativa de mascates.
Conseguiram bloquear, contra a vontade dos governadores e até mesmo contra uma
decisão da Metrópole, a entrada dos recifenses na Câmara Municipal de Olinda.
Em 1710, buscando contornar a situação, o rei Dom João V elevou o povoado do Recife
à condição de vila, com uma Câmara Municipal que passou a ser controlada pelos
comerciantes portugueses. Deixou a de Olinda à "nobreza da terra" e aos descendentes
dos restauradores. Dessa forma conseguiu esvaziar, progressivamente, o antigo poder
dos vereadores olindenses. "Na segunda metade do século XVIII, a Câmara de Olinda,
reduzida à gestão acanhada de uma cidade decrépita, conferia mais honra do que
poder", recorda o historiador pernambucano.
Para complicar ainda mais essa disputa, no final do século XVII e início do XVIII,
houve uma grande queda do preço do açúcar, e os senhores de engenho viram suas
fortunas encolher. Passaram a pedir empréstimo aos comerciantes, os mascates, que lhes
cobravam altos juros. Enquanto aqueles ficavam mais pobres, esses se tornavam cada
vez mais ricos, ganhando maior "status" na sociedade.
Esses dois fatores acirraram a disputa, estimulando ódios e provocações entre os dois
grupos, culminando com a chamada Guerra dos Mascates, ainda em 1710. O governo
português interveio na disputa para acabar com os conflitos, garantindo apoio à causa
dos comerciantes portugueses. Em 1711 Recife tornou-se a capital da capitania de
Pernambuco, caracterizando a decadência de Olinda e o começo do fim da época áurea
dos grandes senhores de engenho do Nordeste.
Entre as revoltas nativistas mais importantes estão: Quilombo dos Palmares, Revolta de
Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates e a Revolta de Filipe dos Santos.
São revoltas separatistas: Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana.
Causas:
portugueses, principalmente os
comerciantes.
xtração de
ouro realizada pelos colonos brasileiros.
Alguns membros do Quilombo não aceitaram o termo estabelecido por Ganga Zumba,
que acabou sendo envenenado por seus opositores quilombolas. A partir de então, o
controle de Palmares passou para as mãos de Zumbi, que não aceitava negociar com as
autoridades e preferia sustentar a situação de conflito. Com essa opção, estava traçado o
caminho que culminaria na destruição deste grande quilombo.
O confronto tinha como causa principal a disputa pela exploração das minas de ouro
recém-descobertas na região das Minas Gerais. Os paulistas queriam exclusividade na
exploração da região, pois afirmavam que tinham descoberto as minas. Os emboabas
eram liderados pelo português Manuel Nunes Viana.
Consequências:
assumiu a
exploração de ouro na região das Minas Gerais.
Outra fonte de renda destes mascates eram os empréstimos, a juros altos, que faziam aos
olindenses.
Causas:
A aristocracia rural de Olinda temia que Recife, além de ser o centro econômico,
passasse a ser também o centro político de Pernambuco.
Escopos:
povoado.
iando os
mascates (comerciantes de Recife). Logo, defendiam a igualdade de tratamento.
Consequências:
Revoltas Separatistas
Ao atingirmos o século XVIII, observamos que as contradições entre a colônia e a
metrópole se aprofundavam de um modo diferente. Nessa época, alguns integrantes da
elite econômica e intelectual da colônia se influenciaram pelas críticas fundamentadas
De fato, relembrando que o século XVIII é marcado pelo auge da atividade mineradora,
vemos que Portugal desenvolveu a cobrança de vários impostos abusivos e ampliou
seus métodos de controle sobre a produção de riqueza no espaço colonial. Em pouco
tempo, discussões secretas e panfletos misteriosos circulavam denunciando os abusos
das autoridades metropolitanas e a necessidade de completa autonomia para a resolução
dos problemas sociais, políticos e econômicos daquela época.
Mesmo que saindo em defesa do fim do pacto colonial, vemos que muitos participantes
das rebeliões separatistas não almejavam a uma ampla transformação com a
independência. Isso acontecia porque alguns separatistas compunham a elite econômica
colonial e, por tal razão, não pretendiam abandonar os antigos hábitos que legitimavam
sua situação econômica confortável. Sendo assim, as rebeliões separatistas não raro se
aproximavam de propostas visivelmente elitistas.
No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos
políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a metrópole havia
decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial
do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o
funcionamento de indústrias fabris em território brasileiro.
Causas:
Neste período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais.
Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de
todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram pegos com
ouro “ilegal” (“sem ter pagado o imposto”) sofria duras penas, podendo até ser
degredado (enviado a força para o território africano). Com a grande exploração, o ouro
começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não
diminuíam as cobranças.
Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região
de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a
metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e,
principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos
impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite
brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pelas
ideias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para
buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil.
Os Inconfidentes:
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes
(saiba mais sobre ele) era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio
Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros
representantes da elite mineira.
Por mais que estourassem revoltas contra a colônia portuguesa no Brasil, muitas dessas
organizações populares eram movidas por interesses particulares dos grandes donos de
terra e da elite oposicionista.
Quando Salvador deixou de ser a capital brasileira, acabou perdendo boa parte dos
investimentos da Coroa e passou a ter papel secundário diante da nova capital, o Rio de
Janeiro. A população baiana acabou sofrendo com a crise econômica do estado. A
e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos e Conjura dos Alfaiates.
c) Tanto a primeira como a segunda foram influenciadas pelas ideias iluministas e pela
independência das Treze Colônias inglesas, mas só a segunda teve êxito nos seus
objetivos.
(Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos, São Paulo, Cia. das Letras,
1995, p. 123).
d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais,
negando a autoridade do governo metropolitano.
a) VFVVF
b) VVFVV
c) FFVVF
d) FVFVV
e) VVVVV
Coluna A
1 – Revolta de Beckman
Coluna B
( ) Luta dos comerciantes para elevar Recife à categoria de vila, em oposição aos
produtores de açúcar de Olinda.
( ) Luta entre paulistas e forasteiros pelo domínio da região das Minas Gerais,
reivindicada por aqueles.
a) 1–3–4–2
b) 1–2–4–3
c) 2–4–3–1
d) 3–4–1–2
e) 4–1–3–2
Expansão Territorial e
Tratados de Limites
Expansão Territorial
A ocupação do interior do Brasil foi muito mais complicada do que a do litoral e foi
movida, principalmente, pela busca de metais preciosos.
Entradas
Bandeiras
Tipos de Bandeirismo:
Bandeirismo de Caça ao Índio ou Apresador: Objetivava capturar índios para vendê-los
como escravos, inclusive destruindo Missões Jesuíticas. Destacaram-se Antônio Raposo
Tavares e Manuel Preto.
Monções
Expedições fluviais, que partiam da Vila de São Paulo para Cuiabá, carregadas de
mantimentos para vender na região das minas.
Missões ou Reduções
Eram aldeias criadas pelos jesuítas, nas quais viviam milhares de índios, recebendo
ensinamentos sobre religião e trabalhando sob a direção dos religiosos.
Tratados de Limites
A maior parte das fronteiras do Brasil atual foi definida neste período.
Tratado de Lisboa(1681)
Tratado de Utrecht (1713): A França reconheceu o rio Oiapoque como fronteira entre o
Brasil e a Guiana Francesa.
Contexto Europeu
Em contrapartida ao desenvolvimento econômico da Inglaterra, Portugal enfrentava
enormes dificuldades econômicas e financeiras com a perda de seus domínios no
Oriente e na África, após 60 anos de domínio espanhol durante a União Ibérica (1580-
1640).
A Rigidez Fiscal
Nesse mesmo período, em que na América espanhola o esgotamento das minas irá
provocar uma forte elevação no preço dos produtos, o Brasil assistia a passagem da
economia açucareira para mineradora, que ao contrário da agricultura e de outras
atividades, como a pecuária, foi submetida a uma rigorosa disciplina e fiscalização por
parte da metrópole.
Já por ocasião do escasso e pobre ouro de lavagem achado desde o século XVI em São
Vicente, tinha-se promulgado um longo regulamento estabelecendo-se a livre
exploração, embora submetida a uma rígida fiscalização, onde a coroa reservava-se no
direito ao quinto, a quinta parte de todo ouro extraído. Com as descobertas feitas em
Minas Gerais na região de Vila Rica, a antiga lei é substituída pelo Regimento dos
Superintendentes, Guardas-mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, datada
de 1702. Esse regimento se manteria até o término do período colonial, apenas com
algumas modificações.
O sistema estabelecido era o seguinte: para fiscalizar dirigir e cobrar o quinto nas áreas
de mineração criava-se a Intendência de Minas, sob a direção de um superintendente em
cada capitania em que se descobrisse ouro, subordinado diretamente ao poder
metropolitano. O descobrimento das jazidas era obrigatoriamente comunicado ao
superintendente da capitania que requisitava os funcionários (guarda-mores) para que
A cobrança do quinto sempre foi vista pelos mineradores como um abuso fiscal, o que
resultava em frequentes tentativas de sonegação, fazendo com que a metrópole criasse
novas formas de cobrança.
Para o historiador Caio Prado Júnior, "cada vez que se decretava uma derrama, a
capitania, atingida entrava em polvorosa. A força armada se mobilizava, a população
vivia sobre o terror; casas particulares eram violadas a qualquer hora do dia ou da noite,
as prisões se multiplicavam. Isto durava não raro muitos meses, durante os quais
desaparecia toda e qualquer garantia pessoal. Todo mundo estava sujeito a perder de
uma hora para outra seus bens, sua liberdade, quando não sua vida. Aliás as derramas
tomavam caráter de violência tão grande e subversão tão grave da ordem, que somente
nos dias áureos da mineração se lançou mão deles. Quando começa a decadência, eles
se tornam cada vez mais espaçados, embora nunca mais depois de 1762 o quinto
atingisse as 100 arrobas fixadas. Da última vez que se projetou uma derrama (em 1788),
ela teve de ser suspensa à última hora, pois chegaram ao conhecimento das autoridades
notícias positivas de um levante geral em Minas Gerais, marcado para o momento em
que fosse iniciada a cobrança (conspiração de Tiradentes)."
A Extração de Diamantes
A extração mineral não se restringiu apenas ao ouro. O século XVIII também conheceu
o diamante, no vale do rio Jequitinhonha, sendo que durante muito tempo, os
mineradores que só viam a riqueza no ouro, ignoraram o valor desta pedra preciosa,
utilizada inclusive como ficha para jogo.
Somente após três décadas que o governador das Gerais, D. Lourenço de Almeida,
enviou algumas pedras para serem analisadas em Portugal, que imediatamente aprovou
a criação do primeiro Regimento para os Diamantes, que estabeleceu como forma de
cobrar o quinto, o sistema de capitação sobre mineradores que viessem a trabalhar
naquela região.
A partir de 1734, visando um maior controle sobre a região diamantina, foi estabelecido
um sistema de exclusividade na exploração de diamantes para um único contratador. O
primeiro deles em 1740, foi o milionário João Fernandes de Oliveira, que se apaixonou
pela escrava Chica da Silva, tornando-a uma nobre senhora do Arraial do Tijuco.
Sociedade e Cultura
O ciclo do ouro e do diamante foi responsável por profundas mudanças na vida colonial.
Em cem anos a população cresceu de 300 mil para, aproximadamente, 3 milhões de
pessoas, incluindo aí, um deslocamento de 800 mil portugueses para o Brasil.
Paralelamente foi intensificado o comércio interno de escravos, chegando do Nordeste
cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos representam a transferência do eixo social
e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região
mineradora. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no
mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o
imobilismo da sociedade açucareira.
O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros
libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social
permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70%
da população mineira.
Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de
alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições
bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a
respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no
interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos
quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso.
Com o crescimento do número de pequenos e médios proprietários a mineração gerou
uma menor concentração de renda, ocorrendo inicialmente um processo inflacionário,
seguido pelo desenvolvimento de uma sólida agricultura de subsistência, que
juntamente com a pecuária, consolidam-se como atividades subsidiárias e periféricas.
A Decadência do Período
Na segunda metade do século XVIII, a mineração entra em decadência com a
paralisação das descobertas. Por serem de aluvião o ouro e diamantes descobertos eram
facilmente extraídos, o que levou a uma exploração constante, fazendo com que as
jazidas se esgotassem rapidamente. Esse esgotamento deve-se fundamentalmente ao
desconhecimento técnico dos mineradores, já que enquanto a extração foi feita apenas
nos veios (leitos dos rios), nos tabuleiros (margens) e nas grupiaras (encostas mais
profundas) a técnica, apesar de rudimentar, foi suficiente para o sucesso do
empreendimento. Numa quarta etapa porém, quando a extração atinge as rochas
matrizes, formadas por um minério extremamente duro (quartzo itabirito), as
escavações não conseguem prosseguir, iniciando o declínio da economia mineradora.
Como as outras atividades eram subsidiárias ao ouro e ao diamante, toda economia
colonial entrou em declínio. Sendo assim, a primeira metade do século XIX será
representada pelo Renascimento Agrícola, fase economicamente transitória, marcada
pela diversificação rural (algodão, açúcar, tabaco, cacau e café), que se estenderá até a
consolidação da monocultura cafeeira, iniciada por volta de 1870 no Vale do Paraíba.
A suposta riqueza gerada pela mineração não permaneceu no Brasil e nem foi para
Portugal. A dependência lusa em relação ao capitalismo inglês era antiga, e nesse
sentido, grande parte das dívidas portuguesas, acabaram sendo pagas com ouro
A Administração Pombalina
Rei morto, rei posto!
Com a morte de Dom João V, em 1750, Dom José I ocupou o trono de Portugal.
Para muitos súditos e vassalos, o longo reinado de Dom João V assinalou o apogeu do
absolutismo em Portugal. Alguns chegavam mesmo a dizer que aquele rei tinha sido o
Luís XIV português, comparando o fausto e o poderio de seu reinado aos do soberano
francês.
Mas não era exatamente assim! Antes mesmo da morte de Dom João V, alguns sinais de
crise voltaram a se manifestar. Dom José I, o novo soberano bragantino, recebia,
portanto, uma pesada herança.
Aquele que receberia os títulos de Conde de Oeiras e Marquês de Pombal logo ficou
conhecido como um dos "déspotas esclarecidos", por entender que a superação das
dificuldades que o Reino enfrentava somente seria possível por meio da realização de
reformas por um soberano fortalecido, ainda que para tanto devesse se apoiar nas novas
ideias da Ilustração, que não poupavam críticas a uma ordem política e social já
considerada velha. Conforme sublinha o historiador Pedro Octávio Carneiro da Cunha,
"o absolutismo era dourado pela Filosofia das Luzes".
Voltando seus olhos para o Brasil, Pombal procurou reformar as relações entre a
Metrópole e a Colônia de modo a propiciar o reerguimento do Reino.
Para substituir o ensino ministrado pelos religiosos foram criadas as "aulas régias".
Eram sustentadas por um novo tributo, o "subsídio literário", e nelas ficava proibida a
utilização dos métodos de ensino dos jesuítas. Eram bem claras as determinações régias:
"...todo aquele que usar sua escola [...] será preso para ser castigado ao meu real
arbítrio, e não mais poderá abrir classe nestes reinos e seus domínios". Era determinado,
ainda, que o ensino deveria ser feito exclusivamente em língua portuguesa, maneira de
se afirmar a dominação lusitana. A língua tupi, amplamente utilizada nos dois primeiros
Viver em Colônias
Luís dos Santos Vilhena vivia na cidade do Salvador, na capitania da Bahia de Todos os
Santos, onde era professor de grego e de latim nas aulas régias. No primeiro ano do
século XIX, revelou seu descontentamento e desconforto com a vida que levava ao
afirmar: "não é das menores desgraças o viver em colônias".
Vilhena não era o único a sentir-se assim. Os três milhões de indivíduos que habitavam
os territórios pertencentes a Portugal na América pareciam já não temer tanto os perigos
vindos do mar; mas, em sua grande maioria, mostravam-se profundamente descontentes
com a situação em que viviam. E demonstravam isso utilizando em suas conversas
determinadas palavras. Cada vez mais, em voz alta ou sob a forma de sussurros,
falavam em "decadência", "pobre", "felicidade", "plebe", "restauração", "liberdade",
"república"... Empregavam com frequência crescente uma palavra até então
praticamente desconhecida: "colônia"; e, por meio dela, deixavam perceber que estavam
tomando consciência de que o desagrado, o desconforto e a insegurança que sentiam e
viviam resultavam, em grande parte, da situação colonial a que estavam submetidos,
isto é, do fato de "viver em colônias".
Tais sentimentos, porém, não eram expressados apenas por meio de palavras. Revoltas,
protestos e distúrbios variados ocorriam nos mais diversos pontos do território
delineado pelo Tratado de Madri, por onde se distribuíam de modo irregular brancos,
negros, índios, pardos e mestiços de toda espécie... Revoltas, protestos e distúrbios
contra os inúmeros monopólios, proibições, taxações privilégios, que se tornavam
insuportáveis à medida que o Reino português se mostrava cada vez mais decadente.
Ao mesmo tempo, nem sempre era bem vista uma ampla divulgação dessas ideias e
princípios. Muitos colonos queriam se tornar livres da dominação dos colonizadores
portugueses, mas não desejavam abrir mão da dominação que exerciam sobre os
colonizados, em especial sobre seus escravos. A grande maioria dos colonos temia
também a existência de uma sociedade na qual o princípio da igualdade fosse estendido
aos homens livres e pobres - à "plebe", como diziam.
Prof. Guilherme Bertazzo
Nas últimas décadas do século XVIII, muitos colonos queriam ser livres e felizes. Eles
acreditavam que a liberdade residia no rompimento do pacto colonial e a felicidade, na
manutenção da escravidão. Seus sonhos eram muitas vezes partilhados pelos
colonizados, que também queriam ser livres e felizes, embora de um modo diferente.
Conversando em voz baixa, por trás de portas cerradas, à luz de velas, em sociedades
secretas, aqueles que haviam considerado uma das maiores desgraças o viver em
colônias começavam a tecer os fios de uma conspiração. Conversas que terminavam em
juramentos. Conversas que os uniam e transformavam em conjurados.
Vale notar que essa foi a primeira vez na história que um rei europeu transferiu seu
reino para um país do continente americano.
Portugal, que apoiava a Inglaterra e tinha grande relação comercial com esse país, não
se submeteu ao bloqueio. Isso levou a invasão de Napoleão às terras lusitanas.
Sendo assim, em outubro de 1807, D. João e o rei da Inglaterra Jorge III, assinaram um
decreto que transferia a sede monárquica de Portugal para o Brasil.
Foi dessa maneira que em 1808 o Pacto Colonial, um acordo comercial entre a colônia e
a metrópole, chega ao fim. Nesse ano, Dom João instituiu a “Carta Régia”, a qual
permitia a abertura dos portos a outras nações amigas, inclusive a Inglaterra. Diante
disso, a economia do país alavancou, no entanto, impediu o desenvolvimento das
Os produtos ingleses tinham uma menor taxa alfandegária em relação aos outros países.
Eles pagavam 15%, enquanto as outras nações cerca de 24%.
Além da economia, o país, e sobretudo a capital, que até então era o Rio de Janeiro,
sofreram diversas mudanças. Muitas obras de caráter público foram erigidas nesse
período, por exemplo, a casa da moeda, o banco do Brasil, o jardim botânico, dentre
outras.
Na educação e na cultura, esse período marcou diversos avanços nessas áreas. Isso
porque muitos investimentos foram feitos, o que podemos confirmar com a construção
da Biblioteca Real, da Academia Real de Belas Artes, da Imprensa Real, além das
escolas de medicina.
Esse fato deixou muito descontentes os portugueses que estavam em Portugal. Com
isso, eles exigiam o retorno de Dom João IV, que por fim, retorna à Portugal para a
Revolução Liberal do Porto, em abril de 1821. Esse evento marcou o fim do período
joanino.
Em seu lugar permanece seu filho, Dom Pedro I. O príncipe regente governou o país de
1822 a 1831, estabelecendo em 1824, a primeira Constituição do país.
Quando Portugal exigiu seu retorno, ele se recusou a voltar para a metrópole. Sendo
assim, no dia 07 de setembro de 1822, ele declara a Independência do Brasil.
Independência do Brasil
Entre os fatores que causaram a Independência do Brasil podemos destacar a crise do
sistema colonial, as ideias iluministas e as independências ocorridas na América Inglesa
e na América Espanhola.
Além disso, a própria elite agrária brasileira se beneficiaria de uma separação entre
Portugal e Brasil.
A Administração de D. João
Esta situação provocou uma inversão política: o Brasil, que era colônia de Portugal,
passou a ser a sede do governo português.
Esta medida agradou à aristocracia rural brasileira, que poderia fazer comércio sem a
intervenção dos portugueses e adquirir mercadorias manufaturadas a baixo preço.
A abertura dos portos significava o fim do pacto colonial e podia ser considerada como
o primeiro passo para a independência política do Brasil.
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. Com
isso, o Brasil deixa de ser colônia para adquirir o mesmo status jurídico que a
metrópole.
Em 1816, com a morte de rainha D. Maria, D. João tornou-se rei, sendo aclamado D.
João VI e permanecendo no Brasil.
. Abusos administrativos;
. Insatisfação popular;
. Os ideais nativistas.
Em 1820, com a Revolução Liberal do Porto, que tinha por objetivo a autonomia
portuguesa, a promulgação de uma Constituição e retomar a colonização do Brasil.
Diante desses fatos, D. João VI volta para Portugal e atribui a D. Pedro a regência do
Brasil.
D. Pedro foi convidado para ficar, pois sua partida representaria o esfacelamento do
Brasil. O Dia do Fico (1822) era mais um passo para o rompimento definitivo com
Portugal.
Ao voltar de Santos para a capital paulista recebe um correio de Portugal exigindo seu
retorno imediata a Lisboa. Também recebe duas cartas, uma de José Bonifácio e outra
de Dona Leopoldina aconselhando que não aceitasse esta ordem.
Dom Pedro acata o conselho e corta os vínculos políticos que ainda restavam com
Portugal.
Alguns historiadores, como Oliveira Lima, consideram que a vinda da corte para as
terras americanas foi uma inteligente e feliz manobra política. Para ele, agindo assim, D.
João "escapava de todas as humilhações sofridas por seus parentes castelhanos e
mantinha-se na plenitude dos seus direitos, pretensões e esperanças. Era como que uma
ameaça viva e constante à manutenção da integridade do sistema napoleônico".
Entretanto, há aqueles que a veem como uma deserção covarde, não percebendo nela
qualquer resquício de estratégia política.
A população de Lisboa assistia atônita a toda essa movimentação. Não podia acreditar
que estivesse sendo abandonada pelo príncipe regente e demais autoridades, levando
tudo o que estivesse à mão, deixando-a totalmente desamparada para enfrentar o
exército de Napoleão. Lisboa estava um caos. Junot e sua tropa, apesar de bastante
desfalcada, não tiveram problema para dominar a cidade, cuja população estava
atordoada com o que consideravam uma fuga vergonhosa.
Mais tarde, no Rio de Janeiro, na nova sede do Reino, essa situação seria assim
traduzida em versos populares:
O tempo de padecer,
A viagem foi difícil. Com os navios superlotados, não havia espaço para todos se
acomodarem. Muitos viajaram com a roupa do corpo, pois nem tudo pôde ser
embarcado, já que a capacidade dos navios há muito havia sido superada. A água e os
alimentos foram racionados. A higiene era de tal forma precária que houve um surto de
piolho nos navios, obrigando as mulheres a rasparem a cabeça, entre as quais a princesa
Carlota Joaquina e as demais damas da família real e da corte.