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BRASIL COLÔNIA
Introdução
Por sua indelével importância histórica e cultural, as relações intrínsecas
entre Portugal, o mar Mediterrâneo, o Oceano Atlântico e além foram
cantadas em verso e prosa por luminares como Camões e Fernando
Pessoa. A busca por novas rotas comerciais e novos mercados foram os
aspectos que motivaram a exploração marítima portuguesa desde o início
da Era Moderna. Entretanto, muitos outros fatores estiveram envolvidos
nas grandes navegações portuguesas.
Neste capítulo, você vai estudar a Revolução de Avis e sua importância
para o desenvolvimento mercantil de Portugal. Também verá de que
forma a posição geográfica de Portugal contribuiu para um direciona-
mento ao comércio marítimo. Por fim, conhecerá as navegações e as rotas
traçadas pelos portugueses para África, Ásia e América.
1 A Revolução de Avis
A história de Portugal como reino independente está diretamente relacio-
nada às empreitadas de expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica
durante as Guerras de Reconquista. O primeiro rei português, Afonso I,
2 Portugal no contexto das grandes navegações
2 Portugal e o mar
Achamento, conquista, descobrimento, colonialismo, evangelização, império...
Diferentes termos foram utilizados para se referir ao processo de expansão
Portugal no contexto das grandes navegações 5
Para desbravar o Oceano Atlântico, foram utilizadas as caravelas, que serviam para
realizar a exploração, levar e trazer informações e até mesmo como navio de guerra.
Coelho (2000, p. 62) afirma que “enquanto uma nau da carreira da Índia demorava
cerca de 6 meses na viagem de ida, em 1516 a caravela de Diogo de Unhos gastou
menos de 6 meses na ida e no regresso”.
negócios; para o rei, novas receitas e aumento dos rendimentos da coroa; para
os nobres e membros da Igreja, novos convertidos e recompensas com cargos
mediante a prática das mercês; e para o povo, uma possibilidade de vida nova.
3 As navegações portuguesas
As navegações portuguesas, portanto, inserem-se em uma conjuntura não
somente de busca por novas rotas marítimas a novos mercados e busca
de solução para os problemas enfrentados por Portugal no século XV
(crise econômica, declínio populacional), mas também de mudança de
mentalidade, com maior disposição para a aventura e para o novo. Portugal
procura, dessa forma, incrementar o comércio com a África, fornecedora
de escravizados e metais preciosos, e com a Ásia, que fornecia especiarias,
pedrarias e seda.
Para o financiamento da expansão ultramarina, Portugal utilizou recursos
provenientes da cobrança de impostos, de empréstimos e de fundos acumula-
dos pela Ordem de Cristo. “Estado Pobre, desde o início Portugal recorreu a
investidores estrangeiros, entre os quais estavam incluídos muitos florentinos,
e aos empréstimos internos obtidos junto a judeus portugueses, que eram pagos
pela Coroa quase sempre em espécie” (RAMOS, 1997, p. 75).
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Os conflitos com a Espanha e com outros países não foram as únicas difi-
culdades enfrentadas por Portugal, já que as navegações de longa distância em
si impunham árduos desafios de logística. Ramos (1997, p 76) afirma que um
dos principais obstáculos enfrentados nessas façanhas relacionava-se à alimen-
tação. “A escassez de alimentos em Portugal terminava refletindo-se a bordo
das embarcações portuguesas, geralmente abastecidas para enfrentarem cinco
meses de viagem em alto mar, quando na verdade a viagem levava no mínimo
sete meses. Além do que, os alimentos acabavam se deteriorando ao longo da
viagem devido ao tempo e às condições de armazenamento precárias, sendo a
fome companheira constante e inseparável dos navegantes portugueses. Em casos
extremos, muitas embarcações foram obrigadas a recorrerem aos muitos ratos
que infestavam o navio como única forma de sobreviver”. Além das privações
alimentares, o autor faz referência às acomodações a bordo, bastante insalubres,
que geravam constrangimentos e desconforto. Esse ambiente hostil teria feito
com que Portugal destinasse cada vez mais degradados para participarem dessas
carreiras, já que os voluntários se direcionaram à carreira do Brasil. Como se não
bastasse, havia ainda incontáveis doenças, motins e naufrágios (RAMOS, 1997).
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na nova terra, no local hoje conhecido como Coroa Vermelha, na Bahia. Cabral
tomou posse formal do novo território em nome da casa real portuguesa em 1º
de maio. No dia seguinte, a esquadra partiu rumo às Índias. Uma nau voltou
a Portugal com as cartas dos pilotos, inclusive a de Caminha, que relatavam
a descoberta ao rei. Ficaram em terra dois desertores e dois marinheiros com
a missão de aprender a língua dos nativos (MAGALHÃES, 2013).
Os portugueses, ao chegarem na América, não conheciam a dimensão do
território, e pensaram se tratar de uma ilha que, inicialmente, chamou-se Vera
Cruz. Após as navegações exploratórias, mudou-se a compreensão sobre o
espaço e a territorialidade, e as terras conquistadas por Portugal também foram
mudando de nome: Terra de Santa Cruz, Terra dos Papagaios, Terra dos Brasis.
Esses diferentes nomes aparecem nos mapas elaborados à época (SOUZA, 2013).
Nos anos seguintes, foram enviados ao território uma série de expedições
de reconhecimento, e nessas viagens, muitos homens se estabeleceram na
América. Além de degredados expulsos de Portugal, havia aqueles que se
sentiam atraídos pela possibilidade de enriquecer, comerciantes, nobres em-
pobrecidos em busca de ouro, aventureiros, oficiais reais, soldados, náufragos,
desertores, religiosos e cristão novos (COSTA, 1956).
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Leituras recomendadas
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