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Curso

Judaísmo Básico
Plano de estudos
Curso Judaísmo Básico
Aula Conteúdo
01 | O que é o judaísmo.
02 | História judaica 01.
03 | Historia judaica 02.
04 | Ramificações do judaísmo.
05 | Judaísmo Ortodoxo Moderno.
06 | Rabino, Rosh, Moré, Sofer, Mohel, Anciãos e Talmud.
07 | Sinagoga, Bet Hamidrash, Bet Din, Halachah.
08 | Mikvê, Talit, Tsitsit, Tefilin, Mezuza.
09 | Torah, Tanakh, Chumash.
10 | Religiosidade, Família e Rezas.
11 | Teshuvah (arrependimento) e conceito de pecado.
12 | Ciclo Mensal, Rosh Kodesh, Bircat Halevaná, Calendário.
13 | Shabat.
14 | Comportamento Judaico.
15 | Ética Judaica, Monoteísmo Ético, O Nome.
16 | Guiur (conversão) X Teshuvah (retorno). Quem é Judeu.
17 | Formação de Rabino, Semichá.
18 | Kashrut 01.
19 | Kashrut 02.
20 | As 03 rezas diárias.
21 | Bênçãos.
22 | Casamento, Brit Milá, Bar/Bat Mitsvá.
23 | Morte, enterro, luto e Cherem.
24 | Mashiah.
25 | Halachah.
26 | Sacerdócio, Templo e Tsedaká.
27 | Rosh Hashaná.
28 | Yom Kipur.
29 | Sucot, Simchá Torá.
30 | Chanuká.
31 | Tu be’shvat, Jejuns.
32 | Purim.
33 | Pessach. Chametz.
34 | Lag Ba’omer, Shavuot. Tishá Be’Av.
35 | As diversas Meguilot.
36 | Yom Hazikarom. Yom HaShoah.
37 | Salmos, Escritos, Profetas e sua importância.
38 | Dia a dia de uma sinagoga
39 | Metodologia da Pesquisa e encaminhamento do TCC.
40 | Avaliação Final.
Curso Judaísmo Básico
Aula 01
Introdução ao Judaísmo
O que é o Judaísmo?

Ao contrário de qualquer outra religião sobre a face do planeta na atualidade, o Judaísmo


guarda em si traços de uma espiritualidade da antiguidade humana, ou seja, o Judaísmo
propriamente dito não é apenas uma religião, mas sim um conjunto de fatores que ligam os
indivíduos de quatro formas, como étnica, lingüística, cultural e espiritual.
Do ponto de vista étnico nos referimos às origens míticas e históricas do Judaísmo como
conceito de Povo, surgido a partir de uma família de origem semítica, em Ur, cidade da
mesopotâmia há aproximadamente 4000 anos atrás, e que se desdobra hoje em seus
descendentes diretos, através de linhagem tanto matrilinear (halachah surgida após a
dominação romana) quando patrilinear (conforma a própria descrição bíblica).
No ponto de vista lingüístico estamos falando justamente da língua considerada litúrgica e
sagrada, o hebraico, língua semítica aparentada com o aramaico, árabe, amárico, etc. falada
(pelo menos em ocasiões litúrgicas) pelas comunidades judaicas diversas espalhadas pelo
planeta.
Já de forma cultural identificamos as tradições, festividades, vestimentas especiais que
diferenciam as situações profanas das situações sacras. Ainda o aspecto cultural (que é um dos
mais marcantes dos quatro aspectos), podemos citar a culinária, as superstições, as práticas
fúnebres, nupciais, os ciclos da vida, a forma como nomear os filhos, a forma como a família é
tratada. Todos estes aspectos, de uma forma geral acabam diferenciando o judeu do não-
judeu, e sendo “halachicamente” aceito como uma das três formas de se comprovar a
judaicidade de um indivíduo.
No tocante á espiritualidade, destacamos a forma como o judeu se relaciona com sua
divindade e com seu interior, ou seja, a forma religiosa da prática de sua fé e a prática
espiritual desta mesma prática. Religiosidade (ligação com o Criador) e Espiritualidade (ligação
com seu interior).
O judaísmo então, como um conceito mais cultural e espiritual, tendo uma base religiosa que
no Brasil é protegida pela constituição federal, ou seja, toda e qualquer pessoa pode vir a fazer
parte do “povo” judeu através do ingresso (conversão) em alguma de suas linhas válidas (que
são válidas desde que observadas suas práticas, crenças fundamentais, leis e dogmas),
encontra-se sedimentado no que um de seus grandes pensadores, Rabi Moshe ben Maimon,
Moimônides (como era conhecido na Espanha por não judeus) ou simplesmente Rambam
nomeou: os 13 princípios da fé judaica:

Shelosha Assar Ikarim (13 princípios)


1. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, É e só, fez as criaturas e as
dirige e Ele só, fez e fará todas as obras;
2. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, Ele é único e não há
unicidade como a Dele, de nenhuma maneira. E só Ele é nosso Deus. Ele existiu, existe e
existirá para sempre;
3. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, não é corpo e não se pode
assemelhar a matéria. E Ele não tem nenhuma comparação com qualquer coisa;
4. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, Ele é o primeiro e o ultimo,
sem fim;
5. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, a Ele só se deve rezar e não
a outro;
6. Eu creio com fé completa que todas as palavras dos profetas são verdadeiras;
7. Eu creio com fé completa que a profecia de Moises, nosso mestre, e de bendita memória, é
verdadeira e que ele é o mestre de todos os profetas anteriores e posteriores a ele;
8. Eu creio com fé completa que toda a Lei que se encontra em nossas mãos é a que foi dada a
Moises, nosso mestre, de bendita memória;
9. Eu creio com fé completa que esta Lei não foi trocada e nem haverá outra Lei por parte do
Criador, bendito seja seu nome;
10. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, Ele conhece todas as obras
dos homens e todos os seus pensamentos, pois foi dito: “O Criador de todos os corações
conhece todas as suas obras”;
11. Eu creio com fé completa que o Criador, bendito seja seu nome, recompensa aos que
guardam os Seus preceitos e pune os que os transgridem;
12. Eu creio com fé completa na vinda do Mashiah, e apesar dele tardar em vir, contudo o
espero a cada dia;
13. Eu creio com fé completa que haverá a ressurreição dos mortos quando for da vontade do
Criador, bendito seja seu nome, e exaltada a Sua lembrança para todo o sempre. Em Tua
salvação espero, ó Eterno, na Tua salvação; Eterno, em Tua salvação espero.

O judaísmo como prática religiosa e espiritual, assim como todo o povo e toda a religião por
sobre a terra, também possui divisões, devido à forma de interpretar sua religiosidade.
Podemos destacar os grupos chamados de Rabanitas ou Rabinistas (seguem orientações de
Rambam e/ou dos Rabinos) e os grupos escrituralistas (que seguem apenas as escrituras como
o Tanack ou o Mikrá).
O grupo rabinista subdivide-se em Ortodoxos (ortodoxos, ultraortodoxos, chabad, na nach,
breslov, etc.), Conservadores (masorti) e Reformadores (reformistas, progressistas,
reconstrucionistas, e Ortodoxos Modernos, corrente que visa uma pureza judaica no sentido
ético e moral de acordo com o legado ancestral). O grupo escrituralista subdivide-se em
Karaítas, falasha-muras, etc.
Curso Judaísmo Básico
Aula 02
Breve História do Judaísmo
Parte 1/2

Muito se fala sobre a história hebraica, mas muita coisa conflitante. Podemos afirmar que
existem dias visões: a da ciência (atéia, e não da ciência coerente) que afirma que tudo que foi
relatado nas escrituras é mentira, que os patriarcas nunca existiram, que os juízes nunca
existiram e por fim que os grandes reis hebreus nunca existiram. A outra visão seria a judaica
(ortodoxa, fechada, contrária a visão moderna judaica) que afirma que tudo aconteceu
exatamente como se encontra nas escrituras, com nosso patriarcas fugindo da mesopotâmia,
nossos juízes guiando o povo que saíra do Egito rumo a conquista da terra santa, com os
grandes reis criando um poderoso império em Israel. Mas tudo isso encontramos aos montes
pela mídia, e ai que mora o perigo, pois não existe um consenso, ou existe?
Como historiador e judeu, tenho que dizer que existe sim concordância entre a pesquisa
cientifica e arqueológica séria (não a arqueologia bíblica cristã) e as escrituras judaicas (fora da
sandice ortodoxa e retrograda). Para encontrar este ponto de encontro temos que usar da
contextualização.
Vamos tomar por base três pontos bem simples: a língua, os nomes, as lendas.
Sabemos que o povo hebreu começou a partir de um homem e sua família, Abraham (Abraão),
que devido à crença em um Deus único saiu de Ur na mesopotâmia em torno de 1800 – 1600
a.c. rumo a uma terra distante que este mesmo Deus lhe daria. Esta é a visão religiosa judaica
e que a ciência cega diz que não existe, mas vamos aos fatos, vamos basear na ciência
coerente. Sabemos que historicamente, pela instabilidade política da mesopotâmia, levas
sucessivas de tribos semíticas fugiram e se instalaram em várias regiões próximas ao levante
entre 2300 á 1200 a.c. Algumas destas tribos formaram a civilização fenícia, e só a existência
fenícia já serviria para comprovar a existência das tribos hebraicas migrando para fora da
região de abrangência política e econômica do reino babilônico. O que valida este fato é
justamente os fatores étnicos e lingüísticos entre hebreus e fenícios, pois ambos são
etnicamente semitas, e linguisticamente o hebraico e o aramaico são línguas irmãs que se
desenvolveram de forma paralela, mas oriunda de uma raiz comum, tanto no falar quanto na
escrita. Em algumas revistas existe até uma pesquisa que fala o contrário, que no período da
saída dos hebreus, os povos do levante estavam indo para a mesopotâmia, o que é totalmente
falso, pois como vimos as tribos semíticas que fundaram as cidades estados fenícias ainda
estavam migrando para fora, e é lógico pensar que junto nesta migração, as tribos que deram
origem ao povo hebreu saiam também, mas não indo se estabelecer no atual Líbano, Síria e
norte de Israel , mas sim mais ao sul, próximo ao Jordão.
O segundo ponto é a comprovação (e este fato nem os mais céticos podem refutar) da
presença de nomes como Avram, Yacobu, Yssake, etc., nomes de nossos patriarcas, como
nomes comuns em algumas populações da mesopotâmia, pois os mesmos foram encontrados
(nestas formas arcaicas) em escritos em tabuletas de argila. Sendo assim, podemos afirmar
que pelo menos os nomes Abraham, Issaque, Yacov são nomes que realmente existiram, e se
os nomes são reais, por que os personagens que os envergaram não poderiam ter existido?
Anos atrás foram encontrados vestígios de uma tabuleta em Israel onde o rei em questão seria
representante da “Casa de David”, outra comprovação da veracidade dos nomes bíblicos.
O terceiro ponto, a questão cultural das lendas. Podemos afirmar muitas coisas, mas vamos
por parte, para poder recontar a história hebraica/judaica de forma clara, sem transgredir a
tradição e de acordo com as pesquisas históricas mais lógicas, confrontando as escrituras com
a historiografia.
Em torno de 2000 a 1700 a.c. nosso patriarca Abraham deixa Ur na mesopotâmia, juntamente
com seus familiares, seus servos e seus escravos, uma multidão interessante de pessoas para a
época, indo junto com outras caravanas semitas que também deixavam o local, indo até a
atual Turquia, e de lá separando-se destas tribos e descendo para o atual Israel. De lá para o
Egito, e de volta a Israel, onde teve filhos (Ismael, Isaque, e os filhos com as concubinas).
Abraham era um líder tribal, algo muito comum na antiguidade. Seu filho Isaque, filho de sua
esposa, torna-se o líder tribal no lugar de seu pai, e após sua morte um dos gêmeos torna-se o
líder tribal, Esav (Esaú). Sim, Esav e não Yacov, pois lembrem da história, Yacov foge, e
somente na fuga é que começa a erguer sua própria tribo, com suas duas esposas: Lia e
Raquel, e duas escravas / concubinas. Yacov tem doze filhos homens, que seriam os seguidores
da tribo. Após fortalecidos como tribo, os filhos de Yacov descem ao Egito, que nesta época
era governados por reis Hicsos, um povo de origem semítica, mas distante dos hebreus.
Provavelmente os Hicsos façam parte das primeiras levas a sair da mesopotâmia e conquistar
partes da Turquia.
Um século aproximadamente após se estabelecerem no Egito, os reis da dinastia dos Hicsos
foram expulsos pelos egípcios, e aproximadamente em 1550 a.c. tem início a 18ª dinastia
egípcia. Este período da história egípcia é de reconsolidação do poder egípcio, e a presença
hebraica seria vista como presença dos antigos invasores, por isso a tributação e opressão
sofrida nos séculos futuros (o que vem de encontro ao texto das escrituras que fala que vieram
outros reis que não conheciam José e o que ele teria feito pelo povo). Já no século XII a.c. sob a
19ª dinastia, os hebreus (ou hapiru como registrado em inscrições egípcias) começam a sair do
Egito. O faraó em questão provavelmente é Ramsés II, o que afirma muitos pontos da Torah,
principalmente o nome Moshe (Moisés) ou Moses em egípcio. Aqui neste ponto alguns
historiadores diriam que este relato descrito na bíblia seria falso, devido ao fato de faltar
registros sobre a fome na região (no tempo de José), as pragas assolando o Egito (no tempo de
Moises) e a migração em massa dos Hapiru. Bom, a cada dia novas pirâmides são encontradas
no Egito bem como novas inscrições, ou seja, muita coisa deve estar ainda enterrada nas areias
ou destruída pelo Islã. Outro fato que estes pseudo-pesquisadores não falam é o fato de que
cada faraó tinha o costume de “destruir” a memória da dinastia anterior, e podemos afirmar
isso analisando a história do faraó Akenaton, que teve praticamente toda sua história apagada
dos registros egípcios, simplesmente por ter tentado erguer o culto ao Deus único, que ele
chamava de Aton. Este faraó, mesmo de dinastia egípcia, deve ter convivido com hebreus e se
encantou com a lógica de sua crença, e tentou erguer uma religião institucional, que não foi
bem vista pelos naturais da terra devido a ser uma crença de povos invasores.
Já a saída de nossos ancestrais do Egito e a conquista de Canaã é registrada em breves escritos
de varias civilizações ao seu redor, e é claro que era um costume (até mesmo associado por
nossos antepassados) a destruição do material histórico e cultural de outros povos inimigos
(varrerei a memória deste povo da face da terra). O fato é que nesta época, o Sinai e Canaã
eram de controle egípcio, o que facilitaria o deslocamento de tribos servis, que sairiam da
metrópole para a periferia do império.
A consolidação hebraica é facilitada historicamente pela constante luta entre egípcios e hititas
pelo controle da região entre Turquia, Canaã, Sinai e Egito. Após a morte deste Ramsés,
chamado o Grande, começa a 20ª dinastia, e quase dois séculos mais tarde a 21ª dinastia, ou
3º período intermediário. Um período de muita turbulência no Egito o que propiciou a
formação de um reino hebreu, no antigo território de influência egípcia.
No século X a.c. sobe ao poder o primeiro Rei hebreu, Shaul, sucedido pelo pastor de ovelhas
David, e somente após a conquista de Jerusalém por David é que as tribos hebraicas são
unificadas. Sucedido por seu filho Shlomo, o reino de Israel floresce e se fortalece a
religiosidade hebraica, com a construção do templo em Jerusalém.
Após a morte de Shlomo, dois de seus filhos disputam o poder, fragmentando o reino em dois:
Israel ao norte com capital em Samaria, que cairia sob o poderio dos Assírios em 722 a.c.
fazendo com que 10 das 12 tribos originais sumissem da história (a genética e a historiografia
já encontraram descendentes destas tribos nos atuais territórios da china, índia e até mesmo
Japão); e ao sul com capital em Jerusalém ficou o reino de Judá, que cairia sob o domínio neo-
babilônio no ano 586 a.c. ficando por mais de meio século sob este regime de escravidão, só
retornando em 536 a.c. quando Ciro o Grande, rei da pérsia, conquista babilônia, reintegra os
deportados, financia a reconstrução do templo em Jerusalém, cria o reino vassalo de Judá e
devolve a liberdade religiosa aos hebreus, então chamados de Judeus. Nascia assim a segunda
fase da religião hebraica, agora conhecida como judaísmo.
Muitos judeus continuariam no território persa por vontade própria, ou por não conseguirem
provar sua ascendência judaica (um problema atual, mas que na época teve uma resposta e
esta mesma pode ser usada hoje em dia, como veremos nas próximas aulas) e impedidos de
retornar pelos procuradores judeus nomeados por Ciro.
Os judeus mantiveram sei reino até a chegada de Alexandre o Grande, da macedônia, em 322
a.c. mas mantiveram sua liberdade religiosa, até 198 a.c. quando passam a ser uma colônia
Síria (de origem helênica) onde tem que lutar por anos até conseguirem sua liberdade mais
uma vez (história da festividade de Chanuká). Mais tarde, em 63 a.c. os judeus passam a fazer
parte da província romana da Judéia. Em 70 d.c revoltas fracassadas contra os romanos fazem
com que tropas romanas do general Tito destruam Jerusalém e o Templo, e em 135 sob o
governo de Adriano, os judeus são expulsos de Jerusalém e tem início a grande diáspora, que
começou a ter fim a partir de 1948, com a criação do atual estado de Israel, será?
Curso Judaísmo Básico
Aula 03
Breve História do Judaísmo
Parte 2/2

O ano em questão da história é 135 da era comum. O acontecimento, a Grande Diáspora ou


Galut (‫) גלות‬. É considerada a segunda diáspora, já que a primeira teria sido o cativeiro
babilônico (ou até ainda a dominação Assíria, que levou ao exílio 10 das 12 tribos de Israel),
por isso nomeamos esta como a Grande Diáspora, que teve como causa a expulsão judaica de
Jerusalém.
A partir deste momento é que começam a se fortalecer (pois já estavam formados) os dois
grandes grupos étnicos: Ashkenazim e Sefaradim. Mas estes grupos não são os únicos, pois
existem outros grupos interessantes, que mantiveram certa “pureza” devido a permanecerem
isolados por muito tempo. São eles: Judeus Teimanim, judeus do Yemen, que são originários,
de acordo com suas tradições, de uma comitiva enviada pelo Rei Shlomo ao antigo reino de
Sabá. O outro grupo na verdade tem vários subgrupos, são os Judeus Etíopes, que teriam sido
convertidos pelo próprio príncipe de Sabá, filho da Rainha de Sabá com o rei Shlomo.
Os Teimanim ou Yemenitas possuem uma forma mais “arabizada” de seus ritos e rezas, o que
revela a proximidade dos ritos originais do primeiro templo, pois segundo suas tradições, teria
sido neste período que deixaram Jerusalém e se estabelecido no Yemen, que seria
miticamente o reino da Etiópia (pois a Etiópia na África é uma nomenclatura mais recente).
Hoje em dia, não existem judeus no Yemen, devido à grande perseguição sofrida por esta
comunidade ao longo de sua permanência com governos islâmicos autoritários. Desde os anos
de 1880, grandes levas migratórias desta etnia rumaram para Israel, em Jerusalém e Jafa. Com
a criação do estado de Israel, a tensão só piorou entre comunidades Árabes e Israelenses,
levando a uma série de barbárie contra judeus em solo muçulmano. Desta forma entre 1949 e
1050, na operação intitulada tapete mágico, Israel conseguiu tirar aproximadamente 50 mil
judeus de solo Yemenitas, levando até o ano de 1962 com que praticamente toda a
comunidade judaica do Yemen retorna-se a Israel. Hoje estimasse que ainda existam
aproximadamente 1000 judeus no Yemen. Muitos artistas renomados em Israel são de origem
Teimani, como por exemplo, as cantoras Ofra Haza, Noa, Shlomit Levi, etc.
Os grupos de Judeus Africanos Etíopes estão divididos em algumas comunidades, como os
Beta Ysrael (mais conhecidos), também chamados de Falasha, por mais que em língua local
(amárico) seja uma designação pejorativa (estrangeiro) dada por nãos judeus. Existe também o
grupo chamado de Lemba, uma tribo africana que através de estudos genético comprovaram
sua origem judaica, também do período do primeiro templo, o que explica a sua forma de
religião ser um judaísmo bem primitivo, oriundos de acordo com interpretação de
suas tradições do mesmo lugar dos judeus Teimanim. Suas tradições contam com a prática da
circuncisão, abstinência a carne de porco, monoteísmo, guarda do sétimo dia, etc. Existem, é
claro, mais etnias africanas de origem judaica. Podemos citar ainda os judeus de Bilad El-
Sudan, de origem sudanesa, mas que possuem uma estreita relação cultural com comunidades
Sefaradim.
Voltando as comunidades mais conhecidas: Sefaradim e Ashkenazim, devido a Galut,
evoluíram de forma diferente e paralela, o que podemos notar na atualidade pelas suas
diferenças lingüísticas e rituais. Mais adiante voltaremos ao assunto destas comunidades, mas
por hora voltaremos à história de Israel.
A presença judaica em solo “palestino” foi permanente, nunca estivemos desconectados de
Israel. Devido à expulsão dos judeus de Jerusalém é que o Império Romano, levando em conta
um antigo inimigo hebraico, os filisteus, é que trocou o nome da província da Judéia para
Filistia, e com o tempo Palestina. Sendo assim, sempre os judeus choraram e rezaram no Kotel,
o muro que sobrou da destruição do Grande Templo.
Tribos judaicas lutaram contra a opressão muçulmana e contra a conversão forçada ao
islamismo, vindo a lutar contra o próprio Maomé. Em 638 os muçulmanos finalmente
conquistam a região. Em 1066 ocorre o massacre de granada e entre os séculos XII a XV os
judeus foram expulsos de vários estados europeus (em uma destas expulsões é que surgem os
anussim). Os grandes massacres de judeus se sucederam em diversos países: Alemanha,
Inglaterra (1290), França (1306 e 1394) e Espanha (1391), culminando na expulsão de 1492 e
no grande massacre de Lisboa em 1506. Entre os anos de 1517 e 1917, a palestina foi
controlada pelo Império Otomano. Em todo este período os judeus sempre habitaram Israel.
Com o passar do tempo e devido a todos os massacres e perseguições, levas migratórias
sucessivas fizeram com que a população judaica em Israel crescesse. Neste processo surge o
Sionismo, um movimento de caráter político que visa o retorno de todos os judeus ao solo
ancestral. Surgido no século XIX na Europa, o Sionismo retomava o discurso das perseguições
judaicas e afirmava que isso acontecia pelo fato dos judeus não terem uma pátria. A partir de
então o movimento Sionista começa a fomentar e financiar a migração de judeus para a terra
santa.
Após o fim da primeira guerra mundial, o território ocupado pelo Império Otomano foi
repartido pelos estados europeus, e Israel ficou a cargo da Grã Bretanha. Comprometida com
os sionistas, a Grã Bretanha promulga a Declaração Balfour, onde se comprometia a criar um
estado judaico em solo palestino. Infelizmente não foi nem cumprido e nem feito o processo
de adaptação das duas comunidades (judaica e muçulmana), o que acabou causando muitos
conflitos entre os dois grupos. Em 1920, Inglaterra voltou a trás na declaração, devido à
crescente ameaça muçulmana contra judeus, e começa a impedir a entrada de judeus na
palestina. Como o Mandato Britânico favorecia os palestinos, grupos judaicos resolvem iniciar
a luta por seu território por conta própria, ainda mais após o holocausto promovido pelo
regime nazista, que matou oficialmente 6 milhões de judeus (apesar de constar comprovações
de aproximadamente 8 milhões no museu Yad Vashem).
Em 1921 surge o grupo Haganá, que iniciará a luta armada pela posse de nossa terra, dando
origem a vários outros grupos, que hoje são as forças armadas de Israel. Neste processo,
muitos grupos clandestinos judaicos existiram. Um deles até tentou aliança com a Alemanha
nazista, onde ajudariam na luta contra os britânicos na palestina em troca da evacuação
judaica da Alemanha.
Após o fim da segunda guerra mundial, e a comoção mundial pela mortandade causada por
Hitler, a ONU vê-se obrigada a fundar o estado judeu. Mas apenas isto foi feito, pois nenhuma
outra ação política de negociação com muçulmanos foi realizada. Sendo assim, em 1948, no
dia 14 de maio, numa sexta feira, David Bem Gurion assinou a declaração de Independência de
Israel. Estava fundado oficialmente o Estado de Israel. Em 1949 ocorrem eleições para o
parlamento de Israel e a promulgação da Lei de Retorno.
Neste período (1948-1949) ocorre a primeira guerra Árabe-Israelense ou Guerra de
Independência, onde fomos atacados simultaneamente por Egito, Líbano, Jordânia, Síria e
Iraque. Resultado: apesar do ataque dos árabes, no final do conflito conquistamos muito
território, inclusive a parte velha de Jerusalém, historicamente judaica.
Em 1959 ocorre a Guerra de Suez, onde após a proibição dos navios israelenses de navegar no
canal de Suez, Israel responde invadindo o Egito e conquistando o Sinai, mas tem que recuar
por pressão da ONU.
Em 1967, após a criação da OLP em 1964 por Yasser Arafat, acontece a guerra dos seis dias,
onde como forma preventiva Israel, prevendo ser atacada por uma nova liga árabe, em seis
dias ataca simultaneamente o Egito, Síria e Jordânia. Resultado: conquista do Sinai (do Egito),
Faixa de Gaza (da Cisjordânia), Colinas de Golã, e finalmente a conquista de Jerusalém, tendo
acesso novamente ao muro das lamentações.
No feriado de Yom Kipur de 1973, Síria, Egito e Jordânia atacam Israel, que mesmo com as
grandes baixas e com dois focos de invasão, mesmo sob pressão americana e soviética, Israel
consegue vencer. A partir de então os árabes começam a usar outra arma de guerra, o
petróleo. Boicotando a todo e qualquer pais que mantinha contato com Israel, o que causa
uma desconfiança mundial contra Israel.
Outras guerras, sanções, retaliações, viria a sofrer o Estado de Israel até a sua atualidade, o
que desmente toda a propaganda árabe-muçulmana contra Israel. O fato é que Israel
conseguiu, apesar de forças contrárias (EUA, URSS, ONU) além de estados Muçulmanos, a criar
novamente seu Estado, reivindicando suas origens (como ocorre com todo e qualquer estado
europeu, e nem por isso são retaliados). Israel ainda não é uma terra de paz, mas esta
trabalhando por isso. O problema, além de fatores externos que sempre voltam, é a constante
infiltração corrupta de judeus de origem étnica soviética, que na verdade não estão ligados
com o Estado de forma espiritual, visando somente à conquista de benefícios próprios. Fato
revelado em constantes escândalos referente a políticos e até mesmo aos dois rabinatos
chefes, acusados de corrupção, descriminação, etc.
Como podemos mudar isto? Separação entre estado e Religião, punição a culpados, abertura
para a criação de rabinatos de todas as linhas judaicas existentes, para que todo
judeu seja reconhecido por Israel como judeu de fato e de direito, com igualdade e justiça
perante todas as linhas judaicas. E devemos levar sempre em conta que os rabinatos
infelizmente são de origem ortodoxa, sendo que a ortodoxia representa apenas 11% da
população judaica mundial. Será que eles representam os judeus de forma espiritual e legal?
Devemos levar em conta que todas estas lutas foram travadas e vencidas por reformistas,
liberais, seculares, conservadores, e nos últimos tempos também por modernistas (ortodoxos
modernos), já que pela ortodoxia, a maioria dos jovens pode optar pela não prestação de
serviço militar, dedicando-se completamente ao estudo da Torah e negando-se até mesmo ao
trabalho, vindo a serem sustentados pelas esposas e pelo Estado. Isto é ser justo com os que
ergueram o estado que os protege? Fica a reflexão.
Curso Judaísmo Básico
Aula 04
Ramificações no Judaísmo

Vamos ver nesta aula os conceitos das ramificações judaicas. Também chamada de
“Religiosidade Judaica”, pois é a forma como o judeu vivencia sua religiosidade. Ao contrário
do que muitos pensam, não existe unidade no Judaísmo, ou seja, não existe um órgão
centralizador e ditador de regras dentro do pluralismo judaico. Mas por mais que não existe
algo como o vaticano no cristianismo, o Judaísmo (por mais diferente a linha) sempre terá
como base o que se encontra na Torah, regras como a Circuncisão, etc.
Faremos um pequeno esquema para que fique claro e didático:
1. Judaísmo Rabínico.
a. Judaísmo Ortodoxo
i. Ortodoxos
ii. Ultra Ortodoxos
iii. Ortodoxos Modernos
b. Judaísmo Conservador
c. Judaísmo Reconstrucionista
d. Judaísmo Liberal
i. Judaísmo Reformista
ii. Judaísmo Progressista
2. Judaísmo Escriturista ou Escrituralista.
a. Karaítas
b. Beta Israel
3. Judaísmo Samaritano
4. Judaísmo Humanista

O Judaísmo Rabínico ou Mishnaico segue a Torah como lei, o Tanakh e o Talmud como fontes
de explicação da vontade divina. Está dividido em três grandes grupos a seguir:
O Judaísmo Ortodoxo é a vertente mais rigorosa em relação aos costumes e a observância da
lei, primando pela primitividade dos ritos. Desenvolveu-se após o retorno do exílio da
babilônia, originado da seita dos “fariseus”, e desenvolvido no período dos Gueonim, Rishonim
e Arraronim. Representam em torno de 15% da comunidade judaica mundial, mas apesar disto
tendem a rejeitar outras vertentes judaicas e a não reconhecer quem não seja ortodoxo como
judeu. Dentro da ortodoxia existem duas vertentes distintas: a Ultra-ortodoxia e a Ortodoxia
Moderna. Os Ultra-ortodoxos são ainda mais rígidos, primitivos (são os estereótipos judaicos),
crêem na vinda de Mashiah, na ressurreição dos mortos, etc. são totalmente resistentes a
mudanças e modernidades, como se ainda vivessem no final da idade media européia. Existem
vários segmentos ultra-ortodoxos, como o Chabad, Breslov, Na Nach, Naturei Karta (este é um
grupo antissionista e não reconhece o Estado de Israel). De outro lado, existe a chamada
Ortodoxia Moderna que tenta sintetizar os valores judaicos e a observância da lei com o
mundo secular, moderno, sendo um ponto de convergência entre o tradicional e o moderno,
permitindo que o judeu viva no mundo (na próxima aula falaremos sobre este movimento, que
representamos).
O segundo grande grupo judaico é chamado de Conservadorismo ou Masorti. Este movimento
concorda que o desenvolvimento da cultura e religiosidade judaica teve influência de outros
povos, mas sem perder suas características próprias. O movimento não permite mudança em
ritos e crenças, mas permite adaptações de alguns hábitos de acordo com a necessidade da
comunidade. Acredita no serviço igualitário e inclusivo, dando os mesmos direitos para
homens e mulheres, vindo ambos a sentarem juntos na sinagoga e serem contados para
minian. Aceitam a ordenação feminina para Rabinas (ortodoxos modernos também). É
erroneamente associado como o meio termo entre a Ortodoxia e o Liberalismo.
O terceiro grupo é o Judaísmo Liberal e o Reconstrucionista. O liberalismo defende a
introdução de conceitos e ideias nas práticas judaicas, para adaptá-las a atualidade. Defendem
a união entre judeus e não judeus, pois o objetivo da Torah seria a espiritualização de toda a
humanidade. Pregam a tolerância, autonomia individual, flexibilidade nos modos
comportamentais e a igualdade de gênero. Aliado a isso o reconstrucionismo defende aliar aos
estudos tradicionais, os estudos acadêmicos e científicos, o não-fundamentalismo para o
ensino da fé judaica, rejeita a ideia de povo escolhido bem como a ideia de milagres.
Diferencia do Reformismo apenas por pregar uma ênfase a vivencia comunal, sendo neste
ponto mais tradicional.
Já os Judeus Escrituristas, como exemplo os Karaítas, seguem apenas a Torah, rejeitando a Lei
Oral e as tradições agregadas ao longo do tempo, defendendo serem os fieis guardadores da
tradição, erguem sinagogas (criação farisaica), talit (modelo farisaico), kipá (invenção
medieval), etc.
Os Samaritanos, por mais que não sejam considerados Judeus, são cidadãos de Israel e pregam
serem descendentes dos antigos convertidos assírios que foram colocados no lugar dos
deportados do Reino de Israel. São assim chamados pelo fato da capital do reino do norte ser
em Samaria. Estes mantêm a linhagem e serviços dos cohanim (sacerdotes), defendem a
santidade do monte gerizim em contraposição ao templo, aceitam apenas a Torah Samaritana
(que difere em alguns pontos da Torah Judaica).
Por fim, temos o Judaísmo Humanista, que é um movimento judaico que busca manter a
identidade cultural e tradição judaica, ao mesmo tempo em que deixa de enfatizar as crenças
teístas. O Judaísmo Humanista, ou secular, propõe ação social, luta por justiça social.
Igualdade, liberdade e dignidade. Acredita que Judeu é aquele que se identifica como judeu e
se sente vinculado as suas histórias, tradições e cultura. Acredita que o Judaísmo é uma
civilização e que o Estado de Israel é o centro cultural do povo. Acredita que a religiosidade
judaica é parte da cultura. Acredita que o Tanakh e Talmud são referencias do significado da
moral e da ética do ser humano, etc.
Como podemos ver, muitas linhas judaicas existem e que exprimem o que é ser judeu. A
transmissão de linhagem judaica (de acordo com a Torah) se dá através da linhagem materna
(ventre judeu) que é popularizada na “Halachah” e também pela linhagem paterna
(desconsiderada pela ortodoxia, mas constante na Torah). Outra forma de se tornar judeu é a
conversão ao povo judeu, através da aceitação pública dos mandamentos, imersão em mikve,
e circuncisão (se for homem), além é claro da adoção de um nome hebraico.
Podemos ainda definir que todas as linhas judaicas compartilham da ideia de um messias
(Mashiah) que virá, trará paz ao mundo, levará as pessoas a crença em um único Deus,
reconstruirá o templo em Jerusalém, entre outras coisas. Sendo assim, como judeus, podemos
afirmar que até o presente momento o messias não veio, pois o mundo não está em paz, o
monoteísmo atualmente abrange cerca de 55% aproximadamente das religiões do mundo, e
no lugar do templo em Jerusalém esta (acreditam a maioria dos estudiosos) a grande
Mesquita.
Somente com estas três características acima podemos afirmar que vertentes intituladas de:
judaísmo-messiânico, judaísmo da unidade, judeus cristão, israelitas do caminho, congregação
israelita da nova aliança (cina), israelitas, tribo de Efraim, entre outras, não são judeus, são
apenas mais uma vertente cristã neo-protestante tentando se passar por judeus, mas que em
suas crenças (por mais que usem nomes em hebraico) vemos que são completamente
diferente do pensamento judaico, pois são cristãos.
Curso Judaísmo Básico
Aula 05
Ramificações no Judaísmo
Judaísmo Ortodoxo Moderno

Judaísmo Ortodoxo Moderno é um movimento dentro do judaísmo ortodoxo que tenta


sintetizar os valores judaicos e a observância da lei judaica, com o secular, o mundo moderno.
A Ortodoxia Moderna baseia-se em vários ensinamentos e filosofias, e assim assume várias
formas. Nos Estados Unidos, e geralmente no mundo ocidental, "ortodoxo centrista" -
sustentado pela filosofia da Torah Umada ("Torá é Conhecimento Científico") - é
predominante. Em Israel, a Ortodoxia Moderna é dominada pelo sionismo religioso, no
entanto, embora não idênticos esses movimentos compartilham muitos dos mesmos valores e
muitos dos mesmos adeptos. A Ortodoxia Moderna compreende um amplo espectro de
movimentos muito distintos, embora relacionados, filosofias, que por alguma combinação
fornecem a base para todas as variações do movimento de hoje, que são discutidas abaixo.

Características – Em geral, é a crença de que se pode e deve ser um membro de pleno


direito da sociedade moderna, aceitando os riscos a restante observador, porque os benefícios
superam os riscos. Assim, a Ortodoxia Moderna sustenta que a lei judaica é normativa e
vinculante, enquanto, simultaneamente, fixar um valor positivo para a interação com o mundo
moderno. Neste ponto de vista, conforme expresso pelo rabino Saul Berman , o judaísmo
ortodoxo pode "ser enriquecido" por sua intersecção com a modernidade, ainda, "a sociedade
moderna cria oportunidades de ser cidadãos produtivos envolvidos na obra divina de
transformar o mundo em benefício da humanidade ". Ao mesmo tempo, a fim de preservar a
integridade da halachah , qualquer área de "inconsistência e conflito" entre Tora e cultura
moderna tem de ser filtrado. Além disto, a Ortodoxia Moderna atribui um papel central ao
"povo de Israel". Aqui duas características são evidentes: em geral, a moderna ortodoxia
coloca em alta o fator nacional, bem como religioso, dando importância ao Estado de Israel, e
as instituições e os indivíduos são, tipicamente, sionista na orientação; relativamente,
envolvimento com os judeus não-ortodoxos se estenderá além de um mero alcance para
incluir as relações institucionais e de cooperação. Outras "crenças fundamentais" são um
reconhecimento do valor e da importância dos estudos seculares, um compromisso com a
igualdade de educação para homens e mulheres, e uma aceitação plena da importância de ser
capaz de suportar a si mesmo e sua família financeiramente.

Espectro ideológico – A expressão específica da ortodoxia moderna, no entanto, assume


muitas formas, e de fato, especialmente ao longo dos últimos 30 - 40 anos, descreve um
aspecto político. Entre as questões, têm sido fundamental a de que a ortodoxia moderna deve
cooperar com mais denominações liberais, apoiar atividades acadêmicas seculares
combinados com a aprendizagem religiosa, e abraçar os esforços para dar às mulheres um
papel mais importante no aprendizado judaico e religioso; a aceitabilidade da moderna crítica
textual como uma ferramenta para o estudo da Torá também é debatido. Para uma discussão
mais aprofundada, ver o judaísmo ortodoxo: Diversidade dentro do judaísmo
ortodoxo , Joseph B. Soloveitchik: Debate sobre visão de mundo ; Torah im Derech Eretz:
Interpretação .

O Comportamento Moderno – Ideologicamente os ortodoxos modernos são


"meticulosamente atentos a Halachá", e sua interação com o secular compreende uma
expressão tangível de sua ideologia. O "comportamento moderno", por outro lado, definem-se
como "ortodoxo moderno" apenas no sentido de que eles não são nem Haredi ("Ultra-
ortodoxos"), nem conservador.

Posicionamento – Diante do exposto fica claro que várias visões altamente diferentes -
desde tradicionalista para revisionista - são oferecidos sob a bandeira da "Ortodoxia
Moderna". Na verdade, mesmo entre a sua liderança há um acordo limitado "sobre os
parâmetros filosóficos da ortodoxia moderna". Os limites aqui, com relação aos Haredim e aos
conservadores, tornam-se cada vez mais indistinto. Alguns elementos do judaísmo ortodoxo
parecem ser mais receptivos a mensagens que têm sido tradicionalmente parte da agenda
Ortodoxia Moderna. Da mesma forma, a ala esquerda da Moderna Ortodoxia, muitos parecem
se alinhar com elementos mais tradicionais de judaísmo conservador. Ao discutir "Ortodoxia
Moderna" é importante esclarecer a sua posição em relação a outros movimentos no
Judaísmo. Além disso, dada essa ampla gama de pontos de vista, alguns vêem a possibilidade
de que, de fato, A Ortodoxia Moderna é plural.

Filosofia – A Moderna Ortodoxia traça as suas raízes nas obras de rabinos como: Azriel
Hildesheimer (1820-1899) e Samson Raphael Hirsch (1808-1888). Enquanto o papel da
Hildesheimer não é contestado - compreendendo distintas filosóficas e pragmáticas
contribuições - o papel de Hirsch é menos clara, com alguns estudiosos Hirsch, argumentando
que a sua filosofia "Torá im Derech Eretz" é, de fato, em desacordo com a da moderna
ortodoxia. Hoje o movimento é também, e sobretudo influenciado pela filosofia do Rabino
Joseph B. Soloveitchik sobre seu assunto de Torah Umadda , bem como pelos escritos do
Rabino Abraham Isaac Kook . (sionismo religioso, uma filosofia distinta, tem uma influência
indireta.).

Torah im Derech Eretz – De Hirsch Torah im Derech Eretz (‫ ארץ דרך עם תורה‬- "Torah
como caminho para a Terra") é uma filosofia do judaísmo ortodoxo que formaliza uma relação
entre o judaísmo halachico atento e do mundo moderno. Hirsch afirmou que o judaísmo
requer a aplicação da filosofia Torá a todo esforço e conhecimento compatível com o ser
humano. Assim, a educação secular torna-se um dever religioso positivo. "O judaísmo não é
um mero complemento para a vida: ela compreende toda a vida ... na sinagoga e na cozinha,
no campo e no armazém, no escritório e no púlpito ... com a caneta e o cinzel". A visão de
Hirsch, embora não sem ressalvas, estendida as ciências , bem como a literatura, filosofia e
cultura. Torah im Derech Eretz continua influente até hoje em todos os ramos do judaísmo
ortodoxo. Note-se que a Nova Ortodoxia, o movimento descendente de Hirsch, considera-se
posicionado, ideologicamente, do lado de fora da ortodoxia moderna contemporânea.

Pragmatismo – Rabino Azriel Hildesheimer, junto com o rabino Hirsch, insistiu que, para os
judeus ortodoxos que vivem no oeste, não havia possibilidade de separar-se por trás dos
muros do gueto. Pelo contrário, a educação judaica moderna deve ensinar os judeus a melhor
forma de enfrentar e lidar com a modernidade em todos os seus aspectos. A sua abordagem
"Cultivadas na Ortodoxia", foi definida como representando "acordo incondicional com a
cultura dos dias atuais; harmonia entre o judaísmo e a ciência;. mas também firmeza
incondicional na fé e as tradições do judaísmo ". Ele foi, no entanto, "o pragmático em vez de o
filósofo", e é de suas ações, ao invés de sua filosofia, que se tornaram institucionalizadas na
moderna ortodoxia, e através do qual a sua influência ainda é sentida.
Ele estabeleceu a educação judaica para homens e mulheres, que incluíram tanto estudos
religiosos e seculares.
Ele estabeleceu o Seminário Rabínico Hildesheimer, uma das primeiras yeshivot Ortodoxas a
incorporar estudos judaicos modernos, estudos seculares e bolsa de estudos no seu currículo.
Ele era não-sectárista, e trabalhou com os líderes comunitários, mesmo os não-ortodoxos,
sobre questões que afetavam a comunidade.
Ele manteve ligações tradicionais para a Terra de Israel e trabalhou com os não-ortodoxos
em seu nome.

Torah Umadda – Torah Umadda (‫ ומדע תורה‬- "Torah e conhecimento secular") é uma
filosofia sobre o mundo secular e o judaísmo, e em particular o conhecimento secular e
conhecimento judaico. Ele prevê uma pessoal - em oposição a filosófica - " síntese "entre a
Torá e erudição ocidental, erudição secular, o que implica, também, o envolvimento positivo
com a comunidade mais ampla. Aqui, o "indivíduo tem absorvido as atitudes características da
ciência, a democracia e a vida judaica e responde adequadamente em diversas relações e
contextos". Esta filosofia, tal como foi formulada, hoje, é em grande medida um produto dos
ensinamentos e filosofia do Rabino Joseph Soloveitchik (1903-1993), Rosh Yeshiva em
Universidade Yeshiva. No pensamento "do Rav Soloveitchik", o judaísmo, que acredita que o
mundo é "muito bom", ordena o homem a se envolver em Tikkun Olam . " O Homem
Halachico" deve portanto, tentar trazer a santidade e a pureza do reino transcendente ao
mundo material. A Ortodoxia Centrista é o modo dominante da Moderna Ortodoxia no
Estados Unidos, enquanto a Torá Umadda permanece intimamente associado com a
Universidade Yeshiva.

Sionismo Religioso – A Moderna Ortodoxia baseia-se nos ensinamentos do rabino


Abraham Isaac Kook (1864-1935), tanto no que diz respeito a sua opinião sobre o povo judeu e
o que diz respeito à interação (relacionado) com o mundo secular.
"Rav Kook" viu o sionismo como uma parte de um plano divino, finalmente, para resultar no
restabelecimento do povo judeu em sua terra natal, trazendo salvação ("Geula") para o povo
judeu, e todo o mundo.
No pensamento de Rav Kook, Kodesh ve Chol (sagrado e profano) desempenham um papel
importante: Kodesh é o taam interior (motivo/significado) da realidade, enquanto Chol é
aquele que é separado do Kodesh e é, sem qualquer significado, o judaísmo, então, é o veículo
pelo qual nós santificamos nossas vidas, e anexar todos os elementos práticos, seculares da
vida para metas espirituais que refletem o sentido absoluto da existência - o próprio D'us. Em
Israel, o sionismo religioso do "Dati Leumi" (hebraico: ‫לאומי דתי‬, "National Religious") domina a
moderna ortodoxia. Aqui também, a base ideológica é em grande parte extraídas dos
ensinamentos de Rav Kook, e não há, portanto, muita sobreposição; diferenças filosóficas,
bem como outras formas "não-modernas" do sionismo religioso, são discutidas abaixo.

A comparação com outros movimentos – Como mostrado acima, A Moderna Ortodoxia


compreende várias abordagens, que vão desde a tradicionalista a revisionista, e o movimento
aparentemente se sobrepõe com o Judaísmo Conservador e com o judaísmo ortodoxo em seus
respectivos limites. No seu centro, também, o movimento parece compartilhar práticas e
valores com a Neo-ortodoxia e com o sionismo religioso. Portanto, para esclarecer o que a
Moderna Ortodoxia na verdade implica, seu posicionamento deve ser discutido com referência
a estes movimentos.
Judaísmo Haredi – Embora haja alguma dúvida quanto a precisão para definir a distinção
entre a Ortodoxia Moderna e O Judaísmo Ortodoxo Haredi, há um consenso básico de que eles
podem ser distinguidos com base em três características principais: 1. A Ortodoxia Moderna
adota uma postura relativamente inclusiva para com a sociedade em geral, e a maior
comunidade judaica em particular. 2. A Ortodoxia moderna é em comparação, mais
acolhedora para com a modernidade, estudos gerais e a ciência. 3. A Ortodoxia moderna é
quase uniformemente receptiva em relação a Israel e ao sionismo, vendo o Estado de Israel
(além da Terra de Israel) como tendo significado religioso inerente. A quarta diferença, diz
respeito à aceitação de moderação dentro da lei judaica. Tanto a Ortodoxia Moderna e a Ultra
Ortodoxia consideram a Halachá como de origem divina, e como tal, nenhuma posição é
assumida sem justificativa no Shulchan Aruch e no Acharonim. Os movimentos são diferentes,
no entanto, em sua abordagem para estes estudos. A Ortodoxia moderna sustenta que as
críticas não são normativas , ao invés, são uma questão de escolha pessoal. "severidade e
clemência são relevantes apenas em circunstâncias de dúvida factual, e não em situações de
debate ou prática variada. Nas últimas situações, a conclusão deve ser baseada unicamente na
análise jurídica". (Note, porém, que, nos últimos anos, muitos judeus ortodoxos modernos são
descritos como "cada vez mais rigorosas em sua adesão à lei judaica". Do ponto de vista
ortodoxo, por outro lado, "a posição mais grave é a base mais provável para a unidade e a
comunhão de prática dentro da comunidade ortodoxa e, portanto, devem ser preferidos".
Além disso, "tal gravidade resulta na maior certeza de que a vontade de Deus está sendo
feita". O Judaísmo Haredi, portanto, tende a adotar chumras (estreitamento) como norma.
Quanto à alegação de que os padrões de observância da Ortodoxia Moderna a halachá é, de
fato, "relaxada", em oposição a moderada.

Neo-Orthodoxy/Torah Im Derech Eretz – Tanto a Ortodoxia Moderna e Neo


Ortodoxia, o movimento de descendentes diretos de Frankfurt da comunidade de Hirsch,
combinaram Torá e conhecimento secular com a participação na vida ocidental
contemporânea, e, portanto alguns sustentam que existe um grau de sobreposição prática e
filosófica entre os dois. Os movimentos são, no entanto, distinta e, em geral, a Neo-ortodoxia
tem tido uma abordagem mais qualificado do que a ortodoxia moderna, enfatizando que os
seguidores devem ter cautela em compromissos com o mundo secular. Entretanto, que as
diferenças entre os movimentos podem ser mais do que uma questão de grau: os estudiosos,
Hirsch argumenta que a filosofia Hirschian está em desacordo com a de Moderna Ortodoxia,
enquanto estudiosos modernos ortodoxos afirmam que acordos da Moderna Ortodoxia com
visão de mundo de Hirsch. Estas distinções filosóficas (embora sutis), manifestam atitudes
religiosas marcadamente divergentes e perspectivas, na verdade, Shimon Schwab , segundo o
rabino dessa comunidade nos Estados Unidos, é descrito como sendo "espiritualmente muito
distante", da Universidade Yeshiva e moderna ortodoxia. Do ponto de vista da neo-ortodoxia,
esse movimento difere da Ortodoxia Moderna em três pontos principais.
O papel da vida secular e cultura: Na visão Hirschian, a interação com o secular e a aquisição
necessária de cultura e conhecimento é incentivada, apenas na medida em que facilita a
aplicação de Torah para assuntos mundanos. Para a Moderna Ortodoxia, por outro lado, a
cultura e o conhecimento secular são vistos como um complemento à Torá, e, de certa forma,
incentivado por sua própria causa. Alguns sugerem que, na moderna ortodoxia, o judaísmo é
enriquecido pela interação com a modernidade, enquanto que em Neo-Ortodoxia
experiência humana (e a modernidade) são enriquecidos pela aplicação da Torá na perspectiva
prática.
Prioridade da Torá versus conhecimento Secular: Na visão Hirschian, a Torá é o "barômetro
único da verdade" para julgar disciplinas seculares, como "só há uma verdade, e apenas um
corpo de conhecimento que pode servir como o padrão .. . Comparado a ele, todas as outras
ciências são válidos apenas provisoriamente. " (Hirsch, o comentário de Levítico 18:4-5 , ver
também Rashi ad loc. ). Por outro lado, na opinião da Ortodoxia Moderna, embora a Torá é o
"centro de destaque", o conhecimento secular é considerado para oferecer "uma perspectiva
diferente, que pode não concordar em tudo com [Torá] ... [mas] os dois juntos apresentam a
possibilidade de uma verdade maior. " (Torah Umadda, p. 236).
Envolvimento comunitário mais amplo: Neo-Ortodoxia, influenciado pela filosofia de Hirsch
em Austritt (secessão), "não poderia aprovar o reconhecimento de um corpo não-crente,
como representante legítimo do povo judeu", e, portanto, se opõe à Mizrachi movimento, o
que é filiada à Organização Sionista Mundial e a Agência Judaica. A Ortodoxia Moderna, por
outro lado, caracteriza-se pelo seu envolvimento com a comunidade judaica mais ampla e pela
sua sionismo religioso.
Sionismo Religioso – Em termos gerais, o sionismo religioso é um movimento que abraça a
idéia da soberania judaica nacional, muitas vezes em conexão com a crença na capacidade do
povo judeu para trazer um estado de redenção através de meios naturais, e muitas vezes
atribuindo significado religioso para o moderno Estado de Israel. (Esta atitude é rejeitada pela
maioria dos judeus ortodoxos - mas não todos, particularmente a Hardal movimento.) Assim,
neste sentido, o sionismo religioso, na verdade abrange um amplo espectro de pontos de vista
religiosos, incluindo A Ortodoxia Moderna. No entanto, a moderna ortodoxia, de fato, se
sobrepõe em grande medida com "o sionismo religioso" na sua forma mais estreita. Pelo
menos, os dois não se encontram em qualquer conflito direto e, geralmente, convivem,
compartilham valores e adeptos. Além disso, na prática, exceto em seus extremos, as
diferenças entre o sionismo religioso e Moderna Ortodoxia em Israel não são pronunciadas, e
muitas vezes são idênticos, especialmente nos últimos anos e para a geração mais jovem. No
entanto, os dois movimentos são filosoficamente diferentes em dois aspectos gerais.
Em primeiro lugar, (conservadores) sionistas religiosos diferem com moderna ortodoxia na
sua abordagem ao conhecimento secular. Aqui, o envolvimento com o secular é permitido, e
incentivado, mas somente na medida em que beneficia o Estado de Israel, o conhecimento
secular (ou, pelo menos, uma extensa educação secular) é vista como valiosa para fins
práticos, embora não em si mesmo.
Em segundo lugar, sob o sionismo religioso, uma "coloração nacionalista" é dada aos
conceitos religiosos tradicionais, enquanto que, pelo contrário, a Ortodoxia Moderna inclui
"um equilíbrio maior, que inclui a abertura ao mundo não-judeu"; assim, sob o sionismo
religioso judaico a nação é concebida como uma "unidade orgânica", enquanto que a Moderna
Ortodoxia enfatiza o individual. Aplicando a distinção acima, em Israel hoje, a moderna
ortodoxia - como distinta (direita) do sionismo religioso - é representado por apenas um grupo
seleto de instituições: o Movimento Kibbutz religiosa , Neemanei Torah V'Avoda , o Meimad
partido político, e o Instituto Shalom Hartman , Yeshivat Har Etzion / Migdal Oz e Yeshivat
Hamivtar / Ohr Torah Pedra Instituições / Midreshet Lindenbaum (alguns incluem Yeshivat
Hesder Petach Tikva , Yeshivat Ma'ale Gilboa , e a Fundação Tzohar).

Judaísmo conservador – Em algumas áreas, de esquerda da moderna ortodoxia parece


alinhar-se com os elementos mais tradicionais de judaísmo conservador , e de fato alguns na
esquerda da moderna ortodoxia se aliaram com o ex-conservador União para o
Judaísmo tradicional. No entanto, os dois movimentos são geralmente descritos como
distintos. Rabino Avi Weiss - da esquerda da Moderna Ortodoxia - salienta que ortodoxos e o
judaísmo conservador são "tão diferentes em três áreas fundamentais: Torah mi-Sinai,
interpretação rabínica, e legislação rabínica". Weiss argumenta o seguinte:
Torah mi-Sinai ("Torah De Sinai "): Ortodoxia Moderna, em linha com o resto da Ortodoxia,
sustenta que a lei judaica é divino em sua origem, e como tal, nenhum princípio subjacente
pode ser comprometida na contabilização de mudança política, social ou condições
econômicas, enquanto que o Judaísmo Conservador sustenta que Poskim deve fazer uso da
análise literária e histórica para decidir a lei judaica, e pode reverter decisões dos Acharonim
que são mantidos para ser inaplicável hoje.
Interpretação rabínica: (Moderna) Ortodoxia sustenta que a autoridade legal é cumulativa, e
que um contemporâneo posek (decisão) só pode emitir julgamentos baseados em uma história
cheia de precedente legal judaico, enquanto que o argumento implícito do movimento
conservador é que precedente fornece ilustrações de posições possíveis, em vez de lei
vinculativa. Conservadorismo, portanto, continua a ser livre para escolher qualquer posição
dentro dos apelos de história anteriores a ele.
Legislação rabínica: Uma vez que a (Moderna) comunidade ortodoxa é ritualmente
observador, a lei rabínica legislado por rabinos ortodoxos (de hoje) pode significativamente se
tornar obrigatória, se aceito pela comunidade. Jáo judaísmo conservador, por outro lado, tem
leigos, em grande parte não-observante. Assim, embora o Conservadorismo defenda
igualmente que "nenhuma lei tem autoridade a menos que ele se torne parte da preocupação
e da prática da comunidade" a aceitação comum de uma "decisão permissiva" não é
"significativo", e, como resultado, a legislação rabínica relacionada não pode assumir o estado
de direito. Em geral, a Ortodoxia Moderna não vê o processo pelo qual o movimento
conservador decide a halacha como legítimo - ou com a ponderação não-normativo atribuído a
determinada halacha pelo movimento conservador. Em particular, a Moderna Ortodoxia
discorda de muitas das decisões halachicas do judaísmo conservador, especialmente no que
diz respeito às questões de igualitarismo. A Moderna Ortodoxia diferencia claramente da
abordagem do Judaísmo Reformista e do Judaísmo Reconstrucionista, que não consideram a
halacha como sendo normativa.

Crítica – Normas de observância – Há uma disputa muitas vezes repetida de que a


ortodoxia moderna - além de sua abordagem para chumrahs ("restrições") descrito acima -
tem padrões mais baixos de cumprimento de leis e costumes judaicos tradicionais do que
outros ramos do judaísmo ortodoxo. Este ponto de vista é, em grande parte anedótica, e
baseia-se no comportamento do indivíduo, em oposição a qualquer posição formal,
institucional: Há pelo menos dois tipos distintos de Ortodoxo Moderno. Um deles é
filosoficamente ou ideologicamente moderno, enquanto o outro é mais apropriadamente
caracterizado como comportamentalmente moderno. O Ortodoxo filosoficamente Moderno
seria aquele que é meticulosamente atento a Halachá, mas é, no entanto, filosoficamente
moderno. Os ortodoxos comportamentalmente modernos, por outro lado, não estão
profundamente preocupados com as idéias filosóficas. De um modo geral, eles se definem
como ortodoxos modernos [ou] no sentido de que eles não são meticulosamente atento [ou]
em referência à direita Ortodoxa. Este grupo é apropriadamente descrito como "moderno" no
sentido de que aqueles que se vêem como parte dela estão comprometidos com a tradição,
em geral, mas ficam à vontade para escolher em sua observância de rituais. Em contraste com
os ortodoxos mais tradicional, eles não observam todos os rituais como considerado
obrigatório pela comunidade tradicional. Seu senso de "liberdade de escolha", embora nunca
articulada teoricamente, é tão evidente, uma vez que está entre muitos outros americanos
contemporâneos que se vêem como religiosamente tradicional, mas, não obstante, são
seletivos em sua religiosidade. Além disso, ao passo que a posição ortodoxa moderna é
(geralmente) apresentada como "lealdade inquestionável à primazia da Torá, e que a
apreensão de todas as outras disciplinas intelectuais deve ser enraizado e visto através do
prisma da Torah", grupos ortodoxos têm, por vezes, comparado ortodoxia moderna com o
início de Reforma do Judaísmo na Alemanha: Modernos rabinos ortodoxos têm sido criticados
por tentar modificar a lei judaica , na adaptação judaísmo para as necessidades do mundo
moderno. Observe que as alegações desta natureza têm sido comuns dentro do judaísmo
ortodoxo, desde as primeiras "reformas" de Samson Raphael Hirsch eAzriel Hildesheimer .
Assim, na Europa do início do século 19, todos os judeus que diferiam das formas mais
rigorosas presentes no momento foram chamados de "Reformistas". Então, como agora, a
Ortodoxia Moderna se esforça para distanciar das "reformas", que eram consistentes com a
Shulchan Aruch e poskim, daqueles do movimento da Reforma (e do movimento conservador),
que não eram. É tolice acreditar que é o texto de uma oração, as notas de uma música na
sinagoga, ou a ordem de um serviço especial, que formam o abismo entre [Reforma e a
Ortodoxia] ... Não é o chamado Serviço Divino que nos separa, [em vez disso] é a teoria - o
princípio [da fidelidade à lei judaica ] ... se a Torá é a lei de Deus como você se atreve a colocar
uma outra lei acima dela e ir junto com Deus e Sua Lei?

Dilemas sociológicos e filosóficos – Alguns observam que a capacidade da


Ortodoxia Moderna para atrair um grande número de seguidores e manter sua força como
movimento é inibida pelo fato de que ela abraça a modernidade - a sua raison d'être - e que é
altamente racional e intelectual.
“A Ortodoxia moderna é, quase por definição, inibida de se tornar um movimento forte,
porque isso implicaria uma organização e autoridade em um grau “, o que vai contra a própria
noção de modernidade". Uma dificuldade relacionada é que rabinos ortodoxos modernos que
optam por adotar mais rigidez, podem, no processo, perder o apoio de do grupo "Moderno",
que buscavam a liderar. A lógica: uma vez que uma das características da ortodoxia religiosa, é
a submissão à autoridade da sua tradição, o indivíduo deve estar de acordo com todos os seus
ditames, ao passo que a modernidade, ao contrário, enfatiza uma medida de autonomia
pessoal, bem como racionalidade verdadeira. O próprio termo "Ortodoxia Moderna" é,
portanto, em certo sentido, um paradoxo .
A "Postura altamente intelectual e racional" da Moderna Ortodoxia apresenta suas próprias
dificuldades. Em primeiro lugar, a ideologia implica tensões internas e freqüentemente requer
vida consciente com inconsistência. Em segundo lugar, há também aqueles que questionam se
"a literatura com o seu viés elitista intelectualmente não trata diretamente da maioria de seus
praticantes". A sugestão aqui é que a Ortodoxia Moderna não possa fornecer uma teologia
diretamente aplicável para a Família moderna contemporânea Ortodoxa;
Como observado acima, os "parâmetros filosóficos da ortodoxia moderna" não são
facilmente definidos. Coloca-se então, que "a ortodoxia moderna", como tal, pode estar
desaparecendo, já que está sendo sugada para dentro do pluralismo do judaísmo à esquerda e
yeshivish à direita. A "ortodoxia moderna", ao contrário de constituir um espectro ideológico
centrado em um núcleo comum de valores, é, de fato, vários movimentos completamente
diferentes. De fato, "qualquer argumento de que se chegou ao momento declara o inevitável
ou admite que o que já ocorreu: Não existe mais um coeso, singular Ortodoxia Moderna,
escolas rabínicas separadas e organizações rabínicas separadas, o argumento reflete a
realidade de uma comunidade dividida".

Figuras importantes – Muitos judeus ortodoxos encontrar o engajamento intelectual com


o mundo moderno como uma virtude. Exemplos de ortodoxos rabinos que promovem ou
promoveram essa visão de mundo incluem:
Rabino Marc D. Anjo - ex-presidente do Conselho Rabínico da América, rabino de Israel
Shearith (a sinagoga Espanhol-Português, em Nova York), e co-fundador do IRF (Internacional
Rabínica Fellowship ).
O rabino Yehuda Amital - Um sobrevivente húngaro do Holocausto, o rabino Amital emigrou
para Israel em 1944, e retomou seus estudos yeshiva em Jerusalém. Durante a Guerra da
Independência, ele serviu no corpo de Hagana blindado, participando da famosa batalha de
Latrun. Posteriormente, ele teve um papel ativo no desenvolvimento de Yeshivat Hadarom,
onde esteve envolvido na formulação da idéia de Yeshivat Hesder . Após a Guerra dos Seis
Dias, o rabino Amital fundou e assumiu a liderança da Yeshivat Har Etzion . Ele era uma figura
pública dominante em Israel que foi amplamente respeitado em questões de interesse
religioso e nacional.
Raymond da Apple - o ex-rabino sênior da Grande Sinagoga , Sydney, Austrália, e o porta-voz
judaica preeminente no judaísmo, na Austrália.
Dr. Samuel Belkin , o ex-presidente da Universidade de Yeshiva
Eliezer Berkovits - filósofo, autor de muitas obras não incluindo In Heaven: A Natureza e
Função da Halachá e Fé após o Holocausto.
Saul Berman - diretor do extinto Edah , uma organização de defesa moderna ortodoxa.
Rabino Dr. J. David Bleich , professor da Universidade Yeshiva e especialista na lei judaica
Rabino Dr. Shalom Carmy - professor de Estudos Judaicos e Filosofia na Universidade de
Yeshiva , um proeminente teólogo ortodoxo moderno e estudante de O Rav
Dr. Barry Freundel - Rabino de Israel Kesher em Washington DC . Ele é o autor da resposta
judaísmo ortodoxo Contemporânea à Modernidade, Why We Pray What We Pray e inúmeras
outras publicações acadêmicas. Ele recebeu seu smicha da Universidade Yeshiva e seu PhD
pela Universidade Hebraica de Baltimore, onde ele serve como um professor assistente de
ciência rabínica. Um teólogo respeitado e procurado professor, ele foi reconhecido pela União
Ortodoxa para o seu enorme impacto na vida judaica. Seus diversos temas de palestras inclui
questões sobre a ética judaica médicos, Eruvim e conversão.
Rabino David Hartman - rabino e fundador do Instituto Shalom Hartman em Jerusalém, um
proeminente filósofo, professor e autor. Um aluno do rabino Joseph B. Soloveitchik
Rabino Leo Jung, o rabino no Centro Judaico (Manhattan, Nova Iorque)
O rabino Norman Lamm - Rosh Yeshiva, da Universidade Yeshiva , Forum Ortodoxa; autor da
Torá U-Maddah. Uma das principais vozes para a validade ea importância da moderna
ortodoxia.
Rabino Dr. rabino Aharon Lichtenstein - Lichtenstein cresceu nos Estados Unidos, ganhando
semicha da Universidade Yeshiva, e um Ph.D. em Inglês e Literatura na Universidade de
Harvard. Ele é comprometido com o estudo da Torá intensivo e original, e articula uma visão
de mundo judaica ousada que abraça a modernidade, refletindo a tradição de seu mestre e
pai-de-lei, o rabino Joseph B. Soloveitchik . Em 1971, Lichtenstein respondeu ao pedido do
rabino Amital para acompanhá-lo no comando da Yeshivat Har Etzion. Ele é uma fonte de
inspiração para um grande círculo dos judeus, tanto para suas realizações educacionais e sua
liderança intelectual. Autor de Folhas de fé - o mundo da aprendizagem judaica, e por sua luz:
Caráter e valores no serviço de Deus.
Rabino Haskel Lookstein - Rabino da Congregação Kehilath Jeshurun em Manhattan e diretor
da Escola Ramaz . Votado pela revista Newsweek como o rabino ortodoxo mais influente nos
Estados Unidos em 2008. Rabino Lookstein é mais conhecido por sua forte militância política
que começou com inúmeras visitas à antiga União Soviética, inúmeros comícios em nome de
Natan Sharansky e continua até hoje com o ativismo em favor dos judeus de Israel e no mundo
inteiro.
Rabbi Shlomo Riskin - Anteriormente rabino da Sinagoga Lincoln Square, em Manhattan, ele
emigrou para Israel para se tornar o Rabino Chefe deEfrat .
Rabino Hershel Schachter - um dos rabino Joseph B. Soloveitchik estudantes mais
proeminentes, reitor da Katz Kollel na Yeshiva University-filiadosRabbi Isaac Seminário
Teológico Elchanon (RIETS). Publicou várias obras que tentam estabelecer uma visão definitiva
da Weltanschauung do rabino Soloveitchik.
Rabino Joseph B. Soloveitchik - Conhecido como "O Rav", ele era efetivamente o guia
espiritual e intelectual da moderna ortodoxia na América para a metade do século 20. Ele é o
autor de "The Lonely Man of Faith" e "Halakhic Man", um sionista franco, um oponente de
estender a autoridade rabínica em áreas de conhecimento secular, e um defensor de alguma
cooperação interdenominacional, como o Conselho Rabínico da Américaparticipação no agora
extinto Conselho Sinagoga da América. Ele era conhecido como um líder severo que descreveu
em seus escritos a solidão espiritual e isolamento interno do "homem de fé" moderno
religioso.
HaRav Gedalia Dov Schwartz - um rabino ortodoxo eminente Modern, erudito e posek
(autoridade halakhic), em Chicago, Illinois. Desde 1991 ele tem sido o av beit din (chefe do
tribunal rabínico), tanto da Beth Din da América e do Conselho Rabínico de Chicago.
Rav Dr. Moshe David Tendler - Rav Tendler é o rabino Isaac e Bella Tendler Professor de Ética
Médica Judaica, e é professor de Biologia, bem como ser uma Yeshiva Rosh em Yeshivat Rav
Yitzchak Elchanan (MJ / RIETS). Segurando um doutorado em Microbiologia, Rav Tendler é um
dos alunos mais proeminentes de ambos Rav Moshe Feinstein, zt'l (o pai-de-lei) e Rav Yosef
Dov Soloveitchik. Rabino Tendler é um especialista em ética médica no que se refere a lei
judaica. Ele é o autor de Prática Médica Halachá, um livro de responsa judaica para questões
médicas, e "Pardes Rimonim", um livro sobre o halakhot de Taharat Mishpacha. Rabino
Tendler é atualmente o rabino da Sinagoga Comunidade em Monsey, NY, e é o presidente da
Comissão de Bioética, RCA, e da Força-Tarefa de Ética Médica, UJA-Federation of Greater New
York.
Joseph Telushkin - Autor, professor, conferencista.
Marc B. Shapiro - Autor, palestrante
Joel B. Wolowelsky - Yeshiva de Flatbush ; Fórum Ortodoxa ; Tradição ; MeOtzar HoRav.
Rabino Walter Wurzburger - ex-rabino púlpito, editor da revista Tradição e chefe da RCA.
Rabino Steven Weil - Vice-Presidente Executivo da União Ortodoxa

Grupos de defesa ortodoxos modernos – Existem algumas organizações dedicadas a


promover a moderna ortodoxia como uma tendência religiosa:
A maior e mais antiga é a União Ortodoxa (União dos judeus ortodoxos Congregações da
América), que patrocina grupos de jovens, supervisão kashrut, e muitas outras atividades e sua
contraparte rabínica, o Conselho Rabínico da América (RCA). Ambos têm programas em Israel
e na diáspora (fora da terra de Israel). Outros incluem:
Meimad é uma alternativa político-intelectual altamente nacionalista de partidos religiosos
de Israel ou aqueles hostis aos valores seculares modernos;
O judeu ortodoxo Feminista Alliance (JOFA) um fórum para reforçar os papéis de mulheres
judias ortodoxas dentro da comunidade ortodoxa, e reduzindo a deficiência religiosa ortodoxa
contra as mulheres;
A União Ortodoxa Moderna (MOU), com sede em Londres, é uma organização de proteção
para rabinos ortodoxos modernos, cantores e sinagogas. MOU é uma divisão da United Beth
Din, um Tribunal Rabínico independente legalmente registrado na Inglaterra;

Texto retirado de : http://en.wikipedia.org/wiki/Modern_Orthodox_Judaism Traduzido e


adaptado por Albo Berro. Neste artigo, ficam claros os pontos da Ortodoxia Moderna, sua
forma de pensar e agir, os pensamentos contrários. A partir deste estudo creio que já podem
ter uma noção da formação que teremos e de que tipo de judeu pretendemos formar. Caso
não concorde com os pensamentos propostos aqui, esta é a hora de abandonar nosso projeto.
Caso concorde é o começo de nossa transformação.
Curso Judaísmo Básico
Aula 06
Conceitos religiosos

Rabino – a palavra rabino vem do hebraico Rav (mestre, professor), sendo também usual a
palavra Rabi (meu professor). Ao contrário de outras religiões, no judaísmo não existe
sacerdote, logo, o Rabino não é o equivalente a um padre ou pastor, é antes de tudo um
professor de Torah, alguém com grande conhecimento de Torah.
Um Rabino nos dias de hoje é formado em uma escola, seminário, instituição de nível superior
ou em uma Yeshivá (escola judaica própria para formar rabinos). Mas não foi sempre assim.
A instituição dos Rabinos surgiu ainda no cativeiro da babilônia, onde foram os responsáveis
por preservar a tradição, a lei e a judaicidade do povo cativo, ergueram sinagogas e
continuaram a instruir a comunidade. O termo, segundo algumas informações, só foi usado no
século 01 da era comum, em referencia a associação de 23 juízes obrigatórios em cada
comunidade judaica da época. Com a queda do templo, os rabinos acabaram por se tornar a
única autoridade máxima em se tratando de Torah (oral e escrita), e o posto de Rabino era
dado através da imposição de mãos de um Rabino em seu aluno que se formava, era
respondida a pergunta “quem te fez Rabino?”. Esta ordenação rabínica chamada de Shemichá
(se lê xemirrá) se manteve até meados do século 04, quando foi suspensa (época do
fechamento do Talmud), e só voltou a ser instituída novamente no século 15 pelo Bet Din do
Rabino Yacov Beirav na cidade de Safed, sendo um dos primeiros ordenados o ilustre Rabino
Yossef Caro. Esta ordenação teria sido dada desde Moises até os dias do segundo templo,
através da imposição de mãos de geração em geração, até os homens da grande assembléia.
Mas uma pergunta que não quer calar. Se a ordenação foi suspensa por mais de 11 séculos,
quem transmitiu a ordenação ao Rabino Yacov Beirav? Esta pergunta teria mil e uma
explicações, mas nenhuma satisfatória. O fato é que a ordenação rabínica através do estudo
em yeshivah e transmissão de autoridade rabínica através da imposição de mãos sobre o aluno
não é a única forma de se formar um rabino.
Em primeiro lugar um Rabino deve saber a Torah, tanto escrita quanto oral, afim de que saiba
ensinar, julgar, tomar decisões e ser apto para compor um tribunal jurídico judaico (Bet Din).
Tendo estas características, e sendo reconhecido pela comunidade, esta mesma o elege como
sendo seu Rabi. E assim aconteceu até a restituição da ordenação rabínica novamente. Sendo
assim, hoje um rabino pode ser formado em uma yeshivah, escola superior, seminário judaico,
escolhido pela comunidade bem como se for estudar direto com outro rabino e este lhe der a
shemichá, ou seja, lhe transmitir a autoridade rabínica.
Um rabino hoje em dia pode ser ligado a uma instituição judaica ou não e mesmo assim ser
ainda rabino. O Judaísmo não possui uma instituição centralizadora da fé como o vaticano é
para o catolicismo. Sendo assim, existem tribunais rabínicos ligados a federações, a
instituições, aos próprios rabinatos em Israel e também existem tribunais independentes,
livres, e que mesmo assim possui a mesma autoridade do que os tidos como “oficiais”.
Lembre-se, não existe vaticano no judaísmo.
Bons exemplos disso são o United Beth Din, tribunal rabínico independente de orientação
ortodoxa moderna, presidido pelo Rabino Anderson Fonseca, com sede em Londres e a União
Sefaradita Hispano-Portuguesa de orientação ortodoxa, presidida pelo Rabino J. de Oliveira e
com sede em Israel.

Rosh – em hebraico significa cabeça, e é usado em algumas comunidades judaicas para titular
um membro que seja uma liderança local.
Moré – professor, morá – professora, são as pessoas responsáveis apenas pela educação
judaica, podendo ser aptos a ensinar algum conhecimento específico, como língua, historia,
liturgia, etc.

Shofer – escriba, especialista em fabricar tinta, preparar o couro (pergaminho) e copiar textos
sagrados. Um rolo de Torah é feito em pergaminho por um escriba que domina a técnica de
escrita.

Mohel – especialista em realizar circuncisão. Lembrando que no Brasil o mohel tem que ser um
médico ou enfermeiro, para não ser acusado de uso ilegal da medicina.
Talmud – estudos, é um compendio de registros de discussões rabínicas, dividido em
basicamente duas partes: a Mishná (terminado no século II) e a Guemará (terminado no século
V). Após a destruição de Jerusalém, teve-se a necessidade de compilar a lei oral, mas como
podemos observar, nem sempre os rabinos foram unânimes em aceitar esta ou aquela decisão
oral, visto que no Talmud temos um claro exemplo onde de 10 rabinos, 09 deliberam a favor
de uma interpretação e apenas 01 em favor da interpretação contrária de determinada lei, e
mesmo assim, ambas as decisões são válidas: a da maioria para toda a comunidade judaica e a
do rabino contrário para a sua própria comunidade.
Neste ponto, muitos se questionam sobre a validade do Talmud. Devemos ressaltar que nada
está acima ou em igualdade com a Torah, e mesmo que uma decisão talmúdica seja unânime,
jamais deve ser contrária a Torah, e se assim for deve ser entendida como um costume e
jamais como uma lei, e sua observação seria opcional e não obrigatória.
É verdade que para a ortodoxia judaica, muitas vezes o Talmud é encarado como mais sagrado
do que a Torah, o que é um erro, pois sagrada somente a Torah. Os outros dois grupos de
livros que compõem o Tanakh junto com a Torah: Nevim (profetas) e Ketuvim (escritos) é que
são os complementos da Torah, e o Talmud serve mais como um guia para a legislação judaica,
pois em alguns momentos muitas leis da Torah se tornaram impossíveis de serem cumpridas,
como as ofertas no Templo (visto que o Templo não existe mais), o respeito ao Rei e ao Sumo
Sacerdote, etc., neste ponto entra o Talmud, ou melhor, as suas discussões para dar uma
opção ao cumprimento destas regras.
No Talmud também encontramos explicações de pontos onde a Torah se cala, como por
exemplo, a forma de abater um animal, de se realizar a lavagem de mãos, da prostração nas
orações (prática realizada por judeus sefaradim antes da expulsão de alambra, mas que hoje é
realizada apenas por Karaítas, Samaritanos, Yemenitas).
Infelizmente, baseado nos preceitos escritos no Talmud, muita insanidade é ensinada dentro
de círculos judaicos como sendo lei quando na verdade são costumes. Por exemplo: existe a
Lei da modéstia para as mulheres, mas cada comunidade interpreta de forma diferente
(costumes), indo desde a proibição de se usar calças nas sinagogas, até a loucura de instruir as
mulheres a rasparem a cabeça e usarem perucas para ficarem feias.
Lembre-se: a Lei é para todos (Torah), exemplo: Brit Milá para os homens; Costume é apenas
para a comunidade, exemplo: Acender uma vela para cada filho no Shabat ao invés de apenas
duas, não comer arroz em Pessach, usar apenas roupa preta, etc.
A lei oral, ao contrario de Karaítas e outros grupos escrituralistas pensam, foi transmitida por
Deus á Moises no Sinai, e deste para os homens da grande assembléia, que tiveram a
necessidade de compilar a partir da destruição de Jerusalém pelos romanos com a finalidade
de que os judeus não deixassem de as executar e assim não se afastassem da Torah quando
não entendessem alguma instrução. Infelizmente estes primeiros rabinos eram homens, tanto
quanto nós na atualidade, e por serem homens decretaram que apenas o que eles estavam
debatendo valeria, e que outras interpretações posteriores não teriam valor, desmerecendo
assim as gerações futuras de rabinos e eruditos da Torah.
Mas não deve ser por este aspecto humano que toda a Torah oral ou Talmud devem ser
desmerecidos, muito pelo contrário, possuem um valor dentro das tradições judaicas muito
importante e devem ser respeitadas, mas claro, sempre o que estiver de acordo com a Torah.
Curso Judaísmo Básico
Aula 07
Conceitos religiosos

Sinagoga (do grego συναγωγή, composto de σύν “com, junto” e ἄγω “conduta, educação”) é o
local de culto da religião judaica, possui como o seu objeto central a Arca da Torá. O serviço
religioso da sinagoga, quando se forma um quórum, é feito todos os dias, sendo que alguns
envolvem leituras daTorá, cujos rolos são retirados da Arca (heikhal) e transportados até o
púlpito (Tebá). Em língua hebraica a sinagoga recebe o nome de ‫ת נס כ ית ב‬, transliterado para
beit
knésset e traduzido para "casa de reunião". Também pode ser chamada ‫ה יל תפ ית ב‬, beit
tefila,
ou seja, "casa de oração". Em yiddish, o termo é šul ou shul (‫) ול ש‬, o que expressa o hábito de
se referir à sinagoga como "escola". Um exemplo desse uso é a Piazza delle Cinque Scole, no
velho ghetto de Roma. Entre judeus da nação portuguesa é comum chamar de esnoga ou as
variantes esnoa e scola. Entre judeus reformistas é comum o nome de templo. Por volta de
587 a.C., o Reino de Judá foi conquistado pelos Babilónios e sua população dispersa. Depois do
regresso do exílio na Babilônia que o judaísmo começou a se desenvolver, com o culto a
centrar-se na sinagoga, um hábito adquirido na Babilônia devido à inexistência de um templo.
A sinagoga passou a funcionar como um ponto de encontro dos judeus para as orações e para
a leitura das Escrituras. A sinagoga não se limita ao prédio. As reuniões religiosas dos fariseus
no judaísmo pós-destruição do templo eram feitas em casas privadas, e ainda há sinagogas
que reúnem-se em casas privadas. Naquele período a instituição da sinagoga popularizou-se.
No século I da era comum havia cerca de 394 ou 480na região de Jerusalém somente. A
sinagoga mais antiga a ter um registro seria aquela de Jericó, perto das ruínas de um palácio
Hasmoneus, descoberta junta a uma piscina de mikvah perto do Kelt Wadi pelo professor Ehud
Netzer e primeira do século aC. Após a destruição do templo pelos romanos em 70 dC, houve a
proibição de erguer sinagogas na Palestina. Não obstante, há na região cerca de cem ruínas de
sinagogas do período do segundo templo e dos primeiros séculos da era comum, como a
notável Sinagoga de Cafarnaum. Além do judaísmo rabínico, as sinagogas inspiraram locais de
culto de outras religiões nascidas do mesmo período, como as sinagogas samaritanas, igrejas
cristãs e kenesa caraítas. Segundo descobertas arqueológicas recentes, a primeira sinagoga
fundada nas Américas foi a Sinagoga Kahal Zur Israel, construída no Brasil em 1637 e cujas
antigas ruínas encontram-se cuidadosamente preservadas na cidade de Recife, no mesmo local
onde foi posteriormente construído o Centro Cultural Judaico do Estado de Pernambuco. As
sinagogas geralmente possuem uma comissão administrativa. Uma comissão ad hoc de três
membros adultos, com profundo conhecimento da halacá, formam o Bet Din, para exercer
funções judiciárias. Um presidente leigo da congregação, chamado em hebraico de rosh
haknesset, pode presidir sobre a disciplina, finanças, supervisão dos empregados, com o apoio
de anciãos que formam um conselho, os parnas. Um bedel, o gabbai, é responsável pela
manutenção e providenciar elementos dos serviços. Os serviços são presididos e cantados por
um Chazan ou cantor. Hodiernamente tornou-se comum contratarrabinos para exercer
funções congregacionais em uma sinagoga.
Todas as sinagogas possuem um tebá, uma mesa central de onde a Torá é lida e outras orações
são presididas. Oposto a ela encontra-se a arca dos rolos da Torá, chamado em hebraico de
heikhal, posicionada para o Monte do Templo em Jerusalém. Muitas sinagogas mantém uma
lâmpada (ner tamid) acesa continuamente, além de menorás. Embora as sinagogas possam ser
decoradas, retratos tridimensionais são vistos como violação da Torá. Os assentos são
geralmente arranjados ao redor da tebá e da arca. Em sinagogas ortodoxas se observam o
mechitzah, separação de gêneros. As mulheres ou ficam em balcões, alas separadas com
barreiras, fundos ou assentos designados, distintos dos homens. Alguns elementos são
opcionais. Há em várias sinagogas um dossel, sob o qual são realizado cerimônias
matrimoniais. Algumas sinagogas preservam um assento reservado ao profeta Elias. Os
arquivos-mortos das sinagogas, genizas, são importantes fontes para a preservação da história
judia. Salvo raríssimas exceções (como a Sinagoga Portuguesa de Amsterdão), não há órgãos
ou outros instrumentos musicais nas sinagogas ortodoxas. Em sinagogas reformadas e liberais
passou ser comum o uso de música instrumental nos serviços. BET HA-MIDRACH - (o mesmo
que "iechivá" em nossos dias). "Bet" = "casa de"; "midrach" = "estudo" - designa os locais de
estudo de Torá, sejam grandes escolas ou pequenas salas em cujos recintos o estudo é
realizado de forma permanente ou contínuo. BET DIN - é o tribunal dos sábios da Torá,
chamados "Daianím" (plural de "Daian" - juiz). Compõe-se de três, de vinte e três ou de
setenta e um. O Bet Din dos setenta e um é Sábios que se assentava no local do Templo
chamado "Lichcat ha-Gazit" é conhecido como "Sanedrin" (sinédrio, no dicionário português).
O líder de um Bet Din - seja qual for o número de seus componentes - é chamado "Av Bet Din".
Juntava-se a ele no Sanedrin o "Nassi". Os tribunais rabínicos posteriores ao selar do Talmud
são chamados de tribunais de "ieĥidim" por não serem componentes do grande corpo
chamado "sanedrin", não disporem de autoridade da "semikhá" e por serem para apenas
determinadas regiões, consequentemente. HALAKHÁ - (plural: halakhôt) assim se denomina
cada uma das particulariedades de cada um dos seiscentos e treze preceitos, ou seja, cada
preceito da Torá divide-se e subdivide-se em pequenos pormenores que levam esta
denominação. A expressão "halakhá" é derivada do verbo hebreu "halakh" - que significa
"caminhar" (o verbo aqui figura em tempo passado na terceira pessoa, como se faz pela
gramática hebraica, e não no infinitivo, como se faz nas línguas ocidentais em geral). Quer
dizer: a forma pela qual deve-se caminhar no que concerne ao cumprimento da Torá. É
importante lembrar que quando dizemos halakhá leMoshê mi-Sinai (halakhá desde Moshê no
Sinai), referimo-nos às halakhôt que foram ditas a Moisés oralmente, sobre as quais não há
discussão, e não acham-se escritas em lugar algum na Torá, nem têm alusão alguma nos
escritos. Há no campo da halakhá casos especiais, nos quais se diz, por exemplo, "halakhá,
veen morim ken" ("é [o caso citado] halakhá, mas não se ensina [às pessoas que o façam]
conforme ela"), ou seja, casos que o feitio delas pode acarretar problemas de cunho diverso
entre as pessoas que sabem pouca Torá, como no caso de continuar com os tefilin sobre si
após o crepúsculo, que é permitido desde que haja posto antes do pôr-do-sol, e pessoas
simplórias ao ver rabinos ou estudantes de Torá agindo assim, virão muito provavelmente a
colocá-los à noite, ou após o crepúsculo, incorrendo em transgressão contra a Torá. Outro caso
especial é o que se denomina "matin", que significa literalmente "entornar". Dizemos então,
por exemplo: "Halakhá kerabi peloni, akh matin kerabi almoni", ou seja: "A halakhá é de
acordo com as palavras de rabi fulano, e entorna-se como rabi ciclano". Este segundo caso,
apesar de ser distinto plenamente do anterior, é efetuado por motivo similar, e vem ou
facilitar, ou dificultar, para evitar do público geral o tropeço pela falta de conhecimento
suficiente da Lei no meio da massa. Como exemplo deste caso, poderia ser citado o caso de
cozinhamento no chabat sem intenção, discussão em beraitá repetida em cinco lugares
diferentes no Talmud por Rabi Ioĥanan, Rabi Iehudá e Rabi Meir, apesar de muitos rabinos pós
talmúdicos dizerem que o caso não pode ser tido como "matin", pois todo caso de
entornamento da halakhá tem por meta facilitar para a maioria, que é o povo simples, e
dificultar para os sábios e seus discípulos, que são poucos e mais capacitados a suportar o
difícil. Este último caso somente pode ser dito em casos de que seja a halakhá decisão
unânime do Sanedrin, e não em pormenores diretos do Sinai, nos quais não pode haver
discussão.
Curso Judaísmo Básico
Aula 08
Conceitos religiosos

Mikvê – é uma piscina artificial ou natural usada na purificação ritual. Não tem nada a ver com
o batismo cristão, já que o mesmo é originário de meios pagãos. A mikvê é onde se realiza a
Tevilá (imersão ritualística de purificação). Existem dois tipos de Mikvê: as naturais, que
podem ser pequenas lagoas, enseadas, barragens. As artificiais, que são piscinas construídas
junto ao solo ou em anexo a um prédio, abastecida por água das chuvas (natural), deve ter no
mínimo 200 litros (mikveot modernas contem em média 1000 litros), e devem ser profundas o
suficiente para pelo menos ficar 11 cm da linha da cintura de um adulto de pé. Caso não exista
a possibilidade de recolher água da chuva, pode-se usar água vindo de um filete de água de
rio, que é recolhida e depois encaminhada para a mikvê. A água deve estar parada no
momento da Tevilá, mas devidamente higienizada, clorada, pois a higiene é fundamental. Caso
não exista a possibilidade de usar uma mikvê natural ou artificial, se pode usar uma piscina,
desde que preenchida com as dimensões mínimas, com água da chuva ou de rio. A “tevilá”
feita em rio não é tevilá, pois no rio a água é natural, mas não é parada. Como deve ser feita a
tevilá? Totalmente nu, no caso das mulheres pode ser um roupão, desde que seja bem solto e
largo, pois a água deve entrar em contato com todo o corpo e orifícios do corpo, por isso que
deve ser nu e não se deve misturar homens e mulheres como fazem os cristãos. Passo-a-passo:
Leia a reza e decore: Barukh atah Ado-nai Elo-henu melekh ha'olam asher kideshanu
b'mitzvotav v'tzivanu al ha'tevillah. Tradução (não precisa recitar a tradução): Bendito és Tu, A-
Do-Nai, nosso D-us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos
ordenou sobre a imersão.
1. Lave-se minuciosamente em banho de chuveiro. Após o banho será necessário despir-se
totalmente para a imersão ritual, isto inclui a remoção de adornos como brincos, pulseiras,
anéis, maquiagem, esmalte de unhas, piercings, etc.). Quando a cerimônia é realizada em local
público (um lago, praia ou nascente de rio, etc) é permitido o uso de uma vestimenta folgada
ou roupa de banho.
2. Entre na água e, quando esta estiver à altura do peito, recite a reza em hebraico acima e
depois mergulhe a cabeça também.
3. Levante a cabeça e mergulhe 2 vezes mais, desta vez sem recitar a prece.
4. O ritual deve ser feito em presença de pelo menos uma testemunha do mesmo sexo.

Como obediência à Halachá, Lei Judaica, as mulheres realizam este ritual depois que passar o
período menstrual.

Quando deve ser feita? As mulheres sempre após o final da menstruação, parto; homens e
mulheres em yom kipur e algumas comunidades tem por prática usar antes de shabat. Talit –
manto de oração. Para que seja válido a colocação de tsitsit, o manto deve ser de no mínimo
04 cantos; de tecido, desde que não haja mistura de fios ou fibras, manto de tecido com os
cantos de pele pode colocar tsitsit, mas mando de pele com cantos de tecido não; as franjas
dos lados devem ser da mesma cor e do mesmo material que o manto; o manto pode ser de
qualquer cor, mas o mais tradicional é que seja branco, como um símbolo de pureza. Não de
deve colocar tsitsit de lã em manto de linho e vice versa. O manto deve ser suficientemente
grande para cobrir um menino que ande sozinho pela rua (entende-se que em um homem
adulto o manto deve cobrir boa parte de seu corpo (com que te cobrires). De acordo com a
Torah, o manto deve ser apenas de lã ou de linho. Sendo talit o manto de oração, hoje é
conhecido como Talit Gadol (grande talit) em comparação com a invenção rabínica chamada
de Talit Katan (pequeno talit) que é uma camiseta sem mangas e sem costura na lateral. Mas a
mitsvá da Torah é apenas o Manto, o talit katan é mitsvá derabanan, ou seja, instrução
rabínica, sem base sólida na Torah. Tsitsit – sequência de quatro fios trançados ao meio,
formando oito fios ao final, que deve ser colocado nas quatro pontas do talit. Cada
comunidade tem uma forma de amarrar os fios, mas basicamente são compostos com cinco
nós ao longo da trança. Por mitsvá da Torah deve-se colocar um fio azul na trança, ou outros
seguem a cor do manto, mas este azul de acordo com o Mishnê Torah deve ser da cor do
firmamento no momento do alvorecer, ou seja, um tom de azul mais escuro. Somente coloca-
se o fio azul, chamado de Techelet se o mesmo for de lã. Como mistvá derabanan, usa-se
apenas os fios brancos (da cor do manto) sem o uso do techelet, que por muitos séculos ficou
perdida sua forma de tingimento. Sendo assim, rabinicamente se aceita tsitsitot da cor dos
mantos, sem a presença do fio azul, sendo do mesmo material do manto (lã ou linho). Existem
várias formas de se fazerem os nós, e entre os sefaradim a mais comum (e não a única como
ensinam muitos por ai) é com a sequência de nó duplo, 10 voltas com o techelet, nó duplo, 5
voltas, nó duplo, 6 voltas, nó duplo, 5 voltas e nó duplo. Mas de acordo com o descrito no
Talmud a sequência descrita é mais próxima a algumas realizadas pelos caraitas.
Tefilin – traduzem este termo em português " filactérios", palavra de origem grega, e são dois:
o do braço e o da cabeça, pelo que está escrito na Torá: "Serão por sinal sobre tua mão, e por
frontais entre teus olhos..." - Dt 6:8. Este preceito tem grande importância no judaísmo, por
servir de ajuda imensa para o judeu, que ao levar o nome de Deus escrito sobre si, se enche de
temor, seriedade e respeito, pelo que é uma pena que os pormenores deste preceito tenham
sido deixados no esquecimento pela maioria dos rabinos, que não somente não cuidam de
explicar o feitio deste preceito para as pessoas em geral, especialmente para os jovens a partir
dos treze anos, senão são os primeiros a proibir, caso inquiridos, o usá-los sobre si durante o
dia todo, pelo que a maioria usam-nos somente durante a oração matutina.
No talmud consta que os Sábios cuidavam de não andar nem quatro côvados (dois metros)
sem ter sobre si os "tefilin", e escreveram que todo o tempo que o homem hebreu encontrar-
se sem eles postos em seu braço e em sua fronte - incorre em anulação de preceito positivo,
que é mais grave de que transgressão sobre preceitos negativos. Os primórdios do abandono
do cumprimento deste preceito como se deve remonta ainda às perseguições e decretos anti-
judaicos do Império Romano (Chabat 49:a - extraíam o cérebro da pessoa em vida, através de
um orifício aberto no local onde se põe o filactério da cabeça), e os geonim da Babilônia
alertaram sobre o perigo de tomarem os judeus na Babilônia e no mundo exemplo
dos da Terra de Israel, que após haverem se acostumado com os decretos dos romanos,
mesmo após a anulação deles já não cuidavam de manterem os filactérios postos durante o
dia todo. Tal mau costume de desprezo de um preceito tão importante atingira maiores
proporções durante o longo exílio, perante o escárnio dos gentios. Entre os maiores rabinos
das últimas gerações que tentaram devolver este preceito para seu real lugar - está o Gaon de
Vilna - Rabi Eliahu ben-Chelomoh Ĥassid. Ele não só foi exemplo vivo, não andando a exemplo
dos sábios talmúdicos nem mesmo quatro côvados sem ter sobre si os "tefilin", senão
escrevera acerca do trazido no Chulĥan 'Arukh por Rabi Iossef Caro uma reparação às suas
palavras: "O preceito [de tefilin] é que estejam postos durante todo o dia; mas, por razão de
limpeza corporal (quer dizer: intestinal), e por razão de descontração - acostumaram-se a não
colocá-los durante o dia todo..." - (Siman 37, se'if 2) - sobre o que escreve"...o Gaon de Vilna
uma listagem de páginas talmúdicas (Berakhot 44b - tossafot: Na Terra de Israel costumava-se
proferir uma bênção especial para tirá-los à noite; Menaĥôt 36b - Rabi Ĥiiá e Raba bar rav
Huná oraram no caminho em viagem, tendo-os postos; menaĥôt 37b - Rav Achê encontrava-se
sentado perante Amimor, e apareceu seu filactério braçal; Iomá 86a: "Disse Rabi Ioĥanan
(como exemplos de profanação do Nome de Deus:" - Por exemplo, eu, que caminho mais que
quatro côvados sem tefilin..." "; Chabat 118b: "Disse Rav Chechat: "...eu cumpro o preceito de
tefilin!" ", Rachi explica: "não andava mais que quatro côvados sem tefilin."; Sucá cap. 2 - todo
o cap. trata de assuntos como quem dormiu e esqueceu de tirar os tefilin, sendo proibitivo
dormir com eles sobre si, mas nos lembra especialmente a pág. 28a, onde lemos que Rabi
Ioĥanan ben-Zacái jamais andou quatro côvados sem tefilin; e capítulo 4 de Megilá, pág. 28a:
"Perguntaram a Rabi Zera: Como mereceste a longevidade de dias?" - Entre as razões que
enumera, disse: Jamais andei quatro côvados sem tefilin...";), e sela suas palavras, dizendo:
"...uchmá' minah!" - ou seja:"...e aprenda do promulgado no Talmud!" . Os Sábios dizem que o
fato de tal preceito ser tão desprezado pela maioria se dá devido a ser este um dos preceitos
sobre os quais os judeus não se mostraram dispostos a morrer por ele, em tempos de
perseguição e decretos anti-judaicos, como se entregaram à morte pelo preceito da
circuncisão e da guardia do shabat (Tr Chabat 49a e 133b). O termo "filactério" nada tem a ver
com a palavra "tefilin" - sendo que os gregos pensavam que os "tefilin" fossem uma espécie de
talismã, que é o significado da palavra em sua fonte. O tefilin é feito de couro de animal kasher
e tingido de preto, tanto as duas caixas chamadas de batim (plural de bet = casa) quanto as
correias. Dentro das caixas encontram-se pergaminhos com o Shemá.
Curso Judaísmo Básico
Aula 09
Conceitos religiosos

Torah
A Torah (Torá) é a base de toda crença e religiosidade judaica. Encontramos a Torah como
parte integrante do Tanakh ou de forma isolada.
O Tanakh é um acrônimo para o conjunto de livros que formam o “Canon” judaico, por assim
dizer. São eles:
Ta = Torah;
Na = Nevim;
Kh = Ketuvim.

Os chamados Ketuvim compreendem onze livros chamados de “Escritos”. Os intitulados Nevim


compreendem os oito livros chamados de “Profetas” (Navi = profeta) e por último a Torah
(instrução) que muitos chamam de “Lei” e compreende os cinco primeiros livros que se
encontram em qualquer bíblia, atribuídos a Moises.
Às vezes podemos encontrar a Torah, que é a parte mais significativa das escrituras, como
Sefer Torah, Torah de Moshe, Chumash. Existe diferença entre elas? Qual seria esta diferença?
Vamos analisar:
Chumash vem da raiz chamesh (cinco) e por mais que seja aplicada a Torah, é usualmente
usada para se referir aos cinco livros, mas no formato impresso, como um livro comum, com
capa, comentários, às vezes tradução para alguma outra língua, etc. A edição chamada de
Torah de Moshe é um chumash propriamente dito.
Existem ainda as Torot (plural de Torah) em rolos, que são chamadas de Sefer Torah (rolo de
Torah), na qual encontramos a versão Kasher, ou Sefer Torah propriamente dita, e as versões
impressas em papel e montadas na forma de rolo.
Um verdadeiro e autentico Sefer Torah deve ser escrito por um Shofer (escriba profissional),
que irá fabricar desde a tinta, preparar o couro a ser usado, escrever no pergaminho e montar
o rolo.
“Como é feita a tinta? Reúnem-se resíduos de fumaças de óleos, ou de piche e cera, ou
similares, mistura-se com resina de arvores e um pouco de mel, deixando de molho por muito
tempo, amassando-os bem até que se façam partículas, após o que deixam-no secar e o
guardam em secreto. No momento de escrever, deve umedecê-lo e escrever com ele.”
Mishenê Torah – Rambam.
O couro deve ser de um animal kasher, com exceção de peixe, que mesmo sendo kasher não
se escreve nele. Tira-se o couro do animal, tira-se o pêlo e salga-se, curte a pele com farinha
(de cevada) e depois com um pouco de água e a substância resinosa de alguma arvore como o
carvalho. Pronto o couro, escreve-se no lugar onde nasciam os pêlos.
Monta-se a Torah em roletes, enfeita-se as pontas dos mesmos, com esculturas de madeira ou
até mesmo com metais nobres. Reveste a mesma com uma capa bordada cuidadosamente,
para salientar a santidade do conteúdo.

Um Sefer Torah possui exatamente 79.847 palavras, 304.805 letras. Leva de seis a 12 meses
para ser confeccionada, possui 60 cm de altura (seus pergaminhos) e pode pesar a te 10 kilos.
Um Sefer Torah é escrito em folhas costuradas com o mesmo couro com que é feito o
pergaminho e tem entre 62 à 84 folhas amarradas para formar o Rolo.
É considerada uma Mitsvá positiva que um judeu escreva um Sefer Torah, mas como se sabe
da dificuldade e delicadeza deste serviço, um tipo de profissional acabou se especializando e
como forma de cumprir esta Mitsvá, nós somos orientados pelos nossos Sábios a então
patrocinarmos uma Torá. Se não tenho como escrever um Sefer Torah (seja por ser analfabeto
em hebraico, ou pela extrema dificuldade do preparo de todos os materiais envolvidos, que
requerem tempo, cautela, fé extrema e confiança ao Criador), então devemos patrocinar uma,
ou seja, ajudar a comunidade a adquirir uma, ajudar a um Shofer (profissional que vive disso) a
sobreviver, ajudar uma comunidade a comprar seu Sefer, etc. não quer dizer que devemos
comprar um Sefer Torah Kasher para nossa casa (quem dera fosse possível), mas podemos
ajudar nossa comunidade ou outras comunidades a terem a sua, através de uma prática bem
comum hoje em dia que é a compra simbólica de letras da Torah.
A “compra” de uma letra, ou mais (dependendo das condições financeiras de cada um) ajudam
a que muitos possam cumprir a Mitsvá positiva.
O cumprimento de uma Mitsvá nos aproxima do Criador. Já cumpriu quantas Mitsvot hoje?
Quer cumprir esta?
Curso Judaísmo Básico
Aula 10
Conceitos religiosos

Religiosidade Judaica
Pode existir a expressão da religiosidade judaica sem se ter uma sinagoga ou uma
comunidade? Será que a premissa de que judaísmo se faz em comunidade apenas é
totalmente verdadeira?
Na atualidade, muitos segmentos e linhas judaicas pregam que só se pode ser judeu em
comunidade, chegando a pregar o absurdo de que não se pode participar de comunidades
virtuais, devendo-se largar a vida em sua cidade, seguindo uma premissa talmúdica de que se
não existe comunidade judaica em sua cidade deve-se mudar para outra.
Desconhecem estes alguns fatores importantes: a atualidade do mundo onde vivemos, que na
maioria das vezes não nos permite largar casa, família, trabalho, e nos mudarmos para uma
cidade onde haja uma comunidade judaica e sermos “parasitas” vivendo à custa daqueles que
trabalham, até que possamos começar uma vida; outro ponto é justamente territorial, ou seja,
sendo o Brasil considerado um país continental, inviável se torna a simples visitação a outra
comunidade em estado vizinho, quanto mais em alguma comunidade na outra ponta do país;
mas o mais interessante se esquecem estes que são contra a interação virtual é justamente a
forma como foi compilado o Talmud.
O Talmud é um compêndio de, vejamos bem, cartas entre Rabinos que discutiam a
interpretação e aplicabilidade das leis judaicas, ou seja, estes sábios não moravam na mesma
cidade e dependiam de cartas para se comunicar. Se o Talmud fosse compilado nos dias de
hoje com toda a certeza estes mesmos sábios usariam dos meios disponíveis hoje, e pela
rapidez que a interação virtual proporciona, usariam recursos como mídias sociais, e-mail,
comunicadores instantâneos, e quem sabe até o uso de vídeo conferência.
Mas, voltando à premissa inicial, é possível ter uma vida judaica afastado fisicamente de uma
comunidade? A resposta é Sim! Pois os que afirmam que judaísmo só se vive em comunidade,
e que fora de uma comunidade não se pode ser judeu, logo afirmam que os anussim não são
judeus. Pois sendo os anussim também chamados de “cripto-judeus”, realizavam suas praticas
religiosas totalmente desprovidos da assistência de qualquer comunidade, pois era realmente
impossível viver em uma comunidade vivendo-se em países que somente aceitavam uma
vertente religiosa cristã, em países onde sinagogas eram queimadas ou convertidas em igrejas,
em países onde os judeus eram roubados, perseguidos, expulsos ou mortos. Nestes tempos
era imprescindível a discrição e o sigilo, por isso é questionável o que certos pesquisadores
que era um costume anussim no Brasil a participação de reuniões secretas, o que como
historiador é muito improvável.
Vejamos o que nos diz o Rabino Andy em seu Seminário de Conversão Judaica:
Judaísmo e a família
“O judaísmo é uma fé que valoriza a família e suas cerimônias começam cedo quando, por
exemplo, o menino é circuncidado ao oitavo dia de vida, seguindo instruções que D-us deu a
Abraão há 4 mil anos atrás. Muitos costumes judaicos são centrados no lar. Um exemplo disso
é a refeição do shabbat quando toda a família se reúne para celebrar o início de um dia
especial.”
Sim, a prática judaica é feita no interior do lar, pois sinagoga não é igreja, rabino não é padre e
judaísmo não é cristianismo. Devemos lembrar também que nossos patriarcas praticavam sua
espiritualidade no interior de seu lar. Lembremos também que o dia a dia judaico, na visão
espiritual, consiste em práticas de oração ao nosso Criador, como a Amidá, a oração silenciosa,
o próprio Shemá que é a declaração judaica por natureza. Como o próprio Rabino nos
esclarece o kabalat shabat se faz em casa, etc.
Para aprender as rezas consulte um Sidur, mas abaixo colocamos algumas das bênçãos
judaicas a serem proferidas em diversas oportunidades de nosso dia a dia:
Antes de ingerir qualquer alimento devemos pronunciar uma bênção. Através deste ato
demonstramos reconhecer que D-us criou todo o universo e que Ele é a fonte da vida e da
existência. Segundo nossos sábios, esta é uma forma de pedir “permissão a D-us” para ter
proveito do Seu mundo.
No judaísmo até um ato físico pode ser uma forma de se espiritualizar, se realizado com a
intenção adequada.
Depois de comer agradecemos a D-us por nos ter proporcionado a alimentação, recitando as
“Brachót Acharonót”, ou “bênçãos finais”.

Pão
Antes de comer pão, “Matsá”, pita ou pizza (feitos à base de um dos cinco cereais – trigo,
cevada, centeio, aveia ou espelta) recitamos a bênção de "Hamotzí" ( mas se a base da massa
tiver sido feita com algum outro líquido que não água, vide “4. Mezonót”).
Primeiro deve-se banhar as mãos, vertendo água de uma caneca ou copo três vezes
consecutivas sobre cada uma, até o pulso, iniciando pela mão direita (o canhoto inicia pela
mão esquerda).
Antes de enxugar as mãos, esfrega-se levemente uma na outra. A bênção é recitada com as
mãos erguidas juntas, enxugando-as em seguida:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al
netilat yadáyim
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo,que nos santificou com Seus
mandamentos, e nos ordenou sobre a ablução das mão.
Em seguida, sem interrupções, é recitada a bênção do pão:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, hamôtsi lêchem min haárets.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo, que faz sair pão da terra

Alimentos ingeridos com pão


A bênção do pão isenta a pessoa de recitar todas as outras bênçãos anteriores a alimentos
(exceto as de vinho, frutas e sobremesas).

"Mezonót"
Antes de ingerir produtos à base de um dos cereais mas que não seja pão (como bolo, torta,
macarrão, biscoitos etc.) recita-se:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, borê minê mezonot
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo, que cria diversas espécies de alimentos.
Se a base da massa tiver sido misturada a um suco de frutas em lugar de água, esse pão é
considerado “pão Mezonót”.

Vinho
O vinho tem um significado especial no judaísmo, e assim mereceu uma bênção exclusiva.
Antes de tomar vinho ou suco de uva natural, recita-se:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, borê peri hagáfen.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo, que cria o fruto da vinha.
Frutas
Antes de ingerir uma fruta que nasce em árvore recita-se:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, borê peri haets.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo, que cria o fruto da árvore
Antes de ingerir frutas que nascem em árvores que não renovam seus galhos (caso da banana)
ou que crescem muito próximas ao solo (caso do morango e melão) recita-se:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, borê peri haadamá.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo que cria o fruto da terra

Vegetais
Antes de ingerir legumes, verduras, hortaliças ou frutas que nascem na terra recita-se:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, borê peri haadamá.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo que cria o fruto da terra

"Shehakol"
Antes de ingerir um alimento não incluído nas categorias acima, como chocolate, bala, pipoca,
sorvete, cogumelo, queijo, ovo, peixe, carne etc. ou antes de beber qualquer líquido (fora
vinho ou suco de uva), recita-se:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, shehacol nihyá bidvarô.
Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D-us, Rei do Universo, que tudo vem a existir por Seu verbo.

Bênção após as refeições – “Bircat Hamazon”. A Torá ordena: "Abençoe D-us após comer e
sentir-se satisfeito" (Deuteronômio 8:10). Em adição às “bênçãos anteriores” que foram
instituídas por nossos sábios, a Torá nos ordena agradecer ao Todo Poderoso e abençoá-Lo
após comer pão e concluir uma refeição, expressando assim nossa gratidão a Quem “alimenta
o mundo inteiro com Sua bondade, com graça, com benevolência e com compaixão" (excerto
do "Bircát Hamazón").
O “Bircát Hamazón” consiste de quatro bênçãos primárias. A primeira (bênção“Hazán”) foi
composta por Moisés no deserto quando o Maná caiu do céu; a segunda (bênção “Al Haáretz
Veál Hamazón” foi redigida por Josué quando os filhos de Israel comeram os frutos da primeira
colheita após entrar na Terra Santa; a terceira (bênção pela reconstrução de “Yerushalayim”)
pelos reis David e Salomão, e a quarta (bênção “Àquele que é bom e faz o bem”) por nossos
sábios nos tempos da “Mishná”.
O "Bircát Hamazón" só deve ser pronunciado após uma refeição que incluiu pão, e sua
recitação abrange todos os alimentos ingeridos durante a refeição.

Bênção após as refeições – “Al Hamichiyá”


A seguinte bênção possui três versões, e é recitada após terem sido ingeridos:
1) Alimentos feitos com qualquer um dos cinco tipos de cereais — trigo, cevada, centeio, aveia
ou espelta (exceto os que se enquadram no “Bircát Hamazón”) – versão“Al Hamichiyá”;
2) Vinho e/ou suco de uva natural – versão “Al Haguéfen”;
3) Frutos de qualquer uma das cinco espécies pelas quais a Terra de Israel é louvada –
azeitona, tâmara, uva, figo ou romã – versão “Al Haêtz”.
Caso estes alimentos tenham sido ingeridos com pão, o “Bircát Hamazón” isenta a recitação
desta bênção.
Mas atenção: só é preciso recitar a “bênção posterior a alimentos” após uma ingestão mínima
de 1 “Kezáyit” (28,8 g) de alimento sólido ou de 1 “Reviít” (86 ml) de líquido.

Bênção após as refeições – “Borê Nefashót”


A seguinte bênção deve ser recitada após ingerir frutos, verduras, legumes ou quaisquer
alimentos ou bebidas em geral (exceto aqueles incluídos nas bênçãos logo
acima, "Al Hamichiyá" ou "Bircát Hámazón"). Caso estes alimentos tenham sido ingeridos com
pão, o “Bircát Hamazón” isenta a recitação desta bênção:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mélech haolam, borê nefashot rabot vechesronan, al col ma
shebaráta, lehachayot bahêm nêfesh col chai. Baruch chê haolamim.
Bendito és Tu, Adonai, nosso Deus, Rei do Universo, Criador de inúmeros seres vivos e suas
necessidades, por todas as coisas que criastes para sustentar a alma de cada ser vivo. Bendito
O que provê Vida aos mundos.
Curso Judaísmo Básico
Aula 11
Teshuvah

O conceito de Teshuvah é muito divulgado no meio judaico, muito se fala e se discute sobre
isso, mas poucos realmente estudam tudo que está inserido neste conceito. Vamos lá.
Toda a Lei e instruções estão contidas na Torah, e como forma de normatizar o ensino e
aplicabilidade da Torah surgiu o Talmud (como já explicado anteriormente), que explicava a
Torah Escrita e a Torah Oral. Mas como é um texto muito pesado e complexo, por tratar-se de
discussões rabínicas, o Rabino Moshe ben Maimon, o Rambam, entre 1170 e 1180, quando
ainda vivia no Egito, escreveu a obra chamada de Mishne Torah, onde ele compila estas leis. O
Mishne Torah não esta totalmente traduzido para o português, mas é facilmente encontrados
tratados pela internet e a venda em boas livrarias do gênero.
Já no século XVI, outro grande erudito, o Rabino Yossef Karo, cataloga toda a Halachah e
escreve o famoso SHulchan Aruch (mesa posta), onde estariam todas as leis judaicas
compiladas de forma didática, o que algumas comunidades judaicas não aceitam e continuam
a seguir apenas o Mishne Torah de Rambam. Mas pela complexidade do texto, vários rabinos
vêm tentando resumir estas leis, o que chega ao nosso tempo uma obra bem conhecida como
Kitzur Shulchan Aruch (Shulchan Aruch resumido), propondo-se a resumir todas as leis e
explicar o que se deve em aproximadamente 1200 páginas. E é este Kitzur que se populariza
hoje em dia como o resumo da halachah para todas as comunidades judaicas, por mais que na
própria obra exista a distinção entre leis concernentes as comunidades ashkenazitas e para as
comunidades sefaraditas. Infelizmente não é bem assim, pois como falaremos em outra
oportunidade, muitas das leis para as comunidades sefaraditas são na verdade leis
ashkenazitas, como uma forma de impor uma forma de pensar de uma comunidade (que
historicamente era minoria, mas que esta se tornando maioria) sobre a outra.
Então, como sefaraditas, como ficamos? Em quais escrituras rabínicas podemos confiar? A
resposta mais simples seria a adoção do Mishne Torah de Rambam, “pois de Moshe a Moshe
nunca ouve outro como Moshe”, ou seja, que Rambam é ainda o maior comentarista das
escrituras e em caso de dúvidas ficamos com o que ele diz. Mas nunca devemos nos esquecer
de um ponto fundamental, a contextualização. Entre Rambam e nossa era vão-se quase mil
anos, muita coisa aconteceu. Por toda esta dificuldade, o Rabino Shmuel Laniado, em 1990
recompilou todas as leis exclusivas para as comunidades sefaraditas na obra Shulchan
HaMelech (A mesa real), com agregações e leis atualizadas pelo próprio Rabino Ezra Basri
Shlita, chefe do tribunal rabínico de Jerusalém na época, e traduzido para o espanhol pelo
Rabino Daniel Lituak.
Nesta obra, o Shulchan HaMelech, os sefaraditas podem observar leis próprias para as suas
comunidades, sem a interferência do pensamento ashkenazita. Podemos ter a certeza de que
o texto constante nesta obra é de acordo com Talmud e Halachah. Por exemplo, para a
lavagem das mãos não se faz necessária as xícaras de duas asas como pregam os ashkenazitas
como lei, basta mesmo até um copo, caneca, concha, pois o mais importante é a intenção do
ato. No Shulchan HaMelech fala que até uma circuncisão feita por um cirurgião é válida, desde
que presenciada por testemunhas judaicas acompanhadas por rezas especificas do ato, não
sendo necessária ser realizada só por um Mohel “sugador”.
E é baseado em obras exclusivas para as comunidades sefaraditas que abordaremos a temática
Teshuvah.
Teshuvah é tido como Retorno, ou seja, retornarmos aos passos e ao caminho da Torah, por
varias formas:
Quando descumprimos um mandamento positivo ou negativo, querendo ou sem querer, Deus
permite que nos arrependamos e retornemos ao bom caminho, para isso basta a intenção de
reconhecer o erro e o desejo forte de não cometê-lo mais, após esta reflexão do erro,
aceitação que erramos, sentimento verdadeiro de arrependimento, pedimos ao Criador que
nos perdoe da seguinte forma: “Por favor Deus cometi um erro, pequei, me rebelei diante de
Ti, e fiz estas e estas ações, e me arrependi e me envergonhei de meus atos, e no voltarei a
incorrer nestas faltas”.
O texto ainda é claro em afirmar que somente quando o arrependimento é sincero é que
realmente expiamos nossa falta, ou seja, sem sinceridade no coração de nada adianta horas e
horas rezando.
Ainda é dito que nestes tempos em que não possuímos mais o Templo, somente a Teshuvah
sincera é capaz de expiar todos os erros. Ainda nos fala que se descumprimos um
mandamento, positivo ou negativo, mas que não é de pena de morte (espiritual), a Teshuvah e
o Yom Kipur reparam (desde que com sinceridade), agora se é um mandamento cujo a pena
por descumprir seja de morte, além da Teshuvah e dos serviços em Yom Kipur, o sofrimento na
vida irá restabelecer o equilíbrio espiritual, ou seja, ninguém salva ninguém de erro algum, e se
descumprimos uma lei estamos fadados as conseqüências de nossos atos.

Quais os requisitos para fazer Teshuvah?


Abandonando o “pecado” e prometendo que jamais irá voltar a realizá-lo, de todo o seu
coração, com sinceridade nos lábios e no coração, pois neste momento estamos firmando um
acordo direto com o Criador. O que diz que está arrependido apenas nos lábios é como uma
pessoa impura, que não se purificou e necessita de purificação.
É apropriado que não esqueçamos o motivo de nosso arrependimento para justamente nos
mantermos vigilantes e não voltarmos a pecar. Devemos sempre orar a Deus, dar Tsedaká de
acordo com nossas condições, etc.
O arrependimento de Yom Kipur é apenas para faltas rituais cometidas contra o Criador, como
comer algo impuro, mas quando a falta é contra nosso próximo, somente a reconciliação é que
purifica e completa a Teshuvah. Mas se o outro não o quiser, e você se arrependeu de forma
sincera e profunda e deseja a reconciliação, saiba que fez sua parte.

Quais os cinco tipos de “pecadores”?


1 – Quem nega a existência de Deus;
2 – Quem acredita em mais de um deus;
3 – quem acredita em um único Deus, mas afirma que este tem corpo, forma ou imagem;
4 – Quem diz que nenhum criador criou tudo que existe;
5 – Quem adora um ídolo, estátua, estrela, etc., mesmo como sendo um intermediário para
com Deus.

O shulchan HaMelech ainda fala em outros três tipos de pecadores que são:
A – Quem afirma que não existe profecia e que não existe conhecimento que vem de Deus até
os homens;
B – Quem renega a profecia de Moises;
C – Quem defende que Deus troca as Mitsvot como bem entende, trocando mandamentos por
outros ou abolindo os mandamentos quando bem entender (como afirmam os cristãos, por
exemplo).
O orgulho, o ego são dois sentimentos que fecham as portas para uma verdadeira Teshuvah.
Por exemplo, quem não respeita seus mestres e rabinos, quem desvia uma comunidade
inteira, quem não aceita a Teshuvah de sua comunidade, quem burla os mandamentos.
Sobre burlar os mandamentos é bem interessante, pois justamente comunidades ashkenazitas
fazem isso. Exemplo: dizem que não se pode ligar luz em Shabat, e quando se esquecem de
deixar a luz ligada pedem para um não judeu que venha ligar sua lâmpada, mas isto é burlar,
pois se não pode, não pode. Isso é burlar a lei, claro uma lei que eles criaram, mas que estão
burlando.
Ainda para uma Teshuvah completa devemos abandonar sentimentos de ira, raiva, maus
pensamentos, calunia e laços de amizade com pessoas de má índole. Sem nos apartarmos
disso, jamais realizaremos Teshuvah. Todos possuímos o livre arbítrio (palavras do próprio
Shulchan HaMelech) para escolher seguir por um caminho bom ou por um caminho mal.
Vejamos uma explicação do Rabino Laniado: “muitos tolos de não judeus e certos judeus
obtusos pensam que esta predeterminado se uma pessoa vai ser um justo ou malvado, e não é
assim, já que toda a pessoa tem a possibilidade de ser bom ou mal, cruel ou misericordioso,
sábio ou ignorante, etc; e não existe quem o obrigue ou decrete que vai seguir por um
destes caminhos, a não ser a pessoa que decide conduzir-se pelo caminho que deseje,
portanto é o pecador que causa dano a si mesmo.” E onde encontramos sobre o Livre arbítrio
na Torah? No seguinte versículo: “Veja, hoje coloco diante de ti, a vida e a morte”
(deuteronômio 30: 15, 19).
A Teshuvah não deve ser realizada apenas pelos atos cometidos contra mandamentos, ou os
relacionados acima, mas sim com todos os traços negativos de caráter, como raiva, inveja,
ganância, desprezo, etc. Somente uma Teshuvah completa, pura, sincera é capaz de acelerar a
vinda de Mashiah. Vamos então realizar nossa Teshuvah (arrependimento e retorno) de forma
plena e sincera.
Curso Judaísmo Básico
Aula 12
Ciclo mensal

Rosh Hodesh – Cabeça do Mês (literalmente em hebraico) – masca o início do mês lunar
hebreu. Os Chassidim costumam jejuar na véspera do aparecimento da lua nova.
A véspera de Rosh Hodesh é considerada Kipur Katan (pequeno kipur), porque neste dia fazia-
se a expiação dos pecados do mês anterior no Templo. O nome Kipur Katan e o jejum foram
instituídos pelo Kabalista Moshe Cordovero em Safed, 1570, sendo observado pelos
Ashkenazitas.
Neste dia faz-se sair a Torah da arca e lê-se nela o trecho Vayhal. Lê-se também a Haftará
dirshu Adonay, Selihot e Tahanunim.
Nos meses em que há trinta dias, o trigésimo dia é considerado Rosh Hodesh junto com o
primeiro dia do mês seguinte. É um dia semi-festivo.
O calendário hebraico foi fixado pelo último chefe (Nassi) da religião, Hillel Hasheni, na
palestina aproximadamente 1700 anos atrás. Antes disso a lua nova era dada pelo
avistamento, como fazem ainda os Caraítas.
Em Rosh Hodesh lê-se a parte da Torah que trata das oferendas feitas no Templo.

Bircat Halenavá – santificação da lua. A reza Bircat Halevaná deve ser dita de preferência em
“Motsé Shabat”. Deve ser rezada com alegria.
Quando recitá-la? A Lua tem que estar totalmente visível no céu no momento de proferir a
bênção. Deve ser recitado a partir do 3º dia da lua nova até exatamente a metade do ciclo
lunar, período em que a Lua se encontra em sua fase crescente. Após este tempo de 72 horas,
a bênção não é mais recitada. Dizem nossos sábios: “Todo aquele que recita na época
apropriada a Bênção da Lua é como se tivesse recebido a revelação da shechiná, Presença
Divina”.
Por este motivo deve ser proferida de pé, vestindo roupas especiais (um momento apropriado
é na saída do Shabat, quando escurece e ainda estamos vestindo roupas festivas) e na
presença do maior número de pessoas possível, já que está escrito que é glória para o Rei
quando Ele é louvado diante de uma multidão.
Como proceder? Deve ser recitado apenas por homens (ou meninos que já sabem recitar as
bênçãos). As mulheres são isentas por tratar-se de uma mitsvá positiva com tempo
determinado para seu cumprimento. Os chassidicos, chabadim, e outros Ultraortodoxos
culpam Hava, a primeira mulher, por ter sido a causa da expulsão do paraíso, por isso proíbem
as mulheres de certas Mitsvot.
Ao proferir a bênção devemos olhar uma única vez para a Lua e depois não deveremos mais
olhar para ela indicando que nossas preces são direcionadas ao Todo Poderoso, e não à Lua.
Esta prece deve ser pronunciada ao ar livre, sem obstáculos entre a pessoa e a Lua. Se for
muito difícil sair de casa, a pessoa pode recitar no interior de sua residência, com a janela
aberta.
A partir do mês de AV e nos dez dias de penitência não rezamos Bircat Halevaná. Já a saída de
Yom Kipur, rezamos bircat halevaná, pois a lua é o símbolo do perdão e da expiação do
pecado; olhando a brancura da lua e a sua luz temos a esperança de que foram expiados os
nossos pecados no dia do perdão e se tornaram brancos como a neve. Acabando a reza de
Yom Kipur, cumprimos imediatamente as Mitsvot de Bircat Halevaná e de fazer a sucá.
Curso Judaísmo Básico
Aula 13
Shabat

Shabat – O Shabat é o sétimo dia da criação, e por isso é o dia mais sagrado para os judeus, tão
sagrado que apenas pode ser quebrado para preservar sua vida (e somente nestes casos é que
seria permitido o trabalho) e para realizar a Mitsvá de Brit Milá (a circuncisão pode ser feita
em Shabat).
O Shabat, pela sua santidade, é um dia especial, de festas e de alegria. Não se faz jejum em
Shabat, mesmo os enlutados não devem ficar tristes neste dia (pelo menos devem tentar ficar
o menos tristes possível, se assim for possível).
No Shabat não devemos realizar os 39 trabalhos identificados no Talmud: arar, semear, colher,
agrupar a colheita, debulhar, dispersar o grão ao vento, selecionar e separar (grãos), moer,
peneirar, fazer massa, assar (cozinhar e fritar também não pode), tosquiar, lavar (tecido, ou lã
para tecer, não quer dizer que não devemos tomar banho, mas sim são trabalhos relacionados
as questões financeiras, e o lavar é relativo ao ofício de fiandeiros), desembaraçar a lã não
trabalhada (ou lã crua), tingir (lã ou tecido), esticar o fio para tecer, passar o fio entre dois
anéis (típico de teares), tecer, desfazer os fios, atar (nós, como o tsitsit, ou mais propriamente
da profissão de tecelaria), desatar (os nós anteriores), costurar, rasgar tecido para usá-lo,
caçar, abater, pelar o couro, curtir o couro, alisar o couro, demarcar o couro (para cortá-lo
mais tarde), cortar (de acordo com um desenho, linha ou medição certa), escrever (na questão
financeira, em contas, contratos, documentos que irão gerar lucros), apagar (o que se escreveu
no item anterior), construir (ligado a área da construção), acender fogo, apagar fogo (mas esta
é uma questão bem discutida e complexa), dar acabamento a uma peça, transportar objetos
de propriedade particular para publica ou vice-versa (entrega de mercadorias comerciais,
como desde produtos comprados até as entregas de quentinhas).
Como podemos observar, os 39 trabalhos seguem uma razão estritamente particular em
relação a vida financeira, ou seja, estes trabalhos devem ser entendidos como proibições
ligadas aos ofícios e não a vida rotineira de uma casa. Como a Torah fala, que o Criador ao criar
o mundo em seis dias e descansou no sétimo, mais adiante Ele usa este exemplo a Moises e diz
que nos deu seis dias para trabalharmos e ganharmos a vida e o sétimo dia teríamos que
dedicar a nossa elevação espiritual. Sendo assim podemos ver que todos estes trabalhos são
ofício que deveriam ser evitados nos tempos bíblicos, e que agora devemos inserir os ofícios
atuais, ou seja, em Shabat somos proibidos de realizar nossos ofícios que nos dão o sustento.
Um exemplo prático é um marceneiro, proibido em Shabat de executar sua profissão, mas
apenas como profissão, o que não o impediria de executar como hobbie (que não tivesse uma
finalidade financeira) ou para ajudar a consertar a casa de um irmão em necessidade
(executando caridade), mas desde que isso não interfira em seu encontro com o Criador neste
dia e no cuidado para com sua família.
Os 39 trabalhos não proíbem, por exemplo, as relações sexuais conjugais, e até segundo alguns
rabinos são recomendadas neste dia por ser um dia mais que especial, pois estamos sobre a
proteção da Shekhinah, a presença divida, e o fruto deste relacionamento seria abençoado.
Mas isto apenas para relações sexuais dentro do casamento (casamento do ponto de vista
sentimental e não apenas no papel).
E se analisamos que os trabalhos proibidos possuem relação estritamente com ofícios e
profissões, como devemos entender a proibição do fogo? Primeiro devemos entender o que é
o fogo. Fogo de acordo com o Talmud é tudo a aquilo que se apaga ou assoprando ou
abafando, sendo assim a eletricidade seria fogo? De acordo com alguns Rabinos Ortodoxos a
resposta seria sim, mas apagamos a lâmpada em nossa casa assoprando sobre ela ou
colocando algo que a abafe? Sempre devemos seguir a lógica e o bom senso. Fogo, ou melhor,
a sua proibição, ao contrário do que alguns ortodoxos sugerem não deve se estender a tudo
que provoca faíscas, pois se assim fosse seriamos proibidos de tocar em pedras (primeira
forma de fazer fogo da humanidade), facas ou laminas cortantes, pois ao bater uma lamina na
outra ou em alguma superfície dura (pedra, metal, etc.) pode criar faísca, e a mesma gera fogo
se em contato com material combustível. Sendo assim, a proibição de objetos que criam
faíscas (elétricos) como lâmpadas, computadores e até mesmo automóveis, não tem base
halachika, pois quando o Talmud foi fechado nem eletricidade em residências existia ainda
(somente através de raios, de forma natural).
Outro assunto pertinente ao fogo seria o caso dos filhos de Aharon que embriagados
apresentaram “fogo inapropriado” para o Eterno. Em primeiro lugar eles estavam bêbados, o
que é uma falta de respeito ao nosso Criador, e este fogo inapropriado seria pela idolatria, o
que caracteriza a proibição de outro fogo cerimonial, fogueira, velas, etc, que tenham cunho
exclusivo religioso, e por isso acendemos as velas 20 minutos antes de iniciar o shabat.

Como realizar o Kabalat Shabat (recebimento do Shabat em casa)


Preparamos um local apropriado, onde realizamos nossas refeições junto com nossa família ao
redor da mesa. Colocamos no mínimo duas velas (em Israel se acendem sete velas), uma vela
para o preceito de zachor (lembrar) e outra para o preceito de shamor (guardar), um bom
vinho (de uva), pão e uma bacia com água com uma caneca ou copo para lavar as mãos.
Inicia-se com a bracha:
Baruch atah Adonai, Elohenu Melech haolam, asher kideshanu, bemitsvotav, vetsivanu al
Hatzedaká.
Após esta bracha depositamos uma pequena quantia em dinheiro que será usada para a
caridade em um cofrinho. Neste instante alguns costumam (kabalisticamente) pedir permissão
a Avraham, Itzhaque e Yacov para poder recepcionar a Shekhinah.
Antes da cerimônia propriamente dita, algumas comunidades fazem o “Lechu neranena)”, que
são uma série de seis salmos que teriam a intenção de limpar as impurezas da semana. Salmos
95 – 100.
Faz-se a bracha sobre as velas e somente depois risca-se o fósforo e acende as velas, da direita
para a esquerda:
Baruch atah Adonai, Elohenu Melech haolam, asher kideshanu, bemitsvotav, vetsivanu
lehadlic ner shel Shabat.
Feito isso costuma-se rezar o salmo 29, Ana Beckoach, Lecha Dodi, Shalom Alechem, Eshet
Hayil, salmo 92, prece pessoal.
Depois fazemos a benção sobre os filhos, o salmo 23, e começamos o Kidush propriamente
dito, segurando a taça de vinho com a mão direita com pelo menos a medida de um ovo e
meio (90 ml):

Yom hashishi
Vaichulu hashamaim vehaaretz vechol tsevaam
Vaychal Elohim bayom hashevii melachto, asher assá
Vayshbot bayom hashevii micol melachto asher assá
Vayvarech Elohim et yom hashevii vaykadesh Oto
Ki vo shavat micol melachto, asher bará Elohim laassot.
Savri Maranan (os presentes respondem “lehaym”)
Baruch atah Adonai, Elohenu Melech haolam, boré Peri haguefen
asher kideshanu, bemitsvotav, vetsivanu al Hatzedaká.
Baruch atah Adonai, Elohenu Melech haolam, asher kideshanu, bemitsvotav, veratsa vanu,
veshabat kodshó beahava uvratson inhilanu, zicaron lemaasse bereshit, tehilá lemikraé
kodesh, zecher litsiat mitsraim;
Veshabat kodshechá beahava uvratson hinhaltánu.
Baruch atah Adonai, mekadesh haShabat.
Os participantes dizem Amén.
Todos saúdam “lehaym” e bebem do vinho.

Faz-se a lavagem das mãos. Como proceder?


Seguindo o pensamento Sefaradi de dizer a bracha e depois realizar o ato, podemos dizer a
bracha e depois verter água nas mãos com o auxilio de um copo, caneca ou outro recipiente
(não precisa ter uma caneca especial de duas asas, pois isso é invenção ashkenazita); também
pode-se (neste caso) verter água e antes de secar as mãos dizer a bracha (pois o Shulchan
hamelech coloca isso como costume, e se ainda tema água nas mãos pode dizer a bracha
imediatamente que terá cumprido a Mitsvah), e somente após isso é que podemos secar as
mãos em uma toalha.

Baruch atah Adonai, Elohenu Melech haolam, asher kideshanu, bemitsvotav, vetsivanu al
netilat yadayim.

Então se descobre a Chalá (que estava encoberta por um pano até o momento, duas para
lembrar o maná em dobro, uma sobre a outra) e se realiza a bracha sobre o pão.

Baruch atah Adonai, Elohenu Melech haolam, hamotsi lechem min haarets.
Corta-se a Chalá que esta por baixo, deixando a de cima para o outro dia.
Pronto, acabamos de realizar um ritual de Kabalat Shabat em casa com nossos familiares.
Mantendo um ar de harmonia no ambiente, aproveitem o restante do Shabat em sua família.
Caso seja obrigado a trabalhar, tenha em mente que antes de tudo vem o respeito e proteção
a vida, e se for o caso, a Torah o permite (desde que para o sustento), mas lembre-se mesmo
no trabalho de parar por algum instante, abençoar um copo de vinho (ou de suco de uva
natural de preferência, devido a estar trabalhando) e um pedaço de pão (Instruções Rabincas
pelo Rabino Anderson Fonseca, Av BetDIn).
Vale lembrar acima de tudo que este pequeno estudo serve apenas como uma base para que
todos possam realizar um bom Shabat em família. Logicamente se procurarem em outros
Sidurim encontrarão outras formas, mas esta é uma das varias catalogadas em Sidurim
Sefaraditas, como o Sidur Matzliah e o Sidur Kol Tuv Sefarad. As bênçãos estão de acordo com
o Sidur Matzliah em pronúncia, e as ordens das rezas, orações e salmos de acordo com Kol Tuv
Sefarad, que é um Sidur de comunidades Sefaraditas de Amsterdã e América do Norte.
Curso Judaísmo Básico
Aula 14
Comportamento Judaico

O estudo a seguir é uma complicação do que encontrado nos textos da Mishnê Torah de
Rambam, no tocante ao tipo de Comportamento que a Torah apregoa como sendo o correto
para todo judeu, seja ele homem ou mulher, criança, adulto ou velho.
O mesmo se encontra pontuado em onze mandamentos, sendo cinco preceitos positivos (o
que devemos fazer) e seis preceitos negativos (o que estamos proibidos de fazer). Lembramos
ainda de que quando a Torah proíbe alguma atitude, logo em seguida a mesma explica e
orienta o porque da proibição e qual o caminho mais correto a se seguir.

Assemelhar-se a Deus em suas virtudes – O primeiro preceito sobre comportamento nos diz
que devemos nos assemelhar a Deus em suas Virtudes, mas não afirmando que devemos nos
tornar um deus, uma divindade (como pregam certas ideologias religiosas), até porque somos
criaturas e jamais um Criador. Sendo assim, não existe distinção entre pessoas, pois não existe
um ser que seja o único “filho” do Eterno e enviado perfeito a terra. Todos somos suas
criaturas, em iguais condições de realizar boas atitudes.
O assemelhar-se ao Criador é no tocante a combater vícios morais, tais como: o orgulho, a ira,
ambição (Quem ama a prata, dela não se satisfará [Ec 5.9]), avareza, o vir a passar necessidade
apenas para demonstrar que é um sofredor para servir a Deus, bem como suas contrapartes
em excesso. O Mishnê Torah é claro ao afirmar que sempre devemos agir com bom senso,
nunca em demasia e nem em total falta: arrogância e subserviência, que são dois extremos da
verdadeira humildade. Ainda segue afirmando que não devemos ser, em linguagem popular,
um pavio curto, mas também não devemos ser daquelas pessoas que são totalmente frias
diante de uma ofensa. O caminho do meio é sempre o único correto, e é o chamado caminho
dos sábios (Andarás por Seus caminhos, Dt 28:9).
Sempre que detectamos um destes sintomas doentios (raiva, ira, orgulho), devemos tentar
(como remédio) nos colocar em situações onde estes defeitos irão aparecer, para que
possamos aprender a controlá-los. Da mesma forma buscar situações onde não venhamos a
nos sentir orgulhosos, etc.
Comer e beber quando necessário, mantendo boa alimentação. Não buscar apenas o prazer
nestas ações, nem na comida, bebida, sexo, etc. o ato de jejuar constantemente é tido como o
ato de um pecador, pois que se pune indevidamente, colocando-se no lugar de Deus que é
nosso único Juiz. Os jejuns são em épocas estipuladas não devendo ser feito a moda dos
idolatras (que jejuam para barganhar com suas divindades).
Dormir apenas um terço do dia (oito horas) e apenas a noite. Enfim, recomenda-se uma boa
alimentação, sonos constante e regrado, bom senso em suas relações, não buscar os desejos
carnais de forma a saciar apenas desejos, não se assemelhar aos idolatras.

Ligar-se a seus conhecedores – O preceito se refere ao ponto de estarmos ligados a uma


pessoa reconhecida como sábio, como um professor, um rabino ou um ancião. Que o
reconhecimento se dê pelos seus atos e não pelos seus títulos. O sábio ainda não se entrega a
embriagues (nem em Purim), pois a embriagues é uma marca da idolatria, quando os idolatras
em seus festivais aos seus deuses comiam e bebiam exageradamente entregando ao sexo
animalizado como forma de contentar seus deuses.
O sábio não deve gritar ou berrar em suas explanações, pois quem assim faz é um idolatra que
fala aos deuses surdos. O sábio é o que sabe falar no momento adequado e calar-se no
momento em que não deva falar. Seja sua vestimenta modesta, e não atrativa sexualmente.
Enfim, devemos nos ligar e seguir pessoas dignas, por suas atitudes e forma de pensar, e não
por terem um título, pois vemos muitos se dizendo rabinos, ostentando diplomas de yeshivot
reconhecidas e que não agem conforme a Torah, e outros que realmente são Rabinos, mas por
não terem estudado em escolas da moda não são reconhecidos, quando na verdade estes
últimos é que são definidos como sábios pela Torah, como nos explica Rambam. Ligando-nos
aos sábios aprendemos com eles a melhor forma de servir a Torah e ao nosso Criador

Amar ao próximo – O mandamento ordena amar a todos os filhos de Israel como a si mesmo.
Sendo assim não devemos falar injurias, calúnias, difamações, etc. sobre qualquer pessoa que
seja. Não se deve querer crescer fazendo cair os demais. Aquele que faz com que os outros
passem vexame, segundo Rambam, não tem lugar no mundo vindouro.

Amar aos conversos – O mandamento de amar e receber bem o converso esta expresso em
deuteronômio 10:19, pois que de bom grado e por vontade própria vem até nós e se coloca
debaixo das “asas da shekhiná”, por isso a Torah escreve que devemos amar ao converso
como a nós mesmos, pois todo o que ama o converso terá sua recompensa para com o
Criador, como consta em deuteronômio 10:18.

Não odiar aos irmãos – Todo o que odeia ao seu irmão esta contrariando o que diz a Torah em
Levitico 19:17. Pois a Torah é contra todo e qualquer vestígio de sentimento de ódio de ira no
coração do homem para com um de seus semelhantes.

Admoestar – Nunca devemos guardar o rancor em silêncio por algo dito ou feito pelo nosso
próximo, antes devemos ir a te ele e lhe falar sobre suas atitudes e palavras, abrindo nosso
coração, mostrando o seu erro de forma serena, não para humilhá-lo, e jamais em publico,
mas sim com serenidade e de forma restrita e intima, pois assim realmente estaremos fazendo
um bem a ele. Caso com esta conversa, nosso irmão se arrepender do que fez ou disse e pedir
desculpas ou perdão, é nossa obrigação perdoá-lo e esquecer o acontecido. Caso ele não
reconheça o mal que fez, perdoemos em nossos corações e assim rompemos o vinculo com o
malfeitor, pois a Torah nos ordena que não nos vinculemos a malfeitores e pessoas de má
índole.

Não envergonhar publicamente a ninguém – Todo aquele que envergonha ao outro, seja de
forma publica ou intima é digno de punição. Devemos sempre ter atitudes brandas, amenas,
amigáveis, serenas, a fim de que o nosso falar em publico não venha a causar vergonha ao
outro. E se assim procedermos, devemos em publico nos retratar, a fim de alcançar o perdão
de nossa ofensa perante Aquele que nos criou, e assim nos reconciliarmos com nosso
companheiro.

Não causar sofrimento aos sofredores – muito pelo contrário, devemos abrandar o
sofrimento daqueles que sofrem. Uma Mitsvah é a Tsedaká, que recolhemos em erev Shabat,
em festividades como Purim, no começo do mês, e sempre que pudermos contribuir.
Recolhidas devem ser encaminhadas aos necessitados, assim como alimentos, roupas e
principalmente gestos e palavras de carinho e motivação.

Não ser Rakhil “fofoqueiro” – O livro da Lei é claro em Levítico 19:16, quando proíbe a fofoca
e o mexerico, e é chamado por Rambam de Lashon Hará, ou seja, língua ruim ou má. Todo o
que é culpado de Lashon Hará é como se tivesse contrariado um dos princípios da Torah e
perde seu lugar no mundo vindouro. Ainda sobre a fofoca, é dito que ela causa mal a três
pessoas: ao que diz, ao que escuta e ao de quem se fala. Principalmente mais ao que escuta do
que o que inventa, por isso é que devemos nos manter afastados de fofocas.
Infelizmente sempre tem aqueles que com o pretexto de entender uma situação acabam
ouvindo fofocas (porque assim o querem) e acabam impulsionando-as, e cada vez que repassa
a fofoca acaba aumentando um pouco, tornando-se assim culpado, quase que de um crime de
morte, tamanha a gravidade do crime de Lashon Hará. Seja por vingança, por não gostar da
pessoa ou por simples brincadeira, Lashon Hará é um crime contra o Criador e contra sua
criação.

Não vingar-se – Em Levítico 19:18 é claro que jamais devemos agir com vingança, pois quando
nos vingamos nos colocamos no papel de juízes, o que só cabe ao Eterno que nos criou e que
de tudo sabes. O ato de vingança é desprezível aos olhos do Criador. Não devemos nos apegar
a ofensa, pois toda a vez que alguém nos ofende, saibamos que Deus conduzira o julgamento e
punirá aquele que for o transgressor.

Não conservar mágoa no coração – A mágoa leva a vingança e/ou ao Lashon Haraá, bem como
a todos os males da alma, como ira, inveja, etc. Sendo assim não devemos guardar mágoa de
ninguém, seja a ofensa que for, pois acima de tudo está Aquele que nos criou e que é o único
Juiz por sobre toda a terra que tem todo o poder e justiça, e que sempre age da melhor
maneira a fim de nos conceder aquilo que merecemos.
Todos os dias vêm até nós pessoas de outras religiões, que se chegam ao judaísmo por faltar
em suas crenças um caminho certo e seguro para uma vida correta. Chegam alegando que
desejam viver uma vida em conformidade com a Torah e que desejam saber o que Deus quer
delas. Nos pedem para interpretarmos profecias, quando na verdade teriam é que apenas ler e
entender a Torah. Querem um caminho para o Criador, para amar a Deus em atos e atitudes,
mas se esquecem de que as palavras são claras como expostas neste pequeno estudo, por isso
fica a recomendação a todos os que desejam do fundo do coração entender o que o Criador
quer de cada uma de suas criaturas, que devam seguir o que encontramos no
livro Mishnê Torah de Rambam, na parte intitulada como Livro da Ciência, parte sobre os
Fundamentos, onde estão todos os preceitos resumidos aqui e que orientam a uma vivência
saudável tanto no tocante a forma física quanto a vivencia espiritual. Agindo desta forma
estaremos agindo em conformidade com a Torah e com os desígnios do Criador.
Curso Judaísmo Básico
Aula 15
Ética Judaica para a Ortodoxia Moderna

O estudo a seguir é uma continuação do estudo anterior, onde foi abordada uma compilação
do pode ser encontrado nos textos da Mishnê Torah de Rambam, mas agora mostrando
aspectos do cotidiano de acordo com a filosofia da Ortodoxia Moderna, mas antes cabe
ressaltar alguns pontos fundamentais.
Em primeiro lugar devemos entender o que é realmente a Ortodoxia Moderna Judaica. O
Judaísmo Ortodoxo Moderno é um movimento dentro da própria Ortodoxia Judaica que vem
para sintetizar os valores éticos, morais e espirituais do Judaísmo com o mundo moderno e
atual, acompanhando a evolução secular e valorizando outros aspectos que possam fazer do
Judaísmo uma ferramenta de progresso para a humanidade.
Dentro deste aspecto, podemos afirmar que o Judaísmo Ortodoxo Moderno não é uma “linha”
ou vertente judaica, mas sim que é o puro Judaísmo, não sectarista, racional, lógico,
consciente e principalmente ético. Sendo assim, fica claro, de um ponto de vista histórico, que
a Ortodoxia Moderna tenta resgatar muitos pontos que foram perdidos pela Ortodoxia
(tradicional) ao longo dos séculos, e principalmente no Brasil, onde a única instituição judaica a
seguir este movimento é o United Beth Din, e que imprime características próprias para a
interpretação moderna do Judaísmo, que interpretamos como nada mais nada menos do que
o pensamento judaico Sefaradi pré-Decreto de Allambra.
Na Península Ibérica, os Judeus Sefaradim desenvolveram um processo racional em sua forma
de pensar e de vivenciar o Judaísmo, ou seja, apenas deram continuidade a evolução natural
do pensamento judaico, enquanto os judeus do leste europeu, devido as crescentes pressões
do Cristianismo crescente, desenvolveram uma forma mais supersticiosa, irracional e até certo
ponto idolatra e contraria a própria Torah.
Em Sefarad, os Judeus viviam em certa harmonia com Cristãos e Muçulmanos, chegando a
serem tratados como iguais, e com outros grupos judaicos como, por exemplo, Karaítas. Não
podemos nos esquecer que Rambam, um Anussita (pois foi forçado a uma conversão ao Islã e
depois conseguiu retornar ao Judaísmo), foi um grande racionalista judeu, chegando a estudar
filosofia, história e medicina.
Os Judeus Sefaraditas dão mais importância ao conteúdo do que a forma exterior (ao contrário
de grupos Ashkenazim que dizem que o exterior mostra o que tem no interior e por isso se
apegam a práticas externas como lei), ou seja, que ao invés de ficarem horas e horas rezando –
por exemplo – que façamos uma breve oração com sentimento (kavaná) do que longas rezas
decoradas.
Os Sefaradim entendem que toda a prática judaica deve ser entendida, compreendida, para
ser melhor praticada. Um bom exemplo disso é se aproveitar de descobertas no campo da
medicina e da nutrição a fim de entender realmente a Dieta Kasher.
Já se perguntaram, por exemplo, o porquê da necessidade de não se ingerir na mesma
refeição carne vermelha com laticínios? Na verdade, esta instrução alimentar é baseada em
um texto que fala da proibição de se cozinhar um cabrito no leite de sua mãe, o que era uma
iguaria muito comum (até hoje) entre os povos do Oriente Médio. De acordo com estudos
sobre nutrição, sabemos que a ingestão de carne com leite acaba tornando-se uma refeição
pobre em nutrientes, pois o cálcio presente no leite é anulado, ou seja, não absorvido, por
substâncias da carne e o ferro da carne é anulado por substâncias do leite. A própria forma de
“Kasherizar” utensílios serve na verdade como uma forma de esterilizar a fim de evitar
contaminação por bactérias e salmonela, mas de nada adiantará ter talheres para carne e
talheres para laticínios, se ambos não forem higienizados. Sempre devemos usar a razão e a
lógica.
A vivência então de um judeu que segue a Ortodoxia Moderna, deve ser sempre pautada pela
racionalidade, amor para com a Torah, entender que as escrituras restantes devem servir
apenas para explicar pontos difíceis da Torah, mas jamais estarem em pé de igualdade com
esta e nem serem maior que a Torah.
Um Judeu Moderno valoriza as outras áreas do conhecimento humano, as estuda e as
compreende para uma melhor compreensão da Torah, vindo a entender que muitos pontos da
mesma são metáforas de cunho moral. Suas relações sociais devem ser sempre baseadas na
Ética, pois o Judaísmo também é conhecido como Monoteísmo Ético em relação a outras
religiões monoteístas.

Mas porque Monoteísmo Ético?


Primeiro pela crença e entendimento (só crer não basta, pois os cristãos também crêem na sua
religião) na Unicidade do Criador (um único Deus, por isso monoteísmo) e na Ética em suas
relações baseados em ideais de justiça e igualitarismo, relativos as situações encontradas.
Um bom exemplo disso, deste pensamento ético, é entender o que vem a ser Lashon Hará e
Yetzer Hará, respectivamente Língua Má e Inclinação Má. Outras ideologias monoteístas que
também pregam contra a maledicência e a fofoca afirmam ser estes dois grandes erros a
serem cometidos, o que é uma verdade judaica também, mas seus “fieis” por não
compreenderem a ética geralmente fazem como no exemplo a seguir: “Olha, me falaram mal
de você, mas como não quero fazer fofoca não vou contar quem foi, mas que tem pessoas que
falam mal de você isso tem, mas não quero fazer fofoca e para não falar mal de quem me falou
não posso e não vou lhe contar quem é”.
Isso é um claro exemplo da interpretação errada, pois a pessoa ao começar a conversa assim
esta agindo de má índole, pois se não desejava fazer a fofoca nem deveria ter começado o
assunto, e por não contar quem é o “maledicente” acaba por protegê-lo e assim se associando
com uma pessoa de má índole, o que a Torah também condena.
Agora a seguinte atitude, que muitos interpretam como uma inclinação ruim, na verdade não
o é: “Olha, o senhor José esta o criticando, afirmando que seus ensinamentos estão errados e
que a forma como você esta procedendo esta equivocada”.

O exemplo acima, se dito de forma franca e com a intenção de alertar sobre um possível ato
de maledicência é salutar, pois o criticado pode averiguar o que esta se dizendo dele e refletir
se a critica procede ou não, e pode até concluir o porquê o “José” esta falando o que foi-lhe
relatado. Claro que é bem mais ético nem começarmos a escutar intrigas e fofocas, mas se foi
inevitável devemos alertar a pessoa que sofre para que a mesma tome suas providencias e
para que o mal não prevaleça e não acabe causando um estrago considerável. Já disse certa
vez o ativista Martin Luther King Jr: “O que me preocupa é o silêncio dos bons”.
Outro ponto fundamental é a palavra dada. Quando “damos” nossa palavra, na verdade
estamos colocando em jogo o nosso próprio nome, e neste caso devemos estar cientes da
gravidade de nossas ações perante o Criador, e é por isso que realizamos a Anulação das
Promessas ao começar um novo ano. O Nome é algo tão importante, que outrora foi instituída
a lei do levirato (Ybur – que nunca foi revogada, apenas não se usa) que obrigava o irmão do
falecido a ter um filho com sua cunhada, caso seu irmão tivesse morrido sem ter um herdeiro,
a fim de que seu Nome (do falecido) não fosse apagado por sobre a terra. Outro ponto a favor
desta proposição é justamente como nos referimos ao Eterno – HaShem, ou seja, O Nome.
A palavra Nome – Shem – tem a mesma raiz da palavra Shemá, do nome de Ishma’El, Shimeon,
e por que? Justamente para mostrar a importância que o nome, ou seja, do que somos e do
que colocamos em jogo quando realizamos uma atitude ou tomamos partido em alguma
situação.

Depois desta breve teoria, passaremos as questões praticas do dia-a-dia.


Não só o Ortodoxo Moderno, mas todo o Judeu deve levar uma vida sempre guiada pelo bom
senso e pela ética em suas ações. Logo ao despertar deve agradecer ao Criador (de coração)
por mais um dia de oportunidades, mas se não for de coração então que nem se diga nada.
Realizar a lavagem das mãos, tendo a certeza deste ato servir como preparação para as
orações da manhã, que nos conduzirão ao novo dia que começa. Não se preocupe se a caneca
tem uma ou duas asas ou se é um copo qualquer, pois o importante é a Kavaná na ação e não
o formato do recipiente em que iremos verter água.
Coloque seu Kipá, seu Talit e seu Tefilin (se tiver é claro, pois o importante é o intuito interno e
não apenas o aparato exterior) e pelo menos façamos o Shemá e Amidá (que é a parte
obrigatória pela Halachah). Os outros momentos de rezas são a Minchá e o Arvit.
Buscar ter uma vida toda Kasher, não só a alimentação, mas suas relações, palavras,
pensamentos, etc, mas sem esquecer sempre do bom senso, evitando é claro o que é proibido
na Torah, como a carne de porco e frutos do mar. Comer moderadamente, pois comemos para
sustentar o corpo e não para dilatar o estomago.
É válido ter uma faca para carne, outra para peixe, outra para laticínios, etc, como pregam
alguns cursos de cozinha Kasher? Bom, tudo vai do bom senso, sempre. Já ouviram falar do
“vinho kasher”? O que torna o vinho Kasher? Alguns dirão que é o vinho que não tem contato
em nenhuma parte do processo por um não-judeu, pois isto “contaminaria” o vinho.

Um não-judeu é um ser diferente de um judeu para contaminar o que o judeu come só pelo
toque? Lembremos sempre do bom senso.
Kasher significa “apropriado”, e é o que a grosso modo tem o acompanhamento de um Rabino,
que por ser estudado e versado em Torah e Halachah, sabe as minúcias do que pode e do que
não pode, pois no exemplo do vinho “kasher”, se fosse para não ter contato com um não-
judeu como alguns chegam a afirmar (de forma errada) e seguem afirmando que até se o
garçom não-judeu toca na garrafa o vinho deixa de ser kasher, tendo que ferver o vinho para
voltar a “kasheriza-lo”. Por favor, que pensamento tão pobre, pois se o toque do garçom não-
judeu fizesse o vinho deixar de kasher, então teoricamente o vinho só seria kasher se a garrafa
fosse kasher, a caixa onde as garrafas serão armazenadas seja kasher, o caminhão onde as
caixas serão colocadas seja kasher, etc, pois se o caminhão não é kasher, ou seja, construído
por judeus, com materiais construídos por judeus, faria com que a caixa deixasse de ser
kasher, e assim por diante até chegar ao vinho. Não vamos cair nestas loucuras de achar que
não se pode tomar uma boa taça de vinho com nosso vizinho pelo fato dele não ser judeu.
Kasher é o que é apropriado. Vinho é kasher em Pessach? Sim, pois por mais que seja
fermentado, não é fermentado pelos grãos proibidos em Pessach. Cerveja é kasher em
Pessach? Não, pela presença da cevada. Em Purim se deve encher a cara? Nunca, devemos
apenas estar felizes, beber, mas sempre com moderação, ainda mais se comemorarmos fora
de casa.
Moderação é a palavra de ordem do Judeu Moderno, seja no comer, no beber e no vestir.
O Tzeniut, traduzida como modéstia, são um conjunto de regras que ditam a “moda” judaica!
Outro erro quando se cai no extremo, ao ponto de usar roupas pretas, pesadas, “bicho-morto”
enfiado na cabeça, aparência de barba suja. A modéstia é o saber se vestir, pois não vamos a
praia de terno e nem a uma reunião de trabalho apenas de sunga.
De que adianta a “chaverá” usar véu, roupa sóbria, saia longa, mas uma blusa super apertada e
com um decote super generoso? Está ela sendo uma seguidora do Tzeniut? Entendem o ponto
fundamental na modéstia? Bom senso.
E cuidado sempre com os “super-judeus”, vestidos de preto, que só comem kasher e ainda
criticam os que não são super-judeus como ele. Bom senso sempre!
O que faz o Judeu Moderno se tem que trabalhar em Shabat? A Torah e a Halachah nos dizem
que acima de tudo devemos preservar a vida, e hoje em dia se não trabalharmos podemos
perder o emprego e ai, como manteremos nossa vida e de nossa família? Por mais que a
legislação brasileira nos permita, em respeito a nossa ideologia religiosa, termos nossos dias
“santos” respeitados, não são todas as empresas que consentem na troca de horários ou
compensações. Como fazer? A resposta dada pelo Rabino Andy Fonseca certa vez foi a
seguinte: “Bom senso!”, no horário em que entra o Shabat, dar uma pausa (no momento que
for permitido), abençoar um pedaço de pão e um copo de suco de uva (pois não vamos poder
levar um cálice de vinho para o trabalho), mentalizar nosso lar, nosso Criador, quem sabe
imaginar as velas de Shabat em nosso Lar e firmarmos nosso laço com Deus. Intenção e bom
senso.
Seguindo sempre o bom senso, com certeza estaremos no mundo e não fora dela, pois o que
foi que o Criador disse no Sinai que pretendia para o povo hebreu? “Vós sois uma nação de
sacerdotes para as nações”, sendo assim, devemos estar atuando no mundo e jamais vivermos
separados nele. Lembremos que nossos antepassados Sefaradim eram cidadãos do mundo na
Espanha do século 14, mas nunca deixando de ser judeus.
Curso Judaísmo Básico
Aula 16
Conversão Judaica x Retorno ao judaísmo

Neste estudo, tentaremos desmistificar um assunto muito polêmico e controverso, a


conversão e/ou o retorno ao judaísmo. Polêmico devido ao fato de que se desconhece todos
os pormenores das Halachot (e não Halachah) que envolvem os fatores legais e jurídicos para
adentrar ao judaísmo, e controverso pois muitos apenas identificam costumes como Halachah.
Neste sentido, costumes de uma única comunidade judaica, devido ao desconhecimento de
obras como o Talmud e principalmente a própria Torah, acabam ganhando peso de Lei
(Halachah).
Em primeiro lugar, devemos entender o Judaísmo não como uma religião, nem como apenas
um conceito de nação, mas sim como algo muito maior e diferente disto tudo, pois sendo a
única expressão cultural (conceito mais apropriado) que surgiu na antiguidade e que
sobreviveu até os dias atuais (pois o cristianismo surgiu na verdade no começo da Idade
Média, antes do fim do Império Romano do Ocidente). E como expressão cultural e espiritual,
possui códigos de condutas éticas e morais, que servem para guiar a vida de seu participante
na sociedade. Judaísmo então é muito mais uma religião do que uma nacionalidade, pois ser
Judeu é uma experiência religiosa e espiritual, enquanto israelense é quem vive no atual
estado de Israel, podendo ser Judeu, Cristão, Muçulmano ou Druso.
Como citado em estudo anterior, o processo de Teshuvah (arrependimento/retorno) é a
reintegração ao seio religioso do povo Judeu (não ao povo Israelense), um direito de todo o
judeu afastado (tanto o que se afastou porque quis quanto aos anussim e bnei anussim). Como
nas palavras de Rambam (que também foi anussim, e pouco se divulga disso) o “forçado” é
judeu e sua linhagem é judia até o final dos tempos. Só com esta declaração de Rambam, um
dos maiores racionalistas e comentarista judaico, sendo reconhecido como ponto de
orientação para questões jurídicas judaicas, onde ao surgir dúvidas sobre aplicação da
halachah recorresse a sua interpretação, bastaria para que todo o “judaísmo mundial”
reconhecesse os anussim e bnei anussim como judeus que de fato são.
Definido Judaísmo e Teshuvah, passaremos a abordar o que é Conversão (Guiur). Para
começar, afirmamos categoricamente que não existe uma conversão que não seja de acordo
com a “halachah”, pois a própria halachah é bem complexa, e não tão definitiva assim. Os
únicos pontos inquestionáveis na halachah para uma conversão masculina são três: circuncisão
(Brit); imersão (Tevilá) e aceitação (das Mitsvot). Estes são os únicos três pontos que a
halachah é unânime. Mas mesmo dentro destes três pontos, existem algumas regras que
definem a validade ou não de cada um destes itens. Mas antes de passar para estes
pormenores (que de certa forma interferem até mesmo na relação de quem é judeu pela
halachah) iremos adentrar na diferença entre Judeu e Não-Judeu, e desmistificar a opinião de
muitas comunidades, que tomam a sua tradição e seus costumes por Lei e acabam criando um
Judaísmo totalmente diferente do que esta na Torah e no Talmud.
Comumente se propaga a ideia de que Judeu é todo o que nasce apenas de mãe judia ou o que
se converte pela Halachah. Até aqui, se fosse exatamente isso que estivesse tanto na Torah,
como na sua interpretação jurídica (Talmud) como na própria tradição que muitos ortodoxos
propagam, o problema seria muito simples de se resolver. Mas vamos as alegações da tradição
ortodoxa. Os ortodoxos afirmam que Abraham foi o primeiro judeu, mas se isto é verdade,
quem o converteu? Pois como não nasceu de ventre judaico, logo teve de ser convertido. E a
conversão de Abraham deu-se em um longo período (processo de conversão) onde ele foi
aprendendo diretamente da voz de Deus o que viria a ser a religiosidade e espiritualidade
judaica. Tomando Abraham como o protótipo de judeu, sendo o primeiro e um converso, e
sendo o pai de todo o novo converso, analisamos o seu processo e o de seus filhos, netos e
bisnetos.
Abraham passou pelos três fatores acima, sendo a circuncisão o ultimo deles. Teve a aceitação
das Mitsvot do Eterno, como o relato bíblico deixa claro em vários pontos, mas a sua imersão
não está clara (mas como historiador), podemos entender que isso passou a ser um fator
externo, simbólico, para os próximos a serem convertidos, como fica claro na declaração do
Sinai, e nas leis que Moshe passou ao povo para regulamentar sua unicidade, deixando a
imersão (usada em vários casos diferentes) como um símbolo próprio (e não publico) de
arrependimento pelo o erro cometido. E por fim sua circuncisão, e de todos os homens de sua
família e dos que estavam sob sua tutela. Mas voltando ao fato da imersão, muitas halachot
sefaradim a dispensam no caso dos anussim, por entender que eles não tem de se arrepender
por estarem fora do judaísmo, pois foram forçados, e não por vontade própria, e aqueles que
saíram por vontade própria, estes sim teriam que a realizar. Outras halachot sefaradim falam
que o anussita deve sim imergir, como uma forma de se depurar dos males que a idolatria
causou ao respingar em sua vida. Ou seja, não obriga e nem exime a imersão, mas por via das
dúvidas, é recomendável que se faça como uma forma simbólica de estar se renascendo.
A partir de Abraham (considerado o primeiro judeu), porque seus dois filhos não são judeus e
apenas Itschaque? Muitos dirão que Ismael não era filho da Judia Sara, o que não esta correto,
pois a mesma segue uma prática de adoção espiritual ao estar diante de sua escrava no parto e
assumir o filho como dela e do marido, para que a criança seja considerada um filho legitimo
(pois Hagar sendo escrava, daria filhos bastardos). Mas Ismael não é judeu. O que fica claro
que não é apenas a linhagem materna que define, e sim a aceitação das Mitsvot, a filiação
judaica (por pai ou mãe) e a brit milá (apenas para os homens).
Um outro ponto fundamental é sobre casamentos mistos, pois até então o único convertido
era Abraham, sua esposa era ainda uma mesopotâmica, de origem politeísta, que foi
considerada uma conversa ao final do processo do marido apenas, e então temos o primeiro
casal de judeus. Esse ponto é validado no Talmud, onde na porção Yevamoth 45b, Rav Asi e
Rav Yoshua ben Levi concordam que se a mãe for uma não-judia e o pai for judeu, e a criança
dos dois for criada na tradição, basta ela apenas aceitar o jugo da Torah e realizar imersão para
a pureza familiar e será considerada uma judia, e o filho dos dois um judeu pleno.
Dos dois filhos de Abraham, apenas Itzchaque é considerado “judeu”, pois foi o único a seguir
o caminho de seu pai. Seus dois filhos, gêmeos (o que corrobora com a hipótese de que judeu
é por pai ou mãe ou conversão, e que além, disso deve aceitar as Mitsvot do Eterno), apenas
um, Yacov, é antepassado do povo judeu, pois Esav é pai de um dos povos inimigos de nossos
antepassados, mas que mesmo assim não devem ser jamais afastados da Torah de acordo com
o entendimento de Rambam, Sefer HaMitsvot, proibição de número cinqüenta e quatro.
Após Yacov, praticamente todos os seus doze filhos homens se casaram com mulheres não-
judias, mas todos os seus filhos são nossos antepassados, ou seja, judeus, pois aceitara as
Mitsvot e foram criados na tradição. Se a linhagem judaica fosse apenas por linha materna,
onde está a tribo da Filha de Yacov, Diná, a única filha mulher e pelo pensamento ortodoxo a
única a poder passar a judaicidade de nosso povo.
Na própria saída dos hebreus do Egito, sob liderança de Moshe, muitos egípcios que aceitaram
o jugo da Torah estavam entre os hebreus. E baseado nisso, na proibição de número cinqüenta
e cinco do Sefer HaMitsvot de Rambam, está claro que não devemos afastar os descendentes
dos egípcios de nosso meio, ou seja, dos egípcios que se converteram.
Podemos ver em várias partes da Torah, que mesmo sendo filho de pai ou de mãe hebréia, a
criança era considerada hebréia, israelita e finalmente judia, desde que aceitando as Mitsvot e
se fosse menino deveria ainda ter a circuncisão, e por fim, criado dentro da tradição. Mesmo
após o retorno do cativeiro da babilônia. Ao contrário do que reza a ortodoxia, não foi Ezha
que mandou que os israelitas se separassem de suas esposas estrangeiras e mandassem-nas
embora com seus filhos. Basta ler o livro de Ezha, capitulo 10, e veremos que isso foi
interpretado de forma errada por alguns rabinos:
“Então Sequenias, filho de Jaiel, descendente de Elam, disse a Esdras: Fomos infiéis ao nosso Deus, casando-nos
com mulheres estrangeiras, tomadas da população local. Apesar disso, ainda há esperança para Israel. 3 Nós nos
comprometemos, com o nosso Deus, a despedir todas as mulheres estrangeiras e os filhos que tivemos com elas,
conforme o conselho do meu senhor e dos que observam o mandamento do nosso Deus. Que a lei seja cumprida! 4
Levante-se, porque este assunto compete a você. Estamos do seu lado. Coragem e mãos à obra!"

Não foi ordem de Deus, mas sim promessa do próprio povo. Mas isto foi prometido, devido ao
fato destas mulheres serem e continuarem a ser idolatras, e passarem a crença da idolatria aos
seus filhos, como fica claro no capítulo anterior, onde os o texto afirma que estes que casaram
com estas mulheres é que abandonaram a fé no Criador, e mesmo assim, por serem judeus,
fizeram Teshuvah e retornaram ao seio do povo, de forma religiosa.
Se a judaicidade fosse passada só pelo ventre, não teria a discussão citada acima por dois
grandes rabinos, que concordam que mesmo a mãe sendo uma “idolatra”, se deixar a idolatria
apenas e aceitar as Mitsvot, seu filho com um judeu, sendo criado na tradição, será judeu de
fato e de direito. Rabi Yossef (Yabia Omer 1, Yoreh Deah 19), citando o Shulchan Aruch, que
por sua vez cita Rambam e Rif, e explora a questão, averiguando que no tempo Talmúdico
existiam várias diferenças com o tempo presente (no momento em que ele escreve), e muito
mais no tempo atual (agora). O exemplo que Rabi Yossef toma por base é que no tempo
talmúdico, a água usada em mikvê, por ser recolhida pela chuva ou através de canais vindos de
rios, a água não era tão límpida quanto a de hoje, o que permitia na época talmúdica que um
Bet Din estivesse presente na conversão de uma mulher, o que hoje em dia impossibilita,
devido a transparência da água, permitir que se veja a nudez da mulher.
Agora que comprovado esta que a judaicidade é tanto por pai quanto por mãe judia ou por
conversão (aceitação de Mitsvot, Brit Milá [homens] e Tevilá), os filhos são sempre judeus,
considerados naturais. Mas o fato que complica o entendimento de conversos é que na Torah
encontramos várias palavras traduzidas por “estrangeiro”, ou seja, para se referir ao não-
judeu.
A Torah fala, por exemplo, em Guer (peregrino) e o Nokheri ou Nekar (estrangeiro), mas na
própria questão do Guer, existem dois tipos diferentes, que são: o Guer Toshav (o peregrino,
que mora junto aos Israelitas, mas que não deseja se unir ao povo, pois sua estadia era
temporária), e o Guer Sedeq (o peregrino justo, aquele que pretende se unir ao povo, que
manifesta o desejo de se tornar um natural). Já o Nokheri, que literalmente significa “cortado”
do povo de Israel, ou seja, um estrangeiro de fato, um não-judeu, que apenas passavam por
Israel, mas geralmente nem pernoitavam. Vejamos que não foi usado o termo Goi, que hoje se
utiliza para designar um não-judeu, mas que na verdade significa aquela pessoa de uma das
setenta nações do mundo. Sendo assim, nem todo o Goi é igual.
Quando falamos em “prosélito”, na aquele que deseja se converter, não podemos nos
esquecer da Mitsvah positiva que manda que amemos o converso, mais do que o natural.
Então, o correto para prosélito, seria o termo Guer Sedeq, alguém que não nasceu judeu, mas
que se torna judeu, abdicando suas crenças anteriores para absorver nossas crenças. E como
se dá esta inclusão? Através de pontos fundamentais, como a aceitação das Mitsvot do Eterno,
a Circuncisão para os homens, e posteriormente se impôs a imersão ritualística (Tevilá) como
símbolo de purificação de uma vida de idolatria. Estes são os únicos três pontos fundamentais
que se deve exigir de uma pessoa que se converte, mas mesmo assim, requerem
entendimento para a sua aplicação.
Sendo homem, deve ter a circuncisão para confirmar o pacto com o Eterno, e isso é
indiscutível em qualquer linha que seja realmente judaica, independente se for ultra-ortodoxa
ou moderna, conservadora ou liberal, a circuncisão é inquestionável. O próximo fundamento é
aceitação de Mitsvot, ou seja, se deve ensinar aos Guer Sedeq o mínimo e fundamental da Lei,
para que ele saiba que é isso que deseja. A halachah fala somente em aceitar as Mitsvot, não
fala que ele, o Guer Sedeq, deve saber tudo de cor e salteado, mas sim que deve saber o
mínimo para tal aceitação, pois se souber tudo, pode ficar constrangido e desistir. E tanto a
circuncisão quanto a aceitação de Mitsvot devem ser conferidas pessoalmente por um Bet
Din? A ortodoxia diz que sim, mas a Halachah diz que é recomendável, mas não indispensável.
Vejamos o resumo de uma discussão Talmúdica sobre o fato: Rabi Hiya bar Aba diz que para
estes processos devem estar presentes três, mas não diz que devem ser rabinos, ou um Bet
Din, mas apenas três. Já no Talmud em Yevamoth 47b, fala-se apenas em dois. Em outras
partes do Talmud não fala em números, mas apenas que deva ter testemunha, e ai coloca-se
como uma nota de explicação a discussão proposta por Rabi Hiya, como um apêndice, uma
referencia, mas não como uma obrigação. Podemos dizer que em toda a seção Yevamoth,
encontramos estes pormenores, que salientam que Tanto a Brit Milá quanto a aceitação de
Mitsvot devem ser acompanhadas por testemunhas, mas a aceitação deve ser pelo Bet Din,
mas não necessariamente de forma presencial. Poderíamos entender que escrevendo uma
declaração e enviando ao Bet Din, o converso firma sua palavra a estes de que aceita as
Mitsvot. Primeiro problema resolvido onde não se tem um Bet Din presencial.
A solução para a Brit Milá é ser feita por um Mohel, mas caso de já ter feito antes de se
converter? Ou se na região não existir um Mohel? O Shulchan Hamelech, que é a compilação
do Shulchan Aruch, mas somente com leis referentes para as comunidades Sefaradim, que fala
que em ultimo caso, na impossibilidade de se conseguir um Mohel, ou um cirurgião judeu,
pode ser feito por um cirurgião não-judeu. O que entende-se que uma vez retirado o prepúcio,
ao aceitar as Mitsvot, sua Brit Milá estaria automaticamente validada, mas pode ser que por
convenção rabínica necessite da retirada de uma ou três gotas de sangue do local onde se
encontrava o prepúcio.
Resolvido dois dos três fatores necessários para a conversão, ou seja, a aceitação das Mitsvot,
tanto direta quanto indiretamente ao Bet Din, a circuncisão por Mohel ou por Médico,
assistido por Judeus, ou sem assistência tendo que ser validada diante de um Rabino,
passaremos a descrever o último passo que seria a Tevilá, a imersão ritual em um Mikvê.
Lembrando que se for mulher, apenas a aceitação e a tevilá (que veremos a seguir), pois esta
não possui prepúcio a ser retirado.
A Tevilá é realizada em Mikvê natural (rio, lago ou até mesmo mar) ou artificial (espécie de
piscina construída para este fim, e cheia de água da chuva). O converso após aceitar as
Mitsvot, entra na Mikvê até o pescoço e deve então mergulhar na água, mas no próprio
Talmud não se tem uma regra se a tevilá deve ou não ser feita na presença de testemunhas, e
ainda mais na presença de um Bet Din. Nas discussões citadas anteriormente, os Rabinos
envolvidos são categóricos e por mais que afirmem que deve ser diante de um Bet Din, deixam
aberta para outras possibilidades, tudo para não criar empecilho ao converso.
De acordo com o livro Sefer halakhot Gedolot , Leis de Circuncisão, p. 152, se o Guer Sedeq,
converso (homem ou mulher), se ao aceitar as Mitsvot em seu coração (e o homem for
circuncidado), e se tiver a prática de realizar imersão para a pureza familiar, é considerado
como tendo aceito Mitsvot e esta imersão válida como Tevilá com fins de conversão. Se esta
imersão torna-se válida, logo não é exigida a presença de um Bet Din para acompanhar a
Tevilá, ainda mais no caso de uma mulher.
Como já dissemos neste estudo, antigamente, como as águas recolhidas eram turvas, um Bet
Din poderia e até deveria acompanhar uma Tevila feminina, mas como hoje em dia tudo é
mais higiênico, e as águas em uma Mikvê artificial são transparentes, é teoricamente proibido
a presença de um Bet Din, para que não vejam a nudez feminina. Por respeito, a mulher pode
fazê-la só, ou na presença de uma testemunha mulher. Por mais que em Israel tenha-se o
costume atual de as mulheres realizarem Tevilá com roupões (o que iria contra, pois o
recomendável é estar nu), seria mais Halachico a imersão só ou com apenas uma testemunha
feminina.
Mas temos ainda outras opções de tevilá que validam a conversão. Pois como a Torah manda
que sempre se preserve a vida, e se for arriscado fazer a imersão durante o dia, pode-se fazer
a noite, e daí, por ser de noite se dispensa o Bet Din. A imersão a noite se considera ainda em
caso de estrema urgência, e que não se pode esperar pela chegada do Bet Din. Imaginemos
um converso, que após anos de estudo, Brit Milá, aceitação de Mitsvot, esta prestes a morrer,
não teria ele o direito de morrer como Judeu? Devido a sua dedicação?
Mas imaginemos que todo este processo se dá em um lugar onde não existe rio, lago, mar,
nem chove, onde exista apenas poços de água natural ou pequenas nascentes, como se daria a
Tevilá? Bom, o Rabi Nachmam de breslev fala-nos da realização de “lavagem do corpo”, onde
se derramaria sobre a pessoa, de uma vez, da cabeça para o resto do corpo, o equivalente a
12,5 litros de água, de fonte natural. Mas este procedimento deve ser apenas a ultima forma
de se realizar a tevilá, pois Tevilá é Imersão, e devemos imergir em água, a fim de renascermos
espiritualmente. E mesmo feito esta lavagem, assim que possível deve ser feita a Tevilá de
forma adequada.
Analisando os três pontos para a conversão de acordo com Torah, Talmud, e fontes Rabínicas,
iremos analisar o procedimento do United Beth Din para averiguar se o mesmo é condizente e
halachico.

O candidato a conversão (Guer Sedeq), passa pelos seguintes processos:


É-lhe explicado inicialmente o que vem a ser o Judaísmo, bem como suas implicações morais e
sociais, as principais Mitsvot a serem seguidas, bem como a mudança na vida que terá de ser
tomada, onde após esta analise o candidato opta por realizar o processo ou não (aqui temos a
aceitação de Mitsvot);
O converso se submete a um período de estudo onde irá aprender mais sobre judaísmo,
passará por questionários, entrevista e produção textual para comprovar seu aprendizado,
será incentivado a começar a prática e vivência religiosa (aceitação e compreensão de Mitsvot,
ou seja, a continuação do item anterior). Aqui se prova o compromisso da linha e a seriedade
do Bet Din;
O homem é informado do prazo para realizar sua Brit Milá, onde lhe é informado que deve
realizar com Mohel, caso não possa deverá fazer com médico e após deve oficializá-la perante
um dos Rabinos do Bet Din (pelo menos), o que caracteriza o mesmo que foi discutido no
estudo;
Por fim, não se dispensa a imersão em Mikvê, seja ele natural ou artificial, e na presença de
testemunhas, onde se deve documentar e enviar ao Bet Din, se este não estiver presente.

Como podemos analisar, o processo proposto pelo United Beth Din segue rigorosamente o que
pede a halachah, indo além do mínimo exigido e requerendo o que está na Lei, não aceitando
ajustes, mas apenas aplicando as discussões possíveis pela Halachah, como demonstrado no
presente estudo.
Sendo assim, esperamos que as duvidas sobre conversão de acordo com a halachah tenham
sido solucionadas, a fim de ficar claro para qualquer pessoa que deseje conhecer uma das
varias linhas judaicas, as que realmente são judaicas, pois todo o judaísmo verdadeiro deve
seguir o que se encontra na Halachah e principalmente na Torah. Em outras palavras,
toda a linha dita judaica, mas que dispensa um destes três itens (Brit Milá, Tevilá, Aceitação de
Mitsvá), ou que cria empecilhos ao converso não deve ser reconhecida como uma linha judaica
autentica, pois na própria Torah está escrito que a Torah é para toda a humanidade, e o
próprio Rambam descreve em seu Sefer Hamitsvot que não se deve afastar os Guerim que
desejam se juntar ao povo; coloca ainda como uma Mitsvá positiva o “Amar ao Converso”,
entre varias outras instruções sobre o ato de facilitar e não o de afastar.
Curso Judaísmo Básico
Aula 17
A formação de Rabinos

Nos estudos anteriores analisamos as situações para uma conversão, definidas pela Halachah e
pela Torah. Podemos identificar que o Judaísmo, como experiência religiosa, respeita acima de
tudo os Direitos Humanos Universais, e no tocante a situação do Brasil, esta em conformidade
com o que diz o artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Sendo assim, analisaremos neste
estudo o essencial e obrigatório para a formação de um Rabino, desde sua evolução histórica,
chegando a atualidade e a responsabilidade deste diante dos processos de conversão em
pleno século XXI.
O que é um Rabino? O uso da palavra Rabino, proveniente de Rabi ou Ribi (meu mestre), tem o
significado de Nosso Mestre, Nosso Professor (Rabeinu), e só se popularizou a partir do século
II da era comum, e até este momento, nossos sábios e profetas não recebiam um título de
honra. Com o passar do tempo o significado do título e seus requisitos evoluíram de forma
natural (como o judaísmo como um todo). Erroneamente acredita-se que um Rabino seja um
sacerdote dentro do judaísmo, mas isto é um grande erro. Os sacerdotes (Cohanim) eram
exclusivamente da tribo de Levi e descendentes diretos de Aharon, e seriam os únicos
oficiantes do Tabernáculo e depois do Templo em Jerusalém. Uma vez que não mais
possuímos nem o Tabernáculo e nem o Templo, a instituição sacerdotal deixa de existir. Mas
então, o que é um Rabino?

A Enciclopédia Judaica afirma:


“O título ‘Rabi’ é usado pelos sábios da Palestina [sic], que foram ordenados lá pelo Sanhedrin de acordo
com o costume herdado pelos anciãos, e eram denominados de ‘Rabi’, e recebiam autoridade para
julgar casos penais; enquanto ‘Rab’ é o título dos sábios babilônios, que receberam sua ordenação em
suas escolas. As gerações mais antigas, contudo, que eram bem superiores, não tinham títulos como
‘Raban’, ‘Rabi’ ou ‘Rab’, nem para os sábios babilônios nem palestinos *sic+. Isto é evidente pelo fato de
Hillel I, que veio da Babilônia, não ter o título ‘Raban’ prefixado ao seu nome. Dos profetas, também,
que eram muito eminentes, é simplesmente dito ‘Ageu o profeta’, etc… o título ‘Raban’… foi primeiro
usado para Gamaliel o ancião, Raban Simeão seu filho, e Raban Yohanan ben Zakai, todos os quais eram
patriarcas ou presidentes do Sanhedrin. O título ‘Rabi’ também, veio a ser usado por aqueles que
receberam a imposição de mãos naquele período, por exemplo, Rabi Zadok, Rabi Eliezer ben Yaakov, e
outros, e data do tempo dos discípulos de Raban Yohanan ben Zakai adiante. Agora a ordem desses
títulos é a seguinte: ‘Rabbi’ é maior do que ‘Rab’; ‘Raban’ novamente, é maior do que ‘Rabi’, enquanto o
simples nome é maior do que ‘Raban’. Além dos presidentes do Sanhedrin, ninguém é chamado de
‘Raban’.” (Rabbi, Jewish Encyclopedia)

Vejamos que o título de Rabino está mencionado como sendo a continuação de duas
instituições judaicas antigas: Anciãos (Zeqanim) e Juízes (Shofetim). Os Anciãos eram
naturalmente os lideres tribais familiares, que é a primeira instituição histórica de poder, e
ainda hoje mantida por sociedades tribais (indígenas, aborígenes, africanas, etc), enquanto
que os Juízes eram escolhidos primeiramente entre os Anciãos mais instruídos na Torah, e que
se tornaram os primeiros auxiliares de Moshe no tocante a aplicação das leis. Sendo assim,
podemos afirmar categoricamente que os Rabinos atuais são a evolução natural dos Juízes
bíblicos, e com isso, analisando o Tanakh, no que diz respeito ao livro que conta a história dos
primeiros Juízes que comandaram (após Josué) a conquista da Terra Santa, podemos confirmar
a presença de Matriarcas servindo como Juízas, o que nos dá uma base legal e histórica para a
instituição de Rabinas, visto que o título não é sacerdotal e sim de legalidade.
Os primeiros Juízes foram escolhidos por Moshe, que após lhes impor as mãos, passam a servir
o povo na condição de árbitros e interpretes da Lei, passando esta função aos seus sucessores
através da repetição do mesmo ato, ou seja, a imposição de mãos (Semichá).
As Origens da Semichá. Embora o próprio título é um desenvolvimento mais recente, a
ordenação de líderes espirituais (e não sacerdotais) começou na aurora da história judaica. A
forma original de ordenação foi transmitida de Mestre para Discípulo em uma cadeia
ininterrupta atingindo todo o caminho de volta para Moisés. Semichá Clássica assegurava que
o estudante era o próximo elo na tradição começada no Sinai e autorizava-o a julgar casos que
envolveriam algum tipo de punição punitiva, ou interpretação da Lei.
O primeiro a ser assim ordenado era Josué. Moisés colocou as mãos sobre ele, como diz o
versículo: "E ele colocou as mãos sobre ele e ordenou-lhe, de acordo com o que o Eterno tinha
falado". Da mesma forma, vemos que Moisés ordenou os 70 juízes, embora sem qualquer
menção de "imposição das mãos". A imposição física de mãos não foi continuada nas gerações
posteriores, e a Semichá passou a ser transmitida simplesmente pelo ato de tratar a pessoa
como "rabino" e dizendo-lhe: "Você está ordenado e você tem o poder de tornar o
julgamento, mesmo em casos envolvendo penalidades financeiras". Josué e os 70 anciãos
ordenaram outros, e eles por sua vez ordenaram a outros, dando aos seus discípulos a
Semichá. Esta tradição continuou até a era talmúdica, quando os sábios eram capazes de
traçar uma linha direta por todo o caminho de volta para os tribunais de Josué e Moisés.

Condições para uma Semichá Clássica.


A Semichá Clássica era a forma de ordenação instituída primeiramente nos tempos bíblicos e
mantida até os primeiros momentos da diáspora. E se analisada forma com que era instituída,
podemos concluir a forma como deve ser observada na atualidade. Vejamos algumas formas e
exigências de sua execução:
● A Semichá deveria ser transmitida de um “ordenado” para o seu ordenando, na presença de
pelo menos uma testemunha (algumas literaturas falam em duas testemunhas), onde apenas
se exige que o que transmite a Semichá que a tenha recebido. No caso de Rabinos da
atualidade, exigir-se-ia que um rabino transmitisse a Semichá a um futuro Rabino na presença
de pelo menos outro judeu (não necessário que seja outro Rabino).
● Tanto o Rabino ordenado e aquele que receberia a ordenação teriam que estar presentes na
Terra de Israel, mas eles não eram obrigados a estar na presença um do outro. A ordenação
poderia ser concedida através de uma mensagem oral ou escrita. Sendo assim, na atualidade,
não sendo a Terra de Israel uma pátria Hebraica como nos tempos bíblicos, estando ainda os
judeus no exílio, a exigência de estarem, Ordenado e Ordenador presentes em Israel deixa de
ser necessário, podendo estar ambos em cada parte do planeta, e se servindo da premissa de
que apenas a ordenação através de uma forma de comunicação física seja necessária para que
a Semichá torne-se válida.
● Enquanto uma pessoa poderia ser ordenada para atuar apenas em uma área específica da lei
judaica, outra poderia ser ordenada a ser um especialista e qualificado para atuar em todas as
áreas. Existia assim a ordenação atuar em matéria de kashrut, referido-se como "Yoreh Yoreh,"
"O que ele decidir? Ele pode decidir!", para atuar em relação às questões monetárias, "Yaddin
Yaddin" "O que ele julgar? Ele pode julgar!". Na atualidade temos especialistas em questões de
Kashrut, Soferim, Mohelim, e para questões mais amplas que ficam a cargo do Rabino
propriamente dito.
● A Ordenação da Semichá poderia ser específica para uma função e ter ainda uma validade.
Hoje só não temos mais a ordenação temporária, mas a especificidade para uma determinada
função ainda se possui.
● Não havia limite de quantas pessoas poderiam ser ordenados ao mesmo tempo. Na verdade,
o rei Davi ordenou 30.000 pessoas de uma vez! Hoje é o que acontece em uma Yeshivá, onde
uma turma de Rabinos pode ser ordenada de uma só vez.
● Originalmente, quem foi ordenado, por sua vez ordenava seus alunos. Mas, durante os
tempos de Hillel, o Velho (BCE 1 º século), como um gesto de respeito aos remanescentes da
casa de David, os sábios só poderiam receber a Semichá mediante a autorização expressa do
líder judeu da geração. Como hoje, por mais que se saibam as pessoas descendentes da Casa
de David, esta proibição esta em desuso, e como foi apenas um gesto de respeito pelos
Exilarcas, não teria força de Lei para voltar a vigorar nos dias atuais, e que assim seja. Ao
mesmo tempo, os sábios também instituíram que o príncipe judeu não deveria transmitir a
Semichá a menos que ele fosse acompanhado pelo presidente do tribunal rabínico, o Av Beit
Din, e que os líderes dos Batei Din não devessem transmitir a Semichá a menos que
acompanhados do príncipe. Os outros sábios, no entanto, poderiam transmitir a Semichá por si
só depois de receber licença do príncipe, desde que fossem acompanhados por outros dois.
Atualmente, não existindo mais a instituição do Exilarcado, ficam isentos desta premissa, ou
seja, o Av Beit Din tem a autoridade e liberdade de transmitir a Semichá sem a presença de um
representante da Casa de David.
Os primeiros rabinos na Mishná e Talmud a receber o título de Rabi, Rab e Rabban, sendo que
Rabi foram ordenados na Terra de Israel pelos nossos Sábios, como herdeiros diretos da Torah
de Moisés, tendo recebido autoridade para julgar casos penais. Já o termo Rab foi usado pelos
sábios babilônicos, que receberam a ordenação em suas próprias escolas na diáspora,
passando o título de Rab aos seus discípulos. Uma vez que não foram ordenados em Israel, a
sua capacidade de governar era restrita e não incluía casos envolvendo danos punitivos (penas
capitais). Por sua vez, O primeiro a ser chamado de "Raban" foram Raban Gamaliel, o Velho,
(morreu por volta de 50 dC), Raban Simeão, seu filho, e Rabban Yochanan ben Zakkai (morreu
por volta de 74 dC).
Os primeiros a serem chamados de "rabino" foram o rabino Tzadok, o rabino Eliezer ben
Yaakov, e outros discípulos de Rabban Yochanan Ben Zakai: o rabino Eliezer ben Hurkenus, o
rabino Yehoshua ben Chananya, Rabi Yossei HaKohen, Rabi Shimon ben Netanel, e Rabi Elazar
ben Arach. Desta forma poderíamos na atualidade usar os termos “Rabino”, “Rabi” e “Rab” a
fim de identificar todos os que se encaixam no que colocamos acima neste estudo. Já o título
de Rabban devem ser restritos apenas aos grandes sábios da geração.

O Fim do Semichá Clássica


Podemos, de forma breve, afirmar que após a revolta fracassada de Bar Kokhba (132-135 dC),
o imperador Adriano tentou colocar um fim permanente ao Sinédrio e por sua conseqüência a
Semichá, que ele via como uma tentativa dos judeus de autogovernarem-se. O imperador
decretou que quem realizá-se ou recebesse a ordenação deveria ser condenado à morte. Além
disso, a cidade em que a ordenação tivesse lugar deveria ser destruída. A transmissão da
Semichá de fato teria sido completamente perdida naquele momento, não fosse o auto-
sacrifício do grande sábio rabino Yehuda Ben Bava. Ouvindo o decreto, o rabino Yehuda levou
cinco estudantes do rabino Akiva, o grande sábio que tinha acabado de ser martirizado pelos
romanos, e sentou-se entre duas montanhas. Quando os romanos os descobriram, o rabino
Yehuda gritou para os alunos: "Meus filhos, fujam!" Os alunos responderam: "Nosso professor,
o que será de você?" Ele respondeu: "Eu sou colocado diante deles como uma pedra que não
pode ser virado. "Diz-se que os romanos não deixaram o local onde haviam encontrado o
rabino Yehuda Ben Bava até que ele tivesse sido perfurado com trezentas lanças, deixando-o
como uma peneira. Mas, então, os rabinos recém-ordenados estavam fora do alcance dos
romanos. Os nomes dos cinco alunos eram: o rabino Meir, o rabino Yehuda (bar Ilay), rabino
Shimoen, o rabino Yossi, e rabino Elazar ben Shamua. Segundo alguns, o rabino Nechemiá foi
ordenado lá também.
Embora a Semichá tivesse sido salva temporariamente, tornou-se cada vez mais difícil de
cumprir todas as suas necessidades, especialmente porque uma grande parte dos sábios
viviam na Babilônia, e, como mencionado, um rabino só poderia ser ordenado na Terra de
Israel. Não está claro exatamente quando a Semichá clássica cessou completamente. Segundo
alguns, ela terminou nos dias de rabino Hilel, que se tornou o líder dos judeus em torno de 359
dC. Rabino Hillel previu o fim da ordenação rabínica clássica, e, vendo que o método utilizado
para santificar o novo mês exigia rabinos ordenados, estava em perigo, ele estabeleceu o
calendário conjunto que usamos até hoje. Outros são da opinião de que alguma forma de
ordenação clássica continuou por muitos anos depois disso. Eles apontam para cartas de Rabbi
Tsemach Gaon (9 º século) e Rabi Chaninia Gaon (século 10), o que implica que em seus dias,
danos punitivos foram ainda julgados na Terra de Israel, algo que só um com a Semichá
poderia ser executado. No entanto, outros apontam para cartas de rabino Yehuda ben-Barzilai
de Barcelona (11 º -12 º séculos) que parecem implicar que, mesmo em seus dias havia algum
tipo de Semichá em Israel.

Renovação da tentativa de reestruturar a Semichá Clássica


Após a expulsão espanhola de 1492, muitos judeus permaneceram na Espanha, aceitando
nominalmente o cristianismo enquanto praticavam seu judaísmo em segredo. Milhares desses
judeus conversos finalmente escaparam da Espanha, imigraram para Israel e outros países,
onde eles poderiam novamente praticar o judaísmo abertamente, mas o medo de não terem
como expiar as faltas cometidas até então os assombrava constantemente. No ano de 1538, o
rabino Yaakov Beirav, o principal rabino de Safed Israel, sendo ele próprio um refugiado da
expulsão espanhola, surgiu com uma solução original para este problema. Ele propôs a criação
de tribunais judaicos que iriam realizar a punição de malkos, chicotes, que libera alguém do
decreto de karet. Essa punição, no entanto, só poderia ser administrada por um rabino
ordenado com a forma original, A Semichá Clássica. Como parte de seu plano, o rabino Beirav
procurou restabelecer a Semichá clássica com base em uma decisão de Rambam que dizia que
se todos os sábios da Terra de Israel consentiam em nomear juízes e conceder-lhes a
ordenação, a Semichá estaria de volta. Estes juízes poderiam, então, julgar casos envolvendo
penalidades e transmitir a Semichá a outros.
Depois de muita deliberação, 25 sábios de Safed ordenaram o rabino Yakov Beirav com a
Semichá recém restabelecida. Rabino Beirav então enviou Rabbi Shlomo Chazan a Jerusalém
para informar os sábios de lá do restabelecimento da Semichá e ordenar como rabino o rabi
Levi ibn Chaviv, (conhecido como o Ralbach), com os mesmos poderes concedidos a ele. Mas o
rabino Levi ibn Chaviv rejeitou a Semichá recém-criada, alegando, entre muitas outras coisas,
que quando eles não poderiam ter restituído a Semichá, pois não teriam o consentimento de
todos os sábios de Israel. A troca amarga entre os dois rabinos se seguiu, e um debate
irrompeu entre os dois campos. Em meio a esse debate, os membros da oposição informaram
o governo turco que por reviver a Semichá, Rabi Beirav teria a intenção de restabelecer o reino
de Israel e se rebelar contra eles. Temendo por sua vida, o rabino Beirav decidiu fugir para o
Egito. Antes de fazer isso, no entanto, ele concedeu a Semichá a quatro de seus discípulos
principais: rabino Yosef Karo (autor do Shulchan Aruch), o rabino Moshe de Trani, o rabino
Abraham Shalom e o rabino Israel de Curial. Rabino Yosef Karo passou por sua vez a Semichá
para o rabino Moshe Alsheich, e este por sua vez, ordenou mais tarde o rabino Chaim Vital (o
principal discípulo do grande cabalista Rabbi Isaac Luria, conhecido como Ari).
Não há nenhum registro deste processo de ordenação renovado mais longe do que o rabino
Chaim Vital. E embora tenha havido uma série de tentativas adicionais para renovar a Semichá
clássica, nenhum deles ganhou tantos créditos e nem incluiu tantos sábios proeminentes como
a tentativa do rabino Yaakov Beirav. Parece que os líderes judeus não adotaram essas
tentativas, em deferência à opinião de que a ordenação clássica só seria restabelecida durante
a era messiânica.
É claro que Semichá clássica não existe ou não é possível hoje em dia. E isso nos leva a uma
pergunta óbvia: Nós ainda temos muitos rabinos, então o que é exatamente a Semichá
moderna? Quem chega a ser chamado de Rabino?

A Ordenação Rabínica Hoje.


Apesar da cessação da Semichá clássica, rabinos continuaram a ser ordenados ao longo das
gerações. Esta forma reduzida da ordenação foi necessária, pois é proibido para um estudante
se estabelecer como uma autoridade na lei judaica sem a permissão explícita do seu professor.
A ordenação rabínica passou a significar simplesmente que o aluno tinha recebido permissão
de seu professor para tomar decisões haláchicas. Alguns são da opinião de que a ordenação
rabínica hoje em dia é uma lembrança da antiga Semichá clássica (que como colocamos nos
pontos citados anteriormente, e fazendo um paralelo do ontem com o hoje, pode ser
entendida como tal). Por isso, acreditam que ao conceder a ordenação rabínica, deve-se tentar
cumprir tantas exigências da Semichá original quanto for possível. A maioria, no entanto,
acredita que a ordenação hoje em dia não tem qualquer ligação com a Semichá original. De
acordo com esta opinião, não há necessidade de ser qualificado em todas as outras áreas do
direito, a fim de receber a ordenação.
Embora se possa receber a permissão para atuar em qualquer uma área particular da lei
judaica, hoje em dia, na maior parte, existem dois níveis de ordenação. A mais básica,
chamada "Yoreh Yoreh," autoriza o destinatário a pronunciar-se sobre questões de kashrut e
áreas afins da lei judaica que diz respeito à vida diária básica. O nível mais avançado de
Semichá é chamado de "Yoddin Yoddin", e autoriza o seu destinatário para atuar como um
dayan, ou seja, um juiz em questões legais e financeiras.
Finalmente, deve-se salientar que, enquanto muitos que usam o título hoje são de fato
qualificados para decidir e responder a perguntas, "rabinos" têm proliferado muito ao longo
do século passado. Na atualidade existem, como já mencionado neste estudo, escolas que
formam rabinos, as chamadas yeshivot (plural de yeshivah – escola), mas estas não são as
únicas formas de se tornar uma pessoa em Rabino. Como vimos, se seguirmos os critérios
utilizados no passado, um Rabino pode ser ordenado ainda através da transmissão lhe
outorgada por outro Rabino, na antiga relação de Mestre X Discípulo, onde o candidato a
rabino estuda com um rabino já formado, e no final do programa de estudos, o professor
(Rabino) confere a Semichá, dando total autoridade para atuar como Rabino em todos os
casos que a lei judaica requer. E por fim, a terceira forma de na atualidade se ter um Rabino
em uma comunidade é justamente a aclamação da própria comunidade. Nesta forma, a
comunidade delibera e elege para si um Rabino, baseado no texto do Pirke Avot: “Rabban
Gamliel costumava dizer: Estabeleça para ti um mestre e abstenha-se da dúvida; ”. Muitas
comunidades européias, tanto ashkenazim (principalmente) quanto sefaradim, se utilizam
ainda desta forma de ordenarem seus rabinos, através com consenso da comunidade em
torno daqueles que são os mais sábios e éticos para procederem de acordo com os ditames da
Lei.
Hoje em dia esta se esquecendo (por ignorância ou por más intenções) as três formas de se
formar um Rabino, e prega-se de forma errônea a obrigatoriedade de estudar em Yeshivah
para ser ordenado, esquecendo que qualquer Rabino tem o poder pela Lei para ordenar seus
alunos como Rabinos, e assim sucessivamente; bem como a aclamação comunitária, que acaba
ganhando força de Lei, uma vez que a comunidade segue o preceito dos Sábios e escolhe para
si um Mestre, Rabino.
Infelizmente, os que pregam como única forma o estudo em escolas especializadas, na
verdade agem movidos pela usura, pela comercialização de algo em proveito próprio, fazendo
comércio de algo importante (que não deve ser comercializado), vendendo conversões,
Semichá, impedindo que pessoas sinceras possam cumprir a Torah. Desta forma, cabe a cada
um a obrigação de se instruir para que estas farsas não acabem por terminar de corromper a
fé de nossos antepassados.

Referencias:
O Talmud, Avoda Zarah 5a e Ben Yehoyada em Bava Metzia 85b-86a.
Talmud Bava Metzia 85b-86ª
Carta pelo rabino Sherira Gaon citado pelo rabino Nathan bar Yechiel em Sefer Haruch, sv Abaye.
Talmud Sanhedrin 13b.
Números 27:23.
Números 11:16 , 25.
Maimonides, Hilchot Sinédrio 04:02.
Maimonides, ibid 04:01.
Talmud Sanhedrin 13b-14a;
Maimonides, Hilchot Sinédrio 04:05.
Rabino Shmuel Tuvia Shtern em Sefer Chukas
Maimonides Hil. Sinédrio 4:6;
Talmud ibid.
Talmud Sanhedrin 5a-b.
Maimonides ibid 4:8,
Talmud Sanhedrin 5a.
Talmud ibid 5b.
Talmud de Jerusalém Sinédrio 10:02.
Talmud de Jerusalém Sinédrio 01:02.
Carta pelo rabino Sherira Gaon ibid.
O Tosefta para Ediyot 03:04 dá uma explicações alternativas dos títulos "Aquele que tem discípulos e cujos
discípulos voltar a ter discípulos é chamado de 'rabi'; Quando os discípulos são esquecidos [isto é, se ele é tão
antigo que até mesmo seus discípulos imediatos pertencem à época passada] que ele é chamado de "Rabban ';
e quando os discípulos de seus discípulos também são esquecidas, ele é chamado simplesmente pelo seu
próprio nome. "
Pirke Avot 01:16
Ibid 01:18.
Ibid 02:08.
Ver carta pelo rabino Sherira Gaon citado pelo rabino Nathan bar Yechiel em Sefer Haruch, sv Abaye;
Pirke Avot 2:09.
Talmud Sanhedrin 14a.
Rabino Moshe Ben Nachman, Nachmonidies, em Sefer HaZechus Talmud Gitin 18a do Rif e seu comentário ao
Talmud ibid 36a; Sefer Haterumah Shaar 45; Rabeinu Nissim 20a de Rif para Talmud Gittin.
Veja Responsa impresso no Kovets Shaarei Tsedek p. 29-30.
Veja Sefer ha-Sheṭarot p 132.
Talmud Makot 23a.
Maimonides leis do Sinédrio 4:11; comentário à Mishná, Sinédrio 01:03.
Veja 'Kunteres hasemichah »impressa em Responsa pelo Rabino Levi ibn Chaviv, Kunteres 1 -. 3 e Igeres
Hasemicha pelo rabino Yaakov Beirav impresso no Kunteres hasemichah'
Veja Eretz Chaim pelo rabino Yosef Chaim S'thon, Choshen Mishpat 1
Birkei Yosef, Choshen Mishpat 01:07.
Ramban, Ashe 153 (como é entendido pelo Rabino Levi ibn Chaviv em Kunteres Hasemicha), Rabi Sholomo
ben Aderes - Rashba no Talmud Bava Kama 36b, o rabino Yom Tov ibn Asevilli - Ritva e Nemukei Yosef no
Talmud Yevomos 122b. Veja também comentário do Rabino Dovid ibn Zimra-Radbaz a Mishná Torá, Hilchot
Sinédrio 04:11 onde ele escreve que a razão desta nova ordenação deixou foi por causa da oposição do Rabino
Levi ibn Chaviv.
Maimonidies, Hilchot Talmud Torah 5:2-3; Shulchan Aruch, Yoreah Deiah 242:4.
Responsa pelo rabino Moshe Isserlis 24 eo rabino Moshe Sofer (Chasam Sofer) Mesmo Haozer vol. 2
Responsa pelo Rabino Yitzchak bar Sheshet, Rivash, 271; brilho do rabino Moshe Isserlis para Shulcan Aruch,
Yoreh Deiah 242:14; Arukh HaShulchan Yoreh Deiah 242:29.
Veja também Responsa pelo rabino Meshulam Rothe, Kol Mevaser, 1: 12, em que ele observa a aparente
contradição entre os dois pontos de vista expressos pelo rabino Moshe Isserlis (ver notas 26-27) e explica que a
visão de Rabi Isserlis 'que se encontra em o brilho do Shulchan Aruch é a sua palavra final sobre o assunto.
Arukh HaShulchan Yoreh Deiah 242:29.
Talmud Sanhedrin 5a.
Veja Shaar Halachá Uminhag vol. 4 p 104-5; sefer Haminhagim p. 75.
Curso Judaísmo Básico
Aula 18
O que é Kashrut

Kashrut é o corpo da lei judaica que trata de quais alimentos podem ou não podem sem
ingeridos e como estes alimentos devem ser preparados e consumidos. "Kashrut" vem da raiz
hebraica Kaf-Shin-Resh, ou seja, em forma, bom ou correto. É a mesma raiz que a palavra
"kasher", que significa “Apropriado”. A palavra "kasher" (e não kosher como dizem os
ashkenazim) também pode ser usada, e muitas vezes é usada para descrever objetos rituais
que são feitas de acordo com a lei judaica e próprios para uso ritual.
O alimento que não estiver de acordo com a Kashrut é chamado Terefá, ou seja, dilacerado,
rasgado (em referencia a proibição bíblica de não se comer carne de animal dilacerado) ou
apenas “inapropriado”. Os alimentos inapropriados estão descritos na Torah da seguinte
forma: Inapropriados todos os animais que não possuem casco fendido e que ruminam, ou
seja, apenas podemos comer mamíferos ruminantes e que tenham o casco fendido. O camelo
é ruminante, mas seu casco não é fendido, logo não é kasher. Repteis, roedores, anfíbios e
insetos são todos proibidos (com exceção do grilo e do gafanhoto). Dos animais marinhos (e
isso inclui água doce também) apenas são permitidos os que tiverem escamas e barbatanas, o
que exclui definitivamente moluscos, todos os frutos do mar e peixes de couro, bem como os
mamíferos marinhos, os tubarões e arraias (são peixes, mas não tem escamas).
Quanto as aves, os critérios da Torah são menos claros, mas o que se tem certeza pelos
exemplos é que são proibidas todas as aves de rapina, ou seja, só se permite aves que sejam
herbívoras, como galináceos em geral. Ovos, leite, carne, lá e pelo destes animais também são
proibidos.
Relativo a alimentação, podemos diferenciar os alimentos kasher da seguinte forma:

Carne: de animais considerados kasher e que foram abatidos de acordo com a lei judaica. Um
corte certeiro e profundo do lado da garganta para que o animal não sinta dor (ou o mínimo
possível), com uma faca utilizada apenas para este fim, bem afiada, sem ranhuras ou quebras.
Drenagem de todo o sangue e posterior averiguação se o animal estava bem de saúde (interna
e externa). Retirada a gordura (que envolve os órgãos como o fígado e órgãos vitais), o nervo
ciático; lavagem e salgamento da carne para que nada de sangue permaneça (o fígado ainda é
grelhado separado para exterminar qualquer partícula sanguínea);

Aves devem ter as seguintes partes retiradas: penas, cabeça e pescoço, veias, pontas das
assas, o pé, órgãos internos. Fígado, rins, moela e coração devem ser inspecionados (o fígado
grelhado a parte). Depois acontece a lavagem e o salgamento;

Leite apenas de animais casher;

Alimentos Parve
Parve é um conceito que significa “neutro” e que não são considerados nem carne e nem leite,
como por exemplo: peixes, ovos, frutas, hortaliças, grãos, cereais e sucos naturais. Ovos ainda
devem passar por uma outra observação que é a de não conterem vestígio de sangue. Como
se faz isso? Se cozinha vários ovos juntos, sempre em numero impar e ao se descascar se
verifica se não possui mancha escura (vestígio de sangue). O ovo que tem este vestígio é
descartado e os outros podem ser consumidos.
Não se deve misturar carne e leite na mesma refeição. Se ingeriu leite primeiro, deve-se lavar
bem a boca e as mãos, recitar a benção final da refeição e esperar entre meia hora a uma hora
para ingerir carne. Se ingeriu carne primeiro, lava-se a boca, comer pão e beber liquido
(esperar entre 4 a 6 horas, de acordo com o costume).
Os peixes, sendo kasher, devem ser pescados ou adquiridos inteiros, e em casa se faz a limpeza
do mesmo. Caso não se possa comprar inteiro, verificar na peixaria ou açougue se o peixe é
fresco e saudável. Se for comprar em postas ou filés devem ser comprados de um lugar de
confiança, com certificação (da anvisa mesmo, por questão de higiene). O mesmo para
alimentos embalados. Peixes podem ser comidos com carnes ou com leite, pois são
considerados parve.
Vegetais em geral devem passar por verificação afim de retirar toda e qualquer presença de
inseto.

Uva e seus derivados


Uvas e seus derivados (incluindo o vinho) devem ser todos manuseados por judeus shomer
Shabat (e somente consumidos por eles, diga-se da passagem), ou por um judeu que não seja
idolatra, ou então não ter contato com mãos humanas. Isto vale para balas, refrescos,
guloseimas, geleias, etc. Mas se apropria pessoa colher as uvas, lavar, amassar, e ai fazer os
derivados como sucos, geleias, molho, não tem problema algum dela mesma consumir. Caso
não possa procure uma boa marca, de qualidade, que seguirá padrões mundiais de higiene (e
na maioria dos casos são regras da Kashrut).

Vinho kasher
Uma grande polêmica esta no vinho, que para ser kasher, não precisa passar por uma série de
situações que os ultra ortodoxos impõem.
O vinho, sendo feito, ou melhor, se em seu processo não tiver contato com mãos humanas, é
considerado kasher, independente de ter ou não um selo kasher. Sendo assim, uma boa
vinícola, que tenha reconhecimento internacional é apropriado para realizar kidush. Já um
vinho caseiro (ou colonial como se diz no sul do país) deve seguir as regras descritas para a
uva.
Lembre-se, não existe proibição de vinho na Torah e nem no Talmud, apenas a instrução de
não se consumir o vinho que era destinado para cultos idolatras. No período dos gregos e
romanos, estes dedicavam o vinhedo aos deuses, fazendo sacrifícios de sangue junto com o
vinho, vindo a usar o vinho fabricado assim para suas orgias (o que não se utiliza em nenhum
vinhedo da atualidade).
A denominação de vinho kasher é rabínica, e sendo assim, pela halachah, toda vez que um
rabino (ou rabinos) cria uma proibição (que não consta na Torah, e que não vá de encontro a
mesma), deve criar também permissões ou exceções a proibição, pois os rabinatos devem ter
limites, pois apenas a Torah é ilimitada.
Para o shulchan aruch, basta ver os ingredientes e saber se é kasher, sem mesmo a presença
de um rabino. Hoje em dia, como todo o vinho é pasteurizado, acaba tornando-se kasher.

Limitação rabínica
De acordo com esta regra, da limitação rabínica em relação a criação de regras além da Torah,
fica claro que os rabinos quando criam uma proibição devem criar as exceções. Exemplo: os
rabinos podem proibir o consumo de carne com leite (pois o mesmo não é claro na Torah),
mas devem permitir o consumo de seus derivados, uns com os outros, como por exemplo,
permitirem o consumo de um bife com queijo ou com pão que leve leite (mesmo que ultra
ortodoxos discordem), comer um strogonoff seria permitido, pois o creme de leite é derivado
do leite, e não o leite em si. É por isso que podemos comer mel (apesar de que o mel não é
considerado derivado da abelha, mas sim excreção. O mesmo vale para o famoso corante
carmim de cochonilha).
Em outras palavras, diz-se que os “rabinos só podem proibir a 1ª geração, e não a 2ª geração”,
ou seja, se proíbe a substância e não seus derivados (livres da questão de contaminação 1/60),
em todos os aspectos, inclusive com convertidos.
Curso Judaísmo Básico
Aula 20
As três rezas diárias
Amidá

Amidá (literalmente “em pé”) ou Shemoneh Esreh (dezoito) é o conjunto de orações


silenciosas que teria sido criada pelos 120 Rabinos que faziam parte da Grande Assembleia, e
que retornaram a Israel após o exílio da babilônia (no segundo Templo). Após a destruição do
Templo mais uma oração foi incluída por Rabban Gamliel II, ficando com dezenove, mas o
nome “dezoito” foi mantido. A Amidá substitui as oferendas realizadas no Templo. Recitadas
diariamente (nos dias normais), três Amidot iguais: Shacharit (manhã), Minchá (tarde) e Arvit
ou Maariv (noite). Compõem-se de três rezas iniciais de louvação, treze rezas seguintes de
petição e as três ultimas rezas de agradecimento. Antes de se iniciar a Amidá recua-se três
passos, retornando os três passos, pés juntos voltados para o nascente (Yerushalaim), recita-se
de forma silenciosa.
Durante a Amidá devemos nos curvar quatro vezes: no começo da primeira benção e no
começo da segunda benção em “modim anachnu lach”; na benção, mais para o final de “há-
tov shimcha”; e no final da ultima (19ª) benção quando dissemos “osse shalom” em voz alta,
retrocedendo três passos (começando com o pé esquerdo), nos curvando para a esquerda,
depois direita, depois a frente (em homenagem a Avraham, Isschake, Yacov). Devemos dar os
três passos para trás e após isso começar a recitar Ossé Shalom.

As três rezas diárias – explicações


O serviço religioso judaico, no caso das rezas diárias, substitui os sacrifícios e oferendas que
eram realizados nos Templo em Jerusalém. Por isso recomenda-se Kavaná (intenção) em
nossas orações, como se fossem oferendas ao próprio Criador. De nada adianta rezar apenas
pela reza, apenas pelo ato se não tivermos a intenção de nos conectarmos diretamente com
Aquele que nos criou. Recomenda-se que aquele que reza tenha, na medida do possível, um
ligar fixo e adequado, sem imagens nem gravuras (pinturas, estatuas, quadros), arejado, sem
apoios, pois devemos orar a Amidá sem nos apoiarmos em nada (a não ser que estivermos
doentes).
Rezamos voltados para o oriente, para onde se encontra Jerusalém, para o lugar do Templo.
Que nada esteja entre o fiel e a parede. Antes de começar os serviços de rezas, devemos
satisfazer as necessidades fisiológicas para que no momento da oração nada atrapalhe, e
possamos estar devidamente conectado e concentrado na ação que nos comprometemos de
realizar. Não devemos comer nem beber antes da oração, a não ser água ou remédios (a vida
sempre em primeiro lugar).
Caso aquele que usa talit e o mesmo vier a cair por completo, não deve recolocá-lo a fim de
não interromper a oração (nada deve interromper nossa oração), mas se caso apenas resvalar
um pouco, se não atrapalhar, podemos arrumá-lo.
A primeira reza chama-se Shaharit, e deve ser rezada a partir da aurora até quatro horas
depois do amanhecer (chamada terça aparte do dia). Como forma de adaptação para os
iniciantes, recomendamos que após a benção do despertar (Mode ani), a lavagem das mãos (e
depois de feitas as necessidades), comecemos pela recitação do Shemá Israel, que é a
confissão de fé de todo o judeu, a oração máxima de nossa liturgia, por ser completa em suas
instruções (o Shemá representa a própria Torah, nada nem outra oração deve ir contra as suas
palavras). Após, recitamos o Shemoneh Esreh, ou Amidá. Depois de realizado o serviço de
Shaharit, nosso dia começa. Podemos cumprir com nossas obrigações profanas.
A próxima reza ou serviço de oração diária que temos por dever chama-se Minchá, que é a
oração da tarde, e pode ser recitada em um dos seguintes horários: a partir de meio dia e meio
(Minchá Guedolá), ou a partir das quinze horas e trinta minutos (Minchá Ketaná), sendo este
último o melhor momento para a reza de Minchá segundo Rabi Yehuda. Deve-se lavar as mãos
antes de iniciar este serviço.
Segundo os Kabalistas, esta seria a oração mais difícil de ser realizada, primeiro pois, ao
contrário de Shaharit que se faz ao amanhecer e Arvit que se faz ao anoitecer, Minchá é uma
pausa na vida profana, no meio do dia de trabalhos e atividades mundanas. Ainda observam
que se torna difícil, mas recompensadora devido ao fato de que quando o Sol ultrapassa o
zenit, a alma humana já não esta mais animada de sentimento de gratidão como quando pela
manhã, devido a já ter passado meio dia de trabalho, e a cada momento que as trevas se
aproximam (anoitecer), somos tomados por um desejo de segurança. Para Minchá, após
lavadas as mãos, rezamos a Amidá apenas.
A última obrigação de todo o judeu é o terceiro serviço de oração (assim como existia no Santo
Templo), que para os Sefaradim chama-se Arvit. Como neste serviço recita-se o Shemá
(segundo do dia, “ao levantar e ao deitar”), costumasse iniciar a reza de Arvit após surgir a
terceira estrela no céu. Da mesma forma, a lavagem das mãos é fundamental. Rezamos o
Shemá seguido da Amidá, completando assim nossas obrigações diárias. Devemos sempre
lembrar que estes procedimentos estão de acordo com os Sidurim mais antigos das
comunidades Sefaraditas, e seguem o mesmo princípio de Rambam, ou seja, temos apenas a
parte obrigatória, a essência das orações apenas. Em muitos outros Sidurim, inclusive de
comunidades Sefaraditas, teremos muitas variações, como a inclusão de muitas orações antes
e depois das descritas aqui. Um último lembrete cabe aqui, que é o seguinte: de nada adianta
passarmos o dia inteiro rezando, e descuidando da vida, se estas mesmas orações não forem
de coração de nada adiantará. Pense nisso.

A legislação sobre a tefilá


Segundo o Mishne Torá, Rambam ressalta ser um preceito positivo o ato de rezar todos os
dias, conforme a explicação do texto de Ex. 23:25 “Servireis a Adonai teu Deus...”, por isso
cada pessoa deve rezar de acordo com suas capacidades. O Bet Din de Ezra, analisando o caso
dos filhos dos dispersos que tinham nascido na babilônia, e que tinham dificuldade em se
comunicar apenas pelo hebraico, misturando o hebraico com as línguas que se falavam na
babilônia (dialetos semitas), resolveu compor a Amidá a fim de facilitar o cumprimento desta
mitsvá.

Algumas observações importantes sobre a Lei de Tefilá e o Minchag Sefaradi:


 Quem teve pratica sexuais deve lavar todo o seu corpo para se purificar;
 Deve-se estar vestido, cobrindo as genitálias e o peito;
 Local apropriado, limpo, etc;
 Faça suas necessidades fisiológicas antes de rezar, para não rezar sem kavaná;
 Não reze embriagado;
 Curvar-se 05 vezes durante a reza: no princípio da primeira bênção e em seu final; na
ação de graças em seu princípio e em seu final. Ao término da oração, curva-se e dá
três passos para trás curvado, e despede-se à esquerda própria e, em seguida, à
direita, após o que levanta a cabeça [endireitando-se]. O curvar-se, fá-lo-á na palavra
"Barukh" ("Bendito"); o endireitar-se, no Nome [Divino]. Deve-se curvar todo o corpo,
como no formato de um arco.
 Prostrar-se: após levantar sua cabeça ao término da quinta vez na qual se curvara,
senta-se no chão e cai sobre sua face por terra, suplicando com todas as [formas de]
súplicas que quiser;
 Costume geral de Israel é de não se prostrar em Shabat e nem em Yom Tov. Somente
em Yom Kipur é que se deve se prostrar completamente;
 De acordo com Mishne Torá, capitulo 6, item 10, diz: mulheres, escravos e crianças são
obrigados ao preceito da Tefilá...

Basicamente, este é o principio chamado de Tefilá (oração) que deve ser cumprida três vezes
ao dia.
Curso Judaísmo Básico
Aula 21
Bênçãos
O ato de abençoar

O ato de abençoar os alimentos é um preceito positivo, mas não um preceito obrigatório pela
Torá, mas na verdade foi instituído pelos sábios. Os sábios nos ordenaram a bendizer antes de
todo o alimento e após estarmos fartos, saciados com ele.
O Mishnê Torá, em seu livro de bênçãos, capitulo 1 item 3 diz: “Assim como se bendiz pelo
deleite, também se bendiz por cada um dos preceitos, cumprindo-o em seguida. E, diversas
bênçãos decretaram os Sábios como enaltecimento e agradecimento, ou como petição, para
que o Criador seja sempre lembrado, mesmo que a pessoa não se deleite de nada, ou cumpra
algum preceito”, sendo assim, fica claro que todo o ato é precedido por uma benção de
agradecimento ou louvor.

Rambam ainda classifica as bênçãos em três categorias:


 Bênçãos de deleite;
 Bênçãos dos preceitos;
 Bênçãos de enaltecimento, gratidão e petição.

O formato das bênçãos, envolvendo tanto o nome do Criador quanto a sua lembrança, foram
instituídas pelo Bet Din de Ezra, por isso não é apropriado modificá-las como fazem alguns
movimentos judaicos. Os sábios ainda falam que podemos abençoar em qualquer língua,
desde que usando a benção apropriada para cada ação. Deve ser dita em tom de voz que pelo
menos possamos ouvir, e não apenas com os lábios como a Amidá.
Quando começa a recitar a benção, não pode interrompê-la até ter proferido por completo.

Alguns pontos devem ser considerados ao se proferir uma benção:


 A pessoa estando impura (por ato sexual, etc), pode proferir benção;
 A benção não pode ser proferida por pessoa desnuda. Mas se for uma mulher, estando
nua, pode proferir benção, desde que caia sobre seus joelhos e coloque sua face ao
solo;
 Após ouvir uma benção ser proferida, o que ouve deve responder amén, mas o que a
profere não diz amén;
 Só se abençoa alimentos que são kasher, e não se abençoa alimentos não apropriados;
 Bênçãos devem ser recitadas no lugar onde se come (alimentos), se está caminhando,
para e senta e abençoa;
 Pelo que se pode entender do item anterior, não se recita benção caminhando. Se
estiver caminhando deve-se parar, abençoar e realizar o ato.
 Mulheres estão obrigadas as bênçãos, já as crianças estão obrigadas a Birkat Hamazon
para serem educados nos preceitos. Sendo assim, é salutar se abençoar seguindo
sempre o mesmo principio. Todo o preceito decretado pelos sábios, sendo um
preceito obrigatório ou um preceito não obrigatório, deve ser precedido por benção
ao ser realizado. Exemplo: preceito obrigatório são as velas de Shabat, preceito não
obrigatório netilat yadaim.
 Segundo o próprio Mishnê Torá não existe nenhum preceito que deva ser abençoado
depois de seu ato, ou seja, primeiro abençoamos e depois realizamos o ato.
Enfim, deixamos um link onde pode ser baixado um pequeno manual de bênçãos, que pode
ser utilizado como forma de se familiarizar com o ato da bendição:
http://www.chabad.org.br/biblioteca/publicacoes/Manualbencaos/Manual_de_Bencaos.pdf
Curso Judaísmo Básico
Aula 22

Casamento
O casamento é o esteio fundamental dentro da cultura judaica, devido ao fato de a
religiosidade judaica ser transmitida no seio da família. Um ponto muito interessante, antes de
começarmos o assunto propriamente dito “casamento” é a argumentação encontrada no
Shulchan Hamelech sobre família. Segundo a obra, toda a família é considerada “kasher” até
que se prove o contrário, e é preferível se apartar de famílias ou pessoas que suspeitam de sua
própria linhagem, ou seja, se alguém levanta falso testemunho ou desconfiança de suspeita da
kesherut de sua família, se deve afastar esta pessoa que esta desconfiando, pois segundo a
própria continuação da argumentação do Shulchan Hamelech, todo aquele que levanta
suspeitas sobre alguém ou alguma família é porque este mesmo não tem uma família kasher e
por isso tenta denegrir o próximo. Também não se devem casar pessoas com uma grande
diferença de idade, por exemplo, um jovem com uma anciã ou um ancião com uma jovem.
Decididas as questões relativas a família e as relações proibidas, parte-se então para a
cerimonia de casamento, onde irá se oficializar a relação. As diferenças entre um casamento
judaico e um casamento cristão são várias: a ketubá é um documento, um contrato de
casamento e não uma certidão; tradicionalmente apenas a noiva usa uma aliança no dedo
indicador, ao contrário de ambos usarem no dedo anelar como na tradição cristã. A
semelhança é que a noiva também é o centro da cerimônia. Existem bênçãos após a chegada
da noiva; os noivos compartilham uma taça de vinho; é feita a leitura da ketubá, assinatura e
colocação da aliança; etc.
Existe o costume de os noivos não se verem durante a semana que antecede o casamento e de
jejuarem no dia que antecede a cerimônia. O casamento deve ser norteado pela “Shalom
bait”, ou seja, harmonia no lar. O esposo tem muitos deveres para com a esposa, entre eles o
de faze-la feliz em todas as situações da vida, amparando-a e respeitando-a.
Caso o casamento venha a acabar, requer-se que se redija um documento chamado get, ou
seja, um documento de divorcio, onde se oficializa o término na relação e liberando os noivos
para que possam iniciar uma nova relação. Em que casos se pode divorciar-se logo no primeiro
casamento? Quando a esposa comete atos de heresia ou de má comportamento, que causem
danos ao nome da família, seja adultera, imoral, etc. Já a esposa pode pedir divórcio nos
mesmos casos, e também se sofre agressões (o que pela lei, além de divórcio, o marido deve
ser castigado publicamente e expulso da comunidade), se o marido for estéril e esta desejar
filhos, etc.

Berit Milá
O Berit Milá é o sinal que todo o homem judeu deve possuir, e que se realiza aos oito dias de
vida do menino que nasce judeu, ou quando o adulto se converte ao judaísmo.
Simbolicamente é nossa assinatura no contrato de “parceria” que realizamos com o Criador. A
pele (prepúcio) que recobre a glande (cabeça do pênis) deve ser retirada. Atualmente a OMS
recomenda a circuncisão como forma preventiva para várias doenças masculinas e
sexualmente transmissíveis.
Quando o caso é de conversão, e o homem já esta circuncidado (devido a cirurgia de
postectomia) alguns rabinos podem exigir que se retire uma ou três gotas de sangue do local
da circuncisão. Isto é correto? De acordo com a Torah não exatamente, pois se analisarmos
que se exige a circuncisão ao oitavo dia do homem nascido judeu, e se o judeu por conversão
antes de se converter já a tinha, e se o derramamento de sangue é proibido pela Torah, logo se
entende que a circuncisão já esta feita, bastando apenas se desejar verificar se a mesma
existe, pois o que conferirá o ato final da conversão é a imersão, tevilá. Analisando ainda que a
Torah sempre nos recomenda que mantenhamos vida e a saúde, e que um procedimento
destes requer cuidado em adultos pela questão do sangramento, recomenda-se que a mesma
seja realizado por cirurgião, com a presença de uma testemunha que confirme que a Berit Milá
foi realizada. O próprio Shulchan Hamelech afirma que na falta de um mohel, a circuncisão
realizada por um não-judeu ou por uma mulher é válida, pois cumpriu-se o preceito.

Bar/Bat Mitsvá
A cerimonia de Bar ou Bat Mitsvá, ou seja, Filho ou Filha do mandamento acontece quando
o(a) jovem atinge sua maturidade religiosa, ou seja, aos doze anos mais um dia para a menina
e aos treze anos mais um dia para o menino. Neste dia tornam-se bnei mitsvá, filhos do
mandamento. O homem então é chamado pela primeira vez a realizar a leitura da Torah e
começa a ser contado para miniam. Para judeus reformistas, a menina realiza seu Bat Mitzvá
aos treze anos e com uma cerimonia idêntica ao do menino.
Algumas comunidades ortodoxas e ortodoxas modernas já aceitam miniam igualitário,
aceitando a leitura pública da Torah por mulheres, o que permite que o Bat Mitsvá seja
idêntico (tirando a questão da idade) entre homens e mulheres. Outras comunidades
recomendam então que a mulher faça a leitura de um texto do Tanakh em uma cerimonia, a
fim de demarcar a passagem da data, ou então que realize uma pesquisa e a exponha em uma
palestra/aula para a comunidade.
Devemos lembrar que esta cerimonia é algo moderno, que não consta nos períodos bíblicos e
nem talmúdicos. Por mais que a Mishná faça referência ao Bar Mitsvá, nunca descreve a
cerimônia como conhecemos hoje, o que implica que a mesma possa ser realizada de acordo
com o costume da comunidade.
Curso Judaísmo Básico
Aula 23
Morte, Enterro, Luto e Cherem

Na aula de hoje abordaremos uma temática muito complexa dentro do judaísmo: Morte.
Vamos analisar por partes, para tentarmos chegar a um entendimento mais amplo a respeito
da Morte e de tudo que está envolvido no assunto. Passaremos dos pontos mais materiais e
práticos da ritualística e até chegarmos aos campos mais espirituais do assunto.

1 – A Morte é a cessação da vida física, e o começo de outra jornada para a Alma. Por isso é
necessário se ter um grande respeito pela pessoa que acaba de falecer, e por isso lidar com o
seu corpo, que foi seu veículo físico com todo o amor e carinho, limpando e prestando os
últimos cuidados;

2 – Ter um rápido retorno do corpo a terra;

3 – Ajudar a alma a se fortalecer na jornada espiritual;

4 – Do momento da morte até o enterro não se pode deixar o “morto” sem alguém. É
necessário que fiquemos guardando o corpo até o momento de ser colocado em sua
sepultura. Recita-se “salmos” para o morto neste momento. Não se deve conversar, comer, rir,
usar tefilin ou tsitsit, cumprimentar alguém diante do morto. Sempre deve ter um Shomer
(guardião) com o morto.

5 – Não se deve oferecer condolências aos parentes, pois os mesmos podem e devem
extravasar toda sua tristeza e dor. As pessoas devem recitar Salmos (o costume é falar
principalmente os Salmos 33, 16, 17, 72, 91, 104, 130 e estrofes alfabéticas do 119 que
compõe o nome judaico do falecido) em intenção à alma do falecido, mencionar as virtudes e
as boas obras dele e manter no ambiente um clima de circunspecção e sobriedade. Não se
oferta flores, coroa de flores (tão comum na sociedade ocidental). Apenas a sua presença é o
suficiente neste momento de dor.

6 – A condução do “morto” até sua sepultura é um dever tão sagrado que podemos
interromper até mesmo o estudo da Torah para fazê-lo.

7 – De preferencia, não expor o corpo morto em caixão aberto. Logo após confirmado o óbito
o mesmo deve ser preparado e envolto em “mortalha”.

8 – Todos os ritos funerários podem e devem ser feitos pelos convertidos (por mais que
religiosamente estejam afastados de seus pais não-judeus), pois acima de tudo “Honrar Pai e
Mãe”.

9 – O Costume Judaico é que a pessoa seja enterrada em terra pura. Caso não seja possível
(devido a ter parentes não judeus que não aceitem o costume), enterra-se em caixão, mas
toma-se o cuidado de fazer furos no mesmo (caixão) na parte inferior.

10 – A Sociedade Judaica deve adquirir com dinheiro próprio o local onde será feito o
cemitério.

11 – Rezas devem ser feitas ao cobrir o corpo (ou o caixão) com terra.
12 – Deve-se lavar as mãos, e lavar a roupa com que foi ao cemitério logo após sair dele.

13 – Se presta condolência em casa para os parentes nos sete primeiros dias do luto. Isso é
uma Mitsvá, a de prestar condolência aos que perderam entes queridos da mesma forma que
o Criador nos consola quando estamos abatidos e em sofrimento. O ser humano deve buscar
agir conforme o Criador.

14 – Esvazia-se as águas existentes na casa do falecido após seu óbito.

15 – Após um ano de falecimento coloca-se a Matzevá – uma pedra retangular tumular.


Parecida como uma lápide, onde constará o nome do falecido, data de nascimento, e nome do
pai ou da mãe, ou dos dois, dependendo do costume.

16 – O Luto deve ser guardado dependendo da idade do falecido: 11 meses para maiores de 60
anos, para os mais jovens e que não viram seus filhos casar deve ser de 9 meses, e para os
jovens que não casaram de 7 meses.

17 – Durante 7 dias deve arder uma lâmpada.

18 – Respeita-se a Shivá, período de 7 dias de luto logo após o falecimento.

Cherem
A pessoa que sofre um cherem, ou seja, um afastamento, seja ele temporário ou permanente,
é como se a família o tivesse perdido. Os parentes guardam luto, pois o judeu que recebeu
este decreto é como se morresse religiosamente. Os parentes se afastam do mesmo.
Para ser aplicado este decreto, o judeu deve ter cometido algum crime contra a Torah ou
contra a comunidade ou ao povo Judeu. Este decreto pode ser revogado se o que recebeu o
decreto realizar teshuvah de coração.
Muitas pessoas receberam o decreto de Cherem no passado, como por exemplo, o filósofo
sefaraditas, filho de portugueses anussim e nascido na Holanda Bento (Baruch) Espinosa. O
próprio movimento Chabad inteiro recebeu cherem do Gaon de Vilna, o que por si só já os
desqualificaria como sendo judeus, devido aos atos idolatras que já naquela época realizavam,
como ritual de kaparot e rezas como “kol nidre”, tão comum entre alguns sefaradim, mas que
não fazem parte de nosso costume. Ainda na atualidade este decreto ainda pesa sobre a
comunidade chabad, por mais que muitos tenham esquecido dos decretos dos sábios. Talvez
por isso que o chabad insiste tanto em “ashkenaziar” todos os judeus do mundo, fazendo estes
esquecerem do que realmente é o judaísmo, esquecer de nossos sábios e esquecer nossos
costumes (no caso dos sefaradim).
Basta analisar o que diz Rambam sobre os pecadores que devem ser levados a “Morte”
(receber Cherem é também uma forma de castigo mortal, se não físico, espiritual).
Ao se arrepender, deve realizar teshuvah, se arrepender, pedir perdão ao Criador e retornar a
comunidade, se apresentando ao Bet Din para que este revogue seu cherem e ele seja
novamente reintegrado a comunidade judaica. Deve passar por Tevilá, para se purificar de
seus pecados.
E a alma após a morte? Fica a reflexão!

Texto para a preparação do corpo (retirado do site do Chabad) Taharah – Preparação do


Corpo
Por Maurice Lamm
"Assim como veio, ele deve ir" Cohêlet
Assim como um recém-nascido é imediatamente lavado e entra neste mundo limpo e puro,
também aquele que parte deste mundo deve ser limpo e purificado através de um ritual
religioso chamado taharah (purificação).

Leis referentes à Tahará A tahará é realizada pela Chevra Kadisha (Sociedade Sagrada, i.e.,
Sociedade Funerária), composta por judeus instruídos na área dos deveres tradicionais, e que
podem mostrar o devido respeito aos falecidos. Além da limpeza física e da preparação do
corpo para o enterro, eles também recitam as preces exigidas pedindo perdão a D'us por
qualquer pecado que o morto possa ter cometido, e rezando para que o Todo Misericordioso o
guarde e lhe conceda a paz eterna. Fazer parte da Chevra Kadisha sempre foi considerada uma
grande honra comunitária concedida apenas àqueles que são realmente piedosos. Não-judeus,
sob nenhuma circunstância, podem realizar estas tarefas sagradas de preparar o corpo, pois o
ritual de tahará de maneira alguma é meramente um ritual higiênico. É um ato religioso
judaico. Em preparação para o enterro, o corpo é completamente limpo e envolto numa
mortalha simples branca de linho comum. Os Sábios decretaram que tanto a roupa como o
caixão devem ser simples, para que um pobre não receba menos honra na morte que uma
pessoa rica. O corpo é envolto num talit com seus tsitsit, franjas, rasgadas para torna-los
inválidos. O corpo não é embalsamado, e os órgãos e fluidos não devem ser removidos. O
corpo não deve ser cremado. Deve ser sepultado na terra. Os caixões não são obrigatórios,
mas se forem usados, devem ter buracos para que o corpo possa entrar em contato com o
solo. [Este texto, dentro dos colchetes, é de autoria da Chevra kadisha: É proibido embalsamar
o corpo, pois o sangue do morto faz parte dele e deve ser enterrado com ele. Quando se faz
necessário transportar o corpo para outra localidade, a Chevra kadisha aplica as técnicas de
conservação de cadáveres permitidas pela tradição judaica e de acordo com a legislação
brasileira. Dentes de ouro, dentadura, lentes de contato e próteses devem ser retirados do
corpo e não serem enterrados com ele. É permitido deixar os enlutados verem o falecido antes
de fechar-se o caixão, mas deve-se persuadi-los a não fazê-lo. Tocá-lo ou beija-lo é proibido.] O
corpo nunca é exibido em funerais; cerimônias com o caixão aberto são proibidas pela Lei
Judaica. É aconselhável que membros da família imediata se ausentem durante a purificação,
pois embora sua presença pudesse constituir um símbolo de respeito, é considerado muito
doloroso para assistirem. O rabino pode agendar essa purificação através da Chevra Kadisha. A
tarahá é a maneira milenar judaica de mostrar respeito pelos mortos. Isso não é meramente
um "antigo costume" ou uma "bela tradição", mas uma exigência absoluta da Lei Judaica.

Vestir o Corpo
A tradição judaica reconhece a democracia da morte. Portanto, exige que todos os judeus
sejam enterrados com o mesmo tipo de roupa. Ricos ou pobres, todos são iguais perante D'us,
e o que determina sua recompensa não é aquilo que vestem, mas aquilo que são. Há 1900
anos, Rabi Gamaliel instituiu essa prática para que os pobres não se envergonhassem e os ricos
não rivalizassem entre si ao exibir roupas dispendiosas ao serem enterrados. As roupas a
serem vestidas devem ser apropriadas para alguém que em breve estará em julgamento
perante D'us Todo Poderoso, o Mestre do Universo e Criador do homem. Portanto, devem ser
simples, feitas à mão, perfeitamente limpas e brancas. Estas mortalhas simbolizam pureza,
simplicidade e dignidade. Mortalhas não têm bolsos. Portanto, não podem levar riquezas
materiais. Nem um pertence do homem, exceto sua alma, tem importância. A Chevra Kadisha
tem um suprimento dessas mortalhas. Se decorrer algum tempo antes de serem obtidas, o
funeral deve ser retardado, pois são consideradas muito importantes. As mortalhas devem ser
feitas de musselina, linho ou algodão. A regra é que não se deve gastar muito mais que o preço
do linho, mas usar um tecido menos dispendioso. O falecido deve ser envolto em seu talit –
não importa se é ou não dispendioso, novo ou velho. Uma das franjas deve ser cortada. Quem
não era observante ou acostumado a colocar talit pode, se desejado, ser enterrado num talit
comprado especificamente para esse fim. A família do falecido deve decidir nesse caso.
O texto abaixo é de autoria do Rabino Shamai Ende, retirado de seu livro “Os Últimos
Momentos”.

A lavagem e a Tahará (purificação) do corpo

1. É costume judaico lavar a cabeça e o corpo do falecido com água morna. Esta lavagem deve
ser feita somente por judeus, e normalmente é feita pelos membros da Chevra Kadisha.
Parentes como pai, irmão, cunhado, sogro, e especialmente os filhos não devem participar
desta lavagem.
2. Esta lavagem deve ser feita a portas fechadas, e ninguém além dos responsáveis pela
mesma não pode estar presente.
3. Esta de preferência deve ser feita o mais próximo do enterro, sendo que não se deve ter
uma interrupção entre a lavagem e o enterrro de mais de 3 horas, salvo se não houver outra
opção.
4. Após a lavagem, joga-se sobre o corpo uma quantia de 9 Kabin (pouco mais de 12 litros) de
água para purificá-lo, se enxuga completamente o corpo, veste-se mortalhas de linho
especialmente preparadas, e no caso de homens, veste-se o Talit por cima das mortalhas (se
for possível, deve se usar o Talit que usava em vida para rezar), envolvendo-o finalmente com
um lençol antes de colocá-lo no caixão.
5. Existem aqueles que costumam, após envolver totalmente o corpo, chamar os filhos para
amarrar o cinto.
6. Como existem muitas leis e costumes relacionados com a lavagem, purificação e vestimenta,
e muitas preces a serem recitadas, como também existem casos especiais em que esta
lavagem não é feita ou feita de forma diferente, sendo que por estes e outros motivos esta
deve ser feita apenas pelos membros da Chevra Kadisha e aqueles que tem conhecimento e
experiência.
Curso Judaísmo Básico
Aula 24
Estudo sobre Mashiah Judaico.

Muito se fala sobre Mashiah, e este é o ponto central da diferenciação entre Cristianismo e
Judaísmo, o ponto que nos separa drasticamente de qualquer linha cristã. Este pequeno
estudo mostra apenas a visão Judaica de Mashiah, o que drasticamente difere da visão Cristã
de Messias. Uma vez entendido o que é o Mashiah judaico, fica claro afirmar que Judaísmo,
por mais plural que seja ainda espera a primeira e única vinda de Mashiah.

Vamos aos conceitos:


O que é Mashiah? Mashiah significa em hebraico “Ungido”, com óleo e não com água, e deve
ser o mesmo tipo de óleo usado no Templo ou no Tabernáculo, produzido por cohanim ou
profetas. Todo o Rei judeu/hebreu por si só era um Mashiah, pois era ungido com óleo e
abençoado por um profeta ou pelo sumo sacerdote para poder governar. Sem esta prática seu
governo era questionável, visto que a Shekhiná não descia sobre ele.

Vários messias surgiram no primeiro século e em séculos seguintes até nossa


época:
Theudas – 44 d.c. Judas o Galileu – mesma época Um messias egípcio Outro messias judeu
morto por Festus, procurador romano Outro messias se jogou nas chamas de Jerusalém nos
anos 70. Menahen ben yehuda Shimeon bar kochba Moises de Creta E Yeshua, ou Jesus, de
Nazaré (ou Belém). Fora mais uma dezena de messias que surgiram depois até mais
precisamente entre os anos de 1980 e 1990 com a crença e Menachem Mendel Schneerson, o
Rebbe de luvavitch

Vamos explorar mais um pouco sobre o conceito de Mashiah


Mashiah (em hebraico: ‫ חישמ‬, transl. Māšîªħ, Mashíach, Mashíyach, "O Ungido"; a
forma asquenazi é Moshiach, e a aramaica é meshicha/meshiacha) refere-se,
principalmente, à profecia da vinda de um humano descendente do Rei David, que irá
reconstruir a nação de Israel e restaurar o reino de David, trazendo desta forma a paz ao
mundo. No Antigo Testamento, a palavra específica Messias aparece apenas duas vezes: em
Daniel 9:25 e 26, quando um anjo anuncia ao profeta Daniel que o Messias surgiria e seria
morto 62 semanas proféticas após a reedificação de Jerusalém, antes da cidade e do templo
serem novamente destruídos.
Aqui cabe uma pequena pausa para uma analise detalhada, clara e lógica. Este pequeno
exposto acima se encontra livremente na internet, mas não descreve exatamente o sentido do
texto de Daniel, e vamos ver o porque. Daniel era menino quando foi levado cativo para a
babilônia, e lá que escreveu seu livro de profecias, e nesta onde aparece a palavra Mashiah, e
que os cristão se agarram tanto, esta muito mal interpretada, e vejamos o porque: “No
princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para te declarar, porque és mui
amado; considera, pois, a palavra, e entende a visão. Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a
transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça
eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde
a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o
Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as
ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e
duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe,
que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e
até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.” Daniel 10:23-26 Se estas
semanas fossem anos, como foi o período do cativeiro da babilônia, então seriam mais sete
anos da ordem de Ciro para reconstruir o Templo ao nascimento do Mashiah, que se daria em
530 a.c. (pois em 537 a.c, foi dada a ordem para os judeus regressarem a Jerusalém), mais 62
anos (semanas) para o termino da reconstrução em aproximadamente 468 a.c., mais 72
semanas para a morte do Mashiah que se daria em aproximadamente 396 a.c. Logo podemos
perceber que as semanas de Daniel são simbólicas, mas que todas as semanas devem ter o
mesmo significado, e não como os cristãos elaboram (as primeiras semanas são anos, as
próximas são outra coisa e as últimas são em outra contagem), pois se assim fosse o profeta
não diria sempre “semanas”. Em breve teremos um estudo sobre as profecias de Daniel.
Descartado Daniel como o descritor de Jesus, seguiremos adiante (pois Daniel 9:25 e 26 fala do
messias príncipe, mas no final de tudo, o que não pode ser Jesus). Outros profetas falaram a
respeito do nascimento e vinda de Mashiah, ou algo que possamos entender como Mashiah,
que são as profecias sobre este “Ungido” Salvador. São elas (algumas).

A - Mashiah nascer em Belém, cidade de David;

B - Vida predita por um mensageiro;

C - Entrar em Jerusalém montado sobre um jumento (burro, asno, etc, algum


animal muar);

D - Ter sido traído por discípulo ou amigo;

E - Ser traído por 30 moedas de prata;

F - Ter ficado calado diante de seus acusadores;

G - Teria pés e mãos transpassados;

Bem, estas são algumas profecias defendidas por cristãos, mas não são as únicas, gostaria de
citar mais três e explicar todas elas em contexto:

1º quando o Mashiah vier haverá guerra, ele vencerá e daí existirá paz no mundo
todo;

2º Quando Mashiah vier, ele converterá o mundo todo ao verdadeiro


monoteísmo;

3º Quando o Mashiah vier irá reconstruir o terceiro templo.

Vamos a analise das profecias, mas antes vale lembrar o seguinte: E aqui existe um fato bem
curioso que todo o cristão se esquece quando fala sobre o Mashiah. O Mashiah, para ser
considerado como Mashiah, deve cumprir TODAS as profecias, pois se não cumprir TODAS não
é Mashiah, por isso muitos loucos se intitularam Mashiah e apenas conseguiram poucos
seguidores e não todos os judeus. Vejamos se Jesus ou Yeshua (o nome não importa pois é
sempre o mesmo. Não adianta mudar o nome para um nome estrangeiro, exemplo: cachorro-
quente sempre será o mesmo pão com salsicha, mostarda e ketchup, ou seja, o mesmo que
hot-dog) se enquadra nestas poucas profecias que citamos. Caso se enquadre mostraremos
outras, caso não se enquadre em apenas uma, já deixa de ser o Mashiah, e se não se
enquadrar em nenhuma, bom, daí não precisamos nem explicar ou desenhar.

A - Mashiah nascer em Belém = Miq. 5:2 “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os
milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Bem, vejamos que o texto não fala em Belém de
Judá que seria a cidade de David, e sim uma outra Belém, de Efrata, que geralmente serve para
designar os pertencentes a tribo de Efraim, filho de José. Tanto é verdade que encontramos
nas escrituras várias “Belém’s”, como a Belém de Zebulom. Vejamos ainda que o termo
“Efraim” as vezes é tido como uma referência aos dispersos da diáspora. Se Jesus nasceu em
Belém de Judá, logo não se encaixa nesta profecia, pois esta Belém é outra, se refere a uma
cidade (ou linhagem, a real) que esta na diáspora, e Jesus nasceu, viveu e morreu um século
antes da diáspora. Tanto é verdade que o Rabino Kook tem uma profecia sobre os dispersos,
que diz assim: “Na luta por se livrar do exílio, Efraim salvará o mundo”. Afirmando que esta
profecia do Mashiah é de alguém que não esta em Israel, mas na diáspora. O profeta ainda
segue falando que esta Belém é pequena entre OS milhares de Judá, ou seja, entre os milhares
de judeus dispersos, pois não existe mais Judá desde a dominação romana, e se fosse
referente a uma cidade seria entre AS milhares de cidades de Judá. O artigo muda muito a
compreensão. Mas se a tradução seguir o que diz a “bíblia de Jerusalém”, teremos que belém-
efrata pequena entre os clãs de Judá, o que novamente não fala em cidade, mas em clãs,
famílias, e a nota de rodapé dos tradutores cristãos é clara, o Mashiah é um Rei Triunfante em
Sião. Jesus foi rei? Profecia não cumprida por Yeshua, pois o mesmo afirma que nasceu em
Belém de Judá a cidade de David, não foi rei e muito menos nasceu no período da diáspora.

B – vinda predita por um mensageiro = Isa. 40:3 “Voz do que clama no deserto: Preparai
o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” Na verdade a tradução mais
próxima, de acordo com a Bíblia de Jerusalém é esta: “Uma voz clã: No deserto abri um
caminho para YHVH; na estepe aplainai uma vereda para o nosso Deus.”.
Quem é esta voz? Segundo a tradição judaica é o profeta Elias (malaquias 3:23-24), e João
batista afirmou categoricamente várias vezes que ele não era Elias. E se ele mesmo afirmou
não ser o Profeta Elias, que subiu aos céus em vida numa “carruagem” de fogo, quem somos
nós para afirmar isso, ainda mais que João batista nasceu de uma tia de Jesus, ou seja, se Elias
não morreu, como poderia nascer de uma mulher séculos depois? Profecia não cumprida por
Yeshua, pois o mesmo afirmava contra a vontade do primo que este seria Elias (mas como?
Sem morrer, como renasceu?), e em algumas vezes o primo nem sabia quem era Yeshua.

C - O Mashiah entrara em Jerusalém montado em um jumento para ser coroado =


Zac. 9:9 “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá
a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de
jumenta.” Yeshua / Jesus foi coroado Rei para entrar triunfante em Jerusalém? Vale neste
ponto voltar ao Item A, reler e ver se este “Rei” justo e salvo, é Yeshua, pois se esta a salvo
deve ser depois de uma guerra (falaremos na guerra mais tarde), e esta entrando para libertar
Jerusalém. Yeshua libertou Jerusalém dos romanos? Profecia não cumprida por Yeshua, pois o
mesmo não foi coroado rei, não lutou uma guerra e não libertou Jerusalém (nem dos romanos
em seu tempo).

D - Ter sido traído por amigo e discípulo Sl 41:10 “Até o meu próprio amigo íntimo,
em quem eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.” =
Bem, isso não é profecia, e porque? Porque o Rei David não era profeta, e se fosse não
precisaria ter mandado buscar um homem de Deus (profeta) para solucionar seus problemas.
Profecia não cumprida por Yeshua, até porque o texto não é profecia, mas sim um lamento de
David devido a traição de seu amigo Aquitofel, conselheiro de David.

E - Ele seria traído pelo preço de 30 moedas de prata, como consta em Zac.
11:12 “Porque eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário e, se não,
deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata.” = Vamos lá averiguar sobre esta
profecia, que na verdade não fala sobre Mashiah, mas apenas que o profeta Zacarias não iria
mais ser profeta de Israel, por isso pede o salário no qual tem a ofensa de receber o mesmo
valor que custava um escravo. A própria tradução da Bíblia de Jerusalém é clara em afirmar
isso. Profecia não cumprida por Yeshua, pois esta também não é uma profecia sobre Mashiah,
e se por acaso se aplica a Yeshua o mesmo é referido como um escravo que foi vendido e não
como o Servo Sofredor citado por Isaias, já que as escrituras são claras em separar servo de
escravo.

F - Ter ficado mudo frente aos seus acusadores Isa. 53:7 “Ele foi oprimido e afligido
(é a Nação judaica), mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro,
e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele (o povo) não abriu a sua
boca.” = Aqui encontramos o profeta falando do famoso “servo sofredor” que muitos
messiânicos falam ser Yeshua, como se referindo ao Mashiah Ben Yossef (mais adiante
falaremos sobre este “Mashiah”). A perspectiva Judaica afirma que este “servo” é a própria
nação de Israel, pois podemos comprovar isso na contextualização da profecia, onde vemos
claramente no começo do capitulo 52, a referencia clara nas seguintes palavras: “desperta,
desperta, reveste a tua força, ó Sião!”, e quando a escritura fala em Sião é sobre a própria
nação hebraica, o que apenas resta afirmar que esta profecia é sobre os males que se
abateram ao povo judeu. Profecia não cumprida por Yeshua, pois o mesmo não é um povo
inteiro, era apenas um homem (se é que existiu).

G - Teria seus pés e mãos traspassados Sl 22:17 “Pois me rodearam cães; o


ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés.” = Não é profecia,
mas sim um cântico de David, que não era profeta, e até porque, esta tradução do salmo esta
completamente errada (se não completamente, esta bem tendenciosa). Vejamos a tradução
da bíblia de Jerusalém: “cercam-me cães numerosos, um bando de malfeitores me envolve,
como para retalhar minhas mãos e pés”, e os próprios tradutores dizem ser difícil traduzir
assim e quem em varias bíblias foi traduzido diferente. As mãos foram feridas, furadas,
transpassadas ou retalhadas? Porque retalhar é fazer em retalhos. Muda o sentido do
acontecimento. E se acompanharmos todo este cântico, veremos que o mesmo fala que
anunciaria o nome de YHVH a todos os irmãos dele, estaria no meio da assembléia, etc. e se
isso fosse referente a Yeshua, o mesmo não teria morrido, pois teria sido salvo como o relato
do salmista. Profecia não cumprida por Yeshua, pois o mesmo não foi salvo depois de sua
súplica na madeira. Podemos analisar até aqui que mesmo as profecias utilizadas pelos cristãos
e messiânicos caem por terra quando contextualizamos e verificamos algumas palavras
cruciais, e vejam que utilizamos traduções cristãs para levar o leitor a uma compreensão mais
clara. Mas como ainda faltaram outras três profecias, vamos explicá-las para que o leitor possa
tirar suas conclusões.

1º Quando o Mashiah vier, haverá guerra, ele vencerá e daí virá uma paz no
mundo todo. Isa 2:4. Aqui fica minha pergunta, o mundo esta em paz mesmo depois de
tantas e tantas guerras? Lembrando que o próprio Mashiah lutaria a guerra quando vier.
Yeshua quando veio lutou uma guerra? Venceu? O mundo ficou em paz após sua vinda?
Profecia não cumprida por Yeshua, pois o mesmo não lutou guerra alguma, e nem o mundo
esta em paz após sua vinda.

2º Quando o Mashiah vier irá converter todo o mundo ao Monoteísmo, de acordo


com o profeta Isaias 11:9. Como podemos observar na atualidade, dois mil anos após a
vinda de Yeshua e ainda temos ateus, budistas (que não crêem em Deus), Hinduistas (que são
politeístas), Mazdeistas (que são duoteistas), Xintoistas, Taoistas (que são animistas), religiões
africanas, indígenas, etc., ou seja, o monoteísmo é apenas uma pequena parcela no mundo.
Profecia não cumprida por Yeshua, pois o mesmo não trouxe sobre o mundo o monoteísmo
sobre a terra acabando com crenças pagas e idolatras.
3º Quando o Mashiah vier, ele fará a reconstrução do terceiro templo como nos
fala o profeta Ezequiel (37: 26-28). Bom, Yeshua viveu e morreu no período do segundo
Templo. O mesmo só foi destruído no ano 70 d.c. e Yeshua morreu entre 27 a 33 d.c. Profecia
não cumprida por Yeshua, pois o mesmo não reconstruiu o Terceiro Templo, visto que viveu
quando ainda estava de pé o Segundo Templo. Como podemos ver, Yeshua não se encaixa em
nada do que já foi exposto, mas ainda iremos dar uma segunda chance e mostrar ao leitor
mais algumas profecias para que o mesmo pondere sobre as mesmas: Segundo o Tanach,
o Messias deve ser descendente do Rei Davi e Salomão. (Jeremias 23:05, 33:17,
Ezequiel 34:23-24; 2 Samuel 7:5-13). A linhagem davidica no NT é de José, mas Jesus não era
filho de Jose, pq Maria era virgem. Suponhamos que por uma generosidade do Eterno a
linhagem tribal de José pudesse ser transferida a Jesus por “afinidade”. Em qualquer caso,
como José é descendente de Jeconias, Jesus não poderia ser o messias por causa da maldição
prevista para os descendentes de Jeconias (Jeremias 22:30 e 36:30). Mas, o “Novo
Testamento” cristão é confuso em relação à genealogia de José. Enquanto Mateus diz que José
é desdente de Jeconias, o amaldiçoado, Lucas discorda e diz que José é descendente de Natã
filho de Davi. (Lucas 3:23-31). De qualquer modo, isso é insuficiente para qualificar Jesus como
possível messias tendo em vista que é preciso ser descendente de Davi e Salomão. Dessa
maneira, a descrição de Lucas é inútil, pois Jesus passa por filho de Natã, não de Salomão.
Além disso, Lucas (3:27) também lista Salatiel e Zorobabel na árvore genealógica de Jesus. Ora,
lembremos que os dois também aparecem em Mateus 1:12 como descendentes de Jeconias, o
amaldiçoado! Enfim: de qualquer maneira Jesus não preenche os requisitos para ser messias.

O messias deve reunir o povo judeu do exílio e devolvê-los a Israel “E ele deve
criar uma bandeira para as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e reunirá os
dispersos de Judá dos quatro cantos da terra.” (Isaías 11:12).

O Messias vai governar em uma época de paz no mundo inteiro. “E julgará entre
muitos povos, e castigará poderosas nações até mui longe, e converterão as suas
espadas em enxadas, e as suas lanças em foices: uma nação não levantará a espada
contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.”. (Miquéias 4:3). “O lobo habitará
com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o
animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão
juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi.” (Isaías 11:6-
7). Em outras palavras: O messias trará a paz universal e tornará desnecessária a guerra.

Quando o messias governar, o povo judeu observará os estatutos do Eterno.


“Meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor. Devem seguir as
minhas ordenanças e ter o cuidado de observar os meus estatutos” (Ezequiel 37:24).

Quando o Messias governar, todos os povos servirão ao Eterno “E virá passar


que desde uma lua nova até à outra e desde um sábado a outro, virá toda a carne a
adorar perante mim, diz o Eterno” (Isaías 66:23).

O reestabelecimento da dinastia David, que jamais cessará. Fonte: Daniel 7:13-14


Mas Jesus não teve filhos, nem estabeleceu reinado algum, muito menos um que nunca
cessaria.

Uma era de paz eterna entre todos os povos e todas ás nações Fonte: Isaías 2:2-4;
Miquéias 4:1-4; Ezequiel 39:9.

Todos os povos do mundo serão convertidos ao monoteísmo. Fonte: Jeremias


31:31-34; Zacarias 8:23; Isaías 11:9; Zacarias 14:9, 16.
Reunião das doze tribos de Israel – ainda temos 10 tribos perdidas Fonte: Ezequiel 36:20

Não haverá fome no mundo Fonte: Ezequiel 36:29-30

A morte cessará Fonte: Isaías 25:8

Ressurreição de todos os mortos Fonte: Isaías 26:19; Daniel 12:2; Ezequiel 37:12-13;
Isaías 43:5-6.

As nações ajudarão materialmente Israel Fonte: Isaías 60:5-6; 60:10-12

As nações irão até os judeus para buscar orientação espiritual.


Fonte: Zacarias 8:23

As árvores darão frutos mensalmente Fonte: Ezequiel 47:12.

As tribos de Israel receberão de volta as terras herdadas do Eterno. Fonte:


Ezequiel 47:13-13.

As nações da terra reconhecerão suas injustiças contra Israel. Fonte: Isaías 52 e 53

Argumentações messiânicas. Hoje em dia, muitos messiânicos tem tido acesso a


conteúdos de teor kabalístico, onde surgem conceitos como Mashiah Ben Yossef e Mashiah
Ben David, o que faz com que eles afirmem ser duas vindas de Mashiah, e Yeshua, por ser
filhos (adotivo) de um certo homem chamado Yossef, teria sido a primeira vinda e que
retornaria como sendo o Mashiah filho de David. Bem, vamos aos fatos: O conceito de
Mashiah Ben Yossef aparece apenas uma única vez em toda a Guemará, numa Agadah de
difícil entendimento (Sucá 52a) que explica sobre Zacarias 12:12. (vejamos que é um tema
obscuro e que esta é a primeira vez onde se cita este “outro” Mashiah, o que são apenas
hipóteses e pode até ser que não exista este outro Mashiah). Os Tanaitas identificam este
Mashiah como sendo o Mashiah da casa de Yossef, ou seja, um descendente de Efraim (e não
filho de um certo Yossef, pois se assim fosse, o Mashiah Ben David seria apenas Salomão que
era filho de Davis, e não um descendente de David), que é morto na guerra que ira libertar
Jerusalém e o povo judeu. O Maharsha explica que este outro Mashiah (descendente de Yossef
e de Efraim) vai preceder a vinda de Mashiah Ben David, mas não vai morrer no processo de
libertação judaica e vai encaminhar este último ao trono para que ele traga a redenção
completa e total. Como podemos analisar desta breve descrição de alguns sábios em relação a
guemará, fica claro que estes dois Mashihim são duas pessoas diferentes e que viverão na
mesma época, e isso é explicado o porque em tempos atrás acreditou-se que estes dois
“ungidos” estavam entre nós nas personalidades de Isaac Luria e Chaim Vital (discípulo do
primeiro), sendo Luria o Mashiah Ben David e seu aluno o Mashiah ben Yossef (ambos viviam
na diáspora). Daí um argumento messiânico ou cristão seria então de que João batista seria o
Mashiah filho de Yossef e Yeshua seria o Mashiah filho de David. Isso cai por terra se voltarmos
a leitura do presente artigo desde o começo. Lembrando que quando falamos em Mashiah,
estamos nos referindo apenas ao “Mashiah ben David”. Yeshua cumpriu 100% TODAS as
poucas profecias acima citadas para ser o Mashiah ben David ou simplesmente O Mashiah?
Sigamos em frente: embora a menção que se dá a Mashiah ben Yossef seja pouca na Guemará,
o Vilna Gaon (Elijah ben Shlomo Zalman Kremer) argumenta que este seja uma linguagem
simbólica e que designa toda a humanidade, ou seja, somente quando a humanidade atingir as
qualidades morais e espirituais de Yossef HaTsadik, é que então estaremos com o caminho
pronto para a manifestação de Mashiah. Para este sábio que viveu no século 18, a vinda de
Mashiah (Mashiah ben David) e a redenção do mundo, depende de toda a humanidade. Aqui
cai por terra toda a alegação cristã e messiânica sobre existirem dois “Ungidos”. Fica claro nas
palavras do Gaon que o primeiro é uma metáfora para nossa própria espiritualidade que se
tornará merecedora da redenção através do nascimento de um descendente de David que
estará pronto para governar Israel como no passado. Uma nação santa servindo de Luz para a
humanidade, sacerdotes para as nações. Mas, como dissemos atrás, como hoje a kabalah é
acessível, muitas pessoas usam seus textos (que são metafóricos) para validar suas crenças.
Isto acontece com o livro do esplendor, o sefer hazohar, miticamente escrito por Shimon bar
Yochai e publicado na idade média por Moises deLeon. Um livro metafórico que visa explicar a
parte mística da Torah, o que nem todos os judeus aceitam e os próprios messiânicos e
cristãos também não deveriam aceitar, pois o mesmo fala de reencarnação, outros planetas
habitados, maquinas voadoras (que poderiam ser discos voadores), etc. No zohar e posterior
mente nos escritos de Isaac Luria, o Ari, encontramos referencias a este Mashiah ben Yossef.
Vejamos o que podemos averiguar do conceito deste mashiah que precede a vinda (e é
contemporâneo) do Mashiah. Mashiah ben David é o Mashiah realmente, aquele de quem
falam as profecias, um descendente de fato e direito do Rei David (Yeshua não era
descendente de David, já que sua mãe era virgem e seu pai era Deus e não José), com pai e
mãe biológicos, pois, um Deus que engravida uma menina virgem através de um sopro é como
Zeus fazia para ter seus filhos com mulheres mortais. Para engravidar a jovem e virgem Danae,
Zeus se transformou em chuva de ouro na qual nasceu Perseu. Hercules também era filho de
Zeus, sua mãe também era jovem e virgem quando engravidou do grande deus do Olimpo, e
vejamos que as lendas de Hercules (Heracles) foi associada ao mito de um jovem pastor,
divindade dos povos da antiga Itália romana. Os fieis a Heracles invocavam seu nome para
fazer cultos, já os gregos usavam a interjeição “Geju” (muito próximo a Jesus, não acham?)
para se referir a grande força do herói semi-deus.
Mas nosso foco é judaísmo e não helenismo. Sigamos. O Mashiah ben David, além do exposto
acima (descendente do Rei David e com pai e mãe biológicos, feito a moda tradicional, nada de
implante genético alienígena como crêem alguns), será um líder militar e político, terá que
cumprir todas as profecias na integra (o que já provamos que Yeshua não o fez). Mas no
mesmo período onde Mashiah irá surgir, antes dele deverá vir o Profeta Elias (aquele que não
morreu, por isso deverá descer dos céus, e não reencarnar como João batista), anunciando os
tempos devidos, alertando as pessoas sobre Mashiah, neste momento, de acordo com a teoria
dos dois “ungidos”, no momento da eminência da guerra, surge o Mashiah ben Yossef, como
um general em batalha, será um líder político e militar, nascido na diáspora, que vai ser o
braço direito de Mashiah ben David, e segundo algumas tradições ira morrer na guerra antes
da vitória e em outras será algo como um vice-rei de Mashiah. Seria este Mashiah a lutar
contra Edom, filhos de Esaú (o que não são os Árabes, pois estes são filhos de Ismael, filho de
nosso pai Abraham). Sobre esta luta existe uma profecia que realmente descaracteriza de vez
Yeshua como sendo Mashiah ben Yossef, que é:”casa de Jacó será um fogo, casa de José uma
chama, e a casa de Esaú palha” (Obadia 1:18), dando a entender pelos nossos sábios (alguns é
claro) que a casa de Esaú pode cair pelas mãos de José ou seus descendentes. Estes dois
“Messias” seriam os envolvidos em inaugurar a era messiânica. O período no qual fala o
Talmud nas seguintes palavras: "Seis milênios o mundo existirá e em um milênio será
destruído." Não se trata de profecia apocalíptica, mas apenas uma descrição do que ocorrerá
quando o mundo alcançar sua meta final, ou seja, quando acontecerá a guerra e o surgimento
de Mashiah. E se o Talmud fala que o mundo como conhecemos existirá por 6000 anos para só
então vir o Mashiah, e de acordo com o calendário hebraico estamos precisamente no ano
5774, creio que não precisamos ser matemáticos para descartar a vinda de qualquer messias,
se ainda faltam aproximadamente 226 anos para o fim, não é verdade? Ainda mais se
recuarmos 2014 anos atrás, estaríamos no ano hebraico de 3760, o que estaria mais longe
ainda do fim dos tempos e da vinda do Mashiah. E lembremos que o Tanakh é claro em falar
apenas “da vinda” de Mashiah e não “das vindas”, pois os profetas, como mostramos acima,
falam apenas da vinda no singular, e ainda quando Deus falou a Moshe, o Eterno afirma que
“erguerá um entre teus irmãos” e não que vai “reerguer” para dar indicação de mais uma vez
ter que vir. A vinda seria apenas uma única. Mas notemos que muitos comentaristas, em
especial Rambam, um dos maiores conhecedores e comentaristas da Torah não citam em
nenhuma linha este outro mashiah, da casa de José. Assim, é mais prudente citar e siga R.
Chasdai Crescas que afirma que "nenhum conhecimento certo pode ser derivada a partir das
interpretações das profecias sobre Mashiach ben Yossef, nem das declarações sobre ele por
alguns dos Geonim;" não há nenhum ponto , por conseguinte, na elaboração do sujeito.

Conclusão deste estudo.


Como observamos neste artigo, de acordo com todo o Tanakh, o conceito de Mashiah é único,
visto que os maiores comentaristas judaicos como Rabi Moshe ben Maimon (Rambam) que
nunca citou e nem encontrou nenhum vestígio deste segundo “mashiah” tido como
descendente de Yossef, e o Rabi Chasdai Crescas que afirma que não podemos considerá-lo
devido a falta de argumentos nas escrituras. A única fonte, obscura sobre o caso, seria apenas
uma menção em uma passagem apenas da Guemará (parte que compõe o Talmud). Outras
fontes são posteriores, como o Sefer HaZohar, publicado pela primeira vez na
idade média, na Espanha, por Rabi Moshe deLeon, que afirmava ser um texto perdido de Rabi
Shimon bar Yochai, onde fala sobre Mashiah ben Yossef, em um texto muito codificado, onde
vemos descrições como duas colunas de fogo e um ninho de pássaro, uma guerra, a morte
deste mashiah para que O Mashiah, Mashiah ben David, pudesse entrar triunfante em
Jerusalém após terminada a grande guerra mundial. O Zohar é claro em afirmar que estes dois
“ungidos” virão no mesmo tempo, serão contemporâneos, mas antes deles deve vir o Profeta
Elias, que deverá aparecer de forma “Assombrosa” visto que o mesmo não provou a morte,
pois foi retirado da terra em uma carruagem de fogo e levado aos céus, e assim deve retornar.
Sendo assim, fica claro com estas exposições que Yeshua ou Jesus (não importa o nome, visto
que o conceito é o mesmo, é como tentar achar diferença entre cachorro-quente e hot-dog,
pois ambos são a mesma coisa, o mesmo pão com salsicha, mostarda e ketchup.) não se
encaixa na descrição messiânica, nem apelando para a crença de duas vindas de Mashiah, a
primeira como filho de Yossef e a segunda como filho de David, visto que são dois personagens
distintos mas contemporâneos (por isso chegou a se pensar em Luria e Vital), bem como não
foi precedido por Elias, pois o próprio João batista afirma que não era Elias, ainda mais que
todos sabiam que este João batista era primo de Jesus/Yeshua e existiam relatos (no novo
testamento) sobre seu nascimento, e o Profeta Elias não vai nascer visto que não morreu.
Em resumo, além de Yeshua/Jesus não se enquadrar nem nas principais profecias defendidas
por cristãos e principalmente messiânicos, ele veio aproximadamente 2300 anos antes do
previsto no Talmud. Enfim, cada um acredite no que quiser, mas que as exposições aqui estão
claras, e que Mashiah deve cumprir 100% TODAS as profecias, isso nenhum judeu tem dúvida.

Mas e o pensamento de outros sábios pré e pós Rambam?


Existiram várias opiniões sobre o conceito de Mashiah além do proposto por Rambam e aceito
unanimemente pela comunidade judaica. Podemos citar apenas dois sábios para alimentarmos
mais a discussão e o debate, como duas personalidades marcantes da vida judaica como um
todo e da vida judaica sefaraditas: Hillel (que teria vivido na época do segundo templo e muito
citado no Talmud) e de Yossef Albo (1380 – 1444). Para ambos os sábios, Mashiah era apenas
uma esperança e não uma certeza, ou seja, Mashiah viria apenas como uma forma de consolo,
ou melhor, de confirmação positiva aos atos de Teshuvah de todo o povo judeu.
Hillel era tão claro nesta posição que sua célebre frase ficou gravada no próprio judaísmo, mas
que tão poucos conseguem refletir claramente sobre ela:
“Se eu não for por mim, quem será; Se não agora, quando; Se só for por mim, quem sou?”.
Nesta frase Hillel deixa claro que de cada alma depende sua própria evolução, ou salvação,
como proposto naquele período. Quando Hillel fala que se “eu” não agir em meu próprio
favor, se não trabalhar pela minha própria salvação, ninguém irá fazer, ou seja, Hillel deixa
claro que não crê na existência de uma salvador, o que só dá mais bases a crença de que
Mashiah, ou melhor, de que muitas das profecias sobre Mashiah sejam na verdade profecias
sobre o próprio povo de Israel, e que Mashiah seja uma consequência, ou um estado de
consciência coletiva a ser alcançada pela humanidade no sexto milênio.
Esta transformação prossegue Hillel, deve ser começada imediatamente, deixando mais do
que evidente que não existe um tempo para este mesmo “mashiah” aparecer e nos salvar,
levando a certeza de que de cada um depende seu próprio caminho.
Yossef Albo resgata o pensamento deste que foi um dos maiores sábios judeus em
contraposição com o pensamento “messianista” de Rambam, e argumenta, entre vários
assuntos, que apenas existe o Criador acima dos homens, e que o restante da humanidade (e
aqui se incluem reis, sacerdotes, profetas e o próprio Mashiah, que é um rei, da tribo de David)
estão em igual peso e categoria, não existindo diferença entre os homens, e por isso, nenhum
pode salvar o outro a não ser salvar a si próprio.
A discussão não termina, com toda a certeza, mas devemos ter em mente que Rambam é sem
sombra de dúvida o maior legislador de todos os tempos, e se o mesmo explica sobre Mashiah
é para justamente defender a posição correta e idônea que esta personalidade ainda não pôs
os pés na terra.
Sendo assim, Mashiah não é o centro fundamental da crença judaica, que por mais que se
negue é uma crença humanística, pois valoriza o homem para que este possa cada vez mais
estar em contato e próximo com o Criador.
Que sejamos sábios e prudentes e não nos deixemos enganar por falsários embusteiros, pois
até grandes coisas e prodígios o feiticeiro Bilam fez, mas no final... Bem, isso já é outro
assunto. Tenho certeza de que todo aquele que está cego por que quer não vai aceitar uma só
letra deste artigo, mas cada um tem seu livre-arbítrio.
Curso Judaísmo Básico
Aula 25
Halachah

O termo Halachah vem da raiz que significa “Caminhar”, ou em outras palavras, é o caminho
da Torah, ou seja, a forma como se deve seguir a Torah.
É necessário o uso da halachah, pois em muitos momentos acontecem certas situações na
Torah que devem ser entendida de acordo com um contexto especial, ou melhor dizendo, em
certos casos especiais, como os seguintes:
Quando a Torah não explica certos termos. Ex.: “este mês será o primeiro dos meses”, ou
“diga aos filhos de Israel para fazerem como eu te falei”, sem explicar minuciosamente como
foi que falou;
Quando a Torah generaliza uma questão, como a proibição de trabalho (melakha) em
Shabat, o que seria este tipo de trabalho?;
Quando não se sabe qual Mitsvá prevalece a outra, como no caso de berit milá em Shabat;
Quando surge uma situação que não esta descrita na Torah, como um animal que não esta
no texto sagrado como saber se o mesmo é Kasher? Claro que nesta situação podemos
entender pela própria Torah, mas é um caso pertinente o fato novo, como eletricidade em
Shabat;
Quando a Torah não menciona certa prática, como o lesbianismo. É permitido ou proibido?
O homossexualismo masculino (ato) é proibido mas e o ato feminino? Ou o processo de
conversão?
Ao ocorrer uma mudança drástica no povo, como a introdução do culto ao Templo (pois o
templo não existe no período da Torah) ou a troca de sacrifícios por orações especificas;
Quando o fator “exílio” não nos permite praticar certas ações descritas na Torah, como o
sacrifício de Pessach, que só se pode fazer em Israel e não na diáspora;

E quem teria autoridade para interpretar estas situações? A resposta esta na própria
Torah. A corte instituída por Moshe, os sábios do grande sanhedrin.
Talvez a confusão sobre halachah encontra-se no fato de associarmos o termo Torah aos
textos na integra dos cinco primeiros, sendo que na verdade Torah significa simplesmente
ensinamento, e os cinco livros de Moshe recebem o nome de Torah, pois é neles, e apenas
neles que encontramos todos os “ensinamentos” da vivencia judaica, e por isso, devemos ter
muito cuidado em sua correta interpretação.
Já a palavra Mitsvá, mandamento, é uma ordem, e não necessariamente algo que foi instruído
no Sinai, como a Ordem (Mitsvá) do Rei David ao instituir as turmas de Kohanim para os
serviços no tabernáculo e que depois passaram ao templo.
Já o termo Torah Oral não significa que foi uma Torah paralela e que nunca foi escrita. É
apenas a parte da tradição que era passada sim de forma oral, u seja, cultural do povo, e que
podia estar escrita sim, mas jamais foi transmitida como um livro ao povo como foi a “Torah”.
Sendo assim, a corte dos sábios pode instituir uma halachah, ou seja, uma mitsvá
(mandamento) para podermos cumprir o que se encontra na Torah.
E caso a corte errar? A própria Torah explica o que deve ser feito, e o próprio talmud no
tratado Hodayot trazem inúmeras discussões a respeito do que se fazer quando a corte emitir
uma mitsvá errada, ou que for contra a Torah ou quando interpretar a Torah de forma
equivocada, e se remetem em suma ao texto de vaycrá 4: 13-15, isentando a comunidade pelo
erro dos sábios e isentando de castigo os sábios deste erro, pois erraram tentando ser zelosos
da Lei. Mas no próprio tratado hodayot, capitulo 1, afirma que todo o judeu deve ser
independente dos sábios, e que a corte dos sábios deve servir para guiar aqueles que não
conseguem seguir a Torah sozinhos, ou seja, todo e qualquer judeu deve ter condições de
interpretar e aplicar a Torah em sua vida cotidiana, a fim de ser senhor de seus atos.
Mas se a corte emitir um decreto que for contra a Torah, devemos seguir a Torah e não a
halachah.
O Mishne Torah explica todos os princípios para se formar uma corte como no Sanhedrin, para
que não exista a possibilidade de se ter uma corte corrupta (o que não acontece atualmente
em muitos tribunais rabínicos), por isso que uma pessoa sozinha não tem condições de criar
uma halachah individual, ou um grupo sem esta conformação espiritual.
Para que um tribunal hoje em dia crie uma halachah é necessário um certo contexto e
fidelidade a Torah para que se possa realmente aceitar a mesma como halachah, por isso que
de certa forma é errôneo o conceito de halachah, pois devemos falar halachot (no plural) ao
descrever o que chamamos de “Lei Oral”, ou normas que explicam a Torah.

Literatura judaica:
Mishná – publicada por Yehudá HaNassi aproximadamente no ano 200 d.c., foi a primeira
forma de compilação da “lei oral”, devido a perseguição romana;
Tossefta – composta por Rabi Chiya e seu aluno Hoshaiyah no fim do século II, como sendo
uma revisão da Mishná, contendo discussões e explicação de halachot;
Os Talmudim – o Talmud da Babilônia e o Talmud de Jerusalém, que abrangem apenas 37
dos 63 tratados da Mishná;
Mishnê Torah – composta por Rambam no século XII, considerada a melhor fonte de
pesquisa sobre halachah.

Ainda para a aplicação da halachah, contamos com os seguintes aparatos:


Possequim – decisões comunitárias, emitidas por grandes lideres de comunidades. Estas
decisões servem como halachah para as suas comunidades, não para o mundo inteiro;
Minchaguim – são os costumes de comunidades. Cada comunidade possui um conjunto de
costumes próprios, que são chamados de Minchag, e incluem forma de rezar, ordem de
orações, e forma de aplicação de certas halachot;
De acordo com o breve exposto acima, podemos deduzir que a halachah é imprescindível para
uma correta observação da Torah e seus mandamentos, para se ter uma vida kasher e correta,
tanto em sua vida privada, pública e no trato com estrangeiros.
Curso Judaísmo Básico
Aula 26

Sacerdócio
Cohen ou Kohen (em hebraico ‫ כהן‬, sacerdote, pl. ‫ כהנים‬kohanim) é o nome dado aos
sacerdotes na Torá, cujo líder era o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote de Israel), sendo que todos
deveriam ser descendentes de Aarão.
Sumo Sacerdote de Israel (em hebraico ‫ גדול כהן‬, transl. Kohen Gadol) é o nome dado ao mais
alto posto religioso do antigo povo de Israel, e posteriormente a época do exílio babilônico era
também a mais alta autoridade política do país. O sumo sacerdote coordenava o culto e os
sacrifícios, primeiro no tabernáculo, depois no Templo de Jerusalém. De acordo com a tradição
bíblica, apenas os descendentes de Arão, irmão de Moisés, poderiam ser elevados ao cargo.
Posteriormente a época do exílio babilônico, durante o período do Império Aquemênida persa,
do Egito da dinastia ptolomaica e do império selêucida, o sumo sacerdote passou a cumular
funções políticas, além das religiosas, tornando-se o chefe político de Israel, submetido ao
governador da Síria. Durante e depois da Revolta dos Macabeus, o cargo de sumo sacerdote
passou a ser exercido pelos reis descendentes dos Macabeus, os Hasmoneus, até o ano de 37
a.c. Posteriormente, os sumo sacerdotes passariam a ser indicados por Roma.
Durante este período, o sumo sacerdote presidia o Sanhedrin (Sinédrio).
Em suma, para ser um Cohen, deve-se primeiro pertencer a tribo de Levi, e ser descendente
direto de Araão, pois não é um título, e sim uma ascendência tribal. Hoje em dia, devido a
questão da ausência do Templo em Jerusalém, não possuímos mais as funções sacerdotais, e
por isso, as funções realizadas pelos Cohanim não devem e nem podem ser realizadas em
sinagogas, e nem sequer por membros de outras tribos. Um Rabino não é um Cohen, apesar
que um descendente desta tribo hoje em dia possa vir a se tornar um Rabino.

Templo
O Templo de Salomão (no hebraico: ‫ המקדש בית‬, transl. Beit HaMiqdash), foi, segundo o
Tanakh, o primeiro Templo em Jerusalém, construído no século XI a.C., e teria funcionado
como um local de culto religioso judaico central para a adoração ao Criador, Deus de Israel, e
onde se ofereciam os sacrifícios conhecidos como korbanot.
O rei Davi, da tribo de Judá, desejava construir uma casa para Deus, onde a Arca da Aliança
ficasse definitivamente guardada, ao invés de permanecer na tenda provisória ou tabernáculo,
existente desde os dias de Moisés. Segundo as escrituras, este desejo foi-lhe negado por Deus
em virtude de ter derramado muito sangue em guerras. No entanto, isso seria permitido ao
seu filho Salomão, cujo nome provem da raíz Shalom, que significa "paz". Isto enfatizava a
vontade divina de que a Casa de Deus fosse edificada em paz, por um homem pacífico. (2
Samuel 7:1-16; 1 Reis 5:3-5; 8:17; 1 Crónicas 17:1-14; 22:6-10).
O Rei Salomão começou a construir o templo no quarto ano de seu reinado seguindo o plano
arquitetônico transmitido por Davi, seu pai (1 Reis 6:1; 1 Crónicas 28:11-19). O trabalho
prosseguiu por sete anos. (1 Reis 6:37, 38) Em troca de trigo, cevada, azeite e vinho, Hiram ou
Hirão, o rei de Tiro, forneceu madeira do Líbano e operários especializados em madeira e em
pedra. Ao organizar o trabalho, Salomão convocou 30.000 homens de Israel, enviando-os ao
Líbano em equipes de 10.000 a cada mês. Convocou 70.000 dentre os habitantes do país que
não eram israelitas, para trabalharem como carregadores, e 80.000 como cortadores (1 Reis
5:15; 9:20, 21; 2 Crónicas 2:2). Como responsáveis pelo serviço, Salomão nomeou 3.300 como
encarregados da obra. (1 Reis 5:16). Salomão mandou entalhar grandes pedras (1 Reis 5:15)
que eram encaixadas umas nas outras, de forma que não se usavam ferramentas para entalhar
na obra (não se ouviam martelos ou instrumentos de ferro na obra). O templo tinha uma
planta muito similar à tenda ou tabernáculo que anteriormente servia de centro da adoração
ao Deus de Israel. A diferença residia nas dimensões internas do Santo e do Santo dos Santos
ou Santíssimo, sendo maiores do que as do tabernáculo. Após a construção do magnífico
templo, a Arca da Aliança foi depositada no Santo dos Santos, a sala mais reservada do edifício.
Teria sido pilhado várias vezes e teria sido totalmente destruído por Nabucodonosor
II da Babilónia, em 586 a.C., após dois anos de cerco a Jerusalém. Os seus tesouros teriam sido
levados para a Babilónia e tinha assim início o período que se convencionou chamar de Exílio
Babilônico ou Cativeiro em Babilónia na história judaica. Décadas mais tarde, em 516 a.C., após
o regresso dos judeus do Cativeiro Babilónico foi iniciada a construção no mesmo local do
Segundo Templo, que foi destruído pelo general Tito em 70 d.C, pelos romanos, no
seguimento da Grande Revolta Judaica. Hoje o que resta, erguido, do Templo é o Muro das
Lamentações, usado por judeus como lugar de oração.

Tzedaká
Tzedaká, no hebraico: ‫ צדקה‬, é o mandamento judaico traduzido muitas vezes, erroneamente,
como caridade. Tem origem na palavra tzedek (justiça) sendo uma tradução mais precisa o
conceito de justiça social. É a obrigação que todo judeu tem de doar algo de si, quantificado
em no mínimo 10% dos ganhos, ao necessitado judeu ou filho de Noé (na verdade, este
conceito de 10% é o designado a doar para o Templo, para manter o mesmo e os sacerdotes
que trabalhavam no templo, e eram dados na forma de comida, grãos, e jamais em dinheiro ou
bens, e mais precisamente é o que poderíamos falar como “dízimos”). Também podem ser
doados trabalho ou conhecimento e todos os judeus têm que cumprir com o preceito da
tzedaká, tanto os ricos quanto os miseráveis e as crianças. Maimônides diz que, enquanto a
segunda maior forma de tsedaká é dar donativos anonimamente para destinatários
desconhecidos, a forma mais elevada é dar um presente, empréstimo ou parceria que irá
resultar no receptor ser auto-sustentável em vez de viver com o auxílio dos outros ou seja
"Não dar o peixe e sim ensinar a pescar". Ao contrário da filantropia, que é completamente
voluntária, o tsedaká é visto como uma obrigação religiosa, que deve ser realizada
independentemente da capacidade financeira e deve ser realizada até mesmo por pessoas
pobres. A tzedaká é uma das três mitzvot que podem salvar a vida de um judeu de um mau
destino, pois auxilia na correção de sua alma no mundo, dando a oportunidade do mesmo
fazer o bem aqueles que realmente necessitam, e assim se torna “imagem e semelhança” do
Criador, ao amparar uma de Suas criaturas.
Curso Judaísmo Básico
Aula 27
Rosh Hashaná

Rosh Hashaná (em hebraico ‫ השנה ראש‬, literalmente "cabeça do ano") é o nome dado ao
ano-novo judaico, ou seja, o momento onde começa a contagem de um novo ano, pois dentro
do judaísmo existem outros momentos que também são considerados como “anonovo”. Na
Torá consta como um dia onde o shofar deve soar, um dia de aclamação (Yom Teruá), e a
literatura rabínica complementa afirmando que foi neste dia que Adam nasceu (foi criado), e
não a criação do mundo.
A partir da perspectiva rabínica, sabemos então que o que comemoramos ser neste ano civil
de 2015, em setembro, será o começo do ano 5776 do nascimento de Adam e não do começo
do mundo, o que implica que antes da humanidade surgir os dias não eram contatos como
hoje, ou seja, em períodos de 24 horas, o que nos leva a compreensão de que a Torá, ao falar
sobre os dia da criação estaria falando em longos períodos de tempo, o que encaixa
perfeitamente com as teorias cientificas sobre a criação do planeta.
Ocorre no primeiro dia do mês hebraico de Tishrei, durando exatamente os dois primeiros
dias. Por ser um dia solene, é considerado quase igual ao Shabat em sua observância, ou seja,
nada de trabalhos proibidos (salvo exceções para manter a vida, como moramos no Brasil),
nada de jejum, nada de tristeza. O shofar é tocado nas sinagogas, em torno de cem toques.
Escutar o toque do shofar é uma mitsvá.
As seguintes tradições são seguidas nas diversas comunidades judaicas espalhadas pelo
mundo:
Orações: os judeus sefaradim tem o costume (não lei) de recitar Selichot (poemas e orações de
pedido de perdão) durante o amanhecer do mês de Elul, que antecede Tishrei.
Ainda se recitam Selichot nos dez dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur; em Rosh Hashaná
inclui-se as orações adicionai, chamadas de Musaf na amidá;
Algumas comunidades fazem o Hatarat Nedarim, ou seja, a anulação de promessas, o que não
é um costume Sefaradi.
Deve-se fazer soar o shofar (chifre de carneiro). Um membro da congregação, que não seja o
oficiante, deve tocar o shofar da seguinte forma: parado repetir três vezes esta sequência,
Tekiá, Shevarim, Teruá, Tekiá; depois três vezes Tekiá, Shevarim, Tekiá; e finalizar repetindo
três vezes Tekiá, Teruá, Tekiá. Não eaquecer a benção antes do shofar. É uma mitsvá que deve
ser cumprida durante o dia e não a noite.
O shofar não é tocado nem na véspera e nem na noite do primeiro dia de Rosh Hashaná. O
corte de cabelo deve ser feito na véspera, de preferência antes do meio dia. Usa-se roupa
branca, com plena confiança na bondade do Criador. Se faz Tevilá na véspera.
Não se come em Rosh Hashaná nada ácido e nem nada que foi cozido em líquido ácido. Deve-
se comer muitas frutas doces como maça com mel, tâmaras, romã, come-se também peixe,
chala redonda, carne, doces, bebidas agradáveis, etc.
A raiva e a discórdia, a discussão, não devem fazer parte da festividade. Não se dorme durante
o dia de Rosh Hashaná (por mais que seja um “feriado”). Tenta-se levantar cedo para
aproveitar bem o dia em louvor ao Criador, mas caso tenha dor de cabeça ou outra moléstia,
pode dormir durante o dia, mas depois de meio dia.
É bom para redimir a alma, na véspera de Rosh Hashaná ofertar Tzedaká. A oração neste
período deve estar cheia de kavaná. Algumas comunidades tem o costume de ler o livro dos
salmos duas vezes neste dia.
As cerimonias de Tashlich (anulação de pecados) e Hatarat Nedarim (anulação das promessas)
não fazem parte dos costumes sefaraditas, apesar de algumas pessoas o fazerem.
Segundo o Shulchan Hamelech e os Sábios Sefaradim, somente se “tiram” os pecados através
de um arrependimento sincero e de verdadeiras suplicas de perdão, e não apenas com uma
cerimônia. Da mesma forma, o Hatarat Nedarim apenas é um símbolo de que nos
arrependemos de promessas feitas e não cumpridas apenas, mas que de nada vale se
realmente não estivermos arrependidos de não termos cumprido com nossas promessas.
As saudações que fazemos neste dia aos nossos amigos e familiares são: Shana
Tová que a forma tradicional usada e significa "Bom ano" (em hebraico: .(‫טובה שנה‬
Alternativamente, usa-se Shana Tovah Umetukah, que significa "Um ano bom e doce" (em
hebraico: ‫ ) ומתוקה טובה שנה‬e Ketiva ve-chatima tovah ("Que você seja inscrito e selado para
um bom ano." (em hebraico: ‫) טובה וחתימה כתיבה‬. Já entre os sefardim, a saudação formal é
Tizku leshanim rabbot ("que você mereça muitos anos"), à qual se responde ne'imot vetovot
("bons e agradáveis").
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Aula 29

Sucot
Sucot é um festival judaico que se inicia no dia 15 de Tishrei de acordo com o calendário
judaico. Também conhecida como Festa dos Tabernáculos ou Festa das Cabanas ou, ainda,
festa das colheitas visto que coincide com a estação das colheitas em Israel, no começo do
outono. É uma das três maiores festas, conhecidas como Shalosh Regalim, onde o povo de
Israel peregrinava para o Templo de Jerusalém.
Sucot relembra os 40 anos de êxodo dos hebreus no deserto após a sua saída do Egito.
Nesse período o povo judeu não tinha terra própria, eram nômades e viviam em pequenas
tendas ou cabanas frágeis e temporárias. Como forma de simbolizar este período, durante a
celebração de Sucot, os judeus fazem suas refeições sob folhas e galhos ao ar livre, em uma
sucá. A sucá deve ser erguida ao ar livre (e não dentro de casas, apartamentos ou locais
fechados) e ser constituída de palha ou folhagem, que possibilite ver o céu. Deve ter pelo
menos 03 paredes as quais não devem estar pregadas ao teto. Além desta passagem pelo
deserto, a sucá também simboliza todos os judeus que moram na diáspora, ou seja, fora de
Israel. O uso de um ramo com quatro espécies, assim precisamente chamado (arba'á minim)
em hebraico, que são lulav, etrog, hadas e aravah é usado. A festa da cabana era uma
cerimonia religiosa como agradecimento a Deus, por ele ter suprido os israelitas no deserto e
não ter deixado faltar água.

A sucá
Para que o judeu não se esqueça de seu verdadeiro propósito na vida, Deus, em Sua infinita
sabedoria e bondade, nos faz deixar nossas casas confortáveis nesta época, para habitar numa
frágil sucá, cabana, por sete dias. A sucá nos lembra que confiamos em Deus para nossa
proteção, pois a sucá não é nenhuma fortaleza, nem ao menos fornecendo um telhado sólido
sobre nossa cabeça. Lembra-nos também de que a vida nesta terra é apenas temporária.

As refeições na sucá
Durante a festa de Sucot, os homens devem comer diariamente numa sucá (cabana)
especialmente construída para este fim. Nestes sete dias, não é permitido comer fora da sucá
qualquer refeição que contenha pão ou massa. Há aqueles que não costumam beber nem ao
menos um copo de água fora da sucá. Nos primeiros dois dias e noites da festa, o kidush, prece
sobre o vinho, antecede a refeição. Nas duas primeiras noites, é obrigatório comer na sucá ao
menos uma fatia de pão (além do kidush), mesmo que esteja chovendo. Nos outros dias, se
chover, é permitido fazer as refeições dentro de casa.

Confiança em Deus
Refletir sobre a sucá nos dá uma ampla visão do significado de fé em Deus e da extensão de
Sua Divina Providência. Vamos para a sucá durante a Festa da Colheita depois de haver colhido
o fruto dos campos. Se uma pessoa recebeu a bênção Divina e sua terra produziu com fartura,
seus estoques e adegas estão repletos, alegria e confiança preenchem seu espírito - aí a Torá a
leva a abandonar a casa e residir em uma frágil sucá, para ensina-la que nem riquezas, nem
posses, nem terras são proteções na vida; somente Deus é que sustenta, mesmo os que
habitam em tendas e cabanas e oferece uma proteção de confiança.
E se alguém está empobrecido e seu trabalho não conheceu a bênção Divina; se a terra não
deu o seu produto, se o fruto da árvore não foi armazenado em celeiros e se está incerto e
temeroso ao encarar o perigo da fome nos dias de inverno que se aproximam, também
encontrará repouso para seu espírito na sucá. Lembrará como Deus hospedou-nos em Sucot
no deserto; nos sustentou e nos abasteceu, não nos deixando faltar nada.
A sucá o ensinará que a Divina Providência é segurança melhor do que qualquer bem material,
pois não abandona os que verdadeiramente crêem em Deus. A sucá o ensinará a ser forte e
corajoso, feliz e tranquilo, mesmo na aflição e na dificuldade.

Simchat Torah
Simchat Torá, literalmente “A alegria da Torá”, marca o fim do ciclo anual da leitura da Torah.
No serviço religioso de Shacharit (matutino) é realizada a leitura da Torá e todos os presentes à
sinagoga recebem a honra de uma aliá, a oportunidade de ser chamado para a leitura,
inclusive as crianças que ainda não fizeram bar mitzvá ou bat mitzvá.
A comemoração de Simchat Torá teve início durante o exílio na Babilônia, após a destruição do
Primeiro Templo, em Jerusalém. Naquela época, em Israel, a leitura da Torá era feita em
períodos de três anos ou três anos e meio. Somente depois de o costume de se ler a Torá ao
longo de um ano ter se popularizado, durante o exílio na Babilônia, e com a compilação do
Talmud, por volta do ano 500, é que a festa foi aceita pelas lideranças religiosas em Israel.
Dentre os costumes de Simchat Torah existem as Hakafot que são celebradas na véspera e na
manhã seguinte, que são danças abraçados com a Torah, e que são precedidas por um
conjunto de dezessete versículos, chamado Atá Há’raita, é cantado três vezes.
Tradicionalmente, membros da congregação são homenageados liderando a congregação na
recitação desses versículos; em sinagogas onde há muito mais congregantes que versículos, é
costume “leiloar” as homenagens, com a renda sendo destinada para tsedacá, caridade.
Todos os Rolos de Torá são então retirados da Arca. Segundo o Zohar, as coroas da Torá não
devem ser retiradas, mas sim permanecer nos rolos durante toda a dança. Membros da
congregação são homenageados com o direito de segurar os rolos (um Rolo de Torá deve ser
sempre segurado sobre o ombro direito), e o líder leva a procissão ao redor da bimá (mesa de
leitura da Torá), enquanto entoa preces breves implorando sucesso e liberdade ao Criador,
com a congregação respondendo de acordo. Isso é seguido por cantos e danças, com os Rolos
da Torá geralmente sendo passados de pessoa em pessoa, permitindo que todos tenham a
chance de ser “os pés da Torá”. As crianças, também, tomam parte nesta alegria,
tradicionalmente dançando com bandeiras especiais de Simchat Torá, e com frequência
recebem o privilégio de assistir às danças sentadas nos ombros de seu pai. Este procedimento
é seguido sete vezes – sete hakafot. Após cada hakafá o gabai da sinagoga anuncia: “Ad kan
hakafá…” (“Chegamos à conclusão da hakafá número x”); os Rolos de Torá então são
devolvidos à Arca, e começa a próxima hakafá (geralmente com um grupo diferente de
pessoas segurando as Torot, e com uma nova pessoa líderando o grupo).

Benção Especial para as Crianças


Além de serem envolvidas nas hacafot com a Torá, também se tornou costumeiro incluí-las na
leitura da Torá que se segue. Apesar de uma criança menor de 13 anos não ser usualmente
chamada à Torá para uma aliá, em Simchat Torá desenvolveu-se o costume de col hanearim
(todas as crianças), que se refere ao fato de que todas as crianças da coletividade são
chamadas coletivamente e recebem o direito de uma aliá conjunta. Um talit é colocado sobre
as cabeças de todo o grupo e as bençãos, lideradas por um adulto, são recitadas.
Na conclusão da leitura, a congregação invoca a benção de Yaacov sobre Efraim e Menashé,
como benção especial para as crianças. "Possa o Anjo que me redimiu de todo mal abençoar as
crianças. Possa meu nome neles ser lembrado, e os nomes de meus pais, Avraham e
Yitzchak..."

Simchat Torá em Israel


Em Jerusalém, é costume em Simchat Torá que algumas congregações se juntem numa
celebração em massa, em procissão pela cidade até o Muro das Lamentações. Guiados pelos
rolos da Torá carregados sob tendas (chupá), milhares de pessoas, jovens e idosos, de todas as
idades, dançam e cantam no caminho para o Muro, numa procissão que se extende por tão
longe quanto os olhos possam enxergar. O costume original de realizar as hacafot na conclusão
de Simchat Torá inspirou o costume em Israel de continuar as celebrações da festa também na
noite após o dia santo. Celebrações públicas com bandas e músicas apresentando as hacafot,
com músicas e dança são realizadas. Em Jerusalém, em praça pública, é costume os
rabinoschefes e altos membros do governo participarem das celebrações. São apresentadas
práticas das diferentes comunidades judaicas: chassídicos, yemenitas, bukharan, israelense,
etc... Cada grupo é responsável por uma das hacafot, fazendo com suas roupas e melodias
típicas.

Música e Dança no Circuito


Além das passagens prescritas, é comum que a congregação se junte para cantar várias outras
músicas, geralmente versos da Torá ou do sidur que foram musicados. Também é prática nas
congregações mais tradicionais que os presentes unam-se à roda e dancem entre cada volta.
Os que estão carregando os rolos da Torá também entram na dança. Nas yeshivot, escolas de
estudos judaicos, e nas congregações onde a juventude tradicional predomina, a cantoria e
dança que acompanham as hacafot podem durar por muitas horas. Muitas vezes são
continuadas para o lado de fora da sinagoga, oferecendo cenas de alegria e extase. Crianças
pequenas geralmente recebem bandeiras decorativas, ou rolos da Torá em miniatura para
seguirem os rolos da Torá nas procissões.

Significado especial da celebração


União e igualdade de direitos são temas-chave de Simchat Torá. A melhor maneira de celebrar
Simchat Torá seria dedicar os dois dias à leitura da Torá. Mas é justamente o contrário que
ocorre. Todos os judeus, sem exceção, pegam a Torá fechada e dançam com ela nos braços. O
ato encerra uma grande lição: se os festejos fossem realizados com a Torá aberta, com sua
leitura, haveria distinções entre um judeu e outro, pois a compreensão e o conhecimento de
cada um são diferentes. Com a Torá fechada, mostramos a união e a igualdade de todos os
judeus, unidos pela mesma alegria. O texto não é lido, mas todos sabem que é algo precioso e,
por isso, dançam juntos e em total alegria.
Curso Judaísmo Básico
Aula 30

Chanuká
Chanuká ( ‫ חנכה‬ḥănukkāh ou ‫ חנוכה‬ḥănūkkāh) é uma festa judaica, também conhecido como o
Festival das luzes. "Chanucá" é uma palavra hebraica que significa "dedicação" ou
"inauguração". A primeira noite de Chanucá começa após o pôr-do-sol do 24º dia do mês
judaico de Kislev e a festa é comemorada por oito dias. Uma vez que na tradição judaica o dia
do calendário começa no pôr-do-sol, o Chanucá começa no 25º dia.
Por volta do segundo século antes da era comum, os judeus eram um povo autônomo mas
vassalo dos selêucidas, um reino remanescente do império macedônico e de cultura grega,
que reinava na região da síria. Seu rei na época era Antioco IV Epifanes, e este começou a
obrigar os judeus a se helenizar, o que encontrou grandes barreiras, vindo então a obrigar que
um dos principais sacerdotes judeus, Matitiahu, viesse a sacrificar um porco para Zeus no
templo em Jerusalém (o que já vinha sendo feito, além de proibir o estudo da Torah), o que
este sacerdote se negou, matando um guarda sírio e dando inicio a revolta dos macabeus.
Após alguns anos de luta, o filho de Matitiahu, Yehudá hamacabi (Yehuda o macabeu),
chamado assim devido a ser considerado “O martelo (macabi) de Deus”, venceram e
expulsaram os selêucidas de Jerusalém, e finalmente começaram a limpar o Templo.
Esta vitória foi considerada um verdadeiro milagre, pois os poucos e mal preparados soldados
judeus estavam em número bem menor do que os soldados selêucidas, mas pelo fato de
guardarem o Shabat, o Criador lhes concedeu a vitória, mostrando que o Shabat é uma Mitzvá
muito importante. O segundo milagre foi do óleo para a purificação do Bet Hamikdach, que,
depois de anos de profanação, tinha se esgotado e tinha apenas a quantidade para um dia, o
que não seria suficiente para todos os oitos dias de festividade de libertação, mas mesmo
assim, Yehuda ordenou que fosse feita e que o Criador iria ajudar. Assim foi feito e
inexplicavelmente a cada novo dia o óleo era suficiente, e finalmente o óleo durou os oito dias
de festividades.
De acordo com o Talmud, temos que esse feriado marca a derrota das forças selêucidas que
tentaram proibir Israel de praticar o judaísmo. Judas Macabeu e seus irmãos destruíram forças
surpreendentes, e rededicaram o Templo. O festival de oito dias é marcado pelo acendimento
de luzes com uma menorá especial, tradicionalmente conhecida como uma chanukiá.
O Talmud (Shabat 21b) diz que após as forças de ocupação terem sido retiradas do
Templo, os Macabeus entraram para derrubar as estátuas pagãs e restaurar o Templo. Eles
descobriram que a maioria dos itens ritualísticos havia sido profanada. Eles buscaram óleo de
oliva purificado por ritual par acender uma Menorá para rededicar o Templo. Contudo, eles
encontraram apenas óleo suficiente para um único dia. Eles acenderam isso, e foram atrás de
purificar novo óleo. Milagrosamente, aquela pequena quantidade de óleo queimou ao longo
dos oito dias que levou para que houvesse novo óleo pronto. É a razão pela qual os judeus
acendem uma vela a cada noite do festival.
No Talmud dois costumes são apresentados. Era comum tanto ter oito lamparinas na primeira
noite do festival, e reduzir o número a cada noite sucessiva; ou começar com uma lamparina
na primeira noite, aumentando o número até a oitava noite. Os seguidores do Shamai
preferiam o costume anterior; os seguidores do Hilel advogavam o segundo (Talmud, tratado
Shabat 21b). Josefo acreditava que as luzes eram um símbolo da liberdade obtida pelos judeus
no dia em que Chanucá é comemorado.
As fontes talmúdicas (Meg. eodem; Meg. Ta'an. 23; comparar as diferentes versões Pes. R. 2)
descrevem a origem do festival de oito dias, com seus costumes de iluminar as casas, até o
milagre dito ter acontecido na dedicação do Templo purificado. Isso foi que o pequeno
vasilhame de óleo puro que os sacerdotes Hasmoneus encontraram intocados quando eles
entraram no Templo, tendo estado vedado e escondido. Esse pequeno montante durou por
oito dias até que novo óleo pudesse ser preparado para as lamparinas do candelabro sagrado.
Uma lenda similar em características, e obviamente mais antigo, é aquele aludido em Mac. 2
1:18 et seq., de acordo com o qual o reacendimento das luzes do fogo do altar por Nehemias
foi devido a um milagre que ocorreu no vigésimo quinto dia de Kislev, e no qual parece ter sido
dado como a razão para seleção da mesma data para a rededicação do altar por Judas
Macabeu.
A festa de Chanucá é celebrada durante oito dias, do dia 25 de Kislev ao 2 de Tevet (ou o 3 de
Tevet, quando Kislev só tem 29 dias). Durante esta festa se acende uma Chanukiá, ou
candelabro de 9 braços (incluindo o central e maior, denominado Shamash, ou servente). Na
primeira noite acende-se apenas o braço maior e uma vela, e a cada noite se vai
acrescentando uma vela, até que no oitavo dia o candelabro está completamente aceso. Este
ritual comemora o milagre do azeite que queimou por oito dias no candelabro do Templo de
Jerusalém .
Antes do século XX, o Chanucá era um feriado relativamente menor. Contudo, com o
crescimento do Natal como o maior feriado no Ocidente e o estabelecimento do estado
moderno de Israel, o Chanucá começou a servir crescentemente tanto como celebração da
restauração da soberania judaica em Israel e, mais importante, como um feriado para se dar
presentes voltado para a família em Dezembro que poderia ser um substituo judaico para o
feriado cristão. É importante notar que a substituição pelo Natal não é universalmente aceito,
e muitos judeus não tomam parte nesta significação extra naquilo que eles consideram um
feriado menor. Crianças judias, primariamente entre osAshkenazim, também jogam um jogo
onde eles giram um pião de quatro faces com letras hebraicas chamado de dreidel ( ‫ביבון ס‬
sevivon em hebraico) .
Algumas leis e considerações sobre Chanuká, conforme Shulchan Hamelech e Shulchan Aruch.
É proibido jejuar, mas é permitido trabalhar em chanuká;
Após acesa as velas de chanuká as mulheres não trabalham enquanto as mesmas estiverem
acesas;
Dar preferência a lâmpadas de óleo para cumprir com a festividade;
As velas de chanuká devem estar acima de 30 cm do chão e abaixo de 10 metros (de
preferência abaixo de um metro);
Não se acende a chanukia antes do por do sol;
Não se acende em um lugar e transporta para outro;
Ao horário e acender, não se come ou estuda até que se acenda as velas;
É costume acender uma vela em memoria a alma de Rabi Meir Baal Hanes em Rosh Chodesh
Tevet.
Todo tipo de óleo e mechas são permitidas para acender as velas de chanuká;
Mão se pode usar as velas de chanuká para proveito como se fosse uma lanterna;
Coloca-se as velas na chanukia e somente depois é q são acesas, no próprio lugar onde se
encontram;
Na véspera de Shabat, se acende primeiro a Chanukia e depois as velas de Shabat;
Para havdalá, se faz a Havdalá e depois acende a Chanukia.
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