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Introdução

Judaísmo messiânico1 possui uma raiz tanto longínqua quanto


recente. Entender que este movimento é herança da vida e crença
que Yeshua e seus discípulos tinham é parte essencial para
mantermos o seu propósito.

Yeshua viveu no primeiro século e os apóstolos continuaram suas


pregações levando suas ideias à população de outras localidades
como Grécia e Síria. Naquela época, a sinagoga era uma instituição
crucial para a vida religiosa judaica. Essa forma de estrutura foi
criada na diáspora, onde a necessidade de ter um local para
reuniões religiosas era muito grande.

Os primeiros seguidores de Yeshua, assim como os autores da B’rit


Chadashah eram judeus. As Escrituras neotestamentárias estão
recheadas de referências à Bíblia Hebraica, festas, como Pessach,
além de instituições e tradições judaicas.

Assim, como herdeiros deste estilo de vida e crença, não podemos


estar a parte da realidade em que eles viviam, nem mesmo
estarmos em desacordo com os padrões de prática que tiveram.

1
Em hebraico, ‫( יהדות משיחיית‬yahadut meshichiit);
A Comunidade Judaica nos Tempos da Brit
Chadashah

Em 37 a.C. Herodes, O Grande2 se tornou rei da Judeia que estava


sob domínio romano, seu reino foi marcado por um alinhamento
político e cultural com Roma e diversos projetos de construção
foram realizados nesse período. Depois da sua morte, o reino foi
dividido, por Augusto, imperador romano, entre os filhos de
Herodes. Arquelau3 tornou-se etnarca4 da Judéia, Samaria e da
Iduméia, enquanto Herodes Antipas5 tornou-se tetrarca da Galiléia
e parte da Transjordânia. O reino de Herodes foi basicamente uma
criação da política romana e esses o apoiavam como soberano.

A região é uma estreita área situada entre a África e a Ásia como


uma espécie de corredor entre essas duas áreas, possuía então
provavelmente uma superfície de 34.000 km2 e cerca de 650 mil
habitantes, era dividida em áreas menores como: Judeia, Samaria
e Galileia, a oeste; Itureia, ao norte; Gualanítade, Bataneia,
Traconítede, Auranítede, Decápole e Pereia, a leste e Idumeia ao
sul6. A região depois da morte de Herodes, o Grande, manteve seu
sistema de administração, essa orientação só teve fim com a guerra
de 66 d.e.c. Do ponto de vista político, esse período ficou conhecido
como Pax Romana.

2
REICKE, Bo. História do tempo novo testamento. São Paulo: Paulus, 1996.
3
Arquelau é deposto por Augusto no ano 6 a.C.A Judéia, Samaria e Iduméia passam a ser governadas
diretamente por procuradores romanos. A capital da província passa a ser Cezaréa. REICKE, Bo.
História do tempo do novo testamento. São Paulo: Paulus, 1996.
4
Etnarca significa aquele que governa uma etnia, exerce funções administrativas e judiciárias.
5
Construiu no ano 17 a.C. a capital de sua tetrarquia às margens do lago Genezaré e chama-o de
Tiberíades em homenagem ao imperador Tibério.
6
Encyclopaedia Judaica Jerusalem, Vol. 8 pp. 635-638
O poder efetivo estava nas mãos dos romanos, mas em geral estes
respeitavam a autonomia interna das suas colônias. O sumo-
sacerdote tinha o poder de gerir questões internas, através da Lei
Judaica; este, porém, era nomeado e destituído pelo imperador
romano. O centro do poder dessa região era a cidade de Jerusalém,
local em que ficava o Templo, de onde governava o sumo-sacerdote
assessorado por um Sinédrio de 71 membros, composto de
sacerdotes, anciãos e escribas.

A sociedade do império era dividida em vários grupos como


saduceus, formados por grandes proprietários de terra,
comerciantes e pelos membros da elite sacerdotal, que tinham o
controle do Sinédrio. Os escribas, ou doutores da Lei; os fariseus,
que de maneira geral eram nacionalistas e hostis ao império
romano, esse grupo era conhecido por serem extremamente
rigorosos no cumprimento da Lei e os Zelotas, extremamente
nacionalistas, contrários a Roma. Havia ainda outros grupos
formando pequenos e médios proprietários rurais, além de
comerciantes, os trabalhadores em geral, mendigos e escravos.

Assim, o judaísmo não era uma religião monolítica, existiam


diferentes subgrupos, principalmente Fariseus, Saduceus, Zelotas
e Essênios, citados por Flávio Josefo em sua obra.

Os primeiros historiadores romanos a fazerem referência à


comunidade de discípulos de Yeshua são segundo Bo Reicke7:
Plínio o Moço, Cornélio Tácito, Suetônio Tranqüilo. Essas
referências ocorrem mais de cinquenta anos após a morte de
Yeshua.

7
REICKE, Bo. História do tempo do novo testamento. São Paulo: Paulus, 1996.
Comunidade Judaica Crente em Yeshua

Quando analisamos a maneira em que os discípulos se


autodenominavam não nos oferece base para acreditarmos que
eles, de fato, estavam vivendo uma religião diferente, ou que
mudaram seu estilo de vida de maneira drástica.

Em Maassei Hashlichim (Atos dos Apóstolos), capítulo 15, há


uma discussão acerca do relacionamento entre gentios e judeus. Na
ocasião, Yaakov (Tiago) estabelece uma série de recomendações
aos gentios e prescreve:

‫כי משה מדרת עולם יש לו מגידיו בכל עיר ועיר ויקרא‬


‫בבתי הכנסיות מדי שבת בשבתו‬
“Porque Mosheh [Moisés], desde os tempos antigos, tem em cada
cidade quem o pregue, e, em cada Shabat [sábado], é lido nas
sinagogas.”8

No texto, identificam-se três importantes dados: 1) judeus e


gentios se reuniam em cada Shabat (sábado); 2) eles estudavam a
Lei de Moisés; 3) estavam reunidos nas sinagogas (e não em
instituições cristãs). Estes três elementos indicam que judeus e
gentios praticavam uma vida judaica.

8
Atos 15:21
Nomeações Dadas aos Crentes em Yeshua

Ao longo da narrativa de Atos, identificamos os trechos que


abordam os nomes pelos quais os discípulos foram inicialmente
chamados. Quando Shaul (Paulo) estava sendo acusado perante o
Governador Félix, seus inimigos formularam a seguinte acusação:

‫כי מצאנו את האיש הזה כקטב ומגרה מדינים בין כל‬


‫היהודים על פני תבל והוא ראש כת הנצרים‬
“Descobrimos que este homem é uma peste. Ele é um agitador dos
judeus pelo mundo todo. É o líder da seita dos Nazarenos.”9

Shaul (Paulo) rebateu a acusação de que seria um agitador, porém,


não negou que seria um dos líderes do grupo conhecido como
Nazarenos ou o Caminho:

‫אבל את זאת מודה אני לפניך כי בדרך ההיא אשר יקראוה‬


‫בשם כת בה אני עבד את אלהי אבותינו בהאמיני בכל‬
‫הכתוב בתורה ובנביאים‬
“Entretanto, isto eu [Sh’aul/Paulo] admito: adoro o D’us de
nossos pais, de acordo com o Caminho (ao qual eles chamam
seita). Continuo a crer em todas as coisas de acordo com a Torá e
todos os escritos dos Profetas”10

9
Atos 24:5
10
Atos 24:14
Antes de Shaul (Paulo) reconhecer que Yeshua é o Mashiach,
perseguia os discípulos do Salvador, conhecidos também como
membros “do Caminho”:

‫וישאל מאתו מכתבים לדמשק אל בתי הכנסיות למען אשר‬


‫יאסר את אשר ימצא בדרך ההיא אנשים או נשים ויביאם‬
‫ירושלים‬
“Sha’ul [Saulo/Paulo], respirando ainda ameaças de morte
contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe
pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso
achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como
mulheres, os levassem presos para Jerusalém.”11

Logo, verifica-se que os primeiros discípulos de Yeshua eram


chamados de nazarenos ou simplesmente membros do Caminho12.

Estas duas nomenclaturas são relacionadas a uma identificação


com Yeshua. O termo “nazarenos” não transmite uma origem
geográfica “aqueles de Nazaré”, pois os discípulos eram originários
de várias regiões distintas e ainda assim eram chamados de
“nazarenos”. Este termo refere-se ao fato de Yeshua ter
desenvolvido sua infância e juventude na cidade de Nazaré, e assim
ficou conhecido como “Yeshua de Nazaré”, e portanto, os
discípulos foram chamados assim para transmitir que eram
seguidores do “Nazareno”, Yeshua.

11
Atos 9:2
12
Vide At 9:2, 24:5,14 e 19:9,23;
Da mesma maneira, a expressão “os do Caminho” é uma referência
direta ao dito de Yeshua, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida”13. Demonstrando que os discípulos seguiam os ditames da
vida que Yeshua viveu, exatamente conforme os padrões
estabelecidos por D’us na Sua Torah.

Somente na cidade de Antioquia é que os discípulos foram


chamados de “cristãos”14 pela primeira vez15, e isto por volta dos
anos 40 a 60 D.C. E questão importante deve ser ressaltada que o
termo “cristão” foi uma nomenclatura dada por parte dos gregos
pagãos.

Segundo as lições do erudito Ray A. Pritz, da Universidade de


Jerusalém, judeus e gentios crentes em Yeshua eram conhecidos
como “nazarenos” ou “os do Caminho”, e somente muito tempo
depois houve uma distinção terminológica entre nazarenos e
cristãos16.

Evidências da Vida Judaica Por Parte dos Crentes


nos Primeiros Séculos

Inclusive em referências posteriores, temos ainda a presença de


crentes em Yeshua que possuíam a identidade judaica e prática
conforme as leis da Torah.

Recordemos uma a citação de Hegésipo:

13
João 14:6
14
Em grego, χριστιανους (cristianos);
15
Atos 11:26
16
Nazarene Jewish Christianity, The Magnes Press, The Hebrew University, 1992, páginas 15 a 17
“O sucessor na direção da Kehilah [Congregação] é, junto com os
apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome
de ‘Justo’, desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram
muitos os que se chamavam Tiago. Mas somente este foi santo
desde o ventre de sua mãe. Não bebeu vinho nem bebida
fermentada, não comeu carne; sobre sua cabeça não passou
tesoura nem navalha.”17

Percebe-se que, após a morte de Yeshua, Tiago, irmão do


Mashiach, foi escolhido o líder terreno da Kehilah. Contrasta com
a ideia católica de que Pedro foi o primeiro “Papa”, ou líder dos
discípulos. Em dado momento de sua obra, Hegésipo destaca
Yaakov como o principal líder dos Emissários. Outro elemento
importante, extraído dessa passagem, diz respeito ao fato de que
Yaakov não bebeu vinho e nem passou navalha em sua cabeça
desde o ventre de sua mãe, ou seja, ele era um nazir (nazireu),
conforme a descrição de Números 6. Deduz-se, então, que a Torá
(Lei) era praticada pelos discípulos mesmo após a morte do
Mashiach, uma vez que o voto de nazir (nazireu) é uma instituição
da Torá e Yaakov nunca desfez o voto enquanto viveu. Hegésipo
narra que muitas autoridades judaicas creram que Yeshua era o
Mashiach, enquanto seus opositores temeram, dizendo: “todo o
povo corre perigo ao esperar o Mashiach em Yeshua” (Eusébio de
Cesareia, História Eclesiástica, Livro II, 23:10). Isto demonstra
que um número considerável de judeus aceitou o testemunho do
Mashiach, o que é confirmado pelas Escrituras Sagradas:

‫ישמעו ויהללו את האלהים ויאמרו אליו הנך ראה אחינו‬


‫כמה רבבות יהודים באו להאמין וכלם מקנאים לתורה‬
17
Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro II, 23:4
“Ao ouvir o relato, eles louvaram a D’us, mas também disseram:
‘Veja, irmãos, quantas dezenas de milhares de crentes há entre os
habitantes de Judá, e eles são zelosos da Torá.”18

Hegésipo relata a morte de Yaakov, irmão de Yeshua, asseverando


que em Pessach (Páscoa) estavam reunidos muitos judeus e
gentios no Templo. Então, alguns escribas e fariseus puseram
Yaakov no alto do Templo para convencer a população de que
Yeshua não era o Mashiach. Contudo, Yaakov pregou com
autoridade e ousadia, declarando que Yeshua é o Mashiach que há
de voltar sobre as nuvens do céu. Nesta ocasião, muitos creram na
sua mensagem e começaram a louvar o Filho de David, o que levou
alguns escribas e fariseus a jogá-lo de cima do Templo. Como
Yaakov não morreu com a queda, foi apedrejado:

“Mas ele [Yaakov], virando-se, ajoelhou-se e disse: ‘Eu te peço


Eterno, D’us Pai: Perdoa-os, porque não sabem o que fazem’. E
quando estavam assim apedrejando-o, um sacerdote, um dos
filhos de Recab, filho dos Recabim, dos quais o profeta Jeremias
havia dado testemunho, gritava dizendo: ‘Parai, que estais
fazendo? O Justo roga por vós!’ E um deles, tecelão, agarrou o
bastão com que batia os panos e deu com este na cabeça do Justo,
e assim foi que sofreu o martírio. Enterraram-no naquele lugar,
junto ao Templo, e ainda se conserva sua coluna naquele lugar
ao lado do Templo. Yaakov era já um testemunho veraz para
judeus e para gregos de que Yeshua é o Mashiach.”19

18
Atos 21:20
19
Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro II, 23:12-18
Após a morte de Yaakov, irmão do Salvador, os Apóstolos se
reuniram com o objetivo de escolher o novo líder, sendo eleito
Shimon (Simeão), primo de Yeshua HaMashiach.

A escolha de Shimon ocorreu após a tomada de Jerusalém, ou seja,


depois do ano 70 D.C. Evidencia-se que até então a liderança
permanecia na mão de judeus, todos da família biológica de
Yeshua:

1. O Mashiach é sucedido por Yaakov, seu irmão de sangue;


2. Yaakov é sucedido por Shimon, seu próprio primo e primo de
Yeshua;

Em relação a Shimon, Eusébio de Cesareia e Hegésipo afirmam


que foi martirizado por meio de crucificação:

“O mesmo escritor [Hegésipo] diz que também outros


descendentes de um dos chamados irmãos do Salvador, de nome
Judas, sobreviveram até este mesmo reinado, depois de ter dado
testemunho de sua fé em Yeshua sob Domiciano, como já
referimos anteriormente. Escreve o seguinte: ‘Vêm, pois, e põe-se
à frente de toda a Kehilah [Congregação] como mártires e como
membros da família do Salvador. Quando em toda a Kehilah se
fez paz profunda, vivem ainda até o tempo do imperador
Trajano, até que o primo do Salvador, o anteriormente chamado
Shimon [Simeão], filho de Clópas, foi denunciado e acusado
igualmente pelas seitas, também pela mesma razão, sob o
governador consular Ático. Durante muitos dias torturaram-no e
deu testemunho, de maneira que todos, inclusive o governador,
ficaram muito admirados de como continuava resistindo apesar
de seus cento e vinte anos. E mandaram crucificá-lo.’”20

Na obra de Eusébio de Cesareia, o autor escreveu que até a época


do imperador romano Adriano, que governou de 117 a 138 D.C.,
a liderança da Kehilah em Jerusalém contou sucessivamente com
quinze líderes, todos judeus circuncidados. Este registro é de
extrema relevância, porquanto demonstra que os líderes dos
primeiros crentes, ao passar dos anos, sempre foram judeus
circuncisos, e nunca gentios. Em outras palavras, os sucessores
dos Apóstolos na liderança, judeus circuncisos, concentraram suas
funções em Jerusalém e jamais outorgaram poder à igreja romana.
Transcreve-se a anotação de Eusébio de Cesareia:

“No que tange às datas dos anciãos [bispos] de Jerusalém, nada


encontrei conservado por escrito, porque, na verdade, uma
tradição afirma que tiveram vida muito breve. Do que foi deixado
por escrito, consegui tirar a limpo isto: que até o assédio dos
judeus, nos tempos de Adriano, houve uma sucessão de anciãos
[bispos] em número de quinze, e dizem que desde a origem todos
eram hebreus que haviam aceitado sinceramente o conhecimento
do Mashiach, tanto que aqueles que estavam capacitados a julgá-
los consideraram-nos até dignos do cargo de ancião. Naquele
tempo, efetivamente, a Kehilah [Congregação] era toda composta
por fiéis hebreus, desde os apóstolos até o assédio dos que então
restavam, quando os judeus, novamente separados dos romanos,
foram vítimas de grandes guerras. Portanto, como quer que
tenham terminado os anciãos [bispos] procedentes da circuncisão
naquele momento, talvez seja necessário agora dar sua lista desde

20
História Eclesiástica, Livro III, 32:2
o primeiro. O primeiro, pois, foi Yaakov [Tiago], o chamado
irmão do Senhor; depois dele o segundo foi Shimon [Simeão]; o
terceiro, Tsadik [Justo]; o quarto, Zakai [Zaqueu]; o quinto,
Tobit [Tobias]; o sexto, Biniamim [Benjamim]; o sétimo,
Yochanan [João]; o oitavo, Matiá [Matias]; o nono, Felipe; o
décimo, Sêneca; o décimo primeiro, Tsadik [Justo]; o décimo
segundo, Levi; o décimo terceiro, Efrayim [Efraim]; Yossef
[José] o décimo quarto e, depois de todos, o décimo quinto,
Yehudá [Judá]. Estes foram os anciãos [bispos] da cidade de
Jerusalém, desde os apóstolos até o tempo de que estamos falando,
e todos oriundos da circuncisão.”21

Frisa-se mais uma vez: até o tempo do imperador Adriano (117-


138 D.C), a sucessão dos líderes dos primeiros crentes ocorreu
sempre na cidade de Jerusalém, e todos os 15 (quinze) líderes
citados eram judeus circuncidados, ou seja, praticantes da Torá
(“Lei”). O que desmente a igreja22 ao dizer que o Novo Testamento
aboliu a circuncisão.

Vale observar que a lista dos 15 anciãos circuncisos é diferente da


lista de “sucessão apostólica” criada pela igreja Católica. Esta
instituição afirma que o primeiro Papa foi Pedro e que este
transmitiu o cargo a seu sucessor e que, geração após geração, há
a transmissão da autoridade eclesiástica, perdurando até os dias de
hoje. Então, para o Catolicismo Romano, o atual Papa é sucessor
de Pedro. Porém, a sucessão da liderança jamais saiu de Jerusalém
para Roma, e Pedro não foi o primeiro líder, muito menos o
primeiro “Papa” – expressão inexistente na Bíblia. Compare:

21
História Eclesiástica, Livro VI, 5:3
22
Nesta obra, o termo “igreja” é utilizado para o sistema religioso propagador das doutrinas clássicas
cristãs;
REALIDADE FALÁCIA

Sede da Liderança: Jerusalém Sede da Liderança: Roma

Função exercida: Ancião Cargo eclesiástico: Papa

Característica: Com exceção de


Característica: Judeus
Pedro, os Papas foram gentios
circuncisos
incircuncisos

Lista real dos 15 primeiros Lista falsa dos 15 primeiros Papas


Líderes

Yaakov [Tiago] Pedro


Shim’on [Simeão] Lino
Tsadik [Justo] Anacleto
Zakai [Zaqueu] São Clemente I
Tobit [Tobias] Evaristo
Biniamim [Benjamim] Alexandre
Yochanan [João] Sisto I
Matiá [Matias] Telésforo
Felipe Higino
Sêneca Pio I
Tsadik [Justo] Aniceto
Levi Sotero
Efraim [Efraim] Eleutério
Yosef [José] Vitor I
Yehudá [Judá] Zeferino

A real sucessão de líderes em Jerusalém foi prejudicada com a


guerra travada entre judeus e romanos nos anos 132-135 D.C, na
Revolta de Bar Kochba.

Bar Koziba organizou um exército religioso equivalente a 4 legiões


romanas como objetivo de expulsar os romanos de Jerusalém e de
Israel, criando um Estado independente. Na ocasião, o rabino
Akiva mudou o nome de Bar Koziba para Bar Kochba (“Filho da
Estrela”), declarando-o como o Messias de Israel. Após uma
vitória temporária por três anos, os judeus foram derrotados por
12 legiões romanas que promoveram ataques a pequenos grupos e
vilarejos de civis. No período de três anos de conflito, calcula-se
que aproximadamente 850.000 judeus foram mortos pela pelas
espadas romanas, por fome ou por doença. Com o término da
guerra, o imperador Adriano alterou o nome da província de Judeia
para Síria-Palestina. Também mudou o nome de Jerusalém para
Aelia Capitolina, proibindo os judeus de entrar na cidade, sob pena
de morte. Por tal razão, desapareceu a liderança judaica em
Jerusalém, rompendo-se a cadeia de sucessão dos anciãos,
seguidores de Yeshua HaMashiach. Nos anos de 66-135 D.C,
estima-se que os romanos dizimaram aproximadamente um milhão
e quinhentos mil judeus, razão pela qual foi enfraquecido o
Judaísmo de Yeshua e de seus Emissários.
1Clemente

O documento mais antigo depois dos escritos neotestamentários é


a carta 1Clemente23. O autor anônimo, segundo uma tradição
confiável, ficou como Clemente, um ancião da comunidade de
Roma. Sua carta apresenta diversas características marcantes. Em
primeiro lugar, o autor demonstra surpreendente familiaridade
com todo o Tana”ch. É capaz de citar versos condizentes com tudo
o que tem a expor, em geral tirados dos lugares mais inusitados do
Tana”ch.

Em segundo lugar, Clemente considera os homens piedosos do


Tanach como seus ancestrais, e a história da comunidade de
crentes em Yeshua como continuação conjunta à história de Israel.
Ao longo de todo o livro, o autor revela uma grande familiaridade
com o pensamento e as expressões próprias dos judeus. Ao concluir
a carta com uma longa oração24, a linguagem e as frases
empregadas mostram paralelos espantosos com as orações
judaicas, como expressões “Adon Olam”, “Melech Haolam”, por
exemplo.

Não há dúvida de que 1Clemente é um documento messiânico25: a


saudação é dirigida “aos que são chamados e santificados pela
vontade de D’us por meio de nosso Senhor Yeshua, o Messias”;
Pedro e Paulo são citados como modelos de testemunhas e mártires
(5:4-7); há referências esparsas ao Mashiach em toda a carta.
Contudo, se retirássemos do texto esses pontos relevantes, sua

23
Carta da comunidade romana à comunidade de Corinto, onde um “golpe” liderado pela liderança
mais jovem expulsou os mais velhos. A comunidade de Roma protesta contra o acontecido. Tema
principal: fim das disputas, restauração da harmonia.
24
1Clemente 59:3-61:3
25
Isto é, um documento que professa Yeshua (Yeshua) como Messias;
estrutura principal em nada seria afetada. Teríamos então um
texto bastante característico do judaísmo da Diáspora, tanto no
estilo quanto no conteúdo. 1Clemente é um documento com indícios
muito fortes da positividade quanto à identidade judaica.

Mártires de Lyon

Em Lyon, no ano 177 d.e.c., uma amotinação popular aprisionou


determinados crentes da comunidade gentílica em França,
condenados com a concordância do imperador Marco Aurélio. Não
sabemos ao certo o que teria causado a revolta populaRabi A
impressão que se tem é de que teria sido uma oportunidade para
dar vazão a um ódio que vinha se acumulando há algum tempo.
Tudo começou com a excomunhão social dos crentes. Eles foram
banidos de todos os lugares públicos. Pouco depois disso,
aproveitando-se o fato de que o governador romano se ausentara
da cidade, a multidão tomou a lei nas próprias mãos e passou a
perseguir regularmente a comunidade.

Para a maioria dos prisioneiros, a pior parte da tortura ainda não


havia chegado: eles seriam condenados a servir de entretenimento
público nas arenas de animais em espetáculos realizados no
anfiteatro de Lião. Eusébio de Cesareia relata que dois a dois eles
eram levados à arena, torturados e, em seguida, jogados às bestas.
Com especial amor e compaixão a narrativa se detém um pouco
mais no martírio de Blandina, uma jovem escrava que ninguém
acreditava que fosse viver muito, porque era de constituição frágil.

“Estávamos todos temerosos, e achava-se tomada de agonia, pois


a fragilidade de seu corpo [isto é, do corpo de Blandina] não lhe
permitiria fazer uma confissão ousada. Blantina estava de tal
forma cheia de forças que aqueles que, por turnos, a torturavam
de todas as formas desde o alvorecer até o crepúsculo,
confessaram-se fatigados e exaustos, admitindo sua derrota
(...)”26

Blandina suportou a tortura durante todo o tempo em que esteve


presa. Por fim, chegara o momento de ser levada à arena:

“(...) suspensa por uma estaca, ali jazia como alimento para as
feras soltas em sua direção. Só de vê-la pendurada de través em
fervente oração enchiam-se de entusiasmo aqueles [outros
mártires] que contendiam. Pois em seu conflito contemplavam
com os olhos externos, sob a forma de sua irmã, àquele que fora
crucificado por eles (...) E como nenhuma das bestas a tocavam,
tiraram-na da estaca e a lançaram novamente na prisão (...)
para que assim fosse capaz de suportar outras disputas, e assim
tornar irrevogável a sentença proferida contra a serpente iníqua,
e encorajar os irmãos – ela, a pequenina, a frágil, a desprezada,
que fizera do Messias um campeão altivo e invencível e que, em
várias oportunidades, subjugou o adversário e, em meio ao
conflito, foi coroada com a coroa da incorruptibilidade.”27

Desse modo, Blandina teve de ser levada pela segunda vez à arena:

“A abençoada Blandina, contudo, a última de todos (...) e depois


dos flagelos, dos ataques dos animais ferozes (...) ela foi por fim
lançada em uma cesta e oferecida a um touro. Durante algum
tempo, o animal a sacudiu, mas ela já não tinha noção do que se
26
História Eclesiástica 5.1.18-19
27
História Eclesiástica 5.1.41-42
passava graças à esperança que nutria. Por fim, foi sacrificada,
e até mesmo os pagãos se viram forçados a reconhecer que nunca
em sua experiência tinham visto uma mulher suportar tantos e
terríveis sofrimentos.”28

De maior interesse para o nosso estudo é a atitude da comunidade


que produziu esses mártires e escreveu o relato de seu martírio.
Alguns detalhes notáveis na descrição desses mártires demanda
uma explicação. Eles são geralmente chamados de “guerreiros,
combatentes e atletas”; estão envolvidos em uma disputa; suportar
o conflito até a morte os torna vencedores.

Nada disso é estranho, porém, para quem está familiarizado com a


história dos mártires Macabeus em 2 e 4Macabeus. Em 2Macabeus
7, lemos a história de uma mãe e de seus sete filhos que forma
martirizados por Antíoco Epífanes. Uma versão ampliada dessa
narrativa aparece em 4Macabeus 8-17. Aqui, a mãe e seus filhos
são descritos como guerreiros exatamente do mesmo modo como o
faz a narrativa dos mártires de Lyon. De acordo com Oskar
Skarsaune29, obviamente a comunidade de Lyon considerava os
mártires de Macabeus com seus ancestrais espirituais e exemplos
inspiradores a serem seguidos quando necessário.30

Seria esse contato com a orgulhosa tradição judaica de mártires


simplesmente um episódio literário ou será que a comunidade de
Lyon teve algum contato direto com o judaísmo real em sua
cidade? Há uma indicação interessante a esse respeito na
narrativa. Sob tortura, uma jovem de nome Biblias em um

28
História Eclesiástica 5.1.53-56
29
À Sombra do Templo, p. 243;
30
Nessa análise, veja de perto a Frend, Martyrdim and persecution;
rompante de indignação diz: “Como podem eles devorar crianças
se estão proibidos de tomar o sangue até mesmo das feras mais
selvagens?”. Isso indica claramente que a comunidade de Lyon
observava os decretos no tocante à carne preparada da forma
kasheRabi Como Frend muito bem observa, “surge então a
pergunta: onde é que os crentes conseguiam carne? A única
resposta possível é que eles a obtinham de um mercado kasher
estabelecido pelos judeus, o que, por sua vez, revela a existência de
um contato pessoal muito próximo entre judeus e crentes na
cidade. Em Lyon (...) os judeus não são citados como inimigos da
comunidade.”31

Testemunho de Epifânio

Epifânio de Salamina, um dos “Pais” da igreja Católica que viveu


no final do século IV D.C, escreveu uma obra em que criticou os
do Caminho. Para Epifânio, os nazarenos seriam hereges.
Contudo, sabemos com toda certeza de que os primeiros discípulos
de Yeshua não foram ímpios, mas sim homens tementes ao Eterno.
Eis o relato de Epifânio:

“Os nazarenos não diferem essencialmente dos outros [referindo-


se aos judeus tradicionais], pois praticam os mesmos costumes e
as mesmas doutrinas prescritas pela Lei judaica [a Torá], com a
diferença que eles [os nazarenos] creem no Messias [Yeshua].
Eles [os nazarenos] creem na ressurreição dos mortos e que o
universo foi criado por D’us. Eles afirmam que D’us é um, e que
Jesus Cristo [Yeshua HaMashiach] é Seu Filho. Eles [os
nazarenos] são bem versados na língua hebraica. Leem a Lei

31
Frend, Martyrdim and persecution, p. 18;
[referindo-se à Lei de Moisés] ... Eles são diferentes dos judeus e
diferentes dos cristãos, apenas no seguinte: eles discordam dos
judeus porque chegaram à fé no Messias; mas são distintos dos
verdadeiros cristãos porque praticam os ritos judaicos da
circuncisão, a guarda do sábado, e outros.”32

Até o século IV, há registros históricos expressos sobre a


existência da vida judaica nos discípulos de Yeshua. Desta data em
diante, as referências são diminutas. Por tal motivo, alguns
pesquisadores afirmam que esta vivência judaica despareceu no
quarto século, enquanto outros alegam que o grupo nunca
sucumbiu.

Evidências no Talmud Babilônico

1. Nakdimon ben Gurion

Dois judeus crentes do primeiro século são mencionados no


Talmud e recebem um excelente testemunho. O primeiro é
Nicodemos, idêntico de acordo com o escritor da "Jewish
Encyclopædia", com Nakdimon ben Gurion, mencionado nos
Evangelhos. Está escrito:

“E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos,


príncipe (autoridade do Sinédrio) dos judeus. Este foi ter de noite
com Yeshua, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo
de D’us; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
D’us não for com ele.”33

32
En Contra de las Herejías, Panarion 29, 7
33
João 3:1-2
Este mesmo Nakdimon é identificado com o Nakdimon Ben Gurion
mencionado nas referências Guitin 56a, Avodah Zarah 25a,
Taanit 19b-20a, Ketubot 66b, Avot D’Rabi Natan 6:3, Bereshit
Rabah 42:1, Pirke D’Rabi Eliezer 2:1-2, Eichah Rabah 1:31,
Kohelet Rabah 7.11.1, Yalkut Shimoni 809:3, Pessikta Rabati
29:1.

A referência mais emblemática sobre Nakdimon afirma:

“Três homens pararam o sol; Moshé, Yehoshua, seu discípulo, e


Nakdimon Ben Gurion.”34

O que levou aos estudiosos a entenderem que o Nakdimon da


Tradição Judaica Antiga é o mesmo Nakdimon da Brit Chadashah,
foi o fato de que no início dos registros sobre este personagem, ele
participava de uma família extremamente rica, porém, sem
explicação que justifique tal afirmativa, o mesmo personagem
aparece sendo retratado como um "quase mendigo", como consta:
"Rabi Yochanan Ben Zakai viu a filha de Nakdimon a juntar
espigas de cevada de sob os cascos dos cavalos, em Aco, e, em outra
oportunidade, realmente coava tais espigas do esterco dos animais
dos árabes."35

A extrema pobreza seria, de acordo com estudiosos, fruto do


desprezo que Nakdimon atraiu sobre si por ter aderido aos crentes
em Yeshua em detrimento do movimento dos fariseus.

34
Taanit 20a
35
Ketubot 66b
2. Yaakov Ish K’far Sechanya

O outro é Yaacov de K’far Sechanya. Ele uma vez se encontrou


com Rabi Eliezer no mercado principal de Tzipori e pediu sua
opinião sobre uma questão curiosa ritualística em cima de Devarim
23:1836. Como Rabi Eliezer se recusou a dar uma opinião, Yaacov
familiarizou-o com a interpretação de Yeshua derivada de Miqueias
1:737. Rabi Eliezer ficou satisfeito com a interpretação e,
consequentemente, acusado de inclinações messiânicas pelo
governador38.

Em outra ocasião, Yaacov foi curar Rabi Eleazar ben Dama de uma
picada mortífera de uma serpente em nome de Yeshua, mas seu tio,
Rabi Ishmael, não quis permitir. Yaacov disse-lhe: Rabi Ishmael,
meu irmão, deixe-me curá-lo e Eu vou provar para você a partir da
Torá, que é permitido. Mas Rabi Ishmael e Rabi Eleazar estava
decididos. Enquanto isso, o paciente morreu e seu tio lamuriou o
cadáver com estas palavras: "Feliz és tu Ben Dama que teu corpo
é puro e tua alma partiu em pureza, como tu não transgrediu as
palavras de seus colegas"39.

Rejeição ao “Cristianismo Judaico”

Nos círculos cristãos, o termo “nazareno” mais tarde passou a ser


usado como um rótulo para os fiéis à lei judaica, em particular para

36
“Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Eterno teu D’us por
qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Eterno teu D’us.”
37
“porque pela paga de prostituta os ajuntou, e para a paga de prostituta voltarão.”
38
Avodah Zarah 17a
39
Avodah Zarah 27b
uma certa “seita”. Esses cristãos-judeus40, originalmente o grupo
central da Primeira Comunidade41, foram inicialmente declarados
ortodoxos, mas depois foram excluídos e denunciados. Alguns
subgrupos cristãos-judeus, como os ebionitas42, foram
considerados como tendo crenças não-ortodoxas, particularmente
em relação às suas opiniões sobre a divindade do Messias e os
convertidos gentios. Os “nazarenos”, mantendo a ortodoxia, exceto
em sua adesão à lei judaica, não eram considerados heréticos até o
domínio da ortodoxia no século IV. Os ebionitas eram um grupo
dissidente dos “nazarenos”, com divergências sobre cristologia e
cânon. Após a condenação dos “nazarenos” e dos ebionitas, o
termo “ebionita” foi frequentemente usado como pejorativo geral
para todas as “heresias” relacionadas.

A comunidade que mantinha sua fé em Yeshua juntamente com a


vivência judaica constituía uma comunidade separada dos cristãos
normativos, mas mantinham uma fé semelhante43, diferindo em
práticas comunitárias. Houve uma “dupla rejeição” pós-nicena dos
“nazareno” tanto pelo cristianismo gentílico quanto pelo judaísmo
rabínico. Acredita-se que não houve confronto direto ou
perseguição entre o cristianismo gentio e o judaico. No entanto, a
essa altura, a prática do judaico-cristianismo44 foi diluída tanto por
cismas internos quanto por pressões externas. O cristianismo

40
Sabe-se que conceitualmente, hoje, esse termo constitui-se impreciso. Porém, é utilizado nessa obra
por manutenção da forma como os judeus crentes em Yeshua eram chamados nesta época;
41
Crentes em Yeshua cuja organização e atividade está registrada no Livro do Atos Apostólicos;
42
Em hebraico, ‫( אביונים‬evionim – “pobres”), é um termo patrístico que se refere a um movimento
“cristão-judaico” que existia durante os primeiros séculos da era comum. É mister ressaltar que estes
não eram os verdadeiros herdeiros da fé e vivência judaica que a Primeira Comunidade possuía. Era
um grupo que consideravam Yeshua de Nazaré como o Messias, enquanto rejeitavam sua divindade
e seu nascimento virginal e insistiam na necessidade de seguir a lei e os ritos judaicos. Eles usavam
apenas um dos evangelhos judaico-cristãos, o Livro Hebraico de Mateus, começando no capítulo três;
reverenciado Tiago, o irmão de Yeshua (Tiago, o Justo); e rejeitando Paulo, o apóstolo, como apóstata
da Torah. Seu nome sugere que eles atribuíram um valor especial à pobreza voluntária.
43
Na messianidade de Yeshua;
44
Termo também utilizado nos meios acadêmicos;
gentílico permaneceu o único fio da ortodoxia e se impôs aos
santuários cristãos anteriormente judaicos, assumindo o controle
total dessas casas de culto até o final do século V.

Período Pós-Talmúdico45

Por vários séculos, não se ouve falar de judeus ilustres que


adotaram a crença em Yeshua como Messias. Indubitavelmente,
após a ascensão do Islamismo, a igreja católica ocupou-se em se
defender de uma nova fé antagonista mais fanática, e os judeus
foram em geral negligenciados. Além disso, mal havia professores
cristãos que entendessem o hebraico, e a B’rit Chadashah ainda
não havia sido traduzida para a língua sagrada. Dessa maneira, o
contato entre a fé em Yeshua e a comunidade judaica se distanciou
mais do que nunca.

Mas mesmo naquela época, na véspera da chamada Idade Média, a


idade dos Gueonim46, quando existiam líderes judaicos na
Babilônia que exerciam a suprema autoridade religiosa sobre os
judeus no Oriente, e até na Espanha e na França, ouviu-se
ocasionalmente uma voz do meio da sinagoga prestando um
testemunho do Mashiach. Cottan Mather, em sua obra "Faith of
The Fathers47", cita as palavras do Rabino Samuel Marachus48 ao
falar do Messias, como segue:

45
Ou, na história secular, refere-se ao período de ascensão do Islamismo;
46
Período rabínico que consiste desde a conquista árabe de Israel em 637 d.e.c, até a morte de Rav
Hai Gaon e a decadência das Yeshivot (Escolas Rabínicas) da Babilônia em 1038 d.e.c..
47
Em port., “Fé dos Antepassados”;
48
Ou como era conhecido, Abbas Samuel Abbu Nasr Ibn;
“O Profeta Amós menciona um quarto crime (2:649) sobre a
venda do Único Justo por moedas de prata, pelo qual estamos em
nosso cativeiro. Parece-me de maneira manifesta que, por vender
o Único Justo, somos justamente punidos. Agora são 1000 anos
ou mais, e em tudo isso não fizemos uma boa mão diante os
gentios, e não há mais probabilidade de nos voltarmos para o
bem. Oh, meu D’us! Receio que o Jesus, a quem os cristãos
adoram, seja o Justo que vendemos por moedas de prata”.50, 51

Medievo Judaico-Cristão52

Ao relatar os conhecidos convertidos judeus na igreja cristã, o


estudante se limita às informações fornecidas de fontes geralmente
ligadas à igreja católica ocidental ou romana. Naturalmente, o
período medieval cristão se divide em quatro partes:

1. Período anterior ao Grande Cisma53;


2. Período posterior ao Grande Cisma;
3. Período de pré-Reforma;
4. Período de pós-Reforma.

No terceiro, a igreja romana demonstrou grande zelo, embora não


de acordo com o conhecimento, em seu enérgico empreendimento
missionário entre os judeus. Havia um seminário missionário na
Espanha, no qual os frades estudavam literatura judaica e se

49
“Assim diz o Eterno: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque
vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos”
50
Vide "Lectures on the Jews", Glasgow, 1839.
51
Vide “Some Jewish Witnesses for Christ”, p. 13, Bernstein, 1909.
52
Ou hebreu-cristão (termo comumente usado na academia);
53
Foi o evento que causou a ruptura da igreja, separando-a em duas: igreja católica apostólica romana
e igreja católica apostólica ortodoxa, a partir do ano 1054, quando os líderes da igreja de
Constantinopla e da igreja de Roma se excomungaram mutuamente;
qualificavam para continuar debates com os judeus. Por isso,
lemos sobre frequentes disputas realizadas pelos missionários
judeus e gentios com os rabinos mais instruídos, frequentemente
na presença de bispos, nobres e príncipes. Mas, infelizmente os
métodos empregados também eram frequentemente os de força e
intriga e, consequentemente, não-cristãos ao extremo54, e os
convertidos assim obtidos eram apenas aparentes, e isso levou,
como sabemos, à terrível Inquisição e à expulsão final dos judeus.
da Espanha.

No último período, após a Reforma e em diante, a igreja romana


aparentemente diminuiu seu “zelo” pela conversão dos judeus. Ela
não tem organização missionária distinta, e só ouvimos de vez em
quando sobre sequestros clandestinos, geralmente através da
instrumentalidade de empregadas domésticas, como o famoso caso
de Edgardo Mortara55 na época de Pio IX.

Não obstante, entre aqueles que se uniram voluntariamente à


igreja romana em vários séculos, realmente acreditamos - com
base em sua posição social, suas obras públicas, escritos publicados
e caráter pessoal - que eles abraçaram o cristianismo por pura
convicção e conscientemente embasaram sua fé56, deveres que se
54
Pois que ser antissemita é ser anticristão (Vide Manifesto Judeu Messiânico, p. 230, David H. Stern,
2° edição);
55
Pio IX aboliu leis que forçavam os judeus a viver em áreas específicas, os impediam de praticar
certas profissões, e os obrigavam a ouvir sermões quatro vezes por ano em tentativas de conversão.
O Judaísmo e o Catolicismo eram as únicas religiões permitidas por lei (o Protestantismo era permitido
aos estrangeiros, mas não autorizado a italianos). Mesmo assim, o testemunho de um judeu em
tribunal contra um cristão era inadmissível aos olhos da lei.
Em 1858, num caso altamente divulgado na época, uma criança judia de seis anos, Edgardo Mortara,
foi levado de sua casa pela polícia para os Estados Papais. Foi referido que havia sido batizado por
uma empregada cristã da família quando estava doente, por temer que não fosse para o Céu. Naquele
tempo os cristãos não podiam ser criados por judeus, mesmo se fossem seus pais. Pio IX recusou os
apelos de numerosos chefes de estado, incluindo o Imperador Francisco José I da Áustria e o
Imperador Napoleão III de França para o retorno da criança a seus pais.
56
É necessário ser dito que em épocas como estas não se concebia o ideal de ser “judeu e cristão ao
mesmo tempo”. Portanto, os judeus que chegavam à fé genuína em Yeshua (Jesus) como Messias
passavam normalmente pelo processo formal de conversão cristã.
ocorriam de acordo com a luz que havia para eles na época. A
seguir, é apresentada uma lista de judeus católicos romanos
convertidos, que se tornaram históricos, muitas vezes causando
uma boa impressão em seus contemporâneos, e tendo procurado o
bem-estar do seu povo, o povo judeu. Os nomes são dados em
ordem alfabética, pois esse método parece ser o mais conveniente
para o compilador e a data e o país em que eles moravam são
adicionados. Como todos eles eram membros de uma igreja, não é
muito material seguir os séculos em sucessão regular ou tratar os
países aos quais pertenciam separadamente. No entanto, é feita
uma exceção em relação à Inglaterra, na qual o "Domus
Conversorum", a casa dos convertidos em Londres, exige um
artigo separado.

Aviatar HaKohen Esther, de Saragoça, Espanha, após seu


batismo, no século XV, casou-se com Don Alfonso, filho do rei de
Aragão. Sua irmã, Leah, também abraçou a crença em Yeshua
(Jesus) e se casou com Marano Martin Sanchez. Deles descendem
parte da nobreza espanhola.

Abilis Simon, um convertido em Praga. Segundo o relatório do


jesuíta Eder, ele foi morto por seu pai, Lázaro, em 21 de março de
1694, porque se recusou a renunciar sua crença em Yeshua
(Jesus), como Messias. O pai foi preso, onde se suicidou,
enforcando-se com seu tefilin.

Avner, de Burgos (também chamado Alfonso de Valladolid),


nascido em 1270, morreu em 1348, tornou-se crente em Yeshua
aos sessenta anos de idade. Ele era médico por profissão e
aprendeu Talmud, filosofia judaica e astronomia. Ele escreveu os
seguintes trabalhos: 1. "Moreh Tsedek" (Professor de Justiça) 2.
"Um diálogo entre um cristão e um judeu" 3. "Uma resposta ao
livro de Kimch”i e a Milchamot HaShem". 4. "Fundamentos do
Antigo Testamento para Doutrinas Cristãs" 5. "Uma resposta a
respostas" 6. "Igeret hagezerah", no qual ele dá razões para sua
conversão.

Abraham Beneveniste, rabino principal de Sevilha, junto com seu


filho e genro, também rabinos ingressaram na igreja em 1492,
quando assumiram o nome de Cosonel. Abravanel Samuel (um dos
três com o mesmo nome) foi batizado em 1391, quando recebeu o
nome de Juan de Sevilla. Emílio, Paulus, nascido em Breslau,
Alemanha, provavelmente na primeira parte do século XVI,
morreu em Roma em 1576. Depois de abraçar o cristianismo, foi
nomeado professor de hebraico em Ingoldstadt em 1547. Ele foi o
primeiro bibliógrafo judeu.

Alexander de Franciscis Hebraeus. Como judeu, ele era conhecido


como Elisha de Roma. Após seu batismo no século XVI, ele entrou
na Ordem dos Frades Dominicanos, na qual se distinguia como
orador. Papa Clemente VIII nomeou-o proctor, então vigário geral
e, finalmente, bispo de Forli. Ele escreveu: 1. “Notas hebraicas
sobre Gênesis e Êxodo”, com referência especial ao texto da
Vulgata. 2. “De Tempore et de Sanctis”.

Alexanderson (Ben Alexander) Daniel. Depois de abraçar o


cristianismo em Rouen, na França, em 1621, ele escreveu em
siríaco ou aramaico uma carta aberta, dando as razões de sua
conversão e exortando seus “ex”-co-religiosos a seguirem seu
exemplo. A carta foi traduzida para vários idiomas europeus e
passou por duas edições em inglês em Londres, 1688 e 1703.

Alfonsi Petrus (Moses Sefardi) nasceu em Huesca, Aragão, em


1062, e morreu em 1110. Ele foi médico do rei Alfonso VI. Após
seu batismo, ele escreveu uma série de doze diálogos entre Moisés
e Pedro, ou seja, entre ele mesmo como judeu e cristão.

Alonzo de Cartagena, filho de Salomão HaLevi, ou Paulo de


Burgos, nasceu em 1385 em Burgos, Espanha, e foi batizado com
seu pai, irmãos e irmãs em 1391. Depois de estudar filosofia e
direito, tornou-se diácono de Santiago e Segovia. Ele e seu irmão,
chamado Gonzalo Garcia, representaram a Espanha no Conselho
de Basileia. Alonzo, chamado "a alegria da Espanha e o deleite da
religião", publicou várias obras filosóficas e teológicas, além de
alguns poemas eróticos. Andreas Johannes, um nativo de Xativa
no século XVI. Após sua conversão, ele escreveu uma carta às
congregações do sul da França, exortando-as a aceitar o
cristianismo (Paris, 1552). Suas obras, originalmente escritas em
espanhol, foram traduzidas para o italiano por Domenio Castila
(Sevilha, 1537) e frequentemente reimpressas em Leipzig, Veneza
e Utrecht.

Alfonso de Zamora, nascido em 1474, abraçou o cristianismo em


1506, e seu pai Juan o fez também. Alfonso tornou-se professor
de línguas semíticas na Universidade de Salamanca. Por mais de
quinze anos, trabalhou sob os auspícios do Cardeal Ximenes, na
preparação da Poliglota Complutense. Ele escreveu uma série de
obras gramaticais e lexicográficas, uma epístola em hebraico e
latim para os judeus em Roma, na qual tentou convencê-los da
verdade do cristianismo, traduções de comentários sobre Isaías e
Jeremias, uma Introdução ao Targum e uma obra polêmica
intitulada "Libro da Sabidúria de Dios".

Anacletus II, Pietro Pierleoni (Antipapa57 de Inocêncio II), de


1130 a 1138. Diz-se que ele era um descendente muito próximo
de um Baruch, um judeu rico que havia ingressado na igreja
romana. Não há dúvida de que ele era de origem judaica, como
Bernardo de Clairvaux, um defensor de Inocêncio II, em uma carta
a Lothair, escreveu que "para vergonha de Cristo um homem de
origem judaica passou a ocupar a cadeira de São Peter". Ele era
amigável com os judeus. Isso é interessante o suficiente, mas, mais
ainda, porque deu origem à lenda de um papa judeu chamado
Andreas, descoberta entre algumas liturgias penitenciais emitidas
por Eliezer Ashkenazi (Frankfurt, Maine, 1854). ele próprio
abraçou o cristianismo e se tornou sucessivamente cardeal e papa.
Em resposta a um apelo dos judeus à proteção contra uma
perseguição iminente, ele não apenas, através de um discurso,
subjugou a paixão popular, mas também acalmou os judeus,
enviando-lhes uma oração penitencial composta em hebraico,
assinada com seu nome Andreas.

Outra lenda em circulação entre os judeus, variando nos detalhes,


é que o nome desse papa era Elchanan ben Shimon HaGadol,
rabino de Mayence, que foi sequestrado quando criança por um
servo, em um dia de Yom Kipur. E quando ele se tornou Papa, a
história de sua origem foi contada por seu antigo professor de
Wurzburg, quando ele convocou os judeus de Mayence para enviar
57
Um antipapa é uma pessoa que reclama o título de Papa, em oposição a um Papa legitimamente
eleito, ou durante algum período em que o título estava vago. Antipapa não é necessariamente sinal
de doutrina contrária à fé ensinada pela igreja. No passado, antipapas eram geralmente apoiados por
uma facção significativa de cardeais e reinos;
uma delegação a Roma, para discutir a questão entre judaísmo e
cristianismo com ele.

Consequentemente, seu próprio pai apareceu diante dele e uma


noite se deu a conhecer por seus sinais de nascimento ou, como
alguns dizem, por um movimento peculiar no xadrez que ele
aprendera com ele. O resultado foi que o papa fugiu de repente
disfarçado para Mayence e voltou ao judaísmo. Mas o fim dele era
que ele foi forçado a ser queimado na fogueira ou que ele cometeu
suicídio.58

Exame da História

Conforme analisamos, a crença em Yeshua teve início com o


judaísmo. Como David H. Stern afirma, “(...) de fato, não poderia
ser de outro modo”59. Permaneceram na comunidade judaica
durante os primeiros séculos de nossa era, mas sob pressões
gentílicas e judaicas, foram excluídos de seu berço cultural.
Deixaram de existir como movimento identificável por volta do séc.
V, com reduzidas exceções. A história dos judeus crentes em
Yeshua foi estudada, embora se conheça menos a seu respeito do
que seria desejável.

Dos séculos V ao XVIII, não houve espaço, na igreja ou na


comunidade judaica, para os judeus que desejassem crer em
Yeshua e manter sua prática judaica. Um judeu que quisesse
honrar Yeshua teria que se desligar do seu povo e ingressar na
igreja dominada pelos gentios. Nesse período, a igreja e a
58
Veja "Sippurim", de J. B. Brandeis, Praga. Esta é a versão judaico-alemã, mas também existem
versões em espanhol e árabe que diferem em alguns detalhes (Veja "Enciclopédia Judaica");
59
Vide Manifesto Judeu Messiânico, p. 74, 2° edição;
comunidade judaica desenvolveram as suas histórias, mas a
história do movimento de Yeshua e seus discípulos deixa de ser
comunal e se torna as histórias de crentes-judeus individuais em
relacionamento com essas duas comunidades.

Renascimento do Movimento Hebraico-Cristão no


Séc. XVII – XVIII

O atual reavivamento desse movimento tem início em forma de


ideia, com as sugestões de John Toland, em aproximações cristãs
rumo aos judeus na Holanda e Alemanha, nos séculos XVII –
XVIII, e o movimento cristão-hebraico, em inícios dos séculos
XVIII – XIX na Inglaterra.

Esforços esporádicos foram feitos no sentido de manter uma


abordagem judaica, por exemplo, o rabino Isaac Lichtenstein, que
pregou Yeshua na bimah60 de sua sinagoga em Tapio-Szele,
Hungria (final de 1800); Josef Rabinovich, que fundou uma
sinagoga judaico-messiânica, Kishinev, nos anos 1880; Yechiel
Lichtenstein, com seus comentários ilustres da B’rit Chadashah
(1891-1904); Mark John Levy e Theodore Lucky (início 1900).

Portanto, dos séculos XVII ao XIX identificamos o movimento


judaico-messiânico tendo sua origem nos dois ambientes: cristão e
judaico. Mas, de maneira geral, o movimento era ainda imbuído de
gentilismo, como B. Z. Sobel documenta de maneira excepcional
em seu livro Hebrew Christianity: The Thirteenth Tribe61, no
estudo de uma pequena organização missionária de 1960.62
60
Ou “púlpito”;
61
Em port., “Cristianismo-Hebraico: A Décima Terceira Tribo”;
62
O que podemos denominar de “igrejas étnicas”;
História do Cristianismo-Judaico em Literaturas

Existem vários livros sobre o cristianismo-judaico desde o primeiro


até o séc. V. O falecido Jacob Jocz, judeu crente, escreveu tanto a
história como a teologia no The Jewish People and Jesus Christ63.
Mas é lamentável que mais de meio século após o falecido Hugh
Schonfield ter escrito The History of Jewish Christianity, ela ainda
permanece o único estudo abrangente que traças destinos dos
judeus-messiânicos no decorrer dos últimos dois mil anos. Embora
seus livros posteriores, tais como The Passover Plot, sejam
dominados por precipitadas especulações. Outro livro é Some
Jewish Witnesses For Christ. Ele contém biografias de várias
centenas de fiéis judeus desde o séc. I até a data de sua publicação
(1909).

Infelizmente, nenhuma obra descrevendo uma amostra ampla de


judeus-messiânicos do séc. XX foi até hoje produzida, embora
tenham surgido livros menores.

Se a comunidade judaica pode apontar para Freud, Marx ou


Einstein, por que não preconizaríamos o compositor judeu-
messiânico Felix Mendelsshon (1809-1847) cujos oratórios Elijah
e Paul testemunham sua fé? E também Benjamin Disraeli64
(1804-1881), o primeiro e único judeu Primeiro Ministro da

63
Londres,S.P.C.K., 1962;
64
Alguns crentes judeus se tornaram chefes de estado. Durante o reinado da rainha Vitória, no final
do século XIX, o cristão hebreu Benjamin Disraeli foi eleito primeiro-ministro do Império Britânico.
Muitos cidadãos britânicos suspeitavam de um judeu como chefe de estado. Eles acusaram Disraeli
de ser um cripto-judeu, um convertido ao cristianismo que secretamente praticava o judaísmo. Suas
crenças cristãs eram frequentemente questionadas. Disraeli negou veementemente essas acusações.
Ele declarou que era totalmente judeu e totalmente cristão. Quando a rainha perguntou se ele era judeu
ou cristão, ele respondeu: “Senhora, eu sou a página que falta entre o Antigo e o Novo
Testamento”.
Inglaterra; menos conhecido é o fato de que ele foi também o
primeiro Primeiro Ministro judeu-messiânico.

Predição do Sefer HaZohar

‫ָאקמָ א‬ ְׁ ְׁ‫ כְׁ דֵ ין הֲוּו שִ תִ ין ל‬,‫אִ שְׁ תְׁ לִ ים וא''ו ּג ֹו עֶ שֶ ר שִ ית זִ ְׁמנִין‬


‫ ּובְׁ כָל שִ תִ ין וְׁ שִ תִ ין מֵ הַ הּוא אֶ לֶף שְׁ תִ יתָ ָאה אִ תְׁ תַ קַ ף‬,‫מֵ עַ פְׁ רָ א‬
‫ ּובְׁ שִ ית ְׁמָאה שְׁ נִין‬.‫ה''א וְׁ סַ לְׁ קָ א בְׁ ַד ְׁרּגוֹי לְׁ אִ תְׁ תַ ְׁקפָ א‬
‫לִ שְׁ תִ יתָ ָאה יִתְׁ פַ תְׁ חּון תַ ְׁרעֵ י ְׁדחָ כְׁ ְׁמתָ א לְׁ עֵ ילָא ּומַ בּועֵ י‬
‫ כְׁבַ ר נָש‬.‫ וְׁ יִתְׁ תַ קַ ן עַ לְׁ מָ א לְׁ ָא ֳעלָא בִ שְׁ בִ יעָ ָאה‬,‫ְׁדחָ כְׁ ְׁמתָ א לְׁ תַ תָ א‬
‫ְׁד ִמתְׁ תַ קַ ן בְׁ יוֹמָ א שְׁ תִ יתָ ָאה מֵ כִ י עָ רַ ב שִ ְׁמשָ א לְׁ אֲעָ לָא‬
‫י״א) בִ שְׁ נַת‬:‫ וְׁ סִ ימָ נִיְך (בראשית ז׳‬.‫ אּוף הָ כִ י נָמֵ י‬.‫בְׁ שַ בַ תָ א‬
‫שֵ ש מֵ אוֹת שָ נָה לְׁ חַ יֵי נֹ חַ וְׁ גו' נִבְׁ ְׁקעּו כָל מַ עְׁ יְׁינוֹת תְׁ הוֹם רַ בָ ה‬
“No 600º ano do sexto milênio [5600 no calendário judaico
correspondente a 1840], os portões da sabedoria acima
juntamente com as fontes da sabedoria abaixo e o mundo se
preparará para inaugurar o sétimo. Isso é simbolizado por
alguém que começa os preparativos para anunciar o sábado, na
tarde do sexto dia. Do mesmo modo, no final do sexto milênio,
são feitos os preparativos para a entrada no sétimo. A dica para
isso é: “No 600º ano da vida de Noé ... todas as fontes da grande
profundidade irromperam e as comportas dos céus foram
abertas.”

Na referência do Zohar, volume 1, 116b é feita uma alusão à


passagem de Gênesis 7:11 que diz: ‘e no ano seiscentos da vida de
Noach, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo
dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas
dos céus se abriram’. Pois no 600° ano do 6° milênio, as portas
da sabedoria de cima e as fontes da sabedoria debaixo se abrirão,
a fim de preparar o mundo para inaugurar a Era Messiânica.

A expressão “sabedoria de cima” refere-se a um despertar


espiritual sobremaneira numa renovação espiritual do ser humano.
E a expressão “sabedoria debaixo” refere-se a uma revolução no
conhecimento do mundo material.

Importante assinalar que o Zohar prediz a aberturas destas fontes


a partir do ano 1840, justamente os anos que se iniciaram as
primeiras movimentações para a criação do Judaísmo Messiânico
(sabedoria de cima) e a Revolução Industrial (sabedoria debaixo).

Análise Terminológica

Uma variedade de termos foi usada para descrever aqueles que


mantêm a crença em Yeshua como Messias juntamente com a
identidade judaica no decorrer dos anos. Dr. David H. Stern
enumera alguns termos que foram utilizados ao longo da história,
e explica a insuficiência de cada um, como segue:

1. Crente Judeu: “Vago, uma vez que não está claro o que ou em
quem ele acredita (...) Mas se estiver claro o contexto, o termo
empresta variedade, e eu utilizo no decorrer do livro”;

2. Crente Messiânico: “Também vago, porque, embora esclareça


que a pessoa acredita no Messias, não esclarece se é judia [possui
identidade judaica] ou cristã”;
3. Cristão-Hebreu: “Um termo antigo, do séc. XIX. Hoje soa um
tanto antiquado chamar um judeu de ‘hebreu’ (...) Alguns talvez
usem o termo por inércia, ou por ser mais conhecido nos círculos
em que se movimentam, ou em deferência aos muitos crentes judeus
para quem serviu como divisa, ou para evitar ofender os cristãos
que poderiam se sentir rejeitados por um termo que não inclua a
palavra ‘cristão’”;

4. Cristão-Judeu: “Os intelectuais usam o termo para descrever os


judeus que aceitaram Yeshua como o Messias nos quatro primeiros
séculos da Era Comum. De certo modo parece um termo neutro,
mas quando a finalidade é enfatizar o judaísmo da crença no
Messias judeu é mais sensato não usar um termo – ou seja,
‘cristão’”;

5. Judeu-Cristão: “Mesmo pensamento, embora o termo não seja


usado pelos eruditos”;

6. Judeu Completo: “Aceitando a verdade da B’rit Chadashah, o


judeu completa e plenifica a sua fé no Tana”ch. Os judeus
tradicionais abjetariam contra a implicação de que sua fé é
incompleta (...)” [o que não seria apropriado, principalmente,
quando o objetivo é reconciliar o judeu tradicional a Yeshua];

7. Judeu Bíblico: “Aquele que segue o que é ensinado em toda a


Bíblia, tanto no Tana”ch como na B’rit Chadashah. Isto pode
implicar também, às vezes, na rejeição da Torah Oral e do
‘rabinismo’, como não-bíblicos. Este parece ser um termo
inutilmente tendencioso, uma vez que os judeus de outras correntes
consideram serem suas versões do judaísmo baseadas na Bíblia
Hebraica. Contudo, muitos judeus messiânicos não queririam, em
princípio, dar a entender que se separam de todas as tradições
rabínicas.”

Por que “Judaísmo Messiânico”?

O termo “judaísmo messiânico” tem história documentada que


remonta a 189665; foi novamente utilizado por Theodore Lucky
numa controvérsia com David Baron em cerca de 1911, e surgiu
em artigos do jornal da Aliança Internacional Hebreu-Cristã no
início dos anos 20. Mas seu uso só se generalizou nas décadas de
60 e 70, período em que muitos americanos andavam em busca de
suas raízes étnicas. No final dos anos 60, Manny Brotman intitulou
a sua organização de “Movimento Internacional do Judaísmo
Messiânico”. Em 1976, a Aliança Hebreu-Cristã da América
mudou para “Aliança Judaico-Messiânica da América” (MJAA),
o que constituiu uma linha divisória. A partir daí o uso do termo
por aqueles que sublinham o judaísmo com a crença em Yeshua
continuou a crescer. A formação da União das Congregações
Judaico-Messiânicas (UMJC) em 1979 lançou o termo em
circulação ainda mais ampla.

Daniel Juster, primeiro presidente da UMJC diz:

“O termo ‘judaísmo messiânico’ é considerado justo, pois embora


Messias seja palavra que, do ponto de vista linguístico, antecede
o vocábulo grego christos – sendo assim corretamente usado para

65
David Rausch, Messianic Judaism: Its History, Theology and Polity, p. 55ff;
indicar os judeus que acreditam que o Messias, Yeshua, já
veio.”66

Alguns possivelmente argumentam que todos os judeus ortodoxos


e crentes no Tana”ch são messiânicos, também, uma vez que
acreditam na vinda do Messias. Utilizando os conceitos precisos
das Escrituras, os judeus normativos aceitarão um outro67 como
messias, que não Yeshua, cujas naturezas diferem diametralmente.
Dessa maneira, é incoerente denominar os judeus ortodoxos de
messiânicos uma vez que não anseiam por um Messias que virá nas
nuvens dos céus, e sim um homem com soluções político-
econômicas.

Objetivos do Judaísmo Messiânico

Alguns judeus não-messiânicos reconhecem que existiu uma


comunidade judaica crente em Yeshua nos tempos antigos, mas
negam a possibilidade de uma comunidade judaico-messiânica
hoje. Consideremos as observações do juiz Shamgar, judeu
ortodoxo, na Decisão Dorflinger68:

“Para esta finalidade [convencer a corte de que ela era judia,


com direito a fazer Alyah, segundo a Lei do Retorno de Israel],
ela cometeu exageros, com prolongados e tortuosos argumentos
referentes às possibilidades de ser judia de que acreditava que
Jesus era o Messias, como se ainda vivêssemos no início do

66
Jewish Roots, 1986, p. VIII;
67
Chamado Anti-Messias, vide João 5:42;
68
A Suprema Corte de Israel, em 1978, decidiu que Eileen (Esther) Dorflinger, crente em Yeshua,
nascida de pais judeus e batizada numa igreja por um clérigo cristão ordenado, embora mantivesse a
cultura judaica, não pode ir para Israel como uma judia sob a Lei do Retorno (Vide Corte Suprema de
Justiça de Israel, caso n° 563/77);
primeiro século da Era Cristã, como se desde então nada
houvesse acontecido com relação à cristalização das estruturas
religiosas e à separação do judaísmo de todos aqueles que
escolheram outro caminho.”68

Se as “estruturas religiosas” “cristalizaram-se” de um modo que


separam do judaísmo “todos aqueles que escolheram outro
Caminho”, então é tarefa dos judeus-messiânicos conscientizarem
judeus e cristãos a descristalizarem as estruturas de modo que os
coloquem em linha com a realidade.

Os paradigmas religiosos de ambas as comunidades, no século em


que vivemos, impedem-nas de se voltarem para o centro das
Escrituras. As soluções existentes estão nas mãos justamente
daqueles que podem reconciliar69 essas duas comunidades: os
judeus-messiânicos.

Relações Judaico-Cristãs70

Um dos desafios que impedem a melhoria das relações entre


cristãos e judeus é que ambos têm ideias equivocadas um a respeito
do outro.

Por exemplo, um dos maiores equívocos é que a maioria dos judeus


e dos cristãos pensa que Jesus abandonou o Judaísmo, a religião
de Seu nascimento, a fim de iniciar o cristianismo. Ambos estão
incorretos.

69
Tema aprofundado no próximo tópico;
70
Da ampla literatura referente às relações judaico-cristãs, os três itens seguintes podem ser de
especial interesse para muito leitores: Maré H. Tanenbaum, Marvin R. Wilson e A. James Rudin, e nas
obras: Evangelicals and Jews in Conversation on Scripture, Theology and History. Mesmos editores,
Evangelicals and Jews in na Age of Pluralism e Jerry Falwell and the Jews;
Os judeus têm sido fortemente afetados pela teologia da
substituição, ao qual a maioria dos cristãos adere. Além disso, os
judeus muitas vezes sentem que os cristãos os veem principalmente
como alvos de uma ‘conversão’, e que precisam deixar de ser
judeus e abraçar o cristianismo.

No entanto, há um crescente número de cristãos que veem as coisas


de uma perspectiva diferente.

Estes “cristãos sionistas”, como são geralmente conhecidos, têm


um verdadeiro amor pelo povo judeu. Eles reconhecem que D’us
escolheu a Israel com o intuito de estabelecer uma relação com a
humanidade.

O livro de Deuteronômio nos diz que Ele escolheu os judeus “de


todos os povos na terra para seu próprio e único tesouro”. A Bíblia
nos diz várias vezes que D’us estabeleceu uma “aliança eterna”
com os judeus. No entanto, a maioria dos cristãos acredita que
D’us rejeitou aos judeus quando Jesus não foi aceito por eles como
Messias, substituindo-os pela “igreja”.

Eu ainda não encontrei um cristão que pudesse mostrar um


versículo na Bíblia onde diz que D’us rejeitou os judeus. Na
verdade, a Bíblia indica exatamente o contrário. Romanos 11:1 diz:
“Terá D’us, porventura, rejeitado o Seu povo? De modo algum!”

Então, onde é que originou a rejeição dos judeus como titulares da


promessa da aliança de D’us?
Devemos sempre buscar a verdade, mesmo que acabe por ser
contrário ao que temos sido ensinados. Se os cristãos fizessem isso,
a percepção de que os judeus não foram substituídos pela “igreja”
seria apenas uma das várias coisas que podem surpreendê-los.

1900 Anos de Discriminação

Por exemplo, quantos cristãos sabem que o verdadeiro nome de


Jesus é “Yeshua”? Quantos sabem que Ele nunca falou contra o
judaísmo? Ele teve problemas com algumas “tradições” feitas por
homens (dogmas), e alguns indivíduos em posições de autoridade.
No entanto, ao contrário do que o cristianismo ensina, Ele
permaneceu um judeu por toda a sua vida, e sempre ensinou a
observância da Torá.

Seus ensinamentos nunca aconteceram em igrejas cristãs, aos


domingos. Eles aconteciam em sinagogas judaicas no Shabat. O
fato é que não havia igrejas cristãs quando Ele vivia aqui. Os
primeiros “cristãos” eram na verdade os judeus que O receberam
como seu Messias. Eles adoravam nas sinagogas judaicas,
juntamente com outros judeus.

Como mais gentios aceitaram Jesus como Messias, eles começaram


a afastar-se da origem judaica do que veio a se tornar o
“cristianismo”.

Eventualmente, Roma fez do cristianismo a sua religião oficial, e o


afastamento da judaicidade de Jesus e de Seus primeiros
seguidores criou raízes. Conforme o tempo passava, o sentimento
antijudaico cresceu dentro da “igreja”. A imagem de Jesus foi
completamente mudada do que, sem dúvida, era uma aparência do
Oriente Médio, para um anglo pálido com uma auréola sobre a
cabeça e uma cruz em seu pescoço.

Em essência, o cristianismo sequestrou o que Jesus era, o que Ele


ensinou, formando a sua própria imagem e teologia “não judaica”.
Esta mudança e sentimento antijudaico permeou a maioria do
cristianismo e permanece até hoje.

Depois de suportar 1900 anos de discriminação, perseguições,


conversão forçada, exílio e assassinatos, pode alguém culpar os
judeus por serem hesitantes sobre como entrar em relações com os
cristãos, ou confiar neles? Os evangélicos deveriam entender
porque os judeus resistem se converterem à religião que foi a mais
responsável pelos seus maus tratos do que qualquer outra.

No entanto, por mais difícil que possa ser para alguns judeus
aceitarem, há cristãos que expressam o amor sincero por Israel
reconhecendo-o como “tesouro único” de D’us. Acredito que os
judeus deveriam empenhar-se ativamente em abraçar esses
cristãos. Eles professaram sua determinação de ficar com Israel e
o povo judeu. Isto é especialmente importante durante estes
tempos turbulentos, quando o Egito e outros países árabes
tornaram-se cada vez mais hostis para com Israel e o Ocidente,
seguindo a “primavera árabe”.

Se os cristãos desejam promover a confiança, eles poderiam pensar


em fazer pelo menos duas coisas. Em primeiro lugar, oferecer
arrependimento genuíno pelo que o cristianismo fez ao povo judeu
ao longo da história. Isso ajudará a reduzir a tensão e aumentará
a reconciliação. A segunda sugestão é amar e apreciar o povo judeu
por quem eles são. Reconhecer que através deles temos a relação
de D’us com a humanidade, a Torá, os 10 Mandamentos, as festas,
e assim por diante.

Se os cristãos expressarem um amor genuíno (sem pretenderem


simplesmente e unilateralmente a conversão de judeus), isto seria
um excelente ponto de partida para os judeus e os cristãos verem
um ao outro sob uma luz mais conciliatória e de apoio mútuo. Sob
tais condições, os judeus e os cristãos podem desfazer séculos de
equívocos, construindo uma forte aliança contra inimigos comuns.

Uma área de particular interesse para os judeus messiânicos são


as relações judeu-cristãs. Na lista de formas que essas relações
podem assumir e que apresentamos adiante é preciso ter em mente
que os judeus messiânicos não são quase nunca incluídos como
terceira pessoa com direito a se manifestar.

Tópicos das Relações Judaico-Cristãs

1. Oposição
A igreja coagiu, o povo judaico resistiu. Nem é preciso dizer que
este tem sido o paradigma há séculos.

2. Separatismo
Noutras palavras, viva e deixe viver. Esta será talvez a primeira
escolha de muitos judeus e de não poucos cristãos; contudo é
isolacionista, ignorando o fluxo da história, que reúne cada vez
mais as pessoas na aldeia global.
3. Tolerância
Ser contra a tolerância é o mesmo que ser contra a maternidade, e
não há como ser contra ela. Mas a tolerância é como um
separatismo escondido sob o verniz da cortesia. É melhor do que o
separatismo descortês e melhor do que a intolerância e o fanatismo,
mas não é o objetivo final. Para que a tolerância funcione, os
participantes concordam implicitamente em evitar elementos
inflexíveis nos seus respectivos pontos de vista. Contudo, pode ser
um útil primeiro passo no sentido da melhoria de relações.

Na medida em que é desejável a tolerância do judaísmo pelo


cristianismo e vice-versa, na mesma medida a tolerância do
judaísmo messiânico por judeus não-messiânicos e cristãos, e vice-
versa, é desejável. Representantes do judaísmo messiânico
deveriam, portanto, ser incluídos nas atividades destinadas a
promover a tolerância. Vários pássaros interessantes fazem ninho
na árvore da tolerância. Um é o diálogo ecumênico, valioso porque
qualquer comunicação é melhor do que nenhuma. A Conferência
Nacional de Cristãos e Judeus e a Liga Anti-Difamação da “Bnai
Brith” são duas conhecidas organizações que trabalham nessa
área. Mas os judeus messiânicos raramente são convidados a
participar: esperamos que isto mude em breve.

Outra expressão de tolerância é a cooperação ou aliança entre


cristãos e judeus para finalidades limitadas, por exemplo, ajudar
judeus a saírem da Rússia, ou apoiar o Estado de Israel. Este é
outro tipo de relacionamento distante que, repetimos, é melhor do
que nenhum. Torna-se difícil quando um lado questiona os motivos
do outro.
A tolerância leva, às vezes, ao auxílio mútuo. Como expressão de
bondade humana, quem pode levantar objeções? Contudo é
problemático ajudar uma comunidade ou organização cujas
finalidades são diretamente contrárias às que professamos. Isso
acaba por limitar o grau de assistência. "Ecumenismo" é palavra
que vale a pena mencionar aqui. Se for outro meio de expressar
"diálogo inter-religioso", nada mais é preciso acrescentar. Caso
signifique cooperação inter-denominacional e possivelmente fusão
é inadmissível que possa haver fusão entre uma denominação cristã
e uma judaica.

4. Sincretismo
O sincretismo é a união de duas crenças religiosas, sem que se
integrem plenamente uma com a outra e muitas vezes acarretando
transigência, ecletismo ilógico, aceitação sem crítica de princípios
mutuamente inconsistentes, ou incorporação de aglomerados
indigestos de doutrina ou prática. A chamada tradição judaico-
cristã possui elementos de sincretismo, assim como a "religião
civil" americana.

"Todos os caminhos levam a D’us" é uma falsa proposição que, se


desenvolvida além da forma de slogan, inclui necessariamente
sincretismo. “Tirar melhor de cada religião” significa na verdade
fundar a sua religião pessoal e prova ser em geral sincretismo com
outro nome. Nenhum judeu ou cristão sensato ficaria satisfeito com
uma abordagem sincretista às relações judaico-cristãs.

5. Assimilação
Hoje, assimilação significa judeus tornando-se menos judeus e
mais semelhantes à chamada "cultura cristã" que os rodeia. Do
ponto de vista comunal judaico, assimilação é inimigo mais temido
que a morte, pois à medida que os judeus abandonam o judaísmo e
a comunidade judaica, a comunidade se reduz; e se a assimilação
fosse total, a comunidade judaica deixaria de existir, de modo que,
conforme diriam os autores judeus da era pós-segunda guerra
mundial – “Hitler conheceria uma vitória póstuma”71.
É preciso observar que a cultura que nos rodeia não é de modo
algum cristã no sentido cristão; e “ser batizado” já não é o cartão
de ingresso para a civilização ocidental. A assimilação se dá com
maior frequência para a cultura gentia, com seus inúmeros
elementos pagãos e não-cristãos.

A resposta judaico-messiânica ao problema da assimilação é que


um judeu não precisa deixar de ser judeu quando crê no Messias
judeu, Yeshua. De fato, muitos judeus tornam-se mais cônscios do
seu judaísmo, e não menos, quando chegam à fé da B’rit
Chadashah. Em termos de relações judaico-cristãs, a assimilação
não é resposta, absolutamente. E exato que Arnold Toynbee
declarou que o judaísmo era um "fóssil" sem função na atualidade,
o que implica em que ele era de opinião que o judaísmo devia
assimilar-se e dar-se a si mesmo por encerrado. Mas, D’us seja
louvado, isto simplesmente não está para acontecer.

6. Concessões
Fazer concessões difere de assimilar, uma vez que envolve ambos
os lados e é voluntário. Mas baseia-se na ideia de renunciar a algo

71
Ler Emil Frackenheim, “Jewish Faith and the Holocaust”, Commentary 1967, em God’s Presence in
History (Nova Iorque, Harper & Row, 1970), p.84. Mas comparar com esta observação de Vera
Schlamm, judia que sobreviveu aos campos de concentração, no seu testemunho sobre como passou
a crer em Yeshua: “e permitirmos que a lembrança dos nazistas nos afastem do Messias
concederemos a Hitler o poder de agir além do túmulo, destruindo-nos de modo horrível, como nem
sequer sua mente maligna seria capaz de imaginar”. Ruth Rosen, ed. Jews for Jesus (San Francisco,
A Messianic Jewish Perspective, 1987);
de bom para obter algo de bom. Com diferenças denominacionais e
ecumenismo, a mútua concessão apresenta uma história em parte
auspiciosa. Mas, entre judaísmo e cristianismo, a abordagem não é
de mútua concessão, uma vez que cada qual considera certas
questões infensas a qualquer transigência. A reconciliação, por
outro lado, conforme veremos, baseia-se na ideia de conformidade
com a vontade de D’us, o que só pode ser bom. Noutras palavras,
transigir é um "jogo de soma zero", no qual aquilo que um lado
ganha o outro perde; enquanto que a reconciliação, como a
produção econômica, é um "jogo de soma positiva", no qual ambos
os lados ganham.

7. Evangelização, Conversão e Competição


São interrelacionados e serão estudados em conjunto.
Evangelização é a divulgação do Evangelho. Conversão, do ponto
de vista das Escrituras, significa chegar à fé autêntica em Yeshua,
o Messias. Contudo, no sentido popular, significa passar de uma
comunidade religiosa para outra. Segundo esta definição popular,
conversão não é solução para as relações judaico-cristãs, uma vez
que é também um jogo de soma zero: todo judeu conquistado para
o cristianismo é um judeu perdido para o judaísmo. Conversão
deste tipo não resolve problemas enquanto um dos lados resistir.
Mas a definição popular de conversão baseia-se na ideia de que os
círculos que representam o judaísmo e o cristianismo72 não se
sobrepõem. Se, conforme sabemos, eles podem se sobrepor, o judeu
que acredita em Yeshua não precisa abandonar o judaísmo, de
modo que a definição popular de conversão não se aplica. A
evangelização ocorre quando os que creem na verdade da B’rit

72
Vide Figura 1;
Chadashah voltam-se para os que não creem, apresentando essa
verdade. Houve tempo em que o judaísmo era uma religião
missionária já não o é em grande parte - embora o judaísmo
reformista tenha proposto a missão entre os gentios "que não são

da igreja", e os chassidim lubavitcher procurem com toda energia


levar judeus não-ortodoxos às suas seitas (isto não é fazer missão,
uma vez que as pessoas visadas já são judias; mas seus métodos
lembram os de alguns missionários). A conversão (no sentido
popular), a evangelização e a missão supõem todas um
relacionamento competitivo entre as comunidades religiosas. Isto
não é mau; na verdade, no caso da evangelização, é consequência
do fato objetivo de que a verdade é o que é. A evangelização e o
diálogo inter-religioso são às vezes considerados incompatíveis.
Supõe-se que os que estabelecem o diálogo não devam ter a atitude
"Eu estou certo e você está errado". Pois que não? Ora, diálogo é
apenas duas pessoas interagindo. As pessoas podem falar sem
estabelecer pré-condições relativas às atitudes uma da outra. Basta
estar disposto a escutar o que a outra tem a dizer, e estar disposto
a falar com sinceridade. Noutras palavras, o conflito entre
evangelização e diálogo desaparece quando a meta é conciliação
sem pré-condições.
8. Reconciliação
A reconciliação é o ideal. Para ser real, deve basear-se na verdade,
não em tolerância superficial, ou seja, não deve ter pré-requisitos,
exceto aquele de que ambos os lados estão dispostos a se ajustarem
ao que é verdade. De maneira realística, a reconciliação incluirá
mudança tanto no judaísmo como no cristianismo, numa direção
que o judaísmo messiânico pode ajudar a tornar visível, embora
não alegue ter ele próprio chegado ao objetivo final. Ademais, a
reconciliação é consistente com qualquer forma de evangelização
que utilize métodos honestos e esteja disposta a respeitar a livre
escolha dos que estão sendo evangelizados. O judaísmo messiânico
tem um papel nítido a representar na reconciliação.

Os Primeiros Passos do Judaísmo Messiânico no


Brasil

O Judaísmo Messiânico chega ao Brasil em meados do século XX,


apesar de ser o resgate de um ramo judaico de 2.000 anos, mais
como movimento organizado não chega a ter 100 anos em nosso
país. Vejamos uma breve linha do tempo:

1° Período: Rabino Emanuel Woods zt”l proclama Yeshua


HaMashiach aos judeus em São Paulo na década de 70 e 80. Ele é
o pioneiro no Brasil e sua congregação Beit Sar Shalom e o
ministério foi/é apoiado pela igreja Batista Americana e tem como
líder atual o Rabino Daniel Woods cujo trabalho compreende
exclusivamente entre os judeus.
2° Período: Na década de 1990, o Rosh Sady inicia uma pequena
Comunidade Judaico-Messiânica em São Paulo que se reúne no
Shabat na igreja Metodista Livre.

3° Período: Um outro grupo que se reunia para celebração de


shabat em casas recebe apoio da igreja Batista da Liberdade que
sede sala para o serviço com o Rabino Mario Moreno. Com Rosh
Azulay Atina, e auxiliar Rosh Mauricio Ulisses, surge a Shem
Olam, em meados da década de 90 e desenvolve proposta com
abordagem mais judaica na Teologia, Tradição Judaica e Liturgia.

4° Período: A Congregação Beit Mashiach nasce com Rosh


Gilberto Branco que é vocacionado para liderar em um grupo de
judeus do Bom Retiro, SP capital, que fizeram t’shuva em Yeshua
HaMashiach, apoiados pela Assembleia de D’us. Surge no início da
internet no Brasil, Yeshua Chai, o primeiro chat de discussão de
temas judaico messiânicos abrangendo todo o Brasil.

5° Período: Neste período também aparece a organização


americana Jews for Jesus no Brasil com o intuito de trazer o
entendimento de Jesus para a comunidade judaica por meio de
passeatas missionárias e panfletagem em bairros judaicos.

6° Período: Ministérios cristãos de defesa a Israel fazem também


seu papel significativo como a Chamada da Meia Noite que
contribui com palestras e produções editoriais deste âmbito.

7° Período: Rosh Mario Moreno inicia Comunidade Judaico-


Messiânica em Belo Horizonte em meados da década de 1990, com
foco na restauração das raízes judaicas nas igrejas cristãs trazendo
o entendimento real de Yeshua através de palestras e literatura,
aulas em seminários teológicos e aconselhamento e
acompanhamento para t’shuvah de pastores e líderes cristãos.

8° Período: A Har Tsion, liderada por então Rosh Marcelo


Guimarães apoiado pelo Rabino Yossef Shulam de Israel inicia em
meados da década de 90 o Ministério Ensinando de Sião em Belo
Horizonte que prega a Restauração das Raízes Judaicas na igreja
Cristã e no resgate dos anussim, trabalho que se desenvolve a nível
nacional pela internet com palestras, estudos, congressos e o curso
teológico CATES pela internet no início da década de 2000.
Também contribuem muito com a causa anussita e inauguram o
Museu da Inquisição em Belo Horizonte.

10° Período: Outros grupos surgem na década de 1990 e 2000


em Vitória, Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo e interior, Região
Norte e Nordeste e outros.

11° Período: Em Curitiba, na década de 2000 surge a CINA


(Congregação Israelita da Nova Aliança) com o desmembramento
da igreja de D’us, com toda sua estrutura, inclusive canal de TV e
internet, divulga o Judaísmo-Messiânico com uma proposta
judaica para o Evangelho, propagando em suas diversas filiais em
todo Brasil. E no, Rio de Janeiro, surge a Beit Tefilah Yeshua,
liderada pelo Rabino Eduardo Stein Maroniene.

12° Período: Em 2007, o Rabino Bonney Cassady traz ao Brasil


a filial do Ministério Beit Chofesh no Nordeste e a Yeshiva Judaico-
Messiânica Petah Tikvah que ministra aulas online. Estendeu a
Convenção Internacional de Judaísmo Messiânico (UMJA).
13° Período: Depois deste período outro trabalho que se
desenvolveu a nível nacional foi a Beit El Shamah no Rio de
Janeiro, com um viés teológico judaico com grande influência, que
depois de sua desintegração surgiram alguns ministérios, líderes e
grupos com propostas judaicas originais para o movimento como
Beit Miklat, RJ, do Rabino Yossef Baruch e grupo Netzer, do
Moreh Luiz Felipe.

14° Período: Outros grupos, sinagogas, como a Brit Olam em SC,


Beit Midrash no Mato Grosso, e outros ministérios em todo o
Brasil surgem na década de 2010, inclusive de outras
denominações e movimentos como o Judaísmo Nazareno, que
também tem sua grande contribuição trazendo propostas diversas
tanto direcionadas aos judeus, anussim e também aos cristãos na
restauração e na busca da identidade judaica da fé.

Desafios do Judaísmo Messiânico Brasileiro

Em meio a todo esse contexto, analisamos o movimento, hoje, no


Brasil que é carente de uma representatividade messiânica que
abarca toda esta diversidade e multiplicidade de atuação em prol
do Reino de D’us.

Devemos olhar para nossa história e ver o quanto o Eterno


trabalhou e tem trabalhado no âmbito do judaísmo-messiânico no
Brasil e no mundo. A estrada foi pavimentada no passado para que
hoje pudéssemos seguir em busca de um equilíbrio nos
posicionamentos tanto de postura ética como também teológica.
Com acertos e erros humanos, D’us trabalhou com estes homens e
mulheres para que o judaísmo-messiânico no Brasil viesse a ser
conhecido nacionalmente hoje. Temos acesso a nossa história como
movimento para reflexão do que foi feito de forma correta, como o
Eterno atuou em nosso meio e isso veio a trazer grandes benefícios
para o Seu Reino, com entendimento muito mais profundo sobre a
Torah e Mashiach bem como com muitas almas alcançadas, judeus
e não-judeus, isso nós devemos manter e desenvolver cada vez
mais.

Diante disso, convido-lhe a refletir, sem a pretensão de possuirmos


a resposta correta, sem esta pretensão definitivamente:

1. Quais seriam, então, as características que as Escrituras nos


indicam para que possamos vivenciar uma fé sadia?
2. O que devemos considerar essencial e comum em meio a todas
as vertentes do judaísmo-messiânico no Brasil?
3. O que a nossa geração irá proporcionar para o futuro do
judaísmo-messiânico no Brasil?
4. Qual seria o judaísmo-messiânico que podemos colocar em
prática no Brasil no século XXI?

Judaísmo-Messiânico e a igreja, hoje

Os judeus messiânicos tendem a ser neuróticos no relacionamento


com a igreja protestante, chegando a um dos dois extremos. Ou
mergulham totalmente na ambiência da igreja, rejeitando total ou
parcialmente seu perfil judaico; ou mantêm-se à distância da
história da igreja e da cristandade em geral, desligando-se da
igreja e daquilo que ela fez. Nem uma, nem outra faz justiça à
realidade a ser judeu-messiânico, plenamente judeu e plenamente
messiânico.

1. Perfil Anti-judaico:

Por exemplo, houve um crente judeu chamado Moses Margoliouth


(1820-1881) que publicou em 1843 um livro intitulado The
Fundamental Principies of Modern Judaism Investigated73.
Aprende-se com este livro, mas é preciso lutar constantemente com
o seu estilo, que este só pode ser intitulado anti-judaico. Leia um
trecho do livro:

“Os rabinos, que exigem de nossos judeus que acreditem neles


'mesmo quando estão dizendo que direita é esquerda e esquerda é
direita'74 tentam persuadi-los de que o Ser Divino usa filactérios,
e esforçam-se por prová-lo da maneira mais absurda e
extravagante; o que constitui outro exemplo de sua obstinada
perversão da palavra de D’us, conforme veremos no seguinte
trecho encontrado em (...)"75

Ele escreveu ainda: "Estabeleço grande diferença entre judeus e


judaísmo moderno. Aos primeiros estimo, respeito e amo (...)
quanto ao último, descobri muitas falhas"76. Margoliouth, que se
tornou pastor anglicano pouco depois de o livro ser publicado, sem
dúvida amava o Senhor e a igreja, mas, com atitude tão negativa
em relação ao judaísmo, é difícil imaginá-lo expressando

73
Em port., “Uma Investigação dos Princípios Fundamentais do Moderno Judaísmo”;
74
Conforme o comentário do rabino Jarchi em Deut. 17,2;
75
Moses Margoliouth, The Fundamental Principles of Modern Judaism Investigated, Londres, B.
Wertheim, 1843, p. 28.
76
Ibid., p. 192;
efetivamente a "estima, respeito e amor" que afirmou ter pelos
judeus seus companheiros.

Existem verdades no judaísmo tradicional, de modo que embora


algumas ambiências judaicas sejam opressivas (assim como pode
ocorrer com algumas cristãs) seria melhor mostrar-se menos
dispersivo e mais moderado ao apontar abusos. Ademais, as
observações a respeito de D’us usando tefilin são errôneas, já que
a fonte judaica é agadática, apresentando um drash (homilia), não
uma descrição literal.

Concluindo, parece que ele se sentia em paz com a igreja, mas não
com o seu judaísmo. Certos judeus que aceitaram o Messias
durante a Idade Média tomaram-se instrumentos da igreja
institucionalizada contra seus companheiros judeus. Neles se
incluem Pablo Christiani (d. 1274), cujo debate com a rabino
Moshe ben Nachman (Nachmanides) está registrado; Avner de
Burgos (Paulus de Santa Maria, 1351-1435), Nicholas Donin
(século XIII) e Johann Josef Pfefferkom (1469-1522) encontram-
se também entre os vilões - incentivaram pogroms, queimaram
livros do Talmud e fizeram falsas acusações de várias espécies
contra os judeus. Os judeus têm antenas sensíveis com relação ao
antissemitismo. Os judeus messiânicos não deveriam permitir que
suas antenas se tornassem obtusas, especialmente com respeito às
suas próprias ações.

2. Perfil Anti-Cristão:

Encontra-se, por outro lado, inúmeros judeus-messiânicos que


depreciam, ou desdenham certos aspectos dos gentios crentes.
Alguns discordam de doutrinas com as quais simplesmente não se
pode transigir, por exemplo, a natureza íntima de D’us e a
divindade de Yeshua. A palavra "trindade" não se encontra nas
Escrituras, de modo que não há necessidade de extrair de qualquer
fiel uma confissão da palavra "trindade". Mas disso não se deve
tomar uma postura antiética de depreciação ou calúnia.
Outra forma de anti-cristianismo é a recusa de enfrentar o fato de
que cristãos perseguiram judeus. Aceitamos sem discussão que o
antissemitismo é incompatível com a fé bíblica. Em Zacarias 2:8,
D’us fala: "Aquele que vos toca" - o povo judeu - "toca a pupila do
Meu olho", isto é, a parte mais sensível e útil da vista.

Em Gênesis 12:3, D’us assegura a Avraham, o pai do povo judeu,


"Eu abençoarei aqueles que vos abençoam e amaldiçoarei aqueles
que vos amaldiçoam". Contudo, tanto os indivíduos como a igreja
como instituição ensinaram doutrinas antissemitas e cometeram
atos antissemitas “em nome de Cristo”. Além disso, embora alguns
desses indivíduos fossem cristãos apenas de nome, sem revelar
qualquer evidência de fé genuína, outros eram pessoas que,
segundo qualquer critério, exceto o do próprio antissemitismo,
eram na verdade cristãos - tais como Agostinho e Martinho Lutero.

Creio que convém aos cristãos gentios e aos judeus-messiânicos


assumirem responsabilidade por tais coisas, serem humildes diante
delas, reconhecerem pessoalmente a culpa da igreja diante dos
judeus, sem esperarem necessariamente ser por eles perdoados.
Noutras palavras, devemos concordar que o antissemitismo é mau,
sem passar um verniz sobre o antissemitismo da igreja; menos que
isto, será anticristão.
3. Perfil Antigentílico:
Cabe aqui mencionar outro fenômeno encontrado entre os judeus-
messiânicos: o antigentilismo. Em geral esta atitude pecaminosa é
um resíduo da vida da pessoa como judeu antes de ter crido em
Yeshua, embora ocasionalmente se desenvolva depois. Se os
cristãos gentios precisam renunciar ao preconceito antijudaico, os
judeus-messiânicos devem renunciar ao preconceito antigentílico e
buscar a cura divina. Se o sentimento não desaparecer devem-se
adequar os próprios atos aos padrões das Escrituras e confiar em
que D’us modificará os sentimentos. O crente judeu não deve
tolerar o antigentilismo em si mesmo ou noutros fiéis.

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