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CURSO APOLOGÉTICO

EM DEFESA DA FÉ
Pr. Paulo Sérgio Batista

CURSO APOLOGÉTICO
EM DEFESA DA FÉ
EXPEDIENTE

PRESIDENTE E EDITOR Italo Amadio


DIRETORA EDITORIAL Katia F. Amadio
EDITORA-ASSISTENTE Ana Paula Ribeiro
ASSISTENTE EDITORIAL Renata Aoto
PREPARAÇÃO DE TEXTO Rita Gorgati
REVISÃO Fabiana Giacometti
Larissa W. Ono
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Linea Editora Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Batista, Paulo Sérgio


Curso apologético em defesa da fé / Paulo Sérgio Batista. --
São Paulo : Rideel, 2016.
832 p.

Bibliografia
ISBN 978-85-339-3711-6

1. Apologética 2. Cristianismo I. Título.

15–1236 CDU 230

Índice para catálogo sistemático:


1. Apologética

© 2016 – Todos os direitos reservados à

Av. Casa Verde, 455 – Casa Verde


CEP 02519-000 – São Paulo – SP
e-mail: sac@rideel.com.br
www.editorarideel.com.br
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, especialmente gráfico, fotográfico,
fonográfico, videográfico, internet. Essas proibições aplicam-se também às características de editoração da obra.
A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão
e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103, parágrafo único, 104,
105, 106 e 107, incisos I, II e III, da Lei no 9.610, de 19-2-1998, Lei dos Direitos Autorais).

135798642
0116
DeDicatÓria

D edicamos esta obra a todos os cristãos que ao longo de sua vida e


missão têm desejado não somente conhecer acerca do Deus do cris-
tianismo, mas também compartilhar o conhecimento das Escrituras com
muitos, demonstrando, como dizia Justino Mártir, que o cristianismo é a
maior das filosofias.

5
aPreSentaÇÃo

E ste material que agora você tem em mãos faz parte integrante do
curso de apologética cristã “Em Defesa da Fé”. Foi elaborado cuida-
dosamente para auxiliá-lo de modo prático a pensar e responder de forma
bíblica e racional aos questionamentos frequentes feitos contra a fé cristã
e suas doutrinas fundamentais. Nele você terá não apenas rico embasamento
de refutação a centenas de perguntas e objeções, mas também um conteú-
do de conhecimento essencial ao seu crescimento rumo à maturidade
cristã, exibindo um cristianismo mais compreensível e inteligível do ponto
de vista de uma fé baseada também em uma razão clara e autoevidente.
O nosso mais profundo desejo é que todos os estudantes possam tes-
temunhar de forma mais eficaz a sua fé, levando cativo todo entendimento
a obediência de Cristo (2Co 10.5).

Pr. Paulo Sérgio Batista

7
orientaÇÕeS introDutÓriaS
ao curSo aPologético
“eM DefeSa Da fé”

1. Leia pelo menos duas vezes todo o conteúdo da seção temática,


inclusive as notas sobre movimentos religiosos e filosóficos, no final
de cada seção, antes de olhar as perguntas das verificações de
aprendizagem e das provas.

2. Leia em seguida a seção a partir das questões apresentadas nas


verificações de aprendizagem, preenchendo-as para não perder
nada do conteúdo anteriormente lido.

3. Leia depois, com muita atenção, as perguntas das provas e procure


as respostas que se encontram tanto nas seções temáticas como nas
notas sobre movimentos religiosos e filosóficos, no final de cada
seção.

4. Todas as provas são de múltipla escolha, o que facilita muito o


processo de respostas do aluno.

5. Leia pelo menos duas vezes cada pergunta da prova, antes de res-
pondê-la.

6. Após o preenchimento da prova, faça uma breve revisão de suas


respostas antes de enviá-la para correção.

9
Em defesa da fé

7. Lembre-se de que não adianta seguir cada passo anteriormente


mencionado sem que você tenha absoluta certeza de que reteve as
informações mencionadas em cada seção.

8. Faça um esforço para adquirir algumas das obras mencionadas nas


seções temáticas. Assim você poderá, à medida que estuda, orga-
nizar sua própria biblioteca apologética para pesquisas futuras.

10
teMaS

1. Definição e Natureza do Fenômeno Religioso ............................. 17

2. Cosmovisões .................................................................................... 19

3. Panorama das Crenças Religiosas e Cosmovisões ........................... 24

4. Pluralismo Religioso Brasileiro ...................................................... 24

5. Compartilhando a Fé com Adeptos de Grupos não Cristãos ...... 25

6. Precauções que devem Ser Tomadas ............................................ 26

7. Como Agir Diante dos Adeptos de Grupos não Cristãos ............ 27

8. Divisão: Atualmente existem Doze Grandes Religiões no


Mundo ............................................................................................. 32

9. Religiões Monoteístas ..................................................................... 32

10. Definindo “Seitas” (NMR/DCNB) ................................................ 35

11. Divisão das Chamadas “Seitas” (NMR/DCNB)............................ 36

12. Características Distintivas dos NMR/DCNB ................................ 41

13. Outras Características Fundamentais ............................................ 42

14. Principais Características Psicossociais Encontradas nos NMR/


DCNB.............................................................................................. 42

11
Em defesa da fé

15. As 22 Principais Técnicas de Controle Mental Observadas em


Vários NMR/DCNB........................................................................ 43

16. Resumo das Crenças Fundamentais das Mais Populares Religiões


e “Seitas” (NMR/DCNB) ............................................................... 46

17. Islamismo ........................................................................................ 46

18. Judaísmo .......................................................................................... 48

19. Hinduísmo ....................................................................................... 49

20. Budismo........................................................................................... 51

21. Movimento Hare Krishna (ISKCON) ........................................... 53

22. Nova Era ......................................................................................... 54

23. Testemunhas de Jeová .................................................................... 60

24. Adventistas do Sétimo Dia ............................................................. 62

25. Mormonismo ................................................................................... 64

26. Congregação Cristã no Brasil ......................................................... 66

27. Espiritismo Kardecista.................................................................... 67

12
taBela De SíMBoloS religioSoS
e PenSaMentoS filoSÓficoS

ADVENTISMO DO SÉTIMO DIA


Tábuas da Lei – Referência à importância central
do Decálogo no sistema adventista.

ATEÍSMO, AGNOSTICISMO, CETICISMO


O Pensador – Referência às correntes filosóficas
humanistas.

CATOLICISMO ROMANO
Mitra Papal – Referência à autoridade do líder
máximo da Igreja Católica.

CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL (CCB)


Sede da CCB – Referência à autoridade máxima
da Congregação Cristã no Brasil.

13
Em defesa da fé

ESPIRITISMO KARDECISTA
Borboleta – Referência à mudança evolutiva
passada pela alma por meio de suas múltiplas
reencarnações.

HARE KRISHNA
Flor de Lótus – Referência à elevação espiritual.

ISLAMISMO
Lua Crescente – Referência a Alá na Arábia
Pré-Islâmica.

JUDAÍSMO
Estrela de Davi – Referência ao maior rei da
história de Israel.

MORMONISMO
Anjo Morôni – Referência ao mensageiro
celestial que revelou o local onde o Livro de
Mórmon se encontrava segundo os mórmons.

SEICHO-NO-IE
Enkan – Referência à abrangência sincrética do
grupo.

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Torre de Vigia – Referência ao nome oficial do
grupo.

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SeÇÕeS teMÁticaS

TEOLOGIA, 73

Adão e Eva, 75 Fé, 287


Adorar, 83 A Grande multidão, 295
Alma, 95 Imagem, 302
Anticristo, 109 Inferno, 312
Anjos, 115 Jeová, 328
Apostasia, 123 Jesus Cristo, 338
Apóstolos, 129 Lei, 367
Arrebatamento, 135 Maldição hereditária, 378
Arrependimento, 142 Morte, 385
Batismo, 150 Novo nascimento, 395
Bíblia, 158 Oração, 402
Bode emissário, 196 Pecado, 410
Céu, 203 Purgatório, 425
Criação, 214 Ressurreição, 435
Cruz, 224 Salvação, 452
Deus, 232 Satanás, 464
Diabo, 257 Trindade, 469
Espírito, 265 Últimos dias, 488
Falsos profetas, 274 Volta de Cristo, 498

15
Em defesa da fé

ÉTICA, 511

Aborto, 513 Guerra, 538


Clonagem, 523 Sangue, 546
Eutanásia, 532

CIÊNCIA, 557

Datação (Métodos), 559 Evolução das Espécies, 580


Dinossauros, 568 Raça Humana, 606

APOLOGÉTICA CIENTÍFICA, 619

Arca de Noé, 621 Milagres, 637


Dilúvio, 628

MISTICISMO, 647

Astrologia, 649 Óvni, 672


Espiritismo, 658 Reencarnação, 690

COMPORTAMENTO, 703

Homossexualismo, 705 Divórcio, 735


Casamento, 727

DIVERSOS, 745

Aniversário, 745 Religião, 772


Confissão, 751 Sábado, 798
Cura, 756 Sofrimento, 812
Domingo, 764 Terra, 821

16
curSo aPologético “eM DefeSa Da fé”

1. Definição e Natureza do Fenômeno Religioso

A existência do fenômeno religioso em todas as culturas em que a raça


humana fez parte integrante de seu desenvolvimento demonstra ser este
fenômeno não apenas a tentativa de uma mente primitiva de encontrar
respostas diante dos fenômenos naturais inexplicáveis para uma mente que
desconhecia a ciência, mas também a necessidade natural de expressar a
transcendência comum ao ser humano por meio do fenômeno religioso.
Portanto, a busca humana pela experiência sobrenatural de qualquer natu-
reza demonstra a singularidade desse fenômeno na experiência exclusiva-
mente racional da espécie humana. Então por que não poderíamos afirmar,
ao contrário do que declaram os evolucionistas naturalistas, que a religião
é a maior manifestação da razão humana, visto que até mesmo eles reco-
nhecem que só existem religião e crença na capacidade transcendente da
matéria entre os seres que são racionais? Se admitíssemos que o homem
surgisse a partir de fenômenos evolutivos aleatórios (o que não é verdade),
por que não admitir que o fenômeno religioso é algo que faz parte ineren-
te da racionalidade humana, portanto um fenômeno natural que demonstra
a evolução da mente humana? Não seria a crença em Deus a grande prova
de nossa racionalidade?
Seguindo o tema tratado, de acordo com o livro Reason & Religious
Belief (Razão e Crença Religiosa):

17
Em defesa da fé

“A Religião é constituída por um conjunto de crenças, ações, e


experiências, tanto pessoais e coletivas, organizada em torno do
conceito de uma realidade última que inspira adoração ou total
devoção. Esta realidade última pode ser compreendida como uma
unidade ou pluralidade, pessoal ou impessoal, divina ou não, di-
ferindo de religião para religião” (PETERSON; HASKER; REI-
CHENBACH, 2009, p. 7).

Assim, devemos compreender a religião dentro de um amplo conjun-


to de ações diferenciadas em um sistema que possui perspectivas também
transcendentais. A religião não é apenas um sistema psicossocial, pois: “O
fato de que a religião é um fenômeno psicológico e social não significa que
a religião pode ser reduzida [apenas] a um fenômeno psicológico e social”
(Ibid., 2009, p. 21). A crença, fator que alicerça a religião, provém de uma
mente que possui necessidades e perspectivas transcendentais, e não apenas
sociais e psicológicas.
A crença em um Deus (deus ou deuses de qualquer tipo de concepção),
independentemente de qualquer religião organizacional, faz parte comum
de toda experiência humana conhecida e comprovada por pesquisas desen-
volvidas pela antropologia forense. Onde se encontra qualquer vestígio mais
remoto de crença, e transcendência, aí se encontram também seres genui-
namente humanos.
Portanto, o conceito de religião possui uma grande aplicação além do
conceito básico de crença em uma divindade pessoal transmitido pelas
chamadas religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo, islamismo).
Para compreendermos melhor a natureza do fenômeno religioso, é
necessário entendermos primeiro as chamadas cosmovisões, que formam a
base de todas as Religiões e Seitas – NMR (Novos Movimentos Religiosos),
ou DCNB (Denominações Cristãs não Bíblicas).

18
C u rs o A po lo gético

2. Cosmovisões

Quando falamos de “cosmovisão”, imediatamente algumas pessoas


pensam no termo como algo quase incognoscível que possui desdobramen-
tos inatingíveis, com muitas explicações de cunho filosófico. Na verdade,
“cosmovisão” é algo que todos somos possuidores, pois trata da forma como
nós enxergamos a realidade ao nosso redor (e sua origem), e como, conse-
quentemente, “criamos” os valores que estabelecem a nossa forma de con-
duta, crença, religião etc. Mesmo que não saiba qual cosmovisão possui,
você, como todo ser humano, a possui.

2.1 Tipos de Cosmovisão

Existem pelo menos sete tipos de cosmovisão que definem a interpre-


tação da realidade última e as formas de crenças que os seres humanos
possuem. As sete são:

1. Teísmo: Existe um ser pessoal, único e transcendente que também


é imanente em sua natureza intrínseca. Os principais proponentes do teísmo
são o judaísmo, o cristianismo e o islamismo;
2. Ateísmo: Não existe nenhum ser que transcenda a matéria. O uni-
verso físico é a única realidade existente, sendo autossuficiente e autônomo.
Não existe, portanto, nenhum tipo de divindade fora ou dentro do universo.
Os principais proponentes do ateísmo são: Karl Marx, Nietzsche e Jean-Paul
Sartre;
3. Deísmo: Existe um Deus transcendente, porém esse ser, diferen-
temente da visão teísta, não possui qualquer tipo de imanência. O deísmo,
portanto, nega qualquer possibilidade de sobrenaturalismo e consequente-
mente qualquer tipo de inspiração escriturística de qualquer nível. Entre
os defensores do deísmo estão nomes como Voltaire, Thomas Jefferson e
Thomas Paine;

19
Em defesa da fé

4. Agnosticismo: Não podemos compreender a realidade última de


nada, apenas sua aparência. Portanto, não podemos saber, de fato, se há ou
não Deus. Entre os seus principais proponentes estão: Imannuel Kant (pro-
ponente da ideia de um Deus incognoscível) e Thomas Huxley;
5. Panteísmo: A totalidade do universo físico é Deus. Não existe ne-
nhum ser além da matéria, pois a totalidade da existência física em qualquer
nível que é o próprio universo com sua complexidade é igual a Deus. Entre
os proponentes de tal visão estão algumas formas de hinduísmo, zen-budis-
mo e a ciência cristã;
6. Panenteísmo: A totalidade do universo e sua manifestação não fí-
sica constituem o ser chamado Deus. O universo, portanto, seria o “corpo
de Deus”; e sua parte não física, a sua mente. Essa cosmovisão é conhecida
também por “bipolarismo”, por expressar um Deus constituído de dois
princípios complementares, mas não dualista. Os mais conhecidos propo-
nentes de tal cosmovisão são Alfred North, Charles Hartshorne e Shubert
Ogden;
7. Politeísmo: A crença em muitos deuses finitos, ou infinitos que
influenciam o mundo. Seus defensores, em geral, negam que qualquer Deus
infinito transcenda a matéria. Esses deuses geralmente estão relacionados
com algum princípio da natureza ou mesmo algum elemento (água, vento,
terra, fogo, metais etc.). Os grupos mais popularizadores dessa cosmovisão
em nossa sociedade na atualidade são a wicca (bruxaria) e os cultos afros.

20
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

RELIGIÃO E COSMOVISÕES

1. De que maneira devemos compreender o fenômeno religioso?

2. Pode haver crença sem participação em uma religião organiza-


da? Explique.

3. Como definimos a palavra cosmovisão?

4. Defina o politeísmo.

5. Defina o teísmo.

6. Defina o ateísmo.

7. Defina o deísmo.

8. Defina o agnosticismo.

9. Defina o panteísmo.

10. Defina o panenteísmo.

21
PROVA – RELIGIÃO E COSMOVISÕES

1. A religião pode ser vista como:


a) Um fenômeno social.
b) Um fenômeno psicológico.
c) Um fenômeno psicossocial.
d) Um fenômeno psicossocial que envolve necessidades e perspectivas transcen-
dentais.

2. A crença em algo que transcende a nossa natureza individual (Deus, deuses,


forças cósmicas, totalidade do universo) é uma característica encontrada nos:
a) Hominídeos.
b) Seres de todas as espécies existentes.
c) Religiosos.
d) Seres racionais independentemente de uma crença religiosa.

3. As três grandes religiões monoteístas são:


a) Judaísmo, cristianismo e islamismo.
b) Judaísmo, budismo e confucionismo.
c) Judaísmo, taoísmo e cristianismo.
d) Islamismo, cristianismo e xintoísmo.

4. Uma cosmovisão é:
a) Uma forma de religião.
b) Uma forma de filosofia de vida.
c) A forma como enxergamos a realidade ao nosso redor.
d) A forma como enxergamos a religião e crença do outro.

5. Todo ser humano possui uma:


a) Religião.
b) Cosmovisão.
c) Crença em um sistema filosófico.
d) Crença em um fenômeno psicossocial.

22
6. As cosmovisões são em número de:
a) Sete.
b) Cinco.
c) Oito.
d) Dez.

7. Nomeamos a cosmovisão que se define como: “A totalidade do universo e sua


manifestação não física constituem o ser chamado Deus”, de:
a) Agnosticismo.
b) Panenteísmo.
c) Teísmo.
d) Panteísmo.

8. Nomeamos a cosmovisão que se define como: “Não podemos compreender a


realidade última de nada, apenas sua aparência. Portanto, não podemos saber,
de fato, se há ou não Deus”, de:
a) Ateísmo.
b) Agnosticismo.
c) Teísmo.
d) Deísmo.

9. Os principais proponentes do ateísmo são:


a) Karl Marx, Nietzsche e Jean-Paul Sartre.
b) Imannuel Kant e Thomas Huxley.
c) Voltaire, Thomas Jefferson e Thomas Paine.
d) Imannuel Kant, Thomas Huxley e Karl Marx.

10. Alfred North, Charles Hartshorne e Shubert Ogden são proponentes da cos-
movisão conhecida como:
a) Panteísmo.
b) Politeísmo.
c) Teísmo.
d) Panenteísmo.

23
Em defesa da fé

3. Panorama das Crenças Religiosas e Cosmovisões

Quadro de Religiões e Filosofias Mundiais


Reclaiming the Mind Ministries 2009

Judaísmo – 14.000.000 Confucionismo – 6.300.000

Zoroastrismo – 2.700.000
Siquismo – 24.000.000

Xintoísmo – 2.700.000
Novas Religiões – 105.000.000
Jainismo – 4.300.000
Religiões Tribais – 230.000.000
Taoísmo – 2.700.000

Budismo – 350.000.000

Ateismo, Cristianismo
Agnosticismo etc. 2.100.000.000
750.000.000

Hinduismo
1.000.000.000

Islamismo
1.500.000.000

4. Pluralismo Religioso Brasileiro

Nas últimas três décadas tem havido uma grande mudança no perfil
religioso no Brasil, que, apesar de ainda ser o maior país católico do mun-
do, tem presenciado um enorme decréscimo em número de seguidores do
catolicismo. Tendo uma grande parte deles migrado para o chamado “bai-
xo espiritismo” (cultos afro-brasileiros [candomblé, umbanda, quimbanda]),
e o “alto espiritismo” (kardecismo) etc. Ainda percebemos um grande
número de pessoas identificadas como “sem religião” (que são quase duas

24
C u rs o A po lo gético

vezes maior do que os chamados evangélicos não pentecostais na região


sudeste), só perdendo em número para os católicos e os evangélicos pen-
tecostais. “Sem religião” não são ateus, mas pessoas que, apesar de possuí-
rem crenças definidas sobre vários aspectos de sua experiência espiritual,
não fazem parte de nenhum sistema religioso definido por meio de dogmas
e doutrinas.
Abaixo temos uma estatística da mudança gradativa do perfil religioso
brasileiro, com base no censo do IBGE.

Católica Apostólica Sem religião e


Evangélica Espírita Outras
Romana sem declaração
100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0
1872 1890 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Fonte: Diretoria Geral de Estatística, Recenseamento do Brasil 1872/1890, e IBGE, Censo Demográfico 1940/1991

5. Compartilhando a Fé com Adeptos de Grupos não Cristãos

Entre as várias características do cristianismo bíblico está a de que é e


sempre será uma religião proselitista (que busca fazer seguidores em qualquer
segmento, inclusive entre os demais grupos religiosos), pois Jesus claramente
deu a seus discípulos essa ordem conhecida e expressa em Mateus 28.19,20.

25
Em defesa da fé

A partir dessa perspectiva de reconhecimento da ordem de Cristo,


faz-se necessário obter um conhecimento básico dos “cânones” (regras) da
evangelização de adeptos de outras crenças e religiões, para que o nosso
diálogo com tais pessoas se torne frutífero e promissor para o Reino de
Deus.
A nossa análise será dividida em duas partes fundamentais: Precauções
que devem ser tomadas e Como agir diante de adeptos de grupos não cristãos.
O estudo cauteloso dessas informações será de grande auxílio para que
você consiga cumprir de forma eficaz a ordem de Pedro em sua primeira
epístola, dando, assim, a qualquer que lhe pedir a razão de sua esperança
(1Pe 3.15,16).

6. Precauções que devem Ser Tomadas

6.1. Aprenda o máximo que puder acerca do grupo que almeja evan-
gelizar. Seus pontos fundamentais: terminologias, crenças básicas e concei-
tos fundamentais em relação a Deus, suas Escrituras, Jesus (sempre é um
bom tema para um diálogo dessa natureza) etc. Outro ponto que não pode
ser esquecido são as doutrinas bíblicas que você pretende abordar. Isso tudo
contribuirá para que você não se ache despreparado em um diálogo e para
que suas respostas não sejam evasivas, ou seu silêncio, ao ser questionado,
não possua um efeito inverso, concedendo maior convicção ao adepto de
que a fé dele é mais bem fundamentada do que a sua.
6.2. Lembre-se de que quem convence é o Espírito Santo, e não você
(Jo 16.7-10).
6.3. Lembre-se de que você foi enviado para pregar o evangelho a todas
as pessoas; inclusive aos adeptos dos grupos não ortodoxos (Mt 28.19-20).
6.4. Não pretenda fazer do encontro com o adepto apenas um teste de
conhecimento e tentar humilhá-lo. Nosso intuito deve ser arrebatá-lo do
erro (Jd 23).

26
C u rs o A po lo gético

6.5. Lembre-se de que Satanás também é quem está por trás de todo
engano e cegueira espiritual (2Co 4.3, 4).
6.6. Interceda pelas pessoas que você deseja evangelizar para que todo
impedimento seja superado (Ef 6.19, 20).

7. Como Agir Diante dos Adeptos de Grupos não Cristãos

7.1. Deixe a pessoa sentir-se à vontade. Seja cordial.

7.2. Seja um bom ouvinte. Não fique interrompendo o raciocínio da


pessoa. Esse tipo de atitude pode inibi-la.

7.3. Não demonstre ser o “dono da verdade”, mas antes a deixe per-
ceber que você está apenas buscando a verdade dos fatos.

7.4. Demonstre respeito pelo que ela crê, mesmo que não concorde
com a sua crença. Por exemplo: se um muçulmano expõe para você a cren-
ça na poligamia celestial, nunca trate a sua fé com desdém, apesar de julgar
tal crença um grande absurdo.

7.5. Não permita ao adepto de um grupo não ortodoxo se esquivar do


assunto que foi iniciado. Por exemplo: se você está tratando da divindade
de Jesus, não o permita fugir para outro assunto mesmo que seja relativa-
mente próximo ao tema (a Trindade, por exemplo).

7.6. Trate um assunto por vez.

7.7. Procure sempre localizar ou documentar as suas afirmações para


não transparecer a ideia de que o que foi declarado é apenas mera opinião
pessoal.

7.8. Empregue mais perguntas do que afirmações a fim de não ignorar


questões importantes e relevantes. As perguntas exigem uma resposta pen-
sada, enquanto as afirmações nem sempre, ou não necessariamente.

27
Em defesa da fé

7.9. Nunca deixe que uma pergunta sua não seja respondida e não
passe para outra questão antes de obter a resposta da indagação anterior.
7.10. Não ataque nenhuma doutrina do grupo em particular, deixei-o
à vontade para lhe dirigir perguntas acerca de sua opinião sobre qualquer
tema. Por exemplo: se você está trabalhando com um muçulmano, nunca
inicie o diálogo criticando o profeta Mohamed.

28
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CENSOS E METODOLOGIAS DE ABORDAGEM

1. De acordo com o censo de 2009, qual a maior religião do mundo?

2. Que grupo religioso mais perdeu seguidores de acordo com o


último censo?

3. O cristianismo é uma religião proselitista? Em caso afirmativo,


cite a base bíblica para tal comportamento.

4. Por que é importante aprender o máximo que puder acerca do


grupo que almeja evangelizar?

5. Embora façamos a nossa parte, quem é o responsável pelo con-


vencimento do discipulando?

6. O que nunca podemos esquecer de acordo com Mt 28.19-20?

7. Quem também é o principal responsável por todo engano e


cegueira espiritual?

8. Cite três formas de agir que mais lhe chamam a atenção ao lidar
com adeptos de grupos não Cristãos.

9. Por que é importante o uso de perguntas neste tipo de evange-


lização?

10. Por que é importante nunca criticar as crenças do grupo ao


iniciarmos uma conversa?

29
PROVA – CENSOS E METODOLOGIA DE ABORDAGEM

1. A segunda maior religião do mundo em número de seguidores é o:


a) Judaísmo.
b) Budismo.
c) Cristianismo.
d) Islamismo.

2. As pessoas que, apesar de possuírem crenças definidas sobre vários aspectos de


sua experiência espiritual, não fazem parte de nenhum sistema religioso defini-
do por meio de dogmas e doutrinas são:
a) Sem religião.
b) Ateias.
c) Céticas.
d) Agnósticas.

3. Entre as várias características importantes do cristianismo está a de ser uma


religião:
a) Monoteísta.
b) Politeísta.
c) Proselitista.
d) N.D.A.

4. Nas últimas décadas, muitos católicos migraram para o:


a) Islamismo.
b) Evangelicalismo.
c) Espiritismo (alto ou baixo).
d) Budismo.

5. A ordem de Pedro em sua primeira epístola (1Pe 3.15,16) é de que devemos:


a) Evangelizar.
b) Amar e respeitar o próximo.
c) Pregar o Evangelho a todo momento com ousadia.
d) Dar a razão de nossa esperança.

30
6. A expressão “Aprenda o máximo que puder acerca do grupo que almeja evan-
gelizar” faz parte de uma técnica relacionada à(às):
a) Precauções que devem ser tomadas ao evangelizar adeptos de grupos religiosos.
b) Metodologias de abordagem com adeptos de grupos religiosos.
c) Informações históricas de um grupo religioso.
d) Teorias da formação religiosa pertinente a determinada crença particular.

7. O nosso encontro com um adepto não deve ter como intuito humilhá-lo, mas,
sim:
a) Apresentar a nossa religião.
b) Arrebatá-lo do erro.
c) Entender o que ele crê.
d) Compreender a origem da religião dele.

8. Se não formos bons ouvintes ao dialogarmos com um adepto, nossa atitude pode:
a) Incentivar a pessoa a dialogar conosco.
b) Reforçar a convicção da pessoa em nossas crenças.
c) Inibi-la a continuar o diálogo.
d) Reafirmar o quanto conhecemos da crença alheia.

9. Devemos procurar sempre localizar ou documentar as afirmações para não


transparecer a ideia de:
a) Presunção religiosa.
b) Desrespeito intelectual.
c) Soberba espiritual.
d) Mera opinião pessoal.

10. Empregar mais perguntas do que afirmações é importante em nosso diálogo


com adeptos porque as perguntas exigem:
a) Uma resposta pensada.
b) Informações amplas.
c) Qualquer resposta.
d) Um aprofundamento no diálogo.

31
Em defesa da fé

8. Divisão: Atualmente existem Doze Grandes Religiões no


Mundo

8.1. Cristianismo: Israel (30 d.C.)


8.2. Judaísmo: “Egito” (Sinai – 1400 a.C.)
8.3. Islamismo: Arábia (7º séc. a.C.)
8.4. Hinduísmo: Índia (1400 a.C.)
8.5. Budismo: Índia (520 a.C.)
8.6. Xintoísmo: Japão (6º séc. a.C.)
8.7. Jainismo: Índia (550 a.C.)
8.8. Sikismo: Índia (1500 a.C.)
8.9. Confucionismo: China (6º séc. a.C.)
8.10. Taoísmo: China (550 a.C.)
8.11. Zoroastrismo: Irã (6º séc. a.C.)
8.12. Animismo: África (data incerta)

9. Religiões Monoteístas

O monoteísmo não é apenas a ideia de que um único ser divino deve


ser adorado entre outros supostos deuses existentes. A essa crença chamamos
monolatria ou henoteísmo. O monoteísmo é a ideia de que existe apenas
um único Deus, por isso somente ele é digno de completa adoração. O
monoteísmo não admite a existência de outros deuses, mas apenas a exis-
tência de um.
A nossa avaliação crítica de alguns grupos religiosos iniciará com duas
das chamadas principais religiões monoteístas (judaísmo e islamismo). As
três grandes religiões monoteístas possuem semelhanças em vários aspectos.
Acreditam em um Deus pessoal, mesmo que sua concepção da natureza da

32
C u rs o A po lo gético

divindade seja diferente. Os judeus e muçulmanos não acreditam na uni-


dade composta de Deus (trindade), crendo ser essa concepção um erro ou
desvio doutrinário do cristianismo. Apesar de não crerem no conceito do
Deus possuidor de uma unidade composta, seus livros sagrados (Tanach
[Primeiro Testamento/AT] e Alcorão) tendem, de uma forma indireta, a
apresentar essa concepção. Vejamos a seguir alguns desses textos que afir-
mam a unidade composta de Deus em tais escritos considerados sagrados
por seus seguidores:

“E quando dissemos aos anjos: prostrai-vos ante Adão!...” – Sura-


ta 2.34;

“Determinamos: Ó Adão, habita o paraíso...” – Surata 2.35;

“E ordenamos: Descei todos aqui! Quando vos chegar de mim a


orientação, aqueles que seguirem a minha orientação não serão
presas do temor, nem se atribularão” – Surata 2.38.

Esses textos são claros ao usar termos plurais (verbos) com referência
a Alá, mesmo que sejam empregados também nos mesmos contextos pro-
nomes no singular com referência ao senhor do Islã. Nega-se a crença, mas
ao mesmo tempo deixa-se implícita a doutrina.
Apesar de alguns muçulmanos afirmarem que o Deus do cristianismo
é o mesmo do islamismo, isso faz mais parte de um diálogo conciliador, vi-
sando uma aproximação com os cristãos no intuito de evangelizá-los, do que
uma verdade verificável dentro das doutrinas e crenças islâmicas. Existe uma
diferença irreconciliável entre essas duas religiões monoteístas no que diz
respeito à pessoa e à natureza de Deus. Por exemplo, a imagem de Deus
reproduzida pelo Islã é de um Deus não trinitário (unitarismo), portanto
completamente diferente do Deus apresentado nas Escrituras Judaico-cristãs.
O Corão, assim, nega e condena qualquer presunção humana de se crer na
doutrina da Trindade, condenando tais crentes ao inferno (Surata 5. 73, 74).

33
Em defesa da fé

Consequentemente a essa rejeição completa à doutrina da Trindade,


a pior transgressão cometida por um ser humano seria então o pecado de
idolatria chamado shirk (comparar Deus com algo ou alguém). Este para
os muçulmanos é um pecado imperdoável, sendo o principal motivo pelo
qual rejeitam completamente a doutrina cristã da Trindade, pois necessa-
riamente coloca Jesus em um nível de igualdade de natureza com o Pai
celestial; para os muçulmanos é considerado um ultraje à imagem de Deus,
pois coloca a criatura (Jesus, segundo eles) no mesmo nível de semelhança
do criador (Surata 5.72).
O unitarismo judaico também não é diferente do unitarismo islâmico,
pois, mesmo que negue a possibilidade de existir dentro de suas Escrituras
Sagradas um Deus em termos plurais ou compostos, o Tanach (Escrituras
judaicas) também declara da mesma forma algum tipo de unidade compos-
ta em YHVH (Deus), mesmo que isso seja negado pelos mestres e autori-
dades judaicas. Vejamos alguns textos que expressam essa ideia:

“Também disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, con-


forme a nossa semelhança...’ E Deus Criou o homem à sua imagem,
à imagem de Deus o criou...” – Bereshit 1.26,27;

“E o Eterno Deus disse: ‘Eis que o homem se tornou como um


de Nós, para conhecer o bem e o mal...’” – Bereshit 3.22;

“E disse o Eterno: ‘eis um mesmo povo e uma mesma língua para


todos eles...Vinde, desçamos e confundamos ali sua língua...’ E os
espalhou o Eterno dali sobre a face de toda a terra...” – Bereshit
11.6-8.

Semelhante ao Corão, o Tanach deixa implícita a ideia de um ser com-


posto na divindade única e eterna (YHVH). Pois ou o contexto de tais
versos ou mesmo as implicações das ações desse ser plural só podem estar
relacionados a Deus, e não aos anjos, uma vez que estes são completamente
inexistentes nos versos mencionados.

34
C u rs o A po lo gético

Agora veremos as principais divisões das “seitas” – Novos Movimentos


Religiosos (NMR)/Denominações Cristãs não Bíblicas (DCNB), bem como
das principais religiões as quais temos contato.

10. Definindo “Seitas” (NMR/DCNB)

A palavra “seita” em nossa língua portuguesa possui sua origem na


palavra latina secta, cuja raiz é possivelmente proveniente de dois verbos
latinos que significam tanto “seguir” como “cortar ou truncar um galho”. A
palavra que encontramos no NT para se referir à “seita” é o termo grego
hairesis (escola, partido, grupo, facção), que é usado para se referir não
necessariamente a apenas um grupo minoritário dentro de uma religião
(como é o conceito vigente), mas a qualquer grupo que divirja de outro
dentro de qualquer expressão quer seja religiosa, ou mesmo social (um
partido político, ou uma equipe de médicos, por exemplo).
Segundo Edward Robinson, autor de um dos mais respeitados léxicos
do NT grego, hairesis no NT significa: “um modo de vida escolhido, ou seja,
uma seita, escola, partido. Donde discórdia, dissensão, surgindo a partir da
diferença de opinião” (2012, p. 21).
Quem definitivamente restringirá a palavra “seita” ao uso vigente em
nossa língua e cultura será Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), que fará
uso de tal expressão dentro apenas do âmbito religioso dissidente do cris-
tianismo estatal do qual o grande filósofo e teólogo latino fez parte.
Como toda língua é dinâmica (pode ter o sentido de uma palavra, ou
sua totalidade ampliada, restrita, ou mesmo cessar sua completa existência)
dentro de seu desenvolvimento, é óbvio que com a palavra “seita” não seria
diferente. Hoje, o termo continua tendo um sentido estritamente pejorati-
vo quando usado dentro do contexto religioso a partir de uma ótica cristã.
Vejamos a seguir os contextos das nove referências neotestamentárias
em que a palavra hairesis é mencionada:

35
Em defesa da fé

Atos 5.17; 15.5; 24.5,14; 26.5; 28.22 – Seita;


1 Coríntios 11.19 – Partidos, Heresias;
Gálatas 5.20 – Facções, Partidos;
2 Pedro 2.1 – Heresias.

Não temos, portanto, no contexto neotestamentário nenhuma referên-


cia a qualquer tipo de uso de hairesis em outro contexto que não seja reli-
gioso. Assim, poderíamos classificar uma seita a partir de uma perspectiva
cristã, como:

“Um grupo surgido de uma dissensão religiosa que rompe com


as doutrinas centrais da religião originária seguindo um líder, ou
uma liderança carismática. A proposta das seitas não é a de uma
mudança apenas estrutural ou organizacional, mas fundamental-
mente doutrinária. Negando assim as bases doutrinárias funda-
mentais da religião da qual derivou gerando novas doutrinas
exóticas” – Pr. Paulo Sérgio Batista.

11. Divisão das Chamadas “Seitas” (NMR/DCNB)

As seitas são classificadas não por “cosmovisões”, mas se enquadram


em um conjunto de características comuns que as dividem em quatro blocos:

11.1. Pseudocristãos: São grupos advindos do cristianismo, mas que


rompem com a ortodoxia bíblica em suas doutrinas centrais (Testemunhas de
Jeová, Adventistas do Sétimo Dia, mórmons, pentecostalismo unicista etc.).

11.2. Orientais: São grupos advindos principalmente das grandes re-


ligiões hindu-budistas e do extremo oriente (Hare Krishnas, Seicho-No-Ie,
Igreja da Unificação etc.).

36
C u rs o A po lo gético

11.3. Ocultistas: São grupos cujo fundamento doutrinário se baseia


no suposto contato com os “espíritos desencarnados”, elementais ou enti-
dades espirituais de supostas falanges “superiores” (bruxaria [wica], espiri-
tismo, satanismo etc.).
11.4. Secretas: São grupos divididos por níveis de progressão espiritual
cuja doutrina somente é conhecida pelos iniciados de cada grau por eles
alcançado (Ordem Rosacruz, maçonaria etc.).

Apesar de alguns adeptos dos grupos anteriormente mencionados ten-


tarem negar as implicações religiosas de suas crenças, as características
estruturais desses grupos se enquadram nas estruturas encontradas em
todos os grupos de origem religiosa, quer sejam necessariamente sec-
tários, quer não.

37
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

RELIGIÕES E SEITAS (NMR/DCNB)

1. Cite quais são as doze principais religiões mundiais.

2. Defina o que é religião monoteísta.

3. Cite pelo menos duas religiões monoteístas.

4. Qual o significado fundamental da palavra “seita”.

5. Qual a influência de Agostinho de Hipona na restrição da pala-


vra “seita” ao atual uso em nossa língua.

6. Defina seita pseudocristã.

7. Defina seita oriental.

8. Defina seita ocultista.

9. Defina seita secreta.

10. Cite pelo menos uma seita secreta.

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AVALIAÇÃO – RELIGIÕES E SEITAS (NMR/DCNB)

1. As religiões existentes atualmente são em número de:


a) Oito.
b) Treze.
c) Doze.
d) Sete.

2. O budismo tem como origem:


a) O Japão.
b) A Índia.
c) A Arábia.
d) A China.

3. A crença na existência de vários deuses, mas que apenas um deve ser adorado
é denominada:
a) Monolatria.
b) Monoteísmo.
c) Politeísmo.
d) Unitarismo.

4. Entre as religiões monoteístas, as duas que não creem na unidade composta de


Deus são:
a) Islamismo e cristianismo.
b) Judaísmo e cristianismo.
c) Zoroastrismo e judaísmo.
d) Judaísmo e islamismo.

5. O pecado imperdoável segundo os muçulmanos é:


a) O adultério.
b) A fornicação.
c) A idolatria.
d) O suicídio.

39
6. O trinitarismo cristão é uma crença:
a) Que, entre as três grandes religiões monoteístas, faz parte apenas do cristianis-
mo.
b) Crida no passado pelo judaísmo, mas hoje negada.
c) Crida por Mohamed, o profeta no início da religião islâmica.
d) Defendida por algumas escolas budistas.

7. A palavra grega para definir seita é:


a) Secta.
b) Hairesis.
c) Secare.
d) Partido.

8. O responsável pela restrição da palavra “seita” apenas ao âmbito religioso foi o


teólogo latino:
a) Constantino, o Grande.
b) Justino Mártir.
c) Paulo, apóstolo.
d) Agostinho de Hipona.

9. “Um grupo surgido de uma dissensão religiosa que rompe com as doutrinas
centrais da religião originária seguindo um líder, ou uma liderança carismática”,
é uma definição de:
a) Religião monoteísta.
b) Corrente filosófica.
c) Seita.
d) Fanatismo religioso.

10. As seitas se encontram divididas em:


a) Pseudocristãs, orientais, ocultistas e secretas.
b) Pseudocristãs, orientais, ocultistas e agnósticas.
c) Orientais, ocultistas, gregas e cristãs.
d) Ocultistas, orientais, secretas e céticas.

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C u rs o A po lo gético

12. Características Distintivas dos NMR/DCNB

12.1. Adição: Adiciona algo à autoridade canônica da Bíblia, tornan-


do-a insuficiente, e, portanto, necessitada de algum tipo de complemento
às suas revelações.
Ex.: Pode-se adicionar novas escrituras autoritativas à Bíblia, ou mesmo
o pensamento dos líderes, profetas ou autoridades do grupo. A suficiência
da Bíblia é reduzida, em partes ou no todo.
12.2. Subtração: Subtrair algo da natureza de Cristo. O Jesus anun-
ciado e crido por eles geralmente é reduzido em sua natureza. Ou é despro-
vido de sua natureza humana, ou de sua natureza divina, ou ambas.
Ex.: Deve-se crer em Jesus, mas não no Jesus apresentado nas Escri-
turas. Isso demonstra a posição secundária da pessoa de Cristo dentro de
tais sistemas doutrinários.
12.3. Multiplicação: Exigem muito mais do que crer em Cristo para
serem salvos. A fé suficiente como apresentada nas Escrituras deve ser
acrescida a alguma doutrina particular do grupo.
Ex.: A graça salvadora (favor imerecido de Deus em prol dos pecado-
res perdidos) é negada. A salvação passa a ser atrelada a um conjunto de
práticas litúrgicas e doutrinárias determinadas somente pelo grupo.
12.4. Divisão: A Glória devida a Deus é dividida com a “glória” do
sistema religioso. Não se pode ser fiel a Deus participando de outro sistema
religioso, pois somente fazendo parte do grupo pode-se agradar a Deus
plenamente.
Ex.: O sistema religioso se torna o responsável pela apresentação
ideal de Deus, conduzindo o adepto a uma postura de exclusivismo reli-
gioso que o impede de aceitar qualquer outro sistema de crença que não
seja o dele.

41
Em defesa da fé

13. Outras Características Fundamentais

13.1. Sistema centralizador de governo: Uma liderança completa-


mente centralizada somente nos parâmetros preestabelecidos pela própria
organização.

13.2. Autoridade “divina” do líder: O líder alimenta a visão de


instrumentalidade divina levando os adeptos a compreenderem que se
insurgir contra ele em qualquer situação significaria se insurgir contra Deus
e sua obra.

13.3. Doutrinas exóticas: Ensinos fundamentais exclusivos que a


distinguem de qualquer outro sistema existente.

13.4. Despersonalização do adepto: Retira do adepto qualquer


condição psicológica de se ver como indivíduo, somente possuindo valores
reais em grupo.

13.5. Limitação autocrítica: Elimina do adepto a condição mental


de análise de qualquer tipo de crítica, interna ou externa, que surja com
relação ao sistema, colocando-o automaticamente sempre na defensiva, não
importando as evidências contrárias.

14. Principais Características Psicossociais Encontradas nos


NMR/DCNB

14.1. Utilização de coerção psicológica para recrutar, doutrinar e reter


seus membros.
14.2. Formar uma sociedade totalitária elitista.
14.3. Seu líder fundador é autoungido, dogmático, messiânico, não
presta contas abertamente de suas ações, quer seja no nível organizacional,
ou mesmo financeiro.

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C u rs o A po lo gético

14.4. Acreditar que “o fim justifica os meios”, a fim de angariar fundos


ou recrutar pessoas.
14.5. Sua riqueza não beneficia seus membros ou mesmo a sociedade,
apenas seus líderes e o poder organizacional.

15. As 22 Principais Técnicas de Controle Mental Observadas em


Vários NMR/DCNB

15.1. Hipnose: Induzir a um estado de alta sugestionabilidade por


hipnose, muitas vezes disfarçada na forma de suposta técnica de relaxamento
ou meditação.
15.2. Pressão de vigilância em grupo: Dúvidas suprimidas e resis-
tência a novas ideias, por meio da exploração do sentimento de pertenci-
mento e vigilância constante.
15.3. “Bombardeio” de amor: A criação de um sentido de família e
de pertencimento ao grupo por meio de abraços, beijos, carinho, toques e
elogios constantes, que geralmente substituem o relacionamento familiar.
15.4. Rejeição de antigos valores: Acelerar a aceitação de novo es-
tilo de vida constantemente denunciando antigos valores e crenças ortodoxas.
15.5. Doutrinamento confuso: Incentivar aceitação cega e rejeição
da lógica por meio de palestras complexamente elaboradas e a completa
aceitação de um corpo de doutrinas contraditórias.
15.6. Metacomunicação: Implantação de mensagens subliminares,
introduzindo certas palavras-chave que remetem a doutrinas particulares
do grupo.
15.7. Remoção de privacidade: Alcançar a perda da capacidade de
avaliar de forma lógica, impedindo a contemplação particular de um pensa-
mento ausente do grupo.

43
Em defesa da fé

15.8. Privação do senso de tempo: Destruir a capacidade para ava-


liar a informação, as reações pessoais e as funções do corpo em relação à
passagem do tempo com a remoção de todos os sistemas de auxílio de
medição (relógios, calendários etc.).
15.9. Desinibição: Incentivar o desenvolvimento de um estilo de obe-
diência servil como uma criança, desenvolvendo um comportamento incli-
nado à aceitação de doutrinas e comportamentos “infantis” não percebidos.
15.10. Abuso verbal: Dessensibilização por meio de bombardeamento
com linguagem dominadora e abusiva não percebida.
15.11. Privação de sono e fadiga mental: Criação de desorientação
e vulnerabilidade por meio de prolongada atividade física e mental, e abs-
tenção de descanso e sono adequado.
15.12. Códigos de vestimenta: Remoção da individualidade no ves-
tir-se, exigindo a conformidade com o código de vestimenta do grupo.
15.13. Repetições: Sensação de elevação espiritual e eliminação de
pensamentos contrários ao grupo por meio da repetição prolongada de
cânticos e frases que visam um “estreitamento” mental de completo cunho
emocional.
15.14. Fragilização: Incentivar a destruição do “ego” (senso de exis-
tência e valor individual) por meio da confissão das fraquezas pessoais e
sentimentos mais íntimos de dúvida, impedindo o conceito de felicidade
que não esteja relacionado à dependência do grupo.
15.15. Acusação: Criar uma falsa sensação de justiça, por apontar as
falhas do mundo exterior, ou mesmo de outros grupos religiosos com um
tom de moralidade ou conhecimento doutrinário exclusivista.
15.16. Ostentação hierárquica: Promover a aceitação da liderança
do grupo em troca de avanço promissor, poder e salvação.
15.17. Isolamento: Induzir a perda da realidade por uma separação
física da família, dos amigos, da sociedade e o estreitamento das referências
racionais e relacionais tão necessárias.

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C u rs o A po lo gético

15.18. Mudança de dieta: Criar desorientação e aumento da susce-


tibilidade emocional, privando o sistema nervoso dos nutrientes necessários
por meio da utilização de dietas especiais e/ou de jejuns prolongados.
15.19. Questionamento zero: Realizar aceitação automática de cren-
ças por desencorajar o questionamento de qualquer tipo de ensino.
15.20. Culpa: Reforçar a necessidade de “salvação”, exagerando os
pecados do antigo estilo de vida, criando uma sensação de culpa soluciona-
da apenas pela comunhão integral com o grupo.
15.21. Medo: Manter fidelidade e obediência ao grupo pela ameaça
psíquica, evitando a menor oposição de qualquer nível, seja por meio de
um simples pensamento, seja por meio de uma ação.
15.22. Substituição: Destruição do conceito familiar pré-seita. Fazen-
do com que por meio de casamentos e novas organizações familiares sejam
destruídas quaisquer referências de vida fora do grupo.

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16. r e S u M o D a S c r e n Ç a S f u n D a M e n ta i S D a S M a i S
P o P u l a r e S r e l i g i Õ e S e “S e i ta S ” (nMr/DcnB)

17. Islamismo

17.1. Origem e fundação: Mohamed (Maomé), o profeta (579-632


d.C.). Surgiu por volta de 610 d.C., em Meca e Medina. A sede se encontra
na Arábia Saudita. As divisões principais são: sunitas (aqueles que creem
tanto nos ensinos do Corão como nas Sunas – tradições da vida do profeta)
e xiitas (aqueles que creem apenas nos ensinamentos do Corão).
17.2. Textos normativos: Alcorão, Hadith ou Sunas (as palavras e
obras de Maomé [tradições da vida do profeta]). A Lei de Moisés (Penta-
teuco), os Salmos e o “Evangelho” (não os quatro evangelhos bíblicos, mas,
sim, o evangelho apócrifo de Barnabé e trechos dos evangelhos canônicos
que pareçam defender suas crenças). Acreditam que os Evangelhos foram
adulterados pelos cristãos, tornando-os, portanto, incapazes de apresentar
uma figura autêntica do profeta Jesus.
17.3. Divindade: Alá é o único Deus e não se manifesta por meio de
nenhum tipo de Trindade. Ele revelou o Corão a Maomé por intermédio
do anjo Gabriel. Alá trata com severidade seus seguidores, e entre os “me-
lhores nomes” (noventa e nove atributos de Alá) não se encontra o de Pai
amoroso.
17.4. Jesus: Jesus é apenas mais um entre os aproximadamente 124
mil profetas enviados por Alá (Deus) a todos os povos. Adão, Abraão e
Moisés são alguns dos principais profetas. Jesus nasceu de uma virgem, mas
não é o Filho de Deus como pensam os cristãos. Não possui nenhum nível
de divindade, e considerá-lo divino é um grande agravo a Alá. A crucificação

46
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foi um simulacro, portanto quem foi crucificado no lugar de Jesus foi Judas.
Jesus, o Messias, foi levado aos céus sem provar a morte.
17.5. Espírito Santo: A tendência tanto entre leigos como entre eru-
ditos é relacionar a ideia do “Espírito Santo” com o anjo Gabriel, que, além
de trazer a mensagem da parte de Alá para Maria, também revelou o Corão
ao profeta.
17.6. Salvação: A condição humana não é de total estado de pecami-
nosidade, pois os homens conseguem realizar ações morais de grande valor.
Como não existe o “pecado original”, depende do homem aproximar-se de
Alá para, por sua submissão à doutrina do islã, obter a salvação de sua alma
e o paraíso.
17.7. Morte: No período entre a morte e a ressurreição, os fiéis (mu-
çulmanos) e os infiéis (descrentes) no túmulo (local intermediário segundo
o islã) deverão responder às três perguntas feitas pelos anjos (Munkar e
Nakir): Quem é o teu Senhor? Qual a tua religião? O que tens a dizer sobre
esse homem (Mohamed)? Se as respostas forem satisfatórias, o fiel desfru-
tará de uma janela para sentir o “ar” e gozar das beatitudes do paraíso até
a ressurreição final. Se as respostas não forem satisfatórias, o infiel sofrerá
até o dia de sua ressurreição para depois ser julgado diante de Alá.
17.8. Outras crenças: Possui cinco pilares de fé (arkan), que devem
ser mantidos por todos os adeptos do islã. Os pilares são: Shahada (profes-
sar o credo de que existe um único Deus e que Mohamed é o seu mensa-
geiro); Salat (orar cinco vezes ao dia); Zakat (contribuir anualmente com
2,5 de seus rendimentos para auxiliar os necessitados); Saum (jejum anual
no mês de Ramadã [mês mais importante do calendário islâmico por ter
sido nesse mês que, segundo o islã, Mohamed recebeu o Corão]); e Hajj
(peregrinação pelo menos uma vez na vida, se houver condições físicas e
financeiras, à cidade sagrada de Meca). Outra doutrina é a do Jihad, que
implica qualquer ato de esforço para a expansão do islã, mesmo que dentro
desse ato de “esforço” esteja o conceito de “guerra santa”.

47
Em defesa da fé

18. Judaísmo

18.1. Origem e fundação: Moisés, cerca de 1500-1450 a.C., no Sinai.


Apesar da maioria das pessoas pensar no judaísmo como uma religião única,
a maior parte da fé judaica atualmente está dividida em vários ramos dis-
cordantes entre si: Ortodoxo, Conservador, Reformado, Reconstrucionista,
Chassídico e Secular, cada um com várias práticas e crenças distintas.
18.2. Textos normativos: O Tanach (Primeiro Testamento), o Talmu-
de (explicação do Tanach) e as interpretações baseadas na hermenêutica dos
pensadores do judaísmo medieval (Maimônides, Rashi, Ibn Ezra etc.).
18.3. Deus: Encontra-se no judaísmo desde o conceito ortodoxo de
Deus que o apresenta como um ser pessoal, espiritual, eterno, virtuoso etc.,
até um conceito humanista e liberal de um deus impessoal, incognoscível,
universal nos moldes panteístas. Não existe Trindade de nenhuma maneira.
18.4. Jesus: Jesus é visto como um falso mestre pelos judeus ortodoxos,
um embuste gerador de ódio e perseguição ao longo dos anos que decor-
reram a sua morte. Alguns judeus mais liberais o consideram um grande
mestre, mas não o Messias no sentido bíblico. Os únicos judeus inclinados
à aceitação de Jesus como o Messias são os “messiânicos” (que, na verdade,
na sua grande maioria, não são judeus [pois aceitam a sua messianidade] e
nem são cristãos [pois negam sua divindade]).
Os judeus ortodoxos ainda aguardam a implantação da era messiânica,
quando YHVH enviará o seu representante, o Messias.
18.5. Espírito Santo: A vasta tendência é interpretar o Espírito San-
to como sendo apenas um tipo de influência impessoal de YHVH (Deus)
na terra, ou algum tipo de virtude. Nunca é interpretado como um ser
pessoal que compõe algum tipo de Trindade.
18.6. Salvação: Baseada completamente nos rituais e crenças judaicos,
tornando, portanto, a ideia da graça, como apresentada no cristianismo
inexistente. As boas ações são importantes para a salvação. Outros possuem

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C u rs o A po lo gético

uma visão de salvação mais global, mais voltada para um tipo de universa-
lismo, ou a evolução social.
18.7. Morte: O judaísmo, por rejeitar o NT, é muito pobre de concei-
tos acerca da vida após a morte ou do período de transição entre a morte e
a ressurreição, cabendo não às Escrituras a resposta, mas às conjecturas dos
rabinos. Alguns acreditam na inconsciência após a morte, e muitos outros
são reencarnacionistas. Mas uma crença comum é de que o estado inter-
mediário se dá em um período de aproximadamente 12 meses, nos moldes
de algo como o purgatório católico.
18.8. Outras crenças: Seguem as festividades religiosas anuais: Rosh
Roshaná, Páscoa, Sukot, Yom Kippur, Purim etc. Há uma enorme tendência
à aceitação de doutrinas místicas (cabalísticas) e esotéricas, sujeitando o
Tanach a tais interpretações. Muitos reconhecem o Messias não como uma
pessoa, mas como um período de paz e progresso global. Usam aparatos
como talit (xale de orações), tefilin (caixinhas pequenas com textos bíblicos)
na mão, e sobre a testa, o kipá (pequeno tipo de chapéu sem abas que
simboliza a posição elevada de YHVH sobre nós).

Como o judaísmo não é uma religião que expressa uma crença perifé-
rica rígida, podemos encontrar grupos judaicos que não seguem rituais
específicos encontrados em alguns dos outros grupos participantes do
judaísmo. Por isso que muitos pesquisadores não se referem à religião
judaica como judaísmo, mas “judaísmos”, por causa de suas múltiplas
expressões ritualísticas e doutrinárias.

19. Hinduísmo

19.1. Origem e fundação: Oriundo dos povos milenares indo-europeus


(arianos) que se instalaram nas margens do rio Indo, a religião hindu não

49
Em defesa da fé

possui fundador. Seus fundamentos doutrinários abrangem um período que


vai de 1800 a 1000 a.C.
19.2. Textos normativos: Os textos mais importantes são: O maha-
bharata (“A grande dinastia de Bárata”), os Vedas (“conhecimento”), Upa-
nishads (“Sentar-se próximo”) e a obra mais popularizada no ocidente, o
Bhagavad-Gita (“cântico do senhor [Krishna]”). Todas as obras contam os
mitos, histórias, rituais, cânticos e liturgia da vasta religião hindu.

19.3. Deus: Panteísmo absoluto (Deus é a soma do todo). Todas as


formas de vida possuem uma partícula da divindade (atman). Portanto,
somos naturalmente divinos, necessitando, assim, não alcançar o perdão de
nossos pecados, mas da eliminação da ignorância da existência de nosso
estado divino, o qual não percebemos.

19.4. Jesus: O hinduísmo antigo não faz referência a Jesus Cristo, mas
a tendência do moderno é vê-lo como um mestre, ou mesmo um avatar
(reencarnação de um deus). A morte dele não possui nenhum significado
soteriológico (salvífico). Ele é considerado por muitos hindus como um
mahatman (grande alma).

19.5. Espírito Santo: Não existe nenhuma crença religiosa relaciona-


da ao Espírito Santo dentro do sistema hinduísta.

19.6. Salvação: Libertação do ciclo de múltiplas reencarnações (“Sam-


sara” [roda cíclica das existências]) alcançando a “Moksa” (cessação do ciclo
de reencarnação), recebida por meio da prática contínua da Yoga e medi-
tação. A salvação final é a união com o “Absoluto” (Brahman), ocasionando
a libertação de qualquer tipo de existência pessoal.

19.7. Morte: Um período transicional entre nossas múltiplas reencar-


nações. A reencarnação a formas de vida superior ou inferior (metempsico-
se) está completamente interligada ao tipo de existência que tivemos na vida
anterior. O equilíbrio dos carmas (débitos) definirá o tipo de forma que

50
C u rs o A po lo gético

deveremos assumir no próximo estágio de nossa evolução espiritual até o


fim do ciclo de existência, onde seremos definitivamente uma parte impes-
soal no todo.

19.8. Outras crenças: Períodos diferentes de vida devocional, in-


cluindo obediência aos mestres e o uso de roupas com cores distintas para
demonstrar o estágio em que se encontra o hindu. A cor da túnica defini-
rá a sua função religiosa. A cada 12 anos ocorre o famoso festival Kumbh
Mela, por meio do qual os participantes acreditam que podem se purificar
de seus pecados com um banho no rio Ganges. Acreditam que todas as
milhares de divindades hindus são expressões de uma única divindade
absoluta (Brahman). Defendem uma visão cíclica da existência universal
dividida em quatro eras (yugas).

20. Budismo

20.1. Origem e fundação: Sidharta Gautama (“Buda” [o iluminado]).


Fundado por volta do 6º séc. a.C., na Índia. Sidarta era filho de um prínci-
pe indiano que decidiu romper com a opulência e o luxo palaciano, e viver
de acordo com estritas regras de autodomínio.

20.2. Textos normativos: O Tripitaka (Os três cestos), Sutra de Lótus.


O mais antigo escrito estruturado é o chamado Canon Pali, organizado por
seguidores do Buda original.

20.3. Deus: O budismo, diferentemente das religiões monoteístas, não


acredita em um Deus pessoal; quando indagados sobre onde está deus, os
budistas apontam para si mesmo dizendo que Deus está em todos os luga-
res, inclusive no próprio homem. Mas Buda não negou a existência dos
deuses, e sim a sua imanência (contato interativo direto com a realidade
física). Outros budistas acreditam em uma realidade transcendente, que é
compreendida como a “natureza de Buda” que tudo permeia.

51
Em defesa da fé

20.4. Jesus: Jesus Cristo é indiferente para o budismo como líder re-
ligioso; a posição ocupada por ele poderia ser ocupada por qualquer um de
nós. Os budistas do Ocidente (budismo mahayana) geralmente veem Jesus
como um homem que alcançou um estado de elevação espiritual (um “bo-
disatva”, alguém que possuía um amor sacrificial tão elevado que abriu mão
de sua própria autoiluminação para auxiliar outros, em sua existência terrena,
a o alcançarem).
20.5. Espírito Santo: Assim como no hinduísmo, não existe nenhuma
concepção teológica do budismo que pareça com a doutrina do Espírito
Santo no cristianismo. Por não existir nenhum tipo de imanência na criação,
faz-se desnecessária a existência de um ser como o Espírito Santo.
20.6. Salvação: O objetivo da vida é alcançar o estado de progresso e
autoiluminação (estado de Buda), para eliminar todos os desejos perniciosos,
evitando assim qualquer tipo de sofrimento. Temos que compreender as
quatro grandes verdades e seguir, a partir dessa compreensão, o “óctuplo
caminho” em busca de nossa autorrealização.
20.7. Morte: As pessoas não possuem uma alma ou espírito pessoal,
ou individual (atman, segundo o hinduísmo). Portanto, o que continua em
uma próxima existência não é a própria pessoa que partiu, mas sua “cons-
ciência” que renasce (se houver uma necessidade cármica) em um ser hí-
brido, que não é completamente o ser que morreu, nem completamente
um novo ser. Nossas tendências e processos mentais continuam (anatman),
nosso “eu” individual não. Assim podemos habitar em qualquer um dos seis
reinos de acordo com o nosso estado mental e desejos que fluem através de
nossas existências.
20.8. Outras crenças: Rezas repetidas (mantras) cuja finalidade é a
união harmônica com o universo. Oferendas e rituais. É dividido assim como
o islamismo em duas principais correntes de pensamento: Mahayana (gran-
de veículo), ou o caminho de muitos, e Hinayana (pequeno veículo), ou o
caminho de poucos.

52
C u rs o A po lo gético

21. Movimento Hare Krishna (ISKCON)

21.1. Origem e fundação: Bhaktivedanta Swami Prabhupada (1896-


1977). Movimento de origem hinduísta fundado nos EUA cujo princípio é o
da autorrealização a partir da entoação do “Maha Mantra Hare Krishna”. Esse
mantra foi introduzido por volta de 1.500 a.C. por Chaytanya Mahaprabhu.

21.2. Textos normativos: O Bhagavad-Gita, a revista De Volta à Di-


vindade, as traduções e os comentários das escrituras hindus por Prabhu-
pada e os diversos títulos escritos por ele.

21.3. Deus: O movimento é fundamentalmente panteísta (Deus é


tudo). A manifestação divina com a qual devemos nos relacionar é o senhor
Krishna. Ele é um criador pessoal. Krishna é considerado o oitavo “avatar”
(encarnação de uma divindade) de Vishnu, a divindade que compõe a co-
nhecida tríade hindu.

21.4. Jesus: Jesus não é figura central no pensamento Hare Krishna.


Jesus é mencionado apenas como um guru vegetariano que ensinou a me-
ditação e a autorrealização. Em alguns momentos, é mencionado como a
própria encarnação de Krishna. Existe uma tentativa de relacioná-lo com
uma manifestação ou um representante do senhor Krishna.

21.5. Espírito Santo: Não existe nenhum conceito ou ideia de uma


figura como o Espírito Santo na teologia Hare Krishna.

21.6. Salvação: Não existe nenhum conceito de graça salvadora na


teologia Hare Krishna. O sistema soteriológico é completamente baseado
em uma relação de devoção e obediência às doutrinas da ISKCON (socie-
dade internacional para consciência de Krishna). Atos de adoração, cânticos
e rezas elevam a espiritualidade, minimizando o carma ruim. O adepto é
seu próprio autossalvador por meio de suas múltiplas reencarnações.
21.7. Morte: Como todo sistema reencarnacionista hindu, os hare
krishnas creem que são necessários inúmeros renascimentos para evolução

53
Em defesa da fé

espiritual. Entre a morte e a próxima reencarnação, a alma continua man-


tendo a sua individualidade (atman), que continuará a reencarnar (também
em nosso mundo), inclusive em formas inferiores de existência até que
retorne ao absoluto.
21.8. Outras crenças: Reuniões devocionais muito alegres com cân-
ticos tributados ao senhor Krishna na forma de mantras hindus. A cada
reunião pública, oferece-se uma refeição aos visitantes e a todos os partici-
pantes, chamada de prasada, que é dedicada a Krishna diante do seu altar.
Atraem adeptos por meio de práticas de encontros culturais hinduístas, bem
como o incentivo a técnicas de relaxamento buscando o desenvolvimento
da consciência da divindade inata do homem. Venda de livros e contribuições
dos adeptos são necessárias para manutenção financeira do grupo. Proíbem
qualquer tipo de tóxico e o estilo de vida desregrada baseada no prazer e
satisfação pessoal. A relação sexual é destinada apenas para a procriação.
São lactovegetarianos que, com receitas saudáveis de alimentação, atraem
muitos seguidores de um estilo de vida mais saudável e natural.

22. Nova Era

22.1. Origem e fundação: Movimento sociocultural sincretista que


tem com principal objetivo a promoção de uma cultura pagã, uma religião
universalizada e a busca da compreensão dos poderes latentes da alma
humana. Tem como marco de fundação a sociedade teosófica, fundada por
Helena Petrovna Blavatsky em 1875, na cidade de Nova York, nos EUA.
Tem como figura essencial de sua divulgação a atriz hollywoodiana Shirley
MacLaine. Não é apenas um pensamento religioso, mas envolve um abran-
gente sistema político, artístico, educacional, científico etc.
22.2. Textos normativos: Os livros de Helena Petrovna Blavatsky (A
Doutrina Secreta, Isís sem Véu etc.). O texto considerado um ícone da
apresentação do movimento para o público geral é o livro Conspiração

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C u rs o A po lo gético

Aquariana (de Merilyn Ferguson). Como o movimento é de cunho sincré-


tico, adota também escrituras orientais como o I Ching, escritos hindus,
budistas e taoistas, além de obras xamanistas, místicas, astrológicas etc.
22.3. Deus: Deus é um ser impessoal cuja influência se sente em todo
o cosmo (panteísmo). Somos naturalmente divinos e precisamos conhecer
e liberar as forças místicas latentes em nossa alma que fazem parte da divin-
dade. O problema humano não é o pecado, mas, sim, a ignorância de quem
realmente somos (“seres divinos”).
22.4. Jesus: Fazem a distinção básica entre Jesus (uma pessoa comum)
e o Cristo (o nível de consciência espiritual elevado que pode ser obtido
por qualquer um de nós). Jesus não é o Salvador, não era Deus encarnado,
mas, sim, um dos grandes mestres iluminados, assim como Krishna, Buda,
Hermes Trimegistro, Lao Tsé, Confúcio etc.
Veio como um espírito elevado para conduzir a humanidade ao conhe-
cimento gradativo sobre a “Era de Aquário” (Nova Era), que é a presente era.
22.5. Morte: Aqueles que estão sem luz continuarão reencarnando
ininterruptamente (renascer na terra), levando-se em consideração as más e
boas ações em sua vida passada. Possuem uma concepção pós-morte baseada
nas religiões orientais (hinduísmo, taoismo, xintoísmo etc.).
22.6. Outras crenças: Anulação do conceito tradicional de família.
Defesa de um conceito global de governo e religião universal baseada no
sincretismo, e união de todas as religiões. Relativismo ético e moral e fim
dos absolutos de qualquer natureza.

55
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
DAS RELIGIÕES E SEITAS (NMR/DCNB)

1. Explique, por meio das quatro operações matemáticas, as prin-


cipais características das “seitas” (NMR/DCNB).

2. O que é limitação autocrítica?

3. Quantas características psicossociais definimos neste estudo?


Quais são?

4. Cite, entre as principais características de controle mental, a


que mais lhe chama a atenção e por quê.

5. Quando e onde se originou o islamismo? Quem é seu fundador?

6. O que pensa o judaísmo a respeito de Jesus de Nazaré?

7. Qual a visão do budismo sobre salvação?

8. Por que dizemos que o movimento Hare Krishna é panteísta?

9. Explique o que é a Nova Era.

10. Além da religião, qual a abrangência do movimento Nova Era?

56
AVALIAÇÃO – IDENTIFICAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS DAS RELIGIÕES
E SEITAS (NMR/DCNB)

1. As principais características dos NMR/DCNB são:


a) Adição, subtração e divisão.
b) Adição, multiplicação e negação da graça.
c) Adição, subtração, multiplicação e divisão.
d) Heresia, facção, oposição e grupo.

2. Nas chamadas seitas, a graça salvadora é:


a) Defendida como princípio fundamental de fé.
b) Um ensino escolhido por cada adepto.
c) Um ensino necessário.
d) Negada.

3. Entre outras características fundamentais das seitas, podemos encontrar:


a) Doutrinas exóticas, despersonalização do adepto, limitação autocrítica e sistema
centralizador de governo.
b) Sistema centralizador de governo, autoridade “divina” do líder, sistema centra-
lizador de governo e mensagem centralizadora literária.
c) Despersonalização do adepto, limitação autocrítica, doutrinas exóticas e defesa
de suas doutrinas fundamentais.
d) Autoridade “divina” do líder, limitação autocrítica, pensamentos contraditórios
e doutrinas exóticas.

4. “Retira do adepto qualquer condição psicológica de se ver como indivíduo,


somente possuindo valores reais em grupo” é uma característica relacionada
à(ao):
a) Autoridade “divina” do líder.
b) Limitação autocrítica.
c) Despersonalização do adepto.
d) Sistema centralizador de governo.

57
5. Entre três importantes características psicossociais dos NMR/DCNB estão:
a) Acreditar que “o fim justifica os meios”, formar uma sociedade totalitária elitista
e reconhecer a importância individual do adepto.
b) Sua riqueza não beneficia seus membros ou mesmo a sociedade, seu líder fun-
dador é autoungido e fanatismo coletivo.
c) Formar uma sociedade totalitária elitista, utilização de coerção psicológica para
recrutar e seu líder fundador é autoungido.
d) Utilização de coerção psicológica para recrutar, isolamento familiar e formar
uma sociedade totalitária elitista.

6. Entre as 22 principais técnicas de controle mental dos NMR/DCNB encon-


tramos:
a) Hipnose, doutrinamento confuso, metacomunicação, códigos de vestimenta,
abuso verbal e eliminação.
b) Pressão de vigilância em grupo, privação do senso de tempo, repetições, priva-
ção do senso de tempo, exclusivismo doutrinário e “bombardeio” de amor.
c) Substituição, síndrome de perseguição, culpa, ostentação hierárquica, remoção
de privacidade e acusação.
d) Rejeição de antigos valores, pressão de vigilância em grupo, hipnose, questio-
namento zero, desinibição e bipolarismo.

7. A negação da trindade, negação do pecado original, prática do zakat, Gabriel


como o Espírito Santo são crenças encontradas no:
a) Judaísmo.
b) Xintoísmo.
c) Cristianismo.
d) Islamismo.

8. Maimônides, Rashi e Ibn Ezra são exemplos de pensadores:


a) Judeus.
b) Judeus e muçulmanos.
c) Cristãos.
d) Hindus.

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9. O Mahabharata e o Bhagavad-Gita são textos normativos do:
a) Islamismo e budismo.
b) Hinduísmo e budismo.
c) Hinduísmo.
d) Confucionismo.

10. Definimos como “Movimento sociocultural sincretista que tem como principal
objetivo a promoção de uma cultura pagã, uma religião universalizada e a bus-
ca da compreensão dos poderes latentes da alma humana” o(a):
a) Nova Era.
b) Budismo.
c) Hare Krishna.
d) Hinduísmo.

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23. Testemunhas de Jeová

23.1. Origem e fundação: Charles Taze Russel (1852-1916), de origem


congregacional e, depois, presbiteriano, foi o fundador. Depois vieram Joseph
F. Rutherford, Nathan Knorr, Fred Franzs e Milton G. Henshel. O atual
presidente é Don A. Adams. Começaram de forma embrionária na Pensil-
vânia, Estados Unidos, a partir da década de 1870. A sede se encontra em
Nova York, EUA.

23.2. Textos normativos: A Bíblia (TNM – “Tradução do Novo Mun-


do”), todas as publicações atuais da Torre de Vigia e as revistas A Sentinela
e Despertai.

23.3. Deus: São essencialmente unitaristas (somente o Deus-Pai é


divino). Deus é uma única pessoa, cujo nome exclusivo é Jeová. Jeová não
é onisciente, onipresente ou onipotente, e possui um “corpo espiritual” (não
é apenas é um ser espiritual). A Trindade é uma doutrina pagã introduzida
no cristianismo pelo catolicismo romano e mantida pelo protestantismo
evangélico.

23.4. Jesus: Jesus é “um deus” abaixo do pai que é Jeová e o seu
criador. Não possui eternidade, autoexistência nem onisciência. É, portan-
to, um ser menor com poder que emana de Jeová, o seu pai e criador.
Jesus é o arcanjo Miguel, um anjo poderoso que nasceu do ventre de
Maria. É reconhecido como o regente de Jeová e seu “mestre de obras”
na criação.
Jesus foi completamente humano a partir de sua concepção virginal.
Ele nunca pecou ou mesmo desobedeceu ao seu pai. Após a sua morte não
houve ressurreição do seu corpo e não se sabe, de fato, o que ocorreu com
ele (se foi transformado em gases ou foi levado para o céu). Sua vinda ocor-
reu de forma secreta em 1914. A partir desse ano passou a reinar sobre a
criação de Jeová.

60
C u rs o A po lo gético

23.5. Espírito Santo: É, segundo a própria terminologia das TJs, “a


força ativa invisível de Jeová que condiciona os seus servos a executarem a
sua vontade”. Não é um ser pessoal e também não faz parte de nenhuma
trindade.

23.6. Salvação: Rejeitam qualquer ideia de salvação baseada na graça


eterna de Deus. Acreditam que somente por meio da obediência às doutri-
nas da “Sociedade Torre de Vigia” alguém pode ser salvo (crença nas dou-
trinas, evangelismo e batismo). Ainda haverá um período após a ressurreição
no qual os humanos que não obedeceram às leis de Jeová serão ressuscita-
dos para terem a oportunidade de usufruírem do seu reino eterno.

23.7. Morte: Logo após a morte, aqueles dos “144 mil” são ressus-
citados espiritualmente para viverem no céu como seres espirituais. Os
que não fazem parte desse seleto grupo entram em um estado de incons-
ciência (inexistência) aguardando a ressurreição dos mortos. Não existe
céu para a “grande multidão” (os que não fazem parte dos 144 mil ungi-
dos de Deus), nem inferno para nenhum transgressor, pois o “inferno” é
a sepultura.

23.8. Outras crenças: Rejeitam a participação em qualquer tipo de


guerra (pacifismo absoluto). Não prestam juramentos à pátria e não saúdam
a bandeira de qualquer nação. Acreditam que todas as crenças e organizações
religiosas (principalmente as outras denominações cristãs), juntamente com
os governos políticos, constituem a babilônia (Império Mundial da religião
falsa). Creem que a primeira ressurreição já ocorreu em 1919 (a ressurrei-
ção dos “cristãos ungidos”). Rejeitam qualquer tipo de transfusão sanguínea
(em parte ou no todo), celebração de aniversários ou outros feriados, por
acreditarem que tais festividades são de origem pagã. A “refeição noturna”
(ceia) deve ser celebrada uma vez por ano, e somente os remanescentes dos
144 mil (os ungidos) devem tomar os elementos. Haverá duas categorias de
salvos: os “ungidos” (reinarão no céu) e os da “grande multidão” (os que
habitarão na terra).

61
Em defesa da fé

24. Adventistas do Sétimo Dia

24.1. Origem e fundação: Remanescentes do “Movimento Milerita”


de Guilherme Miller (ex-fazendeiro batista), que nasceu em 1782, em
Pittsfield, Massachusetts, EUA. Após o malogro profético acerca da vinda
de Cristo, em 1844, se reuniram em torno dos pensamentos de James
White (marido de Ellen G. White), Ellen G. White (que contribuiu como
profetisa do movimento), Joseph Bates (o primeiro a observar a guarda
do sábado) e Hiram Edson, que solucionou o problema do malogro de
1844, afirmando ter tido uma visão de que na data prevista para a vinda
de Cristo ele não veio à terra, mas entrou no tabernáculo celestial para
iniciar sua obra de redenção final em prol dos salvos. A IASD (Igreja
Adventista do Sétimo Dia) só foi fundada e organizada entre meados de
1860-1863.
24.2. Textos normativos: A Bíblia Sagrada. Consideram também
todos os livros de Ellen White inspirados por Deus no mesmo grau de
inspiração da Bíblia. Apesar disso, não creem que os escritos dela sejam um
prolongamento do Cânon.
24.3. Deus: Atualmente creem na Trindade. Mas somente a partir da
década de 1950 se fez uma análise mais aprofundada da cristologia, migran-
do para a ortodoxia clássica, pois a grande maioria dos fundadores do mo-
vimento eram antitrinitarianos (arianos ou semiarianos).
24.4. Jesus: Apesar de acreditarem atualmente na doutrina da trinda-
de, Jesus ainda é considerado Miguel, o arcanjo. Para isso, redefiniram o
significado de arcanjo. De “anjo líder” (criatura), como demonstrado na
Bíblia, para o “líder dos anjos” (criador). Assim ele, mesmo sendo um “ar-
canjo”, continuaria possuindo a natureza e o status de Deus. Nasceu pos-
suidor de uma natureza humana com possibilidade de queda. Jesus herdou
o que herda todo filho de Adão, uma natureza pecaminosa decaída. Sua
obra de salvação na cruz não apagou definitivamente o pecado de culpa dos

62
C u rs o A po lo gético

pecadores arrependidos, pois eles somente serão cancelados ao término do


“juízo investigativo”.
24.5. Espírito Santo: Como creem na trindade, atribuem ao Espírito
Santo personalidade e divindade. O problema existente com relação ao
Espírito Santo é que há atualmente livros que defendem a ideia de inspi-
ração da Bíblia sem inerrância (a consequência é que o Espírito Santo teria
guiado os escritores do NT a escreverem erros em seus escritos, ou os teria
inspirado parcialmente). O problema então não seria com relação à nature-
za do Espírito Santo, mas, sim, sua obra (se é que poderíamos dividir sua
obra de sua natureza).
24.6. Salvação: Apesar de afirmarem que a salvação está baseada
no sacrifício de Cristo na cruz, acreditam, como Ellen White, que a
guarda do sábado é fundamental para a salvação. Além disso, acreditam
que a salvação não pode ser adquirida imediatamente por meio da fé,
pois os pecados só serão aniquilados quando Satanás finalmente for des-
truído com eles.
24.7. Morte: Quando morremos, deixamos qualquer tipo de existência
pessoal. Possuem uma antropologia monista (acreditam que o homem é um
todo indivisível). Após a morte, o nosso espírito, que é apenas um “fôlego
de vida”, se dissipa, então deixamos de existir. Somente na ressurreição é
que voltaremos a ter nossa vida consciente. Não existe céu nem inferno após
a nossa morte, apenas a sepultura.
24.8. Outras crenças: São aniquilacionistas (todos os pecadores per-
didos serão destruídos, assim como Satanás), acreditam que a doutrina da
imortalidade da alma é de origem satânica e que o inferno não existe. Jesus,
em 1844, passou do primeiro compartimento do Santuário Celestial para
o Santo dos Santos para concluir a obra de Redenção, onde está ocorrendo
o “juízo investigativo” (avaliação das obras dos salvos a partir dos registros
mantidos no santíssimo celestial), que será concluído pouco tempo antes
de seu retorno glorioso. No fim do “juízo investigativo”, Satanás será preso

63
Em defesa da fé

na terra por mil anos carregando os pecados do salvos para que finalmente
sejam aniquilados juntamente com ele (o instigador dos males e rebelião
do homem).

25. Mormonismo

25.1. Origem e fundação: Joseph Smith Jr., conhecido como profeta,


vidente, revelador e fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi-
mos Dias, em 6 de abril de 1830. Após a morte de Joseph Smith, em 1844,
a liderança da Igreja coube a Brigham Young (segundo profeta e presidente
da igreja), que conduziu os mórmons sob clima de grande perseguição e
ódio, da parte de seus opositores, ao Vale do Lago Salgado, onde até hoje
é sua sede mundial, no estado de Utah, nos EUA.

25.2. Textos normativos: Consideram como obras canônicas e padrão


da igreja: A Bíblia Sagrada, o Livro de Mórmon, Doutrinas e Convênio e a
Pérola de Grande Valor. Acreditam também na inspiração das palavras dos
profetas da igreja.

25.3. Deus: Acreditam não em uma trindade, mas, sim, em uma tríade
de divindades. Deus-Pai (Elohim) é um ser que foi um pecador em outro
planeta e evoluiu até se tornar Deus. Possui um corpo de carne e ossos tão
tangível quanto os homens. Possui várias esposas deusas que geram, por
meio de relação sexual, os espíritos que povoam a terra. Deus tem pai, mãe,
avô, avó etc., até uma regressão infinita. São politeístas.

25.4. Jesus: É considerado divino (Jeová), mas também só alcançou


esse status por meio da obediência irrestrita aos ensinos do evangelho eter-
no. Possui uma mãe celestial, e entre seus vários espíritos irmãos, os quais
desconhecemos os nomes, encontra-se Satanás. Seu sacrifício na cruz pos-
sibilitou uma salvação quase universal e a ressurreição de todos os que
perecerem, quer sejam bons, ou não.

64
C u rs o A po lo gético

25.5. Espírito Santo: É uma divindade espiritual (não possui corpo).


O Espírito Santo, portanto, é uma divindade de natureza distinta do Pai,
que possui um corpo, e do filho, que também o possui.

25.6. Salvação: A salvação é vista de duas formas: uma geral (que


significa o direito da ressurreição para todos os homens) e uma específica
(que significa o direito de ascender e tornar-se um deus dado aos mórmons).
A salvação não está ligada à ideia do sacrifício de Cristo na cruz, mas, sim,
do esforço de cada homem em obedecer ao evangelho eterno (ensinado
somente pelo mormonismo).

25.7. Morte: Após a morte, o espírito continua mantendo sua indivi-


dualidade e personalidade. Se for mórmon, irá para o “mundo espiritual”;
se não o for, irá para a “prisão dos espíritos”, onde aguardará a ressurreição
e também poderá ter acesso ao evangelho se não o ouviu aqui na terra.

25.8. Outras doutrinas: Batismo por procuração (batizar vivos em


lugar de mortos com o intuito de remi-los da prisão dos espíritos). Advogam
a existência de três céus ou graus de glória aonde irão todos. Não existirá
punição eterna em um inferno de fogo para os pecadores que não creem
na doutrina mórmon, mas a punição alcançará aqueles que perseguem a
Igreja Mórmon (os chamados “filhos da perdição”). Deus-Pai manteve re-
lações sexuais com Maria. Não aceitavam negros na igreja até 1978, por
acreditar que era uma raça amaldiçoada por pecados realizados antes da
encarnação. São preexistencialistas (acreditam que antes de virmos para esse
mundo estávamos com os deuses). Abstinência completa de bebidas alcoó-
licas, tabaco, refrigerantes à base de cola e café.

26. Congregação Cristã no Brasil

26.1. Origem e fundação: Ex-presbiteriano Luis Francescon, após o


contato com o movimento pentecostal de Azuza Street, berço do pentecos-

65
Em defesa da fé

talismo moderno. É considerada a primeira denominação pentecostal esta-


belecida em solo brasileiro em meados de 1910.
26.2. Textos normativos: Bíblia Sagrada. Apesar de declararem que
a Bíblia é a palavra de Deus, costumam devotar mais fé nas palavras dos
líderes locais (anciães) e nas determinações doutrinárias de suas assembleias
do que naquilo que claramente é ensinado nas Escrituras Sagradas.
26.3. Deus: Creem na trindade. Possuem a mesma concepção trinita-
riana do cristianismo clássico-histórico.
26.4. Jesus: É considerado divino. A sua vida é o exemplo magno a ser
seguido pelos fiéis.
26.5. Espírito Santo: É a terceira pessoa da trindade. Aquele que
convence os pecadores do seu estado de afastamento de Deus.
26.6. Salvação: Acreditam na regeneração batismal (o batismo auxilia
na salvação, regenerando o homem). O batismo é para remissão de pecados,
não somente um ato de obediência às ordens de Cristo. Portanto, o sacrifí-
cio de Cristo é insuficiente para alcançar o homem e libertá-lo definitiva-
mente da condenação eterna.
26.7. Morte: Acreditam na imortalidade da alma. Após a morte, a alma
seguirá para o seu destino eterno: céu ou inferno. Acreditam na ressurreição
dos mortos e no juízo final.
26.8. Outras crenças: Rejeitam qualquer nível de comunhão com
qualquer denominação, quer seja cristã, quer não. São completamente ex-
clusivistas, acreditando que a salvação pode ser adquirida apenas na CCB
(exclusivismo denominacional). São contrários a qualquer contribuição por
meio de dízimos. Realizam a ceia apenas uma vez por ano. O batismo é por
imersão, e a sua fórmula batismal não é apenas em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo (fórmula trinitariana), mas também acrescentam a ex-
pressão “em nome de Jesus” (fórmula de concordância), fórmula esta sur-
gida a partir da influência do movimento modalista moderno (século 20)
que nega o batismo trinitariano.

66
C u rs o A po lo gético

27. Espiritismo Kardecista

27.1. Origem e fundação: Hipoolyte Léon Denizard Rivail (Allan


Kardec), nascido em Lion, na França, após presenciar o fenômeno das
“mesas girantes”, foi convencido da interação do mundo espiritual com o
mundo físico. O movimento nasceu do desenvolvimento do espiritismo
moderno surgido ainda nos EUA em 1848, por meio da família Fox, e ex-
portado para a Europa.
27.2. Textos normativos: Todas as obras de Allan Kardec e as publi-
cações oficiais da FEB (Federação Espírita Brasileira).
27.3. Deus: Não existe trindade. Deus é um ser pessoal elevadíssimo,
tratado como poder ou influência universal (impessoal). Ele controla o
universo e usa as falanges de espíritos dos mais variados níveis para comu-
nicar à raça humana suas orientações e desígnios visando a sua evolução.
27.4. Jesus: Jesus não foi divino, mas um espírito da mais alta hierar-
quia, o maior médium de Deus que já existiu. Sua morte não ocorreu como
um sacrifício em prol dos pecadores, mas, sim, foi fruto da insanidade e
ódio humano. Sua encarnação não visava a sua própria evolução, mas, sim,
à evolução da humanidade.
27.5. Espírito Santo: O Espírito Santo não é Deus, e não existe ne-
nhuma trindade da qual faça parte. Acreditam que a promessa de Cristo
com relação à vinda do consolador não fazia referência ao Espírito Santo,
mas, sim, às falanges de espíritos que estão em contato gradativo com a raça
humana visando a sua evolução espiritual. O Espírito Santo não é uma
pessoa, mas, sim, muitos espíritos evoluídos (falanges de espíritos que estão
em contato com a raça humana).
27.6. Salvação: O sacrifício de Cristo não tinha como propósito a
salvação de ninguém. Não existe a salvação da alma da condenação eterna,
mas antes a salvação de uma reencarnação excessivamente carregada de más
ações para a próxima existência. O lema espírita que define o seu pensa-
mento soteriológico é “fora da caridade não há salvação”.

67
Em defesa da fé

27.7. Morte: Ao morrermos, mantemos a nossa individualidade espi-


ritual e nossa consciência. Dependendo de como vivermos, o livre-arbítrio
dado por Deus é que definirá a forma de transição pela qual passaremos:
ou iremos para uma “colônia espiritual” (um tipo de paraíso), ou para o
“umbral” (um tipo de purgatório). O lugar para onde iremos é apenas uma
transição, e não um estado eterno. Nunca reencarnaremos em formas de
vida inferiores a que nos encontramos (humana).
27.8. Outras crenças: Negam a doutrina cristã da ressurreição. Creem
na mediunidade (contatos com os espíritos dos mortos desencarnados),
promovendo tais contatos por meio de sessões, cirurgias mediúnicas e pas-
ses espirituais. Veem o kardecismo como a última revelação divina dada à
humanidade. Creem na telecinese. Negam a existência de Satanás, dos
demônios e dos anjos.

68
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CARACTERÍSTICAS DAS RELIGIÕES E SEITAS

1. Como entendem, as Testemunhas de Jeová, Deus o Pai, o Filho


e o Espírito Santo?

2. Segundo as Testemunhas de Jeová, como é possível ao homem


ser salvo?

3. Qual a origem do Adventismo do Sétimo Dia?

4. Como entendem os Adventistas a pessoa e a obra redentora de


Cristo? Como a guarda do sábado influencia na salvação?

5. Como entendem os mórmons o Pai, o Filho e o Espírito Santo?


Que outras literaturas são consideradas sagradas pelo grupo?

6. Como entendem os mórmons a recompensa pós-morte, e que


relação tem isso com a doutrina do batismo pelos mortos?

7. Quando surge a Congregação Cristã no Brasil, e qual conceito


errôneo possui do batismo?

8. Como surge o Espiritismo Kardecista, e quem é o seu fundador?

9. Como os kardecistas entendem Deus o Pai, o Filho e o Espíri-


to Santo?

10. Sendo a reencarnação uma principal doutrina dos kardecistas,


como compreendem a morte e a salvação?

69
AVALIAÇÃO – CARACTERÍSTICAS
DAS RELIGIÕES E SEITAS

1. O Movimento Milerita influenciou o surgimento da(s):


a) Testemunhas de Jeová.
b) Mormonismo.
c) Adventismo.
d) CCB.

2. Entre as principais doutrinas das Testemunhas de Jeová, estão:


a) Negação da trindade, Cristo como arcanjo Miguel, inexistência do inferno e
pacifismo absoluto.
b) Negação da trindade, Cristo como arcanjo Miguel, inexistência do inferno e
juízo investigativo.
c) Imortalidade da alma, inexistência do inferno, inexistência do céu e 144 mil
selados para o céu.
d) Trindade, existência do inferno, juízo investigativo e reencarnação.

3. Qual seita mudou sua crença sobre a trindade a partir de 1950 e possuía ante-
riormente fundadores antitrinitarianos?
a) Mormonismo.
b) Kardecismo.
c) Adventismo.
d) CCB.

4. A seita que defende atualmente uma concepção de inspiração da Bíblia sem


inerrância é o(a):
a) CCB.
b) Mormonismo.
c) Espiritismo Kardecista.
d) Adventismo.

5. São doutrinas essenciais do mormonismo:


a) Politeísmo, Jesus (chamado Jeová), preexistência da alma e racismo.
b) Politeísmo, Jesus (chamado Jeová), preexistência da alma e batismo por procuração.
c) Jesus (chamado Jeová); Deus possui um corpo de carne tangível; Deus-Pai
manteve relações sexuais com Maria; e vegetarianismo.
d) Panteísmo, racismo, batismo por procuração e preexistência da alma.

70
6. Luis Francescon e Joseph Smmith Jr. fundaram, respectivamente:
a) CCB e mormonismo.
b) CCB e adventismo.
c) Mormonismo e Espiritismo Kardecista.
d) Espiritismo Kardecista e Mormonismo.

7. São doutrinas da CCB:


a) Trindade, divindade de Cristo, imortalidade da alma e ceia semanal.
b) Trindade, divindade de Cristo, imortalidade da alma e juízo investigativo.
c) Imortalidade da alma, trindade, batismo por procuração e divindade de Cristo.
d) Imortalidade da alma, divindade de Cristo, regeneração batismal e ceia anual.

8. Seita cujo batismo por imersão adota a chamada “fórmula de concordância”:


a) Mormonismo.
b) Adventismo.
c) Espiritismo.
d) CCB.

9. O Espiritismo moderno iniciou-se em:


a) 1830.
b) 1844.
c) 1848.
d) 1831.

10. São doutrinas do Espiritismo Kardecista:


a) Regeneração batismal, reencarnação, negação da trindade e negação da divin-
dade de Cristo.
b) Reencarnação, negação da trindade, batismo pelos mortos e ceia anual.
c) Jesus cmo o maior médium de Deus, negação da trindade, reencarnação e
inferno.
d) Negação da divindade de Cristo, reencarnação, negação da ressurreição e ne-
gação da existência de Satanás.

71
Teologia
aDÃo e eva

DEFINIÇÃO

O primeiro casal que, segundo a Bíblia, deu origem a toda a raça humana,
povoando a terra e dando origem a todos os povos existentes (Gn 1.26-28).

Acreditar que toda a raça humana veio de um único casal, como


afirma a Bíblia, não seria crer em um mito ou lenda?

As recentes pesquisas do genoma humano têm demonstrado que não


existem grandes diferenças genéticas entre os diferentes povos existentes
no mundo. O biólogo americano Alan Templeton, que dirigiu uma das
maiores pesquisas genéticas já vistas, declarou em entrevista à revista IstoÉ:

“Não existem raças porque as diferenças genéticas entre as mais


distintas etnias são insignificantes [...] as diferenças genéticas das
amostras colhidas nos dizem que, desde o princípio, as linhagens
humanas rapidamente se espalharam para toda a humanidade, in-
dicando que as populações sempre tiveram um grande grau de
contato genético [...] não há ramos nem linhagens distintas; pela
moderna definição de raça, não há raça na espécie humana” (p. 131,
18 nov., 1998).

75
Em defesa da fé

O próprio Senhor Jesus Cristo, quando falou da questão relacionada


ao divórcio, tratou Adão e Eva não como seres mitológicos ou lendários,
mas como figuras históricas reais (Mt 19.4, 5). Também o nome de Adão
aparece na tabela genealógica de Lucas, entre outras pessoas reais que fazem
parte das genealogias ali mencionadas (Lc 2.38).

Ver resposta à pergunta posterior.

A Bíblia não se refere a Adão e Eva apenas como mitos?

Tanto Jesus Cristo (Mt 19.4, 5) como Paulo pregando em Atenas (At
17.26) referiram-se a Adão e Eva não como seres mitológicos ou irreais,
mas como seres pessoais e históricos. A própria genealogia de Maria, nar-
rada em Lucas, cita Adão (Lc 3.38). Como poderiam citar um suposto ser
mitológico dentro de uma linhagem literal e real? Um mito pode compor
uma tabela genealógica real?

Ver resposta à pergunta anterior.

Supondo que Adão e Eva existiram, como eu poderia pagar pelos


pecados cometidos por eles? Não seria isso injusto?

As Escrituras Sagradas não afirmam que pagaremos pelos pecados


cometidos por Adão e Eva, pois cada um de nós é responsável por sua
própria culpa e pecado (Ez 18.20). No entanto, a ideia de alguém sofrer de
algum modo em razão de atos cometidos por outros não é totalmente es-
tranha àquilo que temos presenciado no mundo se olharmos Adão como o
representante legal da raça humana. Por exemplo, o ex-presidente dos
Estados Unidos, George W. Bush, como representante legal do povo ame-
ricano, declarou guerra ao Iraque. Nós não dizemos que o ex-presidente
estava em guerra contra outra nação, mas que os Estados Unidos estavam

76
C u rs o A po lo gético

em guerra contra o Iraque. Do mesmo modo, Adão era o nosso represen-


tante legal, e como tal toda a raça humana sofreu as consequências do seu
ato de desobediência, nascendo todos pecadores (Rm 5.12-14, 17). Será
que, se os nossos representantes legais no Éden (Adão e Eva) tivessem vi-
vido em obediência plena a Deus, estaríamos hoje discordando do fato de
não termos feito nada para sermos considerados dignos de viver em um
paraíso ausente de pecado, morte e dor, baseado apenas na fidelidade deles
como nossos representantes legais?
A justiça de Deus é tão elevada que, mesmo nascendo inimigos dele
(Ef 2.1-3), podemos ser ainda reconciliados pelo sacrifício de Cristo em
nosso lugar (Rm 5.18-21).

Se Adão e Eva tiveram somente dois filhos, Caim e Abel, como a


Bíblia pode afirmar que Caim se casou após assassinar o seu único
irmão?

O texto bíblico não afirma em lugar algum que Adão e Eva tinham,
por ocasião do assassinato de Abel, somente dois filhos. A Bíblia só os apre-
senta de forma destacada por causa do fato que os envolveu, o primeiro
assassinato. Como naquela época ainda não havia uma proibição divina com
relação ao casamento consanguíneo (entre irmãos e irmãs), é possível que
Caim tenha se casado com uma de suas irmãs, se já não o era por ocasião
do homicídio, visto que a Bíblia não declara que ele se casou na “terra de
Node” (a palavra hebraica [nwd] significa “vagar”, “andar errante”), mas que
lá se relacionou sexualmente com a sua esposa (Gn 4.16, 17). Declarar que
os únicos filhos de Adão e Eva eram Caim e Abel na ocasião do assassinato
trata-se apenas de uma questão de interpretação errada do texto bíblico,
que não afirma isso.

Para informações complementares sobre


o tema, leia o tópico Raça Humana.

77
Em defesa da fé

A Igreja Mórmon durante anos ensinou por meio de suas


autoridades gerais, dentre as quais o segundo profeta da
Igreja, Brigham Young, que Adão era o único Deus com
o qual deveríamos nos relacionar e que ele era o único
Deus deste planeta:

“Ouçam agora ó habitantes da terra, judeus e gentios, santos e


pecadores! Quando nosso pai Adão veio ao jardim do Éden, ele
veio com um corpo celestial, e trouxe Eva, uma de suas esposas,
com ele. Ele ajudou a construir e organizar este mundo. Ele é
Miguel, o Arcanjo, o ancião de dias! Acerca de quem homens
santos têm escrito e falado – Ele é nosso pai e nosso Deus, e o
único Deus com quem devemos nos relacionar. Todos os homens
sobre a terra, cristãos professos ou não, devem ouvir, e saberão
disto mais cedo ou mais tarde!” – Brigham Young, Millennial Star,
vol. 15, pp. 769, 1853.

“Que ideia erudita! Jesus, nosso irmão mais velho, foi gerado na
carne pelo mesmo ser que estava no jardim do Éden, e que é o
nosso pai no céu [...] Jesus não foi gerado pelo Espírito Santo”
– Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 1, p. 51, 1852.

“Então Adão é realmente Deus! E por que não? Se há muitos


deuses e muitos senhores como as Escrituras nos informam, por
que não deveria nosso pai Adão ser um deles?” – Brigham Young,
Millennial Star, vol. 15, pp. 801, 1853.

Ainda nos dias do “profeta” Brigham Young, ele mesmo reconheceu


que havia mórmons incrédulos com relação a esta doutrina ensinada por ele:

“Quanta incredulidade há na mente dos Santos dos Últimos Dias


em consideração a uma doutrina particular a qual revelei a eles e

78
C u rs o A po lo gético

Deus revelou a mim – que Adão é nosso Pai e Deus” – Brigham


Young, The Deseret News, 18 de junho de 1873, p. 308).

O 12º profeta da Igreja Mórmon, Spencer W. Kimball, declarou em


um periódico da Igreja a seguinte informação concernente a essa doutrina
Mórmon:

“Nós advertimos vocês contra a disseminação de doutrinas que não


estão de acordo com as Escrituras e que supostamente foram
ensinadas por algumas das autoridades gerais da Igreja das gerações
passadas. Tal exemplo é a teoria do Deus-Adão. Nós denunciamos
esta teoria e esperamos que todos possam estar precavidos contra
esta e outros tipos de falsas doutrinas” – Spencer W. Kimball,
Church News, 09/10/1976.

Se o segundo profeta da Igreja Mórmon, Brigham Young, ensinou essa


doutrina, largamente divulgada nos periódicos da Igreja como vimos ante-
riormente, e essa doutrina é falsa de acordo com o 12º profeta da Igreja,
Spencer W. Kimball, como poderia a Igreja Mórmon, que declara ser a
única Igreja verdadeira, transmitir durante um período de um pouco mais
de 50 anos (1852-1903) tal falso ensino? Se a doutrina do Deus Adão é uma
doutrina falsa, que tipo de profeta era Brigham Young? Como a Igreja
Mórmon pode ser uma Igreja que possui genuína sequência profética se o
seu segundo profeta ensinou tal falsa doutrina? Poderíamos confiar na di-
reção profética de Brigham Young como um autêntico profeta de Deus?

79
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ADÃO E EVA

1. Qual o nome do primeiro casal humano, e como podemos jus-


tificar cientificamente a origem de toda a humanidade a partir
deles?

2. Como podemos explicar que o relato de nossos primeiros pais


não se trata de uma lenda?

3. Como sabemos que Adão e Eva foram personagens reais a par-


tir das declarações de Jesus?

4. Existe injustiça da parte de Deus em imputar-nos a consequên-


cia do pecado cometido pelos primeiros pais? Explique.

5. Como obteve Caim sua esposa?

80
PROVA – ADÃO E EVA

1. Atualmente sabemos que não existem grandes diferenças genéticas entre:


a) As variadas raças humanas.
b) Os variados tipos de genes humanos.
c) Os diferentes povos existentes no mundo.
d) Dois seres de DNA com a mesma quantidade de cromossomos.

2. Pela moderna definição de raça:


a) Não há raça na espécie humana.
b) Há raças mais ou menos desenvolvidas.
c) Há três tipos básicos de espécie humana.
d) Não há raça na espécie humana, apenas raças e sub-raças.

3. Jesus tratou Adão e Eva como:


a) Seres mitológicos.
b) Seres lendários.
c) Fábulas.
d) Figuras históricas reais.

4. A grande prova bíblica da existência histórica de Adão e Eva é:


a) Sua menção no texto inspirado.
b) Sua menção em uma tabela genealógica real.
c) A história da criação.
d) A história de suas vidas.

5. Segundo a Bíblia, pagamos pelos:


a) Nossos próprios pecados.
b) Pecados de Adão e Eva.
c) Nossos próprios pecados e também pelos pecados de Adão e Eva.
d) Problemas pessoais que possuímos.

81
6. O fato de nascermos pecadores, como Adão e Eva se tornaram, é porque eles
eram nossos:
a) Irmãos em humanidade comum.
b) Pais primordiais.
c) Representantes legais.
d) Representantes diante de seus descendentes.

7. Temos apenas a citação dos dois filhos de Adão e Eva (Abel e Caim) na Bíblia
porque:
a) Eram os únicos filhos de Adão e Eva.
b) Eram filhos obedientes de Adão e Eva.
c) Estiveram envolvidos no primeiro homicídio.
d) Foram valentes homens do passado.

8. A palavra hebraica node significa:


a) Andar errante.
b) Fuga.
c) Assassino.
d) Rebelião.

9. A doutrina do “Deus Adão” pertence à Igreja:


a) Adventista.
b) CCB.
c) Mórmon.
d) Evangélica.

10. A doutrina do “Deus Adão” foi ensinada por aproximadamente:


a) 50 anos.
b) 45 anos.
c) 100 anos.
d) 20 anos.

82
C u rs o A po lo gético

aDorar

DEFINIÇÃO

É o ato de se render reverentemente a Deus, física ou espiritualmente, como


forma de culto e devoção, sabendo que somente Deus é digno de tal honra
(Êx 20.4-5).

Jesus pode ser adorado?

Sim. Vemos algumas vezes a mesma palavra grega que é traduzida por
adorar (Gr. proskineo) ser usada para Deus-Pai (Mt 4.10; Jo 4.21-24) e
também com referência a Jesus Cristo no NT (Mt 2.2, 8,11; 8.2; Jo 9.38).O
livro de Apocalipse demonstra um ato de adoração coletiva de milhões de
criaturas, tanto ao Pai quanto ao Filho (Ap 5.13, 14), afirmando assim a
possibilidade de Jesus ser adorado juntamente com Deus-Pai. Jesus também
afirmou que deveria ser honrado por todos os homens do mesmo modo que
o Pai é honrado, e a adoração que tributamos a Deus certamente faz parte
da honra devida a Ele (Jo 5.23). Apesar de Deus afirmar que a sua glória
não pode ser dividida com ninguém (Is 42.8; 48.11), Jesus reivindica em
sua oração sacerdotal a mesma glória do Pai (Jo 17.5).

83
Em defesa da fé

Podemos adorar aos anjos?

Não. Como as Escrituras Sagradas afirmam que somente o único Deus


deve ser adorado, qualquer tipo de adoração a outra criatura que não seja
Deus é proibida pela Bíblia (Êx 20.4, 5), proibição esta que se estende
também aos anjos (Cl 2.18, 19). Por exemplo, um anjo do Senhor se recusou
a ser adorado por João, demonstrando assim não ser digno de tal honra (Ap
19.9, 10; 22.8, 9). Os únicos anjos que desejam adoração são os demônios
(1Co 10.14-21).

Podemos adorar nossos antepassados?

Não. A Bíblia declara que somente Deus é digno de qualquer tipo de


adoração (Êx 20.4, 5). Como aqueles que morreram não podem entrar em
contato real com os vivos, por estarem em outra esfera de existência (Lc
16.27-31), qualquer tipo de adoração não será aceita por eles. Eles não
podem ter conhecimento desses atos por não possuírem contato com o
mundo dos vivos de acordo com a Bíblia (Ec 6.12).

A Bíblia proíbe a adoração ou algum tipo de culto a imagens?

Sim, pois não existe uma única menção na Bíblia de adoração ou algum
tipo de culto a imagens sendo, de alguma forma, ordenado por Deus. Pelo
contrário, a Bíblia sempre proibiu a fabricação de imagens para qualquer
tipo de culto (Êx 20.4; Dt 4.15-18). Nem mesmo algum tipo de “adoração
relativa” (usar um objeto de forma representativa na adoração a Deus) é
mencionado.

Ver a resposta do tópico Imagem:


Se Deus proíbe o uso de imagens, por que ordenou que
algumas fossem feitas no AT (Nm 21.8, 9; 1Rs 6. 23-28)?

84
C u rs o A po lo gético

Existem três níveis de adoração, latria (tributada somente a Deus),


dulia (tributada somente aos anjos e santos) e hiperdulia (tributa-
da a Maria). Sendo assim, nós, católicos, não adoramos a outro
ser que não seja Deus, pois somente a Ele tributamos latria.

A criação dos “três níveis de adoração” pelo catolicismo não encontra


qualquer tipo de respaldo bíblico ou linguístico. A palavra latria vem do
grego latreia ou latreuo, que significa basicamente “adorar”, “cultuar”, e
aparece na Bíblia não somente com relação à adoração ao único Deus ver-
dadeiro (Rm 1.25). A palavra grega dulia vem de douleia ou douleuõ, que
possui o significado básico de “servir”, “honrar” a Deus ou a quaisquer
outros seres supostamente divinos (Rm 12.11; Gl 4.8). Sendo assim, nenhu-
ma das palavras, latria ou dulia, possui o sentido gramatical exclusivo e
diferenciado dado pelo Catolicismo Romano.
A palavra hiperdulia simplesmente não aparece na Bíblia e realça a devo-
ção superior que os católicos possuem por Maria (mesmo acima de Deus), pois
o prefixo hiper ressalta posição de superioridade, e dulia, o ato de servir. E este
“nível de adoração” não é, segundo os católicos, tributado a Deus em ocasião
alguma, mas somente a Maria. Então, segundo o Catolicismo, Maria deve
receber um tipo de devoção acima do próprio Deus. Por que os católicos não
seguem as próprias palavras de Maria, que simplesmente se viu como serva de
Deus, e não como Senhora digna de qualquer tipo de culto (Lc 1.46-49)?
Continuamos honrando o exemplo de Maria como um grande modelo
de fé a ser seguido pelos fiéis, mas não cremos em nenhuma categoria de
culto ou adoração que deva ser tributada a essa grande serva do Senhor Deus.

Ver a resposta ao tópico posterior.

Qual a origem do culto a Maria?

O reconhecido escritor católico Roque Frangiotti, que foi diretor do


Instituto Teológico São Paulo (ITESP), doutorado pela Universidade de
Ciências Humanas de Estrasburgo (França), declara:

85
Em defesa da fé

“[...] Até o século V, não havia ainda um culto oficial a Maria,


mãe de Jesus. Aos poucos vão surgindo atos de veneração [...] Até
então, para muitos pais da igreja, o título ‘mãe de Deus’ não se
podia fundar biblicamente. Ao contrário, certos textos bíblicos não
favoreciam nenhum culto ou fundamento histórico a um culto
mariano. Em Mt 12.48, 49, por exemplo, parece haver um rompi-
mento em termos de parentesco carnal, relativizando a materni-
dade carnal de Maria para dar ênfase ao parentesco espiritual
entre os membros da comunidade [...] Mas será Agostinho que
trará uma contribuição definitiva para fundar um culto sem receio,
proclamando em seu tratado de natura et gratia (sobre a natureza
e a graça), que, entre todos os seres humanos, Maria foi a única
isenta do Pecado original [...] A proclamação do dogma da mater-
nidade divina, na cidade de Éfeso, parece ter um significado pro-
fundo e está ligado a uma tradição pagã muito antiga [...] A virgem
Maria passou a ser considerada a principal entre todos os santos.
A ela transferiu-se muito do sentimento que se expressava no
culto das deusas-mãe do Egito, da Síria e da Ásia Menor [...] Sua
vida [de Maria] se cercou de muitas lendas sobre seu nascimento,
sua consagração no Templo, e ainda como criança, sua assunção
corporal ao céu. O calendário litúrgico foi se enriquecendo com
festas em sua honra. Foi-lhe consagrado um dia por semana, o
sábado. Depois o mês de maio. Acrescentou-se, posteriormente,
o mês de outubro” (FRANGIOTTI, 1997, pp. 123, 135, 135).

O “culto mariano” (estabelecido somente a partir de 431 d.C.) jamais foi


defendido nas Escrituras, pois o próprio Senhor Jesus deixou bem claro que
ninguém poderia ser cultuado a não ser Deus (Mt 4.10), e Maria reconheceu
o seu próprio estado de pecaminosidade quando declarou precisar de um
Salvador (Lc 1.47). Quem pode precisar de um Salvador sem ser pecador?

Ver a resposta à afirmação anterior.

Ver resposta à pergunta posterior.

86
C u rs o A po lo gético

Devemos prestar culto a Maria por ela ser a “Mãe de Deus”.

Apesar de esse título gerar desconforto ao cristãos de origem evangélica


e protestante, não podemos rejeitar o título em sua totalidade. Maria foi con-
siderada no concílio universal de Éfeso em 431 d.C. como theotokos (porta-
dora de Deus), e todas as mais importantes confissões cristãs (catolicismo,
ortodoxia grega, protestantismo) acreditam nas determinações ortodoxas dos
concílios universais. Não reconhecemos nenhum culto mariano dentro do
cristianismo anterior ao século V, portanto não podemos declarar que tal in-
terpretação do papel de Maria na concepção de Cristo fazia parte do univer-
so de fé do cristianismo primitivo no século I. Assim, não podemos fazer da
afirmação de Éfeso um meio de exaltar a pessoa da grande mulher de fé
Maria, mas devemos, sim, reconhecer por meio de tal título a completa divin-
dade do seu Filho, Jesus Cristo, a quem todo louvor e glória lhe pertence (Ap
5.11-14). O título theotokos não aponta para a grandeza singular de Maria
como receptáculo do Filho do Pai celestial, mas, sim, para o Filho como pos-
suidor de uma natureza plenamente divina, em plena harmonia com a natu-
reza humana (Fp 2.5-9; Cl 2.9). Essa expressão nunca foi usada em Éfeso
como símbolo da coparticipação de Maria na natureza plena e singular do
Cristo, mas serviu para definir, ao contrário do nestorianismo, que Jesus pos-
suía tanto duas naturezas (humana e divina) como uma única personalidade!
Não declaramos com isso que Maria foi a causa salutis (causa da salvação),
ou a advocata Evae (advogada Eva), como declarou Irineu, bispo de Lião.
Mas podemos, sim, declará-la como a “Mãe temporal de Deus”, ao contrário
de Mãe em um sentido eterno, pois isso exigiria uma atemporalidade (exis-
tência eterna) para Maria e uma temporalidade (existência não eterna) para
Jesus, eliminando assim tanto a plena divindade de Cristo (para ser Deus Ele
tem de ser eterno) como a plena humanidade de Maria (seres apenas huma-
nos não podem ser eternos). As Escrituras são enfáticas ao afirmar a preexis-
tência de Cristo antes da encarnação (Jo 1.15; 8.56-58; Cl 1.17), o que não
deixa dúvidas de que o termo “Mãe de Deus” deva ser usado apenas em um
sentido temporal e físico da encarnação do verbo de Deus.

87
Em defesa da fé

Alguém pode dizer que Maria foi apenas a mãe do “Jesus humano”,
mas essa declaração nos conduziria à seguinte pergunta: Quantos “Jesuses”
foram gerados por Maria? Ela deu à luz quantas pessoas: uma ou duas? Se
declararmos que ela deu à luz apenas o homem Jesus, precisamos definir
quando o Deus-Filho entrou na existência temporal da experiência humana.
A partir de que momento Deus teria habitado entre nós? Isabel afirmou
que Maria era a mãe de seu Senhor (Lc 1.43). E a palavra “Senhor” usada
por Isabel no grego é kúrios, que é usada também por Tomé, o apóstolo,
para se referir ao Jesus divino (Jo 20.28). Além disso, a mesma expressão é
usada em vários textos neotestamentários para destacar a divindade de
Cristo (1Co 2.8; Fp 2.11; 1Tm 6.15; Ap 1.8).
Jesus declarou enfaticamente que somente Deus é digno de qualquer
tipo de adoração ou culto (Mt 4.9,10), e a própria Maria se declarou como
necessitada de um Salvador (Lc 1.46,47). Quem pode precisar de um Sal-
vador sem estar perdido(a)?
Portanto, apenas uma divisão plena das naturezas inseparáveis de Cristo
Jesus não poderia jamais trazer solução a essa questão tão debatida entre
católicos e evangélicos. Pelo contrário, nos conduziria a uma visão antibíblica
da natureza de nosso eterno Salvador, Jesus Cristo, que possuía uma dupla
natureza segundo as Escrituras Sagradas, e não uma dupla personalidade
como inconscientemente nos conduziria o argumento popular evangélico.

Ver resposta à pergunta anterior.

Nós, Testemunhas de Jeová, cremos que nenhuma adoração deve


ser tributada a Jesus, por ser esse um ato de idolatria.

Nem sempre as Testemunhas de Jeová pensaram assim. Várias vezes


ensinaram que Jesus Cristo deveria ser adorado, como afirma a sua própria
literatura:

“[...] Nós cremos que nosso Senhor Jesus enquanto esteve na


terra foi realmente adorado e assim procedido corretamente [...]

88
C u rs o A po lo gético

autorizado a cumprir o grande plano divino para receber home-


nagem de ambos, anjos e homens. Isto apenas seria motivo sufi-
ciente para render adoração aparte de sua grandeza pré-humana
como “o unigênito do pai” – A Sentinela, 15/07/1898, p. 4.

“Cristo deve ser adorado como Espírito glorioso, vitorioso sobre


a morte na estaca de tortura” – Certificai-vos de todas as coisas,
1960, p. 104.

Na edição de 1970 do mesmo livro, essa informação foi intencional-


mente removida.
Perguntamos então: Admitem as Testemunhas de Jeová terem prati-
cado idolatria durante tantas décadas se são, segundo elas próprias, dirigidas
pelo Espírito Santo e se todas as suas decisões se baseiam na palavra de
Deus de acordo com o seu conhecido livro, Poderá Viver para Sempre no
Paraíso na Terra (p. 195, 1989)?

Ver a nota temática neste tópico sobre as Testemunhas de Jeová.

Ver resposta à primeira pergunta deste tópico:


Jesus pode ser adorado?

Nós, Testemunhas de Jeová, cremos que a adoração oferecida pelos


anjos a Jesus (Hb 1.6) é somente uma possível forma de adoração
“relativa” ou apenas um ato de prestação de homenagem, que não
nos dá base para ensinar que Jesus deva ser adorado por ninguém.

A ideia de “adoração relativa”, ou adorar algo que transmite a glória a


Deus, não aparece em nenhuma passagem bíblica, e as próprias Testemunhas
de Jeová confirmam em seu livro, Certificai-vos de Todas as Coisas (pp. 182,
187 [Edição de 1960]), que a “adoração relativa” é contrária ao princípio
cristão de adoração, sendo proibida por Deus. Por que os anjos adorariam
a Jesus “relativamente” se possuem acesso direto ao Pai (Mt 18.10)?

89
Em defesa da fé

A primeira edição da TNM (Tradução do Novo Mundo – Bíblia das


Testemunhas de Jeová) em português (edição de 1967) traduziu a ação dos
anjos com relação a Jesus no texto de Hebreus 1.6 por “adorem”, e não por
“prestem homenagem”, como ocorre na tradução atual. Somente depois foi
que perceberam que essa tradução ficaria incoerente com a sua doutrina
sobre a pessoa de Jesus, e então alteraram em traduções posteriores a ex-
pressão “adorem” por “prestem homenagem”. O interessante é que manti-
veram a tradução do texto de Atos 10.25 (onde aparece a mesma palavra
encontrada em Hebreus 1:6 no original) nas traduções atuais, mesmo que
esse sentido entre em contradição com o contexto apresentado, onde o
apóstolo Pedro rejeita claramente a suposta “prestação de homenagem”
oferecida a ele. Se Pedro estava recebendo apenas uma “homenagem”, por
que a rejeitou? E se ele a rejeitou por considerar essa prestação de home-
nagem um ato de idolatria, por que Jesus a aceita dos anjos?

Ver resposta à primeira pergunta deste tópico:


Jesus pode ser adorado?

Um dos principais veículos de informação das Testemu-


nhas de Jeová, A Sentinela, declarou com relação ao
direito de Jesus ser adorado:

“Há alguns que consideram Cristo, durante sua estada na terra,


como um mero homem com uma natureza caída. Outros o con-
sideram, durante o mesmo período que esteve entre nós, como
um simples homem com uma natureza não decaída ou uma na-
tureza humana perfeita. Das duas opiniões, cremos ser a última
mais próxima da verdade. Mas nós cremos e a Bíblia ensina que
ele foi mais que humano. [...] se ele foi divino, e abandonou a sua
divindade quando assumiu carne, onde estaria a nossa segurança
de não perdermos a nossa divindade quando formos feitos a sua
semelhança? Parece claro que a sua divindade foi retida em sua

90
C u rs o A po lo gético

humanidade porque repetidamente ele falou de si mesmo como


tendo vindo do céu, é porque, embora ele tenha passado por
tentação e sofrimento como homem, foi ainda possuidor de auto-
ridade e exerceu as prerrogativas de um Deus. Ele foi objeto de
não recusada adoração ainda quando bebê, pelos sábios que vieram
ver o recém-nascido rei. Ele nunca reprovou ninguém por atos
de adoração oferecidos a si mesmo, mas, quando Cornélio ofere-
ceu tal ‘culto’ a Pedro – o principal dos apóstolos –, ‘Ele o levan-
tou dizendo, levanta-te: Eu também sou homem’ – At 10.26
(outubro de 1880, pp. 2, 3).

As Testemunhas de Jeová negam atualmente que Jesus seja digno de


receber qualquer tipo de adoração, por não ser Deus nem possuir natureza
divina, mas unicamente humana, sendo o mesmo equivalente a Adão antes
da queda (Poderás Viver para Sempre no Paraíso na Terra, pp. 62, 63). Mas,
em 1916, declararam com relação a Russell: “Charles Taze Russell foi co-
roado rei pelo Senhor. E através da eternidade seu nome será conhecido
entre os povos, e os seus inimigos virão e adorarão aos seus pés” – The
Watchtower (A Sentinela) – 01/12/1916, p. 377.
Por que Jesus não deve ser adorado, se Charles Taze Russel o seria
por toda a eternidade, de acordo com as Testemunhas de Jeová? Reconhe-
ceriam as Testemunhas de Jeová que foram encorajadas a promover a
idolatria por causa da revista A Sentinela?
As Testemunhas de Jeová declaram: “Cremos em todas as coisas”, todas
as coisas que A Sentinela esclarece, uma vez que tem sido fiel em nos dar
conhecimento dos propósitos de Deus e em nos guiar no caminho da paz,
da segurança e da verdade, desde seu início até o dia atual” (Qualificados
para ser Ministros, p. 144). Se A Sentinela sempre ensinou a verdade desde
o seu início até o dia atual, é verdade que os inimigos de Russel o adorariam?
Se a informação de A Sentinela não é verdadeira, então a informação do livro
Qualificados para ser Ministros é falsa? Sendo assim, as Testemunhas de
Jeová estariam dispostas a aceitar que suas publicações contêm falsas infor-
mações doutrinárias que encorajaram inclusive a adoração de seu fundador?

91
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ADORAR

1. O que é adoração?

2. Jesus pode ser adorado mesmo não sendo o Pai? Explique.

3. A Bíblia aprova a adoração aos anjos? Explique.

4. Por que é contrária à palavra de Deus a adoração de antepas-


sados?

5. Como provamos biblicamente  que a adoração de imagens é


contrária à palavra de Deus?

6. Quantos tipos ou níveis de adoração existem de acordo com o


Catolicismo Romano?

7. Defina latria, dulia e hiperdulia.

8. Por que a Bíblia não apoia a existência de três níveis de adora-


ção conforme definidos na pergunta anterior?

9. Maria pode ser chamada de “Mãe de Deus”? Explique.

10. Como as Testemunhas de Jeová compreendem a adoração a


Jesus?

92
PROVA – ADORAR

1. Jesus pode ser adorado porque:


a) É superior aos anjos.
b) Foi o maior representante do mundo espiritual.
c) Possui a mesma glória de Deus-Pai.
d) Foi o último profeta do antigo concerto.

2. Não podemos prestar qualquer tipo de cultos aos anjos porque:


a) Eles são inimigos de Deus.
b) Eles não são seres totalmente divinos.
c) Somente Deus deve ser adorado.
d) São seres inexistentes.

3. Não podemos adorar aos nossos antepassados porque:


a) Eles não são divinos e não podem contatar o nosso mundo físico.
b) São espíritos errantes.
c) Possuem apenas conhecimento parcial do mundo físico.
d) Não são onipresentes.

4. Adoração relativa é:
a) Adorar a Deus parcialmente.
b) Adorar somente a divindade de Cristo.
c) Adorar ídolos.
d) Usar um objeto de forma representativa na adoração a Deus.

5. Os três níveis de adoração definida pelos católicos são:


a) Latria, dulia e hiperdulia.
b) Dulia, latria e hiperlatria.
c) Latria, dulia e hiperliturgia.
d) Dulia, hiperlatria e hiperliturgia.

93
6. O termo hiperdulia significa:
a) Um tipo de devoção dirigida ao nosso senhor Jesus Cristo.
b) Um tipo de culto elevado somente a Deus.
c) Um tipo de adoração tributada somente a Maria.
d) Um tipo de cântico dirigido a Maria.

7. O culto mariano foi estabelecido em:


a) Éfeso, em 381 d.C.
b) Éfeso, em 431 d.C.
c) Jerusalém, em 381 d.C.
d) Jerusalém, em 431 d.C.

8. Declarar Maria como a “mãe de Deus” nos conduz a:


a) Uma crença antibíblica e espiritualmente perigosa.
b) Um dogma católico universal.
c) Uma crença sem nenhum fundamento bíblico.
d) Uma doutrina que não nega em hipótese alguma a dupla natureza de Cristo e
apresenta Maria apenas como o veículo temporal da encarnação divina.

9. As Testemunhas de Jeová já creram que:


a) Jesus foi corretamente adorado.
b) Jesus nunca foi digno de adoração.
c) Jesus era um homem com poderes especiais.
d) Jesus era o filho de Deus.

10. As Testemunhas de Jeová alteraram sua tradução bíblica de Hebreus 1.6 para:
a) Ocultar o fato de que Jesus é divino e por isso deve ser adorado até pelos anjos.
b) Ocultar o ensino bíblico da adoração relativa.
c) Demonstrar que os anjos podem ser adorados.
d) Apresentar apenas possíveis variantes de tradução.

94
C u rs o A po lo gético

alMa

DEFINIÇÃO

Do hebraico nephesh e do grego psyche, a alma é a parte imaterial (espiritual)


que, segundo as Escrituras Sagradas, sobrevive à morte do corpo, manten-
do-se consciente. Aparece essa palavra na Bíblia com vários outros signifi-
cados secundários, como: sangue (Lv 17.14), vida (Gn 2.7), forma psíquica
(Is 1.14) etc.

A Bíblia, quando menciona a criação de Adão, não declara que ele


possuía uma “alma”, mas que ele era uma “alma” (Gn 2.7).

A Bíblia, como outras obras literárias, possui várias figuras e formas


de linguagem, e não seria diferente, principalmente no texto de Gênesis.
O escritor, Moisés, usa a expressão como uma forma de linguagem cha-
mada metonímia/sinédoque, que se refere à parte pelo todo. Por exemplo,
quando alguém diz: “Tenho cem cabeças de gado”, não está se referindo
apenas às cabeças dos animais, mas a todo o ser. Da mesma forma, a
expressão “alma vivente”, no texto, significa o ser como um todo, refe-
rindo-se à parte (alma) como o todo (o ser completo) – 1Pe 3.20. Que

95
Em defesa da fé

alma e corpo são partes distintas a Bíblia revela claramente (Mt 10.28;
1Ts 5.23).

A Bíblia declara que os mortos não sabem de coisa alguma (Ec 9.5).
Sendo assim, não podem estar conscientes após a morte e, conse-
quentemente, não pode haver alma imortal consciente.

O texto de Eclesiastes 9.5 não está declarando de forma alguma que


os mortos não possuem consciência, como afirmam alguns, assim como não
está negando também as recompensas futuras (“... nem tampouco terão eles
[os mortos] recompensa”). Se interpretarmos o texto sem o seu contexto,
diríamos não somente que os mortos estão inconscientes, como também
que não possuirão nenhuma recompensa por seus atos neste mundo, o que
é negado pelo próprio Senhor Jesus em Mateus 16.27.
A expressão “debaixo do sol” aparece 29 vezes no livro de Eclesiastes
e se refere ao mundo físico e temporal no qual vivemos, e não à eternidade,
que é outra fase da existência do ser. Essa mesma expressão aparece em Ec
9.3-6, no contexto do verso 5, demonstrando que ele refere-se apenas à
existência física, e não à eterna. Os mortos não sabem nada do que ocorre
neste plano, pois não têm acesso a ele (Ec 6.12). E assim também não terão
recompensas, físicas deste mundo, na eternidade.

Entre a morte e a ressurreição, os mortos permanecem inconscientes


(dormindo).

As Escrituras Sagradas nos informam que, após a morte, continuamos


conscientes das coisas que nos cercaram durante a vida (Lc 16.27-30). O
apóstolo Paulo desejava partir para estar com o Senhor, o que, segundo ele,
era incomparavelmente melhor do que esta vida (Fp 1.22-26). Como pode-
ria ser melhor se, após a morte, não houvesse consciência alguma? Se não

96
C u rs o A po lo gético

houvesse projeto algum após a morte, como o apóstolo Paulo poderia dizer
que a morte era um estado melhor do que viver e trabalhar para Cristo (Fp
1.22, 23)? Poderia a inatividade ser melhor do que a atividade consciente
na obra do Senhor? Também o apóstolo Pedro afirmou que estava prestes
a deixar o seu “tabernáculo” (2Pe 1.13, 14), que segundo o próprio apósto-
lo Paulo é o corpo (2Co 5.1-2, 4, 6-8). Se Pedro e Paulo não cressem que
havia uma parte espiritual no homem que sobreviveria à morte do corpo,
como poderiam usar a expressão “deixar o corpo”? Se não existisse nenhu-
ma parte imaterial do homem que sobrevivesse à morte do corpo, que “ser”
seria este que deixaria o corpo? Como Paulo, o apóstolo, poderia estar em
dúvidas se foi arrebatado ao terceiro céu “no corpo” ou “fora” dele, se não
houvesse tal possibilidade (2Co 12.2-4)?
O livro de Apocalipse declara que almas continuavam conscientes
sobre o seu passado e vindicavam a justiça de Deus debaixo do seu altar
(Ap 6.9-11). As Escrituras nunca mencionam “almas dormindo”, antes “cor-
pos que dormiam” (Mt 27.51-53).

O Salmo 146.4 declara que na morte perecem todos os nossos


“pensamentos”. Portanto, não pode haver algo consciente após a
morte, chamado “alma”.

As palavras “pensamento” ou “plano” que aparecem no texto é ‘eshtõnâ,


no hebraico, que aparece também em Isaías 55.7 e não se refere a nenhum
tipo de inconsciência na morte, pois este texto declara: “deixe o perverso o
seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos (‘eshtõnâ); converta-se ao Se-
nhor...”. Ficariam os ímpios inconscientes na conversão por deixarem os
seus “pensamentos”? Claro que não!
A expressão encontrada no Salmo 146.4 simplesmente nos informa que
na morte todos os “projetos” ou “planos” que possuímos perecem conosco,
como ilustrou muito bem o Senhor Jesus (Lc 12.16-21). O texto de Isaías
não trata da imortalidade da alma, mas da falibilidade dos projetos humanos!

97
Em defesa da fé

A história do rico e Lázaro é apenas uma parábola, e não retrata


a verdade do que ocorre após a morte (Lc 16.19-31).

Acreditar que a história do rico e Lázaro é apenas uma parábola não se


harmoniza com o contexto geral das parábolas contadas pelo Senhor Jesus.
Em nenhuma parábola alguém é mencionado por nomes reais, mas nesse
relato mencionam-se os nomes Lázaro (v. 20) e Abraão (vv. 23, 24). Em
nenhum lugar na Bíblia declara-se que o texto é uma parábola, como é co-
mum em algumas narrativas bíblicas de parábolas. Mas por que algumas
traduções bíblicas, em que há divisões temáticas entre os versículos, chamam
o texto de Lucas 16.19-31 de parábola? Deve-se notar que tais divisões te-
máticas não se encontram no texto grego, mas foram colocadas pelas publi-
cadoras bíblicas para facilitar aos leitores a localização dos textos relacionados
aos temas mencionados nas Escrituras. O início da narrativa nos faz lembrar
outras histórias literais (Samuel [1Sm 1.1] e Jó [Jó 1:1]). E, mesmo que a
narrativa fosse uma parábola, o texto não anularia a crença na imortalidade
e o que ocorre após a morte, pois parábola não é mito (narrativa de um
conto imaginário ou irreal), mas, sim, uma história possível (Jesus nunca
contou uma parábola de fatos inexistentes ou impossíveis [As dez virgens –
Mt 25.1-13; Os talentos – Mt 25. 14-29; A ovelha perdida – Lc 15.1-7; A
moeda perdida – Lc 15.8-9] etc.). Se todas as parábolas são narrativas de
fatos possíveis, por que com a narrativa do rico e Lázaro seria diferente?
Toda parábola se baseia primeiro em uma história possível, a partir de
uma experiência real. Se a história do rico e Lázaro fosse uma história im-
possível (fábula/mito), pela primeira vez Jesus teria usado um fato impossí-
vel para ilustrar outro fato impossível?

A própria Bíblia declara que a alma morre (Ez 18.20). Sendo assim,
não pode haver uma alma imortal.

A palavra “morte”, no texto de Ezequiel 18.20, não se refere à morte


física como pensam alguns. Antes, deve ser compreendida como a quebra

98
C u rs o A po lo gético

de comunhão (separação) com Deus, como ocorreu no caso de Adão (Gn


3.3). O texto de Ezequiel 18.20 não se refere à morte física, pois nos versos
seguintes vemos que, mesmo após a pessoa ter cometido pecado e conse-
quentemente ter recebido a “morte”, o transgressor, se arrependido, pode-
ria viver (Ez 18.21, 22).

As almas que aparecem sob o altar em Apocalipse 6.9,10 são ape-


nas representações em forma de figuras (tão comuns no livro de
Apocalipse), e não uma representação real do estado dos mortos.

Todas as representações encontradas no livro de Apocalipse são de


objetos conhecidos pelo público a quem primeiramente se escreveu o livro
e, portanto, objetos existentes (cordeiro, mar, ouro, cidade, rio, coroas,
trajes, pessoas etc.), para que, por meio desses objetos ou imagens, possamos
compreender determinadas realidades espirituais (existentes) futuras. Se
não existisse alma imortal, teríamos um único caso em todo o livro de Apo-
calipse onde a representação de algo supostamente inexistente (alma) tem
como referência algo inexistente (alma). Essa interpretação do texto revela
apenas uma tendência a não aceitar o que claramente o texto nos apresenta,
as almas daqueles que partiram dialogando com Deus em perfeito estado
de consciência, portanto apresentadas como imortais.

Toda informação existente que possuímos precisa de um veículo


material para que seja conhecida (tábuas de argila, papiros, per-
gaminhos, computadores, livros etc.). Se houvesse uma alma ima-
terial no homem, não haveria possibilidade de ela possuir algum
tipo de informação.

Se aplicarmos essa interpretação de forma abrangente e geral em toda


a Bíblia, então teremos de negar completamente a existência de “informação”

99
Em defesa da fé

em Deus, que não possui matéria, portanto não poderia reter “informação”
(Jo 4.24 comp. Lc 24.39). E também deveríamos negar a personalidade dos
anjos, por ser também seres não físicos, portanto imateriais como Deus o é
(Hb 1.13,14 comp. Lc 24.3-8). As Escrituras Sagradas apresentam, sim, a
possibilidade inquestionável de existir informação, mesmo que não haja
materialidade no veículo de tal informação.

A Bíblia declara que os animais também são “almas” (Lv 24.18;


Ap 16.3). Sendo assim, estão na mesma categoria do ser humano
como um ser vivente que não possui nada imaterial que sobreviva
à morte do corpo.

Apesar de a Bíblia usar a mesma palavra “alma” (Hb. néfesh e Gr.


psyché) para retratar outros seres que não são humanos, não devemos con-
cluir com isso que sejam seres da mesma categoria espiritual. O apóstolo
Paulo, falando à Igreja de Corinto, declara que o espírito do homem possui
conhecimento sobre o seu próprio ser (1Co 2.11), o que não ocorre certa-
mente entre os animais. Além disso, as Escrituras Sagradas, no AT, fazem
uma distinção entre o que ocorre na morte dos animais e o que ocorre na
morte dos homens (Ec 3.19-21 conf. Gn 23.8, 49.33 – veja a expressão
“congregado ao seu povo”).
Que existe uma diferença entre a alma humana e a dos animais é evi-
dente pela declaração do apóstolo Pedro na sua epístola: “... oito pessoas
(psychaí [almas] no grego), foram salvas, através da água” (1Pe 3.20). Se
as almas humanas fossem da mesma categoria da dos animais, então dizer
que somente oito almas foram salvas seria um grande erro numérico da
parte do apóstolo Pedro, pois em Gênesis sabemos que, além da família de
Noé, muitos animais foram também salvos na Arca (Gn 6.18-22). Teria
Pedro errado em não contar as “almas dos animais” juntamente com as
humanas? Ou as Escrituras fazem diferença de categoria?

100
C u rs o A po lo gético

A Bíblia declara que o único que possui imortalidade é Deus (1Tm


6.15,16); sendo assim, a crença na imortalidade da alma é uma
usurpação de uma qualidade exclusivamente divina.

O texto de 1 Timóteo 6.14-16 não está declarando que somente Deus


possui imortalidade, antes afirma que somente Deus é o único que possui
“imortalidade inata” (não recebeu de ninguém esse atributo). Nunca devemos
confundir “eternidade” (condição usufruída apenas por Deus, por não possuir
início nem fim), com “imortalidade” (condição compartilhada com toda a
criação racional, pois possuem início, mas não possuem fim de existência
psíquica [mental/racional]). A própria Bíblia declara que os anjos também
são imortais (Lc 20.36). Estaria ela sendo contraditória a esse respeito?

A doutrina da “imortalidade da alma” possuía sua origem na filo-


sofia grega, e não no cristianismo bíblico.

Essa afirmação repousa sobre uma interpretação errada por parte de


alguns niilistas (aqueles que acreditam que nada sobrevive à morte da ma-
téria). Em sua concepção, o cristianismo foi influenciado pelo dualismo
grego (crença que admite a existência de princípios coeternos em conflito
e direta oposição [bem e mal, corpo e espírito etc.]). Já os cristãos que
creem na imortalidade da alma não admitem que o corpo humano seja
naturalmente oposto ao espírito, mas que ambos dão existência a um único
ser, o homem (Tg 2.26; Mt 10.28). De acordo com a Bíblia, o homem não
é um espírito que habita em um corpo, mas, sim, um todo, constituído pela
junção de corpo e alma (por isso que, quando vemos um corpo sem vida,
não estamos vendo um homem, ou uma mulher, e sim apenas um corpo
humano). É sobre a unidade do ser que repousa a nossa crença na ressur-
reição dos mortos, senão teríamos apenas de admitir que não existiria ne-
cessidade para uma ressurreição do corpo, visto que na morte vamos para
o Senhor (que está no céu), segundo a Bíblia (2Co 5.1-8 – comp. 2Pe 1.13,
14 [o tabernáculo é o corpo]; Fp 1.23).

101
Em defesa da fé

Quando se mencionam os “gregos” como defensores da imortalidade


da alma, primeiramente devemos definir de quais “gregos” estamos falan-
do, pois a religião grega primitiva (homérica) não acreditava na imortali-
dade da alma, somente as escolas defensoras do orfismo (posterior à ho-
mérica) a criam. Também correntes filosóficas influentes do período
helenista (pós-socrática, como o epicurismo e o estoicismo) não criam na
imortalidade da alma! Se fossemos analisar tal questão a partir desses dados,
poderíamos afirmar que a negação da imortalidade da alma é que seria
copiada pelos “gregos”, e não o inverso. Não podemos usar a filosofia gre-
ga clássica (socrática/platônica/aristotélica) para definir a totalidade do
pensamento grego como um todo. Os filósofos clássicos criam na imorta-
lidade da alma, mas essa crença, apesar de harmônica com o pensamento
cristão, não pode ser nem considerada o pensamento grego geral, nem a
origem do pensamento teológico cristão sobre a alma.
O motivo que levou os gregos que ouviram Paulo falar sobre a ressur-
reição zombar dele em Atenas era a compreensão ateniense dualista do ser
humano (At 17.16-18, 32-34), que expunha duas naturezas em conflito
originando um mesmo ser, o que se opõe à ideia bíblica que defende a
existência de uma completa unidade harmônica entre corpo e alma. Além
disso, o dualismo grego acreditava na criação ex-materia (o universo foi
criado a partir da matéria preexistente e eterna), e não ex-nihilo (do nada),
como ensinam as Escrituras Sagradas (Hb 11.3). Portanto, não podemos
considerar a crença na “imortalidade da alma” uma crença dualista grega,
apesar de muitas filosofias gregas crerem nesse conceito.

A consciência está ligada às funções cerebrais do ser humano, por-


tanto na morte do cérebro a mente se extingue, não havendo nada
que sobre de forma consciente. A medicina não provou que exista
nenhuma parte humana consciente que sobreviva à morte do corpo.

Acreditar que a mente só pode sobreviver com a existência do cére-


bro é acreditar que somente por meio da matéria podemos entrar em

102
C u rs o A po lo gético

contato com o mundo físico, e para se saber isso seria necessário conhecer
todas as propriedades da mente e de suas conexões com a matéria, mas
não as conhecemos. A matéria bruta não pode por si produzir raciocínio,
conhecimento, vontade e livre-arbítrio, pois, se pudesse, os cientistas
produziriam isso em laboratórios por meio da manipulação da matéria, o
que seria uma boa razão para crermos que o cérebro é um veículo da
mente, e que poderia também não ser o único. O renomado pai da mo-
derna neurocirurgia, Wilder Penfield, um dos mais importantes pesquisa-
dores nas áreas de pesquisa cerebral do século 20, comprovou, por meio
de estudos com pacientes portadores de epilepsia (estimulados com pe-
quenos choques elétricos), existir uma diferença entre mente e cérebro,
tendo ambas as existências independentes. Ele próprio afirmou: “O pa-
ciente pensa de si mesmo como tendo uma existência separada de seu
corpo […] Não há local [no cérebro] onde estímulos elétricos possam
fazer um paciente crer ou decidir” (STROBEL, 2004, p. 258). O nosso
“estado cerebral” não é acerca de algo, mas o nosso estado mental o é, o
que demonstra a clara distinção entre mente e cérebro. Portanto, de onde
viria esse “estado mental” se ele não fosse distinto do cérebro?
Em outro importante tratado científico, lançado há alguns anos, sobre
a questão do cérebro humano e a independência e inter-relação entre men-
te e cérebro, o neurocientista canadense Mario Beauregard, a partir de sua
extensa pesquisa sobre a “neurobiologia da experiência mística”, realizada
na Université de Montréal, reconfirma a teoria de Wilder Penfield nos se-
guintes termos: “Como vimos, muitas aplicações clínicas fluem de uma visão
não materialista da neurociência. Quando tratamos a mente como capaz de
mudar o cérebro, podemos tratar doenças cujo tratamento antes era difícil
ou impossível [...] Como vimos, várias linhas de comprovação demonstram
que os fenômenos mentais alteram significativamente a atividade cerebral”
(BEAURENGARD, 2010, pp. 184, 185).
O fato de toda a medicina não ter provas consistentes e definitivas da
consciência fora da matéria não deve ser razão suficiente para negarmos
essa possibilidade, pois toda forma de ciência possui suas limitações, e

103
Em defesa da fé

ausência de evidência não é evidência de ausência. Além disso, a tendência


da ciência moderna é de ver o ser humano apenas de uma perspectiva
materialista, o que tem impedido os cientistas de analisarem outras possi-
bilidades interpretativas dos dados científicos com os quais deparam. Uma
filosofia (materialismo), portanto, estaria determinando a verdade, e não
dados analisados imparcialmente, como afirma Mario Beauregard por meio
de suas pesquisas.

Para informações complementares,


ver os tópicos Espírito, Inferno e Morte.

Tanto as Testemunhas de Jeová, na brochura Espírito


dos Mortos, Ajudam ou Prejudicam? Existem realmente?
(p. 15), como os Adventistas do Sétimo Dia, no livro de
EGW, O Grande Conflito, edição condensada (p. 306), e O Terceiro Milênio
e as Profecias do Apocalipse (p. 82), afirmam que o criador da doutrina da
imortalidade da alma foi o Diabo, e não Deus. Sendo assim, podemos de-
monstrar a inconsistência desse argumento antibíblico e blasfemo expondo
textos como: Gn 35.18; 1Rs 17.20-23; Mt 10.28; 2Co 12.2, 3; Fp 1.21-24; 2
Pe 1.13-15 (compare o contexto da palavra tabernáculo com 2Co 5.1-4, 6-8);
Ap 6.9-11, que claramente confirmam essa doutrina bíblica. Todos os argu-
mentos acima podem ser usados para desmontar tais doutrinas heterodoxas
acerca da natureza humana (antropologia).

* * *

Os ASD frequentemente mencionam que a imortalidade


da alma é uma doutrina completamente de origem sa-
tânica, pois teria sido criada no jardim do Éden, quando
Satanás disse a Eva: “Certamente não morrereis” – O
Grande Conflito (p. 533). Já vimos anteriormente, por
meio das respostas às perguntas e afirmações deste tó-
pico, que a doutrina da imortalidade da alma possui rico embasamento

104
C u rs o A po lo gético

bíblico. A afirmação adventista os coloca em uma situação delicada, pois


afirmam que uma doutrina de origem bíblica foi criada por Satanás para
iludir a raça humana, incutindo a falsa ideia de existência eterna mesmo no
pecado. O grande problema dos ASD é não conseguir fazer distinção entre
vida “imortal” (a condição inata de toda alma) e vida “eterna” (condição
exclusivamente adquirida por meio de Cristo para os salvos). Essa confusão
na mente de muitos ASD dificulta o entendimento sobre o que, de fato, a
Bíblia ensina sobre a natureza humana.
Na tentativa de declarar que a imortalidade da alma é uma heresia, e
que inclusive é negada por renomados teólogos reformados, sempre se
declara que Lutero não cria na imortalidade da alma, mas, sim, em um
suposto estado de “sono da alma” entre a morte e a ressurreição. Apesar de
ser declarado isso frequentemente, o escritor ASD Samuelle Bacchiocchi
nega que Lutero manteve tal suposta crença ao longo dos anos (BACCHIOC-
CHI, 2012, p. 109). Digo suposta, porque a afirmação de Lutero mencio-
nada em seu livro é dúbia, por não deixar claro se ele realmente defendeu
tal doutrina, ou apenas acreditava no “sono do corpo” até a ressurreição,
como é declarado nas Escrituras (1Ts 4.14, 15).

105
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ALMA

1. Somos almas ou temos almas? Explique.

2. Defina, com base bíblica, o que é a alma do ser humano.

3. Os animais possuem alma? Explique.

4. Explique Eclesiastes 9.5, conciliando-o com a ideia bíblica da


consciência após a morte.

5. Qual a condição dos mortos durante o período transitório entre


a morte e a ressurreição, segundo a Bíblia?

6. Como conciliar a ideia de consciência após a morte com o


Salmo 146.4?

7. A história do rico e Lázaro é uma história real ou apenas uma


parábola? Explique.

8. Ezequiel 18.20 anula a ideia da imortalidade da alma? Explique.

9. A imortalidade da alma era uma doutrina crida por todos os


gregos? Explique.

10. Existe algum tipo de evidência científica da consciência além


da matéria? Explique.

106
PROVA – ALMA

1. Declarar que Adão era uma alma, de acordo com Gn 2.7, significa que:
a) A Bíblia, como uma obra literária, usa figuras de linguagem.
b) A alma é o próprio indivíduo.
c) O homem não possui alma imortal.
d) A expressão é um erro de tradução.

2. Os mortos não sabem de coisa alguma que ocorre “debaixo do sol” porque estão:
a) Em estado de sono até a ressurreição.
b) Em inexistência temporária.
c) Em um plano espiritual que não os permite saber o que ocorre neste mundo.
d) Em um estado de desconhecimento parcial do que ocorre no céu.

3. As expressões bíblicas “deixar o tabernáculo” e “deixar o corpo” indicam:


a) A imortalidade temporária do ser humano.
b) A existência de figuras de linguagem na Bíblia.
c) O estado de inconsciência entre a morte e a ressurreição.
d) A existência da alma imaterial.

4. Perecer os pensamentos, como afirma o Salmo 146.4, é o mesmo que:


a) Deixar de existir temporariamente.
b) Estar em estado de sono após a morte.
c) Perdermos a oportunidade de salvação após a morte.
d) Ter todos os nossos planos findados por ocasião da morte.

5. A história do rico e Lázaro não pode ser considerada uma parábola porque:
a) Não existem parábolas em Lucas.
b) Existem características no texto que não se encontram em nenhuma parábola.
c) Jesus negou que fosse uma parábola.
d) Parábolas são apenas mitos.

107
6. Ezequiel 18.20 indica:
a) Que a alma é mortal.
b) Que o ser humano, ao transgredir as leis de Deus, quebra a comunhão com Ele.
c) Que somos limitados em nossa existência temporal.
d) Que podemos ser mortos pelo Senhor por causa de nossas transgressões.

7. Jesus é o único que possui imortalidade porque:


a) Somente Ele é imortal.
b) Somente Ele e o Pai são imortais.
c) Somente Ele possui imortalidade inata.
d) Somente Ele é divino.

8. Sobre a doutrina da imortalidade da alma, é correto afirmar:


a) Que a imortalidade da alma é sinônimo de dualismo.
b) Que o niilismo é uma doutrina cristã.
c) Que os gregos, como um todo, criam na imortalidade da alma.
d) Que é uma doutrina bíblica compartilhada por algumas escolas de filosofia
grega.

9. Os dois pesquisadores que confirmaram a diferença entre mente e cérebro


foram:
a) Wilder Penfield e Mario Beauregard.
b) Mario Beaurengard e Platão.
c) Sócrates e Platão.
d) Wilder Penfield e Marcos D’Arrezo.

10. Segundo os ASD, o criador da doutrina da imortalidade da alma foi:


a) O apóstolo Paulo.
b) Os gregos pagãos.
c) Deus.
d) O Diabo.

108
C u rs o A po lo gético

anticriSto

DEFINIÇÃO

Expressão bíblica que se refere tanto a um personagem histórico, inimigo


de Deus que governará o mundo (2Ts 2.3, 8) como à pessoa que se opõe à
obra de Cristo (1Jo 2.18, 19). Esse termo, na língua grega (anticristos ou
anticristoi), tem duplo significado e se refere, portanto, a um “inimigo” ou
a um “substituto” de Cristo buscando a glória devida a Ele.

O papa é o Anticristo, pois ele ostenta o título de vicarius filli dei


(vigário [substituto] do filho de Deus), que, transformado em al-
garismo romano, possui o valor de 666, ou seja, o número do
Anticristo segundo a Bíblia (Ap 13.17, 18).

Declarar que o papa é o Anticristo pelo simples fato de a soma dos


cômputos da expressão vicarius filli dei resultar supostamente em 666 é
um erro. Os que defendem tal ideia distorcem os valores numéricos da
expressão:

V I C AR I U SF I L I I D E I
5 + 1 +100 + 1+5 + 1 + 50 + 1 + 1+ 500 +1 = 666

109
Em defesa da fé

A forma de computar as letras “I U” (equivalente a IV) seria quatro, e


não 1 + 5. Portanto, o valor correto dessa expressão é 664, e não 666. Essa é
uma interpretação muito subjetiva, pois existem alguns nomes próprios que
poderiam ter a equivalência de 666, se computados os valores numéricos de
suas letras, como o nome de Ellen Gould White (Profetisa adventista):

E L L ENGO U L D W H I TE
50 + 50 + 5 + 50 + 500 + 5+5 + 1 = 666
[W= 5+5 (V+V)].

Seria Ellen G. White também Anticristo?

Não surgirá um Anticristo em algum tempo futuro, pois as escri-


turas declaram que ele já estava presente já no primeiro século
(1Jo 4.3).

O texto de 1Jo 4.3 não declara que o Anticristo (no singular [veja defi-
nição]) já estava presente naqueles dias, apenas declara que a sua influência
maligna já existia (“este é o espírito do Anticristo”). Quando o apóstolo
Paulo declara que estaria presente em “espírito” (1Co 5.3, 4) na decisão de
punição contra um irmão que vivia em pecado na Igreja de Corinto, ele não
estava declarando sua presença literal lá, mas que a sua influência por meio
das orientações transmitidas por ele à Igreja os ajudaria nessa tomada de
decisão (1Co 5.9).

O Anticristo será um judeu?

Apesar de haver muita especulação acerca desse tema, não temos


claras evidências de o Anticristo ser de nacionalidade judaica. Algumas
pessoas creem que ele terá de ser judeu para poder ser aceito como o Mes-

110
C u rs o A po lo gético

sias de Israel, mas não temos provas de que ele será aceito exatamente como
esse Messias pelos judeus.
Como o Anticristo fará um pacto com os judeus por um determinado
tempo, algumas pessoas creem que ele terá que ser judeu, mas isso não é
de admirar, pois várias vezes os judeus já se aliaram em pactos com nações
gentílicas. Não podemos, portanto, à base desse argumento, acreditar que
ele será de nacionalidade judaica (Dn 9.27; Mt 24.15). O texto de Daniel
mencionado anteriormente se refere a um governante que descenderá do
Império Romano revivido, que terá algum tipo de semelhança com Roma,
sem possuir todas as suas características, pois os pés da estátua que Daniel
viu do sonho de Nabucodonosor, rei da Babilônia, eram “em parte, de fer-
ro e, em parte, de bronze” (Dn 2.33), representando, assim, algum tipo de
semelhança com o Império Romano, que é simbolizado pelas pernas de
ferro da estátua (Dn 2.40-43), até que seja destruído pelo Reino que não
terá fim, o Reino do glorioso Messias (Dn 2.44, 45).
O profeta Daniel menciona Antíoco Epifânio, da Síria, como uma
representação daquele que será o Anticristo (Dn 11.21-45), e, portanto, um
gentio. A Bíblia também afirma que o Anticristo surgirá do “mar”, que, na
linguagem figurada de Apocalipse, aponta para povos gentílicos, e não para
judeus (Ap 13.1-10, ver: Ap 17.15).

111
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ANTICRISTO

1. O que significam as expressões gregas anticristos ou anticristoi?

2. Por que afirmam alguns que o papa é o Anticristo?

3. Como podemos entender 1Jo 4.3 em relação a um futuro


Anticristo?

4. Por que afirmam alguns que o Anticristo será um judeu?

5. Quem representou o Anticristo conforme a profecia de Daniel


após o período grego?

112
PROVA – ANTICRISTO

1. A expressão Anticristo se refere a:


a) Um indivíduo que combate a religião de outrem.
b) Alguém que busca a sua própria glória.
c) Pessoa que se opõe à obra de Cristo.
d) Judas, “o filho da perdição”.

2. Os textos que mencionam a pessoa e ação do Anticristo são, respectivamente:


a) 2Ts 2.3, 8 e Jo 2.18, 19.
b) 2Jo 3.15 e 1Pe 2.16.
c) 2Jo 2.18, 19 e 2Ts 2.3, 8.
d) 2Ts 2.3, 8 e 1Jo 2.18, 19.

3. Sobre o título vicarius filli dei, é correto afirmar que:


a) O Anticristo é o papa.
b) O Anticristo é um sistema religioso.
c) A palavra latina não corresponde corretamente ao número 666.
d) O Anticristo já está presente.

4. O cômputo da expressão vicarius filli dei, em latim, equivale a:


a) 666.
b) 664.
c) 777.
d) 663.

5. O cômputo do nome de Ellen Gould White equivale a:


a) 666.
b) 664.
c) 667.
d) 777.

113
6. O espírito do Anticristo é sua:
a) Capacidade de ilusão mundial.
b) Influência maligna.
c) Interpretação do cômputo 666.
d) Substituição dos valores de Cristo.

7. No primeiro século já havia:


a) A influência maligna do Anticristo.
b) O próprio Anticristo.
c) Os defensores dos ensinos do próprio Anticristo.
d) O império do Anticristo.

8. Estar presente em espírito significa:


a) Pensar igual aos demais.
b) Andar conforme Cristo andou.
c) Influenciar outros com seus ensinos, mesmo na ausência.
d) Ser arrebatado até ao terceiro céu.

9. Sobre o surgimento do Anticristo, é verdadeiro afirmar que:


a) O Anticristo será necessariamente um judeu.
b) O Anticristo será de uma das dez tribos do norte.
c) O Anticristo é representado na Bíblia como um gentio.
d) O Anticristo já se manifestou.

10. O representante gentio que simboliza o Anticristo nas Escrituras é:


a) Antíoco Epifânio.
b) Hitler.
c) Nabucodonosor.
d) Herodes, o Grande.

114
C u rs o A po lo gético

anJoS

DEFINIÇÃO

A palavra “anjo” (Hb. mal’ak ou Gr. angelos), além de expressar o significado


de “mensageiro” (2Rs 1.2), também denota um ser espiritual que traz tanto
uma mensagem de Deus a algum ouvinte como alguém trabalhando em
prol da integridade física dos que hão de herdar a salvação (Dn 10.10-12;
Hb 1.13-14). Segundo a Bíblia, os anjos são seres imortais (Lc 20.36).

Podemos adorar aos anjos?

Ver resposta à segunda pergunta do tópico Adorar:


Podemos adorar aos Anjos?

Possuímos anjo da guarda?

As Escrituras nos orientam que as crianças possuem seus anjos (Mt 18.10),
mas não nos informam se esses seres lhes são exclusivos durante toda a vida
(o que seria um problema à luz de Hb 1.14, que cita tais seres com relação

115
Em defesa da fé

aos que herdarão a salvação; e não poderíamos crer que todas as crianças
se salvarão futuramente). Pedro, quando foi liberto da prisão, pensava que
“seu anjo” estivesse à porta de Maria, mãe de João Marcos (At 12.15). Não
teríamos base bíblica para dizer sim ou não, pois não há textos específicos
acerca desse tema. Mas, com certeza, os seres angelicais têm como uma de
suas funções proteger aqueles que hão de herdar a salvação de acordo tanto
com o AT (Sl 91.11, 12) quanto com o próprio NT (Hb 1.14).

A expressão “filho de Deus”, em Gênesis 6.2, é uma referência a


anjos caídos que mantiveram relações sexuais com mulheres (“as
filhas dos homens”), produzindo uma raça de gigantes, pois essa
expressão no AT só aparece para os anjos.

Os textos do AT que mencionam a ideia de filhos de Deus (Hb. benê


elõhîm) com referência a homens no AT são tão abundantes quanto os que
fazem referência a anjos (Dt 14.1, 32.5; Sl 73.15; Os 1.10). Também a ex-
pressão “filhos do Altíssimo” aparece nas Escrituras do AT com referência
aos juízes de Israel (Sl 82.6, 7).
Não existe nenhum texto bíblico que demonstre que anjos possam
assumir natureza humana com todas as suas funções biológicas. Assumir
“aparência física” não é o mesmo que assumir todas as funções de um ser
físico, como o Espírito Santo, que é um espírito e assumiu a uma “forma
corpórea”, tendo sido visto descendo “como uma pomba” sobre Jesus
(Lc 3.22), sem, contudo, ter se tornado uma pomba.
Em nenhum texto da Bíblia encontramos anjos caídos ou desobedien-
tes a Deus sendo chamados de “filhos de Deus”, mas somente seres obe-
dientes ou que possuam relação com o Senhor Deus são chamados assim
(quer sejam anjos ou homens).
O texto de Gênesis não declara que os gigantes (homens de grande
estatura) mencionados ali foram frutos dessa união, pois durante aquele
período já havia sobre a terra os chamados “gigantes” (Gn 6.4).

116
C u rs o A po lo gético

Mesmo muito tempo depois da destruição do dilúvio sobre toda a


terra, a Bíblia ainda menciona os “gigantes” (nefilîm), filhos de Enaque, de
quem descendia Golias (1Sm 17.4, 5; 2Sm 21.16, 17, 19-22), sem, contudo,
mencionar algum tipo de relacionamento entre homens e anjos para pro-
duzirem tais seres. O texto de Gênesis 6.2, longe de ideias fantasiosas se-
melhantes a dos titãs gregos, apenas está mencionando o primeiro caso de
união entre uma descendência piedosa e poderosa sobre a terra (“os filhos
de Deus” – descendentes de Sete), com a descendência iníqua de Caim (“as
filhas dos homens”).
Acreditar que os “gigantes” eram seres híbridos nascidos da união
entre seres celestiais e mulheres e que por isso a palavra nefilim possui sua
raiz no verbo hebraico nafal (cair), como uma alusão à origem de seus pais,
não se demonstra convincente, pois outros intérpretes da hermenêutica
judaica afirmam que essa palavra possui sua origem na ideia de que, como
os seus pais caíram em pecado, eles os seguiram nas mesmas práticas pe-
caminosas “caindo” em transgressão; ou que, diante de sua grande estatura,
os homens “desfaleciam de medo” (SCHERMAN, 1993, p. 27).
A interpretação que acredita que se trate aqui de duas classes distintas
de seres humanos é apoiada pela grande corrente hermenêutica rabínica do
passado e presente por meio dos comentários dos grandes mestres do ju-
daísmo, como, por exemplo, Maimônides (SCHERMAN, 1993, p. 27).
A possível tradução de elohim como uma referência aos “homens po-
derosos” (príncipes e juízes), e não a Deus, encontra respaldo tanto escri-
turístico como hermenêutico (Sl 82.1-7 – ver a interpretação do próprio
Jesus sobre esse texto em Jo 10.34, 35).
Alguns defensores da interpretação de que os “filhos de Deus”, de
Gênesis 6, são anjos buscam em um texto do livro de Judas (Jd 6) um su-
posto paralelo com o texto de Gênesis para fundamentar a sua interpretação.
Porém esse paralelo é meramente especulativo, pois nada no texto de Gê-
nesis obrigatoriamente nos remete a Judas 6.
A afirmação de que tais anjos abandonaram o seu lugar de habitação
celestial para se relacionarem sexualmente com mulheres é fantasiosa e

117
Em defesa da fé

baseada no livro apócrifo de Enoque, que afirma com riqueza de detalhes


essa possibilidade (Enoque 6.1-4). Além disso, a palavra grega (oiketérion)
que aparece em Judas traduzida por “própria morada” (NVI) ou a sua “pró-
pria habitação” (ACF) pode se referir apenas à mudança de esfera original
ou local de morada celestial, o que é de se esperar de uma classe de anjos
que foram sumariamente expulsos de seu local anterior de habitação, como
outros anjos o foram (Ap 12.4,7-9).
Não podemos ignorar também a declaração do versículo 6 de Judas,
que menciona o motivo principal de sua expulsão: Não manter o seu próprio
“principado” (domínio, poder, autoridade, governo etc.). A palavra grega
arché que aparece no texto é traduzida no NT de várias formas (governos
[Lc 12.11]; jurisdição [Lc 20.20]; principado [Rm 8.38, Ef 1.21, 3.10] etc.).
Sendo assim, podemos afirmar que essa classe especial de anjos que se
encontra aprisionada no “Tártarto” (2Pe 2.4) possuía anteriormente uma
posição de autoridade e destaque no céu, motivo este que os levou a uma
punição mais severa por ocasião de sua rebelião contra o criador.

Podemos dar ordem aos anjos para que nos obedeçam?

Não encontramos referências bíblicas onde seres humanos são autori-


zados por Deus a dar algum tipo de ordem aos anjos. Encontramos, sim,
Deus dando ordem aos seus anjos a nosso respeito para que nos guardem
(Sl 91.11). Assim, qualquer tipo de prática semelhante se mostra antibíblica.

A ênfase que se dá aos anjos em algumas igrejas evangélicas é


bíblica?

O culto que é tributado a Deus não pode ser dividido com qualquer
outra criatura, pois o Senhor Deus não divide a sua glória com ninguém
(Is 42.8, 48.11). Ele deve ser o foco de toda a nossa atenção e devoção.

118
C u rs o A po lo gético

O apóstolo Paulo, em carta escrita à Igreja de Colossos, já havia advertido


contra esse tipo de heresia (Cl 2.18).

Anjos são seres humanos evoluídos espiritualmente?

A Bíblia declara que os anjos foram criados em um período de tempo


anterior aos seres humanos, sendo, portanto, criaturas distintas (Jó 38.4-7).
Pois a expressão “filhos de Deus”, no contexto de Jó, é uma referência aos
anjos – Jó 1.6.
O próprio Senhor Jesus Cristo declarou que existe uma diferença de
natureza entre os seres, quando afirmou que na ressurreição dos mortos os
seres humanos que se salvarem serão “como” os anjos, e não que serão “os”
anjos (Mt 22.30).

* * *

O Espiritismo Kardecista não pode manter o conceito


atual de que anjos são seres desencarnados em um es-
tágio evolutivo superior, em vista de afirmarem que Jesus
foi o ser mais evoluído que existiu entre nós e que todos
seus ensinos eram verdadeiros de acordo com O Livro
dos Espíritos (Questão nº 625). Se Jesus ensinou somente a verdade sobre
toda a lei de Deus como afirmam os kardecistas, por que eles não aceitam
a declaração do próprio Jesus ao fazer clara distinção entre anjos e seres
humanos no fim dos tempos (Mt 16.27, 24.29-31)?

119
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ANJOS

1. Explique o significado da palavra “anjo” tanto no hebraico


quanto no grego.

2. É possível conciliar o ensino sobre “anjo da guarda” com as


Escrituras? Explique.

3. Anjos se relacionaram sexualmente com a raça humana? Qual


a origem dessa doutrina?

4. Por que não podemos adorar aos anjos?

5. Existe alguma diferença de natureza entre os seres humanos e


os angelicais?

120
PROVA – ANJOS

1. A palavra “anjo” no original hebraico e grego significa:


a) Mensageiro.
b) Imortal.
c) Poderoso.
d) Ser espiritual.

2. Acerca dos anjos da guarda, é correto declarar que:


a) Com certeza existem.
b) Não agem atualmente.
c) Não sabemos, à luz da Bíblia, com certeza de sua atuação.
d) Protegeram apenas o apóstolo Pedro.

3. Acreditar que todas as crianças possuem um anjo que as guarde por toda a vida
implicaria a:
a) Salvação de todas as crianças futuramente.
b) Doutrina parcialmente bíblica.
c) Certeza de que Deus continua a cuidar de seus seguidores desde a infância.
d) Salvação eterna de alguns.

4. À luz da Bíblia, é correto afirmar que:


a) A expressão benê elõhim aprece no AT apenas com relação aos anjos.
b) A expressão “filhos de Deus” aparece com relação aos anjos e homens no AT.
c) Filhos de Deus são todos os que creem em Cristo como Salvador.
d) Os únicos filhos de Deus no AT eram os juízes de Israel.

5. A palavra nefilim (gigantes) possui em sua raiz o significado de:


a) Homens poderosos.
b) Desfalecer de medo.
c) Cair.
d) Anjos rebeldes.

121
6. O texto que menciona os anjos abandonando o seu lugar de habitação para
manter relações sexuais com mulheres é:
a) 2Pe 2.4.
b) Ap 12.4, 7-9.
c) Ef 1.21.
d) Enoque 6.1-4.

7. De acordo com o Salmo 91.11, é correto afirmar que:


a) Os pregadores cheios do poder de Deus podem dar ordens aos anjos.
b) A Igreja é protegida pelos anjos.
c) Podemos dar ordens aos anjos para que nos obedeçam.
d) Deus é que ordena os anjos a nosso respeito.

8. Paulo já havia advertido a Igreja de Colossos acerca do:


a) Culto aos anjos.
b) Monofisismo crescente.
c) Monotelismo decadente.
d) Culto judaizante.

9. Os anjos são seres distintos dos seres humanos porque:


a) Foram criados no segundo dia da criação.
b) Foram criados antes dos animais terrestres.
c) São semideuses.
d) Foram criados em um período anterior à raça humana.

10. A contradição existente no kardecismo com relação aos anjos consiste em:
a) Acreditar que Jesus ensinou a verdade e, ao mesmo tempo, negar a distinção
que Jesus fez entre os homens e os anjos.
b) Acreditar que Satanás não é um anjo, mas um espírito ignorante.
c) Negar a existência de seres iluminados por Deus.
d) Defender a divindade de Jesus e sua opinião acerca dos espíritos desencarnados.

122
C u rs o A po lo gético

aPoStaSia

DEFINIÇÃO

Ato de deserção também em relação à fé cristã que uma vez foi defendida
por alguém (At 20.29, 30). A apostasia cristã é um ato de rebelião contra
Deus, pois demonstra a rejeição aos ensinos e aos conselhos preciosos de
sua palavra (1 Tm 4.1-3). Não deve ser compreendida apenas como uma
rejeição à fé anteriormente professada, mas um ato de completa oposição
à fé cristã. Nem todos os “desviados” são apóstatas, mas todos os apóstatas
são desviados.

Deve-se conversar com alguém que abandonou a fé cristã para


seguir a outra confissão religiosa?

O apóstolo Paulo, na Epístola a Tito, aconselha-o a conversar com o


homem “faccioso” (Gr. hairetikon – “herético”) no intuito de convencê-lo a
retornar à fé cristã, porém declara que essa tentativa não deve ser perma-
nente (Tt 3.10, 11). As Escrituras também declaram que o opositor pode
ser convencido de seu erro, sendo papel do crente reorientá-lo (2Tm 2.17,
18, 25, 26).

123
Em defesa da fé

Não podemos conversar de forma alguma com pessoas que chegam


ao nosso portão ensinando doutrinas que não estão em confor-
midade com a palavra de Deus (2Jo 10, 11)?

Declarar que em hipótese alguma podemos conversar com pessoas que


não trazem doutrinas biblicamente sadias até nós é um erro. O texto de 2Jo
10, 11, constantemente citado em defesa desse tipo de pensamento, deve
ser compreendido dentro de seu contexto, quando a heresia “gnóstica” es-
tava em franco crescimento (essa comunidade cristã estava em Éfeso, que
era uma das cidades onde o gnosticismo era extremamente influente) e suas
crenças perniciosas (a negação da humanidade de Cristo, a negação de sua
morte por nós, a crença de que a matéria era em essência má e não criada
por um Deus bondoso etc.) atingiam as doutrinas centrais do cristianismo
e minavam a sua essência.
A intenção de João era simplesmente proteger a Igreja recém-formada
de uma influência tão maligna que muitos cristãos não teriam condição
nenhuma de refutá-la e combatê-la, o que não era o caso, por exemplo, da
orientação dada por Paulo, o apóstolo, a Tito (Tt 1.9-14). Portanto, se o
cristão possui um conhecimento prático e firme das doutrinas importantes
do cristianismo, deve aproveitar as oportunidades para compartilhar da
graça de Deus com todos.

Quais as principais características da apostasia dos últimos dias,


segundo a Bíblia?

As Escrituras Sagradas demonstram de forma clara algumas caracte-


rísticas predominantes do período de “grande apostasia” reinante em todo
o mundo que presenciará a manifestação gloriosa do filho de Deus. Devemos
compreender a apostasia destes últimos dias não apenas a partir de uma
visão estritamente doutrinária (negação de doutrinas fundamentais das
Escrituras como: inerrância bíblica, trindade, imortalidade da alma, divin-

124
C u rs o A po lo gético

dade de Cristo etc.), mas também comportamental. Pois o cristianismo


possui suas doutrinas éticas e morais que são essenciais a sua existência
como único meio de condução do homem ao verdadeiro Deus. Entre as
principais características desse período de desvio da fé estão:

1. Negação das doutrinas essenciais da fé cristã (1Tm 4.1).


2. Hipocrisia reinante (1Tm 4.2).
3. Egoísmo centralizador (2Tm 3.2).
4. Hedonismo dominador (2Tm 3.4).
5. Desinteresse pela verdade revelada (2Tm 4.3).
6. Crenças infantilizadas (2Tm 4.4).
7. Grande incidência de falsos mestres (2Tm 4.3).

Exigir a abstinência completa de alimentos com fins espirituais é


sinal de apostasia?

Quando lemos as Escrituras Sagradas, encontramos algumas verdades


objetivas sobre os perigos da “apostasia dietética” (investir o uso de alimen-
tos de poder espiritual). Entre tais perigos encontramos o fato de que o uso
de alimentos com finalidade de pureza espiritual é uma doutrina de demô-
nios e, portanto, espiritualmente condenável à luz da revelação bíblica (1Tm
4.3). Além disso, Paulo enfatiza o fato de que somente os “fracos” na graça
têm por característica a preocupação com alimentos. Os maduros na fé são
indiferentes com relação à questão do uso de alimentos com fins religiosos
(Rm 14.2-4, 6). Não podemos estabelecer nenhum valor doutrinário acerca
dessa questão tomando por base o AT, pois este possuía mandamentos que
faziam parte de um sistema religioso que findou na cruz do calvário com a
morte de Cristo, após cumprir todas as exigências da lei mosaica em nosso
lugar (Cl 2.14-17; 2Co 3.6-9).

125
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

APOSTASIA

1. O que é apostasia?

2. É possível aconselhar alguém que inicia um comportamento


apóstata? Qual a base bíblica?

3. Como podemos entender 2 João 10, 11?

4. Qual era a principal heresia no contexto em que João cita as


palavras encontradas em 2 João 10, 11?

5. O que ensinava o gnosticismo?

126
PROVA – APOSTASIA

1. Sobre a apostasia, podemos declarar que:


a) É um ato de deserção da fé cristã.
b) É a busca de aprender novas doutrinas que não são cristãs.
c) É o estudo das heresias.
d) É a base da apologética cristã.

2. A apostasia deve ser compreendida como:


a) A mudança de denominação religiosa.
b) O abandono da comunidade local.
c) Tanto rejeitar a fé cristã como opor-se a ela.
d) Desacreditar de todas as doutrinas ensinadas na denominação local.

3. Sobre o homem herético, é correto:


a) Evitá-lo totalmente.
b) Evitá-lo, dependendo do nível de oposição que fizer.
c) Auxiliá-lo a retornar a fé dentro dos limites de sua aceitação.
d) N.R.A.

4. A heresia acerca da qual o apóstolo João precaveu a comunidade cristã em 2Jo


10, 11 era:
a) O monarquianismo dinâmico.
b) O modalismo.
c) O docetismo.
d) O gnosticismo.

5. Uma das cidades onde o gnosticismo era influente no século I era a cidade de:
a) Cartago.
b) Éfeso.
c) Corinto.
d) Roma.

127
6. A proibição encontrada em 2Jo 10, 11 visava:
a) Esclarecer a igreja sobre alguns temas necessários à fé.
b) Deixar claro que a separação eclesiástica se faz necessária.
c) Explicar que o homem herege também é um irmão.
d) Proteger a igreja recém-formada de influências doutrinárias perniciosas àquela
comunidade.

7. Sobre a grande apostasia, é correto afirmar que será:


a) Um período marcado apenas pelo desvio doutrinário.
b) Um período marcado pela incidência de novos movimentos religiosos.
c) Um período marcado pelo esfriamento da Igreja de Cristo.
d) Um período tanto de crise doutrinária quanto de crise ética e moral.

8. Entre as principais características da apostasia dos últimos dias estão:


a) Crenças infantilizadas, egoísmo centralizador e desinteresse pela verdade
revelada.
b) Hipocrisia reinante, grande incidência de falsos mestres e violência fortuita.
c) Hedonismo dominador, uma grande guerra mundial e grande incidência de
falsos mestres.
d) Desinteresse pela verdade revelada, egoísmo centralizador e glutonaria.

9. Investir o uso de alimentos de poder espiritual pode ser considerado:


a) Apostasia herética.
b) Engano infantil.
c) Uma doutrina bíblica.
d) Apostasia dietética.

10. Sobre as leis dietéticas do AT, podemos afirmar:


a) Que não servem de base para estabelecer nenhum valor de qualquer natureza.
b) Que não servem para estabelecer nenhum valor doutrinário para os que estão
em Cristo.
c) Que nunca existiram como proibição real.
d) Que eram seguidas somente pelos fariseus.

128
C u rs o A po lo gético

aPÓStoloS

DEFINIÇÃO

A palavra “apóstolo”, que significa basicamente alguém “enviado” (Gr. após-


tolos), é usada em um sentido particular para descrever um grupo especial
de seguidores de Cristo, os doze (Lc 6.12-16). As pessoas escolhidas para o
apostolado tinham de possuir pelo menos uma característica: ter acompa-
nhado o ministério terreno de Jesus desde o início do seu batismo até o dia
em que foi levado aos céus (At 1.21, 22).

A palavra “apóstolo” pode também se referir, em um sentido amplo, a alguém


enviado por uma igreja local para determinado serviço missionário, como
ocorreu com Paulo e Barnabé, chamados de apóstolos da Igreja de Antioquia
(At 14.14).

No sentido restrito do termo, só existiram doze apóstolos do Senhor Jesus,


segundo as Escrituras (Ap 21.14).

A Igreja Mórmon é a única igreja verdadeira, pois somente ela


possui apóstolos atuais, conforme nos ensina a Bíblia (Ef 4.11).

Os apóstolos que havia na igreja primitiva tiveram um ministério tem-


poral e transitório, por isso, na revelação do apóstolo João, em Apocalipse,

129
Em defesa da fé

acerca da futura cidade celestial que descia dos céus, ele viu somente o
nome de doze apóstolos do cordeiro (Ap 21.14).
Como a Igreja Mórmon pode possuir um ministério apostólico se, para
ser apóstolo, a pessoa tinha de ter acompanhado todo o ministério terreno
do Senhor Jesus desde o batismo de João (At 1.21, 22)? Somente Paulo, o
apóstolo, foi isento dessa regra, porque o próprio Senhor o chamou para
esse ministério de um modo exclusivo (Ef 1.1; 1Tm 1.1).
A Igreja Mórmon foi fundada em 6 de abril de 1830, mas, segundo o
livro mórmon History of Church (vol. 2, pp. 180-200), só passou a ter “após-
tolos” em 14 de fevereiro de 1835. Se, para uma Igreja ser verdadeira, é
necessário possuir apóstolos, que tipo de Igreja era a Igreja Mórmon du-
rante quase cinco anos após a sua fundação quando não os possuía?

A única igreja verdadeira é a Igreja Mórmon, pois somente ela foi


estabelecida sobre o fundamento de apóstolos e profetas atuais
(Ef 2.20).

A Bíblia não declara que a igreja primitiva era “fundamentada” sobre


apóstolos e profetas. O único fundamento da Igreja é Jesus Cristo, e nenhum
outro fundamento pode substituí-lo (1Co 3.10, 11). Além disso, o texto de
Ef 2.20 deixa claro que o fundamento dos apóstolos e profetas é Jesus, a
pedra angular, e não os apóstolos.
As Escrituras Sagradas declaram que Deus estabeleceu em primeiro
lugar na Igreja os apóstolos, e não os “profetas”, como se vê hoje na Igreja
Mórmon (1Co 12.28). Os apóstolos da Igreja Mórmon são maiores hierar-
quicamente do que o profeta vivo? Se não, por que usar a Bíblia para de-
fender uma teologia não baseada na própria Bíblia?

Ver resposta à afirmação anterior.

130
C u rs o A po lo gético

O termo “apóstolo”, como é atualmente aplicado por alguns gru-


pos religiosos, é apropriado?

Se encararmos o apóstolo atual como alguém que foi enviado por al-
guma igreja local para realizar a obra missionária, não teríamos problema
em usar essa nomenclatura, pois assim a vemos empregada em Atos 14.14
com respeito a Barnabé e Paulo. Contudo, se aplicarmos essa expressão em
um sentido de posição eclesiástica na hierarquia da igreja local como o era
na igreja primitiva com relação aos doze, estamos distorcendo as Escrituras
(1Co 12.28), pois não existem apóstolos atuais de Jesus por dois motivos:
para ser apóstolo, o pretendente tinha de acompanhar Jesus desde o início
de seu ministério terreno, sendo a única exceção o apóstolo Paulo, que foi
chamado por Deus (At 1.21, 22; 1Co 1.1; Gl 1.1) e somente doze serão
reconhecidos como apóstolos do cordeiro por toda a eternidade (Ap 21.14).
Nas chamadas “epístolas pastorais”, nas quais o apóstolo Paulo orien-
ta a Igreja sobre a hierarquia Eclesiástica, não vemos a citação de após-
tolos (1 e 2 Timóteo e Tito) nem mesmo a ideia de que tal posição seja
transferível e permanente na Igreja cristã.

131
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

APÓSTOLOS

1. Defina apóstolo de acordo com a terminologia grega.

2. A palavra “apóstolo” é usada atualmente como cargo ou função?


Explique.

3. Qual a diferença entre os verdadeiros apóstolos de Cristo e os


autodenominados apóstolos da Igreja Mórmon?

4. Defina as principais características que possuíam os verdadeiros


apóstolos de Cristo.

5. Quem é o fundamento sobre o qual se sustenta a Igreja, e por


que é questionável o título de apóstolo como cargo eclesiástico
nos dias atuais?

132
PROVA – APÓSTOLOS

1. A palavra “apóstolo” significa:


a) Seguidor de Cristo.
b) Líder e mestre.
c) Enviado.
d) Ser inspirado.

2. Para ser um apóstolo de Cristo, era necessário:


a) Ser um seguidor do mestre.
b) Escrever uma epístola.
c) Ter acompanhado o ministério do Senhor desde o batismo de João até a
ascensão.
d) Ter acompanhado o mestre desde o início de suas pregações na Galileia e ser
aceito pelos demais apóstolos antes dele.

3. Em um sentido amplo, o termo “apóstolo” foi usado para se referir a:


a) Todo seguidor fiel de Cristo.
b) Um cargo eclesiástico acima do bispado.
c) Coautores de algumas epístolas.
d) Alguém enviado por uma igreja local como missionário.

4. Barnabé foi considerado apóstolo da Igreja de:


a) Antioquia.
b) Éfeso.
c) Corinto.
d) Pérgamo.

5. De acordo com as Escrituras, o apostolado dos doze seguidores de Cristo era:


a) Um dom constante na Igreja de Cristo.
b) Um ministério temporal e transitório.
c) Uma marca exclusiva da Igreja verdadeira.
d) Uma obrigação ministerial de todos os discípulos.

133
6. O apostolado da Igreja Mórmon foi iniciado em:
a) 1820.
b) 1830.
c) 1835.
d) 1827.

7. Sobre o fundamento da Igreja de Cristo, é correto afirmar que:


a) Cristo é o único fundamento da Igreja.
b) Os apóstolos são o fundamento da Igreja.
c) Jesus e os apóstolos são o fundamento da Igreja.
d) N.R.A.

8. Uma das contradições do mormonismo sobre a questão do apostolado é que:


a) Eles afirmam que todos os líderes são apóstolos.
b) Somente os apóstolos realizam sinais miraculosos.
c) A Bíblia coloca os apóstolos acima dos profetas, e a Igreja Mórmon não.
d) Não admitem a existência de apóstolos na Igreja.

9. Com relação ao termo “apóstolo”, é correto afirmar:


a) Que o termo poderia ser aplicado aos missionários atualmente.
b) Que todo apóstolo é um ungido de Deus.
c) Que nunca existiram pessoas chamadas de apóstolos, a não ser os doze.
d) Que o termo poderia ser aplicado ao pastor local.

10. Sobre as orientações encontradas nas epístolas pastorais, é correto afirmar:


a) Que o apostolado é um cargo eclesiástico.
b) Que o apostolado está acima da função pastoral.
c) Que o apostolado nem mesmo é mencionado.
d) Que o apostolado é necessário para a restauração dos ministérios da Igreja.

134
C u rs o A po lo gético

arreBataMento

DEFINIÇÃO

A palavra “arrebatamento” vem do grego harpazõ, e etimologicamente pos-


sui no NT o sentido de “arrancar violentamente”, “tirar de forma inesperada”,
“apoderar-se”. É usada de um modo particular nas Escrituras Sagradas para
indicar o momento em que os crentes em Cristo serão levados ao Céu,
quando Jesus aparecer entre as nuvens (1Ts 4.17).

Creio que, quando o apóstolo Paulo mencionou o “arrebatamento”


dos fiéis (1Ts 4.17), o assunto em pauta era a ressurreição dos
mortos, e, portanto, o chamado “arrebatamento” é apenas um
tipo de ressurreição.

O contexto de 1 Tessalonicenses 4.17 não trata somente da ressurreição


dos mortos, mas também da esperança de sermos resgatados nos ares deste
mundo iníquo pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Observe a decla-
ração do apóstolo Paulo: “nós, os vivos, os que ficarmos...” (vv. 15-17), fazen-
do assim uma referência aos que estão vivos por ocasião da vinda do Senhor,
como os participantes do arrebatamento, após os mortos já terem sido res-
suscitados (vv. 16-17). O texto trata de vivos arrebatados sem passar por algum

135
Em defesa da fé

tipo de ressurreição, pois este evento (o arrebatamento) é posterior à res-


surreição dos mortos em Cristo, de acordo com os textos lidos (vv. 16-17).

Ver resposta à afirmação posterior.

Creio que a crença no “arrebatamento” como é ensinada pelas


igrejas hoje é antibíblica, porque ninguém pode entrar nos céus
sem antes passar pela morte (1Co 15.50).

O texto de 1 Coríntios 15.50 apenas declara que o homem, com o seu


corpo natural, não pode entrar nos céus (esfera espiritual onde o Senhor
Deus habita), sem antes ser transformado em sua natureza corrompida pelo
pecado. Os ressuscitados possuirão uma natureza aperfeiçoada sem a cor-
rupção da natureza humana. Os versos posteriores declaram que nem todos
estarão mortos por ocasião da vinda do Senhor, e que os mortos serão res-
suscitados em “corpos incorruptíveis” (v. 52) e os vivos serão “transformados”
imediatamente e terão os seus “corpos revestidos” (não substituídos) de
incorruptibilidade e imortalidade, para adentrarem nos céus (1Co 15.52-54).
O próprio apóstolo Paulo declara que foi arrebatado até o terceiro céu
(habitação de Deus) e indica a possibilidade de ter sido um arrebatamento
corpóreo (“... se no corpo ou fora do corpo, não sei...” – 2Co 12.3).

Quando a Bíblia afirma que Jesus virá em uma nuvem (Lc 21.27),
está apenas declarando que ele virá de forma invisívél aos olhos
físicos humanos, ou seja, ele será visto pelos “olhos da fé”, pois
“nuvem”, na Bíblia, significa invisibilidade, da mesma forma que
Deus veio ao povo de Israel em uma nuvem e não foi visto lite-
ralmente (Êx 19.9).

O texto bíblico de Êxodo 19.9 não trata da vinda de Deus de forma in-
visível, mas simplesmente afirma que Deus estaria presente por meio de uma

136
C u rs o A po lo gético

manifestação física visível (nuvem) quando se manifestasse a Moisés no Monte


Sinai. O texto não diz que Deus seria visto entre nuvens, como afirma o texto
de Lucas 21.27 com referência a Jesus, pois ninguém jamais viu ao Deus-Pai
em sua total essência (Jo 1.18). Mas, com respeito a Jesus, a Bíblia declara de
forma inegável que ele será visto por muitos em sua vinda, inclusive por in-
crédulos, o que impossibilitaria vê-lo pelos “olhos da fé” (“... até mesmo aque-
les que o traspassaram...” – Ap 1.7). Segundo as Escrituras Sagradas, Jesus
subiu de forma visível aos céus, e desse mesmo modo ele virá (At 1.9-11).

Como Elias foi arrebatado aos céus (2Rs 2.11), se mais tarde ele
enviou uma carta ao rei Jeorão de Judá (2Cr 21.12-15)?

Elias foi contemporâneo de pelo menos três reis de Israel, Acabe,


Acazias e Jorão, e dois de Judá, Josafá e Jeorão. Ele foi arrebatado em um
redemoinho durante o reinado de Jorão de Israel, que teve o seu reinado
paralelo ao de Jeorão de Judá, sendo, portanto, ambos contemporâneos (2Rs
1.15-17). Assim, seria perfeitamente possível Elias ter enviado uma carta a
Jeorão de Judá um pouco antes do seu arrebatamento, em 847 a.C., e en-
tregue ao destinatário nesse mesmo ano, visto a narrativa de 1 e 2 Reis não
seguir uma ordem cronológica no relato, no qual o narrador intercala entre
a história de um rei e outro, e a história de Elias e Eliseu.

* * *

As Testemunhas de Jeová, em 1927, criam que somente


os “espiritualmente inclinados” poderiam discernir os
sinais que indicavam a presença (vinda) de Jesus desde
1874 até 1914 de forma invisível; assim segundo elas, os “clérigos” não
podiam enxergar esta verdade, pois não tinham tal percepção:

“As Escrituras provam que a preparação é um período a contar


de 1874 em diante. Por conseguinte, começou em 1874, e esta,

137
Em defesa da fé

assim como 1914 e 1918, são datas marcadas especialmente em


relação a sua vinda [...] Para compreender os sinais que indicam
a segunda presença do Senhor, desde 1874 até 1914, é preciso ser
espiritualmente inclinado, e os clérigos não são” – Criação (pp.
295, 297).

Em 1943, as Testemunhas de Jeová publicaram o livro A Verdade vos


Tornará Livre, no qual (capítulo 11) indicaram uma nova contagem crono-
lógica e, consequentemente, eliminaram o ano de 1874 como ano do início
da presença invisível de Cristo (Conf. Aproximou-se o Reino de Deus de Mil
Anos, p. 210).
Se as Testemunhas de Jeová estavam erradas ao declarar que percebiam
a presença (vinda) invisível de Cristo desde 1874 quando nada percebiam,
não poderiam estar erradas com relação à presença (vinda) de Cristo desde
1914, como afirmam atualmente?
As Testemunhas de Jeová, em sua própria literatura, admitem que
esperavam um arrebatamento literal em 1914, ensino este atualmente re-
jeitado por elas próprias como doutrina anticristã. Declaram que no lugar
da “esperada coroa de glória” receberam um “resistente par de botas” para
realizar a obra de pregação, diante da grande frustração que foi aguardar o
arrebatamento em 1914 – Anuário das Testemunhas de Jeová de 1983 (p.
120). Em outra publicação, intitulada Meu Livro de Histórias Bíblicas, as
Testemunhas de Jeová declaram: “Depois de Enoque morrer, as pessoas
ficaram ainda piores” (p. 8), negando assim a afirmação bíblica de que Eno-
que não morreu, mas fora arrebatado (Hb 11.5).

138
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ARREBATAMENTO

1. O que significa a palavra grega harpazõ?

2. Qual a base bíblica para a crença no arrebatamento?

3. Significa o arrebatamento um tipo de ressurreição? Explique.

4. Pode uma pessoa em corpo natural entrar no céu? Explique.

5. Explique como foi possível Elias escrever uma carta suposta-


mente após o seu arrebatamento.

139
PROVA – ARREBATAMENTO

1. Etimologicamente, a palavra harpazõ significa:


a) Levar para o céu.
b) Arrancar de forma violenta.
c) Ser levado em espírito.
d) Ir para um lugar inesperado.

2. O texto que indica o arrebatamento de acordo com Paulo é:


a) Mt 24.28.
b) Mt 24.33.
c) 1Ts 4.17.
d) Ap 1.8.

3. O arrebatamento, de acordo com 1Ts 4.17, é:


a) O momento do resgate dos justos deste mundo iníquo.
b) O juízo de Deus sobre os injustos.
c) A última volta de Cristo para o mundo injusto.
d) O fim do mundo.

4. Por que o texto de 1Ts 4.17 não pode ser usado para afirmar que o arrebata-
mento é um tipo de ressurreição?
a) A ressurreição é anterior ao arrebatamento.
b) A ressurreição ocorrerá durante o Armagedom.
c) A ressurreição ocorrerá após o milênio.
d) O texto trata do arrebatamento posteriormente à ressurreição dos justos.

5. 1Co 15.50 não nega a doutrina bíblica do arrebatamento porque:


a) Trata apenas da ressurreição dos justos.
b) Trata somente do corpo natural humano sem transformação.
c) Trata da inexistência da alma.
d) Trata das limitações que temos na carne.

140
6. Segundo as Escrituras, por ocasião do arrebatamento, os justos:
a) Verão a Deus.
b) Entrarão no novo céu e na nova terra.
c) Serão transformados em sua natureza física.
d) Buscarão o autoconhecimento.

7. Podemos declarar que, de acordo com as Escrituras, Jesus voltará:


a) De forma invisível.
b) Em forma de um ladrão.
c) De forma completamente visível.
d) Apenas no dia do juízo final.

8. Sobre a carta enviada por Elias após o seu arrebatamento, podemos afirmar que:
a) Elias não foi arrebatado.
b) Elias se escondeu por alguns dias.
c) Elias estava na caverna orando e escrevendo uma advertência ao povo.
d) Elias já havia escrito a carta, que somente depois foi entregue ao destinatário.

9. As Testemunhas de Jeová acreditavam que, entre 1874 e 1914, se deu:


a) O início da batalha do Armagedom.
b) O início do período da ressurreição espiritual dos justos.
c) A vinda invisível de Cristo.
d) A implantação do início do período milenar.

10. As Testemunhas de Jeová declaram que Enoque:


a) Morreu.
b) Foi arrebatado ao céu.
c) Simbolizava os fiéis.
d) Era um mito judeu.

141
Em defesa da fé

arrePenDiMento

DEFINIÇÃO

A palavra “arrependimento”, do grego metánoia, literalmente significa “per-


ceber depois”, “mudar de mente ou propósito”. Com relação à salvação, é
uma condição essencial, juntamente com a conversão, para a salvação, se-
gundo a Bíblia (At 3.19).

Como Deus, sendo um ser perfeito, foi capaz de arrepender-se de


haver feito o homem (Gn 6.6)?

O arrependimento é fruto da concepção de que algo realizado por nós


foi feito de forma errada e, portanto, precisa ser reparado de alguma forma.
Isso não pode ocorrer com Deus, pois nenhum plano Dele pode ser frus-
trado (Jó 42.2) e Ele conhece plenamente o futuro (Sl 139.1-4, 15-16).
Também a palavra “arrepender-se” (Hb. niham) significa, no original, não
somente arrependimento por algo cometido, mas ainda “sentir muita tris-
teza por causa de” e, logo, esta poderia ser a palavra ou expressão mais
ideal no texto para exprimir a reação do criador diante do fracasso da hu-
manidade em obedecer-lhe.

142
C u rs o A po lo gético

Deus também é perfeitamente capaz de “mudar de atitude” para com


o homem, quando este resolve obedecer-lhe ou não, como vemos nas Es-
crituras Sagradas, o que não demonstra de forma alguma imperfeição, antes
sensibilidade para com os atos de sua criação. Algumas atitudes de Deus
são condicionais com relação ao homem (Jr 18.7-10; Jn 3.3-4, 6-10).

Ver resposta à pergunta posterior.

A Bíblia é contraditória, pois declara que Deus não pode se arre-


pender (Nm 23.19), e, depois, afirma que Ele se arrependeu de
haver feito o homem (Gn 6.6).

A palavra hebraica para “arrepender-se” é niham, que significa não


apenas “arrepender-se”, mas também “sentir muita tristeza por causa de”
ou “mudar de ideia a respeito de”. Essa palavra aparece tanto no texto de
Gênesis 6.6 como no de Números 23.19, e poderia ser traduzida para a
nossa língua de forma diferente, impossibilitando assim qualquer tipo de
suposta contradição (pois toda tradução possui limitações). Em Gênesis,
poderíamos afirmar que Deus “sentiu muita tristeza pela maldade do homem
que criara”, e, em Números, que Ele “não se arrepende” por não ser homem.

Ver resposta à pergunta anterior.

Como Deus pode perdoar a alguém que supostamente está arre-


pendido de seus pecados no leito de morte, sem antes ver os
frutos deste suposto arrependimento? Não seria muito fácil ter a
salvação, com os pecados perdoados dessa forma?

Nós, seres humanos limitados por nossa natureza pecaminosa, às vezes


precisamos esperar para ver os resultados palpáveis do arrependimento de

143
Em defesa da fé

alguém que nos ofendeu. Com o Senhor Deus não ocorre esse tipo de
atitude, pois Ele sonda os corações (Pv 21.2; Jr 17.10). Assim, não precisa
esperar o tempo passar para avaliar os resultados do coração de alguém que
se diz arrependido. Deus sabe se aquela pessoa está sendo ou não sincera
com relação ao seu arrependimento, por isso vemos o Senhor Jesus Cristo
aceitando o arrependimento de um dos ladrões que havia sido crucificado
juntamente com Ele, assegurando-lhe o direito ao paraíso (Lc 23.39-43),
mesmo que ele não tenha tido tempo para demonstrar os frutos de seu
arrependimento como o fez Zaqueu, o publicano (Lc 19. 8-10).

Eu não preciso me arrepender e crer em Jesus agora. Basta fazer


isso por ocasião da minha morte e poderei ser salvo como foi com
o ladrão na cruz (Lc 23.39-43).

Se um criminoso lhe dissesse que continuaria a roubar e só se arre-


penderia quando a polícia o prendesse, você acreditaria em tal arrependi-
mento? De modo algum! Pois “arrependimento programado” não é arre-
pendimento real. Se alguém supõe que será salvo no último momento de
sua vida, porque o malfeitor assim o foi, deve tomar muito cuidado com tal
atitude, pois não existem evidências bíblicas de ele ter ouvido a mensagem
do evangelho e a ter recusado, e esperar o momento da morte para “arre-
pender-se”. As Escrituras Sagradas declaram ser hoje o dia da salvação, e
não no dia de nossa morte (2Co 6.2; Hb 4.6-7).

O arrependimento sem conversão pode conduzir alguém à salvação


em Cristo?

De acordo com a Bíblia, o arrependimento que conduz à salvação é


sempre acompanhado de uma atitude, quer seja verbal (Lc 23.39-42), quer
física (Lc 19.8-9). O homem deve não somente declarar-se arrependido do

144
C u rs o A po lo gético

seu pecado que afronta um Deus santo, como também se converter ao


Senhor, ou seja, mudar de atitude para com o pecado e obedecer à palavra
de Deus (At 3.19; 26.20).

Do que devo me arrepender se não me sinto transgressor da


vontade de Deus?

O que somos nem sempre está relacionado ao que sentimos acerca de


nós mesmos. Alguém que foi abandonado pelo pai quando ainda bebê pode
não se “sentir” filho de seu pai biológico, por não possuir nenhum tipo de
“sentimento” de filho para com ele, mas isso não alteraria o fato de ser filho
legítimo do homem que o abandonou quando criança. Da mesma forma,
podemos encarar o que a Bíblia diz acerca do homem e do arrependimen-
to, independentemente de nossos sentimentos apontarem o contrário, pois
o coração do homem é enganador (Jr 17.9).
Inegavelmente existe o mal e a transgressão de leis, claramente per-
cebidas por nós, seres racionais. De onde viria o conceito universal possuí-
do por todos os seres humanos de que existem “desajustes comportamen-
tais” profundos na essência humana? As afirmações bíblicas de que o
pecado é um mal universal são percebidas pela nossa própria existência e
experiência humana.
A Bíblia declara todos os homens pecadores e transgressores da von-
tade de Deus (Rm 3.23). Como mentiroso quem se declare sem pecado
(1Jo 1.8), e que nascemos pecadores (Sl 51.5), portanto, transgressores da
vontade de Deus até o momento em que nos arrependermos e crermos
em Jesus Cristo como o nosso único e suficiente Salvador pessoal (At 3.19;
Jo 1.12).

* * *

145
Em defesa da fé

Os mórmons acreditam que, se uma pessoa realmente se arre-


pender dos seus pecados, após a morte, ela pode ser salva se crer
no “evangelho” ainda no mundo espiritual, de acordo com o livro
Doutrinas de Salvação (vol. 2, pp. 158, 159). O Livro de Mórmon,
de forma contrária, declara que, se uma pessoa deixar o arre-
pendimento para o dia de sua morte, jamais poderá ser salva,
pois o tempo para se obter a salvação e executar as obras é somente nesta
vida, e, se houver arrependimento no dia da morte, quem selará a alma
dessa pessoa como sua é o diabo (Alma 34.32-35). Se existe arrependimento
aceitável por Deus no dia da morte ou após ela, como afirmou o livro Dou-
trinas de Salvação, por que o Livro de Mórmon o condena?

146
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ARREPENDIMENTO

1. Defina arrependimento de acordo com a Bíblia.

2. Explique o que significa o suposto “arrependimento divino”.

3. Há alguma contradição entre os textos de Nm 23.19 e Gn 6.6?


Explique.

4. É possível o perdão de Deus ao ser humano no último momento


de sua vida? Explique.

5. Por que não é possível premeditar o arrependimento perante


Deus?

147
PROVA – ARREPENDIMENTO

1. A palavra grega que define arrependimento é:


a) Harpazõ.
b) Metánoia.
c) Alethéia.
d) Parousia.

2. Segundo a língua hebraica, niham significa:


a) Apenas arrependimento.
b) Chorar intensamente.
c) Ficar apreensivo acerca de algo.
d) Arrepender-se, sentir muita tristeza por causa de algo.

3. Segundo as Escrituras, Deus pode:


a) Nos obrigar a amá-lo.
b) Nos condenar a todos por nossas iniquidades.
c) Mudar de atitude a partir das reações humanas.
d) N.R.A.

4. A incompatibilidade existente entre Gn 6.6 e Nm 23.19 surge da(s):


a) Nossa incapacidade de entender alguns textos bíblicos.
b) Inúmeras contradições encontradas nos textos bíblicos.
c) Discrepâncias dos escribas judeus.
d) Limitações existentes em toda tradução bíblica.

5. Deus não precisa de qualquer tempo para medir a veracidade do arrependi-


mento humano porque Ele:
a) É onipresente.
b) É onipotente.
c) É misericordioso.
d) Sonda os corações.

148
6. O dia de nosso arrependimento, de acordo com a Bíblia, deve ser:
a) Hoje.
b) O dia de nossa morte.
c) O dia de nosso batismo.
d) Amanhã.

7. Posso ser salvo apenas:


a) Frequentando uma igreja genuinamente cristã.
b) Passando pelo batismo nas águas.
c) Arrependendo-me dos meus pecados.
d) Passando por um processo de arrependimento e conversão.

8. Independentemente de nos vermos ou não como pecadores, percebemos cla-


ramente em nossa natureza humana:
a) A nossa incapacidade de reconhecer o pecado.
b) A nossa capacidade de obedecer a Deus por nós mesmos.
c) Um desajuste comportamental profundo em nossa essência.
d) Um claro ajuste moral.

9. Os mórmons creem que:


a) Após a morte não pode haver salvação.
b) Após a morte há espaço para o arrependimento.
c) Não haverá ressurreição dos ímpios.
d) Existem dois céus.

10. Sobre o Livro de Mórmon e o livro Doutrinas de Salvação, podemos declarar


que:
a) Ambos discordam entre si sobre a condição do homem após a morte.
b) Ambos ensinam uma mesma doutrina sobre a condição dos mortos.
c) O Livro de Mórmon defende a segunda oportunidade para os perdidos, e Dou-
trinas de Salvação a nega.
d) O livro Doutrinas de Salvação defende a impossibilidade de arrependimento
após a morte, e o Livro de Mórmon a nega.

149
Em defesa da fé

BatiSMo

DEFINIÇÃO

Ritual cristão de origem judaica que simboliza a purificação realizada por


Cristo no interior do batizando. É uma demonstração externa da purificação
dos pecados e arrependimento produzidos pelo Espírito Santo nos que, um
dia, creram no Senhor Jesus Cristo, assim como também é um símbolo da
nossa morte para este mundo e da ressurreição em Cristo Jesus (Rm 6.4-10).

O batismo é essencial para a salvação, pois somente por meio dele


podemos ser salvos (Mc 16.16).

Apesar de o texto de Mc 16.16 trazer a seguinte afirmação: “Quem crer


e for batizado será salvo...”, não devemos pensar que o batismo é funda-
mental para a salvação, pois a segunda cláusula do texto simplesmente
omite o batismo (“... Quem não crer será condenado”). Se o batismo fosse
essencial à salvação, o texto continuaria assim: “Quem não crer e não for
batizado será condenado”.
O batismo já era uma prática realizada pelos discípulos de Jesus ainda
durante o seu ministério terreno (Jo 4.1-2), e no decorrer desse mesmo

150
C u rs o A po lo gético

ministério pessoas foram salvas sem ser batizadas (Lc 7.47-50; 19.8-10).
Além disso, a Bíblia declara que não existem obras de justiça que possamos
praticar para sermos salvos (Tt 3.5), e o próprio Jesus afirmou que o batis-
mo era uma obra de justiça a ser cumprida (Mt 3.15). O próprio apóstolo
Paulo declarou que não tinha sido enviado para batizar, mas a fim de pregar
o evangelho para salvação dos pecadores perdidos, o que não teria sentido
se um fosse complementar ao outro (1Co 1.17).

O texto de Atos 2.38 declara que o batismo é para remissão de


pecados, portanto o batismo salva.

A preposição grega eis, traduzida por “para”, no texto, possui vários


significados na língua grega e pode ser traduzida por outras expressões que
indiquem resultado (“por causa de”, “como resultante de” [TAYLOR, 1983,
p. 66]). Sendo assim, poderíamos afirmar que a preposição eis encontrada
no texto poderia ser traduzida por: “por causa de”, indicando que o batismo
é “por causa da remissão dos pecados”, algo que já ocorreu na conversão
do pecador, e não para a remissão dos pecados, como qualquer obra de
justiça claramente rejeitada nas Escrituras como auxílio salvífico ao pecador
(Ef 2.8,9; Tt 3.5).

Ver resposta à afirmação anterior.

O apóstolo Paulo teve seus pecados lavados nas águas do batismo


(At 22.16).

O apóstolo Paulo não teve os seus pecados lavados nas águas batismais
como pensam alguns. Antes, o texto de Atos 22.16 indica que, por ocasião
do batismo, Paulo teve os seus pecados lavados por invocar o nome do Se-
nhor. O texto literalmente no grego está assim: “... recebe o batismo e sê

151
Em defesa da fé

lavado dos teus pecados invocando o nome dele”, indicando que o perdão
dos pecados está relacionado à invocação do nome de Jesus Cristo por fé,
e não ao batismo (Rm 10.13).

O apóstolo Pedro afirmou em uma de suas epístolas que o batismo


salva (1Pe 3.20, 21).

No texto citado, o apóstolo Pedro não declara que a salvação é por


meio do batismo, apenas faz uma comparação entre a salvação ocorrida por
meio das águas do dilúvio com a casa de Noé, com a salvação representada
por meio do batismo. O texto deixa claro que a salvação não está relaciona-
da a qualquer ritual de purificação externa do corpo (v. 21), mas é antes
uma atitude de boa consciência para com Deus, relembrando a ressurreição
do Senhor Jesus prefigurada também no batismo (Rm 6.4).

O batismo realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo


é inválido, pois não vemos tal fórmula batismal no livro de Atos.
Sempre vemos ali o batismo somente “Em nome de Jesus” (At 2.38;
8.16; 10.48; 19.5).

Em nenhum dos textos do livro de Atos vemos alguma referência à


“descrição” do batismo, antes apenas “citações” de que pessoas foram bati-
zadas sem levar em conta qualquer fórmula batismal. Jesus Cristo é o Senhor
da Igreja; portanto, tudo que é realizado em sua Igreja, inclusive o batismo,
deve ser em “seu nome” ou “debaixo de sua autoridade” (Cl 3.17), pois foi
ele que o ordenou a seus discípulos (Mt 28.19). A pregação do evangelho
é em nome do Senhor (At 9.27), somos embaixadores em nome do Senhor
(2Co 5.20) e os enfermos eram ungidos com óleo em nome do Senhor (Tg
5.14). Se pregar, ser embaixador, ungir enfermos e muitas outras práticas

152
C u rs o A po lo gético

eram realizadas em “nome do Senhor” (na autoridade do nome do Senhor),


por que o batismo não o seria também?
Nenhum dos textos de Atos traz uma descrição de alguma “fórmula
batismal”. Enquanto uma fórmula deve ser sempre inalterada como uma
receita, podemos ver as diferenças encontradas em várias citações. No tex-
to de Atos 2.38, encontramos: “... Em nome de Jesus Cristo”; no texto de
Atos 8.16 aparece a expressão: “... Em nome do Senhor Jesus”; em Atos
10.48: “... Em Nome de Jesus Cristo”; e, finalmente, em Atos 19.5: “... Em
nome do Senhor Jesus”. A diferença de expressões encontrada nos textos
indica que não se tratam de modo algum de uma “fórmula batismal”. Antes,
são apenas declarações de que o Senhor Jesus é o soberano de tudo aquilo
realizado por sua Igreja, inclusive do batismo, realizado sob sua ordem,
portanto, sem seu nome (Mt 28.18-20).

O texto-base do batismo trinitariano de Mateus 28.19 não faz


parte dos originais gregos.

O texto de Mt 28.19 não é considerado leitura apócrifa dentro de


nenhuma das famílias de textos gregos conhecidos. Portanto, não podemos
desconsiderá-lo em hipótese alguma como um erro de transmissão do
copista (tecnicamente chamado de “variante textual”). O texto deve ser
lido indiscutivelmente como uma ordem autêntica de Jesus aos seus
discípulos.
Sobre a criação do batismo trinitariano que teria sido introduzido su-
postamente por copistas mal-intencionados no texto de Mateus, por exem-
plo, seria importante lembrar que já no início do 2º século (120-140 d.C.)
podemos ver a fórmula batismal trinitariana como apresentada em Mateus
28.19 sendo praticada por uma comunidade cristã primitiva da Síria por
meio de seu famoso escrito, o Didaquê. Esse fato em si desmonta todo o
castelo edificado sobre a suposta introdução da doutrina da trindade no

153
Em defesa da fé

cristianismo somente a partir de 325 d.C. no concílio de Niceia, promovido


por Constantino, o Grande.

Para informações complementares, ver o tópico Trindade:


O Imperador romano Constantino foi o responsável
pela introdução da doutrina pagã da trindade no
cristianismo, no concílio de Niceia, em 325 d.C.

Um dos ladrões que foi crucificado com Jesus, por crimes cometi-
dos anteriormente, já era seu discípulo e, portanto, já havia sido
batizado para a salvação (Lc 23.40-43).

O texto de Lucas (23.40-43) não indica de forma alguma que o ladrão


arrependido havia sido um seguidor de Jesus anteriormente. Ao lermos
outros textos paralelos nos evangelhos, veremos alguns detalhes que o evan-
gelho de Lucas não nos traz. O evangelista Mateus afirma que, por ocasião
da crucificação, “ambos os ladrões” insultavam a Jesus (Mt 27.44). Isso in-
dica que nenhum deles ao ser crucificado era seu discípulo ou seguidor.
Dizer que ele já havia sido batizado antes da crucificação é uma especulação
infundada sem base bíblica.

Ver resposta à primeira afirmação neste tópico:


O batismo é essencial para a salvação, pois somente
por meio dele podemos ser salvos (Mc 16.16).

154
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

BATISMO

1. Defina batismo.

2. O fato de o batismo ser uma ordem cristã torna-o necessário


para a salvação? Explique.

3. Como entender Atos 2.38 em relação à suposta salvação pelo


batismo?

4. O batismo lava nossos pecados? Explique Atos 22.16.

5. De acordo com 1Pe 3.20, 21, o batismo é meio de salvação?


Explique.

6. O que significa ser batizado “em nome de Jesus”?

7. Ser batizado “em nome de Jesus” substitui o batismo “em nome


do Pai, do Filho e do Espírito Santo”? Explique.

8. Qual é a fórmula batismal ensinada por Jesus?

9. Foi o criminoso que morreu ao lado de Jesus batizado em uma


ocasião anterior? Explique.

10. Pode uma pessoa ser salva sem ter sido batizada? Explique.

155
PROVA – BATISMO

1. O batismo é um ritual de origem:


a) Grega.
b) Romana.
c) Hindu.
d) Judaica.

2. À luz de Mc 16.16, podemos declarar que:


a) O batismo salva.
b) O batismo é opcional.
c) O batismo é uma exigência cristã.
d) O batismo é alegórico.

3. À luz de Mt 3.15 e Tt 3.15, podemos declarar que:


a) O batismo é uma obra de justiça e, portanto, não pode salvar.
b) O batismo é um sacramento de salvação.
c) O batismo foi criado por João Batista.
d) O batismo só pode ser realizado uma vez.

4. A expressão grega eis significa:


a) Tanto “para” como “por causa de”.
b) Apenas “para”.
c) Apenas “por causa de”.
d) N.R.A.

5. Os textos de Ef 2.8, 9 e Tt 3.5 indicam:


a) Que nossas obras nos auxiliam na salvação.
b) Que nossas obras, não importam quais sejam, são ineficazes para nossa salvação.
c) Que o batismo é essencial como auxiliador apenas na salvação.
d) Que somente o Espírito Santo é suficiente para nos conduzir à verdade de Deus.

156
6. Segundo At 22.16, Paulo foi:
a) Perdoado de seus pecados por ocasião do batismo.
b) Salvo por ocasião do batismo nas águas.
c) Batizado e apenas limpo dos seus pecados por invocar o nome do Senhor Jesus.
d) Feito apóstolo.

7. Segundo o apóstolo Pedro, as águas do dilúvio simbolizam:


a) A salvação obtida com o batismo.
b) A salvação obtida por meio da obediência.
c) O resgate da humanidade arrependida por ocasião do arrebatamento.
d) A salvação representada pelo ato batismal.

8. Não encontramos a fórmula batismal trinitariana em Atos porque:


a) A trindade não é uma doutrina bíblica.
b) A trindade não é mencionada em Atos.
c) Nenhum texto de Atos apresenta uma fórmula batismal, apenas menciona o
batismo sob a autoridade de Cristo.
d) Uma fórmula batismal pode sempre variar em sua aplicação.

9. Mateus 28.19 é um texto original que apresenta o batismo trinitariano, visto


que:
a) Não é uma variante textual.
b) Mateus menciona o batismo em outros textos de seu evangelho.
c) A ideia do texto se encontra nos demais evangelhos.
d) O livro de Atos se harmoniza com a fórmula batismal apresentada por Mateus.

10. O livro que confirma o batismo trinitariano já no início do 2º século é o:


a) Constituições apostólicas.
b) Evangelho de Mateus.
c) Didaquê.
d) Contra heresias.

157
Em defesa da fé

BíBlia

DEFINIÇÃO

Conjunto de 66 livros inspirados por Deus, escrito em um período de 1.600


anos por aproximadamente 40 escritores diferentes, contendo a história do
povo judeu e também da humanidade e o seu desfecho final. A Bíblia é a
única literatura religiosa do mundo que faz uso abundante de profecias
detalhadas, confirmando assim sua autenticidade, provando ser fruto da
direção de um Deus conhecedor do futuro em detalhes (2Tm 3.16, 17).

Por que a Bíblia usada pelos evangélicos é diferente da Bíblia


católica?

As Bíblias, tanto católicas como protestantes, possuíam um mesmo


conteúdo de livros considerados inspirados até que, no concílio de Trento,
em 1546, após o início da reforma protestante em 1517, a Igreja católica
decidiu considerar alguns livros além dos 66 que já eram aceitos como ca-
nônicos (inspirados), para ter base de sustentação a algumas doutrinas ca-
tólicas que eram refutadas por Lutero e seus companheiros com base nas
Escrituras. A Igreja católica, diante da dificuldade de responder às acusações

158
C u rs o A po lo gético

levantadas pelos protestantes, decidiu adotar um conjunto de livros escritos


no período intertestamentário (entre Malaquias e Mateus), sete ao todo:
Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria e 1, 2 Macabeus, mais algumas
partes inseridas nos livros de Daniel e Ester (quatro trechos). As principais
doutrinas “favorecidas” foram:

1. Justificação pelas obras (Tobias 4.7-11);


2. Mediação dos Santos (Tobias 12.12);
3. Ódio aos Samaritanos (Eclesiásticos 50.27-28);
4. Oração pelos mortos (2Macabeus 12.44-45);
5. Magia como meio de exorcismo (Tobias 6.8).

Portanto, os livros que foram inseridos na Bíblia católica possuem


doutrinas que não se harmonizam com o restante das Escrituras Sagradas
e jamais foram aceitos pelos judeus palestinianos como inspirados por Deus.
Por exemplo, na lista de livros considerados inspirados, escrita pelo histo-
riador judaico Flávio Josefo, ele omite os apócrifos, mesmo os conhecendo
em seus dias, admitindo-os apenas como “históricos” e de conteúdo inferior
e secundário às demais Escrituras. Até o famoso Jerônimo, tradutor da
Bíblia latina Vulgata, que durante muitos séculos foi a versão oficial católica,
recusou-se a traduzir os “apócrifos” em sua versão das Escrituras. Esses
livros só foram introduzidos na Vulgata após a sua morte.

Ver resposta à pergunta posterior.

Por que excluíram os apócrifos da Bíblia evangélica, se até mesmo


a Septuaginta (tradução bíblica produzida no 3º século a.C.) os
possui?

O fato de a tradução do AT em grego (LXX – Septuaginta) trazer os


“apócrifos” em seu texto não é prova suficiente de que eles eram aceitos

159
Em defesa da fé

como escritura inspirada, como são considerados os demais textos, pois a


versão mais antiga disponível dessa tradução grega é datada do 4º século
d.C., e não sabemos, portanto, se os “apócrifos” já faziam parte do texto
original (e mesmo que fizessem, ainda deveríamos ter certeza de que eram
considerados canônicos, o que não temos como saber com toda certeza).
Além disso, o mesmo texto da LXX que traz alguns apócrifos agregados à
Bíblia Católica possui alguns livros e trechos que não foram acrescentados
a essa mesma versão (3 e 4 Macabeus, Odes de Salomão). Se a LXX é o
único padrão para aceitação dos livros a serem introduzidos na versão cató-
lica, por que excluir alguns livros e trechos dessa mesma versão? Muitos
judeus habitantes de Israel nunca aceitaram esses livros como inspirados,
mesmo os conhecendo e usando como históricos (a comunidade “Yahad”
do Mar Morto os traduziu). Somente os judeus helenistas que habitavam
em Alexandria, no Egito, os admitiam com mais facilidade, pois eram judeus
que frequentemente não liam as Escrituras em hebraico e possuíam grande
influência helenística. Até mesmo o mais famoso tradutor do 4º século,
Jerônimo, que traduziu a versão oficial da Igreja católica, que perdurou por
mais de mil anos como texto oficial católico (a Vulgata Latina), criticou
duramente a aceitação desses livros e a sua canonicidade. Além disso, nem
Jesus nem qualquer um dos outros escritores bíblicos do NT os citou dire-
tamente em alguma de suas várias (cerca de 350) referências aos textos do
AT. E, se o tivessem feito, não seria prova suficiente de sua canonicidade
(Paulo fez uso de citações de escritores pagãos, mesmo não considerando
tais textos como “Escritura”, ou mesmo os seus escritores como “inspirados”
[At 17.28; Tt 1.12, 13]).

Ver resposta à pergunta posterior.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Por que não aceitar a canonicidade de Macabeus
se o livro de Hebreus (11.35) faz alusão a ele?

160
C u rs o A po lo gético

Por que deveríamos recusar a canonicidade dos apócrifos, se os


Concílios de Hipona (393 d.C.) e Cartago (397 d.C.), que definiram
até mesmo quais livros seriam canônicos e aceitos por todos os
cristãos do mundo, aceitou-os?

Os concílios de Hipona e Cartago foram pequenos “concílios” locais


(que deveriam ser mais bem designados pela nomenclatura de “sínodos”,
uma vez que tiveram representantes apenas locais e não houve uma convo-
cação geral de bispos), e apesar de confirmarem a autoridade do NT como
o conhecemos hoje, não foram esses concílios que o canonizaram, mas
apenas confirmaram os livros já aceitos pela comunidade cristã como au-
tênticos. Nenhum estudioso hebreu qualificado esteve presente nesses
“concílios”, e até mesmo Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina, se opôs
fortemente a Agostinho, que influenciou as decisões tomadas nesses concí-
lios. Hipona e Cartago não são considerados por nenhuma das principais
vertentes do cristianismo como sendo “concílios universais” (concílios cujas
decisões são universalmente aceitas pelo Catolicismo Romano, Ortodoxia
Grega ou Protestantismo).
Os chamados livros apócrifos foram definidos, mas não como integran-
tes de um segundo cânon (deuterocanônicos) no mesmo nível dos demais
livros bíblicos em Cartago e Hipona. A grande prova disso é que, apesar de
conhecidos há séculos pela Igreja católica e por Lutero, que inclusive os
introduziu em uma seção à parte, no final de sua versão da Bíblia alemã,
não foram vindicados pela Igreja católica como autenticamente inspirados
diante da controvérsia com o famoso reformador alemão. Somente em
Trento se definiu tais livros como integrantes de um segundo cânon igual-
mente inspirados.

Ver resposta à pergunta posterior.

161
Em defesa da fé

Por que as Bíblias “evangélicas” omitem livros que não se encontram


nas Bíblias católicas?

A questão não é de omissão da “Bíblia evangélica”, e sim de acréscimo


à “Bíblia católica”, pois esses livros chamados apócrifos só vieram a fazer
parte integrante de forma definitiva das Escrituras Sagradas cristãs a partir
de 1546 no concílio de Trento. Quase 1.500 anos após o término do último
livro da Bíblia, quando foram inseridos na Bíblia para combater os ensinos
bíblicos defendidos pela reforma protestante iniciada no século 16. Antes,
esses livros eram conhecidos pelos judeus, mas nunca o seu conteúdo foi
por eles considerado de inspiração divina, e sim de conteúdo histórico e
inferior aos demais textos bíblicos.

Por que não aceitar a canonicidade de Macabeus se o livro de


Hebreus (11.35) faz alusão a ele?

Talvez a menção de pessoas que suportaram torturas e sofreram gran-


des aflições se refira a pessoas desconhecidas que foram exemplares em se
manterem fiéis por meio de sua fé. Talvez o texto também esteja se refe-
rindo, de fato, a 2 Macabeus 7, o que não o faz canônico; assim como as
citações de Paulo, o apóstolo, as literaturas de vários filósofos gregos também
não são suficientes para confirmar a “canonicidade” desses escritos (At 17.28;
1Co 15.33; Tt 1.12).

Ver resposta à pergunta posterior.

A citação do livro de Enoque na epístola de Judas provaria a


inspiração dos Apócrifos (Jd 14)?

Judas, ao citar a profecia de Enoque com respeito à vinda do Senhor


Jesus Cristo, não está defendendo, de forma alguma, a inspiração de qualquer

162
C u rs o A po lo gético

literatura apócrifa, como sugerem algumas pessoas. Se a suposta citação do


livro apócrifo de Enoque fosse suficiente para admitir a sua inspiração e de
outras obras apócrifas, então teríamos de admitir a inspiração de algumas
obras gregas pagãs mencionadas por Paulo como Cleantes, Arato (At 17.28)
e Epimênides (Tt 1.12). Também não sabemos de qual fonte Judas se apro-
priou para mencionar essa declaração profética de Enoque (talvez uma
fonte comum que citava a profecia que foi usada também pelo autor do
pseudoepígrafo de Enoque, que não está a nossa disposição atualmente). É
provável que alguma tradição oral tenha mantido essa profecia com o passar
dos séculos, chegando até os dias apostólicos, sendo esta a origem da citação
de Judas, e não o livro apócrifo de Enoque. Independentemente de qualquer
especulação sobre a origem da citação, podemos seguramente crer, que, de
fato, Enoque profetizou sobre a segunda vinda do Senhor, sendo esta, por-
tanto, a profecia mais antiga sobre esse evento conhecido, não sendo sufi-
ciente para confirmar a autoridade apócrifa de nenhum escrito do gênero.

Como podemos ter certeza de que a Bíblia não foi alterada com
o passar dos anos?

Existe uma área da ciência que também trabalha com a pesquisa da


transmissão de textos antigos, chamada Crítica Textual. A sua finalidade é
examinar as cópias recentes na ausência do original (autógrafo) e analisar
até que ponto a cópia é fiel ou não ao original que foi escrito, tentando,
assim, “remontar” o sentido original do texto autógrafo.
A quantidade de textos bíblicos em comparação com os demais textos
de antigos escritos é surpreendente (também não possuímos o autógrafo de
nenhuma das famosas obras da Antiguidade). Existem hoje 5.686 manus-
critos do NT em grego (se levarmos em conta todas as cópias antigas em
outras línguas, teríamos algo em torno de 14.000 cópias), enquanto a obra
antiga que mais se aproxima dessa cifra é a Ilíada, de Homero, com apenas
643 cópias! Temos ainda somente 5 cópias dos escritos de Aristóteles, 10

163
Em defesa da fé

das guerras gálicas de César e 20 do historiador romano Tácito, todas com


uma margem de tempo extraordinariamente grande em relação ao original
e suas cópias (a maioria com um período de 1.000 anos de diferença). Ne-
nhum dos eruditos modernos rejeita essas cópias como não fidedignas ao
original, a ponto de pôr em dúvida a sua credibilidade textual. Por que
deveríamos duvidar da exatidão do texto do NT se temos uma quantidade
esmagadora de documentos, em comparação com as demais obras literárias
e com um período de tempo muito menor entre as cópias e o original (frag-
mentos com menos de uma geração e textos mais completos com aproxi-
madamente 250 anos)?
Um dos grandes benefícios trazidos pelas pesquisas arqueológicas na
região do Mar Morto a partir de 1947 foi a descoberta do conteúdo de um
manuscrito completo do livro do profeta Isaías, datado de aproximadamen-
te 200 a.C., que possui um grau de exatidão extraordinário com a cópia do
livro de Isaías mais antigo que tínhamos até então, datado de aproximada-
mente 900 d.C.
Se, em um período de mais de 1.100 anos, não tivemos alteração subs-
tancial na cópia de um livro bíblico, não poderíamos acreditar na enorme
preocupação dos escribas na transmissão desses textos? Não teríamos aqui
uma grande prova de exatidão da mensagem bíblica?
A crítica textual atribui à Bíblia um grau de pureza na transmissão de
texto superior ao encontrado em qualquer outra extensa obra literária es-
crita no passado.

Existem provas concretas da autoria mosaica do Pentateuco?

Apesar do erudito alemão Julius Wellhausen, em 1878, ter proposto


a teoria atualmente popular conhecida como “Hipótese Documentária”
(o Pentateuco teria sido organizado em sua forma final escrita entre 950 e
450 a.C. com o uso de quatro fontes primárias, e, portanto, Moisés não
seria, de fato, o autor dos cinco primeiros livros da Bíblia), não vemos bons

164
C u rs o A po lo gético

motivos para negar a autoria Mosaica do Pentateuco como uma obra orga-
nizada em partes em um período de vários séculos posteriores. A teoria de
Wellhausen pode ser totalmente desfeita quando analisamos as descobertas
arqueológicas dos últimos 100 anos, que apontam vários fatores que des-
troem as bases de sua teoria:

1. Moisés foi educado na maior potência cultural conhecida da época,


sendo assim, possuía grande habilidade de escrita. As descobertas
arqueológicas de Tell El-Amarna, tabuinhas de barro que mencionam
a invasão dos “habirus” (talvez hebreus) em Canaã, em 1887, no
Egito, e que datam da época de Moisés e Josué, indicam que havia
contato direto e frequente entre o Egito e a região de Canaã na
época de Moisés, havendo, portanto, tanto contato como populari-
zação da escrita naqueles dias. As inscrições encontradas nas minas
de turquesa no Monte Sinai, em Serabit el-Khadim, que datam de
pelo menos quinhentos anos antes de Moisés, demonstram que até
mesmo escravos possuíam conhecimento de escrita na época (a ir-
regularidade das escritas aponta para o fato de que não foram pro-
duzidas por escribas ou pessoas especializadas). O famoso “calendá-
rio de Gezer”, uma tarefa juvenil escrita em pedra calcária, datado
de 1.000 a.C., indica que as crianças hebreias eram alfabetizadas,
como a própria Bíblia já indicava no tempo dos juízes (Jz 8.14).
2. As condições climáticas mencionadas no Pentateuco são egípcias,
e não palestinas, como deveriam ser, se o livro tivesse sido escrito
posteriormente por escribas hebreus na babilônia, sem conhecer
os detalhes climáticos ali existentes (Êx 9.31, 32).
3. A fauna e a flora mencionadas no Pentateuco de Êxodo a Deutero-
nômio são tipicamente egípcias. Seria difícil ter uma lista àqueles
animais sem um conhecimento deles, visto que não são naturais da
“Palestina” (avestruz [Lv 11.16]; ovelha montês e antílope [Dt 14.5]).
4. Algumas referências geográficas demonstram que o autor conhe-
cia bem a região do Egito, e isso se enquadra perfeitamente no

165
Em defesa da fé

perfil de Moisés, o grande legislador hebreu (Gn 13.10; Nm


13.22).
5. A atmosfera e o ambiente do deserto são descritos abundantemente
de Êxodo 16 até o fim do livro de Deuteronômio, o que só se en-
quadra com o perfil de um autor que viveu nesse ambiente. E
Moisés certamente preencheria essas características.
6. Tanto Pedro (At 3.22), Paulo (Rm 10.5) e até mesmo Jesus (Jo
5.46,47, 7.19) comprovaram a autoria Mosaica do Pentateuco.
Poderiam todos eles se enganar com relação a esse fato?

Seria de extrema importância não esquecermos que o que influenciou


diretamente a base da pesquisa de Wellhausen foi a falsa teoria de que não
havia escrita no período de Moisés (uma teoria largamente difundida no
século 19 e hoje considerada totalmente insustentável). Se hoje se sabe que
já havia escrita pelo menos 2.500 anos antes de Moisés, como continuar
sustentando tal teoria?

A grande quantidade de “variantes textuais” encontrada nos mi-


lhares de manuscritos gregos e em outras traduções (siríaca, copta,
latina etc.) do Novo Testamento não confirmaria que a Bíblia foi
alterada por copistas mal-intencionados?

A chamada “grande quantidade” de textos com variantes (diferenças


entres textos comparados) do NT deve ser entendida não como se essas
variantes fossem encontradas em cada frase e palavra do NT de forma que
comprometa doutrinas ou ensinos, a ponto de não conseguirmos reconstruir
os textos, como procuram induzir alguns críticos mal-intencionados. Se um
texto com uma variante serviu de base para duzentas cópias, então teríamos
duzentas variantes, o que, na verdade, é uma única repetida duzentas vezes!
E se esse texto com variante fosse usado para produzir cópias em outras
versões, teríamos muitas outras cópias com erros (mas apenas nesse exem-
plo um erro que foi propagado em várias cópias ou versões). Além do mais,

166
C u rs o A po lo gético

nenhuma doutrina fundamental do NT foi ou é fundamentada em qualquer


dessas variantes, demonstrando que a fé da doutrina cristã não está cons-
truída sobre um texto com uma variante textual (a vasta maioria das varian-
tes consiste em erros de cópias de preposições, conjunções, artigos etc., o
que não comprometeria qualquer ensino essencial à fé).
Sobre a origem da vasta maioria dos erros dos copistas, o especialista
em formação e transmissão do texto neotestamentário Wilson Paroschi
declara:

“Erros involuntários compreendem cerca de 95% das variantes


do NT. Essas variantes estão relacionadas com a falibilidade dos
copistas, o que significa que eles simplesmente cometeram erros
ao copiar de um manuscrito para outro... Muitos erros involuntá-
rios foram cometidos ‘por escribas bem-intencionados, mas por
vezes estúpidos e sonolentos’. Como regra, esses erros não são os
mais difíceis de ser identificados e podem ter causas de várias
espécies” (PAROSCHI, 2012, p. 108).

O agnóstico perito em NT, Bart D. Ehrman, afirmou em seu contro-


vertido livro, O que Jesus disse? O que Jesus não disse?, o seguinte fato com
relação à verdadeira intenção dos primeiros copistas cristãos:

“Pode-se, com tranquilidade, dizer que a cópia de textos cristãos


primitivos era um processo ‘conservador’. Os copistas – fossem
eles amadores, nos primeiros séculos, ou profissionais na Idade
Média – tinham intenção de ‘conservar’ a tradição textual que
estavam transmitindo. Sua preocupação fundamental não era
modificar a tradição, mas preservá-la para si mesmos e para aque-
les que viessem depois de si. Sem dúvida, a maioria dos copistas
buscava fazer um trabalho consciencioso, certificando-se de que
o texto que produziram era o mesmo texto que tinham herdado”
(EHRMAN, 2006, p. 187).

167
Em defesa da fé

A crítica textual possui recursos comparativos de texto que a auxilia a


encontrar, após análise criteriosa das variantes, o texto original aproximado.
Assim, podemos afirmar que não possuímos o “Livro autógrafo” (o livro
escrito pelo punho do próprio autor), mas possuímos quase em sua totali-
dade o “Texto autógrafo” (o texto como foi escrito pelo próprio autor).

Ver resposta à pergunta posterior.

Procede a acusação feita pelo pesquisador Bart D. Ehrman no livro


O que Jesus disse? O que Jesus não disse? de que não temos como
saber com certeza quais palavras foram originalmente escritas no
Novo Testamento?

Bart D. Ehrman é um agnóstico e, como tal, não acredita em nenhuma


palavra inspirada de forma sobrenatural como proposta pela própria Bíblia
para confirmar a existência de Deus (2Tm 3.16, 17). Partindo de sua con-
vicção filosófica, ele constrói toda a sua visão crítica sobre o que é a Bíblia.
Em seu livro, ele afirma: “É bem difícil saber o que as palavras da Bíblia
querem dizer se não sabemos nem mesmo que palavras são essas […] o fato
de não termos as palavras deve seguramente demonstrar, pensei, que Ele
[Deus] não as preservou para nós” (EHRMAN, 2006, p. 21). Mais adiante
ele afirma no mesmo livro:

“[…] Mas nossos mais antigos Evangelhos indicam que Jesus


também era acompanhado por mulheres em suas viagens e que
algumas dessas mulheres davam suporte financeiro a ele e a seus
discípulos, agindo como patronas de seu ministério de pregação
itinerante (Marcos 15.40-51; Lucas 8.1-3). Registra-se que Jesus
manteve diálogos públicos com mulheres e ministrou para elas em
público (Marcos 7.24-30; João 4.1-42) […] E, o mais importante
de tudo, cada um dos quatro Evangelhos indica que foi uma mu-
lher – Maria Madalena, sozinha ou com várias companheiras –

168
C u rs o A po lo gético

quem descobriu o túmulo vazio, tornando-se a primeira a saber


e a dar testemunho da ressurreição de Jesus de entre os mortos
(Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-28; Lucas 23.55-22.10; João 20.1-2)”
(Ibid., p. 189).

O maior problema nas declarações de Bart D. Ehrman é que são con-


traditórias. Ao mesmo tempo em que ele declara que não sabemos nem
mesmo quais palavras foram usadas para compor os originais do NT, ele usa
essas mesmas palavras “desconhecidas” para estabelecer alguns fatos afirma-
dos por ele com relação ao NT e ao desenvolvimento do cristianismo primi-
tivo. Como usar como base de alguma suposta verdade cristã um texto de
um livro que, segundo ele, foi corrompido? Se os textos do NT foram adul-
terados com o passar dos anos, por que confiar nesses mesmos textos para
estabelecer supostas verdades históricas acerca do cristianismo apostólico?

Ver resposta à pergunta anterior.

Como podemos defender um cânon bíblico e, consequentemente,


o sola scriptura, se existem vários canones discrepantes entre si
que excluem uns aos outros dentro da própria tradição cristã?

Determinar o autêntico cânon cristão não é uma tarefa considerada


fácil. A razão principal dessa polêmica repousa sobre a dinâmica de cons-
trução do chamado NT. Devemos nos lembrar de que os escritores do
nosso NT imaginavam uma vinda breve de Cristo, e parece ter sido esse o
principal motivo de não se compilar imediatamente após a ascensão de
Cristo os chamados Evangelhos, e o próprio Apocalipse. Paulo dá a enten-
der que poderia ser tanto testemunha ocular do arrebatamento da Igreja
(1Ts 4.17) quanto da ressurreição dos mortos que ocorreria em um futuro
desconhecido (1Co 6.14; 2Co 4.14). Assim, a Igreja primitiva está mais in-
teressada em expandir uma mensagem que possui ao se ver certa urgência
do que compilá-la na forma de uma coleção de testemunhos para que as

169
Em defesa da fé

próximas gerações creiam. Apesar dessa certa “prioridade” com relação ao


testemunho do Evangelho salvador de Cristo, alguns textos que possuíam
origem ou chancela apostólica já estavam sendo considerados “Escrituras”,
no mesmo nível que os textos do AT possuíam, tanto para judeus como para
os primeiros cristãos (1Tm 5.18 ver Dt 25.4 e Mc 10.7; 2Pe 3.15, 16).
A dinâmica da expansão dos textos que temos completos em nosso
chamado NT seguiu uma forma diferente da que temos há séculos com a
organização dos códices na Antiguidade e os livros impressos após a chama-
da Idade Média. Os quatro Evangelhos se expandiram a partir do local de
sua composição, enquanto as Epístolas do local dos destinatários. Sendo
assim, algumas comunidades separadas geograficamente tiveram uma orga-
nização “canônica” mais lenta e duvidosa com relação às comunidades onde
os textos tinham um estabelecimento canônico mais rápido e solidificado.
Esta talvez seja a principal razão pela qual encontramos diferenças de câ-
nones entre as diversas igrejas espalhadas principalmente no oriente grego,
com relação ao ocidente latim.
A chamada Bíblia Protestante contém 66 livros (apesar do próprio
Lutero, por questões particulares e teológicas, rejeitar também alguns es-
critos neotestamentários); A Bíblia Católica, 73 (alguns apócrifos e também
algumas adições a alguns livros canônicos do AT); A Bíblia Ortodoxa Grega,
76 (a tradição grega usará a LXX completamente como texto-base para
canonicidade do AT [com algumas adições aos apócrifos], rejeitando o tex-
to hebraico e alguns livros de grande estima das primeiras comunidades
cristãs [como O Pastor de Hermas e o Didaquê, por exemplo]).
As três vertentes de tradição grega: ortodoxa grega, ortodoxa Síria e
ortodoxa Etíope, possuem variantes em seus cânones como fruto da absorvi-
ção de livros que eram tradicionalmente mais litúrgicos do que canônicos nas
muitas igrejas espalhadas em grande parte do império Romano. Livros que
simplesmente eram considerados “edificantes” (como classificou Atanásio e
considerou Jerônimo, o tradutor da vulgata) para a espiritualidade, ou faziam
parte das leituras públicas dentro de alguma liturgia daquela comunidade
local, mas não considerados necessariamente canônicos como os demais textos

170
C u rs o A po lo gético

compreendidos como santos, ou sagrados. Além disso, a língua vernácula de


cada uma das comunidades irá gerar influência nas preferências textuais, o
que servirá de base para infelizmente produzir diferentes cânones (A ortodo-
xia Síria, por exemplo, prestigiará o texto bíblico aramaico [2º século], como
a Igreja católica prestigiou o texto latim [4º século]).
As semelhanças existentes entre essas tradições escriturísticas demons-
tram a grande interdependência original que possuem no que diz respeito
aos textos aprovados como verdadeiros em suas liturgias, e não uma opo-
sição veemente entre uma e outra tradição, gerando brigas por cânones
“superiores” ou “inferiores”. A grande verdade é que teríamos um proble-
ma maior se as diversas vertentes do cristianismo que expõem suas dife-
rentes listas canônicas usassem textos em oposição uns aos outros, como
evangelhos gnósticos e pseudoepígrafos cristãos, por exemplo. Por isso não
existem imensos abismos teológicos fundamentais entre todas essas tradi-
ções. Percebemos então que existe mais apoio a um conjunto de textos
aceitos como um tipo de “coluna dorsal” da fé cristã, em sua totalidade do
que em oposição.
Podemos inferir pela tríplice divisão do AT mencionada por Lucas
(24.44, 45) que, de fato, os textos de canonicidade incontestável para Jesus
não continham nenhum dos apócrifos ou deuterocanônicos. Essa mesma
conclusão foi admitida pelo grande erudito do 4º século, Jerônimo, autor
da Vulgata Latina. Apesar de ser o responsável pela versão bíblica mais
importante da Igreja Católica Romana, rejeitou os livros que faziam parte
apenas da LXX, e não do texto judaico (que não continha os apócrifos entre
os seus textos canônicos).
Entre as principais razões para essas listas canônicas serem diferentes
estão:

1. Rejeição cristã inicial ao texto hebraico, por questões ideológicas


judaicas de oposição à messianidade de Cristo.
2. Pensar que, pelo fato de as primeiras comunidades cristãs usarem
somente o texto grego, elas deveriam obrigatoriamente usá-lo

171
Em defesa da fé

sempre. Devemos compreender que essas comunidades só fizeram


possivelmente uso abundante da LXX por sua acessibilidade aos
judeus de todo o mundo, inclusive na Palestina.
3. Ignorar que o erudito que abrirá a discussão em torno da impor-
tância de um texto mais próximo da leitura original será Jerônimo
somente no 4º século. Se a preocupação das primeiras comunidades,
desde cedo, fosse a de possuírem uma tradição baseada nos textos
originais, e não na primeira tradução do VT (LXX – traduzida no
3º século a.C.), teríamos menos problemas com os apócrifos.
4. Desconhecer que o texto da LXX é diferente em muitas referências
do texto hebraico, o que deve causar um grande desconforto em
prestigiar uma tradução que foge, e em alguns momentos contradiz
o que se encontra no texto hebraico original.

Creio que, independentemente das diferenças de cânones existentes


entre as grandes vertentes do chamado cristianismo mundial, existe uma
unidade teológica muito forte entre os textos adotados por tais tradições,
independentemente de suas discrepâncias canônicas.

Ver a resposta às perguntas neste tópico:


Por que a Bíblia usada pelos evangélicos é diferente da Bíblia católica?

Por que excluíram os apócrifos da Bíblia evangélica,


se até mesmo a LXX (Septuaginta – tradução bíblica
produzida no 3o século a.C.) os possui?

Por que defender a superioridade da quantidade de manuscritos


gregos cristãos com relação a outros escritos da Antiguidade, se
temos na maioria apenas fragmentos textuais?

O fato de existirem muitos textos fragmentários dos manuscritos gregos


cristãos que chegaram até nós não significa que foram produzidos de forma
fragmentária, pois é óbvio que cada fragmento fazia parte de um texto

172
C u rs o A po lo gético

completo, quer fosse de um códice, ou de apenas um livro neotestamentá-


rio copiado. Além disso, uma atenção que prestigiasse os papiros (textos
mais antigos do NT) como se vê na atualidade só ocorreu entre meados dos
séculos 19 e 20, portanto recentemente. Até a passagem do século 19 ao
século 20 apenas nove papiros (em 2013 o número já era de 127) eram
conhecidos (ALAND, 2013, p. 89).
A fidelidade do texto grego neotestamentário relacionada à sua trans-
missão ao longo dos séculos repousa não nos textos a nós disponibilizados
(fragmentos que chegaram até nós) desde o século 19, mas nos textos dis-
ponibilizados aos copistas nos primeiros séculos que eram textos completos
em sua origem e que serviram de base para a produção dos textos que
chegaram até nós de forma fragmentária.
A pesquisa sobre a veracidade de um texto antigo e, consequentemente,
a sua “reconstrução” não depende de cópias completas da língua original
na qual foram escritas, mas a totalidade dos textos, inclusive em outros
idiomas, que possam ser comparados para uma reconstrução melhor do
texto autógrafo (original). Se dependêssemos apenas de textos, em grande
quantidade, e completos de papiros (material de escrita usado no período
anterior ao uso dos pergaminhos e o papel) para reconstruirmos qualquer
texto (históricos, filosóficos, religiosos etc.) da Antiguidade, colocaríamos
em risco toda a cultura antiga ocidental.
Nenhum livro conhecido pela humanidade tem a sua fidelidade textual
tão bem estabelecida, com base não apenas em textos em grego, mas tam-
bém em latim, copta, aramaico e as muitas citações da chamada patrística
antenicena.

Os evangelhos foram escritos somente no 2º século, como fruto


da criatividade das primeiras comunidades cristãs existentes.

Essa ideia largamente defendida no passado por muitos eruditos tem


sido atualmente descartada por ser insustentável à luz das pesquisas dos ma-

173
Em defesa da fé

nuscritos gregos. Um deles surgiu como fruto das pesquisas realizadas pelo
papirologista alemão Carsten Peter Thiede, que, com rigorosa pesquisa e
comparação de características do manuscrito por intermédio da paleografia,
datou o trecho de Mateus 26, encontrado no papiro Madalen (pertencente à
Universidade de Oxford), como sendo originário ainda da primeira metade
do 1º século. Teríamos então provas de que já havia um Evangelho tardio que
possivelmente fora escrito na forma como o conhecemos hoje, por testemunhas
oculares dos fatos ali narrados. Apesar de os resultados de suas pesquisas
terem sido publicadas desde a década de 1990, ainda não foi refutada defini-
tivamente, e os opositores, na verdade, preferem desconsiderá-la.
Parece-nos que a imposição de uma data posterior para a escrita dos
Evangelhos por parte de muitos eruditos é mais fruto de preconceito mo-
tivado pelo liberalismo teológico do que da análise das evidências históricas
e linguísticas (com a paleografia) de tais manuscritos antigos.

Ver respostas às questões deste tópico:


Os evangelhos que conhecemos hoje como canônicos
(inspirados) foram postos na Bíblia por influência do
imperador Romano Constantino no 4o século da nossa era.

Como podemos ter certeza de que a Bíblia


não foi alterada com o passar dos anos?

A Igreja católica durante muitos anos dominou o mundo e, sem


dúvida alguma, alterou o que se encontrava na Bíblia, para mani-
pular o mundo por meio da fé.

Se alguém tivesse a possibilidade de adulterar os escritos bíblicos para


seu próprio uso e exaltação, sem dúvida alguma, não só omitiria textos que
são contrários às suas próprias doutrinas, como também acrescentaria aqui-
lo que lhe fosse favorável doutrinariamente. Se a Igreja Católica Romana
teve essa intenção e poder, por que não removeu da Bíblia algumas doutri-
nas que são contrárias à fé católica?

174
C u rs o A po lo gético

1. A Bíblia ensina que existe apenas um único mediador entre Deus


e os homens (1Tm 2.5). A Igreja católica acredita na mediação dos
santos.
2. A Bíblia ensina que Maria era pecadora, pois somente um pecador
precisa de um Salvador (Lc 1.46-47). A Igreja católica acredita que
Maria nunca pecou.
3. A Bíblia ensina que Maria teve outros filhos além de Jesus (Mc
6.3). A Igreja católica afirma que Maria gerou apenas Jesus.
4. A Bíblia ensina que, após a morte, segue-se o juízo (Hb 9.27). A
Igreja católica acredita que é possível continuar a obra de purifi-
cação dos pecados, mesmo após a morte, para aqueles que não
morreram em pecado mortal.
5. A Bíblia ensina a salvação por meio da fé, somente (Ef 2.8-10). A
Igreja católica acredita na salvação por obras, além da fé (mesmo
após a morte: rezas e missas, por exemplo).

Se a Igreja católica fez alguma alteração nos escritos bíblicos, por que
não acrescentou novas doutrinas católicas à Bíblia? Por que tiveram de
acrescentar novos livros já conhecidos há séculos (os apócrifos) à Bíblia em
1546, no concílio de Trento, se podiam apenas ter ajustado a própria Bíblia
que já possuíam aos seus ensinos?

Os evangelhos que conhecemos hoje como canônicos (inspirados)


foram postos na Bíblia por infl uência do imperador romano
Constantino no 4º século da nossa era.

É bem verdade que a declaração final acerca dos livros canônicos do


NT só veio em 367 d.C., com Atanásio. Mas não devemos de forma alguma
pensar que a lista com os livros neotestamentários surgiu por ordem ou
influência do imperador romano Constantino, pois, séculos antes de Ataná-
sio e Constantino, muitos “pais da Igreja” (líderes da Igreja nos primeiros

175
Em defesa da fé

séculos do cristianismo) já haviam citado muitos desses livros como autori-


dade canônica para a Igreja cristã:

• Clemente de Roma, por volta do ano 95-97, citou como autoridade Mateus,
João, Romanos, 1 Coríntios, Efésios, 1Timóteo, Tito, Hebreus, Tiago e 2
Pedro;
• Inácio de Antioquia, por volta do ano 110, citou como autoridade Efésios,
Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Filemom;
• Policarpo de Esmirna, discípulo do apóstolo João, por volta de 110-150,
citou como autoridade Os quatro evangelhos, Atos, Romanos, 1 e 2 Co-
ríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
1 Timóteo, 1 Pedro e 1 e 2 João;
• Papias, discípulo de João, por volta de 130-150, citou o evangelho de João
e Apocalipse como autoridade;
• Irineu, por volta de 130-202, citou os livros de Mateus a Tito, além de
Hebreus, 1 Pedro, 1 e 2 João, Judas e Apocalipse.

Das 36.289 citações dos pais da Igreja, poderíamos montar todo o NT,
com a exceção de apenas 11 versículos. Além disso, o “Fragmento Murató-
rio”, datado de aproximadamente 170-175 d.C., traz 23 dos 27 livros do
atual NT. Apesar de Mateus e Marcos não serem mencionados na lista, pelo
fato de o fragmento se encontrar incompleto, Lucas é chamado de terceiro
evangelho, e João, de quarto, indicando assim a existência de dois evangelhos
anteriores à lista, aumentando, portanto, a lista para 23 livros neotestamen-
tários (21 mencionados e 2 implícitos).
Se tudo isso ocorreu séculos antes do imperador Constantino, que
viveu no 4º século d.C., como ele poderia influenciar a lista de livros que
deveriam ou não pertencer ao cânon?

Não posso acreditar na Bíblia, pois ela foi escrita por homens.

Em nenhum lugar na Bíblia é negado que ela foi escrita por homens,
pelo contrário (Rm 16.22). Porém, esses homens foram movidos pelo

176
C u rs o A po lo gético

Espírito Santo em sua composição (2Pe 1.21). Se tivéssemos de deixar de


crer na Bíblia por ela ter sido escrita por homens, então não poderíamos
acreditar no conteúdo de qualquer outro livro escrito (todos os livros que
conhecemos foram redigidos por homens), não poderíamos aprender nosso
próprio idioma (todas as gramáticas foram escritas por homens), não deve-
ríamos acreditar em nada dos telejornais (a maior parte do que é falado é
acompanhado por um texto escrito por homens), nunca deveríamos ler
qualquer jornal, revista ou panfleto. Será que alguém que declara não crer
na Bíblia, porque foi escrita por homens, não acredita, de fato, em nada
escrito pelos homens? Seria coerente com a razão essa posição?
A grande questão não repousa sobre ser ou não escrita por homens,
mas até que ponto o que ela afirma é verdadeiro e confiável; ou seja, quais
são as evidências de sua autoria divina.

Ver a resposta à pergunta neste tópico:


Que evidência possui a Bíblia de sua autoridade divina?

A Bíblia é um livro cheio de contradições.

A grande maioria das pessoas, quase 100%, que afirma ter a Bíblia
algum tipo de contradição nunca a leu, nem a estudou por completo. Essas
pessoas baseiam suas afirmações em revistas ou outras publicações precon-
ceituosas contrárias à Bíblia que foram lidas, e aceitam aquelas afirmações
como verdades absolutas sem ao menos examinarem as suas bases.
Antes de se afirmar existir uma contradição real na Bíblia, deve-se
examinar algumas possíveis causas de “aparentes contradições” (que não são
reais) como afirmadas por alguns críticos que não levam em conta sete
questões relevantes:

1. Antes de tentar harmonizar os textos, verifique se eles não possuem


algum tipo de discrepância por ter uma ou mais variantes textuais.
Uma obra indicada para tais consultas do texto do NT é o livro

177
Em defesa da fé

Variantes Textuais do Novo Testamento, de Roger L. Omanson


(SBB). Também o livro Origem e Transmissão do Texto do Novo
Testamento, de Wilson Paroschi (SBB), poderá auxiliá-lo(a) a com-
preender mais profundamente as questões relacionadas ao desen-
volvimento do texto canônico e suas controvérsias.
2. Nunca coloque em dúvida alguma referência bíblica em particular
por não compreendê-la completamente.
3. Estude o texto dentro de uma interpretação diretamente ligada ao
“contexto histórico e gramatical”.
4. Não baseie a sua pesquisa em “nenhuma tradução”. Consulte sem-
pre que possível o que diz as línguas originais (o texto que possuí-
mos é apenas uma tradução, e como tal possui limitações de
transmissão textual).
5. Em casos de aparente discrepância histórica (principalmente nos
evangelhos e livros históricos paralelos), estude cuidadosamente os
relatos semelhantes e tente harmonizá-los, levando em conta todos
os detalhes do relato e que toda narrativa histórica é lacônica, pois
nenhum relato de fatos ocorridos consegue descrever tudo o que
ocorreu no momento histórico relatado.
6. Procure estudar os textos que aparentam certa contradição com o
uso de bons comentários escritos por estudiosos, que acreditam na
harmonia das Escrituras Sagradas.
7. Lembre-se de que não devemos pôr em dúvida algum relato bíbli-
co por não ser comprovado por dados arqueológicos, pois ausência
de evidência não é evidência de ausência. A existência de Pôncio
Pilatos, por exemplo, só foi comprovada pela arqueologia em 1961,
quando foi encontrada uma pedra com um texto parcialmente
destruído que fazia menção a ele (a pedra era usada como degrau
de uma escada improvisada em Cesareia Marítima). A crucifixão
como método de suplício só foi comprovada pela arqueologia em
1967, quando foi encontrada uma ossada em Jerusalém de um
jovem que havia sido morto por meio desse terrível método de
suplício. A arqueologia possui muitas limitações como toda ciência.

178
C u rs o A po lo gético

8. Lembre-se de que a Bíblia é um livro divino escrito em linguagem


humana. E, como tal, possui, às vezes, uma linguagem limitada,
que deve ser interpretada dentro dessas fronteiras.

Após uma análise mais detalhada dos textos bíblicos seguindo esses
cuidados, certamente anularemos as maiores “discrepâncias” bíblicas.

No caso de o interlocutor demonstrar certo interesse pela questão das


aparentes contradições bíblicas, seria importante quem o está abordan-
do adquirir literaturas específicas sobre esse tema. A Enciclopédia de
Temas Bíblicos [Editora Vida] e o Manual Popular de Dúvidas, Enigmas
e “Contradições” da Bíblia [Editora Mundo Cristão] são obras indicadas
como auxílio.

Não creio na Bíblia porque não existe verdade absoluta.

Podemos categorizar a verdade em pelo menos três níveis: Inexistente,


Relativa* e Absoluta. Se alguém afirma que a verdade é “Inexistente”, então
poderíamos lhe perguntar se essa sua afirmação é mentirosa ou inexistente.
Em ambos os casos deveríamos então desconsiderar tal afirmação de que
verdade é “inexistente”, pois teríamos que categorizar de inexistente ou de

* Existem categorias de “verdades relativas”, como, por exemplo, quando alguém afirma
que uma maçã é gostosa e outro afirma que a maçã não é gostosa. Pois ”gosto” é uma
categoria de “verdade relativa”, mas não quer dizer que a verdade (seja de qualquer
natureza) é relativa. Apesar de existirem “verdades relativas”, nem toda a verdade é re-
lativa, assim como existem carros vermelhos (categoria de cor), mas nem todo carro é
vermelho.

179
Em defesa da fé

mentirosa a sua afirmação. Se afirmarmos que não devemos crer na Bíblia


por não existir “verdade absoluta”, então deveríamos também não crer
nesse tipo de declaração, pois se não existe “verdade absoluta”, tampouco
seria essa afirmação uma verdade absoluta. Se não existe uma verdade
absoluta, então não podemos esperar que a nossa afirmação, de não haver
absolutos, seja uma verdade absoluta! Se só podemos categorizar a verdade
nessas três formas, e as duas reivindicações são contraditórias (de inexistên-
cia e relatividade), não poderíamos acreditar que há verdade absoluta? Uma
vez que essas duas categorias anulam a si mesmas, não deveríamos rejeitá-las
e analisar as reivindicações bíblicas de uma forma não preconceituosa?

Ver resposta neste tópico à pergunta:


Que evidência possui a Bíblia de sua autoridade divina?

A Bíblia é um livro genocida.

O fato de a Bíblia mencionar casos de genocídio não a expõe favora-


velmente a tal prática. O genocídio nunca foi um padrão doutrinário ou uma
conduta orientada e estimulada pela palavra de Deus. A menção de casos
de genocídios na Bíblia não deve fazer de tal livro um livro genocida, assim
como a menção de outras práticas, como assassinato (Êx 2.11-14), estupro
(2Sm 13.1-14) e roubo (Js 7.10, 11) nas Escrituras não a faz corroborar tais
atos. Não existe um único texto bíblico que normatize a prática do genocí-
dio, mas textos descritivos onde tais atos são narrados, os quais não podem
ser considerados textos normativos (com uma ordenança a ser praticada
atualmente). Quando Deus ordenou a destruição de povos inteiros, não
estava autorizando definitivamente o genocídio, mas apenas orientando a
nação de Israel para eliminar os inimigos em guerra, e não permitir que a
sua conduta pecaminosa e repugnante servisse de armadilha aos israelitas.

Ver resposta à pergunta do tópico Guerra:


Por que Deus ordenou a guerra?

180
C u rs o A po lo gético

A Bíblia é um livro muito antigo que não possui utilidade prática


hoje.

Um dos fatos mais impressionantes estabelecidos pela Bíblia é a sua


fantástica atualidade em relação a sua análise detalhada do caráter humano
e suas fraquezas. Ela declara que a natureza humana é tendenciosa ao mal.
Cobiça (1Jo 2.16), egoísmo (Fp 2.21), amargura (Hb 12.15), justiça própria
(Lc 18.9-14), inimizades, idolatria, brigas, ciúmes, bebedices e inveja (Gl
5.19-21) são características indiscutivelmente enraizadas no ser humano,
desde sua mais tenra idade (Sl 51.5). E que pela fé em Cristo qualquer
pessoa pode ter o seu caráter mudado, e a sua natureza, transformada (Mt
11.28-30). Além disso, declara também que um dia todos os que servirem
ao Senhor viverão em um novo céu e uma nova terra de harmonia e paz
(Ap 21.1-7). Não é a paz um assunto atual, que a humanidade tanto busca?
Podemos crer que a Bíblia não é um livro com assuntos atuais se notarmos
estas características tão contemporâneas quando a lemos hoje? Os problemas
relacionados à natureza humana apresentados na Bíblia não são extrema-
mente atuais?

Ver resposta à pergunta posterior.

Que evidência possui a Bíblia de sua autoridade divina?

A Bíblia possui uma característica ímpar em relação a qualquer outro


livro religioso escrito no mundo. Nem o Alcorão, livro sagrado dos muçul-
manos, o Bhagavad Gita, livro sagrado dos hindus, ou qualquer outra lite-
ratura religiosa conhecida trazem profecias tão detalhadas que poderiam
confirmar a sua autoridade divina ou anulá-la. Somente um Deus pessoal e
conhecedor do futuro poderia conceder aos homens tal capacidade (Dn
2.20-22). Devemos lembrar que, quanto mais detalhes há em uma profecia,
mais difícil é lhe dar qualquer significado ou vermos o seu cumprimento

181
Em defesa da fé

integral. A Bíblia possui várias profecias riquíssimas em detalhes, proferidas


séculos antes do seu cumprimento, as quais indicam a sua autoridade divi-
na. Vejamos:

1. A Bíblia, no livro do profeta Isaías, afirmou 700 anos antes do


nascimento de Jesus Cristo ser a Terra uma esfera, quando o con-
ceito sobre sua forma ainda era o de uma terra plana (Is 40.22).
2. A Bíblia declarou que Jesus Cristo morreria crucificado 1.000 anos
antes do seu nascimento, quando a crucificação foi introduzida em
Israel somente no período do rei Alexandre Janeu, no 1º século
a.C. (Sl 22.7, 16).
3. A Bíblia previu por intermédio do profeta Isaías, 700 anos antes
de Cristo, que Jesus morreria entre dois ladrões e seria sepultado
por um rico (Is 53. 9, 12).
4. A Bíblia declarou 700 anos antes de Jesus nascer, por intermédio
do profeta Miquéias, o local exato do nascimento de Jesus, na
cidade de Belém, Efrata (Mq 5.2), mesmo que houvesse outra
cidade de Belém, na região de Zebulom (Js 19.15). Essa profecia
foi encontrada entre os escritos da comunidade Yahad do Mar
Morto (conhecido como manuscritos do Mar Morto), portanto
mais de cem anos antes do nascimento de Jesus Cristo.
5. A Bíblia menciona no livro do profeta Daniel, aproximadamente
600 anos antes de Cristo, a exata sequência dos reinos que surgiriam
para dominar o mundo antigo (Babilônico, Medo-Persa, Grego e
Romano), inclusive o do Anticristo, que ainda surgirá (Dn 2.27-46;
7.1-24).
6. A Bíblia declara, por meio do profeta Daniel, que viveu 600 anos
antes de Cristo, que Jesus nasceria e morreria 483 anos contados
a partir 445 a.C. (Dn 9.24-27).
7. A Bíblia previu aproximadamente em 2100 a.C. que o povo judeu
surgiria e ninguém nunca os conseguiria destruir, não obstante
muitas tentativas ocorressem, como a história secular claramente

182
C u rs o A po lo gético

comprova (Gn 12.1-3). Quantos povos antigos foram destruídos ao


longo dos séculos, os quais somente conhecemos por meio da ar-
queologia e da história? Mas o povo judeu continua existindo para
comprovar as promessas e exatidão das afirmações bíblicas.
8. A Bíblia previu com 500 anos de antecedência que Jesus seria
vendido por trinta moedas de prata, conforme disse o profeta Za-
carias (Zc 11.12-13).
9. A Bíblia descreveu perfeitamente o ciclo das águas 1.000 anos
antes do nascimento de Cristo (Ec 1.7). A mais antiga declaração
acerca desse ciclo, além do texto bíblico, é datada de 400 a.C.
10. A Bíblia, no livro de Jó, escrito por volta de 1600 a.C., declarou
existir um “buraco na galáxia”, no norte sideral. Esse fato foi con-
firmado em anos recentes pela astronomia (Jó 26.7).

Como profecias e afirmações tão detalhadas poderiam ser fruto de


mera coincidência ou da vontade humana?

Por que a Bíblia, no Velho Testamento, declara algumas coisas que


depois são “negadas” no Novo Testamento?

A Bíblia é fruto de um longo trabalho realizado durante 1.600 anos,


compreendendo vários períodos diferentes, nos quais Deus se comunicou
e se relacionou com os homens. Como as revelações e ordenanças de Deus
foram dadas de forma “progressiva” e “constante” até aproximadamente o
fim do 1º século, é compreensível entendermos que algumas revelações
dadas, que possuíam um caráter transitório, cumpriram suas funções e
perderam a sua autoridade diante de novas revelações escriturísticas poste-
riores dadas pelo Senhor Deus. As mudanças estão relacionadas ao caráter
transitório dos sistemas ou regimes determinados por Deus para comunicar-
-se com os homens (um código civil pode ser alterado para que outro melhor
reja determinados comportamentos de uma sociedade).

183
Em defesa da fé

Por exemplo, as leis de caráter dietético dadas nos dias do profeta


Moisés ao povo judeu (Lv 11.4-8, 10-20) perderam a autoridade que pos-
suíam durante o regime transitório da lei para outro estatuto superior por
meio de Jesus Cristo (Hb 8.6-13). Por essa razão, as Escrituras no NT de-
claram que todos os alimentos são aceitáveis e nenhum tipo de alimento
deve ser recusado por questões religiosas (1Tm 4.1, 3-5; Rm 14.1-3, 20).

Cada pessoa interpreta a Bíblia do seu jeito.

O fato de muitas pessoas interpretarem a Bíblia de várias maneiras não


deve ser motivo suficiente para a rejeitarmos completamente como palavra
de Deus. Alguns juízes podem interpretar certas leis de forma diferenciada,
mas isso nunca os conduziu à não aceitação de nossas leis em sua totalidade
por esse motivo. Assim, devemos tomar cuidado quando estudamos a Bíblia
e a sua correta interpretação (hermenêutica), para não cometermos erros
de entendimento em relação aos textos bíblicos. Vejamos alguns:

1. Levar em conta o contexto histórico (em que momento e circuns-


tância foi escrito o texto) e o gramatical (que significado possuía
aquela palavra quando foi escrita).
2. Sempre que uma palavra ou expressão parecer contraditória deve
ser consultado algum comentário do texto original (hebraico e
grego), pois todas as traduções bíblicas possuem limitações.
3. Lembrar que várias interpretações são possíveis em alguns textos
bíblicos, desde que elas não se contradigam com outros textos
encontrados nas Escrituras Sagradas (uma regra básica de herme-
nêutica é que a Bíblia interpreta a própria Bíblia).

Se as pessoas atentassem mais para essas regras de interpretação bí-


blica, não teríamos uma infinidade de interpretações absurdas da palavra
de Deus e, consequentemente, incredulidade por parte de alguns em rela-

184
C u rs o A po lo gético

ção às Sagradas Escrituras. Deveríamos condenar a autoridade da Bíblia por


causa da interpretação errônea de alguns?

Por encontrarmos na Bíblia frases proferidas por homens e pelo


próprio Satanás, poderíamos afirmar que a Bíblia não é totalmente
a palavra de Deus, mas, sim, que contém a palavra de Deus?

Várias vezes as Escrituras Sagradas são mencionadas como a palavra


de Deus de forma integral, e não parcial (Jo 10.35; 17.17; 1Ts 2.13). As
Escrituras Sagradas são divinamente inspiradas em sua totalidade (2Tm
3.16-17). O fato de encontrarmos na Bíblia citações de homens e do próprio
Satanás não deve ser suficiente para negarmos a mesma como a palavra de
Deus. Quando alguém cita a frase de um autor, várias vezes dizemos que
“fulano disse”, quando, na verdade, a frase não foi criada por ele, mas, sim,
por alguém posterior que foi citado. Da mesma forma, quando as Escrituras
mencionam as palavras de homens ou mesmo de Satanás, podemos dizer
que é a Palavra de Deus, pelo fato de estar sendo narrada em sua obra
inspirada. O registro é inspirado, não os personagens envolvidos nas narra-
tivas que compõem o texto. Lembrando que a inspiração é da obra e dos
autores enquanto escrevem, preservando-os de qualquer erro, quer seja
histórico, geográfico, científico ou de qualquer outra natureza. Quem dirigiu
os homens para que escrevessem a obra foi Deus, portanto, o produto final
é sua palavra (2Pe 1.20, 21).

* * *

Os espíritas kardecistas afirmam que a Bíblia foi altera-


da com o passar dos anos, e que, portanto, não podemos
confiar em suas declarações. Porém, quando lemos a
resposta à questão de número 625 do Livro dos Espíri-
tos, de Allan Kardec, encontramos a seguinte afirmação:

185
Em defesa da fé

“... A doutrina que ele [Jesus] ensinou é a mais pura expressão de sua lei [de
Deus], porque ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro
que já apareceu na terra”. E ainda no Evangelho Segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, na introdução IV (segundo parágrafo), é declarado que, assim
como só podemos conhecer as doutrinas de Sócrates por meio dos escritos
do seu discípulo Platão, Jesus, da mesma forma, nada escreveu e só podemos
conhecer as suas doutrinas por meio dos escritos de seus discípulos.
Portanto, algumas perguntas devem ser feitas aos nossos queridos
amigos espíritas kardecistas sobre essa questão:

1. Se a única forma de conhecimento que temos das doutrinas de


Jesus, segundo o próprio espiritismo, são os escritos de seus discí-
pulos (Os evangelhos de Mateus e João, pois até mesmo os evan-
gelhos de Marcos e Lucas, que não foram escritos por discípulos,
podem ser considerados confiáveis por terem sido autorizados por
pessoas ligadas ao mestre), como podem os espíritas kardecistas
rejeitar o que se encontra na Bíblia?
2. Por que no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo é citado o
profeta Isaías, o livro de Jó (Capítulo IV, parágrafo 12, 14) e os
evangelhos (Capítulo VII, parágrafos 3, 4), quando não creem na
Bíblia como palavra de Deus?
3. Se a Bíblia não é a palavra de Deus, por que creem na autoridade
de alguns textos do mesmo livro que rejeitam?
4. Qual é o meio de julgamento espírita para se determinar qual
texto contém ou não uma verdade divina, visto que não creem na
Bíblia em sua totalidade?
5. Se, segundo Allan Kardec, no livro O Evangelho Segundo o Espi-
ritismo (Cap. I, 4), Jesus veio também para cumprir as profecias
referentes ao seu nascimento, e essas profecias só se encontram na
Bíblia, por que rejeitá-la?

* * *

186
C u rs o A po lo gético

Os mórmons afirmam, no Livro de Mórmon, que foram tiradas


muitas coisas preciosas do evangelho do cordeiro pela Igreja ca-
tólica (1 Néfi 13.26-29).
Não existem provas documentais que demonstrem alguma
alteração proposital no NT ou nas demais escrituras bíblicas
feita pela Igreja católica. Mas existem provas de que o Livro
de Mórmon, desde a sua primeira edição em 1830 até hoje, passou por
cerca de 3.913 mudanças! Basta comparar as versões atuais com a primei-
ra versão de 1830. Algumas mudanças principais são:

1. Néfi 13.40 (edição de 1830) declara: “... o Cordeiro de Deus é o pai


eterno e o salvador”.
Néfi 13.40 (edição de 1981) declara: “... o Cordeiro de Deus é o
filho do pai eterno e o salvador”.
2. Néfi 11.18 (edição de 1830) declara: “... a virgem que vês é a mãe
de Deus, segundo a carne”.
Néfi 11.18 (edição de 1981) declara: “... a virgem que vês é a mãe
do filho de Deus, segundo a carne”.
3. Mosíah 21.28 (edição de 1830) declara: “... O rei Benjamim tinha
um dom de Deus”.
Mosíah 21.28 (edição de 1981) declara: “... O rei Mosíah tinha um
dom de Deus”.

O rei Benjamim, segundo a cronologia de o Livro de Mórmon, já havia


morrido por esta ocasião, por isso a Igreja teve de mudar o nome do rei
nas edições posteriores diante desse claro erro.

4. Éter 4.1 (edição de 1830) declara: “... por esta razão o rei Benjamim
as guardou”.
Éter 4.1 (edição de 1981) declara: “... por esta razão o rei Mosíah
as guardou”.

187
Em defesa da fé

5. O Livro de Mórmon faz menção de espadas, capacetes, escudos


(Alma 3.5; 43.18, 19; Éter 15.15), gados, vacas, carneiro, porcos,
elefantes (Éter 9.17-19), ferro, cobre, bronze (Jarom 1.8; 2 Néfi
5.15) no novo continente americano. Tudo o que é citado nesses
textos não existia na América anterior ao seu descobrimento em
1492, de acordo com um documento de duas páginas publicado
pelo conceituado Instituto Smithsoniano de história natural, de
Washington, em 1979.

O fundador do mormonismo, Joseph Smith Jr., declarou na introdução


de o Livro de Mórmon que “o Livro de Mórmon é o livro mais correto da
terra...”. Se o Livro de Mórmon é o livro mais correto da terra, como pode
possuir tantos erros e discrepâncias na primeira edição de sua obra, que,
segundo os mórmons, é fidedigno ao suposto original escrito em “egípcio
reformado”?

Ver a resposta à afirmação neste tópico:


A Igreja católica, durante muitos anos, dominou o mundo
e sem dúvida alguma alterou o que se encontrava
na Bíblia, para manipular o mundo por meio da fé.

O islamismo é um dos grupos religiosos que mais critica a


Bíblia por, segundo eles, possuir muitos erros e contradi-
ções. Os mulçumanos que defendem os erros na Bíblia
contradizem o seu próprio livro sagrado que afirma o
contrário. Vejamos alguns problemas do Alcorão com re-
lação à sua suposta superioridade e suas várias contradições:

1. A revelação de Deus, segundo o Alcorão, foi dada somente aos


descendentes de Isaque e Jacó (os judeus) e não aos Árabes, que
afirmam ser descendentes de Ismael (mesmo que não seja verdade

188
C u rs o A po lo gético

que todos os árabes sejam descendentes de Ismael). Como os ára-


bes dizem ter recebido uma revelação por meio de seu profeta
árabe (Mohamed [Maomé]), quando o próprio Alcorão afirma que
somente os judeus receberiam tal honra (29.27)?
2. A “Terra Santa” pertence aos judeus por ordem divina, segundo
o Alcorão (5.21), mesmo que os mulçumanos creiam hoje no
contrário.
3. Os livros de Moisés (Torah) e os Evangelhos são perfeitos segun-
do o Alcorão (5.43-48; 10.94), pois as palavras de Deus são inal-
teráveis (6.34; 10.64). Os mulçumanos, porém, defendem o con-
trário, afirmando que esses livros, assim como toda a Bíblia, foram
adulterados.
4. O Alcorão declara que o faraó que perseguiu os israelitas no Egito
foi poupado com vida (10.90-92). Porém, o mesmo livro afirma que
o faraó do Egito morreu afogado (28.38-40; 17.103).
5. O Alcorão afirma que o mundo foi criado em um piscar de olhos
(54.49, 50). Depois afirma que o mundo foi criado em dois dias
(41.9, 12), ou em seis dias (7.54; 10.3; 32.4).
6. O Alcorão declara que a terra foi criada primeiro, antes do céu
(2.29), depois declara o contrário (79.27-30).

Além dessas claras discrepâncias encontradas no livro mulçumano, temos


também o fato largamente conhecido pelos estudiosos do Islã de que
o Alcorão, como encontrado hoje, é fruto das mudanças feitas no livro
por ordem de Otman, o terceiro califa, para padronizar um único texto
do livro sagrado do Islã.

189
Em defesa da fé

A CPB (Casa Publicadora Brasileira), editora oficial da


IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia), publicou em
2012 o livro Crenças Populares, do escritor ASD Samuele
Bacchiocchi, negando a inerrância bíblica, e desvincu-
lando a legitimidade espiritual do texto bíblico a sua
narrativa inerrante. Para o autor, os escritores bíblicos
cometeram vários erros na composição dos textos, tanto no AT quanto no
NT. Sobre uma das várias supostas contradições encontradas na Bíblia, ele
declara: “No entanto, em parte alguma os escritores bíblicos alegam que
todas as suas declarações são infalíveis. A razão disso é que, para eles, os
acontecimentos ou as mensagens principais eram mais importantes do que
seus detalhes circunstanciais”.
Um exemplo será suficiente para ilustrar esse ponto. Marcos nos diz
que, ao enviar os discípulos em missão evangelística, Jesus lhes permitiu
levar um bordão: “ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto
um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro” (Mc 6.8). No entanto,
Mateus e Lucas relatam Jesus proibindo especificamente o uso de bordão:
“Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos,
nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de bordão”
(Mt 10.9)... Fica evidente que os dois relatos são contraditórios e que pelo
menos um dos Evangelhos está equivocado. Mas essa incoerência não des-
trói a confiança no evento relatado, a saber, Cristo comissionou os discípu-
los. Ao que parece, para os autores dos Evangelhos, os eventos eram mais
importantes do que os detalhes” (p. 35).
As afirmações de Samuele Bacchiocchi são extremamente equivocadas
por algumas razões. Por exemplo, ele ignora o fato de que o texto de Mateus
não estava proibindo alguém de carregar um bordão, mas carregar mais de
um, evitando assim qualquer suposta autodependência na missão para a
qual tinham sido enviado pelo Senhor, que suprimiria suas necessidades no
caminho. Podemos chegar a essa conclusão também pela citação das san-
dálias, que em Mateus são proibidas, enquanto em Marcos são requeridas
(Mt 10.10 comp. Mc 6.9). Mateus, portanto, estaria mencionando que não

190
C u rs o A po lo gético

se deveria levar um bordão a mais do que o que já possuíam. Enquanto


Marcos está apenas afirmando que deveriam levar apenas um único bordão
(Mateus menciona também outros excedentes que não deveriam ser carre-
gados também no verso 10). Além disso, o Manual de regras de fé da IASD
(Nisto Cremos) declara que os ASD devem tanto crer na infalibilidade das
Escrituras como reconhecer que aparentes contradições são fruto da inca-
pacidade humana de compreender a verdade revelada em sua plenitude.
Sobre isso é dito:

“As Escrituras Sagradas, o Antigo e o Novo Testamentos, são a


Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina por intermé-
dio de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao serem
movidos pelo Espírito Santo. Nesta Palavra, Deus transmitiu ao
homem o conhecimento necessário para a salvação. As Escrituras
Sagradas são a infalível revelação de Sua vontade...” – Crenças
Fundamentais, 1 (p. 12 [itálico acrescentado]);

“A Bíblia que hoje estamos lendo é a mesma que as pessoas liam


há milhares de anos. Isso confirma a fidedignidade e confiabilidade
das Escrituras como sendo a infalível revelação da vontade de
Deus” (Ibid., p. 23 [itálico acrescentado]);

“A Exatidão das Escrituras. Assim como Jesus “Se fez carne e


habitou entre nós” (João 1:14), foi a Bíblia oferecida em linguagem
humana para que pudéssemos compreender suas verdades. A
inspiração da Bíblia garante sua confiabilidade... Evidências re-
veladas pela arqueologia bíblica têm ajudado a demonstrar que
muitos supostos erros representavam apenas uma compreensão
equivocada dos eruditos. Por vezes os problemas foram causados
porque a leitura dos antigos costumes bíblicos foi efetuada à luz
dos costumes atuais do Ocidente. Importante é reconhecer, pois,
que os seres humanos podem compreender apenas parcialmente,

191
Em defesa da fé

e que sua visão das operações divinas é necessariamente limitada.


Devemos ser muito cuidadosos em não permitir que supostas
discrepâncias minem nossa confiança nas Escrituras. Muitas vezes
elas representam apenas nossa incapacidade de ver o quadro total
diante de nossos olhos” (Ibid., pp. 24, 25 [itálico acrescentado]).

Em quais conceitos devem os ASD confiar? Acreditar na inspiração de


um texto que contém erros humanos, ou em uma inspiração que teria pre-
servado a mente humana de tais erros? Se existiram erros de narrativa, que
demonstram que o texto bíblico está equivocado em várias citações, por que
não poderíamos acreditar que o texto está cheio de conceitos equivocados
doutrinariamente? Um texto que não foi preservado de erros de citação
poderia ter sido preservado de falsas concepções (ideias) por parte dos
autores? Como poderíamos acreditar completamente nas ideias de homens
que falharam ao narrar uma mensagem inspirada da parte de Deus, colo-
cando seus conceitos falíveis? A tentativa de atribuir erros à Bíblia e tentar
manter sua credibilidade e veracidade, a partir dessa defesa, cria dificulda-
des mais insuperáveis do que negar sua completa inspiração.
Se essa interpretação de Samuele Bacchiocchi é falsa, como poderia a
CPB publicar uma obra que contradiz totalmente o Nisto Cremos (que é o
“credo” oficial da IASD)? As crenças, como apresentadas no Nisto Cremos,
podem então ser descartadas como apenas meras opiniões, e não verdades
doutrinárias a serem seguidas pelos fiéis?

Ver as respostas às perguntas e afirmações deste tópico:


Como podemos ter certeza de que a Bíblia
não foi alterada com o passar dos anos?

A Bíblia é um livro cheio de contradições.

Que evidência possui a Bíblia de sua autoridade divina?

192
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

BÍBLIA

1. Como definimos a Bíblia?

2. Qual a diferença entre as Bíblias católicas e evangélicas?

3. Cite pelo menos três ensinos contrários às Escrituras apresen-


tados nos livros apócrifos.

4. Por que encontramos os apócrifos na LXX (Septuaginta)?

5. Foi o cânon das Escrituras definido nos concílios da Igreja?


Explique.

6. Com a citação de Judas 14, podemos comprovar a inspiração do


apócrifo de Enoque? Explique.

7. Como podemos provar que a Bíblia não foi alterada através do


tempo?

8. Existem provas reais de que Moisés foi o autor do Pentateuco?


Explique.

9. As chamadas “variantes textuais” desqualificam a Bíblia como


palavra de Deus? Explique.

10. Que evidência possui a Bíblia de sua autoridade divina?

193
PROVA – BÍBLIA

1. A diferença existente entre as versões bíblicas católicas e evangélicas foram


finalmente estabelecidas no:
a) Concílio de Éfeso, em 431 d.C.
b) Concílio de Jâmnia, em 90 d.C.
c) Concílio de Hipona, em 393 d.C.
d) Concílio de Trento, em 1546 d.C.

2. Entre alguns livros da LXX que não foram introduzidos na Bíblia católica estão:
a) 1 Macabeus e Judite.
b) 2 Macabeus e Baruch.
c) Judas e Judite.
d) 4 Macabeus e Odes de Salomão.

3. O Livro de Enoque não pode ser considerado canônico porque:


a) Não podemos defender a canonicidade de um livro pelo simples fato de ter sido
citado no texto bíblico.
b) Os apóstolos não o recomendavam.
c) Não foi escrito por Enoque.
d) Enoque nunca existiu.

4. Entre as razões para acreditarmos na autoria mosaica do Pentateuco estão:


a) A tradição e a linguagem mosaica.
b) A escrita hebraica e as declarações de Jesus.
c) As condições climáticas apresentadas, a descrição da fauna e flora e o fato de
Moisés ter sido criado no grande potencial cultural da época.
d) As descrições geográficas, as descrições da fauna e flora e tradição judaica.

5. O texto que demonstra o fato de o Evangelho de Mateus ter sido escrito ainda
no 1º século é conhecido como:
a) Códice Vaticano.
b) Códice Sinaítico.
c) Papiro Madalen.
d) Fragmento Muratório.

194
6. Apesar de a Igreja católica ter influenciado e dominado o mundo durante muito
tempo, não podemos declarar que ela tenha adulterado a Bíblia porque:
a) As doutrinas católicas se harmonizam completamente com as doutrinas bíblicas.
b) A Bíblia contém textos que não se harmonizam com as doutrinas católicas.
c) A Igreja católica não se importa em harmonizar as suas doutrinas com as da
Bíblia.
d) A Igreja católica não crê na Bíblia.

7. Podemos declarar que o imperador romano Constantino não determinou a


lista dos livros canônicos da Bíblia porque:
a) Não existem livros canônicos.
b) Constantino não foi imperador romano.
c) Tanto os pais da Igreja como o Fragmento Muratório já mencionavam os livros
muito antes de Constantino.
d) Somente Papias e Inácio de Antioquia os mencionaram como canônicos.

8. O fato de a Bíblia ter sido escrita por homens não a desqualifica como autori-
dade espiritual porque:
a) Todos os escritos conhecidos por nós também são escritos por homens.
b) Ela foi escrita em línguas usadas somente para esse fim.
c) Alguns escritos são espirituais, e é nessa categoria que se encontra a Bíblia.
d) Não existem escritos completamente inspirados.

9. Os tipos ou níveis de verdade são:


a) Absoluta e Inexistente.
b) Absoluta, Inexistente e Relativa.
c) Inexistente e Relativa.
d) N.R.A.

10. Existe clara contradição e rejeição à doutrina da inerrância bíblica entre:


a) Adventistas do Sétimo Dia, Mórmons e Espíritas.
b) Batistas, Mórmons e Testemunhas de Jeová.
c) Presbiterianos e Adventistas do Sétimo Dia.
d) Espíritas Kardecistas e Mórmons.

195
Em defesa da fé

BoDe eMiSSÁrio

DEFINIÇÃO

Um dos dois animais sobre o qual após lançar-se sorte durante o dia do
perdão (Yon Kippur) era trazido vivo diante do sumo sacerdote e, simboli-
camente, removia os pecados da nação de Israel, carregando-os figurada-
mente para o deserto (um local ermo ou desolado) de acordo com as Escri-
turas (Lv 16.1-10).

O bode emissário simbolizava Satanás, que terá os pecados do


povo de Deus lançado sobre si para remoção do pecado (Lv 16.21).

Apesar de essa interpretação ser advogada por alguns, ela é totalmente


impossível de ser defendida à luz do contexto em que aparece nas Escrituras
Sagradas. Tanto a versão mais antiga da Bíblia (LXX) como outras versões
gregas e latinas posteriores (Vulgata, versões gregas de Teodócio e Símaco)
traduziram a expressão como “o bode que se vai” ou “o cabrito que será
mandado embora”, indicando apenas o ato de remoção simbólica do peca-
do da nação para um lugar distante, como ocorria no ritual de purificação
de uma casa considerada imunda ou contaminada (Lv 14.52-54). O ritual
ali representado tem um forte paralelo com a ação de Deus na remoção do
pecado de culpa do pecador arrependido (Sl 103.12). Além disso, a inter-

196
C u rs o A po lo gético

pretação da expressão Azazel (bode emissário) como uma referência a um


demônio se encontra no livro apócrifo de Enoque (8.1; 10.4), não sendo,
portanto, uma interpretação baseada nos livros canônicos (inspirados), os
quais não apresentam de forma alguma a explicação desse tipo em Satanás
no NT, apresentando-o como um suposto antítipo do referido texto. A cria-
ção da ideia de um demônio que peregrinava pelo deserto em forma de um
bode preto e peludo é apenas um mito fruto apenas da superstição produ-
zida durante a Idade Média, não possuindo nenhuma relação, portanto, com
a revelação bíblica.
Os dois bodes que eram trazidos vivos diante do sumo sacerdote eram
tanto considerados “oferta pelo pecado” como “expiação dos pecados” (Lv 16.
5,10). Se um dos bodes simboliza Satanás, como poderia possuir esses dois
atributos? Como o diabo pode ser “oferta pelo pecado” ou meio de “expia-
ção de pecados”? Acreditar nessa interpretação é atribuir a Satanás algo
tributado somente a Cristo, pois é Ele quem remove ou leva embora os
pecados de culpa daqueles que se entregam a Deus confiando em seu sa-
crifício por nós (1Pe 2.24; 1Jo 3.5).

O bode emissário não pode ser um símbolo de Cristo porque o


texto bíblico afirma que um bode era para o senhor e o outro para
Azazel, demonstrando, assim, oposição entre os dois seres (LV 16.8).

O fato de haver no texto hebraico a expressão “para o Senhor” e “para


Azazel” não possui suporte suficiente para comprovar que sejam dois seres
distintos e antagônicos. No ritual de purificação de uma casa se fazia tam-
bém, além de sacrifício, o lançamento de uma ave viva para fora da cidade
como símbolo de afastamento da impureza da casa (Lv 14.50-53). A expres-
são “para Azazel” não poderia ser usada para comprovar a distinção entre
os tipos ali mencionados, pois tanto o sacerdote que imolava o bode como
o bode sacrificado simbolizavam Cristo, que seria feito como sacrifício no
futuro em prol dos pecadores perdidos. Mas o bode emissário deveria ser

197
Em defesa da fé

“para Satanás” ou ele próprio simbolizava Satanás? O bode deveria ser para
Azazel (símbolo de Satanás), ou ele já simbolizava Satanás?
Mais uma vez, percebemos que o ritual em sua totalidade só poderia
ser um símbolo tanto do sacrifício por nós na cruz (Is 53.12) quanto o afas-
tamento do pecado de culpa que possuíamos antes de crermos em Cristo
Jesus (Sl 103.12).

O bode emissário não pode ser considerado um sacrifício de ex-


piação porque ele não tinha o seu sangue derramado, e sem der-
ramamento de sangue não há remissão de pecados (HB 9.22).

O texto sobre o qual se faz referência em Hebreus 9.22 é Êxodo 24.6-8


e está mencionando os sacrifícios voluntários oferecidos por alguns jovens
dos filhos de Israel ao Senhor por ocasião da aceitação do primeiro testa-
mento (aliança mosaica), e não tem relação alguma com os sacrifícios orde-
nados pela lei mosaica. Aliás, o próprio texto de Hebreus indica que “qua-
se todas as coisas” se purificam com sangue, e não que todas as coisas se
purificam com sangue. Ademais, o texto de Levítico 16.1-10 indica que
ambos os bodes eram oferecidos por oferta pelo pecado e que, portanto,
eram meios de expiação perante toda a nação de Israel (v. 5, 10). Ambos os
bodes, e não apenas o que era imolado! Satanás poderia ser considerado
“uma oferta pelo pecado”? Claro que não!
Ainda no mesmo livro de Levítico percebemos que existiam ofertas de
expiação que não exigiam o uso de sacrifício com sangue (5.11-13).
Percebemos ainda que, apesar do verso 20 do capítulo 16 de Levítico
indicar que a aspersão do sangue do primeiro bode fazia expiação pelo
santuário, o ritual só era completado após a confissão dos pecados de Isra-
el sobre o segundo bode que levava os pecados da nação, realizando assim
a expiação completa dos filhos de Israel (v. 21, 22). Se o sacrifício do pri-
meiro bode já simbolizasse a expiação completa dos pecados de culpa da
nação de Israel, então a confissão deles sobre a cabeça do segundo bode se

198
C u rs o A po lo gético

fazia desnecessária, visto que, antes da confissão, já teriam sido perdoados.


Podemos alcançar perdão sem a confissão de nossos pecados? Portanto,
apenas o ritual completo realizava a completa expiação dos filhos de Israel.

A palavra “expiação” usada no texto de Levítico 16 com relação


ao bode emissário não possui o significado de perdão mediante
sacrifício, mas, sim, levar a responsabilidade dos pecados que ins-
tigou alguém a cometer.

Acreditar nessa redefinição da expressão bíblica “expiação” demonstra


uma completa tentativa de fugir da realidade de que os dois bodes simbo-
lizavam os dois lados do perdão de Deus aos pecadores (sacrifício substitu-
tivo, remoção da culpa) por ocasião da morte de Cristo em prol dos peca-
dores arrependidos. O grande problema com essa definição é que não
encontramos em NENHUM texto em toda a Bíblia esse significado para
expiação. Se nenhum texto bíblico apresenta essa definição para expiação,
por que acreditar nesse mito exegético?

* * *

Tanto os adeptos da Igreja local de Witnees Lee (Lições


da verdade, Nível um, p. 126) quanto os Adventistas do
Sétimo Dia (O grande conflito [edição condensada], p.
371) defendem a simbologia do bode emissário como
uma referência a Satanás.
O escritor adventista Arnaldo B. Christianini, em
seu livro publicado pela CPB (Casa Publicadora Brasileira), Sutilezas do
Erro (p. 30), declara que os ensinos de Ellen G. White, Profetisa Adventis-
ta, não transmitem nada de novo na doutrina bíblica, mas apenas a esclare-
ce e confirma. Se isso fosse verdade, como poderia Ellen G. White ensinar
tal doutrina blasfema e antibíblica? Podemos realmente considerá-la profe-
tisa de Deus?

199
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

BODE EMISSÁRIO

1. De acordo com as Escrituras, o que é o “bode emissário”?

2. Por que interpretam alguns que o “bode emissário” simboliza


Satanás?

3. Quais as implicações teológicas em aceitar o bode emissário


como um tipo de Satanás em frente do papel expiatório de
Cristo na cruz pelos pecadores?

4. Quem são os principais propagadores desse ensino?

5. Por que esse ensino desqualifica o papel de qualquer suposto


profeta que o professar?

200
AVALIAÇÃO – BODE EMISSÁRIO

1. Segundo as Escrituras, o bode emissário era apresentado vivo perante o Senhor


no(a):
a) Páscoa.
b) Yon Kippur.
c) Dia da Dedicação.
d) Ano-Novo.

2. O bode emissário era trazido vivo perante:


a) O sacerdote.
b) O povo arrependido.
c) Arão.
d) O sumo sacerdote.

3. Um grande erro interpretativo seria o de atribuir ao bode emissário a represen-


tação:
a) De Satanás.
b) De Jesus.
c) Do Senhor.
d) De Yavé.

4. A LXX traduz Azazel como:


a) O cordeiro sacrificado.
b) O bode do perdão.
c) O bode que se vai.
d) O animal do sacrifício.

5. O livro apócrifo que menciona a ideia de Azazel como sendo um demônio é o


livro:
a) De Enoque.
b) De Baruc.
c) Dos Doze Patriarcas.
d) De Macabeus.

201
6. Se Satanás é simbolizado pelo bode emissário, então Satanás seria aquele que:
a) Carregaria seus pecados e seria destruído.
b) Carregaria os pecados dos salvos.
c) Carregaria a culpa dos pecados dos demônios.
d) Carregaria o pecado daqueles que já morreram.

7. Outro ritual que indicava a remoção da impureza, além do bode emissário, era:
a) Da purificação de uma casa.
b) Da purificação das águas.
c) Da purificação dos animais sacrificados.
d) Da purificação do tabernáculo.

8. O ritual de expiação do dia do perdão só era completo quando:


a) O primeiro bode era morto.
b) O sangue era aspergido no santíssimo.
c) Os pecados removidos simbolicamente eram levados pelo emissário.
d) Os pecados eram confessados sobre o emissário.

9. O sacrifício do dia do perdão simbolizava:


a) O sacrifício substitutivo e a remoção da culpa.
b) O perdão do pecado de todos os pecadores.
c) A restauração de todas as coisas.
d) N.R.A.

10. Entre os grupos religiosos que defendem a simbologia entre Satanás e o bode
emissário estão:
a) As Testemunhas de Jeová e a Igreja local de Witness Lee.
b) Os Adventistas e a Igreja local de Witness Lee.
c) Os Adventistas e os Mórmons.
d) Respostas a e c.

202
C u rs o A po lo gético

céu

DEFINIÇÃO

Local central da habitação de Deus e a extensão invisível do seu domínio


(Mt 12.50). O céu (Hb. shamayim ou Gr. ouranos) é representado nas Es-
crituras de três formas: atmosférico (Ouranos – Gn 1.20), espacial (Mesorâ-
nios – Gn 1.17) e celestial (Eporânios – Is 66.1).

O céu é tanto o lugar para onde o nosso Senhor ascendeu (At 1.9-11) como
o lugar para onde os salvos irão após o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.16-17)
e de onde virá o Senhor Jesus para julgar o mundo (Mt 16.26-27).

A Bíblia declara que para o céu só irão 144 mil escolhidos da terra
(Ap 7.4-8; 14.1-3)?

Não existe nenhuma base bíblica para afirmarmos que somente 144
mil irão para o céu. O próprio contexto de Apocalipse desfaz essa concepção
equivocada por parte de alguns, quando declara que tanto os 144 mil quan-
to o outro grupo (“a grande multidão” – Ap 7.9, 14-15) estará “diante do
trono” e diante do cordeiro (Ap 7.9; 14.3). A expressão grega que aparece
em ambos os textos para se referir ao local em que estão é a mesma gra-
maticalmente (Gr. enópiom – “diante de”), e o contexto não nos permite

203
Em defesa da fé

acreditar que um local é literal, e o outro não. Além disso, Apocalipse 7.15
afirma que o outro grupo (a grande multidão) adora a Deus em seu santuá-
rio, e o santuário de Deus se encontra no céu, e não na terra, de acordo
com o livro de Apocalipse (11.19). Temos pelo menos outro texto bíblico
no livro de Apocalipse que retrata um grupo que não é os 144 mil estando
no céu (Ap. 19.1).

Por que Davi não foi para o céu após a sua morte (At 2.34)?

As Escrituras Sagradas afirmam no AT que, antes da morte e ascensão


do Senhor Jesus aos céus, todos os homens piedosos que serviram a Deus
no passado, inclusive Davi, foram para o “mundo espiritual” (Hb. sheol e
Gr. hades), onde aguardavam a “transferência” desse local para os céus após
a ascensão de Cristo ao reino celestial, como profetizava o livro dos Salmos
(Sl 68.18 comp. Ef 4.7-9). Por isso, muitos homens piedosos desejaram ir
para esse local por ocasião de sua morte (Jó [Jó 14.13]; Jacó [Gn 37.35];
Jonas [Jn 2.1-6] e Jesus [Sl 16.10] – ver At 2.23-27]). Aquele era um local
dividido em dois “compartimentos”, onde havia o “seio de Abraão ou paraí-
so” (onde ficavam os justos) e o local de tormento (onde ficavam os ímpios),
como demonstra claramente a história do rico e Lázaro narrada em Lucas
(Lc 16.19-31), e como os judeus do primeiro século descreviam.

Para informações complementares, ver o tópico Alma:


A história do rico e Lázaro é apenas uma parábola e
não retrata a literalidade do que ocorre após a morte.

Passaremos a eternidade no céu?

As Escrituras Sagradas fazem diferenciação entre estar no céu imedia-


tamente após a morte (Fp 1.23 – uma dádiva concedida somente aos salvos
em Cristo), após o período chamado de “arrebatamento” (1Ts 4.17), ou no
estado eterno (Ap 21.1-8). Quando a Bíblia declara que os “mansos herda-

204
C u rs o A po lo gético

rão a terra” (Sl 37.11), ela está mencionando um período transitório de


tempo que os justos desfrutarão nesta terra na qual vivemos antes de se
tornarem participantes da eternidade (um milênio literal). O estado eterno
é a consumação de todo o plano de Deus em relação aos que o amam e lhe
são obedientes, mas esse estado não se restringe somente ao céu. A Bíblia
declara de forma inequívoca que a eternidade será tanto em um “novo céu”
como em uma “nova terra”, e não no céu somente (2Pe 3.12-13).

Por que Jesus declarou que, apesar de João Batista ser o maior
entre os nascidos de mulher, ele era menor em relação aos que
estavam no céu (Mt 11.11)?

João Batista ocupava uma posição proeminente em relação a todos os


outros profetas que o Senhor Deus havia enviado como seus mensageiros
e arautos (Lc 16.16), sendo, inclusive, o único profeta mencionado no NT
a ser profetizado no AT (devemos lembrar que João viveu ainda sob o an-
tigo concerto, apesar de ter a sua história mencionada no NT – Gl 4.4, 5),
além do Senhor Jesus (Ml 4.5, 6 comp. Mt 17.11-13), por isso Jesus profe-
riu tal declaração a seu respeito em (Mt 11.11).
O motivo pelo qual João foi considerado o menor em relação aos que
estavam no “reino dos céus” foi o fato de que naquela ocasião, além de
Deus, somente os anjos habitavam no céu, diante do Senhor, e a raça hu-
mana é inferior a esses seres por ter sido feita menor, e o “menor” anjo era
maior do que João (Sl 8.4, 5).

Ver resposta à segunda pergunta deste tópico:


Por que Davi não foi para o céu após a sua morte (At 2.34)?

Jesus foi imediatamente aos céus após a sua morte (Lc 23.43)?

Não. Apesar de Jesus ter usado a palavra “paraíso” em relação ao


lugar para onde ele iria juntamente com o ladrão arrependido após a sua

205
Em defesa da fé

morte (Lc 23.43), Ele não tinha em mente a ideia de ir para o céu na-
quela ocasião, visto que, três dias após ter feito a promessa ao ladrão na
cruz, Ele, ao aparecer ressuscitado, afirmou a Maria Madalena que não
havia ainda subido aos céus (Jo 20.17-18). O contexto bíblico nos informa
por meio da Epístola de Pedro (1Pe 3.18-20) que, após a morte do Senhor,
Ele foi até o mundo dos mortos (Gr. hades) anunciar algo que não sabe-
mos do local dos justos, aos ímpios (que era separado por um grande
abismo intransponível) denominado “seio de Abraão” ou “paraíso” pelos
judeus da época (Lc 16.19-26). O fato de Jesus ter dito: “Pai, em tuas
mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46), não quer dizer que Ele ime-
diatamente estava indo ao céu naquela ocasião. O salmista Davi usa a
mesma expressão sem, contudo, acreditar que naquele momento estava
partindo para o céu, mas, sim, que depositava sua vida sob o domínio e
o cuidado de Deus (Sl 31.5). Essa expressão é simplesmente uma evoca-
ção pela proteção divina.
Depois de sua ressurreição (quando retornou do mundo espiritual),
Jesus permaneceu por um período de 40 dias entre os seus apóstolos e
somente depois ascendeu aos céus (At 1.3, 9-11).

Ver resposta à segunda pergunta deste tópico.


Por que Davi não foi para o céu após a sua morte (At 2.34)?

Se a intenção de Deus era que o homem vivesse na terra, por que


desejar ir para o céu (Gn 1.28-29)?

A promessa de uma morada celestial para os salvos em Cristo não é


baseada em um capricho humano de desejar ir para os céus, pois o próprio
Senhor Jesus prometeu essa dádiva a todos os que cressem nele, quando
declarou que a sua vontade era que onde Ele estivesse também estivessem
não só os apóstolos, mas “todos” aqueles que o Pai o havia dado para que
vissem a sua glória (Jo 17.18-20, 24). Deus desejava (e ainda deseja) muitas

206
C u rs o A po lo gético

coisas boas para o ser humano que criou, mas esse homem desviou-se des-
tes objetivos quando pecou (Ec 7.29), confirmando a necessidade de Deus
manifestar um novo pacto com o sangue de Cristo (1Co 11.25), com espe-
rança não somente de um reino transitório terreno (durante o “milênio” – Sl
37.11), mas também celestial (Ap 19.1). As Escrituras Sagradas afirmam que
o próprio Abraão esperava a cidade celestial, não apenas a conquista de uma
possessão terrena (Hb 11.8-16).

Ver o tópico Terra:


A terra nunca será destruída, porque Deus a
fez para durar para sempre (Ec 1.4; Sl 104.5).

Os salvos do Antigo Testamento iam para o céu?

Ver resposta à segunda pergunta deste tópico:


Por que Davi não foi para o céu após a sua morte (At 2.34)?

A vida celestial, apresentada no Novo Testamento, é uma esperança


para todos os cristãos?

Sim. Quando lemos a Bíblia em todo o seu contexto no NT, notamos


uma promessa celestial para todos os que creem verdadeiramente em Cristo.
Jesus declarou que “todos” os que lhe foram dados pelo Pai (não só os após-
tolos) estariam com Ele para sempre onde Ele estivesse (Jo 17.18-20, 24).
E as Escrituras declaram que estaremos com o Senhor na eternidade, tanto
em um novo céu como em uma nova terra (Ap 21.22-26).

Ver resposta à primeira pergunta deste tópico:


A Bíblia declara que para o céu só irão 144 mil
dos escolhidos da terra (Ap 7.4-8; 14.1-3)?

207
Em defesa da fé

Jesus fez menção de um pequeno rebanho que também são as


ovelhas do seu aprisco, referindo-se a um grupo seleto que irá
para o céu, enquanto o outro ficará na terra (Lc 12.32, Jo 10.16).

A comparação que Jesus fez com os que o seguia com um “pequeno


rebanho de ovelhas” (Lc 12.32; Jo 10.16) não possui relação alguma com
uma suposta classe diferenciada que habitará nos céus, enquanto outra
classe maior (“as outras ovelhas” – Jo 10.16) estará na terra. O próprio Se-
nhor Jesus declarou que os salvos seriam poucos em comparação com a
multidão de perdidos (Lc 13.23-25), e é por isso que Ele chama aquele
grupo de salvos de “pequeno rebanho [de fiéis]”.

Ver resposta à primeira pergunta deste tópico:


A Bíblia declara que para o céu só irão 144 mil
dos escolhidos da terra (Ap 7.4-8; 14.1-3)?

Se, após a morte, os salvos vão imediatamente para o céu em


espírito, para que aguardar a ressureição e o arrebatamento?

A Bíblia afirma algumas vezes que os salvos em Cristo, por ocasião de


sua morte, comparecem imediatamente à presença do Senhor (Fp 1.23-24;
Ap 6.9-11). Os salvos que estão em espírito no céu, sem ainda receberem
um corpo glorificado na ressurreição, ainda não são participantes de toda a
plenitude da salvação adquirida em Cristo, pois terão de receber um corpo
semelhante ao do Senhor, no qual não há mais a “corrupção do pecado” que
tanto nos limita (1Jo 3.2). A morte ainda tem de ser vencida, como o último
inimigo, por ocasião da ressurreição dos corpos dos santos no arrebatamen-
to da Igreja (Rm 8.10-11, 23-24; 1Co 15.25-26, 53-55).
A Bíblia declara que os espíritos dos salvos virão com o Senhor Jesus
por ocasião da ressurreição de seus corpos, em sua companhia (1Ts 4.14).
Se não estivessem com o Senhor nos céus, como poderiam vir em sua
companhia?

208
C u rs o A po lo gético

Não devemos confundir o período de estada parcial no céu (em espí-


rito após a morte [2Co 5.6-8]) com o período após nossa glorificação à se-
melhança do corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.20,21; 1Jo 3.2), visando à
habitação no novo céu e na nova terra para toda a eternidade (Is 66.22).

Ver o tópico Morte:


Na morte existe recordação da vida terrena?

Tivemos uma existência pré-mortal nos céus antes de virmos à


terra, assim como Jeremias teve (Jr 1.5).

A Bíblia, em nenhum texto, declara que tivemos algum tipo de exis-


tência pré-mortal, como se supõe com base em Jeremias (1.5). O texto
apenas menciona a capacidade de Deus saber de todas as coisas de forma
antecipada (onisciência plena), como é declarado no Livro dos Salmos (Sl
139.1-4). Portanto, Jeremias 1.5 não declara que o profeta conhecia o Se-
nhor anteriormente em alguma existência passada e pré-mortal. O profeta
não declara que havia conhecido o Senhor, mas que Ele (O Senhor) o
conhecera antes mesmo de nascer, o que está perfeitamente em harmonia
com a capacidade de Ele (Deus) conhecer de forma antecipada todas as
coisas.

* * *

Os mórmons defendem a preexistência da alma e afirmam que,


quando houve a guerra nos céus (a rebelião de Lúcifer, que,
segundo eles, é irmão de Jesus), existiram alguns espíritos me-
nos valentes simpatizantes do diabo naquela rebelião em nosso
primeiro estado pré-mortal. É assim que eles explicam a origem
da “raça negra” neste mundo, declarando que eles vieram a ter
a pele negra como uma maldição por seus atos na preexistência, segundo o
livro Doutrinas de Salvação (vol 1, p. 73). A doutrina da “maldição da cor

209
Em defesa da fé

negra” foi supostamente revelada por Deus a Joseph Smith em dezembro


de 1830 (Moisés 7.8), razão pela qual os negros eram considerados amaldi-
çoados para o sacerdócio Mórmon (Abraão 1.21, 22,26). Em 1978, final-
mente a Igreja Mórmon aboliu essa doutrina segregante e antibíblica que
faz questão de esconder dos seus adeptos, principalmente os afrodescen-
dentes (Declaração oficial – 2 [Doutrina e Convênios]).

210
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CÉU

1. Quais os três tipos de céus mencionados na Bíblia e o que são?

2. Existe base bíblica para afirmarmos que somente 144 mil irão
para o céu? Explique.

3. Onde estavam os fiéis mortos antes da ascensão de Cristo?

4. Onde os salvos passarão a eternidade, de acordo com as Escri-


turas?

5. Por que motivo João foi considerado o menor em relação aos


que já estavam no céu?

6. Jesus foi imediatamente para o céu após sua morte? Explique.

7. Deus nos deu a terra ou o céu como lugar perene de nossa


habitação? Explique.

8. Por que entendemos que a esperança celestial se aplica a todos


os cristãos?

9. Como explicar a necessidade da ressurreição se os mortos salvos


forem imediatamente para o céu?

10. Antes do nosso nascimento, tivemos uma existência pré-mortal?


Explique.

211
PROVA – CÉU

1. Segundo as Escrituras Sagradas, os três tipos de céu são:


a) Atmosférico, Espacial e Celestial.
b) Celestial, Terrestrial e Telestial.
c) Atmosférico, Celestial e Invisível.
d) Espacial, Atmosférico e Terrestrial.

2. O céu espacial é chamado de:


a) Ouranos.
b) Eporânios.
c) Shamayim.
d) Mesorânios.

3. Segundo a Bíblia, a chamada “grande multidão” também estará no céu porque:


a) O céu é imenso e comportará uma infinidade de salvos.
b) É o mesmo grupo reconhecido como o “pequeno rebanho”.
c) Além de estarem diante do trono de Deus, também adorarão a Deus em seu
santuário celestial.
d) O céu finalmente será transportado para a terra, onde todos os salvos ficarão
eternamente.

4. Após sua morte, Davi:


a) Foi para o céu e está com todos os profetas da antiga aliança.
b) Foi para o paraíso no mundo espiritual aguardar a ascensão de Cristo ao reino
celestial.
c) Foi encontrar-se com aqueles que não conheceram a Deus em vida.
d) Foi encontrar-se com Miguel, o arcanjo guardião das portas celestiais.

5. João Batista foi o único profeta além de Cristo que:


a) Foi profetizado no AT, apesar de ter sua história mencionada no texto do NT.
b) Pregou contra um rei impiedoso e injusto.
c) Foi para o céu logo após sua morte.
d) Falou sobre o Messias prometido.

212
6. Logo após sua morte, Cristo:
a) Pregou o Evangelho aos perdidos.
b) Foi ao mundo dos mortos.
c) Foi ao céu assentar-se à direita de Deus.
d) Apareceu aos seus discípulos.

7. Quando Jesus declarou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”, Ele estava:
a) Indo imediatamente para o céu.
b) Despedindo-se dos seus discípulos que não o veriam mais.
c) Indo para o “mundo dos mortos”.
d) Evocando a proteção divina.

8. O desejo dos salvos morarem no céu reflete:


a) A arrogância de nos acharmos seres superiores.
b) Nossa insatisfação com as coisas terrenas.
c) Nossa confiança nas promessas divinas que apontam para uma esperança também
celestial.
d) N.R.A.

9. Os salvos que estão no céu precisam da ressurreição porque:


a) Ainda não podem participar de toda a plenitude da salvação.
b) São seres ainda pecaminosos.
c) Passarão pelo tribunal do trono branco para terem suas obras julgadas.
d) Todos os ressuscitados serão salvos.

10. A seita pseudocristã que promove a doutrina da preexistência da alma é conhe-


cida como:
a) Testemunhas de Jeová.
b) Mormonismo.
c) Adventismo.
d) C.C.B.

213
Em defesa da fé

criaÇÃo

DEFINIÇÃO

Ato divino de produzir ou iniciar algo, relacionado nas Escrituras Sagradas,


ao início do universo e da formação de toda a natureza, em toda a sua es-
trutura básica e fundamental (Sl 19.1-4). Todos os ramos da ciência verifi-
cável (biológica, química, física, geológica, paleontológica etc.) apontam para
um Designer Inteligente como autor de toda a estrutura do universo e de
todos os seres que desempenham seu papel no ecossistema da terra em seus
mínimos detalhes.

Acreditar na teoria da criação não é apenas um ato de fé religioso?

A proposta criacionista está mais relacionada às evidências científicas


do que qualquer outra teoria exposta. Existem atualmente mais de 100 mil
cientistas criacionistas em todo o mundo (homens com grandes qualificações
científicas nas mais variadas áreas, muitos deles ganhadores de Prêmios
Nobel), sendo a maioria deles deístas (não acreditam na intervenção divina
após a conclusão de sua criação) e, consequentemente, não creem em ne-
nhuma suposta revelação escrita de Deus, como a Bíblia, o Alcorão ou
qualquer outro livro religioso. Portanto, não defendem nenhum conceito

214
C u rs o A po lo gético

de fé em relação a sua proposta científica. Não estão defendendo religião,


e sim ciência. Pois o modelo criacionista está mais firmado em leis físicas e
biológicas reconhecidas e aceitas pela comunidade científica do que em
qualquer outro modelo teórico proposto: lei da biogênese (vida só é gerada
de um organismo vivo [a vida não surgiu de matéria inorgânica, como afir-
ma o pressuposto evolucionista]); lei de Mendel (caracteres adquiridos não
são hereditários [supostas mudanças ocorridas em uma espécie não podem
ser transmitidas aos seus descendentes – As variações produzidas não po-
deriam gerar novas espécies melhoradas]); segunda lei da termodinâmica
(a matéria e os sistemas estão constantemente em estado de decomposição
– o Universo, portanto não é eterno).

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Quais evidências temos na natureza que
apontam para um criador inteligente?

Não seria o criacionismo apenas uma forma de combater o evolu-


cionismo fazendo uso de termos científicos?

Poderíamos afirmar com certeza que o contrário é a verdade. Pois a


teoria da evolução de Darwin (publicada em 1859) só foi formulada apro-
ximadamente meio século depois da formulação da tese do relojoeiro por
William S. Paley em 1802, que fazia uma analogia com a complexidade do
universo e o sistema de um relógio. Afirmando que, se o relógio (um siste-
ma muito mais simples do que o encontrado no universo) não surgiu ao
acaso, o universo não poderia ter simplesmente surgido sem um projetista
inteligente. Além disso, no final da obra de Darwin, ele declara:

“Quanto aos meus sentimentos religiosos, acerca dos quais tantas


vezes me têm perguntado, considero-o como assunto que a nin-
guém possa interessar senão a mim mesmo. Posso adiantar, porém,
que não me parece haver qualquer incompatibilidade entre a

215
Em defesa da fé

aceitação da teoria evolucionista e a crença em Deus” (Darwin,


2009, p. 462).

Portanto, até mesmo o próprio Darwin acreditava que Deus não po-
deria ser descartado por sua teoria. Se Deus existe e a evolução é um fato
como supôs o naturalista inglês, então existiria pelo menos um “Designer”
por trás da suposta aleatoriedade das leis naturais da evolução defendida
por Darwin? Então a teoria de Darwin poderia ser adaptada e também ser
usada dentro do argumento do Designer Inteligente de Parley?
Faz-se necessário também lembrarmos que, apesar de a ciência defender
suas próprias metodologias de pesquisa hoje, separadas das demais áreas do
conhecimento (os chamados “Magistérios não interferentes”, como propôs
Stephen G. Gould), TODO método usado pela ciência surgiu a partir da fi-
losofia do conhecimento (epistemologia), que, portanto, não é em hipótese
alguma “científica”, pois a ciência não pode gerar métodos para si mesma,
precisando tomá-los de “empréstimo” da filosofia! Se desqualificarmos o
criacionismo como científico, pelo simples fato de invocar a possibilidade de
algo transcendente sobre a criação, que não poderia ser testado pelos métodos
“científicos”, teríamos de ignorar a ciência por possuir seus métodos inverifi-
cáveis pela própria ciência, que necessita do apoio da filosofia? O fato de um
ramo do conhecimento usar terminologia de outro ramo complementar o
deveria anular como conhecimento real? Se não, por que rejeitar a teoria
criacionista por fazer uso de termos científicos, se todos os ramos da ciência
tomam “empréstimos” das demais áreas do conhecimento, como a filosofia?

Ver resposta à pergunta anterior:


Acreditar na teoria da criação não é apenas um ato de fé religioso?

Como Deus criou seres imperfeitos sendo perfeito?

A Bíblia não declara em nenhum momento que Deus, sendo perfeito,


criou seres imperfeitos. Quando lemos a narrativa da criação no livro de

216
C u rs o A po lo gético

Gênesis, notamos que havia uma criação inicialmente harmônica, a qual era
boa (Gn 1.31). A própria raça humana foi criada de uma forma perfeita,
mas pelo mau uso de sua liberdade enveredou no caos da desobediência
(Gn 3.1-7,17-20; Ec 7.29). Seres perfeitos com um potencial de escolha
entre o bem e o mal foram criados, e não seres autômatos e robóticos. Deus
não tinha intenção de criar “marionetes”, e sim seres responsáveis por seus
atos. Inclusive tal escolha está relacionada a sua “perfeição”, pois esse vo-
cábulo também significa “maduro”.
Todo o declínio da criação presente surgiu como resultado da queda
do homem (pecado), e, por ser a natureza um todo harmônico (tudo ao
nosso redor está inter-relacionado), cada parte dela sofreu as consequências
dos atos de nossos primeiros pais (Gn 1.17). Todavia, no futuro, a perfeição
será restaurada (Rm 8.18-23).

Quais evidências temos na natureza que apontam para um criador


inteligente?

Existem inúmeras evidências na natureza a favor de um projetista in-


teligente (Designer). Se usarmos a analogia da harmonia na diversidade,
veremos não existir nada conhecido altamente diversificado e harmônico
que não possua um autor inteligente e criativo (pense, por exemplo, na
diversidade das peças de um motor de carro e seu funcionamento para
mover um automóvel).
O Dr. Arno Penzias, ganhador do Nobel de física em 1978 e um dos
descobridores da “onda de radiação de fundo” (temperatura do universo),
declarou: “Bem, o dogma de hoje mantém que a matéria é eterna. O dogma
vem da crença intuitiva das pessoas (incluindo a maioria dos físicos) que
não querem aceitar as evidências observáveis de um universo criado – ape-
sar do fato de que a criação do universo é apoiada por todas as informações
observáveis da astronomia produzidas até agora. Como resultado, as pessoas
que rejeitam a informação podem ser descritas como tendo uma crença

217
Em defesa da fé

‘religiosa’ de que a matéria deve ser eterna” (MARGENAU; VARGHOSE,


1994, pp. 79, 80).
O nosso mundo foi projetado para nos oferecer as condições ideais de
vida (princípio antrópico) sem as quais seria impossível a nossa existência. O
posicionamento do planeta Júpiter em seu campo gravitacional impede que
sejamos atingidos por corpos celestes que devastariam a vida em nosso pla-
neta. O oxigênio em nosso planeta corresponde a 21% de nossa atmosfera,
mas, se fosse 25%, poderia haver combustões espontâneas; se fosse 15%,
morreríamos sufocados. Se houvesse uma alteração na gravidade de nosso
planeta em apenas 0,00000000000000000000000000000000000001%, o
nosso Sol não existiria, e consequentemente a vida em nosso planeta seria
aniquilada. Se a espessura da crosta terrestre fosse maior do que atualmente,
haveria a necessidade de se transferir muito mais oxigênio para a crosta para
manter a vida. Se fosse mais fina, as atividades vulcânicas destruiriam a vida
na terra.
Observando a gigantesca quantidade de estrelas do universo (somente
em nossa galáxia, existem aproximadamente 200 bilhões de estrelas), vere-
mos que todas são diferentes e estão em perfeita harmonia sem qualquer
colisão. A Terra gira em torno do Sol em uma distância exata para haver
vida nela (um pouco mais próximo seríamos queimados e um pouco mais
longe seríamos congelados). Grandes cientistas como Kepler, Einstein e
Max Planck reconheceram a extraordinária harmonia na diversidade do
universo, e que sem dúvida alguma aponta para a evidência de um criador
inteligente que projetou um universo milimetricamente preciso.

Se o universo possui apenas alguns milhares de anos, como a luz


emitida por certos corpos celestes levaria milhões ou bilhões de
anos para chegar aqui?

Essa afirmação parte do pressuposto de que a velocidade da luz é


constante, e, apesar de ser este um postulado de Albert Einstein, não se

218
C u rs o A po lo gético

possui certeza absoluta disso. A ciência não sabe se a velocidade da luz é


constante no espaço interestelar e no espaço intergaláctico. Além dessa
incerteza de um aspecto importante para o suposto cálculo da idade do
universo a partir da velocidade que a luz atinge o nosso planeta, ainda temos
um aspecto bastante interessante dessa discussão: os cálculos atuais partem
do pressuposto de que a distância das estrelas e galáxias seja em relação a
um espaço plano, mas existe a possibilidade de que estejam em um plano
hiperbólico ou curvilíneo (o que poderia nos passar a falsa impressão de
uma grande distância quando, na verdade, esses corpos poderiam ter esta-
do mais próximos). Um bom exemplo disso é que o tempo percorrido pela
luz em uma suposta distância de 10 bilhões de anos-luz em um espaço
euclidiano (plano) poderia ser de apenas 10 mil anos em um espaço rie-
manniano (hiperbólico).
Outro fato que não deve ser ignorado com relação à possível idade do
universo, segundo o modelo evolucionista baseado na teoria do “big bang”,
é que essa teoria repousa sobre a suposta composição do universo ser for-
mado por 25% de matéria escura, 70% de energia negra exótica, 4% de
átomos invisíveis, 0,5% de hidrogênio e hélio e 0,01% de outros átomos
visíveis. Mas parte dessas composições são apenas pressuposições teóricas,
não havendo ainda uma análise sobre a precisão de suas quantidades no
universo e sua interpretação de acordo com os dados existentes.
A atual temperatura do universo, que é de aproximadamente 3 kelvins
(–270 °C), pode ter sido atingida a partir do aumento da temperatura do
universo inicial, e não do seu resfriamento, como propõe a teoria do “big
bang”. Um universo que foi criado completo, complexo e funcional, com
uma idade aparente, assim como, por exemplo, Adão, que no primeiro se-
gundo após a sua criação aparentava já possuir idade adulta, inclusive com
a possibilidade imediata de reproduzir-se (Gn 1.26-28). Um universo que a
partir de sua criação entrou em pleno funcionamento atingindo a tempera-
tura atual.
Se o universo tivesse a idade de bilhões de anos, de existência aleató-
ria, como afirma o pressuposto evolucionista, deveria demonstrar um esta-

219
Em defesa da fé

do de completa desorganização (de acordo com a segunda lei da termodi-


nâmica [entropia]) e não teria a aparência nem a organização demonstrada
atualmente. O tempo, portanto, degenera, e não organiza nada de forma
extremamente funcional.

Qual a finalidade da criação?

A criação demonstra o grande poder de Deus e sua infinita sabedoria,


fazendo cada astro em sua medida exata (Is 40.10-15) e deixando as suas
obras como um “rastro” para os homens poderem reconhecer a sua existên-
cia e a sua glória eterna (Sl 19.1-7; Rm 1.20).
Ainda que a Bíblia não defina de forma clara a “motivação” de Deus
na criação do universo e da raça humana, sabemos inegavelmente que o
Deus demonstrado nas Escrituras é um Deus de propósitos bondosos e bem
definidos, tendo prazer em suas realizações (Gn 1.31).

Para informações complementares sobre este tema, leia os tópicos:


Evolução das espécies e Datação (Métodos).

220
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CRIAÇÃO

1. Todos os cientistas que creem na teoria da criação são religiosos?


Explique.

2. Existem evidências de um projeto inteligente na criação?


Explique.

3. Quem foi Arno Penzias e qual a importância da opinião dele


sobre a origem do universo?

4. Como explicamos a aparente idade do universo em relação ao


ensino bíblico da criação imediata?

5. A temperatura que encontramos no universo aponta necessa-


riamente para uma evolução a partir do “big bang”?

221
PROVA – CRIAÇÃO

1. As áreas da ciência verificável que apontam para um Designer Inteligente são:


a) Geografia, sociologia e história.
b) Biologia, física e química.
c) Paleontologia, química e história.
d) Geologia, psicologia e arqueologia.

2. O número de cientistas criacionistas hoje em todo o mundo é de mais de:


a) 110.000.
b) 250.000.
c) 100.000.
d) 30.000.

3. Podemos afirmar que o pressuposto criacionista é:


a) Baseado em apenas um ramo científico fundamental chamado física.
b) Baseado na fé teísta dos judeus.
c) Baseado em leis físicas e biológicas reconhecidas por toda comunidade cientí-
fica.
d) Baseado no deísmo francês.

4. Sobre Charles Darwin, ao escrever sua teoria em 1859, é correto declarar que
ele era:
a) Evolucionista ateu.
b) Agnóstico.
c) Um cristão professo.
d) Evolucionista teísta.

5. Sobre os métodos científicos, é correto declarar que:


a) Todos eles são criados e testados pela própria ciência.
b) Estão baseados no Iluminismo francês.
c) Todos são tomados de empréstimo da filosofia e não podem ser testados pela
própria ciência.
d) Todos estão baseados na própria capacidade de observação dos cientistas.

222
6. Deus nos criou como seres:
a) Imperfeitos, mas com possibilidade de alcançar a perfeição moral.
b) Perfeitos, mas sem autonomia de decidir acerca de nossa relação com Ele.
c) Autômatos e que fazem apenas o que Ele deseja que façamos.
d) Perfeitamente capazes de cumprir sua vontade e com completa possibilidade
de decidir entre o bem e o mal.

7. A natureza está em declínio porque:


a) Deus não poderia punir o homem por seu pecado sem atingir o restante da
criação que o cerca.
b) Não temos cuidado da criação como Deus nos ordena em sua palavra.
c) Satanás usou uma serpente para cumprir seu intento de enganar o homem, por
isso os outros seres animais também sofrem.
d) N.R.A.

8. A afirmação por parte de muitos físicos, em 1978, de que a matéria é eterna,


segundo o Dr. Arno Penzias, vinha da:
a) Percepção científica da época.
b) Onda de radiação de fundo então descoberta.
c) Rejeição dos fatos científicos por causa de uma crença de que o universo era
eterno.
d) Crença na física newtoniana que defendia a eternidade da matéria.

9. O princípio antrópico é definido como:


a) A organização da matéria desorganizada no início da criação.
b) A desorganização da matéria decorrente da ação do tempo.
c) A transformação da matéria em massa organizada.
d) O conjunto de fatores projetados em nosso universo para que houvesse vida em
nosso planeta.

10. Sobre a idade do universo, podemos declarar que:


a) Existem modelos discordantes de cálculo da velocidade da luz, que consequen-
temente geram dúvidas acerca da idade aparente do universo.
b) A velocidade da luz não possui nenhuma relação com o cálculo.
c) Com certeza possui bilhões de anos.
d) Com certeza possui apenas 7.000 anos.

223
Em defesa da fé

cruZ

DEFINIÇÃO

Haste reta com uma peça transversal usada como método de suplício pelos
romanos e outros povos antigos. A cruz (Gr. staurós) foi usada durante
muitos séculos por vários povos ainda pré-cristãos como objeto sagrado e
de veneração.

Qual a origem da cruz?

A cruz existe há séculos nas mais variadas culturas e povos da Antigui-


dade. Temos notícias acerca de vários tipos de cruz entre os egípcios, hindus,
chineses, romanos, mexicanos (pré-colombianos) e em todos os continentes,
mesmo antes do cristianismo surgir como uma das maiores influências re-
ligiosas no mundo. A maioria dos historiadores relaciona a sua origem aos
caldeus (babilônicos), que a usavam como um emblema religioso para in-
vocação do deus “Tamuz” (a cruz era em forma de “T” por causa do nome
desse deus), que era adorado como divindade central. Da Caldeia veio a
influência que permeou vários cultos religiosos em todo o mundo.
A cruz foi usada como instrumento de punição pelos persas, que haviam
consagrado o solo de sua terra ao deus “Ormuz”, e evitavam macular o solo
com o sangue dos executados. Alexandre, o Grande, introduziu essa prática

224
C u rs o A po lo gético

no Egito e em Cartago (Macdowell, 1994, pp. 62, 63), e, posteriormente,


esse método de suplício foi copiado pelos romanos como uma forma eficaz
de punição contra os “criminosos” não romanos do império. Finalmente, o
Rei hasmoneu Alexandre Janeu o introduziu durante o seu reinado em Is-
rael (103-76 a.C.).

A palavra “cruz” como a conhecemos na língua portuguesa é de


origem latina, e não grega. Sendo assim, não podemos afirmar
que Jesus foi crucificado, pois a palavra staurós significava apenas
uma “viga reta” no grego clássico.

É verdade que a palavra grega staurós não significava, no grego clás-


sico especificamente, uma haste reta com uma peça transversal. Antes era
usada principalmente para designar apenas um poste reto, viga reta ou uma
estaca. Devemos lembrar, entretanto, que a língua grega, como qualquer
outra língua, passou por mudanças (ampliando, diminuindo e até mesmo
extinguindo palavras e o seu significado). Sabemos que a língua grega passou
por cinco períodos no seu desenvolvimento (Formativo [1500 a.C.], Clássi-
co [900 a.C.], Koiné [300 a.C.], Bizantino [500 d.C.] e Moderno [1500 d.C.
- atual]), e, consequentemente, passou a aplicar o termo staurós a uma viga
reta com uma peça transversal. Nem mesmo a LXX (Septuaginta [versão
grega do VT produzida entre 250-280 d.C.]), apesar de ter sido escrita no
mesmo tipo de grego do NT (Koiné), traduz a palavra hebraica es (pau,
poste reto, estaca) por staurós. Também podemos interpretar a palavra
staurós literalmente por “colocar em um Tau” (uma cruz em forma de “T”).
Vemos a palavra staurós sendo usada em Ester (7.9, 10) na versão
grega do AT (LXX), onde se faz referência a uma forca, e não a um poste
reto ou estaca. E para sabermos todas as possíveis traduções para staurós é
necessário levarmos em conta o contexto histórico no qual o relato onde
aparece o termo foi escrito. Além disso, existe abundante comprovação
histórica de que tal método de suplício era usado pelos romanos em toda
aquela região, durante o 1º século.

225
Em defesa da fé

Temos a esmagadora comprovação histórica de que staurós era usada


no 1º século em Israel para designar a morte sobre uma cruz. O historiador
Justo L. González, em seu livro Uma história ilustrada do cristianismo (p.
81), mostra uma inscrição do 1º século encontrada em Roma que apresen-
ta uma figura de um asno crucificado com a seguinte inscrição: “Alexâmeno
adora a Deus” (era uma forma jocosa dos romanos tratarem a religião cris-
tã, retratando Cristo como um asno). Além disso, no final da década de
1960, foi encontrada em Israel uma ossada de um jovem que havia sido
morto no primeiro século, e a posição das perfurações em seus ossos de-
monstra o mesmo como morto em uma cruz, e não em uma estaca, ou viga
reta (O Estado de São Paulo – 05/01/1971).
As Escrituras afirmam que Jesus foi colocado em uma cruz. Tomé
declara que só poderia acreditar na ressurreição de Jesus se visse o sinal dos
pregos (plural) em suas mãos, o que indica que Ele foi colocado sobre
poste reto com uma peça transversal, onde as mãos foram furadas com
pregos, e não com um único prego como no caso de ter sido colocado sobre
uma estaca, ou viga reta (Jo 20.25).

Se um amigo que você muito preza fosse morto, usaria você uma
réplica do instrumento que o matou como reverência? Então, por
que usar uma réplica da cruz?

Essa analogia é tendenciosa, pois jamais poderíamos comparar a morte


do nosso Senhor Jesus Cristo com a morte de qualquer outra pessoa que
amássemos. O valor da morte de Cristo é maior do que a de qualquer outro,
pois nela está o pagamento do preço exigido por Deus para resgatar o homem
do seu estado de pecaminosidade no qual vive, e não foi uma morte comum
(Mc 10.45; Rm 6.6). Ademais, o instrumento de execução do Senhor passou
a possuir um novo sentido, pois o próprio apóstolo Paulo declarou que se
gloriava na cruz de Cristo, e ninguém se gloria em um mero instrumento de
execução de um ente querido (Gl 6.14). Mesmo o uso de uma representação

226
C u rs o A po lo gético

da cruz vazia (o nosso Senhor já não está morto) em um colar, pulseira ou


em qualquer outro objeto não é uma questão de idolatria, desde que aque-
le objeto não seja tido como instrumento de veneração e culto.

* * *

As Testemunhas de Jeová ensinaram desde o seu início


até 1935 que Jesus morreu crucificado, e não pregado
em uma estaca, como ensinaram a partir de 1936 segun-
do seu livro Testemunhas de Jeová – Proclamadores do Reino (p. 200). Vários
livros publicados por elas trazem representações de Jesus Cristo crucificado
(A harpa de Deus, 1921, p. 114; Criação, 1927, p. 225; Vida, 1929, p. 230).
O manual das Testemunhas de Jeová, conhecido como Raciocínio à
base das Escrituras”, p. 99, admite que a palavra staurós era usada no “gre-
go clássico” como estaca reta ou poste e que somente depois passou a ser
usada como uma estaca de execução com uma peça transversal.
Se o grego no qual foi escrito o NT não foi o Clássico, e sim o da fase
posterior (Koiné), e este já usava a palavra staurós para traduzir a execução
por cruz segundo o próprio manual das Testemunhas de Jeová, por que
tentar negar essa verdade bíblica, gramatical e histórica?

* * *

Os muçulmanos não negam que havia crucificação, mas


negam que Jesus Cristo tenha sido crucificado. O Alcorão
afirma que Jesus não morreu na cruz e que tudo foi simu-
lado (Surata 4.157), mesmo que esse verso do Alcorão
contradiga a Surata 19.33, que afirma que Jesus morreria.
A origem dessa teoria muçulmana é o Evangelho pseudoepígrafo de Barna-
bé, que expõe a teoria da substituição, afirmando que a semelhança de
Cristo foi posta sobre Judas, que acabou sendo crucificado no lugar do Senhor
(lembrando que, segundo o Evangelho de Barnabé, o autor dessa farsa foi
o próprio Deus [EB 216]). O chamado Evangelho de Barnabé é uma obra

227
Em defesa da fé

apócrifa cheia de anacronismos produzida ainda na Idade Média e que não


é autêntica por trazer várias informações falsas:

1. O livro menciona barris de vinho (EB 152), mas no tempo de Bar-


nabé não havia barris, somente odres.
2. O livro afirma que no tempo do profeta Elias (9º século a.C.) já
havia os fariseus (EB 145), porém historicamente os fariseus só
surgiram entre 135-104 a.C.
3. O livro cita certa ocasião em que Jesus viajou de barco para Naza-
ré (EB 20); entretanto, Nazaré fica em uma colina de 700 metros
de altitude, não à beira-mar.
4. Tanto as citações do AT como do NT encontradas no Evangelho
de Barnabé são extraídas da Vulgata Latina (tradução latina das
Escrituras feita no fim do 4º século d.C.). Como poderia esse evan-
gelho ter sido escrito no 1º século a.C. (época em que viveu Bar-
nabé [At 13.1-2]), se cita textos somente de uma versão da Bíblia
do 4º século a.C.?
5. O livro se opõe até mesmo ao Alcorão, ao negar alguns ensinos
claramente declarados no livro sagrado muçulmano. Nega que
Maria sentiu dores no parto (EB 3.10), quando o Alcorão afirma o
contrário (19.23); afirma que Deus possui filhos (EB 102.18-19),
quando o Alcorão o nega (18.4-5), e nega a messianidade de Cristo
(EB 42.5-11), quando o Alcorão a confirma (3.45).

Ao contrário do Evangelho de Barnabé, os quatros Evangelhos (já cita-


dos por várias autoridades da Igreja ainda no fim do 1º século e começo do
2º) são a fonte mais fidedigna do relato histórico da crucificação de Cristo
(Mt 27.32-44; Mc 15.21-32; Lc 23.32-43; Jo 19.16-27).
Será que o Evangelho de Barnabé teria a confiabilidade histórica ne-
cessária para negar a crucificação de Jesus Cristo, quando nem mesmo
consegue ser coerente quando trata de outras informações históricas e
geográficas? Se o Evangelho de Barnabé é verdadeiro, então o Alcorão, que
possui algumas ideias contraditórias com este, é falso?

228
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CRUZ

1. O que é e qual a origem da cruz?

2. Por que os persas utilizaram a cruz e como foi introduzida no


Império Romano como método de suplício?

3. O significado de staurós em grego é, de fato, cruz? Explique.

4. Como alguns representaram de forma jocosa a crucificação de


Cristo em Roma?

5. De que modo o pedido de Tomé para ver os sinais da crucifi-


cação nos auxilia a compreender a forma pela qual Jesus foi
realmente executado?

6. A utilização de um crucifixo pode ser considerada um ato de


idolatria? Explique.

7. Embora ensinassem no passado que Jesus foi crucificado, por


que motivo rejeitam hoje as Testemunhas de Jeová a ideia da
crucificação?

8. Como entendem os mulçumanos a crucificação de Cristo?

9. De onde se origina essa teoria islâmica?

10. Por que não merece credibilidade o Evangelho de Barnabé?

229
PROVA – CRUZ

1. A palavra grega para designar cruz é:


a) Staurós.
b) Kyriós.
c) Theos.
d) N.R.A.

2. A cruz era um símbolo conhecido antes do surgimento do cristianismo entre os:


a) Egípcios, hindus e judeus.
b) Hititas, hindus e chineses.
c) Caldeus, mexicanos e romanos.
d) Respostas b e c.

3. Entre os povos da Antiguidade, a cruz surgiu primeiramente entre os:


a) Chineses.
b) Gregos.
c) Caldeus.
d) Hindus.

4. A cruz foi introduzida em Israel por:


a) César Augusto.
b) Antíoco IV Epifânio.
c) Ciro.
d) Alexandre Janeu.

5. A palavra staurós significa em grego clássico:


a) Poste ou viga reta.
b) Estaca e tronco de árvore.
c) Viga reta com uma peça transversal.
d) Cruzamento de ruas.

230
6. A palavra staurós aparece na tradução grega do livro de Ester como:
a) Cruz.
b) Viga reta.
c) Estaca.
d) Forca.

7. A descoberta de uma ossada em Israel no fim da década de 1960 indicou para


os pesquisadores que:
a) O jovem havia morrido de morte natural.
b) O jovem havia sido pregado em uma estaca.
c) O jovem tinha sido decapitado.
d) O jovem havia sido crucificado.

8. O plural usado por Tomé em Jo 20.25 com referência aos pregos usados na
crucificação de Cristo indica:
a) Que Cristo foi pregado em uma estaca.
b) Que Cristo foi crucificado.
c) Que Cristo foi crucificado com dois criminosos.
d) As respostas b e c estão corretas.

9. As Testemunhas de Jeová passaram a negar a crucificação de Cristo a partir de:


a) 1935.
b) 1927.
c) 1936.
d) 1929.

10. Segundo o islamismo:


a) Jesus foi crucificado.
b) Jesus estava morto no Jardim do Getsêmani.
c) Jesus foi confundido com Pedro no Jardim.
d) N.R.A.

231
Em defesa da fé

DeuS

DEFINIÇÃO

O Ser Criador de todo o universo, de existência eterna e pessoal que é de-


finido na Bíblia como o Todo-Poderoso (Sl 91.1-2). É Ele quem governa
toda a criação e reina em majestade sobre ela (Sl 90. 1-2). Apesar das Es-
crituras Sagradas serem limitadas em esclarecer toda a natureza de Deus, a
partir do conhecimento atual que possuímos sobre a origem da matéria,
espaço e tempo, podemos inferir que Ele é um ser imaterial, inespacial e
atemporal. Esse é o tipo de Deus claramente demonstrado na Bíblia.

Se Deus é a causa da criação, poderíamos acreditar que Ele tem


também uma causa?

A lei da causalidade não determina todo ser possuindo uma causa.


Antes declara todo ser “finito possuindo uma causa”. Se alguém admitisse
todo ser (finito ou não) tendo uma causa, ele teria de admitir a existência
de um ser além da matéria e os que negam a existência de Deus não afir-
mariam tal coisa. Se tudo que existe foi causado, precisaríamos conhecer a
natureza total de todas as coisas, naturais e sobrenaturais, e não as conhece-
mos. Como a analogia da causalidade demonstra nenhum efeito ser menor

232
C u rs o A po lo gético

do que a sua causa, poderíamos comparativamente afirmar a existência de


um ser maior do que o universo e que o criou, não podendo ser limitado
ao tempo e espaço, pois a matéria, o tempo e o espaço só começaram a
existir a partir da criação do universo. Devemos, portanto, acreditar que
essa “causa” deve ser atemporal (pois criou o próprio tempo), imaterial (pois
criou a própria matéria) e inespacial (pois criou o próprio espaço), não fa-
zendo, portanto, parte do universo existente. Muitos ateístas afirmam que
tal declaração, de que existe um ser originador eterno, é inaceitável, pois
tudo tem que ter uma origem. Mas é exatamente isso que eles têm tentado
fazer com o universo, ao declarar que ele é eterno! Se o universo é eterno
(não conhecemos nada eterno no campo físico, ele seria então a única ex-
ceção), por que rejeitar a existência de um ser eterno além do universo? Se
o universo “criou” a si mesmo, seria então ele o único elemento material
autocriado conhecido por todos nós?
O grande filósofo medievalista Al-Ghazali reconhecia a impossibilidade
de haver um número infinito de eventos passados. Pois números “atualmente
infinitos” (de existência real) não existem, mas “potencialmente infinitos”
(de existência teórica), sim. Você pode dividir teoricamente qualquer dis-
tância em partes infinitas (número potencialmente infinito), mas não pode
chegar a um número real de partes infinitas (número atualmente infinito),
pois são inexistentes! Você pode criar, por exemplo, em sua mente, uma
sequência infinita de eventos passados, mas não pode existir logicamente
uma cadeia de eventos infinitos, pois, se estes existissem, o hoje nunca se
tornaria um evento possível (sempre dependeria de uma sequência de
eventos anteriores infinitos que NUNCA chegariam ao evento atual). Além
disso, a expansão do universo demonstra que houve um início do espaço,
tempo e matéria, cuja origem deve estar relacionada a alguém anterior à
sequência de eventos ocorridos em sua expansão física!
Se não pode haver uma sequência real de fatos até chegarmos ao hoje,
então só podemos explicar o universo causado a partir da existência de um
princípio anterior à matéria que a criou em sua totalidade, sendo, portanto,
eterno.

233
Em defesa da fé

Deus é apenas uma força harmônica e bondosa que permeia todo


o universo.

A ideia de Deus como uma “força harmônica e bondosa” é contradi-


tória, pois tal sentimento (bondade) não faz parte da natureza de algo im-
pessoal (força). Se algum tipo de “força” possui qualquer atributo pessoal
– vontade, emoção e intelecto –, ela já não é mais uma força, antes um ser
pessoal que possui força, o que é totalmente diferente. Como poderíamos
falar de amor, bondade, compaixão e misericórdia, se falássemos de uma
força? Você conhece alguma força que possua tais atributos?
Se o que nos distingue como seres superiores no universo conhecido,
até então, é exatamente o fato de sermos seres pessoais (portadores de
vontade, emoção e intelecto, portanto racionais), como poderíamos acredi-
tar que Deus seria apenas uma “força”, visto que TODA força é inferior em
categoria a qualquer ser racional? O “deus força” então seria inferior ao
mais simples ser pessoal que conhecemos? Seria esse deus, portanto, menor
do que os seres que criou?
A Bíblia demonstra Deus como um ser com características pessoais
transmitidas a nós pelo fruto do seu Espírito Santo, quando nos submetemos
a ele (Gl 5.22-25).

Deus possui algum nome específico pelo qual devamos chamá-lo?

As Escrituras Sagradas não afirmam que Deus possui apenas um nome


pelo qual deva ser chamado. A Bíblia menciona-o pelo “nome” de “Eu sou”
quando se apresentou a Moisés como aquele que o tinha enviado para res-
gatar a nação de Israel do cativeiro egípcio (Êx 3.13-14). Ademais, o próprio
Jesus Cristo, quando esteve ensinando aos seus apóstolos como deveriam
orar, os ensinou a chamá-lo de Pai, e não por qualquer outro nome especí-
fico (Mt 6.9-13). Se Deus possui apenas um nome específico pelo qual deva
ser invocado, por que Jesus não nos ensinou a chamá-lo por esse nome
quando conversássemos com Ele por meio da oração?

234
C u rs o A po lo gético

Para informações complementares, leia no tópico Jeová:


Jeová é realmente a forma correta da tradução do tetragrama (YHVH)?

A existência de Deus é uma questão apenas de fé?

Existem várias evidências que poderíamos tomar por base para afir-
marmos que Deus existe, independentemente da fé, ou seja, Deus existe
por si mesmo (asseidade), independentemente de acharmos ou não que
ele é real. Quando vemos uma coisa extremamente funcional e útil, logo
perguntamos quem a projetou, pois temos a ideia inata (prática) com base
na experiência de que tudo funcional e detalhado possui um designer
(projetista) inteligente (um computador, um avião, o motor de um carro
etc.). Nenhum de nós atribuiria a funcionalidade e a complexidade de
nenhum desses equipamentos, com base no que conhecemos de forma
empírica, ao acaso e à aleatoriedade, mesmo não conhecendo o projetis-
ta, ou não tendo presenciado sua criação. Por que então rejeitar a exis-
tência de Deus, diante da imensa complexidade do universo e da vida,
tentando criar argumentos que atribuem tal complexidade à própria
matéria? Por que esse “argumento circular” tem validade somente nesse
ponto?
No cérebro humano, temos informações suficientes para preencher 20
milhões de volumes de livros. Se tantas informações assim não surgem em
uma enciclopédia por acaso, deveríamos acreditar que o cérebro humano
não possui um projetista? A própria experiência humana nos conduz a crer
na existência de um ser superior chamado Deus.
A existência de um designer inteligente é tão firmemente estabelecida
pelos fatos observáveis que um cientista “antidesigner” incomodado pela
questão, Marcelo Gleisler, em sua coluna no Jornal Folha de São Paulo,
afirmou que “A hipótese do DI não é científica. Ela não é observável ou
verificável em laboratório” (31/07/2005, p. 9), mas o mesmo cientista, em
entrevista à revista ecumênica Boa Vontade, declarou:

235
Em defesa da fé

“Uma das grandes mentiras que têm sido espalhadas por aí é que
ciência e Religião estão em guerra, em conflito, e que uma não
tem nada a ver com a outra. E não é por aí! A ciência e a fé com-
pletam-se, as pessoas precisam das duas. Não adianta você ter
uma visão puramente racional do mundo. Existem certas coisas
que a ciência não se propõe a explicar” (julho de 2005, p. 17).
Pelo jeito, o que é verificável em laboratório só é importante para
Marcelo Gleisler, quando ele não está falando para um público
religioso. Será que ele realmente tem convicção dos fatos? Se a
ciência trabalha somente com aquilo que é observado, testado e
repetido, como pode ser o único meio de verificação da verdade
se alguns fatos conhecidos por nós não podem ser verificados por
essa base? Como a ciência poderia comprovar em laboratório o
que alguém lhe contou há uma hora se este alguém estivesse
morto? Poderia um cientista comprovar por meio de pesquisas
em laboratório o que você está pensando exatamente agora? Se
não, como afirmar que a única forma de verificação de um fato
repousa sobre esse único método de análise? Existe método cien-
tífico para demonstrar por meio de observação a existência de
outra mente além da minha? Se não, como reduzir ou limitar toda
a realidade a uma metodologia limitada de verificação que é in-
suficiente para abrangê-la?

O mais interessante nessa questão é que a “ciência” só se baseia no


que pode ser verificado em laboratório quando interessa a um grupo de
cientistas (devemos nos lembrar de que a chamada “ciência” não é autôno-
ma ou autoexistente, mas é feita por pessoas [cientistas] que muitas vezes
estabelecem seus padrões do que é ou não aceito pela própria “ciência”).
Ninguém presenciou o surgimento do universo, mas já determinou sua
causa como possuindo apenas “autoexistência”, como fazem os materialistas.
Nessa hora ninguém rejeita o argumento da “autoexistência”, afirmando que
“não é observável em laboratório”!

236
C u rs o A po lo gético

Outra ideia fixa em nossas mentes e claramente definida pela nossa


experiência humana aponta para Deus: tudo criado e, portanto, finito possui
uma origem inegavelmente maior do que si mesmo (um autor é maior do
que o livro escrito por ele, como por trás da existência da vida tem de haver
um ser maior que a criou). Se tudo o que foi criado possui uma causa, por
que no universo ocorreria o contrário se ele, pelo que conhecemos, não é
eterno e, portanto, é também finito?
O astrônomo agnóstico Robert Jastrow afirmou: “Eles [os cientistas]
descobriram que tudo isso aconteceu como um produto de forças que não
esperavam encontrar [...] isso o que eu e qualquer pessoa chamaríamos de
força sobrenatural é, agora, penso eu, um fato cientificamente comprovado”
(Christianity Today – Entrevista com Robert Jastrow, 6/08/1982). Portanto,
podemos perceber que a discussão sobre o tópico “Deus” passou por pelo
menos três períodos: o religioso (onde a temática é apresentada apenas no
nível de fé e crença), o filosófico (onde Deus passa a ser compreendido por
meio dos parâmetros da racionalidade filosófica), e, por fim, o período cien-
tífico (onde o assunto Deus passa a ser debatido por meio do conhecimen-
to que temos da origem do universo, e de sua funcionalidade, bem como
da complexidade da vida e de sua manutenção).
A “ressurreição” do tema Deus, desta vez, no campo da ciência, não
ocorreu por acaso. Pois hoje os argumentos “cosmológico” e “teleológico”
se encontram revestidos de um profundo conhecimento tanto da origem de
nosso universo (até o início do século 20 se pensava erroneamente que o
universo era eterno) quanto de sua funcionalidade.
A própria Bíblia declara que Deus deixou “pistas” naturais para o re-
conhecimento de seu poder estampado na natureza (Rm 1.18-22).

Se Deus existe, por que existe o mal?

A ideia de que a existência de Deus pode ser negada com base na


existência do mal (Teodiceia) é falha. O mal não é um ser eterno ou uma

237
Em defesa da fé

força de existência permanente que mina a existência de Deus. Para que


não houvesse a possibilidade de existir o mal, Deus teria de optar por criar
seres sem liberdade totalmente desprovidos de poder de escolha e decisão,
mas não foi isso que desejou. Por isso, tem permitido que o homem faça
suas escolhas morais por meio do uso de sua liberdade (Ec 7.29).
Talvez o maior problema com relação à admissão da existência de Deus
e do mal em um estado de coexistência absoluta seja a “visão determinista”,
como se TUDO que ocorre na vida fosse absoluta e rigidamente estabele-
cido por Deus, a partir da regularidade reconhecida nos fenômenos da
natureza. A existência humana, em um universo determinista, possui espa-
ço para o acaso de acordo com a própria Bíblia (Ec 9.2, 11)! Existem, por-
tanto, pelo menos quatro fatores que determinam os fatos existenciais de
nosso mundo físico: Deterministas – a sequência exata dos fenômenos da
natureza; Livres – baseados em nossas livres escolhas pessoais, pois nem
tudo que escolhemos ou fazemos é a vontade de Deus para nós, ou teríamos
de admitir que os nossos pecados pessoais sejam de origem divina; Prede-
terminados – atos diretamente determinados por Deus sobre sua criação,
como o foi o dilúvio; e Aleatórios – fatores casuais sem qualquer tipo de
causa ou razão primária. A existência do mal, portanto, não seria algo pre-
determinado por Deus, mas algo permitido por Ele, dentro de um mundo
caótico e rendido às contradições existenciais criadas pelo pecado gerado
por livres atos humanos ou fenômenos naturais de um mundo onde também
a própria natureza espera sua redenção do cativeiro da corrupção no qual
se encontra (Rm. 8.18-23).
No mundo criado por Deus existe espaço para a liberdade. A liberda-
de é boa em si, mas o seu mau uso pode minar e destruir uma sociedade.
Ademais, o fato de o mal atualmente existir não significa sua continuidade
sem punição ou correção. A Bíblia declara que Deus um dia erradicará a
ação de todo o mal do universo (Ap 21.3-5).

Para informações complementares, leia o tópico Sofrimento.

238
C u rs o A po lo gético

Não seria Deus apenas uma criação da mente humana, algo criado
pelo homem com as demais coisas ao nosso redor em uma busca
de concretização do desejo de superação da dor?

Esse argumento possui falhas em seu processo de analogia, pois não


existem objetos físicos criados pelo homem que sejam fruto de uma “criati-
vidade coletiva”. TVs, carros, aviões, computadores, por exemplo, são criações
humanas originadas em determinado período de tempo, por determinadas
pessoas, para determinados fins específicos. Já a crença na existência de Deus
é uniforme e universal, sendo encontrada em todas as épocas, em todos os
tempos, e em todas as culturas espalhadas pelos cinco continentes da terra.
Qual objeto da criação humana possuiria essas características? Qual criação
humana se encontra em todas as culturas, em todas as épocas, e em períodos
remotos da terra? Deveríamos acreditar que todos os seres humanos em
todas as épocas tiveram a mesma “ideia criativa”? O fato de desejarmos algo
nos faz criadores daquilo que desejamos? Sendo assim, os nossos desejos
básicos (saciar a sede e a fome etc.) teriam originado a água e a comida? Se
tudo que existe ao nosso redor são apenas “concretizações de nossos desejos”,
então o ateísmo seria apenas a concretização do desejo humano de alcançar
uma suposta “autonomia moral”? A ansiedade de viver sem regras determi-
nadas por um legislador divino? O medo da possibilidade real de um julga-
mento divino seria a origem real da negativa de Deus?
Sem dúvida alguma, seria mais fácil para aqueles que negam a existên-
cia divina acreditarem na existência de um ser poderoso e sobrenatural,
fruto de nossa criatividade e concepção humana, do que acreditar na exis-
tência de um ser único, incriado, eternamente soberano e poderoso, pois o
homem se encontra totalmente distante de Deus, e o seu pecado o fez
“fugir” do criador, inventando justificativas para o seu estado de rebelião
“natural” (Gn 3.8-10; Rm 1.18-32).

Ver resposta à pergunta anterior:


Se Deus existe, por que existe o mal?

239
Em defesa da fé

A teoria da existência de Deus não seria apenas um meio de im-


posição de limites, uma forma de limitar a liberdade humana por
meio dos dogmas religiosos?

Não existe nenhum tipo de “liberdade plena”. As pessoas que advogam


o desejo de serem livres dos “dogmas religiosos” para melhor viverem estão
presas à ilusão de que liberdade é o direito de realizar qualquer ato dese-
jado, o que, de fato, não é liberdade. Um homem livre deveria usar o seu
direito de “liberdade plena” para destruir o patrimônio público e agir com
violência com qualquer pessoa em qualquer momento? Seria isso liberda-
de plena? Se um homem não deseja viver sob as “limitações” dos “dogmas
religiosos”, seria ele realmente livre quando não consegue nem mesmo
vencer os seus impulsos e desejos? Viver instintivamente é a forma de vida
requerida para um ser racional, ou uma escravidão dos nossos impulsos
animalescos? Ser dominado pelos impulsos pecaminosos é, de fato, um
verdadeiro salto em direção à “liberdade plena”? O homem que não con-
segue abandonar as drogas (e financia com o seu vício o crime organizado)
sabe, de fato, o significado de liberdade? Será que a “liberdade plena” não
seria apenas outro nome a ser dado para a “escravidão dos desejos”? As
sociedades ateístas foram bem-sucedidas em tentar eliminar a existência
de Deus, conduzindo o homem a um patamar de liberdade plena? Por que
cometeram tantos crimes hediondos em nome de sua liberdade contrária
ao “julgo religioso”?
Segundo a Bíblia, quem peca é escravo do próprio pecado, e somente
por meio da liberdade em Cristo usufruímos a liberdade pretendida por
Deus para suas criaturas (Jo 8.32-36). Ainda o neurologista indiano, Diretor
do centro de pesquisas cerebrais e cognitivas da Universidade de San Die-
go na Califórnia, Vilayanur Ramachandran, em 1997, por meio de pesquisas
feitas no cérebro humano, detectou uma zona na região do lobo temporal
que seria responsável pelas experiências espirituais ou místicas (ele chamou
de “módulo de Deus”). Uma variante do gene VMAT2, que codifica as
proteínas de transporte das monoaninas (serotonina, adrenalina e dopamina

240
C u rs o A po lo gético

[os neurotransmissores da emoção]), parece estar ligada aos valores espiri-


tuais. O próprio Dr. Ramachandran admite: “Uma possibilidade é que o
homem esteja conformado para crer que tenha uma espécie de hardware
da fé” (Revista Mente e Cérebro, p. 43, nº 168, ano XIV [Scientific Ameri-
can]). Essa conclusão se harmoniza com a declaração bíblica de que Deus
programou a espiritualidade no ser humano (Ec 3.11), não sendo esse de-
sejo um mero reflexo de algum tipo de evolução aleatória ou de uma impo-
sição dogmática religiosa.

Para informações complementares, leia o tópico Religião:


Se em nome de Deus e da religião tantas atrocidades
foram feitas, não seria melhor um mundo sem religião?

Não seria mais prudente não ser dogmático com relação à exis-
tência ou não de Deus, assumindo uma posição agnóstica com
relação a esse tema?

A maioria das pessoas confunde “convicção” com “dogma”, e sem dú-


vida nenhuma acaba limitando a conclusão pretendida por aqueles que
estão no núcleo dessa discussão. A convicção deve ser fruto de uma análise
criteriosa de um conjunto de evidências para que seja baseada em premis-
sas autênticas produzindo certezas. Convicção cega e intransigente, negan-
do possibilidades contrárias, pode ser uma visão dogmática baseada em
sentimentos, e não em fatos. Ter uma “visão agnóstica” da questão da
existência de Deus não resolve em si a discussão, pois acaba encaminhando
o tema para uma posição de incertezas (Deus talvez existe, ou talvez não
existe). O fato de o agnóstico afirmar sua posição como a melhor e as outras
como dogmáticas, em si, o coloca em uma posição dogmática com relação
à opinião alheia se ele não estiver também aberto à análise de outra opinião.
Por que não se decidir sobre o tema seria uma posição melhor ou superior
a possuir uma opinião bem embasada sobre ele? Por que acreditar na exis-

241
Em defesa da fé

tência de Deus com base em um conjunto de análises bem formuladas


seria uma posição inferior a ficar “em cima do muro”? Pelo fato de a exis-
tência de Deus transcender ao nosso entendimento, deveríamos então co-
locá-la em dúvida, se temos argumentos racionais que podem nos auxiliar
na compreensão desse assunto (cosmológico, teleológico e moral)?
A percepção da enorme complexidade que envolve o universo e toda
a existência física, desde a maior até a menor criatura, nos deixa perplexos,
e admitindo na melhor das hipóteses racionais que um projetista se faz
necessário. Não havendo razão comparativa com outros fatores complexos
conhecidos para negá-lo!

Ver resposta à pergunta anterior:


A teoria da existência de Deus não seria apenas um
meio de imposição de limites, uma forma de limitar
a liberdade humana por meio dos dogmas religiosos?

Ver resposta à pergunta posterior:


Só acredito no que vejo, e nunca vi a Deus.

Só acredito no que vejo, e nunca vi a Deus.

Não acreditar na existência com base na falta de conhecimento ob-


servacional (nunca ter visto) não resolveria o problema da existência ou
não de algo. O fato de alguém nunca ter visto um avião não seria suficien-
te para anular a sua existência (o fato de que aviões existem independe de
que os tenhamos visto ou não). A visão humana, segundo a própria ciência,
é incapaz de ver tudo o que possui existência, por suas infinitas limitações
de campo de percepção. Chegamos à conclusão de que acreditamos em
fatos não vistos, não com base em nosso testemunho ocular, como, por
exemplo, as evidências de um crime deixado no lugar (não presenciamos
o crime, mas confirmamos a sua ocorrência com base nas evidências dei-
xadas no local). Não negaríamos que houve um crime nessas circunstâncias

242
C u rs o A po lo gético

pelo simples fato de não termos visto o assassino, ou o assassinato diante


de nossos olhos. Inclusive, existe um ramo da ciência que trabalha com
fatos não presenciados do passado remoto, a chamada ciência forense
(busca a compreensão dos eventos passados com base na análise nos efei-
tos deixados, portanto presenciáveis). Apenas os efeitos são percebidos, e
suas causas são deduzidas.
Não testemunhamos a imensidão dos fatos ocorridos no passado, mas,
mesmo assim, nunca os negamos. Apesar de não termos presenciado a in-
dependência de nosso país, mesmo assim não negamos esse importante fato
histórico que é apenas comprovado por textos históricos que cremos conter
a verdade sobre esse fato, mas não estamos baseando nosso conhecimento
em nossa visão ou na experiência de nossos sentidos primários, e sim na
“crença” de que as informações que conhecemos nos apontam para o fato
de que um dia alcançamos a liberdade de nossa nação! Nunca vimos nossa
mente (não confundir com o cérebro), nem mesmo a mente de qualquer
outra pessoa, mas reconhecemos a cada dia as consequências de sua exis-
tência e decisões!
Existem várias evidências que apontam para a existência de Deus,
independentemente de nossa fé ou crença. Será que o fato de não vermos
a dor seria suficiente para negá-la? O fato de não vermos a gravidade, mas
somente sentirmos o seu efeito, anularia sua existência? Muito do que
acreditamos se baseia não somente em nosso testemunho pessoal, mas
também em evidências deixadas e observadas por nós, inclusive quando
falamos de elementos que constituem teoricamente o universo. Não con-
seguimos nem definir com facilidade quem somos como seres pessoais,
mas já temos uma grande facilidade para descrever outros objetos físicos.
Esse simples fato já nos induziria a entender o porquê de não negarmos o
“eu” do outro, nem mesmo o nosso próprio, apesar de não o vermos.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


A existência de Deus é uma questão apenas de fé?

243
Em defesa da fé

Se Deus realmente existe, por que não existem provas empíricas


de sua existência?

A ciência no sentido restrito do termo trabalha sobre um tripé: obser-


vação, teste e repetição. Portanto, qualquer tentativa de buscar provas
empíricas de um objeto que não está enquadrado em tal verificação se
demonstraria completamente inapropriado, e, portanto, ineficaz para nos
apresentar a realidade do objeto que desejamos conhecer, no caso em ques-
tão, Deus. Segundo Kant, até mesmo verdades a priori são imunes à veri-
ficação empírica por definição. As ciências matemáticas, por exemplo, estão
além do campo do empirismo, e chegamos às suas conclusões por um ra-
ciocínio que se abstém do conhecimento a posteriori, ou seja, empírico. O
empirismo, portanto, não seria a régua pela qual medimos todo conheci-
mento que possuímos. Sobre a possível cognição metafísica, declarou Kant:

“Em primeiro lugar, no que se refere às fontes de uma cogni-


ção metafísica, seu conceito já determina que elas não podem ser
empíricas. Seus princípios (aos quais pertencem não apenas suas
máximas, mas também seus conceitos básicos) não podem, por-
tanto, ser tirados da experiência, pois é preciso que ela não seja
uma cognição física, mas metafísica, isto é, situada além da expe-
riência. Assim, nem a experiência exterior, que é a fonte da própria
física, nem a interior, que constitui o fundamento da psicologia
empírica, formam sua base. Ela é, portanto, cognição a priori, ou
cognição que provém do puro entendimento e da pura razão.
Nisto, contudo, não há nada que a diferencie da matemática
pura; ela teria de chamar-se, portanto, cognição filosófica pura;
mas, para o significado dessa expressão, remeto à crítica da razão
pura, p. 712 e seguintes, onde a diferença entre esses dois tipos
de emprego da razão é apresentada de forma clara e suficiente.
E basta quanto às fontes da cognição metafísica” (Kant, 2014,
pp. 33, 34).

244
C u rs o A po lo gético

Se pudermos conhecer algo sem fazermos uso do método empírico,


por que a existência de Deus só poderia ser verificada por esse método? Se
o universo não é eterno, como a teoria do “big bang” nos induz a crer até
o momento, o espaço, a matéria e o tempo tiveram início, portanto os mé-
todos de verificação empírica seriam inapropriados para negarmos a exis-
tência de Deus, possuindo apenas validade dentro do espaço material,
nunca no âmbito metafísico!

A crença na existência de um único Deus (monoteísmo) se densen-


volveu a partir da monolatria (crença na existência de um Deus
supremo entre outras divindades), passando pelo politeísmo (cren-
ça na existência de vários deuses) e o animismo primitivo (crença
na espiritualidade de elementos inanimados)?

Não, pelo contrário. Existem provas arqueológicas e antropológicas


que apontam para o monoteísmo como a forma de crença original da raça
humana conforme declarado nos primeiros capítulos da Bíblia. As “tabui-
nhas de Ebla” na Síria (2580-2450 a.C), além de comprovarem a narrati-
va bíblica da criação de Gênesis, também confirmam o monoteísmo pri-
mitivo da raça humana. Até as sociedades politeístas primitivas têm a ideia
de um Deus Todo-Poderoso, que foi esquecido e substituído por outros
“deuses” por causa da desobediência e esquecimento de suas obras antigas
(“Viracocha”, entre os Incas, “Thakur Jiu”, entre os Hindus Santal, “Ma-
gano”, entre os Etíopes, “Shang Ti”, entre os Chineses, e “Hananim”, na
Coreia, são apenas alguns entre muitos exemplos espalhados nas mais
variadas culturas), demonstrando, assim, o monoteísmo latente na huma-
nidade. Nas sociedades animistas africanas permanece ainda a ideia de
um deus supremo, demonstrando o desenvolvimento da crença em Deus
vindo do monoteísmo primitivo, que foi distorcido em outras formas de
crença em divindades politeístas, como afirma a própria Bíblia, e não o
contrário (Rm 1.18-25).

245
Em defesa da fé

A crença em Deus não é apenas uma consequência do anseio de


uma vida eterna e o desejo de criar uma figura paternal sobrena-
tural onde possamos nos refugiar?

Essas duas afirmações acerca de Deus são anticientíficas em si mesmas,


por representarem a crença em Deus e, consequentemente, o fenômeno
religioso, em termos completamente reducionistas (apresentação de algo
abrangente em termos pueris na busca de uma única explicação simplifi-
cada de algo complexo), seguindo em oposição à vasta pesquisa da antro-
pologia da religião conhecida. Para que essa declaração fosse verdadeira,
precisaríamos comprovar que todas as religiões primitivas e universais
possuem o mesmo conceito de existência pessoal do indivíduo, em termo
de complementação existencial, ou extensão de existência do “eu” além de
nossa existência física, e não é isso que universalmente se vê. Nem todas
as religiões antigas acreditam em uma continuação de nossa existência em
termos pessoais e contínuo (existência de nossa individualidade [eu] como
ser após a morte), em um tipo de relacionamento com um ser pessoal ao
qual chamamos Deus, e nos relacionamos com ele como filhos. O hinduís-
mo, uma das religiões organizadas mais antigas do mundo, defende tanto
a ideia do atman (existência do eu individual) como do anatman (inexis-
tência do eu individual). Mas ambas as correntes, por fim, admitem a
inexistência do ser como indivíduo quando for absorvido por Brahman (o
absoluto do qual tudo faz parte). O budismo sustenta a doutrina do anat-
man, não defendendo de forma alguma um tipo de desejo de continuar a
existência do ser em termos filiais como um ser superior, mas ser comple-
tamente desprovido de sua individualidade pessoal com a completa ausên-
cia de seus desejos!
Acreditar que todas as religiões defendem a mesma origem da crença
em um Deus, com base apenas na “figura paternal”, como apresentariam
as três grandes religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo),
seria reduzir todo um fenômeno universal (a crença em uma divindade) a
apenas uma interpretação proposta pelas três grandes religiões monoteístas.

246
C u rs o A po lo gético

Devemos lembrar que Deus é anterior e independente de qualquer forma


de religião estabelecida. A pergunta que devemos fazer é: Será que os de-
fensores dessa interpretação da origem da crença em Deus e do fenômeno
religioso não estão apenas combatendo as religiões monoteístas no lugar de
acharem uma proposta racional a essa indagação milenar, como é a propos-
ta da ciência? Por trás dessa interpretação, estaria mais a fuga de um Deus
pessoal do que uma explicação para esse grande fenômeno universal (sensus
divinitatus [a crença intrínseca na existência da divindade existente em
todas as culturas universais]).

O Deus pregado por todas as religiões é o mesmo.

Não existem duas verdades que sejam diretamente opostas (algo não
pode ser totalmente doce e amargo ao mesmo tempo). Se acreditarmos que
todos os “deuses” cridos em todas as religiões são o mesmo, incorreríamos
no mesmo erro, pois algumas religiões creem que Deus é apenas uma for-
ça (impessoal), outras que é a própria natureza em sua totalidade (panteís-
mo) e outras que é um ser pessoal à parte de sua criação (teísmo). Jesus
Cristo e a Bíblia declararam existir um só Deus verdadeiro, deixando claro
que também existem “deuses” falsos (Jo 17.3; 1Cor 8.5, 6). A Bíblia decla-
ra o mesmo com relação à existência de “deuses” falsos cridos em muitas
religiões (Sl 115.1-8; Gl 4.8).

Para informações complementares, leia o tópico Religião.

Se existe apenas um único Deus verdadeiro (Jo 17.3), que tipo de


Deus é Jesus?

A Bíblia declara que Deus não divide a sua glória com ninguém (Is 42.8;
48.11). Afirma também que somente Deus deve ser adorado (Êx 20.4-5),

247
Em defesa da fé

porém vemos na mesma Bíblia que Jesus possui e compartilha a mesma gló-
ria do Pai (Jo 17.5) e que é adorado juntamente com Ele (Ap 5.13, 14). Se
Jesus fosse um ser de natureza diferente ou inferior ao Pai, como poderia
possuir tais atributos? Seria a Bíblia contraditória? A Bíblia declara que Jesus
não é o Pai (At 7.55), mas que possui a mesma natureza divina que Ele, sen-
do, portanto, Deus (Jo 10.30-33).
Se a declaração de Jesus de que o Pai é o “único” Deus verdadeiro o
exclui de também o ser, deveríamos crer que o Pai não é nem “Soberano”
nem “Senhor” pelo fato de a Bíblia declarar que Jesus é o “único” Sobera-
no e Senhor (Jd 4)? Essa declaração excluiria o Pai? Claro que não, pois
essas expressões de exclusividade aparecem em oposição somente aos outros
“deuses” falsos, e não ao Deus trino do qual o filho faz parte. Jesus também
é chamado de o único Deus verdadeiro nas Escrituras Sagradas (1Jo 5.20
[A expressão “verdadeiro Deus e a vida eterna” que se encontra no texto só
pode ser uma referência ao filho, pois é Ele que é identificado como a “vida
eterna” no início da epístola – 1Jo 1.2]). Qualquer pessoa que admitir a
divindade de Cristo, mas afirmar que ele não é o único Deus verdadeiro,
terá que admitir que Jesus seja um Deus falso!

Se Deus conhecesse todos os eventos futuros, ele os determinaria,


tolhendo assim nosso livre-arbítrio. Assim, o mais correto seria
crermos em um Deus que não conhece de antemão os eventos
futuros contingentes ou possíveis (eventos que não são determi-
nados diretamente por presentes ações). Deus sabe as possibili-
dades futuras, mas não o que, de fato, ocorrerá em um futuro
baseado em tais ações contingentes.

As Escrituras Sagradas são enfáticas em várias ocasiões ao apresentar


a ideia do Deus que conhece de antemão vários eventos futuros que de-
penderiam de atitudes tomadas no presente, negando assim que a visão de
um ser divino limitado em seu conhecimento prévio, como ensinam os

248
C u rs o A po lo gético

proponentes da teologia do “teísmo aberto” (Deus teria se autolimitado em


sua onisciência por causa da obra da redenção entendida a todos os homens),
fosse o mesmo Deus crido pelos cristãos. Textos como o do profeta Daniel
afirmam detalhados eventos ocorridos no futuro que dependiam de inú-
meras escolhas particulares das pessoas envolvidas em tais acontecimentos
(Dn 9.24-27).
O livro de Apocalipse também declara que atitudes contingentes dos
futuros habitantes da terra são conhecidas por Deus, a ponto de descrever
em detalhes tais ações de escolha pessoal, previamente conhecidas, mas não
previamente decretadas por ordem divina com o propósito de que não se
arrependessem de suas ações e fosse cumprido o presságio futuro (Ap 16.8-
11). Além disso, encontramos relatos da presciência divina em questões
onde estão envolvidas escolhas completamente pessoais (contingentes), pois
Deus conhece até mesmo as possibilidades de escolha do coração humano
(a consulta do rei Davi se deveria ir ou não à cidade de Queila [1Sm 23.1-
14], e o livramento condicional do naufrágio de Paulo e os que com ele
estavam [At 27.21-35]). O Senhor Deus é o único capaz de sondá-lo em sua
totalidade (Jr 17.10).

Deus conhece toda verdade, mas, como eventos futuros baseados


nas livres escolhas humanas ainda não existem, Ele não pode
conhecer tais verdades.

Tal argumentação baseada apenas em um sofismo filosófico, quando


analisada à luz da razão e da revelação bíblica, cai por terra. Se o futuro,
por não existir atualmente não é uma verdade prática, e, portanto, possível
de ser reconhecido, então nenhum evento passado deveria ser admitido
como verdade, pois nenhum evento passado existe atualmente. Se somente
o presente determina a realidade, não existe nenhuma verdade em nenhum
evento ocorrido no passado, pois ele não mais existe. Assim, nenhum even-
to do passado teria ocorrido. Não nascemos, Cristo não veio ao mundo, a

249
Em defesa da fé

América não foi descoberta, Galileu Galilei não derrubou o conceito geo-
cêntrico e ontem não fui ao shopping! Paulo já havia orientado a Igreja de
Colosso acerca das filosofias vãs que nos apartam da simplicidade da dou-
trina de Cristo (Cl 2.8). O teísmo aberto com seu deus que conhece limi-
tadamente os acontecimentos futuros não pode representar o mesmo ser
apresentado nas páginas da palavra de Deus, pois são seres opostos.
Alguns problemas teológicos que atingem a nossa relação com Deus
seriam impossíveis de serem superados, se tal interpretação da onisciência
divina limitada retratasse quem, de fato, é o Deus revelado nas Escrituras.
Entre eles estão: Não poderíamos confiar em seu consolo futuro, pois po-
deríamos agir de alguma forma que o impedisse, por ser um ser limitado e
dependente de mim, para saber o que realizar amanhã; Suas profecias seriam
motivo de dúvidas, por não sabermos exatamente se muitas delas poderiam
de fato se cumprir; Teríamos um grande problema em harmonizar esse
conceito com o apresentado de forma autoevidente nas Escrituras, gerando
um enorme problema hermenêutico-exegético (de interpretação harmônica
do texto).
A Bíblia Sagrada afirma em um dos mais belos poemas sobre a pres-
ciência divina que o Senhor é conhecedor de detalhes da nossa vida, ainda
aqueles que por nossa escolha pessoal venham a ocorrer (Sl 139.1-6).

Por que a Bíblia chama homens poderosos (Sl 82.1) e anjos de


deuses (Sl 8.5)?

A Bíblia não declara que homens poderosos são considerados “deuses”.


O Salmo 82, que trata os juízes de Israel como “deuses” (v. 1), não o faz de
forma absoluta, mas “irônica”. O salmista declara que esses “deuses” eram
corruptos em sua forma de julgar (v. 2) e ignorantes acerca das verdades
fundamentais da vida e do juízo (v. 5); entretanto, apesar da nítida atitude
pecaminosa desses juízes de Israel, eles são chamados de forma irônica de
“deuses” (v. 6), apontando para a sua atitude arrogante de se sentirem como

250
C u rs o A po lo gético

soberanos divinos quando, no entanto, eram apenas meros mortais que


passariam como qualquer outro homem mortal desta existência (v. 6, 7), e
seus juízos seriam substituídos pelos juízos do Deus que julga retamente.
O Salmo 8.5, de forma semelhante, não está afirmando a divindade dos
anjos, como supõem alguns com base na citação desse mesmo Salmo no NT
(Hb 2.7 [aparece no texto a palavra “anjos” no lugar de “Deus” encontrada
no AT]). O Salmo simplesmente está afirmando que Deus é o soberano
sobre toda a criação, criando o homem como um ser inferior a ele. A citação
desse texto no NT onde é usada a palavra “anjos” em vez de “Deus” foi
tirada da LXX (Septuaginta [tradução do VT feita em grego aproximada-
mente 250-280 a.C.]), que simplesmente parafraseou o texto, dando-lhe um
novo sentido, o qual se harmoniza perfeitamente com o contexto de Hebreus,
que trata da superioridade de Jesus com relação aos anjos, e não de nenhum
tipo de divindade que possuam.

* * *

A Igreja católica afirma, em seu catecismo oficial, que o mes-


mo Deus adorado pelos muçulmanos é o Deus adorado pelos
católicos, nos seguintes termos: “Mas o plano de salvação
abrange aqueles que reconhecem o criador. Entre eles, em
primeiro lugar os muçulmanos, que, professando manter a fé
de Abrão, adoram conosco o Deus único, misericordioso, juiz
dos homens no último dia” (p. 242 [Referência 841], 2001).
De acordo com o livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, Alá (a
divindade crida por eles) nunca possuiu um filho (Surata 19.35, 88, 89), e
não faz parte de uma trindade (Surata 5.73). Se o Deus mencionado nas
Escrituras Sagradas, crido pelos cristãos como o único Deus verdadeiro,
possuiu um filho que é o Senhor Jesus Cristo (1Jo 5.9-12) e é Trino (Gn
1.26, 27), como podem ser o mesmo Deus?
O Alá muçulmano era adorado entre muitos outros deuses da Arábia
pré-islâmica como o deus lunar (por isso muitos países muçulmanos possuem

251
Em defesa da fé

a gravura de uma lua crescente em suas bandeiras), e era uma divindade


que fazia parte do culto idólatra de tribos de árabes antes do surgimento
do islã no Oriente antigo.

* * *

O professor britânico Antony Garrard Newton Flew (mais


conhecido como Antony Flew) foi reconhecidamente o maior
filósofo ateu do século passado. A sua obra, Theology and
Falsification (Teologia e Falsificação), foi a publicação filo-
sófica mais reimpressa do século 20. Outras obras de Flew,
como: God and Philosophy (Deus e Filosofia), The Presump-
tion of Atheism (A Presunção do Ateísmo) e How to Think Straight (Como
Pensar Corretamente), figuram entre os principais clássicos do ateísmo
moderno.
A importância de Antony Flew para o ateísmo moderno é singular, pois
nenhum ateu filosófico do século passado conseguiu expressar de forma tão
clara e contundente suas opiniões claramente objetivas contra um dos pen-
samentos mais “atrasados e infantis” (segundo o materialismo) do ser hu-
mano: a existência de um criador.
Com todas essas qualificações que muitos ateístas modernos gostariam
de possuir, ele, em matéria publicada pela Associated Press em 9 de novem-
bro de 2004, afirmou que esteve errado durante os cerca de cinquenta anos
em que defendeu o ateísmo, e que acreditava, sim, agora na existência de
Deus (“Designer Inteligente”). Ele declarou:

“Agora acredito que o universo foi criado por uma inteligência


infinita. Acredito que as intrincadas leis deste universo manifestam
o que os cientistas têm chamado de a mente de Deus. Acredito
que a vida e a produção têm sua origem em uma fonte divina. Por
que acredito nisso, se ensinei e defendi o ateísmo por mais de
meio século? A resposta é curta: esse é o retrato do mundo, como

252
C u rs o A po lo gético

eu o vejo, e que emergiu da ciência moderna. A ciência mostra


três dimensões da natureza que apontam para Deus. A primeira
é o fato de que a natureza obedece a leis. A segunda é a dimensão
da vida, de seres movidos por propósitos e inteligentes organiza-
dos que surgiram da matéria. A terceira é a própria existência da
natureza. Mas não é apenas a ciência que tem me guiado. O fato
de eu ter retomado o estudo dos argumentos filosóficos clássicos
também tem me ajudado.
Não foi nenhum novo fenômeno ou argumento que me moti-
vou a abandonar o ateísmo. Nessas últimas duas décadas, toda
minha estrutura de pensamento tem permanecido em estado de
migração, e isso foi consequência de uma contínua avaliação das
manifestações da natureza. Quando finalmente cheguei a reco-
nhecer a existência de um Deus, isso não foi uma mudança de
paradigma, porque meu paradigma permanece aquele que Platão
escreveu em A República, atribuindo-o a Sócrates: ‘Devemos
seguir o argumento até onde ele nos levar’” (FLEW, 2008, p. 94).

Antony Flew chegou às suas novas conclusões baseando todo seu pen-
samento nos parâmetros observacionais dentro dos limites estabelecidos
pela própria ciência. Se observarmos a natureza em sua totalidade e com-
plexidade, chegaremos a conclusões simples e não dogmáticas de que exis-
te um Criador acima da própria criação (Rm 1.18-22).

253
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DEUS

1. Qual a contribuição de Al-Ghazali para entendermos a necessi-


dade da existência de Deus?

2. É possível explicar a criação do universo sem admitir a existên-


cia de Deus? Explique.

3. Deus poderia ser tanto uma força com um ser pessoal? Explique.

4. Deus deve ser chamado apenas por um nome específico? Ex-


plique.

5. Apresente alguma evidência da existência de Deus que não se


baseia na fé.

6. Como podemos admitir a existência de Deus diante do mal?

7. Por que podemos afirmar que Deus não é apenas uma criação
da mente humana?

8. O que estaria por trás da tentativa de dizer que a crença na


existência de Deus é apenas uma forma de limitar a liberdade
humana?

9. Como entender a relação existente entre admitir a existência de


um único Deus e ao mesmo tempo admitir que Jesus seja Deus?

10. Por que Deus pode conhecer todos os eventos que ocorrerão
no futuro, mesmo os baseados na livre escolha humana? E qual
heresia nega essa verdade?

254
PROVA – DEUS

1. A chamada lei da causalidade determina que:


a) Nem toda causa possui um efeito.
b) Nem todo efeito possui uma causa.
c) Toda causa possui um efeito.
d) Tudo que é finito possui uma causa.

2. Se a matéria, o espaço e o tempo são uma realidade existente, e não eterna,


segundo a lei da causalidade:
a) O Criador de todo o universo é eterno e existe, além do espaço, matéria e
tempo.
b) O universo é uma percepção errada da realidade que nos cerca.
c) O criador não poderia ser eterno e atemporal.
d) N.R.A.

3. O grande filósofo medievalista que formulou o raciocínio sobre a impossibi-


lidade de existência de uma infinidade de eventos passados foi:
a) Antony Flew.
b) Blaise Pascal.
c) Al-Ghazali.
d) Maimônides.

4. Uma força não pode:


a) Possuir atributos ou qualidades impessoais.
b) Possuir atributos ou qualidades pessoais.
c) Possuir características ilimitadas de ação.
d) Possuir capacidade de organizar algo.

5. No cérebro humano, existe informação suficiente para:


a) Nos permitir acumular informações.
b) Auxiliar a vida celular.
c) Preencher uma enciclopédia que possua milhões de volumes.
d) Nos manter com lembranças presentes e passadas.

255
6. A grande questão relacionada à coexistência do mal e a existência de Deus é
chamada de:
a) Causalidade.
b) Teodiceia.
c) Teísmo aberto.
d) Determinismo.

7. A admissão da existência de Deus em um mundo onde existe o mal só pode ser


problemático se admitirmos uma visão completamente:
a) Predeterminista do mundo.
b) Determinista do mundo.
c) Aleatória do mundo.
d) Livre do mundo.

8. A ciência que deduz fatos não vistos é chamada de:


a) Indutiva.
b) Dedutiva.
c) Empírica.
d) Forense.

9. Sobre a afirmação de que toda a existência do fenômeno religioso deve ser


explicada em termos de relacionamento pessoal e filial, podemos declarar que:
a) É uma visão extremamente simplista do fenômeno religioso, ignorando o fato
de que nem todas as religiões expressam a paternidade e individualidade do ser.
b) É uma visão coerente, que define a questão da origem do fenômeno religioso
de forma completa e racional.
c) É uma visão parcial dos fatos, por se basear apenas nas religiões orientais como
hinduísmo e budismo.
d) As respostas a e c estão corretas.

10. O pensamento teológico heterodoxo que determina a incapacidade divina de


prever eventos futuros é conhecido por:
a) Teísmo heterodoxo.
b) Teísmo ortodoxo.
c) Teísmo aberto.
d) Teísmo fechado.

256
C u rs o A po lo gético

DiaBo

DEFINIÇÃO

A palavra grega diabolos tanto pode se referir a um nome próprio do inimi-


go de Deus (Jo 8.44) como também pode ser usada para expressar uma
atitude pecaminosa de maledicência e calúnia (1Tm 3.11; Tt 3.3). Quando
usada com referência a Satanás, menciona o inimigo pessoal e astuto de Deus
e de toda a raça humana (Hb 2.14; Ef 6.11).

Como Deus, sendo perfeito, criou o Diabo?

As Escrituras não declaram em lugar algum que Deus tenha criado um


ser pecaminoso e rebelde chamado Diabo. Assim como Deus criou uma
raça humana em perfeita harmonia com os outros seres ao seu redor (Gn
1.31), Ele também criou um anjo perfeito com uma posição elevada em
relação aos outros de sua mesma natureza (Ez 28.11-14). Entretanto, esse
ser com livre-arbítrio (liberdade de escolha) optou por não servir a Deus e,
insuflado pelo orgulho, rebelou-se. Portanto, Deus não é o criador desse
ser perverso, e sim de um anjo bondoso que se rebelou (Is 14.12-14; Ez
28.15-18). Assim como não podemos culpar o criador do avião pelo seu mau
uso por meio das guerras, não poderíamos culpar a Deus pelas escolhas

257
Em defesa da fé

feitas pelo Diabo. Se encontrarmos em Deus alguma culpa pelas escolhas


do Diabo, teríamos que admitir que a culpa pelas escolhas catastróficas de
Adão e Eva também procedem dele. Mas isso é impossível, pois nele não
há mal nem instigação ao pecado (Tg 1.13-17).

O Diabo não existe como um ser pessoal; ele é apenas uma repre-
sentação do mal existente em cada um de nós.

A Bíblia revela o Diabo como um ser distinto da natureza humana. Se


assim não fosse, como poderia estar ao nosso derredor (1Pe 5.8)? Também,
ele peca, não sendo, portanto, o mesmo que o mal ou pecado (1Jo 3.8). O
arcanjo Miguel contendeu com o próprio Diabo quando este pretendia
disputar o corpo de Moisés (Jd. 9). Se o Diabo não fosse um ser pessoal
como Miguel, o arcanjo, como isso poderia ter ocorrido? A Bíblia afirma
que Jesus não possuía natureza pecaminosa (Hb 4.15), mas Ele mesmo foi
tentado pelo Diabo (Mt 4.1-11). Se o Diabo fosse apenas o mal existente
em cada um de nós, teríamos de admitir que Jesus possuía o mal em sua
própria natureza (o que é negado pela própria palavra de Deus), pois o
Diabo o tentou. Será que Jesus se enganou quando tratou o Diabo em
termos pessoais (Mt 4.10-11)?

O Diabo será destruído?

Algumas pessoas interpretam de forma errônea a ideia do fogo eterno,


pensando que ele destrói ou extingue aqueles que nele serão lançados (ani-
quilacionismo), inclusive o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). Negar a punição
eterna do Diabo com base no fato de a expressão “fogo eterno” aparecer
no livro de Judas (Jd. 7), com referência ao fogo que trouxe destruição às
cidades de Sodoma e Gomorra (e que todos nós sabemos que não era “eter-
no”, pois não continua a arder), é desviar o texto de seu tema principal (o

258
C u rs o A po lo gético

juízo de Deus sobre o pecado), e também negar outras referências que


confirmam a punição eterna de Satanás, e não a sua destruição. Judas ape-
nas compara a ideia do fogo que trouxe juízo e destruição às cidades de
Sodoma e Gomorra com um juízo maior e eterno que virá. A expressão “são
postas como exemplo de fogo eterno” (Jd. 7) indica uma comparação, e não
uma mesma categoria de natureza punitiva.
A palavra grega bazanizo sempre indica no NT o tormento consciente
de alguém (do paralítico, por exemplo [Mt 8.6]). A mesma palavra é também
usada para se referir ao tormento do Diabo pelos séculos dos séculos (Ap
20.10). O Diabo será lançado no lago de fogo mil anos após a besta e o
falso profeta terem sido lançados ali, e eles não terão sido destruídos, ape-
sar dos mil anos no “lago de fogo”, indicando que não faz referência à
aniquilação dos ímpios, mas a sua punição eterna (Ap 19.20; 20.10).

Onde é o local de habitação e atuação do Diabo e dos demônios?

Ver resposta à pergunta do tópico Inferno:


O Diabo e os demônios habitam no inferno?

O Diabo já foi aniquilado por Cristo na cruz (Hb 2.14)?

A expressão grega que aparece no texto de Hebreus 2.14 (Katargeõ)


não indica a destruição total da pessoa do Diabo. A tradução ARA (Almeida
revista e atualizada) usa a expressão “destruísse” na tradução dessa palavra
grega, o que pode deixar essa impressão. Mas, para afirmarmos que o próprio
Diabo tivesse sido destruído através da cruz de Cristo, teríamos que negar
outras referências bíblicas com respeito à atuação do Diabo atualmente (Rm
16.20; 2Tm 2.26; Tg 4.7; 1Pe 5.8, Ap 2.10;20.10). A tradução NVI (Nova
Versão Internacional) usou outra palavra em português para verter Katargeõ

259
Em defesa da fé

– “derrotasse” –, demonstrando mais precisamente o que ocorreu através da


cruz de Cristo, segundo Hebreus (Ver: Cl 2.13-15). Esse vocábulo grego
possui vários outros significados: tornar inativo, anular, abalar, cessar, des-
fazer, o que nos auxilia em um melhor entendimento do seu possível signi-
ficado no texto. A mesma ideia é também apresentada no texto de 2 Timóteo
1.10, onde é declarado que Jesus “destruiu a morte” (Katargésantos), mesmo
que não tenha eliminado a sua completa atuação até hoje.

Foi o Diabo que enganou Moisés, dando-lhe a lei?

Não poderíamos jamais acreditar que o Diabo pôde de alguma forma


ter relação com o pacto da lei e a sua observância. Em lugar algum na Bíblia,
Jesus Cristo ou os seus discípulos declararam o diabo como o autor da lei
mosaica. Pelo contrário, temos algumas referências sobre ser Deus o autor
da lei (Rm 2.13-15, 18, 23) e o seu mediador, quando apareceu anterior-
mente à entrega da mesma na sarça ardente (Êx 3.4-6, comp. Mateus 22.31-
32) por meio de uma possível teofania (aparição de Deus [o filho] em forma
física no AT). Além do mais, o próprio Senhor Jesus afirmou que tinha
vindo a este mundo para cumprir tudo o que estava na lei e nos profetas
(Mt 5.17, 18). Se a lei é de origem diabólica, poderíamos crer que Jesus
veio cumprir as ordens do Diabo e se sujeitou aos seus mandamentos?

Se existe somente um único Deus, por que a Bíblia chama o Diabo


de “o deus deste século” (2Co 4.4)?

O Diabo é chamado de o “deus deste século” não por possuir alguma


essência divina que o dê direito legal a algum tipo de culto ou adoração.
Jesus declarou que o Diabo não poderia ser adorado, pois isso só a Deus
pertence (Mt 4.8-11). As Escrituras também declaram que somente Deus
possui direitos legais de receber culto, por ser Ele naturalmente o único ser

260
C u rs o A po lo gético

divino, e os outros “deuses” são assim cultuados porque os homens os fize-


ram objetos de culto, como o próprio Diabo também foi feito (Gl 4.8).
Portanto, podemos afirmar que o Diabo é um “deus” por atribuição huma-
na, e não por direito divino.

O Diabo e os demônios seriam apenas títulos dados pela Bíblia a


doenças ou distúrbios mentais?

Mesmo que haja atualmente uma tendência cética por boa parte da
psiquiatria de se encarar a possessão demoníaca apenas como sendo algum
tipo de distúrbio mental, emocional ou mesmo um “surto psicótico” (para-
digma baseado no materialismo filosófico que pressupõe apenas a origem
de fenômenos materiais para explicar todos os fenômenos ocorridos na
matéria), a Bíblia evidencia provas contrárias a essa posição. Jesus demons-
trou a existência e personalidade dos demônios (Mc 3.11, 12), sua capaci-
dade de transferência para outros seres, o que demonstra a impossibilidade
de serem denominados “distúrbios mentais” ou “emocionais” (Mt 8.28-32)
a possibilidade de produzirem doenças (Mc 9.17-21, 25-27), mesmo que
nem todas as doenças sejam de origem demoníaca (Mc 7.32-37). Ademais,
o próprio Jesus foi tentado pelo Diabo, não sendo possível acreditar que ele
tinha algum tipo de distúrbio mental, ou mesmo algum desequilíbrio emo-
cional, como testemunhado por seus inimigos (Jo 10.19-21).

261
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DIABO

1. O que significa a palavra “diabo” na língua grega?

2. Por que Deus não criou o Diabo?

3. É o Diabo apenas a personificação do mal existente em nós?


Explique.

4. Que palavra grega indica que o Diabo não será aniquilado? Cite
um texto bíblico.

5. Onde o Diabo habita?

6. A Bíblia ensina que o Diabo foi destruído na cruz? Explique.

7. Por que o Diabo (Satanás) é chamado de “deus” nas Escrituras?

8. Por que as palavras “Diabo” e “demônios” não são apenas termos


que se referem a doenças ou distúrbios mentais segundo a Bíblia?

9. Como Jesus demonstrou a existência e personalidade dos de-


mônios?

10. O que prova o fato de Jesus ter sido tentado pelo Diabo?

262
PROVA – DIABO

1. A palavra grega diabolos, além de se referir ao inimigo de nossas almas, também


significa:
a) Atitude de calúnia.
b) Atitude pecaminosa geral.
c) Pecado desenfreado.
d) Anjos caídos.

2. Sobre a existência do Diabo, é correto declarar que:


a) Deus, mesmo sendo um ser perfeito, pôde criar um ser imperfeito.
b) Deus criou um ser perfeito que optou pela desobediência, tornando-se seu
principal inimigo.
c) O Diabo é uma figura baseada nos mitos da Antiguidade.
d) N.R.A.

3. Não podemos culpar a Deus pela existência do Diabo porque:


a) Deus não sabia que ele se rebelaria.
b) Deus esperava que o Diabo continuasse em sua presença como um importante
Querubim.
c) Existem coisas que Deus não pode prever.
d) Não podemos culpar a Deus pelas más escolhas livres do Diabo.

4. O Diabo não pode ser apenas a personificação do mal, pois:


a) O mal não pode ser personificado na Bíblia.
b) Somente virtudes são personificadas na Bíblia.
c) Só encontramos esse conceito no AT.
d) Ele possui características bíblicas que só podem indicar a sua existência pessoal.

5. A crença de que o Diabo será destruído juntamente com seus anjos é conheci-
da como:
a) Ekpirose.
b) Punição eterna.
c) Apocatástase.
d) Aniquilacionismo.

263
6. A palavra grega bazanizo indica:
a) O tormento do Diabo pelo século dos séculos.
b) Que o Diabo será destruído no fogo eterno.
c) Que somente os ímpios serão aniquilados.
d) Que existem anjos caídos juntamente com o Diabo.

7. Segundo a própria Bíblia, o local central da atuação do Diabo é:


a) O Hades.
b) O Tártaro.
c) A Geena.
d) A terra.

8. A expressão grega Katargeõ indica:


a) Destruição completa do Diabo.
b) Destruição completa dos demônios.
c) A derrota do Diabo por Cristo na cruz.
d) A derrota dos falsos profetas.

9. Acreditar que a lei foi estabelecida pelo Diabo nos levaria a crer:
a) Que o Diabo pode, em alguns casos, executar a vontade de Deus.
b) Que o Diabo sempre realiza apenas o que Deus o permite.
c) Que o Diabo pode realizar grandes feitos.
d) Que o Diabo teria submetido Cristo a obedecer a seus mandamentos.

10. Para se negar a possibilidade de haver possessão demoníaca, define-se a ação


dos demônios como apenas:
a) Maldição hereditária.
b) Obsessão.
c) Surto psicótico.
d) N.R.A.

264
C u rs o A po lo gético

eSPírito

DEFINIÇÃO

O espírito (Hb. rúahh e Gr. pneuma) refere-se à entidade imaterial e cons-


ciente existente no homem, que sobrevive à morte do corpo (Ap 1.9, 10,
21.9, 10). A mesma palavra é usada, às vezes, de forma composta (Espírito
Santo) para se referir também à terceira pessoa da Trindade, o Consolador
enviado por Deus (Jo 14.15-17).

O espírito é apenas um “fôlego de vida” existente no homem, não


é uma entidade pessoal e consciente.

A Bíblia nos informa haver uma distinção entre o “fôlego de vida” e o


“espírito” humano. Apesar de ser verdade que as palavras, às vezes, sejam
usadas de forma intercambiável, notamos a diferença entre as expressões
quando elas se encontram no mesmo texto. A língua hebraica não tem
apenas uma única expressão para mencionar “fôlego de vida” e “espírito”.
Existem expressões distintas na língua veterotestamentária para designar
cada uma. Por exemplo, a expressão rúahh é um termo genérico que possui
uma imensa amplitude de significados (vento, sopro, fôlego, espírito etc.).
Já o termo específico para “fôlego” que aparece 23 vezes no AT é a palavra

265
Em defesa da fé

hebraica nesãmah. Quando as duas expressões se encontram no mesmo


texto, temos uma visão mais ampla desses significados, demonstrando assim
que ambos são termos distintos, o primeiro amplo (rúahh), e o segundo
restrito (nesãmah) – Jó 33.4, 34.14; Is 42.5; 57.16 (ARA). Que o espírito
humano não é apenas o fôlego de vida existente em cada um de nós, mas
uma entidade consciente, é inegável, pois as Escrituras são enfáticas a esse
respeito (Rm 8.16; 1Co 2.11; Ap 1.10).

Ver resposta à pergunta posterior.

A palavra “espírito”, no original bíblico, significa sempre “ar”,


“vento”, “sopro”, “fôlego”, sendo, portanto, apenas algo impessoal.

Se a palavra “espírito” fosse sempre um sinônimo dessas expressões,


todas as vezes que a encontrássemos, ela poderia ser substituída por qualquer
uma dessas palavras, sem, contudo, alterar o significado do texto. Tente
mudar a palavra “espírito” por “fôlego”, “ar”, “sopro”, “vento” em algumas
referências bíblicas e veja como perdem o significado (Mt 26.41; Lc 23.46;
Dn 7.15; Rm 8.16; Hb 12.23; Ap 1.10). Ademais, se a palavra “espírito”
sempre se referisse a algo impessoal – sem vontade, emoção e intelecto –,
como interpretaríamos os textos em que “espírito” aparece nas Escrituras
para se referir tanto a Deus (Jo 4.24) como aos anjos (Hb 1.13, 14) e aos
demônios (Lc 11.24)? Seriam Deus, os anjos e os demônios apenas “seres
impessoais” (sem personalidade, como os animais e as forças físicas existen-
tes) segundo a Bíblia? As Escrituras mencionam o fato de o próprio após-
tolo João ter sido levado em “espírito” a um alto monte (Ap 21.10). O que
foi levado ao alto monte? O seu “fôlego” de vida? Se foi o fôlego, como pôde
este “fôlego” possuir consciência, a ponto de descrever com detalhes a nova
Jerusalém que lhe foi demonstrada (Ap 21.11-27)?

Ver resposta à pergunta anterior.

266
C u rs o A po lo gético

Qualquer pessoa que acredita na personalidade do espírito do


homem deve ser considerada espírita.

Segundo o Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, “espírita” é todo


aquele que tem relação com o espiritismo, que é adepto do espiritismo ou
crê na manifestação dos espíritos (p. 478 [Vocabulário espírita]), e não quem
acredita na personalidade do espírito humano. O próprio apóstolo Paulo
afirmou que o espírito humano pode “testemunhar” (Rm 8.16), “ser salvo”
(1Co 5.5), “se alegrar” (2Co 7.13). Segundo o apóstolo Pedro, deve “possuir
mansidão e tranquilidade” (1Pe 3.4). Se estas não são características pessoais,
o que significa personalidade? Seria o apóstolo Paulo espírita por crer na
personalidade do espírito humano (1Co 2.11)?

O Espírito Santo não é um ser pessoal consciente, é apenas a in-


fluência ou poder de Deus, que, às vezes, é tratado em termos
pessoais, assim como a morte o é, sem, contudo, ser uma pessoa
(Rm 5.14).

O Espírito Santo não possui apenas certos tratamentos pessoais figu-


rados, como podemos entender claramente no texto de Romanos com re-
ferência à morte (quem lê o texto claramente não se confunde com o fato
de a morte não ser uma pessoa), mas com referência ao Espírito Santo não
temos essa impressão clara de uma linguagem figurada. Antes, vemos certos
atributos pessoais que não poderiam ser atribuídos a uma mera força ou
influência divina. Possui intelecto (1Co 2.10, 11), tem emoção (Rm 15.30),
escolhe pessoas (At 13.2), é chamado de Deus (At 5.3, 4), pode-se mentir
a Ele (At 5.3), possui virtudes (Is 11.2), esclarece informações (Hb 9.8) e
dá testemunho (Rm 8.16). Como poderia ser o Espírito Santo apenas uma
“força” se dá instruções proféticas como sendo o próprio Deus? Pode uma
força falar e instruir (At 13.1-3)?

267
Em defesa da fé

João disse que batizava com água, assim como Jesus batizaria com
o Espírito Santo (Mt 3.11). Se a água não é uma pessoa, o Espírito
Santo também não é.

Essa analogia entre o batismo com água e o Espírito Santo se mostra


inconsistente. Quando analisamos outros textos bíblicos, verificamos que a
palavra “batismo” foi usada também por Paulo em relação a sermos batiza-
dos em Jesus Cristo (Rm 6.3). Seria lógico ensinar que Jesus não é uma
pessoa apenas porque temos sido batizados nele?

Ver resposta à afirmação deste tópico:


O Espírito Santo não é um ser pessoal consciente, é
apenas a influência ou poder de Deus, que, às vezes,
é tratado em termos pessoais, assim como a morte
o é, sem, contudo, ser uma pessoa (Rm 5.14).

A Bíblia diz que o Espírito Santo seria “derramado” (At 2.17), e


não se derramam pessoas.

O Espírito Santo é inegavelmente um ser pessoal. Essa expressão pro-


fética é claramente figurada, assim como quando Jesus disse ser a “porta”
(Jo 10.7), o “caminho” (Jo 14.6) e a “videira” (Jo 15.1). Paulo, o apóstolo,
afirmou que estava sendo “derramado” como sacrifício de libação (2Tm 4.6).
Ele deixou de ser uma pessoa por usar tal linguagem figurada? O uso de
“derramar”, com referência ao Espírito Santo, seria suficiente para negar a
sua personalidade?

Ver resposta à afirmação deste tópico:


O Espírito Santo não é um ser pessoal consciente, é
apenas a influência ou poder de Deus, que, às vezes,
é tratado em termos pessoais, assim como a morte
o é, sem, contudo, ser uma pessoa (Rm 5.14).

268
C u rs o A po lo gético

O Espírito Santo não pode ser uma pessoa, pois a Bíblia declara
que pessoas foram cheias do Espírito Santo (At 2.4). Como poderia
uma pessoa entrar em outra e enchê-la?

Todas as pessoas que dizem acreditar na Bíblia creem que Satanás


também é um ser pessoal, apesar de ser um espírito, e a Bíblia declara que
Satanás entrou em Judas Iscariotes (Lc 22.3), assim como uma legião de
demônios entrou no gadareno (Lc 8.27-30 – Uma legião de soldados roma-
nos formada por cerca de 6.000 soldados). Pode ou não, segundo a Bíblia,
uma “pessoa” ou “pessoas” entrar(em) em outra(s)? Os espíritos não possuem
corpos (matéria física) que o impeçam de fazer isso, assim como o Espírito
Santo também não o possui, pois os espíritos não possuem “carne e ossos”
(Lc 24.39).

Ver resposta à afirmação deste tópico:


O Espírito Santo não é um ser pessoal consciente, é
apenas a influência ou poder de Deus, que, às vezes,
é tratado em termos pessoais, assim como a morte
o é, sem, contudo, ser uma pessoa (Rm 5.14).

A expressão “em nome do Espírito Santo” (Mt 28. 19) não quer
dizer que ele seja uma pessoa, pois, quando um policial prende
alguém e diz que ela está presa em “nome da lei”, ele não está se
referindo a um ser pessoal (lei).

Esse argumento se mostra deficiente por dois motivos: tentar inserir


como comparativo de explicação à expressão “em nome da lei”, que é um
anacronismo (naquela época não se usava essa expressão em nenhum con-
texto conhecido), pois não aparece nas Escrituras.
A palavra “nome”, no NT grego, é onoma, e das 228 vezes que apare-
ce nas Escrituras Sagradas somente quatro não menciona a ideia de pessoa
(menciona localidades, nunca uma força). Portanto, seria mais sensato pelo

269
Em defesa da fé

contexto geral do uso dessa expressão no NT grego crer que o texto men-
ciona alguém, e não algo.

Ver resposta à afirmação deste tópico:


O Espírito Santo não é um ser pessoal consciente, é
apenas a influência ou poder de Deus, que, às vezes,
é tratado em termos pessoais, assim como a morte
o é, sem, contudo, ser uma pessoa (Rm 5.14).

Para informações complementares, ver os tópicos


Alma e Espiritismo.

270
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ESPÍRITO

1. Defina a palavra “espírito” com base nas línguas originais.

2. Por que não podemos afirmar que o espírito seja apenas um


fôlego de vida?

3. Como podemos entender o significado da palavra “espírito” no


original quando a substituímos por seus sinônimos em português?

4. É o Espírito Santo apenas uma força ativa? Explique.

5. A expressão grega onoma nega a personalidade do Espírito


Santo? Explique.

271
PROVA – ESPÍRITO

1. A palavra grega pneuma em Apocalipse 1.10 significa:


a) Apenas o fôlego de vida existente em todos os seres vivos.
b) Apenas qualquer tipo de vento.
c) A entidade imaterial e consciente que sobrevive à morte do corpo.
d) O sopro do Espírito Santo.

2. Sobre a língua hebraica, podemos declarar que:


a) Não faz nenhuma diferença entre fôlego e espírito.
b) Apresenta semelhança entre fôlego e morte.
c) Não possui a palavra espírito.
d) Em algumas ocasiões, faz diferença entre espírito e fôlego.

3. As duas palavras hebraicas que, quando se encontram no mesmo texto, apre-


sentam distinção entre fôlego e espírito são:
a) Rúahh e Nesãmah.
b) Rúahh e Pneuma.
c) Nesãmah e Nephesh.
d) Psyche e Rúahh.

4. Se a palavra espírito e fôlego trouxessem o mesmo significado, poderíamos:


a) Negar a existência do fôlego de vida.
b) Poderíamos negar a personalidade de Deus, dos anjos e dos demônios.
c) Entender a complexidade do tema.
d) Dizer que o fôlego de vida é também uma entidade pensante.

5. Aquele que acredita na “manifestação dos espíritos” pode ser considerado:


a) Adventista do Sétimo Dia.
b) Testemunha de Jeová.
c) Espírita.
d) Evangélico.

272
6. Segundo o apóstolo Paulo, podemos:
a) Crer na personalidade do espírito humano.
b) Crer na manifestação dos espíritos.
c) Crer que o espírito é apenas o fôlego de vida.
d) N.R.A.

7. Não podemos confundir o Espírito Santo com uma força impessoal, pois:
a) Uma força impessoal não existe.
b) Toda força possui personalidade parcial.
c) Ele apenas aparece parcialmente impessoal.
d) A Bíblia é muito explícita em atribuir características pessoais inconfundíveis a
Ele.

8. O fato de as Escrituras mencionarem que seríamos batizados no Espírito Santo


não anula a sua personalidade do Espírito, pois:
a) Essa afirmação não se encontra na Bíblia.
b) Essa afirmação é mais interpretativa do que claramente bíblica.
c) O Espírito é mencionado de forma figurada, assim como o é Jesus.
d) Não sabemos tudo sobre o Espírito Santo.

9. Se negarmos a personalidade do Espírito Santo por ele ter sido “derramado”,


também deveríamos negar a personalidade de:
a) Moisés.
b) Pedro.
c) Abraão.
d) Paulo.

10. Sobre a palavra grega onoma, podemos declarar que:


a) É usada para sempre mencionar uma localidade.
b) É usada para mencionar algumas vezes uma força.
c) É usada para mencionar, na vasta maioria das vezes, uma pessoa.
d) É usada para sempre mencionar a lei.

273
Em defesa da fé

falSoS ProfetaS

DEFINIÇÃO

A expressão “Falso Profeta” (Gr. pseudoprofhetes), de um modo geral, signi-


fica alguém que diz possuir direção divina em suas afirmações e revelações,
quando, de fato, não a possui (Jr 14.14, 15). Os falsos profetas podem predizer
algo que não ocorre, demonstrando assim a falsidade de suas revelações
(Dt 18.20-22), ou predizer fatos que ocorrem por permissão divina, para veri-
ficar quanto as pessoas estão atrás de revelações no lugar da verdade divina
(Dt 13.1-3). De forma particular, a expressão aparece nas Escrituras Sagradas
como uma alusão ao grande inimigo de Cristo, o qual surgirá e induzirá mui-
tos dos habitantes da terra a batalharem contra Deus (Ap16.13, 14).

Como podemos saber se determinado profeta é ou não mensagei-


ro de Deus?

O profeta verdadeiramente dirigido por Deus sempre ensinava de


acordo com as palavras de Deus (Dt 18.19). O fato de uma profecia ser
proferida em nome de Deus não o faz seu autor (Jr 14.14, 15). Assim como
a característica principal de uma boa falsificação é a grande semelhança com
o original e verdadeiro, uma profecia de um falso profeta pode, às vezes, se

274
C u rs o A po lo gético

cumprir em detalhes para confundir pessoas que sempre estão atrás de


revelações divinas, em lugar do conhecimento exato do Deus revelado nas
Escrituras Sagradas (Dt 13.1-3). A questão da identificação do verdadeiro
em oposição ao falso profeta não está simplesmente em afirmar seguir e
usar o nome de Cristo em suas predições, mas em fazer a vontade de Deus
por meio das doutrinas por ele professadas (Mt 7.21, 22).

Ver resposta à pergunta posterior.

Sinais e milagres são provas da autoridade divina de um profeta?

As Escrituras Sagradas afirmam inequivocamente, pela própria palavra


do Senhor Jesus, que falsos profetas podem realizar grandes sinais miracu-
losos para enganar os incautos com uma falsa autoridade divina (Mt 7.22),
e até mesmo os demônios podem ser os portadores dos milagres realizados
pelos falsos profetas para induzirem muitos ao erro (Ap 16.13, 14). O após-
tolo Paulo afirma em uma de suas epístolas que o próprio Satanás se disfar-
ça de anjo de luz, realizando boas obras com intenções malignas para en-
ganar a muitos por meio de falsos mestres (2Co 11.13-15). E até mesmo
João Batista, apesar de ser o último dos profetas da AT (antiga aliança),
nunca realizou nenhum sinal miraculoso como comprovação de sua autori-
dade divina (Jo 10.41).

Ver resposta à pergunta anterior.

As profecias de um falso profeta podem se cumprir?

Sim. É errado acreditarmos que toda profecia não enviada por Deus
jamais possa ter um cumprimento real. Deus advertiu ao próprio povo de
Israel que ficasse atento com os falsos profetas cujas profecias se cumprem,

275
Em defesa da fé

pois isso poderia ser uma forma de guiá-los para longe do Senhor, dando
credibilidade excessiva à profecia, sem, contudo, analisar as doutrinas falsas
acerca de Deus ensinadas por eles (Dt 13.1-3). Um profeta verdadeiro deve
ter as suas crenças em harmonia com o Deus que ele representa.

Quais as principais características que possuirá o “falso profeta”


que surgirá juntamente com o Anticristo?

A Bíblia dá algumas características que identificarão o poderio exerci-


do pelo falso profeta, que governará juntamente com o Anticristo:

1. Possuirá influência religiosa (Ap 13.14).


2. Será motivado por Satanás (Ap 13.11).
3. Fará sinais e milagres (Ap 13.13).
4. Enganará o mundo incrédulo (Ap 13.13, 14).
5. Promoverá a adoração ao Anticristo (Ap 13.12).
6. Terá o poder de matar os que não forem submissos ao Anticristo
(Ap 13.15).

O que os profetas verdadeiros predizem acontece, mas podem não


entender exatamente quando e como sucederá (Dn 12.9; 1Pe 1.10-
11; 1Co 13.9-10).

É bem verdade que os profetas de Deus não sabiam em algumas


ocasiões quando se cumpriria a Palavra do Senhor por meio deles, mas
nenhum afirmou que tal profecia ocorreria em determinada época sem
serem bem-sucedidos nisso. Alguns falsos profetas tentam, com base no
fato de, às vezes, os profetas de Deus não saberem quando se cumpriria
determinada profecia, justificar os seus erros proféticos que os desmascaram.
Não saber quando uma profecia ocorrerá não é o mesmo que profetizar
algo não cumprido (Dn 12.9).

276
C u rs o A po lo gético

Nostradamus foi um profeta de Deus na mesma categoria dos


profetas bíblicos ou pode ser considerado um falso profeta?

Uma das evidências de que os profetas bíblicos foram inspirados por


Deus é a riqueza de detalhes futuros que são expressos de uma forma não
dúbia em seus escritos, como no caso de Daniel, o profeta. Ele escreveu
profecias tão detalhadas, com menção aos grandes reinos da terra na se-
quência em que realmente surgiram, mesmo tendo vivido séculos antes do
surgimento de alguns desses impérios (Dn 2). Mesmo assim, tem a sua
verdadeira existência negada como personagem histórico real por alguns
críticos, que afirmam que as suas profecias seriam, na verdade, um embus-
te escrito após os fatos terem ocorrido (Dn 2; 2Pe 1.20, 21), o que demons-
tra a clara dificuldade de se admitir a existência de profecias legítimas e,
consequentemente, o sobrenaturalismo. O próprio Jesus considerou Daniel
um profeta (Mt 24.15).
Quanto a Nostradamus, não podemos afirmar que haja a mesma qua-
lidade no cumprimento das profecias mencionadas por ele, pois, de acordo
com alguns pesquisadores de suas “centúrias” (profecias), elas são vagas e
podem se encaixar em muitos eventos ocorridos, desde que sejam bem
manipuladas. É exatamente por isso que existem várias interpretações su-
geridas pelos milhares de pesquisadores de suas “previsões”. Éricka Chee-
tham, reconhecida estudiosa das “profecias” de Nostradamus, em seu livro,
The Final Prophecies of Nostradamus (p. 20), afirma que muitas previsões
de Nostradamus são erradas. Muitos céticos têm criticado várias informa-
ções dadas pela Bíblia, mas não vemos até agora alguém sendo bem-suce-
dido em negar a precisão das profecias bíblicas em sua exatidão e detalhes
acerca do futuro, mas o mesmo não ocorre com o francês Nostradamus
(ver: Dt 18.22).

Ver resposta à pergunta do tópico Bíblia:


Que evidência possui a Bíblia de sua autoridade divina?

277
Em defesa da fé

Pelo fato de os apóstolos de Jesus terem algumas expectativas


“erradas” com relação ao futuro (At 1.6, 7), podemos afirmar que
algumas predições de alguns “profetas” que não se cumpriram
estão no mesmo nível?

Existe uma grande diferença entre ter uma expectativa errada com
relação a um evento futuro e afirmar de forma clara que um evento ocor-
rerá em determinado tempo e se frustrar. Nenhum apóstolo do Senhor
Jesus afirmou que determinado fato ocorreria em certa época sem que
ocorresse no tempo predito. Alguns membros na Igreja primitiva possuíam
um entendimento errado acerca do período em que o Senhor executaria
juízo sobre a terra, até que o apóstolo Paulo corrigiu o entendimento
errado que possuíam (2Ts 2.1-4). Quando os apóstolos perguntaram quan-
do ocorreria a restauração do reino de Israel (At 1.6, 7), eles queriam
simplesmente saber quando ocorreria um evento tão importante para a
sua nação, e de forma alguma podemos comparar aquele momento com
uma profecia que foi um malogro. Eles queriam saber quando ocorreria
a restauração do reino de Israel, mas nunca determinaram datas para isso
acontecer.

Por que Jonas profetizou que em quarenta dias a cidade de Nínive


seria destruída se isso não ocorreu (Jn 3.4)?

De fato, o profeta Jonas, ao chegar a Nínive, profetizou que em qua-


renta dias toda a cidade seria destruída, mas isso não ocorreu. O que deve-
mos entender com relação a esse período profético na vida de Jonas é que
esse tipo de profecia tinha o seu cumprimento dependendo da atitude de
arrependimento que tivesse a nação. De acordo com Jeremias 18.7-10, o
cumprimento de algumas profecias era condicional à atitude dos ouvintes.
A profecia declarada pelo profeta não falhou, pois o povo se arrependeu a
tempo para ser poupado, atitude perfeitamente de acordo com um Deus

278
C u rs o A po lo gético

misericordioso (Jn 3.5-10). Deus usou tão poderosamente o profeta que


esse episódio demonstra a maior conversão em massa registrada nas Escri-
turas (120 mil pessoas), de acordo com Jonas 4.11.

Por que a profecia de Natã dita ao rei Davi não se cumpriu, se ele
era profeta de Deus (1Cr 17.1-4)?

Antes de qualquer coisa, devemos compreender que as palavras de


Natã, proferidas a Davi, naquela ocasião, não foram uma profecia. Natã não
disse: “Assim diz o Senhor” ou “Estas são as palavras do Senhor”. Eles
simplesmente estavam em uma conversa informal, e como gostou da ideia
de se construir um templo para o Senhor, disse que Deus estava com o rei
em seu intento, mas aquilo não foi uma profecia, e sim a vontade do cora-
ção de Natã, por isso depois Deus o enviou para falar uma palavra proféti-
ca a Davi, rejeitando o templo que ele pretendia construir e declarando
coisas sobre o reino futuro (1Cr 17.3-15). A primeira afirmação de Natã não
era uma profecia, a segunda era.

* * *

As Testemunhas de Jeová tentam usar alguns argumen-


tos respondidos neste tópico na intenção de replicarem
as acusações que são feitas acerca de suas falsas profecias
sobre quando ocorreria o Armagedom (o tempo do fim). Quando as Teste-
munhas de Jeová mencionam datas que não se cumprem com relação ao
tempo do fim, elas constantemente tendem a declarar que alguns fiéis tive-
ram expectativas erradas com relação ao tempo do fim (Despertai, 22/06/1995,
pp. 8, 9), mas isso foi fruto do entendimento errado entre elas, e não uma
informação falsa por parte do “corpo governante” (a liderança mundial das
Testemunhas de Jeová). Porém, a verdade é: todas as expectativas erradas
com relação ao Armagedom foram criadas e declaradas pela liderança das
Testemunhas de Jeová em suas publicações. Se as Testemunhas de Jeová

279
Em defesa da fé

acreditam que o “corpo governante” é o representante do Escravo fiel e


discreto de Mateus 24.45, 46 (os representantes dos 144 mil ungidos que
dão o alimento espiritual correto no tempo devido), como poderiam incorrer
no mesmo erro de predição várias vezes? Profecias não cumpridas são ali-
mentos espiritualmente sadios e nutritivos ao “povo de Jeová”?
O “corpo governante” declarou no livro As Nações Terão de Saber que
Eu Sou Jeová, Como? fazer parte de uma “classe genuinamente profética”,
o “Ezequiel hodierno”, que foi enviado a falar a todas as nações “em nome
de Jeová” (pp. 62, 270 – ver: Dt 18.21-22 ), e que todas as Testemunhas de
Jeová fazem parte de uma “classe profética comissionada”, composta por
homens e mulheres (A Sentinela, 01/10/72, p. 581 – Tópico: “Saberão que
houve um profeta no meio do povo”).Vejamos algumas profecias do corpo
governante das Testemunhas de Jeová, as quais o desqualifica como um
autêntico profeta de Deus, como declaram:

1. O fim para 1914:


“A Batalha do grande dia do Deus todo-poderoso (Ap. 16.14),
a qual terminará em 1914 com a completa destruição do presen-
te governo da terra, já começou” (The Time At Hand [O Tempo
está próximo – 2 vol. Estudos das Escrituras], p. 100, 1889).
“A presente grande guerra na Europa é o começo do Arma-
gedom das Escrituras (Ap 16.16-20) [...] todo tipo de iniquidade
virá a baixo” (Pastor Russel’s Sermons [Sermões de Russel], 1917,
p. 676).

2. O fim para 1925:


“Desde que outras Escrituras definitivamente estabelecem o
fato de que Abraão, Isaac e Jacó ressuscitarão e outros fiéis anti-
gos, e que estes seriam os primeiros favorecidos, podemos esperar
em 1925 a volta desses homens fiéis de Israel, ressurgindo da
morte e completamente restituídos à perfeição humana” (Milhões
que agora vivem jamais morrerão, 1923, p. 110).

280
C u rs o A po lo gético

3. O fim para 1975:


“Receberam-se notícias a respeito de irmãos que venderam
sua casa e propriedade e que planejam passar o resto de seus dias
neste velho sistema de coisas empenhados no serviço de pioneiro.
Este é certamente um modo excelente de passar o pouco tempo
que resta antes de findar o mundo iníquo – (1Jo 2.17)” (Nosso
ministério do reino, julho de 1974, pp. 3, 4).
“Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do
Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reina-
do milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então?
Possivelmente.” (A Sentinela, 15/02/1969, p. 115).
“Dentro em breve, no nosso século vinte, começará a “batalha
no dia de Jeová” contra o antítipo moderno de Jerusalém, a cristanda-
de” (As nações terão de saber que Eu sou Jeová, Como? 1973, p. 200).

As Testemunhas de Jeová interpretaram de forma erra-


da o que foi dito, ou foram induzidas pelo próprio corpo
governante a ensinar falsas profecias? Uma organização
que representa a Deus pode produzir tantas profecias
falsas em seu nome?
A Igreja Adventista do Sétimo dia acredita ser a igreja
remanescente, que é caracterizada por possuir o “espírito de profecia”,
segundo o livro Subtilezas do Erro (p. 30). Quando verificamos algumas das
chamadas “profecias” de Ellen G. White (EGW), a profetisa do movimento
Adventista, vemos evidências contrárias de que o seu “espírito profético”
tenha sido dado por Deus. No mesmo livro, lê-se a profecia de Ellen Whi-
te concernente à interferência da Inglaterra na Guerra Civil Americana nos
seguintes termos: “Quando a Inglaterra declarar guerra, todas as nações
terão seu próprio interesse em acudir, e haverá guerra geral” (p. 42). A
“profecia” mencionada durante o contexto da Guerra Civil Americana de-
clarava que “haverá guerra”, e não que “haveria guerra”, demonstrando
assim que essa “profecia” não era condicional. A guerra não se generalizou
e a Inglaterra não participou dela. A profecia era falsa.

281
Em defesa da fé

Ainda no mesmo livro, na página 30, lemos a seguinte afirmação do


autor: “Tudo quanto [Ellen White] disse e escreve foi puro, elevado, cien-
tificamente correto e profeticamente exato” (grifo do autor). Ao estudarmos
algumas citações antigas de Ellen White, vemos não ser tão “cientificamen-
te corretas” como dizem.
Em 1864, Ellen White teve o seu primeiro livro sobre a reforma pró-
-saúde, Um Apelo às Mães: A Grande Causa da Ruína Física, Mental e
Moral das Crianças de Nosso Tempo, onde ensinava que a masturbação era
a causa de grandes problemas de saúde das crianças de seu tempo:

“Sinto-me alarmada com aquelas crianças [...] que pelo vício so-
litário estão se arruinando [...] ouvi numerosas queixas de dor de
cabeça, catarro, tontura, nervosismo, dor nos ombros e do lado,
perda de apetite, dor nas costas e membros [...] e não percebestes
ter havido uma deficiência na saúde mental de vossos filhos? [...]
a indulgência secreta [masturbação] é em muitos casos, a única
causa real das numerosas queixas da juventude” (ANDERSON,
1999, pp. 11, 13, 37). “A condição do mundo é alarmante. Por
toda parte que olhemos vemos imbecilidade, nanismo, membros
aleijados, cabeça malformada e deformidade de toda descrição
[...] hábitos corrompidos estão dissipando sua energia, e trazendo-
lhes enfermidades repugnantes e complicadas [...] As crianças que
praticam a Autoindulgência [masturbação] [...] Devem pagar a
penalidade” (Ibid., p. 14).

Será que a ciência de nosso século 21 atribui à masturbação alguns


desses sintomas afirmados pela profetisa do movimento adventista? Se não,
como podem afirmar os Adventistas do Sétimo Dia que os Escritos de Ellen
White eram inspirados, possuindo o mesmo grau de inspiração das Escri-
turas Sagradas (Revista Adventista, fevereiro de 1984, p. 84)?

* * *

282
C u rs o A po lo gético

Os Mórmons afirmam que Joseph Smith foi um legítimo pro-


feta e restaurador do verdadeiro cristianismo perdido desde o
fim do período apostólico no 1º século. Quando analisados os
seus escritos “proféticos”, entendemos que ele jamais poderia
ter sido um genuíno profeta de Deus. Vejamos algumas profe-
cias de Joseph Smith que denunciam a falsidade de sua supos-
ta inspiração divina:

1. A Nova Jerusalém e seu Templo devem ser construídos no Estado


do Missouri ainda durante a geração presente. Essa “profecia” foi
proferida em setembro de 1832 e é citada no livro Doutrinas e
Convênios 84.1-5. A cidade não foi construída e o Templo não foi
edificado naquela geração.
2. A casa Nauvoo deve pertencer à família Smith por todas as gera-
ções (Doutrinas e Convênios 124.56-60). Após a morte de Joseph
Smith, em 1844, os mórmons foram removidos de Nauvoo, e a
casa já não pertence mais a ninguém da família Smith.
3. Os inimigos de Joseph Smith seriam confundidos ao tentar matar
o “profeta” (2Néfi 3.14). Parece que quem foi confundido foi Joseph
Smith, pois em 27 de junho de 1844 ele foi morto a tiros em uma
prisão em Illinois. Os inimigos não foram confundidos quando
atentaram contra a vida do “profeta”. A profecia era falsa.
4. Joseph Smith afirmou no dia 17/04/1838 que David W. Patten, jun-
tamente com outros homens, iriam sair em missão na próxima pri-
mavera para testificar acerca do Senhor (Doutrinas e Convênios
114.1). Segundo o livro mórmon History of Church, David W. Patten
morreu em 25/10/1838, ferido por arma de fogo, portanto, não viveu
para sair na próxima primavera em missão juntamente com os onze
(History of Church, vol. 13, p. 171). A profecia era falsa.

Para informações complementares sobre falsas profecias acerca da


vinda de Cristo, leia as notas finais do tópico Volta de Cristo.

283
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

FALSOS PROFETAS

1. Qual o termo grego para se referir aos falsos profetas e o que


significa?

2. Qual a principal característica de uma boa falsificação, e o que


isso tem a ver com os falsos profetas?

3. Cite três características do falso profeta mencionado na Bíblia.

4. Se um profeta bíblico tivesse alguma expectativa errada com


relação aos eventos futuros, isso o desqualificaria como um
profeta autêntico? Explique.

5. Como especialistas nas profecias de Nostradamus definem suas


centúrias?

6. Por que as Testemunhas de Jeová podem ser consideradas falsos


profetas?

7. Cite três datas que as Testemunhas de Jeová mencionaram com


relação ao Armagedom.

8. Por que EGW pode ser considerada uma falsa profetisa?

9. O conceito de EGW sobre masturbação a desqualifica como


uma autêntica mensageira de Deus? Explique.

10. Quais profecias de Joseph Smith Jr. comprovam sua falsidade


como representante de Deus? Cite duas.

284
PROVA – FALSOS PROFETAS

1. Sobre como identificar a veracidade ou não de um profeta, podemos declarar que:


a) Falsos profetas nunca podem proferir profecias.
b) Falsos profetas podem proferir profecias verdadeiras.
c) Falsos profetas nunca proferem profecias verdadeiras.
d) Falsos profetas podem proferir profecias falsas apenas nas seitas.

2. De acordo com as Escrituras, João Batista:


a) Não era profeta.
b) Era profeta do NT.
c) Realizou grandes sinais proféticos.
d) Apesar de ser profeta, nunca realizou nenhum sinal comprovador de sua auto-
ridade divina.

3. Entre as principais características do falso profeta mencionado nas Escrituras,


temos:
a) Fará sinais e milagres e enganará o mundo incrédulo.
b) Será motivado por Satanás e falará somente das Escrituras.
c) Possuirá influência religiosa e também política.
d) Promoverá a adoração ao Anticristo e a si mesmo.

4. Com relação ao tempo do cumprimento de uma profecia, podemos declarar


que um profeta legítimo:
a) Nunca saberia o tempo exato de um cumprimento profético.
b) Sempre saberia o tempo exato de um cumprimento profético.
c) Em algumas ocasiões, poderia não saber o tempo exato de um cumprimento
profético.
d) Poderia até mesmo profetizar falsamente se assim o Senhor o ordenasse.

5. Sobre a comparação existente entre as profecias bíblicas e as de Nostradamus,


devemos:
a) Reconhecer que Deus tem outros profetas, além dos profetas bíblicos.
b) Reconhecer que a origem das profecias de Nostradamus é a própria Bíblia.
c) Reconhecer que Nostradamus possui uma exatidão profética igual à encontrada
na Bíblia.
d) Reconhecer que as profecias bíblicas são mais específicas que as chamadas
centúrias.

285
6. Sobre as possíveis perspectivas proféticas erradas dos apóstolos de Cristo,
podemos declarar que:
a) Eles as tiveram.
b) Eles as admitiram e confessaram seu pecado.
c) Eles nunca as tiveram.
d) Eles, às vezes, confundiam uma palavra profética.

7. Sobre o não cumprimento da profecia de Jonas, podemos entender que sua


profecia:
a) Não vinha de Deus.
b) Foi apenas precipitada, mas de origem divina.
c) Foi uma profecia incondicional, portanto, passiva de falhas.
d) Foi uma profecia condicionada à atitude dos ninivitas, por isso não se cumpriu
como declarada.

8. Sobre a declaração do profeta Natã que não se cumpriu, entendemos que:


a) Não foi uma profecia, mesmo que tenha sido proferida pela boca de um profe-
ta legítimo.
b) Era uma profecia condicional e dependia da atitude do rei Davi.
c) Os profetas de Deus eram falhos também ao proferirem suas predições.
d) É apenas um erro de tradução.

9. As Testemunhas de Jeová predisseram o fim, respectivamente, para:


a) 1914, 1925, 1975.
b) 1914, 1925, 1973.
c) 1925, 1975, 1980.
d) 1914, 1975, 1981.

10. Ellen G. White errou profeticamente quando mencionou profecia com relação:
a) À Bíblia.
b) À Guerra Civil dos EUA.
c) À restauração do Estado de Israel.
d) N.R.A.

286
C u rs o A po lo gético

DEFINIÇÃO

A fé (Gr. pístis) é a convicção de fatos não vistos baseados em uma motiva-


ção interior e espiritual que nos ajuda a superar dificuldades e vislumbrar o
agir de Deus ao nosso redor. Somente por meio dessa força motivadora
podemos agradar a Deus (Hb 11.1-3) e alcançarmos salvação de nossas almas
(Ef 2.8).

Existe apenas um único tipo de fé?

Não. As Escrituras Sagradas afirmam que, além da fé salvadora em


Cristo Jesus (At 20.21), que é compartilhada por todos aqueles que um dia
entregaram as suas vidas a Ele recebendo a salvação eterna de suas almas
(Ef 2.8, 9), existe também um dom especial de fé, dado pelo Espírito San-
to àqueles dentre o povo de Deus que o Senhor, em sua soberania, deseja
conceder (1Co 12.9). Também a mesma palavra de Deus exorta a cada
crente em Cristo a ter uma vida de fé, por obedecer às ordens de Deus e
seus mandamentos (Hb 11.2, 13.7), demonstrando, portanto, um tipo de fé
santificadora, relacionada à obediência por meio da comunhão permanente
com o senhor nosso Deus.

287
Em defesa da fé

Podemos ter a nossa fé aumentada?

Em uma ocasião, certo homem pediu a Jesus para o auxiliar em sua


falta de fé (Mc 9.24). Também encontramos Jesus criticando os apóstolos
por sua pequenez em crer, animando-os a crescer em fé (Mt 17.20). O
apóstolo Paulo afirma que a fé também pode ser “reparada em suas defi-
ciências”, demonstrando assim a possibilidade de a desenvolvermos ou de
ela ser aumentada (1Ts 3.7-10).

Todo tipo de fé religiosa é válida?

Não. O apóstolo Paulo, em certa ocasião, enquanto estava na cidade


de Atenas, elogiou a religiosidade das pessoas que ali se encontravam (At
17.22); contudo, não afirmou que a fé daquele povo, em suas várias formas
de culto, era aceitável ao Deus que ele próprio seguia (At.17.29, 30). Ele
declara, mais tarde, na Epístola a Timóteo: “Se alguém ensina falsas dou-
trinas e não concorda com a sã doutrina [...] nada entende” (1Tm 6.3, 4). A
Bíblia também afirma existirem caminhos aparentemente corretos aos olhos
dos homens, mas errados aos olhos de Deus (Pv 14.12). É óbvio que se a
fé aponta para um “objeto” verdadeiro, ela deve ser verdadeira e, portanto,
única. Se todo tipo de fé se constitui verdadeira, então existiriam várias
verdades contraditórias sobre os mais variados objetos de fé que acreditamos.
Verdades contraditórias são enganos, pois a verdade em sua essência apon-
ta sempre para um ou mais “objetos” que podem ser até complementares,
porém nunca contraditórios.

Para informações complementares, ver o tópico Religião:


Todas as religiões nos conduzem a Deus?

288
C u rs o A po lo gético

Deus possui algum tipo de fé?

Alguns seguidores da teologia da prosperidade acreditam que Deus


possui fé por encontrarem na declaração de Jesus: “Tende fé em Deus” (Mc
11.22) uma suposta base linguística para isso. Segundo os teólogos da pros-
peridade, como no original grego, encontramos a expressão: “Echete pístin
Theou”, que pode ser traduzida literalmente como “tendes fé de Deus”, há,
para alguns, uma prova de que Deus é um ser de fé e que devemos agir
como Ele em nossa fé “criadora”.
De fato, o substantivo grego (Theou [de Deus]) pode estar tanto no
Genitivo (referindo-se a posse), que traria a ideia de fé pertencente a Deus,
como no Ablativo (referindo-se à origem), que nos traria a ideia de fé que
tem a sua origem em Deus. Assim, o texto original não afirma que Deus
possui algum tipo de fé, e sim que devemos ter a fé que vem de Deus ou
a fé originada nele, e a nós transmitida. Se, segundo a própria Escritura, o
significado de fé é a convicção de fatos que não vistos (Hb 11.1), como
poderíamos atribuir algum tipo de fé a Deus? Poderia Deus não ver todos
os fatos futuros (Sl 139.4-6, 16)?

Ter fé em Deus é o mesmo que acreditar apenas em sua existência?

Não. Tiago, o irmão do Senhor, afirma em sua epístola que acreditar


na existência de Deus não é o tipo de crença exigida para salvação, pois até
os demônios creem na unidade de Deus e, consequentemente, em sua
existência, sem, contudo, submeterem-se a Ele (Tg 2.19). Acreditar que
existe um Deus se constitui uma consequência básica de nossa percepção
lógica (portanto, não se constitui uma matéria de fé), segundo Paulo, por
isso que ninguém poderá alegar que não teve algum tipo de demonstração
da existência de Deus no decorrer de sua existência terrena (Rm 1.19-22).
Admitir a existência de Deus exige racionalidade, acreditar em que tipo de

289
Em defesa da fé

Deus Ele é exige fé nas Escrituras Sagradas que se propõem a expressar a


sua natureza para que, compreendendo que tipo de ser Ele é, possamos nos
relacionar com Ele.

A fé em Cristo é suficiente para salvação?

Sim. Segundo a Bíblia, não existem obras de “justiça” que abram o


acesso para o reino de Deus e, consequentemente, para a salvação da alma
(Sl 49.7, 8; Tt 3.5). A Bíblia declara de forma inequívoca que a salvação é
por fé somente, independentemente de nossas obras (Ef 2.8, 9). Abraão foi
justificado por Deus por meio de sua fé, independentemente de qualquer
obra pessoal (Rm 4.1-8), e até mesmo o criminoso arrependido por ocasião
de sua crucificação com Cristo foi salvo sem possuir qualquer tipo de obra
que lhe justificasse a vida eterna (Lc 23.39-43).

Para informações complementares, ver o tópico Arrependimento.

Como alguém pode ser salvo por meio da fé somente se a Bíblia


declara que a fé sem obras é morta (Tg 2.17)?

Apesar de Tiago citar o mesmo texto mencionado por Paulo para afir-
mar a salvação de Abraão por fé somente (Tg 2.23; Rm 4.1-3 comp. Gn
15.6), podemos compreender que existe uma diferença contextual entre a
fé que Paulo trata e a que Tiago está justificando. Em Romanos, Paulo, o
apóstolo, está tratando da questão da salvação da alma como algo que não
é fruto da obra humana, ou de autojustiça, demonstrando a salvação como
uma obra iniciada e concluída por Deus por meio da fé somente. Já Tiago
trata a questão por outro prisma da fé, olhando-a como resultado de uma
vida de piedade (e sem piedade não há vida de fé prática). Um fala da fé
salvadora, outro trata da fé prática usando por base uma mesma situação, a

290
C u rs o A po lo gético

história de Abraão. A citação que Tiago faz sobre Abraão é acerca do sacri-
fício de Isaque (Tg 2.21,22 comp. Gn 22.1-12) e como as suas obras atuaram
juntamente com a sua fé naquela situação particular, mas isso ocorreu so-
mente depois de Abraão já ter sido considerado justo por Deus (Gn 15.6).
Assim, nenhum dos textos nega o outro, antes demonstram a distinção
existente nas Escrituras entre a fé salvadora e a fé prática.

Ver resposta à primeira pergunta neste tópico:


Existe apenas um único tipo de fé?

291
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

1. O que significa fé?

2. Quais os tipos de fé existentes?

3. O que a expressão grega Echete pístin Theou nos ensina sobre


Deus?

4. Precisamos de algo além da fé para sermos salvos? Explique.

5. Existe alguma contradição entre as opiniões de Paulo e Tiago


sobre a questão da fé? Explique.

292
PROVA – FÉ

1. A palavra “fé” no original é:


a) Pístis.
b) Ágape.
c) Krisis.
d) Hetero.

2. Acerca da Fé, de acordo com as Escrituras Sagradas, existe:


a) Um tipo de fé.
b) Quatro tipos de fé.
c) Dois tipos de fé.
d) Três tipos de fé.

3. Sobre os tipos de fé, podemos declarar que existe:


a) Fé salvadora, fé santificadora e fé motivadora.
b) Fé salvadora, fé como dom espiritual e fé santificadora.
c) Fé salvadora e fé santificadora.
d) Fé santificadora, fé motivadora e fé transformadora.

4. Sobre a possibilidade de crescermos em fé, podemos afirmar que:


a) É impossível.
b) É remoto.
c) É possível.
d) É desnecessário.

5. Sobre as várias expressões de fé de acordo com as Escrituras, podemos declarar


que:
a) Não existem.
b) Sempre existirão.
c) Todas são falsas.
d) Nem todas apontam para Deus.

293
6. Sobre os vários objetos de fé existentes, podemos afirmar que:
a) Se constituem em uma franca contradição e, portanto, não podem todos serem
verdadeiros.
b) Se constituem em uma questão de cunho secundário que não deve ser objeto
de nossa discussão.
c) A grande maioria reflete a verdade do caráter único de Deus relatado nas Es-
crituras.
d) A fé é igual, não importando àquele que a possui para qual objeto de fé aponta.

7. A expressão grega Echete pístin Theou significa, literalmente:


a) Tendes fé em Deus.
b) Tendes fé de Deus.
c) Tendes fé divina.
d) Tendes fé.

8. Sobre a admissão da existência de Deus, podemos afirmar que:


a) É uma questão de fé pessoal.
b) É uma questão de cunho religioso.
c) É uma questão de racionalidade.
d) É uma questão de instrução na fé.

9. Para obter a salvação, precisamos apenas:


a) Crer em Cristo como nosso Salvador.
b) Crer em Cristo e ser batizados.
c) Crer em Cristo, ser batizados e praticar boas obras.
d) Crer em Cristo e ser membros de uma igreja local.

10. Sobre o pensamento de Tiago e Paulo com relação à fé, podemos declarar que:
a) Ambos se contradizem sobre esse tema.
b) Tiago acredita na salvação por obras.
c) Paulo acredita que não precisamos viver uma vida de santificação.
d) Paulo e Tiago estão tratando prismas diferentes da fé.

294
C u rs o A po lo gético

a granDe MultiDÃo

DEFINIÇÃO

Um número incontável de fiéis de todas as tribos, povos e línguas a serem


salvos durante a grande tribulação que sobrevirá ao mundo ímpio, segundo
a Bíblia (Ap 3.10), e que servirão a Deus por toda a eternidade no seu reino
(Ap 7.9, 13, 14).

A grande multidão mencionada em Apocalipse serve a Deus no


céu ou em um paraíso terrestre?

Não temos base bíblica para afirmarmos que a grande multidão men-
cionada em Apocalipse sirva a Deus em outro lugar que não seja o céu. A
Bíblia afirma que eles servem ao Senhor no céu, ao usar a expressão grega
enópion (diante de) para demonstrar essa localização exata (Ap 7.15). Além
disso, para se ressaltar ainda mais o local onde a grande multidão se encon-
tra, ela é vista servindo a Deus no seu santuário (Ap 7.15), e, segundo as
Escrituras, o santuário de Deus se encontra no céu (Ap 11.19; 14.17).
Lembrando que a mesma expressão grega enópion (diante de) apare-
ce na mesma forma gramatical tanto para a grande multidão (Ap 7.15)
como para os 144 mil (mencionados também em Ap 14.3). Se a expressão

295
Em defesa da fé

que aparece em ambos os textos é a mesma, por que uma seria literal, e a
outra não?
Ainda no livro de Apocalipse, vemos em outra ocasião uma voz de uma
grande multidão sendo ouvida no céu, e não na terra (Ap 19.1).

Quando Jesus falou sobre “as outras ovelhas” (Jo 10.16), estaria
ele mencionando duas classes distintas – uma terrena, a grande
multidão, e outra celestial, os 144 mil que estariam com ele no
futuro reino?

As outras ovelhas mencionadas por Jesus que não seriam daquele apris-
co são os não judeus a serem agregados à igreja futura quando o evangelho
fosse pregado aos gentios (não judeus). Quando Jesus ordenou aos doze que
pregassem o evangelho, disse-lhes que priorizassem naquele momento so-
mente os judeus (Mt 10.5, 6). Vemos declaração semelhante sobre a natu-
reza do grupo que primeiro Ele veio salvar, segundo o apóstolo João (Jo 1.12).
Jesus declarou que, quando houvesse essa união de todas as ovelhas por meio
da pregação do evangelho a todas as nações, haveria então um só rebanho e
um só pastor, e não dois rebanhos e um só pastor, como teríamos de crer se
houvesse um grupo na terra e outro no céu. Portanto, não existe nesse texto
a ideia de que Jesus teria dois rebanhos, mas, sim, apenas um rebanho que
congregasse a todos os fiéis, quer fossem judeus, quer não, como já havia
dito aos seus discípulos, ao declarar que desejava que onde Ele estivesse,
estivessem também todos os que o Pai o havia dado (Jo 17.20, 21, 24).

* * *

As Testemunhas de Jeová creem que os 144 mil re-


presentam todos os crentes que irão para o céu, ten-
do o seu início contado desde pentecostes e estenden-
do-se por todos os períodos do cristianismo ao longo dos séculos, tendo
na sua atualidade apenas um restante de Testemunhas de Jeová que

296
C u rs o A po lo gético

compõe tal grupo. Apesar de terem mudado constantemente a sua po-


sição com relação ao fim da “chamada celestial”, em virtude da demora
em ocorrer o Armagedom dentro de suas perspectivas interpretativas,
ainda são contados os números daqueles que farão parte dos comprados
da terra.
Uma das maiores autoridades em estatística religiosa mundial, David
Barret, estima que já no ano 70 d.C. existiam aproximadamente 270.000
cristãos. E que em meados do ano 100 d.C. o número girava em torno de
800.000, mesmo apesar das perseguições (World Christian Trends AD 30-
AD 2200, p. 19). Qualquer tentativa mínima de acreditar em uma possibi-
lidade de ter o número dos 144 mil cristãos completado apenas em nosso
século deve ser totalmente descartada a partir das pesquisas de David
Barret. Como poderíamos acreditar que, com um número de cristãos cinco
vezes maior do que 144 mil já no primeiro século, restaria ainda alguns
Cristãos “ungidos” a serem contados?

Outro aspecto tremendamente constrangedor para aqueles dentre as


Testemunhas de Jeová que não fazem parte dos 144 mil (a grande multidão),
de acordo com a própria Sociedade Torre de Vigia, é que os que possuem
a chamada celestial não têm apenas uma diferença com relação ao local de
sua permanência durante a eternidade no reino de Jeová, mas uma com-
pleta distinção posicional, que é desconhecida pela maioria delas. Vejamos
algumas das principais características que são pertencentes apenas aos
chamados “cristãos ungidos” (144 mil):

1. Somente eles possuem o novo nascimento (Certificai-vos de Todas


As Coisas..., p. 320, 1970).
2. Somente eles são filhos de Deus, por possuírem o novo nascimen-
to (Raciocínio à Base das Escrituras, p. 257, 1989).
3. Somente eles pertencem a Cristo (Poderás Viver Para Sempre no
Paraíso na Terra, p. 172, 1989).

297
Em defesa da fé

4. Somente eles estão no novo pacto em Cristo (A Sentinela,


15/08/1966, p. 499).
5. Somente eles possuem Cristo como seu mediador (A Sentinela,
15/09/1979, p. 32).

Será que a grande maioria das Testemunhas de Jeová estaria disposta


a reconhecer a sua posição de inferioridade, reconhecendo não serem
filhos de Deus, não possuírem um mediador e não serem participantes do
novo pacto?

298
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

GRANDE MULTIDÃO

1. Existe, de fato, um grupo chamado de “a grande multidão” na


Bíblia? Explique.

2. O que a expressão grega enópion nos ensina sobre a grande


multidão?

3. Em que texto bíblico encontramos a voz de uma grande multi-


dão sendo ouvida do céu?

4. Quem são as outras ovelhas de Jo 10.16?

5. Cite três características básicas que só pertencem aos “cristãos


ungidos” (144 mil), de acordo com as Testemunhas de Jeová?

299
PROVA – A GRANDE MULTIDÃO

1. Sobre a Bíblia e a chamada “grande multidão”, podemos declarar que:


a) Não faz parte da teologia bíblica.
b) É uma doutrina bíblica escatológica.
c) Só é mencionada no AT.
d) Só é mencionada em Mateus 24.

2. Segundo a Bíblia, “a grande multidão” será constituída apenas de:


a) Salvos da tribulação.
b) Judeus convertidos.
c) Salvos da Igreja.
d) Justos de todas as épocas.

3. A palavra grega enópion indica:


a) A inexistência de apenas um grupo de salvos.
b) A inexistência de uma localização exata dos salvos.
c) A existência da localização exata dos salvos.
d) O aniquilamento dos ímpios.

4. Outro indicativo da presença da “grande multidão” no céu é que, além de se


encontrar na presença de Deus, também o serve em:
a) Espírito e verdade.
b) Seu santuário no céu.
c) Um novo céu e uma nova terra.
d) Novidade de vida.

5. Sobre a aparição da expressão enópion em Apocalipse, sabemos que:


a) É usada exclusivamente com relação à grande multidão.
b) É usada exclusivamente com relação aos 144 mil.
c) É um termo cujo significado ainda nos é incerto.
d) Aparece com relação aos 144 mil e também à grande multidão.

300
6. As “outras ovelhas” mencionadas por Jesus são:
a) Os gentios conversos.
b) Os outros judeus que não faziam parte do círculo apostólico.
c) Os prosélitos do judaísmo.
d) Os judeus da diáspora.

7. A união das ovelhas geraria, segundo Cristo:


a) Sua volta iminente.
b) O crescimento extraordinário da Igreja na terra.
c) A confirmação do Evangelho da graça.
d) Um único rebanho, e não dois.

8. Segundo João, a voz ouvida da grande multidão vem do:


a) Tabernáculo celestial.
b) Céu.
c) Trono de Deus.
d) Rio de águas do paraíso celestial.

9. Segundo as estatísticas de crescimento do cristianismo até meados do ano 100


d.C., podemos afirmar que:
a) A igreja só alcançou a cifra de 144 mil fiéis a partir do segundo século.
b) A igreja já no primeiro século atingiu a cifra de 800.000 fiéis.
c) A igreja atingiu a cifra de 270.000 fiéis.
d) N.R.A.

10. Segundo as Testemunhas de Jeová, os pertencentes aos 144 mil são os únicos
que possuem:
a) Salvação e relacionamento com Jeová.
b) A experiência do novo nascimento e filiação divina.
c) Permanência no novo pacto e capacitação de terem suas orações respondidas.
d) Mediação de Cristo e comunhão com Jeová, Deus.

301
Em defesa da fé

iMageM

DEFINIÇÃO

Representação de figuras de pessoas ou objetos usados como instrumentos


de devoção, culto ou celebração religiosa. A Bíblia condena o uso de qualquer
tipo de imagem para culto, quer esteja ou não relacionada à adoração ao
Deus verdadeiro (Êx 20.4, 5; Dt 4.15-18).

A Bíblia proíbe a adoração ou algum tipo de culto às imagens?

Sim. Não existe uma única menção na Bíblia de adoração ou algum


tipo de culto às imagens de alguma forma ordenada ou aceita por Deus.
Pelo contrário, a Bíblia sempre proibiu a fabricação de imagens para qual-
quer tipo de culto (Êx 20.4; Dt 4.15-18), ou até mesmo algum tipo de
“adoração relativa” (usar um objeto de forma representativo na adoração).
Não existe um único texto em toda a Escritura onde ícones sejam usados
como objetos de devoção ordenados por Deus fazendo parte tanto da litur-
gia coletiva da adoração quanto da adoração pessoal dos fiéis.

Ver resposta à pergunta posterior.

302
C u rs o A po lo gético

Se Deus proíbe o uso de imagens, por que ordenou que algumas


fossem feitas no AT (Nm 21.8, 9; 1Rs 6.23-28)?

Existe claramente uma distinção nas Escrituras Sagradas entre “ídolos”


– objetos criados com a finalidade de prestação de culto e adoração (o que
é condenado por Deus) – e “imagens” – objetos representativos que não
eram usados com a finalidade de adoração ou culto (o que é mencionado
nos textos de Nm 21.8, 9; 1Rs 6.23-28).
Quando a serpente de bronze, feita por Moisés em Números 21.8, 9,
tornou-se um ídolo, aproximadamente setecentos anos depois de Moisés,
ela foi destruída pelo fiel rei Ezequias em sua grande reforma espiritual
(2Rs 18.3, 4). Assim também as imagens dos querubins sobre a arca do
concerto não serviam como objeto de adoração.
Não temos nas Escrituras nenhum caso de pessoas adorando as imagens
sobre a arca da aliança. Elas ficavam em um lugar restrito dentro do Santo
dos Santos, onde somente o sumo sacerdote tinha acesso nas cerimônias
anuais (Êx 26.33 comp. Hb 9.3-7).

Ver resposta à pergunta anterior.

Quando nos prostramos diante de uma imagem, não estamos, de


fato, cultuando-a, mas, sim, quem ela representa.

Segundo as próprias palavras do nosso Senhor Jesus Cristo, somente


Deus deve ser adorado e cultuado, sendo proibido por Ele qualquer outro
tipo de objeto de devoção religiosa. Portanto, as Escrituras não apenas
condenam qualquer ato de adoração prestado a outro ser que não seja Deus,
como também proíbem qualquer tipo de serviço religioso prestado a outros
seres (Mt 4.10). Independentemente de qualquer ser representado pelas

303
Em defesa da fé

imagens, em nenhum lugar nas Escrituras Sagradas encontramos alguma


ordem para se render culto a alguém senão o Deus verdadeiro.

Ver resposta à pergunta neste tópico:


Será que os servos de Deus aceitariam algum tipo de culto, ou mesmo
que pessoas se prostrassem diante deles em atitude de devoção?

As imagens eram a Bíblia dos que não sabiam ler.

Apesar de ser verdade que a grande maioria dos cristãos nos primei-
ros séculos do cristianismo não possuía habilidade suficiente para leitura
e compreensão do texto bíblico, não podemos simplesmente transformar
tal deficiência em uma justificativa para a adoração ou devoção aos ícones.
Se tal fosse a necessidade, à medida que a Igreja se tornasse mais alfabe-
tizada, teríamos uma diminuição no uso de ícones como um suposto meio
pedagógico de instrução ao menos letrados. E não é isto que vemos, mas,
sim, um culto centrado nas representações iconográficas. Ademais, o que
muitos desses cristãos faziam era representar o cotidiano das narrativas
bíblicas que estavam incorporadas a sua fé, ao seu dia a dia. Eles não
buscavam com tais representações desenvolver um culto aos ícones, mas
manter uma recordação viva dos fatos ocorridos na comunidade cristã, por
meio da arte que a sua fé manifestava, tendo como origem as maravilho-
sas histórias bíblicas.

A encarnação de Cristo não abre uma possibilidade para o culto das


imagens, uma vez que ele próprio, sendo Deus, se fez “imagem”?

Os cristãos do primeiro século não viam na encarnação de Cristo


uma autorização para o culto aos ícones ou imagens, por isso não vemos
nenhuma menção a tal tipo de prática nas epístolas neotestamentárias.

304
C u rs o A po lo gético

Somente no sétimo concílio da Igreja, em Niceia (787 d.C.), foi estabe-


lecido esse dogma, após uma gradativa distorção das doutrinas cristãs a
partir de sua união com o Estado romano, o qual possuía os seus “ícones
de veneração”.
Se manifestações visíveis de Deus fossem o suficiente para endossar o
uso de imagens de culto, Ele já as teria autorizado ainda no AT, quando as
Escrituras mencionam o encontro que o Senhor, em forma visível, teve com
Abraão (Gn 18.1-17). Apesar de o texto ser uma possível “Teofania” (uma
aparição de Cristo no AT antes do seu nascimento em Belém da Judeia,
pois ninguém nunca viu o Pai celestial em sua essência [Jo 1.18]), ele daria
base para o uso de ícones de veneração e culto já na antiga aliança. Todavia,
Deus proibiu esta prática enfaticamente na lei mosaica, mesmo séculos
depois de Abraão ter falado com o Senhor, que se fez “imagem” (Dt 4.15,
16, 23-25).

Segundo a Bíblia, que perigo há em usarmos imagens como objetos


de culto?

Como Jesus Cristo deixou claro que somente Deus deve ser nosso
objeto de culto e adoração (Mt 4.10), deveríamos evitar qualquer tipo de
relação de devoção religiosa com alguém que não seja o Senhor. Conforme
Paulo escreveu, as imagens religiosas em si nada são (1Co 8.2-6), mas atrás
de cada imagem religiosa existe um demônio recebendo o culto prestado
(1Co 10.19-21). Além disso, Satanás se transforma em anjo de luz para
iludir pessoas sinceras em busca da verdade, mas ludibriadas em sua devo-
ção religiosa (2Co 11.14). O profeta Oséias reafirma essa mesma verdade
quando adverte que uma imagem pode aparentemente responder a pedidos
feitos a ela, mas, na verdade, equivaleria a se abrir uma porta para o con-
tato com o ocultismo e para os demônios responderem aos pedidos em
lugar do ser representado pelas imagens (Os 4.12).

305
Em defesa da fé

As imagens dos santos representam os grandes modelos de fé que


estão próximos a Deus e intercedem por nós.

Em nenhum texto bíblico encontramos a menor menção de alguém


tornando-se “santo” após a morte. Paulo chama crentes vivos de santos, mas
nunca fiéis que partiram por essa nomenclatura (Rm 1.7; 1Co 1.2). Quando
trata dos que morreram, os chama de “os que dormem” (1Ts 4.14,15). A
tentativa de nos comunicarmos com os fiéis que partiram é uma prática com-
pletamente infundada, pois não podemos, segundo a Bíblia, nos comunicar
com os que morreram (Ec 6.12, 9.5,6). Se rejeitamos toda forma de mediu-
nidade por ser proibida de acordo com a Bíblia, por que praticaríamos algo
semelhante ao tentar contatar os santos que partiram? Se os que morreram
não podem se comunicar com os vivos, como pode ocorrer a mediação dos
santos perante qualquer tipo de devoção manifesta com o uso dos ícones
(imagens)? O próprio Paulo nos aconselhou a não ultrapassarmos o que foi
escrito (1Co 4.6; Rm 15.4), e no que foi escrito não existe um único texto que
sugira tal ato devocional de culto. Deveríamos seguir o conselho de Paulo, ou
estranhos ensinos que não se encontram nas Escrituras Sagradas? Uma tra-
dição religiosa pode ir contra a revelação de Deus dada em sua palavra?

Ver resposta à pergunta posterior.

Será que os servos de Deus aceitariam algum tipo de culto às suas


imagens, ou mesmo que pessoas se prostrassem diante delas em
atitude de veneração e devoção?

Certamente não. Pedro, ao visitar o centurião Cornélio, não aceitou


que ele se prostrasse diante do apóstolo em atitude de fé religiosa (At 10.25,
26). O anjo de Deus, o porta-voz da mensagem da revelação do livro de
Apocalipse, também recusou que o apóstolo João se curvasse diante dele,
em atitude de devoção (Ap 19.10; 22.8, 9). Se, quando Pedro estava vivo,
não aceitou este tipo de devoção religiosa, aceitaria hoje tal devoção com o

306
C u rs o A po lo gético

uso de imagens por parte dos fiéis? Se um anjo de Deus recusou “apenas”
que João, o apóstolo, se curvasse diante dele em atitude religiosa, será que
ele aceitaria que pessoas criassem supostas imagens dele para culto?

Ver resposta à pergunta anterior.

* * *

As Testemunhas de Jeová são reconhecidas mundialmen-


te pela sua atitude contrária ao culto de imagens e a
devoção que alguns lhe prestam, como declaram em seu
manual, Raciocínios à Base das Escrituras (p. 182, 183, 1989). Porém, ad-
mitem que Jesus poderia ter sido usado como uma imagem representativa
de Deus, com um tipo de “adoração relativa” praticada, segundo elas, pelos
anjos em Hebreus 1.6 (A Sentinela, 15/01/1992, p. 23). Dois anos antes, o
livro, Estudo Perspicaz das Escrituras (vol. 2, 1990, p. 364), declarou que
não existia nas Escrituras nenhum tipo de “adoração relativa” ou uso de
algum tipo de recurso visual para auxiliar na adoração a Deus. Perguntamos
às Testemunhas de Jeová: a adoração relativa existe ou não na Bíblia? Se
não existe adoração relativa, por que os anjos supostamente teriam usado a
imagem de Jesus nesse tipo de adoração? Teriam os anjos de Deus pratica-
do um ato de idolatria? Se os anjos veem incessantemente a face do Pai
celestial (Mt 18.10), por que usariam a pessoa de Jesus para transmitir
adoração a Deus?

Para informações complementares, ver o tópico Adorar:


Nós, Testemunhas de Jeová, acreditamos que nenhuma
adoração deve ser tributada a Jesus, por ser esse ato idolatria.

Nós, Testemunhas de Jeová, cremos que a adoração oferecida


a Jesus, no livro de Hebreus, pelos anjos (Hb 1.6) é somente
uma possível forma de adoração “relativa” ou apenas um ato
de prestação de homenagem, e não nos dá base para ensinar
que Jesus deva ser adorado por ninguém.

307
Em defesa da fé

O Catolicismo Romano defende o uso de imagens como meio


de devoção religiosa pelo fato de Jesus ter vindo em forma
humana, abrindo, segundo eles, “uma nova economia das
imagens” (Catecismo da Igreja Católica, 2001, p. 560). Temos
textos no AT que já demonstram a manifestação de Deus em
algum tipo de forma visível que possivelmente foram “teofanias”
(Gn 32.22-30; Is 6.1-3). Se o fato de Jesus ter assumido forma
física é suficiente para admitir o uso de imagens, por que
desde o AT não foi sancionada tal doutrina, já que existem manifestações
físicas da divindade ali?
O catecismo da Igreja católica afirma: “Existe idolatria quando o homem
presta honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus” (p. 556), e:
“Quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada” (p. 561).
Por que os Católicos “veneram” (na verdade, adoram) imagens, quando o
catecismo afirma que isto é idolatria? Por que continuar com uma prática
rejeitada pela própria Bíblia segundo o seu catecismo oficial, fazendo uso
de malabarismos exegéticos? Ainda declararam em seu catecismo: “O culto
cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe
os ídolos. De fato, a ‘honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo
original, e quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada’.
A honra prestada as santas imagens é uma ‘veneração respeitosa’, e não uma
adoração que só compete a Deus” (p. 561). Será que os milhões de católicos
em todo o mundo conseguem fazer clara distinção entre tais termos teoló-
gicos? Se não, como não considerar a “veneração” das imagens um grande
ato de idolatria que tem confundido e levado tantas pessoas sinceras a um
relacionamento que exclui Deus do contato real com elas?

Ver o tópico Adorar:


Existem três níveis de adoração, latria (dada somente a Deus),
dulia (tributada somente aos anjos e santos) e hiperdulia
(tributada a Maria). Sendo assim, nós, católicos, não adoramos a
outro ser que não seja Deus, pois somente a Ele tributamos latria.

Qual a origem do culto a Maria?

308
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

IMAGEM

1. As Escrituras apresentam os ícones como meios de adoração?


Explique.

2. O que significa “adoração relativa”?

3. Existe diferença entre ídolos e imagens? Explique.

4. O analfabetismo dos primeiros cristãos justificaria o uso dos


ícones em cultos? Explique.

5. Por que a encarnação do verbo não corrobora o uso de ícones


de adoração?

6. Existe alguma conexão entre o ocultismo e o culto as imagens?


Explique.

7. Por que os chamados “santos” não podem interceder por nós,


de acordo com a Bíblia?

8. Por que Pedro e os anjos de Deus se recusaram a receber algum


tipo de devoção religiosa, segundo as Escrituras?

9. Por que as Testemunhas de Jeová defendem uma suposta ado-


ração relativa com relação a Cristo?

10. Os católicos conseguem, em sua prática devocional, distinguir


entre adoração a Deus e veneração às imagens? Explique.

309
PROVA – IMAGEM

1. Adoração relativa é definida como:


a) Adoração a Deus.
b) Adoração religiosa.
c) Adoração de um objeto representativo.
d) Adoração aos anjos.

2. Sobre idolatria, devemos nos lembrar de que a Bíblia faz clara distinção entre:
a) Adoração relativa e ídolos.
b) Ídolos e culto.
c) ídolos e adoração.
d) Ídolos e imagens.

3. Segundo as Escrituras, podemos declarar que:


a) Deus tolera a adoração a outras divindades.
b) Deus permite a adoração a outras divindades.
c) Deus proíbe adoração, mas permite o culto a outras divindades.
d) Deus proíbe a adoração e o culto a outras divindades.

4. O uso de ícones pelas primeiras comunidades cristãs enfatiza:


a) A manutenção da memória dos fatos ocorridos nas histórias bíblicas.
b) O culto às imagens por parte dos primeiros cristãos.
c) A devoção religiosa dos primeiros crentes.
d) O culto mariano.

5. O dogma da veneração dos ícones foi finalmente consolidado em:


a) Constantinopla, em 381.
b) Éfeso, em 431.
c) Niceia, em 325.
d) Niceia, em 787.

310
6. A manifestação física de Deus no AT é conhecida como:
a) Teofania.
b) Humanização.
c) Personificação.
d) Encarnação.

7. Segundo Paulo, atrás de cada imagem usada para culto existe:


a) Um desejo inato de adoração de algo.
b) Ensinos sedutores.
c) Heresias de condenação.
d) Demônios.

8. Paulo trata os que partiram em Cristo como:


a) Santos.
b) Os que dormem.
c) Fiéis.
d) Igreja invisível.

9. Podemos considerar a invocação dos santos um tipo de:


a) Contato com os mortos.
b) Tradição católica antiquíssima.
c) Manifestação de fé.
d) Ensino judaico.

10. Sobre os ícones de devoção, segundo o catolicismo romano, a encarnação de


Cristo possibilitou:
a) O resgate da humanidade.
b) A manifestação de Deus em carne.
c) O fim da lei mosaica.
d) Uma nova economia das imagens.

311
Em defesa da fé

inferno

DEFINIÇÃO

Existem várias expressões bíblicas que foram traduzidas por “inferno” (Lat.
infernus), cada uma possuindo um significado que lhe é próprio. No Antigo
Testamento hebraico, encontramos a palavra sheol, traduzida no grego por
hades. Essas palavras sempre apontam para um lugar de atividade e consciên-
cia e nunca para um lugar de inconsciência ou inatividade (Ez 32.21, 22; Lc
16.19-31), ambas possuindo significado semelhante a “o mundo dos mortos,
mundo inferior” (Sl 16.10 e At 2.27-31), que era o lugar de habitação das almas
de todos os mortos, justos e injustos (Lc 16.19-31) até a ascensão de Cristo
aos céus (Sl 68.18 e Ef 4.8, 9). A palavra geena significa “um lugar de tormen-
to e inutilidade, o lago de fogo”, que é usada para representar a futura punição
dos ímpios que estão no sheol (hades) aguardando o juízo final (Ap 20.14, 15).
Outra palavra, tártaro (“cadeias de escuridão”), também é usada para identi-
ficar um lugar de prisão semelhante ao hades (sheol), mas com referência
somente aos “anjos que se rebelaram contra Deus” (2Pe 2.4; Jd 6).

A palavra “inferno” não existe nas línguas originais da Bíblia (he-


braico, grego e aramaico). Antes, Sheol e Hades, que são sinônimas,
significavam “sepultura”. Por isso, as escrituras indicam claramente

312
C u rs o A po lo gético

que tanto injustos (Sl 9.17) como justos vão para o “inferno”, que
é simplesmente a sepultura (Jó 14.13; Gn 37.35; Jn 2.1-6; Sl 16.10.
Ver: At 2. 23-27).

De fato, a palavra “inferno” é de origem latina, e não hebraica ou


grega, mas o seu significado original denota “mundo inferior”, e isso está
em harmonia com o significado das palavras sheol e hades. Tais palavras não
significam “sepultura”, pois nas línguas hebraica e grega temos termos pró-
prios para sepultura (hebraico, quever, e no grego, mnemeion). Como po-
deríamos afirmar que sheol é a sepultura se a Bíblia afirma que disciplinar
uma criança pode livrar a alma dela de ir ao sheol (inferno)? No entanto,
uma pessoa corretamente educada vai para a sepultura (Pv 23.13, 14).
Conforme as Escrituras, antes da ascensão de Cristo aos céus, todos
os mortos iam para o “mundo dos mortos”, “mundo inferior” e não para o
céu (Jo 3.13). Assim, o sheol foi também o lugar temporário dos justos que
morreram antes da subida de Jesus aos céus (Sl 68.18 comp. Ef 4.7-10).
Este é o motivo pelo qual vemos homens justos indo para lá, conforme al-
guns textos bíblicos. Mas todos os justos e injustos não estavam no mesmo
“compartimento” do hades (sheol), mas divididos por um abismo intranspo-
nível, como vemos na história do rico e Lázaro (Lc 16.19-31), o que é
confirmado no livro de Deuteronômio acerca de um lugar mais alto e outro
mais baixo no sheol (Dt 32.22). A própria Bíblia nos informa que os ímpios
continuam no sheol (inferno). Estão, em uma “prisão” temporária conscien-
tes (Ez 32.21-32), e que, no futuro, o próprio sheol (hades) será lançado no
“lago de fogo” (geena – Ap 20.14, 15).

A história do rico e Lázaro é apenas uma parábola. Sendo assim,


não deve ser usada para comprovar a existência do Inferno (Lc
16.19-31).

Não existe razão para afirmarmos que o relato da história do “rico e


Lázaro” seja apenas uma parábola. Temos pelo menos três bons motivos

313
Em defesa da fé

para não crer que seja: (1) a palavra “parábola” não aparece no texto da
Bíblia para nomear o relato; foi apenas usada por algumas publicadoras
bíblicas para intitular aquela história; (2) não existe em nenhuma parábo-
la a citação de alguém por nome, o que ocorre aqui (Lázaro e Abraão);
(3) se fosse uma parábola, não anularia a doutrina da existência do infer-
no, porque Jesus nunca contou uma parábola de um fato inexistente para
os seus ouvintes. Todas eram histórias possíveis, pois parábola não é mito
(Lc 15.3-32).
A palavra parábola significa, literalmente, “lançar ao lado” (fazer com-
paração), usar uma história corriqueira, comum, para ensinar algo. Em todas
as quase 40 parábolas de Jesus, ele sempre usou não apenas histórias comuns,
mas, em todos os casos, histórias possíveis e reais. Jesus nunca usou uma
história popular fictícia para retratar uma realidade espiritual. Se o relato
do “rico e Lázaro” fosse baseado em um conto popular irreal, Jesus estaria
usando um relato irreal (fictício/falso) para fazer uma comparação irreal
(visto que o inferno para os defensores dessa proposição é irreal)? Por que
essa suposta parábola fugiria completamente do padrão usado por Cristo
em seus ensinos tomando por base uma parábola?

O Diabo e os demônios habitam no inferno?

As Escrituras Sagradas demonstram de forma clara que o local de


habitação do Diabo e seus anjos não é o inferno, mas, sim, o mundo físico
em contato com as regiões celestiais (Jó 1.6, 7; Ef 6.16; Ap 12.7-9). De
acordo com a Bíblia, não existem demônios no inferno (sheol/hades), sendo
essa apenas uma conjectura supersticiosa, uma crendice medieval. Existe,
sim, uma classe de demônios que se encontra em uma prisão espiritual
denominada Tártaro (2Pe 2.4) e que foi traduzida pela ARA, ARC, NVI e
outras versões como “inferno”, o que, às vezes, produz certa confusão por
parte do leitor, pensando se tratar do mesmo “inferno” retratado em Lucas
16.19-31, quando não o é.

314
C u rs o A po lo gético

Se as palavras sheol e hades não significam “sepultura”, por que


algumas versões bíblicas as traduziram assim?

Algumas versões bíblicas traduziram as palavras sheol e hades por


“sepultura” em virtude das aparentes semelhanças, alegoricamente falando,
entre os dois lugares, e não por serem sinônimas. No sheol ou hades, as
almas se encontram em uma prisão temporária (Lc 16.19-31); na sepultura,
os corpos se encontram “retidos” até a ressurreição dos mortos (Ap 20.5,
12, 13). No sheol ou hades, as almas dos mortos não podem ser vistas; na
sepultura, os corpos não estão expostos à nossa vista. O sheol ou hades re-
cebe as almas dos mortos; a sepultura, os corpos. Por essas aparentes seme-
lhanças encontradas entre os dois lugares, a maioria dos tradutores optou
em usar as palavras como sinônimas, mesmo não sendo.

Se o “inferno” (sheol, hades) é um lugar de tormento de ímpios,


por que alguns homens piedosos foram ou desejaram ir para lá
(Gn 37.35; Jó 14.13; Jn 2.1-6; Sl 16.10)?

Todos os mortos antes da ascensão de Jesus Cristo aos céus iam para
o mundo dos mortos, e somente depois é que o lugar dos justos no sheol
ou hades foi removido, cumprindo assim a profecia bíblica (Sl 68.18; comp.
Ef. 4.7-10). Por isso, é comum lermos em textos bíblicos do AT que ho-
mens justos desejaram ou foram para lá. Por exemplo: Jó (Jó 14.13), Jacó
(Gn 37.35), Jonas (Jn 2.1-6) e Jesus (Sl 16.10), todos foram para o sheol
ou hades. A palavra “inferno” significa “o lugar inferior”, o que está em
harmonia com as palavras sheol ou hades, que se referem também a um
lugar “abaixo” (Pv 15.24). Se lermos com bastante atenção a história do
rico e Lázaro, perceberemos que aquele relato aponta para este lugar, e
não ao céu e inferno, como pensam alguns (Lc 16.19-31). As Escrituras
são claras ao declarar que o “inferno” (sheol/hades) seria um lugar tem-
porário, até o dia do juízo, quando todos os ímpios serão lançados no “lago

315
Em defesa da fé

de fogo” (geena) reservado no futuro para os ímpios e os anjos rebeldes


(Mt 25.41; Ap 20.13, 14).

Ver resposta à primeira afirmação:


A palavra inferno não existe nas línguas originais da
Bíblia (hebraico, grego e aramaico), antes sheol e hades, que são
sinônimas, significam “sepultura”. Por isso, as Escrituras indicam
claramente que tanto injustos (Sl 9.17) como justos vão para o
“inferno”, que é simplesmente a sepultura (Leia: Jó 14.13;
Gn 37.35; Jn 2.1-6; Sl 16.10, compare com At 2.23-27).

Por que só temos uma doutrina da punição eterna no NT?

A revelação de Deus é progressiva ao longo de sua relação com a hu-


manidade. Portanto, suas doutrinas possuem também um desenvolvimento
ao longo de toda a Escritura. O AT é enfático em estabelecer a relação
entre as bênçãos e maldições de Deus a partir apenas de uma perspectiva
terrena, porque até aquele momento não existia nenhuma declaração enfá-
tica sobre a natureza e relação da alma humana com o criador. É por essa
razão que a religião judaica é tão pobre de conceitos sobre o estado dos
mortos, apesar de crer na imortalidade da alma. Sem a crença na revelação
completa de Deus (finalizada com o NT), só restou aos judeus conjecturas
rabínicas sobre o estado dos mortos.
Por não ter sido revelada plenamente a natureza do homem como um
ser composto de alma e corpo, não poderia haver nenhuma revelação da
punição dos ímpios em detalhes (uma doutrina está completamente ligada
a outra). Por essa razão é que vemos tantas punições drásticas da parte do
Senhor ao tratar os pecadores no AT (destruição de cidades, morte de po-
pulações inteiras, pestes, desastres naturais em grande escala etc.). As pu-
nições temporais ministradas por Deus na antiga aliança são “minimizadas”
a partir da revelação neotestamentária sobre o estado dos mortos e o juízo
vindouro, abrindo a revelação das penas atemporais ou eternas nos apre-
sentando o que é o inferno.

316
C u rs o A po lo gético

Poderemos ser felizes no céu sabendo que alguém que amamos


está no inferno?

Se pressupormos que só poderemos ser felizes no céu se as pessoas


que amamos estiverem conosco, então pressupomos ter um amor maior do
que o do próprio Deus. Pois, mesmo sabendo que bilhões de pessoas serão
condenadas eternamente, o Senhor não se deprime, nem tem uma existên-
cia infeliz, ou mesmo abalada por isso. Nossa alegria celestial não estará
relacionada a quem estará ou não lá, pois teríamos de admitir que o que
nos fará felizes serão estas pessoas, e não a presença do Senhor Deus que
nos consolará de toda a dor (Ap 21.3, 4). Fazer tais conjecturas demonstra
uma análise a partir de nossas limitações humanas e pecaminosas que nos
impedem de vermos o esplendor e glória que há de vir (Rm 8.18-25), pois
teremos uma natureza transformada à semelhança da natureza de Cristo
(Fp 3.21; 1Jo 3.2), entendendo aquilo que hoje como meninos não conse-
guimos compreender ou julgar (1Co 13.11, 12). Se teremos uma natureza
semelhante à de Cristo, poderemos viver durante toda a eternidade felizes,
mesmo sabendo que nem todas as pessoas amadas por nós estarão lá. Pois
o próprio Jesus, mesmo amando todo o mundo, sabe que todo o mundo não
estará no céu.

Como Deus pode ser justo e punir todos os pecadores com uma
mesma punição eterna?

Todos os homens nascem pecadores (Sl 51.5) e, portanto, distanciados


do criador, de acordo com a fé cristã (Rm 3.23). A Bíblia declara que a fi-
liação divina é um status adquirido somente por aqueles que creem inde-
pendentemente de sua condição humana (Jo 1.11-13). Porém, existem vários
textos bíblicos que lançam luz sobre a questão da condenação eterna dos
ímpios, demonstrando que os níveis de punição serão diferenciados (mesmo
sendo a punição eterna). Não sabemos, pois a Bíblia não menciona os de-

317
Em defesa da fé

talhes dessas diferenças punitivas, mas percebemos que existiram por algu-
mas evidências claramente expressas no livro sagrado:

1. Jesus declarou que haveria menos rigor no dia do juízo para as


cidades de Tiro, Sidom e Sodoma do que para as cidades de Co-
razim, Betsaida e Cafarnaum, por rejeitarem conscientemente a
sua mensagem (Mt 11.21, 24). Se a punição de todos os ímpios
fosse igual, por que haveria menos rigor no dia do juízo? Por que
julgar com mais ou menos rigor indivíduos que sofrerão a mesma
punição eterna?
2. Se o fato de toda a humanidade nascer sob o domínio do pecado
e, por isso, serem passivos de penalidade eterna é a única base de
condenação no dia do juízo dos perdidos, por que as Escrituras nos
informam que cada um será julgado de acordo com cada uma de
suas ações individuais? Se sou julgado por nascer inimigo de Deus
e ter rejeitado de forma consciente ou não o seu plano salvífico ao
meu favor, por que minhas obras individuais serão verificadas no
dia do juízo (Ap 20.12, 13)? Não seria por isso que a Bíblia tanto
menciona a existência do livro da vida (onde não constaria nos
registros os nomes dos perdidos) como outros livros (onde estariam
somente as ações dos perdidos) em Apocalipse (20.12)?

Por que Deus criaria o homem sabendo que muitos iriam para o
inferno?

Poderíamos responder a tal objeção de duas perspectivas, uma bíblica


e outra filosófica. De uma perspectiva bíblica, apesar da própria Bíblia não
mencionar o porquê de Deus ter criado seres que irão padecer as penas da
punição eterna como fruto de sua rejeição à revelação de Deus, sabemos
que a justiça divina é um tema extremamente recorrente nas Escrituras (Sl
33.5, 98.2, 103.6; Is 45.24; Jr 23.6). Quando Deus decretou a destruição

318
C u rs o A po lo gético

completa de Sodoma e Gomorra, a primeira questão levantada por Abraão


foi a da justiça divina (Gn 18.22-25). Deus destruiu Sodoma e Gomorra
mesmo sendo amoroso e justo, aliás, a sua justiça e seu amor operaram jun-
tos na destruição da cidade, e também no livramento da família de Ló (2Pe
2.6-9). Portanto, mesmo não sabendo de uma perspectiva bíblica o porquê
da existência do ser humano e o fato de muitos irem para o inferno, sabemos
que Deus é justo e jamais puniria alguém de forma injusta ou sádica.
De uma perspectiva filosófica, nunca poderemos afirmar que a exis-
tência de um ser passivo de sofrer e também de se alegrar seria inferior a
sua inexistência. Sabemos que filhos poderão fazer escolhas ruins que nos
farão sofrer, às vezes, até o fim de nossas vidas, mas jamais desejaríamos
evitá-los. Pois sabemos que eles poderão também ser felizes e nos trazer
orgulho e satisfação. Pessoas entram em um campeonato esportivo, mesmo
sabendo que apenas um vencerá, e isso não os impede de fazerem parte da
competição. Na vida é do mesmo jeito, Deus permite o mal, pois há em um
mundo onde existe o mal espaço e a possibilidade de se retirar o bem de
situações inesperadas. Declarar que a inexistência é melhor do que a exis-
tência é dizer que o nada é melhor do que alguma coisa, e isso é absurdo.
Quando Jesus disse que era melhor que Judas não tivesse nascido (Mc
14.21), ele não queria dizer que sua inexistência seria melhor do que a
existência, mas, sim, que o seu pecado era gravíssimo. Pois certamente
durante a vida do próprio Judas ele deve ter tido momentos de felicidade
que justificassem a sua existência.

Para informações complementares, leia o tópico Sofrimento.

O “lago de fogo” (geena) é um símbolo da destruição que sofrerão


os ímpios, e não um lugar de tormento eterno.

O lago de fogo mencionado nas Escrituras é um símbolo de punição


e ruína eterna, e não de destruição, como pensam alguns niilistas (os que
pensam que após a morte nada existe). Jesus declarou que a geena (lago de

319
Em defesa da fé

fogo) era um lugar preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). O livro
de Apocalipse declara que Satanás será lançado ao lago de fogo mil anos
após o Falso profeta e o Anticristo serem lançados ali, sem, contudo, terem
sido destruídos (Ap 19.20; 20.7-10). Se “o lago de fogo” simboliza destruição
iminente, por que o Anticristo e o Falso profeta não serão destruídos ime-
diatamente quando lançados ali? Se eles não foram destruídos, por que os
outros que ali forem lançados seriam?
Uma das palavras no original grego para se referir ao castigo eterno dos
ímpios é apollumi (Lc 9.24), que significa em outros textos bíblicos “inutili-
dade” (odres estragados – Lc 5.37) e “perdição” (a ovelha perdida – Lc 15.4),
e não “destruição”. Outra é olethros (2Ts 1.9), que significa “inutilidade”,
“ruína” (corpo sendo inútil ao Senhor – 1Co 5.5; vida arruinada pela cobiça
– 1Tm 6.9). Outra é kolasis (Mt 25.46), que significa “castigo” (o castigo de
Jesus – Mc 14.65), “tormento” (tormento pelo medo – 1Jo 4.18), e, por fim,
basanizo (Ap 14.9-11), que significa “tormento consciente” (a aflição interior
de Ló – 2Pe 2.8; o tormento sentido pelo servo do centurião doente – Mt
8.6). Todas estas palavras podem indicar a não destruição. Como já vimos,
além disso, a mesma expressão grega para expressar a eternidade (aioonios)
da vida dos que servem a Deus (Jo 10.28) aparece também para retratar a
duração da punição dos ímpios (Ap 14.10, 11). Se a punição dos ímpios não
fosse eterna, a bem-aventurança dos justos também não o seria.
O “lago de fogo” futuro possui estreita conexão com o “Vale de Hinom”,
que no AT se refere ao lugar onde eram feitos na Antiguidade sacrifícios
humanos vivos (2Cr 28.3; 33.6), indicando ou retratando assim uma punição
de seres conscientes.

A doutrina do inferno de fogo é contrária à justiça divina, pois como


um Deus justo poderia punir pecados diferentes da mesma forma?

O patriarca Abraão, ao dialogar com Deus acerca da destruição de


Sodoma e Gomorra, argumentou verdadeiramente que Deus é justo em
seus juízos (Gn 18.25). Jesus Cristo afirmou que haverá bases diferenciadas

320
C u rs o A po lo gético

no juízo de Deus, e que não se julgará a todos de forma igual (Mt 10.14,
15; Lc 10.12-14). Além disso, era de esperar que um Deus justo em seus
juízos não punisse a todos os pecadores com um mesmo grau de punição.
Isso é declarado nas Escrituras, que diferencia o nível de punição sofrida
pelos pecadores perdidos após o juízo do grande trono branco (Lc 12.46-48).
Certamente haverá graus de punição diferenciada no inferno, como foi
mencionado anteriormente, pois só existe razão para haver uma base dife-
renciada de juízo se houver diferença de punição.

Ver resposta à pergunta posterior.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Como Deus pode ser justo e punir todos os
pecadores com uma mesma punição eterna?

Como um Deus justo e amoroso poderia punir eternamente pessoas


que não o obedeceram por apenas alguns anos de pecados come-
tidos por eles? Não seria absurda esta punição do ponto de vista
humano?

Todo crime realizado na sociedade possui uma punição temporal, por


se tratar de um crime contra uma sociedade transitória e passageira. Dife-
rentemente, Deus é um ser eterno (Sl 90.2), e, consequentemente, todo
“crime” (pecado) contra Ele é também de natureza permanente, merecen-
do uma punição atemporal (eterna). Ninguém é punido com base no tem-
po que levou para cometer determinado crime. Um juiz punirá um assas-
sino pelo seu crime em si, e não pelo tempo que passou para realizá-lo.
Devemos sempre nos lembrar de que a nossa forma de ver algumas situações
são totalmente diferentes da forma que o Senhor as vê, pois os nossos ca-
minhos não são os mesmos de Deus (Is 55.8-9).
Ninguém em nossa sociedade achará que prender e punir criminosos
por seus crimes de forma perpétua seria injusto, se por meio dessa deter-

321
Em defesa da fé

minação conseguíssemos neutralizar, ou mesmo erradicar, todo o mal que


frequentemente atormenta nossa sociedade. Da mesma forma, por meio da
completa restrição dos pecadores impenitentes, Deus evitará a contamina-
ção dos seus filhos, finalizando assim a ação do mal universal.

Ver resposta à pergunta anterior.

Se a Bíblia declara que Deus nunca desejou lançar alguém ao fogo


(Jr 7.31), como ele puniria alguém em um inferno de fogo?

O texto de Jeremias 7.31 não declara que Deus alguma vez não
desejou punir alguém com “fogo”, mas que os sacrifícios humanos reali-
zados ao Deus pagão Moloque, por Judá, em seu auge de rebelião contra
Deus, não foram ordenados pelo Senhor e não eram, portanto, de sua
vontade (v. 30). No entanto, o próprio Deus enviou fogo do céu para
punir o povo ímpio de Sodoma e Gomorra, demonstrando a possibilida-
de do juízo de Deus ser executado dessa forma (Gn 19.23-28). Se o Senhor
fosse incapaz de punir com “fogo” qualquer transgressor, teríamos de
admitir que Sodoma e Gomorra não foram destruídas dessa forma na
execução de seu juízo?
ASD, assim como ateus, agnósticos e céticos, não acreditam na exis-
tência do inferno, por, segundo eles, ser incompatível com a ideia de um
ser amoroso e justo conviver pacificamente com a existência de um lugar
de maldição e desprezo eterno, segundo o livro Crenças Populares (pp. 179,
180). Em resposta a tal objeção, devemos compreender que Deus continua
tolerando todo incalculável mal universal, não obstante continuar sendo
amoroso e justo. Deus, portanto, já coexiste com o mal, pois se tornou uma
realidade que faz parte da relação das criaturas criadas por Ele (quer sejam
anjos ou humanos). Se ele coexiste hoje com o mal, não poderá fazê-lo por
toda a eternidade? Por que Deus não poderia coexistir com o mal de forma
eternal, limitando-o àqueles que o optaram como estilo legítimo de vida, se

322
C u rs o A po lo gético

exatamente o inferno significará a total restrição e erradicação do mal dos


perversos, impossibilitando-os de prejudicar os justos para sempre?
Questionar a forma de punição divina com base naquilo que nós, seres
humanos, raciocinamos como justo sempre se mostrará falho, pois remove-
remos a questão da revelação objetiva da Bíblia para colocarmos à disposi-
ção do raciocínio subjetivo humano. Se perguntarmos para muitos cristãos
se a doutrina do inferno é ou não justa, encontraremos respostas tanto
positivas quanto negativas. Qual “raciocínio lógico” deveríamos seguir?
Negar ou admitir a existência do inferno deve ser uma opinião baseada nas
Escrituras, e não em opiniões que cada um de nós possua sobre isso. Os
ASD removem o foco do entendimento sobre este tema da Bíblia, para
colocá-lo à disposição do raciocínio humano.

* * *

O Livro de Mórmon declara que o inferno é um lugar de puni-


ção eterna e que todos os que forem para lá não terão uma
segunda oportunidade de arrependimento para receberem algum
tipo de benefício de Deus que lhes alivie este tormento eterno
(Mosias 2.37-39), mesmo após o julgamento de todas as suas
obras diante de Deus (2Néfi 28.21-23). Essa doutrina mórmon
se harmoniza perfeitamente com a visão bíblica que declara que o inferno
é um estado eterno de punição para todos os perdidos (Mt 10.28; 18.8;
25.41; 25.46). Porém, o décimo profeta mórmon, Joseph F. Smith, no livro
Doutrinas de Salvação, nega essa importante doutrina bíblica e, consequen-
temente, a própria visão do Livro de Mórmon, dizendo:

“Os que levam uma vida iníqua podem igualmente ser herdeiros
de salvação, isto é, eles também serão redimidos da morte e do
inferno, um dia. Estes, entretanto, têm que sofrer no inferno os
tormentos dos condenados, até terem pagado o preço de seus
pecados, pois o sangue de Cristo não os lavará. Essa imensa hos-

323
Em defesa da fé

te encontrará seu lugar no reino teleste, onde suas glórias diferem


como as estrelas do céu em magnitude. Os filhos de perdição são
aqueles que rejeitaram a luz e a verdade, depois de haverem
obtido o testemunho de Jesus; são os únicos que não serão redi-
midos do domínio do demônio e seus anjos” (vol. 2, p. 133, 1994
[itálico acrescentado]).

Se o Livro de Mórmon e a Bíblia afirmam que a punição do inferno é


eterna, por que a Igreja Mórmon nega esta doutrina? Se, segundo o “pro-
feta” e fundador da Igreja Mórmon, Joseph Smith, o Livro de Mórmon é o
livro mais perfeito de toda a terra e a pedra fundamental da religião mórmon
e seguindo as suas doutrinas o homem chegará mais próximo a Deus do que
por meio de qualquer outro livro (Introdução do Livro de Mórmon), por
que essa doutrina do Livro de Mórmon é negada? O Livro de Mórmon
ensina uma inverdade, ou o profeta da Igreja está enganado com relação a
tal doutrina? Se seguindo as doutrinas do Livro de Mórmon o homem pode
se chegar mais a Deus, e uma doutrina do livro é negada pelo próprio “pro-
feta” mórmon, estaria ele longe de Deus?

Para mais informações sobre este tema e a Igreja Mórmon,


leia a nota final do tópico Purgatório.

324
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

INFERNO

1. O que significa hades?

2. O que significa tártaro?

3. O que significa geena?

4. O que significa “inferno” em latim?

5. Quais palavras nos originais hebraico e grego são usadas para


mencionar a sepultura?

6. Para onde os justos iam após a morte no AT?

7. O AT explica a doutrina da punição eterna? Por quê?

8. Por que a doutrina do inferno é confirmada pela história do rico


e Lázaro?

9. Quais as quatro palavras usadas no NT para designar o sofri-


mento no inferno?

10. Por que Deus não destruirá os ímpios em vez de condená-los à


punição eterna?

325
PROVA – INFERNO

1. Entre as palavras gregas usadas no NT para se referirem ao inferno estão:


a) Hades, tártaro e infernus.
b) Geena, infernus e tártaro.
c) Hades, tártaro e geena.
d) Hades, lago de fogo e geena.

2. As palavras usadas no original bíblico para se referir a sepultura são:


a) Sheol e hades.
b) Sheol e geena.
c) Hades e mnemeion
d) Quever e mnemeion.

3. Antes da ascensão de Cristo, os mortos iam para:


a) O céu.
b) Baixo do altar de Deus.
c) O mundo dos mortos.
d) A sepultura.

4. Podemos definir uma parábola como:


a) Mito.
b) Fábula.
c) Lenda.
d) Relato possível.

5. Sobre o local de habitação dos demônios, as Escrituras indicam que:


a) Habitam o mundo físico.
b) Habitam o tártaro.
c) Habitam o hades.
d) Habitam o céu.

326
6. Em alguns textos bíblicos, sheol foi traduzido para “sepultura” em português por:
a) Serem sinônimas.
b) Se referirem a extensões de um mesmo plano.
c) Semelhança alegórica.
d) N.R.A.

7. A revelação de uma clara doutrina do inferno no NT está diretamente ligada à:


a) Harmonia das Escrituras.
b) Revelação sobre a natureza da alma humana.
c) Influência grega.
d) Patrística cristã.

8. Sobre a doutrina da punição eterna, podemos entender pelas Escrituras que:


a) Não haverá punição eterna, por ser essa doutrina uma afronta contra o caráter
de um Deus justo.
b) Haverá punição eterna apenas para Satanás e seus anjos.
c) Haverá punição eterna apenas para os ímpios degradados.
d) Haverá punição eterna para os perdidos, mas em diferentes níveis punitivos.

9. As palavras gregas kolasis e basanizo, usadas para se referir ao castigo eterno


dos ímpios, significam:
a) Castigo e punição.
b) Castigo e tormento consciente.
c) Castigo e perdição.
d) Castigo e inutilidade.

10. O fato de Deus atualmente coexistir com o mal indica:


a) Que pode existir um inferno eterno.
b) Que Ele não pode mudar o mal.
c) Que Ele criou um lugar de punição para o ímpio.
d) N.R.A.

327
Em defesa da fé

JeovÁ

DEFINIÇÃO

Nome híbrido criado por volta do 6º-9º século d.C., pelos Massoretas (judeus
que criaram o sistema vocálico hebraico), para traduzir o nome impronun-
ciável de Deus, o tetragrama sagrado, YHVH.

Existem outras possíveis formas de pronúncia para o tetragrama, de acordo


com muitos linguistas, sendo, portanto, o nome Jeová apenas uma especu-
lação sobre a possível tradução das vogais que eram pronunciadas juntamen-
te com as consoantes YHVH.

Jeová é realmente a forma correta da tradução do tetragrama


(YHVH)?

Não. Como essa pronúncia para o tetragrama (YHVH) só surgiu na


Idade Média, com a fusão dos nomes usados para Deus nas Escrituras Sa-
gradas (Adonai [Senhor] e YHVH (Tetragrama Sagrado), realmente este
nome não tem sido aceito pelos eruditos como o mais provável para tradu-
zir a palavra YHVH. A Enciclopédia Judaica declara sobre o nome Jeová:
“Palavra mal pronunciada do hebreu YHVH, nome de Deus. Esta pronún-

328
C u rs o A po lo gético

cia é gramaticalmente impossível. A forma Jehovah é uma impossibilidade


filológica” (p. 160), e a Enciclopédia Universal Judaica também afirma sobre
este tópico: “Erro de pronúncia do tetragrama, ou palavra de quatro letras
do nome de Deus, composto pelas letras em hebraico, Yod, He, Vau, He,
a palavra Jehovah, portanto, é erroneamente lida; para esta não há garantia
e não faz sentido em hebraico”. Portanto, devemos lembrar que o tetragra-
ma sagrado está no AT, mas a tradução Jeová, não. Este nome foi produzi-
do por hibridismo.

Não usar o nome Jeová significa desobediência à palavra de Jesus


de santificar o nome de Deus (Mt 6.9)?

Não. Santificar o nome de Deus não significa conhecer um nome pes-


soal pelo qual Ele seria chamado. Se assim o fosse, Jesus o teria chamado
por este nome na oração do “Pai-Nosso”, e não é isto que ele faz, chaman-
do-o apenas de “Pai” (Mt 6.9), fato este confirmado também pela ação do
Espírito Santo naqueles que possuem um relacionamento com Deus (Rm
8.14, 15). E em nenhuma ocasião Jesus se referiu a Deus por um “nome
pessoal” nas Escrituras Sagradas. Santificar o nome de Deus não é conhecer
um determinado nome pelo qual Deus é supostamente conhecido, mas,
sim, obedecer-lhe e amá-lo. Os sacerdotes, nos dias do profeta Malaquias,
foram reprovados por profanarem o “nome de Deus” por meio de seu me-
nosprezo aos sacrifícios e às coisas sagradas (Ml 1.6-8), e não por desconhe-
cerem a pronúncia correta do tetragrama (YHVH).
Quando o Senhor Deus declarou que o nome dele seria posto sobre
os filhos de Israel (Nm 6.22-27), estaria Ele afirmando que a nação seria
agora chamada por algum nome pessoal? Ou que seria participante das
bênçãos decorrentes da relação com o único Deus verdadeiro?

329
Em defesa da fé

É errado não usar o nome Jeová em uma tradução bíblica?

Não encontramos o nome “Jeová” em nenhum manuscrito antigo, quer


seja do Antigo ou do Novo Testamento. Encontrar o tetragrama (YHVH)
em um manuscrito não é o mesmo que encontrar o nome “Jeová”, pois esta
pronúncia só surgiu na Idade Média.
Algumas traduções bíblicas mais antigas em português traziam o nome
“Jeová”, mas isto era mais baseado na popularidade desse nome, e não em
uma pesquisa linguística dos textos bíblicos originais. O uso de “Jeová”
passou a ser abandonado após a verificação de fatos históricos e linguísticos
que demonstraram ser essa pronúncia (Jeová) híbrida, e que surgiu com a
fusão das palavras hebraicas, Adonai e YHVH.
Por se desconhecer totalmente a pronúncia correta do tetragrama
(YHVH) que a princípio era escrito sem vogais antes da criação do texto
massorético (texto hebraico vocalizado do 6º-9º século d.C.), a maioria dos
tradutores modernos tem optado por traduzir o tetragrama por “Senhor”
(Hb. adonai), pois este é um nome conhecido e usado de forma exclusiva
para o Deus verdadeiro no AT e que não foi perdida a pronúncia (usam-se
outras formas, Adhon ou Adhoni, na língua original, para se referir somen-
te a homens [1Sm 1.15, 26]).
Quando não conhecemos o nome de alguém, como o chamamos?
Citamos um nome que sabemos que não é o seu por mais que seja próximo,
ou usamos a palavra “senhor” ou “senhora” para nos dirigirmos a essa pes-
soa? Da mesma forma, os tradutores poderiam usar Adonai (que significa
“Senhor” usado somente para Deus no AT, sendo, portanto, também um
nome sagrado) quando encontraram o tetragrama no texto original hebrai-
co. Traduziram por “Senhor” e não substituíram o tetragrama, inserindo
outro nome no texto hebraico para ocultar o nome sagrado.

Ver resposta à primeira pergunta deste tópico:


Jeová é realmente a forma correta da tradução do tetragrama (YHVH)?

Ver resposta à pergunta posterior.

330
C u rs o A po lo gético

O Novo Testamento usa alguma vez o nome “Jeová” no original


grego?

Não encontramos em nenhuma das 5.686 cópias manuscritas parciais


ou completas do Novo Testamento grego uma única vez o nome “Jeová”. O
NT, em suas citações do AT, onde aparece no original hebraico o tetragrama
(YHVH), o traduz por “Senhor” (Gr. kyrios – Rm 9.29 [Is 1.9]; Rm 10.13
[Jl 2.32]; Mt 4.7 [Dt 6.16]). Se os escritores inspirados do Novo Testamen-
to não usaram nenhuma outra palavra para traduzir ou expressar o tetragra-
ma que não fosse “Senhor”, por que deveríamos usá-lo na forma da tradu-
ção “Jeová”? Não existe definitivamente nenhuma cópia de textos do NT
grego onde se encontre o nome sagrado de Deus (YHVH).

As severas punições por parte do Deus “Jeová” do Antigo Testa-


mento provam que ele não pode ser o Deus amoroso que Jesus
Cristo veio demonstrar durante o seu ministério público.

O fato de vermos atitudes disciplinares extremamente duras por parte


do Senhor Deus no AT não prova que Ele seja um “deus” maligno que
usurpou o lugar do Deus do NT, que é sempre um Deus bondoso e paciente,
como afirmam alguns.
Essa posição teológica é conhecida historicamente como “marcionismo”,
pois foi Marcião (Marcíon), já no início do 2º século do cristianismo (apro-
ximadamente 140 d.C.), quem ensinou este tipo de heresia. Se Deus, no
AT, deve ser considerado perverso pelo simples fato de punir o pecado
duramente, então deveríamos também considerar que o Deus revelado no
NT também o é. Pois o vemos também punindo severamente o pecado
tanto na Igreja (At 5.1-10) como no mundo, por ocasião do juízo que virá
sobre toda a terra para punir o pecado (Ap 6.4-8, 15-17). Além disso, vemos
também no AT atitudes extremamente misericordiosas do Deus “Jeová”

331
Em defesa da fé

tanto para com indivíduos (Is 1.18, 19) como para com uma cidade inteira
(Jn 3.1-3,10; 4.11).

Para informações complementares sobre a severidade


punitiva de Deus no AT, leia no tópico Inferno:

Por que só temos uma doutrina da punição eterna no NT?

O uso do nome “Jeová” por parte do autor com referência ao Deus do


AT na resposta à questão anterior é somente por popularidade do uso
dessa expressão.

Para um estudo mais detalhado do assunto, leia no tópico Jeová:


Jeová é realmente a forma correta da tradução do tetragrama (YHVH)?

É errado não usar o nome Jeová em uma tradução bíblica?

* * *

As Testemunhas de Jeová são mundialmente conhecidas


por sua divulgação do nome Jeová. Na brochura (revista)
O Nome Divino que Durará para Sempre, elas admitem:

“Portanto, é evidente que a pronúncia original do nome de Deus


não é mais conhecida. Nem é realmente importante. Se fosse, o
próprio Deus se teria certificado de que fosse preservada para o
nosso uso. O importante é usar o nome de Deus segundo a pro-
núncia convencional no nosso próprio idioma” (p. 7 [itálico acres-
centado]). “Como poderíamos usar um nome ‘segundo a pronún-

332
C u rs o A po lo gético

cia convencional no nosso idioma’ se não conhecemos as vogais


existentes neste nome?”.

Se elas admitem não conhecer a pronúncia original do nome de Deus,


por que se autodenominam Testemunhas de “Jeová”? São elas testemunhas
de um nome inexistente?
Apesar de hoje afirmarem que Deus possui apenas um nome, e que
este nome é “Jeová”, no passado ensinaram o contrário, afirmando que Deus
possuía vários nomes: “O nome Deus quer dizer o altíssimo, o criador de
todas as coisas. O nome Jeová significa os propósitos do Eterno para com
suas criaturas. O nome Deus todo-poderoso quer dizer que o seu poder é
ilimitado. O nome altíssimo dá a entender que ele é o supremo e que além
dele não existe nenhum outro. E o nome Pai quer dizer que ele é o doador
da vida” (Riquezas, 1936, p. 135).
Se Pai não é um nome de Deus, e sim um título por sua ação paternal,
como afirmam as Testemunhas de Jeová atualmente, por que a sua própria
“tradução” bíblica (TNM) afirma que Jesus possuiria o nome (não título)
Deus Poderoso e Pai Eterno (Is 9.6)? Se “Deus” e “Pai” não são nomes, e
sim títulos, por que a Bíblia declara o contrário? Por que o livro Riquezas,
anteriormente mencionado, afirma que a expressão Pai com relação a Deus
é um de seus nomes?
As Testemunhas de Jeová afirmam seguir somente os ensinos encon-
trados na Bíblia, e não tradições humanas. No artigo da revista Despertai,
intitulado “A Bíblia ou a tradição – Um dilema para os católicos sinceros”,
elas admitem que para os católicos romanos a “tradição é colocada acima
da Bíblia” (08/06/1986, p. 16), e no livro Santificado Seja o Teu Nome afir-
mam que: “... Os clérigos católicos romanos pronunciavam Ieová a combi-
nação sagrada das quatro letras. Todas as evidências disponíveis indicam
que foram os clérigos católicos romanos que introduziram esta pronúncia”
(1963, p. 19). Se admitem que o nome Jeová é originário da tradição cató-
lica romana e que não conhecem, de fato, a pronúncia correta do tetragra-
ma (YHVH), como podem criticar os católicos por seguirem tradições não

333
Em defesa da fé

bíblicas? Por que criticar a atitude de um grupo religioso quando fazem o


mesmo?
Ainda, comentando acerca das traduções que supostamente teriam
ocultado o nome divino (YHVH), afirmam em sua tradução bíblica com
comentário: “A maior indignidade que modernos tradutores causam ao
Autor divino das Escrituras Sagradas é a eliminação ou o ocultamento des-
te seu peculiar nome pessoal [...] Por usarmos o nome Jeová, apegamo-nos
de perto aos textos da língua original e não seguimos a prática de substituir
o nome divino, o tetragrama, por títulos tais como “Senhor”, “O Senhor”,
“Adonai” ou “Deus” (TNM, 1986, p. 1.501). Apesar de afirmarem que o não
uso do nome Jeová em outras versões da Bíblia é a “maior indignidade” por
parte de modernos tradutores, em suas duas “traduções” bíblicas do NT
grego (The Emphatic Diaglott, 1942, e The Kingdom Interlinear Translations
of the Greek Scriptures, 1985), elas não usam o nome “Jeová” em nenhum
texto. Por que criticar as outras versões que não usam o nome “Jeová”
quando elas também não o usam em suas duas versões gregas do NT? Ad-
mitiriam as Testemunhas de Jeová que as suas duas “traduções” gregas do
NT cometem também a “maior indignidade” contra o Deus Eterno por não
usarem o nome Jeová? Em nenhum dos 237 textos do NT onde as Teste-
munhas de Jeová introduziram a pronuncia “Jeová” aparece o tetragrama.
Em todos os textos aparece no original Kyrios (Senhor).

334
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

JEOVÁ

1. Quando foi criado o nome “Jeová”?

2. A pronúncia do tetragrama sagrado “YHVH” é conhecido?


Explique.

3. Quantas vezes o NT faz uso do nome “Jeová”?

4. Qual seita cristã faz distinção entre o Deus do AT e do NT?

5. As versões gregas do NT das Testemunhas de Jeová fazem uso


do nome “Jeová”? Explique.

335
PROVA – JEOVÁ

1. A pronúncia “Jeová” surgiu apenas por volta do:


a) 16º a 19º século d.C.
b) 5º a 6º século d.C.
c) 6º a 9º século a.C.
d) 6º a 9º século d.C.

2. O nome “Jeová” é uma forma:


a) Correta da pronúncia do nome divino.
b) Possível da pronúncia do nome divino.
c) Primitiva da pronúncia do nome divino.
d) Híbrida da pronúncia do nome divino.

3. A pronúncia “Jeová” surgiu da fusão do tetragrama sagrado com a palavra


hebraica:
a) Adoni.
b) Adon.
c) Adonai.
d) Shadai.

4. Sobre Jesus e a pronúncia do nome sagrado, podemos entender que:


a) Nunca existiu nenhum nome sagrado.
b) Ele o pronunciava como El.
c) Ele nunca usou nenhum nome pessoal.
d) Ele o pronunciava como Pai.

5. Sobre a ocorrência da palavra “Jeová” nas línguas originais, sabemos que:


a) Existe apenas no AT.
b) Existe apenas no NT.
c) Não existe no AT e também no NT.
d) Não existe fora do Pentateuco.

336
6. Sobre a possível ocorrência do nome “Jeová” entre os 5.686 manuscritos do NT,
sabemos que:
a) Não ocorre em nenhum dos manuscritos.
b) Ocorre em apenas 1.245 manuscritos.
c) Não ocorre nas epístolas pastorais.
d) Ocorre apenas nos Evangelhos.

7. O termo grego usado em substituição ao tetragrama pelos escritores sagrados é:


a) El Shadai.
b) El.
c) Kyrios.
d) Adonai.

8. A heresia que admite que o Deus apresentado no AT é um deus maligno, é


conhecida como:
a) Arianismo.
b) Monarquianismo dinâmico.
c) Marcionismo.
d) Sabelianismo.

9. Sobre a pronúncia do nome “Jeová” na revista O Nome Divino que Durará para
Sempre, as Testemunhas de Jeová admitem que:
a) Não se sabe a correta pronúncia do nome sagrado.
b) O nome sagrado não existe.
c) Somente eles conhecem o nome sagrado.
d) N.R.A.

10. Sobre o suposto uso da palavra “Jeová” nas duas traduções bíblicas do NT gre-
go das Testemunhas de Jeová, sabemos que:
a) Somente a The Kingdom Interlinear Translations of the Greek Scriptures a
menciona.
b) Somente a The Emphatic Diaglott a menciona.
c) Nenhuma das versões a menciona.
d) As duas versões a menciona.

337
Em defesa da fé

JeSuS criSto

DEFINIÇÃO

Jesus Cristo é a encarnação do Deus vivo (Jo 1.1, 14) prometido desde o
período da queda de Adão ainda no Éden (Gn 3.15), sendo o seu nascimen-
to (Mq 5.2), ministério (Is 40.5-9), morte (Is 53.7-11) e ressurreição (Sl
16.10) claramente profetizados séculos antes do seu nascimento. Para com-
provar a sua divindade, Ele fez uso de duas prerrogativas que só Deus
possui: receber adoração tanto de homens (Jo 9.35-38) como de anjos (Hb
1.6), e até mesmo perdoar pecados (Mc 2.5-11).

Jesus Cristo foi profetizado por Daniel, o profeta, como sendo o Messias
que viria para iniciar a restauração da nação de Israel, em um período pre-
viamente estabelecido por Deus (Dn 9.25-26).

Jesus Cristo não era divino; ele foi apenas o maior profeta de Deus
que já existiu.

Todos os grandes profetas de Deus tinham como finalidade exaltá-lo


por meio de uma mensagem que lhes foi confiada transmitir. Fugir do pro-
pósito da mensagem de Deus era, e sempre foi, uma característica dos
falsos profetas (Jr 14.13-15 comp. 2Pe 1.20, 21), e tal atitude um verdadei-

338
C u rs o A po lo gético

ro profeta de Deus jamais poderia aprovar. Jesus não pode ter sido apenas
o maior profeta de Deus, pois Ele afirmou claramente sua divindade, fa-
zendo uso de direitos e prerrogativas exclusivas de Deus: aceitou adoração
(Mt 28.17; Jo 9.37, 38 comp. Êx 20.4, 5), perdoou pecados (Mc 2.5 comp.
Is 43.25) e soube o que estava nos corações humanos (Mc 2.6-8 ver: Jr
17.10). Além disso, foi chamado de Deus, por seu apóstolo, e não censurou
quem o considerou assim (Jo 20.28, 29). Como alguém que foi apenas o
maior profeta de Deus dentro de uma cultura extremamente monoteísta
(que crê na existência de um único Deus) poderia ensinar e admitir tais
declarações? Dizer que Jesus veio transmitir apenas a mensagem de Deus
e não acreditar em sua divindade equivale a afirmar ser Ele um grande
mensageiro de Deus que veio transmitir mensagens falsas. Seria isto de
alguma forma lógico? Ou acreditamos na divindade de Jesus ou então de-
vemos negar a mensagem ensinada por Ele, a qual corrobora sua divindade.

Jesus foi apenas um grande líder religioso como Buda, Maomé e


Confúcio.

Outros líderes tiveram características semelhantes às de Cristo: Buda


se levantou como uma voz de oposição aos líderes religiosos hindus; Jesus
fez o mesmo em relação aos líderes religiosos de sua época (Mt 23.13-17).
Maomé se declarava profeta de Deus; Jesus disse também ser profeta (Lc
4.23, 24). Os ensinos de Confúcio visavam à busca da justiça social; Jesus
também ensinou a justiça (Mt 5.6). Apesar de algumas semelhanças, é
inegável que Jesus Cristo foi um líder religioso diferente dos que vieram
antes ou depois dele, pois fez afirmações contundentes acerca da sua
missão como nenhum outro homem o fez. Aceitou adoração (Mt 28.16,
17), declarou que veio do céu (Jo 6.38), afirmou ser o único caminho para
Deus (Jo 14.6), perdoou pecados (Mc 2.5-7), exigiu a mesma honra devi-
da somente a Deus (Jo 5.22, 23) e disse que sua missão era exclusiva (Mt
11.27-29). Como Jesus poderia apenas ser um grande líder religioso entre

339
Em defesa da fé

outros se fez declarações tão exclusivas em relação à sua missão e sobre


quem Ele era? Se Ele fosse igual aos demais líderes religiosos, por que
não vemos semelhanças entre as suas palavras e os escritos desses outros
grandes líderes?

Jesus Cristo foi um grande líder que veio nos ensinar apenas regras
morais e uma ética elevadíssima. Ele não poderia ser Deus.

Poderíamos esperar de um grande líder de moral elevadíssima que


dissesse sempre a verdade, pois jamais um grande homem poderia ser um
grande mentiroso (Pv 12.17). Jesus claramente fez uso de algumas prerro-
gativas pertencentes somente a Deus: Ele aceitou adoração (Mt 28.17; Jo
9.37, 38), perdoou pecados (Mc 2.5) e soube o que estava nos corações
humanos (Mc 2.6-8 comp. Jr 17.10). Além disso, foi chamado de Deus e
não censurou quem o considerou assim (Jo 20.28, 29). Como um homem
que veio para transmitir apenas ensinos éticos e morais elevadíssimos po-
deria enganar as pessoas acerca de quem Ele era? Como alguém que ensi-
nava “a verdade vos libertará” (Jo 8.32) induziria as pessoas ao engano
acerca de si mesmo? Ou admitimos a divindade de Jesus Cristo, ou negamos
a sua moral elevadíssima, pois afirmar que Ele foi um dos homens mais
elevados em sua moralidade e negar o que Ele disse acerca de si mesmo
constitui-se um enorme problema para um homem de moral elevada.

O Alcorão é mais sensato do que a Bíblia ao afirmar que Deus não


teve um filho chamado Jesus, pois como Deus poderia ter uma
esposa para gerar dela filhos (Surata 19.88-92)?

Em lugar algum nas Escrituras observamos Deus possuir alguma es-


posa para lhe gerar um filho. A expressão “filho de Deus” aponta apenas
para a natureza singular de Jesus Cristo de maneira compartilhada com o
Pai, assim como a expressão “filho do homem” aponta para a sua humani-

340
C u rs o A po lo gético

dade (Mc 10.45). O próprio Alcorão afirma que Maria concebeu um filho
por ação milagrosa de Deus (Surata 19.20, 21), e essa ideia é ensinada
também na Bíblia quando menciona a ação do Espírito Santo no nascimen-
to de Jesus Cristo (Lc 1.30-35). Se todo filho possui um Pai, e Jesus nasceu
como um filho, quem é o seu pai? Se Ele não teve um pai humano, como
o próprio livro sagrado muçulmano confirma, seria impróprio afirmar ser
Deus seu pai? Quem então foi o pai de Jesus, senão Deus?

Jesus Cristo não existiu como figura histórica real, mas foi apenas
um mito criado no fim do 1º século.

Não temos evidência contrária suficiente que negue a existência de


Jesus Cristo como uma pessoa real do 1º século. Alguns historiadores secu-
lares (não cristãos) escreveram informações sobre Jesus que nos são impor-
tantes para estabelecer a verdade de sua historicidade. Entre eles estão:
Tácito, que é considerado um dos historiadores mais confiáveis do mundo
antigo, ao comentar sobre a transferência de culpa de Nero sobre os cristãos
no episódio do incêndio de Roma, afirmou:

“Consequentemente, para se livrar das denúncias, Nero intensificou


as acusações e infligiu as mais intensas torturas sobre uma classe
odiada por suas abominações, chamados cristãos, pela população.
Cristus [Cristo], de quem o nome teve sua origem, sofreu extrema
punição durante o reino de Tibério pelas mãos de um de nossos
procuradores, Pôncio Pilatos, e a mais perniciosa superstição, assim
verificada até o momento, de novo eclodiu não somente na Judeia,
a primeira fonte do mal, mas até em Roma, onde todas as coisas
hediondas e vergonhosas de toda parte do mundo acham seu cen-
tro e tornam-se populares” (TÁCITO, 1942, pp. 380, 381).

Flávio Josefo, contemporâneo de Jesus Cristo, e que é considerado


o escritor judaico que escreveu a maior fonte de informações sobre a

341
Em defesa da fé

cultura judaica depois da Bíblia, em pelo menos duas ocasiões cita Jesus:
“Tiago, irmão de Jesus chamado Cristo” [...]“[E] Nesse mesmo tempo
apareceu Jesus, que era um homem sábio [...] os mais ilustres de nossa
nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar” (JOSEFO, 1991,
vol. 2, p. 156).
Suetônio, que era cronista da casa imperial romana, comentando sobre
alguns distúrbios ocorridos entre judeus, o que ocasionou a expulsão deles
de Roma, declarou: “Ele [Claudio] expulsou de Roma todos os judeus, que
continuamente estavam criando distúrbios sob a instigação de Chrestus”
(MCDOWELL, 1995, p. 59).
Apesar dos dois historiadores romanos (Tácito e Suetônio) terem es-
crito tais informações acerca de Jesus Cristo no início do 2º século, eles
viveram no 1º século e, portanto, mais próximo da ocorrência dos fatos,
narrando-os anos depois. E também Flávio Josefo, que escreveu sua obra
ainda no 1º século sobre a história dos hebreus e suas guerras judaicas.
Temos, além destas importantes informações históricas, citações do
Talmude babilônico (compilado no período Tanaítico [70-200 d.C.]), onde
se declara:

“Na véspera da páscoa eles penduraram Jesus [o nazareno] e o


pregoeiro foi diante dele por quarenta dias dizendo [Yeshu o na-
zareno], segue para ser apedrejado por praticar mágica e enganar
e desviar Israel. Quem souber algo a seu favor o declare. E eles
nada acharam a seu favor. E o penduraram na véspera da páscoa.
Ulla diz, suporíamos que [Yeshu o nazareno] um revolucionário,
teria algo a seu favor? Ele era um enganador, disse o misericor-
dioso” (Sanhedrin 43a [HERFORD, 1903, p. 83; BRUTEAU,
2011, p. 32]).

Todos os escritores do NT escreveram os seus Evangelhos ainda no 1º


século da nossa era (entre 50-95 d.C.), não havendo, portanto, tempo sufi-
ciente para se desenvolver os chamados “mitos de acréscimo” acerca da vida

342
C u rs o A po lo gético

de Cristo, pois um mito como este levaria mais de cem anos para começar
a ser desenvolvido. Todos os mitos criados acerca da vida de Buda, Maomé,
Confúcio e do próprio Cristo só surgiram um ou mais séculos depois da sua
morte, não sendo essa a forma de retratar a Cristo pretendido pelos evan-
gelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João).
Outros escritores não cristãos citaram Jesus Cristo em suas obras (o
imperador Adriano em sua carta a Minucius Fundanus; o satirista grego
Paulo de Samosata; o filósofo estoico Mara Bar-Serapion etc.). Afirmar não
haver uma única prova da historicidade de Jesus é fechar os olhos às evi-
dências históricas esmagadoras que afirmam o contrário.

A história de Jesus é apenas um plágio dos mitos religiosos


pré-cristãos de Mitra, Dionisio, Hórus, Krishna etc.

Essa afirmação, apesar de não ser nova, tem se tornado mais popular
a partir do filme “Zeitgeist”, que ataca a historicidade da religião cristã.
Declarações do filme sobre o cristianismo têm sido aceitas popularmente,
assim como as declarações do livro de Dan Brown (O Código Da Vinci) o
foram, porque a vasta maioria das pessoas nada conhece sobre as histórias
pagãs e cristãs, não possuindo, assim, capacidade para avaliar as afirmações.
Várias afirmações do documentário são falsas. Vejamos as nove maiores
falácias mencionadas no filme:

1. Hórus nasceu em 25 de dezembro – Apesar da própria Bíblia não


nos mencionar esse “fato” (não nos importa saber exatamente em
que data Jesus nasceu), também a história de Hórus não indica
essa data. Ele “nasceu” no mês de Khoiak (equivalente a outubro/
novembro em nosso calendário gregoriano), cujo festival de alguns
dias de duração possuía seu auge entre 12 e 30 do mês egípcio.
2. Hórus nasceu de uma virgem – A mãe de Hórus era Ísis, ela era
esposa de Osíris, que a fecundou após sua morte gerando Hórus.

343
Em defesa da fé

3. Hórus morreu crucificado, e após três dias ressuscitou dos mortos


– Não existe nenhum texto histórico que confirme a teoria da res-
surreição de Hórus após uma suposta morte sobre uma cruz como
conhecemos por meio dos relatos do NT.
4. Mitra nasceu de uma virgem no dia 25 de dezembro – Segundo os
especialistas sobre mitraísmo, Mitra surgiu de uma pedra e sem
nenhuma data específica para o seu suposto nascimento (mais uma
vez reiteramos que não nos importa a data do nascimento de Jesus,
pois a Bíblia não menciona NENHUMA DATA).
5. Mitra, assim como Jesus, foi visitado por pastores e teve doze dis-
cípulos – Ambas as informações têm origem em um relevo do 4º
século d.C., onde não aparecem doze discípulos, e sim os signos
do zodíacos, e nem mesmo se sabe se as figuras são, de fato, pas-
tores (o que também não apresenta pastores visitando uma criança
em uma manjedoura, mas, sim, um Mitra adulto rodeado por alguns
supostos “pastores”).
6. A história da crucificação de Jesus foi copiada do mito de Dionísio
– A “crucificação” de Dionísio mencionada por muitos proponentes
da teoria do plágio é baseada na descrição de um amuleto do 4º
século d.C., ou seja, pelo menos trezentos anos após o surgimento
do cristianismo. Não poderia haver uma tentativa por parte dos
pagãos de identificar Jesus com Dionísio para ganhar simpatizantes?
Por que Dionísio é quem deveria ter dado origem ao suposto plá-
gio, e não o contrário?
7. Dionísio também teria sido concebido por uma virgem – O pai de
Dionísio teria sido o deus Zeus, que teria engravidado ou uma
humana (a princesa Sêmele), ou a rainha do mundo subterrâneo
(Perséfone). Nada nos mitos indicaria a virgindade de qualquer
uma delas.
8. Krishna também teria nascido de uma virgem milhares de anos
antes de Jesus de Nazaré – Segundo os hinduístas que veneram
Krishna, ele foi o oitavo filho de Devaki, o que, portanto, deixa

344
C u rs o A po lo gético

claro que não há nenhuma conexão entre Krishna e um suposto


nascimento virginal.
9. Houve tanto um massacre de inocentes por ocasião da morte de
Krishna como sua morte ocorreu por meio de crucificação, da
mesma forma que Jesus supostamente o fora – Nem Krishna foi
crucificado (ele foi morto a flexadas e depois cremado) nem houve
um massacre de inocentes por ocasião de seu nascimento (apenas
os seus seis irmãos, foram mortos).

Como vimos, todos os argumentos anteriormente mencionados são


falsas afirmações cuja intenção seria mais confundir aqueles que desejam
conhecer de alguma forma os fatos, criando um estado de banalização acer-
ca das verdades dos Evangelhos, colocando-os no mesmo nível dos “mitos
de acréscimo” sobre figuras cuja existência pessoal são improváveis.

Como Jesus Cristo pode ser Deus eterno se a Bíblia o chama de


“Princípio da Criação de Deus” (Ap 3.14)?

A expressão “princípio da criação de Deus” não é sinônima de “primei-


ra coisa criada”, pois a expressão “princípio” aparece no mesmo livro de
Apocalipse com relação ao próprio Deus (Ap 21.6, 7), e a Bíblia não declara
que Deus seja algum tipo de criatura feita em algum tempo passado, pois ele
é eterno (Sl 90.2). A palavra grega arché (“princípio”) do texto de Ap 3.14 e
suas variantes possui vários significados nas Escrituras Sagradas: antigo, prin-
cípio, principado, governante, autor, príncipe, principal, chefe etc. Por que,
com tantas possibilidades de se interpretar o texto, poderíamos afirmar jus-
tamente que Jesus fosse uma criatura, quando toda a Escritura aponta para
a sua existência eterna (Mq 5.2 comp. Sl 90.2 [a mesma expressão hebraica
olãm que aponta a eternidade de Deus também se refere à origem de Cristo])?
Como tudo que existe, à parte de Deus, é sua criação, a palavra “princípio”
apenas refere-se a Jesus como o “originador” de tudo criado, ou seja, o “autor”
de toda a criação, como declara o apóstolo João em seu Evangelho (Jo 1.3).

345
Em defesa da fé

Como Jesus pode ser o Deus eterno se é chamado de o “primogê-


nito de toda a criação” (Cl 1. 15)?

O próprio contexto de Colossenses 1 (v. 16, 17) demonstra exatamen-


te o oposto desse pensamento, pois Jesus, nesses versos, é mencionado como
criador de tudo, e não como uma mera criatura entre outras. O livro de
Colossenses, na versão bíblica das Testemunhas de Jeová (TNM), introduziu
propositadamente quatro vezes a palavra “outras”, entre colchetes, para
declarar Jesus como parte da criação de Deus e criador somente das “outras
coisas”, mas não como o criador de tudo, conforme declara o texto no ori-
ginal grego. Assim, é indispensável a leitura do texto sem os colchetes, para
se harmonizar com o contexto, o qual declara Jesus como o criador eterno
de tudo, seja no céu ou na terra.
A palavra “primogênito” não significa a primeira criação entre todas,
mas, sim, o mais proeminente dentre um grupo, como no caso de Davi, que
foi também chamado de o “primogênito dos reis da terra”, sem, entretanto,
ser ele o primeiro rei de Israel, tampouco o primeiro rei de uma nação no
mundo (Sl 89.20-27).
O mesmo significado de “proeminente”, com relação à expressão “pri-
mogênito”, aparece também com referência a Efraim, que não era o pri-
meiro filho de Jacó, e sim o seu neto, mas foi tratado como “destacado
entre outros” (Jr 31.9 comp. Gn 48.11-19). Portanto, a expressão “primogê-
nito da criação de Deus” significa apenas que Jesus é o mais “proeminente”
ou “importante” entre tudo o que existe de sua própria criação.
Se interpretássemos a expressão “primogênito de toda a criação” como
“primeiro ser criado”, teríamos de admitir como errada a doutrina bíblica
de que Jesus produziu a criação (Jo 1.3) pelo seguinte motivo: Se alguém
usar “primogênito” como sinônimo de “o primeiro a ser gerado (ou criado)”
e afirmar: “Paulo é o primogênito de Pedro”, então concluiríamos que Pau-
lo foi gerado por Pedro, e não o contrário. Portanto, seguindo esse raciocí-
nio, se Jesus fosse “primogênito” como sinônimo de ser gerado literalmen-
te, a expressão “Jesus é o primogênito da criação” indicaria que Jesus foi

346
C u rs o A po lo gético

gerado pela criação, o que seria um absurdo. Então, tal expressão só pode-
ria apontar para o fato de Jesus ser “o mais proeminente” de tudo o que
existe de sua própria criação.

Jesus não é Deus. É apenas a sua sabedoria personificada (Pv 8.22)!

Antes de tudo, a “sabedoria” de Deus é personificada (dadas caracte-


rísticas de uma pessoa) não somente no capítulo 8, mas também nos capí-
tulos 1 e 9 de Provérbios e, nestes versos, encontramos características que
não se enquadram com o estado pré-mortal de Cristo. É a “sabedoria” re-
tratada como uma mulher (Pv 9.1, 2) que habita com a “prudência” (Pv
8.12), que, pelo raciocínio de personificação de um atributo, teria de ser a
“prudência”, também outro ser pessoal e preexistente que o acompanharia
desde o início. Quem seria este ser pessoal que acompanhou o Senhor
desde o início de tudo?
A palavra “criou” não aparece no texto de Provérbios e não faz parte
do texto original hebraico, e sim “adquirir” (qanah). Sendo assim, esta “sa-
bedoria” não foi criada, e sim usada (adquirida) simplesmente por Deus.
Assim, o livro de provérbios está apenas retratando a sabedoria de Deus de
forma poética, como algo a ser adquirido por todos devido à sua preciosi-
dade e importância. Este texto não trata de Jesus.
Se Jesus fosse a sabedoria de Deus (1Co 1.24), criada em algum tem-
po atrás, então houve um tempo em que Deus não possuía sabedoria? Não
seria a sabedoria de Deus eterna?

Como Jesus poderia ser Deus, se Deus é onisciente e Jesus não


sabia nem o dia de sua vinda (Mt 24.36)?

O fato de Jesus não saber o dia da sua vinda, de acordo com o texto
de Mateus 24, não anula em nada a sua divindade, pois entendemos que

347
Em defesa da fé

em sua encarnação ele deixou a glória dos céus e apenas “limitou” o uso de
suas prerrogativas divinas, sem anulá-la (Fl 2.5-7). Jesus é retratado na
Bíblia como Deus, pois fez uso de duas prerrogativas exclusivamente divinas:
perdoar pecados (Mc 2.5 comp. Is 43.25) e receber adoração (Ap 5.13, 14;
Jo 9.38; Mt 28.9 comp. Êx 20.4, 5). Uma das razões da limitação do uso de
seu potencial divino é que ele, mesmo sendo divino, não possuía, naquele
momento, “glória divina”. Era o servo sofredor (Is 52.13-15), que compar-
tilhou, no passado, da mesma glória do Pai, e, ao se aproximar da morte,
reivindicou-a para si (Is 42.8, 48.11 comp. Jo 17.4, 5).
O fato de Jesus não saber o dia da sua vinda durante a sua encarnação,
antes de sua glorificação como o “Filho Unigênito do Pai”, não implica que
não o saiba hoje, após a sua glorificação e elevação à perfeição espiritual, sem
as limitações físicas de outrora, pois todo o poder lhe foi dado no céu e na
terra (Mt 28.18), sendo Ele, portanto, a “sabedoria de Deus” (1Co 1.24).
Poderia aquele que é a “sabedoria de Deus” não ter conhecimento atualmen-
te pleno acerca de sua própria vinda? Outro fato que não deve ser ignorado
com relação ao entendimento de Mt 24.36 é que o texto provavelmente,
apesar de ser uma variante textual, se encontra nos textos alexandrinos e
ocidentais (mais antigos), mas não nos textos mais recentes de Mateus, inclu-
sive o bizantino (OMANSON, p. 43, 2010). Isso sugeriria uma mudança in-
tencional do copista por questões de dificuldade de harmonização do texto,
o que não poderíamos defender, pois não precisamos usar o recurso de inva-
lidação do texto quando encontramos dificuldades em harmonizá-lo.

Jesus possuía um “corpo espiritual” que permitia que ele fosse


visto pelas pessoas, mas ele não era realmente humano.

As Escrituras sagradas afirmam que Jesus foi humano. Ele nasceu


(Lc 2.4-7), viveu (Lc 2.51, 52) e morreu como homem (Lc 23.45-47, 50-52).
O apóstolo João, que conviveu com Ele durante todo o seu ministério em
Israel, afirmou que Ele era humano (Jo 1.14), e que os que negavam essa

348
C u rs o A po lo gético

verdade eram enganadores e Anticristos (2Jo 7). Teria João, que conviveu com
Jesus por tanto tempo, se enganado acerca da humanidade do seu mestre?
Esta tentativa de negar a humanidade de Jesus surgiu ainda no 1º sé-
culo com o surgimento do “gnosticismo”, que negava a completa humanidade
de Jesus por crer que toda matéria era má, e, consequentemente, um ser
como Jesus de Nazaré, segundo eles, não poderia ser plenamente humano.

Jesus Cristo era a mesma pessoa de Deus-Pai?

Não. Jesus nunca declarou ser o Deus-Pai. Ele mesmo afirmou que Ele
e o Pai eram pessoas distintas (Jo 8.16-18), orou ao Pai indicando tratar-se
de outra pessoa (Mt 6.9; Jo 17.1-3), e foi visto por ocasião do seu batismo
nas águas enquanto o seu Pai falava do Céu (Mt 3.16, 17). Entretanto, as
Escrituras Sagradas afirmam que Ele possuía a mesma divindade pertencen-
te ao Pai (Jo 8.58 comp. Êx 3.14), porém ambos não eram a mesma pessoa.
Portanto, por que a Bíblia declara que Deus não divide a glória Dele
com ninguém (Is 42.8; 48.11) e afirma que Jesus compartilha da mesma
glória com o Pai (Jo 17.5)? Porque ambos constituem um único Deus, mes-
mo não sendo uma única pessoa (Jo 10.30-37).

Para mais detalhe sobre esta questão, leia o tópico Trindade.

Jesus foi um “bodisatva”?

Um “bodisatva”, de acordo com o budismo, é alguém que alcançou um


grau elevado de existência, vivendo assim um padrão elevadíssimo de vida,
tendo atitudes altamente altruístas, na qual a mentira e o engano não fazem
parte do seu estilo essencial de existência. Este estado é um pouco “inferior”
ao estado de Buda, mas compartilha com esse a verdade, de acordo com o
próprio budismo.

349
Em defesa da fé

Se Jesus Cristo foi um “bodisatva”, Ele teria de apontar as mesmas


“verdades” fundamentais do budismo, pois, como tal, não poderia negá-las.
Porém, ao lermos as doutrinas ensinadas por Jesus, percebemos tratar-se
de algo completamente diferente dos ensinos do budismo. Jesus acreditava
em um Deus pessoal que se relaciona com o homem (Jo 8.17-18, 28); Buda
negava a interferência dos desuses nas relações humanas. Jesus ensinou que
Ele veio para salvar a humanidade por meio do seu sacrifício na cruz por
todos (Mc 10.45); para Buda, o homem se torna o seu próprio Salvador por
meio do conhecimento prático do budismo, eliminando assim a necessida-
de de renascer outra vez. Jesus declarou sermos culpados por nossos erros
cometidos durante nossa existência, nada devendo para cumprir em algum
tipo de ciclo de nascimento posterior (Jo 9.1-3); para Buda, mediante su-
cessivas reencarnações, poderíamos romper o ciclo de nascimento, vida e
morte e, por fim, vencendo as limitações impostas por nosso próprio carma,
alcançamos o nirvana (quietude/inexistência).
Se Jesus foi um “bodisatva”, por que ensinou doutrinas contrárias a
Buda, se nenhum deles poderia se contradizer, ou mesmo mentir?

O nome “Jesus” significa “deus-cavalo” na língua hebraica, sendo,


portanto, uma blasfêmia contra o verdadeiro nome do Messias
(Yehoshua), pois nomes próprios não podem ser traduzidos.

O nome Jesus não pode ser traduzido por “deus-cavalo”, por este não
ser hebraico, mas, sim, grego, e em grego cavalo é hippos e não sus. O fato
de não vermos a transliteração do nome de Jesus do hebraico para o grego
em nenhum texto do NT deve ser suficiente para acreditarmos que os pri-
meiros escritores do cristianismo não estavam preocupados com o uso da
escrita hebraica do nome do Senhor. O texto mais usado nas citações do NT
é a LXX, que é a primeira versão grega do AT hebraico (10% dos textos do
NT são citações do AT), e não o texto massorético, ou qualquer outro texto
hebraico. A LXX (Septuaginta) traduziu o equivalente ao nome hebraico de

350
C u rs o A po lo gético

Jesus (Yeshua) por Iesous, não fazendo transliteração alguma da palavra do


texto hebraico, afinal de contas a própria Bíblia afirma que nomes próprios
podem também ser traduzidos (At 9.36). Podemos verificar em qualquer
Bíblia em inglês o livro de Tiago ser traduzido pelo nome James, a forma
inglesa desse nome, assim como existem também vários outros nomes tra-
duzidos para outros idiomas de acordo com a possibilidade do idioma.
Então, nomes podem, sim, ser traduzidos.
Não existem provas irrefutáveis de que os Evangelhos tenham sido
escritos originalmente em hebraico e depois traduzidos para a língua grega.
Nem mesmo o Evangelho de Mateus, que claramente demonstra uma in-
timidade com as passagens do AT hebraico, pode ser comprovado como
uma tradução dessa língua. Algumas evidências internas do próprio evan-
gelho de Mateus apontam para uma origem grega do texto, pois o livro
explica expressões do hebraico, o que seria desnecessário se ele já tivesse
sido escrito nessa língua (Mt 1.23). Também o escritor usa sempre uma
forma grega de traduzir a palavra “Jerusalém”, quando existia uma forma
hebraica que deveria ser usada se fosse escrito originalmente em hebraico.
A forma Iesus (grega) surgiu a partir da palavra hebraica Yeshua, e não da
fusão do nome de algum deus pagão, como defendem alguns pretensos
conhecedores da língua hebraica.

Jesus possuía uma existência pré-mortal antes de vir a este mundo?

Jesus Cristo várias vezes afirmou de forma clara a sua preexistência,


ou seja, antes de vir a este mundo, Ele habitava em outra esfera de existên-
cia (Jo 6.38, 41, 46, 50, 51, 62). O apóstolo João confirmou essa verdade ao
escrever o seu Evangelho ainda no 1º século do cristianismo (Jo 1.1-4, 10,
14), e João Batista deu testemunho do mesmo fato (Jo 1.15). O profeta
Miquéias, no AT, revela Jesus como eterno e pré-mortal (Mq 5.2), sendo
Jesus Cristo o único ser humano que participou deste estado (Jo 3.31).

351
Em defesa da fé

Jesus Cristo é o arcanjo Miguel?

Existem diferenças claras e substanciais encontradas na Bíblia entre


Jesus e o arcanjo Miguel: Miguel é anjo, pois a palavra “arcanjo” significa
um anjo que lidera outros anjos (como arcebispo é um bispo que lidera
outros); Jesus está acima de todos os anjos, tendo um nome mais excelente
do que eles (Hb 1.4, 5). Miguel é chamado de “príncipe”, defensor de Is-
rael (Dn 12.1), Jesus é o “Rei dos reis” (Ap 19.11, 13, 16). Miguel não se
atreveu a repreender Satanás (Jd 9), Jesus repreendeu Satanás face a face
(Mt 4.10, 11). Como poderíamos crer que as Escrituras mencionam a mes-
ma pessoa (Jesus e Miguel) se existem tantas diferenças entre ambos?

Quais provas existem de que Jesus era realmente o Messias pro-


metido de Israel?

Existem cerca de 460 profecias messiânicas em todas as Escrituras


hebraicas do AT, e a grande maioria delas, já cumpridas, possui uma seme-
lhança com a vida e o ministério de Jesus Cristo como de nenhum outro
personagem da história judaica e mundial. Se fôssemos analisar a enorme
precisão no cumprimento de algumas profecias messiânicas na vida e mi-
nistério de Jesus, não teríamos como negar que Ele era o Messias aguarda-
do, mas infelizmente não reconhecido pela nação judaica.
Vejamos:

1. O Messias viveria na Galileia (Is 9.1-2); Jesus viveu na Galileia (Mt


2.22, 23.
2. O Messias nasceria em Belém da Judeia (Mq 5.2); Jesus nasceu em
Belém (Lc 2.4-7).
3. O Messias seria vendido por um amigo por trinta moedas de prata
(Zc 11.12, 13); Jesus foi traído e vendido por trinta moedas de
prata por um de seus discípulos (Mt 27.9, 10).
4. O Messias teria um ministério profícuo (Is 61.1, 2); Jesus possuiu
um ministério profícuo (Lc 4.33-40).

352
C u rs o A po lo gético

5. O Messias seria sepultado por um rico (Is 53.9); Jesus foi sepulta-
do por um rico chamado José de Arimatéia (Mt 27.57-60).
6. O Messias seria crucificado (Sl 22.16); Jesus morreu em uma cruz
(Mt 27.33-38).
7. O Messias teria suas vestes repartidas entre os malfeitores (Sl 22.18);
Jesus teve as suas vestes repartidas entre os malfeitores (Mt 27.35).
8. O Messias proclamaria a sua mensagem também entre os não judeus
(Is 42.1); Jesus pregou entre os gentios (Mt 15.21, 22, 28).

O fato de alguns textos proféticos mencionarem um “Messias vitorioso”


(D 7.13, 14) não deve ser motivo suficiente para negar a messianidade de
Jesus por ter Ele sido morto em uma cruz, pois o profeta Isaías, 700 anos
antes do seu nascimento, afirmou que o Messias tanto sofreria até a morte
(Is 53.2-10) como reinaria sobre a nação de Israel (Is 53.12). Aguardamos
o cumprimento pleno da segunda parte do ministério do Messias Jesus.
Poderiam os judeus citar outro nome na história judaica que cumprisse com
precisão essas profecias? Não seria melhor admitir o fato de Jesus ser o
Messias que ainda cumprirá o restante das profecias referentes ao seu rei-
no em vez de criar teorias afirmando que virão dois Messias quando em
nenhum lugar das Escrituras hebraicas encontramos isso?
Outro fato profético importantíssimo diz respeito ao profeta Daniel
afirmar o surgimento do Messias 483 anos (69 semanas, cada semana equi-
valendo a sete anos proféticos) após o decreto de Artaxerxes no ano 445
a.C., quando do decreto da reconstrução de Jerusalém, que é exatamente
o vigésimo ano do reinado de Artaxerxes (Ne 2.1), bem como a morte do
Messias ainda na primeira metade do 1º século (Dn 9.25, 26), o que se
encaixa perfeitamente na época do nascimento, vida e morte do Messias
Jesus. Se Jesus não é o Messias, quem cumpriu essa profecia no primeiro
século? Teria o profeta de Deus, Daniel, transmitido uma mensagem cro-
nologicamente errada da parte do Senhor? Poderiam os judeus apresentar
outro nome diante de tão grande profecia de Daniel apontando o 1º século
da era cristã como o período de cumprimento de sua palavra?

353
Em defesa da fé

Jesus Cristo é o mesmo “Jeová” do Antigo Testamento?

Sim. A Bíblia confirma Jesus como uma pessoa distinta do Pai (Jo 8.17,
18) e revela ambos, juntamente com o Espírito Santo, como o único Deus.
Isaías 43.10 afirma existir somente um único Deus, YHVH (“Jeová”). No
entanto, a Bíblia declara que o Pai é Deus (Jo 17.3), Jesus é Deus (Tt 2.13)
e o Espírito Santo é Deus (Atos 5.3, 4). Também, muitos dos textos usados
no AT para ressaltar atributos de YHVH (“Jeová”) são usados por escritores
do NT para designar os atributos de Jesus. Observe:

1. “Jeová” é o “Eu sou” (Êx 3.13, 14), e Jesus é o “Eu sou” (Jo 8.58).
2. Jeová é o “Senhor dos senhores” (Dt 10.17), e Jesus é o “Senhor
dos senhores” (Ap 19.11-13, 16).
3. Jeová é o “único salvador” (Is 43.11), e Jesus é o “único salvador”
(At 4.12).

Além dessas evidências bíblicas, outras mais fortes evidenciam Jesus


como o Deus do AT. O profeta Isaías viu Jeová (Is 6.1-10), e o apóstolo João
afirma que quem foi visto por Isaías foi Jesus (Jo 12.36-42). O escritor de
hebreus cita o Sl 45.6, 7, que se refere ao Deus do AT para fazer referência
à soberania de Jesus (Hb 1.8, 9). A Bíblia também afirma que “Jeová” não
divide a sua glória com ninguém (Is 42.8; 48.11), mas Jesus afirmou possuir
a mesma glória do Pai antes mesmo da fundação do mundo (Jo 17.5). E a
mesma honra devida a Deus deve lhe ser tributada (Jo 5.23).

O uso do nome “Jeová” por parte do autor com referência ao Deus do


AT, na resposta à questão anterior, justifica-se somente por popularidade
do uso dessa expressão.

Para um estudo mais detalhado sobre o assunto, leia no tópico Jeová:


Jeová é realmente a forma correta da tradução do tetragrama (YHVH)?

É errado não usar o nome Jeová em uma tradução bíblica?

354
C u rs o A po lo gético

Por que a Bíblia não diz onde viveu Jesus dos doze aos trinta
anos?

A Bíblia menciona onde viveu Jesus dos doze aos trinta anos de uma
forma breve, por não tratar desse período o mais importante para a fé cris-
tã, que está alicerçada sobre os ensinos de Jesus, e que vê no seu ministério
a parte central da vida do Cristo. Jesus, quando iniciou o seu ministério por
volta de trinta anos, foi pregar em Nazaré, onde fora criado, e onde fre-
quentara uma sinagoga como era o seu costume (Lc 4.16). Se o texto de-
clara que Ele foi criado em Nazaré é porque esteve lá durante a sua infân-
cia e adolescência, frequentando as sinagogas, como era do costume de
qualquer judeu praticante. Além disso, as pessoas de Nazaré conheciam
tanto a sua profissão como os seus irmãos, irmãs e mãe, o que só poderia
ocorrer se Ele já fosse bastante conhecido pelos habitantes da região onde
crescera (Mc 6.1-4).

Jesus foi um essênio?

Os essênios eram uma das três principais seitas judaicas (as outras duas
são os fariseus e os saduceus) surgidas durante o chamado período intertes-
tamentário (Os chamados “400 anos de silêncio” entre o AT e o NT). Após
a chamada revolta dos macabeus (164/165 a.C.), os irmãos Judas e Jonathan
usurparam o sumo sacerdócio judaico, criando uma certa animosidade com
alguns judeus mais conservadores que denunciaram tal prática e resolveram
se isolar do restante da comunidade de forma monástica.
Os essênios eram conhecidos nos tempos modernos somente pelas ci-
tações do historiador judeu, Flávio Josefo, do filósofo judeu, Filo de Alexan-
dria, e o do naturalista romano Plínio, o velho. Mas, a partir das descobertas
feitas em 1947 em uma região próxima ao Mar Morto, onde foi encontrada
uma biblioteca supostamente essênia (os famosos manuscritos do Mar Mor-
to), passou-se a conhecer um pouco mais acerca dessa comunidade.

355
Em defesa da fé

Os essênios possuíam certas práticas rigorosíssimas que os distinguiam


dos demais judeus, as quais não se enquadram nas características mencio-
nadas nos evangelhos bíblicos sobre a vida de Jesus Cristo (os evangelhos
são as únicas fontes confiáveis redigidas sobre Jesus ainda no 1º século).
Os essênios* possuíam uma conduta cerimonial rigorosa beirando o
ascetismo em busca da pureza espiritual, Jesus, não (Mt 11.18, 19); os es-
sênios proibiam alguém de socorrer um animal caído em um poço em um
dia de sábado, Jesus não (Lc 14.5); os essênios eram partidários políticos
dos saduceus, Jesus não (Mt 16.6); os essênios eram observadores rígidos
dos rituais de purificação judaicos, Jesus não (Mc 7.1-9); os essênios eram
celibatários rigorosos, Jesus deixou o celibato apenas como uma opção de
vida (Mt 19.12).
A teoria de que Jesus tenha feito parte da seita dos essênios frequen-
temente repousa não sobre as pesquisas arqueológicas realizadas no Orien-
te Médio e também fundamentadas nos manuscritos do Mar Morto, ou em
outros tipos de registros confiáveis, mas, sim, sobre especulações esotéricas,
como encontradas no livro O Caminho dos Essênios, onde se declara: “Não
é um trabalho de historiador o que apresentamos nos capítulos que se se-
guem, mas uma narrativa, um testemunho vivido. Com efeito, nenhum
documento, qualquer que fosse, ajudou na sua redação […] Este livro foi
elaborado a partir de uma técnica herdada dos antigos egípcios e dos mís-
ticos do Himalaia [...]” (p. 7). Talvez seja por isso que os autores (Anne e
Daniel Meurois) possuam uma opinião sobre o tema que se enquadra nos
moldes do esoterismo da Nova Era, como a paternidade universal do homem
e sua divindade inata, e a consciência de que todos somos “cristos” (pp. 210,

* As características acima citadas com relação aos essênios são baseadas tanto nas caracte-
rísticas desse grupo mencionado por Flávio Josefo e Plínio, o velho, como no Documen-
to Damasco, que pertencia à comunidade de Qumram, que ainda tem sido alvo de inten-
sos debates entre os eruditos sobre a real identificação do grupo ali residente, se era ou
não de essênios. Para se evitar uma suposta rotulação do grupo que escreveu os Manus-
critos do Mar Morto, hoje o grupo tem sido apenas chamado de comunidade “Yahad”
(união/unidade), como se identificam em alguns de seus escritos.

356
C u rs o A po lo gético

211, 294). Em resumo, o ponto de vista dos autores repousa sobre uma fi-
losofia particular, e não sobre evidências sérias, como fruto de pesquisa.

Ver resposta à pergunta anterior.

Jesus poderia ter cedido à tentação?

Primeiramente, ser tentado não é o mesmo que poder sucumbir à


tentação. Adão, antes da queda, não possuía pecado e, ao ceder à tentação,
não realizou uma obrigação, antes uma opção, porque poderia ter decidido
não cair; Deus não o criou para isso (Ec 7.29). A palavra “tentar” pode ser
compreendida como “instigar”, “induzir”, “conduzir” ou “provar” alguém,
e, nessa acepção, é que o próprio Deus foi “tentado” por Israel no deserto
(Sl 95.8, 9), não obstante ser impossível que o Senhor peque (Tg 1.13).
A Bíblia Sagrada nos informa duas qualidades inerentes do Messias: a
justiça (Jr 23.5, 6) e a prudência (Is 52.13). Como a Escritura poderia se
cumprir integralmente se houvesse uma possibilidade real de Jesus sucum-
bir à tentação? Haveria uma possibilidade real de a palavra profética não se
cumprir? Jesus disse que não (Jo 10.35)!
Quando a Bíblia afirma que Jesus foi tentado em todas as coisas “à
nossa semelhança” (Hb 4.15), não pretende ensinar que Jesus encarou a
tentação da mesma forma como homens imperfeitos e pecadores por natu-
reza (Sl 51.5; Rm 5.12) encaram. O Senhor Jesus foi perfeito (1Pe 2.21, 22),
portanto a Bíblia quer dizer que a “natureza”, “tipo” ou “qualidade” da
tentação de Cristo seria semelhante às nossas. Na carne de Jesus não habi-
tava uma natureza pecaminosa que o induzisse ao erro, como nos ocorre
enquanto humanos (Rm 7.15-20). Sua natureza era singular, pois nunca
houve à luz da revelação bíblica nenhum ser composto de natureza divina
e humana, antes ou depois dele.
A narrativa bíblica da tentação de Jesus encerra um princípio doutriná-
rio importantíssimo com relação à tentação, informando-nos que, ao sermos
tentados, devemos sempre recorrer à palavra de Deus para suportarmos e

357
Em defesa da fé

vencermos as tentações e adversidades (Mt 4.1-11). É por isso que o Senhor


Jesus é o nosso modelo fundamental de fé (Hb 12.1-2).
Alguém pode questionar: “Se não fosse possível a queda de Jesus, não seria
a sua tentação apenas uma farsa ou um teatro?”. Todavia, devemos entender
que o Diabo não era apto a compreender a natureza de Cristo e, consequen-
temente, como Jesus reagiria à tentação, pois as obras de Deus se discernem
espiritualmente, e Satanás não é “espiritual” (1Co 2.14). Porém, assim como
Adão cedeu à tentação, o inimigo de nossas almas pensou ser possível derrubar
o filho de Deus, mais tarde revelado como um segundo Adão nas Escrituras
(1Co 15.21, 22), e o grande mistério de Deus (Cl 2.2). Para Satanás, haveria
uma possibilidade de o Senhor ceder; para o Senhor Jesus, não.

* * *

A profetisa do movimento ASD, Ellen G. White, afirma


que Jesus é o mesmo Arcanjo Miguel dizendo:

“Moisés passou pela morte, mas Cristo desceu e lhe deu


vida antes que seu corpo visse corrupção. Satanás pro-
curou reter o corpo, pretendendo-o como seu, mas
Miguel ressuscitou Moisés e levou-o ao céu. Satanás maldisse
amargamente a Deus, acusando-o de injusto por permitir que sua
presa lhe fosse tirada; Cristo, porém, não repreendeu ao seu ad-
versário, embora fosse por sua tentação que o servo de Deus
houvesse caído. Mansamente remeteu-o ao seu Pai, dizendo: O
Senhor te repreenda” (Primeiros Escritos, 1988, p. 164).

Encontramos dois graves problemas doutrinários nesta afirmação de


Ellen G. White. Primeiro, ela afirma que Moisés teve o seu corpo ressus-
citado e levado ao céu antes mesmo de Jesus ressuscitar dentre os mortos,
pois, na época de Moisés, Ele, Jesus, ainda não havia nascido. O que é
contrário ao ensino bíblico de que Jesus Cristo foi o primeiro a ressuscitar
para nunca mais morrer, sendo ele próprio o primogênito e as primícias

358
C u rs o A po lo gético

dentre os mortos (Ap 1.5; 1Co 15.20-23). Além disso, Paulo, o apóstolo,
afirma que Jesus foi o primeiro da ressurreição dos mortos, contradizendo
completamente essa tese adventista (At 26.23). Segundo, ela identifica Jesus
como Miguel no episódio da disputa do corpo de Moisés. A Bíblia declara
que Jesus foi feito por pouco tempo menor do que os anjos de Deus, pois
estava na condição humana de servo (Hb 2.9). Se Jesus, em sua condição
celestial, anteriormente à encarnação, estava acima de sua condição huma-
na posterior como servo (Fp 2.5-8), por que Ele não repreendeu a Satanás
como Miguel (Jd 9), quando o fez como Jesus (Mt 4.10, 11)?
Outra terrível heresia ensinada pela IASD é que Jesus Cristo teve
natureza pecaminosa enquanto humano entre nós: “Em sua humanidade,
Cristo participou de nossa natureza pecaminosa, caída [...] De sua parte
humana, Cristo herdou exatamente o que herda todo filho de Adão – uma
natureza pecaminosa” (Estudos Bíblicos, pp. 140, 141). O livro, Em Busca
de Identidade, publicado pelos Adventistas do Sétimo Dia, afirma com re-
lação à opinião de Ellen G. White (EGW) sobre esse assunto: “Não podemos,
portanto, ter a mínima dúvida de que Ellen White concordava com a ideia
dos reformadores de 1888 de que Cristo aceitou a natureza humana caída
na encarnação” (p. 123, 2005).
Em que texto da Bíblia se afirma Jesus possuindo natureza pecamino-
sa? Se “natureza” é algo inerente (inato, comum) a um ser, como Jesus
poderia possuir natureza pecaminosa se Ele nunca pecou (Hb 4.15)?
O fato de a Bíblia afirmar que Jesus era humano (Jo 1.14) não deve
ser compreendido como se Ele tivesse herdado todas as mazelas inerentes
à natureza humana. Assim como Adão sempre foi humano e não era peca-
dor por certo período de tempo antes de sua desobediência e consequen-
temente a queda, pois humanidade não é sinônimo de “pecaminosidade”.
Jesus viveu durante toda a sua vida sem ser participante do pecado e de
suas consequências (1Pe 2.22, 23).
O dilema da IASD é: ou nega a afirmação de que Jesus possuía “natu-
reza pecaminosa”, reconhecendo-a como falsa, ou reconhece Jesus como
pecador, pois se ele possuía “natureza pecaminosa”, tinha que ser um pe-
cado. Alguém pode ter natureza pecaminosa e não ser pecador?

359
Em defesa da fé

* * *

As Testemunhas de Jeová, assim como os Adventistas do


Sétimo Dia, atualmente acreditam que Jesus e Miguel
são a mesma pessoa, assim denominado em fases dife-
rentes de sua missão (Raciocínios à Base das Escrituras, 1989, p. 219). No
passado, porém, ensinaram que Jesus não poderia ser Miguel, por Cristo
ser adorado, conforme a Bíblia, por todos os anjos de Deus: ‘Portanto é dito
‘todos os anjos de Deus o adorem’; [o que deve incluir Miguel, o anjo che-
fe, portanto Miguel não é o filho de Deus] e a razão é porque ele tem ‘por
herança obtido um nome mais excelente que eles. Miguel ou Gabriel são
talvez nomes mais formidáveis que Jesus, embora Jesus seja maravilhoso
em toda a sua simplicidade, o caráter oficial do filho de Deus como Salvador
e Rei é a herança de seu Pai que é muito superior a deles’. (A Sentinela,
novembro de 1879, p. 48). Essa afirmação demonstra a contradição de um
grupo religioso que diz publicar a verdade, mesmo que não saiba até quan-
do expira o prazo de validade de seus “ensinos verdadeiros” (a verdade
absoluta de hoje pode não ser a de amanhã). Além disso, a Bíblia declara
que Jesus foi feito por pouco tempo menor do que os anjos de Deus, pois
estava na condição humana de servo (Hb 2.9). Então, devemos fazer às
Testemunhas de Jeová a mesma pergunta feita aos adventistas: Se Jesus, em
sua condição celestial, anterior à encarnação, estava acima de sua condição
humana posterior como servo (Fp 2.5-8), por que Ele não repreendeu a
Satanás como Miguel (Jd 9), quando o fez como Jesus (Mt 4.10, 11)?

* * *

O judaísmo nega que Jesus tenha sido o Messias prometido


nas Escrituras proféticas hebraicas, por Jesus, segundo eles,
não ter cumprido a plenitude de paz e prosperidade que a
era messiânica trará ao mundo e, principalmente, para Is-
rael (Is 11.1-16). Devemos entender que as próprias Escri-
turas judaicas apontavam que o Messias (Mashiach) teria tanto o seu mo-

360
C u rs o A po lo gético

mento de sofrimento (Is 52.14; 53.1-5) como de glória (Is 52.13-15; 53.12).
Atribuir partes da profecia de Isaías que tratam do sofrimento do Messias
ao próprio profeta, ou a nação de Israel, para não acreditar que as referên-
cias feitas são ao sofrimento que o Messias teria de passar não resolve o
problema, pois o texto deixa claro que o Messias citado em todos esses
textos não pecaria (Is 53.9), o que não se pode afirmar nem da Nação de
Israel (Is 1.2-9), nem de Isaías, o profeta (Is 6.5; 59.12).
Muitos judeus acreditam que surgirão dois Messias, o Ben Yossef,
ou o filho de José, da tribo de Efraim, que sofrerá antes da vinda do
Messias Ben David, o filho de Davi, da tribo de Judá, que reinará sobre
Israel em sua plenitude, como declara o livro, Mashiach: o Princípio de
Mashiach e da Era Messiânica Segundo a Lei Judaica e sua Tradição (p.
91). Essa interpretação foi criada para resolver a aparente contradição
entre um período de grande plenitude que virá, de acordo com o juda-
ísmo, na era messiânica, e a figura de um Messias sofredor, e só surgiu a
partir do Talmude babilônico (redigido em dois períodos: Tanaítico [70-
200 d.C.] e Amoraico [200-500 d.C.). Poderiam os judeus citar algum
rabino anterior ao período Tanaítico (70-200 d.C.) que apontasse para a
interpretação de alguns textos dos profetas como se referindo a dois
Messias? Não poderíamos acreditar que esta interpretação foi desenvol-
vida para resolver um problema criado pelos próprios judeus ao rejeitarem
Jesus como o Messias que veio cumprir a primeira parte de sua missão
mencionada pelos profetas?

* * *

Os muçulmanos afirmam no livro Mohammad, o mensagei-


ro de Deus, que o “profeta” semelhante a Moisés que viria
de acordo com a profecia bíblica (Dt 18.15-18) era Maomé,
e não Jesus: “Portanto, Jesus não é semelhante a Moisés,
porque a própria Bíblia que já citamos diz que nos israeli-
tas não houve profeta igual a Moisés. De certo que essa alusão do Dt 18.17,
18 é a Mohamad” (p. 46).

361
Em defesa da fé

Os muçulmanos tentam encontrar algumas características de Moisés


observadas na vida de Maomé para “provar” a profecia bíblica apontando
inegavelmente para o profeta do Islã. Mas, dependendo das características
selecionadas na vida de Moisés, poderíamos provar não ser de Maomé de
que o texto trata, como os muçulmanos fazem com relação a Cristo no
mesmo livro (Ibid., p. 45). Moisés era israelita, Maomé, não. Moisés falava
diretamente com o Senhor, Maomé nunca falou diretamente com Deus.
Maomé foi polígamo, Moisés, não.
Existem dois fatos que apontam para Jesus como o cumpridor integral
dessa promessa de Deus relatada por Moisés. Primeiro, o texto diz que esse
profeta seria levantado dentre os judeus (“do meio de ti, de teus irmãos” – v.
15). E essa mesma expressão aparece no capítulo anterior, que trata dos
deveres de um rei, afirmando que o povo nunca deveria escolher para si um
rei que não fosse “dentre os teus irmãos” (Dt 17.15). Na história de Israel,
o povo judeu nunca escolheu um rei de outra nacionalidade, indicando assim
essa expressão algum hebreu (um judeu por exemplo), assim como Moisés.
E como uma segunda prova de que o texto seja uma referência a Jesus, e
não a Maomé, vemos a afirmação do apóstolo Pedro, no dia de Pentecostes,
sobre Jesus ter vindo também para cumprir essa profecia (At 3.20-26).

* * *

A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupãda, fundador do


movimento Hare Krishna, em seu livro A Ciência da
Autorrealização, afirma que Jesus é “o filho de Deus”,
e que Ele era “o representante de Deus”, o “nosso guru”
e o nosso “mestre espiritual” (p. 117). Ainda no mesmo
livro é dito que Jesus era um “pregador autêntico da consciência de Deus”,
e “não tinha defeitos” (pp. 117, 118). Estas informações são muito impor-
tantes para se estabelecer um diálogo racional com os adeptos do movimen-
to Hare Krishna, pois, se Jesus era considerado assim por Prabhupãda, por
que os adeptos do movimento não obedecem às palavras de Jesus como o

362
C u rs o A po lo gético

legítimo representante de Deus? Por que não acreditam na ressurreição


ensinada por Jesus (Jo 11.25, 26), e sim na reencarnação? Por que acreditam
que cada um deve pagar por seus próprios pecados, quando Jesus ensinou
que a missão dele era morrer na cruz para pagar o preço do resgate pelas
almas humanas (Mc 10.45)? Se Jesus não poderia mentir, como afirma o
fundador do movimento Hare Krishna, por que eles não acreditam ser ele
o único caminho para o Supremo, como o próprio Jesus declarou (Jo 14.6)?
Estariam os adeptos do movimento rejeitando os ensinos de um autêntico
mestre espiritual? E por quê?

* * *

Muitos céticos, ateus e agnósticos afirmam que a historici-


dade de Jesus deve ser rejeitada, por não termos evidências
arqueológicas que apresentem provas incontestáveis de sua
existência. Tentar desqualificar a historicidade de Cristo com
base na falta de evidências arqueológicas pode se demonstrar
extremamente frágil e uma prova de irracionalidade absurda.
Se usarmos o mesmo critério para confirmarmos a historicidade de grandes
personagens da história universal, como Platão, Sócrates, Thales de Mileto
e Demócrito, teríamos que rejeitar a existência de todos estes personagens,
pois a arqueologia não “prova” a existência de nenhum deles. Consequen-
temente, teríamos de negar que os princípios filosóficos defendidos por
todos eles lhes pertenceram, visto que tais filósofos não teriam existido!
Como poderíamos provar grandes fatos da historicidade universal com base
apenas na arqueologia? A arqueologia é uma grande ciência que nos auxilia
na compreensão do passado, mas, como toda ciência é limitada em seu
campo de pesquisa e observação, não pode ser usada, portanto, para defen-
der teses descabidas, como a da suposta inexistência do judeu chamado
Jesus, o Cristo.

363
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

JESUS CRISTO

1. Por que Jesus deve ser considerado mais que apenas um gran-
de profeta?

2. Quais razões teríamos para não considerar Jesus como apenas


um grande líder mundial?

3. O Alcorão confirma a filiação divina de Cristo? Explique.

4. Quais historiadores seculares confirmaram a historicidade de


Cristo?

5. Jesus era o Pai celestial? Explique.

6. Por que Jesus não pode ter sido um “bodisatva”?

7. Jesus pode ser chamado de “Jeová”? Por quê?

8. Qual texto bíblico indica o local onde Cristo teria passado sua
infância?

9. Cite um bom motivo por que Cristo não poderia ter cedido à
tentação de Satanás?

10. Qual doutrina as Testemunhas de Jeová e os Adventistas do


Sétimo Dia têm em comum com relação à pessoa de Cristo?

364
PROVA – JESUS CRISTO

1. Entre as claras prerrogativas da divindade de Cristo estão:


a) Receber adoração, perdoar pecados.
b) Receber adoração, realizar milagres.
c) Realizar milagres, encarnar entre nós.
d) Perdoar pecados, ressuscitar.

2. Sobre a possibilidade de Jesus ser o filho de Deus, o Alcorão:


a) Nega totalmente essa possibilidade.
b) Apoia essa possibilidade.
c) É indiferente a essa doutrina.
d) N.R.A.

3. Entre os historiadores romanos que escreveram sobre Cristo estão:


a) Flávio Josefo e Adriano.
b) Plínio, o velho, e Flávio Josefo.
c) Mara Bar-Serapion e Tácito.
d) Tácito e Suetônio.

4. A palavra grega arché, com relação a Cristo em Apocalipse 3.14, significa:


a) Principado.
b) Governante.
c) Originador.
d) Chefe.

5. A ideia de “primogênito” nas Escrituras indica:


a) O mais proeminente dentre um grupo.
b) O único de uma espécie.
d) O primeiro de uma série.
d) O que possui maior autoridade.

365
6. Sobre o texto de Provérbio 8.22, a palavra hebraica qanah significa:
a) Criar do nada.
b) Criar a partir de algo já existente.
c) Produzir.
d) Adquirir.

7. Poderíamos admitir, com base em Mt 24.36, que copistas:


a) Traduziram o texto harmonicamente em todas as versões conhecidas.
b) Traduziram o texto errado em todas as versões.
c) Omitiram sempre o texto de forma integral.
d) Traduziram o texto omitindo a referência sobre Cristo por questões doutrinárias.

8. A heresia que negava a completa humanidade de Cristo é conhecida como:


a) Sabelianismo.
b) Gnosticismo.
c) Arianismo.
d) Agnosticismo.

9. Sobre a relação de natureza existente entre o Pai celestial e seu filho Jesus
Cristo, podemos afirmar que:
a) Ambos são pessoas distintas, apesar de possuírem uma mesma divindade.
b) Ambos são a mesma pessoa, e, portanto, possuidores de uma mesma divindade.
c) Ambos criaram o mundo visível.
d) Ambos estão unidos no propósito de salvar a humanidade arrependida.

10. A IASD ensinou que Jesus possuía:


a) Uma natureza perfeita e isenta da possibilidade de queda.
b) Uma natureza escrava da condição humana.
c) Uma natureza humana passível de queda.
d) Uma natureza apenas aparentemente humana.

366
C u rs o A po lo gético

lei

DEFINIÇÃO

Conjunto de ordenanças instituídas por Deus a partir da saída de Israel do


Egito (Êx 19.1-6; 20.1-17) que possuía como principal finalidade apontar e
ressaltar o pecado (Rm 5.20; 6.7, 8). A lei não era um meio de salvação, mas,
sim, um conjunto de regras que demonstrava a culpa e a incapacidade do
homem de justificar a si mesmo (Rm 3.19, 20).

A lei é dividida em dois sistemas: um moral, que é chamado de “lei


do Senhor”, e outro cerimonial, conhecido como “lei de Moisés”.

Em nenhum lugar das Escrituras Sagradas encontramos a lei dividida


em dois sistemas, como se fossem duas leis diferentes, uma perpétua (moral),
e outra transitória e passageira (cerimonial). Quando a Bíblia usa a palavra
“Lei”, às vezes, refere-se a textos do AT que não são propriamente referências
aos escritos de Moisés, mostrando, assim, que o termo “Lei” é genérico nas
Escrituras (Jo 10.34, 35 – comp. Sl 82.6; 1Co 14.21 – comp. Is 28.11, 12).
Neemias leu a lei do Senhor diante do povo, e, pelo tempo que levou
para concluí-la, tudo indica que não foi feita uma leitura somente do Decá-
logo (Ne 8.3, 8). Além disso, o texto indica que a mesma lei de Moisés é a

367
Em defesa da fé

lei do Senhor, não fazendo distinção alguma entre os termos (Ne 8.1, 8, 14).
O evangelista Marcos cita o quinto mandamento do Decálogo (Dez Manda-
mentos) fazendo referência a Moisés (Mc 7.10), e Lucas menciona o manda-
mento da consagração do primogênito, chamando-o de lei do Senhor, mesmo
que não se referisse ao Decálogo (Lc 2.23 – comp. Êx 13.2, 12), assim como
o mandamento do sacrifício de animais (Lc 2.23,24 – comp. Lv 12.6-8).
Outro aspecto problemático dessa interpretação é que não podemos
dividir todos os 613 mandamentos do Pentateuco em apenas duas categorias
(moral/cerimonial). Existem mandamentos de cunho moral além do Decá-
logo (Lv 18.22, 23). Assim como existem mandamentos em todo o Penta-
teuco de cunho moral (Êx 20. 17), cerimonial (Lv 16.11-14), dietético (Dt
14.8), civil (Dt 24.5) e de higiene (Dt 23.13, 14).
Se tentássemos dividir todos os 613 mandamentos do Pentateuco em
apenas duas categorias, seria impossível. O mais coerente a partir do texto
bíblico seria admitirmos a existência de uma única lei (chamada de lei de
Deus [por ter origem divina], e lei de Moisés [por ter sido Moisés o media-
dor]). A lei é apenas uma, mas possui mandamentos de categoria diferen-
ciada (moral/cerimonial/dietético/civil/de higiene).
Portanto, não existe nenhuma base bíblica para dois sistemas de Lei,
um permanente e outro transitório. A lei era um todo.

Ver resposta à afirmação posterior.

Os Dez Mandamentos foram escritos diretamente pelo dedo de


Deus e colocados dentro da Arca do Concerto (Dt 10.2). O restante
da lei foi escrito pelas mãos de Moisés e ficava em um livro à
parte, do lado de fora da arca (Dt 31.26), demonstrando assim uma
clara distinção entre a Lei de Deus e a Lei de Moisés.

Crer em dois sistemas de lei em razão da separação em partes da lei


dada a Moisés no Sinai é, no mínimo, forçoso e demonstra a tentativa

368
C u rs o A po lo gético

desesperada de alguns “sabatistas” defenderem a observância do Decálogo


a todo custo. Contudo, existem alguns detalhes que depõem contra a base
dessa interpretação errônea com relação à suposta “divisão da lei” em dois
sistemas (moral/cerimonial).
De fato, as primeiras duas tábuas da lei entregues a Moisés foram
escritas diretamente por Deus (Êx 31.18), mas o capítulo posterior à mesma
Escritura declara que Moisés destruiu as tábuas ao descer do monte ao ver
o povo praticando idolatria (Êx 32.19), portanto, não foram essas tábuas as
mesmas colocadas dentro da Arca do Concerto. Além disso, a Bíblia decla-
ra que Moisés subiu uma segunda vez ao monte, e lá recebeu a ordem do
SENHOR para ele próprio escrever as palavras na segunda tábua (Êx 34.27-
29), portanto, a cópia da lei que ficava dentro da Arca foi escrita por Moisés,
e não por Deus! Faria isso alguma diferença? Claro que não! Uma lei or-
denada por Deus é diferente de uma escrita por ele?

Ver resposta à afirmação anterior.

A parte mais importante da lei é o Decálogo (Dez Mandamentos)?

Não. Quando Jesus Cristo foi interrogado acerca da parte mais im-
portante da lei, Ele citou dois mandamentos fora do Decálogo (Mt 22.35-
40), a saber: amar a Deus sobre todas as coisas (Dt 6.5) e amar ao próximo
como a si mesmo (Lv 19.18). Algumas pessoas afirmam que Jesus apenas
estava fazendo um resumo do Decálogo quando fez tal afirmação. Amar a
Deus seria cumprir os mandamentos relacionados a Ele no Decálogo, e
amar ao próximo seria cumprir os mandamentos relacionados ao homem
no mesmo mandamento. Segundo esta ótica, Ele estaria dividindo o De-
cálogo em dois propósitos ou finalidades. Mas por que não poderíamos crer
que as palavras de Jesus se relacionam a todos os mandamentos ordenados
por Deus no AT, e não somente ao Decálogo, se todos os mandamentos
encontrados na Bíblia possuem o mesmo caráter, ou são obedecidos para

369
Em defesa da fé

melhorar o relacionamento do homem com o seu semelhante, ou com


Deus? Se todos os mandamentos encontrados no Decálogo possuem um
caráter de obediência permanente e irrestrita, por que os sacerdotes vio-
lavam (“profanavam” – Gr. bebeloûsin) o sábado e não eram considerados
culpados por Deus (Mt 12.5, 6)? Se Jesus estava apenas estabelecendo a
importância do Decálogo, por que não colocou o mandamento da guarda
do sábado acima da lei do sacrifício, que era seguido pelos sacerdotes a
ponto de violarem o quarto mandamento com a realização dos rituais ce-
rimoniais de sábado (Nm 28.9, 10)?

O Decálogo (Dez Mandamentos) foi plagiado do livro egípcio dos


mortos?

Existem mais diferenças no conceito pós-morte retratado no livro dos


mortos egípcio do que em todo o conteúdo do Pentateuco acerca deste
tema. Os pontos negativos que tornam irreconciliáveis o Decálogo com o
livro dos mortos são muitos: um forte apelo à doutrina da imortalidade da
alma, quando encontramos apenas referências indiretas em todo o Penta-
teuco a esta doutrina bíblica (os patriarcas morreram e foram “reunidos ao
seu povo” – Gn 25.8; 35.29; 49.33); o uso de magias, orações e encantamen-
tos para prosseguir triunfantemente em direção ao paraíso (“Campo de
juncos”), enquanto encontramos a clara proibição de tais práticas repulsivas
a Deus nos escritos de Moisés (Dt 18.9-12); a ideia do aniquilamento da
alma se não conseguisse sobreviver aos testes no pós-morte, quando não
encontramos nada acerca da destruição da alma em nenhuma referência
bíblica de todo o Pentateuco; a menção aos vários deuses egípcios encon-
trados no pós-morte, quando possuímos uma clara oposição de Moisés a
essas divindades no próprio Decálogo (Êx 20.30).
Além disso, o livro dos mortos, em seus 189 capítulos, possui apenas
no capítulo 125 as chamadas “confissões negativas” (mandamentos descrito
de forma negativa), que expressam um grande conjunto de ordens morais

370
C u rs o A po lo gético

que extrapolam em muito os Dez Mandamentos (42 confissões ao todo). O


Livro dos Mortos traz estas ordens morais nos seguintes termos:

“Salve, grande deus, Senhor das duas verdades. Eu vim a ti, meu
Senhor, para que eu possa ver a tua beleza. Te conheço, eu sei o
teu nome, eu sei os nomes dos 42 deuses que estão contigo nes-
te amplo salão das duas verdades... Eis que eu me achegarei a ti.
Eu trouxe a [minha] verdade diante de ti; eu tenho aniquilado o
pecado por ti. Não pequei contra ninguém. Eu não tenho maltra-
tado pessoas. Eu não pratiquei o mal no lugar da justiça... Eu não
tenho insultado a [qualquer] deus. Eu não coloquei mãos de
violência sobre um órfão. Eu não fiz o que [qualquer] deus abo-
mina... Eu não matei, eu não tenho levado ninguém para um
assassino. Eu não causei sofrimento de ninguém... Eu não pratiquei
sexo ilícito; não fui desonesto. Eu não aumentei nem diminuiu a
medida, eu não retrai minha mão [das obrigações], eu não invadi
os campos [alheios]. Eu nunca adicionei [nenhum] peso à balan-
ça, eu não adulterei o fio de prumo da balança. Não retirei o
leite da boca de uma criança, eu não tirei o gado miúdo de sua
pastagem... Eu não parei [o fluxo de] água em suas estações, eu
não construí uma barragem contra a água que fluía. Eu não apa-
guei o fogo em seu [próprio] tempo... Eu não mantive o gado
longe da propriedade de Deus. Eu não impedi [qualquer] deus
em suas procissões” (Cap. 125).

Como vimos, existem mais diferenças do que semelhanças entre o


Decálogo mosaico e as confissões negativas egípcias, mas é óbvio o fato de
encontrarmos semelhanças em qualquer código de leis da Antiguidade
(mosaico, babilônico, assírio, egípcio etc.), pois as necessidades morais de
todas estas culturas sempre foram as mesmas, porque todas surgiram após
a queda da raça humana em transgressão, como narrado em Gênesis 3.
Achar semelhança e traduzir tal semelhança em procedência é um erro

371
Em defesa da fé

constante na interpretação dos dados da Antiguidade com relação aos pa-


ralelos bíblicos quando lidos a partir de uma perspectiva progressiva evolu-
tiva (informações de uma determinada cultura devem ter inspirado os es-
critores bíblicos por supostamente terem tido contato com elas).
Se fôssemos sugerir sempre algum tipo de origem comum em cada
ensino por possuir algum grau de semelhança com outra corrente de pen-
samento, teríamos que, por exemplo, acreditar que entre Buda e o filóso-
fo grego Epicuro houve troca de informações, sendo logicamente a religião
budista mais antiga, e, portanto, a fonte de todo pensamento epicurista,
mas essa hipótese é absurda, pois, apesar de a grande semelhança entre
tais filosofias ser enorme (negação da imanência dos deuses, valorização do
homem indivíduo, as quatro nobres verdades [budismo] e o quadrifármaco
[quádruplo remédio] epicuristas, vitória sobre todo desejo que cause dor,
inexistência do eu individual após a morte etc.), ninguém declarará que
ambas refletem uma origem comum. Poderíamos acreditar que as seme-
lhanças encontradas em determinadas correntes filosóficas e religiosas
estão mais relacionadas a necessidades humanas comuns do que à proce-
dência filosófica comum.

É obrigação do cristão a guarda dos Dez Mandamentos?

Não. De acordo com o apóstolo Paulo, o escrito de dívida que constava


contra nós em forma de ordenanças foi anulado por Cristo na cruz, com o
seu sacrifício perfeito por toda a humanidade (Cl 2.14, 15). Ademais, segun-
do o mesmo apóstolo, a lei escrita em pedras era um escrito de morte e
condenação que teve apenas uma glória transitória (2Co 3.7-11), e a própria
Bíblia identifica esse escrito em pedras com os Dez Mandamentos (Dt 4.13).
O próprio Deus confirmou que a aliança dada anteriormente por intermédio
de Moisés era transitória (Hb 8.6-9), e, segundo o escritor de Hebreus, em
Cristo estamos sob um novo pacto que substituiu o primeiro (Hb 8.13).
Evidentemente, existem mandamentos do Decálogo aos quais devemos

372
C u rs o A po lo gético

obedecer, mas não porque fazem parte do Decálogo, e sim por serem orde-
nados no NT, na Nova Aliança em Cristo. Por exemplo, não adorar imagens
de escultura (1Jo 5.21), honrar aos pais (Ef 6.1), não adulterar (Hb 13.4),
não dizer falso testemunho (Cl 3.9), entre outros. O mandamento ordenado
ao cristão seguir é o amor, que é o cumprimento da lei (Rm 13.8, 10). Esta-
mos atualmente sob as ordenanças do “Novo Testamento”, ou “Novo Pacto”,
sancionado com a morte do testador, Jesus Cristo (Hb 9.14-17).

A lei mencionada por Tiago pela qual seremos julgados não é o


Decálogo (Tg 2.10-12)?

Tiago menciona alguns mandamentos do Decálogo como parâmetro


de obediência às ordenanças conhecidas de Deus na Nova Aliança (não
existiria nenhuma outra lei anteriormente promulgada por Deus para fazer
tal comparação), mas não se refere à lei de Moisés, ou lei de Deus, como
frequentemente se usa o termo no AT. Ele usa a expressão “Lei da Liber-
dade” (v. 12), que não é usada em nenhum lugar no AT ou NT para men-
cionar o Decálogo. Esse fato demonstra que Tiago usa alguns mandamentos
do Decálogo para instruir sobre a Nova Lei a qual os cristãos estão agora
sujeitos (devemos nos lembrar de que somente nove dos dez mandamentos
do Decálogo são mencionados em todo o NT). Se o fato de Tiago mencio-
nar alguns mandamentos do Decálogo faz com que o cristão esteja sob os
Dez Mandamentos, então o fato de Paulo mencionar um mandamento
encontrado em Deuteronômio 25.4, declarando que este foi escrito por
“nós”, indicaria que toda a lei ainda está em vigor para os cristãos sob o
Novo Pacto (1Co 9.8-11)?
Paulo declarou em Rm 7.1-17 que a lei não exerce mais poder algum
sobre nós, e que estamos “mortos” para a lei (v. 4). E deixa bem claro no
texto que a lei da qual se refere inclui também o Decálogo, pois menciona
o décimo mandamento (v. 7).

373
Em defesa da fé

A lei foi dada a Abraão antes mesmo de ser dada à nação de Is-
rael, pois a Bíblia declara que Abraão guardou as “leis”, “estatutos”
e “preceitos” do Senhor (Gn 26.5).

Não existem provas bíblicas de que a lei dada a Moisés tenha sido de
alguma forma dada a Abraão séculos antes. As “leis”, os “estatutos” e os
“preceitos” que Abraão seguiu não eram os dez mandamentos, mas, sim, as
ordenanças que o Senhor Deus havia dado a ele desde o início: sair de sua
terra (Gn 12.1), guardar a circuncisão (Gn 17.9-11), sacrificar o seu único
filho (Gn 22.2) e lançar fora Hagar com o seu filho, Ismael (Gn 21.12). Tais
expressões aparecem na Bíblia nem sempre como sinônimo de Decálogo
(Êx 21.1; Dn 9.10). Assim, as Escrituras não afirmam que a lei foi restau-
rada, mas, sim, dada a Moisés no Sinai (Dt 5.1-3). Mesmo o livro de Jó, que
é considerado o livro mais antigo da Bíblia, não faz uma única referência à
guarda obrigatória da “Lei” ou “Dez Mandamentos”.

As leis dietéticas devem ser obedecidas por cristãos sob o novo


pacto?

Não. As leis dietéticas tinham o propósito de dar ordens específicas


acerca dos cuidados relacionados com a saúde e o bem-estar físico de seus
observadores durante a vigência da lei mosaica (Lv 11.1-47). No NT, não
encontramos ordens específicas para a proibição de ingerir certos tipos de
alimento por parte dos cristãos, a não ser do uso do sangue, que não é
considerado alimento na Bíblia (Lv 17.10, 11; At 15.20).
Paulo considerava todos os alimentos puros (Rm 14.14-20; 1Tm 4.4, 5)
e aconselhava aos cristãos a não comerem algo que ferisse a consciência do
irmão, para evitar escândalos dos mais fracos na fé, não por questão de
mandamento, mas, sim, de tornar aquele ato motivo de tropeço para o
cristão imaturo, portanto, deveria ser evitado (Rm 14.1, 2, 15-17, 21-23). O
mesmo apóstolo afirma que proibir atualmente o consumo de determinados
alimentos por questão de fé é obra de demônios (1Tm 4.1, 3-5).

374
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

LEI

1. Qual a principal finalidade da lei, de acordo com as Escrituras?


Explique.

2. Existem duas leis: uma moral e outra cerimonial? Explique.

3. O Decálogo é um plágio do livro dos mortos egípcio? Explique.

4. Toda a lei foi cancelada na cruz? Explique.

5. Abraão conhecia a lei que foi dada aos filhos de Israel séculos
depois de sua morte? Explique.

375
PROVA – LEI

1. Sobre a possível divisão da lei em dois sistemas, sabemos que as Escrituras:


a) Negam tal declaração.
b) Afirmam tal declaração.
c) Não mencionam nada sobre isso.
d) Admitem somente a existência da lei moral.

2. A palavra “lei” em todas as Escrituras é considerada:


a) Um termo específico para o Decálogo.
b) Um termo específico para as ordens cerimoniais.
c) Um termo genérico.
b) Um termo especificamente veterotestamentário.

3. Sobre o Decálogo ser a única parte da lei cujos mandamentos são estritamente
morais, podemos dizer que:
a) É um fato inegável.
b) É um mito improvável à luz das Escrituras.
c) É uma construção teológica puramente adventista.
d) Não existem mandamentos morais na Bíblia.

4. Sobre a segunda tábua da lei, sabemos que:


a) Foi escrita por Deus.
b) Foi escrita por Moisés sem ordem divina.
c) Foi escrita por Moisés sob a ordem de Deus.
d) Foi escrita desde o Éden e apenas copiada por Moisés.

5. Sobre a relação existente entre a guarda do sábado e os sacrifícios sacerdotais,


entendemos que:
a) Os sacerdotes sempre violavam o sábado.
b) Os sacerdotes nunca violavam o sábado.
c) Os sacerdotes violavam o sábado na Páscoa.
d) Os sacerdotes violavam somente o domingo.

376
6. Sobre os mandamentos mais importantes da lei de Deus, entendemos que:
a) Fazem parte do Decálogo.
b) Fazem parte dos mandamentos cerimoniais.
c) Não fazem parte do Decálogo.
d) Não existem mandamentos mais importantes, pois todos são de igual importância.

7. Sobre a suposta semelhança encontrada entre o livro dos mortos egípcio e o


Decálogo mosaico, podemos afirmar que:
a) Ambos possuem diferenças irreconciliáveis que demonstram a impossibilidade
de o Decálogo ter o livro dos mortos por fonte.
b) Moisés certamente conhecia muito bem o livro dos mortos e poderia tê-lo usa-
do para compor o Decálogo.
c) O livro dos mortos, assim como o Decálogo, não menciona a imortalidade da
alma.
d) Ambos se harmonizam no que diz respeito ao monoteísmo e ao juízo diante do
trono de Deus.

8. As semelhanças existentes entre correntes filosóficas e religiosas da Antiguidade


demonstram que:
a) Todas possuem a mesma origem na transmissão de seus escritos.
b) Todas possuem origem grega.
c) Todas possuem origem nas tradições antigas da Babilônia.
d) Todas estão mais relacionadas às necessidades humanas comuns, do que à pro-
cedência comum.

9. As Escrituras neotestamentárias afirmam que o sábado:


a) Deve ser guardado, por ser uma ordenança atemporal.
b) Como ordenança, foi cancelado com o nascimento de Cristo.
c) É o mandamento mais importante dado por Deus.
d) Faz parte da lei anulada por Cristo na Cruz.

10. Segundo o apóstolo Paulo, estamos:


a) Todos mortos para lei por intermédio de Cristo.
b) Todos ligados à lei que Cristo veio confirmar.
c) Todos ligados apenas à lei moral de Deus por intermédio de Cristo.
d) N.R.A.

377
Em defesa da fé

MalDiÇÃo HereDitÁria

DEFINIÇÃO

Doutrina pseudocristã defendida por alguns grupos evangélicos que associam


pecados e problemas ocorridos na vida do convertido a Cristo às maldições
que supostamente o acompanhariam desde gerações passadas. Conforme
creem, o cristão, sob tal sujeição, deve passar por um processo de cura in-
terior para quebrar tais maldições e poder usufruir um relacionamento
abençoador com o Senhor.

A Bíblia declara existirem famílias que carregam maldições de


geração a geração (Êx 20.4, 5)?

Não. O texto de Êxodo 20.4, 5 não traz em si nenhuma prova de que


alguém sofra hoje por pecados cometidos pelas gerações passadas, ou que
Deus esteja punindo alguns por erros cometidos no passado pelos pais, mas
apenas que famílias que geração após geração vivendo em pecado podem
trazer sobre si a ira de Deus. Conforme o texto, a punição vem sobre “os
que me (Deus) aborrecem”, e não sobre quem obedece a Deus. Ademais,
pela análise das Escrituras, Deus não pune os filhos por pecados cometidos
pelos pais (Ez 18.18-20). Assim, temos em Êxodo 20:4, 5 uma advertência

378
C u rs o A po lo gético

acerca dos perigos decorrentes de uma vida que aborrece os caminhos de


Deus, geração após geração, e não uma advertência sobre os perigos que um
cristão possa correr devido aos pecados cometidos por parentes em gerações
passadas. Pois a maldição de Deus repousa sobre a casa do ímpio (Pv 3.33).

Ver resposta à pergunta posterior.

Existem “espíritos familiares” que acompanham famílias de geração


em geração de acordo com Levítico 19.31?

Esta interpretação errada do texto bíblico de Levítico 19.31 está ba-


seada em um erro de tradução da versão inglesa da Bíblia (KJV). A expres-
são “ob” no original hebraico significa “médium”, “necromante”, e sempre
se refere a pessoas que são “canalizadoras” dos supostos espíritos desencar-
nados, e não a um grupo de espíritos que acompanham alguma família,
trazendo desastres e supostas maldições (Lv 20.27; Dt 18.10, 11). A mesma
palavra hebraica aparece também em Jó 32.19 para se referir a “odres de
vinho”, deixando claro que o sentido da palavra é de um tipo de receptácu-
lo de algo, no caso de Levítico 19.31, um médium (receptáculo de um es-
pírito maligno), um(a) necromante ou médium que serviria de “canal” para
manifestação de um espírito maligno. A possibilidade do uso de “espírito
familiar” na KJV talvez esteja relacionada aos “espíritos familiarizados” com
seus médiuns que lhes serviam de canal. É obvio que todos os necromantes
estão associados ou familiarizados com os espíritos que invocam.

Ver resposta à pergunta anterior.

Existem nomes próprios que são carregados de maldição?

Não. Essa teologia de “nomes carregados de maldição” felizmente não


faz parte da palavra de Deus. Temos na Bíblia vários exemplos de nomes

379
Em defesa da fé

de pessoas cristãs com significados maravilhosos, os quais não foram sufi-


cientes para trazer sobre elas as bênçãos que seus nomes supostamente
carregariam, como o caso do nome de Judas, significando “louvor” (Mt
26.48-50) e Absalão, “pai da paz” (2Sm 15.1-14). E o que dizer de Apolo,
cujo nome significa “destruidor”, homem usado por Deus para demonstrar
Jesus como o Cristo (At 18.24-28), sendo um dos grandes nomes da Igreja
de Corinto (1Co 1.12)? Todas estas pessoas não corresponderam com o
significado do nome que possuíam. O nome pode ter um caráter negativo
psicologicamente (criar constrangimento e vergonha, por exemplo), mas
nunca espiritualmente. Se assim fosse, não existiriam pessoas bem-sucedidas
cujos nomes possuíssem um significado negativo, como o já mencionado
caso de Apolo e de outros personagens bíblicos.

O livro de provérbios afirma existir maldições que se cumprem na


vida daqueles que estão debaixo de autoridade (Pv 26.2)?

O texto de Provérbios 26.2 não afirma que alguém com certa autori-
dade sobre a vida de outrem tenha a autoridade para amaldiçoá-lo ou ben-
dizê-lo, mas, sim, que a maldição se cumpre dependendo da fonte por trás
dela, e o quanto a pessoa que foi amaldiçoada está desamparada da proteção
do Eterno. Podemos ver isto no exemplo da nação de Israel que não pôde
ser amaldiçoada, por Deus não permitir declarar tal coisa contra a sua nação
(Nm 23.23). Se alguém está em Cristo, não existe nenhuma pessoa com
autoridade para lançar sobre o salvo qualquer tipo de maldição, pois seria
uma “maldição sem causa”. Quem está em Cristo é uma nova criação re-
conciliada com Deus (2Co 5.17, 18).

Quais os principais problemas relacionados à teologia da maldição


hereditária?

Pelo menos cinco graves problemas podem ser relacionados à aceitação


dessa teologia completamente antibíblica:

380
C u rs o A po lo gético

1. Atribuir a outros as causas de nossos pecados e falhas, quando a


Bíblia nos aponta como os grandes responsáveis por nossos atos
(Ez 18.20).
2. Dar abertura, em alguns casos, para outras doutrinas aberrantes,
como a regressão e transe na busca da origem da suposta maldição,
colocando cristãos em contato com atividades ocultistas (como a
visualização dos feiticeiros “xamãs” e experiências espiritualistas).
3. Negar a eficácia do sacrifício de Cristo por nós, perdoando todos
os nossos pecados, presentes, passados e futuros (2Co 5.18-21).
4. Trazer supostas recordações do passado, quando o próprio Deus
não faz questão de lembrá-las (Is 43.25).
5. Negar a posição exaltada do crente em Cristo Jesus (Ef 1.7, 8, 13,
14; 1Jo 5.18, 19).

381
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

MALDIÇÃO HEREDITÁRIA

1. Qual texto bíblico nega a ideia de que um salvo possa ser alvo
das maldições divinas?

2. Como podemos entender a expressão “espíritos familiares”?

3. Um nome próprio pode trazer maldição sobre aquele que o


possui? Explique.

4. Qual texto bíblico poderíamos mencionar em defesa da doutri-


na de que um salvo em Cristo não pode estar sob nenhuma
forma de maldição familiar?

5. Cite apenas duas razões pelas quais devemos rejeitar a heresia


da maldição hereditária.

382
PROVA – MALDIÇÃO HEREDITÁRIA

1. Define-se a maldição hereditária como:


a) Pecados que acompanham gerações desde o passado.
b) Pecados cometidos de forma individual.
c) Pecados cometidos pelo pai.
d) Pecados transmitidos pelos avós paternos.

2. Êxodo 20.4, 5 declara que:


a) Existe maldição hereditária.
b) Deus pune as maldições dos pais.
c) Deus aboliu as maldições dos pais.
d) Deus pune aqueles que, por gerações, vivem em pecado.

3. Segundo a Bíblia, a maldição de Deus repousa sobre:


a) Os descendentes de pais ímpios.
b) Os netos ímpios.
c) A casa do ímpio.
d) A família do justo que ainda está sobre maldição familiar.

4. A expressão hebraica “ob” significa originalmente:


a) Espíritos familiares.
b) Médium e odre de vinho.
c) Espíritos escravizadores.
d) Médium e lugar de invocação.

5. A ideia de “espíritos familiares” no texto da KJV está relacionada possivel-


mente a:
a) Um erro de tradução ou a ideia de espíritos familiarizados com os médiuns.
b) Possibilidade de espíritos acompanharem famílias por gerações.
c) Uma variante textual que aparece em alguns manuscritos hebraicos.
d) Algumas correntes teológicas conhecidas no neopentecostalismo.

383
6. Sobre os possíveis nomes próprios carregados de maldição, as Escrituras:
a) De fato, indicam essa ideia.
b) Apresentam essa doutrina somente no AT.
c) Apresentam essa doutrina somente no NT.
d) Não indicam em nenhum texto essa ideia.

7. O nome Apolo significa:


a) Instruidor.
b) Sábio.
c) Destruidor.
d) Edificador.

8. Segundo Pv 26.2:
a) Existem maldições familiares.
b) Existem maldições dependendo da fonte por trás de tais maldições.
c) Os pais têm autoridade de amaldiçoarem os filhos.
d) Nenhum tipo de maldição pode se cumprir.

9. Sobre a possibilidade de alguém que está em Cristo sofrer a influência de mal-


dições, as Escrituras:
a) Declaram que é completamente possível.
b) Declaram que é completamente impossível.
c) Declaram que é relativamente possível.
d) N.R.A.

10. Entre os possíveis problemas doutrinários relacionados à maldição hereditária


está:
a) O contato com os espíritos dos mortos.
b) Os nomes carregados de maldição.
c) A negação da eficácia do sangue de Cristo para perdoar todos os nossos pecados.
d) Estão corretas as respostas a e c.

384
C u rs o A po lo gético

Morte

DEFINIÇÃO

Estado em que os órgãos fundamentais do ser vivo entram em cessação de


todas as suas funções vitais, após a parada da respiração, batimentos cardía-
cos e atividades cerebrais, assim como todas as células do corpo pouco a
pouco perdem as suas forças vitais.

O que ocorre por ocasião da morte, segundo a Bíblia?

Conforme o apóstolo Paulo afirmou categoricamente, aqueles que


estão em Cristo, ao morrer, podem usufruir de um estado de bem-aventu-
rança superior a qualquer tipo de alegria terrena (2Co 5.6-8; Fp 1.21-23).
Jesus chamou aquele lugar de “Paraíso” ao mencioná-lo ao ladrão arrepen-
dido (Lc 23.39-43).
É bem verdade que, antes da ascensão de Cristo aos céus, todos os
mortos justos não iam para o céu, mas para o mundo dos mortos (hades),
onde Jesus, ao morrer, foi, e, de acordo com as Escrituras, proclamou uma
mensagem aos que estão nesta prisão de espíritos no local destinado aos
perdidos (1Pe 3.18-20). Os mortos perdidos continuam indo para esta

385
Em defesa da fé

mesma prisão de espíritos (Sl 9.17; Ez 32.21-29), onde aguardam o julga-


mento condenatório de Deus para serem lançados no lago de fogo (geena
[Mt 5.30; 25.41]) juntamente com a sua própria prisão, chamada hades
(Ap 20.12-15).

Para mais detalhes sobre esta questão,


leia os tópicos Alma e Inferno.

Na morte, existe recordação da vida terrena?

A Bíblia é explícita ao declarar que os mortos mantêm consciência e


recordação das coisas vividas na terra. A história do rico e Lázaro (Lc 16.19-
31) demonstra com detalhes esse fato, ao mencionar o rico no hades, lem-
brando-se de quem era Lázaro (vv. 23, 24), dos bens recebidos em vida (v.
25) e da quantidade de irmãos que possuía (vv. 27, 28). Outro texto claro é
o de Apocalipse, ao mencionar pessoas mortas por sua fidelidade ao Senhor
reivindicar justiça sobre seus assassinos (Ap 6.9-11).
Não sabemos se na eternidade manteremos lembrança plena dos fatos
passados aqui, mas certamente tais lembranças não representarão nenhum
empecilho para adorarmos ao Senhor, pois teremos atingido a perfeição do
corpo e alma (Fp 3.21; 1Jo 3.2), assim como o entendimento completo
sobre o que ocorreu aqui enquanto vivíamos, pois hoje apenas entendemos
parcialmente os motivos de nossos sofrimentos (1Co 13.10-12).

Para mais detalhe sobre esta questão, leia o tópico Inferno:


A história do rico e Lázaro é apenas uma parábola. Sendo assim, não
deve ser usada para comprovar a existência do Inferno (Lc 16.19-31).

Ver resposta à pergunta posterior.

386
C u rs o A po lo gético

Por que o livro de Eclesiastes afirma que na morte não se sabe de


nada?

Para mais detalhe sobre esta questão, leia o tópico Alma:


A Bíblia declara que os mortos não sabem de coisa alguma (Ec 9.5).
Sendo assim, não podem estar conscientes após a morte e,
consequentemente, não pode haver alma imortal consciente.

Entre a morte e a ressurreição, os mortos


permanecem inconscientes (dormindo).

Por que morremos?

No princípio, por tudo criado por Deus ser muito bom (Gn 1.26-31),
seu desejo para os seres criados era que usufruíssem de um estado de ale-
gria permanente, longe da maldição da morte que afetou a raça humana
por ocasião da queda de Adão e Eva. Por ocasião da desobediência de Adão
e Eva, toda a natureza foi consequentemente atingida por ser o meio onde
o homem vive e atua (Gn 3.17, 18; Rm 8.20-22). Deus não criou o ser hu-
mano para o sofrimento, mas ele se envolveu em muitos conflitos (Ec 7.29),
por isso sempre um sentimento de inconformidade acompanha o ser hu-
mano ao presenciar a morte de um ente falecido.
Como Adão era o representante legal da raça humana, as decisões
tomadas por ele poderiam produzir bênçãos ou maldições para a raça re-
presentada por ele naquela ocasião. Assim, a morte passou a ser uma con-
sequência “natural” para toda a humanidade (Gn 3.19). Somente por inter-
médio de Cristo poderemos vencer a maldição da morte com a ressurreição
prometida por Ele (Jo 11.25, 26) ou a transformação de nossa natureza
humana frágil por ocasião do arrebatamento dos vivos (1Co 15.51-55), pois
um dia a morte será extinta das relações humanas e totalmente vencida pelo
poder do Senhor (1Co 15.22-26).

Para mais detalhes sobre esta questão, leia o tópico Adão e Eva:
Supondo que Adão e Eva existiram, como eu poderia pagar pelos
pecados cometidos por eles? Não seria isso injusto?

387
Em defesa da fé

O dia de nossa morte está predeterminado por Deus?

A morte como uma experiência que faz parte de nossa existência físi-
ca é um fato inegavelmente determinado por Deus como penalidade pelo
pecado (Gn 3.19). Mas isso apenas se refere à morte como um estado al-
cançado por todos os seres humanos de forma universal, e não a experiên-
cia de morte particularmente sofrida por cada um de nós (referentes ao
tipo [forma] e tempo [período]). Quando falamos precisamente do “dia da
nossa morte”, não estamos mais mencionando a morte como um fenômeno
universal estabelecido por Deus, mas, sim, de um dia supostamente pre-
determinado por Deus para que a sua “lei” universal ocorra na particula-
ridade de minha experiência humana. E isso é negado na Bíblia. Pois eu
posso até mesmo antecipar a minha própria morte, de acordo com as Es-
crituras (Ec 7.17)!
Se acreditarmos que o dia de nossa morte está predeterminado por
Deus para que ocorra, então teremos que acreditar também que TODO
evento (não se pode falar de morte sem as suas causas) que justificará a
morte do indivíduo também foi pré-ordenado por Deus, o que criaria um
grave problema moral a ser solucionado. Poderia Deus estar por trás de um
latrocínio? Um estupro seguido de morte? Um homicídio friamente plane-
jado? Um suicídio? Obviamente não, pois, se Ele condena todas essas
práticas pecaminosas, não induziria indivíduos a cometerem-nas. Deus não
induz ninguém ao pecado (Tg 1.13-15).
O fato de Deus saber de antemão o que ocorrerá em nossas vidas,
inclusive o dia de nossa morte, não pode ser usado para responsabilizá-lo
por cada morte em particular. Ele sabe o que ocorrerá, mas não planeja
todos os eventos que virão (Lc 13.1-5)!
Apenas casos particulares de determinação da morte de pessoas ou
mesmo de nações são conhecidas na Bíblia (Gn 38.7; 1Sm 25.38; Gn 19.24),
mas também encontramos espaço para a ação humana com relação à pos-
sível mudança de nosso “destino” (Jr 18.7- 12).

388
C u rs o A po lo gético

Por que os bebês morrem se são inocentes?

Apesar de os bebês usufruírem de um estado de “inocência” por não


terem conhecimento de seu estado de pecaminosidade herdado de nossos
pais humanos, Adão e Eva, eles também são participantes de todas as con-
sequências do pecado que atingiu a raça humana, levando-os a sofrer com
a morte (Sl 51.5; Hb 9.27). O desconhecimento acerca das responsabilidades
que possuímos não nos coloca em um estado de isenção de algum tipo de
punição dentro da sociedade na qual vivemos. Evidentemente, as crianças
usufruem de um benefício que não é compartilhado pelos adultos no uso
de sua completa volição (conhecendo, portanto, toda a extensão do pecado,
provando direta e indiretamente as suas consequências e responsabilidades).
Mas isto ocorre somente com relação ao estado espiritual dos bebês, pois a
palavra que aparece no texto original (Mt 19.13, 14), em grego, é paidíon
[crianças], que também é a mesma palavra que aparece no Evangelho de
Lucas com relação a João Batista por ocasião de sua circuncisão ao oitavo
dia de vida (Lc 1.59), e não possui obviamente nenhuma relação com passar
ou não pela morte, como toda a raça humana tem presenciado.

Como explicar os casos de “estado de quase morte” (EQM), rela-


tados por muitos pacientes que alegam tal experiência?

O chamado estado de quase morte (EQM) não deve ser confundido


com um estado real de morte, como alguns têm sugerido. Nenhuma dessas
pessoas passou, de fato, pelo estado de morte como conhecemos e clinica-
mente atestado pela medicina moderna. Perto de 65% das pessoas consi-
deradas clinicamente mortas não relataram experiência alguma como as
declaradas em alguns casos de EQM. Um fato bastante conhecido por
aqueles que acreditam nas experiências de quase morte é que as experiên-
cias variam muitas vezes em sua apresentação com base nas crenças religio-
sas ou culturais dos pacientes com tal experiência. Portanto, o que tem sido

389
Em defesa da fé

visto por ocasião dos EQMs possui uma estreita influência da fé e da cul-
tura dos pacientes, e não com uma experiência uniforme e universal.
A Bíblia afirma ser Satanás possuidor de algum “poder sobre a morte”
(Hb 2.14). A expressão que aparece no texto bíblico para demonstrar este
poder é Krátos, que se refere em outros textos ao poder para exercer ma-
ravilhas, ou mesmo possuir domínio (Lc 1.51; Ef 6.10; 1Tm 6.16), e pode-
ríamos entender que ele poderia produzir esse tipo de experiência em
algumas pessoas por ocasião da suposta aproximação de sua morte. Isso
pode explicar o porquê da semelhança entre os EQMs e as EECs (expe-
riências extracorpóreas) experimentadas em alguns grupos ocultistas, que
produzem a indução de tal experiência, pondo muitas pessoas em contato
com supostos “seres de luz” apresentados pela Bíblia como espíritos de-
moníacos (2Co 11.14).
Satanás procura imitar muitas obras de Deus para produzir confusão
nas pessoas que deparam com alguns mistérios que envolvem o mundo
espiritual ao nosso redor, como fez diante do Faraó do Egito (Êx 7.10, 11)
e faz com os falsos profetas antes do vindouro juízo de Deus sobre eles
(Mt 7.21-23).
Poderíamos ver assim tanto o EQM como a EEC como uma imitação,
em alguns casos, de arrebatamento em espírito que Deus concedeu a alguns
de seus servos em certas circunstâncias, como relatado na Bíblia (pois nem
todas as experiências “fora do corpo” eram de caráter ocultista), sendo
estas experiências produzidas por permissão de Deus sobre a vida daque-
les que lhe pertenciam, como os apóstolos de Cristo, por exemplo (2Co
12.2-4; Ap 1.10).
Uma das maiores evidências da influência ocultista dos EQMs é a
aceitação que as pessoas passam a ter do espiritismo, telepatia e reencarna-
ção depois de tais experiências, sendo todas estas práticas e crenças proibi-
das ou não ensinadas pelas Escrituras Sagradas (Dt 18.10-14). Talvez alguns
estudos de EQM possam nos auxiliar no futuro a uma compreensão mais
ampla sobre a imortalidade da alma, mas não podemos julgar todas as ex-

390
C u rs o A po lo gético

periências de EQM como legitimamente comprovadoras de experiências


literais de saída do espírito do corpo.

Para mais detalhes sobre esta questão,


leia os tópicos Alma e Inferno.

* * *

Não encontramos em nenhum texto bíblico qualquer base


para a suposta intercessão pelos mortos como defendida pelo
Catolicismo Romano. Por isso, apenas com a introdução dos
livros apócrifos no Concílio de Trento, definitivamente em
1546, a Igreja católica conseguiu uma única referência “bí-
blica” para corroborar tal doutrina ensinada há séculos pela
Igreja (2Mc 12.46). O problema é que, de acordo com o
próprio catecismo católico, todas as pessoas que morrerem cometendo algum
tipo de “pecado mortal” (violação voluntária do Decálogo) vão para o infer-
no, e de lá não podem ter a sua condição mudada por nenhuma intercessão
dos vivos (Catecismo, pp. 290-293). E, entre os pecados mortais, a idolatria
está incluída, portanto ninguém que morra praticando idolatria pode rece-
ber benefícios com as orações dos mortos (Catecismo, pp. 497, 498). E,
segundo o texto de 2 Macabeus 12.38-42, aqueles judeus morreram sob o
juízo de Deus por cometerem flagrante idolatria, portanto a intercessão
feita por eles segundo a própria teologia católica seria inútil. O único texto
usado para defender tal doutrina na Bíblia católica depõe contra o catecis-
mo da Igreja, que nega a um idólatra tais benefícios de intercessão!

391
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

MORTE

1. O que ocorre com a alma por ocasião de nossa morte?

2. Que provas bíblicas indicam a consciência após a morte?

3. O que Adão era para a raça humana e quais as implicações


disso?

4. De que forma as crianças são consideradas inocentes e qual


benefício usufruem com relação à morte?

5. O que é EQM e qual relação possui com o estado genuíno de


morte?

392
PROVA – MORTE

1. Segundo Paulo, o apóstolo, aqueles que estão em Cristo, após a morte, encon-
tram-se:
a) Em um estado de sono, aguardando a ressurreição.
b) Em um estado de juízo.
c) Em um estado de teste.
d) Em um estado de bem-aventurança.

2. Os que morreram sem Cristo após a morte se encontram no(a):


a) Geena.
b) Hades.
c) Tártaro.
d) Túmulo.

3. Sobre a consciência após a morte, as Escrituras:


a) A negam de forma veemente.
b) Explicitamente a confirmam.
c) Apresentam apenas uma consciência relativa aos perdidos.
d) Apresentam apenas uma consciência relativa aos salvos.

4. Sobre a questão dos mortos, sabemos que o rico ímpio intercedeu:


a) Pelos seus irmãos mortos.
b) Pelos seus avós paternos.
c) Pelos seus amigos mortos.
d) Pelos seus irmãos vivos.

5. O sentimento de inconformidade que possuímos ante a morte é resultante da:


a) Desobediência que gerou nossos conflitos com o Criador, pois Deus não nos
criou para a morte.
b) Falta de fé no Criador.
c) Falta de amor a Deus.
d) Obra de Deus que nos criou para o sofrimento e aperfeiçoamento por meio do
mal.

393
6. A desobediência de Adão gerou nossa morte porque:
a) Ninguém consegue entender os caminhos de Deus.
b) Ele era o nosso representante legal.
c) Ele acabou transgredindo a voz do Senhor.
d) N.R.A.

7. Sobre a suposta predeterminação de Deus com relação à nossa morte, a Bíblia


declara que:
a) Não existe nenhum tipo de predeterminação.
b) Sempre existe predeterminação.
c) Em alguns casos muito particulares, existe predeterminação.
d) Só existe predeterminação no caso dos santos.

8. Se Deus preordenasse toda morte, teríamos de admitir:


a) Que Deus induz pessoas ao pecado.
b) Que Deus é soberano sobre tudo.
c) Que Deus sabe como tratar a questão da morte.
d) Que somos apenas telespectadores no jogo da vida.

9. Os bebês biblicamente são:


a) Isentos do estado de pecado.
b) Conhecedores de seu estado de pecado.
c) “Inocentes” com relação ao seu estado de pecado.
d) Completamente perdidos com relação ao seu estado pecaminoso.

10. Podemos considerar os EQMs como:


a) Estados reais de morte.
b) Uma experiência de quase morte influenciada por nossas crenças culturais e
religiosas.
c) Um estado de projeção astral completamente ocultista, mas influenciado por
Deus.
d) Uma experiência comum relatada pela imensa maioria daqueles que quase
morreram.

394
C u rs o A po lo gético

novo naSciMento

DEFINIÇÃO

Ação do Espírito de Deus naqueles que receberam a Jesus verdadeiramen-


te como Senhor e Salvador pessoal, tornando-os filhos de Deus (Jo 1.12).
Ato regenerativo pelo qual Deus começa a moldar o seu caráter santo em
nós, conduzindo-nos à sua imagem (Cl 3.10). É uma experiência essencial à
salvação, segundo o próprio Jesus Cristo (Jo 3.3, 5-8).

O novo nascimento é um privilégio concedido somente a alguma


classe especial de servos de Deus que habitará no céu?

De acordo com as palavras de Jesus Cristo, o novo nascimento é um


pré-requisito, tanto para entrar no reino como para ver o reino de Deus (Jo
3.3, 5). Esta mesma expressão aparece em vários outros textos dos evange-
lhos com referência a todas as pessoas que servem a Deus sem fazer distin-
ção de grupo. O Reino de Deus é visto como toda a extensão da ação da
obra do Senhor: também sobre a terra com todos os que creem sem distin-
ção de classes (Mc 4.26-32). É também visto como um objetivo a ser alcan-
çado por aqueles que o servem sem se importarem com o que deixaram
para trás (Lc 9.62). É também percebido como uma possessão conferida a

395
Em defesa da fé

todas as crianças em um estado de inocência, apesar de sua natureza peca-


minosa (Lc 18.16). Também é uma possessão para todos os que servem a
Deus com fé genuína e com a pureza de uma criança (Lc 18.17). É referi-
do, ainda, nas Escrituras Sagradas, com relação à vinda de Cristo implan-
tando o seu reino sobre toda a extensão da terra (Lc 21.29-31).
Todos os textos anteriormente citados fazem referência a uma multidão
de pessoas que também compõe o reino de Deus, e não apenas a uma su-
posta classe especial que tenha ganhado o direito de habitar no céu.

Para mais detalhes sobre esta questão, leia o tópico Céu:


A Bíblia declara que, para o céu, só irão 144 mil
escolhidos da terra (Ap 7.4-8; 14.1-3)?

É a vida celestial apresentada no Novo Testamento


uma esperança para todos os cristãos?

Jesus fez menção de um pequeno rebanho que também são as


ovelhas do seu aprisco, referindo-se a um grupo seleto que irá
para o céu, enquanto o outro ficará na terra (Lc 12.32; Jo 10.16).

O que significa, literalmente, “nascer da água e do espírito” (Jo 3.5)?

Jesus, ao mencionar essa doutrina cristã, deixou claro que “nascer da


água e do Espírito” possui uma relação única com o Espírito Santo, rege-
nerando aqueles que têm uma relação filial com Deus, o qual agora passa
a guiá-los e selá-los por intermédio do Espírito Santo (Ef 1.12-14), pois, por
ocasião deste “nascimento”, a pessoa passa a ser propriedade de Deus, no
Espírito. É uma ação exclusiva do Espírito, sem qualquer relação com o
nascimento físico, como afirmou o próprio Jesus Cristo (Jo 3.8-12). As Es-
crituras Sagradas demonstram que o Espírito Santo nos “lava”, sendo esse
o motivo de se dizer “nascer da água” (a ação de lavar do Espírito, purifi-
cando, regenerando e renovando, além de habitar em nós [Tt 3.5]), como
o instrumento de habitação de Deus em nós. Assim, o texto de João 3.15

396
C u rs o A po lo gético

focaliza a obra dupla do Espírito Santo naqueles que recebem a Cristo e se


tornaram filhos de Deus (Jo 1.12).

“Nascer da água” significa passar pelo batismo nas águas (Jo 3.5)?

Não. “Nascer da água” significa passar pela dupla obra de limpeza


(regeneração e renovação) proporcionada pelo Espírito Santo, quando Ele
passa a habitar em alguém por fé, e não passar pelo batismo nas águas como
pensam alguns (Tt 3.5). A Bíblia afirma que a participação no reino de Deus
tem relação com “o nascer da água” (Jo 3.5), mas o batismo nas águas, se-
gundo o apóstolo Paulo, não pode proporcionar tal experiência, por não ser
essencial à salvação (1Co 1.17).

Ver resposta à pergunta anterior.

Para mais detalhes sobre esta questão, leia o tópico Batismo:


O batismo é essencial para a salvação, pois somente
por meio dele podemos ser salvos (Mc 16.16).

O texto de Atos 2.38 declara que o batismo é para


remissão de pecados, portanto o batismo salva.

O apóstolo Paulo teve seus pecados


lavados nas águas do batismo (At 22.16).

O apóstolo Pedro afirmou, em uma de suas


epístolas, que o batismo salva (1Pe 3.20, 21).

Nascer de novo é apenas uma nova experiência vivida por pessoas


religiosas?

As Escrituras nos esclarecem de forma inequívoca que nem todos os


caminhos ou propostas religiosas são válidos (Pv 12.14; 1Tm 6.3,4). Devemos

397
Em defesa da fé

também nos lembrar de que o fato de as religiões não proclamarem obvia-


mente o mesmo caminho de salvação impossibilita-as de direcionarem todos
os seus fiéis ao mesmo Deus (Jo 14.5-7). Resumir o novo nascimento a
apenas um comportamento metodicamente religioso é ignorar toda a expe-
riência que envolve a conversão, que não é apenas uma mera mudança de
paradigmas religiosos, mas o início de um novo viver com Deus de forma
pessoal e íntima.
O fato de alguém expressar uma crença oposta ao cristianismo, ou
mesmo expressar uma fé compatível com a revelação bíblica de forma apa-
rente e hipócrita, pode ser um sinal de falta de conversão, ou experiência
de salvação pessoal (Pv 15.8; Is 29.13). Nossa relação com Deus, por meio
de uma fé pessoal no sacrifício de Cristo por nós, deve gerar mudanças
profundas em nossa estrutura comportamental, que podem ser compreen-
didas como um “novo nascimento” (quem nos conhece se admirará pelos
novos valores apresentados em nós).

398
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

NOVO NASCIMENTO

1. Quando ocorre o novo nascimento?

2. O que é o Reino (de Deus)?

3. Em que sentido o salvo é “lavado” pelo Espírito Santo?

4. Existe alguma relação entre o novo nascimento e o batismo?

5. Por que o batismo não pode me salvar?

399
PROVA – NOVO NASCIMENTO

1. O ato regenerativo de Deus que começa a moldar o seu caráter santo em nós
é conhecido como:
a) Santificação.
b) Novo nascimento.
c) Arrependimento.
d) Fé.

2. O novo nascimento é uma experiência essencial à(ao):


a) Salvação.
b) Perdão.
c) Renovação espiritual.
d) Evangelização.

3. O novo nascimento é um pré-requisito para:


a) Nossa santificação e renovação.
b) Nossa santificação e percepção.
c) Entrar e ver o reino de Deus.
d) Entrar na presença de Deus por meio da oração.

4. A experiência do novo nascimento é:


a) Universal em sua ação.
b) Para todos que creem sem distinção de classe.
c) Para todos que realizam obras virtuosas.
d) Renovada, muitas vezes, na vida de quem crer.

5. Os que possuem o novo nascimento são todos participantes:


a) Do Reino de Deus.
b) Religiosos.
c) De um grupo específico de salvos que habitará o céu.
d) De um grupo específico de salvos que habitará a terra.

400
6. A relação do Espírito Santo com aqueles que nasceram de novo, regenerando-os,
faz com que ele possa:
a) Salvá-los da perdição eterna.
b) Perdoá-los dos seus pecados.
c) Guiá-los e selá-los para a salvação.
d) Estão corretas as respostas b e c.

7. O agente regenerador na salvação é:


a) O Espírito Santo,
b) O Filho.
c) O Pai.
d) O Pai juntamente com o Filho.

8. “Nascer da água” significa:


a) Entender o plano de Salvação de Deus.
b) Passar pelo ritual do batismo.
c) Possuir um bom coração perante Deus.
d) Passar pela dupla obra de limpeza do Espírito Santo.

9. A experiência religiosa não pode proporcionar em si:


a) Comunhão com outras pessoas sob a mesma fé.
b) A crença em doutrinas diversas.
c) Trilhar um caminho de fé.
d) O novo nascimento.

10. Uma genuína relação com Deus por meio da fé deve gerar:
a) Comoção profunda.
b) Mudanças profundas em nosso comportamento.
c) Sentimento de devoção.
d) N.R.A.

401
Em defesa da fé

oraÇÃo

DEFINIÇÃO

Oração (Gr. proseuchomai) é um ato de devoção religiosa à procura de um


contato com uma “divindade” ou um ser superior por meio de pedidos,
louvores, agradecimentos, e, em certos casos, crendo que quem recebe a
oração possui poder de intervir nas coisas terrenas, ouvindo aquele que lhe
dirige a prece. Nas Escrituras Sagradas, a oração só é aceitável quando tri-
butada ao Deus-Pai ou ao seu Filho, Jesus Cristo (Jo 14.13, 14).

Algum tipo de oração é dirigido a Jesus na Bíblia Sagrada?

Sim. Jesus, quando dirigiu algumas orientações aos apóstolos no capí-


tulo 14 do Evangelho de João, deixou bem claro que ele poderia ser objeto
das orações dos fiéis, respondendo-as (v. 14 – “Se algo pedirdes a mim em
meu nome, eu farei” [Literalmente no grego]). Ainda vemos no NT outra
palavra, epikaleo, que significa “invocar”, “clamar”, “chamar”, que também
aparece com referência a Jesus Cristo, apontando, assim, para a possibilidade
de se orar diretamente a Ele (At 7.59; 9.21; 1Co 1.2). 

402
C u rs o A po lo gético

Se o Espírito Santo é Deus, então podemos dirigir orações a ele?

Cada pessoa da trindade demonstra uma função específica dentro da


chamada “economia divina” (obra comum das três pessoas da trindade que
nos são reveladas). Desde o início da criação no livro de Gênesis percebemos
um imenso senso de organização no desenvolvimento de toda a criação físi-
ca, o que demonstra que o Deus revelado em toda a Bíblia é um ser extre-
mamente organizado, cujas funções de cada pessoa da chamada trindade são
claramente determinadas e rigorosamente limitadas. O Pai é aquele que
envia o Salvador (Jo 6.57), o Filho é aquele que se sacrifica de forma reden-
tora pela humanidade (Lc 9.22; Mc 10.45), e o Espírito Santo, que foi en-
viado após a ascensão de Cristo, é aquele cuja função é convencer o homem
do pecado, do juízo e da justiça (Jo 16.8), sendo aquele que nos auxilia, a
partir do selamento proporcionado pela fé em Cristo no dia da nossa salvação,
na comunicação com Deus por meio da oração (Rm 8.26, 27). O Espírito
Santo, portanto, nos auxilia a orar ao Pai e ao Filho, mas nunca recebe ne-
nhuma oração, demonstrando claramente nas Escrituras uma de suas funções.
Assim, como o Pai celestial não pode ser chamado de salvador, por não de-
sempenhar tal função, o Espírito Santo não deve ser objeto de nossas orações,
por não poder respondê-las, como o faz o Pai e o filho (Jo 14.13, 14).

Existe apoio bíblico para a oração aos santos? 

Não encontramos nenhum texto bíblico em que algum tipo de oração


aceitável seja tributado a alguém que não seja ao Pai ou ao Filho (Mt 6.6;
Rm 15.30; Jo 14.14). Não vemos no cristianismo do 1º ou 2º séculos qualquer
tipo de oração ensinada por parte dos líderes das Igrejas, genuinamente
cristãs, aos chamados “santos”. Essa prática somente teve início séculos
depois do início do cristianismo, com a influência do Império Romano sobre
o cristianismo apóstata, a partir da prática da veneração de grandes ícones
da fé durante o período da perseguição judaico-romana do 2º século, que

403
Em defesa da fé

resultou na morte de Policarpo de Esmirna, na região da atual Turquia. Da


veneração respeitosa aos mártires da fé, surgiu gradativamente a devoção e
o culto aos chamados “santos”.
A oração às imagens como meio de obtenção de algum tipo de benção
ou benefício é característica das religiões politeístas pagãs, que tinham uma
multidão de supostas divindades, as quais eram invocadas em socorro aos
fiéis. Para responder a todas as orações dirigidas a elas, ao mesmo tempo
por milhões de fiéis em todo o mundo, os “santos” precisariam ser oniscien-
tes, atributo que somente Deus possui (Sl 139.1-6; Jr 17.10). 

Para mais detalhes sobre esta questão, leia o tópico Imagem:


Será que os servos de Deus aceitariam algum tipo de culto
às suas imagens, ou mesmo que pessoas se prostrassem
diante delas em atitude de veneração e devoção? 

Por que Deus não responde a todas as nossas orações? 

Ao analisarmos textos bíblicos relativos às orações, observamos fatores


que podem nos impedir de termos as respostas desejadas às nossas orações.
Entre eles: agir com hipocrisia a fim de ser notado pelos homens (Mt 6.5),
desejar agradar somente a si mesmo por meio da resposta à oração (Tg 4.3),
falta de fé (Tg 1.6, 7), repetições mecânicas ao orar (Mt 6.7), desobediência
à palavra do Senhor (Pv 28.9) e até tratar de forma indigna a esposa (1 Pe
3.7). Além disso, o coração do homem é enganoso e corrupto, o que pode
nos levar a pedir algo não ideal para nós do ponto de vista divino, por não
termos discernimento completo daquilo que ocorrerá no futuro (Jr 17.9, 10).

Se Jesus proibiu as orações repetitivas (Mt 6.7, 8), por que ele
ensinou a oração do Pai-Nosso (Mt 6.9-13)? 

Quando Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos como deveriam orar,
ele estava lhes ensinando, entre outras coisas, a não ter a mesma atitude

404
C u rs o A po lo gético

vazia e hipócrita que muitos líderes religiosos em seus dias possuíam ao orar
(Mt 6.5-8). A palavra grega battalogeo (“vãs repetições” – v. 7) é usada so-
mente aqui para retratar este tipo de atitude ao orar e não significa apenas
o ato de repetir palavras, mas repeti-las de forma vazia de significado, ou
seja, mecanicamente. A oração do Pai-Nosso possui elementos a serem
seguidos ao orarmos: [1] santificação do nome de Deus, [2] desejo de ver
implantado o reino de Deus em sua totalidade, [3] o reconhecimento da
soberania de Deus sobre tudo, inclusive sobre nossas vidas, [4] o desejo de
ter o alimento cotidiano, [5] o desejo de alcançar o perdão de Deus e de
perdoar ao próximo e [6] a busca do Senhor como refúgio diante das ten-
tações. Poderíamos explorar esses elementos como fontes para nossas orações,
sem necessariamente repeti-las de forma mecanizada. Também poderíamos,
igualmente, admitir o uso destas palavras em nossas orações, desde que
meditemos em cada palavra dita, para que não sejam faladas de forma vazia,
como Jesus condenou. 

Como Deus, sendo um único ser, poderia ouvir milhões de preces


dirigidas a ele ao mesmo tempo?

A singularidade de cada ser humano é algo conhecido por todos nós.


Sabemos que não existem duas pessoas totalmente iguais em hipótese al-
guma, nem mesmo entre os gêmeos univitelinos, que são possuidores de
genes idênticos, encontramos seres que compartilhem de todas suas carac-
terísticas plenas (físicas, espirituais, psíquicas). Sabemos, portanto, que
nossa estrutura psicossomática também é única e talvez seja exatamente por
isso que podemos ser “acessados” por Deus em nossa totalidade (Jr 17.9).
Talvez a explicação mais coerente para a possibilidade de Deus nos ouvir
por meio das nossas orações esteja em nossa singularidade. Nosso cérebro
deve funcionar como uma única linha telefônica que possui condições ain-
da misteriosas em sua totalidade de serem acessadas por Deus, sem que
haja “confusão entre as linhas”, possibilitando assim que um ser extrema-

405
Em defesa da fé

mente distanciado de nós em suas qualidades e perfeições pessoais, morais


e cognitivas possa se comunicar conosco, assim como milhões de pessoas
podem se comunicar acessando um único terminal de comunicação. Talvez
a nossa singularidade esteja relacionada a uma quantidade infinita de ques-
tões de cunho prático entre nós e Deus que dependem exatamente de
possuirmos características únicas para que ocorram. As tecnologias de co-
municação (telefonia e internet [sites, páginas de relacionamento, sistemas
de arquivos virtuais etc.]) nos fazem compreender melhor o quanto a sin-
gularidade dentro de um sistema possibilita a intercomunicação abrangen-
te e ampla. Se o nosso cérebro possui mais “tecnologia” que qualquer sis-
tema operacional existente, por que não poderia realizar muito mais com
relação à capacidade de nos comunicarmos com o criador de todo o “siste-
ma” do qual fazemos parte?

406
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ORAÇÃO

1. A quem somente, segundo as Escrituras, a oração deve ser di-


rigida?

2. A quem também a palavra epikaleo é dirigida nas Escrituras e


qual o seu significado?

3. A partir de que época surgiram os atos de oração e devoção aos


santos? E por que eles não podem responder as nossas orações?

4. Cite três razões pelas quais Deus pode não responder as nossas
orações.

5. O que a palavra grega battalogeo significa e qual a sua relação


com a oração?

407
PROVA – ORAÇÃO

1. A palavra grega proseuchomai significa:


a) Devoção.
b) Comunicação.
c) Oração.
d) Pedido.

2. De acordo com as Escrituras, as orações devem ser dirigidas:


a) Somente ao Filho.
b) Somente ao Pai.
c) Ao Espírito Santo.
d) Ao Pai e ao Filho.

3. A palavra grega epikaleo significa:


a) Invocar.
b) Perdoar.
c) Interceder.
d) Auxiliar.

4. A chamada “oração aos santos” possui origem:


a) Babilônica.
b) Persa.
c) Romana.
d) Cristã.

5. Dentro do cristianismo, o principal elemento para o estabelecimento do culto


aos santos foi:
a) A perseguição romana.
b) A crise da Igreja perseguida.
c) A veneração aos mártires.
d) A influência da hermenêutica pagã.

408
6. O mártir cristão cuja morte produziu atos de veneração por parte da Igreja no
2º século foi:
a) Irineu de Lião.
b) Policarpo de Esmirna.
c) Justino Mártir.
d) Orígenes de Alexandria.

7. Sobre as respostas de Deus as nossas orações, sabemos que:


a) Todas as orações são respondidas.
b) Existem fatores que podem influenciar a resposta divina.
c) Tudo o que pedirmos com fé receberemos.
d) Qualquer oração é boa aos olhos de Deus.

8. Entres os fatores que podem nos impedir de receber respostas desejadas as


nossas orações está:
a) Desobediência à palavra de Deus.
b) Frequentar denominações que possuem falsos mestres.
c) O fato de sermos pecadores.
d) Estão corretas as respostas a e b.

9. O termo grego battalogeo, ao referir-se à oração, significa:


a) Reza.
b) Repetição.
c) Vãs repetições.
d) Palavras contínuas.

10. Todos podemos nos comunicar com Deus ao mesmo tempo por causa de nossa:
a) Espiritualidade.
b) Crença em Deus.
c) Oração.
d) Singularidade.

409
Em defesa da fé

PecaDo

DEFINIÇÃO

A palavra “pecado” (Gr. hamartia) significa etimologicamente errar o alvo


ou propósito preestabelecido por Deus para a sua criação. É usada abun-
dantemente nas Escrituras Sagradas para se referir à condição natural
herdada por nós de nossos ancestrais, quando desobedeceram à ordem
divina, tornando-se pecadores e, portanto, inimigos de Deus (1Co 15.21,
22). Devido à transgressão de nossos primeiros pais, nascemos com a “man-
cha do pecado” em toda a extensão de nossa natureza humana (Sl 51.5;
Rm 5.12, 17). 

Se eu já cometi muitos pecados terríveis, Deus certamente não me


perdoará!

De acordo com a Bíblia, Deus não leva em conta os pecados daqueles


genuinamente arrependidos (At 17.30). Segundo as Escrituras, não existe
nenhum tipo de pecado que não seja perdoado pelo Senhor Jesus, princi-
palmente quando o pecador está arrependido e busca o perdão (At 3.19;
1Jo 1.9). Jesus nos deu um grande exemplo ao perdoar um ladrão arrepen-
dido na cruz, não levando mais em conta os crimes terríveis por ele come-

410
C u rs o A po lo gético

tidos no passado (Lc 23.39-43). Deus certamente possui mais prazer em


perdoar o pecador do que desejo de puni-lo eternamente (Is 1.18).

Não acredito que exista algo chamado “pecado” nem me sinto


pecador!

O que somos nem sempre está relacionado ao que sentimos sobre nós
mesmos ou ao que nos rodeia. Alguém pode não sentir determinada prá-
tica como danosa a sua saúde, e isso não evitará a pessoa sofrer algum mal
devido a sua má escolha (o uso de algumas substâncias químicas, alimento
inapropriado ou drogas, por exemplo). Do mesmo modo, podemos encarar
as verdades bíblicas acerca do homem, independentemente de nossos
sentimentos apontarem o contrário, pois o coração do homem é enganador
(Jr 17.9).
A Bíblia declara todos os homens pecadores e transgressores da vontade
de Deus (Rm 3.23), quem se considera sem pecado como mentiroso (1Jo 1.8)
e que nascemos pecadores (Sl 51.5), sendo, portanto, transgressores da von-
tade de Deus até o momento em que nos arrependemos e passamos a crer
em Jesus Cristo como o nosso único e suficiente Salvador pessoal (At 3.19;
Jo 1.12). A partir da conversão, passamos a ser vistos como nascidos de novo
para o desenvolvimento do plano de Deus no homem por meio da submissão
à voz do Espírito Santo que passa a morar em nosso coração (Ef 1.9-14).

Podemos nos livrar de nossa condição de culpa como pecadores


diante de Deus? 

Sim. Segundo as Escrituras, mesmo nascidos pecadores (Ef 2.1-3),


podemos ser reconciliados com Deus por meio do arrependimento e da fé
em nosso Senhor Jesus Cristo (At 3.19; 1Jo 1.9; At 4.12), tornando-nos
também filhos de Deus (Jo 1.12, 13).

411
Em defesa da fé

Supondo que Adão e Eva existiram, como eu poderia pagar pelos


pecados cometidos por eles? Não seria isto injusto? 

As Escrituras Sagradas não afirmam que pagaremos pelos pecados


cometidos por Adão e Eva, pois cada um de nós é responsável por sua
própria culpa e pecado (Ez 18.20). Além do mais, a ideia de alguém sofrer
de algum modo por atos cometidos por outros não é totalmente estranho
àquilo que temos presenciado no mundo, se olharmos Adão como o repre-
sentante legal da raça humana. Por exemplo, o ex-presidente George W.
Bush, dos Estados Unidos, como representante legal do povo americano,
declarou guerra ao Iraque. Nós não dizemos que o presidente estava em
guerra contra outra nação, mas que os Estados Unidos estavam em guerra
contra o Iraque. Do mesmo modo, Adão era o nosso representante legal,
e, como tal, toda a raça humana sofreu as consequências do seu ato de
desobediência, nascendo todos pecadores (Rm 5.12, 14, 17).
A justiça de Deus é tão elevada que, mesmo nascendo inimigos dele
(Ef 2.1-3), podemos ser ainda reconciliados pelo sacrifício de Cristo em
nosso lugar (Rm 5.18-21). 

Jesus poderia ter cedido à tentação e ao pecado? 

Primeiramente, devemos entender que ser tentado não é o mesmo que


poder sucumbir à tentação. Adão, antes da queda, não possuía pecado e, ao
ceder à tentação, não realizou uma obrigação, antes uma opção, porque poderia
ter decidido não cair. Deus não o criou para isso (Ec 7.29). A palavra “tentar”
pode ser compreendida como “instigar”, “induzir”, “conduzir” ou “provar”
alguém, e nessa acepção é que o próprio Deus foi “tentado” por Israel no
deserto (Sl 95.8, 9), não obstante ser impossível que o Senhor peque (Tg 1.13).
A Bíblia Sagrada nos informa duas qualidades inerentes do Messias: a
justiça (Jr 23.5-6) e a prudência (Is 52.13). Como a Escritura poderia se
cumprir integralmente, se houvesse uma possibilidade real de Jesus sucum-

412
C u rs o A po lo gético

bir à tentação? Haveria uma possibilidade real de a palavra profética não se


cumprir? Jesus disse que não (Jo 10.35).
Quando a Bíblia afirma que Jesus foi tentado em todas as coisas “à
nossa semelhança” (Hb 4.15), não pretende ensinar que Jesus encarou a
tentação da mesma forma como homens imperfeitos e pecadores por natu-
reza encaram (Sl 51.5; Rm 5.12). O Senhor Jesus foi perfeito (1Pe 2.21, 22),
portanto a Bíblia quer dizer que a “natureza” ou “qualidade” da tentação
de Cristo seria a mesma das nossas. Na carne de Jesus, não habitava uma
natureza pecaminosa que o induzisse ao erro, como nos ocorre como hu-
manos (Rm 7.15-20). Sua natureza era singular, pois nunca houve à luz da
revelação bíblica nenhum ser composto de natureza divina e humana, antes
ou depois dele.
A narrativa bíblica da tentação de Jesus encerra um princípio doutri-
nário importantíssimo com relação à tentação, informando-nos que, ao
sermos tentados, devemos sempre recorrer à palavra de Deus para supor-
tarmos e vencermos as tentações e adversidades (Mt 4.1-11). É por isso que
o Senhor Jesus é o nosso modelo fundamental de fé (Hb 12.1-2).
Alguém pode questionar: “Se não fosse possível à queda de Jesus, não seria
a sua tentação apenas uma farsa ou um teatro?”. Todavia, devemos entender
que o Diabo não era apto a compreender a natureza de Cristo e, consequen-
temente, como Jesus reagiria à tentação, pois as coisas de Deus se discernem
espiritualmente, e Satanás não é “espiritual” (1Co 2.14). Porém, assim como
Adão cedeu à tentação, o inimigo de nossas almas pensou ser possível derrubar
o filho de Deus, mais tarde revelado como um segundo Adão nas Escrituras
(1Co 15.21, 22) e o grande mistério de Deus (Cl 2.2). Para Satanás, haveria
uma possibilidade de o Senhor ceder, para o Senhor Jesus, não.

A doutrina do “pecado original” foi criada no século 4º d.C. para


justificar o batismo infantil.

A doutrina do “pecado original” não foi criada por teólogos posteriores


aos apóstolos no 4º século com a intenção de estabelecer o batismo infantil,

413
Em defesa da fé

pois tal ensino (o batismo infantil) tem suas raízes na doutrina da regenera-
ção batismal que começou a ser crida por volta do 2º século do cristianismo,
suscitando a seguinte questão: se o batismo regenera, então devemos batizar
as pessoas ainda na infância para serem salvas e não correrem o risco de se
perderem eternamente. Um erro doutrinário tentando resolver outro!
Na verdade, o primeiro proponente da doutrina do batismo infantil foi
Irineu, bispo de Lião, e essa inovação já se deu no 2º século d.C.
A inovação doutrinária que visava negar a doutrina do “pecado original”
como sugerida na Bíblia veio somente no 5º século d.C. com Pelágio, nascido
na Grã-Bretanha por volta de 350 d.C. Essa doutrina ensinada por Pelágio
negava frontalmente a doutrina bíblica de que herdamos a nossa natureza
pecaminosa de Adão e Eva (Rm 5.12, 14, 17). Evidentemente, não somos
condenados pelos pecados cometidos por eles no Éden, pois cada um será
culpado por seus próprios pecados (Ez 18.19, 20). Mas não nascemos puros
nem o pecado está apenas no mundo ao nosso redor, mas a Bíblia ensina que
nascemos inimigos de Deus, precisando ser reconciliados com Ele (Ef 2.1-3).
Agostinho, nascido no 4º século, embora defendesse a transmissão do
pecado de forma genética para os descendentes de Adão e Eva, contudo
cria nessa doutrina porque ela era claramente bíblica, como vemos nos
textos de Romanos 5 e Salmo 51.5. Todavia, isso não foi uma inovação dou-
trinária por parte de Agostinho, mas uma reafirmação dessa importante
doutrina bíblica.

Se nos submetermos a Deus, poderemos deixar de pecar com-


pletamente? 

Para deixarmos de pecar, por ocasião de nossa conversão, seria neces-


sária uma mudança completa em nossa natureza decaída e corrompida pelo
pecado, e isso só ocorrerá, segundo a Bíblia, na ressurreição de nossos corpos,
ou mesmo em nosso arrebatamento, quando recebermos um corpo seme-
lhante ao de Cristo (1Jo 3.2). Por ocasião da nossa conversão a Jesus, somos

414
C u rs o A po lo gético

perdoados do nosso pecado de culpa diante de Deus, tendo, pelo Senhor, a


partir daquele momento, a nossa culpa cancelada de todas as nossas trans-
gressões cometidas durante todo o curso de nossas vidas (At 3.19; Ef 1.7).
Paulo, o apóstolo, mesmo buscando ser semelhante a Cristo (1Co 11.1),
afirmou pecar, embora sem querer, pois continuava com uma natureza pe-
caminosa que o induzia ao mal (Rm 7.17-25). O apóstolo João declarou que,
se alguém se considerar sem pecado, é mentiroso (1Jo 1.8, 10). Portanto, a
partir da nossa conversão, passamos a ter uma nova posição em Cristo (2Co
5.17), e temos agora a possibilidade de, por intermédio do Espírito Santo,
que passa a habitar em nós (Ef 1.13, 14), vivermos um estilo de vida agradá-
vel a Deus, vencendo muitos pecados que nos atraem devido à nossa natu-
reza afligida ainda pelo pecado (Gl 5.22-25). O suposto “perfeccionismo”
atingível em nosso estado natural, como nos encontramos atualmente, por-
tanto, é uma enorme heresia que acaba por gerar um conceito completamen-
te errado de nosso processo de santificação e relacionamento com o Senhor.

Se, conforme Jesus, a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado


imperdoável, como Deus perdoa todos os pecados (Mt 12.31, 32)?

Existe ainda muita discussão sobre a correta interpretação desse texto


e sobre a que tipo de transgressão Jesus estava se referindo. O Senhor Jesus
declarou que o Espírito Santo é a pessoa da trindade responsável direto
pelo convencimento e conversão do pecador (Jo 16.7-11). Sendo assim,
quando alguém recusa crer no sacrifício de Cristo, está recusando direta-
mente o falar do Espírito Santo em sua vida ou a sua advertência. Jesus
estava certamente mencionando o pecado “imperdoável”, fazendo uma
referência ao ato de incredulidade (não conversão), pecado este que, de
fato, conduz o homem à perdição (Lc 13.2-5). O contexto de Mateus 12.31,
32 realmente revela a incredulidade dos fariseus como o motivo que os
levara a rejeitar as obras do Senhor Jesus e acusá-lo de fazer milagres pelo
poder do próprio Diabo (Mt 12.24).

415
Em defesa da fé

Sem dúvida, Deus perdoa qualquer pecado (1Jo 1.9; At 3.19, 20), não
importa a sua natureza, mas é preciso vencer a barreira da incredulidade,
que é a verdadeira blasfêmia contra o Espírito Santo e o que, de fato, con-
dena o homem à morte eterna (At 10.43; 1Jo 5.10-12).

Para informações complementares acerca


deste assunto, ver o tópico Purgatório:
Jesus Cristo afirmou que existem certos pecados que
não serão perdoados nem neste século, nem no futuro
(Mt 12.32), deixando a dedução de que certos tipos de
pecados poderão ser perdoados após a morte no purgatório.

O que é o “pecado para a morte” mencionado por João (1Jo 5.16)?

O pecado para a morte mencionado por João não é definido em sua


epístola. Vendo outros textos em que são mencionadas situações de morte
devido ao pecado, deduzimos que, como Deus nos trata de forma individual,
o fruto de nossas ações pode produzir formas punitivas diferenciadas. Por
exemplo, Davi, apesar de ter cometido pecado de adultério, não foi morto
como prescrevia a própria lei (2Sm 12.13 – comp. Lv 20.10). Mas, na Igre-
ja de Corinto, a irreverência na ceia do Senhor tinha levado alguns irmãos
à morte, e outros à enfermidade (1Co 11.27-30). Poderíamos, portanto,
concluir que, para quem morreu nos casos acima, a irreverência foi o “pe-
cado para a morte”. O “pecado para a morte” é definido pela forma puniti-
va que o Senhor desejar cumprir sobre o transgressor, não sendo um tipo
de pecado definido nas Escrituras Sagradas, como pensam alguns. 

Por que Adão e Eva pecaram se eram perfeitos?

Deus criou o homem em um ambiente perfeitamente harmônico e


visava proporcionar-lhe bem-estar (Gn 1.31). Mas Deus não criou “mario-
netes” para fazer toda a sua vontade sem desejos e escolhas pessoais. Por

416
C u rs o A po lo gético

isso, o homem escolheu um caminho que não agradava ao Senhor Deus


(Ec 7.29). A liberdade é um bem desejado por todos, mas o mau uso des-
ta liberdade muitas vezes conduz os homens a atitudes autodestruidoras,
como ocorreu com os nossos ancestrais no Éden. A palavra “perfeito” no
grego (téleios) significa “maduro”, “adulto”, “desenvolvido”, “experimenta-
do”, “algo completo” (Mt 5.48, 1Co 2.6; Tg 1.4), e não “incapaz de come-
ter um erro”. O estado em que se encontravam Adão e Eva no início era
de “perfeição”, e, apesar de não entendemos como funcionava esta “per-
feição” de forma plena (pois só conhecemos a natureza humana de forma
prática a partir de suas limitações produzidas pelo pecado), sabemos que
ambos foram criados “perfeitos” para exercerem a finalidade pela qual
foram feitos. Mas ambos não tinham uma natureza completamente isenta
de cair, como ocorreu. O único ser perfeito no sentido pleno do termo é
somente o próprio Deus (Jó 4.18).

Maria nasceu sem pecado? 

De acordo com os ensinamentos bíblicos, Maria era pecadora, pois


ela própria declarou precisar de um Salvador por ocasião da visita a Isabel,
sua prima (Lc 1.46, 47). Se ela não tivesse pecado, por que precisaria de
um salvador? Maria também se declarou tanto serva de Deus (Lc 1.48)
como objeto de sua misericórdia (Lc 1.49, 50), e que somente a partir
daquela obra (a concepção de Cristo) nela realizada por Deus ela seria
chamada de “bem-aventurada” pelas próximas gerações (Lc 1.48). Não
encontramos na Bíblia sequer uma referência à não “pecaminosidade” de
Maria, a piedosa mãe do Senhor Jesus. Paulo, em Romanos, afirma um
pensamento contrário a esta doutrina não bíblica, ao afirmar: “Que todos
pecaram” (Rm 3.23). O único homem, segundo a Bíblia, que não nasceu
pecador a partir da desobediência de Adão e Eva foi Jesus Cristo (Hb 4.15),
por ter sido o único homem a ter a interferência do Espírito Santo em sua
concepção (Lc 1.34, 35). 

417
Em defesa da fé

As chamadas supra-histórias acerca de Maria só surgiram após a con-


clusão de todos os livros bíblicos, e não como fruto da revelação da palavra
de Deus, mas de concepções antibíblicas que gradativamente se introduzi-
ram, exaltando a grande serva do Senhor, Maria, de forma não bíblica.
Irineu, de Lião, declarou Maria como: advocata Evae (defensora [advogada]
Eva), e causa salutis (causadora da salvação), pois teria remediado o mal
produzido pela descendência da primeira mulher. O que Cristo fez como
segundo Adão, ela teria feito como segunda Eva!

Para informações complementares acerca deste


assunto, ver o tópico Adorar: Existem três níveis de adoração,
latria (dada somente a Deus), dulia (tributada somente
aos anjos e santos) e hiperdulia (tributada a Maria).
Sendo assim, nós, católicos, não adoramos a outro ser
que não seja Deus, pois somente a Ele tributamos latria.

Qual a origem do culto a Maria?

Jesus conferiu aos apóstolos poder para perdoar pecados


(Jo 20.22, 23)?

Não. Aos discípulos, foi conferido o poder de, por meio da mensagem
do Evangelho, libertar o homem do pecado, pois somente Deus pode real-
mente perdoá-los (Mc 2.7). E esse ministério de “reconciliação” foi confe-
rido à Igreja de Cristo (2Co 3.5, 6). O texto de Jo 20.22, 23 é paralelo ao
da grande comissão, onde se afirma a responsabilidade dos discípulos pela
proclamação do Evangelho a todo o mundo, e, por meio desta mensagem,
os que cressem receberiam a “remissão dos pecados” (Lc 24.47). A expres-
são grega que aparece no texto de João possui sua raiz em afínmi (perdão),
que possui a ideia de perdoar a culpa do transgressor, sem, contudo, apagar
o feito realizado por ela. Os apóstolos não perdoavam pecados, mas eram
os portadores desta mensagem de reconciliação do homem com Deus. O

418
C u rs o A po lo gético

Evangelho pode perdoar os pecados, pois traz em si a mensagem de recon-


ciliação e perdão.

* * *

O Catolicismo afirma, de forma enfática, o dogma da “imacu-


lada conceição de Maria”, proclamado em 1854 pelo papa Pio
IX em sua bula Ineffabilis Deus, declarando que a mãe de
nosso Senhor Jesus Cristo “foi preservada imune de toda
mancha do pecado original” (Catecismo da Igreja Católica,
1999, p. 138). Essa forma de interpretar a função de Maria na
história do cristianismo como a mãe biológica de nosso Senhor
Jesus Cristo não se harmoniza com a afirmação bíblica de que “todos peca-
ram” (Rm 3.23) e que Maria precisava de um salvador, segundo as suas
próprias palavras (Lc 1.47). São Tomás de Aquino, reconhecido como o maior
teólogo católico, cuja obra foi considerada pelo papa Leão XIII em 1879
como a fonte oficial de ensino da Igreja católica, afirmou em sua Summa
Theologica (III, XXVII. 1, 2) que a virgem foi concebida em pecado. Também
o papa Leão I, bispo de Roma, em 13 de junho de 449, afirmou no impor-
tante documento da Igreja católica, o “Tomo de Leão”, que “O Senhor tomou,
da mãe, a natureza, não a culpa. Jesus nasceu do ventre de uma virgem,
mediante um nascimento maravilhoso” (BETTENSON, 1998, p. 100). Em
quem devemos acreditar para chegarmos a uma conclusão correta acerca
desse tema tão importante para o Catolicismo Romano? Nas autoridades que
discordavam entre si acerca dessa importante questão? Ou seguir a simples
doutrina bíblica de Maria, a piedosa e obediente mãe de nosso Senhor Jesus
Cristo, ter nascido com a culpa do pecado original herdado por toda a raça
humana?
O padre católico carismático Alberto Luiz Gambarini, em seu livro
Perguntas e Respostas sobre a Fé, afirma que: “Foi principalmente na sau-
dação do anjo a Maria (“Ave, cheia de graça, Lc 1.28) que a igreja encontrou
inspiração para definir esse ensinamento da vida de Maria. Na saudação do
anjo a Maria, nós vemos algo extraordinário, pois em nenhuma parte da

419
Em defesa da fé

Escritura é dada saudação igual” (p. 74). Encontramos alguns problemas no


suposto “fundamento” que o Pe. Alberto Gambarini encontrou para defender
tal doutrina. Primeiro, devemos compreender a saudação dada a Maria,
traduzida por “cheia de graça” em Lc 1.28 (Gr. charitoõ), como apenas
“agraciada” (aquela que recebeu uma graça divina), e foi assim traduzida por
“cheia de graça” nas Bíblias Católicas para sustentar esse dogma de forma
indireta. Segundo, mesmo que não encontremos saudação semelhante diri-
gida a alguém (isso é óbvio, pois somente uma única pessoa poderia ser
agraciada por tal missão), a mesma palavra aparece na Epístola aos Efésios
(em um contexto diferente) para se referir à graça concedida a todos os
crentes em Cristo, o que não põe Maria em uma posição ímpar com relação
à participação da graça de Deus (Ef 1.6). Tal interpretação sugere mais um
malabarismo exegético do que uma apresentação coerente da pessoa e mis-
são desta grande serva de Deus digna de nossa imitação e respeito.

* * *

Algumas autoridades gerais da Igreja Mórmon criaram e de-


fenderam haver certos pecados que não podem ser perdoados
pelo sacrifício de Cristo, e que, portanto, tais pessoas deveriam,
ao cometer tais pecados, ser mortas, e o seu sangue ser derra-
mado para que o perdão de seus pecados fosse alcançado. Esta
declaração negava a eficácia do sacrifício de Jesus Cristo por
nós (1Jo  1.9) e perpetuava atos de violência contra aqueles que não se
submetiam às autoridades gerais da Igreja no século 19. Vejamos algumas
dessas declarações: 

1. “Não há um homem ou mulher que viole os pactos feitos com seu


Deus, e que não será requerido o pagamento da dívida. O sangue
de Cristo nunca os apagará, seu próprio sangue deve expiá-lo, e o
julgamento do Todo-Poderoso virá, mais cedo ou mais tarde, e todo
homem e mulher terão que expiar as suas culpas por violar seus
pactos” (Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 3, p. 247, 1856). 

420
C u rs o A po lo gético

2. “Suponhamos que ele tenha cometido uma falta grave, que ele
tenha cometido um pecado que ele sabe que o privará da exaltação
a qual ele deseja, e que ele não pode atingir sem o derramamento
de seu próprio sangue, e também sabe que, por ter seu sangue
derramado, ele expiará aquele pecado, e será salvo e exaltado com
os deuses, há um homem ou mulher nesta casa que diria, ‘derrame
meu sangue para que eu possa ser salvo e exaltado com os deuses?’
Toda a humanidade ama a si mesma. Permita que estes princípios
sejam conhecidos pelo indivíduo, e ele ficaria contente por ter o
seu próprio sangue derramado. Aquilo seria amar a si mesmo, até
a exaltação eterna. Você amará seus irmãos ou irmãs igualmente,
quando eles tiverem cometido um pecado que não pode ser expia-
do sem o derramamento de seu sangue? Você amará aquele homem
ou mulher o suficiente para derramar o sangue deles?” (Brigham
Young, Journal of Discouses, vol. 4, p. 219, 1857). 
3. “Joseph Smith ensina que existem certos pecados tão nefandos que
o homem pode cometer que colocarão o transgressor além do poder
de expiação de Cristo. Se forem cometidas tais ofensas, aí o sangue
de Cristo não o limpará de seus pecados, mesmo que se arrependa.
Por isso, sua única esperança é ter o seu próprio sangue derramado
em expiação, na medida do possível, em seu favor. Isto é doutrina
escriturística e ensinada em todas as obras-padrão da Igreja” (Dou-
trinas de Salvação, Joseph F. Smith, p. 147, vol. 1, 1994). 

Hoje alguns mórmons consideram este assunto apenas um boato mal-


doso por partes de opositores da Igreja, e que jamais ocorreram tais “sacri-
fícios” de sangue no Estado Mórmon de Utah. Mas, como vemos, todas as
declarações anteriores são de profetas que lideraram a Igreja Mórmon
durante anos, considerando não só o sangue de pecadores como podendo
perdoar seus próprios pecados, o que é totalmente enganoso à luz da pala-
vra de Deus (1Jo 1.7,9), mas que tais assassinatos eram legítimos! 

421
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

PECADO

1. Qual o significado fundamental da palavra hamartia?

2. Que exemplo Cristo nos deu com relação à possibilidade de


encontrarmos o seu perdão independentemente dos tipos de
pecados que temos cometido?

3. O fato de alguém não se sentir pecador o isenta de sê-lo?


Explique.

4. Qual texto bíblico indica a possibilidade de conseguirmos perdão


total de nossos pecados?

5. Pagaremos pelos pecados cometidos por Adão e Eva? Explique.

6. Por quais razões Cristo não poderia ter sucumbido à tentação?

7. Qual doutrina o teólogo britânico Pelágio negava?

8. Quais os dois títulos atribuídos por Irineu de Lião à Maria, e


o que a própria Maria disse sobre si mesma com relação ao
pecado?

9. Qual doutrina originou o dogma do batismo infantil?

10. O que os mórmons acreditavam com relação a certos tipos de


pecados imperdoáveis?

422
PROVA – PECADO

1. Sobre a questão da transgressão, as Escrituras declaram que existem pecados:


a) Imperdoáveis, mesmo se confessados.
b) Mortais.
c) Veniais.
d) Perdoáveis, se confessados.

2. A questão de sermos pecadores é um fato independente de nossa(s):


a) Aceitação de que somos pecadores.
b) Formação religiosa.
c) Atitudes morais.
d) Aceitação da existência de Deus.

3. Somos pecadores porque Adão era o:


a) Pai de toda a raça humana.
b) Nosso representante legal.
c) Primeiro homem.
d) Ser mais importante da criação humana.

4. Se houvesse uma possibilidade real de Jesus pecar, então:


a) Jesus possuiria livre-arbítrio.
b) As Escrituras poderiam falhar.
c) Jesus perderia sua divindade.
d) Jesus se identificaria conosco em tudo.

5. Sobre Agostinho de Hipona e a questão do pecado original, podemos declarar


que ele:
a) Trouxe um ensino antibíblico sobre essa questão em particular.
b) Nada acrescentou à teologia bíblica sobre esse assunto.
c) Apenas reafirmou essa importante doutrina bíblica.
d) Foi o pai da doutrina do pecado original.

423
6. O batismo infantil tem suas raízes:
a) Nas Escrituras neotestamentárias.
b) Na tradição judaica.
c) Na doutrina da regeneração batismal.
d) Na doutrina da salvação infantil.

7. A impecabilidade antes de nossa transformação na carne é:


a) Uma heresia conhecida como perfeccionismo.
b) Uma possibilidade para aqueles que buscam o Senhor.
c) Uma doutrina de cunho judaico.
d) Um problema para o crescimento do evangelho na terra.

8. A blasfêmia do Espírito Santo pode ser compreendida como:


a) Um ato de desconfiança sobre a ação de Deus.
b) Um conceito inexistente à luz das Escrituras.
c) Um ato gerado pela incredulidade que leva o homem à condenação.
d) A rejeição aos milagres de Jesus Cristo.

9. A palavra grega téleios indica:


a) Plena perfeição.
b) Maturidade.
c) Renovação.
d) Espiritualização.

10. A posição alcançada por Maria com o passar dos séculos tem como origem:
a) Uma compreensão mais abrangente do texto bíblico.
b) O fato de ela ser conhecida como a Advota Evae desde os tempos apostólicos.
c) As supra-histórias desenvolvidas após a conclusão de todos os livros bíblicos.
d) N.R.A.

424
C u rs o A po lo gético

PurgatÓrio

DEFINIÇÃO

Local ou estado de suplício onde, de acordo com a Igreja católica, ficam as


almas dos “salvos” já falecidos sem terem cometido pecados “mortais” (pe-
cados dignos de punição eterna no inferno, se não se buscar o devido arre-
pendimento até a morte), para que recebam a purificação devida antes de
adentrarem aos céus para a comunhão eterna com o Senhor Deus. Este
dogma foi estabelecido definitivamente nos concílios de Florença (1439) e
de Trento (1546-1563).

Qual a origem da doutrina católica do purgatório? 

Apesar de esse dogma só se tornar oficializado pela Igreja católica no


Concílio de Florença em 1439 e ser reconfirmado no Concílio de Trento
em 1546, já era conhecido desde os tempos do papa Gregório, o Grande,
em 593 d.C., que é tido como o seu idealizador (já havia nas culturas pagãs
anteriores ao cristianismo [Persas e Budistas] a ideia de uma prisão transi-
tória, onde algumas almas penitentes sofreriam, e que de lá poderiam ser
retiradas para receberem favor dos deuses). Houve relutância, na época,
para que este ensino se tornasse um dogma da igreja, por não haver base

425
Em defesa da fé

bíblica para a sua defesa, sendo somente, séculos depois, estabelecido como
dogma oficial pela Igreja Católica Romana.
O dogma do “purgatório” se tornou, juntamente com as “indulgências”,
séculos depois, um importante meio de riquezas do Catolicismo Romano,
sendo essa prática o principal meio de se conseguir os recursos financeiros
para construção da Igreja de São Pedro em Roma. Tal dogma afirmava que
as compras dessas indulgências poderiam ajudar as pessoas no purgatório a
saírem dali.
O reformador protestante Martinho Lutero, em suas teses números 27
e 28, afirma, com relação às “indulgências” e ao “purgatório”: “Quem afirma
que uma alma voa diretamente para fora (do purgatório) quando uma moe-
da soa na caixa das coletas estão pregando uma invenção de homens [...] É
certo que, quando uma moeda soa, cresce a ganância e a avareza” (teses de
Lutero colocadas na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, em 31
de outubro de 1517, demonstrando, assim, a estreita relação entre essas
doutrinas católicas).
A ideia de “purificação por meio do fogo” tem estreita conexão em sua
origem com o culto a “deuses” pagãos, dentre os quais os sacrifícios prati-
cados pelos adoradores de Moloque, identificado por alguns como Baal ou
Ninrode (2Rs 23.10; Jr 32.35). Esse ritual influenciará a concepção pagã do
chamado cristianismo apóstata acerca do estado transitório dos mortos.

Ver resposta à pergunta posterior.

A Bíblia fala de purificação dos salvos pelo fogo (1Co 3.15). Se a


punição do inferno é eterna, logo o texto deve estar se referindo
a outro local onde tal purificação se dará. Não seria esse lugar o
purgatório?

O texto de 1 Coríntios 3.15 menciona uma purificação pelo fogo,


mas não de pessoas lançadas em algum local para terem os seus pecados

426
C u rs o A po lo gético

“purgados” (purificados), pois a obra de purificação dos pecados, segun-


do a Bíblia, foi realizada na morte de cruz, do filho de Deus por nós, de
forma única e definitiva (Hb 1.3; 1Jo 1.7). Além disso, segundo as Escri-
turas Sagradas, para obter o perdão dos pecados é necessário o derrama-
mento de sangue (o pecado exige reparação), e Jesus já fez isso por nós
na cruz do calvário, e não precisamos de nenhum tipo de “fogo” purifi-
cador (Hb 9.22).
Paulo, no texto de 1Cor 3.15, não menciona pessoas passando por um
“fogo purificador” para terem seus pecados purgados (perdoados), mas, sim,
obras sendo julgadas por seu grau de pureza diante do juízo de Deus (vv.
13-15). O contexto menciona “galardão” (Gr. misthós – v. 14), que significa
“pagamento por um serviço realizado”, “salário”, “recompensa por algo
praticado” etc. E não pode ser confundido com a salvação que, segundo a
Bíblia, é pela “graça” (favor imerecido) oferecida por Deus, como declara
Paulo em sua epístola aos Efésios (Ef 2.8, 9).

Ver resposta à pergunta anterior.

Jesus Cristo afirmou que existem certos pecados que não serão
perdoados nem neste século, nem no futuro (Mt 12.32), deixando
a dedução de que certos tipos de pecados poderão ser perdoados
após a morte no purgatório.

Deduzir que Jesus falava de um suposto “purgatório” no texto de


Mateus 12.32 não é lógico, mas apenas fruto de uma tentativa desesperada
de se fundamentar uma doutrina não encontrada nas Escrituras. Qualquer
pessoa que ler os textos paralelos ao de Mateus nos evangelistas Marcos
(3.29) e Lucas (12.10) poderá perceber que a ideia do texto é não conseguir
perdão para sempre, e não uma suposta ideia de “por vir”, como procuram
afirmar alguns teólogos que defendem o chamado “purgatório”. Jesus es-
tava apenas afirmando que aquelas pessoas nunca encontrariam perdão

427
Em defesa da fé

para o seu pecado de incredulidade que as conduziriam à punição eterna.


Os Evangelhos sinóticos (Mt/Mc/Lc), quando estudados harmonicamente,
explicam de forma clara o que o Senhor desejava nos ensinar por meio
desta declaração.

Para informações complementares acerca


deste assunto, ver o tópico Pecado:
Se Jesus afirmou que blasfemar contra o Espírito Santo
é o pecado imperdoável, como podemos afirmar que
Deus perdoa todos os pecados (Mt 12.31, 32)?

Jesus afirmou que haveria, em alguns casos, uma “prisão tempo-


rária” para algumas pessoas, até que pagassem as suas penas,
indicando assim a existência do purgatório (Mt 5.25, 26).

O contexto de Mateus 5.25, 26 aponta para a urgência em se reconci-


liar com o irmão que tem algo contra outrem (vv. 23, 24), e não há nenhu-
ma ideia de “purgar” falhas ou pecados em algum local após a morte. Jesus
deixa a ideia da urgência em se reconciliar clara quando afirma que se deve
fazer isso “enquanto está com ele [o irmão] no caminho”, indicando assim
a vida terrena, e não o pós-morte (v. 25). O texto fala de reconciliação e
perdão urgente para com as ofensas do próximo, e não da purificação de
pecados que, de acordo com a Bíblia, se dá em vida por meio da aceitação
do sacrifício de Cristo por nós realizado na cruz. Purificando-nos de todos
os nossos pecados, passados, presentes e futuros (1Jo 1.7).

O livro de Macabeus apoia esta doutrina claramente bíblica


(2Mc 12.45, 46)!

O maior problema em tentar encontrar fundamento para a doutrina


Católica do purgatório nesse verso do livro apócrifo de Macabeus é que o

428
C u rs o A po lo gético

contexto da narrativa de 2 Macabeus 12.45, 46 indica que aqueles mortos


tinham sido mortos por punição divina, por terem cometido pecado de
idolatria (vv. 40, 41). Segundo o próprio Catecismo da Igreja Católica, a
idolatria é “pecado mortal”, e quem comete tal pecado não vai para o pur-
gatório, e sim para o inferno, de onde não se pode sair, não importa o que
os vivos façam por eles (p. 556 [referência 212-214], p. 291 [referência 1033],
2001). Se quem morre na prática de um pecado mortal, segundo o catoli-
cismo, não pode se salvar passando pelo purgatório, como acreditar que
2Mc 12.45, 46 defende a intercessão pelos mortos, se aqueles soldados
judeus morreram em flagrante idolatria?

Para informações complementares acerca


deste assunto, ver o tópico Bíblia:
Por que a Bíblia usada pelos evangélicos é diferente da Bíblia Católica?

Por que as Bíblias “evangélicas” omitem livros


que não se encontram nas Bíblias Católicas?

Quais doutrinas bíblicas são diretamente negadas pelo dogma do


purgatório?

Existem algumas doutrinas fundamentalmente bíblicas que são conse-


quentemente negadas quando alguém advoga a crença no dogma do “pur-
gatório”. As Escrituras Sagradas confirmam que:

1. Após a morte, não existe segunda oportunidade de redenção (Hb


9.27). 
2. Só Jesus Cristo realizou a purificação dos pecados (Hb 1.3). 
3. O sangue de Cristo é suficiente para nos purificar de todos os pe-
cados (1Jo 1.7). 
4. Somos salvos não por meio de nossos próprios sofrimentos, mas do
sacrifício de Cristo por nós (1Pd 1.18, 19). 

429
Em defesa da fé

O maior problema estabelecido pelo dogma do “purgatório” é admitir


que o “fogo purificador” possa alcançar o que nem o sacrifício de Cristo por
nós foi capaz de realizar em prol da salvação. Se as Escrituras afirmam que
quem está em Cristo não tem nenhuma “condenação” por ser uma “nova
criação” (Rm 8.1; 2Co 5.17), e que não passará por qualquer tipo de juízo
punitivo (Jo 5.24), como aceitar tal doutrina à luz das verdades bíblicas?

* * *

O Livro de Mórmon declara o inferno como um lugar de pu-


nição eterna, e todos os que forem para lá não terão uma se-
gunda oportunidade de arrependimento para receberem algum
tipo de benefício de Deus que lhes alivie desse tormento
eterno (Mosias 2.37-39), mesmo após o julgamento de suas
obras diante de Deus (2 Néfi 28.21-23). Essa doutrina Mórmon
se harmoniza perfeitamente com a visão bíblica do inferno ser um estado
eterno de punição para todos os perdidos (Mt 10.28; 18.8; 25.41, 46). Po-
rém, o décimo profeta Mórmon, Joseph F. Smith, nega essa importante
doutrina bíblica e, consequentemente, a própria visão do Livro de Mórmon,
dizendo:

“Os que levam uma vida iníqua podem igualmente ser herdeiros
de salvação, isto é, eles também serão redimidos da morte e do
inferno, um dia. Estes, entretanto, têm que sofrer no inferno os
tormentos dos condenados, até terem pagado o preço de seus
pecados, pois o sangue de Cristo não os lavará. Essa imensa hos-
te encontrará seu lugar no reino celeste, onde suas glórias diferem
como as estrelas do céu em magnitude. Os filhos da perdição são
aqueles que rejeitaram a luz e a verdade, depois de haverem
obtido o testemunho de Jesus; são os únicos que não serão redi-
midos do domínio do demônio e seus anjos” (Doutrinas de Sal-
vação, vol. 2, p. 133, 1994).

430
C u rs o A po lo gético

Se o Livro de Mórmon e a Bíblia afirmam que a punição do inferno é


eterna, por que a Igreja Mórmon nega essa doutrina? Se, segundo o “pro-
feta” e fundador da igreja Mórmon, Joseph Smith, o Livro de Mórmon é o
livro mais perfeito de toda a terra e a pedra fundamental da religião mórmon,
e que, seguindo as suas doutrinas, o homem se achegará mais próximo a
Deus do que por meio de qualquer outro livro (O Livro de Mórmon [In-
trodução]), por que essa doutrina do Livro de Mórmon é negada? O Livro
de Mórmon ensina uma inverdade, ou o profeta da Igreja está enganado
com relação a tal doutrina? Se, seguindo as doutrinas do Livro de Mórmon,
o homem pode se chegar mais a Deus, e uma doutrina do Livro de Mórmon
é negada pelo próprio “profeta” mórmon, estaria ele longe de Deus?
Esse “inferno temporário” não estaria mais semelhante à doutrina
católica do purgatório do que a doutrina bíblica do inferno que também se
encontra no Livro de Mórmon? 

431
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

PURGATÓRIO

1. Quando e onde o dogma do purgatório foi finalmente estabele-


cido?

2. Já existia uma doutrina do purgatório anteriormente ao catoli-


cismo romano? Explique.

3. Qual dogma, juntamente com o dogma do purgatório, foi res-


ponsável pela riqueza da Igreja católica na Idade Média?

4. Qual culto pagão originou a doutrina da “purificação por meio


do fogo” que influenciou o cristianismo apóstata?

5. Qual texto bíblico é usado em uma das epístolas de Paulo para


defender a doutrina do purgatório?

6. Os crentes serão purificados pelo fogo? Explique.

7. Existe algum texto nos Evangelhos que é usado pelo catolicismo


para defender o dogma do purgatório? Qual?

8. Qual texto de um livro apócrifo é usado pelo catolicismo para


defender o dogma do purgatório, e qual o maior problema em
usá-lo?

9. Cite três razões escriturísticas pelas quais o dogma do purgató-


rio não deve ser crido.

10. Qual contradição existe entre a doutrina do inferno no Livro de


Mórmon e os escritos de Joseph F. Smith, décimo profeta da
Igreja Mórmon?

432
PROVA – PURGATÓRIO

1. O concílio que oficializou o dogma do purgatório é conhecido como:


a) Concílio de Florença.
b) Concílio de Trento.
c) Concílio de Hipona.
d) Concílio de Cartago.

2. Encontramos o conceito de purgatório também entre os:


a) Muçulmanos.
b) Judeus.
c) Animistas.
d) Budistas.

3. O dogma do purgatório foi reconfirmado finalmente em:


a) 593 d.C.
b) 1439 d.C.
c) 1546 d.C.
d) 1222 d.C.

4. O dogma do purgatório, segundo Lutero, possuía uma estreita relação com:


a) As indulgências.
b) O inferno.
c) O céu.
d) Os mortos.

5. A Bíblia, no livro de 1 Coríntios 3.15, menciona:


a) Pessoas sendo arrebatadas.
b) A purificação dos pecados.
c) O purgatório.
d) Estão corretas as respostas b e c.

433
6. O purgatório não pode ser uma doutrina biblicamente possível, pois:
a) Sem obras não há salvação.
b) O batismo salva.
c) O inferno já realiza a purificação dos pecados.
d) Sem derramamento de sangue não há perdão de pecados.

7. O termo grego Misthós usado em 1Co 3.15 significa:


a) Recompensa por algo realizado.
b) Graça ou favor imerecido.
c) Perdão ou extinção dos pecados.
d) N.R.A.

8. Mateus 5.25, 26 aponta para a:


a) Doutrina do inferno.
b) Doutrina da salvação.
c) Urgência na reconciliação.
d) Restauração dos salvos.

9. O texto de Macabeus que apresenta a intercessão pelos mortos cria uma gran-
de contradição entre a Bíblia e o Catecismo católico porque:
a) Não é considerado divinamente inspirado.
b) Não é mencionado claramente no Catecismo.
c) Nega aquilo que o Catecismo claramente defende.
d) Estão corretas as respostas a e c.

10. O maior problema estabelecido pelo dogma do purgatório é:


a) A impossibilidade de o homem finalmente se reconciliar com Deus.
b) A capacidade de haver reconciliação após a morte.
c) A necessidade de buscar purificação dos pecados.
d) Admitir que o fogo possa realizar o que nem Cristo realizou pelo pecador.

434
C u rs o A po lo gético

reSSurreiÇÃo

DEFINIÇÃO

A palavra ressurreição (Gr. anastasis) significa basicamente “reerguer-se”,


“levantar-se de novo”, possuindo o significado de reerguer um corpo ante-
riormente sem vida. As Escrituras Sagradas mencionam várias ocasiões em
que pessoas foram ressuscitadas dentre os mortos, como sinal do poder de
Deus sobre a morte (Mc 5.41, 42; Lc 7.12-16). A Bíblia também afirma que
haverá dois tipos de ressurreição: uma para a vida eterna, e outra para a
condenação e horror eternos (Dn 12.2, 3; Ap 20.4-6).

A ressurreição de Cristo foi apenas um mito criado pelo cristianis-


mo para promover a religião cristã!

Todas as narrativas de supostas ressurreições nos relatos antigos foram


criadas séculos depois da vida ou do desenvolvimento mitológico que cer-
cavam a figura de homens ou “deuses” da Antiguidade. A ressurreição de
Osíris foi acrescentada gradativamente ao mito religioso, se é que podemos
chamar tal narrativa de ressurreição, pois ele, segundo a própria narrativa,
passou a ser o Senhor do mundo subterrâneo (Hades/Inferno). A chamada
ressurreição de Apolônio de Tiana, que viveu em 98 d.C., também só foi

435
Em defesa da fé

acrescentada dois séculos após a morte desse personagem, e isso ocorreu


certamente por oposição ao relato de ressurreição do cristianismo, ou seja,
o cristianismo influenciou o mito em torno da figura de Apolônio, e não o
contrário. Não existe nenhuma narrativa de uma ressurreição entre tais
narrativas religiosas que possa ser verificada como histórica e comprovada
por testemunhas conhecidas da época.
Com o cristianismo encontramos exatamente o contrário, pois temos
narrativas históricas ainda do 1º século (os Evangelhos), as quais apontam
para uma ressurreição incontestável pela quantidade de testemunhas que a
confirmaram. Paulo, ao escrever a sua epístola aos coríntios, por volta de 55
d.C., afirma que existiam 500 pessoas conhecidas e algumas ainda vivas que
eram testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo (1Co 15.6). O próprio
apóstolo também foi uma testemunha da ressurreição de Cristo (1Co 15.8).
É importante notarmos que este mesmo apóstolo, no passado, havia sido um
grande perseguidor da Igreja de Cristo e que foi morto por volta dos anos 67,
68 d.C., exatamente por pregar o cristianismo e a ressurreição de Cristo
dentre os mortos. Quem morreria por um mito criado por ele mesmo? Quem
morreria por uma mensagem que ele sabia ser falsa e apenas uma fábula
enganosa? Quais vantagens humanas Paulo teve ao abandonar o prestígio que
ele possuía como judeu, para ensinar uma mentira que ele insistiria em manter?
Ao contrário do que alguns pensam, não existe nenhuma narrativa de
ressurreição conhecida tão desprovida de mitos como a de Jesus Cristo, pois
um mito de acréscimo (acrescentar contos à vida de um personagem histó-
rico real) leva, no mínimo, cem anos para se desenvolver, e temos narrativas
dos Evangelhos e das epístolas (ainda no 1º século) escritas em um período
de poucos anos a partir da ressurreição, onde existiam muitas testemunhas
oculares destes fatos ainda vivas, as quais poderiam ter refutado a história
da ressurreição, mas não o fizeram. 
Outro aspecto importante da narrativa da ressurreição de Jesus Cristo
que demonstra a veracidade desse relato como ali se encontra é a escolha
das testemunhas oculares, caso o relato fosse fictício. Os evangelistas são
unânimes em apresentar apenas mulheres como as primeiras testemunhas
da ressurreição, o que deveria não existir na narrativa, caso desejassem

436
C u rs o A po lo gético

torná-la mais digna de crédito (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-


3). Se queriam colocar testemunhas dignas de um conto bem elaborado,
não deveriam naquela época sugerir a presença de mulheres como teste-
munhas. Portanto, cada um desses detalhes aproxima as narrativas da res-
surreição do Mestre a uma perspectiva crível.

A suposta ossada encontrada em Talpiot, Jerusalém, seria realmente


a de Cristo?

O cineasta James Cameron, que dirigiu o documentário exibido na


Discovery Channel em 2007, não estava interessado em analisar as evidên-
cias encontradas em Talpiot, mas apenas buscar autopromoção. Aquela
tumba já havia sido encontrada e identificada desde 1980 e não despertou
nenhum interesse por parte da equipe de arqueólogos que a encontrou.
Cerca de 16 nomes encontrados até agora em ossuários correspondem a
75% das ossadas encontradas até hoje em Israel, e já haviam encontrado no
começo do século passado pelo menos outro ossuário que mencionava “Je-
sus, filho de José”. Estes nomes eram altamente comuns no 1º século em
Israel e, por isso, os pesquisadores estavam cientes de que não havia serie-
dade na apresentação do documentário. Entre os 99 nomes masculinos mais
populares encontrados em Israel entre os anos 330 a.C. e 200 d.C., José se
encontra em segundo lugar, e o nome Jesus, em sexto (BAUCKHAM, 2011,
p. 115)! A tumba de Talpiot é, portanto, mais uma tentativa desesperada de
negar uma verdade irrefutável narrada nos evangelhos, a ressurreição cor-
poral e gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.

Os discípulos não teriam roubado o corpo de Jesus para simular


um milagre?

Esta certamente foi a primeira teoria proposta pelos perseguidores do


cristianismo na tentativa de anularem as evidências favoráveis à ressurreição

437
Em defesa da fé

de Jesus Cristo, pois foi mencionada por Mateus em seu Evangelho (Mt
28.11-15). Veja as brechas que tal teoria possui:

1. Como sabiam que os discípulos roubaram o corpo, se estes soldados


afirmaram que estavam dormindo e, portanto, não viram quem o
levou (Mt 28.13)?
2. Se já havia um boato de uma possível ressurreição, por que os
soldados dormiram, se estavam sob pressão (Mt 27.62-66)?
3. Como um grupo de homens sem preparação militar nenhuma
poderia resistir à bem preparada e competente guarda romana, que
era composta por cerca de 16 homens bem treinados, que se reve-
zavam a cada quatro horas (quatro ficavam observando, enquanto
o restante descansava), nunca deixando o que deveria ser guardado
sem escolta?
4. Que sono poderia ser tão profundo a ponto de não lhes permitir
ouvir o barulho da remoção da pedra de aproximadamente duas
toneladas que ficava na entrada do túmulo (Mc 16.2-4)?
5. Como poderiam os discípulos de Cristo, que em sua maioria foram
mortos de forma violenta, tornarem-se mártires por uma mentira
criada por eles mesmos? Quem seria capaz de morrer por uma
mentira engenhosamente montada por ele próprio?
6. Como o corpo poderia ter sido roubado, se foi visto ressuscitado
por mais de quinhentos irmãos de uma única vez (1Co 15.6)? Como
poderia ter ocorrido uma “alucinação coletiva” (alucinações são
individuais), se já não havia uma expectativa por parte dos seus
seguidores acerca de sua ressurreição, para antecipar uma provável
ilusão?

Se alguém conseguir responder de forma satisfatória a cada um desses


questionamentos, poderíamos reavaliar a narrativa de tal evento.

438
C u rs o A po lo gético

Será que os discípulos de Cristo não confundiram o local do seu


sepultamento?

Essa teoria se mostra inconsistente em alguns aspectos: Jesus não foi


sepultado em um sepulcro comum, e sim em uma sepultura particular
aberta em uma rocha, o que dificultaria alguém de confundir o local exato
onde o corpo poderia ter sido posto, pois sepulturas daquele tipo não eram
tão comuns (Mt 27.57-60; Lc 23.50-54). O outro problema com essa inter-
pretação é aceitar a ideia de que todas as pessoas foram procurar o corpo
de Jesus no local errado. Será que nem mesmo os discípulos dele ou as
mulheres que acompanharam o sepultamento e que teriam ido ao sepulcro
na manhã do domingo não teriam sido capazes de identificar o local exato
(Mt 27.61, 28.1)? Uma confusão coletiva teria ocorrido? Será que nem
mesmo um único seguidor teria lembrado o local exato onde puseram o
seu corpo?

Jesus não poderia apenas ter desmaiado e, assim, ter sido confun-
dido como morto pelos seus discípulos?

Essa é uma das teorias mais absurdas defendida por contestadores do


milagre da ressurreição. A afirmação de que Jesus não estaria morto por
ocasião da sua crucificação só seria possível se ignorássemos vários aspectos
históricos de como se realizava a crucificação, a preparação do corpo e o
sepultamento das pessoas que sofriam esse tipo de suplício. Teríamos de
negar, por exemplo, o relato bíblico da morte de Cristo comprovada pelo
discípulo João, que testemunhou o momento em que perfuraram o corpo
de Jesus com uma lança no peito. João declarou que saíram do corpo “san-
gue e água” (Jo 19.34), demonstrando assim ter havido uma ruptura com-
pleta da parede do coração, expondo uma boa quantidade de líquido peri-
cárdico (a bolsa que envolve o coração). Nesses casos, a morte é imediata,
segundo a medicina.

439
Em defesa da fé

Naquela época, o costume era preparar o corpo com uma substância


pastosa (um composto de mirra e aloés) e, no caso do sepultamento de
Cristo, equivaliam a cerca de 45 quilos (Jo 19.39, 40). Após passarem a
pasta sobre o corpo, este era envolvido com dois lençóis (um enrolava o
corpo; outro, a cabeça). Ou seja, se Cristo estivesse apenas desmaiado ao
ser tirado da cruz, ele teria sido morto por sufocamento, posteriormente na
preparação do corpo. Temos também a evidência dos Evangelhos sobre o
flagelo (com chicotes) sofrido por Jesus durante um bom período de tempo
antes de ter sido colocado na cruz (Mt 27.26, 30, 31). Certamente, ele es-
taria muito debilitado ao ser crucificado, não podendo ter, por exemplo,
nenhuma condição de sair três dias depois como se não tivesse passado por
todo aquele suplício. Outro problema surgiria para alguém debilitado que
tentasse escapar de um sepulcro vigiado por aproximadamente 16 soldados
romanos, bem armados e aparelhados para qualquer tipo de eventualidade.
Por fim, acreditar na teoria anterior diante de todos os obstáculos possíveis
que a refutariam facilmente exige mais fé do que crer no relato puro e
simples da ressurreição de Jesus Cristo.

Jesus ressuscitou em que corpo? 

Jesus ressuscitou no mesmo corpo que desceu a sepultura. A palavra


ressurreição indica que o ser ressuscitado foi reerguido dentre os mortos,
mostrando assim que houve uma restauração ao estado anterior de vida que
possuía (Mt 22.31; Lc 20.35; At 4.2; Rm 1.4). Jesus indicou que ressuscita-
ria com o mesmo corpo que tinha antes de ter morrido, pois usou a expres-
são “este santuário” para se referir ao corpo ressuscitado (Jo 2.19). Além
disso, o mesmo texto confirma que o “santuário” a ser reerguido era o seu
próprio corpo, e não outro (Jo 2.21). Ao aparecer aos apóstolos, ele afirmou
ser ele mesmo quem estava ali, e não outro, indicando essa verdade pelo
sinal dos cravos ainda no seu corpo ressuscitado, e depois chegou a comer
entre eles (Lc 24.38-43).

440
C u rs o A po lo gético

No livro de Apocalipse, Jesus Cristo é chamado de o “primogênito


dos mortos” (Ap 1.5), prova de que ele foi ressuscitado de um estado de
morte no corpo, e não que ressuscitou em espírito, pois, para se ressusci-
tar em espírito, seria necessário que o espírito morresse, mas isso não
ocorreu com Jesus Cristo, segundo as Escrituras Sagradas (1Pe 3.18). A
preposição grega Ek (dentre os) aparece várias vezes no NT com referên-
cia à ressurreição de Cristo (Mt 17.9, 28.7; Jo 2.22) e aponta exatamente
de onde ocorreu essa ressurreição, ou seja, do meio dos que estavam
mortos, provando que o corpo ressuscitado era o mesmo anteriormente
no estado de morte.
As Escrituras afirmam que o corpo de Jesus não sofreu corrupção. A
palavra grega empregada para corrupção é Diaphthora (At 2.27, 31; 13.37),
que significa decomposição, como entendemos a partir do exemplo do cor-
po de Davi (At 13.36). Se o corpo ressuscitado de Jesus não era o mesmo
que fora morto, onde estaria o seu corpo atualmente sem sofrer nenhuma
alteração ou decomposição?

Ver a resposta à pergunta posterior.

Pedro, ao afirmar que Jesus foi “vivificado em espírito”, estaria


negando a ressurreição corporal de Cristo (1Pe 3.18)? 

Não. A palavra traduzida por “vivificado” (Gr. zõopoieo) em 1 Pedro


3.18 aparece também em João 6.63, referindo-se a apenas o fato de o espí-
rito ser o agente vivificador do corpo. O texto de 1 Pedro está apenas afir-
mando que o Senhor Jesus, apesar de estar morto na carne, continuava vivo
em seu espírito, e neste mesmo espírito ele foi até ao mundo dos mortos,
como confirmam as Escrituras Sagradas (1Pe 3.19, 20; ver: Sl 16.10 – comp.
At 2.27, 31). Apesar de a palavra “vivificar” aparecer também em alguns
outros textos bíblicos e referir-se ao ato de ressuscitar alguém (1Co 15.22),
a língua grega possui um termo mais preciso para se referir ao ato de res-

441
Em defesa da fé

surreição, que é a palavra grega Egeiro (1Co 6.14; 15.4), e esta não aparece
no texto de 1 Pe 3.18. 

Ver resposta à pergunta anterior.

A Bíblia não estaria afirmando que Jesus ressuscitou em espírito


ao declarar ser ele “espírito vivificante?” (1Co 15.45)? 

O texto de 1 Coríntios 15.45 refere-se à questão da superioridade de


Jesus com relação ao homem Adão. Paulo declara Adão como apenas uma
alma vivente, mas Jesus é muito mais do que alma vivente, sendo Ele o
espírito vivificador dos corpos dos santos (Jo 6.63; 1Co 15.22). A ênfase do
texto está sobre a natureza do corpo espiritual de Cristo, sendo superior ao
de qualquer outro homem terreno, inclusive o de Adão (vv. 43, 44, 47). O
apóstolo usa a palavra grega sõma (corpo), a qual sempre se refere a um
corpo físico (não necessariamente pecaminoso e decaído). Em todo o NT,
refere-se ao homem e também aponta para a natureza do corpo de Jesus
Cristo ressuscitado (1Co 15.42-44). Quando a Bíblia declara alguém ou algo
ser espiritual, não está afirmando, necessariamente, ser “imaterial” ou “in-
tangível” (1Co 2.15, 10.3, 4; Gl 6.1). Sendo assim, podemos afirmar que o
“corpo espiritual” de Cristo não era um espírito, e sim um corpo palpável
que participava de toda a plenitude do espírito, sem as limitações físicas
que o cercam (v. 44).

Ver resposta à pergunta neste tópico:


Jesus ressuscitou em que corpo?

Como Jesus poderia ter ressuscitado em um corpo físico, se a Bíblia


afirma que carne e sangue não herdam o Reino de Deus (1Co 15.50)? 

O contexto bíblico em que se encontra a declaração “carne e sangue


não podem herdar o reino” está apontando para o simples fato de a natu-

442
C u rs o A po lo gético

reza humana, assim como está, não poder adentrar na esfera espiritual, sem
antes passar por um revestimento espiritual, que eliminaria todas as suas
limitações impostas pelo pecado e queda de nossos primeiros pais. Paulo,
nos versos seguintes, confirma que haverá um revestimento dos corpos dos
salvos para terem acesso ao reino espiritual, e não que estes corpos serão
substituídos, indicando, assim, tratar-se do mesmo corpo (vv. 51-54). Se o
nosso corpo ressuscitado será semelhante ao do Senhor Jesus Cristo (1Jo
3.2), e esse corpo ressuscitado, segundo as próprias Escrituras, será apenas
revestido e não substituído, por que deveríamos negar que o corpo ressus-
citado de Jesus foi revestido em sua natureza espiritual sem ter sido substi-
tuído por um outro de qualquer natureza?
O corpo de Cristo, mesmo antes de ter passado pelo processo de res-
surreição corporal, nunca foi um meio de execução de qualquer tipo de
pecado (Hb 4.15; 1Pe 1.19). Sendo assim, não era um corpo em estado de
“corrupção” herdada da queda, não podendo, assim, se enquadrar naquilo
que o apóstolo Paulo trata aqui sobre a necessidade de uma mudança na
natureza humana pecaminosa para adentrar os céus. Jesus possuía (e ainda
possui) carne, sem, contudo, ser “carnal” (Lc 24.39).

Ver resposta à pergunta neste tópico:


Jesus ressuscitou em que corpo? 

O corpo físico de Cristo não poderia ser apenas um corpo aparen-


temente físico sem possuir uma natureza genuinamente humana,
como ocorreu com os anjos?

Os anjos, em algumas ocasiões, apareceram com um corpo físico não


inerente a sua natureza com algum propósito específico (Gn 19.1-4), como
aconteceu com o Espírito Santo ao aparecer em uma forma corpórea,
descendo dos céus como uma pomba, sem, contudo, assumir a natureza
de uma ave (Lc 3.22). Mas, quando lemos os textos bíblicos com relação à
natureza do corpo do Senhor Jesus, é mencionada a questão de ele ser

443
Em defesa da fé

físico, e não apenas ter uma mera aparência física (Jo 1.14; Fp 2.5-7). Se
Jesus fez uso de um corpo físico apenas para aparecer aos discípulos e que
aquele não era o seu próprio corpo, então Jesus não só teria mentido para
eles quando os encontrou, mas também teria tentado ludibriá-los, pois,
enfaticamente, afirmou ser Ele mesmo e não outro, e tentou lhes provar
isso (Lc 24.36-42). Por que Jesus seria enfático em afirmar ser aquele o seu
próprio corpo, com, inclusive, as marcas dos cravos, quando ele suposta-
mente sabia que não era? 

Ver resposta à pergunta neste tópico:


Jesus ressuscitou em que corpo?

O fato de Jesus não ter sido reconhecido imediatamente por seus


seguidores logo após sua ressurreição indicaria que ele não res-
suscitou no mesmo corpo que morreu?

Existe uma aparente discrepância entre a ideia da ressurreição corpo-


ral de Cristo e o desconhecimento imediato de sua pessoa por ocasião de
sua manifestação pós-morte. Inegavelmente, Jesus ressuscitou no mesmo
corpo que vivera, pois ele deixou claro este fato, tanto para os seus discípu-
los antes de sua morte (Jo 2.19-22) como depois (Lc 24.38-40). Então não
podemos negar a sua ressurreição corporal sem macularmos sua imagem,
declarando que Ele teria mentido, ou mesmo ludibriado, seus discípulos,
passando-se por alguém que ele, de fato, não era. Isto seria absurdo!
Alguns fatos gerais, tanto psíquicos quanto naturais, relatados nos
Evangelhos poderiam nos auxiliar na compreensão do porquê da dúvida de
quem, de fato, surgiu a partir da manhã da ressurreição:

1. Estado de incredulidade (Jo 20.24, 25).


2. Medo (Lc 24.36, 37).
3. Escuridão (Jo 20.1, 14, 15).
4. Distância (Jo 21.4).

444
C u rs o A po lo gético

Além destes fatos, devemos também nos lembrar de que a dúvida foi
apenas momentânea. Pois, mesmo antes que Ele desaparecesse após todas
as suas aparições, os discípulos estavam convictos de que, de fato, tinham
visto o seu Mestre (GEISLER, 1999, p. 405). Se não tivessem a convicção
de que encontraram Jesus Cristo após sua morte, jamais teriam sacudido o
mundo com a sua fé (At 17.6). Você morreria por alguém que você não tem
certeza que ressuscitou, quando Ele próprio disse que ressuscitaria? Os
apóstolos deram a sua própria vida por essa convicção obtida por seu con-
tato com o mestre após ter morrido e vencido a morte!

O corpo ressuscitado dos salvos é uma substituição do corpo


anterior?

Não. O apóstolo Paulo, ao tratar da questão da natureza e forma do


corpo ressuscitado, afirma que o corpo ressuscitado é o mesmo que morreu,
pois declara, com relação à esperança de sua própria ressurreição: “É ne-
cessário que este corpo corruptível se revista...” (1Co 15.53). Revestir algo
não é o mesmo que substituí-lo, portanto, obviamente o corpo ressuscitado
será o mesmo com uma natureza espiritual que o revestirá, evitando todas
as falhas de nossa natureza humana decaída. Um corpo espiritual não é um
espírito, mas, antes, um corpo onde a ação do espírito é plena. Como em
um corpo carnal, a natureza prevalecente é a da carne (1Co 15.40, 44).

Não seria irracional acreditarmos em uma ressurreição a um estado


anterior de existência, visto que o nosso corpo após a morte entra
em completa decomposição? Como poderia o pó ser reconstituído?

Ações sobrenaturais de qualquer origem não podem suscitar uma res-


posta totalmente “racional” (de acordo com aquilo que é compreendido
simplesmente pela razão objetiva e científica) a seus resultados, pois deixa-

445
Em defesa da fé

riam de ser milagres, ou seja, uma ação de origem não física e, portanto,
não explicável pelos cânones (regras) da ciência (que deve ser completa-
mente empírica, portanto limitada) e da racionalidade materialista. Então
não deveríamos tentar encontrar uma resposta científica a um fenômeno de
origem não física como a ressurreição. Além disso, o fato de o corpo de uma
pessoa ter sido completamente absorvido ou se tornado pó não anular a
completa existência de alguma matéria que ainda existente daquela pessoa,
pois a matéria se transforma em nosso mundo físico e não deixa de existir
de alguma outra forma secundária. Quando, por exemplo, encontramos uma
pessoa que, por acidente, perdeu todos os braços e pernas, e até mesmo
parte do tronco, acreditamos que aquela pessoa continua sendo a mesma
pessoa que conhecíamos antes, independentemente de ela atualmente pos-
suir ou não a mesma estrutura física que possuía. Da mesma forma, se Deus
usar a menor partícula existente de um ser para reconstruí-lo no todo,
ainda assim não estará anulando que o mesmo ser que morreu possa ter
recobrado a existência. Se Deus fez o universo do nada (creatio ex-nihilo),
não poderia, a partir de material preexistente (creatio ex-materia), reconstruir
um ser que se transformou em pó? O que seria mais difícil para nós: criar
algo sem matéria preexistente ou construir algo a partir de alguma matéria
que possuímos? Imagine Deus que não possui nenhum grau de dificuldade
nas ações por ele realizadas!

Ver resposta à pergunta anterior.


Para informações complementares sobre
ações sobrenaturais, leia o tópico Milagres.

Qual a finalidade principal da ressurreição futura dos mortos?

A Bíblia demonstra uma dupla finalidade na ocasião da ressurreição


dos mortos, quando a menciona várias vezes. Teremos uma ressurreição
para a glória, demonstrando finalmente aos salvos a vitória final sobre o
poder e domínio da morte (1Co 15.54-57), e uma ressurreição posterior

446
C u rs o A po lo gético

(mil anos depois) para a morte eterna, ou seja, a separação eterna de Deus,
vindicando a sua justiça sobre todo o mal, quando será dado aos participan-
tes dessa ressurreição um corpo adequado para o local onde ficarão duran-
te toda a eternidade, o lago de fogo (Ap 20.5, 6, 11-15). Portanto, a ressur-
reição possui dupla finalidade: premiação e vitória dos salvos sobre a morte
e punição das obras dos ímpios de todas as eras com um corpo adequado
para essa finalidade. 

* * *

A Igreja católica formulou o dogma da assunção de Maria em


1850, com o papa Pio XII. Segundo este dogma católico,
Maria, após a sua morte, teria sido ressuscitada e ascendido
aos céus com o seu corpo completamente glorificado, e esta-
ria hoje intercedendo pelos fiéis católicos nos céus. O Cate-
cismo declara: “Finalmente, a imaculada virgem, preservada
imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso
da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste [...] A assun-
ção da virgem Maria é uma participação singular na ressurreição de seu
filho e uma antecipação da ressurreição de outros cristãos” (2001, p. 273).
O maior problema deste dogma católico repousa sobre o fato de a
Bíblia mencionar com detalhes a ordem da ressurreição: primeiro Cristo,
que é “as primícias”, depois os de Cristo na sua vinda (1Co 15.23). A Bíblia
não menciona em lugar algum que Maria teve uma “participação singular
na ressurreição de seu filho...”, ou que ela participaria de uma forma “sin-
gular” de ressurreição que fosse uma antecipação da ressurreição futura dos
fiéis, pois o cumprimento deste papel coube à ressurreição de Jesus Cristo
somente (1Jo 3.2; Fp 3.20, 21).

447
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

RESSURREIÇÃO

1. O que significa anastasis na língua grega?

2. Por que a ressurreição de Cristo não pode ser considerada um


mito?

3. Por que a expressão “Jesus, filho de José” encontrada em uma


tumba em Jerusalém não prova que tenha sido encontrada a
ossada de Cristo?

4. Cite os principais problemas a serem resolvidos pelos propo-


nentes da teoria do roubo do corpo de Cristo.

5. Todos os discípulos poderiam ter se confundido com relação ao


local da tumba de Cristo? Explique.

6. Por que Jesus não poderia ter sobrevivido a um desmaio na


cruz?

7. Que tipo de corpo era o de Cristo a partir da ressurreição?

8. Um corpo natural pode habitar no céu? Explique.

9. A ressurreição dos mortos é completamente irracional à luz das


leis físicas conhecidas? Explique.

10. Por que o dogma da assunção de Maria é inconsistente do pon-


to de vista bíblico?

448
PROVA – RESSURREIÇÃO

1. Sob as histórias de ressurreições de personagens em crenças antigas, podemos


declarar que:
a) Podem ser autênticas.
b) São mitos acrescentados a personagens religiosos, após o surgimento do cristia-
nismo.
c) De fato, não existem.
d) Foram criadas pelos romanos para combater a religião cristã.

2. Sobre a veracidade da ressurreição de Cristo, podemos declarar que:


a) É apenas uma questão de fé.
b) É uma história alegórica criada pelas primeiras comunidades cristãs.
c) Por colocar mulheres como testemunhas da ressurreição, o relato deve ser
digno de crédito.
d) Não se encontra nos textos mais antigos do NT.

3. Sobre a suposta frequência com que os nomes Jesus e José aparecem em ossuá-
rios em Israel, sabemos que:
a) Eram nomes de ocorrência rara dentro de uma mesma família.
b) Jesus era um nome popular, mas José era um nome raro.
c) Só foram encontrados os dois nomes em um único ossuário em Israel.
d) Ambos os nomes eram extremamente populares em Israel dentro de uma mes-
ma família.

4. Sobre a tentativa de ligar a ressurreição de Cristo a uma suposta alucinação


coletiva, sabemos que:
a) Este tipo de alucinação é possível em alguns casos.
b) Não existem, principalmente diante de pessoas que não possuem expectativas
sobre o que querem ver.
c) Alucinações coletivas são raras para justificar supostas aparições do Cristo res-
surreto.
d) Uma alucinação coletiva só afeta um grupo pequeno de indivíduos, e não po-
deria explicar a quantidades de testemunhas que afirmaram ter visto Jesus.

449
5. A teoria dos desmaios para justificar a ressurreição de Cristo se mostra ineficaz
por:
a) Ignorar a questão da ruptura da bolsa que envolve o coração e a quantidade de
substâncias usadas para preservar o corpo sepultado.
b) Ter sido criada apenas posteriormente, após o início da perseguição contra os
cristãos em Roma.
c) Ninguém ficar durante tanto tempo desmaiado.
d) Gerar muitas dúvidas sobre os detalhe de como o corpo foi removido do sepul-
cro e quem o fez.

6. O corpo ressurreto de Cristo era:


a) Um outro corpo semelhante ao anterior.
b) Um corpo aparente ao corpo anterior.
c) Um corpo igual ao que havia morrido.
d) O mesmo corpo que morreu, mas incorruptível.

7. O fato de Jesus ser chamado de “espírito vivificante” indica:


a) A relação única de Cristo com o Pai.
b) Sua igualdade com relação a Adão.
c) Sua superioridade com relação a Adão.
d) N.R.A.

8. Sobre a natureza da ressurreição de Cristo, sabemos que atualmente ele:


a) Encontra-se em espírito no céu.
b) Encontra-se em forma corpórea no céu.
c) Encontra-se em forma misteriosa ao nosso entendimento.
d) Encontra-se em corpo angelical.

9. Sobre a reconstituição do corpo durante a ressurreição, podemos inferir que:


a) É algo improvável do ponto de vista humano.
b) É algo possível para um Deus que realiza milagres.
c) Já ocorreram outros casos de ressurreição no passado que foram semelhantes à
futura.
d) É uma ação condicional de Deus adquirida somente pelos salvos.

450
10. O dogma da assunção de Maria nega:
a) A ressurreição dos mortos.
b) A singularidade da ressurreição de Cristo.
c) O poder de Deus de ressuscitar os que morreram em Cristo.
d) A ordem bíblica da ressurreição.

451
Em defesa da fé

SalvaÇÃo

DEFINIÇÃO

Salvação (Gr. sõteria), em termos espirituais, significa a libertação do perigo


da morte espiritual e separação eterna de Deus. A Bíblia afirma que Jesus
é o único Salvador (Jo 14.6; At 4.12), e que somente por meio da fé nele e
em seu sacrifício substitutivo por nós na cruz do calvário (Rm 3.24-26) po-
deremos ser libertos do cativeiro do pecado e, consequentemente, da puni-
ção eterna (Jo 11.25, 26).

Podemos alcançar a salvação por meio de nossas boas obras?

Não. A Bíblia afirma enfaticamente que obras de justiça jamais po-


derão pagar o preço do resgate de uma alma humana (Sl 49.7, 8; Tt 3.5),
pois as melhores obras daqueles que não seguem a justiça divina são
diante de Deus como “trapos de imundícia” (Is 64.6, 7). O apóstolo Pau-
lo afirma que somos salvos somente por meio da fé, independentemente
de obras que realizamos (Ef 2.8, 9), pois, segundo a Bíblia, quando faze-
mos boas obras, estamos fazendo a nossa obrigação como criaturas de um

452
C u rs o A po lo gético

Deus amoroso e cheio de boas obras as quais criou para que cada salvo
andasse nelas (Ef 2.10).

Para informações complementares sobre este tema, ver o tópico Fé:


Como alguém pode ser salvo somente por meio da fé, se a Bíblia
declara que a fé sem obras é morta (Tg 2.17)?

Se a nossa fidelidade não nos salva, por que a Bíblia afirma que
“aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24.13)?

A palavra “salvação” na Bíblia nem sempre significa salvação espiritual


ou da condenação eterna. Por isso, encontramos várias situações nas quais
Jesus ou alguém usa a palavra “salvação” como sinônima de uma libertação
presente, como uma cura (Mc 5.31-34), uma ressurreição (Lc 8.49, 50) ou
a libertação de um espírito imundo (Lc 8.35, 36). O contexto de Mateus 24
é a grande tribulação, quando somente serão salvos os que derem as suas
vidas como um preço por sua fé em Deus, ao contrário da obediência ao
Anticristo (Ap 6.9-11; 13.8-10). Portanto, o verso de Mateus 24.13 não en-
sina a salvação por meio da fidelidade (que também seria uma obra de jus-
tiça), mas que quem for fiel até o fim de sua vida na tribulação estará con-
firmando o seu temor e fé no Deus verdadeiro, o qual resgatará a sua alma.

Como podemos ter certeza de nossa salvação se a Bíblia afirma


que “quem pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12)?

Paulo, em 1 Coríntios 10.12, não está defendendo nenhuma possibili-


dade de não termos certeza de nossa salvação, pois ele mesmo confiava
nessa verdade revelada nas Escrituras Sagradas (1Ts 4.17, 18). No contexto
dessa declaração do livro de Coríntios, Paulo está apenas mencionando a
infidelidade e a desobediência a Deus e suas consequências (vv. 10, 11),

453
Em defesa da fé

assim como a possibilidade de cedermos à tentação e cairmos em pecado,


como o próprio Jesus já tinha afirmado (Lc 22.40, 46). Portanto, cair, neste
contexto, não significa perder a certeza de nossa salvação, antes, ceder à
tentação, pois estamos garantidos pelo sacrifício de Cristo, e não por nossos
méritos de justiça.

O batismo salva?

Para informações complementares


sobre este tema, ver o tópico Batismo:
O batismo é essencial para a salvação, pois somente
por meio dele podemos ser salvos (Mc 16.16).

O texto de At 2.38 declara que o batismo é para remissão de pecados,


portanto o batismo salva!

O apóstolo Paulo teve os seus pecados


lavados nas águas do batismo (At 22.16).

O apóstolo Pedro afirmou em uma de suas


epístolas que o batismo salva (1Pd 3.20, 21).

Segundo a Bíblia, o que devemos fazer para sermos salvos?

Não podemos alcançar a salvação por meio de nossas boas obras (Ef
2.8-10; Tt 3.5), pois, segundo a Bíblia, toda a raça humana, a partir da
“queda” de Adão e Eva, nasce debaixo do pecado (Rm 5.12-15) e inimiga
de Deus (Ef 2.2, 3). A provisão de Deus para o resgate da humanidade foi
o sacrifício de Cristo por nós, e não as regras morais que ele próprio ensinou
a todos quanto o ouviram (Mc 10.45; Rm 3.24-26). Como o homem nasce
“manchado pelo pecado” (Rm 3.23), não existem obras que possam ser
aceitas como preço pela salvação de sua alma (Sl 49.7, 8). Somente quando

454
C u rs o A po lo gético

confessamos os nossos pecados a Deus (1Jo 1.9) e declaramos crer em Jesus


como nosso Salvador pessoal (Rm 10.9-11), somos perdoados de nossos
pecados anteriormente feitos diante de Deus e somos salvos da condenação
eterna (At 3.19-21), pois a obra de Deus para a salvação da humanidade é
crer naquele que Ele enviou (Jo 6.28, 29).

Podemos ter certeza de nossa salvação?

Sim. O próprio Jesus Cristo declarou que, se alguém cresse (presente)


nele, a partir daquele momento não entraria mais em juízo porque já pas-
sara da morte para a vida (Jo 5.24). O apóstolo João, em sua primeira epís-
tola, também confirmou essa mesma verdade de que, se temos Jesus, no
estado presente, em nossas vidas, já somos participantes da vida eterna
proporcionada por Deus (1Jo 5.11-13). Portanto, a salvação, de acordo com
a Bíblia, é uma possessão presente que será revelada em sua plenitude no
futuro (1Pe 1.9).
Se alguém acha que precisamos alcançar um status de santidade que
justifique a nossa aceitação por parte de Deus, ainda não compreendeu o
que, de fato, significa “graça” e a extensão de sua ação na experiência
humana. Se somos salvos por meio de uma ação proveniente da graça
divina, como declara as Escrituras (Ef 2.8, 9), eu não posso agregar valo-
res além dos méritos de Cristo que sejam suficientes para servirem de
auxílio para que eu possa finalmente alcançar a vida eterna, por pelo
menos cinco motivos:

1. As nossas melhores obras de justiça são insuficientes para nos pu-


rificar diante do Eterno (Is 64.6, 7a).
2. Todas as obras dos salvos devem ser vistas apenas como fruto de
nossa obrigação como filhos de Deus. Não acrescentando mérito
salvífico algum além daqueles já pertencentes a Cristo (Ef 2.10;
Tt 3.5).

455
Em defesa da fé

3. As Escrituras declaram que TODOS nós estamos em pecado, pois,


se alguém disser que não está em pecado, já cometeu pecado e
negou a verdade de Deus (1Jo 1.8,10).
4. As nossas boas obras não nos auxiliam a sermos salvos, mas, sim,
identificam quem seremos no futuro reino de Deus, pois o próprio
Jesus afirmou que haverá diferenças de posição na glória do Reino
(Ap 2.25-28, 3.21), havendo maiores e também menores no Reino
futuro (Mt 11. 11, 18.4).
5. Nunca mereceríamos o dom da salvação (nem ontem, nem hoje,
nem amanhã), pois a salvação não depende de nossos esforços de
santificação, mas do estado de justiça e santidade exclusivamente
pertencente a Jesus Cristo, o nosso Salvador (Tt 3.5-8).

Deus salvará a todos?

Não encontramos nas Escrituras Sagradas nenhuma afirmação que


apoie o “universalismo” (todas as pessoas do presente, passado e futuro
serão salvas). Se todas as pessoas fossem salvas no final, por que a Bíblia
menciona haver no futuro a punição eterna dos ímpios (Mt 25.41-46;
Ap 20.11-15)? Se todos serão salvos e a salvação é somente por fé (Ef 2.8, 9),
por que Paulo declara que a fé não é de todos (2Ts 3.2)? Portanto, não en-
contramos tal conceito de salvação geral na Bíblia.

Deus não seria injusto se condenasse as pessoas que nunca tiveram


uma oportunidade de ouvir o evangelho para salvação?

As Escrituras afirmam que Deus usou algumas formas de revelação à


humanidade para lhe servir de luz. A natureza (Sl 19.1-6; Rm 1.20), a
Bíblia (Sl 119.1-11) e Jesus (Jo 1.1-7, 14, 17, 18; Hb 1.1-2) são as três reve-
lações progressivas dadas pelo Senhor, para que o homem o reconhecesse

456
C u rs o A po lo gético

como seu soberano e Senhor. O fato de os homens terem rejeitado o co-


nhecimento de Deus por meio de sua primeira revelação, a criação, já o
colocaria em uma situação de completa inculpabilidade diante do homem
que criou (Rm 1.18-32), se é que poderíamos dizer que Deus possua al-
guma “culpa” se condenasse toda a raça humana ao inferno. Se eles rejei-
taram a primeira de suas “luzes”, Deus não seria obrigado a enviar nenhu-
ma luz adicional para lhes servir de guia à verdade. Se, pela revelação
natural, o homem rejeitou o seu Criador, Ele não teria obrigações legais
de revelar progressivamente mais informações que o ajudasse a conhecer
este Deus.
Cornélio foi um gentio que, por causa de seu temor ao Senhor, foi
objeto de uma provisão sobrenatural de Deus (At 10.1-5, 30-43), demons-
trando assim que, quando alguém se inclina para o Senhor Deus, ele move
o sobrenatural, se preciso for, para alcançá-lo, visto estar próximo de todos
os homens, como disse o apóstolo Paulo aos pagãos gregos (At 17.27, 28).
Abraão, quando dialogou com Deus acerca do juízo que viria sobre as ci-
dades de Sodoma e Gomorra, apelou para a justiça divina, afirmando ser
Deus justo e que jamais condenará o inocente nem inocentará o culpado
(Gn 18.22-33). Não seria o senso de justiça de Deus mais elevado do que
o nosso? Se um homem morresse por ignorar haver uma cura para a sua
doença, seria culpado o laboratório que desenvolveu o medicamento, se ele
já estivesse disponível?

Existe uma segunda oportunidade de salvação, de acordo com a


palavra do apóstolo Pedro, ao afirmar que “o evangelho foi pre-
gado também a mortos” (1Pe 4.6)?

Todo o contexto bíblico aponta para o fato de a salvação ser uma


possessão presente enquanto dispomos de vida, e nunca uma possibilida-
de futura por meio de algum tipo de “arrependimento pós-morte”. Tanto
Jesus (Lc 16.19-31) quanto o escritor do livro de Hebreus (Hb 9.27)

457
Em defesa da fé

confirmam que, após a morte, não temos como modificar o início de nos-
so estado eterno. Pedro não poderia contradizer esse fato claramente
harmônico com as Escrituras, pois ele próprio cria que a Bíblia não era
fruto da interpretação individual, e sim de inspiração divina (2Pe 1.20,
21). O contexto da epístola de Pedro nesse capítulo aponta para a questão
da responsabilidade humana e do julgamento divino (vv. 4, 5), e pode
estar se referindo aos “mortos”, como aqueles que ouviram o Evangelho
em vida, mas que agora estavam mortos. Outra possível interpretação
seria “mortos” espiritualmente, por nunca terem ouvido e crido nas pro-
messas gloriosas do Messias de Israel até aquele momento (“Os gentios”
– v. 3), e agora terem sido alcançados com a mensagem de Deus, tornan-
do-se vivos no espírito (Ef 2.3-5). Assim, esta interpretação harmoniza-se
com o restante da Bíblia, a qual não ensina uma “segunda oportunidade”
para os perdidos.

Para informações complementares sobre


este tema, ver o tópico Purgatório.

Jesus pregou o evangelho aos perdidos do Hades (Inferno –


1Pe 3.18, 19)?

A palavra que aparece no texto de 1 Pedro no original grego, Kerysso,


aparece também em outros textos bíblicos, fazendo referência à proclama-
ção de alguma mensagem que necessariamente não seria o Evangelho de
Cristo (Mc 1.45; Lc 12.3), pois esta expressão grega pode significar apenas
a proclamação de algo. Como não encontramos em nenhum outro texto
bíblico a ideia de uma segunda oportunidade dada a alguém após a morte,
não poderíamos acreditar tratar-se aqui dessa questão. A continuação do
texto nos mostra o suposto grupo para o qual Jesus pregou em espírito, os
desobedientes e rebeldes que rejeitaram a graça de Deus ainda nos dias de
Noé, e que, presos no Inferno (Hades), ouviram alguma proclamação de

458
C u rs o A po lo gético

Cristo, cujo teor não conhecemos (v. 20). O texto em si não nos dá base
para a defesa de uma segunda oportunidade aos perdidos.
Também o texto poderia indicar todos os perdidos antes da vinda de
Cristo usando como referência os “dias de Noé”, por ter sido esses dias o
maior período de juízo global que conhecemos na história humana.

Para informações complementares sobre


este tema, ver o tópico Inferno:
Se o “Inferno” (Sheol, Hades) é um lugar de tormento
de ímpios, por que alguns homens piedosos foram ou
desejaram ir pra lá (Jó 14.13; Gn 37.35; Jn 2.1-6; Sl 16.10)?

Paulo declara que nenhuma “obra de justiça” pode nos


auxiliar a alcançar a salvação (Tt 3.5). Jesus, por ocasião
do seu batismo, declarou que o batismo era uma obra
de justiça a ser cumprida por Ele (Mt 3.15, 16). A CCB
anula a graça de Deus e nega até mesmo essa importante afirmação relata-
da nas Escrituras Sagradas ao declarar que o batismo salva e regenera o
converso. Este ensino desencaminhante que anula a suficiência do sacrifício
de Cristo, e consequentemente a supremacia da fé como meio de salvação
(Ef 2.8, 9), é defendido nos seguintes termos:

“Nós cremos no batismo na água, com uma só imersão, em Nome


de Jesus Cristo (Atos 2.38) e em Nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo (Mat 28.18-19) [...] Depois da ressurreição é que
Deus o fez Senhor e Cristo. E nós, quando saímos das águas do
batismo, ressurgimos em novidade de vida, tendo em nós a vida
de Cristo. Temos a natureza do homem glorificada em nós mesmos.
O primeiro batismo na igreja apostólica foi feito em nome de
Jesus Cristo. E não em nome do Senhor Jesus Cristo. Nesta reu-
nião, aprendemos que doutrina não é ponto de vista deste ou
daquele, mas a Santa Verdade encontrada na Palavra de Deus

459
Em defesa da fé

[...]” (74ª Assembleia – 2009 – Resumo de Ensinamentos, grafia


original [Itálico acrescentado]).

Além disso, ensinam que o perdão dos pecados está ligado ao batismo:

“A palavra ide exprime a ordem que Jesus nos dá e consequente-


mente a missão com a qual Ele nos envia. O MANDAMENTO
DE BATISMO encontra-se em Atos dos Apóstolos 2, 38: “...”,
para perdão dos pecados... (Tópico nº 48 da 74ª Assembleia de
1969 – grafia original).

Como acreditar que a CCB é uma igreja legitimamente cristã se a


doutrina da salvação, que é a porta de entrada para a experiência da graça
de Deus em nós, é claramente negada? Uma igreja que nega a forma de
salvação demonstrada na Bíblia pode ser uma igreja autenticamente cristã?

460
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

SALVAÇÃO

1. Qual o papel das obras na fé cristã?

2. O que significa “quem perseverar até o fim será salvo”?

3. O que significa “quem está em pé veja que não caia”?

4. Por que o batismo não pode nos salvar?

5. Quais passos, segundo a Bíblia, o homem deve seguir para ser


salvo?

6. Baseado em que podemos ter certeza de nossa salvação?

7. Por que não podemos crer que Deus salvará a todos?

8. Por que não seria injustiça da parte de Deus se todos os que


não ouviram o Evangelho forem condenados eternamente?

9. Existe alguma segunda oportunidade oferecida aos perdidos


após a morte? Explique.

10. Em que sentido a CCB se afasta da teologia bíblica da salvação?

461
PROVA – SALVAÇÃO

1. De acordo com a Bíblia, as nossas boas obras são:


a) Nossa obrigação, pois Deus nos criou para que andássemos nelas.
b) Uma forma meritória de justiça, que nos auxilia na salvação.
c) Juntamente com o batismo, a fonte de nossa salvação.
d) Uma opção ao salvo.

2. A palavra “salvação” na Bíblia indica:


a) O livramento da condenação eterna.
b) Uma condição temporária de bem-aventurança.
c) Não apenas salvação eterna, mas também libertação presente.
d) O livramento de qualquer tipo de mal presente.

3. Sobre a possibilidade de o salvo cair, as Escrituras declaram que:


a) Essa queda é para a perdição.
b) Essa queda significa ceder à tentação.
c) Essa queda é o pecado que está em nós.
d) Essa queda ocorre quando tememos obedecer ao Senhor.

4. Podemos ser salvos quando:


a) Confessamos os nossos pecados crendo em Cristo como nosso único Salvador
pessoal.
b) Quando nos batizamos crendo na palavra.
c) Quando praticamos obras dignas de salvação.
d) Confessamos os nossos pecados e nos batizamos.

5. Sobre a certeza de nossa salvação, podemos declarar que:


a) Não podemos ter tal certeza, apenas o Senhor.
b) Esta certeza depende dos meus atos meritórios de justiça.
c) Se já fui batizado, estarei com o Senhor.
d) A salvação é uma possessão presente que se revelará plenamente no futuro.

462
6. O que indicará quem seremos no futuro Reino será:
a) Nossa conversão.
b) Nosso batismo.
c) Nossos dons espirituais.
d) Nossas boas obras.

7. A crença na salvação de toda a humanidade é conhecida como:


a) Idealismo.
b) Exclusivismo.
c) Universalismo.
d) Existencialismo.

8. Sobre a condição dos mortos, em nenhum lugar na Bíblia encontramos:


a) Arrependimento pós-morte.
b) Batismo de arrependimento.
c) Obras de justiça.
d) Justificação por fé.

9. A palavra grega keryso, usada para indicar o teor da mensagem de Cristo aos
espíritos em prisão, significa:
a) Pregação do Evangelho.
b) Proclamação de uma mensagem.
c) Proclamação de uma boa mensagem.
d) N.R.A.

10. Segundo a CCB, o batismo:


a) É um símbolo de obediência.
b) Deve ser ministrado às crianças.
c) Não confere nenhum mérito ao salvo.
d) Nos salva, pois é para o perdão de nossos pecados.

463
Em defesa da fé

SatanÁS

DEFINIÇÃO

A palavra “Satanás” (Hb. sãtan) significa basicamente “opositor” e pode


aparecer nas Escrituras como um adjetivo (qualificando alguém como um
adversário ou opositor), ou como um substantivo (o nome pelo qual é cha-
mado o inimigo da obra de Deus, segundo a Bíblia), aparecendo pela pri-
meira vez no AT, fazendo referência ao Anjo do Senhor como um adversário
de Balaão, o falso profeta (Nm 22.22). É usado no contexto geral da Bíblia
como referência ao inimigo de Deus (o Diabo), que se opõe veementemen-
te ao Criador eterno e à sua obra (Mt 4.10; 12.26).

Quando Jesus se referiu a Pedro como “Satanás”, estava declaran-


do que o apóstolo estava possesso (Mt 16.23; Mc 8.33)?

Não. A palavra “Satanás” aparece na Bíblia, significando apenas “ad-


versário”, sem necessariamente se referir ao Diabo, o inimigo de Deus (1Sm
29.4; Sl 38.20; 71.13). Também a primeira vez que essa palavra aparece no
original hebraico se refere a um representante legítimo de Deus, fazendo
oposição a Balaão, e não Satanás, o inimigo de Deus (Nm 22.22). Podemos
interpretar a passagem apenas como uma palavra de repreensão por parte

464
C u rs o A po lo gético

do Senhor Jesus a Pedro, chamando-o de adversário (Satanás), quando este


se opôs às suas palavras acerca de sua obra de resgate pela humanidade,
morrendo na cruz do calvário (Mt 16.21-22).

Que categoria de ser era Satanás antes da queda?

As Escrituras apresentam de forma clara a identidade de Satanás antes


da queda como sendo a de um querubim (Ez 28.14, 15). É óbvio que, com
sua queda, ele tenha perdido o estado no qual ele se encontrava tanto com
relação a sua proximidade com Deus como as funções relativas a sua posição,
mas ainda manteve o acesso a Deus, e por isso ainda é capaz de acusar
diante de Deus os salvos (Jó 1.6, 7; Ap 12.10).

Que tipo de poder Satanás é possuidor?

As Escrituras mencionam o fato de Satanás ter sido expulso do céu,


mas não indica que algum dos poderes que ele possuía anteriormente
tenha sido removido dele. Por isso, encontramos nas Escrituras ele ou
seus demônios:

1. Realizando a transfiguração de objetos (Êx 7.9-13).


2. Movendo as forças da natureza (Jó 1.13-19).
3. Possuindo animais (Gn 3.1; Lc 8.32, 33).
4. Se passando por anjo de luz (2Co 11.14).
5. Produzindo enfermidades (Jó 2.7).
6. Se materializando (1Sm 28.13, 14).
7. Possuindo seres humanos (Lc 4.33-36).

Para mais informações complementares


sobre este tema, consultar o tópico Diabo.

465
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

SATANÁS

1. Qual o significado da palavra “Satanás”?

2. Qual a diferença da palavra “Satanás”, quando usada como


substantivo ou como adjetivo nas Escrituras?

3. Quem pela primeira vez é chamado de Satanás nas Escrituras


Sagradas?

4. Em que sentido Jesus chamou Pedro de Satanás?

5. Satanás é o Diabo? Explique.

466
AVALIAÇÃO – SATANÁS

1. A palavra “Satanás” significa basicamente:


a) Inimigo.
b) Opositor.
c) Aquele que se levanta.
d) Destruidor.

2. Além de retratar o inimigo de Deus, a palavra “Satanás” também se refere a:


a) Um provérbio.
b) Um erro de tradução.
c) Uma palavra do aramaico moderno.
d) Um adjetivo.

3. A primeira ocorrência da palavra Sãtan nas Escrituras faz menção a:


a) Um inimigo comum.
b) Satanás.
c) O anjo do Senhor.
d) Pedro.

4. No contexto geral da Bíblia, a palavra Satanás aparece como:


a) O inimigo de Deus.
b) Balaão.
c) Referência a qualquer anjo caído.
d) Um ser poderoso.

5. A atitude de Cristo com relação à oposição de Pedro pode ser reconhecida como:
a) Um caso de libertação demoníaca.
b) Um caso de pecado revelado.
c) Um caso de oposição a Cristo.
d) Um caso de acusação do Senhor.

467
6. O primeiro texto bíblico que menciona a palavra “Satanás” se encontra em:
a) Gn 3.1.
b) 1Sm 29.4.
c) Mt 16.21, 22.
d) Nm 22.22.

7. Segundo as Escrituras, Satanás era:


a) Um serafim.
b) Um querubim.
c) Um arcanjo.
d) Um anjo protetor.

8. De acordo com as Escrituras, após sua expulsão, Satanás:


a) Perdeu sua posição, mas não seus poderes.
b) Manteve sua autoridade como querubim ungido.
c) Manteve sua posição celestial.
d) Perdeu sua capacidade de materialização.

9. Sobre o possível acesso de Satanás a Deus no céu, podemos dizer que:


a) É um mito.
b) É uma probabilidade.
c) É uma falácia interpretativa.
d) É uma realidade bíblica.

10. De acordo com a Bíblia, Satanás ou seus anjos podem:


a) Possuir objetos.
b) Passar-se por anjo de luz.
c) Se transfigurar em um animal.
d) N.R.A.

468
C u rs o A po lo gético

trinDaDe

DEFINIÇÃO

Doutrina cristã implícita no AT que se refere à natureza de Deus como


sendo composta por três pessoas distintas e essencialmente divinas. A dou-
trina da trindade não nega o monoteísmo judaico-cristão, antes explica e
estabelece, de forma mais definida, que tipo de ser é o Deus revelado nas
Escrituras Sagradas. A doutrina da trindade estabelece o fato de que, mesmo
a Bíblia afirmando existir um único Deus por natureza (Is 43.10; 1Co 8.4;
Gl 4.8), tanto o Pai (1Pe 1.2, 3) como o Filho (Tt 2.13; 2Pe 1.1) e o Espíri-
to Santo (At 5.3, 4; Hb 10.15, 16) são chamados de Deus.

É a doutrina da Trindade um ensino claramente bíblico?

Sim. Apesar de a Bíblia citar outros seres, chamando-os de “deus” ou


“deuses” (Jz 8.33; Is 44.15-17; 2Co 4.4), declara explicitamente haver apenas
um único ser que, por direito de natureza, pode ser corretamente chamado
de “Deus” (1Co 8.4; Gl 4.8), pois todos os outros supostos “deuses” não
possuem nenhuma natureza divina, antes são assim chamados por aqueles
que os atribuem tal qualidade (se, para alguém, o dinheiro é um “deus”, isso
não faz do dinheiro um deus, de fato, em si). A Bíblia afirma, então, existir

469
Em defesa da fé

apenas um único Deus, em três pessoas distintas que compõem este mesmo
Deus: o Pai (1Pe 1.2, 3), o Filho (Tt 2.13) e o Espírito Santo (At 5.3, 4).
A doutrina da Trindade é declarada implicitamente no uso da própria
palavra “Deus” (Elohim) no primeiro capítulo do livro de Gênesis, onde a
palavra aparece no plural, mesmo se referindo a um único ser criador de
todas as coisas (Gn 1.1-31). A palavra de Deus também afirma que o Senhor
criou o homem, e usa uma expressão pluralizada para se referir a este Deus
(Gn 1.26, 27), mesmo afirmando também que Deus não possuía parceiros
na criação (Is 40.14; 44.24). Essa mesma pluralidade na trindade também
é demonstrada em outras citações, como a queda de Adão e Eva (Gn 3.22)
e a confusão de línguas em Babel (Gn 11.7-9).
Esta doutrina certamente só foi declarada de forma explícita no NT
por causa das tendências idolatras do povo de Israel (Is 1.2-4), para não
confundirem a natureza do único Deus verdadeiro com as tríades dos deu-
ses pagãos conhecidas pelos israelitas desde o período entre o êxodo e o
término do cativeiro persa. Lembrando que, desde a saída de Israel do
Egito até o término do cativeiro babilônico (539 a.C.), os israelitas sempre
foram tendentes a idolatria e constante desvio para cultuar falsas divinda-
des, e não estariam preparados para um relacionamento com o único Deus
cuja natureza é plural. Uma vez solucionado este problema após o cativei-
ro, e o retorno a Israel nos dias de Zorobabel, Esdras e Neemias, agora a
revelação de Deus estava prestes a se consumar no NT com a manifestação
do Messias aguardado pela nação inteira, e a apresentação plena do Deus
mencionado em todo o AT.

Todas as pessoas que negam a doutrina da Trindade também ne-


gam a divindade de Cristo?

Nem sempre. Os trinitarianos creem em um ser trino (Pai, Filho e


Espírito Santo) compondo o único Deus verdadeiro. Este ser, portanto,
seria formado por três pessoas divinas e distintas. Assim, consequentemente,

470
C u rs o A po lo gético

admitem ser Jesus Cristo também divino e que compartilha de uma mesma
natureza com o Pai celestial, mesmo não sendo necessariamente a mesma
pessoa que Ele. Alguns outros acreditam que a doutrina da trindade não é
bíblica, mas admitem a divindade de Cristo, declarando ser ele o próprio
Deus-Pai que se manifestou de modos distintos no decorrer da história
humana (Modalismo). Este ensino é contrário às afirmações claramente
bíblicas que demonstram não ser Jesus Cristo o próprio Deus-Pai (Jo 5.31,
32; 8.17, 18; 17.3-6). Outros acreditam que o Filho e o Pai são divinos (bi-
nitarismo), mas não o Espírito Santo, o que é contraditório à luz de Atos
dos apóstolos (At 5.3, 4).

Por que devo crer na Trindade, se nem mesmo tal palavra aparece
na Bíblia?

Se rejeitássemos a doutrina da trindade pelo simples fato de a palavra


“Trindade” não aparecer em nenhum lugar na Bíblia, teríamos de rejeitar
também a doutrina bíblica da “onisciência” de Deus, visto que não encon-
tramos essa palavra nas Escrituras Sagradas. Mesmo assim, a onisciência de
Deus é ensinada na Bíblia com outros termos (Sl 139.1-6). Não encontramos
a palavra “Bíblia” na própria Bíblia, então deveríamos também rejeitar o
fato de sua existência? A palavra “Trindade” foi criada apenas para nomear
uma doutrina bíblica, e não para criá-la, assim como usamos a palavra “Cris-
tologia” quando nos referimos à doutrina da natureza e obra de Cristo,
mesmo sem essa terminologia aparecer na Bíblia.

Como posso crer na Trindade se ela está além da compreensão


humana?

Se algo está além da compreensão humana, não deve ser visto como
motivo suficiente para ser rejeitado. A Bíblia declara que Deus não teve
começo nem fim, pois é eterno (Sl 90.2). Será que, por não conhecermos e

471
Em defesa da fé

nem entendermos como algo pode existir eternamente por si mesmo, de-
veríamos rejeitar a afirmação bíblica de que Deus seja eterno?
As Escrituras Sagradas confirmam o fato de que Deus, além de um ser
misterioso (Is 45.15), também está muito acima dos homens com respeito
ao conhecimento (Is 55.8, 9). Além disso, aceitamos que quem crê em Deus
é por fé, e não pelo nosso raciocínio lógico, que possui suas limitações dian-
te da convicção dada pela fé (Hb 11.1-3). Se conhecêssemos a Deus em sua
totalidade, Ele deixaria de ser Deus, e nós deixaríamos de ser humanos!

Ver resposta à pergunta deste tópico:


A Bíblia afirma que Deus não é de confusão, portanto,
como a doutrina da Trindade é confusa e contraditória,
não pode ser uma doutrina bíblica (1Co 14.33).

Como a doutrina da Trindade pode ser bíblica se as escrituras


afirmam que o Pai não é o Filho (Jo 8.17, 18)?

A doutrina trinitariana não compartilha da ideia de que o Pai celestial


seja a mesma pessoa que o Filho. Portanto, a distinção entre ambos não é
um empecilho. A Bíblia faz uma distinção entre as pessoas do Pai e do
Filho (Jo 8.17, 18), e declara haver um único Deus verdadeiro (1Tm 2.5),
e que tanto o Pai como o Filho são este único Deus (Jo 17.3; 1Jo 5.20 [A
“vida eterna” citada no texto é Jesus Cristo, de acordo com 1Jo 1. 2]).

Como pode existir uma Trindade de três seres distintos de igual


natureza divina se a Bíblia afirma que não existe ninguém seme-
lhante a Deus (Is 40.25)?

Os trinitarianos não acreditam que o Filho ou o Espírito Santo sejam


semelhantes a Deus, pois Eles não se assemelham a ninguém (Is 40.25;
44.8). Porém, as Escrituras usam vários textos que apontam para Deus como

472
C u rs o A po lo gético

um ser composto e pluralizado (Gn 1.26, 27; Gn 3.22; Gn 11.7-9). O Filho


e o Espírito Santo não são semelhantes a Deus, antes, porém, constituem
essencialmente o único Deus existente, do qual não há semelhante. Portan-
to, quando as Escrituras judaicas declaram que ninguém é semelhante a
Deus, não está afirmando nada com relação às pessoas da divindade, mas
contra as outras supostas divindades, das quais não existe nenhuma seme-
lhante ao Deus Eterno.

Se Deus estava sozinho na criação, como acreditar que existe uma


Trindade criadora e eterna (Is 44.24)?

A palavra “Deus” na Bíblia é uma polissemia (palavra que é empregada


com mais de um significado), sendo utilizada tanto para o Pai (1Pe 1.2, 3)
como para o Filho (Tt 2.13) e para o Espírito Santo (At 5.3, 4). Essa mesma
palavra aparece também na Bíblia, com referência ao Deus trino (Dt 6.4; Sl
83.18). É neste sentido que encontramos a declaração do profeta Isaías de
que Deus (o Deus trino) criou tudo sozinho. O Pai criou (Jr 27.4, 5), o Filho
criou (Cl 1.16-18) e o Espírito Santo também criou (Jó 26.13; 33.4), porém
o Deus trino estava sozinho na criação, por não haver outro Deus além dele
(Is 43.10).

Existe alguma característica essencial da natureza divina que prove


a unidade composta de Deus?

As Escrituras Sagradas afirmam que Deus é amor (1Jo 4.8). Sendo


assim, Ele deve ser um ser composto, por que como seria amor sem se
relacionar com alguém? Alguém pode amar sozinho? Se houve um tempo
em que Deus estava sozinho, pois não havia nenhuma criação (Is 44.24), e
Deus não pode mudar (Tg 1.17), então necessariamente Ele é um ser com-
posto, pois nunca deixou de ser amor, mesmo antes de toda a sua criação
ter sido feita e organizada por Ele.

473
Em defesa da fé

A Bíblia declara que Deus é um, e não três (Dt 6.4).

De fato, as Escrituras Sagradas declaram Deus como único, e a


doutrina da Trindade não nega esta verdade das Escrituras, pois não
afirma que existam três “deuses” em um. A palavra “único”, que aparece
no texto de Deuteronômio 6.4, é Echad no original hebraico, e aponta
aqui e em outros textos para unidade composta, assim como em um ca-
samento em que duas pessoas são consideradas por Deus como uma
única (Echad) carne, mesmo sendo pessoas distintas (“Uma só carne” – Gn
2.24). Existe outra palavra que expressa unidade no hebraico (Yacheed),
mas nunca é usada nas Escrituras quando se refere ao único Deus ver-
dadeiro, por ser usado apenas com referência à unidade simples, quando
se refere a uma única pessoa como Isaque, o filho de Abrão (Gn 22.12).
Portanto, a palavra que aparece em Deuteronômio 6.4 não nega a Trin-
dade, antes estabelece a verdade de o Deus da Bíblia ser um Deus que
possui uma unidade composta, onde no contexto de toda a Escritura
encontramos três pessoas distintas.

A Bíblia afirma que Deus não é de confusão. Portanto, como a


doutrina da Trindade é confusa e contraditória, não pode ser uma
doutrina bíblica (1Co 14.33).

A doutrina da Trindade não é confusa nem mesmo contraditória.


Seria confusa e contraditória se afirmasse que Deus é uma “única pessoa”
e ao mesmo tempo “três pessoas”. Isso, portanto, seria incoerente e irra-
cional. Nem a Bíblia ensina isso, nem os trinitarianos acreditam assim. Se
a mente humana não consegue entender Deus em sua totalidade, não
pode ser suficiente para negar a Trindade, como o fato de não compreen-
dermos a eternidade de Deus não deve ser uma barreira para negarmos
que ele não teve início nem terá fim, como diz a Bíblia (Sl 90.2). Se não
conseguimos nem mesmo definir a totalidade da natureza humana da qual

474
C u rs o A po lo gético

fazemos parte, como poderíamos compreender em sua totalidade a natu-


reza de Deus? Apesar da revelação que temos acerca de quem é Deus em
toda a Bíblia, Ele continua, segundo a própria Bíblia, ainda um ser mis-
terioso (Is 45.15).

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Como posso crer na Trindade se ela
está além da compreensão humana?

Os primitivos cristãos ensinavam a Trindade?

Sim. Temos várias citações de autoridades históricas da Igreja do 2º e


3º séculos que apontam para a doutrina da Trindade, ainda nos dias da
igreja primitiva. Entre elas estão:

1. Justino Mártir: “O Pai do universo tem um filho, e ele, sendo o


primogênito verbo de Deus, é o próprio Deus. E nos tempos an-
tigos ele apareceu na forma de fogo e na semelhança de um anjo
a Moisés” (Primeira Apologia 63).
2. Clemente de Alexandria: “Realmente a deidade plenamente mani-
festa, sendo ele feito igual ao Senhor do universo; porque ele era
o seu Filho” (Exortação aos Pagãos 10).
3. Tertuliano: “O mistério da dispensação ainda deve ser guardado,
que distribui a unidade em uma Trindade, colocando na devida
ordem as três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; três, porém,
não em condição, mas em grau, não na substância, mas na forma”
(Contra Práxeas 1).
4. Orígenes: “Nada na Trindade pode ser chamado maior ou menor,
posto que a fonte da deidade, por si só, contém todas as coisas pelo
seu verbo e razão, e pelo Espírito da sua boca santifica todas as
coisas que são dignas de santificação” (Princípios 1).

475
Em defesa da fé

5. Hipólito: “Não havia nada contemporâneo com Deus. Além dele


nada havia; mas ele, enquanto existia sozinho, mesmo assim existia
na pluralidade” (Contra Noêncio 10).

Portanto, a Bíblia, juntamente com a história eclesiástica, estabelece a


doutrina trinitariana de forma irrefutável.

Nas religiões antigas da Babilônia, Egito e Índia, vemos as imagens


de tríades de deuses. Foi de lá que os cristãos copiaram a doutri-
na da Trindade?

A raça humana veio toda de um único tronco e origem (At 17.26),


portanto seria normal encontrarmos vestígios de crenças primitivas e comuns
em várias religiões espalhadas na face da terra. Gradativamente, o homem
foi se afastando de Deus, habitando toda a terra (Gn 5.1-7; 6.1-7; 10.1-32)
e criando os seus conceitos distorcidos da verdade original, produzindo
assim uma “caricatura” de algumas crenças que representavam Deus. Ne-
nhuma destas comunidades primitivas cria, de fato, em uma Trindade; antes,
possuíam “Tríades” de deuses, o que não é o mesmo. Elas acreditavam em
três divindades superiores entre muitas outras, e não em um único Deus
manifesto em três pessoas distintas, como ensina a doutrina da Trindade.
Além disso, se fôssemos afirmar que toda doutrina cristã com paralelos nas
comunidades pagãs primitivas fosse falsa, teríamos de rejeitar algumas afir-
mações bíblicas como: o Dilúvio, a tentação e queda de Adão e Eva e a
longevidade patriarcal, entre outras declarações, pois todas possuem para-
lelos primitivos nas comunidades pagãs, mostrando, assim, a fonte comum
da verdade que a humanidade possuía no princípio.

Para mais informações complementares


sobre este tema, consultar o tópico Deus:
A crença na existência de um único Deus (monoteísmo)
se desenvolveu a partir do henoteísmo (monolatria),
politeísmo e do animismo primitivo?

476
C u rs o A po lo gético

O imperador romano Constantino foi o responsável pela introdu-


ção da doutrina pagã da Trindade no cristianismo, no Concílio de
Niceia, em 325 d.C.

Negar que o imperador Constantino possuía intenções mais religiosas


que políticas quando tratou da questão de sua suposta conversão ao cristia-
nismo seria provavelmente rejeitar as evidências históricas que apontam o
contrário. O imperador romano certamente viu no cristianismo uma força
que consolidaria o poder do seu império no mundo, mas não podemos
pensar que todas as discussões de cunho religioso, nesse período turbulen-
to da história cristã, foram decididas pelo imperador. A doutrina da Trinda-
de já havia sido definida há mais de cem anos antes, com Teófilo de Antio-
quia e Tertuliano, e não poderia ser, portanto, uma “criação” do imperador
romano que não conhecia as doutrinas do cristianismo ortodoxo. Como
poderia ser o imperador Constantino o introdutor de uma doutrina que já
tinha sido, historicamente, nomeada e estabelecida muitos anos antes nas
comunidades cristãs?
Devido à controvérsia Ariana (a crença de que Jesus não era eterno e,
consequentemente, não poderia ser Deus), foi finalmente convocado o
primeiro Concílio Geral (ecumênico) da Igreja, em 325 d.C., na cidade de
Niceia. É verdade que o imperador romano teria aberto o Concílio, mas
isto não quer dizer que tenha influenciado as decisões em Niceia, pois não
existe nenhuma prova histórica para as decisões doutrinárias terem sido
tomadas pelo imperador romano, pois ele não possuía habilidade teológi-
ca para isso. Ele estava mais interessado em estabelecer a unidade do
cristianismo sob o seu Império do que estabelecer alguma doutrina su-
postamente crida por ele próprio. Uma das provas maiores de que Cons-
tantino não era um defensor da doutrina da Trindade é o fato de ele ter
sido o responsável direto pelo exílio de Atanásio, que esteve em Niceia e
se tornara o grande defensor do trinitarismo bíblico pós-Niceia, em razão
da doutrina professada por ele naquele concílio (OLSON, 1999, p. 167).
Outro fator que é contrário à ideia de que o imperador Constantino fosse

477
Em defesa da fé

um trinitariano convicto e que também tenha sido o introdutor da doutrina


cristã da Trindade é que, em seu leito de morte, o próprio Constantino foi
batizado por Eusébio de Nicomédia, o bispo “porta-voz” de Ário na contro-
vérsia de Niceia em 325 d.C., e totalmente contrário à doutrina da Trinda-
de (GONZÁLES, vol. 2, 1995, p. 99).

Para mais informações complementares sobre a divindade


e a eternidade de Cristo, consultar o tópico Jesus:
Jesus Cristo não era divino, ele foi apenas
o maior profeta de Deus que já existiu.

Jesus Cristo é o mesmo “Jeová” do Antigo Testamento?

Como Jesus pode ser Deus eterno se a Bíblia o


chama de “princípio da criação de Deus” (Ap 3.14)?

Como Jesus pode ser o Deus eterno se é chamado


de o “primogênito de toda criação” (Cl 1.15)?

Jesus não é Deus; é apenas a sua sabedoria personificada (Pv 8.22).

Como Jesus poderia ser Deus, se Deus é onisciente e Jesus


não sabia nem o dia de sua vinda (Mt 24.36; Mc 13.32)?

Para informações complementares acerca da divindade e da


personalidade do Espírito Santo, ver o tópico Espírito Santo:
O Espírito Santo não é um ser pessoal consciente, é apenas a influência
ou poder de Deus, que, às vezes, é tratado em termos pessoais, assim
como a morte o é, sem, contudo, ser uma pessoa (Rm 5.14).

João disse que batizava com água, assim como


Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt 3.11). Se a água
não é uma pessoa, o Espírito Santo também não é.

O Espírito Santo não pode ser uma pessoa, pois a Bíblia


declara que pessoas foram cheias do Espírito Santo (At 2.4).
Como poderia uma pessoa entrar em outra e enchê-la?

478
C u rs o A po lo gético

* * *

As Testemunhas de Jeová são conhecidas por sua posição


contrária à doutrina Cristã da Trindade. Elas publicaram
em 1989 a revista Deve-se crer na trindade? É Jesus o
Deus todo-poderoso?. O objetivo dessa brochura é demonstrar a doutrina
da Trindade como uma distorção da verdade bíblica sobre a natureza de
Deus, de origem no paganismo oriental, e que só foi introduzida no cristia-
nismo no século 4º. O que as Testemunhas de Jeová não explicam é por que
as publicações de cunho cristão, citadas por eles na brochura, tiveram as
suas informações tiradas do seu contexto para parecer que negavam a Trin-
dade, quando, na verdade, segundo as fontes citadas, a defendem.
Na página 6 da brochura, é citado o jesuíta Edmund Fortman como
afirmando: “O Velho Testamento [...] nada nos fala explicitamente, ou
através de necessária dedução, a respeito de um Deus trino que seja Pai,
Filho e Espírito Santo [...] não há evidência de que qualquer escritor
sacro sequer suspeitasse da existência de uma [trindade] na divindade”.
O contexto no qual o escritor fez tal declaração é que a doutrina da Trin-
dade não é explicitamente declarada no AT, mas apenas implícita, e ele
continua a sua declaração nos seguintes termos: “Talvez se pode dizer que
alguns desses escritos [do AT] no tocante à palavra, à sabedoria e ao es-
pírito, realmente forneceram um clima dentro do qual a pluralidade
dentro da deidade ficou sendo concebível aos judeus” (The Triune God:
A Historical Study of the Doctrine of the Trinity, p. 9, 1972).
Na mesma página 6 da brochura é citada A Nova Enciclopédia Britâ-
nica como afirmando: “Nem a palavra ‘Trindade’, nem a doutrina explícita
constam no Novo Testamento”. O contexto no mesmo parágrafo declara o
contrário, demonstrando ter sido a informação tirada do contexto da enci-
clopédia citada: “O Novo Testamento estabelece a base para a doutrina da
Trindade” (The New Encyclopaedia Britannica, p. 126, 1981).
Nas páginas 6 e 7 é citada outra obra como declarando: “De início, a
fé cristã não era trinitarista [...] não era assim nas eras apostólicas e pós-
-apostólicas, como se reflete no N[ovo]T[estamento] e em outros primitivos

479
Em defesa da fé

escritos cristãos”. Mais uma vez, as Testemunhas de Jeová adulteraram a


informação, arrancando-a de seu contexto que diz: “De início, a fé cristã
não era trinitarista na referência rigorosamente ontológica [...] Deve ser
observado que não há nenhuma separação real ou antítese entre as doutri-
nas da Trindade econômica e a Trindade essencial, e é natural que seja
assim. A Triunidade [ou a trindade essencial, a doutrina do Deus trino e
Uno] representa o esforço para excogitar a Trindade [econômica], de modo
que lhe forneceu uma base na razão” (Encyclopaedia of Religions and Ethi-
cs, vol. 12, p. 461). A obra não nega a Trindade, apenas afirma que os cris-
tãos, apesar de crerem na Trindade, não falavam de Deus de forma explí-
cita como ontologicamente (na natureza ou ser essencial) trinitário. Por que
as Testemunhas de Jeová afirmam que ensinam a verdade, se tiraram todas
estas declarações de seu contexto para distorcer os fatos?
Outra citação das Testemunhas de Jeová que demonstra a disposição
dessa organização em distorcer citações históricas é a seguinte afirmação
acerca de Tertuliano: “Tertuliano, falecido por volta de 230 EC, ensinou a
supremacia de Deus. Disse ele: o Pai é diferente do Filho (outra pessoa),
uma vez que é maior; assim como quem gera é diferente de quem é gerado;
quem envia, diferente de quem é enviado”. Também declaram como tendo
sido dito por Tertuliano: “Houve tempo em que o Filho não existia” (Deve
ser crer na Trindade?, p. 7). A primeira parte da afirmação é trinitarismo
clássico, porque a doutrina da trindade faz distinção entre as pessoas na
divindade, sem, contudo, negar que formam o único Deus verdadeiro. A
continuação do texto não é uma frase dita por Tertuliano (por isso elas não
citam a fonte da declaração), como comprovam outras citações nos livros
das próprias Testemunhas de Jeová, que afirmam ser Tertuliano um trini-
tarista: “Menos de cem anos depois que morreu João, levantou-se um homem
chamado Tertuliano (155-222 E.C.), o qual ensinou que há uma Trindade
de três pessoas de uma só substância em um só Deus” (A Verdade vos
Tornará Livres, p. 283, 1946). Tertuliano era ou não trinitariano? Qual das
obras citadas falta com a verdade segundo as Testemunhas de Jeová com
relação a Tertuliano? Como negar que Tertuliano era trinitariano se o pró-

480
C u rs o A po lo gético

prio Tertuliano foi quem cunhou a Expressão trinitas, em latim, para expli-
car esta doutrina bíblica, definindo a Trindade em: “Uma substância e três
pessoas” (GONZÁLES, vol 1., 1995, p. 127)?

* * *

Os Mórmons não acreditam na doutrina bíblica da Trindade.


Afirmam que, no lugar de três pessoas distintas formando um
único Deus, existem, de fato, três deuses (o Pai, o Filho e o
Espírito Santo). Portanto, de acordo com a Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a doutrina da Trindade é
falsa. O primeiro profeta e fundador da Igreja Mórmon, Joseph
Smith, declarou: “Muito se fala sobre a doutrina da Trindade [...] Os mes-
tres de hoje dizem que o Pai é Deus, que o Filho é Deus, e que o Espíri-
to Santo é Deus, e que os três estão dentro de um só corpo e são um Deus
[...] Se eu fosse testificar que o mundo cristão está errado nesse ponto,
meu testemunho seria verdadeiro”. E continua: “São três personagens
distintos e três Deuses [...] No seu início, a Bíblia mostra que há uma
pluralidade de Deuses, o que não pode ser refutado de forma alguma. O
tema de que estou tratando é importantíssimo. A palavra Elohein deve ser
entendida no plural – Deuses... Muitos homens dizem que há um Deus; o
Pai, o Filho e o Espírito Santo são apenas um Deus. Que Deus estranho
– digo eu – três em um, e um em três!” (Ensinamentos do profeta Joseph
Smith, pp. 303, 362-364).
No final do depoimento das três testemunhas, na Introdução do Livro
de Mórmon, encontramos a seguinte declaração tinitariana: “E honra seja
ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, que são um Deus. Amém”. Além
disso, o próprio Livro de Mórmon declara ser a doutrina da Trindade uma
doutrina verdadeira: “A única e verdadeira doutrina do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, que são um Deus, sem fim. Amém”. (2 Néfi 31.21). E que
existe apenas um único Deus: “Disse então Zeezrom: ‘existe mais de um
Deus?’ E ele respondeu: ‘Não’” (Alma 11.28, 29). Outro problema de har-

481
Em defesa da fé

monia nos ensinos da Igreja Mórmon com relação à doutrina da Trindade


é que no livro de Moisés é afirmado que um só Deus criou todas as coisas
(Moisés 2.1-31), mas no livro de Abraão é dito que a criação foi feita pelos
deuses (Abraão 4.1-3; 5.1-20).
Por que o profeta fundador da Igreja Mórmon nega a Trindade que
está no próprio Livro de Mórmon se, segundo Joseph Smith, esse livro é o
mais correto da face da terra e a pedra fundamental da religião Mórmon
(Introdução do Livro de Mórmon)? Se a doutrina da Trindade é falsa, como
declarou Joseph Smith, que tipo de livro é o Livro de Mórmon, que ensina
tal doutrina?

* * *

Vários pioneiros da IASD eram antitrinitarianos (arianos


ou semiarianos). Sobre este fato, um dos maiores histo-
riadores ASD, George Knight, declarou:

“[...] Bates e [Thiago] White, devido à sua formação


restauracionista, introduziram seu antitrinitarismo no
adventismo. Certos restauracionistas alegavam que a Bíblia não
usa em parte alguma o termo ‘Trindade’. Eles chegaram finalmen-
te a achar que a Trindade fora uma das doutrinas adotadas pelo
cristianismo durante a Idade Média, como produto da ‘grande
apostasia’ mencionada pelas Escrituras” (Em Busca de Identidade,
p. 31, itálico acrescentado).

Thiago White (marido de EGW) era contrário ao trinitarismo, por


considerá-lo resquício do paganismo católico. Ele declarou:

“A maior falta que podemos achar na Reforma é que os reforma-


dores pararam de reformar. Se tivessem ido em frente, até deixar
todo o vestígio do papado para trás, como a imortalidade natural,

482
C u rs o A po lo gético

a aspersão, a Trindade e a guarda do domingo, a Igreja estaria


agora livre dos seus erros antibíblicos” (Review and Herald, p.
149 [7 de fevereiro de 1856], itálico acrescentado).

“A forma espiritualista pela qual negam a Deus como único Senhor,


e que Jesus Cristo está em uma primeira posição [igual a Deus],
constitui um antigo credo trinitariano, fora das Escrituras; que
Jesus é Deus eterno. Embora não exista uma única passagem nas
Escrituras que dê suporte a isso. Enquanto temos claros testemu-
nhos escriturísticos em abundância, que ele é [apenas] o filho do
eterno Deus” (The Day Star, p. 25, 24 de janeiro de 1846, itálico
acrescentado).

O próprio George Knight admite que atualmente até mesmo os fun-


dadores da IASD não se filiariam à Igreja Adventista por rejeitarem doutri-
nas ensinadas hoje. Ele declara:

“A maioria dos fundadores do adventismo não poderia unir-se


à igreja hoje se tivesse que concordar com as ‘27 crenças fun-
damentais’ da denominação. Para ser mais específico, eles não
poderiam aceitar a crença número 2, que trata da doutrina da
Trindade… semelhantemente, a maioria dos fundadores do Ad-
ventismo do Sétimo Dia teria dificuldade em aceitar na crença
fundamental número 4, que afirma a eternidade e divindade de
Jesus… a maioria dos líderes adventistas também não endossa-
ria a crença fundamental número 5, que trata da personalidade
do Espírito Santo” (Em Busca de Identidade, p. 16, itálico
acrescentado).

Gostaria de fazer algumas perguntas aos nossos amigos adventistas:


Como uma igreja que declara ser a Igreja Remanescente do último período
da Igreja de Cristo sobre a terra teve por fundadores homens que negavam

483
Em defesa da fé

a natureza do Deus a quem deviam honrar? Se os próprios ASD apontam


as Testemunhas de Jeová como um grupo sectário por também negar a
Trindade, como poderiam descrever a atitude dos pioneiros que fizeram
exatamente o mesmo? Eram os fundadores da IASD falsos mestre religiosos
ou fundadores de uma denominação genuinamente cristã? Se fundaram
uma igreja genuinamente cristã, por que negaram a doutrina central da
Trindade? Por que EGW, que, segundo os ASD, foi uma legítima profetisa
de Deus, nunca corrigiu seu marido e os demais pioneiros por ensinarem
falsas doutrinas?

484
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

TRINDADE

1. De que modo a palavra Elohim nos auxilia na explicação da


doutrina da Trindade?

2. Por que Deus não se revelou explicitamente como Trindade


no AT?

3. Como chamamos a heresia que nega a Trindade afirmando que


Jesus é o Pai?

4. A incompreensibilidade da natureza de Deus é uma razão sufi-


ciente para negarmos a Trindade?

5. O fato de o Pai não ser o filho é suficiente para negarmos a


Trindade?

6. O que a palavra Echad indica com relação à unidade de Deus?

7. Por que a doutrina da Trindade não é confusa nem contraditória?

8. Cite três nomes da igreja primitiva do 2º e 3º séculos que de-


fendiam a Trindade.

9. Existiam Trindades de deuses nas culturas religiosas pagãs da


Antiguidade? Explique.

10. Por que Constantino, o Grande, não foi responsável pela criação
da doutrina da Trindade no Concílio de Niceia?

485
AVALIAÇÃO – TRINDADE

1. A doutrina da Trindade estabelece:


a) Uma grande confusão.
b) A natureza de Deus.
c) Um mito pagão.
d) Uma doutrina completamente neotestamentária.

2. Sobre os chamados “deuses” mencionados nas Escrituras, podemos declarar


que:
a) São apenas criações humanas.
b) São os anjos poderosos.
c) Seres autoexistentes.
d) A Bíblia nunca os menciona.

3. O que impedia o Senhor de se revelar como Trindade completamente no AT


era:
a) O cativeiro babilônico.
b) A primeira vinda do Messias.
c) O pecado de idolatria.
d) A dúvida sobre a natureza do Espírito Santo.

4. O modalismo nega:
a) A divindade de Cristo.
b) A divindade do Espírito Santo.
c) A divindade do Pai.
d) A Trindade.

5. Se rejeitarmos a doutrina da Trindade por estar além de nossa compreensão


humana, deveríamos também negar a:
a) Eternidade divina.
b) Eternidade de Cristo.
c) Eternidade do Espírito Santo.
d) Doutrina da salvação.

486
6. Sobre a suposta semelhança do filho com o pai, podemos declarar que:
a) Não são semelhantes, mas iguais.
b) São completamente semelhantes.
c) Não existe natureza relacional entre ambos.
d) N.R.A.

7. O Deus que sozinho criou o mundo é o:


a) Pai.
b) Trino.
c) Filho.
d) Espírito Santo.

8. Entre os grandes nomes do cristianismo primitivo que mencionaram a doutrina


trinitariana estão:
a) Justino Mártir e Orígenes.
b) Clemente de Roma e Atanásio.
c) Orígenes e Atanásio.
d) Tertuliano e Santo Ambrósio.

9. Encontramos em algumas religiões da Babilônia, Egito e Índia a crença:


a) Na Trindade.
b) Na transfiguração.
c) Na triunidade divina.
d) Nas tríades.

10. Sobre a suposta influência do imperador Constantino, o Grande, na criação da


Trindade, poderíamos declarar que:
a) Ele foi o principal responsável pela criação da doutrina da Trindade na Igreja
cristã.
b) Ele canonizou apenas os livros que admitiam essa doutrina.
c) Ele apenas abriu o concílio que tratou da questão da divindade de Cristo.
d) Ele cria na Trindade, mas não interferiu no concílio.

487
Em defesa da fé

ÚltiMoS DiaS

DEFINIÇÃO

Os últimos dias (Gr. eschatais hemerais) são um período abrangente de


tempo mencionado na Bíblia com referência a uma extensão cronológica
determinante para a execução de importantes eventos escatológicos com
relação à obra de Deus, e o juízo que se seguirá, pondo um fim a toda con-
trovérsia entre os poderes malignos e o Deus criador e sustentador do
universo (Jo 11.24; 12.48; At 2.17-20).

De acordo com as Escrituras, quando iniciou o período chamado


de “últimos dias”?

Por ocasião do dia de Pentecostes, quando o prometido Espírito Santo


desceu sobre os apóstolos, Pedro ligou aquele evento aos “últimos dias”
preditos por Joel, o Profeta (At 2.1.14-17). Jesus afirmou que a ressurreição
dos mortos ocorreria no “último dia”, apontando para um evento escatológi-
co futuro que faria parte do conjunto de eventos indicativos do fim (Jo 6.39,
40; 11.24). Paulo relacionou o período dos “últimos dias” com um tempo
futuro de pecaminosidade excessiva, que viria após o período de sua vida
(2Tm 3.1-5), mas que já possuía características presentes nos seus dias (2Tm

488
C u rs o A po lo gético

3.6-8). O escritor de Hebreus declarou que o ministério terreno de Jesus se


deu nos “últimos dias” (Hb 1.2). Paulo, o apóstolo, também afirmou que a
Igreja de Corinto estava vivendo nos últimos tempos (1Co 10.11). No livro
de Gálatas, temos um período chamado de “plenitude do tempo”, tendo o
seu auge no nascimento de Cristo (Gl 4.4). Assim, poderíamos acreditar que
a expressão “últimos dias” faz referência a um longo período de tempo ini-
ciado com o nascimento de Cristo, com o seu fim em um período futuro e
que possui fortes características, como as observadas em nossa atualidade.

Quais seriam as características distintivas do fim destes “últimos


dias”?

A Bíblia não indica claramente quando ocorrerá o fim, mas dá evidên-


cias sobre a aproximação do juízo de Deus. Apostasia (1Tm 4.1-3), hipocri-
sia religiosa (2Tm 3.5), rejeição das verdades de Deus (2Tm 4.1-5), crises
familiares (2Tm 3.2), escárnio acerca das coisas de Deus (2Pe 3.3), falsos
cristos (Mt 24.5), guerras (Mt 24.6, 7), ódio (Mt 24.10), terremotos (Lc
21.11), milagres demoníacos (Mt 24.24), fome excessiva (Lc 21.11), epide-
mias (Lc 21.11) e perseguição religiosa (Lc 21.12-16) são características do
período de tempo que antecederá o período do fim.
Obviamente, ao longo dos anos de existência da raça humana, muitas
destas características foram presenciadas, mas as Escrituras apontam para
um período de acentuação destes eventos de forma drástica até culminar
com o fim.

Por que o juízo de Deus é tão demorado?

O juízo de Deus pode ser considerado demorado do ponto de vista


humano, mas não do ponto de vista divino, uma vez que Deus já estabele-
ceu cronologicamente o tempo no qual exercerá o juízo sobre toda a terra

489
Em defesa da fé

(Dn 9.24-27; 12.1-4). Deus agiu com grande misericórdia sobre o mundo
antigo quando permitiu que Noé pregasse durante cento e vinte anos para
aqueles rebeldes terem uma segunda oportunidade de arrependimento, o
que foi prontamente rejeitado (Gn 6.3, 11-14; 7.1). Certamente, alguém
poderia dizer ter sido uma longa espera para finalmente julgar o mundo,
mas qual é o mais importante: o tempo ou arrependimento aos olhos do
Senhor? A Bíblia declara que é por esse motivo que Deus ainda exerce
misericórdia com esse mundo pecaminoso e rebelde (2Pe 3.9). Todavia, não
devemos pensar que teremos, com certeza, ainda milhares de anos sobre
esta terra antes de vir o fim, pois não conhecemos o futuro, e o dia do juízo
do Senhor virá repentinamente, pegando de surpresa os incautos (2Pe 3.10).

O mundo alcançará um período de grande paz nesses “últimos dias”?

Projetos de apresentação de uma paz aparente a partir de uma reforma


psicológica de nível global já estão sendo aplicados à população mundial
visando mudanças profundas no pensamento e prática de nossa cultura. O
plano de paz mundial patrocinado pela ONU e pela UNESCO visa atingir
a paz global, seguindo alguns objetivos primários:

1. Mudança de comportamento da classe adulta mediante técnicas de


manipulação psicológica. Pesquisas estão sendo financiadas por
essas organizações visando estabelecer a chamada “dissonância cog-
nitiva” (um estado de confusão comportamental envolvendo valor,
sentimento, opinião, recordação de atos, conhecimento etc.). Essas
pesquisas elaboradas por L. Festinger, em 1957, nos permite per-
ceber o quanto nossos atos podem influenciar e modificar comple-
tamente nossas atitudes, crenças, valores ou opiniões quando somos
manipulados de forma dissimulada (BERNARDIN, 2013, p. 23).
2. Tornar a classe docente (e também os setores público e privado) a
grande aliada com a implantação de cursos que visam à introdução

490
C u rs o A po lo gético

de uma filosofia educacional completamente alienante e manipu-


lativa com as chamadas psicopedagogias orientadas por meio de
treinamentos nos chamados IUFMs (Institutos Universitários de
Formação de Mestres). Estes treinamentos têm como objetivo
alterar os princípios e valores infantojuvenis em prol dos valores
universais e do bem comum, alterando assim profundamente o
papel da escola e do indivíduo no mundo (Ibid., p. 78).
3. Implantar um novo código ético que não esteja baseado nos pres-
supostos religiosos, culturais de cada etnia. Mas um código que
valorize o multiculturalismo (a interação de várias culturas respei-
tadas como igualmente importantes e necessárias), conduzindo o
indivíduo a um interculturalismo (uma única cultura global à custa
da eliminação de todas as outras), bem como a supervalorização do
indivíduo possuidor de uma consciência político-social que vise aos
direitos humanos em um nível global (Ibid., pp. 57-60).
4. Desnivelar toda a religião, colocando-a apenas como um princípio
de importância inferior na evolução em nome de uma pseudociên-
cia completamente antirreligiosa que supostamente a aceita, mas,
na verdade, a coloca em um nível de inferioridade com relação ao
conhecimento científico, criando uma religião totalmente huma-
nista, a serviço do criptocomunismo (comunismo oculto ou velado).
Isso dá à religião um status quase folclórico e sem qualquer víncu-
lo com a verdade objetiva. A religião tradicional não será mais do
que um mero gosto pessoal completamente destituído de verdades
objetivas e valores também objetivos (Ibid., p. 60).
5. Ruptura de qualquer dos princípios que ameacem a unidade do
pensamento global que sejam transmitidos pelos pais ou respon-
sáveis visando à reestruturação de toda a sociedade a partir do
núcleo escolar, que passa a ter a função de educador (em substi-
tuição à família), e não o instrumento de informação intelectual
que sempre foi a função primordial de todo o sistema educacional
(Ibid., pp. 65, 80-82).

491
Em defesa da fé

6. Criação de uma língua universal que regerá todas as relações edu-


cacionais, culturais, comerciais e políticas, visando à unidade de
toda a raça humana por meio de um princípio extremamente im-
portante para a unidade de qualquer nação, etnia e povo: o seu
idioma, destruindo assim todas as culturas e implantando um sis-
tema de restrição do pensamento crítico que uma língua criada
para moldar uma cultura será de suma importância (Ibid., p. 71).

A implantação de um sistema de “paz” global dominante e aparente já


havia sido profetizada de forma direta pelas Escrituras Sagradas (1Ts 5.1-3).
A Bíblia aponta para um futuro tenebroso de catástrofes sobre este mundo
(Lc 21.25, 26), não prevendo um futuro glorioso de paz para os que não
têm se sujeitado à Palavra de Deus (2Ts 2.7-12). Deus, porém, em sua
misericórdia, preparou um período de tempo quando aqueles que o servem
usufruirão por um longo período a presença confortante de Cristo sobre
esta terra (Is 11.1-10).

Este mundo será destruído em uma grande guerra nuclear?

A palavra de Deus não revela o homem como o causador das grandes


catástrofes vindouras sobre este mundo. Antes, porém, declara que Deus
usará de seu poder sobre a própria natureza para promover o seu juízo (Ap
8.5-13), sim, por meio dessa mesma natureza tão castigada pelas ações hu-
manas (Ap 11.18). Que realmente haverá grandes guerras não podemos ter
dúvidas (Mt 24.6-8), mas a destruição definitiva deste sistema mundial será
promovida por Deus, e não pelo homem (2Pe 3.7-10).

Para mais informações complementares


sobre este tema, consultar o tópico terra:
Se a Terra nunca será destruída, por que Deus
a fez para durar para sempre (Ec 1.4)?

Deus criaria a terra para depois a destruir?

492
C u rs o A po lo gético

Se a terra será destruída, por que a Bíblia


fala de um paraíso terrestre (Sl 37.11, 29)?

A “terra” que será destruída são os ímpios, e não esta terra que
habitamos, pois a palavra “terra” aparece nas Escrituras de uma
forma figurada como referência à humanidade (1Cr 16. 31; Sl 96.1)!

* * *

As Testemunhas de Jeová creem, atualmente, que o


período bíblico chamado de “últimos dias” começou a
partir de 1914, pois, segundo elas, naquele ano teria
ocorrido a vinda (presença) de Cristo invisivelmente como rei. Uma das
evidências “bíblicas” desse evento, segundo elas, seria a primeira grande
guerra mundial travada entre 1914 e 1918, e que seria o período de guer-
ra profetizado por Cristo (Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terra,
1989, pp. 141, 147, 149).
Todavia, a grande maioria das Testemunhas de Jeová não sabe que
anteriormente à data para o começo do “reino invisível” de Cristo era 1874,
e que 1914 não era o “começo dos últimos dias”, mas, sim, o fim, conheci-
do por Armagedom, segundo elas. A Sentinela declarou enfaticamente:
“Pastor Russel aderiu intimamente ao ensino das Escrituras. Ele cria e
ensinou que nós estamos vivendo o tempo da segunda presença de nosso
Senhor, e que sua presença data de 1874; que desde aquele período nós
temos vivido no tempo do fim – o “fim da era”, durante o qual o Senhor
tem conduzido sua grande obra de colheita” (A Sentinela, 1/12/1916, p. 357).
E na mesma revista é declarado: “Durante esta colheita da era, o Senhor,
por meio de sua palavra, tem parecido enviar o seu povo para quatro dife-
rentes pontos do tempo – 1874, 1878, 1881 e 1914... O Senhor disse: “Vá
para um outro lugar”. Finalmente nós alcançamos o último local dos qua-
tro – 1º de outubro de 1914. Este foi o último ponto do tempo da crono-
logia da Bíblia destacada para nós como declarada na experiência da
Igreja... Sua palavra e o cumprimento da profecia pareciam apontar inega-

493
Em defesa da fé

velmente que esta data marcou o fim do tempo dos gentios” (A Sentinela,
1/2/1916, pp. 38, 39).
Outro aspecto histórico contradizente na posição das Testemunhas de
Jeová é que nem todos os historiadores são unânimes em afirmar que a
grande guerra de 1914 tenha sido, de fato, a “primeira guerra mundial”,
pois antes, segundo a própria história, existiram outras guerras que são
consideradas também mundiais, e ocorreram a partir do século 18. A Guer-
ra de Sucessão Espanhola (1702-1713) envolveu a França, a Grã-Bretanha,
a Holanda, a Áustria e a América do Norte; A Guerra dos Sete Anos (1756-
1763) envolveu a Prússia, a Áustria, a Grã-Bretanha, a França, a Rússia, a
Suécia, a Espanha e a maioria dos estados germânicos. Essas duas grandes
guerras são apenas duas entre outros conflitos bélicos considerados por
muitos historiadores como “guerras mundiais”. Portanto, a ideia de que 1914
trouxe alguma evidência profética “inédita” e escatológica do ponto de vis-
ta bélico não passa de um grande mito criado pelas próprias Testemunhas
de Jeová para remendar uma data profética fracassada, como já foi visto na
literatura divulgada pelas próprias Testemunhas de Jeová.

494
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ÚLTIMOS DIAS

1. Quando foi iniciado o período chamado de “últimos dias”, se-


gundo a Bíblia?

2. Cite pelo menos quatro características distintivas dos chamados


“últimos dias”.

3. O juízo divino tem demorado? Explique.

4. A última grande guerra dos últimos dias será iniciada por uma
catástrofe nuclear? Explique.

5. Quando, segundo as Testemunhas de Jeová, tinham sido inicia-


dos os “últimos dias” e qual a posição atual deles sobre esse
assunto?

495
AVALIAÇÃO – ÚLTIMOS DIAS

1. Os chamados “últimos dias” possuem relação com:


a) Um período relacionado à volta de Cristo.
b) Um período para execução de importantes eventos escatológicos.
c) Um período relacionado à punição dos ímpios.
d) Um período já cumprido no tempo de Deus.

2. Pedro relaciona os últimos dias a uma profecia de:


a) Zacarias.
b) Malaquias.
c) Isaias.
d) Joel.

3. A chamada “plenitude do tempo” se iniciou com:


a) A morte de Cristo.
b) A ressurreição de Cristo.
c) O nascimento de Cristo.
d) A era da Igreja.

4. O fim dos chamados últimos dias possui características semelhantes ao período:


a) Atual.
b) Futuro.
c) Dos apóstolos.
d) Da diáspora.

5. Entre as importantes características relacionadas ao fim, encontramos:


a) Terremotos e mortes.
b) Epidemias e mortes.
c) Apostasia e fome.
d) Falsos cristos e grandes catástrofes aéreas.

496
6. A suposta “demora” divina em exercer seu juízo está relacionada à:
a) Dúvida sobre o tempo preciso do fim.
b) Incredulidade humana.
c) Longa espera da humanidade.
d) Misericórdia de Deus.

7. Existe um projeto atualmente em prática patrocinado pela ONU e pela UNES-


CO que visa:
a) A disseminação de conceitos antirreligiosos.
b) A paz global.
c) Uma educação liberal.
d) A transformação da economia global.

8. As mudanças comportamentais podem ser adquiridas em adultos por meio das


técnicas de:
a) Dissonância cognitiva.
b) Dissonância psicológica.
c) Confusão mental.
d) Manipulação psicótica.

9. A proposta de treinamento de professores nos chamados IUFMs visa:


a) Um controle psicológico da população carente.
b) Uma filosofia de educação que exclui os mais pobres.
c) Uma filosofia educacional alienante e manipulativa.
d) Uma aproximação melhor entre o corpo discente e docente nas escolas.

10. O chamado criptocomunismo é definido como:


a) Um tipo de comunismo velado.
b) Um falso comunismo.
c) Um comunismo mesclado com temas religiosos.
d) O fim do comunismo.

497
Em defesa da fé

volta De criSto

DEFINIÇÃO

A volta ou vinda de Cristo (Gr. parousia) é um momento profético e mar-


cante para o cristianismo em um período de grande agitação na terra, no
qual Jesus voltará dos céus com grande poder para exercer juízo sobre esta
terra e cumprir a sua promessa de estar, de novo, com o seu povo e conso-
lá-lo eternamente (Mt 24.29-31; Lc 21.27, 28).

Quando ocorrerá a volta de Cristo?

Nem os discípulos nem Jesus declararam de modo algum quando


ocorreria a sua segunda vinda. Jesus, ao indicar aos seus discípulos quando
retornaria a terra, apenas anunciou alguns eventos marcantes daquele pe-
ríodo de tempo vindouro (Mt 24.3-12).
A Bíblia também indica que ninguém saberia quando isso ocorreria,
deixando claro que não devemos montar nenhum “quadro profético” para
indicar ano, mês ou dia no qual o Senhor virá. Todo esforço nesse sentido
se mostra falso e especulativo (Mt 24.36-42).

498
C u rs o A po lo gético

A volta de Cristo será visível aos olhos humanos?

Sim. Quando observamos alguns dos detalhes sobre esse evento, pode-
mos perceber que a especulação acerca de um retorno “oculto”, ou mesmo
“invisível”, estava fora de cogitação para o Senhor Jesus. Ele afirmou que
alguns falsos profetas declarariam que ele estaria “aqui ou ali” (indicando
invisibilidade), e que as pessoas que os ouvissem não deveriam acreditar em
suas falsas especulações (Mt 24.23-26). Além disso, ele comparou a sua vin-
da com um evento que seria visto do oriente ao ocidente, indicando, assim,
algo percebido por meio da visão humana, como um relâmpago o é, em toda
a terra (Mt 24.27, 28). Alguém poderia perguntar: como Jesus seria visto em
toda a terra, simultaneamente, se até mesmo o Sol, que abrange todo o
planeta com a sua luz, não é visto no mesmo momento por todos os habi-
tantes de nosso mundo? Mas seria essa especulação acerca do retorno visível
de nosso Senhor razoável? Será que Deus não teria poder suficiente para
realizar um evento visto em toda a terra em um mesmo momento? Realizar
tal evento seria impossível para o Criador de todo o universo?

Paulo acreditava que a volta de Cristo se daria em seus dias


(1Ts 4.17)?

Acreditar que o apóstolo Paulo cria que a volta de Cristo se daria em


seus dias por causa do uso do pronome “nós” com relação ao arrebatamento
se demonstra inconsistente à luz de outros textos bíblicos. Por exemplo, se
lermos os textos de Paulo em 1 Coríntios 6.14 e 2 Coríntios 4.14, percebere-
mos que em ambos os textos ele se inclui também entre os que possivelmen-
te seriam ressuscitados. Como poderia o apóstolo Paulo acreditar que seria
arrebatado e também ressuscitado ao mesmo tempo, se um evento exclui o
outro (1Co 15.51, 52)? Obviamente, Paulo se inclui em tais eventos quando
escreve para os seus leitores da mesma forma que usamos a expressão “quan-
do Cristo voltar, subiremos com ele”, mesmo não afirmando categoricamente

499
Em defesa da fé

de forma alguma que estaremos vivos na ocasião da sua vinda! Paulo não
está fazendo nenhuma declaração escatológica, mas apenas uma afirmação
explicativa de um evento que virá sobre todo o mundo, inclusive para a
Igreja do Senhor Jesus Cristo, da qual o apóstolo Paulo faz parte.

A palavra “vinda” no grego pode ser traduzida por “presença”?

Sim. Existe a possibilidade de alguns textos onde aparece a palavra


grega parousia ser traduzida por “presença” no lugar de “vinda”. Esta pala-
vra é vista nas Escrituras aproximadamente 24 vezes, podendo ser traduzida
por: vinda, chegada, presença, aparecimento etc. No entanto, o significado
predominante usado pelos lexicógrafos da língua grega é o de “vinda” ou
“chegada”. Todas as melhores versões bíblicas conhecidas traduziram a pa-
lavra parousia de forma quase uniforme por vinda, e não presença. O que
passa a ser inadmissível em relação à tradução desta palavra grega por “pre-
sença” é quando se tenta transmitir a ideia de “presença invisível”, na ten-
tativa de indicar a vinda de Jesus a este mundo de forma invisível aos olhos
humanos. No lugar de eventos que indicassem a brevidade de sua vinda, tais
eventos, na verdade, indicariam simplesmente a presença de Cristo conosco
de forma invisível aos olhos humanos, mas percebido pelos eventos indica-
tivos de tal presença. Interpretações, dessa forma, demonstram uma tenta-
tiva viciada de distorcer um ensino claramente bíblico, pois todas as vezes
que a palavra parousia aparece nas Escrituras, nenhuma delas pode ser
traduzida por “presença invisível” (1Co 16.17; 2Co 7.6; Fp 1.26; 2.12). O
próprio contexto de Mateus 24 aponta os sinais mencionados por Cristo para
indicar que ele estava próximo de vir, e não que já estava presente (vv. 32,
33). A Bíblia não menciona a presença espiritual de Cristo como um evento
distante do período no qual ele esteve entre nós, pois o próprio Jesus decla-
rou que já estaria presente espiritualmente entre os seus discípulos, ainda
naqueles dias (Mt 18.20; 28.20), sendo este o motivo pelo qual a segunda
vinda de Cristo é diferente de uma presença “espiritual” ou “invisível”.

500
C u rs o A po lo gético

Quando a Bíblia afirma que Jesus virá em uma “nuvem” (Lc 21.27),
está apenas declarando que ele virá de forma invisívél aos olhos
físicos humanos (ele será visto pelos “olhos da fé”), pois “nuvem”,
na Bíblia, significa invisibilidade, assim como Deus veio ao povo
de Israel em uma nuvem e não foi visto literalmente (Êx 19.9).

O texto bíblico de Êxodo 19.9 não trata da vinda de Deus de forma


invisível, simplesmente afirma que Deus estaria presente por meio de uma
manifestação física visível (nuvem), quando se manifestasse a Moisés no
Monte Sinai. O texto não diz que Deus seria visto entre nuvens, como afir-
ma o texto de Lc 21.27, com referência a Jesus, pois ninguém jamais viu ao
Deus-Pai em sua essência e glória (Jo 1.18). Mas, com respeito a Jesus, a
Bíblia declara, de forma inegável, que ele será visto por muitos em sua
vinda, inclusive por incrédulos, o que impossibilitaria vê-lo pelos “olhos da
fé” (“... até mesmo aqueles que o transpassaram...” [Ap 1.7]). Segundo as
Escrituras Sagradas, Jesus subiu de forma visível aos céus, e desse mesmo
modo ele virá (At 1.9-11).

Ver resposta às perguntas anterior e posterior.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


A volta de Cristo será visível aos olhos humanos?

O que significa vir Jesus “do mesmo modo que subiu aos céus”
(At 1.11)?

Essa afirmação dos anjos que testemunharam a subida de Jesus aos


céus é indicativa de que ele retornará de forma visível a este mundo. A
palavra grega tropos (modo) que aparece no texto de Atos é usada em outros
textos bíblicos para indicar semelhança entre dois fatos: modo semelhante
de morte (At 7.28), modo semelhante de cuidado (Mt 23.37), modo seme-
lhante de pecado (2Tm 3.8; Jd 7). Portanto, os anjos estavam indicando

501
Em defesa da fé

semelhantemente a forma de sua ascensão como o mesmo modo de sua


vinda futura a este mundo, vista aos olhos físicos.

Ver resposta à pergunta anterior.

Se não existe presença invisível na Bíblia, por que o apóstolo Paulo


declarou que estaria em “espírito” na Igreja de Corinto (1Co 5.3)?

Será que Paulo queria dizer que estaria literalmente em espírito na


Igreja de Corinto? Como o apóstolo estava vivo por ocasião desta afirmação,
estaria ensinando ele que o seu próprio espírito deixaria o corpo para ser
árbitro entre os irmãos daquela Igreja? Evidentemente que não! Se lermos
o contexto, verificaremos que esta expressão usada pelo apóstolo Paulo in-
dica apenas a influência de seu caráter, que havia sido transmitido por meio
de seus ensinos ministrados àquela igreja e que agora a influenciariam em
uma tomada de decisão. A ideia de a palavra “espírito” aparecer na Bíblia
significando influência ou ensino transmitido não é novidade nas Escrituras
Sagradas (2Ts 2.2; 1Jo 4.1). Outro fato que deve ser observado: como sabe-
mos, o apóstolo Paulo não estava literalmente em espírito na Igreja de
Corinto, então o texto não deveria jamais ser usado na tentativa de consubs-
tanciar a ideia de um retorno literal de Cristo em espírito, a menos que se
creia em uma vinda simbólica de Jesus, e não literal.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


A volta de Cristo será visível aos olhos humanos?

Jesus afi rmou que não seria mais visto fi sicamente por seus
discípulos (Jo 14.19)?

Jesus, ao conversar com seus apóstolos, em João 14.19, não estava


declarando que não mais seria visto fisicamente por ninguém neste mundo.

502
C u rs o A po lo gético

A palavra grega mikron (um pouco) usada no texto indica uma ação de
proximidade, ou seja, por um pouco de tempo ele não seria visto por seus
discípulos por ocasião de sua morte iminente, pois ficaria na sepultura, mas
logo após esse curto período de tempo ele seria de novo visto por eles na
ressurreição, não tendo o mundo esse mesmo privilégio (Jo 16.16, 17, 20-22,
32). Este um pouco não poderia ser uma referência à sua vinda que já é
aguardada há cerca de dois mil anos por sua Igreja. O Senhor Jesus afirmou
claramente que todo o mundo presenciaria a sua vinda gloriosa (Mt 24.30;
Ap 1.7).

Para informações complementares acerca da


natureza do corpo glorificado de Jesus que será visto
por ocasião de sua vinda, ver o tópico Ressurreição:
Jesus ressuscitou em que corpo?

Pedro, ao afirmar que Jesus foi “vivificado em espírito”, estaria


negando a ressurreição corporal de Cristo (1Pe 3.18)?

A Bíblia não estaria afirmando que Jesus ressuscitou em espírito ao


declarar ser ele um “espírito vivificante” (1Co 15.45)?

Como Jesus poderia ter ressuscitado em corpo físico se a Bíblia afirma


que carne e sangue não herdam o reino de Deus (1Co 15.50)?

O corpo físico de Cristo não poderia ser apenas um corpo


aparentemente físico sem possuir uma natureza genuinamente
humana, como ocorreu com os anjos?

* * *

As Testemunhas de Jeová ensinam que a data, de acordo


com a cronologia bíblica, para o retorno invisível de
Cristo a este mundo, seria 1914, período este que somen-
te ele poderia ser visto pelos “olhos da fé”, segundo o livro Poderás Viver
para Sempre no Paraíso na Terra (1989, pp. 146, 147). Mas, em 1921, no

503
Em defesa da fé

livro The Harp of God (A Harpa de Deus), elas declararam: “A coisa mais
importante para a qual todos os profetas apontam e para qual os apóstolos
aguardavam ansiosamente tem sido a segunda vinda do Senhor. Ela é des-
crita pelos profetas como um tempo abençoado.” Daniel então declara:
“Bem-aventurado é o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco
dias” (Daniel 12.12). Os observadores aqui, sem dúvida, são os instruídos
pelo Senhor para observarem o seu retorno. Essa data, portanto, quando
entendida corretamente, fixará o tempo no qual o Senhor é aguardado em
sua segunda manifestação. Aplicando então a mesma regra, de um dia para
um ano, 1335 dias após 539 a.D. nos traz para 1874 a.D., tempo no qual, de
acordo com a cronologia bíblica, a segunda presença do Senhor é aguardada...
O tempo da segunda presença do Senhor data de 1874, como acima decla-
rado” (pp. 230, 231).
Se Jesus veio invisivelmente em 1914, e só poderia ser visto pelos que
tivessem percepção espiritual para isso, por que as Testemunhas de Jeová,
ainda em 1921, declaravam não perceber o começo desta presença em 1914?
Se a própria cronologia da volta de Cristo foi mudada posteriormente para
1914, e em 1921 afirmavam que percebiam os sinais da sua presença desde
1874, quando na verdade nada viam, quem pode garantir que atualmente
estão discernindo o tempo da vinda (“presença”, segundo as Testemunhas
de Jeová) de Cristo em 1914 corretamente?

* * *

William Miller, o precursor do movimento adventista,


declarou, juntamente com seus associados, que a vinda
de Cristo se daria em 22 de outubro de 1844 (Na Trilha
dos Pioneiros, pp. 42, 43 [CPB]), o que não ocorreu,
como bem sabemos. EGW, a profetisa da Igreja Adven-
tista do Sétimo Dia, declarou na obra Esperança Triun-
fante, com relação à natureza da predição de Miller e sua rejeição por
parte das Igrejas da época:

504
C u rs o A po lo gético

“Assim como Deus enviou o seu servo para advertir o mundo do


dilúvio a vir, enviou também mensageiros escolhidos para tornar
conhecida a proximidade do juízo final. E como os contemporâneos
de Noé se riam com escárnio das predições do pregador da jus-
tiça, assim, no tempo de Miller, muitos, mesmo dentre o povo
professo de Deus, mofavam das palavras de advertências... E por
que foram a doutrina e a pregação da segunda vinda de Cristo tão
mal recebidas pela Igreja? [...] A proclamação da vinda de Cristo
deveria ser agora, como quando fora feita pelos anjos aos pastores
de Belém, boas-novas de grande alegria” (1964, pp. 52, 53).

Comparar a especulação profética de Miller acerca da data da vinda


do Senhor em 1844 com a mensagem proferida pelos proclamadores da
mensagem divina, os profetas de Deus, não seria um erro, visto que o pon-
to central de sua mensagem foi um engano? Quando Deus proclamou a
Noé a sua mensagem acerca do futuro juízo que viria à terra, ele anterior-
mente declarou que o mundo só teria mais 120 anos (Gn 6.3-8). Poderíamos
comparar essa mensagem com a de Miller, que já foi proclamada há quase
dois séculos e não ocorreu como previsto? As igrejas rejeitaram a doutrina
da vinda de Cristo na época, como disse EGW, ou rejeitaram a especulação
profética de marcar data para a vinda do Senhor, quando isso não compete
aos homens, de acordo com a Bíblia (Mt 24.36; At 1.6, 7)?
Ainda EGW afirma: “De todos os grandes movimentos religiosos des-
de os dias dos apóstolos, nenhum foi mais livre de imperfeições humanas e
dos enganos de Satanás do que o do outono de 1844” (Ibid., p. 119). Se o
movimento do advento, com todas as suas falsas predições escatológicas,
que resultaram na miséria de muitos seguidores de Miller, por venderem
tudo que possuíam em nome de um engano (Na Trilha dos Pioneiros, pp.
44, 45), foi o “mais livre de imperfeições humanas”, como seria se tivesse
mais imperfeições?
Como consequência de uma interpretação escatológica falsa, os segui-
dores de Miller tiveram que criar um novo significado para 1844, daí surgiu

505
Em defesa da fé

a heresia adventista do “juízo investigativo”, ou seja, Jesus estaria desde


22/10/1844 como advogado julgando as obras do salvos diante de Deus
(Ibid., p. 47). Ellen White confirmou essa doutrina, no livro O Grande
Conflito, dizendo: “No tempo indicado – o encerramento dos 2.300 dias
em 1844 – começou a obra de investigação e apagamento dos pecados” (p.
279 [edição condensada]). Se Jesus declarou que quem cresse nele não
entraria em juízo, por que os adventistas ensinam uma doutrina oposta (Jo
5.24)? Quando Jesus começou a sua obra de mediador e advogado? Em
1844 ou desde o 1º século quando subiu aos céus (1Tm 2.5; 1Jo 2.1)?
Quando o livro de Hebreus foi escrito no 1º século, Jesus já tinha compa-
recido diante do Pai, no “santuário celestial”, ou apenas em 22/10/1844
(Hb 9.11-14, 24, 25)?
Outro fato bastante constrangedor para a IASD é que os pioneiros
(fundadores da IASD) após o “grande desapontamento” de 1844 continua-
ram marcando datas para a volta de Cristo. Joseph Bates, que introduziu a
doutrina do sábado no adventismo, afirmou:

“As sete gotas de sangue sobre o altar de ouro e diante do propi-


ciatório’ como representando ‘o tempo de duração dos procedi-
mentos judiciais sobre os santos vivos no lugar santíssimo’ visto
que cada gota representava um ano, a ministração de Cristo no
santuário celestial duraria sete anos e Ele voltaria em outubro de
1851 – sete anos depois do grande desapontamento” (Explanation
of the Typical and anti-typical sanctuary, p. 10 – citado em Em
Busca de Identidade, pp. 83, 84, itálico acrescentado).

Além dele, o próprio marido de EGW, Thiago White, também con-


tribui com suas especulações escatológicas ao marcar o ano do retorno
do Senhor. Sobre este fato afirma o historiador adventista George Knight:
“Thiago White também foi seduzido pela marcação de datas. Até setem-
bro de 1845, pelo menos, ele cria que Jesus voltaria em outubro” (Ibid.,
p. 83).

506
C u rs o A po lo gético

O escritor ASD, Alceu L. Nunes, ao comentar sobre a questão das


marcações de data, afirma com propriedade em seu livro O Dia da sua
Vinda:

“Faço-lhe agora uma pergunta: baseado na Palavra de Deus, o


que você pensa a respeito destas pessoas que têm anunciado datas
para o cumprimento dos eventos finais? Sim, são falsos profetas.
Certamente foram enviadas, mas não por Deus. Consciente ou
inconsciente, estão trabalhando a favor de Satanás e contra o
Senhor Jesus e seu povo” (p. 134, itálico acrescentado).

A partir da opinião do pastor adventista Alceu L. Nunes, então pode-


mos declarar que os pioneiros agiram a serviço de Satanás? Diante do seu
histórico, a IASD realmente teria condição de criticar falsos movimentos
escatológicos?

507
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

VOLTA DE CRISTO

1. Podemos desenvolver um quadro profético exato com relação à


segunda vinda de Cristo? Explique.

2. Por que devemos acreditar em uma segunda vinda completa-


mente visível aos olhos humanos?

3. Paulo defendia que o arrebatamento e a ressurreição dos mor-


tos ocorreriam em seu tempo? Explique.

4. Qual o significado fundamental da palavra grega parousia?

5. Jesus falou de sinais de sua vinda ou de sua presença? Explique.

6. Nuvem é símbolo de invisibilidade segundo a Bíblia? Explique.

7. Como Jesus pôde ser visto por seus discípulos se ele afirmou
que eles não o veriam mais (Jo 14.19)? Explique.

8. Existe a ideia de presença invisível nas Escrituras Sagradas?


Explique.

9. O que Miller ensinou com relação à segunda vinda de Cristo?

10. Quais outras datas foram marcadas para a volta de Cristo pelos
pioneiros do adventismo?

508
AVALIAÇÃO – VOLTA DE CRISTO

1. Sobre o tempo da volta de Cristo, poderíamos afirmar que:


a) A Bíblia nada declara.
b) É uma promessa veterotestamentária.
c) É uma promessa neotestamentária.
d) A Bíblia menciona apenas sinais.

2. Jesus comparou sua vinda a:


a) Um dono de casa.
b) Um servo fiel.
c) Um relâmpago.
d) Um filho que retorna a casa.

3. Sobre a volta de Cristo, Paulo:


a) Acreditava que ela ocorreria.
b) Acreditava que seria arrebatado.
c) Acreditava que seria ressuscitado por ocasião de sua vinda.
d) Acreditava que era alegórica.

4. Quando Paulo declarou ao tessalonicenses que “subiremos com ele”, ele queria:
a) Apenas mencionar um evento que ocorreria ao mundo no qual a igreja faz
parte.
b) Declarar a sua convicção de que seria arrebatado.
c) Afirmar que não seria arrebatado ainda naqueles dias.
d) N.R.A.

5. A palavra grega parousia significa:


a) Presença invisível.
b) Presença local.
c) Presença espiritual.
d) Presença ou vinda.

509
6. Segundo Jesus, em Mateus 24, os sinais ali mencionados serviriam para:
a) Anunciar a sua vinda.
b) Demonstrar a sua presença espiritual.
c) Apontar a destruição de Jerusalém.
d) Anunciar o Armagedom.

7. Em sua segunda vinda, Cristo será:


a) Sentido espiritualmente.
b) Visto pelos olhos da fé.
c) Visto até mesmo pelos incrédulos.
d) Sentido somente pela igreja.

8. A palavra grega tropos indica:


a) Diferença de modo.
b) Semelhança de glória.
c) Semelhança de modo.
d) Manifestação sobrenatural.

9. As duas datas preditas pelas Testemunhas de Jeová para a suposta presença


invisível de Cristo foram:
a) 1874 e 1914.
b) 1879 e 1979.
c) 1817 e 1907.
d) N.R.A.

10. Como consequência do erro profético de 1844 surgiu a doutrina adventista:


a) Do juízo divino.
b) Do perfeccionismo.
c) Da presença invisível.
d) Do juízo investigativo.

510
Ética
C u rs o A po lo gético

aBorto

DEFINIÇÃO

Expulsão de forma provocada ou espontânea de um feto antes do sexto mês


de gestação, ou seja, antes que ele possa sobreviver fora do organismo
materno.

A palavra “aborto” é derivada da palavra latina aboriri, que significa “pôr-se


o sol”, “desaparecer no horizonte”, e daí, “morrer”, “perecer”.

O aborto é legal, pois o bebê faz parte do corpo da mãe e ela


possui direitos sobre o seu próprio corpo.

Biologicamente, um ser vivo possui apenas um tipo sanguíneo, mas


existem inúmeros casos em que o tipo sanguíneo do feto (nascituro) é dife-
rente do encontrado na mãe. Isto é uma das provas biológicas de que se
tratam de dois seres distintos. O bebê pode ser de um sexo diferente de sua
mãe, ilustrando claramente a independência orgânica entre a mãe e o feto.
O mais trágico em tudo isso é observar as mesmas mulheres participarem de
passeatas exigindo o fim da violência contra elas em vários níveis e exigirem
a legalização do aborto, que é um ato de violência contra um ser inocente.

513
Em defesa da fé

O Doutor A.W. Liley, professor e pesquisador de fisiologia fetal em


Auckland, Nova Zelândia, conhecido como o pai da medicina fetal, declarou:
“O feto não é um vegetal passivo, dependente, como mantinha a tradição
[...] por meio da gravidez, é a mãe, e não o feto, que é dependente e pas-
siva” (ANKENBERG; WELDON, 1995, pp. 20, 21).
Toda mãe que gera um filho possui durante o período da gestação dois
sexos? E se o sangue do filho possui um tipo sanguíneo diferente do dela,
isso significa que, durante a gestação, ela possui dois tipos sanguíneos?
Então, se o feto é “parte do corpo” da mulher, durante sua gestação ela tem
duas cabeças (se tiver trigêmeos, três?), quatro braços, quatro pernas e dois
corações?
Portanto, defender o aborto com base nesse argumento se mostra
completamente frágil, anticientífico e, no mínimo, monstruoso.

Se o aborto fosse legalizado, não poderíamos evitar a morte de


milhares de mulheres?

Se esse questionamento, de fato, está voltado para a defesa da vida


humana, por que não ser contrário à morte de tantas crianças inocentes em
virtude de tal ato violento contra elas? Uma pesquisa realizada na década
de 1980 aponta para o fato de que o total de mortes de americanos nos
maiores conflitos, onde os EUA estiveram envolvidos até a guerra do Viet-
nã, soma cerca de 1.456.000. Somente entre os anos 1973-1990, cerca de
25.200.000 crianças foram vítimas em todo o mundo desta prática crimino-
sa e cruel.
Se desejarmos evitar a morte de mulheres “inocentes” com a legaliza-
ção do aborto, por que não proporcionar a estas crianças genuinamente
inocentes o mesmo direito de proteção à vida? Quem, de fato, é a vida
“inocente”? Se um crime como o aborto todos os dias é realizado aos mi-
lhões, deveríamos aprovar tais assassinatos ou orientar a sociedade sobre o
valor do ser humano e sua dignidade e direito à vida? A grande maioria das

514
C u rs o A po lo gético

mulheres (cerca de 80%) só realizou um aborto por não ter recebido algum
tipo de apoio para que pudesse dar continuidade à gestação até o nono mês.
A partir desse dado, não deveríamos nós, no lugar de propormos o aborto
com um “alívio” rápido ao “problema” da mulher, propormos políticas de
apoio à grande maioria dessas mulheres, gerando assim uma melhor quali-
dade de vida de ambos (criança e feto)?
O enorme índice de abortos no país que mais realiza abortos legaliza-
dos desde a década de 1970 (EUA – cerca de 800.000/ano) aponta para uma
triste realidade: a maioria das crianças assassinadas por essa prática repul-
siva são negras e mulheres vindas de famílias pobres. Se quisermos defender
as mulheres, por que assassinar tantas em nome de um suposto “direito”
sobre o seu corpo?
Uma política de saúde pública coerente com a ideia de proteção à vida
deve alcançar tanto mães como seus bebês, diminuindo-se assim a taxa de
mortalidade tanto da mãe quanto do seu filho. A finalidade de qualquer
projeto de saúde pública deve ter como principal objetivo tanto a valoriza-
ção da vida da mãe como a diminuição da taxa de mortalidade entre os
nascituros, e não o aumento da taxa de mortalidade fetal em detrimento do
bem-estar apenas da mãe.

A prática do aborto é segura e produz menos complicações para


a mãe do que o ato de dar à luz um bebê indesejado.

A prática do aborto não é tão segura, como pensam algumas mulheres,


pois existem várias complicações que podem ocorrer por causa dessa práti-
ca. Morte, perfuração do intestino e do útero, ruptura do colo do útero,
infertilidade, perfuração da vesícula, embolia pulmonar, depressão, psicose
e suicídio são só alguns dos perigos possíveis decorrentes do aborto. Um
estudo realizado pelo Colégio Real de Obstetras e Ginecologistas indica que
entre 9% e 59% das mulheres que praticaram aborto adquirem problemas
psicológicos permanentes (ANKENBERG & WELDON, 1995, p. 46).

515
Em defesa da fé

Também o índice de suicídio é maior entre mulheres que já praticaram


aborto (em alguns casos em mais de 300%) do que entre aquelas que nun-
ca o praticaram. Portanto, as sequelas de um aborto vão além do aspecto
fisiológico, gerando problemas crônicos no nível psíquico-mental.

O feto é apenas um “ser em potencial”, e não um ser humano.

Esta suposta distinção entre um “ser em potencial” e um ser humano


é inconcebível. A própria ciência tem confirmado que a vida humana se
inicia na concepção (posição da ciência desde o século 19). Podemos detec-
tar o coração da criança batendo quando ela tem pelo menos entre três
semanas ou três semanas e meia de vida. A Bíblia demonstra que João
Batista se alegrou ainda dentro do ventre de Isabel, sua mãe (Lc 1.39-44).
Também diz que o mesmo profeta seria cheio do Espírito Santo desde o
ventre materno (Lc 1.15).
Não podemos nos esquecer que o feto já é um ser humano, a diferen-
ça é apenas cronológica, pois, enquanto um já está completamente desen-
volvido, o outro ainda não está em plena formação. Assim como uma crian-
ça após o seu nascimento também continua sendo um ser em formação,
pois ainda não possui todas as funções, por exemplo, cerebrais em plena
formação como um ser adulto o possui! Uma criança de quatro anos é me-
nos desenvolvida do que uma garota de catorze. Isso que dizer que ambas,
por não se encontrarem no mesmo nível de desenvolvimento, são mais ou
menos humanas?
Que “mágica” seria esta que transformaria uma criança que está den-
tro de um útero (supostamente “não humana”), num ser plenamente hu-
mano, após sua gestação? Como uma viagem de vinte centímetros pelo
canal de parto pode mudar a natureza fundamental de um ser anteriormen-
te “não humano”, para um ser plenamente humano após o parto?

Ver também: Salmo 139.13-16.

516
C u rs o A po lo gético

Na Bíblia, a criança que ainda está no ventre materno é conside-


rada inferior, porque, em caso de morte acidental provocada, o
responsável pela morte pagava apenas uma idenização e não
sofria a pena capital, como em outros casos de morte (Êx 21.22).

É bem verdade que o texto de Êxodo 21.22 fala de indenização, e


não de punição com a pena de morte. Porém, não podemos esquecer que,
em vez de inferiorizar a vida do feto humano, esse texto estabelece o seu
valor, demonstrando, pois, mesmo em casos acidentais, onde evidente-
mente não há intenção de matar, a vida humana exige reparação, por ser
santa e inviolável.

Ver resposta à pergunta anterior.

Seria permitido o aborto no caso de doença congênita do feto?

O ser humano, mesmo com uma doença congênita, não deixa de ser
menos humano do que outro ser que não possui nenhuma anomalia. Deus
fez os seres humanos à sua imagem e semelhança (Gn 1.27), e por isso não
tolera o homicídio, por ferir a sua imagem no homem que criou (Gn 9.6).
É errado não supormos que Deus tenha algum propósito em permitir que
nasçam seres humanos com alguma imperfeição (Jo 9.1, 2).
Seria uma atitude de completo desrespeito pelo ser humano decidirmos
qual ser, independentemente de sua condição física ou psíquica, teria ou
não direito à vida. Quais defeitos congênitos consideraríamos dignos de
retirar o direito à vida de um feto?

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Por que deveríamos encorajar o nascimento de
uma criança anencéfala se isso traria somente dor para
os pais e a redução de sua vida a um tempo tão curto?

517
Em defesa da fé

Não seria melhor uma mulher estuprada abortar um feto do que


ter um filho indesejado?

O valor da vida de uma criança em formação não repousa sobre o fato


de ela ser ou não desejada pelos pais. Se assim fosse, deveríamos concordar
com o aborto de uma criança cujos pais não “planejaram” o seu nascimento.
Se um homem ou uma mulher dizem não desejar o seu filho que está sendo
gerado, isto justificaria o assassinato daquela criança? O valor de uma vida é
medido pelo nosso desejo ou pela vontade de Deus, que é o autor da vida
(mesmo que não tenha programado o estupro que gerou aquela vida)?
Apesar de ser uma decisão muito pessoal, um ser em formação e o
valor da vida ainda devem ser levados em alta consideração antes que uma
mulher tome tal decisão irreversível em vários níveis, principalmente
psíquico.

Ver a resposta à terceira pergunta deste tópico:


A prática do aborto é segura e produz menos complicações
para a mãe do que o ato de dar à luz um bebê indesejado.

Por que deveríamos encorajar o nascimento de uma criança anen-


céfala se isso traria somente dor para os pais e a redução de sua
vida a um tempo tão curto?

Devemos lembrar que arbitrar sobre a vida de uma criança cuja for-
mação intrauterina demonstra algum tipo de má-formação genética e,
portanto, a condena a limitações de qualidade de vida drástica é praticar
uma política antivida de eugenia (matar os menos aptos ou defeituosos).
Governos comunistas, nazistas e de completo desrespeito à vida têm segui-
do tais princípios, violando o direito à vida, que é um direito de todos os
seres humanos.
Uma criança anencéfala pode viver dias, meses, e até mais de dois anos
(pelo que se conhece até o momento). Além disso, pela introdução de áci-

518
C u rs o A po lo gético

do fólico nas farinhas de trigo e milho obrigatoriamente no Brasil, de acor-


do com a determinação da ANVISA desde 2004, tem ocorrido a diminuição
da incidência desse problema congênito. E quem sabe até possamos depa-
rar com um tipo de anencefalia mais leve, o que aumentaria em muito a
sobrevivência e qualidade de vida da criança.
A anencefalia também não é sinônimo de “morte cerebral”, pois a
criança mantém parte de suas funções cerebrais plenas, podendo chorar,
deglutir e respirar (a morte encefálica exige apneia [perda da função respi-
ratória]). Portanto, a anencefalia não é morte encefálica, ou cerebral, mas,
sim, perda de parte das funções cerebrais durante o período de formação
do nascituro.
O sofrimento psicológico que uma mãe possui ao perder o seu filho
após o nascimento, independentemente da duração de vida da criança
anencéfala (horas, dias, meses e anos), é minimizado por sua estrutura psi-
cológica de preparação para aquela perda, o que não ocorre com a perda
repentina de um filho da mesma idade, em que a criança não possui nenhum
tipo de problema congênito. Ocorre a mesma organização psicológica quan-
do temos alguém que amamos em estado grave e o acompanhamos até sua
morte, pois acaba ocorrendo uma melhor elaboração do luto. Além disso,
existem vários casos de pais que optaram por proporcionar o direito à vida
a seus filhos, independentemente do tamanho da dor que poderiam ter
futuramente.

519
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ABORTO

1. Como definimos a palavra “aborto”?

2. Possui a mãe direito sobre a vida do feto como se ele fosse


parte do seu corpo? Explique.

3. Quem, de fato, é a vida inocente: a mãe ou o feto? Explique.

4. De acordo com as estatísticas, entre 1973 e 1990, qual o núme-


ro de mortes em todo o mundo que possui como causa o abor-
to provocado?

5. Quais os principais problemas relacionados ao aborto, tanto do


ponto de vista físico quanto psíquico?

6. Podemos aceitar o aborto, visto que apenas um embrião está


em jogo, e não um ser completamente formado? Explique.

7. Somos apenas seres humanos em potencial enquanto estamos


no útero materno? Explique.

8. Considera Deus um feto como algo de menor importância em


vista de Êxodo 21.22?

9. Em caso de estupro, podemos justificar o aborto? Explique.

10. Por que não poderíamos optar pelo aborto dos anencéfalos?

520
PROVA – ABORTO

1. O nascituro não faz parte do corpo da mãe porque:


a) Se desenvolve sem depender dela.
b) Tem um corpo protegido pela placenta.
c) Pode possuir tanto um tipo sanguíneo como um sexo diferente da mãe.
d) Possui mecanismos orgânicos que o protegem no ventre da mãe.

2. Um projeto eficaz de saúde pública deve:


a) Eliminar o feto com má-formação.
b) Eliminar o feto que oferece risco à mãe.
c) Permitir que a mãe decida sobre seu corpo.
d) Valorizar tanto a vida da mãe como diminuir a taxa de mortalidade entre os
nascituros.

3. A porcentagem real das mulheres que só realizou um aborto por não ter tido
nenhum apoio para dar continuidade à gestação é de:
a) 90%.
b) 80%.
c) 70%.
d) 60%.

4. Entre os problemas que podem afetar uma mulher que praticou aborto estão:
a) Problemas psicológicos permanentes e ruptura do colo do útero.
b) Embolia pulmonar e enxaqueca.
c) Infertilidade e problemas ginecológicos.
d) Perfuração do intestino e problemas estomacais.

5. A vida humana, segundo a ciência, se inicia:


a) No nascimento.
b) Após nove semanas de gestação.
c) Após 40 dias de vida.
d) Na concepção.

521
6. Um ser em formação não é menos humano do que um ser formado porque:
a) Ambos possuem somente diferenças biológicas.
b) Ambos possuem apenas diferença cronológica.
c) Ambos possuem apenas humanidade aparente.
d) Ambos possuem apenas desenvolvimento biológico semelhante.

7. O texto bíblico que aponta a importância da vida humana ainda no ventre ma-
terno é:
a) Sl 139.13-16.
b) Êx 21.22.
c) Gn 1.27.
d) Jo 9.1, 2.

8. O valor da vida de uma criança em formação não repousa sobre o fato de ela
ser ou não:
a) Filho legítimo.
b) Desejada pelos pais.
c) Sadia.
d) Se desenvolver normalmente.

9. A política de eliminação dos menos aptos ou defeituosos é chamada de:


a) Controle de natividade.
b) Tratamento de fertilização.
c) Controle social.
d) Eugenia.

10. Não podemos apoiar o aborto de anencéfalos com base em seu problema con-
gênito porque:
a) Os anencéfalos possuem atualmente uma expectativa de vida maior e melhor.
b) Os anencéfalos nunca nascem vivos.
c) Os anencéfalos são resistentes a qualquer método abortivo.
d) Todos os anencéfalos sofrem aborto espontâneo.

522
C u rs o A po lo gético

clonageM

DEFINIÇÃO

Clonagem (Gr. klón [broto vegetal]) é o processo natural ou artificial no qual


são produzidas de forma assexuada cópias geneticamente idênticas de outro
ser (animais e vegetais). A clonagem artificial ocorre por meio do processo
de retirada do núcleo do óvulo, que é substituído pelo núcleo da célula do
ser que será clonado. A clonagem é também um meio comum de propaga-
ção de bactérias e protozoários. O termo foi cunhado em 1903 pelo botâni-
co estadunidense Herbert J. Webber.

Quais os principais problemas éticos relacionados à clonagem


humana?

Existem vários problemas de cunho ético relacionados à questão da


manipulação de células humanas com a finalidade de produzir um clone.
Seria correto tentar clonar um ser humano, visto que essa técnica ainda não
foi totalmente dominada, mesmo com o grande risco de ocorrer dezenas de
perdas de embriões manipulados (para clonar a ovelha Dolly, foram neces-
sárias 277 tentativas)? E o grande risco de ocorrerem problemas genéticos,
como o que se deu com a ovelha Dolly (ela desenvolveu artrite e envelhe-
cimento precoce)? Quais seriam as repercussões psicológicas na vida de uma

523
Em defesa da fé

pessoa gerada sem possuir nenhuma raiz genealógica definida? E, quando


a célula da pele de uma mulher fosse usada para preencher o núcleo do
óvulo da mesma doadora, ela seria a mãe de si mesma? Se o clone é uma
cópia fiel do doador do produto genético, o novo ser gerado possuiria iden-
tidade própria? Quais implicações psicológicas ocorreriam com o fato de
este ser clonado ser naturalmente estéril? Se a pessoa de quem foi feita o
clone morrer, ou o laboratório que dirigiu o processo falir, quem será o
responsável por este novo ser? Diante destas questões tão complicadas,
seria correto agir de forma tão irresponsável por brincar com a dignidade
de um ser humano? Desejaria correr tais riscos se houvesse a possibilidade
de você tornar-se um ser clonado?

A técnica de clonagem não poderia ser um meio pelo qual a ciên-


cia poderia substituir a técnica de reprodução in vitro?

Na fertilização in vitro não encontramos a ausência total do papel do pai,


mesmo que a fertilização seja feita de forma assexuada. Essa técnica (a fertili-
zação in vitro) já é conhecida há décadas, tendo sido o primeiro bebê gerado
desta forma em 1979, e não apresenta nem mesmo de longe os problemas
ético-científicos apresentados como no caso da técnica da clonagem. As grandes
dificuldades que envolvem a clonagem humana colocam tal técnica em uma
posição completamente diferente da reprodução in vitro como conhecemos,
demonstrando que uma forma de reprodução não pode substituir a outra.

Ver resposta à pergunta anterior deste tópico.

Seria correto usar a clonagem para fins terapêuticos?

A clonagem para fins terapêuticos é uma técnica ainda não dominada


pela ciência, e o tão propagado fim de muitas doenças com essa técnica
ainda não foi posto em prática. A técnica faz uso de células embrionárias

524
C u rs o A po lo gético

com até 14 dias de vida, sendo, portanto, tais embriões manipulados para
depois serem retirados para obtenção das células-tronco, as quais podem
regenerar quaisquer tipos de tecidos danificados, ocasionando possivelmen-
te assim o fim dos transplantes de órgãos e dos medicamentos inibidores
de rejeição. O grande problema repousa sobre o uso de embriões para
depois serem descartados, pois, se a vida começa na concepção, então seria
incorreto o uso de embriões humanos para depois descartá-los. Teria o
homem direito de manipular uma vida para depois tirá-la? Se a fecundação
visa sempre à reprodução de uma pessoa, seria correto usá-la como apenas
um meio de se produzir tecidos biológicos para manter uma outra existên-
cia, como uma “vida complementar”?
Apesar de todas as vidas que possivelmente seriam salvas com a clo-
nagem terapêutica, poderíamos ser favoráveis a este tipo de tratamento,
desde que não seja por meio da manipulação “descartável” de outra vida.
Produzir células regenerativas por meio de algum outro método que não
seja o atual poderia ser uma saída favorável do ponto de vista bioético, pois,
por mais que a imprensa no geral exponha a questão como um problema
do fundamentalismo religioso com relação à vida humana, projetos de lei
têm surgido em países como os EUA (projeto de Lei nº 1.099 do Estado de
New Jersey), cuja intenção tem sido a de banalizar a vida ao propor que um
embrião clonado possa ser usado para fins científicos, acompanhando o
desenvolvimento dos “embriões” até quase o nono mês de gestação (já na
fase de desenvolvimento fetal), para que depois o nascituro seja morto,
obviamente antes de nove meses de gestação. Antes de se tornar um “ser
humano”, “ou pessoa”, segundo eles! Isso tem ocorrido porque hoje se sabe
que toda a expectativa baseada em células-tronco embrionárias em fase
inicial está ameaçada por apresentar pouco resultado diante das grandes
expectativas dos pesquisadores (casos de tumores gerados por tais células
no período embrionário têm gerado insegurança sobre a viabilidade de tal
metodologia científica). Devemos nos lembrar de que o embrião já possui
o DNA completo, tendo, portanto, todas as características do ser comple-
tamente formado (cor dos cabelos, cor dos olhos, cor da pele etc.).

525
Em defesa da fé

No mês de novembro de 2014, na cidade de Kobe, no Japão, ocorreu


o primeiro implante de células iPS, que são consideradas a nova geração de
células-tronco. Sabe-se que, logo após a fecundação, surgem células que
rapidamente se especializam, formando todos os tipos de tecidos do corpo,
as chamadas células-tronco embrionárias pluripotentes (iPS). A técnica de-
senvolvida pelos cientistas japoneses permite a reprogramação celular, fazen-
do com que células já especializadas de um tecido do corpo recuperem as
funções básicas das células-tronco iniciais, assim eles adquirem células-tron-
co a partir de células que anteriormente já não poderiam ser usadas, por já
serem especializadas em seus respectivos tecidos. A nova técnica permite
que células-tronco sejam recriadas sem o uso de embriões humanos, derru-
bando assim as questões bioéticas que envolvem a manipulação e o descarte
de material genético humano, bem como a possibilidade de rejeição, por
parte do paciente, uma vez que é ele quem fornece tecido do seu próprio
corpo para produzir as células-tronco. Somente com o desenvolvimento
destas pesquisas será possível avaliar o desenvolvimento de tais procedimen-
tos e sua viabilidade, e possíveis riscos, no tratamento de várias doenças.

Para informações complementares sobre


este tema, leia o tópico Aborto.

Não seria a clonagem com fins terapêuticos a solução final para a


cura de várias enfermidades?

Ver resposta à pergunta anterior.

Qual tem sido a reação global com relação à possibilidade da clo-


nagem humana?

A reação do mundo com relação à clonagem humana com fins repro-


dutivos tem sido de desaprovação total a tal tipo de experimento. Apesar

526
C u rs o A po lo gético

de terem sido divulgadas na imprensa informações de que já foram obtidos


embriões humanos com a clonagem, desenvolvidos por empresas que tra-
balham na área de pesquisa genética e reprodução (Advanced cell techno-
logy e Clonaid, por exemplo), não se sabe com certeza se isso já foi realiza-
do. Os países europeus se mostraram desfavoráveis a tal tipo de pesquisa,
e até a Inglaterra, que é favorável à clonagem terapêutica, criou leis rígidas
contra a clonagem reprodutiva. O ex-presidente americano Bill Clinton
(1993-2001) determinou leis que contivessem o avanço das especulações
relativas à clonagem humana, quando em seu governo foram feitos experi-
mentos positivos produzindo a ovelha Dolly.
As barreiras éticas intransponíveis relacionadas aos perigos existentes
na clonagem humana e o bom senso têm impedido o mundo de olhar esse
tipo de experiência com bons olhos.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Quais os principais problemas éticos relacionados à clonagem?

Eva pode ser considerada um clone de Adão?

Não. Apesar de encontrarmos na Bíblia a declaração de que Eva foi


feita de uma parte retirada de Adão (Gn 2.21-23), e certamente essa parte
retirada possuía material genético suficiente para se clonar alguém, não foi
isto que ocorreu, visto que um clone possui semelhança perfeita com o ser
clonado, e Eva não era uma reprodução fiel de Adão. A técnica de clonagem
humana nos ajudaria pelo menos entender a possibilidade de gerar um ser
de forma assexuada a partir de outro, como o relato bíblico nos informa no
caso de Eva. Mas não poderíamos declarar que houve, de fato, uma clona-
gem da primeira mulher existente.

527
Em defesa da fé

A técnica de clonagem humana é contrária a quais aspectos do


projeto divino?

A clonagem humana é diretamente contrária aos principais aspectos


estabelecidos por Deus ao criar o homem como um ser pessoal, social e
espiritual.
Deus criou apenas dois sexos distintos em uma mesma espécie huma-
na, distinções que os capacitaria a reproduzir seguindo condições orgânicas
previamente estabelecidas, pelas quais somos gerados (Gn 1.28; 2.24).
O casamento, que é a primeira instituição divina, serviu como meio de
se estabelecer um ambiente ideal para a reprodução humana, com filhos
gerados somente dentro de uma instituição harmônica, onde as figuras e
funções tanto paternas quanto maternas fossem claramente definidas para
um desenvolvimento perfeito, emocional e espiritual do novo ser.
O importante vínculo familiar, tão necessário na consolidação social de
um ser humano, com as suas raízes genealógicas, também poderia ser des-
truído caso a clonagem reprodutiva se tornasse uma prática comum.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Quais os principais problemas éticos relacionados à clonagem?

528
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CLONAGEM

1. Defina clonagem.

2. Cite apenas um grave problema ético relacionado à clonagem


humana.

3. Seria a clonagem o mesmo que fertilização in vitro? Explique.

4. O que é a clonagem para fins terapêuticos?

5. Como sabemos que clonar seres humanos é uma afronta ao


projeto divino?

529
PROVA – CLONAGEM

1. A clonagem é definida como:


a) Um processo natural ou artificial de cópias geneticamente idênticas.
b) Um processo bioquímico comum a todas as espécies animais e vegetais.
c) Um erro no código genético de espécies vegetais ou animais.
d) A capacidade que alguns insetos possuem de gerar larvas idênticas.

2. O termo “clonagem” foi criado somente em:


a) 2001.
b) 1993.
c) 1994.
d) 1903.

3. Para clonar a ovelha Dolly, foram necessárias:


a) 201 tentativas de manipulação de embriões.
b) Misturar embriões de duas espécies distintas.
c) Corrigir 277 erros genéticos da ovelha.
d) N.R.A.

4. Sobre a clonagem humana, é correto afirmar:


a) O ser humano não pode ser clonado.
b) Somente ovelhas podem ser clonadas.
c) Que ela representa um conjunto de problemas éticos ao ser humano.
d) A clonagem humana ainda é um tabu religioso.

5. Sobre a principal diferença entre a fertilização in vitro e a clonagem, poderíamos


dizer:
a) Ambas as técnicas já estão sob total controle da ciência.
b) Somente a clonagem é uma técnica já bem dominada.
c) A fertilização in vitro e a clonagem são o mesmo processo de manipulação
embrionário.
d) A fertilização in vitro é uma técnica dominada há décadas, já a clonagem, não.

530
6. Entre alguns dos problemas éticos relacionados ao uso de clonagem para fins
terapêuticos estão:
a) O uso de embriões com até 14 dias e doenças congênitas.
b) Doenças vasculares e raquitismo.
c) O uso de embriões com até 14 dias e seu descarte.
d) N.R.A.

7. Em qual país tramita um projeto de lei que permite o cultivo de embriões até
que tenham quase nove meses de desenvolvimento?
a) Brasil.
b) Irã.
c) Canadá.
d) EUA.

8. Sobre a clonagem humana, podemos dizer que:


a) Existe uma tendência global de aceitá-la em todos os países da Europa.
b) Os EUA a têm aceito desde o governo de Bill Clinton.
c) Há uma política de rejeição global, principalmente vinda dos países europeus
e também dos EUA.
d) A Inglaterra é totalmente favorável a essa prática.

9. Sobre a criação de Eva, é correto afirmar que:


a) Ela não era um clone de Adão.
b) Ela não possuía o mesmo material genético de Adão.
c) Ela foi uma reprodução clonada semelhante a Adão.
d) Existia relação direta entre ela e seu clone.

10. Uma possível clonagem humana contrariaria qual principal projeto divino?
a) A família.
b) A gestação humana.
c) A sociedade.
d) O casamento.

531
Em defesa da fé

eutanÁSia

DEFINIÇÃO

A palavra “eutanásia” é derivada de duas palavras gregas, eu (boa) e thanatos


(morte), e se refere a qualquer ação intencional que possibilite aliviar o
sofrimento com a morte de alguém, seja por um método direto ou indireto,
passivo ou ativo, trazendo supostamente “dignidade” ou uma “boa morte” a
um paciente terminal.

Quais os tipos de eutanásia existentes?

Basicamente, existem dois tipos de eutanásia: ativa, na qual se empre-


gam medidas adotadas por terceiros como injeções e remédios para provo-
car a morte do paciente; ou passiva, na qual simplesmente se tira do pa-
ciente qualquer tratamento que auxilie a manutenção de sua vida (remédios,
calorias, alimentação, respiração etc.), deixando-o assim morrer.

Aliviar a morte de alguém que está sofrendo muito não seria uma
expressão de misericórdia cristã?

Não, pois, apesar de a Bíblia aconselhar o uso de substâncias entorpe-


centes para o tratamento daqueles prestes a morrer (Pv 31.6), não autoriza

532
C u rs o A po lo gético

o homem a tirar a vida do seu próximo, pois sobre o dia da sua morte o
homem não tem poder ou domínio dado por Deus (Ec 8.8). Devemos va-
lorizar a vida, mesmo daqueles que estão morrendo, para poderem concluir
de forma digna a sua existência humana. Existe uma grande diferença entre
morrer misericordiosamente e matar misericordiosamente. A primeira pode
ser vista não como uma violação do direito à vida, pois permite simplesmen-
te ao paciente terminal concluir sua existência de forma natural. Quanto à
segunda, trata-se de uma forma de interferência humana no ciclo natural
da existência permitida por Deus.

Ver resposta à pergunta posterior.

Podemos tirar a vida de alguém que nos autoriza a matá-lo?

A Bíblia afirma que aos homens não foi concedido o direito de julgar
acerca do dia da morte (Ec 8.8), sendo, portanto, um erro moral e uma
coparticipação em um ato de suicídio atender a tal solicitação. Se, para
aliviar a dor de todas as pessoas que sofrem sem perspectiva de minimizar
seu sofrimento, podemos matá-las, o poder de juízo da dignidade e valor
da vida humana estaria sob nós, e não sob Deus que a criou. Também para
isso deveríamos possuir um completo conhecimento das razões pelas quais
o mal, de forma particular, sobreveio a alguém, e não sabemos.

Ver resposta à pergunta anterior.

Qual a diferença existente entre “eutanásia passiva” e “ortotanásia”?

A diferença fundamental entre “eutanásia passiva” e “ortotanásia”


consiste no fato de que na primeira medidas são tomadas para a manuten-
ção da vida do paciente e depois interrompidas (medicamentos e alimenta-
ção), enquanto na segunda não se levam em conta quaisquer medidas para

533
Em defesa da fé

prolongar a vida do paciente, permitindo-o morrer naturalmente. Nesse


caso, medicamentos e alimentação não seriam negados ao paciente, mas
somente os aparelhos que mantêm a vida.

Manter uma pessoa em “estado vegetativo” é uma forma indigna


de se tratar um ser humano, por isso sou favorável à eutanásia.

Já existiram casos de pessoas que conseguiram se recuperar após um


período de “estado vegetativo”. Por outro lado, é extremamente difícil tomar
um caso como padrão para todos os outros. Como também ter certeza de
que o mesmo não ocorrerá com este paciente em particular? Como a Bíblia
fala de Deus como o principal doador da vida, e o responsável direto por
sua manutenção (Sl 139.13-17), seria um ato de violação da ordem divina
cooperar com a morte de alguém feito à imagem de Deus (Gn 9.5, 6),
sendo, portanto, este o melhor modo de se julgar a questão, e não aquele.
Não sabemos com certeza absoluta tudo o que ocorre com uma pessoa
nesse estado, nem mesmo podemos julgar o porquê daquela vida estar se
esvaindo daquele modo, cabendo somente a Deus decidir sobre quando
cada ser deve morrer.

Ver respostas às perguntas deste tópico:


Podemos tirar a vida de alguém que nos autoriza a matá-lo?

Aliviar a morte de alguém que está sofrendo muito


não seria uma expressão de misericórdia cristã?

Tirar a vida de alguém é sempre considerado um crime?

Ver reposta à pergunta do tópico Guerra:


Existem casos em que matar alguém não é considerado pecado?

534
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

EUTANÁSIA

1. O que significa a palavra “eutanásia”?

2. Quais os tipos de eutanásia existentes?

3. Temos o direito de aliviar o sofrimento de um ente querido com


a eutanásia? Explique.

4. Mesmo diante de uma autorização pessoal, é compatível com o


cristianismo a prática da eutanásia? Explique.

5. Como definir a ortotanásia?

535
PROVA – EUTANASIA

1. A palavra “eutanásia” significa:


a) Morte provocada.
b) Morte por acidente.
c) Morte cerebral.
d) Morte boa.

2. A palavra grega thanatos significa:


a) Morte.
b) Dignidade.
c) Prisão.
d) Libertação.

3. Com relação à quantidade de forma de eutanásia, podemos declarar que existem:


a) Três formas.
b) Duas formas.
c) Uma forma.
d) Quatro formas.

4. A eutanásia praticada a partir de medidas medicamentosas ao paciente é conhe-


cida como:
a) Heterotanásia.
b) Passiva.
c) Ativa.
d) Ortotanásia.

5. Sobre a provocação da morte daqueles que estão sofrendo, é correto afirmar


que:
a) Deus é contrário à interrupção da vida, pois ela somente a Deus pertence.
b) Deus permite em casos de guerra com sofrimento de vítimas.
c) Em alguns casos, é uma questão de necessidade.
d) A Bíblia a permite de forma indiscutível.

536
6. Sobre morrer misericordialmente e matar misericordialmente, podemos decla-
rar que:
a) Envolvem sempre um ato de eutanásia.
b) São sempre as duas faces de um mesmo ato.
c) A primeira não demonstra um ato de violação do direito à vida, mas a segunda,
sim.
d) Ambas apresentam a atitude humana de reconhecer Deus como o autor da vida.

7. Sobre a autorização de alguém para que tiremos sua própria vida, podemos
afirmar que seja:
a) Um ato de compaixão com o meu próximo.
b) Um ato de crise psíquica, já que egoísmo também necessita de tratamento te-
rapêutico.
c) Um ato de egoísmo extremo.
d) Um ato de coparticipação em um suicídio.

8. Sobre o nosso juízo em relação a quem deveríamos auxiliar em um ato de eu-


tanásia, repousa nossa incapacidade de:
a) Julgar os motivos pessoais da dor do moribundo.
b) Julgar a dignidade e o valor da vida humana.
c) Julgar nossos sentimentos com relação ao mal.
d) Julgar a crença pessoal que leva uma pessoa a desejar a morte.

9. Quando negamos apenas o uso de aparelhos que mantêm uma vida, estamos
praticando a:
a) Eutanásia ativa.
b) Eutanásia passiva.
c) Ortotonásia.
d) N.R.A.

10. Sobre uma pessoa em “estado vegetativo”, podemos dizer que:


a) Podemos auxiliá-la a encerrar seu estado de sofrimento.
b) Devemos ignorar sua dor e trauma.
c) Já houve casos de recuperação, e não podemos arbitrar sobre o direito ou não
à vida.
d) Ninguém pode sair de um estado vegetativo.

537
Em defesa da fé

guerra

DEFINIÇÃO

Conflito armado entre nações, grupos étnicos ou um único povo que tem
sempre como objetivo subjugar ou defender-se contra a suposta tirania de
um grupo por motivos políticos, sociais etc. As guerras têm deixado, ao
longo do tempo, um rastro de destruição e dor, sendo considerada a causa
da miséria de muitos povos.

Como um cristão pode participar de uma guerra se a Bíblia proíbe


o assassinato (Êx 20.13)?

Devemos, antes de tudo, compreender o significado real do sexto man-


damento (Êx 20.13) e de sua relação com a defesa e preservação da vida.
Existem sete termos usados no hebraico bíblico que são traduzidos por
“matar”, em português. A palavra que aparece no sexto mandamento e é
traduzida por “matar” é rãsah e possui melhor tradução se a traduzirmos
por “assassinar”, pois, das 47 ocorrências no hebraico bíblico, nunca é usa-
da em situações de: morte por legítima defesa (Êx 22.2), matar alguém de
forma acidental (Dt 19.5), execução de assassinos (Gn 9.6) ou matar alguém
em situação de guerra (1Sm 7.10, 11).

538
C u rs o A po lo gético

Existem certas situações de conflito nas quais vemos a necessidade de


resistência armada contra governantes ímpios, como no caso de Abraão,
quando guerreou contra alguns reis que haviam capturado o seu sobrinho
Ló (Gn 14.1-12, 14-16). Apesar de aquela guerra não ter sido ordenada por
Deus, ele foi abençoado por tal vitória (Gn 14.17-20).
Não devemos imaginar haver injustiça de nossa parte por resistirmos
a uma nação inimiga, assim como não cremos ser injusto resistir a um in-
vasor que põe em risco a segurança de nossa família em um ato de defesa
de nosso maior bem. Algumas situações devem ser analisadas antes de to-
marmos a decisão de participarmos ou não de um conflito armado, princi-
palmente quando inocentes estão sendo massacrados. Existem conflitos
justos, como levantar-se contra a perseguição a uma minoria étnica perse-
guida por um governo perverso e injusto, por exemplo. E injustos, como a
invasão de uma nação por questões de caráter econômico para roubar bens
de outros povos, e devemos tomar decisões de participarmos ou não de uma
guerra baseadas nessas diretrizes.
Jesus, apesar de desencorajar os seus apóstolos do uso de armas por
ocasião de sua prisão (Mt 26.51, 52), ordenou a sua compra por questões
certamente civis e de autodefesa (Lc 22.36-38), relacionadas à proteção
contra qualquer tipo de ação violenta. A Bíblia em lugar algum afirma que
matar alguém em um conflito bélico é considerado pelo Senhor uma viola-
ção do mandamento “não matarás” (Êx 20.13).

Ver resposta à pergunta posterior.

Existem casos em que matar alguém não é considerado pecado?

A Bíblia ensina haver uma diferença do ponto de vista divino entre


tirar uma vida e assassinar. Se a grande maioria dos mandamentos mencio-
nada no Decálogo (Dez Mandamentos) é de caráter moral e, portanto, in-
violável em qualquer situação sem que sua desobediência seja aceita por

539
Em defesa da fé

Deus, por que Ele próprio ordenou, em algumas situações, que pessoas e
nações inteiras fossem destruídas (Dt 20.16, 17)? Certamente Deus não
considerou aquele ato assassinato, visto que Ele concordava com aquilo e
jamais apoiaria a violação de qualquer um de seus mandamentos, em qual-
quer circunstância, pois Deus, como o Senhor e proprietário da vida, pode
ordenar a qualquer pessoa que a tire por ser sua propriedade de direito.
Também tirar a vida de alguém em legítima defesa não é considerado as-
sassinato (Êx 22.2), como matar de forma acidental (Dt 19.5). Então, isso
não poderia ser considerado um ato pecaminoso por Deus.

Ver resposta à pergunta anterior.

Por que Deus ordenou a guerra?

A guerra sempre foi o método usado na Antiguidade por todos os povos


para expansão territorial, suprimento de alimento para uma população em
crescimento e defesa. Não podemos avaliar a forma de viver de um povo a
partir simplesmente de nossas experiências atuais, ignorando todos os fatores
socioculturais que os cercam (isso é conhecido como anacronismo psicoló-
gico) e que envolvem cada povo em cada época. Essa é a razão pela qual
encontramos Deus agindo de forma diferente com o homem em vários
momentos distintos de sua história. Por exemplo, Deus, apesar do homicídio
executado por Caim, não o matou (Gn 4.8-16), mas para Noé, em outro
contexto, ele estabeleceu outro pacto, exigindo a pena capital no caso de
homicídio semelhante ao de Caim (Gn 9.5, 6). Outras relações sociais na
Antiguidade são exemplificadas nas Escrituras e nos são totalmente estranhas.
Por exemplo, para a mulher moderna é totalmente absurdo a ideia de en-
tregar sua escrava (serva) para o seu marido ter um filho com ela se fosse
estéril, mas para a época de Abraão seria completamente normal e aceitável
nas sociedades da Mesopotâmia (Gn 16.1-4). Inclusive o Código de Hamu-
rabi (o mais antigo e famoso código de leis babilônicas) estabelece tal relação.

540
C u rs o A po lo gético

Ademais, NUNCA encontramos na Bíblia Deus ordenando a destrui-


ção de povos cuja cultura moral fosse elevada. Encontramos sempre o ex-
termínio de povos extremamente perversos e injustos, capazes tanto de
queimar bebês recém-nascidos em sacrifícios pagãos quanto agir de forma
extremamente impiedosa para com todos os inimigos a eles sujeitos. As leis
de guerra e os princípios de tratamento para com os não israelitas, já no AT,
possuem um elevadíssimo padrão de justiça, mesmo em um tempo de ex-
trema barbárie. Entre os principais mandamentos estão: oferecimento de
rendição pacífica (Êx 20.10); não humilhar a prisioneira rejeitada (Êx 21.14);
não oprimir ao forasteiro (Êx 22.21); buscar a paz com todos (Zc 8.19). Além
disso, devemos nos lembrar de que a guerra no AT é a forma de imputar
justiça contra atos de derramamento de sangue dentro de uma sociedade
onde o homicídio se banalizava, como ocorreu com a própria nação de
Israel (Is 5.26-28) – (HUTCHINSON, 2007, pp. 70, 71).
De que outra forma Deus poderia agir com os povos antigos em uma
época em que a guerra era a única forma legal de atuação (sobrevivência e
resistência)?

Existe alguma proibição bíblica acerca da participação de um cristão


no exército?

Não existe nenhuma proibição bíblica relativa à não participação de


um cristão em algum cargo público nem contra o militarismo. Jesus, em
certa ocasião, elogiou a grande fé em Deus que um centurião romano pos-
suía, dizendo não ter achado fé semelhante nem em Israel, não obstante as
suas obrigações exigirem, às vezes, o uso da força militar contra os insur-
gentes (Mt 8.5-13). O apóstolo Pedro igualmente, quando falou com o
centurião Cornélio, um homem extremamente piedoso e temente a Deus,
apesar de ele ser um militar a serviço do Império Romano, não lhe cons-
trangeu em hipótese alguma a abandonar a sua função militar (At 10.1-6,
47, 48). João Batista, enquanto pregava acerca do Reino de Deus às margens

541
Em defesa da fé

do rio Jordão, foi visitado por alguns soldados com a seguinte pergunta: o
que se deve fazer para seguir a Deus? Ele simplesmente lhes respondeu
que não deveriam praticar extorsão, acusar alguém falsamente e também
deveriam se contentar com o seu salário. Mas não se faz no relato nenhuma
referência de que deveriam abandonar a sua função de soldados para ser-
virem a Deus (Lc 3.14).

* * *

As Testemunhas de Jeová são totalmente contrárias hoje


à participação de um cristão em qualquer tipo de força
ou ação militar (pacifismo absoluto), apesar de terem
mantido uma opinião contrária à atual por muitos anos. Vejamos algumas
destas afirmações anteriores extraídas de sua própria literatura:

“[...] Notem que não há nenhum mandamento nas Escrituras con-


tra o serviço militar. A obediência ao alistamento militar nos faz
lembrar as palavras do nosso Senhor: ”Se alguém o obrigar a andar
uma milha, ande com ele duas” (A Sentinela, 1/8/1898, p. 231).

“[...] A obediência às leis da terra poderia em algum momento


nos obrigar a segurar armas, e em tal circunstância seria nossa
obrigação servir ao exército [...] Não poderia haver nada em nos-
sa consciência contra entrar no exército” (A Sentinela, 15/04/1903,
pp. 119, 120).

A opinião que possuíam no passado era falsa? Se por muitos anos o


“corpo governante” (líderes máximos das Testemunhas de Jeová) ensinou
uma doutrina que, segundo eles, mais tarde foi considerada antibíblica,
quem garante que as atuais não sejam? Se a Bíblia não proíbe o militarismo
quando as Testemunhas de Jeová o proíbem, podemos considerar suas ou-
tras doutrinas totalmente bíblicas?

542
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

GUERRA

1. O que o termo hebraico rãsah nos informa sobre a questão da


guerra?

2. Existe alguma circunstância em que um cristão deve participar


de uma guerra? Explique.

3. Todo assassinato é considerado pecado? Explique.

4. Por que as guerras eram aceitáveis na Antiguidade?

5. As Testemunhas de Jeová mudaram sua antiga posição sobre a


questão da guerra? Explique.

543
PROVA – GUERRA

1. Sobre o tema guerra, podemos declarar que, ao longo do tempo, tem gerado:
a) O desenvolvimento econômico de muitas nações.
b) A igualdade social dos povos.
c) A cultura musical.
d) A destruição e a miséria de muitos povos.

2. A língua hebraica possui:


a) Cinco termos que são traduzidos por matar.
b) Seis termos que são traduzidos por matar.
c) Sete termos que são traduzidos por matar.
d) Um termo único para matar.

3. Sobre Êxodo 20.13, podemos afirmar que a proibição ali se estende unicamente:
a) Ao ato de matar alguém em guerra.
b) Ao ato de assassinar alguém de forma intencional e criminosa.
c) Ao ato de matar alguém de forma acidental.
d) Ao ato de execução de assassinos.

4. O termo hebraico rãsah significa:


a) Assassinar.
b) Matar.
c) Executar.
d) Aniquilar.

5. Se considerarmos qualquer ato de tirar a vida de alguém um ato pecaminosos


em si, deveríamos admitir que:
a) Não existe pecado.
b) Qualquer um de nós está sujeito à violação do sexto mandamento do Decálogo.
c) Os mandamentos de Deus são falsos.
d) Deus anularia em algumas ocasiões os mandamentos que ordenou.

544
6. O principal método usado pelos povos da Antiguidade na busca de sua expansão
territorial era(m):
a) Os acordos de paz.
b) Os tratados de guerra.
c) As guerras.
d) A união de nações.

7. Segundo o código babilônico de Hamurabi:


a) A guerra deve ser evitada.
b) O suicídio é permitido.
c) Se a esposa fosse estéril, o marido poderia ter filhos com sua escrava.
d) Todos os outros povos seriam considerados bárbaros.

8. Sobre a relação existente entre a fé cristã e uma função militar por parte de um
cristão, poderíamos dizer que a Bíblia:
a) Proíbe tal função a um cristão professo.
b) Obriga tal função a um cristão professo.
c) É indiferente sobre esse tema.
d) Permite tal função a um cristão professo.

9. Entre aqueles que, mesmo sendo militares, serviam aos Deus das Escrituras
estão:
a) Cornélio e um centurião romano.
b) Pedro e Cornélio.
c) Paulo e Timóteo.
d) Davi e Cornélio.

10. A posição das Testemunhas de Jeová com relação a qualquer tipo de militarismo
é conhecida como:
a) Seletivismo absoluto.
b) Ativismo permanente.
c) Pacifismo absoluto.
d) Relativismo.

545
Em defesa da fé

Sangue

DEFINIÇÃO

Tecido líquido responsável pela manutenção da vida, composto de quatro


elementos primários: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e
plasma. O sangue (Hb. dam e Gr. haima) desde o AT representava a vida e
a sua santidade (Gn 9.4, 5; Lv 17.11). No caso do sangue humano, somente
Deus poderia derramá-lo ou ordenar que fosse derramado, por ser o homem
à imagem e semelhança do Deus que o criou (Gn 9.6).

Qual o valor simbólico do sangue para Deus?

Deus, desde o momento da queda, para representar o pacto que viria


somente milhares de anos depois com o advento do Messias, possivelmen-
te matou um animal para retirar a sua pele e encobrir figuradamente os
pecados de Adão e Eva no Éden (Gn 3.21). Antes, porém, Ele mesmo
declarou que o calcanhar do descendente da mulher seria ferido, o que
implica sacrifício de sangue (Gn 3.15). Anos depois da queda, o próprio
Deus afirmou de forma mais explícita a santidade e o valor simbólico do
sangue para Noé, confirmando o sangue como símbolo da vida, e por isso
pertencia somente ao autor dela (Gn 9.4, 5). Quando é estabelecido o pacto

546
C u rs o A po lo gético

da lei, Deus reafirma o valor simbólico do sangue, confirmando ser por meio
dele que se faz propiciação pela vida (Lv 17.11). No NT, vemos, então, a
afirmação de que o sangue de Cristo remove definitivamente o pecado de
culpa de todos os pecadores que aceitam o seu sacrifício, fazendo-os acei-
táveis (propícios) a Deus (Hb 9.11-22). Como a transgressão de Adão me-
recia definitivamente a morte, como o próprio Deus afirmou (Gn 3.3), seria
necessário que algo de grande valor fosse dado para reparar o preço da
transgressão do representante legal de toda a raça humana. Os sacrifícios
eram realizados com sangue por causa do seu valor ímpar em relação ao
seu significado e valor para Deus (Hb 10.3-10), sendo até mesmo o consu-
mo de sangue em alimentos proibido pelo Criador, tanto no AT quanto no
NT (Gn 9.3-5; Lv 17.10-14; At 15.28, 29).

Ver resposta à pergunta posterior.

É permitido ao cristão se alimentar de sangue?

As Escrituras Sagradas, tanto no AT como no NT, proíbem o uso do


sangue como alimento. Deus, ainda antes do antigo concerto da lei mosai-
ca, definiu o caráter simbólico do sangue e seu valor, demonstrando que ele
representa a vida em sua totalidade, e somente o próprio Deus poderia ter
o direito legal sobre ela (Gn 9.3-5). Deus, posteriormente no pacto mosai-
co, reafirma essa mesma verdade (Lv 17.10-14), a qual os cristãos em Jeru-
salém, séculos mais tarde, fizeram questão de reafirmar (At 15.28, 29).
Alguns têm questionado essa verdade baseada no fato de a Bíblia no
NT não fazer proibição alguma sobre os tipos de alimento que poderiam
ser consumidos, não determinando a impureza de nenhum dos alimentos
(1Tm 4.3-5). Porém, não encontramos em nenhum texto bíblico a afirmação
de que sangue deva ser alimento para humanos, embora alguns, por deso-
bediência, o usem para esse fim. Como poderíamos colocar o sangue na
categoria de alimentos permitidos, mesmo que não estejamos sob o antigo

547
Em defesa da fé

concerto da lei mosaica, se ele nunca aparece na categoria de alimento,


segundo a Bíblia? Portanto, quando o Espírito Santo inspirou o apóstolo
Paulo a escrever a sua declaração a favor do consumo de qualquer tipo de
alimento por parte dos cristãos, ele não estava confirmando o uso do sangue,
pois não é alimento, por não possuir nutrientes que alimentem e mantenham
um organismo humano vivo.

Ver resposta à pergunta anterior.

Existe algum procedimento que substitua a transfusão de sangue?

Sim. O uso de bisturis elétricos em cirurgias simples, o uso de bisturis


ultrassônicos em cirurgias complexas, soluções salinas, solução gelatinosa
Haemmacell, eritropoietina (EPO), dextran de ferro administrado intrave-
nosamente, fatores de coagulação, proteína C, antitrombina e antitripsina
poderão, em alguns casos, corrigir situações, evitando, assim, a transfusão
de sangue ou seus hemocomponentes. Apesar de todos esses procedimentos
serem usados em alguns casos, ainda existem procedimentos nos quais se
faz necessário o uso de uma transfusão de sangue, como em casos de he-
morragia, quando se tem perdido pelo menos 25% do volume sanguíneo, e
em casos de anemia profunda, que põem em risco a vida do paciente.

A Bíblia proíbe a transfusão sanguínea?

A primeira transfusão sanguínea em humanos ocorreu somente em


1818, com James Blundell, apesar de a prática já ser conhecida desde 1665,
em animais. O texto de Atos não pode ser incluído nessa categoria de proi-
bição, por ser ainda a prática da transfusão sanguínea totalmente desconhe-
cida dos cristãos do 1º século, quando foi aprovada a abstenção do uso do
sangue na resolução tomada entre eles (At 15.20, 29). Como poderia se

548
C u rs o A po lo gético

proibir uma prática inexistente no 1º século? Portanto, enxergar a proibição


de transfusões de sangue no contexto bíblico é cometer um grande anacro-
nismo. À luz do contexto histórico no qual o texto foi escrito, poderíamos
afirmar que a proibição de Atos se restringe ao uso do sangue de animais
como alimento, e de forma alguma faz menção ao uso de sangue humano
por meio de qualquer prática. Tal proibição já havia sido dada antes da lei
de Moisés (Gn 9.3-5) e foi reafirmada na lei (Lv 17.10-14). Se o motivo para
a assembleia em Jerusalém foi o problema com os judaizantes (At 15.1, 2,
5) que queriam submeter os irmãos às ultrapassadas regras da lei mosaica,
as quais afirmavam claramente a proibição do uso do sangue de animais
como alimento, pois o próprio contexto de Levítico claramente indica isto
(Lv 17.10-13), então, como acreditar que a resolução tomada em Jerusalém
estava além da lei mosaica, proibindo o uso do sangue humano, se essa era
a base da discussão?

É uma transfusão o mesmo que comer sangue?

Definitivamente não. O sangue coagulado não serve para o uso em


transfusões sanguíneas, e é exatamente esse tipo de sangue o usado por
algumas pessoas em certos alimentos. Portanto, existe uma grande diferen-
ça entre um sangue usado para transfusões (não coagulado) e outro (coagu-
lado) misturado em algum tipo de alimento para consumo. Se alguém é
internado desnutrido, por sofrer algum tipo de problema que o impossibi-
lita de se alimentar, jamais os médicos lhe dariam sangue, pois ele não pode
ser dado como alimento nutritivo para a recuperação do doente desnutrido
de forma alguma, por não ser alimento. O sangue transfundido não pode
ser usado pelo corpo como alimento, da mesma forma que um órgão trans-
plantado não pode ser usado como alimento pelo corpo. Como existe uma
grande diferença entre comer um coração humano e receber um coração
transplantado, assim também existe uma grande diferença entre comer
alimento com sangue e receber uma transfusão de sangue. Não há benefício

549
Em defesa da fé

nutritivo em uma transfusão de sangue, pois este é usado para substituir


algo que se perdeu, como os glóbulos vermelhos que transportam o oxigê-
nio no organismo vivo.

Rejeito a transfusão de sangue por oferecer grandes riscos à vida.

Alguns médicos declaram que ninguém pode afirmar com 100% de


certeza que um procedimento com sangue transfundido está isento de al-
guma complicação para o paciente. Problemas como hepatite, choque
anafilático, AIDS e outras complicações podem colocar em risco a vida
daqueles que recebem tal sangue. Todavia, testes têm sido feitos com o
material coletado, e antes da coleta, para se diminuírem os riscos, o que
tem sido bastante benéfico. Os cuidados atualmente são tão grandes, na
tentativa de evitar qualquer tipo de complicação dessa natureza, que o
manual médico Terapêutica Transfusional, editado pela Associação Ameri-
cana de Bancos de Sangue (1998), afirma seguramente: “Durante sua fabri-
cação, a bolsa de sangue e todas as bolsas satélites e agulhas a ela conecta-
das são esterilizadas. Uma vez que todo o sistema de coleta de sangue é
estéril, descartável e não pode ser reutilizado, é IMPOSSÍVEL que um
doador venha a contrair hepatite, AIDS ou outra doença transmissível por
transfusão de sangue, através da doação” (p. 3). Os médicos só aplicam esse
tipo de procedimento quando analisam se os benefícios são maiores do que
os riscos, havendo uma boa possibilidade de salvar o paciente. Por outro
lado, existem menos riscos em uma transfusão sanguínea do que para outros
procedimentos médicos a que a grande maioria dos pacientes se submete-
ria, e que não se submetem a uma transfusão de sangue, mas certamente
aceitariam tais procedimentos mesmo que possuam maiores riscos do que
uma transfusão pode trazer. O grau de risco fatal para alguém que recebe
uma transfusão de sangue é de 1 a cada 83-676 mil pacientes. Para alguém
que se submete a uma anestesia geral, é de 1 a cada 15-30 mil pacientes, e
para alguém que se submete ao uso de penicilina, é de 1 a cada 30 mil

550
C u rs o A po lo gético

pacientes. Se rejeitarmos uma transfusão de sangue com base em seu grau


de risco, não deveríamos também rejeitar a anestesia geral e o uso da pe-
nicilina, por oferecerem um risco muito maior?

* * *

As Testemunhas de Jeová são mundialmente conhecidas


por sua rejeição do sangue total ou de suas partes prin-
cipais (A Sentinela, 15/06/2004, p. 22). Anteriormente
proibiram, também, outras práticas que gradativamente foram postas de
lado. Entre 1931 e 1952, foi proibido o uso da vacina nos seguintes termos:
“A vacinação é uma direta violação do eterno convênio que Deus fez com
Noé depois do dilúvio” (The Golden Age [Despertai], 04/02/1931, p. 293).
Mais tarde, afirmaram com respeito a essa mesma questão, respondendo à
pergunta dos leitores: “Uma vez que a Bíblia proíbe comer sangue, como
deve o cristão encarar o uso dos soros e das vacinas? Tem a Sociedade Tor-
re de Vigia mudado seu ponto de vista neste assunto? [...] Seria, portanto,
uma questão de decisão individual se a pessoa aceita tal tipo de medica-
mento ou não. Este é ainda o ponto de vista da sociedade sobre o assunto
– Gal 6.5” (A Sentinela, 1/4/1962, p. 223, volume encadernado).
Também proibiram o transplante de órgãos entre 1967 e 1980 afirman-
do: “Há aqueles como as Testemunhas Cristãs de Jeová que consideram
todos os transplantes entre humanos como canibalismo; e não é canibalís-
tica a utilização da carne de outro humano em benefício da vida da própria
pessoa?” (Despertai, 8/12/1968, p. 22). Anos depois mudaram a sua posição:
“É bem conhecido que o uso de material humano para consumo humano
varia desde itens menores, tais como hormônios e córneas, até órgãos maio-
res, tais como rins e coração. Embora a Bíblia proíba especificamente a
ingestão de sangue, não há nenhuma ordem bíblica que proíba especifica-
mente receber outros tecidos humanos” (A Sentinela, 1/9/1980, p. 31). Como
ficaram as Testemunhas de Jeová em todo o mundo que se submeteram a
estas regras antibíblicas que posteriormente foram mudadas? E as famílias

551
Em defesa da fé

que perderam os seus entes queridos por causa de tais proibições? Quem
é a fonte de tais contradições? Se essas proibições foram depois revogadas,
como podem as Testemunhas de Jeová ter certeza de que não será revoga-
da, no futuro, a proibição de transfusões de sangue?
A proibição acerca da transfusão de sangue nem sempre ocorreu den-
tro da Sociedade Torre de Vigia. Antes afirmavam: “Deus nunca justificou
determinações que proíbam o uso de medicinas, injeções ou transfusões de
sangue. É uma invenção de homens que, iguais aos fariseus, deixam fora de
consideração a misericórdia e o amor a Jeová” (Consolação [atual Despertai],
setembro de 1945, p. 29). Confirmam as Testemunhas de Jeová essa decla-
ração de sua conhecida revista Despertai? Essa declaração é falsa ou verda-
deira? Se for errônea, quem os conduziu a essa ideia errada acerca dessa
interpretação supostamente bíblica?
O maior problema enfrentado pelas Testemunhas de Jeová atualmente
é o fato de, mesmo não aceitando a transfusão de sangue, quer seja parcial
ou total dos componentes sanguíneos primários, continuam tendo liberdade
para fazer uso de substâncias que são usadas para tratamento médico e que
precisam de grandes quantidades de sangue (sempre maiores do que as
obtidas em qualquer tipo de transfusão sanguínea) coletado para sua obten-
ção. A quantidade de albumina (que é usada para tratamento com queima-
duras ou hemorragias), necessária para o tratamento de alguém que teve
queimaduras de terceiro grau em 30 a 50% do corpo, é de 600 gramas. São
necessários entre 10 e 15 litros de sangue coletado para se produzir essa
quantidade de albumina. O componente imunoglobina, usado para produzir
vacinas, precisa de pelo menos 3 litros de sangue coletado para produção
dos anticorpos. Se afirmam que a declaração bíblica sobre o assunto é que
todo sangue deveria ser “derramado na terra” (Dt 12.22-24 [A Sentinela,
15/06/2004, p. 30]), então aceitar substâncias extraídas de sangue coletado
(não derramado na terra) não seria uma violação desse ensinamento?
Outro sério problema que compromete essa interpretação por parte
das Testemunhas de Jeová é rejeitarem a transfusão do sangue em sua
totalidade ou de seus componentes primários, entre os quais os glóbulos

552
C u rs o A po lo gético

brancos (leucócitos), mesmo sabendo que no sangue está somente de 2 a


3% de todos os leucócitos de nosso corpo (o restante está espalhado nos
demais tecidos corpóreos, formando o nosso sistema imunológico), e que
num transplante de órgãos (que não é atualmente proibido) se recebem
mais leucócitos do que em qualquer transfusão sanguínea. Existem cinco a
doze vezes mais leucócitos no leite materno do que a quantidade presente
no sangue. As Testemunhas de Jeová não amamentam os seus filhos por
estarem lhes dando, juntamente com o leite, tamanha quantidade de uma
substância “proibida”, por estar contida em pequena quantidade no sangue?
As Testemunhas de Jeová, em 1939 (anteriormente à proibição de
transfusão de sangue), afirmaram que o texto de At 15.24-29 não se referia
ao sangue humano, e sim apenas ao sangue de animais, sendo usado como
alimento (Salvação, pp. 261, 262). A mudança de interpretação do texto só
veio anos depois, quando ocorreu a proibição do uso do sangue e se neces-
sitava de algum suposto apoio para essa doutrina contrária à Bíblia. Não
poderiam as Testemunhas de Jeová estar erradas em sua interpretação do
texto de Atos atualmente, se já demonstraram várias mudanças de interpre-
tação em sua história?

553
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

SANGUE

1. O sangue pode ser considerado alimento? Explique.

2. Cite pelo menos três métodos que substituem a transfusão


sanguínea em um paciente.

3. Quando ocorreu a primeira transfusão sanguínea em humanos


e por que não encontramos nenhuma proibição bíblica sobre
esse tema?

4. A transfusão sanguínea é a prática médica que mais riscos ofe-


rece à vida do paciente? Explique.

5. As Testemunhas de Jeová sempre proibiram a transfusão san-


guínea? Explique.

554
PROVA – SANGUE

1. O sangue simboliza na Bíblia:


a) A vida concedida por Deus.
b) O sacrifício de Cristo.
c) A criação do homem.
d) A santidade da obediência.

2. A proibição de alimentar-se com sangue é válida:


a) Apenas no NT.
b) Apenas no AT.
c) Tanto no AT como no NT.
d) Em nenhum dos testamentos.

3. O sangue não deveria ser digerido pelos cristãos também por:


a) Simbolizar a essência do sacrifício de Cristo.
b) Simbolizar a vida eterna que está em nós.
c) Apontar uma santidade que não temos.
d) Não se tratar de alimento.

4. Sobre os possíveis procedimentos que substituem uma transfusão sanguínea,


podemos declarar que:
a) Não existem.
b) São apenas dois.
c) São três tipos diferentes de procedimentos.
d) Existem vários tipos.

5. Em alguns casos de hemorragia em que se precisa de uma transfusão de sangue,


pode se ter perdido até:
a) 25% do volume sanguíneo.
b) 15% do volume sanguíneo.
c) 40% do volume sanguíneo.
d) 20% do volume sanguíneo.

555
6. A primeira transfusão sanguínea em humanos ocorreu apenas em:
a) 1665.
b) 1818.
c) 1718.
d) 1898.

7. A proibição de Atos 15.20, 29 se restringe a:


a) Transfusão sanguínea.
b) Alimentar-se de sangue.
c) Alimentar-se de gordura animal.
d) Transplante de órgãos.

8. O sangue permitido em uma transfusão não pode ser:


a) Humano.
b) Processado.
c) Coagulado.
d) Com plaquetas.

9. Sobre os possíveis riscos de uma transfusão sanguínea, podemos afirmar que:


a) São inexistentes em crianças.
b) São constantemente possíveis.
c) São tão arriscados quanto um acidente de avião.
d) São menos arriscados que uma anestesia geral.

10. Além de atualmente proibirem a transfusão sanguínea, as Testemunhas de


Jeová também proibiram:
a) O uso da vacina e o transplante de órgãos.
b) O transplante de órgãos e comer carne vermelha.
c) O usos de bebidas alcoólicas e vacina.
d) N.R.A.

556
Ciência
C u rs o A po lo gético

DataÇÃo (MétoDoS)

DEFINIÇÃO

Meio pelo qual os cientistas procuram conhecer de forma detalhada a


idade de substâncias orgânicas (fósseis de animais e plantas) e inorgânicas
(rochas), com a intenção de calcular tanto a idade da terra, dos fósseis e
também de determinados fenômenos geológicos ocorridos no passado, e
saber há quanto tempo existiram ou existem certas espécies no mundo ou
fenômenos geológicos.

O método de datação do Carbono-14 (C-14) é 100% confiável?

Não existem comprovações cientificamente confiáveis em relação à


total credibilidade do método de datação com o carbono-14 (C-14) para a
datação de milhões de anos proposta pelos evolucionistas. Os cientistas
evolucionistas que creem na confiabilidade total do método sabem da sua
fragilidade, mas, mesmo assim, preferem seguir os pressupostos evolucio-
nistas (milhões de anos para os fósseis encontrados) a levar em conta even-
tos que poderiam alterar completamente a datação de um determinado
fóssil por meio desse método. Existem elementos passíveis de alterar a

559
Em defesa da fé

decomposição do C-14 nos fósseis, o que mudaria completamente a leitura


de sua idade (dando a impressão de algo antigo quando seria recente). A
ideia de o C-14 sempre se decompor na mesma taxa em todos os lugares
da terra é improvável (mas é nisso que se baseiam os cientistas que creem
na total confiabilidade do método), pois alguns elementos seriam determi-
nantes nessa mudança:

1. A poluição atmosférica, proveniente de atividades vulcânicas e da


queima de combustíveis industriais.
2. As atividades solares, provenientes das labaredas e manchas solares;
3. O impacto de meteoros ou outros corpos cósmicos sobre a Terra
(sabe-se que a explosão desses corpos celestes na Terra pode alte-
rar a medição do C-14).
4. A oscilação do campo magnético dos polos da Terra tem variado,
e isso altera a produção de C-14.

Podemos datar um fóssil em milhões de anos por meio do carbono-14


(C-14)?

Não. O C-14 é um método de datação razoavelmente aceito sempre


quando se trata de uma datação de milhares de anos, e nunca de milhões
(até 50.000 anos, se não levarmos em conta a possibilidade de interferência
dos dados).
Para se chegar à idade sugerida de milhões de anos por alguns cien-
tistas evolucionistas, é necessário o emprego de outros métodos radioativos
e inorgânicos de datação como o potássio-argônio e o urânio-chumbo. Seriam
eles também confiáveis?

Ver resposta à pergunta posterior deste tópico:


O método de datação do carbono-14 (C-14) é 100% confiável?

560
C u rs o A po lo gético

O método de datação pela taxa de sedimento de alguns tipos de


rochas é 100% confiável?

O acúmulo de sedimento em determinado local pode variar, conforme


tem sido comprovado pela geologia. As camadas geológicas não são unifor-
mes em todo o mundo, sendo mais finas, mais espessas e mesmo inexisten-
tes em determinados locais da crosta terrestre na grande maioria dos casos.
Por exemplo, no Gran Canyon do Colorado, nos EUA, faltam supostos 100
milhões de anos geológicos, segundo a cronologia evolucionista.
O que alguns evolucionistas supõem que se formou em milhões e bi-
lhões de anos pode ter ocorrido em apenas alguns milhares de anos. Os
fósseis encontrados em tais sedimentos de rochas comprovam que foram
certamente depositados ali rapidamente, senão teriam sido totalmente de-
compostos antes da solidificação. Outro fator de comprovação de que as
camadas geológicas da Terra foram depositadas em curto período de tempo,
e não em milhões ou bilhões de anos, como pensam alguns cientistas, é a
existência de fósseis de troncos de árvores encontrados que atravessam
quatro ou cinco tipos diferentes de extratos de rochas sedimentares. Na
Alemanha, há árvores fossilizadas que atravessam camadas geológicas de
supostamente sete milhões de anos, o que seria impossível se as camadas
possuíssem milhões ou bilhões de anos, pois os troncos teriam se decom-
posto antes mesmo da solidificação.
Como a taxa de sedimentação é variável, não poderíamos usar este
método de datação como algo 100% confiável.

Os métodos de datação radioativos inorgânicos usados em rochas


(potássio-argônio e urânio-chumbo etc.) são 100% confiáveis?

Todo método de datação radioativo parte do pressuposto de que o


elemento secundário, que surge por decomposição do primário (potássio se
transforma em argônio e urânio em chumbo etc.), não existia em nenhuma

561
Em defesa da fé

quantidade na rocha analisada. O grande problema dessa afirmação é não


podermos ter certeza de que no momento da fundição da rocha certos
elementos “secundários” não foram dissolvidos e acrescentados (a rocha
fundida poderia dissolver, por exemplo, átomos de argônio das rochas vizi-
nhas ou mesmo do ar, alterando a análise futura da rocha).
Pesquisas geológicas efetuadas na lava resfriada do vulcão Kilauea, no
Havaí, em 1968, confirmaram a inexatidão dos métodos radioativos de data-
ção inorgânica. Rochas recentes com data conhecida foram estimadas em
idade que variava entre 220.000 anos e 42.900.000 anos (FLORI; RASOLO-
FOMASOANDRO, 2002, p. 316). O mesmo problema de datação ocorreu
com o magma do vulcão Santa Helena em 1980, em que a lava recente foi
datada como possuindo entre 350.000 e quase 3.000.000 de anos (Ibid., p.
312). Poderíamos confiar nesse tipo de método de datação para afirmar que
a Terra possui bilhões de anos, ou toda a interpretação dos dados se encon-
tra disponível somente a leitura a partir da filosofia evolucionista?

A medição do crescimento das estalactites e estalagmites é um


método de datação razoável?

O método de datação baseado na taxa de crescimento das estalactites,


pedras pontiagudas que surgem no interior de algumas cavernas, como
outros métodos de datação, parte do pressuposto de que a taxa de cresci-
mento desse tipo de rocha sempre foi o mesmo, o que é improvável.
Se você deixasse de limpar os livros da estante por um período de um
mês, notaria que eles estariam quatro vezes mais empoeirados do que se os
deixasse sem limpeza por um período de uma semana, correto? Talvez! O
aumento do acúmulo de poeira seria determinado por vários outros fatores:
e se os livros fossem cobertos após a última limpeza? E se o quarto onde
os livros estão guardados estivesse constantemente aberto recebendo mais
poeira de fora? E se a casa estivesse em reforma, produzindo muito mais
poeira do que o normal?

562
C u rs o A po lo gético

Certamente, todos esses fatores alterariam em muito a análise do pes-


quisador que quisesse saber quanto tempo os livros não têm sido limpos, e
da mesma forma existem fatores que podem ser determinantes na análise
da idade das estalactites. Pensar que a formação das estalactites a partir da
precipitação de água contendo bicarbonato ocorre sempre na mesma taxa
não é verdade. Como exemplo, uma estalagmite que está em formação
desde 1918 em Thermopolis, EUA, possui hoje um volume de 65 m³, com-
provando que uma formação datada de milhões ou mesmo milhares de anos
pela cronologia evolucionista pode ter apenas décadas (FLORI; RASOLO-
FOMASOANDRO, 2002, p. 34). A análise desse tipo de rocha tem com-
provado que algumas levaram pouquíssimo tempo para serem formadas, e
as que são datadas de milhões de anos podem muito bem ter crescido a
uma taxa que não é a atual (a precipitação de água pode aumentar a taxa
de crescimento, o que pode ter variado de ano para ano), o que as colocariam
em um possível período de apenas milhares de anos, e não nos milhões de
anos atualmente estimados.

Se não podemos afirmar com certeza a idade da Terra e dos fósseis,


por que constantemente não é isso que sabemos pela mídia?

A grande maioria dos meios de comunicação não está interessada em


analisar o outro lado da questão. Embustes criados por cientistas evolucio-
nistas como o “homem de Piltdown”, que durante 41 anos ficou em expo-
sição no museu britânico como sendo um autêntico hominídeo, e depois
foi confirmado como sendo apenas o crânio de um homem comum e a
mandíbula de um macaco preparados com substâncias químicas para apa-
rentarem fossilizados, não possuem o espaço que deveriam na mídia. Outra
fraude conhecida é a do “homem de Nebraska”, que diziam ser um dos
elos de evolução da raça humana e depois foi comprovado como apenas
um dente de um porco. A fraude na apresentação do fóssil de um suposto
Archaeoraptor Liaoningensis pela equipe da National Geographic, em 15

563
Em defesa da fé

de outubro de 1999, em Washington, D.C., não tomou as proporções que


deveriam quando foi desmascarado como um embuste para provar que
aquele tipo de dinossauro voava. Pedaços de outro fóssil foram colocados
juntos para aparentar que seriam do mesmo ser. Outro caso recente é o do
“homem de Neandertal”, que a revista cientifica Nature (25/08/04) confirmou
ser a mais nova “fraude” dentro da cronologia evolucionista, a não se encai-
xar na teoria anterior que afirmava que era um hominídeo que teria vivido
antes do Homo sapiens sapiens (nossa espécie). Hoje se sabe que ambas as
“espécies” (Neandertal/Sapiens sapiens) conviveram juntas e são humanas.
Os fósseis encontrados até hoje se dividem em pelo menos três blocos
principais: 95% dos fósseis são de vida marinha, 4,7% são plantas e apenas
0,3% são fósseis de dinossauros, mamíferos, insetos etc. A imensa maioria
são os chamados “fósseis vivos”, ou seja, fósseis de espécies idênticas às
formas de vida contemporânea!
Existe uma máquina de bilhões de dólares que financia todo o palco
do “circo evolucionista” e que dificilmente será mudada somente por evi-
dências genuinamente científicas (que são abundantes contra a teoria da
evolução). Além disso, a máxima evolucionista de que “somente o mais
capaz sobrevive” se encaixa perfeitamente no modelo cultural e econômico
capitalista que a nossa cultura alimenta tão bem. O apóstolo Paulo, ao es-
crever a Timóteo, já o precaveu acerca disso (1Tm 6.20, 21).

Para informações complementares, leia


os tópicos Dinossauros e Evolução.

564
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DATAÇÃO (MÉTODOS)

1. O C-14 é um método 100% confiável de datação? Explique.

2. A irregularidade da taxa de acúmulo de sedimentos nos indica


o quê?

3. É possível a datação de milhões de anos por meio do Carbo-


no-14? Explique.

4. O que as pesquisas em estratos de rochas indicam com relação


à idade das camadas da crosta terrestre?

5. O que as rochas resfriadas do vulcão Kilauea indicam?

565
PROVA – DATAÇÃO (MÉTODOS)

1. Sobre os métodos de datação, podemos declarar que:


a) São usados nos estudos da Antiguidade bíblica.
b) São usados para determinar a idade de substâncias orgânicas e inorgânicas.
c) São usados somente para datar a possível idade dos fósseis.
d) São usados apenas para datar a possível idade das rochas.

2. O maior problema com a datação por meio do Carbono-14 é:


a) Acreditar que pode datar rochas.
b) Acreditar que pode somente datar fósseis marinhos.
c) Negar que existem elementos que poderiam alterar a decomposição do C-14.
d) Negar que faz parte da metodologia científica de datação.

3. Entre as possíveis causas de alteração na medição do C-14 estão:


a) Poluição atmosférica, atividades solares, impacto de meteoros, oscilação do
campo magnético da Terra.
b) Queima de combustível industrial, ossos carbonizados, oscilação do campo
magnético da Terra, impacto de meteoros.
c) Aumento irregular de C-12, oscilação do campo magnético da Terra, impacto
de meteoros, atividades solares.
d) Queima de combustível fóssil, aurora boreal, abalos sísmicos, oscilação do cam-
po magnético da Terra.

4. O C-14 é um método de datação que pode ser usado para:


a) Datar fósseis de até 20.000 anos.
b) Datar fósseis de apenas milhares de anos.
c) Datar fósseis de até 10.000 anos
d) N.R.A.

5. Sobre a datação com base nas camadas geológicas da Terra, podemos afirmar
que:
a) Não existem camadas, mas apenas uma única camada compacta que pode ser
vista em toda a crosta terrestre.
b) As camadas geológicas são uniformes em toda a extensão da crosta terrestre.
c) As camadas antigas são mais espessas que as recentes.
d) As camadas são uniformes, e em alguns locais, inexistentes.

566
6. No Gran Canyon do Colorado, faltam:
a) Camadas geológicas regulares.
b) Camadas geológicas irregulares.
c) Cerca de 100 milhões de anos geológicos, segundo a cronologia evolucionista.
d) Certas camadas superiores mais recentes e de datação mais precisa.

7. O fato de encontrarmos árvores fossilizadas atravessando várias camadas de


rocha sedimentares indica que:
a) As camadas não podem ter milhões ou bilhões de anos.
b) As camadas, de fato, podem possuir milhões ou bilhões de anos.
c) As camadas possuem idades específicas e relacionadas aos fósseis dos troncos.
d) As camadas são definidas de baixo para cima.

8. A datação de material inorgânico é baseada no pressuposto de que:


a) Toda rocha possui bilhões de anos.
b) O elemento secundário não exista em nenhuma quantidade no objeto analisado.
c) O elemento secundário já existia em alguma quantidade no objeto analisado.
d) Toda rocha possui milhões de anos.

9. Pesquisas recentes efetuadas nas lavas resfriadas dos vulcões Kilauea e Santa
Helena indicam que:
a) A datação é sempre uniforme.
b) A datação depende da espessura do magma.
c) A datação se mostrou irregular e variável entre milhares e milhões de anos.
d) A datação depende do tamanho da amostra da rocha cortada para pesquisa.

10. Entre os principais embustes evolucionistas estão:


a) O homem de Piltdown e de Nebraska.
b) O Australopithecus afarensis e o homem de Nebraska.
c) O homem de Piltdown e o Homo sapiens sapiens.
d) O Homo sapiens sapiens e o homem de Nebraska.

567
Em defesa da fé

DinoSSauroS

DEFINIÇÃO

A palavra dinossauro (“terrível lagarto”) foi cunhada em 1841 por Richard


Owen para designar certos fósseis ou restos de animais, alguns de grande
porte, desconhecidos até então, e que, segundo a cronologia evolucionista,
foram extintos há pelo menos 65 milhões de anos. Apesar de o significado
literal dessa expressão fazer menção ao “terrível lagarto”, a estrutura óssea
de muitos deles se assemelha mais às aves.

A Bíblia menciona os dinossauros?

Encontramos nos relatos bíblicos do livro de Jó dois animais de caracte-


rísticas desconhecidas: o Beemote (40.15) e o Leviatã (41.1), que em algumas
versões bíblicas são designados pelo nome de “hipopótamo” e “crocodilo”,
mas cujas características demonstradas na Bíblia não se harmonizam com
as destes dois animais conhecidos por nós. A cauda do Beemote é retrata-
da como sendo rígida como a madeira de cedro, e nem de longe essa des-
crição se aproxima com a da pequena cauda de um hipopótamo, muito
menos a sua força e estrutura física, como demonstrada no relato, não

568
C u rs o A po lo gético

encontra semelhança no hipopótamo (40.16-24). O Leviatã também é re-


tratado como possuindo muita força, violência e esplendor incomparáveis
entre as criaturas de Deus (41.12-34), não podendo, portanto, ser, de fato,
apenas um “crocodilo”.
Foi encontrado na China um fóssil de Repenomamus robustus (mamí-
fero) com um pequeno dinossauro (psittacossauro) em seu estômago, o que
demonstra que mamíferos e dinossauros coexistiram (LOURENÇO, 2007,
p. 152) e pode demonstrar, à luz da paleontologia moderna, que espécies
supostamente “primitivas” e “novas” teriam compartilhado um mesmo ecos-
sistema, como menciona a Bíblia. Podemos muito bem encontrar nas Es-
crituras evidências de animais desconhecidos por nós atualmente e que
podem ter inspirado o relato bíblico.
Não sabemos quais animais estariam sendo retratados no texto bíblico,
certamente são animais extintos e cujas características se enquadrariam
perfeitamente entre algumas espécies de dinossauros que existiram no
passado, e possivelmente nos dias de Jó, pois toda a análise cronológica onde
se enquadram os dinossauros atualmente se baseia no paradigma evolucio-
nista, que não aceita nenhuma outra possibilidade de se interpretar os dados
da paleontologia que não seja o evolucionista.

O fato de a Bíblia mencionar os dinossauros confirmaria a teoria


da evolução?

De forma alguma existem provas definitivas de que haja relação entre


a existência dos dinossauros e a teoria da evolução. No máximo, provaria que
existiram espécies que hoje são extintas (todos os anos várias espécies entram
em extinção) e que possuiriam características muito semelhantes às encon-
tradas em outras espécies atuais. Essa tentativa tem sido uma constante por
parte de cientistas mal-intencionados. O famoso fóssil do Archaeopteryx,
visto ainda hoje em publicações científicas como sendo o “elo perdido” entre

569
Em defesa da fé

aves e répteis, não era nada mais do que um tipo de ave extinta, pois suas
características anatômicas apontam para essa conclusão, de acordo com o
Dr. Alan Feduccia, da Universidade do Kansas, e que é um dos mais con-
ceituados ornitologistas do mundo (Revista Criacionista, p. 56, ano 32, nº
68, 1º semestre de 2003).
Stephen Jay Gould, um dos maiores paleontólogos evolucionistas do
século 20, desenvolveu a “teoria do equilíbrio pontuado” (mudanças alea-
tórias rápidas supostamente teriam ocorrido no desenvolvimento de certas
espécies [especiação] sem qualquer razão explicativa para tal fenômeno) na
tentativa de resolver as enormes discrepâncias ocorridas entre a análise
fóssil evolucionista, a partir das pesquisas feitas nas camadas geológicas mais
antigas (pré-cambriana/cambriana), onde estariam as supostas provas da
evolução da vida sobre a terra. Podemos ver a partir de tal atitude anticien-
tífica que a intenção não é ser conduzido para onde as evidências nos leva-
rem, mas para onde meus preconceitos (conceitos preconcebidos) evolucio-
nistas me conduzem.
Até hoje, quando vemos em livros ou revistas uma representação de
qualquer sequência filogênica (surgimento de supostas novas espécies) dos
dinossauros ou de quaisquer outras espécies, devemos nos lembrar de que
existem mais espaços vazios do que sequências realmente comprovadas pela
paleontologia. Portanto, os quadros tão divulgados em nossos livros de geo-
grafia, história ou ciência natural estão mais repletos de representações
artísticas criativas do que de espécies transicionais realmente existentes e
cientificamente comprovadas.
Nunca se achou nenhuma prova substancial por meio da paleontolo-
gia nas pesquisas de fósseis que os associem totalmente à teoria da evolu-
ção de Darwin. É apenas uma questão de fé “quase religiosa” no modelo
evolucionista.

Para informações complementares, leia o tópico Evolução.

570
C u rs o A po lo gético

Os dinossauros eram seres de grande porte que dominaram a


terra por milhões de anos?

Atualmente conhecemos cerca de 600 espécies de dinossauros existen-


tes e que teriam sido extintos. Várias dessas espécies eram de pequeno
porte (do tamanho de um cão, um gato ou mesmo de uma ave). Essa quan-
tidade talvez indique que alguns destes seres não eram tão numerosos como
talvez pensemos (somente os insetos possuem atualmente cerca de 900.000
espécies [cerca de 70% das espécies existentes no planeta]) e não “domina-
ram” o mundo antigo, como se presume. Pois, de todos os fósseis encon-
trados até hoje, menos de 0,3% são de dinossauros (nessa porcentagem
estão inclusos também os fósseis de insetos e mamíferos). A cronologia
evolucionista admite que os dinossauros viveram e dominaram o mundo há
milhões de anos, mas isso é apenas pelo fato de acreditarem na evolução, e
essa precisaria de milhões de anos para ter ocorrido. A questão repousa,
portanto, sobre um modelo interpretativo filosófico, e não em um modelo
empírico (experimental), como exige a ciência.

Por que não existem dinossauros atualmente?

É difícil possuir uma resposta 100% correta sobre essa questão. Existem
algumas teorias que tentam explicar o porquê de os dinossauros terem sido
extintos (fenômeno conhecido como “extinção K-T”, por supostamente ter
ocorrido entre o período chamado Cretáceo e o Terciário, há supostamen-
te 65 milhões de anos). A mais aceita seria a teoria de que um grande
meteoro teria atingido a costa do México, produzindo um impacto tão
grande que levantou uma enorme quantidade de poeira que cobriu a at-
mosfera por um longo tempo, levando à extinção tanto dos dinossauros como
de cerca de 70% das espécies de animais existentes, sendo essa a razão pelo
qual só são encontrados dinossauros nas camadas da terra que não possuem
irídio (metal raro encontrado em alguns corpos celestes), que seriam as

571
Em defesa da fé

camadas anteriores ao suposto grande impacto. Outros pesquisadores acre-


ditam que pode ter ocorrido uma grande epidemia entre as várias espécies,
levando-as à extinção. Não sabemos se teriam algumas espécies sido extin-
tas no dilúvio. Outros acreditam que pode ter sido o conjunto de tudo isso
mais alguns fatores desconhecidos atualmente. Todo ano várias espécies de
animais entram em extinção por fatores dos mais diversos, não sendo, por-
tanto, um fenômeno raro e novo à luz das pesquisas modernas.

A carcaça encontrada pela traineira japonesa Zuiyo Maru, em 1977,


era de um tubarão-baleia, como noticiou a imprensa?

Esse tem sido um dos mais controversos relatos sobre os descobrimen-


tos de restos de animais desconhecidos. Hoje, muitos pesquisadores, a
partir do que foi noticiado, têm afirmado que os restos da carcaça “pescada”
pela traineira eram de um tubarão-baleia totalmente em decomposição e,
por isso, foi confundido com os restos de um possível plesiossauro. Porém,
existem provas consistentes de que a carcaça encontrada não era de um
tubarão-baleia, como afirmado, pois, segundo o relato de Michihiko Yano,
biólogo que estava no pesqueiro por ocasião do ocorrido, a carcaça não
parecia com os restos de nenhum ser conhecido, e isso lhe chamou a aten-
ção a ponto de recolher parte do tecido da carcaça antes de lançá-la de
volta ao mar (eles estavam com medo de a carcaça contaminar os peixes
que haviam sido pescados e armazenados). Temos algumas evidências tes-
temunhadas pela tripulação do pesqueiro que apontam para o fato de a
carcaça encontrada não ser de um tubarão-baleia:

1. Possuía tecido gorduroso (os peixes não possuem gordura).


2. Possuía músculos vermelhos (inexistente em peixes).
3. O forte cheiro que exalava não era de amônia, comum aos peixes
e tubarões em estado de putrefação, mas, sim, de carne podre.
4. As narinas estavam na parte frontal do crânio (não como nos
tubarões).

572
C u rs o A po lo gético

Portanto, existem fortes evidências que apontam para o fato de os


pescadores terem encontrado, sim, uma carcaça em decomposição de um
plesiossauro.

Os dinossauros ainda existiam por ocasião do dilúvio?

Não sabemos. Apesar de a maioria dos cientistas acreditar que os di-


nossauros foram extintos há pelo menos 65 milhões de anos (o que é apenas
uma conjectura evolucionista), algumas espécies poderiam estar ainda vivas
por ocasião do dilúvio. Existem obras de arte, como a representação de um
“plesiossauro” sendo perseguido, feito pelo povo Kuku Yalangi, do norte da
Austrália, que são evidências fortíssimas de que esses animais poderiam ter
sido contemporâneos de nossa espécie humana.
Nos EUA (Utah e Colorado), foram encontradas pegadas fossilizadas
de várias espécies de dinossauros (carnívoros e herbívoros) dos mais varia-
dos tamanhos amontoados em pequenos espaços de terra e que só poderiam
estar aglomerados daquela forma se fugissem de algo comum, quem sabe
as águas devastadoras de um dilúvio universal.
Existem inúmeros desenhos de seres desconhecidos em várias culturas
na terra que se encaixam perfeitamente na ideia de contemporaneidade dos
dinossauros com os seres humanos. Seria impossível fazer o desenho de um
ser desconhecido por meio de paisagens que representariam o cotidiano da
vida de um povo se tais animais não lhes fossem contemporâneos.

Ver resposta à pergunta anterior:


A carcaça encontrada pela traineira japonesa Zuiyo Maru,
em 1977, era de um tubarão-baleia, como noticiou a imprensa?

Ver resposta às perguntas deste tópico:

A Bíblia menciona os dinossauros?

Os dinossauros existiram há milhões de anos?

573
Em defesa da fé

Algumas espécies de dinossauros podem ter sido preservadas na


arca?

Cientistas que acreditam na não existência dos dinossauros há milhões


de anos, e sim que nos foram contemporâneos, creem que algumas espécies
podem ter sido preservadas na Arca. Como muitos animais de grande por-
te são levados para repovoar áreas imensas e parques florestais ainda filho-
tes, o mesmo poderia ter ocorrido nos dias de Noé com relação a algumas
espécies grandes de dinossauros (alguns deles eram do tamanho de um
frango ou de um cão). Portanto, não sabemos com certeza se algumas des-
tas espécies ainda estavam vivas por ocasião do dilúvio.

Ver resposta à pergunta do tópico Arca de Noé:


Como poderia um barco como a Arca de Noé conduzir
tantas espécies de animais vindas do mundo inteiro, durante
uma tempestade, como foi o suposto dilúvio universal?

Os dinossauros existiram há milhões de anos?

A grande maioria dos paleontólogos acredita que os dinossauros foram


extintos no final do Cretáceo (há cerca de 65 milhões de anos). Essa con-
cepção está fortemente enraizada na crença da evolução como um fato
puramente lógico e cientificamente irrefutável (sem a perspectiva de bilhões
e milhões de anos não haveria tempo suficiente para ter ocorrido a evolução
das espécies, segundo o modelo naturalista). Atualmente, existem fatos que
não são mencionados pela literatura científica especializada por serem con-
trários à posição convencional extremamente dogmática com relação a esse
tema, a qual todas as evidências contrárias são simplesmente ignoradas ou
chamadas de embuste. Entre algumas dessas evidências contrárias, encon-
tramos: a sola de um calçado petrificado em uma rocha do “período triá-
sico”, de supostamente 213 a 248 milhões de anos, segundo a teoria evo-
lucionista, em Nevada; um tubo metálico encontrado em lençóis de giz,

574
C u rs o A po lo gético

em Saint-Jean de Livet, na França, datados em supostamente 65 milhões


de anos; uma esfera entre as centenas encontradas na África do Sul, com
sulcos cuidadosamente confeccionados em toda a extensão ao seu redor,
encontradas em supostas rochas pré-cambrianas, datadas de 2,8 bilhões de
anos segundo a datação evolucionista. Essas são apenas algumas de muitas
evidências que simplesmente não são refutadas definitivamente pela análi-
se imparcial das evidências geológicas (THOMPSON; CREMO, 2008, pp.
164, 165, 167, 171, 172). Algumas dessas evidências podem apontar para o
fato de humanos terem sido contemporâneos dos dinossauros e que talvez
rochas de supostamente bilhões de anos possam ter somente milhares, o
que traria um efeito devastador sobre o evolucionismo darwiniano.
A literatura europeia também contém vários relatos de monstros que
podem ter sua origem nos relatos de seres atualmente desconhecidos, que
teriam atacado pessoas e rebanhos em determinadas aldeias, dando origem
aos mitos.
O famoso “Grendel”, entre os dinamarqueses, que é descrito como um
bípede de médio porte que andava nos pântanos e procurava suas vítimas
à noite, pode ter sido um ser real e desconhecido atualmente que deu ori-
gem ao poema lendário de “Beowulf”. Os babilônicos retrataram também
cenas de lutas com criaturas bípedes que possuem semelhança com o ser
mencionado na lenda dinamarquesa. Também foram encontradas na Euro-
pa gravuras de caçadas de animais desconhecidos, demonstrando assim que
aquelas representações podem ter retratado o cotidiano daquelas comuni-
dades locais que se encaixam em semelhança com outros relatos encontra-
dos também na América pré-colombiana. Pesquisadores acreditam que as
figuras representando répteis encontrados nas proas dos navios vikings não
seriam meras representações supersticiosas, mas figuras usadas para afugen-
tar monstros marinhos que surgiam na superfície dos mares.
Várias expedições foram realizadas nos tempos modernos com a inten-
ção de encontrar algum dinossauro vivo. Em 1979, os cientistas James Powell
e Roy P. Mackal fizeram uma excursão para investigar a existência de um
suposto dinossauro, que, pela descrição dos habitantes do Congo, que o

575
Em defesa da fé

chamam de “mokele-mbembe”, parece um diplodocus. Essas pesquisas


ainda continuam atualmente, e pesquisadores têm a esperança de um dia
ainda encontrar talvez o último “fóssil vivo”. Quem sabe alguma descober-
ta científica mudará a visão unilateral estabelecida sob o manto da evolução,
como ocorreu com o celacanto.

Para informações complementares, leia o tópico Evolução:


Existem evidências da evolução das espécies por meio do registro fóssil?

Para informações complementares, leia o tópico Datação (Métodos).

576
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DINOSSAUROS

1. O que significa a palavra “dinossauro” e quando foi utilizada


pela primeira vez?

2. Em qual passagem a Bíblia cita “animais com características


similares aos dinossauros?”

3. Admitir a existência dos dinossauros confirma a teoria da evo-


lução? Explique.

4. Por que é improvável que os dinossauros tenham dominado a


terra em algum período passado?

5. Qual a teoria mais popular para explicar a extinção dos dinos-


sauros?

6. Existiam dinossauros por ocasião do dilúvio? Explique.

7. A Arca de Noé poderia preservar algumas espécies de dinos-


sauro? Explique.

8. Por que afirmam alguns cientistas que os dinossauros existiram


há milhões de anos?

9. Como a literatura europeia representou os dinossauros em


tempos recentes?

10. Qual a esperança de cientistas que ainda acreditam na existên-


cia dos dinossauros na atualidade?

577
PROVA – DINOSSAUROS

1. Sobre a expressão dinossauros, podemos afirmar que:


a) A expressão significa “grande lagarto” e foi cunhada em 1844.
b) A expressão significa “terrível lagarto” e foi cunhada em 1844.
c) A expressão significa “grande lagarto” e foi cunhada em 1841.
d) A expressão significa “terrível lagarto” e foi cunhada em 1841.

2. Segundo a cronologia evolucionista, os dinossauros foram extintos há:


a) 200 milhões de anos.
b) 250 milhões de anos.
c) 65 milhões de anos.
d) 60 milhões de anos.

3. Os dois animais mencionados na Bíblia cuja descrição não se encaixa nas espé-
cies por nós conhecidas são:
a) Hipopótamo e crocodilo.
b) Leviatã e hipopótamo.
c) Beemote e Leviatã.
d) Beemote e crocodilo.

4. O fato de os dinossauros terem realmente existido indicaria que:


a) Muitas espécies conhecidas no passado se extinguiram.
b) A evolução é um mito.
c) A evolução é cientificamente comprovada.
d) Os criacionistas estão completamente errados em sua teoria.

5. As espécies de dinossauros fossilizados que conhecemos abrangem:


a) 20% de todas as espécies conhecidas atualmente.
b) 0,3% de todas as espécies conhecidas na atualidade.
c) Menos de 0,3% dos fósseis encontrados na atualidade.
d) Menos de 0,03% dos fósseis encontrados na atualidade.

578
6. A teoria que propõe explicar a completa extinção dos dinossauros é conhecida
como:
a) Teoria jurássica.
b) Teoria da extinção K-T.
c) Teoria da evolução.
d) Teoria da extinção cretácea.

7. Entre algumas das características da carcaça pescada em 1977 que comprovam


que não se tratava de um tubarão-baleia estão a(o):
a) Existência de tecido gorduroso e músculos vermelhos.
b) Forte cheiro de amônia e carne podre.
c) Narina na parte lateral do crânio e músculos vermelhos.
d) Tecido não gorduroso e narinas na parte frontal do crânio.

8. A representação da caçada de um plesiossauro entre o povo Kuku Yalangi, na


Austrália, indicaria a possibilidade de:
a) Serem um povo altamente criativo, apesar de serem muito primitivos.
b) Terem conhecimento de seres fossilizados antes do século 19.
c) Conhecerem técnicas avançadas de retratar pensamentos abstratos.
d) Ter sido essa espécie contemporânea de nossa espécie.

9. Sobre a existência dos dinossauros e a Arca de Noé, podemos declarar que:


a) É impossível conciliar essas duas ideias.
b) Os dinossauros nunca existiram.
c) Algumas espécies poderiam já estar extintas, e outras poderiam ter sido preser-
vadas ainda filhotes.
d) N.R.A.

10. A comprovação científica de que dinossauros e humanos conviveram no mesmo


período traria para os evolucionistas:
a) Um efeito devastador sobre toda a sua teoria.
b) A certeza de sua teoria.
c) Um efeito extremamente positivo para sua teoria.
d) A convicção de que algumas espécies sobreviveram à extinção K-T.

579
Em defesa da fé

evoluÇÃo DaS eSPécieS

DEFINIÇÃO

Teoria supostamente científica popularizada largamente por Charles Darwin


(1809-1882) a partir de sua obra Origem das Espécies, publicada em 1859,
a qual determina todas as formas de vida existentes como o resultado de
variações genéticas e “acidentes” sucessivos (seleção natural) que produziram
inúmeros seres diferenciados, dando origem a novas espécies.

As novas espécies surgiram a partir de mutação genética.

Até hoje os cientistas modernos não conseguiram provar que novas


espécies possam surgir a partir de mutação genética. Se, tentando obter tais
mudanças em laboratórios com toda sofisticação, eles não têm sido capazes
de obter resultados positivos nestas pesquisas, poderíamos crer que algo
semelhante e de forma aleatória poderia ter ocorrido para dar origem a
novas formas de vida? Se todas as pesquisas conhecidas acerca da mutação
genética têm provado que nenhuma mutação melhora qualquer espécie,
deveríamos acreditar em tal teoria?

580
C u rs o A po lo gético

Existem pelo menos seis fatores que comprovam a impossibilidade de


ter ocorrido uma evolução das espécies por meio de mutação genética, de
acordo com a teoria da evolução de Darwin:

1. As mutações são extremamente raras, ocorrendo uma em milhões.


2. São degradantes às espécies.
3. Só afetam caracteres secundários (mínimos).
4. São geralmente letais.
5. Não produzem um órgão novo e funcional.
6. São recessivas (não produzem aumento de informação genética).

Cientistas atualmente têm questionado as bases da evolução darwinia-


na com base na mutação genética: “Embora se saiba muita coisa sobre
mutação, ela ainda é, na maior parte, uma ‘caixa-preta’ no que diz respeito
à evolução. Funções bioquímicas novas parecem ser raras na evolução, e a
base de sua origem é virtualmente desconhecida” (BEHE, 1997, p. 38 –
Endler, J. A e T. McLellan [1988], The Process of Evolution Toward a Newer
Synthesis, p. 397).
Crer que a mutação genética produz novas espécies evoluídas é uma
questão de fé cega, e não de conhecimento científico experimental. E, se
não pode ser experimental, não pode ser científico.

Existem evidências da evolução das espécies por meio do registro


fóssil?

Se, de fato, tivesse ocorrido algum tipo de evolução das espécies para
as que conhecemos atualmente, e de forma lenta e gradativa, como creem
os evolucionistas, teríamos de encontrar de forma abundante nas rochas
sedimentares da crosta terrestre os registros de transição das espécies (“elo
perdido”) menos evoluídas para as formas mais complexas de hoje. O período
geológico da Terra, que, segundo os geólogos, contém a grande diversidade

581
Em defesa da fé

de fósseis encontrados (pré-cambriana e cambriana), não demonstra ne-


nhuma forma de transição que certamente deveria existir de forma larga-
mente abundante, se a teoria da evolução fosse correta. O que ainda tem
sido ignorado por muitos cientistas evolucionistas é o fato de que, dos
fósseis existentes, 75% são iguais às mesmas formas de vida conhecidas
atualmente, não havendo nenhuma variação significante que explique todo
o processo de mudanças exigido por um processo evolutivo entre esses
fósseis e os seres vivos atuais, sendo uma das provas disso o fóssil do cela-
canto, um peixe que, segundo os evolucionistas, seria a prova fóssil da
transição entre os peixes e os anfíbios que teriam vivido supostamente há
410 milhões de anos. Essa espécie de peixe foi encontrada em 1938 no
Oceano Índico (de lá para cá já foram encontrados mais de 200 desses
peixes), e ela não vive a menos de 180 metros de profundidade, muito
longe da superfície da terra para ser um candidato fóssil à forma de tran-
sição de peixe para anfíbios.
O paleontólogo David Raup, do Museu Field de História Natural (o
museu ostenta uma das maiores coleções de fósseis do mundo), afirmou:
“Agora, cerca de 120 anos depois de Darwin, o conhecimento do registro
fóssil se expandiu muito. Temos hoje 250 mil fósseis de espécies, mas a
situação não mudou muito. O registro da evolução é surpreendentemente
espasmódico e, por ironia, temos até menos exemplos de transição evoluti-
va do que tínhamos na época de Darwin” (LENOX, 2009, pp. 160, 161).
Como afirmou o cientista e professor de bioquímica da Universidade
Lehigh, na Pensilvânia, Michael Behe, sobre essa questão: “Não é de es-
pantar que os paleontólogos tenham ignorado a evolução por tanto tempo.
Aparentemente, ela jamais ocorreu. A coleta cuidadosa de material na face
de penhascos mostra oscilações em zigue-zague, pequenas, e uma acumu-
lação muito rara de leves mudanças no decorrer de milhões de anos, a uma
taxa lenta demais para explicar toda a mudança prodigiosa que ocorreu na
história evolutiva” (BEHE, 1997, p. 36). Portanto, o chamado “elo perdido”
continua perdido, ou melhor, inexistente.

582
C u rs o A po lo gético

Todos os cientistas evolucionistas interpretam a evolução das


espécies do mesmo modo?

Charles Darwin não era cientista, e a teoria que ele postulou não pos-
sui base científica observável (sua formação era em teologia, e todas as suas
contribuições nas diversas áreas de pesquisa que fez em botânica e zoologia
são baseadas em trabalho de campo como naturalista amador). Como as
afirmações de Darwin não poderiam ser comprovadas com tanta certeza no
século 19, foram precisos anos de busca para que algumas das evidências
comprovassem a sua teoria de forma irrefutável, o que não ocorreu até hoje.
Como os cientistas estão diante do impasse da aparição repentina de várias
formas de vida em um período extremamente curto de tempo nas camadas
geológicas mais primitivas da Terra, onde deveriam, segundo o modelo
evolutivo proposto por Darwin, encontrarem-se as formas de transição das
espécies de modo abundante, que não existem, foi proposto um novo modelo
evolutivo diante do que já era conhecido. Existe um modelo anteriormente
conhecido como “gradualismo” – as espécies surgiram lentamente durante
um período de milhões de anos, em transições lentas e progressivas – depois,
diante das evidências da aparição repentina de várias espécies complexas em
um período extremamente curto de tempo no período cambriano, em que
deveríamos, segundo os “gradualistas”, encontrar provas de uma evolução
lenta e gradativa, foi proposta pelo paleontólogo Stephen Jay Gould, da Uni-
versidade de Harvard, a “teoria do equilíbrio pontuado”. Ou seja, as formas
de vida evoluíram em transições rápidas durante um período mais curto de
tempo. Então, atualmente, a própria comunidade científica evolucionista não
é coesa em relação a sua interpretação sobre quanto tempo levou para ocor-
rer a chamada “evolução das espécies”, e nenhuma das duas visões pode ser
provada por meio do registro fóssil. Pois o próprio Jay Gould não conseguiu
explicar quais fatores naturais aleatórios poderiam acelerar o surgimento de
espécies evoluídas que não deixaram vestígios de sua transição no registro
fóssil. Sobre suas conclusões em relação à suposta longa jornada das espécies
em nosso planeta e sua comprovação por meio do registro fóssil, ele declarou:

583
Em defesa da fé

“A história das espécies fósseis inclui duas características particu-


lares inconsistentes com a ideia de que elas evoluíram gradativa-
mente: 1. Êxtase. A maioria das espécies não exibe nenhuma
mudança direcional durante sua presença na terra. Elas aparecem
no registro fóssil de forma muito semelhante ao que são quando
desaparecem; a mudança morfológica é geralmente limitada e não
tem uma direção fixa. 2. Aparecimento súbito. Em qualquer área
local, uma espécie não surge gradativamente mediante a transfor-
mação contínua de seus ancestrais; ela aparece de uma vez e
‘completamente formada’” (LENOX, 2009, pp. 161, 162).

Apesar de o naturalismo convicto de Jay Gould, sua confissão sobre o


caminho que aponta o registro fóssil é significante para a conclusão bíblica
de que as espécies foram desenvolvidas todas completas e se adaptaram
gradativamente ao meio ambiente ao qual estavam expostas, gerando, no
máximo, grandes variações da mesma espécie.

Quais são as chances reais de ter realmente ocorrido a evolução


das espécies?

Nos dias de Darwin, não havia a bioquímica, e, portanto, muitas das


suas afirmações não poderiam ser colocadas em questionamento, pois se
levava em conta apenas os caracteres externos (semelhanças anatômicas) das
espécies semelhantes, e não se fazia uma avaliação do desenvolvimento celular
e das complexas composições químicas envolvidas em todo o processo do
ser. Hoje, cientistas têm questionado as afirmações de Charles Darwin com
base em suas pesquisas na área da bioquímica, como declara Michael Behe:

“Agora que a caixa-preta da visão foi aberta, não é mais aceitável que
uma explicação evolutiva dessa capacidade leve em conta apenas
as estruturas anatômicas de olhos completos, como fez Darwin no

584
C u rs o A po lo gético

século 19 (e como continuam a fazer hoje os popularizadores da


evolução). Todas as etapas e estruturas anatômicas que Darwin
julgou tão simples implicam, na verdade, processos bioquímicos
imensamente complicados que não podem ser disfarçados por
retórica [...] A bioquímica demonstrou que qualquer aparelho
biológico que envolva mais de uma célula (tais como órgãos ou
tecidos) constitui necessariamente uma rede intrincada de muitos
sistemas diferentes, identificáveis, de imensa complexidade. A
célula replicadora autossuficiente ‘mais simples’ tem capacidade
de produzir milhares de proteínas diferentes e outras moléculas,
em ocasiões diferentes e em condições variáveis [...] uma vez
que cada célula é uma malha entrelaçada de sistemas, repetiría-
mos o erro de Francis Hithing se perguntássemos se estruturas
multicelulares poderiam ter evoluído à moda gradual darwiniana.
Isso seria equivalente não a perguntar se uma bicicleta poderia
evoluir e transformar-se em uma motocicleta, mas se uma fábrica
de bicicletas poderia evoluir e transformar-se em uma fábrica de
motocicletas! A evolução não ocorre no nível de fábrica, mas no
nível de parafusos e porcas” (BEHE, 1997, pp. 31, 32, 54, 55).

Além das questões citadas, temos outro grande problema que atinge
em cheio as bases da teoria de Darwin, pois, de acordo com a lei da proba-
bilidade matemática, as chances de a evolução das espécies ter ocorrido são
nulas. Como a “evolução” ocorreu a partir de inúmeros erros da natureza
que acabaram se tornando grandes acertos, segundo os evolucionistas, os
cientistas, inclusive o naturalista e famoso astrônomo, Carl Sagan, calcularam
a possibilidade de ter ocorrido realmente a “evolução”, tomando por base a
probabilidade matemática, chegando à conclusão de que a possibilidade de
ter ocorrido a evolução do homem é de 1 em 10.000.000.000.000.000... (um
número com dois bilhões de zeros à direita). Se, segundo a lei da probabili-
dade de Borel, fatos com a probabilidade além de 1 em 10.000.000.000.000...
(um número com cinquenta zeros à direita) simplesmente não ocorrem, como

585
Em defesa da fé

poderíamos acreditar na possibilidade de ter ocorrido a evolução das espécies?


Ou acreditamos em um projetista inteligente, como declara a própria Bíblia
(Gn 1.1-31), ou afirmamos que a lei matemática da probabilidade é falsa.
Outro gigante do século 20, Kurt Friedrich Gödel (matemático e filó-
sofo), não acreditava que uma evolução aleatória nos moldes exigidos pela
teoria de Darwin seria possível. Para ele, o “mecanismo na biologia” era um
preconceito que seria refutado. Esse preconceito já foi superado após tantas
provas de que o darwinismo é uma farsa.

Se a evolução é uma farsa, por que é largamente aceita pela


comunidade científica?

Deixar de lado a teoria da evolução tem implicações morais que muitos


“intelectuais” não desejam encarar. Supondo que, diante das evidências es-
magadoras favoráveis à existência de um Deus pessoal, criador e inteligente,
a comunidade científica abandonasse o seu ceticismo e contemplasse essas
verdades, fatalmente algumas perguntas surgiriam de forma natural: quem
é este ser tão poderoso? Por que nos fez? O que exige de nós? Estariam
estes homens dispostos a buscar na fé tais respostas? As pessoas preferem
acreditar que são frutos do acaso de uma natureza cega, o que exige mais fé
do que tem qualquer religioso, a acreditar que devem dar contas a um Deus
poderoso que faz exigências morais e que pedirá conta de cada ato realizado
por nós nesta vida. Jesus Cristo conhecia muito bem o homem e deixou bem
claro que muitos “sábios” não desejam ver (Mt 11.25), e o apóstolo Paulo
disse que toda a humanidade é inculpável diante de Deus pelas evidências
deixadas em toda a criação como testemunho de seu poder (Rm 1.20-22).
A questão da aceitação da teoria da evolução não é científica, mas apenas
uma questão de fé naquilo interpretado por eles como um fato, e não como
uma teoria absurda e anticientífica, para não incorrerem em grandes res-
ponsabilidades morais consequentemente vindas com a ideia de um Deus
criador e mantenedor de todo universo. Como declarou o cientista Michael

586
C u rs o A po lo gético

Behe: “A evolução molecular não se baseia em autoridade científica. Não há


publicação na literatura científica – revista de prestígio, revista especializada
ou livro – que descreva como a evolução molecular de qualquer sistema
bioquímico real, complexo, ocorreu ou poderia ter ocorrido. Há afirmações
de que tal evolução ocorreu, mas nenhuma delas com base em experimentos
ou cálculos pertinentes” (BEHE, 1997, p. 189).
Até mesmo um dos maiores pensadores do século 20, o filósofo da área
de epistemologia (ramo da filosofia que trabalha com a teoria do conheci-
mento), Karl Popper, cujo trabalho é mundialmente reconhecido por seu
método de demarcação dos cânones do estudo científico, reconhecia que o
evolucionismo era um método necessário para o naturalismo filosófico que
domina o mundo acadêmico. Ele declarou: “Para compreender a tarefa da
seleção natural, é bom lembrar a resposta de Darwin a Wagner. Sua prin-
cipal objeção foi: na ausência da seleção natural não se pode explicar a
evolução de órgãos aparentemente projetados, como o olho. Em outras
palavras, sem a seleção natural não se pode resolver o problema [do desig-
ner] de Paley” (POPPER, 2010, p. 239). Portanto, a teoria evolucionista se
tornou o único meio para subsistência da explicação das origens sem o
designer inteligente. É exatamente por isso que, independentemente das
novas descobertas científicas, ela é imutável como meio de explicação para
toda a origem dos complexos sistemas biológicos por nós conhecidos.

O fato de os cientistas terem produzido aminóacidos essenciais à


vida por meio de manipulação de certos elementos químicos em
laboratório não provaria a possibilidade de ter ocorrido uma mis-
tura química acidental de elementos inorgânicos, produzindo vida?

O experimento dos cientistas Harold Urey e Stanley Miller não pôde


provar que seja possível a vida ter ocorrido por acaso pelo simples fato de
se ter obtido de manipulação química aminoácidos. A escolha dos elemen-
tos químicos usados nesse experimento não se deu de forma aleatória, mas

587
Em defesa da fé

totalmente intencional, para obter os resultados desejados. Os cientistas


escolheram que elemento, segundo eles, fariam parte do ambiente primiti-
vo da Terra – hidrogênio, nitrogênio, amônia e gases de dióxido de carbono.
Por que não incluíram, entre os elementos químicos do experimento, oxi-
gênio? Não seria por saberem que, com a presença do oxigênio, seria im-
possível chegar aos resultados desejados? Contrário ao experimento de
Harold Urey e Stanley Miller, todavia, encontramos nas rochas do período
pré-cambriano óxido de ferro, o que comprova ter havido oxigênio na terra
“primitiva”. Por isso, muitos cientistas afirmam que os elementos usados em
conjunto na experiência não podem de forma alguma ser encontrados em
lugar algum da Terra, e tudo não passaria, portanto, de um mito. Combinar
elementos químicos para se chegar aos aminoácidos não é suficiente para
provar que a vida tenha surgido do acaso, pois um aminoácido não é sinô-
nimo de vida. Veja: uma molécula de proteína a qual é um componente
essencial à vida tem cerca de 100 aminoácidos, e para se formar vida seria
necessário juntar cerca de 200 dessas moléculas. Se um dia os cientistas
conseguirem, por meio de manipulação química em laboratório, produzir
vida, isto não eliminará a ideia de um designer inteligente, antes a confir-
mará: provará que as forças aleatórias da natureza cega não podem conse-
guir os resultados necessários, mas somente alguém inteligente que tenha
calculado todos os resultados finais em seu projeto.

Ver resposta à pergunta posterior.

A seleção natural proposta por Darwin responde à questão do


surgimento de novas espécies por meio de variações ocorridas.

Acreditar que as mudanças observadas nas espécies conhecidas ocor-


reram por meio da chamada “seleção natural” de Darwin é apenas um mito
que não pode ser provado pelos experimentos observáveis. Suponhamos que
determinada espécie de animal tivesse seis filhotes e um deles desenvolves-
se certas características superiores em relação aos outros filhotes, como

588
C u rs o A po lo gético

audição mais aguçada e pernas velozes com músculos mais fortes. Isto o
possibilitaria fugir dos seus predadores naturais de forma mais eficaz, e os
seus outros irmãos poderiam ser capturados e mortos, deixando apenas o
“mais capaz” sobreviver. Se um dos animais que habitam naquela região
conseguisse encontrar o animal “mais capaz” e tivesse filhotes com ele, po-
deriam sobreviver somente os filhotes que herdassem as características de
diferenciação do pai, possibilitando, assim, lentamente sobreviverem somen-
te os mais semelhantes, e não as gerações diferentes (que não desenvolveram
certas habilidades que o ajudariam a sobreviver de forma mais eficaz), evi-
tando assim que surjam duas espécies? A “seleção natural” de Darwin não
amplia os tipos de espécies, antes as restringe. Além do mais, se ocorresse,
de fato, a “seleção natural” nos moldes ensinados por Darwin, isso não ex-
plicaria como as espécies de animais mudaram tanto a ponto de surgirem
novas formas de vida. Ratos são ratos, independentemente do continente em
que nasceram (todas as diferenças climáticas e de alimentação nunca produ-
ziram outras espécies de animais, apenas os acomodaram a um novo meio
ambiente, definindo melhor e acentuando certas características peculiares).
Apesar de muitos pesquisadores afirmarem que a evolução tem sido
presenciada aos olhos humanos por meio das pesquisas com micro-organis-
mos (vírus e bactérias), o oposto é que é a verdade. Pois se sabe atualmen-
te que estudos com 30.000 gerações da bactéria E. coli (o que equivaleria
a cerca de 1 milhão de anos humanos de evolução) demonstraram a grande
perda de patrimônio genético herdado pelos descendentes. Essa perda de
patrimônio ou informação genética é a principal causa da rejeição da evo-
lução como meio de se explicar a vida com toda a sua diversidade. Todas as
pesquisas laboratoriais, desde micro-organismos até a mosca-das-frutas,
realizadas até hoje, têm demonstrado que não há acréscimo ou aumento de
informação genética nos seres levemente diferenciados por qualquer tipo
de processo mutacional. Não havendo aumento de informação, torna-se
impossível haver evolução para formas de vida superiores.

Ver resposta à pergunta posterior.

589
Em defesa da fé

Se a microevolução é possível (mudanças ocorridas em uma espécie


para se adaptar ao meio ambiente), não seria a macroevolução
também (transformação de uma espécie em outra)?

A microevolução é totalmente possível, pois é simplesmente a adapta-


ção de um ser e seus descendentes ao seu meio ambiente, mas não é si-
nônimo de macroevolução. Nenhum biólogo afirmará que nos seus estudos
sobre as espécies de vidas existentes ele observou algum tipo de mudança
estrutural do DNA (o que é necessário para se produzir uma nova espécie),
produzindo novos seres. Os registros fósseis não demonstram que os seres
vivos atuais possuam algum tipo de forma de vida transitória que deu
origem a sua espécie, o que teria de ocorrer se o pressuposto evolucionis-
ta fosse correto. Até mesmo o paleontólogo evolucionista Stephen Jay
Gould (o pai da teoria do “equilíbrio pontuado”) afirmou que os registros
fósseis demonstram não haver nenhuma mudança significativa entre os
seres existentes do passado e os do presente (Is a New and General Theory
of Evolution Emerging? Paleobiology, vol. 6, nº 1, p. 127, 1980). Até mes-
mo um dos cientistas mais importantes da França, cuja contribuição à
zoologia é indiscutível, Pierre Grassé, que escreveu a mais importante
enciclopédia sobre a vida biológica na língua francesa (Traité de Zoologie
[Tratado de Zoologia]), criticou a simplificação da evolução a partir das
pequenas variações encontradas nas espécies como responsável por todas
as variações necessárias para o surgimento de todas as espécies que co-
nhecemos. A macroevolução não é possível, por existir certos limites na
estrutura celular dos seres que os impedem de gerarem seres levemente
adaptados que gradativamente geram outras supostas espécies. Nenhum
tipo de mutação biológica observável aperfeiçoa algum tipo de vida; pelo
contrário, sempre a prejudica, reduzindo a variação genética e impedindo,
assim, a macroevolução.

Ver resposta à pergunta anterior.

590
C u rs o A po lo gético

O fato de encontrarmos semelhança entre muitas das espécies


existentes não seria evidência de uma evolução comum?

Semelhança nem sempre é sinônimo de procedência. Quando encon-


tramos vários objetos que possuem uma grande similaridade, não concluímos
automaticamente que procedem um do outro, mas, sim, que possuem uma
finalidade comum. Por exemplo, a concha não “evoluiu” da colher, nem a
cadeira do banco, mas possuem uma finalidade comum. Da mesma forma,
por que não poderíamos acreditar que as semelhanças encontradas nas mais
variadas formas de vida existentes em nosso mundo simplesmente existem
por apontar na direção de um projeto comum? Não seria de se esperar que
vários seres criados para habitar em um mesmo meio ambiente ou ecossis-
tema possuíssem características de formação comuns e com um grande
nível de simetria? Não poderiam tais semelhanças encontradas nas muitas
espécies existentes demonstrarem um “estilo” de um projeto comum do
Criador? Por que teríamos que analisar estas semelhanças a partir do pres-
suposto evolucionista se este não se encaixa em outros detalhes desta mes-
ma criação analisados pela ciência?

Ver resposta às perguntas anterior e posterior.

Se os chimpanzés possuem 99,4% de seu DNA semelhante aos dos


seres humanos, não seria isto uma forte evidência de uma evolução
comum?

Tal informação noticiada em todo o mundo por meio da agência de


notícias Associated Press é citada como prova concreta de que os chimpan-
zés são 99,4% humanos. Esse tipo de informação viciada dá a ideia ao pú-
blico geral de que os homens e os símios possuem uma mesma raiz evolu-
tiva. O fato é que, dos aproximadamente 30.000 genes humanos, somente
97 foram comparados, portanto apenas 0,03% do total. Dependendo dos

591
Em defesa da fé

genes selecionados que podem ser comparados entre várias espécies, pode-
ríamos notar uma grande similaridade entre vários tipos de seres. Isso
confirmaria a ideia de uma origem evolutiva entre esses seres semelhantes
ou provaria a existência de um projetista comum que teria criado seres
geneticamente semelhantes para conviverem em um mesmo meio ambien-
te? Não poderíamos observar nessa semelhança apenas o fato de que foi
usado material comum na construção de diferentes organismos pelo criador?
Vários quadros pintados por um mesmo autor, mas que possuam temas
diversos, apresentam semelhança por derivarem um do outro ou por pos-
suírem um mesmo projetista? Cinquenta por cento dos genes da banana e
90% dos genes do rato são semelhantes aos dos humanos. Isso significa que
somos 50% bananas e 90% ratos? Ou que simplesmente existem semelhan-
ças dentro de um projeto comum? Se um cientista escolhesse 97 genes de
uma banana, poderíamos achar semelhança entre humanos e bananas de
até 100%. Sendo assim, provaríamos que as bananas e os humanos são es-
pécies que possuem uma origem comum? Por esse motivo, declarou o ge-
neticista Steve Jones: “Um chimpanzé pode compartilhar 98% do seu DNA
conosco, mas não é 98% humano de modo algum – é um chimpanzé. E será
que o fato de compartilharmos genes com um rato, ou uma banana, diz algo
sobre a natureza humana? Alguns afirmam que os genes dirão quem real-
mente somos. A ideia é absurda” (JONES, 2000, p. 35).
Como declarou o famoso físico, escritor e biólogo celular, Jonathan
Wells: “Se você assume, como o neodarwinismo afirma, que somos produtos
de nossos genes, então você está declarando que a dramática diferença
entre nós e os chimpanzés está nos 2% de nossos genes… o problema é que
o tal chamado corpo de construção celular está nos 98%. Os 2% de nossos
genes que possuem diferença são genes bastante simples que têm pouco a
ver com a anatomia. Portanto, a suposta similaridade existente entre o DNA
humano e o dos chimpanzés é um problema para o neodarwinismo exata-
mente neste ponto” (STROBEL, 2004, p. 54).
A genética atualmente tem se desenvolvido bastante, mas ainda não
temos conhecimento pleno acerca das consequências que uma pequena

592
C u rs o A po lo gético

diferença ou semelhança genética pode significar com relação a toda estru-


tura de um ser em comparação com o outro que possui certo grau de se-
melhança. O que podemos dizer com certeza é que a resposta de quem
somos não está no grau de semelhança genética que outros seres possuem
conosco, ou entre si mesmos.

Por que existem órgãos em alguns seres que não possuem função
alguma? Não seriam estes órgãos “vestigiais” uma evidência forte
a favor da Teoria da Evolução?

A conclusão evolucionista acerca dos chamados “órgãos vestigiais”


repousa apenas sobre o pressuposto de que certos órgãos aparentemente
sem função (o apêndice humano, o músculo do pavilhão auricular do ouvi-
do externo humano, a estrutura muscular do cóccix humano, a pélvis rudi-
mentar das baleias etc.), de fato, não possuam função definida, sendo assim
apenas resquícios de uma suposta evolução ocorrida.
No século 19, existiam mais de 180 órgãos considerados “vestigiais”
(FLORI; RASOLOFOMASOANDRO, 2002 – The Structure of Man: An
Index to His Past History, Macmillan, 1895) apenas no homem. Até mesmo
as glândulas do sistema endócrino foram assim consideradas, porque não
havia sido descoberto que lançavam suas secreções diretamente na corren-
te sanguínea.
O apêndice funciona como órgão linfoide que atua na produção de
defesas contra infecções; os músculos do pavilhão auricular humano contri-
buem na ativação do fluxo sanguíneo até a orelha; a estrutura muscular do
cóccix humano serve de partida a um grande número de músculos que
mantêm, sustentam e possibilitam a rotação do fêmur; e a pélvis das baleias,
além de servir para sustentação da musculatura dos órgãos sexuais desses
animais, também serve como ponto de partida para a forte musculatura anal,
evitando que o conteúdo do intestino seja expelido em função das grandes
pressões hidrostáticas sofridas nas profundezas abissais.

593
Em defesa da fé

Outros órgãos considerados “vestigiais” são comprovadamente possui-


dores de função definida: as garras encontradas em outras cobras, e na píton,
servem para auxiliar a locomoção dessas serpentes na ramagem e também
atuam como órgão auxiliar no acasalamento; as asas do pássaro kiwi servem
na manutenção do equilíbrio da ave; a “membrana nictitante” do olho hu-
mano, diferentemente da função dessa membrana encontrada nos pássaros,
serve para coletar materiais estranhos que atingem o globo ocular e ajuntá-
-los no canto do olhos em uma massa pegajosa que pode ser facilmente
removida. Todos esses exemplos existentes comprovam que a teoria evolu-
cionista baseada nos supostos “órgãos vestigiais” é totalmente falsa.
Atualmente existem poucas dessas estruturas que ainda são considera-
das “vestigiais”. Esses órgãos seriam, de fato, “órgãos vestigiais” ou órgãos
que a ciência ainda não descobriu a sua plena função, como os demais
anteriormente mencionados?

A “lei biogenética”, de Ernst Haeckel, não comprovou que, de fato,


houve uma evolução das espécies, sendo demonstrada de forma
repetitiva por meio da evolução embrionária?

A conhecida “lei biogenética”, segundo a qual a ontogenia (desenvol-


vimento do ser) seria uma “recapitulação” da filogenia (sequência evolutiva
das espécies), baseia-se em falsas observações. Por exemplo, os embriões
do caracol aquático possuem configurações estruturais que não são obser-
vadas em outros tipos de embrião, o que demonstra uma contradição irre-
futável à “lei” postulada por Haeckel. De acordo com a teoria da “lei bio-
genética”, os embriões humanos deveriam possuir “escamas”, como os
peixes, em algum estágio de seu desenvolvimento, o que não ocorre. En-
contramos outro problema com espécies de insetos que eclodem de sua
forma larvar já com características semelhantes às da forma adulta (os ga-
fanhotos, por exemplo), não seguindo nenhum estágio “evolutivo” nos
moldes apresentados por Haeckel.

594
C u rs o A po lo gético

Todas as estruturas dos órgãos em desenvolvimento nos


embriões possuem funções claramente definidas, e as supos-
tas semelhanças encontradas nesses estágios com as de outras
espécies comparadas não apontam para uma origem evolu-
tiva comum, pois tais órgãos possuem apenas uma caracte-
rística apropriada para cada estágio de desenvolvimento do
novo ser e não trazem nenhuma “recapitulação” da evolução sofrida pelas
espécies. Além disso, o próprio Ernst Haeckel (1834-1919) confessou ter
adulterado algumas de suas imagens de embriões em desenvolvimento para
forçar a ideia de um tronco evolutivo comum entre eles: “Quero começar
confessando com arrependimento que uma pequena parte de minhas nu-
merosas fotografias de embriões é realmente falsificada – refiro-me a todas
aquelas nas quais o material de observação existente é tal incompleto ou
insuficiente que, na produção de uma cadeia de desenvolvimento coerente,
somos obrigados a preencher as lacunas por meio de hipóteses” (JUNKER,
SHERER, 2002, p. 179 – Jornal “Berliner Volkszeitung”, 29/12/1908).
Portanto, a chamada “lei biogenética” de Haeckel não passa de mais
uma farsa evolucionista no intuito de defender uma teoria que se baseia em
uma filosofia, e não na ciência observável.

Para informações complementares, leia os


tópicos: Criação, Deus, Dinossauros e Religião:
A religião Cristã é contrária à ciência!

* * *

A teoria da evolução é questionada atualmente não apenas no âmbito


religioso, como supõem alguns apaixonados defensores do darwinismo ou
mesmo do neodarwinismo. Exatamente por sua incapacidade de ser apre-
sentada de forma totalmente experimental, muitos pesquisadores tendem
a interpretá-la como sendo de natureza puramente metafísica (além da
matéria, que trata com princípios e causas) e, portanto, não científica.
Devemos nos lembrar de que quem estabelece os chamados “cânones da

595
Em defesa da fé

pesquisa científica” (natureza e método) é a filosofia (epistemologia), e não


a própria ciência. Os dados científicos devem ser submetidos a rigorosos
testes de validação e somente depois serem apresentados como possíveis
teorias explicativas dos fenômenos a que se referem, ainda estando os
dados obtidos sujeitos à interpretação pessoal do cientista. Albert Einstein,
por exemplo, rejeitou a física quântica por causa do princípio da incerteza
de Heisenberg que ia contra o seu determinismo filosófico baseado no
panteísmo de Baruch Spinoza (JAMMER, 2000, p. 113). E a teoria do
“equilíbrio pontuado”, de Stephen Jay Gould, foi desenvolvida a partir de
sua própria aceitação da dialética marxista (comunista), com sua proposta
de síntese imediata a partir da apresentação de uma tese e uma antítese.
Portanto, acreditar que a “ciência” apresenta fatos baseados em métodos
puramente científicos e objetivos é um dos maiores mitos popularizados
pelos cientistas para passar a falsa ideia da superioridade científica diante
dos demais conhecimentos.
Karl Popper declarou sobre a evolução como método de explicação
científica:

“A doutrina da seleção natural era um programa metafísico de


pesquisa extremamente bem-sucedido... Ainda creio que a seleção
natural funciona dessa maneira, como projeto de pesquisa... A
teoria pode ser formulada de tal modo que fique longe de ser
tautológica. Nesse caso, ela não é apenas testável, como revela
não ser verdadeira em termos estritamente universais. Parece
haver exceções como ocorre com tantas teorias biológicas; consi-
derando o caráter aleatório das variações em que a seleção natu-
ral se baseia, a ocorrência de exceções não chega a surpreender.
Nem todos os fenômenos da evolução se explicam somente pela
seleção natural” (POPPER, 2010, p. 240).

Lembrando também que não são raras farsas na tentativa de explicar


teorias científicas. Entre as inúmeras, encontramos: o homem de Piltdown

596
C u rs o A po lo gético

(diziam que era um parente simiesco do homem, mas, na verdade, era


uma montagem de crânio humano e mandíbula de chimpanzé); a tabela
comprobatória da chamada “teoria da recapitulação” de Ernst Haeckel
(ele declarava que todos os seres passam por uma recapitulação de toda
a evolução em suas fases de desenvolvimento. Para provar isso, adulterou
as imagens de embriões); a fraude de linhagens de células-tronco do
pesquisador Woo Suk Hwang, que, inclusive, teve seus dados “científicos”
publicados na revista Science (das 11 linhagens apresentadas na pesquisa,
pelo menos 9 eram falsificadas), entre outras. Sem dúvida, a ciência não
diz nada, mas, sim, os cientistas, e estes possuem conceitos e preconcei-
tos que podem influenciar os resultados de suas pesquisas encobrindo a
verdade.

Não existe mito maior na sociedade moderna de que a di-


ferença central da ciência com relação à religião; sendo uma
completamente objetiva (a ciência – baseada em testes e
observações), enquanto a outra totalmente subjetiva (a reli-
gião – baseada apenas na interpretação e crença pessoal do
fiel). O racionalismo acrítico (cientificismo [crença de que a
ciência explica todo fenômeno conhecido por nós em termos apenas mate-
rialistas, sendo, portanto, absoluta]) é inferior ao irracionalismo (fé), pois,
por mais que afirme que acredita somente naquilo que for aceito somente
por meio da argumentação ou da experiência, não consegue se sustentar
pela argumentação ou experiência. O racionalista precisa crer no raciona-
lismo como visão correta da realidade, portanto precisa de “fé” na razão,
pois o racionalismo não é autônomo em si. Racionalistas e irracionalistas
cogitam seus pensamentos a partir de algo que creem (POPPER, 2010, pp.
34, 35). A ciência trabalha com métodos também subjetivos, assim como a
religião trabalha com métodos também objetivos.

* * *

597
Em defesa da fé

A tentativa de desqualificar qualquer noção mínima de usar explicações


que mencionem qualquer nível de intervenção metafísica (sobrenatural) na
natureza é rotulada de “hipótese do Deus das lacunas” (preencher as lacu-
nas daquilo que a ciência atualmente não consegue explicar por sua meto-
dologia com uma explicação que exija uma origem sobrenatural) pelos
materialistas. Sem dúvida alguma, os teístas devem ser bastante cautelosos
antes de fazer qualquer afirmação antecipada de cunho científico com base
no desconhecimento momentâneo ou permanente de alguma teoria cientí-
fica incompleta. Mas pensar que esse dispositivo de pensamento é apenas
exclusivo daqueles que buscam no metafísico alguma explicação melhor para
determinada dificuldade encontrada no âmbito da pesquisa científica não é
verdade. Muito do que é determinado como “fato científico” embasado em
pesquisas científicas com o passar do tempo tem sido mudado para uma
interpretação completamente nova e oposta à anterior, demonstrando que
as chamadas “evidências” são também de cunho especulativo e necessitam
de interpretação dos cientistas que inúmeras vezes tomam decisões de in-
terpretar os dados com base em sua filosofia particular travestida de ciência.
Por exemplo, em 2013, a teoria da variação entre as supostas espécies de
“hominídeos”, como Homo habilis, Homo rudolfensis e Homo erectus, caiu
por terra. A partir de agora: “Análise de crânios de aproximadamente 1,8
milhão de anos sugere que os primeiros hominídeos, classificados em dife-
rentes espécies – ‘Homo habilis’, ‘Homo rudolfensis’, ‘Homo erectus’, por
exemplo –, na verdade pertencem à mesma espécie. O estudo será publi-
cado na revista Science desta sexta-feira (18)”.
A imensa maioria dos cientistas materialistas, por possuírem uma cos-
movisão oposta a qualquer ideia do metafísico (Deus, por exemplo), criou
sua própria versão para as “lacunas” com as quais deparam constantemente
na pesquisa científica. É aquilo que Karl Popper chama de “materialismo
promissório”, pois, na ausência de informação suficiente para apresentar
uma hipótese ou mesmo reconhecer as limitações do campo científico no
que diz respeito a toda a realidade conhecida, apresentam a ideia de que,
mesmo que hoje não saibam explicar tal fenômeno, amanhã o explicarão

598
C u rs o A po lo gético

com base em seu materialismo filosófico. Sem dúvida alguma, existe um ato
de “fé” nessa atitude materialista, postulando que o materialismo filosófico
(que reina no meio acadêmico), a priori, é a única possível resposta a todos
os paradigmas que a ciência venha deparar em sua busca da verdade. Esta
é uma postura completamente anticientífica, pois o papel da ciência deveria
ser o de sempre analisar todas as possibilidades e somente a partir daí es-
tabelecer teorias mais plausíveis com relação às verdades procuradas, e não
se fechar completamente dentro dos limites do materialismo filosófico. Essa
atitude “científica” tem causado tanto mal para o desenvolvimento da ciên-
cia, por limitá-la dentro de um campo filosófico, que não permite aos “cien-
tistas filósofos” acreditarem em uma amplitude maior de possibilidades,
inclusive as possibilidades metafísicas (espirituais).

* * *

Apesar de a moralidade religiosa em qualquer âmbito ser


extremamente criticada por céticos, agnósticos e ateus, em
frente da “nova” moralidade humanista, cujo principal in-
teresse é apresentar a satisfação humana, e não a obediên-
cia a Deus como o objetivo último da existência de nossa
espécie humana. Por trás da teoria de Darwin, existe uma
ideologia completamente anticristã e eugênica (melhoria da raça por meio
de seleção dos melhores e mais aptos) que, por fim, tem gerado um com-
pleto descaso pelos grandes valores éticos e uma desigualdade imensa
acerca do direito à vida de todo ser humano. Sobre a clara distinção entre
os seres humanos “mais aptos”, como em todas as “outras espécies animais”,
segundo Darwin, e a relação com o processo da “seleção natural” propos-
ta em sua teoria, ele declarou:

“Nós civilizamos o homem, por outro lado, fazemos o máximo


que podemos para acompanhar o processo de eliminação; cons-
truímos asilos para os imbecis, os mutilados e doentes; nós

599
Em defesa da fé

instituímos leis que amparam os pobres; e nossos médicos exer-


cem suas habilidades ao extremo para salvar a todos até o último
momento. Há razão para saber que a vacinação tem salvado mi-
lhares, que, por possuírem uma fraca constituição, teriam sucum-
bido a uma varíola. Assim os membros fracos das sociedades
civilizadas propagam sua espécie. Ninguém que tem acompanha-
do o cruzamento de animais domésticos duvidará que isso deve
ser altamente injurioso à raça humana. É surpreendente que tão
rapidamente a falta de cuidados, ou um cuidado erroneamente
direcionado, conduza a degenaração de uma raça doméstica; mas,
à exceção do próprio homem, ninguém é tão ignorante para
permitir que seus piores animais reproduzam” (The Descent of
Man, 1871, pp. 102, 103).

Ainda tentando explicar a naturalidade com a qual temos de lidar com


a exterminação dos “menos aptos” (“piores animais”) em frente do proces-
so “natural” que faz parte das leis aleatórias (um termo contraditório, visto
que, quando usamos o termo “lei”, presumimos ordem predeterminada, e
não acaso), o “grande” Charles Darwin declarou:

“Até parece, a partir do que temos visto, por exemplo, em parte


da América, que um povo chamado civilizado, como os domina-
dores espanhóis, está sujeito a tornar-se indolente e retrógrado,
quando as condições de vida são extremamente fáceis. Com civi-
lizações altamente desenvolvidas, o progresso contínuo depende
de um grau de subordinação à seleção natural; pois tais nações
não suplantam ou exterminam uma a outra como fazem as tribos
selvagens. Apesar disso, os membros mais inteligentes na mesma
comunidade substituirão melhor a longo prazo os inferiores, e
deixarão mais numerosos descendentes, e esta é uma forma de
seleção natural” (The Descent of Man, 1871, pp. 110, 111).

600
C u rs o A po lo gético

À luz da teoria darwiniana, todo o processo de rápida degradação dos


valores da vida humana em sua multiforme expressão (aborto, eutanásia,
manipulação de fetos, aniquilação do mais fraco etc.) não deve nos incomo-
dar, pois são apenas manifestações de um processo natural que visa à evo-
lução de nossa espécie. A partir dessa declaração do próprio Darwin, ninguém
deveria criticar as atrocidades cometidas pelas nações “mais desenvolvidas”
em nome da “civilização” dos incivilizados. É exatamente por isso que, à
medida que a teoria de Darwin ganha espaço e aceitação em nossa socie-
dade pós-moderna, percebemos uma crise nos valores humanos mais sin-
gulares (amor, compaixão, perdão, respeito etc.), pois, na verdade, tais va-
lores não importam, pois somos apenas animais como todos os outros em
nossa luta pela sobrevivência. Não é de espantar que o próprio Hitler fosse
também evolucionista e não se incomodasse em aniquilar os judeus “infe-
riores” na busca do ideal proclamado pelo próprio Charles Darwin.

601
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

1. Explique em que se baseia a teoria da evolução.

2. Novas espécies poderiam surgir a partir de mutação genética?


Explique.

3. Provam os fósseis a evolução das espécies? Explique.

4. É consenso entre a classe científica o dogma da evolução das


espécies? Explique.

5. Quais as chances reais de a evolução ter ocorrido do ponto de


vista da probabilidade matemática?

6. Como entender a aceitação quase unânime da classe científica


com relação ao evolucionismo?

7. A produção de aminoácidos em laboratório confirmou a aleato-


riedade do surgimento da vida? Explique.

8. Por que não merece crédito a teoria da seleção natural propos-


ta por Darwin?

9. A microevolução pode ser usada para explicar a teoria de Darwin?


Explique.

10. A semelhança genética que temos com outros seres comprovam


a nossa evolução comum a partir de seres simiescos? Explique.

602
PROVA – EVOLUÇÃO

1. Sobre a relação existente entre evolução e mutação, podemos declarar que:


a) As mutações ocorrem aleatoriamente e justificam o surgimento de novas espé-
cies.
b) Não existem mutações genéticas.
c) As alterações promovidas pelas mutações são insuficientes para explicar toda a
complexidade que envolve as diferenças entre as espécies.
d) As alterações ocorridas pelas mutações afetam apenas características dos vege-
tais, o que, portanto, não justificaria as mudanças ocorridas nas espécies animais.

2. Se tivesse ocorrido uma evolução lenta e gradativa como propõe a teoria evo-
lutiva, deveríamos encontrar no registro fóssil:
a) O “elo perdido” entre todas as espécies em transição.
b) Fósseis de formas de vida variadas.
c) O “elo” de ligação entre as espécies marítimas.
d) Fósseis de formas vegetais variadas.

3. Sobre Charles Darwin, sabemos que ele possuía formação em:


a) Zoologia.
b) Paleontologia.
c) Geologia.
d) Teologia.

4. A bioquímica serviu para questionar as bases da:


a) Evolução darwiniana, por demonstrar a imensa complexidade envolvida na
formação de tecidos e órgãos tidos como mais simples e básicos.
b) Zoologia, por indicar a impossibilidade de haver tamanha multiplicidade de
espécies aleatórias.
c) Paleontologia evolutiva, por negar a possibilidade de haver o “elo perdido”.
d) Geologia evolutiva, uma vez que demontra a impossibilidade de ocorrer a for-
mação gradativa das rochas.

603
5. O experimento de Harold Urey e Stanley Miller comprovou que:
a) A vida surgiu do acaso por meio da ação aleatória de várias substâncias químicas
reconhecidamente participantes da terra em formação.
b) Algumas substâncias usadas no experimento foram criadas pelos cientistas em
laboratório.
c) Apenas aminoácidos são possíveis de produção, mas a geração de vida em labo-
ratório se demonstra ainda impossível.
d) De fato, existiram vários elementos químicos diversifi cados na terra em
formação.

6. Ao contrário do que se afirma frequentemente, as pesquisas científicas com


bactérias E. coli têm demonstrado que, ao longo da formação das gerações
dessas bactérias:
a) Tem havido perda de material genético, o que impossibilitaria a evolução.
b) Tem havido aumento gradativo de informação genética, o que possibilitaria a
evolução apenas em formas de vida simplificadas.
c) As bactérias nunca demonstraram qualquer tipo de variação em suas gerações.
d) Estão corretas as respostas a e c.

7. O pai da chamada “teoria do equilíbrio pontuado” foi o famoso paleontólogo


evolucionista:
a) Pierre Grassé.
b) Michael Behe.
c) Stephen Jay Gould.
d) Jonathan Wells.

8. A partir das semelhanças encontradas nos genes das várias espécies conhecidas,
podemos inferir que:
a) Há uma origem comum de todas as espécies que evoluíram.
b) Nunca houve realmente semelhança genética entre as espécies.
c) Há um projeto comum que teria criado seres geneticamente semelhantes para
conviverem em um mesmo meio ambiente e ecossistema.
d) Temos 50% de nossa estrutura óssea semelhante à banana.

604
9. Sobre os chamados “órgãos vestigiais”, podemos declarar afirmativamente que:
a) Eram considerados 180 até o século 19, porque não sabíamos a função de tais
órgãos.
b) São estruturas que fazem realmente parte de estruturas rudimentares que antes
eram funcionais em nosso processo evolutivo.
c) São existentes de fato e, portanto, derrubam todo o argumento criacionista.
d) N.R.A.

10. A teoria de Ernst Haeckel pode ser considerada:


a) Uma possibilidade real que demonstra que, de fato, espécies evoluíram para
outras formas de vida existentes.
b) Uma farsa confessada pelo próprio Haeckel, criada para legitimar a evolução
darwiniana.
c) Uma teoria puramente baseada na paleontologia.
d) Uma teoria apoiada pelos achados do “elo perdido”.

605
Em defesa da fé

raÇa HuMana

DEFINIÇÃO

Seria, de acordo com a ideia geral, uma espécie de divisão da humanidade a


partir de traços característicos que ligariam um determinado grupo étnico a
outro, distinguindo-os dos animais. As características estariam ligadas à cor,
a traços físicos, que destacariam um grupo como específico a partir de carac-
terísticas herdadas. De acordo com as Escrituras Sagradas, toda a raça hu-
mana veio de um único casal ou tronco (Gn 1.27, 28 – comp. At 17.26).

Qual seria a origem das várias “raças” humanas?

De acordo com as últimas pesquisas científicas relacionadas à pesquisa


genética, a ciência tem admitido não existir “raças” humanas dentro de
nossa espécie. O biólogo americano Alan Templeton, que dirigiu uma das
maiores pesquisas genéticas já vistas, declarou:

“Não existem raças porque as diferenças genéticas entre as mais


distintas etnias são insignificantes [...] as diferenças genéticas das
amostras colhidas nos dizem que, desde o princípio, as linhagens
humanas rapidamente se espalharam para toda a humanidade,

606
C u rs o A po lo gético

indicando que as populações sempre tiveram um grande grau de


contato genético... não há ramos nem linhagens distintas; pela
moderna definição de raça, não há raça na espécie humana” (re-
vista IstoÉ, 18/11/98, p. 131).

A revista Superinteressante, ao discutir sobre o tema, afirmou: “Da-


quele grupo primordial, apenas uma mulher deixou uma linhagem dura-
doura de descendentes. Os cientistas batizaram-na de ‘Eva’. Não sem razão.
Todas as populações atuais, dos sul-africanos aos índios da Patagônia, evo-
luíram dela” (Superinteressante, junho de 2000, p. 83).
De acordo com a Bíblia, todos os humanos vieram de um mesmo ramo
e casal, sendo, portanto, essa a razão de a ciência somente há pouco tempo
provar haver mais semelhanças genéticas que diferenças entre os humanos,
não importando o Continente ou mesmo o grupo étnico do qual façam
parte (Gn 1.27, 28).  Em 1987, a geneticista norte-americana Rebecca L.
Cann teve os resultados de sua pesquisa sobre DNA mitocondrial (o DNA
mitocondrial é passado apenas pela mãe aos seus descendentes) publicado
na revista Nature (vol. 325, 1/1/1987, pp. 31-36), e, segundo os resultados
de sua pesquisa, todos os seres humanos vieram de uma mesma mãe pri-
mordial, que nós chamaríamos de Eva.

Ver resposta à pergunta posterior.

Por que existem características tão diferentes entre as diversas raças


humanas, se todas supostamente vieram de um mesmo tronco?

As diversas características diferenciadas encontradas na raça humana são


consideradas um resultado final de um processo lento de adaptação e mudan-
ça sofrido por grupos humanos que se organizaram em determinados locais,
sob determinada dieta e sob determinadas condições climáticas. As mudanças
de características conhecidas por nós dentro de todos os grupos étnicos que
compõem a totalidade da raça humana são resultados de um processo de

607
Em defesa da fé

adaptação genética sofrida por povos que se isolaram em locais específicos,


acentuando ainda mais essas características. Os aborígines australianos (negros)
estão mais próximos geneticamente de indianos e chineses do que de africa-
nos nativos, por exemplo, demonstrando, assim, que os aspectos físicos exter-
nos dos diversos grupos étnicos são apenas secundários e que não deveriam
jamais servir de base para qualquer discussão de cunho ético-racial.
Segundo o famoso historiador judeu, Flávio Josefo (37-103 d.C.), o
nome Adão significa “ruivo”, porque a terra de que ele foi feito era dessa
cor (JOSEFO, 1991, vol. 1, p. 24). Certamente, as características físicas de
Adão e de sua esposa Eva eram propícias a produzir as diversas diferenças
externas observadas nos povos, pois teriam características intermediárias
que, com o processo de adaptação e variação genética, acentuaram-se em
determinados grupos, confirmando assim, de forma definitiva, suas carac-
terísticas étnicas essenciais.

Ver resposta à pergunta anterior.

Todos os humanos são filhos de Deus? 

Deus é o criador de toda a raça humana espalhada sobre a face da


terra (At 17.26). Porém, segundo a própria Bíblia, ser criação de Deus não
é o equivalente a ser Seu filho, pois não nascemos com filiação divina (Ef
2.2, 3). É somente quando recebemos ao Senhor Jesus Cristo como nosso
único e suficiente Salvador que podemos nos tornar filhos de Deus por meio
da adoção divina (Jo 1.11-13; Rm 8.14, 15).

Como explicar a longevidade dos antigos ancestrais da raça hu-


mana, de acordo com a Bíblia, se hoje não vemos tal longevidade? 

A raça humana veio de um só casal que povoou a terra por intermédio


de seus ancestrais gerados através das gerações posteriores. O homem Adão

608
C u rs o A po lo gético

foi criado diretamente das mãos do Criador (Lc 3.38), sendo, portanto,
criado com todo o vigor da matriz humana, mas seus descendentes não
continuaram a manter o mesmo vigor por causa da degeneração da raça
humana proporcionada pelo pecado e pela “queda” do primeiro casal hu-
mano (Gn 3.9-20). Gradativamente, a raça humana passou a ter o seu pe-
ríodo de vida abreviado e, apesar de Moisés ter vivido 120 anos (Dt 34.7),
no Salmo 90, escrito por ele, diz-se que o homem viveria com vigor até os
oitenta anos, passando os seus dias, a partir de então, com enfado e cansei-
ra (Sl 90.10).
A ciência moderna descobriu há poucos anos uma enzima chamada
telomerase no DNA, responsável pelo prolongamento da vida celular e,
consequentemente, a longevidade do indivíduo. O cancerologista Leonard
Weinberg afirmou, em entrevista à revista IstoÉ, que nós teríamos telômeros
(um tipo de “peça” nas extremidades dos cromossomos. À medida que vão
sendo perdidos com a multiplicação celular, reduz-se o tempo de vida das
células, e, consequentemente, nos levam ao envelhecimento) ainda hoje
para vivermos 200 anos (21/01/1998).
A longevidade, de acordo com a ciência moderna, não seria uma im-
possibilidade mitológica, mas algo realmente possível. Se esses telômeros
não se encurtassem tão rapidamente, provocando o envelhecimento celular
(senescência), o homem poderia apresentar hoje uma taxa de longevidade
como a apresentada nas Escrituras do AT. Será que eles (os telômeros)
sempre foram “encurtados” na mesma taxa que presenciamos hoje ou pos-
suíam uma taxa mais lenta de “degeneração”? E se o aumento dessa taxa
tivesse ocorrido a partir da degeneração da raça humana com a introdução
do pecado? 

Qual a idade da raça humana? 

As Escrituras Sagradas não afirmam de forma precisa a idade da raça


humana como podem alguns sugerir, com base na contagem das genealogias

609
Em defesa da fé

(linhagens ancestrais ascendentes) narradas no AT, por serem lacônicas e,


consequentemente, incompletas (Ver Mt 1.8 – comp. 1 Cr 3.11-14). A fi-
nalidade das narrativas genealógicas na Bíblia não era proporcionar ao
leitor uma lista completa e exaustiva dos ancestrais narrados para calcular-
mos a idade da raça humana, mas apenas comprovar a linhagem ascendente
(ancestral).
Em anos recentes, tem sido grande o debate entre biólogos molecu-
lares, antropólogos e paleontólogos com relação a esse tema, pois as pes-
quisas biológicas chegaram à conclusão de que a espécie humana é muito
mais jovem do que se cria anos atrás (5 a 15 milhões de anos [1950]; 5 a
7 milhões de anos [1970]; 800.000 anos [1980]; 43.000 [1990]). Atualmen-
te, alguns pesquisadores defendem até mesmo a idade de 10 a 20 mil anos
para a idade da espécie humana. A Bíblia não é categórica a esse respeito
e talvez nos dê uma idade média de aproximadamente 10.000 anos ou
mais, e a ciência a cada dia se aproxima cada vez mais da idade aproxima-
da sugerida pelas Escrituras inspiradas por Deus. Além disso, não devemos
nos esquecer de que toda a antropologia secular é evolucionista e, conse-
quentemente, tenta interpretar todos os dados científicos a partir do na-
turalismo filosófico, o que exige que todos os seres vivos possuam bilhões
ou milhões de anos para que se desenvolvam, dando origem às espécies
existentes.

Os “hominídeos” que são frequentemente mencionados na mídia


como ascendentes da raça humana, de fato, existiram?

Alguns (não todos) dos chamados “hominídeos” (homens pré-históricos)


podem ser considerados ascendentes diretos de algumas etnias humanas.
Segundo a paleontologia, são divididos em pelo menos quatro categorias:
Australopithecus, Homo habilis, Homo erectus e Neandertais.
Os Australopithecus foram uma espécie de símios extinta, suposta-
mente com uma locomoção mais ereta que a dos símios atuais. Apesar

610
C u rs o A po lo gético

disso, o antropólogo belga, M. Verhaegen, após uma pesquisa comparativa


da anatomia entre os australopithecus e outros seres, inclusive o homem
atual, afirmou que eles foram tipos de símios extintos mais próximos dos
gorilas e orangotangos atuais do que do homem (FLORI, RASOLOFOMA-
SOANDRO, 2002, p. 282). A identidade dessa espécie com possíveis símios
foi confirmada pela revista Scientific American Brasil, que apresentou o
mais completo fóssil dessa espécie (“Selam”) conhecido até então como
sendo semelhante aos gorilas, e dividindo as opiniões sobre que tipo de
espécie representaria (pp. 8-11).
A anatomia dos Homo habilis encontra muita semelhança com o
australopithecus, e pouca com a dos humanos; por exemplo, seu cérebro
possuía em média apenas 850 cm³ de volume cerebral.
O Homo erectus possuía características anatômicas semelhantes às do
homem atual. O estudo de sua anatomia demonstrou que andavam como
nós e possuíam o labirinto (no ouvido interno, que é encarregado de infor-
mar a posição espacial) igual ao dos homens, e muito diferente do dos
australopithecus. Eram fabricantes de utensílios e usuários de fogo, e po-
deríamos considerá-los muito bem como humanos.
Os Neandertais possuíam volume cerebral acima do nosso e pouquís-
sima diferença funcional com a do cérebro do homem atual. Os Neandertais
eram habilidosos fabricantes de utensílios e possuíam sensibilidade estética,
a ponto de apresentarem oferendas com flores em seus sepultamentos, como
comprova os restos encontrados na gruta de Shanidar (no Iraque). Eles
eram, portanto, apenas humanos de outra etnia extinta e contemporânea de
nossa espécie humana.
Devemos compreender que os chamados homens primitivos ou não
eram humanos (mas apenas símios), ou eram humanos de etnias extintas e
cultura um tanto primitiva. Atualmente, existem tribos de aborígines aus-
tralianos que não possuem nem recipientes para armazenamento de água,
e seguem as chuvas para beberem as suas águas em poças e em charcos
encontrados. Também os poucos instrumentos que possuem são feitos de
madeira e pedra, enquanto o homem moderno viaja ao espaço!

611
Em defesa da fé

Etnias mais desenvolvidas, ou menos desenvolvidas, sempre coexistiram


na história da humanidade, e isso nos faz entender um pouco do desenvol-
vimento humano e nossa interação ao longo de toda nossa jornada terrestre.
A grande questão dos pesquisadores é que eles preferem interpretar tais
fósseis como sendo “hominídeos”, para não incorrer no fato de que a origem
de nossa espécie, do ponto de vista evolucionista, continua sendo um grande
mistério, que constantemente necessita da enorme habilidade criativa das
mentes ávidas por provarem que somos apenas um grande acidente bioló-
gico, sem necessidade de qualquer designer divino.

A partir de outubro de 2013, os cientistas mudaram a distinção aqui


expressa entre as supostas espécies: Homo erectus e Homo habilis, afir-
mando que ambos pertencem, sim, à mesma família, e, portanto, não
são espécies distintas. O quanto podemos confiar absolutamente nas
afirmações dos cientistas acerca deste tema? A leitura dos dados das
pesquisas antropológicas está baseada em fatos ou na filosofia evolu-
cionista? Se são baseadas em fatos observáveis, por que tantas contra-
dições e mudanças?

Com quem Caim se casou se só existiam ele, seu irmão Abel (que
foi morto) e seus pais (Gn 4.16, 17)?

Gênesis 5.5 afirma que Adão, que viveu 930 anos, gerou outros filhos
e filhas, pois a ordem divina era de encher a terra e povoá-la (Gn 1.28), e
obviamente ele e Eva continuaram a gerar filhos durante o longo tempo de
suas vidas. O fato de lermos a história de Caim e Abel na narrativa bíblica
não se dá por serem eles os únicos filhos de Adão naquela ocasião, e sim por
estarem envolvidos na primeira narrativa histórica do terrível crime de ho-
micídio (Gn 4.8-16). Sem dúvida, no início da raça humana, era necessário

612
C u rs o A po lo gético

que houvesse uniões consanguíneas, para que a nossa espécie se perpetu-


asse. Ademais, isso ocorreu logo no início da história da raça humana, que
ainda possuía muito do vigor de Adão, a “matriz original” de Deus, sem
todas as limitações e problemas genéticos que tais uniões pudessem repre-
sentar, como hoje em dia.
Apesar de Abraão, quando esteve no Egito, possuir uma ideia de que
não poderia casar com uma irmã (Gn 12.13 [o texto sugere que naquele
período os egípcios pensavam também desse modo]), somente a partir da
lei mosaica vemos uma proibição explícita contra o casamento entre irmãos,
devido ao pecado e a todas as suas mazelas produzidas na raça humana,
limitando-a e degenerando-a (Lv 20.17). 

A Bíblia ensina que a raça negra é uma raça amaldiçoada?

Não. A crença nesse tipo de teoria vem da interpretação errada das


palavras de Noé, quando, após ter bebido e se embriagado, foi alvo de
zombaria de seu filho Cão (Gn 9.25). A palavra de maldição expressa por
Noé não foi sobre todos os filhos de Cão, mas somente sobre Canaã, que
não foi o pai dos povos africanos descendentes dos outros filhos de Cão:
Cuxe e Pute (Gn 10.6-14). Essa maldição recaiu sobre os cananeus, que
nos dias de Josué (Js 17.13 - cerca de 1400 a.C.) foram subjugados pelos
hebreus, descendentes de Sem, em cumprimento das palavras de Noé
(Gn 9.26). 
Essa concepção racista nunca fez parte da interpretação cristã das
Escrituras, que sempre viu os outros povos como dignos de receber a men-
sagem do Evangelho de Cristo, que igualava todos os homens (At 10.34,
35). Inclusive, temos importantes nomes do cristianismo possuindo origem
africana, como: Simeão (At 13.1), Clemente de Alexandria, Orígenes, Ter-
tuliano, Cipriano, Dionísio, Atanásio, Dídimo, Agostinho de Hipona, entre
outros. Todos esses nomes contribuíram para o aprofundamento da teologia
cristã e sua aceitação como uma religião global.

613
Em defesa da fé

* * *

A Igreja Mórmon, desde a sua fundação em 1830 até 1978, não


conferia o chamado sacerdócio aos negros, por terem sido estes,
segundo eles, amaldiçoados por atos realizados na preexistência.
Muitas das autoridades gerais da Igreja defenderam, de forma
racista, a segregação aos negros, tentado com isso convencer
muitos da suposta veracidade de seus argumentos racistas. Al-
gumas declarações conhecidas na literatura da Igreja Mórmon são afirmações
de líderes que dirigiram e influenciaram as doutrinas do mormonismo. 
Brigham Young, segundo profeta da Igreja, declarou: “Direi a vocês a
lei de Deus em consideração a raça africana? Se um homem que pertence
à semente escolhida misturar o seu sangue com a semente de Caim, a pu-
nição sob a lei de Deus é a morte no mesmo local. Isto sempre será assim.”
(Journal of Discourses, vol. 10, p. 110).
Mark E. Petersen, apóstolo Mórmon, disse:  “Se eu me casasse com
uma mulher negra e tivesse filhos com ela, todos os meus filhos seriam
amaldiçoados para o sacerdócio. Eu quero que meus filhos sejam amaldi-
çoados para o sacerdócio? Se há uma gota de sangue negro em meus filhos,
como eu tenho dito para vocês, eles receberão a maldição” (Problemas
Raciais, como Eles Afetam a Igreja, Provo, Utah, 27 de agosto, 1954).
Joseph F. Smith, décimo profeta da Igreja, declarou: 

“Na guerra nos céus não houve neutro. Todos tomaram partido,
fosse com Cristo ou com Satanás. Todo homem teve o seu livre-
-arbítrio lá, e aqui os homens são recompensados de acordo com
as suas ações lá, exatamente como receberão recompensas no
mundo vindouro pelos feitos quando na carne. A raça negra, evi-
dentemente, está recebendo o galardão que merece” (Doutrinas
de Salvação, vol. 1, p. 73).

Apesar de todas essas afirmações racistas, a Igreja Mórmon, no passa-


do, chegou a conferir o “sacerdócio” a um homem negro chamado Elias

614
C u rs o A po lo gético

Abel, e depois ele se tornou um dos setenta. Tal informação é confirmada


em uma publicação da própria Igreja: “Elias Abel, [é] o único homem de
cor que é conhecido por ter sido ordenado para o sacerdócio,... ele foi or-
denado élder em 3 de março de 1836, e um dos setenta em 4 de abril de
1841... ele era intimamente ligado ao profeta Joseph Smith”. (L.D.S. Bio-
graphical Encyclopedia, vol. 3, p. 577). 
Como conciliar o ensino mórmon que negava o sacerdócio aos negros
por causa de sua cor, quando a própria Bíblia afirma que na igreja de An-
tioquia havia profetas e mestres, entre os quais um homem negro por nome
Simeão (“Níger” [negro] – At 13.1)? Se os negros eram indignos do sacer-
dócio, por que Joseph Smith (fundador da Igreja Mórmon) consagrou Elias
Abel ao mesmo sacerdócio? 

* * *

As Testemunhas de Jeová, em 1902, publicaram um


artigo em sua conhecida revista, A Sentinela, que decla-
rava que a raça branca era superior a qualquer outra:
“Enquanto é verdade que a raça branca exibe algumas qualidades de supe-
rioridade sobre qualquer outra, nós devemos lembrar que há grandes dife-
renças na mesma família caucasiana (Semíticos e Arianos)” (A Sentinela,
15/07/1902, p. 216). Concordariam as Testemunhas de Jeová ainda com esse
tipo de ensino ou reconheceriam que houve uma matéria racista publicada
em seu principal veículo de divulgação? 

615
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

RAÇA HUMANA

1. Quais textos bíblicos indicam a existência de um único tronco


nas famílias humanas?

2. Quem foi Alan Templeton e qual a importância de suas pesqui-


sas sobre a raça humana?

3. O que significa o nome Adão?

4. Que relação existe entre o nome Adão e seus descendentes?

5. Como se obtém filiação divina, segundo a Bíblia?

6. O que as pesquisas com telômeros nos indicam a respeito da


longevidade mencionada na Bíblia?

7. As genealogias são confiáveis para que saibamos a idade da raça


humana na terra? Explique.

8. Cite pelo menos dois supostos ancestrais do homem sobre a


terra de acordo com os evolucionistas e quem, de fato, foram.

9. Os únicos filhos de Adão e Eva eram Caim e Abel até o primei-


ro homicídio? Explique.

10. O que os mórmons ensinaram com relação à origem da raça


negra?

616
PROVA – RAÇA HUMANA

1. Segundo as Escrituras, a raça humana:


a) Possui várias origens.
b) Possui como origem um único casal.
c) Evoluiu gradativamente de um único tronco, como todas as outras espécies.
d) Não existe.

2. Com relação às pesquisas genéticas atuais:


a) Não existem raças na espécie humana.
b) Todas as espécies humanas são iguais.
c) Existem espécies humanas inferiores e superiores.
d) A raça caucasiana é superiore à negroide.

3. Pelo que sabemos na atualidade, todas as populações atuais dos sul-africanos


até a Patagônia:
a) Possuem variadas linhagens genéticas.
b) Possuem origem americana.
c) Possuem origem europeia.
d) Possuem apenas uma linhagem genética.

4. Sobre as claras diferenças encontradas nos grupos humanos, podemos afirmar


que são resultantes de:
a) Clima e origem genética variada.
b) Origem genética diversificada.
c) Alimentação, condições climáticas e lenta adaptação genética.
d) Alimentação e clima variado.

5. Sobre Adão ser o pai de toda a raça humana, podemos declarar que ele possuía
características físicas:
a) Idênticas às dos aborígenes, por serem mais “primitivos”.
b) Idênticas às dos brancos, que se alteraram gradativamente.
c) Semelhantes às dos asiáticos, que se adaptaram até chegarmos às diversificações
conhecidas.
d) Intermediárias, que geraram todas as características conhecidas na espécie
humana.

617
6. A longevidade humana declarada na Bíblia estaria relacionada:
a) A um mito dos povos da Antiguidade.
b) A uma enzima chamada de telomerase.
c) Ao desenvolvimento celular.
d) À condição de impecabilidade dos nossos primeiros pais.

7. A principal finalidade das narrativas genealógicas das Escrituras é:


a) Estabelecer a idade da raça humana sobre a terra.
b) Comprovar a linhagem ancestral.
c) Apresentar exatamente a idade de toda a criação.
d) N.R.A.

8. Sobre os chamados “hominídeos”, podemos declarar que:


a) Comprovam a evolução de nossa espécie.
b) Nenhum deles é, de fato, humano.
c) Alguns deles fizeram parte de alguma etnia humana.
d) Somente os Australopithecus foram humanos.

9. Sobre o Homo erectus e o Homo habilis, a partir de 2013 foi declarado que:
a) Ambos nunca existiram.
b) Ambos pertenciam à mesma família.
c) Ambos eram da espécie Homo sapiens.
d) Ambos se extinguiram.

10. A maldição de Noé sobre Cão se cumpriu:


a) Na escravidão dos cananeus nos dias de Josué.
b) Na escravidão dos negros, por serem descendentes de Cão.
c) No cativeiro babilônico.
d) No cativeiro assírio.

618
Apologética
Científica
C u rs o A po lo gético

arca De noé

DEFINIÇÃO

Um grande barco que, segundo as Escrituras, foi construído por Noé para
escapar juntamente com a sua família de um grande dilúvio vindo sobre a
terra para destruir a raça humana e, consequentemente, todos os seres que
possuíam “fôlego de vida”, devido à corrupção pecaminosa da humanidade
(Gn 6.11-14).

Como poderia um barco como a Arca de Noé conduzir tantas espécies


de animais vindas do mundo inteiro, durante uma tempestade, como
foi o suposto dilúvio universal?

Um fato que precisamos entender é que a Arca de Noé não era uma
pequena embarcação, mas possuía inegavelmente medidas de um transa-
tlântico moderno. Segundo a comparação de medida chamada “côvado”, a
Arca possuía 14 metros de altura, 23 metros de largura e 137 metros de
comprimento (Gn 6.15).
Estudos atuais indicam que as espécies terrestres existentes em nosso
mundo moderno, em virtude de seu tamanho (a maioria é menor do que

621
Em defesa da fé

uma ovelha), poderiam caber muito bem em um transatlântico como a Arca,


pois um grande barco como esse teria espaço para comportar nada menos
do que 2.000 vagões de gado, o que seria mais do que suficiente para caber
as espécies presentes na época, com espaço de sobra para os animais e
alimentação, principalmente levando em conta que alguns desses animais
poderiam hibernar devido às condições climáticas encontradas dentro da
Arca. Das cerca de 1.300.000 formas de vida conhecidas, 900.000 são inse-
tos e 300.000 são de vida aquática, reduzindo bastante o número das espé-
cies terrestres que poderiam ter sido conduzidas nessa imensa embarcação.
Ainda há o fato de que muitas “espécies” atualmente não existiam naquele
tempo, pois a Bíblia menciona somente as espécies básicas de vida que
produziram outras espécies semelhantes.
Devemos nos lembrar de que naquela época certamente não havia
também uma grande distância geográfica a percorrer como hoje, pois os
continentes ainda eram um só (Pangeia – conf. Gn 10.25), sendo também
a topografia da Terra mais regular com menos planaltos e mais planícies.
Por isso a Bíblia menciona a ruptura das fontes do abismo, indicando que
o dilúvio não foi provocado apenas por uma grande chuva torrencial, mas
também pela ruptura de grandes reservatórios subterrâneos de água que
geraram essa grande catástrofe (Gn 7.11). Por ocasião do dilúvio e de outras
catástrofes naturais de grande repercussão em todo o globo terrestre, cer-
tamente os continentes foram se separando gradativamente, após a grande
força exercida na crosta terrestre, e também outros montes se ergueram
como os vemos hoje.

Como conseguiram armazenar alimento suficiente para tantos


animais dentro de uma arca durante um período de 377 dias?

O clima mais escuro e frio dentro da Arca (parte dela ficou submersa)
era ideal para estimular a hibernação (o processo utilizado por muitos ani-
mais quando se encontram em condições ambientais desfavoráveis e de

622
C u rs o A po lo gético

escassez de alimento) em algumas espécies existentes na Arca. Isso poderia


logicamente diminuir o consumo de alimento de forma drástica, resolvendo
assim um suposto problema de espaço para o armazenamento de alimento
em grande quantidade. Além disso, não podemos descartar qualquer tipo
de ação sobrenatural de Deus nesse aspecto em particular, pois a própria
vinda dos animais para a Arca poderia envolver dois aspectos: o instinto de
sobrevivência (antes que um tsunami atingisse a Indonésia em 2004, por
exemplo, animais instintivamente procuraram lugares seguros) e também o
aspecto sobrenatural (Deus os conduziria ao exato local de refúgio). Por que
Deus não poderia ter gerado um estado de torpor em vários animais (o que
diminuiria drasticamente o consumo de alimento) para que não ficassem
agitados durante grande parte do período que permaneceram na Arca?

Como uma embarcação feita de madeira poderia suportar a força


das águas do dilúvio?

Não devemos confundir a Arca construída por Noé e seus filhos (talvez
até mesmo trabalhadores contratados poderiam estar envolvidos no projeto)
com um navio sofisticado ou algo parecido, pois, de acordo com a narrativa
bíblica, a “embarcação” pareceria mais com um enorme caixote retangular
do que com um grande barco (portanto, não havia nenhuma tecnologia
naval sofisticada). A Arca de Noé foi feita de um material forte e resistente
(cipreste), usado também por povos da Antiguidade na fabricação de em-
barcações (Ez 27.5). A carga pesada daria mais estabilidade à Arca. Enge-
nheiros navais afirmam que um barco retangular como a Arca seria o mais
propício para enfrentar as águas turbulentas do dilúvio. Testes modernos
demonstram que uma “embarcação” como a Arca poderia enfrentar ondas
de até 70 metros e inclinar-se até quase 90 graus e retornar à estabilidade.
O Dr. Kent Hovind, que fez uma análise acurada da aerodinâmica de
uma embarcação nos moldes da Arca, afirmou que a relação 6 × 1 entre com-
primento e largura é a mais comum na indústria naval hoje, pois proporciona

623
Em defesa da fé

uma melhor sustentabilidade do barco em meio a tempestades. A Arca


também certamente possuía contrapesos, amarrados em cada lado, o que
proporcionaria uma excelente estabilização durante uma tempestade, nos
moldes do dilúvio universal.

Para informações complementares, ver o tópico Dilúvio.

Existem provas físicas da existência da Arca de Noé?

Segundo a narrativa bíblica, a Arca de Noé repousou na região de


Ararate, na atual Turquia oriental (Gn 8.4), e, por ser uma região de acesso
extremamente difícil, não se pôde fazer pesquisas mais elaboradas na região.
Em 1952 e 1955, foram feitas expedições arqueológicas perto do cume do
monte da região de Ararate, lideradas pelo pesquisador Ferdinando de
Navarra, onde foram encontradas algumas vigas de madeira com vestígios
inegáveis de trabalho humano. Como poderiam ter chegado até o cume do
monte sem terem sido arrastadas por um grande volume de água? Além
disso, nessa região da Turquia, existem enormes pedras que, pelos cortes e
perfurações que possuem, só poderiam ter sido usadas como âncoras de um
grande navio (pelas pesquisas realizadas nas rochas, sabe-se que não são
daquela região e devem ter sido depositadas ali). Apesar de não termos um
estudo completo sobre o tema, poderíamos ver nessas evidências possíveis
provas da existência real da Arca de Noé.

624
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ARCA DE NOÉ

1. O que, de fato, foi a Arca de Noé, de acordo com o relato


bíblico?

2. A Arca comportou todas as espécies de animais que conhecemos


atualmente? Explique.

3. Quais as medidas da Arca em metros?

4. O que é Pangeia e de que forma nos auxilia na explicação da


possível locomoção de todos os animais até a Arca?

5. Como foi possível a Arca suportar a enorme força das águas do


dilúvio?

625
PROVA – ARCA DE NOÉ

1. A razão pela qual a Arca foi construída, segundo a Bíblia, foi:


a) A necessidade de salvar os animais.
b) A necessidade de viajar até a região de Hararate.
c) A salvação da família de Noé e dos seres que possuíam “fôlego de vida”.
d) A salvação da raça humana.

2. Sobre a Arca de Noé, é correto declarar:


a) Que, pelas medidas atuais, não era tão grande.
b) Que possuía as medidas de um transatlântico moderno.
c) Que homens e animais estavam no mesmo pavimento.
d) Que possuía cinco pavimentos.

3. Sobre a aparente contradição entre a possível quantidade de animais e o espa-


ço para mantê-los na Arca, podemos declarar:
a) A grande maioria dos animais conhecidos é maior que um boi, o que facilitaria
o transporte.
b) Muitas espécies já haviam sido extintas por essa ocasião.
c) Só os mamíferos foram mantidos.
d) A Arca tinha espaço para 2.000 vagões de gado. Como a maioria dos animais
terrestres era menor do que uma ovelha, possuía espaço suficiente para as es-
pécies.

4. Sobre a quantidade de formas de vida existentes na ocasião do dilúvio, podemos


declarar que:
a) A vasta maioria das espécies são insetos.
b) A vasta maioria das espécies é de vida aquática.
c) Existe uma mesma quantidade de espécies animais e insetos.
d) A minoria das espécies conhecidas são espécies animais terrestres.

5. A expressão que indica a unificação dos continentes é conhecida por:


a) Placas tectônicas.
b) Pangeia.
c) Deriva continental.
d) Solo unificado.

626
6. Sobre o armazenamento do alimento dos animais na Arca, podemos acredi-
tar que:
a) Um possível estado de hibernação poderia diminuir a quantidade de alimento
dos animais.
b) Somente algumas espécies locais entraram na Arca, o que diminuiria a quanti-
dade de alimento.
c) Os animais carnívoros possuíam uma dieta vegetativa.
d) Não havia animais de grande porte que dificultassem o armazenamento de
alimento.

7. Sobre a construção da Arca, podemos declarar que:


a) Era um navio de grande porte.
b) Era um transatlântico.
c) Era um enorme caixote retangular feito de cipreste.
d) Possui alta tecnologia naval envolvida no projeto.

8. Sobre a aerodinâmica da Arca, poderíamos declarar que:


a) Possuía o formato ideal para navegar.
b) Possuía uma proporção inovadora.
c) Era ideal para navegar em águas tranquilas.
d) Era ideal para atingir grandes velocidades em mar aberto.

9. Sobre as possíveis evidências da existência da Arca, podemos declarar que:


a) Tudo se trata de um grande mito.
b) A história é a reminiscência de um conto local.
c) Já foram encontrados seus restos.
d) As pesquisas ainda estão em aberto por causa da inacessibilidade do possível
local onde estaria a Arca.

10. Entre 1952 e 1955, expedições arqueológicas em busca da Arca tiveram como
líder o pesquisador:
a) Ferdinando de Navarra.
b) Ferdinando de Thule.
c) Amihai Mazar.
d) Israel Finkenstein.

627
Em defesa da fé

DilÚvio

DEFINIÇÃO

Grande inundação catastrófica de repercussão global, ocorrida há milhares


de anos, enviada por ordem divina como forma de juízo sobre uma huma-
nidade extremamente pecaminosa e rebelde, que havia se apartado de Deus
(Gn 6.3, 7).

O dilúvio foi apenas uma grande inundação dos rios da Mesopo-


tâmia, e não uma catástrofe mundial. A própria Bíblia usa uma
linguagem universal para retratar situações locais (At 2.5; Cl 1.23).

Evidentemente, Colossenses 1.23 (que trata do evangelho sendo pro-


clamado a “todos os que estão debaixo do sol”, ainda nos dias de Paulo) e
Atos 2.5 (que trata de representantes de “todas as nações do mundo” no dia
de Pentecostes) estão se referindo a uma situação local, mas não podemos
pensar dessa forma com referência ao dilúvio, pois a Bíblia é muito explí-
cita ao detalhar sua universalidade.
A declaração de Pedro em sua segunda epístola acerca de um juízo
universal vindouro é comparada com o que ocorreu nos dias do dilúvio,
demonstrando, assim, a sua universalidade (2Pe 3.5-7). Ademais, o mesmo

628
C u rs o A po lo gético

apóstolo relata que nos dias do dilúvio apenas oito pessoas escaparam com
vida, declaração esta sem cabimento se o dilúvio tivesse sido apenas uma
inundação local (1Pe 3.20), pois a informação que se encontra no livro de
Gênesis acerca do repovoamento da Terra, a partir dos filhos de Noé após
o dilúvio, deixa explícita essa universalidade (Gn 10.1-32). Se o dilúvio foi
apenas uma grande inundação local na região da Mesopotâmia, por que
Deus não orientou Noé e sua família para imigrarem para outra região mais
alta no lugar de gastar 120 anos construindo um navio (Gn 6.3-8)?
A mesma narrativa bíblica aponta para o fato de que Deus declarou a
Noé que nunca mais haveria um “dilúvio” sobre a Terra (Gn 9.11-17). Se
tivesse sido apenas local, tal declaração seria infundada, pois, ao longo da
existência das civilizações humanas, grandes enchentes são um fenômeno
comum. Teria Deus, portanto, se esquecido de sua promessa feita a Noé e
seus descendentes?
Acreditar em um dilúvio meramente local, como pretendem alguns,
não elimina as grandes dificuldades que os próprios críticos da “universali-
dade do dilúvio” citam. Se crêssemos que o dilúvio fora apenas local, tería-
mos também de admitir que as águas subiram acima de 5.000 metros do
atual nível do mar (a Arca parou na região de “Ararate” – Gn 8.4), o que
não elimina as mesmas dificuldades encontradas por alguns críticos. Se o
dilúvio cobriu somente aquela região com águas acima de 5.000 metros do
nível do mar, esse mesmo nível deve ter alcançado toda a Terra, pois a água
sempre busca o seu próprio nível. As águas cobriram todos os altos montes,
segundo a Bíblia (Gn 7.19, 20).

A narrativa do dilúvio encontrada na Bíblia é apenas o resquício


de lendas anteriores à narrativa bíblica. A mais comum é a epopeia
babilônica de Gilgamesh.

A conhecida epopeia babilônica de Gilgamesh é, de fato, anterior à


narrativa bíblica do dilúvio, dando algumas pistas de uma origem comum
entre as narrativas. Acreditar que o relato bíblico foi copiado do babilônico

629
Em defesa da fé

é improvável. Qualquer pessoa que lê o relato babilônico poderá identificar


fortes traços mitológicos insuperáveis, o que não ocorre com o relato bíbli-
co. No relato babilônico, por exemplo, o barco construído por Utnapichtim
(Noé) possui formas cúbicas (o que impossibilitaria a navegação), o motivo
da destruição do mundo é o grande barulho produzido pela humanidade
que impediria o sono dos “deuses”, o barco foi construído em apenas sete
dias, os deuses subiram na parte mais alta dos céus com medo das águas, e
a “deusa Ichtar”, a rainha dos céus, chorou lamentando pela destruição
produzida pelo dilúvio. Mas, no relato encontrado em Gênesis 6 e 7, Noé
constrói um barco comprido, largo e baixo (que é perfeitamente navegável
– Gn 6.15-16). O motivo do dilúvio foi a maldade excessiva da raça humana,
o que é moralmente viável (Gn 6.11-13), e o barco foi construído em 120
anos (Gn 6.3). O texto bíblico também traz detalhes cronológicos relacio-
nados à história, o que parece mais com um diário de bordo detalhado do
que com um mito (Gn 7.11; 8.13-14).
A semelhança encontrada nos relatos é perfeitamente aceitável e com-
preensível, visto que toda a raça humana veio de um só tronco, mas não
podemos afirmar que tenham sido copiados um do outro, pois eles possuem
apenas uma origem comum. Qualquer pessoa que ler o relato bíblico per-
ceberá pelo estilo de narrativa tratar-se de uma história, e não de um conto
lendário, como é inegavelmente compreendido no épico de Gilgamesh.
Ademais, não conhecemos na história do desenvolvimento mitológico nenhum
mito que progressivamente se torne uma história (sempre é o contrário),
como seria o caso em foco, se o relato bíblico procedesse do babilônico.
As “tabuinhas de Ebla”, encontradas em 1974 na Síria, são mais antigas
em pelo menos 600 anos do que o relato babilônico e já fazem menção à
pessoa de Noé.

Existem evidências físicas de um dilúvio universal?

Cientistas encontraram em todo o mundo esqueletos parciais de vários


animais em montes de uma altura de até 90 metros. Os esqueletos, por

630
C u rs o A po lo gético

terem sido encontrados em parte, levam os cientistas a crerem que aqueles


animais não chegaram vivos naquelas fendas. Evidências encontradas nestes
ossos demonstram que podem ter sido colocados ali por água em grande
quantidade, que os carregou para as fendas nas montanhas. Existem evi-
dências encontradas em algumas rochas do tipo sedimentar que podem ser
interpretadas como sendo fruto de uma catástrofe de nível mundial, nos
moldes daquilo que conhecemos como o dilúvio bíblico (Gn 6.17-19).
O Jornal da Tarde, em matéria publicada em 28/09/1999, afirmou:
“Realmente houve, há cerca de 7.600 anos, um dilúvio parecido com o
descrito na Bíblia, uma brusca elevação das águas do Mediterrâneo que
submergiu grande parte da civilização conhecida, destruindo homens, animais
e plantas. A conclusão é de descobertas feitas recentemente pelo oceanó-
grafo americano Robert Ballard, conhecido por ter localizado no fundo do
mar os restos dos transatlânticos Titanic e Andrea Dória”.
O Dr. Valt Brown, doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massa-
chusetts, propôs uma teoria que explicaria as grandes mudanças percebidas
de forma clara em toda a superfície terrestre, assim como no fundo dos
mares: a Teoria das Hidroplacas. Essa teoria demonstra a possibilidade de
existirem no passado megarreservatórios de água interconectados, e que o
seu rompimento e a grande quantidade de água que subiu para a superfí-
cie poderiam ter produzido todas as grandes mudanças catastróficas obser-
vadas em todo o planeta, ocorridas por meio da ação de muita água.
Outra evidência científica comprovadora de um dilúvio universal se
encontra entre as camadas geológicas do pré-cambriano e cambriano, onde
têm sido encontradas grandes rochas (boulders) cimentadas com areia e
lama (os geólogos não conseguem encontrar uma resposta plausível de como
aquele tipo de rocha gigante foi arrastado até ali). Acima do pré-cambriano,
sempre encontramos rochas sedimentares, que se formam também a partir
do acúmulo de grande quantidade de água (arenito, folhelho e calcário).
Muitos dos fósseis, que são encontrados somente em rochas sedimen-
tares, podem muito bem ter sido soterrados rapidamente e fossilizados por
meio de uma catástrofe universal nos moldes do dilúvio bíblico (como

631
Em defesa da fé

também de muitas outras catástrofes locais obviamente não mencionadas


no livro sagrado). Portanto, o maior erro dos cientistas têm sido procurar
apenas evidências de uma grande enchente global, quando, na verdade,
deveriam procurar vestígios de uma catástrofe global ocorrida há milênios
que tenha alterado os contornos de nossa geografia. A filosofia reinante na
atualidade entre os geólogos continua sendo o evolucionismo, que possui
como principal paradigma a rejeição a quaisquer fenômenos de curto prazo
para explicar a ocorrência de mudanças significativas na topografia terrestre.
No dilúvio, não apenas ocorreu uma grande enchente, mas a ruptura de
grandes abismos nas rochas, o que explicaria as grandes alterações geológi-
cas encontradas em nossa crosta terrestre. O texto de Gênesis faz paralelo
entre “fontes do grande abismo” e “comportas do céu” (7.11), apontando
para uma catástrofe global, e não apenas uma tempestade global.
Para uma pesquisa extensa sobre evidências científicas baseadas em
pesquisa de campo acerca das enormes mudanças geradas pelos grandes
impactos de um dilúvio global, o livro Studies In Flood Geology traz cente-
nas de pesquisas científicas que apontam para a possibilidade de um dilúvio
global, respondendo assim à errônea opinião de muitos críticos que ignoram
completamente a abrangência das pesquisas científicas nessa área, achando
que crer em um dilúvio universal é apenas um ato de fideísmo (crença cega
que ignora completamente a razão).

Para informações complementares, leia o tópico Arca de Noé.

Para onde foi e de onde veio toda a água do dilúvio, se não há


evidências dessas águas em lugar algum da Terra?

Se o planeta Terra fosse completamente plano, teríamos água atual-


mente suficiente para cobri-lo com uma camada de pelo menos 3 km de
profundidade. Levando em conta a possibilidade de, durante a época do
dilúvio, as elevações conhecidas serem bem menores do que as conhecidas

632
C u rs o A po lo gético

atualmente, e que as grandes montanhas surgiram a partir do movimento


na crosta terrestre produzido pela força extraordinária das águas subterrâ-
neas, as quais trouxeram muita quantidade de água para a superfície, po-
demos então afirmar que toda a água do dilúvio continua diante de nós,
quer seja nos mares, rios, lagos ou na atmosfera terrestre. Não podemos nos
esquecer dos detalhes narrados em Gênesis, onde percebemos uma ação
sobrenatural na eliminação das águas e no restabelecimento da vida pós-
-diluviana (8.1-5). Existem evidências de fósseis encontrados nos grandes
montes da Terra, inclusive no monte Everest, que podem ter sido colocados
ali após o soterramento rápido e a elevação subsequente do monte no pe-
ríodo do chamado dilúvio.
A hipótese de que o globo terrestre teria sido coberto por águas, in-
clusive por oceanos, não é questionada pelos geólogos uniformistas (que
acreditam em milhões de anos geológicos), nem mesmo por cristãos pro-
fessos, que defendam um período menor de tempo geológico para explicar
tais mudanças (catastrofistas). Todo o nosso questionamento deve ser esta-
belecido sobre a legitimidade dos métodos de datação usados para estabe-
lecer tais períodos de duração de tempo, bem como a origem por trás de
tais mudanças geológicas percebidas por nós.

Ver resposta à pergunta anterior:


Existem evidências físicas de um dilúvio universal?

633
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DILÚVIO

1. Defina o que, de fato, foi o dilúvio.

2. Por que podemos afirmar que o dilúvio foi global?

3. Por que podemos afirmar que o dilúvio bíblico não foi baseado
em uma lenda babilônica?

4. O que alguns fósseis podem nos indicar com relação ao dilúvio?

5. De onde veio toda a água do dilúvio?

634
PROVA – DILÚVIO

1. Segundo a Bíblia, o dilúvio foi:


a) Uma catástrofe de extensão global.
b) Uma enorme inundação local.
c) Um mito criado no Oriente Médio para ensinar sobre o juízo dos deuses.
d) Uma enorme inundação ocorrida na região do rio Nilo que influenciou o texto
bíblico.

2. O apóstolo que mencionou em seus escritos o juízo universal futuro, comparan-


do-o com o dilúvio, foi:
a) Paulo.
b) Tiago.
c) Mateus.
d) Pedro.

3. Com relação ao dilúvio, o repovoamento da Terra indica:


a) A abrangência da Terra criada por Deus.
b) A localidade de cada um dos povos que fundaram grandes nações.
c) A universalidade do juízo de Deus.
d) A literalidade do relato bíblico.

4. Deus, ao declarar que nunca mais haveria outro dilúvio, confirmou:


a) A sua universalidade, pois muitas enchentes locais continuaram a ocorrer desde
então.
b) Que restariam apenas 120 anos para toda a humanidade.
c) Que a Terra sofreria apenas, no futuro, um juízo de fogo.
d) A veracidade de que sempre Deus punirá os ímpios.

5. A existência da Epopeia de Gilgamesh indica que:


a) O dilúvio nunca ocorreu.
b) O dilúvio ocorreu apenas em uma estreita faixa de terra da Babilônia.
c) Os babilônicos copiaram seu mito do relato bíblico.
d) Podemos acreditar que tanto a epopeia quanto o relato bíblico possuem uma
origem histórica comum.

635
6. Segundo a Epopeia de Gilgamesh, o motivo da destruição de toda a raça hu-
mana foi:
a) A tentativa de o homem tornar-se igual a Deus.
b) A tentativa do homem de destronar os deuses babilônicos.
c) O excessivo pecado da raça humana.
d) O barulho excessivo da humanidade que impedia o sono dos deuses.

7. Sobre várias ossadas encontradas em fendas de montanhas em todo o mundo,


é possível declarar que:
a) Não existem possíveis relações entre essas ossadas e um possível dilúvio universal.
b) Podem indicar uma possível catástrofe nos moldes do dilúvio.
c) Podem indicar que os montes eram mais baixos do que o são na atualidade.
d) N.R.A.

8. A teoria que poderia explicar a existência de megarreservatórios no subsolo de


nosso planeta no passado é conhecida como:
a) Tectonia de placas.
b) Teoria das placas subaquáticas.
c) Teoria das hidroplacas.
d) Teoria dos boulders.

9. Sobre os fósseis encontrados em todo o mundo em rochas sedimentares, é


correto declarar que podem:
a) Demonstrar que ocorreram possivelmente grandes catástrofes globais nos mol-
des de um dilúvio.
b) Demonstrar que a Terra é muito antiga e possui um longo período de processos
geológicos.
c) Demonstrar que ainda temos muito que aprender sobre a fossilização imediata
a que foram submetidos.
d) Ter sido fossilizados de forma lenta e gradativa.

10. Os geólogos que defendem que existiram milhões de anos geológicos são co-
nhecidos como:
a) Materialistas.
b) Uniformistas.
c) Catastrofistas.
d) Darwinianos.

636
C u rs o A po lo gético

MilagreS

DEFINIÇÃO

Intervenção sobrenatural no mundo físico que produz resultados inexpli-


cáveis à luz da ciência moderna. O milagre não nega as leis naturais prees-
tabelecidas pelo Senhor Deus, apenas interfere no curso natural dos
eventos, apresentando possíveis exceções às leis ou “regras físicas” dentro
de um sistema “aberto”, que é passível, portanto, de sofrer interferências
externas à própria natureza. A Bíblia afirma que tanto Deus (Êx 7.10; 1Rs
17.18-22) como o próprio Satanás podem realizar milagres (Êx 7.11, 12;
Ap 16.13, 14).

A Bíblia menciona tantos milagres que só podem ser fruto ou da


ignorância acerca das leis da natureza, ou de mentes superticiosas
e altamente crédulas.

A quantidade de milagres relatados na Bíblia é ínfima quando com-


parada com o tempo que a própria Bíblia cobre com relação à ocorrência
dos eventos passados. Em todo o AT, temos 23.146 versículos e apenas 87
milagres narrados. A proporção seria de 266 para um. Ou seja, de cada 266
versículos, apenas um milagre é narrado. No NT, temos 7.957 versículos e

637
Em defesa da fé

apenas 54 milagres, o que nos dá a proporção de um pouco mais de 147


para um; ou seja, de cada 147 versículos, apenas um milagre é narrado.
Outro fato é que, com relação ao tempo de duração das narrativas históricas
mencionadas pela Bíblia, temos um período muito pequeno de eventos mi-
lagrosos. Por exemplo, se fizéssemos uma comparação com a quantidade de
milagres encontrados na narrativa bíblica em relação, por exemplo, ao curto
período de tempo, relacionados à história da humanidade, de Moisés até
o período de milagres narrados no NT (cerca de 1.600 anos), teríamos um
milagre apenas a cada 248 anos. Com todos esses números em nossa mente,
não podemos afirmar que os milagres são eventos corriqueiros e banais na
narrativa bíblica, mas que, pelo contrário, são extremamente raros na expe-
riência dos personagens que presenciaram tais intervenções sobrenaturais.
Outro grave erro é imaginar que os personagens bíblicos eram despro-
vidos de senso de realidade, aceitando simplesmente qualquer narrativa
fantástica que lhes fosse apresentada como um evento verossímil. O após-
tolo Tomé se recusou aceitar a ideia da ressurreição de Cristo, declarando
que apenas creria se tivesse uma experiência observacional (empírica) do
suposto evento ocorrido com o mestre (Jo 20.24-29). Pedro teve dificuldade
de compreender a ação sobrenatural de um anjo que o libertou da prisão
(At 12.7-11). Paulo, em sua defesa diante de Festo, foi considerado louco
por acreditar na aparição e ressurreição de Cristo (At 26.13-25). Portanto,
ao contrário do que muitos pensam, esses homens, apesar de não conhece-
rem as leis físicas como as conhecemos, compreendiam muito bem a dife-
rença existente entre um fenômeno comum e de fácil aceitação e um fenô-
meno incomum e miraculoso.

Deus não pode realizar milagres, uma vez que eles negariam as
leis naturais preestabelecidas pelo próprio Deus.

Não precisamos ver os milagres como formas de negação das leis da


natureza preestabelecidas por Deus, mas podemos vê-los como “exceções”

638
C u rs o A po lo gético

a estas próprias leis. As leis naturais tratam de regras sem que nada as in-
terfira, e nesse ponto podemos ver que há limitações em uma lei da natu-
reza. Por exemplo, se juntarmos potássio e oxigênio, ambos entrarão em
combustão, mas no nosso corpo esses dois elementos estão unidos e não
entramos em combustão. Existe aí alguma violação de uma lei natural ou
apenas os dois elementos químicos não estão em um “ambiente” ou “con-
dição” ideal para a sua combustão? Assim, os milagres não podem ser re-
cusados, por não se tratarem de uma violação das leis naturais; antes, podem
ser vistos como uma interferência em um ato natural estabelecido pelas leis
criadas por Deus. Se há uma interferência nas condições normais da natu-
reza, então as leis que a regem não podem ser advogadas para negar a
possibilidade de um milagre ocorrer, pois as condições ideais não são obe-
decidas nesses casos. Exceções especiais que se repetiram à lei da gravitação,
de Isaac Newton, foram suficientes para que a ciência considerasse a teoria
da relatividade de Einstein mais ampla e adequada em alguns casos, prin-
cipalmente no nível subatômico. Devemos lembrar que o milagre faz parte
sempre da exceção, e nunca de uma regra “natural” constante, pois nesse
caso a palavra “milagre” perderia o sentido.

A regra dos fatos é sempre o aceitável, e os milagres são sempre


raros. Sendo assim, não seria melhor desacreditar em algo que não
ocorre com frequência?

Achar que o fato de algo não ocorrer com frequência eliminaria a


possibilidade real de ocorrer ou existir é o mesmo que igualar “evidência”
e “probabilidade”, quando ambas não são a mesma coisa. Por nunca termos
verificado no mundo uma catástrofe marítima de enormes proporções, como
o tsunami ocorrido em dezembro de 2004 na Ásia, deveria isso fazer negar
sua ocorrência? Se devemos sempre acreditar somente no que possui mais
chances de ocorrer frequentemente, então deveríamos negar a possibilidade
de alguém, lançando três dados de uma única vez, obter três seis, se a

639
Em defesa da fé

chance disso ocorrer é de 216 por 1? E, quando isso ocorre, deveríamos


negar a evidência com base na probabilidade? Se os cientistas não rejeitam
todos os fenômenos raros, como negar os milagres pela probabilidade? Por
que usar dois pesos e duas medidas nessa avaliação? Acreditar somente
naquilo que ocorre frequentemente não é suficiente para verificar a exatidão
ou negação de uma intervenção milagrosa de Deus, pois a ciência trabalha
sobre o tripé da observação, do teste e da repetição. Assim, o único parecer
da ciência sobre os milagres seria da eliminação de causas conhecidas, mas
nunca a verificação de um fenômeno verdadeiramente sobrenatural. A sin-
gularidade fenomenológica também faz parte de nossa pesquisa sobre a
viabilidade da ocorrência de alguns eventos, não devendo ser assim despre-
zada, ou mesmo negada.

Para mais detalhes sobre esta questão, leia o tópico Curas.

* * *

Ateus, céticos e agnósticos constantemente negam a possi-


bilidade de qualquer interferência sobrenatural no mundo,
afirmando que, pelas leis físicas conhecidas, podemos des-
cartar a possibilidade mínima de qualquer tipo de interfe-
rência sobrenatural. Este mesmo pressuposto foi seguido
pelo famoso cético David Hume, que negava a interferência
divina com base em sua filosofia, o que o conduziu até mesmo à negação
da própria realidade (idealismo). Sobre o grande paradoxo vivido pelo pró-
prio Hume em sua tese ceticista da “razão suficiente” (acreditar na razão
suficiente e negar a própria realidade plena), o maior filósofo e um dos
maiores pensadores do século 20, Karl Popper, declarou:

“Para eles [Hume, Berkeley e Leibnniz] o conhecimento autên-


tico consistia essencialmente em uma crença apoiada em razões
suficientes, mas isso os levou à posição de que o conhecimento
consistia mais ou menos em puras sensações. Para esses filósofos,

640
C u rs o A po lo gético

portanto, o mundo real do senso comum não existe realmente; de


acordo com Hume, nem nós mesmos temos existência plena. Tudo
que existe são sensações, impressões e imagens mnêmicas... En-
tretanto, embora se sentisse racionalmente obrigado a considerar
errado o realismo do senso comum, ele próprio admitiu que, na
prática, era incapaz de descrer desse realismo por mais de uma
hora” (POPPER, 2010, p. 106).

É sobre o pensamento de um filósofo que negou a própria realidade


que muitos se apoiam para negar milagres. A pergunta que deve ser feita
é: se o idealismo de Hume me auxilia a negar o sobrenaturalismo, posso
também negar a minha própria existência plena com base em tal crença?
Se alguém tem dúvidas acerca da própria existência física, como pode pelo
menos conjecturar algum pressuposto do sobrenaturalismo? A dúvida então
repousa sobre uma filosofia, e não sobre uma análise ampla do tema sem
preconceitos filosóficos.
Além disso, afirmar que a natureza respeita uma sequência rigida-
mente determinada de eventos, e por isso os milagres são impossíveis, é
seguir apenas, de forma rigidamente parcial, os conceitos da física new-
toniana que já têm sido questionados como a única forma de interpretar
a realidade física que conhecemos há quase cem anos. A partir dos estudos
da física quântica, que não é determinista com relação a vários eventos,
principalmente no nível subatômico, temos aprendido um pouco mais
sobre a nossa realidade e muito ainda estamos por descobrir. Aliás, segun-
do a própria física quântica, podem existir “eventos de anomalia estatísti-
ca”, o que admitiria, à luz da física, eventos irregulares que fugiriam das
“leis” deterministas do mecanicismo newtoniano. Os milagres são consi-
derados simplesmente exceções à regra, e não substituições de qualquer
lei física conhecida.
Outro fato que não pode passar de forma despercebida por nós para
uma compreensão mais ampla deste tema é o fato de Deus sempre se apre-
sentar e agir dentro dos limites culturais existentes, nos quais ele se mani-

641
Em defesa da fé

festou ao longo dos milênios à raça humana para interagir dentro dos limi-
tes das necessidades de cada época. Por exemplo, Deus se manifesta como
o Senhor dos exércitos nos dias em que o poderio militar era a única forma
legal de manutenção de subsistência e defesa da nação de Israel (2Sm 5.6-
10). Ele ainda estabeleceu leis rígidas de saúde em um período em que
ainda não se conhecia a ação de micro-organismos letais (bactérias, vírus)
à saúde e à vida humanas (Lv 11.1-47). Também agiu de forma sobrena-
tural quando a sua intervenção era a única forma de preservar a vida do
seu povo e, consequentemente, cumprir suas promessas ao seu servo Abraão
(Êx 14.13-25).
A partir desses fatos, podemos compreender que a atuação de Deus
no mundo físico por meio dos milagres segue características de necessidade
reais, e não apenas necessidades modernas de ver para crer. Um Deus que
precisa ceder aos caprichos humanos de curiosidade incrédula para que
creiam em sua existência e atuação no mundo físico seria um fracasso à fé
cristã. O próprio Jesus repudiou tal atitude de incredulidade (Mt 12.38-42).
Por isso que, em uma época onde não se conheciam os benefícios propor-
cionados pela medicina moderna, vemos tantas curas realizadas de forma
milagrosa. A atuação divina era o único recurso para aliviar a dor de muitos
(Mt 8.1-17). Mas, mesmo assim, as curas milagrosas seguiam sempre uma
lógica racional: nunca surgiam novos órgãos inexistentes (os órgão existentes
são restaurados à normalidade), nem mesmo surgem novos membros do
nada (milagre não é mágica)!

642
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

MILAGRES

1. Os milagres negam a veracidade das leis físicas? Explique.

2. A história humana está cheia de milagres, ou estes são fenôme-


nos extremamente raros? Explique.

3. Os personagens bíblicos eram pessoas extremamente crédulas


com relação a qualquer fenômeno sobrenatural? Explique.

4. Por que a ciência não pode explicar os fenômenos miraculosos?

5. O que o famoso cético David Hume negou como consequência


de seu sistema ceticista e antissobrenaturalista?

643
PROVA – MILAGRES

1. Sobre os milagres, podemos dizer que são:


a) Sempre exceções às leis naturais.
b) Mitos que, à luz da ciência moderna, devem ser compreendidos.
c) Fruto da falta de compreensão das leis físicas.
d) Sempre de origem divina.

2. Sobre a quantidade de milagres mencionados na Bíblia, levando em conta um


período de 3.500 anos, sabemos que há:
a) Um milagre a cada 20 versículos.
b) Um milagre a cada 248 versículos.
c) Um milagre a cada 54 anos.
d) Um milagre a cada 248 anos.

3. Pela quantidade de milagres narrados nas Escrituras, podemos inferir que:


a) Os milagres são eventos corriqueiros na narrativa bíblica.
b) Os milagres são eventos quase impossíveis na narrativa bíblica.
c) Os milagres são eventos extremamente raros na narrativa bíblica.
d) Sem os milagres, não há intervenção divina na história humana.

4. Sobre a aceitação dos milagres por parte dos personagens bíblicos, podemos
afirmar que eles:
a) São altamente crédulos a qualquer suposta manifestação sobrenatural.
b) Questionam todo evento sobrenatural.
c) Possuem senso da realidade e percepção entre os fenômenos naturais e sobre-
naturais.
d) Não possuem senso de realidade entre os fenômenos naturais e sobrenaturais.

5. A suposta aparição de Cristo a Paulo foi considerada por Festo:


a) Um sinal de sua insanidade mental.
b) Uma prova real de sua chamada divina.
c) Uma demonstração do poder de Deus.
d) Um evento qualquer.

644
6. As leis naturais tratam das:
a) Regras gerais sem interferências.
b) Regras gerais com supostas interferências.
c) Possibilidades de não haver milagres.
d) Possibilidades de haver milagres.

7. No caso de interferência nas condições normais da natureza, as leis que a regem:


a) São anuladas.
b) São negadas.
c) Não podem ser advogadas.
d) N.R.A.

8. O milagre pode ser considerado apenas como parte de:


a) Uma regra natural.
b) Uma lei celestial constante.
c) Um erro no conhecimento das leis físicas.
d) Uma interferência nas leis físicas em detrimento de uma ação divina.

9. A não frequência de um fenômeno miraculoso indicaria:


a) A raridade dos fenômenos miraculosos.
b) A completa inexistência dos milagres.
c) A diferença entre os tipos de milagres.
d) A semelhança entre a raridade de fenômenos diversos.

10. David Hume, além de negar qualquer tipo de interferência sobrenatural, negava:
a) A realidade ao nosso redor.
b) Que a sua filosofia era verdadeira.
c) Que existiam leis físicas.
d) A possibilidade de existirem átomos e moléculas.

645
M i s t i c i sm o
C u rs o A po lo gético

aStrologia

DEFINIÇÃO

Crença popular e supersticiosa que afirma serem os astros capazes de in-


fluenciar a vida e certas escolhas pessoais, conduzindo as pessoas ao conhe-
cimento de determinadas questões relacionadas ao seu futuro e presente. É
uma prática condenada pela Bíblia (Is 47.13-14; Jr 10.2).

Acredito na astrologia porque revelações feitas a mim, de fato,


ocorreram.

Alguém ter alguns fatos de sua vida supostamente “revelados” por meio
da astrologia não deve ser suficiente para provar a astrologia como verda-
deira ou divina. De acordo com a Bíblia, algumas pessoas faziam pedidos a
pedaços de madeira, os quais eram respondidos por um espírito maligno
que usava aqueles objetos como um meio de engano (Os 4.12). Além disso,
a mesma Escritura condena toda forma de adivinhação ou predição do fu-
turo que não tenha procedência divina (Dt 18.14).
Algumas “previsões” podem ocorrer por alta sugestão, previsões ge-
néricas que se encaixam em qualquer situação ou por influências malignas.

649
Em defesa da fé

De fato, o Senhor Deus não descarta a possibilidade de uma predição


futura, de origem maligna, se cumprir com o fim de enganar aos incautos
(Dt 13.1-3).

A astrologia é uma ciência milenar que inegavelmente funciona.

Declarar a astrologia como ciência é ir além das evidências que a pró-


pria ciência moderna tem apresentado contra esse mito. Não existem evi-
dências científicas quanto aos astros possuírem algum tipo de influência em
nosso caráter, personalidade ou decisões futuras. As “características” de cada
signo do zodíaco não estão relacionadas a qualquer característica física dos
planetas a que se referem (Marte, Júpiter, Netuno etc.), e sim aos deuses
do panteão greco-romano, dos quais foram tirados por empréstimo os nomes
dos planetas por nós conhecidos, e que possuíam nos mitos as mesmas
características atribuídas aos astros a que correspondem. Portanto, os mitos
criados em nosso planeta deram origem às características atribuídas aos
signos dos zodíacos, e não existem características pessoais e autônomas em
nenhum desses astros que explique a origem dos comportamentos que eles
supostamente influenciariam nos seres humanos.
Conforme algumas pesquisas, astrólogos, ao fazerem predições sem o
uso de mapas ou auxílios em suas análises do futuro, têm tido o mesmo
resultado obtido por astrólogos que usam tais auxílios em suas predições e,
em alguns casos, os que não usavam nenhum auxílio eram levemente me-
lhores em suas predições. Portanto, a astrologia está mais relacionada à
adivinhação e à dedução do que à ciência (ANKERBERG; WELDON,
1998, p. 68).
Além disso, quando algo é funcional, não significa que necessariamente
seja bom. Uma bomba pode funcionar muito bem e inegavelmente trazer
grande dor e destruição.

Ver resposta à afirmação anterior.

650
C u rs o A po lo gético

Se inegavelmente a Lua possui influência sobre as marés e


influencia até mesmo as pessoas com doenças mentais, por que
não podemos crer que os demais astros possuem alguma influência
sobre nós?

Que a Lua possui alguma influência sobre as marés é inegável, mas,


apesar de 80% de nossa estrutura corpórea ser constituída de líquidos,
ainda existem muitas dúvidas sobre se, de fato, o nosso satélite natural po-
deria influenciar a conduta humana. De fato, mais de trinta estudos cientí-
ficos fracassaram em demonstrar qualquer relação entre os fenômenos lu-
nares e a conduta humana (ANKERBERG; WELDON, 1998, p. 69). A
revista Mente e Cérebro, da Scientific American, na edição de setembro de
2009, em matéria intitulada “Sob o encanto da Lua”, apresentou uma pes-
quisa que demonstra o porquê da impossibilidade de a Lua exercer qualquer
tipo de influência em nosso comportamento humano. Entre as três princi-
pais razões estão:

1. Os efeitos gravitacionais da Lua sobre o ser humano são menores,


por exemplo, do que o efeito gravitacional exercido por um mos-
quito ao pousar em nosso braço.
2. Os efeitos gravitacionais exercidos pela Lua afetam apenas corpos
de água aberto (oceanos e lagos). O nosso cérebro é considerado
um sistema de “fonte contida”, portanto, não aberto.
3. Os efeitos gravitacionais da Lua são os mesmos durante todos os
períodos das fases lunares (derrubando o mito de que, no período
de lua cheia, há maior influência sobre o comportamento humano).

Além do mais, a Lua se encontra muito próxima de nós (dista aproxi-


madamente 386.000 km da Terra), ao passo que as estrelas estão a 56 qua-
trilhões de quilômetros (uma cifra além de nossa compreensão). Como
poderiam as estrelas de tão longe influenciar a vida dos humanos, quando

651
Em defesa da fé

a Terra, o planeta em que vivemos, segundo os astrólogos, não influencia


em nada a nossa conduta?

Ver resposta à afirmação anterior.

Existem motivos racionais para não crermos na astrologia?

Existem pelo menos quatro motivos racionais para ignorarmos a cren-


ça na astrologia. Vejamos:

1. Até o século 16, acreditava-se que o Sol girava em torno da Terra


(geocentrismo), e não o contrário, como foi dito por Nicolau Co-
pérnico (heliocentrismo). Assim, a astrologia fazia suas predições
com base em um falso conhecimento do sistema solar, até então
baseado no pensamento aristotélico-ptolomaico, que tinha a Terra,
e não o Sol, como centro do sistema planetário. E ainda hoje a
astrologia segue o mesmo princípio.
2. A astrologia não é uniforme em suas previsões, pois os astrólogos
ocidentais interpretam um horóscopo diferente daquilo que os
chineses, por exemplo, interpretariam. Alguns astrólogos ocidentais
acreditam que existam oito signos, outros, doze, outros, quatorze,
e, ainda, outros, vinte e quatro. Como poderiam chegar a alguma
conclusão correta sobre um fato com conclusões tão diferentes da
própria base do estudo astrológico do indivíduo?
3. Quando a astrologia foi desenvolvida, acreditava-se que o nosso
sistema solar possuía somente sete planetas, incluindo o Sol e a
Lua. Ainda não eram conhecidos os planetas Urano e Netuno e o
planetoide Plutão (ainda hoje alguns astrólogos desconsideram
esses três astros em suas “previsões”). Acreditava-se também que
a Terra era o centro de nosso sistema solar, e não o Sol. Como
poderiam possuir conclusões corretas em suas “previsões”, se esta-
vam baseados em falsos pressupostos do sistema solar?

652
C u rs o A po lo gético

4. Os cálculos astrológicos da vida de um indivíduo estão baseados


no momento do seu nascimento, período este que, supostamen-
te, ao respirar, receberia a “influência astral” sobre a vida. Se
muito do que nos influencia na vida está relacionado à nossa
gestação (doenças congênitas, por exemplo), como poderia a
astrologia ter respostas satisfatórias sobre o futuro do indivíduo
e ignorar esse fato?

Se vocês, evangélicos, dizem acreditar na Bíblia, por que não acre-


ditam nos zodíacos que são mencionados nela (Jó 38.32)?

A palavra “zodíaco”, do hebraico mazzãlôt, possui um significado bási-


co de “constelação”, ou um conjunto de estrelas, e certamente não está
relacionada à aprovação de sua consulta para supostas previsões sobre a vida
de alguém. A mesma expressão aparece nas Escrituras com uma nota de
reprovação sobre os que consultavam esse tipo de presságio (2Rs 23.5).
Além disso, a palavra “zodíaco” significa basicamente “caminho” ou “senda”,
fazendo assim apenas uma referência ao caminho das estrelas (constelações)
que comprovadamente se “deslocam”.
O fato de a Bíblia mencionar os “zodíacos” (chamados de signos pelos
adeptos da astrologia) não aprova de forma alguma a astrologia, como a
citação bíblica acerca da idolatria não lhe confere aprovação divina (Is 44.17;
Êx 20.3-5).

O profeta Daniel praticava astrologia, pois se tornou o “cabeça”


dos sábios da Babilônia, e eles eram todos astrólogos (Dn 2.48).

O fato de Daniel, o profeta, ter-se tornado “o cabeça” dos sábios de


Babilônia não é suficiente para afirmarmos que praticasse astrologia. Vemos
desde o início da vida do profeta, na Babilônia, uma grande disposição de

653
Em defesa da fé

se separar das práticas do povo babilônico (Dn 1.5-8). Também devemos


notar que o êxito de Daniel estava em buscar a orientação do Deus de
Israel, e não qualquer tipo de prática pagã dos “sábios babilônicos” (Dn
2.10-12, 16-24). Certamente, a influência de Daniel na Babilônia foi maior
do que qualquer influência pagã que pudesse vir sobre ele.

654
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ASTROLOGIA

1. Defina astrologia.

2. Por que a astrologia é condenada pela Bíblia?

3. Como explicar os aparentes cumprimentos de previsões astro-


lógicas?

4. Qual a suposta base científica para a astrologia?

5. Explique os principais motivos que desacreditam a astrologia


como método eficaz de predição do futuro.

655
PROVA – ASTROLOGIA

1. Sobre a possibilidade de se cumprirem algumas predições astrológicas, podemos


declarar:
a) Deus pode usá-las se assim o desejar.
b) Deus quer se aproximar de cada um de nós, independentemente do meio usado.
c) Todo tipo de previsão astrológica é condenável à luz da Bíblia.
d) A astrologia é uma ciência reconhecidamente eficaz.

2. Segundo Dt 13.1-3:
a) Predições de origem não divina podem ocorrer.
b) Somente predições de origem divina podem ocorrer.
c) Não existem predições futurísticas.
d) A Bíblia condena as predições futurísticas.

3. Sobre as características pessoais atribuídas aos signos pela astrologia, poderíamos


declarar:
a) Todas as características têm base nos mitos criados pelo homem.
b) Todas as características são autônomas e fazem parte da estrutura física desses
astros.
c) Nenhum astrólogo atribui características pessoais aos signos.
d) Nenhuma previsão depende da personificaçãos dos signos.

4. De acordo com a nossa estrutura corpórea, somos contituídos de:


a) 70% de água.
b) 50% de água.
c) 90% de água.
d) 80% de água.

5. Sobre os efeitos gravitacionais exercidos pela Lua sobre o ser humano, podemos
afirmar que:
a) São completamente nulos.
b) São eficazes apenas no período de lua cheia.
c) São maiores do que a atuação da força exercida por um mosquito ao pousar
sobre nós.
d) São totais, pois temos grande parte de nossa constituição feita de líquidos.

656
6. O sistema planetário sobre o qual se originou a interpretação astrológica era:
a) Esotérico.
b) Físico.
c) Geocêntrico.
d) Heliocêntrico.

7. Sobre a suposta uniformidade das previsões astrológicas, é correto afirmar que:


a) Não há, de fato, uniformidade nas fontes de leitura dos dados astrológicos.
b) Os astrólogos hindus são mais precisos que os americanos.
c) Existe uniformidade em todas as fontes astrológicas.
d) Os astrólogos brasileiros são os melhores do mundo.

8. Quando a astrologia foi desenvolvida, acreditava-se que o número de planetas


em nosso sistema solar era de:
a) Sete planetas, sem contar o Sol e a Lua.
b) Sete planetas, incluindo o Sol e a Lua.
c) Oito planetas e um planetoide.
d) Dez planetas, sem contar o Sol e a Lua.

9. Segundo a astrologia, no momento de nosso nascimento, recebemos a:


a) Carga astrológica.
b) Capacitação astral.
c) Influência astral.
d) Influência magnética.

10. A palavra hebraica mazzãlôt significa:


a) Senda ou caminho.
b) Horóscopo.
c) Presságio.
d) Caminho planetário.

657
Em defesa da fé

eSPiritiSMo

DEFINIÇÃO

Crença antiquíssima defensora da ideia de que os mortos têm acesso ao


mundo dos vivos, que os contatam e consultam. Pode ser qualquer sistema
ou prática religiosa com a finalidade de estabelecer contato com os mortos.
Existem várias formas de espiritismo, todas igualmente condenadas pela
Bíblia (Dt 18.9-12). Todos os principais ramos da Igreja cristã denunciam o
espiritismo como contrário à teologia bíblica. Em 1848, houve um “reaviva-
mento” do espiritismo em Hydesville, Estado de Nova York, nos EUA, nas
pessoas de Kate e Margaret Fox, as duas mais famosas promotoras do espi-
ritismo moderno no século 19.

Os espíritos dos mortos podem contatar os vivos?

Não. De acordo com a Bíblia Sagrada, as pessoas falecidas não podem


ter nem sofrer qualquer influência de atitudes humanas, nem saber o que
se passa no mundo dos vivos (Ec 9.10, 6.12). O próprio Jesus Cristo ilustrou
tal fato do mundo espiritual quando contou a história do rico e Lázaro, ao
demonstrar que o ímpio rico, apesar de se lembrar de seus parentes ainda
na terra, não poderia manter contato com eles (Lc 16.27-31). As Escrituras

658
C u rs o A po lo gético

sempre tratam deste tipo de contato com os supostos espíritos dos mortos
de forma condenatória (Dt 18.9, 11, 12; Is 8.19, 20).

Se os espíritos dos mortos não podem entrar em contato com os


vivos, quem, de fato, se comunica com os médiuns?

O apóstolo Paulo, falando acerca da atuação dos espíritos malignos no


mundo, declara que tais espíritos podem enganar a muitos, pois o próprio
Satanás se transforma em “anjo de luz” para desencaminhar ou enganar as
pessoas, fazendo, às vezes, até boas ações com a intenção de iludi-las (2Co
11.3, 14, 15). Seria muito supormos que seres espirituais existentes desde
antes da criação do mundo (Jó 38.4-7), os quais têm acompanhado a huma-
nidade durante tantos séculos, podem se passar por alguém conhecido,
imitando-os tão bem? Quem poderia medir completamente a capacidade
de tais seres (poder de ilusão e engano), se até mesmo Satanás tentou en-
ganar o próprio Senhor Jesus Cristo na tentação no deserto (Mt 4.1-11)?

O espírito que consultei só poderia ser de meu parente próximo,


pois ele me revelou fatos que somente ele e eu sabíamos!

A Bíblia declara que os espíritos malignos não estão circunscritos a


alguma prisão espiritual, sendo o seu local de habitação a esfera deste mun-
do no qual habitamos (Ef 2.2, 6.12). Somente um pequeno número desses
seres malignos se encontra em prisão espiritual chamada “Tártaro”, onde
ficarão até o dia do juízo de Deus, de acordo com as Escrituras (2Pe 2.4).
Outro fato explicado pela Bíblia, com referência à natureza dos espíritos, é
que, sendo seres espirituais (Mc 1.23, 24), não possuem naturalmente cor-
pos tangíveis e visíveis aos olhos humanos (Lc 24.39). Assim, por poderem
estar em lugares sem serem percebidos por pessoas, essas acabam contando
“segredos” não só aos seus entes vivos, mas também “compartilhando” fatos

659
Em defesa da fé

com tais espíritos malignos invisíveis, os quais, em momento apropriado,


poderão usar o que ouviram anteriormente para iludi-las, como tem acon-
tecido inúmeras vezes. Essa, de fato, tem sido a razão pela qual muitos
“segredos” são contados nas sessões mediúnicas, para envolver os incautos
com as entidades ocultas, que procuram arruinar o homem espiritualmente
(Hb 2.14, 15; 1Pe 5.8).

Saul realmente comunicou-se com o espírito do falecido Samuel,


em Endor (1Sm 28.1-20)?

Não. O texto bíblico não afirma que quem apareceu na cidade de


Endor, em uma sessão mediúnica, era, de fato, o falecido Samuel. O próprio
Saul não viu o ser que apareceu à médium; ele apenas “entendeu”, pelas
características dadas, se tratar de Samuel (1Sm 28.13, 14). O fato de a nar-
rativa bíblica chamá-lo de “Samuel” não pode ser suficiente para afirmarmos
que, de fato, seja Samuel. O livro das Crônicas declara que uma das causas
da morte trágica de Saul foi a consulta à médium espírita de Endor (1Cr
10.13). Se Deus já decidira não responder a Saul por nenhuma das formas
de consultas lícitas determinadas por Ele (1Sm 28.6), será que usaria um
método de contato proibido por Ele em sua própria palavra (Lv 19.31; Is
8.19-20)? Além do mais, o suposto Samuel disse que estaria com Saul e com
os seus filhos no dia seguinte, mas a batalha na qual Saul morreu ao se
suicidar não ocorreu no dia seguinte, como declarou o suposto “Samuel” (v.
19). Basta ler a continuação da narrativa com atenção nos próximos capítu-
los para ver que a batalha se deu por volta de dezoito a dezenove dias após
o vaticínio (1Sm 30.1, 13, 17; 2Sm 1.1). Se, de acordo com a própria palavra
de Deus, toda palavra proferida pelo profeta Samuel foi honrada por Deus
para que se cumprisse (1Sm 3.19-20), por que após a sua morte o Senhor
não a honrou?

Ver resposta à pergunta posterior.

660
C u rs o A po lo gético

Se Saul não se comunicou, de fato, com o falecido Samuel (1Sm


28.1-20), por que na narrativa bíblica o ser que apareceu a Saul é
chamado de Samuel?

O relato de uma narrativa bíblica muitas vezes está limitado à observa-


ção das testemunhas que presenciaram os fatos ali narrados. Por isso que os
evangelhos demonstram diferentes aspectos de Cristo na ótica de cada es-
critor. Lucas escreveu acerca do que outras pessoas viram e testemunharam
para compor o seu evangelho, não sendo uma testemunha de primeira mão,
por assim dizer (Lc 1.1-3). Da mesma maneira, para entendermos o porquê
de a narrativa do livro de Samuel chamar o ser que apareceu naquela sessão
mediúnica de Samuel, é necessário fazer algumas perguntas: Quem descre-
veu os fatos ali ocorridos, que depois foram escritos no livro de Samuel? A
médium não foi, pois jamais colocaria a sua vida em risco (1Sm 28.9). Saul
também não, pois foi morto dias depois do ocorrido (1Sm 31.4-6). Só nos
resta acreditar que o relato como o conhecemos foi produzido a partir do
testemunho dos dois servos de Saul, os quais eram homens supersticiosos e
que certamente acreditavam nos “dons mediúnicos” da mulher, pois são eles
que a indicaram a Saul (1Sm 28.7). Se a Bíblia menciona que a terra parou,
quando isso foi apenas uma declaração a partir da percepção do observador
(Js 10.13), por que não poderia mencionar o nome de Samuel quando, de
fato, desejaria apenas mencionar aquele que se passou por ele?

Ver resposta à pergunta anterior.

Se o contato de vivos com os mortos é negado, de acordo com a


Bíblia, por que o espírito de Moisés apareceu no monte da trans-
figuração (Mt 17.1-3)?

A aparição do espírito de Moisés no monte da transfiguração não pode


ser usada de modo algum como um meio de se confirmar a prática mediú-
nica de consulta aos mortos, por dois motivos: as Escrituras afirmam que

661
Em defesa da fé

Deus possui autoridade tanto para lançar como para chamar alguém do
“mundo dos mortos” (Sheol, no original de 1Sm 2.6), e Jesus é Deus (Jo 1.1;
Tt 2.13; 2Pe 1.1), portanto, teria essa autoridade. Também, quando verifica-
mos o texto paralelo da transfiguração, no Evangelho de Lucas, percebemos
que somente Jesus dialogou com Moisés e Elias, e ninguém mais (Lc 9.30-
31), o que não pode ser considerado uma consulta de um ser vivo com um
espírito de um morto, pois, para Deus, todos vivem (Lc 20.38). Além disso,
devemos analisar antes o significado da “transfiguração”, ocorrida após a
promessa de Jesus a alguns dos que estavam ali, os quais não provariam a
morte antes de vê-lo vindo em seu Reino (Mt 16.28). Como a vinda de
Cristo na glória do Reino não se deu nem nos dias apostólicos nem em nos-
sos dias, Jesus antecipou de forma representativa aos apóstolos o seu Reino,
onde cada elemento da transfiguração possui uma estreita conexão simbóli-
ca com os elementos encontrados no Reino: Jesus – aparece na glória do
Reino (Mt 17.2); os discípulos, Pedro, Tiago e João – representam o rema-
nescente judeu que entrará no Reino (Rm 9.27); Moisés – os salvos que
participarão do Reino após provarem a morte (1Ts 4.16); Elias – os salvos
que entrarão no Reino após o arrebatamento (1Ts 4.17). Portanto, a transfi-
guração não pode ser vista como apenas uma aparição de dois personagens
bíblicos dialogando com Jesus, mas como uma representação em detalhes
do Reino por vir, não sendo, porém, um texto bíblico ideal para estabelecer
qualquer doutrina sobre o suposto contato de vivos com os mortos.
Outra possibilidade é de que a transfiguração tenha sido apenas uma
“visão”, e não uma manifestação real. Esse argumento se baseia na expressão
usada por Cristo no texto, quando ele ordena aos seus discípulos para não
contarem a ninguém a “visão” (Mt 17.9). É óbvio que o fato de usar a ex-
pressão “visão” não quer dizer que era algo irreal, pois encontramos tanto a
ideia de visão de anjos por ocasião da ressurreição de Cristo (Lc 24.23) como
na aparição do Senhor a Paulo, o apóstolo (At 26.19), e o texto parece ser
claro ao declarar que, de fato, houve uma manifestação real. Entre as palavras
gregas que aparecem com referência a todas essas “visões” (horama/optasía),
não existe diferença semântica como presumem alguns, declarando que um

662
C u rs o A po lo gético

termo se refere a “visão” aparente, e outro, a “visão” real (léxico grego-por-


tuguês do NT – baseado em domínio semântico, p. 397). Sem dúvida, há
uma possibilidade de ter havido apenas uma visão, mas pode ter ocorrido
uma aparição real, tangível e física. Independentemente da posição que
tomarmos com relação à interpretação deste texto, o fato é que o significado
da aparição, como declarado anteriormente, continua inalterado, pois a
transfiguração apontava para o Cristo visto na glória do Reino (Mt 16.28).

Como pode ser um engano o contato de vivos com os espíritos


dos mortos se a Bíblia, segundo alguns, a proíbe? Como poderia
haver a proibição de um ato impossível?

O fato de as Escrituras Sagradas proibirem qualquer tipo de contato


mediúnico não está baseado em alguma possibilidade real de haver contato
com os espíritos dos mortos, como possam sugerir os espíritas. A Bíblia
condena a adoração a outros deuses (Êx 20.3), mesmo sendo o Senhor
Todo-Poderoso o único Deus por natureza, segundo a própria Bíblia (Is
44.6), e isso porque a prática da idolatria sujeita o adorador ao contato com
demônios, que os iludem, passando-se por “deuses” (Os 4.12). Além disso,
os que morrem não podem vir ao mundo em espírito, como ensinou o pró-
prio Jesus (Lc 16.19-31). Assim, a questão da proibição está relacionada ao
engano promovido por Satanás e por seus anjos, ao iludir as pessoas, pas-
sando-se por um ente querido falecido ou outra pessoa “desencarnada”, os
chamados “espíritos (anjos) de luz” (2Co 11.14). Portanto, tal proibição de
Deus destina-se a impedir os seres humanos de contatarem os demônios e
serem por eles enganados.

Quem promove as curas mediúnicas, de acordo com a Bíblia?

A Bíblia não afirma, em lugar algum, que os poderes de Satanás ou de


seus anjos, depois da rebelião nos céus, foram removidos por ocasião de sua

663
Em defesa da fé

expulsão com os anjos desobedientes (Is 14.12-15; Ap 12.7-9). Quando Moi-


sés se apresentou diante do Faraó para convencê-lo de libertar o povo de
Israel da escravidão no Egito, Deus realizou um milagre por intermédio de
Arão, e os feiticeiros do Egito também fizeram o mesmo com o seu ocultis-
mo (Êx 7.10, 11), indicando, assim, o poder de realizar milagres do ocultismo.
De acordo com a Bíblia, não seria nenhum absurdo a possibilidade de ocor-
rerem curas mediúnicas. Então, a questão é: quem estaria por trás da reali-
zação de tais milagres? Pois o próprio Satanás pode realizar feitos extraordi-
nários à vista dos homens (Mt 24.24; Ap 16.13, 14). Deus proíbe todo tipo
de contato com os médiuns, pois, por trás de tais contatos, existem espíritos
especializados no engano tentando iludir aos incautos (2Co 11.2, 3).

Como os espíritos que contatam os médiuns podem prever o


futuro?

O único ser, de acordo com a Bíblia, com poder para prever o futuro
é Deus (Sl 139.1-5, 15-17). A prática de consultar adivinhos é completa-
mente proibida, de acordo com a própria palavra de Deus (Lv 19.31). A
Bíblia também confirma que o presságio de um falso profeta pode se cum-
prir, por permissão divina, para testar os consulentes e verificar se estão
dispostos a seguir a palavra de Deus ou o ensino dos agoureiros (Dt 13.1-5).
Sendo assim, entendemos por que, em alguns casos, essas “predições” se
cumprem integralmente. Ademais, aqueles sem filiação divina estão sob o
poder das trevas e sujeitos à influência de espíritos malignos (Ef 2.2, 3), que
guiam os adivinhos e “trabalham” para que tais “predições” ocorram como
previstas, a fim de prenderem almas ao engano de tal prática maligna.

Existe alguma relação entre o espiritismo e a parapsicologia?

A parapsicologia surgiu no século 19 a partir de pesquisas realizadas


acerca do “sonambulismo magnético” (uma espécie de transe sonolento) e

664
C u rs o A po lo gético

de outros fenômenos incomuns. O seu principal objetivo é demonstrar, por


meio de experimentação, que os fenômenos tidos como “sobrenaturais” são,
na verdade, “naturais”, mas de manifestação rara e inconstante. Assim, a
parapsicologia tenta anular os chamados fenômenos “sobrenaturais” e a
crença na manifestação de demônios, anjos, mediunidade etc. (devemos nos
lembrar de que nem todos os parapsicólogos são materialistas). Então, des-
se modo de ver, a parapsicologia seria inimiga do espiritismo, por suposta-
mente negar esses princípios.
Talvez o maior perigo relacionado à parapsicologia consista em propor
uma explicação uniforme e padronizada a todos os fenômenos de semelhan-
ça e aparente correlação. A parapsicologia entende, por exemplo, a hipnose
sempre como uma técnica de sugestão, mas existem relatos de hipnose
demoníaca (KOCH, 1972, p. 56), e, se sempre atribuirmos uma origem
natural a fenômenos sobrenaturais, poderemos então nos envolver com uma
prática extremamente perigosa para nossa alma, negando a influência dos
demônios por trás de alguns fenômenos sem sabê-lo. Certamente, uma das
melhores formas de os demônios agirem é convencer as pessoas de sua
inexistência.
A Bíblia também é enfática em sua proibição com relação a certas
práticas relacionadas com a parapsicologia por meio de suas pesquisas:
adivinhação, precognição, magia, hipnose (encantamento) etc. (Dt 18.9-12).
Ainda, a parapsicologia tende a encarar certos fenômenos, em alguns
casos de natureza espiritual, como apenas sendo “habilidades” naturais. O
grande problema é que os indivíduos que manifestam certas características
de “hiperestesia” (pessoas chamadas “sensitivas” e com “certa facilidade” de
comunicação com o chamado mundo espiritual), por exemplo, seriam con-
sideradas pessoas “anormais” pela parapsicologia. Segundo Oscar G. Que-
vedo: “Os sensitivos, porém, podem ser pessoas comuns, normais, perfeita-
mente integradas na sociedade, embora sejam mais frequentes os sensitivos
entre os mais ou menos anormais... sempre será possível encontrar nos
sensitivos ‘normais’ alguma falha ou lesão orgânica, algum desequilíbrio
psíquico... Às vezes pode bastar uma excessiva emotividade, cansaço habitual

665
Em defesa da fé

etc.” (QUEVEDO, 2003, p. 53). Uma possível característica “natural” po-


deria assim encobrir algum distúrbio mental ou mesmo a ação de espíritos
que fariam uso dessa debilidade para se ocultarem. Talvez seja neste ponto
que a parapsicologia, mesmo sem pretender, se aproxime do espiritismo.

Os espíritos iníquos podem assumir forma humana?

Não encontramos nenhum caso explícito na palavra de Deus de espí-


ritos iníquos terem tomado forma humana, para, de algum modo, comu-
nicarem-se com o homem. Temos indicações de contatos entre os homens
e os espíritos no caso da tentação de Adão e Eva, quando Satanás “possuiu”
a serpente (Gn 3.1-5; 2Co 11.3), e no caso da traição de Judas, que foi
tomado pelo próprio Satanás para executar o seu plano iníquo (Lc 22.3-4).
Na tentação de Cristo, é possível ter havido uma materialização de Satanás
para dialogar com o Senhor, mas não temos certeza desse tipo de manifes-
tação (Mt 4.1-11; Lc 4.1-13). Como os demônios são anjos que se rebelaram
(Ap 12.7-9), e os anjos podem assumir aparência humana ou física (Gn
19.1, 2; Lc 2.9-14), não seria impossível estes seres perversos também se
materializarem.

Para informações complementares, ver o tópico Anjo:


A expressão “filho de Deus”, em Gn 6.2, é uma referência
a anjos caídos que mantiveram relações sexuais com mulheres
(“as filhas dos homens”), produzindo uma raça de gigantes,
pois essa expressão no AT só aparece para os anjos.

Como pode alguém escapar da influência maligna dos espíritos


demoníacos?

A Bíblia afirma que uma das missões indicativas do ministério terreno


do Senhor Jesus seria a destruição das obras do maligno (1Jo 3.8). Também

666
C u rs o A po lo gético

declara que pessoas foram libertadas das influências demoníacas do ocul-


tismo por meio da pregação do Evangelho de Cristo (At 19.13-20). De
acordo com as Escrituras Sagradas, a submissão a Deus, por meio da fé em
Cristo, é o único meio de se vencer o domínio dos espíritos malignos (Tg
4.7; 1Jo 2.13, 14).

Para informações complementares sobre


a salvação, ver o tópico Salvação.

* * *

Apesar de o Espiritismo Kardecista defender com uma


grande convicção haver uma possibilidade real de co-
municação com os espíritos dos mortos, e que são eles,
inegavelmente, que se comunicam por intermédio dos
médiuns espíritas, Allan Kardec afirmou não saber com
tanta certeza a identidade dos espíritos que se comunicavam com os
médiuns. Ele declarou em seu guia de orientação espiritualista, O Livro
dos Médiuns:

“A questão da identidade dos espíritos é uma das questões mais


controvertidas, mesmo entre os adeptos do espiritismo. É que,
com efeito, os espíritos não nos trazem um ato de notoriedade e
sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que
nunca lhes pertenceram. Esta, por isso mesmo, é, depois da ob-
sessão, uma das maiores dificuldades do espiritismo prático... A
identidade dos espíritos das personagens antigas é a mais difícil
de se conseguir, tornando-se muitas vezes impossível... Desde que
o espírito só diz coisas aproveitáveis, pouco importa o nome sob
o qual as diga... Todas as vezes que um espírito superior se co-
munica espontaneamente, sob o nome de uma personagem co-
nhecida. Nada prova que seja exatamente o Espírito dessa perso-
nagem” (Cap. XXIV, 255, 256 [grifos do autor]).

667
Em defesa da fé

Se Kardec não sabia, com certeza, a natureza dos espíritos que se


comunicavam com ele, como os espíritas podem afirmar com tanta certeza
que são os espíritos dos mortos? Se o próprio Allan Kardec afirmava não
saber, com certeza, quais eram, de fato, os espíritos que se comunicavam
com os médiuns, como os espíritas podem afirmar, com certeza, que não
são demônios, como diz a Bíblia (2Co 11.14, 15)? Allan Kardec afirma
ainda que:

“Um meio empregado, às vezes com êxito, para se conseguir


identificar um espírito que se comunica, quando ele se torna
suspeito, consiste em fazê-lo afirmar, em nome de Deus todo-po-
deroso, que é realmente quem diz ser. Sucede, frequentemente,
que o que se apresentou com um nome usurpado recua diante
do sacrilégio” (Ibid., Cap. XXIV, 259).

Se, sob juramento, no qual muitas vezes se invoca o nome de Deus,


homens mentem constantemente acerca do que afirmam, como podem os
espíritas saber, com certeza, sobre o que o espírito declarou a respeito de
sua própria identidade? Não poderiam os espíritas estar enganados acerca
de quem são, de fato, esses seres espirituais com quem se relacionam em
suas sessões mediúnicas?

668
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ESPIRITISMO

1. Como definimos o termo “espiritismo”? E quem são os respon-


sáveis pelo avivamento moderno dessa crença?

2. É possível o contato com os espíritos dos mortos? Explique.

3. Com quem, na realidade, é feito o contato no mundo espiritual


por intermédio dos médiuns, de acordo com a Bíblia?

4. A verdade dita por um espírito em contato com um médium


confirma que, de fato, os espíritos dos mortos podem nos con-
tatar? Explique.

5. Como podemos entender a suposta aparição de Samuel a Saul


depois de morto em uma sessão espírita?

6. Como entender o relato da transfiguração no qual supostamen-


te aparece Moisés após sua morte?

7. A proibição bíblica de contato com os mortos indica essa possi-


bilidade real? Explique.

8. Como é possível a cura e a previsão do futuro em uma sessão


mediúnica?

9. Qual o tipo de relação supostamente existente entre o espiritis-


mo e a parapsicologia?

10. Como alguém pode se libertar da influência dos espíritos enga-


nadores?

669
PROVA – ESPIRITISMO

1. O Espiritismo moderno surge como fenômeno mundial a partir de:


a) 1844.
b) 1848.
c) 1852.
d) 1865.

2. De acordo com a Bíblia, os mortos:


a) Não sabem o que ocorre no mundo dos vivos.
b) Sabem o que ocorre no mundo dos vivos.
c) Sabem o que ocorre, mas não podem interferir.
d) Ocasionalmente possuem permissão para vir ao mundo dos vivos.

3. A manipulação dos espíritos pode se dar mediante:


a) A aparição repentina diante dos nossos olhos.
b) Um ritual de magia.
c) Nossa permissão para que atuem em nossos corpos.
d) O uso de informações confidenciadas sem percebemos a presença deles.

4. O espírito que aparece em 1 Samuel 28 não pode ser Samuel porque:


a) Não existe um espírito no homem.
b) Os demônios não assumem forma humana.
c) A atitude de Saul foi a grande causa de sua morte, bem como foi dado um
oráculo na ocasião em que não se cumpriu no tempo previsto.
d) Poderia ter sido um anjo de Deus que lhe trouxe uma mensagem de juízo.

5. A possível narrativa da sessão mediúnica em Endor só menciona Samuel porque:


a) A narrativa é introduzida a partir do relato indireto de pessoas que criam na
mediunidade.
b) A narrativa era desconhecida pelos judeus até a composição do livro de Samuel.
c) A narrativa não fazia parte do texto original do livro de Samuel.
d) A narrativa não estava na LXX.

670
6. A transfiguração significa:
a) Que Jesus é poderoso e divino.
b) Uma antecipação do futuro reino.
c) Que Jesus é Deus dos vivos e dos mortos.
d) Que os mortos podem entrar em contato com os vivos.

7. Existe uma possibilidade de a manifestação de Elias e Moisés na transfiguração


ter sido apenas uma:
a) Visão espiritual.
b) Manifestação dos espíritos.
c) Demonstração do poder de Cristo.
d) N.R.A.

8. A proibição do suposto contato com os espíritos dos mortos está baseada:


a) Na possibilidade real de contatá-los.
b) Na possibilidade eventual de algum espírito de um ente querido nos procurar.
c) Na possibilidade de haver um engano dos espíritos malignos para nos iludirem.
d) Na possibilidade de materialização de Satanás.

9. Sobre as relações existentes entre o espiritismo e a parapsicologia, podemos


declarar que:
a) A parapsicologia nega as supostas ações dos espíritos invocados pelos médiuns.
b) São idênticas em todas as suas práticas.
c) Possuem base nos estudos da Bíblia Sagrada.
d) O espiritismo defende a mesma posição da parapsicologia com relação aos su-
postos demônios.

10. Sobre a real possibilidade de identidade dos espíritos, Allan Kardec afirma que:
a) Não podemos negar que existam seres espirituais que se comunicam com a
humanidade.
b) Não é possível o contato dos espíritos desencarnados.
c) É impossível ter certeza da identidade real dos espíritos que se comunicam
conosco.
d) É sempre possível a identidade plena desses espíritos.

671
Em defesa da fé

Óvni

DEFINIÇÃO

UFO (Unidentified Flying Object [Objeto Voador Não Identificado]). Essa


terminologia foi cunhada a partir de 1947 pela imprensa estadunidense para
nomear alguns supostos estranhos objetos avistados pelo piloto americano
Kenneth Arnold, nos Estados Unidos. Como ele afirmou que os objetos
vistos pareciam “pratos deslizando sobre a água”, foi logo depois cunhada a
expressão: “disco voador”, para se referir a esse tipo de fenômeno. 
Existe muita discussão no meio acadêmico acerca da natureza dos supos-
tos “seres extraterrenos”, afirmando alguns cientistas não passarem de embus-
te, ansiedade de nossa sociedade em visualizar supostos povos extraterrenos,
ou paranoia de movimentos ocultistas que tentam achar nos ÓVNIs respostas
para muitas de suas concepções espiritualistas. A ufologia (estudo dos fenô-
menos ÓVNIs) é dividida em científica e mística (ou espiritualista).

Existem provas realmente irrefutáveis acerca da existência de seres


inteligentes em outros planetas?

Não. Dos milhões de casos de supostos raptos de pessoas por parte de


extraterrestres (alguns estimam que nos últimos anos já tenham ocorrido

672
C u rs o A po lo gético

mais de 100 milhões de raptos), a ciência não encontrou nenhuma evidên-


cia em larga escala (restos materiais como evidências físicas destes contatos)
de que esses supostos seres sejam de outros planetas, o que seria comum
com tantos contatos reais ocorrendo, como alguns têm afirmado. O perió-
dico mais importante que trata do assunto ÓVNIs, Flying Saucer Review
(Revista Disco Voador), em um de seus números afirmou: “Não parece
haver, até agora, evidência de que qualquer dessas naves ou seres sejam
originários do espaço exterior” (ANKERBERG; WELDON, 1992, p. 19).
O famoso astrônomo americano Carl Sagan, que fez parte do projeto
mais importante sobre pesquisa científica relacionada aos ÓVNIs (Projeto
bluebook [Livro azul]), afirmou em seu livro, O Mundo Assombrado pelos
Demônios, nunca ter encontrado nenhuma evidência realmente indiscutível
de haver vida alienígena em alguma parte do universo, como resultado das
pesquisas científicas e dos supostos contatos tentados até o momento (p. 91).
O astrônomo Philip Plait, que tem em seu currículo pesquisas para a
NASA e participações frequentes no programa de rádio do SETI (Search
for Extraterrestrial Inteligence), que é o programa pioneiro de pesquisa
sobre vida inteligente fora da Terra, e conhecido pela série e pelo livro, Bad
Astronomy, apesar de acreditar na possível existência de vida extraterrena,
é categórico ao rejeitar que alguma suposta civilização possa estar por trás
das manifestações “ÓVNIs”. Um dos seus maiores argumentos é o da im-
possibilidade de se viajar no espaço interestelar com velocidade acima da
velocidade da luz (o que até agora é considerado impossível pelo que co-
nhecemos do universo, e que seria necessário para justificar esses supostos
contatos – p. 210). Se somente agora (menos de meio século) é que a nos-
sa civilização começou a explorar a nossa via láctea, sem nenhuma expecta-
tiva promissora de um dia possuirmos tecnologia suficiente para “conquis-
tarmos o universo” (para nos ajudar ainda mais, o universo está em
expansão como uma bexiga inflável, o que obviamente a cada segundo
distancia mais e mais todas as galáxias umas das outras, aumentando ainda
mais as enormes distâncias já existentes), como acreditar que essa é uma
questão de fácil resolução? Qualquer civilização que possuísse tal tecnologia

673
Em defesa da fé

já teria colonizado outros planetas em nosso universo, fazendo com que a


nossa busca por vida inteligente no espaço já tivesse findado.
Existem algumas evidências estudadas que têm levado muitos cientis-
tas a negarem a existência de contatos extraterrestres por meio dos ÓVNIs:
1) apesar de serem vistos por muitas pessoas, as “naves” não são captadas
constantemente por radares que observam a entrada de qualquer objeto
estranho em nossa atmosfera; 2) mesmo que houvesse milhares de mundos
povoados no universo (para o que não se tem até o momento nenhuma pro-
va), seria impossível existir, pelo menos uma vez por ano, um contato com o
nosso planeta, que fica na extremidade de nossa galáxia; quanto mais os milhões
de supostos contatos afirmados por tantas pessoas no mundo; 3) os supostos
seres extraterrenos conseguem respirar normalmente sem o auxílio de qual-
quer equipamento respiratório em nossa atmosfera; 4) não existem duas
naves completamente iguais, o que sugeriria que estes seres usassem estas
naves somente uma vez em seus contatos com a Terra; 5) pilotos militares de
vários países afirmam terem disparado contra algumas naves, mas nunca
conseguiram abater, pelo menos uma, nestes combates.

Como poderíamos explicar o fenômeno da aparição dos chamados


“extraterrestres”?

Apesar da comprovação de a grande maioria dos contatos com extra-


terrestres não passarem de farsa ou confusão acerca da natureza do objeto
visto, não podemos negar que, em alguns casos, tenha havido algum conta-
to real com seres não humanos. A questão seria: são estes seres realmente
físicos vindos de outros planetas ou seriam seres espirituais que habitam
esse mundo ao nosso redor?
Em virtude da velocidade, movimentos repentinos e desaparecimentos
praticamente mágicos das “naves espaciais”, muitos pesquisadores procuram
justificar a natureza desses seres afirmando poder existir estados desconhe-
cidos da matéria que ainda não são explicados pela ciência moderna, o que
explicaria a natureza dos seres extraterrenos (Revista Planeta, setembro de

674
C u rs o A po lo gético

1987, p. 43). A própria Revista Planeta admite no mesmo artigo não haver
nenhuma evidência, realmente científica, da existência de seres extraterre-
nos, e trata a questão como ficção.
A famosa ufóloga brasileira Irene Granchi, em entrevista à mesma revista
esotérica, afirmou já ter tido contato com estes seres por telepatia e afirmou
também que muitos ufólogos já tiveram contato com seres citados nas litera-
turas ocultistas, que podem ser também extraterrestres (Revista Planeta, julho
de 1991, pp. 37, 39, 40). Como encarar tal declaração? Conforme a Bíblia,
os seres demoníacos habitam nossa esfera terrena e celestial, apesar de não
serem seres tangíveis e físicos, e sim espirituais (Jó 1.6, 7; Ef 2.2; 6.12). Isso
explicaria o motivo de esses seres desaparecerem de forma “mágica”, pois os
espíritos não possuem matéria física (Lc 24.39). Estados alterados de consciên-
cia, telepatia, canalização, possessão, projeção astral e psicografia são algumas
das formas usadas por esses seres “extraterrenos” para se comunicarem ou se
relacionarem com os humanos. Tais métodos são os mesmos encontrados em
grupos ocultistas que existem aos milhares em nossa cultura.
Muitos pesquisadores e escritores na área de Ufologia, como Clark e
Coleman, autores de Os Não Identificados (em inglês), e Bryant e Helen
Reeve, que viajaram mais de 36.000 quilômetros entrevistando e vivendo
com pessoas contatadas por ÓVNIs, afirmaram que todas elas atestam que
os métodos usados pelos ETs em sua comunicação são os mesmos dos ocul-
tistas atuais.

Ver resposta à pergunta posterior. 

Quais são as semelhanças existentes entre os fenômenos extra-


terrenos e o ocultismo?

Vários pesquisadores dos fenômenos ÓVNIs afirmam que as mesmas


características encontradas nos contatos com entidades ocultistas (demônios)
são notadas entre os contatados por extraterrestres. Possessão, mediunidade,
psicografia, projeção astral, estado alterado de consciência e telepatia são

675
Em defesa da fé

alguns dos métodos usados por estes seres em seus contatos com os huma-
nos. Além disso, frequentemente, as declarações desses seres acerca das
doutrinas bíblicas são sempre negativas, pondo-as em dúvida ou negando-as.
Entre os ensinos propagados pelos supostos ETs estão:

1. A paternidade universal de Deus (negada em Jo 1.12).


2. Um futuro fantástico com o desenvolvimento da raça humana
(negado em Ap 3.10).
3. A divindade inata do homem (negada em Gn 3.5).
4. Jesus Cristo seria apenas um entre outros muitos líderes galácticos
existentes no universo (negado em Jo 10.7, 8; 14.6).
5. A afirmação de que a Bíblia não contém a verdade (negada em
Jo 10.35).

Estas, portanto, seriam algumas das mensagens dadas pelos “extrater-


restres”. Então, surgem as perguntas: por que esses seres são tão semelhan-
tes aos relatos de demônios conhecidos por nós humanos há séculos? Por
que pessoas em contato constante com esses “alienígenas” por meio de
várias formas ocultistas não conseguem mais contatá-los após sua conversão
e rendição total a Jesus Cristo?

Ver resposta à pergunta anterior.

Não teriam sido as pirâmides do Egito construídas por alienígenas,


visto não existir na época tecnologia suficiente para edificar tais
monumentos?

As pirâmides são obras arquitetônicas conhecidas não só no continente


africano (Egito), mas na Ásia (China) e nas Américas (México). Todas as
evidências produzidas até hoje pela arqueologia indicam a presença humana
nestas construções, chegando os pesquisadores a afirmar que as pirâmides
do Egito (as mais conhecidas) foram edificadas em um período de 30 anos,

676
C u rs o A po lo gético

consumindo o trabalho de cerca de 20.000 escravos e operários. As pedras


usadas para a construção eram retiradas de outras regiões (pedreiras próxi-
mas à capital atual do Egito, Cairo), onde, por meio do trabalho árduo, eram
removidas para o local onde seriam edificadas as pirâmides, com o uso de
troncos de árvores como meio para deslizar os enormes blocos de pedra
usados nas construções. Os egípcios também usavam plataformas inclinadas
ao redor das pirâmides para erguerem os enormes blocos até o local em
que seriam colocados. E até mesmo as enchentes do Nilo serviram para
auxiliar na locomoção de muitos blocos por meio de embarcações.
Apesar das várias teorias existentes sobre as razões pelas quais levaram
os egípcios a construírem as pirâmides no passado, uma bastante aceita
seria a teoria da “correlação de Órion”. Segundo tal teoria, as pirâmides que
formam o complexo de Gizé foram construídas na mesma disposição das
estrelas da constelação de Órion (que, na crença egípcia, era o local da
habitação do deus Osíris), sendo essa a razão dos dutos darem acesso às
câmaras internas das pirâmides (que interligavam os locais onde estavam os
sarcófagos) e apontarem em direção a essa constelação, o local onde supos-
tamente o espírito dos faraós repousaria após a morte.
Talvez nosso grande problema seja considerar as civilizações antigas
como desprovidas de conhecimento suficiente para desenvolverem projetos
magníficos de engenharia e, então, as menosprezamos por não termos co-
nhecimento suficiente de como viviam, atribuindo a eles uma incapacidade
não existente. Os egípcios possuíam grande conhecimento astronômico,
assim como uma grande capacidade matemática e geométrica, sendo as
pirâmides de Gizé uma prova irrefutável disso.

Os extraterrestres ainda não entraram em contato com a humani-


dade de uma forma definitiva porque ela ainda não está prepara-
da para este contato.

Aqueles que advogam essa ideia procuram encontrar nesse argumento


uma prova de que a razão pela qual os ÓVNIs ainda não contataram a raça

677
Em defesa da fé

humana toda de uma única vez seria o nosso “atraso” tecnológico e moral,
o que os impediria de compreender-nos em sua totalidade. Todavia, os
supostos milhares de relatos de contatos com tais seres resultaram em es-
tupros, violência, raptos, ferimentos e morte. Seriam essas as elevadas ca-
racterísticas morais em comparação a que temos visto em nosso planeta?
Se eles estão esperando um contato quando melhorarmos as nossas relações
uns com os outros, por que eles apresentam características tão perversas
quando nos contatam? Seriam estes seres tão hipócritas a ponto de exigirem
uma condição moral para se manifestarem, definitivamente, quando eles
próprios não a possuem?
Estamos no auge do desenvolvimento tecnológico e científico da raça
humana, e seria o tempo ideal para os ÓVNIs definitivamente aparecerem
em massa, pois, com certeza, teríamos hoje mais possibilidade de compreen-
dermos sua natureza do que milhares de anos atrás, quando aparentemen-
te eles seriam mais observados de acordo com muitos pesquisadores, inclu-
sive aqueles que tentam ligar a origem do fenômeno religioso às
manifestações extraterrestres em todo o mundo pré-histórico, ou antigo.
É interessante também a crença de que algumas manifestações de Deus
no AT, como a travessia do mar Vermelho e as colunas de nuvem e fogo
vistas pelos israelitas (Êx 13.20-22; 14.19-21), sejam manifestações de ÓVNIs.
Se os “extraterrestres” só desejassem contatar a raça humana quando esta
tivesse condição suficiente de entendê-los, manifestaram-se em massa em
tempos errados, pois o homem na Antiguidade jamais poderia entender a
natureza desses seres. Queriam iludi-los? Transparecer aquilo que não eram?
Então eram enganadores? Se essa manifestação contemplada pela nação de
Israel era uma manifestação de ÓVNIs, por que não conhecemos na história
moderna nenhuma aparição em massa nesses mesmos moldes? Acreditar
nesse argumento seria o mesmo que declarar que os ETs deixaram provas
físicas em suas aparições para povos “ignorantes”, quando não o fazem para
o homem moderno, por ser atrasado em cultura e tecnologia.

Ver resposta à pergunta posterior.

678
C u rs o A po lo gético

Algumas das manifestações de Deus no Antigo Testamento são


manifestações de ÓVNIs. Podemos ver isto claramente na aparição
de “Seus” para o profeta Ezequiel (Ez 1.15-25). 

Todas as manifestações de Deus no AT são claramente identificáveis


com um ser de caráter elevadíssimo e que demonstra uma grande preo-
cupação com os povos da Terra, o que não ocorre com os “alienígenas”
atuais, que têm, segundo inúmeros registros, matado, roubado, raptado,
estuprado e agido com extrema violência desnecessária. Tais seres teriam
chegado a ponto de enviar em uma de suas aparições o profeta Ezequiel
para pregar à nação de Israel, que se encontrava em extrema rebeldia es-
piritual? E, nessa aparição, podemos notar que o ser visto por Ezequiel se
autodenomina o “Senhor Deus” (Ez 2.4). Teria tal ser que comissionou o
profeta mentido em relação a quem, de fato, era? Por que muitos “extra-
terrestres” supostamente não mentiram quando afirmam ter vindo de outros
mundos, e mentiram naquela ocasião? Se não era Deus quem falava com
Ezequiel, por que o enganaram passando-se por Deus, enviando-o para
realizar uma missão de advertência a Israel (Ez 7.1-5)? Que importância
teria a nação de Israel para os ÓVNIs? Se tais seres eram “extraterrestres”,
por que puniriam a nação de Israel pela sua idolatria se, em tese, os homens
teriam criado seus deuses a partir das aparições de ÓVNIS, quando con-
fundiram deuses com astronautas (Ez 6.7-14)?
Quando o profeta Ezequiel teve a visão da glória de Deus, uma das
características da visão dos seres contemplados nela era baterem suas asas
(Ez 1.23, 24). Essa descrição tem algo a ver com uma nave espacial? Teria
alguém já visto discos voadores com tripulantes alados? Discos voadores
batem asas? Não foi em vão que a Bíblia nos alertou de que nos últimos
dias os homens se entregariam às fábulas para não darem ouvidos às verda-
des de Deus (2Tm 4.3, 4). 

Ver resposta à pergunta anterior.

679
Em defesa da fé

Se existe vida inteligente apenas no planeta Terra, por que Deus


criaria milhões de planetas sem vida em outros lugares do universo? 

O argumento da probabilidade de que quanto mais planetas mais vida


inteligente não pode ser usado como prova cabal de haver vida inteligente
em outros planetas, pois não temos nem prova concreta de existirem milha-
res de planetas em nosso universo, quanto mais milhões (os chamados
exoplanetas eram cerca de 350 até 2013). Se assim o fosse, deveríamos
possuir mais seres racionais sobre o planeta Terra do que temos atualmen-
te (somente uma espécie). Se existem um pouco mais de 1.300.000 formas
de vida (espécies terrestres e marinhas) conhecidas e catalogadas hoje pelos
cientistas em nosso planeta, e 30.000.000 de espécies de seres vivos em
geral (desde as formas mais “simples” às mais complexas), por que somen-
te os seres humanos possuem personalidade (vontade, emoção e intelecto)?
Não poderíamos usar a mesma analogia com relação ao universo e encontrar
uma singularidade projetada?
Talvez a imensidão do universo seja mais um dos chamados “princípios
antrópicos” (princípios fundamentais para a manutenção da vida em nosso
planeta). Um universo que não fosse gigantesco não possibilitaria a vida em
nosso pequeno planeta Terra.
As Escrituras Sagradas não afirmam em lugar algum que Deus tenha
criado o universo para ser completamente povoado, mas para manifestar o
seu poder, glória e sabedoria aos homens (Sl 19.1-6). Além disso, o salmista
Davi declara que a grandeza do universo aponta para a inatingível grandeza de
Deus, demonstrando o quão insignificantes somos em nossa breve existência
terrena. Um universo enorme serve como um meio da pedagogia divina de
nos mostrar como somos ínfimos diante do Deus de toda a criação (Sl 8.1-4).

O descobrimento de um novo planeta semelhante à Terra em 2007


comprovaria a existência de vida extraterrestre?

O planeta GL581c, descoberto em 2007, possui algumas semelhanças


com o nosso planeta Terra, mas ainda é muito cedo para se admitir a

680
C u rs o A po lo gético

possibilidade de se encontrar vida, ou vida inteligente, nele. O “Sol” do


sistema GL581c é uma “estrela anã” com massa equivalente a um terço do
nosso Sol (apenas 2% de intensidade solar), produzindo uma luz provavel-
mente vermelho-escura de baixa visibilidade, e a baixa temperatura do
planeta produz, certamente, reações químicas mais lentas. Não se sabe se
ele possui atmosfera, ou se o tipo de atmosfera seria favorável à manuten-
ção de vida; não sabemos se há água na superfície (o que também não é
sinônimo de vida) ou se existe metano na atmosfera (o que poderia indicar
a possível presença de atividade biológica). Dos cerca de 350 planetas
encontrados pelos pesquisadores até 2013 fora de nosso sistema solar (exo-
planetas), nenhum possui evidência de qualquer tipo de vida. Também
nenhum possui água em estado líquido, que é essencial para a sustentação
da vida como a conhecemos. O cientista Frank Drake criou uma equação
que demonstraria a probabilidade de se encontrar vida inteligente em
outros planetas:

N = R* × fp × ne × fl × fi × fc × L

N = Número de civilizações capazes de se comunicar em nossa galáxia.


R* = Velocidade de formação de uma estrela durante a existência de uma
galáxia.
fp = fração das estrelas que possuem planetas em sua órbita.
ne = Média dos planetas, por estrela, com as condições para garantir o
surgimento e a evolução da vida.
fl = fração desses planetas em que a vida, de fato, irá surgir.
fi = fração desses planetas em que a vida inteligente se desenvolverá.
fc = fração desses planetas em que irão se desenvolver civilizações técnicas,
com potencial para se comunicar.
L = duração dessa civilização.

Diante de tamanha dificuldade matemática, será que poderíamos acre-


ditar que esse novo planeta possui vida inteligente ou, mesmo, que encon-
traremos vida em outros planetas?

681
Em defesa da fé

Fomos colonizados por seres de outros planetas que vieram até


nós e geraram os primeiros seres vivos da Terra, inclusive toda a
raça humana. 

Os ufólogos que advogam essa ideia são os pertencentes à ala esotéri-


ca da ufologia, pois, segundo a ciência, não existe nenhuma prova realmen-
te verificável de que a raça humana, ou mesmo os seres de nosso planeta,
seja clone de seres de outros mundos habitados.
A ufóloga brasileira, de prestígio internacional, Irene Granchi, apesar
de acreditar que fomos colonizados pelos “extraterrestres”, crê que muitas
de nossas espécies vivas têm sido levadas para outros planetas para serem
preservadas (Revista Planeta, julho de 1991, pp. 37, 40). Se tivéssemos sido
colonizados por “extraterrestres”, por que eles estão constantemente, se-
gundo muitos ufólogos esotéricos, raptando e coletando seres de nosso
planeta, que supostamente foram colonizados por eles? Pesquisar, raptar e
levar aquilo que eles próprios desenvolveram para povoar o nosso planeta
seria uma atitude inteligente de supostos seres superiores?

Existe alguma possível relação entre a popularidade da aparição


dos ÓVNIs e o futuro governo do Anticristo?

Não podemos fazer nenhuma relação ou ligação direta entre tais even-
tos. Poderíamos até declarar que o Anticristo conduzirá o mundo a uma
religião global que inclua as características de misticismo encontradas em
supostos contatos extraterrestres, mas não podemos afirmar que o arrebata-
mento será usado como um meio de convencer todo mundo de que, de fato,
os cristãos professos estariam impedindo o desenvolvimento da humanidade
e por isso teriam de ser removidos por seres alienígenas. A Bíblia declara
que Jesus um dia virá sobre as nuvens do céu para buscar os que lhe per-
tencem. Essa doutrina, chamada de “Arrebatamento da Igreja”, é a esperan-
ça de todos os crentes em Cristo Jesus (1Ts 4.16, 17; 1Co 15.51-54). Esse
evento ainda é alvo de grandes debates teológicos sobre a sua real posição

682
C u rs o A po lo gético

dentro da cronologia escatológica, e quais eventos ocorreriam antes, depois


ou mesmo juntamente com ele, e seria, portanto, precipitado de nossa par-
te declararmos que o arrebatamento em particular será explorado pelo An-
ticristo em sua tentativa de iludir o mundo com suas falsas esperanças. Que
o Anticristo será contemplado pelos cristãos, não temos dúvida, pois a Bíblia
é muita explícita sobre isso (2Ts 2.1-5), mas não sabemos de forma clara pela
revelação bíblica todos os seus astutos projetos de engano e como se darão.

* * *

Apesar de os Mórmons acreditarem haver seres habitando mui-


tos outros planetas, o segundo profeta da Igreja Mórmon, Brigham
Young, afirmou existir vida não somente na Lua, mas também
no próprio Sol. Ele declarou: “Quem pode nos contar acerca dos
habitantes deste pequeno planeta que brilha na noite, chamado
Lua? Quando você questiona acerca dos habitantes daquela
esfera, você descobre que os mais doutos são tão ignorantes em considerá-los
como são os seus companheiros. Assim é também com relação aos habitan-
tes do Sol. Você acha que ele é habitado? Eu creio que sim” (Journal of
Discourses, vol. 13, p. 271, 1870). Logicamente, o “profeta” da Igreja Mórmon
nunca imaginou que um dia o homem iria à Lua, e que a sua teoria seria
provada como falsa. 
Joseph Smith foi citado também por Oliver B. Huntington como tendo
essa mesma concepção acerca da vida na Lua: “Aproximadamente todas as
grandes descobertas dos homens na última metade do século têm, de uma
forma ou outra, direta ou indiretamente, contribuído para provar que Joseph
Smith é um profeta. Muito tempo atrás, em 1837, eu sei que ele disse que
a Lua era habitada por homens e mulheres, da mesma forma como os desta
Terra, e que eles tinham uma maior longevidade do que a nossa – Eles vivem
geralmente próximos à idade de 1.000 anos” (Oliver B. Huntington – Young
Woman’s Journal, vol. 3, p. 263, 1892). Oliver B. Huntington não foi uma
das autoridades gerais da Igreja Mórmon, mas se relacionou com todas as
autoridades gerais, inclusive com o próprio “profeta” Mórmon, sendo fiel à

683
Em defesa da fé

doutrina Mórmon até o fim de sua vida. Podemos crer em seu testemunho
como verdadeiro, pois ele, neste artigo, está defendendo a autoridade pro-
fética de Joseph Smith, e não criticando nenhuma de suas doutrinas.

* * *

EGW, profetisa da IASD, declarou que havia vida em


outros planetas, inclusive que em uma de suas viagens
espirituais teria encontrado Enoque em um planeta
semelhante a Saturno, ela disse:

“O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram-


-me dadas asas, e um anjo me acompanhou da cidade a um lugar
fulgurante e glorioso. A relva era de um verde vivo, e os pássaros
gorjeavam ali cânticos suaves. Os habitantes do lugar eram de
todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. Ostentavam a
expressa imagem de Jesus, e seu semblante irradiava santa alegria,
que era uma expressão da liberdade e felicidade do lugar. Pergun-
tei a um deles por que eram muito mais formosos que os da Ter-
ra. A resposta foi: Vivemos em estrita obediência aos mandamentos
de Deus, e não caímos em desobediência, como os habitantes da
Terra... Então fui levada a um mundo que tinha sete luas. Vi ali o
bom e velho Enoque que tinha sido trasladado. Em sua destra
havia uma palma resplendente, e em cada folha estava escrito:
‘Vitória.’... Ele disse: Não é; minha morada é na cidade, e eu vim
visitar este lugar... Ele percorria o lugar como se realmente esti-
vesse em sua casa. Pedi ao meu anjo assistente que me deixasse
ficar ali. Não podia suportar o pensamento de voltar a este mundo
tenebroso” (Vida e Ensinos, pp. 98, 99 [itálico acrescentado]).

No panfleto intitulado, A Word To The “Little Flock”, James White


(Marido de EGW) confirma as supostas viagens espirituais de sua esposa

684
C u rs o A po lo gético

para outros planetas: “Em nossa conferência em Topsham, Maine, em no-


vembro último, Ellen teve uma visão da obra prática de Deus. Ela foi con-
duzida aos planetas Júpiter, Saturno, e eu acho [que] mais um. Após sair
da visão, ela pôde dar uma descrição clara de suas luas etc. É bem conhe-
cido que ela não conhecia nada de astronomia, e não podia responder ne-
nhuma questão sobre os planetas, antes de ela ter a visão” (p. 22).
O planeta Saturno, que no período da suposta visão de EGW tinha
somente sete luas descobertas, foi confirmado como tendo mais onze luas
depois (18 luas ao todo). Além de presenciarmos mais um acréscimo de
EGW à verdade revelada (segundo os ASD, ela não teria acrescentado nada
à revelação bíblica), pois em nenhum lugar em toda a Bíblia se fala de vida
em outros planetas, ainda temos um relato fantasioso do local onde Enoque
foi levado, que, segundo a própria Bíblia, seria o local da habitação de Deus
(Gn 5.24). Dá para acreditar que seres que nunca pecaram estariam sob a
lei de Deus? Como podemos acreditar nesta representação do céu?
Em mais uma de suas visões fantasiosas, EGW apontou, inclusive, o
suposto lugar por onde a Jerusalém celestial descerá do céu, que, segundo
ela, seria a constelação de Órion: “Nuvens negras e densas subiam e cho-
cavam-se entre si. A atmosfera abriu-se e recuou; pudemos então olhar
através do espaço aberto em Órion, donde vinha a voz de Deus. A santa
cidade descerá por aquele espaço aberto” (Primeiros Escritos, p. 41 [itálico
acrescentado]).
Essa, portanto, foi mais uma das “grandes contribuições” dadas por
meio de suas revelações “inspiradas”.

* * *

Que o espiritismo kardecista acredita que existem mui-


tos planetas habitados não é novidade, mas o que nos
deixa perplexos é a descrição que se atrevem a fazer à
luz das supostas revelações espiritualistas. O planeta
Marte, por exemplo, e seus supostos habitantes são des-
critos nos seguintes termos:

685
Em defesa da fé

“Marte é um planeta inferior à Terra, é esboço malfeito do nosso


planeta; não é preciso habitá-lo. É a primeira encarnação dos
demônios mais grosseiros; seus seres são primitivos; têm forma
humana, mas sem beleza alguma e possuem todos os instintos do
homem sem a nobreza da bondade.... a Terra é árida, com pouca
verdura, apenas uma folhagem sombria que a primavera não re-
nova; o dia é sempre igual e cinza... Os animais que sempre re-
fletem o homem são mais selvagens e cruéis do que os que vivem
em outros planetas... o mar furioso serve de separação entre os
continentes e não é possível a navegação” (Tesouros da Revista
Espírita de Allan Kardec, pp. 366-368).

Existe qualquer tipo de vida em Marte? Continentes? Mar que os divida?


Animais? Alguma vegetação? Essa descrição do planeta vermelho é totalmen-
te incoerente à luz da ciência moderna e o que conhecemos na atualidade.
Além disso, ainda descrevem o que seria o planeta Júpiter, afirmando:
“O planeta Júpiter, muitíssimo maior do que a Terra, é diferente. Está
inundado de luz pura e brilhante que ilumina sem ferir a vista. As árvores
e flores, os insetos, os animais, cujo ponto de partida foram os mesmos da
Terra, são mais nobres e perfeitos; a natureza é mais grandiosa e variada, a
temperatura é equilibrada e deliciosa; a harmonia das esferas encanta os
olhos e os ouvidos”(Tesouros da Revista Espírita de Allan Kardec, p. 369).
Poderíamos harmonizar qualquer característica aqui mencionada com
o que conhecemos de Júpiter? Se não, temos mais uma evidência do enga-
no de um sistema que procura demonstrar um grande nível de “racionalis-
mo científico” quando na verdade depõe contra todas as pesquisas astronô-
micas modernas.

Podemos perceber claramente que a ideia de que haviam planetas ha-


bitados em nosso sistema solar era bem própria das perspectivas religio-
sas do século 19. O grande problema é que nenhuma das revelações
conhecidas, vindas dos “profetas” ou mesmo dos “espíritos”, é confir-
mada pela ciência. Não passam de mitos de engano, que foram aceitos
por não haver na época nenhuma forma de verificação desses dados.

686
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ÓVNI

1. Quem foi Carl Sagan e qual a opinião dele sobre a existência


dos ÓVINs?

2. Cite pelo menos três evidências que têm levado os cientistas a


duvidarem da existência real dos ÓVINs.

3. De que forma os contatos com ÓVINs nos lembram de contatos


ocultistas?

4. Cite pelo menos três ensinos dos supostos extraterrestres que


os relacionam com o ocultismo.

5. Qual a razão para os egípcios construírem as pirâmides e por


que não são construções feitas por alienígenas?

6. Por que é inconsistente a declaração de alguns ufólogos de que


os extraterrestres ainda não entraram em contato conosco por
não estarmos preparados para os conhecermos?

7. Por que Ezequiel teria visto Deus, e não um ÓVNI, em sua


manifestação ao profeta?

8. Por que temos um universo tão grande e possivelmente somen-


te o nosso planeta habitado?

9. Quem foi o cientista Frank Drake e qual a sua contribuição


para a suposta questão da possível existência de vida em outros
planetas?

10. Cite duas seitas que acreditam em vida inteligente em outros


planetas.

687
PROVA – ÓVNIs

1. Sobre as chamadas provas da existência de vida inteligente em outros planetas


na atualidade, podemos inferir que:
a) Não existem evidências de vida inteligente em outros planetas.
b) Existem evidências de vida inteligente em outros planetas.
c) Há mais possibilidade de haver vida inteligente que não.
d) N.R.A.

2. A chamada aparição dos ÓVNIs pode ser considerada:


a) Fenômeno atmosférico.
b) Embuste religioso.
c) Fenômeno ocultista.
d) Prova de vida em outros planetas.

3. Por trás da dúvida moderna sobre a origem da construção das pirâmides, há:
a) Desconhecimento sobre a crença religiosa dos povos antigos.
b) Desconhecimento acerca da engenharia dos povos da Antiguidade.
c) Incerteza sobre a matemática desenvolvida por alguns povos da Antiguidade.
d) Incerteza sobre o tipo de material usado nessas grandes construções do passado.

4. Se as aparições mencionadas entre povos antigos fossem consideradas tentativas


de seres extraterrestres de nos contatar, então poderíamos inferir que:
a) Desejariam nos comunicar sua tecnologia.
b) Desejariam nos comunicar suas crenças superiores.
c) Desejariam estudar nossos conceitos psicológicos.
d) Desejariam nos enganar se passando por seres que não são.

5. Um fato que eliminaria a ideia de Ezequiel 1.15-25 tratar de uma manifestação


alienígena é:
a) A grandiosidade da manifestação vista pelo profeta.
b) A singularidade da mensagem à nação de Israel.
c) O cumprimento profético da mensagem.
d) O caráter magnífico da visão.

688
6. O argumento da probabilidade de haver vida inteligente em outros planetas se
demonstra falho quando comparado com:
a) A quantidade de planetas existentes.
b) A singularidade de nosso sistema planetário.
c) A quantidade de sóis existentes no universo.
d) A singularidade de nossa racionalidade em comparação com as várias espécies
existentes em nosso planeta.

7. Um suposto planeta que se assemelharia ao nosso descoberto apenas em 2007


tem por nome:
a) GL581c.
b) Gl580c.
c) Marte.
d) Júpiter.

8. O argumento de que as espécies existentes em nosso planeta são advindas de


outros planetas é questionável por:
a) Não termos relatos de contatos alienígenas comprovados.
b) Não se encaixar com a prática relatada em vários supostos raptos de espécies
de nosso planeta.
c) Exibir uma teoria muito excêntrica.
d) Ser negado por alguns ufólogos.

9. Em suas experiências, a profetiza ASD Ellen G. White teria:


a) Visitado a Lua.
b) Visitado outros supostos planetas habitáveis e se encontrado com Enoque.
c) Visto que no Sol havia habitantes.
d) Visto os detalhes sobre a vida em Marte.

10. O planeta que, segundo o espiritismo kardecista, é descrito como sendo habi-
tado por seres extremamente primitivos, animais cruéis e um mar furioso é:
a) Júpiter.
b) Terra.
c) Vênus.
d) Marte.

689
Em defesa da fé

reencarnaÇÃo

DEFINIÇÃO

Crença oposta à ressurreição de que a alma humana renasce em outro cor-


po humano, em um período posterior de existência. Algumas pessoas creem
que a alma humana pode até renascer em formas de vida inferior, como
animais, plantas e seres inanimados (transmigração), como um meio de
pagar pelos erros cometidos no passado e ser alcançado pela justiça divina.

Os apóstolos de Jesus acreditavam na reencarnação quando o


interrogaram acerca do cego de nascença (Jo 9.1-3)? 

Não. Segundo a crença reencarnacionista, toda doença congênita


(doença adquirida antes do nascimento) é fruto de erros cometidos pela
própria pessoa em uma existência anterior, mas o próprio Jesus Cristo negou
tal ideia por afirmar que a causa da cegueira daquele homem não era algu-
ma atitude pecaminosa cometida por ele ou por seus pais, e sim para que
fosse manifesto nele o poder de Deus (v. 3). Mesmo que os apóstolos acre-
ditassem na reencarnação (o judaísmo antigo não possuía tal crença), Jesus,
de forma alguma, confirmou tal ensino, antes o negou claramente com sua
resposta sobre as causas daquela cegueira.

690
C u rs o A po lo gético

Os apóstolos de Jesus às vezes, possuíam expectativas erradas com


relação a algumas questões (certa vez, ao verem Jesus andando sobre as
águas, pensaram que ele era um “fantasma” [Mt 14.25-27]), pois só estive-
ram totalmente isentos de conceitos errados quando estavam escrevendo
sob inspiração divina (2Pd 1.20, 21).
Os judeus criam, baseados em sua tradição, que alguns pecados come-
tidos pelos pais durante o período de gestação de uma criança poderiam ser
punidos, tanto nos pais como no filho inocente. Essa pode ter sido a razão
do questionamento que possuíam, mas este erro de conceito tradicional já
havia sido refutado nas Escrituras Sagradas séculos antes (Ez 18.19, 20). 

Jó acreditava na crença da reencarnação quando afirmou que nu


tinha vindo do ventre materno e nu retornaria (Jó 1.20, 21).

Jó, ao usar a expressão, “nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei”,


não se refere a voltar ao ventre de sua mãe por meio da reencarnação. Se
pegássemos o texto de uma forma absoluta e o interpretássemos, teríamos
de admitir que, ao morrermos, obrigatoriamente deveríamos retornar sem-
pre para o mesmo ventre de onde saímos, para progredirmos em uma nova
reencarnação, obrigatoriedade jamais defendida pelos próprios reencarna-
cionistas. Jó, nesse texto, usa a expressão “ventre” de uma forma alegórica,
para retratar a terra de onde o homem foi feito, e para onde retornará (Gn
3.19), sendo esse o mesmo significado que Davi aplica em um de seus Sal-
mos (Sl 139.13, 15). Em outras palavras, ele, de uma forma poética, apenas
diz: “do pó vim e a ele retornarei”.

O fato de Deus afirmar que conhecia Jeremias antes do nascimento


é uma evidência de que o profeta teria vivido em uma vida anterior
(Jr 1.5)? 

Certamente, não! O profeta Jeremias está apenas confirmando uma


doutrina explicitamente ensinada em toda a Escritura Sagrada, a onisciência

691
Em defesa da fé

de Deus. Davi expressa, por exemplo, essa doutrina claramente em seu


Salmo 139.1-16. Se prestarmos atenção, o texto de Jeremias 1.5 não afirma
que Jeremias conheceu ao Senhor antes de seu nascimento terrestre, pois
não diz que ele o conhecia, e sim que o Senhor conhecia o profeta. O es-
pírito humano, conforme a Bíblia, é formado dentro do homem, e não
antes em qualquer tipo de forma preexistente (Zc 12.1; 1Co 15.46). Outro
fato que não podemos nos esquecer é de que, se nossos espíritos são gera-
dos em um estado pré-mortal, então temos que admitir que Deus está
criando espíritos pecaminosos e imperfeitos antes de enviá-los à terra, pois
o homem possui uma natureza pecaminosa em toda a sua extensão e natu-
reza, segundo o próprio Senhor Jesus Cristo (Mc 7.18-23). Para que sejamos
coerentes em declarar a existência da alma e a inculpabilidade de Deus com
relação ao pecado humano, temos que acreditar que somos integralmente
gerados por nossos pais humanos, sem nenhuma intervenção sobrenatural
de Deus no momento da concepção (traducionismo).

Quando Jesus declarou que Nicodemos precisava nascer de novo,


estava ele afirmando a necessidade de alguém reencarnar para
alcançar a justiça divina (Jo 3.3)?

A resposta de Jesus acerca do significado do novo nascimento apon-


ta para uma visão completamente espiritual acerca desse tema, e não a
algum tipo de reencarnação para que o homem alcance alguma justiça
divina. Os textos posteriores citados por Jesus apontam para o novo nas-
cimento como um tipo de renovação realizada por Deus, no interior do
homem, sem que este precise nascer de novo, fisicamente, como pressu-
põem os reencarnacionistas (Jo 3.4-8). Em nenhum texto bíblico se ensi-
na a reencarnação.

Para informações complementares acerca deste


assunto, ver o tópico Novo Nascimento:
O que significa, literalmente, “nascer da água e do espírito” (Jo 3.5)?

692
C u rs o A po lo gético

O anjo Gabriel afirmou que João Batista era Elias reencarnado,


pois este nasceria no “espírito e poder” de Elias (Lc 1.16, 17).

O anjo Gabriel não declarou de forma alguma João Batista como a


reencarnação de Elias, o profeta. Segundo a teologia espírita, para que o
homem reencarne, é necessário primeiro que morra, e, segundo a Bíblia,
Elias não morreu, e sim foi arrebatado aos céus (2Rs 2.11, 12). Pode alguém
que não morreu reencarnar? A expressão “no espírito e poder de Elias” não
significa que o mesmo espírito de Elias estava em João, mas, sim, que a
semelhança ministerial entre ambos era muito idêntica. A Bíblia usa uma
expressão semelhante quando afirma que o “espírito” de Elias repousou
sobre Eliseu, mas, como ambos eram contemporâneos, jamais poderiam ser
a reencarnação um do outro (2Rs 2.15). 

Por que Deus permite que alguns inocentes sofram nascendo


doentes? Não seria melhor acreditar que eles nasceram assim para
reparar erros cometidos em uma outra existência passada?

Esse tipo de raciocínio não resolve a questão do mal, pois, quando


algum reencarnacionista afirma que um inocente está sofrendo por nascer
com algum tipo de doença congênita, ele não acredita, de fato, que aquela
pessoa seja inocente, pois admite que, por algo supostamente realizado em
uma vida passada, aquela pessoa agora está sofrendo; e, se sofre, é porque
deve, portanto, não é inocente, segundo os próprios reencarnacionistas. O
reencarnacionismo não resolve a questão da origem do mal, mas simples-
mente o lança para uma vida passada. 
Quando alguém não crê na doutrina da reencarnação, simplesmente
afirma que pessoas sofrem devido ao pecado lançado sobre toda a raça
humana a partir da queda de Adão (Rm 8.19-23), permitindo, assim, pessoas
nascerem também com doenças, e até morrerem de forma prematura.
Cristãos que não acreditam na justiça cármica geralmente são considerados

693
Em defesa da fé

especuladores sem uma resposta melhor diante das supostas explicações


mais “racionais” e “aceitáveis”, de acordo com os reencarnacionistas. Mas,
se todo mal que sobrevêm a alguém é ocasionado por algo por ele cometi-
do em uma suposta vida passada, então teríamos de admitir que os assassi-
nos sejam instrumentos da “justiça divina” e que, de fato, o morto é o
culpado, por estar pagando por algum crime cometido no passado, e não o
assassino. Seria isso admitido por todos os reencarnacionistas, quando eles
mesmos admitem que as pessoas possuam livre-arbítrio? Nesse caso, o as-
sassino teria escolhido realizar tal ato livremente? Se uma fatalidade pode
ocorrer com uma pessoa que foi morta inocentemente, por que uma “fata-
lidade” não pode ocorrer quando uma criança nasce com uma doença
congênita? 

As terapias de “vidas passadas” são provas claras da existência da


lei da reencarnação? 

Não. A terapia de supostas “vidas passadas” é apenas uma forma de


hipnose que supostamente induziria o paciente a encontrar as raízes de
problemas atuais, como fobias, rejeição, ódio etc. A hipnose não é um
método 100% aceito como um meio de se obter respostas verdadeiras
sobre algo ou alguém, pois as imagens vistas pelas pessoas podem ser ape-
nas distorções de imagens captadas pelo subconsciente, que, por meio de
indução, podem vir à tona sem que a pessoa, de fato, as tenha vivido.
Mesmo que durante a sessão de terapia de “vidas passadas” o paciente veja
algumas imagens supostamente relacionadas com a sua vida, ele não pode
comprová-las como fatos vividos por ele, pois milhares de imagens vistas
nessas “terapias” (lugares, pessoas, situações etc.) são fruto de várias in-
fluências obtidas durante a sua vida até o momento e escondidas em seu
subconsciente.
Assim como não somos dogmáticos com relação ao significado dos
sonhos nem tomamos decisões com base nessas imagens vistas enquanto

694
C u rs o A po lo gético

dormimos, da mesma forma não poderíamos confiar na totalidade das ima-


gens produzidas sob hipnose, em uma terapia de “vidas passadas”, porque
o princípio da origem das imagens no subconsciente é o mesmo. 

Comprova a reencarnação o fato de (às vezes) termos impressão


de já termos conhecimento de lugares e pessoas anteriormente
não vistos (déjà-vu)? 

O fenômeno déjà-vu é alvo de pesquisas por parte de muitos estudio-


sos do assunto, os quais o consideram apenas uma recordação de imagens
anteriormente vistas e não recordadas até então (pessoas, lugares etc.), ou
seja, a impressão tida de já havermos presenciado determinadas imagens
anteriormente seria apenas a recordação de imagens semelhantes alojadas
em nosso subconsciente e que, em determinado momento, por estímulo de
uma imagem semelhante, afloram. Outros acreditam que, como podem
ocorrer certos rompimentos rápidos na transmissão das informações cerebrais
enquanto estão sendo processadas, a imagem que pensamos estaria relacio-
nada com uma recordação passada ou seria apenas uma aparente repetição
(não real) de uma mesma imagem vista naquele momento. Existem várias
alternativas para explicar o fenômeno déjà-vu sem que, necessariamente, se
busque uma fundamentação na reencarnação. Inclusive, ninguém admite
que reencarnasse com a mesma aparência obtida na reencarnação passada,
pois isso exigiria um conjunto de fatores biológicos (herdar características
físicas dos pais, por exemplo) que não são necessários à lei do carma, se-
gundo o espiritismo.

Quais doutrinas cristãs são negadas pela crença na reencarnação? 

A doutrina reencarnacionista nega algumas das doutrinas mais impor-


tantes do cristianismo bíblico: 

695
Em defesa da fé

1. Nega Cristo como o único meio de salvação, quando afirma que,


pela reencarnação, o homem pode alcançar a sua própria salvação
(Mc 10.45; At 4.12). 
2. Transfere para o homem a condição de autossalvador, quando a
Bíblia afirma que a salvação é um dom gratuito de Deus e imere-
cido ao homem (Sl 49.7, 8; Ef 2.8, 9). 
3. Nega a lei estabelecida por Deus nas Escrituras com relação à
morte do homem, que, salvo algumas exceções citadas nas Escri-
turas, é sofrida apenas uma vez (Hb 9.27).
4. Nega a doutrina da ressurreição, fundamental ao cristianismo,
apregoando o espírito dos mortos retornando em outro corpo hu-
mano pela reencarnação, e não no mesmo corpo transformado e
ressuscitado (1Co 15.12-19).

A doutrina da reencarnação é a melhor forma de justiça divina.

A doutrina da reencarnação não resolve a questão da aplicação da justi-


ça divina, antes a compromete. Primeiro, porque demonstra o caráter de um
Deus incapaz de perdoar as transgressões cometidas por alguém arrependido,
por isso exige que reencarne para pagar os seus próprios erros. Segundo, se
alguém, por exemplo, estuprasse e matasse uma criança de forma extrema-
mente violenta, teríamos de admitir a criança como a maior culpada de tal
crime, visto que a lei do carma promove até mesmo a nossa forma de morte.
O assassino, nessa situação, deveria ser considerado um instrumento da “jus-
tiça divina”, uma vez que aquela criança estaria cumprindo apenas o seu
carma negativo, por erros de uma suposta vida anterior, e o assassino a “au-
xiliou” nessa missão supostamente divina. Poderíamos crer em tal “justiça”?

Para informações complementares, leia neste tópico:


Por que Deus permite que alguns inocentes sofram nascendo
doentes? Não seria melhor acreditar que eles nasceram assim
para reparar erros cometidos em uma outra existência passada?

696
C u rs o A po lo gético

Por que a teoria da reencarnação é tão popular hoje? 

Numa sociedade materialista, na qual a teoria anticientífica da evolução


é aceita como um fato, seria de esperar que a reencarnação (um tipo de
“evolução da alma” na matéria, e não em outra dimensão espiritual) fosse
também aceita com facilidade. É mais fácil para as pessoas acreditarem que
um dia voltarão para a existência de onde saíram e de onde já possuem uma
experiência de existência do que aceitarem que, ao morrer, partirão para
uma dimensão espiritual sem relação direta com a existência temporal como
conhecemos, onde pagarão por seus delitos cometidos nesta vida (Lc 16.19-
31). Outro fator determinante para a crença na teoria da reencarnação é a
influência das religiões e seitas orientais, que na sua maioria são reencarna-
cionistas, em nossa cultura ocidental mal cristianizada.

* * *

Allan Kardec afirma, no livro O Evangelho Segundo o


Espiritismo, que Lázaro morreu e foi ressuscitado: “[...] a
ressurreição supõe o retorno à vida do corpo que morreu...
A palavra ressurreição poderia, assim, se aplicar a Lázaro”
(Cap. IV, 4). Mas o mesmo Allan Kardec nega essa afir-
mação na Gênese: “Para os homens desse tempo, que julgavam o indivíduo já
morto, desde que não respirasse mais, havia uma ressurreição, e podiam afir-
má-lo de muita boa-fé; mas, na realidade, só tinha havido cura, e não ressur-
reição, no sentido rigoroso da palavra. A ressurreição de Lázaro, digam o que
quiserem, não invalida de forma alguma esse princípio. Ele estava, diziam,
havia quatro dias no sepulcro; mas sabe-se que há letargias que duram oito
dias e mais” (Cap. XV, 39, 40, 1985).
Ao contrário das declarações contraditórias de Kardec, Jesus afirmou,
de forma clara, que Lázaro tinha morrido, e não que estava em estado de
letargia (Jo 11.11-14). Será que o maior homem que já veio sobre esta ter-
ra, de acordo com o próprio O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (Ques-
tão 625), não sabia a diferença entre um corpo em estado de letargia e um

697
Em defesa da fé

morto? Quem falou a verdade sobre essa questão: Jesus ou Kardec? Em


quem devem os espíritas confiar?
Allan Kardec declara, no Evangelho Segundo o Espiritismo, que para
os judeus ressurreição e reencarnação eram o mesmo fenômeno: “A reen-
carnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição”. E
depois, no mesmo artigo, afirma: “Se, pois, segundo sua crença [dos judeus],
João batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, uma vez
que se tinha visto João criança, e se conheciam seu pai e sua mãe. João
podia, pois, ser Elias reencarnado, mas não ressuscitado” (Cap. IV, 4). Se
os judeus acreditavam que ressurreição e reencarnação eram a mesma coi-
sa, por que o próprio Kardec depois afirma que há diferença entre os termos?
O que tem gerado tal confusão no espiritismo?

* * *

A ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciên-


cia de Krishna), conhecida popularmente por movimen-
to Hare Krishna, em seu livreto Pequeno Tratado Sobre
Reencarnação, afirma: “Um tigre quis desfrutar do
sangue de outro animal; portanto, pela graça do Senhor,
a energia material forneceu-lhe o corpo de tigre, com facilidades para des-
frutar do sangue de outro animal” (p. 20). No texto seguinte, lemos outra
declaração: “As leis do Karma estabelecem que, quando alguém mata um
animal para comê-lo, em sua próxima vida aquele que matou também será
morto ou comido” (p. 43). Poderíamos fazer algumas perguntas acerca da
crença na metempsicose (reencarnação em formas de vida não humanas e
inferiores) defendida pelos Hare Krishnas nesse tratado: 1) Se quem rece-
be um corpo de tigre recebe-o pela graça do Senhor para desfrutar do
sangue de outro animal, então poderíamos reconhecer que o próprio Krish-
na é quem estimula os desejos de matar que os animais ferozes possuem?
2) Se for assim, como podem afirmar que quem mata um animal para
comê-lo poderá sofrer a mesma punição em uma reencarnação futura como

698
C u rs o A po lo gético

pagamento por seu ato errado? 3) O deus que estimula o derramamento de


sangue entre os animais é o mesmo que puniria os tais seres por esse ato
de sobrevivência? 4) Onde se vê a justiça divina nesse estímulo e na con-
cordância com o sofrimento de outros seres?
O mesmo livreto afirma ainda: “Mas há também evolução. Do peixe,
o estágio seguinte de evolução é a vida vegetal. Das formas vegetais, a en-
tidade viva pode entrar no corpo de um inseto. Do corpo de um inseto, o
próximo estágio é o da ave, depois, o de quadrúpedes, e finalmente a alma
espiritual pode evoluir até a forma humana de vida” (p. 33). Se a evolução
da alma está relacionada aos nossos atos “cármicos” realizados em nossa
existência, quer sejam positivos ou não, como poderíamos esperar de seres
que não são pessoais (não possuem vontade, emoção e intelecto) uma ati-
tude consciente de seus atos que os conduzam a uma evolução espiritual?
Como poderíamos acreditar que um vegetal é mais “evoluído” do que um
peixe, se biologicamente a vida animal é mais complexa do que a vegetal?

699
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

REENCARNAÇÃO

1. Defina transmigração da alma.

2. Por que os apóstolos perguntaram se o cego de nascença havia


pecado anteriormente?

3. O que significa a expressão de Jó: “Nu saí do ventre de minha


mãe e nu voltarei”?

4. Qual o maior problema em defendermos a preexistência da


alma?

5. O que é o traducionismo?

6. Nascer de novo é retornar ao mundo em outras reencarnações?


Explique.

7. Por que João Batista não era a reencarnação de Elias?

8. Qual o maior problema do reencarnacionismo com relação ao


mal?

9. Cite três doutrinas cristãs negadas pelo reencarnacionismo.

10. Qual o maior problema dos Hare Krishnas com relação à dou-
trina da transmigração da alma?

700
PROVA – REENCARNAÇÃO

1. A dúvida mostrada no texto de João 9.1-3 apresenta:


a) A possibilidade de os discípulos crerem na reencarnação.
b) A crença na transmigração da alma.
c) A crença judaica de pecados compartilhados por filhos durante a concepção.
d) A doutrina do pecado original.

2. A expressão: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei” é:


a) Uma demonstração de reencarnação na Bíblia.
b) Uma expressão de lamento sem cunho doutrinário.
c) Uma forma poética de declarar que veio do pó e a ele tornará.
d) Uma forma poética de declarar desilusão e dor.

3. O preexistencialismo é biblicamente improvável por:


a) Colocar Deus como culpado pelo pecado humano.
b) Colocar no homem e em Deus a culpa pelo pecado.
c) Demonstrar uma visão parcial da experiência de Jeremias, como a de todas as
pessoas.
d) Demonstrar apenas uma alegoria sobre a alma.

4. O “nascer de novo” mencionado por Jesus não pode fazer alusão à reencar-
nação, pois:
a) É sempre apresentado como uma única experiência do salvo.
b) É apresentado como uma renovação espiritual no interior do homem.
c) É mencionado apenas uma única vez nas Escrituras.
d) É uma experiência de renovação espiritual.

5. A expressão bíblica: “No espírito e poder de Elias” apresenta:


a) O poder espiritual dos profetas.
b) A graça de Deus sobre a vida dos seus ungidos.
c) A possibilidade de haver reencarnação.
d) A semelhança ministerial entre profetas.

701
6. O mal vem sobre o “inocente”, porque:
a) De acordo com a Bíblia, todos nascemos culpados.
b) A vida é aleatória em suas decisões.
c) Cada fator de nossa existência, independentemente de quem somos, passa pela
ordenação divina.
d) As leis cármicas podem falhar em algumas circunstâncias.

7. Se acreditarmos que o que ocorre nessa vida possui conexão direta com nossa
existência passada, como afirmam os espíritas, então:
a) A vida é aleatória em seus propósitos punitivos.
b) A vida deveria ser melhor para nós hoje.
c) O assassinato seria uma virtude, pois teria como propósito a “justiça divina”.
d) Estão corretas as respostas a e b.

8. As chamadas terapias de “vidas passadas” podem ser consideradas:


a) Formas de hipnose.
b) Sonhos contidos.
c) Indução religiosa.
d) N.R.A.

9. O fenômeno déjà-vu pode ser explicado como:


a) Um fenômeno genuinamente espiritualista.
b) Prova de possíveis reencarnações múltiplas.
c) A recordação de possíveis imagens retidas em nosso subconsciente que brotam
inesperadamente.
d) Estão corretas as respostas a e b.

10. A popularidade da teoria da reencarnação em nossos dias está ligada:


a) À busca pela fé em uma sociedade pluralista.
b) Ao materialismo de nossa sociedade e à possibilidade de continuarmos a exis-
tência no estágio onde paramos.
c) À fé em uma crença antiquíssima.
d) Ao aumento do conhecimento sobre o espiritualismo.

702
C o mp o rta m e n t o
C u rs o A po lo gético

HoMoSSeXualiSMo

DEFINIÇÃO

Atração sexual por pessoas do mesmo sexo. O homossexualismo é visto na


Bíblia como algo contrário à natureza procriadora estabelecida por Deus
para gerar filhos e estabelecer famílias, assim como uma atitude pecamino-
sa reprovável (Rm 1.26-28).

Algumas pessoas nascem homossexuais.

Em 1991, o Dr. LeVay, um neurologista da Califórnia, afirmou que, a


partir da pesquisa realizada com 41 cadáveres, levando-se em conta o ta-
manho dos neurônios encontrados na região do hipotálamo anterior (NIHA3)
de cada um, o fez acreditar que, como alguns cadáveres de supostos homos-
sexuais possuíam neurônios menores naquela região, isto seria um fator
determinante para a sua homossexualidade inata.
O fato é que as pesquisas realizadas pelo Dr. LeVay destruíram a su-
posta conclusão que alguns disseram ter ele chegado. Existiam entre os
supostos homossexuais alguns com neurônios maiores aos supostos heteros-
sexuais, o que lançou por terra a fantasiosa ideia de os homossexuais terem
neurônios menores na região do hipotálamo, e ser essa a tal prova de sua

705
Em defesa da fé

“homossexualidade inata”. O Dr. LeVay afirmou que, de fato, a imprensa


popular tinha distorcido as suas informações (Homosexuals Brains, Family
Research Report, junho/setembro, 1991). Nenhuma pesquisa científica até
hoje provou que aquela região específica do cérebro seja de alguma forma
responsável por algum fator determinante em nossa sexualidade. Apesar dos
esforços de muitos pesquisadores favoráveis ao movimento homossexual,
até hoje não se conseguiu provar a homossexualidade de um indivíduo re-
lacionada com o seu nascimento.
Estudos como os realizados por Robert Leopold Spitzer, um dos mais
conceituados psicólogos e psiquiatras do século 20, demonstraram que te-
rapias de reorientação são possíveis, e que um grande número de pessoas
que buscavam tais tratamentos estava extremamente insatisfeito com sua
própria vida por considerar o relacionamento com uma pessoa do mesmo
sexo emocionalmente insatisfatório (85% dos homens e 70% das mulheres).
O mais interessante é que o próprio Spitzer foi convencido, após suas pes-
quisas com 200 pessoas (143 homens e 57 mulheres) que haviam participa-
do de terapias de reorientação mediada por instituições de natureza religiosa,
de que, de fato, uma reorientação é possível. Devemos nos lembrar de que
ele foi um dos primeiros proponentes da retirada da homossexualidade da
lista de transtornos ou doenças do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais. E que, mesmo após o término de suas pesquisas,
continuou sendo favorável ao movimento gay.
Apesar de sua neutralidade profissional na pesquisa, ele foi perseguido
por aceitar a possibilidade real de haver reorientação sexual, sendo acusado,
inclusive, de violar o código de Nuremberg, por supostamente gerar sofri-
mento mental (psicológico) a gays e lésbicas com suas declarações (JONES;
YARHOUSE, 2007, p. 92).
Como apenas uma única mudança de comportamento (reorientação)
já seria suficiente para destruir toda a teoria da “hereditariedade no homos-
sexualismo”, sabemos que essa teoria é apenas uma grande farsa.

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Pesquisas biológicas conseguiram provar algum tipo
de relação entre o homossexualismo e a genética?

706
C u rs o A po lo gético

A correta expressão é homossexualidade, e não homossexualismo,


pois todo sufixo “ismo” possui uma conotação preconceituosa de
induzir as pessoas a compreenderem a homossexualidade como
algum tipo de “doença” ou distúrbio psíquico.

A tentativa de desvincular a prática da homossexualidade a qualquer


possível patologia mental, ou comportamental, é relativamente nova, pois a
OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou o homossexualismo da lista
de doenças, ou distúrbios mentais, definitivamente em 1990. A partir daí,
o ativismo homossexual tem revisado e criado novos termos para redefinir,
segundo eles, tal comportamento.
Criar qualquer tipo de debate em torno do uso do sufixo “ismo”, como
pretendem os ativistas gays, mostra-se totalmente infundado gramatical-
mente, e, na verdade, demonstra um grande desespero de tentar colocar a
grande maioria do público que não compreende essas questões contra
aqueles que os chamam de homossexuais, como se o termo fosse uma pro-
va de que tais pessoas são preconceituosas e consideram os gays doentes
mentais ou possuidores de algum distúrbio psíquico. Portanto, o que está
por trás de tais debates é apenas a manipulação das pessoas em prol do
movimento gay. O sufixo “ismo” possui amplo significado em nosso idioma
português (doutrina, escola, teoria [filosófica, política, religiosa], ação, con-
duta, hábito, qualidade característica), não possuindo apenas o sentido de
patologia, como defendem tais ativistas. Os termos esoterismo, budismo,
patriotismo e lirismo fazem referência a alguma patologia em nosso idioma?
As palavras desonestidade, calamidade e crueldade não possuem conotações
negativas em nosso idioma? Isso então demonstraria algum tipo de precon-
ceito para com aqueles que praticam a homossexualidade?

Se o homossexualismo é considerado desnatural, por que existem


espécies animais que o praticam?

O fato de encontrarmos algum tipo de comportamento homossexual


em algumas espécies não é tão abrangente a ponto de estabelecermos um

707
Em defesa da fé

comportamento “comum” entre todas as espécies existentes. Entre todas as


espécies de mamíferos e de aves conhecidas, só encontramos algum tipo de
comportamento homossexual em trinta espécies de mamíferos e setenta
espécies de aves. Do ponto de vista da quantidade de espécies que possuem
tal comportamento, podemos afirmar que o mesmo é extremamente “raro”
entre as espécies animais. A soma de todos os vertebrados que demonstram
qualquer tipo de comportamento homossexual não passa de trezentos, se-
gundo o biólogo canadense e pesquisador na área de comportamento animal,
Bruce Bagemihl (OLIVEIRA, 2013, p. 106). Se fôssemos estabelecer certos
conceitos com relação à vida e ao comportamento humano com base no
comportamento dos animais, estaríamos destruindo muitos princípios eti-
camente corretos e estabelecidos em nossas mentes como justos. Alguns
animais disputam uma parceira por meio da luta até a morte, matam uns
aos outros na tentativa de estabelecerem um novo líder do grupo, praticam
o canibalismo, devoram os filhotes, não vivem em núcleos familiares defi-
nidos e praticam o incesto. Deveríamos classificar todos esses comporta-
mentos como corretos por serem “naturais” entre algumas espécies animais?
Além disso, existem espécies que não toleram o homossexualismo, chegan-
do a agredir os que demonstram esse tipo de comportamento (o veado de
rabo branco, por exemplo). Deveríamos também defender a homofobia
(aversão doentia e psicótica ao homossexualismo) com base nesse tipo de
comportamento animal?
A Bíblia afirma que toda a natureza está degradada, em conflito e
aguardando por sua transformação, sendo restaurada somente no futuro pelo
próprio Deus (Rm 8.19-22). Isto, em parte, é a razão de vários tipos de
comportamentos “desnaturais” entre algumas espécies, que somente no fu-
turo serão restabelecidos de acordo com o plano inicial de Deus (Is 11.6-8).

O homossexualismo é uma questão de opção sexual.

Não podemos encarar o homossexualismo como apenas uma simples


questão de “preferência” ou “opção” sexual. Um grande número de pessoas

708
C u rs o A po lo gético

homossexuais afirma que não o desejaram ser. Se alguém possui um tipo de


comportamento que ela própria afirma que não desejaria ter, podemos
afirmar que isso é opcional (no mínimo, tal prática deveria ser vista como
algum tipo de vício escravizador)? Como vários movimentos pró-homosse-
xualismo afirmam que uma pessoa nasce homossexual, quando defendem
que o homossexualismo é opcional? Você já viu alguém dizer que nasceu
com a pele branca por sua própria opção? Impossível. O grande paradigma
do movimento ativista gay é resolver o enorme problema entre reconhecer
a homossexualidade como algo “opcional” (quando muitos homossexuais
dizem desejar abandonar tal prática e muitas vezes não o conseguem) e
defender que pessoas nascem homossexuais (o que derrubaria a tese do
comportamento opcional). Na verdade, existe uma confusa discussão sobre
o que, de fato, é tal comportamento para a própria comunidade gay.
As Escrituras Sagradas confirmam esse tipo de comportamento como
uma atitude pecaminosa desenfreada (Rm 1.24-29), pois toda a raça huma-
na está sob o domínio do pecado (Rm 7.19-24).

Dez por cento da população mundial é homossexual.

Não existe nenhuma pesquisa científica que comprove que 10% da


população do mundo é homossexual. O que tem havido é uma falsa informa-
ção difundida pelo movimento pró-homossexual para fortalecer a sua causa
(a porcentagem mais plausível é algo entre 1% e 2% da população mundial).
Em 1948, o pesquisador Alfred Kinsey publicou o resultado de seus
estudos. Dos 5.300 homens americanos participantes de sua pesquisa, 10%
tinham tido algum tipo de relacionamento homossexual por pelo menos três
anos. A afirmação foi distorcida e começaram a declarar que um pesquisa-
dor havia “provado” que 10% da população mundial era homossexual.
O pesquisador Alfred Kinsey nunca declarou que 10% da população
mundial fosse homossexual, mas que 10% do grupo pesquisado já tinha tido
algum tipo de relacionamento homossexual em certo período, não durante

709
Em defesa da fé

toda a sua vida. Além do mais, a Dra. Judith Reisman, que escreveu a mais
contundente obra sobre as pesquisas de Alfred Kinsey, conseguiu desa-
creditá-lo, pois demonstrou algo que ele não fez questão de deixar claro
por ocasião de sua pesquisa, a saber: que 25% dos homens pesquisados
por ele eram criminosos sexuais, dos quais muitos estavam presos por
práticas homossexuais (na década de 1940, pessoas poderiam ser presas
nos EUA por conduta homossexual). Além disso, hoje se sabe que Alfred
Kinsey adulterou grande parte de todas as informações de suas pesquisas,
inclusive praticou e incentivou a pedofilia entre a sua equipe de “pesqui-
sadores”, torturando sexualmente muitas crianças (pré-adolescentes). Esse
foi o homem que “revolucionou” o comportamento sexual estadunidense
e ainda é celebrado por muitos ativistas gays como um dos mais impor-
tantes personagens da revolução sexual do século 20 (REISMAN, 2010,
pp. 24-34).

O homossexualismo era uma prática comum na Grécia antiga e


em Roma.

Por que deveríamos escolher apenas a cultura grega como padrão


ideal de sexualidade dentro de nossa sociedade moderna? Deveria o homos-
sexualismo ser praticado pelo simples fato de haver algum nível de “tole-
rância” a tal prática entre os gregos? Os gregos possuíam também um
certo nível de tolerância a práticas como o infanticídio, a pedofilia, a escra-
vidão, o desrespeito pelo que chamamos hoje papel social da mulher etc.
Deveriam também ser esses padrões seguidos por nossa sociedade como
objetivo ideal de moralidade elevada?
Ainda devemos lembrar que, quando mencionamos a questão da
“cultura elevada” de determinada etnia ou grupo social, existem níveis de
cultura. Uma sociedade pode ser avançada em sua cultura artística e inte-
lectual, e não ser em sua cultura moral e política, como aponta Julien
Benda, em seu excelente livro A Traição dos Intelectuais. Ele declara:

710
C u rs o A po lo gético

“Há duas espécies de civilização muito distintas: de um lado, a


civilização artística e intelectual (esses dois atributos nem sempre
estão conjugados); de outro, a civilização moral e política. A pri-
meira se traduz por uma floração de obras de arte e de obras do
espírito; a segunda, por uma legislação que estabelece relações
morais entre os homens. A primeira, sobretudo enquanto artísti-
ca, teria como símbolo histórico a Itália; a segunda, o mundo
anglo-saxão... a Itália do Renascimento parece não ter conhecido
nenhuma moralidade e, enquanto Michelangelo modelava suas
obras-primas, César Borgia perfurava com flechas um homem
atado a uma árvore para divertir as damas de sua corte” (p. 59).

Portanto, não podemos, apesar do reconhecimento da imensa contri-


buição intelectual dos gregos, achar que eles seriam referência de compor-
tamento moral como o foram no aspecto intelectual.
Essa afirmação de que a sociedade grega e também a romana eram
completamente tolerantes e acolhiam a prática homossexual como se acolhe
naturalmente a heterossexualidade em nossa cultura é um grande mito usa-
do por vários intelectuais gays ou defensores do mito da “plena liberdade
sexual” para produzir a falsa impressão de que tal rejeição só surgiu a partir
da influência da moralidade judaico-cristã no ocidente cristianizado. Ou seja,
o grande culpado da rejeição da homossexualidade como vivida em socieda-
des avançadas intelectualmente foi o cristianismo, que impôs sua rígida
moralidade religiosa negando todo tipo de moralidade que não fosse a sua.
O professor de obras clássicas da universidade do Texas e pesquisador
de todas as mais relevantes obras primárias que mencionam a homossexua-
lidade a partir de textos gregos e romanos (a pesquisa abrange todas as obras
desde o 7º século a.C. até o 4º século d.C.), Thomas K. Hubbard, desfaz
esse mito, ao declarar:

“O comportamento sexual na Grécia e Roma era irredutível a


qualquer paradigma único, julgamentos morais acerca dos vários

711
Em defesa da fé

tipos de relação entre pessoas do mesmo sexo não eram uniformes.


A noção muito difundida de que uma ‘aceitação geral’ da homosse-
xualidade era prevalecente é um excesso de simplificação de uma
complexa mistura de pontos de vista acerca da extensão de dife-
rentes práticas, como é um dogma a declaração de que um deta-
lhado regime de protocolos e convenções distinguiam o compor-
tamento homossexual ‘aceitável’ do ‘não aceitável’. Havia de fato
não mais consenso acerca da homossexualidade na antiga Grécia
e Roma do que há atualmente. Nestas culturas de discursos pro-
fundamente orientados, como em nossa própria, dissidência sexual
era um ponto de inflamação de disputas ideológicas... Embora
não haja dúvida de que injúrias de formas cômicas mantinham
[como tema] em sua maior parte desprezo aos efeminados e/ou
aos parceiros sexuais passivos, adultos efeminados eram apenas
vistos como a manifestação de uma instituição (pederastia) que,
até quando praticado de um modo ‘normativo’, feminilizava, pros-
tituía e corrompia adolescentes que eram um dia destinados a
tornar-se os líderes da cidade... Portanto, ativos jovens amantes
eram em si mesmo alvo de sátira tão [frequentemente] como um
homem que possui um papel passivo [numa relação homossexual]...
Até o envolvimento pederástico, se ativo ou passivo, que não
envolvia prostituição prejudicaria um julgamento contra um opo-
nente, e [estes comportamentos] eram trazidos à tona até quando
eram irrelevantes ao caso.
Até mesmo nos círculos de elite intelectual havia muitos gregos
que possuíam dúvidas acerca de qualquer forma de pederastia
física consumada. Xenofontes, em sua Memorabilia, apresenta um
Sócrates que adverte seus jovens seguidores contra envolvimentos
homossexuais; e a obra de Xenofontes, Symposium, parece colocar
um alto valor sobre a heterossexualidade no final [da obra]... Até
em Phaedrus, discurso de Lísias e no primeiro discurso de Sócra-
tes, há sérias e específicas reflexões sobre o dano que o tipo [de

712
C u rs o A po lo gético

comportamento] errado de pederastia poderia trazer sobre um


jovem, sugerindo que o conceito de amor platônico foi desenvol-
vido como resposta à censura [a tal ato] muito difundida... Cen-
sura às relações sexuais com pessoas do mesmo sexo na cultura
romana era motivada por questões diferentes [das encontradas na
Grécia]: considerações de classes exerciam pouco de um papel
[social], e a inadequação da relação sexual passiva para um roma-
no, mesmo em sua juventude, é o tema central de muitos textos.
Alguns textos vão mais à frente e condenam formas ativas de
pederastia, mesmo quando praticada de forma com um com es-
cravo ou estrangeiro... A oratória romana, em contrapartida com
os gregos, se expressa a uma audiência que é geralmente hostil a
toda forma de homossexualidade, tanto ativa quanto passiva. Ape-
sar das expressões libertárias de alguns antigos estoicos, a filosofia
estoica dos romanos era profundamente negativa acerca de qual-
quer forma de sexo que pudesse ser considerada “contra a natu-
reza”, a objeção filosófica estoica [a homossexualidade] vai até as
fontes do período grego... Autores masculinos, desde o período
helenístico passando por [todo] o período romano, na imensa
maioria das vezes, possuem uma extrema hostilidade para com o
homoerotismo feminino, vendo-o como a pior perversão da ordem
natural. A estória de Ovídio sobre Iphis e Ianthes trata de forma
favorável a atração entre garotas, mas nega a possibilidade de um
verdadeiro relacionamento lesbiano por transformar uma das
garotas num garoto no final” (HUBBARD, 2003, pp. 7-10, 17).

Ainda encontramos em As Leis de Platão a sugestão de uma lei que


proibia a prática da homossexualidade nos seguintes termos:

“Como disse, tenho um método para o estabelecimento desta


lei, e a lei prescreverá que homens usem a relação sexual para
procriação, como na natureza; que eles se abstenham de [rela-
cionar-se sexualmente com] homens, se eles estão para evitar

713
Em defesa da fé

intencionalmente o assassinato da raça humana semeando a se-


mente deles, como se fosse em rochas e pedras, onde a semente
fértil humana nunca enraizará” (Ibid., p. 256).

Portanto, à luz das fontes primárias greco-romanas, os fatos são con-


trários às afirmações dos defensores da homossexualidade como uma
prática aceitável nestas influentes culturas antigas.
Outro aspecto cronológico do desenvolvimento da prática da homos-
sexualidade na Grécia e Roma antiga é que tal prática durante muito tem-
po se encontrava restrita a questões de luta entre classes sociais, portanto
ideológicas. O que comprova essa afirmação é que, no período de ascensão
da democracia grega, percebe-se uma diminuição do comportamento ho-
mossexual (Ibid., p. 15). A crítica a tal prática entre os escritores greco-ro-
manos demonstra que em nenhum período da história desses povos houve
uma normatização e aceitação do comportamento homossexual no mesmo
nível da aceitação que encontramos entre casais heterossexuais. O compor-
tamento homossexual sempre foi considerado “estranho” às relações básicas
de conduta sexual entre essas sociedades antigas, que nos legaram também
parte de nossa cultura intelectual.
O que alguns defensores da tese da aceitação geral da homossexuali-
dade como uma prática comum e normalmente aceitável entre os povos
pré-cristãos precisariam demonstrar é que não apenas existiram casos de
homossexualidade entre povos antigos, mas que tal prática era tão comum
e aceitável, como é em TODOS os povos conhecidos a heterossexualidade
(pois, sem sua existência, não existiriam nem mesmo povos), e esse fato
nunca foi demonstrado.
Além disso, se os gregos tiveram grande influência na formação cultu-
ral do mundo ocidental, devemos nos lembrar de que o segundo pilar
dessa mesma formação social foi o pensamento judaico-cristão, que enfati-
camente é contrário a tal comportamento sexual (Lv 18.22; 20.13; Rm 1.26,
27). Por que a sociedade grega deveria ser o padrão comportamental a ser
seguido pelas sociedades modernas do século 21, e não a judaico-cristã?

714
C u rs o A po lo gético

É possível alguém abandonar a prática do homossexualismo?

Não se pode afirmar que um homossexual não possa mudar o seu


comportamento para a heterossexualidade. Um Instituto que fez uma pes-
quisa sobre a orientação sexual nos Estados Unidos (Instituto Kinsey), em
1970, afirmou que 84% dos homossexuais estudados na pesquisa tinham
mudado a sua orientação sexual pelo menos uma vez, 32% registraram duas
trocas e 13% afirmaram mudança de comportamento sexual (Psychoanaly-
tic theory, male and female homosexuality: psychological approach [Teoria
psicanalítica, homossexualismo masculino e feminino: abordagem psicológi-
ca], 1987, pp. 84-86).
Uma obra publicada em 2007 (Ex-gay? – A Longitudinal Study of
Religiously Mediated Change in Sexual Orientation) aponta dados muito
promissores acerca da possibilidade de mudanças substanciais de compor-
tamento sexual de homossexuais que fizeram parte do tratamento proposto
pelos psicoterapeutas (terapia de reorientação), derrubando o mito de que
tratamentos de cunho religioso não auxiliam na mudança de orientação
sexual, e que podem ser, inclusive, prejudiciais psicologicamente. A pesqui-
sa de Stanton L. Jones e Mark A. Yarhouse demonstra que tais métodos
terapêuticos são possíveis, bem-sucedidos e não trazem sequelas psicológi-
cas aos homossexuais. Os dados são promissores: 38% abandonaram a prá-
tica da homossexualidade (esse número inclui tanto os que se consideram
totalmente reorientados [15%] como os que possuem ainda algum tipo de
pensamento eventual sobre homossexualidade, o que não os têm levado à
prática [23%]); 29% desejaram continuar com o tratamento por perceberem
uma diminuição na atração homossexual; 15% não experimentaram qualquer
mudança comportamental, mas não desistiram do tratamento; 4% pararam
o tratamento, mas não se reconhecem como possuidores de uma “identida-
de gay”; e apenas 8% voltaram à prática homossexual, assumindo uma
“identidade gay” (p. 369).
O grande problema com relação à possibilidade de haver ou não “te-
rapias de reorientação” repousa sobre a filosofia prevalecente do “essencia-

715
Em defesa da fé

lismo” entre os psicólogos, que afirma que pessoas são homossexuais, assim
como existem heterossexuais, não sendo, portanto, a sua condição uma
questão de estado, mas de natureza (o indivíduo não está gay, mas é gay).
A rejeição a qualquer tipo de terapia psicológica com homossexuais repou-
sa apenas sobre uma filosofia seguida por grande parte dos psicólogos mo-
dernos, e não sobre dados empíricos (experimentais) que deveriam preva-
lecer quando se procura estabelecer algum tipo de parâmetro para qualquer
tipo de teoria comportamental.
A seriedade da pesquisa de Jones e Yarhouse é demonstrada ao men-
cionarem a dificuldade do abandono da prática homossexual nos seguintes
termos: “Não há indicação que tal mudança seja fácil (de fato, há numero-
sas indicações de que o processo de mudança é consideravelmente desafia-
dor), ou que uma alta porcentagem de indivíduos consiga a mudança.
Também não há indicação de que a mudança ou modificação da orientação
sexual é possível para todos os que buscam tal mudança. Mas também não
existe nenhuma evidência empírica [experimental] positiva de qualquer
natureza de que a mudança é impossível” (p. 94). Portanto, não se tenta
banalizar a grande luta enfrentada por aqueles que desejam vencer a ho-
mossexualidade. Porém, a Bíblia também é enfática ao afirmar de forma
clara ser esse tipo de mudança possível, pois a igreja de Corinto possuía
também ex-gays (1Co 6.9-11).

Ver resposta à pergunta deste tópico:


Algumas pessoas nascem homossexuais.

As chamadas “terapias de reorientação”, que visam auxiliar aqueles


que desejam abandonar a homossexualidade, são prejudiciais à
saúde mental?

As conclusões sobre possíveis prejuízos ou desajustes emocionais pro-


duzidos pela terapia de reorientação em pacientes apresentada no trabalho

716
C u rs o A po lo gético

de Stanton L. Jones e Mark A. Yarhouse foram produzidas a partir de rigo-


rosos testes definidos a partir de uma escala de noventa itens universalmen-
te aceita e desenvolvida para medir sintomas de desajuste emocionais de
acordo com a psicologia (SCL 90-R). A conclusão final foi de que a terapia
aplicada pelos dois pesquisadores não gerou nenhum prejuízo emocional
aos pacientes, e eles finalmente concluem a pesquisa declarando: “As con-
clusões apresentadas nesse capítulo representam evidências significantes em
apoio à rejeição da hipótese de que o processo de mudança gere [algum]
prejuízo [emocional]” (JONES; YARHOUSE, 2007, p. 363).
A Associação Americana de Psicologia rejeita qualquer tipo de terapia
de reorientação, afirmando que são prejudiciais aos pacientes por basear
sua determinação em uma filosofia, o essencialismo, que declara que a
chamada “orientação sexual” faz parte naturalmente da identidade psíquica
do indivíduo e que qualquer tentativa de modificá-la poderia desajustá-lo
psiquicamente. Portanto, uma filosofia é que define os parâmetros a serem
seguidos pela associação, e não as pesquisas psicológicas com forte emba-
samento na experimentação, que deve ser a base de toda pesquisa realmen-
te científica.

Pesquisas biológicas conseguiram provar algum tipo de relação


entre o homossexualismo e a genética?

George Ebers, da Universidade Western, Ontário, estudou 52 pares


de irmãos homossexuais, e não conseguiu achar nenhum tipo de vínculo
existente entre o homossexualismo e o cromossomo X ou outro. Além disso,
o mesmo pesquisador fez um trabalho com quatrocentas famílias com um
ou mais homossexuais, mas não descobriu nenhum vínculo entre o homos-
sexualismo e alguma questão genética (Scientific American, novembro de
1995, p. 26).
O livro Nascido Gay?, do geneticista John S. H. Tay, demonstra uma
lista das pesquisas realizadas entre 1991 e 2009 na tentativa de analisar quais

717
Em defesa da fé

possíveis fatores genéticos ou ambientais seriam responsáveis ou influencia-


riam o comportamento homossexual, e tais pesquisas, apesar do seu rigor
científico e sua publicação nos melhores jornais e periódicos sobre o tema,
apontam para o fato de que fatores genéticos não são suficientes para ex-
plicar a homossexualidade. Até o presente momento, a teoria da homosse-
xualidade como tendo uma origem genética tem sido mais um mito do que
uma verdade científica.
A cientista brasileira, com mestrado em química analítica e doutorado
em física aplicada e biologia molecular, Claudia A. Alves, declarou em en-
trevista à revista Defesa da Fé: “Até o momento não há nada que ampare o
comportamento homossexual sob o prisma da biologia e da genética” (maio
de 2004, p. 11).

Ver resposta à primeira afirmação deste tópico:


Algumas pessoas nascem homossexuais.

Todas as pessoas contrárias ao homossexualismo são homofóbicas.

As chamadas “fobias” não são caracterizadas por um simples ato de


reprovação à determinada conduta. Reprovar o comportamento de um
usuário de drogas não faz daquele que reprova tal ato um portador de al-
guma fobia. Segundo o dicionário Aurélio, “fobia” é um medo mórbido, uma
aversão. Se todas as pessoas contrárias ao homossexualismo fossem “homo-
fóbicas”, elas deveriam se comportar diante de um homossexual dentro das
características definidas por fobia, mas isso não ocorre. Devemos, sem
dúvida, respeitar todas as pessoas, não por serem ou não homossexuais, mas
porque Jesus nos ensinou a amar ao nosso próximo como a nós mesmos (Mt
22.39), todavia esse amor demonstrado não implica concordar com todos os
atos de quem amamos, pois nem o próprio Jesus Cristo, o nosso padrão de
conduta e modelo, deixou de reprovar de forma dura os atos de muitos (Mt
23.13-36).

718
C u rs o A po lo gético

Toda “fobia” é reconhecida como algum tipo de transtorno ou distúr-


bio psicológico que necessita de tratamento médico especializado para
que haja um auxílio na conversão do comportamento do paciente, geran-
do superação da fobia e a cura de tal transtorno. Por que muitos homos-
sexuais acusam os críticos do estilo e comportamento gay de “doentes”
(homofobia, como todo tipo de fobia, é um transtorno psicológico), quan-
do eles mesmos não admitem que a homossexualidade seja algum tipo de
transtorno comportamental? Podemos perceber a grande farsa estabele-
cida em nossa sociedade com relação a essa questão quando tentam calar
os críticos rotulando-os de “doentes”, mas não aceitando o mesmo rótulo
que dão. Os críticos do comportamento gay geralmente são os mesmos
de outros comportamentos sexuais, como adultério, pedofilia, zoofilia,
estupro etc. O que faria da homossexualidade um comportamento tão
intocável se TODOS os outros comportamentos sexuais são criticados, sem
nenhuma objeção?
O movimento pró-homossexualidade tem feito aplicação distorcida e
errônea da terminologia “homofobia”, simplesmente para intimidar os que
não concordam com a prática homossexual e iludir o público em geral que
frequentemente não está familiarizado com o significado de tais terminolo-
gias, passando a falsa ideia de que tais pessoas são preconceituosas, possuem
uma mente doentia e odeiam todos os gays.

A Bíblia, de fato, condena o homossexualismo, ou é apenas uma


questão de interpretação errada de pessoas extremamente con-
servadoras?

As pessoas, independentemente de sua conduta sexual, devem ser


respeitadas como indivíduos, e não podem, de forma alguma, sofrer nenhum
tipo de ódio. Mas a questão do homossexualismo, quando encarada de um
ponto de vista bíblico, independentemente de interpretações “conserva-
doras” (como dizem alguns), nos conduz a alguns fatos relevantes nessa

719
Em defesa da fé

discussão. A Bíblia condena a prática homossexual por alguns motivos cla-


ramente declarados:

1. Atenta contra o padrão criado por Deus para a geração de filhos


que só podem vir à existência por meio de uma união heterossexual
(Gn 1.27, 28; 2.18, 23, 24).
2. Deus chegou a destruir as cidades de Sodoma e Gomorra por
práticas excessivamente pecaminosas, entre as quais o homossexua-
lismo (Gn 19.4-9).
3. Todas as vezes que a Bíblia menciona o homossexualismo sempre
traz uma nota de reprovação sobre tal prática, chamando-a, às
vezes, de “abominação” (Lv 18.22; 20.13).
4. O apóstolo Paulo declara que o homossexualismo é algo contrário
à natureza, e fruto do distanciamento dos homens de Deus (Rm
1.26, 27).

Se a homossexualidade é algo tão pecaminoso, por que Jesus não


a condenou?

O fato de Jesus não ter mencionado nenhuma condenação a deter-


minado comportamento não deve ser encarado como sinônimo de apro-
vação, ou teríamos de admitir argumentos baseados no silêncio (se alguém
não criticou tal assunto é porque não tem importância ou é aceitável).
Jesus não mencionou muitas outras questões, como pedofilia, estupro,
zoofilia, sequestro, falsificação etc. Isso nos daria então o direito de pra-
ticarmos tais atos e recebermos aprovação divina? Jesus não mencionou a
homossexualidade por ser esta prática claramente condenada na lei de
Moisés que ele próprio veio cumprir (Mt 5.17). A punição para homosse-
xuais sob o pacto da lei mosaica era a morte (Lv 20.13), e todo judeu já
conhecia tal pena, pois estavam extremamente familiarizados com as or-
denanças da lei.

720
C u rs o A po lo gético

Não devemos nos esquecer também da declaração do próprio Jesus de


que o “consolador” enviado por Ele, o Espírito Santo, teria também a fun-
ção de ensinar coisas que o próprio Jesus ainda não teria mencionado aos
seus discípulos (Jo 16.12-15), ampliando assim o conjunto de informações
doutrinárias e espirituais que seriam cridas e defendidas pela Igreja com o
passar dos anos. A própria Escritura declara ter sido produzida por homens,
mas que estes estavam sob a orientação (inspiração) divina (2Pe 1.20, 21).
Temos, portanto, de admitir que qualquer texto, mesmo aqueles que não
fazem parte dos Evangelhos, são fundamentais para a crença cristã, pois
várias doutrinas cristãs não estão baseadas nos Evangelhos, e sim nas Epís-
tolas, que também são inspiradas por Deus e condenam a homossexualida-
de como um ato de pecado contrário à natureza procriadora criada por Ele
(Rm 1.26, 27).

Tenho um relacionamento homossexual monogâmico. Isso é errado?

Nenhum texto bíblico condena o comportamento homossexual basea-


do ou não em sua fidelidade a um único parceiro, ou mesmo em um rela-
cionamento que envolva vários. Todas as proibições estão baseadas no ato
homossexual em si, independentemente de qualquer outra atitude agravan-
te (infidelidade ao parceiro, por exemplo). Se alguém possui um relaciona-
mento homossexual e ainda é infiel ao seu(sua) parceiro(a), peca duas vezes:
uma por agir de forma reprovada por Deus em seu comportamento sexual,
outra por enganar ao seu próximo (Rm 12.9, 10).

O pecado de Sodoma e Gomorra era a falta de hospitalidade, e


não a homossexualidade.

De fato, o pecado apresentado pelos sodomitas não foi somente de


cunho sexual. Lemos no profeta Ezequiel que os sodomitas, de fato, eram

721
Em defesa da fé

maus com relação aos menos favorecidos, demonstrando um completo


desprezo pelos pobres (Ez 16.49, 50). Mas, apesar de encontrarmos tais
declarações sobre os sodomitas, não podemos afirmar que o seu único
pecado era a injustiça social, pois alguns textos bíblicos relacionam os
sodomitas à imoralidade sexual, usando para identificar tal pecado à ex-
pressão grega ekporneuó, que significa flagrante, ou grosseira imoralidade
sexual, e é usada em Judas para se referir à razão da punição dos sodomi-
tas (Jd 7).

O tipo de homossexualidade condenada como “abominação” em


Levítico era a prática da homossexualidade cultual (Lv 20.13), ou
idolátrica, pois a palavra hebraica toevah (abominação) tem sempre
essa conotação.

Qualquer verificação mais cautelosa do texto completo de Levítico 20


nos conduzirá à percepção de que a condenação de tais atos ali listados
não está relacionada obrigatoriamente a nenhuma prática idolátrica pagã.
Se crermos que a pecaminosidade dos atos ali relatados depende da ido-
latria para que sejam abomináveis diante de Deus, então teríamos que
admitir que transgressões, como amaldiçoar os pais, cometer adultério,
praticar zoofilia e o abuso sexual, podem ser cometidas, desde que não
envolvam idolatria.
A palavra hebraica toevah, em várias de suas 117 ocorrências em toda
a Bíblia e em seus múltiplos contextos, é usada para fazer referência a cer-
tas práticas repugnantes onde não estão envolvidos necessariamente atos de
idolatria (Gn 43.32; Dt 14.3; Pv 28.9; Is 1.13). Inclusive, o texto de Provér-
bios 6.16 alista vários pecados como abominação (toevah), sem que se faça
qualquer referência à idolatria (orgulho, mentira, assassinato, inclinação para
perversidade, falso testemunho), demonstrando não haver tal relação entre
os termos.

722
C u rs o A po lo gético

Se Paulo condenava a homossexualidade, por que fez uso do termo


arsenokoite, cunhado por ele, e não os termos gregos conhecidos
para se referir à homossexualidade?

Paulo não somente cunhou arsenokoite, mas 178 novos termos no NT.
Dizer que simplesmente uma expressão usada por ele não é aquilo que se
compreende claramente no texto pelo fato de ele usar um neologismo é
completamente infundado, pois teríamos de anular qualquer nova palavra,
por exemplo, criada em nosso idioma para se referir a qualquer prática
conhecida por nós atualmente, seguindo o mesmo raciocínio de forma
abrangente. Além disso, os neologismos paulinos não foram cunhados alea-
toriamente. Por exemplo, ele faz uso da LXX (Septuaginta) como fonte para
cunhar esse novo termo com base tanto em Levítico 18.22 como em Leví-
tico 20.13, onde aparece a expressão arsenos koiten para se referir à homos-
sexualidade, a junção das palavras arsane (masculino) e koite (cama, leito
[conotação sexual] – Hb 13.4). As palavras juntas significam “homens na
cama” em conotação sexual, não possuindo em sua raiz referência nenhuma
mesmo à ideia, por exemplo, de prostituição masculina. Se Paulo estivesse
mencionando a prostituição masculina, teria usado o termo grego pórnos
(prostituto), e não arsenokoite.

723
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

HOMOSSEXUALISMO

1. O que a pesquisa do Dr. LeVay indica acerca do homossexua-


lismo e como refutá-la?

2. Quem foi Robert Leopold Spitzer e quais foram suas contribui-


ções sobre a questão das terapias com homossexuais?

3. A expressão “homossexualismo” indica algum tipo de precon-


ceito ao nos referirmos ao comportamento gay? Explique.

4. O que o comportamento animal não nos indica com relação à


homossexualidade?

5. Existe consenso acerca da questão da origem do homossexua-


lismo (opcional ou genético) entre os próprios ativistas gays?
Explique.

6. Alfred Kinsey declarou que 10% da população mundial era gay?


Explique.

7. Explique o que significa homofobia e por que esse termo tem


sido usado por ativistas gays de forma deturpada.

8. O que a expressão grega ekporneuó nos indica com relação aos


sodomitas?

9. A palavra hebraica toevah indica apenas abominação idolátrica?


Explique.

10. Qual a origem da expressão grega arsenokoite, usada por Paulo


para descrever a homossexualidade?

724
PROVA – HOMOSSEXUALISMO

1. Ambas as pesquisas do Dr. LeVay e de Robert Leopold Spitzer indicam que a


homossexualidade:
a) Não é genética e que é possível a reorientação.
b) Não é genética, mas a reorientação é impossível.
c) É genética e a orientação é irreversível.
d) É genética e psicologicamente aceitável.

2. Com relação à prática da “homossexualidade” entre algumas espécies animais,


podemos afirmar que:
a) É muito comum entre todas as espécies animais.
b) É comum somente entre algumas espécies de aves.
c) É extremamente rara entre as espécies animais.
d) Ocorre apenas entre alguns tipos de répteis e peixes.

3. Sobre a questão do homossexualismo como “opção” sexual, deduz-se que:


a) Se é opcional, não existiriam homossexuais que desejam abandonar o compor-
tamento gay.
b) Se é opcional, é uma questão de escolha de cada indivíduo ser ou não gay.
c) Se é opcional, cada indivíduo gay deve continuar na prática do homossexualismo.
d) N.R.A.

4. As pesquisas da Dra. Judith Reisman provaram que:


a) As pesquisas de Alfred Kinsey são verdadeiras.
b) As pesquisas de Alfred Kinsey foram completamente adulteradas e manipuladas.
c) Alfred Kinsey não produziu nenhuma pesquisa.
d) Alfred Kinsey era homossexual, por isso defendia a causa gay.

5. Segundo o professor de obras clássicas da universidade do Texas, Thomas


Hubbard:
a) O homossexualismo era praticamente inexistente na Grécia Antiga e em Roma.
b) Somente na Grécia o homossexualismo era extremamente tolerado.
c) Roma copiou a prática da homossexualidade dos gregos.
d) As sociedades greco-romanas criticavam a prática da homossexualidade como
fazemos na atualidade.

725
6. As pesquisas de Stanton L. Jones e Mark A. Yarhouse indicaram que:
a) As chamadas terapias de reorientação não produzem resultados satisfatórios.
b) As chamadas terapias de reorientação não existem.
c) As chamadas terapias de reorientação são promissoras.
d) As chamadas terapias de reorientação só são eficazes em 10% dos casos.

7. A rejeição às chamadas terapias de reorientação repousa sobre uma filosofia


conhecida como:
a) Essencialismo.
b) Existencialismo.
c) Racionalismo.
d) Psiquismo.

8. Todas as pesquisas realizadas entre 1991 e 2009 sobre fatores genéticos na


homossexualidade indicam que:
a) Os fatores genéticos explicam completamente a homossexualidade.
b) Os fatores genéticos, juntamente com os fatores culturais, explicam a homosse-
xualidade.
c) Os fatores genéticos sozinhos são insuficientes para explicar a homossexualidade.
d) Alguns cérebros humanos possuem predisposição para a homossexualidade.

9. O fato de Jesus nunca ter mencionado a homossexualidade demonstra:


a) Que não havia essa necessidade, pois a lei já condenava tal comportamento e
Cristo veio cumprir a lei.
b) Que ele ignorou esse assunto como algo irrelevante.
c) Que ele desconhecia esse assunto.
d) Que olhou os homossexuais de forma extremamente tolerante como deveríamos
olhar.

10. As Escrituras veterotestamentárias usam a expressão toevah com relação à ho-


mossexualidade para descrever:
a) Um ato de falha moral.
b) Uma atitude abominável perante os olhos do Criador.
c) Uma atitude inocente que isenta o culpado.
d) Nada, visto que essa palavra não é hebraica.

726
C u rs o A po lo gético

caSaMento

DEFINIÇÃO

Organização divina estabelecida por Deus no início da criação da raça hu-


mana, entre um homem e uma mulher, com a finalidade de comunhão ín-
tima, amor e geração de filhos dentro de uma instituição segura que lhes
proporcione segurança espiritual, física e psíquica (Gn 2.21-24).

Se, quando Deus estabeleceu o casamento, não havia leis civis,


por que é importante o casamento civil hoje?

As mesmas Escrituras Sagradas que nos informam acerca do casamen-


to entre Adão e Eva nos informam também que, apesar de eles não terem
“leis civis” para regulamentarem a sua união conjugal, foram unidos pela
autoridade máxima, o Deus eterno (Gn 2.22), que agiu como autoridade
civil. Se entendermos o casamento civil como algo distinto do casamento
religioso, com sua cerimônia em um templo, então não temos tal instituição
na Bíblia (os casamentos eram realizados nas casas). Mesmo no antigo Is-
rael, não havia casamentos sancionados por nenhum ato religioso, mas
apenas civil, pois havia um contrato entre ambos que regulamentava esse
novo status do casal perante toda a sociedade.

727
Em defesa da fé

O casamento civil, legitimado por Deus, tornou-se necessário em um


mundo dominado pelos desejos pecaminosos e que precisavam de regras
civis para regulamentá-lo (1Co 7.2). Além disso, a Bíblia é muito clara ao
afirmar que estamos ligados pela “lei” no matrimônio (Rm 7.2), e precisamos
seguir as ordens civis em obediência às autoridades governamentais prees-
tabelecidas por Deus. Se o casamento é uma ordem civil, deve ser obede-
cida (Rm 13.1-2,5; Tt 3.1).

Por que Deus permitiu a poligamia, se era contrária à sua ordem


para o casamento (Gn 2.24)?

Deus permitiu a poligamia como ainda hoje permite ou tolera outras


práticas pecaminosas que lhe são abomináveis, sem, contudo, as aprovar
(Rm 1.22-32). O primeiro homem que desvirtuou o projeto inicial de Deus
para o casamento monogâmico foi Lameque, descendente de Caim, prati-
cando a poligamia (Gn 4.19). Outros homens bíblicos se comportaram da
mesma forma: Abraão (Gn 16.1-4); Davi (1Sm 25.42-44); Salomão (1Rs
11.1-3). A atitude, tanto de Davi como de Salomão, de tomar muitas espo-
sas para si, era contrária à própria lei de Deus entregue por meio de Moisés
(Dt 17.17). Esses homens inegavelmente foram desobedientes ao Senhor
Deus nesse aspecto. Assim, apesar de o projeto de Deus para a vida conju-
gal sempre ter sido a união de apenas um homem com uma mulher (Gn
2.24; Mt 19.4-6), encontramos na lei de Moisés a indicação da possibilidade
de haver casamentos polígamos (Êx 21.10), mas em nenhum texto bíblico
encontramos alguma aprovação ou ordenação para o casamento polígamo.

Por que Deus permitiu o casamento entre irmãos, se era considerado


pecado na Lei (Lv 18.9-11)?

Deus criou apenas um casal e por intermédio dele povoou toda a ter-
ra (At 17.26). O intuito era que, por meio deles, toda a terra fosse povoada

728
C u rs o A po lo gético

e dominada (Gn 1.28). Como no início da criação não havia a maldição do


pecado sobre a raça humana, não havia nenhuma proibição contra esse tipo
de relacionamento (consanguíneo). Mesmo após a queda, os filhos de Adão
continuaram casando-se entre si (Gn 4.16, 17), pois ainda tinham uma pro-
ximidade muito grande com a perfeição que Adão tivera, assim como a sua
longevidade (Gn 5.3-5), até que Deus proibiu de vez esse tipo de relacio-
namento, devido a todas as limitações físicas que sobrevieram à raça huma-
na com a queda de Adão (Rm 5.12). A longevidade foi abreviada, e o homem
passou a sofrer com as doenças e a morte (Sl 90.10). Em virtude da imora-
lidade e depravação sexual, Deus estabeleceu regras para a moralidade
sexual (Lv 18.9-11).
Uma regra básica de reprodução é que, quanto menos determinadas
espécies se reproduzem dentro do seu próprio nicho ecológico, com paren-
tes de primeira geração, maior serão as variedades das espécies ali repro-
duzidas. Se atualmente tivéssemos irmãos casando com irmãs, haveria um
enorme enfraquecimento genético entre a nossa espécie humana, que re-
sultaria em muitas doenças congênitas e morte.

Por que se realizam casamentos nas igrejas se não vemos isso na


Bíblia?

A origem dos casamentos religiosos em um templo semelhante ao que


vemos hoje em nossa sociedade remonta à Roma Antiga, onde pela primei-
ra vez esse tipo de cerimônia foi realizado. Não temos na Bíblia nenhuma
ordem para a realização de casamentos em Igrejas, tampouco proibição (o
conceito de Igreja neotestamentária não estava relacionado ao local [prédio],
e sim às pessoas [Rm 16.5]). Os templos usados hoje como locais de reuniões,
comunhão e ensino podem também ser usados para a realização de casa-
mentos religiosos, visto que, em tese, o casamento religioso é apenas um
culto dirigido a Deus, rogando suas bênçãos sobre a vida dos nubentes.
Não existem ordens bíblicas sobre essa questão, ficando a cargo dos noivos

729
Em defesa da fé

decidirem onde gostariam de realizar esta cerimônia (culto), pois o “local”


para se adorar a Deus é no espírito (Jo 4.24).

Ver resposta à primeira pergunta deste tópico:


Se, quando Deus estabeleceu o casamento, não havia
leis civis, por que é importante o casamento civil hoje?

* * *

Os mórmons foram oficialmente favoráveis à prática da poliga-


mia desde 1843, segundo sua obra canônica Doutrinas e Con-
vênios (Revelação 132), até 1890 (Declaração oficial-1 [Mani-
festo], redigida no fim do D&C). Apesar de O Livro de Mórmon
condenar claramente a poligamia e tê-la como pecaminosa (Jacó
2.24, 26-29), algum tempo depois o próprio profeta mórmon,
Joseph Smith, que teve 48 esposas conhecidas, segundo a obra de sua me-
lhor biografa, Fawn M. Brodie, No Man Knows My History (pp. 458-488),
a defendeu como revelação divina necessária para a salvação (D&C 132.1-
6), ainda que essa “revelação” fosse contrária ao Livro de Mórmon que ele
dizia ser uma revelação de Deus (D&C 132.34, 37-39). Fawn M. Brodie
declara também que as pesquisas de Stanley Ivins indicavam que Joseph
Smith teria tido 66 ou 67 esposas “seladas” (casadas para toda a eternidade)
a ele. E que, após a sua morte, mais 149 outras esposas também foram
seladas ao profeta mórmon (p. 488).
Se a poligamia era uma prática tolerável aos olhos de Deus, por que
o Livro de Mórmon a condena? E se era uma prática intolerável aos olhos
de Deus, por que Doutrinas e Convênios a confirma como revelação di-
vina? Se era “um novo e eterno” convênio revelado ao profeta mórmon
(D&C 132.4), como pôde ser anulado em 1890? Um pacto eterno pode
ser anulado?
Além disso, os mórmons usam frequentemente o argumento de que
Deus estabeleceu a poligamia apenas por causa da guerra civil norte-ame-
ricana (1861-1865), pois o grande número de homens que morreram em

730
C u rs o A po lo gético

guerra criou uma enorme dificuldade para as viúvas que não possuíam alguém
que as amparasse. O primeiro problema com esse argumento é cronológico.
A guerra civil se iniciou antes de a poligamia se tornar uma prática em Utah
(Estado fundado pelos mórmons) entre 1843 e 1890, e continuou mesmo
depois do fim da guerra civil, em 1865. Se a guerra civil norte-americana
justificasse a lei da poligamia dada supostamente por Deus, por que o Senhor
a teria ordenado mais de duas décadas antes e a teria encerrado somente
quase três décadas depois do término da guerra?

* * *

Os muçulmanos veem o profeta Maomé como o maior


exemplo de virtude a ser seguido, de acordo com o seu livro
sagrado, o Alcorão (Surata 33.21). Mesmo que o Alcorão
afirme que um homem pode ter no máximo quatro esposas
(Surata 4.3), Maomé teve dez esposas e duas concubinas
após a morte de sua primeira esposa Kadja (os muçulmanos alegam que a
revelação dada ao profeta veio antes da proibição por Alá encontrada no
Alcorão). Uma delas foi Aishah, com quem o profeta se relacionou intima-
mente quando ela tinha apenas 9 anos de idade.
Mesmo que, segundo o Alcorão, Maomé pudesse ter quantas esposas
lhe agradasse (Surata 33.50), como poderia um profeta de Deus se relacio-
nar com uma criança como esposa? Seria este um bom exemplo moral de
conduta a ser seguido pelos fiéis?

731
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CASAMENTO

1. De acordo com o livro de Gênesis, quem é o originador do


casamento?

2. Por que o casamento civil tornou-se necessário?

3. Por que permitiu Deus a poligamia, embora tivesse dado apenas


uma esposa a Adão?

4. Por que o casamento entre irmãos foi permitido no início da


criação e, depois, proibido na lei mosaica?

5. O Livro de Mórmon ensina a doutrina da poligamia? Explique.

732
PROVA – CASAMENTO

1. Entre a finalidade do casamento está:


a) A relação sexual segura.
b) A preservação da espécie humana.
c) A busca de relações de amizade e fraternidade entre os sexos opostos.
d) A segurança da comunhão íntima, amor, geração de filhos em um ambiente que
proporcione segurança espiritual, física e psíquica.

2. A primeira autoridade civil que realizou um casamento foi:


a) Deus.
b) Adão.
c) Noé.
d) N.R.A.

3. O casamento civil foi ordenado e legitimado por:


a) Adão e Eva.
b) Governantes civis.
c) Judeus religiosos.
d) Deus.

4. Com relação à poligamia no AT, podemos declarar que:


a) A poligamia nunca foi praticada por homens tementes a Deus.
b) A poligamia foi praticada somente no período dos reis.
c) Deus tolerou tal prática, mesmo não a aprovando.
d) Deus puniu na lei de Moisés tal prática.

5. O primeiro polígamo mencionado na Bíblia foi:


a) Salomão.
b) Lameque.
c) Davi.
d) Jacó.

733
6. De acordo com a lei de Moisés, a poligamia era:
a) Permitida a todos, independentemente da classe social.
b) Permitida apenas aos reis e também àqueles que tinham posses.
c) Proibida diretamente aos reis e implicitamente reprovada ou desencorajada pelo
fato de Deus ter feito apenas um único casal.
d) N.R.A.

7. Não havia proibição contra casamentos consanguíneos no início, pois:


a) Não havia pecado.
b) Não havia relacionamentos filiais.
c) Não havia núcleos familiares definidos.
d) Não havia ainda filhos.

8. De acordo com a genética, a reprodução entre parentes próximos:


a) Melhora a espécie.
b) Enfraquece a espécie.
c) Ajuda na variação da espécie.
d) Elimina completamente um grupo social.

9. O casamento religioso é:
a) Uma ordenança divina.
b) Uma ordenança civil.
c) Uma prática que deve seguir imediatamente ao casamento civil.
d) Um culto religioso rogando as bençãos de Deus sobre o casal.

10. Sobre o mormonismo e a questão da poligamia, é correto declarar que:


a) Há claras contradições entre as obras inspiradas do mormonismo sobre esse
tema.
b) Até hoje é uma prática seguida por eles.
c) Nunca foi praticada por eles.
d) O Livro de Mórmon aprova tal prática.

734
C u rs o A po lo gético

DivÓrcio

DEFINIÇÃO

Anulação dos vínculos matrimoniais obtidos mediante o casamento. Jesus


Cristo deixou bem claro que o divórcio nunca foi um projeto de Deus
(Mt 19.8).

Se o divórcio aborrece a Deus (Ml 2.16), por que o autorizou?

Deus estabeleceu progressivamente regras de conduta para situações


que logicamente ainda não havia no início da criação e do estabelecimento
das primeiras relações entre um casal. Antes, não havia nenhuma proibição
divina em relação à união sexual de pessoas aparentadas, muito próximas,
como irmãos, por exemplo (relação incestuosa), por não haver ainda o peca-
do e, consequentemente, todas as mazelas que produz. Somente depois de
alguns milênios foi confirmada como uma relação incestuosa e pecaminosa,
proibida definitivamente pela lei divina outorgada por Moisés (Lv 18.9). Mas
em todas as grandes culturas do passado (anteriormente à lei de Moisés), tal
prática sempre foi considerada repugnante, antinatural e socialmente repulsiva.
O texto de Malaquias reflete exatamente o caráter de um Deus santo
que não deseja, em hipótese alguma, que os vínculos matrimoniais sejam
desfeitos, mas que pretende também poupar o relacionamento da violência e

735
Em defesa da fé

do abuso advindos de atitudes pecaminosas dentro dos arranjos matrimoniais,


assim permitindo o divórcio como um amparo ao lado inocente (Dt 24.1-4).

Em quais circunstâncias o divórcio seria autorizado por Deus?

Tanto no AT como no NT, vemos a autorização divina acerca do divór-


cio (Dt 24.1-4; Mt 5.31, 32). Nos dias de Herodes, o Grande, havia uma
discussão rabínica acerca da interpretação correta de textos da lei com
respeito às razões legais que desse direito ao divórcio, mas nunca uma ne-
gação desse direito. Jesus mesmo confirmou o divórcio assegurado na lei
mosaica (Mt 19.8, 9).
Ninguém perguntou a Jesus se o divórcio era ou não legal, mas, sim,
em quais circunstâncias a sua legalidade era requerida por Deus. Assim
como hoje, o divórcio era uma prática muito comum nos dias de Jesus (Jo
4.17, 18). De acordo com Ele, não são todos os motivos que legitimam
diante de Deus tal prática, mas o adultério poderia ser um deles (Mt 5.31,
32; 19.9). Além disso, o apóstolo Paulo, ao tratar dessa mesma questão na
Epístola aos Coríntios, confirma as palavras do Senhor Jesus (1Co 7.10, 11)
e assegura o direito ao divórcio em uma outra circunstância, quando esta
envolve um casamento misto (entre um crente e um incrédulo) e a parte
incrédula deseja o divórcio (1Co 7.12, 13, 15). O desejo de Deus sempre é
que não houvesse a dissolução dos vínculos matrimoniais em nenhuma
circunstância (1Co 7.10, 27).

O direito de divórcio mencionado por Jesus com base na “imora-


lidade sexual” (Mt 19.9) refere-se não a um ato de adultério após
o casamento, mas, sim, a uma constatação de infidelidade ocorri-
da antes do casamento, pois a palavra grega ali é pornéia, que se
refere ao sexo entre pessoas solteiras.

Não existe base bíblica ou linguística nenhuma para se argumentar que


a palavra grega pornéia se refira exclusivamente ao sexo entre solteiros. O

736
C u rs o A po lo gético

apóstolo Paulo usou a mesma palavra para se referir a um relacionamento


de adultério (1Co 5.1). Além disso, no livro de Judas, vemos a declaração
de que as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas por causa de
“prostituição” (pornéia – Jd.7). Será que naquelas cidades só havia solteiros?
É bem verdade que existem textos bíblicos (Mt 15.19) que fazem dis-
tinção entre prostituição (pornéia) e adultério (moicheia), mas isso não muda
em nada o fato do termo pornéia não ser aplicado dentro do contexto bí-
blico, somente com referência ao sexo entre pessoas solteiras. Todo adulté-
rio (moicheia) é um ato de prostituição, mas nem toda prostituição (pornéia)
é um ato de adultério. Por isso existe uma distinção entre as palavras,
sendo uma mais abrangente (prostituição) e a outra mais restrita (adultério).
O texto paralelo de Marcos 10.12 indica que um homem poderia tam-
bém ser repudiado por sua mulher, o que impossibilitaria, segundo o con-
texto, de se fazer qualquer referência a elementos indicativos de um ato
sexual pré-conjugal que indicasse uma perda de virgindade. O texto clara-
mente não trata dessa questão.

Ver resposta à pergunta posterior.

O que era a “coisa indecente” (Dt 24.1-4) que, segundo a lei de


Moisés, era motivo suficiente para o divórcio?

Esse texto foi motivo de longos debates teológicos por parte das esco-
las judaicas de dois grandes rabinos dos dias de Herodes (Shammai e Hillel).
Podemos interpretar essa expressão como algo feito pela esposa que pudesse
ser causa de desrespeito e desonra para o marido diante da sociedade na
qual estavam inseridos. Se fôssemos pensar que esta “coisa indecente”
pudesse ser algum tipo de ato sexual pré-marital, teríamos de admitir que
esse tipo de pecado (prostituição) não era passivo de pena capital, e não é
isso que lemos nas Escrituras (Dt 22.20-22). Como poderia o marido dar
carta de divórcio a alguém que se prostituiu em Israel, se o castigo para
esse tipo de transgressão era a morte por apedrejamento?

737
Em defesa da fé

Paulo proibiu o recasamento à luz de Romanos 7.1-3?

Não podemos estabelecer nenhuma interpretação bíblica deslocando


o texto de seu contexto imediato. Paulo não trata da questão do casamento
em Romanos 7, mas da questão da relação existente entre a lei e o homem
(leia o contexto de Rm 6.14-7.25), usando como exemplo a relação conjugal.
O que Paulo sustenta no texto é que a lei, assim com um casamento dentro
da perspectiva divina, só pode ser anulada pela morte de um dos cônjuges.
Cristo morreu (ele encerrou a lei na cruz – Cl 2.14,15), assim como o efei-
to da lei sobre o homem também. Em Cristo, a lei é anulada, assim como
após a morte de um dos cônjuges o casamento é anulado. Visto dentro de
seu contexto imediato, o texto não declara nada sobre o recasamento, mas
sobre o fim do sistema da lei e a nova relação do crente em Cristo.
Devemos nos lembrar de que o ideal de Deus para o casamento é que
NUNCA seja anulado, mas não podemos esquecer que o ideal de Deus
nem sempre é o real dentro das relações muitas vezes conturbadas de
existência humana.

A Bíblia autoriza o recasamento?

Nunca uma mulher legitimamente divorciada e casada legalmente foi


considerada prostituta ou infiel ao seu ex-esposo na nação de Israel. A pró-
pria lei mosaica dava-lhe o direito de contrair um novo relacionamento
conjugal, sem considerar tal união posterior pecado (Dt 24.1, 2). Jesus
Cristo nunca se pronunciou contrário à possibilidade de alguém LEGITI-
MAMENTE DIVORCIADO à luz da lei de Deus se casar de novo, senão
teria de ser contrário à lei de Moisés que Ele próprio veio cumprir em
nosso lugar (Mt 5.17). Ele apenas considerou ilegítimo um divórcio por
qualquer motivo carnal e banal (como era comum na sociedade de sua
época, assim como tem sido comum na nossa), mas não declarou que outra
união após um divórcio legal para Deus não pudesse ser legitimamente

738
C u rs o A po lo gético

aceita. Inclusive, Ele usa a expressão “exceto”, indicado a possibilidade de


uma nova união ser legítima diante do Senhor, dependendo da situação (Mt
19.19). Se alguém está divorciado legitimamente, pode casar-se outra vez,
pois o divórcio é não somente a ruptura de um casamento anterior, mas o
direito legal para contrair novas núpcias.
Outro texto que deve lançar luz sobre a permissão para o recasamen-
to se encontra em 1Co 7.27, 28. Paulo usa a expressão grega lúsis (da raiz
de lúõ [soltar, desatar o que está fixo, desprender]) para declarar que quem
está casado não deve se desligar do casamento (“se divorciar”). O apóstolo
usa a mesma expressão grega afirmando que, quem está “livre de mulher”
(divorciado), não deve casar, mas, se casar, não peca (v. 28). A palavra usa-
da no grego não significa estar solteiro, como sugerem alguns, mas estar
livre do casamento com o divórcio, de acordo com grandes léxicos da língua
grega (ROBINSON, 2012; LOUW; NIDA, 2013).
Alguns intérpretes têm tentado encontrar uma suposta diferença entre
“divórcio na forma da lei” (Gr. afínmi) e “separação” (Gr. chõrizõ) nos textos
de 1Co 7.11, 13, em comparação com 1Co 7.15. Tal distinção é bastante
frágil e superficial, de acordo com os dois léxicos anteriormente mencionados.
Parece que o maior problema quando tratamos da questão do divórcio
e recasamento são os tabus criados sobre esse importante tema, e não a re-
velação de Deus por meio de sua palavra que declara, sim, essa possibilidade.

Ver resposta à pergunta anterior.

739
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DIVÓRCIO

1. Defina divórcio.

2. Por que o divórcio foi autorizado no AT?

3. Cite a base bíblica para o divórcio no AT e no NT explicando


as circunstâncias pelas quais Deus o autoriza.

4. Qual a base bíblica para o divórcio em vista de a palavra grega


pornéia, em Mateus 19.9, referir-se principalmente a solteiros?

5. Qual o tema, de fato, tratado por Paulo em Romanos 7.1-3?


Explique.

6. Qual a posição da Bíblia sobre o recasamento?

7. Como devemos entender a posição do apóstolo Paulo em 1Co


7.27, 28 sobre um novo casamento?

8. Como alguns intérpretes têm encontrado uma suposta diferen-


ça entre divórcio e separação à luz de alguns termos gregos?

9. Um cristão que decide deixar o cônjuge e se casar com outra


pessoa sem motivos apresentados por Jesus pode ser encarado
como adúltero? Explique.

10. Como deve o cristão, vítima de infidelidade, ser encarado à luz


da palavra de Deus se ele se divorciar e recasar?

740
PROVA – DIVÓRCIO

1. Sobre a prática do incesto no início da humanidade, poderíamos declarar que:


a) Deus nunca tolerou tal prática.
b) A Bíblia não menciona tal prática pecaminosa.
c) Deus confirmou definitivamente sua proibição apenas por meio da lei mosaica.
d) Deus não esperava que tal prática se tornasse um pecado.

2. O fato de Deus permitir o divórcio desde o AT indica que:


a) Deus vê o divórcio com bons olhos.
b) Não estamos sob o julgo da lei mosaica.
c) Deus é tolerante com muitas práticas pecaminosas.
d) Deus pretende amparar a parte inocente de abusos e violências.

3. Havia uma grande discussão rabínica sobre a legitimidade do divórcio nos dias
do rei:
a) Herodes Antipas.
b) Herodes Filipe.
c) Herodes Agripa.
d) Herodes, o Grande.

4. Sobre a opinião de Jesus sobre o divórcio, podemos declarar que:


a) Jesus o proibiu em todas as circunstâncias.
b) Jesus o autorizou como a lei mosaica determinava.
c) Jesus o defendeu em todas as circunstâncias.
d) Jesus defendia a sua legitimidade somente para os não crentes.

5. Sobre o uso da palavra grega pornéia no NT, sabemos que:


a) Só é aplicada para se referir a pecado sexual entre solteiros.
b) Pode ser aplicada tanto para mencionar pecado sexual entre solteiros como
casados.
c) Aparece somente com relação ao pecado dos sodomitas.
d) Significa apenas prostituição.

741
6. Sobre o uso das palavras gregas pornéia e moicheia, podemos dizer que:
a) São sinônimas.
b) São antônimas.
c) São usadas tanto para descrever um ato geral de pecado, como um ato de pe-
cado específico.
d) Somente a primeira palavra se encontra no NT.

7. Moicheia significa:
a) Adultério.
b) Perversão sexual.
c) Prostituição.
d) Homossexualidade.

8. A expressão mosaica “coisa indecente” se referia a:


a) Prostituição.
b) Ato de desrespeito que expusesse o marido à vergonha pública.
c) Adultério.
d) Homossexualidade.

9. À luz de Romanos 7, Paulo declara que:


a) Não pode haver divórcio sem adultério.
b) Não pode haver divórcio em nenhuma circunstância.
c) A lei foi finalizada na cruz e agora podemos nos relacionar com Cristo.
d) N.R.A.

10. Sobre o recasamento, Jesus deixou claro que:


a) É possível em casos de divórcio legítimo à luz da Bíblia.
b) É impossível em qualquer circunstância.
c) É possível em casos de homossexualidade de um dos parceiros.
d) Somente é possível com a morte de um dos cônjuges.

742
Diversos
C u rs o A po lo gético

aniverSÁrio

DEFINIÇÃO

Dia relacionado com o nascimento de alguma pessoa e que é geralmente


celebrado com manifestações de parabéns ao aniversariante, assim como a
entrega de presentes como uma forma de carinho por ele.

O fato de a Bíblia mencionar celebrações de aniversário sempre


ligadas à morte de pessoas (Gn 40.20-22; Mt 14.6-10) não coloca
tal celebração sob reprovação divina?

Não há uma ligação direta entre a morte de pessoas e as comemora-


ções existentes no dia de aniversário. Como se sabe, homens perversos
como o Faraó e Herodes não mandavam executar pessoas somente no seu
dia natalício.
Outra questão importante é: essas não são as duas únicas menções de
comemoração de aniversário existentes na Bíblia. Ainda no AT, temos tal
celebração mencionada, quando cada filho e filha de Jó celebravam seus
aniversários. Diz a Bíblia: “Quando um dos filhos de Jó fazia aniversário,

745
Em defesa da fé

todos os irmãos e irmãs se reuniam para uma grande festa...”. (Jó 1.4 [Bí-
blia Viva]) e convidavam uns aos outros para essas festas, mas não encon-
tramos ali nenhuma menção a assassinato. A expressão literal encontrada
no texto de Jó 1.4 no hebraico bíblico é “cada um no seu dia”, o que se
refere ao dia do nascimento de cada filho de Jó, ou ao seu aniversário (dia
natalício). Não vemos nenhuma proibição bíblica contra a comemoração
de aniversário.

A comemoração de aniversários não deveria ser evitada pelos


cristãos, uma vez que possui origem pagã?

A forma de nomear os dias da semana na maioria dos idiomas conhe-


cidos (inglês, espanhol, francês e italiano) tem também origem pagã, nem
por isso nós, cristãos, criamos uma nova forma de nomeá-los. A palavra
“feira”, que aparece em nosso idioma português, com referência aos dias
da semana, também possui origem pagã e faz referência à deusa “Freya”,
que era a deusa da paz, alegria e fertilidade entre os romanos. Assim tam-
bém como alguns dos meses do ano nomeados no calendário gregoriano
ocidental possuem conexão com o paganismo (“janeiro” vem de “Janus”,
que era o deus que guardava as portas das cidades). Deveríamos criar um
novo calendário ocidental por possuir o atual alguma relação com divinda-
des pagãs?
João, o apóstolo, usa no seu Evangelho a expressão Logos (verbo ou
palavra) com referência a Cristo, e quem criou essa expressão não foram os
judeus ou os cristãos, mas, sim, os gregos pagãos (Jo 1.1). Ele somente deu
um novo significado ao termo, identificando quem, de fato, era o Logos
Eterno, assim como podemos dar um novo sentido a outros termos de ori-
gem pagã em nossa cultura. Um grande exemplo disso é que o próprio
apóstolo Paulo fez menção de parte de um trecho do hino a Zeus, do grego
pagão Cleantes, atibuindo-o ao Deus eterno (At 17.28).

746
C u rs o A po lo gético

* * *

As Testemunhas de Jeová insistem em criticar os cristãos


por comemorarem aniversário, mas elas próprias come-
moraram durante muitos anos o Natal (que é também
uma comemoração natalícia), como afirma o seu próprio livro, Testemunhas
de Jeová Proclamadores do Reino de Deus (p. 200), abandonando essa prá-
tica somente após 1926. Decidiram não comemorar mais aniversários nata-
lícios devido a sua origem pagã, quando elas mesmas, apesar de admitirem
também em seu livro Que tem feito a Religião pela Humanidade? (p. 269)
a origem pagã da aliança de casamento, não a proíbem. Não seria essa po-
sição contraditória para um grupo religioso que se define como a organiza-
ção teocrática de Jeová?

747
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

ANIVERSÁRIO

1. Defina aniversário natalício.

2. Quantas celebrações de aniversários registra a Bíblia?

3. Que relação tem algumas mortes em dias natalícios, segundo os


relatos bíblicos com a prática cristã de comemorar aniversários?
Explique.

4. Explique como Jó 1.4 descreve tal prática entre os filhos de Jó.

5. A posição defendida pelas Testemunhas de Jeová sobre a come-


moração de aniversários é coerente? Explique.

748
PROVA – ANIVERSÁRIO

1. Aniversário é:
a) O dia relacionado ao nascimento de alguém.
b) Um dia pagão.
c) Um dia de festa.
d) A celebração pelo nascimento de alguém.

2. Sobre aniversário, podemos afirmar que:


a) A Bíblia condena tal celebração de origem pagã.
b) A Bíblia condena tal celebração somente se for em um lugar de adoração de
ídolos.
c) A Bíblia não menciona.
d) A Bíblia não condena tal celebração.

3. Os dois únicos aniversários mencionados na Bíblia são:


a) Do faraó e do rei Herodes.
b) Do faraó e dos filhos de Jó.
c) Do rei Herodes e dos filhos de Jó.
d) N.R.A.

4. Os três textos bíblicos que fazem menção à celebração natalícia são:


a) Gn 40.20-22; Mt 15.20; Jó 1.4.
b) Gn 40.20-22; Mc 12.6-10; Jó 1.4.
c) Lv 22.5; Mt 4.10; Jo 14.6.
d) Gn 40.20-22; Jó 1.4; Mt 14.6-10.

5. A palavra “feira” em nosso calendário semanal faz referência a:


a) Língua latina de onde se originou.
b) Uma tradição pagã de cultuar o Sol.
c) Uma deusa romana.
d) Língua espânica.

749
6. A origem dos dias semanais na maioria das línguas ocidentais existentes está
relacionada a uma tradição:
a) Pagã e cristã.
b) Completamente cristã.
c) Cristã.
d) Pagã.

7. Entre as influências pagãs de nosso calendário gregoriano, estão:


a) Os nomes de alguns meses do ano.
b) As influências judaico-cristãs dos dias da semana.
c) As influências católicas romanas na construção do calendário.
d) As divisões dos dias.

8. A expressão Logos é de origem:


a) Latina.
b) Hebraica.
c) Grega.
d) Aramaica.

9. Paulo, ao evangelizar os gregos atenienses, mencionou:


a) Um livro grego.
b) O livro dos mortos.
c) Um hino conhecido pelos efésios.
d) O hino pagão a Zeus.

10. As Testemunhas de Jeová celebraram aniversários natalícios até:


a) 1962.
b) 1926.
c) 1979.
d) 1981.

750
C u rs o A po lo gético

confiSSÃo

DEFINIÇÃO

Confissão (Gr. homologia) é o reconhecimento público ou não de algo rea-


lizado ou pensado a partir do sentimento de culpa gerado por alguma trans-
gressão pecaminosa. Também é declarar culpa ou qualquer outra falha como
resultado de uma convicção interior de que temos cometido pecados e
transgressões, quer sejam contra Deus, quer não (Hb 4.14).

Devemos nos confessar diante de um sacerdote para obtermos o


perdão de Deus por faltas cometidas?

Não vemos na Bíblia nenhum caso específico de confissão de pecados


a algum sacerdote para se obter perdão. Quando Simão, o feiticeiro, dese-
jou comprar o poder de conferir o Espírito Santo aos que cressem, Pedro
imediatamente o repreendeu e disse que ele deveria confessar o seu peca-
do e orar ao “Senhor” para buscar o perdão. O apóstolo não ordenou que
Simão buscasse qualquer autoridade eclesiástica para ser perdoado de seu
erro (At 8.18-23).

751
Em defesa da fé

Qual a origem da confissão auricular?

A origem da confissão auricular remonta à Antiguidade. Ela é vista em


muitas culturas antigas pré-cristãs e em vários povos como os medos-persas,
egípcios, gregos e romanos. No entanto, a maioria dos historiadores liga a
sua origem ao Império babilônico, onde a confissão auricular era largamen-
te praticada: “A confissão secreta era exigida antes da iniciação completa
dentro dos mistérios babilônicos. Uma vez que tal confissão fosse feita, a
vítima ficava amarrada de pés e mãos aos sacerdotes” (WOODROW, 1966,
p. 126). Portanto, conhecer todos os segredos da vida de alguém era uma
forma de o sacerdote pagão exercer total domínio sobre a vida do confessor
na Babilônia Antiga. A Igreja católica aderiu tal prática somente por volta
de 758 d.C. Sabermos, portanto, que nem a origem nem mesmo a prática
da confissão auricular se encontram nas Escrituras Sagradas.

Devemos nos confessar a alguém que está nos discipulando?

As Escrituras não nos impõem a prática de qualquer tipo de confissão


a alguém que esteja nos discipulando na palavra de Deus. A Bíblia declara
que todos os crentes devem confessar as suas falhas “uns aos outros” para
que haja perdão mútuo, e não necessariamente a uma classe específica de
discipuladores (Tg 5.16).

Qualquer tipo de confissão é aceito por Deus?

Não. A confissão aceita por Deus está sempre ligada a um ato real de
arrependimento que brota do interior de um coração sincero para com o
Senhor (1Jo 1.9). Esaú foi rejeitado, mesmo que buscasse com lágrimas
lugar de arrependimento (Hb 12.16-17). Portanto, uma confissão autêntica
não é necessariamente uma confissão emotiva, mas, sim, uma comoção no
espírito buscando o perdão de Deus, e talvez da pessoa a quem tenhamos
prejudicado.

752
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CONFISSÃO

1. Como definimos confissão?

2. Qual a base bíblica para a confissão?

3. O modelo de confissão praticado pelo catolicismo é correto à


luz das Escrituras? Explique.

4. De acordo com Tiago 5.16, como devemos praticar a confissão?

5. Qual a condição para que Deus aceite nossa confissão?

753
PROVA – CONFISSÃO

1. A palavra grega para confissão é:


a) Holofonia.
b) Homologeo.
c) Homologia.
d) Hiperlogia.

2. Sobre a confissão, é correto afirmar que:


a) Não é gerada por algum sentimento de culpa que possuímos.
b) Só devemos confessar-nos se tivermos certeza do que confessamos.
c) É produzida a partir de um sentimento de culpa gerado por alguma transgres-
são pecaminosa.
d) Todos devemos nos confessar ao nosso líder espiritual apenas.

3. Sobre a confissão a um sacerdote religioso, podemos declarar que:


a) A Bíblia a menciona.
b) Dependendo da posição eclesiástica que meu líder possui, devo praticá-la.
c) Devo me confessar somente se houver um bispo na minha denominação
religiosa.
d) É uma ideia completamente ausente das Escrituras Sagradas.

4. De acordo com Atos 8.18-23, Simão, o mago, deveria:


a) Reconhecer seu pecado e confessá-lo a Pedro.
b) Arrepender-se e confessar seu pecado ao Senhor.
c) Ser condenado eternamente.
d) Alcançar seus objetivos espirituais.

5. A confissão auricular é reconhecida em algumas culturas antigas como:


a) Egito, Grécia, Roma e Pérsia.
b) Grécia, Roma, Assíria e Pérsia.
c) Egito, Pérsia, Roma e Macedônia.
d) A soma dos povos mencionados nas respostas a e c.

754
6. Alguns historiadores ligam a origem da confissão auricular à antiga:
a) Roma.
b) Grécia.
c) Pérsia.
d) Babilônia.

7. A confissão auricular estava relacionada na Antiguidade a:


a) Submissão política local.
b) Possibilidade de domínio do confessor pelas autoridades babilônicas.
c) Um culto ao deus Baal.
d) Todas as opções anteriores.

8. A Igreja católica aderiu à confissão auricular apenas em:


a) 758 d.C.
b) 586 d.C.
c) 325 d.C.
d) 757 d.C.

9. Segundo Tiago 5.16, devemos:


a) Nos confessar aos nossos líderes que nos aconselham.
b) Nos confessar mutuamente uns aos outros.
c) Nunca nos confessarmos a qualquer pessoa.
d) Nos confessar apenas a Deus.

10. Sobre a confissão, a história de Esaú nos informa que:


a) Todo ato de confissão é aceito por Deus.
b) Algumas pessoas nunca se arrependem.
c) Um ato genuíno de confissão deve ser acompanhado de uma comoção no espí-
rito buscando o perdão de Deus.
d) N.R.A.

755
Em defesa da fé

cura

DEFINIÇÃO

O Novo Testamento usa a expressão grega therapeuõ (Jo 5.10) para retratar
o ato de curar trazendo restauração da saúde, tanto física, mental como
espiritual. A Bíblia cita inúmeros casos de curas promovidas pela intervenção
divina por meio dos mensageiros de Deus, os profetas e apóstolos (1Rs
17.22-24; Mt 10.8).

Deus ainda realiza curas milagrosas hoje em dia?

Não devemos duvidar de forma alguma que curas milagrosas possam


ocorrer ainda hoje. A Bíblia em lugar algum afirma que Deus deixaria de
intervir de forma milagrosa na vida de alguém, promovendo cura. O próprio
Tiago, o irmão do Senhor, declarou que a cura é um benefício ao alcance
dos que creem (Tg 5.14-15). Em que podemos nos fundamentar para afir-
mar que Tiago ensinou algo não mais possível hoje? Não são as epístolas a
fonte do padrão doutrinário seguido pelos fiéis cristãos?
Sem dúvida nenhuma, precisamos continuar crendo na ação sobrena-
tural de Deus agindo dentro do seu ato soberano, alcançando pessoas que
têm sofrido os traumas da doença e da dor.

756
C u rs o A po lo gético

Todas as curas milagrosas têm procedência divina?

As Escrituras Sagradas são muito claras em demonstrar várias ocasiões


em que milagres ou mágicas ocorreram por intervenção do Diabo para
confundir ou mesmo enganar as pessoas presentes no momento da ocor-
rência de tais milagres (os magos do Egito [Êx.7.8-12] e Elimas, o mágico
[At 13.4-12]). O próprio Jesus declarou que muitos alegariam milagres como
prova de sua fidelidade e conhecimento do Senhor, quando na verdade não
o seguiam (Mt 7.21-23). O “falso profeta”, que se levantará nos últimos dias,
poderá usar esse meio para enganar os incautos (Ap 19.20-21).

Não poderíamos explicar as chamadas curas milagrosas apenas por


meio do chamado agente placebo?

Se todos os casos de curas ocorridas independentemente do não uso de


algum meio terapêutico aplicado ao paciente fossem explicados apenas por
meio dos efeitos psicológicos da crença do paciente acerca de sua cura so-
brenatural, não poderíamos compreender apenas por meio do efeito placebo
todos os casos onde não há nem crença nem indução psicológica por parte
das pessoas que foram objetos de uma cura sobrenatural. Se todas as pessoas
que fossem curadas acreditassem na ação de um ser sobrenatural, poderíamos
tentar justificar a cura por meio de tal efeito, mas não é isso o que vemos.
Algumas pessoas são curadas independentemente de alguma fé que justifi-
casse alguma indução que produzisse o placebo. Nas Escrituras, encontramos
pessoas sendo curadas independentemente de sua fé, o que descartaria
qualquer possibilidade de se creditar ao placebo tais efeitos que seriam, de
fato, de origem sobrenatural (2Rs 5.8-15, At 3.1-8).

As curas milagrosas são prova da veracidade de uma doutrina?

O apóstolo Paulo afirma em uma de suas epístolas que até o próprio


Satanás pode se transfigurar em um anjo de luz para enganar os incautos,

757
Em defesa da fé

usando, se possível, até mesmo os seus falsos ministros religiosos para pro-
moverem o engano e a mentira (2Co 11.13-15). Jesus também mencionou
a astuta manipulação de Satanás por meio de seus falsos ministros religiosos,
realizando até mesmo milagres supostamente em nome de Jesus, quando
ele nem mesmo os havia enviado (Mt 7.22, 23).

Ver resposta à pergunta anterior:


Todas as curas milagrosas têm procedência divina?

Quem promove as curas milagrosas alcançadas por meio da prece


às imagens?

Não temos em toda a Bíblia uma única referência onde Deus promo-
va algum tipo de milagre por meio da oração de alguém a uma imagem. As
Escrituras demonstram de forma clara que, quando alguém faz um pedido,
por mais sincero que seja, a uma imagem, não é Deus quem responde a tal
oração, e sim um “espírito de engano” (Os 4.12), pois o Senhor considera
tal ato pecado (Sl 115.3-8).
A serpente de bronze feita por Moisés não era para ser cultuada nem
mesmo ser objeto de preces e devoção. Os israelitas deviam apenas fixar
seus olhos nela (Nm 21.8-9). Quando a serpente se tornou objeto de idola-
tria, séculos depois de ter sido feita, ela foi destruída, pelo fiel rei Ezequias
em sua restauração do culto ao Senhor (2Rs 18.3-4).

Para informações complementares, leia o tópico Imagem.

Por que alguns cristãos do 1º século tinham a capacidade de realizar


curas milagrosas?

Não eram apenas os cristãos do 1º século que possuíam a capacidade


de realizar curas milagrosas (todos os crentes podem ser usados ainda hoje

758
C u rs o A po lo gético

por Deus para esse fim, se Ele assim o desejar). Tiago afirma que a cura
era um bem disponível também por meio da oração dos pastores (presbí-
teros), sem afirmar que somente durante pouco tempo (1º século) essa
graça estaria disponível à igreja (Tg 5.14-15).
É bem verdade que percebemos uma mudança gradativa na demons-
tração de ações miraculosas entre o livro de Atos e as epístolas paulinas.
Paulo, por exemplo, que realiza grandes sinais sobrenaturais no período
inicial de seu ministério (At 14.8-11, 19.12), não cura seus amigos de mi-
nistério no período final (1Tm 5.23; 2Tm 4.20 – comp. At 20.4). Podemos
inferir dessas informações bíblicas que, à medida que as Escrituras cristãs
estavam sendo concluídas, os milagres foram reduzidos (mas não anulados)
como principal meio de convencimento da ação de Deus entre os homens
buscando a salvação do pecador.

Somente os doze apóstolos possuíam o poder para curar. Sendo


assim, não pode haver curas físicas hoje, pois não há apóstolos
atuais.

Não eram somente os doze apóstolos que realizavam curas milagrosas.


A Igreja cristã possuía membros congregados com o dom de curar e realizar
milagres (1Co 12.4-6, 9, 10). O próprio Jesus enviou, além dos doze após-
tolos (Lc 9.1-2), outros discípulos para realizarem os mesmos milagres (Lc
10.9, 17-20).

Para informações complementares, leia o tópico Apóstolos.

A cura milagrosa de todas as nossas enfermidades é uma garantia


bíblica segundo Isaías (Is 53.4)?

Não podemos afirmar que todos os crentes em Cristo Jesus serão


curados de suas enfermidades com base em Isaías 53.4. O texto não nos

759
Em defesa da fé

garante isso e deve ser compreendido dentro do seu contexto profético que
aponta o seu cumprimento ainda durante o ministério terreno de Cristo,
antes da morte na cruz, segundo Mateus (Mt 8.14-17). Portanto, o texto não
é uma afirmação de que todos os crentes em Cristo terão garantias de cura
com base no seu sacrifício por nós na cruz, mas que os que se chegassem
a Jesus (durante o seu ministério terreno) com fé seriam curados por Ele.
Até o apóstolo Paulo, mesmo sendo fiel, foi acometido de enfermidade que
provavelmente afetou os seus olhos (Gl 4.13, 14; 6.11; Rm 16.22 [por que
ele usou um amanuense na composição de sua epístola?]); Timóteo tinha
uma frequente enfermidade (1Tm 5.23) e Trófimo, companheiro de Paulo,
foi deixado enfermo em Mileto (2Tm 4.20).
Quando Paulo clamou ao Senhor para vencer um “espinho na carne”,
a resposta que teve foi: que a graça do Senhor era suficiente para auxiliá-lo
a vencer qualquer adversidade vinda sobre ele, porque o poder se aperfei-
çoa na fraqueza (2Co 12.7-10).

Ver resposta à pergunta anterior deste tópico:


Por que alguns cristãos do 1o século tinham
a capacidade de realizar curas milagrosas?

760
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

CURA

1. Como é definida a palavra cura no NT? Cite exemplos textuais.

2. Por que podemos crer na ação sobrenatural de Deus alcançan-


do pessoas que têm sofrido traumas de doença e dor?

3. Como mostram as Escrituras que nem todas as curas vêm da


parte de Deus?

4. São as curas evidências da presença e aprovação de Deus a um


determinado grupo religioso? Explique.

5. É possível alcançar uma cura por meio de imagens religiosas?


Explique.

6. Como o número maior de milagres no 1º século se relaciona


com o início e o fim do ministério do Apóstolo Paulo?

7. Seriam os Apóstolos os únicos a realizarem milagres? Explique.

8. Podemos afirmar que todos os crentes em Cristo Jesus serão


curados de suas enfermidades com base em Isaías 53.4? Explique.

9. Qual a grande lição que tiramos das experiências de enfermi-


dade de Timóteo, Trófimo e do espinho na carne de Paulo?

10. Embora Deus hoje não use a cura como o principal meio de
demonstrar a sua verdade, Ele ainda realiza curas milagrosas?
Explique.

761
PROVA – CURA

1. Segundo Tiago, o irmão do Senhor, a cura:


a) Vem somente de Deus.
b) Pode ser ministrada por aqueles que possuem o dom de curar.
c) Está à disposição de todos os que creem.
d) Sempre estará ao alcance de cada um que orar ao Senhor, buscando-a.

2. Com relação ao Diabo e aos milagres, é correto afirmar que:


a) Ele nunca realiza milagres.
b) Ele tem tanto poder quanto Deus para realizar o que deseja.
c) Ele nunca deixará de realizar milagres.
d) Ele pode realizar milagres para enganar os seres humanos.

3. Segundo Jesus, muitos alegariam os milagres como:


a) Prova da existência de Deus.
b) Prova da veracidade do cristianismo.
c) Prova da ação de Deus na terra.
d) Prova de sua suposta fidelidade ao Senhor.

4. Sobre o chamado agente placebo, poderíamos dizer que:


a) Não existe em nenhuma hipótese.
b) É um artifício criado pelos cientistas para negar a ação sobrenatural.
c) É o efeito da indução psicológica sobre a mente humana.
d) N.R.A.

5. Na Bíblia, encontramos pessoas sendo curadas:


a) Apenas pela ação de Deus.
b) Independentemente de sua fé em Deus.
c) Por meio da indução psicológica manipulada pelos discípulos.
d) Por meio apenas daqueles que receberam tal dom espiritual.

762
6. Entre os personagens bíblicos que mencionaram a possibilidade de Satanás
enganar e manipular pessoas na promoção de seus enganos usando, inclusive,
milagres estão:
a) Paulo e Silas.
b) Paulo e Barnabé.
c) Paulo e Pedro.
d) Paulo e Jesus.

7. Com respeito às imagens, é correto se dizer que:


a) Deus, por causa da ignorância das pessoas, efetua milagres por meio das imagens.
b) Deus nunca ordenou que imagens fossem feitas.
c) Espíritos malignos usam a devoção dos fiéis para responderem a suas petições,
enganando-os.
d) N.R.A.

8. Sobre a serpente de bronze feita por Moisés, é correto declarar:


a) Que a serpente não foi feita por ordem de Deus, por isso Ezequias a destruiu.
b) Que a serpente sempre foi um objeto de idolatria em Israel.
c) Que a serpente se tornou posteriormente um instrumento de idolatria entre os
fihos de Israel.
d) Que somente Moisés desejou fazer a serpente de bronze.

9. Sobre as curas a partir do fim da escrita dos livros do NT, podemos declarar que:
a) Diminuiram à medida que as Escrituras foram finalmente concluídas.
b) Existem na mesma forma e proporção hoje.
c) Só existiram durante o período de Paulo.
d) Cessaram completamente com a conclusão do NT.

10. Sobre Isaías 53.4, podemos declarar que:


a) Jesus é o Cristo das Escrituras Sagradas.
b) Somente o Cristo realizaria curas miraculosas.
c) O Cristo realizaria curas durante o seu ministério antes do seu sacrifício por nós.
d) Por meio do sacrifício de Cristo na cruz alcançamos a certeza da cura de todas
as nossas enfermidades.

763
Em defesa da fé

DoMingo

DEFINIÇÃO

Expressão exclusivamente cristã, cunhada no 1º século do cristianismo, a


partir da tradução dos escritos de João, o apóstolo (Ap 1.10). A palavra “do-
mingo”, com referência ao primeiro dia da semana, significa, literalmente,
“dia do Senhor” ou “dia Senhorial” (Lat. Dominica Die).

A guarda do domingo foi instituída pelo imperador pagão Cons-


tantino somente no ano 321 d.C., para substituir a guarda do sá-
bado entre os cristãos.

Quando estudamos os relatos históricos dos primeiros cristãos que


viveram séculos antes de Constantino, famoso imperador romano pagão,
deparamo-nos com vários relatos de que o domingo possuía um significado
muito especial para as comunidades cristãs primitivas. O Didaquê (texto
produzido por uma comunidade cristã na Síria por volta de 120-140 d.C.),
Justino Mártir, em sua primeira apologia, e a Epístola de Barnabé (todos
do 2º século d.C.) são apenas alguns dos vários textos primitivos da Igreja
que apontam para o culto dos cristãos no domingo, em recordação da res-
surreição do Senhor Jesus.

764
C u rs o A po lo gético

A promulgação de Constantino não institucionalizou a “guarda” do


domingo, mas simplesmente reconheceu por meio de seu decreto algo já
praticado há séculos. Nem para Constantino nem para os cristãos o domin-
go era um dia a ser guardado nos mesmos moldes do sábado judaico, pois
Constantino não proibia nem o cultivo por parte dos agricultores nem o
julgamento de petições públicas de especial urgência nesse mesmo dia
(práticas proibidas a um judeu em um dia de sábado). Ele afirmou ainda
em seu decreto: “Os camponeses poderão, porém, atender a agricultura por
ser este o dia mais apropriado para fazer a sementeira ou plantar vinhas,
pois não se deve desperdiçar a oportunidade concedida pela divina provi-
dência, visto ser de curta duração a estação própria” (Corpus Juris Civilis,
II, 127). Em outra declaração posterior sobre o domingo, ele afirmou:

“Assim como opinamos ser o domingo, com seus veneráveis ritos,


o dia menos indicado para os juramentos e contrajuramentos de
litigantes e para disputas indecentes... portanto, permita-se a todos
tramitar, nesse dia festivo, processos de alforria ou emancipação
e autorize-se qualquer diligência necessária a este fim” (Cod.
Theodo., II, VIII.1).

Os cristãos não cessavam todas as suas atividades no domingo. Para


eles, simplesmente, tinham esse dia como o principal dia de culto, em re-
cordação da vitória de Cristo sobre a sua própria morte, sendo isso reco-
nhecido séculos depois pelo imperador romano em seu processo de “cris-
tianização” do império.

Domingo, em inglês, é sunday (dia do sol). Portanto, quem guarda


esse dia está cultuando o deus sol, e não o deus do cristianismo.

Se os cristãos de língua inglesa praticam um culto pagão por cultuarem


a Deus no domingo (Sunday – “dia do deus Sol”), então aqueles que guardam

765
Em defesa da fé

o sábado (Saturday – “dia do deus Saturno”) confirmam adorar também


outro deus pagão por isso? Os nomes dos dias da semana, em cada idioma,
são usados de acordo com as origens linguísticas de cada dia. Nomes, em
grego e latim, que influenciaram outras línguas fazem alusão a divindades
pagãs, pois esses nomes se originaram a partir dos nomes de alguns corpos
celestes cultuados dentro da astrologia tão praticada entre os povos pagãos
da Antiguidade. Até a palavra “feira”, usada para alguns dias da semana em
português, possui uma origem pagã, pois fazia alusão à deusa da paz, da
alegria e da fertilidade (Freias), cujo símbolo principal de sua fertilidade
era o peixe.
Aqueles que têm problemas com o significado dos nomes dos dias da
semana deveriam criar, além de novos nomes para os dias da semana,
também outros nomes para alguns meses do ano. Janeiro, por exemplo,
origina-se de Janus, o deus que guardava as portas, na crença pagã romana.
Deveríamos não mais usar essa palavra por sua estrita origem pagã? De-
veríamos deixar de usar a palavra lar por fazer referência ao culto ancestral
na Roma pagã?

A palavra “domingo” não aparece na Bíblia!

É verdade que não encontramos em nenhum texto grego a palavra


“domingo” (ela é de origem latina), mas não poderíamos rejeitar o seu uso,
por isso, pois, não encontramos também outras palavras, como coração, casa,
Deus, sábado, mas, sim, as suas correspondentes em hebraico e grego.
A palavra “domingo” é de origem cristã e não existia até o fim do sé-
culo 1º d.C., surgindo a partir da tradução para o latim da expressão grega
kyriake hemera (Lat. Dominica die), usada exclusivamente pelo apóstolo
João em Ap 1.10.
O erudito R. J. Bauckham, do departamento de teologia da universi-
dade inglesa de Manchester, em sua análise crítica do texto de Apocalipse
1.10, declara:

766
C u rs o A po lo gético

“Concluímos que no Didache, em Inácio e no Evangelho de Pe-


dro, kyriake é um termo técnico de uso relativamente difundido
pelo menos na Síria e na Ásia Menor, o qual designa o primeiro
dia da semana como o dia cristão de culto congregacional regular.
Assim, torna-se extremamente provável que kyriake hemera, em
Apocalipse 1.10, também signifique domingo. João estava escre-
vendo de modo a ser compreendido por todas as igrejas das
províncias da Ásia que, se observavam a Páscoa nesse período,
eram quartodecimanas [celebravam o feriado da Páscoa na vés-
pera de catorze de Nisan, o dia da Páscoa judaica]. Se estava
escrevendo durante o reinado de Domiciano, sua carta antecede
a de Inácio aos magnésios, habitantes dessa mesma região, em
mais de vinte anos. Mesmo que estivesse escrevendo antes disso,
ainda é extremamente improvável que a mesma designação tives-
se sido transferida de um festival religioso para outro. Afirmar que
Apocalipse 1.10 se refere à Páscoa (ou ao Shabbath) não passa de
especulação infundada. A coerência absoluta no uso do termo
pelos autores do segundo século indica o domingo” (CARSON,
2006, p. 240).

Portanto, temos provas históricas de que kyriake hemera (domingo)


foi de fato o dia mencionado por João em Apocalipse 1.10.

Para informações complementares, ver os tópicos Sábado e Lei.

* * *

Os ASD tentam constantemente confundir a mente de


muitos com relação à questão do domingo, negando
que a Igreja primitiva desse alguma importância a tal
dia anteriormente ao período de Constantino, o Gran-
de (272-337 d.C.). Temos pelo menos duas afirmações

767
Em defesa da fé

da IASD que seguem o caminho oposto. Eles declaram, no livro Nisto


Cremos com relação ao domingo: “... As evidências indicam que por volta
da metade desse século [II] alguns cristãos observavam voluntariamente
o domingo como dia de adoração, não como dia de repouso” (p. 344).
Essa afirmação admite o domingo como um dia especial de culto entre
os cristãos, o que demonstra que já havia uma disposição natural da Igreja
em ver o domingo não como um dia pagão de culto, mas um dia de cele-
bração àquele que venceu a morte em um domingo. Não existe mandamen-
to para a guarda do domingo no NT, pois o domingo não é o “sábado dos
cristãos” sob o novo pacto, mas um dia de recordação da vitória de Cristo
sobre a morte. Temos a opção, não a ordenança, para escolher dias especiais,
se assim o desejarmos (Rm 14.5, 6). Viver a vida cristã à base de dias a
serem guardados demonstra retrocesso na espiritualidade (Gl 4.9-11).
Outra grande prova de que a Bíblia menciona a importância do do-
mingo como um dia de celebração cristão já reconhecido no 1º século é que
a própria IASD reconhece o texto de Atos 20.7 como fazendo referência ao
culto da igreja no domingo (At 20.7-12), e não no sábado. A série de 27
estudos, Ouvindo a Voz de Deus, distribuída pela IASD, faz a seguinte
pergunta na primeira questão da lição 17:

“Quantos e quais são os textos bíblicos que falam do domingo?


Mateus 28.1; Marcos 16.1, 9; Lucas 24.1; João 20.1, 19; Atos 20.7;
1 Coríntios 16.2” (grifos do autor).

768
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

DOMINGO

1. O que significa a palavra “domingo”?

2. Foi Constantino o responsável pela instituição do domingo como


um dia de descanso? Explique.

3. Como se relacionavam os cristãos primitivos com o primeiro dia


da semana?

4. Por que não podemos construir nenhuma doutrina a partir do


significado da palavra “domingo”, em inglês?

5. Como grupos religiosos que defendem a guarda do sábado


tentam confundir a mente de muitos com relação à questão do
domingo?

769
PROVA – DOMINGO

1. A palavra “domingo” significa:


a) Dia de ações de graça.
b) Dia do Senhor.
c) Dia de descanso.
d) Dia da ressurreição.

2. Segundo o Didaquê, Justino Mártir e a Epístola de Barnabé, o domingo:


a) Nunca deve ser guardado.
b) Deve ser guardado.
c) É um dia especial de culto em recordação à ressurreição de Cristo.
d) É o dia único no qual devemos render culto a Cristo.

3. Sobre o Imperador Constantino, podemos declarar que:


a) Reconheceu por meio de decreto a prática cristã de adoração no domingo.
b) Institucionalizou a guarda do domingo nos moldes da guarda sabática.
c) Proibiu qualquer tipo de atividade agrícola no domingo.
d) Proibiu qualquer tipo de ação judicial no domingo.

4. A expressão Saturday (sábado, em inglês) significa:


a) Dia do Sol.
b) Dia da Lua.
c) Dia do deus Saturno.
d) Dia do deus Mitra.

5. A expressão Sunday, por significar uma divindade pagã, é:


a) Uma verdade ignorada pelos cristãos.
b) Algo que deve ser evitado como dia de um deus pagão.
c) É semelhante à nomenclatura dada ao sábado na língua inglesa, que também
se refere a um deus pagão.
d) É igual a todos os meses do calendário judaico.

770
6. Sobre o extenso uso de expressões de origem pagã, devemos:
a) Ignorá-las, visto que não mais relacionamos os nomes aos cultos pagãos.
b) Evitar o uso em nosso idioma de toda palavra de origem pagã.
c) Criar um novo calendário semanal que não tenha relação com o paganismo.
d) N.R.A.

7. A expressão domingo, em nosso idioma, é de origem:


a) Grega.
b) Latina.
c) Hebraica.
d) Aramaica.

8. A expressão grega usada no NT para se referir ao domingo em Apocalipse é:


a) Hemera Kyriou.
b) Hemera Tou Kyriou.
c) Kyriake hemera.
d) Kyriake kyriou.

9. Segundo o erudito R. J. Bauckham, Apocalipse 1.10 menciona:


a) Sábado.
b) Domingo.
c) Páscoa.
d) Natal.

10. Sobre a IASD e a questão do domingo, podemos declarar que:


a) Se contradiz com relação ao início da observância do domingo pelos cristãos.
b) Nunca guardou o sábado.
c) Defende que o sábado e o domingo são dias iguais de adoração.
d) N.R.A.

771
Em defesa da fé

religiÃo

DEFINIÇÃO

A palavra “religião” vem do latim Religare e significa “religar” ou “atar” algo


quebrado ou rompido. Significa basicamente um sistema de culto e práticas
organizadas, visando ao relacionamento de algum ser superior, quer seja
pessoal ou não, e a união ou comunhão com aquele que lhe presta tal ser-
viço devocional.

Quantas religiões existem no mundo?

Atualmente existem doze grandes religiões em todo o mundo, das quais


saíram ou foram influenciadas as cerca de mais de 34.000 seitas e denominações
existentes (somente 33.800 pertencem ao cristianismo). Estas são: 1) o zoro-
astrismo, que surgiu a partir do 7º século a.C., na Pérsia; 2) o animismo, que
é uma religião tribal que atribui aos elementos do universo uma força vital,
alma ou mente, cuja origem cronológica é desconhecida; 3) o jainismo, que é
uma religião originária da Índia no 6º século a.C.; 4) o sikhismo, que surgiu
na região entre Paquistão e Índia entre os séculos 15 e 16 d.C.; 5) o confu-
cionismo, originário da China do século 5º-6º a.C.; 6) o xintoísmo, religião

772
C u rs o A po lo gético

japonesa cuja origem se perde na história; 7) o hinduísmo, igualmente antigo,


reconhecido como a mais antiga religião organizada do mundo; 8) o taoísmo,
que é uma religião originária da China também entre os séculos 5º e 6º a.C.;
9) o budismo, surgido na Índia ainda no século 5º a.C.; 10) o islamismo, sur-
gido na Arábia do 7º século d.C.; 11) o judaísmo, surgido a partir de Moisés
no 15º século a.C., no Egito; e, finalmente, 12) o cristianismo, que surgiu em
Israel no 1º século de nossa era. 

Todas as religiões nos conduzem a Deus? 

Como tantas formas de crenças opostas e contraditórias entre si


poderiam conduzir o homem ao mesmo Deus? Como tantas estradas
diferentes finalmente levariam os homens ao mesmo destino? Como todos
os caminhos poderiam apontar para o mesmo ser se são opostos? A Bíblia
declara que nem toda forma de crença e atitude religiosa é aceitável por
Deus. Deus ordenou aos israelitas expulsarem os povos que viviam em
Canaã devido a seus rituais religiosos inaceitáveis diante dele (Dt 18.9-
14). Deus enfatizou ao povo israelita o cuidado que deveriam ter para
não se deixarem levar por formas de crenças que poderiam desviá-los da
fé genuína (Dt 4.15-19). Paulo afirma que os homens se desviaram do
caminho apontado por Deus por meio de suas crenças aceitáveis, por
outras próprias, tornando-os inimigos do Criador (Rm 1.21-25). Pois há
caminhos que ao homem parece direito, mas no final são caminhos de
morte (Pv 14.12).
O simples fato de alguém participar de determinado grupo religio-
so não o coloca em uma posição de salvação diante do Criador, pois, de
acordo com as palavras de Jesus Cristo, Deus busca pessoas para adorá-
-lo “em espírito e em verdade” (Jo 4.24), e não apenas pessoas envolvi-
das em determinados rituais religiosos que não as conduzirão à salvação
(Mt 7.21-23).

773
Em defesa da fé

Por que o cristianismo bíblico teria de ser a única forma de religião


aceita por Deus? Não seria isto presunção?

O fato de alguém considerar determinada crença como a única forma


de religião aceita por Deus não deve ser encarado como presunção. Quando
alguém afirma que não existe uma verdade absoluta, ela está afirmando
que o “fato” de não existir uma verdade absoluta é uma verdade absolu-
ta. Assim, esse tipo de argumentação é inconsistente por ser autoanulável.
Partindo desse fato, se existe uma verdade absoluta até mesmo de acor-
do com a própria visão de que absolutos não existem, seria muito acre-
ditar que só existiria uma única religião verdadeira e aceita por Deus (Tg
1.26, 27)?
Outro fato que não pode passar despercebido de forma alguma é que
existem sete cosmovisões (formas de se compreender ou interpretar a reali-
dade existencial) em todo o mundo, todas elas se opondo uma à outra
(Teísmo, Ateísmo, Agnosticismo, Deísmo, Animismo, Panteísmo, Panen-
teísmo). Se a crença religiosa é determinada por nossa cosmovisão e todas
elas são excludentes, por que não pode haver uma única verdade, se somen-
te uma única cosmovisão pode ser verdadeira? Você acusaria um ateu, cé-
tico ou agnóstico de presunção por ele acreditar que está correto em sua
filosofia materialista? Por que acreditar que as cosmovisões, que são todas
exclusivas, e não inclusivas, podem ser todas verdadeiras? A verdade exige
exclusividade, e não pluralidade, pois a razão nos impede de conceber a
ideia de que interpretações (descrições) diretamente opostas sobre um
mesmo objeto (realidade) sejam todas verdadeiras.

Ver resposta à pergunta posterior. 


Para informações complementares, leia no tópico Bíblia:

Não creio na Bíblia porque não existe verdade absoluta.

774
C u rs o A po lo gético

Por que o cristianismo teria de ser a única religião verdadeira, se


não é a mais antiga do mundo?

O fato de determinado conceito ser ou não verdadeiro não repousa


necessariamente sobre a questão de ser mais antigo ou recente. Já houve
cerca de 5.000 mudanças na ciência nos últimos séculos, e alguns conceitos
que foram ensinados não são considerados verdadeiros pelo fato de terem
sido ensinados anteriormente.
Existem sólidas evidências históricas e proféticas que apontam para o
cristianismo como uma religião diferente de todas as demais. O fundador
da religião cristã é diferente de todos os outros fundadores de religiões no
mundo: profetizou uma grande calamidade sobre os judeus, que tem se
cumprido, como os fatos históricos comprovam (Lc 21.20-24); previu um
futuro colapso mundial, como nós mesmos já temos visto os indícios deste
futuro obscuro para a raça humana (Mt 24.21, 22); foi alvo de profecias que
determinaram não só o local de nascimento dele (Mq 5.2), mas também o
tempo de seu ministério terreno e morte (Dn 9.25, 26) com séculos de
antecedência. Não temos nada semelhante na história religiosa mundial, o
que torna o cristianismo bíblico algo singular entre as religiões mundiais,
independentemente de sua origem estar relacionada ao 1º século, ou mes-
mo antes, da chamada era cristã (as origens da religião cristã estão intima-
mente relacionadas à promessa messiânica do judaísmo histórico estabele-
cido há aproximadamente 1.500 anos antes de Cristo).
O ateísmo filosófico, o agnosticismo, o deísmo e o ceticismo não são
as mais antigas formas de compreender ou interpretar o mundo (cosmovi-
sões), mas muitos seguem tais conceitos. Aliás, se seguirmos o conceito de
quanto mais antigo mais verdadeiro, teríamos de anular a própria ciência e
as quatro filosofias anteriormente citadas como propostas autênticas de
apresentarem a completa realidade da experiência humana.
Acerca da singularidade do cristianismo como religião cujas principais
doutrinas, diferentes de todas as demais confissões religiosas, está baseada
em uma fé objetiva em um Deus que interfere nos assuntos humanos, dei-

775
Em defesa da fé

xando relatos históricos comprovados na experiência humana. O famoso


historiador Marc Bloch declara sobre o cristianismo: “Pois o cristianismo [já
mencionei] é, por essência, uma religião histórica: vejam bem, cujos dogmas
primordiais se baseiam em acontecimentos. Releiam seu credo: ‘Creio em
Jesus Cristo... que foi crucificado sob Pôncio Pilatos... e ressuscitou dentre
os mortos no 3º dia’. Também nesse caso os primórdio da fé são seus fun-
damentos” (BLOCH, 2002, p. 58).

Ver resposta à pergunta anterior.

A religião cristã deveria respeitar a cosmovisão ateísta, visto que o


ateísmo é mais antigo que o cristianismo em pelo menos 2.500 anos.

Esse tipo de argumento mencionado por George Minois, em sua obra


História do Ateísmo, é extremamente inconsistente pela intenção do autor
de apresentar a antiguidade do ateísmo como uma grande prova de sua
respeitabilidade e legitimidade (p .4), como se, quanto mais antigo mais
autêntico ou legítimo o é (o que é uma falácia). Ele se demonstra equivo-
cado em pelo menos três aspectos essenciais dessa discussão que não podem
passar despercebidos por aqueles que buscam as verdades dos fatos. Pri-
meiro, ele jamais deveria comparar o cristianismo, que é uma religião, que
nunca se declarou como a mais antiga, como ateísmo, que é uma cosmovi-
são. As cosmovisões estão nos “degraus de cima”, abaixo delas é que estão
as doze grandes religiões e as correntes filosóficas. Portanto, se a discussão
é de legitimidade e respeitabilidade de uma “crença” (o ateísmo não deixa
de ser uma crença) sobre outra, deveríamos obrigatoriamente comparar o
ateísmo (uma cosmovisão) com o teísmo (outra cosmovisão da qual o cris-
tianismo como religião faz parte). A crença na existência de Deus (teísmo/
deísmo), ou deuses (politeísmo), faz parte de muitas culturas antigas (África,
China, Suméria, Babilônia, Egito, América pré-colombiana etc.) e todas as
anteriores à proposta ateia. Segundo, a negativa da não existência de algo

776
C u rs o A po lo gético

ou alguém não pode surgir sem que antes se conceba a sua existência, quer
pensemos em algo concreto ou mesmo abstrato. Não pode haver negação
daquilo que anteriormente não foi concebido e pensado. Se existe um
“ateísmo”, é porque obrigatoriamente existe um teísmo, deísmo ou politeís-
mo que lhe é anterior. Terceiro, o autor usa o argumento utrapassado da
“eternidade da matéria”, pelos antigos gregos, como forma de legitimação
do ateísmo. Ele declara: “Para nos restringir unicamente à civilização oci-
dental, é preciso dizer que, desde o século VI de nossa era, Parmênides,
Heráclito e Xenófanes de Cólofon já professavam a eternidade da matéria,
e que pouco tempo depois Teodoro, o ateu, anunciava a morte de Deus” (p.
4). Hoje a concepção grega da eternidade da matéria é página do passado,
pois até meados do século 20 não tínhamos sequer conhecimento sobre o
início do universo. A antiga ideia grega da eternidade da matéria não pode-
ria ser usada atualmente para legitimar e autenticar a cosmovisão ateísta,
pois uma concepção errada do universo (sua eternidade) não poderia legi-
timar uma cosmovisão supostamente correta da realidade que nos cerca (o
ateísmo proposto por Minois, por exemplo).

Se, em nome de Deus e da religião, tantas atrocidades foram


cometidas, não seria melhor um mundo sem religião?

Se admitirmos que a religião devesse ser banida das relações humanas


pelo fato de, em nome dela, milhões de pessoas terem sido mortas e tanta
injustiça ter sido feita, teremos grandes problemas que envolverão outros
aspectos de nossa existência, experiência e relação social. Se seguirmos a essa
linha comparativa de pensamento, identificaremos que a autenticidade des-
se argumento é falha. Será que a criação do avião deveria ser vista como
desnecessária e má, pelo fato de ter sido usado como instrumento de guerra
e destruição de nações, produzindo tanta ruína? O problema está no avião
ou como ele foi usado para alcançar os fins egoístas de muitos? Se uma so-
ciedade sem religião fosse realmente mais justa e fraterna, por que os regimes

777
Em defesa da fé

ateístas, totalitários e antirreligiosos de Fidel Castro, Mao Tsé-Tung e Stalin,


baseados na ideologia marxista, causaram tantas mortes, ruína e injustiça?
As atrocidades promovidas pela inquisição espanhola levaram mais de 12 mil
pessoas à morte, e a inquisição no restante do mundo matou mais 18 mil. O
que representam esses números, por mais irracionais e absurdos que sejam,
diante dos cerca de 130 milhões de mortos em nome de ideologias anticristãs
como o antissemitismo de Hitler, ou a tentativa de extinção do cristianismo
por meio do comunismo? Não podemos nos esquecer de que o marxismo
ateísta foi a ideologia responsável por mais assassinatos em toda a história
humana. Nenhuma ideologia religiosa matou tanto. A tecnologia científica
tem sido usada também para exterminar milhões em todo o mundo com a
produção de armas de guerra, e ninguém em sã consciência se levantará
contra a ciência e seu “progresso”. A crença em si não é um mal, como a
ciência também não o é, mas pode ser usada nesse intuito.
A solução seria banir a religião das relações humanas ou viver o fato
ensinado no cristianismo bíblico de que devemos respeitar e amar o nosso
próximo (Mt 22.37-40)? Como declarou a jornalista científica Paola Emília
Cicerone à revista Mente e Cérebro, ao responder se a religião faz ou não
bem: “Depende mais de quem a segue e de como é praticada que do sis-
tema de crenças em si” (p. 49, nº 168, ano XIV).

Ver resposta às perguntas anterior e posterior.

Para informações complementares, leia no tópico Deus:


A teoria da existência de Deus não seria apenas um
meio de imposição de limites e uma forma de limitar a
liberdade humana por meio dos dogmas religiosos?

A religião cristã é tão intolerante!

Se intolerante é quem não tolera ou aceita algo oposto ao seu pensa-


mento, todas as pessoas que consideram o cristianismo intolerante são

778
C u rs o A po lo gético

intolerantes com o cristianismo. Ser intolerante, muitas vezes, não deve ser
encarado como um defeito de caráter, pois, em nome de um comportamen-
to tão tolerante com o pecado, nossa sociedade tem sido afligida por todo
tipo de comportamento permissivo e autodestruidor. Se todas as pessoas
que não aceitam algo por ser considerado errado, embasadas em uma aná-
lise sistemática dos fatos, são intolerantes, existiriam pessoas realmente 100%
tolerantes? Se não existem pessoas totalmente “tolerantes”, por que deveria
o cristianismo o ser? Ser tolerante é aceitar ou tolerar toda forma de com-
portamento e conduta? Existe pelo menos uma única pessoa, em todo o
mundo, que tolera todo tipo de prática comportamental? Se não, por que
deveria o cristianismo tolerá-las?

Ver resposta à pergunta posterior.

Quais foram as contribuições da religião cristã ao mundo?

Várias foram as contribuições dadas pelo cristianismo ao mundo, algu-


mas das quais são sentidas por toda a sociedade moderna. Entre as princi-
pais contribuições estão:

1. A igualdade da mulher dentro da sociedade é um benefício ofere-


cido pelo cristianismo, pois em Cristo todos são um (Cl 3.11). As
mulheres só passaram a possuir algum valor dentro da sociedade a
partir da influência do cristianismo, o qual aboliu o infanticídio de
mulheres nas sociedades antigas. Na Grécia, elas eram tidas como
possuidoras de natureza inferior à dos homens, em Roma um nú-
mero muito grande de mulheres eram abandonadas à sua própria
sorte ao nascerem como forma de “equilíbrio” dos sexos (as femi-
nistas deveriam lembrar-se disso).
2. A abolição da escravatura também pode ser considerada uma
contribuição cristã, pois os movimentos abolicionistas são um fe-

779
Em defesa da fé

nômeno apenas do ocidente cristão. As palavras de Paulo para


Filemon sobre como ele deveria receber o seu escravo Onésimo
foram cruciais para o mundo antigo, sob influência do cristianismo,
gradativamente eliminar a escravatura (Fm 16), pois, mesmo não
proibindo diretamente a escravidão, a eliminaram por colocar
servos e senhores no mesmo nível diante do senhorio de Cristo
(Gl 3.28).
3. Ademais, os sangrentos torneios promovidos por Roma, onde
havia a morte de muitos gladiadores, foram finalmente abolidos
por Constantino devido à influência do cristianismo na sociedade
romana.
4. O surgimento da Cruz Vermelha só se deu graças ao seu fundador,
Henry Dunant, um banqueiro suíço e um cristão filantropo. Moti-
vado pelo cristianismo, ele fundou uma das maiores organizações
humanitárias de que se tem notícia na história.
5. Muitos idiomas europeus também só puderam ser codificados a
partir da influência de missionários cristãos que desenvolveram
vários idiomas escritos ao traduzirem a Bíblia para o povo. O
missionário cristão ariano, Ulfilas, foi o responsável pelo desen-
volvimento da escrita gótica entre os Godos ao criar essa escrita
para traduzir a Bíblia e evangelizar o povo “bárbaro” do norte da
Europa.
6. A ideia de educação para todos como conhecida hoje só veio por
influência da Reforma Protestante, que via a necessidade de as
pessoas aprenderem a ler para saírem das trevas da ignorância e
da manipulação religiosa. Até a educação pública de forma indire-
ta, surgida em 1837 nos EUA, foi organizada graças ao cristianismo,
pois Horace Mann, o pai da educação pública, desenvolveu-a como
uma forma de tirar da Igreja o “monopólio” do ensino. Será que
um mundo com a ausência do cristianismo seria melhor?

Ver resposta à pergunta anterior.

780
C u rs o A po lo gético

A religião cristã é contrária à ciência.

Sem dúvida, algumas religiões podem possuir dogmas que inegavel-


mente criam dificuldade para a busca e a evolução das verdades científicas.
Mas a religião cristã não é contrária a tal busca natural do homem (Pv 25.2).
A maior prova disso são cristãos professos terem dado uma contribuição
inestimável para a ciência moderna. Os exemplos são:

1. O astrônomo Johannes Kepler (formulação da lei do movimento


planetário [a famosa lei de Kepler]).
2. O físico Isaac Newton (formulação das leis da mecânica clássica).
3. O matemático Leonhard Euler (o mais prolífico matemático de seu
tempo, tendo escrito um terço do que foi publicado sobre ciência
em sua época).
4. O físico James Clark Maxell (fundador do eletromagnetismo
clássico).
5. O físico James Prescott Joule (fundador do estudo da termodi-
nâmica).

Esses são apenas alguns dos nomes de cristãos que contribuíram mui-
to para o desenvolvimento da ciência moderna, demonstrando não haver
nenhuma incompatibilidade entre a verdadeira ciência e a religião cristã.
O mundialmente reconhecido escritor e pesquisador na área de histó-
ria da ciência, Stanley L. Jaki, ao explicar o porquê da ciência ter surgido
apenas no ocidente cristianizado, declarou:

“Para se ter ciência é preciso se ter leis de movimento. Esta ciên-


cia [do movimento] permaneceu além do alcance da melhor
mente grega. Como resultado, a Grécia também tornou-se um
daqueles locais que testemunharam o aborto da ciência. A ciência
testemunhou somente um nascimento viável, quando teve o cris-
tianismo ocidental por seu berço. Numa era de globalização,

781
Em defesa da fé

democracia universal e multiculturalismo, pode soar repulsivo


expressar este fato. Mas deveria ser enganoso o silenciar-se acer-
ca disso. Silenciar-se acerca desta questão seria equivalente a
fechar os olhos como um cego sobre a questão da origem da
ciência. De fato não há nenhuma questão sobre a ciência e sua
história que tem sido tão ignorada... A ideia cristã da criação teve
ainda outra contribuição crucial para o futuro da ciência. Esta
ideia consistiu em colocar todos os seres materiais no mesmo
nível como sendo meras criaturas. Diferente do cosmo pagão
grego, não haveria corpos divinos [celestiais] no cosmo cristão.
Todos os corpos, celestiais e terrestres, estavam no mesmo pé de
igualdade, no mesmo nível. Isto fez eventualmente possível assu-
mir que o movimento da Lua e a queda de um corpo [celeste]
sobre a terra poderia ser governado pela mesma lei da gravitação.
Esta suposição teria sido um sacrilégio aos olhos de qualquer
grego de tradição panteísta, ou em qualquer tradição similar em
qualquer das culturas antigas. Finalmente, [o] homem apresen-
tado no dogma cristão da criação como um ser especialmente
criado à imagem de Deus. Esta imagem consistia em ambos, na
racionalidade humana como de alguma maneira compartilhando
em Deus sua própria racionalidade, e na condição humana como
um ser ético como eterna responsabilidade por seus atos. O re-
flexo do homem sobre sua própria racionalidade tinha portanto
que dá-lo confiança de que sua mente criada poderia sondar a
racionalidade do reino criado. Ao mesmo tempo, toda criação de
sua racionalidade poderia precavê-lo para se guardar contra a
sempre presente tentação de ditar a natureza o que deve ser. O
eventual surgimento do método experimental deve muito àquela
matriz cristã. A apreciação do aspecto quantitativo da racionali-
dade poderia ser grandemente fortalecida [a partir] da frase bí-
blica que Deus criou todas as coisas “de acordo com medida,
número e peso” (Wis 11.20). Esta frase era a citação bíblica mais

782
C u rs o A po lo gético

frequentemente mencionada na literatura medieval. Usos alegó-


ricos daquela frase não [os] impediram de alimentar considerações
genuinamente científicas” (JAKI, 2000, pp. 22, 23).

Até mesmo o maior medievalista do século 20, Jacques Le Goff, morto


em 2014, confirmou esta mesma gênese da ciência moderna, nos seguintes
termos:

“Assim prossegue essa obra de dessacralização da natureza, de


crítica do simbolismo, prolegômeno necessário a qualquer ciência,
que o cristianismo, desde que começou a difundir-se, tornou
possível, como mostrou Pierre Duhen, deixando de considerar a
natureza, os astros, os fenômenos como deuses – assim os consi-
derava a ciência antiga –, mas como criações de um Deus. A nova
etapa valoriza o caráter racional dessa criação. Desse modo, como
se disse, levantava-se contra os partidários de uma interpretação
simbólica do universo, a reivindicação da existência de uma ordem
de causas segundas autônomas sob a ação da providência. Sem
dúvida, o século XII ainda é cheio de símbolos, mas seus intelec-
tuais já fazem a balança se inclinar para o lado da ciência racional”
(Le Goff, 2014, p. 78).

Portanto, o cristianismo possui uma estreita relação com o surgimento


da própria ciência, e não é inimigo do genuíno conhecimento científico.
Como afirmou o físico panteísta Albert Einstein: “A ciência sem religião é
manca, a religião sem ciência é cega” (Science, Philosophy and Religion: A
Symposium, 1941).

Ver resposta às perguntas anterior e posterior.

783
Em defesa da fé

Se a religião cristã é tão favorável ao conhecimento, por que se


opôs à teoria heliocêntrica de Galileu Galilei?

Este talvez seja o maior engano popularizado por muitos escritores que
mencionam a suposta “batalha” constante entre a ciência, que busca o “de-
senvolvimento da sociedade”, e a velha religião, que é apenas um suposto
mero resquício da mente primitiva. O conflito existente entre Galileu Ga-
lilei e a Igreja (católica) não foi por sua descoberta que supostamente en-
traria em conflito com a cosmologia apresentada na Bíblia, que, segundo
tais pesquisadores, possuiria uma visão geocêntrica (a Terra, e não o Sol,
seria o centro de nosso sistema solar). Logo, ao apresentar sua teoria, Ga-
lileu não foi alvo de nenhuma perseguição por parte das autoridades da
Igreja. Um dos maiores pesquisadores sobre esse período da história, Tho-
mas E. Woods Jr., ao comentar sobre esse fato, declarou:

“Inicialmente, Galileu e sua obra foram bem acolhidos e festeja-


dos por eminentes eclesiásticos. Em fins de 1610, o Pe. Cristovão
Clavius comunicava por carta a Galileu que os seus amigos astrô-
nomos jesuítas haviam confirmado as suas descobertas. Quando
foi a Roma no dia seguinte, o astrônomo foi saudado com entu-
siasmo tanto pelos religiosos como por personalidades leigas.
Escreveu a um amigo: ‘Tenho sido recebido e favorecido por
muitos cardeais ilustres, prelados e príncipes desta cidade’. O Papa
Paulo V concedeu-lhe uma longa audiência e os jesuítas do Co-
légio Romano organizaram um dia de atividades com relação às
suas descobertas” (WOODS, 2008, p. 65).

Essa não poderia ser a atitude de uma Igreja anticientífica como fre-
quentemente tem sido apresentada. Se Galileu Galilei descobriu algo que
colocaria a fé cristã em xeque, por que suas descobertas foram tão celebra-
das pelas autoridades eclesiásticas? Como uma teoria ameaçadora poderia
ser aceita com tamanho entusiasmo?

784
C u rs o A po lo gético

A verdade é que as descobertas de Galileu só foram alvo de repulsa


por parte da Igreja católica quando ele tentou apresentá-las como um fato
que deveria, inclusive, reorganizar a própria teologia, e não apenas uma
hipótese científica, pois naquela época não havia ainda possibilidade de
comprovar empiricamente a sua teoria, que só foi finalmente comprovada
experimentalmente em 1851, com o pêndulo que Léon Foucault pendurou
no ápice do domo do panteão de Paris, encerrando assim mais um grande
episódio da história do grande astrônomo. Sobre este período conturbado
da vida do grande cientista italiano, o especialista sobre esse assunto, Jero-
me Langford, resume:

“Galileu estava convencido de possuir a verdade, mas não tinha


provas objetivas suficientes para convencer os homens de mente
aberta. É uma completa injustiça afirmar, como fazem alguns
historiadores, que ninguém ouvia os seus argumentos e que nun-
ca teve oportunidade. Os astrônomos jesuítas tinham confirmado
as suas descobertas e esperavam ansiosamente por provas ulterio-
res para poderem abandonar o sistema de Tycho e passarem a
apoiar com segurança o copernicanismo. Muitos eclesiásticos in-
fluentes acreditavam que Galileu devia está certo, mas tinham de
esperar por mais provas” (Ibid., p. 67).

Na verdade, a perseguição a Galileu só foi iniciada quando ele, antes


de conseguir provar a sua nova teoria acerca do sistema solar, decidiu pro-
nunciá-la como uma proposta que deveria ser aceita por todos, inclusive
remodelando as interpretações bíblicas sobre essa questão defendidas pelos
teólogos com base na filosofia aristotélica, que era completamente geocên-
trica. Os teólogos da época defendiam uma visão geocêntrica do nosso
sistema solar com base na filosofia dominante da época (aristotelismo), que
foi, inclusive, introduzida na leitura que fizeram das Escrituras, adaptando-a
à interpretação reinante. Portanto, o conflito com Galileu não se tratava de
um conflito entre a teologia e a ciência, como pretendem expor, mas um

785
Em defesa da fé

conflito a partir da mudança entre uma filosofia tão influente que até mes-
mo redefiniu a leitura bíblica da época e uma nova descoberta científica que
não poderia ainda ser confirmada.
Galileu tentou comprovar sua teoria do movimento da Terra, inclusive
apelando para o movimento das marés, o que é considerado uma “prova”
inaceitável pelos próprios cientistas atuais (Ibid., p. 66). A precipitação
orgulhosa de Galileu e a adaptação da hermenêutica cristã da época da fi-
losofia grega (da mesma forma que hoje se lê a Bíblia à luz de outras filo-
sofias) causaram o grande problema que até hoje é distorcido pelos defen-
sores do conflito permanente entre a religião e a ciência.

Todas as religiões não possuem coisas boas?

Sim. No entanto, a questão de se ter algo bom ensinado por um gru-


po religioso não o coloca como aceitável por Deus. O próprio Satanás,
segundo a Bíblia, realiza coisas “boas” com intenções malignas (2Co 11.14,
15). Um exemplo disso foi a Igreja do Reverendo Jim Jones (Templo do
Povo), em São Francisco, nos EUA, a qual era envolvida com muitas ques-
tões sociais, desde a defesa da liberdade de imprensa até a busca da igual-
dade social para as classes menos favorecidas. Apesar desses pontos posi-
tivos, o seu fundador foi responsável pelo maior suicídio coletivo e
“espontâneo” da história das religiões, quando, em 20 de novembro de
1978, conduziu quase mil pessoas a tal ato brutal e animalesco (KILDUFF;
JAVERS, 1979, p. 125). Então perguntamos: se alguém o assegurasse que
em um copo de água cristalina houvesse apenas uma gota de veneno mor-
tífero, você o tomaria? A religião não deve ser julgada apenas por suas
práticas altruístas, mas também por suas crenças e doutrinas, e a conse-
quência lógica para a existência e compreensão de nossa própria história e
ação diante do Criador pessoal e Eterno.

786
C u rs o A po lo gético

Nasci nesta religião e morrerei nela.

Àqueles que nos dizem isso, poderíamos responder: “se alguém nas-
cesse em uma família e aprendesse um conceito religioso totalmente dife-
rente do seu, você o aconselharia a continuar em sua religião mesmo que
ela lhe fosse prejudicial do seu ponto de vista? Se você pegasse uma estra-
da errada para viajar, continuaria nela, mesmo que lhe provassem estar
seguindo um caminho errado desde o começo de sua viagem? Por que
deveria continuar em uma religião que desagrada a Deus se Ele nos exorta
a não endurecermos os nossos corações de forma obstinada para não ouvir
a sua Palavra (Sl 95.7-11)? Devo morrer crendo em algo errado por que
assim fui instruído desde o meu nascimento? Será que essa seria a forma
mais sábia de viver de acordo com nossa consciência à luz da razão? Ser
convencido por sua tradição familiar seria a melhor forma de decidir entre
o certo e o errado, entre o bem e o mal? Por que se, em nenhum dos ques-
tionamentos anteriores concordaríamos em rejeitar uma nova opção, por
que com relação à questão religiosa seria completamente diferente?”

* * *

A CCB (Congregação Cristã no Brasil) demonstra uma


característica amplamente encontrada em todos os
movimentos sectários: o exclusivismo denominacional,
que pressupõe que apenas uma determinada expressão
do cristianismo reflete toda a verdade teológica e litúrgica encontrada na
religião cristã. Diferentemente do exclusivismo religioso, que reconhece
apenas o cristianismo como a única expressão religiosa autêntica, confor-
me admitido a partir das próprias palavras de Cristo, por exemplo, em Jo
14.6. Acreditando que somente a CCB é capaz de dirigir homens e mu-
lheres no caminho da vida, rejeitam as demais denominações cristãs como
proclamadoras da verdade salvadora do Evangelho. Assim, as desprezam
nos seguintes termos:

787
Em defesa da fé

“Sabemos por quem somos guiados e quem opera em nosso meio;


todavia, não é possível ser admitido que nossos irmãos, frequen-
tando seitas e denominações estranhas a nossa fé, possam ser
considerados nascidos da água e do espírito como um fiel que tem
aceito o Senhor nosso Jesus Cristo como o seu único e Pessoal
Salvador. Assim devem tais irmãos serem exortados com veemên-
cia e, se porventura não renunciarem a tais hábitos, não serão
mais considerados como irmãos e impedidos assim da comunhão
da Igreja” (TÓPICOS DE ENSINAMENTOS, 1961, grafia ori-
ginal [itálico acrescentado]).

“Veio ao nosso conhecimento que, em inúmeras localidades, a


nossa mocidade e a irmandade em geral estão tomando este hábi-
to de cantar hinos de seitas. Cantam em suas casas e pelas casas
de famílias. Este hábito é uma novidade que está entrando e, se
não fazemos atenção, acabaremos nos misturando com as seitas.
Nunca jamais façamos isso. Deus tem preparado para seu povo o
novo hinário: “HINOS DE LOUVORES E SÚPLICAS A DEUS”
nº 04, contendo, além da maioria dos hinos antigos, mais cento e
quarenta hinos completamente novos. Assim, pois, não é necessá-
rio estar cantando hinos de seitas” (TÓPICOS DE ENSINAMEN-
TOS, 1965, grafia original).

Como considerar uma denominação que rejeita as demais denominações


cristãs, participantes do corpo de Cristo? Como somente a CCB pode ser
a única Igreja verdadeira de Cristo, se só surgiu em 1910? Estaria a Bíblia
equivocada quando declara que a Igreja existiria pelo século dos séculos, e
não somente a partir de 1910 (Ef 3.21)?

* * *

788
C u rs o A po lo gético

Em apoio ao secularismo anticristão que ao longo dos sécu-


los tem tentado varrer Deus das mentes e corações por meio
de uma frente de combate às doutrinas centrais da religião
cristã, substituindo-as por pressupostos filosóficos travestidos
de “ciência”, minando assim os princípios fundamentais da
relação do homem com o seu criador em exaltação a um
ídolo universal, a chamada psicanálise freudiana, a filósofa Marilena Chaui
corrobora resolutamente a “veracidade” das palavras de Freud, nos seguin-
tes termos:

“O criador da psicanálise, Sigmund Freud, escreveu que, no


transcorrer da modernidade, os seres humanos foram feridos três
vezes e que as feridas atingiram o nosso narcisismo, isto é, a bela
imagem que possuímos de nós mesmos como seres conscientes/
racionais e com a qual, durante séculos, estivemos encantados.
Que feridas foram essas? A primeira foi a que nos infligiu Copér-
nico, ao provar que a Terra não estava no centro do Universo e
que os homens não eram o centro do mundo. A segunda foi
causada por Darwin, ao provar que os homens descendem de um
primata, que são apenas um elo na evolução das espécies e não
seres especiais, criados por Deus para dominar a natureza. A
terceira foi causada pelo próprio Freud com a psicanálise, ao
mostrar que a consciência é a menor parte e a mais fraca de nos-
sa vida psíquica” (CHAUI, 2010, p. 209).

Claramente se percebe que o conceito divino que perturba os inte-


lectuais modernos é o teísmo cristão, contra o qual o texto anterior citado
desfecha seus golpes. O grande problema é que as chamadas “três feridas”
supostamente produzidas na humanidade não passam de uma manipulação
ideológica que visa ao completo descrédito dos conceitos básicos com re-
lação à singularidade do ser humano, como feito à imagem e semelhança
de Deus segundo a revelação bíblica (Gn 1.26, 27). As “três feridas” (na

789
Em defesa da fé

verdade não são nem mesmo arranhões) já deveriam ter cicatrizado, pois
os principais paradigmas filosóficos sobre os quais estas feridas (heliocen-
trismo, darwinismo e freudianismo) foram abertas já não conseguem inco-
modar nenhum cristão atualizado com as pesquisas histórico-científicas
atualmente divulgadas na literatura secular (não religiosa). Por exemplo, o
fato de habitarmos em mais um entre tantos outros sistemas solares exis-
tentes não nos retira do foco da imensa importância de nossa localização
exatamente nesse lugar do universo. A singularidade de nosso local no
universo é apresentada pelo cosmólogo evolucionista e pesquisador em
evolução do universo, Joel R. Primack, ao afirmar:

“Somos centrais no universo. Essa crença tem sido a fundação de


todas as cosmologias centralizadoras do passado, mas hoje ela não
é mais uma mera suposição. Agora temos evidências. Durante os
séculos entre Newton e a revolução cosmológica atual, porém, as
pessoas não conseguiram achar essas evidências e abandonaram
a centralidade como divagação. Em vez disso, abraçaram a noção
de que humanos são seres insignificantes e isolados em um espa-
ço vasto e quase vazio, e tiraram proveito dela ao encontrar certa
nobreza na autodepreciação... No universo em expansão, seres
humanos não são só significantes – somos centrais, não em um
simples sentido geográfico ou por seleção conveniente de unida-
des” (PRIMACK, 2006, p. 323).

Ele ainda nos apresenta algumas razões para nossa singularidade: somos
feitos de material raro no universo; vivemos no centro de nossas esferas
cósmicas do tempo; vivemos no ponto central do tempo para a observação
astronômica; vida como a que conhecemos não poderia brotar em outras
esferas de outras escalas de tamanho que não fosse a encontrada em nosso
planeta (Ibid., pp. 324, 325). O fato de existirem milhões ou bilhões de
sistemas solares onde não se consegue gerar vida mais uma vez acentua a
singularidade da existência humana e de nosso “frágil” planeta azul.

790
C u rs o A po lo gético

O darwinismo, à medida que o tempo passa, consegue provar menos


a sua viabilidade como teoria científica do que quando foi proposto em 1859.
O que sobrou até hoje é uma teoria em crise que só é mantida por causa
de sua ideologia oposta a Deus e sua viabilidade como projetista da vida.
Se a ciência moderna descartar o evolucionismo, terá que retornar ao con-
ceito cristão de criação ex-nihilo (criação do nada), como apresentado na
Bíblia, e isso é impensável para o naturalismo filosófico. Por isso, têm sur-
gido tantos pesquisadores das mais variadas áreas científicas que não con-
seguem acreditar na veracidade de tal teoria.
No site www.dissentfromdarwin.org, podemos encontrar uma lista de
centenas de cientistas que rejeitam a teoria de Darwin por sua incompatibi-
lidade com o nosso conhecimento atual sobre bioquímica, genética, biologia
e a enorme complexidade que envolve a produção de vida por supostos meios
aleatórios. Já estamos há mais de meio século sem conseguir propor nada de
experimental que nos auxilie a entender o mistério da vida. Portanto, a se-
gunda “ferida” proposta por Freud é um enorme mito que só engana os mais
crédulos em um sistema empiricamente falido chamado darwinismo.
A terceira e última “ferida” (a teoria psicanalítica de Freud) já é uma
teoria que hoje possui mais críticos do que em qualquer outro período des-
de o seu surgimento no século 19. Os dois países mais “fundamentalistas”
com relação à defesa da teoria de Freud na atualidade são França e Argen-
tina. A expressão máxima da decadência dessa teoria hoje em todo o mundo
é expressa na introdução de O Livro Negro da Psicanálise, onde é declarado:

“Paralelamente, a psicanálise foi desconsiderada terapia. No nor-


te europeu e nos países anglo-saxões, ela quase não é mais ensi-
nada na faculdade de psicologia e encontrou refúgio nas faculda-
des de letras ou de filosofia.
Nos Países Baixos, nação onde se consome o menor número
de ansiolíticos, a psicanálise é quase inexistente como terapia.
Nos Estados Unidos, apenas 5.000 pessoas se tratam com psica-
nálise – considerando os 295 milhões de americanos, esse número

791
Em defesa da fé

parece hoje totalmente marginal. A célebre sociedade psicanalí-


tica de Nova York encontra cada vez mais dificuldades para re-
crutar candidatos. O ‘MYERS’, manual que serve de referência
aos estudantes de psicologia na América do Norte, consagra ape-
nas 11 páginas, de um total de 740, às teorias freudianas” (MEYER,
2011, p. 22).

Além da decadência da teoria de Freud em todo o mundo como uma


“ciência da alma”, existem dois fatos que não podem jamais ser ignorados
com relação à mentalidade sexualmente doentia do precursor da psicanálise:

“Freud, como sempre confiante em seu material clínico, tirou


dele, em 1896, uma teoria segundo a qual a histeria e a neurose
obsessiva eram invariavelmente devidas a ‘seduções’ infantis des-
se tipo, escandalizando seus colegas, para quem uma tal frequên-
cia do incesto na boa burguesia vienense era simplesmente im-
pensável. Um ano mais tarde, entretanto, Freud teve de se render
às evidências: os relatos de incesto e de perversão de suas pacien-
tes não tinham fundamento, assim como a ‘teoria da sedução’, na
qual ele havia apostado a reputação e a carreira.
Essa dolorosa constatação, que teria definitivamente desencora-
jado qualquer outro pesquisador, coincidia com a heroica autoaná-
lise que ele havia empreendido em agosto de 1897. Consciente
de que algo o impedia de progredir, Freud decidiu, tal como
médico testando um novo medicamento sobre si mesmo, tomar
a si mesmo por paciente e analisar seus próprios sonhos e lem-
branças. Lutando contra poderosas resistências internas que se
manifestavam na forma de todas as espécies de sintomas neuró-
ticos, ele acaba por se dar conta de que havia tido, na infância,
desejos eróticos em relação à mãe e sentimento de inveja com
relação ao pai. Eis então por que ele havia tão facilmente acredi-
tado nas acusações de suas pacientes em relação aos sedutores

792
C u rs o A po lo gético

paternos: é que ele próprio queria matar o pai. E eis também por
que todas as suas pacientes lhe haviam contado essas inverossímeis
histórias de incesto: não se tratava de lembranças, mas de fantasias
exprimindo um desejo infantil de serem seduzidas por seus pais”
(Ibid., pp. 34, 35).

Além disso:

“Freud inventou a primeira terapia familiar quando, por bem e


sobre tudo por mal, treinou a filha num tratamento incestuoso e
impossível.
As atividades de Sigmund Freud como escritor, assim como as
da filha, permaneceram durante muito tempo intimamente ligadas
à análise doméstica, um episódio estranho e notável da história da
psicanálise, seja qual for o ponto de vista. A primeira análise de
Anna durou de outubro 1918 ao verão de 1922, num ritmo de seis
sessões por semana, sessões que se prolongavam até as 10 horas
da noite. Apenas um mês antes de iniciar o tratamento da filha,
Freud explicava, numa conferência, que a análise deveria ser pra-
ticada na privação e na abstinência. Se bem que visasse aberta-
mente às técnicas de Ferenczi, esse conselho pode ser reinterpre-
tado num contexto mais amplo: seria uma crítica à aventura
familiar na qual Freud estava a ponto de embarcar e aos seus
riscos. Não obstante o que tenha produzido de positivo, essa aná-
lise foi, em essência, uma encenação de Édipo, representada dos
dois lados do divã; do lado negativo, teve como resultado, notada-
mente, que Anna, vítima das suas inibições quanto ao amor-obje-
to, entregou-se a uma vida inteira de privação” (Ibid., p. 379).

Não é de se espantar que Freud desenvolvesse sua teoria com base


nos desejos sexuais reprimidos e na suposta “sexualidade infantil”, pois, além
de desejar a mãe sexualmente e odiar o pai, o pai da psicanálise abusava

793
Em defesa da fé

física e psicologicamente de sua filha, que lhe servia de objeto de suas pes-
quisas. É esse tipo de pensamento louco e sádico que gerou toda uma filo-
sofia do comportamento humano que tem ainda sido louvado no Brasil por
intelectuais como Marilena Chaui.
As “três feridas” propostas por Freud e repetidas pelos “intelectuais”
continuam sendo meros arranhões que só devem ser considerados seria-
mente como “cortes” profundos, se amarmos apaixonadamente os mitos.
Constantemente, essas teorias nos são apresentadas no mesmo nível
de conclusões lógicas de um cálculo matemático, para que se nos deem a
impressão de que rejeitá-las é o mesmo que negar que 2 + 2 = 4, ou como
se rejeitá-las fosse algo como ainda creditar no geocentrismo (que a Terra
está no centro de nosso sistema planetário), o que, à luz da cosmologia
atual, seria loucura.
A grande prova de que são apenas conjecturas filosóficas é que as in-
formações com relação às “três feridas” precisam da interpretação de seus
apaixonados seguidores, e mesmo daqueles que são seus mais tenazes crí-
ticos. Não há uniformidade sobre nenhuma das conjecturas das “três feridas”,
mas não existe atualmente nenhuma conjectura de oposição sobre o cálcu-
lo matemático anteriormente mencionado, nem mesmo sobre o absurdo do
geocentrismo.

794
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

RELIGIÃO

1. Quantas e quais são as religiões mundiais?

2. Qual texto bíblico poderíamos usar para declarar que existem


formas de religião reprovadas por Deus?

3. Como poderíamos usar o exclusivismo das cosmovisões para


ilustrar o possível exclusivismo religioso do cristianismo?

4. O fato de o cristianismo não ser a religião mais antiga do mun-


do anula a sua viabilidade como religião verdadeira? Explique.

5. As atrocidades promovidas por muitos que se denominavam


cristãos anulam a autoridade da religião cristã? Explique.

6. A tolerância é sempre uma virtude? Explique.

7. Cite quatro contribuições da religião cristã à sociedade global.

8. O cristianismo foi essencial ao surgimento da ciência? Explique.

9. O fato de todas as religiões possuírem coisas boas confirma-as


como autênticas? Explique.

10. Qual a diferença existente entre exclusivismo denominacional


e exclusivismo religioso?

795
PROVA – RELIGIÃO

1. Sobre a quantidade de religiões existentes, podemos afirmar que atualmente


existem:
a) 34.000 seitas.
b) 12 religiões.
c) 38.000 seitas.
d) 3 grandes religiões.

2. Se rejeitarmos a exclusividade da religião cristã, então teríamos de rejeitar


também:
a) A revelação natural.
b) A revelação especial.
c) As cosmovisões.
d) As filosofias seculares.

3. A veracidade da religião cristã está relacionada:


a) Às sólidas evidências históricas e proféticas.
b) À antiguidade do cristianismo.
c) À harmonia doutrinária cristã.
d) À duração da mensagem cristã.

4. A ideologia responsável pelo maior número de mortes no mundo é:


a) O cristianismo.
b) O nazismo.
c) O capitalismo.
d) O ateísmo marxista.

5. Sobre a “tolerância”, podemos declarar que:


a) É sempre uma virtude.
b) Nunca é uma virtude.
c) Nem sempre é uma virtude, pois pode trazer grandes problemas.
d) Com relação aos desejos humanos, sempre é uma virtude.

796
6. Entre as inúmeras contribuições do cristianismo ao mundo estão:
a) A igualdade da mulher e a popularização da educação.
b) O surgimento da Cruz Vermelha e criação dos museus.
c) A abolição da escravatura e o surgimento das novas tecnologias.
d) O fim dos torneios sangrentos e dos casamentos romanos.

7. O missionário Ulfilas foi responsável:


a) Pelo aumento do conhecimento da matemática entre os bárbaros.
b) Pela criação de um sistema educacional entre os godos.
c) Pela criação da escrita gótica para proporcionar a evangelização do godos.
d) Pela criação dos sistemas binários entre os bárbaros.

8. A maior prova do apoio do cristianismo à ciência é:


a) Que a ciência só surgiu na Europa cristianizada.
b) Que Albert Einstein foi cristão.
c) A Bíblia sempre serviu para nos auxiliar a descobrir métodos científicos de
pesquisa.
d) Que toda religião se harmoniza com a ciência.

9. O conflito existente entre Galileu e a Igreja católica surgiu porque:


a) O catolicismo sempre foi contra o conhecimento científico.
b) Galileu tentou reinterpretar a própria teologia e rejeitou a teoria geocêntrica por
meio de sua hipótese, que ainda não tinha sido comprovada empiricamente.
c) Galileu já havia, de forma empírica, provado os erros científicos da Igreja que
o perseguiu.
d) Léon Foucault comprovou a teoria geocêntrica em 1851.

10. O exclusivismo denominacional pressupõe que:


a) Todas as formas de fé são exclusivas.
b) O cristianismo possui exclusivismo religioso.
c) Apenas uma determinada expressão do cristianismo reflete toda a verdade teo-
lógica e litúrgica.
d) N.R.A.

797
Em defesa da fé

SÁBaDo

DEFINIÇÃO

O sétimo dia da semana, considerado dia de descanso pelos judeus por


mandamento divino na antiga aliança de Israel (Êx 35.1-3). Iniciado ao pôr
do sol da sexta e finalizado ao pôr do sol do sábado. A palavra “sábado”, do
hebraico Shãbath, significa, literalmente, “cessar”, “descansar”.

A Bíblia, ao declarar que a guarda do sábado era uma instituição


“perpétua” (Êx 31.16), não estaria confirmando a sua obrigatorie-
dade ainda hoje?

Não necessariamente. A palavra “perpétua” (Hb. ohlam) nem sempre


se refere a algo interminável no contexto bíblico, mas a algo realizado por
um longo período de tempo indefinido. Essa mesma palavra aparece em
outro texto hebraico do AT, fazendo referência ao sacerdócio Levítico (Nm
25.13), que, segundo a própria Bíblia, foi anulado a partir do sacrifício
substitutivo de Cristo por nós (Hb 7.11-18). Além disso, o verso seguinte
(Êx 31.17) declara o sábado como um pacto entre Deus e Israel somente.

798
C u rs o A po lo gético

Portanto, se houvesse obrigatoriedade em guardar esse dia, somente aos


judeus caberia essa necessidade.

Ver a resposta à pergunta posterior.

A Bíblia declara que o sábado foi feito por causa do homem, e não
por causa do judeu somente (Mc 2.27). Portanto, todos devem
guardá-lo.

A expressão “por causa do homem” no texto citado (Mc 2.27) não deve
ser entendida como sinônimo de “todos os homens”, como os defensores
da obrigatoriedade da guarda do sétimo dia pretendem que pensemos. Tal
expressão aparece no mesmo Evangelho de Marcos como uma referência
somente aos judeus no que diz respeito às suas tradições, sobrepujando as
Escrituras Sagradas (Mc 7.8-11). Ou seja, essa expressão, no mesmo con-
texto do Evangelho onde foi escrita, significa o homem judeu, e não todos
os povos da terra.

O sábado deve ser guardado também pelos gentios, conforme


vemos no livro do profeta Isaías (Is 56.1-7).

Se o profeta Isaías está falando de uma ordenança presente e futura


(perpétua), então todos os que se “chegam ao Senhor” devem guardar não
somente o sábado, mas também os “holocaustos” e os “sacrifícios” que de-
veriam ser mantidos (v. 7). O próprio profeta Ezequiel afirmou ser o sába-
do dado como um pacto entre Israel e o Senhor somente (Ez 20.9-13). Por
que os defensores da obrigatoriedade da primeira cláusula do texto não
cumprem as outras? Se o texto aponta para um cumprimento presente
englobando a guarda perpétua do sábado, deveria abranger todos os outros
aspectos mencionados dos sacrifícios e holocaustos (v. 7).

799
Em defesa da fé

A guarda do sábado é uma instituição perpétua para todos os


povos, inclusive para os judeus (Is 66.22, 23).

Se, nesse texto, encontrássemos base para a observância obrigatória do


sábado, deveríamos também defender, ainda hoje, a observância da festa da
lua nova, a qual é afirmada no mesmo contexto profético (v. 23), e que, de
acordo com o NT, não deve mais ser observado juntamente com o sábado
que era apenas uma sombra do descanso em Cristo (Cl 2.16, 17 – comp.
Mt 11.28, 29).

Ver resposta à primeira pergunta neste tópico:


A Bíblia, ao declarar que a guarda do sábado era
uma instituição “perpétua” (Êx 31.16), não estaria
confirmando a sua obrigatoriedade ainda hoje?

O dia de descanso que resta para o povo de Deus, de acordo com


o livro de Hebreus, é o sábado (Hb 4.3-10)?

Se lermos o contexto do capítulo 4 do livro de Hebreus, perceberemos


que o “descanso” mencionado no texto não é uma referência ao sétimo dia.
O escritor afirma que esse “descanso” é uma questão de fé (“Nós, porém,
que cremos, entramos no descanso...” – v. 3). Deus também afirmou que os
hebreus desobedientes não entrariam em um certo “descanso” proporcio-
nado por Ele (Nm 14.28-37; Sl 95.10, 11), mas muitos desses rebeldes is-
raelitas continuaram a guardar o sábado, mesmo depois dessa promessa
divina, demonstrando, assim, tratar-se aqui de outro tipo de “descanso”,
superior àquele (v. 8). O repouso que resta para o povo de Deus, de acordo
com o texto, é o repouso celestial usufruído por aqueles que já estavam com
o Senhor, como um dia também em Cristo participarão desse repouso os
que, por fé, creram no sacrifício substitutivo de Cristo por nós (vv. 9-11).
Portanto, o texto não fala do sábado como um dia a ser guardado, e sim da
esperança e vigilância dos que confiam em Cristo em um repouso superior
e espiritual no por vir.

800
C u rs o A po lo gético

Quando Jesus ordenou ao jovem rico que guardasse os manda-


mentos (MT 19.16-22) estava mencionando o decálogo (os Dez
Mandamentos), onde se encontra também a ordenança da guarda
do sábado. Sendo assim, Jesus confirmou a obrigatoriedade da
guarda do sétimo dia em vez de negá-la.

O primeiro problema que temos com esse tipo de interpretação é


tentar usar a palavra “mandamentos” como sinônimo único de decálogo.
Porém, em que lugar a Bíblia faz tal ligação das palavras exclusivamente
nesse sentido? Se analisássemos todas as ocorrências de “mandamentos” na
Bíblia, seriam sempre sinônimas de decálogo? Obviamente não!
Por exemplo, Jesus, ao se referir aos “mandamentos”, inclui pelo menos
dois que não fazem parte dos Dez Mandamentos: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo” (Lv 19.18) e “Não defraudarás a ninguém” (Lv 19.13 –
comp. Mc 10.19), apontando para o fato de que “mandamento”, para Jesus,
não se restringia aos Dez Mandamentos, mas a todas as ordenanças que
fossem dadas pelo Senhor Deus.
No entanto, se Jesus, ainda nesse contexto, estivesse defendendo a
obrigatoriedade em guardar os mandamentos do decálogo, entre os quais o
sábado, ele não estaria fazendo nada de extraordinário para um judeu de-
baixo do regime da lei, de acordo com a própria Bíblia (Gl 4.4, 5), pois o
antigo pacto da lei só foi anulado na sua morte, e não durante a sua vida e
ministério (Ef 2.15; Cl 2.14-16). Portanto, seria óbvio que Jesus, até a sua
morte, continuasse a viver de acordo com as ordenanças da lei que veio
cumprir em nosso lugar (Gl 3.11-19).

Deus trabalhou no sétimo dia, de acordo com as Escrituras?

Sim. A grande maioria dos leitores da Bíblia deixa passar despercebido


o fato de a própria Bíblia confirmar claramente que Deus concluiu a sua
obra de criação ainda no sétimo dia, e não no sexto, como afirmam alguns

801
Em defesa da fé

defensores da guarda obrigatória do sábado. Ao lermos Gênesis 2.2 em al-


gumas das mais importantes versões bíblicas conhecidas, deparamos com a
seguinte afirmação:

1. “E, havendo terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, des-
cansou nesse dia...” (ARA – Portuguesa – 1753).
2. “E acabou Deus no dia sétimo a obra que fez; e repousou no dia
sétimo...” (CR – Espanhola – 1569).
3. “E no sétimo dia Deus acabou sua obra que tinha feito; e ele des-
cansou no sétimo dia...” (KJV – Inglesa – 1611).
4. “E Deus terminou no 7º dia toda a obra que fez e cessou de fazê-la
no 7º dia…” (BH – Bíblia Hebraica – 2006).

Portanto, as consideradas três melhores traduções bíblicas do mundo,


e até a versão produzida pela editora judaica Sêfer (logo, defensora da
guarda do sábado), afirmam que Deus trabalhou ainda no sábado, e nesse
mesmo dia descansou da obra que fizera.

Ver resposta à pergunta posterior.

Se Deus trabalhou no sétimo dia, por que a Bíblia afirma que ele
terminou a sua obra no sexto (Ex 20.11)?

Nem sempre somos precisos quando relatamos quantidade e tempo.


É comum, por exemplo, afirmarmos que “tinham umas doze pessoas em
nossa reunião”, quando tinha somente um número aproximado, e que “tenho
trinta anos”, quando na verdade tenho, por exemplo, trinta anos e oito me-
ses, precisamente. A Bíblia igualmente usa uma linguagem aproximada al-
gumas vezes para indicar um determinado fato. Quando Estevão afirmou
que os israelitas ficaram escravizados no Egito por quatrocentos anos (At
7.6), ele estava apenas usando um número arredondado, porque no texto

802
C u rs o A po lo gético

de Êxodo é afirmado que o período de escravidão foi de exatamente qua-


trocentos e trinta anos (Êx 12.40). Igualmente, quando o livro de Êxodo
afirma que Deus concluiu sua obra no sexto dia, está usando uma medida
de tempo aproximada, e, quando afirma que foi concluída no sábado, está
usando um número exato, porque não declara precisamente quanto “tempo”
do sétimo dia foi usado na conclusão de sua criação nesse dia.

Ver resposta à pergunta anterior.

O “dia do Senhor” mencionado em Apocalipse 1.10 é uma referência


ao sábado, pois somente o sétimo dia é assim chamado na Bíblia
(Is 58.13; Êx 20.10).

A expressão usada por João, no texto de Apocalipse 1.10, não pode


fazer, de forma alguma, alusão ao sétimo dia. Essa expressão grega só é
encontrada aqui e em nenhum outro texto bíblico. Nem mesmo na LXX
(Septuaginta – tradução grega do AT hebraico do 3º século a.C.) foi escrita
dessa forma. A expressão grega Kyriake hemera, que aparece no texto de
Apocalipse, é usada até hoje no grego moderno para nomear o primeiro dia
da semana, o domingo. Os textos do AT com a expressão o “dia do Senhor”,
na LXX, sempre trazem outra formação linguística (Hemera tou Kyriou), e
não a mesma de Apocalipse. Por que estaria João se referindo ao sétimo dia
se usou uma expressão totalmente desconhecida até então? Por que não
usou a mesma palavra que já era conhecida há séculos para se referir ao dia
de sábado, no grego? A tradução dessa expressão grega deu origem à pala-
vra latina Dominica die (domingo), pois, literalmente, Kyriake hemera
significa “dia dominical” ou “domingo”, sendo assim traduzida por Jerônimo
em sua versão latina da Bíblia, a Vulgata.

Para informações complementares sobre


este tema, ver o tópico Domingo.

803
Em defesa da fé

Os sábados que foram anulados em Cristo seriam os sábados


cerimoniais ou anuais, e não os semanais (Cl 2.16-17).

Essa interpretação do texto de Colossenses 2.16, 17 não se harmoniza


com o restante das Escrituras Sagradas. Os sábados cerimoniais eram dias
anuais de festas judaicas e já estão incluídos na expressão “dia de festa”, no
texto citado. Paulo está mencionando no texto as comemorações judaicas
anuais (dia de festa), mensais (lua nova) e semanais (o sétimo dia), pois essa
mesma ideia aparece também no livro do profeta Ezequiel (Ez 45.17; 46.1).
Por que, das sessenta vezes que a palavra “sábado” aparece no NT, somen-
te esta não estaria mencionando o sétimo dia? Não seria essa interpretação
arbitrária e motivada pela intenção de não aceitar o fato, claramente bíbli-
co, de que a guarda obrigatória do sábado foi abolida em Cristo (Rm 10.4)?
Afirmar também que “os sábados” aqui mencionados se tratam dos
sábados cerimoniais, pois a palavra grega estaria no plural, não ajuda na
interpretação correta e não dogmática do texto. Não existe a necessidade
de se usar a palavra “sábado” no singular grego para que esse texto faça
referência ao sábado semanal. Basta o leitor verificar que outros textos
neotestamentários mencionam a palavra “sábados” (Gr. sabbátõn) no plural,
com referência ao sétimo dia da semana, da mesma forma que aparece no
texto já mencionado de Colossenses 2.16, o que demonstra a grande falácia
dessa interpretação (Mt 12.1, 5, 10).

Por que alguns cristãos afirmam que devemos cumprir somente


nove dos dez mandamentos do decálogo, excluindo a guarda do
sábado?

O apóstolo Paulo afirmou ser o sábado apenas uma sombra das coisas
que viriam com Cristo, e que ninguém deveria ser julgado por sua guarda
ou não (Cl 2.16, 17; Rm 14.5). O mesmo apóstolo afirmou que fazer dife-
rença obrigatória entre dia e dia seria apegar-se a “rudimentos fracos e

804
C u rs o A po lo gético

pobres que escravizariam” os crentes da região da Galácia (Gl 4.9-11). O


mesmo Jesus cumpriu a exigência simbólica do sábado por nós, quando
deixou bem claro ser ele o nosso sábado, ou seja, aquele que dá descanso,
não das atividades físicas, mas para as nossas almas (Mt 11.28-30). O próprio
Deus confirmou que a aliança dada anteriormente por meio de Moisés era
transitória (Hb 8.6-9), e o escritor de Hebreus afirma que em Cristo estamos
sob um novo pacto que substituiu o primeiro, onde a guarda obrigatória do
sábado estava presente (Hb 8.13). Evidentemente, existem mandamentos
do decálogo aos quais nós devemos obedecer, mas não por fazerem parte
do decálogo, e sim por serem ordenados no NT, na nova aliança em Cristo:
Não adorar imagens de escultura (1Jo 5.21); honrar aos pais (Ef 6.1); não
adulterar (Hb 13.4); não dizer falso testemunho (Cl 3.9) etc. Somente nove
dos dez mandamentos são repetidos em todo o NT, o qual não ordena a
guarda do sábado em nenhum texto.

Ver resposta à pergunta posterior.

A guarda do sábado era um mandamento de caráter moral ou


cerimonial?

Jesus, ao dialogar com alguns líderes religiosos acerca de sua autorida-


de e missão em um dia de sábado, afirmou que os sacerdotes no antigo
sistema sacrificial levítico, apesar de cumprirem os preceitos sacrificiais
exigidos pela lei mosaica, violavam (“profanavam” – Gr. bebeloûsin [Mt 12.5])
o descanso sabático, exigido pela mesma lei por causa dos sacrifícios reali-
zados nesse dia (Nm 28.9, 10). Se o sacrifício de animais no antigo sistema
religioso judaico era colocado acima da guarda obrigatória do descanso
sabático, é porque este possuía uma qualidade inferior em relação ao ato
sacrificial de animais, que, segundo a própria Bíblia, a partir do sacrifício
de Cristo na cruz, tornou-se ineficaz (Hb 9.11-16, 23-26). Se os sacrifícios
realizados na antiga aliança inegavelmente possuíam um caráter cerimonial

805
Em defesa da fé

e transitório, como poderiam estar acima de um mandamento que fosse


moral? Se o sábado tivesse um caráter moral, jamais poderia ser profanado
em detrimento de um mandamento meramente cerimonial, pois um man-
damento moral sempre é superior a um cerimonial.

Se a guarda do sábado possuía um caratér transitório, por que


Jesus afirmou que não passaria o céu e a terra até que tudo na lei
fosse cumprido ou observado (Mt 5.17-19)?

A Bíblia não afirma em lugar algum que Jesus veio a este mundo com
a finalidade de abolir a lei por meio de seus ensinos, mas, sim, cumpri-la
integralmente em nosso lugar, demonstrando a inutilidade da lei em salvar
o próprio homem (Rm 3.19-28), por causa do domínio do pecado em seu
ser (Rm 7.4-6). O nascimento de Cristo não aboliu a lei judaica, mas so-
mente a sua morte realizou tal feito (Jo 19.30; Rm 8.1-4; Gl 4.3-5; Cl 2.14-
17), fazendo com que a aliança anterior feita com o povo de Israel fosse
cancelada de uma vez por todas para o restabelecimento de uma nova lei
(Rm 10.4; Hb 8.6-13). Portanto, concordamos com as próprias palavras do
Senhor: “Até que o céu e a terra passe, nem um jota ou um til se omitirão
da lei sem que tudo se cumpra”. O céu e a terra não passariam antes do
cumprimento da lei em Cristo, nosso único e suficiente salvador.
Se Jesus estivesse afirmando que a lei teria sua observância perpétua
com essa frase, como supõem alguns observadores do sábado, como ele
poderia delinear a sua observância somente no período da existência deste
sistema físico universal (até que o céu e a terra passem…), se todos os de-
fensores do sábado acreditam em sua observância ainda na eternidade?
Outra verdade que não pode passar despercebida nesse texto é o fato
de que o NT usa a expressão “Lei e os Profetas” para se referir às Escri-
turas judaicas (Lc 16.16; At 13.15). Portanto, o que Jesus estaria decla-
rando seria apenas o fato de que veio para cumprir as profecias mencio-
nadas nas Escrituras acerca de sua missão, e não anulá-las (Lc 24.44, 45).

806
C u rs o A po lo gético

Talvez seja esse o melhor sentido para explicar essa relação do Senhor
com a “Lei e os Profetas”.

É proibido a alguém ter o sábado como um dia especial de culto?

Não é proibido a ninguém achar que um dia é especial para culto,


desde que essa motivação não seja por ordenança religiosa, mas apenas uma
questão de conveniência e preferência sobre um dia. O apóstolo Paulo, ao
explicar acerca desse tema em uma de suas epístolas, confirma que consi-
derar um dia melhor do que outro é uma questão de escolha pessoal, e não
de obediência a Deus (Rm 14.5-8). Além disso, o mesmo apóstolo afirma
que se apegar à guarda de dias na atualidade significa se escravizar e perder
tempo no progresso da fé (Gl 4.9-11).

Para informações complementares sobre este


tema, consultar os tópicos Domingo e Lei.

* * *

Os Adventistas do Sétimo Dia (ASD), apesar de falarem


constantemente da salvação pela graça, creem que a
guarda do sábado seja essencial para a salvação. A própria
“profetisa” do movimento adventista, Ellen White, de-
clarou em seus Testemunhos Seletos: “Santificar o sába-
do ao Senhor importa em salvação eterna” (vol. 3, 1956,
p. 22). Se a guarda do sábado é essencial para a salvação, de acordo com a
IASD, que tipo de salvação, por graça, por meio da fé somente, é essa que
eles dizem crer (Ef 2.8, 9; Tt 3.5)?
É fato conhecido que os ASD afirmam guardar o sábado, e, portanto,
a partir das 18 horas da sexta-feira, já consideram aquele dia como o sába-
do de descanso solene. Preparam as refeições que serão consumidas no dia
seguinte antes do início do sábado, segundo eles, para não violarem o dia

807
Em defesa da fé

de descanso, trabalhando, mas acendem fogo em suas próprias casas no dia


de sábado para aquecerem suas refeições para o consumo, o que, segundo
a própria Bíblia, era proibido no antigo pacto da lei (Êx 35.2, 3).
Você já deve ter visto muitos ASD rejeitarem empregos por haver
necessidade de trabalhar no sábado, mas nunca os viu exigindo trabalhar no
domingo (que, segundo a IASD, será o dia da besta). Por que trabalham
em lugares que se descansa no sábado e no domingo, quando a lei exigia
apenas um dia, e não dois de suposto “descanso”?
Outro aspecto interessante desta suposta guarda do sétimo dia, por
parte dos adventistas, é que aos sábados usam telefones, energia elétrica,
transporte público, para se dirigirem a alguns de seus templos etc. Ou seja,
usufruem todos desses serviços mantidos constantemente por pessoas que
trabalham todos os dias da semana para manterem esses recursos à dispo-
nibilidade do público. Se a guarda do sábado exigia que, até o servo, fosse
poupado do serviço naquele dia (Dt 5.14), por que os adventistas se bene-
ficiam do trabalho de pessoas que exercem suas atividades no sábado? Por
que continuam pagando pelo serviço de pessoas que trabalham para elas
nesse dia? Guardam os adventistas, de fato, o sétimo dia ou impõem uma
carga sobre os outros que nem eles mesmos carregam (Mt 23.2-4)? Se a
punição da lei para os que violavam a guarda do sábado era a pena capital
(Êx 31.14), por que os ASD não cumprem a ordem dada pelo Senhor para
a violação do sábado? Guardar o sábado da forma que eu próprio determi-
no, sem me importar com as ordens de Deus sobre a quebra do manda-
mento, é santificar o sétimo dia? Existe santificação sem obediência?

808
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

SÁBADO

1. O que significa a palavra hebraica ohlam e quais suas implicações


com relação à perpetuidade da guarda do sábado?

2. O que significa a expressão “por causa do homem” no texto de


Mc 2.27?

3. O sábado foi dado exclusivamente como um pacto com qual


nação?

4. A palavra “mandamento” significa decálogo? Explique.

5. Quando a lei dos mandamentos foi finalmente cancelada?

6. Uma vez que Jesus guardou o sábado, nós, cristãos, devemos


também guardá-lo? Explique.

7. Cite pelo menos três versões que corroboram o fato de Deus


ter “trabalhado” no sétimo dia, de acordo com Gn 2.2.

8. O fato de a palavra “sábado” estar no plural em Cl 2.16, 17


indica que o texto trata apenas da anulação dos sábados anuais
(cerimoniais)? Explique.

9. O que significa a expressão grega Kyriake hemera e qual a sua


importância para a compreensão da guarda de dias?

10. Por que Jesus declarou que não veio anular a lei em Mt 5.17-19?

809
PROVA – SÁBADO

1. Ohlam, com relação ao sábado, indica:


a) A curta duração da guarda desse dia.
b) A longa duração da guarda desse dia.
c) A eterna duração da guarda desse dia.
d) A exclusividade desse dia com relação aos demais dias da semana.

2. Quando Marcos menciona o sábado como um dia feito por causa do homem,
ele está indicando:
a) Que todo homem deve guardá-lo.
b) Que a nova aliança em Cristo manteve o sábado como dia a ser guardado.
c) Que os homens ali mencionados são judeus apenas.
d) Que o homem deveria ser escravo do sábado.

3. Se defendermos a guarda do sábado à luz de Is 56.1-7, devemos também:


a) Guardar holocaustos e sacrifícios.
b) Guardar os mandamentos morais.
c) Guardar todas as ordenanças prescritas pelo Senhor.
d) Guardar as festas levíticas.

4. O repouso que resta ao povo de Deus é:


a) A guarda de um dia semanal.
b) A guarda do sábado.
c) A guarda do domingo.
d) O repouso celestial.

5. Segundo as Escrituras, todo o pacto da lei foi completamente anulado:


a) A partir do nascimento de Cristo.
b) Após a ascensão de Cristo.
c) A partir da morte de Cristo.
d) Após a escrita do NT.

810
6. Sobre Deus e a questão do sábado, é correto afirmar que:
a) Deus não trabalhou no sábado.
b) Deus trabalhou no sábado.
c) Deus nunca ordenou a guarda do sábado.
d) Deus criou o sábado como uma instituição perpétua para todos os povos.

7. O dia mencionado em Apocalipse 1.10 como o dia do Senhor é:


a) O domingo.
b) O sábado.
c) Um dia escatológico.
d) Estão corretas as respostas a e c.

8. Os sábados mencionados em Col 2.16, 17 são considerados biblicamente:


a) Festas anuais.
b) Festas mensais.
c) Dias festivos.
d) O sétimo dia da semana.

9. A guarda do sábado era um mandamento de natureza:


a) Moral.
b) Civil.
c) Cerimonial.
d) Dietético.

10. A expressão “até que a terra e o céu passem”, com relação ao cumprimento da
lei por Cristo, indica:
a) Que a terra e o céu não passariam antes do cumprimento da lei por Cristo.
b) Que ele a cumpriria para que nós continuássemos seguindo o seu exemplo,
cumprindo-a também.
c) Que a lei do sábado é eterna.
d) N.R.A.

811
Em defesa da fé

SofriMento

DEFINIÇÃO

Experiência pela qual provamos a dor física e emocional. A existência do


sofrimento e da dor é usada por algumas pessoas como razão suficiente para
negar a existência de um ser amoroso, superior e inteligente chamado Deus.

Se Deus existe, por que existe tanto sofrimento e dor?

A grande questão não deveria ser por que existe tanto sofrimento no
mundo, mas por que tantas pessoas sofrem. Quando analisamos o sofrimen-
to ao nosso redor, podemos perceber que a maior parte do sofrimento
provado pela raça humana está relacionada a suas escolhas erradas baseadas
na liberdade que possuem como seres pessoais e conscientes. Pessoas es-
colhem por meio de sua liberdade usar drogas, cometer crimes, andar com
más companhias, trair alguém que confia nelas, viver uma vida sexualmen-
te promíscua, abortar uma criança, não perdoar um ofensor, mentir etc.
Alguns desses atos cometidos por seres livres têm causado o sofrimento da
grande maioria das pessoas (Tg 1.13-17). Diretamente, a existência de Deus,
vista pelo prisma de um ser que permite seres feitos por ele, não como

812
C u rs o A po lo gético

marionetes, fazerem suas escolhas, mesmo que estas possam no fim produ-
zir um grande sofrimento para eles próprios, não elimina de forma alguma
a sua grandeza, perfeição e santidade. Se Deus, quando alguém fosse co-
meter um delito que produzisse algum tipo de sofrimento e dor, impedisse
todas essas pessoas de realizar tal ato, Ele estaria extinguindo um bem em
si: a liberdade do ser e a capacidade de sermos responsáveis pelos nossos
próprios atos humanos. Seria a vontade de Deus, de fato, a causa do sofri-
mento humano (Ec 7.29)?

O sofrimento sempre é um mal em si?

Existe outro aspecto que constantemente esquecemos em nossa aná-


lise do porquê da existência do sofrimento. Existem pessoas que nascem
com um tipo de doença neurológica raríssima, impedindo-as de sentir qual-
quer dor física (síndrome da insensibilidade total à dor, que atinge cerca de
300 pessoas em todo o mundo), e a medicina afirma que tais pessoas não
conseguem atingir a idade adulta, por não usufruírem os “benefícios” do
sofrimento de sentirem dor, ficando assim expostas ao perigo, sem conse-
guirem, às vezes, identificá-lo. A dor, em si, não é má. É pela dor que
muitas vezes crescemos e melhoramos como pessoas, ficando mais sensíveis
aos problemas de outros ao nosso redor. Quantas pessoas, depois de passa-
rem por algum tipo de sofrimento, provam uma mudança profunda de
caráter? Se não sofrêssemos o desconforto de uma dor de dente, como
descobriríamos algum tipo de lesão dentária? Como poderíamos saber que
temos algum tipo de problema em nosso organismo? Da mesma forma,
como atingir a compaixão sem conhecer a miséria? Como exercer coragem
sem o temor? Podemos, assim, afirmar que todo sofrimento é em si um mal,
ou ignoramos a razão positiva de haver certos tipos de sofrimento na vida,
que, uma vez sentidos, podem ser extremamente benéficos para nossa es-
piritualidade (Tg 4.1-10)? O problema está no sofrimento ou em nosso mau
entendimento acerca de todos os fatores que englobam esse tema?

813
Em defesa da fé

Se Deus sabia, em sua onisciência, que o homem cairia no pecado,


o qual gerou tanto sofrimento, não seria Ele responsável direto
por esse mal?

O fato de saber que algo ocorrerá nem sempre nos coloca como res-
ponsáveis diretos por algum erro cometido. Se um policial sabe que alguém
cometerá um crime e o prende após cometê-lo, quem é o culpado pelo
crime? O policial, por saber que o crime ocorreria, ou o criminoso, que
livremente cometeu o delito? De igual modo, Deus não é o autor do sofri-
mento humano, pois, mesmo sabendo da possibilidade da queda de Adão,
advertiu-o do mal que aquele ato poderia causar (Gn 3.2, 3). Seria esta
advertência dada por Deus à reação normal de alguém que planejou e de-
sejava o sofrimento da raça humana? Seria o criador de uma faca o respon-
sável pelo seu mau uso por alguém que cometeu um crime? Evidentemen-
te, não conhecemos todos os motivos que levaram o Criador a permitir que
o mundo tomasse tal rumo, mas não poderíamos, de forma alguma, culpá-lo
por não termos capacidade de entendermos todos os seus caminhos ou
todas as razões pelas quais permitiu um mundo com potencial para o sofri-
mento e dor (Dt 29.29; Ec 3.11; Is 55.8, 9).

Por que Deus, pelo menos, não evita a dor e o sofrimento produ-
zidos pelas catástrofes naturais que tanto afligem a humanidade?

Deus criou o mundo físico subordinado a leis preestabelecidas que o


regem (Gn 1.1-31). Consequentemente, não podemos culpar Deus por
todos os desastres naturais. Nem todo bem na vida das pessoas é conse-
quência direta da ação de Deus, pois Ele mesmo criou leis que beneficiam
a todos, quer o temam ou não (Ec 9.2). Somente quando Deus intervém
diretamente de forma sobrenatural nos negócios dos homens, temos o que
chamamos de milagre. Nem todo bem nem todo mal no mundo é ato dire-
to de Deus (o mesmo poderíamos falar do Diabo com respeito ao mal).

814
C u rs o A po lo gético

Os terremotos são necessários para aliviar a pressão do interior do glo-


bo terrestre, e sem eles o planeta explodiria como uma panela de pressão
lacrada. Além disso, o movimento das placas tectônicas (que provocam os
terremotos) serve para reciclar os nutrientes coletados do oceano de volta
para os continentes. Quando um relâmpago viaja através do ar, produz óxido
nítrico, uma forma de fertilizante. Até a ação dos temporais pode ser benéfica
para a relva e a colheita. O problema de tanto sofrimento causado pelos de-
sastres naturais está relacionado a eles em si ou ao perigo que determinadas
regiões do globo representam para seus moradores? Devemos nos lembrar
de que muitas das catástrofes são subprodutos da própria ação do homem
ao desrespeitar o meio ambiente, e não uma ação de um Deus que se alegra
em ver sua criação sofrendo. Somos os grandes responsáveis pelos grandes
problemas climáticos e ecológicos de nosso planeta, e a má distribuição de
renda tem gerado miséria e a impossibilidade de muitas pessoas viverem em
um local que lhes ofereça menos risco. Afinal de contas, de quem, de fato,
é a culpa dos males relacionados a todos esses fatores: o homem ou Deus?

* * *

A Seicho-No-Ie, em seu livro Sutras Sagradas, nega a


existência de qualquer coisa à parte de Deus e, conse-
quentemente, a existência do sofrimento como algo real,
afirmando que o sofrimento seja apenas uma ilusão da
mente (p. 49). Tentar negar a existência real do sofrimen-
to, por afirmar ser ele apenas uma ilusão, é negar todos os fatos observáveis
da experiência humana, criando uma ilusão sobre algo real. Portanto, ilusão
é afirmar que o sofrimento é uma ilusão ou uma projeção de nossas mentes.
Apesar de ensinarem ser necessário vencer as ilusões da mente, não conse-
guem demonstrar, na prática, a profundidade dessas supostas verdades, pois
continuam adoecendo, sofrendo e morrendo. Até Masaharu Taniguchi,
fundador da Seicho-No-Ie, que negava a existência do sofrimento e da
morte, também morreu em 1985. Ninguém consegue vencer a “falsa pro-
jeção da morte”, nem os adeptos da Seicho-No-Ie.

815
Em defesa da fé

Além disso, se as crianças também sofrem, mesmo sendo incapazes de


julgar o mundo ao seu redor, como responsabilizá-las por seu sofrimento
ilusório? Quem criou o suposto estado de “projeção do sofrimento” na
mente das crianças? Que mente “projeta” o sofrimento sentido pelos animais,
se eles próprios não possuem consciência para isso? Se tudo ao nosso redor
não passa de uma ilusão, não seria também os conceitos da Seicho-No-Ie,
que são fruto do “raciocínio da mente”, uma grande ilusão?

* * *

Muitos céticos, agnósticos e ateus declaram que a simples


existência do sofrimento (não importa a sua origem em si)
já seria suficiente para anular a crença em qualquer tipo
de divindade imanente (que se envolva de forma relacional
com sua criação). Na verdade, esse juízo é extremamente
parcial e não resiste a uma análise mais detalhada do tema.
O Deus apresentado pelo cristianismo é um ser pessoal que fez toda a sua
criação seguindo regras rigidamente racionais predeterminadas por Ele.
Por exemplo, Deus não pode criar uma pedra tão grande que Ele próprio
não possa movê-la, não pode criar um quadrado redondo, não pode fazer
com que o ontem não tenha existido nem fazer com que os seres pessoais
que Ele criou não sejam responsáveis por seus atos.
Desejar um mundo dentro das expectativas de vida e existência que
possuímos atualmente, mas sem sofrimento e dor, seria algo impossível
para Deus realizar, pois o sofrimento faz parte de um mundo onde seres
pessoais, e que possuem vontades e poder de decisão, existem. Poderia
haver água sem hidrogênio? Física sem matéria? Onda sem mar? Da
mesma forma, não pode haver existência pessoal sem liberdade e, con-
sequentemente, o sofrimento. Se Deus pretendia criar seres pessoais, não
os poderia criar sem liberdade de escolha e, portanto, sujeitos às intem-
péries da vida.

816
C u rs o A po lo gético

No lugar de a existência do sofrimento (mal) depor contra a existência


de Deus, ele a confirma. Vejamos o seguinte silogismo que nos auxiliará a
um melhor entendimento sobre o tema:

1. Se Deus não existe, não existem valores morais objetivos (certo e


errado).
2. O mal existe.
3. Portanto, existem valores morais objetivos (pois algumas coisas são
más).
4. Logo, Deus existe.

A ideia de existência do mal deve nos conduzir ao porquê de classifi-


carmos algo como mal de forma universal. E poderíamos inegavelmente
informar que, se existe um mal universal, é porque cada um de nós possui,
independentemente de qualquer tipo de formação religiosa, cultural ou
imposição social, um código de conduta universalmente aceito e que exis-
tiria por si, sejam quais forem nossas escolhas ou influências diretas e indi-
retas. Se temos um rígido código primário de conduta, é porque temos um
rígido Criador que legisla a base do próprio código que criou.

817
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

SOFRIMENTO

1. A maior parte do sofrimento humano possui origem divina?


Explique.

2. Por que Deus não evita toda atitude ruim produzida por nós?

3. Qual o nome da síndrome raríssima que impede pessoas de


sentir dor e qual o maior perigo relacionado a ela?

4. Existem benefícios na dor? Explique.

5. O fato de Deus saber de antemão que ocorreria tanto mal o


torna culpado do sofrimento humano?

6. Podemos conhecer todas as razões pelas quais Deus permitiu a


existência do mal? Explique.

7. Os desastres naturais são de origem divina? Explique.

8. Cite alguns benefícios necessários relacionados aos desastres


naturais.

9. Qual o maior problema a ser enfrentado pelos adeptos da Seicho-


-No-Ie com relação à negação da existência real do sofrimento?

10. Por que Deus não poderia ter criado seres pessoais sem liber-
dade?

818
AVALIAÇÃO – SOFRIMENTO

1. A grande questão do sofrimento deve ser:


a) A falta de ação de Deus diante do mal.
b) A falta de buscar Deus diante do sofrimento.
c) Por que tantas pessoas sofrem.
d) Por que muitas pessoas não sofrem.

2. A maior parte do sofrimento humano está relacionada a:


a) Decisões de outros.
b) Guerras.
c) Fome.
d) Nossas escolhas erradas.

3. Nossas escolhas que podem gerar sofrimento estão baseadas na(o):


a) Liberdade humana.
b) Soberania divina.
c) Determinismo divino.
d) Crença religiosa de todos nós.

4. A intromissão divina permanente em todos os atos de delito humano seria:


a) Uma obrigação divina.
b) Um atentado contra a liberdade humana.
c) Uma prova da justiça divina.
d) Uma possibilidade para um Deus soberano.

5. A doença raríssima que impede pessoas de sentirem dores físicas é conheci-


da por:
a) Síndrome da deficiência imunológica.
b) Síndrome da insensibilidade total à dor.
c) Síndrome de insensibilidade emocional.
d) Síndrome de Asperger.

819
6. Sobre a afirmação de que todo tipo de sofrimento é ruim, podemos declarar
que:
a) É falsa.
b) Não existe tal declaração.
c) É verdadeira.
d) É verdadeira, se se tratar de dores físicas.

7. O conhecimento prévio divino de que pessoas podem realizar algo ruim coloca
Deus como:
a) Responsável pelo mal.
b) Responsável pela consciência humana.
c) Conhecedor, mas não responsável pelo mal.
d) Ignorante acerca do mal existente.

8. O fato de Deus constantemente advertir o homem acerca do mal indica:


a) O conhecimento do mal no coração humano.
b) O desejo de nos impedir de sofrer.
c) Um engano proposital de Deus.
d) N.R.A.

9. As catástrofes naturais fazem parte da(dos):


a) Responsabilidade humana.
b) Responsabilidade divina.
c) Fenômenos meteorológicos.
d) Ação de leis que regem o mundo físico.

10. Segundo a Seicho-No-Ie, o sofrimento é:


a) Ilusório.
b) Real.
c) De responsabilidade divina.
d) Fruto de conceitos religiosos falsos.

820
C u rs o A po lo gético

terra

DEFINIÇÃO

A palavra “terra” (Hb. erets) aparece nas Escrituras Sagradas com referência
tanto ao planeta criado por Deus como a um país específico (Gn 47.13; Is
45.18). A terra faz parte de uma estrutura cosmológica chamada universo,
que em sua totalidade foi criado por Deus (Gn 1.1; Sl 104.5), sendo Ele
próprio o seu sustentador e mantenedor (Is 40.28, 42.5), assim como o pro-
prietário legal de toda a sua extensão (Sl 2.8; 24.1).

A terra nunca será destruída, porque Deus a fez para durar para
sempre (Ec 1.4).

“Para sempre” (Hb. ohlam), que aparece no texto, é usado na Bíblia


como referência a algo de longa duração, que necessariamente nem sempre
significa “eterno”. O texto não está afirmando que essa terra durará para
sempre na significância de eternidade, mas que continuava cumprindo o
seu papel de existência, não obstante as gerações humanas terem curta
duração (Ec 1.4).

Para ver um exemplo mais detalhado do uso


de ohlam na Bíblia, leia o tópico Sábado:
A Bíblia, ao declarar que a guarda do sábado era uma
instituição “perpétua” (Êx 31.16), não estaria confirmando
a sua obrigatoriedade ainda hoje?

821
Em defesa da fé

Deus criaria a terra para depois a destruir?

O problema não repousa sobre a questão de Deus criar ou não algo


para depois ser destruído, mas se aquilo que foi criado tem um propósito
eterno ou transitório. Quando Deus criou o homem e lhe confiou a terra,
disse-lhe que ela lhe seria uma fonte de alimentação e domínio (Gn 1.27-
30). Devido à desobediência do homem, a terra foi amaldiçoada e passou a
produzir o que não possuía anteriormente, cumprindo, atualmente, não o
propósito original de Deus ao criá-la (Gn 3.17, 18). Portanto, Ele, como
criador, pode, sem dúvida alguma, apresentar outros propósitos com relação
à terra, nesse caso substituindo-a por outra de melhor qualidade (Is 65.17).
No futuro reino, nós não encontraremos espaço para nenhum dos objetivos
presentes da terra (provisão alimentar e domínio humano). Também é fato
a Bíblia demonstrar claramente que Deus criou as aves e os animais (Gn
1.20, 21, 24, 25), mas não encontramos textos bíblicos onde os demonstre
no “novo céu” e na “nova terra” criados pelo Senhor para habitação dos
remidos, expressando que nem tudo criado por Deus possui propósitos
eternos. Se um mundo físico não possuirá mais propósito para seres espiri-
tuais, por que Deus o manteria?

Ver resposta à pergunta posterior.

Irá o próprio Deus destruir a terra com fogo (2Pe 3.7)?

Não somente o apóstolo Pedro afirma que a terra será destruída, mas
também outros textos apontam para essa verdade escatológica (Hb 1.10-12).
Conforme a Bíblia declara explicitamente, Deus exercerá seu juízo sobre
toda a terra, destruindo-a e fazendo uma nova criação que cumprirá defi-
nitivamente os seus propósitos eternos (2Pe 3.7, 10-13).

Ver resposta à pergunta anterior.

822
C u rs o A po lo gético

Se a terra será destruída, por que a Bíblia fala de um paraíso


terrestre (Sl 37.11, 29)?

A ideia de uma terra que será destruída no fim dos tempos não é in-
compatível com a ideia de um paraíso terrestre no futuro. Tanto o Salmo
37 aponta para um período de paz sobre essa terra como muitos outros
textos bíblicos do AT (Is 2.2-4; 11.4-10; 65.19-25; Ez 37.21-28). Porém, o
paraíso terrestre será temporário, e não permanente, pois este mundo pas-
sará (Mt 5.18; 2Pe 3.7, 10-13; Hb 1.10-12), e o futuro dos salvos será a
eternidade em um novo céu e em uma nova terra (Ap 21.1-7).

A “terra” que será destruída são os ímpios, e não esta terra que
habitamos, pois a palavra “terra” aparece nas escrituras de uma
forma figurada, como referência à humanidade (1Cr 16.31; Sl 96.1).

Os textos em que a terra aparece supostamente de forma figurada, na


verdade, tratam-na de forma ampla e completa, referindo-se à plenitude do
mundo habitado buscando ao Senhor (1Cr 16.30). Segundo o livro de He-
breus, a mesma terra criada pelo Senhor é a que será destruída (Hb 1.10-12).
Se a “terra” que será destruída e passará é o mundo ímpio, como poderíamos
admitir que o próprio Deus a tivesse criado? Deus teria criado os governos
ímpios da terra? A Bíblia afirma que não (Tg 1.17; 1Jo 3.8-10).

A grande multidão de Apocalipse 7.9-14 herdará a terra?

Não. Conforme o livro de Apocalipse, a “grande multidão” do capítu-


lo 7 vem da grande tribulação, portanto será um grupo específico, e não se
refere a um grupo de justos que viveram em vários períodos de tempo, mas
de um único, a tribulação (v. 14). Essa mesma grande multidão serve a
Deus de dia e de noite em seu “santuário” (v. 15). E, segundo a Bíblia, o

823
Em defesa da fé

santuário de Deus está no céu (Ap 11.19). Temos ainda no capítulo 19 de


Apocalipse uma “grande multidão”, tendo a sua voz ouvida do céu, assim
esse grupo não herdará para a eternidade nenhum paraíso terrestre, mas o
reino eterno nos céus (Ap 19.1).

Para mais informações complementares


sobre este tema, consultar o tópico Céu:
A Bíblia declara que para o céu só irão 144 mil
escolhidos da Terra (Ap 7.4-8; 14.1-3)?

Se a intenção de Deus era que o homem vivesse na


Terra, por que desejar ir para o céu (Gn 1.28, 29)?

Podemos saber a idade da Terra por meio da cronologia dos


patriarcas?

Não. As cronologias narradas na Bíblia são todas lacônicas, e, portan-


to, não estabelecem um fato com relação à duração de todas as gerações
narradas no AT. Em Lucas 3.36, é mencionado um patriarca de nome
“Cainã”, que não é citado na genealogia de Gn 11.11-14. Mateus omite
três reis descendentes de Davi (1Cr 3.11, 12 – comp. Mt 1.8). Não sabemos
o motivo de as ordens encontradas nessas listas estarem naquela sequência,
mas certamente não possuem um valor cronológico. O bispo anglicano
James Ussher (1581-1656) fez o seu cômputo baseado nessas cronologias
lacônicas, por isso chegou à cifra de 4004 anos desde Adão até Cristo.
Portanto, essa cifra não pode estar correta, sendo apenas pura especulação.
As genealogias veterotestamentárias não possuem a finalidade de
demonstrar uma cronologia ideal cuja intenção seja apresentar uma soma-
tória do tempo passado, mas apenas uma narrativa ascendente para compreen-
dermos as origens dos personagens até apontar o Cristo. Sem uma cronologia
fidedigna, não poderíamos comprovar a messianidade de Jesus Cristo.

824
 verificaÇÃo De
aPrenDiZageM

TERRA

1. Quais os vários significados de erets nas Escrituras?

2. Por que ohlam não significa algo de eterna duração com relação
à terra?

3. Por que Deus destruiria a terra se a criou?

4. Como será destruída a terra?

5. A doutrina do paraíso terrestre é incompatível com o ensino da


destruição da terra? Explique.

6. A terra que será destruída são apenas as pessoas? Explique.

7. Em qual local se encontra a “grande multidão” de Apocalipse 7?

8. Qual a importância de Apocalipse 19.1 com relação à doutrina


da “grande multidão” no céu?

9. Por que desejar ir para o céu se Deus criou a terra para nossa
habitação?

10. Por que as cronologias do AT não podem nos auxiliar com re-
lação à real idade da terra?

825
PROVA – TERRA

1. A palavra hebraica erets significa:


a) Planeta ou um país específico.
b) Terra de Israel.
c) Terras altas.
d) Terra desabitada.

2. Ohlam pode significar:


a) Tempo transitório.
b) Período de tempo desconhecido.
c) Tempo de longa duração.
d) Período de sofrimento.

3. A terra, segundo a Bíblia, terá duração:


a) Eterna.
b) Curta.
c) Passageira.
d) Duradora, mas não eterna.

4. Sobre toda a criação e sua relação com Deus, podemos dizer que:
a) Não possui propósito eterno.
b) Possui propósito eterno.
c) Não possui propósito algum.
d) N.R.A.

5. Para o futuro reino, Deus reservará para os remidos:


a) O céu.
b) Novo céu e nova terra.
c) Um novo céu.
d) Uma nova terra.

826
6. Com relação à terra, o fogo terá uma ação:
a) Destruidora.
b) Substituidora.
c) Punitiva.
d) Negativa.

7. O Salmo 37 indica:
a) A destruição da terra.
b) A restauração da terra.
c) Um período de paz.
d) Um período de guerra global.

8. Segundo a Bíblia, com relação a um suposto paraíso terrestre:


a) Não haverá nenhum.
b) É apenas uma alegoria.
c) Haverá um, apenas temporário.
d) Haverá um eterno.

9. De acordo com as Escrituras, a terra que será destruída é:


a) A população ímpia.
b) Toda a população, visto que só restarão ímpios sobre a terra.
c) Apenas uma alegoria do mal.
d) O nosso planeta que será substituído.

10. Segundo a Bíblia, a chamada “grande multidão” adorará a Deus na(no):


a) Céu.
b) Terra.
c) Trono celestial.
d) Seio de Abraão.

827
C u rs o A po lo gético

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