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Teologia Pastoral

Sumário
TEOLOGIA PASTORAL ............................................................................................. 3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3
TEOLOGIA PASTORAL ............................................................................................. 4
TEOLOGIA MINISTERIAL ......................................................................................... 4
UMA BASE BÍBLICA PARA O MINISTÉRIO .............................................................. 5
VOCAÇÃO ................................................................................................................. 7
QUALIFICAÇÃO ........................................................................................................ 8
O HOMEM, ESPOSO, PAI E PASTOR .................................................................... 10
VIDA DEVOCIONAL: MINISTÉRIO, SOFRIMENTOS E RECOMPENSAS .............. 10
ÉTICA ...................................................................................................................... 11
A ÉTICA E DEUS ..................................................................................................... 12
A ÉTICA NO MINISTÉRIO ....................................................................................... 12
ÉTICA NA FUNÇÃO PASTORAL............................................................................. 13
PASTOR: LÍDER NA SOCIEDADE ORGANIZADA .................................................. 13
A COMUNIDADE DE FÉ E SEU LÍDER ................................................................... 14
UM HOMEM, LÍDER RELIGIOSO ............................................................................ 15
CORAÇÃO DE PASTOR, ESPÍRITO DE PASTOR Jo 21:7-17 ................................ 15
MISSÃO INTEGRAL ................................................................................................ 16
AÇÃO SOCIAL, MINISTÉRIO PASTORAL .............................................................. 17
TEOLOGIA SOCIAL: UMA NOVA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA? ............................ 19
O ESPÍRITO SANTO NO LABOR PASTORAL ........................................................ 20
REVELAÇÃO SALVÍFICA: SENSIBILIDADE MISSIONARIA NUMA CONCLUSÃO
OBJETIVA ............................................................................................................... 21
SACRIFICADO ........................................................................................................ 22
CERIMÔNIAS .......................................................................................................... 23
METAMORFOSE ..................................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 25

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Teologia Pastoral

TEOLOGIA PASTORAL

Descrição do Curso
Este curso observará, em uma visão geral introdutória, o ministério em si e suas
especificações, proporcionando estudo participativo da classe na área teológica
vocacional do serviço na igreja, Corpo de Cristo. Vendo as estratégias apresentadas
na Bíblia bem como as necessidades atuais e o desenvolvimento eclesiástico na
Missio Dei. Ressaltar o aspecto do caráter e da sensibilidade ministerial, pela igreja
em seus enviados, como fundamental para uma visão global- integral da missão de
Deus a ser desenvolvida.
Objetivos
• Ressaltar a Importância do reconhecimento da Igreja no
desenvolvimento ministerial.
• Familiarizar o Aluno com a Reflexão Teológica da Missão
• Enfatizar uma visão de dependência de Deus no ministério
• Identificar as Falhas e Realizar, como igreja, uma crítica construtiva
• Analisar e Refletir sobre vocação ministerial atual e pessoal.

Desenvolvimento Do Curso
• Apresentação e Introdução
• Definições e Conceitos
• Panorama Bíblico Teológico da Vocação
• Qualificação
• O Homem, Esposo, Pai e Pastor
• O Pastor
• Ética Pastoral
• O Pastor e Suas Relações Interpessoais e a Comunidade de Fé
• O Pastor e a Congregação/Denominação
• O Pastor e Seu Trabalho Frente à Comunidade
• Vida Devocional: Ministério, Sofrimentos E Recompensas.
• Globalização Da Missão (Missão Integral)
• Adendo: Cerimônias

INTRODUÇÃO

“Os homens cobiçam, mas não sabem o que; eles caminham, mas perdem a
trilha de chegada; eles lutam e competem, mas esquecem o prêmio. Eles espalham a
semente, mas se recusam a cuidar do solo nas devidas estações. Eles buscam poder
e gloria, mas perdem o significado da vida.” George Gilder1
Excelente obra almejam os que são chamados, vocacionados por Deus para
servirem. Porém, parece que uma desarmonia paira nas mentes de muitos que veem

1
KEMP, Jaime. Pastores em Perigo – Ed. SEPAL pág. 11

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Teologia Pastoral

para servirem nos ministérios diversificados, existentes hoje no Corpo de Cristo; onde
o lema humano de liderança ou de cabeça toma uma forma mais abundante, e não
menos diferente, do que fala a Bíblia. Parece que o lema eu nasci para comandar e
mandar tem tomado espaço nos corações dos que foram chamados para servir.
Logicamente se respeita e se acata as funções e ministério de liderança, onde o seu
papel se tem como muito importante, porém não sobrepondo aos demais; onde se
pesa a mesma responsabilidade, pois o Dom Supremo dado pôr Deus, o Espírito
Santo, detém o poder de dar ou se manifestar de diversificadas maneiras e nas mais
diversas pessoas, conforme o apraz. Assim que, nada temos de nós mesmos, pois
tudo é d’Ele, a obra bem como o obreiro.
Se escuta o cambiar ou a desarmonia da vocação, de responsabilidades com
a de privilégios; sou cabeça e não cauda, mas o que não pensam é que devido a
tamanha responsabilidade que ser o cabeça trás, é que se existe após, a condição de
levar o corpo, direcionar o corpo; isto faz com que muitos, as vezes, desejem ser um
pouco cauda; isto para serem ou terem seu tempo de serem conduzidos e
direcionados.
O que também é bom lembrar é que os ataques sempre são na parte vital do
corpo, e talvez não seja tão ruim assim ser ou ter a posição de cauda, não que haja
uma covarde aqui, mas sim um pensar humano; tanto porque, todos tem o seu devido
lugar e sua devida função no corpo; não é em vão que Deus, através do Dom
Supremo, determina o que cada um terá ou será na missão. Responsabilidades e
privilégios se completam, bem como o gozo do trabalho, sendo este onde for, deve
preencher nossas vidas. A nossa salvação e alento se baseia na pessoa de Cristo
Jesus, o cabeça do corpo. Pôr Ele fomos chamados, vocacionados, direcionados e
preparados. “Aquele que começou a boa obra, é fiel em completá-la” Gl 1:15; Rm 8:
28-30; Hb 12:2,3,11.

TEOLOGIA PASTORAL

Ciência que trata dos fundamentos bíblicos para o ministério pastoral, bem
como das relações do pastor quanto ao seu trabalho, igreja, família, mundo etc 2. Mas
talvez podemos analisar que esta Teologia Pastoral, a qual pode se confundir, as
vezes, com a Psicologia Pastoral, deveria se iniciar desde de uma visão bíblica
antropocêntrica, ou seja, o homem enquanto ser, e em si mesmo; tanto o homem
como ser emissário de Deus, como o homem sendo o alvo. O mais importante, o
homem, depois suas demais relações, família, igreja, mundo etc.

TEOLOGIA MINISTERIAL

Esquadrinhar uma teologia ministerial não deixa de ser uma tentativa de se


tentar falar ou referir-se num mundo de percepções que se dão com muita
sensibilidade espiritual. Sendo então que, nós nos atamos em poucas partes deste
todo, mas que demonstram um esboço da teologia pastoral. Teologia Ministerial
implica também os vários ministérios manifestados, como numa engrenagem, a

2
IAMCC- Apostila de Teologia Pastoral- Seminário Maior de Formação Teológica.

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Teologia Pastoral

engrenagem do Reino, onde junta as peças, todas são de importância relevante para
o bom desenvolvimento da missão da igreja (missio eklesia), seja liderança, louvor,
evangelismo, educação, pastoreamento, misericórdia, intercessão etc.

UMA BASE BÍBLICA PARA O MINISTÉRIO

O homem não pode criar um relacionamento com Deus no sentido de


conhecimento, pois isto seria contraditório sendo o homem criatura limitada. O
conhecimento de Deus pelo o homem somente se manifesta se o próprio Deus se der
a conhecer.
Mas este princípio, de aventurarmos a fazer teologia, se dá mediante a
revelação de Deus; revelação esta que o homem procura sempre acrescentar ou
desvirtuar. O que é axiomático é a realidade de que Deus se revelou ao homem dando
demonstração de amor e desejo profundo de relação. “O homem traz em si mesmo o
sentimento ao intranscedente, absoluto e como diria Barth em sua teologia, ao Deus
totalmente outro”3. Ao que afirmamos que o homem tem em si mesmo a prova desta
revelação que é este desejo a Deus e este sentir de buscá-lo, Santo Agostinho chama
de “semem religionis”4. O homem tem em si isto, uma prova de sua revelação no
homem e ao homem, além de muitas outras já conhecidas como a revelação natural,
moral, escrita, encarnada e cultural, como dogmatismo já definido na teologia
sistemática. Mas o que é importante ressaltar, e nem mesmo temos o que mais
comentar, é que tudo que somos ou temos vem d’Ele.
Jesus Cristo é a máxima revelação de Deus, expressão plena de seu amor
para com o homem.
Nesta conclusão, observamos que Deus tem o homem como o mais importante
seja ele quem seja ou como esteja. Assim a Bíblia trás referencias do seu IDE, visando
o homem, objeto de seu amor.
Neste contexto, de que Deus deseja este relacionamento podemos rever dados
bíblicos para formação de uma teologia pastoral. Pôr exemplo: Quando a Bíblia trás
palavras do próprio Jesus “Eu vim para ..., Meu Pai me enviou para Eu fui enviado
para ...”. Toda teologia que nós aventuramos formalizar seria dentro de uma
focalização cristocêntrica na missão e construção de uma teologia pastoral, esta frase
“fui enviado ...”, não tem menos que 40 vezes5
“Não venho de min mesmo, mas sim que fui enviado por Aquele que é
verdadeiro, o qual vocês não o conhecem, Eu o conheço pôr que procedo d’Ele e foi
Ele que me enviou” Jo 7:28
“Assim que, como Tu me enviaste ao mundo, Eu também vos envio” Jo 17:18
“Os termos mais importantes ou destacados são enviar ou vir, e são termos
usados constantemente. Os apóstolos estão sempre envolvidos a estes termos que

3
PEREIRA, Natan. “Descobrindo Revelação de Deus na Formas Culturais. (Tese de Grau)”
SEMISUD, Quito - Equador
4
Idem
5
COMBLIN, José. “Teologia de la Misión” Ed. Latinoamerica, Livros SRL Buenos Aires 1974.

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Teologia Pastoral

sempre, também, os estão usando, como é o caso de Gl 4:4 Quando chegou a


plenitude dos tempos, Deus enviou a seu Filho...; e o caso de 1Jo 4:9 N’Ele se
manifestou o amor de Deus pôr nós, que enviou seu Filho único ao mundo para que
vivêssemos por Ele”6
A questão teológica está aplicada num contexto; vir revelação e vir
escatológico. Referindo-se também a um constante vir no sentido de sempre estar se
adorando e servindo, pois a Divindade está sempre neste relacionamento do céu para
com a terra; e neste vir, de revelar-se e de se manifestar escatológico (Ap 1:7; 22:7;
22:17,20; 1:4-8; 4:8). Além destes versos outros permeiam a ideia de vir, ir, sair, e o
ofício sacerdotal, (Jo 7:16; 5:36; Mt 9:13; Jo 10:10; 12:46). Assim descreve o
comentarista e escritor: “Como o ser envolve a totalidade do universo assim também
o vir envolve a totalidade do ministério cristão”7
No decorrer de sua mensagem ou do desenvolvimento de sua reflexão vemos
um tempo onde a igreja se torna instrumento desta missão, sendo ela capacitada,
comissionada e enviada pôr Jesus Cristo. Estes textos acima fazem uma referência
específica a Jesus e a Missio Dei, mas a igreja passa a receber referência que agora
a responsabilidade lhe pertence, e as citações bíblicas são a ela direcionadas. Jesus
os deu o nome de enviados, Apóstolos (Mt 10:2, 5, 6 ...; Mt 28:19; Jo 20:21)
Por outro lado é muito bom, e necessário, ressaltar a teologia pastoral que além
de bíblica e cristocêntrica, que logicamente não poderia de deixar de ser, tem sua
ênfase caracterizada, esta pôr alguns pontos, que são eles: “Proclamação, Ensino,
Serviço, Comunhão, Profecia e Adoração.8
Ensino. Este é o aspecto disciplinar e formativo da igreja. Era a primazia do
ministério de Jesus. Mt 4:23; 9:35; 7:29; Mc 1:22; 9:31; Lc 19:47; Jo 7:14; At 15:35;
Col 1:28.
Proclamação. Este tem a ver com o aspecto “kerigmático” da igreja. Esta
afirmação é enfática e axiomática pois nada, ninguém ou até qualquer instituição tem
tamanho privilégio de ser proclamadora do Reino de Deus. O Dom maior, Espírito
Santo, com suas ferramentas, são presentes para a igreja cumprir o seu ministério.
Mt 4:23; 9:35; 10:7; Mc 16:15; Lc 24:47; Jo 20:21-22; At 1:8; 10:42; Rm 10:8-17.
Serviço. Ressaltamos aqui o aspecto diaconal (Diaconia e a palavra grega para
serviço) Mt 9:36; 25:31-46; Lc 10:25:37; Jo 1:14; At 2:44-47; Gl 6:9-10.
Comunhão. Esta palavra deriva do grego koinonia, denota um pensamento
homogêneo dos que se dizem cristãos e fazem parte de um mesmo corpo; é uma
convivência e edificação. Mt 18:15-22; Rm 13: 8-10; 1Co 13:4-7; 1Jo 1:7-11; Jo 17; At
2:42.
Profecia. A igreja nunca poderá deixar este aspecto, pois faz parte de sua
natureza mesma, ser profética. Aqui se mostra ou se ressalta a igreja como a boca de

6
Idem
7
Idem
8
GIRON, Rudy. “Reflexões Bíblicas do Evangelismo e a Missão da Igreja”. Rudy Giron é da
Igreja de Deus na Guatemala, Presidente de COMIBAM Internacional.

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Teologia Pastoral

Deus no sentido a denunciar o pecado e suas formas ou estruturas de pecado, tanto


individual como organizado. Mt 3:7-10; 14:1-12; 23:13-36; At 4:18-20; 5:27-32; 22:26.
Adoração. Como um dos principais privilégios da igreja, e função, é ser
adoradora. A igreja é uma comunidade de louvor, exaltação e adoração. Mt 28:17; Lc
22:31-32; Jo 4:20-23; Jo 17; 1Co 14:23-25; 1Tm 1:1-4; Ez 22:30; Ap 7:9-12; 22:9.
Aqui desenvolvemos uma teologia que não se aplica sem a atividade da igreja.
Cabe a igreja entendê-los e realizá-los, jamais negligenciá-los. A primazia deste
ensino e teologia logicamente vem da Teologia Pastoral.

VOCAÇÃO

“Sacro santa é a vocação”9, Depois de um esboço sobre uma base bíblico


teológica sobre o ministério pastoral devemos nos deter um pouco sobre esse
específico chamado, onde generalizando, devemos nomear como o “sacerdócio de
cada cristão” onde nenhum é isento, pois todos devemos ser testemunhas. Mas
vocação específica para o desenvolvimento da missão é delimitarmos a discussão no
aspecto da verdade existente e convicção latente de determinado serviço dentro da
engrenagem do Reino.
1Tm 3:1 (Excelente obra)
Rm 11:29 (Vocação é irrevogável)
1Co 1:26-30 (Vocação não é obra carnal e ou material)
Ef 4:1-6 (Características do vocacionado)
2Tm 1:8-10 (Santa vocação segundo propósito de Deus).

Ser vocacionado expressa muitos aspectos bem individuais e específicos para


cada um, porém permita-me citar alguns para uma reflexão sobre o que é ser e como
entender ser um vocacionado:
Ter convicção particular e íntima, mesmo que lhe seja notório que isto se requer
como sendo o 'Sacrifício do altar”.
Entender que a seu devido tempo (Kairós), e não ao nosso (Cronos), a
capacitação, bem como o preparo e unção vem; o que traduz numa submissão
constante à Deus em tudo que realizamos. Seja este através do Dom em si e dos
talentos.
A igreja, como corpo de Cristo, reconhecerá ministério e vocação. Ela será
como o instrumento de confirmação e aceitação. Cabendo aqui um adendo de que
não existe definição de ministério se o mesmo não for manifesto pela própria igreja.
Vocação não se pode confundir com função. A função se extingue a vocação
não.

9
CAVALCANTE, Robison. Matéria à Revista Signos da Vida de CLAI, Equador

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Teologia Pastoral

Que há benção em tudo que se faz na obra de Deus, mas o importante não é
fazer algo para Deus e sim o que Ele realmente requer. Mesmo no ministério somos
ativistas, “tapa buracos”, mas temos que buscar conhecer o que Ele tem preparado
especificamente.
Assim que, vocação pode ser compreendida de dois modos 10: geral (Jo 3:16;
Mt 28:18-19; o sacerdócio de cada crente nos méritos da morte de Cristo) e específica
(Ef 4:8-12. Onde se manifesta a soberania de Deus nestes desígnios estritamente
pessoal e individual)

QUALIFICAÇÃO

Bíblico Neo-Testamentário
No N.T. vemos a eficácia do trabalho de estabelecimento da igreja,
primeiramente por ocasião do mover do Espírito Santo em Pentecoste, na tarefa
delegada a igreja da misio eklesia (missão da igreja) manifestada na diversidade
cultural presente naqueles dias. “Então, designou doze para estarem com Ele e para
os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios” Mc 3:13-14. O termo
“para”(= a fim de que) vem do grego “hina” e permite somente uma conclusão: o
período que os discípulos passaram com Jesus e Ele os “enviou” a pregar
(grego=proclamar)11. Mas o termo no N.T. é “DISCÍPULO” (literalmente é a pessoa
que segue com a intenção de aprender) era mais que um seguidor; o aluno deixava
sua casa, seus pais, parentes e se dedicava a absorver no cotidiano do RABI, ou seja
do mestre. Jesus basicamente tinha o seguinte projeto, segundo a análise do
hermeneuta12:
1° Nenhum discípulo deveria deixar e desfrutar da vida do Mestre;
2° Jesus dava autoridade e responsabilidades;
3° Os discípulos foram instruídos sobre Reino, igreja e humildade. Em resumo
podemos ressaltar que os discípulos tivessem o caráter de Cristo.
A liderança foi estabelecida, de entre aqueles que aos pés do Mestre estavam;
e posteriormente, saindo fronteiras afora dos limites judaicos, iniciando por Barnabé
numa visão da igreja para com outros povos, posteriormente passado a Paulo, onde
sistematiza seu trabalho, na valorização do povo gentil convertido, no levante de
liderança nativa e preparada, na edificação de igrejas em cidades estrategicamente
pré-estabelecidas, na confirmação dos pastores, no zelo da correção, na supervisão
Qualificação Formal
Ao contrário de uma secularização de nossa fé, o fator preparação é
fundamental para o vocacionado. Hoje temos uma consciência da exigência do povo
para o qual se prega; mas, mais do que isto é a capacidade ser melhores do que

10
CORREA, Claudionor de A. “Dicionário Teológico” CPAD
11
SHEDD, Russell. “Fundam. Bíblicos da Evangelização” Vida Nova
12
O Dr. Shedd é um dos mais preeminentes e éticos exegetas atuais no Brasil, tive a
oportunidade de ser seu aluno por pouquíssimos tempos. É mestre, PhD, professor do Sem. Batista de
São Paulo e Curso de Liderança em Singapura

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Teologia Pastoral

somos para edificação do Reino de Deus. Um inimigo cada dia latente em nosso meio
da reflexão teológica é a secularização da preparação dos obreiros e a elitização. Mas
se faz necessário se ter o conhecimento. “Errais em não conhecer as Escrituras
(doutrina) e nem o poder de Deus (unção)”. A qualificação formal equilibra e dá sólida
consciência para as formalidades cerimoniais que o ministro deve estar à frente,
desde uma consagração de crianças, ao batismo, sacramentos diversos, sermões,
funerais, aconselhamentos, discursos formais religiosos, e até mesmo para se Tiver a
adequada atitude de informalidade num culto bem “pentecostal” se deve buscar o
entendimento e a boa atitude. Muitos acreditam ser desnecessário o estudo, pois
Deus encherá a boca de palavras no momento da pregação. De certa forma sim, mas
se somos tão incapazes de buscar saber bem o que falaremos não somos exemplo
de dedicação e empenho. Um bom ministro deve saber manusear bem a Palavra da
verdade, não numa ótica ou cosmovisão simplista superficial, mas ética e verdadeira,
mesmo quando desagradem os que se tem como ouvintes. O compromisso de buscar
saber e estudar não é vaidade ou outro tipo de glória particular; é compromisso com
a obra dentro de uma visão ministerial apurada, recheada com humildade e soberania
de Deus.
Qualificação Informal
Não vemos tanta dificuldade em explanar sobre este tema, pois a informalidade
e a facilidade de se quebrar uma ética espiritual institucionalizada ou humanamente
estruturada, Deus é quem “entende” muito disto; como foi com a Samaritana,
referindo-se contrário ao pensamento então existente (se em Jerusalém ou no Monte
é onde se deveria adorar , pois assim se ensinava a tradição institucional judaica).
Toda experiência com Deus é bem particular e pessoal, mas a dificuldade está em
saber administrar o que Deus nos dá.
Para demonstrar esta latente incapacidade atual, há quantas ovelhas que
dizem não necessitarem de pastor e ensino, são pastores de si mesmos; e na maioria
sem vínculos com igreja ou ligação denominacional nenhuma. Eis o perigo: a solitária
e particular visão de formar o seu próprio reino, de orgulho, dentre outras das vãs
glórias humanas e medíocres. Mas uma arma imbatível é quando o relacionamento
pessoal e particular é amparado por um sobre modo sentimento de dependência de
Deus. Eis a chave de vitória em tudo quanto vamos realizar, seja desde uma área
técnica às mais diversas formas ministeriais existentes. Nosso maior temor são as
chamadas “experiências” espirituais que estão longe de uma unidade e conformidade
com a Palavra e Deus, sobrepondo às autoridades no Senhor, ferindo a ética cristã e
absorvendo, o que é pior, tudo em nome de uma sã religiosidade.
Capacidade Contextual
Essa área é a qual o ministro é capaz de se adequar ao local, povo, condições
diversas, cultura etc; tudo após minucioso estudo, sendo um visionário, estrategista,
visão espiritual para ver oportunidade para desenvolver seu ministério em muitas
áreas, ver a oportunidade de crescer onde ninguém viu, fazendo brotar uma veia

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Teologia Pastoral

talentosa, dons naturais, espontâneo e carismático. Um exemplo disto é o livro “O


Apóstolo dos Pés Sangrentos”13.

O HOMEM, ESPOSO, PAI E PASTOR

A Psicologia Pastoral, como antes já referimos, é uma nova disciplina alinhada


no contexto da Teologia Pastoral. Quando envolvemos no trabalho ministerial
pastoral, envolvemos numa tarefa de se dar ao próximo, e as vezes numa intensidade
maior do que podemos imaginar. Daí vem a necessidade da psicologia para nos
ensinar a não nos envolver ao ponto de observarmos uma dependência de ambas as
partes. A isso chamamos de transferência e contratransferência, bem como nos
ensina uma ótica de prioridades cristãs, num senso de valores bem definidos, onde o
exemplo é o maior testemunho para este ponto definimos o resumo do livro “Pastores
em Perigo”14. A visão de um profissionalismo ministerial, sem exageros numa humana
racionalização, tem crescido muito. Existem muitas lacunas no trabalho pastoral
devido à falta de conhecimento básico em aconselhamento, em saber simplesmente
saber ouvir, em questões éticas, com erros primários de imprudência. A principal falha
podemos ressaltar é a errônea prioridade familiar de ministros, onde seus exemplos
convergem a uma total alienação e desconforto.
Muitos pastores são excelentes empregados eclesiásticos, bons pastores à
frente da igreja, mas desqualificados; principalmente por crerem que a igreja é a
prioridade de sua vida e ministério. Não conseguem tirar tempo para lazer, passeio ou
qualquer divertimento com a família por acharem ser quase um pecado e dor na
consciência. As lacunas deixadas pela falta de visão para com nosso lado humano e
familiar podem ser manifestas posteriormente nas muitas transferências que surgem
em meio ao cotidiano pastoral. Pastores correm perigo.

VIDA DEVOCIONAL: MINISTÉRIO, SOFRIMENTOS E RECOMPENSAS

Uma frase foi dita “Deus não tem compromisso de fidelidade conosco, Ele tem
fidelidade com sua Palavra e sua Palavra é repleta de bênçãos e promessas de Deus
para os que a cumprem; e assim sendo manifesta a sua fidelidade para conosco”. Um
“mega-evangelista15” respondeu a uma repórter quando perguntado qual a razão que
ele próprio atribuía a seu “deslize” moral, e assim respondeu: “Meu erro foi em
descuidar de meu devocional diário”. Certa pessoa ao passar e ver que seu pastor
estava trabalhando limpando seu lote e cuidando do asseio de sua casa disse: “muito
bem meu pastor gosto de lhe ver assim trabalhando esforçado” e o pastor nada lhe
respondeu. Ao retornar observou que seu pastor estava sentado, com roupa limpa,

13
“O Apóstolo dos Pés Sangrentos” é um livro que inspira e ensina na contextualização de um
missionário no campo, a Índia. Recomendamos esta leitura com uma atenção apurada na disposição
do ministro em buscar com seus dons e talentos a adequação da mensagem para bom entendimento
de quem nos ouve.
14
KEMP, Jaime “Pastores em Perigo” SEPAL. Este autor tem desenvolvido seu ministério na
formação de pastores, casais e família; seu trabalho tem tido aceitação em âmbito nacional de forma
bem explícita.
15
Creio não ser o primeiro a usar este termo e sim, somente, repassamos o mesmo da forma
comum que ouvimos, e isto sem querer ser pejorativo, mas sim no seu sentido usual e comum no seu
contexto.

10
Teologia Pastoral

Bíblia do lado, muito quieto e pensativo. O irmão então disse: “Ei, meu pastor, em
pleno meio-dia descansando? O pastor não se conteve e respondeu de forma natural:
“A primeira vez que você passou eu estava me distraindo, agora eu estou trabalhando
por você”. Um ativismo religioso atrapalha, e muito, nossa vida ministerial e pessoal.
Gostaria de ver que irmãos investissem mais em suas famílias, pois se neste ponto
for bem sucedido o ministério e a igreja só têm a ganhar. A oração, o sermão vivido e
preparado, o tempo a sós com Deus, uma cumplicidade espiritual com o cônjuge, a
ministração do esposo sobre a esposa e da esposa sobre o esposo é de fundamental
importância para uma sólida estrutura para um pastorado de sucesso. A maioria dos
fracassos vem de uma infeliz atitude de menosprezar nossa limitação humana, nossas
pequenas falhas, não respondendo a tempo oportuno e deixando acumular, não
revendo, não nos autoavaliando, não nos autocriticando e assumindo e corrigindo
nossas falhas. “Se queremos Ter um ministério de êxito, devemos começar por
entender nossas próprias limitações e não esconde-las, como se perfeito fossemos.”
Somos sim carentes de Deus em tudo, este sim é um bom começo de caminhada.

ÉTICA

É o conjunto de normas/deveres que regem o comportamento ou conduta de


um determinado grupo. Bem, seria este um conceito bem definido e esquadrinhado
dentro de um contexto geral, porém este tema existe suas variantes que são as mais
diferentes, pela grande diversidade cultural dos povos, os quais regem ou elegem sua
ética dentro de seus princípios de valores, sejam estes das mais diversas áreas:
moral, religiosa, política, familiar, etc. Nós necessitamos de ética, mas Deus não tem
ética, nem necessita de uma, Ele é soberano, Ele é seu próprio realizar, da forma que
o apraz.
Nossa visão ética evangélica deve ser baseada primordialmente no ser para
depois se referir ao Ter. Assim visualizamos um contexto de ética protestante com
ética evangélica. A ética protestante se faz com referência a uma constante pregação
de oposição baseada num contexto fundamentalista de distanciamento do social e
secular e apego as beneficias oportunistas e convenientes dos institucionalizados
(religião, progresso e liberdade; discurso fundam. Americano na época do início da
atuação missionária nos países latinos)16 onde o céu é o fim da igreja, mesmo estando
na terra. Por outro lado a ética evangélica que deve ser focada no compromisso da
missão do Reino, com sacrifício, labor, renúncias, às vezes, envolvimento com o ser
integral, o homem, e todo o seu contexto espiritual e social. Oposição ao pecado e
suas estruturas de pecado, como ecologia, relacionamentos interpessoais,
prostituição, saúde, injustiças, entre outras. “Ética evangélica não pode ser
desvirtuada da ação cristã verdadeira, mas estamos em falha com isto”.17
Ética, verdadeiramente parte do pressuposto bíblico cristão e de consciente
convicção da vontade de Deus e de uma harmonia que rege a satisfação pessoal,
espiritual, familiar, social religiosa, denominacional etc. O que para finalizar lembrei-

16
VICENTE, Pr. Gerson. I Sem. Reflexão Teológica em Goiânia. É Pastor da Igreja de Cristo e
Prof. UFG
17
Idem

11
Teologia Pastoral

me de uma frase: “Somos verdadeiramente livres quando formos livres do olhar do


outro”.18 Nada mais ético do que um bom relacionamento com Deus, conosco mesmo
e com os demais.

A ÉTICA E DEUS19

Estive pensando nestes dias sobre valores. Estive analisando sobre a moral do
homem, sua cultura e seu senso de valor decorrente a seu habitat cultural, sobre as
posições e imposições da sociedade.
A gama de boas maneiras e o manual de condutas equilibradas e saudáveis,
para que o homem viva bem, se dá o nome de ética. Ética não é um sentimento, tão
pouco é uma ação isolada, mas é motivação que acompanha a ação ou que gera
atitudes corretas ou recheadas de um querer, de uma vontade de acertar.
Assim é o homem, incapaz de se conduzir a si mesmo, movido e removido
pelas normas e padrões da estabelecida e necessária ética.
Mas Deus não tem ética. Por que ética para o Ser que em si mesmo reside
valores incontestáveis? Não se pode questionar os valores e as atitudes de Deus, pois
elas apesar de diferentes e indiferentes aos olhos e a ética humana, são os melhores
para nós.
Para quem lê o livro de Jó, observa que Deus permitiu o diabo tocar em seus
bens, que não eram poucos, e Ele mesmo toca na vida de Jó, este, íntegro e reto. Pôr
que? Deus tem ética? Na realidade Deus não tem ética, se Deus é mau ou
sanguinário, o digo desde a minha ótica humana assumida e recebida via veias da
sociedade, assim Ele continua sendo incontestável. Pois o mau de Deus é o melhor
prá nós, Is 54:16; 45:7.
Tudo é d’Ele, bem e mal, tudo está sujeito a Ele, até os demônios. Para que
ética para Deus? Por acaso Ele é homem, sujeito às formalidades da sociedade que
dita a cultura, os moldes, e a ética humana? Não, Deus não tem Ética, Ele tem a ética,
a Ética é Ele.
Me faz lembrar o texto de Jó 42 onde ele diz “Bem sei que tudo podes e nenhum
dos teus planos podem ser frustrados, ... eu te conhecia só de ouvir, mas agora de
veem os meus olhos”.

A ÉTICA NO MINISTÉRIO

No ministério, também como nas sociedades organizadas, existem seus


valores acompanhados de ações de bom senso nas atividades ministeriais. A ética no
ministério é preponderante, frente as demais classes profissionais existentes, pois
tratamos com veemência, e assim o somos, representantes do que se chama ser
correto e íntegro. Assim que nomeamos alguns passos dos vocacionados ao
ministério:

18
JACINTHO, Dr. Edimar. Curso de Psicanálise Clínica - CORPO
19
PEREIRA, Natan - Prof. Teologia Pastoral

12
Teologia Pastoral

• Elevado senso de responsabilidade


• Vivenciar o ministério da confidência
• Buscar sempre o discernimento, sem ser inconsequente e precipitado
ao emitir opiniões.
• Ser amoroso, humilde e discreto nas situações diversas.
• Saber claramente, o buscar saber, o que é ético no grupo ou instituição
a que pertence.
• Profunda visão ministerial (profissional) do trabalho.
• Responsabilidade de representante religioso/espiritual; com respeito
devido às demais competências profissionais, como médicos,
psicólogos etc. Tendo sempre presente nossa autocrítica com relação
às nossas limitações.
• Respeito, naturalidade e atenção às pessoas com distintas diferenças
doutrinárias.
• Evitar sugestionalismo; sem também deixar de si posicionar nas
ocasiões necessárias colocando a necessidade das mudanças devidas.

ÉTICA NA FUNÇÃO PASTORAL

Com relação ao pastor e sua função, em especial no contato e relação com os


membros, se faz necessário também sugerir devidas atitudes, para que, mediante ao
cotidiano do trabalho e experiências vividas, se formule alguns princípios práticos que
só vêm para edificar.
• Evitar estado de conformação do aconselhado, ou até minimização dos
problemas por parte do fiel ou do pastor.20 (Confronto x conforto, Cl 3:16;
Rm 15:14; Cl 1:28; At 20:31)
• Evitar falsas posturas e hipocrisia para com os outros.
• Mesmo enfrentando pressões, demonstrar ser totalmente cristocêntrico.
• As reações devem ser menores que os problemas.
• Deve se ter uma flexibilidade, mais que uma linha sistematicamente
traçada.
• Que o “Salvador da pátria” é Deus; há momentos que devemos respeitar
posições contraditórias ou contrárias às corretas.
• Deve se evitar exagerado envolvimento emocional.
• Prepotência e autoritarismo.
• Crítico cínico x submissão e humildade.

PASTOR: LÍDER NA SOCIEDADE ORGANIZADA

Este tema, envolvendo ainda o campo da ética ministerial, mostra o pastor na


sua função de líder comunitário; tendo em vista hoje o papel não pouco expressivo da

20
ADAMS, Jay. “Conselheiro Capaz” Ed. Vida. Com relação a tipos de aconselhamento, em
específico o noutético

13
Teologia Pastoral

comunidade cristã evangélica brasileira. Onde o pastor exerce um papel de


importância na sociedade; mas bem que o mesmo poderia ser de relevância maior se
todos deixassem de lado a herança negativa de uma hermenêutica errônea de que
“do mundo não somos”, o que de certa forma é claro, mas de uma outra ótica
deveríamos ter maior evidência como líderes do povo e não somente de nossa
congregação. No livro “Bioética”21 nos mostra com maior amplitude as expectativas
da sociedade concernente nossa posição cristã evangélica sobre temas profundos
como: reprodução, aborto, suicídio, eutanásia, desenvolvimento genético, depressões
e outros temas atuais. Para de forma simplificada e generalizada pautamos alguns
pontos:
• Liderança madura em fé; representante eficaz na área religiosa.
• Posição firme e integral de cidadania e política sem comprometimento
da fé e da doutrina. A convicção de fé cristã não deixa de trazer consigo
uma aprovação pública, um senso de responsabilidade e uma visível
maturidade na visão do povo para com o pastor.
• Boas relações políticas com autoridades governamentais estabelecidas;
mesmo se as posições sejam de concordância ou de posições contrárias
em pontos específicos na visão edificadora do Reino.
• Admitir e buscar ser um dos primeiros a alavancar nas responsabilidades
sociais e filantrópicas.

A COMUNIDADE DE FÉ E SEU LÍDER

Dentro de uma teologia pentecostal22, onde o normal é vivenciar a fé em Cristo


Jesus, na ação atual do Espírito Santo, bem como dotado da mesma fé responsável
e madura, sem extremos, focalizamos o aspecto espiritual da função e da pessoa do
líder nos seguintes pontos em resumo:
• Conduzir
• Vivenciar a fé
• Esperança e convicção
• Conforto e amparo
• Confronto e guerra
• Koinonia: união do Corpo de Cristo
• Santidade: modelo de vida do cristão.

21
MEILAENDER, Gilbert. “Bioética. um guia para os cristãos” Ed. Vida Nova
22
Não impondo que a ação do Espírito Santo se restringe neste ou naquele seguimento
religioso. se histórico ortodoxo. arminiano ou calvinista. reformado ou renovado. neo ou tradicional
pentecostal. Mas sim uma posição específica de nossa teologia com seus distintivos: as manifestações
espirituais hoje. Ou seja, a atuação dos dons do Espírito Santo hoje na igreja como discernimento
espiritual. visões. guerra espiritual. línguas. profecias. curas entre outras diversas. Nossa posição
teológica deve ser clara e honesta. em nosso próprio meio bem como para os demais.

14
Teologia Pastoral

UM HOMEM, LÍDER RELIGIOSO

Admitir nossa função e posição teológica religiosa não significa uma postura
alienada da nossa própria estrutura humana, carnal e limitada, mas sim uma
dependência incondicional de Deus em graça e misericórdia. Assim que, entendendo
que nós, humanamente somos desprovidos de qualquer poder e condição extra-
humana, somos limitados, mas apesar de nós mesmos Deus tem nos fortalecido.
Alguns cuidados devemos Ter:
• Não transmitir uma imagem de onipotência ministerial
• Aceitar e dar ajuda; saber que necessita ser pastoreado
• Boa motivação para com os demais irmãos, igreja e ministérios sem
sobrepor ou sacrificar à família.
• Como harmonizar o conceito de Instituição religiosa e Corpo de Cristo
• Respeitar nossa própria limitação humana.
• Entender que o melhor conselho é o exemplo
• Dentro da consciência cristã “ser livre do olhar do outro”23

CORAÇÃO DE PASTOR, ESPÍRITO DE PASTOR24 Jo 21:7-17

Quando uma pessoa se abre e se mostra vulnerável e sua humanidade


aparece, os seus valores ressaltam como virtudes. Sendo todos nós homens podemos
afirmar que se têm imperfeições e ao contrário dos que pensam que estas
imperfeições pastor não as tem, são as mesmas que ao invés de nos tornar
vulneráveis servirão de exemplo e cura para nosso ministério.
Primeiro: Evidência da Derrota da Auto Suficiência: Como o caso de Pedro
andar pôr sobre as águas, mas começa afundar. Em outra ocasião, é repreendido pôr
pensar que sabia todas as coisas “não me lavareis os pés”.
Segunda, a Consciência da Total Dependência. A fragilidade e limitação
humana se manifesta, fazendo do coração amargurado um campo a ser plantado, o
peso de derrotas particulares e de frustrações pessoais podem humanizar, e a
humanidade, antes infalível, traz decepção e invade corações. Insistindo que nossa
clara fragilidade deve Ter o alento da dependência de Deus como nosso porto seguro.
Terceiro, que um Coração de Pastor e Espírito de Pastor, é aquele que quando
se deixa tratar, se busca sempre ser vitorioso, e o que pensamos que não nos traz
crescimento é o que mais nos ensina; nossa vulnerabilidade, humanização, cara
limpa. Pastorear é Ter coração de pastor e espírito de pastor; É saber que os valores
eternos de Cristo são primeiros para nós depois para os outros, “...pelo que eu recebi
do Senhor, o que também vos ensinei” a começar pelo perdão, pela auto avaliação e
correção.

23
Termo usado no curso de Psicanálise Clínica, onde se dizia da importância do ser enquanto
homem como qualquer outro, feitura de Deus com sentimentos, emoções, vibrações, numa liberdade
de compromisso com Deus e conosco mesmo.
24
PEREIRA, Natan - Professor Teologia Pastoral

15
Teologia Pastoral

Ser pastor e ministro é ser tratável, vulnerável, humano, propício a erros; mas
no caminho vêm às vitórias, o gozo de se estar no centro da vontade de Deus. Nosso
maior conselho é o exemplo.
“porque eu recebi do Senhor, o que também vos ensinei...” Ap. Paulo

MISSÃO INTEGRAL

A reorganização de toda a estrutura eclesiástica se faz necessária, com


especial visão voltada para homem integral, o que sempre foi uma carência ou um
vazio deixado como herança pela igreja evangélica; esta sempre voltada para o
espiritual, ou com toques espiritualizados. Com certeza a sociedade também exerce
sua pressão para com esta lacuna, criticando a falta de mobilização dos evangélicos
para uma teologia um pouco mais antropocêntrica e menos intranscedente
espiritualista.
Para uma comunidade cristã, que prega paz e justiça, não poderia se esperar
que ela viesse a ser complacente com a desigualdade e a injustiça dos dias de hoje.
Ou pelo menos realizaria sua tarefa particular de cumprir com sua parte realizando
trabalhos sociais, filantrópicos, assistência, e claro espiritual.
Registrada no Pacto de Lausane, uma declaração vem demonstrar grande
preocupação sobre este “dever cristão” de uma teologia integral. Assim relata esta
mensagem:
“A mensagem de salvação implica também uma mensagem de juízo para toda
a forma de alienação, opressão e discriminação; logo, não devemos ter medo de
denunciar o pernicioso e injusto, onde quer que ele exista.
Quando as pessoas recebem a Cristo e a seu Reino, são nascidas de novo
devendo não somente proclamar sua fé, mas também a justiça de Deus no meio de
um mundo que não tem justiça”25
A igreja não é uma adepta do plano de terceirização aplicada pela estratégia
empresarial atual no que diz respeito de deixarem outros fazerem o que compete a
ela. A globalização desta missão ou do que chamamos engrenagem do Reino,
usamos o nome de “Missão Integral”26, onde também outros podem chamar de
realização de um “Mandato Cultural”27. Vejamos o parecer de Peter Wagner sobre
“mandato cultural” em três aspectos, os quais são: Origem, Necessidades e Alcance. 28
Origem: O mandato cultural está em Deus, que delegou a Adão e a Eva o
privilégio de cumprir com este mandato. “Sede fecundos multiplicai-vos e enchei a
terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar sobre as aves dos céus e sobre todo

25
MIRANDA, Juan Carlos Dr. “Manual de Crescimento da Igreja” Ed. Soc. Religiosa Ed. Vida
Nova. São Paulo - SP 1991.
26
Termo usado por René Padilla, Timóteo Carriker e outros; não temos a origem deste termo
em torno de quem o poderia ter criado, mas é frequentemente usado.
27
Termo usado por Larry Pate em seu livro “Missiologia” e pelo Dr. Peter Wagner, citado por
Juan Carlos Miranda em seu livro “Manual de Crescimento da Igreja”
28
MIRANDA, Juan Carlos Dr. “Manual de Crescimento da Igreja” Ed. Soc. Religiosa Ed. Vida
Nova. São Paulo - SP 1991

16
Teologia Pastoral

animal que rasteja sobre a terra” Gn 1:28). Esse mandato poderia ser denominado
como a versão do Antigo Testamento. Sendo que a que chamaríamos de versão do
Novo Testamento é o texto de Mt 22:37-39, onde Jesus diz em forma de mandamento
expressões que se podem entender ainda melhor: “Amarás o Senhor teu Deus de
todo vosso coração, alma e entendimento” e o outro continua dizendo: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”. Jesus então resume que estes dois estão na lei e nos
ensinos dos profetas e que, como cristãs temos a responsabilidade (e não é opção)
de amar o próximo e como amaremos a Deus se não amamos ao próximo?
Necessidade: E as necessidades são as prioridades e as emergências. Seria
tudo que envolvesse a integridade, família, integridade cultural, libertação do oprimido,
manutenção da paz (se é da vontade de Deus que vivamos em paz). Deus conhece o
nosso potencial e nos mostra que estas são características das necessidades
descritas também no sermão do monte.
Alcance: “O mandato cultural nunca foi anulado: da criação até a conclusão da
história escatológica. Os agentes de Deus são os que realizam sua obra. Todos têm
uma parte a cumprir os crentes são os agentes escolhidos pôr Deus para fazerem
coisas acontecerem. Contudo, grandes estudiosos, como é o caso de um dos ex-
diretores do Seminário Fuller, insistem em afirmar que mandato cultural como também
de “DEVER CRISTÃO”.
Essa visão é integral ao homem, “feitura especial de Deus” (Hebraico Yatsar)29
de uma forma generalizada, ao ser emocional, espiritual, físico, sentimental. Somos
muito bons em espiritualizar situações, mas pobres de uma visão antropocêntrica 30
(onde é uma visão de amor de Deus ao homem).

AÇÃO SOCIAL, MINISTÉRIO PASTORAL

Deve-se ver de forma reservada a ação social feita com o título de divulgação
denominacional ou até mesmo com o título de “ganhar” almas. Na verdade, na maioria
das vezes isto se dá não visando o ser humano, mas o institucionalismo. Não passa
de mero apego sentimental e de uma auto justificação, sem falar no que se diz respeito
a sua denominação ou instituição da qual é membro. A ação social é, e deve ser uma
ação no tocante a se viver o mandato cultural, a missão integral, visando o homem
em si, total e completo, e não uma salvação da alma somente mas vocaliza-lo como
criatura de Deus, independentemente de sua posição religiosa, um ser que chamamos
nosso próximo. As facções estão vivas dentro do meio evangélico não se fala de
missões relacionadas com ação social, existem as facções baseadas numa visão
puramente pessoal e egoísta.
Este pensamento, de que há dificuldades para se entender esta visão dentro
de um contexto socio-evangélico, se choca com uma missão de progressiva marcha

29
Este termo hebraico é aplicado à criação do homem, porém como feitura de Deus, mas em
específico, como feitura especial de Deus, este termo se aplica à formação da mulher.
30
Termo que se refere ao homem como objeto do amor de Deus, onde o centro desta visão de
amor é o homem.

17
Teologia Pastoral

e de futuro promissor, na tarefa da igreja em cumprir a missão de Deus. Peter Wagner


diz:
“Cada nova estruturação social (evangélica) que surge em nossos países, em
transformação, se necessita novas unções do Espírito para cumprir novas tarefas”31
Peter Wagner relata que é sem dúvidas difícil implantar uma visão missionária
com esta estrutura social devido ao sistema já estabilizado existente, principalmente
sul-américa, um sistema recheado de autoritarismo e com forma ditatorial eclesiástica.
Ele relata seis cuidados e perigos para a igreja compreender esta visão social 32:
1) Perigo das Seleções: Os líderes perdem contato com o básico, com os
que querem servir, mas não alcançam ter esta visão, e este grupo é
maioria, humildes e legítimos cristãos, mas que são descrentes nos
termos de ação social, quando tiveram num passado exemplos ruins de
seus líderes.
2) Perigo das Divisões: A ação social é controvertida, causará divisões ao
menos que a igreja entenda a missão.
3) Perigo da Impotência Social: Os pregadores da ação social, não
concordando com a passividade da igreja e da sociedade, as vezes se
enredam por caminhos da crítica e esquecem da tarefa prioritária. “O
próprio Papa disse aos pregadores da Teologia da Libertação: Preguem
o evangélico e não se envolvam com política”33
4) Perigo da Desumanização: É quando o social se transforma em
plataforma política, e isto se dá manifestando a Desumanização
negando uma teologia do corpo e uma antropologia cristã.
5) Perigo da Imperfeição: É não conseguirem fazer bem uma coisa e outra,
não se leva a pastoral de forma eficaz, e nem mesmo o pastor é esperto
em ação social deixando a desejar em algumas áreas. A imperfeição se
manifesta forma generalizada.
6) Perigo de “Constantilismo”: (Este termo vem do Imperador Constantino).
Qual a meta da igreja controlar a sociedade ou a política? Este é o perigo
de se querer somente mudar as estruturas sociais e não fazer ação
social. Queremos somente revolucionários sociais ou queremos
evangelistas que desenvolvem ação social?

Para refletirmos um pouco mais sobre a missão com uma perspectiva de


missão integral observemos o relato resumido do comitê de Lausana com respeito ao
tema de urgência da obra missionária.
“Todos nós sentimos repugnância ante a pobreza de milhões de seres
humanos e ficamos perturbados ao saber das injustiças que a provocam.

31
MIRANDA, Juan Carlos Dr. “Manual de Crescimento da Igreja” Ed. Soc. Religiosa Ed. Vida
Nova. São Paulo - SP 1991. (citando Peter Wagner)
32
Idem
33
Idem (Citando o Papa João Paulo II)

18
Teologia Pastoral

Nós que vivemos em situação de abastança, aceitamos como obrigação a


observância de um viver simples, a fim de contribuirmos mais generosamente tanto
para a assistência social como para a evangelização”34
“A RELIGIÃO QUE PREGA A ACEITAÇAO PASSIVA DA MISÉRIA
PRESENTE EM VISTA DE UMA COMPENSAÇÃO FUTURA PASSOU A SER
CONSIDERADA UMA DEFORMAÇÃO DO CRISTIANISMO, UMA CARICATURA DE
MAU GOSTO” Dr. Francisco Catão
“A MENOS QUE VOCE AME MUITO O POBRE, ELE VAI TE ODIAR QUANDO
VOCÊ DER PÃO PRA ELE” Dom Elder Câmara

TEOLOGIA SOCIAL: UMA NOVA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA?

As muitas barreiras existentes para uma sadia interpretação bíblica são, sem
dúvida nenhuma, o maior obstáculo que pode existir. Não obstante as escapadas dos
fatores externos à Comunidade Evangélica, temos que conviver com nossos próprios
ardores na busca de uma consciência missionária integral onde o ato social, ou a ação
social, não tem desvinculação. Ação pastoral sem ação social deixa de ser missão
integral, e sendo assim, fora da Missio Dei. Deus não compactua com uma atitude de
desapego à dor do outro, mas sim, independentemente e de forma incondicional, Deus
ama e atua em favor do homem.
Essas barreiras, por existirem, não nos remetem a uma nova interpretação,
mas a uma releitura, numa ótica mais humana, ou seja, teocêntrica.
Teocêntrica porque é incondicional o amor de Deus ao homem; onde mostra
que esse Amor se manifesta mais no lugar que se impera a fragilidade humana, o
descaso, desamor, a dor. Ótica mais humana por que passamos a ver com as lentes
de um amor doador e sacrificial. Isto é Missio Dei.
Ao contrário, parece que o lado das barreiras, porque não dizer internas,
dificulta essa nossa sadia interpretação da Missio Dei. O institucionalismo ou leríamos
denominacionalismo, parece sufocar o humano, o tradicionalismo dos dogmas, talvez
estes pessoais até, superam a tese da fé e da teologia pura, onde amar o próximo
como a ti mesmo, dá lugar a busca do sucesso dos sistemas humanos, e isto as vezes
é confundido com que chamam de levar o Evangelho. Timóteo Carriker 35 define de
forma clara e simples essas principais dificuldades para uma consciência social
evangélica.
Psicológica. A primeira barreira a uma compreensão da responsabilidade social
cristã está relacionada a atitude do leitor e do expositor. Do expositor porque sempre
está relacionada como o dono da mensagem e seu tom exortador está repleto de uma
aparente atitude de desamor; e justamente isto que se passa para o leitor, onde com
muita tendência passa a absorver que para esta situação ele é incapaz. “Chega de
tanto discurso de coisas tão distantes para nós e que, com certeza, nada mais de

34 VISÃO MUNDIAL/ABU. (Vários Autores) “A Missão da Igreja no Mundo de Hoje”. EUA 1975
35
CARRIKER, Timóteo Ph.D. Escreveu vários livros, dentre eles o “Missão Integral”. É
professor e Diretor do Centro Acadêmico do CEM, Centro Evang. De Missões, em Viçosa-MG.

19
Teologia Pastoral

novidade teremos, somente muitos pregadores exortadores e gritadores; é, estamos


cansados” Este tipo de sentimento, podendo ser inconsciente, se apossa dos cristãos.
Doutrinária. Esta tem a ver com a questão das boas obras, e parecem que isto
soa diferente quando se fala das obras. Na realidade esta atitude não é exatamente
uma postura ou posição e sim uma contraposição aos então denominados “inimigos
da fé”, que são os católicos e os espíritas. Na realidade esta contraposição não é
exatamente uma barreira doutrinária, pois de doutrinária não tem nada, muito menos
base bíblica escriturística para se opor a atitudes sociais e filantrópicas de outros
seguimentos religiosos. Como agir frente a referências bíblicas exortativas a atitudes
sociais como papel de um bom cristão? (Ef 2:8-10 e Tg 2:14-17). Existem muitos
seguimentos evangélicos radicais, ou para ser mais moderado nos termos, zelosos
que nem sabem a conotação do que é Doutrina, mas conhecem “dotrina” que são
fundamentos estereotipados nos chavões de alguns pregadores de renome ou de
nome “grandes homens de Deus”.
Histórica. Segundo nosso escritor de fonte, Carriker, esta barreira vem
definindo duas influências: uma externa e outra interna. Esta externa tem a ver com a
influência dos europeus e norte-americanos na formação da consciência cristã
evangélica. No caso de igrejas norte-americanas vindas do contexto do
fundamentalismo ou de uma política nacionalista cristã, nos antigos chavões
“trouxemos fé e progresso” (haja petróleo em alguns países). A influência interna é
justamente política de contexto nacional, que foi durante a repressão militar a
ideologia política de 64. Nesta época estar do lado da direita (militares) era estar do
lado de Deus, como se Deus fosse filiado a algum partido. Robison Cavalcante explica
bem este pensamento político que pairava nas mentes da época do ensino duro ou
ditadura. Nestas circunstâncias se aprendeu não questionar nada que partisse da
autoridade, e esta repressão ideológica também se manifestava na liderança cristã
evangélica, muito menos expressarem suas interpretações sociais cristãs de nossa
responsabilidade como igreja, este discurso parece ter a ver com marxismo.

O ESPÍRITO SANTO NO LABOR PASTORAL

Falar do Espírito Santo é referir, com relação a Jesus, a outra pessoa, que tem
os mesmos objetivos com funções específicas. Jesus mesmo sendo Deus tinha suas
limitações, as quais seriam então suprimidas na pessoa do Espírito Santo. A obra de
Cristo Jesus tem suas proporções universais e eternas e as mesmas seriam levadas
e anunciadas pela igreja, que sem um auxílio Divino não conseguiria as dimensões
que hoje podemos constatar.
A missão da igreja nunca poderia seguir um caminho de vitória sem a ação do
Espírito Santo. A missão da igreja, bem como a deste consolador, é conduzir uma
mensagem multicultural e transformadora numa dimensão totalmente diferente a de
Jesus concernente à proporção que o cristianismo já tinha; e não somente neste
aspecto, mas como a palavra anunciada é de âmbito Divino deve ser anunciada com
uma dimensão extra-humana, espiritual, ungida pôr Deus e com toda certeza
humanamente ninguém conseguiria, e seria somente uma oratória cheia de
eloquência e conhecimento, mas que faltaria o essencial, o fator Divino que produz

20
Teologia Pastoral

mudança de vida e que responde as inquietudes da humanidade; caso contrário não


poderia diferenciar das muitas outras religiões existentes.
A evangelização ou a encarnação do evangelho na vida da igreja, numa
coletividade e numa individualidade de um tratamento ou relação pessoa a pessoa;
tem a ver com quem sou e como sou, e como sou no mundo, e tudo isto tem a ver
com minha relação com Deus, na pessoa do Espírito Santo. Ele é o mais interessado
na eficácia da “Missio-eklesia”.
Esta é a evidência da necessidade de comunhão na tarefa da proclamação. A
tarefa requer unção e dedicação em dependência para que, mais do que aparentes
“donos” de uma mensagem sejam honrosos pelo privilégio de termos a direção do
Espírito Santo, pois se Ele não falar pôr nós (e em nós) nada podemos relatar.
Poderia relatar com amplitude muitas das outras ações, mas além de seu
trabalho no convencimento da situação pecaminosa do homem e sua necessidade de
Deus, que é algo impossível ao homem, as ações que são as de capacitar, confirmar,
animar a igreja, fazer a pessoa de Cristo viva e seu sacrifício, bem como seu retorno,
são realidades na vida dos homens e da igreja.

REVELAÇÃO SALVÍFICA: SENSIBILIDADE MISSIONARIA NUMA CONCLUSÃO


OBJETIVA

“Em perspectiva teocêntrica diremos que a revelação está ordenada para a


glória de Deus; em perspectiva antropocêntrica afirmamos que a revelação está
ordenada para salvação do homem”36
Se entende que um conceito de revelação de Deus tem conotação salvífica;
então concluímos que revelação e salvação vêm do próprio Deus. A fé tem seu papel
importante nesta tarefa de aceitar e reconhecer esta situação de revelação e salvação
como uma só. Definir revelação sem referência a salvação seria definir em pleno erro;
salvação de Deus, em Cristo Jesus, é “essencialmente revelação37”. E esta revelação
dada pôr Deus não pode ser restringida a nenhuma forma ou conceito humano, a
nenhum parâmetro institucional, ou encaixada e sistematizada num círculo de
particular interesses e pensamentos; mas deve-se ressaltar e fazer sobressair que a
revelação é. O desejo de Deus é que todos se salvem e tenham um relacionamento
com Ele, pôr isso Deus se revela e se faz conhecido tanto como criador como salvador
do homem, em graça e amor em Jesus Cristo.
Num comentário sobre a revelação Rene Latourelle assim refere-se: “O
Cristianismo não é uma metafísica abstrata, mas sim uma história de salvação,
ordenada segundo um plano Divino”38. Assim é também o enfoque joanino
concernente a apresentação de Jesus como o Cristo de Deus. O Concílio Vaticano II,
citado pôr Lautorelle diz:

36
LATOURELLE, Rene “Teologia de la Revelación” Verdad y Imagen 49. Ed. Sigueme 7a
Edición 1989 Salamanca Espana. Pg. 535
37
Idem
38
Idem

21
Teologia Pastoral

“A revelação é absolutamente necessária, pôr que Deus em sua infinita


bondade, estabeleceu o homem a um fim sobrenatural, é dizer a participar dos bens
Divinos que sobressaem totalmente a inteligência da mente humana”.
Deus se envolve com o homem e se dá a conhecer e este mesmo homem,
alcançado e constrangido pelo amor de Deus somos impulsionados a ter e viver a vida
que Cristo oferece, o pastor deve desejar ter e viver o caráter de Cristo. Paulo refere-
se a uma necessidade sua de estar em pleno envolvimento com a vontade de Deus,
e esta necessidade é quase física, algo que é fundamental para aquele que toma
consciência de todo ato de amor, criação e salvação de Deus, que vai além da
realidade consciente do homem.
“O Pai se revela pela ação conjugada do Verbo e do Espírito, que são como os
braços de seu amor a humanidade, e a atrai para Cristo. O envolvimento de amor para
aquele que o Pai se manifesta, pôr Cristo, aos homens, e a correspondência do amor
dos homens pela fé e caridade, aparecem como submersos no fluxo e refluxo de amor
que une ao Pai e ao Filho no Espírito. A revelação inicia um diálogo sem interrupções
entre o Pai e seus filhos, adquiridos pelo sangue de Cristo. Tem lugar uma vez no
plano dos acontecimentos históricos e no da eternidade. Se inaugura com a Palavra
e se culmina na visão, no encontro facial”39
Tendo conhecimento e a sensibilidade espiritual o pastor deve buscar com
esmero pontos importantes e que facilitam a prática, sem nenhum ato de imprudência
e desrespeito para com o povo pode se obter a aprovação de Deus, glorificando seu
nome através da igreja com a consciência de que ela é a responsável para realizar a
“Missio-Dei”. Levar as ovelhas a esta consciência de reprodução espiritual e a Ter o
caráter de Cristo é o dever e o privilégio dos que optam pelo ministério. Assim que
devemos nos esmerar em tudo que Deus nos confia.

SACRIFICADO40

Sacrificada foi a consciência de que isto é algo irracional. Sacrificada foi a


loucura de que isto é algo impróprio para os sábios. Sacrificada foi a vida pôr pensar
ser ela mais importante entre todas as esferas da existência.
Sacrificar é oferecer, é dedicar, é confirmar o que se tem por convicção.
O intranscendente, espiritual ou mentalizado toma forma quando os valores
sobrepõem as práticas, muitas vezes viciadas no legalismo humanizado ao extremo
das mentes curiosas e opacas.
O aparente inatingível traz seu valor quando o sentimento de sacrifício toma
valor no seu lugar.
Quando se diz que sacrifício tem a ver com “culto racional”, parece que o
irracional se encarna, mas o paradoxo se expõe dando lugar ao que é real e absoluto
na existência e retirando todo tipo de lógica humana e filosofia materialista.

39
Ide. “Não deixa de ser uma poesia de tom profético, real e gostosa de se ouvir e sentir; onde
o amor de Deus se manifesta de forma diferente, mas inimaginável; Deus é tremendo.
40
PEREIRA, Natan - Prof. Teologia Pastoral

22
Teologia Pastoral

O que é realmente importante? Viver ou morrer?


Sacrificar-se ou reter o que dizem ser a vida?
O mais certo é quando os valores se encarnam nas consciências puras dos que
sacrifícios oferecem ou se oferecem em sacrifícios; não propriamente um sacrifício
físico visível, mas sim um sacrifício real, espiritual e racional.
O mais racional se torna em espiritual para aquele que sente e vive Deus.
Sacrificar simboliza dar o nosso mais precioso unguento, quem sabe seja ele a
nossa própria vida, como perfume que sobe às narinas de quem o merece.
Isto é espiritual e não menos racional.
ADENDO

CERIMÔNIAS

Ceia
Manifesta nossa teologia, credo e consciência cristã, declarando publicamente
que cremos no Deus encarnado, nascido entre os homens, morreu por nós,
pecadores, nos redimindo transportando para o Reino Eterno de Deus. Bem como na
sua vinda escatológica, esperança do homem salvo em Cristo.
Não podemos interpretar como sendo que os elementos se tornam em sangue
e carne literais (transubstanciação) que é a interpretação Católica Romana, mas sim
um simbolismo. Usar textos com interpretação do contexto da ceia. A atitude de fé
sobrepõe a que tipo de pão, se vinho ou suco (mas é melhor conhecer o que pensa a
igreja sobre o caso de se usar vinho ou não, e o porquê) e quantas vezes participar.
Cerimônias Fúnebres
Usar textos específicos sobre a esperança do cristã; não negligenciar a dor,
espiritualizando-a no momento para os que sofrem a perda; não tonar o momento para
fazer um culto evangelístico e “ganhar almas”, por mais que por si só já o é, mas não
podemos dar essa conotação de exortação neste momento, mas de descanso e
consolo. Deve se conhecer quem era a pessoa, como foi, o que pensa a família entre
todos outros pormenores do contexto da pessoa falecida. Sermão objetivo e direto,
mas com muito carinho e respeito.
Casamento
Neste ato se coloca a ética e a formalidade tendo em vista o lugar oficialmente
reconhecido pelo estado ao ministrante. Daí a importância da seriedade legal, e não
menos pela espiritual. De acordo com o estabelecido pelos noivos, com sugestão do
pastor quando requerido, com sermão objetivo, direto e contextualizado. Pois depende
do local, tempo, entre outros. Mas é necessário focalização e atenção aos principais
da ocasião, em especial, como dita a primazia em nossa cultura, para a noiva. Termos
formais e legais são necessários para o caso de ser civil/religioso, e caso seja somente
as bênçãos seria mais prático e direto na ação espiritual das bênçãos.

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Teologia Pastoral

Cerimônias Cívicas e Formaturas


Deve se conhecer bem o ato e para quem se ministrará, conhecer termos
técnicos da área; conhecer a história que envolve a cerimônia; conhecer e saber sobre
as autoridades presentes, bem como os devidos termos de tratamento aos mesmos,
ser direto, objetivos e com conotação acadêmica, se for o caso a ministração seja
discurso, por mais que de cunho religioso logicamente. Uma demonstração de
conhecimento, bem como de dependência de Deus torna de um garbo especial uma
formatura ou reunião cívica.

METAMORFOSE

Deus é perfeito e assim criou um sistema, equilibrado tudo feito para ser
acionado no devido tempo, nada está fora de sintonia. Existe pôr exemplo o caso da
metamorfose da lagarta, onde a seu tempo passa para outro estágio, fica diferente
bonita, colorida. O que passou fica no esquecimento, nem mesmo se lembra que um
dia rastejava e que não podia ver as coisas do alto. Neste caso tudo se transforma, a
lagarta recebe um título pomposo, um nome diferente. Como é belo esse momento da
senhora lagarta, pois assim Deus faz acontecer. Todo animal vive esses fenômenos,
mas o homem, que tem a primazia da criação (yatssar) parece não conviver com seu
ciclo. O homem é diferente, cada um nasce com características distintas; negros,
mulatos, brancos, inibidos, extrovertidos, seguros, inseguros, afoitos, líderes,
liderados. Assim somos nós. Deus nos fez assim, diferentes, estabeleceu uma vida,
deu-nos valores, mandamentos; estes, mesmo que estejam inerentes em nós, é a
nossa cara, e ao contrário da lagarta nós não podemos mudar. Muitos, ou quase
todos, tem uma capacidade tremenda e explícita de se transformarem e de mudarem
conceitos, épocas, pensamentos e valores. Parece que o prioritário perde seu valor e
o secundário passa a ter lugar de primazia. Como seria o caso de muitos que se dizem
pregadores do amor ao próximo, onde com muita facilidade se metamorfoseiam, em
uma conversão ao secundário, onde o básico e prioritário deixam de ser, para que as
estruturas, os sistemas, o visível e técnico passam a ter mais valor do que o humano.
O propenso alvo dos sistemas, os homens, estes vêem seu lugar ficar cada vez mais
vago, preenchido pôr qualquer outro. Os sistemas e as suas prioridades têm
balançado nações inteiras num ritmo frenético de dor e despreparo do espiritual.
Somos todos muito bons em coisas teóricas da alma, mas ruins e fracos de uma
antropologia de amor. Muitos grupos religiosos no mundo hoje têm essa mesma
facilidade de serem uma metamorfose ambulante, onde se adaptam e refazem seus
dogmas de lugar para lugar, de país para país, de cultura para cultura. Até parece que
a verdade anda tendo caras diferentes e formas diferente. A verdade é imutável,
axiomática, a verdade é Cristo. Ele não muda. É que nós somos limitados, pequenos
e muitas das vezes medíocres em nosso raciocínio, ignorantes até. Mas Deus supera
tudo e todos, épocas, pensamentos, ética humana. Ele se relaciona sem
metamorfosear seus conceitos, Ele os vive, e eles moram n’Ele. Ele é. E o que é não
muda, é. Deus não se transforma pelo passar do tempo, nem pela constante mudança
de interpretação que se possa ter; nunca se verá Deus com diplomacia interesseira
ou com imposição e pressão, cedendo a homens com suas vãs glorias. Deus não é
homem, ele não muda, ao contrário o homem é vulnerável e vive trocando suas

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Teologia Pastoral

vestes; Hora é lagarta, hora libélula, devido ao tempo, devido aos interesses, devido
aos seus conceitos puramente circunstanciais. Triste homem, hora libélula, hora
lagarta (não é o fato de ser lagarta que é ruim, mas a metamorfose muda seu ser),
hora Deus encarnado na beleza das teorias do amor, hora emissário do mal,
encarnando o poder da metamorfose. Paulo disse “miserável homem que sou, quem
me livrara do corpo desta morte, pois o quero não faço e o que não quero, isto faço,
miserável homem que sou”. Mas se deixarmos sermos moldados e transformados pôr
Deus uma metamorfose acontece, o barro se transforma em um rico e fino porta joias.
2Co 4:7.

BIBLIOGRAFIA

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CLAI
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• SEMISUD - Material da Discip.Teol. Pastoral - Lic. Th. Quito Ecuador
• SEMISUD - Material de Curso Em Capelania - PRIDEMI Quito Ecuador
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