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ECLESIOLOGIA

AULA 1

Prof. Cicero Manoel Bezerra


CONVERSA INICIAL

A Igreja cristã é uma comunidade de fé, onde se reúne um grupo de


pessoas que se identificam com seus princípios, valores e práticas relacionadas
ao cristianismo.
Para que o participante da Igreja tenha entendimento de sua importância,
ele precisa conhecer os conceitos básicos relacionados a Igreja e analisar as
propostas e ensinos de Jesus a respeito da forma de ser Igreja.
Outra base fundamental para a compreensão da Igreja e seu modo de ser
são as orientações do Apóstolo Paulo. Foram suas palavras que serviram de
base para as questões práticas e os valores da Igreja.
Numa sociedade plural, a religião se apresenta também de forma plural
– são várias formas de crença e práticas eclesiológicas. Para os cristãos, é de
vital importância entender a formação, o desenvolvimento e as práticas da
igreja cristã.
Nesta aula, abordaremos esses temas, visando esclarecer os alunos e
apontar questões importantes relacionadas à Igreja.
É a partir da Igreja que a fé cristã desenvolve suas bases, no ambiente da
fé, formado pela comunidade, onde as pessoas vão aprendendo sobre Jesus e
acabam se tornando aptas para compartilharem umas com as outras
informações a respeito de suas crenças.

TEMA 1 – SIGNIFICADO DO VOCÁBULO IGREJA

Igreja: paralelo ao vocábulo grego , composta de , que


significa “de dentro de”, mais , que ganhou o sentido de "chamados para
fora". Nessa concepção, temos a ideia de que a Igreja exerce suas funções em
outra dinâmica da sociedade: não se mistura, salga, apresenta o caminho para
ser seguido.
Uma figura ilustrativa a respeito das funções da Igreja perante a sociedade
é a figura de um farol, o qual lança luz, apresenta um caminho a ser seguido,
função que deve ser exercida sem se contaminar. A Igreja deve ser o sal da terra
e a luz do mundo.

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1.1 A presença da Igreja na sociedade

A Igreja se faz presente na sociedade por meio da sua influência,


apontando caminhos que possam servir de referencial para que os seres
humanos que compõem a sociedade possam ter um marco espiritual para serem
orientados.

1.2 A Igreja contém um referencial ético por meio de suas ações

Quando o ser humano precisa de um código de valores para que possa


nortear suas ações, ele se lembra da Igreja, a noção de certo ou errado, da
verdade ou mentira, da justiça ou injustiça. É balizado pelas orientações da Igreja
cristã, principalmente para a comunidade daqueles que acreditam em Jesus
Cristo.

TEMA 2 – O CONCEITO DE ASSEMBLEIA

Algumas questões são fundamentais para se entender o conceito de


Igreja e suas práticas. Um desses conceitos é a ideia de assembleia, praticada
nos ambientes e pelas comunidades no Velho Testamento.
Assembleia – as cidades nos tempos bíblicos tinham uma vida
autônoma, eram governadas por um rei seu e cercadas por muros. Quando havia
assunto de interesse geral da cidade, como negócios, guerras, moral etc.,
convocava-se à porta da cidade (Rt 4:1) os responsáveis por ela, e assim
decidiam o que haveriam de fazer. Era uma reunião, assembleia de convocados
para tratar de determinados conceitos ou negócios.
O conceito da Igreja pega essa ideia de assembleia ou de comunidade
dos iguais, aqueles que têm a mesma fé e a mesma identificação e decidem
sobre a vida comum do grupo – decisões sociais, familiares, modo de vida e
atividades relacionadas à segurança das cidades.
O fato de as cidades serem fortificadas ou construídas com altos muros
era uma forma de proteção para os cidadãos.
Essa ideia de ter um lugar de reunião, onde também seriam abordados os
principais problemas das pessoas, quando se relaciona a ideia de Igreja, inclui-
se nesse local a adoração.

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2.1 Local de reuniões

A ideia principal das assembleias se relaciona ao ajuntamento das


pessoas em torno de algumas causas.
Na assembleia antiga, os negócios eram resolvidos fora dos portões da
cidade, nas Igrejas. O conceito é de que a Igreja é um local espiritual onde os
temas relacionados a Deus, como adoração a Deus e comunhão dos irmãos,
resolvem-se nesse ambiente.
As reuniões devem ter em primeiro lugar a pessoa de Deus e sua
adoração. Após essa prática, a comunhão dos irmãos se estabelece por meio do
serviço e do cuidado de uns com os outros.

2.2 As causas da Igreja

Os temas tratados no ambiente da Igreja devem estar relacionados com


a pessoa de Deus. Também no ambiente da Igreja deve se organizar o serviço,
ações que atendam às necessidades da sociedade de forma geral.
E na igreja que os temas relacionados as crianças, viúvas, pobres e
estrangeiros devem ser tratados, após a comunhão as práticas nesse sentido
acontecem no ambiente geral da sociedade.

TEMA 3 – JESUS E A IGREJA

São os seguidores de Jesus que vão propagar as causas de Cristo, por


meio da influência e da divulgação dos valores cristãos para o mundo.
Nesse sentido, acontece a propagação dos ensinamentos de Jesus para
que as pessoas possam segui-lo. O grupo que Jesus convocou para influenciar
a sociedade se evidencia por meio da igreja. Conforme Mt 16:18, a Igreja é a
causa de Deus e por seu intermédio Ele vence o mundo. A Igreja é uma entidade
que o mundo não pode derrotar, pois é espiritual, é o Corpo de Cristo (Ef. 1:23).
Com esse entendimento, pode-se concluir que as responsabilidades dos cristãos
refletem a ação da Igreja na sociedade. Igreja representa os planos de Jesus,
exerce impacto, apresenta alternativas de transformação e deve servir de
exemplo para a sociedade.

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3.1 A igreja dá seguimento ao ministério de Jesus

A proposta de Jesus é de enviar a todo o mundo pessoas com a tarefa de


anunciar sua mensagem redentora.
Essa tarefa pode ser cumprida por meio da Igreja, porque nesse contexto
se reúnem pessoas com diversas habilidades e dons.
A Igreja tem poder espiritual e capacidade de influenciar de várias formas,
além de arregimentar em seu contexto diversas pessoas.

3.2 A Igreja tem uma tarefa espiritual

Esse é um fator fundamental para entender as ações da Igreja no mundo:


ela representa Deus; as pessoas não podem enxergar a Deus, mas podem
perceber as ações da Igreja.
Essa representatividade é sobrenatural, uma tarefa que só é
compreensível pelo discernimento concedido àqueles que acreditam em Jesus.

TEMA 4 – O QUE É A IGREJA?

Igreja não é prédio nem templo. Algumas pessoas acham que Deus mora
na Igreja, mas é preciso conceituar de forma correta. As estruturas físicas são,
de certa forma, um apoio para reuniões comunitárias em que se oferecem
estruturas de culto e liturgia.
De certa forma, as construções religiosas são simbólicas e demonstram
aspectos das diferentes crenças.
As Igrejas cristãs historicamente têm construído catedrais ao redor do
mundo e com isso demonstram que o cristianismo se faz presente nessa
sociedade. Por orientação, não se deve sacralizar os templos nem desenvolver
a ideia de que os templos são lugares onde as divindades habitam.

4.1 A Igreja não é instituição

Por sua vez, esse assunto é amplo: instituição e igreja são opostos entre
si. As instituições geralmente defendem causas humanas, e a Igreja defende ou
representa as causas de Cristo. Igreja e instituição precisam ser diferenciadas,
pois algumas pessoas sacralizam as instituições em detrimento da Igreja. Esteja
certo de que a Igreja vai estar na frente da instituição. Historicamente, ela exerce

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uma função transformadora para a sociedade, enquanto as instituições, por seu
tempo, às vezes terminam quando cumprem com sua finalidade.

4.2 A Igreja acontece num ambiente de pluralidade

Igreja acontece a partir da pluralidade. Essa tese anula qualquer conceito


de isolamento, “quando dois ou três, estiverem reunidos”, pois é um grupo de
pelo menos dois. Portanto, um indivíduo não é uma Igreja. Quando se apresenta
ou se analisa o conceito Igreja, deve-se pensar em uma ação comunitária. Jesus
deixou esse ensinamento: “dois ou três”. Não se desenvolve Igreja a partir de
uma única pessoa, precisa-se de um grupo de pessoas, ou seja, consolida-se a
existência da Igreja a partir de uma comunidade.

TEMA 5 – A IGREJA É DE JESUS E PARA JESUS

A Igreja se reúne para tratar das coisas do Senhor e volta para o mundo
para evangelizar. Se surgirem problemas, deve voltar para o Senhor, fortalecer-
se e voltar para o mundo. Quando se fala de Igreja, estamos mencionando os
seguidores de Jesus. Por meio dessa rotina doutrinaria, as ações da Igreja se
consolidam na sua essência.

5.1 A rotina das práticas doutrinárias

a. Adoração: reúne-se para adorar o seu Senhor. Prostra-se diante dEle.


b. Confissão: sai para ministrar no mundo e fracassa, deve voltar e suplicar
o perdão do Senhor. O acúmulo de pecados tira o poder da Igreja, e a
ceia é própria para isso. (I Jo 1:7)
c. Direção: Ele é o cabeça e tem que nos dirigir. Deus se preocupa com a
Igreja e quer dirigi-la.
d. Instrução: além de mostrar o caminho, diz como proceder.

5.2 Os desdobramentos das ações doutrinárias

Com essa rotina doutrinaria, as ações da Igreja se consolidam na sua


essência.
Para acontecer a dinâmica misteriosa da Igreja, essas práticas
doutrinárias e as virtudes cristãs precisam ser uma constante na vida dos

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seguidores de Jesus. Cada uma dessas virtudes praticadas com autenticidade
consolidam a existência da Igreja.
Todas as ações cotidianas existem e devem ser praticadas por aqueles
que seguem a Jesus.

NA PRÁTICA

1. A Igreja é uma comunidade de fé.


2. A Igreja cumpre seu papel quando influencia de forma ética a sociedade.
3. A Igreja é formada por uma assembleia de pessoas que acreditam em
Jesus e seus ensinamentos.
4. O conceito de assembleia vem do Antigo Testamento, de acordo com o
qual as pessoas saíam da cidade para tratar de problemas comunitários.
5. A igreja reflete Deus para a sociedade. As pessoas não enxergam Deus,
mas percebem a Igreja e suas ações.

FINALIZANDO

Quando a pessoa entende a Igreja na sua essência, está preparada para


explicá-la e ajudar pessoas a respeito das práticas eclesiais. A Igreja exerce
influência na sociedade, apontando os caminhos éticos e morais também
quando se faz presente a partir das necessidades das pessoas.
As ações das pessoas que compõem as Igrejas precisam ser práticas e
objetivas. Não se pode apenas ficar no discurso religioso.
A base e as referências normativas para as ações da Igreja devem ser a
partir dos ensinamentos de Jesus. Jesus é o exemplo a ser seguido. Na prática,
a Igreja representa Jesus para a sociedade.

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REFERÊNCIAS

ANTONIAZZI, A., et. al. A presença da Igreja na cidade. Rio de Janeiro: Vozes,
1994.

BLAUW, J. A natureza missionária da Igreja. São Paulo: Aste, 1966.

CARRIKER, T. Missão integral: uma teologia bíblica. São Paulo: Sepal, 1992.

ESCOBAR, S. Desafios da Igreja na América Latina. Viçosa: Ultimato, 1997.

GNILKA, J. Jesus de Nazaré: mensagem e história. Petrópolis: Vozes, 2000.

HORTON, M. Religião do poder. Trad. Wadislau Martins Gomes. São Paulo:


Cultura Cristã, 1998.

O’DEA, T. F. Sociologia da religião. São Paulo: Enio Matheus Guazzelli Cia


Ltda., 1969.

PADILHA, R. Missão integral. São Paulo: Temática Publicações, 1992.

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