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CULTURAIS E
ANTROPOLÓGICOS
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Religião
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de religião. Você vai ver como
as crenças e práticas religiosas compõem sistemas de simbolismos nas
diferentes religiões existentes. Além disso, você vai ver como o conceito
de religião se aplica ao meio social. Desse modo, vai compreender que
as religiões passam por mudanças e transformações relacionadas à so-
ciedade em quem estão.
Por fim, você vai refletir sobre a relação entre religião e ideologia.
Nesse sentido, vai compreender a religião como um sistema que abarca
ideias e que, por isso, não pode ser considerado neutro.
Conceitos de religião
Para compreender o significado da religião, é interessante que você conheça
a etimologia da palavra. Segundo Silva e Siqueira (2009), a palavra “religião”
é derivada do latim e significa religar, reler ou ainda reeleger. A ideia, então,
é de ligação entre a humanidade e a divindade. Ou seja, há o pressuposto de
que entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses existe uma forma de
comunicação possibilitada pela religão.
Durkheim (2000, p. 32) entende que a religião é “[...] um sistema solidário
de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas,
crenças e práticas que reúnem numa mesma comunidade moral, chamada
igreja, todos aqueles que a elas aderem [...]”. Então, é por meio desse sistema
que os membros de um grupo partilham e realizam a devoção aos seus deuses.
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O que define o sagrado é o fato de ser acrescentado ao real [...] Neste espaço
as energias vitais estão superexcitadas, as paixões mais vivas, as sensações
mais fortes; existem mesmo algumas que só se produzem senão neste mo-
mento. O homem não se reconhece: sente-se como que transformado e, por
conseguinte, transforma o meio que o rodeia. Para explicar-se as impressões
muito particulares que experimenta, ele atribui às coisas com as quais está
em relação poderes excepcionais, virtudes que não possuem os objetos da
experiência vulgar.
Dessa forma, a religião se apresenta como mais uma das chaves explicativas
que propõem saídas para as dúvidas mundanas e as questões filosóficas que
atormentam os homens. Afinal, as explicações dadas por esses sistemas de
simbolismos fazem sentido para os membros do grupo e também acalmam
suas angústias em relação às vivências cotidianas. Assim, a transformação
de que fala Durkheim (2000) remete à ideia de que as experiências religiosas
vividas são levadas para fora do âmbito religioso e exercidas no dia a dia,
junto a outras pessoas, que têm outras crenças e outras práticas.
Logo, esse “fazer sentido” que é entendido pelos praticantes das diferentes
religiões diante do culto que frequentam se dá porque as explicações trazidas
Religião 3
O filme O nome da rosa, realizado em 1986 por Jean-Jacques Annaud, é uma adaptação
do livro de Umberto Eco que leva o mesmo nome. Nesse filme, é apresentado o
contexto religioso medieval e há um mistério a ser descoberto. No desenrolar da trama,
o espectador conhece os simbolismos presentes nas crenças e práticas dos religiosos
da época, podendo aprender mais sobre aspectos da religião.
4 Religião
Religião e sociedade
A relação entre sociedade e religião perpassa inúmeras questões. O que é aprendido
na religião pode atravessar outras áreas da vida social e se constituir como uma
forma de vida dedicada à causa religiosa. Considere, por exemplo, o uso do hijad,
que é o conjunto de vestimentas preconizadas pela doutrina islâmica. De acordo
com o pensamento guineense, pesquisado por Abranches (2007, p. 168–169):
Então, até mesmo na forma de viver há elementos que são englobados pela
doutrina religiosa. Contudo, nos dias de hoje, algumas igrejas têm exigido me-
nos transformações no modo de vida dos fiéis, ainda que propaguem preceitos
religiosos cristãos. É o que afirma Dantas (2010, p. 56) ao analisar a Igreja
Evangélica Bola de Neve:
https://goo.gl/1j5D7C
Para compreender mais sobre práticas católicas no contexto nacional, veja o filme O
Auto da Compadecida, realizado em 2000 por Guel Arraes. Na trama, baseada em uma
peça de Ariano Suassuna, dois nordestinos passam por algumas aventuras e acreditam
que serão salvos pela aparição de Nossa Senhora Aparecida.
Religião e ideologia
Já que as religiões se estabelecem como sistemas de simbolismos pelos quais
perpassam as crenças e práticas rituais, você pode pensar em como a questão
da ideologia interfere nisso. Para compreender qual é a relação entre a religião
e a ideologia, você precisa conhecer o conceito de ideologia. Segundo Carone
(1991), a ideologia é definida em sociedade. Contudo, as configurações da
ideologia pessoal de cada pessoa (suas opiniões, seus comportamentos e seus
valores) se orientam de acordo com motivos irracionais, relacionados a estru-
turas psíquicas mais ou menos estáveis. Nesse sentido, é preciso diferenciar a
ideologia como fênomeno social da ideologia que é internalizada pelo sujeito
e que passa a integrar a sua personalidade.
Ou seja, apesar de a origem de inculcação de certas ideias variar, o indi-
víduo as internaliza e, de certa maneira, as reproduz também na sociedade
em que está. Essa internalização se dá de forma inconsciente e não acontece
rapidamente. Cohn (1986, p. 17) explica mais sobre esse processo:
Ao mesmo tempo, é importante você notar que não há ideias que sejam
neutras ou que não estejam carregadas de intenções. Assim, cada qual que
defende suas ideias afirma que as elas são mais verdadeiras e neutras do que as
de outras pessoas. Como enfoca Boff (2002), os sistemas culturais, científicos,
políticos, econômicos e até artísticos que se dizem detentores únicos da verdade
e de uma resolução para os problemas são fundamentalistas. Hoje, de acordo
com o autor, o mundo está sob influência de diversos fundamentalismos.
Para aprender mais sobre ideologia e religião, assista ao filme Batismo de sangue, realizado
em 2007 por Helvécio Ratton. O longa apresenta a história de cinco frades dominicanos
que lutaram na época da ditadura do Brasil e por isso foram perseguidos e torturados.
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Para aprender sobre rituais e práticas religiosas afro-brasileiras, leia O antropólogo e sua
magia, de Vagner Gonçalves da Silva. No link a seguir, você pode conhecer melhor o livro.
https://goo.gl/wxviSk
Leituras recomendadas
BERGER, P. O dossel sagrado: elementos para uma sociologia da religião. São Paulo:
Paulus, 1985.
BOHN, S. R. Evangélicos no Brasil. Perfil socioeconômico, afinidades ideológicas e
determinantes do comportamento eleitoral. Opinião Pública, Campinas, v. 10, n. 2, p.
288-338, out. 2004.
BOSI, A. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.
MENDONÇA, A. G. A experiência religiosa e a institucionalização da religião. Estudos
Avançados, São Paulo, v. 18, n. 52, p. 29-46, set./dez. 2004.
PIERUCCI, A. F. Religião como solvente: uma aula. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n.
75, p. 111-127, jul. 2006.
SILVA, V. G. O antropólogo e sua magia: trabalho de campo e texto etnográfico nas
pesquisas antropológicas sobre as religiões afro-brasileiras. São Paulo: Edusp, 2000.
SIMMEL, G. Religião: ensaios. São Paulo: Olho d'Água, 2009. v. 1/2.
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