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MUNDIAIS E
RELIGIÕES
COMPARADAS
RELIGIÕES
MUNDIAIS E
RELIGIÕES
COMPARADAS
Marília/SP
2022
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.
Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
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salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
RELIGIÕES MUNDIAIS E
RELIGIÕES COMPARADAS
PROF. ADRIANA WEEGE
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01 O QUE É RELIGIÃO? 07
CAPÍTULO 07 HINDUÍSMO 89
INTRODUÇÃO
Você gosta de viajar? Viaja muito? Gostaria de viajar? Então este é o espaço e o
momento certo. Aqui temos uma viagem fantástica pronta para você: Uma viagem
pelo maravilhoso mundo das religiões. Este material que chega agora às suas mãos,
é uma passagem acompanhada de um roteiro de viagem.
A nossa jornada cruzará por países e culturas milenares em que os aspectos
religiosos são parte da alma de suas sociedades, com suas simbologias, suas
compreensões de mundo e perspectivas de vida.
Nessa obra conheceremos os princípios que norteiam a religião, aspectos que
constituem as principais religiões mundiais e algumas expressões mais restritas a
locais e menor público. Conheceremos ainda, se existem elementos unificadores nas
religiões e como seus valores e doutrinas influenciam a sociedade.
Viajar abre o nosso olhar, nos permite estranhamento e construção de ideias e
planos. Em nossa viagem, o diferente deixará de ser estranho, no encontro com o outro,
nós nos constituímos, nos ampliamos e nos compreendemos enquanto indivíduos e
humanidade.
Em que medida as religiões podem contribuir na construção da paz mundial e na
construção de parâmetros éticos? A resposta a estas e outras perguntas é um dos
objetivos de nossa viagem. Embarque conosco nessa jornada sem receios, traga muita
curiosidade e ânimo. Sejamos parceiros de viagem!
CAPÍTULO1
O QUE É RELIGIÃO?
Introdução
Neste momento, no início de nossa jornada, peço que você faça um exercício de
reflexão e imaginação e seja sincero consigo em suas respostas:
O que é religião para você?
Batismo nas águas? Batismo no Espírito? Feitura de Santo numa religião Afro-
brasileira? É o passe no Centro Espírita? É o Quarup no Xingu brasileiro? É o Bat
Mitzvá de uma menina na sinagoga? Ou a oferenda a um ancestral xintoísta?
Talvez você responda que sim, que estes aspectos são religião ou talvez você
responda que são apenas partes do que significa religião. Podemos ainda seguir
adiante com o nosso questionamento: estas religiões têm algo em comum, algo que
as una? Ou suas diferenças são impossíveis de conciliar algo?
Será que algo é capaz de unificar os crentes destas expressões religiosas, por vezes,
tão dissonantes em suas ideias e práticas? O que os move? De que maneira essa fé
afeta suas maneiras de viver e a comunidade em que vivem?
Essas questões podem nos acompanhar por muito tempo, quem sabe por uma vida
inteira, pois questões são trabalhadas há muitas gerações, por muitos pesquisadores
de diversas áreas de conhecimento, como as ciências da religião, as ciências sociais,
a antropologia, bem como pela teologia.
Um pesquisador, dessas áreas diversas acima citadas, que tem seu interesse nas
religiões, investiga, observa, questiona, compara o que vê e tenta descrever da melhor
maneira possível. Contudo, as descrições não contemplam o real sentimento do fiel,
do crente diante de sua religião. Nesse quesito, uma descrição oferece seus limites,
mas também suas possibilidades.
Através desta disciplina nós também refletiremos, questionamos, construiremos
conhecimento. Convido a nos inspirarmos no pensamento de Hegel, mesmo de forma
simplificada: A professora apresenta ideias (teses), o leitor desenvolve antíteses
duendes, sereias, a Yara, o Curupira, Boitatá no RS, fantasmas, etc. Os espíritos dos
antepassados, dos falecidos, ainda têm lugar de destaque em diversas culturas na
África, Oceania, na América Latina, na China e no Japão.
Já em religiões que abarcam diversas divindades, ou seja, no Politeísmo, as
divindades possuem funções e papéis definidos. As esferas da vida podem ter seus
próprios deuses orientadores e protetores. Essa relação desenvolveu-se no período
da Idade do Bronze, e foi caracterizando-se em suas estruturas pela representação
conforme as esferas humanas familiares ou estatais.
Ainda numa outra fase de evolução das religiões, temos a fase profética, em que
surgem pessoas inspiradoras que falam em nome de Deus. São profetas e profetizas
que manifestam a vontade de Deus e o que Deus espera dos seres humanos.
Deus é alguém definido, mas distante e invisível que fala através de seus enviados.
Poderíamos assim situar os Brahmanes do Hinduísmo, Sidarta no Budismo, Maomé
e até certo ponto os grandes patriarcas e profetas do Antigo Testamento.
As grandes religiões mundiais contam a característica de serem reveladas, elas
partem do pressuposto de que o Ser superior revela sua mensagem ao seu povo,
através de profetas.
Exemplos: No Judaísmo há uma organização a partir de Abraão, por volta de
2000 aC. , enquanto que o Budismo em 600 a C. surge a partir de Sidarta Gautama.
Somente com o Cristianismo se conhece a ação em que o próprio Deus assumiu a
condição humana a partir de Jesus Cristo e “o verbo se fez carne” para ser “emanuel”
(deus conosco) .
ANOTE ISSO
1. Um Deus pessoal
Todas as religiões do ocidente contêm, a fé em um deus. Dessa forma, a divindade
é um ser sem corpo, de vida eterna, criador de todas as coisas. Para a maioria, Deus
é generoso, perfeito, onipotente, onisciente e onipresente. Deus é Alguém. Esse Deus
Pessoa está presente nas religiões animistas e proféticas (reveladas).
3. Um culto padronizado
A religiosidade é algo subjetivo, é pessoal e cada um faz suas devoções como quer,
usa as fórmulas e maneiras de relacionar-se com Deus como quiser. Já a religião é
objetiva.
Em cada religião, há um culto padronizado, um culto oficial que, a princípio, será
muito parecido em diferentes partes do mundo, independente de língua e cultura.
As religiões contam com festividades oficiais e um modo universal de celebrá-las.
Até mesmo os momentos chaves da vida, na religião, são celebrados de um modo
padronizado.
Uma instituição maior, algo como uma sede, uma convenção, determina o padrão
de celebração e suas liturgias. Por exemplo: Existe uma forma de batismo, casamento,
atos fúnebres que tem uma base fixa com pouca mobilidade para a personificação.
4. Mitos
O mito é uma palavra grega (mithós) que expressa pela narrativa simbólica a
explicação de algo. Um mito é uma história, uma narrativa que, não raras vezes, é
acompanhada de um rito e esse rito reafirma um acontecimento em que o mito tem
sua origem.
Um mito não é apenas um conto ou lenda, “uma causo” de compadres, pois
procura explicar, responder algo que é essencial aos questionamentos cotidianos.
Nesse sentido, pensemos que a grande maioria das religiões apresenta mitos de
criação, do surgimento do mundo e da humanidade. Eles não têm compromisso com
a historicidade, fatos ou datas, mas sim, oferecem respostas que dão sentido aos
questionamentos mais profundos das pessoas. Conforme Eliade, a “recitação ritual
do mito cosmogônico desempenha um papel importante nas curas, quando se busca
regeneração do ser humano” ( ELIADE, 1992, p. 69 ).
Os mitos usam uma linguagem simbólica (ela traduz o inexplicável). O símbolo é
a expressão de sentido: o sentido em si mesmo apontando para um sentido além de
si mesmo. A devoção religiosa se expressa, por símbolos.
O símbolo é o melhor recurso linguístico para expressar significados abstratos, ou
falar de realidades espirituais, que se situam fora do tempo. O símbolo junta sentidos,
imagens e ideias, possuem funções que trazem certa unificação, união de contrários,
algo como diz Mesquitela Lima “uma força centrípeta que se opõe às forças centrífugas
da ordem cultural” (LIMA, 1983. p. 53. ). Ainda nesta direção é importante lembrar
de Mauss quando este afirma que a vida social é um mundo de relações simbólicas
(MONTERO, 1990. p. 43).
A arte interpretativa dos mitos chama-se hermenêutica: traduzir, interpretar, tornar
compreensível, esclarecer, cujo sentido não aparece de forma direta mas indireta.
5. Mistérios
O sentido convencional de mistério é o oculto, ou secreto, o enigmático. Diante do
mistério a pessoa se encontra em atitude de surpresa, pois, o mistério pode revelar algo
inesperado ou desejado. Em termos religiosos, é o sentimento de absoluta surpresa
diante do que é totalmente Outro. O mistério religioso se constitui numa das mais
poderosas forças de motivação humana. Por isso, o mistério é o coração da religião.
O que mantém uma religião é o mistério.
Uma religião sem mistério não se sustenta; como uma religião que enfatiza
demasiadamente o mistério, com rapidez se transforma em fundamentalismo.
Para Otto, em sua obra “A idéia do sagrado”, publicada em 1917, descreve o sagrado
como “completamente outro”, diferente de tudo o que pode ser descrito em termos
corriqueiros. Otto descreve uma dimensão especial da existência, além, a que chama
de “misterium tremendum et fascinosum” (em latim, “mistério tremendo e fascinante”).
É uma força que ao mesmo tempo em que desperta o sentimento de temor, tremor,
espanto, também atrai, cria curiosidade, chama para si.
Na maioria das religiões existe uma diferenciação entre sagrado e profano. A ideia
de sagrado como fenômeno religioso foi profundamente refletida especialmente por
Rudolf Otto e Mircea Eleade.
Para Mircea Eliade, o ser humano apropria-se, percebe o sagrado a partir de sua
manifestação em oposição completa ao profano e para este ato de manifestação ele
nomeia de “hierofania”(ELIADE, 1992, p. 13). Pessoas religiosas são pessoas que têm
algo muito sagrado, muito precioso, primordial em sua vida.
O termo “Hierofania” advém de duas palavras do grego: hieros (ἱερός) = sagrado e
faneia (φαίνειν) = manifesto), logo é a manifestação do sagrado, ou seja, a manifestação
de algo completamente diferente das coisas deste mundo, de uma realidade outra,
em objetos e espaços deste mundo.
Assim, enquanto o profano é algo corriqueiro, material, imanente, o sagrado é algo
ligado ao além, às divindades, ao transcendente. O Profano é o nosso mundo visível,
nosso dia a dia, aquilo que nossos sentidos captam, a nossa realidade.
ANOTE ISSO
Sagrado é o mundo das coisas invisíveis, que está além de nossos sentidos físicos
e que somente a fé pode explicar. O Profano é o diário e visível, corriqueiro.
1º Altar: O altar ou pedra no início, é o lugar sagrado mais antigo. Inicialmente era
uma espécie de mesa de pedra ao ar livre. O sentido mais específico foi o lugar de
fazer as oferendas e os sacrifícios aos deuses. Nessa mesa eram depositadas as
oferendas, bem como o lugar em que se queimam os sacrifícios.
Conclusão
CAPÍTULO 2
PORQUE FALAR
SOBRE RELIGIÕES?
Introdução
Há quem diga que religião, política e futebol não se discute. De fato, são temas que
movem paixões, mas justamente por isso, é um tema de tão grande importância. É um
tema primordial para desenvolvermos conhecimento através do exercício do diálogo.
Alguém já lhe perguntou: Qual é sua religião? Provavelmente centenas de vezes.
Sabemos que existem milhares de religiões ao redor do globo. Temos religiões
antiquíssimas e outras recentes, algumas de alcance local ou presentes em âmbito
mundial. Até o momento não encontrou-se na história algum povo que não tenha tido
uma expressão religiosa.
Estima-se que apenas 15% da população mundial não tenha uma fé religiosa definida
em uma confissão e apenas 4% identifica-se como ateu. A partir disso, podemos
perceber o quanto a religião está presente na vida cotidiana das pessoas. No Brasil,
acima de 90% da população declara alguma fé religiosa.
O mundo contemporâneo deixou de ser imenso, um globo de dimensões inalcançáveis
para ser uma aldeia. A partir da velocidade da internet, limites geográficos não são
impedimentos para conhecermos aspectos do distante Japão ou exótica Tailândia. O
mundo ao nosso alcance, na palma da mão, através do tablet ou celular.
A compreensão de sociedades e povos passa pelo conhecimento das religiões.
As religiões desempenham papéis sociais, políticos e familiares, com desempenho
de prestação de serviços de auxílio (disponibilizam roupas, água, remédios, muitos
recursos em grandes momentos de necessidade), mas também geram muitos conflitos,
discussões, perseguições, intolerância, culminando até mesmo em ataques terroristas
ou guerras.
Algo que essa nossa aproximação de olhar sobre as religiões, das compreensões
de vida e posicionamentos que oferecem diante das crises humanas, pode enriquecer
ANOTE ISSO
Posição de lótus
ANOTE ISSO
Gestos corporais em rituais sinalizam a unidade do indivíduo com a comunidade.
importantes com seus dons (1 Co 14) e todos são ligados a Cristo. O termo Igreja
designa as principais denominações cristãs.
Desde Agostinho, e mais tarde, adotada pelos protestantes, ensina-se que não
é possível delimitar as fronteiras da Igreja, pois não sabe-se quem crê ou não no
Evangelho, por isso fala-se em igreja visível, a estrutura comunitária que vemos e a
igreja invisível que é aquela que somente Deus é capaz de determinar, pois somente a
Ele cabe discernir quem vive ou não de acordo com o Evangelho. Uma denominação
religiosa é um grupo com suas práticas e interpretações características dentro de
uma religião, no caso Igreja Católica e Igrejas Luteranas são denominações diferentes
pertencentes a uma mesma religião, no caso o Crstianismo.
Já seita, outra palavra corriqueira no mundo religioso é Seita. A palavra seita tem
sua origem no latim secta= “secionar”, “dividir”, “sectar”, designando grupos religiosos
ou filosóficos cujas práticas e doutrinas são diferentes de grupos dominantes. Algumas
vezes esses grupos seguem líderes vivos, carismáticos, que angariam e acumulam
seguidores dessa nova forma de pensar, viver ou crer. A partir de definição do Dicionário
Aurélio, deriva do termo latim secta resultando em seguidor.
Ecumenismo é o processo de entendimento e união, a busca por pontos convergentes
apesar das diferenças. O termo ecumênico tem origem na palavra grega οἰκουμένη
(oikouméne), a casa, no sentido de mundo habitado. Conforme o teólogo Gottfried
Brakemeier, o ecumenismo é a busca de “consenso”, a reconciliação e a cooperação
conjugada dos membros no mesmo corpo. O movimento ecumênico tem muitas
fases, muitas nuances e momentos históricos. Destacamos:
* Conferência Missionária Mundial, em 1910, em Edimburgo, objetivava a unidade
de igrejas cristãs, em especial nas ações missionárias;
* O Conselho Mundial de Igrejas é fundado em Amsterdã, em 1948, tendo sua sede
em Genebra, na Suíça. Comungam mais de 340 igrejas de 120 países, com exceção
da Igreja Católica que não faz parte da organização, mas mantém laços estreitos de
colaboração e diálogo com o CMI;
* A Igreja Católica em 1960 passa a integrar o movimento ecumênico a partir da
criação do Secretariado Romano para a Unidade dos Cristãos sob liderança do Papa
João XXIII. A partir desse órgão, a igreja assume o ecumenismo como relação fraterna
com as Igrejas Ortodoxas e Igrejas Protestantes;
* No Brasil e no mundo existem vários organismos de natureza ecumênica,
destacando-se o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), fundado em Porto
Alegre em 1982. Em seu portal, a entidade declara que sua missão é “Fortalecer
o testemunho ecumênico das Igrejas-membro, fomentar o diálogo inter-religioso
.
* No âmbito latino americano o principal grupo é o Conselho Latino Americano
de Igrejas (CLAI), reunindo igrejas evangélicas desde 1978, quando foi fundado na
cidade mexicana de Oaxtepec.
ANOTE ISSO
ANOTE ISSO
Conclusão
Há quem diga que não se deve falar em religião, política e time de futebol, talvez
pelo temor quanto aos resultados já que despertam reações passionais. Contudo, na
construção de um mundo mais fraterno e sustentável é importante desenvolvermos
o diálogo e o debate respeitoso a fim de superar diferenças. Religião é tema que
perpassa toda a experiência humana e as sociedades, logo algo importante a se
discutir. E quais as maiores religiões? O que ensinam? Quem são seus mestres? Nos
próximos tópicos desta obra conheceremos algumas das mais destacadas religiões.
CAPÍTULO 3
RELIGIÕES ABRAÂMICAS:
JUDAÍSMO
Introdução
3.1 Origem
A origem é revelação de Deus a Abraão, que promete a este uma grande descendência
tão numerosa quanto as estrelas do céu e uma terra para ele e seus descendentes
viverem em paz, a Terra Prometida. Nessa revelação inicia-se a fé monoteísta. Abraão
é um patriarca, um pai da fé, por isso, religião abraâmica.
Os escritos sagrados são a Tanakh (a grosso modo podemos dizer que equivale
ao Antigo Testamento da Bíblia) e a Torá (equivalente aos cinco primeiros livros da
Bíblia) e tem atribuída a autoria a Moisés.
A Tanakh é formada pela Torá e pelo Neviim e Ketuvim. A Torá traz o princípio
do mundo, o êxodo e deserto e as leis com 613 mandamentos que ensinam como
devem ou não agir, seja nas relações sociais, familiares, religiosas, além dos dez
mandamentos ou dez ditos.
O Neviim é o livro que traz os profetas e o Ketuvim traz os livros poéticos e históricos.
Os idiomas originais da escrita são o hebraico, com pequenos trechos de aramaico
em Esdras e Daniel.
A Torá de forma oral, chamada de Mishná, conta com leis transmitidas a Moisés além
da lei escrita, e debates de rabinos. Já o Talmud é uma coletânea de interpretações
das leis e ensinamentos judaicos. Enquanto a Torá são as instruções e leis seguidas
pelos judeus, o Talmude auxilia na compreensão e interpretação desses ensinamentos.
A princípio esses livros foram escritos em pergaminho (pele de cabras ou ovelhas
tratadas e preparadas para escrita). Após escreverem, os pergaminhos eram enrolados.
Judeus do leste europeu guardam seus pergaminhos, os Sefer Torá, cobertos por
um manto bordado com símbolos judaicos, podendo ser de seda ou veludo. Já judeus
espanhóis ou orientais guardam a Torá numa caixa de madeira denominada Tik.
A exegese judaica usa o Midrash (plural midrashim), que vem do verbo darash
(procurar), usado como idéia de pesquisa intensiva e de um esforço inerente à vontade
Grupos do Judaísmo
Sionismo
O Templo
Jerusalém e muro
Jerusalém é a cidade santa, sagrada para três religiões. Para os judeus a parte mais
sagrada é o muro ocidental, o “Muro das lamentações” é a construção que restou do
segundo templo. Ali, os peregrinos judeus “lamentam” através de orações e inserem
papéis com orações entre as pedras.
A Sinagoga
Nascimento
Assim que o menino nasce, cerca de oito dias de idade é realizada a circuncisão (a
remoção do prepúcio do pênis),realizada pelo “mohel”. O rito é chamado de Brith milah,
o pacto de circuncisão. Nessa cerimônia o menino recebe seu nome. As meninas são
levadas à sinagoga igualmente no oitavo dia, recebem seu nome, mas são realizadas
apenas orações em favor dela e de sua mãe.
Juventude
Bar Mitzvah
Casamento
Para o povo judeu o casamento é uma instituição, uma ordem divina e é a única
maneira lícita para o casal viver. A princípio o casamento deve ser entre judeus, mas
existem casamentos mistos.
A cerimônia pode ser realizada na sinagoga ou em outro lugar, mas é necessário
acontecer sob o hupá, uma tenda que representa o céu.
Morte e sepultamento
O Talmud prega que no fim dos tempos, o ser humano será julgado como uma pessoa
completa, um ser humano total, com corpo e alma
A ressurreição iniciaria quarenta anos após o retorno de todos os judeus à Terra
Santa, e continuará enterrado na Terra Santa serão ressuscitados primeiro, seguidos
dos sepultados em ou intermitentemente até que todos voltem à vida. De acordo com
o Talmud, os que foram os países
Ao visitarem os túmulos de seus falecidos, os judeus levam pequenas pedras e as
depositam sobre os túmulos, no sentido de que aquele ente querido foi lembrado e
suas memórias estão preservadas na durabilidade das pedras.
Símbolos
Menorá
A menorá originalmente era um candelabro de ouro batido, contendo sete braços,
moldado primeiramente por Moisés, em obediência ao mandamento de Javé contido
em Êxodo 25. 31-40. Este significativo símbolo judaico do judaísmo, entre alguns
significados atribuídos, está a luz da Torá que ilumina os caminhos.
Estrela de Davi
Importante que a Estrela de Davi não seja confundida com o Selo de Salomão, pois
enquanto a primeira é formada por dois triângulos sobrepostos, na segunda estrela
os triângulos são sobrepostos. O Selo é considerado símbolo ocultista.
Hamsá
É uma mão com dedo polegar e mínimo com mesmo tamanho, de uso mais comum
entre os sefaradim, com laços estreitos com a cabala. Usada também no Islamismo,
é também conhecida como “mão de Fátima”, a filha preferida de Maomé. O símbolo
é compreendido como protetor contra mau olhado.
Mezuzá
Vestimentas
Talit
O Talit é um xale branco, com listras azuis e franjas nos quatro cantos. As listras
são em número de 12, representando as 12 tribos de Israel. As franjas lembram a
pessoa dos dez mandamentos.
Tefilin
Homens em oração podem usar o Tefilin, que consiste em um par de caixas pretas
de couro com tiras de couro amarradas, uma sobre o braço e a outra sobre a cabeça.
Dentro das caixas estão pedaços de pergaminho com palavras da Escrituras. Um
texto que sustenta a prática está em Deuteronômio 6.8: “E os atarás como sinal na
tua mão, e serão por frontais entre teus olhos”.
Kipá
Tzitzit
Tzitzit (franjas) trata-se de uma espécie de camisa usada sob a camisa, com tiras,
franjas que ficam em evidência para dar consciência das obrigações ao usuário
vestimentas. Um dos textos básicos está em Números 15.38-41 “(...) E será para vós
por tzitzit e vereis e lembrareis todos os mandamentos de Deus e os cumprireis (...)”.
Regras alimentares
Cada cultura tem suas regras e receitas alimentares. No caso da religião judaica a
alimentação pode aproximar ou afastar de Deus. As leis alimentares estão dentro de
um código chamado Kosher (ou kasher) e literalmente significa “permitido/apropriado”.
Existem regras específicas para o abate para que os animais tenham o menor
sofrimento possível e para que seja extraído todo o sangue. Para um frigorífico obter
espaço nesse nicho de mercado é necessária a certificação que é emitida por empresas
próprias para realização deste processo.
No Brasil, os alimentos kosher são identificados com a letra “U” dentro de um
círculo na embalagem, o que significa que foram certificados pela União Ortodoxa.
ANOTE ISSO
Festas
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=aD2ldLQnJ9s
-Rosh Hashaná (cabeça do ano) festa do ano novo que acontece em outubro.
-Yom Kipur (dia da expiação) é o dia do perdão. Durante dez dias após o início do
ano judaico, acontece um período de avaliação e arrependimento que é finalizado
com este dia.
- Festa da Inauguração (Chanucá) é também conhecida como festa das luzes.
Surgiu cerca do ano 165 a.C após a guerra dos Macabeus e é celebrada em
meados de dezembro.
ANOTE ISSO
CAPÍTULO 4
RELIGIÕES ABRAÂMICAS:
CRISTIANISMO
Introdução
A religião cristã surgiu na região da atual Palestina no século I. Essa região estava
sob domínio do Império Romano neste período. Desenvolveu-se a partir da pregação
dos ensinamentos de Jesus e propagação através de seus apóstolos.
O Império Romano possuía grande extensão territorial, dominando assim, muitas
culturas e povos. Para garantir a paz e o controle desenvolve a “Pax Romana”, que
em latim significa a paz romana e esteve em voga entre os anos 27 a.C. a 180 d.C.
Apesar de ser reconhecido como um tempo próspero e pacífico, era extremamente
benéfico para Roma, pois rebeliões dos povos dominados eram sufocadas com grande
violência.
Assim como foi em muitos territórios, na Judéia, os romanos concediam pequenas
liberdades e alguma autonomia, a fim de manter as pessoas suscetíveis. Junto a isso,
a elite era aliada de uma vez que Roma concedia algum poder. Tudo isso garantia o
sucesso da Pax Romana.
Herodes fazia parte da elite e manteve seu status de “rei”. Os sacerdotes tinham seu
espaço e atividades de câmbio e comércio aconteciam no Templo. A Pax Romana
prendeu, torturou e matou Jesus, sob as ordens de Pilatos, o procurador romano, já
que somente Roma tinha esse poder. Jesus foi preso acusado de conspiração.
Há uma parábola muito popular, registrada em muitas versões, que procuram explicar
a importância de Jesus como o Cristo, o escolhido e conta-nos que:
4.1.1 A Bíblia
Bíblia é o livro sagrado dos cristãos é fruto de uma longa produção histórica. A
palavra “Bíblia” vem do grego “biblos”, livro. A Bíblia é mais do que um livro, mas uma
biblioteca condensada em um único livro.
A Bíblia pode ser dividida em duas partes: Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento
(NT). A primeira parte conta a criação do mundo, a história, as tradições judaicas, as
leis, a vida dos profetas e o seu anúncio da vinda do Messias.
O AT foi escrito em Hebraico e trechos em aramaico, já o Novo Testamento começou
a ser escrito após alguns anos da morte de Jesus, no idioma grego. O NT fala sobre
a vida do Messias, o ministério e o processo de formação das primeiras igrejas.
O cânon (regra) de escolha dos livros que fazem parte da Bíblia não é unânime e
existem diferentes versões, contudo existem algumas edições que são mais aceitas
pelo maior número de cristãos.
Sendo assim, a Bíblia na versão católica possui 73 livros, sendo 46 no AT e 27 no
NT e a Bíblia evangélica conta com 39 livros no AT e 27 no NT. Além dessa diferença
de livros, existe uma pequena diferença na divisão do Salmo 10. O motivo dessa
discordância no número de livros remete ao período da Reforma do século XVI na
Alemanha.
Lutero quando traduziu a Bíblia para o alemão, considerou que sete livros não
apontavam para a obra de Cristo tanto quanto outros, mas eram úteis. Então os
posicionou no final da Bíblia como anexo. Com o passar do tempo, os editores não
colocaram mais esses anexos ao imprimirem a Bíblia, surgindo assim a diferença no
número de livros.
O Salmo 23, “O Senhor é meu pastor”, tem esse número na Bíblia protestante, na
Bíblia católica equivale ao Salmo 24.
Difusão do cristianismo
ANOTE ISSO
Doutrina Cristã
A doutrina cristã está baseada nos testemunhos dos apóstolos, dos evangelistas e
dos primeiros líderes das comunidades cristãs, registrados e mantidos através dos 27
livros do cânon do Novo Testamento da Bíblia. Essa doutrina desdobra-se de diferentes
maneiras e com variadas ênfases e interpretações em cada igreja cristã.
A ressurreição de Jesus é a “pedra fundamental” da fé cristã, a partir dela aconteceu
uma validação dos atos realizados por ele, bem como o reconhecimento que ele era o
Cristo. Isto ocorreu por que outros taumaturgos e pregadores transitavam em Israel
naqueles dias, mas só Jesus ressuscitou.
Os primeiros registros escritos são as cartas do apóstolo Paulo, em que percebe-
se que a fé na ressurreição estava firme entre os membros das comunidades
do primeiro século: “Pois eu vos entreguei primeiramente o que também recebi: que
Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que foi
ressuscitado ao terceiro dia segundo as Escrituras e que apareceu a Cefas e então aos
doze. Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte
permanece até agora, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos
os apóstolos”(I Coríntios 15.3-7).
A pregação paulina traçou os elementos básicos, fundamentou a teologia cristã
de muitas maneiras. A atuação evangelística e escrita de Paulo determinou as bases
do que viria a ser o cristianismo. O destino dos cristãos é compartilhado com Cristo,
na morte, no batismo e na ressurreição.
Embora a ressurreição seja pilar da fé cristã, ela está longe de ser hegemônica.
Tão variadas as correntes teológicas e confissões são as compreensões da doutrina
da ressurreição.
As principais doutrinas estão centradas a partir do “Credo Apostólico”, uma espécie
de oração que confessa a fé cristã. Durante muito tempo acreditou-se que teria sido
elaborado pelos doze apóstolos, mas possibilidade maior é de que tenha surgido da
catequese dos convertidos, a partir de perguntas respostas que declaravam diante
do batismo na Igreja primitiva (KIRST, 2008)
Pecado
Trindade
Deus é Triúno, um Deus único que age e apresenta-se de três maneiras distintas:
Pai criador e mantenedor de tudo, onipotente, onipresente e onisciente.
Deus Filho, Jesus Cristo o verbo, a promessa, Deus encarnado, o salvador do mundo.
Deus Espírito Santo, o “parácleto” (advogado) que intercede pela humanidade, inspira
e santifica.
Ressurreição
Jesus foi o primeiro que ressuscitou, sendo premissa para os demais. As pessoas
que haviam morrido e que Jesus reviveu, não ressuscitaram. A ressurreição é algo que
fica para sempre e os revividos por Cristo, voltaram a morrer. O Evangelho testemunha
que Jesus disse que quem crer nele, ainda que morra, viverá.
Ressurreição ou anastase é o entendimento que uma pessoa volta a ter vida,
ressuscita para uma vida nova, não mais terrena, mas sim espiritual, num ambiente
chamado de céu, ou de inferno. A ressurreição é o corpo animado (pelo ânima=alma)
e não a alma encarnada.
Esperança
A esperança cristã espera por um novo tempo em que todo o mal e seus aspectos
serão derrotados e substituídos pelo governo de Deus. Mesmo que Jesus tenha
ressuscitado e venceu a morte, a vitória final é seu retorno no final da história.
Batismo
A palavra “batizar” tem origem grega e significa “molhar com água”. O próprio Jesus
instituiu o batismo, a ser realizado em nome da Trindade, de acordo com Mateus 28.
Esse mandato ocorreu no momento da Ascensão e é um mandato missionário, por
isso, todas as igrejas batizam. Contudo, não há consenso entre as igrejas em torno
do batismo. Algumas batizam os infantes, outras apenas adultos.
Para os fiéis, o batismo é a entrada na Igreja, na vida comunitária cristã, mas
também concede perdão dos pecados e salvação.
Eucaristia significa “dar graças”, e está baseada na última ceia de Jesus com seus
discípulos pouco antes de ser preso. Os elementos visíveis são o pão e o fruto da
videira, podendo ser vinho ou suco de uva, dependendo da interpretação da Igreja.
A Ceia foi desde cedo prática na igreja. As palavras mais antigas que declaram isto
estão nas palavras do apóstolo Paulo, registradas em 1Coríntios 11. 23-27:
“Pois recebi do Senhor o que também entreguei a vocês: Que o Senhor Jesus, na noite
em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo,
que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim. Da mesma forma, depois
da ceia ele tomou o cálice e disse: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto
sempre que o beberem em memória de mim. Porque, sempre que comerem deste pão e
beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. Portanto, todo
aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar
contra o corpo e o sangue do Senhor”.
Assim como o batismo tem concepções diferentes nas igrejas, também com a Ceia,
tanto na nomenclatura quanto na compreensão e prática de distribuição.
Catolicismo
A Reforma
Por ocasião dos 500 anos do início da Reforma Protestante, as igrejas luteranas
que estão no Brasil (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e
Evangélica Luterana do Brasil (IELB)) lançaram a microssérie Lutero: Muito Além
da Religião. Nesta obra, aspectos históricos da pré-reforma e as consequências da
reforma na sociedade.
Acesse:https://www.youtube.com/watch?v=BvwObjPHWDY&list=PLdvJgPpURpVhB
wi5fznTIWR3xQ0xQODGg&index=11
Nos últimos 500 anos muitas outras igrejas foram surgindo e migrando pelo mundo
junto com imigrantes e missionários. Abaixo algumas destas postas de maneira
resumida algumas destas igrejas e suas classificações:
Protestantismo Histórico
Movimento iniciado na Europa no século XVI, cujo marco célebre são as 95 teses do
teólogo cristão Martinho Lutero criticando uma série de práticas e doutrinas da Igreja
Católica. Esse rompimento com o Papa, eclode a Reforma Protestante, resultando em
diversas correntes cristãs, como a própria Igreja Luterana, Presbiteriana e a Metodista.
A maioria das igrejas protestantes rejeitam o culto a Maria, não pedem intercessão
aos santos, não exigem o celibato, e aceitam o divórcio e os métodos contraceptivos
a fim de planejar a família.
Igreja Luterana
A ruptura de Lutero com a ICAR, em 1517, lançou o alicerce para a ampliação das
ideias protestantes.
Igreja presbiteriana
A partir das reflexões do teólogo francês João Calvino (1509-1564), pregavam
principalmente a predestinação divina: ou seja, só os escolhidos são salvos por Deus.
Igreja Batista
Igreja Metodista
A partir das pregações do ministro anglicano John Wesley, representante do
movimento evangelístico chamado reavivamento, surgiu na Inglaterra no século XVIII.
Movimento Pentecostal
Assembléia de Deus
Movimento Neopentecostal
Em 1977 Edir Macedo funda a igreja no Rio de Janeiro. Em termos gerais está em
acordo com a doutrina cristã, com uso de mídia de rádio e televisão, cultos diários e
ênfase na doação do dízimo.
Protestantismo
Protestantes confessam que a morte é apenas uma passagem para outra vida e
não aceitam a reencarnação. Os rituais de sepultamento são semelhantes aos dos
demais religiosos, contudo tudo gira em torno do consolo à família e não para o
falecido. O corpo, de acordo com as tradições protestantes, pode ser cremado ou
enterrado. Caso seja cremado, recomenda-se que as cinzas tenham destino e não
guardadas em casa para evitar apego ao falecido.
Se a família desejar, pode fazer um culto de gratidão a Deus pela vida da pessoa,
mas não é uma norma de todas as igrejas. Caso ocorra esse culto, é chamado culto
de gratidão e oração memorial.
Evangélicos pentecostais
RODOLPHO (2004, p. 142) os falecidos não precisam ser guiados para o céu uma vez
que está em Cristo e onde Cristo está, ele estará.
Simbologia cristã
Peixe
Cruz
Pomba
Alfa e ômega
Terço
É utilizado pelos fiéis católicos para contar as orações (Pai Nosso e Ave Maria).
Nos primeiros séculos a Igreja tinha horas específicas para recitar salmos, mas em
função de leigos serem analfabetos, a devoção foi adaptada para o exercício das
orações que pudessem decorar.
AULA 5
RELIGIÕES ABRAÂMICAS:
ISLAMISMO
Introdução
O Islã, ou Islamismo, tem sua origem na Arábia Saudita no século VII. Desde o
princípio esteve entrelaçado à cultura árabe, às tribos e suas culturas e aos impérios.
A sua expansão foi relativamente rápida especialmente na da África e Ásia, chegando
até a Europa via Península Ibérica.
Hoje é a religião que mais cresce em número de membros. Está presente em todos
os continentes tornando-a uma religião mundial. Muito tem influenciado a sociedade
chamando a atenção de muitas celebridades e levando algumas a assumir essa fé.
Recentemente a cantora Sinéad O’Connor declarou estar feliz no Islã e mudou o
nome para “Shuhada”.
O Islã, não é um grupo hegemônico, diverge entre si, em interpretações das escrituras
e posturas de vida. A religião está ligada à questões políticas e sociais desde seu início
e alguns grupos são polêmicos ao assumirem posturas de guerrilha e terrorismo e
atacam até mesmo os próprios irmãos de fé.
O terrorismo Islâmico é difundido através de grupos extremistas, de interpretação
fundamentalista, ultrarradicais e, não raras vezes, influenciadas por aspectos culturais
aliados às escrituras sagradas. Dentre os grupos extremistas, fundamentalistas
islâmicos, destacamos o Taleban, a AlQaeda, o Estado Islâmico ou EI (Também
chamado de DAESH ou ISIS) e o Boko Haram.
Por conta de atos de extrema violência de uma minoria dentro do Islamismo, muitas
pessoas sentem o preconceito que chega à perseguições, violência, depredação de
comércios de pessoas islâmicas, especialmente após os eventos de 11 de setembro de
2011. A intolerância religiosa tem atingido os seguidores de Maomé em nível mundial.
A seguir veremos os aspectos principais da fé muçulmana.
Islām, derivada da raiz “slm”, “aslama”, traduzida como “submissão (a Alá)”. “Muslim”
(muçulmano) é “aquele que se submete a Alá”.
Deus é considerado único e sem igual. Cada capítulo do Alcorão (com exceção
de um) começa com a frase “Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso”. Os
muçulmanos acreditam que a criação de tudo no universo foi pura ordem de Deus,
“Seja e por isso é”, e que o propósito da existência é adorar a Deus. Ele é visto como
um Deus pessoal que responde sempre que uma pessoa está em necessidade ou
quando clamam por seu socorro. Não há intermediários.
Uma das passagens do Alcorão frequentemente usadas para ilustrar os atributos
de Deus é a que se encontra no capítulo (sura) 59:
“Ele é Deus e não há outro deus senão Ele, que conhece o invisível e o visível. Ele
é o Clemente, o Misericordioso! Ele é Deus e não há outro deus senão Ele. Ele é o
Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o Vigilante, o Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus
seja louvado acima dos que os homens lhe associam! Ele é Deus, o Criador, o Inovador,
o Formador! Para ele os epítetos mais belos” (59, 22-24).
PARA ANOTAR
Um menino órfão, sem posses, com uma infância vivida entre o deserto com
beduínos e casas de parentes, aprendiz do ofício do comércio. Esse é o início da vida
do fundador do Islamismo, a segunda maior religião do mundo.
Maomé ou Abu al-Qasim Muhammad ibn ‘Abd Allah ibn ‘Abd al-Muttalib ibn Hashim
era da tribo de coraich e nasceu na cidade de Meca no ano de 570. Desde os seis anos
viveu entre beduínos no deserto, a casa do avô e, finalmente, com um tio comerciante
muito bem-sucedido que lhe ensinou o ofício do comércio de especiarias em caravanas.
Em suas viagens teve contato com diversas culturas e religiões, conhecendo o Judaísmo
e o Cristianismo.
Em 595, Maomé conheceu e trabalhou para uma rica viúva, Khadijha. Ela ficou
impressoinada com as habilidades de Maomé e ela o pediu em casamento. Essa
união foi feliz, resultou em filhos e transformou Maomé em um homem muito bem
colocado financeiramente.
Maomé, procurava o sentido para a vida e uma relação mais próxima da divindade
e, para isso, muitas vezes retirava-se para uma caverna no Monte Hira, para meditar.
De acordo com Gaarder em “O livro das religiões”, quando Maomé estava com 40
anos de idade, recebeu a visita do anjo Gabriel durante um desses retiros. Gabriel
revelou um pergaminho e ordenou a ele que o lesse. Maomé responde ser analfabeto
ao que o anjo responde disse:
“Recita em nome do teu Senhor, que criou, criou o homem a partir de coágulos de
sangue. Recital Teu senhor é o Mais Generoso, que pela pena ensinou ao [homem o
que ele não sabia]”
As visitas seguiram-se por um longo tempo, por cerca de 22 anos. Maomé relatou
revelações que ele acreditava serem de Deus, transmitidas pelo do arcanjo Gabriel. O
conteúdo dessas revelações está registrado no livro Alcorão. Maomé transmitiu aos
ses seguidores que memorizaram e, mais tarde, registraram de forma escrita.
No contexto da época as tribos árabes eram politeístas e a Caaba era um centro
de peregrinação para esses diversos deuses em Meca. Essas diferentes religiosidades
tinham como consequência cultural a injustiça social e as mulheres desvalorizadas,
por exemplo.
Meca era uma cidade movimentada, de onde caravanas partiam e lá Maomé inicia
sua pregação monoteísta. Os primeiros que aceitaram a mensagem foram seus
familiares mais próximos, porém encontrou oposição dos demais habitantes.
Após a morte de seu tio e de sua esposa em 619 e com a perseguição intensificada,
Maomé emigrou para Yatreb 622. Este acontecimento é conhecido como Hégira e
marca o início do calendário muçulmano.
Nessa nova cidade, Maomé é bem acolhido e reconhecido como líder religioso e
a cidade adota novo nome: Medina (“a Cidade”, ou “Cidade do Profeta”). Depois de
muitas batalhas, une tribos e estabelece a paz, com uma fé monoteísta.
Com posterior retorno à Meca, Maomé finalmente implantar a religião muçulmana
que amplia-se e expande-se pela península Arábica. Reconhecido como líder religioso
e profeta, faleceu no ano de 632. A morte do profeta provocou disputas de sucessão,
já que seus filhos homens haviam morrido na infância. O processo passou por alguns
conflitos e, isto, gerou os dois principais grupos do Islamismo: Sunitas e Xiitas.
Um grupo acreditava que o sucessor do profeta devia ser o califa Abu Bakr e a aprtir
disso os primeiros califas deviam suceder Maomé. Essa parcela de muçulmanos seguiam
os ensinamentos das Suna, daí ficaram conhecidos como Sunitas e aproximadamente
85% dos muçulmanos do mundo. De acordo com os sunitas, a autoridade espiritual
pertence a toda comunidade.
Oposto aos sunitas estavam os xiitas que criam que o herdeiro legítimo da liderança
devia ser o parente mais próximo de Maomé, chamado Ali e os seus descendentes. O
nome do grupo deriva das palavras árabes “shi it Ali” ( partido de Ali), os xiitas e tem
sua interpretação da Sharia.
profeta Jesus, seguindo até onde estava sepultado o Profeta Moisés, na área externa
do local próximo de onde hoje está localizada a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém.
Em Jerusalém ele ascende ao céu e recebe instruções de Deus em relação a práticas
de fé dos fiéis do islã como as cinco orações diárias. A partir desse evento Jerusalém
passa a ser cidade sagrada. (https://iqaraislam.com/viagem-noturna-e-ascensao )
Quem é Alá?
Misbah
O nome de Deus perpassa grande parte da piedade islâmica que não tem
separação entre espaço religioso ou secular, toda a vida é serviço a Alá. Exemplo
é o uso das frases: “In shá Alá” (se Deus quiser) e “Bismillah” (em nome de Deus),
esta última é a frase de invocação usada em momentos de oração e no abate de
animais.
Os livros sagrados
O livro mais sagrado do Islã é o Alcorão, tido como a palavra literal de Deus (Alá,
em árabe: Allāh), ditado por Gabriel e registrado através de tradição oral e registros
escritos em língua árabe. A partir dessa revelação surge o nome do livro sagrado, pois
“recitar” tem a mesma raiz que “Curan”, que significa “ler”, ou “ler alto”. (GAARDER,2000,
p. 130). A caligrafia é algo importante, expressão de beleza e fé, sem cometer o
pecado da idolatria. Por ter sido a revelação em árabe, são proibidas traduções, apenas
interpretações, por ser considerada palavra literal de Deus.
Os muçulmanos creem que Alá agiu através de profetas para tornar conhecida a
sua vontade à humanidade. Deus foi revelando a sua mensagem em escrituras cada
vez mais abrangentes que culminaram com o Alcorão, o derradeiro livro revelado a
Maomé, por isso, o Alcorão também registra tradições religiosas, passagens da Tanach
judaica e o NT cristão. Por exemplo: A revelação dada a Moisés foi a Taura (Torá);
Davi recebeu inspirações para os Salmos e Jesus para o Evangelho.
O Alcorão ou Corão reúne as revelações que o profeta Maomé recebeu do anjo
Gabriel e é dividido em 114 capítulos (suras). Entre os ensinamentos, destacam-se:
onipotência de Deus (Alá), importância de praticar a bondade, generosidade e justiça
no relacionamento social.
A Sharia, um compilado de interpretações do Alcorão, define as práticas de vida
dos muçulmanos, com relação ao comportamento, atitudes e alimentação. Todas
obrigações sociais e religiosas estão ancoradas nela. Sharia significa “caminho para
o oásis”. A outra fonte religiosa dos muçulmanos é a Suna contida no Hadith, um
apanhado dos discursos e feitos do profeta Maomé.
Os profetas
O Islamismo prega que Alá revelou a sua vontade à humanidade através de profetas.
Cada profeta foi encarregado de relembrar a uma comunidade a existência ou a
unicidade de Deus, esquecida pelos homens.
Os ensinamentos islâmicos são categóricos ao proibir qualquer distinção ou juízo
de valor entre os profetas, embora digam que esses profetas eram humanos comuns
dirigidos por Alá ao longo das gerações.
A fé diz que Maomé é o Último Mensageiro, através dele Alá revelou a mensagem
última a toda a humanidade sob a forma do Alcorão, sendo, por isso, designado como
o “Selo dos Profetas”.
No Alcorão, são encionados vinte e cinco profetas específicos (incuindo: Adão,
Abraão (Ibrahim), Moisés (Musa), Jesus (Isa) e Maomé (Muhammad). Os muçulmanos
acreditam que Maomé foi um homem leal e que os profetas não cometeram erros ou
ações inadequadas, por representarem a vontade de Alá.
Doutrinas religiosas
Culto
A principal forma de relacionamento do crente com Alá é pela oração que deve ser
realizada diariamente cinco vezes, prostrados em direção à Meca. Para isso possuem
um tapete dedicado a este fim. Na sexta-feira no turno da tarde acontece o culto
especial, com a pregação e orações.
A mesquita (masjid em árabe) é o “local de prostração” é local de culto, é centro
comunitário, escola e ponto de encontro dos muçulmanos. O imã é o líder comunitário
com grande conhecimento teológico e das escrituras, é encarregado das orações e
celebração de casamentos. A pregação (sermão) é dirigida pelo khatib (pregador) e
o chamado à oração é responsabilidade dos muezins.
A arquitetura das mesquitas não tem design definido, cada região no globo vai
influenciar com sua cultura, contudo alguns espaços cúlticos são quase sempre
padrão: minaretes (torres altas na entrada), cúpulas, salas de oração separadas para
homens e mulheres e área de lavagem, pois os muçulmanos devem estar limpos para
as orações. Alguns lavam o corpo todo e outros apenas partes. O espaço de oração
deve ser limpo, por isso tiram os sapatos ao entrar na mesquita.
-A cidade de Meca, onde fica a pedra negra, também conhecida como Caaba. E é
a cidade onde Maomé recebeu as revelações;
-A cidade de Medina, onde o Islamismo foi aceito e estruturou-se, onde Maomé
construiu a primeira Mesquita;
-Jerusalém, cidade onde o profeta subiu ao céu e foi ao paraíso para encontrar
com Moisés e Jesus.
ANOTE ISTO
No período pré Maomé Meca era centro comercial, mas também religioso. A
Caaba era um santuário que recebia peregrinações e adoração de diversos
deuses e espíritos, com imagens e a Pedra Negra. É uma construção quadrada,
com a Pedra Negra colocada numa quina. A origem da Pedra Negra é incerta e
amplamente discutida na comunidade científica. Para os olhos da fé, a origem seria
o Paraíso e serviu de marco a Adão e Eva na construção de um altar. Durante o
Dilúvio, ela perdeu-se sendo recuperada por Abraão. Estas questões tornam Meca e
a Caaba o centro de fé do mundo muçulmano.
Através do vídeo com título de: A impressionante história da Pedra Negra, produzido
pelo Canal History Chanel, podemos conhecer um pouco da história da Caaba e a
peregrinação à Meca.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=qBWUqw3gpBc
Regras alimentares
• Carne suína, aves de rapina, caninos, serpente, macaco, animais com garras
(leão e urso);
• Insetos como baratas, moscas, ratos, escorpiões;
• Jamais sangue;
• Animais que vivem tanto na terra quanto em água são proibidos (crocodilos e
semelhantes);
• Bebidas alcoólicas são proibidas, pois considera-se que alteram a consciência
do ser humano.
O Brasil é o maior exportador de carne com selo Halal. Para adquirir esse selo são
necessárias cumprir diversas etapas que envolvem documentação, origem dos
alimentos e manuseio de utensílios. O abate deve ser feito por um muçulmano, na
impossibilidade disso, poderá ser realizado por homem das outras duas religiões
abraâmicas, (judeu ou cristão). Contudo, nesse caso, o supervisor do processo
obrigatoriamente deve ser um membro do Islã. Para saber mais acesse:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-10/brasil-e-o-maior-
exportador-de-comida-halal-no-mundo
Julgamento Final
Fases da vida
Nascimento e infância
O primeiro ato é lhe dar um banho e vesti-la. Depois é dito o credo que Alá é único
em seu ouvido direito e passa-se mel nos lábios da criança.
Após Os meninos passam pela circuncisão
Aos sete anos a criança passa por uma espécie de “catequese” em que são ensinados
aspectos importantes da religião. Neste momento é “a idade do discernimento”, o Al
Diin.
Casamento
De acordo com o Alcorão, as mulheres são espiritualmente iguais aos homens, mas
cada um tem um papel a desempenhar. Quando se casam, elas recebem um dote que
fica sob sua propriedade e só pode ser usado com seu consentimento.
Muitas vezes, vemos nas mídias ideias de opressão sobre as mulheres, controle de
vestimentas como sendo ideias religiosas, contudo existem costumes culturais que
são associados aos valores religiosos.
Existem algumas vestimentas e comportamentos que são recomendações religiosas
e outras são questões de cultura de determinada localidade. O que tem acontecido
é que grupos ultrarradicais religiosos, associam esses elementos e tornam algumas
recomendações em obrigatoriedade.
Fato é que existem regras de vestimenta e comportamento femininos e masculinos
de acordo com os escritos sagrados muçulmanos. As mulheres não devem deixar
os cabelos amostra, usar perfumes em público, usar roupas de banho como maiô e
biquíni na praia e o seu corpo deve estar coberto de maneira a não evidenciar curvas
e, para cumprir isto, existem modelos de trajes femininos no islã, como vemos abaixo.
Hijab
Chador
Niqab
Para cobrir o rosto, com apenas o os olhos à mostra, o viés é o niqab. É de uso
corrente na Arábia Saudita.
Burca
A burca é uma vestimenta, azul ou preta, que cobre todo o corpo, inclusive o rosto
e que na área dos olhos, há uma tela para possibilitar a visão. Já era tradicional em
muitas etnias, mas o mundo tomou conhecimento desse traje principalmente após a
ascensão do Talibã no Afeganistão.
Morte e sepultamento
Símbolos
Este símbolo era marca do Império Otomano e acabou sendo cooptado pelos povos
muçulmanos cooptados por este império. Faz parte da bandeira de países com maioria
muçulmana como Turquia e Tunísia. Uma interpretação corriqueira é que a lua faz
referência ao calendário lunar e a estrela com cinco pontas aponta os cinco pilares.
Símbolo comum com o Judaísmo, também faz referência aos pilares através de
cada dedo. Entre as filhas de Maomé, destaca-se Fétima tida como modelo de virtude.
Zulfiqar
Festas
O calendário islâmico é lunar e tem 354 ou 355 dias, com dozem meses. Dentro
do ano, há dois feriados sagrados: o Eid ul- Fitr (Celebração do fim do jejum) é uma
celebração ao fim do Ramadã e o Eid ul- Adha (Festa do Sacrifício) que sucede a
realização do hajj, a peregrinação à Meca. A expressão “Eid” é algo que se repete, cíclico.
AULA 6
ZOROASTRISMO E FÉ BAHA’I
Introdução
1.1.1 CRENÇAS
DEUS
BEM e MAL
A luta dualista é a base da religião. O humano tem o livre arbítrio para ajudar o
bem, seja com palavras, pensamentos ou atos bons. Ser generoso e sincero com as
pessoas são atitudes importantes aos fiéis do zoroastrismo.
A doutrina de Zoroastro ensina que a luta do bem contra o mal será constante até
o momento em que os adeptos de Ormuzd sejam vitoriosos, condenados à danação,
às trevas eternas Ariman e seus seguidores.
ESCRITURAS
TEMPLOS
SACERDOTES E CULTO
A Oração
Ritual Navjote
Casamento
O fogo e a terra são elementos sagrados, enquanto que corpos dos falecidos são
impuros. Enquanto em algumas religiões o corpo deve permanecer intacto mesmo sem
autópsia, no Zoroastrismo os elementos sagrados não podem ser contaminados, por isso
cremado ou sepultado numa cova estão em desacordo com a religião.
A partir dessa compreensão surgiu a Torre de Silêncio. Estruturas altas e circulares
em que os corpos são expostos à natureza, clima e as aves de rapina que “limpam” os
tecidos, deixando apenas os ossos. Essa maneira de encaminhar os corpos é vista como
uma última maneira de fazer o bem ao alimentar as aves. Após um ano, os restos são
acumulados em outro espaço.
A redução no número de adeptos e de aves de rapina e o aumento das leis sanitárias
contribuem com o desativamento da maioria das torres, assim tem sido aceita a cremação.
Atualmente existe uma última torre em Mumbai e os fiéis que morrem fora da Índia
precisam explicitar em testamento que desejam ser levados até ela.
Símbolos
1.2.Fé Bahá’í
“Convivei com todas as religiões em amizade e concórdia para que se inale de vós
a doce fragrância de Deus. Vigiai para que a chama da tola ignorância não vos domine
quando entre os homens. Tudo procede de Deus e a Ele retorna. Ele é a origem de tudo e
n’Ele todas as coisas findam.”
BAHÁ’U’LLÁH
Para os bahá’ís, acreditar na unidade de Deus significa crer que existe um único Deus
criador, onipotente. Consideram impossível a o ser mortal alcançar o entendimento
pleno de Deus, pois a mente humana é limitada diante da imensidão Dele.
Em cada tempo, Deus falou à humanidade, de acordo com o entendimento e
necessidade dos povos, através de mensageiros chamados de “Manifestantes de Deus”
a fim de despertarem dons espirituais e valores morais. Entre os diversos manifestantes
estavam Abraão, Moisés, Krishna, Zoroastro, Buda, Jesus, Maomé e, no século XIX,
Báb e Bahá’u’lláh. Os bahá’ís chamam esta ideia de “Revelação Progressiva” (Hatcher
e Martin, 2006).
RELIGIÕES E A FÉ BAHA’I
Escrituras
O Kitáb-i-Aqdas (ou Aqdas) é o livro central dos bahaístas, compilado pelo fundador.
Originalmente escrito em árabe al-Kitáb al-Aqdas, “o Livro mais Sagrado” ou “o Livro
das Leis” que reúne orientações religiosas, sociais, éticas, leis e profecias.
Religião x Tolerância
Fé e religião são opostas? São inimigas? Para os Baha’i não. Eles creem e ensinam
que fé e ciência podem e devem andar de mãos dadas. A ciência tem seus métodos e,
assim, haverá uma autêntica paridade com a religião.
A doutrina Baha’i deixa explícito que a ciência pode colaborar com as religiões, já que
vislumbram que o conhecimento é um dom de Deus concedido às pessoas e se a religião
recorre a ela, pode ser uma via para promover a vida e a verdade. (SMITH, 2002, p. 290).
Nos escritos sagrados cristãos, lemos que “a verdade liberta” (E conhecerei a verdade,
e a verdade vos libertará- João 8.32). Essa verdade tem muitas interpretações e, em todo
o caso, Deus é a verdade e a mentira é derivada do maligno.
Os bahá’ís creem que a verdade deve ser buscada livrando-se de toda espécie de
superstição, engano, vaidade ou uma praxe cultural capaz de embasá-la. Deste modo, a
verdade deve ser buscada o equilíbrio da religião com a ciência. Almejam “o estabelecimento
de uma paz universal, permanente, como a meta suprema de toda a humanidade”.
As máximas “Amar a Deus e ao próximo” ou “Deus é amor”, são conhecidos versículos
do Cristianismo, amplamente divulgados. Os Baha’is em suas palavras pretendem irradiar
essa ideia: “E amar a Deus significa amar a tudo e a todos, pois todos provêm de Deus”
(ESSLEMONT, 1984, p. 74). Por causa disso, a paz universal vem da humanidade em
cooperação e é uma meta a ser atingida. Nesse sentido, é necessário o desarmamento das
nações, gradativa, e a consolidação de uma corte internacional de arbitramento (QUIGLEY;
SEARS, 2005, p. 120).
Templos e sacerdócio
Calendário
O calendário Baha’i é solar e conta com 19 meses de 19 dias, e cada mês e dia
recebeu o nome de um traço de Deus.
O dia inicia a cada novo pôr do sol. Os dias que faltam para completar os 365 do
ano são chamados de intercalares, e é nesse período que os seguidores da Fé Bahá’í
começam a se preparar para um jejum de um mês, que precede o Ano-Novo.
O ano inicia-se em 21 de março, início do outono no hemisfério sul e primavera no
hemisfério norte.
Jejum
Por ocasião das celebrações do ano novo Baha’i, nos dias que antecedem, a partir do
dia 2 de março até dia 20 do mesmo mês, acontece o jejum, praticado por fiéis baha’i
saudáveis de 15 a 70 anos. Ficam livres dessa prática gestantes, enfermos, mulheres
nutrizes, mulheres durante a menstruação, pessoas em viagem e trabalhadores em
funções que exijam força.
ANOTE ISSO
Atos fúnebres
SÍMBOLOS
O principal símbolo Baha’i é a Estrela de nove pontas e não existe padrão no traçados,
desde que tenha nove pontas. O número 9 é considerado sagrado por representar a
perfeição. Uma outra interpretação divulgada é que o “9”, são as nove religiões que
manifestaram Deus: o Sabeísmo (uma antiga religião no Reino de Sabá), Hinduísmo,
Judaísmo, Zoroastrismo, Budismo, Cristianismo, Islamismo, Fé Babí e Fé Baha’i.
Símbolo da pedra
Criado pelo filho mais velho de “Glória a Deus” é utilizado em jóias, acessórios, selos
em publicações, pinturas, etc.
A linha inferior é a humanidade; a linha do centro representa os “Manifestantes” e
a superior é Deus; a linha que corta as três linhas é o Espírito Santo que une os três
reinos em que as pessoas podem se aperfeiçoar; as duas estrelas laterais são os dois
“últimos” “Manifestantes” ( os bahá'í: o Bab e Bahá’u’lláh.
O mundo só poderá ser transformado, melhorado, evoluir por meio de ações boas,
do serviço ao próximo, do amor pela humanidade e a justiça social. Esses são os
ensinamentos primordiais da Fé Baha’i, revelados e desdobrados por Bahá’u’lláh.
A TV Cultura, através do programa “Retratos de Fé” nos apresenta testemunhos de
brasileiros adeptos da Fé Baha’i. Acesse: https://tvbrasil.ebc.com.br/retratosdefe/
episodio/fe-bahai-unicidade-e-igualdade
CAPÍTULO 7
HINDUÍSMO
Introdução
Quem é Hindu?
Híndu é o nome de origem persa e refere-se ao rio Indo. Hoje, palavras derivadas
como “indiano” é o nascido na Índia e “hinduísta” ao praticante da religião que é
conhecida como Hinduísmo. Os fiéis hindus denominam a religião de “Sanatana de
Dharma” (Eterna Lei em sânscrito).
Hinduísmo refere-se a várias religiosidades que desenvolveram-se ao longo do
Indo, a partir dos indo-europeus que estabeleceram-se na Índia do Norte, de 1000 e
2000 a.C. (ELIADE, 1993, p. 145-147).
O aparecimento e desenvolvimento podem ser localizados no período em que os
arianos (isto é, os “nobres”) começaram a subjugar o vale do Indo. As crenças desses
grupos estavam entrelaçadas com outras religiões indo-europeias, como a grega, a
romana e a germânica.
Essas informações são descritas nos hinos védicos (da palavra Veda, ou seja,
“conhecimento”), que eram recitados por sacerdotes durante os sacrifícios a seus
muitos deuses. Esse primeiro momento denomina-se de Hinduísmo Védico e, num
segundo momento, com o desenvolvimento, com o culto aos deuses Brahma, Vishnu
e Shiva, estabelece-se o Hinduísmo Bramânico.
Escritos Sagrados
O Hinduísmo não possui uma crença unificada, nem na dogmática e nenhum escrito
único como a Bíblia para o Cristianismo, mas são muitos textos que foram escritos
em sânscrito, um idioma muito antigo da Índia.
O Livro dos Vedas(conhecimento), são uma coletânea com quatro obras das quais
certas partes datam de cerca de 1500 a.C. e são fruto de uma longa tradição oral, ainda
hoje exercida em certas localidades indianas e acreditam os hindus que foram revelados ,
por inspiração divina. Sua forma escrita pode ser localizada entre 1400 e 400 a.C. (ELIADE,
1993, p. 145). É considerada pela história a escritura sagrada mais antiga da humanidade.
Os quatro Vedas são:
• Rigveda, o veda que registra os hinos;
• Yajurveda é o veda dos sacrifícios, com foco em liturgia, rituais e sacrifício;
• Samaveda trata dos cantos rituais;
• Atharvaveda registra o conhecimento de uma antiga classe sacerdotal.
Além disso, recorrem às outras escrituras sagradas como: Upanishads, Bhagavad-
Gita “o canto do senhor”, Ramayana e Mahabharata.
Crenças
Para se ver livre dos sofrimentos (pagamento daquilo que foi feito na encarnação
passada), a pessoa deve ficar livre da ilusão da existência pessoal e física. Através da
ioga e meditação transcendental, a pessoa pode transcender este mundo de ilusões e
atingir a iluminação, a liberação final, o que chamam de Moksha (em sânscrito significa
liberação) e é o final do ciclo de renascimentos. Moksha é a maior esperança de um
hinduísta, alcançar o inexistente.
A Moksha encerra a força exercida pela lei do carma. O carma é o bem e o mal
que a pessoa faz, que determinará como ela renascerá. A trajetória de uma alma é
determinada a partir das ações executadas no cotidiano aqui na Terra.
Castas
Ainda no princípio do século XX, ainda existiam cerca de 3000 castas, porém com
políticas de inclusão as fronteiras entre castas tem se esmaecido (especialmente após
a constituição de 1947), apesar de terem surgido subdivisões e atualmente existem
aproximadamente três mil subcastas não oficiais.
A casta mais rasa do sistema é os “intocáveis” ou “sem casta” (párias), estes exercem
as funções de garis ou curtição de couro. Os indianos que praticam outras religiões
como Cristianismo ou Islamismo não pertencem ou praticam as classificações em
castas (GAARDER, p. 45).
Cultos e devoção
A maioria dos hinduístas devotos têm em casa um recinto ou um pequeno nicho onde
colocam os objetos para devoção (estampas e imagens de um ou mais deuses), em um
altar, e realizam oferendas. Esses momentos são dirigidos por um líder familiar, o chefe
da família. O culto doméstico pode variar nos lares, mas usualmente compõem-se de
sacrifício, oração, recitação de textos sagrados e meditação (ELIADE, 1993, p. 154).
As práticas cúlticas hindu são chamadas “puja” (veneração), às imagens dos deuses
são “murtis” e as orações são os “mantras” (sílabas, frases ou palavras repetidas em
cantos) e O OM (aum) é o mantra mais importante, pois representa Deus .
O diagrama do universo “yantras” (apoio ou instrumento), é uma forma sagrada
para contemplação e meditação. Aos yantras é atribuída uma energia emanada de
divindades que as pessoas podem usar para sintonizar com essa divindade específica
e, assim, estar em contato com ela.
Amostra de yantra
Água
Sacerdotes
Estágios da vida
Desde os tempos antigos a vida dos indianos foi segmentada em quatro estágios
diferentes, que objetivam compreensão, adoração e cumprimento dos deveres da casta.
É um ideal que nem todos estão dispostos a cumprir. Os estágios da vida, repartida em
etapas, são marcados com ritos de passagem chamados “samskaras”. A seguir, os
principais momentos da vida hindu.
Nascimento– O bebê recebe um banho ritualístico, a cabeça é raspada e o “Om”, é
escrito com mel na sua língua. A partir do décimo segundo dia ocorre o “namkaran”, ritual
de escolha do nome.
Terceira idade- Aqui, homens idosos podem adotar o estilo preconizado no quarto
estágio da vida e se tornam peregrinos, em constante romaria o homem idoso passa
a peregrinar sem morada permanente ou posses, tornando-se mendicante. Rompe
com a casta e busca intimidade com o sagrado e autoconhecimento.
Animais sagrados
O elefante, na mitologia hindu, era um ser com asas e brincava com as nuvens.
Apesar de não possuírem mais asas, ainda são amigos das nuvens e podem pedir
chuvas.
Os ratos são a representação de um milagre de Karni Mata (uma encarnação de
Durga) que viveu na região do Rajastão. Uma antiga crença diz que uma criança
foi ressuscitada e assumiu a vida de um rato. A partir daquele momento os seus
descendentes teriam uma breve existência intermediária em ratos até uma próxima
existência humana.
Salvação
A religião não tem uma dogmática fixa e clara quanto a salvação, mas existem muitos
grupos e linhas teológicas com visões que divergem. Os fiéis hindus procuram diversas
maneiras para promover uma evolução mais rápida e sair do ciclo de encarnações.
As práticas vão desde a recitação de mantras, alimentação vegetariana, peregrinações,
vida ascética e yoga, até vias específicas, são as três vias: sacrifício, conhecimento
e devoção.
A via do sacrifício
Descrita nos vedas ainda hoje é parte do cotidiano na prática religiosa. Sacrifícios
e ações de bondade e misericórdia atraem bênçãos e podem desvencilhar do ciclo
das encarnações.
A via do conhecimento
O conhecimento liberta e o conhecimento que traz a salvação é o de que a alma
humana (atmã) e o mundo espiritual (Brahman) são uma coisa só. O atma é uma
parte de todas as coisas, os indivíduos são reflexos dessa única alma universal, o
objetivo é se dissolver no Brahman.
A via da devoção
O Bhagavad Gita, no século III a.C. aponta para uma noção de graça e está muito
presente na vida do indiano médio. Sem obscurecer as tradições, encaminha para
uma compreensão que se uma pessoa serve a Deus de forma espontânea e altruísta,
ela receberá a salvação, ou seja o fim do ciclo de renascimentos.
As peregrinações são práticas recorrentes nas religiões. Para o Hinduísmo, essa prática
é comum e tem seus locais considerados sagrados. Grande parte desses locais
estendem-se às margens do rio Ganges. A cidade mais sagrada é Varanasi (também
conhecida como Benares e Kashi), pois acreditam ser a morada de Shiva. Muitos
hinduístas, quando pensam estar na fase final de suas vidas, dirigem-se até Varanasi
e lá permanecem até a morte, pois creem que se lá morrerem e com suas cinzas
colocadas no Ganges neste ponto, poderão alcançar de forma mais rápida a Moksha.
Acesse: https://www.uol.com.br/nossa/viagem/noticias/2018/04/19/cremacoes-ao-
ar-livre-pessoas-vao-a-esta-cidade-da-india-para-morrer.htm
Festividades
Os hinduístas têm inúmeras festas, muito alegres, como o Diwali e Holi, a festa da
luz em outubro.
Holi
Durga Puja
Acontece entre setembro e outubro nos estados de Assam, Bihar, Jharkhand, Orissa,
Tripura e West Bengal (em Tripura e Bengal é o maior festival do ano com duração de
cinco dias). O festival lembra a vitória de Durga, a Deusa Guerreira, sobre um demônio.
O mesmo festival tem outro nome em outras partes do país: Dussehra.
Ritos fúnebres
Como para as outras religiões até aqui estudadas, a cremação é adotada pelos
hindus, e por outras religiões derivadas, deve-se muito à visão da vida e do corpo
partilhada pelos crentes.
O Hinduísmo prega que o corpo físico é formado por cinco elementos: Fogo, água,
ar, terra e éter. Creem que na cremação, o Senhor Agni, Deus do Fogo, virá para purificar
o cadáver e libertar a alma, que assim pode seguir o seu caminho.
Em relação ao luto, as viúvas são consideradas cidadãs de segunda classe, são
socialmente mortas e são relegadas a um segundo plano nas suas famílias, perdendo
seu lugar, sendo comparadas aos párias. Uma viúva honrada não deve se casar
novamente e devem passar a usar a cor branca. Há cerca de 600 anos, possivelmente
com a invasão islâmica, as viúvas, no intuito de não serem abusadas e torturadas,
iniciaram a tradição do Sati, uma prática suicida de autoimolação, que consistia em
acompanhar os maridos falecidos na pira funerária. Com a dominação britânica sobre
a Índia, o costume foi proibido por lei pelas autoridades em 1829.
Nas zonas urbanas, com as mudanças sociais, algumas práticas mais antigas
têm sido relegadas, como a pira de madeira ao ar livre à beira do rio, em favor de
crematórios, mas ainda é o filho mais velho do falecido que fica responsável por
acender a pira aberta onde será realizada a cremação. Também o crânio é quebrado
para libertar o espírito.
Os falecidos devem ser cremados em pira aberta, antes do pôr do sol. Após cremado,
os restos mortais dos hindus são jogados na água em rios sagrados como o Ganges.
Os “homens santos”, pessoas consideradas puras, como as crianças e mulheres
grávidas que carregam crianças puras, não são cremadas, mas seus corpos são
amarrados a pedras e jogados em rios sagrados.
Símbolos
OM
Trishula
Mandala
Tilaka
Suástica
A suástica “aquilo que conduz ao bem-estar”, foi cooptada pelos grupos nazistas,
mas é símbolo milenar no Hinduísmo representando conceitos da natureza a partir do
número quatro, como os pontos cardeais ou as estações. Nos Vedas ela simboliza
Brahma (o Criador) e no Budismo aparece em imagens de Buda.
AULA 8
BUDISMO
Introdução
O príncipe e o mestre
O iluminado
Após a iluminação, Buda peregrinou por mais de quarenta anos, até a sua morte,
junto aos discípulos, pregando suas descobertas. Acompanhado de cinco de seus
discípulos fundaram a primeira Sangha (comunidade monástica). Em suas pregações
Buda sempre destacou que a capacidade de iluminação é alcançável por qualquer
pessoa.
Budismo possui estreita relação com o Hinduísmo, pois ambas são religiões
“orientais”, e crêem no Carma (ética de causa e efeito), Maya (natureza criativa e
mágica da ilusão), Samsara (a roda de renascimentos, reencarnação). Os budistas
acreditam que o objetivo principal da vida é o de alcançar a “iluminação”, como eles
acham que ela existe (GAARDER, 2000).
As crenças budistas baseiam-se em verdades: a existência humana está relacionada
à dor e a origem da dor é a ignorância e desejo material. Somente eliminando a
ignorância pode levar a superação da dor.
Pecado
Carma
Os ensinamentos do budismo têm como estrutura a ideia de que o ser humano está
condenado a reencarnar infinitamente após a morte e passar sempre pelos sofrimentos
do mundo material. O que a pessoa fez durante a vida será considerado na próxima
vida e assim sucessivamente. Isto é carma.
Deuses
Buda não negou a existência dos deuses, não era um ateu propriamente, mas cria
que não eram eternos, eram impermanentes como as pessoas, estando também
dentro dos ciclos de renascimento.
Contudo, com a expansão do Budismo pela Ásia, houve sincretismo com diversas
religiões. Em vários países existe adoração a espíritos e divindades a fim de auxiliarem
na vida cotidiana.
Dentro dos espaços de adoração e templos do budismo é comum imagens de
Vishnu, Indra e Ganesha, embora com menor destaque do que Buda. Isso contribuiu
para que a filosofia e religiosidade busdista encontrassem receptividade no continente
asiático.
O Budismo, por sua diversidade, não tem uma única posição quanto aos deuses.
Dentros dos ramos estão pessoas ateístas, teístas ou panteístas. O budismo clássico
é não teísta, ele não fala sobre. É importante estar ciente de que o Buda nunca se
considerou um deus ou um ser divino, mas uma pessoa que “mostrava o caminho”
para outras pessoas.
ANOTE ISSO
Nirvana
Alma
Buda ensinou que as pessoas não têm almas individuais, pois o ser individual (ou
ego) é apenas uma ilusão.
Escrituras
Divisões do Budismo
Templos budistas
Até a morte de Buda, seus discípulos não tinham pouso permanente, pois pregavam
por toda a Índia. Após isso surgiram os templos, num primeiro momento, como abrigo
das moções e eram cabanas de madeira.
Da mesma maneira, os monastérios surgiram após a morte de Sidarta. Uma
construção comum são as stupas (relicários) que surgiram para marcar os locais
onde estavam as cinzas de Buda. Após sua cremação, foram espalhadas em oito
locais. Após alguns anos, o Imperador Ashoka Maurya, subdividiu as cinzas e as
colocou em outros lugares da Índia.
Culto
No princípio o culto era a veneração das relíquias do Buda nas stupas. No decorrer
do século I a.C., estátuas e gravuras de Buda começaram a ser reproduzidas.
Um budista piedoso pronuncia a sua confissão chamada “triplo refúgio” ou “três
jóias” em qualquer lugar ou momento. Essa confissão diz: “Procuro refúgio no Buda”,
“Procuro refúgio nos ensinamentos” e “Procuro refúgio na comunidade monástica”.
Buda não foi deus e nem se considerou assim, mas um guia da humanidade. De
acordo com a fé budista, já entrou no nirvana e não pode ver nem recompensar as
ações de ninguém. As suas imagens são para lembrar os seus ensinamentos e
conduzir o budista em sua devoção, meditação e vida religiosa.
Casamento
O casamento não tem caráter sagrado, mas é um contrato, logo monges não oficiam
casamentos. O divórcio não é uma questão religiosa, então não existem regras sobre
isso. Os homens devem ser maridos que respeitam suas esposas e as esposas devem
zelar por seus deveres familiares.
Feriados religiosos
Morte e rituais
SÍMBOLOS
Roda do Dharma
A Roda do Dharma ilustra o nobre caminho , cada raio é uma via do caminho.
Nó infinito
A Flor de Lótus
A Flor de Lótus é uma espécie de flor que nasce na lama e se abre quando é
exposta ao sol. Isso ilustra o ser humano com raízes na dor mas que pode alcançar
a iluminação.
Peixes Dourados
CAPÍTULO 9
JAINISMO E SIKHISMO
Introdução
Crenças
O mundo mais abaixo, subalterno é o Adholoka e é formado por sete infernos, onde
os seres assediados por seres demoníacos. Sob o estado do sétimo inferno está o
alicerce universo, Nigoda, povoado por formas inferiores de vida.
A vida é efêmera e volátil e, conforme o Anekantavada, um conceito de que nada é
absoluto, não existe uma única realidade, mas “A Verdade” existe em muitos aspectos.
Nesse sentido, o conto “A cegueira do ser humano e o elefante” nos aponta essa
compreensão:
Há muitos anos vivia na Índia um rei sábio e muito culto. Ele já havia lido todos os
livros de seu reino. Seus conhecimentos eram numerosos como os grãos de areia
do Rio Ganges.
Muitos súditos e ministros, para agradar o rei, também se aplicaram aos estudos
e às leituras dos velhos livros. Mas, viviam disputando entre si quem era o mais
conhecedor, inteligente e sábio. Cada um se arvorava em ser o dono da verdade e
menosprezava os demais.
O rei se entristecia com essa rivalidade intelectual. Resolveu, então, dar-lhes uma
lição. Chamou-os para que presenciassem uma cena no palácio. Bem no centro da
grande sala do trono estavam alguns belos elefantes. O rei ordenou que os soldados
deixassem entrar um grupo de pessoas cegas de nascença. Obedecendo às ordens
reais, os soldados conduziram as pessoas com deficiência visual para junto dos
elefantes e, guiando-lhes as mãos, mostraram-lhes os animais.
Um dos cegos agarrou a perna de um elefante; a outra segurou a cauda; outro
tocou a barriga; outra, as costas; outro apalpou as orelhas; outra, a presa; outro, a
tromba. O rei pediu que cada um examinasse bem, com as mãos, a parte que lhe
cabia. Em seguida, mandou-os vir à sua presença e perguntou-lhes: – Com que se
parece um elefante? Começou uma discussão acalorada entre as pessoas. Aquele que
agarrou a perna respondeu: – O elefante é como uma coluna roliça e pesada. – Errado!
(interferiu a cega que segurou a cauda) – O elefante é tal qual uma vassoura de cabo
maleável. – Absurdo! (gritou aquele que tocou a barriga) – É uma parede curva e tem
a pele semelhante a um tambor. – Vocês não perceberam nada! (desdenhou a cega
que tocou as costas) – O elefante parece-se com uma mesa abaulada e muito alta.
– Nada disso! (resmungou o que tinha apalpado as orelhas) – É como uma bandeira
arredondada e muito grossa que não para de tremular. – Pois eu não concordo com
nenhum de vocês. (falou alto a cega que examinara a presa) – Ele é comprido, grosso
e pontiagudo, forte e rígido como os chifres. – Lamento dizer que todos vocês estão
errados. (disse com prepotência o que tinha segurado a tromba) – O elefante é como
a serpente, mas flutua no ar. O rei se divertiu com as respostas e, virando-se para seus
súditos e ministros, disse-lhes: – Viram? Cada pessoa disse a sua verdade.
E nenhuma delas responde corretamente a minha pergunta. Mas, se juntarmos
todas as respostas poderemos conhecer a grande verdade. Assim são vocês: cada um
tem a sua parcela de verdade. Se souberem ouvir e compreender a outra pessoa e se
observarem o mundo de diferentes ângulos, chegarão ao conhecimento e à sabedoria.
Cada um dos cegos percebe uma parte do elefante. A parte não representa o todo
e partindo desse pressuposto, a parte não é a totalidade e nem a verdade na íntegra. O
conceito de “Syadvada” diz que a verdade está em tudo, mesmo que em parte, essas
partes são chamados de “Naya”. Segundo o princípio chamado de “Nayavada”, através
das diversas partes da verdade, pode se ter uma visão mais abrangente, isto é Naya.
Os Jainistas evadem-se de qualquer agressão, voluntária ou não, física, moral ou em
pensamento, a qualquer forma de vida, isso é a Ahimsa, a prática da não-violência,
a base de toda atuação do Jainismo e o seu ponto central.
Os comungantes jainistas creem que origem da violência está na posse. Para eles,
por isso sua fé prega o artigo chamado Aparigraha (não-posse), a prática de não
dominar, subjugar algo ou alguém. A posse é oposta ao amor.
Apesar da crença na existência de divindades, em que o céu é localizado muito
acima do mundo material, eles não manifestam-se sobre temas ordinários e podem
renascer. O Jainismo é orientado às pessoas, suas agruras.
Jainistas compartilham com hinduístas e budistas a compreensão de que a alma
reencarna, dentro de um ciclo de renascimentos e que todos sofremos influências do
karma. A alma humana, mônada vital é chamada de Jiva. Jivas são eternos e ligam-
se a qualquer forma, seja humana, animal ou vegetal.
Contudo, o karma é mais do que ação de causa e efeito, mas é como uma substância
que apega-se à alma, o ser vivente, seja humano ou animal, vai tingindo sua mônada
de acordo com suas ações. Uma forma de anular o Karma é a prática da ascese.
As noções de tempo compreendem que este é infinito e cíclico, com ciclos em que
há grande progresso e outros com imenso declínio. Exemplificam essa ideia com a
imagem de uma grande roda com duas porções iguais: uma realiza um movimento
ascendente, que é Utsarpini; a outra um movimento descendente, que é Avasarpini.
Cada uma destas partes da roda divide-se em seis eras ou Ara.
De acordo com os Jainas, estamos no período Avasarpini, um momento infeliz,
complexo e de afastamento dos valores espirituais, iniciado há 2500 anos e que
perdurará ao todos 21 mil anos.
Em cada momento de degradação, surge um Tirthankara que faz a religiosidade
ressurgir como um caminho de libertação e salvação. Tirthankaras (atravessadores
do Vale), considerados almas que alcançaram Moksha, mestres que transmitiram por
muitas gerações o caminho do Jainismo.
Na teologia jainista, existiram 24 Tirthankaras, sendo que o último desses foi
Mahavira. O vigésimo terceiro Tirthankara e penúltimo foi Parshva, que viveu cerca
de três séculos antes do Mahavira.
Escrituras sagradas
Após a morte de Mahavira e logo sua mensagem foi transmitida por tradição oral até
que seus discípulos reuniram seus sermões chamados “Doze Angas” ou Kalpa Sutra
(preceitos), que se tornaram as escrituras sagradas do jainismo. Eles foram fixados
em linguagem Prakrita, cerca de 300 a.C, duzentos anos após a morte de Mahavira.
Seres supremos
Vida e Culto
O culto pode ser realizado nos lares ou no templo. A devoção doméstica dispensa
sacerdotes e é realizada pelo chefe familiar. O objetivo do culto é manter concentração
na contemplação da imagem de um tirthankara., pois a adoração da imagem leva
a uma mudança interior e adquirir as qualidades dos tirthankaras, levando-os à
progressão espiritual.
Os templos são ricamente decorados, com um espaço em que está entronada a
imagem do tirthankara ao qual é dedicado o templo. O culto pode implicar a entoação
silenciosa de um mantra específico, o Panca Namaskara, que é uma preparação ao
início do culto. Após a imagem é ungida com açafrão e ornamentada com flores ou
jóias. Apesar das flores serem vivas, podem ser cortadas para o culto.
Festividades
Símbolo
Sikhismo
O termo “sikh” vem do idioma punjabi e significa “discípulo, aprendiz”. Enquanto que
dentro do Hinduísmo, o guru é um mestre, um guia religioso, para os sikhs, o guru é
“o pesado”, expressando o peso da sabedoria (ELIADE, 1993, p. 152).
O Sikhismo surgiu no século XV, em Punjab, cidade que limita a Índia e o Paquistão
a partir do chamado de Guru Nanak Dev Ji, que significa santidade e respeito. É uma
religião monoteísta com fé firmada em Deus (Guru Sat) que inspirou as pessoas,
especialmente os Dez Gurus, que registraram seus ensinamentos e doutrinas no livro
sagrado dos sikhs, o Guru Granth Sahib, considerado o décimo-primeiro e último Guru.
O Sikhismo buscava, em seu princípio, criar uma religião que agregasse o Islamismo
e o Hinduísmo.
Crenças
Guru Nanak
Guru Nanak Dev Ji nasceu em 1469 e viveu até setembro de 1539. De acordo
com a tradição sikh, Nanak sempre demonstrou interesse pela espiritualidade e ao
banhar-se no rio Kali Bein, por volta de 1499, aos 30 anos de idade, ele teve uma visão
na qual Deus lhe ordenava começar a pregar.
As pessoas imaginaram que ele tinha se afogado no rio, mas três dias após o
desaparecimento, Nanak reapareceu, permanecendo em silêncio. No dia seguinte, ele
declarou: “Não há Hindu nem Muçulmano, mas apenas o homem. Que caminho devo eu
seguir? Seguirei o caminho de Deus. Deus não é Hindu nem Muçulmano e o caminho que
eu sigo é o de Deus”. Guru Nanak viajou por muitos lugares pregando a unicidade de Deus
que vive em cada uma de suas criações e constitui a Verdade eterna. Seus ensinamentos
todos são iguais e castas são desnecessárias (ELIADE, 1993, p. 152).
Ele atraiu muitos seguidores e se tornou o primeiro dos dez gurus. O último guru
foi Gobind Singh, que morreu em 1708. Gobind foi o idealizador do Khalsa como
uma irmandade armada. Ele cria que os sikhs eram ultrajados pelos governantes
da Índia. Desde a sua morte, o guru dos sikhs não é uma pessoa, mas o Adi Granth
(Primeiro Livro), ou Granth Sahib. Incorpora quase 6 mil hinos, canções de louvor a
Deus, compostos por Nanak e outros gurus.
Os dez gurus
Vida e culto.
Os homens sikhs não cortam cabelos, mas os seguram com um turbante, enquanto
que as mulheres utilizam um lenço. Aqueles que cortaram o cabelo ou a barba são
chamados pelos ortodoxos “patit”, (decaídos, renegados).
O grupo conhecido como Khalsa (os “Puros”) é um grupo com votos de lealdade,
inclusive em pegar em armas para defender a fé. Os membros evitam o álcool, o
tabaco e as drogas e se dedicam à oração. Os homens têm sempre uma espada
presa ao cinto.
O rito iniciático do Khalsa, chama-se amrit, bebem a bebida açucarada mexida por
um sabre de dois gumes, recebem o título amritdhari (portador do néctar) e novos
nomes, passando a usar os chamados Cinco “Ks” . As pessoas que não fazem a
iniciação são chamados sahaj hari.
Surgiu em 1699 a partir do Guru Gobind como resistência a perseguições sofridas
pelos mongóis. Originalmente os primeiros cinco membros da Khalsa usavam acessórios
ou costumes que tinham sua primeira letra o “K” do idioma punjabi. Esses são os cinco
“Ks”: Kesh: não cortar os cabelos e nem pêlos, sendo os cabelos apenas amarrados,
cobertos por um turbante, mas lavados diariamente; Kaccha: uma espécie de calção
até altura dos joelhos, usado sob as roupas usado por ambos os sexos; Kirpan: punhal
usado na defesa dos mais fracos; Kara: pulseira de aço que deve ser usada no pulso
direito como uma espécie de “aliança” que representa o compromisso com Deus;
Kangha: pente que simboliza a higiene dos cabelos e autocuidado, de madeira ou
marfim (ELIADE, 1993, p. 153).
Fases da vida
Nascimento
Após o nascimento de uma criança no meio sikh, ela deve ser levada a um
Gurdwara, onde se abre o Guru Granth Sahib, aleatoriamente, a fim de escolher o
nome do bebê. O nome da criança terá a inicial a partir da primeira letra da primeira
palavra da página do lado esquerdo, na parte em que o livro foi aberto. Os homens
sikhs são utilizados tanto para meninos quanto meninas, variando o complemento
Singh (Leão) para meninos e Kaur (Princesa) para meninas.
Juventude
Por volta dos 14 anos, meninos e meninas passam por um rito de iniciação à
comunidade sikh, algo que remete à fundação da Khalsa, em que bebem e são
aspergidos nos olhos e cabelos o Amrit (água doce que representa o néctar da
imortalidade).
Casamento
Morte
Quando um fiel sikh faleceu, seu corpo é lavado e recebe os 5 Ks, sendo conduzido
à cremação logo em seguida. A pira é acesa por um parente e cantam hinos até o
corpo estar pronto para a cremação. Uma oração final é dita momentos antes de se
cremar o corpo. As cinzas são, em geral, depositadas nos rios como o Ganges. O
período de luto pode ocorrer entre 7 a 10 dias.
Festividades
Símbolo
O Khanda é uma espada única ao centro, de dois gumes que simboliza a fé, o Deus
uno e a proteção da comunidade. As duas espadas ao lado representam o poder
espiritual e material. O círculo é uma comunidade unida.
CAPÍTULO 10
RELIGIÕES DO TAO:
CONFUCIONISMO E TAOÍSMO
“Há homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para
recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal
forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem
morrer e morrem como se nunca tivessem vivido”(Confúcio).
Introdução
10.1Confúcio
Os ensinamentos de Confúcio
O sábio Confúcio, tinha como base ética e moral uma variante da Regra Áurea:
“O máximo da amável benevolência é não fazer aos outros aquilo que não gostarias
que eles fizessem a ti”. Ele valorizava a família e o cuidado com as pessoas idosas.
Para o estudioso, a ignorância era a raiz do mal, logo a transmissão e recepção
precisas dos conhecimentos é o caminho para vencer o mal. Nesse sentido, aguçava
os seus seguidores a manter atitudes morais retas, fidelidade aos preceitos nos rituais
e solenidades religiosas, pois estes teriam um lugar importante no equilíbrio social.
O espaço ocupado pelo sujeito social passa pelo posicionamento diante de cinco
relações primordiais com altruísmo, cortesia e respeito:
• entre senhor e servo, implicando em um governante bom e justo e servo fiel;
• entre pai e filho, resultando em uma relação afetuosa entre um pai amoroso e
filho obediente e respeitador;
• entre mais velho e mais jovem;
• entre homem e mulher, em que proporcionalmente o homem deve ser justo e
a mulher submissa;
• e entre amigo e amigo.
Dizer “obrigado” basta para parecer gentil e grato? Para ocidentais as palavras não
são ligadas à posição social ou idade. Na Coreia do Sul, o idioma pauta palavras
específicas para essas condições e não estar adequado pode caracterizar grosseria.
Nesse país, o neoconfucionismo, influenciou e continua a normatizar as relações
sociais, familiares e comunitárias, em que os idosos têm um lugar destacado e
são extremamente respeitados. A partir da matéria da BBC intitulada “O país onde
perguntar a idade dos outros é uma necessidade” de Vivian Song podemos
aproximar um pouco o olhar desta rica cultura. Acesse: https://www.bbc.com/
portuguese/internacional-59775075
Confúcio não era ateu e nem pregou uma vida não-teísta. Acreditava que um ser
sobrenatural o inspirava: “O Céu deu à luz a virtude dentro de mim”. Só que o Céu
para ele era fonte do bem e da inspiração que dirigia para o bem, embora ele não se
pautava por alguma moral religiosa.
O sábio, cria que era um escolhido do Céu para renovar a cultura e atualizar as regras
morais estabelecidas pelos imperadores de outrora. Contudo, ele não esquematizou
seus princípios e não escreveu grande parte de seus ensinamentos. Suas ideias não
se perderam porque seus seguidores registraram-nas após sua morte (GAARDER,2000,
p. 84).
Apesar de Confúcio não estar interessado em assuntos religiosos ou metafísicos, o
primordial, para ele, era que os deuses deviam ser cultuados adequadamente, que os
rituais, os sacrifícios e as cerimônias deviam ser realizados corretamente, pois isso
demonstrava a piedade e devoção filial da pessoa.
Entre as convicções do mestre, o universo e a natureza estão sintonizados, em
harmonia, logo deve ser estendido ao ser humano. Para ensinar este artigo ele fez
releituras de conceitos antigos da China, entre eles, o Tao.
A doutrina do tao ensina que é a harmonia predominante no universo, o equilíbrio
de tudo. A partir dessa harmonia, a sociedade deve constituir-se e, para isso, o interior
humano deve estar consonante com o tao. Dessa sintonia, a pessoa encontrará o Te, o
caminho certo para realizar as ações corretas. A sintonia é alcançada pelo conhecimento,
estudo e entendimento da tradição e dos tempos passados (GAARDER,2000, p. 85).
A sua filosofia e visão de mundo não demonstra preocupação com o além vida,
mas direcionada às relações harmoniosas que deveriam permear famílias e sociedade.
Consta que ele disse: “Mostre respeito pelos deuses, mas mantenha-os à distância”.
E quando lhe perguntaram sobre a vida após a morte, respondeu: “Quando não se
compreende nem sequer a vida, como se pode compreender a morte?”.
O conto abaixo, reflete a crença de Confúcio de que o Estado está em função dos
cidadãos e não o povo para manter a vida dos governantes, bem como ao povo
cabe lealdade. Uma via que leva à mútua colaboração.
“Zhizang procurou Confúcio por toda a China. O país vivia um momento de grande
convulsão social, e ele temia um grave derramamento de sangue.
Encontrou o mestre junto a uma figueira, meditando.
- Mestre, precisamos urgentemente de sua presença no governo - disse Zhizang.
- Estamos à beira do caos.
Através da matéria “Por que o legado do sábio chinês Confúcio atravessou milênios”,
da especialista em História e Política da China Moderna Rana Mitter, podemos
perceber a evolução do Confucionismo ao longo da história e suas consequências
no pensamento chinês. Após toda a influência de variadas ideologias do século
20, o povo chinês busca no passado um núcleo moral e ético para o século 21.
Acesse: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46689589
Culto e rituais
Símbolo
Taoísmo
“Pagai o mal com o bem, porque o amor é vitorioso no ataque e invulnerável na defesa.”
Lao-Tsé.
sobre a vida de Lao-Tsé são muitas e variadas, e os historiadores não têm certeza
sequer se ele de fato existiu (GAARDER,2000 p. 87).
Lao-Tsé, que significa “velho mestre” ou “ancião ``, viveu e trabalhou em Luoyang como
arquivista, quando pode se dedicar ao estudo das escrituras aos seus cuidados. Conforme
a tradição, ele adquiriu sabedoria ao longo de sua vida, através de experiências, o que
o deu caráter de conselheiro muito procurado pela população. Lao-Tsé é considerado
o fundador do taoísmo, durante o “Período dos Estados Guerreiros” (entre os séculos
II e V d.C.).
Crenças do Taoísmo
Podemos classificar o taoísmo em duas linhas principais, o Taoísmo Religioso
(Tao-Chiao) que almeja alcançar o Tao para a imortalidade e, isso, resulta na prática
de meditação, formas litúrgicas, filosofia e alquimia.
Já outra vertente, o Taoísmo como filosofia de vida , em que estão ideias em torno
da saúde, meditação e exercício. Além da escritura Tao Te Ching, que prega o Tao
para governantes, o escrito Chuang Tzu ensina a filosofia e modos de vida para leigos.
O Tao
Para Confúcio, o tao era a suprema ordem do universo, que a humanidade deveria
seguir. Lao-Tse também concebia o tao como a harmonia do mundo, especialmente
do mundo natural. Só que ele foi mais além: o tao é comparado a uma fonte da qual
todas as coisas surgiram, da qual elas jorram.
A diferença mais importante entre a concepção de Lao-Tse sobre o tao e as outras
é que Lao-Tse julgava impossível a descrição através do intelecto, pela lógica humana,
isto é, sendo algo transcendente é impossível ser descrito plenamente pelo imanente
(GAARDER,2000 p. 87).
Deuses e demônios
No Taoísmo a crença é de que os deuses são aqueles que regem tudo em todo o
universo. No contexto chinês existem muitas divindades, contudo as mais populares,
cujas estatuetas podem ser encontradas em muitos lares por sua popularidade, são os
ditos “Três deuses estelares”. Eles são o retrato de todas as virtudes que os chineses
almejam. Eles são:
Fu Hsing, deus da felicidade;
Hsi Wang-Mu
Wu-wei
Um velho fazendeiro trabalhava em seu campo por muitos anos. Um dia seu cavalo
fugiu. Ao saber da notícia, seus vizinhos vieram visitá-lo.—“Que má sorte!” eles disseram
solidariamente.—“Talvez,” o fazendeiro calmamente replicou.
Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três outros cavalos selvagens.
—“Que maravilhoso!” os vizinhos exclamaram. —“Talvez,” replicou o velho homem. No dia
seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna. Os
vizinhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má sorte, uma vez que seu
filho era seu único ajudante naquele difícil trabalho dos campos.
—“Que pena,” disseram. —“Talvez,” respondeu o fazendeiro.
No próximo dia, oficiais militares vieram à vila para convocar todos os jovens ao serviço
obrigatório no exército, que entraria em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava
com a perna quebrada, eles o dispensaram. Os vizinhos congratularam o fazendeiro pela
forma com que as coisas tinham se virado a seu favor. O velho olhou-os e disse suavemente:
“Talvez.”
(Um conto taoista sobre a não-ação. Extraído de Alfredo CARNEIRO. Disponível em:
Taoísmo: o conceito de não-ação.
https://www.netmundi.org/home/2017/taoismo-nao-acao-filosofia/
Acesso em: 14/02/2022.
O taoísmo implica passividade e não atividade. Para um sábio taoísta, a ação mais
importante é a “não ação”, o “wuwei”. Isso obviamente tem uma grande influência em
sua visão da vida comunitária.
Wuwei é um dos conceitos centrais da doutrina taoísta. De maneira genérica, o
Wuwei seria a ideia de que quanto mais deixarmos o mundo seguir seu curso, melhor
será para todos, porque a natureza é sábia. Ao contrário do que possa parecer, a
não ação não corresponde à quietude ou preguiça, mas a um estado de espírito que
permite que o Tao se manifeste em nossas vidas.
Vida e corpo
Filósofos taoístas, além de meditar, evoluíram para “práticas mágicas” e tentavam
descobrir o elixir para a imortalidade. A imortalidade leva à libertação espiritual e a
pessoa que alcança essa realidade é chamado de “chen jen” ou pessoa perfeita.
Dentro da sociedade chinesa, pessoas longevas são extremamente respeitadas e
admiradas por sua sabedoria. Os taoístas creem que exercícios e atividades espirituais
como a meditação, técnicas respiratórias e sexuais, proporcionam uma maior
longevidade (ELIADE, 1993, p. 224).
O corpo humano é encarado como um sistema energético formado por afluência
de de “chi”, a energia vital e o sangue. Esse sistema que é o corpo é transpassado
por canais invisíveis, denominados meridianos.
Na lógica taoísta corpo, mente e ambiente são entrelaçados e, por isso, técnicas
de saúde, medicina e disciplina foram desenvolvidas para manter a saúde do corpo
precisa haver equilíbrio e fluxo do chi.
ANOTE ISSO
Rituais e culto
Lado a lado com o taoísmo filosófico, foi se desenvolvendo uma religião popular
baseada em Lao-Tse mas que também tinha seus próprios deuses, templos, sacerdotes
e monges. Havia rituais complexos, em parte inspirados pela prática budista, com
procissões, oferendas de alimentos aos deuses e cerimônias em honra dos vivos e
dos mortos.
O ritual básico é a oferta (chao). É uma oferenda que pode ser realizada num altar
familiar ou em um templo, em festividades especiais. Os rituais são uma constante
lembrança da harmonia do Tao e o equilíbrio entre céu e terra, a fim de manter
prosperidade na comunidade.
Um daoshi é um sacerdote taoísta que, por vezes pode ter uma vida secular e
outras são eremitas, em ascetismo.
A prática da meditação tem grande valor para os taoístas, pois é meio importante
para se desfazerem do mundo físico, material. Através dela, a pessoa compenetrada,
absorta em um estado de serenidade entra em processo de evolução na vida (ELIADE,
1993, p. 224).
O tai chi chuan é uma prática milenar que nasceu na China como arte marcial, mas
atualmente é mais conhecida como forma de meditação e de atividade física. É
comum encontrar pessoas fazendo movimentos lentos, harmoniosos e circulares
em parques e praças pelas manhãs. De acordo com os ensinamentos do tai chi, os
exercícios permitem que o qi(pronuncia-se “chi”), uma força de energia que vem de
dentro, flua por todo o corpo, proporcionando bem-estar físico e psíquico. Estudos
recentes mostram que a técnica promove grandes melhoras para o corpo e para a
mente.
Festividades
As festividades do taísmo são realizadas em vários momentos durante o ano, pois
incorporam a compreensão de que o cosmo está em constante renovação. A maioria
acontecem na estação do inverno e, algumas estão relacionadas diretamente aos
deuses.
Exemplos de grandes festividades são: Ano Novo Chinês, Festival do barco do
Dragão, Festival do Fantasma, O Festival das Lanternas e o Festival do meio do Outono
(GAARDER, 2000, p. 88).
CAPÍTULO 11
XINTOÍSMO
Introdução
Escritos
O mais antigo registro histórico e mitológico, com as histórias dos deuses, e da
cultura do Japão, o livro conhecido como Kojiki (história das coisas antigas) tem
autoria atribuída a Onu-Yasumaro, por ordem da imperatriz Gemmei, data de 712 e
trata desde o “início do mundo até o ano de 628. Aparentemente as crenças base
xintoístas estão localizadas na era Neolítica, no período Jamon (8000 a.C.- 300 a.C.)
conforme arqueólogos (ELIADE, 1993, p. 237).
As orações, crenças e rituais foram transmitidas de forma oral até cerca do século
VIII d. C. Quando foram compilados em três escritos Kojiki, citado acima, o Nihongi-
crônicas do Japão 720 d. C. , e Yengishiki-hinos e preces, concluído no século X.
O que é a humanidade?
O ser humano é descendente dos deuses, de princípio puro e bom como os ancestrais
divinos. O valor decorre da pureza, a pessoa só encontrará a verdadeira iluminação
em seu estado puro.
A vida na impureza conduz ao sofrimento, gera manchas que atraem espíritos
malignos e desperta a ira dos deuses. Quando uma pessoa pratica algum ato ruim,
é dito que foi influenciada pelo Yomi, a essência negativa do universo, por meio de
entidades maléficas, espíritos que habitam o mundo inferior (NATILI, 1999).
A ideia maniqueísta expressa na separação de bem e mal e do combate das forças
do bem para subjugar o mal é estranha na fé xintoísta, pois o bem e o mal estão
presentes em todos os seres e são deflagrados conforme o caso, a necessidade
(KANEOYA, 2008).
Pecado
A noção de pecado como a conhecemos em religiões abraâmicas é desconhecida no
Xintoísmo. Algo parecido é algo como uma impureza temporária, prega-se a harmonia
com a natureza e a purificação do corpo e da alma e o encaminhamento à luz. Caso
o indivíduo permaneça na prática do mal e não praticando a purificação, certamente
receberão castigos dos kami. Para esses também um possível destino é a fusão ao
Yomi, e, mesmo ali, não existe a noção de castigo eterno, sempre há caminhos ao
perdão e redenção (NATILI, 1999).
Muitas atividades cotidianas, mesmo aquelas de utilidade, trazem acopladas
impurezas, especialmente se houver sangue, como o abate de animais, parto e a
menstruação. Todas essas situações exigem repetidos rituais de purificação.
Os três principais “pecados”, impurezas são as sociais (wazanai), as desgraças que
ocorrem sem responsabilidade direta da pessoa, mas que precisam ser “lavados”, os que
advém das funções (Kegari) que atuam em relação a cadáveres e sangue e pequenas
falhas e imprudências diárias e os Tsumi, as crueldades praticadas voluntariamente.
ANOTE ISSO
Deuses-Kami
Os kami são seres divinos, forças da natureza ou espírito dos ancestrais. De acordo
com ensinamentos antigos, tudo o que era extraordinário era chamado de kami. Eles
podem ser espíritos de guerreiros, grandes poetas, líderes, ancestrais de clãs. Por
essa razão, o número de kami é infinito e, muitos, foram cooptados de religiões como
Taoísmo e Budismo.
No escrito Kojiki, os primeiros kami surgiram nos mais elevados níveis do céu
e estes. Após estes, desce do céu um casal divino, Izanagi (Varão que convida) e
Izanami (Varoa que convida), são os deuses que deram início ao processo da criação
e organização da terra. Eles criaram as ilhas japonesas e ao contraírem matrimônio
criaram o restante do mundo e outros kamis, os rios, mares, árvores, ervas, etc.
A última gestação de Izanami ceifou-lhe a vida ao dar à luz ao deus do fogo, o Kagu
Tsuchi. Furioso e decepcionado, Izanagui mata o filho e desmembra seu corpo em
cinco partes, de onde surgem os cinco kamis da montanha (KANEOYA, 2012, p. 4).
Os deuses regem partes específicas da montanha, que vão desde o pé até o topo.
Vulcões e montanhas são espaços sacros que são reverenciados com muito cuidado
e respeito.
Quase todas as montanhas japonesas são sagradas, pois são as moradas de kami,
e, por isso, existem muitos templos construídos no alto das montanhas. A colina mais
sagrada é o Fuju-yama, morada da deusa do sol nascente Sengen-Sama.
Sengen-Sama é venerada por xintoístas em todo território nipônico que, anualmente,
realizam peregrinações no Monte Fuji. Sua romaria inicia antes do alvorecer e lá
aguardam a aurora.
Monte Fuji
a oeste de Tóquio, a capital do Japão. Em 2013, o monte Fuji foi designado Patrimônio
da Humanidade pela UNESCO.
Os principais e mais populares Kami entre os xintoístas são:
Amaterasu - A kami suprema, a deusa do Sol que governa céu e terra. Crêem que
ensinou o cultivo do arroz e a deusa que instituiu a linhagem real do Japão ao colocar
seu neto Ninigi para governar o país.
Inari - O kami das raposas, representando a fertilidade e prosperidade na lavoura.
Nos locais de culto é comum imagens de pedra em forma de raposa.
Hachiman - O patrono dos guerreiros.
Amaterasu Inari
Hachiman
Santuários e rituais
O xintoísmo destaca-se pelo culto à natureza e aos espíritos ancestrais. Eles são
reverenciados por meio de oferendas e orações realizadas em altares por todo Japão.
O sacerdócio
Culto
Purificação
É pressuposta a purificação diante de qualquer momento cultual. Ela pode ser a
lavagem da boca e das mãos ou pontas dos dedos (o Harae), e quando os fiéis estão
nos templos os sacerdotes movimentam um cajado especial perante pessoas ou
objetos que querem purificar. Na extremidade do cajado estão postas fitas de papel
ou fios de linho, que o tornam semelhante a uma vassoura (GAARDER, 1999, p. 92).
A principal razão de realizar a purificação é eliminar qualquer coisa que seja má ou
injusta e que possa atrapalhar ou impedir a relação com os kamis. A ideia de impureza
está conectada à doença e à morte e tudo que é carnal.
Sacrifício
Exemplos de O-mikuji
Ema O-Fuda
Oração
As preces são expressão de louvor, a exteriorização de piedade do fiel dedicadas aos
kami, evocação das origens do xintoísmo, além de demonstração de sentimentos de
gratidão por sua graça na condução de sua vida. A oração pode ser uma introdução
à prática do sacrifício, com a declaração do nome da pessoa e a realização de um
pedido pessoal.
Refeição sagrada
Quando o culto no templo chega ao seu final, há um Naorai, isto é, a partilha de
uma refeição com os kamis. Nesse momento, o sacerdote distribui a cada presente
uma pequena quantidade de vinho de arroz.
O culto doméstico
Na maioria dos lares xintoístas há um altar (o kamidana), nele estão postos símbolos
e uma vasilha com ramos de sakaki (uma árvore considerada sagrada que representa
prosperidade). Oferendas de água e arroz são realizadas e diversos movimentos e
posições de oração fazem parte do momento. Ao final, todas as oferendas são
recolhidas e consumidas.
ANOTE ISSO
Ritos da vida
Os xintoístas possuem tradições para diversos momentos da vida e em família,
desde o nascimento e até a morte. De forma resumida vemos a seguir este ritos.
Nascimento
A criança que nasce em família xinto é levada ao templo entre 30 e 100 dias de
idade, esse momento é o Hatsumiyamari, um momento de celebração de entrada de
um novo membro à comunidade.
Infância
Costumeiramente o mês de novembro é o momento da festa chamada Shichi-go-
san ( ou seja 7-5-3) em que meninos de cinco anos e meninas de três e sete anos vão
até o santuário para agradecer a proteção dos kami e pedir crescimento feliz.
Juventude
O Dia dos adultos, Seijinshiki, é o rito de passagem que reconhece uma pessoa
jovem como adulta, ocorre em janeiro. Atualmente é a celebração da chegada dos
jovens aos 20 anos.
Casamento
O casamento xintoísta, o Shin- Zen kekkonshiki tem suas cerimônias baseadas em
antigas tradições, mas também nos últimos anos passou por influências ocidentais.
Os casamentos possuem dois formatos: o Omiai Kekkon (casamentos arranjados
por famílias ou agências) e o Ren’ai kekkon (casamento por amor) que teve sua
incidência aumentada após a Segunda Guerra.
Na data do ritual de casamento, o casal dirigem-se para o santuário juntamente com
a família e amigos acompanhados de flautas e tambores. A cerimônia tem momentos
de purificação, momentos simbólicos de união, troca de alianças e bênção do sacerdote
e duas Miko.
Para o xintoísmo nós nascemos com duas almas: uma vem da terra (haku), a
porção material, a outra vem do céu (kon), a origem divina.
Ao morrermos, kon retorna ao céu, já haku é julgada pelos seus feitos e pode ter
vários destinos:
• Servir no inferno, expiando as faltas cometidas. Pagas as dívidas, ou renasce
ou vira demônio.
• Recompensada pelo bem praticado, tornando-se um espírito guardião de lugares,
servir aos deuses ou amparar descendentes
• Poucos tornam-se deuses. Ou vão para o céu ou são designados a realizar
tarefas na Terra.
Esses destinos a alma recebe caso tenha recebido os rituais corretamente. Aqueles
que não receberam os rituais, retornam à Terra como fantasmas e assombram o
mundo mortal(KANEOYA, 2008).
No idioma japonês os ritos funerários são chamados Osoushiki. Os rituais tradicionais
são complexos, com um período de velório e despedida em casa e procissões. A
cremação é a regra e, normalmente, os rituais são oficiados por monges budistas.
Após receberem as cinzas, a família depositará na urna no Butsudan (altar doméstico
budista) até transladar a um túmulo familiar num cemitério.
No Budismo após o falecimento a pessoa deixa de ter o nome que usava em vida
e recebe um nome póstumo, pelo qual passará a ser chamada no outro mundo.
Esse nome é escrito num Ihai, uma espécie de lápide, uma plaqueta de madeira que
simboliza a alma do finado.
Quando a urna cinerária for definitivamente para o jazigo, o ihai e uma foto da
pessoa permanecem no butsudan. Diariamente no início do dia, os familiares devem
orar pelos seus ancestrais diante do butsudan (SATO, 2015).
Festividades
Símbolo
Tori ou Torii, em japonês é traduzido como “morada dos pássaros”, pois ali, os
pássaros descansam. Costuma ser feito madeira e pintados de vermelho, não têm
portas, pois é uma abertura para um estado divino, a passagem do profano para o
sagrado. A partir dessa compreensão, é uma edificação posta à entrada dos templos
do Xintoísmo.
A estrutura do Tori é composta de duas colunas (simbolizando os alicerces que
sustentam o céu) que suportam duas vigas (representando a terra).
CAPÍTULO 12
NOVOS MOVIMENTOS
RELIGIOSOS
Introdução
A importância das igrejas cristãs na vida cotidiana tem decrescido nos últimos anos.
Na Europa templos tem sido vendidos para bares, lojas ou outros estabelecimentos
comerciais. Uma relevante análise é apresentada através da matéria “Avanço do
secularismo é apontado como uma das causas do enfraquecimento da Igreja
Católica” de Itamar Melo, na coluna “Comportamento” do site GZH do grupo de
comunicação RBS. Acesse: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/
noticia/2016/04/avanco-do-secularismo-e-apontado-como-uma-das-causas-do-
enfraquecimento-da-igreja-catolica-5762633.html
Quais as razões para surgirem NMR? A princípio não é algo fácil de responder, e
não parece existir uma única resposta, pois são muitas variáveis que desembocam
neste fenômeno.
Uma possibilidade é o processo de secularização. A secularização, de acordo com
pensadores como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, foi um processo que
desenrolou-se a partir do desenvolvimento científico em diversas áreas o que minguou
gradativamente o controle social das religiões.
O crescente uso da razão para dar sentido ao mundo proporcionalmente desencadeou
a diminuição da relevância religiosa. Esse efeito é denominado por Max Weber de
“processo de desencantamento do mundo”.
Já Durkheim entendia a religião como fato social, logo é impossível o seu final,
isto é, mesmo que a pessoa afaste-se de instituições, revolte-se contra as religiões
oficiais, a ideia do sagrado sempre existirá. Na compreensão de Mariz, para Durkheim:
É possível localizar duas tendências que desenvolvem-se nos NMR: Uma cristã,
através do pentecostalismo e outra do movimento Nova Era. O primeiro rompe com
as coisas seculares, a ordem estabelecida, o “status quo” e “rejeitam o mundo”, já o
segundo leva a uma jornada de evolução no desenvolvimento e encontro do “verdadeiro
eu”(STEIL, 2007).
ANOTE ISSO
Dentro do Cristianismo, a partir da segunda metade do século XIX, houve uma grande
multiplicação de congregações e igrejas, e esse fenômeno estendeu-se durante o século
XX e permanece no XXI. Uma primeira situação que sobressai no âmbito das igrejas
pentecostais é sua alta tendência à divisões em outras igrejas. Uma possibilidade é a
livre interpretação da Bíblia e da facilidade de enxergar no cotidiano sinais da ação e até
dos milagres de Deus na vida do crente.
Diante de discordâncias doutrinais e interpretações bíblicas, surgem grupos que buscam
por mudanças e, num primeiro momento, tentam convencer o grupo original a mudar
paradigmas. Quando as diferenças não se resolvem, ao não ocorrerem mudanças, ocorre
o rompimento, a separação e o surgimento de novas igrejas.
Já o movimento esotérico denominado Nova Era é descentralizado, multifacetado, com
elementos místicos de diferentes tradições e períodos históricos, buscando a felicidade e
evolução individual. Portanto, representam esse movimento, diversos grupos sincréticos.
Em grupos sincréticos possivelmente é a insatisfação com as grandes religiões que leva
a uma ressignificação destas. As Ciências da Religião entendem que os NMR trouxeram
o “reencantamento” do mundo (CAMPOS, 2003, p. 36) ao oferecerem a abertura para
questionamentos e, como fenômeno social, é uma reação à modernidade, ofertando
soluções alternativas e contextualizadas, em oposição às respostas religiosas antigas e
engessadas (BRUSTOLIN, 2016).
A partir dessas perspectivas, a secularização “quebrou” a hegemonia religiosa judaico-
cristã, especialmente no ocidente, e abriu espaço para novas piedades e místicas. O papel
exercido pela religião é transmutado, pois não é mais o alicerce das estruturas e passa
ser escolha pessoal em detrimento às religiosidades antes herdadas pela família.
Astrologia
A astrologia é a crença de que existe uma consequência na existência humana
individual a partir da posição dos astros no momento do nascimento. Para determinar
essas influências, é preciso realizar o estudo do mapa astral.
Ufologia
Parte do esoterismo é a convicção na existência de inteligência em outros
sistemas solares. Acreditam que a Terra é constantemente visitada por esses “seres
extraterrestres”, através de seus OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados, em inglês,
a é UFOs, Unidentified Flying Objects). Somente essas visitas dão sentido a diversos
mistérios da humanidade.
Há uma imensidão de relatos de encontros presenciais com essas criaturas, contudo,
alguns relatam que o contato se deu em sessões espíritas. Nos Estados Unidos, chega
a ter caráter religioso e já são registradas igrejas dedicadas aos extraterrestres em
diversas partes do mundo.
Espiritismo
Pela influência que o Espiritismo exerce sobre outros ramos dos novos movimentos,
cabe destacar e desdobrar um pouco acerca dessa doutrina, suas origens e
desdobramentos.
O Espiritismo manifesta a fé num mundo espiritual e na possibilidade de os
“encarnados” (vivos) comunicam-se com os espíritos “desencarnados”(mortos). Em
sessões específicas a este fim, os chamados médiuns são influenciados a transmitir
mensagens de um determinado espírito. Isso também pode ser feito por meio da
chamada “psicografia”, em que um espírito controla a escrita do médium e dessa
forma se comunica. Podemos destacar duas figuras que representam aspectos dessa
corrente: Alan Kardec e Helena Blavatsky.
O contexto que abriu espaço para Kardec, igualmente foi campo fértil para a teosofia
de Blavatsky, com seus aspectos do ocultismo, doutrinas indianas do carma e da
reencarnação. Em 1875, na cidade de Nova York, a imigrante russa Helena Blavatsky
fundou a Sociedade Teosófica.
A Teosofia é um pensamento religioso e filosófico em que o verdadeiro conhecimento
vem não através da razão ou dos sentidos, mas por intermédio de uma comunhão
direta da alma com a realidade divina.
Neste contexto, enfatizam o comportamento moral do indivíduo e as práticas
ascéticas que servem para a sua purificação e neste ponto a teosofia aproxima-se
da mística. Como resultado desta tendência, a teosofia valorizou as ciências ocultas,
tais como a alquimia e a astrologia.
O típico da Nova Era é o espírito que aspira à verdade religiosa, filosófica e ética, com
elementos das religiões orientais, o espiritismo, as terapias alternativas, a astrologia,
o gnosticismo e outras correntes. Contudo, há algumas crenças comuns que quase
todos os participantes da Nova Era compartilham.
Os grupos identificados como Nova Era ou New Age, não crêem na exclusividade
de um caminho para a salvação, mas em múltiplas maneiras para a iluminação. Há
uma grande ênfase no emocional, no subjetivo, tudo para elevar à paz pessoal. Grupo
que encaixam-se neste movimento são a Fraternidade Rosacruz, a Igreja da Cientologia,
a Sociedade Brasileira da Eubiose e a Sociedade Teosófica do Brasil.
A amostra de uma astrologia popular dos jornais e revistas através da publicação
de suas colunas de horóscopo, tem sido ampliada para uma roupagem de erudição,
ciência, conhecimento e elevação espiritual. Outras práticas divinatórias possíveis são o
tarô, as Runas vikings, o I Chig e a numerologia. São de diferentes origens e, captadas
pelos grupos New Age, são ressignificadas, ampliadas, mescladas ou descartadas
conforme sua aceitação junto ao público.(GUERRIERO , 2016)
Argumenta-se que a medicina alopática, tradicional deve ser complementada ou
substituída pela “homeopatia” ou “naturopatia”, com a assimilação de técnicas como
acupuntura, vibração energética, centros de energia no corpo humano (chakras), etc.
Neopaganismo
O Paganismo foi utilizado para designar práticas e crenças diferentes dos tradicionais.
Diante do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, o paganismo é qualquer atividade
oposta.
O Neopaganismo é um fenômeno religioso que surge como retomada a antigos
cultos da natureza, especialmente após o Romantismo do século XIX, o qual resistia
ao racionalismo, o ceticismo e o cientificismo do final do século XVIII.
O neopaganismo identifica uma gama de movimentos religiosos, particularmente
aqueles influenciados pelas crenças pagãs pré-cristãs da Europa. Principais
características do neopaganismo a destacar:
• O politeísmo;
• Frequentemente, a natureza e as forças dela são consideradas protagonistas
e até mesmo divindades nessas crenças;
• Os rituais procuram ser os mesmos praticados na antiguidade, bem como o
uso de fórmulas mágicas, poções, amuletos, dentre outras práticas;
• A natureza é vista sob os olhos da fé, todos os seres vivos estão inflados do
espírito divino;
• O tempo é medido diferente, o respeito pelos ciclos da natureza é algo importante.
Wicca é uma religião neopagã, amplamente divulgada, fundada pelo inglês Gerald
Gardner, que atualizou práticas ancestrais (chamadas de pagãs) da Grã-Bretanha.
Essa religião crê na existência do sobrenatural (como a magia) e os princípios
físicos e espirituais femininos e masculinos que atuam na natureza. Comemoram
os ciclos da vida e os “sabás”, que ocorrem oito vezes por ano. Não se sabe
oficialmente o número de wiccanos no mundo. Para conhecer um pouco desse
movimento no Brasil, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=UOemyhlqUbw
Movimento pentecostal
Vale do amanhecer
Santo Daime
Mestre Irineu
Como a própria origem e declaração do grupo indica, o Santo Daime tem traços
do cristianismo, especialmente a partir do catolicismo. A Sagrada Família está na
base de suas crenças: Deus é a entidade suprema, Jesus é um modelo a ser seguido
e a Virgem Maria é idolatrada por ter levado a palavra até Irineu. A comunidade deve
manter-se unida em culto e trabalhos para a propagação dos ensinamentos.
O Santo Daime é focado no ritual do chá, que os seguidores acreditam ter o poder de
ampliar a força da consciência. No ritual é de grande importância a música e o entoar
de hinos. Os instrumentos são diversos, especialmente maracás, bongôs e atabaques.
Segundo os seguidores, Irineu considerava o líquido uma forma de encontrar o amor
verdadeiro. Durante o culto, o Daime é ingerido três vezes. Sob seu efeito, a pessoa
teria uma visão mais clara do Universo e respostas para suas angústias e dúvidas.
A vivência do Santo Daime por seus adeptos é uma missão espiritual cristã, que
encaminha os seus praticantes ao perdão, reconciliação e a regeneração do seu
ser. O processo de autoconhecimento e recomeço do adepto inicia ao participar das
celebrações e ingerir o chá, pois, a partir disso, há correção de maneiras erradas de
comportamento e uma evolução.
O uso da ayahuasca está presente em diversos países, faz parte das tradições
indígenas de muitos grupos sul-americanos em rituais religiosos. Apenas no século
XX passou a ser usado por cultos fora desses povos originários. Atualmente, vários
cultos utilizam a ayahuasca. Além do Santo Daime, utilizam o chá o Céu de Maria, a
Porta do Sol e a União do Vegetal.
Por ser uma bebida com efeitos alucinógenos a utilização é amplamente discutida
em vários países. No Brasil, após muitas deliberações das autoridades ao longo de
muitos anos, o Conselho Nacional Antidrogas (CONAD), tirou a planta Ayahuasca da
lista de drogas alucinógenas conforme a portaria publicada no Diário Oficial da União
em 10/11/2004, permitindo o uso ritual.
Em 2006, o CONAD acompanhada de representantes dos cultos que utilizam o chá,
resultou em um documento com os Princípios Deontológicos para o uso religioso da
Ayahuasca, que no entanto, só foi publicado no DOU- Diário Oficial da União em janeiro
de 2010. (https://www.santodaime.org/ Acesso em 25 de jan de 2022)
As religiões Afro-brasileiras
Orixás são entidades enviadas por Olodumaré/Olorum (deus supremo) para auxiliar
na criação do mundo e auxiliar a humanidade nas questões cotidianas. Quase todos
encarnaram como humanos e tiveram vida terrena e outros eram humanos que se
tornaram orixás. No continente africano, cada Orixá estava ligado originalmente a uma
cidade ou a um país inteiro. Os mitos dos orixás encontram-se nos poemas seculares
retidos pelos babalaôs e por eles e pelos babalorixás e yalorixás transmitidos oralmente
ao longo dos séculos (PRANDI, 2001, p. 20).
Para sobreviverem ao período da escravidão, oprimidos fisicamente e religiosamente
pela imposição católica, os africanos e seus descendentes criaram subterfúgios ao
associar os orixás às imagens e datas de celebração dos santos católicos. Resultou
dessa assimilação, alguma influência do Cristianismo Católico e do Kardecismo, assim
como de espiritualidades indígenas.
Essas influências são percebidas no uso das ervas, dos alimentos de oferendas,
nas imagens utilizadas e nas entidades espirituais aqui desenvolvidas, espíritos que
se manifestam nesses cultos, como Caboclos, Pretos velhos, Boiadeiros, Ciganos,
Malandros, etc.
Cada uma das religiões tem seus próprios termos e ritos de iniciação. No candomblé
o período de iniciação é de no mínimo sete anos, se inserem os rituais de passagem,
o aprendizado de rezas, cantigas, línguas sagradas, uso folhas sagradas.
A Umbanda é entendida como “religião brasileira por excelência”, com fortes traços
de sincretismo que combina o Catolicismo, os orixás africanos e os espíritos caboclos.
Formou-se no Rio de Janeiro pelo jovem Zélio Fernandino de Moraes no Rio de Janeiro,
na primeira metade do século XX (GAARDER, 2000, p. 326).
ANOTE ISSO
CAPÍTULO 13
MISTICISMO E ESOTERISMO
Introdução
O que é misticismo?
Misticismo Judeu
Cabala
Outro nome utilizado para designar a Cabala é “Torat ha’Sod”, traduzido por alguns
como “o ensinamento secreto”, contudo a tradução mais adequada é “o ensinamento
do secreto”, o que, naturalmente denota o sentido mais próximo da filosofia.
A prática da Cabala acabou desenvolvendo uma escola de pensamento espiritual
que tenta decifrar o conteúdo da Torá acreditando que os segredos do Universo foram
revelados por Deus, em códigos contidos nos livros, em um sistema de interpretação
baseada na combinação de letras do alfabeto hebraico e possíveis anagramas e
numerações. A cabala também também é entendida como uma filosofia de vida que
orienta aos cabalistas maneiras para vencer dificuldades e evoluir e alcançar a paz
espiritual.
Ao longo dos séculos a cabala foi transmitida oralmente a um número reduzido de
discípulos. Ainda hoje, o seu estudo não é plenamente aceito em algumas vertentes
do Judaísmo. Este caráter esotérico do Judaísmo foi mantido em sigilo durante
longo período, principalmente para as mulheres. Conforme os mitologia judaica, esta
sabedoria milenar foi revelada pelo próprio Criador a Moisés ou, ainda, pelo anjo
Raziel para Adão.
Misticismo cristão
Já o Deus bom, um ser espiritual e supremo, o pai de Jesus Cristo, não tinha
qualquer identificação com o Demiurgo. Sua única intervenção na criação restringiu-
se ao infundir em cada ser humano uma “centelha divina” que os tornava capazes
de despertar e conhecer a verdade. E eis a salvação: as pessoas se libertam dos
sofrimentos terrenos pelo conhecimento, da gnose, que possuíam a centelha divina.
Cristo, seria um mensageiro disse Deus enviado para ensinar a humanidade a
despertar. A maioria acreditava que Cristo não veio em corpo físico e não passou
por fraquezas e emoções humanas.
Os primeiros gnósticos localizam-se entre o século II e o V e, possuíam textos
próprios, distintos. Em 180 d.C Irineu bispo de Lyon desenvolveu uma campanha
antagonista a partir de seu livro “Contra as heresias” sendo finalmente proscritos no
Concílio de Nicéia, chamados de apócrifos e destruídos.
longos períodos adoentada, escondendo a ocorrência de suas visões até que aos 42
anos, em uma das suas visões, recebeu a tarefa divina de escrevê-las. Em suas obras
escreveu de suas experiências místicas de união com Deus e suas observações da
natureza.
Assim como São Bernardo de Clairvaux, Hildegard não acreditava ser possível
encontrar Deus na razão, contudo, seu misticismo não era típico, ele combinava
percepções sensoriais de várias espécies com um conteúdo alegórico-teológico intenso
e profundo.
Hildegard envolveu sua produção literária dentro de uma moldura especificamente
mística, pois o interesse pela natureza, a instrução ética e a teologia não são
necessariamente parte do universo místico e poderiam ter aflorado a partir de sua
experiência acadêmica e/ou pastoral.
Mesmo possuindo traços místicos, para vários autores, destacam os papéis de
profetisa, pregadora, reformadora da Igreja e visionária, que ensinava Deus existe para
aqueles que acham que ele existe e que via as práticas ascéticas extremas como
algo a ser evitado.
Ó gloriosa luz vivente, que vives na divindade!
Anjos que fixais vossos olhos com ardente desejo,
Em meio à mística escuridão que rodeia todas as criaturas,
Sobre aquele de que vossos desejos jamais se podem saturar!
Ó gloriosa alegria, viver em vossa forma e natureza!
Com efeito, sois livres de toda obra do mal,
Embora aquele mal primeiramente tenha aparecido
em vossa companhia,
O anjo caído, que tentou plainar acima de Deus,
E, portanto, aquele deformado foi submerso na ruína.
E, pois, para si mesmo preparou uma queda maior
Mediante suas insinuações àqueles que a mão de Deus fez.
Ó anjos de faces brilhantes, que guardais as pessoas,
Ó vós, arcanjos, que levais as almas justas para o céu,
E vós, ó virtudes e potências, ó principados,
Dominações e tronos, que sois contados secretamente em cinco,
E vós, querubins e serafins, selo dos segredos de Deus,
Louvados sejais, todos vós, que contemplais o coração do Pai,
E vedes o Ancião dos Dias a brotar na fonte,
E seus íntimos poderes aparecerem de seu coração,
semelhantes a uma face.
Tereza Dávila
“Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem
tem Deus nada falta. Só Deus basta.”
Tereza é uma das mais proeminentes autoras sobre a oração mental e sua posição
entre os autores da teologia mística é única. Nascida no dia 28 de março de 1515,
Seus pais, Alonso Sanchez de Cepeda e Beatriz D’Ávila y Ahumada, a instruíram nos
princípios cristãos. Ainda na adolescência Teresa passou por experiências espirituais
místicas, de visões e conversas com Deus.
Foi para o Convento Carmelita da Encarnação de Ávila e registrou toda sua vida
atribulada de tentações e espiritualidade mística em livros como: “O Caminho da
Perfeição”, “As Moradas”, “A Autobiografia”, e outros. Neles ela própria narra como
um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo.
Aos trinta e nove anos ocorreu sua “conversão”. Teve a visão do lugar que a esperaria
no inferno, se não tivesse abandonado suas vaidades. Iniciou a partir daí o seu grande
trabalho de reformista. Em 1560 teve a inspiração de um novo Carmelo, onde se
vivesse sob as regras originais. Dois anos depois fundou o primeiro convento das
Carmelitas Descalças da Regra Primitiva de São José em Ávila, onde foi morar.
Tereza morreu no dia 4 de outubro de 1582, aos 67 anos e foi sepultada em Alba de
Tormes, onde estão suas relíquias. O estado de conservação de seu corpo reforça a aura
de santidade e mística: Seu corpo permanece inteiro, exalando aroma de rosas e seu
coração conservado em um relicário, em Alba, apresenta um ferimento, demonstrando
a marca realizada pelo anjo com sua lança inflamada.
Tereza foi canonizada no dia 27 de setembro de 1970, pelo Papa Paulo Vl, que lhe
conferiu o título de Doutora da Igreja, e sua festa é comemorada no dia 15 de outubro.
Hesicasmo
“Assenta-se.
Cala-te.
Permanece só.
Respira suavemente.
Faz descer tua inteligência ao coração.
Na respiração invoca o Nome.
Abandona os pensamentos.
Sê paciente e repete muitas vezes este exercício. (...) “
Enquanto ele mantém a sua prática com a Oração de Jesus, que se torna automática
e contínua por 24 horas por dia, sete dias por semana, o hesicasta cultiva uma atenção
cuidadosa. O hesicasta deve prestar extrema atenção à consciência de seu mundo
interior e às palavras da Oração de Jesus, não deixando a sua mente viajar de forma
nenhuma.
A repetição pura da Oração de Jesus espelha o entendimento oriental (ortodoxo
e católico oriental) do “mantra” como tendo significado e ação/voz inseparáveis. Ele
ora “com o coração”, com sentidos, refletidos e de fato, e jamais trata a Oração como
sendo apenas uma sequência de sílabas cujo significado real é secundário ou sem
importância.
ANOTE ISSO
Um dos mais tradicionais tipos de música sufista é feito pelos Dervixes, famosos
por suas músicas rápidas e danças agitadas. Dervixes se assemelham aos frades
mendicantes do catolicismo e aos sadhus do Hinduísmo.
A palavra sufismo é derivada do termo árabe suf, que significa lã. Historicamente,
os seguidores do sufismo costumavam vestir apenas lã pura, pois era uma forma
de representarem sua negação aos confortos do mundo. Acredita-se que a prática
surgiu como uma reação ao afastamento da mensagem original da religião, frente à
corrupção e sede de poder e riqueza que se multiplicava entre as classes dirigentes.
Existem algumas posições distintas entre os muçulmanos tradicionais e os sufis.
Além da diferença da meditação, o sufismo discorda no que refere-se à “Noite da
Viagem”, conhecida também como miraj, na qual Maomé, através dos Portões do Céu,
chega à presença de Deus. Para o Islamismo, Maomé realizou a jornada de corpo e
alma, já os sufistas veem o episódio como uma forma de ascensão espiritual interna
(virtual).
Outra diferença do islamismo para o sufismo está na meditação, enquanto os
muçulmanos creem que as cordas vocais e os instrumentos musicais estão ligados
ao demônio, os sufistas utilizam a música para alcançar um estado mental elevado
que se aproxima do contato com Deus.
Esoterismo e Ocultismo
Há outra conotação do termo esotérico, muito mais comum: serve para designar um
conhecimento essencial que só pode ser atingido por meio de técnicas apropriadas.
Como vimos, atualmente, o esoterismo está inserido na Nova Era e recebe a
conotação do conjunto das coisas interiores no indivíduo, ainda de forma oculta, e
que é passível de ser desvendado e alcançado mediante práticas, procedimentos e
estudos, cabendo ao indivíduo a tarefa da descoberta.
Aprender o oculto só será bem sucedido se o aluno observar algumas regras de vida,
bem como a disciplina psicológica. Quanto mais o místico trabalhar para a humanidade,
não guiado por fins individualistas, mais respeitável e eficiente ele se tornará na prática
do ocultismo. Muitos fatos “inexplicáveis” são compreendidos pelos ocultistas. Ou
seja, o que está escondido de uma pessoa torna-se claro para a outra.
As práticas divinatórias, inseridas no conjunto do ocultismo, são percebidas como
instrumentos capazes de fazer desvelar tudo aquilo que está oculto, permitindo ao
indivíduo que o consulta encontrar sua verdadeira natureza e destino.
Misticismo oriental
qualquer cidade. Também existe uma possibilidade de pular de um lugar para o outro
na linha espiral, segundo a sua ação. Quando se atinge o centro, sempre se perde a
sua identidade, mas o que permanece nada mais é do que o centro.
Inúmeros templos são construídos de uma forma redonda ou retangular, colocando
a figura de Deus no centro. Normalmente existem sete portas para se chegar ao
centro, simbolizando purificação de sete elementos que bloqueiam os três caminhos
já citados, começa com a sensualidade e termina com seu próprio corpo. Somente
através do desapego total se consegue chegar ao centro do templo, ou seja, consegue
se unir a Deus.
Yoga ou Ioga
Yoga ou ioga, significa controlar, unir. É um termo de origem sânscrita, uma língua
presente na Índia, em especial na religião hinduísta. Yoga é um conceito é uma filosofia,
que trabalha o corpo e a mente, através de disciplinas tradicionais de quem a pratica.
O yoga pode ser entendido, então, como um aspecto “popular” da contemplação
mística. Ao contrário do mundo grego, onde o conhecimento era um fim em si mesmo,
para o hindu ele era um meio. Yoga é relacionada ao budismo e ao hinduísmo, com
práticas como exercícios e meditação para trabalhar a parte física e também a mente.
Yoga é uma filosofia de vida que tem sua origem na Índia, há mais de 5000 anos, e
atualmente é conhecido não apenas como uma filosofia de vida, mas também como
sistema holístico que trabalha o corpo e a mente ao mesmo tempo.
A yoga trabalha as emoções, ajuda as pessoas a agir de acordo com seus pensamentos
e sentimentos, além de trazer um profundo relaxamento, concentração, tranqüilidade
mental, fortalecimento do corpo físico e o desenvolvimento da flexibilidade.
I Ching
O I Ching baseia-se na ideia de mutação contínua que é dirigida por forças cósmicas
yin e yang. Yin é o princípio passivo e feminino, já yang é o princípio ativo e masculino.
Yin é o princípio passivo e feminino enquanto yang é o princípio ativo e masculino.
O livro é bastante utilizado no país como fonte de sabedoria, além de ser consultado
como oráculo por filósofos, religiosos, eruditos e até mesmo psicanalistas, como é o
caso de Carl Jung que o utilizava nas análises que realizava.
Feng shui
Na China antiga, Feng Shui foi usado pela primeira vez para localizar os locais
mais auspiciosos para enterrar ancestrais e encontrar os locais mais favoráveis
para construir palácios, monumentos e prédios do governo. Os chineses focaram
nas influências invisíveis de energia porque eles sentiram que suas vidas estavam
intimamente relacionadas ao seu ambiente.
O feng-shui praticado atualmente deriva de duas antigas escolas, ou tradições –
a da Bússola e a das Formas – que se fundiram por volta do século 3. O sistema
cresceu dentro da chamada Escola Yin-Yang de filosofia chinesa, e por conta disso
desenvolveu ligações com os trigramas do oráculo I-Ching e com o sistema de cinco
elementos do misticismo chinês: metal, madeira, terra, fogo e água.
Feng shui é uma antiga arte chinesa de colocação. O princípio básico é que a força
vital de energia, ch´i (pronuncia-se tchi), ou energia vital. Suas teorias são baseadas
no pensamento máximo chinês, o I Ching, juntamente com as leis do yin yang e cinco
elementos – vitais em toda a cultura chinesa.
Portanto, para se estudar mais profundamente o Feng Shui, deve-se ter em mente,
que um estudo aprimorado e profundo dos 64 hexagramas do I Ching se faz necessário,
e também as leis do yin yang e os cinco elementos e seus relacionamentos.
CAPÍTULO 14
CONCEPÇÕES DE VIDA E ÉTICA
Introdução
Anônimo
Moral e ética
O que é moral?
A moral é um conjunto de hábitos e costumes de uma sociedade, é uma conduta
social que vale por um determinado período de tempo. Elas variam de uma sociedade
a outra. Algumas vezes, a moral social é influenciada pela religião.
Exemplos:
Há alguns anos, no Brasil, era imoral a separação de casais e o divórcio era impossível.
Hoje é legal e não é mais um tabu.
Há alguns anos era moralmente aceito e legal a escravidão de africanos
Há alguns anos as mulheres poderiam ser “devolvidas” e o casamento anulado
caso não fosse virgem. Isso estava de acordo com a moral e com a lei.
O que é ética?
Ética da reciprocidade
“Como se a máxima da tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal
da natureza” Kant
Zoroastrismo: A natureza é boa somente quando não faz aos outros o que quer
que não seja bom para si mesmo. Dadistan-i-Dinik 94:5(por volta de 700 a.C)
Taoísmo: Olha o ganho do teu vizinho como o teu próprio ganho, e a perda do teu
vizinho como a tua própria perda. T’ai Shang Kan Ying P’ien.
O sábio não tem interesse próprio, mas toma os interesses de seu povo como
seus. Ele é bom com o bom; é igualmente bom com o mau, pois a virtude é boa. Ele
é crente com o crente; é também crente com o descrente, pois a virtude é crente. Dao
de Jing, cap. 49 (por volta de 600 a.C)
Confucionismo: O que tu não desejas para ti, não estendas aos outros. Confúcio
(por volta de 551-479 a.C)
Judaísmo: Tu não te vingarás, ou não levarás nenhuma queixa contra os filhos
de teu povo, amarás teu próximo como a ti mesmo: Eu sou o senhor. Torá, Levítico
19;18 (538-332 a.C)
Hinduísmo: Este é o resumo do dever: Não faças aos outros o que não queres que
te façam. Mahabarata (5:15:17) (500 a.C)
Budismo: Não fira os outros com o que tu mesmo acharias doloroso. Udana-Varga
5:18 (500 a.C)
Jainismo: Nada que respire, que exista, que viva, ou que tenha a essência ou o
potencial da vida deve ser destruído ou dirigido, subjugado ou ferido, ou negada sua
essência ou seu potencial. Para reforçar esta verdade, proponho-vos uma questão:
o desespero ou a dor são alguma coisa desejável para vós? Se responderdes sim,
seria uma mentira. Se responderdes não, dizeis a verdade. Da mesma forma que o
desespero e a dor não são desejáveis para vós, também não são para tudo o que
respira, ou existe, vive ou tem a essência da vida.
Cristianismo: Amarás teu próximo com a ti mesmo. Fazei aos homens tudo o
quereríeis que vos fosse feito; porque aí está a lei e os profetas. (Mt. 22: 36-40; Mt.
7:12, Luc 6:31, 10:27).
Islamismo: Nenhum dentre vós crê realmente enquanto não desejar para seu irmão
o que deseja para si mesmo. (Maomé, 570-632, Hadith 13 de al-Nawawi).
Ética e alteridade.
“não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões.
Não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo entre as
religiões. Não haverá diálogo entre as religiões, se não existirem
padrões éticos globais”.
Para Küng, apesar das diferenças e conflitos entre as religiões, elas encontram-se em
um processo de reflexão de novos paradigmas sobre a vida, com um desenvolvimento
positivo dos processos de humanização. Ele retoma, assim, a Declaração da “Conferência
Mundial das Religiões pela Paz” em Kyoto (Japão), em 1970:
Vimos durante o nosso estudo que algumas religiões têm ensinamentos bem
específicos no tocante ao cuidado com a natureza por entender que a divindade está
presente em toda ela, tudo e todos os lugares são sagrados.
CAPÍTULO 15
CONCLUSÕES/APANHADO
GERAL/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Introdução
Após conhecermos alguns aspectos das principais religiões mundiais, bem como
expressões nacionais, pudemos perceber algumas diferenças gritantes, mas também
muitas similaridades. Neste último ponto de nosso curso faremos nossas considerações
finais.
As religiões trazem suas compreensões de princípio de vida, morte, salvação, pecado
e destino da alma. Possuem seus símbolos, locais sagrados, práticas alimentares
ou vestimentas. Exercem palavras e cumprimentos especiais que são tanto uma
identificação comunitária quanto um testemunho religioso. Essas práticas e sua ética
diante da tomada de decisões ou vida cotidiana estão baseadas em seus mestres e,
algumas, registradas em escrituras, outras guardadas na memória pela tradição oral.
No Brasil, uma terra que recebeu múltiplas culturas, a base religiosa é fundamentada
em três matrizes religiosas principais: Matriz cristã, matriz africana e matriz indígena.
Somado a essas matrizes, nos últimos anos, o contato com movimentos religiosos
diversos a partir da facilidade de comunicação ou pela intencionalidade, ampliou o
fenômeno da religiosidade popular brasileira.
Vimos que são realizados muitos ritos e rituais litúrgicos, de iniciação ou passagem,
festivos ou celebrativos, mortuários, divinatórios, entre outros. O culto evangélico, a
missa católica, os grupos de oração, o puja, etc.
Nos rituais de passagem as pessoas celebram a mudança de uma fase da vida
para outra, como o batismo faz com que as pessoas tornem-se filhos de Deus, o
casamento, o Bar Mitzvah e Bat Mitzvah dos judeus e a feitura nos cultos afro.
As diferentes tradições religiosas incluíram vários elementos simbólicos aos seus
rituais, tais como: água, fogo, erva, flor, incenso, a prece, a dança, os gestos, o cantos,
a música, o vestuário, a recitação de orações ou palavras sagradas, são também itens
importantes presentes no cotidiano dos fiéis.
Hinduísmo
O fogo é um símbolo muito poderoso para o Hinduísmo, pois acreditam que o seu
calor transmite bênçãos de Deus e representa também a consciência material. Em
algumas festas religiosas do Hinduísmo encontramos o fogo como representação
simbólica, um exemplo é a festa Divali (significa fileira das luzes), considerada a festa
da luz no mês de outubro. Nela são acesas lamparinas de óleo que são queimadas no
beiral das janelas e das imagens dos Deuses, celebrando assim o dia do Ano Novo.
Outra comemoração é a Holi, também conhecida como festival das cores, que
celebra a chegada da primavera numa grande festa com fogueira em honra à Kama,
Deus do amor. O ritual do fogo também aparece nas celebrações de casamento dos
hindus, em que temos como símbolo o fogo sagrado, é quando o casal oferece arroz
e manteiga ao fogo, representando a igualdade de direitos e deveres.
Somente quando o casal dá as quatro voltas ao redor do fogo sagrado é que são
considerados marido e mulher, pois esse momento é conhecido como mangal fera
(ciclo da vida). Para o hinduísmo esse ritual das quatro voltas ao redor do fogo sagrado
é importante, pois representa: dharma (religião, dever e retidão), artha (prosperidade),
kama (energia e paixão) e moksha (libertação).
Islamismo
Judaísmo
Cristianismo
Zoroastrismo
ROUPAS
ALIMENTOS SAGRADOS
Nas diversas crenças e religiões dos povos são usados alimentos considerados
sagrados ou mesmo o jejum tem seus aspectos de santidade e reverência ao divino.
As práticas cada vez mais comuns do veganismo o vegetarianismo fazem parte da
ética de cuidado com a natureza ao não causar sofrimento aos seres vivos.
Nos cultos das tradições religiosas de origem africana, comidas são sagradas,
muito especiais dedicadas aos orixás e entidades, como o acarajé, caruru, abará e
vatapá que fazem parte de suas cerimônias ou rituais do candomblé.
Em algumas tradições religiosas do Oriente como Xintoísmo, Hinduísmo, Budismo
as ofertas são de arroz, frutas, bolos e tantas guloseimas. No Xinto a refeição sagrada
ocorre por ocasião do término do culto no templo , há um Naorai, isto é, a partilha de
uma refeição com os kamis. Nesse momento, o sacerdote distribui a cada presente
uma pequena quantidade de vinho de arroz.
Entre os seguidores do Judaísmo, as festas religiosas são celebradas com alimentos
puros preparados com muito esmero, pães ázimos, cordeiro assado e vinho sem
fermentação, são os alimentos kosher.
No Cristianismo, desde a sua origem, pão e vinho estão presentes em seus cultos
de comunhão, que após consagrados na Eucaristia ou Ceia do Senhor são repartidos
entre os fiéis.
Hinduísmo
O Rei dos Oceanos, muito forte e poderoso, conseguiu massacrar todos os demônios da
Terra. Certa vez ele fazia um ritual de sacrifício de um cavalo para proclamar sua supremacia
sobre outros Deuses. Então Indra, o Deus da Chuva, ficou com medo de perder seu poder,
roubou o cavalo do Rei dos Oceanos e o amarrou ao lado de Kapil, um sábio que meditava.
O Rei dos Oceanos mandou seus 60 mil filhos procurarem o cavalo. E eles assim o fizeram.
Encontraram o cavalo ao lado do sábio que meditava. Pensaram ter encontrado o ladrão e
conspiraram contra ele. Ao sair de sua meditação Kapil viu que iriam lhe fazer mal, então
reduziu os 60 mil filhos do Rei dos Oceanos a cinzas. O neto do Rei correu para contar ao
avô o que aconteceu. Ele se chamava Anshuman, e foi ele quem trouxe o cavalo de volta.
Bem, o único jeito para que os filhos do Rei chegassem até a abóbada celeste seria se
Ganges descesse do céu até a terra, para que as águas pudessem purificar as cinzas de
seus filhos. Mas Anshuman não conseguiu e então foi até o Himalaia e começou a meditar.
Foi aí que Ganges (a Deusa Ganga) lhe apareceu em seu corpo físico e concordou em descer
até a Terra desde que alguém pudesse amortecer o impacto de sua poderosa queda, pois
ele era tão forte e imenso que toda a Terra poderia ser destruída pelo impacto. Então o
neto do Rei dos Oceanos implorou para que Deus Shiva suavizasse o impacto da descida
do Ganges usando seus próprios cabelos. Assim foi... e o Ganges desceu pelos cabelos
de Shiva até o lugar onde estavam as cinzas dos 60 mil filhos. Deste modo, purificou suas
almas e abriu o caminho deles para chegarem aos céus.
para os céus. O Ganges é “feminino”, a Mãe Ganga e sua água é bebida é tida como
“benta” para diversos rituais.
Islamismo
Ó vós que sois crentes! Quando vos dispuserdes à Oração, lavai o rosto e as mãos
até os cotovelos! Passai a mão pela cabeça e os pés até os tornozelos! Se estais sujos,
purificai-vos!... e, se não encontrardes água, recorrei a boa areia e passai-a sobre o
rosto e as mãos! (Corão)
Como parte das práticas espirituais muçulmanas, está a salat, cinco vezes ao dia.
Contudo, precisam estar ritualmente limpos, por isso, nas mesquitas há áreas especiais,
chamadas de áreas de lavagens ou abluções, onde os fiéis muitas vezes banham o
corpo inteiro ou então lavam os pés, as mãos, a boca, o rosto e os antebraços. Se a
pessoa estiver num local onde o uso da água não é aconselhável (porque pode causar
uma doença), pode substituir as abluções pelo uso da areia ou terra.
Para os muçulmanos, o Corão não deve ser tocado com as mãos sujas e espírito
impuro, é necessário que se lave as mãos com água ou areia.
Cultos afro
Iemanjá, orixá feminino, representada pela água, é considerada a mãe dos orixás e
de todos os que acreditam. Seu culto vem da atual Nigéria, mas em Luanda, Angola,
a divindade conhecida como Kiandra recebe homenagens de oferendas no mar, assim
como no Brasil.
As homenagens para Iemanjá, no Brasil, acontecem em datas diferentes, dependendo
da região. A mais conhecida é na passagem do dia 31 de dezembro para 1º de janeiro.
Nesse dia, os que acreditam levam flores e perfumes, pulam sete ondas e tomam
banho de champanhe.
Em Salvador, no dia 2 de fevereiro, se realiza a maior cerimônia do Candomblé
para a grande mãe dos orixás, onde depositam variedades de oferendas, tais como
espelhos, comidas, jóias, perfumes entre outros.
Outra grande festa ocorreu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também em 2 de
fevereiro, identificada com Nossa Senhora dos Navegantes. A festa católica acontece
na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, enquanto os
Cristianismo
Dentro das religiões e tradições existem palavras que fazem parte da vivência da
espiritualidade, elas representam concordância, desejo de paz, de amor, de bênçãos
ou de oração contínua. Algumas dessas palavras já ultrapassaram fronteiras religiosas
ou culturais.
No que refere-se à paz, temos as palavras Shanti: significa “paz” para os hindus.
Para o Islamismo temos a expressão “Salaam Aleikum” ou “As-Salamu Alaikum” (Que
a paz esteja sobre vós). A resposta para essa saudação é “Aalaikum As-Salaam” ( e
sobre vós a paz). No Judaísmo temos uma expressão parecida, o desejo Shalom “paz”
em hebraico e a resposta “Shalom Aleichem” .
Expressões originalmente hebraicas estão entre as igrejas cristãs: Amém, Aleluia
e Hosana.
Aleluia soma “hallal” (que significa louvor), mais “yah” (que significa YAHWEH, de
forma abreviada), significando “louvor ao Senhor”.
Hosana é do hebraico, e significa “Salva-nos, te imploramos”, ou “te imploro”. Hosana
nas alturas é uma oração a Deus, e significa: “Salva-nos agora, ó Tu que habitas nas
maiores alturas”.
Amém é a palavra empregada no fim de várias orações, não apenas no Cristianismo,
mas também no Islamismo e Judaísmo. Pode ser traduzido, do hebraico, para “assim
seja”, como forma de confirmar que os fiéis acreditam em tudo que está sendo falado,
que é tudo verdade.
No que tange ao reconhecimento da força vital ou força criadora temos a tradição
orintal do uso do Om, o som primordial, o som da criação, utilizado em simbologia e
nos mantras, especialmente hindus. Nesse sentido, temos nas religiões afro-brasileiras
usam constantemente a saudação “Axé”, a energia ou força vital em tudo.
De uso corrente entre praticantes de Yoga, a palavra “Namastê” tem sua origem na
Índia e é prática hindus, sikh, jainista e budista. Namastê é uma palavra originária do
sânscrito, que significa “curvo-me perante a ti” e é a forma mais digna de cumprimento
de um ser humano para outro.
Em um sentido mais amplo, o namastê significa “o Deus que habita no meu coração,
saúda o Deus que habita no seu coração”.
DESTINO DA ALMA
o seu espírito vinculado à família, ao clã, ajudando mesmo após a sua morte aqueles
que ele ama. Nesse novo status o espírito protege e influencia os vivos. A morte lhes
trouxe ampliação de percepção e conhecimento.
A certeza dessa vida no mundo espiritual do ancestral é tida através de comunicação
em sonhos ou transes. A família realiza sacrifícios e oferendas em favor desses
ancestrais para que sua existência esteja garantida, para que não deixem de existir.
Para algumas religiões africanas, o ser volta aos antepassados, aos ancestrais, e
cada criança que nasce é um ancestral que retorna.
No Xintoísmo pessoas de destaque, ancestrais podem ser kami, uma ideia parecida
com a dos cultos afro brasileiros em que pombagiras, exus, caboclos, pretos velhos
são espíritos de ancestrais que guiam o presente e também não são onipotentes.
Entre as religiões orientais que cultuam os antepassados temos além do Xintoísmo,
o Confucionismo, a Igreja Messiânica e o Seicho-no-iê.
ANOTE ISSO
Para muitos dos cultos de origem africana não há uma busca de salvação
individual para o além ou iluminação para o transcendente, mas a “salvação” é no
agora, no imanente numa vida-longa, boa, alegre, próspera, em harmonia e que
desfruta das melhores coisas em sua plenitude. As oferendas dedicadas aos orixás
revigoram a dinâmica de trocas entre o aiyê (terra) e o orun (céu) e debilitam forças
malignas. A vida contida no sangue de um animal, que foi consagrado, faz o axé
fluir e estreita relação com os orixás. (SIQUEIRA, 2009, p. 45).
Hoje, as religiões mais numerosas no mundo têm sua compreensão sobre a
Ressurreição. Os seguidores do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo, assim
como também o Zoroastrismo, creem na ressurreição, porém com concepções e
características particulares. Ressurreição ou anastase é o entendimento que uma
pessoa volta a ter vida, ressuscita para uma vida nova, não mais terrena, mas sim
espiritual, num ambiente chamado de céu, ou de inferno. A ressurreição é o corpo
animado pela alma que volta à vida.
Reencarnação, ter carne de novo, voltar à carne, voltar a viver. Para o Budismo,
o Espiritismo e algumas outras religiões, reencarnar é meio de atingir perfeição e
salvação. Uma variante da reencarnação é a transmigração de almas, para o
Hinduísmo, a alma transmigra, passa de um corpo ao outro, humano ou não.
O Niilismo (Nada) não segue nenhuma doutrina religiosa. A morte é considerada o
fim de tudo. Entendem que ao morrer voltarão para o lugar de onde vieram antes de
nascer, ou seja, ao universo, enquanto átomo integrado no todo.
RELIGIOSIDADE POPULAR
elite, com aspectos formais, abstratos e com ortodoxia, isto é, tudo bem certinho no
seu lugar. Na “religiosidade popular” coexistem as crenças, práticas, rituais, narrativas
e símbolos originários de múltiplas fontes alheias à fé oficial e pública.
Até o final do século XX o Brasil não era uma nação pautada pela laicidade. A
laicidade de um Estado não significa que ele é contra a religião, mas um conceito
central para o debate sobre o lugar que a religião deve ocupar no espaço público,
ANOTE ISSO
CONCLUSÃO
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
FILME
Luther
Data de Estreia: 26/09/2003
Estreia DVD: 12/11/2004
Gênero: Biografia , Drama , História
Duração: 123 min
Origem: Estados Unidos
Direção: Eric Till
Roteiro: Bart Gavigan , Camille Thomasson
Distribuidor: R.S. Entertainment
Classificação: 14 anos
Ano: 2003
WEB
O pequeno buda
https://www.youtube.com/watch?v=jVoiMiYutFs
A série Retratos de Fé oferece uma oportunidade para que os grupos religiosos possam
transmitir a sua mensagem de fé e expressar o sagrado de sua doutrina de forma
direta, sem nenhum tipo de mediação, interferência ou proselitismo. A cada episódio, o
programa abre espaço para que um determinado credo possa se expressar livremente
Prime vídeo
Deuses americanos é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que
tornou o romance de Neil Gaiman, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico
imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos
e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução.
A saga de Deuses americanos é contada ao longo da jornada de Shadow Moon, um
ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo
é voltar para casa e para a esposa, Laura. Os planos de Shadow se transformam em
poeira quando ele descobre que Laura morreu em um acidente de carro. Sem lar, sem
emprego e sem rumo, ele conhece Wednesday, um homem de olhar enigmático que
está sempre com um sorriso no rosto, embora pareça nunca achar graça de nada.
Exu rei
Divindade africana que aportou no Brasil junto aos negros, Exu é conhecido como
o orixá da comunicação, guardião das ruas e do comportamento humano. O curta
metragem de não-ficão Exu Rei dialoga com a influência desse arquétipo pela cultura
negra a e sua assimilação pela arte brasileira. Em seu subtexto, o filme homenageia
um de nossos grandes ativistas da causa negra - o ator, poeta, dramaturgo e político
- Abdias do Nascimento. O posicionamento do documentário procura incorporar o
espírito de luta, expressivo e inquieto de Abdias: elo onipresente entre personagens,
imagens e sons do filme.
https://www.youtube.com/watch?v=tIIqqtve-cI
REFERÊNCIAS
MAUSS, Marcel. “As técnicas corporais”. In: Sociologia e Antropologia. vol. 2. São
Paulo: E.P.U./EDUSP, 1974.
GAARDER, J. O livro das religiões. (trad. Isa Mara Lando). São Paulo: Companhia
das Letras, 2000
ROSA, J. G. Grande sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1. ed., 1994.
PRANDI, . Mitologia dos orixás, São Paulo, Companhia das Letras, 2001,