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Sueli Rossini
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All content following this page was uploaded by Luiza Elena Leite Ribeiro do Valle on 28 May 2017.
O Sono sempre foi alvo dos interesses humanos em busca de sua compreensão. Os
contam sobre mensagens proféticas em sonhos, como no Egito antigo, quando José previu
as pragas que se abateriam sobre o povo. Assim, também, foi comunicado por mensagens
oníricas que Jesus nasceria. Ainda nos séculos que precederam o nascimento de Cristo, o
filósofo Aristóteles propôs que os sonhos eram reflexo do estado do corpo e traziam
informações sobre saúde, merecendo ser investigado pelos médicos, como fez Hipócrates, o
pai da Medicina. No século XVII, o filósofo alemão Johann Fichte defendeu que os sonhos
conteúdo sexual que Freud atribuiu aos sonhos, sugeriu a existência de um “inconsciente
significados semelhantes.
início em 1972 e o que se almeja é que esses conhecimentos adquiridos nessas pesquisas
pelo desempenho físico e mental de uma pessoa, capaz de influir na coordenação motora,
insuficiente, com aumento de tensão causado pelo excesso de energia despendido para a
maior risco e propensão para doenças crônicas, inevitavelmente, relacionadas ao sono, que
relacional diário.
pesquisas e por ações interdisciplinares que permitam alcançar as pessoas que serão
silenciosos que se manifestam no sono que, muitas vezes, só são percebidos através de
distúrbios de sono, sem que o doente se dê conta da verdadeira causa e sem que sejam
encaminhados para o exame ou tratamento especializado. Este livro é um convite para que
você conheça os trabalhos que tratam do assunto e desenvolva outros, contribuindo para a
existem, mas precisam de recomendação especializada para sua utilização ou não, como se
Se dormir não é um ato passivo, mas uma atividade elaborada e restauradora, saber
sobre a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) e consequências clínicas
gerais e psiquiátricas é indispensável para aprender os detalhes sobre esse
comprometimento, sua incidência e tratamento; mais ainda, você irá ler em Apnéia
Obstrutiva do Sono - tratamento Cirúrgico X CPAP.
A Narcolepsia fala sobre esse problema de sono, frequente e desagradável. As
Atualizações em Síndrome das Pernas Inquietas irá abordar os mais recentes estudos
sobre essa patologia.
A Abordagem metodológica do estudo neuropsicológico cognitivo do sono trata da
aprendizagem e saber lidar com esse assunto desde cedo é uma efetiva maneira de
prevenção de tantos outros distúrbios decorrentes dessa falha, que com tanta clareza e
experiência indica o procedimento correto para promover um sono saudável desde cedo. A
Insônia em bebês: implicações com a relação materna orienta esse relacionamento que é
pesquisando e divulgando seus trabalhos para alcançar essa finalidade. Esse é o nosso
sonho!
Adriana Lima
Psicóloga. Mestre em Ciências pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP). Membro do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do
Sono do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Célia Rocha
Psicóloga. Mestre e Doutoranda em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da
Universidade de Campinas (UNICAMP).Membro do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do
Sono do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP.
Eduard Estivill
Pediatra e Neurofisiologista Diretor da Clínica del Sueño “Dr. Estivill”, USP, Instituto
Universitario Dexeus, Barcelona, Espanha.
Priscila Junqueira
Psicóloga. Mestranda em Ciências no Departamento de Neurologia da FMUSP. Membro do
Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono do HCFMUSP.
Rubens Reimão
Médico Neurologista. Professor Livre-docente da Divisão de Clínica Neurológica do HCFMUSP.
Coordenador Científico do Departamento de Neurologia da Associação Paulista de Medicina. Líder
do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do HCFMUSP.
Sueli Rossini
Psicóloga. Doutora em Psicologia Clínica pelo IPUSP. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Avançada
em Medicina do Sono do HCFMUSP. Docente do curso de Especialização em Psicoterapia Breve
Operacionalizada da Universidade Paulista (UNIP).
Filho
cognitivo do sono
14 Mulheres soropositivas e sono Priscila Junqueira
Sueli Rossini
Rubens Reimão
Sueli Rossini
Rubens Reimão
O SONO NORMAL DO RECÉM NASCIDO, DO LACTANTE
E DA CRIANÇA PEQUENA
Eduard Estivill
Depois de cerca de 25 minutos nesta fase de sono, o recém nascido passa para a fase
denominada Sono Tranquilo, que posteriormente se converterá nas Fases 1, 2 e 3 / 4 do Sono
Não REM (NREM).
Por volta da 33ª semana de gestação o Sono Ativo ocupa 80% do tempo total do sono,
sendo o restante de Sono Tranquilo. À medida que aumentam as semanas de gestação diminui
o tempo de Sono Ativo e aumenta a quantidade de Sono Tranqüilo.
O recém nascido costuma dormir entre 16 e 20 horas por dia, porém como se sabe, não
é capaz de dormir por muitas horas. Normalmente tem de cinco a seis períodos de
vigília/sono diários.
Aos 3-4 meses dorme menos, entre 14-15 horas diárias, divididas em quatro ou cinco
períodos, a maioria delas à noite. Normalmente as crianças despertam e são capazes de voltar
a dormir sozinhas. Se isso não acontece assim, surgem algumas alterações do sono.
Aos seis meses continua dormindo por volta de 14 horas, sendo o período noturno em
torno de 12 horas. Tem pequenos períodos de sono, sestas, pela manhã e pela tarde, com
duração que varia entre uma e três horas.
Entre os seis meses e um ano reduz-se o período de sono total de meia a uma hora,
ainda que continuem fazendo dois períodos de sono por dia. Com um ano, dorme um total de
14 horas e muitas crianças já necessitam apenas uma sesta durante o dia. Aos dois anos, o total
de horas que dorme, entre dia e noite é de cerca de 13 horas. Aos três anos, muitas vezes, já
não precisam dormir durante o dia ou fazem uma sesta de curta duração. O sono noturno varia
entre 11-12 horas.
No início de sua vida pode tardar entre 6 e 10 semanas em conseguir um ritmo regular
em suas atividades. Os esquemas ou horários de alimentação, que lhe imponham os pais,
podem afetar ou modificar seu padrão de sono. No princípio, costumam comer a cada 2-4
horas, sem intervalos noturnos ou, mais a miúdo, se amamentam no peito.
Se a criança está bem e ganha peso de maneira paulatina, provavelmente não será
necessário alimentá-la à noite ou necessitará de poucas mamadas. A alimentação noturna pode
se tornar um hábito incômodo para todos. A partir dos 6 meses estas mamadas noturnas não
costumam ser necessárias e é conveniente não prolongá-las.
Tentar um horário razoável é benéfico para os pais e para a criança.
A insônia é o transtorno do sono infantil mais frequente (Estivill & Bejar, 1996;
Ferber, 1989) e pode afetar desde lactentes de 6 meses a crianças de 5 anos. Os pais explicam
que a criança "nunca" dormiu bem e que desde o primeiro dia os despertares noturnos eram
muito freqüentes. Mas, raramente, referem períodos de normalidade e depois de um estímulo
externo, doença, permanência na casa dos avós ou parentes, aparece a problemática citada.
O fenômeno clínico que caracteriza este tipo de insônia é a dificuldade que a criança
tem de iniciar sozinha o sono e os despertares frequentes durante a noite. Costumam
interromper o sono de 5 a 15 vezes e é impossível voltar a conciliá-lo, de maneira espontânea,
e sem ajuda. Ao observá-la durante seus períodos de sono, tem-se a sensação de que estão
"vigiando" continuamente e os pais costumam experimentar todos os métodos existentes para
conseguir fazê-las dormir, com muito pouco sucesso.
À medida que a criança vai crescendo e adquirindo vocabulário vai se complicando o
momento de começar o sono, já que é a criança que dita as "normas" que os pais devem seguir
para fazê-la dormir. A criança pede que cante, quer água, dormir com os pais, dormir vendo
TV, etc. Nada disso favorecerá as rotinas corretas, os hábitos de sono e, muito menos,
solucionará o problema.
A causa que origina este problema é a aquisição deficiente do hábito do sono, ou seja,
há uma distorção e desestruturação por associações inadequadas que a criança faz com o sono,
normalmente devido às várias mudanças que os pais realizam para fazer com que a criança
durma (Ferber, 1985).
Os remédios indutores do sono têm escasso efeito benéfico nesta patologia. Os
pediatras recorrem a eles, normalmente, por pressão dos pais. Na maioria das crianças não se
nota nenhuma melhora quando utilizados para conciliar o sono. Algumas crianças apresentam
um leve torpor que ajuda a deixá-las levemente “atordoadas”, mas não curam a alteração
(Estivill, 1995).
As crianças que padecem desta insônia são totalmente normais do ponto de vista físico
e psíquico. Normalmente o problema não existe porque a criança seja mimada, nem porque
tenha um déficit psicológico, mas sim por uma aquisição deficiente do hábito de dormir.
Ainda são freqüentes as crenças de que uma criança acordar várias vezes na noite seja
um fenômeno corriqueiro, de que não é necessário consultar o pediatra e que somente a atitude
paciente da mãe, que se levantará na maioria das vezes tentando fazer a criança voltar a
dormir, fará mais suportável a situação. Não obstante, não existe maior desestabilizador da
harmonia conjugal que a situação que se apresenta quando surge a dificuldade da criança para
pegar no sono e que, posteriormente, acorde várias vezes à noite, dia após dia, semana após
semana, mês após mês, ano após ano.
Quando isso acontece os pais começam a utilizar as técnicas mais lógicas: dar água,
ninar um pouco, cantar, dar a mão, deixar acariciar o cabelo ou as orelhas, entre outros. Nada
disto costuma ser suficiente e, mesmo que a criança durma depois de alguns minutos, o sono
não é contínuo e ela acorda várias vezes, fazendo os pais tentarem novamente as técnicas para
fazê-la adormecer. Pouco a pouco as coisas se complicam. A criança vai crescendo e exigindo
novas demandas, pode dormir no sofá, vendo TV ou na cama dos pais. Tudo isto continua
sendo insuficiente, já que os despertares noturnos persistem e a hora de descanso se atrasa.
Muitos pais tentam colocá-las na cama mais tarde a fim de que apresentem maior
cansaço e durmam mais facilmente. Erro crasso, a criança sempre resiste mais e não é porque
foi colocada mais tarde para dormir que vai pegar no sono antes ou acordar menos vezes à
noite. A sensação de frustração aumenta. Os pais recebem conselhos dos avós, dos vizinhos,
dos amigos, todos sabem mais que eles e com isso, têm a sensação de que as crianças dos
outros dormem melhor que as suas. As reações de auto culpa são frequentes e, inclusive, a
sensação de insegurança com relação ao problema se faz evidente, com trocas de acusações de
culpabilidade.
Durante o primeiro ano de vida a criança aprende vários hábitos. O hábito de comer e
o de dormir corretamente são dois dos mais importantes. Existem duas claras funções
fisiológicas que a criança deve realizar: comer e dormir, mas comer bem é um hábito e dormir
bem também é um hábito. As crianças aprendem a comer corretamente segundo as normas
sociais que as rodeiam. Os Ocidentais comem sentados em cadeiras, apoiando o prato na mesa
e utilizando uns utensílios que denominamos garfo e colher. No Oriente se come sentado no
chão, com um pote na mão e utilizando palitos. Ambas condutas estão bem e se consideram a
ambas como hábitos corretos.
Com o sono acontece o mesmo. As crianças podem aprender a dormir sozinhas,
acompanhadas pelos pais, no sofá, em sua cama, na cama dos pais, etc., mas "as normas" que
acompanham o ato de dormir devem ser ditadas pelos pais e coerentes com as normas sociais
existentes. Portanto, em nosso ambiente, uma criança a partir dos 6-7 meses deve iniciar
sozinha o sono, sem pranto, e este deve ter uma duração de pelo menos 11-12 horas seguidas,
sem despertares que o interrompam. Pode utilizar um boneco de pelúcia como "amigo
acompanhante" (objeto transicional), deve dormir no seu berço e com a luz apagada.
Quando a criança é sentada, pela primeira vez, à mesa, os pais não esperam que ela
saiba utilizar corretamente os utensílios colher, garfo, etc., e sempre pensam que a criança
deve "aprender" a comer corretamente. Não se angustiam e, no dia seguinte, voltam a tentar da
mesma forma. Esta atitude de segurança vai dando confiança à criança que, depois de repetir a
mesma ação inúmeras vezes, acaba a realizando corretamente. Normalmente, com o sono,
costuma ser da mesma maneira. Os pais devem saber que as crianças devem "aprender" a
dormir sozinhas e não devem passar insegurança a elas.
Uma vez terminada a rotina, os pais abandonarão o quarto e deverão seguir uma tabela
de tempo de espera, que irá aumentando de forma progressiva, seguindo as técnicas
condutoras de esgotamento, até conseguir que a criança durma sozinha (Estivill & Bejar,
1996). Muito freqüentemente os pais ficam s surpresos com a rapidez e efetividade desses
métodos, que pode se manifestar depois de poucos dias.
É interessante, para completar o tratamento, aconselhar os pais sobre as pautas diurnas
que devem seguir com seu filho, tanto no que se refere à manutenção de rotinas de horário,
como a relação pessoal com a criança. Tudo o que possa dar segurança aos pais redundará na
eficácia do tratamento.
Sempre devemos ter presente que a uma criança mal acostumada é muito difícil mudar
os hábitos á partir de um ano de idade. A criança em crescimento é um ser ao qual se deve
incutir hábitos corretos de sono, com tranquilidade e segurança, para evitar posteriormente o
surgimento de múltiplas distorções patológicas relacionadas com seu sono, que podem dar
lugar a divergências e mal estar entre os pais e repercutir negativamente sobre a saúde mental
familiar. O choro repetitivo contínuo de uma criança durante a noite, com múltiplos
despertares, é um dos "pesadelos" mais duros de suportar.
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O sono é um processo fisiológico que pode ser definido como um processo regrado,
ativo, associado ao ritmo circadiano, ou seja, a um padrão diário que orienta a intensidade e
biológicos internos, estímulos ambientais e uma ampla gama de processos que promovem
ou inibem o despertar.
adolescência (Nunes & Cavalcante, 2005). Na faixa entre dois e três anos de idade
uma ou duas sestas diurnas, que passam a ter menor duração, não ultrapassando um total de
2 horas. Aos três anos ocorre somente a sesta da tarde, porém ao redor de cinco anos o sono
de sestas diurnas (Nunes & Cavalcante,2005; MiIberg & Gerold, 2001; Challamel,2001;
Reimão, Lefèvre & Diament,1983). A partir dos cinco anos de idade o sono noturno vai
anos de idade.
criança tira um cochilo durante o dia, sendo também hábito em algumas culturas e
Os distúrbios do sono (DS) são frequentes na população geral e podem ocorrer tanto
distúrbios podem ocorrer devido a perturbações presentes tanto no mundo interno como no
Cerca de 20 a 30% das crianças tem dificuldades para conciliar o sono e despertam
com frequência durante a noite (Nunes, 2002; Nunes & Cavalcante, 2005; Stein,
Mendelsohn, Obermeyer, Amromin & Benca, 2001; Martinez & Guilleminault, 2004), o
que também constitui um motivo frequente de consulta aos pediatras e psicólogos (Alves et
al.,2002a; Alves, Ezenberg & Okay, 2002b; Convertini, Krupitsky, Tripodi &
Carusso,2003).
DS também são observados comumente em crianças com transtornos psíquicos,
sendo que insônia atinge em torno de 2/3 dos pacientes pediátricos com depressão. No
dificuldade para iniciar e manter o sono como também maior ocorrência de pesadelos
extracurriculares), impõem um ritmo e padrão de sono irregular, que não satisfaz as suas
necessidades básicas. Estudos realizados enfatizam uma íntima relação entre as vivências
diurnas e dificuldades no sono (Bauzano, 2003; Sadeh, 1996) sendo que essas vivências
infantis.
Para Pérez Ramos (1988), alguns fatores podem desencadear DS em crianças, tais
como: o medo e a ansiedade, a falta de adaptação ao horário previsto para dormir, mudança
na profundidade do sono, maior suscetibilidade aos ruídos e sons, resistência para ir dormir
e levantar-se no horário adequado. A autora enfatiza que a atitude dos adultos também
bruscas e freqüentes do sono, uso da cama como ameaça ou castigo, rotina diária
sono da criança.
Disorders Association (ASDA, 2001), aplicada à faixa etária pediátrica. Os autores citados
acima compreendem a insônia na infância como uma situação na qual ocorre dificuldade
esperado para cada faixa etária. Nevéus, Cnattingius, Osson e Hetta (2001) enfatizam a
comportamentais.
e/ou fatores psicológicos (Thiedke, 2001; Pereira, 2002). Crianças com sono difícil ou
hiperatividade e sintomas depressivos (Busse & Baldini, 1994; Nunes, 2002). Medo e
ansiedade são causas frequentes de insônia inicial (Bauzano, 2003; Nunes & Cavalcante,
hora de dormir pode ser outra causa de dificuldades em conciliar o sono. Hábitos
dos problemas considerados como transtornos extrínsecos do sono (Pereira, 2002), ou seja,
promovem a remissão dos sintomas. Afecções orgânicas, tais como tosse e dispneia,
conciliar o sono por si só. Madeira e Aquino (2003) e Zenel (1997) afirmam que em
crianças na faixa dos oito meses de idade, a causa dos despertares noturnos, pode ser o
separação. Em crianças maiores fatores como fadiga, estresse, necessidade de urinar, além
que mantinham o hábito de co-leito, isto é, dormiam na cama dos pais (Nunes &
observados por eles foi a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), desordem frequente, de
inferiores, caracterizada pela sensação de desconforto nas pernas. Esse desconforto faz com
membros inferiores, com predomínio no estágio de sono NREM. Cada episódio pode durar
até 5 segundos, repetindo-se entre 4 e 90 segundos. Como resultado ocorre despertares
com outros DS (Nunes e Cavalcante,2005; Owens, Maxim, Nobile, McGuinn & Msall,
2000; Rohde & Halpern,2004). Crianças com este transtorno apresentam maior incidência
Entre elas tem-se: bruxismo, terror noturno, sonambulismo, sonilóquio e enurese noturna.
Bruxismo, atividade sonora dos dentes, mais freqüente no período noturno, pode ser
sono. Sua etiologia é multifatorial, atribuída a fatores mecânicos locais (Forno &
hereditários (Alves, Cipolla-Neto, Navarro & Okay, 1998; Alves et al., 2002b; Shinkai,
por Shinkai et al. (1998) foi de 28,64%. Quanto ao gênero, Wildmalm (1995) encontrou
prevalência semelhante em estudo com crianças de quatro a seis anos de idade. O bruxismo
entra em ação em situações de angústia. Deste ponto de vista, o sono no aspecto emocional,
tem um valor de defesa contra o mundo exterior, com a liberação de descarga de tensões
(Convertini et al., 2003; Reimão & Lefèvre, 1982), como uma integração entre os aspectos
físico e emocional.
O bruxismo pode se manifestar tanto no estado de vigília como no sono, sendo mais
quando exacerbado, pode desencadear outros sinais e sintomas: dor de cabeça, dificuldade
temporomandibular, entre outros (Inocente, Inocente & Reimão, 2002; Souza, 1999).
infância, ocorrem durante o sono REM, nas primeiras horas da madrugada (Madeira &
Aquino, 2003; Pereira, 2002). Os sonhos que, muitas vezes, refletem o estresse diurno, são
Terror noturno distúrbio que tem início na idade pré-escolar, podendo persistir até a
idade escolar. A criança “parece acordar” subitamente, arregala os olhos, fica agitada, grita
Pelayo & Chervin, 2003; Thiedke, 2001). Mostra-se desorientada, não reconhece as pessoas
ao seu redor, podendo relatar presença de pessoas estranhas ou de animais. Mesmo sendo
que relaxa e volta a dormir calmamente. Há amnésia para o evento, sendo que tensão
ocorrendo nas primeiras horas do sono, ou seja, nos estágios 3 ou 4 do sono NREM. As
crianças podem sentar-se abruptamente, levantar-se e deambular pelo quarto ou pela casa.
Podem ocorrer outros atos motores, tais como se vestir, abrir portas, janelas, gavetas,
alimentar-se, dentre outros (Reimão & Diament, 1985). Na manhã seguinte não se
recordam de nada.
murmúrios até discurso claro e coerente. A voz quase sempre é monótona, porém com tom
mais afetivo. Em geral tem inicio na fase pré-escolar, mas pode surgir em qualquer idade
(Reimão & Diament, 1985). Nevéus et al.(2001) consideram que este distúrbio tem fortes
implicações psicológicas.
do sono NREM, quando a criança, geralmente após os quatro anos de idade, urina na cama
durante o sono (Pereira, 2002). Pode ser primária, ligada a fatores orgânicos, dependente
genética, quando persiste após os cinco anos de idade. Enurese secundária é conceituada
Bruner, Raffield et al., 2003; O’Brien, Mervis, Holbrook, Bruner, Klaus, Rutherford et
caracterizado por repetidos episódios de obstrução das vias áreas superiores associados a
levando a maior risco de repetência escolar. Outros sintomas frequentes são a sonolência e
2003; Balbani et al., 2005; Halbower & Marcus, 2003), sendo que o pico ocorre em pré-
escolares. A sonolência diurna excessiva está presente em 10% das crianças com distúrbio
decorrente destes distúrbios, quando mantidas por meses ou anos, pode acarretar importante
comportamentais (Engleman, Kingshott & Martin, 2000; Naegele, Pepin, Levy, Bonnet,
Pellat & Feuerstein,1998), assim como TDAH. Pode afetar ao longo prazo, o crescimento
emocionais, tão sistematicamente quanto fazemos em relação aos aspectos orgânicos (Pérez
Ramos, 1988). Atualmente sabe-se que a ansiedade presente em muitos dos distúrbios
dos casos (Cohen-Zion & Ancoli-Israel, 2004), assim como os casos de apnéia obstrutiva
do sono.
Abordagens Terapêuticas
como uma questão que requeira preocupação e atenção por parte deles, sendo mencionada
saúde, para que se faça uma intervenção oportuna e exitosa com conseqüente benefício para
a criança e sua família que, de alguma forma, contribuirá para melhorar a qualidade de vida
da criança.
Os casos graves de DS requerem maiores cuidados para evitar colocar em risco a
O tratamento dos DS, sempre que possível, deve direcionar-se para a causa do
importante indicação assim como a Higiene do Sono, pois, utilizadas de forma isolada ou
em conjunto, têm se mostrado muito eficazes (Silva, Coelho, Marras, Lopes & Macedo,
2003). Outra abordagem, terapias de conduta, comum nos últimos anos, visa auxiliar na
enfatiza que o uso do relaxamento muscular tem êxito limitado, enquanto aqueles que se
efetivos.
adequado.
A profilaxia da maior parte dos casos pode ser feita pelo pediatra, por meio de
acompanhamento dos hábitos de sono da cada criança. O sono noturno, quando adequado é
uma das condições essenciais para o estado de alerta diurno, que permitirá uma melhor
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INSÔNIA EM BEBÊS: IMPLICAÇÕES COM A RELAÇÃO MATERNA
O sono é uma função fisiológica de grande complexidade e tem lugar importante na saúde
do bebê, contribuindo tanto na sua saúde biológica, como em sua saúde mental. Percebe-se,
bebê apresenta problemas para dormir. O sono da mãe depende do padrão de sono e de
alimentação do seu bebê (Thomas & Foreman, 2005). A informação sobre o sono normal
depressivos e fadiga em virtude da privação de sono nas mães (Dennis & Ross, 2005). Há
saúde (Balbani, Weber, Montovani & Carvalho, 2005), isto é, há dados com suporte
científico apropriado que ainda não são utilizados para o bem-estar da população.
Kleitman (1953). Eles perceberam os movimentos oculares rápidos (Rapid Eye Movements
- REM), que surgiam em grupos, repetindo-se várias vezes durante o período de sono.
Glaubman e Levin (1977, citado por Reimão, 2005), avaliando adultos normais durante o
O sono normal consiste numa organização cíclica diferenciada em estágios, que se repetem
resulta de dois ritmos fundamentais: o ciclo circadiano, de 24 horas, que alterna períodos
de vigília e de sono, e o ciclo ultradiano, que tem duração de cerca de 50 a 60 minutos na
REM. Por meio do exame de polissonografia é possível avaliar tais eventos durante o sono.
Existem variações normais na arquitetura do sono do nascimento até a fase adulta, com
O tempo total de sono (TTS) por dia também se modifica desde a fase de Recém-nascido
(RN) até a vida adulta, sendo que o RN dorme mais, e o TTS no período diurno vai
sono tem papel importante no desenvolvimento orgânico e mental no início da vida, visto
O ciclo de sono do RN apresenta 2 estágios: o sono calmo e o sono ativo. O sono calmo
prepondera o estágio de sono ativo com 50 a 80% do período de sono total (Reimão, 2005),
podemos concordar com o que propõe Melanie Klein (1928/1996) sobre o desenvolvimento
1
Sono não REM, ou NREM, se divide em estágios de 1 a 4, de acordo com a profundidade do
sono. Alterna-se com o sono REM, formando os ciclos de sono (ultradiano).
do psiquismo das crianças muito pequenas: há possibilidade de atividade mental intensa
regula o ritmo circadiano no homem. Ele recebe informação visual direta e faz parte de um
noite, escuridão. A glândula pineal então libera melatonina, substância que favorece o
(Rivkees, 2003), estando o NSQ presente desde a metade da gestação dos humanos. O
sistema circadiano é sensível à luz desde estágios precoces e pouca luminosidade pode
sensibilizar esse relógio biológico. Há uma maturação progressiva deste sistema, com
qualidade. Achados como estes fornecem suporte às orientações que se pode oferecer para
conciliar o sono e aos despertares noturnos (Sectish, 2002). Doenças orgânicas podem ter
influência no sono dos bebês, tais como refluxo gastroesofágico, distúrbios respiratórios,
doenças que cursem com dor, como a otite média, ou intolerância ao leite de vaca (Kahn et
al., 1988). Algumas destas doenças podem afetar a criança por tempo limitado e, quando
sono.
Relação mãe-bebê e o sono
conjunto de medidas baseadas nas evidências das pesquisas em Medicina do Sono, que visa
instruir os familiares a adaptarem seus hábitos a fim de facilitar uma boa noite de sono para
os bebês e para os pais. Está apoiada nos princípios de respeito aos relógios biológicos,
como os ritmos de sono e fome, o claro e escuro do dia e da noite, a não-ingestão, pela mãe
na cama dos pais, para habituá-lo a adormecer sozinho, devem ser levadas em conta. O
bebê precisa habituar-se a ir para a cama ainda acordado, e adormecer sem a presença dos
pais.
McLearn, Minkovitz, Strobino, Marks e Hou (2006), em estudo com 4874 mães,
distribuídas em 15 locais nos Estados Unidos concluíram que mães depressivas têm
dificuldade em adotar rotinas em relação a si e ao seu bebê, o que pode ter influência no
REM no feto. Podemos presumir que a insônia infantil grave é sinal de que o bebê
não é capaz de efetuar a retirada do mundo libidinal e narcísico, ato para o qual
Maria 2 tem 27 anos de idade e queixa-se de que sua filha Regina de 1 ano e 4 meses, não
dorme bem. A média diária de sono da criança é sete horas, considerada baixa para a idade
(12 a 13 horas em média, segundo Roffwarg, Muzio e Dement, 1996), com muitos
despertares durante a noite e demora em voltar a adormecer. A mãe relata queixa pessoal de
insônia, iniciada desde a oitava semana de gravidez de Regina, quando seu pai (avô
materno do bebê) faleceu, vítima de uma doença que o consumiu em apenas 15 dias. Maria
se queixa de que “o cérebro não desliga” para dormir, seu diário de sono revela média
diária de 2,03h.
2
Os nomes são fictícios.
Durante o atendimento clínico é possível observar que a nenê não fica em ambientes
explica que, em casa, teve de recortar a parte de cima da porta para garantir iluminação do
ambiente sem risco de que o bebê saia. Ao realizar as tarefas do teste de desenvolvimento
verifica-se que, ao tentar construir uma torre com dois cubos (o esperado para a sua idade),
quando lhe oferecemos quatro cubos - dois vermelhos e dois verdes - ela os “arruma”
cima de verde. A mãe acrescenta que em casa, este também é o modo que o bebê agrupa os
O estudo doa sonhos, segundo Freud (1917/ 1974), nos ensina sobre as características do
estado de sono. Os sonhos são egoístas, no sentido de que quem sonha desempenha o papel
Provavelmente, Maria, internamente ainda ocupada com o trabalho de luto pelo seu
próprio pai, esteja mentalmente indisponível em virtude deste estado, sem conseguir
alcançar, o estado de regressão narcísica para que ela mesma possa adormecer tranqüila.
Em relação ao sono da criança, sabe-se que, no início da vida, a mãe empresta seu
investimento narcísico para o filho adormecer. Se Maria está psiquicamente ocupada com
característica tão precoce de “arrumar” objetos, sugere a maneira como esta criança se
dispôs a lidar com suas angústias, já que a mãe está ocupada com o avô morto. Um
trabalho psicológico com a dupla poderá ser útil para possibilitar melhores condições de
Vera tem um ano e nove meses e a mãe, Lúcia, relata que desde o nascimento ela dorme
pouco, tem sono agitado e acorda facilmente. Lúcia refere que, em casa, estão todos
desenvolvimento neuromotor normal, dorme na própria cama, no quarto dos pais, com
abajur aceso, com a cama encostada na cama dos pais, para não cair, segundo a mãe.
Eventualmente vai para a cama dos pais. A média de sono do bebê é de 5,21h por dia, em
contraste com as 13 horas de média para essa idade (Roffwarg, Muzio & Dement, 1996).
Percebe-se a dificuldade da mãe em impor limites ao bebê, que a cansa em demasia e a faz
pensar que a criança tem “excesso de agitação”. Vera é o segundo nenê de Lúcia. O
“problema no esôfago”, foi operado no segundo dia de vida, sem resultado positivo. Em
Lúcia ainda parece ocupada com o luto do primeiro bebê, que não foi elaborado. No
relação mãe-bebê atual, e Lúcia tem dificuldades para prover a sua nenê das condições
necessárias à constituição de seus objetos internos. Pode-se conjecturar que a criança não
O nome deste bebê é fictício, mas seu nome verdadeiro tem o significado de uma conquista,
como uma tentativa de afastar os objetos perseguidores que ainda parecem estar
Considerações Finais
de Gross et al. (2002) que enfatizam a relação mãe-bebê. Eles demonstraram que
ansiosos que seus pares não impedidos de expressar tal gene. Neste experimento, a
e a “criação” de um animal ansioso exigia que o gene ficasse silencioso nos primeiros 15
dias de vida. Depois desse período, não importava mais se o gene ficasse ou não ativo. O
aspecto fascinante observado pelos autores é que, na natureza, o que induz a expressão
desse gene são os cuidados maternos: se a mãe camundongo não lambe os filhotes, eles não
Considero que informações sobre o sono normal e seus problemas mais freqüentes devem
fazer parte das orientações de puericultura às mães que frequentam os serviços de saúde.
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SONO E APRENDIZAGEM:
neural, uma vez que ocorre a partir da consolidação da memória, tendo o sono importância
diárias, mais do que, apenas, ter uma noite agradável: ele será reparador. O indivíduo
registros sensoriais, no raciocínio, enfim nos aspectos cognitivos que relacionam uma
pessoa ao seu ambiente e que determinam a qualidade de seu desempenho e sua saúde.
O processo do Sono é regido pelo relógio biológico, moldado geneticamente, que se ajusta
num ciclo de 24 horas. Ele se regula em conformidade com fatores externos, como ruídos,
luzes, odores, hábitos locais, entre outros. Embora o tempo médio de horas de sono seja de
8 horas, há pessoas que necessitam de 12 horas, enquanto outras se satisfazem com apenas
4 horas.
diminui com o avançar da idade. Nos primeiros meses de vida, os bebês chegam a dormir
até por dezoito horas no dia. “Técnicas de observação sistemática do neonato demonstram
do sistema nervoso central (SNC) expressas pela ontogênese do sono neonatal” (Schmutler,
2004, p.41). Esses estudos permitem analisar as diversas patologias que podem alterar a
O sono não é um estado homogêneo: são dois estados distintos de sono. Ocorrem
movimentos rápidos dos olhos (Rapid Eye Movement – REM ) durante uma parte do sono
sendo este chamado de sono REM. Ele ocupa apenas 20% do tempo total de sono (TTS) de
um adulto e o restante é chamado de sono NREM (Não REM). Então, “o sono é uma
condição especial ativa, gerado por regiões específicas do cérebro, de ocorrências cíclicas,
alternando-se entre atividade menor (sono Não REM) e maior (sono REM), objetivando a
manutenção da vida” (Vilas Boas & Valladares, 2007, p.28). O sono é iniciado pelo estado
estagiar o sono REM e NREM. O sono NREM é composto por 4 etapas, em grau crescente
a 5% do TTS.
Corresponde de 3 a 8% do TTS.
longevidade, podem depender de boas noites de sono. É durante o sono que as proteínas
que interferem tanto no bem estar físico como no bem-estar psicológico, responsáveis por
um sono tranquilo.
A importância do sono se faz desde o início da vida, quando ocorre uma complexa
transformam cada um num ser único, com possibilidades ilimitadas e subjetivas, conforme
aos pais ou mau resultado numa prova. Todas as vivências podem ficar aferrolhadas à
espera do momento em que o corpo cede ao cansaço, mas os pensamentos reprimidos pela
reflexiva, são representações de vida subjetiva e se manifestam nos eventos oníricos, nas
Do ponto de vista psicológico, o sono não é um período passivo, inútil, como poderia
subliminares e todos os outros que a mente consciente não deu liberação para extravasar. É
manifestar como despertares noturnos, como terror noturno na idade escolar e como insônia
existentes podem ser a causa de fragmentação do sono, assim como outras manifestações:
aprendizagem.
permitir observar sua evolução de acordo com as faixas etárias, gênero e classe sócio-
com o Questionário de Sono Reimão Lefèvre (QRL) (Reimão, Lefèvre & Diamond, 1982).
anos, entre inúmeras conclusões, foi possível apontar que “crianças que dormem menos ou
com pouca qualidade têm muitas vezes baixo rendimento escolar” (Gonçalves & Reimão,
2004).
O QRL aborda os diversos distúrbios de sono da infância, com questões simples para serem
respondidas pelos pais, mas seu alcance se mostra bastante denso, levantando dados que
ocorrência porque classificam cada sintoma pela intensidade de sua frequência, além de
Este presente estudo pretende contribuir para levantar as principais queixas relativas ao
sono em escolares, tendo por objetivo colaborar com pais e profissionais que orientam
Utilizou-se o referencial teórico relacionado aos itens do QLR, que tem como objetivo
Inocente, Lima, Angelis, Turco et al., 2007), para investigar a higiene do sono e atitudes
básicas que precisarão ser desenvolvidas como recursos aplicáveis à vida familiar e
O QRL foi aplicado em 258 crianças na faixa entre 6 a 9 anos de idade, em cinco escolas de
primeiro grau, sendo 4 da rede particular de ensino e uma da rede pública, da cidade de
Poços de Caldas, a saber: Escola A - 33 crianças, Escola B - 54 crianças: Escola C - 72
Ao avaliar o sono, de acordo com as respostas dos pais ao QRL, foi possível verificar que
muitos pais não consideram que ocorrem grandes problemas no comportamento dos filhos:
agressivas entre as 258 avaliadas), são carinhosos (apenas 9 crianças não foram citadas
como carinhosas), fazem amizade com facilidade e, nessa faixa etária, optam pelos pares do
mesmo gênero e idade semelhante, em geral. As queixas mais frequentes giraram em torno
significativo de indicadores como: se mexer na cama (53%), falar quando está dormindo
(39,9%), ranger os dentes (36,4%), sentar-se ou andar dormindo (22%), ter sonhos ruins e
medo (47,6) ou roncar (24,8%). Cerca de metade dos avaliados acordavam durante a noite
alguma vez (48,4%) e, alguns, ainda apresentavam enurese noturna (6,5%). Muitos dos
não tivessem que levantar para ir à escola, eles dormiriam até mais tarde todos os dias
que ocorrem com crianças em idade escolar, especialmente por não se reconhecer o sono
como um problema que mereça ações práticas na promoção da saúde, considerando que
poucos pais (apenas 4,2%) já procuraram consulta médica para o filho “por ter problemas
durante o sono” e, talvez os próprios profissionais de saúde infantil não investiguem
suficientemente estas questões para orientar sobre como lidar com elas.
podemos destacar aqueles que se mostraram com uma incidência mais significativa:
muito na cama durante o sono), sonolência (57,3% das crianças não acorda
acordavam durante a noite alguma vez). Foram citados, ainda, nas respostas dos pais ao
dormindo (sonolóquio), pesadelo (ter sono ruim ou medo), terror noturno (gritar sem
geral, não têm base orgânica, são de reduzida intensidade e transitórias. Os distúrbios de
início após o primeiro ano de vida, são intermitentes e tendem a diminuir com a idade. Há
dormindo) ou Insônia (demora muito para adormecer ou acorda durante a noite) são
freqüentes, atingindo a maior parte das crianças, em algum período da vida. Podem afetar
vezes, não são reconhecidas porque são atribuídas a fatores como acaso, sem avaliação
especializada.
Bruxismo é considerado um distúrbio de movimento relacionado ao sono, explicado
como movimento rítmico e repetitivo dos músculos de mastigação durante o sono, sendo
lápis) e oclusão (Kogler, Sobreira, Duarte, Crivello, Garrido & Reimão, 2007).
fora) é uma das parassonias mais frequentemente relatadas. O sonambulismo pode ser
acompanhado de outros distúrbios: Enurese (urinar quando está dormindo), Terror Noturno
angústia (Proença & Reimão, 2004), ao contrário do terror noturno, quando os registros
polissonográficos mostram que atividade autonômica é muito maior, ou seja, são uma
descarga psíquica pobre em representação imaginária. O Terror noturno pode ser descrito
como um grito de terror sem motivo, acompanhado por intensa descarga autonômica,
2007).
progressivamente na infância, sendo que aos seis anos de idade apenas 5% das crianças a
Concluindo, acredita-se que o estudo dos distúrbios do sono precisa ser incentivado, em sua
atuação multidisciplinar, em função dos prejuízos que podem causar a vida do ser humano.
Os hábitos de dormir variam na infância, em função de fatores fisiológicos e sofrem
influências culturais (Reimão, Souza & Gaudioso, 1999). Para Bronfenbrenner (1990,
citado por Valle & Guzzo, 2004), a família e a escola são sistemas sociais importantes para
funcionais das crianças que estão nos primeiros estágios da sociabilidade, determinando a
sono, pais e educadores precisam ser alertados na forma de prevenir distúrbios futuros e
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maneira tal que, estima-se no ano de 2025, terá a 6º maior população de idosos do mundo.
Tal crescimento está ocorrendo graças aos avanços médicos que têm contribuído
humano. Durante este processo ocorrem modificações biológicas, psicológicas e sociais que
culminam com a morte (Tankova & Buela-Casal, 1996). Dentre estas modificações está o
sono, processo fisiológico vital que possui importantes funções restauradoras (Wolkove,
qualidade ou pela quantidade (Tankova & Buela-Casal, 1996). Idosos geralmente relatam
passar grande parte do tempo na cama; queixam-se de despertar com freqüência durante a
noite e, de que a quantidade total de sono noturno diminuiu, além de dificuldade para
adormecer e despertarem mais cedo que o desejado pela manhã (Oliveira, 2006).
De fato, a arquitetura do sono sofre modificações próprias do processo de
no estado de alerta e aumento na quantidade de cochilos diurnos (Alho Filho, 2000; Moller,
Barbera, Kayamov & Shapiro, 2004). Ocorre, também, diminuição na quantidade total de
horas de sono por noite devido à diminuição nos estágios 3 e 4 do sono de movimentos
oculares não rápidos (Non Rapid Eyes Movement - NREM) e, posteriormente, do sono de
latência para o início do sono, maior número de transições de um estágio para outro e para a
vigília, aumento dos problemas respiratórios durante o sono e, ainda, aumento da atividade
Existem diferenças de gênero no padrão de sono dos idosos, ou seja, algumas alterações
são peculiares às mulheres idosas e outros ocorrem com maior freqüência em homens
idosos. Tempo total de sono (TTS), tempo de permanência na cama, latência do sono,
micro despertares, duração dos estágios 1 e 2 do sono NREM são maiores nos homens
NREM são menores nos idosos e maiores nas idosas assim como o sono REM (Haponik &
McCall, 1999).
distúrbios próprios do sono – dissônias – tal como a insônia; e também das parassônias,
Distúrbio particularmente mais grave em idosos, sendo sua prevalência duas vezes
maior do que em adultos (Sivertsen & Nordhus, 2007). Segundo Buysse (2004), cerca de
20 a 40% dos idosos apresentam sintomas de insônia. Para Moller, Barbera, Kaymov e
Shapiro (2004), essa prevalência é superior a 50%, sendo mais comum nas idosas.
mais comum entre os idosos. Segundo Schubert, Cruickshanks, Dalton, Klein, Klein e
A insônia no idoso pode ser causada por: (a) fatores psicológicos — emoções,
Filho, 2002).
a vigília dos idosos, acarretando muitas vezes, sonolência diurna excessiva e propensão a
cochilos. Pode também levar a alterações cognitivas, tais como diminuição na capacidade
orgânicos e afetivos, agitação noturna e propensão a quedas e acidentes (Geib et al., 2003).
Pode, ser responsável também pelo aumento da freqüência e da duração de intervenções
hospitalares (Freitas, 2002), conseqüências que, por sua vez, levam a comprometimento nas
Avaliação Diagnóstica
Anamnese deve ser a primeira e uma das mais importantes, formas de abordagem
inicial para o diagnóstico dos distúrbios do sono em idosos. Através de uma minuciosa
entrevista enfocando a história pregressa da pessoa com relação ao sono, doenças, relações
acordar e levantar-se, tempo gasto para adormecer, entre outros) devem ser coletados.
informações diretamente dos familiares (Geib et al., 2003), sendo que, quando necessário,
deve-se entrevistar pessoas que dormem no mesmo quarto ou mesma cama do idoso, ou
porém nem sempre acessível e possível. Métodos subjetivos de avaliação têm sido muito
pessoa a respeito de seu sono. Em nosso meio, têm-se utilizado com bastante freqüência o
Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (Buysse, Reynolds, Monk, Berman & Kupfer,
com problemas no sono. Desta forma, faz-se necessário avaliar esses aspectos, o que pode
no idoso pode ser buscada através de instrumentos psicológicos, tais como Teste de
Tratamento
A insônia tanto pode ser um sintoma, causado por diversas doenças (tais como
afecções neurológicas, psiquiátricas, respiratórias, entre outras), como também pode ser
refere à insônia como sintoma, deve-se, primeiramente, investigar sua causa para depois
planejar seu tratamento. A insônia enquanto doença deve ser tratada com medicamentos e
psicoterapia (Wortelboer, Cohrs, Rodenbeck & Ruther, 2002; Bélanger, Vallières &
Morin, 2006).
Os medicamentos utilizados no tratamento da insônia são, preferencialmente, os
Rubieira, Onor & Aguglia, 2007); e os não benzodiazepínicos (Conn & Madan, 2006).
cognitivo e aumento no risco de quedas (Avidan, Fries, James, Szafara, Wright &
por suas propriedades sedativas (Wortelboer et al, 2002; Conn & Madan, 2006) e os
antidepressivos, também com propriedades sedativas (Moller et al, 2004; Conn & Madan,
2006).
no idoso, embora não sejam muito utilizadas (Conn & Madan, 2006).
como o café e cigarro, na qualidade do sono. Favorece o cuidado com o local de dormir,
assim como móveis e outros objetos relacionados. Orienta no uso do quarto somente para
dormir, evitar assistir televisão, ler ou estudar ma cama e salienta permanecer na cama à
noite somente se estiver com sono. Os cuidados com a alimentação, que deve ser leve e
saudável, à base de frutas, e no máximo duas horas antes de deitar. Estimula ainda a
atividade física como coadjuvante na estimulação do sono, embora devam ser realizados
pela manhã ou á tarde. Atitudes que favorecem relaxamento e descontração devem ser
buscadas, seja através de música, meditação ou aquelas que forem de preferência do idoso.
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Introdução
No Brasil, à medida que diminuem os óbitos na infância e outras faixas etárias, a regra
é cada vez maior de existirem pessoas idosas e, com elas, os problemas de saúde
população deles com perturbações psíquicas e psiquiátricas. Ainda, neste momento, existe
2000).
(passageira) de sono, com incidência de vários dias até algumas semanas, enquanto 10% a
15% queixam-se de insônia crônica, com duração de quatro semanas ou muito mais tempo.
Com relação aos problemas do sono no idoso podemos citar trabalho americano
exaustivo sobre o assunto, publicado por Foley, Monjan, Brown, Simonsick, Wallace e
Blazer (1995) realizado no National Institute on Aging, em que foram examinadas mais de
nove mil pessoas, com idades de 65 anos ou mais e, acima da metade delas, de ambos os
sexos, reportaram pelo menos uma queixa crônica para dormir. Os sintomas típicos dos
problemas de sono nos idosos incluem dificuldades em iniciar o sono e na sua manutenção,
idoso são devidos a causas múltiplas e/ou associadas (Alho Filho, 2000; Edell & Tunis,
2001; Gustavsen, Bramness, Skurtveit, Engeland, Neutel & Morland,2008; Lovestone &
fatores que contribuem para os problemas de sono na terceira idade: 1º) as perturbações
primárias do sono, com variações do ritmo circadiano, apnéia do sono (obstrutiva, central
dores de qualquer tipo; 3º) doenças neurológicas (ex. Doença de Parkinson e Alzheimer);
4º) doenças cardiovasculares; 5º) doenças gastrintestinais; 6º) doenças pulmonares; 7º)
transtornos mentais (tais como ansiedade, depressão, psicoses, demências, delirium); 8º)
(Harrington & Avidan, 2005; Harris, Lack, Wright, Gradisar & Brooks, 2007) ou qualquer
outra droga de primeira linha deverá, até certo ponto, ser ditada segundo a experiência
clínica do médico a cargo do tratamento, sua familiaridade com a gama deles disponíveis e
com o benefício de cada tratamento. Neste sentido alguns fatores devem ser considerados:
(Harrington & Avidan, 2005; Harris et al., 2007; Lovestone & Howard, 1997).
Entre os fármacos disponíveis para tratamento dos transtornos do sono existem:
etc.).
acidentes nas estradas do país entre usuários destes medicamentos entre 18 e 69 anos de
idade. O resultado demonstrou risco claramente aumentado para acidentes de tráfico com o
incidência.
devem ser evitados, ou mesmo contra indicados na maioria dos casos. Os demais
medicamentos, se absolutamente necessários, devem ser administrados em pequenas doses,
melhor opção para tratamento da insônia primária nos idosos seria o treinamento para
dormir ou a terapia comportamental (Edell & Tunis, 2001; Harrington & Avidan, 2005).
Conclusão
descontrole nos movimentos, efeitos deletérios nas associações com outras drogas tornam
serem ministrados aos idosos, seu uso poderá ser contra indicado em futuro próximo.
Referências
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O sono, uma das funções mais susceptíveis de distúrbios, somente nas últimas
décadas tem sido considerado como um problema importante e que requer a atenção dos
profissionais da área da saúde. Dentre os distúrbios mais freqüentes encontra-se a
dificuldade de iniciar e/ou manter o sono ─ a insônia, provavelmente a ocorrência mais
relacionada à dinâmica emocional.
As intercorrências da vida mental contribuem significativamente na alternância e
manutenção dos estados de vigília e de sono (Bion, 1962; Klein,1946) ainda que não se
conheçam os complexos e intricados processos psíquicos ligados a estes estados.
Um dos primeiros estudos psicanalíticos que discute a relação entre a capacidade de
dormir e os fenômenos psíquicos, foi publicado em 1922 por Eisler, no qual reconhece os
escassos conhecimentos que se tinha até então. Retoma o autor alguns conceitos de Freud e
de outros psicanalistas, no intuito de contribuir para a ampliação do estudo sobre o sono e
suas relações estreitas com a dinâmica emocional, principalmente no que se refere ao
desenvolvimento da libido e a fase oral.
A psicologia, ao longo dos anos, pouco tem se dedicado ao seu estudo, embora,
desde Freud (1894,1896,1915a) se tenha conhecimento de sua íntima relação com quadros
de neurose de angústia, depressão, ansiedade, entre outros.
Lavie e Hobson (1986), em artigo sobre a origem dos sonhos, relacionam o atraso nos
estudos, não só sobre o sono, mas também sobre os sonhos, com a grande ênfase que foi
estudiosos.
Morin, LeBlanc, Daley, Gregoire e Mérette (2006) ressaltam que, ainda que os
dados sofram a influência da metodologia e das definições utilizadas na pesquisa, cerca de
um terço da população geral apresenta algum tipo de insônia, sendo que deste montante um
terço evoluirão para a forma crônica. Estudo realizado na França, pelos autores citados,
com metodologia apurada em uma amostra de 2001 participantes revelou que 25.3%
encontravam-se insatisfeitos com a qualidade de seu sono, sendo que destes 16.9%
apresentavam sintomas de insônia e 9.5% com prejuízo na vigília.
Em artigo de 2005, Ohayon e Paiva apresentam os resultados de estudo realizado em
Portugal, com 1858 participantes maiores de 18 anos, utilizando questionário para
avaliação dos hábitos de sono, presença de insônia e conseqüências para a vigília.
Insatisfação com o sono foi referido por 10.1% da amostra e sintomas de insônia, três vezes
por semana, por 28.1%.
Avaliação psicológica
Abordagem Terapêutica
Considerações Finais
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NARCOLEPSIA: fisiologia, sintomas e conseqüências ∗
Sueli Rossini
Rubens Reimão
irresistíveis de sono. Foi descrita pela primeira vez em 1888 por Jean Batiste Gelineau,
diurna excessiva (SDE). Cataplexia é um outro sintoma que pode estar presente, tendo sido
descrito em 1902, por Lowenfeld, como perda súbita do tônus muscular (Calzada,
Gimenez, Pérez & González, 2003; Rosinha, 2002). Além dos ataques súbitos de sono, de
hipnopômpicas, sintomas que foram descritos em 1824 por Maury. Em 1950, Yoss e Daly
Etiologia
∗
Parte da dissertação de mestrado de Rovere, H. (2007). Narcolepsia: avaliação da qualidade de
vida e impacto social, 2007. Dissertação (Mestrado em Ciências – Faculdade de Medicina)–
Universidade de São Paulo.
No final da década de 90, estudos genéticos realizados por pesquisadores da
um déficit da orexina. A falta de orexina induz o sono REM mais facilmente, provocando
Proença, Rovere, Vasconcellos, Oliveira, Rossini et al, 2005a; Rosinha, 2002; Torterolo &
Vanini, 2003).
úteis no futuro próximo (Reimão et al, 2005a; Torterolo & Vanini, 2003).
taxas semelhantes para homens e mulheres. Pode ter início tanto na infância quanto na
de sonolência excessiva durante o dia, mesmo após uma noite completa de sono. É
considerada uma das queixas principais, pois prejudica a realização satisfatória das
SDE pode oferecer em risco à pessoa durante a realização de tarefas comuns, como
dirigir, operar certos tipos de máquinas e outras ações que exigem concentração. Isso faz
com que a pessoa passe a apresentar dificuldades no trabalho, na escola e, até mesmo, em
Cataplexia
considerado o segundo sintoma mais presente. Acomete cerca de 70% dos pacientes e pode
A cataplexia pode ser parcial, quando atinge apenas o tônus cervical, provocando
generalizada, atingindo toda musculatura do corpo. O paciente pode deixar cair objetos que
tenha nas mãos, perder a força nos joelhos ou mesmo cair ao chão. Quanto à sua duração
pode ser de poucos segundos até 30 minutos, sendo desencadeada por emoções, tanto
Paralisia do Sono
A paralisia do sono é a incapacidade da pessoa mover-se, falar ou abrir os olhos,
ocasionalmente pode ocorrer em pessoas com sono normal. Traz desconforto emocional,
do sono respectivamente, acometem cerca de 10% dos pacientes. São descritas como
uma experiência real e angustiante, pois em alguns casos eles mantêm a consciência do que
Diagnóstico
fazendo com que os pacientes passem por médicos de várias especialidades antes de
sono.
psicossocial, pois a instalação da doença e seus sintomas, que se estendem por quase toda a
vida do paciente, acarretam conseqüências físicas, impacto psicológico e social, esse último
atingindo não apenas o paciente, mas, em maior ou menor grau, o seu grupo familiar, sendo
contexto fisiológico (Martins,França & Kimura,1996; Meneses & Ribeiro, 2000; Santos,
2003).
de tempo, as relações do paciente com o meio em que vive (Rovere, Rossini, Coelho,
Lima et al, 2006b). Pode acarretar sério prejuízo social na vida do indivíduo, interferindo
(Broughton & Broughton, 1994; Bruck, 2001; Calzada et al, 2003; Deitos, 2001; Hara,
Rocha & Lima Costa, 2001; Reimão, Rovere, Rossini, Vasconcellos, Proença, Oliveira et
al, 2005b). Acidentes pessoais, no trabalho e de trânsito são comuns em pessoas com
& Reimão,2004)
Qualidade de Vida e Narcolepsia
com narcolepsia, membros da Norwegian Association for Sleep Disorder (NASD), por
apresentaram índices mais baixos em todos os domínios, com detrimento maior nos
Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS), sendo 48 tratados com CPAP (Continuous Positive
todos os domínios comparados à população normal. Não houve diferença entre os pacientes
com narcolepsia e pacientes com SAOS sem uso de CPAP, no entanto os pacientes com
significativamente mais baixos em duas dimensões do SF-36 (saúde mental e saúde geral) e
em todos os domínios de FOSQ, com prejuízo maior na relação de trabalho, comparado aos
305 pacientes com narcolepsia no Reino Unido, membros da United Kingdom Association
Depressão de Beck revelou algum grau de depressão em 56,9% dos pacientes. Não
115 pacientes com SAOS e quarenta e dois com hipersônia idiopática, utilizando o
compromete a QV, com déficit nas funções físicas e emocionais. A SDE é o sintoma que
Tratamento
rotina de horários para dormir e acordar, programar cochilos durante o dia, atividades
destes grupos se pauta na busca de levar informações que possam esclarecer dúvidas e
cotidiano.
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SÍNDROME DA APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS)
E CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS GERAIS E PSIQUIÁTRICAS
José Mól
que ocupa quase um terço de nossas vidas. Dormir não é um ato passivo como se pensava,
mas sim uma atividade elaborada e restauradora. Ao contrário do que ocorre durante a
organismo em geral são influenciadas pela alternância da vigília com o sono. Através do
próprias.
CONCEITO DA SAOS
A apnéia obstrutiva do sono é classificada como uma dissonia e consiste na parada do fluxo
(diafragmático). A SAOS engloba também as hipopnéias, onde o fluxo aéreo está somente
diminuído e não ausente. Os critérios para o seu diagnóstico requerem o mínimo de cinco
episódios apnêicos/ hipopnêicos por hora de sono (10 nos idosos) e queda da saturação de
PREVALÊNCIA DA SAOS
De acordo com diversas estatísticas populacionais, a SAOS tem uma prevalência situada
entre 1% e 10%. Esta diferença se deve ao fato da SAOS aumentar consideravelmente com
a idade. O pico de maior incidência se situa entre 40 e 60 anos, apesar de também ser
FATORES DE RISCO
DIAGNÓSTICO MÉDICO
Apesar dos estudos citarem uma prevalência relativamente alta, a SAOS é freqüentemente
Uma pesquisa na população americana, utilizando questionários, avaliou 4.925 adultos, dos
quais 1.090 foram submetidos à polissonografia; nesse estudo, estimou-se que 80 a 90%
das pessoas com síndrome da apnéia obstrutiva do sono ainda não haviam sido
seja a pouca importância dada ao estudo dos distúrbios do sono durante a graduação e a
2,1 h do curso de pós graduação são gastos, em média com os distúrbios do sono.vi
FISIOPATOLOGIA DA SAOS
Durante a apnéia obstrutiva ocorre um colapso das vias aéreas superiores. Estudos com
fluoroscopia, fibra ótica e tomografia axial computadorizada mostram como lugares mais
se agrava, na maioria dos casos, por alterações anatômicas locais. Elas somam-se, nestes
pacientes, a fatores dinâmicos, como por exemplo, o colapso das paredes laterais da
A oclusão ocorre quando as forças tendentes ao colapso das vias aéreas superiores, ou seja,
é diretamente proporcional à velocidade do fluxo aéreo (determinado pelo calibre das vias
respiração, voltando aos valores basais a gasometria no sangue e a pressão arterial. Quando
volta o sono, os músculos da orofaringe mais uma vez relaxam e todo o processo inicia
hipertensão arterial sistêmica, pois há uma série de fatores de risco comuns, como
obesidade, sexo masculino e roncos.x. Estudos recentes sugerem que 40% dos indivíduos
humorais.xv. Há algumas evidências que pacientes com SAOS tenham atividade simpática
e alteração no metabolismo do sal e água, que podem contribuir para a elevação da pressão
arterial. xvi , xvii, xviii, xix Parte dos indivíduos com síndrome da apnéia obstrutiva do
O ritmo circadiano da atividade autonômica desses pacientes foi estudado por Noda e
cols.xxii, que observaram aumento da atividade simpática, tanto no período noturno, como
que pode estar associado ao maior número de eventos cardiovasculares nesse horário. Em
um estudo experimental, (Brooks e cols. xxiii induziram SAOS em cães pela oclusão
traqueal intermitente durante o sono, demonstrando pela primeira vez em modelo animal,
hipertensão arterial sistêmica. O modelo canino tem a vantagem de não incluir variáveis de
importante problema de saúde. Uma melhor compreensão dos fatores de risco se faz
síndrome em pacientes acometidos por AVC excede 60%, quando comparada aos 4% da
população adulta de meia- idade. Não está claro se a relação entre síndrome e o AVC é
Análises prévias demostraram que o aumento no risco de AVC em pacientes com SAOS é
similar em magnitude aos efeitos dos outros fatores de risco cardiovascular. Um estudo
sobre AVC demonstrou que a SAOS persiste apesar da recuperação neurológica, sugerindo
seu aparecimento antes do AVC. Esse estudo foi realizado com o objetivo de avaliar se a
eventos por hora. Pacientes com índices menores que 5 foram utilizados como grupo
controle. Foram diagnosticados como portadores de SAOS 697 (68%) pacientes do total. O
índice médio de apnéia- hipopnéia foi de 35, comparado com 2 do grupo de controle. Em
análise não ajustada, a SAOS apresentou um risco aumentado de morte e AVC (2,24;
intervalo de confiança de 95%, 1,30-3,48; P= 0,01). Após ajuste para a idade, sexo, raça,
fumo, consumo de álcool, índice de massa corpórea, diabete melito, hipertensão, fibrilação
atrial e dislipidemia, a SAOS permaneceu como uma associação significativa com morte e
AVC (1,97; intervalo de confiança de 95%, 1,18-3,48; P=0,01). A gravidade da SAOS foi
associada com maior risco de desenvolver morte e AVC. Os autores avaliam que os
possíveis mecanismos que associam a SAOS com AVC e morte incluem alterações
AVC e morte por qualquer causa, sendo que esta associação é independente de outros
se traduz em uma bradicardia que pode descer até 50% do nível pré-apnéia. Ao finalizar a
apnéia e restaurar a ventilação, se produz uma taquicardia compensatória. xxv Dois tipos
incluída como fator de risco. Estudos têm demonstrado que o risco de início de um IM em
pacientes com SAOS, é aumentado durante as primeiras horas da manhã. xxix Em homens
aumentado para doenças isquêmicas cardíacas. xxx Aboyans,V e cols, num estudo
meia idade, 40 dias após IAM, demonstraram que a prevalência de SAOS foi de 30% e que
sem SAOS: todos os pacientes com SAOS apresentaram o pico de início do IM no período
entre 06 e 11:59h. Nenhum dos pacientes com SAOS, teve seu IM entre 24 e 5:59 h. Este
como desencadeadoras de IM.xxxi, xxxii Pesquisas tem demonstrado que o uso contínuo
Bradicardia sinusal
Sintomas noturnos: ronco, sono fragmentado com múltiplos microacordares, acordares com
esofágico.
e depressão. Todos estes sintomas diurnos da SAOS são na realidade sintomas psiquiátricos
que aparecem no dia a dia do atendimento psiquiátrico. Deve-se pensar sempre em SAOS
no diagnóstico diferencial, em pacientes com demência, deprimidos adinâmicos,
TRATAMENTO DA SAOS
primários para o fechamento das vias aéreas na SAOS. xxxv Diversos fatores relacionados
a anatomia craniofacial, hipertrofia muscular, aumento dos tecidos moles por deposição de
gordura podem predispor ao colapso das vias aéreas durante o sono. A perda de peso está
em geral associada à melhora da SAOS mas, apesar de eficaz, é de baixa aderência. O uso
de álcool e sedativos relaxam a musculatura das vias aéreas superiores e podem agravar ou
mesmo levar à síndrome da SAOS xxxvi e, portanto, devem ser evitados. Em alguns casos,
- Tratamento comportamental
COM SAOS:
o Perder peso
das vias aéreas durante o sono. A pressão ideal pode ser estimada pelo uso da
também exercer um papel importante nos pacientes que roncam, uma vez que também
colaboram para a diminuição do edema faríngeo da SAOS. Estão em estudo, todavia sem
hipotireoidismo, o tratamento com L-tiroxina pode melhorar a mecânica das vias aéreas
e palato mole, resultando na abertura do espaço faríngeo e podem ser uma opção no
o mais comum, mas não é o tratamento de primeira escolha para SAOS por causa de
eficiente, porém, com importante morbidade para o paciente, podendo ser uma medida
temporária até correção da obesidade ou para casos graves com intolerância ao CPAP.
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ATUALIZAÇÃO EM SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS
Rubens Reimão
desconforto, queimação, dor ou mal estar indescritível nos membros inferiores, por vezes,
também nos membros superiores e no tronco que piora à noite e alivia com o movimentar
têm sido descritas na literatura, tais como fadiga, depressão, ansiedade (Winkelmann,
Konofal,2007). Em muitos casos, o paciente pode evitar situações que exijam um longo
período em repouso que possam piorar o quadro, como viagens, cinema, teatro, reuniões.
Recentes estudos demonstram a relação da SPI como fator de risco para hipertensão
mulheres e pessoas de idade superior a 50 anos (Earley,2003). Embora seja uma afecção
ferro.
Fisiopatologia
relação com deficiência de ferro e aos achados clínicos de boa resposta terapêutica com o
síndrome (Ondo, He, Rajasekaran & Le,2000). Apesar desta relação com o sistema
da medula espinhal.
mecanismos desta doença. Foi identificada uma significativa relação com os genes MEIS1,
Xiong, Jalilzadeh et al., 2007). Estas pesquisas podem abrir novas linhas de investigação na
podem contribuir para confirmação diagnóstica, porém não são essenciais para o
maior de um indivíduo portador ter história na família do que uma pessoa que não tem esta
doença.
periódicos de pernas (Periodic Limb Movements of Sleep - PLMS ), distúrbio do sono no qual
os movimentos são estereotipados, repetitivos das pernas e/ou dos braços. São tipicamente
ocasionalmente, a flexão do joelho e quadril. Entretanto, nem sempre envolvem estas áreas
do corpo ou seguem este padrão. A ocorrência de PMLS não é específica de SPI, podendo
não relacionadas ao sono ou, ainda, em associação com tratamentos com medicações
específicas. Deste modo, a presença de movimentos periódicos de pernas, por si, não é,
necessariamente, sugestivo do diagnóstico de SPI, mas a sua ausência sugere que outro
substâncias.
expressar os sintomas. Nestes casos, os quatro critérios devem ser preenchidos com o relato
dominante; e
repouso ou inatividade;
atividade; e
entardecer ou à noite.
A SPI normalmente evolui cronicamente e com piora progressiva dos sintomas.
Alguns casos podem apresentar apenas sintomas intermitentes e com remissão espontânea.
50 anos tendem a evoluir mais cronicamente e com piora lenta progressiva. Na idade acima
iniciar ou manter o sono, sendo um dos principais motivos do paciente procurar ajuda.
Deste modo, pacientes com queixas de insônia ou SDE devem ser cuidadosamente
vitamina B12, ácido fólico, função renal, glicemia de jejum, TSH hemograma completo,
Garcia-Borreguero et al.,2007).
Tratamento
sono devem ser abordadas. Incentivar e aplicar as medidas de Higiene do Sono pode trazer
agravantes ou desencadeantes.
A prática de atividade física pode favorecer o tratamento, porém não deve ser
Thorp & Bailey,2006). Medidas comportamentais para evitar o estresse são fundamentais.
O uso de agentes farmacológicos é indicado nos casos em que não há melhora dos
sintomas ou quando os sintomas são intensos e interferem na qualidade de vida. Apesar dos
avanços científicos sobre esta síndrome nas últimas décadas, ainda existem poucos
0,25 a 1,0 mg, devendo ser administrado cerca de 2 horas antes do horário habitual dos
sintomas (Montplaisir, Denesle & Petit, 2000). A Levodopa também é eficaz, porém com
Zucconi, Benes, Garcia-Borreguero, Bassetti et al.,2007). Outras drogas que podem ser
Larrosa, de la Llave, Verger. Masramon & Hernandez, 2002), ácido valpróico de liberação
Clonazepam (Boghen, Lamothe, Elie, Godbout & Monplaisir, 1986) e Zolpidem (Bezerra
& Martinez,2002).
renal crônica dialítica (Davis, Rajput, Rajput, Aul & Eichhorn, 2000). A utilização de
doença. De forma típica os sintomas pioram com o aumento da dose dos agonistas
Diagnóstico diferencial
sonolência ou sono pode indicar diagnóstico de SPI ao invés de neuropatia periférica. Além
disso, em neuropatia periférica, as dores e parestesias tendem ser a principal queixa e não
sensitivas e atrofias.
Acatisia, diferentemente de SPI, está comumente associada a sintomas extra-
Conclusão
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ESTRESSE OCUPACIONAL, DEPRESSÃO E SONO
Nancy Inocente
Aqueles do turno vespertino tendem a dormir uma hora a menos que os do turno diurno e,
Os resultados indicaram que 43,2% dirigiam mais que 16 h/dia e 2,9% faziam trabalho por
turnos. A média de horas de sono foi 5,97, sendo que 23,8% dormiam menos de 5 horas.
Pouco mais da metade da população avaliada por eles (50,9%) fazia uso de bebida
nesta população.
Os resultados das avaliações de sono e alerta foram semelhantes nas amostras estudadas,
sendo que os trabalhadores, após turnos noturnos, apresentaram tempo total de sono menor
do que após outros turnos, quando comparados consigo mesmo e/ou com seus colegas de
turnos diurnos.
pessoal e saúde foram investigados por Bohle, Quinlan, Kennedy e Williamson (2004),
trabalho diárias e semanais muito longas ou muito curtas, de acordo com as exigências
qualidade de sono nos cochilos na última metade do turno noturno do que os cochilos em
horário mais cedo. O estudo indicou que o horário adequado de um cochilo curto deve ser
cidade São Paulo, foi realizado por Fischer, Teixeira, Borges, Gonçalves e Ferreira, (2002).
A organização dos turnos, diurnos e noturnos fixos destes trabalhadores, era de 12 horas
qualidade dos episódios de sono nos dias de trabalho e mos dias de descanso, bem como
autores concluíram que os níveis percebidos de alerta à noite tornaram-se piores, à medida
faz presente e, pode prejudicar, tanto trabalhadores quanto os pacientes, que estão aos seus
cuidados.
Observa-se, por meio das pesquisas mencionadas, que o trabalho em turnos e noturno
aos transtornos do ciclo vigília-sono e que providências devem ser tomadas para melhorias
Estresse Ocupacional
Estresse significa fadiga, cansaço, tensão e, embora não se tenha uma definição de
(Selye, 1965).
contingentes, as quais os sujeitos nem sempre estão preparados para enfrentar de modo
satisfatório.
liberação de glicose pelo fígado, redistribuição sangüínea da pele para o fortalecimento dos
exposição ao agente estressor, o organismo passa para a Fase de Exaustão, e, não sendo
repouso, isto é, o estresse não é o agente que atua sobre o organismo, mas o padecimento
O termo estresse é utilizado de formas diferentes e não há uma definição que satisfaça
essencial ao ser humano e influencia sua saúde e sua qualidade de vida. O estresse
trabalhadores entre 10% a 30%, devido às condições de trabalho e suas repercussões sobre
(Fernández-Lópes, 2003; Inocente, 2005; 2007; Kalimo, El-Batawi & Cooper, 1998; Murta,
Laros & Troccoli; 2005; Van der Doef & Maes, 1999).
visto que, certas condições de trabalho são estressantes para a maioria das pessoas e que
National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH, 2007), agência americana
que estuda as relações entre saúde e trabalho, enfatiza as principais condições estressantes
a) desenho do trabalho: trabalho pesado, turnos e horas de trabalhos longos, alta demanda e
companheiros e supervisores;
estão preparados;
problemas ergonômicos.
relacionada com o estresse ocupacional, sendo que quanto maior o escore de interferência,
maior o de estresse, por meio de eventos como: mudar os planos no trabalho para atender
os compromissos familiares, sair mais cedo do trabalho para resolver problemas em casa e
realizado.
Depressão
humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades e inclui os
IV, APA, 2000). O episódio deve ser acompanhado por sofrimento ou prejuízo
importantes da vida do indivíduo. Para alguns indivíduos com episódios mais leves, o
funcionamento pode parecer normal, mas exige um esforço aumentado para realizar as
persistente, uma tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando outros,
que a saúde mental destes profissionais pode ser influenciada por fatores internos e
externos ao trabalho e que as estratégias devem estar apoiadas no gerenciamento da
Saúde do Trabalhador.
Ruggiero (2003) apontou que o trabalho noturno constitui um fator de risco para o
ambiente de trabalho.
correlação negativa com apoio social, entendido como o suporte oferecido pelos
O cenário atual demonstra que, nos últimos anos, várias mudanças ocorreram na
organização das jornadas de trabalho com a ampliação das horas operacionais que podem
comprometer a saúde do trabalhador. Medidas preventivas deverão ser incorporadas na
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tanto como sintoma principal ou, como mais comumente, como queixa secundária.
Trabalho
Para garantir sua sobrevivência e bem-estar, o Homem busca o trabalho, sendo este
também fonte de realização pessoal e reconhecimento social. O trabalho faz parte da vida
remuneradas, nos setores formais ou informais; e também aqueles que exercem atividades
tem benefícios que o colocam dentro de uma sociedade enquanto um ser realizado.
determinadas classes sociais, ela será determinada por fatores geográficos, educacionais e
sociais.
refeição, entre outros) quanto do comércio e da região. Quando se mudam deixam marcas
agricultura e pecuária, nos últimos anos, vêm passando por transformações, substituindo
homens por máquinas. As fábricas cada vez mais preocupadas com o aumento da produção,
um padrão que, embora seja determinado por processos fisiológicos, varia de acordo com
cada pessoa, com seus hábitos de vida e de trabalho (Almondes & Araújo, 2003).
O trabalho traz benefícios importantes para o homem, mas pode ser também fonte
1992; Seki & Yamazaki, 2006). Quando surgem falhas — insatisfações, desemprego e
instabilidade — o trabalhador fica frágil o que abre caminho para transtornos sejam
por pesquisadores nas diversas áreas da saúde. Fatores sociais, econômicos, tecnológicos e
direitos sociais trabalhistas não existem. Estudo com trabalhadores em condições precárias
longas, ora muito curtas. Devido ao estresse e insegurança neste tipo de trabalho,
relação destes com ocorrências de acidentes de trabalho, decisões inadequadas que afetam o
profissional e a empresa, faltas e licenças, entre outros (Carvalho, 2002; Glina, Rocha,
Batista & Mendonça, 2001; Inocente, 2005; Seki & Yamazaki, 2006).
produtos tóxicos, carga horária excessiva, trabalho em turnos alternantes e outros), podendo
que tem habilidade e que gosta, ele o faz não só por sobrevivência, mas por realização
presente em diferentes esferas do trabalho (Carvalho, 2002; Dejours, 1992; Inocente, 2005;
Seki & Yamazaki, 2006; Silva, 2000). Atinge, principalmente, profissões ligadas à Saúde
ela, haverá diminuição de estresse. Quando a organização não favorece esta liberdade, é
Quando a pessoa encontra apoio social, ela fortalece seus valores e crenças, sente mais
segura para enfrentar a situação estressante. O estresse é um alerta físico e mental que
prepara o organismo para enfrentar uma situação perigosa. Desencadeia reações físicas que,
se forem mantidas por muito tempo, causarão danos à saúde. Além dos fatores físicos há a
principal queixa dos trabalhadores (Blanco, 1996; Rossini & Reimão, 1999). Quando em
Medicine, 2001) criando assim um círculo que se repete, evoluindo para transtornos graves
e crônicos.
Pessoas com insônia reagem ao estresse com tensão e agitação o que pode ser
responsável por maior fragmentação do sono com despertares durante o sono. Além disso,
melhor qualidade de vida e maior produtividade para a empresa. Estudo de Couto (2003)
estimular alterações na rotina do dia-a-dia de tal maneira que promova melhores condições
trabalhador toma consciência dos cuidados para melhorar sua vida, aprende as técnicas de
Higiene do Sono, reflete sobre a função e importância do trabalho e do sono em sua vida.
Kupfer, 1989; Cunha, 2001; Fleck et al., 2000), bem como testes projetivos, permitirá
Referências
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COGNITIVO DO SONO
filosofia da mente. Ela tem como finalidade avaliar, não só, a influência das diferentes
de suas relações com os estados emocionais. Lançando mão do método experimental, ela
clássico. Com ela desponta a ética que rege o comportamento do pesquisador frente aos
Kristensen, Almeida e Gomes (ibid), é esta última via, que ao dar origem a neuropsicologia
as técnicas de neuroimagem.
Acreditando que o poder configurador dos sistemas sensoriais que dão origem às
diferentes faixas etárias, culturas, etnias, gêneros e níveis educacionais, eles pretendem
mentais, sobretudo aquelas que povoam os sonhos dos homens, seriam predominantemente
qual o caráter modal sensorial preferencial de suas representações oníricas? Para responder
também que quando as representações do desejo sexual eram visuais, elas também eram
impessoais e imediatas, e que quando eram táteis, também eram pessoalizadas e mediatas.
Azevedo (2004) definiu como pessoalizado o desejo sexual que se manifestava nas relações
de um mesmo círculo social (sensorial/ proximal), tais como, as que se estabelecem entre
membros de uma mesma família, entre amigos, colegas de trabalho e de escola; e como
impessoal o desejo sexual que se manifestava nas relações de círculos relacionais diferentes
de TV, entre clientes e profissionais do sexo, ou mesmo entre pessoas cujos encontros
representações dos cegos eram predominantemente táteis, e que as dos videntes eram
nos Indivíduos Privados de Visão”, Contino (2005) avaliou o caráter modal sensorial das
questionário específico. Vinte cegos adultos divididos em dois grupos, um constituído por
dez cegos de nascença e outro por dez cegos tardios responderam as questões. Ana Lúcia
conhecidas (tato, visão, audição, olfato e paladar). 3- que as representações espaciais vigeis
circadiano, responsável pela alternância dos estados de sono e de vigília. Para tanto ela
espaciais cognitivas: uma realidade espacial externa, considerada real, física, sensível e
motora que caracteriza o estado de vigília; uma realidade espacial cognitiva interna,
nítido, que caracteriza o estado de sono lento ou profundo. A pesquisa, do tipo participativo
descritivo, contou com uma amostra de 156 universitários de curso noturno, Gomes de
Mello (2006), pesquisou o sono dos sujeitos da amostra utilizando dois instrumentos
boa vigilidade diurna. Quanto aos resultados do teste de atenção concentrada, observou que
da privação de sono gerada por fatores ambientais sociais a que estavam submetidos os
considerar que, se por um lado, a privação parcial do sono aparentemente não interfere na
Rapidez da atenção dos sujeitos da pesquisa, por outro lado, ela responde pela baixa
captação precária da luz altera a organização do ritmo sono/vigília dos bebês, entrevistou
64 mães e/ou responsáveis por bebês entre zero e sessenta meses, do Estado do Rio de
Janeiro, divididos em três grupos: grupo vidente (23), grupo baixa visão (18) e grupo cego
(23). Dentre os achados mais relevantes ela destaca: 1- o sono noturno dos bebês cegos
adentra por até cinco horas no período claro; 2- o tempo de sono diurno dos bebês cegos é
menor do que o tempo de sono diurno dos bebês videntes; 3- os bebês cegos apresentam,
em alguns casos, mais do que um padrão de sono; 4- os despertares noturnos dos bebês
cegos são descritos como mais longos do que os despertares noturnos dos outros dois
grupos. 5- o tempo total do sono dos bebês cegos, ao contrário dos demais grupos, não
diminui com o avanço da idade. De maneira geral, os resultados encontrados por Lima
(2008) sugerem existir uma tendência circadiana “free-running” influenciando o ciclo sono
Considerando-se que dentre estes três estados de consciência somente o primeiro permite
ao sujeito inferir os estados mentais dos outros, isto é, exercer a Teoria da Mente, e que
desde os quatro anos de idade as crianças já estão aptas a inferir estados mentais em
sujeitos vigeis, Stobäus (2008) pergunta: Será que as crianças também são capazes de
inferir os estados mentais de sujeitos adormecidos e sonhando? Com que idade elas estão
surdas também estão aptas a inferir os estados mentais de sujeitos vigeis, adormecidos e
sonhando? Tendo como base uma maquete, o relato de uma história e um questionário
compara, a partir dos indícios representacionais sensoriais e dos diferentes níveis de
na justificativa das respostas (mesmo nas crianças cegas); 3- que nas crianças surdas a
metafísicas tais como: saber, pensar e a consciência; 4- que as crianças cegas e normo-
sensoriais aparentemente exploram muito mais a maquete através do tato do que as crianças
surdas; 5- que algumas crianças, embora cegas, também se referem a representações visuais
oníricas.
Referências
Sarcoma de Kaposi – tipo de câncer e de infecção por Pneumocystis carinii – uma forma de
Humana (Human Immunodeficiency Virus- HIV) e da doença por ele causada, a Síndrome
organismos invasores.
O avanço da AIDS segue rápido e a doença é uma pandemia que está presente em
comportamentos de risco, não sendo adequado, portanto, referir-se a “grupos de risco”. Nas
mulheres a relação sexual é a forma de transmissão que mais tem contribuído para a
pessoas vivendo com AIDS no Brasil, sendo 159.793 do gênero feminino, sendo que a
Sono e HIV/AIDS
O conhecimento mais efetivo sobre as características e a qualidade do sono de
mulheres soropositivas surgiu como uma necessidade na prática clínica com HIV/AIDS,
mulheres. A taxa aumentada de insônia nas mulheres pode ser relacionada a diversos
durante a noite, existindo cinco estágios distintos: um estágio com movimentos oculares
rápidos - Rapid Eye Movement (REM) e quatro estágios do sono Nonrapid Eye Movement
também conhecidos como Slow Wave Sleep (SWS) ou sono delta, é caracterizado como
sono profundo e acredita-se que ele seja restabelecedor (Cruess, Antoni, Gonzalez,
distúrbios do sono, que estes são frequentemente relatados no início da infecção e que
continuam através do curso da AIDS (Hand, Phillips & Dudgeon, 2006; Mock, Phillips,
estresse, ansiedade, depressão e distúrbios do sono (Hand, Phillips & Dudgeon, 2006;
distúrbios do sono também relatam um nível mais alto de sintomas depressivos e uma pior
Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) (Buysse, Reynolds, Monk, Hoch, Berman &
Antiretrovirais e Sono
medicações tem-se o Efavirenz (EFV), que pode apresentar como efeitos colaterais a
insônia e o sono agitado.Em pesquisa realizada no Instituto de Salud Carlos III, em Madri
sono de 18 indivíduos tratados com EFV (13 deles com diagnóstico de insônia e 5 sem
diagnóstico de insônia e em uso de EFV tinham valores de eficiência do sono mais baixos,
despertares por noite. Todos os pacientes que estavam em uso de EFV, mesmo aqueles que
diagnóstico de insônia e que estavam em uso de EFV mostravam altos níveis sanguíneos
deste antiretroviral e que, a eficiência do sono abaixo de 90% era, aproximadamente, duas
vezes mais comum entre pacientes com concentrações plasmáticas de EFV acima de 4
mg/mL. Os pesquisadores sugerem que alguns efeitos adversos deste medicamento, tais
como a insônia, parecem estar relacionados com a dose e que a inibição direta de algumas
mecanismo mais provável. Sugerem ainda, que a determinação dos níveis plasmáticos do
EFV pode permitir um ajuste da dose e minimizar esses efeitos (Gallego, Barreiro, Del Rio,
Aspectos psicológicos
A AIDS tem se tornado objeto de interesse por parte da psicologia e de outras áreas
da saúde mental essencialmente por duas razões: o tropismo do HIV pelo Sistema Nervoso
nos valores destas pessoas. Uma sucessão de mudanças ocorre de modo gradual e lento
invadida pela angústia e tem pouca condição de pensar. A vida destas pessoas caracteriza-
se por sentimentos de incerteza. Cada acontecimento novo é uma necessidade de aprender a
A mulher vivencia solidão e desamparo, pois é difícil tanto nos primeiros momentos
como no decurso da doença, falar do assunto com amigos e familiares, dados os estigmas
em torno das pessoas com o HIV em geral, e das mulheres HIV positivas em particular
desafios sociais, tais como preocupações financeiras, autonomia deficiente, estigma social,
entre outros. Estes tipos de estressores recorrentes podem causar impacto sobre o sono
Em estudo realizado por Nokes e Kendrew (2001) foi encontrado que uma melhor
tais como: bem-estar geral, ansiedade, sintomas depressivos e severidade nos sintomas da
AIDS.
Considerações Finais
Viver com HIV é se deparar com situações de discriminação, ruptura nas relações
afetivas e problemas com a sexualidade. Diante desta realidade, viver e enfrentar a doença
torna-se cada vez mais problemático e, como consequência, a qualidade do sono e de vida
ficam comprometidas.
mulheres, evidencia-se a perda da autoestima, que gera sentimentos de angústia, que por
sua vez, precipitam culpa e ódio por si mesmas por terem contraído o vírus HIV.
Mesmo não sendo vista como uma afecção terminal, a AIDS traz muitos
sofrimentos. As pacientes relatam noites e mais noites sem dormir perseguidas pelos
resultados dos exames realizados para avaliar a quantidade de vírus no sangue e a condição
imunológica. Ficam insones pelo temor de que não vejam seus filhos crescerem, pela
perda do interesse sexual e pelo receio de que o diagnóstico positivo de HIV seja revelado
Sono.
compromete por sua vez o sono, e este, como já visto, pode influenciar nos mecanismos de
Referências
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denominadas drogas psicoativas (DP), ou mais popularmente, drogas (Seibel & Toscano,
2000). Assim como o álcool, as DP têm caráter universal quanto ao uso, principalmente
por provocarem alterações importantes nos estados mentais, especialmente no que concerne
mais comuns relacionadas ao uso e abuso de DP, podendo ocorrer tanto na fase de
opostas. É o caso, para exemplificar, dos estimulantes que durante a fase de intoxicação
Álcool
O álcool — droga indutora do sono mais usada pela população geral — é uma
administração quanto após sua retirada, acarreta importantes modificações no sono, que
podem se prolongar, por vezes, por algumas semanas ou mais (Kaplan, Sadock & Grebb,
1997).
calor ou calafrios, podem ser confundidos com os de ataque de pânico, sendo o diagnóstico
dormir e de forma aguda, reduzem a latência do sono e o tempo de sono REM (Rapid Eye
Movement- movimentos rápidos dos olhos) e, ainda, aumentam o tempo de sono NREM
(Non Rapid Eyes Movement) nas primeiras horas após sua administração. Sendo de
metabolização rápida, quatro a cinco horas após a ingestão, pode levar a fragmentação do
sono e à insônia devido aos desconfortos consequentes, tais como irritação gástrica,
& Westreich, 1998). A retirada do uso do álcool também está associada a aumento da
pelo aumento compensatório de sono REM (Araújo, Oliveira, Piccoloto, Magrinelli &
Szupszynski, 2004).
A insônia, por retirada de álcool, pode ser dividida em fase aguda (até 14 dias após
semanas após a cessação do uso). Durante os primeiros dias de abstinência, o sono é curto,
pode persistir, em alguns pacientes, por até dois anos após a retirada do álcool. A avaliação
do sono nestes casos é complexa e requer consideração cuidadosa (Reite, Ruddy & Nagel,
2004).
Maconha
Maconha, droga ilícita mais usada em todo o mundo, pode provocar uma série de
efeitos tais como euforia, disforia, sedação, alterações perceptuais e sensoriais, entre outros.
Seu uso geralmente intermitente e limitado (Crippa et al.,2005). Estima-se que 10% dos
administração, que pode ser oral (45 a 60 minutos) ou pulmonar (10 a 30 minutos), durando
em torno de duas a quatro horas, seguidos por um período de sonolência e sedação, que
pode variar entre uma a duas horas (Abood & Martin, 1992; Kaplan et al., 1997).
maconha com relação aos efeitos da abstinência do uso, tendo encontrado como sintomas
principais: fissura pela droga, perda de peso, diminuição do apetite, distúrbios no sono e
Cocaína
Cocaína, droga estimulante do SNC, pode ser absorvida, praticamente, por todas as
vias, ou seja, pode ser inalada, fumada, injetada (via endovenosa, subcutânea) ou ainda,
através de mucosas, incluindo a mucosa genital (Leite, 1996). Embora, atualmente, uma
grande parcela dos usuários de cocaína esteja consumindo crack, o uso inalado da droga
latência do sono e da latência do sono REM, reduz o tempo total de sono (TTS) e tempo de
sem dormir, seguidos por um ou dois dias de hipersonolência. A retirada dos estimulantes
al.,2004).
Morgan e Malison (2007) relatam que, embora o uso abusivo de cocaína se
relacione com alterações profundas no sono, curiosamente não está associado com relatos
mulheres, moradoras de rua da cidade de Los Angeles, verificando que cerca de metade da
amostra dormiam seis ou menos horas por dia, e que a maioria delas se queixavam de
sono agitado. Essas mulheres, com idade entre 18 a 44 anos, que faziam uso de cocaína e
final, diferenças significativas nos relatos sobre a qualidade do sono, exceto o que se
Lima, Rossini e Reimão (2007) verificaram que 92% deles estavam classificados, de acordo
como instrumento, em maus dormidores. Quanto ao número de horas de sono, 32% dos
sujeitos pesquisados relatavam dormir menos de 5 horas por noite e 25% de 5 a 6 horas por
noite. A avaliação dos sujeitos a respeito da qualidade de seu sono mostrou que 57% deles
sintético da anfetamina, portanto uma droga psicoestimulante, que em doses muito altas
pode provocar alucinações (Seibel & Toscano, 2000) e causar alterações importantes e
persistentes no padrão do sono dos usuários (Allen, McCann & Ricaurte,1993; McCann &
Estudo polissonográfico (Allen et al.,1993 citados por Almeida & Silva, 2000)
foram comparados com os de indivíduos sem histórico anterior de uso da droga, sendo que
ambos os grupos estavam em abstinência de qualquer tipo de droga há pelo menos duas
semanas. O TTS em usuários de êxtase foi menor do que o grupo controle, principalmente
efeitos desta droga sobre o sono de usuários, além de insônia: inversão do ritmo
Considerações Finais
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