Você está na página 1de 44

Ano 06 | Setembro/Outubro 2018 revistaferidas.com.

br

Artigo
Efeitos da pressão
subatmosférica
em um paciente
acometido pela
fasciíte necrotizante
REVISTA FERIDAS
ISSN 3018-7336

Foto: ilustrativa/Can Stock Photo


R$ 26,00

Artigos Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa •


Mala Direta Básica
CNPJ 18.590.546/0001-05 Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite • Evento
DR/SPM/SP
Cliente 1º Congresso Internacional Feridas, realizado durante o 10º Congresso Brasileiro Nursing,
MPM COMUNICAÇÃO LTDA
fomenta o debate, a pesquisa e a atualização profissional
CONSELHO CIENTÍFICO
Dra. Aída Carla Santana de Melo Costa: Universidade Tiradentes, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde |
Campus 2 - Ciências Biológicas e da Saúde | Fisioterapeuta / Mestre em Ciências da Saúde / Doutoranda em
Ciências da Saúde. Dr. Aylton Cheroto Filho: Hospital das Clínicas da FMUSP | Formação em Medicina pela
EDITORA CIENTÍFICA Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo | Residência Médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica
MPM Comunicação pelo HC-FMUSP | Mestrado em Cirurgia Plástica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Carla Cristina Araújo: Fisioterapeuta Mestre em Biológicas (Fisiologia) pela Instituto de Biofísica Carlos Chagas
EDITORA EXECUTIVA Filho (UFRJ). Doutoranda em ciências Biológica, pelo Instituto de Ciência Básica da Saúde (UFRS). Colaboradora
Maria Aparecida dos Santos do laboratório de Investigação Pulmonar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro da sociedade Ameri-
cana Torácica e da Sociedade Brasileira de Fisiologia. Daniele Vieira Dantas: Enfermeira e administrativa (UFRN).
ENVIO DE ARTIGOS
Doutora e Mestre em enfermagem/UFRN. Professora adjunta do Departamento de enfermagem/UFRN e membro
artigo@mpmcomunicacao.com.br ou
pelo site www.revistaferidas.com.br do grupo de Pesquisa Incubadora de Procedimentos de enfermagem/UFRN. David de Souza Gomes: Médico.
(na aba envie seu artigo) Diretor técnico de Serviço de Saúde da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Médico responsável pelo Serviço de Queimaduras.
ASSINATURAS Professor titular de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro. Professor da
assinaturas@ Faculdade de Medicina de São Paulo e Médico do Hospital Escola Wladimir Arruda. Francisco Lopes: Médico.
mpmcomunicacao.com.br Membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Membro Titular do Colégio Bra-
sileiro de Cirurgiões. Preceptor dos Serviços de Cirurgia Plástica e do grupo de Prevenção e Tratamento de feridas
PUBLICIDADE
maria.aparecida@ do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre. Geraldo Magela Salomé: Médico. Cirurgião Plástico
mpmcomunicacao.com.br Pós Doutorado e doutor em cirurgia plástica. Universidade Federal de São Paulo. Docente do curso de Mestrado
Profissional Ciências Aplicadas à saúde da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS, Pouso Alegre/MG). Gilson
PAUTA de Vasconcelos Torres: Enfermeiro. Pós Doutor em enfermagem (Évora/Portugal). Doutor em enfermagem (EERP/
jornalista@ USP). Dr. José Adorno: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica | Graduação em Medicina pela Universidade de
mpmcomunicacao.com.br Brasília (1986) e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Prof. José Antonio Gonçalves
Silva: Especialista em Enfermagem Dermatológica (ESTÁCIO DE SÁ) | Mestre em Ciência da Saúde (UNISA) |
Mestre em UTI (IBRATI) | Especialista em Urgência e Emergência e Cuidados Intensivos (UNICSUL) | Especialista
em Enfermagem Cardiovascular e Intervencionista (UNICSUL) | Pós Graduação em Administração dos Serviços de
Saúde (UNICSUL) | Pós Graduação em Docência para Nível Médio e Superior (FACCAMP) | Bacharel em Enfer-
magem (UNICASTELO) | Enfermeiro Assistencial Hospital São Camilo UTI/Adulto | Docente na Universidade Santa
www.facebook.com/ www.instagram.com/ Rita - SP. Dr. José Maria Pereira de Godoy: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências
revistaferidas revistaferidas da Saúde, Departamento de Enfermagem | Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de São José
do Rio Preto, Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e Doutorado
em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Dr. Kleder Gomes de Almeida:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Departamento de Morfofisiologia | Graduação em Medicina pela
WWW.REVISTAFERIDAS.COM.BR Universidade Serra dos Orgão, Mestrado em Técnicas Operatórias e Cirurgia Experimental pela Universidade
Federal de São Paulo e Doutorado pela UFMS. Luciana Frutuoso de Oliveira: Enfermeira. Mestre em Saúde, Am-
A edição brasileira da Revista Feridas, criada em maio/junho de 2013, atu- biente e trabalho ênfase em Epidemiologia). Faculdade de Medicina, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Luiza
almente publicada pela editora MPM Comunicação Ltda., é uma publicação Wilma Santana da Silva: Enfermeira. Pós doutora em Enfermagem (UFSC), com período de estudos em Londres
bimestral destinada à divulgação de conhecimento científico nas áreas de Ci- e Inglaterra. Professora Titular do UESB (Jequié/BA). Docente colaboradora do programa de Pós – Graduação em
rurgia Plástica, Infectologia, Cirurgia Vascular, Enfermagem, Fisioterapia, Podo- enfermagem/UFBA. Coordenadora do Projeto de Extensão. Marcos Barreto: Médico. Coordenador do Centro
logia, Nutrição, entre outras. Tem como finalidade contribuir com a construção
de Tratamento de Queimadas do Hospital da Restauração. Dra. Maria de Fátima Guerreiro Godoy: Professora
do saber dos profissionais destes campos por meio de divulgação de conteúdos
científicos. www.revistaferidas.com.br Convidada da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto | Graduação em Terapia
Ocupacional pela Universidade Metodista de Piracicaba Mestrado em Psicologia pela Pontifícia Universidade
Periodicidade: bimestral | Tiragem: 15.000 exemplares | Impres- Católica de Campinas e Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto,
so no Brasil por: Brasilform Ltda | ano 06 | R$340,00 Pós Doutorado Faculdade de Medicina de São Jose do Rio Preto/CAPES. Marina de Góes Salvetti: Enfermeira.
O número no qual se inicia a assinatura corresponde ao mês seguinte ao Pós Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte com bolsa CAPES. Doutora em Ciência pelo
do recebimento do pedido de assinatura em nossos escritórios. programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto (2010). Realizou o programa “Internacional
Nursing PhD e doutorado “sanduíche” com bolsas CAPES na Bloomberg Faculty of Nursing (University of Toronto)
Propriedades e direitos
Direitos de autor: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sob a Professora do Departamento de Enfermagem Médico – Cirúrgico da Escola de Enfermagem da USP. Dr. Marcelo
proteção do Código de Direitos de Autor e não podem ser total ou parcial- Fernando Matielo: Hospital do Servidor Público Estadual, Cirurgia Vascular | Doutorado pela FMUSP | Graduação
mente reproduzidos sem permissão prévia, por escrito,da empresa editora em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, doutorado em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela
da revista. A Revista Feridas envidará todos os esforços para que o material Universidade de São Paulo. Prof.ª Ma. Sandra Marina Gonçalves Bezerra: Especialista em Estomaterapia (UNI-
mantenha total fidelidade ao original, pelo que não pode ser responsabiliza- TAU) | Mestre em Enfermagem (UFPI) | Doutoranda em Enfermagem (UFPI) | Diretora Geral Hospital Promorar (FHT)
da por erros gráficos surgidos. As opiniões expressas em artigos assinados | Professor Assitente I (UESPI). Dr. Paulo Jorge Alves: A Universidade Católica Portuguesa (UCP) | Doutoramento em
não correspondem necessariamente à opinião dos editores.
Enfermagem pela Universidade Católica Portuguesa. Dra. Roberta Azoubel: Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem | Doutorado em Ciência da Saúde pela
A Revista Feridas é uma publicação brasileira, com periodicidade bimes- Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestre em Ciência da Saúde (UFRN) área de concentração úlcera
tral, destinada à divulgação de conhecimento científico da Saúde, voltada venosa. Roseanne Montargil Rocha: Enfermeira. Pós-Doutorado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
ao grupo multidisciplinar formado por médicos de todas as especialidades, (2015). Doutorado em Enfermagem Fundamental pela Escala de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade
enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas de São Paulo. Professora Plena da Universidade Estadual da Santa Cruz e Coordenadora Operacional do DINTER
ocupacionais, dentistas, psicólogos e tantos outros profissionais da área, Em Enfermagem EERP/USP/UFMA/UESC. Dra. Rutiene Maria Giffoni Rocha de Mesquita: Universidade Federal
e que tem como finalidade contribuir para a construção do saber desses
de Roraima, Centro de Ciências da Saúde | Graduação em Medicina pela UFBA. Dr. Sérgio Luis Alves de Morais
profissionais. Periodicidade: bimestral. Tiragem: 20 mil exemplares.
Júnior: Doutorado em Biotecnologia | Mestrado em Reabilitação | Especializações em Urgência e Emergência,
U.T.I e Saúde Pública | Graduação em Enfermagem | Professor nas Universidades Anhanguera de São Paulo e
Nove de Julho (UNINOVE) nos cursos de Graduação e Pós-graduação. Thaiza Teixeira Xavier Nobre: Fisiote-
rapeuta. Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professora
Adjunta II FACISCA/ UFRN. Chefe do Laboratório de Anatomia Humana da FACISSA/UFRN. Líder do grupo de
pesquisa. Grupo Interdisciplinar de Estudos em Ciência, Saúde e Sociedade. Docente da residência multiprofissio-
nal da área de Fisioterapia materno-infantil.
Sumário
1110 Editorial

1112 Notícias

1113 Normas de Publicação


Edição 33
1114 Agenda Ano 2018

Mês Setembro/Outubro
1116 Evento
Capa Foto: ilustrativa/
Congresso debate cuidado de feridas Can Stock Photo
e multidisciplinaridade em Saúde
Os destaques do 10º Congresso Brasileiro Nursing/
1º Congresso Internacional em Saúde Coletiva/
1º Congresso Internacional Feridas

Artigos
1124 Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente
acometido pela fasciíte necrotizante
Effects of subatmospheric pressure in a patient undertaken
by necrotizing fasciitis
Efectos de la presión subatmosférica en un paciente afectado
por la fascitis necrotizante
Francielly Anjolin Lescano, Tuany de Oliveira Pereira, Rafael Alves Mata de Oliveira, Angélica Amaro Ribeiro, Edivania
Anacleto Pinheiro Simões

1130 Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa


Nursing care in epidermolysis bullosa: an integrative review
Asistencia de enfermería en epidermólisis ampollosa: una revisión integrativa
Sonia Regina Jurado, Lucas de Oliveira Bernardes, Anna Clara Freitas Maia, Samuel Souto Barbosa

1139 Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite


Nurse interventions in the prevention and treatment of radiodermatitis
Intervenciones del enfermero en la prevención y en el tratamiento de la radiodermatitis
Priscila Zuza da Silva Santos, Dielly Carvalho do Amaral, Vanda Cristina dos Santos Passos, Sandra Maria da Penha
Conceição, Elizia Esther Calixto Paiva

1108 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1108


31 OUT
FERIDAS 2018 a 3 NOV
VII CONGRESSO BRASILEIRO DE
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS Rio de Janeiro

feridas2018.com.br

Feridas e
Eventos Paralelos
I Congresso de Enfermagem Vascular

Governabilidade I Simpósio de Prevenção e Tratamento em Úlcera por Pressão


I Encontro Carioca de Tratamento Avançado de Feridas

Cursos Pré-Congresso 31/10/2018


1 - Pé Diabético e Biomecânica no Manejo Clínico na Podologia 11 - Microbiologia e Biofilmes em Feridas
2 - Tratamento de Feridas com Hidrozônio Terapia Tópica 12 - Laserterapia em Feridas
3 - Coaching e Liderança para profissionais de Saúde 13 - Simulação Realística em Feridas e Estomias
4 - Auditoria em Feridas na Rede Pública e Privada 14 - Técnica de Pressão Negativa em Feridas Complexas
5 - Prescrição Fitoterápica Multidisciplinar em Feridas 15 - Curso Nacional de Normatização de Atendimento
6 - Punção Venosa Guiado por Ultrassom ao Queimado (CNNAQ)
7 - Manejo Clínico da Dor 16 - Cuidados nas Feridas Oncológicas e Fim de Vida
8 - Manejo Clínico de Feridas em Doenças Raras - 17 - Cuidados com a Pele de Idoso
Epidermólise Bolhosa 18 - Manejo para Metodologia Científica
9 - Manejo Clínico de Lesões Vasculogênicas e Linfedemas 19 - Desbridamento Biológico com Larvas
10 - A Utilização da Terapia Hiperbárica na Prática Clínica

REALIZAÇÃO SECRETARIA EXECUTIVA TRANSPORTADORA APOIO ESPECIAL

atendimento@mci-group.com
21 2286-2846

APOIO
EDITORIAL

Espaço aberto à pesquisa, à


colaboração e à transformação
N
este bimestre, a Revista

Foto: ilustrativa/Shutterstock
Feridas celebra a reali-
zação do 1º Congresso
Internacional Feridas. O evento
aconteceu em agosto, na cida-
de de São Paulo/SP, durante o
10º Congresso Brasileiro Nur-
sing e buscou debater e refletir
algumas das principais práticas
do cuidado em lesões comple-
xas sob a luz da multidisciplina-
ridade. Palestrantes nacionais
e internacionais de diferentes
áreas da Saúde e um público
especializado, com forte pre-
sença da Enfermagem, repre-
sentaram bem um setor onde a
equipe multi e interdisciplinar é
fundamental para o sucesso da
assistência. Assim, os estudos veiculados Além do conteúdo técnico-cien-
Desta edição em diante, nas próximas páginas inaugu- tífico, preparamos um resumo do
buscaremos publicar artigos ram este ciclo de publicações que foi a conferência, destacan-
elaborados a partir de traba- com os olhares voltados para do a presença de especialistas
lhos apresentados no congres- a atuação da Enfermagem em renomados e de marcas presti-
so, com destaque para aqueles parceria com outras áreas no giadas no mercado de fornece-
que foram premiados. A re- cuidado da epidermólise bo- dores da Saúde e a avaliação da
lação de temas abordados na lhosa, da radiodermatite e da organização e de conferencistas.
conferência traduz a variedade fasciíte necrotizante. A última Com o mesmo espírito demo-
tanto de doenças e problemas está no relato de experiência crático do evento, esperamos que
de saúde relacionados às lesões “Efeitos da pressão subatmos- a Revista Feridas possa ser um
de pele como de abordagens no férica em um paciente acome- espaço de incentivo ao desen-
âmbito do cuidado, da preven- tido pela fasciíte necrotizante”, volvimento científico, fomentando
ção ao tratamento. Os contatos premiado com o 4º lugar entre a discussão de temas importantes
com as autoras e os autores de os melhores do 10º Congresso nas diversas áreas do segmento de
cada trabalho já foram feitos e Brasileiro Nursing na categoria lesões, informando, apresentando
os manuscritos começam a che- “Apresentação Oral”. A pesqui- novidades e encorajando estudan-
gar. Este é o início de um pro- sa aponta que é possível verifi- tes e profissionais de todo o Brasil
cesso que, assim como no do car a eficácia da terapia com a buscarem, juntos, o conhecimen-
tratamento de feridas, é colabo- a pressão subatmosférica em to e a acreditarem no poder trans-
rativo e exige tempo, atenção, ferida complexa e ressalta a im- formador da pesquisa.
dedicação e persistência para o portância da colaboração entre Boa leitura!
melhor resultado possível. a Enfermagem e a Nutrição. Da Redação

1110 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1110


2º Congresso Internacional Saúde Coletiva
2º Congresso Internacional Feridas

SÃO PAULO

29 e 30 de agosto de 2019
INSCREVA-SE!
www.revistanursing.com.br/congresso2019

REALIZAÇÃO: PATROCÍNIO:
NOTÍCIAS

Outubro em campanha na Saúde


Mês é marcado por ações que buscam conscientizar a população sobre estomia, psoríase
e câncer de mama
Texto: Ana Cappellano

Foto: ilustrativa/Crédito: Projetado por rawpixel.com - Freepik


Importantes campanhas de
conscientização na área da
Saúde entram em curso no
mês de outubro. A mais popu-
lar é o Outubro Rosa, voltada
para o controle do câncer de
mama e, mais recentemente,
segundo matéria no Blog da
Saúde, do Ministério da Saú-
de (MS), do câncer do colo do
útero. O movimento promove
inúmeras ações de educação,
focadas, principalmente, na
prevenção e na detecção
precoce das doenças. O MS
destaca a campanha nos seus
canais na internet com maté-
rias e links para informações
e orientações para a popula-
ção, como em saude.gov.br/
cancerdemama.
Para celebrar o Dia Mundial ram publicados depoimentos mento das dúvidas da popula-
da Pessoa com Estomia, em 6 de pessoas com estomia re- ção é uma forma de minimizar
de outubro, a SOBEST — As- latando seus desafios e suas o preconceito e de valorizar
sociação Brasileira de Esto- conquistas na vivência com o a autoestima dos pacientes”.
materapia: estomias, feridas problema. Na agenda da campanha
e incontinência divulgou um ví- A Campanha Nacional de deste ano, que conta com a
deo no seu perfil no Instagram, Conscientização da Psoríase hashtag #PsoriaseTemTrata-
em @estomaterapia_sobest, também é promovida em outu- mento, está prevista para o
gravado pela presidente da bro. No dia 29 é celebrado o dia 29 uma live com médico
entidade, Prof.ª Dra. Maria Dia Mundial da Psoríase e a dermalogista no Facebook da
Angela Boccara de Paula. Sociedade Brasileira de Der- entidade, em parceria com O
Maria Angela ressalta como matologia (SBD) programou Globo.
enfermeiros e estomaterapeu- uma série de ações na internet
tas podem ajudar no cuidado com o objetivo de “ampliar as FONTES: MS/portalms.
e na educação para o autocui- informações sobre a doença e saude.gov.br/blog.saude.
dado, numa parceria intensa a evolução das terapias”, diz gov.br; SOBEST/sobest.org.
com pacientes e suas famílias nota no seu site oficial. Na br; SBD/sbd.org.br.
focada na qualidade de vida. mesma divulgação, a SBD afir-
Ainda nas redes sociais, fo- ma acreditar “que o esclareci-

1112 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1112-1113


NOTÍCIAS

Saúde presente no 60º Prêmio Jabuti


Livros que abordam bioética, complexo econômico-industrial, neuroanatomia e nutrição
estão entre os finalistas da premiação
Texto: Ana Cappellano

A Câmara Brasileira do Livro e a violência contra a mulher Marco Antônio Stefani, Jorge
(CBL) anunciou no início de ou- — Um debate recorrente entre Junqueira Bizzi e Mauro Guidot-
tubro os finalistas do Prêmio Ja- profissionais da Saúde e do ti Aquini; e “Nutrição e saúde
buti, a mais famosa premiação Direito” (CREMESP), de Janice pública: produção e consumo
literária do Brasil. Nesta 60ª Caron Nazareth, Reinaldo Ayer de alimentos” (Editora Mano-
edição, os primeiros colocados de Oliveira e Nadir Eunice Val- le), de Elizabeth Ap. F. da Silva
de cada uma das 18 catego- verde Barbato de Prates; “Brasil Torres e Flavia Mori Sarti.
rias nos eixos Literatura, En- saúde amanhã: complexo eco- Os vencedores em cada
saios, Livro e Inovação recebe- nômico-industrial da saúde” categoria e o Livro do Ano se-
rão R$ 5 mil. Os vencedores de (Editora Fiocruz), de Telma Ruth rão anunciados na cerimônia
Literatura e Ensaios concorrem Pereira, Paulo Gadelha, José de premiação, no dia 8 de
ao prêmio de Livro do Ano, no Carvalho de Noronha e Car- novembro, às 19h, no Audi-
valor de R$ 100 mil. los Augusto Grabois Gadelha tório Ibirapuera — Oscar Nie-
Entre os finalistas da catego- (organizadores); “Neuroanato- meyer, em São Paulo/SP.
ria Ciências, no eixo Ensaios, mia Clínica e Funcional” (Else-
estão na disputa quatro obras vier), de Geraldo Pereira Jotz, FONTES: CBL/cbl.org.br;
da área da Saúde: “Bioética Antônio Carlos Huf Marrone, premiojabuti.com.br.

Normas de Publicação da Revista Feridas


1. A Revista Feridas (RFE), como um veículo de difusão científica, abre espaço para que diversos profissionais das áreas de medicina, enfermagem, nutrição, psicologia, engenharia, fisioterapia, educação física, entre
outros, divulguem seus estudos. A RFE aceita artigos inéditos e originais, e condena o plágio e o autoplágio. Os trabalhos devem ser destinados exclusivamente para a RFE, não sendo permitida sua apresentação
simultânea a outro periódico, seja parcial ou integralmente. Na pesquisa envolvendo seres humanos, é necessário o envio de cópia da aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as Normas
da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
2. Juntamente com o manuscrito, o/a(s) autor(-es/-as) deverá(-rão) enviar declaração referente a responsabilidade de conteúdo, termo de transferência de direitos autorais e declaração de conflitos de
interesse (modelos no site: revistaferidas.com.br). O autor de correspondência deverá encaminhar os documentos para o e-mail artigo@revistaferidas.com.br, juntamente com o artigo.
3. Categorias aceitas: artigos de revisão de literatura, artigos originais, relato de experiência profissional (inclui estudo de caso). Máximo de 15 páginas (excluindo apenas a folha de rosto). Notas e carta para Editora
Científica (máximo de uma página).
4. Estruturação e preparação dos manuscritos: folha de rosto com títulos completos em negrito nos idiomas português, inglês e espanhol, nome dos autores separados por ponto e vírgula e, em nota de rodapé, a
listagem dos autores (com respectivas titulações, instituições por extenso, departamento a que pertencem, e-mail de todos os autores e categoria do manuscrito; o autor de correspondência deve acrescentar o endereço).
Resumos em português, inglês e espanhol, com no máximo 250 palavras, espaçamento entrelinhas de 1,0, contendo objetivo, método, resultados e conclusão. Ensaios clínicos devem apresentar o número do registro
ao final do resumo e ter um máximo de 8 páginas (excluindo folha de rosto). Descritores: três a seis descritores acompanhando os idiomas português, inglês e espanhol, extraídos do vocabulário DeCs (Descritores em
Ciências da Saúde), elaborado pela BIREME (disponível em decs.bvs.br). Introdução, métodos, resultados, discussão, conclusões e agradecimentos: numeração arábica e sequenciada, no canto superior direito. Corpo do
manuscrito: deve ser apresentado em folha A4, com margens superior, inferior, direita e esquerda a 3,0 cm. O texto deve ter espaço entrelinhas de 1,5, fonte Times New Roman, tamanho 12. Referências: em ordem
numérica, seguindo as Normas Gerais do Estilo Vancouver.
5. Ilustrações: gráficos, tabelas, fotografias e fluxogramas, totalizando 06 ilustrações, devem ser inseridos no corpo do texto, exceto as fotografias. As nomenclaturas das ilustrações devem vir antes das mesmas, no
canto superior direito justificado, numeradas sequencialmente, à medida que aparecem no texto (numeração arábica). As fotografias devem vir em alta resolução (mínimo de 300 DPI e 1 a 2 MBs.), encaminhadas
em arquivo separado para o e-mail artigo@revistaferidas.com.br.
6. Processo de julgamento: o anonimato dos autores será garantido. Cumpridas as normas pelos autores, o manuscrito será encaminhado para dois pareceristas (avaliação cega). Em discordância, será encaminhado a
um terceiro parecerista. Após tomar conhecimento dos pareceres, a coordenação científica conduzirá a decisão: aceite, aceite após revisão e/ou recusa. Os manuscritos não aceitos serão excluídos dos arquivos da RFE.
7. Artigo aceito para publicação: um dos autores deverá assinar a revista; ainda, o autor deverá submeter seu artigo a um revisor das línguas portuguesa, inglesa e espanhola (da sua preferência) e enviar, em anexo,
uma declaração desses revisores para o e-mail artigo@revistaferidas.com.br.
8. Ao primeiro autor do artigo serão encaminhados dois exemplares.
Normas completas no site: revistaferidas.com.br

2018; 06 (33): 1112-1113 • Revista Feridas | 1113


AGENDA

DATA EVENTO LOCAL INFORMAÇÕES

OUTUBRO

São Paulo/SP. Contatos: (41) 3022-1247


16 a 18 X Congresso da ABTCel
Hospital Sírio-Libanês Site: congressoabtcel.com.br

Contatos: ona@ona.org.br |
3° Seminário Internacional São Paulo/SP. Centro (11) 3121-3232
25 a 27 de Segurança do Paciente e de Convenções Site: ona.org.br/Agenda/294/3-
Acreditação em Saúde Rebouças Seminario-Internacional-de-Seguranca-
do-Paciente-e-Acreditacao-em-Saude

Contatos: (21) 2253-6747


2º Simpósio Nacional
Site: sbd.org.br/evento/2-simposio-
de Imunobiológicos e X São Paulo/SP. Tivoli
27 nacional-de-imunobiologicos-e-x-
Simpósio Nacional de Mofarrej São Paulo
simposio-nacional-de-psoriase//default.
Psoríase
aspx

VII CBED — Congresso Gramado/RS. Hotel Contatos: (11) 3831-6382/3836-


28 a 31 Brasileiro de Enfermagem em Master Premium 0593
Dermatologia Gramado Site: sobende.org.br/VII_CBED

31 de VII Congresso Brasileiro de Contatos: feridas2018@mci-group.com


Rio de Janeiro/RJ.
outubro a Prevenção e Tratamento | (21) 2286-2846 | WhatsApp:
Centro de Convenções
3 de de Feridas — “Feridas e (11) 98452-0304
SulAmérica
novembro governabilidade” Site: feridas2018.com.br

NOVEMBRO

Fórum de Atualização e
Inovação em Diabetes/ Contatos: gerencia@diabetes.org.br |
Brasília/DF. Royal Tulip
1a3 First International Clinical (11) 3842-4931
Brasília Alvorada
Course in Diabetes and its Site: sbdforum.com.br
Complications

I Meeting SBACV — São Paulo/SP. Hotel Contatos: (11) 5084-6493


2e3
Nacional Maksoud Plaza Site: meetingsbacv.com.br

XVI Congresso Brasileiro


de Controle de Infecção e Contatos: (11) 3056-6000/
Porto Alegre/RS.
Epidemiologia Hospitalar/I (11) 94343-3426 |
7 a 10 Centro de Eventos
Congresso Brasileiro de WhatsApp: (11) 98452-0304
FIERGS
Controle de Infecção em Site: cih2018.com.br
Pediatria e Neonatologia

Contatos: cientifico@tribecaeventos.
II Simpósio de Estomaterapia Manaus/AM. Quality com.br | (51) 3076-7002
14 a 16
do Norte Hotel Manaus Site: sobest.org.br/evento/simposio-
norte-de-estomaterapia

1114 | Revista Feridas • 2018; 06 (33):1114


TE ANT
AN I-I
Z

NF
RI

LAM
CICAT

TRIPLA
ATÓRIA

AÇÃO
AN

TI
MI A
C R O BIA N
EVENTO

Congresso debate cuidado de


feridas e multidisciplinaridade
em Saúde
Com a realização do 1º Congresso Internacional Feridas, 10º Congresso
Brasileiro Nursing buscou fomentar a especialização e a pesquisa no
cuidado de feridas complexas, abrindo espaço para a reflexão sobre
importantes temas da área no Brasil
Por Ana Cappellano | Fotos: Ton Bernardes

10º Congresso Brasileiro Nursing/1º Congresso Internacional em Saúde Coletiva/ 1º Congresso Internacional Feridas: incentivo à pesquisa, à
discussão interdisciplinar e à relação multiprofissional.

A
décima edição do Con- descrito no seu edital, “fomentar A conferência deste ano, que
gresso Brasileiro Nursing, a reflexão sobre a importância teve o apoio do Conselho Fede-
realizada em 29 e 30 de da relação multiprofissional e a ral de Enfermagem (Cofen), do
agosto, em São Paulo, capital, troca de saberes, através de dis- Conselho Regional de Enferma-
reuniu profissionais da Enferma- cussão interdisciplinar, com vistas gem de São Paulo (Coren-SP) e
gem e de diferentes segmentos a despertar a consciência crítica e da Sociedade Brasileira de En-
da Saúde do Brasil em torno de reflexiva acerca do ensino contem- fermagem Forense (SOBEF) e
assuntos que vêm mobilizando as porâneo, da promoção de estra- o patrocínio de Cremer, Centro
atenções do setor. tégias do desenvolvimento de sa- Universitário São Camilo, Cris-
O evento foi promovido pela beres, da inovação e tecnologia tália, HemoCat, Missner M-Tec e
revista Nursing — Edição Bra- em saúde e das competências dos Sanofi Pasteur, foi marcada pelas
sileira com o objetivo de, como profissionais em cada segmento”. estreias do Congresso Internacio-

1116 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1116-1122


ENFERMAGEM
SÃO CAMILO
CURSO TÉCNICO | GRADUAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


• Auditoria em Enfermagem • Enfermagem em Terapia Intensiva Adulto
• Enfermagem do Trabalho • Enfermagem Obstétrica
• Enfermagem em Centro Cirúrgico, Centro de • Enfermagem Pediátrica em Unidade de Terapia
Material e Esterilização e Recuperação Anestésica Intensiva (UTI) e Centro Cirúrgico (CC)
• Enfermagem em Emergência Adulto e Pediátrica • Gerenciamento e Liderança em Enfermagem
• Enfermagem em Estomaterapia

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU


• Mestrado Profissional em Enfermagem

saocamilo-sp.br | 0300 017 8585


| saocamilosp
EVENTO

Auditório cheio, público interessado e conferencistas comprometidos.

nal em Saúde Coletiva e do Con- nacionais e internacionais em Demos


gresso Internacional Feridas. feridas, coroaram o sucesso de
A agenda científica foi orga- público com auditórios cheios e oportunidade para
nizada sob o grande tema “Mul- plateia interessada. A organiza- alguns participantes
tidisciplinaridade em Saúde: ção do evento não divulgou nú-
integrando saberes”, com a re- meros oficiais finais, mas estima
estarem pela
alização de 20 palestras, 6 sim- que cerca de mil congressistas primeira vez em um
pósios, 3 mesas-redondas, cerca tenham participado. “A partici- evento deste porte e,
de 60 apresentações orais e pação do público foi ótima, pois
mais de 100 pôsteres. “Os tra- mantivemos o auditório pratica- com isso, pudemos
balhos apresentados pelos con- mente lotado nos dois dias de estimular que se
gressistas nas modalidades oral evento”, avalia Dr. Sérgio Luis,
desenvolvam como
e pôster foram de grande valor que descreve o público presen-
científico para a comunidade te como muito interessado em pesquisadores
que participou do congresso, adquirir conhecimentos e os pa-
pois agregaram valores, conhe- lestrantes como comprometidos
cimentos e trocas de experiên- com o desenvolvimento de re- — Dr. Sérgio Luis Alves
cias. Demos oportunidade para flexões acerca do cuidado e da de Morais Júnior, presidente
alguns participantes estarem pela participação interdisciplinar na do 10º Congresso Brasileiro
primeira vez em um evento deste assistência ao paciente. Nursing
porte e, com isso, pudemos esti- As apresentações abrangeram
mular que se desenvolvam como feridas, saúde coletiva e assuntos
pesquisadores”, analisa o pre- gerais voltados para o público da cuidado de feridas, políticas pú-
sidente do 10º Congresso Bra- revista Nursing. A programação blicas e empreendorismo no tra-
sileiro Nursing, Dr. Sérgio Luis incluiu assuntos como cuidados tamento de feridas, cuidado de
Alves de Morais Júnior. de transição, incontinência uriná- cicatrizes, abordagem do quei-
ria, modelo tripartite de atuação mado, ensino em Saúde, Simula-
Sucesso de público multidisciplinar, autonomia e em- ção Realística, publicação cien-
Na grade de palestras, convi- preendedorismo na consulta de tífica interdisciplinar em Saúde,
dados que são referências nas enfermagem, autonomia na to- políticas públicas de saúde do
suas áreas de atuação, dentre mada de decisões na assistência, adolescente, comunicação, En-
os quais, algumas sumidades a tecnologia na avaliação e no fermagem Forense, Enfermagem

1118 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1116-1122


EVENTO

Obstétrica, ferramentas em alta


performance para empregabili- Mercado de fornecedores presente
dade e produtividade para pro-
fissionais da Saúde, imunização,
SUS, desafios e perspectivas
para a Enfermagem na Saúde
Coletiva.

Avaliação positiva na estreia do


Congresso Internacional Feridas
As feridas e lesões complexas
ganharam ainda mais destaque
com a realização de uma con-
ferência exclusiva para o setor. As exposições de produtos, tecnologias e serviços são um diferencial e
O 1º Congresso Internacional também uma tradição em eventos da Saúde, promovendo o encontro
estratégico entre profissionais com poder de influência e decisão de
Feridas buscou trazer tanto a pers- compra nas instituições de saúde — como os da Enfermagem — e
pectiva da enfermagem como a fornecedores especializados.
da medicina para o cuidado pres- No 10º Congresso Brasileiro Nursing, os expositores tiveram a
tado nesta especialidade. oportunidade de apresentar portfólios desenvolvidos para atender a
diferentes demandas dos serviços de enfermagem. A mostra contou com
Para o presidente do 10º
a presença de marcas reconhecidas no mercado, como Cristália, Medi,
Congresso Brasileiro Nursing, Centro Universitário São Camilo, Nestlé, Tena, Venosan e HemoCat.
apesar do período curto para
o aprofundamento das questões
relacionadas à área, o evento
conseguiu ser bastante produti- da Revista Feridas, respectiva- ga crescer e impactar mais en-
vo na sua proposta. “O 1º Con- mente, fazem um balanço positi- fermeiros e difundir ainda mais
gresso Internacional Feridas foi vo das suas participações. atualizações e conhecimentos”,
desenvolvido com muito carinho Margarita conduziu a apre- conclui a enfermeira.
e respeito ao público da revista sentação “Cuidados de enfer- “Auditório cheio, público in-
(Revista Feridas)”, afirma Dr. Sér- magem e linfedema”. “Eu achei teressado. Isto faz com que a
gio Luis. “Foram três eventos em que o Nursing foi muito bom. mensagem possa ser passada
dois dias e, portanto, faltou-nos Fiquei gratamente surpresa da melhor maneira possível. Saí
mais tempo para abordarmos porque teve uma participação realmente satisfeito por ter conse-
de forma mais intensa os assun- muito grande de enfermeiros”, guido transmitir os conceitos da
tos sobre feridas. Mas o que foi observa. “As pessoas querem terapia compressiva e suas indi-
abordado foi feito com maestria compartilhar o conhecimento cações”, comenta Dr. Eduardo S.
pelos palestrantes”, avalia. e querem a presença de mais Da Matta, que apresentou a pa-
O cirurgião vascular Dr. Edu- espaços como o congresso da lestra “Terapia compressiva no
ardo S. Da Matta, referência no Nursing para divulgar esses tratamento de úlceras venosas
Brasil na terapia compressiva, co- conhecimentos e aprimorar a e mistas”.
-fundador do LiVE Compression capacidade de atuação dos
Club e diretor científico do curso profissionais. Eu gostei muito Crescer e aprimorar
LiVE Compression, e a enfermei- de ter participado, fiquei muito O presidente do Congresso
ra colombiana Margarita Maria honrada pelo convite e pelos Brasileiro Nursing revela que a
Ortiz O., instrutora médica para colegas que estiveram comigo, próxima edição do evento está
América Latina da Lohmann & e eu espero que as pessoas sai- prevista para ser realizada já
Rauscher, entrevistados nas edi- bam valorizar congressos como em 2019. A ideia é promover
ções maio/junho e julho/agosto este, que a cada ano ele consi- uma conferência nos mesmos

1120 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1116-1122


Referências Bibliográficas: 1. Torra i Bou JE, Paggi B. La colagenasa y el tejido desvitalizado en el contexto de la preparación del lecho de la herida. Revista ROL Enf 2013;36(2):109-
14. 2. Falanga V. Wound bed preparation and the role of enzymes: a case for multiple actions of therapeutic agents. Wounds 2002;14(2):47-57. 3. Alipour H, Raz A, Zakeri S, Djadid ND.
Therapeutic applications of collagenase (metalloproteases): A review. Asian Pac J Trop Biomed 2016;6(11):975-81. 4. Varma AO, Bugatch E, German FM. Debridement of dermal ulcers
with collagenase. Surg Gynecol Obstet. 1973;136(2):281-2. 5. McCallon SK, Weir D, Lantis JC 2nd. Optimizing wound bed preparation with collagenase enzymatic debridement. J Am
Coll Clin Wound Spec. 2015;6(1-2):14-23. 6. Waycaster CR, Gilligan AM, Milne CT. Pressure ulcer treatment in a long-term care setting: wound bed healing with clostridial collagenase
ointment versus hydrogel dressing. Chronic W Care Manag Res.2014;1:49-56.

CONTRAINDICAÇÃO: HIPERSENSIBILIDADE AOS COMPONENTES DA FORMULAÇÃO. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: KOLLAGENASE NÃO


DEVE SER UTILIZADA COM ANTISSÉPTICOS.Kollagenase colagenase – pomada dermatológica 0,6 U/g, USO TÓPICO. USO ADULTO E
PEDIÁTRICO. INDICAÇÕES: Como desbridante enzimático para o tratamento de lesões da pele em que é indicado o desbridamento
em feridas, úlceras e lesões necróticas em geral; gangrenas de extremidade; lesões por congelamento; condições associadas à difícil
cicatrização; queimaduras; previamente ao transplante de pele. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade à colagenase ou a qualquer
outro componente da formulação. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Se não houver melhora após 14 dias, consultar seu médico.
CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. José Carlos Módolo - CRF-SP nº 10.446 - Rodovia Itapira-
Lindóia, km14, Itapira-SP - CNPJ Nº 44.734.671/0001-51 - Indústria Brasileira - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 7011918
– nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: Vide Bisnaga/Caixa. CLASSIFICAÇÃO: VENDA LIVRE - Reg. MS nº 1.0298.0431.
SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.

KOLLAGENASE É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O


MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.

KOL - Anúncio Ação Seletiva – JUL/2018


EVENTO

moldes da deste ano, mas ain-


da mais primorosa do ponto de
vista científico.
“Será proposto um evento pa-
recido, mas com todos os pontos
que não foram bem abordados
e desenvolvidos sanados, o que
nos incentiva a melhorias cons-
tantes para atingirmos um públi-
co cada vez maior e com mais
interesses na ciência metodoló-
gica da pesquisa em Saúde”,
Margarita Maria Ortiz O.: congresso como espaço para a difusão de conhecimento e o
aponta Dr. Sérgio Luis. aprimoramento profissional.

Debates trouxeram a palavra de especialistas


Entre os nomes que conduziram a re-
flexão sobre a atuação e o papel da
Enfermagem nas mais diversas espe-
cialidades da Sáude, com ênfase nos
eixos temáticos propostos pelo evento,
estiveram Luiza Watanabe Dal Ben,
do Conselho de Administração da Dal
Ben Home Care & Sênior Care, pes-
quisadora em Cuidados de Transição,
autora do livro “Home Care Planeja-
mento e Administração da Equipe de “Comunicação e o resgate do ser”, com Maria Julia Paes da Silva, e “Modelo tripartite de
Enfermagem” e coordenadora do Gru- atuação multidisciplinar do enfermeiro para a gestão do cuidado”, com Marcelo Chanes:
po de Assistência Domiciliar da Rede grupo seleto de palestrantes convidados esteve à frente das discussões propostas pelo congresso.
Brasileira de Enfermagem e Seguran-
ça do Paciente (REBRAENSP) — Núcleo São Paulo; Ricardo Costa de Siqueira, da Câmara Técnica de Atenção à
Saúde — CTAS/Cofen e do Comitê Técnico Assessor de Imunizações do Ministério da Saúde (MS); Carlos Leonar-
do Figueiredo Cunha, coordenador da Comissão de Práticas Avançadas em Enfermagem do Cofen e vice-diretor da
Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (ABEFACO); Ana Elia Robles Petrone, enfermeira,
mestre em Educação e especialista em Administração Hospitalar; Caroliny Guimarães, Chief Executive Officer na
Global Academic Support e especialista em Gestão em Enfermagem e Auditoria em Sistemas de Saúde e Urgência
e Emergência; e Luis Manuel de Campos Simões, enfermeiro especialista da Unidade de Queimados do CHUC
(Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra/Portugal), perito em tratamento de feridas e emergências
pré-hospitalares e formador da ARSC (Administração Regional de Saúde do Centro) Tratamento de Feridas e Viabili-
dade Tecidular, do Ministério da Saúde de Portugal.
Também foram destaques na lista de conferencistas Maria Julia Paes da Silva, Prof.ª Titular pela Escola de
Enfermagem da USP e autora de livros como “Comunicação tem remédio”; Mara Blanck, coordenadora da pós-
-graduação em Enfermagem Dermatológica pela Universidade Estácio de Sá e na Faculdade São Camilo, presiden-
te da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE) e da Sociedad Iberolatinoamericana
em Úlceras y Heridas (SILAUHE), vice-presidente da Sociedad de Enfermeras Latinoamericanas de Heridas (SELH) e
vice-coordenadora da Red Internacional de Heridas – OPS; Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imuni-
zações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações (PNI); Laércio Neves, enfermeiro,
membro associado da Sociedade Brasileira de Gerenciamento em Enfermagem (SOBRAGEN) e mentor do curso
Leader Nurse — Liderança para Enfermeiros; e Marcelo Chanes, que desenvolveu a Teoria do Modelo Triplo de
Liderança para a NANDA-I e a Teoria de Enfermagem da Empatia Reflexiva, diretor da MARCELO CHANES Evo-
luindo Talentos, criador do Projeto #reEVOLUCAODOCUIDAR, diretor da SOBRAGEN e da NANDA Internacional.

1122 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1116-1122


A Arte de inovar, criar e


empreender com responsabilidade
sustentável e segura na
Enfermagem Dermatológica

Palestrantes
Inscrições NACIONAIS E Programação
ON - LINE INTERNACIONAIS EXCLUSIVA

Hotel Master Premium Titulação


Gramado ESPECIALISTA 2018
Gramado / RS
ARTIGO
FASCIÍTE NECROTIZANTE • Lescano FA, Pereira TO, Oliveira RAM, Ribeiro AA, Simões EAP. Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente acometido pela fasciíte necrotizante

Efeitos da pressão subatmosférica


em um paciente acometido
pela fasciíte necrotizante*
Effects of subatmospheric pressure in a patient undertaken by necrotizing fasciitis
Efectos de la presión subatmosférica en un paciente afectado por la fascitis
necrotizante

Resumo
Fasciíte necrotizante é uma infecção bacteriana grave, de início
Francielly Anjolin Lescano súbito, podendo acometer qualquer região do corpo. Seu diag-
Enfermeira residente em Cuidados nóstico é clínico e o tratamento poderá ser cirúrgico, através de
Continuados Integrados pela debridamentos, utilização de antibioticoterapia sistêmica e/ou
Universidade Federal de Mato tópica e com uma nutrição adequada. Já o sistema de terapia por
Grosso do Sul (UFMS). Campo pressão negativa é um método inovador utilizado principalmente
Grande/MS. em feridas complexas e de difícil localização. Seus benefícios
são intensificar a produção do tecido de granulação, reduzir a
Tuany de Oliveira Pereira quantidade de secreção e o edema local, preparar o leito da
Enfermeira residente em Cuidados lesão para enxertia, se for necessário, reduzir a utilização de
Continuados Integrados pela antibioticoterapia e, consequentemente, a permanência do indi-
Universidade Federal de Mato víduo no ambiente hospitalar. Objetivo: descrever a evolução do
Grosso do Sul (UFMS). Campo paciente acometido pela fasciíte necrotizante, tratado por meio
Grande/MS. do sistema de terapia por pressão negativa, em uma unidade de
cuidados continuados integrados. Metodologia: trata-se de um
Rafael Alves Mata de Oliveira relato de experiência dos residentes do Programa de Residência
Nutricionista residente em Cuidados Multiprofissional de um hospital de Campo Grande/MS. Resulta-
Continuados Integrados pela dos: paciente do sexo masculino, negro, com 60 anos de idade,
Universidade Federal de Mato trabalhador rural, tabagista há 40 anos, admitido na unidade
Grosso do Sul (UFMS). Campo de reabilitação com diagnóstico de fascíite necrotizante. A lesão
Grande/MS. encontrava-se estagnada. Viu-se a necessidade de adoção de
uma terapia avançada, o que foi feito por 7 dias. Houve redução
da secreção e do edema local. Conclusão: é possível verificar a
eficácia desta terapia. Houve uma redução significativa do ex-
sudato. Foi realizado um trabalho em conjunto da Enfermagem e da Nutrição, já que, para
obter uma boa evolução, o indivíduo deve ter um aporte calórico suficiente, para auxiliar na
cicatrização.
Descritores: reabilitação; equipe de assistência ao paciente; fasciíte.

Abstract
Necrotizing fasciitis is a serious bacterial infection, of sudden onset, and can affect any region
of the body. Its diagnosis is clinical and the treatment can be surgical, through debridement, use

*Trabalho apresentado e aprovado originalmente para o 10º Congresso Brasileiro Nursing/1º Congresso Internacional em Saúde Coletiva/1º Congresso
Internacional Feridas, na categoria “Apresentação Oral”, e premiado com o 4º lugar entre os melhores do evento.

1124 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1124-1129


ARTIGO
Lescano FA, Pereira TO, Oliveira RAM, Ribeiro AA, Simões EAP. Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente acometido pela fasciíte necrotizante • FASCIÍTE NECROTIZANTE

of systemic and/or topical antibiotic therapy and with adequate


nutrition. On the other hand, the negative pressure therapy system
is an innovative method used mainly in complex and difficult-to- Angélica Amaro Ribeiro
-locate wounds. Its benefits are to intensify the production of the Enfermeira residente em Cuidados
granulation tissue, reduce the amount of secretion and local edema, Continuados Integrados pela
prepare the lesion bed for grafting, if necessary, reduce the use of Universidade Federal de Mato
antibiotic therapy and, consequently, the individual's permanence Grosso do Sul (UFMS). Campo
in the hospital environment. Objective: to describe the evolution of Grande/MS.
the patient affected by necrotizing fasciitis, treated by means of
the negative pressure therapy system, in an integrated continuous Edivania Anacleto Pinheiro Simões
care unit. Methodology: this is an experience report of residents of Enfermeira Mestra. Preceptora
the Multiprofessional Residency Program of a Campo Grande/MS de Enfermagem da Residência
hospital. Results: a 60-year-old black male patient, rural worker, Multiprofissional em Cuidados
who has been a smoker for 40 years, admitted to the rehabilita- Continuados Integrados do Hospital
tion unit with a diagnosis of necrotizing fasciitis. The lesion was São Julião. Campo Grande/MS.
stagnant. The need to adopt an advanced therapy was identified,
which was done for 7 days. There was reduction of secretion and
local edema. Conclusion: it is possible to verify the efficacy of this
therapy. There was a significant reduction in the exudate. A joint work of Nursing and Nutrition
was carried out, since, in order to obtain a good evolution, the individual must have a sufficient
caloric intake, to aid in healing.
Descriptors: rehabilitation; patient care team; fasciitis.

Resumen
Fascitis necrotizante es una infección bacteriana grave, de inicio súbito, pudiendo acometer
cualquier región del cuerpo. Su diagnóstico es clínico y el tratamiento puede ser quirúrgico, a
través de debridamientos, utilización de antibioticoterapia sistémica y/o tópica y con una nu-
trición adecuada. El sistema de terapia por presión negativa es un método innovador utilizado
principalmente en heridas complejas y de difícil localización. Sus beneficios son intensificar la
producción del tejido de granulación, reducir la cantidad de secreción y el edema local, pre-
parar el lecho de la lesión para injertar, si es necesario, reducir la utilización de antibioticotera-
pia y, consecuentemente, la permanencia del individuo en el ambiente hospitalario. Objetivo:
describir la evolución del paciente acometido por la fascitis necrotizante, tratado por medio del
sistema de terapia por presión negativa, en una unidad de cuidados continuados integrados.
Metodología: se trata de un relato de experiencia de los residentes del Programa de Residencia
Multiprofesional de un hospital de Campo Grande/MS. Resultados: paciente del sexo masculi-
no, negro, con 60 años de edad, trabajador rural, tabaquista desde hace 40 años, admitido
en la unidad de rehabilitación con diagnóstico de fascitis necrotizante. La lesión se encontraba
estancada. Se vio la necesidad de adoptar una terapia avanzada, lo que fue hecho por 7 días.
Se produjo una reducción de la secreción y del edema local. Conclusión: es posible verificar la
eficacia de esta terapia. Hubo una reducción significativa del exudado. Se realizó un trabajo
en conjunto de la Enfermería y de la Nutrición, ya que, para obtener una buena evolución, el
individuo debe tener un aporte calórico suficiente, para auxiliar en la cicatrización.
Descriptores: rehabilitación; equipo de asistencia al paciente; fascitis.

RECEBIDO: 23/06/2018 | APROVADO: 24/06/2018

2018; 06 (33): 1124-1129 • Revista Feridas | 1125


ARTIGO
FASCIÍTE NECROTIZANTE • Lescano FA, Pereira TO, Oliveira RAM, Ribeiro AA, Simões EAP. Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente acometido pela fasciíte necrotizante

Introdução ticoterapia, analgesia e controle indica a presença de gás, anes-

A
fasciíte necrotizante é de alterações metabólicas2. tesia e necrose da pele5.
uma infecção bacteriana A análise clínica dos pacien- A terapia por pressão nega-
grave, de início súbito e tes com fasciíte necrotizante tiva exerce uma pressão con-
rapidamente progressiva, que mostra indivíduos com episódios trolada sobre a lesão, na qual
acomete o tecido celular sub- febris, taquicárdicos e taquipnei- proporciona a estimulação do
cutâneo e a fáscia muscular. cos, pressão arterial geralmente processo de cicatrização. Os
O trauma aberto ou fechado é baixa, prostração, leucocito- materiais de interface utilizados
fator de risco para este tipo de se e neutrofilia4. Antes da pele sobre o leito da lesão poderão
infecção. O diagnóstico é clíni- apresentar alguma lesão, o te- ser gaze ou espuma, que deve-
co e o tratamento baseia-se em rão cobrir toda a extensão da
intervenção cirúrgica, através lesão e, inclusive, tumefações.
de debridamentos múltiplos e Uma película transparente adesi-
sequenciais, bem como em anti- va deverá ser colocada por cima
bioticoterapia tópica e sistêmica desta interface com a finalidade
e suporte nutricional¹. de ocluir a ferida, separando-
A patologia tem sua etiolo- -a, assim, do meio externo. Um
gia advinda da associação de
(…) Havia tubo, que realiza a sucção sobre
microrganismos aeróbios e ana- aparecido, no terço a lesão, é instalado ao sistema
eróbios com alta virulência, que superior da coxa de pressão negativa e ao reser-
liberam toxinas na circulação vatório onde serão armazena-
sanguínea, tendo como sua com- esquerda, uma das as secreções. Este tipo de
plicação um quadro séptico que pequena lesão que dispositivo emite sons que indi-
pode levar ao óbito. A prolifera- cam quando há saída de ar so-
ção dos patógenos acomete fás-
apresentava apenas bre a interface ou, até mesmo, a
cia muscular, sistema tegumentar prurido. Entretanto, necessidade de troca do reser-
e vasos sanguíneos da região esta pequena lesão vatório de secreção8.
infectada. O desenrolar da sín- O benefício da utilização
drome, se não tratada adequa- desenvolveu-se deste tipo de terapêutica é ob-
damente, pode levar à falência progressivamente ter um controle da drenagem
múltipla de órgãos, o que tam-
(…) das secreções, diminuindo o
bém pode levar ao óbito2. edema da lesão, reduzindo as
Na análise do primeiro aten- bactérias, intensificando a pro-
dimento até o fim do tratamento, dução do tecido de granulação
vê-se que, inicialmente, deve ser e, consequentemente, reduzindo
feito o diagnóstico apropriado, o tempo de internação do sujeito
por meio de exames bacterioló- bem como a utilização de anti-
gicos realizados pela coleta da bióticos e as trocas diárias de
secreção encontrada na lesão. cido ficará pálido, em seguida, curativos². Esta terapia é realiza-
Complementarmente, podem arroxeado, até que se forme a da, principalmente, em feridas
ser necessárias a biopsia e a gangrena, podendo haver infil- complexas e de localidades de
tomografia3. O debridamento trado gasoso, processo que é difícil tratamento, promovendo
cirúrgico, quando realizado em, demonstrado por estágios. No a cicatrização devido à pres-
no máximo, dois dias após a primeiro, haverá uma pele rígi- são subatmosférica controlada
confirmação do diagnóstico, au- da, edemaciada e com eritema; executada na ferida. A fase re-
menta a taxa de sobrevivência no segundo, ocorrerá o apare- paradora da lesão é quando há
do indivíduo para mais de 75%, cimento de bolhas; o terceiro e ausência de tecido de necrose e
o que deve ser aliado a antibio- último envolve crepitação, o que contaminado6.

1126 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1124-1129


ARTIGO
Lescano FA, Pereira TO, Oliveira RAM, Ribeiro AA, Simões EAP. Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente acometido pela fasciíte necrotizante • FASCIÍTE NECROTIZANTE

Portanto, a pressão subatmos- massa muscular. E quanto maior imunológica14. A glutamina é um


férica é utilizada, principalmen- a perda de massa magra, maior substrato da neoglicogênese, atu-
te, em feridas complexas, com é a mobilização das proteínas ando na proliferação e produção
dificuldade na cicatrização, au- para repor essa perda, implican- de linfócitos e na estimulação da
xiliando, assim, na produção de do na cicatrização de feridas13. imunidade na cicatrização15.
tecido de granulação. Também Certos aminoácidos são fun- A nutrição é um denomina-
poderá ser utilizada a fim de pre- damentais na cicatrização de dor comum para todos os por-
parar o leito da ferida para pos- feridas, tais como a cisteína, a tadores de feridas, e o que é
sível enxertia, consequentemente, metionina, a arginina e a gluta- aprendido em uma população
fechando a lesão9. Todavia, esta mina. A arginina participa de de ferida pode ser relevante em
terapêutica apresenta outras van- outras. Devido às dificuldades
tagens como, por exemplo, a de em se monitorar a cicatrização
minimizar a dor, pois ocorre re- de feridas e a ingestão de nu-
dução da manipulação corriquei- trientes, estudos randomizados
ra sobre a ferida. É uma terapia e controlados de pacientes com
com alto custo, mas é evidente o feridas são árduos de serem
seu benefício10. (…) Viu-se a conduzidos, e muitas das infor-
A ferida é um evento cata- necessidade de mações sobre nutrição na tera-
bólico que leva ao aumento pêutica das feridas necessitam
das necessidades nutricionais método avançado ainda de mais estudos. De fato,
e de energia. A reconstrução de terapia, sendo parece que alguns nutrientes
e a reparação dos tecidos no
aplicada a pressão são indispensáveis apenas se
processo de cicatrização de- deficitários, enquanto outros po-
pendem de quantidades ade- subatmosférica por 7 dem tornar-se condicionalmente
quadas de energia e nutrientes. dias. Após o período essenciais e ter uma função no
Geralmente, esses nutrientes são tratamento16.
fornecidos pelas reservas do or-
de drenagem, a Nota-se que hábitos alimenta-
ganismo, entretanto, pacientes lesão apresentou res inapropriados prejudicam a
desnutridos apresentam essa melhora, reduzindo- cicatrização das feridas. Em con-
competência comprometida11 . junto com os cuidados com a feri-
Diante destes fatores, vê-se se para 10,5 cm x da, é indispensável o incentivo a
que a melhoria do estado nu- 21 cm (…) uma alimentação adequada, que
tricional permite que o organis- auxilie na cicatrização e incida
mo cicatrize as feridas e pode- nos fatores que predispõem o
rá mesmo acelerar o processo desenvolvimento e impedem a ci-
de cicatrização12. As grandes catrização das feridas. Portanto,
protagonistas do processo são além de diminuir o tempo da te-
as proteínas, que servem como rapia e o custo por ele causado,
substrato e também como media- vários estágios da cicatrização, a terapêutica nutricional pode
dor inflamatório de todo o per- sendo conhecida pela função de cooperar para diminuir o sofri-
curso da cicatrização. Em sua síntese proteica e manutenção mento do paciente. Diante do ex-
carência, ocorrem o aumento do do balanço nitrogenado positivo, posto, fica clara a relevância de
tempo da inflamação, a inibição além de ser precursora da proli- integrar o nutricionista à equipe
do crescimento dos fibroblastos e na e da biossíntese do colágeno multiprofissional para o tratamen-
da angiogênese, a redução da e atuar na produção de hormô- to de pacientes acometidos com
síntese e do armazenamento do nios (como o do crescimento) feridas17.
colágeno, a inibição da remo- que interferem nos mecanismos O objetivo deste estudo é des-
delação da ferida e a perda de de cicatrização e na cadeia crever a evolução do paciente

2018; 06 (33): 1124-1129 • Revista Feridas | 1127


ARTIGO
FASCIÍTE NECROTIZANTE • Lescano FA, Pereira TO, Oliveira RAM, Ribeiro AA, Simões EAP. Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente acometido pela fasciíte necrotizante

acometido pela fasciíte necroti- corado, hidratado, com lábios


zante, tratado por meio do siste- e mucosa oral normocorada e
ma de terapia por pressão negati- íntegra, arcada dentária parcial-
va, em uma unidade de cuidados mente preservada, higiene oral
continuados integrados. adequada e produção salivar
preservada. AP: MV + Bilateral,
Método RA-, tórax simétrico com boa
Trata-se de um relato de experi- expansibilidade, eupneico 18
ência dos residentes do Progra- r.p.m, saturação O² 98%, em
ma de Residência Multiprofis- ventilação espontânea sem au-
sional do Hospital São Julião,
em Campo Grande/MS, Brasil,
com aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) sob o
número 2.049.316.

Resultados e discussão (…) Foi realizado Fotos: arquivo pessoal; fornecidas pelas/pelos
autoras/autores.
Paciente do sexo masculino, um trabalho
negro, com 60 anos de idade, e simétricos, sem edema, pantur-
trabalhador rural, residente em em conjunto da rilhas livres.
Campo Grande/MS, tabagista Enfermagem e da Deambulando sem auxílio de
há 40 anos, negando comorbi-
Nutrição, pois, artefatos. Presença de 7 lesões,
dades e alergia medicamento- sendo a maior em região ante-
sa, foi admitido na unidade de para obter uma rior de coxa esquerda, extensa,
reabilitação em 17/01/2018, boa evolução, o com tecido viável, evidenciando
encaminhado de um hospital quadríceps; 3 lesões em região
universitário de Campo Gran-
indivíduo deve anterior, 1 em trocantérica, 3 em
de/MS com diagnóstico de eri- ter um aporte posterior, de menor diâmetro. To-
sipela bolhosa. Relatou que há calórico suficiente das sem secreção.
meses sentia que apresentava no Na avaliação da nutrição, a
membro inferior esquerdo sinto- para promover a dieta já estava por via oral com
mas como calor e uma “linha de cicatrização (…) consistência livre. Identificou-se
hiperemia” da parte distal até paciente eutrófico, sem risco de
a proximal do membro. Conse- desnutrição, sendo prescrita su-
quentemente, havia aparecido, plementação proteica 3 vezes
no terço superior da coxa es- ao dia, para auxiliar na cicatri-
querda, uma pequena lesão que zação da lesão.
apresentava apenas prurido. En- Com o decorrer da interna-
tretanto, esta pequena lesão de- xílio de O² complementar. AC: ção, foi verificado que a lesão
senvolveu-se progressivamente, BNRF em 2 tempos sem sopro, era um caso de fasciíte necro-
levando o paciente a procurar a normotenso 130 x 70 mmHg, tizante. Foi utilizada antibioti-
unidade hospitalar. normocárdico 70 b.p.m. AB: coterapia (Polimixina B e Me-
O exame físico identificou o globoso, RHA+, percussão tim- ropenem, durante 21 dias) e
paciente consciente, orientado pânica, flácido, indolor a pal- foram realizados debridamento
em tempo e espaço, contactuan- pação superficial e profunda, cirúrgico e enxertia (sem suces-
do verbalmente, com ECG AO Traube livre, ausência de visce- so). A lesão apresentava 12 cm
04 + RV 05 + RM 06 = 15/15. romegalias palpáveis. Extremi- x 23 cm no terço superior da
Anictérico, acianótico, normo- dades: pulsos presentes, cheios coxa esquerda, encontrando-se

1128 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1124-1129


ARTIGO
Lescano FA, Pereira TO, Oliveira RAM, Ribeiro AA, Simões EAP. Efeitos da pressão subatmosférica em um paciente acometido pela fasciíte necrotizante • FASCIÍTE NECROTIZANTE

com abundante tecido de gra- Conclusão promover a cicatrização, uma


nulação, margem irregular com É possível verificar a eficácia vez que o estado nutricional
epibolia e secreção amarelada, desta terapia em ferida comple- adequado permite que o sujeito
líquida, em média quantidade, xa, já que houve uma redução tenha o aporte proteico neces-
de difícil cicatrização. significativa do exsudato, me- sário para um processo de ci-
Para a evolução da ferida, lhorando, consequentemente, catrização eficaz sem perda da
viu-se a necessidade de méto- o processo da cicatrização, as- massa magra.
do avançado de terapia, sen- sim como a qualidade de vida Portanto, com ações con-
do aplicada a pressão subat- do sujeito. sistentes, o processo de cica-
mosférica por 7 dias. Após o Vale ressaltar que, para a trização pode ser acelerado
período de drenagem, a lesão evolução desta ferida, foi reali- por meio de intervenções nu-
apresentou melhora, reduzindo- zado um trabalho em conjunto tricionais específicas, como
-se para 10,5 cm x 21 cm, com da Enfermagem e da Nutrição, a administração de aminoá-
secreção serosa em pequena pois, para obter uma boa evo- cidos específicos, juntamen-
quantidade, com progresso na lução, o indivíduo deve ter um te com a terapia de pressão
cicatrização. aporte calórico suficiente para subatmosférica.

Referências

1. Hakkarainen TW, Kopari NM, Pham TN, Evans HL. Ne- rcbc/ v44n1/pt_0100-6991-rcbc-44-01-00081.pdf.
crotizing soft tissue infections: review and current concepts 9. Milcheski DA, Portocarrero ML, Alvarez DM, Mazuca
in treatment, systems of care, and outcomes. Curr Probl LGMP, Monteiro Junior AA, Gemperli R, TCBC-SP. Experi-
Surg. 2014 Aug;51(8):344-62. ência inicial com terapia por pressão negativa por insti-
2. Santos AA, Silva FCL da, Souza KRF, Póvoas FTX, Bas- lação em feridas complexas. Rev. Col. Bras. Cir.. 2017
tos MLA, Lúcio IML. Assistência de enfermagem à puérpera [acesso em 30 ago. 2018]; 44(4):348-53. Disponível
com fasceíte necrotizante: relato de experiência. Rev En- em: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/ v44n4/0100-
ferm UFPE On Line, Recife. 2013 abr. [acesso em 8 ago. 6991-rcbc-44-04-0348.pdf.
2018];7(4):1248-53. Disponível em: file:///C:/Users/ 10. Camargo PAB, Bertanha M, Moura R, Jaldin RG,
Julia%20K /Downloads/2988-39038-1-PB%20(1).pdf. Yoshida RA, Pimenta REF et al. Uso de curativo a vá-
3. Costa IMC, Cabral ALSV, Pontes SS, Amorim JF. Fasciíte cuo como terapia adjuvante na cicatrização de sítio
necrosante: revisão com enfoque nos aspectos dermato- cirúrgico infectado. J Vasc Bras. 2016 out.-dez. [aces-
lógicos. An Bras Dermatol, Rio de Janeiro. 2004 mar./ so em 31 ago. 2018];15(4):312-6. Disponível em:
abr.;79(2):211-24. http://www.scielo.br/pdf/jvb/v15n4/1677-5449-
4. Murray M, Dean J, Finn R. Cervicofacial necrotizing jvb-1677-5449002816.pdf.
fasciitis and steroids: case report and literature review. J 11. Brown KL, Phillips TJ. Nutrition and wound healing.
Oral Maxillofac Surg. 2012 Feb.;70(2):340-4. Clin Dermatol. 2010 Jul-Aug; 28(4):432-9.
5. Holhweg-Majert B, Weyer N, Metzger MC, Schön R. 12. Wild T, Rahbarnia A, Kellner M, Sobotka L, Eberlein
Cervicofacial necrotizing fasciitis. Diabetes Res Clin Pract. T. Basics in nutrition and wound healing. Nutrition. 2010
2006 May;72(2):206–8. Sep;26(9):862-6.
6. Larsson JC, Pires R, Fioravanti A, Beolchi MP, Gradel J, 13. Demling RH. Nutrition, anabolism, and the wound hea-
Oliveira M. Abordaje quirúrgico combinado como alter- ling process: an overview. Eplasty. 2009;9(9):65-94.
nativa mínimamente invasiva en el tratamiento de la Gan- 14. Desneves KJ, Todorovic BE, Cassar A, Crowe TC. Tre-
grena de Fournier. Cir. Plást. Iberolatinoam. 2017 [acesso atment with supplementary arginine, vitamin C and zinc in
em 30 mar. 2018];43(1):87-96. Disponível em: http:// patients with pressure ulcers: a randomised controlled trial.
scielo.isciii.es/pdf/cpil/v43n1/reconstructiva2.pdf. Clin Nutr. 2005 Dec;24(6):979-87.
7. Jones DA, Neves Filho WV, Guimarães JS, Castro DA, 15. Collins N. Glutamine and wound healing. Adv Skin
Ferracini AM. Aplicação da terapia por pressão negativa Wound Care. 2002;15(5):233-4.
no tratamento de feridas infectadas. Estudo de casos. Rev 16. Quain AM, Khardori NM. Nutrition in wound care
Bras Ortop. 2016 [acesso em 30 mar. 2018];51(6):646– management: a comprehensive overview. Wounds. 2015
651. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbort/ Dec;27(12):327-35.
v51n6/pt_0102-3616-rbort-51-06-00646.pdf. 17. Dal Santos M et al. Caracterização nutricional de
8. Lima RVKS, Coltro PS, ACBC-SP, Farina Júnior JA. Terapia pacientes com úlceras crônicas de membros inferiores
por pressão negativa no tratamento de feridas complexas. em tratamento no Ambulatório de Feridas do Campus
Rev. Col. Bras. Cir.. 2017 [acesso em 30 ago. 2018]; Cedeteg da UNICENTRO, Guarapuava-PR. J Health Sci.
44(1):81-93. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ 2015;17(1):13-19.

2018; 06 (33): 1124-1129 • Revista Feridas | 1129


ARTIGO
EPIDERMÓLISE BOLHOSA • Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa

Assistência de enfermagem
em epidermólise bolhosa:
uma revisão integrativa*
Nursing care in epidermolysis bullosa: an integrative review
Asistencia de enfermería en epidermólisis ampollosa: una revisión integrativa

Resumo
Objetivo: descrever os cuidados de enfermagem aos portadores de
Sonia Regina Jurado epidermólise bolhosa (EB). Método: tratou-se de revisão integrativa
Doutora em Fisiopatologia em da literatura, realizada nas bases de dados PubMed, SciELO e Bi-
Clínica Médica, Professora blioteca Virtual em Saúde, utilizando-se os descritores “Epidermólise
Associada III e tutora do Programa Bolhosa”, “Enfermagem” e as palavras correspondentes em inglês
de Educação Tutorial (PET) e espanhol. Como critérios de inclusão, adotaram-se: artigos cientí-
Enfermagem da Universidade ficos, disponíveis de forma gratuita e integralmente on-line, escritos
Federal de Mato Grosso do Sul nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre 2007
(UFMS), Campus de Três Lagoas e 2017. Resultados: foram selecionados 9 artigos científicos. A as-
(CPTL). Três Lagoas/MS. sistência de enfermagem frente ao paciente com EB incluiu método
preventivo, não farmacológico e farmacológico. Os enfermeiros es-
Lucas de Oliveira Bernardes pecializados em EB foram responsáveis pelo manejo dos pacientes e
Graduando em Enfermagem e também pela educação em saúde das famílias acerca dos cuidados
bolsista do Programa de Educação necessários, além de atuar no alívio de áreas de pressão, que po-
Tutorial (PET) Enfermagem da diam causar ou agravar as lesões do paciente, observar sinais de
Universidade Federal de Mato infecção e intervir sobre estes e atuar no controle da dor, a partir
Grosso do Sul (UFMS), Campus da avaliação de suas causas e por meio do cuidado das feridas.
de Três Lagoas (CPTL). Três A escolha do curativo deve ser baseada em um inventário sobre
Lagoas/MS. a superfície corporal afetada e a profundidade da lesão. Antibió-
ticos tópicos podem ser utilizados por curtos períodos em feridas
infectadas. Conclusões: o desafio do cuidado prestado pela equipe
de enfermagem ao paciente com EB está na raridade da doença,
refletindo no baixo número de profissionais especializados em apoiar estes indivíduos afetados.
No entanto, tais profissionais desempenham um papel relevante no tratamento do paciente com
epidermólise bolhosa.
Descritores: epidermólise bolhosa; feridas e lesões; cuidados de enfermagem.

Abstract
Objective: to describe nursing care for patients with epidermolysis bullosa (EB). Method: this
was an integrative review of the literature carried out in the PubMed, SciELO and Virtual Health
Library databases, using the descriptors “Epidermólise Bolhosa”, “Enfermagem” and the corres-

*Trabalho apresentado e aprovado originalmente para o 10º Congresso Brasileiro Nursing/1º Congresso Internacional em Saúde Coletiva/1º Congresso
Internacional Feridas, na categoria “Pôster”.

1130 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1130-1138


ARTIGO
Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa • EPIDERMÓLISE BOLHOSA

ponding words in English and Spanish. As inclusion criteria, the


following were adopted: scientific articles, available free of charge
and fully online, written in Portuguese, English and Spanish, publi- Anna Clara Freitas Maia
shed between 2007 and 2017. Results: 9 scientific articles were Graduanda em Enfermagem e
selected. Nursing care in relation to the patient with EB included bolsista do Programa de Educação
a preventive, non-pharmacological and pharmacological method. Tutorial (PET) Enfermagem da
EB nurses were responsible for the management of patients and Universidade Federal de Mato
also for the health education of the families about the necessary Grosso do Sul (UFMS), Campus
care, as well as for the relief of pressure areas that could cause or de Três Lagoas (CPTL). Três
aggravate the patient's injuries, for observing signs of infection and Lagoas/MS.
intervening on them and for acting in the control of the pain, from
the evaluation of its causes and through the care of the wounds.The Samuel Souto Barbosa
choice of dressing must be based on an inventory of the affected Graduando em Enfermagem e
body surface and the depth of the lesion. Topical antibiotics can be bolsista do Programa de Educação
used for short periods in infected wounds. Conclusions: the chal- Tutorial (PET) Enfermagem da
lenge of the care provided by the nursing team to the patient with Universidade Federal de Mato
EB is in the rarity of the disease, reflecting on the low number of Grosso do Sul (UFMS), Campus
professionals specialized in supporting these affected individuals. de Três Lagoas (CPTL). Três
However, such professionals play a relevant role in the treatment of Lagoas/MS.
patients with epidermolysis bullosa.
Descriptors: epidermolysis bullosa; wounds and injuries; nursing care.

Resumen
Objetivo: describir los cuidados de enfermería a los portadores de epidermólisis ampollosa
(EA). Método: se trató de revisión integrativa de la literatura, realizada en las bases de da-
tos PubMed, SciELO y Biblioteca Virtual en Salud, utilizando los descriptores “Epidermólise
Bolhosa”, “Enfermagem” y las palabras correspondientes en inglés y español. Como criterios
de inclusión se adoptaron: artículos científicos, disponibles de forma gratuita e íntegramente
en línea; escritos en el idioma portugués, inglés y español, publicados entre 2007 y 2017.
Resultados: se seleccionaron 9 trabajos. La asistencia de enfermería frente al paciente con EA
incluyó método preventivo, no farmacológico y farmacológico. Los enfermeros especializados
en EA fueron responsables del manejo de los pacientes y también por la educación en salud
de las familias acerca de los cuidados necesarios, además de actuar en el alivio de áreas de
presión, que podían causar o agravar las lesiones del paciente, observar signos de infección e
intervenir sobre estos y actuar en el control del dolor, a partir de la evaluación de sus causas y
por medio del cuidado de las heridas. La elección del vendaje debe basarse en un inventario so-
bre la superficie corporal afectada y la profundidad de la lesión. Los antibióticos tópicos pueden
ser utilizados por cortos períodos en heridas infectadas. Conclusiones: el desafío del cuidado
prestado por el equipo de enfermería al paciente con EA está en la rareza de la enfermedad,
reflejando en el bajo número de profesionales especializados en apoyar a estos individuos
afectados. Sin embargo, estos profesionales desempeñan un papel relevante en el tratamiento
del paciente con epidermólisis ampollosa.
Descriptores: epidermólisis ampollosa; heridas y lesiones; cuidados de enfermería.

RECEBIDO: 13/06/2018 | APROVADO: 19/06/2018

2018; 06 (33): 1130-1138 • Revista Feridas | 1131


ARTIGO
EPIDERMÓLISE BOLHOSA • Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa

Introdução pessoa, quanto na de sua família, lho foi descrever os cuidados de

A
epidermólise bolhosa (EB) é devido à dor física e ao sofrimento enfermagem aos portadores de
uma desordem hereditária emocional4. Além disso, os porta- epidermólise bolhosa.
caracterizada por bolhas in- dores de EB apresentam uma sé-
duzidas por estresse mecânico na rie de problemas relacionados à Método
pele e nas membranas mucosas. A enfermidade, como prurido, dor Trata-se de uma revisão integrati-
EB é classificada em quatro tipos e deformação, os quais sugerem va da literatura. Este método tem
principais, a saber: EB simples que a doença seja contagiosa, a finalidade de reunir e sintetizar
(EBS), EB juncional (EBJ), EB distrófi- implicando em segregação social resultados de pesquisas sobre um
ca (EBD) e Síndrome de Kindler, ba- dessas pessoas5. delimitado tema ou questão, de
seada no sítio ultraestrutural de cli- Os achados clínicos e labo- maneira sistemática e ordenada,
vagem da pele. A separação dos ratoriais com o uso de imunofluo- contribuindo para o aprofunda-
tecidos ocorre na epiderme (EBS), rescência e microscopia eletrôni- mento do conhecimento do tema
na lâmina lúcida (EBJ) ou na lâmina ca de transmissão corroboram o investigado7. A pergunta nortea-
densa (DEB). A Síndrome de Kind- diagnóstico de EB, sendo funda- dora foi: quais os cuidados de en-
ler, um tipo misto, exibe múltiplos mental obter-se a história familiar, fermagem frente ao paciente com
planos de clivagem1. pois a consanguinidade entre os epidermólise bolhosa?
Estima-se uma prevalência de pais deve ser levada em consi- A revisão bibliográfica foi reali-
EB de 50 casos para um milhão de deração6. Os 25 subtipos de EB zada nas bases de dados PubMed,
nascidos vivos, sendo 92% dos ca- somente podem ser diferenciados Scientific Eletronic Librany Online
sos de EB simples, 5%, distrófica, por análises imunológicas e ultra- (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saú-
1%, juncional e 2% morrem sem estruturais, sendo as diferencia- de (BVS), utilizando-se os descritores
classificação2. ções importantes, pois determinam “Epidermólise Bolhosa”, “Enferma-
A EB é uma afecção crônica, o risco de envolvimento da muco- gem” e as palavras corresponden-
com variados graus de intensida- sa, desenvolvimento de neoplasias tes em inglês — “Epidermolysis
de, o que requer uma abordagem e morte prematura2. Bullosa”, “Nursing” — e espanhol
multidisciplinar, a fim de garantir Na ausência de cura, o ma- — “Epidermólisis Ampollosa", "Enfer-
aos portadores e seus familiares nejo do paciente pela equipe de mería. Como critérios de inclusão,
uma assistência eficaz bem como enfermagem permanece baseado adotaram-se: artigos científicos, dis-
a compreensão precisa acerca da em medidas preventivas, juntamen- poníveis de forma gratuita e integral-
doença e dos cuidados necessá- te com o tratamento sintomático mente on-line, escritos nos idiomas
rios que precisam ser mantidos no das manifestações e complicações português, inglês e espanhol, publi-
domicílio, proporcionando boa cutâneas e extracutâneas. A rarida- cados entre 2007 e 2017.
qualidade de vida ao indivíduo3. de e a complexidade da EB desa- Para coleta de dados e análise
A doença provoca um impacto fiam seus cuidados apropriados. sistematizada das publicações, foi
negativo tanto na vida diária da O objetivo do presente traba- utilizado um instrumento que cons-

Figura 1. Fluxograma da presente revisão integrativa.

IDENTIFICAÇÃO TRIAGEM ELEGIBILIDADE INCLUÍDOS


Estudos identificados Estudos selecionados Estudos selecionados
nas bases de dados por meio da leitura do para verificação de Amostra
SciELO, BVS e PubMed título ou resumo critérios de inclusão (n = 9)
(n = 171) (n = 98) (n = 98)

Estudos excluídos Artigos não


Estudos excluídos
por não respeita- encontrados
por limite temporal
rem os critérios de na íntegra
(n = 73)
inclusão (n = 85) (n = 4)

1132 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1130-1138


ARTIGO
Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa • EPIDERMÓLISE BOLHOSA

tou de dados de identificação da zado e claramente delineado em


publicação (ano, base de dados, um documento escrito, entregue à
título do artigo), tipo de estudo, família para os cuidados domici-
amostra, cuidados e orientações liares. Contudo, o plano de cuida- A grande maioria dos
da equipe de enfermagem para o dos também deve ser avaliado e trabalhos localizados
paciente com EB e seus familiares, atualizado regularmente8.
bem como conclusões. Um dos momentos mais delica- na literatura abordava
dos e que requerem o apoio da EB e os cuidados
Resultados equipe de enfermagem é o nasci-
No período de dez anos (2007 mento de uma criança com EB, já
odontológicos. Houve
a 2017), foram identificados 171 que o cuidado deve ser iniciado um pequeno número
artigos nas bases de dados estuda- imediatamente, cabendo aos en- de artigos com a
das, porém, após análise e critérios fermeiros a avaliação das lesões
de inclusão, foram selecionados 9 e detecção de possíveis compli- temática assistência
trabalhos para o estudo (Figura 1). cações, a orientação da família de enfermagem frente
Observou-se que o maior nú- sobre o tratamento tópico, sobre
ao paciente com EB
mero de publicações foi encontra- como usar os curativos e manusear
do no ano de 2013, a maioria a criança no banho, na troca de
no PubMed (n = 6), seguido da fraldas e amamentação, e outros
Biblioteca Virtual em Saúde (n = 2) cuidados10,11.
e SciELO (n = 1) (Quadro 1). O manuseamento do recém- A maior parte dos curativos
Em relação à natureza das -nascido deve ser feito com extremo realizados em pacientes com EB
pesquisas selecionadas, predomi- cuidado e, sempre que possível, constitui-se de coberturas que não
naram a revisão bibliográfica (n = usando uma interface, como lençol, aderem à lesão ou causem pres-
4) e o trabalho descritivo (n = 4), fralda de pano ou almofada suave, são, permitindo que sejam remo-
seguidos de relato de caso (n = 1). evitando traumas pela aplicação vidas sem causar traumas e novas
A grande maioria dos trabalhos de força diretamente na pele12. bolhas no paciente1,14.
localizados na literatura abordava As lesões devem ser limpas A frequência do banho depen-
EB e os cuidados odontológicos. com soluções de baixa toxicidade, de do tipo de curativo e das ca-
Houve um pequeno número de como soro fisiológico e água13. racterísticas da lesão: no caso de
artigos com a temática assistência Para evitar a colonização bacteria- feridas ou curativos infectados que
de enfermagem frente ao paciente na em feridas, recomenda-se que aderem às lesões (por exemplo,
com EB, os quais foram listados no as mesmas sejam limpas com clo- gaze impregnada de parafina),
Quadro 1. rexidina a 0,1% ou polihexanida, o banho deve ser realizado em
hipoclorito de sódio a uma concen- dias alternados; quando os cura-
Discussão tração de 5 a 10 ml em 5 litros de tivos avançados são emprega-
Em relação ao tratamento de EB, água ou ácido acético a ≤ 0,25% dos, a frequência do banho pode
foram publicadas recomendações por 15 a 20 minutos/dia4. ser reduzida para até uma vez
internacionais, permitindo aos A imersão de cada ferida, por semana4.
profissionais de saúde uma abor- individualmente, por 5 a 10 mi- Coberturas avançadas redu-
dagem mais consensual e direcio- nutos ou a remoção dos curativos zem a frequência da troca de
nada às necessidades complexas na banheira podem ajudar a re- curativos, reduzindo, assim, o ris-
dos doentes com EB4,8,10. Todas as duzir a dor e o trauma associado co de dor, manipulação de bolhas
recomendações internacionais são às trocas de curativos10. A esco- e infecções. No entanto, revisões
sustentadas pela evidência científi- lha dos curativos varia de acordo sistemáticas da literatura mostra-
ca atual neste domínio. com o tipo e o local das lesões, ram que, em comparação a gazes
O plano de tratamento de fe- mas também com a disponibilida- impregnadas com parafina, as co-
ridas na EB deve ser individuali- de do produto9. berturas avançadas (por exemplo,

2018; 06 (33): 1130-1138 • Revista Feridas | 1133


ARTIGO
EPIDERMÓLISE BOLHOSA • Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa

Quadro 1. Distribuição das publicações segundo ano, base de dados, título, tipo de estudo, amostra
estudada, cuidados e orientações da equipe de enfermagem e conclusões.

ANO/ CUIDADOS E ORIENTA-


TIPO DE
BASE DE TÍTULO AMOSTRA ÇÕES DA EQUIPE DE CONCLUSÕES
ESTUDO
DADOS ENFERMAGEM

Recém-nascido
Epidermólisis É necessária a atuação de
de 5 dias, do
ampol- Tratamento paliativo, incluindo equipe multidisciplinar para
sexo masculino
2011/ losa en un Relato de o alívio da dor. Indicação do prevenir complicações cutâneas
com história de
BVS. recién nacido, caso. tipo de roupa e calçados mais e extracutâneas. Recomenda-se
reporte de un bolhas generali-
adequados para o paciente. acompanhamento psicológico
caso10 zadas no tórax e
da família do paciente com EB.
na face.

As lesões devem ser limpas


com soro fisiológico estéril
e cobertas com curativos Avanços recentes na genética
não aderentes. No caso de molecular tornaram possível o
bebês com EB, recomenda-se diagnóstico genético pré-natal
amamentá-los em almofadas de e pré-implantação, ampliando
Epidermoly- Não informada espuma espessa, protegendo- as opções disponíveis no
Revisão
2011/ sis bullosa: a quantidade de os de bolhas induzidas por tratamento de pacientes afeta-
bibliográ-
PubMed. where do we
fica.
artigos utilizados traumas indevidos. Precauções dos por EB. Recentemente, o
stand?24 na revisão. especiais precisam ser tomadas exame de imunofluorescência
para crianças mais velhas no de vilosidades coriônicas tem
uso de fitas adesivas, esfig- sido utilizado com sucesso no
momanômetro, torniquetes e diagnóstico pré-natal de epider-
outros instrumentos que causam mólise bolhosa hereditária.
cisalhamento da pele ou das
membranas mucosas.

Com relação ao tratamento


das lesões, recomendam-se a
punção da bolha e o uso de A ausência de medidas tera-
Inherited curativos estéreis. A pele deve pêuticas efetivas para o con-
epidermoly- Não informada
Revisão ser deixada no lugar, funcionan- trole dessa doença evidencia a
2013/ sis bullosa: a quantidade
bibliográ- do como um curativo biológico necessidade de monitoramento,
SciELO. clinical and
fica.
de artigos
therapeutic e prevenindo a colonização visando proporcionar maior
utilizados.
aspects13 bacteriana. Crostas firmes ex- conforto físico e psicológico ao
igem desbridamento para evitar paciente.
a manutenção do processo
inflamatório.

Manejo da dor e do prurido,


com avaliação mediante
escalas visuais; banhos com
clorexidina, sal ou solução
Um conjunto de
Recommended de vinagre, para prevenir in-
especialistas
strategies for fecções bacterianas; drenagem
2013/ reuniu-se para a Cada paciente com EB neces-
epidermolysis de bolhas. Em caso de
PubMed. Descritivo. elaboração do sita de um plano de cuidado
bullosa man- colonização bacteriana, utilizar
agement in “Consenso de individualizado.
tratamentos com soluções an-
Romania9 Tratamento de
tissépticas e antibióticos tópicos
EB na Romênia”.
por curto período (2 - 6 sema-
nas). Realizar desbridamento
mecânico ou com hidrogel e
alginato de cálcio.

1134 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1130-1138


ARTIGO
Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa • EPIDERMÓLISE BOLHOSA

ANO/ CUIDADOS E ORIENTA-


TIPO DE
BASE DE TÍTULO AMOSTRA ÇÕES DA EQUIPE DE CONCLUSÕES
ESTUDO
DADOS ENFERMAGEM

Prioritization Participaram 58
of therapy pessoas, entre Exemplos de alguns ques-
uncertainties profissionais de tionamentos: “qual método de
Ao fim, foi elaborada uma lista
in Dystrophic saúde e pa- tratamento de feridas obtém
com as 10 principais incertezas
Epidermoly- cientes, os quais melhores resultados (melhora
sobre o tratamento da EB,
sis Bullosa: elencaram suas na cicatrização, diminuição
fornecendo orientações a
2013/ where should dúvidas sobre da dor, diminuição do odor,
Descritivo. pesquisadores e órgãos de fo-
PubMed. research a EB distrófica, prevenção da infecção) em
direct to? An mento para garantir que futuras
de acordo com pacientes com EB?”; “qual é
example of pesquisas possam responder às
o proposto o melhor tratamento para con-
priority setting perguntas dos profissionais de
pela James Lind trolar o prurido em pacientes
partnership saúde e pacientes.
Alliance para com EB?”; “qual é a melhor
in very rare transtornos muito estratégia de controle da dor?”.
disorders16
raros.

A raridade e a gravidade da
O consenso continha 5 temas EB combinadas à pouca evi-
Onze (11)
principais (avaliação e gestão dência para a prática clínica
participantes
de fatores que prejudicam a levam a um cuidado sub-ótimo
A consensus (médicos e en-
cura, preocupações centradas do paciente. Diretrizes práticas
approach to fermeiros) foram
2012/ no paciente, cuidados com são cada vez mais recon-
wound care in Descritivo. selecionados
PubMed. epidermolysis
feridas locais, desenvolvimento hecidas como ferramentas
com base em
bullosa10 de um plano de cuidados que reduzem o atendimento
sua experiência
individualizado e apoio organi- inadequado, controlam a
clínica e de pes-
zacional) e 17 recomendações variação geográfica e fazem
quisa em EB.
específicas. uso dos melhores recursos de
assistência à saúde.

Cuidados globais com a


pele, incluindo tratamento de
Produção de recomendações
Multicentre feridas, controle do prurido e
multicêntricas e multidisciplin-
consensus re- Equipe multidisci- da dor e diagnóstico precoce
ares sobre o cuidado com a
comendations plinar de profis- de carcinoma de células es-
2014/ pele dirigidas a médicos e
for skin care Descritivo. sionais de saúde camosas. Orientações devem
PubMed. in inherited
enfermeiros que lidam com EB,
da França, Itália ser repassadas a pacientes
epidermolysis tanto em centros especializa-
e de Portugal. e familiares no sentido de
bulllosa4 dos como em ambientes de
explicar o impacto da doença
atenção primária.
nas atividades diárias e na
qualidade de vida.

Não há tratamento definitivo


O desenvolvimento de terapias
para a EB e as terapias sin-
é uma questão urgente em se
tomáticas são a base do
tratando de EB. Nas duas dé-
manejo clínico. A prevenção
cadas desde que o mecanismo
de novas bolhas e úlceras e o
Dystrophic Não informada patogênico da EB foi esclare-
Revisão tratamento de feridas são os
2015/ epidermolysis a quantidade de cido, a biologia molecular e a
bibliográ- aspectos mais importantes do
PubMed. bullosa: a
fica.
artigos utilizados biologia celular desenvolveram-
review1 tratamento. As novas bolhas de-
na revisão. se dramaticamente. Contudo,
vem ser drenadas com agulhas
mais pesquisas são necessárias
esterilizadas de grande calibre
para o desenvolvimento de
e os “tetos” das mesmas devem
novas terapias eficazes para o
ser mantidos, pois atuam como
tratamento da EB.
curativos naturais para feridas.

2018; 06 (33): 1130-1138 • Revista Feridas | 1135


ARTIGO
EPIDERMÓLISE BOLHOSA • Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa

ANO/ CUIDADOS E ORIENTA-


TIPO DE
BASE DE TÍTULO AMOSTRA ÇÕES DA EQUIPE DE CONCLUSÕES
ESTUDO
DADOS ENFERMAGEM

Alívio e controle da dor, reali-


Há poucos estudos publicados
zação de curativos de acordo
sobre a doença e a assistência
Epidermólise com a localização das bolhas
de enfermagem. É preciso que
bolhosa e o tipo de EB, observação de
Treze (13) os enfermeiros desenvolvam
congênita — Revisão sinais de infecção e interven-
2016/ artigos, uma (1) estudos acerca dessa patologia
importância bibliográ- ção sobre estes, perfuração e
BVS. do cuidado fica.
monografia e um e que implementem cuidados
drenagem das bolhas, alívio de
de enferma- (1) guia prático. de enfermagem para cada
pressões sobre as lesões, apoio
gem2 tipo de epidermólise bolhosa
e orientações aos pacientes
congênita fundamentados
e familiares sobre curativos e
em evidências científicas.
alimentação adequada.

hidrogéis, hidrofibras e espumas) frescante e aliviam a dor, o prurido Os antibióticos/ antimicrobia-


apresentaram apenas uma mo- e o desconforto. nos tópicos (por exemplo, polimixi-
desta vantagem na aceleração da Como camada de contato na B-gramicidina, ácido fusídico,
cicatrização de feridas crônicas (necessitando de uma camada se- mupirocina, sulfadiazina de prata)
não EB (úlceras venosas da perna, cundária), são recomendadas as devem ser usados apenas por cur-
úlceras de pressão etc.)15. redes em silicone suave, que ofe- tos períodos de tempo, sendo de
Ainda são feitos muitos ques- recem proteção e permitem uma 2 a 6 semanas, para evitar resis-
tionamentos pelos profissionais de remoção atraumática12. tência e sensibilização17.
saúde em relação ao tratamento do Em lesões com risco de infec- Sabe-se que numerosos organis-
paciente com EB, tais como: qual ção, o uso de creme de peróxi- mos, incluindo bactérias resistentes,
é o melhor método de tratamento do de hidrogênio estabilizado colonizam as feridas de indivíduos
de feridas — ou seja, aquele que por lipídios (Crystacide®)17 e de com EB. Sinais de infecção tecidu-
melhora a cicatrização, diminui a cremes (por exemplo, sulfadia- al profunda e adjacente (linfadeno-
dor e o odor e previne infecção zina de prata) ou de curativos patia, febre e mal-estar) requerem
— em pacientes com EB? Qual o contendo prata (por exemplo, terapia antimicrobiana sistêmica. A
tipo de cobertura mais apropriado Mepilex®AG,Urgotul®Silver/SSD, escolha do antibiótico pode ser re-
(polietileno, hidrofibra, hidrogel, PolyMem®Silver,Aquacel®Ag) tem alizada com base nos organismos
silicone) e com que frequência de sido defendido18. No entanto, patogênicos identificados e suas
troca deve ser usado (diariamente não há evidências claras de que sensibilidades antimicrobianas. A
ou dias alternados)?16. produtos contendo prata possam presença de Streptococcus pyoge-
As feridas exsudativas ou muito prevenir a infecção da ferida ou nes requer tratamento mesmo na au-
exsudativas são mais bem tratadas melhorar as taxas de cicatrização sência de infecção clínica evidente,
com coberturas em espumas (po- das mesmas. devido ao risco de complicações9.
liuretano hidrofílico), que absor- Em países europeus, pomadas Na EB distrófica, pode haver
vem grandes quantidades de flui- (por exemplo, Mesitran S®, Me- infecção hiperativa das lesões,
do, oferecendo, ao mesmo tempo, dloc) ou curativos (por exemplo, geralmente por Staphylococcus
proteção12. Algivon®, Advancis Medical, Me- aureus, com dor local e febre, po-
Para feridas secas ou com dihoney®, Derma Sciences) com dendo levar à septicemia fulminan-
pouco exsudato, recomenda-se mel medicinal estão disponíveis te se a precaução de internação
o uso de hidrogéis, que propor- e são utilizados com o objetivo para tratamento especializado
cionam o desbridamento auto- de reduzir o risco de infecção e não for tomada21.
lítico. Pelas suas propriedades promover o desbridamento da fe- A dor é o sintoma mais comum
hidratantes,conferem um efeito re- rida17,19,20. experimentado por pacientes com

1136 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1130-1138


ARTIGO
Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa • EPIDERMÓLISE BOLHOSA

EB, independentemente do subtipo. locais e opioides sistêmicos são recomenda-se o acompanhamento


A frequência e a intensidade da dor potenciais contribuintes22. psicológico do paciente com EB e
geralmente são proporcionais à gra- O monitoramento do prurido de seus cuidadores devido ao im-
vidade da doença, com até 50% deve começar com um histórico pacto social e psicológico que a
dos pacientes com o tipo mais ex- completo para identificar os fato- doença traz para os mesmos10.
tenso de EB apresentando dor diária res de tempo e exacerbação. O Embora o diagnóstico da EB
maior que 5 (escala de 0 - 10)8. A prurido noturno pode estar relacio- possa ser realizado na vida intrau-
dor também pode ser exacerbada nado ao superaquecimento corpo- terina24, reconhece-se que o trata-
durante trocas de curativos, banhos ral e ao tratamento com anti-his- mento desta doença genética e
e outras atividades diárias. tamínicos. Existem relatos de uso rara faz-se mediante ações preven-
As modalidades não-farmacoló- bem-sucedido de ondansetrona ou tivas e de tratamento de sintomas
gicas são úteis em combinação com gabapentina em baixa dose para pela equipe de enfermagem, a
as medidas farmacológicas para o prurido persistente23. qual deve ser especializada para
alívio da dor. Algumas opções tópi- Ao contrário de outras condi- tal assistência.
cas potencialmente úteis incluem a ções dermatológicas, as bolhas in-
adição de sal à água do banho e tactas da EB devem ser drenadas Conclusão
curativos com analgésicos4. para limitar a extensão e o dano A EB não é apenas um distúrbio
O prurido é um sintoma co- nos tecidos circundantes. As bo- da pele. Portanto, tratar um pa-
mum em pacientes com EB, muitas lhas devem ser drenadas usando- ciente com EB exige o envolvimen-
vezes, afetando a qualidade de -se uma agulha hipodérmica estéril to de uma equipe dedicada, com
vida. Seu mecanismo exato não é e é recomendado manter os “tetos” experiência em todos os aspectos
conhecido. Inflamação persistente das mesmas, a fim de que sirvam do atendimento. O enfermeiro é
da pele, superaquecimento causa- como curativos biológicos1,2,9. o principal profissional da equipe
do por curativos, sensibilizadores Os aspectos nutricionais me- multidisciplinar, o qual oferece as-
recem uma consideração espe- sistência ao paciente e seus fami-
cial, uma vez que o reparo quase liares mediante ações como alívio
constante das bolhas produz uma da dor e da pressão em proemi-
alta ingestão calórico-proteica nências ósseas — a fim de preve-
Os aspectos
em paciente que, geralmente, é nir a formação de novas bolhas
nutricionais merecem mal alimentado devido às lesões —, drenagem das bolhas já exis-
uma consideração frequentes do trato digestório. Por tentes, realização dos curativos
esse motivo, em pacientes com adequados, intervenção no caso
especial, uma vez vesículas bucais, é aconselhável de lesões infectadas e orientações
que o reparo quase manter a alimentação com dieta quanto ao tipo de vestimentas e
constante das bolhas pastosa, com o cuidado de for- calçados a serem utilizados, bem
necer vitaminas, oligoelementos como sobre banhos e curativos.
produz uma alta e ferro em doses maiores que as Perceberam-se uma grande
ingestão calórico- exigidas21. deficiência em publicações rela-
A educação em saúde com os cionadas ao tema proposto, prin-
proteica em paciente pacientes de EB e seus familiares cipalmente no Brasil, e o número
que, geralmente, deve estar baseada na comunica- reduzido de profissionais especia-
é mal alimentado ção e no diálogo adequado para listas no tratamento de EB. Neste
que os pacientes e seus cuidado- sentido, faz-se necessária a qua-
devido às lesões res entendam que cada pessoa lificação da assistência por meio
frequentes do trato envolvida tem uma contribuição da busca sobre o tema, sobre
significativa no processo de to- procedimentos e cuidados para o
digestório
mada de decisão, sobretudo, no paciente com EB, por parte dos
ambiente domiciliar9. Além disso, profissionais de enfermagem.

2018; 06 (33): 1130-1138 • Revista Feridas | 1137


ARTIGO
EPIDERMÓLISE BOLHOSA • Jurado SR, Bernardes LO, Maia ACF, Barbosa SS. Assistência de enfermagem em epidermólise bolhosa: uma revisão integrativa

Referências
1. Shinkuma S. Dystrophic epidermolysis bullosa: a review. Clin Cos- VR, Follador I. Inherited epidermolysis bullosa: clinical and therapeu-
met Investig Dermatol. 2015 May 26 [acesso em 25 mai 2018]; tic aspects. An Bras Dermatol. 2013 Mar-Apr [acesso em 24 mai
8: 275-84. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ 2018]; 88(2): 185-98. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
articles/PMC4451851/pdf/ccid-8-275.pdf. php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962013000200185&lng=en
2. Pitta AL, Magalhães RP, Silva JC. Epidermólise bolhosa congênita — &nrm=iso&tlng=en.
importância do cuidado de enfermagem. Rev Cuid. 2016 jul-dez [aces- 14. Ferraz RRN, Andrade DAS, Barnabé AS, Fornari JV. Tratamento
so em 25 mai 2018]; 10(2): 201-8. Disponível em: http://www.we- tópico da epidermólise bolhosa por equipe multidisciplinar: uma revi-
bfipa.net/facfipa/ner/sumarios/cuidarte/2016v2/201-208.pdf. são sistemática. SaBios: Rev. Saúde e Biol. 2015 [acesso em 24 mai
3. Amaral AP, Andrade APR, Barbosa JAG. Epidermólise bolhosa: 2018]; 10(1): 145-8. Disponível em: http://revista.grupointegrado.
cuidados de enfermagem e orientações ao portador. Rev Tecer. 2014 br/revista/index.php/sabios2/article/view/1725/684.
nov [acesso em 20 mai 2018]; 7(13): 133-43. Disponível em: ht- 15. Chaby G, Senet P, Vaneau M, Martel P, Guillaume JC et al. Dres-
tps://www.metodista.br/revistas/revistas-izabela/index.php/tec/ sings for acute and chronic wounds: a systematic review. Arch Derma-
article/view/700/620. tol. 2007 Oct [acesso em 21 mai 2018]; 143(10): 1297-304. Dis-
4. El Hachem M, Zambruno G, Bourdon-Lanoy E, Ciasulli A, Buis- ponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamadermatology/
son C et al. Multicentre consensus recommendations for skin care in article-abstract/654409.
inherited epidermolysis bullosa. Orphanet J Rare Dis. 2014 May 20 16. Davila-Seijo P, Hernández-Martín A, Morcillo-Makow E, de Lucas
[acesso em 21 mai 2018]; 9(76): 1-20. Disponível em: https:// R, Domínguez E et al. Prioritization of therapy uncertainties in Dystrophic
www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4110526/pdf/1750- Epidermolysis Bullosa: where should research direct to? An example
1172-9-76.pdf. of priority setting partnership in very rare disorders. Orphanet J Rare
5. Scheppingen CV, Lettinga AT, Duipmans JC, Maathuis CGB, Jonk- Dis. 2013 Apr [acesso em 23 mai 2018]; 8(61): 1-8. Disponível
man MF. Main problems experienced by children with epidermolysis em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3637279/
bullosa: a qualitative study with semi-structured interviews. Acta Derm pdf/1750-1172-8-61.pdf.
Venereol. 2008 [acesso em 22 mai 2018]; 88(2): 143-50. Dis- 17. Mellerio JE. Infection and colonization in epidermolysis bullosa.
ponível em: https://www.medicaljournals.se/acta/content/abs- Dermatol Clin. 2010 Apr [acesso em 26 mai 2018]; 28(2): 267-9.
tract/10.2340/00015555-0376. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
6. Pacheco TS, Oselame GB. Epidermólise bolhosa: revisão narrati- S0733863510000057?via%3Dihub.
va. Rev Med Saúde Brasília. 2015 [acesso em 20 mai 2018]; 4(3): 18. Lara-Corrales I, Arbuckle A, Zarinehbaf S, Pope E. Principles of
350‐7. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rms- wound care in patients with epidermolysis bullosa. Pediatr Dermatol.
br/article/view/6192/4118. 2010 May-June [acesso em 21 mai 2018]; 27(3): 229-37. Disponí-
7. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: mé- vel em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1525-
todo de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na 1470.2010.01086.x.
enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008 out-dez [acesso em 19 19. Al-Waili NS, Salom K, Butler G, Al Ghamdi AA. Honey and
mai 2018]; 17(4): 758-64. Disponível em: http://www.scielo.br/ microbial infections: a review supporting the use of honey for micro-
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000400018. bial control. J Med Food. 2011 Oct [acesso em 22 mai 2018];
8. Salavastru CM, Sprecher E, Panduru M, Bauer J, Solovan CS et 14(10): 1079-96. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
al. Recommended strategies for epidermolysis bullosa management in pubmed/21859350.
Romania. Maedica (Buchar). 2013 June [acesso em 20 mai 2018]; 20. Jull AB, Walker N, Deshpande S. Honey as a topical treatment
8(2): 200-5. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ for wounds. Cochrane Database Syst Rev. 2008 Oct 8 [acesso em
articles/PMC3865131/. 24 mai 2018]; 4: CD005083. Disponível em: https://www.co-
9. Pope E, Lara-Corrales I, Mellerio J, Martinez A, Schultz G et al. chranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD005083.
A consensus approach to wound care in epidermolysis bullosa. J Am pub2/full.
Acad Dermatol. 2012 Nov [acesso em 21 mai 2018]; 67(5): 904- 21. López IB, Gónzalez AC, Degournay RR, Ferrer AS. Epider-
17. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ mólisis bullosa: a propósito de un caso. Rev Cubana Pediatr.
PMC3655403/. 2008 enero-marzo [acesso em 23 mai 2018]; 80(1): 1-6. Dis-
10. Torres MC, Contreras C, González ML. Epidermólisis ampollosa ponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid
en un recién nacido, reporte de un caso. Rev CES Med. 2011 jul-dic =S0034-75312008000100014.
[acesso em 19 mai 2018]; 25(2): 221-30. Disponível em: http://re- 22. Goldschneider KR, Lucky AW. Pain management in epidermolysis
vistas.ces.edu.co/index.php/medicina/article/view/1624/1420. bullosa. Dermatol Clin. 2010 Apr [acesso em 22 mai 2018]; 28(2):
11. Hernández-Martín A, Torrelo A. Inherited epidermolysis bullosa: 273-82. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/
from diagnosis to reality. Actas Dermosifiliogr. 2010 July [acesso em article/pii/S0733863510000094?via%3Dihub.
26 mai 2018]; 101(6): 495–505. Disponível em: http://www.ac- 23. Allegaert K, Naulaers G. Gabapentin as part of multimodal
tasdermo.org/en-inherited-epidermolysis-bullosa-from-diagnosis-articulo- analgesia in a newborn with epidermolysis bullosa. Paediatr Anaesth.
-S1578219010708349. 2010 Sept 17 [acesso em 20 mai 2018]; 20(10): 972-3. Disponí-
12. Couto CS, Gouveia C, Miguéns C, Marques R. Guia prático vel em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1460-
na abordagem ao doente com epidermólise bolhosa. Associação 9592.2010.03396.x.
Portuguesa de Epidermólise Bolhosa (DEBRA), Portugal; 2018 [acesso 24. Sarkar R, Bansal S, Garg VK. Epidermolysis bullosa: where do we
em 25 mai 2018]. 36p. Disponível em: https://debra.med.up.pt/ stand? J Dermatol Venereol Leprol. 2011 July-Aug [acesso em 25 mai
wp-content/uploads/sites/19/2018/06/Epiderm%C3%B3lise- 2018]; 77(4): 431-8. Disponível em: http://www.ijdvl.com/article.
-Bolhosa-guia-pratico_2017.pdf. asp?issn=0378-6323;year=2011;volume=77;issue=4;spage=431;
13. Boeira VL, Souza ES, Rocha BO, Oliveira PD, Oliveira MF, Rêgo epage=438;aulast=Sarkar.

1138 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1130-1138


ARTIGO
Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite • RADIODERMATITE

Intervenções do enfermeiro na prevenção


e no tratamento da radiodermatite*
Nurse interventions in the prevention and treatment of radiodermatitis
Intervenciones del enfermero en la prevención y en el tratamiento de la radiodermatitis

Resumo
Introdução: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em Priscila Zuza da Silva Santos
2030 haja 27 milhões de novos casos de câncer. Sessenta por cento Enfermeira. Especialista em
(60%) dos pacientes em tratamento de neoplasias têm indicação para Oncologia pelo Programa de
a radioterapia, sendo a radiodermatite ou radiodermite a principal Residência Multiprofissional em
reação adversa. É essencial a intervenção adequada do enfermeiro, Oncologia da Casa de Saúde Santa
com o objetivo de atenuar estes problemas por meio da consulta de Marcelina (CSSM), São Paulo/
enfermagem. Objetivo: apresentar os medicamentos e cuidados mais SP. Pós-graduanda em Docência
utilizados na prevenção e no tratamento da radiodermatite. Método: do ensino médio, técnico e superior
estudo exploratório-descritivo de revisão da literatura, realizado nos em Enfermagem pela Faculdade
meses de maio e junho de 2018, utilizando-se livros da área de On- Aldeia de Carapicuíba (FALC),
cologia, manuais do Ministério da Saúde (MS) e a base de dados Carapicuíba/SP.
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Resultados: elencados os dados,
observou-se que a calêndula e a os cremes à base de Aloe vera têm Dielly Carvalho do Amaral
sido os mais relevantes na prevenção e no tratamento da radioderma- Enfermeira. Pós-graduanda em
tite. Já as orientações sobre os cuidados focam na higiene da pele e Docência do ensino médio, técnico
na prevenção de lesões e infecções. Discussão: ainda são necessários e superior em Enfermagem pela
estudos comparativos para avaliar a eficácia e eficiência dos medica- Faculdade Aldeia de Carapicuíba
mentos e tratamentos utilizados atualmente, pois os existentes mostram- (FALC), Carapicuíba/SP.
-se incipientes, sendo viáveis a elaboração de instrumentos avaliativos
da lesão e a padronização da assistência. Conclusão: a consulta de Vanda Cristina dos Santos Passos
enfermagem é fundamental na prevenção e no tratamento da radio- Enfermeira. Mestre pela Universidade
dermatite, sendo de extrema importância que o enfermeiro conheça de São Paulo (USP), São Paulo/
as reações adversas da radioterapia e os cuidados necessários para SP. Especialista em Administração
prevenir e tratar tais reações, com enfoque na radiodermatite e o uso Hospitalar pela Universidade de
da sistematização da assistência de enfermagem. Ribeirão Preto (UNAERP), Licenciatura
Descritores: radiodermatite; lesão por radiação; radioterapia. em Enfermagem pelas Faculdades
Integradas de Guarulhos (FIG),
Abstract Guarulhos/SP, e Geriatria e
Introduction: the World Health Organization (WHO) estimates that in Gerontologia pela USP, São Paulo/
2030 there will be 27 million new cases of cancer. Sixty per cent (60%) of SP. Docente da graduação e pós-
the patients in treatment of neoplasias are indicated for radiotherapy, with graduação e integrante do grupo
radiodermatitis being the main adverse reaction. The adequate intervention de pesquisa de Recursos Humanos
of the nurse is essential, aiming to alleviate these problems through the

*Trabalho apresentado e aprovado originalmente para o 10º Congresso Brasileiro Nursing/1º Congresso Internacional em Saúde Coletiva/1º Congresso
Internacional Feridas, na categoria “E-Pôster”.

2018; 06 (33): 1139-1145 • Revista Feridas | 1139


ARTIGO
RADIODERMATITE • Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite

nursing consultation. Objective: to present the most commonly used drugs


e Saúde na Faculdade de Ciências and care in the prevention and treatment of radiodermatitis. Method: an
Médicas da Santa Casa de São exploratory-descriptive review of the literature, carried out between May
Paulo (FCMSCSP), e docente na and June 2018, using Oncology books, Ministry of Health (MS) manuals
Universidade Anhanguera (UNIAN), and the Virtual Health Library (VHL) database. Results: the data listed, it
São Paulo/SP. has been observed that calendula and Aloe vera creams have been the
most relevant in the prevention and treatment of radiodermatitis. Guideli-
Sandra Maria da Penha nes on care focus on skin hygiene and prevention of injury and infection.
Conceição Discussion: comparative studies are still necessary to evaluate the efficacy
Enfermeira. Mestre em Ciências and efficiency of the drugs and treatments currently used, since the existent
da Saúde pelo Centro de ones are incipient, the elaboration of injury evaluation instruments and the
Desenvolvimento de Ensino e standardization of the assistance being feasible. Conclusion: the nursing
Pesquisa/Instituto de Assistência consultation is fundamental in the prevention and treatment of radiodermati-
Médica ao Servidor Público tis, and it is extremely important that the nurse knows the adverse reactions
Estadual — Universidade de São of radiotherapy and the necessary care to prevent and treat such reactions,
Paulo (CEDEP/IAMSPE-USP), with a focus on radiodermatitis and using systematization of nursing care.
São Paulo/SP. Pós-graduada em Descriptors: radiodermatitis; radiation injury; radiation therapy.
Enfermagem em Obstetrícia pelo
Centro Universitário São Camilo (São Resumen
Camilo), São Paulo/SP, Educação Introducción: la Organización Mundial de la Salud (OMS) estima que en
em Saúde pela Fundação Oswaldo 2030 hay 27 millones de nuevos casos de cáncer. El 60% de los pacien-
Cruz/Universidade de São Paulo tes en tratamiento de neoplasias tienen indicación para la radioterapia,
(FIOCRUZ/USP), São Paulo/SP, siendo la radiodermatitis o radiodermite la principal reacción adversa. Es
e em Aprimoramento em Unidade esencial la intervención adecuada del enfermero, con el objetivo de ate-
Básica de Saúde pela Universidade nuar estos problemas por medio de la consulta de enfermería. Objetivo:
Federal de São Paulo/Centro de presentar los medicamentos y cuidados más utilizados en la prevención
Referência em Formação e em y en el tratamiento de la radiodermatitis. Método: estudio exploratorio-
Educação a Distância (UNIFESP/ -descriptivo de revisión de la literatura, realizado en los meses de mayo
CEFOR), São Paulo/SP. MBA em y junio de 2018, utilizando libros del área de Oncología, manuales del
Gestão em Serviços Públicos e Ministerio de Salud (MS) y la base de datos Biblioteca Virtual en Salud
Privados pela Universidade Nove (BVS). Resultados: enumerados los datos, se observó que la caléndula y
de Julho (UNINOVE), São Paulo/SP. las cremas a base de Aloe vera han sido los más relevantes en la pre-
Doutoranda em Ciências da Saúde vención y tratamiento de la radiodermatitis. Las orientaciones sobre los
pelo CEDEP-IAMSPE, São Paulo/SP. cuidados se centran en la higiene de la piel y en la prevención de lesiones
Docente na Universidade Anhanguera e infecciones. Discusión: aún se hacen necesarios estudios comparativos
(UNIAN), São Paulo/SP. para evaluar la eficacia y eficiencia de los medicamentos y tratamientos
utilizados actualmente, pues los existentes se muestran incipientes, sien-
do viable la elaboración de instrumentos evaluativos de la lesión y la
estandarización de la asistencia. Conclusión: la consulta de enfermería
es fundamental en la prevención y en el tratamiento de la radiodermatitis, siendo de extrema importancia que
el enfermero conozca las reacciones adversas de la radioterapia y los cuidados necesarios para prevenir y
tratar tales reacciones, con enfoque en la radiodermatitis y con el uso de la sistematización de la asistencia
de enfermería.
Descriptores: radiodermatitis; lesión por radiación; radioterapia.

RECEBIDO: 23/06/2018 | APROVADO: 26/06/2018

1140 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1139-1145


ARTIGO
Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite • RADIODERMATITE

Introdução A radiodermatite ou radiodermi-

C
âncer, também conhecido te é a lesão proveniente da destrui- Elizia Esther Calixto Paiva
como tumores malignos e ção da camada basal das células Enfermeira. Mestre em Neurociências
neoplasias, é o nome dado da pele, devido à sensibilidade à da Saúde pelo Centro de Desenvolvi-
a um conjunto de mais de 100 do- radiação. As radiações repetitivas mento de Ensino e Pesquisa/Instituto
enças que têm em comum o cresci- interferem no sistema de autorrege- de Assistência Médica ao Servidor
mento desordenado de células que neração, em que a produção das Público Estadual - Universidade de São
invadem tecidos e órgãos, poden- células da camada basal iguala- Paulo (CEDEP/IAMSPE-USP), São Pau-
do espalhar-se para outras regiões -se à perda celular da camada lo/SP. Especialista em Docência do
do corpo — processo chamado de estratificada externa, ocasionando ensino médio, técnico e superior em
metástase¹,². É a segunda principal perda da integridade, conforme a Enfermagem, em Gerenciamento dos
causa de morte em todo o mundo e progressão do tratamento5. Serviços de Enfermagem e em Saúde
foi responsável por 8,8 milhões de Em 1982, o Grupo de Radiote- Pública com Ênfase em Estratégia Saú-
mortes em 2015². A Organização rapia e Oncologia (RTOG – Radia- de da Família pela Faculdade Aldeia
Mundial da Saúde (OMS) estima tion Therapy Oncology Group) de- de Carapicuíba (FALC), Carapicuíba/
cerca de 27 milhões de novos ca- senvolveu o Critério de Score para SP. Graduação em Enfermagem pelo
sos de câncer para o ano 2030³. Morbidade Aguda por Radiação Centro Universitário Nove de Julho
O diagnóstico rápido e correto (Acute Radiation Morbidity Scoring (UNINOVE), São Paulo/SP. Coorde-
do câncer é essencial para um tra- Criteria) para classificar os efeitos nadora e docente na Universidade
tamento adequado e eficaz, uma da radioterapia nos diferentes te- Anhanguera (UNIAN), São Paulo/SP.
vez que cada tipo da doença re- cidos, utilizado até o hoje7. Esta
quer um tratamento específico, que avaliação é feita de acordo com
pode abarcar uma ou mais moda- o grau da toxicidade, conforme sionais de enfermagem tenham co-
lidades, tais como cirurgia, radio- descrito pelos autores Schneider7 e nhecimento suficiente, que embase
terapia ou quimioterapia², sendo a Pires8, na Tabela 1. a prática no manejo das reações
radioterapia indicada em mais de Quanto maior a graduação da agudas da pele. Com base nesta
60% de todos os tumores malignos lesão, maior o impacto na qualida- necessidade, foi desenvolvido no
no curso de sua evolução4. de de vida do paciente. No caso Brasil, em 2016, o questionário
A radioterapia consiste no da radiodermatite, além de tornar “Cuidados com a pele nas radio-
uso de radiação ionizante, com o tratamento mais oneroso, ela dermatites”, permitindo identificar
indicações curativa e paliativa e pode provocar a interrupção do como o cuidado tem sido realiza-
finalidades anti-inflamatórias, mo- tratamento permanente ou tempo- do e contribuindo para uma práti-
dificadora do trofismo dos tecidos rariamente, diminuindo as chances ca clínica baseada em evidências
e antineoplásica, podendo ser re- de cura ou de controle do câncer. científicas5.
alizada por meio dos métodos de Nota-se que serão diversas as di- É competência privativa do en-
teleterapia e braquiterapia, de for- ficuldades do paciente para se fermeiro realizar consulta de enfer-
ma exclusiva ou concomitante com adaptar à sua condição de saúde, magem com base na Sistematiza-
outra terapia. A unidade de medi- considerando-se que a lesão pode ção da Assistência de Enfermagem
da utilizada é chamada de Gy ou gerar maior desconforto, alteração (SAE), que se organiza em cinco
cGy (Gray ou centigray)4. da autoimagem, baixa autoestima, etapas inter-relacionadas, interde-
Apesar de ser um tratamento isolamento social, restrição de mo- pendentes e recorrentes:
eficaz, espera-se a ocorrência de vimentos no membro lesionado ou I - Coleta de dados de enferma-
algumas toxicidades, que são os na área afetada, prejuízo na inde- gem (ou histórico de enfermagem);
efeitos adversos. Dentre eles, o pendência e no autocuidado5. II - Diagnóstico de enfermagem;
mais comum é a reação de pele, A radiodermatite causa um im- III - Planejamento de enferma-
conhecida como radiodermatite ou pacto negativo bastante relevante gem;
radiodermite5, que atinge mais de na qualidade de vida dos pacien- IV - Implementação;
90% dos pacientes6. tes, logo, é essencial que os profis- V - Avaliação de enfermagem9.

2018; 06 (33): 1139-1145 • Revista Feridas | 1141


ARTIGO
RADIODERMATITE • Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite

(DeCS), conforme os critérios de


Tabela 1. Escore para Morbidade Aguda por Radiação, do
inclusão e exclusão;
Radiation Therapy Oncology Group — RTOG.
3. Após a leitura dos resumos,
os artigos de periódicos que res-
GRADUAÇÃO CONCLUSÕES
ponderam aos objetivos da pesqui-
Grau 0 Sem reação, pele íntegra. sa foram lidos na íntegra, com o
preenchimento de ficha para orga-
Eritema leve, epilação e/ou descamação seca, sudorese
Grau 1
diminuída.
nizar os dados coletados;
4. Os artigos de periódicos
Eritema doloroso, descamação úmida localizada e/ou edema
Grau 2
moderado, pele brilhante, dermatite exsudativa em placas.
encontrados nas bases de dados
supracitadas, resultantes da busca
Dermatite exsudativa além das pregas cutâneas, descamação
Grau 3
úmida confluente e/ou edema importante.
bibliográfica com o cruzamento
do descritor acima e que respon-
Grau 4 Ulceração, hemorragia e/ou necrose. deram aos objetivos da pesquisa,
compuseram amostra.
Os dados obtidos foram di-
É por intermédio deste instru- radioterapia. E, a fim de auxiliar gitalizados em uma planilha ele-
mento que será possível prevenir a equipe de Enfermagem, realiza- trônica do programa Microsoft®
ou minimizar as reações adversas, mos o levantamento dos medica- Excel 2010.
empoderar os familiares, acompa- mentos e cuidados mais utilizados
nhantes e/ou cuidadores sobre nestes casos. Resultados
os cuidados com a pele e realizar A escolha do tratamento utilizado
intervenções precoces, proporcio- Método irá depender da graduação de to-
nando melhor qualidade de vida Trata-se de um estudo exploratório- xicidade da pele, da avaliação do
ao paciente com segurança. -descritivo, por meio de revisão enfermeiro e da aplicabilidade de
De modo específico, temos de literatura, sobre os métodos cada produto, o que será verifica-
ainda a Resolução COFEN de prevenção e tratamento da do em consulta de enfermagem8,
211/1998, que dispõe sobre radiodermatite, utilizando-se livros sendo essencial o conhecimento
a atuação dos profissionais de da área de Oncologia, manuais técnico-científico do enfermeiro
Enfermagem que trabalham com do Ministério da Saúde (MS) e a para que sejam tomadas as melho-
radiação ionizante, regulamentan- base de dados Biblioteca Virtual res decisões.
do suas atividades nos serviços de Saúde (BVS). Utilizaram-se os Após a leitura minuciosa dos ar-
de radioterapia, medicina nuclear descritores “Radiodermatite”, “Le- tigos selecionados, foram criadas
e serviços de imagem. Participar são por Radiação” e “Radiotera- duas tabelas para organizar os mé-
de protocolos terapêuticos de En- pia”. Os critérios de inclusão fo- todos identificados de prevenção
fermagem, na prevenção, no tra- ram: artigos com texto completo, e tratamento da radiodermatite. A
tamento e na reabilitação, prestar no idioma português, tendo como partir da primeira, que elencou os
assistência integral aos clientes e a assunto principal a radiodermati- medicamentos — aprovados pela
suas famílias e promover e difundir te, do período de 2008 a 2018. ANVISA — utilizados no cuidado
medidas de saúde preventivas e A amostra final foi constituída de com a radiodermatite, foi criado
curativas por meio da consulta de dez artigos e um livro. um gráfico (Gráfico 1) com a por-
enfermagem10 estão entre as com- O presente estudo seguiu as centagem de indicações de cada
petências do enfermeiro. etapas abaixo: produto. A segunda elencou as
Diante do exposto, fica clara a 1. Busca eletrônica dos artigos orientações e condutas descritas
importância do tratamento preven- de periódicos publicados confor- como cuidados da radiodermatite
tivo e curativo da radiodermatite, me critérios de inclusão; (Tabela 2).
devido à sua grande incidência 2. Busca dos artigos a partir de Os medicamentos indicados
nos casos de câncer tratados com Descritores em Ciências da Saúde nos artigos são: Calendula officina-

1142 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1139-1145


ARTIGO
Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite • RADIODERMATITE

Gráfico 1. Medicamentos indicados.

Sulfadiazina
MAS065D de prata 1%
(Xclair®; composto formado por ácido hialurônico, Vitis vinifera, manteiga de
carité, telmestine, ácido glicirretínico e bisabolol em base hidrolipídica) Creme hidratante à base de Aloe vera

Bepantol ®

Tetra Cream®
(creme antioxidante lipídico com vitamina C)

Uso de corticosteroides tópicos


Calendula officinalis

Uso de AGI
(insaturados)

Trolamina® Uso de chá de camomila

Hidrocoloide Uso de AGE

lis, 15%; creme hidratante à base local — sendo fundamental a hi-


de Aloe vera, (15%); AGE, (10%); giene básica da pele (com produ-
chá de camomila em compressa, tos de pH neutro ou infantil) e a
(10%); hidrocoloide, (10%); Trola- secagem de modo sutil para evitar
mina®, (10%); AGI, (5%); corticos- Quanto aos lesões — e a estimulação da in-
teroide, (5%); Tetra Cream®, (5%); gesta hídrica. As demais orienta-
Bepantol®, (5%); Xclair®, (5%); sulfa-
cuidados, todos os ções referem-se aos comportamen-
diazina de prata a 1%, (5%)6, 8,11,12. artigos indicam os tos que devem ser evitados, como
A maioria dos artigos descreve de higiene local (…) o uso de esparadrapo ou adesivo
benefícios de medicamentos e fitote- sobre a pele, jato de água na pele
rápicos e apenas um deles realizou
e a estimulação da irradiada, a exposição ao calor
um comparativo, avaliando o uso ingesta hídrica. As e/ou frio e ao sol durante o tra-
da Calendula officinalis e do AGE. demais orientações tamento, a depilação com lâmina
Tal artigo concluiu que a primeira ou cera, coçar, arranhar, esfregar
substância é superior, com resulta- referem-se aos ou escovar o local de tratamento,
do pouco melhor, e ressaltou que, comportamentos que vestir roupas escuras, de material
antes da indicação para tratamen- sintético e justas, o consumo de
to, devem ser observadas questões
devem ser evitados bebida alcóolica e o fumo.
como a onerosidade do produto e (…)
a necessidade de tempo prolonga- Discussão
do para seu desenvolvimento8. Durante a pesquisa, notou-se que
Cerca de 8% dos medicamen- a produção de artigos brasileiros
tos tiveram indicação apenas para é escassa, o que torna necessários
tratamento (sulfaziadina de prata à base de Aloe vera, AGE, chá de novos estudos mais profundos e
1%), 25% para prevenção (Xclair®, camomila, hidrocoloide, Trolami- comparativos sobre a eficácia dos
Bepantol® e Tetra cream®) e 67% na®, AGI, corticosteroide). medicamentos, as novas tecnolo-
para prevenção e tratamento (Ca- Quanto aos cuidados, todos gias e os cuidados na prevenção
lendula officinalis, creme hidratante os artigos indicam os de higiene e no tratamento da radiodermatite,

2018; 06 (33): 1139-1145 • Revista Feridas | 1143


ARTIGO
RADIODERMATITE • Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite

Tabela 2. Orientações e condutas descritas como cuidados da radiodermatite.

Nº DE
CUIDADOS
INDICAÇÕES
1 Não usar esparadrapo ou adesivo sobre a pele.

1 Evitar jato de água na pele irradiada.

1 Evitar depilação com lâmina ou cera.

2 Evitar roupas escuras e de material sintético.

2 Ingesta hídrica.

2 Não expor a pele ao sol durante o tratamento.

1 Ressaltar a importância do comparecimento às consultas.

1 Ressaltar as mudanças de hábitos de vida ao longo do tratamento.

1 Manutenção de unhas aparadas e limpas.

1 Compressa com água filtrada.

1 Evitar consumo de bebida alcoólica e fumo.

3 Evitar exposição ao calor e/ou frio.

2 Manter a pele do campo de tratamento seca e livre de irritações.

3 Não utilizar qualquer produto no local antes das sessões de radioterapia.

1 Evitar coçar, arranhar, esfregar ou escovar o local de tratamento.

Lavar a pele do campo de tratamento com água morna, evitando banhos muito demorados e com a água
2
muito quente ou muito fria.

2 Utilizar produtos de higiene com pH neutro ou infantil.

1 Aconselhamento consistente.

1 Higiene da pele.

1 Avaliação regular.

1 Informações completas e específicas.

1 Desenvolvimento de diagnósticos de enfermagem.

1 Lavar a área com água e sabão e enxugar com uma toalha macia, sem esfregar.

Proteger a pele da luz solar até um ano depois do fim do tratamento, usando protetor solar fator 15 ou uma
1
blusa ou camiseta.

2 Evitar uso de roupas justas.

além do desenvolvimento de novos adversos da radioterapia e o cui- tiva do tratamento pode ser ne-
instrumentos para a avaliação da dado adequado com o paciente, cessária, diminuindo a motivação
lesão e da prática do enfermeiro, uma vez que a lesão pode cau- do paciente para prosseguir com
a fim de padronizar a assistência e sar sérios prejuízos à sua rotina o planejamento terapêutico e,
alavancar a sua qualidade. de vida e à terapêutica. Depen- desta forma, comprometendo o
São de grande importância a dendo da gravidade da lesão, a controle local do tumor e as taxas
prevenção, o controle dos efeitos interrupção temporária ou defini- de sobrevida³.

1144 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1139-1145


ARTIGO
Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite • RADIODERMATITE

O enfermeiro tem papel impres- humanizados e a atuação como proposta, para que realize uma
cindível no cuidado dos pacientes educador serão norteadores da as- consulta de enfermagem com qua-
em tratamento radioterápico, de- sistência prestada com excelência. lidade, utilizando a sistematização
vendo agir de forma a minimizar os de modo integral e concreto, e in-
efeitos adversos. Além do conheci- Conclusão dique com segurança os cuidados
mento técnico, é necessária a siste- De acordo com a pesquisa, os para a prevenção e o tratamento da
matização da assistência de enfer- produtos mais indicados para a radiodermatite.
magem com principal enfoque na prevenção e o tratamento da radio- No entanto, ainda é preciso
consulta de enfermagem, ferramen- dermatite são o óleo de calêndula e elaborar novos instrumentos de ava-
ta essencial para o desenvolvimento o creme à base de Aloe vera, sendo liação dos tratamentos, das terapias
das atividades de enfermagem, que importantes os cuidados de higiene e da prática do enfermeiro no cuida-
proporcionam o cuidado integral, a da pele e de prevenção de lesão do com a radiodermatite, fortalecen-
melhora na qualidade de vida e a acidental e abrasiva. do a utilização da estratégia de en-
segurança do paciente. Para que o paciente receba os fermagem baseada em evidências.
O conhecimento da fisiopato- cuidados corretos, o profissional Almejamos que este estudo
logia, das técnicas, do tratamento deve ter conhecimento técnico-cien- agregue conhecimento aos pesqui-
medicamentoso e dos cuidados tífico sobre a doença e a terapia sadores e estimule novos estudos.

Referências
1.Ministério da Saúde (BR), Instituto Nacional de Câncer José em 19 mai 2018]; 49(2):221-8. Disponível em: http://
Alencar Gomes da Silva (INCA). ABC do câncer: aborda- www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-
gens básicas para o controle do câncer. 2. ed. [homepage -62342015000200221&lng=en.
na Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2012 [acesso em 25 mai 8.Pires AMT, Segreto RA, Segreto HRC. Avaliação das rea-
2018]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pu- ções agudas da pele e seus fatores de risco em pacientes com
blicacoes/inca/abc_do_cancer_2ed. câncer de mama submetidas à radioterapia. Rev Latino-Am
2.Organização Mundial da Saúde. Folha Informativa — Enfermagem [periódicos na Internet]. 2008 out [acesso em
Câncer [homepage na Internet]. 2018 [acesso em 29 mai 19 mai 2018]; 20( 4 ): e20160089. Disponível em: http://
2018]. Disponível em: https://www.paho.org/bra.../index. www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
php?option=com_content&view=article&id=5588:folha-infor- -11692008000500008&lng=en.
mativa-cancer&Itemid=839 >. 9.Conselho Federal de Enfermagem (Brasil). Resolução nº
3.Leite FMC, Ferreira FM, Cruz MAS, Lima EFA, Primo CC. 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistema-
Diagnósticos de enfermagem relacionados aos efeitos adver- tização da Assistência de Enfermagem e a implementação
sos da radioterapia. REME — Revista Mineira de Enfermagem do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou pri-
[periódicos na Internet]. 2013 out/dez [acesso em 25 mai vados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem,
2018]; 17(4): 940-51. Disponível em: http://www.reme. e dá outras providências [homepage na Internet]. [acesso em
org.br/artigo/detalhes/897. 21 mai 2018]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/
4.Aguilar EMA, Gato MIR. Terapêutica Oncológica para En- resoluo-cofen-3582009_4384.html.
fermeiros e Farmacêuticos. 4. ed. São Paulo: Atheneu; 2012. 10.Conselho Federal de Enfermagem (Brasil). Resolução
5.Fuzissaki M, Santos CB, Almeida AM, Gozzo TO, Clapis nº 211, de 1º de julho de 1998. Dispõe sobre a atuação
MJ. Validação semântica de instrumento para identificação da dos profissionais de Enfermagem que trabalham com radia-
prática de enfermeiros no manejo das radiodermatites. Rev. ção ionizante [homepage na Internet]. [acesso em 21 mai
Eletr. Enf. [periódicos na Internet]. 2016 mar [acesso em 19 2018]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-
mai 2018]. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/arti- -cofen-2111998_4258.html.
cle/viewFile/35164/20964. 11.Schneider F, Pedrolo E, Lind J, Schwanke AA, Danski MTR.
6.Silveira CF, Regino PA, Soares MBO, Mendes LC, Elias Prevenção e tratamento de radiodermatite: uma revisão inte-
TC, Silva SR. Qualidade de vida e toxicidade por radiação grativa. Cogitare Enferm. [periódicos na Internet]. 2013 set
em pacientes com câncer ginecológico e mama. Esc Anna [acesso em 20 mai 2018]; ISSN 2176-9133. Disponível em:
Nery [periódicos na Internet]. 2016 ago [acesso em 19 https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/33575.
mai 2018]; 20( 4 ): e20160089. Disponível em: http:// 12.Andrade M, Clapis MJ, Nascimento TG, Gozzo TO,
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- Almeida AM. Prevenção de reações de pele devido à te-
-81452016000400207&lng=en. leterapia em mulheres com câncer de mama: revisão inte-
7.Schneider F, Danski MTR, Vayego SA. Uso da Calen- grativa. Rev Latino-Am Enfermagem [periódicos na Internet].
dula officinalis na prevenção e tratamento de radioder- 2012 jun [acesso em 19 mai 2018]; 20( 3 ): 604-11.
matite: ensaio clínico randomizado duplo cego. Rev Esc Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
Enferm USP [periódicos na Internet]. 2015 abr [acesso arttext&pid=S0104-11692012000300024&lng=en.

2018; 06 (33): 1139-1145 • Revista Feridas | 1145


ARTIGO
RADIODERMATITE • Santos PZS, Amaral DC, Passos VCS, Conceição SMP, Paiva EEC. Intervenções do enfermeiro na prevenção e no tratamento da radiodermatite

1148 | Revista Feridas • 2018; 06 (33): 1139-1145

Você também pode gostar