Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
25 - 2018
EDITORES
9Q •\Atheneu
EDITORA ATHEl'lEU
E22
Ecografia em terapia intensiva c na medicina de urgência I coordenação Murillo
Santucci Cesar de Assunção ; editores convidados Dalton de Souza Barros, Bruno
de An·uda B1-avim.- 1. ed. - Rio de janeiro: Atheneu, 2019.
: il. (Clínicas de medicina intensiva brasileira)
Jn clui bibliografia
ISBN 978-85-388-0931-9
ALEXANDRE MAURANO
Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela Faculdade de Medicina ela
Universidade de Sâo Paulo (FMUSP) e fJelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Gmd1wção em
Medicina pela FMUSP. Ex-Médico Assistente dos Serviços d.e Radiologia de Emergência do
Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP e do DejJm·tcmumto de Imagem do
HosfJital Ismelita Albert Einstein. Direto1· da Eigier-Mmtrano Diagnósticos, Sâo Paulo.
ANDRÉ MlGUELjAPIASSÚ
Médico Intensivista no Instituto Nacional de Infectologia da fundação Oswaldo Cruz (Fioc,·uz). Douto·r
ern Ciências pela Fiocmz. Titulado peút Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
ARNALDO R A..BISCHOFFSKY
Fellow Honorá·rio da Ame1-ican Society oJEchocanliography. Especialista em Ecocardiogrcifia
pelo DefJartamento ele Imagem CardiovasculM da Sociedacle Bmsileü·a de Ccm.liologi.a
(SBC). Especialista ern Cmdiologia jJelo DefJartamento de Imagem Cardiovascula·r da SBC.
Coordenador do Serviço de Ecocanliografla elo Hospital Pró-Ccmlíaco, Rio de Janeim.
CRISTIANO F RANKE
Médico Intensivista Titula1·jJela Associação de Medicina Intensiva BTasil.eira/Associaçâo Médica
Bmsileú·a (AMJB/AMB). Médico do Seruiço de Medicina Intensiva do Hospital de Clínicas de
Po1·to Alegre. Médico da UTI de Trauma elo HosjJital de Pronto-Socorro de P01·to Alegre.
EDso N BoR-SENG-SI-IU
Professm· Livre-Docente da Disciplina de Neurocirurgia drt Famlldade de Medicina
da Universidade de São Paulo (USP). Responsável fJelos Serviços de DopfJler
Trcmscraniano no HosfJilal lsraelita Albert Einstein e Hospital Sírio-Libanês.
EDUARDO CASAROTO
Mest·re em Ciências da Saúde pelo HosfJitallsraelita Albert Einstein. Médico lnlensivista nas Uniclades
de Terapia lnlensiva do HosfJital Alemâo Oswaldo CnJz e HosjJital Ismelila Albert cinstein.
MARCELO PARK
Médico Assistente da UTI Clínica do I-losjJital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
'
RICARDO AVILA CHALHUB
Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Santo Antônio. Residência Médica em Cardiologia
e J\IJ.edicina Intensiva pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia. J\IJ.estre ern Processos Interativos dos
Órgâos e Sistemas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Intensivista pela Associação de Medicina
Intensiva. Brasileira (AMIB). Ecownliograjista pelo Sociedade Brasileira de C(trdiologia (SBC/DIC).
TIAGO GIRALDI
Médico lntensivista Diat'ista da U11 de Emergências Clínicas do HosjJital de Clínicas da Univers·idade
Estadual de CamjJinas. Mestrando em Clínica Médica na Á-rea de Ullrassonograjia Point-ofCare.
Especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Bmsileira (Al\IJJB).
Agradeço à minha família, especialmente aos meus pais, Sr. Nilson Barros
(in memoriam) e Sra.Jandira de Souza Barros, e aos meus irmãos, Horley de
Sousa Barros e Gerúsia de Souza Barros, pelo alicerce de todas as conquistas.
A Deus, por me ter permitido a vida.
Prezado Leitor
17. Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva, 229
Dalton de Souza Barros
Leandro Utino Taniguchi
Marcelo Luiz Campos Vieira
~)
I
I I
I
I
I
Morcego \ I Objeto
I I I \
Onda emitida
• • I
Distância
Esquema da ecolocalizaçâo em morcego
Figura 1.1. Lazzaro Spallanzani. Pesquisou sobre o sistema de ecomovimentação dos morcegos. Observou
que os morcegos conseguiam se movimentar e caçar suas presas mesmo quando de olhos fechados, mas não
conseguiam quando seus ouvidos eram ocluídos, prejudicando sua audição. Fonte: Ecolocalização. Disponível
em: httpsJ/pt.wikipedia.org/wiki/Ecolocalizaçao; The 18th century. Clinicai anatomy and the pathology o f
organs. Spallanzani. Jenner. Disponível em: httpJ/pacs.unica.it/biblio/lesson6.htm
1
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
So.tne as caniS da luz emitida pelas estrelas duplas tavam a navegação submarina. Durante a
(Uber das Jarbige Licht der Doppelsterne}, na qual Segunda Guerra Mundial, foi aprimorado
descreve o efe ito Doppler, pela observação o uso do sanar para navegação e do radar
de que o comprimento de uma onda sonora para detecção de objetos aéreos. 4·5
produzida por uma fonte em movimento se Contudo, a maioria dos pesquisadores e
alterava. O efeito Doppler permite medir a dos historiadores consideram a descoberta
velocidade de o~j etos por meio ela reflexão do efeito piezoelétrico em 1877 pelo físico
de ondas emitidas pelo próprio equipamen- francês Pierre Curie como o grande marco
to de medida (Figura 1.2). do surgimento do u ltrassom. Os irmãos
Em 1877, a Teoria do sorn foi publicada, Curie descobriram a propriedade de alguns
inaugurando a física acústica moderna, cristais de transformar energia mecânica
pelo cientista inglêsjohn William Su-utt, em elétrica e vice-versa. Observaram ain-
também conhecido por Lorde Rayleigh. da que, quando um pulso de ultrassom é
Esta teoria foi posta em prática durante direcionado a um objeto, uma parte deste
a Primeira Guerra Mundial, por meio da som é refletida de volta à sua fonte geradora
utilização de geradores de sons que facili- (Figura 1.3) .6
Figura 1 .2. Johann Christian Andreas Doppler. Observando a movimentação das estrelas, observou que a cor
com que eram vistas dependia do sentido em que se movimentavam, provavelmente decorrente da mudança
de frequência das ondas luminosas transmitidas. O efeito Doppler explica a diferença do t imbre do som que
ouvimos provocado pela sirene de uma ambulfmcia em movimento. Para um observador que está situado
no local de destino da ambulância, o som fica cada vez mais agudo (ondas sonoras de maior frequência) à
medida que a ambulância se aproxima; para outro observador que está parado no ponto de onde a ambulân-
cia saiu, o som fica cada vez mais grave (ondas sonoras de menor frequência) à medida que ela se distância.
-
Figura 1 .3. Pierre Curie. Descobriu a capacidade do cri stal piezoelétrico de transformar energia mecânica
em elétrica e vice-versa.
2
Capítulo 1 História da Ultrassonografia e Ecocardiografia na Medicina Intensiva
História da Ultrassonografia na
Medicina de Urgência e Intensiva
Figura 1.4. Douglas Howry. Pioneiro da imagem Em 1971, foi publicado o primeiro relato
ecocardiográfica. Contudo para realizar o exame, o de caso descrevendo um exame de ultrassom
paciente precisava ficar imóvel imergido em ambiente positivo para he moperitônio em paciente que
líquido. Fonte: Life Magazine 1954. tinha sofrido trauma abdominal fechado. •~ a
3
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 1.5. Daniel Lichtenstein. Demonstrou a possibilidade de diferenciar a dispneia decorrente de exacer-
bação de doença pulmonar obstrutiva crônica (A) daquela de origem por edema cardiogênico (B), baseado
nas imagens obtidas do ultrassom pulmonar. Fonte: Lichtenstein e Meziêre.28
4
Capftulo 1 História da Ultrassonografia e Ecocardiografia na Medicina Intensiva
5
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
6
Capítulo 1 História da Ultrassonografia e Ecocardiografia na Medicina Intensiva
7
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
Figura 1.6. Ecografia para Terapia Intensiva (ECOTIN). Fotografias dos cursos realizados pela Associação de
Medicina Intensiva Brasileira.
8
Capítulo 1 História da Ultrassonografia e Ecocardiografia na Medicina Intensiva
9
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
10
Capítulo 1 História da Ultrassonografia e Ecocardiografia na Medicina Intensiva
11
Equipamentos de Ultrassom:
Funcionalidades Básicas e Otimização
da Imagem
Francisco de Assis Cavalcante Júnior
Paulo Savoia Dias da Silva
Miguel José Francisco Neto
Dalton de Souza Barros
Alta miro Filho Ferraz Osório
13
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
Objeto
refletor
v v
Cristal
piezoelétrico ~ Transmissor/
receptor
~ Tela do
monitor
Transdutor (CPU)
I \
I \
Ap arelho de ultrassom
Figura 2.1 . Aparelho de ultrassom. (A) Uma central transmissora/ receptora (CPU) recebe uma corrente de
energia elétrica, que será transmitida ao transdutor. Dentro do transdutor, um cristal piezoelétrico sofre ciclos
de compressão e rarefação, formando ondas de energia mecânica, que são t ransmitidas até o objeto refletor.
Após reflexão, as ondas mecânicas são transmitidas de volta ao cristal piezoelétrico, que transforma a energia
mecânica em energia elétrica. A energia elétrica resultante é, então, transmitida e amplificada até o monitor,
que forma a imagem do objeto refletor.
t (s)
Figura 2.3. Componentes da onda de ult rassom. Observe que essa onda exibida tem uma frequência de
um ciclo por segundo (1 Hz). A: amplitude; À: comprimento de onda.
14
Capítulo 2 Equipamentos de Ultrassom: Funcionalidades Básicas e Otimização da Imagem
· ---
JV\IV\ JV\IV\
"'
1'\ "\
JV\IV\
'\
Figura 2.4 . Reflexão das ondas emitidas por um transdutor em direção a um objeto estático. Em (A) e (8),
incidência e reflexão com objeto perpendicular à fonte emissora. Em (0) observamos reflexão após incidência
oblíqua (C), com redução da quantidade de ondas refletidas em direção ao transdutor.
15
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
----- ~.
Figura 2.5. Dispersão das ondas emitidas por um transdutor em direção a um objeto estático. (A) Emissão
do feixe de ultrassom; (B): Dispersão das ondas.
,f!11
/Z11J '
-----------------__a_( __'!' ,---}- ------------
\ 13
~\~
~~~
C-?' ~
Figura 2.6. Refração das ondas emitidas ao passarem entre dois meios com impedância acústica diferentes.
Observar o aumento do ângulo de transm issão(~) em relação ao ângulo de incidência (a).
A c
Figura 2.7. Transdutores ultrassonográficos básicos. (A) Convexo (abdominal); (B) setorial (cardíaco); (C)
linear (vascular).
16
Capítulo 2 Equipamentos de Ultrassom: Funcionalidades Básicas e Otimização da Imagem
Figura 2.8. Ecogenicidade. Imagem na incidência apical 4 câmaras em um paciente com derrame pericárdico.
ObseNar conteúdo anecoico ao redor da silhueta cardíaca, correspondente ao derrame pericárdico. O interior
do ventrículo esquerdo tem uma ecodensidade maior. As áreas da parede miocárdica são mais hiperecoicas,
principalmente ao nível da porção septal do anel mitral, que parece mais calcifí cada.VE: ventrículo esquerdo;
VD: ventrículo direito; DP: derrame pericárdico.
17
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 2.9. Modalidades de imagem de ultrassom: modo bidimensional (modo B), modo Me modo tridimen-
sional. (A) Imagem em modo B na incidência ecocardiográfica paraesternal longitudinal. Podemos visualizar o
ventrículo direito (VD), ventrículo esquerdo (VE}, átrio esquerdo (AE) e aorta ascendente (Ao). (B) Traçado em
modo M da movimentação ao longo do tempo de todas as estruturas situadas ao longo de uma linha reta
(ver linha tracejada da figura A); compare com o traçadoeletrocardiográfi co abaixo e observe o movimento
das paredes do ventrículo esquerdo durante a sístole (após QRS) e diástole (anterior ao QRS). (C) Imagem
tridimensional na incidência apical4 câmaras.
18
Capítulo 2 Equipamentos de Ultrassom: Funcionalidades Básicas e Otimização da Imagem
Figura 2.1 o. Escolha do preset. Diferentes presets em um mesmo equipamento de ultrassom, que represen-
tam diferentes configurações previamente ajustadas para obtenção da melhor aquisição de imagens voltada
para cada exame específico.
Figura 2.1 1. Ajuste do ganho do modo bidimensional. (A) Ganho excessivamente aumentado; (8) ganho
excessivamente reduzido; (C) ganho adequado, permitindo melhor identificação da delimitação das estruturas.
VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo.
19
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Profundidade (depth)
O ajuste da profundidade de visão deve
ser usado para manter a região de maior
interesse na área central da tela. O valor
da profundidade máxima d emonstrada
na tela é exibido normalmente ao longo
da borda lateral da imagem, em escala de Figura 2.13. Ajuste da profundidade e foco em
centímetro (Figura 2.13). Uma imagem um mesmo paciente na incidência paraesternal
em profundidade rasa leva menos tempo longitudinal. (A) Profundidade excessivamente baixa
para se formar, portanto melhorando a (6 em); (B) profundidade excessivamente alta (18
resolução temporal. Em um exame cardí- em). Observar o controle da profundidade na parte
aco, recomendamos iniciar o exame com lateral das imagens (ver setas). As pontas de setas
profundidade maior, em torno de 20 em, triangulares na parte externa da linha de controle
para certificar-se das estruturas ao redor do da profundidade representam os controles de zonas
coração (afastar possibilidade de d errame focais. VE: ventrículo esquerdo; VD:ventrículo direito;
pericárdico por exemplo), posteriormente AE: átrio esquerdo; Ao: aorta ascendente.
20
Capítulo 2 Equipamentos de Ultrassom: Funcionalidades Básicas e Otimização da Imagem
A B c
•••••
•••• •••••••••
Figura 2.14. Comparação da imagem formada pela variação da taxa de quadros (frame rate). Em (A), imagem
estát ica de quadros em um rolo de filme cinematográfi co. A imagem dinâmica na tela do cinema é formada
pela exibição consecutiva dos quadros estáticos, semelhante à formação da imagem do ultrassom. Em (B),
com taxa de quadros alta, a movimentação oscilante do objeto é devidamente captada pelo ultrassom, sen-
do exibida a imagem fidedigna do movimento do objeto na tela ao lado do monitor. Em (C), com redução
da taxa de quadros pela metade, o ultrassom registra erradamente o movimento do objeto em linha reta.
21
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
Ar----. B C
1 1 lô2
............. 2
Figura 2.1 s. Tipos de resolução ultrassonográfica. (A) Axial: capacidade de distinguir duas estruturas localizadas
na mesma direção do feixe longitudinal. (B) Lateral: capacidade de distinguir duas estruturas situadas uma
do lado da outra em direção ao feixe de ultrassom; (C) temporal: capacidade de registrar o deslocamento de
uma mesma estrutura ao longo do tempo.
22
Capítulo 2 Equipamentos de Ultrassom: Funcionalidades Básicas e Otimização da Imagem
A B
Figura 2.16. Efeito de zoom. (A) Imagem paraesternallongitudinal, em que delimita-se uma área em torno
da via de saída do ven trículo esquerdo (VSVE) para otimizar a medida do diâmetro da VSVE. (B) Imagem em
zoom da região delimitada em (A). VE: ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito; AE: átrio esquerdo.
23
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
c o
Figura 2.17. Artefatos. (A) Linhas "A" horizontais do ultrassom pulmonar normal (setas oblíquas), paralelas
à linha pleural (seta horizontal}, além de sombra acústica formada pelas costelas (seta vertical). (B) Linhas B
ver ticais (ver setas) do ultrassom pulmonar. representativas de edema intersticial pulmonar. (C) Artefato de
imagem em espelho na incidência paresternallongitudinal ecocardiográfica: observar imagem duplicada das
cúspides da valva mitral aparecendo atrás da parede posterior do ventrículo esquerdo (VE). (D) Artefato de
lobo lateral na incidência apicai 5 câmaras: observar falsa imagem no interior das câmaras esquerdas (seta),
formada pela reflexão do septo interventricular projetada lateralmente.
24
Capítulo 2 Equipamentos de Ultrassom: Funcionalidades Básicas e Otimização da Imagem
25
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
26
Efeito Doppler: Princípios,
Modalidades e Ajuste Básico
27
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
2 ~
1 ~ 2~
1 ~
1 ~ 2~
1 ~
1~ 2.
1 ~
~
• 1 ~
•
2~
•
2~
• •
2~
•
1 ~
2~
2~
1 ~
• 1 ~ 2~
1 ~
• •
1 ~
2~
2~
• •
Figura 3.1. Modificação da freq uência das ondas refletidas em comparação às ondas emitidas devido ao
deslocamento de um objeto. Observar posição das ondas e do objeto ao longo dos tempos (tl a t4). (A)
Objeto estát ico: a frequência das ondas refletidas é igual à frequência das ondas emit idas; a segunda onda
emitida encontra o objeto no mesmo ponto que a primeira onda encontrou. (B) Objeto que se distancia da
fonte emissora: a segunda onda encontra o objeto em um ponto mais distante da fonte emissora em relação
ao ponto que a primeira encontrou; consequentemente, a frequência das ondas refletidas é menor do que
à das emitidas. (C) Objeto que se aproxima da fonte emissora: a segunda onda encontra o objeto em um
ponto mais próximo da fonte emissora em relação ao ponto que a primeira encontrou; consequentemente,
a frequência refletida é maior do que a emitida.
28
Capítulo 3 Efeito Doppler: Princípios, Modalidades e Ajuste Básico
Figura 3.2 . Componentes do desvio Doppler. Observar fonte emitindo feixe de ultrassom com determinada
frequência (f1) e ângulo (8) em direção a objetos que se movimentam com velocidade (V) aproximando-se
da fonte emissora. As ondas refletidas (9 têm frequência maior (e consequentemente comprimento de onda
menor) do que as ondas emitidas (f1).
(Cos =O)
goo
Figura 3.3. Variação do cosseno de acordo com o ângulo entre o feixe de incidência do ultrassom e a dire-
ção do deslocamento do objeto observado. Observar que o cosseno tem valor absoluto máximo quando o
ângulo de incidência é zero ou 180°
29
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
a velocidade do fluxo sanguíneo no interior possui uma borda externa densa, corres-
do coração ou vaso sanguíneo. Para tanto, pondente às velocidades máximas aferidas
devemos, inicialmente, delimitar uma região naquela região ao longo do tempo e uma
dentro do coração ou vaso sanguíneo (2 a parte central não preenchida, que repre-
5 mm) em que buscamos estimar a veloci- senta ausência de hemácias detectadas com
dade do fluxo sanguíneo que por ali passa valores inferiores de velocidade naquela
em um determinado tempo. Em seguida, região (Figura 3.5).
posicionamos o cursor de amostragem do
Podemos citar como aplicação do Do-
Doppler nesta região. Ao ativarmos o modo
ppler pulsátil no ambiente de Medicina
Doppler pulsado, um cristal piezoeléu-ico
Intensiva a estimativa do fluxo sanguíneo
emitirá pulsos curtos e intermitentes de
ultrassom que serão direcionados à região pela via de saída ventricular esquerda (uti-
anatômica de amostragem (2 a 5 mm) e, lizada para a estimativa do débito cardíaco)
posteriormente, recebidos pelo mesmo e a avaliação da função diastólica pelo fluxo
Ciistal piezoelétrico. O cristal piezoelétrico transvalvar diastólico mitral (Figura 3.5).
deve aguardar a reflexão do feixe de ondas A principal limitação do Doppler pul-
retornar para a fonte emissora antes de en- sátil é o fato de não conseguir medir altas
viar um novo pulso de ondas. Dessa forma, velocidades. O limite de yquist é o limite
é calculada a velocidade do fluxo sanguíneo superior da velocidade aferível pelo Doppler
naquela região a partir da fórmula do desvio pulsátil ou colorido. Acima deste limite,
Doppler, previamente discutida. ocorre um fenômeno de ambiguidade
A imagem espectral resultante do Do- tanto na direção quanto na velocidade de
ppler pulsado consiste em um u-açado que fluxo (aliasing) (Figura 3.6).
t ........__.. 1.3
'- / 2.3
t/ ...... 2.1
t/ . . . 2.2
t
t
........__.. 1.2
........__.. 1.1
'- / 2.2
'- / 2.1
têb''
v
0 cb J\ t
v
Figura 3.4. Princípio físico do funcionamento do Doppler pulsado. A fonte emissora emite pulsos de ondas
em direção a objetos A e B componentes de um fluxo (por exemplo hemácias em um fluxo sanguíneo) que
se aproxima da fonte emissora. Após o primeiro pulso de ondas (ondas contínuas) retornar à fonte emissora,
um segundo pulso será emitido (ondas tracejadas). Observe que todas as ondas de cada pulso conseguiram
alcançar o objeto, podendo estimar com exatidão a velocidade de aproximação do objeto. Observar velocidade
positiva no gráfico de velocidade pelo tempo, registrados por ambos os pulsos de ondas.
30
Capítulo 3 Efeito Doppler: Princípios, Modalidades e Ajuste Básico
A B
Figura 3.5. Curva de análise das velocidades (Doppler espectral) formadas pelo Doppler pulsado. Em (A),
a partir da incidência apical 5 câmaras, obtém-se o traçado do Doppler pulsátil do fluxo sistólico da via de
saída do ventrículo esquerdo (curva situada abaixo da linha de base do traçado) que se inicia logo após o
QRS do eletrocardiograma. Em (B}, Doppler pulsátil do fluxo diastólico pela valva mitral durante a diástole
(curva acima da linha de base).
~ ~ 1 .1
0 cb
0 cb 0 v
cb v 0 t
0 t
Figura 3.6. Princípio físico do fenômeno do aliasing. A fonte emissora emite pulsos de ondas em direção a
objetos A. B e C que se deslocam se aproximando da fonte emissora. As ondas do primeiro pulso atingiram
o objeto A em aproximação. Após o primeiro pulso de ondas (ondas contínuas) retornar à fonte emissora, um
segundo pulso foi emitido (ondas tracejadas). A primeira onda do segundo pulso (onda 2.1) atingiu o objeto
B. Todavia, como os objetos de deslocam com velocidade muito alta, a segunda onda do segundo pulso
(onda 2.2) não conseguiu enconrrar o objeto B, tendo só conseguindo atingir o objeto C num ponto mais
distante do que a primeira onda do segundo pulso (onda 2.1) encontrou o objeto B, tendo a falsa impressão
de que o objeto B estaria se afastando da fonte da emissora. Consequentemente, há uma ambiguidade das
velocidades registradas pelo feixe de ondas no gráfico V x t.
31
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Isso ocorre porque o Doppler pulsátil trai do Doppler p ulsado será exibido com
funciona em uma sequência de ciclos de polaridade inversa ( aliasing), aparecendo
um mesmo cristal piezoelétrico que emite d e ambos os lados da linha de base. Essas
o pulso de ondas, em seguida aguarda o velocidades elevadas acontecem geralmente
retorno das ondas para o mesmo cristal e, em orifícios de valvas estenóticas ou regur-
logo depois, emiti um novo pulso, de acordo gitantes, nas quais ocorre aceleração do
a frequência de repetição de pulsos (FRP) . fluxo sanguíneo (Figura 3.7).
Se a velocidade que está sendo estimada Para a análise de velocidades de fluxo
ultrapassar o limite de Nyquist, o sinal espec- sanguíneo maiores do que 2,5 m/ s, reco-
menda-se habitualmente utilizar o Doppler
'
conunuo.
Um exemplo de um fenômeno seme-
lhante ao efeito do aliasing é o que ocorre
quando olhamos para o pneu de um carro
em movimento. Quando o carro inicia o mo-
\rimento com velocidade baixa, conseguimos
acompanhar corretamente o movimento do
pneu. Todavia, à medida que o carro au-
menta a velocidade, temos a falsa impressão
que o mo,rimento do pneu se faz em sentido
contrário ao sentido do deslocamento do
carro. Isso acontece porque nosso olho
Figura 3 .7 . Imagem espectral do Doppler pul- humano tem um limite de velocidade que
sado com fenômeno de aliasing. Foi utilizado o consegue distinguir (Figura 3.8).
Doppler pulsado para avaliação da velocidade do
fl uxo sanguíneo em uma valva aórtica com estenose
Doppler contínuo
e, consequentemente, com velocidade aumentada
do fluxo sanguíneo. Observar ambiguidade do re- Nesta modalidade, são utilizados dois
gistro de velocidades (fase positiva e fase negativa) cristais piezoelétricos funcionando de forma
e incapacidade do Doppler pulsado de delimitar a simultânea; um cristal emite os fe ixes de
velocidade máxima do fluxo nesta região. ultrassom e o outro cristal recebe os sinais
A B
~ Fotografias a cada 1s ~ Fotografias a cada 3s
~ * *
·~·it_..t•~·~·J....t~·~·~·J.__t
Os 1 s 2s 3s 4s Ss 6s 7s 8s 9s 1Os Os l s 2s 3s 4s Ss 6s 7s as 9s
...--.,.,. ...-...
Figura 3.8. Exemplo prático do fenômeno de aliasing- observação do movimento do pneu de um carro.
Movimento de um símbolo acoplado a uma roda que movimenta-se no sentido horário, a uma velocidade
de uma rotação completa a cada 4 segundos. (A). Fotografias são tiradas a cada 1 segundo, estimando o
deslocamento fidedigno do símbolo e da roda no sentido horário. (B). Acompanhamento do movimento da
mesma roda, mas as fotografias são retiradas apenas a cada 3 segundos. A resultante é uma fa lsa impressão
de que o símbolo e a roda movimentam-se em sentido anti-horário.
32
Capítulo 3 Efeito Doppler: Princípios, Modalidades e Ajuste Básico
Figura 3.9. Curva espectral do Doppler contínuo. {A) Estimativa da velocidade máxima do refiuxo tricúspide
(Vmax· em torno de 3 m/s) (8). Estimativa da velocidade máxima do fluxo sistólico transvalvar aórtico em paciente
com estenose aórtica (VmAx em torno de 4m/s). Observar que, primeiramente, devemos localizar o jato com
o Doppler colorido. Em seguida, alinhamos o cursor do Doppler (linha tracejada) com o jato e selecionamos
a função de Doppler contínuo. Em seguida, no registro das velocidades, aparecerá uma curva contínua.
33
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
Figura 3.1O. Doppler colorido. (A} Imagem ecocardiográfica apical 4 câmaras, na qual podemos ver as quatro
câmaras cardíacas e fluxo sanguíneo diastólico em vermelho passando do átrio esquerdo (AE} para o ventrículo
esquerdo (VE}, aproximando-se da origem do feixe de ultrassom (situado na parte superior da tela}. (B} Imagem
apicai 5 câmaras, na qual podemos ver o fluxo sanguíneo sistólico em azul saindo do ventrículo esquerdo
em direção à via de saída do VE (VSVE}, distanciando-se portanto da fonte emissora do feixe de ultrassom.
Figura 3.11 . Ajuste da caixa de amostragem do Doppler colorido. Atentar para caixa de amostragem em
formato retangular delimitada pelas setas, na incidência apical 4 câmaras. (A} Caixa de amostragem inadequada
avaliando refluxo mitral. Observar tamanho excessivo da caixa de amostragem na parte superior (atinge a
região apical do ventrículo esquerdo} e tamanho limite inadequado na parte inferior (interrompida provavel-
mente antes do final do jato regurgitante}. (B} Caixa de amostragem inadequada avaliando fluxo acelerado
de estenose mitral. Observar tamanho exagerado da caixa, que atinge teto do átrio esquerdo. (C} Caixa de
amostragem de paciente com insuficiência mitral que, desnecessariamente, atinge a região do átrio direito.
AE: átrio esquerdo; VE ventrículo esquerdo; AO átrio direito; VD ventrículo direito.
34
Capítulo 3 Efeito Doppler: Princípios, Modalidades e Ajuste Básico
B c
Figura 3.12. Ajuste básico do Doppler colorido (frequência de repetição de pulsos e ganho) em um mesmo
paciente de coração normal. (A) Mapeamento do fluxo diastólico (em vermelho) por meio da valva mitral
com ganho e escala de frequência de repetição de pulsos (de -66 a +66 cm/s) adequados. (8) Mapeamento
do fluxo diastólico após redução excessiva da escala da frequência de repetição de pulsos (-24 a + 24 cm/s),
gerando falsa exacerbação dos fluxos intracardíacos, prejudicando a interpretação dos mesmos. (C) Mape-
amento do fluxo diastólico com escala adequada da frequência de repetição de pulsos (- 63 a + 63 cm/s),
mas com ganho excessivo do Doppler colorido, aparecendo o padrão de mosaico de cores, que só deveria
aparecer em regiões de aceleração de fluxo (áreas de estenose ou regurgitação). VE: ventrículo esquerdo; AE:
átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; AD: átrio direito.
35
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 3.13. Doppler tecidual. (A) Doppler tecidual da parede lateral basal do ventrículo esquerdo. Observar
onda E' abaixo da linha de base, durante a diástole (onda E' ou e'). (8) Doppler tecidual da velocidade de pico
do deslocamento do anel tricúspide durante a sístole do ventrículo direito (onda S' tecidual).
36
Capítulo 3 Efe1t0 Doppler: Prmcíp1os, Modalidades e Ajuste Básico
37
Janelas Ecocardiográficas Básicas
39
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
Figura 4 .1. Ajuste da profundidade. (A) Profundidade excessiva (18 em). (8) Profundidade muito reduzida
(6 em). VE: ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito; AE: átrio esquerdo; Ao: aorta ascendente.
\
\
/ ''
\
\
Figura 4.2. Exibição convencional da imagem ecocardiográfica adquirida em pacientes adultos. (A) Aquisição
da imagem com transdutor posicionado próximo ao ápice ventricular. Observar que a marca do transdutor,
também chamada de índex (círculo verde) está do mesmo lado das câmaras cardíacas esquerdas. (8) Dispo-
sição da imagem convencional na tela do monitor. Observar que a imagem na tela se inicia na parte superior,
fazendo com que os ventrículos sejam exibidos na parte superior da tela. O índex referente à marca do trans-
dutor é exibido na parte superior e direita da tela. Consequentemente as câmaras esquerdas são exibidas
no lado direito da tela. AO: átrio direito; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo.
40
Capítulo 4 Janelas Ecocardiográncas Básicas
\
\
Figura 4.3. Disposição do índex na tela. (A) Aquisição da imagem com transdutor posicionado próximo do
ápice ventricular; o índex do transdutor (círculo verde) está apontado para as câmaras esquerdas. Assim, na
tela, as câmaras que aparecerem no mesmo lado do índex são as câmaras esquerdas. (B) Imagem padrão,
com ventrículos situados na parte superior da tela. Atentar que o índex está situado no canto superior e
direito da imagem e, consequentemente, as câmaras esquerdas aparecem à direita na tela. (C) Imagem do
mesmo paciente, adquirida com o transdutor colocado na mesma posição; observar que foi modificada a
posição do índex na tela (da direita para a esquerda). Consequentemente, as câmaras esquerdas são exibidas
do lado esquerdo da tela. AE: átrio esquerdo; VE: ventrículo esquerdo; AD: átrio direito; VD: ventrículo direito.
Anterior
Esquerda - -
I
Posterior
Figura 4.4. Posicionamento do coração no interior da caixa torácica. Observar que que as câmaras cardíacas
direitas estão localizadas mais anteriormente do que as esquerdas, e os ventrículos mais à esquerda do que
os átrios. VE: ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito; AE: átrio esquerdo; AD: átrio direito.
41
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
42
Capítulo 4 Janelas Ecocardiográncas Básicas
Figura 4.6. Janela paraesternal transversal ao nível do músculo papilar (desenho esquemático). Observar o
posicionamento do feixe de ultrassom no tórax, em direção ao ombro esquerdo.
Figura 4.7. Diversos planos de observação na janela paraesternal transversal. (A) Paciente em decúbito lateral
esquerdo. Transdutor no terceiro espaço intercostal esquerdo, com índex apontado para o ombro esquerdo (2h).
(8) Transdutor com ponta inclinada para cima para visualizar o corte ao nível da valva aórtica (ver asterisco). (C)
Transdutor menos inclinado, obtendo corte ao nível da valva mitral (ver seta). (D) Transdutor com ponta inclinada
para baixo, visualizando corte ao nível dos músculos papilares (ver setas). VSVD: via de saída do ventrículo direito;
AD: átrio direito; TP: tronco da artéria pulmonar; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo.
43
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
44
Capítulo 4 Janelas Ecocardiográncas Básicas
Figura 4.8. Desenho esquemático da janela apical de 4 câmaras. Observar posicionamento do feixe de
ultrassom no tórax. VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo, AD: átrio direito: AE: átrio esquerdo.
Figura 4.9. Janela apicai de 4 e 5 câmaras. (A) Paciente em semidecúbito lateral esquerdo (ligeiramente
inclinado para o dorso). Transdutor no quinto espaço intercostal esquerdo, entre a linha médio-clavicular e
a linha axilar anterior, com índex apontado para o braço esquerdo (3h). (B) Janela apicai de 4 câmaras. (C)
Janela apicai de 5 câmaras: obtida a partir da janela apical de 4 câmaras com a ponta do transdutor inclinada
discretamente para cima, mantendo contato com a pele do paciente, na qual podem-se visualizar a valva
aórtica e a via de saída do ventrículo esquerdo (VE}. VD: ventrículo direito; AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo;
VSVE: via de saída do ventrículo esquerdo.
45
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
46
Capítulo 4 Janelas Ecocardiográncas Básicas
Figura 4.11 . Janela apical de 2 e 3 câmaras. (A) Janela apicai de 2 câmaras. A partir da janela apical de 4
câmaras, devemos fazer uma rotação anti-horária do transdutor de cerca de 60° para obter a janela apicai de
2 câmaras. na qual podemos visualizar o átrio esquerdo, valva mitral e ventrículo esquerdo. (B) Janela apicai
de 3 câmaras. A partir da incidência apicai de 2 câmaras, deve-se continuar o giro do transdutor em sentido
anti-horário, de cerca de 600, para obter a imagem apical de 3 câmaras, na qual podemos acrescentar a
visualização da valva aórtica.VE: ventrículo esquerdo; VMi: valva mitral; AE: átrio esquerdo; Vao: valva aórtica.
Figura 4.12. Territórios coronarianos de irrigação dos segmentos miocárdicos. (A) Imagem apicai de 4 câmaras.
(B) Imagem apical de 2 câmaras. (C) Imagem apicai de 3 câmaras. (D) Imagem paraesternal transversal ao nível
da valva mitral (segmentos basais do ventrículo esquerdo- VE). (E) Imagem paraesternal transversal ao nível
dos músculos papilares (segmentos médios do VE). (F) Imagem paraesternal transversal ao nível da região
apicai (segmentos apicais do VE). ACD: artéria coronária direita; ADA: artéria coronária descendente anterior;
ACx: artéria coronária circunflexa; VD: ventrículo direito; AE: átrio esquerdo; AO: átrio direito; Ao: aorta. Fonte:
adaptado de Lang RM, Badano LP, Mor-Avi V, et ai. Recommendations for Cardiac Chamber Quantification by
Echocardiography in Adults: An Update from the American Society of Echocardiography and the European
Association of Cardiovascular lmaging. J Am Soe Echocardiogr. 2015;28(1 ):1-39.e14.
47
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
Figura 4.13. Janela subcostal de 4 câmaras. (A) Paciente em decúbito dorsal. Transdutor abaixo do apêndice
xifoide direcionado para o ombro esquerdo e o índex apontado para o braço esquerdo (3h). (B) Desenho
esquemático. (C) Imagem subcostal de 4 câmaras, onde pode-se visualizar também o fígado. AO: átrio direito;
VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo.
48
Capítulo 4 Janelas Ecocardiográncas Básicas
A B
Figura 4.15. Veia cava inferior vs. aorta abdominal. (A) Imagem subcostal, na qual podemos visualizar a veia
cava inferior (limite tênue com o fígado e desemboca no átrio direito) e aorta descendente abdominal (parede
mais espessa e não desemboca no átrio direito). (B) Imagem subcostal com mapeamento pelo Doppler colorido
do fluxo da aorta abdominal. Ao abd: aorta descendente abdominal; AD: átrio direito; VCI: veia cava inferior.
49
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
50
Avaliação da Função Sistólica
Ventricular Esquerda
51
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
"desmascarada" após o aumento ela pós-cru-- inicial máximo da cúspide anterior é de-
ga com o início de suporte hemodinâmico nominado ponto E, pois é gerado pela
com noradrenalina. 1 primeira fase de enchimento diastólico,
A seguir, são descritos os principais pa- correspondente à onda E do Doppler do
râmetros ecocarcliográficos utilizados em fluxo sanguíneo transmitral da função
terapia intensiva na avaliação ela função diastólica. Normalmente, existe apenas
sistólica global do VE. uma pequena distância entre o ponto E
e o septo ventricular- separação do septo
ao ponto E < 1 em. Na ausência de este-
Distância E-septo
nose mitral, uma distância E-septo > 1 em
Um registro do modo M na incidência pode corresponder à disfunção sistólica
paraesternallongitudinal ao nível ela valva ou dilatação do VE (Figura 5.1). Na dis-
mitral in tercepta, sequencialmente, o ven- função sistólica do VE, devido à redução
trículo direito, o septo interventricular, a do volume sistólico, ocorre redução dos
cúspicle anterior ela valva mitral, a cúspide fluxos transvalvares mitral e aórtico, re-
posterior e a parede posterior do VE. No duzindo, consequentemente, a amplitude
início da diástole, as cúspides separam-se da excursão dos componentes das valvas
amplamente. O movimento diastólico mitral e aórtica. 3
Quadro 5.1. Principais causas de disfunção miocárdica reversível no doente crítico sem patologia
cardíaca
Síndrome da resposta inflamatória sistêmica
Sepse
Pancreatite aguda
Anafi laxia
Hemorragi a subaracnoidea
Traumatismo craniencefálico
Acidente vascu lar encefá lico
Hematoma subdural
Morte encefá lica
Intoxicações exógenas
Betabloqueadores
Bloqueadores de cana is de cálcio
Cocaína
Qu imioterápicos
Monóxido de carbono
Acidentes com aranhas e escorpiões
52
CapítuloS Avaliação da Função Sistólica Ventricular Esquerda
A B
Figura 5.1. Distância E-septo. Observar distância entre o ponto de abertura máxima da valva mitral e a parede
do septo interventricular, no início da diástole (ver seta). (A) Paciente com função sistólica normal; distância
E-Septo < 1 em. (B) Paciente com disfunção sistólica importante; distância E-Septo de 30 mm.
A B
Figura 5.2. Fração de diminuição de superfície. Observar medidas das áreas diastólica final e sistólica final do
ventrículo esquerdo na incidência paraesternal transversal. (A) Medida da área diastólica final do ventrículo
esquerdo: 20.7 cm2• (8) Medida da área sistólica final do ventrículo esquerdo: 11 ,2 cm 2 O cálculo da fração
de diminuição de superfície é igual a 46%.
53
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B c
Figura 5.3. Fração de encurtamento (delta D) e fração de ejeção. (A). Medidas dos diâmetros diastólico final (4,9
em) e sistólico final (3,2 em) do ventrículo esquerdo (VE) pelo modo M. Utilizando as medidas dos diâmetros
para o cálculo da fração de encurtamento [delta D = (DDF- DSF) I DDF). obtém-se uma fração de encurtamento
de 35%. O próprio aparelho utiliza os diâmetros medidos (DDF 4,9 em e DSF 3,2 em) para estimar os volumes
(VDF 111 ml e VSF 40ml) e, a partir daí, calcular a fração de ejeção [FE = (VDF - VSF)NDF). Neste caso, a FE é
de 64%. (B) Medida do DDF (4,7 em) e volume diastólico final (1 02 ml) por meio do modo bidimensional na
incidência paraesternallongitudinal, no momento correspondente ao pico do QRS, imediatamente antes
do fechamento da valva mitral, correspondente ao diâmetro máximo da cavidade. (C) Medida do DSF (2,7
em) e volume sistólico final (28 ml) no modo bidimensional, no momento correspondente ao fim da onda
T no eletrocardiograma, imediatamente antes do fechamento da valva aórtica, correspondente ao diâmetro
mínimo da cavidade; sendo obtida fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 72%. VD: ventrículo direito.
54
Capitulo 5 Avaliação da Função Sistólica Ventricular Esquerda
Figura 5.4. Método de Simpson. (A) e (B): Incidência apical de 4 câmaras. Delimitação das bordas endo·
cárdicas (VE) no fim da diástole, para medida do volume diastólico final (VDF) (A) e no fim da sístole, para
medida do volume sistólico final (VSF) (B). (C) e (D): Incidência apicai de 2 câmaras. Delimitação das bordas
endocárdicas do VE no fim da diástole, para medida do VDF (C) e no fim da sístole, para medida do VSF (D).
Foi obtida fração de ejeção do ventrículo esquerdo final de 63%.
55
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
56
Capítulo 5 Avaliação da Função Sistólica Ventricular Esquerda
57
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
58
CapítuloS Avaliação da Função Sistólica Ventricular Esquerda
A c D
Figura 5.7. Métodos novos de avaliação da função sistólica. (A) Método do strain rate: (A 1). Delimitação
das bordas miocárdicas dos diferentes segmentos miocárdicos. (B). Exibição do valor do strain de pico lon-
gitudinal obtido em cada segmento na incidência apical de 3 cãmaras, sendo possível ver as paredes septal
anterior e inferolateral. (C). Curva de deformidade sistólica de alguns segmentos. (D) Exibição do bulls ·eye,
em que podemos observar o valor numérico do strain de pico sistólico longitudinal de todos os segmentos
miocárdicos. Neste caso, há valores mais reduzidos ao nível dos segmentos basal e médio da parede lateral
(zonas mais claras) (E) Ecocardiograma tridimensional. Avaliação da contratilidade e volumes ventriculares.
59
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
60
Capitulo 5 Avaliação da Função Sistólica Ventricular Esquerda
61
Avaliação da Função Sistólica
Ventricular Direita
63
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
de 4 câmaras. O diâmetro basal do VD Deve-se estar atento para uma boa aqui-
normal na incidên cia apical 4 câmaras é < sição da imagem ecocardiográfica n esta
42 mm (Figura 6.1). 5 avaliação. A obtenção de incidência oblíqua
Além disso, é importante comparar a ou encurtada pode gerar confusão n este
área diastólica final do VD (ADFVD) em registro.
relação à do VE, ou até mesmo comparar
a medida dos diâmetros basais. Normal-
Avaliação da função sistólica do ventrículo
mente, esta relação é< 0,6 quando ambas
direito
as câmaras possuem dimensões normais.
Uma relação > 0,6 sugere dilatação discreta As principais situações clínicas que cur-
do VD; quando próxima de 1,0 implica sam com disfunção aguda do VD em terapia
dilatação moderada do VD; e quando o VD intensiva são o tromboembolismo pulmonar,
possui área diastólica final superior à do a síndrome da angústia respiratória aguda,
VE (relação VD / VE >1), sugere dilatação a sepse e o infarto de VD.
importante do VD (Figura 6.1). A função do VD pode ser avaliada qua-
A dilatação do VD está normalmente litativamente como normal ou reduzida,
acompanhada d e dilatação do átrio di- de grau leve, moderado ou importante.
reito e da presença de veia cava inferior Quando a função sistólica ventriculares-
dilatada e com variabilidade reduzida do querda é normal, a função relativa dos dois
seu diâmetro. ventrículos pode ser comparada. Quando
Al
A2
Figura 6.1. Avaliação comparativa das dimensões ventriculares nas diversas incidências. (A) Janela apical de
4 câmara s. Observar, em A1, o formato habitual triangular do ventrículo direito (VD) e uma relação de áreas
ventrículo direito/ ventrículo esquerdo (VE) < 0,6; em A2, visualizar a dilatação importante do VD e o diâmetro
basal do VD maior que do VE. (B) Janela paraesternallongitudinal. Comparar os diâmetros dos ventrículos no
coração normal (B 1) e com dilatação do VD (82). (C) Janela paraesternal transversal ao nível dos músculos
papilares. Observar a relação entre as dimensões VDNE no coração normal (C 1) e com dilatação do VD (C2},
onde pode-se visualizar a retificação do septo interventricular, indicativo de sobrecarga de VD.
64
Capítulo6 Avaliação da Função Sistólica Ventricular Direita
Figura 6.2 . Medida da excursão sistólica do plano do anel tricúspide (TAPSE). (A). Posicionamento do cursor
do modo M, ao nível da base lateral do anel tricúspide (seta), na janela apicai de 4 câmaras. (B) Traçado do
modo M em forma de onda representando a movimentação da base lateral do anel tricúspide durante o ciclo
cardíaco. A fase ascendente do traçado corresponde à sístole. A medida do TAPSE é obtida com a medida da
altura da onda. Neste paciente, o TAPSE é de 22,8 mm (valor normal > 17 mm).
65
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 6.3. Medida da velocidade de pico da ondas· tecidual. (A). Posicionamento do cursor do Doppler
tecidual ao nível da base lateral do anel tricúspide, na janela apical de 4 câmaras (seta). (8). Curva espectral do
Doppler tecidual, com registro das velocidades de deslocamento da base lateral do anel tricúspide durante o
ciclo cardíaco. A velocidade de pico da ondas· representa a velocidade máxima de deslocamento sistólico.
Nesse exemplo, ondaS'= 11 cm/s. Observar que existe um pico precoce de velocidade que ocorre no mo-
mento do complexo QRS, que representa apenas a contração isovolumétrica e que não deve ser confundido
com a velocidade de pico sistólico.
f•\C-(22 14)/22
FAC = 36' ·
Figura 6 .4. Medida da variação da área fracionai (FAC). (A). Medida da área diastólica final do ventrículo
direito (VD). (B) Medida da área sistólica fin al do VD. O valor do FAC resultante foi de 36%. ADF: área diastólica
final. ASF: área sistólica final.
66
Capítulo 6 Avaliação da Função Sistólica Ventricular Direita
Para sua realização, deve-se delimitar a é feito pela soma do tempo de contração
ADFVD e a área sistólica final (ASFVD) isovolumétrica (TCI) com o tempo de re-
de toda a cavidade interna do VD (bordas laxamento isovolumétrico (TRI) divididos
endocárdicas) na incidência apical de 4 pelo tempo de ejeção (TE):
câmaras e, posteriormente, proceder ao
seu cálculo, conforme a equação:5 Ind .ICe de.el= TCI + TRI I
I
T •
TE
Quadro 6.1 . Principais parâmet ros ecocardiográficos utilizados na a nálise da função sistólica do
vent rículo direito
Parimetro Valores normais Vantagens Desvantagens
ecocardiogr6fico
TAPSE 2: 17 mm Simples execução Avalia apenas um
segmento do VD
Onda S' pelo Doppler > 9,5 cm/s Execução razoavelmente Avalia apenas um
tecidua l simples segmento do VD
FAC 2: 35% Aval iação mais global da Exige um pouco mais de
função sistólica do VD experiência
Exige ótima janela
ecocardiográfica que
permita delimitação das
bordas internas do VD
TAPSE: excursão sistólica do plano do anel tricúspide; FAC: Variação da área fracionai.
67
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 6.5. fndice de desempenho miocárdico, ou índice de Tei, pelo Doppler tecidual. TCI: tempo de con-
tração isovolumétrica; TE: tempo de ejeção; TRI: tempo de relaxamento isovolumétrico.
68
Capftulo 6 Avaliação da Função Sistólica Ventricular Direita
69
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
7. DaleyJ, CrotbergJ2, PareJ, et ai. Emergency Acute Pulmonary Embolism. Semin Respir
physician perfonned tricuspid annular Crit Care Med. 2017;38(1): 18-28.
plane sysLOUc excursion in the evaluation of 9. Ryan T, Petrovic O, Dillon JC, et ai. An
suspected pulmonary embolism. AmJ Emerg echocardiographic index for separation
Med. 2017;35( 1):106-111. of right ventricular volume and pressure
8. Dahhan T, Alenezi F, Samad Z, et ai. overload.J Am Coll Cardioll985;5(4) :918-27.
Echocardiography in thc Risk Assessment o f
70
Hipertensão Arterial Pulmonar e
Tromboembolismo Pulmonar
71
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
sangue do VD para o átrio direito, através A PAD é estimada pelo diâmetro máximo
da valva tricúspide. Aplicando o Doppler e variação respiratória da veia cava inferior
contínuo através do refluxo tricuspídeo, (Figura 7.3). 5 Para isto, o paciente deve
poderemos medir a velocidade máxima do estar em ventilação espontânea.
refluxo tricuspídeo na curva do Doppler Assim, para estimar o valor da PSAP
contínuo (Figura 7.2). Se substituirmos os (PSVD), basta saber os valores da velocida-
componentes da equação acima pela PSVD, de máxima do jato regurgitante tricúspide
pressão atrial d ireita (PAD) e velocidade (Doppler contínuo) e da PAD.
máxima do jato regurgitante tricúspide
(Vt), obteremos a seguinte equação: 4 Devemos lembrar que a estimativa da
PAD pelo diâmetro e pela variação da veia
PSVD- PAD = 4 (V.Jl cava inferior está validada para pacientes
sob ventilação espontânea. Em pacientes
Na ausência de estenose ao nível da
sob ventilação mecânica, a estimativa da
valva pulmonar ou da via de saída do VD,
PAD por meio da veia cava inferior não
podemos considerar o valor da PSVD se-
tem boa acurácia, uma vez que a venti-
melhante à PSAP. Sendo assim, teremos a
lação mecânica, por aumentar a pressão
seguinte fórmula:
intratorácica, eleva automaticamente o
valor da PAD. Nestes casos, o ideal é uti-
PSAP (mmHg): 4 (V/ (m/s) + PAD (mmHg)
lizar o cateter venoso central para medir
A B
Vmáx Vmáx (it)
"'-
Vmáx (it)
••• •
• •
P2 ••
• • • PSAP
D
E
·/e i .... -~:4 ::I 1 crn.,.·:
o o
io
4Vmáx (it)
pc, .''... 4""'' ' 1 rrr rnH9
PAO • • ' ~
•
'
. . . ' . •'
...
'' -
.~ , . ...... . ...
r·1 ·nr '''f' ., .,,
PSAP = 4Vmáx(it)l+PAO ~ .~ ... ' .~ '
I •
. - . - ... o .. -. ~ -· - '
Figura 7.2. Estimativa da pressão sistólica de artéria pulmonar (PSAP) pelo ecocardiograma. (A) Equação de
Bernoulli, demonstrando que a velocidade máxima (Vmáx) do fluxo sanguíneo entre duas câmaras é depen-
dente do gradiente de pressão entre elas. (8) Considerando que, nos pacientes com hipertensão pulmonar,
existe um grau de refluxo tricúspide do ventrículo direito para o átrio direito, podemos substi tuir os termos da
equação por pressão sistólica do ventrículo direito (PSVD), pressão atrial direita (PAD) e velocidade máxima do
jato de insuficiência tricúspide [Vmáx(it)]). (C) Substituição da PSVD por PSAP na fórmula (assumindo que não
há estenose ao nível da valva pulmonar. (D) Equação final da estimativa da PSAP. (E) Curva espectral do registro
da velocidade da regurgitação tricúspide durante a sístole por meio do Doppler contínuo. Observar velocidade
máxima de 3,43 m/s (seta), correspondente a um gradiente de ventrículo direito-átrio direito de 47 mmHg.
72
Capítulo 7 Hipertensão Arterial Pulmonar e Tromboembolismo Pulmonar
diretamente a PAD. Contudo, caso a veia sátil na via de saída do VD, imediatamente
cava inferior tenha diâme tro máximo < 12 antes da valva pulmonar, teremos wna curva
mm, podemos considerar que a PAD se:ja semelhante à do fluxo sanguíneo sistólico
normal (< 1O mmH g) : 1•5 pela via de saída do ventrículo esquerdo.
Em alguns pacientes, pode ser difícil O tempo decorrido entre o início do fluxo
realizar esta estimativa, seja pela dificuldade sistólico através da valva pulmonar até o mo-
de obter-se um bom alinhamento do Do- mento em que ocorre a velocidade máxima
ppler contínuo com o jato de regurgitação deste fluxo é denominado ,
tempo de acele-
tricúspide ou por falha de coaptação da ração pulmonar (Tac). E considerado um
valva tricúspide, resultante de dilatação ou valor normal acima de 120 ms. Tac abaixo
disfunção acentuada do VD. estes casos, de 100 ms sugere h ipertensão pulmonar e
podemos estimar a pressão média de artéria abaixo de 70 ms é sugestivo de hipertensão
pulmonar (PAPm) pelo tempo de aceleração pulmonar importante (Figura 7.4) .
do fluxo sistólico, atráves da valva pulmo- A PAPm pode ser estimada pelo Tac
nar.5 Tais medidas exige m um grau maior pela seguinte fórmula:
de experiência por parte do exam inador.
PAPm (mmHg) = 79- (Tac x 0.45) (ms)
Figura 7.3. Estimativa da pressão atrial direita (PAD) pelo ecocardiograma. (A) Medida dos diâmetros máximo
(distância A: 15 mm) e mínimo (distância B: 11 mm) da veia cava inferior, registrado pelo modo M na janela
subcostal. Na tabela 1 ao lado. observar valores estimados da PAD de acordo com o diâmetro máximo da
veia cava inferior (VCI) e sua variação no ciclo respiratório. No caso ao lado, o diâmetro máximo é< 2,1 em e
a variação respiratória < 50%; portanto a PAD estimada seria de 8 mmHg.
73
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 7.4. Tempo de aceleração do fluxo sistólico pela valva pulmonar (Tac). (A) Curva espectral do Doppler
pulsado do fluxo sistólico pulmonar de aspecto normal (Tac 130 ms). (B) Curva do Doppler pulsado de paciente
com hipertensão pulmonar importante (Tac 60 ms). Observar em (B) encurtamento do Tac e padrão bífido
da curva, com entalhe mesossistólico, compatíveis com HAP importante.
74
Capitulo 7 Hipertensão Arterial Pulmonar eTromboembolismo Pulmonar
75
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
portantes decorrentes de TE.P maciço. da PAD (Figura 7.5). Deve estar pre-
estes casos, a despeito da resistência sente nos casos de TEP com sobrecar-
vascular importante, pode haver falha ga de câmaras direitas ou instabilidade
de coaptação da valva tricúspide e in- hemodinâmica. 10· 13
capacidade do VD em gerar gradjente • Visualização de trombo ao nivel de
de pressão com o átrio direito. Uma câmaras direitas ou artéria pulmonar:
alternativa, nesta situação, é estimar sina l mais específico de TEP, mas de
a PAPm por me io do Tac do fluxo sis- rara ocorrência (Figura 7.5) . 13
tólico, através da valva pulmonar.5·12. l3 • Disfunção do VD: diversos parâmetros
• Dilatação da veia cava inferior com descritos na literatura para avaliação
redução da variabilidade respiratória: do VD já demonstraram ter correlação
sinal simples, que representa elevação com morbimortalidade dos pacientes
Figura 7.5. Sinais ecocardiográficos de tromboembolismo pulmonar com repercussão hemodinâmica. (A)
Janela apical de 4 câmaras. Observar dilatação importante do ventrículo direito (VD; VD >ventrículo esquerdo
- VE). (B) Janela paraesternal transversal ao nível dos músculos papilares. Visualizar dilatação do VD e retificação
do septo interventricular (sinal do 0), indicativo de sobrecarga deVO; pode-se observar ainda presença de
imagem ecodensa, sugestiva de tromba (seta). (C) Janela paraesternal longitudinal. Observar dilatação do
VO com imagem sugestiva de tromba no seu interior. (D) Janela paraesternal transversal ao nível da valva
aórtica. Observar imagem sugestiva de tromba próximo à artéria pulmonar, que constitui um achado raro,
mas específico de tromboembolismo pulmonar. (E) Dilatação da veia cava inferior (VCI). Observar dilatação
de VCI e veia hepática, com ausência de variação respiratória do seu diâmetro pelo modo M, sinais compa-
tíveis com elevação das pressões de enchimento em câmaras direitas. AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo;
AP: artéria pulmonar; Ao: valva aórtica.
76
Capítulo 7 Hipertensão Arterial Pulmonar eTromboembolismo Pulmonar
com T EP. Destes, podemos citar a dinal da base lateral do anel uicúspide.
excursão sistólica do p lano do anel A FAC permite avaliação mais global
tricúspide (TAPSE, do inglês tricusjJid da função sistólica do VD, embora
annular plane systolic excursion) , a velo- dependa de um grau maior de expe-
cidade de pico da ondaS' tecidual, o riência para delimitar corretamente as
índice de desempenho miocárdico bordas endocárdicas (Figura 7.6) . 1""17
(índice de Tei), a variação da área • Sinal de McConnell (contratilidade
fracionai (FAC, do inglês fractional aumentada no ápice associada a hipo-
area change) e, mais recentemente, o cinesia nos segmentos médio e basal
stmin longitudinal do VD. A descrição da pared e livre do VD): representa
detalhada de cada parâmetro está no um sinal de alta especificidade, mas
capítulo 6. Destes, o mais simples é a baixa sensibilidade, para o d iagnósti-
TAPSE, mas ela não oferece avaliação co de hipertensão pulmonar aguda.
global da função do VD, por avaliar Está associado com a gravidade da
exclusivamente o movimento longitu- obstrução no leito vascular pulmonar
A B
Figura 7.6. Avaliação ecocardiográfica da disfunção sistólica do ven trículo direito (VD). (A) Velocidade de
pico da ondas· tecidual de 7 cm/s (VN ~ 9,5 cm/s) (B) Excursão sistólica do plano do anel tricúspide (TAPSE)
de 12 mm (VN > 17 mm). (C) e (D) Variação da área fracionai (FAC) de 21% (VN > 35%). ADF: área diastólica
final; ASF: área sistólica final.
77
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
78
Capftulo 7 Hipertensão Arterial Pulmonar eTromboembolismo Pulmonar
79
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Suspeita de
TEP
Estável Instável
hemodinamicamente hemodinamicamente
TEP Afastado
Ecocardiograma Ecocardiograma confirmado TEP
Considerar
TEPde TEP de risco r+ trombólise
baixo risco intermediário
(submaciço)
41 Anticoagulação
Anticoagulação
Figura 7 .7 . Algoritmo para o diagnóstico e estratificação de risco nos pacientes com suspeita de trombo-
embolismo pulmonar (TEP). Nos casos com instabilidade hemodinâmica sem sinais de cor pu/mona/e, o
ecocardiograma pode excluir que o TEP seja a etiologia do choque; naqueles casos com incapacidade de
transporte para angiotomografia (angio-TC), o ECO pode avaliar o grau de repercussão a nível de câmaras
direitas, contribuindo para guiar a terapêutica. Nos casos estáveis hemodinamicamente, o ECO pode estratificar
o risco, de acordo com a presença de sinais de disfunção ventricular direita. VD: ventrículo direito.
80
Capftulo 7 Hipertensão Arterial Pulmonar e Tromboembolismo Pulmonar
81
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
82
Avaliação do Derrame Pericárdico e
Tamponamento Cardíaco
83
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
84
Capitulo 8 Avaliação do Derrame Pericárdico e Tamponamento Cardíaco
85
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
Figura 8.1. Aspecto do derrame pericárdico (DPe) ao ecocardiograma. Observar espaço anecoico ao redor
das câmaras cardíacas, compatível com DPe. (A) Incidência paraesternal longitudinal. Observar DPe localizado
junto à parede posterior do ventrículo esquerdo (VE) (B) Incidência apical de 4 câmaras, com DPe difuso. (C)
Incidência subcostal, com DPe difuso. {D) Incidência paraesternal transversal, com DPe difuso.VD: ventrículo
direito; AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo.
86
Capítulo 8 Avaliação do Derrame Pericárd1co e Tamponamento Cardíaco
87
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
inferê ncia não é sempre fidedigna, uma sitório rápido do átrio direito isolado
vez que d e rrame pericárdico homogêneo pode ocorrer na ausê ncia de repercussão
pode ser decorrente de doença bacte1iana. hemodinâmica. 1•9
Podem existir áreas heterogêneas sugestivas
de acúmulo de fibrina no derrame pericár-
dico urêmico, por exemplo.
88
Capftulo 8 Avaliação do Derrame Pericárdico eTamponamento Cardíaco
89
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B c
Figura 8.7. Variação dos fluxos diastólicos transvalvares na incidência apicai. Em (A}, variação da velocidade
da onda Epela valva mitral mínima (8%}. Em (8), variação mais significativa da velocidade da onda Epela valva
mitral (32%}. Em (C}, variação acentuada da velocidade da onda E pela valva tricúspide (44%}.
90
Capítulo 8 Avaliação do Derrame Pericárdico e Tamponamento Cardíaco
Figura 8.1 O. Swinging heart. Observar volumoso derrame pericárdico (DPe) ao redor da silhueta cardíaca e
movimento pendular do ápice cardíaco.
91
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG~NCIA
Tratamento
Derrames pericárdicos de pequena mon-
ta, sem comprometimento hcmodinâmico,
geralme nte são decorrentes de pericardites
autolimitadas e respondem bem à terapia
medicamentosa com anti-inflamatórios não
horrnonais e corticosteroides. 22
A pericardiocentese diagnóstica é indi-
cada na suspeita d e etio logia bactetiana,
wbcrculosa ou neoplásica, assim como nos
casos de derrames volumosos e / ou com
instabilidade hemodinâmica.11•22 Figura 8.11 . Diferenciação entre derrame pericárdico
Derrames pericárdicos volumosos, tam- (DPe) e derrame pleural esquerdo (DPL). Imagem na
ponamento cardíaco e pacientes instáveis janela paraesternal longitudinal. Observar DPe ante-
hcmodinamicamente requerem tratamento rior ao nível da imagem transversal da aorta torácica
imediato com pericardiocentesc (punção via descendente (seta) e DPL localizado posterior a este
subxifoide com agulha longa) ou drenagem vaso. VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo;
cirúrgica do pericárdio.8 A pericardioccntese AE: átrio esquerdo.
92
Capftulo 8 Avaliação do Derrame Pericárdico eTamponamento Cardíaco
Conclusão
O ecocardiograma é uma ferramenta
importante na avaliação, na quantificação
e na caracterização do derrame pericár-
dico. Permite ainda avaliar a repercussão
hemodinâmica do derrame, podendo ser
utilizado como auxíl io na realização das
punções pericárdicas, garantindo maior
rapidez e segurança na real ização dos pro-
cedimentos. 5·6·2~>-2s
93
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
94
Capitulo 8 Avaliação do Derrame Pericárdico e Tamponamento Cardíaco
physiology, diagnosis a11d treaunent. j Am 22. Libby PP, Bonow RO, Mann DL, et ai. Braunwald
Coli Cardiol. 1983; 1( 1) :240-5 1. - Tratado de Medicina Cardi0\1\SCular. 5. ed.
15. Fitchett DH, Snidennan AD. lnspiratory W.B. Saunders Compan y, 1997.
rcducdon in 1eft hcart filling as a mechanism 23. lsselbacher EM, CigarroaJE, Eagle KA. Cardiac
of pulsus paradoxos in cardiac tamponade. t:amponade complicaúng proximal aorti c
Can J Cardiol. 1990;6(8) :348-54 disscc t ion . rs p eri cardioce n tesis h arm fui ?
16. lm azio M, Adler Y. M a na ge m e nt of C irculat ion. 1994;90 (5) :2375-8
pcricardial effusion. European I Icartj ournal. 24. H ayashi T , Tsukube T, Yamashita T, c t a l.
2013;34: 11 86-197. 1mpact of contTolled pet;cardial drainage on
17. Pcpi M, Muratori M. Echocardiography in criticai cardiac tamponade with acutc typc A
thc diagnosis and management of peticardial aortic disseCLion. Circulation. 2012; 126( I I
disease.j Cardiovasc Mecl ( Hagerstown). Suppl. 1):597-SlOl.
?-
2006;7 ( 7) :53344. - :>. Ristic AD et ai. Tl"iage strategy for urgent
18. agdcv A, Stone i\fB. Point-of-care ultrasound managem e nt of cardiac tamponade: a
evaluation of pericardial effusions: Does th is positon statcment of th e European Socicty
paticnt have cardiac tamponade? Rcsuscitation. ofCardiology Working Group on Myocarclial
201 I ;82(6):671-3. and Pc ri cardial Diseascs. European I Jean
19. Rcddy PS, Cnniss EL, U rcL~ ky BF. Spectrum of j ournal. 20 14;35:2279-84.
hcrnodynamic changes in carcliac tamponade. 26. Montera MW, Mesquita ET, Colafrancesch i
Am J Cardiol. 1990;66(20): I <187-9 1. AS, e t ai. I Diretriz Brasileira de Miocarclites
20. Fae hnric hjA, Noone RBjr, White WD, et e Pericardi tes. Arq Bras Cardiol. 20 13; I00( 4
ai. Etfects of positive-pn:ssure ventilation, supl. 1): 1-36.
pericardial effusion, anel cardiac tamponade 27. Pepi M, Ma ltaglia ti A, Tamborini C , e t
on respiratory variaúon in transmitral Oow ai. Improvement in ultrasonically guided
velocities. j Cardiothorac Vasc Anesth. pericardiocentesis. j Cardio,·asc Ultrason.
2003; 17 (1) :45-50. 1988:7: 193-6.
21. Fusman B, Schwinger ME, Chamcy R, et al. 28. Tsang T, Freeman W, Barn es M, et a i.
Isolatecl colapse of lhe Ieft·sided hean chambers Resc u e ech ocarcliograp hicall y g uided
in cardiac tamponade: demonstralion by two- pericardioccntcsis for cardiac perCoration
dimens ional echocardiography. Am HeartJ. complicating cath eter· based procedures. j
199 1; 12 I (2 Pt 1) :61 3-6. Am Coll Cardi ol. 1998;32(5): 1345-50.
95
Monitorização Hemodinâmica pela
Ecocardiografia: Indicações, Vantagens
e Limitações
Murillo Santucci Cesar de Assunção
Eduardo Casa roto
Dalton de Souza Barros
97
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
98
Capitulo 9 Monitorização Hemodinâmica pela Ecocard1ografia: Indicações. Vantagens e Limitações
forma não invasiva pelo ecocardiograma lizada por profissionais experientes com
transtorácico ou transesofágico, com boa o mél0do.:'·6•26
acurácia em relação à sua medida por Para tanto, devemos estimar o volume
parâmetros invasivos, sobretudo se rea- sistólico (VS) c multiplicar pela frequência
cardíaca (FC):
Quadro 9.2. Diagnósticos recomendados de DC = VS x FC
serem obtidos por meio do ecocardiograma
por um intensivista não ecocardiografista, A forma mais utilizada de estimar o YS
conforme nível de treinamento em por meio do ecocardiograma é multipli-
ecocardiografia cando a área da via de saída do ventrículo
Nfvel búlco Nfvelavançado esquerdo (AYS\TE) pela integral da velocida-
Avaliação subjetiva Avaliação quantitativa da de ao longo do tempo do fluxo sanguíneo
da função sistólica função sistólica ventricular na YSVE (Vfl YSVE):
ventricu lar esquerda: FEVE
esquerda: classifi car Avaliação quantitativa da V$ (ml) = AVSVE (cm2) x VTI VSVE (em)
em padrão função sistólica ventricular
hiperdinãmico, direita: TAPSE Para a medida da AVSVE, deve-se me-
normal, disfunção Estimativa da PSAP e dir o diâmetro (d) da VSVE na incidência
discreta e disfunção pressão média de artéria
paraesternal longitudinal, no momento
moderada a pulmonar (PAPm)
importante Estimativa dos gradientes da mesossístole, imediatamente antes da
Detectar derrame transvalvares inserção das válvulas da valva aórtica no
pericárdico e sinais Estimativa da pressão de anel aórtico. Imaginemos que a AVSVE
de tamponamento enchimento ventricular
esquerda (relação E/E'
tem um formato de uma circunferência,
Diagnóstico de
sobrecarga de mitral); devemos aplicar a seguinte fórmu la:
câmaras direitas Estimativa do débito
e sina is de cor cardíaco AVSVE (cm 2) = n (d/2)2
pu/mona/e Estimativa de fluido·
Reconhecer sinais responsividade: passive leg Antes de abordarmos o conceito ele v n
de hipovolemia raising VSVE, vamos revisar o conceilO de Vfl.
extrema/ estado Diagnóstico de obstrução Quando avaliamos um gráfico da velocidade
hiperdinâmico: dinâmica da via de saída do
obliteração ventrlculo esquerdo
(V) de deslocamento de um móvel em fun-
telessistólica Avaliação da função ção do tempo (t), a área sob a curva deste
ventricular diastólica gráfico representa a integral da ,·elocidade
esquerda (sinal do
deste móvel ao longo do tempo (VTI) e
beijo)
Avaliação da veia
a distância percorrida por este móvel ao
cava inferior: longo do tempo (t) (Figura 9.1).
estimativa da A medida da VTI VSVE pode ser ob-
pressão atrial
direita (paciente
tida utilizando-se a curva espectral do
em ventilação Doppler pulsátil do fluxo sanguíneo na
espont ânea), índice VSVE, pela incidência a pical de 5 câma-
de distensibilidade ras. Devemos, inicialmente, ativar o Do-
(paciente sob
ventilação
ppler colorido e , em seguida, alinhar o
mecãnic.a) cursor do Doppler pulsado com o fluxo
Reconhecimento sistólico na YSVE. Posteriormente, deve-
de sinais básicos mos posicionar a caixa de amostragem
de disfunção va lvar
i mportante
do Doppler pulsado ao nível da VSVE,
im ediatamente antes da valva aórtica. Ao
FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; TAPSE:
excursão sistólica do plano do anel tricúspide; PSAP:
ativarmos a função do Doppler pulsado,
pressão sistólica de artéria pulmonar. aparece a curva espectral da velocidade
99
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 t(h)
A B
Figura 9.2. Estimativa da integral da velocidade ao longo do tempo do fluxo sanguíneo na via de saída do
ventrículo esquerdo (VTI VSVE). Para estimarmos a VTI VSVE, utilizamos habitualmente a janela apicai de 5
câmaras. (A) Devemos inicialmente ativar o Doppler colorido e, em seguida, alinhar o cursor do Doppler com
o fluxo sistólico na VSVE. Posteriormente, devemos posicionar a caixa de amostragem do Doppler pulsado
(observar segmento distai da linha do curso do Doppler) ao nível da VSVE, imediatamente antes da valva
aórtica. (B) Ao ativarmos a função do Doppler pulsado, aparecerá a curva espectral da velocidade do fluxo
sanguíneo ao longo do tempo (observar que o fluxo sistólico inicia-se após o QRS). A VTI VSVE representa
a área sob a curva de cada traçado da velocidade em função do tempo, correspondente a cada batimento
sistólico. A VTI costuma ser medida em centímetros (Figura 8). Nesse caso. a VTI VSVE foi estimada em 24,5 em.
100
Capítulo 9 Monitorização Hemodinâmica pela Ecocardiografia: Indicações, Vantagens e Limitações
para calcular o volume deste cilindro, bas- VSVE, sobretudo em profissionais iniciantes
ta multiplicar a área da base pe la altura no método.
deste cilindro. A área da base do cilindro Os dete rminantes do DC são a contrati-
representa aAVSVE.Já a altura do cilindro lidade, a pré-carga, a pós-carga e a FC. Por
pode ser representada como a distância exemplo, um DC baixo pode ser decorrente
que o sangue avança para diante em cada de disfunção contrátil (seja global ou seg-
batimento sistólico; esta distância pode ser mentar) ou baixo volume diastólico devido
considerada como a Vfl VSVE (Figura 9.3). à hipovolemia. Por outro lado, um paciente
Em individuas normais, o diâmetro com disfunção ventricular pode mante r
normal da VSVE situa-se entre 1,8 e 2,2 um DC adequado, caso apresente um vo-
em. O valor normal do VTI VSVE situa-se lume diastólico aumentado decorrente de
entre 18 e 22 em. dilatação ventricular. Já um paciente com
Resumindo: sepse grave pode mante r o DC adequado
à demanda metabólica à custa de baixa
VS (ml) = AVSVE (cm2) x VTI VSVE (em) pós-carga e taquicardia.
Figura 9.3. Estimativa do volume sistólico que passa na via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE). Imagi-
nemos que a cada batimento sistólico passará na VSVE um volume de sangue em forma de um cilindro, que
representa o volume sistólico (VS). Para calcular o volume deste cilindro, basta multiplicar a área da base pela
altura deste cilindro. A área da base do cilindro representa a área da VSVE, que deve ser medida na janela
paraesternal longitudinal, imediatamente antes da inserção da valva aórtica; sendo "d" o diâmetro da VSVE.
então a área da VSVE corresponde a AVSVE (cm 2) = n (d/2) 2. Já a altura do cilindro pode ser representada
como a distância que o sangue avança para diante em cada batimento sistólico, que representa a integral da
velocidade ao longo do tempo do fluxo sanguíneo na VSVEcalculada a partir da curva do fluxo sanguíneo
na janela apicai de 5 câmaras. Assim, VS é n(d/2) 2 x h. Aplicando os valores de 24,5 em para a integral da
velocidade ao longo do tempo do fluxo sanguíneo na VSVE e 2 em para o diâmetro da VSVE, obtemos um
volume sistólico de 76,9 ml.
101
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
102
Capítulo 9 Monitorização Hemodinâmica pela Ecocardiografia: Indicações, Vantagens e Limitações
neos, que, por sua vez, podem culminar em O uso da ultrassonografiajá é bem con-
tomada de decisão inapropriada e mesmo solidado por sua acurácia e uma série de
lesiva, principalmente nos pacientes graves. outras vantagens, como o fato de ser não
O uso clínico COITeto da ultrasSonografia invasivo, não expor o paciente a radiação
envolve obtenção, análise e inte rpretação e p o d e r se•- reali zado no próprio le ito.
das imagens. A ecocardiografia constitui o m étodo d e
Médicos em formação aprendem a utili- prime ira escolha na avaliação inic ia l do
zar ecocardiografia portátil rapidamente, e paciente com c hoque circulatório.
isto melhora suas habilidades diagnósticas Diversos estudos já demonstraram a
à beira do le ito.8 ·2'J factibilidade do uso deste método no ma-
O acesso a treinamento em ecocardiogra- nejo de paciemes graves, por profissionais
fia por intensivistas e anestesiologistas está não especialistas, após um tempo curto d e
aumentando e m diversos países. O objetivo treinamento.
é focar na obtenção de respostas rápidas a Um tre iname nto ad equado para obten-
questões clínicas com impacto no manejo do ção de image ns adequadas c o conhecimen-
paciente grave. Este tre iname nto d eve ser to das limitações do método é a chave para a
incorporado aos programas de formação dos adequada performance com o equipamento
em e rgencistas c in tensivistas. 11 "14 Aparelhos na terapia intensiva.
de ultrassonografia e ecocardiografia devem
Existe m inform ações mais compl exas
fazer pane dos equipamentos básicos de
possíveis de serem obtidas da realização
uma unidade de terapia intensiva.
do ecocardiograma por ecocardiografistas
e xpe rientes, que preferimos não trazer
Impacto prognóstico neste capítulo.
103
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
104
Capítulo 9 Monitorização Hemodinâmica pela Ecocardiografia: Indicações, Vantagens e Limitações
16. Sek.iguchi H. Tools o f the Trade: Point-of-Care 27. Beaulieu Y. Specific sk.ill set and goals of
Ultrasonography as a Stethoscope. Semin focused echocardiography for criticai
Resp ir Crit Care Med. 2016;37(1) :68-87. care clin ic ians. Crit Care Me d. 2007;35(5
17. Perera P, Mailhot T, Riley D, et ai. The RUSH Suppl) :Sl44-9.
exam: Rapid Ultrasouncl in SHock in th e 28. Ayuela AzcarateJM, Clau Terre F, Ochagavia
evaluation of the critically IH. Emerg Med A, et ai. [Role of echocardiograph y in the
Clin North Am. 2010;28(1 ):29-56. hcmodynamic monitorization of critica i
18. Cholley BP, Vieillard-Baron A, Mebazaa patients]. Medicina intensiva I Sociedad
A. Echocarcliography in the ICU: time Espanola de Medicina Intensiva y Unidades
for widespread use! l ntensive Care Med. Coro narias. 2012;36(3) :220-32.
2006;32 ( 1) :9-1 o. 29. Melamecl R, Sprenkle MD, Ulstad VK, et al.
19. Marum S, Price S. The use of echocardiography A~scssment of Ieft ventricular function by
in the c riticall y i li; th e role o f FADE (Fast intensivislS using hand-held echocardiography.
Assessment Diagnostic Echocarcliography) Chest. 2009;135(6) :1416-20.
training. Cun- Cardiol Rev. 2011;7(3): 30. Fletcher N, Geisen M, Meeran H, et ai. In itia!
197-200. clinicai e xperie nce with a miniaturized
20. McLean A. Echocardiography in shock r.ransesophageal echocardiography probe
manageme nt. Criticai Care. 2016:20:275. in a cardiac intensive care unit.J Cardiothon\C
21. Levitov A, Fran ke l HL, Blaivas M, et a i. Vasc Anesth. 2015;29(3) :582-7.
Guidelines for the Approptiate Use of Bedside
3 1. Cioccat·i L , Baur HR, Berger D , et a i.
General and Cardiac Ultrasonogt·aphy in
He moclynamic assessment o f critically ill
the Evaluation of Critically Ill Patients- Part
parients using a minialUrized transesophageal
11: Cardiac Ultrasonography. Criticai Care
echocardiograph y probe . Crit Care.
Medicine. 2016;44(6):1206-27.
2013;17(3):R12l.
22. Ore n-Grinberg A, Tal mor D , Brown SM.
32. Shokoohi H, Boniface K, Pourmand A, et
Focused criticai care echocardiography. Crit
Care Med. 2013;41(11):2618-26. ai. Bedside Ultrasound Reduces Diagnostic
23. Mok KL. Make it simple: enhanced shock U nce rtaimy and Cuides Resuscitation in
management by focused cardiac ulu-asound. Patients With Undifferenliated Hypotension.
Journal o f Inte nsive Care (2016) 4:51. Crit Care Mcd 2015; 43:2562-69.
24. Beaulieu Y. Bedside echocardiog•-aphy in the 33. Bemier:Jean A , Albert M, Sh iloh AI, et ai.
assessmem of the críti cally ili. Crit Care Med. The Diagnostic and Therapeutic Impact
2007;35 (5 Suppl) :5235-49. of Point-of-Care U ltraso nography in the
25. Beaulieu Y, Ma1ik PE. Bedside ulu-asonography Intensive Care Unit. J 1ntensive Care Med.
in th e JCU: part 2. Chest. 2005;128(3) :1766-81. 2017;32(3): 197-203.
26. Repesse X, Bodson L, Vie illard-Baron A. 34. Vincent.JL, Rhodes A, Perel A, et al. Clinicai
Doppler echocardiography in shocked patients. re1~ew: Update on hemodynamic monitoring-a
Curr Opin Crit Care. 2013;19(3) :221-7. consensus of 16. Crit Care. 2011;15(4):229.
105
Avaliação de Fluidorresponsividade
Guiada pela Ecografia
107
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
108
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecogralia
O DVCI pode ser facilmente acessado A análise da variação da VCI para esti-
por meio da janela subxifoide, devendo mar a PAD é validada principalmente para
ser medido a cerca de de 1 a 3 em do átrio pacientes sob ventilação espontânea.
A B
Figura 1 0.2. Medida da veia cava inferior (A). Modo bidimensional. Deve-se medir o maior e menor diâme-
tro da veia cava inferior (VCI) a cerca de 1 a 3 em de sua desembocadura no átrio direito (AD), antes da veia
hepática (VH). (B) Modo M. Deve-se alinhar o cursor do modo M no mesmo ponto da medida em (A) e ativar
a função do modo M; em seguida, medir o maior e menor diâmetro da veia cava.
Tabela 1 0.1. Estimativa da pressão atrial direita, de acordo com o diâmetro máximo da veia cava
inferior e sua variação respiratória
Diâmetro máximo da veia cava inferior, em s 2,1 s 2,1 > 2,1 > 2,1
Variação respiratória do DVCI,% >50 <50 >50 <50
PAD estimada, mmHg 3 (0-5) 8 (5-10) 15 (10 -20)
VCI: veia cava inferior; DVCI: diâmetro da veia cava inferior; PAD: pressão atrial direita.
109
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Nos pacientes sob ventilação com pressão E' importante estar atento para não se
. . .... - .
positiVa, este parametro nao possUI a mesma medir de forma equivocada o diâmetro e
. . .... .
acurac1a, uma vez que a propna pressao
- a variação da aorta abdominal, que passa
positiva já acarreta normalmente certo au- próximo (posterior e media! à VCI). A VCI
mento na PAD, tendendo a distender a veia tem conexão com a veia hepática, desem-
cava. No entanto, uma VCI com diâmetro boca no átrio direito, tem parede fina e
máximo< 1,2 em no paciente sob ventila- ainda não tem fluxo pulsátil ao Doppler
ção mecânica tem especificidade próxima colorido e pulsátil. J á a aorta abdominal
de 100% para predizer PAD <lO mmHg. 9 não se conecta com a veia hepática nem
com o áu·io direito, tem parede espessa e
Fatores confun didores
possu i fluxo pulsá til (ver capítulo 4).
11 o
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecogralia
Figura 10.4 . Relação E/E'mitral (A). Medida do Doppler pulsado mitral. Deve-se colocar a amostra do
Doppler no interior do ventrículo esquerdo ao nível do plano máximo de abertura da valva mitral, entre as
duas cúspides; em seguida, ativa-se a função do Doppler pulsátil; será formado um traçado com duas curvas
positivas: onda E (enchimento rápido precoce) e onda A (contração atrial). (B) Doppler tecidual da parede
lateral do VE. Alinha-se o curso do Doppler na borda lateral do anel mitral e ativa-se a função do Doppler
tecidual; o resultado será um traçado com duas curvas negativas: onda E' e onda A', que representam a
velocidade deslocamento do tecido cardíaco durante as duas fases mencionadas do enchimento diastólico.
Dividindo-se o valor da onda E pela E·, obtemos a relação (neste paciente, os resultados foram: E63; E'5,7;
relação EIE'll).
111
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
112
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecogralia
A B
Figura 10.6. Obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo. (A) Incidência apical de 5 câma-
ras, em que podemos visualizar aceleração do fiuxo sanguíneo na via de saída do ventrículo esquerdo (VE)
ao Doppler colorido (seta). (B) Curva do Doppler contínuo do fluxo na região da via de saída do VE, onde
visualizamos o padrão de aceleração ao final da sístole, sugestiva de obstrução dinâmica da via de saída do
VE ("sinal da adaga"), com velocidade de pico de cerca de 3m/s (gradiente dinâmico de 36 mmHg). AD: átrio
direito; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito.
113
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
114
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecografia
Outros fatores que prejudicam sua acu- Em estudo recente com 20 pacientes em
rtícia são: presença de disf1.rnção ventricular estado pós~pcratório, a variação da pressão
direita, hipertensão pulmonar, regurgita- de pulso arterial teve maior acurácia (área
ção tricúspide moderada a importante, ele 0,92) para previsão de fluidorresponsi-
hiperinsuflação pulmonar e hipertensão vidadc do que o índice de distensibilidadc
abdominal. 22
da VCJ (área ROC de 0.84). No entanto, os
A variação da pressão intratorácica du- pontos de corte melhor encontrados para
rante o ciclo respiratório espontâneo cos- fluidorresponsividade foram de 12% para
tuma ser menor e muito mais imprevisível a VPP e 16% para o índice de distensibili-
em comparação à ventilação com pressão dade da VCI. 31
po itiva. Isto diminui a acurácia deste índice
para previsão de fluidorresponsividade. Em outros dois estudos recentes, não
foi evidenciado bom desempenho do ín-
Assim, nos pacientes sob ventilação es-
pontânea, a variação da VCI tem melhor dice de distensibilidade da VCI para flui-
acurácia para estimativa da PAD do que dorrcsponsividade. 32·33 Um foi realizado
para estimativa da responsividade a flui- em crianças submetidas à neurocirurgia.
dos. A especificidade da variação da VCI é O outro envolveu adultos no pós-opeatório
maior do que sua sensibilidade para estimar imediato de cirurgia cardíaca, embora não
fluidorresponsividade nestes pacientes. Ou tenha havido, neste trabalho, homogenei-
seja, caso haja uma variação significativa da dade em relação ao tipo e à quantidade de
VCI no paciente em ventilação espontânea fluido ofertado.
(sem esforço respiratório significativo) , pro-
vavelmente ele será respondedor a fluidos.
Mas caso não haja variação s ignificativa, Pré-requisitos
ni\o está descartada a possibilidade de ele O paciente deve estar em venti lação
se beneficiar da infusão de fluidos. mecânica controlada, sedado, sem cbivP
respiratório, com volume corrente próximo
(ndice de distensibilidade da veia cava a 8 mL/ kg, sem pressão positiva expiratória
final ( PEEP) elevada.
inferior
Hipertensão intra-abdominal, hiper-
O índice de distensibilidade da VCI
te nsão pulmonar, disfunção ventricular
representa a variação do DVCI durante a
direita ou refluxo tricúspide em grau mo-
ventilação mecânica (aumento inspiratório
derado a importante também pr<:judicam
do diâmetro), medido pelo ETI.
a interpretação.
Os estudos iniciais divergiram em relação
ao tipo e à quantidade de fluido infundido, A presença de arritmia não parece pre-
ao método de medida do DC e ao ponto judicar de forma significativa a acurácia
de corte para definição de fluidorrespon- deste parâmetro.
sividade, que variou en trc 12 e 18% . A
sensibilidade e a especificidade variaram,
Fatores confund idores
respectivamente, de 70 a 100% c 53 a LOO%,
com área sob a curva COR oscilando entre Deve-se estar atento também à modifi-
0,81 e 0,91.23-30 cação da direção do eixo longitudinal da
Existem duas fórmulas diferentes que VCI, provocada pela respiração, que pode
foram validadas para o cálculo elo índice de prejudicar a acurácia da medida de seu
distensibilidade, c01úormc a Tabela I 0.2.2'2·30 diâmetro realizado pelo Modo M.
115
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAP IA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
Tabela 10.2. Descrição dos diferentes estudos que avaliaram o índice de distensibilidade da veia
cava inferior
Autor Núm Cálculodo4 Definição Prova de volume Ponto de Area
pcts DVCI de fluido- corte sob
responslvidade ROC
Barbier et al. 24 20 (Dmax- Dm in) 1' IC > 15% (Eco TT) 7 ml/kg cololide 18% 0,91
Dmin
Feissel et a1.2l 39 (Dmax- D m in) 1' DC > 15% 8 m i/Kg HE5 6% 12% NR
(Dm édio) (Eco TT)
Moretti e Pizzi 25 29 (Dmax - D m in) 1' IC> 15% 7 ml/kg HES 6% 16% 0,90
Dmin (Termodilu ição
transpulmonar)
Machare- 25 (Dma x - D min) 1' IVS > 10% (Vigileo) 500 ml cristalo ide 12% 0,81
Delgado26 Dmin
Charbonneau 44 (Dmax - D m in) 1' 15% IC 7ml/kg coloide 21% 0,43
et ai. 27 Dmin (Eco TT)
Theerawit 28 29 (Dmax- D m in) 1' 15% DC 1000 ml SF0,9% 10% 0,67
(Dm édio) (ACP) 500 ml HES6%
500ml Alb 5%
Lu et ai. 29 49 (Dmax - Dm in) 1' 10% IC 200 m l SF0,9% 20,5% 0,81
Dmin (Eco TT)
Vignon et al.'0 540 (Dmax- Dm in) 1' 10% VS n o (Eco TT) NA 8% 0,63
Dmin
VCI: veia cava inferior; VM: ventilação mecânica; Eco TI: ecocardiograma transtorácico; Dmáx: diâmetro máximo; Dmín:
diâmetro mínimo; Dmédio: diâmetro médio; IVS: índice de volume sistólico; Núm pacts: número de pacientes; DC: débito
cardíaco; IC: índice cardíaco; HSA: hemorragia subaracnóide; HES: hidroxietil; ACP: análise do contorno de pulso; NR: não
relatado; NA: não se aplica; Alb: albumina
116
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecografia
117
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
118
Capftulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecografia
volume que usua lme nte d efinimos para Alg uns autores recomendam re petir
fluidorresponsividade (12 a 15%).1 ; a m e dida do DC a lg uns minutos após a
mano bra (cerca de 4 minutos), para se
ter certeza de que o DC diminuiu com o
Elevação passiva de membros inferiores abaixam ento dos me mbros. Um aumento
(Passive Leg Raising ou PLR) sustentado do DC pode ser decorrente de
algum fator externo ou ansiedade induzida
A e levação passiva dos membros in-
pela manobra (Figura I 0.8).
fe riores constitu i manobra que avalia o
aumento fugaz do DC induzido pe la mo-
bilização passiva do pacie nte. A elevação Vantagens
dos m e mbros inferio res e m um pacie nte Uma grande vantagem desta técnica
em decúbito do rsal d eve mobilizar apro- é que e la não possui o r isco de provocar
ximadamente 300 m L de sangue para o sobrecarga hídrica, caso o pacie nte não
com pa rtim e n to in tra torácico. Naqueles seja responsivo, uma vez que o efeito de
pacientes que estão na fase ascendente mobilização dos líquidos e ntre os comparti-
da curva de Frank-Star ling, estima-se que mentos corporais é fugaz, reverte ndo após
esta mobilização mom e ntânea d e fluidos alguns minutos.
seja suficie nte pa ra aumentar o DC. Para
Outra vantagem impo rtan te é que pode
aumentar a se nsibilidade desta manobra,
ser realizada pa ra avaliação de fluidor-
recomenda-se que o paciente esteja inicial- responsividade m esm o e m pacientes sob
mente com tórax e levado a p e lo menos ventilação espontânea, com volume cor-
45° e pernas estendidas sobre o le ito. Em rente baixo.
seguida, devem-se adotar os seguintes pas-
Em pacie ntes com a rritmias, acre dita-se
sos:11 medir o DC (ou VS ou VTI VSVE);
que este m étodo também possa er utiliza-
abaixar a cabeceira do paciente para zero
do, embora n ão haja nenhum esLudo que
grau e e levar os membros infe1;ores a 45°;
tenha testado esta hipótese com número
e me dir o DC cerca de 1 a 2 minutos após
significativo de pacienLcs.
e levação dos membros inferiores.
Um a metanálise recente avaliou 23 es- A B
w{ ~
tudos, incluindo 1.01 3 pacie ntes. Foram
observadas se nsibilidade d e 86% e espe-
cificidad e de 92%. Um aumento de 12 a
15% do VS ou VTI VSVE o u DC provocado T-- ------ -r
pela manobra do PLR possui capacidade de VTI VTI
prever aume nto de 12 a 15% do DC com a Figura 1 0.8. Elevação passiva dos membros in-
infusão de 500 mL de cristaloide com área feriores. Inicial mente o paciente deve estar com
sob a curva ROC C! 0,95. 19 cabeceira elevada a cerca de 45• e com membros
Alguns autores criticam , todavia, o fato estirados no leito (posição A). Deve-se medir um
de que a maioria dos eswclos que avaliar.:~m controle basal do débito cardíaco ou integral ve-
a acurácia do PLR para responsividade a locidade-tempo (Vfl) da via de saída do ventrículo
volume uti lizaram o ecocardiograma para esquerdo. Em seguida, devem-se abaixar a cabeceira
registrar as vadações do DC induzidas pela do paciente e elevar seus membros inferiores em
manobra. Argumentam que o ideal seria 45" (posição 8). Após cerca de 1 minuto na nova
utilizar outros m étodos de mensuração posição, deve-se repetir a medida do débito cardíaco
contínua do DC, uma vez que pode haver (ou Vfl da via de saída do ventrículo esquerdo) e
discrepâ ncia entre os métodos.;.o avaliar se houve resposta.
119
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
120
Quadro 1 0.3. Vantagens e desvantagens dos principais métodos ecográficos de avaliação de pré-carga e fluidorresponsividade Q
-o
_,
~
Sinal de obliteração Nenhum Nenhum Fácil reconhecimento de Ocorrência infrequente, em Nível básico o
telessistólica- "sinal do beijo" estado hipovolêmico e/ou casos mais graves (baixa
(ETTouTE) hiperdinâmico sensibilidade)
Obstrução dinâmica da VSVE Nenhum Repercussão Representa estado Exige maior experiência em Nível médio
(ETT ou TE) hemodinâmica quando hiperdinâmico e/ ecocardiografia para uso do
gradiente> 30 mmHg ou hipovolêmico e/ou Doppler colorido e contínuo
no Doppler continuo miocardiopatia hipertrótica
fndice de distensibilidade da Paciente sob VM controlada, sedado, Omax - Dmin > % Não invasivo Requer se dação profunda, VM Nível básico
12
veia cava inferior (ETTJ sem esforço respiratório, VT 8 mL/ Dmed Fácil execução controlada
kg, sem HP moderada a severa, sem Pode ser usado em arritmia Difícil realização em pacientes
disfunção de VD Dmax -Dmin com distensão abdominal
>18%
Dmin
fndice de colapsabilidade da Paciente sob VM controlada, sedado, Dmax - Dmin > % Minimamente invasivo RequerETE Nível avançado
36
veia cava superior (ETE) sem esforço respiratório, VT 8 mllkg, Dmax Pode ser usado em arritmia Muitos pré-requisitos
sem HP, sem disfunção de VD
fnd ice de colapsabilidade da Paciente sob ventilação espontânea, Dmax - Dmin Fácil execução Baixa sensibilidade para Nível básico
veia cava inferior (ETT) sem esforço respiratório significativo, Dmax Maior acurácia para previsão estimar fluidorresponsividade
sem HP, sem disfunção de VD de p ressão atrial direita Dificuldade de controlar
esforço respiratório
Variação da velocidade de Paciente sob VM controlada, sedado, VAo max- Vao m in Minimamente invasivo Requer preferencialmente ETE Nível avançado ~
ã;'
fluxo aórtico na VSVE (ETE) sem esforço respiratório, VT 8 ml/ VAomed Muitos pré-requisitos .,....
kg. sem arritmia, sem HP moderada a ''"
o
a.
severa, sem disfunção de VD fl)
Variação da velocidade Paciente sob VM controlada, sedado, VAo max - Vao min Minimamente invasivo Deslocamento frequente Nível médio
-
"TI
c
do fluxo aórtico na aorta sem esforço respiratório, VT 8 ml/ VAomed Mais fácil execução do que ETE da sonda esofágica pela g:
~
descendente (Doppler kg, sem arritmia, sem HP moderada a mobilização do paciente iil
V>
esofágico) severa, sem disfunção de VD Requer sedação profunda, "8
VM controlada, sem arritmia ~
Elevação passiva dos membros Paciente sem hipertensão intra- Não invasivo Requer um maior treinamento Nível médio
<
a.
Q)
inferiores (ETT ou ETE) abdominal, sem fratura ou trombose Pode ser usado em ventilação para realização da medida da a.
de MMII mecânica ou espontânea e, VTI de forma rápida e correta "'cG1
possivelmente, em pacientes ã;'
a.
com arrit mia Q)
-o
ETT: ecocardiograma transtorácico; ETE: ecocardiograma transesofágico; VSVE: via de saída do ventrículo esquerdo; VM: ventilação mecânica; VT: volu me corrente; HP: h iperten são pulmo- "'êü
nar; VD: ventrícu lo direito; Dmax: diâmetro máximo; Dmin: d iâmet ro m ínimo; Dmed: diâmetro médio; VAo max: velocidade do fluxo aórt ico máximo; VAo min: velocidade do fluxo aórtico ;:r
~ m ínimo; VAo med: velocidade do fluxo aórtico médio; MMII: membros inferiores; VTI: integral velocidade-tempo. sa;
N
~
~
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 10.9. Variação do diâmetro da veia jugular interna durante o ciclo ven tilatório. (A) Imagem bidi-
mensional em corte transversal da veia jugular interna. (B) Variação do diâmetro da veia jugular no Modo M.
122
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecogralia
A B
Figura 10.1O. Ultrassom pulmonar. (A) Imagem do ultrassom pulmonar normal: visualizamos a linha pleural
(LP) e as linhas A, que são paralelas à LP. (B) Sinal da cauda do cometa: presença de múltiplas linhas Bagrupa-
das, que são linhas verticais, que se iniciam na LP, percorrem toda a tela, movimentam-se com a respiração,
apagando as linhas A.
123
~ li
IV
Padrão 8 s:
""" bilateral ""
l'i
USG Disfunção ventricular Tamponamento ::::
pulmonar esquerda pericárdico <"'
Padrão A
"'o.
V>
ro
bilateral
Ecocardiograma
s:
~
Sinais de hipovolemia transtorácio TEP? ,-,
Sobrecarga de :::>
extrema ("sinal do Cor pu/mona/e
beijo': obstrução
câmaras direitas
agudo?
"':::>
ib
dinâmica de VSVE, veia :::>
V>
cava inferior::; 1,1 em Sem dados <'
ou colabando) relevantes "'
Ventilação
Mecânica (VMI)
""
õ:l
V>
)>
Variação da velocidade de pico da artériabraquial z
Variação da velocidade de pico do fluxo carotídeo -I
m
z
~
Figura 1 0.11 . Fluidorresponsividade guiada pela ecografia. Diante de um paciente com sinal de choque e/ou hipoperfusão, realizamos o ecocardiograma. Caso ~
m
sejam evidenciados sinais diagnósticos relevantes, como de hipovolemia extrema, sobrecarga de câmaras direitas, tamponamento pericárdico ou disfunção ven- z)>
tricular, medidas terapêuticas específicas devem ser instituídas. Vale lembrar que, nos pacientes previamente portadores de insuficiência cardíaca, é interessante s:
m
realizar ultrassom (USG) pulmonar; a ausência de linhas B pode significar que a causa do choque não seja cardiogênico, podendo ser séptico por exemplo. Caso o
li
o ecocardiograma seja aparentemente normal, sem dados relevantes, podemos partir para a realização de testes de fluidorresponsividade, conforme o paciente z)>
esteja em ventilação mecânica (VM) ou espontânea, com ou sem arritmia. Na presença de positividade do teste, podemos administrar fluidos. A depender do o
m
c
grau de comprometimento respiratório do paciente, pode-se realizar o USG pulmonar antes da administração de fluidos, no intuito de pesquisar sinais de edema ""
,.,
G1
intersticial pulmonar ("sinal da cauda do cometa"). TEP: tromboembolismo pulmonar; angio-TC: angiotomografia; NO: óxido nítrico; PLR: passive leg raising; VCI: veia z
li
cava inferior; VCS: veia cava superior; VJI: veia jugula interna; VSVE: via de saída do ventrículo esquerdo; ETE: ecocardiograma transesofágico; Ao: aórtico. )>
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecogralia
125
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
126
Capítulo 10 Avaliação de Fluidorresponsividade Guiada pela Ecografia
127
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
38. Monnet X, Chemla D, Osman D, et al. Measuring u·ansthoracic echocardiography is not yet
aortic diameter improves accuracy of esophageal evidence based. Acta Anacsthesiol Scand.
Doppler in assessiJ1g fluid responsiveness. C1;t 2013;57:692-7.
Care Med. 2007;35(2):477-82. 51. Mulle1· L, Toumi M, Bousquet PJ, et a i.;
39. Fe issel M, Michard F, Mang in 1, et ai. AzuRéa Croup. An increase in aortic blood
Respiratory changes in aorti c blood ve locity flow after an infusion of 100 ml colloid over 1
as an indicator of fluid responsiveness in minute can preclict fluid responsiveness: the
ventilated pati ents wit.h septic shock. Chest. mjni-fluid challenge study. Anest.hesiology.
2001;119(3) :867-73. 2011;115(3):541-7.
40. Monnet X , Ri enzo M , O s m an D , et. a i. 52. Wu Y, Zhou S, Zhou Z, et ai. A 1O second
Esoph ageal Doppler monitoring predicts fluid c hallenge g uide d b y tra n sthoracic
fluid rcsponsivcness in critically ili ventilated echoca rdi ograph y ca n predict fluid
patient.s. lntensive Care Med. 2005;31 (9) :1195- responsiveness. Crit Care. 2014;18(3) :RIOS.
201. 53. Vignon P, Re p essé X , Bégot E , et a i.
41. Guinot PC, d e Broca B, Abou Arab O, et ai. Comparison o f echocardiograp hic índices
Abili ty of su·oke volume variation measured by used to predict fluid responsiveness in
oesophageal Dopple r mo nitodng r.o predict ve ntila ted patie nts. Am J Respir Crit Ca re
fluid responsiveness during surgery. Br J Med. 2017;195(8) : 1022-32.
Anaesth. 2013;110(1) :28-33. 54. Guarracino F, Ferro B, Forfori F, et ai. Jugular
42. Ma11ioub Y, Pila C, Fdggeri A, et ai. Assessi ng vein distensibility predict.s fluid responsiveness
fluid responsiveness in critically ill patients: in septic patient.s. Crit Care. 2014; 18(6):647.
False-positive pulse pressure variation is 55. Lu N , Xi X ,Jiang L, et a i. Explo rin g th e
detected by Doppler echocardiogra phic best predictors of fluid n:sponsiveness in
evaluation of the right ventricle. Crit Care patients with septic shock. Amj Emerg Med.
Med. 2009;37 (9) :2570-5. 2017;35(9):1258-1261.
43. De Bac ke r D , Scolletta S. Why d o pulse 56. Ned e l WL, S i m as DM, Marin LG, e t ai.
pressure variations fail to predict Lhe response Respira tO I)' variation in femoral vein diameter
to fluids in acute respiratory dislress syndrome has moderate accuracy as a marke1· of flui c!
paticnts ventilar.ccl with low tida! volume? Crit responsivity in m echanically ve n ti la te d
Care. 2011;15(2) :150. septic shock pa tient.s. Ultrasound Meel Biol.
44. de Waal EE, Rex S, Kmitwage n CL, et a i. 2017;43(1]) :2713-2717.
Oynamic preload indicators fai l to preelict. 57. Cecconi M, Pa rsons AK, Rh odes A. What
fluid responsiveness in open-chest conditions. is a fluiel c halle nge? Curr Opin Crit Care.
Crit Care Med. 2009;37(2):510-5. 2011;17(3):290-5.
45. De Backer D, Taccone FS, Holsten R, eL ai. 58. Hilton AK, Be!Jomo R. A crilique of fluiel
1nlluence of respiratory rate on stroke volume bolus resuscitation in severe se psis. Crit Care.
v;uiation in mechanicall y ventilated patien t.s. 2012;16(1):302.
Ancsth esiology. 2009;110(5) :1092-7. 59. Lichtenstein D. Fluid administration limiteel by
46. Mercat A , Di e hl JL, Meyer G , et a i. lung sonography: the place oflung ultrasound
H emodynamic effects of fluiel loading in in assessment ofacute circulatory failu re (the
acute massive pulmonaq' embolism. Crit Care FALLS-protocol) . Expert Rev Respir Med.
Med. 1999;27 (3) :540-4. 2012;6(2) :155-62.
47. Dinh VA, Ko h HS, Rao R. Measuring careliac 60. Via C, Hussain A, Wells M, et ai.; International
inde x with a focused careliac ul trasounel Liaison Committee on Foc used Careliac
examination in the ED. Am j Emerg Med. UltraSo und (lLCFoCUS); l nternational
2012;30(9) : 1845-51. Conference on Focuseel Careliac U lu-aSound
48. Monnet X, Teboul JL. Passive leg raising; five (IC-FoCUS). lntemation al evide n ce-baseel
rules, nota elrop of fluiel. Crit Care. 2015;19:18. recomme ndatio ns for foc u sed careliac
49. Cherpanat.h TG, Hi1·sch A, Geens BF, et. ai. ul trasounel. J Am Soe E c h ocareli ogr.
Predicting fluiel 1·esponsiveness by passive 20 14;27 (7) :683.e1-683.e33
leg raising : a syste.malic r eview anel meta- 61. Lee CW, Kory PD, Arn tfi elel RT. Development
analysis o f 23 clinicai trials. Crit Cm·e Med. of a fluicl resuscitation protocol using infe1ior
2016;44(5) :981-91. vena cava anel lung ultrasound.J Crit Care.
50. Wetterslev M, H aase N,johansen RR, et 2016;31 (1):96-100.
a i. Predic tin g fluiel responsiven ess with
128
Ultrassonografia Pulmonar na Unidade
de Terapia Intensiva
129
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
as pleuras parietal e visceral. Abaixo das zamento das pleuras e dos pulmões, com a
costelas, haverá uma sombra acústica. Abai- respiração, correspondem à areia da praia
xo da linha pleural, no espaço intercostal, (Figura 11.2). A pesquisa do deslizamento
podemos obsen,ar umas linhas horizontais pleural pelo Modo M é mais fidedigna do
paralelas à linha pleural, denominadas que pelo modo bidjmensional. 3
"linhas A". Tais linhas são decorrentes das A presença do deslizamento pleural
reverberações sucessivas da linha pleural exclui o diagnóstico de pneumotórax no
(altamente ecorrefringente), em que o ponto em que se observa o deslizamento.
transdutor funciona como uma superfície Todavia, sua ausência pode ser decorrente
refletora. Quando a superfície pulmonar
está normalmente aerada, a onda ultras-
sônica é assim refletida repetidas vezes.
Como a distância entre os ecos repetidos
é sempre a mesma, formam-se diversas
linhas horizontais paralelas à Iin h a pleural
conforme ilustrado na Figura 11.1. ~5
O primeiro achado a ser pesquisado na
use pulmonar é o deslizamento pleural,
que representa o movimento da pleura vis-
cera! sob a pleura parietal, durante o ciclo
Figura 11 .2. Sinal da praia. (A) Observar imagem
ventilatório. Esta pesquisa pode ser efetuada
no modo bidime nsional ou pelo Modo M. acima em modo bidimensional de ultrassonografia
No modo bidimensional, a utilização de um pulmonar, na qual aparecem linha pleural e cursor
transdutor de maior frequência e a redução do modo M selecionando estruturas a serem visu-
da profundidade do campo de obse rvação alizadas pelo Modo M. Abaixo, observar imagem
possibilüam a melhor visualização desta mo- em Modo M representando a movimentação das
vimentação, que pode ser difícil em alguns estruturas atravessadas pelo cursor ao longo do
casos. Pelo Modo M, deve-se posicionar o tempo. (B) No Modo M, podemos obsevar que o
cursor através do espaço intercostal, se ndo aspecto do pulmão abaixo da linha pleural tem um
visualizado, no exame normal, o caracte- aspecto granulado irregular, semelhante à areia da
rístico "sinal da praia": na parte superior, praia. Já as estruturas situadas acima da linha pleural
a parede torácica (imóvel) corresponde às têm aspecto mais homogêneo, correspondente ao
ondas do mar e, na parte infe rior, o desli- mar da praia.
Pulmão
Figura 11 .1. Ultrassom pulmonar normal. (A) Posicionamento do transdutor na parede torácica, perpendicular
ao espaços intercostais. (B). Representação esquemática da incidência do feixe de ultrassom sobre o tórax. (C)
Imagem de ultrassom pulmonar normal, na qual podemos visualizar a linha pleural, linhas A equidistantes
entre si e as sombras acústicas (regiões anecóicas escuras) abaixo das costelas.
130
Capítulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
Figura 11 .3. Linha B. Observar linhas verticais originadas na Linha pleural, bem definidas, apagando as
linhas A. sendo propagadas até o final da tela. Ocorre progressão do grau de edema pulmonar de (A) até (C).
Há maior quantidade de linhas B em (B) do que em (A). Em (C) existe um padrão de linhas B coalescentes
("padrão em cortina·).
131
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 11 .4. Espessamento e condensações subpleurais. (A) Observar linha pleural com áreas de espessa-
mento e presença de regiões hiperrefringentes abaixo da linha pleural, associada à presença de algumas
linhas B, em paciente com síndrome do desconforto respiratório. (B) Padrão de consolidação, com múltiplos
pontos hiperrefringentes de aspeto irregular.
132
Capítulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
MHz. Na prática clínica, qualquer transdutor • Zona 2: parte torácica lateral. Deli-
pode ser usado, porém o transdutor macro- mitada pelas linhas axilares anterior
convexo (normalmente utilizado para USG e posterior.
abdominal), que possui maior comp1imento • Zona 3: parede torácica posterior.
de onda, é mais apropriado para a maioria Delimitada pela linha axilar posterior
das situações. Para avaliação de estruturas
e coluna vertebral.
mais pe1iféricas como a linha pleural, um
transdutor de alta frequência (e consequente- O examinador deve colocar o trans-
mente menor comprimento de onda), como dutor no espaço intercostal e m posição
o linear (usualmente utilizado para acesso perpendicular às costelas, orientado cranial-
vascular guiado), oferece resolução mais me nte. Posteriormente, pode-se colocar o
apropáada. Entretanto, para o diagnóstico da transdutor também em posição oblíqua ou
consolidação e na identificação da síndrome paralela ao longo dos espaços intercostais,
intersticial, Tasci et ai. demonstraram maior possibilitando a detecção de extensão maior
sensibilidade do transdutor rnicroconvexo em da pleura e m determinado espaço.15 Para
comparação ao linear, sendo, respectivamente, realizar um exame completo, recomenda-
78% vs. 89% e 94% vs. 80%.14 -se que o observador explore as regiões
Para a realização do exame, cada he- superiores e inferiores de cada zona acima
mitórax é dividido e m três zonas, todas descrita (Figura 11.5).
limitadas inferiormente pelo diafragma: A avaliação dos campos pulmonares não
• Zona 1: parede torácica anterior; difere e ntre os dois médicos difundidores
delimitada acima pela clavícula, me- da técnica m encionados anteriormente.
diahnente pelo rebordo lateral do Contudo, Lichtenstein preconiza a ob-
esterno e lateralm e nte pela linha servação de alguns pontos-chave: ponto B
axilar anterior. superior (Bl), ponto B inferior (B2), ponto
A B
Figura 11.5. Zonas torácicas de avaliação pela ultrassonografia pulmonar. Zona 1 (parede torácica anterior):
delimitada acima pela clavícula, mediaimente pelo rebordo lateral do esterno e lateralmente pela linha axilar
anterior. Zona 2 (parte torácica lateral): delimitada pelas linhas axilares anterior e posterior. Zona 3 (parede
torácica posterior): delimitada pela linha axilar posterior e coluna vertebral.
133
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 11 .6. Pontos pulmonares. segundo o protocolo Bedside l ung Ultrasound in Emergency (BLUE). Ponto
B1: localiza-se entre as articulações metacarpofalangeanas do quarto e do terceiro dedo da mão superior.
Ponto 82: corresponde ao meio da palma da mão inferior. próximo ao mamilo do paciente. Ponto frênico:
situado na zona lateral, na intersecção entre a linha axilar média e uma linha reta traçada na borda inferior
da mão inferior do examinador (usualmente correspondente à linha frênica), um pouco abaixo da linha do
mamilo. Ponto PLAPS: localizado na intersecção entre a linha axilar posterior e uma linha reta horizontal
traçada ao nível do ponto 82 em direção ao dorso do paciente.
134
Capítulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
...,
...,
Figura 11 .7. Esquemas dos perfis pulmonares. (A) Padrão normal. Observar linha pleural e linhas A no Modo B
e sinal da areia da praia no Modo M. (B) Pneumotórax interposto entre as pleuras visceral e parietal, impedindo
as ondas de ultrassom de alcançarem a pleura visceral. (C) Edema pulmonar. Os feixes de ultrassom sofrem
múltimplas reverberações ao passarem pelos septos alveolares espessados, formando as linhas Bno Modo
B. (D) Consolidação. Os feixes de ultrassom incidem sobre o pulmão consolidação, com aparência de víscera
sólida. (E) Derrame pleural interposto entre a pleura visceral e parietal. Fonte: adaptado de lichtenstein D.
The Whole Body Ultrasound in The Criticai Ili. Springer, 2010.
135
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 11.8. Fluxograma diagnóstico do protocolo Bedside Lung Ultrasound in Emergency (BLUE). Observar
possibilidades diagnósticas a partir do perfil dos achados obtidos do ultrassom pulmonar. TVP: trombose venosa
profunda. PLAPS: síndrome pleuro-alveolar posterolateral. Fonte: adaptado de Lichtenstein DA, Meziere GA.
Relevance of lung in the diagnosis of acute respiratory fa ilure: The BLUE Protocol. Chest. 2008;134(1):11 7-25
136
Capítulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
o-
Vl
......
Vl
~
Figura 11 .9. Sinal do código de barras (ou sinal da estratosfera). (A). Imagem do modo bidimensional e do
Modo M (sinal da estratosfera). (B) Imagem de fotografia da estratosfera da Terra. (C) Imagem do código de
barras de um produto de supermercado.
137
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
Figura 11 .11 . (A) Derrame pleural homogêneo anecoico. (B) Sinal do sinusoide (derrame pleural) no Modo M.
138
Capftulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
V(mi)=D(mm) x 16
139
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
A B
Figura 11 .14. Avaliação da mobilidade diafragmática. (A) Posicionamento do cursor do Modo M. (B) Ampli-
tude do movimento diafragmático, correspondente à altura da onda formada.
140
Capítulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
141
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
142
Capitulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
143
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Quadro 11.1. Condições pleuropulmonares detectáveis pela ult rasso nografia pulmonar
Patologia Achados no ultrassom pulmonar Perfomance diagnóstica
Pneumotórax Ausência de deslizamento pleural; ausência de linhas Sensibilidade: 89% (88-91%)
B; presença de ponto pu lmonar Especificidade: 99% (98-99%)
Derrame pleural Fluido anecoico acima do diafragma Sensibilidade: 93% (89-96%)
Especificidade: 96% (95-98%)
Pneumonia Perfil a·; perfil A/8; consolidação; irregularidades Sensibilidade: 94% (89-96%)
subpleurais; b roncog ram as aéreos dinâmicos Especificidade: 96% (94-97%)
Doença intersticial Linhas Bem zonas afetadas; B-7 para fibrose; B-3 para Indefinido
pu lmonar vidro fosco
DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; SDRA: síndrome do desconforto respiratório agudo.
144
Capítulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
145
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
9. Picano E, Frassi f, Agricola E, et ai. Uhrasound 22. Prina E , Torres A, Carvalho C R. Lung
Lung Comets: A Clinically Usefu l Sign ultrasounel in thc evaluation of plcural
of Extravascular Lung Water. j Am Soe efTusion . .J Bras Pneumol. 2014;40(1):1-5.
Echocardiogr. 2006; 19(3) :356-63. 23. Yang PC, Lu h KT, Chang DB, ct ai. Valuc of
10. Cardinale L, Volpicelli C, Bine llo F, e t ai. sonography in dete rmining th c naturc of
Clinicai application of lung ultrasound in plcural c n·usion: analysis of 320 cases. Am .J
patie nts with acute dyspnca: eliffere ntial Rocntgcnol. l 992; J59( J) :29-33.
diagnosis between cardiogcnic anel pulmonary 24. Ro c h A, Bojan M , Michelet P, el a i.
causes. Radiol Med. 2009; 114 (7): 1053-64. Uscfu lness of ultrasonography in prcdicting
11 . Lichtenstein D, Meziere C. A lung ultraSound pleural e ffu sions > 500 ml in patients
rccciving rnechanical ventilation. Chest.
sign allowing bedsidc distinCLion bct:wcen
2005; 127 ( I) :224-32.
pulmonary edema and COPO: the comet-tail
25. Rcméranel F, Oellamonicaj, :vtao Z, ct ai.
artifact. lmensi\·e Care Med. 1998;24 ( 12): 1331-
Multi plane ulu-asotmel approach to quantify
4.
pleural clfusion at the bedside. lntensive Carc
12. llavclock T, Teoh R, Laws O, et a i. Plcural Mcd. 20 I 0;36( 4) :656-64
procedures anel thoracic ultraso und: British 26. Xirouchaki ', Magkanas E, Vaporicli K, ct
Thoracic Society p1eural disease guideline ai. Lung ultrasound in criticall y ill paticnLs:
2010. Thorax. 2010; 65(Suppl 2):i61-76. comparison with bcdsiele chest radiography.
13. Lichtenstein D , Mczi cre C, SelitzJ. Le lmensivc Care Med. 201 1;37(9): 1488-93.
bronchogramme aé1ien dynamique: un signe 27. Balik M, Plasil P, WaldaufP, et ai. Ulu-asound
échographique de consolidation ah·eolaire non cslimati on of volume of pleural Ouid in
rétractiJe. Réanimation. 2002; li (Suppl 3) :98. mechanically ventilated patients. lntensivc
I I. Tasci O, Hatipoglu O l , Cagli B, et a i. Carc Mcel. 2006;32(2):318-21.
Sonography of the chcst using linear-mTay 28. Lichtcnstcin D , HulotJS, Rabiller A, ct ai.
versus sector transducers: Correlation Feasibility anel safety of ulu·asounel-aidcel
with auscultation, chcst radiography anel thoraccntcsis in mechanically vcntilated
compu ter tomography. .J Clin Ulu·asounel. paócnts. lntensive Care Med. 1999;25(9):955-8.
2016;94(6) :382-9. 29. Mayo Pl I, Coltz HR, Tafreshi M, ct ai. Safcty
l !i. Ca•·gani L, Vo lpicc 11i G. Careliovasc. ofultrasound-guideel thoracentesis in pat.icnts
recc iving me c han ical ventilation. Chcst.
Ultrasound. 2014;12:25.
2004; 125(3): 1059-62.
16. Soummer A, Perbet S, B•·isson H, Arbclot C, et
30. Yang PC, Lu h KT, Lcc YC, et ai. Lung absccsses:
ai.; Lung Ulu-asound Study Group. Ultrasound
US cxamination and US-guideel transthoracic
asscssmcnt oflung acration loss during a aspiration. Radiology. 1991;180(1):171-5.
successful weaning uial p•·edicts postextubation 3 1. Yu CJ, Yang PC, Chang DB, et ai. Diagnostic
distress. CJit Care Meel. 20 12;40(7) :2064-72. anel thcrapeutic use o f ch est sonograph)•:
17. Bouhcmael B, Zhang M, Lu Q, Rouby lJ: valuc in crilically ill patients. Amj Rocntgcnol.
ClinicaJ review: Bedsidc lung ulu-asound in 1992; 159( 4):695-701.
criticai care practice. Crit Care. 2007; 11(I ):205. 32. Santana PV, Prina E, Albuquerque AL, et ai.
18. Oveland NP et ai. The in t rapl eural volume ldentifying decreased diaphragmatic mobility
thres holel for ultrasound clctection of anel d iaphragm thickening in interstitial lung
pneumothoraces: An expe rime ntal stuely discasc: Lhe utility o f ul trasound imaging. .J
on po•·cine moelels Scandinavian Journal Bras Pneu moi. 2016;42 (2): 88-94.
ofTrauma, Resuscitation and Ernergency 33. Kim WY, Suh HJ , Hong SB, ct ai.
Mcelicinc. 2013;21:11. Diaphragmatic dysfunction asscsscd by
19. Zhang M, Liu ZH, Yang.JX , et ai. Rapid uhrassonography:influence on wcaning
from mcchanical vcntilation. Crit Carc ~fed.
deteclion of pneumothorax b)' ultn\SOnography
20 li ;39( 12):2627-30.
in paticnts \\Íth mulliple trauma. Clit Care.
34. Matamis O, Soilemczi E, Tsagounas ~1. ct ai.
2006;10( 4):Rll2.
Sonographic evaluation of the diaphragm
20. Lichtenstein DA, Meziêre C, L.ascols N, et ai.
in criticall)' ill patients. Techniquc anel
UlmlSound diagnosis of occult pneumothorax. clinicai app lications. lnte nsive Carc Mcd,
C•·it Care Med. 2005;33(6): 123 1-8. 20 I 3;~9 (5): 80 1-JO.
2 1. Cryminski.JK, Lypacewicz G, The eliagnosis of 35. Col ig h ct· EC, Laghi F, Detsky ME, ct ai.
plcural elfusion by ultrasonic anel radiologic Mcasut· ing cliaphragm thickness with
techniques. Chest. 1976;70( I) :33-7. ultrasound in mcchanically ventila teci patients:
146
Capitulo 11 Ultrassonografia Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva
147
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
61. Baston C, West TE. Lung ulo·asound in acute 62. Bouhemad B, Zhang M, Lu Q, et al. Clinicai
respiratory diso·ess syndrom e and beyond. review: Bedside lung ultrasound in criticai care
lntensive Care Med. 2016;8(12):1546-56. practice. Crit Care. 2007;11 (1) :205.
148
Acesso Vascular Guiado por Ultrassom
---·
149
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
ser puncionado (lado direito ou esquerdo). calibre muito reduzido, pode-se colocar o
Em casos de pacie ntes hipovolêmicos, nos paciente em posição de Trendelemburg ou
quais a veia jugular in tema (\(TI) esteja com até mesmo fazer expansão volê mica para
Figura 12.1. Confirmação da equivalência da imagem exibida na tela com o lado examinado pelo trans-
dutor. Observar transdutor linear de punção vascular. Além de observar se a marca no lado do transdutor
corresponde ao mesmo lado do index da tela (círculo amarelo), pode-se também preencher o transdutor
com gel e, em seguida, manipular um dos lados do transdutor para avaliar qual o lado na tela que aparece
alguma imagem em movimento.
A B
Figura 12.2. Verificação da compressibilidade dos vasos. (A) Imagem estática, na qual podemos observar
dois vasos. (B) Imagem gerada após compressão do transdutor na pele; observar compressibilidade da veia
jugular interna (VJI) e não compressibilidade da artéria carótida (AC).
150
Capítulo 12 Acesso Vascular Guiado por Ultrassom
facilitar a punção. Por fim, deve avaliar na primeira tentativa, redução do número
proximidade com estruturas adj acentes- de perfürações da pele e redirecionamentos,
carótida (e seus ramos nobres) , tireoide, bem como redução
,
no tempo total do pro-
linfonodos, pleura (Figura 12.3); observar cedimento. E interessante ressaltar que estes
a existência de trombo no interior do vaso, desfechos pareciam independer do nível
contraindicando aquele sítio de punção; se de experiência do médico que realizava a
houver trombo no interior da veia, esta não instalação do acesso. Ou seja, médicos em
será compressível (Figura 12.4); e orientar
o paciente sobre assepsia local, e paramen-
tação completa do médico e do aparelho
de ultrassom (Figura 12.5) .
Músculo
esternocleidomastoide
(porção esternal) ./'VI!Ia jugular interna
Músculo
esternocleidomastoide Veia jugular externa
(porção clavicular)
Clavícula
Artéria subclávia
Figura 12.3. Anatomia dos vasos profundos. A veia jugular interna costuma localizar-se em posição anterior
e lateral em comparação à artéria carótida interna. Tal situação pode sofrer variação anatômica.
15 1
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 12.5. Paramentação do profi ssional e do equipamento. Observar abertura de capa protetora do trans-
dutor, seguida de colocação de gel (preferencialmente estéril), com posterior envolvimento do transdutor
com capa protetora até fixação da ponta da capa próximo à extremidade do transdutor. Cortesia do Dr Ciro
Leite Mendes, do Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa (PB).
152
Capítulo 12 Acesso Vascular Guiado por Ulrrassom
Figura 1 2.6. 1mportância da centralização do vaso na tela para realização da técnica transversal de punção.
Após exibir o vaso no centro da tela do monitor. a agulha deve ser direcionada para o centro do transdutor,
no intuito de facilitar o sucesso da punção.
Figura 1 2.7. Técnica transversal de punção da veia jugular interna. (A) Observar posicionamento da agulha
e transdutor na região cervical. (B) e (C) Exibição na tela o momento em que a agulha toca a parede do vaso.
(D) e (E) Ilustração do momento em que a agulha encontra-se no interior do vaso.
153
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
ção, sendo possível até mesmo transfixar lha bem próxima do transdutor, no
a parede posterior da veia, com risco de sentido de reduzir a distância do tra-
punção inadvertida arterial (Figura 12.8). jeto da agulha e facilitar a visualização
Para melhorar o controle da visualização da sua ponta.
da agulha, podemos optar por uma das • Usar a técnica da triangulação.
seguintes estratégias (Figura 12.9):
• Deslocar o plano de varredura do
Técnica da triangulação
transdutor: poderá ser realizado des-
locando o u·ansdutor em direção ao A maior dificuldade da técnica transver-
local de inserção da agulha na pele sal é ter segurança sobre a visualização da
(ora aproximando ora afastando) ponta da agulha e saber exatamente a que
ou de um movimento de báscula do distância do transdutor e a que angulação
transdutor, no sentido de tentar acom- com a superficie da pele devemos introdu-
panhar a ponta da agulha. zir a agulha de punção para conseguirmos
• Utilizar um ângulo de punção maior visualizar, através do feixe de ultrassom,
(entre 80 e 90°), introduzindo a agu- a ponta da agulha no instante em que a
f .!. \
-o
'I
l o
Figura 12.8. Riscos da técnica transversal. (A) A ponta da agulha já passou do feixe de ultrassom e alcançou a
veia (em azul), todavia na tela aparece como se não tivesse alcançado. (B) A ponta da agulha já passou do feixe
de ultrassom e alcançou a artéria (em vermelho), aparecendo na tela como se tivesse alcançado apenas a veia.
A B
I ·,.
I \
0 I \
o I
'
I \
\
•
c ~
I '\
I \
I \
lcm
I
,· ,~ \
•
Figura 1 2.9. Variantes da técnica transversal para facilitar a visualização da ponta da agulha. (A) Movimento
de inclinação do transdutor (em báscula). (B) Punção realizada mais próxima do transdutor com ângulo quase
perpendicular à pele. (C) Técnica da triangulação.
154
Capftulo 12 Acesso Vascular Guiado por Ultrassom
agulha alcança o vaso. Para tal, ao usar a o procedimento, desde o momento em que
técnica transversal de punção, podemos e la se insere na pele até o momento em
utilizar a técnica da uiangulação, 11 seguindo que penetra na parede do va o.
os passos a eguir (Figura 12.9): A técnica consiste na ~sualização inicial
• Visualizar o vaso com o transdutor. da veia em posição transver ai, de maneira
• Medir a profundidade de localização sem e lhante ao que foi d escrito anterior-
do vaso em relação à superfície da mente. Em seguida, deve-se fazer a rotação
pele (distância x). do u·ansdutor de modo a posicionar a\~
longitudinalmente na tela do ultrassom.
• Manter o transdutor em posição fixa
Para facilitar a visualização da agulha de
na superfície da pele, na posição trans-
punção em seu trajeto até o vaso, deve-se
versal ao trajeto do vaso.
inserir a agulha na pele próximo do trans-
• Inserir a agulha com â ngulo de 45° dutor, com um ângulo de inclinação baixo.
e m um ponto que tenha distância do Quanto maior a porção da tela ocupada
tnlnsdutor exatamente igual à medida pela veia, ma ior o a linh amento do fe ixe
d a profundidade do vaso (d istância de ultrassom com o vaso e ma is segura a
x), de modo a formar-se um triângulo punção. A agulha eleve ser inserida próxima
retângulo, com ângulo de 90° entre à extremidade do transclutor e visualizada
a linha que une o ponto de inserção como uma imagem hiperecogênica ao longo
da agulha ao transdutor e a linha de de todo o trajeto, até entrada na parede da
profundidade do vaso. veiajugular (Figura 12.11 ).
Com a lenta progressão da agulha, será Assim, ao permitir a visualização da
possível '~sualizar um ponto hiperecogênico agulha ao longo de todo seu trajeto, a abor-
(cotTespondente à ponta da agulha) no mo- dagem longitudinal parece resultar em um
mento que a agulha atinge a punção da \~. procedimento mais seguro- sobretudo no
A única dificuldade nesta técnica do que diz respeito à transfixação da parede
tr iângulo é a dificuldade da certeza que posterior. Em contrapartida, torna-se ne-
estamos introduzindo a agulha exatamente cessária maior perícia do examinador, para
com ângulo de 45° em relação à superfície que haja um perfeito alinhamento entre o
da pele.
Existem já alguns dispositivos que po-
dem ser adaptados na ponta ao transdutor
c que servem como suporte de ancoragem
da agulha de punção (Fig ura 12.10).
Estes dispositivos possuem a ngu lação
diferente de encaixe da agulha de punção,
de acordo com a profundidade e m que
esteja o vaso, para permitirem ~sualização
exata da ponta da agu lh a, por meio do
feixe de ultrassom, no momento em que -lcm
e la atinge o vaso.
Técnica longitudinal de punção da veia Figura 12.1 O. Transdutor de ultrassom com suporte
jugula r interna para agulha de punção acoplado. O tipo de suporte
A punção longitudinal proporciona é escolhido conforme a distancia do vaso à pele
~sualização melhor da agulha durante todo medida pelo ultrassom.
155
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
transdutor, vaso e agulha, sob risco de que et ai. enconu-aram resultados superiores
não se visualize o trajeto da agulha ade- com a abordagem longitudinal, bem como
quadamente e, consequentemente, não se Vogel et al., que relataram significativamen-
possam obter os beneficios proporcionados te menor tempo para canulação, menos
pelo método (Figura 12.12). redirecionamentos da ponta da agulha
Dois estudos recentes em modelos ex- e, sobretudo, menor incidência de pene-
perimentais compararam os desempenhos trações da parede posterior do vaso (RR =
das abordagens longitudinal e transversal. 0,3), o que parece ser uma das principais
Em 114 procedimentos, Sommerkamp vantagens desta técnica.l 2•13
Figura 12.11 . Técnica longitudinal. (A), (B) e (C) Deve-se deixar o feixe de ultrassom bem alinhado com o
vaso, que deve preferencialmente percorrer a tela de um lado a outro. Em seguida, procede-se à introdução
da agulha na pele próximo do transdutor, na mesma direção do vaso e com um ângulo menor com a pele,
em torno de 30•, a depender da altura do vaso. Se o feixe do transdutor e a direção da agulha estiverem
bem alinhados com o vaso, será visualizado todo o trajeto da agulha até atingir o vaso. (D) Introdução do
fio-guia. Observar o trajeto do fio-guia, vindo da superfície da pele, inserindo-se posteriormente ao longo
do vaso. (E) Introdução do cateter.
Figura 12.12. Riscos da técnica longitudinal. O transdutor está alinhado com a veia (em azul). A agulha está
desalinhada com ambos, atingindo a artéria (em vermelho) sem nem aparecer na tela do ultrassom.
156
Capftulo 12 Acesso Vascular Guiado por Ultrassom
Técnica oblíqua de punção da veia 1.923 punções da veia axi lar/ subclávia,
jugular interna totalizando 74% dos procedimentos, com
taxa de complicações de apenas 0,7%.16 r o
Mais recentemente, uma nova técnica entanto, algumas considerações merecem
de punção guiada da \01 foi descrita: a ser feitas quanto a estes dados: o erviço em
técnica oblíqua. Esta técnica utiliza um questão contava com médicos experientes,
alinhamento do transdutor em relação à adequadamente u·einados para a realização
direção da punção, que se faz em um ângulo do procedimento c em um meio já com
intennediário entre as técnicas longitudinal ampla tradição na realização d e punções
e transversal. 11 guiadas - o que pode limi tar sua validade
Em estudo recente com 220 pacientes, externa.
as técnicas longitudinal, transversal e oblí- Esta dúvida quanto à reprodutibilida-
qua foram comparadas, sendo distribuído de destes dados é reforçada por recentes
aproximadamente um terço dos pacientes m etanálises de ensaios clínicos. Em revisão
para cada grupo. As taxas de sucesso na publicada por La Iu et al. 11; em 2015, os re-
primeira punção foram de 73,6%, 69,9% sultados referentes ao sucesso do procedi-
e 52%, respectivamente, para as técnicas mento possuem heterogeneidade tão alta
oblíqua, Uansversal e longitudinal. As taxas quanto 75% e parecem ser consequência do
de complicações foram de 15%, 6,9% e 4%, refelido estudo de Fragou et ai. a rev1sao
respectivamente, para os grupos transver- Cochrane de Brass et al., também do mes-
sal, oblíquo c longitudinal!" Acreditamos mo ano, incluindo nove estudos com mais
que seja necessária a realização ele mais de 2.000 pacientes, a evidência disponível
estudos para avaliar o desempenho desta foi considerada ele baixa ou muito baixa
nova técnica. qualidade. Além disso, os únicos desfechos
que atingiram signiJicância estatística fo1am
reduções na punção arterial inadvertida
Punção guiada da veia subdávia/axilar e formação de hematoma com o uso da
ultrassonografia. 17
Diferentemente da punção guiada de
\(}1, a punção de veia subclávia (VSC) ainda Assim, cabe salientar que, ao conu·ário
não é técnica amplameme clifunclicla nas do que se aplica à \01, os resultados refe-
unidades de te1apia intensiva, sobretudo no rentes ao sucesso da punção guiada da VSC
Brasil. Alguns serviços ao redor do mun- carecem de maior replicação na literatura
do, no entanto, possuem experiência de médica, sobretudo em hospitais c unidades
de e nsino médico. A técnica infraclavicular
muitos anos com a punção de VSC guiada
de punção da VSC é mais complexa do
por ultrassom.
que a de \01, demandando treinamento
Muito do que se apoia a literatura mé- específico c conhecim ento de todos os
dica com relação à técnica de punção guia- seus detalhes e li mitações, para que não
da de VSC provém de um grande ensaio incorramos em iatrogenia.
clínico publicado em 2011 por Fragou et
ai. em mais de 400 pacientes críticos. 15 O s
autores identificaram redução no tempo Técnica de punção infraclavicular
total do procedimento, aumento na taxa Do ponto de vista anatômico, a punção
global de sucesso e expressiva redução na do acesso infraclavicular da VSC guiado por
taxa de complicações. ultrassom costuma ser feito em um sítio
Em uma élie de casos britânica incluin- mais próximo ao úmero do que na técnica
do 2.586 punções venosas profundas guia- convencional por pontos anatômicos. Em
das por ultrassonograna, foram realizadas verdade, a veia puncionacla nesta técnica
157
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
é, em sua maioria, a axilar, e m vez da VSC trajeto de ta até o vaso deve ser visualizado.
(Figura 12.13). Da mesma fotma, aqui se aplica a necessidade
Inic ia-se pela abordagem transversal, da precisão em mante r todas as estruturas
para identificação das estruturas de interes- (vaso, transdutor e agulha) rigorosamente
se (Figura 12.14): VSC- ou axilar; artéria no mesmo plano. Quando possível, a agulha
subclávia; plexo braquial; Cttpu la pleural; deve ser di rccionada para um dos arcos
c arcos costais. costais subjacentes, evitando, em caso de
Assim que é ide nt.ificada a VSC ou axilar transfixaçào inadvertida da parede posterior
em incidência transversal, deve-se rodar o da veia, um possível pneumotórax.
transdutor para a abordagem longitudinal.
Em seguida, d eve ser realizada a punção
propriamente dita (Figura 12. 14). Técnica de punção supradavicular
Qua ndo a janela acústica possibilitar A abordagem da VSC pode ser a lcan-
a visualização da veia axilar e m toda a sua çada també m pela fossa supraclavicular. O
extensão, ocupando todo o setor avaliado, transd uto r é posicionado imediatame nte
o examinador deve buscar a iclc ntil1cação acima c paralelo à clavícula, permitindo fáci l
da linha pleural e seu deslizamento e dos visualização da VSC. Em seguida, deve-se
arcos costais, que aqui estarão representados introduzir a agu lha, acompanhando seu
transversalmente. trajeto e m d ireção ao vaso. Deve-se estar
Ao inserir-se a agulha, da mesma forma atento para e\~ ta r u-ansfixar a VSC, pelo risco
que na punção longitudina l de~. todo o de atingir a plcura e causar pne umotórax.
Primeira costela
Veia subclávia
Veia braquiocefália
Veiacefá~
I
axilar
Veia braquial
Veia l>asflica
I
158
Capítulo 12 Acesso Vascular Guiado por Ulrrassom
Não obstante, as séries descritas parecem Associação entre punção guiada e taxa
referenciar taxa de complicações baixa,
de infecção
sugerindo tratar-se também de técnica
aparentemente segura. 18 Um dos principais receios associados ao
uso do ultrassom para guiar a inserção de
cate teres provinha do risco teórico de se
Punção guiada da veia femoral elevarem as taxas de infecção por utilizar-se
A quantidade de estudos realizados mais um dispositivo além do procedimento
avaliando a punção guiada da veia femoral tradicional. Acreditava-se que a necessidade
é menor do que em relação às punções de utilização de gel , bem como de capa
de veia jugular e subclávia. Na revisão protetora, poderia ser fonte de colonização
sistemática de Brass, foram analisados os do sítio, potencialmente aumentando o
resultados de quatro estudos sobre punção índice de complicações graves. No entan-
guiada de veia femoral em comparação à to, contrariando esta expectativa inicial,
técnica de referência anatômica, sem au- Karakitsos et ai. demonstraram redução
xílio do ultrassom. Foi observado aumento relativa na taxa de infecções relacionadas
na taxa de sucesso na punção, sobretudo ao cateter na ordem de 60 % com o uso
em relação à primeira tentativa, sem re- da ultrassonografia. 19 Possivelmente, este
dução significativa em relação à taxa de achado deve-se à redução tanto no número
complicações. " d e punções n ecessárias para aquisição do
./
Veia axilar
Figura 12.14. Técnica infraclavicular de punção da veia subclávia. {A) Técnica transversal infraclavicular. (B)
Técnica longitudinal infraclavicular.VS: veia subclávia; AS artéria subclávia; LP linha pleural; AC arcos costais.
Adaptado de He Y. Zhong M, Wu W, et ai. A comparison of longitudinal and transverse approaches to ultrasou-
nd-guided axillary vein canulation by experienced operators. Journal ofThoracic Disease. 2017;9{4): 1133-9.
159
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
160
Capitulo 12 Acesso Vascular Guiado por Ultrassom
161
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
transradial access: RAUST (Radial Artery 23. Salazar E, Garcia S, Miguel R, et ai. Ultrasound-
access wíth Ultrasound Tdal).JACC Cardíovasc guíded perípheral venous acccss for
lnterv. 2015;8(2) :283-291. therapeutic apheresis procedures reduces
need for cenu-al venous catheters. J Clin Apher.
2017;32 (4) :266-269.
162
Ultrassom no Trauma
163
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 13.1. Pontos anatômicos de avaliação do Focused Assessment with Sonography for Trauma (FAST):(l )
recesso hepatorrenal; (2) recesso esplenorrenal; (3) espaço retrovesical (espaço de Douglas); (4) janela subxi-
foide. Fonte: adaptado de Flato et al.4
Figura 13.2. Recesso hepatorrenal. (A) Posicionamento do transdutor. (B) Exame normal (Focused Assessmenr
with Sonography for Trauma- FAST- negativo).(() Exame alterado (FAST positivo): observar espaço anecoico
(setas).
164
Capítulo 13 Ulrrassom no Trauma
Figura 13.3. Recesso esplenorenal. (A) Posicionamento do transdutor. (B) Exame normal (Focused Assessment
with Sonography for Trauma- FAST- negativo). (C) Exame alterado (FAST positivo): observar espaço anecoico
(setas).
Figura 13.4. Espaço retrovesical. (A) Posicionamento do transdutor. (B) Exame normal (Focused Assessment with
Sonography for Trauma - FAST- negativo). (C) Exame alterado (FAST positivo): observar espaço anecoico (setas).
Figura 13.5. Janela pericárdica (corte subxifoide de 4 câmaras cardíacas). (A) Posicionamento do transdutor.
(8) Exame normal (Focused Assessment with Sonography for Trauma - FAST - negativo). (C) Exame alterado
(FAST positivo): observar conteúdo hipoecoico ao redor da silhueta cardíaca, com algumas áreas de conteúdo
mais ecodenso (ver setas). VD: ventrículo direito; AD: átrio direito; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo.
165
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
FAST
I
Figura 13.6. Algoritmo diagnóstico de utilização do Focused Assessmenr with Sonography for Trauma (FAST)
no paciente com trauma abdominal. TC: tomografia computadorizada; CC: centro cirúrgico; Fonte: adaptado
de Scalea et aP
166
Capítulo 13 Ulrrassom no Trauma
Figura 13.7. Pontos anatômicos de avaliação do Focused Assessment with Sonography for Trauma estendido
{EFAST). {1) Recesso hepatorrenal. {2) Espaço pleuro·diafragmático direito. {3) Hemitórax anterior direito. {4)
Recesso esplenorrenal. {5) Espaço pleuro-diafragmático esquerdo. {6) Hemitórax anterior esquerdo. {7) Espaço
retrovesical {espaço de Douglas). {8) Janela subxifoide. Fonte: adaptado de FI ato et ai•
Figura 13.8. Espaço pleuro-diafragmático direito. {A) Posicionamento do transdutor. {B) Exame normal (Fo-
cused Assessment with Sonography for Trauma - FAST - negativo). {C) Exame alterado {FAST positivo): observar
espaço anecoico {seta).
167
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 13.9. Espaço pleuro-diafragmático esquerdo. (A) Posicionamento do transdutor. (8) Exame normal
(Focused Assessment with Sonography for Trauma - FAST- negativo). (C) Exame alterado (FAST positivo): ob-
servar espaço anecoico (seta).
Figura 13.1O. Hem itórax anterior direito: linha hemiclavicular anterior direita entre o terceiro e o quinto
espaço intercostal. (A) Posicionamento do transdutor perpendicular aos espaços intercostais. (8) Imagem
da ultrassonografia pulmonar, na qual podemos visualizar a linha pleural, as sombras acústicas das costelas
(áreas anecoicas abaixo das costelas) e linha A, paralela à linha pleural.
Figura 13.11 . Hemitórax anterior esquerdo: linha hemiclavicular anterior esquerda entre o terceiro e o quinto
espaço intercostal. (A) Posicionamento do transdutor perpendicular aos espaços linhas A (paralelas à linha
pleural) e linha 8 (linha vertical que se inicia na linha pleural, apagando a linha A).
168
Capftulo 13 Ultrassom no Trauma
169
CMIB- Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
à linha pleural, sofrendo reverberações su- confirmada também pelo Modo M, com o
cessivas entre a linha pleural e o transdutor. sinal da areia da praia (Figura 13.12).
Tais reverberações suce ivas são projetadas A ausência de d eslizamento pleural
na tela de ultra om como linhas paralelas é o sinal mais sensíve l do diagnóstico de
à linha pleural, independente da passagem pneumotórax à use pulmonar, embora
do feixe de ultras om pelo parênquima seja um sinal inespecífico , uma vez que
pulmonar. São linhas equidistantes umas outras condições patológicas (enfisema
das outras. E- um sinal presente no pulmão pulmonar, fibro e pulmonar, espessamento
normal (Figura 13. l O). A presença das pleura1) podem cursar com ausência de
linhas A, contudo, não exclui a presença deslizamento pleural.
de algumas alterações patológicas, como
A ausência de deslizame nto pleural
pneumotórax, espessamento pleural, enfi-
pode ser detectada pela visua lização da
sema, pneumonia ou den·ame p leural na
ausência de movimento emre as pleuras
região avaliada.
no modo bidimensional ou no Modo M.
O sinal encontrado ao Modo M correspon-
Deslizamento pleural dente à ausência de deslizamento pleural
é denominado "sinal da estratosfera ou
Na use pulmonar, aba ixo dos arcos sinal do código de barras" (Figura 13.13).
costais, podemos identificar uma estrutu-
ra hiperecogê nica, que é a linha pleural
(Figura 13.12). este ponto, utilizando o Linhas B
exame bidimen ional, podemos notar as
O artefato da linha B é um sinal hipere-
duas pleuras (víscera! e parietal) deslizan-
cogênico bem definido, longitudinal, que
do entre si durante o ciclo respiratório. A
se inicia na linha pleural e atravessa todo
presença do deslizamento pleural pode ser
o parênquima pulmonar abaixo da linha
pleural, movimentando-se com a inspira-
170
Capítulo 13 Ulrrassom no Trauma
,
ção e apagando as linhas A. E formado nográfico de ambos os pulmões, em sentido
por múltiplas reverberações das ondas ântero-látero-posterior. A depender da
de USG através dos septos inte rlobulares quantidade de pontos de observação em
espessados. As linhas B podem ser visuali- que haja ausência de deslizamento pleural,
zadas em indivíduos normais em regiões podemos ter noção do volume e da exten-
pulmonares gravitacionais dependentes, são do pneumotórax. Os pneumotórax de
como nas bases pulmonares, em quantidade menor dimensão tendem a se limitarem
de até duas linhas B por campo pulmonar ao espaço antedor do tórax. Já aqueles de
de observação (Figura l3.ll). maior extensão tendem a se difundirem
O sinal ultrassonográflco denominado para o espaço lateral e posterior da caixa
"cauda de cometa" ( comet tail m·tifact) re- torácica. 21
presenta um artefato de reverberação no Blaivas et al. 21 compararam a acurácia da
qual podemos visualizar diversas linhas B USG pulmonar com a radiografia de tórax
agrupadas. E' um sinal de edema intersticial do diagnóstico de pneumotórax em uma
pulmonar, que pode ser inflamatório ou população de 176 pacientes politraumati-
cardiogênico. · o entanto, foge ao escopo zados. Enquanto a radiografia apresentou
deste capítulo a discussão mais detalhada sensibilidade de 75% e especificidade de
deste tema. 100%, a USG teve sensibilidade de 98% e
A presença de deslizamento pleural e especificidade de 99%.
a visualização de linhas B possuem valor A presença de pneumotórax oculto
preditivo negativo de 97% para pneumo- (aquele não visualizado à radiografia mas
tórax. Na região do tórax em que houver a presente à tomografia ele tórax) pode não
presença de deslizamento pleural e linhas determinar a causa principal da dete1;oração
B, não há pneumotórax. 19•20 do paciente, mas quando coexistem outras
lesões secundárias, como contusão pulmo-
Pesquisa de pneumotórax
Os dois sinais sugestivos de pneumo-
tórax à USG pulmonar são ausência de
deslizamento pleural e presença do ponto
pulmonar. Ausência de deslizamento pleural
é um sinal bastante sensível, mas inespecífico
de pneumotórax. Já a presença elo ponto
pulmonar é um sinal pouco sensível mas
altamente específico de pneumotórax, com
especificidade próxima de 100%. 19-2 1
O ponto pulmonar é a visualização di-
nâmica de um ponto na cavidade torácica,
geralmente durante a inspiração, na qual
. - ~.
ocorre a trans1çao entre ausenoa e presen- Figura 1 3.14. Ponto pulmonar. Observar, na parte
ça do deslizamento pleural, sinalizando superior da figura, a linha pleural. Abaixo da linha
e localizando o provável pneumotórax pleural, existem duas regiões de aparências distintas:
(Figura 13.14). uma com padrão semelhante à areia da praia (com
Embora mais frequentemente localizado deslizamento pleural) e outra semelhante ao sinal
na região anterior e superior do tórax, para do código de barras (sem deslizamento pleural). O
excluirmos a presença de pneumotórax, ponto pulmonar representa o ponto de intersecção
devemos realizar o escaneamento ultrasso- destas duas regiões.
171
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 13.15. Avaliação diferencial do choque circulatório. (A) Janela apicai de 4 câmaras com aproximação
quase total das paredes do ventrículo esquerdo ao fim da sístole ("sinal do beijo ou kissing wa/1"), que pode
corresponder a estado hipovolêmico/hiperdinâmico. (B) Janela da veia cava inferior em modo bidimensional, na
qual podemos visualizar uma veia cava de fino calibre. (C) Imagem em Modo M da veia cava inferior; observar
veia cava fina e com colabamento quase total do seu diâmetro no ciclo respiratório. Tais achados sugerem
um estado de baixas pressões de enchimento cardíacas. VD ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; VCI:
veia cava inferior; AD: átrio direito.
172
Capítulo 13 Ulrrassom no Trauma
Figura 13.16. Auxílio do atendimento ao paciente com parada cardiorrespiratória: atividade elétrica sem pulso
verdadeira vs. pseudoatividade elét rica sem pulso (A). Atividade elétrica sem pulso verdadeira: presença de
atividade elétrica sem atividade contrátil no Modo M ao nível do ventrículo esquerdo na janela paraesternal
longitudinal, em paciente sem pulso palpável. (B) Pseudoatividade elétrica sem pulso: presença de atividade
elétrica com movimentação discreta do ventrículo esquerdo na janela paraesternallongitudinal, em paciente
sem pulso palpável. VE: ventrículo esquerdo; SIV: septo interventricular; PP: parede posterior.
173
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Politraumatizado
Derrame
Hemoperitônio
pericárdico
Avaliação do
estado volêmico
Diagnóstico diferencial do
Uso ampliado k-- - --+1
choque circulatório
Avaliação da bainha
do nervo óptico
174
Capftulo 13 Ultrassom no Trauma
175
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
General and Cardiac Ultrasonography in dia meter for deteclion ohaised intracranial
the Evaluation of Crili cally 111 Paticnts-Part pressurc: a S)'Stematic review. lntensive Carc
Il: Cardiac Ultrasonography. Crit Carc Mcd. Mcd. 20 I I ;3 7 (7): 1059-68.
20 16;44 (6): 1206-27. 34. Via C, T;-wazzi C , Price S. Ten s itua ti o n s
2R. Saranteas T, Kos topanagio to u C, Panou when: inferior vcna cava ultrasound may f~1 il
F. Focused assessed transthora c ic to accuratcly predict fluid responsivcncss: a
cchocardiograph y lo•· th e diagnosis o f fat physiologicall)• bt~seel point ofview. lntcnsivc
cmbolism in an orthopedic patic nt with hip C..at·c Mcd 20 16;42(7): 1164-7.
hcmianh roplasty.J Cardiothorac Vasc Anesth. 35. Crown LA, ll t~wkin s W. Commotio corelis:
20 14;28( 4 ):e40-1. clinicai implications of blunt cardiac trauma.
29. Pricc S, Uddin S, Quinn T. Echocardiography Am Fam Ph)'Sician. 1997;55 (7) :2467-0.
in cardiac at-rest. Current Opinion in Criticai 36. arantcas T, Mavrogenis A.F, Mandila C,
C'..arc. 20 10; 16(3) :211-5. PoularasJ, Pa n ou F. Ultrasound in cardiac
~0. Schonberger RB, Lampert RJ, Mandei EL, et trauma.J Clit Care. 2017;38:144-51.
ai. Handheld Doppler to 1m prove Pulse Checks 37. Te mplin C, ChadrijR, Die kmannj , et a i
during Res uscitation of Putativc Pulseless Clinicai Fcat.u1·es anel Outcomes ofTakotsubo
Electrical Activity Arrcst. Ancsthesiolog)'· (Stress) Cardiomyopathy. N E ngi.J Mccl.
2014; 120:1042-5. 20 1 5;~7~( I O) :929-38.
~I. Sarameas T, Santaiticlis E, Valtzoglo u V, c t ai. 38. Chou 1!:1-1 , Di c kman E, Tsou PY, e t t~ l.
Emcrgcncy lung uJu·asound cxamination for U ltrasonograp h y for confirmation o f
th c diagnosis o f massivc-clottcd hacmo thorax endotracheal wbe placement: a S)'Stemalic revicw
in rwo cardiac surgcq• paticnts. Anacsth anel meta-t~nalysis. Resusciration. 2015:90:97-103.
lntcnsivc Care. 2012:40(3):564-5. 39. Vázquct. Martínez]L, Quinones Conco KL,
32. Raffiz M, Abdullah JM. Optic nerve shcath Villeg-as TV, ct ai. Applicability ofa modificel
dia meter measurcment: a means of dctccling EFAST pt·otocol (r-EFAST ) to evalu tllc
raiscd ICP in adult traumatic and non- h emodynamically unstable patients aftcr
traumatic neu.-osurgical patienL~. Am J Emerg percutancous card iac inte i·ventio n. Crit
Mcd. 201 7;35(1):150-153. Ultrasound.J. 20 17;9(1):12.
:33. Dubourg J ,J avouhey E, Gceracrts T, et ai.
Ultrasonograp h y of opti c n c rvc s h eath
177
Ecocardiografia Rápida como Método
de Avaliação nos Estados de Choque
em Pacientes Graves
Rubens Carmo Costa Filho
Francisco José Nascimento
lsaac Hees Aveiro
Arnaldo Rabischoffsky
179
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
• transdutor 2 - 5 MHz
• átrio esquerdo
• âtno d1reito
• ventriculo dire1to
• ventrículo esquerdo
• aorta
subcostal 4 camaras
Figura 14.1. Janelas ecocardiográficas mínimas para uma avaliação rápida, com correspondentes imagens
das estruturas cardíacas.
A B
Figura 14.2. (A). Estimativa da pressão de enchimento do ventrículo esquerdo pela relação E/Ea, também
chamada de relação E/e·. (A) Doppler pulsado do fluxo sanguíneo mitral: onda E (enchimento ventricular
rápido) e onda A (contração atrial). B) Doppler tecidual da parede septal (Ondas Ea e Aa). Uma relação E/Ea >
15 na parede septal ou> 13 na parede lateral é preditora de uma pressão capilar pulmonar> 15 mmHg. Nesta
imagem, a relação E/Ea é de 0,84/0,06 = 14, inferindo portanto uma pressão capilar pulmonar < 15 mmHg.
180
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
181
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
de 125 exames para ETI e 250 para ETE. 21 geradas. Alguns autores29·30 informam que
Esta certificação inglesa não é compulsória, cerca de 30% a 40 % das avaliações em
mas altamente recomendada pelo corpo ambientes de UTI poderiam gerar ima-
de profissionais da área. gens insuficientes em decorrência destes
Desde a última década, centros forma- fatores. No entanto, isso varia em função
dores organizam vários cursos aplicados de do conhecimento e da habilidade técnica
ecocardiografia, com poucos dias, destina- empregada pelos operadores. No entanto,
dos para a emergência e a terapia intensiva, também podem surgir imagens não tão
com apoio de sociedades médicas neste claras pelo tipo de transdutores utilizados.
campo, como a SCCM (Society ofOritiwl Além disto, o emprego de contrastes venosos
Care Medicine) , ESICM (EuTOpean Society of que geram microbolhas que aumentam a
Jntensive Care Medicine) e AMlB (Associação ecogenicidade do sangue (hexafluoreto
de Medicina I ntensiva Brasileira) .22•24 de enxofre - SONOVUE®) e o desenvol-
vimento de tecnologias mais modernas,
Porém, a despeito de conhecermos so- utilizando transdutores apropriados, como,
bre a importância do papel já estabelecido por exemplo, aqueles que integram uma
do ecocardiograma à beira do leito no segunda harmônica, tornaram possível a
diagnóstico e no manuseio do paciente visualização bem definida das imagens.
criticamente enfermo, poucos documen-
Na terapia intensiva do Hospital Pró-
tos definem quais seriam as competências
-Cardíaco, estas d ificuldades encontram-se
necessárias ao ecocardiografista intensivis-
em um patamar entre 10% a 20 % dos
ta.25·21; As diretrizes desenhadas para abor-
exames de ETT realizados (sem incluir
dagens objetivas e sistemáticas, dentro de
o ETE) , de acordo com experiência do
um escopo de avaliação hemodinâmica,
serviço. Esta d ificu ldade deve-se aos pa-
que contemple uma estrutura efetiva de
ci entes mecanicamente ventilados e com
aval iação hemodinâmica do paciente na
janelas ecocardiográficas de difícil acesso.
UTI, ainda não estão claras. 27·28 Além do
Joseph et al .31 descreveram que a maioria
mais, muitos intensivistas ainda não estão dos pacientes em estado de choque de
familiarizados com este instrumental, que origem cardíaca (exce to os de cirurgia
passou a ser um método diferencial. To- cardiotorácica) obteve imagens adequadas
davia, fica claro que este conhecimento e de alta qualidade (não define o que seja
deveria ser um pré-requisito na formação alta qualidade) em 99% dos casos. A sen-
do intensivista. sibilidade do ETI para causa cardíaca de
choque foi de l 00% e a especificidade de
95 % (valor preditivo positivo- VPP- de
Aplicações do ecocardiograma 97% e negativo - VPN - de 100%).
transtorácico e transesofágico
ETE, técnica semi-invasiva, mais traba-
O ETI é uma técn ica não invasiva de lhosa no manuseio da sonda, necessita de
abordagem aos pacientes críticos, de grande cuidados para adequada desinfeção e não
portabilidade e disponibilidade nos cen- está universalmente d isponível, seja pelos
tros mais modernos, com capacidade de custos envolvidos, seja pelas dificuldades
agregar um refinamento diagnóstico mais encontradas pelos operadores e m seu ma-
apurado ao intensivista. Porém, em casos nuseio. Porém, o ETE é muito importante
distintos, pode gerar imagens duvidosas e para averiguar suspeitas de dissecção aórtica,
de qualidade ruins, posto que o sinal da próteses valvulares, abscessos e vegetações
USG sofre interferências do ar, dos ossos, sobre válvulas, shunls intracardíacos, trombos
do cálcio, dos corpos estranhos, ou outras in tracardíacos e hipotensões inexplicáveis,
estruturas que se sobrepõem às imagens por gerar imagens bem mais definidas,
182
Capitulo 14 Ecocardiografla Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
183
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
184
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
Derrame pericárdico volumoso SEM colapsamento do VD Derrame pericárdico volumoso COM colapsamento do VD
Figura 14.4. Pacientes com derrame no pericárdio. Ambos com quadro de choque, todavia o segundo
mostra colapso do ventrículo direito (VD). O primeiro sem colapso do VD, mas com depressão miocárdica.
DP: derrame pericárdico; VE: ventrículo esquerdo; AO: aorta ascendente; AE: átrio esquerdo.
185
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
186
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
Cardi og ênico Coraçã o dilat ado e VCI d ist end ida Norm al
hipocont rát il Sinal da ca ud a d o com eta
(USGTx)
Distributivo (sepse) VE h iperci nét ico ou norma l VCI e ncolhid a ou norma l Normal
Presença de líquido livre
(coleção) em abdom e e
p leura (coleção inf ect ada)
Observar dados obtidos com a ultrassonog rafia nos diferentes padrões hemodinâmicos de choque circulatório. AO átrio
direito; VD ventrículo direito; SIV septo interventricular; VEventrículo esquerdo; VCI veia cava inferior; USG Tx: ultrassono-
grafia de tórax.
187
CMIB- Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG~NCIA
• "'" areal
•
1\
-- . .
•
• o FVI-
Figura 14.7. Cálculo do débito cardíaco pelo ECO-Doppler utilizado com muita frequência na beira do leito.
188
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
expresso em centíme u·os) tem especifici- fisiologia complexa como as descritas, 61 o uso
dade de 100% para RVP de 8 WU (Wood indisctiminado de fluidoterapia, puramente
Units), valores que espe lham severidad e .5:; baseado nesse indicador tem potencial para
Ilá boa correlação e ntre a RVP obtida pe la gerar dano, como, por exemplo, o aumento
cate te rização invasiva da artéria pulmonar da pressão intra-abdominaJ. 62·63
e e ntre aquela medida pe lo ECO -Doppler. Em contexto adequado (sem hipen e nsão
Deve-se considerar o contexto em que o intra-abdominal, disfunção do VD, ou mesmo
aumento das pressões nas cavidades direitas níve is e levados de pressões positivas duraJ1te
pode promover abertura do forâmen oval a ventilação mecânica), a avaliação direta do
do septo interatrial e , desta forma, gerar diâmetro da veia cava, bem como seu grau
um shunt direito-esquerdo, agravando hipo- d e colapso durante o ciclo respiratório, tem
xemia do paciente crítico. Po r ouu·o lado, potencial indicador pa1<1 definir intervenções
a trombose paradoxal pode acontecer e m terapêuticas, o timizando a eficiência d o
pacie ntes com tisco trombótico elevado. 55 diagnóstico de hipovolemia ou respostas
incre m e n ta is do dé bito cardíaco à infusão
de volume. A veia cava inferior (VCI) tem
Variação da pressão de pulso e sido utilizada para se estimar a pressão d e
responsividade a fluidos átrio dire ito (PAD) conforme m osu·ado na
189
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
Figura 14.8.61 Em um paciente com uma nores e versáteis, para serem utilizados de
veia cava inferior com diâmetro máximo maneira prática em muitos campos, além
> 2,5 em e com uma variação< 50% durante de áreas tradicionais. Porém, a velocidade
o ciclo respiratório, estima-se uma pressão da incorporação desta tecnologias ainda
atrial direita> 15 mml Ig. (ver exemplo na é mais rápida do que o treinamento e a
Figura 14.88 ). Em um estudo prospectivo formação de médicos no campo prático.
francês65 em pacientes sépticos, a Ouidorres- As habilidades e o entendimento a serem
ponsividadc foi avaliada utilizando-se o índice reveladas em outros cenários (emergên-
de distensibilidade da VCI. Os autores sugeri- cia, anestesia, trauma e terapia intensiva),
ram que este índice (ICVCI) (Figura 14.8B) aliados a uma medicina segura, geram
acima de 18% seria um bom argumento para diversos protocolos de assistência. Em pa-
discriminar os pacientes rcsponsivos (índice ralelo, levanta-se a questão: "Quem deve1;a
de colapso~ 15%) c não responsivos (índice ser treinado e formado para realizá-los
de col apso~ 15%) ao volume administrado nos contextos não trad icionais?",já que
há falta de ecocardiografistas treinados c
de 7 mL/kg de expansor plasmático, mesmo
em ventilação mecânica, indicando resposta disponíveis 24 horas em muitos serviços.
Enquanto isto n ão se define, algu ns países
incrementai no débito cardíaco, e m uma
estabelecem formações específicas, como o
população de sepse na vigência de choque
Focus Assessed Y:mnsthoracic t:ChocardiografJhy
circulatório. o entanto, cabe ressaltar que
(FATE), o Focus Asssessnwnl wilh SonograjJhy
a pressão positiva expiratória final (PEEP )
Jar Trauma (FAST) c o Focus Echo Evaluation
destes pacientes em vemilação mecânica era
in Life SufJporl (FEEL) .2·' Há ainda ouu·as
baixa, de 4± 2 cm H~O, o que faz este marca-
abordagens com o a australiana, em seu
dor depender dos parâmetro da ventilação
Haemodynamic l:.chocardiography Asssessmenl
mecânica e pressões intra-abdominais.
in Real Time (HEARTscan; www.heart.web.
Em um ouu·o esmdo recente,66 o ETE com.au), que ÍJ1clui avaliação básica das vál-
foi utilizado para avaliar a responsividade vulas cardíacas, por meio do bidimensional
aos fluidos pela primeira vez por meio da e do Doppler colorido, complementando
ventricular stroke m<>a (óSA) em pacientes as avaliações hemodinâmicas. Estas ações
também ventilados mecanicamente. Este não requerem formação profunda, como
novo parâmetro tem pOLencial emprego em a tradicional, mas são primordiais no trei-
salas operatórias c terapia intensiva, onde se namento de cada campo específico, com
pretendem monitorar a função ventricular filosofias diferentes nas abordagens. Por
esquerda e a resposta do débito cardíaco ao exemplo: o derrame plem·al poderia ser
volume, com alta sensibilidade e especifici- detectado na quantidade ele 250 mL; assim,
dade, sobrellldo quando comparado à VPP um dre no ple ura l poderia ser in serido
(variação da pressão de pulso), à elevação mais precisamente, evi ta udo-sc complica-
passiva dos membros inferiores (jJassive leg ções graves, observadas em procedimentos
raising) e pressão venosa centrai67•72 .Todavia, cegos. 25 Cada vez mais serviços voltados à
uma limitação para esta avaliação é a difi- qualidade operacional desenvolvem treina-
culdade de manter a sonda u·ansesofágica mento e protocolos para acessos vasculares,
estável, e que nem todos os equipa mentos que facilitam a cateterização dos vasos em
' .
possuem este acessono. emergência, de maneira mais segura e rá-
pida, como algoritmo proposto por Kumar
e Chuan 6·~ 1 ou algoritmo proposto pelo
Protocolos em situações críticas com serviço de terapia intensiva do H ospital
ultrassonografia Pró-Cardíaco (Figura 14.9).
O s avanços tecnológicos disponibilizam Assim, o intensivista pode observar no
equipamentos de use mais baratos, me- paciente hipotenso/ chocado o grau d e
190
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
A B
Figura 14.9. Acesso vascular guiado por ultrassonografia em paciente de alta complexidade no Centro de
Terapia Intensivo do Hospital Pró-Cardíaco. Notar que o operador olha o monitor (A), não o local da punção
conforme técnica cega. (B) checagem final da posição do cateter no vaso.
191
CMIB - Cl inicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
Etapas da Proposta do US
avallaçl o
A- Via aérea Definir a posição da traqueia *Eco de beira leito via subcostal
Confirmar a posição do TOT Se o LWCI for;;;, 15% administrar fiuidos
Monitorar a PAM, PVC e o OU
B - Respiração Avaliar pneumotórax e
hemotórax **ECO 20 para análise quantitativa da fração de
ejeção do VE (FE%)
C - Circulaçã o Avaliar hemoperitôn io
Avaliar hemopericárdio Se a FE% estiver moderadamente ou gravemente
comprometida considerar a infusão de DB
Avaliar hemotórax
Monitorar a FC, PAM, PVC e OU
Guiar acesso venoso e p eriférico
Descontinuar a DB se apresentar taquiarritmias e
Avaliar enchimento intravascular
I ou mais hipotensão
O- Disfunção Avaliar diâmetro da bainha do
(SNC) nervo ótico como reflexo de Figura 14.11 . Adicionam-se critérios individualizados
hipertensão intracraniana às recomendações da SSC, baseados nos resultados
o btidos do ecocardiograma transtorácico, a fi m de
se escla recer com mais evidências hemodinâmicas o
Conclusão estado da fu nção ventricular e o estado da volemia.
RV: ressuscitação volêmica; PVC: pressão venosa cen·
A ecocardiogra fi a no mundo e, espe-
trai; PAM: pressão arterial média; DU: débito urinário;
c ialm e nte, no Brasil e vo luiu de maneira
Scv02: saturação venosa central; Ht: hem atócrito; DB:
me te órica a partir do início dos anos 1990.
d obutamin a; VCI: veia cava in ferior; VE: ventrículo
A incorporação progressiva desta tecnologia,
esqurerdo; FE: fração de ejeção.
assim como suas aplicações na especialidade
cardiovascula r e d e pacie ntes cirúrgicos
cardíacos, fo i seme nte frutífera ao despe rtar m esma forma, corno comple mento da tera-
dos inte nsivistas, e me rgencistas (especial- pia inte nsiva, e me rgênc ia e anestesio logia.
men te cirurgiões de trauma) e a nestesistas Talvez, em um futuro próximo, e la també m
que lidam com cirurgias cardíacas. Curiosa- ganhe status de especia lida de nestas á reas
me nte , a ecocardiogra fia nasceu como um que tê m em comu m a alta complexidade.
comple m e nto diagnóstico da cardio logia, o especialista em ecocard iografia ou use,
toma nd ~se somen te de po is esp ecialidade que visita o a mbie m e de terapia intensiva,
d e ntro da Card io logia, como fo i a He m~ realiza os exames solicitados, com frequência
dinâmica, a Ele tro fisio logia, e ntre ouu-as. de forma desarticulada da visão esuatégica
Hoj e, parece q ue a Ecocardiografia chega da do intensivista ou m é dico assiste nte. Fru-
192
Capitulo 14 Ecocardiografla Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
193
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
194
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
evaluation in the intensive care unit. Shock. Metaphors, meanings and their medica1
2010;34 Suppl1:59-62. impact. IntJ Cardiol. 2017;230:262-8.
29. HwangJJ, Shyu KG, Chen _rr, et al. Usefulness 41. Babaeva VA. Compara tive assessment of the
of u·ansesophageal echocardiography in the trends of growth and spread ofBrown-Pierce
treatment of critically ill patients. Chest. tumor as a function of the inoculation si te.
1993;104(3) :861-6. Eksp Kh ir Anesteziol. 1966;11 (1):40-2.
30. Cook CH, Praba AC, Beery PR, et aL 42. Holmes DR.Jr., Berger PB , Hochman
Transthoracic echocardiography is not cost- JS, et a i. Cardiogenic shock in patients
effective in critically ili surgical patients. J with acute ischemic syndromes with and
Trauma. 2002;52 (2) :280-4. without ST-segment e levation. Girculation.
3 1. Joseph MX, Disney PJ, Da Costa R, et ai. 1999; 100(20) :2067-73.
Transthoracic echocardiography to id em ify 43. Labovitz Aj, Noble VE, Bietig M, et ai. Focused
o•· exclude cat·diac cause o f shock. Ghest. cardiac ultrasound in the emergem setting: a
2004;126(5): 1592-7. consensus statement of the american society
32. Anan thas u bramaniam K, Jaffery Z. of echocardiography and american college of
Postoperative right atria l comprcssion by emergency physicians. J Am Soe Echocardiogr.
extracardiac hematoma: transesophageal 2010;23(12): 1225-30.
echocardiographic diagnosis in the critically iU 44. Iberti TJ, Fischer EP, Leibowitz AB, et ai. A
patient. Echocardiography. 2007;24(6) :661-3.
multicenter study o f physicians' knowledge
33. Jadhav P, As irvatham S , Graven P, et a i.
of the pulmonary artery catheter. Pulmonary
Unusua l presentation oflate regional cardiac
Artery Catheter Study Group. J AMA.
tamponade after aortic surgery. Am J Card
1990;264(22) :2928-32.
l maging. 1996;10(3):204-6.
45. Shah MR, Hasselblad V, Stevenson LW,
34. Wittlich N, Erbel R, Eichler A, et ai. Detection
et ai. lmpact of the pu lmonary artery
of central pulmonary artery thromboemboli by
catheter in critically ill patients: meta-
o-ansesophageal echocardiogt-aphy in patients
analysis of random ized clinicai trials.JAMA.
witJ1 severe pulmonary embolism. J Am Soe
2005;294(13): 1664-70.
Echocardiogr. 1992;5 (5) :515-24.
46. lberti TJ,jayagopal SC. Knotting of a Swan-
35. Jacobs A K, French JK, Co! J, et ai.
Cardiogenic shock with non-ST-segment Ganz cat11eter in the pulmonary artery. Ghest.
elevation myocardial infarction: a report 1983;83(4):711.
from the SHOGK Trial Regisu-y. SHould we 47. lbeni Tj , Daily EK, Leibowitz AB, et ai.
emergently revascularize Occluded corona1ies Assessment o f criticai care nurses' knowledge
for Gardiogenic shocK? J A.m Goll Gardiol. of the pulmonary ane1·y catheter. The
2000;36(3 Suppl A):l09l -6. Pulmonar)' A.rtery Gatheter Study Croup.
36. Topalian S, Ginsberg F, Parrillo JE. Gardiogenic Grit Care Med. 1994;22(10):1674-8.
shock. Grit Care Med. 2008;36(1 Suppl) :S6ô-74. 48. Johnston IC, Jane R, Fraset·JF, et ai. Survey
37. Thompson GR, Buller CE, Sleeper LA, et of intensive care nurses' knowledge relating
ai. Gardiogenic shock due to acute severe to the pulmonary arte1-y catheter. Anaesth
mitnl regurgitation complicating acute lntensive Gare. 2004;32 (4) :564-8.
myocardial infarction: a report from the 49. Johnston IG, Fr-aserJF, Sabapathy S, et ai. The
SHOCK Trial Registry. SHould we use pulmonat-y artery catheter in Australasia: a
emergentJy revasculatize Occluded Corona1ies survey investigating intensive care physicians'
in carcliogenic shocK? J A.m Goll Cardiol. knowledge anel perception of fuwre trends in
2000;36(3 Suppl A):1104-9. use. Anaesth lmensive Gare. 2008;36(1) :84-9.
38. Hochman JS, Buller GE, Sleeper LA, et 50. TIE/TEE Appropriateness Gtiteria Writing
ai. Cardiogenic shock complicating acllle Croup, Douglas PS, Khandheria B, Stainback
myocardial infarction-etiologies, management RF, et ai.; AGGF Appropriateness Cri teria
and outcome: a report from the SHOGK Trial Working Croup, Hendel RG, Peterson E, Wolk
Registry. SHould we emergently revascularize ~g. Allen JM; American Gollege of Gardiology
Occluded Goronaries for cardiogenic shocK? J Foundation Quality Su·ategic Dit·ections
Am Coll Gardiol. 2000;36(3 Suppl A):1063-70. Committee Appropriateness Cri teria Working
39. Sweeney TE, Khaoi P. Septic Cardiomyopat11y: Group; American Society of Echocardiography;
Getting to the Heart of the Matter. Grit Care American Gollege of Emergency Physicians;
Med. 2017;45(3) :556-7. American Society of Nuclear Gardiology;
40. Elferth T, Bane1:jee M , Paul NW. B1·oken Societ:y for Gardiovascular Angiography and
heart, tako-tsubo or stress cardiomyopatby? Interventions; Society of Cardiovascular
195
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
Computed Tomography; Society for 60. Lopes MR, Oliveira MA, Pereira VO, et ai. Coal-
Cardiovascular Magnetic Resonance. ACCFI clirected fluid management baseei on pulse
ASEI ACEP I ASNCI SCAII SCCTI SCMR 2007 pressw·e va1·iation monitoring during high-risk
appropriateness criteria for transthoracic surgery: a pilot randomized controlled trial.
and transesophageal echocardiography: a Crit Care. 2007;1 1(5):Rl00.
report of the American CoJlege of Cardiology 61. Magder S. Furthet- cautions for the use
Foundation Quality Strategic Directions o f ventiJatory-induced changes in arterial
Committee Appropl"iateness Cl"iteria Working pressures to predict volume responsiveness.
Croup, American Society of Echocardiography, Crit Care. 2010;14(5):197.
Amelican CoJlege of Emergency Physicians, 62. Madigan MC, Kemp CD,Johnson JC, et
American Society of Nuclear Cardiology, ai. Secondary abdom inal compartment
Society for Cardiovascular Angiography anel syndrome after severe extremity injury: are
I nterventions, Society of Cardiovascular early, aggressive fluid resuscitation strategies
Computed Tomography, anel the Society for to blame? J Trauma. 2008;64 (2) :280-5.
Cardiovascular Magnetic Resonance. Endorsed 63. Azzopardi EA, McWilliams B, Tyer S, et ai.
by the American CoJlege of Chest Physicians Flu id resuscitation in adu lts with severe burns
anel the Society o f Criticai Care Medicine. J at risk of secondaq abdominal compartment
Am Soe Echocarcliogr. 2007;20 (7) :787-805. syndrome-an evidence baseei systematic review.
51. PoelaertJ. Use ofultrasound in the ICU. Best Burns. 2009;35(7):911-20.
Pract Res Clin Anaesthesiol. 2009;23(3):249-61. 64. Otto CM. Echocardiographic evaluation of
52. American CoJlege of Emergency Physicians. left anel right ventricular systolic function.
ACEP emergency ultrasound guidelines-2001. 2nd ed. Otto CM, editor. Philadelphia: WB
Ann Emerg Med. 2001;38(4):470-81. Saunders; 2000.
53. H.eller MB, Mandavia D, Tayal VS, et ai. 65. Barbier C, Loubieres Y, Schm it C, et ai.
Residency training in emergency ultrasound: Respira tO I)' changes in inferior vena cava
fulfil li ng the mandare. Acad Emerg Med. diameter are helpful in predicting fluid
2002;9 (8) :835-9. responsiveness in ventilated septic patients.
54. Thomas HA, Beeson MS, Binder LS, et ai. lntensive Care Med. 2004;30(9):1740-6.
The 2005 Model of the Clinicai Practice o f 66. Cannesson M, Slieker J, Desebbe O, et ai.
Emergency Medicine: the 2007 update. Acad Prediction of fluid responsiveness using
Emerg Med. 2008; 15 (8) :776-9. respiratory \rariations in left venu·icular stroke
Vlahos AP, Feinstein JA, Sch iller NB, area by transoesophageal echocarcliographic
et ai. Extension of Doppler-derived automated borcler detection in mechanically
echocardiographic measures of pulmonary ventilated palients. Ctit Care. 2006;10(6) :R17l.
vascular resistance to patients with modera te 67. Cai ll e V, Jabot J, Be ll iarcl G, et ai.
o r severe pulmonary vascular clisease. J Am Hemoclynamic etlects o f passive Ieg raising:
Soe Echocardiogr. 2008;21 (6):711-4. an echocardiographic study in patients with
56. Wyler von Ballmoos M, Takalaj, Roeck M, et shock. Intensive Care Med. 2008;34(7):123945.
ai. Pulse-pressure variation anel hemodynantic 68. Monnet X, Rienzo M, Osman D, et ai. Passive
response in palients with elevated pulmonar}' Ieg raising predicts fluid responsíveness in the
artery pressure: a clinicai study. Crit Care. CJitically ill. C!it Care Med. 2006;34(5):1402-7.
2010;14(3):Rlll. 69. Monnet X, TebouiJL. Passive Ieg raising.
57. Daudel F, TuJler D, Krahenbuhl S, et ai. Pulse Tntensive Care Med. 2008;34(4) :659-63.
pressure va1iation anel volume responsiveness 70. jabotj, Teboul.JL, Richard C, et ai. Passive
duiing acutely increased pulmonary artery leg raising for predict.ing fluid responsiveness:
pressure: an experimental study. Crit Care. importance of the postura! change. lnr.ensive
2010;14(3) :R122. Care Med. 2009;35(1):85-90.
58. Michard F, J3oussat S, Chemla O, et ai. Relation 71. Monnet X, Teboul .JL. Passive leg raising: keep
between respiratory changes in arterial pulse iteasy! lntensive Care Mecl. 2010;36(8):1445;
pressure and fluicl responsiveness in septic author reply 446.
patient~ with acute circulator}' fai lure. Am 72. Cavallaro F, Sandroni C, Marano C, et ai.
J Respir Crit Care Med. 2000;162(1):134-8. Diagnostic accuracy o f passive Ieg raising for
59. Micharcl F, Lopes MR, Auler JO Jr. Pulse precliction o f tluicl responsiveness in aclults:
pressure variation : beyond the fluid systemalic review anel meta-analysis of clinicai
management of patients with shock. Crit studies. Intensive Care Med. 2010;36(9):1475-
Care. 2007;11 (3) :131. 83.
196
Capítulo 14 Ecocardiografia Rápida como Método de Avaliação nos Estados de Choque em Pacientes Graves
73. Melniker LA, Leibne1· E, McKenney MC, et críticos: uma nova fen·amenta diagnóstica.
ai. Randomized controlled clinicai trial of J Bras Pneumolog Bras. 2012;38(2):246-56.
point-of-care, limited ultrasonography for 75. Jensen MS, Sloth E, Larsen KM, Schmidt
trauma in the emergency deparm1ent: the first MB. Transth01·acic echocai·diogi·aphy fo1·
sonography out.comes assessment program cardiopulmonary monitoring in int.ensive
trial. Ann Emerg Med. 2006;48(3):227-35. care. Eur.J Anaesthesiol. 2004;21 (9):700-7.
74. Dexheimer Neto FL, Dalcin PD, Teixeira
C, et ai. Ultrassom pulmonar em pacientes
197
Ecografia no Paciente com Síndrome
do Desconforto Respiratório Agudo
199
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
200
Capítulo 15 Ecografia no Paciente com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
Figura 15.1 . (A) Ultrassonografi a de pulmão normal. Imagem formada pelo posicionamento do feixe de
ultrassom no sentido vertical perpendicularmente a duas costelas paralelas. Ao incidir sobre as costelas (C),
são formadas imagens anecoicas ou sombras acústicas (SA). Ao incidir sobre o espaço intercostal, o feixe
atravessa a linha pleural (LP), sofrendo em seguida sucessivas reverberações ao longo do pulmão aerado, que
irão formar as linhas "A:', horizontais, paralelas à linha pleural. (8) Linhas 8 (Sinal da "cauda do cometa"). Observar
múltiplas linhas 8 (setas finas), longitudinais, iniciadas a partir da LP. percorrendo todo o campo da imagem.
201
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 15.2. Sinais de comprometimento alveolar. (A) Áreas hiperrefringentes subpleurais. Observar áreas
hiperrefringentes (setas) abaixo da linha pleural. (B) Áreas hiperrefringentes em base pulmonar. Áreas hiperre-
fringentes acima do diafragma. (C) Hepatização pulmonar. Aspecto do pulmão consolidado assemelhando-se
a uma víscera sólida.
202
Capítulo 15 Ecografia no Paciente com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
A ~----------------------~ B
.
I
I
SUP INF i
!
o o \
,.--~, / o
I I
I Sup ..............··' -.........
I
I
I
I
:
I
I
I ANT ····""
....... .............................
o \1'-. I..,_.,
'-r' f /
INFO
o
r·.
I.-- I I i ,,,..··· ···......... 1
I - -,-- -- .1 ............ i
...To
J ..........
I
I
I
I
I
I
I
I
LAT
ANT
o
___
...._ I
I
I - -
--
I
I
r--
I
- ..,
POST
I
I
POST
POST
~
\ lAT LUS score =
LAT I
Figura 15.3. Pontos de avaliação anatômica do Escore Ultrassonográfico Pulmonar (LUS). (A) Divisão do
pulmão em seis quadrantes, correspondente às porções superior e inferior das zonas anterior (ANT), lateral
(LAT) e posterior (POST) de cada hemitórax, resultando em 12 quadrantes no total em cada paciente. Adap-
tado de Bouhemad B et al. 28
Figura 15.4. Padrões ultrassonográficos de aeração pulmonar. (A) Aeração normal. (B) Perda moderada da
aeração. (C) Perda acentuada da aeração. (0) Consolidação pulmonar.
203
CMIB- Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG~NCIA
204
Capítulo 15 Ecografia no Paciente com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
~
.....
' -·t. #r
205
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIAINTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
• Relação VD/VE > 0,6 e< 1: aumento aumento da resistência vascular pulmonar
discreto a moderado do VD. ou da pós-carga do VD, pode haver com-
• Relação VD/ VE > 1: aumento impor- prometimento do enchimento diastólico
tante do VD. ventricular esquerdo, principalmente nos
casos em que há movimento paradoxal do
septo interventricular (efeito Be rnh e im
Movimento paradoxal do septo r everso). A pré-carga do VE também pode
interventricular estar comprometida pela diminuição do
Além da dilatação, a sobrecarga ao VD retorno venoso sistêmico, devido às pressões
pode gerar achatamento e movimentação intratorácicas mais e levadas induzidas pela
paradoxal do septo interventricular. Nor- ventilação mecânica. A associação de todos
malmente, o septo tem concavidade voltada estes fatores pode culminar com redução
para o VE, onde as pressões são maiores que do débito cardíaco global e consequente
do lado direito. O aumento das pressões do choque circulatório. 11
lado direito pode levar ao achatamento do
septo interventricular, p e rde ndo seu for-
Disfunção contrátil do ventrículo direito
mato normal (Figura 15.6) . Quando o fator
etiológico da sobrecarga do VD é sobrecarga A complexidade ge ométrica do VD difi-
voluméttica (por exemplo: insuficiência culta a estimativa de seu volume por meio
tricúspide importante), o movimento pa- do ECO, dificultando a estimativa com
radoxal ocorre principalmente durante a precisão de sua fração d e ejeção. Todavia,
diástole. Contudo, quando a fisiopatologia sua função sistólica pode ser estimada indi-
preponderante é sobrecarga pressórica (por retamente por algumas medidas o~jetivas,
exemplo: hipertensão arterial pulmonar, como a excursão sistólica do p lano do anel
embolia pulmonar) , este fenômeno acontece tricúspide (TAPSE, do inglês t1i.cusjJÜl annu-
mais acentuadamente durante a sístole. 3+36 lus plane systolic excursion), a velocidade d e
Na existência d e sobrecarga ventricular pico da onda S' tecidual, a variação da
direita, seja provocada por SDRA, p e lo área fracionai e o índice de pe,.forrnance
A B
Figura 1 5 .6 . Movimento paradoxal do septo interventricular. No painel (A), vemos o padrão normal de am-
bos os ventrículos na janela paraesternal tra nsversal: o ventrículo esquerdo (VE) com a forma arredondada.
No painel (B) evidencia-se o achatamento do septo interventricular (setas) em direção ao VE, que se torna
ovalado, decorrente da sobrecarga do ventrículo direito (VD).
206
Capítulo 15 Ecografia no Paciente com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
A B
Figura 15.7. Avaliação da função sistólica do ventrículo direito:TAPSE (excursão sistólica do plano do anel
tricúspide) e ondaS 'tecidual. (A) TAPSE. Posicionando o cursor do modo M(em janela apicai de 4 câmaras) na
borda lateral do anel tricúspide, obtemos o deslocamento espacial do plano do anel valvar. Adistância vertical
«A», entre um vale e o pico subsequente do traçado obtido, corresponde à amplitude de encurtamento do
ventrículo direito para aquele batimento. (B) Velocidade de pico da ondaS' tecidual. Posicionando o cursor
do Doppler tecidual (em janela apicai de 4 câmaras) no mesmo ponto anteriormente descrito, obtém-se a
curva da velocidade tecidual do ventrículo direito. AondaS' corresponde à onda positiva (sistólica). Medimos,
então, a velocidade de pico da onda S' (ver seta).
207
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
208
Capítulo 15 Ecografia no Paciente com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
Paciente admitido
comSDRA
-t
Cor pu/mona/e USGpulmonar
agudo Ecocardiograma
Ausência de achados
significativos
Figura 15.8. Algoritmo de monitorização do paciente com síndrome do desconforto respiratório agu-
do (SDRA) com ecocardiograma. USG: ultrassonografia; VD; ventrículo direito; CPA: cor pu/mona/e agudo;
ECMO: oxigenação por membrana extracorpórea.
209
CMIB- Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
210
Capitulo 15 Ecografia no Paciente com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
211
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
212
Ultrassonografia na Parada
Ca rd iorresp iratóri a
213
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A USG do intensivista (USI) pode ainda trocardiográfica sem pulso central palpável
u-azer importantes benefícios no manejo e e sem contratilidade ao ecocardiograma
na monitorização do paciente após a RCP, (linha reta ao nível das paredes ventriculares
com medidas de débito cardíaco, estima- ao Modo M) configura achados caracterís-
tiva de volemia e orientação terapêutica ticos da AESP verdadeira. A presença de
(Tabela 16.1) .'s. 16 contração miocárdica pelo ecocardiograma
(movimentação espontânea d e paredes ou
Tabela 16.1. Principais indicações do uso do valvas no modo bidirnensional ou pelo Modo
ultrassom durante e após a RCP M), associada à atividade elétrica, mas sem
Pós-RCP
pulso palpável, configura a denominada
DuranteRCP
pseudo-AESP (Figura 16.1). 19
Confirmar AESP Monitorização da
função cardíaca
Avaliar dimensão das Avaliação da volemia/
cavidades (suspeita de guiar oferta de
TEP, disfunção ventricular) fluidos
Pesquisa de derrame Avaliar necessidade
pericárdico/ de amimas vasoativas
tamponamento
Pesquisa de pneumotórax Monitorização
ventilatória
Pesquisa de hemotórax,
sangramento abdominal
AESP: atividade elétrica sem pulso;TEP: tromboembolis-
mo pulmonar; RCP: ressuscitação cardio-pulmonar.
214
Capítulo 16 Ultrassonografia na Parada Cardiorrespiratória
Figura 16.2. Tamponamento pericárdico. (A). Janela subcostal. Observar derrame pericárdico importante
(espessura > 2 em) difuso e colapso do ventrículo direito secundário a compressão pelo derrame (ver seta). (B).
Janela parasternal longitudinal. Observar derrame pericárdico importante mais localizado na região anterior,
ao nível da parede livre do ventrículo direito, associado a colapso do VD (ver seta). DPe derrame pericárdico;
VD ventrículo direito; VE ventrículo esquerdo; AE átrio esquerdo; Ao aorta ascendente.
215
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
ventilatório. Nos pacientes em PCR, não zação de trombólise, sobretudo nos casos
é possível avaliar os fluxos transvalvares. em que houver história clínica que reforce
Neste caso, a visualização de um derrame esta possibilidade diagnóstica. 28·30
pericárdico importante (> 2,0 em de diâ- Os sinais ecocardiográficos relacionados
metro), associada à compressão de câmaras à embolia pulmonar podem ser diretos ou
cardíacas e à dilatação da VCI, pode sugerir indiretos.
que o tamponamento pericárdico possa
estar envolvido na etiologia da PCR.
Sinais indiretos de embolia pulmonar
Figura 16.3. Sinais indiretos de cor pu/mona/e/embolia pulmonar. (A) Janela apical 4 câmaras. Observar
aumento importante de câmaras direitas (VD > VE). (B) Janela parasternal transversal. Observar dilatação do
ventrículo direito e movimento paradoxal do septo interventricular (sinal do D), sendo achatado em direção
ao ventrículo esquerdo. {C) Janela parasternallongitudinal. Observar aumento importante do ventrículo direito
(VD > VE). VD ventrículo direito; VE ventrículo esquerdo; AD átrio direito; AE átrio esquerdo.
216
Capítulo 16 Ultrassonografia na Parada Cardiorrespiratória
Figura 16.4. Sinais ecocardiográficos diretos de TEP com repercussão hemodinãmica: visualização de trombo
em câmaras direitas. (A). Janela apical4 câmaras. Observar dilatação importante do VD (VD > VE) e imagem
sugestiva de trombo no interior do VD (ver seta) (B) Janela paraesternal transversal ao nível dos músculos
papilares. Visualizar dilatação do VD e retificação do septo interventricular (sinal do D), indicativo de sobrecar-
ga de VD; pode-se observar ainda presença de imagem ecodensa sugestiva de trombo (ver seta). (C) Janela
paraesternallongitudinal. Observar dilatação do VD com imagem sugestiva de trombo no seu interior. (D)
Janela paraesternal transversal ao nível da valva aórtica. Observar imagem sugestiva de trombo próximo
à artéria pulmonar. VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; AD: átrio direito; AE: átri o esquerdo; AP:
artéria pulmonar; Ao: valva aórtica.
217
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 16.5. Sinal do Beijo. (A) Imagem parasternal longitudinal ao final da diástole (A1) e sístole (A2). Observar
aproximação quase total entres as paredes septal e posterior do ventrículoe esquerdo na sístole. (B) Imagem
parasternal transversal ao final da diástole (B1) e sístole (B2). Observa-se também aproximação quase total
entres as paredes do ventrículo esquerdo na sístole.
218
Capítulo 16 Ultrassonografia na Parada Cardiorrespiratória
219
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
220
Capítulo 16 Ultrassonografia na Parada Cardiorrespiratória
221
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Hipotensão, dispneia aguda severa, <ianose, AESP, P<R, pós-PCR Integração do FEER com o ACLS
1. Janela subcostal
2. Janela paraesternal
3. Janela apical4 câmaras
r--I Contratilidade f -- - ,
Normal Alterada
Figura 16.1o. Fluxograma representando a sequência proposta para a realização da ultrassonografia durante
a parada cardiorrespiratória (PCR). Adaptado do protocolo Focused Echocardiographic Evaluation in Resusci-
tation (FEER). RCP: ressuscitação cardiorrespiratória; AESP: atividade elétrica sem pulso; VD: ventrículo direito;
VE: ventrículo esquerdo; ACLS: Advanced Cardiovascular Life Suport.
Desfibrilar
Figura 16.11 . Fluxograma representando a sequência proposta para a realização da ultrassonografia du-
rante a parada cardi orrespiratória (PCR). Adaptado do protocolo Cardiac Arresc Ultrasound Exam (CAUSE).
RCP: ressuscitação cardiorrespiratória; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; USI: ultrassonografia do
intensivista; EV: endovenosa; TEP: tromboembolismo pulmonar.
222
Capítulo 16 Ultrassonografia na Parada Cardiorrespiratória
Reposição Análise de
volêmica VD Análise deVE
Presente Trombose
Figura 16.12. Fluxograma representando a sequência proposta para a realização da ultrassonografia durante
a parada cardiorrespiratória. Adaptado do protocolo Sequentiol Emergency Sconning Assessing Mechonism
Or Origin ofShock of lndistinct Cause (SESAME).20 U$1: ultrassonografia do intensivista; TVP: trombose venosa
profunda de membros inferiores; MMII: membros inferiores; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo;
PLAPS: síndrome pleura e/ou póstero-lateral alveolar.
223
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Informações complementares
Avaliação prognóstica do paciente e
Além de ajudar no esclarecimento diag-
nóstico, a USG pode trazer ouu·os benefícios
decisão de interrupção das manobras
adicionais no atendimento ao paciente de ressuscitação cardiorrespiratória
em PCR. Podemos citar a confirmação do A USG pode ser realizada no sentido
posicionamento do tubo orotraqueal e a de avaliar o prognóstico do paciente em
diferenciação entre o ritmo de fibrilação vigê ncia de RCP, para e stimar a chance d e
ventricular fina de assistolia.'17-'18 retorno à circulação espontânea, contlibuin-
Fig. 16.13. Protocolo E-FAST Observar sequência de avaliação dos diversos pontos de observação do pro·
tocolo. Inicia-se pelo ponto subxifó ide (Fase 1). Em seguida são examinados os pontos abdominais (Fase 2 a
4) e, por último, os campos pulmonares (Fase 5).
224
Capítulo 16 Ultrassonografia na Parada Cardiorrespiratória
225
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
226
Capitulo 16 Ultrassonograna na Parada Cardiorrespiratória
18. Ebcrle B, Dick W, Schneider T, et ai. Checking ulu-asonography in lhe diagnosis of deep-vein
thc carotid pulse check: diagnostk accuracy of thrombosis: a systematic review and meta-
first responders in palie nLS with anel without analysis.l1womb HaemosL 2013;109(1):13745.
a pulse. Resuscit.ation. 1996;33: l 07-16. 31. Rudski LC, La i WvV, Afilalo J, et ai. Cuielelines
19. Boc ka jj , Overton DT, H auscr A. for th e Echocareli ographic Assessment o f
Electromechanical disso ciation in human th e Ri ght l le<l rt in Aelults: A Re port from
bcings: an echocardiographic cvaluation. th e American Socic ty of Echocardiography.
Ann Emerg Med. 1988;17:450-2. Enelorscd by th e European Associa ti o n
20. Blyth L, Atkinson P, Cadcl K, c t a i. Bcelside of Ec h oca rdiogr·aphy anel Canadian
Focused Echoc.ardiography as Prcdictor of Socicty o f Ech ocardiograph y. J Am oc
Sun1\'al in Cardiac Arrest Patients: A Systematic Echocardiography. 20 10;23(7):685-713.
Rc\'icw. Acad Emerg Med. 20 12; 19( IO): 1119-26. 32. McConncll ~1V, Solomon SD, Rayan ~IE. et ai.
2 1. alen P, J\felniker L, Chooljian C, et ai. Does Regionaltight ,·enuicular dysfunction elctcctcel
thc prcsence o r absen ce of sonographicaUy by echocardiog raphy in acute pulmonat)'
identified cardiac activity predict rcsuscitation embolism. Amj Carelioll996;78:469-73.
o utcomes o f careliac arrcst patie nt.s? Am J 33. Chart icr L, Bét·a J , De lomez M, e L ai. Frcc-
Emcrg Meel. 2005;23(4):459-62. floating thrombi in t.:hc right heart: eliagnosis,
22. Schonberger RB, Lampcn RJ , Mandei EL, ct managcmcnt, anel prognostic indexes in
al. Handheld Doppler to lm provc Pulse Checks 38 co nscc utivc patients. Circul atio n.
during Resu.scitati on of Putativc Pulseless 1999;99:2779-83.
Elcctrical Activity AJTcst. Ancsthcsiology. 34. Jiang L, Ma V, Zhao C , et a i. Ro le of
20 14 ; 120: I 042-5. tra n sth oracic lung ultrason ograp h y in
23. Mandavia DP, H offnet· RJ, MahanC)' K, et ai. lhe diagnosis of pulmonary embolism: a
Bcdside ech oc.u·diography by c mcrge ncy sytematic review anel meta-analysis. PLo
physicians. Ann Emet·g ~led. 200 I ;38:377-82. One. 20 15: 10 (6);e0129909.
24. Callahan .J , Sewarel .J , Nishimura R, et a!. 35. Nazerian P, Vanni S, Volpicelli C, et ai. Accuracy
Two-dime nsional ech ocardi ogra phically of point-of-care multiorgan ultraSonography
guideel pericat·eliocentesis: cx p c ri c n ce in for th c diagn osis of pulmonary e mbo lism.
1 17 consecutive patic nts. Am J Cat·diol. Chest. 20 14;145:950-7.
1985;55:4 76-9. 36. Le ung J, Levine E. Left ventricular e nel-
25. Tsang T, Barnes M, Hayes S, e t a i. Clinicai systolic cavity obliteratio n as an estimatc o f
anel echocareliographic c h a ractcristi cs of intraopcralivc hypovolaemia. Anacsthcsiology.
significant pericardial effusions following 1994 ;8 1: 1 I02-9
cardiothoracic surgery and outcomes of echo- 37. Lyon M, Blai\'as M, Brannam L. Sonographic
guided pedcardiocemesis for management: m easurcmcnt of the infet·ioi· ,·e na cava as
Mayo Clinic exped ence, 1979-1998. Ch esL a m arkcr o f b looel loss. Am J Emerg Mecl.
1999;116:322-31. 2005;23( 1):45-50.
2(). T aya l VS, Klin e JA . Emcrgency 38. Barbicr C, Loubicres Y, Schmit C, Cl a i.
cchocareliograph y to elc tcct pcricardial Respira tory c hanges in irú·e,·ior ve na cava
cffusion in patients in Pf.A and ncar-Pf.A diam c tc t· a re h c lpfu l in preelic tin g lluid
statcs. Resuscitation. 2003;59:3 15-8. responsivc ncss in ve ntilated septic patie nts.
27. Borloz MP, Frohna V\~ , Phillips CA, ct a i. lntcnsivc Carc Mcd. 2004;30(9):1740-6.
Emcrgcncy Departmcnt Foc usccl Bcelsiele 39. Jarclin F, Vicillarel-Baron A. Ultrasonographic
Ec hocardiography in massivc pulmonaqr examination of th e venae cavae. lntcnsivc
cmbolism.J Emerg Med. 2011 ;41 (6):658-60. Care Mcd. 2006;32:203-6.
28. MacCarlhy P, Worrall A. McCCarlhy C, ct ai. 40. La n g RM, Bicrig M, Devercux RB, ct a i.;
Thc use oftranslhoracic echocardiogram to Chamber Quantification Writing Croup;
guielc thrombolytic therapy during cardiac American ociety o f Echocareliography's
arrest dueto massive pulmonary embolism. Cuidclincs a nel Standards Committec;
Emcrg Med J. 2002; 19: 178-9. Euro pcan A~soci a6on ofEchocareliography.
29. Worstcr A, Smith CO, S ilvc r S, c t ai. Re co mm c nelations fot· Chambcr
Thrombolytic th era p y fo r s ubmassive Quantificat.ion: A Report from th e American
pu lmonary e mbolism. Ann Emerg Med. Society o f' Ech ocareliograph y's Cuidei ines
2007;50( 1):78-84. anel Standards Comm ittee anel thc Chambcr
30. Pomero F, D entali F, Borrc tta V, ct ai. Quantiflcation Writing Group.J Am Soe
Accuracy o f emergency physician-perfom1ed Echocardiogr. 2005;18(12): 1440-63.
227
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
4 I. l lcndrickson RC. Dean ~\1. Costantino TC. A 48. Querellou E, Meyran D , Pelitjean F, ct
novel use of ulu-asound in pulscless clecuical ai.Ventricular· fibrillation diagnosed with
acti\~ty: the diagnosis of an acme abdominal t.rans-thoracic cchocardiography. Rcsuscitation.
aonic aneurysm .-upture. J Emcrg Mcd. 2009;80: 12 1 1-3.
'
200 l ;21:141-4. 49. Alvarez-FcrnándezJA, Martín-Velasco MM,
42. Lichtcnstcin DA, Meziere CA. Rclcvancc of lgcno-Cano .JC, et a i. Utiliclacl ele I Doppler
lung ultt·asound in Lhe d iagnos is o f acute u·anscran cal cn la resucitacio 'n ele la parada
rcspiratory fail ure: Lhe BLUE prowcol. ChesL cardraca. Mcd Intensiva. 20 10;34(8):550-8.
2008; 134:117-25. 50. Blyth L, Atkinson P, Cacld K, et ai. Bedsidc
43. Lidnenstein D, Menu Y. A bcdsidc ulu-asound focused cchocardiography as predictor of
sign ruling out pneumothora.x in thc critically survi\"al in cardiac arrest patiems: a systcmatic
ill: lung sliding. Chest. 1995; 108: 1345-8. review. Acad Emerg Med. 2012;19(10):1 119-26.
·11. U chtcnstein D, Mezierc C, Bidcr·man P, ct 5 1. Tsou PY, Kurbedinj, Chen YS, ct al. AccuraC)'
ai. Thc comet-tail artifact, an ultrasound sign of point-of<are focused echocardiography in
ruling out pneumothorax. lmensive Care pr·edicting outcome ofresuscitation in cardiac
Med. 1999;25( 4) :383-8. an·est pa1icnts: A systematic review anel mcta-
45. Lockey D, Crewdson K, Oavies C. Traumatic analysis. Rcsuscitation. 2017;1 14:92-99.
cardiac arrest: who are Lhe survivors? Ann 52. F'lato UA, Paiva EF, Carballo MT, Buehlcr AM,
Emcrg Med. 2006;48(3) :240-4. Marco R, T irn erman A. Echocardiography for
16. Tayal VS, K l i ne J A. Em c r ge n cy prognostication dudng the resuscitation of
cchocardiography to detect pcricardial intensivc carc unit patients with non-shockablc
cffusion in paúents in PEA and ncar-PEA rhyth m cardiac arTes L. Resuscitation. 20 15;92: 1-6.
statcs. Rcsuscitation. 2003;59:315-8. 53. Testa A, Cibinel CA, Portale C, Fone P,
17. Chou HC, Tscng \'\' P, \Vang CH, ct ai. Ciannuzzi R, Pignataro C, Silveri C
Tracheal rapid ulrrasound exam (T.R.U.E.) (20 10) Thc proposal o f an integratcd
for confirming endotrachealtube placcment ultrasonographic approach into the ALS
during emergency intubation. Resuscitation. algorithm for cardiac arTest Lhe PEA protocol.
2011 ;82(1 0): 1279-84 Eu r Rcv Mcd Pharmacol Sei 14(2) :77-88.
228
Avaliação da Função Diastólica
Ventricular Esquerda na Unidade de
Terapia Intensiva
Dalton de Souza Barros
Leandro Utino Taniguchi
Marcelo Luiz CamposVieira
229
CMIB- Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG~NCIA
tração auial. No relaxamento isovoluméiJico em alguns casos ele disfunção diastólica inci-
(pl'ime ira fase), a pressão inu-aventricular piente ou em casos agudos de elevação das
diminui rapidamente após o fechamento da pressões de enchimento do VE. Contudo, a
valva aórtica. Quando a pressão iniJ<lveniJicular disfunção diastólica moderada ou importame
cai abaixo da pressão auial esquerda, a valva está sempre associada a aumento do AE.
mitral se abre, dando início ao en chimento Atualmente, o melhor parâmetro de
venllicular rápido (segunda fase). Logo e m avaliação do tamanho do AE é a medida do
seguida, ocorre uma equalização entre as volume atl'ial esquerdo indexado p ela área
pressões do AE e VE, denominada "fase de d e superfície corpórea. Para tal, elevemos
diástasc", em que há mínimo enchimento delimitar as bordas enclocárdicas elo AE ao
veniJicular (terceira fase). Finalmente, após final da sístole ventricu lar (rim da diástole
a conu-ação au-ia l, há aumento na pressão atrial) nas janelas apical de 4 câmaras e
atrial esquerda, resultando em enchimento -
a picai de 2 câmaras (Fig ura 17.1 ). E con-
ventricular tardio (quarta fase). 6 Assim, as siderado aumentado valor> 34 mL/m 2•
fases de e nchimento efe tivo constituem a fase
2 (enchimento venu·icular rápido) , que repre-
senta a onda E do Doppler pulsado mitral, e Doppler pulsátil do fluxo transmitral
a fase 4 (contração atrial), que representa a Por meio d o Doppler pulsátil, podemos
onda A do Doppler pulsado mitral. avaliar a velocidade do nuxo sanguíneo diastó-
A avaliação detalhada da diástole com o lico na fase de enchimento ventricular rápido
emprego da ccocardiografia exige um nível (onda E) e conu-ação au-ia l (onda A). Pa1-a
de experiência maior do que o básico por a afet;ção destes parâmetros, o volume ele
p arte do examinador. No e ntanto, vários amostragem do Doppler é posicionado na
estudos têm demonstrado a importância do via de enu-ada do VE, em projeção apical de
conhecimento da função diastólica veno·i- 4 câmaras, imediatamente acima do plano de
cular esquerda para o manejo de algumas abertura máxima da valva miu-al, executando
situações em pacientes críticos. a medida ao final da expit-ação (Figur-a 17.2).
Assim, consideramos necessátio o conhe- A onda E depende do gradiente de
cimento de alguns critérios de avaliação da pressão e nu·e o AE e o VE, e também da
função diastólica p e lo médico intensivista. capacidade de relaxamento do VE e do
Parãmeu·os importantes da função diastó- recolhimento elástico. 11 Nonnalmente, a
lica podem ser o btidos com a utilização onda E aumenta com a elevação ela volemia
do Doppler. (pré-carga) e está reduzida e m situações
d e alteração no re laxame nto ventricular
Os critérios de d isfunção diastólica f01-am
esquerdo ou hipovolem ia.
recente m e nte revisados. De acordo com a
nova clirettil, os principais parâmetros uti- A onda A depende da contralilidade
lizados p ara avaliação da fun ção diastólica atrial esquerda c d a co mplacên cia do VE,
são: m ed ida d o átrio esquerdo, Dopple r que re presenta a capacidade do VEde
pulsado do fluxo san guíneo transmitral, acomodar um determinado volume sem
Doppler tecidual do anel mitral e veloci- e levação significativa das pressões intraca-
dade máxima do refluxo tricúspide pelo vitárias.11 A onda A diminui com a pior-a da
Doppler contínuo. 11 complacência venu·icular c está ausente se
houver ritmo de fibrilação atrial.
230
Capítulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
Figura 17.1 . Medida do volume atrial esquerdo. (A) Medida do volume atrial esquerdo na janela apicai de
4 câmaras. Observar delineamento das bordas endocárdicas ao final da sístole ventricular, imediatamente antes
da abertura da valva mitral. (B) Medida do volume atrial esquerdo na janela apical de 2 câmaras no mesmo
momento do ciclo cardíaco. O volume atrial esquerdo resultante foi 55 ml. Considerando que o paciente tem
área de superfície corpórea de 1,8 m2, o volume atrial esquerdo indexado é de 30 ml/m 2 (valor normal < 34
ml/m 2). VE ventrículo esquerdo; VD ventrículo direito; AE átrio esquerdo; AO átrio direito; VAE: volume atrial
esquerdo; alt: altura; ASC área de superfície corporal.
A B
Figura 17 .2. Avaliação da função diastólica com o Doppler pulsátil. Padrão normal. Em (A), observar o local
de inserção do volume de amostra do Doppler imediatamente acima da plano de abertura máxima da valva
mitral, na projeção apical de 4 câmaras. Em (8), visualizar as ondas Ee A do Doppler pulsátil, ocorrendo na fase
correspondente ao período da diástole do ciclo cardíaco (ver traçado do eletrocardiograma). VE: ventrículo
esquerdo; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; AO: átrio direito.
231
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 17.3. Avaliação da função diastólica ventricular esquerda com o Doppler tecidual. Padrão normal. (A)
Doppler tecidual da parede septal. Observar posicionamento do cursor do Doppler no segmento basal da
parede septal, próximo ao anel mitral. Adireita, observar curva espectral do Doppler tecidual, com onda E' de
1Ocm/s (valor de E' septal normal > 7 cm/s). (B) Doppler tecidual da parede lateral. Observar posicionamento
do cursor do Doppler no segmento basal da parede lateral, próximo ao anel mitral. À direita, observar curva
espectral do Doppler tecidual, com onda E' de 14 cm/s (valor de E· lateral normal > 1Ocm/s). VD: ventrículo
direito; VE: ventrículo esquerdo; AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo.
232
Capítulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
233
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
à elevação d a p ressão atrial esquerda e à ração in icialme nte a fu nção sistólica, por
hiperte nsão pulmo nar. meio da fração de c::_jeção d o VE (FEVE) .
No caso d e utilização da velocidad e
de pico da regurgitação tricúspide como
Avaliação da função diastólica em
critério de disfu nção diastólica, é im por-
pacientes com fração de ejeção do
tan te afastar também a p ossibilidade de
ventrícu lo esquerdo normal
pn e umopa tia primá ria. 11
Nos pacie ntes com função sistólica nor-
mal, devemos utilizar o seguin te algoritmo,
Diagnóstico da disfunção diastólica baseado em quatro critérios (Figura 17.5) .11
De acordo com a nova diretriz de avalia- Po dem os classificar de forma obj e tiva
ção da função diastólica e basea ndo-se nos a disfun ção diastólica em três pad rões:
critérios descritos, devemos diagnosticar a alte ração d e relax a me n to ventricular es-
disfunção diastólica levando em conside- querdo (disfu nção diastólica tipo 1), padrão
A A
Figura 17.4. Doppler contínuo do refluxo tricúspide. (A) Posicionamento do cursor do Doppler alinhado ao
jato de regurgitação tricúspide. (B) Curva espectral do Doppler contínuo do refluxo tricúspide, com velocidade
máxima estimada em 2,65 m/s (valor normal < 2,8 m/s). VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; AD:
átrio direito; AE: átrio esquerdo.
1. E/~ médio> 14
2. e' septal < 7cm/s ou e' lateral < 1Ocm/s
3. Velocidade IT> 2,8 m!s
4. Volume AE indexado > 34 ml/m2
Figura 17 .5. Algoritmo de avaliação da função diastólica em pacientes com fração de ejeção do ventrículo
esquerdo (FEVE) normal. Observar quatro critérios iniciais. Se três ou mais forem preenchidos, há disfunção
diastólica. Se apenas um estiver alterado, a função diastólica é normai. IT: velocidade do jato de insuficiência
tricúspide; AE: átrio esquerdo.
234
Capítulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
A B c
Figura 17.6. Tipos básicos de disfunção diastólica. Observar, acima, padrão do fluxo sanguíneo mitral com
Doppler pulsátil e, abaixo, o padrão do Doppler tecidual do anel mitral. (A) Disfunção diastólica discreta
(alteração do relaxamento). (B) Disfunção diastólica moderada (pseudonormal). (C) Disfunção diastólica
importante (restritiva). Observar relação E/A < 0,8 em (A), E!A > 1 em (B) e E!A I 2,5 em (C). Atentar para
redução progressiva da onda E· tecidual (tanto septal quanto lateral) de (A) a (C), representando redução
progressiva da complacência ventricular, acompanhada de elevação progressiva da E/E', representando
aumento progressivo das pressões de enchimento ventriculares de (A) até (C). E' lat: onda E' lateral; E' septal:
onda E' septal; E/E· med: relação ElE' média.
235
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
s 1 critério ~ 3critérios
Figura 17.7. Avaliação da função diastólica em pacientes com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE)
reduzida(< 50%). Deve-se partir, inicialmente, da relação E/A do Doppler pulsado mitral. Se ElA> 2, sugere
disfunção diastólica importante. Se E/A< 0,8 associada a onda Ereduzida, sugere haver disfunção diastólica
discreta. Nas outras situações (como E/A entre 0,8 a 2,0), deve-se avaliar a presença de três outros critérios.
236
Capítulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
A B
Figura 17.8. Edema pulmonar à ultrassonografia pulmonar. (A) Padrão normal. Observar linha pleural acima e
múltiplas linhas A paralelas à linha pleural. (8) Padrão de edema pulmonar. Observar aparecimento de múltiplas
linhas verticais que se iniciam na linha pleural. as linhas B. com apagamento das linhas A.
237
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
TRE
•
Diminuição da pressão Descarga
intratorácica adrenérgica
Aumento na Aumento da
pré-carga do VE
I
, --------
Edema pulmonar 1
pós-carga do VE
Figura 17.9. Mecanismo do edema pulmonar cardiogênico induzido pela respiração espontânea. A redução
da pressão intratorácica gera aumento do retorno venoso sistêmico, aumentando a pré-carga ventricular
esquerda, além de aumentar a pós-carga do ventrículo esquerdo (VE), que pode ser agravado pelo aumento
da descarga adrenérgica induzida pelo desmame. TRE: teste de respiração espontânea.
238
Capftulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
239
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
-t
Insucesso no TRE
Não
Corrigir antes de
realizar novo TRE
Investigar IC induzida pelo desmame )
t
Elevação das pressões de enchimento cardíacas (relação ElA ou ElE' ou POAP)?
I Não
Disfunção diastólica moderada ou importante?
Disfunção sistólica importante?
Sinaisde congestão pulmonar?
História prévia de isquemia miocárdica ou DPOC?
Realizar
novo TRE
Sim
Figura 17.1 O. Manejo esquemático da fa lha de desmame de etiologia cardíaca.TRE: teste de respiração es-
pontânea; IC: insuficiência cardíaca; POAP: pressão de oclusão de artéria pulmonar; DPOC: doença pulmonar
obstrutiva crônica; BH: balanço hídrico; PA: pressão arteriaL Fonte: adaptado de Ores M, Teboul JL, Monnet X.
Weaning the cardiac patient from mechanical ventilation. Curr Opin Crit Care. 2014;20(5):493-8.
240
Capftulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
contudo que, e ntre estes, os de me- 5. SuárezJC, López P, Manceboj, ct ai. Diastolic
lhor aplicabilidade c utilidade para o elysfun ction in the critically i li paliem. Mcd
Imensin1. 2016;<10(8) :499-5 1O.
m édico intc nsivista são a relação E/ 1agueh SF, Applcton CP, Gillchcn TC, et
6.
e' mitral e a onda c' mitral. a i. Rccommcnelations for thc Evaluatio n
• Pode m os classificar a disfunção dias- of Left Ventricular Diastolic Function by
tólica e m três padrões: alteração de Echocareliography. Eu r J Echocat·diogt-.
2009; 10(2): 165-93.
re laxa m e nto ventricular esquerdo
7. Bhatia RS, Tu j V, Lee OS, ct ai. Outcome of
(disfunção diastólica tipo 1), padrão hean failure with preserved ejection fraction
pseudononna l (disfunção diastólica in a popula tio n-bascd stuely. N Eng1 J Mcd.
tipo 2) e padrão restritivo (disfunção 2006;355 (3) :260-9.
diastólica tipo 3) . 8. Steinberg BA, Zhao X, llcidcnreich PA, et
al, e t al. Trcnds in patients hospitalizcd witJl
• Devemos le mbrar que a fun ção dias-
heart failure anel preservcd lc ft ventricu lar
tólica é influenciada por vádos fatores ejection ft-action: prcvale nce, thcrapies, anel
associados ao doente crítico, como outcomes. C irculation. 20 12; 126:65-75.
frequê ncia cardíaca, uso de drogas, 9. Pau1us WJ, Tschõpe C, Sandcrson J E, ct ai. How
idade, pré-<:arga c suporte ventilatório. to diagnosc eliastolic hca rt failurc: a co nscnsus
statement on the di agnosis of h eart fai lure
• Pacientes com disfun ção sistólica ou
with normallt::ft ven tricular cjcction fracti o n
disfunção diastólica possuem risco by th c I lcart Failure anel Echocardiography
aumentado d e falha do desmame Assoc ia Lions of the Europcan Society of
ven ti latório. Careliology. Eur lleartj. 2007;28(20):2539-50.
• O manejo do pacie nte com disfun- 10. Karrowni W, Chauc rjcc K. Oiastoli c h eart
failure: the c urrent unelcrstaneling anel
ção diastólica consiste sobretudo na
approach for management with focus on
redução da pré-carga (administração intensivc carc unit paticnts.j lntcnsivc Care
de diuréticos, nitratos) c pós-carga Meel. 2014;29(3):1 19-27.
(vasodilatado res). Em casos graves de 1 I. Naguc h SF, Smiscth OA, ApplclOn CP, ct
congestão pulmo nar, o uso da ventila- ai. Recom m enelations for thc Evaluation
ção não invasiva com pressão postuva of Left Ventricular Diastolic Function by
Echocareliogr aphy: an updatc from th e
te m efeito excelente.
American Society of Echocardiography anel
the European Assoc iatio n of Cardiovascular
lmaging. J Am Soe Echocardiogr. 20 16;29:277-
Referências 3 14.
I. Zap:-na L, Bc tbcsé Aj, Roglan A, e t a i. Use 12. Ommen SR, Nishirnura RA, Applcton CP, ct ai.
o f B- type nat riurcti c pep tid es to de tect th e Clinicai utility of Dopple r echocardiography
existence anel scverity of diastolic d ysfunction anel tissuc Doppler imaging in th e estimation
in non -card iac criti cally ill patie nts: a p ilot of left ventricu lar fil ling prcssures. Circulation.
swdy. Min crva Anestesio!. 2014;80: 194-203. 2000;102(15): 1788-94.
2. La ndcsh e rg G, C il o n D , M c roz Y, e t ai. 13. Vignon P. Evaluatio n of lcft ventricular fillin g
DiastO lic d ysfun c ti o n a nel mortality in pressure using Dopple r cc hoca rdiograph y.
sevcre scpsis a nel scptic shock. Eur Heartj. Réanimati o n. 2007; I 6: 139-48.
20 12;33 (7) :895-903. 14. Kas n e r M , vVcs termann O, Stccndijk P,
3. Mosc hi ello S, O oyc n O, Grech L , e t ai. Gaub R, Wilke n s h off U, Wcitmann K,
Transthoracic Echocardiography with Doppler Hoffma nn W, Po llcr W, Cl a i. Utility of
Tissue lmaging predic ts wcaning failure from Doppl er ec ho can1iograp h y anel tissue
mechanica l ven- tilation: evolution of the left Doppler imaging in thc estim a ti o n of
vemricle relaxation ratc during a spomaneous diastolic function in heart failurc with normal
breathing u·ia l is thc kC)' factor in wcan ing ejectio n fraction: a comparatÍ\'C Dopplcr-
out- come. Crit Carc. 2012; 16: R81. coneluctance catheterit.ation stuel)'. Circulation.
4. Vignon P. Ventricular diastolic abnormalities 2007;116(6):637-47.
in thc critically ill. Curr Opin Crit Care. 15. Firsten berg ~IS, Lcvine BO, Garcia MJ, ct al.
20 13; 19 (3) :24 2-9. Relationship of echocarcliographic índices to
241
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
pulmonary capillary wedge pressures in healthy 27. Zapata L , Vera P, Roglan A, et al.B-type
volunteers.J Am Coll Cardiol. 2000;36:1664-9. nao·iuretic peptides for prediction and diagnosis
16. Vignon P, AitHssain A, Francois B, et ai. ofweaning failure from cardiac origin.lntensive
Echocardiographic assessmem of pulmonar)' Care Med. 2011 Mar;37(3):477-85
artery occlusion pressure in ventilated 28. Lemaire F, Tebou!JL, Cinotti L, et ai. Acutc left
patients: a transoesophageal study. Crit Care. vcnu·icular dysfunction during unsucccssfi.ll
2008; 12(1) :R18. weaning from mechanical ventilation.
17. McMurray JJ, Adamopoulos S, Anker SD, Anesthesiology. 1988;69:171-9.
et al. The task force of the diagnosis and 29. Dres M, Teboul JL, Monnet X. Weaning the
treaunent of acute and chronic heart failure cardiac patient from mechan ical ventilation.
2012 ofthe European Society o f Cardiology. Curr Opin Crit Care. 2014;20(5):493-8.
Developed in collaboration with the Heart 30. Soummer A, Perbet S, Brisson H , et ai;
Failure Association (HFA) o f the ESC. Eu r Lung Ultrasound Study Group: Ultrasouncl
assessment of lung aeration loss during a
I-leartj. 2012;33(14):1787-47.
successful weaning trial preclicts postextubation
18. McLean AS. Echocai·diography in shock
d istress. Crit Care Med. 2012;40:2064-72.
management. Criticai Care. 2016;20:275.
31. Landesberg C, Levin PD , Gilon D, et ai.
19. Juhl Olsen P, 1-IennansenJF, Frcderiksen CA, et
Myocardial dysfunction in severe sepsis and
ai. Positive end expiratory pressure influences
septic shock: no correlation wilh inflammalOry
echocardiograph ic measures of diasto lic cywkines in real-life clinicai setting. Chest.
function. A randomized, crossover study 2015; 148(1) :93-] 02.
in cardiac surgery patient~. Anesthesiology. 32. Pu lido JN, Afessa B, Masaki M, et ai. Clinicai
2013;119(5): 1078-86. spectrum, frequency, anel significance of
20. Bouhemacl B, Nicolas Robin A, Benois A, et myocardial clysfunction in severe sepsis and
ai. Echocardiographic Doppler assessment. septic shock. Mayo Clin Proc. 20 12;87 (7) :620-8.
o f pulmonary capillary wedge pressure in 33. Bouhemad B, Nicolas-Robin A, Arbelot C,
surgi cal palients wilh postoperat.ive circulatory et ai. Isolated anel reversible impairment of
shock and acute lung injury. Anesthesiology. ventricular relaxation in patients with septic
2003;98: 1091-100. shock. Crit Care Med. 2008;36(3) :766-74.
21. Picano E , Frassi F, Agrícol a E, ct ai. 34. Santos TM, Franci D, Schwelle1- M, et a i.
Ultrasouncl lung comets: a cli nically useful Left Ventricle T issue Doppler Imaging
Predicts Oisease Severity in Septic Patients
sign of extravascular lung water. J Am Soe
NewlyAdmitted in an Emergency Unit.J Emerg
Echocardiogr. 2006;19 (3) :356-63.
Med. 2015;49(6) :907-15.
22. Miglioranza MH, Picano E2, Badano LP3, 35. Ma~joub Y, Benoit-Fallet H, Airapetian N, et
et ai. Pulmonary congestion evaluated by ai. lmprovement of left venu;cular relaxation
lung u ltrasound predicts decompensat.ion as assessed by tissue Doppler imaging in flu icl-
in heart failurc outpaticnts. IntJ Cardiol. responsive critically ill septic patients. lntensive
2017;240:271-8. Care Med. 2012;38(9):1461-70.
23. Anil e A, Russo J, Castiglione G, et ai. A 36. Mouncey PR, Osbom TM, Power GS, et al,;
simplified lung ultrasound approach to cletect ProMISe Trial lnvestigators. Trial of early,
increased extravascular lung water in critically goal-directed resuscitation for sept.ic shock.
ill pat.ients. Crit Ultrasoundj. 2017;9(1):13. N Engi J Mecl. 2015;372(14):1301-ll.
24. Lichtenstein D. Lung ult.rasound in acute 37. ARJSE Investigators; ANZICS Clinicai Trials
respiratory failu•·e an introduction to Group, Peake SL, Oelaney A, et ai. Goal-directed
resuscitation for patients with early septic shock.
the BLUE-protocol. M inerva Anestesio!.
N Englj Med. 2014;371 (16):1496-506.
2009;75(5) :313-7.
38. ProCESS Investigators, Yealy DM, KellumJA,
25. Mekontso-Dessap N, De Prost E, Girou et et ai. A ranclomized trial o f protocol-based
ai. B-type natriuretic peptide and weaning care fo•· early septic shock. N EngiJ Med.
from mechanical ventilation. Intensive Care 20 14;370 ( 18): 1683-93.
Medicine. 2006;32(10): 1529-36. 39. Zapata L, Betbesé AJ , Roglan A, Ordonez-
26. Gerbaud E, Erickson M, Grenouillet-Delac•·e Llanos j. Use of B- type natriuretic peptides
M, ct al. Echocardiog•-aphic cvaluation anel to detcct the existence and sevcrity of cliastolíc
N-terminal pro-brain natriuretic peptide dysfunction in non-cardiac critically ill
measurement of patients hospitalized patients: a pilot srudy. Minerva Anestesio!.
for heart fa ilu•·e during weaning from 2014;80(2): 194-203.
mechanical ventilation. Minerva Anestesio!. 40. Brown SM, Pittman J E, Hirshberg EL, et al.
2012;78( 4) :415-25. Diastolic dysfunction and mortali ty in early
242
Capitulo 17 Avaliação da Função Diastólica Ventricular Esquerda na Unidade de Terapia Intensiva
sc,·ere sepsis and septic shock: a prospecti\'e, patients: a systematic review anel meta-analysis.
observational echocar- diography study. Crit h1tcnsh·c Carc l\lcd. 2015;41(6):1004-13.
ltrasound J. 2012;4:8. 44. Verhoeff K, Mitchell J. R. Cardiopulmonary
•11 . Ro lando G, Espinoza EDV, Aviei E, et a i. physiology: why th e heart and lungs are
Prog nostic value of ve ntric ular eliastolic incxtri cably linke el. Aelv Ph ys iol Educ.
dysfunc d o n in paticnts with scvcrc scpsis 2017;41 (3):348-53.
and septic shock. Rev Bras Ter Inte n siva. 45. Grccnstcin YY, Mayo PH. Evaluation o f
20 15;27:333-9. Left Ventl'icula r Diastolic Function by th e
42. Sturgess DJ, Marwic k TH , j oycc C, et a i. lntensivist. Chcst 2018;153(3) 723-732.
Prcdictio n of h ospita l outcomc in scptic 46. Lanspa MJ , Gutsche AR, Wilson EL, ct ai.
shock: a prospec- tive com parison of tissuc Application o f a sim pli ed fi de nition of
Doppler anel cardiac biomarkers. Crit Care. diastolic function in sc,•erc scpsis and scptic
2010; 14(2):R44. shock.fi Clit C are. 2016;20(1) :243.
13. Sanfilippo F, Corredor C, Flctchcr ' , et a i.
Diastolic elysfun ction and mortality in scptic
243
Avaliação Ecocardiográfica Básica das
Valvopatias pelo lntensivista
---·
245
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
Figura 18.1. Doppler pulsátil vs. contínuo. (A) Mapeamento com Doppler pulsá til na via de saída do ven-
trículo esquerdo em um indivíduo normal. Observar posicionamento da caixa de amostragem do Doppler
pulsátil (ver seta), que deve ser de 2 a 3 mm, estabelecendo o ponto exato que se busca medir o padrão de
velocidade do fluxo sanguíneo pela escala de velocidades. Ao lado, curva espectral do Doppler pulsá til, com
padrão mais denso nas bordas e mais escuro no centro; velocidade máxima normal em torno de 100 cm/s
(1m/s). (B) Mapeamento com Doppler contínuo ao longo do fluxo sanguíneo que passa pela valva aórtica.
Observar o posicionamento do linha do Doppler contínuo. Apesar de ter a capacidade de medir velocidades
maiores, no Doppler contínuo não se pode estabelecer o ponto exato que se busca medir o padrão deve-
locidade, ou seja. são medidas as maiores velocidades ao longo de toda a linha (ver seta). O padrão da curva
espectral é uma curva cheia. Neste caso, com alta velocidade máxima (4 m/s). VE: ventrículo esquerdo; AE:
átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; AO: átrio direito.
246
Capitulo 18 Avaliação Ecocardiográfica Básica das Valvopatias pelo lntensivista
247
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
c
D
Figura 18.2. Aspecto da valva aórtica normal no modo bidimensional (incidência paraesternallongitudinal
e transversal). (A) Aspecto da valva aórtica na diástole. Observar coaptação adequada (zona de sobreposição)
das válvulas. (B) Aspecto da valva aórtica na sístole. Observar abertura e separação ampla entre as válvulas
(ver seta), que costuma ser de aproximadamente 20 mm na valva normal. (C) Visualização da valva aórtica na
incidência paraesternal transversal durante a diástole. Observar aspecto semelhante à letra ·y~ (D) Imagem da
valva aórtica durante a sístole. Observar abertura ampla, com formação de um espaço vazio central triangular
para passagem do fluxo sanguíneo sistólico (ver estrela). VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; VSVE: via de
saída do ventrículo esquerdo; Ao: aorta ascendente; VSVD: via de saída do ventrículo direito; AP: artéria pulmo-
nar; AD: átrio direito. Os números 1, 2 e 3 representam as três válvulas semi lunares que formam a valva aórtica.
Figura 18.3. Aspecto da valva aórtica normal pelo Doppler colorido e contínuo. Observar o fluxo sistólico pela
valva aórtica, com padrão laminar (em azul) na incidência apical de S câmaras (A) e paraesternallongitudinal
(8). Em ((),observar a curva do fluxo sistólico pela valva aórtica por meio do Doppler contínuo, abaixo da
linha de base, com padrão triangular assimétrico, com pico precoce (ver seta) e baixa velocidade máxima
(1.3 m/s). refletindo baixo gradiente transvalvar (7 mmHg). VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; VD:
ventrículo direito; AD: átrio direito; Vao: valva aórtica; Ao: aorta ascendente.
248
Capítulo 18 Avaliação Ecocardiogrática Básica das Valvopatias pelo lntensivista
Figura 18.4. Aspecto da valva mitral normal no modo bidimensional. Na incidência paraesternallongitudi-
nal, podemos visualizar o aspecto das cúspides durante a sístole (A) e diástole (B). Na incidência paraesternal
transversal ao nível da valva mitral (C), podemos estimar a área de abertura da valva mitral pela planimetria.
Na incidência apicai de 4 câmaras, podemos também avaliar o aspecto das cúspides durante a sístole (D)
e a diástole (E). VE: ventrículo esquerdo; AE: át rio esquerdo; VM ca: cúspide anterior da valva mitra l; VM cp:
cúspide posterior da valva mitral; AVM: área de abertura da valva mitral.
249
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 18.5. Aspecto da valva m itral normal pelo Doppler colorid o e con tínuo. (A) Mapeamento pelo
Doppler colorido do fiuxo diastólico pela valva mitral na incidência para esternal longitudinal, com padrão
laminar em vermelho. (B) Doppler colorido do fluxo diastólico por meio da valva mitral na incidência apical
de 4 câmaras, também com padrão laminar normal. (C) Análise espectral das velocidades do fluxo diastólico
pela valva mitral pelo Doppler contínuo. Observar onda E (enchimento rápido protodiastólico) e onda A
(contração atrial), de baixas velocidades. VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; VD: ven trículo direito;
AD: átrio direito; Ao: aorta ascendente.
250
Capitulo 18 Avaliação Ecocardiográfica Básica das Valvopatias pelo lntensivista
velocidade max (VAo) x área VAo =área VSVE x intra-aórtico está conncúndicado. 1estcs
velocidade max (VSVE) pacientes, deve-se evitar sobrecarga hídrica,
área VSVE x velocidade max (VSVE) podendo-se utilizar inotrópicos como forma
área VA0 = velocidade max (VAo) de atenuar o baixo débito cardíaco. Lem-
bramos que, nesses pacientes, a estimativa
do débito cardíaco pelo cálculo da vn da
Assim como as velocidades através da
VSVE estará superestimada.
valva estenosada estarão maiores na valva do
que na via de saída, a VTl do nuxo sanguí- Quanto aos critérios ecocardiográficos
neo estará também aumentado na valva es- sugestivos de insuficiência aórtica grave
que podem ser mais facilmente detectados,
tenosa. Inclusive os valores do Vfl da VSVE
podemos citar (Figura 18.7):
e da VAo podem também ser utilizados na
equação de continuidade, substituindo os • Ao modo bidimensional: podem exis-
valores das respectivas velocidades, para tir espessamento (mas não necessa-
obtermos a estimativa da área valvar aórtica. riamente importante) e redução da
superfície de coaptação (melhorava-
Não entrarem os em detalhes sobre os liado na incidência paraesternal lon-
passos para a obtenção de cada dado da gitudinal e transversal). Outro dado
fórmu la, mas consideramos importante normalmente presente em pacientes
compreender os princípios que o embasam, com insuficiência aórtica importante é
obretudo para evitar confundimento na o aumento do ventrículo esquerdo, a
estimativa do débito cardíaco, em um pa- não ser nos casos de instalação aguda.
ciente com estenose aórtica. E importante • Ao Dopple r colorido: vena conlracta >
ressaltar que, nestes pacientes, a medida 6 mm, que consiste em diâmetro da
do VTTda VSVE para estimativa do débito porção mais estreita do jatO regurgi-
cardíaco pode ser realizada apenas com o tante, localizado na origem do jato, no
uso do Doppler p ulsátil, posicionado justa- lado do orifício valvar correspondente
mente ao nível da via de saída, um pouco à câmara receptora do refluxo; e fluxo
acima da valva (cerca de 1 em). Caso o regurgitante diastólico preenchendo
Doppler contínuo seja selecionado nestes > 65% do diâmetro da via de saída
pacientes, a velocidade que c tá sendo (incidência paraesternal longitudi-
medida é justamente a do nuxo através nal), podendo atingir a parede lateral
da valva aórtica, que corre pondc ao local do ventrículo esquerdo (incidência
de maior velocidade ao longo da linha do paraesternal ou apical).
cursor do Doppler, devendo superestimar
• Ao Doppler contínuo (incidê ncia
a medida do débito cardíaco.
apical de 5 câmaras) : curva que
preenche toda a diástole e com in-
Insuficiência aórtica clinação acentu ada da rampa de
desaceleração, decorrente da equali-
A insuficiência aórtica pode ser decor-
zação rápida do gradiente de pressão
rente de valvopatia reumática, bicúspide e
entre a o ventrículo esquerdo e a
degenerativa senil, além de outras causas,
raiz da aorta.
como as endocardites e a dilatação da aorta
ascendente.
A insuficiência aórtica grave provoca Valvopatias mitrais8•9
sobrecarga de pressão e volume ao ventrí-
Estenose mitral
cu lo esquerdo. Q uando ocorre de forma
aguda, é condição de a lta mortalidade, em A principal causa de estenose mitral gra-
que até o uso de balão de contrapulsão ve no Brasil é a reumática. A degeneração
251
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 18.6. Estenose aórtica grave: bidimensional, Doppler colorido e Doppler contínuo. (A) Aspecto da valva
aórtica de um paciente com estenose grave na incidência paraesternallongitudinal. Observar espessamento
e redução importante da abertura durante a sístole, que também podem ser evidenciados na incidência pa-
raesternal transversal (B) (ver seta). (C e D) Padrão de aceleração significativo do fluxo sanguíneo pelo Doppler
colorido após atravessar uma valva aórtica com estenose grave nas incidências paraesternallongitudinal (C) e
apicai de 5 câmaras (O) (ver seta). (E) Curva espectral do Doppler contínuo na estenose aórtica grave, em que
pode ser evidenciada alta velocidade de pico (4 m/s) e pico tardio, passando a apresentar um formato mais
em cúpula do que triangular (ver seta). VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; AD:
átrio direito; Ao: aorta ascendente; VSVD: via de saída do ventrículo direito; AP artéria pulmonar.
Figura 18.7. 1nsuficiência aórtica grave: Doppler colorido e contínuo. (A) Refluxo aórtico mapeado pelo
Doppler colorido na incidência apicai dde 5 câmaras, chegando a alcançar a parede livre do segmento apicai
do ventrículo esquerdo (ver seta). (B) Registro do refluxo aórtico na incidência paraesternallongitudinal. Ob-
servar a grande espessura do jato regurgitante, que ocupa > 65o/o do diâmetro da via de saída do ventrículo
esquerdo (ver seta). (C) Doppler contínuo de paciente com refluxo aórtico grave. Observar o padrão denso
da curva, de alta velocidade de pico (4 m/s) e com grande inclinação da rampa de desaceleração (ver seta).
252
Capítulo 18 Avaliação Ecocardiogrática Básica das Valvopatias pelo lntensivista
A B
c
D
Figura 18.8. Estenose mitral moderada a importante: bidimensional, Doppler colorido e Doppler contínuo.
(A) Incidência paraesternallongitudinal. Observar aspecto de abertura em "taco de hóquei" da cúspide an-
terior e redução da abertura. (B) Imagem paraesternal transversal da abertura reduzida da valva mitral. (()
Incidência apical de 4 cãmaras com mapeamento do fluxo diastólico pela valva mitral no modo colorido,
sendo evidenciada aceleração do fluxo (mosaico de cores). (D) Curva do Doppler contínuo do fluxo transvalvar
mitra l. Observar elevação das velocidades e rampa de desaceleração pouco inclinada.
253
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
PH~~~s).
septal do átrio esquerdo, a acurácia
2
'- AVM (cm )= está reduzida.
254
Capítulo 18 Avaliação Ecocardiográfica Básica das Valvopatias pelo lntensivista
255
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 18.1 O. Insuficiência tricúspide importante: Doppler colorido, Doppler contínuo e veia cava inferior. (A)
Mapeamento do refluxo tricúspide com Doppler colorido na incidência apicai de 4 câmaras. Observar grande
área do jato regurgitante, ocupando> 40% da área do átrio direito, associada à dilatação de câmaras direitas.
(B) Curva do Doppler contínuo do mesmo paciente; atentar para o padrão denso do jato regurgitante abaixo
da linha de base (mesma densidade do fl uxo de entrada acima da linha de base) e com aspecto triangular, de
pico precoce (ver seta). Observar que a velocidade máxima do jato regurgitante está dentro da fa ixa normal
(< 2,8 m/s) apesar da insuficiência tricúspide importante. (C) Dilatação da veia cava inferior(> 2,1 em) e com
variação respiratória mínima, associada à dilatação de veias hepáticas.
256
Capítulo 18 Avaliação Ecocardiográfica Básica das Valvopatias pelo lntensivista
Resumo
Figura 18.1 1. Obstrução dinâmica da via de saída • A existência de uma valvopatia cardí-
do ventrículo esquerdo: Doppler colorido e contínuo. aca importante, seja do tipo esteno-
(A) Imagem apical de 5 câmaras. Observar padrão de santc ou regurgitante, pode ocasionar
aceleração do fluxo sistólico (mosaico de cores) ao se repercussão hemodinâmica, gerando
aproximar da via de saída do ventrículo esquerdo. (B) consequências significativas no manejo
Curva espectral do Doppler contínuo, com padrão clínico do paciente crítico, mesmo não
típico de gradiente tardio telessistólico ("sinal da sendo a valvopatia a etiologia in icial
adaga"), com velocidade tardia de pico elevada, em do c hoq ue circulatório.
torno de 4 m/s (ver seta), com gradiente estimado • A maioria dos métodos de monitoriza-
próximo de 64 mmHg ao final da sístole. ção hemodinâmica invasiva c mínima-
257
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
258
Capítulo 18 Avaliação Ecocardiogrática Básica das Valvopatias pelo lntensivista
259
Métodos Especiais de Avaliação da
Função Sistólica Ventricular
261
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
podem ser mapeadas ao longo do ciclo do strain que tem sido m ais pesquisada e
cardíaco em determinadas ROI c, assim, validada é o strain longitudinal.
pode-se me dir a d eformação, bem como Diferente do slrain do VE, a aplicação
calcula r o stmin d estas regiões. As mensu- d esta tecnologia no ventrículo direito (VD)
raçõcs de d e fonnação podem ser fe itas e m não se destina a ide ntificar regiões d e isq ue·
três planos: longitudinal, circunferencial e mia mioc::lrdica, mas permiúr a mensuração
radial. O strain é um método ângulo- inde- da função ve n tricular direita. Em estudo
pendente, que mede a contratilidadc global de 2010, Filusch et a i. demonstraram, em
e regional do músculo cardíaco. pacientes com hipertensão pulmonar (I IP),
Existem a lguns cuidados e ajustes nos con·elação do strain e do slrain ratecom re-
aparelhos, que são importantes para a aná- sistência vascular pulmonar, pressão média
de artéria pulmonar, excursão sistó lica do
lise adequada das imagens. Precisa-se obter
plano do aneltricúspide (TAPSE), porção
um bom u-açado e letrocardiográfico, essen-
N-terminal do pró-hormônio do peptídco
cial para a sincronização com os traçados
natriurético do tipo B (NT-proBNP) e Teste
do ST. Nos aparelhos com sistema bloch
de Caminhada de 6 minutos. Em ou tro
matching, devem-se uúlizar e ntre 50 e 80
estudo, também com pacientes com HP,
JramPsporsegundo (fps). J á nas máquinas
a redução do slrain longitudinal elo VD
com sistema oplicaljlow, o ideal é que se
permitiu, de forma confiável, a estimativa
utilize um Jmme rale (frequência de repetição
de HP c ajudou na distinção e ntre os me-
por quadros) acima de 70% da frequência
canismo de HP pré e pós-capilar.
cardíaca do paciente. Esse pré-requisitos
Compa1-ado ao VE, o slrain longitudinal
dificultam o emprego d esta técnica em
elo VD é obtido apenas por m eio d a janela
pacientes taquicárdicos. Na análise dos
apical de 4 câmaras e pode refletir a média
traçados, deve-se escolher os cones, a lém
entre a parede livre e os segmentos septais
d e realizar o posicionamento dos pontos
ou o stmin ela parede livre isolado. Ainda
c ndocárdicos. Alguns softwares exigem a
não há consenso a respeito dos valores de
colocação manual apenas de alguns pontos,
referência para o strain de VD. Uma mc-
e outros, mais recentes, fazem a marcação
tanálise de 2014, referente a estudos com
automática, permitindo ajustes postetiores,
população sem doenças cardiopulmonarcs,
caso necessátio. Depois da marcação e dos mostrou média de -27 ± 2 % (intervalo de
ajustes, o software fará a análise automática, confiança de 95% - IC 95%-29% a -24%)
de acordo com o algoritmo, e trará inicial- nos valores de strain de parede livre de VD.
mente o valor individual do strain por corte. J á as recomendações de 2015 da American
Finalizando a marcação c a análise de todos Society of ErhocmdiograjJhy sugerem que valo-
os cortes, teremos a análise g lobal do stmin. res do stminda parede livre do VD acima de
Na avaliação completa do ventrículo -20% sejam considerados anonnais (Figuras
esquerdo (VE), é necessário adquirir seis 19.1 e 19.2).
cortes ecocardiográficos. Os cortes apicais Apesar de o speckle lracking não depender
de 4 câmaras, 2 câmarns e 3 câmaras são de angulação, exige uma imagem com ótimo
utilizados pata avaliação do slrain longini- delineamento das bordas endocárdicas,
dinal. Os cortes u-ansversais dos segmentos ausência de taquiarriunias, além de uma
basais (nível da valva mitral), segmentos experiência maior em métodos avançados de
médios (nível dos músculos papilares) e ecocardiog rafia. No ambiente da medicina
segm e ntos apicais (ápice) são usados para intensiva, fo i demonstrado que a avaliação
a mensuração do strain c ircunfe rencia l e ela função sistólica do VE pelo speckle l'mdling
radial (Quadro 19.1). Todavia, a modalidade foi superio r aos métodos o-adicionais (fração
262
Capítulo 19 Métodos Especiais de Avaliação da Função Sistólica Ventricular
* Há variação no valor da torção, conforme a idade (pacientes mais j ovens têm valores menores).
Figura 19.2. Análise do strain do ventrículo direito. Strain da parede livre {imagem acima). Strain da parede
livre e septo interventricular {imagem abaixo).
263
CMIB- Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
264
Capítulo 19 Métodos Especiais de Avaliação da Função Sistólica Ventricular
outras substâncias foram usadas como da imagem em pacientes com janelas subó-
agentes de contraste. timas (frequente nas unidades de terapia
Devido ao tamanho das microbolhas, intensiva). Consequentemente, permite
seu uso era restrito à contrastação das melhor avaliação das massas e trombos
cavidades direitas, pois não conseguiam no VE, melhor delineamento das bordas
passar a barreira capilar pulmonar. Neste endocárdicas (possibilitando melhor análise
contexto, o contraste era utilizado para da função global e segmentar). Além disso,
detecção de shunts intracardíacos adquiri- outro potencial de utilização do contraste
dos ou congênitos, fístulas arteriovenosas é análise da perfusão miocárdica.
pulmonares, diagnóstico de cardiopatias Atualmente as microbolhas utilizadas
congênitas complexas, avaliação de massas comercialmente são menores que 8 micrô-
e trombos no VD, e intensificação do sinal metros, têm uma cinética semelhante à das
do refi uxo tricúspide. Posteriormente, hemácias e são basicamente constituídas por
foram desenvolvidas microbolhas de ta- uma cápsula lipídica com um gás denu·o
manho reduzido e com a possibilidade de (componentes variam de acordo com a
passagem para as câmaras esquerdas. Tal marca). No Brasil, por enquanto, temos
avanço permitiu a melhora da qualidade disponível comercialmente apenas o con-
265
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
266
Capítulo 19 Métodos Especiais de Avaliação da Função Sistólica Ventricular
267
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
single or systemic .;ght ,-emricles. Circulation. Suppi):D34-41. Erratum in: J Am Coll Cardiol.
2002;105(10): 1189-94. 2014;63(7):746.
Rajdev S, Nanda NC, Patel V, ct ai. Tissue Doppler Smiseth OA, Torp H, Opdahl A, ct al.
assessmcnt of longitudinal riglu and lcft Myocardial strain imaging: how useful is i1
vemricular strain and su-a in r.ue in pulmonary in clinicai dccision making? Eur HearLJ.
ancry hypertension. Echocardiography. 2016;37( 15):1 196-207.
2006;23(10) :872-9. Smith BC, Dobson C, Dawson D , ct ai. Three-
Ruclski LC, La i WW, Afilalo J, ct ai. Cuidei ines for dimcnsional specklc tracking of thc right
the echocardiographic asscssment ofthe right ventricle: LOward oplimal quantification of
heart in adults: a rcport from the American right ventricular dysftmction in pulmonary
Socicty of Echocardiography endorscd by the h)lJertension. J Am Coli Cardiol. 20 14;64 ( I ) :41-
European Association o f Echocardiography, 51.
a registcrcd branch of thc European Socicty Spcnccr KT, \>\'einert L, Lang ~\11. Effcct o f age,
o f Cardiology, and thc Canadian Society o f heart rate anel tricuspid regurgitaúon on th c
Echocardiography. j Am oc Echocardiogr. Doppler cchocardiographic evaluation of right
201 0;23(7) :685-713; quiz 86-8. ven1ricular diastolic function. Cardiology.
Shimada XJ , Shiota M, Siegcl RJ , et ai. Accuracy 1999;92(1 ):59-64.
of right ventricular vo lumes anel fu nction Von k-Noordegraaf A, Souza R Cardiac magnc tic
de t. erm i ned by t h rec-dimensiona l resonance imaging: whal can il add to ou r
cchocat·diography in comparison with knowledgc o f Lhe right venu-icle in pulmonary
magncúc resonru1ce imaging: a meta-ana!ysis ane,·ial h ype nension? Am j Cardiol.
study. J Am Soe Echocardiogr. 2010;23(9):943- 2012; li 0(6 Suppl) :255-31 S.
53. Zornoff LA, Skali I-I, Pfeffer i\1[A, cL ai. Right
Simonneau C, Catzoulis MA, Aclatia I, ct ai. ,·entricular d)'Sfi.mcúon and risk o f heart failurc
Updated cljnical classification of pulmonal)' and mortality aftcr myocardial infarcLion. J
hypcrtension.J Am Coll Cardiol. 2013;62(25 Am Coll Cardiol. 2002;39(9):1450-5.
268
Ultrassonografia Point of Care no
Paciente com Sepse
Tiago Giraldi
José Antônio Briote Mariz
Heloísa Takasu Peres
Mário Henrique Franco
Thiago Martins Santos
269
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
3
1. Região paraesternal, topografia do 1• e 2' espaços intercostais.
2. Unha axilar anterior, topografia do 3• e4J espaços intercostais.
3. Unha axilar posterior, topografia do diafragma.
Figura 20.1. Locais avaliados durante o cálculo do do inglês Simplified Lung Edema Scoring Sysrem.
270
Capítulo 20 Ultrassonografia Poinr of Care no Paciente com Sepse
sigla SLESS, do inglês Simplified Lung Edema de injúria pulmonar em pacientes sépticos
Scoring System. recém-admitidos no setor de emergência.
Para testar nossa hipótese, foram ava- Isso se deve ao fato de o SLESS ter tido cor-
liados 61 pacientes da nossa U nidade de relação negativa com a relação entre pressão
Emergência Referenciada. Foram incluídos parcial de oxigênio e fração inspirada de
pacientes sépticos, independente da gravi- oxigênio (Pa0/ Fi0 2 ; r = -0,62; p < 0,0001)
dade da sepse. A avaliação inicial era feita e positiva com a frequência respiratória
no momento da detecção da sepse, antes (r = 0,45; p = 0,0003). Não obstante, a razão
da ressuscitação volêmica. 12 de c hances para a morte, relacionada ao
O SLESS demonstrou boa correlação SLESS, foi de 1,370 (intervalo de confiança
com os escores de gravidade Mortality in de 95 % 1.109-1.691; p = 0,0035).
Emergency Department Sepsis Score MEDS Cabe ressaltar que o SLESS foi desenvol-
e Simplified Acute Physiology Sc01e (SAPS) vido para o screening inicial dos pacientes.
3 (r = 0,53 e r = 0,55, respectivamente; Portanto, caso observemos alguma altera-
p < 0,001 para ambos), bem como com os di- ção em algum dos campos estudados, tais
ferentes estágios de gravidade da sepse. Este áreas podem ser estudadas de maneira mais
estudo também sugere que o SLESS pode aprofundada, de acordo com o julgamento
ser usado para avaliar e quantificar o grau do médico assistente.
271
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
272
Capítulo 20 Ultrassonografia Point of Care no Paciente com Sepse
273
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
274
Capítulo 20 Ultrassonografia Point of Care no Paciente com Sepse
275
CMIB- Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG~NCIA
genctas muttas vezes nao e proptcto para a dos outros d ados u ltrassonográficos de
realização d os exames, sendo importante edema pulmonar e função cardíaca (por
.;. . . . ;
meio do TDI), poderiam ain da localizar o
que as maqumas sejam portatets, resistentes
e de fácil manuseio. Igualmente importante paciente dentro da curva de Frank-Starling,
é a preocupação com a higiene das mãos, do ajudando-nos a tomar decisões, como, por
aparelho, dos fios c dos transdutores, bem exemplo, quando aumentar, manter, dimi-
como o correto manuseio dos mesmos.59·00 nuir (ou eventua lm ente até suspender)
Assim, quando avaliamos um paciente, as modalidades terapêuticas de suporte e
procuramos ser sistemáticos em avaliar tratamento ao choque séptico.
inicialmente os pulmões, o coração e a Acreditamos que a realização de estudos
VCI, de forma qualitativa. A avaliação à multicêntricos, bem como a replicação de
beira do leito deve ser rápida, objetiYa e nossos achados em outros serviços, é etapa
direcionada para o estabelecimento do essencial a ser cumprida pela pesquisa em
diagnóstico c conduta, baseada no contex- ultrassonografia poinl of care.
276
Capítulo 20 Ultrassonografia Poinr of Care no Paciente com Sepse
277
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
septic shock: a prospectil"e pilot study. j Anesth. pathophysiology and managemcnt. j ournal
20 17;31 :487-93. of lntcnsi,·e Carc. 2016;4(1):22.
7. Force AD. Acme respiratory distrcss syndrome. 2 1. jardin F, Brun-ney D, Auvert B, et a i. Scpsis-
.JAMA. 2012;307(23):2526-33. rclatccl cardiogenic shock. Criticai Care
8. Volpicelli G, Elbarbary M, Blaivas M, et ai. Mcd icinc. 1990; 18 (J O) :1055-60.
lmernational evidence-bascd rccommendaúons 22. Vinccnt.J L. U nderstanding cardiac output.
for point-of~care lung ultrasound. lntcnsive Criticai Carc. 2008;12(4):174.
Care Medicine. 2012;38(4):577-91. 23. Parker MM , Shelhamer JH, Bacharach SL,
9. Copeui R, Soldati G, Copetti P. Chest et ai. Profouncl but reversible myocarclial
sonography: a uscful tool to differentiate dcprcssion in patients with septic shock. Ann
acute cardiogenic pulmonaq• edema from lmcrn l\led. 1984;100(4):483-90.
acute respiratory disu·ess syndrome. Cardio,-asc 24. l-luntcrj, Doddi M. Sepsis anel the hcart.
Ultrasound. 2008;6: 16. British joumal of anaesthesia. 2009; I 04 ( I) :3-
10. Lichtenstein D , Mezier·c C, Seitz j. The 11.
dynamic ai r bronchogram. A lung ultrasound 25. j arclin F, Fourme T, Page B, et ai. Persistem
sign of alveolar consolidation ruling out prcload clefect in severe sepsis elespite nuid
atclcctasis. Chest. 2009;135(6): 1421-5. loading: a longitudinal echocarcliographic
11. Saraogi A. Lung ultrasound: Present anel study in patie nts with septic shock. CHEST
future. Lung lndia. 2015;32(3):250-7. J ournt~l. 1999; I 16(5) :1354-9.
12. Santos TM, Franci D, Coulin h o CM, et ai. A 26. Htmng Sj, Nalos M, McLean AS. ls carly
simplified ultrasound-bascd edema score to ventricular d)•Sfunction or dilatation associa teci
asses.s lung ir~ury anel clinicai severity in septic with lower mortality rate in aelult severe scpsis
paticnts. TI1e American j oumal of Emergcncy anel scptic shock? A meta-analysis. Criticai
Mcdicine. 2013;31 (12): 1656-60. Carc. 2013;17(3):R96.
13. Mongodi S, Via G , Girard M, et a i. Lung 27. Sanfilippo F, Corredor C, Flctchcr , ct ai.
ultmsound for early cliagnosis of \'entilator- Diastolic dysfunction and mortality in scptic
associated pneumonia. C HEST journal. paticnts: a systernatic review and meta-analysis.
2016; 149( 4) :969-80. Intcnsivc Carc Medicine. 20 15;4 1(6): I004-13.
14. Be rlet T, Etter R, Fehr T, e t ai. Sonographic 28. Etchccopar-Chcvreuil C, François B, ct ai.
pat.terns oflung consolidation in rm:chanically Careliac morphological anel functional changes
vcntilated patients with anel witholll ventilator- chr ring carly septic shock: a u·anscsophagcal
associatcd pneumonia: a pr·ospcctivc cohon cchocarcliog•·aphic study. In tcnsivc Care
study.joumal of CJitical Carc. 20 15;30(2):327-33. Medici nc. 2008;34 (2) :250-6.
15. Fernandes J r C, A.kamine :-J, Knobel E. Cardiac 29. Bouhcmacl B, icolas-Robin A, Arbelot C, ct ai.
u·oponin: a new semm marker o f myocardial lsolatcd anel rci'CJ-siblc impairmem o f \'Cillricular
ir'tiuq• in sepsis. lntensivc Care Medicine. rclaxation in patients with septic shock. Criticai
1999;25 (I O) :l J 6~. Carc Mcdicine. 2008;36(3):766-74.
16. Rudiger· A, Singer M. Mcchan isrns o f sepsis- 30. PirTacchio R, Cholley B, De H crt S, ct ai.
induced cardiac dysfunction. Criti cai care Diastolic heart failure in anaesthcsia and
medicinc. 2007;35(6):1599-608. criticai care. BritishJournal of Anacsthcsia.
17. Antonucci E, Fiaccadori E., Donaclello K, 2007;98(6) :707-2 1.
ct a i. Myocardial deprcssion in scpsis: from 31. L<mdcsbcrg C, Cilon D, Meroz Y, ct ai. Diastolic
pathogenesis to clinicai manifestations clysfunclio n anel mo•·tality in scvcrc scpsis
anel treau11ent. Journal o f Criticai Care. anel scpt ic shock. European Heanjournal.
2014;29(4):500-11. 20 li ;33(7):895-903.
IR. ParrilloJE, Parker Ml\·1, latanson C, et a i. 32. PulidojN, Afessa B, Masaki M, etal, cclitors.
Scptic Shock in HumansAd,"a n ccs in thc Clinicai spcctrum, fn::quency, anel significance
Understanding of Pathogcncsis, Cardio,-ascular of myocardial d)-sfunction in sevcrc scpsis
Dysfunction, anel Therapr. Annals o f Internai anel scptic shock. Mayo Clinic Procccdings.
Mcdicinc. 1990;113(3):227-42. Elscvicr, 2012.
19. Blanco .J, MUiiei-Bombín A, Sagredo V, et ai. 33. Sanfilippo F, Corredor C, Arcadipanc A, ct a i.
l ncidence, organ dysfuncrjon anel mortality Tissuc Doppler asscssmcnt of diastolic function
in severe sepsis: a Spanish mu lti centre study. anel rcla tionship with mortality in critically ili
Criticai Care. 2008;12(6):RI58. scptic paticnts: a systematic rcvicw anel mcw-
20. Kakihana Y, I to T, Nakahara M, ct ai. analysis. BJA: British.Journal of Anaesthcsia.
Sepsis-induced myocardial dysfunction: 2017;119(4):583-94.
278
Capítulo 20 Ultrassonografia Poinr of Care no Paciente com Sepse
34. Santos TM, Franci D, Schweller M, et al. Left 47. Caille V, Amiel .JB, Chanon C, et ai.
ventricle tissue Doppler imaging predicts Echocardiography: a help in the weaning
disease severity in septic patients new ly process. Criticai Care. 201 O; 14(3) :R120.
admitted in an emergency unit. The.Journal 48. Konomi 1, Tasoulis A, Kaltsi I, et al. Left
of emergency medicine. 2015;49(6):907-15. ventricular diastolic dysfunction--an
35. De Backer O, Viei llai·d-Bai·on A. Septic independent risk factor for weaning failure
Shock. Hemodynamic Monitoring Using from mechanical ventilation. Anaesthesia and
Echocardiography in the Critically UI. Springer, lntensive Care. 201 6;44(4) :466-73.
2011. p. 109-16 49. Papanikolaou.J, Makl·is D, Saranteas T, et ai.
New insights in to weaning from mechanical
36. Santos T, Schweller M, Gontijo-Coutinho C, et
venti lation: left ventric ular diastolic
al. Sepsis survivors present with higher values
dysfunction is a key playe1·. 1ntensive care
of cardiac index and velocity time integral in
medicine. 2011;37 (12): 1976-85.
the eme1·gency department. Criticai Care.
50. Lamia B, Maizel J, Ochagavia A, et ai.
2015;19(1) :Pl37.
Echocardiographic diagnosis of pulmonary
37. Levitov A, Fran ke l HL, Blaivas M, et a i.
artery occlusion pressure elevation during
Guidelines for the appropriate use of bedside
weaning from mechanical ventilation. Criticai
general and cardiac ulu-asonography in the Care Medicine. 2009;37 (5) :1696-701.
evaluation of critically ill patients-part 51. De Backer D, Fagnoul D. Intensive care
11: cardiac ultrasonography. Criticai Care u lu·asound: Vl. Fluid responsiveness and
Medicine. 2016;44(6):1206-27. shock assessmem. Ann Am Thorac Soe.
38. Walley PE, Walley KR, Goodgame B, et 2014;11 (1 ): 129-36.
ai. A practical approach to goal-dir ected 52. LongE, Oakley E, Duke T, e t. ai.; Paediau·ic
echocardiography in the criticai care setting. Research in Ernergency Departments
Criticai Care. 2014;18(6):681. lntemational C. Does Respiratory Variation
39. Schmidt GA, Koenig S, Mayo Pl--1. Shock: in Inferior Ve na Cava Diameter Predict Fluid
ultrasound to guide diagnosis and therapy. Responsiveness: A Systematic Review and Meta-
CHEST Joumal. 2012;142(4) :1 042-8. Analysis. Shock. 2017;47(5):550-9.
40. McLean AS. Echocardiography in shock 53. Schmidt GA. POI NT: Should Acute Fluid
management. Criticai Care. 2016;20(1):275. Resuscitation Be Guided Prima1ily by Inferior
41. Mitsuo T, Shimazaki S, Matsuda H. Right Vena Cava Ultrasound for Patients in Shock'
ventricular dysfunction in septic patients. Yes. Chest. 2017;151 (3) :531-2.
Criticai Care Medicine. 1992;20(5):630-4. 54. Muller L, Bobbia X, Tmm1i M, et al. Respiratory
42. H o CY, Solomon SD. A clinician 's guide variations of infe1ior vena cava diameter to predict
to tissue Doppler imaging. Circulation. fluid responsiveness in spontaneously breathing
2006;113(10):e396-e8. patients with acute circulatory failure: need for
43. Ommen SR, Nishimura R, Appleton CP, et ai. a cautious use. Crit Care. 2012; 16(5) :R188.
Clinicalutility of Dopple1· echocardiography 55. Barbier C, Loubieres Y, Schmit C, et ai.
Respiratory changes in infe1·ior vena cava
and Lissue Doppler imaging in the estimation
diamete1· are helpful in predicting fluid
ofleft venu·icular filling pressures. Circulation.
responsiveness in ventilated septic patients.
2000;102( 15): 1788-94.
Inr.ensive Care Med. 2004;30(9):1740-6.
44. Clancy DJ, Slama M, Huang S, et aL Detecting
56. P1·eau S, Bortolotti P, Colling D, et ai.
impaired myocardial relaxation in sepsis with
Diagnostic AccuraC)' of lhe Inferior Vena Cava
a novel tissue Doppler parameter (septal e'I Collapsibil ity w Predict Fluid Responsiveness
s'). Criticai Care. 2017;21(1):175. in Spontaneously Breathing Paticnts With
45. Mal~oub Y, Benoit-Fallet H, Airapetian N, et Sepsis and Acute Circulatory Failure. Crit
ai. lmprovement o f left ventricular relaxation Care Med. 2017;45(3):e290-e7.
as assessed by tissue Doppler imaging in fluicl- 57. Cor! T<A, George NR, Romanoff], et ai.
responsive Ciitically iU septic patients. lntensive Inferior vena cava collaps ibility detects fluid
Care Medicine. 2012;38 (9): 1461-70. responsiveness among spontaneously breathing
46. Moschietto S, Doyen D, Grech L, et ai. critically-ill patients. J Crit Care. 2017;41: 130-7.
Transthoracic echocardiography with Doppler 58. Zhang Z, Xu X, Ye S, et ai. Ulu-asonographic
tissue imag ing predicts weaning failure from measurement of Lhe respirawry variation in
mechanical ventilation: evolution o f the left the inJerior vena cava diameter is predictive
venu-icle relaxation mte during a spontaneous of fluid responsiveness in critically ili patients:
breathing u·ial is the key factor in weaning systematic review anclmeta-analysis. Ultrasouncl
outcome. Ctitical Care. 2012;16(3) :R81. Med Biol. 20 14;40(5) :845-53.
279
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
280
Uso da Ultrassonografia no Auxílio
ao Desmame Ventilatório (Pulmão,
Diafragma e Coração)
Emídio Jorge Santos Lima
Fabiola Prior Caltabellotta
Lívia Maria Garcia Melro
Marcelo Park
Maurício Claro dos Santos
281
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
282
Capítulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao Desmame Ventilatório (Pulmão, Diafragma e Coração)
Figura 21.1 . As seis áreas avaliadas para o Lung Ultrassound Score. Fonte: modificado de Caltabeloti et al.8
Figura 21 .2. Linhas A e linhas B. À esquerda, padrão normal à ultrassonogra fia pulmonar (Lung U/trassound
Score): a linha mais superior representa a linha pelural, e as linhas horizontais paralelas são linhas A, consequ-
ência da reverberação da ultrassonografia nas pleuras (pontua-se zero no Lung Ultrassound Score). À direita,
linhas B, linhas verticais que partem das pleuras até o final da tela.
283
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
• 1 ponto: > 2 linhas B por campo, sem diafragmática tem papel importante nesse
preencher todo o espaço intercostal. cenário. O diafragma é o principal músculo
Representa o padrão Bl (perda leve da respiração, e sua disfunção pode ser
da aeração) (Figura 21.4F); consequência, eno·e outras, da VM per se, ou
• 2 pontos: múltiplas linhas B por cam- da disfunção orgânica múltipla secundária
po, fusionadas, que preenchem todo ao choque.9 Por outro lado, a disfunção
um espaço intercostal. Representa do diafragma nem sempre está presente
o padrão B2 (perda moderada da na polineuropatia do paciente crítico, e a
aeração) (Figura 21.4D); correlação entre essas duas doenças ainda
é alvo de controvérsia. Portanto, a presença
• 3 pontos: presença de consolidações.
d e miopatia ou polineuropatia do paciente
Constitui perda grave da aeração (Fi-
crítico não é suficiente para se estabelecer o
gura 21.4B).
diagnóstico de disfunção diafragmática. 10•11
• Escores > 17 correspondem à perda A alteração da função diafragmática por
grave d e aeração pulmonar.3 desuso em pacientes submetidos à VM con-
trolada ocorre de maneira rápida. Biópsias
do diafragma obtidas de pacientes com morte
Ultrassonografia do diafragma no e ncefálica, submetidos à VM por um período
desmame da ventilação mecânica de 18 a 69 horas, já são capazes de revelar
As causas de falha no desmame ventila- importante atrofia miofibrilar do diafragma. 12
tório são multifatoriais, porém a disfunção Dados recentes na literatura indicam
que a incidência d e disfunção diafragmática
em pacientes críticos submetidos à VM por
A
período superior a 48 horas pode chegar a
64%. Os principais fatores de risco associa-
dos a esta disfunção seriam a gravidade do
quadro clínico e a presença de sepse. Além
disso, a disfunção diafragmática estaria asso-
ciada a uma maior mortalidade na unidade
de terapia intensiva e hospitalar, levando
alguns autores a defe nderem que ela deve
ser e ncarada como nova disfunção orgânica
e m pacie ntes criticamente enfermos. 13
B Os métodos tradicionais de avaliação
da função diafragmática, como a medida
da pressão transdiafragmática, a eletro-
miografia diafragmática e a estimulação
do nervo frênico, têm como desvantage ns
seu caráter invasivo e sua complexidade.
Por outro lado, a USG constitui método
não invasivo, realizado à beira do leito, sem
os riscos relacionados à irradiação e com
capacidade de avaliar a função do diafragma
Figura 21 .3. Padrão normal ao Lung Ultrassound com uma boa acurácia. Os principais índices
Score. A linha mais superior, na tela representa as ultrassonogTáficos utilizados na avaliação
pleuras, e as linhas horizontais paralelas são linhas da função diafragmática são a incursão e
A (setas), consequência da reverberação da ultras- o espessamento do diafragma. A forma d e
sonografia nas pleuras. obtenção de ambos será detalhada a seguir.
284
Capítulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao DesmameVentilatório (Pulmão, Diafragma e Coração)
•
•
Figura 21 .4. À esquerda observamos cortes tomográficos de pulmão e, à direita, as imagens correspon-
dentes à ultrassonografia pulmonar (Lung Ultrassound Score). (A e B) Consolidação (perda total da aeração;
pontuam-se 3); (C e D) Infiltrado alveolar (perda severa da aeração; pontuam-se 2); (E e F) Infiltrado intersticial
(perda moderada da aeração; pontua-se 1). Modificado de Bouhemad et ai?
285
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
- - -J '
Diafragma
o o
Baço
Probe
o
Probe
Figura 21 .5. Representação esquemática da maneira adequada de obtenção de imagem para avaliação da
incursão diafragmática. (A) Posicionamento do correto transdutor ultrassônico na região subcostal; à direita
entre a linha hemiclavicular e axilar anterior, utilizando o fígado como janela ultrassônica; e à esquerda, entre
as linhas axilares anterior e média, utilizando o baço como janela acústica. (B) Direcionamento correto do
transdutor, cranial e dorsalmente, com o objetivo do feixe ultrassônico atingir perpendicularmente a porção
posterior da cúpula diafragmática. Fonte: modificado de Boussuges et al.14
286
Capítulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao Desmame Ventilatório (Pulmão, Diafragma e Coração)
são positiva expiratória final (PEEP) com ou em ventilação espontânea em tubo "T";
aumento do volume pulmonar ao final ainda que alguns autores considerem viável
da expiração ocasiona o rebaixamento da a avaliação da incursão diafragmática em
cúpula diafragmática, resultando na dimi- VM com parâmetros mínimos, com pres-
nuição de sua movimentação. Portanto, a são de suporte de 7 em de H 20 e PEEP de
avaliação da incursão diafragmática deve zero, sua jJe~fonnance não é considerada tão
ser realizada preferencialmente com opa- acurada. 16 Todavia, se o foco for a avaliação
ciente na ausência de suporte ventilatório da interação do paciente com o ventilador,
é dispensável o emprego da ventilação
•
espontanea.
A Os valores normais de mobilidade dia-
fragmática se situam entre 1,8 + 0,3 em
no sexo masculino e 1,6 + 0,3 em no sexo
feminino, sendo tais valores validados du-
rante a ventilação espontânea tranquila. Na
inspiração profunda, observamos aumento
considerável dos valores obtidos: 7 ,O± 0,6
em e 5,7 + l ,O em nos homens e mulheres,
respectivamente. 14
Espessamento diafragmático
B
A avaliação do espessamento diafrag-
mático durante o ciclo respiratório pode
ser feita pela use na zona de aposição do
diafragma à caixa torácica (Figura 21.7).
Com o paciente na posição semissentada,
a avaliação é feita com um transdutor li-
near, com frequência maior que 10 MHz.
O probe deve ser colocado entre a linha
axilar anterior e média, entre o oitavo e
décimo espaço intercostal, direcionando o
feixe ultrassônico perpendicularmente ao
diafragma. A zona de aposição é identificada
Figura 21 .6. (A} Imagem bidimensional da região 0,5 a 2 em abaixo do seio costofrênico, onde
subcostal direita, com a utilização do fígado como o diafragma pode ser identificado como
janela acústica para a visualização da hemicúpula uma estrutura formada por três camadas:
diafragmática direita, visualizada como uma linha uma hipoecogênica central, delimitada
hiperecogênica (seta vermelha). A linha branca por duas linhas hiperecogênicas paralelas
representa o direcionamento do feixe ultrassônico. entre si, o peritônio e a pleura. Na imagem
Repare sua incidência perpendicularmente à porção bidimensional são observadas sequencial-
posterior da cúpula diafragmática. (B) Imagem em mente a caixa torácica, a linha pleural, o
Modo M da movimentação da cúpula diafragmática diafragma e a linha peritoneal. 17
durante o ciclo respiratório, em um paciente em Com o uso da USe e m Modo M, é
desmame da ventilação mecânica. Neste caso, o possível medir com precisão a variação da
valor da incursão diafragmática foi de 1,7 em. Fonte: espessura diafragmática durante o ciclo
modificado de Boussuges et al. 14 respiratório e calcular o espessamento dia-
287
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
A B
Probe de alta
frequência
Zona de exposição
Caixa
torácica
Membrana
pleural
Diafragma
Membrana
peritoneal
Figura 21 .7. Técnica adequada de obtenção de imagem para avaliação do espessamento diafragmático.
(A) Representação esquemática da zona de aposição diafragmática e da colocação do transdutor de alta
frequência perpendicular ao diafragma, logo abaixo do seio costofrênico. (B) Posicionamento adequado do
transdutor na parede torácica. (C) Imagem bidimensional do diafragma na zona de aposição, identifica n-
do-se sequencialmente a caixa torácica, a membrana pleural, o diafragma e a membrana peritoneal. Fonte:
modificado de Vivier et al.11
288
Capítulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao Desmame Ventilatório (Pulmão, Diafragma e Coração)
Caixa
torácica
Diafragma
Figura 21 .8. Imagem em Modo M da variação normal do espessamento diafragmático, delimitado pelas
linhas pleural e peritoneal, durante o ciclo respiratório. A espessura diafragmática na expiração, delimitada
pelos pontos "A'; é de 11 mm; na inspiração, delimitada pelos pontos ·s~ de 26 mm.
linha de movimentação
diafragmática
Figura 21 .9. 1magem em Modo M da incursão diafragmática em um paciente com falha de desmame
ventilatório. Neste caso, a incursão diafragmática, durante a prova de ventilação espontânea, foi de 0,4 em.
Compare a amplitude de movimento da linha diafragmática com a da Figura 21.6.
289
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 21.1 O. lmagem em Modo M da incursão diafragmática. Neste caso, além da análise da incursão dia-
fragmática de 1,53 em, dada pelas distâncias entre os pontos AA, também foi analisado o tempo inspiratório
diafragmático de 0,96 segundo, obtido no eixo horizontal pelos pontos BA. Estes dados permitem o cálculo
do índice deslocamento-tempo diafragmático.
290
Capitulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao Desmame Ventilatôrio (Pulmão, Diafragma e Coração)
A B
Figura 21 .11 . Medida da Ele 'mitral. (A) Medida de velocidade de enchimento ventricular rápido (E) por
meio do fluxo transmitral (Doppler pulsado). (B) Medida de velocidade de movimentação da porção lateral
do anel mitral (e') pelo Doppler tecidual.
291
CMIB- Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURG~NCIA
292
Capítulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao Desmame Ventilatório (Pulmão, Diafragma e Coração)
293
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
294
Capítulo 21 Uso da Ultrassonografia no Auxílio ao Desmame Ventilatório (Pulmão, Diafragma e Coração)
295
Uso do Ecocardiograma no Paciente
com Hipoxemia Oculta e Pesquisa de
Shunt lntracardíaco
Ricardo Ávila Chalhub
Dalton de Souza Barros
Ana Cristina Burigo Grumann
Viviane Tiemi Hotta
297
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
o indivíduo a cefale ia, acide n te vascular septo in terauial, de visualização mais difícil,
cerebral por embolia paradoxal, ortodeóxia sobretudo ao ecocardiograma transtorácico
(piora da oxigenação com a mudança de (Figura 22.1). A CIA é geralmente mais fácil
decúbito d orsal para ortostase), platipneia de ser ide ntificada, sendo visualizada com
(piora da dispneia em ortostase) e a lgum maio r facilidade a solução de con tinuidade
grau de hipoxemia no sep to interatrial. A pesquisa do shunt
A ocorrência de insuficiência respinttória interatrial pode ser r ealiza d a por meio do
no paciente com shunt intracardíaco sem a Doppler colorido (principalmente a pós
presença de hipertensão pulmonar a inda redução do limite de Nyquist para 30 a 40
é tema controverso. e m/ s) (Figura 221) .
Tratando-se de insuficiência respiratória Uma maior acurácia na pesquisa de shunt
com necessidade de ventilação mecânica, inte ratrial pelo ecocardiograma transtorá-
a presença de valores elevados de pressão cico é obtid a com a utilização de injeção de
positiva expiratória final (PEEP) em um solução salina agitada ou coloide (Figura
paciente com shunl intracardíaco, seja FOP 22.2). A solução salina agitada geralmente
ou CIA, pode aumentar o shunt cardíaco é preparada através da mistura de 8 ml de
direita-esquerda, conuibuindo para a piora soro fisiológico 0,9% ou soro glicosado 5% +
'
do estado hipoxêmico. 2 ml de ar. E necessário ter 2 seringas de 10
ml conectadas a uma conexão de 3 vias, que
deverá estar conectada numa via de acesso
Diagnóstico do shunt intracardíaco venoso do paciente. Inicialmente deve-se
O método considerado padrão-ouro para mobilizar o conteúd o de soro + ar entre
o diagnóstico de FOP/ CIA é o ecocardiogra- as duas seringas por algumas vezes, através
ma transesofágico, e mbora tal diagnóstico da cone xão e, posteriormente, injetar na
possa ser realizado também com o ecocar- via de acesso do paciente. A solução salina
diograma u·anstorácico, p rincipalmente pode ser misturada ainda com um pouco de
pela j anela subcostal. O FOP constitui ha- sangue aspirado do mesmo paciente, para
bitualmente um desalinhamento em forma aumentar a sensibilidade do método. O uso
d e túnel das m embranas componentes do da manobra de Valsalva n os pacientes e m
A B
Figura 22.1. Pesquisa de shunr com Doppler colorido. Em (A) janela subcostal, com visualização de pequeno
fiuxo esquerda-direita (seta). Em (8) exame transesofágico ao nível do esôfago médio (corte bicava I), eviden-
ciando fiuxo esquerda-direita e desalinhamento do septo interatrial na região da fossa oval (seta), sugestivo
de FOP AO: átrio direito; AE: átrio esquerdo; VCS: veia cava superior; FOP: foram e oval patente.
298
Capítulo 22 Uso do Ecocardiograma no Paciente com Hipoxemia Oculta e Pesquisa de Shunt lntracardíaco
A B
c D
Figura 22.2. Pesquisa de shunt intracardíaco com solução salina agitada. Observar monitor contínuo de
eletrocardiografia na parte inferior. Em (A), imediatamente no início do primeiro batimento cardíaco (ver
seta) a partir da injeção da solução salina, observa-se preenchimento apenas das câmaras direitas. Em (B), ao
final do primeiro batimento cardíaco (ver seta), evidenciamos início da presença da solução salina agitada
ao nível de câmaras esquerdas, que aumenta ainda mais em (C) e (D). VD: ventrículo direito; VE: ventrículo
esquerdo; AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo.
299
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 22.3. Pesquisa de comunicação interatrial em paciente com hipoxemia, hipertensão pulmonar e
embolia paradoxal. Paciente de 44 anos, deu entrada na emergência com dispneia progressiva há 6 meses.
Radiografia de tórax (A) e ecocardiograma transtorácico (B e C) evidenciaram sinais de sobrecarga de câmaras
direitas e hipertensão pulmonar. Observada ainda presença de imagem ecodensa no interior do ventrículo
esquerdo (C) (ver seta). Evoluiu subitamente com hemiparesia à esquerda. Tomografia de crânio de urgência
não mostrou alterações significativas. Submetido então a trombólise, evoluindo com piora do nível de cons-
ciência. Repetida tomogra fia de crânio, que mostrou área extensa hipodensa à direita com transformação
hemorrágica (D), sendo indicadas craniectomia descompressiva e drenagem de hemorragia intraventricular.
Realizado ecocardiograma transesofágico, sendo evidenciada comunicação interatrial, com demonstração
de fluxo interatrial (ver setas) ao Doppler colorido (E) e por meio do uso de solução salina agitada (F). VD
ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo; AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo.
300
Capítulo 22 Uso do Ecocardiograma no Paciente com Hipoxemia Oculta e Pesquisa de Shunc lntracardíaco
301
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
302
Avaliação Ultrassonográfica Rápida do
Abdome pelo lntensivista
303
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 23.1. Estudo ultrassonográfico da aorta. (A) Corte transversal suprarrenal; (B) corte transversal infrar-
renal; (C) corte longitudinal suprarrenal; (D) corte longitudinal infrarrenal.
Figura 23.2. Demonstração de alguns planos de documentação do fígado. (A) Corte sagital do lobo esquer-
do, incluindo a veia cava inferior, a veia hepática esquerda e o lobo caudado; (B) corte transversal subcostal,
demonstrando as três veias hepáticas; (C) Corte longitudinal demonstrando a veia hepática direita. VHD: veia
hepática direita; VHM: veia hepática intermédia; VHE: veia hepática esquerda.
304
Capítulo 23 Avaliação Ultrassonográfica Rápida do Abdome pelo lntensivista
Figura 23.3. Vesícula biliar. (A) Corte longitudinal infundíbulo e (B) fundo vesicular. (C) Corte longitudinal
infundíbulo e (D) fundo vesicular.
Figura 23.4. Baço. Cortes coronais do baço. (A) Corte coronal superior; (B) corte coronal inferior.
305
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 23.5. Rim. (A) Imagem do rim direito em eixo maior. (B) Corte transversal do rim direito na altura do
hilo renal.
306
Capítulo 23 Avaliação Ultrassonográfica Rápida do Abdome pelo lntensivista
Figura 23.6. Demonstração da anatomia da bexiga. (A) Corte transversal, com a demonstração dos meatos
ureterais. (B) Corte longitudinal.
Figura 23.7. Estudo da pelve feminina e masculina. Em A, observar o útero em corte longitudinal retrovesical
e. em B, útero em corte transversal. Em C, estudo ultrassonográfico da pelve masculina, com a próstata em
corte transversal.
307
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
308
Capítulo 23 Avaliação Ultrassonográfica Rápida do Abdome pelo lntensivista
ções hipoecogênicas em relação ao parên- lares, que pode ser anecoica ou altamente
quima esplê nico. A partir de 24 a 48 horas, ecogênica (Figura 23.13).
o sangue torna-se mais hiperecogênico, o A pionefrose constitui a presença de pus
que pode dificultar sua diferenciação em no sistema coletor, mais frequentemente
relação ao parênquima do órgão. A utiliza- devido a uma obstrução. Em adultos jovens,
ção do Doppler col01ido pode ser útil ao a obstrução dajunção ureteropélvica e os
caractetizar a ausência de fluxo na área do cálculos são mais comuns. Em idosos, está
hematoma. Em casos mais graves, pode ser
associada à obstrução ureteral maligna.
caracterizada a laceração ou a ruptura do
Constitui a principal urgência urológica
parênquima (Figura 23.12).
devido à alta taxa de mortalidade (25 % )
Em muitos casos de trauma, pode não e à frequência de choque séptico (40% ).
ser possível a identificação do local da lesão, Na ultrassonografia, observamos dilatação
seja no baço ou em outro órgão abdominal, pielocalicial com conteúdo espesso, gases,
sendo a visualização de líquido livre na cavi- cálculos e conteúdo espesso no sistema cole-
dade abdominal evidência suficiente para se
tor, com evidência de debris em suspensão
prosseguir a investigação 16 (Figura 23.12C).
e nível líquido. 12· 13
Pielonefrite aguda
Retenção vesical
A ultrassonografia é útil na avaliação
A avaliação vesical no contexto da ur-
de hidronefrose e de presença de cálculos
gência é de extrema importância, visto que
no sistema p ielocalicial em pacientes com
pielonefrite. Os achados ultrassonográficos pode contribuir para a avaliação de disten-
são o aume nto das dime nsões renais, a são vesical e a identificação de conteúdo
dilatação do sistema coletor, a nefrolitíase, espesso na bexiga urim1ria (sinal de alarme
a perda da diferenciação corticomedular e de sepse), além de guiar procedimento de
a heterogeneidade do parênquima. 12· 13 No sondagem vesical.
caso de abscesso renal, é observada uma A ultrassonografia vesical possibilita,
massa bem definida, com margens irregu- entre outras coisas, a avaliação do volume
Figura 23.1 1. Paciente do sexo masculino, 8 anos de idad e, com história d e trauma abdominal fechado.
Notam-se múltiplas áreas hipoatenuantes compatíveis com hematomas intra parenquimatosos e coleção
subcapsular.
309
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
e morfologia vesical, presença de corpos es- de retenção urinária pode contribuir para a
u-anhos e obstrução de vias urinárias(Figura prevenção de infecção de o-ato urinário, além
23.14). Estudos indicam que a investigação d e evitar procedimentos d esnecessários.'· 14•15
Figura 23.12. Paciente do sexo masculino, 20 anos, com história de trauma abdominal fechado. (A e B)
Baço com ecotextura heterogênea, com algumas áreas hiperecogênicas e císticas em sua metade superior.
(C) Grande quantidade de líquido livre na cavidade abdominal. (0) Corte tomográfico axial na fase portal,
confirmando o achado de múltiplas contusões e lacerações.
Figura 23.13. Abscesso renal. (A) Ultrassonografia evidencia coleção hipoecoica dominante no terço médio
do rim direito. (B) Tomografia pós-contraste mostra a coleção, destacando-se o cateter duplo J na pelve renal
direita (imagem linear hiperatenuante).
310
Capítulo 23 Avaliação Ultrassonográfica Rápida do Abdome pelo lntensivista
Figura 23.14. Ultrassom vesical. (A) Estimativa do volume urinário vesical. lmagem obtida com o transdutor ao
plano transversal da bexiga. A linha tracejada representa o diâmetro transversal maior da bexiga. (B) Imagem
obtida com o transdutor alinhado ao eixo longitudinal da bexiga. As linhas tracejadas representam os diâmetros
anteroposterior e superoinferior da bexiga. (C) Bexiga cheia obstruída em paciente com sondagem vesical.
Fonte: adaptado de DaI Mago AJ, Helayel PE, Bianchini E, et ai. Prevalence and predictive factors of urinary
retention assessed by ultrasound in immediate post-anesthesic period. Rev Bras Anestesio!. 2010;60(4):383-90.
Figura 23.15. (A) Aneurisma de aorta abdominal com trombo. lmagem visualizada pela ultrassonografia. (B)
Imagem da angiotomografia computadorizada. (C) Aneurisma de aorta abdominal com dissecção (delamina-
ção). Imagem visualizada pela ultrassonografia ao modo bidimensional. (D) Imagem visualizada pela ultras-
sonografía ao Doppler colorido, na qual pode se visualizar o fluxo distinto entre a luz verdadeira e a luz falsa.
31 1
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
312
Capítulo 23 Avaliação Ultrassonográfica Rápida do Abdome pelo lntensivista
7. Mortele KJ, Segatto E, Ros PR. The Infected 13. D ' Ippo li to, et a i. Pielonefl·ite ag ud a :
Liver: Radiologic-Pathologic Correlation. classificação e diagnóstico por imagem . Rev
RadioGraphics. 2004;24(4) 937-55. Imagem. 2005:27;183-94.
8. Hanbidge AE, Buckler PM, O 'Malley ME, 14. D au r at A, Choqu et O , Bringu ie 1· S, et
et ai. Imaging Evaluatio n for Acute Pain in a i. Di agnosis of Pos t:operati ve Urin ary
the Righ t Uppe r Quadrant. RadioG1·aphics. Retention Using a Simplified U lu·asound
2004;24( 4) :I 117-354. Bladder Measurement. Anesth Analg.
9. FerreiraS et ai. Abscesso hepático piogênico- 2015;120(5) :1033-8.
casuística de 19 anos. J Port Gastroenterology. 15. Moore DA, Edwards K. Using a pol'table
2007;14:128-33. bladder scan to reduce the incide n ce of
10. Galvão MC. Colecistite ag ud a . J Bras. nosocomial urinary tract infections. Med
Gawoenterol. 2005;5: 166-7. Surg Nu rs. 1997;6:3943.
1 L Andrews MW. Ultrasound of the spleen. World 16. US Preventive Services Task Force.
J Sug. 2000;24(2):183-7. Screening for a bdominal aortic a neurysm:
12. Crai g WD, Wagner BJ , Travis M D . recommendation statement. Ann Intern Med.
Pyeloneph ri tis: Rad iologic-PatJ1ologic Review. 2005; 142:198-202.
Rad ioGraphics. 2008;28(1) :255-76.
313
Pesquisa de Trombose Venosa de
Membros Inferiores pelo lntensivista
315
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
fatorial que ocorre quando vários fatores com fraturas múltiplas; cateteres venosos
de risco estão presentes simultaneamente centrais e câncer metastático, principal-
em determinadas combinações. mente adenocarcinomas.
Alguns fatores de risco adquiridos são
bastante relevantes e podem causar trom-
boses em porcentagens altas da população
Fisiopatologia
afetada, implicando em aumento do risco A ativação da cascata da coagulação é
relativo. Estes fatores incluem procedi- o mecanismo principal da patogênese da
mentos ortopédicos, neurocirúrgicos e TVP, sendo a ativação plaquetária menos
abdominais extensivos; traumatismo grave importante,justificando a melhor ação dos
Femoral
1...- -:--- profunda direita
J
a.--- safenadireita
I + -- -
acessória - - - f
Safenamagna - - - + t
"
direita
Figura 24.1. Desenho esquemático demonstrando anatomia venosa dos membros inferiores.
316
Capítulo 24 Pesquisa de Trombose Venosa de Membros Inferiores pelo lntensivista
anticoagulantes, tanto na profilaxia quanto mente para a circulação arterial por meio de
no tratamento, em relação aos antiagregan- um forame oval persistente ou comunicação
tes plaquetários. interatriaL Cerca de metade dos pacientes
O plano valvar do sistema venoso pro- com trombose de veias pélvicas ou TVP
fundo dos membros inferiores é o local na região proximal do membro inferior
onde geralmente inicia-se sua formação . A apresenta embolia pulmonar (EP), que
extensão do tromba ocorre na direção do geralmente é assintomática. Os trombas
fluxo sanguíneo, pela deposição de suces- isolados das veias da panturrilha repre-
sivas camadas, entretanto, seus segmentos sentam risco baixo de EP, mas são a causa
flutuantes proximais podem se fragmentar mais comum de embolia paradoxal. Estes
com risco de embolização para os pulmões. pequenos trombas podem atravessar um
A maioria dos trombas dos membros infe- f01·ame oval persistente ou defeito de septo
riores localiza-se nos vasos distais (abaixo da atrial, ao contrário dos trombos maiores de
veia poplítea), porém podem se propagar parte proximal da perna.
para os segmentos proximais (veia poplítea,
femoral, ilíaca e cava).
Quando trombas venosos se desalojam
Sintomas
dos locais de formação, embolizam para a A apresentação clínica da TVP é inespe-
circulação arterial pulmonar ou paradoxal- cífica e varia com a distribuição anatômica,
Gravidez
Obesidade
Imobilização gessada
ACO
TRH
Distúrbios mieloproliferativos
Idade
SAF: síndrome do anticorpo antifosfolipideo; ACO: anticoncepcional oral; TRH: terapia de reposição hormonal; TAFI: inibidor
da tibrinólise ativado pela trombina; TFPI: inibidor da via do fator tissular; APC: proteína C ativada; PCI: inibidor da proteína
C; PAI-3: inibidor 3 do ativador do plasminogênio.
317
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
318
Capítulo 24 Pesquisa de Trombose Venosa de Membros Inferiores pelo lntensivista
Sintomas clínicos/suspeita
deTVP
Probabilidade pré-teste
I Improvável Provável
0-dímero Doppler
Positivo Negativo
Positivo
Seguimento:
Ausência de TVP
Repetir Doppler em 3a 7dias
TVP confirma ou flebografia
Ir
- Tratamento
Figura 24.2. Fluxograma de investigação. TVP: trombose venosa profunda.
Quadro 24.3. Pré-teste de probabilidade clínica para trombose venosa profunda (TVP).
Variável clfnica Pontuação
1. Câncer em atividade (tratado nos ú ltimos 6 meses, ou em tratamento pal iativo) 1
2. Paralisia, paresia ou imobilização da extremidade inferior 1
3. Imobilidade no leito por 3 d ias ou mais, ou cirurgia de grande porte nas últimas 12 1
semanas
Interpretação:
< 2: TVP improvável
~ 2: TVP provável
319
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
320
Capítulo 24 Pesquisa de Trombose Venosa de Membros Inferiores pelo lntensivista
Figura 24.3. Demonstração de exame ultrassonográfico com transdutor linear no longitudinal em topo-
grafia da bifurcação da veia femora l comum (A), veia tibial posterior (B) e poplítea (C).
Figura 24.4. Bifurcação da veia femoral comum no longitudinal, demonstrando fluxo preservado com
o uso do color Doppler.
321
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 24.5. Doppler colorido e espectral evidenciando fluxo em veia femoral comum direita com fasicidade.
Figura 27.6. Material hipoecogênico ocupando o lúmen da veia femoral comum, femoral superficial e
femoral profunda em corte longitudinal. Ao color Doppler, nota-se ausência de fluxo.
Figura 24.7. Material hipoecogênico ocupando o lúmen da veia femoral superficial no corte transversal
(A) e longitudinal (8). Ao colo r Doppler, nota-se ausência de fluxo venoso e presença de fluxo arterial.
322
Capítulo 24 Pesquisa de Trombose Venosa de Membros Inferiores pelo lntensivista
Na porção cava ilíaca, não é possível Nos membros superiores, o exame pode
realizar compressão, por isso é importante ser feito em decúbito dorsal ou sentado com
avaliar características do fluxo com o Doppler os braços sobre um apoio. O estudo inicia-se
colorido e espectral. Compressão distai da na veia subclávia, na porção pré-esca!ena
coxa pode ser utilizada e m casos duvidosos. e progrede em direção distai. Depois são
As veias superficiais possuem alterações avaliadas a veia axilar, no sulco axilar, e as
ultrassonográllcas idê nticas às do sistema veias braquiais, radiais e ulnares.
venoso profundo associado a edema do
subcutâneo, indicando inflamação conco-
mitante; por isto se dá o nome de u·ombo-
Tratamento
flebite (Figura 24.10). Importante avaliar O s objetivos do tratamento da TVP
também se há extensão da trombose para são prevenir ocorrência de EP, SPT e re-
o sistema venoso profundo, como na crossa corrência da TVP. Para tal, vários tipos de
da veia safena, na junção safeno-femoral, tratamentos estão disponíveis no arsenal
alterando a conduta (Figura 24.11) . terapêutico.
Figura 24.8. Corte transversal da veia poplítea direita com compressão, demonstrando colapso e per-
sistência da artéria poplítea adjacente.
Figura 24.9. Veia gastrocnêmia mediai em corte transversal com material hipoecoico em seu interior e
não compressível (A) e no longitudinal sem f luxo ao Doppler colorido (B).
323
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 24.1O. Corte transversal da veia basílica demonstrando material hipoecogênico não compressível
intraluminal da veia basílica e sem fluxo ao colo r Doppler, caracterizando tromboflebite.
Figura 24.11 . Sinais sugestivos de sequela de trombose venosa profunda e tromboflebite prévia. Material
h iperecogênico intraluminal não compressível em veia superficial (A) e espessamento e irregularidades
parietais na safena magna e veia femoral comum, com refluxo às manobras compressíveis (B).
324
Capítulo 24 Pesquisa de Trombose Venosa de Membros Inferiores pelo lntensivista
325
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Vedanlham S, Sista AK, Klein ~J , et ai. Quality Wang KL, Chu PH, Lee CH , et ai. Management
improvement guicleli nes for the treatmen t ofVenous Thromboembolisms: Part I. The
of lower-extremi ty deep vein lhrombosis with Consensus for Deep Vein Thrombosis. Acta
use of endovascular thrombus rem oval. J Vasc Cardiol Sin. 2016;32(1):1-22.
l nterv Radiol. 2014;25(9) :1317-25.
326
Ultrassonografia do Nervo Óptico na
Medicina Intensiva
327
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
mm. Quando associado à sua bainha, este do nervo óptico contém um volume apro-
diâmetro chega a 4 mm. A bainha, por si, ximado de 0,1 mL de LCR e complexa
possui diâmetro médio de 0,4 mm (variando estrutura constituída de trabéculas, septos
de 0,3 a 0,4 mm) e espaço subaracnoideo e pilares distribuídos entre as camadas da
com espessura de 0,1 mm (variando de 0,1 aracnoide e da pia-máter, que acaba por
a 0,2 mm), que se localiza entre a bainha ser mais densa na porção mais posterior do
e o nervo óptico (Fig ura 25.2). A bainha nervo que na anterior (onde é esparsa) :'"7
Devido à presença destas estruturas entre
as meninges, o espaço subaracnoide do
nervo óptico torna-se uma estrutura tubu-
lar, heterogênea e formada por múltiplas
câmaras, terminando em fundo cego no
globo ocular. O LCR, que circula nessa
estrutura, comunica-se diretamente com
o LCR encefálico da cisterna quiasmática. 7
Essa comunicação permite transmissão di-
reta e homogênea de pressão e LCR entre
os dois compartimentos. 1·7•8 Assim, durante
aumentos da pressão intracraniana (PIC) , o
LCR é transferido do espaço subaracnoideo
encefálico para o espaço perinervo óptico,
gerando aumento da pressão local, resultan-
do em expansão e aumento do diâmetro da
bainha do nervo óptico. Devido à presença
das trabéculas, septos e pilares, j á citados,
e sua maior densidade na porção posterior
Figura 25.1. 11ustração anatômica do globo ocular. do nervo, a dilatação e o aumento do diâ-
Fonte: modificado de Spencer et al.5 metro da bainha do nervo óptico ocorrem
de forma mais significativa no segmento
anterior da bainha e do nervo (na região
imediatamente posterior ao globo ocular) ,
especificamente 3 mm após a entrada do
nervo óptico n o globo ocu lar, na borda
poste rior da escle ra (Figura 25.3).
4mm
328
Capftulo 25 Ultrassonografia do Nervo Óptico na Medicina Intensiva
'
dificar o lndice Mecânico (MI, do inglês ajustar o time gain comfJensation (TGC) para
'
Meclumicallndex) c o Indice Térmico (TI, melhor visualização das bordas do nervo e
Thermal fndex), devido ao risco de lesão do bainha (de forma mai nítida).
cristalino e da retina, caso utilizado um
alto índice, respeitando o princípio de
AlARA, acrônimo de As Low As Reasonably Ultrassonografia do nervo óptico
Achieuable, mantendo TI s 1,O e MI < 0,23. normal: técnica e imagem
as máquinas em que i so não é factível,
O posicionamento ideal do paciente
deve mos reali1-ar o exame apenas em casos para realização da U C da bainha do nervo
de emergência e com a menor potência óptico é na posição supina. O diâmetro da
possívelY
bainha do nervo óptico não sofre variação
O probe a ser utilizado para medir o com o nível da posição da cabeça do pacien-
diâmetro da bainha do nervo óptico deve te em relação ao leito. As pálpebras devem
ser do tipo linear (também utilizado para permanecer fechadas e com os olhos na
acesso vascular) com 7,5 MH z, 10•11 porém posição neutra (direcionado para frente,
vários estudos de literatura demonstram idealmente). Pacientes que não encontram-
ser seguro o uso de probc linear com 13 a -se sedados devem ser cooperativos, visto
16 MHz 12 ou outras frcquências. 13 Apesar que a movimentação ocular (mudando da
disso, sabe-se que o uso de probes com dife- posição central para olhar lateral) pode
rentes frequê ncias pode gerar resultados alterar a anatomia do nervo óptico, por
divergentes inte rexaminadores e valores de mudar seu diâmetro e trajeto. ~ 1
329
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
Quadro 25.1 . Valores do diâmetro da bainha do nervo óptico e sua sensibilidade e especificidade,
conforme os estudos citados
Kimberly 4 TCE 15 5 88 93
et al. 29 11 HIP
Moretti et a1. 30 HIP 53 com 5,2 94 76
HSA sangramento
53 controles
DBNO: diâmetro da bainha do nervo óptico;TCE: traumatismo craniano; HIP: hemorragia intraparenquimatosa;
HSA: hemorragia subaraconoidea; AVC: acidente vacular cerebral; SNC: sistema nervoso central; VP: ventrículo-peritoneal;
TSVC: trombose de seio venoso cerebral.
330
Capítulo 25 Ultrassonografia do Nervo Optico na Medicina Intensiva
medidas no olho não traumatizado. 16 Pa- entre o diâmetro da bainha do nervo óptico
cientes com doença ocular, como glaucoma, medido por USG e por neuroimagem em
catarata, exoftalmia de outras causas (como adultos. 3·21"23 Parece haver boa correlação
hipertireoidismo) não foram incluídos entre as medidas por USG 3 quando com-
nos estudos e, portanto, não sabemos exa- paradas às mesmas medidas por ressonân-
tamente como o diâmetro da bainha do cia magnética (RM) .21 A mesma medida
nervo óptico se comporta neles, em vigência pode ser realizada usando a tomografia
de H IC, ou como observamos a imagem computadorizada (TC). Estudo recente
na USG destes pacientes.9•10·17 Não existe demonstra que a medida da bainha do
correlação entre o diâmetro da bainha do nervo óptico realizada pela TC de crânio
nen'O óptico com idade, sexo ou índice também está fortemente relacionada à HIC
de massa corporal. Além disso, existe boa (tal qual pela USG) , sendo esse o achado
correlação entre examinadores e entre tomográfico com maior valor preditivo de
exames realizados em um mesmo paciente HIC. 22 Outras publicações também recen-
pelo mesmo examinador (boa correlação tes acharam correlação significativa entre
intra e interexaminador) .18 •19 medidas invasivas da PIC e o diâmetro da
bainha do nervo óptico em pacientes após
TCE grave.IO.IG.I7
Ultrassonografia da bainha do A USG de nervo óptico também já foi
nervo óptico nas diversas doenças extensivamente estudada na hemorragia
neurológicas: evidências atuais intraparenquimatosa, por meio de estudos
comparativos com medida invasiva da PIC. 11
A HIC pode ser definida como valor da Esta condição, muitas vezes associada à HIC,
PIC acima de 20 mmHg de forma sustentada é frequentemente manejada no nosso meio
por um tempo mínimo de 5 minutos. E' uma sem monitorização invasiva. Nesta situação,
complicação comum a diversas doenças o método pode ser especialmente útil,
neurológicas e não neurológicas (como principalmente nos casos de h emorragia
exemplo hepatite aguda fulminante) e, por associada a distúrbios da coagulação, nos
vezes, o evento comum e final das mesmas, quais o uso de dispositivos invasivos não é
com alteração da dinâmica circulatória factível até a reversão da anticoagulação,
encefálica e liquórica, culm inando na her- e a monitorização rápida da PIC é neces-
niação cerebral e morte encefálica."~ Vários sária, para diagnóstico e introdução do
estudos de monstraram boa correlação da tratamento precoce.
medida do diâmetro da bainha do nervo Pacientes em vigência de CJise hiperten-
óptico com HIC nas diversas doenças que siva ou gestantes em pré-eclâmpsia também
podem culminar com ela. já foram estudados. Pacientes que apresen-
A I-TI C é um desafio e uma complicação taram crise hipertensiva no d epartamento
fatal e m pacientes com trauma cranience- de emergência associada a sintomas e que
fálico (TCE). É uma importante causa de possuíam pressão arterial (PA) > 166 x 82
lesão neuronal secundária nesses pacientes mmHg apresentaram medida da bainha
e forte preditor de desfecho neurológico do nervo óptico> 5 mm, e seu tratamento
negativo. Vários fatores ocorrem em con- correlacionou-se com melhora sintomática e
junto para causar aumento da PIC nesse redução do diâmetro da bainha, sugerindo
grupo de pacientes, como o trauma em si, que este diâmetro possa servir como marca-
a presença de áreas de contusão e sangra- dor de gravidade nesses pacientes.23 Estudo
roemos, além da ocorrência de isquemia realizado em pacientes com pré-eclâmpsia
secundária à hipotensão e à hipoxemia. 20 mostrou que a medida do diâmetro da ba-
Diversos estudos realizaram comparação inha do nervo óptico foi significativamente
331
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
maior em 18% delas, poré m n ão houve Além disso, a performance da use é de vital
corre lação com a gravidade da doença importância para acurácia do exame,já
(por exemplo: associação à lesão renal ou que equipamentos mais velhos e fnvbes de
hepática). 24 menor frequência ( < 7,5 MH z) podem
Outra aplicação da medida do diâmetro levar a uma variabilidade inter e intraob-
da bainha do nervo óptico é n o a uxílio servador inaceitável. Artefatos, como pre-
diagnóstico e no acompan h a m e nto ao sença de sombra acústica, podem ocorrer.
longo do tempo de pacientes (adultos e Estes achados são, algumas vezes, de d ifíci l
c rianças) com hidrocefal ia e suspeita de diferenciação da bainha do nervo óptico
HIC. A USe da bainha do n e rvo óptico real, pode ndo provocar falsos aume ntos
ainda não está validada para acompanhar na medida e significante variabilidade nos
o u·atamcnto de forma aguda, ou seja, ava- valores encomrados, principalmente entre
liar a efetividade do tratamento e retirada examinadores menos ex perientes .~'··~'
de volume d e LCR e sua resposta clínica, Pelo fato de a PIC ser uma variável di-
mas parece ser um método promissor na nâmica, a u se do ne rvo óptico ainda não
avaliação não invasiva desses pacientes. 2" consegue substitu ir a medida invasiva da
Pacientes em morte encefálica apresen- PIC nas s ituações em que ela se faz ne-
taram maior diâmetro da bainha do nervo cessária, já que não se sabe ainda o real
óptico quando comparado com controles componamento do diâmetro da bainha
com a mesma doença de base. Apesar deste em condições de nutuações da PIC, e ntre
achado, a use de nervo óptico não pode valores normais e elevados. Pode haver re-
ser utilizada para auxiliar no diagnóstico tardo na reversão elo aumento da bainha do
de morte encefálica, uma vez que este diag-
nervo óptico após períodos de elevação da
nóstico é clinico.27
PIC, limitando a capacidade do exame no
U ma série de fatores pode afetar a in- acompanhamento da resposta terapê utica
terpretação ela use do nervo óptico e deve imediata dos pacientes com HIC. 28 Apesar
ser descartada antes ela mensuração. A disso, demonstramos um caso que houve
bainha do nervo pode estar distendida em reversão para valores normais da bainha
uma série de doenças, como neurite óptica, do ne rvo óptico a pós tratamento ela HIC
neoplasias intraorbitárias, oftalmopatia de (Figura 25.5).
Craves ou compressão extrínseca do nervo.
Além disso, a neuropatia óptica u-aumática Outra limitação é o fato de que o método
e o trauma ocular podem tornar a inter- fornece somente informações qualitativas
pretação difícil. Apesar d isto, nos estudos sobre a PTC (alta vs. baixa) e não uma me-
com pacie nte que apresentaram T CE, a dida quantitativa.30 Por fim, ainda não há
ocorrência de envolvimento o rbi tal que consenso sobre qual o valor ideal da bainha
não permitisse a avaliação ulrt~ssonográfica do nervo óptico para determinar HIC. Está
foi rara.I6.2G.27 bem estabelecido que valor acima de 5 mm
Apesar da curva de aprendizado ser está associado à e levação ela PIC, porém
rápida quando comparada à d e outros existe variabi lidade importante entre os
métodos como o Doppler u-anscraniano, valores citados na literatura (5 a 5,9 mm) .~1
a experiência do examinador é fundamen- Em 2018 foi publicad a uma revisão
tal. Uma técnica inapropriada leva a erros sistemática e meta-análise, que in clu iu 7
significativos na medida do diâmetro da estudos. A acu rácia do USe do nervo ó p-
bainha do nervo óptico, j á que a diferença tico para estimativa da HIC variou de 0,81
e ntre pacientes com o u sem elevação d a a 0,95, com área sob a curva ROC sumária
PlC é frequentemente submilimétrica. 27•28 hierárqu ica (AUHSROC- ema tmder lhe
332
Capítulo 25 Ultrassonografia do Nervo Optico na Medicina Intensiva
Figura 25.5. Reversibilidade do diâmetro da bainha do nervo óptico em paciente com meningite bacteriana
grave e rebaixamento do nível de consciência. (A) Medida de 0,57 em, compatível com hipertensão intracra-
niana. Após exame, iniciado tratamento para hipertensão intracraniana e monitorização invasiva da pressão
intracraniana (pressão de abertura > 25 mmHg). Após 24 horas de normalização da medida invasiva, o exame
foi repetido, demonstrando valor de 0,48 em (sugestivo de pressão intracraniana < 20). Dl é o ponto 3 mm
atrás do globo, atrás da retina, em que se deve realizar a medida do nervo óptico. D2 é a medida da bainha
do nervo óptico. Fonte: arquivo pessoal dos autores.
333
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
334
Capítulo 25 Ultrassonografia do Nervo Optico na Medicina Intensiva
335
Aplicações do DopplerTranscraniano
na Unidade de Terapia Intensiva
---·
337
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
óssea e alcançar diferentes profundidades. niana das arté1ias carótidas (na região
O modo de emissão das ondas mais utilizado da bifurcação intracraniana) , artérias
é o pulsátil, em que o mesmo cristal que comunicantes anteriores e comuni-
emite as ondas u ltrassonográficas receb e cantes posteriores.
as ondas refletidas. O transclutor pulsátil • Janelas orbitárias: artérias oftálmicas,
permite a estimativa da profundidade per- sifões carotídeos (porções parasselares,
corrida pela onda pelo cálculo de tempo supraclinóideas e do genu) e artérias
em que a onda é e mitida pelo transdutor e cerebrais anteriores contralaterais ao
refletida pelos tecidos. 17 As ondas refletidas, lado abordado.
quando recebidas pelo transclutor, geram
impulso elétrico que é processado, a fim ele • Janelas suboccipitais: segmentos distais
fornecer a velocidade ele deslocamento das extracranianos das artérias vertebrais,
hemácias por meio de um gráfico de onda segmentos intracranianos das artérias
espectral, que possui um pico de velocidade vertebrais, artérias cerebelares poste-
sistólica (PVS) e velocidade diastólica final roinfeliores e artéria basilar.
(VDF) (Figura 26. 1). • Janelas submandibulares: segmentos
Frequências ultrassonográficas iguais retromandibulares das artérias caróti-
ou inferiores a 2MHz são necessárias para das internas cervicais e porções distais
penetração da onda no crânio. Desta forma, extracranianas das artérias carótidas
o posicionamento do transdutor nas janelas internas (próximo à base do crânio) .
do crânio permite a obtenção dos espec- As artérias previamente citadas podem
tros de velocidade de fluxo sanguíneo de ser avaliadas a cada 1 ou 2 mm de suas ex-
algumas artérias encefálicas em função do tensões.20 Para que as medidas da velocidade
tempo. 18•19 A seguir, são descritas as janelas de fluxo sanguíneo sejam mais precisas, o
acústicas do crânio e as respectivas artérias examinador deve obter sinais audíveis mais
por elas acessadas (Figura 26.2): inte nsos possíveis e os m e lhores espectros
• Janelas temporais: arté1ias cerebrais de velocidade de fluxo sanguíneo, ao ajustar
médias, anteriores e posteriores (seg- a posição e a angulação do transdutor, de
mentos Pl e P2, respectivamente, por- modo que o ângulo de incidência entre a
- ; ;.. . .
çoes pre e pos-artenas comumcantes onda ultrassonográfica e o vaso sanguíneo
poste riores), porção distai i ntracra- seja próximo de zero. 21
Figura 26.1. Gráfico de onda espectral que possui um pico de velocidade sistólica (A) e velocidade diastólica
final (8).
338
Capítulo 26 Aplicaçõesdo DopplerTranscraniano na Unidade de Terapia Intensiva
• •
. ... 67
1
5(} •
• •• •
1 1oo-
1
\ .....:; ... .. .
, •• • • . • ... ••
67
Transdutor
\
• • • • •
••
1 ' . .,. • • I
. •.
cm/s 1 2 3 4 Sec
•
. .. . . • • .. • o
• •• 67
•
1
339
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGtNCIA
340
Capítulo 26 Aplícações do Doppler Transcraníano na Unídade de Terapía lntensíva
IR = (Vs- Vd)Ns
em que 30 representa o tempo em segundos
Na pnítica, tem a mesma função do IP, e ele apneia voluntária realizada pelo pacien-
valores superiores a 0 ,8 indicam aumento à te.30 Esse índice avalia a reatividade microcir-
jusante da resistência ao fluxo sanguíneo. 22 culatória e ncefálica (RME) à hipcrcapnia,
ou seja, a capacidade vasodilatadora da
O TL é definido com o a re lação entre
microcirculação encefálica durante elevação
a Vm da artél"ia cerebral média e a Vm da
carótida interna extracraniana ipsilatera l. do gás carbônico induzida pela apneia. BHI
Na condição de aume nto sig nificativo das
> 0,6 ind ica RME preservada; enu·e 0,21 e
Vm nas artérias cerebrais m édias, este ín- 0,60, reativiclade comprome tida; c !> 0,20,
dice pe rmite a diferenciação entre fluxo reserva sig ni ficativamente comprome tida.
sanguíneo hipe rclinâmico c vasocspasmo.28 O comprometimento da reserva microcir-
Um IL inferio r a 3 pode sugerir hiperdi- culatória encefálica pode estar re lacionada
namia circulatória e IL superior a 3 pode à e levação do risco de isquemia cerebral
sugerir estreitamento de um segmento da causada por mecanismo hemodinâmico. 31
artéria, como ocorre no vasoespasmo.29 O
lS consiste na relação entre a Vm da artéria
basilar e ela artéria vertebral extracraniana.
Hemorragia subaracnóidea
Esse índice é utilizado para o diagnóstico Os pacientes com l fSA apresentam alta
d e vasoespasmo na circulação encefálica incidência de complicações específicas,
posterior. Esses índices, jun tamente da Vm que estão associadas com prognóstico des-
nas artérias e rodadas, também são usados favorável: tumefação cerebral associada à
341
CMIB - Clfnicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URGENCIA
hipertensão intracraniana c isquemia. Estas tem papel prognóstico nesta fase, ou seja,
podem ser associadas tanto com as modi- o estado de o ligoemia prolongado pode se
ficações do fluxo sanguíneo quanto com correlacionar com prognóstico neurológico
as alterações metabólicas do cérebro. 32 Há desfavorável. 3 1.s.; .
con-clação importante entre as alterações
hemodi nâm icas encefálicas e alterações
do metabolismo cerebral na HSA. Com Fase de hiperemia
a identificação das fases hcmodinâmicas A vasodiltação microcirculatória encefá-
da HSA pelo DTC, o intensivista pode ser lica prO\·oca elevação global de FSE. Estados
guiado para o tratamento ideal ao paciente de hiperemia encefálica podem sinalizar um
em cada uma desta fases. H á três fases h e- acoplamento neurovascular prejudicado. O
modinâmicas associadas à HSA: oligoemia, estado de hiperemia não fisiológica pode
hipe re mia e vasoespasmo.:~.~ estar associado à acidose tecidual e ncefálica
ou sistêmica c, em geral, ocorre 24 horas
após o estado de oli goe mi a.~6
Fase de oligoemia
O DTC é capaz de identifica r o estado de
Em geral, nas primeiras 24 horas, ocor- hiperdinamia circulatóra e ncefálica e, con-
re uma diminuição g lobal do FSE, que sequentemente, 01ientar o manejo da con-
pode ser decorrente de dois m ecanismos: dição hemodinâmica dos pacientes, a fim de
aum ento da PIC associado à redução da evitar tumefação encefálica associada a esta
pressão de perfusão encefálica (PPE) e condição. esta fase, devem-se evitar situa-
intensa constdção microvascular, associada ções que piorem a condição de hiperemia
a ba ixas concentrações de óxido nítrico encefálica, como hipercapnia, hipertensão
( O). Estes fenômenos podem desencadear arterial sistêmica, anemia e estados hiperme-
hipoperfusão tecidual, diminuição da oferta tabólicos encefálicos. Podemos notar que,
de oxigênio tecidual, com consequente is- em parte, o tratamento é oposto ao da fase
quemia. Como resultado, o tecido cerebral de oligoemia que, em geral, antecede em
utiliza a produção de energia celular, por 24 horas a fase de hiperemia. Estudos têm
meio da respiração a naeróbica, te ndo o demonstrado a capacidad e do DTC para
lactato como principal produto desta via. avaliar a autorregulação enccfalica (AR) e
Além disso, a diminuição da produção a presença de reatividade microvascular ao
energética tecidual em estados o liguêmicos dióxido de carbono. A combinação destas
intensos pode estar associada à disfunção informações permite melhorar a condução
mitocondria l decorrente do influxo Ca 2+ clínica dos casos de H SA, a fim de evitar o
para o ambiente intracelular, e da produção dano ne uronal secundá rio por tumefação
d e radicais livres e acidose tecidual.~3 encefálica associada<'\ hipe rdinamia circu-
O DTC, na fase hiperaguda da HSA, latória. A AR é a capacidade do encéfalo
pode d e m onstrar o estado de oligoemia em mante r a dinâmica do nuxo sanguíneo
encefálica. Desta forma, a uxilia a tomada adequada, independe nte das variações da
de decisão na conduta clínica a ser adotada pressão arterial sistêmica. A l-ISA é uma das
nesta fase, como: ( 1) manejo da PAM mais patologias em que há comprometimento
adequada; (2) evitar a hiperventilação que, da AR, o que exige níveis pressóricos sistê-
por sua vez, causará hipocapnia e redução micos adequados para evitar a hiperemia
adicional do FSE; e (3) evitar estados que ou a oligoemia. O DTC pode identificar
aumentem a demanda metabólica tecidual o comprometimento da AR por meio de
e ncefálica que, quando associados à oligoe- dados indiretos do espectro das velocidades
mia, podem causar o desacoplamento d o do FSE ou por softwares específicos que
fluxo com metabolismo. AJém disso, o DTC identificam o comprometimento. Oeste
342
Capitulo 26 Aplicações do Doppler Transcraniano na Unidade de Terapia Intensiva
modo, o DTC pode auxiliar na identifica- 48 horas ou, tardiamente, após o 17 dia.
ção da faixa pressórica mais adequada nos Desta forma, recomenda-se que os exa-
est.ados de comprometimento da AR. Além mes de DTC sejam realizados diariamente
disso, a vassorreatividade microcirculató- nesta fase. 3!1 Portanto, a possibilidade de
ria durante variações induzidas pelo gás monitorar a evolução da intensidade do
carbônico pode fornecer dados indiretos vasoespasmo pode permitir a otimização
da integridade do tecido encefálico, uma do manejo clínico do paciente. No vasoes-
vez que a microvasculatura está associada pasmo grave, os fatores hemodinâmicos
intimamente aos neurônios - relação esta observado pelo DTC podem indicar a
conhecida como unidade neurovascular. adoção de medidas clínicas, como uso de
A ausência de vasorreatividade microcir- fánnacos vasoativos, além de tratamento
culatória ao gás carbônico pode ter valor intervencionista endovascular. A oponu-
prognóstico desfavorável. nidade do acompanhamento evolutivo
da resposta obtida ao tratamento adotado
também é um importante benefício do
Fase de vasoespasmo DTC nesta fase. O Quadro 26.2 mostra os
O vasoespasmo na H SA é uma das prin- critérios diagnósticos e de classificação da
cipais causas de isquemia cerebral tardia. gravidade do vasoespamo pelo DTC utili-
Portanto, seu reconhecimento precoce é zando a VM e o IL.
mandatário no manejo clínico do paciente
neurocrítico. Antes de ocasionar sinlOmas
nos pacientes, o vasoespasmo pode ser Traumatismo cranioncefálico
detectado pelo DTC. Desta forma, o tra- As anormalidades circulatórias intra-
tamento clínico do vasoespasmo pode ser cranianas ocorrem com frequência em
instituído precocemente, ames da instalação pacientes com traumatismo cranienccfalico
de déficits neurológicos. ~~ Além disso, a (T CE) .'10• 11 Lesões encefálicas isquêmicas
moniwração pelo DTC permite relacionar podem ser identificadas em cerca de 90 %
o vasoespasmo com outras alterações da dos doentes que vão a óbito após T CE gra-
circulação cerebral, como hipodinamia. ve,42 o que sugere que modificações da
Diversas são as razões que determinam dinâmica do fluxo sanguíneo sistêmico
a isquemia cerebral tardia na HSA rela- e / ou encefálico sejam causas frequentes
cionadas ao vasoespasmo: intensidade do de isquemia e evolução desfavorável dos
vasoespasmo; ocorrência em múltiplas ar- doentes. Estudos de fluxo sanguíneo e
térias ou vasoespasmo sequencial; presença metabolismo do encéfalo sugerem que
ou ausência de circulação colateral ativa- fenômenos h iperêmicos encefálicos são
da; hipermetabolismo tecidual associado; os mais frequenteme n te e ncontrados em
disfunção mitocondriaJ tecidual; presença doentes comatosos após TCE grave .'1 ~
de hipertensão intracraniana; oligoemia
circulatória associada; condição da reserva
microcirculatória encefálica; e presença de Fases hemodinâmicas encefálicas após
estenoses inoacranianasY traumatismo cranioncefálico grave
O DTC é capaz de detect.ar vasoespasmo As im como na HSA, há definição de
nas artérias cerebrais médias e basilar com três fases hemodinâmicas encefálicas após
alta sensibilidade e especificidade.3R Classi- TCE grave: fase I ou de oligoemia, fase li ou
camente, o vasoespasmo pode ocorrer entre de hiperemia e fase III ou de vasoespasmo.
4 a 14 d ias depois do dia do sangramento e, A fase de o ligoemia ocorre no dia do TCE
em alguns casos (13% dos pacientes), pode (dia O) e é caractetizada pela redução do
ser detectado precocemente nas primeiras FSE. A fase de hiperemia getalmente ocorre
343
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
nos dias 1 a 3 e caracteriza-se por aumento que visam minimizar lesões do tecido neural
do FSE. A fase de vasoespasmo geralmente secundárias à HIC, como, por exemplo, a
ocorre dos dias 2 a 6 após TCE e pode haver determinação da melhor faixa prcssórica
redução do FSE. arterial média para o paciente ou a determi-
nação da melhor PaC02 para um paciente
em ventilação mecânica. 2 A persistência do
Fase de oligoemia estado de hiperemia pode estar associada
As a lterações circulatórias encefálicas a prognóstico neurológico d esfavorável.
da fase aguda do T CE moderado ou grave,
caracte1·izadas por redução de velocidade
Fase de vasoespasmo
de fluxo sanguíneo e aumento do IP nas
artérias intracranianas, podem ser reveladas Os estudos com DTC no T CE estimam
pelo DTC, inclusive durante as 3 primeiras a ocorrência de vasoespasmo em 50% os
horas após o evento traumático.•• Nesta fase, pacientes. Há associação importante entre
o DTC deve ser empregado precocemente, o vasoespasmo com repercussão hemod i-
com intuito de orientar a conduta terapêuti- nâmica grave c prognóstico neurológ ico
ca. Quando ele revela oligoemia, devem ser d esfavorável, embora esta repercussão seja
consideradas as possibilidades de insuficiên- menor do que nos casos de HSA espontânea.
'
cia da pressão arterial sistêmica de manter a E importante ressaltar que os pac ientes
' ' .
dinâmica da circulação sanguínea encefálica com vasoespasmo pos-traumanco possuem
(PAi'vl abaixo da faixa de autorrcgulação), prognóstico pior em relação aos pacientes
hiperventilação com redução da PaC0 2 sem vasoespasmo. 2 Os pacientes com T CE
arterial (resultando em vasoconstricção e vasoespasmo da circulação encefálica
ela microvasculatura encefálica), trombo- posterior têm alterações clínicas mais sutis
se pós-traumática elas artérias carótidas e e parâmetros não clínicos para o diagnósti-
hipertensão intracraniana (especialmente co de vasoespasmo tornam-se necessários,
se associada ao aumento do IP). A redução incluindo do DTC. A duração do vasoes-
ele velocidade de fluxo sanguíneo ao DTC pasmo nos pacientes com TCE tende a ser
nas artérias encefálicas pode também ser mais curta em decorrência da nawreza
decon-ente de hipometabolismo encefálico, não inflamatória como causa, ao contrá-
que pode estar associado a lesõe encefálicas ,;o ela H SA. Possivelmente, a origem do
graves. Na fase aguda do TCE, os dados vasoespasmo traumático esteja associada ao
fornecidos pelo DTC possibilitam identifi- estiramento das artérias durante o trauma,
car doentes com risco maior de isquemia e o pico da intensidade, em muitos casos,
encefálica e de prognóstico clesfavorável.2 ocorre entre o quinto e o sétimo dia após
o trauma, e mbora seja observada duração
semelhante à HSA em alguns casos. 2 Desta
Fase de hiperemia fo1ma, uso rotineiro do DTC pode ter papel
O padrão hemodinâmico encefálico fundamental no manejo dos pacientes com
indicativo de hiperemia pode ser detectado TCE grave.
pelo DTC em cerca de 30% dos doentes du- Em resumo, as principais indicações
rante as primeiras semanas após TCE grave. do DTC no TCE grave são: identificar as
A ocorrência deste padrão está associado à anormalidades circulatórias encefá licas
piora da tumefação encefálica c à elevação como oligoemia, hiperemia e vasoespasmo
ela PIC. O DTC pode identificar doentes inu-acranianos, possibilitando melhor orien-
com hipe remia encefáli ca pós-traumática tação do tratamento; detectar a lterações
antes do desenvolvimento da tumefação circulatórias encefálicas decorrentes da
encefálica, o que permite instiwir terapias HIC; avaliar o grau ele comprometimento
344
Capítulo 26 Aplicações do DopplerTranscraníano na Unidade de Terapia Intensiva
345
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Hipertensão intracraniana
Estimativa não invasiva da pressão de
O DTC é importante para avaliar os
efeitos da H IC na circulação encefálica. É perfusão encefálica
especialmente útil em doentes em que há Diversos estudos demonstram que a
contraindicação de monitoração invasiva da medida das velocidades de fluxo sanguíneo
PIC. As alterações na PIC estão associadas nas artérias cerebrais médias pelo DTC
a mudanças na morfologia das ondas de permite alternativa de método não invasivo
velocidade de fluxo sanguíneo das artérias de se estimar a PPE com alto valor preditivo
intracranianas. Deste modo, o aumento da positivo e baixo valor preditivo negativo. 62
PIC pode levar à elevação do IP com pro- A estimativa da PPE pelo DTC usa méto-
gressiva redução das velocidades médias e do que envolve a análise de Fourier do
diastólicas de fluxo sanguíneo. Em geral, primeiro harmônico das formas de onda,
modificações do IP ocorrem quando a PPE tanto da pressão arterial sistêmica como da
está menor que 70 mml:-lg. 2 No momento velocidade de fluxo sanguíneo na artéria
em que a PIC se iguala à pressão arterial cerebral méclia. 63
sistêmica diastólica, a velocidade sanguínea A PPE estimada usa a razão entre a velo-
de fluxo diastólico alcança o valor zero, cidade média de fluxo/ amplitude pulsátil
caracterizando ausência momentânea de ela velocidade ele fluxo multiplicada pela
perfusão sanguínea encefálica durante a pressão sanguínea arterial. 63 Dessa forma,
fase diastólica do ciclo cardíaco.59•60 as análises para se estimar a PPE fundamen-
Em outras situações, mesmo com moni- tam-se na amplitude pulsátil da velocidade
torização invasiva da PIC, o DTC também ele fluxo como determinante do resultaclo. 63
exerce papel fundamental como avaliador Vários estudos demonstram adequada
em tempo real da eficácia das medidas cotTelação entre o DTC para se estimarem a
terapêuticas utilizadas para o tratamento PPE e a medida invasiva por meio do cateter
da HIC; o DTC também pode ser utilizado de PIC. 62•67 Por isso, ela tem sido proposta
como método alternativo para detectar como técnica segura e com potencial be-
medidas errôneas dos monitores de PIC. nefício ele permitir análises intermitentes
Além disso, o DTC pode revelar que o au- ou contínuas por meio da monitorização.62
mento da PIC está associado à hiperdina- Pode ser utilizada em situações em que a
mia circulatória encefálica decorrente do medida invasiva não pode ser realizada
comprometimento da autorregulação ce- ou quando a PPE parece não ser real ou
rebrovascular. Nesta condição, não se pode questionável. É um robusto método não
usar a PPE como parâmetro para melhorar invasivo e possibi lita análise qualitativa
a perfusão cerebral na vigência de HIC. do FSE e ela perfusão encefálica teciclual.
346
Capftulo 26 Aplicações do Doppler Transcraniano na Unidade de Terapia Intensiva
Portanto, pode ser usada como importante Sepse e encefalopatia associada à sepse
guia para o manejo clín ico dos pacientes
vítimas de insullO encefálico agudo. O comprometimento hemodinâmico é
uma característica fundamental da sepse. A
microcirculação encefálica pode cr gradual-
Cirrose hepática com encefalopatia e mente comprometida c, consequentemente,
insuficiência hepática causar alterações significativas no FSE. Estes
fatores desempenham importante papel
Diverso esLUdos mostram que o FSE na etiologia da encefalopatia associada à
está comprometido em pacientes com sepse (EAS) .7 1
doença hepática grave aguda ou crônica, A EAS é uma disfunção cerebral fre-
especia lme nte na presença de EH. 68 Nesta quente que ocorre em 50% dos pacientes
condição, há compromctimemo da AR e, internados em unidade de terapia intensiva,
consequentemente, a variação da PAM sendo uma das causas mais comuns de deli-
pode estar associada a modificações do riU?n em unidades de terapia in tcnsiva. Além
FSE.G!I Embora a hiperamon e rnia seja a disso, a EAS está associada a um aumento
prin c ipal causa da EH, recentes evidên- da mortalidade. 72•75
cias sugerem que anormalidades no FSE
Na fase precoce de sepse, existem au-
també m podem ter alguma re lação em
mentos progressivos da VM e do fP ao longo
sua fisiopatologia. 70
do tempo, que são evidentes 24 horas após
Há uma hipótese de que pacientes o início; nesta fase, a autorregulação cere-
cirróticos com encefalopatia apresentem brovascular encefálica pode se manter inal-
vasoconstrição cerebral de forma mais pro- terada. Em contraste, na fase posterior de
nunciada e, consequentememe, elevação sepse (pacientes com sepse grave ou choque
progressiva do IP e redução do BHI à me- séptico), há reduções progres ivas ela VM
dida que há aumento da descompensação e do IP, bem corno comprometimento da
da doença, mais evidente quando escores autonegulação cerebrovascular. A elevação
escore de Child-Pugh C!: 7 ou Modelfor E11- do IP associada ao aumento da resistência
d-Stoge Liver Diseose(MELD) ~ 14. Quanto cerebrovascular tem sido correlacionada
mais grave a encefalopatia, mais alterações com maior prevalência de dPLir1um7r. e coma.
são observadas na hemodinâmica cerebral.70 Muitos dos f-atores que levam a alterações
Na EH leve (EHL) , também ocorrem de FSE, como a lte rações na reatividade
a elevação da resistência microcirculatória vascular cerebral e comprometime nto da
encefálica c, consequentemente, elevação autorregulação, são frequentemente resul-
do IP e o do IR, com sig nificativa correla- tado de uma disfunção da microcirculação
ção com o aumento do Chi ld-Pugh score. do tecido encefálico, devido à liberação de
Portanto, o DTC pode ser auxiliar no diag- mediadores inflamatórios. ~"
nósti co da EI-IL e m pacientes cirróticos.till O uso de DTC para ava liar pad rões
Uma importante complicação da EH hemodinâmicos cerebra is tem algumas
grave é a hipertensão intracraniana. Esta é vantagens clínicas: DTC pode ser utilizado
decorrente de três principais mecanismos: para identificar padrões hemodinâmicos
tumefaçâo encefálica secundária ao efeito cerebrais em sepse que podem preceder os
citotóxico ela hipcramoncmia (edema astro- sinais hemodinâmicos sistêmicos; aumento
glial), quebra ela barreira hematoencefálica do IP, em pacientes confusos, pode ser um
e hipercmia encefálica secundária à perda sinal precoce de sep e e ajudar a diminuir
da autorregulação. O DTC pode fornecer o tempo para diagnóstico; 76 e a identifica-
informações referente à dinâmica do FSE ção de alterações do FSE em tempo real
nos pacientes com HIC e estudar a AR. 15 com DTC, correlacionando com alterações
347
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
348
Capítulo 26 Aplicações do DopplerTranscraniano na Unidade de Terapia Intensiva
349
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
350
Capítulo 26 Aplicações do DopplerTranscraniano na Unidade de Terapia Intensiva
35. de Lima Oliveira M, Kairalla AC, Fonoff ET, et 48. Saqqur M, Uchino K, Demchuk AM, et ai.; for
ai. Cerebral microdialysis in traumatic brain the CLOTBUS Collaborators. Si te of arterial
inj ury and subarachnoid hemo!Thage: state occlusion identified by transcranial Doppler
o f the art. Neurocrit Care. 2014;21 (I) :152-62. (TCD) predicts the response to inu·avenous
36. Bor-Seng-Shu E, Ki ta WS, Figueiredo EG, thrombolysis for stroke. Stroke. 2007;38:948-
et ai. Cereb1-al hemodynamics: concepts of 954.
clin icai importance. Arq Neuropsiquiatr. 49. ChimowitzMI, Lynn MJ, Howlett-Smith H, et
2012;70(5) :352-6. ai. Warfa1in-Aspirin Symptomatic Inu-act-anial
37. Bor-Seng-Shu E, de-Lima-Obveira M, Teixeira Disease Trial I nvestigators. Comparison
MJ , et. aJ. Preelicti.ng symptomatic cerebral of wal'farin anel aspirin for symptomatic
vasospasm after aneurysmal subarachnoiel intracranial arteria l stenosis. N Engl J Med.
hemorrhage. Neurosurgery. 2011;69(2) :E501-2. 2005;352:1305-16.
38. Sloan MA, Alexanelrov AV, Tegeler CH, et ai.; 50. Leung n •V, Kwon SU, Wong KS. Management
Therapeutics anel TechnolOf:,>y Assessment of patients 1vith symptomatic intracranial
Subcommittee o f the American Acaelemy o f atherosclerosis. lntJ Stroke. 2006;1(1) :20-5.
Neurology. Assessment: transct-anial Doppler 51. Zaidat 00, Klucznik R, Alexaneler MJ, et a i.;
ultrasonography. Reporto f the Therapeutics NIH Multi-center Wingspan lnu·acranial Stent
anel Technology Assessment Subcommittee Registry Sntely Group. The NIH registry on
of the American Academy of Neurology. use of the Wingspan stent for sympt.omat.ic 70-
Neurology. 2004;62 (9): 1468-81. 99% intracran ial arterial stenosis. Neurology
2008;70(14): 1518-24.
39. Ka lanuria A, Nyquist PA, Armonda RA,
52. Tsivgoulis G, Sharma VK, Hoover SL, et ai.
et ai. Use ofTranscranial Doppler (T CD)
Applications and advantages of power motion-
Ulu-asound in the Neurocritical Care Unit.
mode Doppler in acute posterior circulation
Neurosurg Clin N Am. 2013;24(3):441-56.
cerebral ischemja. Stroke. 2008;39:1197-204.
40. Lee jf-I, Ke Jly DF, O e nel M, e t ai. Carbon
53. Anzola GP, Gasparotti R, Magoni M, et ai.
diox id e reactivity, pressure autoregulation,
Transct-anial Doppler sonography andmagnetic
and metabolic suppression reactivi t.y after
resonance angiogt-aphy in th e assessmem o f
head injury: a transcran ial Dopple1- study. J
coJlat.eral h em ispheric flow in patie nts with
Neurosurg. 2001;95 (2) :222-32.
carotiel artery elisease. Stroke. 1995;26:214-7.
41. Steiner LA, Coles JP, Czosnyka M, et ai. .
54. Silversu·ini M, Vemieri F', Pasqualetti P, et ai.
Cerebrovascular pressUI·e reactivity is related lmpairecl vasosmotor 1·eactivity and l'isk of
to global cerebral oxygen me tabol ism after sn·oke in paticnt~ with asymptomatic carotid
head injury. J Neurol Neurosurg Psychian·y. artery stenosis. JAMA. 2000;283:2 122-7.
2003;74(6) :765-70. 55. Vernieri F, Pasqualetti P, Matheis M, et ai.
42. Gra ham DI, Ford I, AelamsJH, et ai. lschaemic Effect of collateral flow anel cereb1-al vasomotor
brain damage is still common in fata l non- reactivity on the outcome of carotid arte!)'
missile head injury. J Neurol Neurosurg occlusion. Stroke. 200 I ;32(7): 1552-8.
Psychiatry. 1989;52 (3) :346-50. 56. Apruzzese A, Silvestrin iM, Floris R, et ai.
43. CruzJ. Traumatic brain ischaemia during Cerebral hemodynamic in asymptomatic
n euro inte nsive care: myth rather fact. Arq patients with internai carotid artery occlusion:
Neruopsiquiatr. 2001;59:479-82. a dynamic susceptib ility contrast MR anel
44. McQuire JC, Sutcliffe JC, Coats TJ. Early transcranial Doppler study. AJNR Am J
changes in middle cerebral artery blood flow Ne urorad iol. 2001 ;22:1062-7.
velocity aftet- h ead injury. J Neurosurg. 1998 57. Vernie1i F, Pasqualetti P, Diomeeli M, et ai.
Oct;89 (4) :526-32. Cerebral hemodynamics in patients with
45. Alexandrov AV, Sloan MA, Wong LK, et ai. caroticl arte!)' occlusion and contralatel·al
P1·actice standards for t.ranscranial Doppler moderate or severe i.nternal carotid anery
(TCD) ult.rasound. Part l. Test performance. stenosis. J Neurosurg. 2001;94:559-64.
J Neuroimaging. 2007; 17: 11-8. 58. Mü llet· M, Voges M, Piepgras U, et a i.
46. Tsivgou l is G , Alexandrov AV, S loan Assessment o f cerebral vasomotor reacti\~ ty
MA. Aelvances in transcranial Doppler by trans c ran ia l Doppl e r ultras ound
ultrasonography. Curr Neurol Nettrosci Rep. anel breath h olding. A comparison with
2009;9:46-54. acerazolamicle as vasodilatory stimu lus. Stroke.
47. RhaJH, SaverJL. The impacto f recanalization 1995;26:96-100.
on ischemic stroke outcome: a meta-analysis. 59. Hassler VI/, Steinmetz H , Gawlowski J.
Stroke. 2007;38:967-73. Transcranial Doppler u lu-asonography in
35 1
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
352
Procedimentos Guiados pela
Ultrassonografia na Unidade de Terapia
Intensiva
Elmo Fabiano Monteiro Pereira Júnior
André Luiz Nunes Gobatto
Daniel Almeida Schettini
Alexandre Maurano
353
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
354
Capítulo 27 Procedimentos Guiados pela Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
Existem duas técnicas para realização bainha plástica estélil para proteger o u-ans-
da toracoce ntese guiada por ultrassono- dutor e evitar a contaminação da área. Vale
grafia: a técnica estática, em que o local do ressaltar que, mesmo que a técnica dinâmica
procedimento é determinado pelo exame seja eleita, não se descarta a necessidade
ultrassonográfico e a referência se mantém de examinar o paciente e eleger o sítio de
por meio de uma caneta cirúrgica (Figura punção previamente à degermação da área.
27.4); e a dinâmica, em que realizamos a A factibilidade da toracocentese depende
toracoce ntese concomitantemente à visibi- da presença da efusão na área examinada
lização com ultrassonografia (Figura 27.5). durante todo o ciclo ventilatório, ou seja,
Neste caso, há a necessidade de utilização de o surgimento de pulmão, diafragma ou
órgãos abdominais próximos à pleura pa-
rietal contraindica absolutamente a punção
nesta área. Não h á limite inferior formal
para contraindicar o procedimento, porém,
a lguns autores recomendam evitá-lo caso a
distância enu·e as pleuras seja menor que 10
a 15 mm. Após identificar a janela, medimos
a distância da pele à cavidade pleural e, caso
optemos pela técnica estática, realizamos
a marcação da área com caneta cirúrgica.
Procedemos, assim , à degermação da
área; aplicamos campos estéreis extensos no
paciente; anestesiamos a pele, subcutâneo
e pleura com lidocaína a 1 %; e realizamos
a punção no local previamente assinalado,
utilizando a mesma angulação com que
Figura 27.4. Técnica estática para realização da Figura 27.5. Técnica dinâmica para realização da
toracocentese guiada por ultrassonografia. O local toracocentese guiada por ultrassonografia. Neste
do procedimento é determinado pelo exame ul- caso, realizamos a toracocentese concomitantemente
trassonográftco, e a referência se mantém por meio à visualização com ultrassonografta (procedimento
de uma caneta cirúrgica (procedimento simulado). simulado).
355
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Paracentese
A ultrassonografia é útil no paciente
que se apresenta com distensão abdominal,
pois possibilita o diagnóstico diferencial
entre ascite e outras causas.' Além disso,
também podemos selecionar o sítio de Figura 27.6. Exame abdominal da fossa ilíaca es-
paracentese mais adequado, utilizando a querda, demonstrando imagem anecóica compatível
ultrassonografia. com ascite (asterisco) e alças intestinais no interior
A ultrassonografia da ascite é realizada da cavidade peritoneal, assinaladas por setas. Fonte:
utilizando transdutor de baixa frequência, adaptado de Killu, 20 1O.
356
Capitulo 27 Procedimentos Guiados pela Ultrasson()9rana na Unidade de Terapia Intensiva
357
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Figura 27 .8. Técnica dinâmica para realização da pericardiocentese guiada por ultrassonografia. Nesta técni-
ca, realizamos a punção concomitantemente à visualização com ultrassonografia (procedimento simulado).
Figura 27.9. Realização da pericardiocentese guiada por ultrassonografia, por meio da técnica de Seldinger.
(A) Derrame pericárdico importante visualizado na janela apicai de 4 câmaras; (8) introdução da agulha de
punção; (C} visualização da introdução do cateter monolúmen no espaço pericárdico; (D) aspiração do líquido
pericárdico; (E) imagem do derrame pericárdico após retirada de 700 ml; (F) imagem do derrame pericárdico
após retirada de 1.500 mL. Cortesia da Ora. Fátima Negri, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da
Paraíba, João Pessoa (PB). DPe: derrame pericárdico.
358
Capítulo 27 Procedimentos Guiados pela Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
Fígado
Cabo do
marcapasso
Ápice do
ventrículo
direito
Ventrículo
esquerdo
Figura 27.1O. Confirmação da posição do cabo do marca-passo no ventrículo direito pela ecocardiografia,
realizada na janela subcostal ou subxifoide. Fonte: adaptado de Cosby, 2014.
359
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
diferença era mais significativa em pacientes A ultrassonografia tem surgido como ins-
obesos. 20 Mofidi et ai. também evidenciaram trumento potencialmente útil para auxiliar
redução do tempo até a obtenção do líquido a traqueostomia percutânea. As vantagens
cefalorraquiano e menor intensidade da dela incluem a capacidade de identificar a
dor relacionada ao procedimento. 21 vasculatura cervical,24 ajudar a identificar a
localização mais adequada para o local da
punção traqueal e orientar a inserção da
Traqueostomia percutânea agulha na traqueia, semelhante à técnica
A traqueostomia percutânea é uma técni- utilizada na punção vascular guiada por
ca amplamente utilizada na UTI, com perfil uI trasso no grafia.
de segurança comparável à traqueostomia Vários estudos têm demonstrado o va-
cirúrgica. 22 Embora as taxas de complica- lor da ultrassonografia cervical pré-pro-
ções sejam bai.xas, eventos adversos graves cedimento para melhorar a segurança da
relacionados ao procedimento, incluindo traqueostomia percutânea. 2"'27 Em 1999, a
a morte, ainda são relatados. 23
. . . ... .
pnme1ra traqueostom1a percutanea gUia-
da por ultrassonografia em tempo real
foi descrita, 28 seguida pela publicação de
algumas séries de casos e estudos observa-
cionais, sugerindo que o método é eficaz
e seguro. 2!).33 Recentemente, três ensaios
clínicos randomizados demonstraram que
a traqueostomia percutânea guiada por
ultrassonografia pode melhorar significa-
tivamente a taxa de sucesso da punção na
primeira tentativa, melhorar a precisão da
punção e reduzir as complicações relacio-
nadas à traqueostomia, quando comparada
à traqueostomia percutânea guiada pela
anatomiaM·35 ou broncoscopia. 36
Inicialmente, os pacientes devem ser co-
locados em modo controlado de ventilação
mecânica, usando oxigênio a 100% com
baixos níveis de pressão expiratória positiva
final (PEEP). O paciente deve estar moni-
torizado com eletrocardiografia conúnua,
oximeu·ia de pulso e monitorização conúnua
da pressão arterial, invasiva ou não invasiva.
Como sedação, imediatamente antes do
procedimento, os pacientes recebem bólus
de 100 pcg a 200 pcg de fentanil, 0,3 mg/
kg de midazolam e cisatracúrio 0,2 mg/ kg.
Bólus adicionais de drogas anestésicas são
Figura 27.12. Técnica estática para realização da infundidos, se necessários.
raquicentese guiada por ultrassonografia. O local Uma solução antisséptica contendo
do procedimento é determinado pelo exame ul- clorexidina a 2% é aplicada ao sítio cirúrgi-
trassonográfico, e a referência se mantém por meio co, seguida de solução alcoólica contendo
de uma caneta cirúrgica (procedimento simulado). clorexidina 0,5%. Além disso, é realizada
360
Capítulo 27 Procedimentos Guiados pela Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
anestesia local com lidocaína a 2%, con- segundo anel traqueal. Os vasos entre a pele
tendo adrenalina, até a dose máxima de 3 e a traqueia são identificados e evitados. O
mg/ kg. O pescoço do paciente é mantido tubo orotraqueal é, então, ide ntificado e
em postura de hiperextensão durante o tracionado guiado pela ultrassonografia até
procedimento. que o balonete esteja ao nível da cartilagem
Em seguida, o paciente deve ser posicio- cricoide, de modo a evitar a punção do tubo
nado adequadamente, e uma avaliação da orotraqueal durante o procedimento. O
sítio de punção é marcado entre o segun-
anatomia cervical deve ser realizada p elo
do e terceiro anéis traqueais guiado pela
médico responsável pelo procedimento. A
ultrassonografia no plano longitudinal. Em
ultrassonografia cervical é realizada com o
seguida, a traqueia é puncionada, guiada
transdutor linear de 12 MHz com Doppler,
pela ultrassonografia em tempo real, com
com o objetivo de avaliar a anatomia vascular o transdutor em plano transverso na linha
cervical e identificar o istmo da tireoide, mediana. A punção é realizada utilizando
a cartilagem cricoide e os cinco primeiros um dispositivo de "cateter sobre a agulha"
anéis traqueais (Figura 27.13). Ueleo®), conectado à seringa de 1 O m L
A distãncia na linha mediana entre a preenchida com 5 m L de água destilada.
pele e a traqueia, assim como o diâmetro Assim que a aspiração de ar é observada
traqueal devem ser medidos ao nível do dentro da seringa, o cateter é introdu-
Figura 27 .13. Traqueostomia percutânea guiada por ultrassom. (A) Corte parassagital esquerdo sobre a
traqueia. usando o transdutor linear. A ultrassonografia mostra a cartilagem cricoide (CC), a cartilagem tra-
queal (Tl-T4), a interface ar-mucosa (interface A-M). (B) Corte transversal ao nível do segundo anel traqueal.
usando o transdutor linear na linha mediana. A ultrassonografia mostra a traqueia (T), a glândula tireoide
(GT) e os músculos infra-hioides (MIH). As setas indicam a interface ar-mucosa (interface A-M) e o artefato
em cauda de cometa (ACC).
361
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA E NA MEDICINA DE URG~NCIA
362
Capítulo 27 Procedimentos Guiados pela Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
363
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
dilatational tracheostomy: A feasibility study. 34. Yavuz A, YIJ maz M, Coya C, et ai. Aelvan tages o f
Ctitical Care (London, England). 20ll;l5:R67. us in percutaneous dilatational tracheostomy:
30. Rezende-Neto JB, Oliveira AJ, Neto MP, et al. Random izeel controlleel trial anel 1·eview of
A technical modification for percutaneous the literature. Radiology. 2014;273:927-36.
trach eostomy: Prospecúve case series swdy 35. Ruelas M, Seppelt I, Herkes R, et ai. Traelitional
on one hundred patients. WorldJ Emerg landmark versus ultrasound guided u·acheal
Surg. 2011;6:35. puncture during pcrcutaneous di latational
31. Cuinot PC, Zoghei b E, Petiot S, et ai. tracheostomy in ael ul t intensive care patients:
Ultrasound-guided percutaneous tracheostomy A randomised conu·olled uial. Criticai care
in critically i LI obese patients. Criticai Care (Lonelon, England). 2014;18:5 14.
(London , England). 2012;16:R40. 36. Ravi PR, Vijay MN. Real time ultrasound-
32. Rajajee V, Williamson CA, Wesl BT. Impact guided percutaneous u·achcostomy: Is it a
of real-time u l t r asound gu idance on better option than bronchoscopic guided
complications of percutaneous dilatational percutaneous tracheostomy? Medicai j oumal,
tracheostomy- a propensity score analysis. Anned Forces lndia. 2015;71:158-64.
Criticai care (London, England). 2015;19:198. 37. Karimpour HA, Vafaii K, Chalechale M, et
33. Cobatto AL, Besen BA, Tierno PF, et ai. ai. Percur.aneous Dilatar.ional Tracheostomy
Comparison between u ltrasound- anel via Criggs Technique. At·ch Iran Med .
bronchoscopy-guideel percutaneous elilational 2017;20(1) :49-54.
tracheostomy in critically ill patients: A
reu·ospective cohort study. J ournal o f Criticai
Care. 2015;30:220.e213-227.
364
Perspectivas do Uso da
Ultrassonografia na Unidade de Terapia
Intensiva
Paulo César Gottardo
Alexandre Jorge de Andrade Negri
Fátima Elizabeth Fonseca de Oliveira Negri
André Miguel Japiassú
Elmo Fabiano Monteiro Pereira Júnior
365
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DEURGtNCIA
Figura 28.1. Sítios anatômicos do corpo humano potencialmente exp loráveis pelo intensivista com a uti-
lização da ultrassonogra fia. Observar a quantidade de explorações ót imas e não adequadas em cada sítio.
Fonte: adaptado de Lichteinstein D. The Whole Body Ultrasounog raphy in the Critica lllll. Spri nger-Verlag
Berl in Heidelberg, 201O.
366
Capítulo 28 Perspectivas do Uso da Ultrassonogratia na Unidade de Terapia In tensiva
367
CMIB - Clinicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG(NCIA
368
Capítulo 28 Perspectivas do Uso da Ultrassonografia na Unidade de Terapia Intensiva
de periódicos de alto impacto e prestígio tes para avaliar a perda muscular associada
na área da ecocardiografia. 19 à fraqueza do paciente. A medida do diâ-
metro u-ansversal do músculo reto da coxa
foi relacionada diretamente com a massa
Ultrassonografia abdominal dirigida muscular c com os desfechos e m pacientes
A realização de uma avaliação ultrasso- críticos. erimm et al. demonstraram que, em
nográfica abdominal básica pode ser feita pacientes com scpse grave e choque séptico,
de modo rápido e eficiente à beira do leito, a análise ultrassonográfica indica alterações
mesmo por médico intensivista. Porém, lo- morfológicas compaúveis com a polineuro-
gicamente, quanto maior a experiência do patia e miopatia do paciente crítico, mesmo
examinador, maiores seu discernimento e antes do aparecimento de fasciculações.~'
sua acurácia diagnóstica. Todavia, de modo
breve, o intensivista pode ser treinado a
Avaliação do volume de resíduo gástrico
visualizar líquido livre em cavidade, ascite,
cálculos biliares e reno-ureterais, avaliação A USe gástrica pode também trazer
do conteúdo vesical e investigação de alguns informações relevantes para o intensivista,
focos infecciosos abdominais, como, por inferindo o conteúdo e o volume gástrico
exemplo, abscesso h epático. 20 (por meio de '~sualização direta e de medida
Moore e Edwards demonstraram a dimi- de diâmeu·o antral), o que pode diminuir o
nuição da incidência de infecção urinária risco de pneumonia aspirativa. Além disso,
com a realização sistemática da use vesical a colocação da sonda gástrica também pode
na avaliação de pacientes com retenção ser guiada por meio da USeY ·28
urinária. 2 1·22
Monitorizacão hemodinãmica
Pesquisa de trombose venosa profunda em A monitOrização do estado volêmico t.am-
membros inferiores
bém pode ser oblida por meio da use. Os
o LISO da use com Doppler por intensi- parâmetros mais ti-adicionalmente empre-
vistas médicos e enfermeiros na pesquisa de gados são a avaliação do diâmetro máximo
trombose proximal de membros inferiores da veia cava inferior e de sua variabilidade,
já foi também demonstrado er factível. associada ao ciclo ventilatório do paciente.
Houve boa acurácica nessa investigação Outros parâmetros que exigem um grau
realizada em pacientes graves. 23·2 1 maior de habilidade técnica incluem a
variação do débito cardíaco perante prova
de volume ou prova de elevação passiva
Avaliação dos seios paranasais (sinusite) de m embros inferiores, a relação E/ e'
Por meio da USe, o intcnsivista pode (ou E/Ea mitral) mitral (ecocardiograma
confirmar a presença de sinusite paranasal, transtorácico) c a variação do diâmetro
com altas sensibiliade e especificidade.2:; Tal da veia cava superior (ecocardiograma
patologia pode ser causa de febre de origem transesofágico). Recentemente, foi estu-
ob cura e outras complicações infecciosas dada também a variabilidade do fluxo em
(sepse, encefali te etc.). artéiias carótida, femoral e braquial como
parâmeu·os de responsi,~dade a fluido. 2'J.3I
Já foi demonstrado, ainda, que a variação
Avaliação da massa muscular e estado dinâmica do diâmetro da veiajugular in-
nutricional
terna pode ser também utilizada como
Recentemente, foi demonstrado que a parâmetro de responsividade a fluido com
use pode também trazer dados importan- ótima acurácia (Figura 28.5) .32·33
369
CMIB - Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URG~NCIA
A USG pulmonar, associada à avaliação liação já está sendo estudada para estimar
d e VCI e à ecocardiografia, pode trazer o sucesso da extubação. 37
informações importantes para a avaliação
he modinâmica do paciente. Podemos esti-
mar, de forma simultânea, o estado volêmico Avaliação da previsão de via aérea difícil e
do paciente, a contratilidade cardíaca e a confirmação da entubação traqueal
água pulmonar exu·avascular, por me io da Há estudos també m demonsu·ando a uti-
o bservação das linhas B à U C pulmonar. lidade da use na previsão de \~a aérea difícil
Com base em tais póncípios, Líchtenste in e confirmação do correto posicionamento
et a i. e laboraram o protocolo FALLS, que do tubo orou-aqueal, uma \'eZ que permite
descreve um alg01itmo simples de diagnós- a visualização de estruturas como a líng ua,
tico e ressuscitação volêmica em pacientes a orofaringe, a hipofaringe, a e piglote, a
com choque circulatório, distinguindo os laringe, as cordas vocais, a membrana crico-
principais tipos de choque e determinando as tireoidea, a carti lagem c ricoide, a traque ia
e tapas de tratamento, confo rme estes dados e o esôfago cervical (Figura 28. 7) .38·3!1
simples rapidamente obtidos (Figura 28.6) .34 Nos pacie ntes em processo de retirada
A utilização do ecocardiogra ma tra n- do suporte ventilatório, é possível investigar
sesofágico point of care por ime nsivistas e a ocorrê ncia de ede ma de laringe, e\~tando
a nestesistas também já é uma realidade em insucesso no p rocesso da extubação por
muito países desenvoh~dos:~.>. Esta te ndência esu·idor laríngeo decorrente de obstrução
já e tá chegando ao Brasil. de via aérea a lta. 10
Figura 28.5. Variação do diâmetro da veia jugular interna durante o ciclo ventila tório. (A) Imagem bidimen-
sional em corte transversal da veia jugular interna. {8) Variação do diâmetro da veia jugular no Modo M. Dmáx:
ditlmetro máximo; O mín: diâmetro mínimo.
370
Capítulo 28 Perspectivas do Uso da Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
que pode ajudar nesse contexto, sobre tudo possível que, nas próximas versões do ACLS,
n os pacie ntes com PCR e m a tividade elé- o uso da u se sej a ainda mais fortemente
tJ'ica sem pulso. O ACLS sempre reforçou recome ndado neste cen ário .40
a impor tân cia d a investigação e tiológica
desses pacien tes, mas sem esclarecer como
tal investigação d eve ser feita . Por m eio Auxílio para guiar procedimentos
d a USG, pode mos reco nhecer sinais d e A USe pode a uxilia r em diversos p ro-
possíveis fa to res e tiológicos relacionados à cedime ntos realizados no p aciente crítico,
PCR, como tamponamen to cardíaco, trom- aumentando o índice de sucesso e reduzin-
boembolismo pulmonar e pneumotórax. E - do a taxa de complicações relacionadas ao
Choque circulatório
Sinais de cor
Ecocardiografia point of core 1---l~ pu/mona/e,
tamponamento
Perfil A
Ausência de melhora
Choque Usualmente Melhora Protocolo FALLS clínica Usualmente Choque
hipovolêmico 1+-- ---l clínica ~-l (Oferta de fluidos) 1---l~ Aparecimento de 1-----~ séptico
linhas 8 no USG tórax
Figura 28.6. 1ntegração dos protocolos Fluid Administration Limited by Lung Sonography {FALLS) e Bedside
Lung Ultrasound in Emergency {BLUEJ no manejo do paciente com choque circulatório. No paciente admitido
com choque circulatório, fazemos uma avaliação ultrassonográfica dirigida por meio do ecocardiograma e
ultrassonografia {USG) de tórax, buscando a identificação de sinais de cor pu/mona/e agudo, tamponamento,
pneumotórax e congestão pulmonar. Na ausência desses achados, seguimos para uma expansão volêmica,
pela possibilidade de tratar-se de um choque hipovolêmico. A ausência de melhora clínica com a expansão
volêmica pode representar a possibilidade de tratar-se de um choque séptico, sinalizando para a possibilidade
de associação de vasopressor, investigação e uso de antibióticos.
371
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
procedimento. 13·'12 No estudo realizado por tica clínica nos últimos anos, demonstrando
Jakobson e She mesh, essa importância foi ser mais segura e efetiva que a convencional.
devidamente documentada (Figura 28.8) . 13 Alguns d ispositivos já são disponíveis no
Apesar de já ser uma técnica descrita e mercado, sendo adaptados ao transdutor
praticada há aproximadamente 30 anos, para servir de apoio e direcionar a agulha,
a punção venosa central guiada por USG no intuito de aumentar a facilidade e a
adquiriu maior evidência e utilização na prá- eficácia do método (Figura 28.9) : 13
Figura 28.7. Ultrassonografia para confirmação do posicionamento do tubo traqueal. (A) Posicionamento
do transdutor acima da fúrcula supraesternal. (B) Imagem da traqueia normal: observar traqueia e glândula
tireoide (GT). (C) Imagem de entubação orotraqueal. (D) Imagem de entubação esofágica. Fonte: adaptado
de Chou HC. Tseng WP, Wang CH, et ai.Tracheal rapid ultrasound exam (T.R.U E.) for confirming endotracheal
tube placement during emergency intubation. Resuscitation. 2011;82(10):1279-84.
372
Capítulo 28 Perspectivas do Uso da Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
O uso associado da USG pulmonar (para radiografia de tórax para este fim (Figura
afastar a ocorrência de pneumotórax) à infu- 28.10).44.•15
são de solução salina agitada (microbolhas) ,
para garantir o correto posicionamente
Ultrassonografia tridimensional
do cateter, realizados imediatamente após
a punção venosa profunda, demonstrou A USG tridimensional,já bastante uti-
garantir utilização mais rápida da linha de lizada na obstetrícia e na ecocardiografia,
acesso venoso, mantendo garantia no reco- está sendo difundida L:cmbém para o cená-
nhecimento de complicações relacionadas rio do paciente crítico. A possibilidade de
ao procedimento e podendo substituir a obtenção de imagens tridimensionais está
lcm
Figura 28.9 . Transdutor de ultrassonografia com suporte para agulha de punção acoplado. O tipo de suporte
é escolhido conforme a distância do vaso à pele medida pela ultrassonografia.
Figura 28.1 O. Ultrassonografia para confirmação do posicionamento do cateter central. (A) Visualização de
solução salina agitada ao nível de cãmaras direitas (microbolhas). (B) Uso da ultrassonografia pulmonar para
investigação de pneumotórax pós-punção: observar sinal da areia da praia no Modo M, afastando possibi-
lidade de pneumotórax neste sítio pulmonar. AD: átrio direito; VD: ventrículo direito; AE: átrio esquerdo; VE:
ventrículo esquerdo.
373
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
sendo já utilizada para avaliação hemodi- dos aparelhos ultraportáteis (em inglês,
nâmica (estimativa do débito cardíaco) e handhelâ). Atualmente, os modelos desen-
realização de procedimentos, como punção volvidos contam com Modo B, modo Me
vascular, raquimedular e de plexo braquial Color Doppler (Figura 28.12) .
(Figura 28.11). 43.46 Com a redução dos custos de aquisição,
estima-se que a difusão desta tecnologia
ocorra nas unidades de terapia intensiva,
Perspectivas
nos departamentos de emergência, nas en-
Analisando o cenário atual, podemos
.
esperar Importantes avanços no cenano
. . fermarias, nos ambulatórios e nas unidades
pré-hospital ares.
da USG poinl of em-e relacionados ao de- Treinamento em USG point ofcare, além
senvolvimento e à incorporação de novas de cursos de curta duração, como o ECO-
tecnologias e ao treinamento da técnica. TIN, pode ser realizado por intermédio de
Diversas companhias vêm se dedicando f ellowshijJs e, mais recentemente, por pro-
à miniaturização dos equipamentos. Foi postas de integração da USG ao currículo
criada uma nova categoria de produto: a médico das universidades.~;
Figura 28.11 . Novas técnicas ultrassonográficas. (A) Estimativa dos volumes sistólicos e débito cardíaco pela
ecocardiografia tri dimensional. (8) Ultrassonografia tridimensional no auxílio à realização de procedimentos. (C)
Robô de punção venosa periférica guiada por ultrassonografia. Fonte: adaptado de Scholten HJ, Pourtaherian
A, Mihajlovic N, et ai. lmproving needle tip identification during ultrasound-guided procedures in anaesthetic
practice. Anaesthesia. 2017;72(7):889-904.
•
•
, •
••-
Figura 28.12. Evolução da port abilidade dos equipamentos de ult rassonografia.
374
Capítulo 28 Perspectivas do Uso da Ultrassonogratia na Unidade de Terapia Intensiva
Figura 28.13. Ensino da ultrassonografia point of care na graduação da ... Universidade Federal do Rio de
Janeiro (fotos cedidas pelo Dr Elmo Pereira Junior).
375
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
Resumo
• A USe point of care pode ajudar o
Referências
inte nsivista a realizar diagnósticos I. Duvall '>\'L, Croft LB, Goldman ME. Can Hand-
envolvendo toda a extensão do corpo Carried Ult.rasound Devices be Exte nded for
humano, auxiliando ainda na reali- Use by the Noncardiology Medicai Comunity?
Echocardiograph)'· 2003;20:471-6.
zação de proce dimentos.
2. Li c hte ins t e in D. T h e Whole B o d y
• A USG é considerada uma extensão Ultrasounography in the CriücaUlll. Springer-
do exame físico , melhorando o apren- Yerlag Berlin Heidelberg, 2010.
dizado de anatomia/ fisiologia, sendo, 3. Moore CL, Copel J A. Point-of-Ca r e
portanto, essencial na formação do Ultrasonography. N EnglJ Med. 2011 ;364:749-
m édico inte nsivista. 57.
4. Expe1·t Roun d Table on Echocardiography
• Alé m de todos os benefícios descritos in ICU. International consensus statement
ao longo deste livro, pode mos citar on tra ining standards for advanced criti cai
outras potencialidades envolve ndo a care echocardiography. ln tensive Care Med.
use do pacie nte crítico, a saber: ava- 2014;40(5) :654-6.
liação dos seios para nasais (sinusite) , 5. Lichtenstein DA, Meziere GA. Relevance of
lung in the diagnosis of acute respiratory
avaliação da massa muscularI estado
fa ilu re: The BLUE ProtOco l. Chest..
nutricional, avaliação do volume de 2008;134(1) :117-25.
resíduo gástrico, avaliação da previsão 6. J oing S et ai. Ultrasound-Guided Peripheral
d e via aérea difícil e confirmação da IV Placemem. N Engl J Med. 2012;366;25.
entubação traqueal. 7. Manasia AR, Nagaraj HM, Kodali RB, et ai.
Feasibility anel potemial clinicai utility of
• O aperfeiçoamento tecnológico tem
goal-directed transthoracic ed1ocardiography
permitido a utilização de equipamentos performed by noncardiologist in te nsivists
e transdutores ultrassonográficos cada using a small hancl-carried device (SonoHeart)
vez menores e mais portáteis, facilitan- in critically ill patients. J Cardiothorac Vasc
do a difusão da técnica à beira do leito. Anesth. 2005;19(2):155-9.
8. Dulohery MM, Stoven S, Kurklinksy A, et al.
• A utilização do ecocardiograma transe-
Ultrasou nd for Internai Medicine Physicians:
sofágico jJoint ofcare por inte nsivistas e The Future ofthe Physical Examination.J UM.
anestesistas também já é uma realidade 2014;33:1 005-ll.
em muitos países desenvolvidos. Esta 9. Mureau N, Lampeni M , Kelly q , et ai.
tendência j á está chegando ao Brasil. Evidence-based consensus on th e insertion
376
Capítulo 28 Perspectivas do Uso da Ultrassonografia na Unidade de Terapia Intensiva
of central ,·enous acess dc,•iccs: definition of nosocomial ur·inary u-act infections. Med
minimal requircment~ for traing. Bt·j Anaesth. Surg . urs. 1997;6:3943.
20 13;110(3) :347-56. 22. Dal Mago AJ , Hclayel PE, Bia nchini E, el ai.
IO. Fellcr-Kopman D. Ultrasound-guicled internai Prevale nce anel pr·ediclivc factors o f urin ary
jugular access: a proposccl standardized rctcn lio n assessed by ultrasound in th c
approach and implications for tn tining and immcdia tt: posl-ant:sthetic period. Rcv Bras
practict:. CHEST. 2007; 132:302-9. Ar1estcsiol. 20 10;60 (4) :383-90.
I I. Rcpcssé X , Charron C, Vicllard-Baron A. 23. Kory PD, Pe llecchia CM, Shiloh AL, et ai.
1ntt:nsive Care Ultrasound: V. Coal-<iirected Accuracy of ulu·asonography pc rformed by
Ec h ocat·diogra ph y. Ann Am Thorac Soe. criticai care physicians for th e diagnosis of
DVI~ Chest. 2011;139(3):538-542.
20 14; li ( I ): 122-8.
24. ~ !umoli :-.J ct ai. Accuracyofnurse-perfonncd
12. MosierjM, ~Ialoj , Stolz LA, et ai. Clitical care
compre ion ulu-asonography in tlle diagnosis
ultrasound training: A sun·cr of U fellowship
of proximal S}1nptomatic deep ,·ein thmmbosis:
directors. J Crit Care. 20 14;29( 4) :645-9.
a prospecli,·e cohonsmdy. J Thromb Haemost.
13. Jakobson DJ, Shemcsh I. .Mcrging Ultrasound
20 14; 12 (4) :<130-5.
in the Intensive Care Ro utin e. JMAJ
25. Tlil bert C, Vargas F, Vale n1in o R, et ai.
20 13; 15:688-92.
Comparison of B-mode ultntsound ~nd
14. Volp icelli C, Elba t·bary M, Bla ivas M, et
compmcd to mogr<tphy in the diagnosis of
ai.; International L iaison Committcc
maxillary sinusitis in m echanically ve nti lated
o n Lung Ultrasound ( I LC-I. US) for
pa1ien1s. Crit Carc Med. 2001 ;29(7): 1337-42.
lnl ernationalConsensus Confere n ce on
26. Crimm et a i. Muscle ultrasound for carl y
Lung Ultrasou nd (ICC-LUS) . lmernational
assessment of cr-iticai illness neuropatlly in
C\'Ídence-based recommenclations for point-
sevcrc sepsis. Criti cai Care. 2013; 17:R227
of-care lung ultrasoun cl. Intensive Care Med.
27. l lamada SR, Cat·con P, Ro n ol M, et a i.
20 12;38(4):577-9 1.
Ultrasound assessme nt of gastric vo lume
15. Allahrani SA, AI-Salamah MA, Al-Madani
in criI ically ili pat.ients. lntensive Carc Med.
WH, el a L Systemat.ic revicw anel mcta-analysis
20 I 'I ;40:965-72.
for the use;: o f ul trasound versus radio logy in
diagnosing o[ pneumonia. CriI Ull rasound 28. Vign ca u C, baudel JL, Cuide l B, c t a i.
.J. 20 17;9( 1):6. Sonography as an ah.e rnative lO rad iogra phy
I6. Pe r is A, Tu tino L, Zagli C , cl a i. The Use for nasogaslric fceding lube location. l ntcnsivc
of Po int-of-Cat·e Bedsid c Lung Ultraso und Care Mcd. 2005;31 ( ll) :1570-2.
S ig nifi cantl y Re du ces th c umb t: r of 29. Blehar Dj, Clazier S, Gaspari RJ. CoJTclation
Rad iographs a nel Computcd Tomography of corrccted flow time in the carotid artery
cans in Ct·itically 111 Paticnts. Anesth Analg. \\~Lh changes in intravascular volume status.
2010;111 (3) :687-92 J Cdt (',are. 20 14; 19(4) :486-8.
17. Williams SR, Perera P. Charahbaghian L 30. Luzi A, Mart)' P, Ma.-i A, et ai. oninvasive
The FAST and E-FAST in 2013: Trauma assessment of h cmodynamic response 10 a
U llrasonog t·aph y- O vcrview, Practical fluid challenge usin g femoral Doppler in
Te h niques, Conu·oversies anel ew Frontiers. CJ"ilically i 11 ve ntila te d patients. j ou mal o f
Cr it Care Clin. 2014;30: 119-50. Criti cai Care. 2013;28:902-7.
18. Vázquez Martínez.JL et ai. Applica b ility of 3 1. Garcia Ml , Ca no AC, MonrovéJC. Brach ial
a modificd EFAST protocol (r-EFAST) to arte1·y peak vclocity variation r.o predi ct fluid
evalua tc hemodynamically unstablc paticnt~ rcspo nsive n t:ss in mechanically ventila teci
after percutaneous cardiac intcrvention. Crit patients. Criti cai Care. 2009; 13:R 142.
Ultrasou ndj. 2017 Dcc;9( 1): 12. 32. Cuarracino F, Ferro B, Fot·fori F, el ai.jugular
19. Via G et ai. lnternational evide n cc-based \'Cin dislensibi lity predicts fluid rcsponsh·eness
rccommendations for focused car·diac in septi c pat.icnts. C.-it Care. 20 14; 18 (6) :647.
ultrasound. J Am Soe Echocard iogr. 33. Broilo F, Me regalli A, Friedman C. Right
20 14;27 (7) :683.e l -683.e33. internai jugular ,·e in distensibility appears
20. Daurat A, Choquel O, Bl"in gu ier S, et to bc a surrogate;: marke r for· inlerior vcn a
ai. Diagnos is of P ostopenllive Urinary cava vein distcnsibil ity for evaluating lluid
Retenlion Using a Simplifi ed Ultrasound res p o ns ivcness. Rev Bras Te 1· Inte n siva.
Bladde r Meas u rem e nt. Anest h Ana lg . 20 15;27(3):205-11.
20 15; 120 (5) :1033-8. 34. Lichtenstein O. Fluid admin isu-ation limi1ed by
2 1. Moore DA, Edwards K. Using a p o rtabl e lung sonography: the place oflung ulu-asouncl
bladder scan to reduce th e inc ide n ce of in assessment of acute circulaLOry failure (the
377
CMIB- Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira ECOGRAFIA EM TERAPIA INTENSIVA ENA MEDICINA DE URGtNCIA
378