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Principais temas

para provas

Pediatria vol. 1

SIC PEDIATRIA
Autoria e colaboração

Adriana Prado Lombardi de São Paulo (ISCMSP). Médica assistente da Unidade


Graduada em Medicina e especialista em Pediatria pela Neonatal do Hospital São Luiz Gonzaga.
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade São
Francisco. Especialista em Neonatologia pela Materni- Adriana Nishimoto Kinoshita
dade de Campinas. Pós-graduada em Homeopatia pela Graduada em Medicina pela Universidade Federal de
Escola Paulista de Homeopatia. Santa Catarina (UFSC). Especialista em Pediatria pelo
Hospital Israelita Albert Einstein. Residente em Neona-
José Roberto Vasconcelos de Araújo tologia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
Graduado em Medicina e especialista em Pediatria pela de São Paulo (ISCMSP). Médica plantonista do Hospital
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Títu- Municipal Dr. Moysés Deutsch.​
lo de especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP). Membro da Sociedade Médica de Pediatria. Mé- Natália Pereira Brod Portella
dico pediatra atuante em Emergência e Enfermaria do Graduada em Medicina pela Universidade Federal de
Hospital do Complexo Hospitalar Ouro Verde, e em Uni- Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Especialis-
dade Básica de Saúde, em Campinas. ta em Pediatria pela UFCSPA (Hospital da Criança San-
to Antônio/Santa Casa de Misericórdia). Residente em
Marcelo Higa Neonatologia pelo Hospital Fêmina – Grupo Hospitalar
Graduado em Medicina pelo Centro Universitário Lusía- Conceição.
da (UNILUS). Especialista em Alergologia e Imunologia
pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Fa- Gustavo Swarowsky
culdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC- Graduado em Medicina pela Universidade Anhembi Mo-
FMUSP). Título de especialista pela Sociedade Brasileira rumbi. Médico da Família em Atenção Primária à Saúde
de Pediatria (SBP). do Hospital Santa Marcelina.

Maria Teresa Luis Luis Camila Luiza Biazi


Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Graduada em Medicina pela Universidade Comunitária
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). da Região de Chapecó (Unochapecó). Residência em Pe-
Especialista em Pediatria pelo Hospital Municipal Infantil diatria pelo Hospital da Criança Santo Antônio/Santa
Menino Jesus. Especialista em Nutrologia Pediátrica pela Casa de Misericórdia. Residente em Neonatologia pelo
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Título de Hospital Fêmina – Grupo Hospitalar Conceição.
especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP). Luana Bessa
Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade
Ana Thamilla Fonseca Federal do Ceará (UFC). Residência em Pediatria pelo
Graduada pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Facul-
(UNISA). Residente em Pediatria pela Faculdade de Me- dade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-
dicina do ABC (FMABC). FMUSP). Médica plantonista do pronto-socorro infantil
dos Hospitais Sepaco e Cruz Azul.
Daniella Corrêa Netto Pedroso Lenharo
Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas e Bioló- Lygia de Souza Lima Lauand
gicas de Botucatu (FCMBB). Especialista em Pediatria e Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da San-
em Neonatologia pelo Instituto da Criança da Faculdade ta Casa de São Paulo (FCMSCSP). Residência Médica
de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr-FMUSP). em Pediatria e Puericultura e em Gastroenterologia e
Título de especialista em Pediatria pela Sociedade Brasi- Hepatologia Pediátrica pela Irmandade da Santa Casa
leira de Pediatria (SBP). de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), departamentos
dos quais é médica assistente. Médica preceptora da Re-
Rafaela Fabri Rodrigues Pietrobom sidência Médica de Pediatria do Hospital Municipal da
Graduada em Medicina pela Universidade de Taubaté Criança e do Adolescente de Guarulhos, SP.
(UNITAU). Especialista em Pediatria e residente em Neo-
natologia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
Apresentação

O ensino médico é desafiador por natureza, e o estudante que se decide


pelos fascinantes caminhos da Medicina sabe disso. Fascínio advindo, em
grande parte, justamente das inúmeras possibilidades e, até mesmo, obri-
gatoriedades que se abrem para esse aluno logo que ele ingressa no ensino
superior, a ponto de ser quase impossível determiná-las ou mensurá-las.
Dessa rotina faz parte, por exemplo, um inevitável período de aulas práti-
cas e horas em plantões de vários blocos, não só o responsável por grande
parte da experiência que determinará a trajetória profissional desse aluno,
como também o antecedente imediato do seu ingresso em um programa
de Residência Médica que seja referência, no mínimo, em todo o país – o
que exigirá dele um preparo minucioso e objetivo.
Esse é o contexto em que toda a equipe de conteúdo da Medcel, forma-
da por profissionais das áreas pedagógica e editorial e médicos das mais
diferentes especialidades, preparou a Coleção SIC Principais Temas para
Provas. O material didático destaca-se pela organização e pelo formato de
seus capítulos, inteiramente voltado à interação, com recursos gráficos e
dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamentos, temas frequentes
em provas, leituras recomendadas e outros destaques, sem os quais o alu-
no não deve prestar nenhum exame. Tudo isso somado às questões ao fi-
nal, todas comentadas a partir de uma estrutura que lhe permite identificar
o gabarito de imediato.
Com tudo isso, nossa equipe reforça o ideal de oferecer ao candidato uma
preparação completa e lhe assegura um excelente estudo.
Índice

Capítulo 1 - Genética e Pediatria ................... 17 4. Preparo da sala de parto de acordo com o


recém-nascido (termo e pré-termo) ...................60
1. Introdução ...................................................................18
5. Protocolo consolidado de reanimação ............... 61
2. Síndrome de Down ..................................................19
6. Passo a passo da ressuscitação .......................... 63
3. Síndrome de Patau ..................................................21
7. Síndrome de aspiração meconial ........................ 68
4. Síndrome de Edwards ........................................... 22
8. Novos rumos da reanimação neonatal ............. 68
5. Síndrome de Prader-Willi ...................................... 22 Resumo ............................................................................ 70
6. Síndrome de Klinefelter......................................... 23
7. Síndrome de Turner ................................................ 24 Capítulo 4 - Abordagem inicial em
8. Acondroplasia ........................................................... 26 neonatologia ...................................................... 71
9. Doença de Huntington ............................................27 1. Introdução ...................................................................72

10. Neurofibromatose ..................................................27 2. Exame inicial...............................................................72

11. Osteogênese imperfeita ...................................... 29 3. Cabeça .........................................................................76


4. Boca e palato, olhos, nariz e orelha ....................77
12. Albinismo .................................................................. 30
5. Pescoço ....................................................................... 78
13. Doença de Tay-Sachs ............................................ 31
6. Pele............................................................................... 78
14. Mucopolissacaridoses .........................................32
7. Tórax............................................................................. 79
15. Deficiência de alfa-1-antitripsina ......................32
8. Aparelho cardiovascular ....................................... 79
16. Distrofia muscular de Duchenne ........................32
9. Aparelho respiratório ............................................. 79
17. Síndrome do cromossomo X frágil.................... 34
10. Abdome ....................................................................80
18. Anencefalia e espinha bífida com ou sem
11. Quadril .......................................................................80
meningocele............................................................. 34
12. Membros inferiores ...............................................80
19. Hidrocefalia ...............................................................35
13. Região lombar ..........................................................81
Resumo ............................................................................ 36
14. Exame do períneo...................................................81
15. Genitália .....................................................................81
Capítulo 2 - Testes de triagem neonatal ......37
16. Exame neurológico ................................................ 82
1. Introdução .................................................................. 38
17. Hipoglicemia neonatal ......................................... 82
2. Teste do olhinho ....................................................... 38
Resumo ............................................................................90
3. Teste do coraçãozinho............................................ 38
4. Teste da orelhinha ................................................... 39 Capítulo 5 - Avaliação da idade gestacional e
5. Teste do pezinho (Programa de Triagem prematuridade...................................................91
Neonatal)..................................................................... 39 1. Conceitos ..................................................................... 92
Resumo ............................................................................ 56 2. Avaliação da idade gestacional ao
nascimento ................................................................. 92
Capítulo 3 - Reanimação neonatal ................57 3. Curvas de adequação peso/idade
gestacional ................................................................. 96
1. Introdução .................................................................. 58
4. Prematuridade e retardo/restrição de
2. Atendimento na sala de parto ............................. 59 crescimento intrauterino ........................................97
3. Reanimação neonatal em sala de parto ...........60 Resumo ..........................................................................100
Capítulo 6 - Alterações do sistema nervoso 8. Tratamento da icterícia neonatal
do recém-nascido.............................................101 (hiperbilirrubinemia)............................................... 154
9. Doença hemolítica do recém-nascido.............. 158
1. Hemorragia intraventricular e leucomalácia
periventricular.......................................................... 102 10. Icterícia colestática...............................................162
2. Zika e microcefalia.................................................. 106 Resumo............................................................................165
3. Lesão de nervos periféricos ................................110
4. Lesões hipóxico-isquêmicas..................................111 Capítulo 11 - Doenças hematológicas do
5. Convulsões neonatais............................................. 113 recém-nascido..................................................167
6. Hipotermia terapêutica na asfixia neonatal ....... 114 1. Anemia do recém-nascido.................................... 168
Resumo............................................................................ 116 2. Doença hemorrágica do recém-nascido.......... 168
3. Síndrome “do sangue deglutido”.........................169
Capítulo 7 - Doenças gastrintestinais do Resumo........................................................................... 170
recém-nascido.................................................. 119
1. Enterocolite necrosante ....................................... 120 Capítulo 12 - Infecção neonatal precoce e
2. Íleo meconial ............................................................124 tardia.................................................................. 171
3. Doença de Hirschsprung.......................................125 1. Introdução .................................................................172
Resumo............................................................................126 2. Epidemiologia...........................................................172
3. Etiologia......................................................................172
Capítulo 8 - Doenças respiratórias do 4. Fatores de risco........................................................173
recém-nascido..................................................127 5. Patogênese................................................................173
1. Apneia do recém-nascido..................................... 128 6. Diagnóstico................................................................174
2. Síndrome do desconforto respiratório 7. Tratamento.................................................................175
(doença da membrana hialina).............................129
8. Prognóstico...............................................................175
3. Taquipneia transitória do recém-nascido....... 134
9. Prevenção..................................................................175
4. Síndrome de aspiração meconial .......................135
10. Conduta no berçário.............................................176
Resumo............................................................................137
11. Infecção de início tardio nosocomial................176
Resumo............................................................................177
Capítulo 9 - Repercussões do diabetes
materno para o recém-nascido.....................139
Capítulo 13 - Semiologia e propedêutica
1. Recém-nascidos de mães diabéticas.................140 pediátrica - puericultura ..............................179
2. Policitemia................................................................. 142
1. A saúde da criança no contexto da Saúde
Resumo........................................................................... 144 Pública ....................................................................... 180
2. A consulta do recém-nascido...............................181
Capítulo 10 - Icterícia neonatal.....................145 3. O atendimento à criança de baixo risco........... 186
1. Introdução................................................................. 146 4. Considerações finais...............................................192
2. Icterícia neonatal.................................................... 146 Resumo............................................................................193
3. Etiologia da hiperbilirrubinemia indireta ....... 146
4. Manifestações clínicas...........................................147 Capítulo 14 - Crescimento..............................195
5. Encefalopatia pela bilirrubina..............................147 1. Mecanismo e tipos de crescimento....................196
6. Fisiologia da bilirrubina........................................ 149 2. Avaliação do crescimento: antropometria .... 198
7. Diagnóstico diferencial entre as causas de 3. Fatores que interferem no crescimento..........206
icterícias neonatais..................................................152
Resumo............................................................................215
Capítulo 15 - Desenvolvimento e 5. Outras considerações............................................ 243
puberdade.........................................................217 6. Outros índices de crescimento...........................244
1. Introdução ao desenvolvimento......................... 218 7. Massa óssea..............................................................244
2. Acompanhamento do desenvolvimento ........ 218 8. Influência hormonal............................................... 245
3. Desenvolvimento (criança de 0 a 2 anos)........ 222 Resumo...........................................................................248
4. Marcos de desenvolvimento...............................224
5. Puberdade................................................................. 227 Capítulo 17 - Adolescência............................ 249
6. Distúrbios de linguagem e desenvolvimento 1. Introdução.................................................................250
na infância.................................................................228 2. Puberdade.................................................................250
Resumo........................................................................... 232 3. Peso e estatura.......................................................250
4. Massa muscular e gordura...................................251
Capítulo 16 - Alterações do crescimento e
5. Alteração na proporção corpórea......................251
desenvolvimento............................................ 237
6. Aspectos ligados à maturação sexual...............251
1. Baixa estatura .........................................................238
7. Massa óssea...............................................................251
2. Desnutrição..............................................................238
8. Influência hormonal............................................... 252
3. Doenças cromossômicas e síndromes
dismórficas ................................................................241 9. Educação sexual...................................................... 253
4. Doenças sistêmicas................................................ 243 Resumo ..........................................................................254
Viviane Aparecida Queiroz
Lygia de Souza Lima Lauand

1
A maioria das doenças de origem genética se enqua-
dra em 3 grandes grupos: anomalias cromossômicas
(alterações estruturais e numéricas no conjunto de
cromossomo), transtornos monogênicos autossô-
micos (mutações que acontecem em um único gene)
e doenças de herança multifatorial (combinação de
fatores ambientais e mutações em genes múltiplos).
A síndrome de Down ou trissomia do 21 é a altera-
ção cromossômica mais comum e também a principal
causa de deficiência intelectual na população. Quanto

Genética e
aos transtornos monogênicos autossômicos, as neu-
rofibromatoses têm recebido maior atenção, e dados
da literatura apontam que elas são mais comuns e

Pediatria
mais graves do que se acreditava. Outro transtorno
monogênico autossômico é a acondroplasia, um dis-
túrbio do crescimento decorrente de alteração no
mecanismo da ossificação endocondral, com envol-
vimento dos genes 4p16.3 e FGFR3. Finalmente, a
exemplo de doença de herança multifatorial, temos
a anencefalia, considerada o defeito mais grave de
fechamento de tubo neural e incompatível com a vida,
sendo 50 a 60% dos afetados neo ou natimortos.
18 sic pediatria

1. Introdução
Genética médica é a especialidade responsável por capacitar o profis-
sional médico na condução de diagnóstico, conduta clínica e tratamento
adequado, além de atuar no aconselhamento genético. Os distúrbios
de origem genética são decorrentes de uma complexa interação entre
genes, enzimas, hormônios, redes neurais e receptores de membrana
que atuam de modo a alterar o funcionamento e desenvolvimento ade-
quado dos indivíduos acometidos.
Dentre as doenças de maior prevalência serão abordadas, no presente
capítulo, aquelas decorrentes de defeitos autossômicos (síndromes de
Down, Edwards, Patau e Prader-Willi; doenças produzidas por alte-
rações dos cromossomos sexuais (síndromes de Klinefelter e Turner);
doenças produzidas por mecanismo monogênico autossômico domi-
nante (acondroplasia, doença de Huntington, neurofibromatose e os-
teogênese imperfeita); doenças autossômicas recessivas (albinismo,
doença de Tay-Sachs, mucopolissacaridose e deficiência de alfa-1-an-
titripsina); doenças monogênicas ligadas ao cromossomo X (distrofia
muscular de Duchenne e síndrome do cromossomo X frágil); doenças
produzidas por mecanismo multifatorial (anencefalia e espinha bífida
com ou sem meningocele e hidrocefalia).

- Conceitos
--Genoma humano: sequência de DNA completo que está organizado
em 23 pares de cromossomos;
--Célula somática: célula diploide, ou seja, cada célula somática contém
46 cromossomos, 23 provenientes do pai e 23 da mãe;
--Célula germinativa (óvulo e espermatozoide): célula haploide, ou seja,
cada célula contém 23 cromossomos, dos quais 22 são autossômicos
e 1 é sexual (X ou Y);
--Alelo: sequências diferentes de DNA num gene ou
locus;
--Locus: lugar no cromossomo onde está um determi-
nado gene ou marcador genético;
--Gene: combinação de alelos ou nucleotídeos de um lo-
cus. Se o indivíduo tem 2 cópias de alelos iguais em
um mesmo locus, ele é homozigoto; se os dois alelos
são diferentes, ele é heterozigoto;
--Haplótipo: combinação de alelos de uma região da se-
quência do DNA que ocupa vários loci;
--Loci: conjunto de locus;
--Posição e classificação do cromossomo: com exceção
dos cromossomos sexuais e o par 22, são numerados
em ordem decrescente de tamanho, sendo o cromos-
somo 1 o maior, e o 21, o menor. O centrômero divide
o cromossomo em braço curto (p) e longo (q). A posi-
ção do gene (locus) no cromossomo pode ser descrita
conforme o número do cromossomo, o braço, a região,
a banda e a sub-banda, por exemplo: gene da betaglo-
bina reside no cromossomo 11q15.4. Hoje já é possível
localizar uma posição cromossômica com maior preci-
Figura 1 - Cromossomo são, graças aos avanços no sequenciamento genético,
Fonte: Crabtree + Company. com o qual podemos identificar os pares de base;
genética e pediatria 19

--Genoma mitocondrial: codifica 37 genes e é transmitido somente pelo


óvulo, ou seja, é herdado da mãe;
--Padrões de herança:
• Autossômica dominante: uma única mutação em uma cópia do gene
autossômico (1-22) causa doença. Não há relação com o sexo. Se um
dos pais é afetado, há 50% de chance de passar o gene alterado para
um dos filhos;
• Autossômica recessiva: a mutação em ambos alelos é necessária
para que ocorra doença. Se os pais são heterozigotos para determi-
nada doença, existe 25% de chance de que um dos filhos seja acome-
tido, 50% de chance de ser portador e 25% de chance de ter alelos
normais;
• Ligadas ao X: as mutações recessivas ligadas ao X são mais comuns
e mais prevalentes em homens, pois para ocorrer em mulheres são
necessários 2 cromossomos X alterados ou um desvio de inativação
do cromossomo X (ex.: hemofilia VIII e IX). As mutações dominantes
ligadas ao X ocorrem em ambos os sexos com a mesma prevalência;
• Ligadas ao Y: raras, associadas a disfunção sexual masculina;
• Variações genéticas: as variações genéticas podem ocorrer por 3
grandes grupos: variação na sequência de DNA, variação na estru-
tura ou número de cromossomos e variações epigenéticas.

2. Síndrome de Down
É a mais frequente das síndromes de defeitos congênitos múltiplos as-
sociados a retardo mental. Seus sinais clínicos são caracterizados por
dismorfismos, malformações congênitas e outras condições clínicas co-
mumente associadas.
As principais características são:
--Ao nascer: baixo peso e estatura, baixo perímetro cefálico, hipoto-
nia, reflexo de Moro débil, displasia do quadril, hiperflexibilidade de
articulações e policitemia. Alguns dismorfismos característicos já
são evidentes, como orelhas pequenas, fissuras palpebrais oblíquas,
pescoço curto com excesso de pele e achatamento da região occipi-
tal e frontal; Figura 2 - Face característica de
--Cabeça e pescoço: os olhos exibem pregas epicânticas internas e fen- recém-nascido com síndrome
das palpebrais oblíquas, com os ângulos externos elevados. A maioria de Down
das crianças tem problemas oftalmológicos, como desvios de re-
fração, estrabismo e nistagmo. O nariz é pequeno, com ponte nasal
baixa. As orelhas são pequenas e de implantação baixa, displásicas, e
a perda auditiva ocorre em 60 a 80% dos pacientes. O pescoço é curto
e largo, e geralmente há instabilidade atlantoaxial, que pode levar a
subluxação da coluna cervical. A cavidade bucal é pequena, com lín-
gua geralmente protrusa e fissuras grosseiras; o palato é estreito e
alto, e os dentes apresentam erupção tardia;
--Tubo digestivo: atresia ou estenose duodenal é a alteração mais co-
mum; atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica, ânus imper-
furado, doença de Hirschsprung, hérnia diafragmática e estenose
pilórica ocorrem com menor frequência. Há forte associação entre
síndrome de Down e doença celíaca;
--Mãos: os dedos são curtos e, frequentemente, o 5º dedo é encurvado
lateralmente. Além disso, há presença de prega palmar única;
--Estatura: é baixa em todas as fases etárias;
Adriana Prado Lombardi
José Roberto Vasconcelos de Araújo Ana Thamilla Fonseca
Marcelo Higa Danniella Corrêa Netto Pedroso Lenharo
Maria Teresa Luis Luis Lygia de Souza Lima Lauand

7
Este capítulo aborda afecções importantes que podem
acometer o recém-nascido: a enterocolite necrosante
neonatal, o íleo meconial e a doença de Hirschsprung
(megacólon congênito). A primeira é a emergên-
cia gastrintestinal adquirida mais comum a afetar os
recém-nascidos, além de compreender uma doença
inflamatória do trato gastrintestinal que causa isque-
mia do órgão, lesão da mucosa, edema, ulceração e
passagem de ar ou de bactérias pela parede da víscera,

Doenças
causando sintomas de distensão abdominal, vômitos
biliosos e hematoquezia, capaz de evoluir para peri-
tonite, pneumoperitônio e choque. Trata-se de uma

gastrintestinais
afecção associada a prematuridade. Já o íleo meconial
é a obstrução do íleo terminal pelo mecônio endurecido,
bastante relacionada a fibrose cística e caracterizada

do recém-nascido
pela não eliminação do mecônio nas primeiras 48 horas
e abdome distendido. A doença de Hirschsprung (mega-
cólon congênito) caracteriza-se pela ausência de células
ganglionares e gânglios do segmento intestinal e leva ao
quadro de obstrução intestinal com dilatação colônica.
120 sic pediatria

Pergunta 1. Enterocolite necrosante


A enterocolite necrosante (ECN) é uma doença inflamatória do trato
2015 - AMRIGS gastrintestinal do Recém-Nascido (RN) prematuro. Essa patologia, de
1. Um recém-nascido com 30 se- origem multifatorial, é determinada, fundamentalmente, por isque-
manas de idade gestacional e peso mia intestinal, lesão da mucosa, edema, ulceração e passagem de ar ou
de 1.200g estava irritado e recu- bactérias pela parede da víscera, do intestino delgado ou do cólon. O
sando o leite materno. No 3º dia segmento intestinal mais acometido é o íleo terminal, seguido pelo colo
e pelo jejuno. Caracteriza-se por distensão abdominal, resíduos gástri-
de internação na UTI neonatal,
cos, vômitos biliosos e hematoquezia franca ou sangue oculto positivo,
iniciou dieta enteral. Após 4 dias,
capaz de evoluir para peritonite, pneumoperitônio e choque. Os sinais
apresentou náuseas, vômitos e re-
clínicos sistêmicos assemelham-se a sepse com palidez, apneia, hipoa-
síduo gástrico de aspecto bilioso. tividade, distermia e sinais de choque. É a emergência gastrintestinal
Evoluiu para distensão abdominal adquirida mais comum que afeta os RNs, além de ser uma das emer-
e evacuação de fezes com sangue. gências cirúrgicas mais frequentes nas UTIs neonatais.
A radiografia simples de abdome
mostrava significativa distensão A - Epidemiologia
de alças e pneumatose intestinal.
O diagnóstico mais provável é: Sua incidência varia entre 3 e 4 casos/1.000 nascimentos (de 2 a 7%
de admissão na UTI neonatal); de 75 a 90% acontecem em RNs pré-
a) estenose hipertrófica do piloro -termo. Está frequentemente associada a baixo peso (45% com peso
b) hiperplasia adrenal congênita <1.000g, dos quais 61% necessitaram de tratamento cirúrgico), asfixia,
c) atresia duodenal choque endotóxico ou hipovolêmico e persistência do canal arterial. A
d) enterocolite necrosante tríade de isquemia intestinal, alimentação oral (substrato metabólico)
e) diverticulite de Meckel e micro-organismos patogênicos está ligada à ECN, cujo maior fator de
risco é a prematuridade, principalmente em neonatos com peso infe-
Resposta no final do capítulo
rior a 1.500g. Entre os RNs a termo, os fatores de risco são restrição do
crescimento intrauterino, asfixia perinatal, doença cardíaca congênita,
gastrosquise, policitemia, hipoglicemia, sepse, exsanguineotransfusão,
cateteres umbilicais, alergia ao leite, rotura prematura de membranas,
com ou sem corioamnionite, uso materno de cocaína.

B - Manifestações clínicas
A enterocolite comumente se inicia nas 2 primeiras semanas de vida
(pico no 3º dia). A grande maioria dos RNs foi alimentada antes do início
do quadro. Os aspectos clínicos são múltiplos, mas geralmente começam
por distensão abdominal, resíduos gástricos aumentados, vômitos bilio-
sos, queda do estado geral, sinais toxêmicos e sangue nas fezes (oculto
ou mesmo na forma de enterorragia); é comum flegmão periumbilical,
que se estende pelo abdome quando se instala o quadro de peritonite.
O comprometimento sistêmico acontece dentro das primeiras 6 sema-
nas de vida ou de 3 a 7 dias após o início da alimentação enteral. Os
sintomas são hipo/hipertermia, letargia, apneia, bradicardia, acidose
metabólica, hipotensão, coagulação intravascular disseminada (CIVD) e
diminuição da perfusão. O quadro é multifocal, com necrose de diver-
sos segmentos da alça intestinal. No local de necrose intestinal, cerca
de 10% desenvolvem bridas.
Inicia-se logo nas primeiras 2 semanas e tem os seguintes sinais:
--Distensão abdominal;
--Estase gástrica;
--Sangue nas fezes em 25% dos casos.

C - Diagnóstico
O raio x de abdome pode demonstrar, além dos evidentes sinais de dis-
tensão e edema das alças intestinais, pneumatose (gás hidrogênio na
doenças gastrintestinais do recém-nascido 121

parede intestinal, produto do metabolismo bacteriano, que pode pas-


sar para a circulação venosa portal – trata-se de um sinal de gravidade,
com 70% de mortalidade), ausência de ar no reto, pneumoperitônio e/
ou sinais evidentes de peritonite. Embora pneumatose intestinal não Dica
seja patognomônica, esse é um achado importante e indica controles
seriados com radiografias realizadas na projeção anteroposterior e em Apesar de não ser
decúbito lateral esquerdo. A ultrassonografia do fígado pode detectar patognomônica, a
gás no espaço portal, a despeito do raio x de abdome normal. O achado pneumatose intestinal é
histopatológico clássico é a necrose por coagulação, necrose isquêmica extremamente sugestiva
que mais comumente afeta o íleo terminal e o cólon proximal, áreas e não deixa de figurar o
consideradas divisoras de águas do suprimento arterial mesentérico enunciado das questões
superior. sobre o tema.

Figura 1 - (A) Raio x simples de abdome que mostra dilatação de alças e pneumatose
intestinal e (B) pneumatose intestinal

Figura 2 - Pneumatose intestinal

- Teste de Apt
Trata-se do exame utilizado para determinar se o sangramento do
trato gastrintestinal do RN é proveniente deste ou da deglutição do
sangue materno (por exemplo, mamas com fissuras), fato que ocorre
com muita frequência e pode confundir o diagnóstico. O teste é feito
da seguinte forma:
Principais temas
para provas

Pediatria vol. 1
QUESTÕES E COMENTÁRIOS

SIC PEDIATRIA
Questões

Pediatria Questões
Pediatria

a) Patau
b) Down
Genética e Pediatria
c) Turner
d) Edwards
2017 - FMUSP-RP e) Klinefelter
1. Uma lactente de 1 mês e 15 dias apresenta quadro de Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
icterícia e aumento do volume abdominal há 20 dias, sem Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
edema, diarreia ou vômito. A mãe não sabe referir sobre
acolia ou colúria. Foi internado com 20 dias de vida, por 2017 - INCA
provável infecção urinária. Encontra-se em aleitamento 3. Com relação às anormalidades cromossômicas, pode-
materno exclusivo. A gestação não sofreu intercorrên- mos afirmar que:
cias, com sorologias negativas. Nasceu com PC = 3.395g, a) a trissomia do 18 é mais comum em meninos, pode
46cm, Apgar = 9 e 10. Tem história de óbito de irmã com ser suspeitada ao nascer, com bebês grandes para a
2 meses de vida, com icterícia e hepatomegalia. Ao exa- idade gestacional
me, apresenta peso = 4.900g, comprimento = 48cm e b) o fenótipo da síndrome de Turner é masculino e é ca-
regular estado geral. O abdome é globoso, sem circula- racterizado por alta estatura
ção colateral, indolor, com ruídos hidroaéreos positivos, c) a síndrome de Patau é extremamente rara, apresenta
normoativos, e “piparote” positivo. O fígado encontra- fenótipo marcante e ocorre pela trissomia do 16
-se a 6cm do rebordo costal direito, e a hepatimetria é d) a trissomia do 21 é uma das mais comuns, pode ser
de 8cm, de consistência firme. O baço não está palpável. diagnosticada pelo exame físico, apresenta fácies ca-
O restante do exame físico está sem alterações. Os exa- racterística com fissuras palpebrais oblíquas e ponte
mes laboratoriais mostram Hb = 7,9, GB = 10.200, pla- nasal achatada, prega palmar única, baixa estatura e
quetas = 182.000, TGO = 302UI/L, TGP = 298UI/L, gama- língua relativamente grande e protrusa
-GT = 82UI/L, fosfatase alcalina = 700UI/L, bilirrubina
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
total = 13,5, bilirrubina direta = 6,2, proteínas totais = Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
4,4g/dL, albumina = 3g/dL, INR = 1,8; urina rotina nor-
mal teste de Benedict (pesquisa de substância redutora) 2017 - FHEMIG
na urina positivo. A ultrassonografia hepática revela au- 4. Uma menina de 2 anos, procedente da região nordeste
mento difuso da ecogenicidade do parênquima. Qual é a de Minas Gerais, é atendida na Unidade Básica de Saúde
melhor conduta para esse lactente? com queixa de tosse há 15 dias e febre baixa há 5 dias.
a) tratamento de suporte, administração de vitamina K, Na história pregressa, há relato de internações prévias
polivitamínicos e correção da anemia com sulfato fer- por íleo meconial na 1ª semana de vida e por vários epi-
roso sódios de “bronquite” e pneumonia. Ao exame físico,
b) laparotomia exploradora, colangiografia intraopera- observa-se que seu peso está abaixo do percentil 5 para
tória e portoenterostomia em Y de Roux (cirurgia de a sua estatura que, por sua vez, está abaixo do percentil
Kasai) 3 para sua idade. Com Tax = 38°C, observam-se baquete-
c) tratamento com nitisinona (NTBC) oral, dieta com amento digital, rinorreia purulenta, além de sibilância e
teor baixo ou ausente de fenilalanina, tirosina e me- crepitações difusas com redução do murmúrio vesicular
tionina na base pulmonar direita à ausculta respiratória. Dian-
d) suspensão do aleitamento materno, introdução de te da anamnese e do exame físico relatados, a hipótese
fórmula de soja e solicitação da dosagem da enzima diagnóstica mais provável é:
galactose-1-fosfato uridiltransferase
a) asma brônquica
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão b) fibrose cística
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder c) imunodeficiência primária
d) tuberculose pulmonar
2017 - HNMD
2. A trissomia do cromossomo 18 caracteriza a síndrome Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
genética de: Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
Comentários

Pediatria Comentários
Pediatria

b) Incorreta. O fenótipo da síndrome de Turner é femini-


no, com cariótipo 45X0. É um diagnóstico diferencial em
Genética e Pediatria
meninas com baixa estatura.
c) Incorreta. A síndrome de Patau é a trissomia do 13.
Questão 1. O paciente evoluiu com quadro de icterícia d) Correta. A trissomia do 21, ou síndrome de Down, é
colestática e insuficiência hepática, além de história fa- uma das anormalidades cromossômicas mais comuns.
miliar positiva. Analisando as alternativas: Gabarito = D
a) Incorreta. Essas medidas também podem e dever ser
ministradas. Questão 4. Analisando as alternativas:
b) Incorreta. Espera-se que, nos quadros de atresia de a) Incorreta. As crianças com sibilância recorrente não
vias biliares, a ultrassonografia mostre a presença de 1 cursam costumeiramente com desnutrição.
imagem de forma triangular ou tubular, com densidade b) Correta. Crianças com quadro de tosse, sinusite ou
ecogênica justacranial à bifurcação da veia porta, cor- pneumonias recorrentes, associado a baixa estatura e
respondendo ao cone fibroso no porta hepatis, denomi- baixo peso para a idade, devem ser investigadas para
nado “cordão triangular”. fibrose cística.
c) Correta. Em pacientes com suspeita de erros inatos c) Incorreta. É um diagnóstico diferencial importante,
do metabolismo (presença de história familiar positiva porém a presença de baqueteamento digital remete a
e pesquisa de substância redutora na urina positiva), a hipoxemia crônica, que não favorece essa hipótese.
interrupção da ingesta proteica é uma das medidas ini- d) Incorreta. A presença de infecções respiratórias re-
ciais. correntes, sinusite aguda no momento atual e baquetea-
d) Incorreta. A fórmula de soja não está indicada aos pa- mento digital afasta essa hipótese.
cientes com suspeita de erro inato do metabolismo. Gabarito = B
Gabarito = C
Questão 5. Analisando as afirmativas:
Questão 2. Analisando as alternativas: I - Correta. As principais manifestações são respirató-
a) Incorreta. A síndrome de Patau é a trissomia do cro- rias, mas há acometimento pancreático, intestinal, hepa-
mossomo 13, caracterizada por malformações cranio- tobiliar e de vias aéreas superiores.
faciais, no sistema nervoso central e cardiovasculares. II - Incorreta. A dosagem de IRT (fração de enzimas pan-
b) Incorreta. A síndrome de Down é a trissomia do cro- creáticas) já faz parte da triagem neonatal em alguns
mossomo 21. É a anormalidade cromossomial mais co- estados do país.
mum. III - Correta. Quase todos os pacientes vão sofrer de al-
c) Incorreta. A síndrome de Turner é caracterizada por gum grau de doença pancreática na vida.
cariótipo 45X0, causa de baixa estatura, déficit cognitivo IV - Incorreta. No caso de teste do suor negativo, a aná-
e atraso puberal. lise do DNA em busca de mutações do CFTR é o exame
d) Correta. A síndrome de Edwards é a trissomia do 18, diagnóstico.
caracterizada por déficit cognitivo, malformações cra- Gabarito = A
niofaciais e de membros.
e) Incorreta. A síndrome de Klinefelter tem cariótipo Questão 6. As principais características da síndrome de
47XXY e é caracterizada por alta estatura, atraso pube- Prader-Willi sugerem uma deficiência orgânica do hipotála-
ral e déficit cognitivo. mo, sendo a causa de hiperfagia, distúrbios do sono, secre-
Gabarito = D ção deficiente do hormônio de crescimento e hipogonadis-
mo. Outras características são déficit cognitivo, obesidade,
Questão 3. Analisando as alternativas: alterações de comportamento e hipotonia na infância.
a) Incorreta. A trissomia do 18 é mais comum em meni- Gabarito = A
nas e tem, como principais características, dismorfismo
craniofacial, baixo peso ao nascer e malformações nos Questão 7. A desnutrição é o resultado da carência ou
membros. excesso, relativo ou absoluto, de 1 ou mais nutrientes

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