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Principais temas

para provas

Infectologia vol. 3

SIC CLÍNICA
MÉDICA
Autoria e colaboração

Durval Alex Gomes e Costa Atualização 2018


Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Durval Alex Gomes e Costa
Triângulo Mineiro (UFTM). Especialista em Infectologia
pelo Hospital Heliópolis. Doutor em Doenças Infeccio-
Assessoria didática
sas pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Viviane Alencar
Médico infectologista do Serviço de Controle de Infecção
Hospitalar do Hospital Heliópolis. Coordenador da Pre-
ceptoria Médica da Residência de Infectologia do Hospi- Revisão de conteúdo
tal do Servidor Público Estadual de São Paulo. João Guilherme Palma Urushima

Rodrigo Antônio Brandão Neto


Revisão técnica
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Uni-
Cinthia Ribeiro Franco
versidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Espe-
cialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Dan Yuta Nagaya
Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade Daniela Andrea Medina Macaya
de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Edivando de Moura Barros
onde é médico assistente da disciplina de Emergências Lucas Kenzo Miyahara
Clínicas. Mariana da Silva Vilas Boas
Matheus Fischer Severo Cruz Homem
Ralcyon F. A. Teixeira Nadia Mie Uwagoya Taira
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Uni- Priscila Schuindt de Albuquerque Schil
versidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Es-
Ryo Chiba
pecialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da
Viviane Aparecida Queiroz
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HC-FMUSP). Médico assistente do Hospital Universitá- Wilian Martins Guarnieri
rio (HMCP) da PUC-Campinas. Médico Infectologista do William Vaz de Sousa
Hospital Sírio-Libanês. Yuri Yamada

Carolina dos Santos Lázari


Graduada em Medicina pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). Especialista em Infectologia pelo Hos-
pital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universi-
dade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Pro-
grama de Residência Médica em Infectologia da FMUSP.
Médica infectologista do Serviço de Extensão ao Atendi-
mento a Pacientes com HIV/AIDS da Divisão de Molés-
tias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP no período
de 2006 a 2012. Médica assistente da Enfermaria da
mesma Divisão.

Maria Daniela Di Dea Bergamasco


Graduada em Medicina e especialista em Infectologia
pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Mestranda na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de In-
fecções em Onco-Hematologia e Transplante de Medula
Óssea da Disciplina de Infectologia.
Apresentação

O ensino médico é desafiador por natureza, e o estudante que se decide


pelos fascinantes caminhos da Medicina sabe disso. Fascínio advindo, em
grande parte, justamente das inúmeras possibilidades e, até mesmo, obri-
gatoriedades que se abrem para esse aluno logo que ele ingressa no ensino
superior, a ponto de ser quase impossível determiná-las ou mensurá-las.
Dessa rotina faz parte, por exemplo, um inevitável período de aulas práti-
cas e horas em plantões de vários blocos, não só o responsável por grande
parte da experiência que determinará a trajetória profissional desse aluno,
como também o antecedente imediato do seu ingresso em um programa
de Residência Médica que seja referência, no mínimo, em todo o país – o
que exigirá dele um preparo minucioso e objetivo.
Esse é o contexto em que toda a equipe de conteúdo da Medcel, forma-
da por profissionais das áreas pedagógica e editorial e médicos das mais
diferentes especialidades, preparou a Coleção SIC Principais Temas para
Provas. O material didático destaca-se pela organização e pelo formato de
seus capítulos, inteiramente voltado à interação, com recursos gráficos e
dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamentos, temas frequentes
em provas, leituras recomendadas e outros destaques, sem os quais o alu-
no não deve prestar nenhum exame. Tudo isso somado às questões ao fi-
nal, todas comentadas a partir de uma estrutura que lhe permite identificar
o gabarito de imediato.
Com tudo isso, nossa equipe reforça o ideal de oferecer ao candidato uma
preparação completa e lhe assegura um excelente estudo.
Índice

Capítulo 1 - Febre no adulto............................ 15 Capítulo 5 - Infecção hospitalar .................... 89


1. Introdução ...................................................................16 1. Introdução ..................................................................90
2. Febre de origem indeterminada ..........................16 2. Infecção do trato urinário .....................................91
3. Outras causas não infecciosas de febre .......... 20 3. Pneumonia hospitalar ........................................... 96
4. Fisiopatologia da ocorrência de febre e 4. Infecção relacionada a cateteres venosos ..... 106
hipertermia .................................................................21 5. Considerações sobre precauções e isolamento
5. Hipertermia .............................................................. 22 em infecção hospitalar........................................... 112

Resumo ............................................................................ 26 Resumo ........................................................................... 113

Capítulo 2 - Hepatoesplenomegalias Capítulo 6 - Gangrena de Fournier .............. 115


crônicas ..............................................................27 1. Introdução ................................................................. 116
1. Introdução ................................................................. 28 2. Etiologia ..................................................................... 116

2. Leishmaniose visceral ............................................ 28 3. Agentes mais prevalentes.................................... 117

3. Esquistossomose ......................................................37 4. Fisiopatologia .......................................................... 118

Resumo ............................................................................44 5. Quadro clínico .......................................................... 118


6. Diagnóstico ............................................................... 118
Capítulo 3 - Endocardite infecciosa ..............47 7. Tratamento ............................................................... 119
Resumo .......................................................................... 121
1. Introdução .................................................................48
2. Importância do agente etiológico ...................... 50
Capítulo 7 - Parasitoses intestinais.............123
3. Fisiopatologia e quadro clínico ............................53
1. Introdução .................................................................124
4. Diagnóstico ................................................................ 58
2. Helmintos ..................................................................126
5. Tratamento clínico .................................................... 61
3. Ancilostomíase ....................................................... 128
6. Tratamento cirúrgico .............................................. 64
4. Estrongiloidíase...................................................... 130
7. Complicações ............................................................ 66
5. Toxocaríase ...............................................................132
8. Indicações de profilaxia ........................................ 66
6. Teníase e cisticercose ........................................... 134
Resumo ............................................................................ 68
7. Himenolepíase ..........................................................137
8. Difilobotríase .......................................................... 138
Capítulo 4 - Neutropenia febril ...................... 71
9. Enterobíase ...............................................................139
1. Introdução ...................................................................72 10. Tricuríase ................................................................140
2. Causas .........................................................................72 11. Protozoários...........................................................140
3. Definições e epidemiologia ...................................73 12. Giardíase ..................................................................143
4. Manifestações clínicas ............................................74 13. Cólera ....................................................................... 144
5. Investigação diagnóstica ........................................75 14. Gastrenterites agudas........................................ 146
6. Classificação do episódio ...................................... 79 Resumo .......................................................................... 149
7. Estratificação de risco ............................................80
8. Tratamento ................................................................ 82 Capítulo 8 - Doença de Chagas ................... 151
9. Principais tópicos do capítulo .............................. 87 1. Introdução .................................................................152
Resumo ............................................................................88 2. Conhecendo o T. cruzi e o ciclo da doença .......152
3. Fisiopatologia da infecção e formas clínicas.....154 3. Hantavirose.............................................................. 180
4. Diagnóstico................................................................159 4. Psitacose................................................................... 184
5. Tratamento............................................................... 160 Resumo........................................................................... 186
6. Prevenção de novos casos.................................... 161
Resumo............................................................................163 Capítulo 11 - Acidentes por animais
peçonhentos......................................................187
Capítulo 9 - Paracoccidioidomicose.............165
1. Introdução................................................................. 188
1. Introdução................................................................. 166 2. Acidentes por serpentes...................................... 188
2. Mecanismo de infecção..........................................167 3. Acidentes por aranhas.......................................... 194
3. Diagnóstico................................................................172 4. Acidentes causados por escorpiões..................197
4. Tratamento................................................................174 5. Acidentes causados por insetos......................... 199
Resumo............................................................................176 Resumo.......................................................................... 200

Capítulo 10 - Outras doenças


infectocontagiosas..........................................177
1. Introdução..................................................................178
2. Doenças causadas pela Bartonella henselae.......178
Durval A. G. Costa

2
Neste capítulo, serão abordadas as principais doenças
infecciosas que causam hepatoesplenomegalias crô-
nicas: a leishmaniose visceral e a esquistossomose. A
primeira é causada por protozoários do gênero Leish-
mania, transmitida pela picada do mosquito Lutzomyia
longipalpis, causando inicialmente febre, diarreia e dor
abdominal inicialmente, evoluindo posteriormente com
emagrecimento e hepatoesplenomegalia. O tratamento

Hepatoesple-
de escolha é feito com antimonial pentavalente (Glucan-
time®). Já a esquistossomose é uma afecção causada
pelo platelminto Schistosoma mansoni, cuja transmissão
ocorre pela penetração ativa de cercárias na pele quando

nomegalias
o indivíduo nada em "lagoas de coceiras". Os sintomas
envolvem febre, diarreia e tosse seca, além de dermatite
cercariana e pneumonite intersticial eosinofílica na fase

crônicas
aguda e hepatoesplenomegalia associada, muitas vezes,
a ascite na fase crônica. O tratamento de escolha é feito
com praziquantel ou oxamniquina. A leishmaniose visce-
ral é doença de notificação compulsória em todo o Brasil,
enquanto a esquistossomose é doença de notificação
compulsória em áreas não endêmicas no país.
28 sic infectologia

1. Introdução
Este capítulo tem como função reunir as 2 doenças infecciosas que
causam mais hepatomegalia e esplenomegalia no Brasil: leishmaniose
visceral e esquistossomose. Exatamente por causar sintomas e sinais
pareados, uma serve de diagnóstico diferencial para a outra em vários
aspectos. Por esse motivo, a apresentação de ambas no mesmo capí-
tulo facilita a comparação e o entendimento.

Dica 2. Leishmaniose visceral


Não confundir leishma-
niose visceral com leish- A - Introdução e epidemiologia
maniose tegumentar; são
protozoários diferentes, A leishmaniose visceral é conhecida como calazar e é causada por um
protozoário, com apresentação de doença sistêmica. Esse protozoário
apesar de serem do
flagelado é da mesma família que o Trypanosoma cruzi. Existem 3 espé-
mesmo gênero. L. bra- cies que formam o complexo Donovani, relacionadas na Tabela 1.
ziliensis, L. guyanensis
e L. amazonensis são os
Tabela 1 - Complexo Donovani
principais causadores de
leishmaniose tegumentar Leishmania Causadora da doença no “novo mundo” (Brasil, Colômbia,
chagasi Venezuela e Bolívia)
no Brasil e são discutidos
Leishmania Causadora da doença no “velho mundo” (Índia, China e
no capítulo “Outras donovani África Oriental)
doenças infecciosas”.
Leishmania Causadora da doença no “velho mundo”, além de na
infantum Europa, no mediterrâneo e no norte da África

A doença é distribuída mundialmente, mas com a característica dife-


rente da leishmaniose cutânea, que, além de atingir apenas a pele (tam-
bém de forma não sistêmica), não tem a mesma distribuição mundial.
A leishmaniose cutânea é endêmica em 88 países de 4 continentes. En-
tretanto, ao se falar de leishmaniose visceral, o quadro é mais restrito,
pois mais de 90% das leishmanioses viscerais se concentram em Ban-
gladesh, Índia, Brasil e Sudão.

Figura 1 - As áreas em amarelo representam os países que apresentam casos de


Figura 2 - O Lutzomyia longipalpis não leishmaniose visceral: notar que, na América, o Brasil responde pela maioria dos
é o único transmissor da leishmaniose casos
visceral, mas é o principal no Brasil.
Além de mosquito-palha, é conheci-
do como birigui ou tatuquira. Prefe- No Brasil, a doença se concentra nos locais onde existe a prevalência
re regiões mais secas, mas vive bem do mosquito vetor. Esse mosquito é o Lutzomyia longipalpis, conhecido
em domicílios urbanos, facilitando a como mosquito-palha, pois apresenta pequeno tamanho em compara-
transmissão da doença
ção ao pernilongo comum (Culex).
hepatoesplenomegalias crônicas 29

Figura 3 - Casos descritos no Brasil de leishmaniose visceral por tipo de transmissão


até 2015, segundo o Ministério da Saúde: notar que a prevalência da infecção se
concentra no Nordeste, apesar de haver muitos casos na divisa com a Bolívia (Mato
Grosso)

Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde mostram


Importante
3.200 casos em 2016, a maioria na região Nordeste. Isoladamente, o Há 2 fases no ciclo
Maranhão é o campeão de casos, seguido de Minas Gerais, Pará (únicos parasita da leishmaniose
estados fora do Nordeste entre os que têm mais casos), Ceará e Piauí. visceral: promastigota
Outra característica importante da doença é que é uma zoonose, pois (infectante, flagelada
normalmente atinge outros animais, apesar de eventualmente atingir o e móvel) e amastigota
homem. A doença ganhou destaque nos países do Mediterrâneo (Por- (presente nos macrófagos
tugal, Espanha, Itália, França) por haver associação muito frequente de mamífero infectado
com o HIV, causando uma doença com perfil diferente. O cão é o princi-
– imóvel).
pal reservatório urbano da doença.

B - Fisiopatologia e ciclo da doença


A principal característica do protozoário é a presença de 2 fases distintas:
a forma promastigota, definida como forma infectante (forma flagelada
e móvel), e a forma amastigota, presente nos macrófagos do mamífero
parasitado (que pode ser o homem, o cão ou outro mamífero) e é imóvel.
O ciclo do parasita nesses mosquitos dura de 3 a 5 dias e tem 2 fases:

Tabela 2 - Fases do ciclo parasita

Estágio infec- Dura desde o momento em que o mosquito pica o animal infectado, com a transformação no
tante ou estágio intestino do mosquito de amastigotas em formas infectantes, as promastigotas. Estas são
no mosquito transmitidas em uma nova picada.

Começa no momento da picada do inseto, com a transmissão de promastigotas, que serão logo
Estágio no ser
fagocitadas. A partir daí, haverá a transformação em amastigotas, que se dividirão em vários
humano
tecidos do corpo, principalmente gânglios e medula.
Durval A. G. Costa

7
Este capítulo, sobre parasitoses intestinais, aborda as
principais doenças presentes nesse grupo, divididas em
parasitoses causadas por helmintos (como ascaridíase,
ancilostomose, teníase e cisticercose) e causadas por
protozoários (como a amebíase e a giardíase). A maio-
ria dos ciclos é oral-fecal e está associada a condições
de higiene e saúde precárias, como falta de saneamento
básico. Alguns vermes apresentam fase de amadure-
cimento pulmonar, denominada ciclo de Loss, causada
pelos seguintes parasitas: Necator americanus (neca-

Parasitoses
toríase), Ancylostoma duodenale (ancilostomíase),
Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase) e Ascaris
lumbricoides (ascaridíase). O diagnóstico geralmente é

intestinais
feito quando se encontram os ovos ou cistos dos para-
sitas no microscópio, e o tratamento é feito comumente
com o uso de mebendazol, albendazol, ivermectina etc.
124 sic infectologia

1. Introdução
As parasitoses intestinais são infecções prevalentes em populações as-
sociadas a situações de aglomeração e péssimas condições sanitárias.
A gravidade da evolução de uma parasitose depende da situação clínica

Dica do paciente (se imunodeprimido e em extremos de idade – crianças e


idosos) e do perfil do parasita, que pode invadir regiões do organismo
longe dos intestinos (pulmões, cérebro, trato biliar). Infecções com
A ascaridíase é a para- grandes quantidades de parasitas podem, ainda, causar lesões graves
sitose causada por hel- e até mesmo óbito, como no bolo de áscaris.
mintos mais frequente, e
Antes de detalhar cada parasita, é importante fazer uma divisão aca-
a amebíase é a mais pre- dêmica. Existem 2 grandes classes de parasitas intestinais: os helmin-
valente entre as causadas tos e os protozoários. Entre os helmintos, o mais prevalente em todo
por protozoários. o mundo é a ascaridíase. Entre os protozoários, a amebíase prevalece
causando o maior número de complicações, mesmo extraintestinais. A
Tabela 1 simplifica essa classificação.

Tabela 1 - Classificação

Helmintos
- Ancilostomíase;
- Ascaridíase*;
- Enterobíase;
- Estrongiloidíase;
- Teníase;
- Cisticercose;
- Himenolepíase;
- Tricuríase;
- Toxocaríase.
Protozoários
- Amebíase*;
- Giardíase.
Parasitas oportunistas**
- Isospora belli (isosporíase);
- Cryptosporidium spp.;
- Microsporum spp.
Outros
Cólera
* Mais prevalentes dentro de suas classes.
** Estes parasitas são causadores de infecções em imunodeprimidos e
serão devidamente abordados no capítulo de infecção pelo HIV.

A - Síndrome de Loeffler e ciclo de Loss


Antes do detalhamento específico das parasitoses, é importante lem-
brar que alguns parasitas precisam da maturação da larva no pulmão,
em ciclo pulmonar, conhecido como ciclo de Loss. Quando a matura-
ção envolve sintomas clínicos, estes costumam ser tosse seca, febre
e perda de peso, chamados de síndrome de Loeffler. Podem aparecer,
ainda, broncoespasmo, hemoptise e sinais de pneumonite, relaciona-
dos ao ciclo larvário pulmonar. Esta síndrome pode ainda causar altera-
ção de transaminases e lesões hepáticas com hiperglobulinemia.
parasitoses intestinais 125

Eventualmente, são descritos acessos de tosse específicos, ao con-


trário de uma pneumonia, por exemplo, em que a tosse é contínua e
não por acessos. Pode ainda haver saída do parasita no momento do
acesso de tosse (o paciente o expele) e eventualmente pode ocorrer, in-
clusive, sufocamento, e até óbito por bolo de parasitas no momento da
migração (como no caso do áscaris em crianças). Quando o raio x ou a
tomografia são realizados, a imagem é de infiltrado intersticial, muito
comum também em pneumonias de apresentação atípica ou em pneu-
monias virais. A diferença com relação a uma pneumonia atípica é que
os infiltrados tendem a ser migratórios e múltiplos, enquanto na bacte-
riana atípica seria único (na maioria das vezes) e fixo.
Eosinofilia é normalmente vista em lavado broncoalveolar e na bióp-
sia transbrônquica, e por esse motivo, o diagnóstico diferencial é com
pneumonia eosinofílica.

Figura 1 - Raio x de tórax de paciente com síndrome de Loeffler por Ascaris lumbri-
coides. Atente-se que o raio x poderia representar uma pneumonia atípica, eosino-
fílica ou ainda viral, as quais são os principais diferenciais

Importante
Os parasitas intestinais
que apresentam ciclo
pulmonar (ciclo de Loss)
são: Necator americanus
(necatoríase), Ancylos-
Figura 2 - Tomografia computadorizada de tórax mostrando também um padrão
intersticial. Apesar de a eosinofilia estar presente no lavado e na biópsia transbrôn- toma duodenale (ancilos-
quica, pode não estar presente no hemograma. Apesar de parecer que a imagem tomíase), Strongyloides
está desfocada, o padrão intersticial na pneumonia eosinofílica pode ser muito mais stercoralis (estrongi-
extenso do que em outras doenças intersticiais
loidíase) e Ascaris lum-
bricoides (ascaridíase).
Os parasitas que causam ciclo de Loss são apenas 4: Necator amer-
icanus, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis e Ascaris As iniciais formam o
lumbricoides. Eventualmente, pode haver síndrome de Loeffler com o anagrama NASA, o que
Toxocara canis, apesar de esse helminto não possuir obrigatoriamente facilita a memorização.
ciclo pulmonar.
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Infectologia vol. 3
QUESTÕES E COMENTÁRIOS

SIC
CLÍNICA
MÉDICA
Questões

Infectologia Questões
Infectologia

elevar a temperatura corpórea. Já na hipertermia, a


elevação da temperatura corpórea ocorre por dificul-
Febre no adulto
dade em se perder calor de forma eficiente. No manejo
da febre e da hipertermia em crianças, podemos afir-
2017 - UFES mar que:
1. Considere um paciente com história de febre há 12 a) a utilização de métodos físicos (banhos mornos,
dias, associada a mialgia leve e artralgia. Durante o compressas frias) tem indicação precisa nos casos
exame físico, foram encontrados linfonodos cervicais de febre
palpáveis nas cadeias cervicais anterior e posterior, do- b) não existe indicação para usar a combinação de 2 an-
lorosos à palpação de consistência elástica e não ade- titérmicos intercalados, para um melhor efeito tera-
ridos aos planos profundos. Devem estar presentes as pêutico
seguintes etiologias no diagnóstico diferencial: c) o ácido acetilsalicílico tem boa ação central e periféri-
a) tuberculose ganglionar, histoplasmose disseminada, ca, sendo indicado nos casos de dengue em seus está-
toxoplasmose e infecção por Epstein-Barr gios iniciais
b) infecção aguda pelo HIV, tuberculose ganglionar, den- d) a dipirona tem potente efeito analgésico e pouco
gue e infecção por citomegalovírus efeito anti-inflamatório, mas tem ação tanto central
c) sífilis, infecção por citomegalovírus, leptospirose e como periférica, dependendo da dose
rubéola e) a magnitude da temperatura alcançada nos quadros
d) infecção aguda pelo HIV, doença de Chagas, infecção febris tem tanto valor prognóstico (gravidade) como
por Epstein-Barr e aspergilose invasiva diagnóstico (etiologia viral ou bacteriana) nos qua-
e) aspergilose invasiva, sífilis, infecção por citomegalo- dros infecciosos
vírus e infecção aguda pelo HIV
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2015 - UFPA - CLÍNICA MÉDICA
2016 - FMP-RJ 4. Uma mulher de 45 anos, no 10º dia após quimioterapia
2. Com relação à febre medicamentosa, assinale a alter- para câncer de mama, chega à Urgência referindo febre,
nativa correta: sem sinais ou sintomas que localizem sítio de infecção.
a) as anfetaminas e a cocaína são causas comuns de fe- Ao exame físico, a Tax é de 38°C, com ausculta cardio-
bre medicamentosa secundária à reação de hipersen- pulmonar normal, e encontra-se com FR = 20irpm, FC =
sibilidade 92bpm e PA = 110x80mmHg. A conduta adequada nesse
b) a anfotericina B e a bleomicina podem causar síndro- caso é:
me neuroléptica maligna a) acalmar a paciente e orientá-la que o leve aumento da
c) a termorregulação alterada resulta do uso de medica- temperatura é um efeito esperado da quimioterapia
mentos com atividade anticolinérgica, como as feno- e que ela deve retornar para casa e voltar ao pronto
tiazinas e os antidepressivos tricíclicos atendimento, caso apareça algum sinal de infecção
d) os medicamentos redutores da dopamina no sistema b) solicitar hemograma, hemocultura 2 amostras, urina
nervoso central parecem ter propriedades pirogêni- EAS, urocultura e raio x de tórax e iniciar antibiotico-
cas intrínsecas terapia empírica com espectro contra Pseudomonas
sp. obrigatoriamente por via intravenosa, pois se tra-
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
ta de um possível caso de neutropenia febril
c) solicitar hemograma, hemocultura 2 amostras, urina
2015 - AMP EAS, urocultura e raio x de tórax e iniciar antibiotico-
3. A febre é um fenômeno em que ocorre elevação do terapia empírica com espectro contra S. aureus, já as-
ponto de termorregulação do centro termorregulador, sociada a antifúngico de largo espectro, pois se trata
desencadeando um conjunto de mecanismos que visam de um possível caso de neutropenia febril
Comentários

Infectologia Comentários
Infectologia

dopamina no sistema nervoso central que causa euforia,


excitação e, por vezes, hipertermia.
Febre no adulto
Gabarito = C

Questão 1. Analisando as alternativas: Questão 3. Analisando as alternativas:


a) Correta. Na investigação de febre de origem in- a) Incorreta. A utilização de banhos é uma medida adicio-
nal no controle da hipertermia, mas na febre tem menos
determinada, é essencial avaliar criteriosamente o
importância do que o uso de antitérmicos.
paciente, procurando por gânglios ou lesões de pele
b) Correta. A associação de antitérmicos pode aumentar
que possam levar ao padrão descrito. Considerando
o risco de complicações por interações medicamentosas
as principais doenças infecciosas que podem dar gân-
e até de hepatite medicamentosa. Por esse motivo, se
glios, a tuberculose ganglionar é a mais frequente no
um antitérmico é usado na dose e no intervalo corretos,
Brasil e deve estar como 1ª opção. Todas as demais
ele deve ser capaz de controlar a febre.
doenças citadas na alternativa poderiam dar gânglios
c) Incorreta. Na dengue, devem ser evitados anti-infla-
com febre também (lembrar que o EBV é frequente
matórios como o ácido acetilsalicílico.
diagnóstico diferencial, por conta da mononucleose
d) Incorreta. A dipirona é um analgésico simples que tem
infecciosa).
ação antitérmica, sem qualquer ação anti-inflamatória.
b) Incorreta. A dengue não leva a gânglios.
e) Incorreta. A temperatura da febre pode levar a danos
c) Incorreta. A aspergilose invasiva também não leva a
apenas acima de 42°C. Temperaturas menores do que
gânglios.
essa não fazem diferença no diagnóstico nem no risco de
d) Incorreta. A aspergilose invasiva não leva a gânglios – complicações, como convulsões. Pode haver convulsão
ao contrário da sífilis, na infecção primária. secundária a febre com 37,8 ou 39°C.
Gabarito = A Gabarito = B

Questão 2. Analisando as alternativas: Questão 4. Se à entrada no serviço de saúde o paciente


a) Incorreta. A febre, quando causada por reação de hi- não tem resultado de hemograma para a confirmação de
persensibilidade, se dá pelos medicamentos que mais neutropenia, ou se após a coleta houver previsão de de-
causam esse tipo de reação, como as sulfas e alguns an- mora de mais de 30 minutos para o resultado, o paciente
tirretrovirais, como a nevirapina. deve ser considerado neutropênico se estiver entre o 7º
b) Incorreta. A anfotericina pode levar a quadro febril, e o 15º dia após a administração da quimioterapia, uma
mas não causa síndrome neuroléptica maligna. Ela vez que a maioria dos esquemas quimioterápicos utili-
pode causar encefalopatia e, em pacientes submeti- zados induz à neutropenia com duração de 7 a 10 dias. A
dos a irradiação em todo o corpo, leucoencefalopatia. neutropenia é definida como a contagem de neutrófilos
A bleomicina é um antineoplásico usado no tratamen- <500/mm3 ou entre 500 e 1.000/mm3 com tendência a
to do câncer de testículo e linfomas. O maior risco de queda. Se a neutropenia não for confirmada, deve-se re-
complicações ocorre com a toxicidade pulmonar, não avaliar a prescrição antimicrobiana. Na abordagem ini-
neurológica. cial, além da procura do foco infeccioso, é importante a
c) Correta. Os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, classificação da gravidade. Um escore de risco bastante
nortriptilina) possuem, entre os efeitos colaterais, a hi- utilizado é o MASCC (Multinational Association for Sup-
perpirexia, relatada quando eles são administrados com portive Care in Cancer), que divide os pacientes em bai-
agentes anticolinérgicos ou medicações neurolépticas, xo e alto risco, indicando a necessidade de internação e
particularmente durante o calor. As fenotiazinas, como antibioticoterapia intravenosa nos indivíduos de alto ris-
a clorpromazina, também fazem esse bloqueio, podendo co. Na avaliação, deve-se solicitar, além do hemograma,
levar a quadros de febre. hemoculturas e urocultura, raio x de tórax, eletrólitos,
d) Incorreta. Se uma medicação é depressora da dopa- funções hepática e renal visando à abordagem medica-
mina no sistema nervoso central, ela não pode causar hi- mentosa e início da monitorização do paciente grave,
pertermia, e sim o efeito contrário, já que é o excesso de bem como cultura de qualquer outro sítio suspeito de

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