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INTRODUÇÃO:
PROF. RICARDO
SIUFI
Estrategista, seja muito bem-vindo (a) ao Curso de
Pneumologia do Estratégia MED! Meu nome é Ricardo Siufi, mais
conhecido como Siufi. Com muito orgulho, atualmente sou um
dos Professores do time de Pneumologia do Estratégia.
Assim como você, ao longo de minha carreira tive diversas
dúvidas. Acredite em mim, nossa jornada é mais sinuosa do que
você imagina!
No período do ensino médio eu, na verdade, não sabia
qual seria meu destino, mas minha única certeza era de que eu
exerceria uma profissão cuja principal atividade fosse o CUIDADO.
Logo após me formar, prestei nutrição, mas, em seguida,
mudei minha escolha, não completei o processo seletivo e prestei
medicina. Fui aluno da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
instituição que guardo com muito carinho e orgulho, em que me
graduei em 2012!
Durante o internato, passei pelos mesmos dilemas que
você: a escolha da especialidade e a escolha do melhor curso
pré-residência. A da especialidade foi fácil: queria cardiologia
e ponto, era uma certeza! No entanto, optei por não realizar
curso pré-residência no quinto e sexto anos. Eu tinha um foco
muito claro em resolver questões como forma de sedimentação
da teoria conquistada ao longo dos seis anos de graduação. Foi
bastante difícil, montei meu cronograma e por vezes precisei
refazê-lo, recorria a alguns resumos e não tinha materiais focados
@pneumologinsta
Estratégia
MED
PNEUMOLOGIA Prof. Ricardo Siufi | Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 3
nas provas. De qualquer maneira, estudei resolvendo um bom Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
montante de questões e provas ao longo do sexto ano e, assim, “Professor, mas era nutrição, depois cardiologia e, por fim,
fui aprovado em Clínica Médica na Universidade Estadual de pneumologia. E agora gestão?”
Campinas (UNICAMP) e em primeiro lugar na Residência em É exatamente nessa reflexão que eu queria chegar para
Clínica Médica da Faculdade de Medicina de São José do Rio deixar alguns recados para você:
Preto (FAMERP). 1 – A vida, assim como a Medicina, é cheia de verdades
Tranquei minha vaga, pois fiquei o ano de 2013 no Exército transitórias. Portanto, erre, mas erre rapidamente, redirecione sua
Brasileiro (EB) em Brasília e, após, cursei Clínica Médica na jornada e aprenda com seus erros. Essa máxima também é válida
UNICAMP (2014 – 2015). Durante a Residência, pensei em diversas para questões!
especialidades, mas percebi que a verdade da Cardiologia 2 - Independentemente do seu posto ou graduação, VOCÊ
foi transitória. Considerei Reumatologia e, ao final, prestei é um exemplo para alguém. Portanto, não se subestime.
Pneumologia. Fui aprovado em primeiro lugar na Residência de 3 – Seja feliz em sua trajetória. Os desfechos podem ser
Pneumologia na UNICAMP, onde também cursei meu Mestrado. muito efêmeros para serem os únicos merecedores da sua
E assim, concluí minha formação em 2018. felicidade.
Por quatro anos, fui Médico Assistente da Unidade de 4 – Viva SEU sonho. A vida é muito curta para vivermos
Emergência Referenciada (UER) da UNICAMP, onde pude ver o os sonhos dos outros. O melhor para o próximo pode não ser o
que, de fato, o interno espera de um preceptor e quais são as melhor para você.
dores que enfrentamos durante a reta final. Até então, eu tinha Saiba que, o Estratégia MED tem ciência de sua principal
vivido a minha experiência e, nesse período, por quatro anos, função: intermediar a realização do SEU SONHO
pude vivenciar a realidade de mais de 400 formandos. Caso tenha alguma dúvida, estou a sua disposição no
Atualmente, sou Docente em Pneumologia na Faculdade Fórum, ambiente em que compartilharemos experiências e
São Leopoldo Mandic (SLM), em Campinas, e curso MBA (Master dúvidas que surgirão ao longo do caminho.
Business Administration) Executivo em Gestão de Saúde no Um grande abraço e bons estudos!
Estratégia
/estrategiamed t.me/estrategiamed
MED
PNEUMOLOGIA Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Estratégia
MED
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
1.0 DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO E FISIOPATOLOGIA 9
1.1 DEFINIÇÃO 9
1.2 EPIDEMIOLOGIA 9
1.4 FISIOPATOLOGIA 11
3.0 DIAGNÓSTICO 16
4.0 EXAMES COMPLEMENTARES NA DPOC 17
4.1 ESPIROMETRIA (PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR) 17
4.4 ELETROCARDIOGRAMA 21
4.5 ECODOPPLERCARDIOGRAMA 21
4.6.2 HEMOGRAMA 22
6.0 TRATAMENTO 27
6.1 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 27
6.1.2 VACINAÇÃO 28
6.3.4 BULECTOMIA 34
8.2.2 ANTIBIOTICOTERAPIA 38
7.2.3 BRONCODILATADOR 39
7.2.4 CORTICOTERAPIA 40
7.2.6 OXIGENOTERAPIA 41
CAPÍTULO
INTRODUÇÃO
Concordo com você, o nome DPOC não é dos mais intuitivos, mas estou aqui para esclarecer todas as dúvidas, e uma das mais comuns
é que a obstrução da via aérea por corpo estranho, massa ou compressão extrínseca não é DPOC! Na DPOC, a obstrução é ao fluxo aéreo, é
EXPIRATÓRIA.
Outra coisa que costumo falar e que observamos comumente na prática clínica é que DPOC é para quem pode, não para quem quer.
Afinal de contas, quem de nós não tem ou teve um parente ou conhecido grande tabagista que beira os 60, 70 anos sem nenhum sintoma
respiratório, alguns até fazem caminhada diariamente. Já outros desenvolvem DPOC mesmo com carga tabágica menor, o que denota um
caráter genético importante da doença.
Futuro Residente, convenhamos: não dá para irmos para a prova de Residência sem
saber o que é o documento Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease - GOLD. É
um documento aberto, formulado por um comitê que se reúne duas vezes ao ano, para avaliar
os principais estudos sobre DPOC e recomendar ou não determinada medida ou tratamento.
O programa foi iniciado em 1998 e teve seu primeiro documento publicado em 2001 e, claro,
o Estratégia MED traz até você as partes mais relevantes do último documento GOLD - 2021
(figura 2) publicado e muitas outras informações!
Então vamos começar nosso resumo quebrando alguns paradigmas presentes em nosso dia a dia:
1. Exame de imagem não diagnostica DPOC, seja radiografia de tórax, seja tomografia de tórax.
2. Exame físico compatível com hiperinsuflação também não diagnostica DPOC.
3. Por mais que saibamos de todas as intervenções farmacológicas, as medidas que de fato têm impacto
na sobrevida são as não farmacológicas.
4. Tente abandonar o termo “DPOC presumido.
5. A doença é de domínio médico, não apenas do clínico ou do pneumologista.
Quer saber mais? Então seja muito bem vindo(a) à terceira causa de morte no mundo e com prevalência
estimada na cidade de São Paulo de cerca de 15,8% em indivíduos acima de quarenta anos.
“Siufi, ainda não estou convencido da importância da doença. Por que eu devo estudar um assunto tão
extenso e de uma subespecialidade clínica?”
É o tema mais cobrado na pneumologia e pode estar presente em outras frentes, como em uma avaliação
pré-operatória na prova de cirurgia geral ou também na prova de Medicina Preventiva. Portanto, vamos juntos
conquistar e sedimentar alguns conceitos extremamente importantes e preciosos, que certamente farão você
conquistar alguns pontos importantes nas provas!
CAPÍTULO
1.1 DEFINIÇÃO
1.2 EPIDEMIOLOGIA
Com o aumento da prevalência do tabagismo em países em desenvolvimento e com o envelhecimento populacional, princi-
palmente em países de alta renda, é esperado um aumento na incidência da doença nos próximos 40 anos.
• Ambientais: tabagismo (principal – 90%), exposições aumentado para câncer ou doenças cardiovasculares. Além disso,
ocupacionais, poluição do ar externo, exposição à queima de apenas uma minoria dos tabagistas (cerca de 20%) desenvolverá
biomassa (madeira / lixo / combustíveis fósseis). a doença.
• Individuais: genético (melhor documentado: deficiência • Mesmo nos tabagistas pesados, menos de 50% desenvolverá
de alfa-1 antitripsina), asma e hiper-reatividade brônquica, DPOC ao longo da vida.
tuberculose, HIV, baixo nível socioeconômico (figura 3). • Com a mesma carga tabágica, mulheres tendem a
• O tabagismo é o mais importante e mais bem estudado desenvolver formas mais graves da doença.
fator de risco para a DPOC, mas não é o único. • Embora existam outros fatores de risco, como exposição
• É possível ter DPOC sem tabagismo, porém geralmente a fogão/forno a lenha e deficiência de alfa-1-antitripsina, o
são casos mais leves, com menos inflamação crônica e sem risco tabagismo continua sendo o principal fator de risco.
Estrategista, DPOC em paciente JOVEM, NÃO TABAGISTA, com HISTÓRICO FAMILIAR DE DPOC PRECOCE e ENFISEMA COM
PREDOMÍNIO EM CAMPOS INFERIORES → Pensar em deficiência de alfa-1-antitripsina
Nosso pulmão cresce e atinge um pico de VEF1 entre os 20 e 30 anos, quando então existe uma perda da função pulmonar
progressiva e fisiológica de aproximadamente 20 ml por ano, que pode ser acelerada pelo TABAGISMO.
1.4 FISIOPATOLOGIA
Estrategista, avalie calmamente o fluxograma 1, com o resumo dos eventos fisiopatológicos na DPOC.
Fluxograma 1. Fisiopatologia da DPOC - Veja que a via final comum é o dano tecidual, levando à bronquite crônica e ao enfisema. Autoria própria.
A cascata inflamatória, em última análise, leva ao DANO à vasoconstrição hipoxêmica nas arteríolas pulmonares. Isso
TECIDUAL, que culmina em dois polos da doença (bronquite crônica pode resultar em hiperplasia mediointimal de tais arteríolas e,
e enfisema), que são totalmente intercambiáveis. Não podemos tardiamente, hipertrofia da musculatura lisa. Quando avançada,
nos esquecer da doença de pequenas vias. a hipertensão pulmonar pode levar a quadros de insuficiência
Na doença avançada, podemos ter o desenvolvimento de ventrículo direito (COR PULMONALE), que pode se instalar de
da Hipertensão Pulmonar do grupo III (secundária à doença maneira aguda ou crônica.
parenquimatosa pulmonar, antigamente chamada de secundária A DPOC tem três principais subtipos patológicos:
à hipoxemia crônica), pode estar presente tardiamente secundaria
Estrategista, muito cuidado: enfisema lobar congênito é uma doença da esfera da pneumopediatria, não tem relação
com o enfisema que leva à DPOC.
CAPÍTULO
O surgimento de sintomas nos pacientes com DPOC não guarda relação direta com a função pulmonar.
O exame físico apresenta baixa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DPOC e encontra-se alterado principalmente em
casos avançados.
Uma gama de sinais ao exame físico pode estar presente. Entretanto, a ausência de tais achados NÃO EX-
CLUI DPOC!
Estrategista, a classificação binária em dois diferentes fenótipos da DPOC ( enfisematoso ou “pink puffer” e bronquítico crônico ou
“blue bloater”) – vide figura 9, está em desuso, visto que os fenótipos são INTERCAMBIÁVEIS, ou seja, não há DPOC só enfisematosa ou só
bronquítica. Ademais, diversos outros fenótipos da doença têm sido descritos que não apenas os dois já consagrados na literatura, tais como
ASMA+DPOC, DPOC + apneia do sono, DPOC + bronquiectasia, entre outros.
Ainda assim, por ter sido motivo de diversas questões das bancas, traremos até vocês os principais achados de cada um desses dois
fenótipos. Resumi as principais nuances cobradas em prova sobre os fenótipos na tabela 1.
A hipoxemia é tardia.
A hipoxemia é precoce: cianose
Por que do nome? Expiram com os lábios semicerrados (so-
A retenção de CO2 é mais comum
pradores). Retenção de CO2 tardia
Capacidade
Pulmonar Total Mais aumentados em relação à bronquite
Discretamente aumentados
(CPT) e Volume crônica
Residual (VR)
Tabela 1. Autoria própria.
A presença de baqueteamento digital não é um sinal da DPOC, é mais sugestivo de neoplasia ou doenças
supurativas do pulmão, como abscesso ou bronquiectasia, ou eventualmente da progressão para fibrose pulmonar
idiopática (FPI).
CAPÍTULO
3.0 DIAGNÓSTICO
ASMA (principal Não progressiva, inflamação eosinofílica, CD4+, doença de via aérea, declinio funcional leve,
diagnóstico diferencial boa resposta ao corticoide inalatório.
Tuberculose Sem distinção de idade, locais de alta prevalência, febre vespertina, sudorese noturna.
Jovem, não tabagista, histórico de artrite reumatóide (+comum), também observado após
Bronquiolite
transplante pulmonar ou de medula óssea. Aprisionamento aéreo na tomografia em
obliterativa
expiração.
CAPÍTULO
O diagnóstico da DPOC é feito com critérios clínicos associados à espirometria com relação VEF1/CVF PÓS-BRONCODILATADOR < 0,7,
o que denota OBSTRUÇÃO FIXA AO FLUXO AÉREO. A Capacidade Vital Forçada pode estar reduzida em distúrbios obstrutivos graves.
Devemos chamar de Índice de Tiffeneau apenas a relação VEF1/Capacidade Vital Lenta (ou CVL).
Gráfico 1. Erros diagnósticos ao se estabelecer uma relação VEF1/CVF fixa. Adaptado Price, 2010
Figura 11. Aspecto da curva fluxo x volume no Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (DVO) - Curva em "espreguiçadeira". Autoria própria
DPOC com resposta ao broncodilatador na espirometria não significa que o paciente seja
portador de asma.
DPOC sem resposta ao broncodilatador na espirometria não significa que ele não responderá
ao tratamento com broncodilatador.
Doenças fibrosantes,
Redução proporcional
deformidades de caixa
Restritivo ↓ ↓ Normal VEF1
torácica
e CVF
graves
O VEF1 pós-broncodilatador não é utilizado para confirmação diagnóstica, mas sim para o estadiamento da
doença (estima a gravidade de doença).
Uma característica dos pacientes portadores da DPOC, especialmente dos enfisematosos, é a hiperinsuflação dinâmica, causa da
dispneia dos pacientes e, também, do aumento do Volume Residual (VR) e da Capacidade Pulmonar Total (CPT). Veja a figura 12.
Figura 14. Alterações radiográficas na DPOC - enfisema - radiografia de tórax em incidências Póstero-Anterior (PA) e perfil no enfisema. Acervo próprio.
Função: diagnóstico diferencial, screening de nódulo • Enfisema Panacinar (panlobular): comum na deficiência de
pulmonar em situações especiais e planejamento de conduta alfa-1-antitripsina, destruição em todo o ácino respiratório, com
cirúrgica. Não tem finalidade diagnóstica na DPOC! predomínio em campos pulmonares inferiores.
• Enfisema Centroacinar (centrolobular): subtipo mais
A classificação radiológica e também anatomopatológica é
comum no tabagista, começa no centro do lóbulo pulmonar
dividida em (figura 15):
secundário e pode progredir. Mais comum em campos pulmonares
• Enfisema Parasseptal: mais associado a pneumotórax;
superiores;
Figura 15. Subtipos de enfisema pulmonar presentes na tomografia de tórax. Nas imagens, cortes axiais, janela para parênquima (pulmão). Acervo
próprio.
4.4 ELETROCARDIOGRAMA
Pacientes portadores da DPOC avançada podem cursar com sobrecarga de câmaras direitas, secundária à vasoconstrição hipoxêmica
da vasculatura pulmonar, o Cor Pulmonale. Nesses casos, observamos onda P apiculada (onda P Pulmonale) com desvio do eixo cardíaco para
a direita.
Vale lembrar que a arritmia mais característica da DPOC é a taquicardia atrial multifocal (TAM) - figura 16
4.5 ECODOPPLERCARDIOGRAMA
Avalia a disfunção de câmaras direitas e avalia o grau de contribuição do coração esquerdo na dispneia.
GOLD 2021/OMS – Solicitar dosagem de alfa-1-antitripsina para TODOS OS PACIENTES COM DIAGNÓSTICO
DE DPOC.
4.6.2 HEMOGRAMA
Solicitar gasometria arterial quando saturação parcial de O2 ao ar ambiente <92%. Oximetria em toda consulta.
CAPÍTULO
No documento de 2017, a classificação espirométrica e sintomática foram separadas. Atualmente, para todos os fins, a classificação
espirométrica não deve ser utilizada para indicação de terapia farmacológica. Veja os pontos de corte na tabela 3.
Existe uma FRACA CORRELAÇÃO entre VEF1 pós BD e SINTOMAS, por isso é necessária uma avaliação
sintomática formal .
• COPD Assessment Test (CAT score): de 2009, leva em conta mais variáveis que não apenas a dispneia. Varia de 0 a 40. São consideradas
variações significativas as ≥ 2 pontos.
Pacientes com CAT ≥ 10 pontos são os pacientes mais sintomáticos.
Futuro Residente, dica quente para você!! A classificação combinada levará em conta apenas o mMRC, e o
corte que dividirá os dois grupos é o mMRC 2!! Portanto, decore o mMRC 2.
O maior preditor de exacerbações futuras é a presença de exacerbações nos últimos 12 meses!! Quer
saber se o seu doente vai exacerbar? Veja se ele exacerbou! A classificação de gravidade das EADPOC será
detalhada adiante. Agora é importante que você decore a classificação combinada, nosso próximo tópico.
Hospitalizações por EADPOC estão associadas a um pior prognóstico e risco aumentado de óbito.
O estadiamento da doença, de acordo com o GOLD 2021, é composto por dois itens: a classificação do
grau de obstrução (VEF1 pós-BD), associada à combinação de sintomas e exacerbações nos últimos 12 meses.
Estrategista , MUITA ATENÇÃO neste ponto da matéria. Um paciente portador da DPOC BEM CLASSIFICADO
é um paciente BEM TRATADO. Portanto, a classificação é uma etapa angular na condução do paciente portador
da DPOC. Foco na tabela 5! É a mais importante de todo nosso livro!
CAPÍTULO
6.0 TRATAMENTO
Os objetivos do tratamento farmacológico e não farmacológico são pautados no aumento de sobrevida (cessação tabágica, ODP e
tratamento cirúrgico), no tratamento sintomático (alívio sintomático, melhora da tolerância ao exercício e melhora da qualidade de vida) e
redução de riscos de exacerbações futuras.
Estrategista, um dos principais dados que vocês precisam saber é que NENHUMA INTERVENÇÃO FARMACOLÓGICA TEM IMPACTO NA
SOBREVIDA dos pacientes portadores da DPOC.
O tema deve ser abordado sistematicamente em toda consulta, inclusive para fins de prevenção de recaída.
Estrategista, a cessação tabágica é a ÚNICA MEDIDA que contribui diretamente para a redução do declínio
anual da VEF1, mudando a evolução natural da DPOC, além de ser uma das medidas com impacto comprovado
na sobrevida.
Não existem evidências de que o uso de cigarros eletrônicos (e-cigarettes) e os vapes auxiliem na cessação tabágica. No entanto, seu
uso deve ser desestimulado pelo risco de evolução com lesão pulmonar aguda (LPA) induzida pelos cigarros eletrônicos (do inglês electronic
cigarettes or vaping associated lung injury - E-VALI).
O tema será abordado com detalhes no material da psiquiatria.
6.1.2 VACINAÇÃO
1. Anti-influenza (gripe): para todos os portadores de DPOC. Reduz exacerbação e óbito. Frequência: Anual.
2. Antipneumocócica polivalente (Pneumo 13 e Pneumo 23): para todos ≥ 65 anos. A Pneumo 23 está indicada também para
pacientes mais jovens com comorbidades e portadores de DPOC. Deve-se esperar um intervalo de pelo menos cinco anos entre a
primeira e segunda dose.
O documento GOLD do ano de 2021 pontua que, a depender dos guidelines locais vigentes, a vacinação para Pertussis está indicada em
todos os grupos (A, B, C e D). Essa recomendação é recente.
A reabilitação pulmonar tem impacto na DISPNEIA, SITUAÇÃO apresentam redução nos sintomas de ansiedade e depressão.
DE SAÚDE e TOLERÂNCIA AOS ESFORÇOS em pacientes portadores O programa é um conjunto de medidas focado no cuidado
da DPOC estável. O programa é um conjunto de medidas focado no multiprofissional e está indicado para pacientes portadores de
cuidado multiprofissional. Os pacientes submetidos a ele também doença GOLD B, C e D.
Farmacologia na DPOC
SABA de resgate deve ser prescrito para TODOS OS GRUPOS como terapia de resgate!
• Grupo A (pouco sintomático, não exacerbador): pode ser dispneia quanto na prevenção de exacerbações. São superiores
de curta ou de longa ação, anticolinérgicos ou beta-2-agonistas ao LABA em prevenir exacerbações.
inalatórios. Essa terapia deve ser continuada, caso o paciente • Grupo D (sintomático, exacerbador): são os pacientes mais
apresente benefício documentado. GRAVES, que requerem um tratamento mais agressivo. A terapia
• Grupo B (sintomático, não exacerbador): iniciar com um inicial deve ser iniciada com um LAMA, já que tem impacto
broncodilatador (LABA ou LAMA). Se manutenção da dispneia tanto na dispneia quanto na prevenção de exacerbações. Se
com uma classe, associar a segunda, exemplo: LABA + LAMA. manutenção da dispneia, adicionar um LABA. Se CAT score >20,
• Grupo C (pouco sintomático, exacerbador): a terapia inicial LABA + LAMA.
deve ser iniciada com um LAMA, já que tem impacto tanto na
LABA + CI deve ser considerada como terapia inicial para pacientes exacerbadores com eosinofilia sérica (≥
300 cels/ul) e/ou com histórico de asma. Pacientes com asma associada à DPOC devem ser sempre tratados com CI,
independentemente do número de eosinófilos.
Caso o paciente esteja com terapia tripla, se indicada, e ainda com exacerbações, considerar as três opções que seguem:
3 – Considerar descontinuar corticoide inalatório (vide tabela 7). Um dos efeitos colaterais da corticoterapia inalatória, além de
monilíase oral, é o maior risco de pneumonia adquirida na comunidade.
Estrategista, um dado importante que você precisa saber Brasileiras Para o Tratamento Farmacológico da DPOC, publicado na
é que a maior parte das questões que têm conceitos acerca do Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), em 2017,
tratamento da DPOC estável cobram o TRATAMENTO INICIAL DA e avalie a complementariedade do tratamento farmacológico e do
DPOC, não o seguimento do tratamento farmacológico. Observe não farmacológico:
o esquema abaixo (tabela 8), extraído das últimas Recomendações
Tabela 8. Resumo do tratamento farmacológico e não farmacológico na DPOC. Adaptado, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2017.
Antibióticos: Não há indicação de uso profilático no inverno ou em outras situações. Estão indicados
para tratamento de exacerbação moderada a grave (necessidade de internação ou ventilação mecâni-
ca) e/ou presença de expectoração purulenta
Futuro Residente, estamos falando da DPOC e não de ASMA. Logo, corticoterapia inalatória na DPOC
NUNCA DEVE SER UTILIZADA EM MONOTERAPIA
A principal representante das xantinas é a teofilina, que exerce um discreto efeito broncodilatador no contexto
da DPOC estável e está associada também a uma melhora sintomática discreta. Outras medicações da classe são a
bamifilina e a aminofilina. Entretanto, como sua dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica e a toxicidade é dose-
relacionada, pode cursar com efeitos colaterais, como palpitações secundárias a taquiarritmias atriais ou ventriculares,
que podem ser fatais, e convulsões, que podem ocorrer independentemente do histórico de epilepsia.
Com o aumento da disponibilidade de outras terapias, hoje em dia raramente as xantinas são prescritas para o
tratamento de manutenção da DPOC.
A N-acetilcisteína pode ser utilizada como antioxidante, com discreto efeito na redução de exacerbação e discreta melhora funcional.
Deve ser adicionada à terapia inalatória otimizada. Sua evidência é maior em pacientes que não estão em uso da corticoterapia inalatória.
Para pacientes com deficiência de alfa-1-antitripsina documentada, o tratamento de eleição é a reposição da enzima, em pacientes com
obstrução moderada ao fluxo aéreo, a despeito da terapia otimizada. A sua reposição intravenosa pode reduzir a progressão do enfisema.
Não existem evidências para a prescrição de antitussígenos nos pacientes portadores da DPOC.
Medicamentos específicos utilizados para hipertensão arterial pulmonar (sildenafil, tadalafil, bosentana,
ambrisentana etc) não devem ser utilizados no tratamento da hipertensão pulmonar secundária à DPOC. Tais medicações
devem ser reservadas para casos de hipertensão arterial pulmonar (HAP).
Sinvastatina não previne exacerbações em pacientes com risco aumentado e sem outras indicações
para terapia com estatinas.
A corticoterapia crônica via oral não tem seu papel no tratamento da DPOC estável, visto sua ausência de benefícios associada a
numerosos efeitos colaterais, como hipertensão e diabetes, além de um que tem sua importância especial na DPOC: a miopatia, que pode
contribuir com a fraqueza muscular e a piora da insuficiência respiratória crônica.
Estrategista, a ODP é uma das medidas com impacto na sobrevida do paciente portador da DPOC. Entretanto,
tem indicações selecionadas! No contexto do paciente portador da DPOC estável, tempo de uso > 15 horas/dia,
se: (tabela 9).
●PaO2 entre 56-59 mmHg ou SatO2 89% COM Hipertensão Pulmonar, cor pulmonale ou poliglobu-
lia (Hematócrito >55%).
Tabela 9. Adaptado, GOLD 2021.
Futuro Residente, de acordo com as recomendações do documento GOLD, precisamos ter DUAS
AFERIÇÕES em um período de TRÊS SEMANAS. Tomem nota, pois essa recomendação está presente, mas
saibam que esse dado é mais teórico do que prático.
Se indicada, titular para saturação periférica de O2 ≥ 90% e reavaliar paciente em 60-90 dias, para fins
de reavaliação de necessidade e da eficácia terapêutica.
Pacientes com hipoxemia moderada e que dessaturam no teste de caminhada 6 minutos (TC6M) não
tem benefício de ODP (NEJM, 2017).
Cirurgia em que parte do volume pulmonar é ressecado para naqueles com VEF1≤20% do predito e com baixa tolerância aos
reduzir a hiperinsuflação, facilitando assim o recolhimento elástico esforços pós-programa de reabilitação pulmonar, grupo em que o
pulmonar. Bem indicada em pacientes com enfisema extenso, procedimento apresentou impacto na sobrevida.
predominante em campos pulmonares superiores, especialmente
6.3.4 BULECTOMIA
Procedimento para enfisema bolhoso, consiste na remoção selecionados, a bulectomia tem impacto na melhora da dispneia,
de grandes bolhas de enfisema que não tem papel nas trocas melhora da função pulmonar e tolerância aos esforços.
gasosas e são responsáveis por algumas complicações. Em pacientes
Em pacientes selecionados portadores de enfisema expiração e melhora a tolerância aos esforços, a qualidade de
e hiperinsuflação refratária ao tratamento farmacológico, o vida e a função pulmonar em um intervalo de 6-12 meses após a
procedimento endoscópico com válvulas endobrônquicas intervenção.
unidirecionais ou coils reduz o volume pulmonar ao final da
CAPÍTULO
As EADPOC são, por definição , toda piora aguda sintomática, com necessidade de terapêutica adicional
(GOLD 2021), desde que excluídos os diagnósticos diferenciais listados na tabela 10.
Os sintomas cardinais definidos em 1987 (tabela 11) que sugerem infecção são: PIORA DA DISPNEIA, PIORA DA TOSSE E AUMENTO
DO VOLUME ou MUDANÇA DO ASPECTO DO ESCARRO. Embora sejam antigos e regados das mais diversas críticas, ainda são os mais
utilizados no contexto da indicação de terapia antimicrobiana, portanto decore-os.
PIORA DA DISPNEIA
Futuro Residente, dos sintomas cardinais, o que MAIS PREDIZ EXACERBAÇÃO BACTERIANA é a PURULÊNCIA DO ESCARRO. Por isso,
veremos adiante que é o sintoma que tem maior força na indicação da terapia antimicrobiana no contexto da EADPOC.
Mais de 80% são tratadas em caráter ambulatorial e podem ser classificadas em leves, moderadas e graves.
A gravidade da exacerbação já foi cobrada em provas, por isso avalie com calma a tabela 12.
As causas mais comuns da EADPOC são infecciosas, correspondendo a aproximadamente 70 - 80% do total de casos (ver tabela 13),
sendo as virais as mais comuns.
* : Fatores de risco para exacerbaçaão por Pseudomonas aeruginosa: Hospitalização recente, Volume Expiratório Forçado no pri-
meiro segundo < 30%, Colonização prévia por Pseudomonas aeruginosa, uso de antibiótico nos últimos 3 meses ou quatro ou mais
cursos nos últimos 12 meses , corticoterapia sistêmica e presença de bronquiectasias.
A procalcitonina, um biomarcador, quando baixa, apresenta boa sensibilidade para afastar infecção bacteriana, inclusive no contexto
da descontinuação da terapia antimicrobiana, se prescrita inicialmente.
A proteína C reativa (PCR), diferentemente da procalcitonina, não deve ser utilizada para tomada de decisão da terapia antimicrobiana
no paciente com EADPOC.
Os objetivos terapêuticos são dois principais: minimizar os impactos negativos da exacerbação atual e, claro, prevenir o desenvolvimento
de eventos subsequentes.
Alguns pacientes admitidos em unidades de emergência apresentam sinais/sintomas ou eventualmente alterações laboratoriais que
requerem internação hospitalar em leito de enfermaria, como presente na tabela 14.
Entretanto, alguns pacientes assumem um espectro mais grave da doença e, assim, requerem admissão imediata em leito de terapia
intensiva. As indicações são bem estabelecidas e estão presentes na tabela 15. Avalie com calma, visto que o tema já foi cobrado em provas.
As manifestações clínicas do paciente portador da • Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) não ameaçadora à
EADPOC são heterogêneas, por isso o documento GOLD sugere a vida: sinais de desconforto, retenção de CO2 e hipoxemia, mas
fragmentação em três subgrupos: em compensação clínica.
• Sem insuficiência respiratória: sinais vitais estáveis, sem • IRpA ameaçadora à vida: sinais de fadiga respiratória
sinais de desconforto ou retenção de CO2. iminente.
Estrategista, uma boa parcela das questões sobre EADPOC cobra conceitos acerca do MANEJO. Por-
tanto, quando perguntado sobre esse tema, não se esqueça do método mnemônico que segue, com
os pilares do tratamento da EADPOC, o ABCD da DPOC:
A → Antibioticoterapia
B → Broncodilatador
C → Corticoterapia
D → “Dois níveis de pressão” BiLevel (nome comercial: BiPap).
8.2.2 ANTIBIOTICOTERAPIA
Futuro Residente, você lembra que falei da importância de decorar os sintomas cardinais da DPOC quando falei do diagnóstico da
EADPOC? Aqui utilizaremos exatamente os sintomas cardinais!
A antibioticoterapia está indicada quando (tabela 16):
A duração da terapia antimicrobiana deve ser de 5-7 dias e, necessidade de Ventilação Mecânica (VM) devem ser submetidos
de acordo com o documento GOLD, a escolha da terapia inicial deve à coleta de cultura de escarro ou aspirado traqueal.
levar em conta a resistência bacteriana local. Usualmente, a terapia A terapia antimicrobiana, quando indicada, pode diminuir o
empírica inicial é com aminopenicilina + inibidor de betalactamase tempo de recuperação, reduzir o risco de recaída precoce, falência
ou macrolídeo. terapêutica e o tempo de hospitalização. O nível de evidência é B.
Pacientes exacerbadores frequentes e/ou EADPOC com
7.2.3 BRONCODILATADOR
SABA, associado ou não aos SAMAs, são a terapia inicial para os pacientes
em EADPOC. Não existem evidências da superioridade da nebulização em relação
ao dispositivo chamado MDI (aerossol dosimetrado), popularmente conhecido
como “bombinha” (figura 22), associado ou não ao espaçador.
Estrategista, caso você opte por tratar seu paciente com nebulização no ambiente intra-hospitalar, utilize
o AR COMPRIMIDO como fonte de nebulização, não o OXIGÊNIO, para evitar o potencial risco de aumento
da PaCO2.
As xantinas intravenosas (aminofilina e teofilina) não estão indicadas pelo discreto potencial broncodilatador, somado a uma gama
de efeitos colaterais.
7.2.4 CORTICOTERAPIA
Tema sempre presente em provas, a corticoterapia no Cursos de corticoide mais longos estão associados a um
contexto da EADPOC reduz o tempo de recuperação e melhora maior risco de pneumonia e aumento da mortalidade; e a terapia
a função pulmonar às custas da VEF1, com melhora também na oral não é inferior à terapia intravenosa, sendo a via preferencial,
oxigenação, falência terapêutica e tempo de internação hospitalar. sempre que possível.
GOLD 2021- Prednisona 40 mg/dia por 05 dias.
O uso da ventilação não invasiva (VNI) é o método de escolha quando comparado à VM.
É a modalidade ventilatória de escolha para tratar a IRpA nos pacientes internados por EADPOC,
com altas taxas de sucesso (80-85%). A VNI tem impacto na mortalidade e na taxa de intubação
orotraqueal, assim como na diminuição da incidência de pneumonia associada à VM, tempo de
internação hospitalar, trabalho respiratório e frequência respiratória. As indicações de VNI (BiLEVEL
ou ventilação em dois níveis de pressão) estão sumarizadas na tabela 17. A interface mais utilizada é
a oronasal (figura 23).
Futuro Residente, a VNI no contexto da EADPOC para pacientes que não apresentam
contraindicação absoluta é nível de evidência A! Figura 23. Autoria própria.
Dispneia severa com sinais de fadiga muscular, uso de musculatura acessória, movimento abdominal paradoxal ou
retração intercostal.
Estrategista, muita atenção. A todo momento, falamos em VNI (BiLEVEL), não em CPAP, já que o CPAP apresenta apenas um nível de
pressão e, assim, não tem impacto na ventilação alveolar, pois não tem diferença de pressão.
Uma coisa precisamos ter em mente para realizarmos as provas: alteração do estado mental, de
acordo com a Diretriz Brasileira de Ventilação Mecânica (2013) não é uma contraindicação à realização da
VNI no contexto da EADPOC. Pelo contrário, caso o paciente tenha diagnóstico de DPOC e esteja em acidose
respiratória, a VNI pode ser o tratamento, aumentando o volume-minuto e, assim, diminuindo a PaCO2 e,
consequentemente, normalizando o pH que eventualmente pode ser a causa da alteração do estado mental.
Entretanto, caso o paciente não apresente melhora por um período de 30 minutos, ele deve ser submetido à
intubação orotraqueal – VM.
Mais uma dica de ouro, aluno do Estratégia MED! Quando um paciente portador de IC + DPOC chega em
sua sala de emergência e existe dúvida diagnóstica se é DPOC exacerbada ou IC descompensada, peça BNP ou NT-
pró BNP! Se alto, IC. Se baixo, provavelmente, EADPOC.
Mas, não aguarde o resultado!! A VNI tem evidências NAS DUAS SITUAÇÕES!!
7.2.6 OXIGENOTERAPIA
Oxigenoterapia suplementar deve ser fornecida para pacientes no contexto de hipoxemia e deve ser
titulada, com ALVO OXIMÉTRICO na faixa de 88-92%.
Uma vez indicada, a oxigenoterapia deve ser monitorizada de perto para avaliar se obtivemos correção da
hipoxemia SEM RETENÇÃO DE CO2 e/ou ACIDOSE RESPIRATÓRIA.
De acordo com o documento GOLD 2021, a Máscara de Venturi (MV) fornece um controle mais adequado
da FiO2 ofertada ao paciente quando comparada ao cateter nasal de baixo fluxo.
Caso utilizado o cateter nasal de baixo fluxo, utilizar a MENOR TITULAÇÃO POSSÍVEL para obter o ALVO
Figura 24. Fonte:
OXIMÉTRICO. Shutterstock.
Não ultrapassar o alvo oximétrico de 88-92%, visto que os pacientes retentores crônicos de CO2
têm um centro respiratório pouco sensível a essas variações, sendo mais sensíveis a níveis baixos
de PO2 para que ocorram estímulos respiratórios pelos centros bulbares.
Mesmo com a adequada condução do paciente, a despeito das medidas tomadas, ele pode ser candidato à intubação orotraqueal
(IOT). Tais indicações são abordadas na tabela 18.
Estrategista, tema extremamente importante tanto na prática clínica quanto nas provas de Residência Médica
e do Revalida: gasometria arterial na EADPOC.
Veja, o PONTO-CHAVE aqui é sabermos se o paciente é cronicamente retentor de CO2 ou se foi uma
retenção aguda. Quem vai denunciar a retenção? O BICARBONATO. No entanto, quem vai diferenciar se a retenção
crônica está estável ou não é o pH! Veja o quadro a seguir, com detalhes sobre o tema, que será mais bem abordado
no Livro de Distúrbios Ácido-Base, da Nefrologia:
Aluno Estratégia MED, dica de OURO: o que vai diferenciar entre um caso crônico estável ou crônico agudizado é o pH.
Alguns pacientes portadores da DPOC mais graves tendem a reter CO2 e HCO3. Exemplo:
Paciente 1: pH 7,39 PO2 80 PCO2 55,2 HCO3 33,5 BE +4 = Crônico, estável
Paciente 2: pH 7,22 PO2 52 PCO2 98 HCO3 38,2 BE +6= Crônico, agudizado
A mortalidade após uma internação por EADPOC é, em 5 anos, de aproximadamente 50%. O documento GOLD pontua alguns fatores
independentes de mau prognóstico, tais como desnutrição, presença de comorbidades, idade avançada, hospitalizações prévias e necessidade
de ODP.
CAPÍTULO
Estrategista, um detalhe importante é que, por vezes, os sintomas das comorbidades incipientes podem
sobrepor-se aos sintomas da DPOC. Exemplo: dispneia e tosse no câncer de pulmão, fadiga e astenia no
transtorno depressivo.
O documento GOLD traz, separadamente, detalhes sobre (IC), doença arterial coronariana (DAC), arritmias, doença vascular
cinco comorbidades cardiovasculares, mas vale reforçar um periférica e hipertensão arterial sistêmica (HAS).
detalhe: pacientes hospitalizados por insuficiência cardíaca ou Em pacientes com alto risco de DAC, a presença de uma
os que serão submetidos a um procedimento cardiovascular, por EADPOC aumenta o risco de eventos cardiovasculares (óbito, infarto
exemplo, cirurgia de revascularização miocárdica, apresentam agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, angina instável e
maior MORBIDADE e MORTALIDADE quando apresentam DPOC. ataque isquêmico transitório) por um período de até 90 dias após
As DCV citadas pelo documento são insuficiência cardíaca sua ocorrência.
Em pacientes com alto risco de DAC, a presença de uma EADPOC aumenta o risco de eventos cardiovasculares (óbito, infarto
agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, angina instável e ataque isquêmico transitório) por um período de até 90 dias após
sua ocorrência.
Principal causa de óbitos por neoplasias, infelizmente é Existe uma associação comprovada entre DPOC e câncer de
diagnosticado na maioria das vezes em estágios avançados, o que pulmão, não relacionada apenas ao tabagismo e carga tabágica.
resulta em piores desfechos. Sabemos que existe uma associação também entre câncer de
Em pacientes com alto risco de DAC, a presença de uma pulmão e o grau de enfisema.
EADPOC aumenta o risco de eventos cardiovasculares (óbito, infarto Outras comorbidades importantes e que devem ser lembradas
agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, angina instável e no contexto da DPOC são OSTEOPOROSE, BRONQUIECTASIA,
ataque isquêmico transitório) por um período de até 90 dias após APNEIA DO SONO, DECLÍNIO COGNITIVO, DEPRESSÃO E ANSIEDADE,
sua ocorrência. DRGE E SÍNDROME METABÓLICA.
• Pacientes portadores da DPOC com um novo sintoma respiratório ou piora dos sintomas de base, febre
e/ou outros sintomas que podem ser atribuíveis à COVID-19, ainda que leves, devem ser testados para uma
possível infecção pelo SARS-CoV-2.
• Pacientes devem MANTER sua terapia de manutenção, inalatória ou oral, visto que não existem evidências
de que as medicações para DPOC devem ser alteradas durante a pandemia.
• Durante períodos de alta circulação viral, as espirometrias devem ser restritas aos pacientes que requerem
o reconhecimento do distúrbio espirométrico com certa urgência e/ou para acessar função pulmonar no
contexto pré-operatório
• Os pacientes devem manter o contato com seus amigos e familiares apenas por telecomunicação e, se possível, continuar
com suas atividades, respeitando as medidas vigentes. Deve ser checada também a disponibilidade/suprimento de medicamentos
de manutenção em seu domicílio.
• Em algumas séries, pacientes portadores da DPOC foram considerados com fator de risco independente de pior desfecho
(doença grave ou óbito).
• Evidências sugerem uma queda das hospitalizações por EADPOC durante a pandemia.
• Dispositivos inalatórios que não aerossolizam o meio (especialmente o aerossol dosimetrado com espaçador) devem ser
preferidos à nebulização.
• Caso esteja adequadamente regulamentada, no período da pandemia, a telemedicina e a teleorientação devem ser meios
utilizados para a monitorização dos pacientes portadores da DPOC.
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CAPÍTULO
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