Você está na página 1de 118

PROVA DE

RESIDÊNCIA MÉDICA
R1 ACESSO DIRETO
USP-SP 2022
2| PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

LISTA DE ABREVIAÇÕES ALGUNS VALORES DE REFERÊNCIA (ADULTOS)


AA – ar ambiente Sangue (bioquímica e hormônios):
AAS – ácido acetilsalicílico Albumina = 3,5 – 5,5 g/dl
BCF – batimentos cardíacos fetais Bilirrubina Total = 0,3 – 1,0 mg/dl
bpm – batimentos por minuto Bilirrubina Direta = 0,1 – 0,3 mg/dl
BRNF – bulhas rítmicas normofonéticas s/ sopros Bilirrubina Indireta = 0,2 – 0,7 mg/dl
Cr – creatinina Cálcio iônico = 4,6 a 5,5 mg/dL ou 1,15 a 1,38 mmol/l
DUM – data da última menstruação Cloretos = 98 - 106 mEq/l
FC – frequência cardíaca Creatinina = 0,7 a 1,3 mg/dL
FR – frequência respiratória Desidrogenase Láctica < 240 U/L
Ferritina: homens: 22-322 ng/mL
Hb – hemoglobina
mulheres: 10-291 ng/mL
Ferro sérico: homens: 70-180 µg/dL
HCM – Hemoglobina Corpuscular Média
mulheres: 60-180 µg/dL
Ht – hematócrito Fósforo: 2,5 a 4,8 mg/dl ou 0,81 a 1,55 mmol/l
IMC – índice de massa corpórea Globulinas = 2,0 a 3,5 g/dl
HDL: superior a 40mg/dL para homens
ipm – incursões por minuto
superior a 50mg/dL para mulheres
IC95% - intervalo de confiança de 95% Lactato = 5 – 15 mg/dl
MV – murmúrios vesiculares Magnésio = 1,8 – 3 mg/dl
IRT – tripsina imunoreativa neonatal Potássio = 3,5-5,0 mEq/L
mmHg – milímetros de mercúrio
Proteína Total = 5,5 – 8,0 g/dl
MMII - membros inferiores
P – pulso PSA < 4 ng/mL
PA – pressão arterial Sódio = 135-145 mEq/L
PEEP – Pressão expiratória final positiva TSH = 0,4 a 4,0 mUI/mL
PSA - antígeno prostático específico Ureia = 10 a 50 mg/dL
PO – Pós-operatório Sangue (hemograma e coagulograma):
pO2 – pressão parcial de O2 Conc. hemoglobina corpuscular média (CHCM)= 31 a 36 g/dl
pCO2 – pressão parcial de CO2 Hemoglobina corpuscular média (HCM) = 27 a 32pg
PS – Pronto-Socorro Volume corpuscular médio (VCM) = 80 a 100 fl
RHZE - R (rifampicina), H (isoniazida), Z
RDW: 10 a 16%
(pirazinamida) e E (etambutol)
RN – Recém-nascido Leucócitos = 5.000 a 10.000/ mm3
Sat - saturação Linfócitos = 0,9 a 3,4 mil/ mm3
Sat O2 – saturação de oxigênio Monócitos = 0,2 a 0,9 mil/mm3
TEC – tempo de enchimento capilar Neutrófilos = 1,6 a 7,0 mil/ mm3
Temp. – temperatura axilar Eosinófilos = 0,05 a 0,5 mil/ mm3
TPO – Tireoperoxidase Plaquetas = 150.000 a 450.000/mm3
TRAB – Anticorpo anti-receptor de TSH Reticulócitos = 0,5 a 2,0%
Tempo de Protrombina (TP) = INR entre 1,0 e 1,4; Atividade 70 a
TSH – Hormônio tireo-estimulante
100%
U – ureia Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) R - até 1,2
UTI – Unidade de Terapia Intensiva Tempo de Trombina (TT) = 14 a 19 segundos
TTGO – teste de tolerância a glicose oral
UBS – Unidade Básica de Saúde
USG – Ultrassonografia Gasometria Arterial:
VCM – Volume Corpuscular Médio pH = 7,35 a 7,45
VHS – velocidade de Hemossedimentação pO2 = 80 a 100mmHg
VALORES DE REFERÊNCIA DE HEMOGLOBINA
pCO2 = 35 a 45mmHg
(HB) EM g/dL PARA CRIANÇAS
Recém-nascido= 15 – 19 Base Excess (BE) = -2 a 2
2 a 6 meses = 9,5 – 13,5 HCO3 = 22 a 28mEq/L
6 meses a 2 anos = 11 – 14 SatO2 > 95%
2 a 6 anos = 12 – 14 Líquor (punção lombar):
6 a 12 anos = 12 – 15 Células até 4/mm3
Líquido pleural ADA: até 40 U/L Lactato até 20mg/dL
Líquido sinovial: leucócitos até 200 células/mL
Página 2/28
Proteína atéResidência
40mg/dL Médica 2022 - Faculdade de Medicina da USP
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES |3

QUESTÃO 1 QUESTÃO 4
Homem de 66 anos de idade chega à consulta referindo perda visual Mulher de 62 anos de idade, diabética e tabagista, apresentou há
progressiva e indolor de olho há 06 meses. É hipertenso, diabético e 5 horas e 30 minutos diminuição de força nos membros superior
dislipidêmico de longa data, com controle irregular das comorbidades. e inferior esquerdos e fala empastada. Na sua chegada ao Pronto-
Realiza o seguinte exame. Socorro de um hospital terciário, sua pressão arterial era 160 x 100
mmHg. A frequência cardíaca era de 88 bpm, rítmico e a glicemia
capilar 220 mg/dL. A ausculta cardíaca era normal. O exame
neurológico mostrou hemiplegia esquerda completa, desvio do olhar
para a direita e heminegligência. A pontuação na escala de avaliação
NIHSS (National Institutes of Health Stroke Scale) foi de 16. A
tomografia de crânio não mostrou sinais de hemorragia intracraniana.
A pontuação na escala ASPECTS foi de 8. Qual deve ser a conduta
neste atendimento inicial?
(A) Realizar angioressonância arterial de crânio e vasos
cervicais e, se oclusão de artéria carótida cervical, indicar
trombectomia mecânica.
(B) Realizar angiotomografia arterial de crânio e vasos
cervicais e, se oclusão de artéria cerebral média, indicar
trombectomia mecânica.
(C) Realizar angiotomografia arterial de crânio e vasos
cervicais e, se oclusão de artéria cerebral média, indicar
trombólise intravascular.
(D) Realizar angioressonância arterial de crânio e vasos cervicais
e, se oclusão de artéria carótida intracraniana, indicar
Selecione a alternativa com os achados deste exame: trombólise intravenosa.

(A) Microhemorragias e exsudatos duros. QUESTÃO 05


(B) Edema de papila e descolamento de retina regmatogênico. Mulher de 34 anos de idade dá entrada no Pronto-Socorro com
(C) Microcalcificações e mácula em cereja. história de cefaleia, febre e confusão mental há 3 dias, associada a
(D) Palidez de papila e exsudatos algodonosos. episódios em que permanecia parada, olhar fixo e movimentos
oromastigatórios automáticos, com duração de 2 minutos. Ao exame
QUESTÃO 02 clínico estava confusa, febril, com rigidez de nuca, sem outros sinais
Homem de 28 anos de idade apresenta há 2 anos cefaleia uma vez localizatórios. A tomografia de crânio mostrava hipoatenuação
por semana de forte intensidade, unilateral, pulsátil, com foto e discreta e edema em lobo temporal à direita. O eletroencefalograma
fonofobia e acompanhada por náuseas. Nega fenômenos visuais mostrava atividade periódica lateralizada. Qual é a principal hipótese
ou somestésicos. Há 6 meses associou outro tipo de cefaleia quase diagnóstica e o exame confirmatório?
diariamente, bilateral, de fraca a moderada intensidade, em aperto,
sem outros sintomas. Faz uso diário de dipirona e cetoprofeno e nos (A) Encefalite imuno mediada, solicitar anticorpos anti-NMDA
momentos de exacerbação da dor usa sumatriptano. Quais são os no líquor.
diagnósticos desse paciente? (B) Encefalite herpética, PCR para herpes vírus no líquor.
(C) Endocardite bacteriana com embolização séptica, hemocultura
(A) Cefaleia tensional e enxaqueca com aura. e ecocardiograma.
(B) Enxaqueca com aura e cefaleia por abuso de medicações. (D) Neurotoxoplasmose, ressonância nuclear magnética de crânio.
(C) Enxaqueca sem aura e cefaleia por abuso de medicações.
(D) Cefaleia tensional e enxaqueca sem aura. QUESTÃO 06
Homem, 82 anos de idade, acamado há 10 anos por demência
QUESTÃO 03 vascular após episódio de AVC isquêmico extenso. É totalmente
Mulher de 25 anos de idade, diabética em uso de insulina, dá entrada dependente para as atividades básicas da vida diária e não contactua
no serviço de emergência com queixa de náuseas, vômitos e dor com as pessoas há cerca de 1 ano. É cuidado pela filha. Há 2 anos
abdominal. Ao exame clínico de entrada estava desidratada +++/4+, apresenta disfagia para sólidos e há 6 meses para líquidos. Comparece
PA = 100 x 60 mmHg, FC = 120 bpm, Tempo de enchimento ao Pronto-Socorro com história de queda do estado geral e recusa da
capilar = 6s. Restante do exame sem alterações. Foi iniciada expansão alimentação via oral há 3 dias. No atendimento inicial, apresentava-
volêmica. Exames iniciais mostram: se em mau estado geral, descorado ++/4+, desidratado +++/+4, com
Glicemia = 440 mg/dL roncos de transmissão, FR 30 irpm, oximetria sem captura, com
pH = 7,21 respiração ruidosa, extremidades frias e mal perfundidas, FC 130
Bic = 13 mEq/L bpm e PA 72 x 40 mmHg. A equipe da sala de emergência aborda a
Na+ = 120 mEq/L filha sobre a compreensão do quadro atual e ela entende que o pai está
K+ = 2,8 mEq/L próximo ao final da vida e não deseja que ele sofra, mas está muito
Qual é a conduta com relação à insulinização neste momento? preocupada por ele não estar conseguindo comer.
Qual é a conduta com relação à alimentação nesta fase?
(A) Insulina regular 10 UI endovenosa em bomba de infusão.
(B) Insulina regular 10 UI endovenosa em bolus. (A) Passar sonda nasoenteral para alimentação enteral.
(C) Insulina regular 10 U subcutânea. (B) Introduzir soro de expansão e manutenção.
(D) Não administrar insulina. (C) Introduzir dieta assistida por via oral.
(D) Manter o paciente de jejum e sem soro.
4| PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 07
Homem de 48 anos de idade, casado, comparece em retorno de consulta ambulatorial com queixa de episódios em que seu “coração passa a bater
para fora da boca, com batidas fora de hora e com a sensação que pode parar a qualquer momento”. Já procurou serviços de urgência e emergência.
Porém ao chegar ao Pronto-Socorro de cardiologia a crise já passou e os médicos não acham nada alterado nos exames complementares. Refere
que quando faz atividade física o coração começa a bater mais rápido. Nesse processo por vezes lhe falta ar e sente medo muito grande de que
possa infartar cedo como seu pai, que faleceu aos 52 anos de idade. Está dormindo mal, fica pensando no que fazer se tiver novas crises e como
pode chegar rápido no hospital para poder descobrir o que é. É ex-fumante 1 maço/dia por 15 anos (parou há 12 anos). O exame clínico
está normal. Os exames complementares solicitados na primeira consul ta mostram glicemia de jejum e colesterol total e frações normais. O
eletrocardiograma atual é apresentado abaixo. O registro de Holter durante uma das crises referidas está representado abaixo.

Traçado do eletrocardiograma de hoje:

Traçado do Holter:

Qual é o diagnóstico provável e a conduta inicial?


(A) Depressão ansiosa; introdução de ansiolítico não benzodiazepínico.
(B) Angina estável; introdução de AAS, atorvastatina e nitrato.
(C) Síndrome do pânico; antidepressivo serotoninérgico.
(D) Taquicardia por reentrada nodal; ablação cardíaca.

QUESTÃO 08
Homem de 72 anos de idade, etilista, veio ao retorno de consulta do ambulatório de geriatria. Tinha queixa de lentidão para andar evoluindo
progressivamente ao longo de vários meses com dificuldade em coordenar a marcha (inicialmente falta de jeito, às vezes esbarrando nas coisas
ou pessoas). Este sintoma piorou gradativamente até não conseguir andar sem um andador ou encostado nas paredes. Começou também a
apresentar urgência miccional e, após passar no urologista, não foi detectado nada de anormal em sua próstata ou bexiga. Nessa época sofreu
um tombo no banheiro. Foi a partir desse incidente que ficaram mais evidentes as dificuldades para se lembrar de fatos recentes assim como de
encontrar a palavra adequada para se expressar. Trouxe exames laboratoriais normais e a tomografia apresentada.

Qual é a hipótese diagnóstica provável?


(A) Hidrocefalia de pressão normal.
(B) Pelagra.
(C) Hematoma subdural crônico.
(D) Síndrome de Wernicke.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES |5

QUESTÃO 9 QUESTÃO 11
Homem de 28 anos de idade refere há 1 mês lesões pruriginosas Homem de 46 anos de idade com obesidade grau 3 é admitido
nas virilhas. Ao exame clínico observa-se eritema e descamação no Departamento de Emergência. Tem febre há 10 dias, associada
nas regiões inguinais. O exame micológico direto foi positivo para a dispneia progressiva e tosse nos últimos 3 dias. Ao exame clínico,
hifas artrosporadas. apresenta-se taquipneico, com saturação de oxigênio de 84% em ar
ambiente. Ausculta pulmonar com raros sibilos e estertores em bases,
principalmente à direita.
O ultrassom pulmonar, protocolo BLUE, demonstra deslizamento
pleural e a seguinte imagem nos seis pontos.

Qual é o diagnóstico?
(A) Tínea negra.
(B) Tínea crural.
(C) Candidose.
(D) Piedra branca.

QUESTÃO 10
Homem, 80 anos de idade, engenheiro aposentado, procura
ambulatório de geriatria por estar cada vez mais esquecido há 2 anos,
desde a morte de sua esposa. Apresenta tristeza ocasional quando se
lembra da esposa. A filha refere que há 1 ano está morando junto Qual o diagnóstico mais provável para a insuficiência respiratória
com o paciente pois ele não estava se alimentando bem e estava com deste paciente?
dificuldade de realizar os afazeres domésticos. Ao exame clínico, (A) Pneumonia bacteriana.
apresenta-se repetitivo, com dificuldade de terminar frases. Semiologia (B) Asma exacerbada.
cardio-pulmonar e abdominal sem alterações. O Miniexame do (C) Infecção aguda por COVID-19.
estado mental é de 24/30 (normal ≥ 28). (D) Infarto pulmonar por tromboembolismo pulmonar agudo.
Assinale a alternativa que relaciona os exames complementares
indicados para a investigação deste paciente:
(A) Dosagem de vitamina D sérica, TSH, T4 livre, sorologia para ATENÇÃO: O caso seguinte se refere às questões 12 e 13:
citomegalovírus e herpes simples e tomografia de crânio.
(B) Dosagem de vitamina B1 e B6 sérica, glicemia, colesterol total QUESTÃO 12
e frações e ressonância de crânio. Homem de 65 anos de idade é admitido por insuficiência respiratória
(C) Dosagem de vitamina B12 sérica, TSH, T4 livre, sorologia para aguda no Pronto-Socorro. Durante o atendimento inicial, evolui
sífilis e HIV e tomografia de crânio. com piora do padrão respiratório e da hipoxemia, optando-se por
(D) Dosagem de ferro sérico, hemograma, TSH, coagulograma, intubação orotraqueal. Nesse momento, a frequência respiratória é de
ureia, creatinina, sódio, potássio, cálcio e ressonância de crânio. 40 irpm, saturação de oxigênio de 88% com máscara não reinalante a
15L/min, frequência cardíaca de 120bpm e pressão arterial de 60x30
mmHg. Considerando a disponibilidade das quatro drogas abaixo,
qual é a medicação de escolha para realizar a sedação deste paciente?

(A) Fentanil.
(B) Midazolan.
(C) Propofol.
(D) Etomidato.
6| PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 13 QUESTÃO 16
Após a intubação orotraqueal, a capnografia mostra a seguinte curva: Homem de 65 anos de idade, pedreiro aposentado, vem para consulta
com clínico geral referindo quadro de dor lombar há aproximadamente
2 semanas. Refere que o quadro é caracterizado por dor de forte
intensidade, com irradiação para ambos os membros inferiores abaixo
dos joelhos, associada a parestesias. Relata ainda dificuldade de ereção
e redução da sensibilidade em região perianal. Nega alteração da
intensidade da dor ao longo do dia. Ao exame clínico: Déficit motor
assimétrico distal nas pernas e pés, com redução de força à dorsiflexão
e flexão plantar dos pés e dos artelhos. Reflexos aquileus e patelares
abolidos. Hipoestesia “em sela” na região perineal. Desencadeamento
de dor irradiada à flexão de quadril a 45º com joelhos estendidos.
Apresenta incapacidade de permanecer na ponta dos pés. O exame
físico mostra massa em hipogástrio. Nega febre, perda ponderal,
Qual é o diagnóstico mais provável? antecedente pessoal ou familiar de neoplasia maligna.
(A) Intubação esofágica.
(B) Pneumotórax. (A) O quadro sugere lesão de cauda equina, devendo ser solicitada
(C) Intubação seletiva. ressonância magnética de coluna lombossacra.
(D) Broncoespasmo. (B) O quadro sugere lesão compressiva de medula torácica, devendo
ser investigada a etiologia inflamatória ou infecciosa.
QUESTÃO 14 (C) O quadro é característico da síndrome de Guillain-Barré
Mulher de 50 anos de idade, costureira, vem para consulta ambulatorial (polirradiculoneurite aguda), devendo ser solicitada
referindo emagrecimento não intencional e dores em articulações de eletroneuromiografia e iniciada gamaglobulina endovenosa.
mãos há aproximadamente 6 meses, contínua, com piora progressiva (D) O quadro é sugestivo de neoplasia metastática intramedular
nas últimas 4 semanas. Relata rigidez matinal de aproximadamente em topografia de medula cervical, relacionado a possível
20 minutos, mas conta que as dores são piores ao final do dia após neoplasia prostática.
realização das suas atividades diárias. Antecedentes: Hipertensão
Arterial Sistêmica, em uso de hidroclorotiazida 25mg/dia; consumo de QUESTÃO 17
5 garrafas de cerveja por semana; tabagismo 10 anos-maço. Mulher de 35 anos de idade deu entrada no Pronto-Socorro com
Ao exame clínico: dor à palpação de interfalanges proximais de cefaleia e febre não medida há 5 dias. Tentou utilizar vários analgésicos
todos os dedos de ambas as mãos, e de 2ª e 3ª metacarpofalanges sem melhora. No exame clínico apresenta T 38ºC, FC 100 bpm,
bilateralmente, sem edema ou eritema. O restante do exame clínico sem outras alterações. Foi realizada a tomografia computadorizada
está normal. Qual é a alternativa correta? mostrada a seguir.
(A) O diagnóstico inicial não inclui a realização de radiografia de
mãos e punhos.
(B) A investigação inicial inclui a dosagem de TSH.
(C) O diagnóstico de artrite psoriásica é excluído pela presença de
fator reumatoide positivo.
(D) A presença de rigidez matinal de 20 minutos sugere
artropatia inflamatória.

QUESTÃO 15
Mulher de 20 anos de idade chega ao serviço de emergência
informando ter sido agredida por pessoa no ônibus. O contato
inicial é difícil, pois a paciente está agitada, preocupada e falando
rapidamente. Ela informa que o agressor a estava perseguindo desde
o ponto de embarque.
A paciente recebeu notícia sobre uma herança há quatro dias, e desde
então não consegue dormir. Há três dias, pediu demissão do emprego
de faxineira por achar que sua “patroa estava roubando seu dinheiro
para pagar contas da casa”. Nos últimos dois dias, com a expectativa
de receber o dinheiro, gastou cerca de 2 mil reais em vários pares de
sapatos de 3 lojas diferentes.

Qual é a principal hipótese diagnóstica para o caso?


Qual é o diagnóstico?
(A) Transtorno de personalidade borderline.
(B) Reação aguda ao estresse. (A) Meningoencefalite.
(C) Síndrome do pânico. (B) Sinusite.
(D) Mania com sintomas psicóticos. (C) Normal para a idade.
(D) Osteomielite.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES |7

QUESTÃO 18
Mulher de 55 anos de idade, procura o Pronto-Socorro com queixa de dor torácica precordial de moderada intensidade, contínua, há 1 dia. A
dor iniciou durante atividade física. Não notou irradiação, fatores de melhora ou de piora. Ao exame clínico apresenta frequência cardíaca de
115 bpm, pressão arterial 130/80 mmHg em todos os membros, com pulsos simétricos. Frequência respiratória 18 irpm. Não há alterações na
semiologia cardíaca ou pulmonar. O restante do exame clínico é normal. Solicitado o eletrocardiograma a seguir. Qual é a hipótese diagnóstica?

(A) Infarto agudo do miocárdio.


(B) Hipercalemia.
(C) Tromboembolismo Pulmonar.
(D) Pericardite.

QUESTÃO 19
Mulher de 66 anos de idade, diabética e hipertensa, em uso de enalapril e metformina, comparece a consulta ambulatorial com queixa de astenia
e turvação visual há 2 dias. É encaminhada ao Departamento de Emergência após realizar o seguinte eletrocardiograma.

Qual deve ser a conduta imediata?

(A) Atropina.
(B) Marcapasso transcutâneo.
(C) Gluconato de cálcio.
(D) Trombólise.
8| PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 20
Mulher de 22 anos de idade trabalha como auxiliar de limpeza em um grande hospital há 2 anos. Hoje procura ambulatório de clínica médica
pois há 6 meses apresenta episódios de tosse e, às vezes, falta de ar durante o dia, que costumam melhorar à noite. Es tes episódios estão se
tornando mais frequentes. Não costuma apresentar tais sintomas aos finais de semana. Não sabe referir se teve febre. Nega antecedentes mórbidos
relevantes e nunca fumou. Ao exame clínico presença de discretos sibilos expiratórios à ausculta pulmonar, sem outras alterações relevantes. A
radiografia de tórax realizada há 15 dias é apresentada.

Qual é a conduta, considerando a principal hipótese diagnóstica?

(A) Solicitar que faça a medida de Pico de Fluxo no trabalho e em casa.


(B) Afastamento das atividades laborais por 1 semana e prednisona oral por 5 dias.
(C) Solicitar tomografia de tórax e iniciar broncodilatador de longa duração.
(D) Prescrever salbutamol para sintomas e orientar para mudança da área de atuação.

QUESTÃO 21 QUESTÃO23
A primeira consulta de gestante de 23 anos, em situação de rua, foi Médico que trabalha numa equipe de Estratégia de Saúde da
realizada com 14 semanas. Nessa consulta verifica-se que ela fuma 4 Família e atende todos os membros de família: Jorge (pai), Tereza
cigarros por dia, o primeiro no período da tarde. A paciente afirma (esposa), Jéssica (filha, com 4 anos) e Enzo (filho, 6 anos). Tereza tem
que até gostaria de parar de fumar, mas que não consegue, pois já diagnóstico de transtorno depressivo maior e está disputando a guarda
tentou outras vezes e não conseguiu. Qual é a primeira abordagem dos seus filhos com Jorge, de quem está em processo de divórcio. Ela
recomendada pelo Ministério da Saúde para esse tipo de situação? solicita cópia do seu próprio prontuário e dos filhos para anexar ao
processo judicial e comprovar o transtorno depressivo, os relatos de
(A) Verificar como foram as tentativas anteriores e orientar maus tratos do marido e dificuldades com a educação das crianças que
estratégias de tratamento durante a gestação. ela informou em consultas anteriores. Baseado no Código de Ética
(B) Orientar sobre os riscos e encaminhar para grupo de apoio da Médica, qual deve ser a conduta?
unidade básica de saúde.
(C) Registrar a dificuldade da cessação do tabagismo e encaminhá- (A) Fornecer a cópia do prontuário de Tereza, mas a do prontuário
la para o pré-natal de alto risco. dos filhos somente após a autorização por escrito também
(D) Avaliar o nível de dependência pelo escore de Fagerström e de Jorge.
notificar a assistência social. (B) Fornecer a cópia do prontuário de Tereza, mas a dos filhos apenas
após a autorização judicial, por se tratar de um processo legal.
QUESTÃO 22 (C) Fornecer a cópia do prontuário de Tereza e dos filhos, mas
Com o aumento das coberturas vacinais no Brasil, a partir do final da apenas após a autorização por escrito de Tereza.
década de 1990, observou-se uma marcante redução na incidência das (D) Fornecer a cópia do prontuário de Tereza e dos filhos, mas
doenças preveníveis por vacinação. Isso não se verificou em relação à apenas após consultar Jorge, por se tratar de um processo legal.
coqueluche. Na década passada (2011 – 2020) o número médio anual
de casos confirmados no país foi acima de 3.000. Qual é uma das QUESTÃO 24
razões para este comportamento? Qual é a alternativa correta em relação à estrutura epidemiológica
(A) A imunogenicidade das vacinas para infecções bacterianas da esquistossomose?
é baixa. (A) O ser humano infectado elimina ovos viáveis nas fezes por toda
(B) O predomínio de linhagens da Bordetella pertussis que escapam a vida.
da vacina. (B) As cinco espécies de Schistosoma que infectam seres humanos
(C) A concentração de casos em menores de um ano antes do estão presentes no Brasil.
reforço vacinal. (C) Envolve três espécies: o helminto, o ser humano e um vetor.
(D) A incorporação da biologia molecular ao arsenal diagnóstico. (D) A infecção humana ocorre pela penetração ativa do agente
através da pele íntegra.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES |9

QUESTÃO 25 QUESTÃO 28
Paulo é um paciente de 48 anos e está em uso de captopril 25 mg a Homem, 32 anos, trabalhador do sexo, procura atendimento com
cada 12h há 6 anos e vem à sua primeira consulta ambulatorial. Refere queixa de lesão discretamente dolorosa na região do pênis há 2
que recebeu o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (HAS) no dias. Última relação sexual há 5 dias. Nega infecções sexualmente
Pronto-Socorro após uma forte cefaleia e pressão arterial de 180 x transmissíveis prévias. Sempre usa preservativo com clientes, mas não
100 mmHg, quando introduziram essa medicação. Desde então sua com sua esposa. Tem relação apenas com mulheres, com penetração
pressão está controlada ao redor de 130 x 80 mmHg. Realizou exames insertiva (anal e vaginal) e sexo oral (faz e recebe). A lesão é apresentada.
há 10 meses solicitados por outro profissional, todos normais. Ele tem
muito medo de um “derrame”, pois seu pai morreu de um acidente
vascular cerebral aos 72 anos e seu avô aos 78 anos. Nega tabagismo,
etilismo, outras doenças ou sintomas. Qual deve ser a conduta a ser
proposta para Paulo nessa consulta?
(A) Manter a dose da medicação; solicitar exames de controle
para HAS.
(B) Suspender a medicação; fazer controle da pressão arterial.
(C) Checar a adesão à medicação; solicitar exames de controle
para HAS.
(D) Reduzir a dose da medicação; solicitar eletrocardiograma.

QUESTÃO 26
Existem alguns conceitos que permitem compreender a diversidade
sexual e qualificar o cuidado de pessoas LGBTQIA+ (lésbicas, gays, O teste rápido para HIV foi não reagente. Além das sorologias para
bissexuais, transexuais e travestis, queer, intersexo e assexuais). Assinale infecções sexualmente transmissíveis, qual é o tratamento e a estratégia
a alternativa que apresenta a definição e exemplos corretos sobre um preventiva nesse momento?
desses conceitos:
(A) Ceftriaxona e azitromicina; oferecer profilaxia pré- exposição
(A) A orientação sexual se refere a com quem a pessoa tem relações para o HIV; checar vacinas para hepatite B.
sexuais. Exemplo: heterossexual, bissexual ou homossexual. (B) Ceftriaxona e azitromicina; oferecer profilaxia pós- exposição
(B) A identidade de gênero é autodeclarada e se refere à compreensão para o HIV, checar vacinas para hepatite A e B.
que a pessoa tem do seu gênero. Exemplo: homem cis, mulher (C) Azitromicina e penicilina benzatina; oferecer profilaxia pós-
trans e travesti. exposição para o HIV; checar vacinas para hepatite B.
(C) A identidade de gênero é definida socialmente a partir de como (D) Azitromicina e penicilina benzatina; oferecer profilaxia pré-
a pessoa expressa seu gênero. Exemplo: gay, lésbica e travesti. exposição para o HIV; checar vacinas para hepatite A e B.
(D) A orientação sexual é autodeclarada e se refere a como a
pessoa expressa sua sexualidade. Exemplo: assexual, pansexual QUESTÃO 29
e intersexo. Homem com doença meningocócica mora com três pessoas (esposa de 34
anos, um filho de 14 anos e uma filha de 4 anos) e trabalha num escritório,
QUESTÃO 27 6h por dia, no mesmo ambiente, com 5 adultos. Segundo o Guia de
Jéssica é uma paciente que mora em uma região de baixa renda. Ela Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, como deve ser realizada a
é acompanhada desde a infância na Estratégia de Saúde da Família. quimioprofilaxia para prevenção de casos secundários da doença?
Hoje ela tem 23 anos e procura o médico chorosa, pois há alguns
dias realizou o teste de gravidez que veio positivo. Refere atraso (A) Todos os adultos e crianças, incluindo pessoas do trabalho e
menstrual de 10 semanas e pretende interromper a gestação. Já entrou domicílio, com rifampicina.
na internet e verificou onde conseguir as medicações. Tem apoio de (B) Todas as pessoas do domicílio, com rifampicina, e bloqueio
uma amiga muito próxima com quem tem conversado bastante há vacinal para as pessoas do trabalho.
vários dias. Está muito preocupada com medo de que sua família e seu (C) Todas as pessoas do domicílio e profissionais de saúde que
ex-namorado, com quem já terminou o relacionamento, descubram tiveram qualquer contato com paciente, com rifampicina.
a gravidez. Considerando as Diretrizes do Ministério da Saúde e o (D) Todas as crianças e adultos que moram com o paciente,
Código de Ética Médica, deve-se acolher Jéssica em: com rifampicina.

(A) Sua decisão e orientar sobre os riscos dos métodos, caso decida QUESTÃO 30
interromper a gestação. Entre 2013 e 2018 o Ministério da Saúde implantou o Programa Mais
(B) Seu sofrimento e sugerir que converse com seu ex- namorado, Médicos (PMM), para aumentar a oferta de médicos da atenção básica,
pois é direito dele saber sobre a gravidez para tomarem uma em áreas carentes do país. Foi realizado um estudo para investigar
decisão juntos. a associação entre o PMM e resultados de saúde infantil. Foram
(C) Seu sofrimento, mas afirmar que pela interrupção da gestação analisados os dados dos 5.565 municípios brasileiros ao longo de 12
ser um procedimento proibido pela lei, você precisa notificar anos (2007 a 2018), comparando resultados de saúde infantil (taxa de
a justiça. mortalidade infantil e taxa de mortalidade neonatal) entre municípios
(D) Sua decisão, mas afirmar que o Código de Ética lhe impede de que receberam médicos do PMM e aqueles que não os receberam.
outras ações além disso. Qual é o tipo de estudo que foi realizado?
(A) Coorte prospectiva.
(B) Ecológico.
(C) Coorte retrospectiva.
(D) Transversal.
10 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 31 QUESTÃO32
Médico está realizando seu primeiro plantão numa Unidade de Pronto- A CORONAVAC é uma vacina inativada e adjuvantada contra o
Atendimento (UPA) 24h numa cidade com 200 mil habitantes. Essa SARS-CoV-2, desenvolvida pela farmacêutica SINOVAC. Em estudo
cidade tem a seguinte rede de saúde: realizado em 16 centros de pesquisa clínica no Brasil, Palácios et al
demonstraram uma prevenção de infecção sintomática confirmada
100% de cobertura de Estratégia de Saúde da Família (ESF) por RT-PCR pelo SARS-CoV-2 de 50,7% (IC95%: 36,0% - 62,0%).
Em estudo clínico realizado em 24 centros na Turquia a eficácia
1 Núcleo de Apoio de Saúde da Família para cada 6 equipes da CORONAVAC para o mesmo desfecho foi de 83,5% (IC95%:
da ESF, composto por fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, 65,4% - 92,1%). Já no Chile, a efetividade da CORONAVAC em
terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psiquiatra, educador físico mais de cinco milhões de vacinados foi de 65,9% (IC95%: 65,2%
e assistente social - 66,6%) na prevenção de infecção sintomática laboratorialmente
confirmada pelo SARS- CoV-2 (98,1% dos casos confirmados por
1 Centro de Apoio Psicossocial para adultos 24h com 6 leitos RT-PCR e 1,9% por teste de antígeno).
(CAPS-adulto) Quais são as razões que poderiam explicar a diferença observada nos
1 Centro de Apoio Psicossocial da Infância e Juventude três estudos?
(CAPS-IJ) (A) O delineamento e os objetivos dos três estudos são diferentes.
(B) Os três ensaios clínicos não são comparáveis entre si.
1 Centro de Apoio Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS-AD)
(C) A diferença entre os resultados não é significativa.
1 Centro de Referência em Reabilitação com ambulatório de (D) Vacinas de vírus atenuados apresentam baixo desempenho.
ortopedia, fisiatria, acupuntura, fisioterapia e terapia ocupacional
O uso regular de protetor solar evita o carcinoma espinocelular
1 Hospital Geral de porte secundário com 200 leitos com Pronto- cutâneo no longo prazo, mas o efeito sobre o melanoma é controverso.
Socorro e enfermaria de clínica médica, pediatria, psiquiatria, A aplicação no longo prazo de protetor solar e o risco de melanoma
ginecologia, obstetrícia, cirurgia geral, cirurgia vascular e ortopedia. cutâneo foi avaliada num ensaio prospectivo, randomizado e
Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Unidade de Terapia Intensiva controlado. Na Austrália, 1600 residentes foram aleatoriamente
de Adultos e de Pediatria e umaUnidade de Neonatologia distribuídos em um grupo de aplicação diária ou um grupo de
aplicação à vontade de protetor solar na cabeça e nos braços durante
1 Casa de Parto com enfermeiras obstetrizes, parteiras edoulas 4 anos. Os participantes foram acompanhados durante 14 anos
1 Centro de especialidade ambulatorial com: pré-natal de alto para verificar a ocorrência de melanoma primário. Nesse tempo, 8
risco, otorrinolaringologia, oftalmologia, nefrologia, dermatologia novos casos de melanoma primário foram identificados no grupo de
e cardiologia. proteção solar diária (n=800) e 16 foram identificados no grupo de
proteção solar a vontade (controle) (n=800).
1 UPA 24h para adultos e crianças, com sala de emergência, Quantos indivíduos precisariam utilizar o protetor solar
retaguarda com 8 leitos e ambulância. diariamente para evitar um caso adicional de melanoma primário
nessa comunidade?
Após atender um paciente na UPA, o médico fez uma carta de
contrarreferência. Qual a alternativa correta, considerando os (A) 10.
princípios de organização das redes de saúde? (B) 32.
(C) 64.
(A) Idoso com dor lombar crônica há 7 anos. Tomografia com (D) 100.
osteófitos em coluna lombar. Realizada analgesia. Encaminhado
à ortopedia e fisioterapia. QUESTÃO 34
(B) Adulto em observação por abstinência alcoólica com melhora O médico responsável pela Vigilância Epidemiológica de um
dos sintomas. Exames normais. Prescrito benzodiazepínicos. município foi chamado para estabelecer se está ocorrendo uma
Encaminhado à Estratégia de Saúde da Família. epidemia, uma vez que vem ocorrendo um grande aumento na
(C) Criança com atraso escolar e suspeita de autismo encaminhada procura aos serviços de saúde devido à ocorrência de casos de uma
ao CAPS-IJ. Orientação aos pais que não há urgência. doença respiratória não bem definida. Após investigações iniciais, foi
(D) Gestante primigesta, realizou diagnóstico de sífilis secundária estabelecida a definição de caso e critérios para o diagnóstico de forma
no Pronto-Socorro. Realizada primeira dose de penicilina. a orientar a investigação.
Encaminhada ao pré-natal de alto risco. Uma vez que esses requisitos foram atendidos, qual instrumento
metodológico é utilizado em vigilância epidemiológica para
estabelecer a existência ou não da epidemia?

(A) Comparação da prevalência nesse município com a de


anos anteriores.
(B) Comparação da incidência observada nesse município com
municípios vizinhos.
(C) Comparação da incidência atual nesse município com a de
anos anteriores.
(D) Comparação da prevalência observada nesse município com
municípios vizinhos.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 11

QUESTÃO 35 QUESTÃO 38
Qual é a alternativa correta quanto ao Método Clínico Centrado na A vacinação anual contra influenza é indicada para idosos acima de
Pessoa (MCCP)? 65 anos. Para analisar a possível associação entre a vacinação contra
influenza e o risco de demência, foi realizado um estudo de coorte
(A) É uma forma de organizar as consultas, que considera a com 123.747 participantes. Com base nos resultados apresentados,
expectativa dos médicos e das pessoas. É uma consulta que assinale a alternativa correta.
pode ser realizada em condições crônicas ou agudas. Tabela – Resultados (risco relativo e seu intervalo de 95% de confiança)
(B) Refere-se à atitude ética do profissional na consulta, que das estimativas de associação entre vacinação contra influenza versus
coloca as vontades da pessoa atendida como prioridade. É uma não vacinação e incidência de demência.
consulta mais longa do que a centrada no diagnóstico.
(C) A primeira etapa do MCCP é compreender a pessoa como um
todo, seu contexto próximo e distante. É bastante apropriada Situação vacinal Número Risco relativo
para consultas em saúde mental, sejam em consultas agendadas (IC 95%)
ou não.
(D) É uma abordagem de consulta que visa descobrir a demanda Não vacinado 56.925 1,00 (referência)
oculta da pessoa. É uma consulta realizada principalmente em
Vacinado com 1 dose 7.228 1,04 (0,98 – 1,10)
consultas agendadas de acompanhamento.
Vacinado com 2 doses 9.041 0,99 (0,95 – 1,04)
QUESTÃO 36
O Sistema Único de Saúde (SUS) é marcado por relações entre o Vacinado com 3 a 5doses 27.358 0,97 (0,93 – 1,00)
público e o privado tanto no financiamento das atividades e ações Vacinado com ≥ 6 doses 23.195 0,88 (0,83 – 0,94)
de saúde quanto na prestação, acesso e uso de serviços. Qual é a
alternativa correta sobre a relação público-privada na saúde no Brasil? Vacinado com pelo 66.822 0,86 (0,83 – 0,88)
menos uma dose
(A) As despesas médicas ou de hospitalização dedutíveis de Imposto
de Renda de Pessoas Físicas restringem-se aos pagamentos
efetuados pelo contribuinte a médicos, dentistas e outros (A) Não se observou associação entre vacinação contra influenza e
profissionais da saúde, mas não incluem pagamentos de o risco de demência.
mensalidades de planos e seguros de saúde. (B) A vacinação contra influenza aumentou o risco de demência.
(B) Os hospitais filantrópicos, para que tenham direito ao título de (C) A redução do risco de demência após a vacinação não
filantropia e gozem de isenções de contribuições sociais, fiscais é significativa.
e tributárias, precisam atender exclusivamente (80% dos leitos) (D) A vacinação repetida contra influenza reduziu o risco de
pacientes do SUS. demência
(C) Pacientes usuários de planos de saúde, desde que tenham .
cobertura de assistência farmacêutica assegurada pelo plano, QUESTÃO 39
também têm direito a acessar e retirar medicamentos em Médico atende na Unidade Básica de Saúde (UBS) um adolescente
unidades ou farmácias públicas do SUS se a prescrição for de 17 anos de idade com história de 4 dias de febre, cefaleia e mialgia,
ratificada por um serviço do sistema público. sem comorbidades. Ao exame físico:
(D) O ressarcimento ao SUS ocorre quando os atendimentos Bom estado geral, febril (temperatura de 38,5ºC), desidratado,
prestados aos beneficiários de planos de saúde forem realizados eupneico.
em estabelecimento do SUS e instituições conveniadas ou Pressão arterial de 118 x 78 mmHg (em pé e deitado), frequência
contratadas pelo SUS. São ressarcidos apenas procedimentos cardíaca de 90 bpm.
cobertos nos contratos dos planos de saúde com usuários. Saturação de oxigênio 96%.
Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações.
QUESTÃO 37 Abdome flácido, sem visceromegalias.
O controle social no Sistema Único de Saúde é exercido por meio de Ausência de edema.
conferências e conselhos de saúde. Qual é a alternativa correta? Prova do laço negativa.
O teste rápido NS1 para dengue está negativo. Além de prescrever
(A) Sindicatos, conselhos profissionais e associações de pacientes antitérmicos e afastá-lo das atividades laborais, deve- se:
não podem compor os conselhos de saúde municipais.
(B) Prestadores de serviços privados conveniados ao SUS podem (A) Solicitar RT-PCR para SARS-CoV2, hidratação via oral,
fazer parte dos conselhos e conferências de saúde. encaminhar para realização de hemograma no pronto-
(C) As conferências de saúde surgiram com a Constituição de 1988 atendimento e notificar suspeita de COVID-19.
e ocorrem a cada 4 anos. (B) Solicitar teste rápido de antígeno SARS -CoV2, encaminhar
(D) A composição do conselho de saúde é de um terço para para pronto-atendimento para realização de hemograma
cada categoria, com partes iguais entre usuários, gestores e e hidratação endovenosa, notificar suspeita de dengue e
trabalhadores da saúde. COVID-19.
(C) Solicitar teste rápido de antígeno para SARS -CoV2, realizar
hidratação endovenosa na própria UBS e aguardar para
notificar a suspeita COVID-19.
(D) Solicitar RT-PCR para SARS -CoV2, hidratação via oral e
notificar suspeita de dengue e COVID-19.
12 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 40
O município de São Paulo tem 12,4 milhões de pessoas e a seguinte distribuição de renda e raça entre seus vários distritos administrativos:

Domicílios com renda


domiciliar de 20 ou mais
salários mínimos

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. Projeção Estatística da Amostra.


Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano – SMDU | Depto. De Estatística e
Produção de Informação – Dipro. Nota: 1 - As porcentagens indicam a relação entre
domicílios de determinada faixa de renda e o número total de domicílios permanentes.
2 – A distribuição domiciliar com até 2 salários mínimos inclui os domicílios
sem rendimento.

No mês de maio de 2021, durante a pandemia da COVID-19 foram construídos os seguintes mapas de mortalidade por COVID-19 e da
cobertura vacinal para SARS-Cov2 na cidade.
Imunização comduas
Mortalidade porCovid-19
doses Março/20 a Março/21
Até 17/Maio/21

Qual a afirmação possível com relação às estratégias de prevenção da COVID-19 no município de São Paulo?

(A) A definição de critérios de prioridade para a vacinação baseada em idade e comorbidade contribuiu para o aumento da vulnerabilidade na
dimensão programática.
(B) A dimensão individual da vulnerabilidade não foi considerada nas estratégias de prevenção, uma vez que as estratégias de prevenção foram
vacinas, uso de máscaras e controle de contactantes.
(C) A dimensão programática da vulnerabilidade está voltada para ações de saúde que visam o seguimento das populações, como pessoas com
doenças crônicas e crianças, não se aplicando a contextos de pandemia.
(D) A dimensão social da vulnerabilidade relacionada à raça, renda e acesso aos serviços de saúde não foi considerada nas estratégias de
vacinação da pandemia.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 13

QUESTÃO 41 QUESTÃO 43
Lactente, sexo feminino, 8 meses de idade, sem comorbidades prévias, Escolar, sexo masculino, 5 anos de idade, sem comorbidades prévias,
foi atendida em Pronto-Socorro Infantil há 3 dias, com quadro de é levado ao Pronto-Socorro por febre de até 39,5ºC e claudicação
febre de até 39,5oC por 2 dias, associado a baixa aceitação alimentar. dolorosa à esquerda há 2 dias. Nega trauma local. Mãe refere também
A mãe não notou nenhum outro sintoma associado. Ao exame clínico que a criança apresentou quadro de tosse, coriza e odinofagia há 14
estava em bom estado geral e sem nenhuma alteração significativa. dias, já resolvido. Ao exame clínico, criança em regular estado geral,
Considerado quadro de febre sem sinais localizatórios, colhida membro inferior esquerdo em flexão, abdução e rotação externa da
uroanálise e urocultura por sondagem vesical de alívio. Resultado articulação coxo-femoral (conforme imagem abaixo) com dor intensa
da uroanálise: pH 5,5, densidade 1020, leucócitos 85.000/mm3, à manipulação, membro inferior direito sem limitação funcional e
hemácias 15.000/mm3, nitrito negativo. Introduzido amoxicilina sem dor à manipulação, ausência de outras alterações significativas
com clavulanato e solicitado retorno em 72 horas para reavaliação ao exame clínico. Qual é a conduta indicada com base na hipótese
e checagem de urocultura. Hoje, na reavaliação, mãe refere que a diagnóstica mais provável?
paciente está tomando a medicação adequadamente, evoluindo
afebril há 24 horas e sem novas queixas, exceto pelo surgimento de
lesões maculopapulares eritematosas, em tronco, notadas há 12 horas.
Urocultura com resultado final negativo. Qual é a conduta adequada?

(A) Manter antibiótico atual e associar anti-histamínico oral de


segunda geração.
(B) Trocar tratamento atual para uma opção de antibiótico não
beta-lactâmico.
(C) Suspender antibioticoterapia e liberar sem nenhum
tratamento específico.
(D) Colher nova uroanálise para definir a necessidade de
manter tratamento.

QUESTÃO 42

Lactente, sexo feminino, 11 meses de vida, está em consulta


ambulatorial de rotina. Trata-se de criança prematura, nascida de
35 semanas, com peso de nascimento de 2110 g, sem intercorrências (A) Alta hospitalar com anti-inflamatório, orientação de sinais de
durante o seguimento. Na consulta de hoje, a maior preocupação da alarme e reavaliação em 48 a 72 horas.
mãe é que a criança não engatinha. Na avaliação realizada na consulta, (B) Coleta de FAN, fator reumatoide, anti-DNA, anti-RO, anti-
notado que a criança imita a mãe ao bater palmas, faz movimentos LA, VHS e início de corticoterapia.
de pinça para pegar objetos, reage a uma conversa como se estivesse (C) Realização de eletrocardiograma, ecocardiograma, anti-
respondendo, mas com sons incompreensíveis, sem falar nenhuma estreptolisina-O e prescrição de penicilina benzatina.
palavra. Ela fica em pé com apoio, mas realmente não engatinha (D) Internação hospitalar, coleta de triagem infecciosa e introdução
quando colocada de bruços. de ceftriaxona e oxacilina endovenosas.

Qual das alternativas contempla, respectivamente, a avaliação do QUESTÃO 44


desenvolvimento e a conduta indicada? Lactente, sexo masculino, 2 meses de idade, nasceu com atresia
(A) O atraso do desenvolvimento é justificado pela prematuridade, duodenal, está internada desde o nascimento. Neste período de
orientar estimulação motora e retorno precoce. 2 meses, foi submetido a abordagem cirúrgica, recebeu nutrição
(B) O desenvolvimento motor está atrasado mesmo se considerada parenteral e desenvolveu infecção de cateter central tratada com
a prematuridade, encaminhar para seguimento com fisioterapia. sucesso. Encontra-se agora em condições clínicas de transição para
(C) O desenvolvimento está compatível com o esperado para a dieta oral. Como ainda não tem previsão de alta hospitalar, a equipe
idade, sem necessidade de nenhuma intervenção específica. deseja manter a vacinação atualizada durante a internação. A criança
(D) O desenvolvimento motor e de linguagem estão atrasados para já recebeu as vacinas de BCG e hepatite B ao nascimento. Quais são as
a idade, iniciar investigação com eletroencefalograma. vacinas indicadas neste momento considerando o Programa Nacional
de Imunizações (PNI) e os dados clínicos fornecidos?

(A) Pneumocócica 10 valente, tetravalente (DPT e hemófilos B),


inativada de poliomielite (VIP) e rotavírus.
(B) Pneumocócica 10 valente, pentavalente (DPT, hepatite B e
hemófilos B) e inativada de poliomielite (VIP).
(C) Pneumocócica 10 valente, meningocócica C, rotavírus
e palivizumabe.
(D) Pneumocócica 10 valente, pentavalente (DPT, hepatite B e
hemófilos B).
14 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 45 QUESTÃO 47
Pré-escolar, sexo masculino, 2 anos e 9 meses de idade, sem Pré-escolar, sexo masculino, 4 anos de idade, há 4 semanas começou
comorbidades prévias, está com tosse e coriza há 7 dias. Há 5 dias a apresentar pequenas lesões de pele em face, que posteriormente
iniciou com febre de até 38,8ºC e otalgia à esquerda. Procurou um progrediram para outras regiões do corpo. Mãe notou que a criança
serviço médico há dois dias, sendo feito diagnóstico de otite média respira com dificuldade e está com o rosto inchado há dois dias. Trazido
aguda à esquerda, com orientação de uso de azitromicina por 5 dias. hoje ao Pronto-Socorro, pois está mais sonolento e sem diurese há 24
Está no segundo dia de tratamento, mantendo febre. Ao exame horas. Na triagem, apresenta os seguintes dados vitais: FC: 65 bpm,
clínico, destacam-se as imagens abaixo. Qual é a conduta indicada? FR: 45 irpm e PA: 140/90 mmHg, Sat O2: 94% em ar ambiente.
Encaminhado à sala de emergência, onde se notou edema de face e
Otoscopia esquerda Otoscopia direita: ausculta pulmonar com estertores crepitantes em ambas as bases, sem
outras alterações significativas. Seguem abaixo as imagens das lesões
de pele do paciente e do ritmo cardíaco identificado.


Região retroauricular esquerda:

Qual das alternativas abaixo apresenta as medidas necessárias para


estabilização inicial do paciente?
(A) Oxacilina, clindamicina e soro fisiológico 20 mL/kg.
(B) Ceftriaxona, bicarbonato de sódio e soro fisiológico 20 mL/kg.
(C) Ventilação com pressão positiva, seguida de compressões
torácicas e atropina.
(D) Gluconato de cálcio, diurético de alça e restrição hídrica.

QUESTÃO 48
(A) Iniciar tratamento com ceftriaxona e clindamicina endovenosas Recém-nascido, sexo masculino, 5 dias de vida, está em retorno
e solicitar tomografia de mastoide e crânio. ambulatorial breve para reavaliação de icterícia. Trata-se de criança
(B) Manter tratamento atual e considerar escalonar antibiótico se nascida de termo (39 semanas), parto vaginal, Apgar 9/9, peso de
febre persistir além de 72 horas. nascimento de 3.250 g, bolsa rota uma hora antes do parto. Pré-natal
(C) Trocar antibioticoterapia para amoxicilina com clavulanato oral sem anormalidades. A tipagem sanguínea do recém-nascido e de
e reavaliar em 48 a 72 horas. sua mãe foram O positivo, e o teste de Coombs direto foi negativo.
(D) Iniciar oxacilina endovenosa e realizar a drenagem percutânea Evoluiu sem intercorrências na maternidade e recebeu alta hospitalar
da região retroauricular esquerda. com 48 horas de vida e em aleitamento materno exclusivo. No
momento, está em aleitamento materno exclusivo, pesando 2.850
g, ictérico zona III de Kramer, sendo o restante do exame clínico
QUESTÃO 46 normal. Colhido o exame de bilirrubina indireta que foi de 11 mg/
Durante a consulta de um bebê de 2 meses de idade, nota-se que a mãe, dL. A conduta recomendada neste caso é:
ao trocar a fralda do bebê, fala com ele num linguajar infantilizado
(“manhês”). Como esta atitude é considerada? (A) Indicar internação hospitalar para fototerapia e coleta de
hemograma, reticulócitos e G6PD.
(A) Desnecessária, pois nesta idade não é possível reconhecer a fala. (B) Solicitar ultrassonografia de abdome superior e programar
(B) Adequada, por denotar um bom vínculo entre a mãe e a criança. biópsia hepática.
(C) Prejudicial, porque é um estímulo para o desenvolvimento (C) Orientar aleitamento materno mais frequente e reavaliação em
inadequado da fala. 48 a 72 horas.
(D) Inadequada, porque a linguagem expressiva se manifesta (D) Substituir aleitamento materno por fórmula parcialmente
próximo aos 12 meses. hidrolisada e reavaliação em 5 dias.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 15

QUESTÃO 49 QUESTÃO 51
Lactente, sexo feminino, 2 meses e 15 dias de idade, é trazida ao serviço Lactente, sexo masculino, 1 ano e 6 meses de idade, portador de
de emergência devido a quadro de irritabilidade, vômitos e ausência Hemofilia A com atividade inferior a 1%, em reposição regular de
de evacuação há um dia. Trata-se de criança nascida de termo, sem fator VIII, apresentou queda da cama há cerca de 1 hora, sem perda
intercorrências perinatais, em aleitamento materno complementado de consciência, evoluindo com 3 episódios vômitos após a queda. Na
com fórmula láctea de partida desde a alta da maternidade. Apresenta admissão no serviço de emergência estava em bom estado geral, alerta
vacinação em dia de acordo com o calendário nacional. Ao exame e orientado, mas pouco colaborativo ao exame clínico, o que, segundo
clínico, está em regular estado geral, descorada 1+/4+, e apresenta os pais, já é habitual em consultas pediátricas. Ao exame clínico,
episódios de choro inconsolável. Após exame de toque retal, a paciente notado apenas hematoma de cerca de 2 cm em região occipital, sem
eliminou evacuação conforme a imagem a seguir: outras alterações. Qual das alternativas abaixo contém as medidas
iniciais, na sequência cronológica em que elas devem ser realizadas?

(A) Sedação e tomografia de crânio; administração de fator VIII


(correção 100%) se sangramento intracraniano.
(B) Observação hospitalar por 6 horas; sedação e tomografia de
crânio se surgirem alterações neurológicas.
(C) Administração de fator VIII (correção 100%); sedação e
tomografia de crânio.
(D) Alta hospitalar com manutenção da reposição regular de fator
VIII, porém em dose dobrada.

QUESTÃO 52
Pré-escolar, sexo feminino, 4 anos de idade, vítima de atropelamento,
foi admitida na sala de emergência em choque hemorrágico. Devido
Qual das opções abaixo confirmará a principal hipótese diagnóstica? colapso circulatório, não foi possível obtenção de acesso vascular
(A) Teste de exclusão de proteína de leite de vaca. periférico, sendo indicado acesso intraósseo. Na primeira tentativa
(B) Realização de ultrassonografia de abdome. de canulação óssea, realizada na tíbia proximal direita, houve
(C) Coleta de coprocultura e pesquisa de toxina de transfixação. Como a paciente apresentava fratura em tíbia esquerda,
Clostridium difficile. optou-se por realizar a segunda tentativa no local apontado pelo dedo
(D) Realização de radiografia de abdome em posição ortostática e indicador da mão direita na figura A. Após a canulação óssea, a agulha
decúbito dorsal. está firme e houve retorno do fluido mostrado na Figura B.

QUESTÃO 50
Adolescente, sexo feminino, 13 anos de idade, está internada há 6
meses para tratamento de um câncer. Ao longo dessa internação,
a adolescente e seus pais iniciaram uma página na internet sobre a
doença e, em pouco tempo, a família já tinha milhões de seguidores,
incluindo membros da equipe médica do hospital. A adolescente era
muito ativa nas redes sociais e todos os dias postava detalhes da sua
rotina no hospital. A resposta ao tratamento não foi boa e o caso clínico
considerado sem proposta terapêutica curativa. Imediatamente, a
família foi buscar informações na internet e descobriu a possibilidade
de uma nova droga, de alto custo, recém-publicada para este tipo Figura A
de câncer. Essa droga, no entanto, não foi descrita como eficaz
para o subtipo específico do câncer desta paciente, mas a família
se recusa a aceitar os argumentos médicos e imediatamente iniciou Figura B
uma campanha na internet para pressionar o hospital a adquirir a
medicação. Diante do conflito estabelecido e considerando o código Qual é a afirmação correta com relação ao procedimento descrito?
de ética médica, qual deve ser a postura da instituição?
(A) O local é apropriado, mas houve acidente de punção e a agulha
(A) A instituição não pode divulgar dados específicos da paciente deve ser retirada.
sem autorização, ainda que a mesma já os tenha tornado (B) O local é inapropriado, deve-se optar pela espinha ilíaca
públicos, independente do objetivo desta divulgação. anterossuperior.
(B) Com a justificativa de prover um bem coletivo maior e evitando (C) O acesso obtido é apropriado para cristaloides, mas não para
a desinformação, a instituição está autorizada nesse cenário a hemocomponentes.
prover publicamente detalhes do caso, pois este já é público. (D) O local é apropriado e o acesso intraósseo parece bem locado.
(C) A luz do código de ética médica, não há uma definição clara
quanto a obrigação da instituição em manter a privacidade
sobre as informações médicas de um caso que já está público.
(D) A instituição pode incentivar os membros da equipe presentes
nas redes sociais da paciente, que assim desejarem, a utilizar as
mesmas como canal de esclarecimento à população.
16 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 53 QUESTÃO 55
Escolar, sexo masculino, 9 anos de idade, portador de osteossarcoma, Escolar, sexo feminino, 6 anos de idade, portadora de síndrome
realizou último ciclo de quimioterapia há 6 dias. É trazido ao Pronto- nefrótica córtico-dependente, está internada em enfermaria de
Socorro com queixa de picos febris de até 39ºC há um dia, vômitos, pediatria há 4 dias. A paciente apresentou sintomas compatíveis com
dor abdominal, dor anal e lesões em cavidade oral conforme imagem resfriado comum iniciados há 1 semana e, no dia da internação, mãe
abaixo. Admitido na sala de emergência em mau estado geral, relatava redução importante da diurese e lipotimia. O peso aferido na
descorado 2+/4, FC: 180 bpm, FR: 50 irpm, PA: 70 x 40 mmHg, chegada foi de 31 kg (ganho de 6 kg em relação à última consulta).
saturação de O2: 98% em ar ambiente, tempo de enchimento capilar Hoje, a paciente está no quarto dia de internação, recebendo dieta
6 segundos, pulsos finos, cateter central de longa permanência sem hipossódica, infusão endovenosa de albumina humana uma vez ao dia
sinais flogísticos. Exames coletados na véspera mostram Hb: 8,2 g/dL, (última dose ontem pela manhã) e prednisona oral. Está sem novas
leucócitos 150/mm3 (sem diferencial devido à baixa celularidade), queixas, em bom estado geral, afebril e normotensa. Seguem abaixo:
plaquetas 50.000/µL. O paciente recebeu expansão volêmica a tabela com a evolução dos exames laboratoriais na internação e o
adequada, antimicrobianos e, após 30 minutos do atendimento balanço hídrico registrado pela enfermagem nas últimas 24 horas.
inicial, seguia sem melhora significativa dos sinais descritos.
1o Dia 4o Dia
Ureia (mg/dL) 60 20
Creatinina (mg/dL) 0,96 0,35
Sódio (mEq/L) 128 136
Potássio (mEq/L) 4,3 4,2
Hb (g/dL) / Ht (%) 16/48 13/39
Peso-para-idade Meninos
Proteína total (g/dL) 4,0 5,0
Percentil
Albumina (g/dL) nascimento
1,2 a 2 anos
2,2

Ganhos Perdas Anotações


Qual é a alternativa que contém respectivamente o melhor esquema Horário Oral Endovenoso Diurese
antimicrobiano inicial e a próxima medida a ser instituída,
considerando que não houve melhora dos parâmetros clínicos após 6:00 100ml 100ml Peso: 26kg
a expansão volêmica? 10:00 50ml Albumina 125ml
14:00 75ml 300ml
(A) Ceftriaxona e fluconazol. Introduzir epinefrina
endovenosa contínua. 18:00 150ml 400ml
(B) Ceftazidima e aciclovir. Solicitar concentrados de hemácias e 22:00 100ml
de plaquetas. 2:00 - 400ml
(C) Piperaciclina-tazobactam. Solicitar concentrados
de hemácias e de plaquetas. 6:00 - Peso: 25 kg
(D) Meropenem e vancomicina. Introduzir TOTAL 600ml 1200ml
epinefrina endovenosa contínua.
Qual é a afirmação correta com relação à programação a ser
QUESTÃO 54 estabelecida?
Você está na sala de parto e recebe um recém-nascido termo (38 (A) Segue apresentando indicação de albumina humana endovenosa
semanas), que nasceu com respiração irregular e tônus fraco, sendo diariamente.
o cordão umbilical clampeado imediatamente. O paciente foi levado (B) Tem indicação de receber diurético de alça duas a três vezes
para o berço com calor radiante, secado, retirado campos úmidos, ao dia.
e posicionado. Após esses primeiros passos, a avaliação constatou (C) Apresenta condições de alta hospitalar e seguimento ambulatorial.
movimentos respiratórios ausentes e frequência cardíaca de 80 bpm. (D) Tem indicação de receber soro de manutenção basal
O próximo passo na reanimação neonatal é: 100ml/100kcal, restrito em sódio.

(A) Infundir por via endovenosa adrenalina e expansor de volume QUESTÃO 56


10 ml/kg. Recém-nascido, sexo masculino, 19 dias de vida, está em consulta
(B) Ventilar com pressão positiva e máscara com oxigênio a 21%. ambulatorial. Trata-se de recém-nascido de termo, parto vaginal
(C) Oferecer 100% de oxigênio em máscara aberta. hospitalar, mãe com 28 anos de idade, sem seguimento adequado no
(D) Realizar massagem cardíaca sincronizada com a ventilação. pré-natal. Nota-se edema palpebral bilateral, conjuntivas hiperemiadas
e secreção ocular purulenta há um dia. Sem outras alterações
significativas ao exame clínico. Qual é o diagnóstico mais provável?

(A) Conjuntivite por clamídia.


(B) Conjuntivite química por nitrato de prata.
(C) Conjuntivite gonocócica.
(D) Obstrução de ducto lacrimal.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 17

QUESTÃO 57
Pré-escolar, sexo masculino, 2 anos e 6 meses de idade, está em consulta ambulatorial de rotina em UBS. Mãe conta que, neste último ano, desde
que a criança entrou na creche, ficou gripada praticamente todo mês. Nos últimos 6 meses, a mãe refere que a crian ça precisou usar antibiótico
cinco vezes (uma internação em UTI por pneumonia, três otites médias agudas e uma celulite em membro inferior direito). A mãe trouxe a
radiografia de tórax realizada durante a internação em UTI:

Além dessa internação, ocorreram outras duas, ambas em enfermaria: diarreia com desidratação grave aos 7 meses; celulite periorbitária secundária
à sinusite bacteriana aos 2 anos de idade.
Apresenta vacinação em dia seguindo o programa nacional de imunizações. Aceita bem todos os tipos de alimento, exceto carne. Recebeu
vitamina A e D profiláticas até os 2 anos de idade, mas nunca recebeu sulfato ferroso profilático, porque não gostava do gosto e sempre cuspia
a medicação.
O peso e a estatura atuais são idênticos aos de seis meses atrás, quando realizou a última consulta de puericultura.
As curvas antropométricas estão representadas abaixo:

Qual é a conduta prioritária na consulta atual com base no diagnóstico mais provável?
(A) Reorientar alimentação, coletar hemograma e perfil de ferro e marcar retorno breve para decidir sobre necessidade de sulfato ferroso em
dose terapêutica.
(B) Orientar que as infecções são frequentes nesta faixa etária devido aos baixos níveis de IgA esperados para a idade, e que as infecções se
intensificam com a entrada na creche.
(C) Dosar hormônios tireoidianos (TSH e T4 livre) e de crescimento (GH, IGF1 e IGF BP3) e encaminhar para seguimento com endocrinologista.
(D) Iniciar investigação com coleta de hemograma completo, imunoglobulinas séricas, complemento, sorologia para sarampo e encaminhar
para imunologista.

QUESTÃO 58
Pré-escolar, sexo feminino, 3 anos de idade, sem comorbidades prévias, é levada pela mãe ao Pronto-Socorro por queixa de recusa ao deambular,
com choro intenso quando colocada em pé, referindo dor em membros inferiores bilateralmente. Nega febre, nega outras queixas, nega traumas.
Refere que teve quadro diarreico há 15 dias, com duração de 3 dias, já resolvido. Ao exame clínico, demonstra dor à manipulação dos membros
inferiores, com hipotonia muscular e força muscular grau III em porção distal e grau IV em porção proximal dos membros inferiores. Hiporreflexia
patelar bilateral. Membros superiores com força, sensibilidade e reflexos preservados. Sem outros achados significativos. Qual das alternativas
abaixo apresenta os resultados de exames complementares compatíveis com a hipótese diagnóstica mais provável para o caso?
(A) Eletroencefalograma: traçado compatível com padrão de hipsarritmia.
(B) Líquor: 3 células/mm3, 0 hemácias/mm3, glicose: 63 g/dL, proteína: 187 mg/dL, bacterioscopia negativa.
(C) Tomografia de coluna lombossacra: invasão do canal vertebral e compressão medular.
(D) VHS: 100 mm/h, proteína C reativa: 120 mg/L; creatinofosfoquinase (CPK): 2.000 U/L.
18 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 59
Recém-nascido, sexo feminino, 24 horas de vida, está no alojamento conjunto. Nascida com idade gestacional de 40 semanas e 2 dias, parto
fórcipe, Apgar 8/9, peso de 3.950 g, com período expulsivo prolongado. Criança recebeu vacina de hepatite B, nitrato de prata ocular e vitamina
K intramuscular. Pré-natal sem anormalidades. Ao exame clínico, criança em bom estado geral, e a inspeção da cabeça mostrou a presença de um
abaulamento (Figura A), cujos limites anatômicos estão esquematicamente representados abaixo (figura B). Sem outras alterações significativas.

Figura A Figura B

Qual é a conduta, considerando a principal hipótese diagnóstica?


(A) Observação clínica e monitorização de icterícia.
(B) Punção ou drenagem da coleção serossanguinolenta.
(C) Realização de ressonância magnética de crânio.
(D) Realização de segunda dose de vitamina K intramuscular.

QUESTÃO 60
Recém-nascido, 40 semanas de idade gestacional, sexo masculino, nasceu de parto cesárea por falha de indução, Apgar 9/10, peso de 2.950 g.
Mãe primigesta, 20 anos, não fez pré-natal e relata ser usuária habitual de drogas ilícitas. O menor está sendo examinado no alojamento conjunto,
com 72 horas de vida, e alguns dados do exame clínico estão apresentados nas imagens abaixo.

Qual é a conduta indicada face aos dados clínicos apresentados?

(A) Apuração de maus-tratos no alojamento conjunto.


(B) Solicitação de cariótipo.
(C) Investigação neurológica complementar.
(D) Alta hospitalar com seguimento de rotina em UBS.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 19

QUESTÃO 61
Mulher, 63 anos de idade, com antecedente de ressecção de melanoma no dorso, operado há 3 anos, com Breslow de 0,76mm. Em seguimento
dermatológico de rotina, foi realizada dermatoscopia que evidenciou lesão no antebraço direito. Foi indicada a ressecção da lesão para diagnóstico.
Qual é a alternativa que apresenta a linha de incisão na pele que deve ser realizada?

(A) (B) (C) (D)

QUESTÃO 62
Homem, 62 anos de idade, é admitido no serviço de emergência devido a dor abdominal em cólica, vômitos e distensão abdominal há 4 dias.
Última evacuação há 5 dias e, desde então, não elimina gases. Refere cólica abdominal há 3 meses, com vômitos esporádicos que melhorava com
jejum e medicamento antiespasmódico. Tem hipertensão arterial controlada e nega operações abdominais prévias.
Ao exame físico:
Bom estado, desidratado, eupneico.
Abdome: distendido, ruídos hidroaéreos aumentados, doloroso à palpação profunda sem irritação peritoneal. Toque retal: sem fezes na ampola.
Exames laboratoriais: Hb: 10,9 g/dL; Ht: 38%; Creatinina: 2,9 mg/dL; Ureia: 110 mg/dL. Demais exames sem alterações.

Realizada a tomografia de abdome apresentada.

Qual é a principal hipótese diagnóstica?


(A) Abdome agudo obstrutivo ao nível do sigmoide.
(B) Síndrome de Ogilvie.
(C) Abdome agudo obstrutivo ao nível de delgado.
(D) Íleo paralítico.

QUESTÃO 63
Homem, 76 anos de idade, está internado em Unidade de Terapia Intensiva de Hospital Terciário devido a pneumonia bacteriana. Evoluiu há 1
dia com dor abdominal inespecífica, mais acentuada no abdome superior. Ao exame físico:
Regular estado geral, confuso, FC: 90bpm; PA: 90 x 60 mmHg (uso de noradrenalina), Sat.O2: 92% (máscara de oxigênio), FR: 22 ipm.
Abdome: distensão abdominal difusa e dor mais intensa em hipocôndrio direito.
Exames laboratoriais: Hb 11,5g/dL; Leucócitos 19.500 mm3; Creatinina: 2,7 mg/dL; Ureia: 98 mg/dL; PCR 170 mg/dL; TGO 125U/L; TGP
160 U/L; FA: 230; GGT: 198; Bilirrubina total: 3,8.
Calculado o escore de APACHE2: 19.
Realizada tomografia de abdome que evidenciou distensão da vesícula biliar com borramento e densificação dos planos adjacentes, bile espessa e
cálculo de 1 cm no infundíbulo, sem dilatação da via biliar.
Qual é a conduta mais adequada neste momento?
(A) Colangiografia endoscópica retrógrada com papilotomia.
(B) Colecistectomia por laparotomia com colangiografia.
(C) Colecistectomia laparoscópica com colangiografia.
(D) Drenagem percutânea transhepática da vesícula biliar.
20 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 64 QUESTÃO 67
Mulher, 31 anos de idade, com obesidade grau 1 está internada devido Mulher, 64 anos de idade, diabética, foi submetida a correção de
a pancreatite aguda leve. Evoluiu com melhora da dor, 2 dias após o hérnia incisional através de laparotomia mediana. A técnica operatória
início dos sintomas. Tem diabete melito tipo 2 e hipotireoidismo. empregada foi a colocação de tela de polipropileno sobre a aponeurose
Foi submetida a ultrassonografia de abdome que evidenciou vesícula (onlay). Na figura a seguir é possível observar o descolamento do
biliar de paredes finas, sem cálculos e com via biliar de 0,4 cm. Nega tecido subcutâneo da aponeurose e a fixação da tela. Foram colocados
uso abusivo de álcool. Qual é o próximo passo? 2 drenos fechados devido ao descolamento.
(A) Realizar ecoendoscopia.
(B) Colecistectomia com colangiografia.
(C) Tratamento com ácido ursodesoxicólico.
(D) Realizar tomografia de abdome.

QUESTÃO 65
Mulher, 43 anos de idade, foi admitida no serviço de emergência
devido a dor no hipocôndrio direito. Ao exame físico apresentava
sinal de Murphy positivo.
Tem hipertensão arterial e diabete melito controlados com
medicamentos. Realizados exames bioquímicos que evidenciaram
leucograma de 14.373/mm3 e PCR de 45 mg/L. O ultrassom
evidenciou espessamento e delaminação da parede da vesícula
biliar, com cálculo impactado no infundíbulo. Foi submetida a
colecistectomia laparoscópica que evidenciou intenso processo
inflamatório perivesicular. Realizada punção da vesícula, com saída de Além do seroma, qual é a complicação operatória mais frequente
bile escura. Neste cenário, qual é o tempo de antibiótico preconizado? deste procedimento?
(A) Até 24 horas. (A) Necrose de pele e subcutâneo.
(B) 72 horas. (B) Infecção crônica da tela.
(C) 5 dias. (C) Rejeição da tela.
(D) 7 dias. (D) Deiscência da aponeurose.
QUESTÃO 66 QUESTÃO 68
Mulher, 47 anos de idade, foi submetida a laparotomia exploradora Homem, 19 anos de idade, foi vítima de ferimento por arma branca
devido a obstrução intestinal por tumor no cólon direito. Foi no dorso. Na sala emergência encontrava-se:
realizada colectomia direita com ileostomia terminal. Tem diabete
melito, hipertensão arterial não controlada e é tabagista. No 4o A: Via aérea pérvia. Saturação de oxigênio de 98% em ar ambiente.
pós-operatório apresentou saída de líquido serohemático pela ferida B: Ausculta pulmonar sem alteração.
operatória. Hoje, encontra-se no 7o pós- operatório e a imagem da C: PA: 140 x 80 mmHg; FC: 90 bpm; Tempo de enchimento capilar
ferida está representada pela imagem a seguir. Nesta paciente, quais normal. FAST abdominal negativo.
são os fatores de risco para esta complicação? D: Escala de Coma de Glasgow: 15.
E: Ausência de dor abdominal; sondagem vesical com diurese clara.
Toque retal sem alterações. Ferimento no dorso conforme imagem
a seguir.

Realizada radiografia de tórax na sala de emergência, que não


evidenciou alterações. Realizada hemostasia local. Qual é a melhor
(A) Cirurgia de urgência, ileostomia, hipertensão arterial. conduta neste momento?
(B) Cirurgia de urgência, doença neoplásica, tabagismo. (A) Sutura do ferimento e profilaxia para tétano.
(C) Diabete melito, hipertensão arterial, tabagismo. (B) Laparoscopia exploradora.
(D) Ileostomia, doença neoplásica, diabete melito. (C) Tomografia de abdome.
(D) Toracoscopia.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 21

QUESTÃO 69 QUESTÃO 71
Homem, 41 anos de idade, foi vítima de atropelamento por trem. Na Homem, 44 anos de idade, foi submetido a tireoidectomia total há
admissão no serviço de emergência, encontrava-se: 6 horas. A enfermagem relata que o paciente está sentindo dificuldade
A: Intubado; Saturação de O2 85%. para “puxar o ar”, usando musculatura acessória e se encontra cada vez
B: Ausculta pulmonar abolida à esquerda, com hipertimpanismo mais agitado e sentado no leito. As imagens apresentadas ilustram a
à percussão. inspeção cervical ao você chegar (A) e nos minutos que se seguiram à
C: PA: 70x40 mmHg; FC: 140bpm; Tempo de enchimento capilar sua avaliação (B).
lentificado. FAST positivo em todos os quadrantes do abdome e
negativo no pericárdio.
D: Escala de Coma de Glasgow de 3 (sedado e intubado). Pupilas
anisocóricas (midríase à direita).
E: Amputação traumática de perna esquerda com curativo encharcado
de sangue.
Com relação às lesões do doente, qual é a sequência correta
do tratamento?
(A) 1. Drenagem torácica; 2. Torniquete em membro inferior;
3. Tomografia de crânio; 4. Laparotomia exploradora.
(B) 1. Tomografia de crânio; 2. Drenagem torácica;
3. Laparotomia exploradora; 4. Torniquete em membro
inferior.
(C) 1. Drenagem torácica; 2. Torniquete em membro inferior;
3. Laparotomia exploradora; 4. Tomografia de crânio.
(D) 1. Torniquete em membro inferior; 2. Drenagem torácica;
3. Tomografia de crânio; 4. Laparotomia exploradora.

QUESTÃO 70
Homem, 71 anos de idade, foi admitido no serviço de emergência
com quadro de dor e distensão abdominal e vômitos. Ao exame
físico encontrava-se eupneico, com saturação de oxigênio de 92%
em ar ambiente e distensão abdominal. Realizada tomografia de
abdome apresentada.

Qual é a conduta neste momento?


(A) Abertura imediata da sutura de pele e fáscio-muscular no leito.
(B) Traqueostomia de emergência no centro cirúrgico.
(C) Compressão do trígono carotídeo e estabilização.
(D) Cricotireoidostomia por punção no leito.
Indicada laparotomia exploradora. Exames laboratoriais séricos
revelam Hb: 9,7 g/dL; potássio: 2,9 mEq/L e sódio: 140 mEq/L; Cr: QUESTÃO 72
1,9 mg/dL e U: 90 mg/dL. Recém-nascido de termo apresenta salivação abundante e
impossibilidade de passagem da sonda orogástrica na sala de parto. A
Qual é a melhor conduta no tratamento da via aérea para a ausculta cardiopulmonar é normal e não se notam outras alterações ao
anestesia geral? exame físico. Qual é o exame indicado neste momento?
(A) Broncoscopia.
(A) Ventilar com máscara facial em pressão positiva e oxigênio
(B) Tomografia de tórax e abdome com contraste oral.
100%.
(C) Ultrassonografia de tórax e abdome.
(B) Respirar com oxigênio a 100% e usar técnica de sequência rápida.
(D) Radiografia de abdome.
(C) Respirar com oxigênio a 100% e instalar a máscara laríngea.
(D) Máscara facial em oxigênio 100% e instalar cânula de Guedel.
22 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 73 QUESTÃO 76
Homem, 28 anos de idade, procura atendimento médico com Mulher, 46 anos de idade, refere dor torácica e regurgitação após
queixa de dor e aumento do volume do testículo direito, há dois refeições há 2 anos, com piora progressiva. Quando tem dor,
meses. Nega trauma local. Ao exame físico apresenta testículo direito apresenta melhora após a ingestão de líquidos. A queixa é mais intensa
aumentado cerca de 5 vezes o normal, endurecido e doloroso. Não há após refeições sólidas, evitando alimentos com esta consistência.
hiperemia da pele escrotal e o epidídimo direito está normal. Realizou Associadamente tem regurgitação durante o sono. Perdeu 5 Kg (IMC
ultrassonografia que mostrou o testículo direito com 13 cm no maior atual: 20 kg/m2).
diâmetro, com componente sólido e heterogêneo, e áreas de necrose Realizou endoscopia digestiva alta, com achado de esofagite erosiva
e hemorragia. O testículo esquerdo está normal. Indicada realização distal leve (grau A de Los Angeles) e gastrite erosiva leve de antro.
de tomografia de tórax e abdome. Qual é a conduta neste momento? Iniciou uso pantoprazol sem melhora dos sintomas.
Retornou à consulta, quando foi solicitada uma radiografia
(A) Coleta de alfa-feto proteína, DHL e betaHCG; orquiectomia contrastada de esôfago, estômago e duodeno.
por inguinotomia.
(B) Coleta de CEA, CA72.4 e DHL; biópsia do testículo com
agulha grossa.
(C) Coleta de alfa feto proteína, DHL e betaHCG; biópsia do
testículo com agulha grossa.
(D) Coleta de CEA, CA72.4 e DHL; orquiectomia por
inguinotomia.

QUESTÃO 74
Homem, 67 anos de idade, está em tratamento paliativo para
neoplasia de reto estadio IV. Tem diabete melito e é ex-tabagista.
Há 4 semanas, foi submetido a toracocentese de alívio, com retirada
de 1100 mL. Houve melhora dos sintomas e expansão pulmonar
completa em radiografia de controle. Retorna ao ambulatório com
queixa de há 1 semana recidiva da dispneia e tosse seca. Nega dor
torácica e febre. Apresenta KPS (performance status de Karnofsky)
de 60. Abaixo a radiografia de tórax atual. Análise do líquido pleural
confirmou etiologia neoplásica.

Considerando a principal hipótese diagnóstica, qual é o tratamento?


(A) Esofagectomia subtotal.
(B) Hiatoplastia e fundoplicatura parcial.
(C) Hiatoplastia e fundoplicatura total.
Qual é a conduta nesta situação? (D) Cardiomiotomia e fundoplicatura parcial.
(A) Repetir a toracocentese esvaziadora.
(B) Drenagem com cateter pleural e pleurodese. QUESTÃO 77
(C) Drenagem com cateter pleural e manter até diminuir o débito. Homem, 60 anos de idade, com antecedente de tabagismo e
(D) Toracotomia com pleurectomia parietal ampla. hipertensão, procura o hospital com queixa de dor abdominal súbita,
de forte intensidade, irradiada para flanco e lombar à esquerda, há
QUESTÃO 75 4 horas. Relata que teve um quase desmaio, com sudorese fria no
Mulher, 33 anos de idade, foi submetida a gastroplastia em Y de Roux momento do início da dor, e se recuperou após alguns minutos. Ao
para tratamento de obesidade mórbida, há 2 meses. Procura o serviço exame físico, apresenta-se normotenso, corado e bem perfundido,
de urgência com queixa de disfagia, regurgitação de alimentos sólidos, com pulsos palpáveis em todas as extremidades. O exame clínico
há 1 mês, com piora progressiva. Ao exame físico: bom estado geral, do abdome revela massa pulsátil dolorosa. Qual é a principal
desidratada, corada, abdome flácido e indolor à palpação. hipótese diagnóstica?
Qual é a principal hipótese diagnóstica?
(A) Transtorno alimentar (bulimia). (A) Aneurisma de aorta roto, tamponado.
(B) Hérnia interna. (B) Dissecção aguda de aorta abdominal.
(C) Estenose da enteroentero anastomose. (C) Trombose aguda da aorta abdominal.
(D) Estenose da gastroenteroanastomose. (D) Aneurisma de aorta de crescimento recente.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 23

QUESTÃO 78
Homem, 65 anos de idade, com hepatite C e cirrose diagnosticados há 6 anos. Identificou nódulo hepático em ultrassom abdominal de
seguimento. A hepatite C está com resposta virológica sustentada. Realizada endoscopia digestiva alta que não identificou varizes de esôfago. Tem
função hepática preservada (Child-Pugh A).
Ao exame, está anictérico, sem encefalopatia e não apresenta estigmas de hepatopatia crônica. Palpação abdominal sem alterações. Os exames
laboratoriais não apresentam alterações e a alfafetoproteína é normal. Realizada tomografia computadorizada que evidenciou nódulo bem
delimitado entre os segmentos 2 e 3 medindo 3,5 x 3,3 cm. As fases contrastadas evidenciaram lesão hipervascular com fluxo rápido e homogêneo
na fase arterial, seguido de lavagem (“washout”) nas fases mais tardias. Qual a afirmativa correta?
(A) Alfafetoproteina normal exclui o diagnóstico de carcinoma hepatocelular.
(B) A função hepática preservada autoriza a hepatectomia parcial.
(C) A biópsia da lesão é essencial para a confirmação diagnóstica e definição da conduta.
(D) A inclusão em fila de transplante hepático está contraindicada.

QUESTÃO 79
Menino, 5 anos de idade, caiu da bicicleta. Ao exame físico tem dor e deformidade do cotovelo. No serviço de urgência, foi realizada a
radiografia apresentada.

Qual é o nervo mais acometido nesse tipo de fratura?

(A) Nervo ulnar.


(B) Nervo radial.
(C) Nervo interósseo anterior.
(D) Nervo interósseo posterior.

QUESTÃO 80
Homem, 94 anos de idade, notou aparecimento de lesão crostosa e elevada na região
parietal direita, de crescimento gradativo, há 6 meses. A biópsia prévia confirmou carcinoma
espinocelular superficialmente invasivo, bem diferenciado. A imagem a seguir mostra a
demarcação das margens oncológicas para carcinoma espinocelular, tendo como margem
profunda a ressecção da gálea aponeurótica e o periósteo.

Neste caso, qual é a melhor técnica para reconstrução e cobertura do defeito?


(A) Retalho cutâneo microcirúrgico.
(B) Retalho cutâneo de transposição.
(C) Enxertia de pele espessura parcial.
(D) Enxertia de pele espessura total.

QUESTÃO 81
Mulher, 43 anos de idade, queixa-se de ausência de menstruação há 60 dias. Realizou teste de gravidez com resultado negativo. Refere que
apresentava ciclos menstruais regulares, com intervalos de 30 dias e duração de 4 dias. Utiliza preservativo masculino como contracepção.
Apresenta 2 gestações com 2 partos normais, último há 6 anos. Apresenta antecedente de ooforectomia direita há 20 anos por torção anexial.
Hipertensão arterial leve em uso de anlodipino 5mg há 4 anos. Há 4 meses em uso de sulpirida por quadro de depressão.
Exame físico geral: FC 82, PA 120 x 80 mmHg, FR 12 irpm; acne leve em face e discreto rash cutâneo em tórax.
Exame de mamas: palpação fibroglandular, discretamente dolorida, sem nódulos ou retrações, regiões axilares sem linfonodos palpáveis, expressão
areolo-papilar sem alterações.
Genitais externos tróficos; especular colo epitelizado, conteúdo vaginal habitual.
Toque vaginal útero AVF, móvel, indolor, regiões anexiais livres e sem massas identificáveis. Considerando as informações clínicas, qual é a
principal hipótese diagnóstica?
(A) Falência prematura ovariana.
(B) Gravidez psicológica.
(C) Síndrome ovários policísticos.
(D) Bloqueio de gonadotrofinas.
24 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 82 QUESTÃO 84
Mulher de 30 anos com antecedente de 2 partos vaginais será Mulher, 45 anos de idade, é submetida a histerectomia total
submetida a inserção de dispositivo intra uterino. Qual dos seguintes abdominal. Após a retirada do útero, o cirurgião sutura a cúpula
instrumentos é necessário para este procedimento? vaginal através da aproximação da mucosa vaginal com pontos
(A) separados de poligalactina 00. Qual é o próximo tempo cirúrgico?

(A) Sutura dos ligamentos útero-sacros à cúpula vaginal.


(B) Fixação dos ligamentos pubo-vésico-cervicais à cúpula vaginal.
(C) Fixação dos ligamentos redondos à cúpula vaginal.
(D) Sutura do infundíbulo pélvico à cúpula vaginal.

QUESTÃO 85
Mulher, 60 anos, passa em consulta de rotina anual. Hipertensa em
(B) uso de anlodipino e diabetes controlado com metformina. Ao exame
clínico das mamas observa-se linfonodos endurecidos, coalescidos,
pouco móveis em palpação da axila direita e supraclavicular direita.
A mamografia é apresentada. A principal hipótese diagnóstica é
confirmada. Qual é a conduta adequada?

(C)

(D)

(A) Mastectomia radical.


(B) Quimioterapia primária.
(C) Radioterapia primária.
(D) Quadrantectomia com pesquisa de linfonodo sentinela.

QUESTÃO 83
Mulher, 38 anos de idade, refere eventual perda urinária aos grandes
esforços. Apresenta antecedente de 2 gestações e 2 partos normais, o
último há 8 anos. Ciclos menstruais regulares e uso de preservativo.
Nega cirurgias ou uso de medicamentos.
Exame físico geral sem alterações.
Exame ginecológico: discreta cistocele à Manobra de Valsalva, sem
perda de urina observável. Especular com conteúdo vaginal habitual,
colo do útero epitelizado.
A orientação para controle inicial da perda de urina é a realização
de exercícios de Kegel. Nesta prática, qual é a musculatura que deve
ser exercitada?
(A) Esfíncter externo vesical.
(B) Pubo-coccígea.
(C) Obturador interno.
(D) Detrusor.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 25

QUESTÃO 86 QUESTÃO 87
Mulher, 28 anos refere ter sido submetida a curetagem uterina Mulher, 60 anos de idade, havia recebido o diagnóstico de osteopenia.
por abortamento de 3 meses de gestação, há 6 meses. Desde o Foi orientada a realizar exercícios físicos, consumir alimentos ricos em
procedimento não apresentou menstruações. Nega gestações cálcio e suplemento de vitamina D. Por influência de redes sociais,
anteriores, nega uso de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. iniciou por conta própria a ingestão de 40 mil unidades de vitamina D
Qual é a imagem compatível com a principal hipótese diagnóstica? por dia. Qual alternativa reflete a consequência desta suplementação
em longo prazo?
(A)
(A) Aumento da massa óssea.
(B) Hipotensão arterial.
(C) Nefrocalcinose.
(D) Hipocalcemia.

QUESTÃO 88
Mulher, 18 anos de idade, refere cólica menstrual importante,
iniciando um dia antes do fluxo menstrual. Refere ciclos menstruais
regulares de 30 dias com duração de 4 dias. Menarca 12 anos e
aparecimento das cólicas desde os 16 anos. Iniciou vida sexual
aos 17 anos, faz uso de preservativo irregularmente. Nega dor à
relação sexual, refere orgasmo. Exame clínico geral sem alterações.
Exame ginecológico com genitais externos sem alteração, especular
conteúdo vaginal habitual, colo epitelizado. Toque vaginal útero
(B) em anteversoflexão, volume habitual, móvel, não doloroso, regiões
anexiais livres e indolores. Qual é o tratamento inicial adequado?
(A) Gestriona.
(B) Azitromicina.
(C) DIU progesterona.
(D) Ácido mefenâmico.

QUESTÃO 89
Mulher, 23 anos, atleta profissional de atletismo apresenta fratura
de stress tibial. Refere que se encontra em amenorreia há 2 anos.
Nuligesta, em uso de preservativo como contraceptivo. Teste de
gravidez negativo. Na avaliação da fratura observou-se que apresenta
baixa densidade mineral óssea. Além do tratamento específico da
fratura, a paciente foi orientada para reprogramação de seus treinos
(C) e adaptação da dieta para maior ingesta energética. Qual a conduta
mais adequada?

(A) Contraceptivo hormonal combinado.


(B) Bifosfonato.
(C) Ingesta de doses elevadas de cálcio quelado.
(D) Musculação.

QUESTÃO 90
Mulher de 30 anos de idade está em processo de fertilização in vitro.
Recebeu estimulação hormonal para estimulação ovariana, com
boa resposta e o desenvolvimento de múltiplos folículos/oócitos e
desenvolvimento acentuado de ambos os ovários. Qual a principal
complicação associada a este procedimento?
(D) (A) Endometrite.
(B) Ascite e derrame pleural.
(C) Ooforite.
(D) Gemelaridade.
26 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

ATENÇÃO: O caso seguinte se refere às questões 91 e 92 Mulher QUESTÃO 94


de 31 anos de idade, secundigesta, nulípara, chega ao pronto No puerpério imediato, paciente apresentou sangramento uterino
atendimento referindo náuseas e vômitos intensos (3 a 4 episódios importante havendo necessidade de hemotransfusão. Após administração
por dia). Refere data da última menstruação em 23/09/2021. de ácido tranexâmico e uterotônicos, sem resposta. Houve indicação de
Portadora de distúrbio de ansiedade em uso de Sertralina 100 mg por intervenção cirúrgica, com o seguinte achado operatório.
dia, chegou bastante agitada.
Ao exame clínico, paciente em regular estado geral, desidratada 2+/
4+, PA 90x62 mmHg, FC 124 bpm, rítmico, Saturação 98%. Exame
ginecológico mostrou conteúdo vaginal fisiológico, colo impérvio e
útero compatível com a idade gestacional.
Foram colhidos os seguintes exames: Hb 11,4 g/dl; Ht 34,2%,
Leucócitos 10,66mil/mm3; Plaquetas 268 mil/mm3; TSH 0,02 UI/
ml, T4 total 8,2 mcg/dl; TGO 19U/L; TGP 28U/L; Cr 0,51 mg/
dl; U 15 mg/dl; Na 136 mEq/L; K 3,0 mEq/L; PCR 0,06 mg/L;
gasometria venosa (pH 7,47; pO2 80,1 mmHg; pCO2 29,2 mmHg;
HCO3 29,1 mmol/L; BE +10).
Eletrocardiograma:

Qual é a próxima conduta na sequência de atendimento cirúrgico?


QUESTÃO 91
(A) Histerectomia total.
(B) Sutura compressiva.
Além da prescrição de antiemético e hidratação, qual é a prescrição (C) Ligadura de artérias hipogástricas.
mais adequada no pronto atendimento? (D) Observação.
(A) Reposição de bicarbonato endovenosa.
(B) Ofertar oxigênio em máscara aberta. QUESTÃO 95
(C) Reposição de potássio endovenosa. Mulher de 28 anos de idade, chega ao Pronto-Socorro com queixa de
(D) Administrar diurético endovenoso. dor de forte intensidade em hipogástrio acompanhada de sangramento
vaginal de pequena quantidade. Na anamnese relata um abortamento
QUESTÃO 92
espontâneo há 18 meses. Refere data da última menstruação em
08/10/2021. Refere ser diabética tipo I há 15 anos. Ao exame clínico:
Após estabilização do quadro agudo, qual é a conduta mais adequada? descorada ++/4, PA 90 x 51 mmHg, FC 110 bpm, FR 23 rpm. Dor
à palpação profunda com sinal de descompressão brusca presente
(A) Repetir TSH. em fossa ilíaca direita. No toque vaginal o colo do útero é posterior,
(B) Introduzir Propiltiouracil. levemente amolecido, impérvio e com dor à mobilização. Foram
(C) Introduzir Propranolol. recebidos os seguintes resultados de exames: Hb 9,1g/dl, Ht 28,2%,
(D) Introduzir Levotiroxina. leucócitos 12.83mil/mm3, plaquetas 175 mil/mm3 e betaHCG 1820
mUI/ml. A imagem do ultrassom é apresentada.

ATENÇÃO: O caso seguinte se refere às questões 93 e 94 Gestante


de 30 anos de idade, primigesta, 33 semanas de gestação e portadora
de hipertensão arterial crônica. Está em uso de metildopa 1,0g por
dia e chega ao Pronto-Socorro com queixa de sangramento vaginal
e dor abdominal há 1 hora. Ao exame físico: descorada ++, PA
148 x 90 mmHg, FC 118 bpm, altura uterina 37 cm; BCF 102
bpm. Na palpação não há distinção das partes fetais, tônus uterino
aumentado. Ao exame especular colo sem lesões, com presença de
sangue escurecido em fundo de saco. Ao toque vaginal, colo médio,
medianizado, pérvio para 3 cm, bolsa íntegra e tensa.

QUESTÃO 93
Qual é a conduta obstétrica nesse momento?

(A) Analgesia de parto. Com base no quadro clínico e ultrassonográfico, qual é o diagnóstico?
(B) Avaliação de vitalidade fetal. (A) Abortamento tubário.
(C) Amniotomia imediata. (B) Gravidez de sítio desconhecido.
(D) Inibição de trabalho de parto prematuro. (C) Gravidez ectópica.
(D) Gravidez incipiente.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES | 27

QUESTÃO 96 QUESTÃO 98
Parturiente de 38 anos de idade, secundigesta com um parto normal Mulher de 22 anos de idade, secundigesta com um parto cesáreo
há 10 anos, 39 semanas e 2 dias de gestação encontra- se em trabalho anterior com recém-nascido de 2632g há 4 anos. Chega ao pronto
de parto há 5 horas, com analgesia de parto há uma hora. Refere pré- atendimento com dor em hipogástrio. Hoje está com 38 semanas e 2
natal sem intercorrências, última ultrassonografia obstétrica foi com dias de gestação e o pré-natal transcorreu sem intercorrências.
35 semanas de gestação, com feto único em apresentação cefálica, Ao exame: PA 110x72 mmHg, FC 88 bpm, dinâmica uterina presente
dorso à esquerda, peso fetal estimado de 3180g (percentil 95 de de 3 contrações em 10 minutos, BCF 144 bpm, altura uterina de 35
Hadlock), placenta fúndica, e índice de líquido amniótico de 18. No cm, toque com colo fino pérvio para 6 cm, apresentação cefálica, alta
momento do parto observa- se a seguinte situação: e fixa, bolsa integra, amnioscopia líquido claro com grumos grossos.

Qual é a primeira manobra obstétrica que deve ser realizada nesse


momento?

(A) Anteriorizar o dorso fetal.


(B) Fraturar a clavícula fetal.
(C) Hiperfletir as coxas da parturiente.
(D) Realizar manobra de Zavanelli.

QUESTÃO 97
Gestante de 25 anos de idade, 31 semanas e 2 dias de gestação, chega
ao pronto atendimento com queixa de coriza, tosse e febre há 5 dias.
Hoje amanheceu com falta de ar. Nega doenças prévias.
Ao exame clínico, REG, descorada+/4, hidratada, FC= 122 bpm; T=
37,9°C, Saturação 89%, bulhas rítmicas em dois tempos sem sopros,
murmúrios vesiculares presentes e diminuídos em hemitórax direito
roncos e sibilos bilaterais, altura uterina de 30cm, BCF presente e
rítmico, dinâmica uterina ausente, tônus uterino normal.
Durante o atendimento inicial foi realizada a seguinte cardiotocografia:

Além de ofertar oxigênio, qual é a conduta obstétrica?

(A) Manter monitorização fetal. Após análise do partograma, qual o diâmetro que estaria impedindo a
(B) Indicar cesárea imediata descida da apresentação?
(C) Iniciar indução do parto.
(D) Inibir trabalho de parto prematuro. (A) A.
(B) B.
(C) C.
(D) D.
28 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 99
Gestante de 17 anos de idade, com 40 semanas e 3 dias de gestação
comparece assintomática para controle de vitalidade. Ao exame clínico:
PA 110x75 mmHg, FC 78 bpm, altura uterina 36 cm, toque com colo
amolecido, grosso, posterior, pérvio para 2 cm, apresentação cefálica
no plano -2 de DeLee. Na avaliação ultrassonográfica, feto com tônus
preservado, índice de líquido amniótico de 4.6 cm, movimentos fetais
e respiratórios presentes. Cardiotocografia apresentada.

Qual é a conduta obstétrica?

(A) Indução do parto com ocitocina.


(B) Reavaliação de vitalidade fetal em 48 horas.
(C) Parto cesáreo segmentar transversa.
(D) Maturação do colo uterino com prostaglandina.

QUESTÃO 100
Primigesta de 25 anos de idade, 39 semanas de gestação, está em
trabalho de parto há 10 horas. A analgesia peridural foi instalada há 6
horas. No momento 8 cm de dilatação do colo uterino, inalterado há
2 horas. Dinâmica uterina com 5 contrações fortes em 10 minutos.
Cardiotocografia com BCF de 140 bpm, variabilidade diminuída, sem
acelerações transitórias, nem desacelerações. Na inspeção, observa-se
a figura a seguir. Qual é a conduta obstétrica?

(A) Sondagem vesical.


(B) Ocitocina endovenosa.
(C) Complementar analgesia.
(D) Cesárea imediata.
www.grupomedcof.com.br/
PROVA DE
RESIDÊNCIA MÉDICA
R1 ACESSO DIRETO
USP-SP 2022
CADERNO DE RESPOSTAS
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 33

QUESTÃO 1 TAKE-HOME MESSAGE: A causa mais frequente de


baixa de acuidade visual crônica no diabético é o edema
Estamos frente a um fundo de olho de um paciente dia- macular. As lesões da retinopatia diabética acontecem
bético e hipertenso com queixa de uma baixa de acui- por alteração da permeabilidade dos vasos, gerando pri-
dade visual crônica. Começamos pela papila do nervo meiro os microaneurismas e depois os extravasamentos
óptico, que tem limites bem definidos, portanto não há citados acima.
edema de papila. Nos vasos, podemos ver a arcada tem-
poral superior e inferior com veias ingurgitadas, que é o
beading venoso ou ensalsichamento do vaso. Notamos QUESTÃO 2
na região da mácula, que está entre as duas arcadas vas-
culares, a presença de exsudatos duros em grande quan- O paciente citado inicialmente gabarita os critérios de
tidade - pontos amarelados com limites bem definidos, enxaqueca. Ao negar fenômenos visuais ou somestési-
o que os diferencia dos exsudatos algodonosos, que são cos, a questão nos informa que não há aura, que nada
mais esbranquiçados e não tem limite bem definido -, mais é do que esse tipo de acontecimento de 5 a 60 mi-
o que é sugestivo de edema de mácula, frequentemente nutos antes da cefaleia. Porém, há seis meses a cefaleia
responsável pela baixa de acuidade crônica destes pa- mudou de característica, ficando bilateral e constante,
cientes. Além disso, notamos pequenas áreas vermelhas associada ao uso diário de analgesicos simples, o que é
fora dos vasos, as microhemorragias. muito sugestivo de cefaleia crônica diária.
Critérios diagnósticos para enxaqueca sem aura:
A. Pelo menos 5 crises preenchendo os critérios de B
aD
B. Episódios de cefaléia com duração de 4 a 72 horas
(sem tratamento eficaz)
C. A cefaléia tem, pelo menos, 2 de 4 características:
1. unilateral
2. pulsátil
3. intensidade moderada ou forte
4. agravamento por atividade física de rotina ou seu
evitamento
D. Durante a cefaléia, pelo menos 1 de 2:
1. náusea e/ou vômitos
Letra A) Correta. Pelas razões apontadas acima.
2. fotofobia e fonofobia
Letra B) Incorreta. Não vemos áreas de descolamento
de retina e os limites da papila do nervo óptica es- E. Não melhor explicada por outro diagnóstico
tão bem definidos, portanto, não há edema.
Letra C) Incorreta. A mácula em cereja é causada pela
Critérios para abuso de análgesico:
oclusão da artéria central da retina, o que deixa a
retina pálida, poupando a mácula, que é suprida
por outra artéria, portanto mantendo seu aspec-
to mais avermelhado. Pode acontecer também nas
doenças de depósito (especificamente Tay-Sachs)
Letra D) Incorreta.
34 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

O tratamento da cefaleia por abuso de analgésicos segue:


Parar medicação de abuso abruptamente para analgésicos e anti-inflamatórios e progressiva, guiada e possivelmente
internado para opióides, barbitúricos e benzodiazepínicos)

Ponte terapêutica:
Naproxeno 500mg VO 12/12 horas por 14-28 dias
Prednisona (altas doses por curto período, ex. 100mg por 3 dias)
Dexametasona 8-20mg/dia por 3 dias

3. Tratar a cefaléia de base


Quando cefaléia crônica de base, lembrar-se da profilaxia.

Letra A e B) Incorreta. A paciente não possui aura e isso já invalida essas alternativas.
Letra C) Correta. Pelas razões apontadas acima.
Letra D) Incorreta. Apesar da cefaleia tensional ser bilateral e de fraca intensidade, ela não pode ser secundária, e
neste caso está claramente havendo abuso desses analgésicos.

TAKE-HOME MESSAGE: - Sempre lembrar do abuso de análgesicos como causa para cefaleia crônica diária.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 35

QUESTÃO 3 Bomba de insulina


– 0,15UI/kg de ataque e 0,1UI/kg/h de manutenção
A paciente jovem e diabética em uso de insulina (pro-
vável tipo I) apresenta-se desidratada e com dor abdo- Monitorização com glicemia capilar 1/1h
minal. Antes dos exames já deve vir em mente a hipó- Objetivo: queda de 50-70mg/dL/h
tese da cetoacidose diabética, que na questão pode ser Manutenção da hidratação
suspeitada pelos exames, mas não confirmada. 250-500ml/h de cristaloide ou soro ao meio se Na cor-
rigido > 135
Critérios para cetoacidose diabética: Iniciar solução com glicose se glicemia < 200mg/dL
sem resolução da cetoacidose
Glicemia > 250
Gasometria venosa, Na, K a cada 2h
Acidose metabólica (ph < 7,3 e bic < 15) Não prescrever bicarbonato ph > 6,9
Cetonemia ou cetonúria
Letra A, B) e C) Incorretas. Não se deve aplicar insuli-
O manejo inicial da cetoacidose envolve expansão vo- na na hipocalemia.
lêmica, com coleta de exames diagnósticos e para se- Letra D) Correta. Repor o potássio primeiro.
guimento, com especial ênfase à gasometria venosa,
sódio e potássio, cloro e cetonúria. No caso do paciente
apresentar-se hipocalêmico, como está na questão ( k = TAKE-HOME MESSAGE: - Jamais prescreverás in-
2,8mmol/L), deve-se inicialmente repor o potássio an- sulina no paciente com cetoacidose diabético se ele es-
tes de administrar insulina, pois a insulina causa piora tiver hipocalemico (k < 3,3)
da hipocalemia, podendo gerar arritmias graves.
Nota-se o sódio de 120, o que pode acontecer pelo fato
da glicemia muito elevada diminuir falsamente o valor QUESTÃO 4
do sódio. Para cálculo do sódio corrigido deve-se então Paciente com um quadro típico de AVCi, sem janela
adicionar 1,6 para cada 100 acima de 100 mg/dL do de trombólise (4,5h) e com menos de 6h de duração,
paciente. Neste caso, paciente estaria hiponatremica entrando então nas indicações clássicas de trombecto-
mesmo com o sódio corrigido. mia mecânica, resumidas abaixo. O fato da duração ser
menos de 6h torna a pesquisa de “mismatch” com mé-
todos avançados como RNM desnecessária. Ademais, a
Resumo do tratamento da cetoacidose: TC ter um ASPECTS de 8 mostra que o cerébro ainda
não está muito alterado, pois o ASPECTS é inversa-
Tratamento mente proporcional às alterações encefálicas, sendo um
ASPECTS <6 contraindicação para a trombectomia
1a hora: hidratação - cristalóide (15-20ml/kg) mecânica. Veja abaixo:
A partir da 2a hora
Correção do potássio Critérios para trombectomia:
– Não prescrever insulina se K < 3,3
36 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

1 - AngioTC evidenciando oclusão proximal em caró- Imagem de perfusão, usando TC com perfusão ou
tida interna ou ressonância magnética (MRI), tem sido usado para se-
segmento proximal da a. cerebral média lecionar pacientes para tratamento que estão fora das
janelas de tempo normais (4,5 horas para alteplase in-
2- TC – ASPECTs ≥ 6 travenosa, 6 horas para trombectomia). Os estudos de
3 - NIH ≥ 6 perfusão usam contraste para medir a quantidade e o
momento do fluxo sanguíneo para certas áreas do cé-
4 - Tempo máx ≤ 6h rebro, que podem ajudar a identificar áreas que foram
irreversivelmente danificadas ou estão em risco de dano
Métodos avançados de imagem (TC ou RNM se a reperfusão não for alcançada. Os estudos DAWN
com perfusão) e DEFUSE 3 (veja abaixo) mostraram bons resultados
após trombectomia para pacientes selecionados por pa-
Permitem um ∆t até 24 horas (pacientes selecionados râmetros específicos da tomografia computadorizada
de acordo com o mismatch)
ou estudo de perfusão por ressonância magnética entre
seis e 16-24 horas.

Aqui o nome dos estudos e data que foram divulgados.


PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 37

- METANÁLISE 2016 - grupo HERMES TAKE-HOME MESSAGE: Não precisam de estudo


- Avaliou 5 ensaios clínicos randomizados de perfusão para trombectomia os AVCi’s que preen-
chem os seguintes critérios:
- NNT 5,1 para melhor resultado funcional em 90
dias 1 - AngioTC evidenciando oclusão proximal em caró-
- Trombectomia mecânica para pacientes com oclu- tida interna ou
são proximal na circulação anterior, em 6 horas -> segmento proximal da a. cerebral média
Tanto para quem recebeu trombólise, quanto para 2- TC – ASPECTs ≥ 6
quem não recebeu
3 - NIH ≥ 6

- 2018 - estudo DAWN - Europeu 4 - Tempo máx ≤ 6h

- NNT = 3
- TM em oclusão de grandes vasos entre 6-24 horas QUESTÃO 5
do ictus
Paciente apresenta-se com quadro de meningismo +
- Mismatch entre penumbra x área infartada docu- sinais infecciosos agudos, o que até aqui poderia nos
mentada pela RM. fazer pensar numa meningite, porém apresenta-se tam-
bém com alterações de comportamento, o que já nos
- Estudo WAKE UP direciona para um quadro de encefalite, neste caso su-
gestivas de acometimento de lobo temporal, pelos mo-
- Trombólise guiada pela RM para AVC sem ictus vimentos oromastigatórios. Tal suspeita é confirmada
conhecido (pessoas que acordavam com o déficit) -> na TC, que mostra acomentimento da região temporal.
OBS: a maioria dos paciente que tem AVC ao desper-
tar, tem o evento próximo ao despertar O quadro infeccioso agudo/subagudo que causa esse
tipo de manifestação é a meningoencefalite herpética.
- MISMATCH FLARE (altera entre 4h30 - 6h) X
DIFUSÃO (30 min alteração à difusão)
Letra A) Incorreta. Encefalite imunomediada não cos-
tuma dar febre ou meningismo. Ademais não mos-
Letra A) Incorreta. A angioRNM neste caso demora traria alterações na TC.
mais e serve do mesmo objetivo que a angio-TC, por-
Letra B) Nossa alternativa correta pelas razões acima.
tanto não é a melhor opção.
Letra C) Incorreta. Meningismo não é típico de em-
Letra B) Correta pelas razões mostradas acima. bolização séptica, além disso a ausência de sopro
Letra C) Angio-TC não é necessária para indicar trom- torna o diagnóstico menos provável que a infecção
bólise, apenas trombectomia. pelo virus herpes.
Letra D) Angio-RM não é necessária para indicar Letra D) Incorreta. Neurotoxo não da meningismo e
trombólise. ausência da informação de HIV torna o diagnósti-
co menos provável.

TAKE-HOME MESSAGE: meningismo + febre + dé-


ficits focais ou alterações de comportamente = encefali-
te, cuja causa mais frequente é pelo vírus herpes.
38 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 6 pois em determinados casos, para conforto da família,


ligar um soro em pouca quantidade é inócuo para o
Estamos frente uma questão de cuidados paliativos. Ve- paciente e confortável para os familiares, mas essa deve
mos um paciente idoso, acamado, com demência grave ser sempre a conduta após uma boa conversa tentar ex-
e total dependência, progredindo com disfagia e inca- plicar as razões da conduta de não oferecer soro.
pacidade de se alimentar, compatível com a inexorável
progressão da doença. Nesse caso, portanto, seria uma
medida fútil tentar alimentá-lo, pois estaria-se prolon- Letra A) Incorreta. A sonda nasoenteral é muito des-
gando o seu sofrimento, assim como a instituição de confortável e alimentar nesse quadro é medida fútil.
soroterapia que pode gerar dispneia por edema e des- Letra B) Incorreta. O soro pode gerar edema e disp-
conforto associado. Nesses casos, cabe conversar com neia, piorando desconforto.
os familiares e tranquilizá-los que em fase final de vida
Letra C) Incorreta. O paciente já tem disfagia em casa,
os pacientes ficam realmente sem se alimentar. Caso
morrer broncoaspirando comida é muito descon-
os pacientes encontrem-se tranquilos em relação a essa
fortável.
conduta, ela deve ser tomada. Tal questão é polêmica,
Letra D) Melhor alternativa.

QUESTÃO 7
O registro de um traçado de Holter ou eletrocardiograma NA VIGÊNCIA de sintomas, sem a demonstração de
alteração, consegue excluir arritmias graves. Neste caso vemos um ECG onde conseguimos identificar onda P si-
nusal, produzindo uma taquicardia sinusal, que é uma resposta fisiológica a momentos de exercício ou ansiedade.
Porém, unindo todas as queixas e preocupações da paciente e a disfunção que isso causa à vida dela, podemos ca-
racterizar como um ataque de pânico produzindo uma síndrome do pânico, dado os seguintes critérios:
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 39

Quando os ataques de pânico são recorrentes e ines- QUESTÃO 8


perados, acompanhados por preocupações persistentes
com novos ataques, fecha-se o diagnóstico de síndrome
do pânico.
Letra A: Incorreta. Não há relato de humor deprimido
nem anedonia na questão, o que torna o diagnósti-
co de depressão improvável.
Letra B) Incorreta. Paciente não tem dor e não há rela-
ção clara dos sintomas exclusivamente com esforço
para se pensar num equivalente anginoso.
Letra C) Correta. Melhor alternativa pelo exposto acima.
Letra D) Incorreta. TRN seria um bom diferencial se
não houvesse o Holter na vigência dos sintomas
com ritmo sinusal.
Encontramos o paciente com TC mostrando hidroce-
TAKE-HOME MESSAGE: Holter e ECG na vigên- falia e a história demonstrando a tríade clássica da hi-
cia de sintomas excluem ou confirmam com segurança drocefalia de pressão normal, uma das causas de de-
arritmias graves. Ataque de pânico é diferente de sín- mência potencialmente tratáveis:
drome do pânico e ambos são causas frequentes de pro- Demência - problemas com memória
cura ao PS.
Incontinência urinária
Disturbios de marcha

Tal doença tem caracteristicamente as pressões de aber-


tura normais à punção liquórica.

Letra A) Nossa alternativa correta pelo exposto acima.


Letra B) Pelagra é uma doença comum em etilistas, por
deficiência de niacina (vitamina B3) e que causa
demência, porém a ausência de lesões cutâneas tí-
picas e de diarreia, tornam o diagnóstico inválido.
Letra C) Não há a formação de crescentes entre a calota
craniana e o cérebro que justifiquem essa hipótese.
Letra D) Wernicke pode manifestar-se com dêmencia e
disturbio de marcha, e acontece mais em etilistas. Po-
rém é um quadro agudo e a ausência de oftalmopare-
sias torna o diagnóstico mais improvável. Além disso,
Wernicke não justifica a hidrocefalia mostrada.

TAKE-HOME MESSAGE: tríade clássica de HPN -


incontinencia, demencia e disturbios de marcha.
40 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 9 QUESTÃO 10
Vemos uma foto de uma placa eritematodescamativa Demência é diagnosticada quando há sintomas cogni-
com borda ativa (borda mais hiperemiada) em região tivos ou comportamentais que:
intertriginosa, no caso a virilha. O fato do exame mico- 1. Interferem nas atividades habituais;
lógico mostrar hifas dá o diagnóstico de dermatofitose.
Portanto, Tinea cruris ou crural 2. Representam um declínio funcional;
3. Não são explicados por delirium ou doença psiqui-
Letra A) Tinea negra é uma micose superficial rara, cau- átrica;
sada pelo fungo Phaeoannellomyces werneckii que
costuma atingir a região palmar ou plantar com 4. Alteração cognitiva é detectada pela história relatada
lesões enegrecidas, não compatível com o quadro pelo paciente ou informante + teste cognitivo ob-
clínico apresentado. jetivo (neuropsicológico na dúvida);
Letra B) Nossa alternativa pelas questões mostradas 5. Alteração cognitiva ou comportamental envolve no
acima. mínimo 2 dos seguintes domínios:
Letra C) Candidose é um diagnóstico diferencial im- Memória, raciocínio e julgamento, habilidades vi-
portante. Para tal, faltou as pústulas satélites e no suoespaciais, liguagem e personalidade/comporta-
micológico veríamos pseudohifas e leveduras, e mento.
não hifas artrosporadas. Causas potencialmente reversíveis devem ser sempre
Letra D) A piedra branca é uma micose superficial, in- pesquisadas com anamnese, exame físico e exames para
frequente, causada pelo Trichosporon beigelli, en- fechar o diagnóstico:
contrada em áreas tropicais e temperadas. Acomete Distúrbios psiquiátricos (depressão)
principalmente os pelos da barba, axilas e região Lesões expansivas (tumor, hematoma subdural)
pubiana e com menor frequência os pelos do cou-
ro cabeludo. Apresenta curso indolente, embora Hidrocefalia de pressão normal
pacientes imunossuprimidos possam apresentar Metabólicas (Hipo/hipertireoidismo,
quadros sistêmicos, muitas vezes fatais. Os pelos
Hipo/hipercalcemia)
infectados desenvolvem nódulos brancos e macios,
parecidos com caspa, que eventualmente penetram Nutricionais (deficiência vit B12, folato, tiamina)
a cutícula deixando o pelo quebradiço. Tóxicas (álcool, medicamentos)
Infecciosas (neurossífilis, HIV)
TAKE-HOME MESSAGE: Tinea - hifas septadas ;
Candida pseudohifas e leveduras.
Letra A) Incorreta. Vitamina D e CMV e Herpes não
contribuem para pesquisa das causas.
Letra B) Incorreta. Glicemia, colesterol e B6 tem o seu
valor, mas não para pesquisa de causas de demên-
cia.
Letra C) Correta. Todos os exames são pertinentes para
investigação de causas de demência potencialmen-
te reversíveis.
Letra D) Incorreta. Ferro, ureia, creatinina e eletrólitos
não servem para pesquisa de causas de demência.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 41

QUESTÃO 11
Paciente com quadro subagudo de febre, dispneia e tosse. Apresenta-se dessaturando e tem um POCUS com
presença de linhas B aumentadas (>3) difusamente. As linhas B são sugestivas de infiltrados intersticiais, portanto
entram nos diferenciais: edema de pulmão, pneumonias virais e outras intersticiopatias.
Outros achados no POCUS de pulmão que valem ser memorizados:
Derrame pleural

Consolidação ( marcado com S é o baço, vejam a semelhança de ecogenicidade e a pleura separando os dois)
42 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Pneumotorax (e o sinal clássico no modo M, o sinal do código de barras ou estratosfera)


PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 43

A) Incorreta. Pneumonia bacteriana mostrariam no ultrassom uma área de hepatização com a presença de bronco-
grama aéreo dinâmico.
B) Incorreta. Asma exacerbada não se apresentaria com alterações de parênquima por si só.
C) Nossa alternativa correta. A SRAG por COVID-19 característicamente gera uma pneumonia difusa intersticial,
assim como os demais vírus.
D) Infarto pulmonar também se manifestaria como áreas periféricas isoladas de hepatização. Nosso paciente tem
linhas B em todos os pontos do protocolo BLUE.

TAKE-HOME MESSAGE: linhas B aumentadas são sugestivas de edema de pulmão ou quadros intersticiais,
como as pneumonias virais.

QUESTÃO 12 QUESTÃO 13
Como sedativos temos costumeiramente 4 opções para A capnografia permite avaliar em tempo real o CO2
sedação em IOT: midazolam, propofol, etomidato e expirado pelo corpo. Função cardíaca, volume trocado
ketamina. pelo pulmão e estado metabólico podem influenciar
Destes, os que causam menos hipotensão, portanto de- na sua curva. O valor medido em geral fica 5mmHg
vem ser utilizados em pacientes chocados são quetami- abaixo da PaCO2 (pressão arterial de CO2). A PCO2
na e etomidato. alveolar (PACO2) é diretamente proporcional à quan-
tidade de CO2 produzida pelo metabolismo e forneci-
Fentanil deve ser utilizado como pré-medicação, ape- da aos pulmões (VCO2) e inversamente proporcional
nas em casos selecionados, onde não se deseja o estímu- à ventilação alveolar (VA). Portanto, para um ETCO2
lo simpático da laringoscopia (emergências neurológi- elevado a única razão fisiológica para isso é um nível
cas, dissecção de aorta, etc) de ventilação alveolar inadequado para a quantidade de
Letra A) Incorreta. Fentanil não é um sedativo. CO2 produzida e fornecida aos pulmões.
Letra B) Incorreta. Midazolam é hipotensor, não de- Isso pode acontecer por:
vendo ser utilizado em pacientes chocados, como a. Ventilação total insuficiente (como pode ocorrer
o caso. por depressão do sistema nervoso central ou fra-
Letra C) Incorreta. Propofol é hipotensor. queza dos músculos respiratórios); ou
Letra D) Correta. Etomidato é uma boa medicação se- b. Muito da ventilação total terminando como ven-
dativa para pacientes instáveis. tilação do espaço morto (como pode ocorrer na
doença pulmonar obstrutiva crônica grave ou na
TAKE-HOME MESSAGE: Induzirás o paciente cho- respiração rápida e superficial);
cado apenas com etomidato ou quetamina c. Alguma combinação disso.

Confirmação de intubação endotraqueal:


Este é provavelmente o uso mais comum da capnogra-
fia, mas limitar-se a esse uso é um grande desperdício.
A confirmação do tubo é feita ao observar com uma
44 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

forma de onda QUADRADA. Com uma forma de Um aumento abrupto de PETCO2 (geralmente acima
onda quadrada, o tubo não pode estar no esôfago ou na de 30 - 40mmHg) pode indicar retorno da circulação
hipofaringe. Deve estar na traqueia, independente do espontânea (RCE). O aumento da circulação pulmo-
valor do retorno do CO2. Quando há uma intubação nar traz mais CO2 para os pulmões para eliminação.
esofágica, pode haver algum conteudo de CO2 inicial Na maioria dos casos que têm ROSC, o ETCO2 vai
no ar contido no estômago, porém esse valor progres- para o 70-90!
sivamente irá reduzindo e a onda não será quadrada. Embolia pulmonar: A combinação de ETCO2 e
PaCO2 da gasometria arterial pode facilmente mostrar
Intubação seletiva: um distúrbio V/Q pela embolia (aumento súbito do
espaço-morto). Um alto nível de PaCO2 e um baixo
Uma forma de onda quadrada pode ocorrer com uma ETCO2 nos dizem que o CO2 não chega aos pulmões
intubação de bronquio fonte direito porque o tubo ain- para ser exalado.
da está na via aérea principal. Portanto, a ausculta no
quinto espaço intercostal axilar médio, bilateralmente,
é necessária para descartar intubação seletiva. No pneumotórax hipertensivo:
A pressão aumentada no tórax causa o colapso de um
Ressuscitação cardiopulmonar: pulmão e, em seguida, pressiona no lado direito do co-
ração, dificultando o preenchimento com sangue. Isto
Como uma ferramenta de avaliação durante a RCP, leva apenas cerca de 7 mm / hg de pressão para inter-
a capnografia é uma medida direta da ventilação nos romper o fluxo de sangue para o lado direito dos átrios.
pulmões e também mede indiretamente a circulação O primeiro e mais confiável sinal de um pneumotórax
de sangue. Por exemplo, uma diminuição na perfusão hipertensivo é a queda súbita na perfusão que é detec-
(débito cardíaco) reduzirá a liberação de dióxido de tada imediatamente na capnografia. Da mesma forma,
carbono para os pulmões. Isso causará uma diminuição quando o tórax é descomprimido com sucesso, um au-
no ETCO2 (CO2 expirado), e isso será observável na mento súbito de ETCO2 confirma a descompressão
forma de onda, bem como com a medição numérica.
sucesso. O mesmo é válido para tamponamento peri-
Dois usos muito práticos da capnografia em forma de cárdico agudo. Em cada
onda em RCP são: 1.) avaliar a eficácia das compres-
sões torácicas; e 2.) identificação do retorno à circu- dessas formas de choque obstrutivo, o capnograma per-
lação espontânea (RCE). A avaliação da eficácia das manecerá quadrado porque é um problema de perfu-
compressões torácicas é realizada da seguinte maneira: são, não um problema das vias aéreas,
A medição de um valor baixo de ETCO2 (<10 mmHg)
durante a RCP em um paciente intubado indica- Resumindo as curvas mais importantes:
ria que a qualidade das compressões torácicas precisa
ser melhorada.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 45

A, ângulo α (o primeiro vértice do quadrado) aumen- Portanto, às questões:


tado, perdendo até a impressão de que a curva é Letra a) Correta. A ausência de onda quadrada e a zera-
quadrada e fase III (descenso) mais íngreme suge- gem do EtCO2 nos dão a resposta.
rem broncoespasmo ou obstrução das vias aéreas.
Letra b) Incorreta. Um pneumotorax simples mostra-
G, A intubação esofágica resultando na lavagem gás- ria um aumento súbito da ETCO2 caso o pacien-
trica de dióxido de carbono residual e subsequente te não conseguisse compensar com taquipneia o
ZERAGEM do CO2. evento. Caso evoluísse para pneumotórax hiper-
L, Aumento repentino da linha de base e da expiração tensivo, mostraria uma queda súbita do ETCO2
final de PCO2 (PETCO2) devido à contaminação mantendo a onda quadrada (vide acima)
do sensor com secreções ou vapor de água. Letra c) Incorreta. A intubação seletiva não é diagnosti-
N, Reanimação cardiopulmonar: capnograma mos- cada pela capnografia, conforme explicação acima.
trando formas de onda positivas durante cada Letra d) Incorreta. Broncoespasmo pode se manifestar
compressão, sugerindo compressão cardíaca efetiva com a famosa capnografia em barbatana de tuba-
gerando sangue pulmonar. rão (letra a da nossa figura).

TAKE-HOME MESSAGE: A capnografia tem várias


funções além de checar IOT bem sucedida e pode ser
influenciada pela ventilação e pelo débito cardíaco ao
pulmão.
46 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 14 Nas mãos

Paciente com exposição crônica ao uso das mãos (cos- IFD (Heberden)
tureira), apresentando dor articular pior após as ati- IFP (Bouchard) - mulheres pós-menopausadas - ex-
vidades diárias (ou será que a questão quis dizer em pressão de um gene autossômico dominante articula-
repouso? -> menciona que é ao final do dia, após o ção trapézio-metacarpiana (rizoartrose). Caso da nossa
trabalho) e com rigidez < 30min. Ademais, exame físi- paciente.
co sem sinais de artrite. Todo o quadro portanto muito
característico de osteoartrose.
Ombro, carpo, punho e tornozelos são incomuns na
Trata-se de processo degenerativo das articulações, com
forma primária
predomínio no sexo feminino, acomete a partir da 4ª-
5ª décadas (30-35 anos - 50% das pessoas) e no perío-
do da menopausa. Após a 5ª década – 100%. Lesão Letra A) Incorreta. Não é necessária a imagem para o
primordial = cartilagem articular. Existe então reação diagnóstico, mas pode ajudar em casos duvidosos.
no osso subcondral (esclerose) e prolifera junto as bor-
Letra B) Correta. Paciente apresenta de peso imotivada
das da articulação (osteofitose).
e artralgia de características mistas, portanto dosar
TSH seria razoável.
Quadro clínico: Letra C) Incorreta. É possível ter artrite psoriásica com
FR positivo.
Dor articular
Letra D) Incorreta. Artropatias inflamatórias possuem
Rigidez protocinética < 30min rigidez prolongada (> 30 min)
Sensação parestésica
Limitação QUESTÃO 15
Deformidade
Questão díficil: A nossa paciente apresenta-se com
algumas características de mania, como agitação, irri-
Exame físico tabilidade, discurso acelerado, insônia, gastos excessi-
vos. Também possui deliríos persecutórios, o que pode
crepitação acontecer em quadros de mania.
dor localizada A) Incorreta. Porém o principal diferencial. Trans-
edema e aumento articular – artrose erosiva torno de personalidade costuma apresentar-se
de maneira mais pervasiva, estando presente por
um tempo, e o pouco tempo de história nos di-
Articulações de carga ficulta fazer esse diagnóstico. Caracteriza-se por
coxofemurais (coxartrose) um padrão generalizado de instabilidade de rela-
cionamentos interpessoais, autoimagem e afetos
joelhos (gonartrose) e impulsividade acentuada, começando no início
metatarso-falangeanas da idade adulta e presente em uma variedade de
contextos. Esforços frenéticos para evitar o aban-
dono real ou imaginário. Um padrão de relaciona-
mento interpessoal intenso e instável caracterizado
pela alternância entre extremos de idealização e
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 47

desvalorização. Perturbação de identidade e au- Letra A) Nossa correta pelas razões acima.
toimagem acentuada e persistentemente instável. Letra B) Incorreta. Não há menção em sinais e sinto-
Impulsividade e comportamentos autodestrutivos mas de compressão medular, como sinais de libe-
(por exemplo, gastos, sexo, abuso de substâncias, ração piramidal.
direção imprudente, compulsão alimentar). Com- Letra C) Incorreta. O quadro de Guillain Barret é um
portamento suicida recorrente, gestos ou ameaças, importante diagnóstico diferencial, porém a au-
ou comportamento automutilante. sência de sintomas ascendentes, o acometimen-
Instabilidade afetiva devido a uma acentuada rea- to esfincteriano e a anestesia em sela tornam esse
tividade do humor (por exemplo, disforia episódi- diagnóstico menos provávle.
ca intensa, irritabilidade ou ansiedade geralmente Letra D) Incorreta. Não temos elementos de acome-
durando algumas horas e apenas raramente mais timento de medula cervical, como acometimento
do que alguns dias). Sentimentos crônicos de va- dos braços.
zio. Raiva intensa e inadequada ou dificuldade em
controlar a raiva (por exemplo, demonstrações fre-
quentes de temperamento, raiva constante, lutas TAKE-HOME MESSAGE: Sd. de Cauda Equina: Sin-
físicas recorrentes). Ideação paranóica transitória tomas rapidamente progressivos e bilaterais nas extermi-
relacionada ao estresse ou sintomas dissociati- dades, Anestesia em sela, Retenção urinária e inconti-
vos graves. nencia paradorxal, Perda do tonus do esfincter retal
B) Incorreta. Reação aguda ao estresse acontece qua-
se que imediatamenta após o estresse e costuma
manifestar-se por desatenção, retraimento social, QUESTÃO 17
raiva, desespero ou desesperança, hiperatividade, Questão estranha. A paciente fez imagem por febre e
sentimentos de pesar. cefaleia, mas não apresentava outros sintomas de si-
C) Incorreta. A síndrome do pânico caracteriza-se por nusite como como rinorreia, gotejamento pos nasal,
frequentes ataques de pânico, que não são caracte- dor na face, hiposmia e etc. Em se tratando de uma
rísticos do quadro da paciente. sinusite, com 5 dias de sintomas não deveria ter sido
D. Nossa alternativa pelas razões acima expostas. submetida a exame de imagem, mas fez a TC, que no
caso demonstra acumulo de fluidos nos seis maxilares
bilateralmente.
QUESTÃO 16
Letra A) Incorreta. Faltam sinais de meningismo como
Nosso paciente apresenta-se com lombalgia aguda com rigidez nucal e alteração do comportamento para
sinais de alarme. O fato de possuir anestesia/hipoes- essa hipótese.
tesia em sela, dificuldade de ereção, incapacidade de Letra B) Nossa resposta pela imagem e nem tanto pelo
andar na ponta dos pés (sinaliza acometimento de S1), quadro clínico.
sugerem a síndrome de cauda equina. A massa no hi- Letra C) Incorreta. Não é uma TC normal pelo acu-
pogástrio provavelmente é a bexiga do paciente. Seu mulo de secreção nos seios da face.
diagnóstico é emergência, pela potencial reversibilida-
Letra D) Incorreta. Não visualizamos acometimento
de com tratamento cirúrgico, e deve envolver exame de
ósseo, nem se trata de janela óssea.
imagem com a RM sendo preferencial.

TAKE-HOME MESSAGE: Não façam exame de


imagem para sinusite aguda.
48 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 18
Estamos frente a um eletro que mostra um supradesni- • A pericardite aguda é diagnosticada pela presença de
velamento difuso, sem alterações em espelho, sem res- pelo menos dois dos seguintes critérios:
peitar paredes e com o infradesnivelamento do PR que • Dor torácica típica (aguda e pleurítica, melhora ao
é muito característico e específico de pericardite. sentar-se e inclinar-se para frente). (Consulte 'Dor
no peito' acima.)
Os casos idiopáticos, a maioria dos quais provavelmen-
te de etiologia viral, são as causas mais comuns de pe- • Atrito pericárdico
ricardite aguda. Outras etiologias de pericardite aguda • Alterações sugestivas no ECG
incluem infecções bacterianas, malignidade e doenças • Derrame pericárdico novo ou piorando.
autoimunes. A pericardite aguda pode se manifestar
com uma variedade de sinais e sintomas inespecíficos,
dependendo da etiologia subjacente. As principais ma- Caracteristicamente e o seu tratamento é feito com
nifestações clínicas da ericardite aguda incluem dor AAS e colchicina.
torácica pleurítica, atrito pericárdico e alterações no
ECG, com ou sem derrame pericárdico. Pericardite
Letra a) Incorreta. Para IAM deveria haver acometi-
também deve ser suspeitada em um paciente com febre
mento de paredes bem definidas e alterações em
persistente e derrame pericárdico ou nova cardiomega-
espelho.
lia inexplicada. Pacientes de alto risco com pericardite
aguda (que inclui pacientes com febre, curso subagudo, Letra b) Incorreta. Hipercalemia não causa suprades-
suspeita de tamponamento cardíaco, imunossupressão, nivelamento.
trauma agudo, tratamento com anticoagulação oral ou Letra c) Incorreta. TEP causa BRD, S1Q3T3 ou taqui-
troponina cardíaca elevada, o que sugere miopericardi- cardia sinusal.
te ou perimiocardite) devem ser internados para iniciar Letra d) Correta. Pelas razões acima.
terapia apropriada e observados. Por outro lado, os pa-
cientes com pericardite aguda não complicada (ou seja,
de baixo risco) geralmente podem ser avaliados e en- TAKE-HOME MESSAGE: dor torácica com supra
viados para casa, com acompanhamento ambulatorial. difuso e infra de PR = pericardite
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 49

QUESTÃO 19
A paciente é diabética com sintomas inespecíficos e um eletro que mostra um ritmo irregularmente irregular sem
ondas P, portanto uma fibrilação atrial, com FC média de 42, porém com ondas T apiculadas e simétricas difu-
samente, com QRS alargando. Portanto, mesmo sem nenhum exame sérico, a principal hipótese para o eletro
é hipercalemia.

Letra a) Incorreta. Atropina seria a conduta para uma bradiarritmia estável, porém de imediato, pelo risco de PCR
a primeira medicação não deve ser essa.
Letra B) Incorreta. MP transcutâneo seria a conduta para uma bradiarritmia instável, o que nos falta informações
para dizer. Também pelo risco de PCR da hipercalemia essa não deveria ser a primeira conduta.
Letra C) Correta. Gluconato de cálcio deve ser feito imediatamente para estabilizar a membrana do cardiomiócito.
Letra D) Incorreta. Trombólise seria a conduta para um IAM com supra com menos de 12h, o que não é o caso
da história nem do eletro.

TAKE-HOME MESSAGE: Hipercalemia causa onda T apiculada e simétrica e gluconato de cálcio é a conduta
mais importante para diminuir o risco de arritmias malignas.
50 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 20 QUESTÃO 21
A asma ocupacional é definida por obstrução reversível Resposta correta: Letra A
ao fluxo aéreo e/ou hiper-responsividade brônquica em
decorrência de causas ou condições atribuíveis a um Comentários: Explicação: A melhor alternativa, que
determinado ambiente de trabalho, e não a estímulos explica uma conduta racional para o caso é a A, antes
externos. Desenvolvida pela primeira vez em indivíduo de mais nada. Todas as alternativas poderiam ser con-
previamente hígido. Exacerbação de asma pré-existen- sideradas em algum momento, a depender do caso da
te (pode não ser considerada asma ocupacional, e sim paciente, mas nada antes de uma orientação bem feita
asma agravada pelas condições de trabalho). Seu diag- nessa primeira consulta. Quanto ao mérito, o Caderno
nóstico é baseado na tríade: de Atenção Básica para tabagismo e para o pré-natal de
História clínica compatível com asma baixo risco não falam sobre a avaliação do escore de Fa-
Exposição a agentes suspeitos gerström, guiando o profissional a orientar a cessação
do tabagismo pela paciente sem considerar o teste. O
Eviência de obstrução reversível associada à exposição escore é muito usado para definição de conduta no que
ocupacional. Isso pode ser feito por meio de pico de diz respeito ao uso ou não de medicação. Quanto a isso,
fluxo ou espirometria. o PDCT de tabagismo da CONITEC de 2020 orienta
que “gestantes e nutrizes devem tentar parar de fumar
Letra A) Resposta correta para estabelecer mais uma sem utilizar nenhum tratamento medicamentoso”.
evidêncai de um nexo causal com o trabalho e tam-
bém para o diagnóstico. Vamos às alternativas:
Letra B) Incorreta. Precisa-se primeiro fazer o diagnós- A - CORRETA
tico. Afastar por 7 dias e depois retornar não resol- B - INCORRETA
verá o problema. Corticoide VO isoladamente não
C - INCORRETA
seria um bom tratamento.
D - INCORRETA
Letra C) Incorreta. Fazer a TC não vai ajudar em nada.
Letra D) Incorreta. Prescrever broncodilatador e afastar
do da área de atuação são boas ideias, mas a pri- TAKE-HOME MESSAGE: Muitas vezes as questões
meira conduta deve ser estabelecer esse nexo por cobram algo muito simples e inicial que não pode ser
meio do pico de fluxo. pulado. Questões como essa nos fazem disparar pen-
samentos de condutas específicas que aprendemos
com os estudos, mas temos que lembrar que muitas
dessas condutas sucedem os bons e velhos acolhimento
e orientação.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 51

QUESTÃO 22 Vamos às alternativas:


Com o aumento das coberturas vacinais no Brasil, a par- A - INCORRETA
tir do final da década de 1990, observou-se uma mar- B - INCORRETA
cante redução na incidência das doenças preveníveis por C - CORRETA
vacinação. Isso não se verificou em relação à coquelu-
che. Na década passada (2011 – 2020) o número médio D - INCORRETA
anual de casos confirmados no país foi acima de 3.000.
Qual é uma das razões para este comportamento? TAKE-HOME MESSAGE: Devemos lembrar tam-
(A) A imunogenicidade das vacinas para infecções bac- bém que o aumento na incidência ou na prevalência
terianas é baixa. de alguma doença específica são afetados, não só pelo
(B) O predomínio de linhagens da Bordetella pertussis aumento da transmissão, mas também pelo aumento
que escapam da vacina. da detecção dessas doenças.
(C) A concentração de casos em menores de um ano
antes do reforço vacinal. QUESTÃO 23
(D) A incorporação da biologia molecular ao arse-
nal diagnóstico. Resposta correta: Letra C
Resposta correta: Letra C
Comentários: Por mais que vejamos muitos maus
exemplos ao longo da vida médica, a regra é clara quan-
Comentários: A questão gerou dúvidas na correção,
do define que o prontuário médico é de propriedade do
que cobrou um conhecimento muito específico e que
paciente, sendo vedado ao médico retê-lo. Nesse caso,
não teve tanto destaque.
Tereza tem direito ao seu prontuário, após manifesta-
De acordo com Informe Epidemiológico da Secretaria ção escrita (o que não é conflito em nenhuma alternati-
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde: “as va). O fato de se tratar de um processo legal não muda
razões para o aumento de casos de coqueluche não são a conduta nessa questão (uma vez que ainda não é o
facilmente identificáveis, porém alguns fatores podem poder judiciário solicitando o documento, e sim a pró-
ser atribuídos tais como: o aumento da sensibilidade da pria paciente). É importante ressaltar que os pais ainda
vigilância epidemiológica e da rede assistencial, falhas estão juntos, portanto, compartilham a guarda de seus
de proteção imunológica da população, perda da imu- filhos, podendo cada pai solicitar o prontuário de seus
nidade, bem como a ciclicidade da doença, que ocorre filhos individualmente. Também de acordo com o có-
em intervalos de três a cinco anos, elevando assim o nú- digo de ética Médica, é vedado ao médico “Art. 74.
mero de casos. Vale ressaltar também que, nos últimos revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor
anos, houve melhora do diagnóstico laboratorial com a de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais,
introdução de técnicas biomoleculares.” desde que o menor tenha capacidade de discernimento,
Por esse excerto, tanto a letra C quanto a letra D poderiam salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao
ser marcadas, porém, a banca deu mais atenção à “falha paciente.”. A banca aqui coloca as idades (4 e 6 anos)
imunológica da população” (o período antes do reforço dos menores de idade com o objetivo de levar à inter-
vacinal), levando à resposta correta como a letra C. pretação de falta de capacidade de discernimento, nos
direcionando para a alternativa correta.
A alternativas A, no máximo, explicaria um cenário de
número alto de casos de forma estática, mas não explica
como houve aumento da incidência. A alternativa B
não é citada com relevância por nenhum guia.
52 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: TAKE-HOME MESSAGE: Ciclo de parasitas é um


tema que cai desde o ensino médio até as provas para
A - INCORRETA entrada na residência médica. O Brasil, infelizmente,
B - INCORRETA ainda tem focos de infecção por helmintos, associados
C - CORRETA a áreas com pobreza. Dominar esses conceitos é essen-
D - INCORRETA cial, pois um erro em questões como essa colocam di-
versos concorrentes na frente.

TAKE-HOME MESSAGE: Os critérios de acesso e


quebra de sigilo médico são poucos e são lógicos, por- QUESTÃO 25
tanto, vale a pena entendê-los, não somente para a
prova, mas para a vida médica, uma vez que situações Resposta correta: Letra B
como a da questão são muito comuns. Nunca esquecer,
no entanto, de ter um registro por escrito da solicita- Comentários: A diretriz feita pela Sociedade Brasilei-
ção, o que poderá ser útil em sua defesa. ra de Cardiologia atualizada em 2020 fala claramente
que o diagnóstico de HAS deve “ser sempre validado
por medições repetidas, em condições ideais, em duas
QUESTÃO 24 ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou sema-
nas; ou de maneira mais assertiva, realizando-se o diag-
Resposta correta: Letra D nóstico com medidas fora do consultório (MAPA ou
MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apre-
Comentários: O ser humano infectado elimina os ovos sentem LOA ou doença CV”. No enunciado, apesar da
do Schistosoma enquanto está com as formas adultas descrição da cefaleia no momento do pico pressórico,
viáveis na vasculatura do intestino e do reto, bem como não há maiores detalhes que permitam a classificação
da bexiga. O tratamento, com eliminação do helminto, como uma lesão de órgão alvo. Na ausência de outra
interrompe a eliminação de ovos (A errada). Quanto medição, consonante com o fato que o paciente tem
às espécies causadoras de infecções em humanos, real- exames normais e pressão 130/80 mmHg (pré-hiper-
mente há 5, mas nem todas estão presentes no Brasil (B tensão), fica a dúvida quanto ao diagnóstico, portanto,
errada). Não é correto classificar o caramujo como ve- cabe a conduta descrita na letra B.
tor, e sim como hospedeiro intermediário (C errada). A
alternativa D é correta, pois fala da infecção, que ocorre Vamos às alternativas:
pela penetração da cercária pela pele.
A - INCORRETA
Vamos às alternativas: B - CORRETA
C - INCORRETA
A - INCORRETA
D - INCORRETA
B - INCORRETA
C - INCORRETA
D - CORRETA TAKE-HOME MESSAGE: É essencial saber e estar
atualizado com os critérios diagnósticos, classificação
de risco, ações e metas em doenças tão prevalentes
como a hipertensão. A situação cobrada na questão é
frequente e deve ser lembrada pelo médico assistente.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 53

QUESTÃO 26 QUESTÃO 27

Resposta correta: Letra B Resposta correta: Letra A

Comentários: Orientação sexual não se restringe às re- Comentários: Melhor alternativa, que segue as orienta-
lações sexuais, mas a todas as relações afetiva (A erra- ções do Código de Ética e as diretrizes (desde as mais
da). Na letra C, gay e lésbica são orientações sexuais, antigas até a mais atual) sobre Atenção Humanizada
não identidades de gênero. Somente travesti, nos exem- ao Abortamento. Lembre-se: acolher e orientar não é
plos dessa alternativa se refere a um termo usado para julgar e são tarefas da equipe de saúde, sendo ações que
definir uma identidade de gênero. Portanto, C errada. não são impedidas pelo Código de Ética Médica (D er-
Quanto à última alternativa, intersexo não é um termo rada). Não é necessário, nesta situação, envolver tercei-
atrelado a uma orientação sexual específica. O termo é ros, uma vez que a própria paciente já deixou claro que
usado para descrever pessoas que desenvolvem caracte- tem medo que eles descubram (B errada). Não é pre-
rísticas sexuais que não se encaixam nas noções típicas ciso fazer a notificação de ideação para interrupção da
de nenhum sexo, não se desenvolvem completamente gestação, sob qualquer orientação vigente (C errada).
como nenhuma delas ou desenvolvem uma combina-
ção de ambas. Vamos às alternativas:

Vamos às alternativas: A - CORRETA


B - INCORRETA
A - INCORRETA C - INCORRETA
B - CORRETA D - INCORRETA
C - INCORRETA
D - INCORRETA
TAKE-HOME MESSAGE: A conduta que o Código
de Ética lhe impede de realizar é somente o aborto ou
TAKE-HOME MESSAGE: Identidade de gênero e interrupção da gestação por motivos não listados em
orientação sexual são conceitos que têm se tornado leis específicas para tais. O acolhimento e orientação
cada vez mais difundidos e não podem ser motivo de devem ser dados a todos os pacientes, que terão auto-
confusão e serão exigidos de todos os profissionais de nomia para tomar decisão (exceto em casos especiais
saúde pelos pacientes. Os exemplos de cada um ajudam previstos em lei ou no Código de Ética, o que não é o
a solidificar o conceito e devem ser muito bem entendi- caso da questão).
dos individualmente.
54 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 28 QUESTÃO 29

Resposta correta: Letra D Resposta correta: Letra D

Comentários: Primeiramente, vamos considerar como Comentários: De acordo com o referido Guia: Está
possíveis infecções no diagnóstico diferencial a lesão indicada para os contatos próximos de casos suspei-
da sífilis primária e o cancro mole, cujo tratamento tos de doença meningocócica. Contatos próximos são
deve ser, consecutivamente, com penicilina benzatina os moradores do mesmo domicílio, indivíduos que
e azitromicina. compartilham o mesmo dormitório (em alojamentos,
Quanto à profilaxia, de acordo com o PCDT para quartéis, entre outros), comunicantes de creches e es-
HIV/AIDS mais atual, não se deve considerar PEP colas, e pessoas diretamente expostas às secreções do
para pacientes com exposição há mais de 72 horas, bem paciente”. Além disso, “não há recomendação para os
como para pacientes com teste para HIV negativo. (B profissionais da área de saúde que atenderam o caso de
e C erradas). A PrEP, no entanto, está indicada por se doença meningocócica, exceto para aqueles que reali-
tratar de profissional do sexo com relação sexual anal zaram procedimentos invasivos [...] sem EPI” (o que
(receptiva ou insertiva) ou vaginal, sem uso de preser- não parece ser o caso, pela descrição). A escolha é pela
vativo, nos últimos seis meses (a esposa). rifampicina, a ser dada para todos os contatos eleitos
para quimioprofilaxia. Não é necessário fazer bloqueio
Ainda, deve-se aproveitar o momento de investigação vacinal para as pessoas do trabalho.
de uma IST para avaliar histórico vacinal do paciente,
principalmente para hepatites virais. Vamos às alternativas:
Vamos às alternativas: A - INCORRETA
B - INCORRETA
A - INCORRETA
C - INCORRETA
B - INCORRETA
D - CORRETA
C - INCORRETA
D - CORRETA
TAKE-HOME MESSAGE: Lembrar não só do me-
dicamento usado, que é a rifampicina, mas da parte
TAKE-HOME MESSAGE: Lembrar dos fluxogramas mais difícil, que são os critérios de elegibilidade para
para indicação de PrEP e PEP, pois têm sido cada vez quimioprofilaxia, considerando a definição de conta-
mais cobrados. São alguns passos até a real indicação de to próximo.
ambos, portanto, a dica é olhar quão longa é a descri-
ção do caso e puxar a memória.

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigi-


lância em Saúde. Departamento de DST, Aids e He-
patites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêu-
ticas para Profi laxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à
Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2021
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 55

QUESTÃO 30 QUESTÃO 31

Resposta correta: Letra B Resposta correta: Letra B

Comentários: A banca provavelmente queria que res- Comentários: Ao pensarmos na rede de saúde como
pondêssemos a letra B. uma junção de serviços integrados, com coordenação
Inicialmente, vamos classificar o estudo por todos os do cuidado sendo feita pela atenção básica, consegui-
seus aspectos: trata-se de um estudo analítico, observa- mos matar a questão. As alternativas A, C e D não
cional, longitudinal, retrospectivo, agregado. podem ser consideradas, pois nelas os pacientes saem
de uma atenção com maior complexidade e vão para a
Vamos eliminar a A por não se tratar de um estudo atenção especializada, sem coordenação do cuidado. A
prospectivo (o enunciado descreve que a análise foi fei- alternativa B, ao contrário, mostra uma conduta pon-
ta de forma retrospectiva). Também não é um estudo tual para controle de uma situação aguda (benzodia-
transversal, pois não foi feito o corte em um momento zepínico para abstinência alcoólica) e encaminhamento
específico para avaliação de dados estáticos, mas sim para um acompanhamento longitudinal na ESF.
um acompanhamento por um tempo mais prolongado,
com o intuito de ver variações nos dados pesquisados. Vamos às alternativas:
Em um estudo ecológico, é feita a comparação da ocor-
A - INCORRETA
rência da condição de saúde e a exposição de interes-
se entre agregados de sujeitos para verificar a possível B - CORRETA
existência de associação entre elas. Considerando-se os C - INCORRETA
desfechos pesquisados como essas condições de saúde e D - INCORRETA
os municípios como os agregados de população, a alter-
nativa está correta.
TAKE-HOME MESSAGE: Por mais que vejamos por
Vamos às alternativas: aí as condutas descritas nas nas alternativas A, C e D,
devemos nos lembrar que o melhor cuidado só é dado
A - INCORRETA ao paciente quando coordenado e feito de forma longi-
B - CORRETA tudinal, conforme característica do SUS.
C - INCORRETA
D - INCORRETA

TAKE-HOME MESSAGE: Estudos epidemiológicos


sempre são questão de prova, portanto merecem todo
o tempo de estudo necessário. Essa questão serve para
nos mostrar que a definição no enunciado deve ser
muito bem feita para que possamos decidir o tipo de
estudo com mais assertividade.
56 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 32 Vamos às alternativas:


A CORONAVAC é uma vacina inativada e adjuvantada A - CORRETA
contra o SARS-CoV-2, desenvolvida pela farmacêutica SI- B - INCORRETA
NOVAC. Em estudo realizado em 16 centros de pesquisa
C - INCORRETA
clínica no Brasil, Palácios et al demonstraram uma pre-
venção de infecção sintomática confirmada por RT-PCR D - INCORRETA
pelo SARS-CoV-2 de 50,7% (IC95%: 36,0% - 62,0%).
Em estudo clínico realizado em 24 centros na Turquia a TAKE-HOME MESSAGE: Ensaios clínicos são uma
eficácia da CORONAVAC para o mesmo desfecho foi de fonte muito recheada para questão de prova, podendo
83,5% (IC95%: 65,4% - 92,1%). Já no Chile, a efeti-
cobrar de bioestatística a medicina baseada em evidên-
vidade da CORONAVAC em mais de cinco milhões de
cias. As vacinas contra o SARS-CoV-2 também foram
vacinados foi de 65,9% (IC95%: 65,2% - 66,6%) na pre-
aposta muito alta neste ano e poderão continuar sendo
venção de infecção sintomática laboratorialmente confir-
para os próximos, a depender da evolução da pandemia.
mada pelo SARS-CoV-2 (98,1% dos casos confirmados
por RT-PCR e 1,9% por teste de antígeno).
Quais são as razões que poderiam explicar a diferença QUESTÃO 33
observada nos três estudos?
(A) O delineamento e os objetivos dos três estudos são Resposta correta: Letra D
diferentes.
(B) Os três ensaios clínicos não são comparáveis entre si. Comentários: A questão cobra o conceito de NNT
(número necessário para tratar), que é calculado como
(C) A diferença entre os resultados não é significativa.
o inverso da redução absoluta do risco que, por sua vez,
(D) Vacinas de vírus atenuados apresentam bai- é calculada como a diferença entre o risco entre o grupo
xo desempenho. controle e o grupo teste. Vamos aos cálculos:
Resposta correta: Letra A Risco no grupo teste (RT): 8/800 = 1%
Risco no grupo controle (RC) = 16/800 = 2%
Comentários: Resposta questionável dada pela banca. Fo-
ram feitos estudos com delineamentos diferentes, apesar Redução absoluta do risco (RAR) = RC - RT = 2% -
de os três estarem avaliando aspectos diferentes de per- 1% = 1%
formance da vacina (A correta). Sendo o delineamento e NNT = 1/RAR = 1/1% = 1/1/100 = 100.
o objetivo do estudo diferentes, também seria impossível
comparar os ensaios (o que tornaria a B uma possível res- Vamos às alternativas:
posta, embora não aceita pela banca). É presumível que a
A - INCORRETA
banca tenha considerado que a comparação possa ser feita
pelos IC95% dados, considerando que se tratam de estu- B - INCORRETA
dos para avaliação de performance. O próprio enunciado C - INCORRETA
mostra uma vacina de vírus atenuado com alto desem- D - CORRETA
penho (apesar de não definir bem o que é desempenho)
em um dos estudos, portanto a alternativa D também está
errada. Caso fosse possível comparar os estudos simples-
mente pelo IC95%, veríamos que há diferença significa-
tiva entre os resultados, notando que os IC não se cruzam
entre o primeiro e o último estudos citados.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 57

TAKE-HOME MESSAGE: Take-home message: Essa QUESTÃO 35


parte da matéria não tem como aprender só lendo. Vá-
rios truques são bons aqui, como fazer muitas questões, Qual é a alternativa correta quanto ao Método Clínico
ou até inventar números fictícios para prática. Dificil- Centrado na Pessoa (MCCP)?
mente uma questão não deixa claro qual número desses (A) É uma forma de organizar as consultas, que con-
ela quer. Uma vez que você domina os cálculos, a res- sidera a expectativa dos médicos e das pessoas. É
posta fica medular. Pratique! uma consulta que pode ser realizada em condições
crônicas ou agudas.
(B) Refere-se à atitude ética do profissional na consul-
QUESTÃO 34 ta, que coloca as vontades da pessoa atendida como
prioridade. É uma consulta mais longa do que a
Resposta correta: Letra C centrada no diagnóstico.
(C) A primeira etapa do MCCP é compreender a pes-
Comentários: Para a determinação de uma epidemia,
soa como um todo, seu contexto próximo e distan-
é necessário que a ocorrência de uma doença específi-
te. É bastante apropriada para consultas em saúde
ca ultrapasse os níveis normais em que aquela doença
mental, sejam em consultas agendadas ou não.
ocorre naquele território específico (o nível endêmico).
Uma vez que a incidência ultrapassa o “esperado” para (D) É uma abordagem de consulta que visa descobrir
aquele território, pode-se dizer que está ocorrendo uma a demanda oculta da pessoa. É uma consulta re-
epidemia. Portanto, para essa definição, nada mais foi alizada principalmente em consultas agendadas
feito além do que está descrito na letra C. de acompanhamento.
Não é correto comparar as incidências com municípios Resposta correta: Letra A.
vizinhos, uma vez que podem ter realidades completa-
mente diferentes e níveis endêmicos variados. Também Comentários: Resposta questionável. Vamos às alter-
não se compara a prevalência com os anos anteriores, nativas, uma por uma:
porque a prevalência está sujeita às influências das curas Alternativa A descreve tanto o MCCP quanto o regis-
e óbitos, sendo ambos possivelmente influenciados tro clínico orientado por problemas (RCOP), o que ge-
caso se trate de uma doença aguda. rou discussão na época da prova. O MCCP, por estru-
turar os passos para avaliação do paciente considerando
Vamos às alternativas: o todo do paciente e as definições de saúde e doença,
A - INCORRETA corresponde bem ao que é apontado na alternativa.
B - INCORRETA A alternativa B começa sem muitos problemas, po-
C - CORRETA rém erra ao classificar a consulta usando o MCCP
como mais longa. O MCCP é uma postura que pode
D - INCORRETA ser adotada em qualquer consulta, independente da
sua duração.
TAKE-HOME MESSAGE: Lembrar das curvas endê- A alternativa C é muito bem redigida e poderia ter feito
micas na hora de classificar um agregado de casos como o candidato a marcar pelo sentido, não pela ordem. O
uma epidemia ou não. Não é porque surge um monte MCCP também prevê essa etapa, porém trata-se da se-
de casos de gripe no inverno ou de dengue no verão gunda etapa, que vem logo após a exploração da doen-
que se trata de uma epidemia. As incidências devem ser ça e da experiência da pessoa com a doença.
comparadas para tomar essa decisão.
58 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

A alternativa D, apesar de estar correta em sua segunda QUESTÃO 36


parte, tem um problema na redação da primeira frase
por dar a entender que o único objetivo é descobrir Resposta correta: Letra D
uma demanda oculta. Sabemos que há uma diferença
importante entre necessidade (o que o paciente precisa) Comentários: Resposta mais completa e que trata cor-
e demanda (o que o paciente quer) em saúde. Sabemos retamente do sistema de ressarcimento. A alternativa A
também que há uma diferença entre a demanda oculta está incorreta, já que os planos e seguros também são
(o que ele não diz) e a demanda que o paciente lhe dedutíveis do IR. A alternativa B está incorreta pela re-
traz. No entanto, não necessariamente o paciente vai dação (mesmo se fosse 80% o corte, nada impediria de
ocultar o que ele quer, podendo declarar logo no início o hospital atender mais pacientes SUS) e pelo número:
da consulta. Procurar um motivo oculto todas as vezes o mínimo exigido por lei é de 70% de atendimento
pode colocar o profissional de saúde numa postura in- a pacientes SUS em leitos ativos e atendimentos am-
quisitória, duvidando do paciente. bulatoriais. Já a letra C está incorreta pelo fluxo em si
que descreve. O paciente que tem plano de saúde que
Vamos às alternativas: tiverem uma prescrição feita dentro do âmbito privado
podem sim se consultar em um serviço público, mas
A - CORRETA não para fins de ratificação da receita externa, e sim
B - INCORRETA para uma nova avaliação e prescrição. Essa prescrição
C - INCORRETA feita por um médico do serviço público (por exemplo,
D - INCORRETA uma UBS) pode ser levada a farmácia pública do SUS
para retirada.

TAKE-HOME MESSAGE: Por mais que haja uma ló- Vamos às alternativas:
gica e uma ideia importante por trás do MCCP, muitas
vezes as questões podem te cobrar picuinhas como a A - INCORRETA
ordem das etapas. Isso acontece também com princí- B - INCORRETA
pios e diretrizes do SUS. Por mais que o conceito possa C - INCORRETA
ser bem absorvido e aplicado (o que é o que importa
D - CORRETA
na prática), as questões vão cobrar as classificações e
as ordens.
TAKE-HOME MESSAGE: Dentre as legislações do
SUS, uma parte importante é a que descreve a relação
entre o SUS e a saúde suplementar. Muitas situações
confundidoras podem ser colocadas, portanto é impor-
tante o estudo minucioso e a prática com questões.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 59

QUESTÃO 37 QUESTÃO 38

Resposta correta: Letra B Resposta correta: Letra D

Comentários: A lei detalha a participação social no Comentários: Quando surgir um estudo com muitos
SUS, que é tema recorrente de questões em provas de desfechos e uma tabela com intervalos de confiança, na
residência. Vamos às alternativas: maioria das vezes o candidato já garante muito tempo
A alternativa A está incorreta, pois não há objeção à eliminando toda e qualquer alternativa que considera
participação dos sindicatos, conselhos e associações de diferença de desfecho quando o IC passa por 1. Nessa
pacientes. Pelo contrário, muitos processos de forma- questão, tanto os pacientes vacinados com 1 dose, com
ção de Conselhos de Saúde estimulam o engajamento 2 doses e com 3 a 5 doses tem desfecho com IC in-
dos segmentos via essas associações. cluindo o 1, portanto não mostraram diferença quanto
ao desfecho (demência). Já os últimos 2 testes dão IC
A alternativa C está incorreta, pois as conferências não do risco relativo menor que 1, portanto reduzindo o
surgiram em 1988, como muitos pensam, e sim em risco de demência. A alternativa que contempla o resul-
1990, com a lei 8142. tado que pode ser retirado dessa análise é a D.
A alternativa D está errada pois a divisão não é entre
partes iguais, e sim de 50% para usuários, 25% para Vamos às alternativas:
gestores e 25% para trabalhadores.
A - INCORRETA
Vamos às alternativas: B - INCORRETA
C - INCORRETA
A - INCORRETA D - CORRETA
B - CORRETA
C - INCORRETA
TAKE-HOME MESSAGE: Análise muito batida e
D - INCORRETA muito fácil de memorizar o passo a passo. No começo
pode ser mais complicado, mas a repetição de exercí-
TAKE-HOME MESSAGE: O controle social é parte cios rapidamente leva ao êxito.
importante do SUS e pode e deveria ser feito por todas
as partes interessadas, sejam públicas ou privadas, tra-
balhadores, gestores ou usuários.
60 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 39 QUESTÃO 40

Resposta correta: Letra D Qual a afirmação possível com relação às estratégias de


prevenção da COVID-19 no município de São Paulo?
Comentários: A questão cobrou uma conduta muito (A) A definição de critérios de prioridade para a vaci-
usada no último ano, portanto deve beneficiar quem nação baseada em idade e comorbidade contribuiu
trabalhou no combate à COVID-19 ou observou nos para o aumento da vulnerabilidade na dimensão
internatos algum serviço que o fazia. Com um pacien- programática.
te relativamente bem, é importante o diagnóstico di- (B) A dimensão individual da vulnerabilidade não foi
ferencial (a questão já faz suspeitar de dengue), bem considerada nas estratégias de prevenção, uma vez
como a estratificação de risco para cada possibilidade. que as estratégias de prevenção foram vacinas, uso
Lembrando que o teste para dengue não é positivo nos de máscaras e controle de contactantes.
primeiros dias, não cabendo descartar a possibilidade (C) A dimensão programática da vulnerabilidade está
pelo resultado do teste. Sendo COVID-19, a conduta voltada para ações de saúde que visam o seguimen-
melhor descrita é a que está na letra D, visto que o pa- to das populações, como pessoas com doenças crô-
ciente segue desidratado, mas estável e sem grandes re- nicas e crianças, não se aplicando a contextos de
percussões. Sendo dengue, com prova do laço negativa, pandemia.
nem o hemograma é obrigatório, sendo possível tam-
bém a conduta adotada na letra D. Não vamos fazer (D) A dimensão social da vulnerabilidade relacio-
hidratação venosa em paciente grupo A para dengue nada à raça, renda e acesso aos serviços de saúde
nem mandar para o pronto-atendimento (B e C erra- não foi considerada nas estratégias de vacinação
das). Por fim, não vamos também mandar o pacien- da pandemia.
te com suspeita de COVID-19 com quadro leve para Resposta correta: Letra A
um pronto-atendimento para fazer um hemograma,
como fala a letra A. Não vamos descobrir nada sobre a Comentários: Essa questão deu bastante discussão após
COVID-19 e vamos fazer um paciente possivelmente a banca soltar o gabarito oficial, dado que muitos mar-
contaminante ir a uma unidade com aglomeração de caram a letra D. Durante o ano de 2021, diversas fo-
pessoas com sistema imune possivelmente mais debi- ram as notícias e estudos correlacionando mortes por
litado. Por fim, deve ser feita notificação para suspeita COVID-19 com características demográficas, sociais
de dengue. ou econômicas. Os mapas mostrados são um exemplo
claro disso, de onde a conclusão tirada é: morreram
Vamos às alternativas: mais pobres e negros em São Paulo pelo vírus. Essa
interpretação direciona a resposta para a letra D. No
A - INCORRETA
entanto, a letra A, que foi dada como resposta oficial,
B - INCORRETA também apresenta uma interpretação correta: o uso
C - INCORRETA somente da idade e comorbidade como critérios, sem
D - CORRETA considerar a dimensão social da vulnerabilidade, levou
ao “programa” de vacinação ter um impacto negativo
sobre a vulnerabilidade nessa dimensão.
TAKE-HOME MESSAGE: Nessa questão foi muito
importante a estratificação de risco. Tanto para dengue A letra B mostra uma contradição em si: tomamos
quanto para COVID-19 essa é uma etapa muito im- medidas estratégicas para a prevenção apostando
portante para todas as etapas subsequentes. em máscaras e outras ferramentas de uso individual,
considerando a dimensão individual. O problema se
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 61

deu porque não foram abordadas outras dimensões 1/EAS (coletada por sondagem vesical), uma vez que
da vulnerabilidade. a Infecção de trato Urinário é a mais prevalente nesta
A alternativa C faz uma exclusão da aplicação da di- faixa etária.
mensão programática que não existe obrigatoriamente, As alterações sugestivas de infecção do trato urinário na
portanto está errada. Urina 1 (sedimentoscopia urinária) são: > 5-10 leucóci-
Apesar dos recursos, a letra D não foi considerada e a tos/por campo ou 10.000/mL, nitrito positivo, esterase
questão não foi anulada. leucocitária positiva e presença de bactérias. O diag-
nóstico definitivo é realizado pela urocultura, conside-
Vamos às alternativas: rada padrão-ouro. Devido a presença de leucocitúria,
foi iniciada antibioticoterapia para o nosso paciente,
A - CORRETA porém a urocultura é negativa, portanto não há ITU.
B - INCORRETA
Lactente apresentando febre, por 3-5 dias, após a reso-
C - INCORRETA
lução da febre surge subitamente um exantema… Se
D - INCORRETA trata do Exantema Súbito.
O Exantema Súbito (comumente chamado de roséo-
TAKE-HOME MESSAGE: Determinação social do la) é uma doença exantemática que acomete principal-
processo saúde-doença e dimensões da prevenção e mente os lactentes (entre 6 meses e 2 anos), cujo agen-
promoção em saúde são assuntos muito queridos da te etiológico é o herpes-vírus humano 6 e 7 (HVH6
USP, que conta com os professores que mais os dis- e HVH7). O quadro clínico se manifesta com febre
cutem no país. Caso vá fazer prova na instituição no por 3 a 4 dias (pode atingir temperaturas elevados - >
futuro, tenha domínio sobre os temas.
39ºC), com sintomas inespecíficos associados, como
inapetência, irritabilidade, evacuações amolecidas e
linfadenopatia cervical. Após a resolução da febre, sur-
QUESTÃO 41
ge o exantema maculopapular róseo de modo súbito,
Resposta correta: Letra C inicialmente em tronco, e se dissemina para a cabeça e
extremidades. O exantema desaparece à digitopressão,
Comentários: é não pruriginoso, e desaparece em horas a 2-3 dias,
sem descamação ou hiperpigmentação. A criança se
Febre sem sinais localizatórios é definida como: ocor-
mantém em bom estado geral durante toda a evolução
rência de febre com menos de sete dias de duração em
da doença. O quadro apresenta característica benigna
uma criança em que a história clínica e o exame físico
não revelaram a causa. É um quadro comum na urgên- e autolimitada. São complicações possíveis a desidrata-
cia pediátrica, devendo ser estabelecida a conduta de ção, devido inapetência, e a convulsão febril. A condu-
acordo com a idade do paciente, presença de compro- ta deverá ser de suporte.
metimento do estado geral, situação vacinal e tempe-
ratura axilar. Caso haja comprometimento do estado
geral, deverá ser solicitada triagem infecciosa comple-
ta, internação hospitalar e início de antibioticoterapia.
Para crianças entre 3 e 36 meses, sem comprometi-
mento do estado geral, temperatura axilar ≥39ºC, o
primeiro exame a ser solicitado é a urocultura e Urina
62 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: QUESTÃO 42


A - INCORRETA- como a urocultura é negativa, não Resposta correta: Letra C
há ITU, portanto devemos suspender a antibioti-
coterapia. O anti-histamínico poderia ser prescrito Comentários:
caso de tratasse de manifestação alérgica, que não
é o caso. O desenvolvimento infantil pode ser definido como
um processo multidimensional e integral, que se inicia
B - INCORRETA – Esta seria a opção caso se tratas-
na concepção e engloba o crescimento físico, a matura-
se de manifestação alérgica à amoxicilina, quando
ção neurológica, o desenvolvimento comportamental,
mudaríamos o esquema para algum antibiótico
sensorial, cognitivo e de linguagem, assim como as re-
não beta lactâmico que pudesse ser utilizado na
lações socioafetivas. Nos primeiros anos de vida, ocorre
ITU (por exemplo sulfametoxazol-trimetropim)
uma intensa atividade neurobiológica - maturação ce-
C -CORRETA – por se tratar de exantema súbito, rebral- que leva à aquisição dos marcos de desenvolvi-
devemos suspender o antibiótico (não se trata de mento, influenciada pelos estímulos ambientais. O de-
ITU), e oferecer medidas de suporte (hidratação, senvolvimento neuropsicomotor pode ser dividido em
alimentação adequada). 4 grandes áreas: motor grosso, motor fino (adaptativo),
D - INCORRETA – como a urocultura foi coletada pessoal-social, linguagem.
adequadamente por sondagem vesical e é negativa,
Sua avaliação deve fazer parte da consulta de puericul-
não há indicativo para nova coleta de urina.
tura de todas as crianças, especialmente nos lactentes.
São fatores de risco para distúrbios do desenvolvimen-
TAKE-HOME MESSAGE: to: ausência de pré-natal, dificuldades no nascimento
O exantema súbito é a doença exantemática que aco- (asfixia), baixo peso ao nascer, prematuridade, intercor-
mete lactentes, causado pelo herpes vírus 6 e 7. O qua- rências neonatais, uso de drogas ou álcool, infecções,
dro clínico se inicia com febre por 3-5 dias, que se re- traumatismo cranioencefálico grave.
solve e surge subitamente um exantema maculopapular O desenvolvimento motor ocorre no sentido craniocau-
em tronco e face, que se resolve em horas a 2-3 dias. A dal e próximo distal, partindo de aquisições mais simples
conduta é de suporte. para as mais complexas, seguindo etapas gradativas (de-
pende da anterior). Primeiro ocorre o controle da mus-
culatura ocular (fixação ocular), seguida pela sustentação
cefálica, controle do tronco e membros inferiores, qua-
dril e por último controle de membros inferiores.
O desenvolvimento da linguagem se inicia com os sons
guturais com 3-4 meses, com 6 meses os balbucios e
com 12 meses as primeiras palavras.
Na avaliação do DNPM é importante avaliar a idade
em que se espera que os marcos surjam e, mais impor-
tante, a idade em que os marcos têm que estar presen-
tes, se não há atraso do desenvolvimento.
O desenvolvimento do prematuro deve ser avaliado de
acordo com a idade gestacional corrigida (40 semanas
- idade gestacional ao nascer) e não com a idade cro-
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 63

nológica, até os 2 anos de vida, principalmente para QUESTÃO 43


pacientes nascidos prematuros extremos.
Nosso paciente de 11 meses que nasceu de 35 sema- Resposta correta: Letra D
nas, ao realizarmos a idade corrigida (40 semanas - 35
semanas = 5 semanas, 11 meses - 5 semanas, aproxima- Comentários:
damente 10 meses) percebemos que ele tem uma idade A artrite séptica (ou artrite piogênica, pioartrite) é a
corrigida de de 10 meses. infecção de uma articulação, após disseminação de um
Quais são os marcos esperados aos 10 meses de acordo agente infeccioso via hematogênica, por inoculação di-
com a Caderneta de Saúde da criança? Imita gestos, faz reta (trauma ou cirurgia) ou disseminação de infecção
pinça, produz jargão (tenta conversar, mas ainda in- adjacente (osteomielite, celulite). Acomete principal-
compreensível), anda com apoio. mente as crianças pequenas e a articulação do joelho
ou quadril. O agente etiológico mais frequente é o S.
Quais são os marcos da faixa etária anterior que obri- aureus, mas também deve ser considerada a possibili-
gatoriamente devem estar presentes? Brinca de escon- dade de Strepto A, Haemophilus influenzae e Neisseria
de-achou, transfere objetos de uma mão para a outra, gonorrhoeae (em adolescentes sexualmente ativos).
duplica sílabas e senta sem apoio.
Pode evoluir com sequelas graves, como perda da mo-
Engatinhar é um marco do desenvolvimento que se ini- bilidade da articulação acometida, pela ação de enzi-
cia aos 9 meses, porém não é obrigatório, pois muitas mas e toxinas bacterianas que provocam a destruição da
crianças andam, sem terem engatinhado. cartilagem articular. Pode ocorrer concomitantemente
Portanto, nosso paciente não apresenta atraso de desen- a uma osteomielite de origem hematogênica, que evo-
volvimento, uma vez que apresenta todos os marcos da lui para artrite séptica (úmero+ombro, fêmur proxi-
sua faixa etária. mal+quadril, fíbula distal + tornozelo, rádio proximal
+ cotovelo).
Vamos às alternativas: O quadro clínico é composto por febre alta, compro-
metimento de estado geral, limitação da mobilidade ar-
A - INCORRETA- a prematuridade é um fator de ris-
ticular, associada a aumento do volume articular, calor
co para atraso de desenvolvimento, porém não há
local e eritema. A criança adota uma posição antálgica,
atraso neste caso.
evitando mobilizar o membro acometido. Na artrite
B - INCORRETA- vide acima séptica do quadril, a criança apresenta claudicação, e
C - CORRETA vide acima adquire a posição de flexão, abdução e rotação externa
D - INCORRETA vide acima e, ao tentar realizar a mobilização passiva do membro,
o paciente apresenta dor intensa.
TAKE-HOME MESSAGE: Devem ser solicitados hemograma (leucocitose, aumen-
to de segmentados, com desvio à esquerda), provas in-
A avaliação do DNPM é dividida em áreas: motor flamatórias (aumento de VHS e PCR) e hemocultura.
grosseiro, motor fino (adaptativo), pessoal-social e lin- Também deve ser realizada ultrassonografia e punção
guagem. O desenvolvimento motor ocorre no sentido articular (cujo material deve ser enviado para bacterios-
craniocaudal e proximodistal, de ações mais simples, copia, cultura e antibiograma). O tratamento consiste
para as mais complexas. Mais do que se atentar à ida- em drenagem cirúrgica, antibioticoterapia parenteral
de em que os marcos PODEM estar presentes, deve- empírica, até o resultado da cultura/antibiograma.
mos nos atentar à idade em que os marcos DEVEM
estar presentes.
64 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Um diagnóstico diferencial é a sinovite transitória do QUESTÃO 44


quadril, que ocorre após infecções virais respiratórias, le-
vando a dor articular no quadril, com evolução benigna Resposta correta: Letra B
e autolimitada, sem sinais sistêmicos (febre, toxemia).
Comentários:
Vamos às alternativas: Considerando o calendário de vacina do PNI (Programa
A - INCORRETA- o paciente tem indicação de inter- Nacional de Imunizações), ao nascer as crianças devem
nação hospitalar para antibioticoterapia parenteral. receber a vacina para hepatite B e BCG. Aos 2 meses,
devem receber a pentavalente (composta por difteria,
B - INCORRETA – neste momento, a suspeita é de
tétano, coqueluche, Haemophilus tipo B, hepatite B),
artrite de causa infecciosa (devido quadro agudo) e
pneumocócica 10 valente, vacina contra poliomielite
não artrite de origem inflamatória (artrites crôni-
inativada (VIP) e vacinal oral contra rotavírus.
cas, em geral acima de 6 semanas de duração).
C - INCORRETA – a febre reumática caracteristica- Entretanto, nosso paciente de 2 meses está internado,
mente cursa com febre associada a poliartrite mi- então temos uma situação vacinal especial, em que não
gratória de grandes articulações, sem comprome- deverá ser realizada a vacina contra rotavírus.
timento sistêmico e quadro hiperagudo como o A vacina contra rotavírus humano (VORH), é uma va-
paciente em questão. cina viva atenuada, que deverá ser realizada em 2 doses:
D - CORRETA – vide acima 1° dose aos 2 meses (máximo até 3 meses e 15 dias) e 2ª
dose aos 4 meses (máximo até 7 meses e 29 dias). São
contraindicações para a vacina: crianças com histórico
TAKE-HOME MESSAGE: de invaginação intestinal ou malformação gastrointes-
A artrite séptica é uma infecção grave da articulação, tinal congênita não corrigida; hipersensibilidade grave
normalmente causada pelo S. aureus, devendo ser em dose anterior da vacina ou a algum de seus compo-
prontamente diagnosticada e tratada, pelo risco de nentes. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após
destruição da cartilagem articular. O quadro clínico é a vacinação, não deverá ser repetida a dose. A vacina
composto por início agudo de dor articular, redução pode ser administrada em crianças que convivem com
da mobilização articular e sinais flogísticos, associa- portadores de imunodeficiência.
do a febre e toxemia. Devem ser solicitados exames
laboratoriais (hemograma, hemocultura, provas in- Vamos às alternativas:
flamatórias), ultrassonografia e punção articular. O
tratamento envolve intervenção cirúrgica e antibiotico- A - INCORRETA -vide acima.
terapia endovenosa. B - CORRETA -vide acima.
C - INCORRETA – A vacina contra Menigococo C é
realizada com 3 meses, 5 meses e 12 meses. O Pali-
vizumabe é o anticorpo monoclonal para profilaxia
do vírus sincicial respiratório, que é recomenda-
do para prematuros com menos de 29 semanas de
nascimento (até 28 semanas e 6 dias), portadores
de displasia broncopulmonar grave e cardiopatia
congênita com repercussão hemodinâmica.
D - INCORRETA – há também indicação da vacina
inativada contra poliomielite (VIP).
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 65

TAKE-HOME MESSAGE: Tratamento da otite média aguda com antibiótico:


Ao nascer as crianças devem receber a vacina para he- a. <6 meses: sempre!
patite B e BCG. Aos 2 meses, devem receber a pen- 2. 6-24 meses: tratar com ATB se:
tavalente (composta por difteria, tétano, coqueluche, · otorreia
Haemophilus tipo B, hepatite B), pneumocócica 10
valente, vacina contra poliomielite inativada (VIP) e · acometimento bilateral
vacina oral contra rotavírus. Como nosso paciente per- · manifestação de doença grave (aparência toxêmi-
manece internado, ele não deverá receber a vacina con- ca, otalgia moderada/intensa ou otalgia >48h, T
tra rotavírus. ≥ 39°C, ou acesso incerto para reavaliação em 48-
72h)
3. ≥ 2 anos: tratar com ATB se:
QUESTÃO 45 · otorreia
· doença grave (aparência toxêmica, otalgia modera-
Resposta correta: Letra A
da/intensa ou otalgia >48h, T ≥ 39°C, ou acesso
incerto para reavaliação em 48-72h)
Comentários:
O tratamento de primeira escolha é a Amoxicilina na
A otite média aguda é uma infecção frequente na faixa dose de 50mg/kg/dia, de 8/8 horas ou de 12/12 horas.
etária pediátrica, acometendo principalmente lactentes A duração do tratamento deve ser de 10 dias para <2
e pré-escolares. O quadro clínico é composto por fe- anos, ou em casos de MT perfurada ou OMA recor-
bre e otalgia, e à otoscopia é evidenciada a presença de rente. Se crianças >2 anos, sem perfuração ou história
abaulamento da membrana timpânica, MT opaca, hi- de OMA recorrente, tratamento por 5-7 dias. No caso
peremiada e com redução da mobilidade. Podem ocor- de falha do tratamento, pode ser aumentada a dose da
rer também manifestações inespecíficas, principalmen- Amoxicilina 90mg/kg/dia ou associar clavulanato.
te em lactentes, como diarreia, vômitos, irritabilidade
e inapetência. O quadro pode ocorrer após um quadro A Mastoidite Aguda é a principal complicação da otite
de infecção viral de vias aéreas superiores. média aguda, quando a infecção da orelha média se es-
tende às células da mastoide, levando a uma periostite.
Os principais agentes bacterianos são o Streptococcus Os sinais clínicos são: hiperemia e edema retroauricular,
pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catar- com protusão e desvio do pavilhão anterior auricular.
rhalis.
O tratamento é composto por antibioticoterapia pa-
O tratamento deve incluir analgésicos (ibuprofeno, di- renteral empírica, associada ou não a drenagem cirúrgi-
pirona, paracetamol), independente se etiologia viral ca (miringotomia). Na suspeita de mastoidite, deve ser
ou bacteriana, ou da prescrição de ATB. solicitada uma tomografia de mastoide e crânio para
A Academia Americana de Pediatria orienta o uso ra- avaliar a extensão do processo.
cional de antibioticoterapia, considerando que a maio-
ria das crianças apresenta uma evolução favorável, in-
dependente da prescrição do antimicrobiano. Foram
propostos então critérios para avaliar a possibilidade da
não prescrição de ATB (conduta expectante) com rea-
valiação da criança em 48-72 horas.
66 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: com 12 meses as primeiras palavras. Para seu desen-


volvimento adequado, é necessário que exista um bom
A - CORRETA- vide acima. funcionamento cerebral, fonatório e auditivo, e que a
B - INCORRETA-A mastoidite é considerada uma criança seja estimulada no ambiente em que se insere.
complicação da OMA, e não uma falha de tra-
O vínculo mãe-bebê é construído desde o início da ges-
tamento, devendo ser mudado o esquema
tação, e deve ser estimulado já logo após o nascimento,
para endovenoso.
através do contato pele a pele e do início precoce do
C - INCORRETA– vide acima aleitamento materno.
D - INCORRETA– vide acima
Vamos às alternativas:
TAKE-HOME MESSAGE: A - INCORRETA- vide acima.
A Mastoidite Aguda é a principal complicação da otite B - CORRETA- vide acima.
média aguda, que ocorre por extensão da infecção até a C - INCORRETA-quando a criança passa a desenvolver
mastóide. O quadro clínico é composto por hiperemia a linguagem falada, por volta dos 12 meses, o ade-
e edema retroauricular, com protusão e desvio do pavi- quado é que os adultos falem as palavras adequada-
lhão anterior auricular. O tratamento é composto por mente, sem trocas de sílabas ou modificações.
antibioticoterapia parenteral empírica, associada ou
D - INCORRETA-– o desenvolvimento da linguagem
não a drenagem cirúrgica (miringotomia). Na suspeita
falada (primeiras palavras) por volta dos 12 meses,
de mastoidite, deve ser solicitada uma tomografia de
ocorre devido aos estímulos ambientais de lingua-
mastoide e crânio para avaliar a extensão do processo.
gem, iniciados desde que o bebê é pequeno.

QUESTÃO 46 TAKE-HOME MESSAGE:


O desenvolvimento da linguagem faz parte das 4 gran-
Resposta correta: Letra B
des áreas do desenvolvimento neuropsicomotor. Para
tanto, ele depende tanto do funcionamento neuro-
Comentários:
biológico, quanto dos estímulos ambientais oferecidos
O desenvolvimento infantil pode ser definido como pelos familiares. Um grande estímulo para o desenvol-
um processo multidimensional e integral, que se inicia vimento da criança é a interação falada, que deve ser
na concepção e engloba o crescimento físico, a matura- estimulada desde o período neonatal.
ção neurológica, o desenvolvimento comportamental,
sensorial, cognitivo e de linguagem, assim como as re-
lações socioafetivas. Nos primeiros anos de vida, ocorre
uma intensa atividade neurobiológica - maturação ce-
rebral- que leva à aquisição dos marcos de desenvolvi-
mento, influenciada pelos estímulos ambientais. O de-
senvolvimento neuropsicomotor pode ser dividido em
4 grandes áreas: motor grosso, motor fino (adaptativo),
pessoal-social, linguagem.
O desenvolvimento da linguagem se inicia com os sons
guturais com 3-4 meses, com 6 meses os balbucios e
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 67

QUESTÃO 47 Temos um paciente com antecedente de lesões em face,


com disseminação ao redor do corpo, sugestivo de
Resposta correta: Letra D impetigo. Após 4 semanas, evolui com edema, hiper-
tensão, oligúria, só faltou falar da hematúria. O ECG
Comentários: evidencia apiculamento de onda T, onda P achatada
e alargamento de QRS, sugestivo de hipercalemia, se-
A Glomerulonefrite Pós-Estreptocócica é a principal
cundária a lesão renal aguda. Nossa conduta deve ser
causa de Glomerulonefrite Difusa Aguda/Síndrome
Nefrítica, sendo a glomerulopatia mais comum na administrar gluconato de cálcio endovenoso para esta-
infância. Se trata de processo inflamatório de origem bilizar a membrana dos cardiomiócitos; restrição hídri-
imunológica, sendo uma sequela tardia e não supurati- ca, diurético de alça (furosemida).
va da infecção estreptocócica por cepas nefritogênicas
(pós faringite ou piodermite), com formação de anti- Vamos às alternativas:
corpos e deposição de imunocomplexos glomerulares
A - INCORRETA-vide acima
in situ. Ocorre então perda da integridade glomerular,
com passagem de elementos que não deveriam ser fil- B - INCORRETA-vide acima
trados: hemácias (hematúria dismórfica/cilindros he- C - INCORRETA-vide acima
máticos), leucócitos e proteínas (proteinúria em nível D - INCORRETA-vide acima
não nefrótico). Ocorre também redução da luz dos ca-
pilares glomerulares, com redução da taxa de filtração
glomerular e retenção dos compostos, podendo levar à TAKE-HOME MESSAGE:
lesão renal aguda. Os túbulos renais passam a receber A Glomerulonefrite Aguda Pós estreptocócica ocorre
menos água e sódio, levando ao aumento da reabsorção após faringite ou infecção de pele estreptocócica, cujo
dos mesmos, levando à oligúria, aumento do volume quadro clínico é composto por: oligúria, hipertensão
extracelular circulante (supressão do SRAA), edema, arterial e hematúria. O quadro pode se agravar com le-
hipertensão arterial e congestão. são renal aguda, hipervolemia, encefalopatia hiperten-
O quadro clínico se inicia habitualmente em 1-2 se- siva e distúrbios hidroeletrolíticos. O tratamento em
manas após a infecção estreptocócica, e os sintomas geral envolve restrição hídrica e furosemida. Caso haja
clínicos clássicos são: edema, hipertensão arterial, he- hipercalemia com alteração ao eletrocardiograma, deve
matúria dismórfica (cilindros hemáticos) e oligúria. A ser realizado gluconato de cálcio endovenoso.
criança normalmente não tem comprometimento do
estado geral, podendo apresentar queixas inespecíficas:
cefaleia, edema periorbital, inapetência. A evolução QUESTÃO 48
natural inclui redução do edema e resolução da oligú-
ria em 7-15 dias, seguida pela normalização dos níveis Resposta correta: Letra C
pressóricos. A avaliação laboratorial inclui: urina tipo
1, complemento (C3 reduzido), ureia/creatinina, ele- Comentários:
trólitos, ASLO/AntiDNAse.
O recém-nascido apresenta alterações metabólicas que
O tratamento inclui repouso, restrição hídrica e salina, o predispõe à ocorrência de icterícia fisiológica, como
furosemida se congestão volêmica, antibioticoterapia menor vida das hemácias, e imaturidade hepática.
(para erradicação do Strepto A- penicilina, amoxicili- Sempre que estamos frente a um recém-nascido ictéri-
na ou penicilina benzatina). Em casos graves (sinais de co devemos avaliar sinais de icterícia patológica:
congestão volêmica, lesão renal aguda, urgência hiper-
tensiva) deve ser indicada hospitalização.
68 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

• Icterícia precoce (primeiras 24-36 horas de vida): TAKE-HOME MESSAGE:


sempre considerar causa hemolítica A Icterícia do Aleitamento Materno é aquela icterícia
• Necessita de fototerapia; ascende rapidamente; pro- que acomete os recém-nascidos na primeira semana de
longada; aumento de bilirrubina direta; presença vida, devido à baixa ingesta de leite materno, secundá-
de outras alterações clínicas associadas. rio a dificuldade no aleitamento. A conduta deve ser de
A icterícia fisiológica do recém-nascido a termo, surge correção da técnica do aleitamento e retorno precoce.
no final do 2º para o 3º dia de vida, atinge o pico entre
o 3º e o 4º dia, não atinge níveis elevados (bilirrubina
total~12mg/dl), e se resolve em 7 dias.
QUESTÃO 49
Uma causa de icterícia mais acentuada na primeira se- Resposta correta: Letra B
mana de vida é secundária à baixa ingesta de leite ma-
terno, por dificuldades relacionadas ao início do alei- Comentários:
tamento materno. A esta icterícia, damos o nome de
Intussuscepção intestinal ou invaginação intestinal é
icterícia do Aleitamento Materno.
uma causa importante de Abdome Agudo Obstrutivo
O paciente da questão encontra-se bem clinicamente, que acomete principalmente lactentes, na porção ileo-
porém com uma perda de peso de 12% em relação ao cólica. Pode ocorrer de forma idiopática, mas pode se
peso de nascimento, além da icterícia às custas de bilir- associar a infecções virais, vacinação para rotavírus, e al-
rubina direta. Consideramos portanto a possibilidade terações intestinais (como divertículo de Meckel). Em
de icterícia associada à baixa ingesta. crianças maiores, devem ser consideradas causas subja-
centes (Divertículo de Meckel, pólipos, linfoma GI).
Vamos às alternativas: A apresentação clássica é um lactente com início agudo
A - INCORRETA- Consideramos icterícia de causa de dor/desconforto abdominal do tipo cólica, irrita-
hemolítica aquela icterícia iniciada nas primeiras bilidade/choro, associado a vômitos (podem se tornar
24-36 horas de vida. A deficiência de G6PD (gli- biliosos), com massa abdominal palpável em forma de
cose-6-fosfato-desidrogenase) é uma causa de icte- salsicha e hematoquezia (classicamente as fezes em ge-
rícia hemolítica, de aparecimento precoce. leia de framboesa - fezes com muco e sangue).
B - INCORRETA – Esta seria a conduta para uma ic- A confirmação diagnóstica pode ser realizada de diver-
terícia prolongada/persistente, às custas de aumen- sas formas, sendo a ultrassonografia a mais utilizada,
to de bilirrubina indireta, pela hipótese de atresia evidenciando o sinal do alvo e do pseudorrim. A ra-
de vias biliares. diografia evidencia distensão de alças intestinais, com
C - CORRETA-deve ser orientada técnica adequada de ausência de ar em cólon, além de possibilitar avaliação
amamentação, com retorno para reavaliação. de pneumoperitônio.
D - INCORRETA- a hipótese de alergia à proteína do O manejo do paciente estável envolve jejum, com re-
leite de vaca não se encaixa para este paciente, não dução via enema (com bário, ar, solução salina) guiado
devendo ser orientado nenhum outro leite, além por radioscopia ou ultrassom. Caso paciente instável,
do aleitamento materno. com sinais de peritonite ou perfuração intestinal, ou
falha na tentativa de redução via enema, deve ser reali-
zada abordagem cirúrgica.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 69

Vamos às alternativas: Vamos às alternativas:


A - INCORRETA- a alergia à proteína do leite de vaca A - CORRETA- vide acima
pode se manifestar com hematoquezia (normalmen- B - INCORRETA- vide acima
te quadro muito leve, com evacuações com raias de C - INCORRETA- vide acima
sangue) e podem ocorrer vômitos associados. Porém
o quadro não é agudo, e não há obstrução intestinal. D - INCORRETA- vide acima
B - CORRETA– vide acima.
C - INCORRETA– não há quadro sugestivo de colite TAKE-HOME MESSAGE:
pseudomembranosa (diarreia intensa), nem há fa- O Código de Ética Médica garante o sigilo médi-
tor de risco para a mesma. co, mesmo que o fato seja de conhecimento público.
D - INCORRETA– a radiografia para abdome agudo Portanto, a instituição deverá manter sigilo do caso
pode ser realizada, porém o diagnóstico é confir- da paciente.
mado da ultrassonografia.

QUESTÃO 51
TAKE-HOME MESSAGE:
A Invaginação Intestinal é uma causa importante de Resposta correta: Letra C
abdome agudo obstrutivo em pediatria, devendo ser
considerada nos lactentes com dor/desconforto abdo- Comentários:
minal, evacuação com sangue vivo (em geleia de mo- As hemofilias são distúrbios genéticos da coagulação
rango/framboesa), vômitos biliosos. O diagnóstico é que determinam atividade muito baixa do fator VIII
confirmado pela ultrassonografia que evidencia o sinal (hemofilia A) ou do fator IX (hemofilia B). Os genes
do duplo alvo. que codificam a síntese destes fatores se encontram no
braço longo do cromossomo X, com herança portanto
ligada ao sexo, justificando a doença ser quase exclusiva
QUESTÃO 50 do sexo masculino.
Resposta correta: Letra A A hemofilia A é classificada como leve (atividade do
fator 5-30%), moderada (1-5%) e grave (<1%), e o
Comentários: tratamento constitui na administração endovenosa do
fator VIII. As manifestações clínicas da forma grave
É vedado pelo artigo 73 do código de ética médica: ocorrem por volta dos 2-4 anos de idade, com o iní-
“Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude cio da deambulação sem auxílio, e se caracterizam por
do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, hemartroses, sendo a articulação mais frequentemen-
dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente. te acometida o joelho, podendo ocasionar anquilose e
Permanece a proibição: a) mesmo que o fato seja de deformidade articular permanente se recorrente. Pode
conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) haver hematomas intramusculares com compressão de
quando de seu depoimento como testemunha. Nessa nervos periféricos e síndrome compartimental, hema-
hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e tomas retroperitoneais, sangramento gastrointestinal e
declarará seu impedimento; c) na investigação de sus- geniturinário. A hemorragia intracraniana ocorre em
peita de crime, o médico estará impedido de revelar 10% dos pacientes, possuindo uma mortalidade de
segredo que possa expor o paciente a processo penal.” 30%, representando a segunda causa de morte em pa-
Questão possível de ser respondida com o bom senso! cientes hemofílicos.
70 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Pacente de 1 ano e 6 meses, sexo masculino, portador TAKE-HOME MESSAGE:


de hemofilia A grave, sofre traumatismo cranioencefá- Hemofilias são distúrbios de coagulação, sendo a A do
lico (TCE), se apresentando no pronto atendimento fator VIII e a B do fator IX. São ligadas ao cromossomo
orientado e alerta, porém com sinais de risco para le- X, portanto quase exclusivas de meninos. O tratamen-
são intracraniana - presença de vômitos (>2 episódios) to é a reposição do respectivo fator.
e hematoma em região não frontal, além do status de
portador de distúrbio de coagulação - questão cobra a
conduta a ser tomada. QUESTÃO 52

Vamos às alternativas: Resposta correta: Letra D

A - INCORRETA- considerando paciente com idade < Comentários:


2 anos, hematoma não frontal e presença de vômi-
a obtenção de acesso intraósseo está indicada em situa-
tos, é considerado risco intermediário para lesões
ções em que necessitamos de um acesso venoso de ur-
intracranianas e deve-se ponderar observação de 6
gência e fracassamos na tentativa de obtenção de acesso
a 12h ou tomografia de crânio (TC) conforme ex-
venoso periférico.
periência do médico, achados múltiplos, referência
dos pais e piora dos sintomas, entretanto pela pre- Tem como contraindicações: fratura, tentativa anterior de
sença de hemofilia, fator importante para a presen- colocação, devido ao extravasamento que ocorre no local
ça de sangramento intracraniano, há indicação de da punção anterior, osteogênese imperfeita e osteopetrose
se realizar TC; há indicação de sedação consideran- pelo risco de fratura, e infecção no local da punção.
do paciente pouco colaborativo. Em paciente com O acesso intraósseo pode ser mantido por até 72-96 ho-
TCE e hemofilia realizar imediatamente a reposi- ras, devendo ser removido assim que obtida veia periféri-
ção de fator VIII para elevar o fator deficiente para ca, idealmente dentro de 6 a 12 horas. Podemos infundir
80% a 100% até descartar sangramento, e não so- quaisquer medicações endovenosas em acesso intraósseo.
mente se houver sangramento.
B - INCORRETA– como dito na opção A, há indica- Vamos às alternativas:
ção de tomografia, e a alternativa não contempla a A - INCORRETA- agulha firme e retorno de fluido
reposição do fator VIII. após punção intraóssea são critérios de correto
C - CORRETA-– há indicação de tomografia e de re- posicionamento da agulha, e não de acidente de
posição de fator VIII até descartarmos sangramen- punção. Podemos também fazer infusão de solução
to intracraniano; se confirmado, a reposição se fisiológica para verificar se há abaulamento de par-
estende por 14 a 21 dias, na dependência de sinto- tes moles, o que indicaria posição incorreta.
mas neurológicos ou não, com profilaxia terciária B - INCORRETA– os locais em que podemos realizar
por cerca de 3 meses. punção intraóssea são: tíbia proximal, tíbia distal,
D - INCORRETA– alternativa não aborda necessida- fêmur distal (como na questão, portanto adequa-
de de exame de neuroimagem, e a reposição deve damente alocada) e espinha ilíaca anterossuperior.
ser realizada guiada por dosagem da atividade do C - INCORRETA– o acesso intraósseo pode ser utili-
fator VIII objetivando 80% a 100%, e não somen- zado para quaisquer medicações endovenosas utili-
te dobrar a dose. zadas no ambiente de emergência.
D - CORRETA– conforme comentado, o local é apro-
priado e há critérios para acesso intraósseo adequa-
damente alocado.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 71

TAKE-HOME MESSAGE: Devemos estratificar os pacientes em baixo risco, com


na urgência, não conseguiu acesso periférico, obtenha tratamento ambulatorial indicado (ciprofloxacino +
acesso intraósseo em tíbia, fêmur ou espinha ilíaca, amoxicilina + clavulanato), e de alto risco, que devem
para testar infudir soro e verificar se agulha fixa, pode- ser hospitalizados em unidade de terapia intensiva.
-se infundir qualquer medicação endovenosa. Os principais fatores de gravidade são neutropenia de
duração superior a sete dias, insuficiência hepatica ou
renal concomitantes, instabilidade hemodinâmica, sin-
QUESTÃO 53 tomas gastrintestinais, alterações neurológicas, infecção
de catéter intravascular, presença de mucosite oral ou
Resposta correta: Letra D intestinal, transplante de medula óssea nos últimos 30
dias, infiltrado pulmonar e/ou hipoxemia, e o tipo de
Comentários: tumor (leucemias linfoblastica ou mieloide agudas).

Definimos como neutropenia febril a ocorrência de O tratamento constitui em esquema antimicrobiano -


febre em um paciente com contagem absoluta de neu- cefepime ou meropenem ou piperacilina + tazobactam,
trófilos abaixo de 500 celulas/microL. A principal cau- sendo suspensos após resolução da febre por pelo me-
sa é o tratamento quimioterápico de neoplasias, com nos 24h, culturas negativas por pelo menos 48h e con-
risco aumentado de infecções devido à imunodeficiên- tagem de neutrófilos maior que 500 células/microL.
cia causada pelo tratamento, sendo as principais bac- A questão aborda conduta em paciente leucopênico,
teremia, mucosite oral ou intestinal, doença diarreica, secundário À quimioterapia, com quadro de choque
infecções de trato urinário, pele e tecidos moles e de séptico, portanto classificado como grave.
vias aéreas.
Sepse é definida como a presença ou forte suspeita clí- Vamos às alternativas:
nica de infecção associada à Síndrome da Resposta In-
A - INCORRETA- ceftriaxona não é antimicrobiano
flamatória Sistêmica (SRIS). A SIRS é definida como
indicado para neutropenia febril. Não há indica-
presença de pelo menos dois dos seguintes critérios,
ção para utilização de antifúngicos, que consti-
sendo que um deles deve ser alteração da temperatura
tuem, além de sinais clínicos ou radiográficos de
ou do número de leucócitos: alteração de temperatura
infecção fúngica, a persistência de febre após 4-7
corporal; taquicardia; taquipneia; alteração de leucóci-
dias de antibiótico de amplo espectro e sem foco
tos (leucocitose ou leucopenia). Quando temos sepse
infeccioso identificado. Considerando sepse e re-
associada a disfunção cardiovascular, não responsiva à
fratariedade de fluidos, há indicação do uso de
terapia de ressuscitação fluídica classificamos o quadro
aminas vasoativas, sendo indicada nos casos de
como choque séptico.
choque frio a adrenalina.
Devemos solicitar hemograma completo, eletrólitos, B - INCORRETA– aciclovir somente estaria indicado
função renal, transaminases, bilirrubina total e frações, se suspeita de lesões herpéticas em pele ou muco-
proteina C reativa, hemocultura (periférica e de caté- sas. Opção incompleta pois não aborda a indicação
ter central), gasometria arterial, lactato sérico, urina e de epinefrina. Não é o momento adequado para
urocultura; conforme suspeita clínica, acrescentar ra- transfusão de hemácias ou plaquetas - de forma
diografia de tórax, abdome, punção lombar e culturas geral, a transfusão de plaquetas está indicada com
de outros sítios. contagem plaquetária <50.000/ L e presença he-
morragia, e concentrado de hemácias quando a he-
moglobina for inferior a 6g/dL.
72 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

C - INCORRETA– não há indicação para concentra- umbilical e de ser levado à mesa de reanimação para
do de hemácias ou plaquetas, e a opção não traz a os passos iniciais e avaliação da frequência cardíaca
epinefrina como conduta. e respiração.
D - CORRETA– meropenem é antimicrobiano de am- Os passos iniciais devem ser realizados em 30 segundos
plo espectro indicado; As indicações para vanco- e incluem: 1) Aquecer 2) Posicionar – manter o pesco-
micina no paciente em questão são a presença de ço em leve extensão para promover abertura das vias aé-
comprometimento cardiovascular e de mucosite reas, podendo ser necessário um coxim sob os ombros.
grave (demonstrada na imagem). Outros critérios: 3) Aspirar boca e narinas se necessário – na presença de
pneumonia documentada na radiografia; infecção excesso de secreções obstruindo a via aérea, sendo tam-
de cateter central; infecção de pele ou partes moles; bém prudente na presença de mecônio (não confunda
colonização conhecida por MRSA ou pneumococo com aspiração traqueal!). Aspirar primeiro a boca, de-
resistente; mucosite grave; profilaxia com quinolo- pois as narinas, não realizando de maneira brusca ou
nas durante neutropenia febril; quimioterapia com na faringe posterior, pois pode induzir à resposta vagal
esquemas associados a alto risco de infecção por e ao espasmo laríngeo, com apneia e bradicardia. Evitar
agentes sensíveis a vancomicina.Como após a ex- a aspiração da hipofaringe pois pode causar atelectasia
pansão volêmica paciente não apresentou melhora e trauma. 4) Secar – corpo e a região da fontanela com
hemodinâmica, devemos iniciar droga vasoativa campos aquecidos; desprezar os campos úmidos.
(epinefrina), considerando choque séptico frio.
A contagem da frequência cardíaca (FC) deve ser reali-
zada através da ausculta do precórdio por 6 segundos,
TAKE-HOME MESSAGE: multiplicando o valor obtido por 10.
Neutropenia com febre igual a triagem infecciosa ex- As indicações para ventilação com pressão positiva
tensa, extratificação de risco e antibióticos de amplo (VPP) por máscara são FC menor que 100 bpm ou res-
espectro, sendo os de baixo risco de tratamento ambu- piração irregular/gasping/apneia, devendo ser realizada
latorial e alto risco de internação hospitalar. por cânula traqueal se FC<100 após correção da técnica
da VPP por máscara; VPP com máscara facial prolon-
gada; aplicação de compressões cardíacas; RN com sus-
QUESTÃO 54 peita de hérnia diafragmática que necessita de VPP. As
compressões cardíacas estão indicadas se FC<60 bpm
Resposta correta: Letra B após 30 segundos de VPP por cânula traqueal com téc-
nica adequada. Adrenalina está indicada se
Comentários:
FC <60 bpm após compressões com técnica adequa-
Questão traz recém-nascido (RN) a termo, portanto da e solução fisiológica (10 mL/kg em 5-10 minutos)
para correta assistência em sala de parto devemos se- se sinais de choque hipovolêmico. Adrenalina deve ser
guir fluxograma para RN de idade gestacional maior administrada na dose de 0,05 a 0,1 mg/kg se endotra-
ou igual a 34 semanas. queal (dose única até obtenção do acesso umbilical) ou
Primeiramente, para a decisão de clampeamento do 0,01 a 0,03 mg/kg endovenoso, podendo ser repetida a
cordão, levamos em consideração 1) se está respirando cada 3-5 minutos.
ou chorando; 2) se tônus muscular em flexão; 3) se a
circulação placentária está intacta. O RN da questão
apresenta respiração irregular e tônus fraco, com in-
dicação correta de clampeamento imediato do cordão
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 73

Vamos às alternativas: QUESTÃO 55


A - INCORRETA - RN se apresenta em apneia e com Resposta correta: Letra C
frequência cardíaca de 80 bpm. Na presença de FC
menor que 100 bpm ou respiração irregular/gas- Comentários:
ping/apneia, está indicada a ventilação com pressão
positiva (VPP). Não há indicação para adrenalina A síndrome nefrótica é definida pela presença de pro-
(FC <60 após compressões com técnica adequada) teinúria nefrótica (superior a 50 mg/Kg/dia ou relação
nem de solução fisiológica (sinais de choque hipo- proteinúria/creatinúria > 2.0), hipoalbuminemia (infe-
volêmico: palidez, má perfusão, pulsos débeis). rior a 2.5 g/dL), edema e hiperlipidemia.
B - CORRETA – está indicada VPP em máscara e mo- Estes achados são devido à disfunção da Barreira de Fil-
nitorização, devendo esta ser iniciada com concen- tração Glomerular (BFG), sendo na maioria dos casos
tração de oxigênio a 21% em RN maior ou igual a causada por anormalidades funcionais das células T e/
34 semanas (e 30% em menores de 34 semanas). ou células B, com aumento da permeabilidade da bar-
A VPP deve ser iniciada, se indicada, no primeiro reira de filtração, ou por defeito intrínseco do podóci-
minuto de vida, o chamado “minuto de ouro”, na to por mutações genéticas. Tal disfunção leva a perda
frequência de 40-60 por minuto (“ocluuui/solta/ proteica significativa, sobretudo de albumina, levando
solta”), com reavaliações a cada 30 segundos, com a diminuição da pressão osmótica intravascular, com
o objetivo e FC>100 e respiração regular, quando consequente extravasamento líquido para o espaço ex-
ela então deve ser suspensa. travascular, resultando em edema.
C - INCORRETA– conforme discutido, a VPP deve É preponderante sua forma idiopática. Pode ainda ser
ser iniciada a 21%, devendo os acréscimos serem secundária a infecções e agentes parasitários, colageno-
realizados somente após verificar e corrigir técnica ses e vasculites, drogas, neoplasias e processos alérgicos,
se não houver melhora na FC e/ou conforme sa- dentre outras.
turação, da seguinte forma: 21%  40%  60%
 80%  100%. Uma vez indicada compressões O tratamento é feito com corticoterapia. Podemos clas-
cardíacas, a VPP deve ser realizada por cânula oro- sificá-la em córtico-sensíveis (SNCS) se apresentam ne-
traqueal com oxigênio a 100%. gativação da proteinúria durante as primeiras 6 a 8 sema-
nas de corticoterapia sistêmica (cerca de 90% dos casos)
D - INCORRETA– somente estaria indicado compres- e córtico-resistentes se não responde em 8 semanas com
sões cardíacas se FC<60 bpm após 30 segundos de dose máxima da corticoterapia, necessitando de uso de
VPP por cânula traqueal com técnica adequada - imunosupressores, tais como tacrolimos, ciclofosfamida
portanto antes de sua indicação o RN deve receber e micofenolato. Dos cortico-resistentes, 30 a 40% evo-
VPP por máscara e VPP por cânula. luem para doença renal crônica em 10 anos.
Dentre os casos de SNCS, podemos subclassificar em
TAKE-HOME MESSAGE: recidivante – reaparecimento da proteinúria até no má-
Ao nascimento, cerca de um em cada 10 RN necessita ximo 3 semanas após o final do tratamento; recidivante
de ajuda para iniciar a respiração efetiva; um em cada frequente –mais que duas recidivas num período de 6
100 precisa de intubação traqueal; e 1 RN em cada meses; e córtico-dependente: quando apresenta recidi-
1.000 requer intubação acompanhada de massagem va durante a retirada da corticoterapia.
cardíaca e/ou medicações, desde que a ventilação seja De fato, 80 a 90% das crianças com SNCS apresentam
aplicada adequadamente. A ventilação pulmonar é o uma ou mais recidivas durante o curso do tratamento
procedimento mais importante e efetivo na reanimação preconizado. O tratamento da recidiva é feito com in-
do RN em sala de parto. trodução ou otimização da corticoterapia, controle da
pressão arterial e tratamento precoce das infecções.
74 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Durante as fases de edema ou quando houver hiperten- C - CORRETA– paciente atingiu estabilização clínica,
são, deve ser recomendada uma dieta hipossódica ou a saber: afebril, em bom estado geral, controle ade-
assódica, sem restrição hídrica na ausência de hipervo- quado da pressão arterial, balanço hídrico negativo
lemia. Os diuréticos devem ser evitados, de forma ge- em 600mL e recuperação do peso corporal, com
ral, pelo risco de precipitação de piora da função renal, resolução laboratorial da insuficiência renal aguda
pois muitos nefróticos apresentam redução do volume e da hemoconcentração, portanto com critérios
sanguíneo efetivo. para alta hospitalar e seguimento ambulatorial.
Nos quadros de anasarca e sem evidências de hipovo- D - INCORRETA– paciente em compensação clíni-
lemia, devem ser utilizados diuréticos tiazídicos como ca, sem quaisquer evidências de hipovolemia ou
a hidroclorotiazida, evitando-se a depleção de potássio desidratação, com função renal normal, com boa
seja pela sua reposição, seja com o uso de espirono- aceitação via oral, não há indicação de soroterapia
lactona. Se resistentes a essa terapia ou com anasarca de manutenção.
e hipervolêmicos, podem ser associados diuréticos de
alça, como a furosemida. TAKE-HOME MESSAGE:
Nos edemas volumosos e persistentes, utiliza-se infusão Memorize o quadro clínico da síndrome nefrótica: pro-
endovenosa de albumina a 20% associada à furosemida. teinúria, hipoalbuminemia, edema e hiperlipidemia.
A questão traz paciente de 6 anos, portadora de síndro- Tratamento realizado com corticoterapia, dieta hipos-
me nefrótica cortico-dependente, desenvolve descom- sódica e albumina humana, além de controle da pres-
pensação após quadro de resfriado comum, apresen- são arterial e tratamento precoce das infecções, sendo
tando lipotímia, oligúria e edema importante - ganho em geral evitado o uso de diuréticos.
ponderal de 24% do peso corporal. Se encontra em
internação hospitalar, sendo submetida a dieta hipos-
sódica, albumina humana e corticoterapia sistêmica. QUESTÃO 56

Vamos às alternativas: Resposta correta: Letra A

A - INCORRETA- indicamos tratamento com albumi- Comentários:


na por critérios clínicos, tais como presença de oligo-
Define-se como conjuntivite neonatal a inflamação
anúria; infecções graves; derrames extensos; suspeita
conjuntival que se desenvolve no primeiro mês de
de fenômenos tromboembólicos; edema escrotal ou
vida, sendo as principais causas a conjuntivite quími-
vaginal importantes. O nível de albuminemia iso-
ca, que ocorre por instilação de nitrato de prata, ou
ladamente não deve indicar albumina endovenosa.
infecciosa, por transmissão da mãe para o filho durante
B - INCORRETA– como vimos, nos quadros de ana- o parto, sendo os principais agentes Chlamydia tracho-
sarca e sem evidências de hipovolemia, utilizamos matis, Neisseria gonorrhoeae e, mais raramente, her-
diuréticos tiazídicos. Somente se resistentes a essa pes simples.
terapia ou com anasarca e hipervolêmicos, podem
ser associados diuréticos de alça, como a furosemi- A conjuntivite química é a principal causa de conjun-
da. Paciente se apresenta em remissão do edema, de- tivite neonatal, com aparecimento dos sintomas com
monstrado pela recuperação de seu peso, entretanto 1 a 2 dias de vida, caracterizada por olho vermelho e
não apresenta indicação de quaisquer diuréticos. secreção clara, com resolução espontânea em 2 a 3 dias,
podendo também ser utilizado colírios lubrificantes.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 75

A conjuntivite gonocócica se manifesta com 2 a 5 dias Vamos às alternativas:


de vida, com quadro hiperagudo de secreção puru-
lenta, blefaroedema e quemose, com associação com A - CORRETA - paciente apresenta conjuntivite a par-
quadros sistêmicos - meningite, pneumonia, artrite, tir de 18 dias de vida, com fator de risco a ausência
rinite, proctite. Se constitui em quadro extremamente de assistência pré-natal adequada e parto vaginal,
grave pela possibilidade de perfuração corneana, sendo portanto com a possibilidade de infecção pelo ca-
o acometimento da córnea critério de hospitalização nal de parto, sem outros comemorativos sistêmi-
obrigatória, com uso de penicilina G, ceftriaxona ou cos, principal hipótese diagnóstica é de conjunti-
cefotaxima. Na ausência de ceratite, utilizar ceftriaxona vite por clamídia.
intramuscular ou eritromicina oral. B - INCORRETA– a conjuntivite química se manifes-
ta por quadro precoce e autolimitado, no primeiro
A conjuntivite por clamídia é a mais comum dentre
ou segundo dia de vida, com secreção clara.
as infecciosas, ocorrendo entre o 5o e 19o dias de vida
por conjuntivite mucopurulenta e papilar, sendo de C - INCORRETA– num quadro de conjuntivite go-
comum associação com otite média, rinite, vagine e nocócica esperaríamos manifestações clínicas mais
pneumonia intersticial febril. O diagnóstico é feito por precoces e exuberantes, com associação com qua-
imunofluorescência direta ou por Giemsa demonstran- dros sistêmicos - meningite, pneumonia, artrite,
do corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos; o tra- rinite, proctite.
tamento sistêmico visa evitar a pneumonite que ocorre D - INCORRETA– A obstrução do ducto lacrimal
após 3 a 13 semanas da conjuntivite, e é realizado com se manifesta por material úmido mucopurulento
eritromicina durante 2 semanas ou pomada ocular de ou seco nos cílios ou a expressão do saco lacrimal,
eritromicina (0,5%) pode ser usada 3 a 4 vezes/dia, du- eritema da pele circundante e edema do canto me-
rante 10 dias. dial. Não há quaisquer referências a tais achados
A obstrução congênita do ducto nasolacrimal é diag-
nóstico diferencial das conjuntivites neonatais e é re- TAKE-HOME MESSAGE:
sultado de uma membrana na extremidade distal do
Conjuntivite química é precoce, autolimitada, causa-
ducto nasolacrimal, não adequadamente perfurada,
da pelo nitrato de prata; conjuntivite por clamídia é
que se manifesta por material úmido mucopurulento
a mais comum e aparece em torno do quinto ao 19o
ou seco nos cílios, eritema da pele circundante e ede-
dia de vida, enquanto por gonococo é a mais grave,
ma do canto medial. O refluxo de material mucoide
associado a infecções sistêmicas e aparece mais precoce-
ou mucopurulento quando se aplica pressão no saco
mente, em torno de 2 a 5 dias de vida.
lacrimal confirma o diagnóstico, sendo o tratamento a
pressão digital do ducto lacrimal 4 vezes ao dia, e son-
dagem da via lacrimal nos casos refratários.
76 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 57 Os exames iniciais na suspeita de imunodeficiência


primária são: Hemograma (avalia penias, alteração pla-
Resposta correta: Letra D quetas), Imunoglobulinas (IgA, IgE, IgM, IgG), RX
tórax (visualiza timo), teste cutâneo de hipersensibili-
Comentários: dade tardia (PPD), Teste de redução do NBT (se abs-
cessos, furúnculos de repetição), complemento (C3, C4,
A criança saudável pode apresentar, em média, de 4 a CH50), sorologia para HIV e pode ser solicitada sorolo-
8 infecções respiratórias por ano. Este número pode gia para avaliar a resposta vacinal (hepatite B, sarampo).
ser ainda maior (10 a 12 infecções por ano) quando a
criança convive com irmãos mais velhos no domicílio Temos um paciente com antecedente de diversas in-
ou quando frequentam creches e pré-escolas . Aproxi- fecções, incluindo infecções graves com necessidade de
madamente 50% das crianças com infecções respirató- internação e UTI, associado a comprometimento no
rias recorrentes podem ser saudáveis (sem doenças de crescimento ponderoestatural. Devemos avaliar a pos-
sibilidade de alteração imunológica.
base); 30% têm algum tipo de alergia; 10% possuem
patologias crônicas e os 10% restantes podem ter al-
gum tipo de imunodeficiência.
Vamos às alternativas:
As imunodeficiências primárias são doenças hereditá- A - INCORRETA- A avaliação do hemograma e do
rias que levam ao comprometimento do sistema imu- perfil de ferro também é importante, porém não é
ne, com apresentações clínicas variáveis: infecções gra- a prioridade neste momento.
ves ou incomuns, doenças autoimunes e malignidades. B - INCORRETA– A hipogamaglobulinemia fisioló-
gica da infância se refere a níveis mais baixos de
São considerados sinais de alerta na criança para Imu- IgG nos primeiros anos de vida, por imaturidade
nodeficiência primária: do sistema imune. Porém, ela não justifica a ocor-
1. Duas ou mais Pneumonias no último ano rência de quadros infecciosos graves, com compro-
2. Quatro ou mais novas Otites no último ano. metimento do crescimento.
3. Estomatites de repetição ou Monilíase por mais de C - INCORRETA– Temos uma alteração do cresci-
dois meses. mento associada a quadros infecciosos, devemos
portanto primeiro avaliar a parte infecciosa, pois
4. Abcessos de repetição ou ectima. esta deve ser a causa do impacto no crescimento.
5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningi- D - CORRETA – vide acima.
te, osteoartrite, septicemia)
6. Infecções intestinais de repetição / diarréia crônica
/ giardíase TAKE-HOME MESSAGE:
7. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto- A ocorrência de infecções repetidas e graves na criança
-imune devem levantar a suspeita de imunodeficiência primária,
8. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por Mico- que são doenças hereditárias que levam ao comprometi-
bactéria mento do sistema imune, com apresentações clínicas va-
riáveis: infecções graves ou incomuns, doenças autoimu-
9. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a nes e malignidades.Os exames iniciais na suspeita de
Imunodeficiência imunodeficiência primária são: Hemograma, Imunoglo-
10. História familiar de imunodeficiência. bulinas, RX tórax , teste cutâneo de hipersensibilidade
tardia (PPD), complemento (C3, C4, CH50), sorologia
para HIV e pode ser solicitada sorologia para avaliar a
resposta vacinal (hepatite B, sarampo).
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 77

QUESTÃO 58 Vamos às alternativas:

Resposta correta: Letra B A - INCORRETA- indicamos eletroencefalograma


para investigação de quadro de convulsões, não
Comentários: sendo o caso da questão. O padrão eletroencefa-
lográfico de hipsarritmia é típico da síndrome de
A polirradiculopatia aguda inflamatória desmielinizante West, caracterizado pela tríade crises em espasmos,
(PAID) ou síndrome de Guillain‑Barré (SGB) resultado deterioração mental e atraso neuropsicomotor, de
de uma resposta imunológica cruzada entre agentes in- início entre 3 e 7 meses de idade, com pico aos 5
fecciosos e nervos periféricos, levando a uma inflamação meses, sendo os meninos mais afetados. Pode não
da mielina ou do axônio dos nervos periféricos. ter uma causa determinante ou etiologia variável
É caracterizada por quadro agudo de paralisia muscu- (erros inatos de metabolismo, lesões cerebrais he-
lar flácida simétrica, ascendente - inicia nos membros morrágicas, insulto hipóxico‑isquêmico, distúrbios
inferiores, depois acomete tronco, membros superiores da migração neuronal, esclerose tuberosa).
e por fim músculos respiratórios - com hipo ou arrefle- B - CORRETA- paciente apresentando quadro agu-
xia tendinosa, mais comumente após 1 a 3 semanas de do de hiporreflexia, parestesia e paralisia simétrica
uma infecção do trato respiratório ou gastrointestinal. ascendente após 15 dias de um quadro diarreico,
Os agentes mais comuns são: Campylobacter jejuni, ci- compatível com Síndrome de Guillain-Barré. O
tomegalovírus, Epstein‑Barr, Mycoplasma pneumoniae líquor da alternativa demonstra celularidade nor-
e Coxsackie vírus, dentre outros, além de vacinação mal com proteinorraquia - chamado de dissociação
prévia anti‑influenza A e antirrábica. Pode haver dor proteinocitológico, compatível com Síndrome de
neuropática e parestesias associadas, com pico de gravi- Guillain-Barré.
dade com 4 semanas, podendo ocorrer acometimento C - INCORRETA– opção sugere investigação de qua-
de nervos faciais e insuficiência respiratória. dro de compressão medular aguda, entretanto a
Nenhum exame complementar é considerado padrão questão não traz quaisquer sinais sugestivas de tal
ouro, sendo o diagnóstico realizado pelo quadro clíni- síndrome, que se caracteriza por quadro de pro-
co típico sem a presença de febre e o clássico quadro gressivo de dor constante, localizada no dorso, que
liquórico de dissociação proteinocitológica - LCR de evolui com piora com os movimentos e melhora
baixa celularidade e concentração proteica acima de 40 com repouso, além de dor radicular associada a pa-
mg/L. A eletroneuromiografia ajuda confirmar o diag- resias e alterações de sensibilidade pela compressão
nóstico em casos duvidosos e a ressonância magnética de raízes nervosas e disautonomias (incontinência
ajuda a excluir diagnósticos diferenciais. A etiologia da urinária ou fecal).
infecção prévia pode ser definida por meio de cultura D - INCORRETA– como visto, a principal hipóte-
de fezes para Campylobacter jejuni, sorologia para cito- se diagnóstica é de síndrome de Guillain-Barré,
megalovírus, Epstein‑Barr, varicela‑zóster e Mycoplas- sendo os achados de VHS e PCR específicos, não
ma ou história de uma vacinação recente. auxiliando ou se correlacionando com nossa prin-
O tratamento é realizado com imunoglobulina venosa, cipal hipótese diagnóstica. A creatinofosfoquinase
sendo a associação com corticoterapia controversa na marcadamente aumentada não é encontrada na
literatura, ou plasmaférese, com resposta semelhante síndrome de Guillain-Barré, podendo estar normal
à imunoglobulina, de menor custo, entretanto maior ou levemente aumentada.
complexidade para a execução. Indica-se internação hos-
pitalar para monitorização sobretudo respiratória e ele-
trocardiográfica pelo risco de arritmias cardíacas graves.
78 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

TAKE-HOME MESSAGE: RESPOSTAS:


Quadro agudo de paralisia muscular simétrica, as- (OPÇÃO A) – CORRETA - Recém-nascido a termo,
cendente, após quadro infeccioso ou história vaci- com período expulsivo prolongado, submetido a
nal, a principal hipótese diagnóstica é de síndrome parto fórcipe, apresenta abaulamento em região
de Guillain-Barré, cujo tratamento é imunoglobulina parietal com 24 horas de vida, que respeita as li-
ou plasmaférese. nhas de sutura conforme imagem. A principal hi-
pótese diagnóstica é de cefalohematoma, devendo
a icterícia ser monitorizada.
QUESTÃO 59
(OPÇÃO B) - INCORRETA – o tratamento da cole-
ção, como visto, é expectante.
Resposta correta: Letra A
(OPÇÃO C) - INCORRETA – não é necessário exames
Comentários: complementares, devendo a tomografia de crânio ser
solicitada para avaliação de lesões focais intracrania-
Questão aborda diagnóstico diferencial de abaulamen- nas na presença de sinais sugestivos de fratura, como
to na região craniana após o nascimento. afundamento ou crepitações à palpação do crânio.
O cefalohematoma é causado pela rotura de vasos san- (OPÇÃO D) – INCORRETA – a doença hemorrági-
guíneos do subperiósteo, sendo que a hemorragia fica ca do recém-nascido, causada pela deficiência de
restrita à esta estrutura, ou seja, respeita as linhas de su- vitamina K, ocorre tipicamente entre o segundo
tura. Pode levar horas para tornar-se visível, não neces- e o quinto dia de vida, sendo mais freqüente em
sitando de tratamento, havendo regressão em algumas crianças que não receberam vitamina K profilática
semanas. Há necessidade de monitorização pois sua ao nascimento. A doença manifesta-se através de
reabsorção pode levar à hiperbilirrubinemia indireta, hemorragias cutâneas, do aparelho digestivo e da
considerando que este é um produto da degradação do cicatriz umbilical, sendo a hemorragia intracrania-
grupo heme. Os principais fatores de risco são parto na, tampouco cefalohematomas, pouco comuns.
fórcipe ou extração a vácuo.
A bossa é uma tumefação do escalpo sobre o periós- TAKE-HOME MESSAGE: cefalohematoma respeita
teo, portanto não tem quaisquer relações e não respeita os limites das linhas de sutura e é um fator de risco
as linhas de sutura. Os principais fatores de risco são: para icterícia.
trabalho de parto e período expulsivo prolongados e
extração a vácuo. O tratamento é expectante.
Vamos às alternativas:
A - CORRETA- Recém-nascido a termo, com período
expulsivo prolongado, submetido a parto fórcipe,
apresenta abaulamento em região parietal com 24
horas de vida, que respeita as linhas de sutura confor-
me imagem. A principal hipótese diagnóstica é de ce-
falohematoma, devendo a icterícia ser monitorizada.
B - INCORRETA– o tratamento da coleção, como vis-
to, é expectante.
C - INCORRETA– não é necessário exames comple-
mentares, devendo a tomografia de crânio ser soli-
citada para avaliação de lesões focais intracranianas
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 79

na presença de sinais sugestivos de fratura, como A Hipotonia pode ser a manifestação de diversas doen-
afundamento ou crepitações à palpação do crânio. ças no período neonatal, como encefalopatia hipóxi-
D - INCORRETA– a doença hemorrágica do recém- co-isquêmica, hemorragias intracranianas, trissomias,
-nascido, causada pela deficiência de vitamina K, malformações do sistema nervoso central e infec-
ocorre tipicamente entre o segundo e o quinto dia ções congênitas.
de vida, sendo mais freqüente em crianças que não
receberam vitamina K profilática ao nascimento. A Vamos às alternativas:
doença manifesta-se através de hemorragias cutâ-
A - INCORRETA- não confunda a mancha mongóli-
neas, do aparelho digestivo e da cicatriz umbilical,
ca com equimoses.
sendo a hemorragia intracraniana, tampouco cefa-
lohematomas, pouco comuns. B - INCORRETA– o paciente não apresenta outros
dismorfismos importantes (alterações faciais, de-
TAKE-HOME MESSAGE:
mais alterações em mãos/pés) para pensarmos em
O cefalohematoma respeita os limites das linhas de su- uma síndrome genética inicialmente. Devemos
tura e é um fator de risco para icterícia. primeiro avaliar o neurológico, para depois prosse-
guirmos a investigação.
C - CORRETA– vide acima
QUESTÃO 60
D - INCORRETA– devido a hipotonia, o RN deve ser
Resposta correta: Letra C investigado ainda durante a internação.

Comentários: TAKE-HOME MESSAGE:


Questão difícil, com alterações sutis. O exame físico do recém-nascido inclui o exame neuro-
O paciente da questão apresenta fatores de risco lógico, onde deve ser avaliado o tônus. No recém-nas-
para alterações de desenvolvimento neurológico: não cido a termo, o tônus esperado é o flexor de membros,
realização de pré-natal e mãe usuária de substân- com hipotonia paravertebral. Frente a um recém-nas-
cias psicoativas. cido hipotônico, temos que prosseguir com avaliação
neurológica especializada.
Na inspeção da mão, as pregas palmares são normais,
porém há um dedo extra-numerário (polidactilia) que
configura um sinal dismórfico menor. Na foto do
dorso, podemos visualizar uma mancha mongólica
(arroxeada em região lombossacra), alteração comum
e benigna da pele do recém-nascido, por alteração na
migração dos melanócitos, com resolução espontânea.
O tônus normal do recém-nascido é um tônus flexor
dos membros, com hipotonia paravertebral.
Nas primeiras imagens, podemos observar que o pa-
ciente apresenta hipotonia (membros não completa-
mente fletidos, ausência de qualquer sustentação cervi-
cal, o membro superior é muito tracionado no sinal do
xale). Sendo assim, é necessária uma avaliação neuroló-
gica especializada.
80 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 61 da. Retirar com margens exíguas e mandar para análise.


Resolve o problema.
Gabarito Medcof: Letra B Anatomopatológico confirmou melanoma? = Classifi-
car histopatologicamente para definir próximos passos!
Comentários: Questão difícil, como a prova inteira do Principal fator prognóstico e definidor de conduta?
R1. Questão para especialistas. = Classificação de Breslow (espessura /profundidade
Melanoma - quando suspeitar? do melanoma)! Nas outras questões e aulas discuti-
mos os próximos passos. Esta questão era para nunca
Lesão de pele estranha = ABCDE do melanoma: mais errar o manejo inicial de lesões de pele suspeitas
- Lesão Assimétrica para melanoma.
- Lesão com Bordas irregulares
Vamos às alternativas:
- Lesão com Coloração diferente
- Lesão com diâmetro > 6mm A - INCORRETA - Margens mínimas! Não 5mm
- Lesão com Evolução (cresce, muda, etc) B - Gabarito Medcof - Suspeita para melanoma = bióp-
sia excisional marginal

C - INCORRETA - Margens mínimas! Não 10mm
Suspeitei de melanoma? = Biópsia excisional MARGI-
NAL! MARGENS MÍNIMAS! EXÍGUAS! 1MM. e D - INCORRETA - Margens mínimas! Não 5mm e
manda para análise! 10mm kkk
TAKE-HOME MESSAGE: Suspeitei de melanoma? =
ATENÇÃO!! A lesão tem cor de melanoma, cheira me-
Biópsia excisional MARGINAL! MARGENS MÍNI-
lanoma, fala melanoma e chora melanoma. Nesse caso
MAS! EXÍGUAS! 1MM. e manda para análise!
aqui então, ele fala mais ainda a favor de melanoma. Pa-
ciente com antecedente de lesão melanocítica no dorso.
Maaaaaaas você não vai garantir que é um melanoma e
sair ressecando com margens, uma lesão que pode ser QUESTÃO 62
outra coisa. Você vai fazer uma cirurgia agressiva sem
necessidade. Faz a biópsia excisional marginal. Se não Gabarito Medcof: Letra C
for um melanoma, você resolveu o problema do doente
e não tirou tecido a mais. Comentários: Questão difícil, mas que você mata
olhando direto para a imagem e para as alternativas,
Se for melanoma, você pode precisar ampliar margens, olha só que legal!
pesquisar linfonodo sentinela, etc.. Mexe menos, para
não prejudicar o tratamento posterior e nem alterar Na tomografia conseguimos ver muito bem um in-
drenagem linfática. testino delgado dilatado, com empilhamento de moe-
das e bem distendido. Reparem também que o cólon
A paciente apresentou um melanoma em dorso, há 03
sigmóide, o cólon direito e o cólon transverso estão
anos, com um breslow baixo.
murchos e sem conteúdo. Com isso podemos tranqui-
A nova lesão é no antebraço direito, não tem relação lamente escolher a alternativa C. Mas vamos ver mais
nenhuma com a lesão antiga, a priori. Vamos voltar ao alguns detalhes:
manejo inicial, desde o começo.
- Dor abdominal, distensão, parada de eliminação de
Ah, mas então porquê não fazer biópsia incisional? fezes = abdome agudo obstrutivo
A biópsia incisional é muito menos específica, menos - Vômitos precoces / anteriores, distensão menor,
resolutiva, e pode trazer complicações. Sendo ou não imagem clássica = obstrução alta = delgado
um melanoma, essa lesão tem indicação de ser resseca-
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 81

E o que é a Síndrome de Ogilvie?  Pseudo obstrução QUESTÃO 63


colônica aguda, com dilatação de cólon. Normalmen-
te acomete pacientes graves, internados em CTI, com Gabarito Medcof: Letra D
múltiplas comorbidades.
E o que é o íleo paralítico?  Obstrução intestinal sem Comentários: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
obstrução mecânica, associada a pacientes em pós-ope- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
ratório e/ou com distúrbios hidroeletrolíticos e causas Questão tema quente, tem avisado na aula, na live. Eu
clínicas para um não funcionamento intestinal. falei. Eu falei.
Portanto, questão que necessitava de interpreta- Colecistostomia!!! Drenagem percutânea da vesícula
ção de imagem (bom para quem fez Medcof e cur- biliar.
so multimídia)
Paciente idoso, Na UTI, com droga vasoativa, com insu-
ficiência renal e várias complicações clínicas, com APA-
Vamos às alternativas: CHE de 19 (escala de gravidade, nem precisava saber).
A - INCORRETA - Empilhamento de moedas, vômi- Fez uma tomografia que evidenciou colecistite aguda!
tos, cólon murcho, obstrução ALTA Qual a conduta mais adequada neste momento?
B - INCORRETA - Síndrome de Ogilvie = pseudo- Quando indicar colecistostomia ao invés de
-obstrução-colônica aguda colecistectomia?
C - Gabarito Medcof - Perfeito, imagem típica
Tema mais quente e clássico impossível.
D - INCORRETA - Sem histórico compatível
Pacientes internados em UTI, em grave estado geral,
podem evoluir com colecistite aguda subclínica, um
TAKE-HOME MESSAGE: Dor abdominal + Disten- quadro grave. Pode ou não ser alitiásica.
são + parada de eliminação de fezes e flatus = abdome
Paciente com quadro grave, com colecistite, deve ser
agudo obstrutivo. Vômitos esporádicos, empilhamento
submetido a drenagem percutânea da vesícula biliar,
de moedas = ALTA, delgado
a colecistostomia.
Lembrem dos critérios de Tokyo e lembrem deste
tema galera.
Olha só o slide da aula que a gente tem!
82 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos então às alternativas: QUESTÃO 64


A - INCORRETA - CPRE? Colangiografia endoscó-
Gabarito Medcof: Letra A
pica retrógrada com papilotomia? Drenagem da
via biliar? Reparem que o doente não tem dilata-
Comentários: Questão muito difícil, para especia-
ção de via biliar, não tem sinais de colangite. Ele
listas. Uma sacanagem, mas, ensinada pelos nos-
tem colecistite.
sos professores.
B - INCORRETA - Laparotomia, uma cirurgia mui-
to agressiva para este doente, no momento. Prefira Vamos seguir um raciocínio clínico para responder
uma conduta menos agressiva, para diminuir o ris- esta questão:
co de óbito dele no procedimento. Paciente tem pancreatite aguda LEVE. A questão já te
C - INCORRETA - Laparoscopia é o padrão ouro deu a dica. Já temos o diagnóstico.
para colecistite aguda, porém, neste caso, o pacien-
Paciente melhorou, resolveu a dor. RESOLVEU o qua-
te pode não aguentar o procedimento. Está mui-
dro agudo de pancreatite aguda, está pronta para comer
to grave na UTI. Prefira o procedimento menos
e ir embora.
agressivo
D - Gabarito Medcof - Colecistostomia! Perfeito MAS, oque falta para essa doente??? Confirmar a causa
etiológica da pancreatite!!!! O'Que causou a pancreatite
aguda da nossa doente???
TAKE-HOME MESSAGE:
Ele tenta te enganar, falando que o Ultrassom de ab-
Quando indicar colecistostomia ao invés de colecistec- dome está normal! E que ela não usa álcool. E aí? O
tomia? que fazer?
Tema mais quente e clássico impossível. Precisamos descobrir a etiologia desta doença. Precisa-
Pacientes internados em UTI, em grave estado geral, mos prosseguir nossa investigação.
podem evoluir com colecistite aguda subclínica, um A questão não dá nenhuma outra dica para pensarmos
quadro grave. Pode ou não ser alitiásica. em causas raras de pancreatite aguda (ela não usa remé-
Paciente com quadro grave, com colecistite, deve ser dio, não foi picada por escorpião, não tem doenças a
submetido a drenagem percutânea da vesícula biliar, não ser uma obesidade).
a colecistostomia.
A principal causa de pancreatite ‘idiopática’ (aquela
que não sabemos a causa), é, na verdade, lama biliar /
microlitíase!!! Precisamos de um exame mais invasivo e
específico para realmente confirmar que a paciente não
tem nada na vesícula biliar que pode causar pancreati-
te aguda.
Precisamos da ECOENDOSCOPIA, o padrão-ouro
para tal diagnóstico.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 83

Vamos às alternativas:
A - Gabarito Medcof - Pancreatite aguda sem causa TAKE-HOME MESSAGE:
aparente? Excluir microlitíase/lama biliar com eco- Pancreatite aguda sem causa aparente? Excluir microli-
endoscopia tíase/lama biliar com ecoendoscopia
B - INCORRETA - Não vamos operar a vesícula sem
antes saber se realmente essa doente tem colelitíase
C - INCORRETA - Tratamento do que? Não temos o
diagnóstico
D - INCORRETA - Pegadinha, porém tomografia não é
um bom exame para ver vias biliares e colelitíase. E a
paciente tem um quadro de pancreatite aguda leve,
resolvida, sem indicação de tomografia de abdome

QUESTÃO 65

Resposta da banca: Letra A

Comentários: Português da uma bambeada, mas a questão tem uma opção menos errada.
Vamos analisar fontes confiáveis e referência mundial de colecistite aguda e vias biliares, quanto ao uso de antibio-
ticoterapia na colecistite aguda.
Usamos aqui Uptodate, Pubmed, critérios de Tokyo e revisão sistemática da literatura.
Qual a recomendação de uso de antibióticos na colecistite aguda? Vamos ver oque os estudos falam e eu traduzo
pra vocês!
84 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Olha que interessante: Eles dividem a colecistite aguda em grau I, II, III (Critérios de Tokyo né minha gente).
I - leve / II - moderada / III - grave.
- Se o paciente tem uma colecistite aguda leve ou moderada, o antibiótico deve ser feito apenas durante o perí-
odo perioperatório! Saiu a vesícula, podemos suspender o antibiotico. Acreditamos aqui que (ATÈ 24 horas),
seria a resposta para a questão e seria essa opção.
- Se o paciente tem colecistite aguda grave, devemos manter antibioticoterapia por uma duração de 4 a 7 dias,
após o controle do foco infeccioso.

Vamos entrar em mais detalhes:

Para colecistite aguda grave, temos poucos dados na literatura!! Sugerimos a experiência de especialistas de conti-
nuar antibioticoterapia por 4 a 7 dias após o controle do foco infeccioso. Se as culturas demonstrarem organismos
Gram + (vale a pena coletar cultura de casos graves de colecistite - fica a dica), é recomendado o uso de 2 semanas
de antibioticoterapia direcionada, para diminuir risco de endocardite.
Os próprios estudos referência falam que os dados em toda a literatura médica são conflitantes, e não existe uma
resposta correta.
Voltamos ao caso e vamos analisar o porquê do recurso:
- Se considerarmos que a paciente tem uma colecistite aguda leve ou moderada: acho que aqui era a intenção da
banca. Paciente estável, não saiu pus na punção, não tem menção a critérios de gravidade.: a resposta deveria ser
apenas no perioperatório - até 24 horas seria a menos errada.
- Se considerarmos que a paciente tem uma colecistite aguda grave (O examinador tenta te pregar uma peça, com
dados de leucocitose e PCR elevados, espessamento e delaminação, intenso processo inflamatório, saída de bile
escura): Neste caso, deveríamos fazer o antibiótico por 4 a 7 dias. Portanto, duas respostas possíveis.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 85

Vamos às alternativas para QUESTÃO 66


finalizar:
Gabarito Medcof: Letra B
A - RESPOSTA DA BANCA - A menos errada para
o caso Comentários: Questão legal, questão boa, de pós-ope-
B - INCORRETA - 03 dias, sem indicação para ne- ratório! Paciente que evoluiu com saída de líquido se-
nhum tipo de caso ro-hemático pela ferida operatória + pele tensa. Com
sinais de necrose de pele e deiscência superficial. Qual
C - CORRETA - 5 dias, seria uma opção para a colecis-
o diagnóstico?  Eventração ora pois.
tite aguda grave, a depender da evolução do doente
D - CORRETA - 5 dias, seria uma opção para a co- Eai a questão vai além, e pede quais os fatores de risco
lecistite aguda grave, a depender da evolução do para esta complicação.
doente Seguindo um raciocínio de complicações pós-op, con-
seguimos acertar.
TAKE-HOME MESSAGE: Quais fatores de risco para evoluções desfavoráveis da
parede abdominal no pós-operatório?
Para colecistite aguda grave, temos poucos dados na
literatura!! Sugerimos a experiência de especialistas de Olha, fatores que enfraquecem a parede abdominal
continuar antibioticoterapia por 4 a 7 dias após o con- ou aumentam a pressão intra-abdominal, muito seme-
trole do foco infeccioso. Se as culturas demonstrarem lhante às hérnias de parede!
organismos Gram + (vale a pena coletar cultura de ca-
sos graves de colecistite - fica a dica), é recomendado
o uso de 2 semanas de antibioticoterapia direcionada,
para diminuir risco de endocardite.
Para colecistite aguda leve e moderada, antibioticotera-
pia no perioperatório (até 24 horas). Acreditamos que
este seja o caso.
Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/
jhbp.518

Além disso, podemos associar fatores locais e técnicos,


e fechamos a resposta, sem stress.
86 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: Depois, repare no último passo e veja o ‘pulo do gato’.

A - INCORRETA - A confecção ou não de ileostomia


nada tem a ver com complicações de ferida opera-
tória e parede abdominal. Colocar uma ileostomia
ou não, não altera o risco.
B - Gabarito Medcof - Sim. Cirurgia de urgência = pa-
ciente descompensado, técnica mais difícil. Doen-
ça neoplásica = doente consumido, anêmico, en-
fraquecido. Tabagismo = fraqueza de parede.
C - INCORRETA - Hipertensão arterial e diabetes
mellitus aumentam o risco de outras complicações
D - Atenção - Ileostomia não. Agora, olha as fotos que eu coloquei na minha aula do
HIIT, quando comentei sobre o assunto: Parecido com
a questão né?
TAKE-HOME MESSAGE: Eventração, evisceração,
complicações de ferida operatória. Tema quentíssimo.
Falei que ia cair. Lembrem também da tela profilática.
Acho que esse caso merecia hein?

QUESTÃO 67

Gabarito Medcof: Letra A

Comentários: Questão muito difícil, que cobra concei-


tos cirúrgicos.
Paciente submetida a uma hernioplastia incisio-
nal gigante.
Repare no tamanho da incisão e do descolamento
do subcutâneo. Fizemos um retalho de subcutâneo e
pele enorme.
A questão é direta, e comenta que a principal complica-
ção é o seroma. Por isso colocamos drenos no subcutâ-
neo, acima da tela.
Enfim, acreditamos que a resposta seja A, pois:
Mas para não facilitar, ela pergunta qual a próxima
O descolamento do retalho é muito grande, a pele sofre
complicação mais FREQUENTE. Não mais grave
com a vascularização prejudicada pela cirurgia enorme
nem principal. A mais frequente…
da parede. Reparem que muitas vezes precisamos resse-
Repara nos 05 principais passos para a correção cirúrgi- car peles sobressalentes, isquemiadas, tecidos que ficam
ca dessas hérnias gigantes. sobrando...
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 87

Vamos às alternativas: TAKE-HOME MESSAGE:

A - Gabarito Medcof - Complicação mais comum deste Tratamento operatório de hérnias incisionais gigantes:
tipo de cirurgia, depois do seroma. Normalmente
autolimitado, com tratamento clínico e observação
B - INCORRETA - Complicação temida, típíca, po-
rém rara. Se a cirurgia for realizada eletivamente,
do jeito preconizado, e o paciente se cuidar, isso
não acontece.
C - INCORRETA - Mais raro ainda, se a tela for bem
colocada, o risco é baixo.
D - INCORRETA - A tela foi colocada exatamente
para evitar este tipo de complicação.
Principais complicações = seroma e isquemia de pele
QUESTÃO 68

Gabarito Medcof: Letra C

Comentários: Vou comentar essa questão com um fluxograma!!!


Um fluxograma que eu coloquei na live, que tem nas minhas aulas, que eu falei que ia cair!
Rapaz do céu que questão legal!
TRAUMA - Ferimento por arma branca - Estável hemodinamicamente - E ainda sem nenhuma alteração no exa-
me físico! FAST negativo. Sem dor. Que mais você quer? kkkkk
88 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Ferimentos penetrantes por arma branca tem um fluxograma muito bem definido de tratamento e manejo!
Ferimento por arma branca em DORSO, em paciente ESTÁVEL hemodinamicamente = Tomografia de abdome.
Para que? Confirmar que o ferimento penetrou no retroperitônio / abdome. O dorso é uma região abdominal mais
protegida por musculatura, e esses ferimentos às vezes não penetram na cavidade.
E porquê não a exploração digital então? Lembrem-se que a exploração digital só é indicada em ferimentos ante-
riores, pois no dorso ela não é fidedigna e nem fácil de ser realizada.

Vamos às alternativas:
A - INCORRETA - Não sabemos se o ferimento penetrou ou não na cavidade, sutura depois de confirmar que não
foi um ferimento que furou a barriga kkk. Tétano, sempre avaliar a indicação no trauma.
B - INCORRETA - Não sabemos se o ferimento penetrou ou não na cavidade. Tomografia antes, se a tomografia
mostrar perfuração, a laparoscopia é uma excelente opção. Se mostrar apenas lesão de partes moles, dipirona
e casa kkkkk
C - Gabarito Medcof - Perfeito. Confirmar se a facada passou a musculatura dorsal e entrou na barriga. Paciente
ESTÁVEL, sem queixas, sem alterações no exame físico.
D - INCORRETA - Ferimento no dorso, olha o tórax. kkkkkk

TAKE-HOME MESSAGE:
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 89

QUESTÃO 69 Vamos às alternativas:

Gabarito Medcof: Letra C A - INCORRETA - Tomografia antes da laparotomia.


Só que não
Comentários: Ole Ole Ole, Ole ole ole oleeee. Mais B - INCORRETA - Tomografia antes de tudo.
uma. Na live, na aula. Peço desculpas para a concor- C - Gabarito Medcof - ABCDE, por favor.
rência kkkkkk. D - INCORRETA - Tomografia antes da laparotomia.
Politraumatizado grave, qual a conduta???? Só que não

TAKE-HOME MESSAGE:

Politraumatizado grave, qual a conduta????

QUESTÃO 70

Gabarito Medcof: Letra B


Politrauma grave, contuso:
A: Intubado, saturando 85% - DEVEMOS CHECAR Comentários: Questão meio estranha, mas não brigue
O TUBO SEMPRE com a questão.
B: Ausculta abolida a esquerda, com hipertimpanismo Paciente com abdome agudo obstrutivo, distendido,
- PROVÁVEL PNEUMOTÓRAX HIPERTEN- vomitando, com indicação de cirurgia de urgência.
SIVO NÉ (saturando mal, hipertimpanismo, gra-
ve estado geral) - DRENAGEM DE TÓRAX Indicado anestesia geral.
C: Hipotenso, taquicárdico, CHOCADO. FAST +. Como vamos proceder a via aérea deste doente?
Amputação traumática de MIE - CONTROLE Olha, eu sou cirurgião e preciso do anestesista para cui-
DO SANGRAMENTOOO - REPOSIÇÃO DAS dar do meu paciente. Ele com certeza sabe me explicar
PERDAS!! passo a passo do manejo da via aérea aqui. Mas pra
D: Glasgow 3. Pupilas anisocóricas - TC DE CRÂNIO acertar essa questão era só ter um pouco de cuidado.
E NEUROCIRURGIÃO ASSIM QUE POSSÍVEL
Paciente com abdome agudo obstrutivo, distendido,
E: já discutido. vomitando, com indicação de cirurgia de urgência.
Qual a ordem de atendimento então???
Indicado anestesia geral.
 A - já intubado, sem menção a checar
Vamos anestesiar ele sem uma via aérea definitiva? Ven-
 B - Drenagem de tórax tilando com pressão positiva?
 C - parar o sangramento = torniquete (é mais fácil e
Jamais né? Risco altíssimo de broncoaspiração.
rápido) - Laparotomia e centro cirúrgico
 D - TC crânio e neurocirurgia Indução rápida e intubação orotraqueal. E sem venti-
lar antes.
 E - aquecimento, reposicionamento, etc
90 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: cirúrgico, a beira leito mesmo!) para diminuir a pres-


são do compartimento central e impedir a progressão
A - INCORRETA - Pressão positiva não rapaziada. do quadro. Em seguida, tirada a situação emergencial,
B - Gabarito Medcof - Sim, exato explorar (aí sim, idealmente, no centro cirúrgico) no-
vamente o pescoço em busca de algum sangramen-
C - INCORRETA - Máscara laríngea? Nem é via aérea
to ativo.
definitiva, não previne broncoaspiração
D - INCORRETA - Cãnula de guedel? Pior ain- O caso da questão ilustra exatamente essa situação.
da kkkk. Não apenas o paciente está com um hematoma cervical
(em expansão, diga-se de passagem…) gerando reper-
cussões respiratórias quanto está numa situação extre-
TAKE-HOME MESSAGE: ma! Dessa forma, o mais emergencial a ser feito é abrir
Paciente com abdome agudo obstrutivo, distendido, a ferida operatória e evacuar o conteúdo ali represado
vomitando, com indicação de cirurgia de urgência. In- para permeabilizar a via aérea desse paciente.
dicado anestesia geral. Melhor opção = indução rápida
com intubação orotraqueal. Vamos às alternativas:
A - CORRETA - A abertura da ferida operatória deve
ser feita de imediato onde o paciente estiver.
QUESTÃO 71
B - INCORRETA - Esse paciente possui uma causa
Resposta correta: Letra A reversível de insuficiência respiratória assim que
evacuarmos a loja tireoidiana. Não há necessidade
Comentários: de se fazer uma traqueostomia.
C - INCORRETA - A não ser que essa seja a prova
Questão bastante direta e honesta para uma prova de
da clínica médica e o paciente apresente uma ta-
cirurgia. Aqui a banca cobra do candidato, além do co-
quicardia supraventricular, não é esse o tratamento
nhecimento sobre as possíveis complicações de abor-
para um hematoma cervical...
dagens cervicais, o que fazer. E a situação apresentada
é potencialmente grave, sendo seu pronto diagnóstico D - INCORRETA - Esse paciente necessita evacuação
e tratamento importantíssimo para que não haja uma da loja tireoidiana. Ao evacuar o hematoma, terá
repercussão catastrófica ao doente. sido tratado.
As complicações cirúrgicas da tireoidectomia (em par-
ticular) já são bem estudadas e conhecidas. As mais TAKE-HOME MESSAGE:
importantes incluem: lesão de nervo laríngeo inferior, Questão bastante clássica de prova cobrar as eventuais
hipoparatireoidismo e hematoma cervical. complicações da tireoidectomia e seu manejo. Falou
O hematoma cervical é uma complicação não tão in- em pós-operatório recente, abaulamento cervical, insu-
frequente, mas que possui morbidade e/ou mortalida- ficiência respiratória e agitação psicomotora devemos
de elevada quando não abordado. O quadro clínico de sempre levantar a suspeita de hematoma cervical. E,
um paciente com hematoma geralmente inclui abaula- quando temos um hematoma cervical, a conduta ime-
mento cervical, desconforto/insuficiência respiratória, diata é a abertura da ferida operatória para evacuação
estridor e agitação. Nesse momento, o médico que esti- dos coágulos. Essa premissa nunca deve ser esquecida
ver próximo deve prontamente realizar a evacuação do tanto para a prova quanto para a sua vida profissional.
sangue acumulado (se não der tempo de ser no centro Você pode salvar uma vida…
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 91

QUESTÃO 72 dificuldade, pois você vai dar de cara com o arco aórti-
co neste acesso. Alguns cirurgiões preferem realizar to-
EXPLICAÇÃO: racotomia esquerda se a criança tem arco aórtico a di-
​​
Salivação aerada, cianose às mamadas e impossibilidade reita.É bom lembrar também que além do cardiograma
de passar sonda gástrica são as palavras chaves para o é prudente a realização de USG de rins e vias urinariás
examinador te dizer que estamos falando das atresias de e um exame físico detalhado, para excluir o restante dos
esôfago. Lembram quais são os tipos de defeito? A clas- componente da síndrome VACTERL.
sificação de Gross ajuda a gente: A- Atresia de esôfago (OPÇÃO A) INCORRETA: Broncoscopia pode ser
sem fístula B- Atresia de esôfago com fístula proximal realizada no intraoperatório para pesquisa de fístu-
C- Atresia de esôfago com fístula distal D- Atresia com la proximal, mas sua existência é tão rara que este
fístula distal e proximal e E- Fístula sem atresia. Lem- exame não é obrigatório.
brem-se que o tipo C é responsável por mais de 80%
(OPÇÃO B) INCORRETA: Tomografia é um exa-
dos casos (C DE COMUM!).Graças a Deus, inclusive,
me muito invasivo para um recém nascido. Uma
pois sem uma fístula distal, o defeito costuma ser mais
radiografia ja resolve nosso problema com menos
difícil de corrigir, por conta da distância que existe en-
radiação e sem necessidade de sedação
tre os cotos esofágicos ( Atresias de esôfago Long GAP).
(OPÇÃO C) INCORRETA: Uma ultrassonografia de
​ qual a conduta quando nasce um recém nascido
E abdome deve até ser realizada para procurar ano-
que tem salivação aerada e não consegue passar sonda? malias renais, no entanto, o melhor exame inicial
Bom, primeiramente é estabilizar a criança. Deixar a para estes pacientes é a radiografia simples do ab-
sonda em aspiração, avaliar necessidade de intubação dome
e fazer um rx de tórax e abdome. Neste raio X, se hou-
(OPÇÃO D) CORRETA:
ver gás no abdome, quer dizer que passa ar pra porção
distal do esôfago, uma vez que o esôfago está atrési-
co, se isto acontece, só pode ser uma fístula distal na TAKE-HOME MESSAGE: Salivação aerada + Im-
traqueia! Em atresias com fístula distal está indicada possibilidade de Passar SNG-> Atresia de esôfago -> Rx
toracotomia para tentativa de correção do defeito em toracoabdominal para pesquisar fístula distal
um único tempo, já que quando existe fístula distal a
distância entre os cotos esofágicos costuma ser mais
curta. Quando não existe gás no abdome, é o grande QUESTÃO 73
problema, a conduta nas atresias de esôfago LONG
GAP é controversa e vamos deixar isso pra discutir em Resposta correta: Letra A
outra oportunidade.
​ ntes de levar o paciente pro centro cirúrgico é pru-
A Comentários: Questão que presenteou o candidato que
dente realizar um ecocardiograma antes. Isto porque estudou um pouco de urologia nessa prova.
a presença de anomalias cardíacas é muito frequente Os tumores mais comuns de testículo são os tumores
nestes pacientes e inclusive, em conjunto com o peso, de células germinativas, presentes em até 95% dos ca-
é o fator mais determinante para o prognóstico destes sos. Dividimos os tumores de células germinativas em
bebês. Além disso, quando existe uma anormalidade seminomas e não-seminomas.Outros tumores malig-
de posição do arco aórtico, é possível mudar seu plano nos do testículo são os de células de Leydig e Sertoli,
cirúrgico. Usualmente a toracotomia da atresia de esô- gonadoblastomas, linfomas, tumores carcinóides e tu-
fago é feita abaixo da escápula do lado direito, se o arco mores metastáticos.
aórtico for pra direita, esta incisão vai te criar alguma
92 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

O ultrassom escrotal é capaz de diferenciar lesões testicu- Seminomas tendem se apresentar como doença menos
lares e lesões extrínsecas do escroto, permitindo a visuali- invasiva e localizada apenas no testículo ao diagnóstico
zação de lesões de até 1-2 mm. Seminomas apresentam-se em até 80% das vezes. Os seminomas também apresen-
comumente como lesões bem definidas hipoecogênicas tam um curso mais indolente, raramente se espalhan-
sem alterações císticas, enquanto os tumores não semi- do pela corrente sanguínea, mesmo quando há invasão
nomatosos são tipicamente heterogêneos, contendo cal- retroperitoneal. É importante também lembrar que os
cificações, áreas císticas, e margens mal definidas. No seminomas tipicamente não apresentam marcadores
entanto, esta distinção entre seminomas e tumores não tumorais elevados (hCG, AFP). Quando há elevação
seminomas por método de imagem é correta em apenas significativa destes marcadores, estes tumores são con-
cerca de 70% dos casos. Uma grande limitação do uso siderados tumores seminomatosos mistos. Por fim, o
do ultrassom é a determinação de invasão da túnica al- prognóstido do paciente com seminoma costuma ser
bugínea. Por esta razão, o ultrassom falha grandemente mais favorável do que aquele com um tumor não-semi-
na determinação exata de estadiamento tumoral destes noma, e a radioterapia costuma oferecer maior sensibi-
pacientes, de modo que este exame não consegue substi- lidade aos tumores seminomatosos.
tuir a orquiectomia radical para determinação da histo- Como faremos a avaliação histológica de um tumor
logia e estadiamento do paciente. escrotal? Orquiectomia INGUINAL radical. A próxi-
O estadiamento do câncer de testículo inclui uma to- ma pergunta seria, porque realizar a orquiectomia por
mografia de abdome e pelve e raio-X de tórax (uma via inguinal?
tomografia de tórax pode ser recomendada se houver Alguns estudos relacionam a incisão escrotal para
suspeita de envolvimento pulmonar da doença). A me- orquiectomia em neoplasias com aumento do risco de
tástase regional mais comum é para linfonodos retro- recorrência local da doença. Incisões escrotais modifi-
peritoneais. cam a drenagem linfática e podem estar associadas a
Em relação aos marcadores tumorais, existem 3 marca- disseminação linfonodal da doença. O acesso por via
dores que você deve se lembrar de solicitar em pacien- escrotal pode inclusive determinar a necessidade da
tes com suspeita de câncer de testículo: quimioterapia adjuvante, a qual poderia ser desneces-
Beta HCG , Alfafetoproteína , Desidrogenase lática sária caso não houvesse violação escrotal.
(DHL)
Vamos às alternativas:
Os níveis de alfafetoproteína e beta HCG podem estar au-
mentados em até 80-85% dos tumores testiculares não se- A - CORRETA - Opção mais correta! Devemos reali-
minomatosos. Em seminomas, a presença de beta-HCG zar orquiectomia sempre por inguinotomia, e os
ocorre em menos do que 20% dos casos e a alfafetoproteí- marcadores que devemos nos lembrar são alfa-feto
na normalmente não se encontra elevada. No entanto, os proteína, DHL e betaHCG.
marcadores não são suficientes para estabelecer o diagnós- B - INCORRETA - não realizamos biópsia testicular,
tico histológico da doença, uma vez que outras condições dado a alta suspeição clínica, a conduta via de regra
podem estar associadas a seu aumento!!! deve ser a realização de orquiectomia.
A avaliação histológica do tumor escrotal é essencial para C - INCORRETA - não realizamos biópsia testicular,
o estadiamento e diagnóstico definitivo do tumor. De- dado a alta suspeição clínica, a conduta via de regra
vemos sempre nos lembrar que embora o ultrassom seja deve ser a realização de orquiectomia.
uma excelente ferramenta de avaliação inicial, as dificul- D - INCORRETA - CEA e CA72.4 não tem papel no
dades de determinação da túnica albugínea o tornam Cancer de testículo.
um exame muito limitado para o estadiamento tumoral.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 93

TAKE-HOME MESSAGE: A Derivação pleuro-peritoneal pode ser tentada nos


Marcadores em tumor testicular: Beta HCG , Alfafe- derrames volumosos e sintomáticos em que houve fa-
toproteína , DHL lha na pleurodese.

Via da orquiectomia: Inguinal Outro método mais invasivo é a Abrasão pleural e pleu-
rectomia - Requer toracotomia que, nestes pacientes,
Estadiamento: Tomografia de abdome e pelve, tomo- pode ter uma mortalidade de 10% e tem eficácia acima
grafia ou Raio X de tórax. Considerar RM de Crânio se de 90%. Deve ser realizada em pacientes selecionados,
sintomas em SNC com boa expectativa de vida, bom estado geral e que
não tiveram sucesso com procedimentos de pleurodese
(população bastante restrita).
QUESTÃO 74
Vamos às alternativas:
Resposta correta: Letra B
A - INCORRETA - Como o paciente já apresentou
Comentários: recidiva após toracocentese, não está indicado rea-
O tratamento do derrame pleural neoplásico in- lizar nova toracocentese.
clui terapia sistêmica da neoplasia (quimioterapia) B - CORRETA - É a conduta realizada para os casos de
e terapia local com agentes esclerosantes, que são derrame pleural maligno, refratário a tratamento
injetados na cavidade pleural, promovendo a jun- clínico, em pacientes com baixa performance.
ção dos folhetos visceral e parietal da pleura (PLEU- C - INCORRETA - Deveremos realizar pleurodese
RODESE). O Talco é o agente esclerosantes mais com talco para que a pleura parietal cole na pleura
utilizado no nosso meio, no entanto, outros medi- visceral.
camentos podem ser utilizados, como tetraciclina, D - INCORRETA - O paciente apresenta baixa per-
bleomicina, hidróxido de sódio e o nitrato de prata. formance e portanto não apresenta indicação de
Os dois principais métodos de realização da pleuro- procedimento invasivo cirúrgico
dese são:
Drenagem torácica + pleurodese - Quando realizada
TAKE-HOME MESSAGE:
com técnica adequada, controla a maior parte dos der-
rames neoplásicos. A pleurodese pode ser feita com tal- Derrame pleural neoplásico recorrente - tratamento:
co, derivados da tetraciclina ou bleomicina. Sua eficá- Drenagem de tórax + Injeção de Talco = PLEURO-
cia é prejudicada em derrames crônicos (com pH<7,20, DESE.
glicose baixa) e nos casos em que a expansão pulmonar
é impedida por obstrução brônquica
Toracoscopia + pleurodese - Opção terapêutica quando
se tem o diagnóstico do derrame pleural metastático
durante o procedimento de toracoscopia. Pode ser ten-
tada também após falha do procedimento acima, desde
que o motivo da falha não seja a impossibilidade de
expansão pulmonar.
Observação: O paciente após injeção do talco, pode ter
como efeito colateral dor pleurítica, tosse e até mesmo febre
(SIRS). Esses sintomas normalmente são temporários.
94 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 75 TAKE-HOME MESSAGE:


Estenose da anastomose gastrojejunal: disfagia e regur-
Resposta correta: Letra D gitação após bypass

Comentários: Tratamento

Questão que retrata o dia-a-dia na cirurgia do apare- 1- Dilatação endoscópica


lho digestivo. Alguns pacientes, após anastomose entre 2- Prótese (se possível)
o pouch e jejuno, evoluem com estenose na região da
3- Reanastomose
anastomose. Isso se dá pelo próprio processo de cicatri-
zação, evoluindo com fibrose e retração cicatricial local
alguns meses após a cirurgia, ou decorrente da má vas-
QUESTÃO 76
cularização da anastomose. Devemos suspeitar desse
diagnóstico quando o paciente passa a apresentar dis-
Resposta correta: Letra D
fagia, principalmente a alimentos sólidos, após bypass
O tratamento consiste em dilatação endoscópica (a Comentários:
principal técnica é a dilatação balonada). Possui resul- Devemos lembrar que o primeiro exame a ser solicitado
tado satisfatório na maioria dos casos (75%). Transpo- para o paciente que apresenta disfagia de longa duração
mos a estenose com um fio-guia e insuflamos o balão é a endoscopia digestiva alta. O esofagograma é o se-
hidrostático. Para estenoses mais complexas, é neces- gundo exame a ser solicitado e é essencial para “estadia-
sário o estudo do trajeto por fluoroscopia. O paciente mento” da acalásia. No entanto, o exame padrão ouro
pode necessitar de dilatações sucessivas. é a Manometria (convencional ou de alta resolução).
Podemos associar a este tratamento, a injeção local de Os achados do esofagograma (EED) com bário sugesti-
corticóide (triancinolona), porém não há muitas evi- vos de acalasia incluem:
dências que suportem seu uso.
- Dilatação do esôfago. O calibre normal do esôfago é
Nos casos de estenose refratária, sobretudo associada de até aproximadamente 4 cm. Em pacientes com
a fístula, pode ser utilizada a prótese ou ser necessária acalásia tardia ou terminal, o esôfago pode aparecer
reconfecção da anastomose. significativamente dilatado (megaesôfago), angula-
do e tortuoso, dando-lhe uma forma sigmóide.
Vamos às alternativas: - Transição esôfagogástrica com estreitamento e apa-
A - INCORRETA - Na bulimia os vômitos são provo- rência de "bico de pássaro" (também conhecido
cados pelo paciente como “cauda de rato”) causado pelo esfíncter eso-
B - INCORRETA - A hérnia interna geralmente ocor- fágico inferior persistentemente contraído.
re quando o paciente perdeu mais peso e os sinto-
mas são obstrutivos, com dor abdominal, nauseas,
cólicas, parada da eliminação de fezes e flatus.
C - INCORRETA - A estenose da enteroenteroanas-
tomose ocasionaria vômitos tardios e distensão da
alça alimentar e biliopancreática.
D - CORRETA - PAciente com disfagia e regurgitação
após bypass, este diagnóstico deve ser lembrado.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 95

- Aperistaltismo, com visualização de ondas esofági-


cas terciárias.
- Estase do contraste com demora no esvaziamento
do bário no esôfago.
- Ausência de bolha gástrica

Devemos lembrar que o esofagograma com bário


não é um teste sensível para a acalásia, pois pode ser
interpretado como normal em até um terço dos pa-
cientes. Como dito anteriormente ele é um exame
muito útil no estadiamento do paciente com acalásia
já diagnosticada.
A classificação radiológica de Rezende permite estra-
tificar os casos de megaesôfago em 4 graus, de acordo
com a dilatação esofágica, o que será essencial para a
escolha do tratamento de cada paciente:

Classificação de Rezende Tamanho Dilatação do Características do exame Tratamento preconizado


esôfago
Grau I Até 4 cm Calibre normal do esôfa- Dilatação esofágica por
go, todavia, trânsito lento Endoscopia ou injeção de
e pequena retenção de toxina botulínica
contraste
Grau II 4 - 7cm Aumento do calibre, Cardiomiotomia com
trânsito lento, podemos fundoplicatura a Heller
visualizar ondas terciárias Pinotti
Grau III 7 - 10cm Grande retenção de con- Cardiomiotomia com
traste, ondas terciárias, fundoplicatura a Heller
aperistaltismo, Pinotti
Grau IV > 10cm Dolicomegaesôfago Esofagectomia transhiatal
(esôfago dobra-se sobre o
diafrágma devido à gran-
de dilatação)
96 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

O tratamento padrão ouro para as formas não avançadas (Rezende 2 e 3) é a cardiomiotomia à Heller Pinotti.

Vamos às alternativas: TAKE-HOME MESSAGE:

A - INCORRETA - A esofagectomia é o tratamento Acalásia


de escolha nos casos de megaesôfago grau 4 (for- 1º exame: EDA com lugol
ma avançada). Na questão temos um megaesôfago,
2º exame: EED
forma não avançada.
B - INCORRETA - O paciente não tem o diagnóstico 3º exame: Manometria (padrão ouro)
de DRGE Tratamento padrão ouro - formas não avançadas: Car-
C - INCORRETA - O paciente não tem o diagnóstico diomiotomia + fundoplicatura parcial
de DRGE
D - CORRETA - O tratamento padrão ouro para as
formas não avançadas (Rezende 2 e 3) é a cardio-
miotomia à Heller Pinotti.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 97

QUESTÃO 77 TAKE-HOME MESSAGE:


Dor abdominal súbita, associada à síncope e mal estar
Gabarito Medcof: Letra A + massa pulsátil palpável em idoso tabagista e hiperten-
so  Aneurisma de aorta abdominal.
Comentários:
Homem, idoso, tabagista, hipertenso  todos os fato-
res de risco QUESTÃO 78
Dor súbita, intensa, irradiando para flanco e lombar,
aguda Resposta correta: Letra B
Quase desmaio, sudorese  Quase síncope
Comentários:
Massa pulsátil dolorosa
É o tumor PRIMÁRIO mais comum do fígado; cor-
Estável, eupneico, se recuperou
responde a terceira causa de morte por neoplasia no
Queridos, qual o diagnóstico e oque aconteceu? mundo, embora seja o quinto tumor mais frequente no
Aneurisma de aorta abdominal roto (dor súbita intensa mundo e o nono mais diagnosticado. Na maioria dos
associada a mal-estar) que tamponou para o retro- casos desenvolve-se secundariamente a um processo
peritônio (dor irradiada para lombar e dorso, pa- cirrótico. A doença é mais prevalente em homens: 2,1 -
ciente se recuperou). 5,7 vezes maior o risco quando comparado a mulheres.
Não tem como ser outra coisa. Mais de 80% dos pacientes com HCC são cirróticos.
Em 10 - 15% dos casos já há metástases ao diagnóstico.
A maioria dos aneurismas de aorta rompem para o re- Fatores de risco:
troperitônio, e são tamponados. São estes que chegam
- Hepatite B (~20% dos casos ocorrem na ausência
vivos ao pronto-socorro. Mostrei uma imagem exata-
de cirrose)
mente igual a essa na live galera.
- Hepatite C
Os aneurismas que rompem livres para a cavidade ab-
- NASH: HCC mesmo sem cirrose (só com esteato-
dominal evoluem com óbito na cena, não tem jeito.
-hepatite)
- Hemocromatose
Vamos às alternativas:
- Toxinas exógenas (exemplo: micotoxina que pode
A - Gabarito Medcof: Dor abdominal súbita, associa- contaminar amendoins)
da à síncope e mal estar + massa pulsátil palpá- - Esteróides anabolizantes
vel em idoso tabagista e hipertenso  Nem tem
- Outras etiologias que cursam com cirrose hepática
como discutir.
- Diabetes Mellitus
B - INCORRETA - Pulsos todos presentes. Massa pul-
sátil. Não é dissecção Diagnóstico:
C - INCORRETA - trombose aguda da aorta? diagnós- Alfafetoproteína (AFP): glicoproteína produzida pelo
tico que nem existe kkkk fígado, pelo saco embrionário e por alguns CHC:
D - INCORRETA - Aneurisma crescendo? não ia dar - O valor da AFP não se correlaciona com o tamanho
o quadro típico tumoral ou invasão vascular
- ~40% dos pequenos CHCs não cursam com au-
mento de AFP
98 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

- AFP pode estar elevada na gestação, na doença A cura do CHC é obtida de duas maneiras:
hepática aguda ou crônica, tumores de testículos - Transplante Hepático
(não-seminomas) e de ovários - Ressecção do tumor (necessário ser Child A e resse-
- Metástases hepáticas podem cursar com aumento car no máximo 50% do fígado)
de AFP OBS: Segundo o BCLC métodos ablativos (radioem-
- Um valor > 200 ng/ml (ou > 400 ng/ml segundo bolização ou alcoolização) para lesões < 2 cm pode ser
algumas referências) em paciente cirrótico é alta- considerado um método curativo.
mente sugestivo de CHC Critérios de Milão para indicação de transplante hepá-
Achados ultrassonográficos: tico em pacientes com CHC:
- Lesões > 2 cm em pacientes cirróticos levantam a - Lesão única ≤ 5cm
hipótese para CHC
- Até 3 lesões ≤ 3 cm
- Tipicamente são lesões hipoecóicas porém podem se
- Ausência de invasão vascular maior
apresentar hiperecogênicas
- Ausência de acometimento linfonodal
- Ao doppler há um padrão de vascularização arterial
- Ausência de metástase
Achados Tomográficos:
- Ausência de trombose neoplásica da veia porta
- TC (> 8 canais) com contraste trifásico (sem con-
traste, arterial e portal) é o exame de escolha
- Caracteristicamente há realce intenso na fase arterial OBS: Após a ressecção (hepatectomia) de um CHC,
com wash-out na fase portal 50-70% dos pacientes apresentarão um novo tumor
em 5 anos.
Pacientes com alto risco para desenvolvimento de CHC:
- Se TC, Ressonância ou USG identificar imagem Pacientes não-candidatos ao transplante hepático e ine-
compatível o diagnóstico está feito não necessitan- legíveis para ressecção:
do de biópsia - Terapia com Radioablação (RFA):
- Tumor únicos e < 4 cm
Tratamento: - Alguns autores indicam se Child A ou B
Modalidades terapêuticas para cura ou controle - Pode ser usado como terapia ponte para o transplan-
do CHC: te hepático
- Opção à radiofrequência é o uso de microondas
- Ressecção
- Ablação percutânea com etanol:
- Transplante hepático
- Indicada para pacientes com baixa reserva funcional
- Ablação hepática
- Aplicação de álcool percutânea - CHC pequeno
- Quimioembolização transarterial - Tem baixo custo, porém fora suplantado pelo ad-
- Radioembolização transarterial vento da RFA
- Radiação e estereotaxia
- Quimioterapia - Crioablação:
- Imunoterapia - Aplicação intratumoral
- Indicado para pacientes com alta probabilidade de
lesão térmica colateral pelos outros métodos e para
tumores periféricos
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 99

- Embolização transarterial: Transarterial chemoem- Vamos às alternativas:


bolization (TACE)
A - INCORRETA - Pacientes com CHCs iniciais po-
- Indicado para tumores irressecáveis, grandes, solitá-
dem apresentar alfafetoproteína normal
rios ou multifocais
B - CORRETA - Ressecção do tumor (necessário ser
- Pode se embolizar gelfoam ou associar a esta subs-
Child A e ressecar no máximo 50% do fígado)
tância algum quimioterápico
C - INCORRETA - Pacientes hepatopatas, com nódu-
- Contraindicação: Baixa reserva funcional (Child B
lo hipervascular com wash-out, tem o diagnóstico
e C) e trombose de v. porta
de CHC.
D - INCORRETA - Não está contraindicado trans-
Terapia paliativa: Sorafenib (1o opção), Regorafenib plante hepático, pois o paciente faz parte dos cri-
(2o opção) e Nivolumab (terapia de 2a linha) térios de milão
- Indicado para pacientes com doença irressecável,
inelegível para transplante ou terapia local

TAKE-HOME MESSAGE:
100 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 79 fixação cirúrgica percutânea (ou até aberta se necessá-


rio) na urgência.
Resposta correta: Letra C Até 20% dos pacientes têm lesão neurológica, que
ocorre normalmente por tração do nervo devido ao
Comentários: desvio da fratura. Apesar do desvio medial colocar em
Fratura supracondiliana do cotovelo infantil risco o nervo radial, a lesão neurológica é mais comum
Fratura comum da infância, com pico entre 5-7 anos, nas lesões com desvio póstero-lateral - sendo o nervo
mais comum em meninos. 70% das vezes a fratura MEDIANO o mais acometido.
ocorrer após uma queda. Nas fratura em flexão, e principalmente de maneira ia-
A maioria ocorre em extensão (desvio posterior do frag- trogenica no tratamento cirúrgico, pode ocorrer lesão
mento distal - como o da imagem da prova), mas tam- do nervo ulnar.
bém pode ocorrer tem flexão (desvio anterior do frag- DETALHE: A questão por si só já seria dificil para o
mento). As fraturas em extensão ainda se diferenciam médico não especialista em ortopedia, mas além disso
em relação ao desvio postero-medial (mais comum) ou a banca ainda dificultou um pouco mais, ao não colo-
postero-lateral. car o nervo MEDIANO nas opções - a banca utilizou
É uma fratura preocupante, devido ao risco de lesão um detalhe para o gabarito: as lesões ocorrem sim no
vascular (até 15% das crianças chegam sem pulso - mas mediano, mas sobretudo, principalmente no seu ramo
raramente precisa de intervenção vascular) ou neuroló- interosseo anterior (lembrando que o interosseo poste-
gica - por isso nas fraturas desviadas o tratamento é a rior é ramo do n. Radial).
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 101

Vamos às alternativas: QUESTÃO 80


A - INCORRETA - Nas fratura em flexão, e principal- Resposta correta: Letra B
mente de maneira iatrogenica no tratamento cirúr-
gico, pode ocorrer lesão do nervo ulnar. Todavia, a Comentários:
maioria das fraturas supracondilianas do cotovelo
infantil ocorrem em extensão. Vemos pela foto um idoso com CEC em couro cabe-
ludo com proposta cirúrgica curativa: ressecção total
B - INCORRETA - Apesar do desvio medial colocar
da lesão até osso. Só para relembrar os fatores de risco
em risco o nervo radial, a lesão neurológica é mais
clássicos para CEC presentes nessa foto: 1) idoso, 2)
comum nas lesões com desvio póstero-lateral - sen-
pele clara e 3) áreas fotoexpostas (couro cabeludo) à
do o nervo MEDIANO o mais acometido.
radiação ultravioleta.
C - CORRETA - as lesões ocorrem sim no mediano,
mas sobretudo, principalmente no seu ramo inte- É possível ver pela foto a área demarcada da ressecção
rosseo anterior (lembrando que o interosseo poste- tumoral. Se a congelação intra-operatória (se dispo-
rior é ramo do n. Radial). nível) evidenciar margens cirúrgicas livres, notaremos
que o defeito não é grande o suficiente para justificar
D - INCORRETA - O nervo interósseo posterior é
a utilização de um retalho microcirúrgico a distância.
ramo do nervo radial. A lesão apresentada, em sua
Sabemos que qualquer tipo de enxertia de pele (espes-
maioria, ocorre em extensão, lesando o mediano
sura total ou parcial) não é viável, pois precisa de um
(mais comumente seu ramo interósseo anterior).
leito bem vascularizado. Neste caso, o periósteo, que é
bem vascularizado, será ressecado, deixando apenas a
TAKE-HOME MESSAGE: superfície óssea avascular.
A fratura supracondiliana do cotovelo infantil é uma Embora a pele do couro cabeludo seja pouco elástica,
fratura preocupante, devido ao risco de lesão vascular geralmente é possível realizar retalho locais de avan-
(até 15% das crianças chegam sem pulso - mas rara- ço, rotação e/ou transposição para defeitos pequenos,
mente precisa de intervenção vascular) ou neurológica como é este caso; quando a rotação de retalhos deixa
- por isso nas fraturas desviadas o tratamento é a fixa- a área doadora cruenta, é realizada a enxertia de pele
ção cirúrgica percutânea (ou até aberta se necessário) parcial complementar. O couro cabeludo ricamente
na urgência. vascularizado e permite a confecção de variadas formas
Apesar do desvio medial colocar em risco o nervo ra- de retalhos.
dial, a lesão neurológica é mais comum nas lesões com
desvio póstero-lateral - sendo o nervo MEDIANO o
mais acometido.
102 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 103

Vamos às alternativas: C)incorreta: a questão tenta induzir esta alternativa,


colocando no exame físico a acne. A síndrome dos
A - INCORRETA - há opção menos complexa e mór- ovários policísticos cursa com sintomas desde a
bida do que retalho microcirúrgico adolescência, em geral com ciclos irregulares desde
B - CORRETA - Como o leito não é bem vasculariza- a menarca. A questão deixa claro que ela apresen-
do, necessitamos realizar um retalho tava ciclos previamente regulares
C - INCORRETA - não se enxerta sobre osso D) correta- a questão provavelmente tenta se referir a
D - INCORRETA - não se enxerta sobre osso amenorréia funcional hipotalâmica em que há um
bloqueio da produção de fsh/lh, é uma causa co-
mum de amenorréia secundária e pode ser causa-
TAKE-HOME MESSAGE: da por estresse/ transtornos do humor, no caso, a
Enxerto de pele, seja espessura parcial ou total, direta- questão faz referência a tratamento para depressão.
mente sobre osso SEM periósteo: NUNCA
Retalho local vs retalho microcirúrgico: devemos sem- TAKE-HOME MESSAGE: a síndrome dos ovários
pre pensar no risco benefício de cada procedimento. policísticos nunca deve ser a primeira hipótese diante
Retalho microcirúrgico é uma cirurgia complexa, que de paciente com quadro de irregularidade menstrual e
demanda equipe especializada, cuidados pós-operató- hiperandrogenismo na idade adulta.
rios intensivos, tempo cirúrgico prolongado, tempo de
internação prolongado e por vezes é potencialmente
mórbida. Se há uma que proporcione boa cobertura QUESTÃO 82
cutânea do defeito, com menos riscos e morbidade,
como no caso de retalhos locais, certamente essa será a Resposta correta: Letra A
primeira opção.
Questão cobra o reconhecimento de instrumentos uti-
lizados na ginecologia
QUESTÃO 81 A - correta: imagem de histerômetro utilizado para
medir o tamanho da cavidade uterina antes de in-
Resposta correta: D serir o DIU
B - incorreta- pinça, não utilizada para inserção de diu
Nesta questão estamos diante de uma paciente de 43
anos em amenorréia há 60 dias, já excluso gestação. C - incorreta- porta agulha, inserção do diu não neces-
Sem alterações no exame físico, apenas acne leve sita de ponto
D - incorreta- pinça medina, utilizada para biopsia de
A) incorreta: falência ovariana prematura- por defini-
colo
ção a falência ovariana prematura acontece antes
do 40 anos, com a perda da produção hormonal
ovariana, em geral a paciente apresenta sintomas TAKE-HOME MESSAGE: - importante conhecer
de sd. climatérica principais instrumentos cirúrgicos utilizados na gine-
B) incorreta: diagnóstico raro, paciente sem outros sin- cologia
tomas associados a pseudociese, como náuseas e
vômitos, aumento dos seios, aumento do volume
abdominal
104 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 83 QUESTÃO 84

Resposta correta: Letra B Resposta correta: Letra A

Trata- se de uma mulher com queixa de prolapso an- Comentários:


terior e incontinência urinaria. Os exercícios de Kegel Os ligamentos útero-sacros são tecidos fibrosos cuja
realizados na fisioterapia pélvica tem como objetivo função é a sustentação e fixação do útero. Após uma
fortalecer os músculos do assoalho pelvico, principal- histerectomia, os ligamentos útero-sacros remanescen-
mente o músculo levantador do ânus tes são fixados à cúpula vaginal com o objetivo de pro-
A - incorreta- musculatura esfincteriana não é aborda- mover sustentação.
da nos exercícios de kegel
B - correta- músculo pubococcígeo é o principal mús-
culo trabalhado na fisioterapia e faz parte do mús-
culo levantador do ânus, junto com o puborretal e
isquiococcígeo
C - incorreta- não faz parte da musculatura da pelve e está
associado e atua nos movimentos de rotação da coxa
D - incorreta- músculo Detrusor é musculatura lisa da
bexiga, está associado ao mecanismo de esvazia-
mento vesical

TAKE-HOME MESSAGE: - um dos pilares do trata-


mento de condições uroginecológicas, como prolapso e
incontinência urinária, é a fisioterapia pélvica, a forma
mais conhecida e popularizada são os exercícios de Ke-
gel que realizam contrações e relaxamentos da muscu-
latura do assoalho pélvico

Vamos às alternativas:
A) CORRETA.
B) INCORRETA. Os ligamentos pubo-vesicais ficam
entre o púbis e a bexiga, e não devem ser fixados à
cúpula vaginal.
C) INCORRETA. Os ligamentos redondos não têm
função de sustentação e apresentam poucas fun-
ções mecânicas no adulto,
D) INCORRETA. O infundibulopélvico é o pedícu-
lo vascular do ovário. Não faz sentido fixá-los na
cúpula vaginal.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 105

TAKE-HOME MESSAGE: Questão básica de anato-


mia. Os ligamentos útero-sacros têm função de susten-
tação uterina.

QUESTÃO 85

Resposta correta: Letra B

Comentários:
A questão traz uma imagem de mamografia com um nódulo denso e espiculado que pode ser classificado como
BIRADS 5 – probabilidade de malignidade > 95%. A paciente apresenta linfonodos em axila direita e supraclavi-
cular direito comprometidos clinicamente. Só por isso, o estadiamento mínimo é o IIIC. O tratamento para esse
estadiamento deve ser iniciado pela quimioterapia.
106 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas:
A) INCORRETA. A quimioterapia neoadjuvante é o tratamento padrão do câncer de mama localmente avança-
do ou metastático.
B) CORRETA.
C) INCORRETA. A radioterapia é um tratamento adjuvante à cirurgia.
D) INCORRETA. Não se deve fazer linfonodo sentinela quando já existem linfonodos clinicamente comprometidos.

TAKE-HOME MESSAGE: A quimioterapia neoadjuvante é o tratamento padrão do câncer de mama localmente


avançado ou metastático.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 107

QUESTÃO 86 QUESTÃO 87

Resposta correta: Letra C Resposta correta: Letra C

Comentários: Comentários:
Temos um caso de amenorreia secundária em uma pa- Os sintomas de Hipervitaminose D ocorrem normal-
ciente submetida a curetagem uterina pós abortamento. mente quando os níveis séricos excedem 100 ng/ml e
A amenorreia após curetagem pode ser ocasionada por decorrem dos elevados níveis séricos de cálcio no orga-
destruição endometrial e sinéquias uterinas. Sinéquias nismo. Os principais sintomas são: constipação intes-
são pontes de tecido cicatricial na cavidade endometrial tinal, hiporexia, náuseas, desidratação, astenia e fadi-
e podem bloquear o fluxo menstrual. ga, irritabilidade e calcificação de tecidos moles, como
os rins.
Vamos às alternativas: Em suplementos, a vitamina D está presente em duas
A) INCORRETA. A imagem corresponde a um en- formas: ergocalciferol (vitamina D2) e colecalciferol
dométrio proliferativo. (vitamina D3). A dose máxima de vitamina D a ser
prescrita (para pessoas sem deficiência de vitamina d)
B) INCORRETA. A imagem corresponde a um póli-
é 4.000 ui diárias. Pessoas com deficiência de vitamina
po endometrial.
D podem receber doses de até 50.000 ui por semana.
C) CORRETA. A imagem corresponde a uma sine-
quia endometrial. Vamos às alternativas:
D INCORRETA. A imagem corresponde a um car-
cinoma endometrial. A) INCORRETA. A suplementação com cálcio e vi-
tamina D previnem a perda de massa óssea, mas
não são capazes de, isoladamente, aumentar a mas-
TAKE-HOME MESSAGE: A questão traz imagens sa óssea.
de histeroscopia e a única imagem compatível com o
quadro clínico é a representada pela alternativa C, na B) INCORRETA. Isso pode até ocorrer como conse-
qual se vê uma sinéquia. quência da desidratação, mas o enunciado pede
uma consequência a longo prazo.
C) CORRETA. Nefrocalcinose é a deposição de sais
de cálcio nos tecidos renais.
D) INCORRETA. A Hipervitaminose D ocasio-
na hipercalcemia.

TAKE-HOME MESSAGE: A principal consequência


da Hipervitaminose D a longo prazo é a calcificação de
tecidos moles pela hipercalcemia.
108 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 88 Vamos às alternativas:

Resposta correta: Letra D a) INCORRETA. A gestrinona é esteróide sintético


com propriedades androgênica, antiestrogênica,
Comentários: antiprogestogênica e antigonadotrópica. Quando
ministrada por via oral, parece trazer benefício
Aqui temos uma paciente de 18 anos que apresenta em pacientes com endometriose, entretanto, é um
dismenorreia pré e perimenstrual. Os ciclos menstruais medicamento pouco utilizado devido aos efeitos
são regulares e o sangramento dura 4 dias, portanto, colaterais (acne, aumento da pilificação, engros-
não existe quadro de sangramento uterino anormal as- samento da voz). A paciente do enunciado tem
sociado. O exame físico é normal e não há sintomas dismenorreia, mas não outros sintomas para se
de quadro infeccioso associado. O quadro é compatível pensar em endometriose (dispareunia, dor pélvica
com dismenorreia primária. crônica, dos ao evacuar ou urinar...). O implante
A dismenorréia primária normalmente se inicia entre de gestrinona não é aprovado pela ANVISA.
um e três anos após a menarca ou quando os ciclos b) INCORRETA. Não há sintomas clínicos de qua-
menstruais passam a ser ovulatórios. A primeira linha dro infeccioso.
de tratamento são os anti-inflamatórios não esteroi- c) INCORRETA. O DIU de progestagênio pode ser
dais - AINEs. Esses medicamentos atuam reduzindo a benéfico para o quadro de dismenorreia, e muita
atividade da via da cicloxigenase e inibindo a síntese gente ficou em dúvida quanto a esta alternativa.
de prostaglandinas. Mas o enunciado não menciona necessidade ou
Outras opções terapêuticas incluem os contraceptivos desejo de contracepção.
hormonais e o DIU de progesterona. O DIU de pro- d) CORRETA. O ácido mefenâmico é um AINE.
gesterona ocasiona atrofia endometrial, e pode ocasionar
amenorreia ou redução do fluxo menstrual, além de ser
TAKE-HOME MESSAGE: Dismenorréia primária,
um LARC ("Long-acting reversible contraceptives").
excluídas causas secundárias, é adequadamente tratada
Essa questão gerou muita confusão porque o enuncia- com AINEs no período pré e perimenstrual.
do diz que a paciente tem vida sexual ativa e não faz
uso de método contraceptivo eficaz. Mas não adianta
brigar com a questão, se o enunciado não mencionar
que a paciente DESEJA ou necessita de método con-
traceptivo, não vamos indicá-lo.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 109

QUESTÃO 89 QUESTÃO 90

Resposta correta: Letra A Resposta correta: Letra B

Comentários: Comentários:
A paciente do enunciado apresenta amenorréia hipo- A Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO) é
talâmica por hipogonadismo hipogonadotrófico devi- uma complicação decorrente do estímulo ovariano com
do a atividade física excessiva e baixo peso. A fratura indutores de ovulação e é uma complicação frequente
de estresse a a baixa densidade mineral óssea são de- nos tratamentos de reprodução assistida. A forma leve
correntes dos efeitos hipoestrogenismo. Na prática, a ocorre em aproximadamente 20% dos ciclos de estímulo
fisiopatologia da perda de massa óssea nessa paciente é ovariano, enquanto as apresentações moderada e grave
semelhante ao que ocorre com uma senhora na meno- ocorrem em 6%, 0,1-2% dos casos, respectivamente.
pausa. Dessa forma, além de corrigir a causa do hipo- A SHO consiste na resposta exacerbada dos ovários ao
gonadismo hipogonadotrófico com nutrição adequada estímulo hormonal que resulta em um número grande
e reprogramação dos treinos, essa paciente se beneficia- de oócitos. O aumento do volume ovariano está as-
ria do uso de estradiol e progesterona. sociado à passagem de fluido para o terceiro espaço,
ocasionado por aumento da permeabilidade capilar. O
Vamos às alternativas: principal mediador envolvido é o fator de crescimento
a) CORRETA. vascular endotelial (VEGF). Essas alterações resultam
na depleção do volume intravenoso, ascite, derrame
b) INCORRETA. Bifosfonado é um tratamento mui-
pleural e hemoconcentração. Ocorre ainda um aumen-
to efetivo para osteoporose, entretanto, nos casos
to no risco de trombose. Casos graves podem cursar
de amenorreia hipotalâmica em paciente jovem,
com insuficiência renal, hepática ou respiratória.
fornecer estrogênio é uma opção mais adequada, já
que o hipoestrogenismo é a causa do problema.
Vamos às alternativas:
c) INCORRETA. A suplementação de cálcio não trata
o problema em questão. A) INCORRETA. Endometrite não é uma consequên-
d) INCORRETA. A perda de massa óssea nesse caso cia comum da estimulação ovariana.
não é decorrente de falta de massa muscular, e sim B) CORRETA. Ascite e derrame pleural podem ser
do hipoestrogenismo. decorrentes da Síndrome do hiperestímulo ova-
riano (SHO), que é uma consequência comum da
TAKE-HOME MESSAGE: Atletas, pacientes com estimulação ovariana.
baixo peso ou com transtornos alimentares podem de- C) INCORRETA. Ooforite não é uma consequência
senvolver amenorreia por hipogonadismo hipogonado- comum da estimulação ovariana.
trófico. A deficiência de estrogênio a longo prazo pode D) INCORRETA. O risco de gestação gemelar existe
ocasionar redução da densidade mineral óssea e fratu- na FIV, porém, ela está relacionada ao número de
ras patológicas. embriões transferidos para o útero da paciente e
não com o processo de estimulação ovariana.

TAKE-HOME MESSAGE: A principal complicação


do estímulo ovariano é a Síndrome de Hiperestimula-
ção Ovariana.
110 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 91 QUESTÃO 92

Resposta correta: Letra C Resposta correta: Letra A

Comentários: Comentários:
Temos uma gestante no primeiro trimestre de gestação No início da gestação, pode ocorrer o hipertireoidismo
com um quadro de hiperêmese gravídica. A diferença transitório gestacional. O hCG tem semelhança estru-
entre êmese e hiperêmese gravídica são os sinais de de- tural às moléculas do hormônio estimulador da tireoi-
sidratação e/ou distúrbios hidroeletrolíticos presentes de (TSH) e pode estimular os receptores de TSH. No
na segunda. início da gestação, pode ocorrer diminuição dos níveis
O manejo clínico da hiperêmese gravídica envolve hi- séricos de TSH por retroalimentação negativa. Esse
dratação e antieméticos por via endovenosa além de quadro costuma ser revertido após 20 semanas de ges-
correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. tação. O tratamento com drogas antitieoideanas, em
geral, não é recomendado. Nas pacientes com hiperê-
mese gravídica, deve-se estabilizar o quadro clínico. Em
Vamos às alternativas: caso de taquicardia sintomática, o propranolol pode ser
A) INCORRETA. Não há indicação de repor bicar- utilizado para controle da frequência cardíaca.
bonato para essa paciente pois a paciente já apre-
senta HCO3 acima do esperado e está em alcalo- Vamos às alternativas:
se mista.
A) CORRETA. Repetir TSH – pode se tratar de hi-
B) INCORRETA. Oxigênio não ajuda em nada aqui. pertireoidismo transitório gestacional.
C) CORRETA. O potássio sérico está baixo. B) INCORRETA. Caso se trate de uma alteração
D) INCORRETA. Administrar diurético piora- transitória, o tratamento com drogas antitireoidea-
ria muito o quadro clínico, pois a paciente já nas não é recomendado.
está desidratada. C) INCORRETA. Primeiro, é necessário corrigir a
desidratação, pois a taquicardia pode ser decorren-
TAKE-HOME MESSAGE: A conduta na hiperêmese te da hipovolemia.
gravídica consistem em hidratação, antieméticos e re- D) INCORRETA. Levotiroxina é droga utilizada nos
posição de distúrbios hidroeletrolíticos. casos de hipotireoidismo.

TAKE-HOME MESSAGE: O hipertireoidismo tran-


sitório gestacional pode ocorrer no início da gestação
em decorrência da semelhança estrututral das molécu-
las de hCG e TSH.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 111

QUESTÃO 93 TAKE-HOME MESSAGE: Sangramento no tercei-


ro trimestre + hipertonia uterina representam DPP até
Resposta correta: Letra C prova em contrário. O diagnóstico de DPP é clínico e
a primeira conduta é a amniotomia, seguida de cesárea
Comentários: se parto não iminente (TPP avançado).
Aqui temos uma primigesta, hipertensa, gestante de
33 semanas. O quadro clínico de sangramento genital
QUESTÃO 94
associado a hipertonia uterina (dor abdominal + au-
mento do tônus uterino + indistinção de partes fetais) e
Resposta correta: Letra B
bradicardia fetal é suficiente para o diagnóstico clínico
de descolamento prematuro de placenta.
Comentários:
A hipertonia é um mecanismo reflexo. Ocorre o co-
A imagem da questão traz um útero de Couvelaire.
lapso das veias, mas o fluxo arterial, de maior pressão,
Útero de Couveleire é quando ocorre a infiltração mio-
pouco se altera. Dessa forma, ocorre aumento da pres-
metrial por sangue. Esta complicação pode ocorrer em
são intra-uterina, estase sanguínea e rotura dos vasos
até 20% dos casos de descolamento prematuro de pla-
útero-placentários, causando aumento e agravamento
centa. Caracteriza-se por oclusão da circulação e mi-
da área de descolamento. A formação do coágulo re-
croinfarto uterino.
troplacentário e essas alterações vasculares possibilitam
aumento progressivo da altura uterina, que pode ser Diante do diagnóstico de hemorragia puerperal, existe
detectado no exame físico (observe que a altura uterina uma sequência de tratamentos e condutas que deve ser
é de 37 cm, nada é por acaso na sua prova!). respeitada, a fim de controlar o sangramento da forma
menos mórbida possível. Essa sequência inclui:
A aminiotomia é útil pois reduz a compressão da veia
cava inferior, dificulta a ampliação da área do descola- 1. Medidas clínicas e farmacológicas: massagem uteri-
mento, melhora a hipertonia uterina e reduz a pressão na, ocitocina, ergotrate IM e misoprostol via retal.
intraútero; reduz a hemorragia, a incidência ou a gravi- 2. Medidas cirúrgicas conservadoras: suturas com-
dade coagulopatias já instaladas. pressivas, balões de tamponamento, ligadura de arté-
ria hipogástrica.
Vamos às alternativas: 3. Histerectomia subtotal.
A) INCORRETA. Um descolamento prematuro de
placenta associado a parto não iminente com feto
vivo torna a cesárea mandatória.
B) INCORRETA. A avaliação da vitalidade fetal per-
de o sentido diante do diagnóstico clínico de DPP
associado a bradicardia fetal. Já existe sofrimento
fetal presumível.
C) CORRETA.
D) INCORRETA. Não se trata de um DPP inibível
devido ao DPP.
112 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: QUESTÃO 95


A) INCORRETA. A histerectomia é um tratamento Resposta correta: Letra C
possível, mas existe uma sequência de tratamentos
de menor complexidade e morbidade que devem Comentários:
ser tentados antes. Quando necessária, o tipo de
histerectomia a ser realizado no contexto de he- A questão traz uma paciente com atraso menstrual,
morragia puerperal é a subtotal, com manutenção dor abdominal com sinal de descompressão brusca em
do colo uterino. A histerectomia subtotal, por ser fossa ilíaca direita e BHCG positivo (1820 mUI/ml).
tecnicamente mais simples, pode ser realizada em A paciente se encontra descorada, hipotensa e taqui-
menor tempo. Lembre-se que se você está fazendo cárdica, porém com sangramento genital em pequena
uma histerectomia puerperal, é porque essa pacien- quantidade. Com esse enunciado, a principal hipótese
te já sangrou muito! é gravidez ectópica.
B) CORRETA. Dado que não houve resposta contrá- Quanto se tem um valor de BHCG sérico superior a
til após medidas clínicas e farmacológicas, esse é o 1500 mUI/ml, deve haver imagem intrauterina. O que
próximo passo. se vê na imagem trazida pela questão é a ausência de
C) INCORRETA. Ligadura de aa. Hipogástricas saco gestacional na cavidade uterina e a presença de
é uma medida para hemorragia puerperal, porém, uma imagem anecoica, que considerando o contexto
normalmente é realizada na refratariedade das su- clínico, pode corresponder ao saco gestacional. Saco
turas compressivas, por ser um procedimento de gestacional em outro local que não a cavidade uterina é
maior dificuldade técnica e morbidade. gravidez ectópica.
D) INCORRETA. Hemorragia puerperal com ne-
cessidade de hemotransfusão que não foi reverti- Vamos às alternativas:
da com medidas clínicas e farmacológicas. É hora A) INCORRETA. Não é apenas um abortamento pois
de intervir. há sinais clínicos de gravidez ectópica rota (taquicar-
dia, hipotensão, peritonite e queda do Hb/Ht).
TAKE-HOME MESSAGE: Hemorragia puerperal B) INCORRETA. O sítio é conhecido, pois se vê
exige conduta ativa sempre. Grave sempre a sequência uma imagem compatível com saco gestacional.
medidas farmacológicas, medidas cirúrgicas conserva- C) CORRETA.
doras e histerectomia subtotal.
D) INCORRETA. Poderia se falar em gravidez inci-
piente (ainda não apareceu a imagem intrauterina)
em paciente assintomática com BHCG inferior a
1500 mUI/ml. Não é o caso aqui.

TAKE-HOME MESSAGE: BHCG acima de 1500


tem que ter imagem intrauterina. Se não tiver, procure
o saco gestacional em algum lugar.
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 113

QUESTÃO 96 Manobra de Jacquemier: retirada do braço fe-


tal posterior.
Resposta correta: Letra C
Vamos às alternativas:
Comentários:
a) INCORRETA. Isso não ajuda aqui. O diâmetro
Temos aqui uma paciente em trabalho de parto com anteroposterior da pelve é maior que o transverso
um feto GIG. Um feto é considerado GIG quando se nesse ponto é o maior diâmetro fetal nesse mo-
encontra acima do percentil 90 para a idade gestacional mento são os acrômios.
(aqui temos um PFE no percentil 95). Isso é um fator
b) INCORRETA. Essa é uma manobra possível, mas
de risco para distocia de ombros.
com certeza não é a primeira manobra que deve
A imagem trazida pela questão é clássica: diante des- ser realizada.
ta imagem, o diagnóstico de distocia de ombros é im- c) CORRETA. Manobra de McRoberts.
perioso. Não se deve tracionar o polo cefálico fetal. A
d) INCORRETA. Esta manobra consiste em recolo-
conduta é avisar a paciente sobre o diagnóstico, chamar
car a cabeça fetal dentro do útero mediante anes-
ajuda e iniciar as manobras. A primeira manobra reco-
tesia geral, e proceder para cesariana. É a última
mendada é a manobra de McRoberts, que consiste na
opção, após ausência de resolução do quadro com
hiperflexão das coxas da parturiente.
todas as manobras menos mórbidas, inclusive a
A segunda manobra, que pode ser iniciada concomitan- fratura de clavículas fetais.
temente à primeira, é a pressão supra-púbica, ou ma- TAKE-HOME MESSAGE: A primeira manobra a ser
nobra de Rubin I. Esta manobra deve ser realizada pelo realizada diante de uma distocia de ombros é a manobra
auxiliar posicionado no lado em que se encontra o dor- de McRoberts – Hiperflexão das coxas da parturiente.
so/occipito fetal e tem como objetivo aduzir o ombro
anterior do feto, diminuindo o diâmetro dos ombros.
Essas manobras, quando realizadas concomitantemen- QUESTÃO 97
te, resolvem 80-90% dos casos de distocia de ombros.
Resposta correta: Letra A
A manobra de Gaskin consiste em posicionar a pa-
ciente em 4 apoios. Esta manobra aumenta o diâme- Trata-se de gestante com 31s2d com entrada no ps em
tro anteroposterior da pelve e resolve 80% dos casos de quadro de insuficiência respiratória, associada a hipo-
distocia de ombros quando aplicada isoladamente, mas xemia e febre, possivelmente associada a um quadro
existe mobilização da paciente, o que pode ser difícil séptico e broncoespasmo (presença de sibilos na auscul-
dependendo do tipo de anestesia realizada. ta). Na imagem temos uma cardiotocografia anteparto,
As manobras subsequentes são as manobras internas, paciente sem dinâmica uterina na história. A cardioto-
que normalmente requerem a realização de episiotomia. cografia anteparto avalia os seguintes parâmetros
Manobra de Rubin II: consiste na pressão com indica- • FCF: entre 140-160 (1pontos)
ção e dedo médio sobre a escápula fetal anterior. Pode • Variabilidade 6-25 bpm (1pontos)
ser realizada concomitantemente à manobra de Woods.
• Presença de acelerações transitorias (2 pontos)
Manobra de Woods: pressão sobre a clavícula do fetal
posterior, pode ser realizada concomitantemente. Exis- • Ausencia de desacelerações(1 ponto)
te ainda a manobra de Wood reversa, na qual se realiza
pressão na clavícula fetal anterior.
114 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

Trata- se de um cardiotocografia bastante alterada de estreito superior é delimitado superiormente pela linha
feto inativo. Não temos informação sobre outros pa- que vai da borda superior da sínfise púbica até o pro-
râmetros de PBf, é preciso lembrar que a ctb reflete o montório, também conhecida como conjugado anatô-
estado de oxigenação do feto e desacelerações tardias mico, representado na figura da questão pela letra A. O
acontecem em estados de hipóxia fetal. menor diâmetro anteroposterior do estreito superior é
A) opção correta- a monitorização deve ser mantida a conjugada vera anatômica, que vai do promontório
sempre que temos alteração na CTB, mesmo que até a face interna da sínfise púbica e está representado
o parto seja iminente na figura do enunciado pela letra B. O estreito médio
é delimitado pela borda inferior da sínfise púbica, es-
B) incorreta- estamos diante um feto prematuro em pinhas isquiáticas e terço inferior do sacro, e o estreito
quadro de sofrimento fetal que poderá ser reverti- inferior é delimitado pela margem inferior da sínfise
do com a estabilização materna. Outro ponto que púbica, ramos isquiopúbicos e ponta do cóccix. Se o
devemos lembrar é que uma paciente grave com pólo cefálico ainda não atingiu o plano zero de Lee, o
broncoespasmo, sepse deve ser sempre estabilizada que está limitando a descida provavelmente se encontra
antes de ser submetida ao parto, submeter a pa- no estreito posterior.
ciente a cesárea sem estabilização hemodinâmica
materna prejudicaria mãe e feto
C) incorreta- a premissa para iniciar uma indução de
trabalho de parto é ausência de sofrimento fetal e
estabilidade materna
D) incorreta- paciente está fora de trabalho de parto

TAKE-HOME MESSAGE: Esta é uma situação par-


ticular em que temos uma condição materna grave
associada, com a mãe apresentando hipoxemia e um
quadro potencialmente reversível com medidas como
oferta de oxigênio, reversão do choque, medicações
para broncoespasmo.

QUESTÃO 98

Resposta correta: Letra C.

A banca infelizmente não modificou o gabarito, apesar


dos recursos.
Nesta questão temos uma paciente em trabalho de par-
to, avaliando o partograma, percebemos que paciente
apresentou evolução para dilatação total, representada
pelo asterisco, porém a altura da apresentação parou de
descer entre os planos -1 e 0 de DeLee. O nível zero
de deLee corresponde ao nível das espinhas isquiáti-
cas, que se encontram no estreito médio da pelve. O
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 115

Vamos às alternativas: TAKE-HOME MESSAGE: Os planos de DeLee são


importantes para construção do partograma e avaliação
A - INCORRETA - Conjugado anatômico, trata se da da evolução do parto, a altura da apresentação corres-
distância da borda superior da sínfise púbica até o ponde ao nível mais baixo do polo fetal e sua relação
promontório, é um dos diâmetros do estreito su- com o nível das espinhas isquiática (plano zero de De-
perior da pelve Lee). Se o plano zero foi atingido, o polo cefálico en-
B - INCORRETA - Não está totalmente correta, mas contra-se no estreito médio da pelve.
é a melhor resposta. O conjugado obstétrico é a
distância da face interna da sínfise púbica até o
promontório e mede aproximadamente 10,5 cm.
Se encontra acima do plano zero de Lee.
C - INCORRETA - conjugado diagonal, medida da
face inferior da sínfise púbica até o promontório,
pode ser avaliado diretamente pelo exame físico e
serve para estimar o conjugado obstétrico. Não é
um real obstáculo para a passagem do pólo cefá-
lico. Infelizmente, a banca manteve essa resposta
como correta.
D - INCORRETA - distância entre a base da sínfise
púbica e cóccix que delimita o estreito inferior da
pelve. O pólo cefálico ainda nem ultrapassou o es-
treito médio.

QUESTÃO 99

Resposta correta: Letra D

Trata-se de uma gestante de 40s3d, ou seja em pós datismo, uma das informações faltantes nessa questão é a parida-
de, que seria essencial para definir a via de parto. No pós datismo entre 40-41 semanas e 6 dias realizamos avaliação
da vitalidade e exame físico a cada 2-3 dias.
A vitalidade fetal está alterada, com índice de líquido amniótico em oligoâmnio (abaixo de 5 mm), o restante do
perfil está normal, tônus normal, movimentos fetais presentes, movimentos respiratórios presentes e cardiotocogra-
fia ativa, temos um perfil 8/10 em que perdemos pontuação no líquido amniótico.
116 | PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS

A) incorreta
Para determinar se o colo é favorável para realizar indução de parto com ocitocina devemos avaliar o índice de bishop:

Para esta questão:


Dilatação 2 cm- 1 ponto
Esvaecimento grosso- 0 pontos
Altura (-2)-1 ponto
Amolecido- 2 pontos
Posterior- 0 pontos
Índice de bishop= 4, colo desfavorável

b) incorreta- reavaliação da vitalidade em 48h seria para perfil biofísico normal


C) incorreta*- oligoâmnio não é indicação de parto cesárea, apenas de resolução da gestação. Caso a paciente te-
nha duas cicatrizes uterinas anteriores por cesárea, estaria contra indicado o parto normal e esta resposta estaria
correta. A questão não informou a paridade
D) correta - paciente com colo desfavorável, índice de bishop menor que 5, tem indicação de uso de prostaglandina
como misoprostol ou dinoprostona para maturação do colo

TAKE-HOME MESSAGE: Neste caso, temos indicação de resolução da gestação devido ao oligoâmnio, porém
não é indicação de cesárea, o parto é por via obstétrica
PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - R1 ACESSO DIRETO - CADERNO DE RESPOSTAS | 117

QUESTÃO 100

Resposta correta: D

Temos uma paciente em trabalho de parto, já com anal-


gesia de parto com cateter de peridural, o texto refere
que está há 2 horas com 8 cm e mantendo dinâmica
uterina de 5 contrações fortes, sem dilatação do colo.
A cardiotocografia intra parto está em categoria 2, com
redução da variabilidade. A questão mostra também a
foto com uma depressão abaixo da cicatriz uterina, o
que faz lembrar do sinal de Bandl Frommel, pela dis-
tensão das fibras do segmento uterino, pela iminência
da rotura uterina. O excesso de contrações e a alteração
de cardiotocografia também fazem pensar em rotura
uterina

Vamos às alternativas:
A - INCORRETA- sondagem vesical estaria indicado
em caso de bexigoma o que poderia confundir no
exame físico com o sinal de Bandl, porém não cur-
saria com hiperatividade uterina e com alteração
de cardiotocografia
B - INCORRETA- a paciente já está com contrações
excessivas, em iminência de rotura uterina,iniciar
ocitocina pioraria o quadro da paciente
C - INCORRETA- durante o trabalho de parto, pode
ser realizado a complementação da analgesia pelo
cateter de peridural caso a paciente volte a apresen-
tar dor, não há relato disso no caso
D - CORRETA- pela iminência de rotura uterina está
indicado parto cesárea

TAKE-HOME MESSAGE: Os elementos da história


levam a pensar em obstrução de canal de parto, com
aumento das contrações, levando a hipertonia uterina,
o que por sua vez pode acarretar em sofrimento fetal,
caso persista esse quadro podemos ter rotura uterina,
situação muito grave tanto para mãe quanto para o feto.
www.grupomedcof.com.br/

Você também pode gostar