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Quem nunca arregalou os olhos ao escutar um “Dr., chegou uma parada!” que atire a
primeira pedra!
A verdade é que atender uma emergência como uma PCR não está nos planos de nenhum
médico e, por isso, raramente esperamos que uma situação dessas aconteça durante o
nosso plantão.
E justamente por isso devemos estar muito bem preparados e com o algoritmo na ponta
da língua pra que, quando a emergência chegar, você consiga manter a calma e conduzir
a PCR da melhor maneira possível.
Por isso, reunimos aqui as principais informações que você precisa saber na hora de
manejar uma PCR.
Boa leitura!
Equipe Medway
ÍNDICE
Introdução.......................................................................................................................................................................7
Parada cardiorrespiratória.....................................................................................................................................7
Via aérea............................................................................................................................................................................... 14
Ventilação............................................................................................................................................................................ 14
Desfibrilação.......................................................................................................................................................................15
Técnica da desfibrilação.............................................................................................................................................15
Capnografia....................................................................................................................................................................... 18
Acesso venoso...................................................................................................................................................................19
Medicações..........................................................................................................................................................................19
Cuidados pós-pcr...........................................................................................................................................................22
Determinação da causa da PCR...................................................................................................................... 22
Manejo hemodinâmico............................................................................................................................................. 24
Referências Bibliográficas.................................................................................................................................. 25
Conclusão..................................................................................................................................................................... 26
Anexos............................................................................................................................................................................ 27
Nossos cursos....................................................................................................................................................................29
Acesse gratuitamente..................................................................................................................................................31
Depois de muito estudo, trabalho duro e dedicação total, desenvolvemos cursos exclusivos
e que nos enchem de orgulho. Isso porque, na prática, temos visto esses cursos serem a
chave do sucesso na aprovação de milhares de alunos de Medicina em todo o país.
Em quatro anos de existência, impactamos 16 mil alunos com uma metodologia diferente
da convencional. Leve, objetiva e verdadeira. Sem dúvidas, essa última característica é o
nosso maior diferencial.
Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te tratamos
com respeito, da forma como gostaríamos de ser tratados.
Muitos nos veem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como
aqueles veteranos que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela
didática e pelo lado humano.
Se você chegou até aqui, saiba que já nos orgulhamos muito de você ter se conectado com
a Medway. Estamos e estaremos ao seu lado para sermos parceiros em toda a sua jornada
como profissional de Medicina. Até a prova de residência e depois dela. Vamos juntos até
o final!
Boa leitura!
O QUE NOSSOS ALUNOS
ESTÃO FALANDO?
Introdução
Salve, salve, meu querid@!
Creio que você já deva ter escutado a seguinte frase no plantão: “Doutor(a), chegou uma
parada!”. Dá até um arrepio ao ouvir!
Neste material, vamos falar do principal assunto do ACLS – suporte avançado de vida
cardiovascular: a parada cardiorrespiratória (PCR).
Parada cardiorrespiratória
A PCR é definida como a cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente
colapso hemodinâmico. Calma! Vamos ler essa frase novamente?
• “Cessação súbita da função mecânica cardíaca”: ou seja, o coração para de bater (ou bate
de forma ineficaz)
• “Com consequente colapso hemodinâmico”: aqui temos que entender que, como o
coração não funciona corretamente, ele não consegue manter um débito cardíaco, o que
faz com que falte sangue para o corpo (incluindo o próprio coração e o sistema nervoso
central)
Aqui a diferenciação é feita a partir da análise do monitor cardíaco que estará nos
mostrando o traçado eletrocardiográfico. Vamos olhar então alguns eletrocardiogramas
(ECG)? Atenção, porque aqui não podemos “comer bola”!
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ECG 1 – fibrilação ventricular: aqui observamos ritmo anárquico decorrente de múltiplos
focos de reentrada, chegando a uma frequência cardíaca (FC) de 400-600 batimentos por
minuto (bpm). Essas contrações não são capazes de gerar débito e, portanto, não existe “FV
com pulso”, toda FV é ritmo de PCR.
ECG 2 – taquicardia ventricular sem pulso: no monitor, veremos uma taquicardia de QRS
alargado. Uma observação importante aqui é que, caso o paciente tenha pulso, ele não
estará em PCR. Portanto, no paciente com traçado compatível com TV, temos que tentar
palpar pulso central e, se ele não tiver pulso, chamaremos de PCR.
ECG 3 – assistolia: nesse caso, o monitor mostrará apenas uma linha reta (mais adiante,
conversaremos sobre o “protocolo da linha reta”, que nos ajudará a não deixar passar
despercebido algum motivo para essa linha reta que não a assistolia em si).
Índice
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Figura 3. ECG – assistolia. Fonte: Shutterstock.
ECG 4 – atividade elétrica sem pulso: aqui veremos no monitor um ritmo organizado
(normalmente, de QRS alargado, mas podendo ser também com QRS normal, como no
ECG a seguir) em um paciente sem pulso. Perceba que aqui o conceito de “não ter pulso”
se repete (como havíamos comentado na TV sem pulso). Paciente não responsivo, com
atividade elétrica organizada no monitor tem que ter o pulso checado. Se não tiver, trata-
se de uma PCR.
Índice
9
Na tabela a seguir, elencamos as principais causas de PCR. Acompanhe.
Anormalidades
Pneumotórax hipertensivo
Tamponamento cardíaco
CIRCULATÓRIA estruturais
Tromboembolismo pulmonar (TEP)
Hemorragia
Sepse
Hipo/hipercalemia
METABÓLICA Hipo/hipermagnesemia
Hipocalcemia
Antiarrítmicos
Digitálicos
Betabloqueador
TÓXICOS Bloqueadores de canal de cálcio
Antidepressivo tricíclico
Drogas (Cocaína / Heroína / Crack)
Monóxido de carbono / Cianeto
Afogamento
AMBIENTAL Hipo/hipertermia
Eletrocussão/trovão
Tabela 1. Tabela das causas de PCR. Fonte: adaptada de Velasco et al., 2020.
Existe ainda uma outra forma de classificar as causas da PCR. Muito mais simples, ela
permite que possamos administrar com mais facilidade a RCP. Ela é chamada de 5 Hs
e 5 Ts. Normalmente associada com as causas de PCR por ritmos não chocáveis, mas
erroneamente, pois todas são também possíveis causas de PCR por ritmos chocáveis.
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CAUSAS DE PCR – 5 Hs e 5 Ts
5 Hs 5 Ts
Hipo/Hipercalemia Tóxicos
Se um paciente tivesse uma parada cardiorrespiratória no meio da rua e você fosse correndo
heroicamente para socorrê-lo, talvez você fosse atropelado. Assim, além de não ajudá-lo,
daria ainda mais trabalho para a equipe (se não algo mais grave, como até mesmo morrer).
1) Segurança da cena
Beleza, a cena está segura. E agora?
2) Checar responsividade
Aqui, você deve segurar os ombros e sacudi-los, além de chamar o paciente (pelo nome, se
souber; se não, basta um “SENHOR(A)! SENHOR(A)!”).
Bom, sabemos que você entendeu o porquê de chamar o paciente. Mas por que segurar
e sacudir os ombros? Primeiro porque o paciente pode ser surdo, mas também para que,
caso não seja uma PCR, o paciente não levante assustado, o que pode inclusive causar um
acidente se ele bater com o rosto no seu.
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O fator mais importante é o TEMPO!
Uma pessoa treinada que inicie rapidamente as compressões e faça a desfibrilação (se
indicada) precocemente é muito mais eficaz do que levar uma pessoa em PCR há 30
minutos (sem compressões ou desfibrilação) para um hospital de ponta, onde serão
administradas adrenalina, amiodarona e desfibrilação várias vezes, por exemplo.
A primeira ação (que não consta na corrente de sobrevida) é checar a segurança da cena e,
em seguida, fazer o reconhecimento da PCR.
Cena segura e PCR identificada. Próximo passo: acionar o serviço médico de emergência,
ou melhor, CHAMAR AJUDA!
“Você, de blusa branca (apontando para a pessoa), ligue 192 e peça para trazerem o
aparelho de choque.”
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TÉCNICA DA COMPRESSÃO TORÁCICA
Muita atenção aqui, pois compressões eficazes são a pedra angular da RCP!
Ok, você já sabe que deve realizar 30 compressões e depois 2 ventilações. Mas e como
comprimir?
• Local: ½ inferior do esterno, com a palma da mão não dominante sobre o dorso da mão
dominante (com a região hipotenar da mão em contato com o tórax), dedos entrelaçados
e braços completamente estendidos, perpendiculares ao tórax do paciente (agora, pare
aqui, pense que está diante de um paciente e tome essa posição; em seguida, olhe para
a imagem a seguir e veja se está igual)
• Velocidade: 100 a 120 por minuto (para isso, você pode cantar mentalmente algumas
músicas que têm esse ritmo, desde “Stayin’ alive” até “Baby Shark”)
• Profundidade: deprimir o tórax entre 5 e 6 cm
• Permitir o retorno completo/expansão torácica após cada compressão
• Minimizar as interrupções entre as compressões
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VIA AÉREA
A abertura da via aérea deve ser realizada logo antes das ventilações com alguma das
seguintes técnicas:
• Jaw thrust (elevação da mandíbula): bem indicada em cenários de trauma, pois permite
a abertura da via aérea mantendo a coluna cervical estável
• Head tilt/chin lift (inclinação da cabeça elevação do queixo): pode ser usada caso não
tenha história de trauma
VENTILAÇÃO
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A imagem a seguir exemplifica a técnica do C e do E:
DESFIBRILAÇÃO
Vimos basicamente que, ao encontrarmos uma pessoa desacordada, temos que fazer o
seguinte:
• Garantir a segurança da cena e identificar rapidamente a PCR
• Chamar ajuda (acionar o serviço médico de emergência) e pedir o DEA
• Iniciar a RCP (com relação de 30 compressões para 2 ventilações)
• Realizar compressões e ventilações eficazes (técnicas corretas)
Ok, moçada! Chegou o DEA (com o Samu ou tinha disponível no local). E agora?
TÉCNICA DA DESFIBRILAÇÃO
No momento em que o DEA chega em cena (ou o desfibrilador está em condições de ser
usado, no caso de PCR intra-hospitalar), a análise do ritmo seguida da desfibrilação, se
indicada, são as ações mais importantes.
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Portanto, será feito o seguinte:
• Se Desfibrilador Externo Automático (DEA):
• Ao ligarmos o DEA, este começará a dar os comandos (simples e de fácil compreensão),
tais como:
• “Aplique as pás no tórax do paciente”
• “Encaixe o conector dos eletrodos perto da luz que pisca”
• “Analisando o ritmo cardíaco, não toque no paciente”
• “Choque recomendado”
• “Carregando”
• “Afaste-se do paciente”
• “Administre o choque agora; pressione o botão”
• “Choque administrado; inicie o RCP”
• Por ser simples e prático, o DEA pode ser usado por socorristas leigos, uma vez que
o operador não precisa analisar o ritmo; basta apenas um treinamento prévio (de
preferência, o próprio BLS)
• Se desfibrilador mono/bifásico (intra-hospitalar):
• Sem interromper as compressões (no intra-hospitalar, não estaremos sozinhos)
• Ligamos o aparelho
• Escolhemos a carga (360 J, se monofásico, e 200 J, se bifásico – se não souber a
recomendação é aplicar a carga máxima do aparelho)
• Aplicamos gel nas pás
• Estando em condições para o uso, interrompemos as compressões e analisamos o
ritmo
• Se for um ritmo chocável, aplicamos a desfibrilação; se não, retomamos as compressões
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Figura 7. Posicionamento correto das pás (desfibrilação). Fonte: Shutterstock.
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Primeiro porque ela muitas vezes faz com que as compressões sejam interrompidas (cerca
de 25% de todas interrupções são decorrentes da passagem de uma via aérea avançada).
Além disso, estudos sugerem um pior desfecho neurológico e menor chance de sobrevida
nos pacientes com IOT no ambiente pré-hospitalar. E, para finalizar, um estudo de coorte
com mais de 100 mil pacientes concluiu que a IOT nos primeiros 15 minutos da PCR estava
associada a pior desfecho neurológico quando comparada à ventilação adequada por
outros métodos, tais como Ambu e dispositivos extraglóticos.
É importante ter em mente também que, nos casos em que ela está indicada, devemos
proceder à IOT sem interrupção das compressões torácicas e a confirmação do
posicionamento correto da cânula endotraqueal é pela capnografia quantitativa contínua
em forma de onda (padrão-ouro).
Após a via aérea estar estabelecida, quando bem indicada, mudamos a um detalhe no RCP.
Em vez de realizar 30 compressões para 2 ventilações, passamos a realizar compressões
ininterruptamente por 2 minutos e a ventilar a cada 6 segundos (frequência respiratória
de 10 por minuto). Cada ventilação será realizada por 1 segundo e com ⅓ do volume do
Ambu, ligado na fonte de O2 a 15 L/min.
CAPNOGRAFIA
A imagem a seguir mostra uma curva de capnografia em que está se mantendo um EtCO2
acima de 10 mmHg, o que indica que as compressões estão eficazes.
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Figura 8. Curva de capnografia (EtCO2). Fonte: Shutterstock.
ACESSO VENOSO
Acesso venoso periférico (AVP): o AVP é importante para o uso de medicações e reposição
volumétrica. Após a infusão de medicação, devemos realizar flush com 20 mL de soro
fisiológico 0,9% e, em seguida, elevar o membro.
Acesso venoso central (AVC): pelo fato de demandar tempo e o cateter não permitir
infusão rápida de grandes volumes, não é recomendado a sua passagem de rotina durante
uma PCR.
Acesso intraósseo (IO): é uma excelente alternativa ao AVP quando este não é facilmente
obtido, pois também permite infusão rápida de grandes volumes.
Acesso arterial: dispositivo inserido diretamente em artéria (radial ou femoral), que nos
fornece a medida de PA segundo a segundo, de maneira contínua. Normalmente instalada
em pacientes no ambiente de terapia intensiva, dificilmente será instalada durante a PCR
em si.
MEDICAÇÕES
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MEDICAÇÕES DOSE INDICAÇÃO
1 mg EV a cada 3 a 5
Epinefrina (adrenalina) Todos
minutos em bolus
300 mg EV na primeira
dose e 150 mg EV na
Amiodarona FV/TV sem pulso
segunda dose, ambos
em bolus
Torsades de pointes
1 a 2 g EV em bolus
Sulfato de Magnésio (subtipo de TV
Manutenção: 0,5 a 2 g/h
polimórfica)
50 mg EV (podendo ser
TEP (suspeita
Alteplase repetido em 15 minutos)
ou confirmado)
em bolus
20 a 30 ml EV a cada 2
Gluconato de cálcio 10% Hipercalemia
a 5 minutos em bolus
25 g de glicose + 10 UI
Glicose + insulina
de insulina regular EV Hipercalemia
(glicoinsulina)
em bolus
Tabela 3. Medicações e suas respectivas indicações na PCR. Fonte: adaptada de Velasco et al., 2020.
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Fluxograma de atendimento de parada cardiorrespiratória
1
COMEÇAR RCP
Dar oxigênio
Conectar monitor/desfibrilador
SIM
Ritmo
chocável?
2 9
FV/TVsp Assistolia/AESP
3 Choque Epinefrina
10
RCP 2 MINUTOS
4
• Acesso EV/IO
RCP 2 MINUTOS
• Adrenalina a cada 3-5 min
Acesso EV/IO
• Considerar via aérea
avançada com capnografia
Ritmo NÃO
chocável?
SIM
SIM Ritmo
chocável?
5 Choque
NÃO
6
RCP 2 MINUTOS
• Adrenalina a cada 3-5 min 11
• Considerar via aérea RCP 2 MINUTOS
avançada com capnografia Tratar causas reversíveis
NÃO
Ritmo
chocável? NÃO SIM
Ritmo
chocável?
SIM
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CUIDADOS PÓS-PCR
Após o retorno da circulação espontânea (RCE), o nosso trabalho não está terminado; aliás,
o manejo pós-PCR é relativamente complexo. Para facilitar o entendimento, vamos dividir
esse manejo em 4 partes:
• Determinação da causa da PCR
• Manejo do sistema respiratório
• Manejo hemodinâmico
• Controle ativo de temperatura
Como já dito acima, a anamnese deve ser voltada ao ocorrido e às suas comorbidades
(como a causa mais comum de PCR é de origem cardíaca, não podemos nos esquecer de
investigar patologias relacionadas). Quanto ao exame físico, inicialmente seguiremos o ABC
(vias aéreas/ventilação/circulatório), portanto primeiro garantir que a via aérea está patente
e segura, seguir para avaliação do sistema respiratório e, finalmente, a hemodinâmica do
paciente (falaremos sobre eles separadamente na sequência). Terminado o exame físico
geral, precisamos dar uma atenção especial ao sistema neurológico.
Exame neurológico
Exames complementares
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• Troponina: pelo fato de a própria PCR, juntamente com as compressões torácicas e a
desfibrilação, aumentarem a troponina, para pensarmos em IAM, devemos buscar níveis
maiores e/ou ascendentes; recomenda-se seriar a cada 8 ou 12 horas durante as primeiras
24 horas após o RCE
• Hemograma completo: anemia grave sugere uma hemorragia que pode ter causado a
PCR, ou pelo menos contribuído; enquanto níveis aumentados de leucócitos (10-20 mil)
são relativamente comuns após uma PCR e ocorrem por consequência da inflamação,
níveis maiores indicam investigação etiológica
• Função renal/função hepática/coagulograma: como os rins e o fígado sofrem com a
isquemia tecidual, é interessante avaliar a função, inclusive para posteriores ajustes de
doses de medicações; o coagulograma é importante principalmente porque muitas
vezes esses pacientes acabam sendo submetidos a procedimentos invasivos
• Eletrólitos: cuidado em especial com o potássio, que se altera em decorrência de
isquemia, acidose e do uso de catecolaminas
• Gasometria arterial/lactato: a gasometria vai ajudar a definir uma FiO2 mínima para
manter uma SatO2 em torno de 94% e, consequentemente, evita hipocapnia, hipercapnia
e hiperóxia; o lactato contribui na avaliação prognóstica
• Raio X de tórax: permite confirmar o correto posicionamento da cânula orotraqueal e do
cateter venoso central (CVC), além de avaliar condições pleuro pulmonares e mediastinais
• USG (POCUS): avalia possíveis causas da PCR (tamponamento cardíaco, pneumotórax
hipertensivo, sinais indiretos de TEP e hemorragias)
• TC crânio: não é indicada de rotina; devemos solicitar para pacientes com alteração do
exame neurológico, história sugestiva de lesão neurológica aguda ou que permanecem
inconscientes após RCE
• Cateterismo cardíaco: indicado, de forma imediata, para pacientes em pós-PCR com
ECG evidenciando supra do segmento ST ou com bloqueio de ramo esquerdo novo, ou
ainda para pacientes com suspeita de causa cardíaca com ECG normal, mas instáveis; caso
o paciente com suspeita de causa cardíaca esteja estável, o benefício não é comprovado
A medida prioritária aqui é assegurar a via aérea. Se durante a PCR o paciente foi intubado,
basta colocá-lo em ventilação mecânica (VM) e ajustar os parâmetros. No entanto, se foi
mantida a ventilação por bolsa-válvula-máscara, ou dispositivos supraglóticos, a intubação
deve ser realizada.
Inicialmente, podemos ajustar a FiO2 para 100% e, na sequência, titular para valores que
mantenham a SatO2 > 94% e uma PaO2 em torno de 100 mmHg. Além disso, recomenda-se
uma frequência respiratória de 10 a 12 por minuto.
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MANEJO HEMODINÂMICO
Alguns alvos devem ser buscados para garantirmos uma adequada perfusão:
• Pressão arterial média (PAM) > 65 mmHg (se possível, manter de 80 a 100 mmHg)
• Diurese > 0,5 mL/kg/h
• Pressão venosa central (PVC) entre 8 e 12 mmHg
Inicialmente, vamos deixar uma coisa bem clara aqui: controle ativo de temperatura se
refere a manter uma temperatura entre 32 e 36 ºC, o que é diferente da hipotermia
terapêutica (indicada no passado) que seria a temperatura entre 32 e 34 ºC. Estamos
falando aqui em controle ativo de temperatura, beleza? Não vai “comer bola” aqui!
O benefício desse controle consiste em evitar a hipertermia, pois esta é responsável por
piores desfechos neurológicos, e a mortalidade aumenta a cada grau acima de 37 ºC nas
primeiras 48 horas após a PCR.
Para finalizarmos a nossa conversa sobre os cuidados pós-PCR, vamos listar aqui outras
recomendações que são úteis aos pacientes críticos de forma geral:
• Cabeceira elevada a 30º
• Profilaxia de trombose venosa
• Profilaxia de úlcera de estresse
• Fisioterapia motora e respiratória
• Glicemia (HGT) alvo de 140-180 mg/dL
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Finalização dos esforços
Decidir interromper as compressões e finalizar os esforços é muito difícil e sem evidência
científica robusta.
No entanto, os guidelines sugerem alguns fatores que devem ser levados em consideração,
tais como:
• Duração da RCP (esforços) > 30 minutos, sem RCE
• Assistolia como ritmo inicial da PCR
• Intervalo prolongado entre o tempo estimado em PCR e o início da RCP
• Idade do paciente e comorbidades associadas
• Reflexos do tronco cerebral ausentes
• PCR não assistida por profissional de saúde inicialmente (bystander)
• Sem RCE após administração de 3 doses de adrenalina (1 mg EV)
• EtCO2 < 10 mmHg em PCR há mais de 20 minutos (melhor preditor)
Atenção! Não podemos analisar nenhum desses critérios isoladamente, mas também
não precisamos de todos para finalizar os esforços. Aqui, como em toda medicina,
precisamos de bom senso! Tudo tem que ser levado em consideração para definir se
devemos parar de comprimir ou não. É difícil tomar essa decisão, sabemos, mas faz parte
do nosso trabalho.
Referências Bibliográficas
1. MYERBURG, R. J.; CASTELLANOS, A. Parada cardíaca e morte súbita. In: MANN, D. L. et al.
Braunwald – tratado de doenças cardiovasculares. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
2. PANCHAL, A. R. et al. Part 3: Adult Basic and Advanced Life Support: 2020 American
Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency
Cardiovascular Care. AHA Journals, v. 142, n. 16, supl. 6, 2020. Disponível em: https://www.
ahajournals.org/doi/10.1161/CIR.0000000000000916?utm_ campaign=sciencenews20-
21&utm_source=science-news&utm_medium=phd-link&utm_content=phd10-21-20.
Acesso em: 28 nov. 2022.
3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da Diretriz de Ressuscitação
Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência. Rio de Janeiro: SBC,
2019. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/ portugues/2019/v11303/
pdf/11303025.pdf. Acesso em: 28 nov. 2022.
4. VELASCO, I. T. et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 14. ed. Barueri: Manole,
2020.
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25
CONCLUSÃO
É normal que você se sinta inseguro na hora de manejar um paciente em PCR, ainda mais
quando o manejo medicamentoso e a estabilização do paciente não estão na ponta da
língua. E tá tudo bem! É muita informação pra se memorizar.
Este material foi produzido pra te ajudar nos momentos de dúvida ou insegurança. Pra você
fazer aquela consulta rápida nos corredores do hospital durante o internato ou enquanto
espera o próximo atendimento do dia no seu plantão.
A medicina é repleta de conteúdo e, muitas vezes, você pode se sentir perdido no meio
de tanta informação. É normal que você esqueça um ou outro diagnóstico ou até mesmo
as condutas que precisa tomar quando realiza determinado diagnóstico. Não somos
máquinas, não é mesmo?
Por isso, criamos diversos materiais como este para que você possa ter um acesso fácil
e rápido a informações confiáveis, direto ao ponto e com o essencial sobre cada tema
abordado!
Para conferir nossa “biblioteca digital”, é só acessar a Academia Medway e conferir nossa
seção de Ebooks
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26
SOBRE A MEDWAY
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27
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28
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29
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FICOU ALGUMA DÚVIDA?
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