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C IA
P E
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D E
SO
U R
C

Saúde da Criança
QUESTÕES DA PRÁTICA ASSISTENCIAL
PARA MÉDICOS
UNIDADE 1
AÇÕES RELACIONADAS AO
ACOMPANHAMENTO DO
CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO NO
ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA

Para contemplar o atendimento à saúde da criança de forma


integral, é necessário promover seu acompanhamento no que diz
respeito ao desenvolvimento saudável e crescimento, avaliação de
riscos ambientais, socioeconômicos, nutricionais e biológicos, a fim de
evitar o adoecimento, identificar as crianças mais vulneráveis e, desse
modo, reduzir ou, até mesmo, evitar as hospitalizações.
1.1 Puericultura

A puericultura é uma subespecialidade da pediatria e busca o


acompanhamento sistemático das crianças saudáveis no que se
refere ao seu crescimento e desenvolvimento, imunizações,
amamentação, introdução da alimentação complementar, higiene,
identificação precoce dos agravos e, também, orientação às mães
sobre prevenção de acidentes. A atenção à criança exigea atuação de
toda a equipe de saúde de forma integrada, além do conhecimento da
criança em seu ambiente familiar e social (CAMPOS et al.,2011; DEL
CIAMPO et al., 2006).

Segundo o Ministério da Saúde, o calendário mínimo de


consultas de puericultura deve totalizar sete consultas no primeiro
ano de vida, a fim de garantir a assistência em tempo oportuno e com
qualidade (BRASIL, 2002). Assim sendo, recomenda-se que sejam
realizadas consultas sem períodos determinados, conforme descrito
abaixo.

PERÍODO DE 15 1 2 4 6 9 12
VIDA dias mês meses meses meses meses meses

No segundo ano de vida, são recomendadas duas consultas


semestrais e, a partir do terceiro ano,uma consulta anual.

A EquipeSaúde da Família, como já abordado no módulo anterior,


deve atuar de forma integrada para assistir a criança na puericultura,
promovendo saúde e prevenindo doenças, conforme suas
competências.
1.1 Puericultura

Importante
A consulta durante a primeira semana de vida é muito
importante para a manutenção e qualidade do seguimento da criança,
pois,é nesse momento que a família,a mãe e o pai necessitam de mais
apoio. Descrevem-se abaixo os principais elementos a serem
observados na primeira consulta e que irão subsidiar o seguimento
(SÃO PAULO, 2010):

Antecedentes pré e neonatais: ·Faça uma investigação


minuciosa para descobrir se a mãe realizou ou não o pré-
natal (PN),se houve alguma intercorrência,quais
medicamentos foram utilizados, tipo de parto e se houve
intercorrência no parto e pós-parto, medidas
antropométricas da criança (peso, estatura, perímetro
cefálico e torácico) ao nascer e APGAR. Lembre de classificar
o recém-nascido (RN) de acordo com a idade gestacional
(IG) e o peso de nascimento (PN), assim você estabelecerá
grupos de risco e ações específicas;

Realize exame físico do RN;

Avalie a existência de situações de risco individual e


ambiental;
1.1 Puericultura

Oriente a mãe a respeito da importância da realização do


acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de seu
filho, com início da Puericultura na Unidade de Saúde;

Pese a criança e compare com o peso ao nascer. Perdas de


mais de 10% podem indicar problemas e requerem avaliação
da amamentação de modo que a recuperação ocorra por
volta do 10º dia de vida;

Ressalte a importância da realização do teste do pezinho;

Utilize e manuseie o cartão da criança;

Oriente sobre a vacinação BCG: para que ela serve, sua


importância, possíveis reações e a periodicidade da vacina;

Ressalte a importância de evitar contato do RN com pessoas


doentes;

Estimulação da criança;

Reforce todos os cuidados com coto umbilical para que o


bebê não tenha infecções: a mãe deve realizar higiene diária
com água e sabão, fazer uso do álcool a 70% (é interessante
a equipe disponibilizá-lo), não utilizarfaixas ou outros
produtos no coto umbilical, mantendo-o sempre limpo e
seco;ressalte a importância de não utilizar receitas caseiras
para “curar” o umbigo;
1.1
1 ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL
Puericultura
DE CRIANÇAS

Oriente a mãe ou o responsável pela criança sobre a


importância do banho diário usando o sabonete neutro sem
perfume e não usando talco (a água do banho, se não for
tratada, deverá ser fervida). Para a limpeza das roupas,
recomende o uso de sabão neutro e anão utilização de
alvejante e amaciante. Não esqueça, ainda, de recomendar
a lavagem das mãos antes de manipular o bebê;

A limpeza da cavidade oral deveráser feita sempre que


houver necessidade, ainda que o bebê não tenha dentes,
pelo menos uma vez ao dia, com fralda ou gaze umedecida
em água limpa e enrolada no dedo indicador. Oriente a mãe
a procurar o dentista para realizar a consulta odontológica.
Lembre a mãe que a limpeza da região anal e perianal deve
ser feita a cada troca de fraldas com água morna e algodão
para evitar lesões na pele. Explique que, nas meninas, a
higiene da região anal e perianal deve ser feita no sentido da
vulva para o ânus e que o banho de sol deverá ser de 15
minutos, antes das 09 da manhã e/ou após as 16 horas;

É de grande importância orientar toda a família sobre a


p r e ve n ç ã o d e a c i d e n t e s : q u e d a s , s u f o c a m e n t o,
afogamento;

Não se esqueça de encaminhar a puérpera para as ações de


planejamento familiar;

É importante que você esteja atento para o estado


emocional das puérperas, identificando possível depressão
pós-parto.
1.1
1 ATENÇÃO
Primeiros
À SAÚDE
Cuidados
Puericultura
BUCAL
em
Saúde Bucal
DE CRIANÇAS
do Bebê:
Odontologia Intrauterina

Saiba mais
Importante!

TESTES DE TRIAGEM

Teste da Orelhinha

O Teste da Orelhinha (Triagem Auditiva Neonatal) é um


exame que detecta problemas de audição no recém-
nascido possibilitando o diagnóstico e tratamento
precoce das alterações auditivas.O Conselho Federal de
Fonoaudiologia e outras entidades brasileiras
recomendam que a testagem seja realizada na
maternidade, antes da alta hospitalar, portanto você
deve recomendá-lo durante o pré-natal. O teste da
orelhinha é rápido, indolor e não tem contraindicação.
A Lei Federal nº 12.303/2010 tornou obrigatória e
gratuita a realização do exame e espera-se que todos
os hospitais e maternidades do Brasil ofereçam o teste
(BRASIL, 2011). O diagnóstico e a intervenção
precoces são fundamentais para a aquisição da
linguagem oral das crianças. Não detectar e tratar
precocemente pode trazer diversas consequências ao
longo do desenvolvimento infantil.
1.1 Puericultura

Teste do Pezinho

No Brasil, é assegurado o direito de toda criança


fazer, a triagem neonatal (teste do pezinho). O teste
do pezinho é uma ação preventiva que busca
identificar prematuramente diversas doenças
congênitas e infecciosas, possibilitando seu
tratamento precoce e específico(BRASIL, 2012).

Como é feito? A coleta do material para análise não


deve ser inferior a 48 horas de alimentação protéica
(amamentação) e nunca superior a 30 dias, sendo o
ideal entre o 3º e o 7º dia de vida. As gestantes
devem ser orientadas sobre a importância do teste do
pezinho e a procurar um posto de coleta ou um
laboratório indicado pelo pediatra dentro deste prazo,
ainda durante o pré-natal.

Diagnóstico possível: Hipotireoidismo Congênito,


Fenilcetonúria, Hemoglobinopatias e Fibrose Cística.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

Todos os momentos de contato entre os serviços de saúde e a


criança e sua família devem ser aproveitados como oportunidade para
a análise da sua saúde em caráter integral, com foco na promoção da
saúde. Realizar avaliações periódicas do progresso individual da
criança e do ganho ponderal torna possível identificar situações de
maior risco de morbimortalidade. Desse modo, deve-se entender
queo acompanhamento da criança permitirá a realização de condutas
preventivas e curativas adequadas à fase de crescimento e
desenvolvimento.

Peso ao nascer

O peso de nascimento de uma criança é o melhor indicador para


retratar o que ocorre durante a fase fetal. Peso ao nascer menor que
2.500 g pode ser decorrente de prematuridade e/ou déficit de
crescimento intrauterino. Recém-nascidos com menos de 2.500 g são
classificados, genericamente, como de baixo peso ao nascer.

Nascer como peso abaixo de 2500g pode


ocorrerem bebês pré-termos, assim
classificados porque não completaram seu
tempo esperado de gestação, no entanto,
tem peso adequado para a idade gestacional
(AIG). No bebê a termo (≥37 semanas), esse
peso pode sugerir que ele não teve bom
crescimento no útero, ou seja, apresenta
retardo de crescimento, sendo chamado de
pequeno para a idade gestacional (PIG). Pode
ocorrer que bebês prematuros sejam
também pequenos para a idade gestacional.
Outros bebês podem ser grandes para a sua
idade gestacional (GIG), como ocorre
frequentemente com bebês filhos de mães
diabéticas.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

O crescimento

Avaliações do crescimento permitem conhecer o estado de


bem-estar geral de crianças individualmente, de grupos de crianças
ou da comunidade onde vivem. Acompanhar adequadamente
crianças desde seu nascimento permite prevenir e identificar desvios
do crescimento normal e alertar sobre problemas gerais de saúde
(WHO, 1995).

Diversos autores afirmam que o crescimento


normal depende de inúmeros processos
fisiológicos que estão condicionadosao
atendimento de várias necessidades durante a
vida fetal e a infância. Embora a adequação do
crescimento seja insuficiente, por si só, para
avaliar adequadamente o estado de saúde de
um indivíduo ou de uma população, o
crescimento físico normal é um pré-requisito
para qualquer estratégia de promoção do bem-
estar infantil. A marcante vulnerabilidade das
crianças faz com que seu crescimento constitua
um excelente indicador ”sentinela” na avaliação
do desenvolvimento socioeconômico e de saúde
da comunidade onde elas vivem (VICTORA;
ARAÚJO; ONIS, 2012).

Saiba mais
Para acompanhar de forma adequada o crescimento de
uma criança é necessário o registro periódico e
sistemático do peso no Gráfico Peso/Idade do Cartão
da Criança, no qual devem ser anotadas todas as
informações sobre sua história de crescimento e
desenvolvimento.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

O crescimento pós-natal

No ano de 2006 a Organização Mundial de Saúde – OMS lançou


as novas Curvas para Avaliação do Crescimento da Criança. A
recomendação para a elaboração de novas curvas foi aprovada pela
Assembleia Mundial de Saúde da OMS, em 1994, e, desde então, o
Programa de Nutrição da OMS coordenou um estudo mundial que
teve início em 1996 com a participação de países representativos das
seis principais regiões geográficas do mundo, com o Brasil (Pelotas)
representando a América Latina.

Essas curvas de crescimento sãoum importante


instrumento técnico para medir, monitorar e
avaliar o crescimento de todas as crianças de 0 a
5 anos que você assiste, independente dotipo de
a l i m e n t a ç ã o, o r i g e m é t n i c a o u s i t u a ç ã o
socioeconômica. Desnutrição, sobrepeso,
obesidade e condições associadas ao
crescimento e à nutrição podem ser detectadas e
tratadasprecocemente na criança. Com a
utilização dessas novas curvas, tanto você
quanto os demais profissionaisda equipe de
saúde tomarão conhecimento dos padrões do
que constituem uma boa nutrição, saúde e
desenvolvimento infantil.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

Curvas de Crescimento da Organização Mundial da Saúde –


OMS

O crescimento individual das crianças geralmente apresenta


uma grande variação.Várias medidas de crescimento são colocadas
em um gráfico com interseções com uma linha que representao
tempo. Essa linha simula o crescimento da criança, ou seja, sua curva
de crescimento, que sinaliza se está crescendo adequadamente ou
não.
Vamos interpretar o que cada uma das linhas
representa?

UNA

A linha verde corresponde ao escore z 0, ou


seja, o crescimento ideal. As outras linhas
indicam distância do que é adequado para
idade.

Um ponto ou desvio que esteja fora da área


compreendida entre as duas linhas vermelhas
indica um problema de crescimento.

A representação gráfica de uma criança que


está crescendo adequadamente tende a seguir
um traçado semelhanteà linha verde, acima ou
abaixo dela.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

Qualquer desvio rápido da curva da criança para cima ou para


baixo do seu traçado normal deve ser investigado para
determinar a causa e orientar a conduta.

Um traçado horizontal indica que a criança não está


crescendo, o que necessita ser investigado.

Um traçado que cruza uma linha de escore z pode indicar


risco. O profissional de saúde deve interpretar o risco
baseado na localização do ponto (relativo à mediana) e na
velocidade dessa mudança.

Com relação às curvas de perímetro cefálico, é importante


lembrar que as alterações do desenvolvimento infantil são
mais sensíveis e precoces do que o crescimento da cabeça.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

É importante conhecer as curvas de crescimento atualmente


usadas na Atenção Básica:

PESO/IDADE
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

A melhor forma de acompanhar o crescimento de uma criançaé


através do registro periódico do peso no Gráfico Peso/Idade que
consta no Cartão da Criança.

Não esqueça: na aferição das medidas, observem em que


posição estará o peso em relação aos pontos de limites superior e
inferior. O quadro abaixo mostra esses valores:

Quadro 1 – Valores críticos/diagnóstico nutricional (peso-idade).

VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

< Escore-z -3 Muito baixo peso para a idade

Escore-z -3 e < Escore-z -2 Muito baixo peso para a idade

Escore-z -2 e Escore-z +2 Peso adequado para a idade

> Escore-z +2 Peso elevado para a idade*

*Observação: Este não é o índice antropométrico mais


recomendado para a avaliação do excesso de peso entre crianças.
Avalie esta situação pela interpretação dos índices de
pesoparaestatura ou IMCparaidade.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

ESTATURA/IDADE
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

Ao analisar os déficits de estatura, você pode concluir comoa


causa mais provável a associação entre dieta deficiente e ocorrência
de infecções pregressas, refletindo, assim, o passado de vida da
criança, sobretudo suas condições de alimentação e morbidade.
Nesses casos, a história clínica e social são muito importantes e os
casos devem ser acompanhados com orientação alimentar e
cuidados gerais, objetivando a recuperação total ou parcial desse
déficit.

No entanto, déficits muito acentuados, afastando o diagnóstico


de desnutrição primária, sobretudo de crianças de famílias de bom
padrão socioeconômico, devem ser encaminhados aos especialistas
para afastar diagnósticos de doenças metabólicas genéticas ou
infecções crônicas que interferem no crescimento linear.

Quadro 2 – Valores críticos/diagnóstico nutricional (estatura-idade).


VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

< Escore-z -3 Muito baixa estatura para a idade

Escore-z -3 e < Escore-z -2 Baixa estatura para a idade

Escore-z -2 Estatura adequada para a idade


1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

IMC/IDADE OU PESO/ESTATURA
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

Saiba mais
Para facilitar o preenchimento do gráfico de IMC,
utilize a tabela de cálculo de IMC da Caderneta de
Saúde da Criança.

Quadro 2 – Valores críticos/diagnóstico nutricional (estatura-idade).

VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

< Escore-z -3 Magreza acentuada

Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza

Escore-z -2 e Escore-z +1 Eutrofia

Escore-z +1 e Escore-z +2 Risco de sobrepeso

Escore-z +2 e Escore-z +3 Sobrepeso

> Escore-z +3 Obesidade

O desenvolvimento

Como você já sabe,acompanhar o crescimento e o


desenvolvimento infantil é uma das ações básicas desenvolvidas pelo
Ministério da Saúde para atenção à saúde da criança.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

O desenvolvimento

A abordagem inicial do desenvolvimento e das técnicas de


estimulação é de responsabilidade do membro da equipe de saúde
que atende a criança (LEÃO et al., 1998). As fases de
desenvolvimento das crianças são as mesmas, independente de raça
ou etnia, ainda que as diferenças de valores culturais e das estruturas
sociais, geográficas e das condições de vida serem determinantes na
avaliação de cada criança (SCHMITZ, 2000).

Conforme as características apresentadas, você poderá


estabelecer limites de normalidade, idades mínima e máxima em que
cada marco do desenvolvimento pode ser observado. Nessa mesma
linha de pensamento, Stefane(2000) também torna claro que:

O desenvolvimento é um fenômeno contínuo: cada


etapa prepara a seguinte, embora os limites que as
separam sejam vagos. [...] O desenvolvimento é
também um processo global: a criança cresce,
encorpa e se desenvolve no plano intelectual, social e
afetivo. Esses desenvolvimentos estão estreitamente
ligados uns aos outros, recebendo influências comuns.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

O desenvolvimento

É importante compreender que cada criança possui um ritmo e


uma velocidade de desenvolvimento, no entanto, os limites devem
ser observados de acordo com a faixa etária. Ao serem observadas
falhas no alcance de algum marco do desenvolvimento para a idade,
faça uma investigação da situação ambiental, da relação com a mãe e
demais familiares dessa criança e procure ofertar estímulos
necessários para a reversão do problema. Porém, se há persistência
do atraso por mais de duas consultas consecutivas, há necessidade
de encaminhar a criança para referência ou serviço de maior
complexidade (BRASIL, 2002).

Saiba mais
Importante!

Crianças nascidas prematuras devem ter seu marco de


desenvolvimento e curvas de crescimentos avaliados
de acordo com sua idade gestacional corrigida até o
segundo ano de vida.
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

Etapas do desenvolvimento

A análise do desenvolvimento compreende várias áreas,como


ações reflexas, voluntárias, espontâneas e aprendidasdo
comportamento, sendo agrupadas em sete campos: motor: grosso e
fino, linguagem, cognitivo, pessoal, social e espiritual (BOWDEN;
GREENBERG, 2003).

Vamos conhecer cada um desses campos do


desenvolvimento?

 Desenvolvimento motor

O desenvolvimento motor é a capacidade de realizar


movimentos por determinação de sua própria vontade e é
dividido em duas áreas: motor grosso e motor fino. O motor
grosso compreende a maturação da postura, o equilíbrio da
cabeça, o sentar, o engatinhar, o ficar de pé e o andar. As
habilidades do motor fino incluem o emprego dasmãos e dedos
na preensão de objetos e execução de determinadas atividades,
tais como apanhar, alongar, empilhar, introduzir e retirar
objetos(WHALEY; WONG, 1999).
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

 Desenvolvimento cognitivo

O desenvolvimento cognitivo consiste em alterações ligadas à


idade que ocorrem nas atividades mentais. As crianças nascem
com os potenciais herdados para o crescimento intelectual, mas
elas devem desenvolver esse potencial por meio da interação
com o ambiente. Com o desenvolvimento cognitivo, as crianças
adquirem a capacidade de raciocinar a forma abstrata, pensar
de maneira lógica e organizar funções intelectuais (WHALEY;
WONG, 1999).

 Desenvolvimento pessoal

O desenvolvimento pessoal e social abrange todos os


comportamentos que constituem a adaptação social. Nele se
incorporam as normas de convivência próprias da cultura em
que a criança nasce. Ela desenvolve, inicialmente, sua
capacidade de tornar-se independente nas atividades de vida
diária (alimentar-se e despir-se), construindo essa
independência na família e, posteriormente, de forma social
mais ampla (parentes, escola e sociedade)(WHALEY; WONG,
1999).
1.2 Acompanhamento do
Crescimento e
Desenvolvimento

 Desenvolvimento da linguagem

O desenvolvimento da linguagem é uma aprendizagem em que


intervém uma multiplicidade de variáveis. Não se trata de um
simples trabalho de imitação. Por meio da palavra, organiza-se
o pensamento e estrutura-se a realidade. A linguagem é o
produto de uma delicada e sutil atividade intelectual que
necessita de estimulação social. Inclui toda a forma de
comunicação visível e audível, vocalizações, palavras e orações,
bem como imitações e compreensão do que dizem as outras
pessoas. A aquisição da palavra passiva (compreender) é
anterior à linguagem ativa (falar) (WHALEY; WONG, 1999).

 Desenvolvimento espiritual

O desenvolvimento espiritual dá-se a partir das crenças


espirituais, que estão intimamente ligadas à porção moral e
ética de autoconceito da criança e, assim, deve ser considerado
como parte das necessidades básicas da criança. Estendendo-
se além da religião (um grupo de crenças e de práticas), a
espiritualidade afeta a pessoa como um todo, ou seja: mente,
corpo e espírito (WHALEY; WONG, 1999).
1.3 Avaliando o Desenvolvimento

No grupo de crianças menores de dois meses, observam-se os


seguintes comportamentos:

MENOR DE 1 MÊS

a) Reflexo de Moro

b) Reflexo cócleo-palpebral

c) Reflexo de sucção

d) Braços e pernas flexionados

e) Mãos fechadas

a) Reflexo de Moro

Como avaliar?
Posição da criança: coloque a criança em decúbito dorsal (de
costas).

Existem várias maneiras de verificar a sua presença, uma delas


consiste em colocar a criança deitada em decúbito dorsal sobre
uma superfície lisa, forrada com uma fralda ou manta repuxada
(com cuidado). Outra maneira é fazer um estímulo sonoro forte,
como bater palmas logo acima da cabeça da criança. Resposta
esperada: consiste na extensão, abdução e elevação de ambos
os membros superiores, seguida de retorno à habitual atitude
flexora em adução. Esta resposta deve ser simétrica e
completa.
1.3 Avaliando o Desenvolvimento

b) Reflexo Cócleo-palpebral

Como avaliar?
Posição da criança: colocar a criança em decúbito dorsal (de
costas).

Bata palmas a cerca de 30 cm da orelha DIREITA da criança e


verifique a sua resposta. Repita da mesma maneira o estímulo
na orelha ESQUERDA e verifique sua resposta, que deve ser
obtida em, no máximo, 2 a 3 tentativas, em vista da possível
habituação ao estímulo.

Resposta esperada: piscamento dos olhos.

c) Reflexo de sucção

Como avaliar?
Posição da criança: peça à mãe que coloque a criança ao seio e
observe. Se ela mamou há pouco tempo, estimule seus lábios
com o dedo e observe.

Resposta esperada: a criança deverá sugar o seio ou realizar


movimentos de sucção com os lábios e língua ao ser estimulado
com o dedo.
1.3 Avaliando o Desenvolvimento

d) Braços e pernas flexionados

Como avaliar?
Posição da criança: coloque deitada de costas e observe.

Postura esperada: devido ao predomínio do tônus flexor nesta


idade, os braços e pernas da criança deverão estar flexionados.

e) Mãos fechadas

Como avaliar?
Posição da criança: com a criança em qualquer posição, observe
suas mãos.

Postura esperada: suas mãos, nesta faixa etária, permanecem


fechadas.

1 MÊS A MENOR QUE 2 MESES

a) Vocaliza

b) Esperneia alternadamente

c) Sorriso social

d) Abre as mãos
1.3 Avaliando o Desenvolvimento

a) Vocaliza

Como avaliar?
Posição: durante o exame da criança, em qualquer posição,
observe se ela emite algum som, como som gutural, sons curtos
de vogais, mas que não seja choro. Caso não seja observado,
pergunte ao acompanhantese ela faz estes sons em casa.

Resposta esperada: se a criança produzir o som ou se o


acompanhante diz que ela o faz, considere alcançado este
marco.

b) Esperneia alternadamente

Como avaliar?
Posição: com a criança deitada de costas, observe os
movimentos de suas pernas.

Resposta esperada: movimentos de flexão e extensão dos


membros inferiores, geralmente sob a forma de pedalagem ou
de cruzamento entre eles, algumas vezes com descargas em
extensão.

c) Sorriso social

Como avaliar?
Posição da criança: com a criança deitada de costas, sorria e
converse com ela. Não lhe faça cócegas e/ou toque sua face.

Resposta esperada: a criança sorri em resposta. O objetivo é


obter mais uma resposta social do que física.
1.3 Avaliando o Desenvolvimento

d) Abre as mãos

Como avaliar?
Posição: com a criança deitada de costas observe suas mãos.

Postura esperada: em alguns momentos a criança deverá abrir


as mãos espontaneamente.

O quadro 4 mostra outras atitudes da criança que também


podem ser levadas em consideração:

Quadro 4 – Avaliação do desenvolvimento por faixa etária

2 MESES 4 MESES

 Fixa o olhar no rosto do  Responde ao examinador


examinador ou da mãe  Segura objetos
 Segue objeto na linha média  Emite sons
 Reage ao som  Sustenta a cabeça
 Eleva a cabeça

6 MESES 9 MESES

 Alcança um brinquedo  Brinca de esconde – achou


 Leva objetos à boca  Transfere objetos de uma mão
 Localiza o som para outra
 Rola  Duplica sílabas
 Senta sem apoio

12 MESES 15 MESES

 Imita gestos  Executa gestos a pedido


 Faz pinça  Coloca blocos na caneca
 Jargão  Produz uma palavra
 Anda com apoio  Anda sem apoio
1.3 Avaliando o Desenvolvimento

18 MESES 24 MESES

 Identifica dois objetos  Tira roupa


 Rabisca espontaneamente  Constrói torre de três cubos.
 Produz três palavras  Aponta duas figuras
 Anda para trás  Chuta a bola

Saiba mais
Verificar as alterações no desenvolvimento possibilita
que você proponha ações rápidas e direcionadas ao
problemaque, quando implementadas, proporcionam
melhor qualidade de vida para a criança e sua família.
A detecção precoce de atrasos no desenvolvimento
resulta em recuperação de 80% a 90% dos casos, de
intervenções imediatas e simples, como orientação à
família e estimulação simples e adequada ao problema
(LEÃO et al., 1998). A atenção à saúde infantildeve ter
caráter, principalmente, educativo, possibilitando
ações que favoreçam o desenvolvimento infantil na
família.

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