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1. Introdução...................................................................... 3
2. Epidemiologia............................................................... 3
3. Agente etiológico e Transmissão......................... 4
4. Fisiopatologia............................................................... 5
5. Apresentação Clínica................................................ 8
6. Diagnóstico ................................................................11
7. Tratamento da Tuberculose..................................16
Referências Bibliográficas..........................................20
PUERICULTURA 3
SAIBA MAIS
A taxa de mortalidade infantil (TMI) é considerada um indicador sensível do grau de desen-
volvimento de uma sociedade e do cuidado que é dispensado à criança. Entre 1990 e 2014,
houve no Brasil uma queda de 70% na TMI, saindo de 47,1 em 1990 para 14,1 óbitos in-
fantis/1.000 nascidos vivos em 2014. A redução da mortalidade infantil se deu, sobretudo,
devido a acentuada redução dos óbitos pós-neonatais decorrentes de redução das doenças
infecto-parasitárias e nos déficits neonatais. No entanto, neste mesmo período, houve um
aumento da participação dos óbitos neonatais (embora tenha ocorrido uma redução nas
taxas de mortalidade neonatal) devido ao aumento da taxa de prematuridade decorrente do
avanço nas tecnologias que permitem gestantes de alto risco engravidarem e do aumento
do número de cesáreas programadas que levam ao nascimento de recém-nascidos nem
sempre a termo. Fonte: Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação
e prática [recurso eletrônico] / Organizadores: Gustavo Gusso, José Mauro Ceratti Lopes,
Lêda Chaves Dias– 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019. 2 vol.]
2. FREQUÊNCIA
DE CONSULTAS
Considerando os conceitos acima mês. Além da oportunidade de ava-
citados relativos à risco e vulnerabi- liar o desenvolvimento da criança,
lidade, a puericultura deve planejar tal organização da frequência de
suas ações com base nas caracte- consultas adotada pelo Ministério
rísticas específicas da criança to- da Saúde toma como base o ca-
mando como base cada faixa etária lendário de vacinação, permitindo
e as demandas envolvidas no pro- a verificação do cartão vacinal em
cesso de crescimento e desenvolvi- meses oportunos : ao nascimento ,
mento correspondente. Nos primei- com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 12 e 15 meses. A
ros 2 anos de vida as consultas são partir dos 2 anos de idades as
mais frequentes devido ao processo consultas podem se tornar anuais .
de crescimento e desenvolvimen- Outras consultas podem ser feitas
to ser mais intenso, por isso, no 1º conforme necessidades devido a
ano de vida é recomendado um problemas de saúde . Apesar dos
mínimo de 7 consultas de rotina : mínimos indicados , na aula a Dra .
na 1ª semana , no 1º/2º/4º/6º/9º e Nathalia ressalta a importância de
12º mês; além disso, no 2º ano de frequências mais elevadas de
vida, deve se ter um mínimo de 2 consultas caso seja possível.
consultas de rotina: no 18º e 24º
PUERICULTURA 5
A partir
dos Anual
2 anos Fluxograma 1: Frequência das consultas pediátricas.
2
adolescência. Independente da eta- de habilidades motoras, aqui-
pa da infância, é preciso realizar uma sição de linguagem gestual e
anamnese completa de modo a com- falada, controle esfincteriano
preender melhor aspectos da vida e e desenvolvimento socioafe-
da saúde da criança e de sua famí- tivo da criança com membros
lia, devendo ser realizadas pergun- da família e amigos.
PUERICULTURA 6
6
mentares, intestinais, uriná-
rios, sono, higiene corporal e
bucal, lazer e atividade físi-
ca. Neste ponto, é relevante
também questionar, quanto
tempo a criança fica exposta
a telas de telefone, tablets,
televisão, etc.
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Antecedentes familiares;
Antecedentes pessoais: Hábitos Atuais:
Gestação: uso de medicamentos, nº de consultas Alimentares: quem ajuda a criança a comer/
no pré-natal, doenças; como a mesma se alimenta, descrição do dia
Nascimento: tipo de parto, motivo do parto, peso alimentar (detalhar horários e composição de
e comprimento ao nascer; Identificação; todas as refeições);
Período Neonatal: tempo de permanência na História atual; Intestinais e urinários: frequência e
unidade neonatal, doenças; características;
Interrogatório sintomatológico.
Patológicos: idade de aparecimento das Sono: períodos de sono, despertares noturno,
doenças, duração e tratamentos recebidos, em que quarto e cama dorme, quem coloca para
acidentes, cirurgias, internações; dormir, se há problemas relacionados ao sono ou
Alimentares: período de amamentação hora de dormir;
exclusiva com leite materno, início e motivo do Banho corporal: nº de vezes, produtos utilizados;
desmame, época de introdução de alimentos Higiene bucal: como é realizada limpeza da
complementares ao leite materno e quais, boca/ escovação dentária;
aceitação dos alimentos, se há intolerância
Lazer e tempo de tela: quais brinquedos mais
alimentar.
utiliza, com quem brinca, tempo de uso de telas,
frequência de passeios.
Habitação:
Características do bairro e da rua;
Características da casa:
Desenvolvimento Relacionamentos familiares: - Fatores de risco para doenças
Neuropsicomotor (DPNM):
Relação entre os pais, infecto-parasitárias: relação
Habilidades motoras se a criança foi planejada, pessoa-cômodo ≥ 3, ausência
(grosseira e fina): época de Antecedentes vacinais: de água tratada e esgoto não
significado da mesma na vida
aparecimento; Quais já foram aplicadas, nº destes; tratatado;
Aquisição de linguagem de doses, idade em que foram - Fatores de risco para doenças
Se pais separados, perguntar
(gestual e verbal); aplicadas; respiratórias: ventilação
de quem é a guarda e como a inadequada, umidade, poeira
Controle esfincteriano; Questionar acompanhante criança lida com isso; (tapetes, pelúcia), animais e
Desenvolvimento sobre efeitos adversos (locais
Como os pais dividem o plantas;
socioafetivo: com familiares, e/ou sistêmicos) de cada
cuidado com a criança; - Fatores de risco para doenças
amigos e ambiente escolar. vacina;
Outros familiares que dermatológicas: presença de
participam da vida da criança. insetos e outros animais.
PUERICULTURA 8
Ouvir as
Chamar pessoas Utilizar perguntas
demandas da Não usar jargão
pelo nome diretas e objetivas
família
com base nas
condições da
MEDIDAS ORIENTAÇÃO família
Ter empatia BÁSICAS DE PREVENTIVA
INTERAÇÃO
CRIAR
Reconhecer GERENCIAR
PARCERIA
capacidades O TEMPO DE
EFETIVA COM A
FORMA EFICAZ
FAMÍLIA
Consultar o
Dividir tarefas com prontuário antes
família da consulta
ESTRATÉGIAS
Passar
USAR
MOMENTOS
DE INTERAÇÃO Indicar onde
encontrar
informações no
PRÓPRIOS especialistas,
momento do
PARA AÇÕES GERENCIAR buscar escolas
exame
EDUCATIVAS O TEMPO DE especiais, etc.
FORMA EFICAZ
Mapa mental
Fonte: Jornal de Pediatria, 2003
PUERICULTURA 9
O peso da criança deve ser analisado em relação ao peso ideal ao nascer (baixo peso ao nas-
PESO cer: < 2.500g; macrossomia: > 4.000g), sendo considerado normal uma perda de até 10% ao
nascer e recuperação até o 15º dia de vida.
FACE Pesquisar assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica.
Observar a presença de: edema (se for generalizado: pense em doença hemolítica perinatal,
iatrogenia por uso de coloides ou cristaloides em excesso, insuficiência cardíaca, sepse; se for
localizado: sugere trauma de parto); palidez (sangramento, anemia, vasoconstrição periférica ou
sinal de arlequim – palidez em um hemicorpo e eritema do lado oposto, por alteração vasomotora
e sem repercussão clínica); cianose (se for generalizada: pense em doenças cardiorrespiratórias
PELE graves; se for localizada nas extremidades ou na região perioral, pense em hipotermia); icterícia
atentar-se caso a icterícia tenha se iniciado nas primeiras 24 horas ou depois do 7º dia de vida,
caso tenha > 1 semana no RN a termo, > 2 semanas no prematuro e se a tonalidade for amarela
com matiz intenso ou se espalha pelo corpo, atingindo pernas e braços.
Pesquise a possível presença de assaduras, pústulas (impetigo) e bolhas palmo-plantares
(sífilis). Esclareça a família quanto à benignidade do eritema tóxico.
Realizar exame das fontanelas: a fontanela anterior mede de 1-4cm, tem forma losangular,
fecha-se do 9º ao 18º mês e não deve estar fechada no momento do nascimento. A fonta-
CRÂNIO nela posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm e fecha-se até o segundo mês. Não devem
estar túrgidas, abauladas ou deprimidas.
Em caso de presença de bossa serossanguínea, a mesma desaparece espontaneamente.
Em caso de secreção purulenta é importante fazer coleta do material com swab e enviar para
análise bacteriológica (importante descartar infecção por gonococo, clamídia e herpes vírus).
Após a coleta deve-se iniciar imediatamente tratamento com colírio de tobramicina ou ofloxa-
OLHO
cina e, após o resultado da análise deve-se tratar de acordo com o agente etiológico.
Estrabismo e nistagmo lateral são normais nos RN, pois a visão binocular só fica bem de-
senvolvida entre 3-7 meses.
Importante observar presença de assimetrias que possam sugerir malformações cardíacas,
pulmonares ou óssea. Observar se há sinais de sofrimento respiratório (tiragem intercostal,
TÓRAX
estridor, retração xifoidiana, batimento de asa de nariz). Verificar os pulsos, frequência car-
díaca (FC) e se há presença de sopros cardíacos.
Como nesta fase a respiração é basicamente abdominal, deve-se realizar a contagem dos
movimentos respiratórios abdominais que variam de 40-60 mrm. Observar se há presença
ABDOME de hérnia inguinal, a qual indica cirurgia imediatamente devido ao risco de estrangulamento/
encarceramento e, em caso de hérnia umbilical deve-se aguardar sua regressão espontânea
até os 12 meses.
Observe os reflexos de: sucção, preensão palmo-plantar e Moro que são atividades próprias
AVALIAÇÃO do recém-nascido a termo, sadio. A postura de flexão generalizada e a lateralização da ca-
NEUROLÓGICA beça costumam permanecer até o final do primeiro mês. Vale ressaltar que, o tônus normal
é de semiflexão generalizada.
SAIBA MAIS
A hiperbilirrubinemia indireta costuma manifestar-se clinicamente como icterícia atingindo
níveis séricos de 5mg/dL, acontecendo em até 60% dos RN a termo e até 80% dos pre-
maturos. Na maioria das vezes trata-se de uma adaptação fisiológica do organismo ao me-
tabolismo da bilirrubina, mas pode também significar um processo patológico levando ao
quadro de encefalopatia bilirrubínica aguda. Quando fisiológica, costuma ocorrer após 24h
de vida, com pico entre 3º e 4º dias e bilirrubina total (BT) de 12mg/dL porém, se houver
presença de ictéricia nas primeiras 24h ou valores de BT ≥ 12mg/dL, deve-se investigar
processos patológicos. A figura abaixo ilustra uma gradação da extensão da icterícia, com
isso, recomenda-se que todo RN ictérico no nível ou abaixo do umbigo, deve ter solicitada
uma dosagem de bilirrubina sérica. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento
de Neonatologia. Icterícia no recém-nascido com idade gestacional ≥ 35 semanas. 2012.
Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/Ictericia_sem-Dep-
toNeoSBP-11nov12.pdf.
Figura 1: Exemplo de interpretação do gráfico peso x idade da Caderneta de Saúde da Criança (Fonte: http://aventuras-
maternais.blogspot.com/2013/07/meu-filho-tem-baixo-peso.html)
SE LIGA! Crianças nascidas antes do termo, ou seja, com idade gestacional (IG) < 37
semanas, devem ter um acompanhamento diferenciado e, em se tratando do DNPM
e das curvas de crescimento, recomenda-se que seja realizada a correção da idade
cronológica em função do grau de prematuridade para que tais crianças não te-
nham seu crescimento e desenvolvimento subestimados durante a avaliação. Consi-
derando que o ideal seria nascer com 40 semanas, um prematuro que nasce com 36
semanas e tem idade cronológica de 2 meses de vida (ou seja, 8 semanas) deve ter
sua idade corrigida “descontando” da sua idade cronológica as semanas que faltavam
para alcançar o termo e, o que “resta” de semanas é sua idade
cronológica corrigida. Na Caderneta de Saúde da Criança devem ser anotadas as me-
didas na idade corrigida correspondente:
40 semanas-36 semanas=4 semanas
O perímetro cefálico deve ser corrigido até 1 ano e meio e os outros dados antro-
pométricos, assim como o DNPM devem ser corrigidos até os 2 anos de idade.
Fonte: CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA, 2012.
PUERICULTURA 13
Encostar
cursos na sola
Parte mais alta dos pés, com
da cabeça calcanhar e
pés em 90o
Parte de trás da
cabeça OmbrosNádegas Calcanhares
Ombros Panturrilhas
Figura 2: Técnica de aferição do comprimento.
Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antro-
pometricos.pdf
O IMC já foi validado como bom mar- O perímetro cefálico (PC) deve ser
cador de adiposidade e sobrepeso, medido em todas as consultas até
apresentando correlação com outros os 2 anos de vida. A circunferência
parâmetros que avaliam porcenta- da cabeça deve ser medida com uma
gem de gordura corpórea e, em crian- fita métrica maleável envolvendo os
ças, alguns estudos mostram que maiores diâmetros frontoccipital na
a mensuração do IMC na infância testa no sulco supra orbital e na por-
pode ser preditivo do IMC na ado- ção mais proeminente do occipital.
lescência e idade adulta. Quando o Na Caderneta do Ministério da Saú-
IMC da criança está entre os escores de é possível correlacionar tal medida
z ≥ -2 e +1, fala-se que a mesma com a idade, de modo que, se escore
está com IMC adequado. z < -2 fala-se que o PC está abaixo
do esperado e se > +2 está acima do
esperado para idade.
PUERICULTURA 14
Dados Antropométricos
Avaliações Específicas
- Peso, estatura, perímetro
cefálico, IMC, circunferência - Triagem Neonatal
abdominal e torácica - Triagem auditiva
- Colocar nos gráficos - Avaliação da visão
correspondentes
C
Crescimento:
Classificar se a estatura está adequada,
baixa ou alta para a idade
Estado nutricional:
V Vacinação:
Se completa ou incompleta
A
Alimentação:
Se adequada ou inadequada.
Anotar alterações observadas.
D
Desenvolvimento:
Classificar se adequado ou inadequado. Em caso de atraso,
determinar se é de linguagem, motor ou socioafetivo.
Queixas novas e
pregressas
Cuidados em
Prevenção de
Anamnese situações de
acidentes
violència
Saúde bucal
da criança
Consultas de
Acompanhamento
seguimento
do
desenvolvimento
Monitorização Alimentação
Imunizações
do crescimento saudável
Checar cartão
Antropometria
vacinal
Antecedentes
obstétricos e
Primeira Antecedentes
consulta familiares
perinatais
Anamnese Caracterização
Triagem
Antropometria psicossocial
neonatal
Exame físico da família
PUERICULTURA 22
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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