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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

IMUNIZAÇÃO

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 20

Brasília – DF
2023 
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

IMUNIZAÇÃO

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 20

Brasília – DF
2023  
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Hishan Mohamad Hamida – Conasems Juliana de Almeida Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Leandro Raizer – UFRGS Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Colaboração:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Direção técnica: Antonio Jorge de Souza Marques –
Edifício PO 700, 4º andar Conasems
Isabela Cardoso de Matos Pinto - SGTES/MS
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Daniela Riva Knauth - UFRGS
Célia Regina Rodrigues Gil – DEGES/SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-3394 Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
E-mail: sgtes@saude.gov.br Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Organização: Lanusa Terezinha Gomes Ferreira -
Secretaria de Atenção Primária à Saúde: CGAES/MS
Núcleo Pedagógico do Conasems
Departamento de Saúde da Família Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
Esplanada dos Ministérios Bloco G, Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Supervisão-geral:
7º andar Conasems
Rubensmidt Ramos Riani
CEP: 70058-90 – Brasília/DF Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-9044/9096 Roberta Shirley A. de Oliveira – CGAES/MS
Coordenação técnica e pedagógica:
E-mail: aps@saude.gov.br Rosângela Treichel – Conasems
Cristina Fatima dos Santos Crespo
Valdívia França Marçal Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
Secretaria de Vigilância em Saúde:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Elaboração de texto: Assessoria executiva:
Edifício PO 700, 7º andar Fabiana Fernandes Silva de Paula Conexões Consultoria em Saúde LTDA
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Milena Silva Costa Antonio Jorge de Souza Marques
Tel.: (61) 3315.3874
E-mail: svs@saude.gov.br Revisão técnica: Coordenação de desenvolvimento gráfico:
Andréa Fachel Leal– UFRGS Cristina Perrone – Conasems
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS Diogo Pilger – UFRGS
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems Diagramação e projeto gráfico:
Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Aidan Bruno – Conasems
Fabiana Schneider Pires – UFRGS
Sala 144
José Braz Damas Padilha – SVS/MS Alexandre Itabayana – Conasems
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF
Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Bárbara Napoleão – Conasems
CEP: 70058-900
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Tel.:(61) 3022-8900
Ygor Baeta Lourenço – Conasems

Núcleo Pedagógico do Conasems


Fotografias e ilustrações:
Rua Professor Antônio Aleixo, 756
Biblioteca do Banco de Imagens do
CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG
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Tel: (31) 2534-2640

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Freepik, Brasil Escola e Wikipédia
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Porto Alegre - Rio Grande do Sul
Revisão ortográfica:
CEP: 90040-060
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Tel: (51) 3308-6000 Gehilde Reis Paula de Moura
Keylla Manfili Fioravante

Normalização:
XXX – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Imunização [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.
xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 20)

Modo de acesso: World Wide Web: xxx


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Promoção da saúde. 3. Vacinas. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx


Título para indexação:
Immunization
BEM-VINDA (0)!

Este é o seu e-book da disciplina Imunização. Nele, iremos refletir


sobre como as vacinas surgiram, sua atuação, eficácia e os fatores
que influenciam sua resposta contra as doenças no organismo das
pessoas. Vamos relembrar alguns conceitos da epidemiologia para
compreender a importância da vacinação para a saúde individual e
coletiva.
Refletiremos, também, sobre as diretrizes do Programa Nacional de
Imunizações (PNI) e sua aplicabilidade na prática profissional, sua
história, seus objetivos, o calendário vacinal e os avanços e desafios
enfrentados devido à hesitação vacinal que vem provocando uma
redução da cobertura de determinadas vacinas e o aumento de casos
de doenças imunopreveníveis.
Você, agente de saúde, vai perceber a importância da sua
participação para o sucesso da Imunização nas atividades de rotina,
nas campanhas de vacinação, como, por exemplo, das populações
especiais e nas boas práticas.
Estude este material com atenção e consulte-o sempre que
necessário! Acompanhe também a aula interativa, a teleaula e realize
as atividades propostas para assimilar as informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE | Agente de Combate às Endemias

ACS | Agente Comunitário de Saúde

APS | Atenção Primária à Saúde

BCG | Bacilo de Calmette e Guérin

Covid-19 | Coronavírus disease

CRIEI | Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

dT | Difteria e Tétano Adulto

DTP | Difteria, Tétano, Pertussis (Coqueluche)

dTpa | Tríplice Bacteriana Acelular

EAPV | Evento Adverso Pós-Vacinação

ESF | Estratégia Saúde da Família

HPV | Papilomavírus Humano (sigla em inglês)

PNI | Programa Nacional de Imunizações

PNAISP | Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas


Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

SBIm | Sociedade Brasileira de Imunizações

SISAB | Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica

SUS | Sistema Único de Saúde

UBS | Unidades Básicas de Saúde

VORH | Rotavírus Humano


LISTA DE FIGURAS

12 | Figura 1: Composição das vacinas

19 | Figura 2: Cadeia Epidemiológica de Doenças

32 | Figura 3: Aspectos para decisão sobre a vacina mais


recomendada

35 | Figura 4: Processos pelos quais passam as vacinas

57 | Figura 5: Estrutura, Organização e Insumos para boas


práticas em Imunização
LISTA DE QUADROS

31 | Quadro 1: Pessoas em condições especiais para


vacinação

56 | Quadro 2: Boas práticas recomendadas pela SBIm


SUMÁRIO

7
BASES IMUNOLÓGICAS E EPIDEMIOLÓGICAS
QUE PRECEDEM A VACINAÇÃO

20 PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES E


SUA APLICABILIDADE NA PRÁTICA

41 HESITAÇÃO DE VACINAS E A VACINA


CONTRA COVID-19

50 VACINAÇÃO DE POPULAÇÕES ESPECIAIS E


BOAS PRÁTICAS EM IMUNIZAÇÕES

55 RETROSPECTIVA

64 BIBLIOGRAFIA
BASES
IMUNOLÓGICAS E
EPIDEMIOLÓGICAS
QUE PRECEDEM A
VACINAÇÃO
Você sabe o
que são
vacinas e como
elas atuam em
nosso
organismo?

As vacinas são substâncias usadas para estimular as


defesas naturais do organismo com a finalidade de
nos proteger contra diferentes doenças infecciosas,
que podem causar transmissão, sequelas e mortes.

Elas são produzidas a partir do agente causador da


doença ou de seus derivados. Quando são inseridas no
nosso organismo, desencadeiam uma resposta
imunológica e produzem anticorpos para nos proteger
da doença caso tenhamos contato com o agente
causador, sendo essa proteção chamada de IMUNIDADE
PASSIVA (BALLALAI, 2016).

8
Você sabia que a palavra
“Vacina” vem do latim e significa
“de vaca”? Vamos conhecer essa
história...

A primeira vacina a ser descoberta no mundo foi contra a varíola no


século XVIII por um naturalista e médico britânico chamado Edward
Jenner. Em certo momento, o médico inoculou (inseriu) uma
secreção de uma pessoa contaminada pelo vírus da varíola em outra
pessoa saudável e passou a observar os resultados. Posteriormente,
ele identificou que esta pessoa desenvolvia sintomas mais leves,
tornando-se imune à doença.

Com essa observação, ele desenvolveu a vacina a partir de outra


doença chamada cowpox, um tipo de varíola que acometia as vacas.
Como resultado, percebeu que as pessoas que ordenhavam as
vacas adquiriam imunidade à varíola humana. Assim, essa
descoberta foi denominada vacina (FIOCRUZ, 2022).

No Brasil, a vacinação é organizada pelo Programa Nacional de


Imunizações (PNI), considerado um dos maiores do mundo!

9
Interessante, não é mesmo?
Vamos ver agora como as
vacinas são feitas.
As vacinas, conhecidas também como um dos tipos de
imunobiológicos, são obtidas a partir de partículas do próprio agente
agressor. O mecanismo de ação delas depende dos seus
componentes antigênicos, e elas são constituídas por:

• Componentes dos próprios microrganismos: proteínas, DNA ou


RNA.
• Microrganismos inteiros inativados: microrganismos mortos.

• Microrganismos vivos atenuados: microrganismos enfraquecidos

(AMARO NETO, 2011).

10
Vejamos, a seguir, na figura 1, a composição das vacinas.

Figura 1 – Composição das vacinas

CONSERVANTES ANTIBIÓTICOS

01 02 03 04 05

LÍQUIDO DE SUSPENSÃO ADJUVANTES

ESTABILIZADORES

Fonte: Elaborado pelo Núcleo Pedagógico – Mais Conasems

• Líquido de suspensão: água destilada ou solução salina


fisiológica, podendo conter proteínas e outros componentes dos
meios de cultura ou das células utilizadas na produção das
vacinas.

• Conservantes: são substâncias utilizadas em pequenas


quantidades necessárias para evitar o crescimento de
contaminantes.

• Estabilizadores: são nutrientes contidos nas vacinas atenuadas,


para mantê-las eficazes por período determinado.

• Antibióticos: são substâncias que impedem o crescimento de


microrganismos, utilizados para o tratamento de doenças
infecciosas causadas por bactérias.

• Adjuvantes: são substâncias que aumentam a resposta imune


de vacinas que contêm microrganismos inativados (BRASIL,
2014).

11
A vacinação pode acontecer de três formas diferentes:

• Combinada: dois ou mais agentes são administrados numa mesma


preparação;
• Associada: quando se misturam as vacinas no momento da
aplicação, e ;
• Simultânea: quando duas ou mais vacinas são administradas em
diferentes locais ou por diferentes vias num mesmo atendimento
(BALLALAI, 2016).

As vacinas são seguras e eficazes, pois passam por diferentes


processos em sua produção, que exigem requisitos e especificidades
para garantir o controle de sua qualidade. Elas são submetidas a
testes rigorosos, inicialmente, em animais, para se avaliar a segurança
e o potencial para prevenir a doença e, após uma resposta
satisfatória, são testadas em humanos por meio de três fases e, se
aprovada em todas elas, a vacina é introduzida no programa de
vacinação dos países (BRASIL, 2014).

12
Mesmo sabendo que as vacinas são
administradas pela equipe de enfermagem,
é importante conhecermos as
recomendações sobre o adiamento,
contra-indicação e efeitos adversos para
orientar as pessoas que moram em nosso
território de trabalho.

Por isso, agora, vamos ver


algumas recomendações aos
profissionais que
supervisionam a caderneta
de vacina e/ou que
administram a aplicação
delas em serviços de saúde.

13
• As vacinas deverão ser adiadas nos casos de doenças agudas
febris graves e em pessoas submetidas a tratamento com
medicamentos em doses imunodepressoras. No caso da
vacina contra febre amarela, recomenda-se que seja aplicada,
simultaneamente, com a maioria das vacinas do Calendário
Nacional de Vacinação, exceto com as vacinas tríplice viral
(sarampo, caxumba e rubéola) ou tetraviral (sarampo,
caxumba, rubéola e varicela) em crianças menores de 2 (dois)
anos de idade. Neste caso, deve ser respeitado o intervalo
mínimo de 30 dias entre as duas vacinas, salvo em situações
especiais que impossibilitem manter esse intervalo ou com
intervalo de duas semanas das outras vacinas vivas (BRASIL,
2020a).

• Não devem ser administradas vacinas compostas por


bactérias ou vírus vivos atenuados em pessoas com
imunodeficiência congênita ou adquirida, acometidas por
neoplasia maligna, em tratamento com corticosteroides em
esquemas imunodepressores, ou submetidas a outras
terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica,
radioterapia, etc.) (AMARO NETO, 2011).

• É importante saber que alguns fatores internos e externos


poderão influenciar a resposta imune do indivíduo às vacinas.
Os fatores internos estão relacionados à ausência de anticorpos
maternos, desnutrição, idade avançada da pessoa, imunidade
comprometida por outras doenças. Os fatores externos estão
relacionados a questões que envolvem a vacina como, por
exemplo, a produção adequada, o transporte, o
armazenamento, o prazo de validade, a conservação na
temperatura recomendada, a dose, a forma e o tempo de
diluição do imunobiológico (BRASIL, 2014).
14
Os profissionais de saúde devem
explicar às pessoas que o Evento
Adverso Pós-Vacinação (EAPV)
não possui, necessariamente,
relação com a vacina
administrada e que, se ocorrer, a
pessoa poderá apresentar febre;
dor e edema locais; convulsões
febris; etc.. Caso isso ocorra, ela
deve procurar o serviço de saúde
mais próximo de sua casa
(BRASIL, 2020a).

Quando não houver reações adversas, deve-se dar seguimento ao


esquema de intervalo entre as doses. É fundamental lembrar da
importância das doses de reforço, evitando o atraso vacinal. Esse
atraso é quando um esquema de vacinação não é seguido conforme
o intervalo de tempo recomendado para a vacina.

Atente-se para a próxima informação!

15
Nos casos de atraso vacinal, recomenda-se que o
maior número possível de vacinas seja
administrado em cada visita, com as doses
subsequentes sendo agendadas, considerando o
intervalo mínimo entre as doses. Lembrar que não
existe intervalo máximo entre as doses (BRASIL,
2020b).

Reflita: no seu território de


atuação, já aconteceu de
alguém apresentar evento
adverso após ter sido
vacinado? O que foi feito?
Se em sua área de atuação houver pessoas que apresentem algum
Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV), encaminhem para o médico de
sua equipe avaliar a situação e tomar as providências iniciais. Em
equipe, comuniquem à Vigilância Epidemiológica da Secretaria
Municipal de Saúde sobre o ocorrido e orientem o usuário/família sobre
como proceder com as doses subsequentes, conforme o tipo de vacina.

16
Agora, vamos falar sobre
as bases epidemiológicas
que precedem a vacinação!
Para entender melhor sobre a importância da vacinação, e em que
momento as vacinas devem ser aplicadas, é preciso conhecer alguns
conceitos que explicam e direcionam os profissionais de saúde que
atuam com a saúde pública, a saber (BRASIL, 2022a):

1. Cadeia Epidemiológica de doenças: pode ser chamada,


também, de Cadeia de Transmissão ou de Cadeia de Infecção.
Ela representa um conjunto de elementos formado pelo agente
infeccioso, fonte de infecção, porta de saída do agente
infeccioso (via de eliminação), forma de transmissão, porta de
entrada do novo hospedeiro e o hospedeiro suscetível. Um ciclo
de eventos envolvendo esses elementos forma essa Cadeia de
Transmissão, através da qual ocorre o processo de propagação
de doenças transmissíveis (Figura 2).

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Figura 2 – Cadeia Epidemiológica de Doenças

AGENTE
INFECCIOSO

HOSPEDEIRO
FONTE DE
SUSCETÍVEL
INFECÇÃO

CADEIA
EPIDEMIOLÓGICA
PORTA DE
ENTRADA PORTA DE
DO NOVO SAÍDA DO
HOSPEDEIRO AGENTE
INFECCIOSO

FORMA DE
TRANSMISSÃO

Fonte: Elaborado pelo autor com base na referência de Brasil (2022)

2. Surto: Situação em que há aumento acima do esperado na


ocorrência de casos de evento ou doença em uma área ou entre
um grupo específico de pessoas, em determinado período. Exemplo:
surto de sarampo em algumas localidades do país.

3. Endemia: É a presença contínua de uma enfermidade ou de um


agente infeccioso em uma zona geográfica determinada. É uma
doença “típica” de um determinado lugar, por se concentrar em
uma região e não se espalhar para outros locais. Exemplo: A febre
amarela e a malária são consideradas doenças endêmicas na
região norte do Brasil.

4. Epidemia: Quando ocorre o aumento no número de casos de uma


doença em várias regiões de um país. Exemplo: Casos de Dengue
ocorridos em diferentes regiões do Brasil.

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5. Pandemia: Quando determinado agente infeccioso se dissemina em
diversos países ou continentes e transmite para muitas pessoas.
Exemplo: Casos de covid-19 no mundo. Outro exemplo foi a gripe
suína pelo H1N1 declarada pela Organização Mundial da Saúde, em
junho de 2009.

6. Taxa de Transmissão: É um parâmetro que avalia a possibilidade de


transmissão de um agente infeccioso por uma pessoa doente para
uma pessoa sadia.

7. Taxa de imunidade de rebanho: Chamada também de imunidade


coletiva, é utilizada para explicar a proteção indireta contra uma
infecção que é obtida por pessoas suscetíveis a ela quando há
uma taxa elevada de pessoas não suscetíveis, ou seja, pessoas que
estão imunes à infecção por terem sido vacinadas (ou por já terem
sido infectadas em algum momento, em alguns casos).

Com esses conceitos, é possível entendermos como as doenças


infecciosas agem no nosso organismo e os prejuízos que elas poderão
causar para a população, quando se disseminam nas diferentes
localidades geográficas. É importante saber, também, que as vacinas
são produzidas como uma forma de conter as doenças infecciosas ou
de mitigar (aliviar) os casos desse tipo de doenças.

O que você achou desse primeiro conteúdo?


Agora… Vamos conhecer mais sobre o PNI e
sua aplicabilidade na prática profissional.

19
PROGRAMA
NACIONAL DE
IMUNIZAÇÕES E SUA
APLICABILIDADE NA
PRÁTICA
Reflita: você já parou para
pensar sobre há quantos anos o
PNI vem prevenindo e
controlando as doenças
imunopreveníveis no Brasil?
Se você respondeu “Há 48 anos.”, acertou! Criado no ano de 1973
pelo Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunizações (PNI)
objetiva coordenar as ações de imunizações no país, e dentre elas
estão:

● a normatização, implantação e manutenção das vacinas de


caráter obrigatório;
● a aquisição e distribuição dos imunobiológicos de rotina e
especiais indicados para situações e grupos populacionais
específicos;
● a supervisão, o controle e a avaliação das vacinas
administradas em rotina e em campanhas nos serviços de
saúde do território nacional;
● a coordenação do Sistema de Informação, consolidação e
divulgação dos dados de cobertura vacinal nos municípios e
nos estados brasileiros (AMARO NETO, 2011).

Um dos grandes resultados das ações do PNI foi a erradicação da


varíola e da poliomielite no país, assim como o controle de várias
doenças imunopreveníveis, como a tuberculose, hepatite B, difteria,
coqueluche, tétano, varicela, caxumba, rubéola e o sarampo.

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Entretanto, nos últimos anos, vem acontecendo uma queda
significativa na adesão das vacinas por determinadas pessoas,
predispondo-as ao adoecimento e à transmissão e ao aumento de
doenças como a tuberculose. Essa queda tem provocado até a volta
de doenças até há pouco consideradas erradicadas ou controladas,
como é o caso da poliomielite ou do sarampo.

Com o cenário de queda de


cobertura da vacinação e
retorno/aumento de algumas
doenças evitáveis, como você,
agente de saúde, pode atuar
para ajudar a reverter essa
situação?

22
Vejamos como você, agente,
pode atuar.
A revisão dos cartões de vacinação dos usuários deve ser uma ação
contínua desenvolvida pelas equipes da Estratégia Saúde da Família
(ESF). Nas visitas domiciliares, vocês, Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) deverão sempre
ficar atentos(as) para ajudar a fazer o encaminhamento, quando
identificarem a necessidade de algum usuário atualizar seu
calendário básico de vacinas, de modo que a equipe de enfermagem
da Unidade Básica de Saúde (UBS) possa administrar a vacina
apropriada.

É importante saber que, no momento, o PNI disponibiliza 48 tipos de


imunobiológicos (vacinas, imunobiológicos especiais, soros e
imunoglobulinas) nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Destes imunobiológicos, 20 (vinte) são vacinas oferecidas ao público
nos diferentes ciclos de vida, conforme Calendário Nacional de
Vacinação. São elas: BCG, hepatite B, pentavalente, pólio inativada,
pólio oral, rotavírus, pneumo 10, meningocócica C, febre amarela,
tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetra viral (sarampo,
caxumba e rubéola e varicela), DTP, hepatite A, varicela, difteria e
tétano adulto (dT), meningocócica ACWY, HPV quadrivalente, dTpa,
influenza (esta ofertada durante campanha anual) e pneumocócica
23-valente (pneumo 23). Salienta-se que, no ano de 2021, foi inserida a
vacina contra covid-19 (BRASIL, 2021).
23
Conheça o calendário de vacinação da criança,
do adolescente, do adulto, da gestante e da
pessoa idosa, recomendado pelo PNI, conforme a
idade que precisa receber a vacina, os tipos de
vacinas, a quantidade de doses e as doenças
que são evitadas com as respectivas vacinas.

Clique aqui e acesse o Calendário


Nacional de Vacinação de 2023.
Se estiver lendo este material no formato
impresso, escaneie o QR para fazer
download.

Agora, vamos falar sobre a


Cobertura Vacinal. Você
sabe o que é?
Cobertura Vacinal é a proporção de pessoas vacinadas e
supostamente protegidas para determinada doença, em um espaço
geográfico, num intervalo temporal (BRASIL, 2014).

O PNI estabelece metas para a cobertura vacinal, sendo que, para a


maioria, a meta é de 95% de cobertura. Apenas para as vacinas BCG
(Bacilo de Calmette Guerin) e a Vacina Oral contra Rotavírus Humano
(VORH) apresenta-se a meta de 90% de cobertura vacinal.

24
Se houver uma redução na cobertura vacinal, o controle das
doenças imunopreveníveis fica sob riscos, pois podem vir a
acontecer surtos, endemias, epidemias e até uma pandemia.

Quando ocorre um surto de doença imunoprevenível decorrente do


quadro epidemiológico instalado, seja ou não devido a essa baixa
cobertura da vacina, o PNI recomenda a realização de vacinação de
bloqueio. Esta ação consiste em vacinar toda a comunidade exposta
a determinada doença para impedir o surgimento de novos casos e
reduzir a transmissão do agente causador.

Quando a cobertura vacinal não é alcançada, é necessário


investigar as razões e criar estratégias de busca ativa dos faltosos, a
qual deve ser feita da forma mais precoce possível e pode ser
realizada por meio de visita domiciliar, correspondência,
mensagens pelas redes sociais ou por programas de rádio,
anúncios em espaços religiosos, em escolas ou, ainda, por meio
dos grupos comunitários. Sempre com o objetivo de lembrar,
conscientizar e convidar a pessoa faltosa para atualizar as doses da
vacina.
Nesse sentido, de acordo com Brasil (2022b), a equipe de ESF deve:
● planejar as ações para orientar sobre as vacinas;
● ofertar a vacinação e,
● ampliar a adesão dos usuários.
Como sugestão, os gestores de saúde poderão:
● pactuar com as equipes para proporem horários alternativos
de funcionamento da UBS para oportunizar a adesão das
pessoas que trabalham no horário comercial;
● não exigir o comprovante de residência para ofertar a vacina;
● identificar populações em situação de maior vulnerabilidade
para as doenças imunopreveníveis, como crianças, gestantes
e idosos;

25
● verificar a situação vacinal durante as consultas;
● administrar as vacinas independentemente da estabilidade
do sistema de informação;
● quando disponível, manter a geladeira sempre abastecida;
● trabalhar em parceria com as escolas;
● promover campanhas regulares na própria unidade e
extramuros, e,
● evitar as oportunidades perdidas de vacinação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2022), oportunidade


perdida de vacinação é a condição em que a pessoa em qualquer
idade, que esteja elegível para vacinação, procura o serviço de
saúde para qualquer finalidade, mas não é vacinada. No Brasil,
são consideradas como oportunidades perdidas de vacinação os
fatores relacionados às crenças e aos aspectos sociais,
econômicos, comportamentais, religiosos e culturais; às falhas nas
práticas e protocolos de vacinação; à administração
não-simultânea das doses; aos problemas logísticos que
acontecem nas UBS; e às falsas contraindicações (FERNANDES, et
al. , 2021).

26
Uma estratégia que
possibilita identificar
vacinas atrasadas;
promover a cobertura
vacinal e evitar as
oportunidades perdidas
são as CAMPANHAS anuais.

As campanhas anuais são promovidas pelo Ministério da Saúde


em parceria com as Secretarias de Saúde dos estados, dos
municípios e do Distrito Federal. Anualmente, ocorre a Campanha
Nacional de Vacinação contra a influenza e campanhas de
multivacinação e/ou de vacinas específicas, conforme a situação
epidemiológica evidente no território.

No ano de 2022, além da Campanha


Nacional contra influenza, o Ministério da
Saúde (em parceria com os estados e
municípios brasileiros) realizou a
Campanha Nacional de Vacinação
contra a poliomielite e multivacinação
para atualização da caderneta de
vacinação da criança e do adolescente.

27
Outras estratégias importantes, além das campanhas, para
verificar o esquema vacinal e atualizá-lo, quando indicado, são os
momentos de:
• consultas de puericultura;
• consultas de pré-natal;
• consultas em geral;
• sessões de educação em saúde;
• visitas de rotina à UBS e,
• visitas domiciliares.

Nesses momentos, é preciso que os cartões de vacinação sejam


revisados para identificar a necessidade de vacinação.

Nós, agentes de saúde,


precisamos ficar sempre atentos
ao esquema individual de
vacinação e encaminhar os
usuários para a UBS para que
possam receber as doses,
quando for necessário.

28
É isso mesmo. Ao chegarem na UBS, esses usuários serão
orientados sobre a vacina, sua importância e possíveis reações
adversas pelo médico, enfermeiro ou técnico de enfermagem –
profissionais que podem confirmar a necessidade da(s) dose(s), e
como administrá-la(s). Em seguida, eles também irão registrar
a(s) dose(s) administradas e aprazar as outras subsequentes na
caderneta ou no cartão da pessoa, conforme recomendação do
calendário do PNI.

Ressalta-se que esse aprazamento deverá ser feito a lápis, pois o


uso de caneta só é permitido após a administração da vacina. Os
profissionais que administram as vacinas não devem se
esquecer de fazer o registro no cartão-espelho (impresso ou
virtual) para o controle do acompanhamento.

Assim, é possível ampliar a cobertura vacinal em todas as faixas


etárias e cumprir com o que está preconizado no Plano Nacional
de Saúde 2020-2023 do Ministério da Saúde. Nele, espera-se que
50% dos municípios apresentem cobertura vacinal adequada
(95%) para cinco tipos de vacinas do Calendário Nacional de
Vacinação para crianças menores de 1 ano de idade:
pentavalente, poliomielite, pneumocócica 10 valente, tríplice viral e
febre amarela (BRASIL, 2020c).

Você já parou para pensar se na sua


microárea de atuação, há pessoas que
precisam de alguma vacina especial?
Vamos falar sobre esse assunto para
entendermos como agir nesse caso?

29
Centros de Referência de
Imunobiológicos Especiais
Os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) têm
como objetivo ofertar os imunobiológicos às pessoas em
condições especiais, em que seu sistema imunológico não
responde de forma satisfatória aos imunobiológicos ofertados no
calendário básico de vacinação do PNI (Quadro 1).

Quadro 1 – Pessoas em condições especiais para vacinação

Quem são as pessoas que se classificam como condição especial


para vacinação e precisam dos serviços dos CRIEs?

Pessoas que Recém-nascidos Gestantes com


apresentam prematuros em imunidade
imunodeficiência condição especial comprometida

Viajantes para áreas


Pessoas que convivem
endêmicas para
com pacientes com Profissionais expostos
doenças
imunodeficiência a riscos
imunopreveníveis

Pessoas que
Pessoas alérgicas a Pessoas com doenças
apresentaram eventos
soros heterólogos hemorrágicas
adversos pós-vacinais
graves

Pessoas em caso de Revacinação pós Outras condições


Transplantes quimioterapia clínicas crônicas de
risco

Fonte: BRASIL, 2019a.

30
É importante que as pessoas citadas no Quadro 1 que precisam
receber vacinas que não estão disponíveis nas UBS sejam
informadas de que devem procurar os Centros de Referência de
Imunobiológicos Especiais (CRIE) de sua cidade ou de sua região.

Para receber de forma gratuita as vacinas indicadas, é necessária


uma avaliação sobre a condição de saúde de cada pessoa para
confirmação do(s) imunobiológico(s) mais recomendado(s).

Portanto, ao identificar uma situação em que o(a) usuário(a)


cadastrado(a) em uma microárea de ESF precisa de determinada
vacina, você, agente deve encaminhar esse(a) usuário(a) para
avaliação do(a) médico(a) da ESF ou do serviço de saúde mais
acessível para ele(a).

Na ocasião da consulta médica, serão avaliados os seguintes


aspectos para a decisão sobre a vacina mais recomendada. Veja
a figura 3 a seguir:

Figura 3 – Aspectos para decisão sobre a vacina mais


recomendada

Conhecer a história clínica da


HISTÓRIA pessoa e familiar, incluindo
CLÍNICA doenças e alergias.

HISTÓRIA Investigar as vacinas recebidas


VACINAL até a data da avaliação.
SITUAÇÃO
Avaliar como está a condição
IMUNOLÓGICA
de saúde da pessoa.
ATUAL

EXAMES
Solicitar exames laboratoriais
LABORATORIAIS
conforme a necessidade de
cada pessoa.

Fonte: BRASIL, 2019a.

31
As vacinas disponíveis nos CRIEs para encaminhamento dos
usuários que necessitarem delas são as seguintes:

● Vacina adsorvida difteria e tétano infantil (dupla infantiL – DT)


● Vacinas adsorvidas difteria, tétano e pertússis acelular infantil
e adulto - DTPa (acelular infantil) e dTpa (acelular adulto)
● Imunoglobulina humana antitet nica (IGHAT)
● Vacina haemophilus influenzae Tipo B (conjugada) – HIB
● Vacina hepatite A (HA)
● Vacina hepatite B recombinante (HB) e Imunoglobulina
humana anti-hepatite B (IGHAHB)

● Vacina HPV quadrivalente (6, 11, 16 E 18)


● Imunoglobulina humana antirrábica (IGHAR)
● Vacina influenza inativada (INF) – “Vacina
contra gripe”
● Vacina meningocócica C conjugada
(meningo C) e Vacina meningocócica ACWY
conjugada (MENACWY)
● Vacinas pneumocócicas polissacarídica
(PNEUMO 23) e conjugadas (pneumo 10 e
pneumo 13)
● Vacina poliomielite 1, 2 e 3 inativada (VIP)
● Vacina varicela (VZ) e imunoglobulina
humana antivaricela- zoster (IGHAVZ)

Fonte: BRASIL, 2019a.

32
Curiosidade! Assim como as vacinas que estão disponíveis nas UBS
são registradas no eSUS APS, as vacinas que são administradas nos
CRIEs, também, são, pois assim é possível haver controle, avaliação e
planejamento das ações direcionadas a um público especial.
Considera-se que a vacina da covid-19 é a única que deve ser
registrada no SI-PNI (BRASIL, 2019b).

Sua cidade tem algum


CRIE? Como acontece a
comunicação com a sua
equipe de Estratégia Saúde
da Família?
Que tal conversar com sua
equipe sobre esse tema!

Clique aqui e veja essas e outras


informações sobre o CRIE no Manual Dos
Centros de Referência Para
Imunobiológicos Especiais. Se estiver
lendo este material no formato impresso,
escaneie o QR para fazer download.

33
É importante saber que as vacinas precisam passar por processos
rigorosos para garantir a imunização das pessoas. Vamos entender
como isso acontece?

Figura 4 – Processos pelos quais passam as vacinas

RECEBIMENTO

REDE DE FRIO

TRANSPORTE ARMAZENAMENTO

DISTRIBUIÇÃO CONSERVAÇÃO

MANUSEIO

Fonte: Elaborado pelo Núcleo Pedagógico – Mais Conasems

O PNI orienta e coordena as ações da Rede de Frio dos


imunobiológicos oferecidos pelo SUS.

As vacinas são produtos termolábeis, isto é, se deterioram depois de


determinado tempo quando expostas a variações de temperaturas
inadequadas à sua conservação. Por isso, é importante mantê-las
constantemente refrigeradas, utilizando instalações e equipamentos
adequados em todas as instâncias (nacional, estadual,
regional/distrital, municipal e local (sala de vacinação)).

34
Dessa forma, os profissionais de saúde que lidam diariamente
com as vacinas precisam seguir os protocolos de orientação
sobre o armazenamento indicado pelos laboratórios produtores.
Alguns desses protocolos são: manter as vacinas na temperatura
recomendada, que geralmente é de +2ºC a +8ºC; cumprir o
tempo de validade do frasco após aberto e/ou diluído, quando for
o caso; ter os cuidados devidos com a geladeira e as caixas
térmicas; controlar a temperatura no termômetro; e evitar
exposições desnecessárias.

Quando o manuseio é inadequado, ou um dos equipamentos de


armazenamento apresenta defeito, ou falta energia elétrica no
local em que as vacinas estão acondicionadas, a eficácia dessas
vacinas poderá ficar comprometida e por isso não garantir a
imunização, se elas forem administradas (BRASIL, 2013).

Caso o técnico de enfermagem e/ ou outro profissional de


enfermagem que atuam na sala de vacinas, tenham dúvidas
sobre a qualidade da vacina antes de administrá-la, eles devem
notificar por meio do Formulário para Avaliação de
Imunobiológicos sob Suspeita e enviar para o PNI a fim de que os

35
responsáveis recomendem ou não o reteste e indiquem no
formulário a autorização para a utilização ou o descarte da vacina.

Ao ocorrer a dúvida sobre a qualidade da vacina, é preciso que se


suspenda de imediato sua utilização, mantendo-a sob refrigeração
adequada. O número e a data de validade do lote da vacina devem
ser registrados, como também a, procedência, a quantidade, o local,
as condições de armazenamento, até o recebimento do resultado
da análise (BRASIL, 2014).

Apesar de essa atividade não ser uma atribuição do(a) ACS nem
do(a) ACE, é preciso que toda a equipe conheça esse fluxo e sempre
fique atenta à qualidade das vacinas.

Quando é indicado pelo PNI o descarte, o próprio município poderá


fazê-lo se apresentar as condições técnicas locais (incineração,
autoclavagem, aterro, etc.) recomendadas e terá acompanhamento
da Vigilância Sanitária. Porém, quando não disponibilizar dessas
condições apropriadas, deverá encaminhar as vacinas para a
Central Regional ou Estadual de Imunizações para as providências
cabíveis.

Interessante não é?
Outro assunto importante
sobre o PNI é a atividade
dos registros das vacinas.
Vamos conhecer!

36
As vacinas do calendário básico, quando administradas nas UBS,
devem ser registradas no eSUS APS, com exceção da vacina da
covid-19, que deve ser registrada no Sistema de Informações do
Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). No SI-PNI, ficarão
hospedados, apenas, os relatórios de cobertura vacinal para
consulta; os dados sobre a movimentação dos imunobiológicos nas
salas de vacinas e os eventos adversos pós-vacinação (BRASIL,
2019b).

Com os dados registrados e disponíveis nesses sistemas, é possível


que as equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) analisem os
indicadores e planejem melhor suas ações para ampliar a cobertura
vacinal. Como exemplo, elas podem analisar o indicador, “Proporção
de crianças de 1 (um) ano de idade vacinadas na APS contra difteria,
tétano, coqueluche, hepatite B, infecções causadas por haemophilus
influenzae tipo B e poliomielite inativada”, que tem como objetivo
mensurar o nível de proteção da população infantil contra as
doenças imunopreveníveis citadas, mediante o cumprimento do
esquema básico de vacinação de pentavalente e poliomielite no
primeiro ano de vida (BRASIL, 2022f).

37
Com esse resultado, é possível conhecer o diagnóstico situacional
sobre a vacinação das crianças menores de 1 (um) ano adscritas na
ESF e propor intervenções que possam favorecer a saúde das
crianças e reduzir a morbimortalidade infantil por essas causas.

Veja a seguir as recomendações para


melhorar os resultados do indicador de
cobertura vacinal que a ACS Bia
aprendeu após ler a Nota Técnica Nº
17/2022-SAPS/MS.

1. Realizar captação das crianças logo após o nascimento,


verificando a Caderneta da Criança na visita domiciliar
pelo(a) ACS e ACE, no momento do teste do pezinho e/ou
consulta puerperal, encaminhando/marcando a primeira
consulta de puericultura para a primeira semana de vida.
2. Garantir que as vacinas que compõem o calendário vacinal
sejam ofertadas nas UBS e não restritas a ações focalizadas,
mesmo para aquelas que possuem restrição de
validade/estabilidade (por exemplo, BCG).
3. Orientar, nas consultas de pré-natal e de puericultura, sobre a
importância da administração das vacinas preconizadas pelo
Ministério da Saúde.
4. Manter contato com creches para verificação do calendário
vacinal.
5. Construir protocolos locais que organizem a atenção, o
rastreamento, a busca ativa de crianças com esquema
vacinal incompleto e a realização do acompanhamento dos
faltosos (atraso no calendário vacinal) individualmente.

38
6. Realizar intervenção educativa, sistematizada e permanente
com os profissionais de saúde é um aspecto fundamental
para mudar as práticas em relação à imunização e aprimorar
a qualidade do registro das informações de saúde.
7. Realizar ações educativas direcionadas à comunidade para
sensibilização da importância de manter o esquema vacinal
completo nas crianças nessa faixa etária.
8. Monitorar permanentemente o cadastro individual completo e
mantê-lo atualizado, incluindo dados sociodemográficos e de
condições e situações de saúde.
9. Reforçar a importância do cadastramento da população
adscrita. O aumento do cadastro propicia que seja utilizado o
valor informado no Sistema de Informação em Saúde para a
Atenção Básica (SISAB) no denominador para o cálculo do
indicador.
10. Estabelecer mecanismos locais de remuneração por
desempenho para APS.
11. 11. Estabelecer uma rotina de atualização e acompanhamento
das Cadernetas da Criança, tanto na aplicação do calendário
vacinal (incluindo as vacinas de campanha), quanto com
relação aos registros anteriores de vacinação no prontuário do
cidadão.
Fonte: (BRASIL, 2022f)

Acrescenta-se como ação


em prol da melhoria da
cobertura vacinal no país o
Projeto Reconquista das
Altas Coberturas Vacinais.

39
O Projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais é uma
iniciativa da Fiocruz e do Ministério da Saúde. Esse Projeto será
realizado por meio de colaboradores interinstitucionais, envolvendo
setores governamental, não-governamental e privado, nacionais e
internacionais, e visa assegurar o controle do sarampo, da
poliomielite, da gripe, do câncer de colo do útero, das meningites e
de todas as outras doenças que são prevenidas com as vacinas
disponíveis pelo PNI (FIOCRUZ, 2021).

Salienta-se, ainda, que, nas salas de vacina, há formulários


impressos e virtuais que possibilitam os registros nos referidos
sistemas de informação em saúde e o mapeamento das condições
vacinais dos indivíduos por território de ESF, a saber:

● ficha de vacinação do e-SUS Registro individual das doses de


vacina administradas,
● Registro das atividades diárias,
● Arquivos da sala de vacinação,
● Movimento Diário de Imunobiológicos,
● Formulário para Notificação/Investigação de Eventos
Adversos Pós-Vacinação associados ao uso de Vacina, Soro
ou Imunoglobulina.

Vamos falar agora sobre a


Hesitação de Vacinas e a Vacina
contra a Covid-19. Assuntos
importantes para complementar
seus estudos.

40
HESITAÇÃO DE
VACINAS E A VACINA
CONTRA COVID-19
O PNI existe no Brasil desde 1973. Este é um dos programas de
vacinação mais reconhecidos em todo o mundo pela sua excelente
qualidade. Ele tem proporcionado o aumento das coberturas
vacinais; o avanço nas pesquisas; o desenvolvimento e a produção
de imunobiológicos no país; a realização de campanhas e dias
nacionais de vacinação; a divulgação das ações de vacinação,
resultando no controle de diferentes doenças imunopreveníveis.

Com a Constituição Federal de 1988, as ações do PNI foram


integradas ao SUS.

O que é
Hesitação
Vacinal?

Hesitação significa estar indeciso no momento de tomar decisões.


Quando a hesitação está relacionada à vacinação, isto é, Hesitação
Vacinal, estamos falando de uma situação em que uma pessoa
demora para aceitar uma vacina ou decididamente se recusa a
fazer a vacina, embora a vacina esteja disponível através do
sistema de saúde (SOUTO; KABAD, 2020).

42
A hesitação vacinal existe desde quando as primeiras vacinas foram
criadas. Ela é o resultado da interação de fatores sociais e
comportamentais e está sempre situada dentro de um contexto
histórico.

Justamente porque é bastante complexa, é fundamental que


existam políticas públicas para reduzir a hesitação vacinal. Afinal,
quando ela existe – quando as pessoas ficam na dúvida sobre
tomar uma vacina, ou decidem simplesmente não se vacinar – a
cobertura vacinal diminui.

E quando menos pessoas tomam


vacina, todos nós corremos o risco
de que uma doença que poderia ser
evitada pela ação da vacina volte a
ser um problema: o aumento no
número de casos da doença. A
queda na cobertura vacinal é um
problema de saúde pública.
Observamos, nos últimos anos, a
eclosão de casos de sarampo, por
exemplo. Estamos correndo o risco
do retorno da poliomielite.

A hesitação vacinal pode acontecer por diferentes fatores, como por


exemplo, o acesso das pessoas ou não às vacinas, falhas na
coordenação das ações, fragilidades nos fluxos, escassez de
recursos humanos, limitação da alfabetização em saúde do usuário,
crenças religiosas, orientações culturais, movimentos antivacina e
situações pessoais (GONZÁLEZ-BLOCK et al., 2022).

43
Outro fator que amplia a hesitação vacinal são as informações
incorretas/falsas – que geram notícias sobre vacinas ou sobre
doenças – e que geralmente são compartilhadas pela internet e são
também chamadas de “fake news”.

Fake news são definidas como notícias falsas que são publicadas e
compartilhadas por veículos de comunicação como se fossem
informações reais. Seu principal objetivo é dar razão a um
determinado ponto de vista sobre um assunto ou prejudicar uma
pessoa, grupo ou ação.

As fake News relacionadas às vacinas ganharam destaque, em


especial, no início da pandemia da covid-19, no ano de 2020. Com as
notícias falsas circulando sobre a doença e, depois, sobre as vacinas,
aumentou o risco do contágio entre as pessoas.

Alguns indivíduos não acreditavam que manter distância de outras


pessoas ou usar máscaras, por exemplo, fosse importante. Outros
desconfiavam da vacina contra o vírus Sars-CoV-2 – e até mesmo
começaram a desconfiar das demais vacinas.

44
Um estudo apontou que, no mês de janeiro
de 2021, após mais de 200 mil pessoas
terem ido a óbito por causa da covid-19,
as fake news incentivaram diferentes
pessoas a não confiarem nas
recomendações das agências de saúde
oficiais, causando a hesitação para
receber a primeira e/ou a segunda dose
da vacina contra a covid-19, por motivo
das reações adversas e dúvidas sobre o
intervalo das doses (GALHARDI et al., 2022).

Na sua área de atuação,


como está sendo a
aceitação das vacinas?

Vocês, ACS e ACE, têm importância fundamental no combate às fake


News. Vocês são profissionais de saúde que conhecem o território e são
referências para a comunidade. Vocês vão na casa das pessoas e
podem conversar com elas, entender quais são as suas dúvidas,
direcioná-las para fontes confiáveis de informações como os próprios
serviços de saúde.

45
A hesitação pode acontecer com as diferentes vacinas, pois outro
estudo revelou diversos motivos para os trabalhadores de saúde de
um estado brasileiro não aceitarem receber a dose da vacina contra
influenza, mesmo tendo conhecimento científico sobre a
importância de sua eficácia (SOUSA et al., 2022). Com essas e outras
situações semelhantes, a Organização Mundial da Saúde passou a
considerar a hesitação vacinal como uma das dez maiores
ameaças à saúde pública no mundo (CAMARGO JUNIOR, 2020).

Para sensibilizar as pessoas e mudar o quadro situacional das baixas


coberturas vacinais devido à hesitação, algumas estratégias estão
sendo implementadas pelos profissionais de saúde como, por
exemplo, apresentação do cartão de vacinação na matrícula
escolar das crianças; busca ativa de faltosos; palestras educativas;
compartilhamento de informações verídicas sobre as vacinas pelas
redes sociais e divulgações através das mídias.

46
Reflita: como a sua equipe
de Estratégia de Saúde da
Família está sensibilizando
e mobilizando as pessoas
que apresentam hesitação
vacinal?
Agora vamos conhecer mais
sobre as recomendações da
vacina contra covid-19.

Em janeiro de 2021, foi iniciada a administração das doses da vacina


contra covid-19 no Brasil. Desde então, campanhas estão sendo
realizadas para alcançar a aceitação de um maior número de
pessoas, com o intuito de ser uma das medidas de controle e
prevenção da doença.

O Ministério da Saúde, com base nas orientações da Organização


Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde, agências
de saúde, laboratórios produtores das vacinas e comprovações
científicas, vem atualizando as informações sobre a administração
das doses, o público-alvo e a cobertura vacinal. Assim sendo, ele
criou e vem melhorando o Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a Covid-19 (BRASIL, 2022b), com objetivo de
estabelecer as ações e estratégias para a operacionalizar essa
vacinação no Brasil.

47
Estão disponíveis para a população brasileira os seguintes
imunizantes: AstraZeneca, Covax Facility, Coronavac, Covaxin,
Sputnik, Janssen e Pfizer. Essas vacinas apresentam
particularidades que devem ser seguidas pelos profissionais de
saúde que as manipulam e administram na população.

Você sabia que a Campanha


Nacional de Vacinação contra a
covid-19 teve início no dia 18 de
janeiro de 2021?

No início, as campanhas tiveram fases que priorizaram a imunização


de alguns grupos populacionais mais vulneráveis, como: pessoas
institucionalizadas com 60 anos ou mais; pessoas com deficiência
institucionalizadas; povos indígenas vivendo em terras indígenas;
trabalhadores da saúde; população idosa; povos e comunidades
tradicionais ribeirinhas e quilombolas; pessoas com comorbidades;
gestantes e puérperas; pessoas com deficiência permanente;
pessoas em situação de rua; população privada de liberdade;
funcionários do sistema de privação de liberdade; trabalhadores da
educação; forças de segurança e salvamento; forças armadas;

48
trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros
urbano e de longo curso; trabalhadores de transporte metroviário e
ferroviário; trabalhadores de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos; trabalhadores de transporte aéreo; trabalhadores de
transporte aquaviário; caminhoneiros; trabalhadores portuários e
industriais; e depois, foram ampliadas para toda a população
(BRASIL, 2022b).

É importante destacar que as atualizações em relação à vacinação


para a covid-19 vão acontecendo conforme as mudanças das
variantes do vírus, do quadro epidemiológico e das recomendações
dos laboratórios produtores dos imunobiológicos e das agências de
saúde que regulamentam e fiscalizam as vacinas.

Saiba mais informações sobre a covid-19.


Clique aqui, ou, se estiver lendo este
material no formato impresso, escaneie
o QR para fazer download.

Agora, vamos aprender mais sobre a vacinação de pessoas


indígenas, aquelas que são privadas de liberdade, aquelas que
residem em instituições de longa permanência e as pessoas em
situação de rua. Vamos aprender também sobre as boas práticas
em imunização e as recomendações para os procedimentos
técnicos para administração de vacinas.

49
VACINAÇÃO DE
POPULAÇÕES
ESPECIAIS E BOAS
PRÁTICAS EM
IMUNIZAÇÃO
Como você acompanha ou
acompanharia a situação
vacinal das Populações
Especiais em seu território
de atuação? Vamos pensar
juntos?

Vacinação de pessoas
indígenas

O calendário básico de vacinação para as pessoas indígenas é o


mesmo da população em geral. Entretanto, para incentivar a
procura e adesão das vacinas, foi criada a Campanha Mês de
Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) com o objetivo de aumentar
a cobertura vacinal e o acesso à vacinação; reduzir as iniquidades e
fortalecer a vigilância epidemiológica das doenças
imunopreveníveis nas aldeias.

A campanha é anual, acontece no mês de maio e reforça a


cobertura vacinal em regiões com baixas coberturas. As vacinas
que estão disponíveis são as mesmas que estão previstas no
Calendário Nacional de Vacinação.

51
Clique aqui, e saiba mais sobre a
vacinação de pessoas indígenas. Ou,
se estiver lendo este material no
formato impresso, escaneie o QR
para fazer download.

Vacinação de pessoas
privadas de liberdade

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas


Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) foi criada com
o objetivo de incluir essa população no SUS, por meio de ações de
promoção da saúde e prevenção de agravos no sistema prisional,
cumprindo os princípios de universalidade e de equidade. Tais
ações são voltadas para essa população, aos profissionais dos
serviços penais, familiares e outras pessoas relacionadas ao
sistema (BRASIL, 2014).

Como a maioria das pessoas privadas de liberdade no sistema


prisional ficam alocadas em celas coletivas, insalubres, pouco
ventiladas e superlotadas, o risco de contaminação de doenças
infecciosas se potencializa, justificando-se a recomendação da
vacinação como uma medida preventiva. Assim sendo, o
calendário de vacinação para esse público é o mesmo indicado
para a população em geral, acrescido da vacina para influenza.

52
Vacinação de pessoas que
residem em instituições de longa
permanência

Os idosos que vivem em instituições de longa permanência podem


se encontrar numa situação de maior vulnerabilidade ocasionada
pelas condições ou limitações de saúde. Assim, esse público
torna-se prioritário para alguns tipos de ações de promoção da
saúde e prevenção de doenças e agravos. Dentre essas ações, está
a vacinação, que é recomendada para esse público conforme o
calendário básico padrão para as pessoas idosas.

Vacinação de pessoas
em situação de rua

As pessoas que não têm uma residência e que se encontram


morando nas ruas dos municípios são consideradas de extrema
vulnerabilidade social, econômica, cultural e de saúde; são
discriminadas pela sociedade e, muitas vezes, pela gestão pública.
Essa invisibilidade vivenciada por esse público o deixa mais exposto
a doenças que poderiam ser evitadas se houvesse ações
preventivas, como a vacinação, conforme o calendário básico por
ciclo de vida recomendado pelo PNI.

Qualquer que seja a condição de vida dessas pessoas e das demais


citadas anteriormente, é preciso que vocês, ACS e ACE, junto com a
equipe da Atenção Primária, façam busca ativa para promover a
vacinação.

53
Com essa perspectiva e sob orientação da Organização Mundial da
Saúde, o Ministério da Saúde do Brasil inseriu essas populações
especiais como prioritárias no Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a covid-19 e passou a realizar as vacinas nos
espaços vividos por elas ou adaptados para elas. Considera-se que as
demais vacinas do Calendário Nacional estão disponíveis nas UBS para
que elas também possam ter acesso.

No caso das pessoas em situação de rua, é fundamental que você,


ACS e ACE, as identifique nas proximidades de sua área de atuação,
para que possa orientá-las a buscar esse serviço, mesmo sendo ou
não assistidas pelas equipes de Consultório na Rua do SUS.

Como você acompanha


ou acompanharia a
situação vacinal dessas
pessoas em seu
território de atuação?

As boas práticas aplicadas em todo o processo de vacinação são


essenciais para garantir a eficácia e a ação da imunização no
organismo da pessoa que recebe a vacina. Vamos refletir mais
sobre as Boas Práticas em Imunização?

54
As boas práticas aplicadas em todo o processo de vacinação são
desenvolvidas, principalmente, pelo técnico de enfermagem que atua
na sala de vacina, mas os demais membros da equipe da APS
precisam conhecer e ficar em atenção durante esse processo. A
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) (2021) apresenta as
seguintes etapas para o sucesso da imunização. Veja no Quadro 2 a
seguir.

Quadro 2 - Boas práticas recomendadas pela SBIm

Manter armazenamento, conservação e manuseio de


Cadeia de Frio
vacinas de forma adequada.
Os profissionais devem ter acesso aos Equipamentos
Proteção do
de Proteção Individuais (EPI) antes de administrar as
Profissional
vacinas.
O profissional deve oferecer informações sobre o
Acolhimento benefício das vacinas e o risco das doenças
imunopreveníveis de forma gentil.
O profissional deve analisar o histórico de saúde do
Triagem
usuário e as possíveis contraindicações/precauções.
Ter cuidados no preparo para garantir que seja
Preparo
administrada a vacina correta e de forma adequada.
Seguir os cuidados de paciente certo, vacina certa,
Administração momento certo, dose certa, preparo e administração
certos.
Descartar os resíduos de acordo com sua
Descarte
classificação.
Entregar cartão de vacina com os seguintes registros:
nome da vacina, fabricante, lote, data da
Registro
administração, data da próxima dose, quando
aplicável, identificação do vacinador.
Orientações sobre Informar o usuário sobre a possibilidade de eventos
eventos adversos adversos e os cuidados para amenizar as queixas.
Preencher o formulário do e-SUS Notifica em casos de
Farmacovigilância
eventos adversos pós-vacinação (EAPV)

Fonte: SBIm, 2021

55
ESTRUTURA

Para a equipe da Estratégia Saúde da Família desenvolver as boas


práticas, é essencial que haja um protocolo contendo as informações
para que todos possam seguir e compreender a dinâmica de cada
etapa. Os(as) ACS e ACE, como integrantes da equipe, deverão
conhecer essa dinâmica para orientar, explicar e esclarecer dúvidas
que as pessoas adscritas em seu território possam manifestar.

É importante que nesse protocolo estejam previstas as informações


sobre a Estrutura, a Organização e os Insumos que serão utilizados
para a vacinação, conforme citadas na Figura 5 - Estrutura,
Organização e Insumos para boas práticas em Imunização.

Figura 5 – Estrutura, Organização e Insumos para boas práticas em Imunização

ESTRUTURA

Sala de Vacina
01

● Materiais
Permanentes

ORGANIZAÇÃO

● Recursos Humanos
02 ● Sistema de
informação
Estrutura,
Organização e
Insumos para
boas práticas
INSUMOS
em Imunizações
● Imunobiológicos

03 ● Seringas, agulhas, algodão,


descartes.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP),
2021.

56
No tocante à Estrutura, é necessário que a sala de vacina seja
exclusiva na UBS e haja materiais permanentes como geladeira,
termômetros, caixas térmicas, mesa, cadeiras, maca, armários e
computador.

Quanto à Organização, deverá haver recursos humanos habilitados e


qualificados para realizar os procedimentos técnicos para a
administração das vacinas, que pode ser o(a) técnico de enfermagem
e/ou o(a) enfermeiro(a) da UBS.

No que diz respeito aos Insumos, estes são os imunobiológicos, as


seringas, as agulhas, o algodão, o descartex e outros materiais de
consumo utilizados durante o processo de vacinação.

Com esse conjunto é possível realizar os procedimentos técnicos de


vacinação com segurança.

Agora, vamos para a nossa retrospectiva!

57
RETROSPECTIVA
Nesta disciplina, estudamos as bases imunológicas e epidemiológicas
que precedem a vacinação, além da definição dos tipos de vacinas e
seus componentes, associação, eventos adversos pós-vacinação,
atraso vacinal e contraindicações dos imunobiológicos.

Refletimos sobre a história, os objetivos e as diretrizes do PNI, seus


avanços e desafios enfrentados devido à redução da cobertura de
determinadas vacinas e o aumento de casos de doenças
imunopreveníveis, além da aplicabilidade dessas informações na sua
prática profissional.

Outro assunto importante foi a reflexão sobre a sua atuação como


agente de saúde nas atividades de rotina e nas campanhas de
vacinação, por serem momentos oportunos de identificar os usuários
que precisam se vacinar.

E refletimos também sobre os fatores que poderão influenciar na


hesitação vacinal e aprendemos algumas informações sobre a vacina
contra a covid-19 e a vacinação de populações especiais.

Esperamos que você tenha absorvido todo conteúdo apresentado para


contribuir com a qualidade das boas práticas da Imunização em seu
município.
Até a próxima disciplina!

59
BIBLIOGRAFIA
AMARO NETO, V. Atualizações, orientações e sugestões sobre
imunizações. Editor Vicente Amato Neto. São Paulo: Segmento Farma,
2011.

BALLALAI, I. Manual prático de imunizações. 2.ed. São Paulo: A.C.


Farmacêutica, 2016.

BRASIL, Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação.


Brasília: Ministério da Saúde, 2022c. Disponível em:
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