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2 | MAR 22
QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA
1 B 21 D 41 D 61 D 81 C
2 A 22 C 42 C 62 C 82 E
3 C 23 C 43 B 63 C 83 B
4 A 24 A 44 B 64 A 84 A
5 D 25 A 45 A 65 A 85 D
6 C 26 A 46 D 66 C 86 D
7 C 27 B 47 E 67 D 87 D
8 A 28 B 48 B 68 B 88 B
9 D 29 A 49 E 69 A 89 A
10 D 30 C 50 D 70 A 90 A
11 A 31 C 51 D 71 A 91 B
12 C 32 D 52 A 72 C 92 B
13 C 33 B 53 C 73 D 93 A
14 D 34 D 54 A 74 C 94 D
15 C 35 A 55 E 75 A 95 D
16 ANULADA 36 A 56 A 76 D 96 A
17 A 37 C 57 D 77 A 97 D
18 A 38 D 58 B 78 B 98 C
19 B 39 C 59 D 79 A 99 B
20 C 40 A 60 D 80 C 100 C
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 |3
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
QUESTÃO 1 O diagnóstico de abortamento retido é realizado pela
constatação de gestação inviável (com ou sem embrião)
Alessandra, 24 anos vem ao pronto socorro por estar pela ultrassonografia. A paciente geralmente está assin-
apresentando sangramento vaginal intermitente nos tomática e pode relatar regressão dos sinais e sintomas
últimos 3 dias e refere estar grávida de 2 meses, pelas gravídicos. No exame físico, o útero tem tamanho me-
suas contas, já que sempre teve ciclos muito regulares. nor que o esperado e o colo está fechado.
Ao exame clínico, paciente está estável hemodinami-
camente. BHCG urinário positivo. Especular com Quanto ao abortamento completo, há eliminação in-
sangramento escurecido, tipo suco de ameixa. Toque tegral do produto conceptual. A sintomatologia é re-
vaginal com colo entreaberto e útero aumentado com- presentada pela redução ou mesmo parada do sangra-
patível com 20 semanas. mento e das dores em cólica ao término da eliminação
do conteúdo uterino. No toque vaginal, se identifica
Qual hipótese diagnóstica mais provável? útero menor que o esperado para idade gestacional e
A) Gestação ectópica colo fechado
B) Mola hidatiforme
C) Abortamento inevitável Vamos às alternativas:
D) Abortamento retido A) INCORRETA: na ectópica, o útero é menor que a
E) Abortamento completo idade gestacional
B) CORRETA: sangramento em aspecto de suco de
Resposta correta: letra B
ameixa, com útero maior que a idade gestacional
provável
Gestação ectópica Deve ser suspeitada em casos de san-
gramento vaginal, podendo estar associada à dor ab- C) INCORRETA: colo uterino fechado é incompatí-
dominal, útero menor que a idade gestacional e não vel com esse diagnóstico
identificação de embrião intrauterino. D) INCORRETA: não há evidência ultrassonográfica
para pensar nesse diagnóstico
A gravidez molar é um dos diagnósticos diferenciais
das hemorragias de primeira metade da gestação. As E) INCORRETA: útero deveria estar menor, nem
manifestações clínicas são sangramento transvaginal de deveria haver sangramento vaginal associado, além
repetição (aspecto de suco de ameixa/framboesa), útero do mais, falta ultrassonografia para confirmar
de volume aumentado para a idade gestacional, hipe- o diagnóstico.
rêmese gravídica, podendo, ainda, apresentar sintomas
de hipertireoidismo. Take-Home Message:
O abortamento inevitável representa a evolução de uma • Sempre que houver sangramento vaginal associado
ameaça de abortamento. É caracterizado por dilatação a útero maior que a idade gestacional, deve-se pensar
da cérvice ao exame clínico, permitindo que membra- em gestação molar
nas ovulares ou o próprio embrião sejam tocados ao
exame digital ou visibilizados através do colo no exame
especular. Nessa forma clínica, há aumento do sangra-
mento genital e da dor pélvica em cólica, mas o tama-
nho uterino ainda corresponde à idade gestacional.
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4 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
A) Em casos de abortamento retido a conduta expec- • BHCG sérica ≤5.000 e crescente em duas dosagens
tante reduz incidência da Síndrome de Asherman consecutivas
B) Prescrição de progesterona tem excelente benefício Conduta expectante está indicada:
nos casos de ameaça de abortamento com intuito • Estabilidade hemodinâmica
preventivo para evolução para abortamento
• Desejo de procriação
C) Gestação ectópica tem sempre conduta cirúrgica,
pois as últimas revisões revelam que os benefícios • Gestação ectópica íntegra de até 4cm no maior diâ-
do metotrexato não superam os riscos metro
D) Abortamento infectado é a principal causa de histe- • Ausência de atividade cardíaca do produto conceptual
rectomia em mulheres em idade fértil
• BHCG sérica ≤5.000 e decrescente em duas dosa-
E) Para pacientes com quadro sugestivo de aborta- gens consecutivas
mento em curso com feto vivo, a prescrição de ato-
siban é capaz de inibir o processo e prosseguir com Em relação ao abortamento inevitável, como o pró-
a gestação prio nome já diz, não há medida salvadora que possa
impedir a progressão do abortamento. O tratamento
Resposta correta: A consiste na estabilização clínica e esvaziamento uterino
pelas vias farmacológica ou mecânica, a depender da
Comentários: idade gestacional.
O tratamento expectante do abortamento retido pode
ser sugerido à paciente e se baseia no fato de que, em Vamos às alternativas:
até quatro semanas, a grande maioria apresenta sinais e
A) CORRETA: a maioria dos casos de abortamento
sintomas de abortamento, com expulsão do produto da
retido pode ser eliminado espontaneamente em
concepção, sendo evento natural e com menor taxa de
até 04 semanas o que reduz a intervenção médica
intervenção médica e suas possíveis complicações. Caso
(curetagem) e suas possíveis complicações (siné-
o abortamento não ocorra espontaneamente ou a pa-
quias uterinas – Síndrome de Asherman)
ciente não aceite a espera, realiza-se esvaziamento ute-
rino farmacológico, com misoprostol e/ou mecânico, B) INCORRETA: não existe benefício na prescrição
por meio de vácuo aspiração ou dilatação e curetagem de progesterona para casos de hemorragia da pri-
meira metade da gestação
O tratamento da gestação ectópica depende de diversos
C) INCORRETA: a depender de critérios clínicos,
fatores, entre eles o estado hemodinâmico da paciente,
ultrassonográficos e laboratoriais, pode-se indicar
integridade da tuba e do seu desejo de novas gestações.
terapia medicamentosa (metotrexato) ou cirúrgica
Pode ser clínico (medicamentoso ou expectante) ou,
ainda, cirúrgico (laparotomia/laparoscopia). D) INCORRETA: a principal causa de histerectomia
são os miomas e seus efeitos (sangramentos, dor etc)
O uso de metotrexato está indicado para pacientes com:
E) INCORRETA: atosiban é um tocolítico utilizado
• Estabilidade hemodinâmica para casos de trabalho de parto prematuro com in-
• Desejo de procriação tuito de tentar inibir esse processo a fim da prescri-
ção de corticoterapia para amadurecimento pulmo-
nar, logo, não tem espaço no abortamento inevitável.
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 |5
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6 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 |7
Take-Home Message:
1 - A imunoglobulina anti D (Rhogan) administrada
poderá ser detectada no sangue materno ainda por
período que varia de seis a 12 semanas
2 - Em pacientes com Rh negativo, deve-se realizar pes-
quisa de Rh no recém-nascido e, se Rh positivo,
administrar imunoglobulina anti D nos primeiros
dias pós parto. A) Evitar uso de analgesia farmacológica de parto.
B) Indicar resolução da gestação por parto cesárea.
C) Prescrever infusão endovenosa de ocitocina.
D) Manter assistência obstétrica habitual.
Resposta correta: Letra D
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8 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Estamos diante de uma cardiotocografia categoria 1, • Oscilações da frequência cardíaca fetal – variabili-
ou seja, normal. Vamos relembrar essa classificação? As dade da FCF
bancas gostam bastante de cobrar este conceito durante • Aceleração da frequência cardíaca fetal.
a assistência ao trabalho de parto! • Desacelerações da frequência cardíaca fetal
A cardiotocografia (CTG), também conhecida como Categorias da CTG Anteparto:
monitorização fetal eletrônica, é um método não inva-
sivo de monitorização dos batimentos cardíacos fetais, • Categoria I – Normal (altamente preditivo de equi-
cujo objetivo primário é a avaliação da vitalidade do líbrio ácido-base normal).
concepto (oxigenação) e consiste no registro gráfico si- • Categoria II – Atípica/Indeterminada (não é predi-
multâneo da frequência cardíaca fetal, dos movimentos tor de alteração no equilíbrio, mas não pode atestar
fetais e das contrações uterinas. normalidade no momento da observação).
Os parâmetros analisados são: • Categoria III – Anormal (equilíbrio ácido-base
anormal).
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 |9
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10 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Comentários: QUESTÃO 7
De acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência Em relação aos esquemas de imunização em mulheres,
ao Parto Normal do Ministério da Saúde de 2017, no assinale a alternativa ERRADA:
caso de a parturiente ter um plano de parto escrito,
deve-se ler e discutir com ela, levando-se em considera- A) A imunização para HPV quadrivalente, segundo o
ção as condições para a sua implementação tais como Programa Nacional, são duas doses com intervalo de
a organização do local de assistência, limitações (físi- seis meses entre elas, para meninas de 9 a 14 anos
cas, recursos) relativas à unidade e a disponibilidade de B) A vacina contra febre amarela contém vírus atenua-
certos métodos e técnicas; avaliar o que a mulher sabe do, por isso é contraindicada na gravidez
sobre estratégias de alívio da dor e oferecer informações C) As gestantes com esquema vacinal completo para
balanceadas para encontrar quais abordagens são mais dTpa (tríplice bacteriana acelular do adulto) não
aceitáveis para ela; encorajar a mulher a adaptar o am- necessitam de dose de reforço a cada gestação
biente às suas necessidades;
D) Na imunização de gestantes e puérperas contra a
Outro ponto relevante para conseguirmos responder a COVID-19 não se deve usar imunizantes que te-
questão é que a solicitação materna por analgesia de nham como vetor o Adenovírus
parto compreende indicação suficiente para sua reali-
zação, independente da fase do parto e do grau de dila- Resposta correta: Letra C
tação. Isto inclui parturientes em fase latente com dor
intensa, após esgotados os métodos não farmacológicos. Comentários:
A vacinação para HPV está disponível no SUS com
Vamos às alternativas: vacina quadrivalente (subtipos 6, 11, 16 e 18) para
A) INCORRETA – a analgesia farmacológica está in- meninas dos 9 aos 14 anos e meninos dos 11 aos 14
dicada em qualquer fase do trabalho de parto, in- anos, em duas doses com intervalo de 6 meses entre
dependente da progressão da dilatação cervical, por elas. Também está disponível para pacientes com imu-
tanto, não devemos esperar maior progressão da nossupressão (pacientes oncológicos, portadores de
dilatação para ofertar analgesia. HIV, pós transplante de órgão sólidos/medula óssea),
B) INCORRETA – o desejo da paciente por analgesia sendo para meninos dos 9 ao 26 anos e meninas dos
já é uma indicação de seu uso;o plano de parto não é 9 aos 45 anos. A partir dos 15 anos recomendam-se 3
uma regra absoluta que deve ser seguida independen- doses com intervalo de 0-3-12 meses para melhor res-
te do contexto ou da evolução do trabalho de parto. posta imunológica.
C) CORRETA – o desejo por analgesia farmacológi- Com relação ao período gravídico, as 3 vacinas que a
ca é uma indicação por si só. grávida deve recebr são: DTPa, Hepatite B e Gripe.
D) INCORRETA – o plano de parto não deve ser en- Mais recentemente, a vacina contra Covid-19 também
gessado, podendo ser rediscutido e alterado em con- foi incorporada ao esquema de vacinação nacional.
junto com a paciente durante o trabalho de parto. Com relação a DTPa, a gestante deve receber vacinação
entre a 27a e a 36a semana de gravidez. Caso não tenha
Take-Home Message: esquema completo, deve-se completar esquema vacinal
O plano de parto não deve ser um fator que impeça na gravidez.
adequada assistência à paciente, o que inclui tomadas Na gestação, não utilizamos vacinas de vírus e bactérias
de decisão em conjunto com a própria parturiente ao vivos, como é o caso da tríplice viral, varicela, febre
longo da progressão do trabalho de parto. amarela, BCG.
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 | 11
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12 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Vamos às alternativas:
Take-Home Message:
A) CORRETA - a glicemia de jejum e o TTOG com - A glicemia de jejum e o TTOG com 75g de glicose
75g de glicose são de fato exames utilizados para o são utilizados para o diagnóstico de diabetes melli-
diagnóstico. tus na gravidez.
B) INCORRETA - na maioria das mulheres o me-
- Um exame alterado é suficiente para fazer o diagnós-
tabolismo de carboidratos retorna às funções nor-
tico, não devendo ser repetido.
mais. Dentre as diabéticas gestacionais, até metade
pode desenvolver diabetes mellitus tipo 2 até 10 - O uso de hipoglicemiante oral na gravidez é conduta
anos após o parto. de exceção.
C) INCORRETA - os hipoglicemiantes orais não são
regra no tratamento, pois não há evidência científi-
ca suficiente que suporte seu uso globalmente.
D) INCORRETA - diante do descontrole glicêmico,
devemos considerar parto quando a paciente atinge
o termo, ou seja, 37 semanas.
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14 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
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16 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
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18 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
A DIP é uma doença bastante comum em mulheres jovens com atividade sexual desprotegida. Está associada a
sequelas importantes em longo prazo, como infertilidade por fator tubário, gravidez ectópica e dor pélvica crônica.
Como esta é uma doença de etiologia polimicrobiana (C. trachomatis, N. gonorrhoeae, G. vaginalis, H. influenza,
S. agalactiae, M. genitalium, M. hominis e U. urealyticum, dentre outros), o tratamento se baseia no uso de anti-
bioticoterapia de amplo espectro, que deve ser iniciado imediatamente em mulheres jovens, sexualmente ativas,
com queixa de desconforto ou dor pélvica, e que preencham os critérios clínicos acima expostos. Os esquemas de
tratamento preconizados são:
Mas como saber se podemos fazer tratamento ambulatorial ou se devemos internar a paciente? Lembre-se: o trata-
mento ambulatorial se aplica a mulheres que apresentam quadro clínico leve e exame abdominal e ginecológico
sem sinais de pelviperitonite. Devemos propor internação hospitalar na DIP quando:
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 | 19
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20 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 | 21
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22 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Comentários:
Vamos às alternativas:
Em relação aos contraceptivos, a Organização Mundial
de Saúde categoriza os métodos com base em critérios A) INCORRETA - não se pode dizer que o implan-
de elegibilidade, sendo estes divididos em 4 categorias: te subdérmico de etonogestrel é a alternativa mais
segura, pois qualquer método hormonal para esta
- Categoria 1: use o método em qualquer circunstân-
paciente é categoria 2 pela OMS, ou seja, não há
cia
superioridade entre eles.
- Categoria 2: use o método de modo geral (benefí- B) INCORRETA - como vimos acima, métodos con-
cios são maiores que os possíveis malefícios) traceptivos hormonais não são contraindicados em
- Categoria 3: não é recomendado o uso do método, toda paciente com DM1
a menos que métodos mais adequados não estejam C) INCORRETA - métodos contraceptivos proges-
disponíveis ou não sejam aceitáveis (os possíveis tagênicos isolados não são contraindicados em pa-
malefícios são maiores que os benefícios) cientes com DM1
- Categoria 4: não utilizar o método (contraindica- D) INCORRETA - categoria 2 não significa que o mé-
ção absoluta) todo pode ser indicado sem restrições; apenas que
os benefícios superam os riscos
Considerando a diabetes mellitus tipo 1, os contracep-
tivos hormonais combinados, são considerados catego-
ria 4 diante de quadros complicados com nefropatia, Take-Home Message:
retinopatia, neuropatia ou outra vasculopatia, ou mais
Os contraceptivos hormonais são categoria 2 em pa-
de 20 anos de doença.
cientes com diabetes mellitus, exceto nos casos de diag-
No caso da paciente acima, que apresenta diagnóstico nóstico há mais de 20 ou sinais de nefropatia/retinopa-
há 3 anos, o DIU de cobre é categoria 1 da OMS e tia/neuropatia.
todos os demais métodos (DIU de levonorgestrel, im-
plante subdérmico, medroxiprogesterona, contracepti-
vo oral combinado ou isolado) são categoria 2.
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 | 23
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24 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
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26 | MAR 22 SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
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SIMULADO R1 - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA MAR 22 | 27
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA: por se tratar de um nódulo palpá-
vel, o tipo de biópsia preferido é o por agulha grossa
B) INCORRETA: a mamografia é o exame inicial e de
escolha para essa paciente (já é maior de 40 anos,
mamas menos jovens e densas)
C) CORRETA
D) INCORRETA: a decisão pelo tipo de tratamen-
to vai depender do diagnóstico histológico des-
se nódulo.
Take-Home Message:
• Nódulo palpável deve ser investigado com exame de
imagem e biópsia dirigida
• Biópsia de agulha grossa para tumores maiores
• Mamotomia para tumores menores
• USG de mamas pode ser útil para alterações palpá-
veis, para complementar mamografia ou para ma-
mas jovens e densas, mas a mamografia é sempre o
primeiro exame após os 40 anos.
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28 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
PEDIATRIA
QUESTÃO 21 A Colestase Neonatal afeta 1 a cada 2500 nascidos a
termo, sendo definida com uma redução da formação
RN 26 dias de vida, trazido à UBS pela mãe com histó- biliar ou redução do fluxo biliar para o lúmen intesti-
ria de diurese escurecida, que mancha a fralda, 7 trocas nal, com retenção de substâncias biliares no fígado, e
por dia, associada a icterícia zona IV, iniciada ainda na consequente acúmulo de bilirrubina conjugada (direta,
maternidade, com piora nas últimas 2 semanas. Trata- >1mg/dl). Além da icterícia clínica, os pacientes podem
-se de RN termo, 38 semanas, nascido de parto nor- apresentar colúria (urina escurecida, cor de “coca cola”,
mal, sem intercorrências. Está em aleitamento materno pois toda bilirrubina é excretada pelos rins, uma vez
exclusivo, com ganho de 18g/dia desde a alta hospita- que não há passagem de bilirrubina pelas vias biliares
lar. Qual é a alternativa correta em relação ao caso? para o intestino) e hipocolia/acolia fecal (fezes brancas,
A) A principal hipótese é de Síndrome da Icterícia do pela ausência de bilirrubina intestinal).
Leite Materno, devendo ser realizado teste com in- A Atresia de Vias Biliares é a principal causa de icterícia
terrupção da amamentação por 24 horas, caso haja colestática nos primeiros meses de vida (25%-40%),
melhora da icterícia está confirmada a hipótese. sendo a principal causa de insuficiência hepática ter-
B) Deve ser checada tipagem sanguínea materna e do minal e transplante hepático em crianças. Causada por
recém-nascido, e avaliada presença de anemia, pois uma obliteração inflamatória e fibrótica progressiva dos
a principal hipótese é de icterícia por incompatibi- ductos biliares extra-hepáticos, evoluindo com cirrose
lidade materno fetal biliar, insuficiência hepática e, se não tratada, óbito nos
C) Como RN com baixo ganho ponderal e icterícia primeiros dois anos de vida. Seu diagnóstico é uma
iniciada logo após o nascimento, trata-se de prová- urgência, pois o tratamento é cirúrgico (Portoenteros-
vel Icterícia fisiológica associada à baixa ingesta de tomia de Kasai), e deve ser realizado até 60 dias de vida,
leite materno, devendo ser orientada a técnica do para reestabelecer o fluxo biliar. A investigação inicial é
aleitamento e agendado retorno precoce para reava- feita com ultrassom (na AVB a vesícula é hipoplásica e
liação pouco contrátil, e há o cordão triangular), e pela bióp-
D) Devem ser avaliadas as fezes do RN, checado re- sia hepática (proliferação de canalículos biliares, plugs
sultado da triagem neonatal biológica e devem ser biliares, fibrose portal).
solicitados exames iniciais: bilirrubina total e fra- Outras causas de colestase a serem consideradas são:
ções, urina 1, urocultura hipotireoidismo congênito (avaliar TSH do teste do
Pezinho), fibrose cística (avaliar IRT do teste do pe-
Resposta correta: Letra D
zinho), infecção do trato urinário (urina 1 e urocultu-
ra), infecções congênitas (checar cartão de pré-natal),
Comentários:
outras endocrinopatias, erros inatos do metabolismo,
Considera-se icterícia prolongada a icterícia que se síndromes genéticas.
mantém após a primeira semana de vida no RN ter-
Temos um paciente com 26 dias de vida que se man-
mo, e após a segunda semana de vida no pré-termo. A
tém ictérico, com provável colúria (urina escurecida
Academia Americana de Pediatria recomenda que todo
que mancha a fralda) e baixo ganho ponderal (no pri-
bebê com mais de 2 semanas de vida, que esteja ictéri-
meiro trimestre espera-se um ganho de 25-30g/dia).
co, deve ser submetido à dosagem de bilirrubina total
Devemos pensar em icterícia colestática e solicitar bi-
e frações, para avaliar o aumento de bilirrubina direta
lirrubina total e frações.
(Colestase).
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 29
RESPOSTAS: QUESTÃO 22
A) INCORRETA- A Síndrome na Icterícia do Leite Sobre as infecções congênitas, assinale a incorreta:
Materno é um diagnóstico de exclusão da icterícia A) Na sífilis congênita precoce, prevalecem sintomas
prolongada, com aumento de bilirrubina indireta. mucocutâneos e ósseos, como a rinite, o exantema
Ela surge na primeira semana e se mantém, poden- e periostite.
do estender-se até 12 semanas, nos bebês em aleita-
mento materno exclusivo, com bom ganho ponde- B) A presença de calcificações periventriculares deve le-
ral, sem outras alterações. vantar a suspeita de infecção por Citomegalovírus,
devendo ser solicitado PCR ou isolamento viral na
B) INCORRETA – A icterícia por incompatibilidade urina ou saliva do RN até a 3ª semana de vida
materno-fetal normalmente se manifesta precoce-
mente, nas primeiras horas de vida. C) A toxoplasmose congênita normalmente se mani-
festa já nas primeiras semanas de vida, através de
C) INCORRETA – A icterícia fisiológica surge no fi- hidrocefalia, calcificações cerebrais e coriorretinite
nal do segundo para o terceiro dia de vida, atinge o
pico entre o 3º e 4º dia, e se resolve no RN termo D) A ocorrência simultânea de cardiopatia congênita,
até o 7º dia, sem atingir níveis elevados (> 12mg/ falha na triagem auditiva e oftalmológica neonatal
dl). A icterícia por baixa ingesta é aquela que se de- deve levantar a suspeita de Síndrome da Rubéola
senvolve na primeira semana de vida, em um RN Congênita
com elevada perda de peso, e se resolve assim que Resposta correta: Letra A
o aleitamento esteja bem estabelecido, sendo uma
causa não fisiológica de icterícia. Comentários:
D) CORRETA – Além da dosagem da bilirrubina Vamos recordar as manifestações específicas de uma
total e frações na icterícia prolongada, o médico das STORCHZ:
deve avaliar as fezes (hipocolia fecal) e a diurese do
bebê (colúria). Considerando as causas possíveis • Sífilis: ósseas (ostecondrite, periostite, pseudopara-
de icterícia colestática (hipotireoidismo, fibrose lisia de Parrot), rinite sifilítica, rash maculopapular
cística) deve ser checado o teste do pezinho; e con- (acomete mãos pés), pênfigo palmoplantar (lesões
siderando que a infecção do trato urinário nesta bolhosas que evoluem com descamação em palmas
faixa etária pode e manifestar apenas com icterí- e plantas dos pés)
cia, deve ser solicitado urina 1 e urocultura. • Toxoplasmose: Tríade de Sabin (hidrocefalia, calci-
ficação intracraniana difusa, coriorretinite), líquor
com aumento da celularidade e aumento impor-
Take-Home Message:
tante de proteínas
Frente a icterícia prolongada devemos sempre conside-
• Citomegalovírus: calcificações cerebrais PERI-
rar a possibilidade de Colestase Neonatal, e de Atresia
VENTRICULARES, microcefalia, surdez neuros-
de Vias Biliares (aumento de bilirrubina direta, colú-
sensorial (principal causa de surdez neurossensorial
ria, acolia fecal). A investigação deve ser realizada com
no RN), restrição de crescimento intrauterino/pe-
urgência, pela necessidade de tratamento cirúrgico da
queno para idade gestacional, trombocitopenia
atresia de VB.
• Rubéola: ocular (catarata, glaucoma), cardiopatia
congênita (principais persistência do canal arterial e
estenose pulmonar), pode evoluir com surdez neu-
rossensorial
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30 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
• Zika: microcefalia, calcificação cerebral difusa, ar- A) O reflexo do olho vermelho deve ser realizado ainda
trogripose, hipertonia, alteração auditiva e ocular na maternidade, para todos os recém-nascidos, per-
mitindo avaliação de acuidade visual e alterações
retinianas
RESPOSTAS:
B) A triagem auditiva neonatal pode ser realizada nos
A) CORRETA - A Sífilis Congênita tem 2 momen- RN pré-termos, porém não é obrigatória, pois espe-
tos de apresentação: a precoce (antes do 2 anos de ra-se alterações relacionadas à prematuridade
vida)- através das lesões ósseas (periostite, pseudo- C) Caso o RN tenha fatores de risco para perdas au-
paralisia de Parrot) e mucocutâneas (rinite, exan- ditivas, o exame de escolha é o Potencial auditivo
tema, pênfigo); e a tardia (após os 2 anos): fronte evocado de tronco encefálico (PEATE), permitin-
olímpica, dentes de Hutchinson, nariz em sela, do avaliação de perdas retrococleares
perfuração em palato, tíbia em sabre, articulações
D) Caso haja alteração no teste do reflexo do olho ver-
de Clutton.
melho, o RN deverá ser acompanhado com o pe-
B) CORRETA – A marca da Citomegalovirose Con- diatra na rede básica, com reavaliação periódica do
gênita com as calcificações periventriculares ! Na desenvolvimento neurológico
suspeita de CMV, o diagnóstico é confirmado atra-
vés do PCR ou isolamento viral na salive ou urina Resposta correta: Letra C
do RN até a terceira semana de vida.
C) INCORRETA – Apesar desta ser a tríade da Toxo- Comentários:
plasmose Congênita, infelizmente apenas 10-30% O teste do olhinho ou reflexo do olho vermelho é o
dos pacientes manifestam sintomas ao nascer ou exame de triagem para avaliar a transparência das es-
nos primeiros meses de vida. A toxoplasmose, na truturas oculares, permitindo o diagnóstico precoce
maior parte das vezes, irá se manifestar durante a de problemas oculares congênitos podem impedir o
infância, quando as sequelas oftalmológicas/ neu- desenvolvimento visual cortical. A observação do re-
rológicas já estão estabelecidas. flexo vermelho da retina indica que as estruturas ocu-
D) CORRETA – A Síndrome da Rubéola Congêni- lares internas estão transparentes. A opacidade desses
ta apresenta-se clinicamente por estas 3 alterações: meios pode causar leucocoria (pupila branca) ou perda
cardiopatia, alteração ocular e surdez. do reflexo. São avaliadas pelo ROV: catarata congê-
nita, glaucoma congênito, retinoblastoma, leucoma,
inflamações intraoculares da retina e vítreo, retinopatia
Take-Home Message:
da prematuridade (ROP) no estágio 5, descolamento
Frente à suspeita de infecção congênita devemos checar de retina, vascularização fetal persistente e hemorra-
o pré-natal, realizar uma boa anamnese materna (ma- gia vítrea.
nifestações durante a gestação), e devemos buscar dife-
O exame deve ser realizado pelo pediatra ainda na ma-
renciar as apresentações de cada uma das STORCHZ.
ternidade para todos os RN, e 2-3 vezes ao ano, até o
Muitas manifestações são inespecíficas (como icterícia,
terceiro ano de vida. Utiliza-se um oftalmoscópio dire-
prematuridade, baixo peso), e até 90% das STORCHZ
to, cuja luz projetada nos olhos, atravessa as estruturas
são assintomáticas ao nascimento.
transparentes, atinge a retina e se reflete, causando o
aparecimento do reflexo vermelho observado nas pu-
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 31
RESPOSTAS:
A) INCORRETA- O teste do olhinho não permite
avaliação da acuidade visual, mas sim avalia a trans-
parência das estruturas oculares.
B) INCORRETA – A triagem auditiva deve ser rea-
lizada em todos os recém-nascidos, incluindo os
pré-termo. Entretanto, em caso de prematuridade
extrema, ou internação em UTI neonatal, o exame A) Dermatomiosite juvenil.
será realizado no momento oportuno, de acordo B) Síndrome de Guillain-Barré.
com as condições clínicas do bebê. C) Lupus eritematoso sistêmico juvenil.
C) CORRETA – Na presença de fatores de risco, o D) Miosite viral.
exame de escolha é o Potencial Auditivo Evocado
de Tronco Encefálico (PEATE) que avalia perdas Resposta correta: A
retrococleares (cóclea, nervo auditivo e tronco en-
cefálico). Comentários:
D) INCORRETA – Caso haja resultado duvido- A questão aborda uma criança com sinais de fraqueza
so (assimétrico) ou alterado (branco) no teste muscular proximal (dificuldade em subir escadas, se le-
do olhinho, o paciente deverá ser encaminhado vantar, erguer os braços). Além disso, apresenta lesões
ao oftalmologista. cutâneas. Tais características apontam para o diagnósti-
co de dermatomiosite juvenil.
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32 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
A dermatomiosite é a miosite inflamatória mais co- O tratamento é feito com corticoides. O metotrexa-
mum em crianças, com fraqueza muscular proximal e to pode ser usado ajuda a poupar corticoide, mas é
rash característico, que é o primeiro sintoma em meta- mais imunossupressor.
de dos casos. As principais características do acometi- A) CORRETA - Dermatomiosite juvenil é a corre-
mento cutâneo são: ta. Paciente com fraqueza muscular proximal e
• Fotossensibilidade e eritema em áreas fotoexpostas rash característico.
(sinal do xale). B) INCORRETA - Na síndrome de Guillain-Barré, a
• Heliótropo (descoloração azulada das pálpebras) e característica da fraqueza é diferente: se inicia nas
edema periorbital. extremidades inferiores e progressivamente sobe,
envolvendo tronco, membros superiores e mús-
• Eritema facial envolvendo a prega nasolabial (ao culos respiratórios. Também não há acometimen-
contrário do LES) to cutâneo.
• Pápulas de Gottron (são placas rosadas espessadas C) INCORRETA - O quadro de pele no lupus eri-
ou atróficas, perto de articulações interfalangeanas tematoso sistêmico juvenil é diferente do caso em
proximais e distais) questão. Rash malar é o mais comum, em forma de
• Inflamação de pequenos vasos no leito ungueal, com borboleta; acomete as eminências malares e cruza
alças de capilares espessadas, tortuosas ou ausentes. a ponte nasal, poupando as pregas nasolabiais. No
lúpus discoide, há rash eritematoso na face, orelhas
e couro cabeludo, em extremidades superiores e tó-
rax. Mialgia e miosite são menos comuns no lupus.
D) INCORRETA - Na miosite viral, há quadro de fe-
bre e sintomas respiratórios seguidos após cerca de
5 dias por dor muscular severa, principalmente nas
costas e pernas. Pode ocorrer fraqueza generalizada
(e não apenas proximal). Não há o acometimento
cutâneo no quadro em questão.
Take-Home Message:
Na dermatomiosite juvenil, ocorre fraqueza muscular
proximal e rash característico (principalmente heliótro-
po e pápulas de Gottron).
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 33
QUESTÃO 25
Menino de 5 anos é trazido à consulta de puericul- tante do exame físico sem alterações. Consultando a
tura sem queixas. Peso: 19 kg (P50), altura: 109 cm, tabela abaixo, como se classifica a pressão aferida nes-
PA: 106 x 64 mmHg (repetida e confirmada), res- ta consulta?
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34 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 35
Take-Home Message:
Nas imunodeficiências, ocorrem infecções mais fre-
quentes, mais severas e mais atípicas. Cada imunodefi-
ciência tem sua particularidade, mas existem sinais de
alarme gerais para todas.
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36 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
Tais achados são compatíveis com linfangiectasia in- • Perda de gordura nas fezes (esteatorreia, diarreia)
testinal, que é caracterizada por ectasia dos linfáticos • Perda de linfócitos para dentro do intestino (lin-
entéricos. Pode ocorrer perda de linfócitos para dentro fopenia com hipogamaglobulinemia).
do intestino, provocando linfopenia severa e hipoga-
maglobulinemia, muitas vezes sendo confundida com
SCID (imunodeficiência combinada grave).
Ocorre perda de proteínas pelo intestino, causando hi-
poalbuminemia e alfa-1-antitripsina fecal elevada. O pa-
ciente apresenta edema, perda de peso e diarreia (com ou
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38 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
Comentários:
Questão traz criança de 4 anos assintomática, com pa-
lidez identificada ao exame físico, levando à coleta de
hemograma. No hemograma temos:
• Hemoglobina 10,40 g/dL (VN: 11 a 13,1 g/dL)
Baixa
• VCM 57,83 fL (VN: 74,0 a 102,0 fL) baixo
• HCM 18,73 pg (VN: 23,0 a 31,0 pg) baixo
• RDW 13,6% (VN: 11,5 a 14,5%) normal
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40 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
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42 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
A) Expectante e deve ser realizada após o segundo epi- Os possíveis exames são:
sódio de ITU. • Ultrassonografia dos rins e bexiga: avalia morfo-
B) Realizar uretrocistografia miccional após urocultu- logia, tamanho, obstrução, sinais de inflamação
ra negativa. aguda. É a triagem inicial de malformações, pois é
C) Realizar ultrassonografia de rins e vias urinárias muito disponível e pouco invasivo. Não avalia bem
em até 6 semanas. refluxo nem cicatrizes renais.
D) Realizar cintilografia renal com DMSA • Uretrocistografia miccional (UCM): padrão ouro
para detecção de refluxo. Cateteriza a uretra, injeta
Resposta correta: Letra C contraste e faz RX durante a micção. Vê fase de
enchimento e esvaziamento da bexiga.
Comentários:
• Cintilografia renal com ácido dimercaptosuccínico
A infecção do trato urinário é a segunda infecção bacte- -tecnécio-99 (DMSA). Avalia morfologia e cicatri-
riana mais prevalente em pediatria, atingindo 8,4% das zes. Em geral, é feita 4-6 meses após episódio agu-
meninas e 1,7% dos meninos menores de sete anos de do. Não vê função.
idade (porém no primeiro ano de vida afeta igualmente
meninos e meninas). No momento, não há um único protocolo de investi-
gação, pois há divergências entre as diretrizes. Realizar
Na urina 1, o nitrito e a esterase leucocitária são fre- mais investigação pode detectar mais casos de refluxo
quentemente positivos. A presença de leucocitúria tam- vesico ureteral, mas com benefício questionável.
bém contribui (>5/campo ou 10mil/ml), assim como
visualização de bactérias na microscopia (a bacteriúria
representa a presença de 10.000 UFC na cultura).
Para fechar o diagnóstico, precisa da cultura. Se a cul-
tura mostrar >1.000 colônias/mL de um patógeno úni-
co em urina de sonda, ou >50-100.000 UFC em jato
médio, com urina 1 mostrando piúria ou bacteriúria
em criança sintomática, existe ITU. No saco coletor, se
a cultura vier positiva precisa fazer a coleta por sonda.
Se punção suprapúbica qualquer unidade de único pa-
tógeno sugestivo ou 1.000 UFC de gram positivo.
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 43
A) INCORRETA - Nesta faixa etária (< 2 anos), a C) CORRETA - É recomendado realizar USG de
maioria das diretrizes concorda com a realização rins e vias urinárias para pacientes com ITU febril
de USG de rins e vias urinárias para pacientes com abaixo de 2 anos, para identificar as malformações
pielonefrite, pelo risco de malformações renais que urinárias que predispõe à recorrência da infecção.
predispõe à ITU. Portanto não devemos aguardar o D) INCORRETA - A cintilografia com DMSA não é
segundo episódio de ITU. o primeiro exame na investigação por imagem da
B) INCORRETA - A uretrocistografia miccional é in- ITU febril. Em geral, é recomendada para casos atí-
dicada para pacientes com alteração em outro exa- picos, com evolução ruim, ou com outro exame de
me (USG ou DMSA), por ser um exame mais in- investigação alterado.
vasivo. Pode ser recomendada em alguns guidelines
para meninos abaixo de 6 meses. Não é o caso da
nossa paciente.
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44 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
Take-Home Message: fatorial, tendo teorias que envolvem desde uma imatu-
No paciente menor de 2 anos com infecção urinária ridade do sistema nervoso autônoma até desajustes na
febril (pielonefrite), está recomendado pela maioria dos relação materno-fetal.
guidelines a realização de USG como triagem inicial Os critérios diagnósticos de Wessel, também conheci-
para malformações no trato urinário. Outros exames, dos como “regra dos 3”, apesar de não serem tão uti-
como cintilografia por DMSA e uretrocistografia mic- lizados na prática clínica, podem te ajudar a lembrar
cional, tem indicação mais restrita. algumas das características dessa dor: duram pelo me-
nos 3 horas, ocorrem pelo menos 3 dias por semana e
por pelo menos 3 semanas seguidas. Além disso, a dor
QUESTÃO 32 costuma aparecer mais no período noturno.
Menina, dois meses, é atendida no setor de emergência Não há tratamento específico para cólica. As medica-
com quadro de “”muito choro””. Os achados clínicos ções anti espasmódicas e para gases, frequentemente
que mais sugerem o diagnóstico de cólica são: utilizadas nos adultos, não mostraram evidência no alí-
A) crises de choro com duração de 2 a 6 horas/dia; vio das crises. O papel do pediatra é dar apoio e segu-
aparecimento de massa endurada na região inguinal rança à família para enfrentar as crises.
direita durante as crises de choro Relembrando os aspectos gerais do tema, vamos anali-
B) ganho ponderal ascendente no percentil 10 desde o sar cada caso clínico:
nascimento; crises de choro que ocorrem prepon- A) INCORRETA. Aqui temos um lactente com crises
derantemente pela manhã; choro com duração de 2 de choro, que duram pelo menos 3 horas, mas a
horas/dia por 5 dias na semana causa do choro parece ter uma explicação: massa
C) perda de peso desviando a da curva de crescimento durante as crises - uma provável hérnia inguinal?
ao nascimento; choro com duração de 2 horas/dia B) INCORRETA. Aqui temos crise de choros, com du-
por 4 dias na semana; crises de choro que ocorrem ração menor que 3 horas, que ocorre pela manhã.
preponderantemente no fim da tarde e início da C) INCORRETA. Aqui temos uma criança com perda
noite de peso e crises de choro menores do que 3 horas.
D) ganho ponderal ascendente no percentil 10 desde Provavelmente, a causa do choro é fome.
o nascimento; choro com duração de 3 a 4 horas/ D) CORRETA. Temos um lactente, em ganho de peso
dia por 4 dias da semana; crises de choro que ocor- adequado, com crises de choro de pelo menos 3
rem preponderantemente no fim da tarde e início horas, por pelo menos 3 dias/semana, sem causa
da noite aparente, principalmente no período da noite
Resposta correta: Letra D
Take-Home Message:
Temos aqui uma questão sobre uma das principais quei-
xas nas consultas de puericultura: a cólica do lactente. - A cólica do lactente é uma condição frequente e de
É uma questão que pede para o candidato escolher qual etiologia multifatorial, ainda desconhecida.
caso clínico mais se aproxima de uma possível cólica. - É caracterizada pela regra dos 3: duração de pelo
Para isso, vamos relembrar como é o quadro clínico da menos 3 horas, por 3 dias/semana, por 3 sema-
cólica e analisar cada uma das alternativas. nas seguidas.
A cólica do lactente é definida como o choro súbito, - Ocorre predominantemente no período vespertino
inexplicado e inconsolável, que ocorre em crises paro- (fim de tarde e começo da noite.
xísticas, onde o bebê se contorce, nos primeiros meses
de vida, com pico na 6ª semana. Sua etiologia é multi-
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46 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
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vamos analisar as alternativas: Temos aqui uma questão difícil e direta, que exige do
candidato saber qual a causa mais provável para uma
A) Incorreta. A SGB é uma neuropatia periférica, com massa abdominal em recém-nascidos. Para responder
bom prognóstico. essa questão, precisamos lembrar as possíveis etiologias
B) Incorreta. Por ser uma neuropatia periférica, pode de massas abdominais e sua prevalência nessa faixa etária.
apresentar alterações na condução elétrica Pensando na topografia abdominal, a origem dessa massa
C) Incorreta. Não só causas infecciosas podem cursar é variada: pode ser renal, ovariana, gastrointestinal, hepa-
com déficits neurológicos, além de que a ausência tobiliar, pancreática, esplênica, adrenal ou genitourinária.
de febre não exclui infecção do SNC Além disso, temos tanto causas benignas quanto malignas,
D) Correta. O tratamento da SGB é feito com imu- sendo necessária avaliação completa com anamnese, exa-
noglobulina me físico com características e localização da massa, outros
sinais associados e os exames de imagem.
Lembrando que cerca de 50% das anomalias congê-
Take-Home Message:
nitas no recém-nascido são de origem genitourinária.
- A síndrome de Guillain-Barré aparecerá na sua
Entre as alterações urinárias que cursam com massa
prova como uma neuropatiaperiférica ascendente,
abdominal palpável estão as patologias obstrutivas do
bilateral, após 1-3 semanas de um gatilho infeccioso.
TGU, levando a hidronefrose e os rins policísticos, que
- O prognóstico no geral é bom, com recuperação com- são a segunda causa mais comum de massa palpável
pleta dos sintomas em até 80% dos casos. em flancos. O tumor de Wilms, apesar de ser o tumor
- Apesar de o diagnóstico ser clínico, os exames com- renal mais comum da infância, tem incidência menor
que as patologias obstrutivas.
plementares podem reforçar sua hipótese, princi-
palmente a dissociação proteinocitológica. Descartada as causas renais, especialmente no sexo femi-
nino, não podemos deixar de pensar nos cistos de ovários.
- O tratamento é com imunoglobulina. Não se
Apesar da sua pequena incidência, é uma causa importan-
usa corticoide.
te de massa abdominal, sendo a grande maioria benigna.
Outras causas que podemos citar: tumores hepáticos
QUESTÃO 35 (mais comum é o hepatoblastoma), cistos hepáticos,
neuroblastoma em sítio de adrenal, constipação intesti-
Ao realizar o exame físico imediatamente antes da alta nal, linfoma, sarcoma, entre outras.
hospitalar em uma RN de dois dias, nascida de parto
cesáreo a termo, palpa-se uma massa abdominal. Pode- Vamos analisar as alternativas:
-se afirmar que causa mais frequente de massa abdomi-
nal palpável nesta faixa etária é: A) Verdadeiro. Mais da metade dos casos de massa
abdominal são de origem renal, especialmente as
A) Hidronefrose benignas, como hidronefrose.
B) Tumor de Wilms B) Falso. Apesar de ser o tumor renal mais comum da
C) Cisto ovariano infância, sua incidência ainda é menor que a das
D) Hidrometrocolpos causas benignas.
C) Falso. Apesar de ser importante lembrar de seu
Resposta correta: Letra A diagnóstico diferencial no sexo feminino, a inci-
dência dos cistos ovarianos é baixa.
D) Falso. O hidrometrocolpos é um tumor pélvico que
pode cursar com massa abdominal, mas é raro.
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48 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 49
É a principal causa de morte na doença falciforme, tan- Outras complicações: priapismo, colecistite, necrose
to em crianças quanto em adultos. A principal etiologia avascular de grandes ossos, vaso-oclusão mesentérica,
é a infecciosa, sendo os principais agentes o pneumo- entre outras.
coco e os germes atípicos (Micoplasma, Clamídia) e o Relembrada as principais complicações, vamos analisar
vírus da Influenza. as alternativas:
O tratamento é feito em regime de internação hospi- A) Verdadeira. Temos uma criança apresentando uma
talar, com hidratação, analgesia, antibioticoterapia (ce- palidez importante associada à esplenomegalia e
falosporina de 3ª geração + macrolídeo), Beta2 Adre- repercussão hemodinâmica, com taquicardia e
nérgico de curta duração, oxigenioterapia e fisioterapia taquipneia. Provavelmente trata-se de um qua-
respiratória. Além disso, devem ser coletados hemocul- dro de sequestro esplênico, sendo o tratamento
tura e hemograma completo, para avaliar necessidade com hemotransfusão.
de transfusão de concentrado de hemácias e até mesmo
redução de HbS. B) Incorreta. A crise álgica geralmente caracteriza-se por
dor em membros, sem repercussões hemodinâmicas.
3. Sequestro esplênico: C) Incorreta. Apesar de a crise aplásica cursar com ane-
É a segunda causa de morte em crianças. Geralmente mia importante com febre associada, não justifica-
ocorre nos primeiros 5 anos de vida e pode ser recidivan- ria a esplenomegalia aguda.
te. O baço “rouba” as hemácias da corrente sanguínea. D) Incorreta). Apesar da taquipneia descrita, o pacien-
Os sinais clínicos principais são: o aumento súbito do te não tem outros comemorativos para pensar em
baço e a redução intensa da Hb, podendo evoluir para acometimento pulmonar, como tosse, hipóxia, des-
choque hipovolêmico. conforto respiratório ou RX com novo infiltrado.
O tratamento é feito em regime hospitalar, com coleta
de hemograma e transfusão de concentrado de hemá- Take-Home Message:
cias. Pode ser feita expansão volêmica com cristaloides A anemia falciforme é uma doença genética que produz
até a disponibilidade do CH. uma hemoglobina “diferente” (HbS). Em situações de
A esplenectomia está indicada após duas crises de se- estresse, essas hemácias polimerizam, levando as com-
questro esplênico ou após um primeiro episódio grave plicações das doenças.
4. Acidente Vascular Cerebral A complicação mais comum é a crise álgica, que tem
Na criança, o mais comum é o AVC isquêmico, mas como principais desencadeantes o frio, infecções, hipó-
pode ser hemorrágico também. Os sinais são sintomas xia. Tratamento é feito com base em analgesia.
neurológicos focais, convulsões, ataxia, etc. O diagnós- A complicação com maior mortalidade é a síndrome
tico é feito com exame de imagem e o tratamento é torácica aguda, definido como novo infiltrado pulmo-
feito com transfusões para diminuição da HbS. nar associado a um dos seguintes sinais: febre, dor to-
5. Crise aplásica: rácica, hipoxemia ou taquidispneia.
É a anemia grave ou pancitopenia decorrente da su- O sequestro esplênico é definido como esplenomega-
pressão da medula óssea, de etiologia principalmente lia aguda associada à anemia intensa, podendo evoluir
infecciosa (Parvovirus B19). O quadro clínico é de para choque volêmico.
febre, anemia importante e reticulócitos baixos. Pode A crise aplásica é a anemia ou pancitopenia aguda,
ser feito mielograma e sorologias virais para comple- geralmente de etiologia infecciosa, sendo o principal
mentação. O tratamento é de suporte, com regressão agente o Parvovírus B19.
espontânea em 5-10 dias.
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50 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 51
Ao analisarmos, classificamos nossa paciente com cri- Relembrado os pilares do tratamento da asma,
se de asma no mínimo grave, já que apresenta SatO2
< 95%, sinais de desconforto respiratório importante, vamos analisar as alternativas:
fala entrecortada, agitação e preferência por ficar sen-
tada. Sabendo disso, nosso tratamento da crise será fei- A) Incorreta: Está indicado o uso de salbutamol, po-
to com: rém está indicado uso de O2 suplementar pela hi-
poxemia e dispneia
1. Beta2 agonista de curta duração - SABA (ex: salbu-
B) Incorreta. Apesar da dose alta ofertada pelo pai, não
tamol): São broncodilatadores utilizados em todas as
tem problema repetir o salbutamol e, inclusive, há
exacerbações, independente da gravidade. A sequência
indicação, já que a criança mantém taquidispneia
inicial é feita com 3 resgates a cada 20 minutos, via
importante
inalatória, podendo ser repetida. A dose para crianças
maiores de 10 anos é de 800 a 1000 mcg (8 a 10 jatos). C) Correta. Verdadeiro. Vimos que há indicação de
CE via oral, repetir o salbutamol e ofertar O2
2. Brometo de ipratrópio: derivado da atropina, tem
D) Incorreta. O uso de broncodilatador de longa dura-
ação anticolinérgica, levando a broncodilatação e redu-
ção é controle intercrítico
ção da secreção. Utilizado sempre em associação com o
SABA nas crises graves.
3. Corticosteróides sistêmicos (CE): essencial no tra- Take-Home Message:
tamento das exacerbações, sendo realizado inclusive - O manejo da crise asmática da emergência depende
nas exacerbações leves, pela ação anti-inflamatória, ace- da classificação da doença (leve, moderada ou grave).
lerando a recuperação e reduzindo recidivas. Deve ser
- Nas crises graves, está indicado uso de salbutamol em
administrado preferencialmente via oral, mas pode ser
associação com uso de ipratrópio.
utilizado via endovenosa nas crises graves.
- A saturação de oxigênio alvo para crise asmática é
4. Sulfato de magnésio: O aumento da concentração
maior ou igual a 94%.
de magnésio, leva a um efluxo de cálcio, levando ao re-
laxamento da musculatura lisa e consequente bronco-
dilatação. É uma medicação utilizada nas crises graves,
QUESTÃO 38
quando não há resposta ao tratamento com SABA.
Assim, nossa criança teria indicação de fazer o salbu- RN com duas horas de vida, está taquicárdico, taquip-
tamol associado com ipratrópio e o corticosteróide via neico e com SpO2=69% em ar ambiente (sem melhora
oral. Além disso, como esta com SatO2 < 94%, está com oxigênio suplementar). Exame físico: hiperfone-
indica;do o uso de oxigênio suplementar. se da segunda bulha cardíaca; sem sopros. Radiografia
do tórax: trama vascular pulmonar aumentada; estrei-
tamento do mediastino e área cardíaca diminuída. A
conduta imediata, mais adequada, é:
A) correção cirúrgica de defeito de septo atrioventricular
B) iniciar tratamento com digoxina
C) valvuloplastia da estenose pulmonar
D) iniciar tratamento com prostaglandina E
Resposta correta: Letra D
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52 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
Temos aqui uma questão de um recém-nascido apre- As cardiopatias com circulação em paralelo (ex: trans-
sentando taquicardia, taquipnéia, hipoxemia (SatO2 posição das grandes artérias) apresentam cianose pre-
69% em ar ambiente) e provavelmente com algum grau coce e acentuada taquidispneia, com área cardíaca
de hipertensão pulmonar, já que temos hiperfonese de normal ou pouco aumentada e trama vascular pulmo-
segunda bulha e trama vascular aumentada. Estamos nar aumentada.
diante de um provável caso de cardiopatia congênita Para finalizar, as cardiopatias críticas que não depen-
cianosante, com hiperfluxo pulmonar, sem sinais de dente do CA, como as de shunt misto (ex: truncus) ou
congestão. Vamos relembrar esse grupo de patologias com grande shunt E-D (ex: defeitos septais amplos), a
para entender a questão. taquipneia pode surgir mais tardiamente, após a segunda
Na maternidade, ao nascer, um dos papeis do pediatra semana de vida, à medida que a RVP e a taxa de hemo-
é reconhecer precocemente as cardiopatias congênitas globina diminuem.O RX de tórax mostra área cardíaca
críticas, que são aquelas em que as manifestações clí- aumentada e aumento da trama vascular pulmonar.
nicas são decorrentes do fechamento do canal arterial. Vale ressaltar que, mesmo nas cardiopatias com fisio-
Nesses casos, as manifestações costumam ser preco- logia canal dependente, até 30% dos pacientes podem
ces, já nos primeiros dias de vida. Relembrando um ser assintomáticos nos primeiros dias de vida. Por isso,
pouco de fisiologia, durante a transição da circulação foi estabelecido o teste neonatal para triagem de car-
fetal, ocorre diminuição resistência vascular pulmonar diopatias congênitas cianosantes: o teste do coraçãozi-
(RVP) ao nascer e, como consequência, fechamento nho. Esse teste deve ser realizado com 24h a 48h de
do canal arterial, ocorre o aparecimento dos sintomas, vida, realizando a medida de saturação do membro
mais comuns a cianose, taquipnéia, choque cardiogêni- superior direito e algum membro inferior. O diagnós-
co e sopro cardíaco. tico definitivo da cardiopatia congênita é feita com
Essas cardiopatias podem ser divididas em três gran- o ecocardiograma.
des grupos: O tratamento é feito com a cirurgia de correção espe-
1. Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do cífica para cada doença. Entretanto, para garantirmos
canal arterial: Atresia pulmonar e similares uma oxigenação e perfusão adequadas, é importante
2. Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do que o canal arterial seja mantido funcionando. Para
canal arterial: Síndrome de hipoplasia do coração es- isso, pode ser feita infusão de prostaglandina E, que
querdo, coartação de aorta crítica e similares promove a vasodilatação do CA e mantém ele aberto.
3. Cardiopatias com circulação em paralelo: transposi- Assim, voltando ao caso da questão, provavelmente te-
ção das grandes artérias mos uma cardiopatia congênita crítica, provavelmente
de fluxo pulmonar dependente de canal arterial, sendo
Entre as cardiopatias com fluxo pulmonar dependen- a prostaglandina necessária para manter o fluxo sanguí-
te do CA, como a atresia pulmonar, o quadro clínico neo adequado.
é uma hipoxemia que não responde à oxigênio, sem
sinais de desconforto respiratório significativo e trama
vascular pobre ao RX de tórax.
Jás as cardiopatias com fluxo sistêmico dependente
de canal arterial (ex: sd de hipoplasia do coração es-
querdo) apresentam baixo débito sistêmico e con-
gestão venosa pulmonar evoluindo para choque, RX
com cardiomegalia e trama pulmonar aumentada.
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 53
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54 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
O diagnóstico é feito com anticorpos específicos para Não há tratamento específico. Alguns estudos apontam
sarampo (IgM e IgG) e, se disponível, talvez seja ne- que o uso de vitamina A pode reduzir a mortalidade e
cessário teste de reação em cadeia de polimerase de a morbidade da doença. É recomendada uma dose ao
secreção orofaríngea, urina e sangue ou isolamento diagnóstico e uma segunda dose 24h após. A dose da
do vírus. Em casos de surto instalado, o diagnóstico vitamina A está apresentada na tabela abaixo:
pode ser feito pelo quadro clínico compatível e víncu-
lo epidemiológico.
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SIMULADO R1 - PEDIATRIA MAR 22 | 55
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56 | MAR 22 SIMULADO R1 - PEDIATRIA
Para relembrar: Uma das causas de obstrução ileal é o - A estenose hipertrófica do piloro tem seu pico de in-
íleo-meconial, associado à fibrose cística. cidência entre 4 a 6 semanas e sua tríade clássica é:
palpação de oliva em epigástrio, peristaltismo visí-
Relembrado os aspectos gerais de cada diagnósti- vel e vômitos não biliosos.
co diferencial,
- As fezes clássicas da invaginação intestinal é em geleia
de framboesa
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 57
CLÍNICA MÉDICA
QUESTÃO 41 “iminente” são: taquidispneia, ortopneia, uso de
musculatura acessória, tosse ineficaz com obstrução
A respeito da miastenia gravis, assinale a alternati- brônquica, inquietação, insônia, ansiedade, sudore-
va incorreta: se, taquicardia e hipertensão.
A) É uma doença de junção mioneural e frequente- D) INCORRETA. RESPOSTA DA QUESTÃO.
mente se manifesta com ptose palpebral, geralmen- Complementando a explicação da alternativa
te no final do dia. anterior, as principais causas de uma crise mias-
B) A diplopia é frequente. tênica são: infecções, interrupção do tratamento
C) A crise miastênica geralmente se manifesta por ta- imunossupressor, cirurgias e uso inadvertido de
quipneia, ansiedade, cianose e hiperidrose. medicamentos, como antibióticos (quinolonas,
macrolídeos, aminoglicosídeos) e outros fárma-
D) São fatores desencadeantes de surto miastênico
cos, incluindo cloroquina. Agora, fadiga por si só
quadros infecciosos, fadiga, uso de cloroquina.
não é uma causa de descompensação da doença, e
E) É mais comum em adultos jovens e no sexo feminino. sim um sintoma comum.
Resposta correta: Letra D (OPÇÃO E) – CORRETA. A miastenia gravis de iní-
cio precoce – aquela que acontece em pacientes an-
Comentários tes dos 50 anos de idadE) é muito mais comum
em mulheres (chegando até a 70% de acordo com
Questão super direta do IAMSPE, que nos fornecia
algumas estatísticas).
cinco alternativas, e o autor queria saber qual era a
FALSA (cuidado, pessoal!).
Take-Home Message:
Conforme formos analisando as alternativas, aproveita-
remos para fazer uma boa revisão sobre o tema, como A miastenia gravis adquirida é uma doença autoimune,
de praxe no nosso QBANK! e ocorre através do “ataque” de auto anticorpos contra
receptores de acetilcolina, em torno de 80% dos ca-
A) CORRETA. A miastenia gravis é a principal doen-
sos, e contra o receptor MuSK, em torno de 5% das
ça da junção neuromuscular do adulto, e sua prin-
vezes. Sua principal característica clínica é a fatigabi-
cipal característica é a presença de fraqueza e fadiga
lidade e flutuação dos sintomas ao longo do dia – o
muscular que pioram ao longo do dia. Geralmente
paciente acorda “bem”, e vai piorando ao longo do dia.
os sintomas se iniciam na musculatura ocular ex-
O diagnóstico é feito através da eletroneuromiografia
trínseca e no músculo levantador da pálpebra, le-
e da pesquisa desses auto anticorpos. Já o tratamento
vando à diplopia e ptose, respectivamente.
é realizado através de drogas sintomáticas (Piridostig-
B) CORRETA. A diplopia é um dos principais sinto- mina) e imunossupressoras (corticoides, azatioprina,
mas da miastenia gravis, e é justificada pelo acome- micofenolato, imunoglobulina).
timento do músculo reto medial (oftalmoparesia).
C) CORRETA. A crise miastênica é a complicação
mais temida da doença, pois é uma descompensa-
ção grave, que resulta em uma fraqueza muscular
generalizada, também dos músculos respiratórios,
levando o paciente à insuficiência respiratória agu-
da. Os sinais clínicos mais comuns de uma crise
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58 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 59
Surfactantes / Óleo mineral, Facilitam a interface entre os O óleo mineral pode ocasionar
Lubrificantes Docusato componentes hidrofílicos e pneumonite gordurosa se
hidrofóbicos da massa fecal, aspirado (o que não é raro
permitindo que a água entre em crianças e idosos). Além
mais facilmente nas fezes. disso, seu uso prolongado
pode prejudicar absorção de
vitaminas lipossolúveis
Secretagogos Lubiprostona Nos EUA, também são Passou a ser comercializado no
aprovados o linaclotida e o Brasil mais recentemente (em
plecanatida. Aumentam a 2020). Custo elevado.
secreção intestinal de cloreto
pela ativação de canais na
superfície dos enterócitos. Para
manter a eletroneutralidade,
o sódio também é secretado.
Por osmolaridade, também há
secreção de água para o lúmen
intestinal
Procinéticos (Agonistas Prucaloprida Ao estimular os receptores Custo elevado. O tegaserode,
seletivos serotoninérgicos) de serotonina (5-HT4), que apesar de eficaz na
são amplamente distribuídos constipação, não é prescrito
nos neurônios entéricos, os por reações adversas no
agonistas de 5-HT4 liberam o sistema cardiovascular.
neurotransmissor excitatório
acetilcolina e induzem a
secreção da mucosa
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60 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Take-Home Message:
- Na maioria das vezes, medidas gerais, higienodietéticas e comportamentais serão suficientes para a correção da
constipação intestinal crônica.
- Caso ausência de melhora com medidas gerais, recomenda-se o uso de laxantes orais. Apesar de não ser totalmente
consensual, uma abordagem sequencial defendida em algumas referências é de formadores de massa > osmó-
ticos / lubrificantes > estimulantes. O uso de secretagogos e agonistas seletivos serotoninérgicos acaba sendo
reservado para casos refratários devido ao custo.
Comentários:
A gravidade do surto agudo da retocolite ulcerativa
pode ser melhor avaliada pelos critérios de Truelove &
Witts, conforme descritos abaixo.
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 61
A colite fulminante, por sua vez, cursa com mais de - Corticoterapia sistêmica venosa por 3 a 5 dias;
10 evacuações ao dia, com enterorragia, febre, taqui- - Tromboprofilaxia;
cardia, necessidade transfusional, provas de atividade
inflamatória elevadas, com ou sem megacólon tóxico - Uso de antibioticoterapia em casos selecionados (se
(caracterizado por uma dilatação de cólon transverso suspeita de infecção);
com diâmetro acima de 6 cm, evidenciada na radiogra- - Descartar clostridium e citomegalovírus;
fia de abdome).
- Hidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos.
Considerando-se esses critérios, podemos classificar a cri-
O uso de infliximabe (ou ciclosporina) fica reservados
se do paciente em questão como colite grave. A conduta,
aos não respondedores a corticoterapia sistêmica.
então, deve seguir o fluxograma abaixo e consiste em:
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62 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Take-Home Message:
- Pacientes com colite grave ou fulminante necessi-
tam de internação para uso de corticoterapia intra-
venosa. Se ausência de resposta após 3-5 dias, está
indicado infliximabe ou ciclosporina. Em caso de
nova falha terapêutica, a conduta é colectomia.
QUESTÃO 44
Você está cuidando de um paciente vítima de trauma Explicação: O paciente em questão está apresentando
e decide fazer o reparo de uma laceração grande em sinais de intoxicação devido ao anestésico local usado.
sua perna com sutura. Você administra lidocaína no A lesão muscular era grande e provavelmente grande
paciente e começa a realizar o procedimento. Pouco quantidade do mesmo deve ter sido utilizado, não se
tempo após o paciente começa a se queixar de gosto respeitando a dosagem máxima preconizada da me-
metálico na boca. De repente o mesmo começa a fi- dicação. Apesar de ser um evento raro, o mesmo tem
car hipotenso, apresenta bradicardia e evolui para uma possibilidade de gerar um efeito fatal, principalmente
PCR. Além das medidas preconizadas pelo ACLS, o devido a toxicidade se concentrar no sistema nervoso
que você deve fazer nessa situação: central e no coração. Qualquer anestésico local pode
A) Cálcio EV causar o problema, no entanto, a bupivacaina tende a
ser uma das mais importantes no cenário, devido a sua
B) Emulsão Lipídica EV alta potência. Dentre os sintomas neurológicos clássi-
C) Ringer Lactato EV cos temos gosto metálico, alteração do nível de consci-
D) Bicarbonato EV ência, sensações na região perioral, convulsões. Den-
tre os sintomas cardíacos, taquicardia, bradicardia,
Resposta correta: Letra B
hipotensão, arritmias ventriculares. O tratamento em
questão envolve suporte clínico e por fim, a emulsão
lipídica. A mesma tem a função de remover o anestési-
co dos tecidos cardíaco (principalmente) e transportar
para ser metabolizada em outros órgãos
Dentre os fatores de risco para intoxicação por anesté-
sicos tópicos, destacamos:
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 63
Neal JM, Barrington MJ, Fettiplace MR, Gitman M, Memtsoudis SG, Mörwald EE, Rubin DS, Weinberg G.
The Third American Society of Regional Anesthesia and Pain Medicine Practice Advisory on Local Anesthetic
Systemic Toxicity: Executive Summary 2017. Reg Anesth Pain Med. 2018 Feb;43(2):113-123. doi: 10.1097/
AAP.0000000000000720. PMID: 29356773.
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64 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Neal JM, Barrington MJ, Fettiplace MR, Gitman M, Memtsoudis SG, Mörwald EE, Rubin DS, Weinberg G.
The Third American Society of Regional Anesthesia and Pain Medicine Practice Advisory on Local Anesthetic
Systemic Toxicity: Executive Summary 2017. Reg Anesth Pain Med. 2018 Feb;43(2):113-123. doi: 10.1097/
AAP.0000000000000720. PMID: 29356773.
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66 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
- LDH 200 U/L (LSN: 220 U/L) - EXSUDATO eosinofílico: drogas, fungos, parasi-
tas, pneumonias eosinofílicas, colagenoses, asbesto,
pós-operatório de cirurgias cardíacas e torácicas.
ALTERNATIVAS No caso de derrame pleural tipo EXSUDATO e pa-
A) É um transudato linfocítico não complicado. drão neutrofílico em contexto de pneumonia deve-
B) É um transudato neutrofílico complicado. mos perguntar se ele é não complicado, complicado
ou empiema:
C) É um exsudado neutrofílico não complicado.
D) É um exsudado neutrofílico complicado. - Não complicado: sem pus, sem bactérias, pH >7,20,
glicose >40.
E) É um exsudado eosinofílico complicado.
- Complicado: sem pus, com bactérias, pH <7,20, gli-
Resposta correta: Letra D cose <40 (consumida).
- Empiema: pus.
Na questão temos contexto de pneumonia e:
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68 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
ativo ou que parou há menos de 15 anos. Devemos fora dos critérios, sem condições clínicas de prosseguir
excluir pessoas que apresentam histórico de câncer ou investigação/tratamento ou baixa expectativa de vida.
sintomas que podem estar associados a neoplasia ativa A interpretação do exame deve ser realizada segundo o
(ex: hemoptise, síndrome consumptiva) – estes devem protocolo Lung-Rads, atualmente na versão 1.1 - que
ser submetidos a investigação ativa e não rastreio. estratifica os achados em risco de ser neoplasia e con-
A realização do screening é com base na tomografia de dutas a serem tomadas.
tórax realizada sem contraste e com baixa dose de radia- No Brasil, atualmente, não há protocolo nacional para
ção. A periodicidade do exame é anual. Devemos sus- o rastreio de câncer de pulmão!
pender a realização do exame quando o paciente ficar
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 69
A) CORRETA. Não há distinção entre sexo, diagnós- C) CORRETA. Lung-RADS é indicado para interpre-
tico de DPOC ou outras condições pulmonares. tação de nódulos no contexto de screening de cân-
Importante destacar que não é indicado rastreio cer de pulmão. Protocolo da Fleischner é indicado
para um paciente que se encontra com suspeita de para nódulo incidental (outro contexto de identifi-
câncer de pulmão (ex: hemoptise, síndrome con- cação de nódulo pulmonar).
sumptiva, neoplasia de outro sítio) pois neste caso D) CORRETA. A sobrevida parece ser maior
devemos investigar ativamente a suspeita. do que a encontrada no rastreio de câncer de
B) CORRETA. Portanto não é indicação de raio X mama atualmente.
de tórax ou PET-CT como exame de rastreio para E) INCORRETA. Não há protocolo nacional via
câncer de pulmão. Na tomografia de rastreio não é SUS para rastreio de câncer de pulmão.
necessário contraste.
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70 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 71
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72 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
dução de betalactamase e, portanto, cepas resistentes veis como Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachoma-
podem ser em geral tratadas com aumento da dose da tis em homens sexualmente ativos que podem ter em
amoxicilina. Betalactamases são produzidas por gram concomitância uretrite ou epididimite. Vale também
negativos. lembrar que pacientes com prostatite bacteriana agu-
Osteomielite: infecção do tecido ósseo. Pode ser clas- da estão agudamente enfermos com febre, calafrios,
sicamente dividida pelo mecanismo da infecção (em disúria, dor pélvica ou perineal. Condições como dia-
hematogênica e não hematogênica) e pela duração da betes ou HIV podem predispor a complicações como
infecção (aguda ou crônica). No geral, o diagnóstico a formação de abscessos. O toque retal deve ser feito
pode ser suspeitado por exames de imagens, mas é es- delicadamente, pois uso de força mais vigorosa, além
tabelecido pela cultura da biópsia óssea (que nem sem- de causar dor, não adiciona nenhum benefício e pode
pre é possível e muitas vezes presumimos que o agente inclusive aumentar o risco de bacteremia. O tratamen-
isolado no sangue seja o mesmo do tecido ósseo). Os to empírico recomendado é com sulfametoxazol-trime-
principais agentes variam muito em relação às caracte- toprim ou uma fluoroquinolona.
rísticas da osteomielite e do hospedeiro (imunocom-
prometido vs. imunocompetente), mas sem dúvida, Alternativas:
um importante que você nunca deve esquecer é o S. A) otite média aguda em adultos => pneumococo
Aureus. O tratamento idealmente será guiado pelas cul-
turas e será por tempo prolongado. Vale lembrar que na B) osteomielite => S. aureus
não hematogênica, o debridamento cirúrgico seguido C) gangrena gasosa => Clostridium perfringens
de antibioticoterapia é o ideal.
D) prostatite => E. Coli
Gangrena gasosa: é uma infecção ameaçadora a vida
E) CORRETA
que atinge os músculos que se desenvolve ou por
continuidade desde uma área de trauma (usualmen-
te causada pelo Clostridium perfringens) ou de forma Take-Home Message:
hematogênica vinda do trato gastrointestinal com im-
- Otite média em adultos: lembrar que causas são
plantação muscular (usualmente causada pelo Clostri-
IVAS e rinite alérgica causando obstrução da tuba.
dium septicum). Isso costuma ser bastante perguntado
Os principais agentes são o pneumococo e o Hae-
em prova, atenção! Traumas com comprometimento
mophilus influenzae, tratamento de escolha é com
vascular (especialmente penetrantes) são excelentes em
amoxicilina com clavulanato.
criar um ambiente anaeróbico para a proliferação do
clostridium. Tratamento é desbridamento agressivo ci- - Osteomielite: dividida em hematogênica e não he-
rúrgico junto com antibioticoterapia, sendo a de esco- matogênica, aguda ou crônica. Os principais agen-
lha a combinação de penicilina com clindamicina EV tes variam muito em relação às características da
quando o agente definitivo for isolado, enquanto que osteomielite e do hospedeiro (imunocomprome-
para quadros polimicrobianos o recomendado é pipe- tido vs. imunocompetente), mas sem dúvida, um
racilina-tazobactam com clindamicina EV. importante que você nunca deve esquecer é o S.
Aureus.
Prostatite aguda bacteriana: tipicamente acomete ho-
mens jovens e de meia idade, sendo geralmente causada - Gangrena gasosa: infecção ameaçadora à vida, cau-
pelos mesmos agentes de ITU (atenção!), usualmente sada por clostridium, sendo Clostridium perfringens
gram negativas, em especial enterobactérias como a E. nos casos de trauma, e Clostridium septicum nos ca-
coli (na questão) e Proteus. Outras possibilidades, me- sos de disseminação hematogênica. Tratamento en-
nos frequentes, são patógenos sexualmente transmissí- volve desbridamento agressivo cirúrgico junto com
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 73
antibioticoterapia, sendo a de escolha a combina- Na última atualização do ACLS, houve algumas mu-
ção de penicilina com clindamicina EV quando o danças a respeito do uso da adenosina. Vamos apro-
agente definitivo for isolado, enquanto que para veitar a questão para lembrar de alguns pontos mais
quadros polimicrobianos o recomendado é pipera- específicos em relação ao seu uso.
cilina-tazobactam com clindamicina EV. A grande maioria dos alunos vai lembrar que a adeno-
- Prostatite aguda bacteriana: tipicamente acomete ho- sina entra no fluxograma para taquicardias de QRS es-
mens jovens e de meia idade, causada pelos mesmos treito estáveis como uma das possibilidades de reversão
agentes de ITU como a E. coli (na questão) e Proteus. da arritmia, em caso de falha da manobra vagal, na dose
O tratamento empírico recomendado é com sulfame- inicial de 6 mg, podendo ser repetida mais uma vez na
toxazol-trimetoprim ou uma fluoroquinolona. dose de 12 mg. Isso é o básico que já estava presente nas
atualizações mais antigas do ACLS. Vamos agora revi-
sar alguns aspectos específicos em relação ao seu uso.
QUESTÃO 50 O que ela de fato faz? A adenosina aumenta o bloqueio
Segundo as novas diretrizes do ACLS, sobre o uso da AV e em 2 minutos cessa aproximadamente 90% das
adenosina está incorreto afirmar que: arritmias de reentrada.
A) Está indicada para taquicardias de QRS estreito, es- Para quais ritmos ela não é eficaz? Ela não será capaz
táveis, que não responderam à manobra vagal, po- de reverter o flutter atrial e a fibrilação atrial, mas será
dendo ser repetida até duas vezes, na dose de 6mg capaz de retardar a condução AV, permitindo identi-
inicialmente e depois 12 mg ficar as ondas de flutter ou de fibrilação (acontece o
B) Pode ser considerada para taquicardia de QRS largo que chamamos de “abertura do ECG” possibilitando a
estável desde que ritmo regular e QRS monomórfi- identificação do ritmo de base).
co Além do básico (taquiarritmia de complexo estreito es-
C) Sua dose deve ser reduzida em pacientes que utili- tável), o novo ACLS propõe que para taquicardias de
zam carbamazepina ou dipiridamol. É aconselhável complexo largo e regular, a adenosina é uma opção que
evitar em pacientes com broncoespasmo. pode ser considerada. Sempre lembramos da amioda-
D) Sua infusão pode ser realizada em acesso periféri- rona (150 mg em 10 minutos) nesse cenário, mas é
co desde que calibroso, mesmo em membros in- importante ter na manga essa outra opção. O racional
feriores, podendo também ser realizada em acesso para isso é que existe a possibilidade de que neste cená-
central desde que respeitada a dose inicial de 6 mg rio você esteja lidando, na verdade, com uma taquicar-
e posteriormente 12 mg. dia supraventricular com aberrância de condução.
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74 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 75
A adenosina pode causar broncoespasmo, por isso, ela Take-Home Message: Adenosina
deve ser administrada com cautela em pacientes com - Indicada para taquicardias de QRS estreito estáveis
asma ou DPOC, especialmente se estiverem apresen- em caso de falha da manobra vagal, na dose inicial
tando uma crise da doença respiratória. de 6 mg, podendo ser repetida mais uma vez na
Uma picuinha que é importante saber é que a dose ini- dose de 12 mg
cial deve ser reduzida para 3 mg em pacientes receben- - Entra como uma das possibilidades para taquicar-
do dipiridamol ou carbamazepina, em transplantados dias de QRS largo, complexo monomórfico e re-
cardíacos ou se for ministrada em acesso central. gular, estáveis, pela chance de ser uma taquicardia
Sobre sua administração, um outro ponto importan- supraventricular com aberrância de condução
te é que ela deve ser preferencialmente administrada - Pode deflagrar broncoespasmo: cuidado na asma e
em acesso venoso em membros superiores sendo que DPOC, principalmente se exacerbados
quanto mais proximais forem (ou seja quanto mais
próximos do ombro) melhor, tendo em vista a meia-vi- - Reduzir a dose em pacientes que usaram dipirida-
da extremamente curta da droga. Por isso, acessos em mol e carbamazepina
membros inferiores não são os mais indicados. - Utilizar acesso preferencialmente em membros su-
periores. Se for usar acesso central, lembrar de re-
duzir pela metade as doses.
A) CORRETA: indicação clássica da adenosina. Essa é
a que maior parte dos alunos se lembra.
B) CORRETA: na nova atualização de 2020 houve a
inclusão da adenosina como uma possibilidade para
taquicardias de QRS largo, complexo monomórfi-
co e regular, estáveis, pela chance de ser uma taqui-
cardia supraventricular com aberrância de condu-
ção. O fluxograma deixa como uma das opções.
C) CORRETA: a adenosina deve ser usada com cau-
telas em pacientes com broncoespasmo e as doses
devem ser reduzidas em pacientes com uso de car-
bamazepina e dipiridamol.
D) INCORRETA: a adenosina deve ser preferen-
cialmente administrada em acessos em membros
superiores. Pode ser sim feita por acesso central,
mas recomenda-se que nesses casos as doses sejam
reduzidas pela metade.
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76 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 77
A) o período de transmissibilidade inicia-se 6 dias an- • Transmissibilidade por aerossois 5 dias antes e 5 dias
tes do exantema e dura até 4 dias após seu apare- depois do exantema
cimento. – CORRETO, em média 5 dias antes e • Pródromo catarral com conjuntivite, febre alta e si-
depois nal de Koplik
B) o quadro clínico caracteriza-se por febre alta, acima • Exantema morbiliforme craniocaudal poupando
de 38,5°C, exantema maculopapular morbiliforme palmas e plantas
de direção cefalocaudal, tosse seca (inicialmente),
coriza, conjuntivite não purulenta e manchas de • Febre após o 3° dia de exantema é sinal de alarme
Koplik (pequenos pontos brancos amarelados na para complicações infecciosas (respiratórios, gas-
mucosa bucal, na altura do terceiro molar, antece- trintestinais e neurológicas)
dendo o exantema). – CORRETO • O diagnóstico é geralmente sorológico com IgM (a
C) febre por mais de 3 dias, após o aparecimento do partir do 3° dia de exantema)
exantema, é um sinal de alerta e pode indicar o • Tratamento é suportivo e com vitamina A por dois dias
aparecimento de complicações, como infecções res-
piratórias, otites, doenças diarreicas e neurológicas. • Vacinação com vírus vivo atenuado aos 12 e 15 me-
– CORRETO ses e na adolescência.
D) no Brasil, a Coordenação Geral do Programa Na- • Vacinação de bloqueio até 72h do contato, imuno-
cional de Imunizações recomenda aplicar a vacina globulina se vacina contraindicada.
contra o sarampo rotineiramente, sob o seguinte
esquema: uma dose da vacina imediatamente pós-
-parto, e outra dose aos 15 meses. – INCORRE- QUESTÃO 52
TO, por se tratar de vacina com vírus vivo atenu- Homem de 35 anos, chega a Unidade de Emergência
ado, é contraindicada para menores de 9 meses, referindo que foi mordido por cachorro na perna es-
sendo a primeira dose preconizado pelo PNI aos querda. Refere que há 5 anos foi esplenectomizado pós
12 meses trauma por acidente automobilístico. O cachorro é de
E) o diagnóstico laboratorial é realizado por meio de um amigo e está com a vacinação em dia. O exame
sorologia para detecção de anticorpos IgM específi- físico é normal, mas há uma lesão pequena em perna
cos e soroconversão ou aumento de anticorpos IgG, esquerda que corresponde à mordida de cachorro, com
utilizando-se a técnica de ensaio imunoenzimático eritema mínimo em volta. A conduta para este caso é:
(ELISA). – CORRETO
A ) Amoxacilina-clavulanato
B ) Ciprofloxacin
C ) Observação
D )Metronidazol
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78 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Explicação : em mordedura animal, obviamente temos de glicose. Os não fermentadores, que não são coloni-
uma ferida infectada com flora polimicrobiana, prove- zantes, temos apenas 4 : Pseudomonas, Acinetobacter,
niente da boca do animal. Dentre os principais agentes Stenotrophomonas e Burkholderia. Logo, aqui, temos
que precisamos nos preocupar, temos que proteger contra a família das enterobactérias. Fora
1. Cocos gram positivos : do contexto de assistência hospitalar, elas costumam ser
multissensíveis, podendo ser tratadas com betalactâmi-
-Staphylococcus (coagulase negativos ou aureus) : lem- cos em geral, ciprofloxacino e bactrim.
brar que são colonizantes naturais de pele e mucosa oral.
Staphylococcus universalmente produzem penicilinase, 3) Anaeróbios de boca
sendo resistentes à penicilinas. Como o mecanismo de -Aqui, as questões de prova no geral querem que você
resistência é enzimático, ele pode ser transponível por saiba de um cocobacilo gram negativo anaeróbio facul-
um inibidor de beta-lactamase, como o clavulanato ou tativo em específico : Pasteurella multocida. Cães e ga-
o tazobactam, ou por uma troca de classe e uso de ou- tos apresentam taxas de colonização por esse agente de
tro beta-lactâmico, como uma cefalosporina. Entretan- até 70-90%, ganhando ainda maior destaque em mor-
to, caso tenhamos em um antibiograma oxacilina como didas por gatos (os dentes mais finos propiciam ainda
resistente, lembrar que essa resistência não é enzimáti- mais a inoculação do germe). É um agente envolvido
ca, é por alteração de PBP (a proteína da membrana a também em arranhaduras animais. Outro anaeróbio
qual se liga o beta-lactâmico e causa lise celular). Logo, de boca importante a ser lembrado são os do gênero
resistência à oxacilina marca resistência a todos os be- lactobacilus. Para tratar anaeróbios nós precisamos de
ta-lactâmicos. Então de nada adianta associar inibidor ou um inibidor de beta-lactamase (clavulanato ou ta-
de beta-lactamase pois o mecanismo de resistência é zobactam) ou de clindamicina ou metronidazol. Clin-
alteração do sítio de ligação. Nesse caso, devemos usar damicina costuma ser mais indicado quando se trata
vancomicina. Mas staphylos com resistência a oxacilina de mucosa oral (mordedura animal ou broncopneumo-
não são colonizantes naturais da pele e mucosa oral, nia aspirativa). Metronidazol é mais indicado em trato
como é o caso dessa questão. São germes encontrados gastrointestinal por sua melhor ação do que a clinda-
em ambiente hospitalar. micina contra o gênero Bacillus, o principal anaeróbio
-Streptococcus : lembrar que dos streptos, o principal deste sítio. Memorize : do umbigo para cima clinda, do
grupo envolvido em flora oral são os streptos do grupo umbigo para baixo metronidazol.
viridans - S. mitis, S.oralis e S.gordonii. Outros streptos O examinador ainda disse no enunciado “esplenecto-
encontrados em mucosa oral são S. mutans, S.sanguinis mizado há 5 anos após trauma automobilistico”. Que
e S.salivarius. Vale ainda se proteger contra o S.pyoge- que isso importa ? Lembrar que pacientes esplenecto-
nes, que é colonizante da pele, mas está mais associado a mizados são mais susceptíveis a infecções por bactérias
infecções de pele e partes moles. Streptos são universal- encapsuladas - principalmente streptococo, meningo-
mente (no Brasil) sensíveis a beta-lactâmicos. Lembrar cocco e haemophilos. A cápsula atua como fator de
que os streptos do grupo viridans são importantes agen- virulência, atrapalhando a opsonição. Como no baço
tes causadores de endocardite bacteriana. Caso tenha- temos importante desempenho de fagocitose guiado
mos uma hemocultura positiva para esse agente, sempre pela sistema de complemento, ser esplenectomizado
pesquisar foco infeccioso odontogênico. (anatomica ou funcionalmente, como é o caso de pa-
2) bacilos gram-negativos entéricos cientes falciformes por exemplo), torna o paciente mais
susceptível a essas infecções. Logo, lembre-se de vacinar
-Lembrar que os colonizantes do trato gastrointestinal seu paciente esplenectomizado para pneumo, meningo
são a enorme família das enterobactérias (Klebsiella, e haemophilus.
E.Coli, Proteus, Morganella, Citrobacter, Enterobac-
ter, Yersinia….). Esses são ditos bacilos fermentadores Mas recapitulando, logo temos como opções :
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 79
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80 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
QUESTÃO 53
utilizando musculatura acessória. Sua saturação está
Dá entrada no seu departamento de emergência um 89% em ar ambiente. PA: 165x84. Você decide rea-
paciente com queixa de dispneia. O paciente relata ter lizar um USG POCUS e vê a seguinte imagem. Você
apresentado um infarto extenso há cerca de 1 ano, fa- percebe esse tipo de imagem em mais de uma janela
lando inclusive que “quase não sobreviveu”. Na entra- pulmonar. O ECG apresenta achados compatíveis com
da você percebe que ele está um pouco desconfortável, IAM de parede anterior prévio.
O diagnóstico provável?
A) Infarto agudo do miocárdio
B) Insuficiência cardíaca descompensado tipo L
C) insuficiência cardíaca descompensada do tipo B
D) Pneumonia
Resposta correta: Letra C
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 81
O paciente apresenta quadro clínico compatível com No caso da questão, a presença de linhas B denota lí-
insuficiência cardíaca descompensada do tipo B, no quido no espaço intersticial, compatível com quadro
qual o paciente se apresenta no padrão úmido e quente, congestivo. Uma pneumonia poderia mostrar achado
ou seja, se apresenta bem perfundido, no entanto com semelhante, no entanto na questão é relatado que o
congestão sistêmica importante. achado é visto em mais de uma janela, o que não é
O que é notável é que o paciente apresentou um IAM muito compatível com quadro de pneumonia.
prévio de parede anterior, o que levou o mesmo a de- Se o achado for visto em pelo menos dois campos pul-
senvolver quadro de IC agora. Não fica clara na ques- monares, e principalmente, bilateralmente, deve se
tão o motivo da descompensação. pensar muito em quadro congestivo.
No USG um achado muito comum de vermos nesse Devemos lembrar que apenas o USG não é suficiente
cenário são as famosas linhas B. que representam “algo para fecharmos o diagnóstico, servindo este como fer-
de errado” no interstício pulmonar, seja líquido, tran- ramenta para auxiliar no diagnóstico.
sudato, exsudato inflamatório,etc. O USG normal do pulmão apresenta linhas A, que são,
Para serem caracterizadas como patológicas, devemos ter basicamente, reverberações frente a um pulmão nor-
pelo menos 3 linhas em cada campo. Menos que isso, mal, permitindo a passagem do som de maneira ade-
podemos considerar como achado normal e fisiológico. quada, com eco adequado.
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82 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Take-Home Message: Para responder a essa questão temos que discorrer sobre
Linhas B no USG denotam algum problema no inters- critérios de cura e indicação de pesquisa de neurossífilis.
tício pulmonar. Frente a um paciente com hipótese de Primeiramente, temos que pontuar que a sífilis é uma
insuficiência cardíaca, pensem em congestão pulmonar. doença de progressão lenta, passando por fases sinto-
Referência: B-lines and lung rockets. Typical multiple máticas que se resolvem sozinhas (ditas sífilis primária e
B-lines. This figure shows... | Download Scientific Dia- secundária) e períodos de latência. Com relação à tem-
gram (researchgate.net) poralidade, a sífilis é dividida entre formas precoces e
formas tardias. Formas precoces são a sífilis primária (o
Ultrassom pulmonar: um guia para iniciantes - ICU cancro duro, a úlcera de bordas infiltradas, fundo lim-
Revisited po e indolor), a sífilis secundário (rash máculo-papular,
podendo ser morbiliforme, atingindo palmas e plantas)
e a fase dita latente precoce, que é quando não se tem
clínica, mas pode ocorrer recorrências do secundaris-
mo. Após 1 ano de contágio, são as ditas formas ditas
tardias, latente tardia e terciária.
Por que dessa divisão ? Porque as formas precoces
apresentam maiores treponemias (logo, maiores títu-
los de VDRL). Devido a isso, possuem maior risco de
transmissão e tendem a responder mais ao tratamento.
Após 1 ano, a treponemia cai consideravelmente (bem
como os títulos de VDRL), logo o tratamento tem que
ser mais prolongado. Então o tratamento das formas
precoces é uma dose única de penicilina G benzatina,
2.400.000 UI, já nas formas tardias esse procedimento
é repetido num intervalo de 7-10 dias por 3 semanas,
totalizando 7.200.000 UI.
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 83
E quais são os critérios de cura ? Primeiro lembrar : tes- Vale aqui ressaltar um último detalhe : pacientes soro-
tes treponêmicos (sorologia, teste rápido, FTA-ABS) não positivos possuem a BHE “cronicamente inflamada”.
variam com tratamento, ficam como cicatriz sorológica e Logo, por haver maiores chances de termos uma trepo-
são mais sensíveis em formas tardias. Teste não treponê- nemia latente em SNC, indicamos LCR se não preen-
micos enxergam a cardiolipina, variam com treponemia cher critérios de cura (excluindo reinfecção) em até 2
e fazem controle de cura, mas são examinador-depen- anos. Exatamente por serem mais susceptíveis à neuros-
dente. Como formas precoces respondem mais ao tra- sífilis, em soropositivos costumamos indicar LCR se ao
tamento, se espera a queda de duas diluições em até 6 diagnóstico diagnóstico de sífilis é feito com um CD4
meses. Como formas tardias respondem menos, se espe- < 350 e paciente sem TARV, principalmente se altos tí-
ra a queda de duas diluições em até 12 meses. tulos de VDRL (>1/32). Já em pacientes soronegativos,
Teve queda de duas diluições mas não negativou VDRL indicamos coleta de LCR se mesmo após retratamento
? Tudo bem, esse é o chamado serofast. Ocorre princi- (sempre excluindo reinfecção), ainda não atingirmos a
palmente quando o tratamento é dado nas fases tardias. queda de duas diluições em até 1 ano.
O que importa : queda de duas diluições ( 1/16 -> 1/4). Logo, na questão temos um paciente que, após um
Tem-se que esperar esse período porque a sífilis é uma tratamento correto para uma forma precoce (veja bem,
doença lenta. não é primária, é precoce) de sífilis, teve queda de
Tratou e não curou ? Primeiro, não existe resistência do VDRL em 1 diluição em 2 meses.
treponema à penicilina. Pacientes alérgicos à penicilina, A) CORRETA. O critério de cura é avaliado em 6 me-
se não gestantes, devem ser tratados com doxiciclina, ses para formas precoces, ainda podemos esperar.
mas aí sim pode ter falha. Se não existe resistência, por B) INCORRETA. O retratamento só será indicado se
que que não curou ? Sempre, sempre suspeite de rein- após 1 ano ainda não preencher critério de cura.
fecção. Outra possibilidade : tratou como forma preco- Note bem : espera-se que o paciente se cure em
ce uma sífilis tardia. Por isso que quando não houver até 6 meses nas formas precoces), mas como sífilis
certeza de quando ocorreu o contágio ou frente a uma tem um curso indolente, para se ter certeza que não
manifestação primária ou secundária, o tratamento houve cura, pode-se esperar o dobro de tempo para
deve ser com 3 doses. Então ok, tratou, não curou, pa- retratar. Isso, claro, sempre excluindo reinfecção.
ciente jura que não se expôs. Indica-se retratamento, C) INCORRETA. LCR para pesquisa de santuário em
agora sempre feito com 3 doses. Pode-se aguardar até 1 paciente assintomático só será indicado se mesmo
ano nas formas precoces e até 2 anos nas formas tardias após retratamento ainda não preencher critérios de
para realmente averiguar que não curou (em se excluin- cura em 1 ano. Somos mais lenientes com a coleta
do reinfecção), justamente porque tem pessoas que res- de LCR em pacientes soropositivos, pois possuem
pondem mais devagar e sífilis é uma doença lenta. maiores riscos de neurossífilis : indicamos frente à
Quando indicar líquor em paciente assintomático ? necessidade de retratamento ou se o diagnóstico de
Primeiro, porque indicar líquor ? Acontece que a pe- sífilis é feito durante uma fase avançada de imunos-
nicilina G benzatina é uma penicilina de depósito, é supressão.
uma molécula grande, de absorção lenta. Não faz pico D) INCORRETA . Ceftriaxona é o esquema alterna-
sérico, não ultrapassa a barreira hemato-encefálica. O tivo para tratamento de neurossífilis, que é tratada
treponema invade o sistema nervoso central antes mes- preferencialmente com penicilina cristalina. Não
mo do surgimento do cancro duro (lembrar : neurossi- existe resistência do treponema à penicilina. Não
filis não é sinônimo de sífilis terciária; é completamente há indicação de tratamento empírico para neurossí-
outra doença). Logo, o sistema nervoso central pode filis em paciente assintomático sem alteração liquó-
atuar como “santuário” e proteger o treponema da ação rica - logo, colha o LCR antes.
da penicilina, por isso que o paciente não cura - forma
uma latência em SNC.
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84 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 85
É uma questão excelente para revisarmos o manejo da ser perguntado é que doses menores que 0,5 mg podem
bradicardia sintomática em adultos. Em primeiro lugar, paradoxalmente causar bradicardia, um dos motivos da
o aluno necessita estar por dentro da última atualização última modificação no algoritmo. Em casos ineficazes,
do ACLS - 2020, pois a dose de atropina inicial mudou ou mesmo em casos em que há baixa probabilidade de
de 0,5 para 1 mg! Fique atento. Ela pode ser repetida a resposta (Mobitz II ou BAV 3o grau), o aluno também
cada 3-5 minutos até a dose máxima de 3 mg. Um outro deve se lembrar de que não é necessário esperar a dose
ponto que o novo ACLS coloca que pode eventualmente máxima de atropina para indicar o próximo passo.
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86 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 87
O azul claro representa os tratos sensitivos da medula, e A investigação diagnóstica inclui exames laborato-
são justamente eles, principalmente os dorsais, afetados riais, que mostrarão níveis baixos de Vitamina B12,
pela degeneração combinada subaguda. ou próximos ao limite inferior da normalidade. A
E quais são os principais sintomas? Marcha atáxica de- dosagem de ácido metilmalônico e homocisteína são
vido ao acometimento da propriocepção (chamamos de úteis, porque ambos estão aumentados na deficiên-
ataxia sensitiva), paraparesia espástica, queimação e dor cia de B12.
em pés e mãos (pelo acometimento também de nervos Outro exame que pode ajudar é a ressonância magné-
periféricos). Em estágios mais avançados de deficiência tica de coluna, que mostrará uma alteração de sinal,
de vitamina B12 podem ocorrer demência, déficit vi- na sequência T2, nas colunas dorsais (posteriores) e
sual (secundário a uma neuropatia óptica), hipotensão laterais da medula espinhal, que realça ao contraste.
ortostática, anosmia, disgeusia (não é só COVID-19 Após o tratamento, esses achados desaparecem (foto
que dá isso! Rs) e disfunção esfincteriana. abaixo).
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88 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
O tratamento é feito através da reposição de vitamina codifica uma proteína transportadora de riboflavi-
B12 (cianocobalamina), na dose de 1000mcg diaria- na no intestino, e síndrome de Brown-Vialetto-Van
mente por uma semana, depois 1 vez por semana por 1 Laere, cujo “defeito” está no gene SLC52A2, com
mês, e depois mensalmente. mecanismo fisiopatológico parecido com a doença
de Fazio-Londe.
Agora, vamos analisar as D) INCORRETA. A deficiência de piridoxina (vita-
alternativas: mina B6) pode levar a uma neuropatia periférica,
ataxia, alteração do nível de consciência e até mes-
A) CORRETA. Conforme acabamos de revisar, a de- mo crises convulsivas.
ficiência de vitamina B12 pode levar a sintomas
E) INCORRETA. A falta de tiamina (vitamina B1)
neurológicos em até 40% dos casos, sendo a dege-
leva à clássica encefalopatia de Wernicke, comum
neração combinada subaguda da medula espinhal
em pacientes etilistas e desnutridos, demência de
uma síndrome clássica dessa condição.
Korsakoff, crises convulsivas e neuropatia periférica.
B) INCORRETA. As manifestações neurológicas da
deficiência de vitamina B3 (niacina) são encefalo-
patia e neuropatia periférica. Take-Home Message:
C) INCORRETA. A riboflavina (vitamina B2) é es- A degeneração combinada subaguda da medula é
sencial para a síntese de mielina no sistema nervo- uma condição classicamente relacionada à deficiência
so central. A sua deficiência é representada basi- de vitamina B12, que clinicamente se manifesta com
camente por duas doenças genéticas: síndrome de ataxia sensitiva (prejuízo à propriocepção), sinais e sin-
Fazio-Londe (ou paralisia bulbar progressiva), que tomas piramidais, como paraparesia espástica e sinal
ocorre devido a mutações no gene SLC52A3, que de Babinski.
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 89
Em relação à hipertensão arterial sistêmica, assinale a O tratamento farmacológico está indicado a partir do
alternativa CORRETA: diagnóstico para os hipertensos estágio 1 (≥ 140/90)
de moderado/alto risco CV e em todos os estágios 2 (≥
A) Pacientes com hipertensão arterial sistêmica, diabe- 160/100) e estágio 3 (≥ 180/110).
tes mellitus e proteinúria devem receber inibidor
da enzima conversora de angiotensina e bloqueador Nos hipertensos estágio 1 de baixo risco CV ou nos
do receptor da angiotensina. pré-hipertensos de alto risco CV ou com DCV pre-
existente, o tratamento farmacológico está indicado
B) Em homens hipertensos, o uso de bebida alcoólica
apenas se refratariedade à mudança de estilo de vida.
na dose de 700 ml de cerveja ou de 300 ml de vi-
nho ao dia deve ser fortemente desencorajado. Homens atletas com menos de 30 anos e hipertensão
C) Pacientes com pressão arterial sistólica entre 130 e sistólica isolada podem ter hipertensão arterial espú-
139 mmHg e pressão arterial diastólica entre 85 a ria, situação na qual a pressão aórtica central é normal.
89 mmHg e risco cardiovascular moderado devem Ainda não está claro se isso resulta em menor risco car-
receber inibidor da enzima conversora de angioten- diovascular. A diretriz brasileira de hipertensão de 2017
sina ou bloqueador do receptor da angiotensina. orientava tratamento nesses casos apenas se alto risco
CV ou lesão de órgão alvo. A última diretriz de 2020
D) A hipertensão arterial sistólica isolada em homem
não faz nenhuma orientação específica para esses casos.
com 25 anos de idade somente deve ser tratada
farmacologicamente se o risco cardiovascular for A) Pacientes com hipertensão arterial sistêmica, diabe-
alto ou se houver lesão de órgão alvo. tes mellitus e proteinúria devem receber inibidor
da enzima conversora de angiotensina e bloqueador
Resposta correta: Letra D do receptor da angiotensina. - ERRADO, a associa-
ção de IECA com BRA é contraindicada
Vamos relembrar as principais drogas para o tratamen-
B) Em homens hipertensos, o uso de bebida alcoólica
to de HAS.
na dose de 700 ml de cerveja ou de 300 ml de vinho
Como primeira linha, temos os IECAs ou BRAs (sen- ao dia deve ser fortemente desencorajado. - ERRA-
do que a associação de ambos é proscrita pelo risco de DO, álcool é um fator de risco para hipertensão por
lesão renal aguda e hipercalemia) e/ou BCC e/ou Tia- provocar hiperatividade simpática
zídico. Nos pacientes diabéticos ou nefropatas, prefe- C) Pacientes com pressão arterial sistólica entre 130 e
rir IECA ou BRA para nefroproteção. 139 mmHg e pressão arterial diastólica entre 85 a
Como quarta droga, a recomendação é de adicionar es- 89 mmHg e risco cardiovascular moderado devem
pironolactona (já que a maioria das causas secundárias receber inibidor da enzima conversora de angioten-
é por apneia obstrutiva do sono, que cursa com hipe- sina ou bloqueador do receptor da angiotensina.
raldosteronismo; ou por hiperaldosteronismo primário - ERRADO, pela Diretriz Brasileira de 2020 está
secundário a hiperplasia adrenal cortical bilateral) indicado tratamento apenas nos indivíduos pre-hi-
pertensos de ALTO risco ou com DCV estabelecida
Se PA não controlada, adicionar betabloqueador (se
e que sejam refratários a mudança de estilo de vida.
FC > 70 bpm) ou clonidina.
D) A hipertensão arterial sistólica isolada em homem
Como última linha, os vasodilatadores de ação direta (mi- com 25 anos de idade somente deve ser tratada
noxidil ou hidralazina, sempre associar com diurético e be- farmacologicamente se o risco cardiovascular for
tabloqueador, porque eles tem risco de taquicardia reflexa alto ou se houver lesão de órgão alvo. - CORRE-
e de retenção de sódio e água secundárias a vasodilatação) TA, recomendação constava na 7ª Diretriz Brasi-
Pela última diretriz brasileira de hipertensão (2020), as leira de Hipertensão (2017), consenso vigente na
mudanças de estilo de vida estão indicadas para todos época da prova.
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90 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
• 3a linha: betabloqueador (se FC > 70 bpm) ou clo- 5 ANOS APÓS O DIAGNÓSTICO em pacientes
nidina com DM1
• 4a linha: vasodilatadores de ação direta (minoxidil Essa diferença se dá por um simples motivo: não é pos-
ou hidralazina) sível definir quanto tempo de DM2 um paciente tem,
já que passa anos assintomático. Como um quadro de
• Homem jovem com hipertensão sistólica isolada: DM1 abre com uma complicação muito marcante, te-
considerar hipertensão arterial espúria e medida da mos mais segurança de que antes da complicação agu-
pressão aórtica central da, não havia doença estabelecida.
• Tratar farmacologicamente, no momento do diag- Dito isso vamos fazer um panorama dos 3 principais
nóstico, os hipertensos estágio 1 de alto risco CV; órgãos alvo do Diabetes:
estágio 2 e estágio 3
Nefropatia diabética
• Tratar farmacologicamente estágio 1 de baixo risco
CV refratários a MEV e os pré-hipertensos apenas 1. Uma das principais causas de doença renal crônica
de alto risco CV também refratários. (há divergências se a principal causa no Brasil seria
ela ou a hipertensiva)
2. O mecanismo de lesão é majoritariamente glo-
QUESTÃO 58 merular. Portanto o grande exame de rastreio é a
dosagem de albumina na urina. Isso é feito com
Mulher, 52 anos, com hipertensão e diabetes tipo 2 há 4
a relação albumina/creatinina maior que 30mg/g.
anos, relata que ultimamente vem urinando mais, com
Além disso, como há uma chance razoável de evo-
surgimento de nictúria no último mês. Refere dificul-
lução para DRC, devemos medir a TFG periodica-
dade para aderir a dieta e exercício físico regularmente.
mente.
Está em uso de losartana, metformina e gliclazida. Exa-
me físico sem alterações. Glicemia de jejum: 246 mg/ 3. A evolução natural da doença é: HIPERFILTRA-
dL, hemoglobina glicada: 8,9% (VR: 4,3-6,1); funções ÇÃO >> MICROALBUMINÚRIA >> MACRO-
hepática e renal normais. Qual exame mais adequado ALBUMINÚRIA
para rastreio de complicação crônica do diabetes neste 4. Tratamento é feito com 1) Medidas dietéticas com
momento? máximo de proteína de 0,8g/kg/dia 2) Controle da
A) Ultrassonografia de rins dislipidemia 3) Interrupção do tabagismo
B) Fundo de olho 1. Destaque para uso de drogas inibidoras do sis-
C) Gasometria venosa tema renina angiotensina aldosterona que, se ini-
D) Lipidograma ciadas em fase sem doença renal crônica estabeleci-
da são NEFROPROTETORAS
Resposta correta: Letra B
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 91
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92 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Take-Home Message:
- Complicações crônicas do DM tem como foco 3 alvos: olho, rim e nervos.
- Sua pesquisa deve ser:
1. IMEDIATAMENTE APÓS O DIAGNÓSTICO em pacientes com DM2
2. 5 ANOS APÓS O DIAGNÓSTICO em pacientes com DM1
- Grave essa tabelinha:
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 93
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94 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Take-Home Message:
- Delirium é estado confusional AGUDO e FLU-
TUANTE!
- Idade avançada e estado demencial prévio são os
principais fatores de risco
- O tratamento passa pela retirada de fator desenca-
deante (infecção? Internação? Distúrbios metabóli-
cos?) e uso de Haloperidol se agitação psicomotora
Não usar benzodiazepínicos!
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SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA MAR 22 | 95
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96 | MAR 22 SIMULADO R1 - CLÍNICA MÉDICA
Take-Home Message::
O diagnóstico de diabetes é estabelecido quando há
uma glicemia de jejum ≥ 126md/dL; uma glicemia
após 2h no TTOG (teste de tolerância oral à glicose)
≥ 200md/dL; uma hemoglobina glicada ≥ 6,5% ou
na presença de sintomas clássicos (poliúria, polidipsia,
polifagia) e de uma glicemia aleatória ≥ 200mg/dL. É
muito importante observar que, na ausência de sinto-
mas clássicos e glicemia casual ≥ 200, o diagnóstico de
diabetes só é fechado quando há repetição dos testes
em outro dia, com exceção do TTOG.
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 97
PREVENTIVA
QUESTÃO 61 Explicação:
Durante a reunião de discussão de família, a agente co- Existem várias formas de composição familiar. A famí-
munitária de saúde (ACS) lia “nuclear” ou “tradicional”, que seria a família “pa-
informou que uma nova família havia se mudado para drão”, é formada por pai, mãe e filhos biológicos. A
o território da Unidade de Saúde da Família (USF). Por família “extensa” inclui pessoas de mais de uma geração
meio da visita domiciliar para o cadastramento, a ACS com relações de consanguinidade e a família “abran-
identificou que no domicílio residia um casal jovem gente” inclui os não parentes que moram na mesma
(homem 35 anos e mulher 33 anos), com duas crianças casa. Também há as famílias monoparentais, em que
(um menino de 7 anos e uma menina de 4 anos). A há apenas pai ou mãe; as famílias reconstituídas, após
mulher estava desempregada, o marido trabalhava em divórcio e novo casamento e as famílias funcionais, as
uma indústria de bebidas durante o dia, o menino esta- famílias compostas, em que há integrantes que man-
va frequentando a escola e a menina ficava em casa com tém laços consanguíneos com apenas um dos pais (o
mãe, pois não havia vaga na creche do bairro. A mulher pai ou a mãe).
informou também que ela e o marido não eram os pais
biológicos das crianças. Take-Home Message::
Considerando as estruturas familiares, a equipe pode Existem várias formas de composição familiar. A família
classificar esta família como: “nuclear” ou “tradicional”, que seria a família “padrão”,
A) Extensa. é formada por pai, mãe e filhos biológicos. A família
B) Composta. “extensa” inclui pessoas de mais de uma geração com
C) Nuclear. relações de consanguinidade e a família “abrangente”
inclui os não parentes que moram na mesma casa.
D) Funcional.
Nas famílias compostas, há integrantes que mantém la-
Resposta correta: Letra D ços consanguíneos com apenas um dos pais (o pai ou
a mãe).
A) INCORRETA. A família “extensa” inclui pessoas de
mais de uma geração com relações de consanguinidade. Fique atent(o) a esses conceitos, pois podem aparecer
nas provas.
B) INCORRETA. Nas famílias compostas, há inte-
grantes que mantém laços consanguíneos com ape-
nas um dos pais (o pai ou a mãe).
C) INCORRETA. A família “nuclear” ou “tradicio-
nal”, que seria a família “padrão”, é formada por
pai, mãe e filhos biológicos.
D) CORRETA. Você pode ter chegado a essa alterna-
tiva por exclusão das demais, mas fique tranquilo.
Nesse caso, a família pode ser considerada funcio-
nal, pois cumpre suas funções básicas de criação
de seus membros, além de cada um de seus inte-
grantes ter papeis bem definidos.
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98 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
QUESTÃO 62 Explicação:
Gestante, 30 anos, G2P1A0C1, IG 1º USC 26 sema- De acordo com o art. 14 da Lei no 7.210, de 11 de
nas. Vinha realizando o pré-natal julho de 1984 – Lei de Execução Penal:
em Unidade de Saúde da Família (USF) quando foi “§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à
condenada a cumprimento definitivo de mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto,
pena, com reclusão em regime fechado. Além do parto extensivo ao recém-nascido.” (NR)”
hospitalar, a gestante terá direito: Nessa mesma lei, temos:
A) Terminar pré-natal em estabelecimento prisio- “§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulhe-
nal. Período de amamentação de 6 meses em pri- res serão dotados de berçário, onde as condenadas pos-
são domiciliar. sam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no
B) Terminar pré-natal em USF. Retorno para estabele- mínimo, até 6 (seis) meses de idade.” (NR)”
cimento prisional após o parto.
C) Terminar pré-natal em unidade prisional. Período Take-Home Message::
de amamentação em berçário de unidade prisional.
D) Terminar pré-natal em USF. Período de amamenta- Questão bastante específica, mas não se esqueça: por
ção de 6 meses em prisão domiciliar. lei, os presídios devem contar com atendimento pré-
-natal (ou assegurar que as presas consigam fazê-lo fora,
Resposta correta: Letra C quando indisponível) e berçários onde as condenadas
possam amamentar seus filhos.
A) INCORRETA. Os presídios devem contar com
atendimento pré-natal (ou assegurar que as presas
consigam fazê-lo fora, quando indisponível) e ber-
çários onde as condenadas possam amamentar seus
filhos
B) INCORRETA. As gestantes cumprem a pena na
prisão, tendo direito a acompanhamento pré-natal
na prisão, quando disponível, ou fora, mas em regi-
me de cárcere.
C) CORRETA. De acordo com a Lei de Execução
Penal, as gestantes devem ter assegurado acom-
panhamento pré-natal e os presídios devem ter
berçários onde as condenadas possam amamentar
seus filhos
D) INCORRETA. Pelos motivos já explicitados nas
alternativas anteriores
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 99
QUESTÃO 63 Explicação:
Paciente do sexo feminino, 20 anos, comparece à Uni- Hipertireoidismo é o aumento da produção de hormô-
dade de Saúde da Família (USF) para consulta, com nios pela tireoide, enquanto tireotoxicose é o quadro
história de há 2 meses ter iniciado quadro de palpi- clínico decorrente da exposição do organismo ao exces-
tações, irritabilidade e fraqueza. Em registro anterior so de hormônios tireoidianos (HT). O hipertireoidis-
de prontuário, observou-se ainda, perda ponderal de mo pode ser declarado, em que há aumento das con-
4 Kg, no período. Nega uso de medicações. Ao exame centrações de HT e supressão de TSH, ou subclínico,
peso 52kg, FC: 114bpm. PA: 110 x 70 mmHg. FR em que há supressão de TSH com valores normais de
14 ipm. Pele quente e úmida. ACV: Ritmo Regular, HT, na ausência de doença hipofisária ou hipotalâmica.
com 2 Bulhas normofonéticas, sem sopros. AR: MV+ As principais causas de hipertireoidismo são: doença de
Simétrico, sem RA. Tireoide: palpável, sem aumento Graves, bócio multinodular e adenoma
de tamanho e sem nódulos palpáveis. Qual a melhor
conduta inicial a ser realizada no contexto da atenção tóxico. As tireoidites são uma outra causa, embora me-
primária à saúde? nos comuns.
A) Solicitar anticorpos anti-receptores de TSH Os sintomas mais comuns nos quadros de tireotoxicose
(TRAb). são irritabilidade, sudorese excessiva, palpitaçãol, aste-
B) Solicitar ultrassom de tireoide, TSH e T4 livre. nia, perda de peso, diarreia, poliúria e oligomenorreia.
C) Solicitar TSH, T4 livre e T3. A confirmação diagnóstica se faz pela dosagem de TSH
D) Solicitar TSH, cintilografia de tireoide com capta- e hormônios tireoidianos (geralmente T4L), que, na
ção. forma declarada da doença, se encontram respectiva-
mente, diminuído e elevados. É importante lembrar
Resposta correta: Letra C que o melhor parâmetro laboratorial de controle do hi-
pertireoidismo são os níveis de T4L e T3L, visto que as
A) INCORRETA. A utilidade diagnóstica do TRAb, dosagens de TSH podem permanecer suprimidas por
na maioria dos casos, é limitada, pois a análise dos vários meses após início do tratamento.
sinais e sintomas, bem típicos no caso em questão,
aliada à constatação da hiperfunção da glândula por
TSH/T4L, torna desnecessário esse exame num Take-Home Message::
primeiro momento. As principais causas de hipertireoidismo são: doença de
B) INCORRETA. Como não foi constatada nodu- Graves, bócio multinodular e adenoma tóxico.
lação ao exame físico, o ultrassom de tireoide é Os sintomas mais comuns nos quadros de tireotoxicose
dispensável como exame inicial para realização do são irritabilidade, sudorese excessiva, palpitaçãol, aste-
diagnóstico no contexto da Atenção Primária. nia, perda de peso, diarreia, poliúria e oligomenorreia.
C) CORRETA. A confirmação diagnóstica ho hiper-
tireoidismo se faz pela dosagem de TSH e hormô- A confirmação diagnóstica se faz pela dosagem de TSH
nios tireoidianos. e hormônios tireoidianos (geralmente T4L). O hiper-
tireoidismo pode ser declarado, em que há aumento
D) INCORRETA. O exame de cintilografia é dispen- das concentrações de hormônios tireoidianos (HT) e
sável como exame inicial para realização do diag- supressão de TSH, ou subclínico, em que há supressão
nóstico no contexto da Atenção Primária. de TSH com valores normais de HT
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100 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
QUESTÃO 64 Explicação:
Gilberto é residente de MFC e gostaria de iniciar em O trabalho com grupos é uma importante ferramenta de
sua unidade de saúde um grupo de apoio para cessação abordagem comunitária na Atenção Primária à Saúde.
do tabaco. Ele e seu preceptor estão na fase de plane- É fundamental um bom planejamento, com estabeleci-
jamento do grupo. Em relação ao referencial teórico, mento de objetivos claros para a ação comunitária. O
utilizarão ferramentas como o feedback e os reforços vínculo é um componente importante nesse trabalho.
dos próprios participantes, e as atividades terão como O compartilhamento de experiências em um ambiente
objetivo organizar, orientar os membros, monitorar de reflexão compreensiva tende a abrir caminho para o
comportamentos elencados como problemas pelos par- diálogo em grupo e, posteriormente, para a mudança
ticipantes, avaliar o progresso e planejar procedimentos em grupo.
específicos de mudança e manutenção para mudanças
de comportamento. Em relação ao referencial teórico- A formação de grupos faz parte das atividades de atua-
-técnico escolhido por Gilberto e seu preceptor, pode- ção dos membros de uma unidade de Atenção Primá-
mos classificá-lo como: ria à Saúde. O facilitador do grupo pode ser qualquer
membro da equipe que tenha treinamento adequado
A) Terapia cognitivo-comportamental de grupo aos seus objetivos e características. É recomendado que
B) Grupanálise haja de 3 a 15 pessoas, com duração de uma até duas
C) Terapia interacional (interpessoal) de grupo horas e frequência de uma a três vezes por semana.
D) Terapia sistêmica Existem alguns referenciais teóricos que podem ser utili-
Resposta correta: Letra A zados. Em grupos que tem como objetivo mudanças de
comportamento, é comum utilizar como referencial te-
A) CORRETA. Trata-se de um referencial teórico órico a terapia cognitivo-comportamental de grupo, que
muito utilizado em grupos que tem como objeti- usa como instrumentos para mudança o feedback e os
vo mudanças de comportamento elencados como reforços dos próprios indivíduos componentes do grupo.
problema pelos participantes. Utiliza como ins-
trumentos para promover posturas assertivas o fe- Take-Home Message::
edback e os reforços dos próprios participantes do
grupo. O trabalho com grupos é uma importante ferramen-
B) INCORRETA. Trata-se de um grupo que utiliza ta de abordagem comunitária na Atenção Primária à
o modelo da psicanálise. O facilitador visa tornar Saúde. É fundamental um bom planejamento, com
consciente o material inconsciente de membros estabelecimento de objetivos claros para a ação comu-
do grupo. nitária. O vínculo é um componente importante nes-
se trabalho.
C) INCORRETA. Nesse tipo de grupo, a aprendiza-
gem interpessoal é o mecanismo curativo funda- O compartilhamento de experiências em um ambiente
mental. O facilitador deve mobilizar essa interação de reflexão compreensiva tende a abrir caminho para o
entre os membros do grupo. diálogo em grupo e, posteriormente, para a mudança
D) INCORRETA. Nesse tipo de grupo, que usa o pa- em grupo.
radigma sistêmico, o facilitador entende o grupo O referencial teórico que é mais utilizado em grupos
como um sistema em que ele próprio está incluído, que tem como objetivo mudanças de comportamento,
promovendo mediação das ideias dos integrantes como cessação de tabagismo, é o da terapia cognitivo-
do grupo. -comportamental de grupo.
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 101
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102 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 103
QUESTÃO 66 Explicação:
Marília é uma mulher de 35 anos que procura sua uni- A mudança de comportamento é um verdadeiro desafio
dade de saúde para fazer um check-up. Ela não tem co- para a promoção de saúde. Nesse processo, a motivação
morbidades conhecidas, não faz uso de medicamento, é um aspecto chave. No estudo da abordagem motiva-
não tem histórico familiar de doenças, é tabagista, faz cional, são definidos alguns estágios para mudança de
academia e trabalha como vendedora. Você conversa hábito, dentro do chamado modelo transteórico:
com ela sobre o tabagismo, se já tentou parar e se tem 1.Pré-contemplação:
vontade. Ela te diz que sabe que o cigarro é um pro-
blema e preocupa-se com sua saúde, mas também que Nesse estágio, a pessoa não considera a possibilidade de
o cigarro alivia seu estresse e não pensa em parar no mudança e isso não é motivo de preocupação para ela.
momento, mas considera parar eventualmente. Você 2.Contemplação: a pessoa admite que tem um proble-
pensa em trabalhar sua motivação para ajudá-la a parar ma, encontra-se ambivalente com relação à mudança
de fumar. Em relação à motivação para a mudança de e considera adotar mudanças (nos próximos 6 meses).
hábito, é correto afirmar que:
3.Preparação: a pessoa inicia algumas mudanças, faz
A) Não deve ser trabalhada quando há ambivalência planos, cria condições favoráveis para a mudança, revi-
em relação a mudança sa tentativas passadas (nos próximos 30 dias).
B) É algo estático e não muda com o passar do tempo 4. Ação: a pessoa implementa mudanças no ambiente
C) Trabalhar a motivação pode ajudar o paciente a e no comportamento, dedica tempo e energia para que
lidar com sua ambivalência ocorra e se mantenha a mudança (que ocorreu há me-
D) É algo intrínseco de cada sujeito, e não é influencia- nos de 6 meses).
do por fatores externos ou ambientais 5. Manutenção: é a continuação do trabalho iniciado
Resposta correta: Letra C no estágio de ação, para que a pessoa consiga manter os
ganhos que teve com a mudança e prevenir a recaída
A) INCORRETA. Quando há ambivalência, deve ser nos velhos hábitos (nesse estágio, a mudança ocorreu
trabalhada a motivação para a mudança há mais de 6 meses).
B) INCORRETA. A motivação para mudança de há- Uma pessoa pode transitar por esses estágios, progre-
bitos se modifica com o passar do tempo e as expe- dindo ou regredindo devido a diversos fatores, intrín-
riências da pessoa secos e extrínsecos.
C) CORRETA. Abordar os benefícios da mudança de A entrevista motivacional é uma conversa voltada para
comportamento, trabalhando a motivação, pode o fortalecimento da motivação de uma pessoa, visando
ajudar a lidar com a ambivalência ao seu comprometindo com uma mudança. Tem como
D) INCORRETA. Fatores externos e ambientais, principal objetivo resolver a ambivalência, que é o con-
como a convivência com outras pessoas de deter- flito psicológico existente quando há a necessidade de
minados hábitos perniciosos, influenciam bastante decidir entre dois caminhos possíveis. Trata-se de uma
o processo de mudança de hábitos. intervenção breve que pode ser muito útil no contexto
de educação e promoção em saúde.
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104 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 105
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106 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
QUESTÃO 68 Explicação:
O médico de família e comunidade está preocupado Na puericultura, os profissionais de saúde assistentes de-
com uma criança de 2 anos que se mudou para sua área vem ficar atentos para os seguintes sinais de alarme para
recentemente. Na consulta passada a mãe contou que, considerar o diagnóstico de uma imunodeficiência (1):
nos últimos 12 meses, a criança apresentou vários episó- • História familiar de imunodeficiência ou morte
dios de sinusite, otite e pneumonia, todos necessitando prematura inexplicada (p.e. antes dos 30 anos)
de antibióticos por tempo longo e que, no momento,
vem apresentando diarreia difícil de controlar. Informou • Déficit de crescimento ponderoestatural
que a criança chia o peito às vezes e tem uma alergia na • Necessidade de antibióticos endovenosos ou hospi-
pele (eczema), desde os primeiros meses de vida. Relatou talizações para combater infecções
também que a criança precisou tomar, por vários meses,
• Seis ou mais otites ou IVAS em um ano
um medicamento porque aos 7 meses de idade apareceu
um caroço na axila direita que supurou. A mãe disse ain- • Duas ou mais sinusites agradavas ou pneumonias
da que, quando era pequena (a mãe), perdeu um irmão em um ano
alguns dias após nascer e que há alguns anos perdeu uma • Dois ou mais episódios de sepse ou meningite na
sobrinha, mas não sabe dizer a causa. vida
Qual a principal suspeita diagnóstica para o quadro • Lesões de pele extensas
desta criança?
• Abscessos ou infecções profundas de pele recorren-
A) Alergia à proteína do leite de vaca. tes
B) Erro inato da imunidade.
• Diarreia crônica
C) Intolerância à lactose.
• Granulomas
D) Parasitose intestinal
• Lesões que não cicatrizam
Resposta correta: Letra B
Na presença desses sinais, a criança deve ser encami-
A) INCORRETA. É mais comum nos primeiros me- nhada ao especialista para investigação de imunodefi-
ses de vida, com reações associadas à ingestão de lei- ciência primária.
te, podendo haver sintomas respiratórios, diarreia,
rash cutâneo.
Take-Home Message::
B) CORRETA. O quadro clínico é compatível com a
suspeita de imunodeficiência primária: a presen- Durante a puericultura, especialmente em crianças que
ça de infecções graves de repetição, o histórico de frequentam a creche, é comum que os pais apresentem
morte prematura na família, diarreia crônica. preocupação quanto às infecções de repetição. A maioria
dos casos são benignos, mas o profissional de saúde deve
C) INCORRETA. O quadro esperado seria, especial-
atentar para os seguintes sinais de alarme: história fami-
mente, diarreia e outros desconfortos gastrointesti-
liar de imunodeficiência ou morte prematura inexplica-
nais associados à ingestão de leite e derivados.
da (p.e. antes dos 30 anos); Déficit de crescimento pon-
D) INCORRETA. O quadro pode variar de acordo deroestatural; Necessidade de antibióticos endovenosos
com a parasitose intestinal, podendo haver déficit ou hospitalizações para combater infecções; Seis ou mais
de ganho ponderoestatural, diarreia crônica, ina- otites ou IVAS em um ano; Duas ou mais sinusites agra-
petência, mas nenhuma explicaria o conjunto de davas ou pneumonias em um ano, entre outros. A sus-
sinais e sintomas vistos nesse caso. peita e encaminhamento precoces são fundamentais.
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 107
QUESTÃO 69 Explicação:
Uma criança de oito anos de idade é trazida à Unidade Para a profilaxia da raiva humana, devem ser conside-
de Saúde da Família (USF) com história de ter sido rados:
atacada por um porco doméstico, ao adentrar o interior Acidentes leves:
de um chiqueiro, na propriedade rural onde vive com
seus pais. O exame físico revela lesão única e superficial Ferimentos superficiais, pouco extensos, normalmente
na panturrilha direita. A família informa que a criança únicos, em tronco e membros (exceto mãos, polpas di-
nunca havia recebido vacinas antirrábicas anteriormen- gitais e planta dos pés). Obtidos a partir de mordeduras
te. Com vistas à profilaxia antirrábica, a conduta a ser ou arranhaduras, causadas por unha ou dente, lambe-
adotada neste caso envolve limpeza criteriosa e desin- dura de pele com lesões superficiais.
fecção do local atingido, acompanhada de: Acidentes graves:
A) Quatro doses de vacina, sem uso de soro. Ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital
B) Três doses de vacina e observação do animal. e/ou planta do pé.
C) Quatro doses de vacina e uma dose de soro. Ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qual-
D) Apenas acompanhamento do animal. quer região do corpo.
Resposta correta: Letra A Lambedura de mucosas.
Lambedura de pele onde já existe lesão grave.
A) CORRETA. Trata-se de um acidente leve (super-
ficial em membro), ocasionado por animal do- Ferimento profundo causado por unha de animal.
méstico de interesse econômico ou de produção Em todos os casos, deve-se lavar o local do ferimen-
(porco). Logo, a conduta, além de lavar bem o lo- to com água e sabão. Além disso, o paciente deve ser
cal da ferida, é iniciar imediatamente com 4 doses orientado a informar imediatamente a unidade de saú-
de vacina, sem uso de soro. de caso o animal morra, desapareça ou se torne raivoso,
B) INCORRETA. Pelo motivo explicitado na explica- uma vez que podem ser necessárias novas intervenções
ção do item A, devem ser feitas 4 doses de vacina, e de forma rápida, como a aplicação do soro ou o prosse-
não três. guimento do esquema de vacinação.
C) INCORRETA. Não é indicado soro nesse caso, Em caso de ausência de suspeita clínica de raiva, é pre-
pois se trata de um acidente leve (superficial em ciso avaliar, sempre, os hábitos do cão e do gato e os
membro, poupando mãos e pés). cuidados recebidos. Podem ser dispensadas do esque-
D) INCORRETA. Por se tratar de animal doméstico ma profilático as pessoas agredidas pelo cão, ou gato,
de interesse econômico ou de produção (porco), que, com certeza, não têm risco de contrair a infecção
deve-se proceder imediatamente à vacinação. rábica. Por exemplo, animais que vivem dentro do do-
micilio (exclusivamente); que não tenham contato com
outros animais desconhecidos; que somente saem à rua
acompanhados de seus donos e que não circulem em
área com a presença de morcegos. Em caso de dúvida,
iniciar o esquema de profilaxia indicado.
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108 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
(https://brasilem-
sintese.ibge.gov.br/
populacao/taxas-bru-
tas-de-mortalidade.
html)
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 109
Dois tipos frequentes de estudo descritivo são o relato momentos bem definidos para as observações. Eles dão
de caso e seu plural, a série de casos. O relato de caso é ênfase no aspecto do acompanhamento de seus objetos
a “descrição detalhada de casos clínicos, contendo ca- de estudo ao longo de um período, construindo um
racterísticas importantes sobre sinais, sintomas e outras segmento de reta ou vários na reta do tempo.
características do paciente e relatando os procedimen- Nós vamos prosseguir discutindo dois estudos analí-
tos terapêuticos utilizados, bem como o desenlace do ticos observacionais seccionais: o estudo ecológico e o
caso” (Parente, 2010). Você com certeza já deve ter lido estudo de corte transversal.
algum dos relatos dos pacientes do dr. Freud, ou até
mesmo foi chamado para escrever um caso de algum Unidades de estudo
paciente com algum assistente mais legal. Antes de começarmos a tratar deles propriamente, va-
No caso das séries de casos, temos exatamente a mes- mos discutir mais um conceito fundamental para a sua
ma coisa, apenas expandida para mais de um paciente. compreensão e de outro estudos, a unidade de estudo.
A mais famosa série de casos talvez seja a descrição de Cada estudo aborda suas populações ou amostras po-
pneumonia por P. jiroveci (à época ainda carinii) em pulacionais de maneiras diferentes, mas podemos dizer
cinco homens homossexuais jovens em Los Angeles, que existem duas formas básicas de abordagem: o nível
que culminou na descoberta da AIDS (https://www. individual e o nível agregado.
cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/june_5.htm). An- O nível individual, já diz o nome, pega pessoa por pes-
tes, a infecção pulmonar pelo fungo só era vista em soa e analisa os seus dados, o que permite inferências
idosos, o que fez com que esses novos casos levantassem individuais. Já no nível agregado (também chamado de
grande suspeita. Eis a importância de um estudo des- ecológico (olha a dica!)), nós usamos conglomerados de
critivo bem feito. pessoas e informações generalizadas para as diferentes
Estudos analíticos observacionais populações estudadas.
Os estudos analíticos são aqueles em que há preocu- Vamos aos exemplos. Poderíamos tentar observar a re-
pação no estabelecimento de uma relação entre os ele- lação entre etilismo e cirrose hepática. Em um estudo
mentos do estudo. Geralmente, essa relação é de causa a nível individual, seria possível abordar um grupo de
e efeito. No caso dos estudos observacionais, normal- pessoas e dividi-lo em etilistas e abstêmios. A partir daí,
mente estamos querendo saber se a exposição a algum compararíamos as proporções de etilistas cirróticos e de
fator é causa ou não de alguma doença, ou se é ou não abstêmios cirróticos, etilistas cirróticos e etilistas não-
fator protetivo. Os estudos experimentais são em sua -cirróticos etc. Em um estudo em nível agregado, nós
totalidade analíticos, mas a gente vai falar deles depois. poderíamos comparar uma cidade com mais etilistas e
uma cidade com menos etilistas quanto a incidência
Estudos analíticos observacionais seccionais de cirrose hepática. Poderíamos obter alguma relação
Quando falamos em estudos analíticos observacionais, de proporção, mas não seria possível estabelecer con-
podemos ter duas estratégias de observação quanto clusões a nível individual.
ao tempo: seccional e longitudinal. Como o nome Estudos ecológicos
já diz, os estudos seccionais abrangem somente uma
seção do tempo. São cortes tão curtos de tempo que Dada a explicação das unidades de estudo, podemos
poderiam praticamente representar um ponto no eixo encaixar os estudos ecológicos em várias das caixinhas
que representa o tempo. Isso não significa que estamos que já temos. Esses estudos são analíticos observacio-
impedidos de obter diversos cortes da reta, mantendo nais seccionais e trabalham com populações em nível
alguma noção de temporalidade. Já os estudos longitu- agregado. Embora genericamente classificados como
dinais apresentam obrigatoriamente pelo menos dois analíticos, existem estudos ecológicos chamados de
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110 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
exploratórios, em que não se mede a exposição da(s) que indivíduos dessa cidade são portadores de cirrose e
população(ões) a fatores (o que torna esses estudos des- simultaneamente etilistas. Ainda seria um estudo eco-
critivos), mas a ênfase ainda é dada no nível agregado. lógico devido a essa última característica que generaliza
No exemplo de etilismo x cirrose que utilizamos aci- os resultados.
ma, temos a comparação de mais de uma localidade Os estudos ecológicos ainda podem ter o desenho de
geográfica, configurando o que chamamos de desenho séries temporais, em que se usam recortes de diferentes
de múltiplos grupos. Nem todo estudo ecológico é as- períodos; e também há os desenhos mistos, em que se
sim. Poderíamos ter coletado para uma mesma cidade combinam diferentes localidades geográficas em dife-
dados sobre etilismo e cirrose hepática, mas nos depa- rentes períodos a serem comparados.
rarmos com uma base de dados que oferece tais regis- Abaixo temos um exemplo interessante de um desenho
tros simplesmente como prevalências, sem distinção de de múltiplos grupos:
(Adaptado de http://sphweb.bumc.bu.edu/otlt/MPH-Modules/PH717-QuantCore/PH717-Module1B-Descrip-
tiveStudies_and_Statistics/PH717-Module1B-DescriptiveStudies_and_Statistics6.html)
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 111
Estudos de corte transversal po sem esse desfecho. A partir daí, avaliamos quantas
Os estudos de corte transversal são estudos analíticos dessas pessoas tiveram exposição ao fator de interesse e
observacionais seccionais e trabalham com o nível in- comparamos os dois grupos. Ou seja, comparamos os
dividual. Outros de seus nomes são estudo de preva- casos com os controles. Outra coisa que acontece nesse
lência, estudo transversal, estudo seccional e estudo de tipo de estudo é que quem escolhe a quantidade de ca-
inquérito. A unidade de estudo individual e o corte sos e controles é o pesquisador. O pesquisador pode até
obrigatório de um período pontual no tempo são suas mesmo escolher organizar um estudo com três contro-
principais distinções quanto a outros estudos. Já os les para cada caso, ou dez, vinte, quantos desejar. Isso
principais dados colhidos nessas pesquisas dizem res- é muito interessante para aumentar o poder estatístico
peito às informações de prevalência e podem dar uma do estudo e em pesquisas de doenças raras também.
primeira visão quanto uma potencial relação de causa e Estudos experimentais
efeito entre fatores de exposição e doenças. Embora exista uma vastidão de estudos experimentais,
Estudos analíticos observacionais longitudinais vamos focar em dois deles, o ensaio clínico controlado
Estudos de coorte randomizado e ensaio comunitário.
Ah, as famosas coortes. Já ouviu falar no Framingham Ensaios clínicos controlados randomizados
Heart Study? Não? Neste link você pode aprender um Um ensaio clínico é um estudo experimental analítico
pouco sobre esse estudo tão importante https://www. cuja unidade de estudo é individual, pode ser tanto sec-
ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4159698/. Ele é cional como longitudinal no aspecto temporal. Nele se
um estudo analítico observacional longitudinal cuja faz uma intervenção em uma determinada população
unidade de estudo é individual que avalia desde 1948 de modo a amenizar ou curar uma doença (um ensaio
os cidadãos de Framingham quanto a fatores como ida- terapêutico) ou então evitar tal doença (um ensaio pro-
de e HDL e observa se apresentam algum desfecho car- filático). O chamado ensaio comunitário é a plurali-
diovascular. E é basicamente isso que define um estudo zação do ensaio clínico profilático, onde se intervém
de coorte: agrupar pessoas de acordo com exposição ou sobre toda uma comunidade (bairro, município, dis-
não a certos fatores e observar se algum desfecho (IAM, trito etc) dividindo-a em grupo experimental e grupo
morte etc) ocorre ou não ocorre. Se o momento da co- controle. No ensaio comunitário, a unidade de estudo
leta dos dados de exposição é anterior ao desfecho, te- é em nível agregado.
mos uma coorte concorrente (ou um estudo de coorte Os ensaios clínicos podem ser controlados (mais co-
prospectivo). Se não tivermos condições financeiras ou muns), o que significa que há um grupo recebendo a
mesmo temporais para acompanhar uma população da intervenção e um grupo controle; e podem ser não con-
exposição ao desfecho, podemos coletar os dados da ex- trolados, em que todos os sujeitos do estudo recebem
posição em algum registro e confrontá-los com dados tratamento, como no estudo de “antes e após”.
mais novos para ver quem teve desfecho e quem não
teve. Isso é uma coorte histórica (ou um estudo de co- A randomização é um processo pelo qual o grupo a
orte retrospectivo). receber a intervenção terapêutica e o que não vai re-
cebê-la são selecionados aleatoriamente, sem fator de
Estudos de casos-controle interferência humano. Embora existam ensaios clínicos
O próximo estudo é analítico observacional longitudi- não randomizados, nos quais quem recebe e quem não
nal e também de unidade de estudo individual. O que recebe o tratamento é uma decisão do médico pesqui-
acontece é que ele é praticamente uma coorte de ordem sador, eles são menos frequentes e apresentam gran-
invertida. Pegamos um grupo de pessoas com o desfe- de viés.
cho de interesse (geralmente, uma doença) e outro gru-
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112 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
Outro ponto importante é a presença ou não de mas- cada vez mais técnica e menos baseada em achismos.
caramento em um estudo. Quando todos (pacientes, Então, podemos finalmente responder à questão. Basta
médicos pesquisadores, administradores da terapia etc) lembrarmos das diversas características de cada um dos
sabem quem está recebendo o novo tratamento e quem desenhos de estudo:
não está, trata-se de um ensaio aberto (open label). Esse
tipo de desenho é o único possível em estudos sobre A) CORRETA - Devido à experimentalidade do es-
cirurgias, por exemplo. Se só os pacientes não sabem tudo (é instituída uma terapia medicamentosa),
se estão recebendo placebo/terapia já estabelecida ou ele é um ensaio clínico. A alocação aleatória dos
se estão recebendo a terapia experimental, temos um pacientes indica a randomização.
estudo uni- ou simples-cego. Quando os pacientes e B) INCORRETA - Essa alternativa é interessante por
médicos envolvidos na pesquisa não sabem quem está demonstrar que uma coorte pode ser facilmente
recebendo cada terapia, temos um estudo duplo-cego. convertida num estudo de casos-controle, aprovei-
Normalmente não falamos em estudos triplo-cegos tando ainda mais os dados desse estudo tão caro.
porque quem administra a terapia costuma ser o pró- Mas, nem coortes, nem casos-controles são experi-
prio médico avaliador, mas existem casos em que isso mentais, logo, esta alternativa está errada.
não ocorre e temos esse último tipo de cegamento. C) INCORRETA - A revisão sistemática é um de-
Do ponto de vista ético, é necessário ressaltar a impor- senho de estudo bastante particular, que reúne
tância do consentimento livre e esclarecido dos pacien- diversos estudos num só. Não é um único estu-
tes ou comunidades que participarem dos testes, assim do experimental.
como a necessidade de que o tratamento a ser testado D) INCORRETA - Séries de casos são estudos descriti-
seja superior ao tratamento vigente. Testes com place- vos, não podendo apresentar aspectos experimentais.
bo só são possíveis na ausência de qualquer tratamen- E) INCORRETA - Coortes não são experimentais.
to conhecido.
Revisão sistemática Take-Home Message::
As revisões sistemáticas representam um desenho de es- - Ensaios clínicos são estudos experimentais, distin-
tudo particular. Não são propriamente experimentais, guindo-se dos demais estudos (relatos e séries de ca-
embora geralmente se usem extensamente de estudos sos, transversais, ecológicos, casos-controles, coor-
experimentais. Elas definem uma pergunta bastante es- tes etc), que são observacionais.
pecífica a ser respondida e organizam uma coletânea
de artigos relevantes e de qualidade sobre o tema pu- - A revisão sistemática é um desenho de estudo bas-
blicados num determinado período recente. Os dados tante particular, que reúne diversos estudos num só.
são então organizados em gráficos e tabelas para serem
comparados. Havendo a possibilidade, os autores po-
dem até mesmo combinar os dados numéricos dos
artigos, criando um grande pool de amostras popula-
cionais, e oferecer estimativas precisas do poder de um
fármaco, da sensibilidade de um exame, dos riscos de
uma cirurgia etc. Chama-se isso de metanálise.
As revisões sistemáticas estão no cerne da medicina ba-
seada em evidências. Graças a grandes revisões e me-
tanálises, como as da Cochrane, é que podemos orga-
nizar consensos clínicos e praticarmos uma medicina
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 113
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114 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 115
15 anos no entorno de sete casos por 100.000 habi- A) INCORRETA - As taxas de recidiva não são consi-
tantes a cada ano. Esse resultado sugere que, apesar deradas altas.
de as iniciativas de controle da hanseníase por meio B) INCORRETA - Não se considera uma preocu-
da identificação e do tratamento dos casos tenham pação imediata a existência de cepas multidro-
reduzido a prevalência da doença, a estratégia teve ga resistentes.
pouco efeito sobre a redução da transmissão.” C) CORRETA - Infelizmente, devido a isso, é im-
A alternativa D parece até que fala de arbovirose, né? portante o advento de novas formas de prevenção
Isso porque a hanseníase costuma ter sua transmissão para a doença.
de pessoa para pessoa por meio de gotículas, embora D) INCORRETA - Não há vetor a ser controlado para
seja possível por contato físico. Os tatus foram descri- a hanseníase.
tos como vetores em estados do sul dos Estados Uni- (OPÇÃO E) INCORRETA - A taxa de cura pelo es-
dos, mas isso não é um problema no Brasil. quema multidroga é altíssima.
A última alternativa fala sobre uma baixa taxa de cura
com o esquema multidroga, mas isso não é verdade,
pois, o que explicaria, então, outro dado desse mesmo Take-Home Message::
texto da Lancet: “Após a introdução da terapia mul- A hanseníase é doença endêmica no Brasil. Com o es-
tidrogas, que é ofertada gratuitamente a pacientes tabelecimento do esquema de tratamento multidroga
com hanseníase pelo SUS, a prevalência da han- pela OMS (aqui o Ministério da Saúde chama de po-
seníase no Brasil caiu substancialmente – de 180 liquimioterapia ou PQT), tivemos uma queda drásti-
casos por 100.000 habitantes, em 1988, para 26 ca na prevalência e nas deficiências causadas por essa
casos por 100.000 habitantes, em 2008, com uma doença, pois a taxa de cura do tratamento, quando fei-
grande queda nas deficiências associadas à doença”? to corretamente, é altíssima. Desafios ainda permane-
Outros dados ainda indicam que, no mundo, a cura cem quanto a transmissão, pois a PQT não diminuiu a
com o esquema multidroga é de 99%. incidência de hanseníase.
Seria legal a gente relembrar como é esse esquema tão Vale recordar os tratamentos para hanseníase preconi-
importante de terapia multidroga aqui no Brasil. zados pelo Ministério da Saúde:
Para os casos paucibacilares em adultos, temos: dose
mensal de 600mg de rifampicina com administração
supervisionada; dose mensal de 100mg de dapsona su-
pervisionada e dose diária de 100mg autoadministrada.
O tratamento é dado em 6 cartelas (1 cartela para cada
mês), devendo o paciente concluir as 6 cartelas em até
9 meses.
Para os casos multibacilares em adulto é quase a mesma
coisa. De diferente, nós temos umas dose mensal de
300mg de clofazimina de administração supervisiona-
da e 1 dose diária de 50mg autoadministrada. O núme-
ro de cartelas também é diferente: são 12, que devem
ser terminadas em até 18 meses.
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116 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
QUESTÃO 74
Em um município X com 980.000 habitantes em que mortalidade por doenças cardiovasculares, e usando os
a expectativa de vida está acima dos 70 anos, ocorreram dados abaixo:
14.210 óbitos por todas as causas entre 2019 e 2020. Tabela. Distribuição dos óbitos segundo faixas etárias e
Na comparação da mortalidade por covid-19 com a causa. Município X, 2019- 2020.
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 117
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118 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
QUESTÃO 76
Para investigar a possível influência da melatonina com dados com homens sem câncer. (VER IMAGEM). Os
câncer, foi desenvolvido um estudo de base populacio- resultados sugerem que neste estudo epidemiológico
nal em Montreal, entre 1979 e 1985. Foi abordado o de ____o trabalho noturno pode aumentar o risco de
histórico de trabalho de três mil homens com câncer câncer de _________. De acordo com o apresentado,
incidente em 11 locais anatômicos. Confrontou-se os complete as lacunas com a alternativa CORRETA.
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 119
Explicação:
A vaginose bacteriana ocorre pela proliferação aumen-
tada de algumas bactérias da flora vaginal normal (es-
pecialmente Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp). Não
é uma infecção sexualmente transmissível, mas pode
estar associada à relação sexual. Apresenta-se como um
corrimento com odor fétido branco-amarelo-acizenta-
do de aspecto fluido ou bolhoso, que se acentua após
o coito ou no período menstrual. A presença de corri-
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120 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
mento com odor fétido na ausência de prurido (cuja A) INCORRETA. O DPC deve ser focado nas temá-
presença falaria mais a favor de candidíase) é bastante ticas mais frequentes da prática cotidiana. O apren-
indicativa de vaginose. Mas, quando disponível e ne- dizado de adultos é mais eficaz quando a teoria se
cessário, é possível fazer o teste das aminas (teste de correlaciona com a prática, levando a um aprendi-
Whiff ), em que se aplica 1 a 2 gotas de KOH a 10% na zado significativo.
lâmina com secreção vaginal. No teste positivo, há uma B) CORRETA. Os métodos de ensino e aprendiza-
liberação de odor de peixe podre. No exame bacterios- gem que podem ser usados como apoio no DPC
cópico, podem ser observadas as chamadas “clue cells” devem se basear na andragogia, que reúne méto-
e o pH vaginal costuma ser maior que 4,5. dos voltados para ensino de adultos.
O tratamento de primeira linha consiste em usar Metro- C) INCORRETA. O desenvolvimento de ativida-
nidazol 500 mg, de 12/12h, VO, por 7 dias ou Metroni- des em pequenos grupos é um método valioso de
dazol gel vaginal 100 mg/g, 1 aplicação à noite, por 5 dias. aprendizado no DPC.
D) INCORRETA. É importante considerar que a sim-
ples presença em atividades relacionadas com DPC
Take-Home Message:: não garante o aprendizado, devendo a participação
A vaginose bacteriana ocorre pela proliferação aumen- ser ativa para que haja um aprendizado significativo.
tada de algumas bactérias da flora vaginal normal, apre-
senta-se como um corrimento com odor fétido (odor Explicação:
de peixe podre) branco-amarelo-acizentado de aspecto
O Desenvolvimento Profissional Contínuo (DPC) é
fluido ou bolhoso, que se acentua após o coito ou no
um processo de aprendizagem planejado e elaborado
período menstrual. O tratamento é com Metronidazol
continuamente com base na prática cotidiana, incluin-
500 mg, de 12/12h,
do identificação de necessidades de aprendizado e uma
VO, por 7 dias ou Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, agenda pedagógica, que seria um plano concreto de
1 aplicação à noite, por 5 dias. aprendizado. Os métodos de ensino e aprendizagem
que podem ser usados como apoio nesse processo de-
vem se basear na andragogia, que reúne métodos vol-
QUESTÃO 78 tados para ensino de adultos, como aprendizagem cen-
Com relação ao Desenvolvimento Profissional Contínuo trada no indivíduo, e-learning e atividades interativas.
(DPC) na Atenção Primária à Saúde é correto afirmar: O desenvolvimento de atividades em pequenos grupos
é um método valioso nesse processo, mas é importante
A) Deve ser focado nas temáticas menos vistas nas ro- considerar que a simples presença em atividades rela-
tinas profissionais, visto a necessidade de saber con- cionadas com DPC não garante o aprendizado, deven-
duzir casos complexos, quando necessário. do a participação ser ativa.
B) As metodologias e seus processos devem ser cen-
trados nos princípios da andragogia.
C) O método de ensino preferencialmente deve ser o Take-Home Message::
individual, para evitar auditoria por pares. O Desenvolvimento Profissional Contínuo (DPC) é
D) A participação por si só, em atividades relacionadas um processo de aprendizagem planejado e elaborado
ao DPC, garante o incremento nos desempenhos continuamente com base na prática cotidiana, devendo
da prática da APS. se basear na andragogia, que reúne métodos voltados
para ensino de adultos, como aprendizagem centrada
Resposta correta: Letra B no indivíduo, e-learning e atividades interativas.
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 121
QUESTÃO 79 Explicação:
Sobre os atributos da atenção primária à saúde (APS),
A Atenção Primária à Saúde tem como atributos es-
é correto afirmar:
senciais a atenção no primeiro contato (ou acesso), a
A) Uma equipe de saúde da família que trabalha em longitudinalidade, a integralidade e a coordenação do
área rural onde intoxicações por agrotóxicos são cuidado, e como atributos derivados o foco na família,
comuns, ao buscar se familiarizar com o diagnós- a orientação comunitária e a competência cultural.
tico e manejo desse agravo, fortalece o atributo de
integralidade em seu serviço. Atenção ao primeiro contato:
B) Para manter forte o atributo de acesso, os serviços A Atenção Primária deve ser porta de entrada dos ser-
de APS devem focar na função de “gatekeeper”, viços de saúde. Espera-se que os serviços desse nível de
ou seja, a triagem de pacientes que necessitam re- atenção sejam acessíveis e resolutivos frente às princi-
almente consultar na APS, devendo utilizar ferra- pais necessidades de saúde trazidas pela população.
mentas de avaliação de risco clínico validadas.
Longitudinalidade:
C) O foco na prevenção primária e o manejo de pa-
cientes crônicos são as características mais impor- Implica a existência de uma fonte regular de atenção e
tantes para avaliar a qualidade do atributo de longi- seu uso ao longo do tempo, independente da presença
tudinalidade da APS. de problemas específicos relacionados à saúde ou do
D) Os três atributos nucleares da atenção primária à tipo de problema.
saúde, segundo Barbara Starfield, são: acesso, inte- Integralidade:
gralidade, prevenção e longitudinalidade. São atri-
Possui quatro dimensões: ações de promoção e pre-
butos derivados, segundo a mesma autora, foco na
venção, atenção nos três níveis de complexidade da as-
família, equidade e competência cultural.
sistência médica, articulação das ações de promoção,
Resposta correta: Letra A proteção e prevenção e abordagem integral do indiví-
A) CORRETA. A ampliação da oferta de serviços da duo e das famílias. Uma Atenção Primária resolutiva é
equipe de saúde fortalece o atributo da integralidade. responsável não somente por ações rotineiras, de pre-
B) INCORRETA. A função de filtro, “porteiro” ou venção ou promoção da saúde, mas atendimento de
“gatekeeper” dos serviços de APS ocorre a partir do demanda espontânea, realização de diagnósticos, trata-
momento em que, tendo sido realizado o atendi- mento e reabilitação.
mento, boa parte das demandas são resolvidas na Coordenação do cuidado:
Atenção Primária, sendo encaminhados a outros
níveis de atenção apenas os casos com real necessi- Articulação entre os diversos serviços e ações de saúde,
dade. Mas para que isso funcione o acesso deve ser de forma que estejam sincronizados e voltados ao al-
garantido. Barrar atendimento através de avaliação cance de um objetivo comum, que é ofertar ao usuário
de risco clínico não fortalece o acesso. um conjunto de serviços e informações que respondam
a suas necessidades de saúde de forma integrada, por
C) INCORRETA. Longitudinalidade implica a existên-
meio de diferentes pontos da rede de atenção à saúde
cia de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo
do tempo, independente da presença de problemas es- Orientação familiar e comunitária:
pecíficos relacionados à saúde ou do tipo de problema. Efetiva-se quando a avaliação das necessidades para a
D) INCORRETA. A Atenção Primária à Saúde tem como atenção integral considera o contexto familiar e sua ex-
atributos essenciais a atenção no primeiro contato (ou posição a ameaças à saúde
acesso), a longitudinalidade, a integralidade e a coorde-
nação do cuidado, e como atributos derivados a orien-
tação familiar e comunitária e a competência cultural.
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122 | MAR 22 SIMULADO R1 - PREVENTIVA
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SIMULADO R1 - PREVENTIVA MAR 22 | 123
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124 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
CIRURGIA GERAL
QUESTÃO 81 Já podemos responder à questão:
Homem, 65 anos de idade, sem comorbidades, apre- A) INCORRETA – esvaziamento linfonodal só
senta melanoma cutâneo em dorso, com espessura de está indicado em casos de linfonodos acometi-
Breslow de 1,5 mm na biópsia excisional. Qual é a con- dos confirmados.
duta adequada? B) INCORRETA – o Breslow é alto e apenas o segui-
A) Esvaziamento linfonodal. mento não é recomendado
B) Seguimento com dermatoscopia. C) CORRETA – alternativa correta da questão
C) Ampliação de margens e biópsia do linfonodo sen- D) INCORRETA – A quimioterapia para melanoma
tinela. é reservada para casos raros, recidivantes ou invasi-
D) Quimioterapia sistêmica com a dacarbazina. vos, apenas em protocolos de estudo.
Comentários: Outro tema muito recorrente em provas. Suspeita de melanoma -> Biópsia excisional -> confir-
Questão que não é difícil após você entender o que o mado suspeita? -> Avaliar breslow e características his-
examinador está querendo saber. Já foi feita a suspei- topatológicas -> seguimento ou ampliação de margens
ta de melanoma e a biópsia excisional já foi realizada, +- pesquisa de linfonodo sentinela conforme resultado.
confirmando esta suspeita. Qual o próximo passo?
Analisar o anatomopatológico e a espessura de Breslow.
Este resultado irá guiar as próximas condutas.
Breslow < 1mm = Ampliação de margens para 01 cm e
seguimento clínico
Breslow > 1mm = Ampliação de margens para 02 cm e
biópsia do linfonodo sentinela
Lembrar que alguns lugares já realizam a biópsia do
linfonodo sentinela a partir de um breslow > 0,8mm
ou quando o anatomopatológico evidencia outros fa-
tores de pior prognóstico (ulcerações, invasão linfovas-
cular, microssatelitose). Temos que ler com cuidado as
questões de melanoma e tentar sentir o que o exami-
nador está pensando. Lembrar também que apesar da
necessidade de ampliação de margens, locais que ne-
cessitariam de ressecções ósseas, tendíneas ou de outras
estruturas nobres devem ser poupados mesmo que não
seja possível alcançar a margem adequada, pois isto não
muda o prognóstico.
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 125
QUESTÃO 82 Comentários:
Uma paciente de cinquenta anos de idade, com an- Questão que não é difícil, o truque aqui é você fazer o
tecedente de lesão raquimedular, há trinta anos, por diagnóstico correto. Todas informações necessárias es-
ferimento de arma de fogo, é dependente de lavagem tão na questão, basta procurá-las e não se enrolar com
intestinal para evacuar. Há cerca de três dias, iniciou o excesso de texto.
quadro de febre e queda do estado geral. Ao exame Paciente com fator de risco importante -> Trauma ra-
físico, apresentava-se consciente, contactuante, deso- quimedular e necessidade de lavagens constantes. Evo-
rientada, taquipneica, desidratada 3+/4, descorada +/4, lui com quadro séptico grave agudo -> Febre, taqui-
com frequência cardíaca de 120 bpm, pressão arterial cardia, perfusão periférica lentificada. Ao exame físico
de 100 x 70 mmHg e perfusão periférica de 3 s. À ins- apresenta hiperemia de períneo e CREPITAÇÃO lo-
peção, observou-se hiperemia em todo o períneo, com cal (sinal de alarme grave). Olhando com mais cuida-
crepitação à palpação. No toque retal, havia laceração do você encontra uma laceração de pele do canal anal
da pele do canal anal com cerca de 3 cm de extensão. (porta de entrada).
Com base nessa situação hipotética, é correto afirmar
Com todos esses dados, qual o diagnóstico? Fasceíte
que a melhor conduta é realizar:
necrotizante de períneo, ou síndrome de Fournier (na
A) tomografia computadorizada de abdome e pelve, questão o paciente é do sexo feminino e a síndrome de
com contraste endovenoso. Fournier foi inicialmente descrita apenas em homens,
B) ressonância nuclear magnética de pelve. mas isso não importa para responder corretamente a
C) o debridamento em centro cirúrgico e a confecção questão)...
de sigmoidostomia em alça. Quando temos uma infecção necrotizante de fáscias e/
D) o debridamento em centro cirúrgico e a confecção ou tecidos moles, qual a conduta preconizada? Cirur-
de sigmoidostomia terminal. gia. Desbridamento precoce e amplo em centro cirúr-
(E) o debridamento em centro cirúrgico. gico. Associado a suporte intensivo e antibioticotera-
pia empírica ampla. Cada minuto perdido realizando
Resposta correta: Letra E medicações ou testes diagnósticos piora o prognóstico
do doente.
Vamos reconstruir ou fechar primário a ferida? Vamos
perder tempo realizando colostomias ou outros pro-
cedimentos? Não. A abordagem inicial é de desbrida-
mento agressivo e curativo, sendo necessária a reavalia-
ção periódica em centro cirúrgico com novas lavagens.
A derivação de trânsito, o fechamento e outras medidas
são tomadas progressivamente, em diferentes tempos,
conforme a melhora clínica do doente.
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126 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 127
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128 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
Take-Home Message:
E como fazer essa profilaxia?
Vamos fazer uma dose de ataque, elevada, seguida de
doses de manutenção administradas a cada 2x a meia
vida da droga, no intraoperatório. A) Colecistite Aguda com abscesso hepático
O momento de início é na indução anestésica! (mo- B) Abscesso hepático
mentos antes da cirurgia) C) Colangiocarcinoma
A duração é até o fim do procedimento cirúrgico e a D) Adenoma hepático com sangramento espontâneo
droga escolhida depende da microbiota da região ope-
rada e da CCIH do seu hospital kk Resposta correta: Letra D
EXPLICAÇÃO:
Adenoma hepático é um tumor hepático epitelial be-
nigno. Acomete predominantemente mulheres jovens
(20-44 anos). É uma entidade clínica rara: 1 - 1,3 :
1.000.000 pessoas; a incidência sobe bastante entre
mulheres usuárias de ACO: 3,4 : 100.000. Geralmente
estão localizados no lobo direito, sendo lesões solitárias
em 70-80% dos casos.
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 129
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130 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
QUESTÃO 86
Paciente 38 anos comparece ao PS referindo dor em hi- laparoscópica. Atualmente, no 4o PO apresenta-se icté-
pocôndrio direito e febre há 2 dias. Diagnosticada com rica 3+/4+, dor abdominal, TGO de 160, TGP de 210,
colecistite aguda, foi submetida a colecistectomia video- BD de 12,0 e BT de 13,0. Realizou o exame a seguir:
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 131
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132 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 133
Comentários:
O achado incidental de lesões do parênquima renal é
relativamente comum com o aumento do uso de méto-
dos diagnósticos por imagem. A Classificação de Bos-
niak foi criada no intuito de diferenciar lesões renais
benignas daquelas passíveis de malignidade. A classifi-
cação de Bosniak ocorre em 5 categorias:
Categoria I cistos renais simples únicos ou múlti-
plos, possuem parede fina, não apresentam septações,
calcificações ou componentes sólidos. O cisto apresen-
ta densidade de água e não há realce de contraste. Por-
centagem de malignidade próxima de 0%.
Categoria II Lesões benignas nas quais pode-se
observar septações finas, calcificações finas ou um pe-
queno segmento de calcificação espessada. Esta catego-
ria também inclui lesões hiperatenuantes menores do
que 3 cm com margens bem definidas e sem realce.
Porcentagem de malignidade próxima de 0%.
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134 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
Bosniak 1
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 135
Take-Home Message:
RESUMO DO PAPO CLASSIFICAÇÃO DE BOSNIAK PARA LESÕES RENAIS
Definição Malig% Conduta
I Paredes finas. Densidade < 20 UH. Sem ~0% Sem condutas adicionais necessárias
septos, calcificações ou componentes
sólidos. Sem realce.
II Lesões císticas de septos finos (fio de ~0% Sem condutas adicionais necessárias
cabelo). Sem realce mensurável. OU
Lesões sólidas menores que 3 cm, com
margens bem definidas, sem realce.
IIF Múltiplas septações finas. Espessamento 5% Comparar com exames anteriores se possível.
discreto da parede. Realce perceptível Aquisição de outro exame de imagem (por
dae septos ou parede. Calcificações exemplo RM) para melhor caracterização.
grosseiras. OU lesões sólidas totalmente
intrarrenais, sem realce, maiores do que requerem exames de follow-up (por isso o F)
3 cm.
III Paredes espessas, paredes mal definidas 46 a 60% Comparar com exames anteriores. Aquisição
ou septos com realce presente. de outro exame de imagem (RM). As opções
incluem vigilância da lesão com exames
periódicos de imagem, biópsia e nefrectomia
parcial.
IV Características Bosniak III associadas 85 a 100% Cirurgia
a realce de partes moles adjacentes
independentes da parede ou septo.
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136 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 137
Take-Home Message:
Em geral, em traumas com pulsos ausentes a conduta é
cirúrgica - exames invasivos e reconstrução no mesmo
tempo operatório. Nunca adiar a reconstrução arterial
em traumas, pois em geral acometem pacientes jovens
sem circulação colateral bem desenvolvida que evo-
luem rapidamente com isquemia e perda de membro.
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138 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
ALTERNATIVAS QUESTÃO 90
A) CORRETA e responde a questão. Sobre doença de Hirschsprung, pode-se afirmar que:
B) INCORRETA. Tecido de granulação está presente A) A aganglionose ocorre frequentemente em retos-
em feridas abertas na fase fibroproliferativa e indica sigmoide.
que o leito está adequado para receber enxerto de B) A colostomia seguida de abaixamento endoanal é o
pele. No entanto, não esperamos que haja tecido de procedimento de Duhamel.
granulação para enxertar gordura no subcutâneo.
C) Nas formas clássicas há predomínio do sexo feminino.
C) INCORRETA. Fixar enxerto de pele aumenta a chan-
D) A manometria anorretal define o diagnóstico em
ce de sucesso, mas não é essencial; um curativo bem
95% dos casos.
oclusivo e imóvel pode substituir a fixação do enxerto
de pele. Enxertos de gordura não podem ser fixados, Resposta correta: Letra A
mas devem ser colocados em áreas com menor mobi-
lidade para aumentar o sucesso da integração.
EXPLICAÇÃO:
D) INCORRETA. A imobilidade é fundamental em
ambas as situações, mas não é o principal situação Mais uma de Hirschsprung no nosso simulado! Vamos
que deve existir em comum. A primeira principal e de novo! A Doença de Hirschsprung( ou Megacólon
primeira situação é leito bem vascularizado. Os en- Congênito) ocorre pela ausência de células gangliona-
xertos não irão se integrar se o leito estiver desvascu- res nos plexos submucosos e mioentéricos e pode ocor-
larizado. Outro ponto importante é que enxertos de rer em todo trato gastro intestinal. Mais de 80% dos
gordura não podem ser fixados e a imobilidade muitas casos (Hirschsprung clássico) são de zona retossigmói-
vezes não pode ser assegurada, como na lipoenxertia de, mas existe uma parcela de cólon total, ou até ileo
de lábios e região perioral. Isso não significa que não e até envolvendo todo TGI.Lembre-se que no periodo
ocorrerá nenhuma integração. A face é extremamente fetal as células ganglionares povoam o TGI em sentido
vascularizada e ocorrerá uma integração de parte do crânio- caudal, portanto, sempre que houver células
enxerto de gordura, embora uma porcentagem signi- no reto, tem células a montante do reto, sempre que
ficativa esteja sob risco de reabsorção devido a mobili- houver células no transverso, tem células a montante
do transverso, e por ai vai…
dade ocasionada pela fala.
E) INCORRETA. Infecção e colonização são coisas A doença tem uma incidência de 1:5.000 nascidos vi-
distintas. Não deve existir infecção na área recep- vos com um predomínio discreto para o sexo masculi-
tora, isso é fato. Entretanto, todas as feridas aber- no.Existe uma associação genética e familiar, no entan-
tas são colonizadas e se a colonização for inferior a to, a maioria dos casos é esporádico.
105 organismos/g de tecido, a enxertia ainda assim A criança com Hirschsprung tem atraso na eliminação
pode ser realizada com sucesso. de mecônio, constipação desde o nascimento, disten-
são abdominal e ao toque retal tem fezes explosivas. O
rx de abdome sugere um quadro de obstrução baixa e
Take-Home Message: o próximo passo é a realização de um enema opaco que
Vários fatores interferem na integração dos enxertos, irá mostrar uma zona de transição ( cólon proximal bem
sejam eles quais forem. Desde técnica asséptica, atrau- distendido e repleto de fezes e cólon distal espástico).O
mática, o tipo de tecido a ser enxertado e a região do diagnóstico é confirmado então por biópsia retal que
corpo receptora merecem atenção. Mas a primeira irá mostrar ausência de células ganglionares na amos-
característica que deve existir nos leitos receptores é: tra. Em alguns casos pode ser realizada a manometria
BOA VASCULARIZAÇÃO. anorretal, que irá mostrar ausência de reflexo inibitó-
rio anorretal (relaxamento do esfincter interno quando
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 139
Comentários:
Questão clássica sobre REMIT.
Todo ano cai na prova da AMRIGS, tanto no R1,
quanto no R3.
REMIT – Reação endócrino e metabólica a injúria
e trauma.
Na injúria aguda, o organismo tende a lançar mãos
de mecanismos para compensar a homeostase, isto é o
REMIT. Qualquer tipo de injúria se encaixa neste pro-
cesso: trauma, trauma cirúrgico, sepse, inflamação, etc.
No início teremos fase adrenérgica com catabolismo,
A) CORRETA: alternativa correta da questão quebrando substrato e energia, tentando poupar ao
B) INCORRETA: Duhamel não é um abaixamento máximo reservas para lutar contra a injúria. Após a es-
endoanal tabilização, entramos na fase de anabolismo, para repor
C) INCORRETA: Discreto predomínio do sexo mas- o que usamos e perdemos.
culino Vamos ver os fluxogramas da 1ª fase do REMIT:
D) INCORRETA: Manometria anorretal tem alta sensi-
Na injúria aguda, todos estes sistemas serão ativados,
bilidade e é um bom exame para exclusão da doença
causando as reações seguintes e a resposta ao trauma.
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140 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
Take-Home Message:
REMIT
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 141
Triângulo anterior e medial = acima do ligamento in- Triângulo posterior e central = separado pelo ducto
guinal, medial aos vasos epigástricos inferiores, lateral deferente medialmente e pelos vasos espermáticos la-
ao púbis e ao músculo reto Região das hérnias teralmente. Estas estruturas vão se juntar na altura do
inguinais diretas! anel inguinal INTERNO, quando adentram o canal
Triângulo anterior e lateral = acima do ligamento in- inguinal e seguem para a bolsa escrotal. Este é o famo-
guinal, lateral aos vasos epigástricos inferiores, medial so triângulo de DOOM (da morte), pois abaixo dele,
à crista ilíaca Região das hérnias inguinais indi- estão os vasos ilíacos. Se você mexer muito ali, pode
retas, que adentram o canal inguinal, pelo anel ingui- causar um sangramento gravíssimo.
nal INTERNO. Triângulo posterior e lateral = lateral aos vasos esper-
Triângulo posterior e medial = abaixo do ligamento in- máticos, abaixo do ligamento inguinal. Este é o famoso
guinal, medial ao ducto deferente, lateral ao púbis triângulo da dor, que contém os nervos da região ingui-
região das hérnias femorais. nal. Se mexer ali, o doente vai ter dor no pós-operató-
rio e te culpar para sempre kkk.
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142 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 143
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144 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 145
QUESTÃO 94 Sintomas:
Paciente de 76 anos, sexo masculino Comparece em • Retenção de alimentos e saliva, ocasionando halito-
consulta referindo disfagia e engasgo (aponta região se, regurgitação e/ou aspiração
cervical lateral esquerda). Perda ponderal de 20kg em • Sintomatologia respiratória: broncoespasmo/asma,
6 meses. Queixa-se também de halitose. Qual o prová- pneumonias de repetição
vel diagnóstico e a melhor conduta terapêutica dentre • Ulceração do divertículo e sangramento
as alternativas: • Disfagia: quando há crescimento excessivo do falso
A) Síndrome de Plummer-Vinson - Esofagectomia divertículo pode ocorrer compressão extrínseca
sem linfadenectomia Diagnóstico:
B) Divertículo de Zenker - Diverticulopexia sem mio- • Inicialmente estudo baritado combinado ou não
tomia com estudo dinâmico
C) Síndrome de Plummer Vinson - Ruptura endoscó- • Método alternativo para diferenciar divertículo de
pica massa tireoidiana ou cervical é um US de pescoço
D) Divertículo de Zenker - Miotomia com diverticu- • Cuidado com exames endoscópicos, bem como son-
lopexia dagem, devido risco de perfuração do divertículo
Resposta correta: Letra D Tratamento:
• Pacientes com divertículos > 1 - 2 cm e sintomáti-
cos são candidatos ao tratamento
EXPLICAÇÃO: • < 2 cm: Tratar causa do divertículo, ou seja, a hi-
Divertículo Zenker: pertonia do cricofaríngeo: miotomia (procedimen-
to realizado normalmete por endoscopia)
Divertículo de pulsão (portanto é um pseudodiver-
• 2-5 cm:
tículo) mais comum do esôfago. Há a protrusão da
mucosa através de uma área de fraqueza muscular. o Miotomia + Diverticulopexia (portanto sem inva-
Predomínio masculino (1,5x mais comum em homens são do TGI)
que mulheres); incidência anual de 2 pacientes a cada o Ou abordagem endoscópica (bisturi elétrico ou
100000 habitantes. pinça harmônica)
Formado pela herniação da mucosa da região do esôfa- • > 5 -6 cm: Miotomia + Diverticulectomia
go cervical através de um área de fragilidade posterior
da faringe: triângulo de Killian. Especificamente essa CORREÇÃO:
protrusão ocorre entre as fibras do m. faríngeo inferior A) INCORRETO - A principal hipótese é Zenker;
e as do músculo cricofaríngeo. não há relato na história de anemia ferropriva, o
Possíveis causas do surgimento do Divertículo que é um achado associado à Síndrome de Plum-
de Zenker: mer-Vinson
• Dismotilidade esofágica B) INCORRETO - Apesar do diagnóstico estar corre-
to, o tratamento exige a miotomia
• Disfunção do esfíncter esofágico superior
C) INCORRETO - Hipótese errada, embora o trata-
• Esôfago curto mento para a Síndrome de Plummer-Vinson seja a
ressecção endoscópica
D) CORRETO - Hipótese correta com proposta te-
rapêutica também correta
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146 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 147
inicial, os vasos se dilatam secundariamente pela Percebam então, que qualquer alteração nesse processo
ação da bradicinina aumentando a permeabilidade de cicatrização irá resultar em uma cicatrização inefi-
vascular. O aumento da permeabilidade irá atrair ciente e não fechamento da ferida. Como vimos, isto
neutrófilos e monócitos para a ferida que irão eli- pode ser causado por: tabagismo, infecção, desnutrição
minar os restos celulares, corpos estranhos e bac- do paciente, DM, obesidade, radioterapia, corticoides,
térias. Nesses 2 primeiros dias, as células inflama- baixa tensão de oxigênio, e todos os outros fatores de
tórias começam a mudar a sua população para o risco supracitados.
tipo celular com predomínio dos monócitos que
irão se diferencias em macrófagos e fagocitar teci- Vamos às alternativas:
dos e restos bacterianos além de secretar fatores de
crescimento. Nesse momento, a ferida está limpa A) INCORRETA – Todos os fatores causam dificul-
e com boa vascularização, pronta para o processo dade na cicatrização de tecidos
proliferativo. B) INCORRETA - Todos os fatores causam dificulda-
de na cicatrização de tecidos
-Fase proliferativa: macrófagos, mastócitos liberam fa-
tores de crescimento que estimulam a ativação de C) INCORRETA - Todos os fatores causam dificulda-
fibroblastos. Estes, conforme se proliferam, se tor- de na cicatrização de tecidos
nam o tipo predominante de células por 3 a 5 dias D) CORRETA - Todos os fatores causam dificuldade
nas feridas. Os fibroblastos irão sintetizar e secretar na cicatrização de tecidos
colágeno, principalmente tipo I e tipo III. Embora
o tipo III seja a princípio depositado em quanti-
Take-Home Message:
dades maiores na ferida, sua quantidade é sempre
menor que a do colágeno I na cicatriz já madura. Percebam então, que qualquer alteração nesse processo
O colágeno é o principal componente estrutural da de cicatrização irá resultar em uma cicatrização inefi-
cicatriz e é ele que mantem a ferida fechada após ciente e não fechamento da ferida. Como vimos, isto
a retirada de pontos. Além disso, os fibroblastos pode ser causado por: tabagismo, infecção, desnutrição
adquirem características de célula muscular lisa e do paciente, DM, obesidade, radioterapia, corticoides,
se diferenciam em miofibroblastos contráteis, que baixa tensão de oxigênio, e todos os outros fatores de
resultará na contração da ferida e seu fechamento. risco supracitados.
-Fase de maturação ou remodelação: durante esse pro-
cesso há a perda do equilíbrio entre a produção e
degradação do colágeno. Há um aumento da de-
gradação do colágeno por meio da colagenase, evi-
tando assim a formação de cicatrizes patológicas
como queloide e cicatriz hipertrófica. Os capilares
regridem, a cicatriz que antes era avermelhada, se
torna mais clara e esse remodelamento pode durar
de meses até anos. Elas se tornam mais fortes e sua
resistência à tração aumenta, porém a resistência re-
sultante jamais será igual a pele normal, atingindo
no máximo 80% da força da pele integra. A cicatriz
não possui anexos epidérmicos (glândulas sebáceas
e folículos pilosos).
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148 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 149
Take-Home Message::
Quando temos um paciente com disfonia persistente,
fatores de risco para oncogênese (tabagismo), perda
ponderal e lesão ulceroinfiltrativa em pregas vocais de-
vemos imediatamente pensar em câncer de laringe (em
especial o carcinoma epidermoide). E, quando identi-
ficamos essa situação, não podemos perder tempo: rea-
lizar a biópsia assim que possível para comprovarmos
a etiologia da lesão, procedermos com estadiamento
para, em seguida, propor o melhor tratamento possível.
Quanto ao câncer de laringe, um detalhe interessante
que pode nos ajudar a pensar no subsítio que está aco-
metido é relacionarmos as regiões anatômicas da larin-
ge com os sinais clínicos mais típicos:
• Supraglote: disfagia.
• Glote: disfonia.
• Infraglote: dispneia.
Ainda, outro ponto importante de se saber quanto aos
CEC de cabeça e pescoço é a cancerização de campo.
Esse conceito propõe que os tumores se desenvolvem
de forma multifocal dentro de um campo de tecido que
tenha sido cronicamente exposto a agentes canceríge-
nos. Portanto, quando se tem um câncer de boca em
paciente tabagista e etilista, por exemplo, temos que
pensar que pode haver outro tumor primário em algum
sítio diferente da cabeça e pescoço, como a laringe. Por
isso, quando se tem a evidência de CEC do trato aero-
digestivo alto, a busca por esses outros tumores se faz
imperiosa através de exame físico completo (incluindo
laringoscopia ou videolaringoscopia), tomografia com-
putadorizada de face e pescoço com contraste, endos-
copia digestiva alta e, em alguns casos, broncoscopia.
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150 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
Take-Home Message:
- Os critérios de Light devem ser aplicados para diferen-
ciação entre transudato e exsudato. Apenas um critério
positivo classifica o liquido como exsudato: Ptn da pleu-
ra / Ptn sérica < ou = 0.5, LDH pleural / LDH sérico <
ou = a 0.6 e LDH da pleura > que 2/3 do LDH sérico.
- O dreno de longa permanência é a melhor opção para
casos de transudato recorrente em um curto intervalo
de tempo e em pacientes com sobrevida ainda elevada.
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 151
QUESTÃO 98 EXPLICAÇÃO:
Neonato de termo, ao nascer tem ausência de ânus e Amadas anomalias anorretais! Vamos relembrar quais
é observada saída de mecônio na região peno-escrotal são elas? Existe uma infinidade de variações e malfor-
(fotografia). mações anorretais na natureza. Para fins didáticos clas-
sificamos elas da seguinte forma: Anomalias dos meni-
nos - Ânus imperfurada com fístula reto uretral bulbar,
reto uretral prostática ou reto vesical. Anomalias das
meninas- Ânus imperfurado com fístula reto vestibular
ou cloaca. Anomalias de ambos os sexos - Ânus im-
perfurado com fístula reto-perineal e atresia retal sem
fístula ( Muito rara).
E o que significa tudo isso? Pensem da seguinte forma,
na anomalia anorretal temos um defeito da formação
do intestino posterior.Durante a gestação o intestino
posterior não chega a membrana anal e por isso não
temos o ânus perfurado. Durante este desenvolvimen-
to existe o septo urorretal que separa o TGI do TGU
no feto, e esta separação fica incompleta quando não
ocorre desenvolvimento total do reto.Em outras pala-
vras , se o reto não abre no complexo esfincteriano ele
normalmente vai abrir em outro lugar!E por isso existe
essa infinidade de fístulas!
Pois bem, quanto mais alto é o defeito, ou seja quan-
to mais distante do complexo esfincteriano está o reto,
pior é o prognóstico. Isto porque além do desenvolvi-
mento anômalo do reto quando as anomalias são mais
altas, a musculatura e a inervação também são pouco
desenvolvidas, causando um pior prognóstico de conti-
Qual conduta cirúrgica que deve ser instituída para tra- nência para esta criança.Além disso, em anomalias mais
tar esta criança? Assinale a resposta correta. altas a dissecção para correção é maior podendo causar
mais casos de incontinência por lesão iatrogênica das
(A) Colostomia.
estruturas do períneo.
(B) Anorretoplastia sagital posterior.
Para a correção de praticamente todas as anomalias
(C) Proctoplastia por via perineal. anorretais é usada a Anorretoplastia Sagital Posterior
(D) Dilatações sucessivas. (Cirurgia de Peña). Essa cirurgia consiste em fazer uma
incisão ampla no períneo, achar o reto, ligar a fístula e
Resposta correta: Letra C posicionar o reto no esfíncter ( com a ajuda de um ele-
troestimulador muscular para achar o esfíncter). A úni-
ca exceção para isso é a fístula reto perineal, esta fístula
é muito baixa, inclusive, ela chega a se abrir no perí-
neo, apesar de abrir fora do complexo esfincteriano. Na
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152 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL MAR 22 | 153
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154 | MAR 22 SIMULADO R1 - CIRURGIA GERAL
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