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1. Definição........................................................................ 3
2. Fisiopatologia............................................................... 3
3. Investigação diagnóstica da icterícia................... 7
4. Etiologia .......................................................................11
5. Tratamento..................................................................18
Referências Bibliográficas .........................................24
ICTERÍCIA NEONATAL 3
pode ser dividido em: captação, ar- que é excretado nas fezes, pequena
mazenamento, conjugação e secre- porção é eliminada pela urina e, outra
ção hepática. parte, volta para o fígado pelo siste-
Com a ruptura das hemácias e libe- ma porta, constituindo o ciclo enter-
ração da hemoglobina, esta é cap- ro-hepático da bilirrubina.
tada por macrófagos que a transfor-
mam em biliverdina, monóxido de
carbono e ferro. A biliverdina ao ser
convertida em bilirrubina livre pela
biliverdina-redutase passa a ser libe-
rada gradualmente dos macrófagos
para o plasma, tal molécula é lipos-
solúvel, e como dito anteriormente,
atravessa facilmente a barreira he-
matoencefálica. Para ser transpor-
tada no plasma esta bilirrubina li-
ga-se à albumina, sendo chamada
também de bilirrubina não conjugada
ou indireta. Ao chegar ao fígado, a
mesma é captada por proteí-
nas chamadas ligandinas
até os hepatócitos onde
em seguida são levadas ao
retículo endoplasmático no
qual são conjugadas pela
ação da enzima UDP glicu-
roniltransferase formando
então um composto polar e
hidrossolúvel que é a bilirru-
bina direta ou conjugada. A
excreção desta ocorre através
do polo biliar dos hepatócitos
para então chegar ao intestino
onde é desconjugada pela ação
das glicuronidases bacterianas
para formar o urobilinogênio
ICTERÍCIA NEONATAL 5
FISIOPATOLOGIA DA ICTERÍCIA.
MONÓXIDO
CARBONO
HEMOGLOBINA
FERRO
+ ALBUMINA MACRÓFAGOS
PLASMA
BILIRRUBINA
INDIRETA
LIGANDINAS
CAPTAÇÃO
HEPATÓCITOS
UDP
Glicuroniltransferase
CONJUGAÇÃO
FEZES URINA
BILIRRUBINA CICLO ENTERO-
DIRETA HEPÁTICO
DESCONJUGAÇÃO
ICTERÍCIA NEONATAL 6
SAIBA MAIS!
RN com peso ao nascer de 2.000 a 2.500 g e/ou idade gestacional entre 35 e 38 semanas
apresentam risco aumentado de hiperbilirrubinemia. Os pacientes de 35, 36, 37 e 38 sema-
nas têm, respectivamente, 10, 8, 6 e 4 vezes o risco de desenvolver BT superior a 25 mg/dL
quando comparados ao risco dos RN de 40 semanas. Fonte: Newman TB et al. Prediction
and prevention of extreme neonatal hyperbilirubinemia in a mature health maintenance
organization. Arch Pediatr Adolesc Med 2000; 154: 1140-7.
MENOR
MEIA-VIDA DOS
ERITRÓCITOS
IMATURIDADE 2X MAIS
HEPÁTICA BILIRRUBINA
MAIOR
QUANTIDADE DE TRATO
GLICURONIDASE GASTROINTESTINAL
NO LEITE ESTÉRIL
MATERNO
3. INVESTIGAÇÃO
DIAGNÓSTICA DA
ICTERÍCIA
A icterícia neonatal apresen-
ta progressão cefalocaudal
sendo possível avalia-la
por meio das zonas de
Kramer em que áreas
ictéricas do corpo do
neonato, avaliadas sob
luz natural, são correla-
cionadas com valores
médios de bilirrubina:
ICTERÍCIA NEONATAL 8
SAIBA MAIS!
Ao lançar mão da semiologia, o diagnóstico clínico de hiperbilirrubinemia costuma ser feito
com avaliação quantitativa da icterícia ao avaliar pele e mucosas por meio de cruzes (++++).
O local mais adequado para fazer essa análise é sob iluminação natural para melhor visualizar
o frênulo da língua e a esclera, locais onde costuma ser mais intensa a deposição de bilirru-
bina. Uma icterícia leve é perceptível nessas regiões, de modo que uma mucosa com icterícia
onde há pouca alteração em relação a condição normal é classificada como +/IV, e quanto
mais intensa for a icterícia mais cruzes então se utiliza na classificação. Tal método de análi-
se, assim como as zonas de Kramer possui limitações para realizar devida correlação com os
níveis de BT. E ainda, vale ressaltar que por serem formas clínicas diferentes para análise
(uma relativa à intensidade e outra à progressão cefalocaudal), as mesmas podem estar
presentes ao mesmo tempo no RN, uma vez que, por exemplo, um paciente pode ter uma
icterícia +/IV e ao mesmo tempo uma zona I de Kramer (Fonte: MORO, et al. Avaliação clínica
da icterícia: correlação com níveis séricos de bilirrubina. Arquivos Catarinenses de Medicina
V. 33. n 16 o. 4 de 2004).
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Figura 2. Nomograma com os percentis 40, 75 e 95 de BT sérica segundo a idade pós-natal em horas, em RN ≥35
semanas e peso ao nascer ≥2.000 g.
SAIBA MAIS:
Diante de um RN ictérico por mais de 2 semanas associado às fezes amarela clara ou
branca, deve-se pensar no diagnóstico de Atresia Biliar. Esta doença rara afeta os RN no
1º mês de vida que resulta da obstrução das vias biliares, impedindo a bile de sair do fígado.
Se não for logo diagnóstica e tratada pode levar à morte da criança aos 2 anos de idade de-
corrente do dano intenso e cicatrização do fígado. Uma forma de detectar precocemente é
pedir aos pais para que fiquem atentos a cor das fezes do RN diariamente dentro do 1º mês
de vida. Para isto, pode-se apresentar o cartão abaixo com diversas colorações das fezes e
pedir para que os pais, aos perceberem fezes de coloração anormal (número de 1 ao
6) levem imediatamente o RN para um serviço de saúde para que se proceda com a in-
vestigação (Fonte: PerinatalServicesBC. Disponível em: http://www.perinatalservicesbc.ca/
Documents/Screening/BiliaryAtresia/StoolColourCard_Portuguese.pdf). Abaixo o cartão:
ETIOLOGIA
DA ICTERÍCIA
DEFICIÊNCIA
SOBRECARGA AO
OU INIBIÇÃO DA
HEPATÓCITO
CONJUGAÇÃO
Síndrome Gilbert
HEREDITÁRIAS ADQUIRIDAS Hemorragias RN PIG Jejum ou baixa oferta
Hipotireoidismo
congênito
Incompatibilidade Hematomas e Mãe com DM “Falta” de aleitamento
ABO, Rh e outros equimoses materno Icterícia pelo
antígenos
leite materno
Transfusão
SAIBA MAIS!
A icterícia pela “falta” do aleitamento materno tem sido associada nos últimos anos a alta
hospitalar antes das de 48h de vida. Com a finalidade de redução dos custos hospitalares
tem sido criada a tendência de encurtar o tempo de internação hospitalar. No entanto, a
maior parte dos RN que saem dos hospitais, está em aleitamento materno exclusivo, de modo
que a reduzida oferta láctea e a desidratação a principal causa da hiperbilirrubinemia. Logo,
acredita-se que internações precoces (antes das 48h de vida) afetam a habilidade da mãe
de assimilar e processar as informações relativas a amamentação e cuidados com o filho,
desfavorecendo a prática do aleitamento materno e contribuindo para a icterícia pela falta do
aleitamento materno adequado. Fonte: TRATADO DE PEDIATRIA, 2010.
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Figura 5. Tratamento com imunoprofilaxia anti-D. Legenda: HDN: Doença Hemolítica Neonatal; RhIG= Imunoglobulina
anti-Rh (Fonte: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20180626/25162621-rotina-materno-fetal-em-imunhe-
matologia-lais-garcia-hospital-de-clinicas-de-porto-alegre.pdf)
SAIBA MAIS!
Estudos recentes evidenciam a presença da mutação da UGT1A1 em RN em aleitamento
materno com hiperbilirrubinemia indireta prolongada (icterícia pelo leite materno), sendo a
mesma detectada em pacientes com síndrome de Gilbert. Fonte: MARUO Y et al. Prolonged
unconjugated hyperbilirubinemia associated with breast milk and mutations of the bilirubin
uridine diphosphate glucuronosyltransferase gene. Pediatrics 2000; 106: e59
Outro grupo são as Síndromes de Cri- mg/dL logo nos primeiros dias. Neste
gler-Najjar tipos I e II, ambas formas caso não há resposta ao fenobarbi-
clínicas da deficiência congênita da tal e a biópsia hepática não eviden-
enzima glicuronil-transferase. A tipo I cia a presença da enzima. A tipo II é
é autossômica recessiva, onde há au- autossômica dominante com presen-
sência completa da atividade da enzi- ça reduzida da glicuronil-transferase.
ma e manifesta valores de BI 25-35
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SAIBA MAIS!
A escolha do tipo de sangue para a exsanguinotransfusão depende da etiologia da icterícia.
Se a causa for doença hemolítica por incompatibilidade Rh, utiliza-se o tipo sanguíneo do RN,
Rh negativo ou tipo O Rh negativo. No caso de hemólise por incompatibilidade ABO, as he-
mácias transfundidas podem ser as do tipo sanguíneo da mãe (O) e o plasma Rh compatível
com o do RN ou hemácias tipo O com plasma AB Rh compatível. Quando a etiologia não for
a hemólise por anticorpos, pode ser utilizado o tipo sanguíneo do RN. Fonte: MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2014
24 horas 8 10 15 18
48 horas 11 13 17 21
72 horas 13 15 18 22
96 horas 14 16 20 23
5 a 7 dias 15 17 21 24
1.501 – 2.000g 8 a 10 13 a 15
2001 – 2.500 g 10 a 12 15 a 17
• Considerar o valor inferior na presença de fatores de risco: doença hemolítica, deficiência de G-6-PD, asfixia,
letargia, instabilidae na temperatura, sepse, acidose, hipotermia ou albumina <3,0 g/dL.
Tabela 2. Valores de BT para indicação de fototerapia e exsanguíneotransfusão (EST) em RN < 34 semanas de idade
gestacional (Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
Coletar exames
Zona ≥2 Zona <2
Fototerapia
Coletar Observação
exames clínica
MAIOR
TRATO QUANTIDADE DE MENOR MEIA-
GASTROINTESTINAL IMATURIDADE 2X MAIS GLICURONIDASE NO VIDA DOS
ESTÉRIL HEPÁTICA BILIRRUBINA LEITE MATERNO ERITRÓCITOS
HEMÓLISE
FATORES DO RN
COLEÇÃO
SANGUÍNEA
HEPATSOBRECARGAÓCITO
ZONAS DE POLICITEMIA
KRAMER
ICTERÍCIA
AVALIAÇÃO ETIOLOGIA
NEONATAL
ANÁLISE BT CIRCULÇÃO
SÉRICA ENTERO-HEPÁTICA
DEFICIÊNCIA OU INIBIÇÃO DA
CONJUGAÇÃO
RISCO: BAIXO,
NOMOGRAMA OBSERVAR A
INTERMEDÍARIO
DE BUTTANI CADA 8-12h
OU ALTO
Coletar exames
Zona ≥2 Zona <2
ALTA
48h sem icterícia
> p75 < p75 RETORNO
ou Zona I
48-72h
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. – 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Progra-
máticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de
saúde. 2. ed. atual. – Brasília, 2014.
RAMOS, J.L.A. Icterícia no recém-nascido: aspectos atuais. Ver. Fac. Ciên. Méd. Sorocaba,
v. 4, n.12, p.17-30, 2002.
GARCIA, L. Rotina materno-fetal em imunohematologia. Hospital das Clínicas de
Porto Alegre. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20180626/
25162621-rotina-materno-fetal-em-imunhematologia-lais-garcia-hospital-de-clinicas-
-de-porto-alegre.pdf.
MARTELLI, A. Síntese e metabolismo da bilirrubina e fisiopatologia da hiperbilirrubinemia
associados à Síndrome de Gilbert: revisão de literatura. Rev Med Minas Gerais 2012; 22(2):
216-220.
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