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CURITIBA – PARANÁ
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO ...................................... 3
VIAS AÉREAS E APARELHO RESPIRATÓRIO ................................................................. 9
CHOQUE ................................................................................................................................... 14
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR ................................................................................. 20
TRAUMA TORÁCICO E DRENAGEM DE TÓRAX ........................................................... 26
TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO.................................................................................... 35
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO ......................................................................................... 41
TRAUMA RAQUIMEDULAR.................................................................................................. 45
TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO ................................................................................ 53
TRAUMA PEDIÁTRICO .......................................................................................................... 58
ATENDIMENTO AO PACIENTE QUEIMADO .................................................................... 64
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS I – DOR TORÁCICA ............................................................. 69
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS II – AVE E CRISE CONVULSIVA ....................................... 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 86
BLOCO PARA ATENDIMENTO NO SAV ........................................................................... 87
INTRODUÇÃO
1
junto à comunidade, confecção e publicação de trabalhos científicos em revistas, periódicos
e congressos, bem como aulas quinzenais sobre diversos assuntos relacionados ao trauma.
O sonho vivenciado nos últimos 22 anos só cresce a cada mês, a cada semana, a
cada dia. Novos acadêmicos, novas diretorias, novos rostos e ambições, novas atividades,
programações e extensões. O que se mantém a cada novo segundo, entretanto, é o objetivo
comum de aprendizado mútuo junto à relação médico-paciente e o carinho desenvolvido em
cada um de nossos projetos, buscando humanizar a traumatologia.
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ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO
Kauana Gouveia
• Preparação
• Triagem
• Levantamento primário (ABCDE) com reanimação imediata de pacientes com lesões
com risco de vida
• Medidas tomadas juntamente ao levantamento primário e reanimação
• Consideração da necessidade de transferência de pacientes
• Pesquisa secundária (avaliação da cabeça aos pés e histórico do paciente)
• Monitoramento e reavaliação
• Cuidados definitivos
Preparação
3
Triagem
A triagem envolve a classificação dos pacientes com base nos recursos necessários
e nos recursos disponíveis. A prioridade no tratamento inclui: gravidade da lesão,
capacidade de sobreviver e recursos disponíveis. O sistema pré-hospitalar também participa
dessa triagem, direcionando os pacientes para centros adequados de acordo com a
gravidade do trauma.
• B: Respiração e ventilação
• D: Avaliação neurológica
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A: Manutenção das vias aéreas com restrição do movimento da coluna cervical
A primeira conduta a ser tomada é a verificação de via aérea pérvia, deve-se então
fazer a inspeção de corpos estranhos, identificar fraturas faciais, mandibulares, traqueais,
laríngeas e outras lesões que podem resultar em obstrução das vias aéreas.
B: Respiração e Ventilação
5
C: Circulação com controle da hemorragia
D: Avaliação Neurológica
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E: Exposição/ Controle Ambiental
• Eletrocardiografia contínua
• Oximetria de pulso
• Monitoramento de dióxido de carbono
• Avaliação da frequência ventilatória
• Medir gasometria arterial
• Cateter urinário para monitorar débito urinário e hematúria
• Cateter gástrico (se necessário descomprimir estômago)
• Exames (raio-x, FAST, e-FAST, lavado peritoneal diagnóstico)
• Alergias
• Medicamentos usados atualmente
• Doenças passadas / Gravidez
• Líquidos e alimentos ingeridos
• Ambiente relacionados à lesão
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O exame físico deve ser completo e contemplar todas as partes do corpo desde a
cabeça até os pés.
Reavaliação
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VIAS AÉREAS E APARELHO RESPIRATÓRIO
Bruno Berardi Gazola
Alguns sinais objetivos podem sugerir comprometimento das vias aéreas. São eles:
agitação, torpor, cianose, tiragem ou uso de musculatura acessória para ventilação, roncos,
gorgolejos e estridores durante a respiração, rouquidão, taquipneia, presença de ruídos
adventícios, murmúrio vesicular abolido ou diminuído, desvio de traqueia e crepitações.
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O O2 suplementar deve ser administrado a todos os pacientes com traumatismos
graves. A oferta de O2 deve ser realizada com fluxo de 10-12 L/min, por meio de máscara
facial com reservatório, bem acoplada ao rosto do paciente. A presença de secreções na
cavidade oral representa risco de broncoaspiração, sendo necessária aspiração da
orofaringe com cânula rígida. Caso os vômitos persistam e não seja excluída a hipótese de
lesão da coluna cervical, deve-se considerar a intubação, a fim de proteger a via aérea.
Pacientes inconscientes, com sensório reduzido por abuso de drogas ou álcool e portadores
de lesões torácicas que comprometam a ventilação, necessitam de via aérea definitiva.
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Via Aérea Definitiva
• Apneia
• Necessidade de proteção das vias aéreas contra aspiração por vômitos ou sangue
• TCE com escala de coma de Glasgow
≤8
• Risco de obstrução por lesão de
traqueia ou laringe, hematoma cervical ou
retrofaríngeo, estridor e lesões térmicas
• Fraturas maxilofaciais graves
• Convulsão persistente
• Incapacidade de manter oxigenação
com máscara facial
• Necessidade de ventilação, como em
paralisia neuromuscular, movimentos
respiratórios inadequados e TCE grave
com necessidade de hiperventilação
Intubação endotraqueal
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1) Pré-oxigenação com O2 a 100%
• A Succinilcolina tem um início de ação rápido (<1 minuto) e duração de até 5 minutos
• Devido ao risco de hipercalemia grave, a Succinilcolina deve ser utilizada com
cautela em pacientes com lesões graves por esmagamento, queimaduras graves e
ferimentos por eletricidade
• Se a tentativa de intubação não for bem sucedida, deve-se ventilar o paciente até o
término da paralisia
8) Ventilar o paciente
A confirmação da posição correta do tubo pode ser feita por radiografia de tórax.
Depois de confirmado o posicionamento, a sonda de intubação deve ser adequadamente
fixada. A primeira conduta diante de pacientes que chegam intubados ao hospital ou que
retornam de análise radiológica/tomográfica é confirmar a posição correta do tubo.
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A cricotireoidostomia cirúrgica realiza-se através de uma incisão, longitudinal ou
transversa, na pele sobre a membrana cricotireoide. Em seguida, incisa-se a membrana com
uma pinça hemostática para a introdução de cânula de traqueostomia de pequeno calibre
(5 a 7 mm). Esse procedimento não é indicado para crianças menores de 12 anos de idade,
pelo risco de danos à cartilagem cricoide, que é o único suporte circunferencial para a
traqueia superior.
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CHOQUE
Gabriela Caetano Lopes Martins
Definição
Fisiologia
Em resumo:
• PAM = RPT x DC
• DC = FC x VS
• VS = VDF - VSF
Assim, cada tipo de choque vai agir em diferentes fatores das equações acima,
porém com o mesmo resultado de instabilidade hemodinâmica.
Tipos de Choque
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Cardiogênico: a eficiência da função de bomba do coração está reduzida. O volume
sistólico será menor. Exemplo: infarto de miocárdio.
Fisiopatologia
Metabolismo anaeróbio celular: surge como uma alternativa uma vez que o choque priva
as células de substratos importantes para o metabolismo aeróbio. A formação de ácido lático
resultante desse metabolismo alternativo pode levar a acidose metabólica e, posteriormente,
a Síndrome da Falência de Múltiplos Órgãos (SFMO).
Atendimento Inicial
Como no trauma a grande maioria dos choques são hemorrágicos, é comum que
pacientes traumatizados chocados sejam inicialmente abordados como um choque
hipovolêmico. Porém, enquanto inicia o tratamento, é importante avaliar se o paciente não
se enquadra na porcentagem menor de chocados por outras causas ou por mais de uma
causa. A avaliação é feita pela história do paciente, exame físico cuidadoso e exames
complementares (raio-x de tórax e pelve, FAST), se estes não atrasarem a ressuscitação.
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Entre as causas de choque não hemorrágico no trauma estão:
Choque cardiogênico: choque secundário a disfunção miocárdica. Pode ser por trauma
torácico contuso, embolo de ar ou infarto de miocárdio.
Choque neurogênico: traumas cranioencefálicos isolados não causam choque, a não ser
que o tronco encefálico esteja envolvido. É importante buscar outras fontes de sangramento.
Além do tronco encefálico, lesão medular a nível cervical ou torácico alto pode levar ao
choque distributivo devido à perda de tônus simpático. Há suspeita quando o paciente
apresenta hipotensão arterial sem taquicardia ou vasoconstrição periférica.
Choque Hemorrágico
O choque hemorrágico pode ser classificado em quatro classes (Tabela 1). Essa
divisão serve para determinar a abordagem inicial do paciente. A continuidade do tratamento
será determinada pela resposta do paciente a terapia.
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O manejo inicial do choque hemorrágico deve seguir o ABCDE do trauma.
A e B: via aérea pérvia e ventilação adequada. Saturação de O2 deve ser mantida acima de
95%.
C: hemorragias externas óbvias devem ser controladas assim que percebidas, por
compressão ou, se muito extensas, com um torniquete. Deve-se garantir acesso venoso do
paciente. Preferencialmente 2 acessos venosos periféricos calibrosos (>18 gauge). Se não
for possível, acessos alternativos são o intraósseo ou o central. A experiencia do médico é
crucial para definir qual o mais adequado. Uma vez com o acesso, devem ser coletadas
amostras para tipagem, prova cruzada e exames laboratoriais. A ressuscitação volêmica
deve ser iniciada. Pode ser necessário controlar sangramentos em pelve (estabilização com
lençol) ou internos (cirurgia ou angioembolização).
Resposta rápida: retorno dos sinais vitais ao normal. A reposição pode ser desacelerada
e, de forma geral, não será necessário mais volume de fluido ou sangue. Ainda é necessária
a avaliação por um cirurgião.
Resposta transitória: há resposta a terapia inicial, mas os sinais vitais voltam a cair a
medida que a reposição é desacelerada. É necessário parar o sangramento (cirurgia ou
angioembolização).
Resposta mínima ou sem resposta: iniciar Protocolo de Transfusão Maciça (PTM) e levar
o paciente imediatamente para cirurgia ou angioembolização para controle definitivo da
hemorragia. Outras causas de choque devem ser consideradas.
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Pacientes com resposta transitória ou sem resposta a terapia inicial são candidatos
a transfusão de hemocomponentes. A administração precoce de razões balanceadas de
hemácias, plasma e plaquetas pode prevenir a coagulopatia.
Considerações Especiais
Merecem atenção algumas populações que podem ter sua resposta fisiológica ao
choque de forma diferenciada. É o caso de idosos, atletas, grávidas, pacientes em uso de
medicações (como beta-bloqueadores), pacientes hipotérmicos e pacientes com marca-
passo ou cardioversor implantável.
Pontos Importantes
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• A intervenção deve ser quase simultânea a identificação do choque.
• A reposição inicial deve ser com até 1L de Ringer Lactato. O seguimento será orientado
pela resposta do paciente.
• Locais de sangramento importante: sangramentos externos, tórax, abdome/pelve,
retroperitônio e extremidades (“floor and four more”).
• O tratamento definitivo do choque hemorrágico é a PARADA DO SANGRAMENTO. A
reposição volêmica só será efetiva se associada ao controle da perda sanguínea.
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REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR
Sofia Tokars Kluppel
É muito importante que o SBV seja iniciado imediatamente por socorristas leigos.
A Reanimação cardiopulmonar (RCP) feita por leigos deve ser iniciada na SUSPEITA de
PCR (o risco de dano é baixo se o paciente não estiver em parada). Por isso a importância
da educação e conscientização da população.
Caso a PCR ocorra no intra-hospitalar, a equipe deve estar com todos equipamentos de
proteção individual (EPI) recomendados para procedimentos com geração de aerossol
(máscara N95, gorro, luvas, óculos ou protetor facial e avental) antes de iniciar o
atendimento a esses pacientes.
Se a PCR ocorrer no extra-hospitalar, tanto o socorrista quanto a vítima devem estar
usando máscara. Se não houver máscaras disponíveis, a via aérea deve ser bloqueada de
alguma forma - com panos, roupas, etc. O uso de luvas não é obrigatório, e as mãos devem
ser higienizadas após o término da reanimação.
Se o local não for seguro, torne o local seguro ou remova a vítima para um local
seguro.
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c. Checar ausência de respiração (observar se não há elevação do tórax por 10 segundos)
ou respiração ofegante (gasping).
d. Checar pulso carotídeo por até 10 segundos - socorristas leigos não devem checar
pulso.
3. Iniciar ciclo de 30 compressões e duas ventilações
Compressões torácicas
• Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância um do outro
para que tenha melhor estabilidade.
• Afaste ou, se uma tesoura estiver disponível, corte a roupa da vítima que está sobre o
tórax para deixá-lo desnudo.
• Coloque a região hipotenar de uma mão sobre o esterno da vítima e a outra mão sobre
a primeira, entrelaçando-a.
• Estenda os braços e posicione-os cerca de 90º acima da vítima.
• Comprima na frequência de 100 a 120 compressões/minuto.
• Comprima com força, com profundidade de pelo menos 5 cm.
• Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, sem retirar o contato das
mãos com o mesmo.
• Minimize interrupções das compressões.
• Reveze com outro socorrista, a cada dois minutos, ou antes se for preciso, para evitar a
fadiga e compressões de má qualidade.
Ventilação
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• Não fazer: ventilação boca a boca ou uso da máscara de bolso;
• Evite: ventilação com bolsa-válvula-máscara ou bolsa-tubo endotraqueal, devido
ao elevado risco de aerossolização e contaminação da equipe, além da efetividade
não ser superior à da ventilação mecânica, conforme evidências disponíveis atuais;
• E se existir absoluta necessidade de ventilação com bolsa-válvula-máscara?
Faça a vedação da máscara com a técnica envolvendo dois profissionais, utilize
cânula orofaríngea e instale um filtro HEPA entre a máscara e a bolsa.
4. Desfibrilação
• Ligue o aparelho apertando o botão ON - OFF (alguns aparelhos ligam automaticamente
ao abrir a tampa).
• Conecte as pás (eletrodos) no tórax da vítima, observando o desenho contido nas
próprias pás, mostrando o posicionamento correto das mesmas:
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• Encaixe o conector das pás (eletrodos) ao aparelho.
• Quando o DEA disser "analisando o ritmo cardíaco, não toque no paciente", solicite que
todos se afastem e observe se há alguém tocando na vítima, inclusive se houver outro
socorrista aplicando RCP.
• Se o choque for indicado, o DEA dirá "choque recomendado, afaste-se do paciente". O
socorrista que estiver manuseando o DEA deve solicitar que todos se afastem, observar
se realmente não há ninguém (nem ele mesmo) tocando a vítima e, então, pressionar o
botão indicado pelo aparelho para aplicar o choque.
• A RCP deve ser reiniciada pelas compressões torácicas, imediatamente após o choque.
A cada dois minutos, o DEA analisará o ritmo novamente e poderá indicar outro choque,
se necessário. Se não indicar choque, reinicie a RCP imediatamente, caso a vítima não
retome a consciência.
• Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desligado e as pás
não devem ser removidas ou desconectadas até que o Serviço Médico de Emergência
(SME) assuma o caso.
• Se não houver suspeita de trauma e a vítima já apresentar respiração normal e pulso, o
socorrista poderá colocá-la em posição de recuperação, porém deverá permanecer no
local até que o SME chegue.
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ALGORITMO DE RCP PARA ADULTOS
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Retorno da circulação espontânea (RCE)
• Hipovolemia
• Hipóxia
• Hidrogênio (acidose)
• Hipo/hipercalemia
• Hipotermia
• Tensão do tórax por pnemotórax
• Tamponamento cardíaco
• Toxinas
• Trombose coronária
• Trombose pulmonar
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TRAUMA TORÁCICO E DRENAGEM DE TÓRAX
Jaqueline Zwierzikowski
Trauma Torácico
O manejo das vias aéreas já foi previamente descrito no seu respectivo capítulo.
Importante lembrar que o trauma torácico acompanha lesões em topografia alta como
traqueia e laringe, comuns em mecanismo contuso direto ao pescoço, luxação/fratura de
clavícula e ombro e desaceleração, além da laceração, ruptura e cavitação causados
ferimentos de arma de fogo.
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jugulares, cianose. A percussão hipertimpânica, traqueia desviada, veias jugulares
distendidas e ausência de sons respiratórios são os sinais mais clássicos de pneumotórax
hipertensivo. Importante avaliar oximetria e se disponível, eFAST para auxiliar o diagnóstico.
Seu tratamento deve ser imediato com descompressão torácica por agulha calibrosa
no quinto espaço intercostal anteriormente a linha axilar média convertendo o pneumotórax
hipertensivo em pneumotórax simples. Em seguida drenagem torácica fechada em selo
d’água.
O Pneumotórax aberto é caracterizado por uma lesão aberta na parede torácica, que
se acima de ⅔ do diâmetro da traqueia, será a via de preferência de entrada aérea levando
a distúrbio ventilatório com hipóxia e hipercapnia. Seus sinais clínicos são dor torácica,
dispneia, taquipneia, ausência de murmúrio
vesicular no hemitórax afetado e movimento aéreo
através da parede torácica. O tratamento é de igual
forma mandatório e imediato, com um curativo de
três pontas para instaurar um mecanismo de valva
através da qual o ar saia durante a expiração e haja
selamento do curativo durante a inspiração.
Realizar drenagem torácica o mais precoce
possível. Figura 7 – Curativo de três pontas.
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necessário um alto nível de suspeição. A conduta deve ser uma toracotomia ou esternotomia
de emergência, e na ausência de um cirurgião qualificado, como último recurso, pode-se
tentar uma pericardiocentese para aspirar o sangue do saco pericárdico, porém, são comuns
e graves as complicações com a tentativa deste procedimento às cegas.
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conduta conservadora. Após drenagem, sempre realizar radiografia de controle para
confirmar posicionamento e reexpansão pulmonar.
Tórax instável define-se por duas ou mais fraturas adjacentes em dois ou mais
regiões. Pode ocorrer também por separação costocondral de um único arco costal.
Observação de movimentação anormal da caixa torácica e crepitação por fraturas pode
indicar o diagnóstico.
Figura 9 – Tórax Instável . A – Tórax instável por fraturas múltiplas. B- Tórax instável por separação costocondral.
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melhorar a ventilação. Manter uma avaliação cuidadosa da frequência respiratória,
saturação de oxigênio e movimentação ventilatória deste tipo de paciente.
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curta, no caso de falha ou contra indicação deste, bloqueador de canal de cálcio, e em falha
deste, nitroglicerina ou nitroprussiato. O tratamento é por intervenção da equipe cirúrgica
qualificada, via aberta ou endovascular.
Lesão traumática de diafragma são comuns no lado esquerdo já que o lado direito é
protegido pelo fígado, e são geralmente identificadas na radiografia de tórax ou tomografia
computadorizada por deslocamento de alças intestinais, estomago ou sonda nasogástrica
para a cavidade torácica. A cúpula diafragmática elevada pode ser o único achado na lesão
direita.
Se a lesão for suspeitada, porém não presente nos exames radiológicos, utilizar
estudo contrastado do trato gastrointestinal alto. Procedimentos minimamente invasivos
como laparoscopia ou toracoscopia podem fornecer o diagnóstico, assim como cirurgias
para lesões abdominais que permitam a visualização. O tratamento é o reparo direto.
Por fim, outras lesões que não são ameaçadoras a vida mas que podem causar
significante morbidade devem ser avaliadas.
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resistente e flexível, portanto, presença de múltiplas fraturas em jovem indica mecanismo
de grande intensidade. Fraturas em arcos costais baixos
– de 10 a 12- aumentam a suspeição para lesão em
hepatoesplênica.
Drenagem de Tórax
• Dreno de tórax
o Tubular multiperfurado: maior superfície de drenagem e menor chance de
obstrução;
o Siliconizado: dificulta aderência de coágulos
o Consistência firme: menor chance de colapsar e formar coágulos
o Calibre em adultos: segundo o ATLS 10 edição, 28 – 32 Fr.
o Calibre em crianças: de 16 – 22 Fr.
• Conexões intermediárias e extensões
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• Frasco selo d’água
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• Realização de radiografia simples de tórax para controle de posicionamento do
dreno e reexpansão pulmonar.
Cuidados Pós-procedimento
Complicações
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TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO
Gabriela Caetano Lopes Martins
Anatomia
A pelve, por sua vez, abriga o reto, a bexiga, os vasos ilíacos e os órgãos
reprodutores femininos.
Mecanismo de Trauma
Trauma contuso: O trauma que ocorre por impacto direto sem solução de continuidade,
por exemplo pela compressão do abdome contra o volante em um acidente automobilístico.
Esse mecanismo pode levar a compressão e esmagamento de vísceras ou ossos pélvicos.
Outra forma de lesão no trauma contuso é por cisalhamento, quando ocorre uma
desaceleração. Nesse caso, a movimentação das partes fixas e móveis dos órgãos é
diferente, o que pode levar a lesões como a laceração do fígado ou do baço.
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Trauma penetrante: Aqui estão incluídos os ferimentos por arma branca (FAB),
empalamento e os ferimentos por arma de fogo (FAF). As lesões serão dependentes do
trajeto e energia.
São dados importantes o tempo decorrido desde o trauma, o tipo de arma, a distância do
agressor (FAF), número de FAFs ou FABs e a quantidade de sangue na cena.
Explosão: Nesse tipo de trauma há uma soma dos mecanismos penetrante e contuso. É
importante lembrar das lesões por pressão em membranas timpânicas, pulmão e intestino.
A busca de lesões em abdome e pelve, que possam causar hemorragia, faz parte
da avaliação inicial da circulação do paciente traumatizado. Todo paciente vítima de trauma
direto, desaceleração, explosão ou ferimento penetrante em torso deve ser considerado
portador de lesão de víscera abdominal, vascular ou em pelve até que se prove o contrário.
Uma consideração importante é que esse exame pode ser prejudicado pela
presença de abdome em defesa voluntária, devido a dor a palpação superficial (de parede).
Esta deve ser diferenciada da dor a palpação profunda (abdome em defesa involuntária)
que é um sinal de peritonite.
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Figura 13 – Estabilização da pelve com lençol.
Exames Complementares
Raio-x (RX)
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• INTERPRETAÇÃO: Aspiração de conteúdo gastrointestinal, fibras vegetais, bile ou
10 ml ou mais de sangue são indicações de laparotomia.
Outros exames
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Indicações de Laparotomia
Lesões Específicas
Rotura de duodeno: lesão clássica em pacientes com traumas diretos em abdome, como
motoristas sem cinto de segurança que sofrem colisão com impacto frontal com o volante
ou usuários de cinto de segurança abdominal.
Pâncreas: trauma direto em epigástrio pode levar a lesão de pâncreas devido a compressão
do órgão contra a coluna vertebral. Isso pode ocorrer, por exemplo, com o uso de cinto de
segurança abdominal ou com queda sobre o guidão da bicicleta em crianças.
Vísceras ocas: em trauma fechados, a lesão intestinal costuma ser por desaceleração, com
uma rotura próxima a um ponto fixo da víscera. São sinais que devem levantar a suspeita
de lesão intestinal: sinal do cinto de segurança e fratura de Chance (fratura vertebral
causada pelo mecanismo de flexão-distração).
Vísceras sólidas: são fígado, baço e rim. Lesões desses órgãos que causem choque,
anormalidade hemodinâmica ou hemorragia contínua são indicações de laparotomia. Em
pacientes estáveis, muitas vezes é possível optar pelo tratamento conservador.
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Pontos Importantes
• Trauma penetrante:
o Paciente instável tem indicação de laparotomia imediata.
o Evisceração, FAF que penetre cavidade ou sangramento de TGI ou TGU são
indicações de laparotomia imediata.
• Condições para poder considerar tratamento conservador: estabilidade
hemodinâmica, ausência de peritonite e ausência de evisceração.
• O abdome deve ser constantemente reavaliado.
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TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO
Bárbara Vieira Sardi
TCE leve TCE moderado TCE grave Coma de Glasgow [ECG], indicando lesão
intracraniana), da função pupilar (por meio
13-15 9-12 3-8
do reflexo fotomotor e a simetria, com
alterações indicando aumento da pressão intracraniana) e déficits motores lateralizados
(observando a simetria dos movimentos).
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Tabela 4 –Indicações de Tomografia Computadorizada de Crânio no TCE.
Fraturas de Crânio
Lesão Axonal Difusa (LAD): ocorre com a ruptura de axônios, especialmente de estruturas
inter-hemisféricas e do mesencéfalo, e se manifesta por coma com duração de mais de seis
horas após TCE. É classificada como grave se tem duração superior a 24 horas, com sinais
de lesão de tronco encefálico – descerebração – sem evidências de hipertensão
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intracraniana. A mortalidade, a depender do grau da lesão, é de 15 a 50%. O diagnóstico
pode ser confirmado pela Tomografia Computadorizada (TC) de crânio em 50% dos casos.
Lesões Focais
Hematoma subdural agudo: é o mais frequentemente encontrado – em até 30% dos TCEs
graves, sendo a causa mais comum de efeito de massa no trauma. Idosos, alcoólatras e
pacientes anticoagulados estão mais propensos a esse tipo de lesão. A forma mais comum
é a unilateral, ocorrendo em 80% das vezes, e a causa do sangramento abaixo da dura-
máter são veias pontes. É um sangramento venoso, portanto, que tem uma mortalidade de
até 60%. Pode haver alteração no nível de consciência, déficits focais, anisocoria, posturas
patológicas e alterações respiratórias. Se ocorre hipertensão intracraniana, esta pode se
desenvolver sob a forma da grave Síndrome de Cushing, com hipertensão arterial,
bradicardia e bradipneia. Na TC de crânio, o hematoma subdural agudo aparece como
imagem convexa hiperdensa, descrito como uma figura de “banana”. Se há desvio maior de
5 mm da linha média, tem-se indicação cirúrgica.
subdural agudo, mas é mais frequente no epidural, com a piora neurológica súbita após o
tempo de acúmulo de sangue intracraniano. O hematoma caracteriza-se por lesão
hiperdensa à TC, biconvexa, descrito como um “limão”. As regiões temporal, temporoparietal
e frontotemporoparietal são as mais acometidas.
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desaceleração que o encéfalo sofre no crânio, em um mecanismo de golpe e contragolpe.
A gravidade do déficit neurológico varia conforme o tamanho da lesão, havendo a
possibilidade de cicatrizes tardiamente, que podem gerar epilepsia pós-traumática. Todos
os pacientes com contusão cerebral devem ter sua TC de crânio repetida em 24 horas, para
que seja identificada uma possível mudança no padrão do exame.
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TRAUMA RAQUIMEDULAR
Bárbara Vieira Sardi
Anatomia
• 7 vértebras cervicais;
• 12 vértebras torácicas;
• 5 vértebras lombares;
Figura 17 – Divisão das vértebras na
• 5 vértebras sacrais; coluna.
• 4 vértebras coccígeas.
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As vértebras apresentam variações de tamanho e
formato, mas são compostas pela estrutura básica de corpo
vertebral (1) que sustenta a coluna e apoia os discos
intervertebrais fibrocartilaginosos; forame do processo
transverso (2) por onde passam artérias vertebrais, plexos
venosos e simpáticos nas vértebras cervicais; processo
transverso (3); processo articular superior (4), que realiza a
sustentação intervertebral junto aos processos articulares
inferiores; forame vertebral (5) em que transita a medula
espinal; arco vertebral (6) já em região posterior); e processo
espinhoso (7), bifurcado (setas) ou não. Além disso, as Figura 18 – Estruturas de uma vértebra.
Dos tratos medulares, apenas três podem ser clinicamente avaliados: trato
corticoespinal lateral, trato espinotalâmico e trato dorsal (Tabela 5). Quando um
paciente não demonstra sensibilidade ou motricidade abaixo de certo nível, tem-se uma
lesão completa da medula espinal. Quando há algum grau de sensibilidade ou motricidade
abaixo do nível da lesão, esta é dita incompleta, de melhor prognóstico.
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Localização dos dedos e
Propriocepção, vibração,
Dorsal Póstero-medial senso de vibração com
tato fino ipsilateral
diapasão
DERMÁTOMOS MIÓTOMOS
Áreas da pele inervadas por axônios sensoriais de Músculos que representam um segmento nervoso
certo segmento nervoso. O nível sensitivo é o espinal. Os músculos devem ser testados e graduados
dermátomo mais inferior com função sensitiva na escala de força (0-5). O nível motor é o miótomo mais
preservada e pode ser diferente nos dois lados do inferior com função motora preservada (pelo menos 3 de
corpo. 6) e pode ser diferente nos dois lados do corpo.
• C5: deltoide
• C6: polegares
• C7: dedo médio • C5: bíceps (flexão do cotovelo)
• C8: dedo mínimo • C6: extensores do carpo
• T4: mamilo • C7: tríceps (extensão do cotovelo)
• T8: processo xifoide • C8: flexores dos dedos
• T10: cicatriz umbilical • T1: abdução dos dedos
• T12: sínfise púbica • L2: flexores do quadril
• L4: região medial da panturrilha • L3: extensores do joelho
• L5: espaço entre hálux e 2º dedo • L4: dorsiflexão do tornozelo
• S1: borda lateral do pé • L5: extensores longos dos dedos
• S3: área da tuberosidade isquiática • S1: flexão plantar do tornozelo
• S4/S5: região perianal
47
Figura 19 – Dermátomos.
Choque medular: flacidez e perda dos reflexos imediatamente após lesão medular. A
duração é variável, porém, na maioria das vezes, persiste por 24 a 48 horas. Fenomeno neurológico!
Nível neurológico: segmento mais caudal da medula espinal com função sensitivo-motora
preservada em ambos os lados do corpo.
Síndromes Medulares
Síndrome medular central: mais comum, caracterizada por perda de força predominante
em membros superiores. Tipicamente ocorre após hiperextensão, principalmente em região
cervical previamente estenosada em idosos, e apresenta bom prognóstico.
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Síndrome de Brown-Séquard: hemissecção da medula, geralmente por trauma
penetrante. Ocorre com perdas ipsilaterais motora (trato corticoespinal) e de propriocepção
(coluna dorsal), além de déficits contralaterais de sensibilidade dolorosa e térmica (trato
espinotalâmico).
Pela alta mobilidade, a coluna cervical é a mais vulnerável. Além disso, lesões de
C3 a C5 ou na transição cérvico-torácica podem causar falência respiratória por paralisia do
diafragma ou dos músculos intercostais, respectivamente.
Fratura de Atlas (C1): cerca de 40% se associam com fratura de axis (C2). A mais comum
é a fratura de Jefferson (explosão vertebral por sobrecarga axial), com disjunção das partes
anterior e posterior de C1. É uma fratura instável, mas geralmente não está associada à
lesão medular.
Subluxação por rotação em C1: mais comum em crianças por trauma de pequeno ou
grande porte, infecções de vias aéreas superiores ou artrite reumatoide. Apresentação
clínica de torcicolo persistente.
Fratura de Axis (C2): maior e mais suscetível vértebra cervical. A fratura do processo
odontoide ocorre em 60% dos casos de fraturas em C2. As fraturas de elementos posteriores
(do “enforacado”) geralmente é causada por extensão e causa instabilidade.
Essas fraturas podem ser divididas em quatro categorias: as lesões em cunha por
compressão anterior, as lesões por explosão do corpo vertebral, as fraturas de Chance e as
fraturas luxações.
49
abdominal ou retroperitoneal. Luxações são incomuns, mas quando ocorrem geram déficits
neurológicos completos, uma vez que o canal medular de vértebras torácicas é mais estreito.
Fraturas Lombares
Dificilmente envolvem déficit neurológico completo, uma vez que apenas a cauda
equina está presente nessa região.
Lesões Penetrantes
As lesões penetrantes em coluna vertebral são ferimentos por arma branca ou por
arma de fogo. Nestes casos é importante determinar o trajeto do projétil ou da arma branca
e, quando estes passam pelo canal vertebral, geralmente a lesão neurológica é completa. É
importante lembrar que, no caso da arma de fogo, lesões completas podem ocorrer mesmo
quando o projétil não passa pelo canal vertebral por transferência de energia.
A CCR (Canadian C-spine Rule) é uma ferramenta que pode ser usada para a
decisão de retirada do colar cervical. Para pacientes com Escala de Coma Glasgow igual a
15 pontos, a radiografia será necessária se existirem fatores de risco maiores (>65 anos,
parestesia de extremidades e mecanismos de trauma perigosos, como quedas maiores que
um metro ou cinco degraus, caga axial sobre a cabeça, colisão a >100 km/h, ejeção de
veículo ou capotamento, colisão de bicicleta). Se o paciente for vítima de simples colisão
automobilística, conseguir manter posição sentada na sala de emergência, conseguir
deambular, não possuir cervicalgia ou apresentar início atrasado desta, na ausência de dor
à palpação da coluna, deve-se tentar a rotação ativa da cabeça para a direita e para a
esquerda. Se esta for realizada em 45º para ambos os lados, não é necessário fazer
radiografia.
50
Para pacientes cuja avaliação radiológica é necessária, pode ser realizada uma
tomografia computadorizada da região occipital do crânio até T1. Se não disponível, deve
ser realizada radiografia em incidência anteroposterior, perfil e transoral com visualização
do processo odontoide. Caso não se consiga ver todas as vértebras cervicais, faz-se
necessário a realização da radiografia em posição de nadador para melhor visualização.
Lesões instáveis em coluna cervical conseguem ser reconhecidas com sensibilidade de
97%.
Manejo
O paciente sob suspeita de lesão vertebral deve ser colocado em tábua rígida e colar
cervical no ambiente pré-hospitalar. Tentativas de alinhamento de uma coluna visivelmente
deformada não devem ser feitas, especialmente se produzem dor.
No hospital, o paciente deve ser rolado em bloco por quatro profissionais de forma
adequada para limitação do movimento espinal ao exame físico e para retirada da tábua
rígida.
51
O prognóstico do paciente com lesão medular é variável e depende de vários fatores,
mas alguns achados no exame físico podem sem indicação: a presença de movimento
voluntário ou sensibilidade perianal consistem em sinais de bom prognóstico. Um pior
prognóstico está relacionado com a presença de priapismo e Sinal de Babinski, ausência de
motricidade distal e presença dos reflexos bulbocavernoso e superficial anal.
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TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
Thiago Picussa de Campos Mello
Fraturas
53
Na avaliação inicial da fratura, além das preocupações já anunciadas, devemos
considerar a existência de lesão de partes moles. Uma forma de classificar isso pode ser
por fraturas fechadas ou abertas (expostas).
Fraturas fechadas
Redução
Estabilização
Gesso circular: tratamento definitivo para fraturas alinhadas simples. Para sua aplicação,
deve-se utilizar uma malha tubular, cobrir essa malha com algodão ortopédico (de forma
circular sobre 50% da porção anterior, sem deixar sobras) e em seguida, utilizando a mesma
técnica do algodão, colocar o gesso no membro a ser imobilizado.
Tala: tratamento geralmente provisório. A aplicação de malha tubular e algodão ortopédico
é igual à do gesso circular, porém a tala não circunda o membro. Ela deve ser moldada a
parte e depois fixada no membro com o auxílio de atadura.
Síndrome compartimental
Membros fraturados podem edemaciar e quando o gesso (ou até mesmo a atadura)
comprime demasiadamente o membro, pode haver comprometimento tanto do retorno
venoso quanto do suprimento arterial para a porção mais distal. Esse é um caso de
54
emergência e o paciente deve ser orientado quanto aos sinais de alarme representados
pelos 5 “Ps”: Pain, Palidez, Pulso ausente, Parestesia e Paralisia. A parestesia (perda de
sensibilidade) é o sinal mais precoce. Em casos extremos, o tratamento deve ser a
fasciotomia para se evitar a perda do membro.
Fraturas expostas
A fratura exposta é uma urgência e pode ser definida como “qualquer fratura em que
o osso tem OU teve contato com o meio externo”. O sistema de classificação mais utilizado
é a classificação de Gustillo-Anderson:
Tipo IIIb: >10cm. Não consegue cobertura óssea com tecido mole (exige retalho)
Nas fraturas expostas, devemos também ter cuidados com a contaminação. Por ser
uma fratura exposta, já é considerada contaminada, então não é “necessário” contaminar
ainda mais. Para isso, evitar abrir o curativo excessivamente na sala de trauma é algo
adequado. Além disso, profilaxia antitetânica e antibioticoterapia devem ser utilizadas.
Antibioticoterapia
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associado ao Tazobactam (inibidor da beta lactamase) possuem ação contra gram-positivos,
gram-negativos aeróbios e anaeróbios. Em alguns serviços é possível que não esteja
disponível esse antibiótico e, nesses casos, pode-se associar cefalosporina de 1ª geração
+ aminoglicosídeo + penicilina cristalina.
Crianças: deve-se lembrar sempre que as crianças possuem ossos ainda não totalmente
calcificados. Por isso, fraturas podem passar despercebidas ao raio-x, por se apresentarem
como em “galho verde”. Nesse caso, o osso não perde sua continuidade por completo,
porém deve ser tratado como uma fratura normalmente. Outra preocupação é a fratura
fisária,
Idosos: essa população é muito suscetível a fraturas por causa da desmineralização óssea.
Pequenas quedas podem gerar fraturas significativas e são causa importante de mortalidade
para esses pacientes.
Luxações
Crianças menores de 6 anos possuem maior chance de sofrer essa lesão após
serem puxadas ou carregadas pelos braços. A criança fica com o braço na posição pronada,
flexionada e próxima ao corpo. Uma forma de reduzir essa luxação e realizar o tratamento
definitivo é realizar uma supinação com extensão do braço e, em seguida, uma flexão do
cotovelo.
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Entorses
As entorses já são lesões definidas pela perda da congruência articular, porém que
retornam espontaneamente e imediatamente à posição original.
Entorse de tornozelo
Eversão: a planta do pé é voltada lateralmente. Não é muito comum devido a exigir uma
energia maior no trauma. Por esse motivo, deve-se procurar lesões fibulares, tibiais e na
articulação do joelho quando é visto um caso assim.
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TRAUMA PEDIÁTRICO
Adelyne M. Tavares da Silva Sequinel
O trauma é a principal causa de morte na infância. Falha em garantir boa via aérea
e suporte ventilatório, assim como não reconhecer e intervir corretamente nos casos de
lesão intra-abdominal e hemorragia intracraniana, são os principais motivos de fracasso no
atendimento da criança ou adolescente vítima de trauma grave.
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maior será a energia transmitida por objetos. A energia concentrada em um corpo pequeno,
com maior proximidade entre órgãos, aumenta a chance de lesão múltiplas. Também o
esqueleto pediátrico não está ainda completamente calcificado, sendo menos sujeito a
fraturas. Assim, mesmo na ausência de fraturas deve haver a suspeição de lesão interna,
como por exemplo contusão pulmonar mesmo que não haja fratura de arcos costais.
Atendimento inicial
Via aérea
Modalidades
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• Oral: Só deve ser utilizada se a criança estiver inconsciente – caso contrário pode
estimular vômito. A cânula não deve ser com rodada a 180º dentro da cavidade oral
como no adulto pelo risco de trauma e sangramento. O material deve ser inserido
suavemente na cavidade oral, se necessário, com o auxílio de abaixador de língua.
• Orotraqueal:
o Indicações: Lesão SNC grave que necessite de ventilação controlada;
incapacidade de manter via aérea; sinais de falência ventilatória;
hipovolemia importante com depressão do sensório ou que necessite de
intervenção cirúrgica.
o Cuff ou balonete: O menor diâmetro da via aérea da criança está no anel
cricóide, que funciona como uma vedação no tubo sem cuff (usado para
bebês). Pelo aprimoramento do material de intubação, a preocupação que
antes existia com o risco de necrose de traqueia devido ao balonete deixou
de ser relevante. Inclusive o uso do tubo com cuff traz benefício à ventilação,
sendo indicada pressão de enchimento menor que 30 mmHg.
o Tamanho do tubo: O diâmetro ideal do tubo pode ser estimado comparando
ao diâmetro de uma das narinas da criança ou do seu menor dedo.
o Intubação assistida por drogas ou Sequência rápida de intubação:
Pré - oxigenação
Para reduzir a resposta vagal em crianças
Atropina (0,1 a 0,5 mg)
menores de 1 ano:
Sedação
Se hipovolemia: Etomidato (0,1 mg/kg) ou Se normovolemia: Etomidato (0,3 mg/kg) ou
Midazolam HCl (0,1 mg/kg) Midazolam (0,1 mg/kg)
Bloqueio neuromuscular
Succinilcolina (<10 kg: 2 OU Vecurônio (0,1 mg/kg) OU Rocurônio (0,6 mg/kg)
mg/kg; >10 kg: 1 mg/kg)
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de 12 anos. Outras alternativas incluem máscara laríngea e cricotireoidostomia por
punção.
Aparelho respiratório
A falha da ventilação no primeiro momento leva a acidose respiratória, que não deve
ser corrigida por bicarbonato uma vez que sua administração leva a piora da acidose. A
manutenção da ventilação é de extrema importância pois a persistência da hipoventilação é
a principal causa de parada cardíaca na população pediátrica.
Circulação e choque
61
Durante a proposta de reposição volêmica a criança deve ser constantemente
monitorizada e alguns parâmetros indicam boa resposta ao volume:
Trauma cranioencefálico
Menores de 2 anos:
62
Maiores de 2 anos:
63
ATENDIMENTO AO PACIENTE QUEIMADO
Sofia Tokars Kluppel
64
• Grande queimado: se > 25% de SCQ por lesão de segundo grau e/ou > 10% de SCQ
por lesão de terceiro grau e/ou em queimadura que envolva áreas nobres, lesão por
inalação, queimadura química ou elétrica graves e paciente com comorbidades.
2. ABCDE do trauma
A – Coluna vertebral e Via Aérea: A via aérea pode ser obstruída pela lesão direta (ex:
lesão inalatória) ou pelo edema como resultado da queimadura – a avaliação precoce para
determinar a necessidade de intubação orotraqueal é essencial.
• Lesão térmica da via aérea (pela inalação de fumaça quente) – se queimadura em face
e pescoço.
o Tratamento: suporte ventilatório; intubação orotraqueal precoce.
• Lesão pulmonar por inalação (pela inalação de fumaça suja) - queimadura em face e
pescoço.
o Tratamento: nebulização com broncodilatador
• intoxicação por monóxido de carbono: causa dor de cabeça e náusea, confusão, coma
e morte – se incêndio em ambiente fechado.
o Tratamento: oxigênio em alto fluxo por máscara unidirecional.
Observação: Não se pode confiar na oximetria de pulso para descartar a intoxicação por
CO, pois a maioria dos oxímetros não consegue distinguir oxihemoglobina de
carboxihemoglobina → fazer gasometria arterial.
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• intoxicação por cianeto - se incêndio em ambiente fechado.
o Tratamento: Hidroxicobalamina.
OBS: Não se pode confiar na oximetria de pulso para descartar a intoxicação por CO, pois
a maioria dos oxímetros não consegue distinguir oxihemoglobina de carboxihemoglobina →
fazer gasometria arterial.
• Metade desse volume é feito nas primeiras 8 horas e a outra metade nas 16 horas
seguinte. Depois disso, a recomendação é analisar a diurese e usar uma infusão de
volume que mantenha débito urinário > 0,5 ml/kg/h.
o Exemplo: Adulto de 80kg, com 40% de SCQ, vitima de queimadura há 4
horas → 2 x 80 x 40 = 6400 ml devem ser repostos → 3200 ml nas primeiras
4 horas (já se passaram 4h do acidente) e 3200 ml nas 16h seguintes.
• Nas lesões de extremidade, ficar atento à síndrome compartimental e seus sinais. São
pistas:
o Pulso reduzido no Doppler
o Enchimento capilar lento
o Parestesias
o Dor refratária e/ou desproporcional
66
o Dor muscular que piora a extensão do membro
• CONDUTA: a analgesia deve ser feita com opióide endovenoso e deve ser feita
profilaxia para tétano e trombose venosa profunda.
D - Disfunção neurológica
E - Exposição
4. Queimadura elétrica
• As queimaduras elétricas ocorrem quando uma fonte de energia elétrica entra em
contato com o paciente e a corrente é transmitida pelo corpo.
• Diferentes taxas de perda de calor de tecidos superficiais e profundos permitem que
a pele sobrejacente relativamente normal coexista com necrose muscular profunda.
Portanto, queimaduras elétricas freqüentemente são mais graves do que aparentam
na superfície do corpo, e as extremidades, principalmente os dígitos, estão
especialmente em risco. Além disso, a corrente viaja dentro dos vasos sanguíneos
e nervos e pode causar trombose local e lesão nervosa. Ferimentos elétricos graves
geralmente resultam em contratura da extremidade afetada.
• A eletricidade pode causar arritmias cardíacas que pode produzir parada cardíaca.
• Queimadura dos músculos pela eletricidade pode causar rabdomiólise e resulta na
liberação de mioglobina, que pode causar insuficiência renal aguda. A lesão
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muscular também pode causar Síndrome compartimental e, caso confirmada, a
conduta pode ser uma fasciotomia.
5. Queimadura química
• Lesões químicas podem resultar da exposição a ácidos, álcalis e produtos
petrolíferos.
• Queimaduras ácidas causam necrose de coagulação do tecido circundante, o que
impede a penetração do ácido até certo ponto.
• Queimaduras alcalinas são geralmente mais graves que as queimadas ácidas, pois
o alcali penetra mais profundamente por necrose de liquefação do tecido.
• Lavar imediatamente o produto químico com grandes quantidades de água
aquecida, por pelo menos 20 a 30 minutos, usando um chuveiro ou mangueira.
Queimaduras alcalinas requerem maior irrigação. Os agentes neutralizantes não
oferecem vantagem sobre a lavagem com água, porque a reação com o
neutralizante pode produzir calor e causar mais dano ao tecido.
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EMERGÊNCIAS CLÍNICAS I – DOR TORÁCICA
Thiago Picussa de Campos Mello
Exame físico
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Eletrocardiograma
Deverá ser solicitado em até dois minutos da chegada do paciente com seu laudo pronto
em até 10 minutos.
Figura 24 – Modelo sistematizado de atendimento do paciente com dor torácica do Hospital de Clínicas da
UFPR.
• MORFINA 3-4mg IV (caso dor não melhore com 3 doses de nitrato, podendo ser
repetida a cada 10 min na ausência de contraindicações);
• Oxigênio 3L/min (Se SatO2 < 90% ou desconforto respiratório);
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• ISORDIL* 5mg SL - Nitrato (até 3 doses com intervalos de 5-10min caso não haja
melhorada dor);
• AAS 300mg mastigados;
• BETABLOQUEADOR**: titular a dose para uma FC de 60bpm – Metoprolol 25-50mg
VO;
• CLOPIDOGREL 600mg VO se dor <6h e 300mg VO se dor >6h;
• ENOXAPARINA: <75 anos 30mg EV + 1mg/Kg SC 12/12h; >75 anos 0,75mg/Kg SC
12/12h)
• ESTATINA EM ALTA DOSE: Sinvastatina 80mg ou Atorvastatina 40-80mg.
*O uso de nitrato está contraindicado em caso de uso de sidenafil ou similar nas últimas 24h
e quando há suspeita de infarto de ventrículo direito (DII, DIII e aVF), devendo-se ser
solicitado as derivações V3R e V4R nesse momento. Atenção para as contraindicações absolutas de uso de
fibrinolíticos (sangramento intracraniano, AVCi ou TCE
**Contraindicado no caso de intoxicação por cocaína. grave <3 meses, neoplasia de SNC, hemorragia ativa,
Tabela 10 – Rotas de atendimento à dor torácica. malformação AV no SNC, dúvida quando ao diagnóstico
de dissecção aórtica).
ROTA 1
- Tempo porta-balão será >90-120min? Não: não realizar fibrinolítico. Sim: na ausência de
contra indicações, utilizar Tenecteplase (TNK-Tpa) dose única em bôlus de 5-10 seg.
- <60Kg: 30mg; 60-70Kg: 35mg; 70-80Kg: 40 mg; 80-90Kg: 45mg; >90Kg: 50mg.
- >75 anos usar metade da dose
- Encaminhar para serviço de hemodinâmica
ROTA 2 (9h)
ECG 0h - 3h - 9h
TROPONINA 0h - 9h
CK-MB (Atividade ou Massa) 0h - 3h - 9h
EXAMES ALTERADOS: UTI CARDIOLÓGICA
EXAMES NORMAIS: PROVA FUNCIONAL* (TE, ECO STRESS ou CINTILO)
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Após as medidas iniciais, devemos classificar o risco desse paciente para termos
uma visão mais objetiva da gravidade do caso e assim direcionar as próximas condutas na
unidade coronariana. Para esse fim são utilizados os escores TIMI e GRACE. Apresar da
precisão do GRACE ser superior ao TIMI, este último é mais simples de ser utilizado na
emergência.
Tabela 11 – Classificação de risco no IAMCCST e no IAMSSST.
72
Síndrome Aórtica Aguda (SAA)
Figura 25 – SAA.
Tromboembolismo Pulmonar
“Dor Pleurítica”
73
No ECG pode-se observar o clássico strain do ventrículo direito pelo padrão de
S1Q3T3 - Onda S em DI, Onda Q em DIII e Onda T invertida em DIII (não é patognomônico
de TEP).
O História Pt
Antecedente de TEP ou TVP 1,5
FC > 100bpm 1,5
Cirurgia/imobilização nas últimas 4 1,5
semanas
Hemoptise 1
Neoplasia ativa 1
Sinais de TVP 3
TEP como principal diagnóstico 3
Probabilidade: 0-1: baixa; 2- 6: intermediária; >6: alta.
Positivo AngioTC
Baixa D-dímero
WELLS Negativo Alta
Inter/Alta Angio TC
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EMERGÊNCIAS CLÍNICAS II – AVE E CRISE CONVULSIVA
Jaqueline Alves Zwierzikowski
O AIT deve ser diferenciado do AVEi por neuroimagem e pela clínica, sendo que
no AIT, os sinais e sintomas devem regredir em 24 horas, porém geralmente os quadros
desaparecem em uma hora. Seu diagnóstico é sempre retrospectivo, a partir da
regressão completa de sintomas e sinais associada a uma neuroimagem normal.
75
Um quadro de AVE deve ser suspeitado em casos de déficit neurológico focal de
instalação súbita ou rápida progressão com clínica variável dependendo da região
acometida. Deve-se indagar o tempo de evolução do déficit de forma mais precisa e
confiável possível, visto que essa informação altera a conduta. O exame físico deve
contemplar o estado de hidratação, oxigenação, frequência, ritmo, ausculta cardíaca e
frequência cardíaca. O nível de consciência e a pressão arterial devem ser avaliados
serialmente e com atenção. Um nível de consciência rebaixado pode indicar uma
hemorragia extensa ou infartos hemisféricos intensos.
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A escala de avaliação hospitalar – NIHSS – é um instrumento para avaliação dos déficits
neurológicos como guia terapêutico e previsão do prognóstico. É composto por 11
categorias com 15 itens do exame neurológico (Tabela 15).
Tabela 15 – Escala de NIHSS.
O ESCALA DE NIHSS
77
Deve-se verificar a ventilação, garantir permeabilidade de vias aéreas e oferecer
oxigênio suplementar se necessário. Exames bioquímicos, hematológicos e coagulação
devem ser coletados de imediato. É fundamental a dosagem de eletrólitos, creatinina,
ureia, glicemia e realização de ECG. Avaliar a necessidade de hidratação, correção de
hipertermia e de distúrbios hidroeletrolíticos e iniciar a profilaxia de complicações não
neurológicas (infecções, úlceras de decúbito, trombose venosa profunda, tromboembolismo
pulmonar).
78
• Déficit neurológico significativo (NIHSS≥4) ou afasia pura
• Tempo de evolução do quadro inferior à 4,5 horas
• TC de crânio sem hemorragia, causas não vasculares de déficit neurológico e
hipodensidade > 1/3 do território da A. cerebral média.
79
O manejo do AVE em fase aguda objetiva minimizar a extensão do tecido cerebral
com lesão irreversível, reduzir a incapacidade e prevenir a recorrência do evento. Há um
tempo desejável para cada etapa da abordagem hospitalar do paciente vítima de AVE
(Tabela 16).
Tabela 16 – Tempo desejável para abordagem hospitalar inicial do paciente com suspeita de AVEi.
Ação
O Tempo desejável
Porta – avaliação médica inicial ≤ 10 minutos
Porta – avaliação por equipe de AVC ≤ 15 minutos
Porta – Tomografia de Crânio ≤ 25 minutos
Porta – Interpretação de TC de crânio ≤ 45 minutos
Porta – Início do trombolítico ≤ 60 minutos
Porta – Unidade de AVE ≤ 3 horas
A glicemia deve ser mantida entre 140-180 mg/dL com monitorização a cada 15
minutos durante a trombólise, se necessário correção, utilizar insulina. Deve-se realizar o
controle neurológico rigoroso durante e após a infusão com o escore NIHSS a cada 15
80
minutos durante a infusão, a cada 30 minutos nas próximas 6 horas e a cada 1hora
até que se completem 24 horas. Encaminhar o paciente para unidade de AVE.
A conduta nos pacientes não candidatos à terapia trombolítica deve ser suporte
clínico. Distúrbios de deglutição devem ser descartados e se presentes, recomenda-se
passagem de sonda nasogástrica/enteral. Alguns estudos trazem benefícios na
administração de AAS em fase aguda de AVEi na dose de 325 mg. Manter PA < 220/120
mmHg nas primeiras 24 horas, e se necessário, controlar com metoprolol ou
nitroprussiato de sódio. Prescrever profilaxia de TVP e coletar os exames laboratoriais
gerais: hemograma, coagulograma, sódio, potássio, ureia, creatinina, glicemia, perfil lipídico,
eletrocardiograma e encaminhar para unidade de AVE.
81
a gerar crises convulsivas com consequências neurobiológicas, cognitivas,
psicológicas e sociais.
Para o paciente com uma doença convulsiva conhecida, a causa mais comum de
convulsão na emergência é por níveis subterapêuticos das medicações antiepilépticas,
seja por falta de aderência ou alteração sistema que interfira na biodisponibilidade. Para o
paciente com um primeiro episódio de crise convulsiva algumas causas são mais
prevalentes: lesões neurológicas (AVE, neoplasias, trauma, hipóxia, anormalidades
vasculares), anormalidades metabólicas (hipo ou hiperglicemia, hipo ou hipernatremia,
hipercalcemia, encefalopatia hepática), etiologias toxicológicas (abstinência, cocaína,
teofilina), etiologias infecciosas (meningite, encefalite, abscessos cerebrais,
neurocisticercose, malária), causas genéticas (defeito genético em que as convulsões são
os achados principais da desordem como na epilepsia mioclônica juvenil) ou ainda causa
não conhecida.
O estado epilético (“estado de mal”) tem como etiologia mais frquentes: infecções
do SNC, trauma cranioencefálico, sangramento do SNC, complicação de lesões
estruturais de SNC (neoplasias primárias ou metastáticas), intoxicações agudas,
hipóxia/anóxia do SNC, graves distúrbios metabólicos e soma de vários fatores (p. ex.,
idade avançada, distúrbios eletrolíticos, infecção, lesão prévia de SNC).
82
(AVEi, AVEh, neurocisticercose, neurocirurgia), lesões agudas concomitantes à crise (HSA,
HIP, metástases ou tumores primários de SNC).
Para avaliação das causas clínicas pode-se fazer uso dos exames: hemograma,
plaquetas, coagulograma, função hepática e renal, glicemia, sódio, potássio, cálcio,
magnésio, gasometria arterial, parcial de urina, urocultura, hemoculturas.
83
epiléptico não convulsivo em paciente confuso ou rebaixado. Se a crise for única, com
todos os exames normais, a introdução de agentes antiepilépticos não está indicada.
84
Fluxograma 3 – Tratamento do estado epiléptico.
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UpToDate, Post, TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA, 2020.
Committee on Trauma, American College of Surgeons. Advanced trauma life support–
student course manual. 10th ed. Chicago: American College of Surgeons; 2018.
Herlon Saraiva Martins et al. Medicina de emergência: revisão rápida. 1. ed. Barueri - SP:
Manole, 2017. 1266 p. ISBN 978-85-204-3307-2.
Scalea TM, Rodriguez A, Chiu WC, et al. Focused assessment with sonography for trauma
(FAST): results from na international consensus conference. J Trauma 1999;46(3):466-72.
86
BLOCO PARA ATENDIMENTO NO SAV
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