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OS 12 PASSOS

DE
RAIVOSOS ANÔNIMOS
ÍNDICE

PRIMEIRO PASSO PÁG. 3

SEGUNDO PASSO PÁG. 6

TERCEIRO PASSO PÁG. 8

QUARTO PASSO PÁG. 11

QUINTO PASSO PÁG. 16

SEXTO PASSO PÁG. 19

SÉTIMO PASSO PÁG. 22

OITAVO PASSO. PÁG. 24

NONO PASSO PÁG. 28

DÉCIMO PASSO PÁG. 33

DÉCIMO PRIMEIRO PASSO PÁG. 34

DÉCIMO SEGUNDO PASSO PÁG. 37

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PRIMEIRO PASSO

"ADMITIMOS QUE SOMOS IMPOTENTES PERANTE A RAIVA E O MAU HUMOR E


QUE NOSSAS VIDAS SE TORNARAM INCONTROLÁVEIS"

“Ela era a minha maior questão. O escuro pano de fundo. No final, restamos apenas nós
dois: “Eu” e “Ela”. “Eu”, na verdade, representa toda e qualquer pessoa que não tenha domínio
sobre “Ela”. “Ela” representa toda a degradação, desequilíbrio, sofrimento, perdas irreparáveis de
amigos, amores, família, saúde, e da grande oportunidade de se descobrir que é. Ela fora a nossa
grande Desconstrução do Ser. Nada e ninguém conseguira crescer saudável ao nosso lado. Com
o tempo, assistimos impotentes todos irem embora, escorregando por nossas mãos incapazes de
vencê-la. por nossa própria força. Não conseguimos aproveitar a convivência dos que
verdadeiramente, nos amaram. Mas tudo o que fizemos, tudo o que dissemos, jamais fora falta de
amor. Longe disso! O nosso problema encontrava-se em nossa total impossibilidade de viver sem
ela, a quem hoje podemos chamar de Raiva!”

Sim, somos viciados na raiva e nos maus-tratos oriundos de nosso temperamento difícil.
Por toda a nossa vida, sofremos, sem entender porque os outros nos causavam tanta
instabilidade. Trocamos de parceiros, de empregos, e até mesmo de cidade, a fim de
recomeçarmos. Estudamos as melhores possibilidades de atrair pessoas mais saudáveis para
nossas vidas, para que desta vez, nossos relacionamentos prosperassem. Fomos atrás dos
grandes caminhos espirituais, para aprender a levar uma vida mais assertiva. Porem, quanto
mais nos esforçávamos, menos resultados havia, pois nada parecia funcionar. Elas continuavam
a nos magoar, cada vez mais. Nosso ressentimento já não concebia mais a idéia do perdão.
Estávamos realmente muito feridos.. e zangados!
Enfim, chegamos a uma encruzilhada: não conseguíamos mais conviver com os outros,
e nos colocamos em uma posição de isolamento. Por outro lado, ainda pertencíamos à raça
humana, e não conseguiríamos viver felizes, sem eles. Assim, continuamos a tentar. Com o
passar do tempo, começamos a nos sentir mais injustiçados e irritados que nunca, tornando-nos
cada vez mais reativos, e aumentando em muito, o grau de nossas ofensas. A culpa já havia se
tornado a nossa melhor vestimenta. Começamos então a nos humilhar, pedindo perdão por
nossas palavras grosseiras e atitudes violentas. Multiplicamos nossas promessas como grãos de
areia, a fim de garantir o definitivo fim, de nossos impulsos mau humorados e raivosos, que
tanto feriam a quem amávamos. Ainda assim, dias ou até horas depois, perdíamos as estribeiras
novamente.
Chegando então, a um imensurável fundo de posso, onde nossa alma já não sentia
qualquer ânimo de explorar a vida, decidimos pedir ajuda.
Foi então, que chegamos à irmandade Raivosos Anônimos, cujo o único requisito para
ingresso, é o desejo de viver abstinente da raiva compulsiva e do mau humor. Em vez de
continuarmos a fazer mais juramentos, cada vez mais ineficazes, decidimos tentar outra
abordagem: a total abstinência dos comportamentos raivosos.

Durante muito tempo, pensamos que fosse saudável expressar a nossa raiva. Nos
últimos 50 anos, o mundo nos disse: “Expresse-se!""Deixe-a sair!" "É saudável expressar seus
sentimentos. Faz mal à saúde reprimi-los”. Porém, novas experiências comprovam sérias
alterações bioquímicas em nossos corpos, quando a raiva compulsiva é ativada. As teses
psicológicas que defendiam a necessidade de expressar a raiva por razões de saúde mental e
física, foram provadas como falsas, quando colocadas sob o microscópio da pesquisa científica.
Quanto mais gritamos e nos exaltamos, pior fica a nossa saúde, pois mais propensos estamos a
ataques cardíacos, e ainda mais sério o nosso problema de raiva se torna.

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Esta irmandade não é certamente para todas as pessoas. Mas para aqueles que podem
vir a falecer, se não se recuperarem a tempo. Aqueles que sofrem de adição à raiva, têm muito
mais problemas de saúde do que as pessoas que conseguem contê-la com facilidade. E para
quem ainda não acredita em nossas palavras, vale a expressão: “atuar na raiva, é levar a vida
em brancas nuvens e morrer sem ter vivido.”
Seymour Feshbach, um precursor pioneiro na pesquisa da raiva, explorou a hostilidade
e a agressividade, escolhendo um grupo de meninos que não eram especialmente agressivos ou
destrutivos. Assim, encorajou-os a chutar móveis e a brincar com brinquedos violentos, com
entusiasmo, e em vez de esvaziar esses meninos dos comportamentos agressivos, incentivou-
os. Os meninos se tornaram cada vez mais hostis e destrutivos. Assim, ele concluiu que, ao
contrário do que se pensava, expressar a raiva aumentava consideravelmente a violência. Visto
isso, Raivosos Anônimos adverte: Abster-se completamente da expressão de raiva, é a única
chance que o raivoso compulsivo tem, de possuir uma vida feliz, saudável, próspera, e útil.

A verdade é que muitas pessoas conseguem aprender a expressar a sua raiva, mas
outros se tornaram realmente viciados, como se fosse álcool. Assim como os alcoólatras,
fizemos juramentos solenes a quem magoamos, insistindo que iríamos usar toda a nossa força
de vontade para “controlar nossa ira", falhando porém, repetidamente. Ainda assim,
continuamos a tentar contê-la com toda nossa paixão, recorrendo a religiões, meditações,
psiquiatria, prática do perdão, mas de nada funcionou. Derrotados, estávamos convencidos
enfim, que não havia maneira de interromper a nossa ira, e achamos mais fácil e menos
doloroso, por muito tempo, responsabilizar o mundo. Mas não eram eles. O mal estava em nós.
Nossa raiva nos impelia a adentrar nos mares revoltos da derrota, onde assistíamos impotentes,
tudo o que construímos afundar. De nada adiantou nos casar, pois nos separamos. Não
aproveitamos nossos filhos, pois eles foram embora, enfurecidos; novos trabalhos davam-nos
sempre a impressão de uma aposentadoria compulsória, pois cismávamos impreterivelmente,
com alguns de nossos colegas, julgando-os mau-caráter ou incompetentes. A próxima discórdia
já tinha prazo certo para acontecer.

Ao oferecer nossas brancas bandeiras, admitimos ser impotentes perante a nossa maneira
de viver limitada e empobrecida. Nossas vidas haviam se tornado incontrolavelmente vazias. Para
a maioria, nossa “realidade pessoal" era extremamente limitante, cheia de hábitos prejudiciais,
oriundos de pensamentos e sentimentos destrutivos. Estes, muitas vezes, nos davam a ilusão de
que o nosso Poder Superior havia nos abandonado, ou então, Ele não estava sempre presente. Não
conseguíamos experimentar a plenitude do amor e sentíamo-nos sem qualquer propósito ou
significado individual. Foi então, que clamamos por mudança.
Ao ingressar em Raivosos Anônimos, percebemos que seu programa fora projetado para
remover essas obstruções, e criar um ambiente de cura, onde a sabedoria espiritual poderia nos
levar a um despertar. Seus princípios são focados em remover a adição à raiva de nosso ser,
exterminando todo o ressentimento e ódio inconsciente, libertando-nos para encontrar o nosso
propósito de vida.
A ação é a palavra mágica. Somos impotentes para mudar, sozinhos e sem ajuda. A
mentalidade que nos deixou doentes não poderá nos ajudar mais. Devemos querer uma mudança
significativa em nossas vidas e assim, sugerimos que você pratique este programa nas áreas da
sua vida, em que deseja ser alegre, feliz e livre.

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Questões do primeiro passo:

1. O que irá lhe custar não combater o vício da raiva e do mau humor?
2. Como esse problema de raiva e mau humor colocou seus relacionamentos importantes em
perigo?
3. Você perdeu o auto-respeito e / ou reputação, devido a esse problema da raiva e de mau
humor?
4. Este problema da raiva e do mau humor tornou sua vida familiar infeliz?
5. A raiva e o ma humor já lhe causaram algum tipo de doença? Dê exemplos.
6. Você se volta para o tipo de pessoa que permite que você pratique esse problema de raiva e
mau humor?
7. Seus entes queridos, amigos, familiares ou parceiros reclamam ou sofrem por causa de sua
raiva e mau humor?
8. Que tipo de abuso você cometeu devido a esse problema de mau humor e raiva? (Exemplos).
9. Liste exemplos do que você fez no passado para consertar, controlar ou mudar a raiva e o
humor em sua vida?
10. Quais são os sentimentos, emoções e condições que você tentou alterar ou controlar com essas
adicções?
11. Neste momento, pergunte a si mesmo: "Se o amor é uma área tão importante na minha vida,
por que ainda não mudei?
12. Estou agora disposto a fazer o que for necessário, para que essa doença seja modificada ou
transformada em minha vida?
13. Desenvolva agora, o seu Primeiro Passo: "Eu admito que estou impotente perante a raiva e
mau humor, e que minha vida nessa área, é incontrolável. Não consigo, apenas com minha
força de vontade e sem ajuda, administrar consistentemente esta doença e controlar meu
humor…. (continue a escrever, no máximo de linhas que puder).

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SEGUNDO PASSO

VIEMOS A CREDITAR QUE UM PODER SUPERIOR PODERIA NOS DEVOLVER À


SANIDADE

Uma vez que reconhecemos e aceitamos nosso vício de raiva e mau humor, percebemos
que, sozinhos e sem ajuda, não poderíamos obter a transformação que desejamos. Tentar substituir
o nosso entendimento atual, por um saudável, nos coloca no coração do Primeiro Passo. A partir
daqui, poderemos avançar ao próximo passo deste processo de cicatrização.

Reconhecemos ser impotentes perante nossa pequena “realidade pessoal”, sempre que
esta é executada automaticamente. Podemos sofrer mudanças freqüentes de humor, irritabilidade,
além de nos sentir revoltados e injustiçados, ainda que não haja razões suficientes para isto. A
verdade é que não temos a capacidade de mudar nossos hábitos de pensamentos e sentimentos
sozinhos e sem ajuda. Quando entramos em um dos padrões destrutivos, ou seja, hábitos de humor
erráticos, somos incapazes de gerenciar consistentemente nossos pensamentos, sentimentos ou
ações. Mas é de fato o Segundo Passo que nos mostra a nossa real condição.

Mas o que estava acontecendo?

Quando o Segundo Passo afirma que "Somente um Poder Superior a nós poderia nos
devolver à sanidade", podemos nos fazer duas perguntas:
1) Por que precisamos encontrar e despertar para um Poder Maior que nós?
2) O que significa insanidade?
O segundo passo explica que seremos devolvidos à vida sã, já que a expressão “devolver
à sanidade” foi craseada. Ou seja, nós é quem seremos devolvidos à sanidade, e não ela, a nós.
Mas o que isto quer dizer realmente?
No primeiro passo, admitimos que éramos impotentes perante a doença da raiva e do mau
humor, mas foi no segundo passo que encontramos outra admissão realmente intrigante.
Reconhecemos aqui, que éramos insanos, ou seja, que por um longo tempo, caminhamos pelas
ruas da loucura, onde todos se cumprimentam, mas nunca se misturam. Vagam como andarilhos
solitários, por nunca conseguirem se relacionar de maneira funcional. E como loucura não tem
cura, percebemos que somente um ato da Providência Divina seria capaz de nos remover a
tamanha obsessão pela raiva insana, e nos trazer de volta ao mundo da saúde mental. Nenhuma
força humana teria condições de faze-lo. Então, decidimos deixar as regras para os religiosos, e
nos agarramos com toda a nossa fé a um Deus Amantíssimo, que jamais nos condenaria, jamais
nos repudiaria ou se vingaria de nós. Ele era o Deus da benevolência, que nunca castigaria os
Seus enfermos. A estes, Ele amaria com toda a Sua força e os conduziria por um lindo caminhar,
se realmente desejassem se recuperar: o caminho dos 12 passos.
Antes de encontra-lo, vivíamos destroçados pelas dores da solidão. Sentimos que ela era
o nosso destino, o nosso meio e o nosso fim. Estávamos impossibilitados de nos relacionar e não
entendíamos o porquê. Tentávamos explicar às pessoas que estavam agindo de maneira errada,
mas elas pareciam não conseguir entender. Estranhamente, diziam o mesmo sobre nós.
Explicávamos que não poderíamos nos relacionar com elas, se continuassem a nos desrespeitar
daquela maneira, mas mais uma vez, elas nos afirmavam estar apenas reagindo às nossas atitudes.
Então as dissemos que não poderíamos conviver com tamanha libertinagem, ao que retrucavam
ao nos chamar de intolerantes doentios. Numa verdadeira torre de babel, envelhecíamos sem a
menor perspectiva de conseguirmos encontrar um companheiro com quem pudéssemos trocar o
verdadeiro amor, língua dos anjos, maior expressão de Deus.

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As 12 verdade sobre nós

A grande maioria de nós, adictos à raiva, viemos de famílias disfuncionais, onde as


adições e neuroses compunham um banquete de escândalos injustificados. Talvez, tenhamos sido
obrigados a nos acostumar com uma maneira doentia de viver, onde a raiva moral e justificada
era servida à mesa, diariamente. Com isso, deixamos de aprender a conviver com a maneira
saudável e assertiva de conversar, de se tratar, de se relacionar. Aprendemos a aceitar abusos e a
abusar, mesmo sem perceber, e a não mais tolerar aquilo que todos considerariam suportável. Era
como se apanhar fosse permitido, mas escutar uma crítica construtiva fosse uma afronta
inquestionável a nossa pessoa. Simplesmente, não fazíamos mais sentido algum!
1. A verdade sobre nós, é que quase tudo o que escutamos, fora mal interpretado, devido as
nossas neuroses.
2. A verdade sobre nós, é que desaprovamos quase tudo que os outros fizeram, por insistir haver
uma maneira mais eficaz de fazê-lo.
3. A verdade sobre nós, é que nossas crenças irracionais nos obrigaram a viver em um mundo à
parte, onde a loucura era traduzida em neuroses de cismas, exigências, melindres, e criticas
intermináveis.
4. A verdade sobre nós, é que nosso ódio inconsciente infectou-nos com um mau humor crônico,
facilmente acionado, toda vez em que nos sentíamos contrariados.
5. A verdade sobre nós, é que vivíamos constantemente furiosos, devido a nossa intolerância à
frustração e impaciência patológicas.
6. A verdade sobre nós, é que possuíamos regras internas desnecessárias, atitudes
desnecessárias, conduzidas por uma rigidez e exigência doentias.
7. A verdade sobre nós, é que nossa neurose nos permitiu o direito doentio de reclamar por
futilidades, dar conselhos que jamais foram pedidos, e criticar os feitos que não ajudamos a
construir.
8. A verdade sobre nós, é que nosso enorme ego nos compelia a falar como imperadores, agir
como carrascos e viver como prisioneiros espirituais.
9. A verdade sobre nós, é sentíamos enorme prazer em nos vingar de nossos parceiros por meio
do abandono, mesmo sem sequer ter para onde ir. Se no início, os trocávamos por quaisquer
outros seres, agora, já não havia quase ninguém nos malditos vagões da solidão, insistiam em
nos conduzir a lugar nenhum.
10. A verdade sobre nós, é que sentimo-nos traídos pelo tempo que passou, enquanto dávamos
importância a tudo que é fútil.
11. A verdade sobre nós, é nos ofendemos com o que ninguém se ofenderia; nos irritamos com o
que ninguém se irritaria, e assim, sofremos pelo que ninguém imaginaria.
12. A verdade sobre nós, é que precisávamos de um Poder Superior mais que nunca, para nos
tirar de um mundo perdido, invisível e insano, que nem os anjos encontrariam.

Apesar de todo esse caos emocional, conseguimos entender que para a retornar à
sanidade, precisaríamos começar apenas por uma simples ação: deixar uma pequenina fresta da
porta de nossos corações aberta para Ele entrar. O que sabíamos? Que Ele entraria.

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TERCEIRO PASSO

DECIDIMOS ENTREGAR NOSSA VONTADE E NOSSAS VIDAS AOS CUIDADOS DE


DEUS, CONFORME O CONCEBÍAMOS.

Ainda que desejemos ardentemente nos comprometer com a mudança, precisamos


entender que ainda possuímos uma antiga "realidade pessoal", compostas por nossas crenças
irracionais antigas, e hábitos destrutivos. Isso significa que provavelmente atuaremos volta e meia
em nossos antigos defeitos de caráter que tanto nos prejudicaram por toda a nossa vida. Podemos
dizer: "Eu não deixarei meu mal temperamento fazer da minha vida um inferno outra vez!” Logo
em seguida, porem, falharemos novamente ao tentar cumprir nossa promessa. É provável que
falhemos novamente, porque o nosso antigos hábitos ainda estão funcionando em automático.
Quando falhamos, é natural nos sentirmos piores sobre nós mesmos.
A perda de força de vontade, por sinal, é uma das principais características dos vícios.
Cada vez que nossa força de vontade falha, ainda que nos empenhemos com nossas melhores
intenções, nos sentimos ainda mais sem esperança, inúteis, impotentes e sem valor. O maior dano
a nossa auto-estima vem de falhas repetidas ao tentarmos mudar o nosso comportamento
temperamental adicto e habitual, sozinhos e sem ajuda. Antes, isso não nos machucava tanto, até
começarmos a tentar dar o nosso melhor para parar, mudar e não conseguir.
A nossa antiga "realidade pessoal" é uma das principais causas deste golpe profundo. Por
isso, é tão importante que aprendamos a nos perdoar, e nos humildar, entendendo a grande
impotência que temos ao tentar lidar com a Doença da Adicção à Raiva sozinhos. Precisamos de
um Poder Superior. E precisamos tomar a decisão de entrega-Lo exatamente tudo que não
conseguimos modificar sozinhos. E que tal entrega-Lo toda a nossa vontade, que há muito já foi
deturpada pelo ego? Podemos também entrega-Lo as nossas vidas, e pedir a Ele que nos conduza
pelo melhor caminho. Mas que alivio será fazer apenas a nossa parte e deixar que Ele decida qual
o melhor resultado para nossos esforços.

A história das duas escrivaninhas

Um dia, um homem raivoso, que sofria com as perdas impostas por sua doença, teve um
sonho um tanto intrigante. Sonhou que andava por uma casa muito bonita, onde havia duas antigas
escrivaninhas. Uma era pequena, mas de madeira muito boa, lembrando o jacarandá. E a outra
era imensa, bonita, mas simples, de madeira bastante humilde. Cada uma ficava em um quarto
diferente, porém, o segundo quarto, que abrigava a grande escrivaninha, permanecia trancado. O
homem procurou a chave certa para abri-lo em um grande molho de chaves, testando uma a uma,
mas exauriu-se, sem êxito, em encontrá-la.
Percebeu que toda vez em que se sentava na pequena escrivaninha, para tentar escrever
seus planos de vida, o resultado que desejava alcançar apagava-se no papel, em questão de
segundos. Simplesmente, sumia! Restavam lá, apenas seus sonhos e aspirações. Assim, o homem
dividia seu tempo em escrever naquela escrivaninha, e procurar a chave que abriria a porta do
outro quarto, desconfiado que lá encontraria uma caneta específica para escrever o seu Grande
Final, sem que este desaparecesse.
Escrevia por horas, sobre as várias coisas que precisava tentar fazer, vários sonhos que
queria realizar, e sobre as várias oportunidades que deveria tentar galgar. Depois procurava,
procurava, e nada de achar a tal chave.
Foi então que, percebeu que a única coisa que poderia fazer, era tentar dar o seu melhor,
pois era responsável apenas pelo esforço, e nunca pelo resultado. Este era escrito na outra
escrivaninha, onde somente Deus poderia sentar-se e decidir o melhor para sua vida, pois só Ele

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consegue enxergar o todo. Tendo um despertar, compreendeu que a chave estava na fechadura o
tempo todo, e ele apenas não a havia percebido. Chamava-se a chave da boa-vontade.
Uma vez que trocarmos a inútil força de vontade solitária pela boa vontade de entregar
nossa vida e vontade aos cuidados de um Deus amantíssimo, a porta se abrirá quase por si mesma.
Qualquer um de nós, se realmente quiser, poderá aproximar-se desta linda, imensa, mas humilde
escrivaninha. E assim fez aquele homem. Ao chegar perto dela, notou que Deus tivera o cuidado
de deixar-lhe um bilhetinho tão carinhoso quanto sábio, onde estava escrito: "Este é o caminho
para uma fé que funciona. Agora faça a sua parte, e deixe que Eu faça a minha, que será sempre
o melhor para você!”

Quanto à segunda decisão mencionada no início deste passo, contaremos uma breve
história: havia dez pássaros pretos em cima de um fio. Um decidiu voar. Quantos restaram ali?
Dez pássaros. Um decidiu, mas nenhum voou. A isso chamamos “decidir não encontrar sentido
algum em se modificar”.

Princípios espirituais do terceiro passo:

1. Princípio da confiança – este princípio nos é salutar, pois temos sofrido exatamente
do contrário. Precisamos aprender a confiar em nosso Poder Superior, em quem aceitamos
acreditar. Em RA., "não esperamos ver para crer, mas cremos para ver!”. Confiando em Deus,
saberemos que tudo estará bem, pois aceitamos trabalhar em uma perfeita e harmoniosa
parceria, onde somos responsáveis apenas por fazer nosso honesto esforço, e Deus, responsável
por nos entregar o melhor resultado. Há quem diga que "nós plantamos o jardim e Ele nos envia
as borboletas". Se fizermos nossa parte, poderemos então viver tranquilos, sem medo do futuro,
ou qualquer outro tipo de dor. Não teremos medo do mal que possa nos acontecer, pois não
acreditaremos mais no Mal. Este não existe e jamais existiu.

Somos filhos de Deus, e por Ele muito amados e protegidos, e temos agora a certeza de
que tudo que nos acontece na vida é apenas para nosso bem, para nosso crescimento espiritual,
que só pode nos deixar cada vez mais fortes, felizes e úteis. Sim, podemos dormir e acordar em
paz, viver nossos dias desprendidos da obsessão impiedosa e neurótica. A confiança surge da fé
praticada!

2. Princípio do compromisso - este consiste na reafirmação de nossa decisão de


entregar nossa vontade a nosso Poder Superior regularmente, independente de estarmos ou não
concordando com o resultado. Devemos entender que muitas vezes, não temos condições
espirituais de perceber com clareza e de imediato, os planos de Deus, pois estes talvez, irão se
concluir mais adiante. Este é um bom motivo para sempre renovarmos o compromisso com nossa
recuperação. Isto nos lembra da velha expressão: "não desista antes de ficar bom!”.

3. Princípio da boa vontade - como explicamos anteriormente, este princípio é a chave


que abre o caminho da nossa recuperação; trocamos a velha e inútil força de vontade pela boa
vontade, que escuta silenciosamente a Voz de Deus. Ação é a palavra mágica aqui. Vamos
recuperar a ação!

Se você optou pela primeira decisão, escreva agora as perguntas do terceiro passo:

Sugestão: Enquanto você estiver trabalhando diretamente nestas perguntas, pedimos


que se disponha a entregar tudo o que pensar ou sentir, tudo aquilo que você saiba ou não,

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tudo! O objetivo deste passo, é que venhamos a adquirir uma mente aberta e esperança para
uma nova compreensão. Caso contrário, conseguiremos ver apenas um pouco do nosso reflexo
no espelho limitado de nossa realidade pessoal, ouvindo apenas o zumbido de nossa pequena
voz interior, presa no calabouço da doença.

1. O que significa para você “tomar uma decisão sobre algo importante em sua vida?”

2. O que você entende sobre entregar sua vontade a um Poder Superior? Você está disposto a
entregar tudo agora, ou ainda gostaria de insistir um pouco mais na sua vontade? Tem
encontrado paz e felicidade em sua velha maneira de viver? Se deseja entregá-la a um Poder
Superior, isso significa entregar tudo, tanto o "bom" e "ruim”, ou só a parte ruim?”.

3. Qual é a sua compreensão atual de seu Poder Superior?

4. Você confia em seu Poder Superior? Confia no seu próximo? E em si mesmo?

5. Defina a palavra “confiança”. Sente-se bem quando confiam em você? O que acha de começar
a exercer a confiança, começando por confiar neste programa?

6. Estaria disposto a pedir a um Poder Superior que fizesse por você o que é incapaz de fazer
por si mesmo?

7. Como acha ser a qualidade de vida das pessoas que conseguem entregar suas vidas e vontades
a Deus?

8. O que entende pela expressão “uma fé que funciona”?

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QUARTO PASSO: ( Viagem Interior)

Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

Todos ser vivo é instintivo e tem em sua genética, uma programação para perpetuar
sua espécie. Os seres humanos têm, entre outros, três importantes instintos naturais de
sobrevivência, que valem ser mencionados aqui. O primeiro instinto é o sexual, responsável por
sua reprodução e continuação da espécie. O segundo é o instinto de segurança, subdividido em
emocional e de subsistência. O emocional representa gregariedade, traduzida pelos laços
familiares, amorosos e amistosos. O ser humano é gregário em sua natureza, e tem fortes
necessidades de se relacionar. O instinto de segurança de subsistência, em nossa sociedade é
representado pela necessidade financeira, onde o homem precisa se sustentar para ter uma vida
com dignidade. O terceiro instinto é o social, que se reflete em sua postura e entrosamento em
sociedade.
Porém, quando a mente começa a sentir um prazer exagerado em relação a algum
desses instintos, e se põe a exigir sua repetição de maneira desenfreada, podemos dizer que há
uma deturpação dos mesmos. A energia sexual é dádiva divina, mas o sexo desenfreado ou sua
inapetência impede uma vida saudável, digna e feliz, anulando qualquer hipótese de
relacionamentos sadios e duradouros. A dependência afetiva acaba por sufocar os protetores,
lhes causando revolta e dominação. Na melhor das hipóteses irão embora e os que não foram,
um dia acabarão morrendo, causando a mesma sensação terrível de abandono em seus
dependentes. Sabemos que a única dependência saudável deve ser a de Deus. A deturpação do
instinto de segurança financeira, por sua vez, poderá ocasionar inúmeros problemas, e ser fonte
de muito desequilíbrio. O “medo de ficar pobre” em sua versão mais doentia poderá trazer muito
sofrimento à própria pessoa e a quem está ao seu redor. Por fim, o instinto social, quando
transformado em obsessão pelo prestígio, busca pelo poder, gera revolta nos outros e torna sua
vida um cárcere repleto de necessidade de aprovação, importância, competição, raiva e inveja.

Todas essas formas de deturpação dos instintos naturais podem desenvolver a doença
mental, física e espiritual da adicção (adição, escravidão), onde ”quase todo problema emocional
grave pode ser considerado como um caso de instinto deturpado” (pág. 36, do livro Alcóolicos
Anônimos).

O quarto passo tem por finalidade corrigir estes instintos deturpados, pois consiste em
um inventário minucioso (detalhista), sobre quando, onde, e como, se deformaram. Estes
instintos que tanto afetam nosso ser, chamaremos a partir de agora, de defeitos de caráter.
Precisamos ir na causa, na semente! Jamais poderemos pedir a Deus que remova nossos defeitos
de caráter, se não soubermos exatamente quais são e que forças negativas exercem em nossas
vidas. Temos que saber o que entregar nas mãos de Deus, pois, ”um homem feliz é aquele que
tem conhecimento perfeito das causas da sua felicidade e infelicidade”.

Este passo foi projetado para nos ajudar a descobrir nossa realidade pessoal, padrões,
hábitos de pensamentos e sentimentos, que continuam aparecendo, limitantes e prejudiciais.
Se somos portadores da doença da adicção, não importa neste momento, o porquê
dela ter surgido. O fato é que se tornou nossa realidade pessoal, apossou-se de nossas mentes,
o que torna NOSSA a decisão sobre o que fazer com ela. Responder às seguintes perguntas o
mais honestamente possível, será a sua chance de se modificar, transformar ou se curar desta
doença. (Se não houver espaço suficiente nesta página, usar uma folha em separado ou o verso
da folha).

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Preparação para o quarto passo:

1- Acreditamos que seja importante trabalharmos os 12 passos em ordem; cada passo


abre a porta para o próximo. É comum, quando começamos a ter problemas em uma área
diferente, querermos ir diretamente para o quarto passo. Se você não tiver concluído as três
primeiras etapas, sugerimos que as faça antes de começar este passo. Isto vai lhe poupar tempo
depois, pois será mais eficiente.

2- Compromisso - sugerimos que você trabalhe no quarto passo durante pelo menos
uma hora por dia, até que conclua esse trabalho. Faz parte de nossa recuperação não deixar as
coisas pela metade.

3- Foco – tente manter suas respostas focadas na área ou relacionamento que está
trabalhando. Se possível, mantenha suas respostas detalhadas, simples, e o mais importante: vá
direto ao ponto!

Perguntas do quarto passo:

1. Relembre e escreva quando e como o vício da raiva começou a se manifestar em sua


vida. Em que nível ou grau começou? Seja preciso (a).
2. Seus pais ou educadores possuíam a doença da raiva?
3. Quando você se sentiu raivoso pela primeira vez? Como se sentiu? Como reagiu?
4. Qual foi a experiência mais dolorosa em relação ao vício da raiva que você já sofreu?
5. Quais são suas maiores qualidades e seus maiores defeitos?
6. Para que finalidade parece servir esta doença em sua vida?
7. Quais tem sido as consequências da raiva em sua vida? Liste todas minuciosamente.

8. Liste todos os nomes de pessoas que se afastaram de você por causa da raiva.

9. Como foi sua infância? Seus pais ou educadores eram amorosos? Você se sentia
protegido e acolhido? O ambiente era de paz?

10. Qual a diferença entre raiva saudável e raiva crônica para você?

11. Descreva como esta doença o afeta, a nível:

Espiritual -

Mental -

Físico -

Emocional -

Social -

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16. Liste os ressentimentos que você associa à doença.

Quem fez? O que me fez? Onde me Qual minha parte nisso? 1


afetou?

17. Liste os piores medos que você associa à doença.

MEDOS POR QUE? 1

18. Como meu comportamento geralmente contribui para formação de meus ressentimentos?
Crio expectativas demais em relação aos outros? Ofendo-me facilmente? Julgo demais? Seja
minucioso.

19. Você já consegue aceitar que o vício da raiva prejudica sua mente, e deturpa sua realidade
pessoal? O que isso significa para você agora?

20. Agora você pode entender que é muito importante que você mesmo não atue em seus
gatilhos. Cabe a você decidir remover esta doença que está tão enraizada. Com propriedade
plena, você pode entregá-la agora ao seu Poder Superior, para que ela possa ser transformada
em algo positivo que você possa compartilhar com os outros. Escreva quais são os seus gatilhos
e padrões destrutivos que sempre se repetem, quando você se irrita com alguém.

21. Descreva um de seus ciclos de obsessão da raiva - Como começou? Como foi o progresso?
Como é que terminou? Quais foram seus efeitos?

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22. Mesmo que você possa ter sofrido dessa doença por um tempo muito longo, você pode
agora aceitar que ela pode ser transformada em algo útil? Você já experimentou esta mudança
em alguma outra adicção? Se a resposta for sim, dê um exemplo.

23. Quais as crenças irracionais que o dominam? Escreva e combata uma de cada vez.

Não posso ser desrespeitado ou rejeitado. Não preciso me sentir desrespeitado. As atitudes do outro
nunca são direcionadas a mim. Eles apenas possuem padrões
que não aprovo.

24. O que significa um relacionamento saudável para você?

25. Você tem problemas com a rejeição? Por quê?

26. Que motivos repetidos têm causado a sua raiva? O que dizer da codependência?

27. Quais os sentimentos que mais tem dificuldade de experimentar?

28. Como tem sido seus relacionamentos familiares?

29. Como tem sido seus relacionamentos amorosos?

30. Como tem sido sua convivência no trabalho?

31. A raiva te isola das pessoas? De que forma? Por quê?

32. Você tem negado e protegido a raiva, recusando-se a rever suas atitudes?

33. Percebe com nitidez ser uma pessoa facilmente irritável?

34. Como o comportamento da raiva contribui para sua culpa?

35. Que crenças irracionais me levam a agir assim?

36. Qual a relação entre raiva e o medo para você?

37. Como a raiva tem afetado suas amizades?

38. Descreva minuciosamente a sua necessidade de controle.

39. Descreva minuciosamente sua necessidade de aprovação.

40. Descreva minuciosamente a sua necessidade de poder.

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41. De que forma você manipula seus relacionamentos? Como pode modificar seu
comportamento para ter relacionamentos mais saudáveis?

42. Como seu comportamento raivoso se baseia no egoísmo?

43. Você confunde sexo com amor? Sente-se à vontade com a sexualidade dos outros?

44. Sente-se superior aos outros? Em quê?

45. Sente-se inferior aos outros? Em quê?

46. Sofreu abuso alguma vez? (sexual, emocional ou físico). Como foi? De que maneira isso afeta
sua relação com os outros?

47. Já abusou de alguém? (sexual, emocional ou físico). Como foi?

48. Já prejudicou alguém por vingança? Como se sentiu depois? Isto aumentou ou diminuiu seu
amor próprio?

49. De que forma demonstra amor e consideração aos outros?

50. Quais são seus valores espirituais? Gostaria que a raiva impulsiva não mais os anulasse?
Explique o porquê.

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QUINTO PASSO (Integridade)

Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza
exata de nossas falhas.

Precisamos a partir de agora, estar sempre muito conscientes de nossos padrões


(experiências que se repetem), ainda que eles tenham se manifestado com diferentes pessoas,
lugares, coisas ou formas. Esses padrões (hábitos oriundos de pensamentos e sentimentos) são
uma das partes mais importantes deste processo. Eles compõem a nossa "realidade pessoal" e
são a chave para a recuperação em longo prazo e crescimento pessoal. Esses padrões irão
desempenhar um papel vital no sexto, sétimo, oitavo e décimo passos.

Quem vai ouvir o meu quinto passo?, perguntou Al, a um companheiro de RA mais
antigo.

Louis: É muito importante que você encontre a pessoa certa de sua confiança.
Acreditamos que seja melhor compartilhá-lo com alguém que tenha já terminado o seu próprio
quinto passo. Se esta pessoa estiver vivenciando o programa, terá mais experiência e melhores
condições de ajudá-lo. O mais importante é que você sinta que pode confiar nesta pessoa. Isto
vai lhe permitir ser o mais honesto possível consigo mesmo. Devemos ter certo cuidado em
partilhar este passo com alguém muito íntimo, ou que tenha uma veia muito crítica, e que já
venha com um martelo para bater. Não precisamos de juízes e promotores. Agimos assim
durante muito tempo com nós mesmos. No quinto passo, não deve haver juízo de valor, mas
simplesmente, a constatação de nossos padrões, numa conversa amistosa e respeitosa. Alguém
muito íntimo poderá se machucar se você for realmente honesto. Seria sábio questionar seus
próprios motivos nesta escolha.

Peça a essa pessoa para ajudá-lo (a) a identificar seus padrões. Mostre a ela uma cópia
de sua lista de padrões. Ela pode ajudá-lo (a) a incluir mais padrões à sua lista ou pedir-lhe que
esclareça algum padrão. Você irá perceber que ambos poderão ter muitos padrões em comum;
por outro lado, não queira tentar ser igual, ou seja, não se influencie, minimizando ou
exagerando seus defeitos de caráter. Lembre-se que o inventário é seu, e são seus os padrões,
o que significa que, no final, você será o único que irá ganhar ou perder se estes padrões
continuarem a existir.

Louis também sugeriu a Al que definisse data, hora de início, e a quantidade aproximada
de tempo para encerrá-lo com a pessoa que ele tivesse escolhido. Disse a ele: “a partir de agora,
que todo o seu trabalho de preparação para o quinto passo está feito, este será um grande dia
para levar a cabo esta importante missão”.

Al confiava em Louis, por isso decidiu fazer seu quinto passo com ele. Além disso, Louis
já sabia muito sobre ele. Al fez o que lhe foi sugerido. Engoliu seu orgulho e partiu para a ação,
“colocando em evidência cada defeito de caráter, cada recanto escuro de seu passado.” Dando
início a esta etapa, sem nada a esconder, ficou encantado. Ele teve sua primeira experiência
espiritual. Sentiu pela primeira vez, que um outro ser humano o aceitou por completo, apenas
por ser quem era... Não era mais um absurdo ser ele mesmo, ou ter determinadas
características. Também não se sentia estranho, por ter algumas grandes qualidades. Al não se

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julgava mais tão bom, ou nem tão mal, nem o melhor ou o pior. Entendeu que era um ser único
e precioso, e ao mesmo tempo, apenas mais um na multidão. Ele sentiu uma nova liberdade. As
máscaras haviam caído.

Alguns dos segredos que Al tinha escondido por tantos anos, perderam seu poder sobre
ele. Al sentia-se agora, um homem livre, mas Louis fez questão de lembrá-lo que ainda havia
muito a ser feito. Poucos dias depois de Al ter concluído seu quinto passo, começou a trabalhar
com um recém-chegado, e se surpreendeu ao se flagrar compartilhando, um de seus maiores
segredos, a fim de ajudar o novo companheiro. Disse-nos mais tarde, “que coisa maravilhosa foi
para ele ter sido capaz de ajudar o próximo, partilhando livremente uma experiência que
durante anos, tivera a convicção de que ela o acompanharia ao próprio túmulo”. Isto nos faz
lembrar o velho e bom ensinamento: “O seu segredo é do tamanho de sua doença! Coloque-o
para fora. Ele não resistirá à Luz”.

Sobre o quinto passo, o livro “Os Doze Passos e Doze Tradições” de Alcoólicos
Anônimos, nos diz que “a maioria de seus membros não teria dúvida em proclamar que, sem a
corajosa admissão de seus defeitos perante outro ser humano, não poderia ficar sóbrio. Parece
óbvio que a Graça de Deus não expulsará nossas obsessões destrutivas até que estejamos
dispostos a tentar isto”.

Princípios espirituais do Quinto Passo:

Honestidade - este princípio é indispensável neste momento, pois precisamos ser


honestos o suficiente conosco, com o outro e com Deus. Honestidade não se fraciona, e não
podemos nos deixar sentir medo do que o outro vá pensar ou falar depois que nos escutar. Faz-
se mister para o sucesso deste programa, termos coragem de revelar nossa verdade, pois para
nossa melhora, é importante que identifiquemos, revelemos e escutemos sobre nossos padrões
destrutivos.

Coragem - este princípio está interligado ao princípio da honestidade, vez que


precisamos dele para enfrentar nossos bloqueios, e conseguir compartilhar nossos segredos e a
dor de expô-los. Pedimos a nosso Poder Superior, coragem para aceitar que durante muito
tempo, nossos padrões destrutivos comandaram nossas ações, sem nos darmos conta.
Estávamos adormecidos espiritualmente. Nosso ego funcionava como uma cortina escura que
nos separava da vontade de Deus. Ao revelar toda nossa história minuciosamente a Ele, através
do compartilhamento com outro ser humano, nos expomos e permitimos que esta outra pessoa
teça comentários, observações, e até mesmo no faça alguma crítica construtiva para que
possamos evoluir no programa. Neste momento, precisamos compreender que quem está sendo
ferido, chamado a atenção, ensinado, pontuado, é o nosso ego, nossa doença, e não nossa alma.
E isto é bom. Deixemos que ele, Ego, se melindre, e não nós! É nossa intenção reduzir nosso
“rival” o máximo que conseguirmos, pois ele tem sido o grande bloqueio à nossa felicidade,
saúde e serenidade. Ele é o responsável por todos nossos insucessos e derrotas. Não foi Deus que
parou de nos mandar todas as bênçãos, mas nosso ego que as manteve inacessíveis até agora.
Ele atuou em forma de orgulho, culpa, autopiedade, possessividade, baixa autoestima, controle,
medos exacerbados, etc. Usávamos o orgulho para aniquilar com os outros, e a culpa para nos
aniquilar.
Morríamos de pena de nós mesmos e tínhamos a impressão de que Deus nos havia
reservado menos sorte e felicidade. Mas que pretensão a nossa, acharmos que poderíamos nos
rotular por baixo... Tudo e todos que desejávamos deveriam nos pertencer, e ao assinarem

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conosco um verdadeiro contrato de convivência, com cláusula única de exclusividade, sentíamos
que suas mentes e corpos deveriam nos pertencer eternamente. Toda esta insanidade gerava
um círculo vicioso de controle, baixa autoestima e medo, que aumentavam a cada dia. Sim,
revelar nossas falhas a outro ser humano se tornou nossa grande ferramenta de esvaziamento
do ego, e, proporcionalmente, um grande gerador de Luz.

Perguntas sobre o Quinto Passo:


1. Já marquei uma data e lugar para fazer meu quinto passo? Coloquei um prazo
de encerramento?
2. Acredito que minhas obsessões destrutivas só serão removidas pela Graça de
Deus se me propuser a revelar todos os meus segredos a Ele e a outro ser
humano, e praticar este passo com os princípios espirituais da honestidade e da
coragem?
3. O que entendo por ego? Qual sua influência em minha vida?

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SEXTO PASSO (Disposição)

Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos estes defeitos de


caráter.

A chave para este passo está em seu próprio enunciado. "Prontificamo-nos


inteiramente a deixar que Deus removesse todos estes defeitos de caráter.” Primeiro de tudo,
nós queremos realmente alguma coisa apenas quando estamos inteiramente prontos. Querer
REALMENTE algo, muitas vezes é o início da cura. Em segundo lugar, será Deus quem irá remover
tudo, não nós sozinhos e sem ajuda. Em terceiro lugar, quando o enunciado deste passo diz
“todos esses defeitos”, quer expressar que "Estes" implica que identifiquemos defeitos
específicos.

Al: O restante dos Passos será uma moleza, depois de ter feito meu quinto passo.

Louis: Eu quero alertá-lo para não praticar qualquer um dos passos muito levemente.
Cada passo é uma parte importante do processo. Se esquecermos disso, nossas mentes voltarão
a nos aplicar os velhos truques. Por exemplo, em relação a este passo, o nosso consciente
poderá nos dizer: "Claro, eu quero todos esses defeitos removidos, sabendo agora o quão
prejudiciais, inúteis, ou dolorosos eles são, e eu só preciso deixá-los ir”. Dois são os problemas
com este bem intencionado comunicado. Em primeiro lugar, generalizações não vão funcionar
aqui. Em segundo lugar, nós não conseguiremos por nosso mérito, sozinhos e sem ajuda
espiritual de Deus, fazer esta remoção. Trata-se de um passo 100% espiritual. A humildade
precisa já ter sido bem trabalhada e adquirida o suficiente, através dos passos anteriores, para
que o sexto passo possa ser feito. Não conseguiremos fazê-lo com reservas em relação a nossa
autossuficiência. A partir de agora, vamos seguir o A - B - C - D - E - abaixo.

(A) Louis: Mais uma vez, estou lhe advertindo que só porque algo é simples, não quer
dizer que seja fácil. Agora que você reconheceu alguns de seus padrões, "esses defeitos de
caráter", será útil que siga também estas sugestões: pegue cada um "desses defeitos" e se
pergunte se está realmente pronto para que Deus o remova.

1. Se a sua resposta for sim, passe para o próximo defeito de caráter (padrão).

2. Se a sua resposta for não, volte para o primeiro passo, focando apenas nesse defeito
e reescreva as primeiras perguntas (do primeiro passo) para ajudá-lo(a) a aumentar a dor de
ainda querer mantê-lo.

3. Se isso não for suficiente para convencê-lo(a), tente o seguinte: sabemos que os
nossos problemas, como em tudo na vida, são progressivos. É verdade que irão piorar se nada
realmente mudar na semente, a raiz dos nossos antigos e destrutivos hábitos (realidade pessoal,
padrões). Com o passar do tempo, se nada fizermos, ficaremos ainda mais afiados em nossos
defeitos, mais obsessivos e compulsivos, e nossos padrões ainda mais enraizados e fortalecidos.
Outra forma de aumentar a dor é mantermos esse defeito, estendendo-o para o futuro. Mas,
fique à vontade. Cada um é livre para decidir o melhor para sua vida.

4. Como será que estará sua vida se este defeito não se modificar em um, cinco, dez,
vinte anos?

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5. Você já sofreu por causa deste defeito por tempo suficiente ou está sedento(a) por
mais?

6. Se você já estiver pronto(a), continue este processo até ter alcançado todos os
defeitos, um por um.

(B) Louis: ir a cada defeito, a cada detalhe, vai nos ajudar de várias maneiras:

1. Isto vai nos ajudar a entender a extensão de cada um dos nossos defeitos; eles estão
centrados em nossa própria mente.

2. Entenderemos o quanto somos impotentes para remover estes defeitos sozinhos e


sem ajuda.

3. Fazendo, entretanto, algo construtivo sobre estes defeitos, iremos experimentar um


novo nível de esperança.

4. Estas sugestões irão nos ajudar a ver que alguns dos nossos defeitos listados, são
apenas diferentes partes do mesmo padrão. Isso nos ajudará a combiná-los, o que será parte da
próxima sugestão.

Se você seguir estas sugestões, irá mais a fundo nos seus defeitos descobertos,
combinando-os para um menor número de padrões. Se ainda não tiver feito isso, faça-o agora.

Al: Sim, eu tenho trabalhado sobre cada um deles, até que eu consiga perceber que
ainda estou doente por sua permanência. Espero que Deus não esteja muito ocupado para que
possa removê-los rapidamente.

Louis: Você realmente é um dos nossos: deseja que Deus aja rapidamente, pelo menos
até sexta-feira, para que você possa ter um grande fim de semana. Acho que ainda tenho muitos
dos defeitos que tinha quando cheguei ao programa. Mas, eles já experimentaram alguma cura
pela Graça de Deus, e tornaram-se ótimas ferramentas e sinais de alerta. Este programa
funciona no tempo de Deus, e não no nosso! Porém, eles não vêm me visitar tão
frequentemente, e quando aparecem, não duram muito tempo e não são mais tão intensos.
Este é um sinal claro de crescimento e de despertar espiritual.

Louis continua: Estamos construindo um novo modo de vida e sentimos que é muito
importante entender que isto tudo é um processo em longo prazo. Não se trata de uma solução
rápida. Não adoecemos ontem à noite, mas há muito tempo. Viemos praticando padrões sem
limites, doentios e muitas vezes bem insanos, criados por maus hábitos muito antigos e
enraizados. Uma coisa importante a se lembrar é que se fizermos o melhor trabalho que
pudermos com este programa, iremos experimentar um novo estilo de vida que está muito além
de qualquer coisa que poderíamos ter sonhado.

(C) A sugestão seguinte é: atribuir a cada um desses defeitos, aos padrões, um apelido
engraçado. Vamos tentar "tirar um sarro” de cada um deles. Estes apelidos irão fazer parte do
nosso sistema de alerta rápido a partir de agora. Parece uma brincadeira boba, mas, ao fazermos
isso, estaremos desonrando cada padrão e lhes tirando um pouco mais de seu poder sobre nós.

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Ex: defeito de caráter ciúmes- Falando em "tirar sarros” de nomes, melhor atribuição à
ao ciúmes não há, senão o “monstro dos olhos verdes!”. Tal apelido foi dado por Shakespeare
em sua peça Otelo, dando a entender que os ciúmes seria um monstro dotado de alguma beleza,
onde o belo, representado pelos olhos verdes, seria traduzido pelo amor ardente de se querer
tanto alguém para si, e o monstro, seria os ciúmes terrível sentido por Otelo, que o levaria a
cometer o homicídio de sua amada.

Rir um pouco de nós mesmos ao apelidar nossos padrões traz em si muita cura, pois,
aprendemos a não nos levarmos muito a sério, mas levar a recuperação a sério.

(D) Decida quais são os defeitos que você está pronto (a) para deixar que Deus remova.

(E) Decida quais são os defeitos que você não está disposto (a) ou se encontra incapaz
de deixar ir neste momento.

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SÉTIMO PASSO (Humildade)

Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos.

Percorremos um longo caminho até chegar a este passo tão importante. Entendemos
durante o processo de fazer os primeiros seis passos que sozinhos, não temos o poder, a
capacidade de realmente mudar.

Se você está agora, pronto e disposto a ter suas deficiências removidas, as seguintes
sugestões lhes serão úteis.

O sétimo passo consiste em apresentar cada um de seus defeitos de caráter (padrões) a


Deus e uma boa maneira de fazer isso, é através da Oração do Sétimo Passo:

“Meu Criador, agora desejo que me aceite como sou, por inteiro, bom e mau. Peço que
removas de mim, todo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil a Ti e a meus
companheiros. Conceda-me força para que, ao sair daqui, eu cumpra as tuas ordens. Amém.”

No sétimo passo, rogamos a nosso Poder Superior que nos ajude a sermos livres de todos
nossos defeitos de caráter, instintos deturpados que nos fizeram agir cegamente em várias áreas
de nossas vidas durante a maior parte do tempo. Quando dizemos que nos prontificamos
inteiramente a deixar que Deus os removesse no sexto passo, isto quer dizer que chegamos a
um ponto onde continuar com estes defeitos era insuportável para nós. A expressão “nos
prontificar” parecia significar-nos “chocar ou nos horrorizar” por ainda tê-los. Estávamos
realmente prontos para que fossem removidos. Foi neste ponto, que humildemente, rogamos
a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições. Mas o que Bill W. queria dizer com
“humildemente”?

Entendemos que durante a prática desses passos, precisamos adquirir o princípio


espiritual da humildade para que possamos admitir nossa derrota total, e para que venhamos a
acreditar em um Poder Superior a nós mesmos, para entregar-lhe o que temos de mais valioso:
nossas vidas e nossas vontades. É necessário ainda mais humildade, para fazer um minucioso
inventário, e compartilhá-lo com outro ser humano e com Deus como O concebíamos. Este
atributo precisou ser ainda maior quando chegamos ao sexto passo, onde concordamos e
ficamos prontos para que Deus removesse nossos defeitos. Mas no sétimo passo, a humildade
toma um significado ainda maior. Ela se torna não apenas um princípio espiritual, mas o
verdadeiro objetivo de vida de um ciumento em recuperação. Agora temos como primeiro lugar
em nossas vidas, a edificação de nosso caráter e valores espirituais, ao invés de querermos mais
do que tudo, realizar nossas vontades e desejos materiais. Não deixaremos, por exemplo,
manipular algum resultado ou alguém por medo de perdê-los, sobretudo porque em nossa nova
maneira de viver, não cabe mais a desonestidade. Como Bill W. dizia, “o material deve sempre
seguir o espiritual, e nunca o contrário.” No sétimo passo do livro dos 12 passos e 12 tradições
de AA, está escrito: “nunca nos ocorreu fazer da honestidade, tolerância e do verdadeiro amor
ao próximo e a Deus, a base do nosso viver cotidiano.”

Bem, o que seria isso, senão o esvaziamento do ego? Não poderíamos mais, neste
momento, sermos dominados pela doença do romance, “nem que quiséssemos”! Nossa doença
não mais gritará por nosso fracasso. Agora, nos encontramos em estado de riqueza espiritual,

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desprendimento e sabedoria. Não estamos mais autocentrados, nos sentindo na obrigação de
ter que controlar tudo e todos devido à terrível sensação de que algo pode dar errado, se assim
não fizéssemos. Temos agora, justamente a certeza de que tudo irá acabar bem. Passemos a
acreditar no amor, nas pessoas, e aceitar que elas sejam imperfeitas como nós, e ao mesmo
tempo, dignas de nossa confiança, assim como somos delas. Compreendamos que ambas as
partes podem errar, porque a vida não é feita para acertar, mas para viver! Como é bom poder
confiar em nosso próximo e em nós mesmos novamente! O medo nos abandonou. É Deus quem
está aqui!

Definição de humildade segundo Bill W. (cofundador de AA) - “A humildade perfeita


seria um estado de completa libertação de mim mesmo, libertação de todas as exigências que
meus defeitos de caráter me impõe agora tão pesadamente. Seria uma disposição total,
permanente e onipresente para descobrir e cumprir a vontade de Deus.”

Definição de humildade segundo Dr. Bob (cofundador de AA) – “Humildade é o silêncio


perpétuo do coração. É estar sem problemas. É nunca estar descontente, contrariado, irritado
ou ofendido. É não me surpreender com qualquer coisa feita contra mim, mas sentir que nada
é feito contra mim. Significa que quando eu for ofendido ou desprezado, eu tenho um lar
abençoado dentro de mim, onde eu posso entrar, fechar a porta, ajoelhar em frente ao Pai em
segredo, e estar em paz como um profundo mar de calmaria, quando tudo ao meu redor está
parecendo agitação”.

Perguntas do Sétimo Passo:

1. Quais são os padrões que devo aceitar?


Podemos mudar quase tudo em um padrão, a nível mental, físico, emocional, social ou
espiritual, mas pode ser que ainda não estejamos prontos para interromper um de nossos
defeitos, ainda muito impregnados em nossa consciência, mas podemos parar de atuar sobre
ele, um momento de cada vez.

2. Quais são os padrões que posso mudar?

A paz vem a nós pela Graça. Quando estamos em paz, tudo parece estar em harmonia,
e há a ausência de conflito. Talvez, a serenidade seja muito mais valiosa para a condição humana
do que a paz. Tudo a nossa volta pode estar caindo aos pedaços, mas se tivermos a Graça da
Serenidade, sentiremos em um nível mais profundo, que tudo que nos acontece é para o nosso
bem. Estamos sugerindo que você peça por serenidade, quando for pedir pela remoção de cada
padrão, assim conseguirá enxergar o que poderá ser mudado. Se estivermos abertos à mudança
e à cura, então teremos a sabedoria para entender o que poderemos mudar e o que teremos de
aceitar.

3. Peça a Deus por serenidade, coragem e sabedoria para reconhecer a diferença. Siga
este formato para cada um de seus defeitos (padrões). Use as páginas opostas ou páginas
separadas para completar essa tarefa.

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OITAVO PASSO (Amor Fraternal, Disposição Para Perdoar)

Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
fazer reparações a todas elas.

Louis: O oitavo passo, em princípio, é muito simples. É a preparação para uma ação
muito importante: o nono passo! Iremos fazer um trabalho muito melhor, se estivermos
preparados para isto.

Al: Até agora, toda vez que você falou do quão simples um passo será, também me
"sugeriu" uma grande quantidade de trabalho adicional. Eu já fiz a minha lista do inventário do
meu quarto passo... já não está de bom tamanho?

Louis: Lembrei-me de alguns danos adicionais enquanto fazia o quinto, sexto e sétimo
passos, ou seja, enquanto trabalhava meus padrões. Uma vez que aceitei o fato de que tinha
sido realmente levado a agir por meus antigos padrões de hábitos nocivos, os nomes daqueles
que eu tinha prejudicado, expressando o mesmo padrão, vieram à mente.

Al: O que você chama de um começo muito bom, a maioria das pessoas no programa
chama de um final muito bom.

Louis: Você está certo, mas a maioria de nós se contenta com muito pouco, por muito
tempo. Se fizermos o melhor que pudermos neste passo, isto fará com que o próximo passo seja
mais fácil e melhor. Gostaria de lembrar que estes são passos, não uma escada rolante. Nós não
podemos ir do primeiro passo ao 12º, por exemplo.

Sugerimos que você faça sua lista daqueles a quem prejudicou em três (3) grupos:

1. A primeira lista conterá o nome daqueles a quem você prejudicou e a quem


você está pronto, disposto e capaz de fazer essas reparações.
2. A segunda lista será composta por aqueles prejudicados, a quem você está
disposto a fazer as pazes, mas ainda é incapaz de fazê-lo neste momento.
3. O terceiro grupo é composto pelo nome daqueles a quem você prejudicou,
mas que ainda não está disposto a fazer as pazes. Também incluímos um
esquema, um formato, para ajudar a realizar este processo de perdão. Você
já notou que vários daqueles que prejudicamos, foram os que não tínhamos
realmente perdoado?

[1] Este primeiro grupo é para aqueles que você está pronto, disposto e capaz de fazer
as pazes e reparações agora. Com uma folha de papel separada, use o seguinte formato. Depois
que terminar de escrever cada grupo, sugerimos que antes de você partir para sua jornada do
nono passo, passe a limpo o seu plano de ação com o seu padrinho (madrinha), ou com alguém
que já tenha feito alguma dessas reparações.

Exemplo de número do grupo [1]

Nome do prejudicado: Sam.

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O que você fez ou não fez para causar este dano?

R: Eu achava que Sam tinha cantado minha mulher – Então comecei a inventar um
monte de mentiras sobre ele e descobriu-se que minhas informações estavam erradas. Mas na
realidade, Sam não tinha tentado seduzir minha esposa. Eu acreditava que Sam era um
mulherengo, mas depois acabei descobrindo que ele era um homem muito dedicado a sua
família. Eu tinha tanta certeza que estava certo, que destruí sua reputação, e o machuquei
demais, prejudicando sua respeitabilidade. Seu chefe e alguns de seus amigos começaram a
questionar a integridade de Sam.

Como você irá fazer esta reparação? Anote o seu plano de ação para cada reparação.

Eu tinha denegrido a imagem de Sam com George (seu chefe), Mary (colega de
trabalho), Sally e John (amigos). Pretendo agora, procurar cada um deles e dizer-lhes que eu
estava realmente errado; que eu não tinha o direito de dizer qualquer coisa sobre Sam. Admito
que a minha doença emocional tomou controle sobre mim; eu estava agindo da forma mais
insana possível, e irei pedi-los carinhosamente que, se me ouvirem falar assim novamente de
alguém, me avisem que estou errando novamente.

Estou procurando essas pessoas em vez de Sam, porque foi ali que o "crime" ocorreu.
Não é preciso ferir Sam, quando ele nem suspeita que eu tenha dito algo tão ruim sobre ele.
Estou pronto, disposto, e capaz, de fazer essa reparação. Agora, preciso falar com o meu
padrinho Louis. Talvez eu tenha esquecido alguma coisa e assim quero que ele faça uma revisão.
Se ele disser que meu trabalho está bom o suficiente, vou marcar uma visita com estas pessoas
e fazer minhas reparações.

[2] Este grupo é constituído por aqueles a quem você está disposto a fazer reparações,
mas ainda não está preparado ou capaz, por algum motivo, de fazê-lo neste momento. Depois
que terminar de escrever esta lista, compartilhe seus pensamentos e sentimentos sobre estas
reparações com seu padrinho. Pergunte a si mesmo: "Serão minhas razões realmente válidas,
ou estou apenas enganando a mim mesmo por medo ou alguma outra forma de resistência?”
Por exemplo, você pode dever uma grande quantidade de dinheiro e não dispor da quantia no
momento. Mas, você pode pelo menos, falar com as pessoas a quem deve e chegar a algum
plano de ação. Em outras palavras, fazer todo o possível para atualizar, e remover estas pessoas
deste grupo, para o primeiro.

Exemplo de número de grupo [2]

Nome do prejudicado (a): Mary Brown

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O que você fez ou não fez para causar o dano?

R: Bati com meu carro no de Mary Brown - Estava nervoso, obsessivo de raiva por uma
pessoa que me rejeitou, e não estava atento a minha direção, ocasionando o acidente. Eu peguei
o seu nome e endereço, e disse a ela que iria me responsabilizar pelo conserto de seu carro.
Mas, menti para Mary quando passei o meu endereço e número de telefone, para que ela nunca
conseguisse entrar contato comigo, assim eu não precisaria pagá-la.

Relate o porquê de você estar incapacitado de fazer tal reparação agora, e procure
alguém para ajudá-lo.

R: Fui procurá-la em seu endereço há menos de um mês, e ela tinha se mudado, sem deixar
qualquer aviso sobre a nova moradia. O novo proprietário não tinha nenhuma informação que
eu pudesse checar. Estou pronto e disposto, mas incapaz de encontrá-la. O que devo fazer?

[3] Este grupo é formado pelo nome das pessoas a quem prejudicamos, mas resistimos
e dizemos "não, nunca me repararei com tais pessoas!". Porém, nosso Poder Superior poderá
ajudar, se for solicitado. Nunca seremos livres prendendo-nos ao passado. Sugerimos que você
ore pela vontade de querer fazer tais reparações. Coloque essas pessoas em uma lista para uma
oração especial. Podemos chamar de oração para a "lista negra". Ore para essas pessoas várias
vezes por dia, por duas semanas, ou o tempo que levar para você receber a experiência de deixá-
las ir. Faça tudo que puder para transpor as pessoas do terceiro grupo, para os grupos um ou
dois.

Exemplo de número de grupo [3]

Nome do prejudicado (a): Peter, meu ex-sócio

O que você fez ou não fez para causar o dano?

R: Eu não gostei da maneira como meu ex-sócio Peter agiu, quando minha esposa estava
por perto. Eu sabia que não podia confiar em deixá-lo sozinho com ela e acho que ele pensou,
que éramos sócios em relação a minha esposa também. Quando ele continuou a tentar me fazer
viajar para resolver outros negócios fora de nossa cidade, eu já sabia o que ele estava fazendo.
Eu deveria ter pensado melhor antes de ter aceitado fechar uma sociedade com ele. Acabei com
a parceria e jamais vou querer fazer qualquer reparação com ele, porque ele poderia pensar que
agora pode conseguir realizar o que tinha em mente com a minha esposa. Ele não me engana;
eu já passei por este tipo de situação antes.

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Indique a forma de resistência e/ou por que está relutante ou incapaz de fazer esta
reparação:

R: Peter não precisa da minha reparação; eu é que preciso da dele... Ele foi o único
que estava errado.

Ele agiu como se não estivesse fazendo nada de errado. Odeio caras como ele, que
pensam poder conseguir me passar para trás com a minha esposa. Porém, fiquei pasmo quando
ela me disse sobre como estava claro, que eu estava doente e possuído por ciúmes.

Em folhas de papel separadas, preencha todas as reparações a serem feitas na lista dos
três grupos. Basta seguir os exemplos de l, 2 e 3 acima.

27
NONO PASSO (O AMOR EM AÇÃO, JUSTIÇA – FAZER A COISA CERTA!)

Fizemos reparações diretas a tais pessoas sempre que possível, exceto quando fazê-lo
significasse prejudicá-las, ou a outrem.

1. Tendo feito o seu trabalho de preparação para a realização do nono passo da melhor
maneira possível, neste momento, você se encontra pronto para o tão esperado dia - o dia em
que fará a sua reparação e as pazes com possíveis “infratores”.

2. Como você se propôs a fazer cada uma de suas reparações, sugerimos que ore para
seu Poder Superior, para que essa seja uma experiência de cura para aquele (s) com quem irá se
reparar, pedindo o que for preciso para realizar esta alteração em suas vidas.

3. Faça a sua primeira reparação e trabalhe através de sua lista o melhor que puder, e
um de cada vez. Depois de cada reparação feita, agradeça e deixe esta pessoa ir, para que você
tenha maior mente aberta para a próxima. “Boa sorte e que Deus te abençoe.”

4. Se ainda há alguém em seu grupo número 3 (página 38), que você está resistindo em
se reparar, ou ainda consegue dizer "não, com esta pessoa jamais me repararei”, e percebe que
tem sido incapaz de atualizar tais nomes para os grupos 1 ou 2, siga o primeiro conjunto de
orientações sobre o PERDÃO abaixo. Em outras palavras, para aquelas reparações que parecem
ser impossíveis de se realizar, leia abaixo as seguintes orientações sobre o perdão.

5. Para conseguirmos fazer nossas reparações e fazer as pazes com as pessoas de nossa
lista do oitavo passo, torna-se muito claro o quão importante é o PERDÃO, inclusive para nosso
processo de cura. Colocamos informações adicionais sobre o PERDÃO aqui no nono passo, que
foram extraídas do inventário do quarto passo. Como iremos limpar profundamente os
destroços de nosso passado, através desses primeiros nove passos, o perdão agora terá que ser
fortemente trabalhado, para que todo nosso esforço funcione. Ao colocarmos isso aqui,
acreditamos piamente que agora conseguiremos transitar para o próximo nível: o verdadeiro
crescimento, ao qual chamamos de amadurecimento espiritual, que acontecerá nos Passos 10,
11 e 12. Mas sem o perdão, tal crescimento será seriamente limitado.

6. Sugerimos que você reveja todas as informações a seguir sobre o perdão aqui no nono
passo, antes de passar para os três últimos passos, para que consiga descobrir se já está
completamente disposto a perdoar a todos, inclusive, a si próprio. Experimente as seguintes
sugestões, até encontrar uma que funcione para você. Se ainda não estiver se sentindo capaz
de fazê-lo, perceba que será através do perdão completo, que deixará seu Poder Superior fazer
por você, o que não consegue fazer por si, neste momento.

7. Mantenha sua lista de reparações até que tenha concluído todas elas. Quando
conseguir completar cada uma, escreva um breve resumo de sua experiência. Você faria algo
diferente? Como foi isto para você? Compartilhe esta experiência com seu padrinho ou
madrinha, ou com outra pessoa que pratique o programa de RA. Se você estiver preso em
perdoar um relacionamento de longo prazo, tente entender o seguinte: um dos problemas mais
comuns em relação ao perdão é conseguir praticá-lo com aqueles que temos ou tivemos
relacionamentos de longo prazo. Acreditamos que a razão principal é porque transformamos
através do tempo a sensação do que nos aconteceu, convertendo nossos “crimes” em “bênçãos”

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em nossas mentes. Esquecemo-nos o quão descontrolados estávamos quando praticamos
certas ações, e acabamos analisando-as conforme nosso entendimento atual, sem perceber
nossa parte da responsabilidade. Não conseguimos nos lembrar realmente como éramos na
época, e não medimos o prejuízo que causamos aos outros. O formato a seguir irá ajudá-lo (a)
a se libertar. Deus pode e irá fazer por nós, o que não podemos fazer por nós mesmos se
confiarmos Nele.

Em uma folha separada escreva o seguinte:

1. Nome das pessoas que te prejudicaram.

2. O que elas fizeram ou não fizeram para prejudicá-lo (a)?

3. Como você reagiu no momento em que o dano foi feito?

4. Como você se sentiu e/ou pensou no momento em que o dano foi feito?

5. E agora? Como você se sente e/ou pensa sobre os danos causados?

6. Como você reage quando pensa, ouve falar, ou vê, quem te prejudicou?

7. Observe o grupo 3 da lista de perdão. Quais dessas pessoas ainda se destacam?

8. Você está agora disposto (a) a perdoar, para que possa ser livre?

9. Agora peça ao seu Poder Superior para realizar este perdão em todos os níveis, mesmo
quando se tratar de alguém do seu presente. Lembre-se que é você quem irá decidir se manterá
ou não o ressentimento por alguém, desde que, não se importe em continuar um presidiário (a)
na cela da adicção. Lembre-se: você é o único que poderá abrir essas grades. É importante
buscar a cura para a maneira sobre a qual você pensava e sentia, no momento em que cometeu
os tais “crimes”, aplicando também esta atitude para o presente. E lembre-se: nós não somos
vítimas. O “coitadinho de mim” jamais se recupera!

10. Como regra geral, é útil para o acompanhamento deste passo, após o perdão, fazer
uma visita ou fazer uma ligação a quem perdoamos, a fim de verificar, se o resultado foi
satisfatório, desde que isto não faça mal a esta pessoa. Quando o pensamento sobre tal
pessoa(s) vier à mente, abençoe-a(s) e se volte para o seu Poder Superior. Agora, será que você
já está pronto (a) para transpor as pessoas do grupo número 3 para os grupos 1 ou 2? Se não
conseguir fazer isto ainda, volte novamente para os passos que te orientaram a se reparar e a
fazer as pazes, até encontrar uma solução viável. O perdão é a chave para todos os
relacionamentos felizes e amorosos com Deus, com os outros, e com nós mesmos. Às vezes, a
dor parece ser grande demais para que consigamos perdoar. Neste caso, pedir a Deus pela
DISPOSIÇÃO para perdoar é a chave. No entanto, podemos não ser capazes ou não estarmos
ainda dispostos a perdoar (confira a lista de reparações). Para aqueles a quem temos muita
dificuldade para conceder perdão, é sugerido que oremos pela VONTADE DE PERDOAR. Coloque
essas pessoas na oração da nossa “lista negra". Ore para essas pessoas cinco vezes por dia (ao
despertar, no meio da manhã, meio-dia, no meio da tarde e antes de ir dormir), por duas
semanas ou pelo tempo que levar para você receber a experiência do perdão.

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Faça abaixo uma lista daqueles que você ainda precisa perdoar.

a. Na coluna um, escreva o nome da pessoa, lugar ou assunto, que você está tendo
dificuldade em perdoar.
b. Na coluna dois escreva a causa: o que foi ou não foi feito – o que lhe foi retirado ou não
foi dado a você.

Quem ou o O QUE ESTÁ DIFICULTANDO O SEU PERDÃO


quê.

Talvez o mais difícil neste processo seja perdoar a nós mesmos. Há um bom número de
razões para isto; a primeira talvez seja o fato de que temos muitas informações dentro de nós,
incluindo uma abundância de experiências onde falhamos por completo. Ouvimos as pessoas
falarem várias vezes sobre este programa, e sobre a vida em geral como sendo um processo,
passando de uma fase muito limitada para outra menos limitada, e assim progredindo ad
infinitum. No entanto, a maioria de nós acredita que algum dia, irá chegar o momento em que
conseguiremos extrair por completo todos os benefícios dos 12 Passos, ou até mesmo
acreditamos merecer este presente, devido ao nosso esforço. Ao invés de enxergar cada
experiência como um trampolim, preferimos vê-las como um obstáculo, motivo pelo qual
permitimos que a decepção nos invada, trazendo consigo muita culpa e punição. A corrida
continuará até que nos tornemos perfeitos. Porém, nos beneficiaríamos muito mais, se
estivéssemos dispostos a nos perdoar rapidamente e buscar correção, deixando o resultado de
nosso processo, nas mãos de nosso Poder Superior.

A disposição de perdoar é a chave para toda a cura em todos os tipos de


relacionamentos. A CHAVE para uma mente aberta é a VONTADE DE PERDOAR. A CHAVE para
o autoperdão é a VONTADE DE PERDOAR OS OUTROS. A CHAVE para o nosso crescimento e
despertar espiritual é a DISPOSIÇÃO PARA PERDOAR. Podemos não ser capazes de perdoar por
uma "razão" ou outra, mas podemos estar dispostos, mesmo que a nossa única motivação seja

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egoísta. Exemplo: "só não quero me sentir assim”, ou, “estou cansado de ser negativo e
ressentido”.

A importância do perdão é muitas vezes rejeitada por não pensarmos direito sobre este
assunto. Uma possível razão para se “deixar pra lá”, pode ser simplesmente por não fazermos
nem ideia de como perdoar alguém. Muitos de nós não sabemos, de fato, fazer isto. Muitas
vezes somos apenas incapazes de perdoar ou deixar pra lá. Geralmente, temos uma crença
enraizada de que quando alguém faz algo de "errado", mesmo que seja um de nós, deve ser
considerado culpado e punido. No entanto, quando somos nós os errados, gostaríamos de ser
perdoados mais rapidamente. Na verdade, também não queremos ver o nosso "crime" ser
considerado um pecado capital. Mas, se queremos este tipo de perdão, precisamos estar
dispostos a estendê-lo aos outros.

Uma pessoa ingênua, a ambos perdoa e esquece; uma pessoa estúpida, também perdoa
ou esquece; mas uma pessoa sábia perdoa, mas não esquece. A pessoa sábia pode usar esta
experiência de amor para compartilhar ainda mais do que nunca. Lembre-se: o que eu posso
fazer é de minha responsabilidade; tudo o mais é responsabilidade de Deus. Assim tudo o que
posso fazer em um determinado momento é estar disposto (a); e isto já é o bastante! Deixemos
nosso Poder Superior fazer o resto!

Al: Eu quero perdoar a todos, de verdade, AGORA!!

Louis: que tal um de cada vez?

Al: Pelo que entendi, se eu quiser a plenitude da vida - se eu quiser amar, cuidar dos
meus relacionamentos, se eu quiser ser feliz e livre da raiva, se eu quiser um coração aberto,
mente e almas abertas, então devo estar disposto a perdoar a todos, até eu mesmo!! Talvez eu
não seja capaz, mas estou disposto! Então eu posso olhar para o nosso Pai e fazer este acordo!

Louis: Eu me lembro de você dizer que, se sua consciência tivesse clareza da desordem
causada por suas velhas crenças inúteis e prejudiciais, e os julgamentos errôneos que fazia dos
outros e de si mesmo – então perceberia na época em que sofria, que sua responsabilidade
nisso tudo era causada apenas por sua pequeníssima realidade pessoal. Nosso programa
demonstra, através de seu processo, que poderemos nos tornar “aqueles que perdoam, aqueles
que se perdoam, e aqueles que são inclinados a perdoar”.

Al: Chegará um momento, em que não seja mais necessário conceder o perdão,
mesmo quando alguém cometa um erro?

Louis: Claro!! "Não iremos mais lamentar o passado, nem desejar fechar as portas
sobre ele." (Alcoólicos Anônimos – Pg. 83). Nessa área, temos experimentado algum grau de
despertar, cura e/ou transformação, onde não necessitamos mais sentir culpa, punição,
ressentimento ou medo. Agora, podemos compartilhar esta experiência com os outros. Temos
que deixar de lado os nossos juízos nocivos em relação aos outros, e a nós mesmos em algum
grau. Sem esses julgamentos, não haverá mais a necessidade de conceder o perdão. Este é o
melhor tipo de perdão – nem se sentir ofendido ou prejudicado.

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Louis continua: Aqui estão breves exemplos de “Dar é Receber” por Gerald G. Jampolsky:
"A ênfase subjacente a este curso é que a paz interior só pode ser alcançada quando praticamos
perdão. O perdão é o desapego do passado, e é, portanto, o meio para corrigirmos nossas
percepções equivocadas. Os nossos equívocos só poderão ser desfeitos através do processo de
desapego. Precisamos desapegar de tudo o que achamos que outras pessoas possam ter feito
contra nós, ou o que quer que achemos ter feito contra elas. Através do verdadeiro perdão,
poderemos interromper o ciclo infinito de culpa, e a tratar nós mesmos e aos outros, com amor.
O perdão nos permite deixar ir todos os pensamentos que parecem nos separar uns dos outros.
Sem a crença na separação, poderemos aceitar a nossa própria cura e estender cura e amor a
todos os que nos rodeiam. A Cura, em seguida, se tornará o pensamento de unidade. Sempre
que eu julgar alguém tão culpado, estarei reforçando o meu próprio sentimento de culpa e
indignidade. Eu não poderei me perdoar se não estiver disposto a perdoar os outros. Só através
do perdão, poderei receber a minha libertação completa da culpa e do medo.”.

Aqui vai um pequeno resumo do Sermão do Monte por Emmet Fox - "A técnica do
perdão é simples. A única coisa que é essencial é a disposição para perdoar. Desde que você
deseje perdoar o infrator, a maior parte do trabalho já estará feita. As pessoas sempre fazem
um fantasma do perdão, porque elas têm uma impressão errada de que para perdoar alguém,
seriam obrigadas a gostar dele. Felizmente, isso não é verdade - não somos obrigados a gostar
de ninguém sem espontaneidade, e, na verdade, seria completamente impossível gostar de
alguém por obrigação. Seria mais fácil tentar segurar o vento pelas mãos, do que se obrigar a
gostar sem empatia. E caso você tente se coagir a fazê-lo, lembre-se que poderá acabar odiando
o infrator ainda mais. Não somos obrigados a gostar de ninguém; mas estamos sob um
compromisso de amar a todos, o amor ao qual chamamos de incondicional, o que significa uma
nítida sensação de boa vontade impessoal, universal. Isto não está ligado a sentimentos
pessoais; embora seja sempre seguido, mais cedo ou mais tarde, por uma sensação maravilhosa
de paz e felicidade”.

MÉTODO DO PERDÃO – este é o nosso método de perdoar: tente relaxar e tornar-se


tranquilo neste momento. Repita qualquer oração ou reflexão de sua preferência. Então diga
em voz baixa. "Eu, pleno (a) e livremente, perdoo ____ (mencione o nome do infrator); Eu o (a)
deixo ir, eu o (a) libero. Eu perdoo completamente tudo o que aconteceu. Eu não estou mais
preocupado (a), e isto está encerrado para sempre. Entreguei a carga de ressentimento para
meu Poder Superior. Ele/Ela está livre agora, e eu estou livre também. Desejo-lhe o bem em
cada fase de sua vida. Esse incidente está terminado. A verdade nos libertou. Dou graças a
Deus."

Então se levante e parta para a vida. Depois disso, sempre que a memória do autor (a)
do crime ou o delito quiser voltar em sua mente, abençoe brevemente esta pessoa, e elimine
este pensamento. Mesmo fazendo isso, muitas vezes, o pensamento poderá voltar. Depois de
alguns dias, ele retornará cada vez menos, até que você esqueça-o completamente. Então,
talvez, depois de um intervalo mais ou menos longo, o velho problema poderá voltar à memória
mais uma vez, mas você perceberá que toda a amargura e ressentimento desapareceram, e que
ambos estarão em perfeita liberdade. Seu perdão estará completo. Você irá experimentar uma
alegria maravilhosa por essa realização.

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DÉCIMO PASSO (Perseverança)

Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o


admitíamos prontamente.

Louis: Os próximos três passos são o que alguns de nós chamamos, de passos de
crescimento, podendo ser o início de um modo de vida livre do inferno da doença da adicção,
se assim escolhermos. Sim, o crescimento vem pela Graça Divina, mas temos que nos abrir para
recebê-la e praticá-la. Precisamos vivenciá-la!

Através do décimo passo poderemos ajudá-lo (a) a montar um sistema de alerta, que
poderá enriquecer a sua vida de uma maneira muito mais intensa, do qualquer coisa que você
tenha experimentado até agora. Reunimos até aqui, uma boa quantidade de informações e
ferramentas, e já não temos mais que viver da maneira dolorosa e destrutiva, que a doença da
adicção causa. Mas, por que se contentar apenas com a falta de dor e da destruição? Temos
uma maneira de experimentar uma completa e amorosa relação com o outro, e assim, realizar
a promessa deste programa simples: sermos úteis, felizes e livres. Se usarmos os nove primeiros
passos e seguirmos as sugestões abaixo, ficaremos espantados como o vício de romance poderá
ser transformado em algo positivo.

Você já escreveu algumas perguntas dos primeiros nove passos, e talvez, algumas de
suas respostas possam servir para nosso próximo exercício:

A seguir, no processo do décimo passo, iremos aprender a construir um AVISO


ANTECIPADO DE SINAIS, no nosso SISTEMA DE ALERTA. Se estamos lidando com hábitos, isto
quer dizer que eles eventualmente, se repetirão, mesmo estando mais fracos.

Assim, poderemos responder diariamente, as perguntas abaixo:

1. Senti raiva de alguém hoje? Se sim, que ferramentas utilizei


para não atuar nela?
2. O que fiz hoje que não queria ter feito?
3. O que deixei de fazer por mim hoje?
4. Fui útil a alguém?
5. Senti-me equilibrado? Por quê?
6. Entreguei minha vontade e minha vida ao meu Poder Superior
hoje?
7. Causei hoje dano a mim ou a alguém? Se sim, como?
8. Devo alguma reparação?
9. Hoje rezei ou meditei? Como é que isso afectou a minha vida?
10. Algum padrão se repetiu hoje? Negativo ou positivo?
11. Pratiquei os “evites da raiva” hoje? Falhei em algum? Se sim,
qual?
12. Qual “evite da raiva” tem sido mais difícil de praticar?
13. Em qual “evite da raiva” devo me aperfeiçoar mais?
14. Tenho lido diariamente os evites da raiva?
15. Pelo que estou grato hoje?

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DÉCIMO PRIMEIRO PASSO (Espiritual)

Procuramos, através da prece e meditação, melhorar nosso contato CONSCIENTE com


Deus, como nós O compreendíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade para
nós e forças para realizar essa vontade.

Procuramos - o passo onze nos direciona para a parte mais importante da nossa
condição humana: conseguir tomar posse do nosso Eu Verdadeiro, o indivíduo que fomos
criados para ser. Em outras palavras, este passo nos ajuda a exercer a vontade de nosso Criador
em relação a nós. O que pedimos aqui são forças para realizá-la. Como já dissemos antes, nunca
conseguimos sentir a verdadeira alegria, felicidade e liberdade, até este passo ser realizado.
Uma vez que encontramos a verdadeira força para realizar a vontade de Deus, torna-se uma
decisão muito mais simples e fácil, saber para onde canalizá-la.

Tudo na vida é um processo. Esta etapa também sugere que continuemos a buscar,
através da oração e da meditação, melhorar nosso contato consciente com nosso Poder
Superior. Não poderia haver um momento mais adequado, para melhorar o nosso contato
consciente com Ele, do que este em que estamos trabalhando a meditação, e oração profundas,
para vencermos esta doença da adicção.

AS ORIENTAÇÕES:

1. Escolha uma palavra sagrada ou uma oração, como o símbolo de sua intenção de
consentir a presença e ação de Deus em sua vida. ( sugestão : Oração de São Francisco).

2. Sente-se confortavelmente com os olhos fechados, acomode-se, e silenciosamente,


pronuncie a palavra sagrada ou a oração, como o símbolo de seu consentimento à presença e
ação de Deus em sua vida.

3. Quando se distrair em seus pensamentos, retorne sempre de maneira suave à palavra


sagrada. Pensamentos incluem sensações corporais, emoções, imagens e reflexões.

4. Quando encerrar a oração, permaneça em silêncio com os olhos fechados por uns
minutos.

5. Devemos sentir a presença de Deus e acreditar que Ele pode nos ouvir: sabemos que
existe um Poder Superior, um poder Maior do que nós, que sempre escuta a nossa voz.

6. Em algum nível, devemos acreditar, sentir, e saber, que temos o direito de pedir o
que precisamos. Nosso Poder Superior colocou necessidades e o desejos em nosso coração,
mente, e alma, daquilo que é melhor para nós, mas o conteúdo que Ele nos enviou, foi filtrado
e distorcido por nossa realidade pessoal. No entanto, temos certeza de que Ele sabe exatamente
o que precisamos, e como nos enviar, se O deixarmos fazê-lo.

7. Antes de pedir ao Poder Superior o que precisamos, deveremos adicionar a expressão:


"Se for da sua vontade. Se não for, por favor, não me dê!”. “Agradeço-O, deixo-O agir,
mantendo-me sempre fora do processo.”

34
MAS SERÁ QUE CONSIGO REALMENTE ACREDITAR?

Al: Às vezes, não consigo acreditar que há um Poder Superior que vá resolver qualquer
coisa para mim.

Louis: Eu também já passei por isso, inúmeras vezes. E ainda há momentos, em que eu
possa ter de passar mais tempo trabalhando em uma ou mais dessas sugestões acima. Por
exemplo: posso me sentir culpado por alguma coisa e achar que meu Poder Superior está me
julgando, me punindo, e que irá me privar de algo muito bom que, porventura, iria vir na minha
vida. Também tenho medo, de que Ele me mande algum corretivo... Talvez eu tenha que
trabalhar o perdão com mais afinco, ou lembrar que Nosso Deus amantíssimo, corrige apenas,
mas nunca pune.

QUANDO EU AMO ALGUÉM, PENSO MUITO SOBRE ELE:

Louis continua. “Em algum momento, comecei a pensar na oração e meditação, da


seguinte maneira: quando realmente amo alguém, com todo o meu coração, mente, e alma, e
sei que este alguém poderá me dar o que realmente preciso, e me faz bem, então começo a
querer encontrar uma maneira de falar, de estar perto dele. Uma vez que, despertei para o fato
de que existe um Poder Superior, que pode e irá fazer por mim, o que jamais conseguirei fazer
sozinho, comecei então, a tentar me comunicar com Ele.” Meu motivo pode não ser dos mais
puros, mas quando pergunto algo com todo o meu coração e mente, experimento soluções
milagrosas. Consigo sentir Sua presença. Consigo enxergar a Sua resposta. Consigo perceber os
Seus sinais. Quando comecei a tentar fazer a meditação, fui pela mesma linha de raciocínio:
quando realmente amo alguém (PS), ou sei de alguém que tem o que realmente preciso (PS),
simplesmente não consigo obter apenas um mínimo dele. Eu quero estar perto, falar e ouvi-Lo,
conversar e ouvir o que outras pessoas dizem sobre quem eu amo. É na oração que eu falo, e é
na meditação que escuto o meu Amado. A oração e meditação são espirituais, o que significa
que são infinitas. A mais elevada forma de meditação é contemplação, isto é, sentir clara e
diretamente, a vontade de Deus para nós, através do silêncio profundo. É mais provável que isto
aconteça, quando estivermos mental, emocional e espiritualmente conectados, através da
prática diária. É fácil telefonar para Deus. Basta honestamente querer se conectar, e a disciplina
diária de alguns minutos poderá resultar em milhares de horas de paz e felicidade.

UMA FONTE, MUITOS CANAIS:

Solicitar o nosso Poder Superior para o que precisamos em um determinado momento,


é uma forma de incluí-lo em todas as áreas da nossa vida. Muitos de nós, por uma razão ou
outra, acreditam que há algumas coisas que devemos fazer sozinhos, e sem ajuda, (como se
nosso Poder Superior não pudesse ou não fosse atuar nestas áreas "proibidas"). Mas esta não é
uma boa maneira de se pensar. Acreditamos que nunca se deve experimentar ser alguém, que
não seja o indivíduo que Ele criou para ser. Em outras palavras, devemos estar em união
consciente com a vontade de nosso Poder Superior, para cada um de nós.

Aqui vai uma boa sugestão: tente transformar sua consciência em direção ao seu Poder
Superior, a cada novo início, isto é, quando você acordar, quando iniciar qualquer atividade, ou
até mesmo, ao atender ao telefone; quando estiver dirigindo, etc. Basta lembrar-se de uma

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palavra sagrada para você, como "Pai", "Deus" ou outra que te invada o coração. A cada
conclusão de qualquer atividade, mantenha o hábito de agradecer ao seu Poder Superior. Um
simples “obrigado” já é uma enorme conexão com Deus, para nós.

Se tivermos apenas a sabedoria de pedir aquilo que precisamos, no nível espiritual em


que nos encontramos nesse momento, os bons resultados serão capazes de vir até nós com
muito mais frequência. "Quando eu era criança, pensava, falava e agia como uma criança, mas
quando me tornei um homem, tive que deixar de lado as coisas de criança.” (1 Coríntios 13:11).

Oração do 11º passo: Oração de São Francisco

“Ó Senhor! Faze de mim um instrumento de Tua Paz; Onde há ódio, faze que eu leve o amor;
onde há ofensa que eu leve o perdão; onde há discórdia que eu leve a união; onde há dúvidas
que eu leve a fé; onde há erros que eu leve a verdade; onde há desespero que eu leve a esperança;
onde há tristeza que eu leve a alegria; onde há trevas que eu leve a luz”

Oh! Mestre! Faze que eu procure menos ser consolado do que consolar; ser compreendido do
que compreender; ser amado do que amar: Pos é dando que se recebe; é perdoando que se é
perdoado; é morrendo que se vive para a Vida Eterna!”

“Não importa em que parte do meu crescimento espiritual me encontre, a oração de São
Francisco me ajuda a melhorar meu contato consciente com o Deus do meu entendimento. Penso
que uma das grandes vantagens de minha fé em Deus é que eu não O entendo. Pode ser que
meu relacionamento com meu Poder Superior seja tão proveitoso, que eu não precise entender.
Tudo que sei é que se prático o Décimo Primeiro Passo regularmente, da melhor maneira que
posso, continuarei a melhorar meu contato consciente, conhecerei a Sua vontade para comigo e
terei forças para executá-la. ( Bill W.)

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DÉCIMO SEGUNDO PASSO (Despertar, Serviço, Prática)

Tendo experimentado um despertar espiritual graças a estes passos, procuramos levar


esta mensagem aos adictos a raiva que ainda sofrem, e praticar estes princípios em todas as
nossas atividades.

OS 3 DONS ESPIRITUAIS:

O décimo segundo passo inicia-se assim: “Tendo experimentado um despertar espiritual


como resultado destes passos...”. Os primeiros onze passos nos garantiram uma mudança
considerável em nossa personalidade, e em nossa percepção, suficiente para nos provocar um
verdadeiro despertar espiritual. Nossa velha personalidade autocentrada e egóica foi removida,
ou pelo menos, grande parte dela. Despertamos para a beleza da liberdade, vivendo e deixando
o outro viver, e aprendendo a confiar verdadeiramente em Deus.

O primeiro dom espiritual- Despertar Espiritual

O primeiro dom espiritual que recebemos desse programa, é o DESPERTAR ESPIRITUAL


para a presença do nosso Poder Superior, e estar em união consciente com essa presença. "A
falta de poder foi o nosso dilema. Tínhamos que encontrar um poder pelo qual pudéssemos viver,
e este tinha de ser um Poder Superior a nós mesmos. Mas onde e como poderíamos encontrar
este poder? Bem, é exatamente disto que este livro trata. O seu principal objetivo é permitir que
você encontre um Poder Superior a si mesmo que irá resolver o seu problema. Que você possa
encontrá-Lo agora.” (Alcoólicos Anônimos, página 45, reproduzido com permissão).

O principal objetivo deste trabalho é a manutenção desta missão. O despertar espiritual


é o primeiro de nossos três objetivos deste livro. Talvez você já tenha despertado para a
percepção de que existe uma força incondicional invisível, que tem acompanhado a todos nós
ao longo de nossas vidas. Em outras palavras, sempre tivemos um meio invisível de apoio, ou,
não estaríamos aqui. O décimo segundo passo, juntamente com os outros onze passos, poderá
nos ajudar a nos manter acordados, e a despertar cada vez mais, espiritual, mental, fisicamente
falando, para um modo de vida muito melhor do que um dia poderíamos ter sonhado.

Se você já conseguiu sentir um despertar espiritual, partilhe esta experiência.

O segundo dom espiritual- o amor.

"Tentamos levar esta mensagem" - "A experiência prática mostra que nada dará tanta
imunidade contra a bebida, como o trabalho intensivo com outros alcoólicos." O mesmo vale
para o vício da raiva, pois apenas o trabalho intensivo com outros iguais, poderá fazer com que
a raiva crônica e suas consequências sejam removidas. Mesmo em momentos muito difíceis,
levar a mensagem é, muitas vezes, o suficiente para interromper o caminho insano por onde

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possamos estar novamente caminhando. E é isto que funciona quando tudo mais falhar.
“Quando nada mais der certo, leve a mensagem!". Esta é a nossa décima segunda sugestão: leve
esta mensagem a outros adictos à raiva! Será você quem poderá ajudá-los quando ninguém
mais puder! Você poderá resgatar sua confiança quando todos os outros falharem. Lembre-se
que os nossos iguais estarão muito doentes. Para aqueles de nós, que receberam algum nível
de recuperação desta doença, esta será nossa Verdade: em um espaço muito curto de tempo,
poderemos obter a confiança dos nossos companheiros que ainda estejam sofrendo. E assim, a
vida terá um novo significado. “Ver as pessoas se recuperarem, e, logo mais, vê-las ajudar as
demais, ver a solidão desaparecer, assistir nossa irmandade crescer, ter uma série de amigos -
esta é uma experiência que você não deve perder! “O contato frequente com os recém-
chegados e de uns com os outros, é o ponto brilhante de nossas vidas.” (Alcoólicos Anônimos
página 89, reproduzido com permissão).

O MENSAGEIRO É A MENSAGEM:

Temos aplicado os passos para esta adicção, e recebido certo grau de cura. Porém,
temos de "dá-la” a fim de “mantê-la.” Nós compartilhamos a nossa experiência, força e
esperança uns com os outros, para que possamos aproveitar a vida ao máximo.

SE VOCÊ QUISER AMOR, PLANTE SEMENTES DE AMOR:

O segundo dom espiritual é o despertar para o Amor que somos. Fomos criados à
Imagem e Semelhança de nosso Criador, e acreditamos que esse Criador é Amor, e, portanto,
nós também somos. A segunda parte do décimo segundo passo é: "Nós procuramos levar esta
mensagem." Isto é compartilhar; isto é amor. Damos muito pouco quando doamos nossos bens.
Mas quando damos de nós mesmos, é que a verdadeira doação acontece. Dando de graça o que
recebemos de graça, é que percebemos que dar e receber são a mesma coisa. Na verdade, a
única maneira de se tornar um grande receptor, é compartilhar com os outros tudo o que
queremos para nós mesmos. Podemos amar, porque a nossa natureza mais profunda é o amor.
Não há dificuldade que o amor não vença; não há doença que o amor não cure; não há porta
que o amor não abra; não há pecado que o amor não absolva. Não importa quão profunda seja
a sua adicção, quão desesperançada seja a sua perspectiva, quão confusa seja sua situação, quão
erradas tenham sido suas atitudes, pois tudo e exatamente tudo, o Nosso Amor dissolverá. Não
iremos lhe dizer que o vício de romance não tem jeito, porque descobrimos que há uma solução.
Não iremos lhe dizer que você nunca sentiu amor, pois mesmo tendo estado muito doentes,
sempre tivemos um coração que bate. Por mais que lhe pareça ser a solidão, seu destino final,
precisamos lhe avisar que não iremos embora. Aplicamos aqui, as mesmas palavras de Bill W.
cofundador de AA, com permissão: "Quem quer que você seja, por mais baixo que tenha
chegado, por mais graves que sejam suas complicações emocionais, e até mesmo seus crimes,
não podemos negar-lhe AA. Não queremos que você fique de fora.”.

Escreva suas respostas às seguintes perguntas em uma folha separada, ou, em uma das páginas
opostas:

1. Em que áreas da sua vida você já experimentou algum grau de cura?

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2. Você já compartilhou este programa com alguém que ainda sofre?
3. Como é que você se sente após ter compartilhado com o outro?

O terceiro dom espiritual – A missão

... E praticar estes princípios em todas as nossas atividades – Se praticamos algo com
afinco, acabamos ficando bons naquilo. Recebemos mais amor, amando; mais perdão,
perdoando, somos mais compreendidos, compreendendo melhor os outros. Não temos de
concordar com todo mundo, e nem mesmo gostar de todo mundo, mas precisamos amar
incondicionalmente a todos, desejando-lhes o bem, orando para que cada um consiga
finalmente, enxergar os seus três dons espirituais. Os princípios espirituais crescem dentro de
nós, quando insistimos em praticá-los. E só eles farão com que nos sintamos cada vez melhor.
Pratique dar aos outros, tudo o que você quiser ter. Se você quiser milho, plante sementes de
milho; se você quiser amor, plante sementes de amor.

O terceiro dom espiritual nos desperta para o indivíduo que fomos criados para ser, com
propósito e significado; A única maneira de realizar plenamente o nosso ser, é quando
compartilhamos o resultado de nosso processo com quem precisa. Nos será revelado o que
teremos de fazer, como por exemplo, conseguirmos pensar e sentir de maneira a conseguir
ouvir, entender, e seguir o caminho certo. Quanto mais praticarmos este modo de vida, melhor
será nossa visão.

A PRÁTICA DIÁRIA DE OS TRÊS DONS ESPIRITUAIS: CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA


REALIDADE PESSOAL

As sugestões a seguir, irão lhe ajudar a construir novos hábitos de pensamentos e


sentimentos. Não podemos imaginar um melhor conjunto de hábitos conscientes, do que os três
dons espirituais. Nosso programa é um despertar espiritual, e um processo de treinamento da
mente. Uma vez despertos, podemos aprender a ficar acordados espiritualmente, a maior parte
de nosso tempo.

Deveremos nos lembrar de que sempre será através da prece e da meditação, que
conseguiremos remover todas as obstruções que bloqueiam o fluxo espiritual de energia divina,
em nossa vida. Deveremos criar sempre um ambiente de amor, onde os três dons espirituais
possam tomar lugar. Quando estamos em união consciente com eles, intuitivamente sabemos
qual caminho seguir. Se acaso um dia, entrarmos em conflito com a Vontade de Deus
novamente, é provável sentirmos mais uma vez os reflexos negativos, como medo, raiva ou
inveja. Mas estes serão apenas sinais para que nos reconectemos, e voltemos rapidamente, para
a estrada do destino feliz.

O que Bill W. disse aos recém-chegados:

“Se entregue a Deus, como você O concebe. Admita suas falhas a Ele e aos seus
semelhantes. Desfaça-se da ruína de seu passado. Dê livremente aquilo que você recebeu e
junte-se a nós. Estaremos com você na irmandade do espírito e você certamente, se encontrará

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com alguns de nós, quando trilhar o caminho do destino feliz. Que Deus o abençoe e o proteja
até lá.”.

Por Carla V. ( Adaptação da Apostila de Ciumentos Anônimos)

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