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Quem sou eu?

Antes de mais, bem vind@ e muita gratidão pela


aquisição deste e-book.
O meu nome é Cátia Botelho, tenho 35 anos e o 12º ano
de escolaridade.
Sofri abuso sexual quando tinha 9 anos, por um parente
muito chegado. Vivi com este acontecimento durante muitos
anos e como nunca me identifiquei com a forma como as
terapias convencionais trabalhavam, até aos 32 anos não tive
qualquer tipo de ajuda para perceber o que me tinha
acontecido e as suas consequências.
No entanto, sempre fui muito atenta a tudo o que se
falava sobre o assunto. Comecei por acabar com o preconceito
que tinha sobre a minha própria experiência com os programas
da Oprah Winfrey, onde falava abertamente sobre o que lhe
aconteceu.
Com o passar do tempo, fui estudando sobre terapias
alternativas, energia e física quântica.
Também me apercebi que existem muito mais vítimas de
abuso sexual do que imaginava, que vivem em silêncio com a
sua dor.
Uma das condições do ser humano são as emoções.
Apesar disso, muito pouca gente nos ensina a reconhecê-las, a
lidar com elas e as suas consequências. Muito pelo contrário,
até há bem pouco tempo sentir raiva, tristeza ou qualquer outra
emoção “negativa”, era completamente desaprovado pela
sociedade.
Desta forma, este e-book surge da necessidade de trazer
à luz um assunto que ainda é tabu e precisa de ser falado
devido à grande influência que tem na forma como vemos o
mundo, para que mais pessoas possam viver uma vida mais
leve.
O que prometo é explicar, a partir da minha experiência,
as marcas silenciosas que são deixadas pelo abuso sexual, no
meu caso na infância, de forma simples, sem palavras
complicadas, para que possas compreender melhor muitas das
coisas que experiencias.
Vou tratar-te por tu porque, independentemente da idade
ou estatuto social, o tema é demasiado delicado e quero estar
bem próxima de ti para o abordar.
Desejo que no final da leitura tudo pareça um pouco
mais simples.
Introdução

Antes de mais, quero usar algo que o Dr. Phill fazia e


que fez toda a diferença para mim:
Em nome dos adultos, peço-te perdão pelo que te
aconteceu.

Gostava de te convidar a fazeres esta viagem de cura,


libertação e encontro com quem realmente és. Por mais
simples que pareça, a leitura deste e-book pode dar início a
uma jornada de autorresponsabilidade e autoconhecimento,
uma vez que vamos falar sobre emoções.
O mais provável é que tenhas escondido todas ou
algumas das emoções de que vamos falar debaixo do tapete
durante muitos anos ou, se fores como eu, nem te apercebeste
que elas estavam aí.
No entanto, quer escolhas a cura ou não, a vida continua
da mesma forma e as feridas vão continuar abertas.
Uma vez que acredito que atraímos o que somos em vez
do que queremos, estas emoções são os programas
inconscientes que comandam a nossa vida e até que sejam
reconhecidas e curadas, vamos andar às voltas sem saber mais
o que fazer para ter resultados diferentes.
Além disso, um acontecimento destes pode ter
consequências graves como depressão profunda, vícios de
todo o tipo, etc.
Assim, faço o convite para dedicares algum tempo à cura
do teu coração e, consequentemente, da tua vida.
Se não tiveres passado por um abuso, vamos falar sobre
emoções humanas como a culpa, a vergonha, entre outros, e a
informação vale para ti também. Se conheces alguém que
passou pelo mesmo, sem dúvida vais conseguir compreender
melhor muita coisa.
As emoções silenciosas
que resultam do abuso sexual

Falta de confiança
Na maioria dos casos, o abusador é alguém da família ou
muito próximo.
Ou seja, se uma pessoa tão próxima nos trai desta forma,
em quem vamos confiar? Assim, criamos muros à nossa volta
para nos protegermos de tudo e de todos, temos dificuldade de
nos entregar nas relações de qualquer tipo e esta é uma ferida
que nos prejudica muito à medida que o tempo vai passando.
Esta falta de confiança leva a um excesso de controlo de
tudo o que está à nossa volta, para que nos possamos sentir
seguros.
Pela minha experiência, é das mais profundas e a mais
desafiante de curar. Optei por assumir que a tenho e lidar com
ela quando surge alguma situação que a chama à superfície, o
que faz com que tudo fique mais fácil.

Culpa
Por mais disparatado que pareça, a pessoa abusada,
criança ou adulto, sente-se culpada pelo que aconteceu.
Abuso é abuso, é uma violação a vários níveis,
independentemente de ter acontecido a uma criança, de estar
mascarado por “uma roupa provocante” ou qualquer
justificação ridícula que se dê.
Ainda dentro desta ferida, é muito importante falar na
culpa em ter prazer em qualquer área da nossa vida. Até nas
mais pequenas coisas é difícil sentir prazer sem culpa.
A questão principal aqui é que vamos atrair um monte de
situações que só nos vão fazer sentir mais culpados. Além de
que carregamos um fardo completamente desnecessário.
Quando me apercebi deste sentimento, compreendi
porque pedia desculpa a todos por tudo e por nada. Quase me
faltava pedir desculpa por existir, tal era a profundidade da
questão.

Tristeza profunda
Posso dizer que sou daquelas pessoas que é feliz só por
acordar.
Durante muito tempo a vida foi acontecendo, tive
momentos de felicidade, mas não compreendia porque não
conseguia ser plenamente feliz.
Um dia, durante a limpeza do abuso da minha energia,
desatei a chorar compulsivamente quando saí do trabalho e
percebi que a tristeza profunda me tinha acompanhado durante
todo aquele tempo.
Afinal, uma criança deve ter uma infância feliz e
despreocupada e só nesse dia percebi o peso do fardo que
carregava.
O abuso esmaga a nossa alma, rouba a inocência, destrói
os sonhos, rouba a alegria de viver e faz com que vamos
apenas passando pela vida, às vezes num estado de apatia,
outras vezes numa depressão.

Solidão
Uma vez que não conseguimos confiar, sentimo-nos
completamente sozinhos.
Os abusos, juntamente com a culpa, fazem-nos sentir
muito sós. Sós na nossa tristeza, na nossa culpa, no facto de
não conseguirmos confiar em ninguém, ao sentirmos que
ninguém nos consegue compreender.
Tudo isto cria um vazio existencial e no meu caso,
durante muito tempo sentia apatia. Vivia, mas parecia que
estava desligada de tudo. Também pelo facto de sentir que não
pertencia a lugar nenhum.
Posso dizer que sobrevivi durante a maior parte da
minha vida, sem sequer me aperceber.

Falta de merecimento e desvalorização


Este tipo de violência leva ao sentimento de menos valia,
a uma baixa autoestima e consequentemente ao não
merecimento.
Sentimos que não merecemos mais do que o que nos
aconteceu, que só servimos para ser usados, que nada de
melhor vem no nosso caminho, que nunca somos suficientes e
que ninguém nos valoriza, seja em que área da vida for, o que
nos leva a aceitar migalhas emocionais.
Por melhores profissionais, pais, filhos, amigos,
companheiros que sejamos, nunca é suficiente, nunca chega. E
sentimos que, por mais que façamos, temos sempre algo a
provar.
Pessoalmente, cheguei mesmo a amaldiçoar o meu corpo
pelo que me tinha acontecido, porque só me relacionava com
homens que, no fundo, não queriam um compromisso e muito
menos valorizavam a mulher que sou.
Preciso ainda salientar que esta ferida nos leva a um
grande processo de autossabotagem. Como não nos sentimos
merecedores, afastamos tudo o que nos possa fazer felizes.
É muito desafiante aceitar algo que nos querem dar, seja
de que forma for, porque estamos sempre a pensar o que será
que a pessoa quer de nós em troca e que não merecemos. Na
maioria das vezes não conseguimos compreender que as
pessoas dão por gosto, sem cobrar nada, só porque sim.

Falta de respeito
Com esta ferida deparei-me há bem pouco tempo, depois
de ter decidido que ía escrever este e-book.
Preciso de salientar, mais uma vez, que todas estas
consequências se podem refletir em qualquer uma das áreas da
nossa vida, ou até em todas.
O ato de abusar, independentemente de até onde se for, é
uma falta de respeito para com o ser humano que está em
causa.
A falta de respeito implica muito mais do que as
palavras. Está na falta de empatia em qualquer relação que
tenhamos, na incapacidade que o outro tem de nos perceber, de
nos acolher, às vezes até de nos ver enquanto ser humano,
entre outras coisas.

Mentira

Durante muito tempo senti-me uma mentirosa por não


ter exposto a minha história à minha família. Mesmo quando
fui questionada em adolescente se tinha acontecido comigo,
respondi que não.
Este peso saiu dos meus ombros quando compreendi o
perfil do abusador. Como já referi antes, na maioria dos casos
é alguém da família ou muito próximo e que tece uma teia
muito forte à volta do “isto fica só entre nós” ou “não podes
contar a ninguém”.
É muito importante perceber que esta persuasão fica a
trabalhar no nosso inconsciente durante muito tempo, o que
faz com que tenhamos muita resistência a contar seja a quem
for devido a este trabalho que foi demasiadamente bem feito.

Falta de autoestima

Com todas estas emoções, chegamos a um ponto muito


sensível, que é a falta de autoestima ou amor próprio, que se
pode exprimir de várias formas.
É praticamente impossível nos amarmos se nos sentimos
não merecedores, sem valor e acima de tudo culpados.
E isso é um sapo muito difícil de engolir.
No meu caso, sentia que só era boa na área do trabalho e
foi onde me refugiei durante muito tempo.
No entanto, como sofria de desvalorização, por mais
profissional que fosse e me dedicasse, o meu trabalho nunca
era devidamente valorizado.

Vergonha

Claro que esta não podia faltar.


Como podíamos não sentir vergonha pelo que nos
aconteceu?
Vergonha do nosso corpo, vergonha porque foi
connosco, vergonha por ter sido uma pessoa próxima,
vergonha pelo que realmente se passou.
E atenção que esta ferida é muito prejudicial na nossa
vida, uma vez que precisamos de nos expor a toda a hora. No
trabalho, na vida social, na vida amorosa.
Nunca conseguiria lançar este e-book se não tivesse
transmutado a vergonha, uma vez que até falar em público era
impossível para mim.

Incapacidade

Efetivamente somos vítimas de algo que nos aconteceu e


sentimo-nos incapazes de fazer algo sozinhos.
Motivado também pela falta de autoestima e pela
vergonha, é a receita ideal para ficarmos bloqueados em
relação a qualquer coisa em que queiramos arriscar.

Ainda antes de terminar este tema, tenho que acrescentar


que fui abusada pela pessoa com mais poder económico da
família com quem convivia, o que fez com que a minha
relação com o dinheiro fosse desastrosa durante muito tempo.
Então e agora?

Depois de identificarmos isto tudo, ficamos com uma


lista de feridas por curar. Conforme prometi, vou dar a receita
do que funcionou para mim.

O primeiro passo foi assumir que realmente tinha sido


abusada. Até aí, parecia que via a situação de fora.
Quando o fiz, tive que me dar tempo porque assumir a
cura significa ter que lidar com muita coisa que
desconhecemos.
Depois, perdoei a pessoa em causa e tudo o que
aconteceu.
Sei que é desafiante, passei por lá, mas realmente o
perdão é a melhor ferramenta para nos livrarmos do peso do
que aconteceu.
Perdoamos para nos libertarmos, para seguirmos em
frente mais leves.
Perdoar é muito diferente de ter que conviver com a
pessoa e fingir que nada aconteceu. Podemos evitar conviver
com a pessoa, mas deixamos de ter mágoa e ressentimento por
ela.
Gosto muito de uma frase que diz que o ressentimento é
“tomar veneno todos os dias e esperar que o outro adoeça”.
É por isso que perdoamos, por mais difícil que possa ser
e por menos sentido que faça. É algo que fazemos por nós.

A seguir, procurei ajuda.


Na minha busca e no meu estudo percebi que há coisas
que podemos resolver sozinhos, mas há outras em que
precisamos de uma luz.
Quando percebi que atraímos o que somos em vez do
que queremos, percebi por que motivo a minha vida estava de
pernas para o ar. Foi aí que comecei a minha limpeza
profunda.
Neste campo, vale o que cada um se identificar.
Identifico-me muito com a cura energética, mas há
outras ferramentas igualmente válidas como a psicologia,
hipnoterapia, etc.
Um grande divisor de águas para mim foi a Elainne
Ourives, treinadora mental e reprogramadora vibracional.

Preciso explicar que, na minha forma de ver a vida,


todas as situações que nos acontecem bem como as pessoas
com quem convivemos são as cenas e atores ideais para o que
precisamos de curar. Em nenhum momento culpo o outro pelo
que aconteceu ou pela forma como aconteceu. Reconheço
apenas o que a pessoa/situação está a espelhar que é meu, curo
e afasto-me ou a vida acaba por fazer a sua parte.
Para mim, não existe culpa ou culpados, existe a
responsabilidade de cada um em cada situação específica. E na
maioria das vezes estou preocupada com o que é da minha
responsabilidade. A perfeição é uma utopia, mas se formos
responsáveis e conscientes em tudo o que dizemos ou
fazemos, posso garantir que somos uma pessoa melhor a cada
dia que passa e esse é o meu principal objetivo.
Deixo algumas perguntas que podem ajudar:

–Que culpa carregas que não é tua?

–Será que te sentes merecedor?

–Consegues confiar plenamente nas tuas relações, sem


estares sempre à espera de quando vão trair a tua
confiança?
–Sabes quais são os teus sonhos?

–Consegues ter prazer nas tuas conquistas ou nas coisas


simples do dia a dia?
–Consegues sentir verdadeiramente a felicidade, mesmo
que momentânea, sem pensares que algo mau vai
acontecer a seguir?
–Sabes o que te faz feliz?

–És capaz de te olhar no espelho e dizer nos teus olhos


que te amas? Simplesmente pela pessoa que és, com os
teus defeitos e virtudes?
–Sentes-te respeitado e valorizado por quem és?

–Estás preparado para perdoar e seguir em frente,


deixando o passado onde ele pertence?

Para que te sintas acompanhado nesta pequena grande


viagem, confesso que também tenho ainda um pouco de
resistência a responder a algumas destas perguntas. No
entanto, posso garantir que se torna mais fácil à medida que
vamos acolhendo e curando as feridas.

Tenho que salientar que a compreensão destas emoções é


um processo. Primeiro começamos por identificá-las, depois
por perceber de que forma se manifestam na nossa vida, quais
são os gatilhos que as provocam e só depois conseguimos
começar a alterar a sua polaridade.

Também é importante dizer que precisei de percorrer um


longo caminho até chegar ao ponto de ter coragem para falar
no assunto e muito mais para sequer pensar em escrever sobre
ele.
Durante muito tempo tive receio do julgamento, da
exposição, da vulnerabilidade a que este assunto nos expõe.
No entanto, se o facto de ter arriscado ajudar uma pessoa
apenas, já valeu a pena tudo o que envolveu a escrita e
lançamento deste e-book.
Gratidão

Muito mais haveria para dizer sobre este tema tão


complexo, cada uma das feridas emocionais, como nos afetam
no dia a dia e a forma como pessoas diferentes podem reagir
de forma diferente às mesmas.
No entanto, este é um tema bastante denso e só o que
leste até aqui dá muito pano para mangas.
O meu objetivo principal é trazer à luz o que está
escondido, para que deixe de governar as nossas vidas sem que
tenhamos qualquer voto na matéria.
Espero, de coração como este e-book foi escrito, ter-te
ajudado a compreender melhor este tema e que se comece a
falar mais sobre esta epidemia silenciosa que é o abuso sexual.

Agradeço muito o interesse e o tempo que dedicaste a


esta leitura, uma vez que o tempo é a moeda de troca mais
preciosa que temos.

Para uma conversa de coração para coração sem


julgamentos ou mais informações, o meu email é
catiacmbotelho@gmail.com.

Vemo-nos no lado da cura.


Muita gratidão e um beijo no teu coração,
Cátia Botelho

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