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REPETIÇÃO DE PADRÕES FAMILIARES

A repetição de padrões familiares é feita de forma inconsciente

A repetição de padrão geralmente significa uma lealdade inconsciente a algo ou alguém do


sistema familiar.

Isso mesmo: uma lealdade. Somos leais, mesmo que inconscientes, aos nossos antepassados.

O mais difícil de aceitar é que são justamente essas lealdades cegas que nos traumatizam e nos
limitam para vivermos relacionamentos saudáveis, com trocas frutíferas e evoluindo
culturalmente.

Trauma significa ferida – ou melhor, uma ferida na alma. Muitas vezes o trauma diz respeito a
algo vivenciado, sem que a pessoa consiga processar ou enfrentar racionalmente, já que parte
da mente fica bloqueada.

Ou seja, essa lealdade inconsciente aos nossos familiares também faz com que a gente
carregue traumas e feridas na alma – mesmo que não saibamos exatamente quais são elas.

Nas terapias sistêmicas, falamos que esses traumas são emaranhamentos sistêmicos, algo que
nos faz ficar amarrados e não sabemos o que é.

Vou dar um exemplo bem prático desse tema e que está ligado

ao desenvolvimento de relacionamentos ruins.

A repetição de padrões familiares que gera relacionamentos ruins

Facilmente percebemos traumas passados de geração para geração nos relacionamentos


ruins.

As pessoas vão contando e reproduzindo as histórias vividas pelos antepassados e também


transmitindo os temores para as próximas gerações.

Isso vai criando uma força que as famílias não percebem. Elas vão criando padrões mentais e
emocionais em seus descendentes, pois eles não se curaram – só reclamavam ou lamentavam.

Quando só nos queixamos, somos incapazes de agir.

Sabe aquela pessoa que está sempre com o mesmo tipo de namorado, desenvolve uma
codependência emocional e não consegue ser livre e feliz?

Você provavelmente deve conhecer alguém que termina um relacionamento horrível e, pouco
tempo depois, se envolve em um outro relacionamento que, no início, pode até parecer
diferente, mas acaba muito parecido ou totalmente igual ao relacionamento anterior, – os
mesmos problemas, discussões, brigas e sofrimento.

Para a terapia sistêmica, relacionamentos amorosos são vistos como um sistema, quase como
um organismo, que precisa se alimentar para continuar existindo.
Porém, nem sempre as relações e comportamentos que alimentam esse organismo são
funcionais e saudáveis. Temos por disfuncionais todos estes padrões que trazem sofrimento e
doença para os laços amorosos.

Cabe ao cliente e ao terapeuta descobrirem juntos quais são os motivos, os rituais familiares
de origem, os mitos e os papéis que cada um desempenha no relacionamento. O objetivo
dessa descoberta é tornar-se consciente das crenças que sustentam as disfunções e, a partir
daí, criar novas formas de se relacionar, recriando um sistema saudável e relações mais
funcionais.

Guarde isto: podemos nos permitir, sem criticar a nossa família e o nosso passado, podendo
aprender algo diferente.

Caso não busque superar o trauma, além da herança genética, a pessoa traumatizada poderá
causar consequências negativas no namoro ou casamento, com os filhos, no trabalho ou
consigo mesmo, na própria autoestima. Quando perdemos a esperança, a fé e os sonhos, não
temos força para agir.

Como quebrar o ciclo de relacionamentos ruins?

Se você vive esse ciclo de problemas que parecem não ter fim, se a sua história está repetindo
o modelo negativo da história de seus pais, é preciso fazer algo. É preciso quebrar esse ciclo.

Mas como?

O primeiro passo para quebrar esse ciclo de relacionamentos ruins é questionar as “velhas
tradições engessadas” que trouxemos de nossos familiares e padrões aprendidos de
relacionamentos (de tempos até mesmo inimagináveis), que repetimos sem perceber e que já
não servem mais aos propósitos da vida moderna.

Pensemos juntos:

Nós não nascemos de pais perfeitos. Eles também têm suas histórias, seus pontos vulneráveis
e, consequentemente, seus erros.

Para consertar o presente, precisamos, muitas vezes, voltar e os tropeços e quedas serão
inevitáveis.

Amar quem não o amou pode abrir no cérebro muitas “gavetas” que estavam trancadas há
anos – e isso fará toda a diferença.

Quando temos problemas nos relacionamentos, quando vivemos relacionamentos ruins,


acredito que só o amor para curar as feridas.

Se o processo for doloroso demais ou a repetição tiver consequências sérias para os


relacionamentos interpessoais, a terapia sistêmica é uma boa ideia.

A terapia sistêmica promove um ambiente seguro para refletir a origem desses


comportamentos, sem julgamento. Desse modo, é possível descobrir a origem dentro daquela
cultura familiar, do contexto em que surgiu e como a sociedade pode ter favorecido

a continuidade daquele padrão.

Acredito que nossos antepassados e pais são também frutos de um meio social que moldou
suas escolhas.

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