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Aquele que vive o abandono alimenta a sua ferida sempre que abandona um
projeto em que se empenhava, quando se deixa abater, quando não se ocupa o
suficiente de si próprio e não se concede a atenção de que necessita. Assusta os
outros, agarrando-se demasiado a eles, e assim, consegue perde-los e ficar
novamente sozinho. Faz sofrer muito o seu corpo, criando doenças para chamar a
atenção.
O dependente gosta de fazer figura de independente e dizer a quem quiser
ouvi-lo como se sente bem sozinho e que não precisa de ninguém. Quando a ferida
de ABANDONO é animada, usa a máscara de dependente. Essa torna-te uma
criança que precisa de atenção e procura a mesma a chorar, com lamúrias ou
submissão ao que se passa, porque acredita que não chegará em algum lugar
sozinha. Essa máscara obriga-te a fazer uma grande ginástica para evitar que te
deixem ou para teres mais atenção. Pode mesmo ir ao ponto de te convencer a
adoecer ou a dotar a postura de vítima para obteres o apoio ou o amparo que
procuras.
O maior medo do dependente é a solidão. Não se apercebe disso porque
arranja maneira de raramente estar sozinho, e quando está, pode fazer-se acreditar
que se sente bem, sem ter noção, porém, de que procura febrilmente ocupações
para passar o tempo. Na falta de presença física, a televisão e o telefone lhe farão
companhia. Para os seus parentes próximos é mais fácil verem e sobretudo sentirem
o grande medo da solidão que há nele, mesmo quando está rodeado de pessoas. Os
seus olhos tristes também o traem.