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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA

CARLOS HENRIQUE THOMAZINI CORDEIRO

ANÁLISE EXPERIMENTAL E DESENVOLVIMENTO DE MODELO


EMPÍRICO PARA CORRELACIONAR PROPRIEDADES DE
EMULSÕES TÍPICAS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO

SÃO MATEUS

2018
CARLOS HENRIQUE THOMAZINI CORDEIRO

ANÁLISE EXPERIMENTAL E DESENVOLVIMENTO DE MODELO EMPÍRICO


PARA CORRELACIONAR PROPRIEDADES DE EMULSÕES TÍPICAS DA
INDÚSTRIA DE PETRÓLEO

Dissertação de mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Energia do
Centro Universitário Norte do Espírito Santo da
Universidade Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Energia.
Orientadora: Prof.ª Dra. Ana Paula Meneguelo.

SÃO MATEUS

2018
CARLOS HENRIQUE THOMAZINI CORDEIRO

ANÁLISE EXPERIMENTAL E DESENVOLVIMENTO DE MODELO EMPÍRICO


PARA CORRELACIONAR PROPRIEDADES DE EMULSÕES TÍPICAS DA
INDÚSTRIA DE PETRÓLEO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Energia do Centro


Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo,
como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Energia.

Aprovada em 27 de março de 2018.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________
Prof. Dra. Ana Paula Meneguelo
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientadora

___________________________________________
Prof. Dra. Rejane de Castro
Universidade Federal de Viçosa
Co-orientadora – Examinador externo

___________________________________________
Prof. Dra. Rita de Cássia Superbi de Sousa
Universidade Federal de Viçosa
Examinador externo

___________________________________________
Prof. Dra. Maria de Fátima Pereira dos Santos
Universidade Federal do Espírito Santo
Examinadora Interna ao PGEN
RESUMO

Emulsões são sistemas dispersos compostos por pelo menos duas fases
líquidas imiscíveis e um agente emulsificante capaz de promover sua estabilização.
A formação de emulsões durante a produção de petróleo é inevitável, sendo que o
processo de desestabilização ou quebra apresenta grandes desafios para atender
diversas especificações na indústria. O estudo e a compreensão dos mecanismos
formadores de emulsões, bem como sua caracterização e correlação entre suas
propriedades, são de grande importância para a indústria. Neste trabalho as
emulsões preparadas com óleo sintético (vaselina líquida), água e agente
emulsificante (Span 80) foram caracterizadas seguindo um planejamento fatorial 2k,
variando os fatores concentração de água, concentração de Span 80 e rotação
utilizada no processo de emulsificação. Foram avaliadas como variáveis resposta o
tipo de emulsão formada (água em óleo ou óleo em água), tamanho de gotas,
condutividade elétrica e viscosidade dinâmica. Os resultados mostraram uma
relação diretamente proporcional entre a porcentagem de água e a condutividade e
uma relação inversamente proporcional da viscosidade com a condutividade.
Observou-se que a região onde as curvas de viscosidade e condutividade se
interceptam é identificada como uma região de inversão de fases. Os resultados
obtidos pela análise estatística corroboraram com as observações experimentais e
identificaram a intensidade da interação entre cada variável estudada. Observou-se
que a rotação é a variável que mais influencia no tamanho de gotas, enquanto a
porcentagem de água tem forte influência na viscosidade e na condutividade. A
análise indicou um efeito negativo na viscosidade e positivo na condutividade.

Palavras chaves: Estudo experimental, emulsões, planejamento experimental,


condutividade, viscosidade, distribuição de tamanho de gotas.
ABSTRACT

Emulsions are dispersed systems composed of at least two immiscible liquid phases
and an emulsifying agent capable of promoting their stabilization. The formation of
emulsions during the production of oil is inevitable, being that the destabilization or
break process presents major challenges to comply with various specifications in the
industry. The study and understanding of emulsion-forming mechanisms, as well as
their characterization and correlation among their properties, are of great importance
for the industry. In this project, the emulsions prepared with synthetic oil (liquid
vaseline), water and emulsifying agent (Span80) were characterized following a 2k
factorial design, being varied the water concentration and Span 80 concentration
factors and the rotation used in the emulsification process. It was evaluated as
variable responses the type of emulsion formed (water in oil or oil in water), droplet
size, electrical conductivity and dynamic viscosity. The results showed a directly
proportional relation between the water percentage and the conductivity and an
inversely proportional relation of the viscosity with the conductivity. It has been
observed that the region where the viscosity and conductivity curves intercept is
identified as a phase inversion region. The results obtained by the statistical analysis
corroborated with the experimental observations and they identified the interaction
intensity among each studied variable. It was observed that rotation is the variable
that most influences the droplet size, while the water percentage has a strong
influence on viscosity and conductivity. The analysis indicated a negative effect on
viscosity and a positive effect on conductivity.

Keywords: Experimental study, emulsions, experimental design, conductivity,


viscosity, drop size distribution.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Quebra de gotas em função do número de Weber crítico. .................................... 16

Figura 2: Tipos de emulsões existentes. .............................................................................. 18

Figura 3: Tipos de distribuição de tamanho de gotas em termos da frequência. .................. 20

Figura 4: Classificação dos fluidos de acordo com o comportamento reológico. .................. 23

Figura 5: Seção transversal de um agitador do tipo rotor-estator. ........................................ 27

Figura 6: Esquema do preparo da emulsão. ........................................................................ 39

Figura 7: Esquema da quantidade destinada da emulsão para os testes............................. 43

Figura 8: Imagem de fotomicroscópia. Laboratório de Petróleo e Gás 1 – Prédio PPGEN –


CEUNES/UFES. .................................................................................................................. 45

Figura 9: Análise de estabilidade de emulsões. Laboratório de Petróleo e Gás 1 – Prédio


PPGEN – CEUNES/UFES. .................................................................................................. 46

Figura 10: Teste de gota realizado, A) A/O (água em óleo), B) O/A (óleo em água). ........... 48

Figura 11: Análise de condutividade para emulsões 10.000 RPM e 15.000 rpm - 1,0%
Span80 (m/m), com diferentes percentagens de água (EM1 – EM5: linha azul, EM6 – EM10:
linha vermelha). ................................................................................................................... 50

Figura 12: Análise de condutividade para emulsões 10.000rpm e 15.000 rpm – 0,5%
Span80 (m/m), com diferentes percentagens de água (EM11 – EM15: linha azul, EM16 –
EM20: linha vermelha). ........................................................................................................ 52

Figura 13: Analise da estabilidade EM1, EM2, EM3, EM4, EM5 - 10.000 RPM - 1,0%
Span80. ............................................................................................................................... 53

Figura 14: Analise da estabilidade EM6, EM7, EM8, EM9 e EM10 - 10.000 RPM – 0,5%
Span80. ............................................................................................................................... 54

Figura 15: Analise da estabilidade EM11, EM12, EM13, EM14, EM15 - 15.000 RPM – 1%
Span80. ............................................................................................................................... 55

Figura 16: Analise da estabilidade EM16, EM17, EM18, EM19, EM20 - 15.000 RPM – 0,5%
Span80. ............................................................................................................................... 55

Figura 17: Curvas de tensão de cisalhamento X taxa de cisalhamento de diferentes tipos de


fluidos. ................................................................................................................................. 57
Figura 18: Curva de Escoamento, para emulsões O/A, 10.000rpm - EM1 (80/20), EM2
(70/30), EM3 (50/50), EM6 (80/20), EM7 (70/30), EM8 (50/50). ........................................... 58

Figura 19: Curva de Escoamento, para emulsões A/O, 10.000rpm - EM4 (30/70), EM5
(20/80), EM9 (30/70),EM10 (20/80). .................................................................................... 59

Figura 20: Curva de Escoamento, para emulsões O/A, 15.000rpm – EM11 (80/20), EM12
(70/30), EM13 (50/50), EM16 (80/20), EM17 (70/30), EM18 (50/50). ................................... 60

Figura 21: Curva de Escoamento, para emulsões A/O, 15.000rpm – EM14 (30/70), EM15
(20/80), EM19 (30/70),EM20 (20/80). .................................................................................. 61

Figura 22: Distribuição e Tamanho de Gotas (DTG) das emulsões do tipo O/A. a) rotação de
10.000rpm e b) rotação de 15.000 rpm. ............................................................................... 66

Figura 23: Distribuição e Tamanho de Gotas (DTG) das emulsões do tipo A/O. a) rotação de
10.000rpm e b) rotação de 15.000 rpm. ............................................................................... 67

Figura 24: Relação entre as variáveis respostas para as emulsões O/A. ............................. 70

Figura 25: Relação entre as variáveis respostas para as emulsões A/O. ............................. 71

Figura 26: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de
10.000rpm e 1% de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80% (m/m).
............................................................................................................................................ 72

Figura 27: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de
10.000rpm e 0,5% de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80%
(m/m). .................................................................................................................................. 72

Figura 28: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de
15.000rpm e 1% de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80% (m/m).
............................................................................................................................................ 73

Figura 29: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de
15.000rpm e 0,5% de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80%
(m/m). .................................................................................................................................. 73

Figura 30: Gráfico de superfície.76

Figura 31: Gráfico de superfície. .......................................................................................... 76

Figura 32: Gráfico de superfície. .......................................................................................... 78

Figura 33: Gráfico de superfície ........................................................................................... 78


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Propriedades físico-químicas da vaselina líquida. ................................................ 36

Tabela 2: Características do Span 80. ................................................................................. 37

Tabela 3: Composição das emulsões conforme a variação da % de água (m/m) em 10000 e


15000 rpm com 0,5% (m/m) de Span 80.............................................................................. 40

Tabela 4: Composição das emulsões conforme a variação da % de água (m/m) em 10000 e


15000 rpm e com 1% (m/m) de Span 80.............................................................................. 40

Tabela 5: Parâmetros Variáveis com os níveis e parâmetros fixos do planejamento. .......... 41

Tabela 6: Parâmetros relacionados ao número de fatores igual a quatro............................. 41

Tabela 7: Configuração do planejamento de experimentos com oito rodadas...................... 42

Tabela 8: Rotações e taxas de cisalhamento utilizado no reômetro OFITE MODEL 900. .... 44

Tabela 9: Resultado do teste de gota realizado. .................................................................. 48

Tabela 10: Análise de condutividade para emulsões 10.000 rpm e 15.000 rpm - 1,0%
Span80 (m/m), com diferentes percentagens de água. ........................................................ 50

Tabela 11: Análise de condutividade para emulsões 10.000 RPM e 15.000 rpm – 0,5%
Span80 (m/m), com diferentes percentagens de água. ........................................................ 51

Tabela 12: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões O/A,
10.000rpm - EM1 (80/20), EM2 (70/30), EM3 (50/50), EM6 (80/20), EM7 (70/30), EM8
(50/50). ................................................................................................................................ 58

Tabela 13: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões A/O,
10.000rpm - EM4 (30/70), EM5 (20/80), EM9 (30/70),EM10 (20/80). ................................... 59

Tabela 14: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões O/A,
15.000rpm – EM11 (80/20), EM12 (70/30), EM13 (50/50), EM16 (80/20), EM17 (70/30),
EM18 (50/50). ...................................................................................................................... 60

Tabela 15: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões A/O,
15.000rpm – EM14 (30/70), EM15 (20/80), EM19 (30/70),EM20 (20/80). ............................ 61

Tabela 16: Comportamento reológico das emulsões homogeneizadas a 10.000 rpm. ......... 63

Tabela 17: Comportamento reológico das emulsões homogeneizadas a 15.000 rpm. ......... 64

Tabela 18: Diâmetro de Sauter (d32) de 500 gotas de cada emulsão realizada no Image J. 69
Tabela 19: Estimativa de efeitos, para emulsões A/O e O/A baseados nos dados do Quadro
4. ......................................................................................................................................... 75

Tabela 20: Estimativa de efeitos, para emulsões A/O e O/A baseados nos dados do Quadro
4. ......................................................................................................................................... 78

Tabela 21: Estimativa de efeitos, para emulsões A/O e O/A baseados nos dados do Quadro
4. ......................................................................................................................................... 79
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estudos realizados sobre emulsões no âmbito científico. .................................... 29

Quadro 2: Óleos utilizados e viabilidade deexecução das análises de caracterização. ........ 35

Quadro 3: Equipamentos utilizados para preparo e caracterização da emulsão. ................. 37

Quadro 4: Resultados do planejamento experimental realizado, fatores, níveis e variáveis


respostas. ............................................................................................................................ 74
LISTA DE SÍMBOLO

EM: EMULSÃO;

A/O: EMULSÃO ÁGUA EM ÓLEO;

O/A: EMULSÃO ÓLEO EM ÁGUA;

O/A/O: EMULSÃO MÚLTIPLA ÓLEO-ÁGUA-ÓLEO;

A/O/A: EMULÇÃO MÚLTIPLA ÁGUA-ÓLEO-ÁGUA;

DTG: DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE GOTAS;

WOR: TAXA DE OLEO ÁGUA;

HLB: BALANÇO HIDROFÍLICO;

RAO: RAZÃO ÓLEO/ÁGUA;

K: NÚMERO DE FATORES;

RMN / NMR: RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR;

DVM: VÍDEO MICROSCOPIA DIGITAL;

Tg, D: TAMANHO DE GOTAS;

Visc / V: VISCOSIDADE;

Cond / C: CONDUTIVIDADE;

% agua / %A : PORCENTAGEM DE ÁGUA;

Span / S: PORCENTAGEM DE SPAN 80;

Rot / R: ROTAÇÃO;

Var. Cond : VARIAÇÃO DE CONDUTIVIDADE.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11

2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 13

2.1 Objetivos específicos.................................................................................................. 13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 14

3.1 Formação de emulsões ......................................................................................... 14

3.2 Caracteristicas da emulsão ........................................................................................ 16

3.2.1 Tipo de emulsão .................................................................................................. 17

3.2.2 Distribuição do tamanho de gota.......................................................................... 19

3.2.3 Condutividade ...................................................................................................... 21

3.2.4 Reologia das emulsões ........................................................................................ 22

3.2.5 Estabilidade das emulsões .................................................................................. 24

3.2.6 Agentes emulsionantes ........................................................................................ 25

3.3 Preparo da emulsão ................................................................................................... 26

3.4 Planejamento do experimento .................................................................................... 27

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 29

4.1 Relação entre viscosidade e estabilidade da emulsão ........................................... 34

5 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 35

5.1 Materiais..................................................................................................................... 35

5.2 Métodos ..................................................................................................................... 38

5.2.1 Preparo das emulsões ......................................................................................... 38

5.3 Planejamento experimental ........................................................................................ 40

5.4 Análise das emulsões................................................................................................. 42

5.4.1 Tipo de emulsão .................................................................................................. 43

5.4.2 Reologia .............................................................................................................. 43

5.4.3 Tamanho e distribuição de gotas ......................................................................... 44

5.4.4 Condutividade ...................................................................................................... 45


5.4.5 Estabilidade da emulsão ...................................................................................... 45

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 47

7.1 Teste de gota......................................................................................................... 47

7.2 Análise da condutividade elétrica ............................................................................... 48

7.3 Análise de estabilidade cinética.................................................................................. 52

7.4 Análise do comportamento reológico.......................................................................... 56

7.5 Tamanho e distribuição de Gotas ............................................................................... 64

7.6 Comparação entre as variáveis respostas .................................................................. 69

8 ANALISE ESTATÍSTICA............................................................................................... 74

8.1 Variável resposta: Tamanho de Gotas ................................................................... 74

8.1 Variável resposta: Viscosidade................................................................................... 77

8.1 Variável resposta: Condutividade ............................................................................... 79

9 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 80

10 TRABALHOS FUTUROS .......................................................................................... 82

11 REFERENCIAS ......................................................................................................... 83
11

1 INTRODUÇÃO

Na indústria do petróleo a formação de emulsões é comum e podem provocar


problemas durante toda sua cadeia produtiva, como o comprometimento do
escoamento nas linhas de produção (SHCRAMM, 1992; SJOBLOM et al., 2003;
OLIVEIRA et al., 2010). Enquanto água e óleo podem estar em fases separadas no
reservatório, a turbulência imposta pela produção do poço, bombas, chokes e
válvulas e a presença de agentes emulsificantes naturais viabilizam a formação de
emulsões (KASELOGLU et al, 2012). Consequentemente, as emulsões aumentam
gastos com manutenção e produção.
Estima-se que reservas de petróleos pesados e extrapesados representem
cerca de 2/3 de todo o petróleo do mundo (ALBOUDWAREJ et al., 2006). Com a alta
demanda e o crescente esgotamento do petróleo leve, explorar estes campos de
forma a recuperar a maior fração deste óleo é uma necessidade atual (ZHAO et al.,
2014). Entretanto, devido às características destes óleos (presença de partículas
sólidas como sais e argilas, elevadas frações de asfaltenos, ácidos naftênicos, etc),
as emulsões formadas são altamente estáveis (DEMIRBAS, 2017; SÁNCHEZ-
LEMUS, 2016).
Desta forma, um dos desafios da indústria é tratar essas emulsões, de forma
a separar a água do óleo. Parte inicial do processo de definir condições
operacionais, projetar equipamentos mais eficientes no que se refere à separação
da emulsão é ter o conhecimento do comportamento das emulsões formadas e da
interação entre propriedades e estabilidade da emulsão.
Visando contribuir para o conhecimento do comportamento destas emulsões
alguns trabalhos da literatura relacionam característica reológica da emulsão com o
escoamento nas linhas de produção (SJOBJOM, 2003; LANGEVIN et al., 2004;
QUINTERO et al., 2008). Contudo, apesar da importância dessas emulsões na
indústria de petróleo, limitados estudos tem sido publicados correlacionando as
propriedades (viscosidade, tamanho de gotas, etc) de emulsões estáveis com a
condutividade (KASELOGLU et al, 2012; SHRAMM, 1992).
Nesse sentido, esse trabalho se propõe a analisar a viscosidade, tamanho de
gotas e condutividade elétrica de emulsões estáveis e determinar a relação de
12

dependência entre as propriedades das emulsões e as variáveis avaliadas, ou seja,


a concentração de água, de surfactante e taxa de cisalhamento durante o processo
de emulsificação. Para isso, serão preparadas emulsões sintéticas a base de óleo
mineral, água e emulsificante (Span 80) e realizado um planejamento de
experimentos de forma a ponderar a relação entre essas variáveis através de uma
modelagem estatística.
A compreensão da intensidade e da forma da interação entre as variáveis é
parte fundamental do controle da produção e da correta especificação e
dimensionamento de equipamentos, redução de custos com transporte e
tratamentos.
13

2 OBJETIVOS

Produzir e caracterizar emulsões típicas de petróleo com o objetivo de


desenvolver um modelo estatístico que correlacione propriedades de uma emulsão
sintética, incluindo a viscosidade, tamanho médio de gotas, condutividade elétrica e
estabilidade cinética.

2.1 Objetivos específicos

● Desenvolver emulsões sintéticas estáveis do tipo A/O e/ou O/A;


● Realizar o teste de gotas para identificar o tipo de emulsão;
● Determinar a distribuição do tamanho de gotas das emulsões e a forma das
gotas da fase dispersa utilizando a técnica de microscopia ótica;
● Analisar a estabilidade cinética das emulsões;
● Analisar a condutividade elétrica das emulsões através de um condutivímetro;
● Analisar o comportamento reológico das emulsões através de um
viscosímetro;
● Realizar uma modelagem estatística da emulsão comparando as
propriedades da emulsão com foco no tamanho de gotas, condutividade, e
viscosidade;
14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Emulsões são sistemas coloidais e consistem de misturas, dispersão ou


suspensão de dois ou mais líquidos imiscíveis, geralmente óleo e água (PEREIRA &
ROJAS, 2015). Lim et al. (2015) define emulsão como um sistema composto por
duas fases imiscíveis entre si, onde uma fase está dispersa em forma de gotículas
em uma segunda fase contínua.
Desta forma, este capítulo irá abordar aspectos fundamentais sobre a
formação de emulsões, caracterização de emulsões, tipo de emulsão, distribuição do
tamanho de gotas (DTG), condutividade elétrica, reologia e viscosidade de
emulsões, estabilidade de emulsões, agente emulsificantes e condições de preparo
de emulsões de forma a promover embasamento teórico para os capítulos
seguintes.

3.1 Formação de emulsões

Wong et al. 2015 citam diversos trabalhos que estudaram o processo de


formação de emulsões e os estudos mostraram que a formação de emulsão estava
principalmente correlacionada com as composições do petróleo ou do óleo bruto,
principalmente relacionadas com as frações de asfaltenos e resinas, emulsionantes
naturais.
Segundo Pillon (2008) as emulsões de petróleo podem ser formadas tanto
pela turbulência como devido ao emprego de métodos de recuperação. Schubert e
Armbruster (1992) relacionaram 3 fatores necessários para a formação de uma
emulsão: contato entre dois líquidos imiscíveis, presença de um agente
emulsificante e, energia suficiente para formação de gotas dispersas no meio
contínuo.
Shramm (2005) explica que a energia necessária para emulsificação, em
parte é devida ao aumento da superfície que é criado na formação de minúsculas
gotas e outra parte por causa da deformação de grandes gotas antes da divisão em
gotas pequenas. O tipo de emulsão depende de vários fatores, incluindo a fração
15

volumétrica de ambas as fases, tipo e concentração de emulsificantes, etc. (Kokal,


1999). A formação de emulsões também é influenciada pelo numero de Weber
crítico, We, fornecido pela Equacão (1):

(1)

sendo é a viscosidade da fase contínua, é a taxa de cisalhamento, R é o


raio da gota, e é a tensão interfacial.

A Figura 1 mostra que para dada razão de viscosidade / entre as fases


dispersa e contínua , a redução da tensão interfacial causa o aumento o
número de Weber, diminuindo a energia necessária para causar quebra de gota. É
possível observar pela análise do gráfico que existe uma razão, que abaixo deste
valor não há mais quebra das gotas (representado pela região sombreada da Figura
1) (SHRAMM, 2005).
Assim, para um dado sistema de escoamento em um reservatório de óleo
pesado, a razão de viscosidade é menor quando a emulsão é do tipo A/O, sendo
mais provável a quebra das gotas, ou seja, a formação deste tipo de emulsão
(SHRAMM, 2005), com isso o tipo de emulsão mais comum ocorrido nos sistemas
de petróleo é a do tipo A/O (ANDRADE, 2009).
16

Figura 1: Quebra de gotas em função do número de Weber crítico.

Fonte: Schramm (2005).

Entretanto, emulsões de petróleo são complexas e de difícil avaliação entre o


comportamento e parâmetros operacionais, uma vez que se trata de uma mistura
multicomponente e que apresenta variabilidade durante a produção do campo.
Desta forma, o preparo de emulsões sintéticas em laboratório é prática comum
(COBOS ET AL. 2012, KASELOGLU ET AL. 2012, PENA E CARVALHO. 2009,
RODINOVA. 2014, ALMEIDA. 2014, FILHO ET AL. 2012). Nestes casos, podem ser
empregados agitadores mecânicos, homogeneizadores capazes de fornecer o
cisalhamento necessário à formação da emulsão (SALAGER 2000; LACHMAN et. al,
2001).

3.2 Caracteristicas da emulsão

O método de homogeneização, assim como a composição do sistema e as


propriedades química das fases, influencia nas características da emulsão, como
estabilidade, viscosidade e distribuição do tamanho de gotas. Serão destacados
neste item os fatores: tempo e intensidade do cisalhamento, razão entre as fases
contínua e dispersa, viscosidade, agentes emulsificantes, pH e temperatura.

Segundo Salager (1993), o aumento do tempo e da intensidade do


cisalhamento diminui o tamanho das gotas. Já Bastidas (2007) relaciona o tipo de
emulsão formado com a características das fases e fração relativa entre elas,
também chamada WOR (water-oil-ratio), ou razão água-óleo. A diferença de
17

densidades entre a fase aquosa e oleosa afeta a taxa de separação,


consequentemente a estabilidade. Já a viscosidade das fases influencia fortemente
a energia requerida para formar as gotas e a velocidade de difusão das gotas na
fase continua, afetando o fenômeno de coalescência entre as gotas e seu tamanho
final.

Outros autores correlacionam, além das questões acima, a influência do tipo


de emulsificante existente no meio com as propriedades das emulsões. Estas
substâncias, assim como os sólidos finos que migram para a superfície, criam uma
barreira contribuindo para a estabilidade da emulsão. Os emulsificantes podem ser
aniônicos, catiônicos, não-iônicos e anfóteros (LANGENVIN, 2004).

Entre os vários fatores, a adsorção de surfactantes na interface das gotas


determina o seu tamanho, devido à relação com a redução da tensão interfacial.
Com uma quantidade maior de surfactante absorvido, a estabilidade da emulsão é
aumentada, reduzindo a coalescência (LANGENVIN, 2004).

A temperatura é outro parâmetro que deve ser avaliado. O aumento da


temperatura provoca a instabilidade da emulsão, uma vez que diminui a tensão
interfacial (NOÏK, PALERMO e DALMAZZONE, 2013). O aumento da temperatura
também provoca redução de viscosidade da fase contínua, o que conduz a maior
movimentação das gotas, favorecendo a sedimentação ou cremeação e os choques
entre elas, levando à maior taxa de coalescência (MORGAN, 2014).

Desta forma, a característica de uma emulsão depende de inúmeros fatores,


desde aqueles impostos pelo processo produtivo (p.e., cisalhamento ou
temperatura) como aqueles devido à natureza dos componentes presentes nas
fases continua e dispersa (densidade e agentes emulsificantes).

3.2.1 Tipo de emulsão

Existem três tipos de emulsões: água em óleo (A/O), óleo em água (O/A), e
emulsões múltiplas. Emulsões A/O são formadas quando as gotículas de agua são
dispersas na fase contínua oleosa, O/A são formadas quando as gotículas de óleo
são dispersas na fase contínua aquosa e as emulsões múltiplas são sistemas
18

complexos onde A/O e O/A estão dispersos em outra fase contínua, conforme pode
ser observado pela análise da Figura 1 (KHAM, et al,. 2011).

Figura 2: Tipos de emulsões existentes.

Fonte: Adaptado de Salager (2000).

Diversos métodos são capazes de determinar o tipo de emulsão formada. Os


métodos apresentam algum grau de incerteza, principalmente porque os sistemas
emulsionados são muito complexos.
Um desses métodos é o descrito por Becher (1957), onde a capacidade da
emulsão de se solubilizar preferencialmente no líquido que constitui sua fase
contínua original, ou seja, uma emulsão de O/A seria solúvel em água e insolúvel em
seu óleo original; e uma emulsão de A/O seria solúvel no seu óleo original e
insolúvel em água.
19

3.2.2 Distribuição do tamanho de gota

O conhecimento do tamanho de gota em uma emulsão e a sua distribuição


estatística, ou seja, distribuição do tamanho de gotas (DTG) complementa a
caracterização e levantamento de propriedades macroscópicas, como: cor,
opacidade, reologia e a estabilidade da emulsão (CHANAMAY, et al., 1998). A DTG
normalmente é apresentada na forma de um gráfico que representa uma expressão
matemática e descreve uma distribuição de probabilidade, confrontando o tamanho
das gotas (diâmetro ou o raio) com a frequência com que ocorrem e é fortemente
dependente de uma série de fatores, como a natureza e quantidade de agentes
emulsionantes, turbulência, temperatura, presença de sólidos, tensão superficial da
película que envolve a gota, composição e fração volumétrica da fase dispersa e o
tempo de cisalhamento (MORGAN, 2014).
O tamanho de gotas pode ser mensurado por varias técnicas, dentre elas
existem as visuais (como a microscopia e a vídeo-microscopia), ou o espalhamento
de luz, ressonância magnética nuclear, técnicas acústicas, dentre outras (SJOBLOM
et. al., 2002). De acordo com Papini (2003), a microscopia é a única técnica de
medida direta, onde é visualizado gota a gota individualmente. Desta forma, para a
análise da distribuição do tamanho de gotas Salager (2000) sugere a medição do
tamanho de 500 gotas e posterior cálculo do diâmetro de Sauter (1928). O diâmetro
de Sauter (Equação 2) relaciona o tamanho de partícula cuja relação
superfície/volume é a mesma para todas as partículas.



(2)

onde é o diâmetro médio de Sauter, ni é o número de gotas com diâmetro di.


Para obtenção do tamanho de gota e a sua DTG, os dados medidos e
coletados nos equipamentos de medição e a caracterização são tratados
estatisticamente e representados graficamente. O histograma divide os resultados
encontrados em faixas discretas de tamanhos ao longo do eixo horizontal. A altura
das barras verticais corresponde ao percentil volumétrico das gotas em cada faixa. A
curva de distribuição de partículas é construída pela conexão dos topos das barras
20

com o ponto mediano de cada faixa de tamanho (OLIVEIRA, 2010). A Figura 3


representa os diferentes tipos de espectros DTG’s.

Figura 3: Tipos de distribuição de tamanho de gotas em termos da frequência.

Fonte: Adaptado de Salager (2000).

Na prática raramente encontra-se uma distribuição perfeitamente gaussiana,


de modo que exista distorção significativa na distribuição, levando a diferentes
valores de moda, média e mediana. Por outro lado, a distribuição do tipo log-normal
é historicamente relatada como representativa para uma gama de sistemas
emulsionados (KISS et al., 1999).
A análise da Figura 3 permite indicar os diferentes tipos de DTG encontrado
nos diferentes tipos de emulsões. A DTG é chamada normal Figura 3 (a) quando
pode ser descrita com uma forma simétrica de sino, chamada curva de frequência
de partículas versus o tamanho de gotas. Quando está em escala logarítmica
(Figura 3b) é representada por uma distribuição Gaussiana e a DTG é então
chamada de log-normal (KISS et. al, 1999).
Montalvo (2008) destaca em pesquisas iniciais realizadas por Littleton e
Traxler (1940) que as emulsões com DTG mais homogêneas (simétricas) possuem
viscosidades maiores do que as emulsões de mesmas concentrações com DTG
heterogêneas (polidispersas) (Figura 3 (e) e (f)).
Montalvo (2008) também cita a pesquisa de Richardson (1950), onde
verificou diversas emulsões com DTGs diferentes, relacionando a viscosidade com
21

as taxas de cisalhamento. As curvas indicam que o incremento de polidispersidade


visto na Figura 3 (e) e (f) (mais comum em emulsões de petróleo) diminui a relação
viscosidade-taxa de cisalhamento e é notado que a distribuição monodispersa induz
a uma viscosidade maior.
Salager (2000) também conclui que as gotas menores implicam em
viscosidades maiores e que distribuições mais polidispersas resultam em emulsões
menos viscosas. A polidispersidade se refere, não somente à amplitude da
distribuição, mas também a sua forma. Quando se mesclam as emulsões de mesmo
conteúdo de fase interna, mas com tamanhos muito diferentes, a distribuição
resultante apresenta dois picos, denominando uma emulsão bimodal (Figura 3 (f).
Ramirez et al. (2002) explica que com estes dois picos suficientemente separados
pode-se obter uma redução considerável da viscosidade. Esta é devido as gotas
pequenas preencherem o espaço deixado pelas gotas grandes ocorrendo
consequentemente a transferência de massa das gotas menores para as maiores
(fenômeno de Ostwald Ripening).

3.2.3 Condutividade

Condutividade elétrica de uma amostra representa a habilidade de passar


corrente elétrica. Por exemplo, nas soluções aquosas a corrente usualmente é
carreada por cátions e ânions, enquanto nos metais ela é carreada por elétrons.
Todas as substâncias devem apresentar algum grau de condutividade elétrica
(RADIOMETER, 2003).
A medida de condutividade em soluções aquosas é largamente utilizada por
fornecer boa caracterização em termos da atividade de eletrólitos dissolvidos. A
capacidade de uma solução aquosa em conduzir eletricidade depende de vários
fatores como concentração, temperatura, mobilidade e valência dos íons
(RADIOMETER, 2003).
Salager (2000) observou que a fase aquosa da emulsão A/O possui alguma
concentração de eletrólito e a fase oleosa não, podendo esta ser utilizada para
determinar o tipo da emulsão. O método para a analise de condutividade elétrica
necessita de pequena quantidade de amostra para ser realizado.
22

A condutividade de emulsões A/O é bem menor que as de O/A, uma vez que
a condutividade elétrica da fase óleo pode ser de 100 a 1000 vezes menor que a
condutividade da fase aquosa. Portanto, se a emulsão é do tipo O/A, esta é boa
condutora, mas se é tipo A/O, a emulsão é má condutora (MORAIS, 2006).
Consequentemente, o ponto onde a emulsão inverte de fase (A/O para O/A
ou o inverso), corresponde a uma grande mudança na condutividade, o que pode se
detectado até com os condutivímetros mais rudimentares (SALAGER, 2000).
A determinação da condutividade elétrica das emulsões é assim capaz de
determinar o tipo de emulsão e monitorar sua estabilidade, verificando a integridade
da fase externa, principalmente daquelas armazenadas por longos períodos
(MORAIS, 2006).

3.2.4 Reologia das emulsões

A viscosidade é definida como a razão entre a tensão de cisalhamento e a


taxa de cisalhamento. Óleos que são muito viscosos em geral formam emulsões
mais estáveis. A viscosidade depende de diversos fatores, como viscosidade da fase
continua e dispersa, fração volumétrica da fase dispersa, tamanho médio e
distribuição das partículas, natureza e concentração do agente emulsificante e a
temperatura (SHRAMM, 1992).
O comportamento reológico dos fluidos é dividido em duas grandes classes:
fluidos newtonianos e fluidos não newtonianos. Os fluidos Newtonianos são
independentes da taxa de cisalhamento e do histórico anterior ao cisalhamento
(VIDAL, 2000). Os fluidos que não apresentam esse comportamento “ideal” são
chamados de não-Newtonianos e podem ser dependentes ou independentes do
tempo (SCHRAMM, 2000), ambos são dependentes da temperatura e da
composição da emulsão. Pela análise da Figura 4 é possível observar a
classificação dos fluidos conforme o comportamento reológico.
A compreensão da natureza e das peculiaridades do comportamento
reológico de sistemas emulsionados é tema de diversos estudos científicos, tanto
experimentais quanto computacionais. Derkach (2009) estuda a influência da
concentração da fase dispersa no comportamento reológico de emulsões. Os
23

autores corroboram com os resultados de outras pesquisas que apontam que


emulsões diluídas formadas por fluidos newtonianos possuem aproximação linear,
ou seja, dependência linear da viscosidade com a concentração. Por outro lado, o
aumento da concentração das gotas na emulsão não apenas aumenta a viscosidade
a baixas taxas de cisalhamento, como é também evidenciada a dependência da taxa
de cisalhamento na viscosidade aparente.
O aumento da concentração também aumenta a influência do tamanho da
gota na reologia da emulsão uma vez que este aumento conduz a um efeito mais
pronunciado do fluxo dentro das gotas. Segundo Salager (2000), emulsões que
contém gotas pequenas apresentam uma alta área interfacial por unidade de
volume, quando comparadas as que contêm gotas maiores. Como o efeito de atrito
entre as gotas está relacionado à área superficial, um aumento na viscosidade está
associado a um decréscimo na media de tamanho de gotas.

Figura 4: Classificação dos fluidos de acordo com o comportamento reológico.

Fonte: Adaptado de Steffe (1996).


24

De forma geral, o conceito de viscosidade para um sistema emulsionado é


proporcional à viscosidade de sua fase contínua, como mostrado na Equação 3 a
seguir:
(3)

onde f (outras variáveis) referente à contribuição de outros efeitos, ou seja, aqueles


que não são dependentes da fase contínua. Com isso, f(outras variáveis) tende ao
valor da unidade quando a fração volumétrica da fase dispersa ( ) tende a
zero (Equação 3). Assume-se que esta relação é válida em todos os tipos de
sistemas, mesmo aqueles que contêm alta concentração da fase dispersa
(SALAGER, 2000).
A razão entre a viscosidade da emulsão e a viscosidade de sua fase contínua
é conhecida como viscosidade relativa ( ).

(4)

3.2.5 Estabilidade das emulsões

No processo de emulsificação gotas de diversos tamanhos são formadas,


deformadas e quebradas em gotas cada vez menores e, a interface entre os fluidos
pode ser estabilizada por um agente emulsificante. Durante este processo de
formação um sistema multifásico é gerado e possuirá uma alta relação superfície/
volume. Como consequência, as propriedades reológicas e termodinâmicas da
interface, no caso, A/O ou O/A, dominam sobre os efeitos da dinâmica macroscópica
do sistema. Desta forma, emulsões são consideradas como Sistemas Dominado por
Interface (SDI) (LAMORGESE, MAURI, SAGIS, 2017).
Equações termodinâmicas baseadas no modelo de Gibbs são utilizadas para
prever a tensão interfacial uma vez que estes sistemas são ditos
termodinamicamente instáveis. Esta instabilidade é gerada pela tendência dos
sistemas em diminuírem sua energia livre e consequentemente, no caso de
emulsões, diminuir a área interfacial.
25

Desta forma, embora haja mecanismos que impeçam a separação das fases,
o que ocorre é um atraso na separação e estabilidade da emulsão por uma
determinada faixa de tempo. A estabilidade termodinâmica indica como a separação
irá ocorrer e a estabilidade cinética indica a taxa na qual o processo ocorrerá
(ATKINS, 1994). A velocidade na qual ocorrerá o rompimento das gotas e a
separação das fases dependerá de diversos fatores, como sua composição,
estrutura, viscosidade, idade, pH, salinidade e condições de armazenamento
(MCCLEMENTS, 2005; MANNING & THOMPSON, 1995).
Uma emulsão é considerada estável quando pequena ou nenhuma mudança
ocorre no tamanho de gota da fase dispersa num determinado intervalo de tempo
(BECHER, 2001). No caso das emulsões geradas na produção de petróleo, a
maioria são cineticamente estáveis, devido à presença de agentes estabilizantes da
emulsão, também chamados surfactantes ou tensoativos, que se concentram na
interface óleo/água formando filmes que reduzem a tensão interfacial e evitam a
coalescência das gotas (KOKAL, 1999).
Quanto menor o tamanho de gota maior a estabilidade e mais difícil à
separação das fases (VAN DER ZANDE et al., 2000).

3.2.6 Agentes emulsionantes

A escolha dos emulsificantes requer muito além de experiência, pois,


apresentam a ampla variedade desses agentes atualmente disponíveis no mercado
(THOMPSON, 2006). Os agentes emulsificantes têm como a principal função reduzir
a tensão interfacial e atuar como barreira contra a coalescência das gotículas, ou
seja, irão atuar como agente estabilizante da emulsão (ZANON, 2010). Estes
emulsificantes que são de natureza hidrofílica favorece a formação de emulsões
O/A, e os de natureza lipofílica favorecem a formação de emulsões A/O (LACHMAN
et al., 2001).
O conceito de HLB (hydrophilic – lipophilic balance) de um surfactante foi
introduzido por Griffin. Este conceito é baseado em uma escala empírica
adimensional de 0 a 20, usada para descrever o balanço entre o tamanho e força
dos grupamentos hidrofílicos e lipofílicos de uma molécula emulsificante. O HLB é
26

usado para surfactantes não-iônicos e é bastante útil para iniciar a seleção de um


surfactante quando queremos produzir uma emulsão (LINDMAN, et. al., 2000).
A escala proposta por Griffin, diz que para formar uma emulsão A/O o
emulsificante precisa ter um HLB na faixa de 3-6 enquanto que para formar uma
emulsão O/A o emulsificante deve ter HLB na faixa de 8-18. O valor de HLB para um
determinado surfactante pode ser facilmente encontrado na literatura (LINDMAN et.
al., 2000).
Segundo Aulton (2005), os agentes emulsionantes estão divididos em:
tensoativos sintéticos ou semissintéticos. Uma boa opção é a mistura de
emulsionantes, também muito usada e eficiente, contribuindo para a resistência do
filme de surfactante e, assim, para a estabilidade da emulsão.

3.3 Preparo da emulsão

Para preparar um sistema emulsionado é necessário definir a composição do


sistema, o tipo e concentração de óleo, água e surfactante. Além disso, o método de
homogeneização também influencia nas propriedades da emulsão resultante, pois
determina a energia adicionada ao sistema (SALAGER, 2000).
Para o preparo das emulsões existem vários tipos de agitadores mecânicos
utilizados neste processo, desde simples pás de agitação (que conseguem produzir
gotas de fase dispersa com cerca de 10 ), agitadores do tipo rotor–estator (Figura
5), que são muito utilizados na produção de emulsões (PARTICLE SCIENCES,
2009).
27

Figura 5: Seção transversal de um agitador do tipo rotor-estator.

Fonte: Adaptado de Particle Sciences (2009).

Os agitadores do tipo rotor-estator, fazem com que as fases da emulsão


através de uma abertura estreita entre um cilindro perfurado (o estator) e as lâminas
de um agitador rotatório (o rotor), que gira rapidamente de forma a produzir gotas de
aproximadamente 1 . Porém, caso seja necessário gotas menores que 1 , o
recomendado é utilizar o uso de dispersores de ultrassom ou outros equipamentos
como homogeneizador de alta pressão e microcanais (PARTICLE SCIENCES,
2009).

3.4 Planejamento do experimento

Experimentos são realizados constantemente por pesquisadores de diversas


áreas com o intuito de aumentar a compreensão sobre um processo. Experimento é
definido por Montgomery (2009) como sendo um teste, ou série de testes, em que
são feitas mudanças propositais em algumas características do processo, de modo a
observar e identificar as razões das mudanças que puderam ser observadas em
uma variável resposta, que é simplesmente uma observação do experimento. Sendo
assim, o objetivo da experimentação é obter uma relação de causa e efeito entre a
variável resposta, ou saída, e as variáveis de entrada de um processo (MASON, et
al., 2003).
28

O planejamento experimental é uma ferramenta para estudar o efeito conjunto


de vários fatores sobre uma variável reposta de interesse. Uma das técnicas mais
conhecidas é o planejamento fatorial, no qual estão envolvidos k fatores (ou
variáveis) cada um deles presente em diferentes níveis. O caso mais simples é
aquele em que cada fator k esta presente em apenas dois níveis. Na realização de
um experimento com k fatores em dois níveis, são feitas 2 x 2 x ... 2 (k vezes) =
observações da variável reposta e, portanto, este planejamento é denominado
experimental fatorial (NEVES e SCHVARTZMAN, 2002).

Apesar dos planejamentos fatoriais do tipo ser mais comuns, e que com
um número reduzido de níveis é praticamente impossível explorar de maneira
completa uma grande região no espaço das variáveis (>4), estes ainda se mostram
vantajosos, pois permitem verificar tendências importantes para a realização de
investigações posteriores (NEVES et al., 2002).
Segundo Montgomery (1984) os passos para um planejamento fatorial
completo poderão ser auxiliados pelo software STATISTICA® na análise dos
seguintes parâmetros:

 Definição da função objetiva;

 Definição das variáveis do processo em estudo e suas restrições;

 Elaboração do planejamento fatorial completo;

 Análise dos efeitos dos fatores nas respostas desejadas;

 Análise estatística e interpretação dos resultados;

 Ajuste de modelos;

 Verificação da validade dos modelos utilizando Análise de Variância –


ANOVA;

 Análise de superfície resposta: definição das faixas ótimas de


operação.
O software STATISTICA® é um programa integrado para gerenciar Análise
Estatística e Bases de Dados, caracterizando uma ampla seleção do processo
analítico, do básico ao avançado, para as mais diversas áreas - Ciências
Biomédicas, Biológicas, Engenharias, Ciências Sociais, Agrárias - permitindo a
realização de Data Mining (Mineração de Dados).
29

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O capítulo trará uma revisão bibliográfica de estudos que auxiliaram e


trouxeram a base teórica para o presente trabalho. O quadro à seguir faz uma
comparação entre os óleos utilizados e a metodologia empregada por alguns
autores pesquisados.

Quadro 1: Estudos realizados sobre emulsões no âmbito científico.

Rotação
Composição da
Homogeneizador (rpm)/Tempo Caracterização Referência
emulsão
(min)

SHELL Trivela Microscópio ótico,


Cobos et al.
160, SHELL Mecânico 26500 / 3 Reômetro ARES
(2012)
Trivela 460, água (TA Instruments).

Reômetro Anton
PaarPhysica MCR
Óleo cru Mar do Kalesogluet
Mecânico 2000 / 60 301, NMR (Nuclear
Norte, NaCl, água al. (2012)
Magnectic
Resonance

N-heptano,
glicerina, óleos do Pena E
tipo OP3, OP10, X X X Carvalho
OP35, Talpa 30, (2009)
água, SDS

Reômetro Anton
Primol 352,
Paar Physica MCR
Poliisobutileno, Mecânico (Ika – Rodinova et
2000 / 15 301, NMR (Nuclear
Span 80, fase WerkeCo. Alemanha), al. (2014),
Magnectic
aquosa.
Resonance)

Microscópio ótico,
Vaselina líquida,
Mecânico (Ultra- 20000, 15000, Reômetro AR-G2, Almeida
Span 80, Twen 80,
Turrax digital T25) 10000 / 2 da TA Instruments. (2014)
água deionizada

X Filho et al.
Óleo cru, Brasil Polytron PT 3100 10000 / 3
(2012)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se pela a análise do Quadro 1 que o range da rotação imposta no


homogeneizador fica entre 2000 a 26500 rpm utilizando homogeneizadores
30

mecânicos, enquanto o tempo do processo varia entre três minutos a uma hora,
dependendo tipo de emulsão e finalidade do estudo. A caracterização é feita a partir
da microscopia ótica, NMR e MCR, reologia.
Cobos et al. (2012) em seu trabalho, estudou como as emulsões se
comportam atravessando microcapilares, sendo essas emulsões preparadas em
laboratório. Foram utilizados dois tipos de óleo, o SHELL Trivela 160 e o SHELL
Trivela 460. Esses óleos foram utilizados em cinco concentrações diferentes e foram
diluídos em um polímero para aumentar a viscosidade e a diferença de densidades
entre o óleo e a água. A emulsão foi preparada em um homogeneizador mecânico
com a rotação de 26500 rpm durante 3 minutos, o tamanho de gotas (DTG) foi
realizado por um microscópio ótico e a viscosidade no reômetro ARES (TA
Instruments).
Kalesoglu et al. (2012) em sua pesquisa faz uma investigação da reologia de
emulsões água em óleo com diferentes frações de volume aquoso. O óleo utilizado
foi um óleo cru retirado do Mar do Norte. As emulsões foram preparadas com NaCl
P.A em um homogeneizador mecânico a rotação foi de 2000 rpm durante 1 hora.
Nesta investigação, utilizaram-se técnicas NMR (ressonância magnética
nuclear) e DVM (vídeo microscopia digital) indicou-se que as emulsões tendem a
possuir uma média de tamanho de gotas por volta de 3 a 4 micrometros
(KALESOGLU et al., 2012).
Pena e Carvalho (2009) fizeram diferentes emulsões para o seu estudo,
usando óleos minerais e n-heptano puro na fase dispersa, água (pura ou com
surfactante o Dodecil Sulfato de Sódio chamado de SDS) e glicerina foram usadas
na fase contínua para modificar a diferença de viscosidade e densidade entre a fase
polar e apolar.
Rodinova et al. (2014) prepararam e caracterizaram uma emulsão sintética
visando reproduzir algumas características (como densidade, resinas, asfaltenos,
etc) típicas do óleo cru do Mar do Norte. Para o preparo da emulsão, os sistemas
foram submetidos a um homogeneizador digital (Ika – WerkeCo. Alemanha), em
uma rotação de 2000 rpm durante 15 minutos, entre o óleo Primol 352,
Poliisobutileno, o surfactante Span 83 e a fase aquosa variando de 0 a 0,7.
31

Com relação ao tamanho de gotas (DTG), vários fatores, como composição


química e concentração dos componentes, temperatura, tensão interfacial e
homogeneização, podem influenciar significativamente as propriedades das
emulsões de petróleo bruto. Assim, todas as condições de emulsão devem ser
mantidas constantes para obter tamanhos de gotículas controláveis. A
espectroscopia de RMN foi aplicada neste estudo para medir o tamanho das
gotículas e distribuições de emulsões preparadas por homogeneização em
condições laboratoriais. A técnica é adequada para analisar amostras concentradas
e opacas e pode ser usada para emulsões de petróleo bruto (RODINOVA et al.,
2014).
Visando estudar a separação de emulsões via aplicação de campo elétrico
Almeida (2014) produziu 12 tipos diferentes de emulsões do tipo A/O. A
caracterização destas se deu segundo o tamanho de gotas da fase dispersa e de
sua reologia. Dividiram-se as caracterizações quanto ao tipo de emulsão, quanto ao
tamanho de gotas da fase dispersa, quanto à estabilidade em campo centrífugo e
quanto à reologia.
Em relação ao tipo de emulsão, normalmente um sistema emulsionado é
polidisperso, já que as pequenas gotas se alojam entre as gotas maiores. Porém
uma emulsão contendo 80% de óleo mineral como fase dispersa é muito difícil de
ser formada, já que o filme de fase contínua entre as gotas seria fino e fácil de ser
rompido, levando à coalescência e à separação de fases, ou seja, este sistema não
seria estável. Uma possível justificativa para o ocorrido seria que, na verdade, a
emulsão A/O produzida pode ter invertido a fase - tornando-se O/A - devido ao
excesso de água no meio, já que a mistura de surfactante utilizada permite produzir
tanto emulsões A/O quanto de O/A. O fato da mesma não ser solúvel em óleo
mineral pode ser justificado como uma diferença de viscosidade entre as fases, já
que emulsões de A/O são bem mais viscosas que sua fase óleo original pura
(ALMEIDA, 2014).
Quanto ao tamanho de gotas da fase dispersa, Almeida (2014) observou um
sistema polidisperso e compacto, ou seja, as gotas formadas possuem uma variada
distribuição de tamanhos e, além disso, encontram-se bem próximas umas das
outras. Tais gotas são pequenas, menores que 2 μm.
32

Quanto à estabilidade em campo centrífugo, Almeida (2014) concluiu que


quanto menor a concentração de surfactante utilizada para produzir a emulsão,
menor também a concentração de surfactante nas interfaces das gotas de fase
dispersa e, portanto, estas são mais suscetíveis à coalescência e à sedimentação,
diminuindo a estabilidade e aumentando o percentual de água decantada.
Filho et al. (2012), avaliaram a relação entre as propriedades viscoelásticas
de emulsões de petróleo produzido no Brasil. Seis emulsões foram preparadas, uma
emulsão com composição de óleo cru e cinco modelos de emulsões, preparadas em
diferentes fases de óleo, contendo diferentes concentrações de asfaltenos, contendo
40% (v/v) de solução aquosa, e 50g/l de NaCl, são preparadas em temperatura
ambiente. Então, o sistema foi submetido ao homogeneizador Polytron PT 3100
operando em 10000 rpm por 3 minutos.
A estabilidade das emulsões está relacionada ao seu comportamento elástico.
As emulsões modelo com maior conteúdo de asfaltenos apresentam um módulo de
elasticidade maior e, portanto, são mais estáveis (FILHO et al., 2012).
Kole (2017), em seu trabalho faz uma aplicação microfluídicas para a
caracterização de emulsões e encontra parâmetros importantes relacionados ao
tamanho de gotas com a porcentagem de agua óleo e Span 80, observando que os
primeiros dois fatores influenciaram pouco no tamanho de gotas, , enquanto a
concentração de Span 80 afetou o tamanho de gotas, gerando uma maior
coalescência entre elas.
Ariffin (2016) fez um estudo da reologia utilizando óleo cru em emulsões A/O
e encontrou parâmetros importantes relacionados a viscosidade da emulsão com a
rotação e a porcentagem de água na emulsão. Variando a rotação em uma taxa de 0
a 1000 (1/s) a uma porcentagem de água de 40%, em diferentes temperaturas,
encontrou um fluido não newtoniano.
Para analisar o efeito da porcentagem de água Ariffin (2016) analisou
emulsões com as porcentagens de 20, 30 e 40 % de água, variando em uma taxa de
0 a 1000 1/s e encontrou que a viscosidade foi notoriamente maior com a maior
quantidade de água comparando emulsões 30 – 40. Isto é explicado por que a maior
quantidade de agua aumenta a forca hidrodinâmica devido a maior interação entre
as gotas. O aumento do volume de agua faz com que a emulsão fique notavelmente
mais elástica, resultando em uma energia interfacial associada com a deformação
33

de filmes líquidos eventualmente aumentando a viscosidade. Diferente do


encontrado em emulsões 20 – 30 de porcentagem de agua que obtiveram valores
muito próximos, este fenômeno acontece devido a frequente interação entre as
gotas o que aumenta a fricção entre agua e óleo.
Zhang (2014) realizou um estudo com foco na caracterização de emulsões
estáveis adicionando o surfactante lipofílico Span 80 e o hidrofílico Tween 80, sendo
observado que quanto maior a concentração de Span 80 em emulsões O/A, menor a
condutividade da emulsão. Foi observado um ponto critico em que a adição de Span
80 nessas emulsões faz com que aconteça a inversão de fases, onde a
condutividade tem uma queda significativa e a partir desse ponto a emulsão passa a
ser A/O e a adição de Span 80 pouco altera na condutividade ficando bem próximas
de zero. Zhang (2014) também observou que quanto mais Span 80 é adicionado em
emulsões O/A maior será a viscosidade, independente da taxa de cisalhamento.

Honse et al (2018) realizou em seu trabalho a inversão de fase de um modelo


de emulsões de óleo cru detectados por espectrometria de infra vermelho e análise
dos principais componentes, utilizando surfactantes aniônicos e não iônico, observou
que emulsões O/A aumentando a concentração de óleo chega a um ponto (20%
(m/m)) em que a condutividade da emulsão cai abruptamente, este é o ponto onde
acontece a inversão de fase da emulsão.

Honse et al (2018), também observa que o aumento de temperatura faz com


que a emulsão se transforme de O/A para O/A, mas para isso é necessário um
aumento de energia em torno 10°C, o processo de inversão neste sistema foi mais
lento comparado com o aumento da concentração de óleo . Outro resultado
importante encontrado por Honse et al (2018), onde foi adicionado surfactante em
uma emulsão O/A acontece a inversão da emulsão, transformando em A/O, isto
acontece pois óleo cru já contem surfactantes naturais e adicionando uma fase
externa de surfactantes a emulsão altera seu balanço hidrofílico – lipofílico (HLB) do
surfactante presente misturado no óleo e isto pode resultar na fase da inversão.

A emulsão de petróleo A/O apresenta viscosidade maior, provocando um


maior consumo de energia (maior perda de carga) durante o transporte. A adição de
solução de surfactante à emulsão A/O original pode induzir a inversão da emulsão
para o tipo O/A (HASAN. et al, 2010), que apresenta viscosidade reduzida e
34

consequente facilidade de bombeamento e transporte. Além disso, a emulsão O/A


viabiliza o menor contato do óleo bruto com a parede da tubulação, resultando em
menos erosão e precipitação dentro do duto (ASHRAFIZADEH e KAMRAN, 2010).

4.1 Relação entre viscosidade e estabilidade da emulsão

A viscosidade das emulsões O/A e A/O é um parâmetro importante nas


operações de campo de petróleo. Os pesquisadores desenvolveram um grande
número de modelos e fórmulas empíricas ou semi-empíricas para prever a
viscosidade das emulsões óleo-água de acordo com os componentes da mistura de
óleo e água, e a estabilidade destas.
Atualmente, a maioria dos modelos de cálculo de viscosidade em emulsão
baseia-se nos modelos Taylor, Richardson, Pal e Rhodes ou Pal (ZHANG, 2016),
sendo a fórmula de Richardson (Equação 5) a mais utilizada na engenharia.

(5)

onde k = 2,5 está relacionado ao estado da emulsão sendo esta a constante de


Boltzmann; é a viscosidade da emulsão; a viscosidade da fase contínua; a
permissividade da fase contínua em relação á dispersa. A fórmula para emulsões
A/O tem uma maior precisão de predição. No entanto, para as emulsões de petróleo
bruto em óleo, o valor de predição é inferior ao valor medido experimentalmente.
Portanto, utiliza-se a seguinte equação para emulsões de óleo bruto em água
(Equação 6):

( ) (6)

onde refere-se à fração volumétrica da emulsão; representa ao número de


fases da emulsão.
35

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo descreve os materiais utilizados para o preparo da emulsão


sintética assim como a metodologia e os equipamentos empregados em sua análise.
Todas as análises apresentadas foram realizadas em triplicata.

5.1 Materiais

Para o preparo de uma emulsão sintética é necessária uma fase dispersa e


uma fase contínua. Para tanto, foi realizado um levantamento de qual óleo mais
adequado para a formação da emulsão, assim como o agente emulsificante. Neste
trabalho foram avaliados os seguintes óleos para comporem a emulsão (Quadro 2).

Quadro 2: Óleos utilizados e viabilidade deexecução das análises de caracterização.

Parâmetros avaliáveis

Materiais
Tamanho de
Estabilidade Condutividade
gota

Óleo Diesel Não Possível Não possível Possível

Óleo lubrificante
PETRONAS Possível Não possível Não possível
@URANIA CG – 4..

Emulsão de
vaselina em
Não possível Não possível Não possível
solução salina de
NaCl

Emulsão de
vaselina sem Possível Possível Possível
adição de NaCl

Fonte: Elaborado pelo autor.


36

A fase óleo foi composta de vaselina e Span 80. A escolha do óleo mineral
vaselina líquida foi determinada a partir de testes preliminares com outros óleos
sintéticos ou minerais. Nestes testes realizados anteriormente alguma característica
(condutividade ou estabilidade ou tamanho de gotas) não foi possível de ser
avaliada, por exemplo na emulsão realizada com óleo diesel, foi possível observar o
tamanho de gotas das emulsões, porém não apresentava estabilidade, e
condutividade, sendo impossível trabalhar com essa composição de emulsão,
fazendo assim com que o objetivo do trabalho não fosse alcançado, conforme pode
ser observado no Quadro 2 .

O óleo de vaselina USP é um óleo transparente, incolor, quase inerte e


composto basicamente de hidrocarbonetos alifáticos hidrogenados. A Tabela 1
apresenta as suas características físico-químicas.

Tabela 1: Propriedades físico-químicas da vaselina líquida.

Estado físico Líquido


Cor Líquido límpido e incolor.
Odor Característico
pH Não aplicável
Ponto de auto-ignição 260°C
Ponto de combustão 188°C
Ponto de fulgor 120°C
Ponto de ebulição 220°C
Ponto de fluidez 3°C (máximo)
Limite de explosividade superior/inferior (%) Não se aplica, produto não explosivo.
Densidade 830 g/L a 860 g/L - 20°C
Solubilidade em água Desprezível
Solubilidade em outros solventes Solúvel na maioria (benzeno e clorofórmio).
Viscosidade 12,5 – 17,5 cP - 37,8°C

Fonte: FISPQ (2009).

O agente emulsificante Span 80-LQ-BR da Croda (monooleato de sorbitana)


é um surfactante não-iônico, é preferencialmente solúvel no óleo, devido ao seu HLB
de 4.3. A Tabela 2 apresenta suas características físico-quimicas.
37

Tabela 2: Características do Span 80.

Identidade química monooleato de sorbitana


Nome do Produto SPAN 80
HBL 4,3
Solúvel em água Parcialmente solúvel
Solúvel em óleo Solúvel
Densidade 986 g/L

Fonte: Croda (2009).

A fase aquosa foi composta de água destilada proveniente da Universidade


Federal do Espírito Santo, campi Ceunes. Para o preparo e análise das emulsões
foram utilizados os equipamentos relacionados no Quadro 3.

Quadro 3: Equipamentos utilizados para preparo e caracterização da emulsão.

Equipamento/
Marca Precisão Outros
modelo
Carga máxima =
Balança Mark série M BEL Engineering ± 0,01 g
1700 g
Ultra- turrax Digital haste modelo S25N-
IKA -
T15 25F
Precisão
Condutivímetro CG
Gehaka relativa 0,05% -
1800
(FE)
Câmera (dino eye)
Microscópio ótico
Alpha - Lentes disponíveis:
Eum 2000 series
10x, 20x, 40x, 100x.
Viscosímetro OFITE OFI Testing
± 0,001 RPM --
900 Equipment
Brookfield
Viscosímetro
Engineering ± 1% -
Brookfield Laboratories, inc

Fonte: Elaborado pelo autor.


38

5.2 Métodos

Neste item serão apresentados o método de preparo da emulsão sintética e o


métodos empregados para as análises realizadas: viscosidade, condutividade e
distribuição de tamanho de gotas.

5.2.1 Preparo das emulsões

O óleo mineral foi adicionado a um béquer, seguido do SPAN 80, e submetido


à uma potência (10.000 e 15.000 rpm) do homogeneizador mecânico (Ultra-Turrax
digital T25). Após isso, o volume correspondente de água foi adicionado lentamente
ao béquer, com auxílio de uma bureta. Após a adição total da água, a emulsão
continuou a ser homogeneizada por um tempo fixo de cinco minutos. Pelo
fluxograma da Figura 7 é possível observar a metodologia de preparo da emulsão
(RANE, HARBOTTLE e BANERJEE, 2010).
39

Figura 6: Esquema do preparo da emulsão.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O tempo (5 minutos), a quantidade de emulsificante (0,5% e 1%) e a rotação


(10.000 rpm e 15.0000 rpm) em que a mistura foi submetida foram determinadas por
testes preliminares e de acordo com o trabalho de Almeida (2014). Foram
preparados 300 ml de emulsão e as composições das emulsões contendo 0,5 ou 1
% (m/m) de Span 80 estão apresentadas na Tabela 3 e Tabela 4. Os valores
apresentados nas Tabelas 3 e 4 estão expressos em termos de massa de cada
componente e as emulsões foram preparadas em triplicata.
40

Tabela 3: Composição das emulsões conforme a variação da % de água (m/m) em 10000 e 15000
rpm com 0,5% (m/m) de Span 80.

% de água 80 70 50 30 20
(m/m)
Óleo (g) 49,4 74,9 125,5 176,2 201,5
Água (g) 240 210 150 90 60
Span 80 (g) 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 4: Composição das emulsões conforme a variação da % de água (m/m) em 10000 e 15000
rpm e com 1% (m/m) de Span 80.

% de água 80 70 50 30 20
(m/m)
Óleo (g) 47,7 73,1 123,86 174,9 200,2
Água (g) 240 210 150 90 60
Span 80 (g) 2,95 2,95 2,95 2,95 2,95

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.3 Planejamento experimental

Além dos experimentos descritos anteriormente, variando a concentração de


água (20%, 30%, 50%, 70% e 80% m/m), span (0,5% e 1%) e rotação (10000 rpm e
15000rpm), os dados foram também avaliados em planejamento fatorial 2k. Neste
caso, foram definidos sete parâmetros, sendo três fatores variáveis: teor de água,
concentração de surfactante e taxa de cisalhamento e, quatro variáveis respostas:
condutividade, viscosidade, estabilidade cinética e de tamanho de gotas (diâmetro
de gotas d32). A Tabela 5 apresenta os fatores e níveis adotados para cada uma das
triplicatas analisadas. A concentração de água escolhida buscou avaliar uma ampla
faixa, englobando tanto emulsões A/O quanto O/A, os níveis foram escolhidos
baseados em experimentos anteriores realizados no laboratório.
41

Tabela 5: Parâmetros Variáveis com os níveis e parâmetros fixos do planejamento.

Parâmetros variáveis - Níveis +

A – Teor de água 20% 80%

B – Concentração de Surfactante 0,5% 1,5%

C – Taxa de cisalhamento (Turrax) 10000 rpm 15000 rpm

Variáveis Respostas

Condutividade

Viscosidade

Estabilidade cinética

Tamanho de gotas

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Tabela 6 fornece informações quanto às frações, baseados no número de


rodadas realizadas e o tipo de gerador de planejamento, todos estes parâmetros são
inferidos analisando o número de fatores igual a três.

Tabela 6: Parâmetros relacionados ao número de fatores igual a quatro.

Geradores do
K (Fatores) Frações Número de rodadas
planejamento

3 8

Fonte: Adaptado de Montgomery (2009).

Com base na Tabela 6, tem-se uma configuração com oito rodadas de


experimentos, conforme é mostrado na Tabela 7:
42

Tabela 7: Configuração do planejamento de experimentos com oito rodadas.

Rodada A B C

1 - - -

2 + - -

3 - + -

4 + + -

5 - - +

6 + - +

7 - + +

8 + + +

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com o planejamento experimental, utilizaram-se cinco proporções


água/ óleo (20 e 80% m/m) e duas concentrações de SPAN 80 (0,5% e 1% m/m),
conforme as Tabela 3 e Tabela 4 . Cada condição foi preparada em duas rotações
de homogeneização (10000 e 15000rpm).

5.4 Análise das emulsões

As emulsões preparadas serão analisadas quanto a sua condutividade, viscosidade,


estabilidade e tipo A/O ou O/A. Foram preparados, em cada experimento, 300ml de
emulsão sendo volumes específicos destinados para cada análise. No fluxograma
da Figura 7 é possível observar o volume utilizado em cada análise.
.
43

Figura 7: Esquema da quantidade destinada da emulsão para os testes.

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.4.1 Tipo de emulsão

Para determinar o tipo de emulsão, foi realizado o teste de gota conforme


descrito por Becher (1957). Este teste consiste em gotejar uma gota de emulsão em
em um béquer de 10 mL com água destilada. Foi observado o comportamento da
emulsão em contato com a fase de água destilada.

5.4.2 Reologia

Avaliou-se o comportamento da viscosidade dinâmica da emulsão quando


submetida a diferentes taxas de cisalhamento por meio de um viscosímetro rotativo
de placas concêntricas OFITE MODEL 900. O viscosímetro opera com rotações de
até 600rpm. No presente trabalho operou-se de 1 a 600 rpm. Cada rotação imposta
representa uma taxa de cisalhamento (Tabela 8).
44

Os valores de taxa de cisalhamento correspondentes a rotações selecionadas no


viscosímetro foram calculadas com base na geometria do aparelho OFITE MODEL
900 e estão disponíveis no manual do equipamento.

Tabela 8: Rotações e taxas de cisalhamento utilizado no reômetro OFITE MODEL 900.


-1 -2
rpm Taxa (s )*10

1 1,70
2 3,40
3 5,11
6 10,21
10 17,02
20 34,05
30 51,07
60 102,14
100 170,23
200 340,46
300 510,69
400 680,92
600 1021,38

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.4.3 Tamanho e distribuição de gotas

Para analisar a distribuição do tamanho de gotas utilizou-se um Microscópio


ótico Eum 2000 series com câmera (dino eye) acoplada. Para cada triplicata foram
analisadas dez imagens totalizando 30 fotos de cada condição experimental. Na
Figura 8tem-se uma foto de uma miscroscopia como exemplo da visualização do
tamanho de gotas obtido nos experimentos. As mesmas foram analisadas com o
auxílio do programa Image J © para realizar a sua contagem. A calibração do
programa foi realizada com o auxilio de uma lamina Neubaer.

O procedimento seguido foi o descrito por Salager (2009) onde 500 gotas
foram analisadas para a determinação da distribuição do tamanho de gotas e do
diâmetro médio das gotas ou diâmetro de Sauter ( d 32 ) (Equação 1).
45

Figura 8: Imagem de fotomicroscópia. Laboratório de Petróleo e Gás 1 – Prédio PPGEN –


CEUNES/UFES.

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.4.4 Condutividade

Para análise da condutividade o eletrodo do condutivímetro CG 1800 foi


inserido em 40 ml de emulsão. Após a estabilização das leituras, o que ocorreu em
cerca de 2 minutos, os dados foram coletados para análise.
No intuito de minimizar os erros de leitura da condutividade elétrica o eletrodo
do condutivímetro foi inserido em três diferentes alturas do béquer que continha a
emulsão. Isso foi realizado nos primeiros experimentos, como não diferiram do
medido em uma altura fixa.

5.4.5 Estabilidade da emulsão

A estabilidade das emulsões formadas foi analisada durante 14 dias. Para


quantificar o tempo de separação 50 ml da emulsão foram vertidos em uma proveta
de 50 ml. A estabilidade foi medida em intervalos de tempo pré-definidos analisando-
se o volume de água separado (v/v). Na Figura 9 (a e b) é possível se observar uma
46

emulsão estável (a) e uma emulsão com desestabilização (b). Observa-se em b um


volume de água já separado da emulsão.

Figura 9: Análise de estabilidade de emulsões. Laboratório de Petróleo e Gás 1 – Prédio PPGEN –


CEUNES/UFES.

Fonte: Elaborado pelo autor.


47

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados referentes as análises de


teste de gota, condutividade elétrica, estabilidade cinética e viscosidade de cada
emulsão preparada. Em seguida serão analisadas e discutidas a relações entre
variáveis e a análise estatística.

7.1 Teste de gota

O teste de gota foi realizado após o preparo de emulsão. Uma alíquota da


amostra foi coletada com pipeta pasteur e gotejada em um béquer com água (Figura
10). A dispersão da emulsão na fase aquosa indica a presença de uma estrutura do
tipo O/A, enquanto a não solubilidade da emulsão em água indica a presença de
uma estrutura do tipo A/O (BECHER, 1957). A Figura 10 (a) refere-se a emulsão
preparada com 20% água (m/m) e 0,5% de Span (m/m), enquanto a Figura 10 (b)
refere-se a emulsão preparada com 80% água (m/m) e 0,5% de Span (m/m). Pela
análise da Figura 10 é possível observar que em (a) a gota não se dissolve na água
de forma semelhante que em (b). Desta forma, e de acordo com os preceitos de
Becher (1957) a emulsão representada em (a) é do tipo A/O e a emulsão
representada em (b) é do tipo O/A.

. Na Tabela 9 estão descritos o resultado do teste de gota para todos os


experimentos realizados (EM1, EM2, EM3, EM4, EM5, EM6, EM7, EM8, EM9,
EM10, EM11, EM12, EM13, EM14, EM15, EM16, EM17, EM18, EM19 e EM20) e,
destaca-se em azul o tipo de emulsão resultante. Observa-se a relação direta entre
o teor de água e a classificação da emulsão, ou seja emulsões com baixo teor de
água (20 e 30 % m/m) apresentam estrutura do tipo A/O, enquanto emulsões com
teor de água intermediário (50 % m/m) ou elevado (70 e 80%) apresentam estrutura
do tipo O/A. Nenhum efeito da concentração de surfactante ou rotação foi avaliado
sobre o tipo de emulsão (A/O ou O/A). Vale lembrar que o teste de gota é qualitativo,
e que a estrutura da emulsão será confirmada pelo teste de condutividade.
48

Figura 10: Teste de gota realizado, A) A/O (água em óleo), B) O/A (óleo em água).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 9: Resultado do teste de gota realizado.

EMULSÃO % Água Rotação % Span80 Tipo de emulsão


EM1 80 10.000 1,0 O/A
EM2 70 10.000 1,0 O/A
EM3 50 10.000 1,0 O/A
EM4 30 10.000 1,0 A/O
EM5 20 10.000 1,0 A/O
EM6 80 10.000 0,5 O/A
EM7 70 10.000 0,5 O/A
EM8 50 10.000 0,5 O/A
EM9 30 10.000 0,5 A/O
EM10 20 10.000 0,5 A/O
EM11 80 15.000 1,0 O/A
EM12 70 15.000 1,0 O/A
EM13 50 15.000 1,0 O/A
EM14 30 15.000 1,0 A/O
EM15 20 15.000 1,0 A/O
EM16 80 15.000 0,5 O/A
EM17 70 15.000 0,5 O/A
EM18 50 15.000 0,5 O/A
EM19 30 15.000 0,5 A/O
EM20 20 15.000 0,5 A/O
Fonte: Elaborado pelo autor.

7.2 Análise da condutividade elétrica

Para análise da condutividade elétrica das emulsões a apresentação dos


resultados foi dividida conforme o cisalhamento imposto e a fração de emulsificante
utilizada. Desta forma, serão apresentados os resultados para as emulsões de EM1
a EM5, que representam emulsões preparadas com velocidade angular de 10.000
49

rpm e 1% de Span 80 em sua composição; EM6 a EM10, representam emulsões


preparadas com mesma taxa de cisalhamento mas com 0,5% de Span 80; EM11 a
EM15, que representam emulsões preparadas com velocidade angular de 15.000
rpm e 1% de Span 80 em sua composição e EM 16 a EM20 que representam
emulsões preparadas com a mesma taxa de cisalhamento mas com 0,5% de Span
80.

A variação do valor da condutividade foi calculada de acordo com a equação


7 (erro relativo), sendo que uma elevada variação deste valor pode indicar uma
região de inversão de fase (A/O para O/A), auxiliando na análise dos resultados do
teste de gota.

r (μS/cm) /% água (7)

onde catual é o valor atual da condutividade e canterior é o valor da condutividade com a


% água anterior (inferior).

Na Tabela 10 e na Figura 11 estão apresentados os resultados da média das


triplicatas e do erro padrão da condutividade das emulsões contendo 1% (m/m) de
Span 80 e homogeneizadas a 10.000 rpm (EM1 a EM5) e 15.000 rpm (EM11 a
EM15). Observou-se que a maior alteração de condutividade ocorreu entre 30-50%
(m/m) com 2,65 μS/cm / % água que fica entre a EM3 e EM4 e 1,92 μS/cm / % agua
que fica entre a EM13 e EM14 onde Honse, et al. (2018) pôde verificar essa região
de inversão da emulsão de acordo com o seu trabalho, o que evidencia uma região
de inversão de fases e que pode ser corroborada com os resultados do teste de gota
apresentados na Tabela 9.
50

Tabela 10: Análise de condutividade para emulsões 10.000 rpm e 15.000 rpm - 1,0% Span80
(m/m), com diferentes percentagens de água.

% água Condutividade (μS/cm) T (°C) % água Equação 7

EM1 80 152,2 24,1 70-80 2,36


EM2 70 128,26 19,8 50-70 1,44
EM3 50 99,4 20,2 30-50 2,65
EM4 30 46,4 24,3 20-30 2,12
EM5 20 25,2 24,3 - -
EM11 80 125,03 19,7 70-80 1,31
EM12 70 111,90 25,6 50-70 1,19
EM13 50 87,93 25,4 30-50 1,92
EM14 30 49,43 25,4 20-30 0,43
EM15 20 45,12 19,7 - -
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 11: Análise de condutividade para emulsões 10.000 RPM e 15.000 rpm - 1,0% Span80 (m/m),
com diferentes percentagens de água (EM1 – EM5: linha azul, EM6 – EM10: linha vermelha).

180

160

140
Condutividade (mS/cm)

120

100

80

60

40

20

0
80 70 50 30 20
% de água

Fonte: Elaborado pelo autor


51

As emulsões compostas por 0,5 % (w/w) de Span 80 se comportaram de


maneira semelhante. De acordo com a Tabela 11 e a Figura 12, identifica-se que a
inversão de fase das emulsões compostas por 0,5% de Span 80 das emulsões EM6
a EM10 e da EM16 a EM20 que foram realizadas a 10.000 rpm e 15.000 rpm
respectivamente, observou-se que a maior alteração de condutividade ocorreu entre
30-50% (m/m) com 1,74 μS/cm / % água que fica entre a EM8 e EM9, e que pode
ser corroborada com os resultados do teste de gota apresentados na Tabela 9.

A maior alteração de condutividade das emulsões preparadas com 0,5%


(w/w) Span 80 e homogeneizadas a 15.000 (EM 16 a EM20) ocorreu entre 80%-70%
(m/m), com 6,9 μS/cm / % água, ou seja entre a EM16 e EM17. Tal resultado difere
do resultado do teste de gotas, e do que foi encontrada nas emulsões com a mesma
porcentagem de Span 80 (m/m), apenas alterando a rotação, assim, a região onde a
emulsão é invertida será mostrado pela intersecção entre as curvas de viscosidade e
condutividade que ocorreu entre 30-50% (m/m), mostrada na Figura 35.

Tabela 11: Análise de condutividade para emulsões 10.000 RPM e 15.000 rpm – 0,5%
Span80 (m/m), com diferentes percentagens de água.

% água Condutividade (μS/cm) T (°C) % água Equação 7

EM6 80 120,89 24,8 70-80 1,11


EM7 70 109,7 24,7 50-70 0,64
EM8 50 96,76 24,2 30-50 1,74
EM 9 30 61,93 24,3 20-30 0,65
EM10 20 55,4 25,0 - -
EM16 80 128,17 24,5 70-80 6,90
EM17 70 59,13 24,2 50-70 0,61
EM18 50 46,76 24,4 30-50 0,64
EM19 30 33,36 24,9 20-30 3,03
EM20 20 3,03 14 - -
Fonte: Elaborado pelo autor
52

Figura 12: Análise de condutividade para emulsões 10.000rpm e 15.000 rpm – 0,5% Span80
(m/m), com diferentes percentagens de água (EM11 – EM15: linha azul, EM16 – EM20: linha
vermelha).

160

140
Condutividade (mS/cm)

120

100

80

60

40

20

0
80 70 50 30 20
% de água
Fonte: Elaborado pelo autor

7.3 Análise de estabilidade cinética

Todas as emulsões não apresentaram separação de fases durante um


período de tempo de duas horas após a produção. Para emulsões com maiores teor
de água, ou seja, emulsões do tipo O/A (EM1, EM2, EM3, EM6, EM7 e EM8), as
Figura 13 e 14 mostram que foram necessários pelo menos 24 horas para
desestabilização. Já emulsões com menor percentagem de água (EM4, EM5, EM9 e
EM10), ou seja, as emulsões A/O, demoraram em torno de dois a sete dias para
apresentar separação de fases. Além disso, somente a emulsão EM10 permaneceu
estável durante toda o período de análise, ou seja, 14 dias (Figura 14).

O volume separado aumentou com o teor de água nas emulsões, variando de


3ml para EM5 e 0ml para EM10 até 33 ml na EM1 e 35ml na EM6. Desta forma, as
emulsões mais estáveis foram aquelas que apresentavam menor teor de água, ou
53

seja emulsões do tipo A/O, provavelmente devido à natureza lipofílica (propriedades


de estabilizar emulsões A/O).do surfactante Span 80.

Dentre as emulsões preparadas com 10.000 rpm, os sistemas contento maior


concentração de surfactante (1% Span 80) tendeu a apresentar menor separação de
fases do que as emulsões contendo 0,5% de surfactante, exceto a emulsão A/O
contendo 20% de água.

Figura 13: Analise da estabilidade EM1, EM2, EM3, EM4, EM5 - 10.000 RPM - 1,0% Span80.

35

30
% Água decantada

25

20 EM1 (80/20)
EM2 (70/30)
15
EM3 (50/50)

10 EM4 (30/70)
EM5 (20/80)
5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 11 12 13 14
Tempo de separação (dias)

Fonte: Elaborado pelo autor.


54

Figura 14: Analise da estabilidade EM6, EM7, EM8, EM9 e EM10 - 10.000 RPM – 0,5% Span80.

40

35

30

25
% Água decantada

EM6 (80/20)
20 EM7 (70/30)

15 EM8 (50/50)
EM9 (30/70)
10
EM10 (20/80)
5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 11 12 13 14
Tempo de separação (dias)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quando submetidas a maior rotação (Figura 15 e 16), as emulsões se


tornaram mais estáveis. Por exemplo, emulsões com mesma porcentagem de água
que se desestabilizaram em 24 horas quando cisalhadas a 10.000 rpm (EM3 e
EM4), demoram cerca de três ou quatro dias quando homogeneizadas a 15.000
rpm (EM13 e EM 14)

Avaliando o efeito da concentração de Span 80 nas emulsões


homogeneizadas a 15.000 rpm (Figura 15 e 16), nota-se que as emulsões O/A com
menor teor de surfactante se desestabilizaram mais rapidamente que são emulsões
do tipo O/A com maior teor de surfactante, ou seja, as emulsões EM11, EM12 e
EM13 que demoraram de 24 horas até 72 horas, com as emulsões EM16, EM17 e
EM18 que demoraram 24 horas ou 48 horas. Já as emulsões com menor
porcentagem de água que são as emulsões do tipo A/O, demoraram pelo menos
seis ou sete dias. Uma emulsão permaneceu estável durante toda a analise (EM 20).
55

Figura 15: Analise da estabilidade EM11, EM12, EM13, EM14, EM15 - 15.000 RPM – 1% Span80.

35

% Água decantada 30

25

20 EM11 (80/20)
EM12 (70/30)
15
EM13 (50/50)

10 EM14 (30/70)
EM15 (20/80)
5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 11 12 13 14
Tempo de separação (dias)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 16: Analise da estabilidade EM16, EM17, EM18, EM19, EM20 - 15.000 RPM – 0,5% Span80.

35

30
% Água decantada

25

20 EM16 (80/20)
EM17 (70/30)
15
EM18 (50/50)

10 EM19 (30/70)
EM20 (20/80)
5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 11 12 13 14
Tempo de separação (dias)

Fonte: Elaborado pelo autor.

O volume de fases separada após 14 dias foi pouco alterada com a mudança
da porcentagem de surfactante, sendo observada uma tendência de maior
instabilidade nas emulsões com menor teor de surfactante, principalmente nas
emulsões O/A. Esta diferença é apenas observada nas emulsões EM12 e EM13,
que comparadas com as emulsões de mesma porcentagem de água (m/m) e mesma
56

rotação (EM17 e EM18), demoraram cerca de três dias para desestabilizar


totalmente, enquanto as emulsões EM17 e EM18 demoraram apenas dois dias. Já
nas outras emulsões é possível observar separação nas primeiras horas, analisando
os gráficos em dias não foi possível notar diferença significativa, isto pode ter
acontecido, pois a porcentagem de surfactante aumentada não tenha sido suficiente
para cobrir a interface óleo/água formando filmes que reduzem a tensão interfacial e
evitam a coalescência das gotas (KOKAL, 1999).

Comparando emulsões de mesma composição homogeneizadas em rotações

diferentes, observa-se que as emulsões preparadas em maior rotação (15.000 rpm)

demoraram mais tempo para desestabilizar. O aumento da velocidade do processo

de homogeneização viabiliza a produção de emulsões com menor tamanho de gota,

aumentando sua estabilidade cinética (VAN DER ZANDE et al., 2000).

7.4 Análise do comportamento reológico

As emulsões foram avaliadas em diferentes taxas de cisalhamento, sendo


obtidas as curvas de escoamento (tensão de cisalhamento versus taxa de
cisalhamento), sendo avaliado o ajuste dos modelos de fluido Newtoniano,
Pseudoplástico, Dilatante e Plástico de Bingham (Figura 19) ao dados.
57

Figura 17: Curvas de tensão de cisalhamento X taxa de cisalhamento de diferentes tipos de fluidos.

Fonte: Modificado de Shramm (1992).

As curvas de escoamento foram plotadas nas Figuras 18, 19, 20 e 21,


enquanto as equações das retas, juntamente com o R² de todas essas curvas está
sendo mostrado nas Tabelas 12, 13, 14 e 15. Os modelos ajustados às curvas de
escoamento apresentaram R², em todas as 20 emulsões, entre 0,86 e 0,99. Com os
resultados encontrados foi possível indicar qual o comportamento das emulsões.

Observando a Tabela 12 e 14 e as Figuras 18 e 20 às emulsões com


porcentagem de água de 80%, 70% e 50% (m/m) (EM1, EM2, EM3, EM6, EM7,
EM8, EM11, EM12, EM13, EM16, EM17 e EM18), que são as emulsões do tipo O/A,
apresentaram um comportamento linear na curva de escoamento, ou seja, um
comportamento newtoniano, pois, a viscosidade permanece constante conforme é
aumentada a tensão de cisalhamento, e a tensão de cisalhamento é diretamente
proporcional à taxa de deformação.

Nas emulsões com frações de água de 20% e 30% (m/m) (EM4 e EM5, EM9,
EM10, EM14, EM15, EM19 e EM20), que são as emulsões do tipo A/O, apresentam
características de fluidos com comportamento não newtoniano, o mesmo encontrado
por Ariffin (2017), pois não apresenta um comportamento linear, observando a curva
de escoamento (Figuras 19 e 21). De acordo com equação das curvas melhor
ajustadas (Tabelas 13 e 15), pode-se concluir que são fluidos pseudoplástico, ou
seja, em repouso, apresentam suas moléculas em um estado desordenado, e
58

quando submetidas a uma tensão de cisalhamento, suas moléculas tendem a se


orientar na direção da força aplicada. E quanto maior esta força, maior será a
ordenação e, consequentemente, menor será a viscosidade aparente.

Tabela 12: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões O/A, 10.000rpm -
EM1 (80/20), EM2 (70/30), EM3 (50/50) com 1 % de Span e com 0,5% de Span EM6 (80/20), EM7
(70/30) e EM8 (50/50).
Equação da curva de R² da curva de
escoamento escoamento
EM1 (80/20) y=0,0025x 0,995
EM2 (70/30) y=0,0059x 0,993
EM3 (50/50) y=0,0163x 0,995
EM6 (80/20) y=0,0031x 0,993
EM7 (70/30) y=0,0053x 0,998
EM8 (50/50) y=0,0126x 0,998
Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 18: Curva de Escoamento, para emulsões O/A, 10.000rpm - EM1 (80/20), EM2 (70/30), EM3
(50/50), EM6 (80/20), EM7 (70/30), EM8 (50/50).

EM1

18
EM2
EM3
16 EM6
EM7
14 EM8

12
Tensao de cisalhamento (Pa)

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Taxa de cisalhamento (1/s)

Fonte: Elaborado pelo autor


59

Tabela 13: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões A/O, 10.000rpm -
EM4 (30/70) e EM5 (20/80) com 1 % de Span e com 0,5% de Span EM9 (30/70) e EM10 (20/80).
Equação da curva de R² da curva de
escoamento escoamento
EM4 (30/70) 0,995
EM5 (20/80) 0,982
EM9 (30/70) 0,995
EM10 (20/80) 0,961
Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 19: Curva de Escoamento, para emulsões A/O, 10.000rpm - EM4 (30/70), EM5 (20/80), EM9
(30/70),EM10 (20/80).

EM4
EM5
200 EM9
EM10
180

160

140
Tensao de cisalhamento (Pa)

120

100

80

60

40

20

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Taxa de cisalhamento (1/s)

Fonte: Elaborado pelo autor


60

Tabela 14: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões O/A, 15.000rpm –
EM11 (80/20), EM12 (70/30) e EM13 (50/50) com 1 % de Span e com 0,5% de Span EM16 (80/20),
EM17 (70/30) e EM18 (50/50).
Equação da curva de escoamento R² da curva de escoamento
EM11 (80/20) y=0,0041x 0,993
EM12 (70/30) y=0,0050x 0,994
EM13 (50/50) y=0,0145x 0,999
EM16 (80/20) y=0,0021x 0,903
EM17 (70/30) y=0,0014x 0,886
EM18 (50/50) y=0,0092x 0,867
Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 20: Curva de Escoamento, para emulsões O/A, 15.000rpm – EM11 (80/20), EM12 (70/30),
EM13 (50/50), EM16 (80/20), EM17 (70/30), EM18 (50/50).

EM11
16 EM12
15 EM13
14 EM16
13 EM17
12 EM18
11
Tensao de cisalhamento (Pa)

10

9
8

6
5

4
3

2
1

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Taxa e cisalhamento (1/s)

Fonte: Elaborado pelo autor


61

Tabela 15: Equações das curvas de escoamento e o R² encontrado para emulsões A/O, 15.000rpm –
EM14 (30/70) e EM15 (20/80) com 1 % de Span e com 0,5% de Span EM19 (30/70) e EM20 (20/80).
Equação da curva de escoamento R² da curva de escoamento
EM14 (30/70) 0,994
EM15 (20/80) 0,984
EM19 (30/70) 0,994
EM20 (20/80) 0,900
Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 21: Curva de Escoamento, para emulsões A/O, 15.000rpm – EM14 (30/70), EM15 (20/80),
EM19 (30/70),EM20 (20/80).

200 EM14
EM15
180 EM19
EM20
160

140

120
Tensao de cisalhamento (Pa)

100

80

60

40

20

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Taxa de cisalhamento (1/s)

Fonte: Elaborado pelo autor

Para confirmar o comportamento não-newtoniano das emulsões, estas foram


avaliadas no equipamento Brookfield Viscosimeter, onde é possível manter a
temperatura constante. Foi encontrado o mesmo comportamento o pseudoplástico.
Este viscosímetro trabalha na faixa de 0 a 200 rpm, enquanto o OFFITE MODEL 900
trabalha na faixa de 0 a 600 rpm.

Nas Tabelas 16 e 17 estão listadas as condições dos experimentos, a média


da viscosidade a 1021,38 (s-1)*10-2 e o comportamento reológico.
62

A viscosidade (µ (Pa.s)) das emulsões são muito próximas quando possuem


80%, 70% e 50% de água (emulsões do tipo O/A), mesmo variando a rotação no
homogeneizador e a porcentagem de Span 80 e, também apresentam viscosidades
menores comparadas com as emulsões A/O.

Já emulsões com uma porcentagem menor de água (20% e 30%) apresentaram


características deferenciadas de acordo com a rotação no homogeneizador e a
porcentagem de Span 80, além de apresentaram viscosidades maiores, já que são
do tipo A/O.

É possível observar que quanto maior a homogeneização, mais viscosa a


emulsão será. Isso ocorre, pois emulsões preparadas em maiores rotações tendem
a apresentar menores tamanhos de gotas, com maior superfície de contato que
resultam em uma maior resistência ao escoamento, ou seja, maior viscosidade.
63

Tabela 16: Comportamento reológico das emulsões homogeneizadas a 10.000 rpm.

Emulsão % Água % Span80 T (°C) µ (Pa.s) Comportamento

EM1 80 1,0 25,4 2,47 Newtoniano

EM2 70 1,0 22,7 5,83 Newtoniano

EM3 50 1,0 22,8 15,83 Newtoniano

EM4 30 1,0 25,5 31,73 Pseudoplástico

EM5 20 1,0 25,3 70,73 Pseudoplástico

EM6 80 0,5 25,3 3,13 Newtoniano

EM7 70 0,5 25,4 5,36 Newtoniano

EM8 50 0,5 25,7 12,1 Newtoniano

EM9 30 0,5 26,0 167,9 Pseudoplástico

EM10 20 0,5 25,4 111,6 Pseudoplástico

Fonte: Elaborado pelo autor.


64

Tabela 17: Comportamento reológico das emulsões homogeneizadas a 15.000 rpm.

Emulsão % Água % Span80 T (°C) µ (Pa.s) Comportamento

EM11 80 1,0 23,4 4,22 Newtoniano

EM12 70 1,0 26,7 5,2 Newtoniano

EM13 50 1,0 27,0 14,56 Newtoniano

EM14 30 1,0 26,8 60,26 Pseudoplástico

EM15 20 1,0 23,1 127,9 Pseudoplástico

EM16 80 0,5 28,9 2,7 Newtoniano

EM17 70 0,5 26,7 3,8 Newtoniano

EM18 50 0,5 26,4 11,76 Newtoniano

EM19 30 0,5 26,8 46,7 Pseudoplástico

EM20 20 0,5 26,7 153,45 Pseudoplástico

Fonte: Elaborado pelo autor.

7.5 Tamanho e distribuição de Gotas

A distribuição do tamanho de gotas estão apresentadas na Figura 22 que


apresenta as emulsões do tipo O/A e a Figura 23 que apresenta as emulsões do tipo
A/O enquanto o diâmetro de Sauter das gotas imediatamente após a
homogeneização está apresentado nas Tabela 18.
65

As emulsões apresentam gotas polidispersas, com maior frequência de gotas


menores, e menor frequência de gotas maiores. Este comportamento é mais intenso
nas emulsões preparadas a 10.000 rpm, sendo que a polidispersão foi
substancialmente reduzida com o incremento da concentração de surfactante e
principalmente nas emulsões preparadas a 15000 rpm, tendendo à distribuição
monodispersas.

As emulsões com 1% (m/m) Span 80 preparadas a 10.000 rpm


apresentaram gotas variando entre 1 e 95 m. Já as emulsões com 0,5% Span 80 e
preparadas a 10.000 rpm apresentaram gotas maiores, sendo que as emulsões A/O
apresentaram gotas entre 7 e 95 m, enquanto as emulsões O/A apresentaram
gotas entre 13 e 95 m.

As emulsões preparadas com 1% de Span 80 e 15.000 rpm apresentaram


gotas entre 0,1µm até 30µm, com a maior frequência entre 5µm e 13µm. Já as
emulsões com 0,5% Span e preparadas a 15000 rpm apresentaram gotas entre 1µm
e 30µm, com a maior frequência entre aproximadamente 2µm e 11 nas emulsões
O/A e entre 2 e 7µm nas emulsões A/O.

Além disso, as emulsões do tipo O/A (Figura 22) apresentam maior


polidispersidade que as emulsões A/O (Figura 23), sendo observado uma maior
frequência de gotas de menor diâmetro nas emulsões A/O, o que esta associado ao
elevados valores de viscosidade das emulsões A/O.

.
66

Figura 22: Distribuição e Tamanho de Gotas (DTG) das emulsões do tipo O/A. a) rotação de
10.000rpm e b) rotação de 15.000 rpm.

a)

b)
Diâmetro de gotas (μm)

Fonte: Elaborado pelo autor.


67

Figura 23: Distribuição e Tamanho de Gotas (DTG) das emulsões do tipo A/O. a) rotação de
10.000rpm e b) rotação de 15.000 rpm.

a)

b)
Diâmetro de gotas (μm)
Fonte: Elaborado pelo autor.
68

O diâmetro de gota médio é apresentado na Tabela 16. As emulsões


preparadas com rotações maiores (15.000 rpm) apresentaram diâmetro médio de
gotas menores se comparadas com as emulsões feitas a 10.000 rpm. Já a maioria
das emulsões A/O apresentou diâmetro médio de gotas menores, o que está
associado à elevada viscosidade apresentada, e também explica a maior
estabilidade cinética destas emulsões, pois menores tamanho de gotas diminuem os
fenômenos de desestabilização.

A relação entre a viscosidade e a distribuição do tamanho de gotas está


associada ao fato de partículas de pequenos diâmetros tenderem a se comportarem
como sólidos, conforme descrito pela equação de Stokes. Neste caso, para um
mesmo volume, as emulsões formadas por partículas de pequeno diâmetro
apresentam um maior numero de partículas quando comparadas com emulsões de
diâmetros maiores. Desta forma, a relação área/volume é maior, o arrasto sofrido
pelas gotas é maior e consequentemente a viscosidade é maior.

A porcentagem de Span 80 pouco influenciou no diâmetro de Sauter (d32)


das gotas nas emulsões realizadas em 10000rpm, as emulsões O/A apresentam
maior diâmetro com a redução do teor de surfactante, enquanto as emulsões A/O
apresentam diâmetros semelhantes, entretanto as emulsões realizadas com 15.000
rpm e 0,5% de Span 80 apresentam maiores diâmetro de gotas chegando a ter o
dobro do diâmetro quando comparadas com as emulsões de 15000 rpm e 1% de
Span 80, como observado no trabalho realizado por Kole (2017) que aumentou a
porcentagem de Span 80 e verificou que este aumento faz com que as gotas das
emulsões sejam menores.
69

Tabela 18: Diâmetro de Sauter (d32) de 500 gotas de cada emulsão realizada no Image J.

Rot. Diâmetro de Sauter (d32)


Nº Emulsão % Água % Span80
(rpm) em µm
1 EM1 80 10.000 1,0 48,47
2 EM2 70 10.000 1,0 57,30
3 EM3 50 10.000 1,0 54,89
4 EM4 30 10.000 1,0 58,63
5 EM5 20 10.000 1,0 50,62
6 EM6 80 10.000 0,5 53,42
7 EM7 70 10.000 0,5 58,11
8 EM8 50 10.000 0,5 61,45
9 EM9 30 10.000 0,5 54,70
10 EM10 20 10.000 0,5 44,15
11 EM11 80 15.000 1,0 20,75
12 EM12 70 15.000 1,0 20,34
13 EM13 50 15.000 1,0 19,93
14 EM14 30 15.000 1,0 18,85
15 EM15 20 15.000 1,0 20,08
16 EM16 80 15.000 0,5 43,87
17 EM17 70 15.000 0,5 42,70
18 EM18 50 15.000 0,5 47,50
19 EM19 30 15.000 0,5 34,06
20 EM20 20 15.000 0,5 36,00
Fonte: Elaborado pelo autor.

7.6 Comparação entre as variáveis respostas

Embora as análises tenham sido feitas e apresentadas de forma separada


não é possível concluir sobre o comportamento de emulsões sem antes
correlacionar cada variável analisada.

Todas as observações com relação as emulsões do tipo O/A devem


considerar a natureza do emulsificante empregado: lipofílico. Este emulsificante não
é adequado para este tipo de emulsão e esse fato foi claramente refletido nos
resultados. Observou-se que essas emulsões foram as mais instáveis, com tempo
de separação inferior àquelas do tipo A/O. Consequência de sua instabilidade foram
observadas curvas de distribuição do tamanho de gotas com elevada
polidispersidade e diâmetro de Sauter. Como a relação entre o diâmetro da gota e a
viscosidade estão relacionados, emulsões com os maiores diâmetros apresentaram
os menores valores de viscosidade. O aumento da estabilidade pode ser atribuído a
esta elevada viscosidade encontrada em emulsões com gotas de tamanhos
70

pequenos, (Becher, 2001). Devido a fase contínua destas emulsões valores mais
elevados de condutividade foram observados quando comparados com os valores
encontrados para as emulsões do tipo A/O.

Figura 24: Relação entre as variáveis respostas para as emulsões O/A.

Condutividade maior

Menor estabilidade

Emulsões O/A

80/20 70/30 50/50


Menor Viscosidade

Tamanho de gotas
tende a ser maior

Fonte: Elaborado pelo autor

Os resultados obtidos para as emulsões do tipo A/O evidenciaram as


relações entre as variáveis contando com a estabilização causada pelo agente
emulsificante. Foram as emulsões que demonstraram maior estabilidade cinética,
menor diâmetro de Sauter e distribuições de tamanho de gotas monodispersos. Os
resultados apresentados na Tabela 18 deixam mais evidente a influência da
intensidade do cisalhamento imposto quando a emulsão foi preparada a uma
velocidade angular de 10.000rpm em comparação a 15.000rpm. O trabalho de
Hassan et al. (2010) corrobora com os resultados acima uma vez que os autores
observaram que emulsões do tipo A/O são mais viscosas e possuem gotas de
menor diâmetro.
71

Figura 25: Relação entre as variáveis respostas para as emulsões A/O.

Condutividade menor

Maior estabilidade

Emulsões A/O

30/70 20/80
Maior Viscosidade

Tamanho de gotas
tende a ser menor

Fonte: Elaborado pelo autor

As Figuras 32, 33, 34 e 35 realizam uma comparação entre as variáveis


resposta tamanho de gotas, viscosidade e condutividade, variando a porcentagem
de água de 20 a 80% (m/m). Pode-se observar que a viscosidade aumenta conforme
a porcentagem de água da emulsão é reduzida. Já a condutividade é inversamente
proporcional a viscosidade, diminuindo conforme a porcentagem de água cai. O
ponto em que ambas curvas se interceptam ocorre sempre entre 50 e 30% (m/m)
agua, região identificada como inversão de fases (O/A para A/O). Essa relação entre
viscosidade e condutividade é muito interessante e pode ser estudada com o
objetivo de auxilio em questões de transporte, aumentando a condutividade (seja
com a adição de íons presente em sais) com o objetivo de inverter as emulsões de
A/O para O/A diminuindo assim a viscosidade da emulsão facilitando o transporte
destas para a refinaria (HASAN. et al, 2010).

Já a variável resposta tamanho de gotas pouco foi alterada conforme a


diferença de porcentagem de água. Vale ressaltar que as emulsões com 1% Span
80 e preparadas a 15.000rpm (Figura 34) apresentaram tamanho médio de gotas
substancialmente menor (em torno de 20µm) quando comparadas com as outras
variações no tamanho de gotas que ficam entre 45 e 55µm (Figura 32, 33 e 37).
72

Figura 26: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de 10.000rpm e 1%
de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80% (m/m).

160
140
120
100
Condutividade
80
Viscosidade
60
40 Tamanho de gotas
20
0
80 70 50 30 20

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 27: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de 10.000rpm e
0,5% de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80% (m/m).

200

150

Condutividade
100
Viscosidade
50 Tamanho de gotas

0
80 70 50 30 20

Fonte: Elaborado pelo autor


73

Figura 28: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de 15.000rpm e 1%
de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80% (m/m).

140
120
100
80 Condutividade
60 Viscosidade
40 Tamanho de gotas
20
0
80 70 50 30 20

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 29: Comparação entre as variáveis respostas das emulsões com rotação de 15.000rpm e
0,5% de Span 80 (m/m), variando a porcentagem de água de 20% a 80% (m/m).

160
140
120
100
Condutividade
80
Viscosidade
60
40 Tamanho de gotas
20
0
80 70 50 30 20

Fonte: Elaborado pelo autor


74

8 ANALISE ESTATÍSTICA

O planejamento experimental do tipo fatorial foi analisado com o auxílio


do Software Statistica. A análise foi realizada a partir do Quadro 4, onde (1) (água),
(2) (rotação) e (3) (Span) são os fatores independentes que foram variados em dois
níveis de acordo com o planejamento, enquanto as variáveis respostas foram a
viscosidade, o tamanho de gotas e a condutividade. O tratamento dos dados
experimentais foi realizado através da análise de uma tabela de estimativa de efeitos
que apresentaram p valor menor do que 5%.

Quadro 4: Resultados do planejamento experimental realizado, fatores, níveis e variáveis respostas.

Variáveis independentes Variáveis Resposta


(1) (3)
(2) Viscosidade Tamanho de Condutividade
Rodada (%
(Rotação) (Span (cP) gotas (mm) (μS/cm)
agua) 80)
1 20 10000 0,5 111,6 44,15 55,4
2 80 10000 0,5 3,13 53,42 120,89
3 20 15000 0,5 153,45 36 3,03
4 80 15000 0,5 2,7 43,87 128,17
5 20 10000 1 70,73 50,62 25,2
6 80 10000 1 2,47 48,47 152,2
7 20 15000 1 127,9 20,08 45,12
8 80 15000 1 4,22 20,75 125,03
Fonte: Elaborado pelo autor.

8.1 Variável resposta: Tamanho de Gotas

A Tabela 19 com um R² igual a 0,9979 mostra o efeito das variáveis


independentes e a interação de cada fator na variável resposta tamanho de gotas
em uma emulsão para um p valor menor do que 5%. A rotação é o fator que
apresenta maior influência sobre o tamanho de gotas, sendo que, quanto maior a
rotação menor o tamanho das gotas, mostrando que o incremento de energia no
processo de homogeneização aumentou a taxa de quebra das gotas das emulsões.
75

Na sequencia de importância de quais variáveis influenciaram mais na


variável resposta, a interação entre a rotação e a porcentagem de Span 80 seguida
da concentração de surfactante mostraram efeito negativo sobre o tamanho de
gotas, Este efeito pode ser também observado na Figura 36, onde quanto maior a
rotação e maior a quantidade de Span 80 menor será o tamanho de gotas. Assim,
pode ser constatado que o aumento da rotação aumentou a taxa de quebra de
gotas, e o aumento da concentração de surfactante foi importante na estabilização
das gotas e na redução da taxa de coalescência das gotas, resultados em emulsões
com menores diâmetros de gotas.

A interação entre a porcentagem de água (m/m) e a concentração de Span


80 apresentou um pequeno efeito negativo sobre o tamanho de gotas. De acordo
com a Figura 37, quanto maior a porcentagem de água e maior a concentração de
Span, menor o tamanho de gota. Por outro lago, a variável concentração de água
mostrou um pequeno efeito positivo sobre o tamanho de gotas, ou seja, quanto
maior a quantidade de água, maior será o tamanho de gotas. Esse efeito pode ser
explicado pela presença de uma maior quantidade de gotas dispersas com o
aumento da concentração de água em emulsões do tipo O/A, aumentando assim a
taxa de colisão e consequentemente de coalescência entre as gotas, aumentando o
tamanho destas.

Tabela 19: Estimativa de efeitos, para emulsões A/O e O/A baseados nos dados do Quadro 4.

Efeito p
Interação 39,6700 0,000098
(1) % agua 3,9150 0,038123
(2) Rotação -18,9900 0,001714
(3) Span 80 -9,3800 0,006968
(1) com (3) -4,6550 0,027420
(2) com (3) -10,1400 0,005971
Fonte: Elaborado pelo autor

Pela tabela de coeficiente de regressão gerado pelo Statistica foi obtida a


Equação 8, que relaciona o tamanho de gotas com as variáveis independentes.

– (8)
76

Figura 30: Gráfico de superfície.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 31: Gráfico de superfície.

Fonte: Elaborado pelo autor


77

8.1 Variável resposta: Viscosidade

A Tabela 20 mostra o efeito e a interação de cada fator na variável resposta


viscosidade para um p valor menor do que 5%. Os resultados apresentaram R² igual
a 0,99794. Pode-se observar que a porcentagem de água apresentou um elevado
efeito negativo sobre a viscosidade. Emulsões com maior porcentagem de água
apresentaram estrutura do tipo O/A, onde a fase contínua é formada por água,
componente de menor viscosidade, resultando em emulsões de menor viscosidade
que emulsões do tipo A/O. Este comportamento também foi observado por Hassan,
et al. (2010).

Em seguida, a rotação apresentou influencia positiva na viscosidade, ou seja,


quanto maior a rotação, maior a taxa de quebra de gotas, gerando gotas de tamanho
reduzido com maior área interfacial total e com maior probabilidade de interações
entre as gotas. Tal sistema resultou em um aumento da resistência ao escoamento,
ou seja, maior viscosidade. Segundo Kokal (2002), a distribuição do tamanho de gotas
exerce influência na viscosidade da emulsão, ou seja, apresentam-se mais viscosas quando
as gotas são de menor tamanho e também quando o módulo de distribuição é estreito, ou
seja, com tamanhos de gotas mais uniformes. A Figura 38 ilustra estes efeitos,
mostrando que quanto maior a rotação e menor a porcentagem de água, maior será
a viscosidade da emulsão.

A Figura 39 mostra o efeito negativo da interação entre a porcentagem de


água e a porcentagem de Span 80 sobre a viscosidade. Isoladamente, a
concentração de Span 80 também exerceu um efeito negativo sobre a viscosidade.
Span 80 é um surfactante lipofílico, ou seja, tem mais tendência em estabilizar
emulsões do tipo A/O, tendo mais afinidade com a fase oleosa, com isso, as
emulsões que possuem menor quantidade de água tendem a se formar mais
facilmente, diminuindo a coalescência das gotas de óleo e emulsões de maior
viscosidade
78

Tabela 20: Estimativa de efeitos, para emulsões A/O e O/A baseados nos dados do Quadro 4.

Efeito p
Interação 59,525 0,001054
(1) % agua -112,790 0,001174
(2) Rotação 25,085 0,022967
(3) Span 80 -16,390 0,051450
(1) com (2) -24,425 0,024180
(1) com (3) 16,820 0,049041
Fonte: Elaborado pelo autor

Pela tabela de coeficiente de regressão gerado pelo Statistica foi possível


gerar a equação (Equação 9) do tamanho de gotas que mostra o comportamento do
sistema para as emulsões A/O e O/A que foram realizadas.

– (9)

Figura 32: Gráfico de superfície.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 33: Gráfico de superfície


79

Fonte: Elaborado pelo autor

8.1 Variável resposta: Condutividade

A Tabela 21, com um R² igual a 0,89983, mostra o efeito e a interação de


cada fator na variável resposta condutividade para um p valor menor do que 5%.
Somente a concentração de água mostrou efeito sobre a condutividade, sendo este
efeito positivo. A água é responsável por conter íons que geram a condutividade
elétrica, apresentando maior condutividade que o óleo. Como apenas uma variável
apresentou efeito estatisticamente, a tabela de coeficiente de regressão apresentou
erro elevado gerando a Equação 10.

Tabela 21: Estimativa de efeitos, para emulsões A/O e O/A baseados nos dados do Quadro 4.

Efeito p
Interação 81,88000 0,000019
(1) % agua 99,38500 0,000327
Fonte: Elaborado pelo autor

(10)
80

9 CONCLUSÃO

A estabilidade da emulsão pouco foi alterada com a mudança da


porcentagem de surfactante, isto pode ter acontecido, pois a porcentagem de
surfactante utilizada não tenha sido suficiente para cobrir a interface da gota
gerando emulsões mais estáveis. Já aumentando a rotação do processo de
homogeneização, a emulsão demorou mais tempo para desestabilizar indo de
acordo com o que era esperado, pois o aumento da energia no processo produziu
gotas menores e mais estáveis.

As emulsões apresentaram dois tipos de comportamento reológico, o


newtoniano (emulsões do tipo O/A) e o não newtoniano classificado como
pseudoplástico (emulsões do tipo A/O). Emulsões homogeneizadas a 15000 rpm,
quando comparadas com 10000 rpm e a mesma percentagem de surfactante,
apresentaram maiores viscosidades, já a porcentagem de Span 80 não mostrou
efeito significativo na viscosidade das emulsões.

Conforme esperado, as emulsões mais viscosas apresentam estabilidade por


mais tempo. sendo estas as emulsões com baixa porcentagem de água (20% e 30%
(m/m)), estrutura do tipo A/O e condutividade elétrica mais baixa comparadas com
as emulsões com maior porcentagem de água. Já as emulsões menos viscosas,
com 80%, 70%, e 50% (m/m) de água, desestabilizaram mais rápido, apresentado
estrutura do tipo O/A e condutividade elétrica mais alta.

Através deste estudo foi possível observar uma relação importante entre as variáveis
respostas. A viscosidade é inversamente proporcional a condutividade, e o ponto
onde as curvas se interceptam em um gráfico das variáveis respostas versus
concentração de água é identificado como a região de inversão das emulsões do
tipo O/A para o tipo A/O. Está relação pode ser utilizada na caracterização das
emulsões para que o petróleo seja transportado em tubulações com a menor perda
de carga, auxiliando na identificação da inversão de fases, já que emulsões do tipo
O/A são menos viscosa que emulsões do tipo A/O.

A partir do planejamento fatorial de emulsões A/O e O/A, a variável resposta


tamanho de gotas sofre principal influência da rotação, sendo observado que quanto
81

maior a rotação menor o tamanho de gotas. A porcentagem de água é a variável


mais importante na resposta viscosidade, sendo observado que quanto maior
porcentagem de água menor a viscosidade), enquanto que a condutividade
apresentou efeito positivo sobre a viscosidate, ou seja,quanto maior a porcentagem
de água maior será a condutividade.

A compreensão da intensidade e da forma da interação entre as variáveis


pode ser descrita no trabalho e é parte fundamental do controle da produção e da
correta especificação e dimensionamento de equipamentos, redução de custos com
transporte e tratamentos.
82

10 TRABALHOS FUTUROS

As sugestões para trabalhos futuros são a utilização desse trabalho para


implementar um planejamento fatorial com composto central, para isso será
necessário realizar experimentos centrais aos realizados, para encontrar relações
não apenas linear.

A inversão proporcional entre viscosidade e condutividade onde o ponto de


inversão destas emulsões acontece quando as curvas destas se interceptam, podem
ser estudadas focando a parte do transporte de emulsões, por exemplos
adicionando sais (íons), aumentando a condutividade e consequentemente
abaixando a viscosidade.

Outra sugestão posterior a este trabalho, e com base neste, fazer a


caracterização com emulsões de petróleo bruto a analise e caracterização de
petróleo bruto é muito importante, visto que pode ser utilizado para a separação,
para o transporte, entre outros.
83

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por nunca ter me abandonado mesmo nos


momentos mais desesperados e por sempre ter me dado a força necessária para
vencer os obstáculos impostos a mim durante essa jornada.

Agradeço infinitamente a minha mãe Edina da Penha Thomazini Cordeiro, ao meu


pai José Luis Félix Cordeiro e a minha irmã, que mesmo estando longe, sempre me
deu força para que eu pudesse chegar à conclusão deste trabalho.

Agradeço a toda minha família e amigos que sempre estiveram presentes nessa
longa jornada e que nunca me deixaram desistir.

Agradeço profundamente a minha professora orientadora Dra. Ana Paula


Meneguelo, por sempre estar disposta a me receber e me apoiar em todos os
momentos, fornecendo as direções necessárias para a realização deste trabalho e
por confiar na minha capacidade.

Agradeço também ao professor Dr. Daniel da Cunha Ribeiro e a professora Dra.


Rejane de Castro e a Professora Dra. Maria de Fatima Pereira do Santos por
sempre esclarecer as dúvidas que surgiram, dando dicas sobre os caminhos a
serem seguidos e apoiando-me no desenvolvimento desse trabalho.

Sem vocês eu não teria chegado até aqui. Muito obrigado!

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