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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO


INSTITUIÇÃO: UFU/ FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA/ NUCOP

DISCENTE: ALDIMIRO PAIXÃO DOMINGOS

Uberlândia/MG

2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA


PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

ESTUDO DA RESISTÊNCIA HIDRÁULICA EM UM PROTÓTIPO COM E SEM


VÁCUO

Autor: Aldimiro Paixão Domingos

Relatório apresentado ao Colegiado do Curso de


Graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal de Uberlândia como parte
dos requisitos necessários à convalidação da
disciplina estágio Supervisionado em Engenharia
Química.

Uberlândia/MG

2018
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUBMETIDO AO COLEGIADO DO CURSO DE
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA CONVALIDAÇÃO DA
DISCIPLINA ESTÁGIO SUPERVISIONADO.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________
Prof. Dr. Rubens Gedraite
Orientador (FEQUI/UFU)

_____________________________________
Prof. Dr. Carlos Henrique Ataíde
(FEQUI/UFU)

_____________________________________
MSc. Vinícius Pimenta Barbosa
(PPGEQ/FEQUI/UFU)
SUMÁRIO

Motivação.................................................................................................................................p.5

Fundamentação teórica e revisão bibliográfica........................................................................p.6

Propriedades reológicas dos fluidos de trabalho......................................................................p.8

Classificação geral do comportamento reológico de fluidos...................................................p.9

Metodologia experimental.....................................................................................................p.10

Resultados obtidos e discussões.............................................................................................p.11

Conclusões.............................................................................................................................p.16

Agradecimentos.....................................................................................................................p.17

Referências Bibliográficas.....................................................................................................p.18
MOTIVAÇÃO

A ideia principal deste estudo foi realizar experimentos usando um protótipo


simplificado de separação sólido-líquido de forma a melhorar o entendimento no que tange a
resistência hidráulica exercida nos processos de escoamento, e desta forma tirar ilações que
nos permitissem entender melhor o funcionamento de uma peneira vibratória, visto que esta
última é um equipamento bastante usado em inúmeros processos da indústria química, em
particular a indústria petrolífera, onde a peneira é usada para a classificação e separação de
cascalhos de dimensões granulométricas diferentes de forma a aumentar a eficiência dos
equipamentos subsequentes.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O presente trabalho tem como principal objetivo proporcionar uma contribuição


quanto ao estudo do funcionamento de peneiras vibratórias, sendo necessário para isso
recorrer à busca de conceitos que nos remetem ao escoamento em meios porosos, isto devido
à possibilidade de serem feitas algumas analogias, desta forma podendo-se, então, fazer-se
possível a determinação experimental da resistência hidráulica oferecida ao escoamento do
fluido de trabalho em dependência da altura do leito de areia usado como meio de estudos.
Em detrimento dos experimentos realizados, verificou-se que é de fundamental importância o
conhecimento das características do leito, como por exemplo, sua permeabilidade, que é
definida como sendo uma “propriedade que o meio apresenta de permitir o escoamento de
água através dele, sendo o grau de permeabilidade expresso numericamente pelo coeficiente
de permeabilidade” (MARANGON, 2009).
De modo que os estudos quanto à resistência hidráulica fossem possíveis, fez
necessário também a associação de conceitos físicos, estes últimos que nos levaram a
determinação da relação matemática usada nos cálculos da resistência hidráulica oferecida
pelo sistema, podendo ser caracterizada com base nas premissas apresentadas em GARCIA
(2005) e AGUIRRE (2007), as quais estabelecem que a relação constitutiva que pode ser
empregada para calcular o valor do parâmetro em questão é diretamente proporcional ao nível
de líquido (ℎ𝑙 ) e inversamente proporcional à vazão mássica de passante (𝑚̇) que escoa
através do sistema, como é mostrado na equação (1).
ℎ𝑙
𝑅ℎ = (1)
𝑚̇
𝐶𝑚
Onde: 𝑅ℎ = 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑎 (𝑔∗𝑠−1 ) ; ℎ𝑙 = 𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑐𝑚); 𝑚̇ =
𝑔
𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑛𝑡𝑒 ( 𝑠 ).

Visando analisar a influência que a camada de leito proporciona ao escoamento de


fluidos devido às características de seu meio, isso de forma a contribuir para os estudos
realizados anteriormente em peneiras vibratórias, buscou-se correlacionar estudos feitos em
peneiras vibratórias e em um protótipo que permitiu, de forma consideravelmente simples,
inferir a resistência hidráulica imposta ao escoamento em um leito de areia.
Com base em projetos envolvendo peneiras vibratórias, verificou-se que ao ser
abastecido um fluido de perfuração no sistema supracitado, com ou sem variação na vazão
que alimenta a peneira, ocorre uma aglomeração de sólidos ao longo do tempo na tela da

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peneira, o que proporciona certa resistência ao escoamento deste fluido após certo tempo de
operação. Esta resistência hidráulica é tanto maior quanto mais viscoso for o fluido de
trabalho, isto porque a depender das características reológicas do fluido de trabalho, esta será
um fator que irá agregar de forma a aumentar a resistência ao escoamento deste mesmo
fluido. Estas características proporcionam uma conexão aos estudos realizados neste projeto
de estágio supervisionado.
BARBOSA (2018) estudou a influência de diferentes condições de operação sobre a
eficiência do processo de deságue, utilizando métodos de análise de imagem para caracterizar
o comportamento do material retido sobre a tela da peneira. MENEZES (2018) utilizou vácuo
para melhorar o processo de deságue do material sólido retido, adaptando uma bomba de
vácuo em protótipo de peneira vibratória.
Ao longo do estágio tentou-se alcançar resultados que mostrassem de que forma o
escoamento em um determinado meio era afetado, pela natureza do fluido e de diferentes
alturas de leito para o mesmo meio poroso. O meio poroso utilizado como meio de trabalho
para gerar a resistência ao escoamento foi a areia padronizada, cuja granulometria foi
previamente determinada por BARBOSA (2018). Esta apresentou as seguintes características:
(i)- densidade absoluta de 2,67 kg/L, medida através de método de picnometria por gás Hélio
e (ii)- foi preparada a partir de uma mistura de três porções mássicas iguais de areia média
grossa (#30), areia média fina (#50) e areia fina (#100). A mistura final continha uma
granulometria variando entre 90 e 1400μm, medida em peneiramento vibratório com
utilização de peneiras da série mesh Tyler AS 300 control da Retsch.

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PROPRIEDADES REOLÓGICAS DOS FLUIDOS DE TRABALHO

A fim de se fazer possível a realização destes estudos, foi utilizada água e goma
xantana (0,1% em massa). Quando fluidos newtonianos (Ex.: Água) são deformados, a tensão
de cisalhamento gerada é diretamente proporcional à taxa de deformação. A resistência que o
fluido oferece ao escoamento é caracterizada como a sua viscosidade newtoniana (µ), como
mostrado na equação (2):
𝜎 = 𝜇𝛾̇ (2)
Os fluidos newtonianos, por definição, possuem uma relação estritamente linear entre
tensão de cisalhamento e taxa de deformação, com a reta passando pela origem do gráfico
TONELI et. al. (2005) apud STEEFE (1996).

Gráfico 1: Representação gráfica do comportamento dos


fluidos newtonianos

Fonte:
http://www.proceedings.scielo.br/img/eventos/agrener/n4v1/018f02.gif,
Acesso em Agosto de 2018.
Onde:
𝜇 = 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑖𝑎𝑛𝑎 (𝑃𝑎. 𝑠)
𝜎 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑃𝑎)
𝛾̇ = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 (𝑠 −1 )

É sabido que não existem, naturalmente, fluidos perfeitos, ou ideais (sem viscosidade),
mas somente fluidos cujo comportamento se aproxima do newtoniano, como é o caso de
líquidos puros, soluções verdadeiras diluídas e poucos sistemas coloidais. Todos os fluidos
cujo comportamento não pode ser descrito pela equação (2) podem ser chamados de não
newtonianos (Ex.: Dispersão de goma xantana em água). O coeficiente de viscosidade (µ)
para esses fluidos não-newtonianos é chamado de viscosidade aparente ().

Define-se a viscosidade aparente como a viscosidade dependente da taxa de


deformação, de acordo com a equação (3).

̇
𝜎 = 𝜂(𝛾̇ )𝛾̇ (3)

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CLASSIFICAÇÃO GERAL DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE
FLUIDOS

Na figura 1 é apresentada a classificação do comportamento reológico dos fluidos


proposta por TONELI et. al. (2005) de acordo com os respectivos comportamentos
reológicos.

Figura 1: Classificação reológica dos fluidos

Fonte: Toneli et. al. (2005, p.184).

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METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Os experimentos foram realizados no protótipo em estudo, o qual é apresentado na


figura 2. Este se consistiu de um funil de Büchner de porcelana, um trecho reto de tubo de
PVC de 4 polegadas de diâmetro nominal (diâmetro interno de 10,1cm) e com uma altura de
18,3 cm montado na parte superior, tal que fosse possível garantir um nível adequado de
líquido sobre o conjunto formado pela tela de separação (que estava fixada entre o tubo de 4
polegadas e o funil), e o leito de material retido, um kitassato de 1000 mL, uma tela de 175
mesh de abertura, esta última com as mesmas características daquelas tipicamente utilizadas
em peneiras vibratórias, uma garra metálica e ainda de um suporte universal, como se pode
ver na figura abaixo.

Figura 2: Protótipo utilizado na determinação da resistência hidráulica.

Fonte: Elaboração pelo autor

Os experimentos para a determinação da resistência hidráulica foram realizados


fazendo-se análises da influência do meio poroso (areia) para o fluido formado pela mistura
de água e goma xantana, alterando a altura do leito. Os testes foram realizados todos à pressão
constante, o que foi possível mantendo a altura da coluna de fluido sempre constante. Foram
ainda realizados testes utilizando uma pressão de 6 cmHg abaixo da pressão absoluta com o
objetivo de verificar a influência do vácuo no deságue. Primeiramente pesava-se a areia, de
modo a se obter diferentes massas de areia as quais por sua vez proporcionaram diferentes
alturas do leito. Posteriormente a massa de areia pesada era transferida para o protótipo e
colocada por cima da tela de separação. Em seguida era criada uma condição inicial de

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trabalho que era o leito ser previamente umedecido com o fluido de trabalho. Na sequência, o
líquido era transferido ao protótipo até certa altura do trecho reto acima da tela de separação
que compunha o sistema e fazia-se uma marcação na parede do trecho, adotada como sendo a
altura de referência da coluna de fluido, garantindo assim a pressão constante. De modo que
fosse possível determinar a vazão o tempo que o fluido levava a escoar pelo leito era
cronometrado, foi ainda possível verificar que não houve passagem de sólidos ao longo de
todo esse processo.
Embora o sistema projetado fosse constituído de uma tela e do funil de Büchner,
realizou-se um teste em branco (sem o uso do leito), de forma a verificar se tais constituintes
do sistema poderiam causar alguma resistência ao escoamento do fluido, verificando-se que a
resistência da tela era desprezível em relação à resistência do leito. Assim foi possível
verificar que a resistência ao deságue do fluido era devida às características reológicas do
fluido e também à altura do leito, visto que a viscosidade pode também ser entendida como
uma resistência em virtude das características do meio em que esse fluido escoa.

RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÔES

Na tabela 1 são apresentados os resultados obtidos com os experimentos realizados


neste trabalho, tomou-se o cuidado de manter o nível de suspensão constante a fim de manter
a pressão hidrostática constante, a altura utilizada de coluna de fluido foi de 11,3 cm. A
resistência hidráulica oferecida pela tela de separação sem a presença de material sólido
particulado depositado sobre a mesma foi avaliada experimentalmente como já mencionado
ao longo deste trabalho, sendo esta considerada desprezível em relação ao leito, pois o valor
da vazão de passante foi muito elevado, da ordem de 101,47g/s, e não permitiu que o nível de
coluna de líquido fosse mantido constante, tornando inviável assim a análise com o aparato
experimental disponível.
O comportamento da resistência hidráulica com e sem a aplicação de vácuo
apresentaram diferenças consideráveis ao longo de todos os experimentos para alturas de leito
de material depositado sobre a tela de separação, sugerindo que a contribuição do vácuo tenha
sua importância, embora talvez não tão significativa para estas condições. Cumpre ressaltar
que estas condições são tipicamente encontradas na região de “piscina” das telas de separação

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das peneiras vibratórias, nas quais o material depositado sobre a tela da peneira encontra-se
bem disperso e com altura típica não superior a 1 cm.

Tabela 1 – Resultados experimentais obtidos com e sem vácuo


Vazão de Passante Resistência Hidráulica
Altura do Leito
(g/s) (cm H2O/gs-1)
(cm)
Sem vácuo Com vácuo Sem vácuo Com vácuo
4,60 0,29 0,65 36,89 16,96

2,00 0,43 1,37 26,00 8,25

1,06 2,55 4,61 4,43 2,45

0,64 4,64 10,73 2,44 1,05

0,25 11,40 39,08 0,99 0,29

Fonte: Elaboração pelo autor

No gráfico 2 é apresentado o comportamento da resistência hidráulica obtida em função


da altura do leito para as condições estudadas neste trabalho.

Para alturas de leito de 2 cm e maiores, foi constatada significativa diferença nos


valores do parâmetro resistência hidráulica avaliados experimentalmente, isso foi constatado
tanto para os testes com água assim como para água com goma xantana. Este fato permite
afirmar que a aplicação do vácuo poderia contribuir para melhorar o processo de deságue. De
maneira análoga ao citado no parágrafo anterior, cumpre destacar que alturas de leito desta
ordem de grandeza, podem ser encontradas na região de “piscina” das telas de separação, que
correspondem ao ponto no qual o material que é transportado do poço para a peneira é
descarregado sobre a tela de separação.

Gráfico 2 – Comportamento experimental da Resistência Hidráulica.

30
Resist. Hidráulica (cm H 2O/g.s-1)

25

20

15 sem vácuo
10 com vácuo

0
0 1 2 3 4 5
Altura do Leito (cm)

Fonte: Elaboração pelo autor

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A altura de coluna de líquido aplicada sobre o leito de material retido sobre a tela de
separação foi escolhida de maneira a permitir a aplicação de uma pressão hidrostática
considerada satisfatória para fins de avaliação da vazão de passante, haja vista o fato de não se
dispor de um sistema adequado de monitoração eletrônica e controle do comportamento do
nível de liquido no período de realização dos experimentos.
Os valores encontrados para a resistência hidráulica oferecida ao escoamento
apresentaram comportamento não linear com relação aos valores de altura de leito testados,
apesar do fato de que a altura total da coluna de líquido foi mantida constante e igual a 11,3
cm durante a realização dos mesmos. Deve ser destacado que como a altura do leito foi
variável, a altura efetiva da coluna de líquido também foi variável de uma condição testada
para a outra, podendo ser atribuído a isto o comportamento não linear da vazão de passante.
No gráfico 3 são apresentados os comportamentos citados para a altura efetiva da coluna de
líquido e para a vazão de passante.
Uma possível fonte de incertezas nos resultados obtidos e que não foi possível avaliar
de maneira conclusiva foi o fato de que a fase liquida não continha sólidos em suspensão,
estando estes já depositados sobre a tela de separação do protótipo. Este comportamento é
diferente daquele encontrado no processo de peneiramento vibratório típico, no qual a
suspensão com concentração mais uniforme é alimentada sobre a tela de separação.

Gráfico 3 – Comportamento experimental da altura da coluna de fluido e da vazão de passante em


função da altura do leito.

45
Altura coluna de líquido

40
vazão de passante

35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5
Altura do leito (cm)

Altura coluna líquido (cm) Vazão mássica sv (g/s)


Vazão mássica cv (g/s)

Fonte: Elaboração pelo autor

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Onde:

cv: Com vácuo sv: Sem vácuo

O comportamento da vazão de passante para as condições estudadas foi não linear


como já anteriormente citado. A variação da vazão de passante foi fortemente afetada pela
altura do leito, como era esperado. Durante a realização dos experimentos foi observado que a
vazão inicialmente era mais intensa e depois de decorrido um pequeno intervalo de tempo
diminuía de valor, ficando estabilizada. Uma possível razão para este comportamento poderia
ser o preenchimento dos poros existentes no leito pelo fluido passante, devido ao efeito da
viscosidade do mesmo.
No gráfico 4 é apresentado o comportamento simulado do nível de líquido no interior
do protótipo e sobre a tela de separação em resposta à perturbação aplicada para os testes com
e sem vácuo. A simulação não foi validada experimentalmente por não se dispor de sistema
de monitoração e controle que permitisse a medição e controle de nível com ajuste no valor da
vazão de fluido alimentado por ocasião da realização dos experimentos.
Porém, o resultado da simulação apresenta a mesma tendência, o que permite verificar
que o emprego do vácuo acarreta uma menor variação no nível do fluido sobre o conjunto tela
de separação/leito contidos no protótipo, o que era esperado.
Com base no que foi abordado em parágrafos anteriores, um teste “em branco”
também foi realizado, e os resultados obtidos são mostrados na tabela 2 para efeito de
comparação.

Gráfico 4 – Comportamento do nível de líquido para altura de leito igual a 4,60 cm.

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Altura de líquido (cm)

15
14
13
Hs…
12 Hc…
11
10
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
tempo (segundos)

Fonte: Elaboração pelo autor

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Tabela 2: Resultados experimentais do teste em branco verso testes com leito

Experimento em branco (sem a resistência do leito)


tempo de escoamento(s) Resistência Vazão mássica de suspensão (g/s)
11 Desprezível 101,47
Experimentos usando o leito
Tempo de escoamento (s) Resistência Vazão mássica de suspensão (g/s)
600 Considerável 0,3
600 Considerável 0,4
470 Considerável 2,6
227 Considerável 4,6
92 Menor 11,4
Fonte: elaboração própria

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CONCLUSÃO

De acordo com os comportamentos apresentados nas figuras anteriores, foi possível


verificar a coerência no comportamento do parâmetro resistência hidráulica em função da
camada de leito (areia), variando de maneira esperada, aumentando proporcionalmente com o
aumento da altura do leito.
A aplicação do vácuo ajudou a melhorar o processo de deságue, proporcionando
aumento no valor da vazão do passante, devido ao fato do mesmo contribuir para diminuir o
valor da resistência oferecida ao escoamento, como pode ser verificado nos resultados obtidos
experimentalmente.
O comportamento da resistência hidráulica foi não linear em relação à altura do leito
de material, sendo esta não linearidade evidenciada na transição de 1 cm para 2 cm na altura
do leito de areia para a condição de operação sem vácuo. Contudo, este comportamento
necessita ser mais bem investigado para se possa afirmar com segurança que o fenômeno é
não linear.
Foi possível verificar a influencia da compactação do meio poroso, criando uma
situação de resistência maior ao escoamento, visto que após a saturação há uma redução dos
poros anteriormente vazios, o que também reduz a altura do próprio leito.
A realização destes experimentos visou mostrar ainda a grande importância do
conhecimento da reologia de qualquer fluido no que tange a determinação da resistência
hidráulica.
Não foi proposta deste trabalho a avaliação da permeabilidade do leito de areia
depositado sobre a tela de separação, pois o objetivo original foi identificar
experimentalmente os valores da resistência hidráulica oferecida ao escoamento do passante
que permitisse representar o fenômeno em uma simulação simplificada. Contudo, a
representação do processo por meio de equações fenomenológicas é importante para a
validação do modelo proposto e será objeto de estudos complementares a serem realizados.
Os testes devem ser continuados para permitir avaliar de maneira mais precisa o
comportamento do sistema, considerando o emprego de sistema eletrônico de coleta de dados.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à UFU e à PETROBRÁS pelos recursos concedidos e apoio em


pesquisas no projeto referente ao termo de cooperação Nº 0050.0078502.12.9.
E eu particularmente agradeço ao professor Rubens Gedraite pela oportunidade que
me foi concedida para poder realizar estes estudos, assim como agradeço ao professor Carlos
Ataíde pelo apoio de modo que a realização destes experimentos fosse possível.
Agradeço ainda ao meu colega de estudos, Rubstein Rafael e aos discentes de
mestrado Vinicius Pimenta e Anderson Lima de Menezes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIRRE, L. A. Introdução à identificação de sistemas: técnicas lineares e não lineares


aplicadas a sistemas reais. Ed. UFMG. 2007.

BARBOSA, V. P. Avaliação de fatores operacionais em processo de peneiramento vibratório


aplicado à separação sólido-líquido com o auxílio de técnicas de análise de imagem.
Dissertação (Mestrado). Uberlândia - MG. Faculdade de Engenharia Química da
Universidade Federal de Uberlândia, 2018.

GARCIA, C. Modelagem e Simulação de Processos Industriais e de Sistemas


Eletromecânicos. EDUSP, São Paulo, 2005.

MENEZES, A. L. Contribuição ao estudo do peneiramento vibratório operando com redução


de pressão na região de secagem da tela. Dissertação (Mestrado). Uberlândia - MG.
Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia, 2018.

MARANGON, M.. Hidráulica dos solos. Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de


Geotecnia. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)- Minas Gerais. 2009.

TONELI, Juliana; MURR, Fernanda; PARK, Kil. Estudos da reologia de polissacarídeos


utilizados na indústria de alimentos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais,
Campina Grande, Especial, v.7, n.2, p.181-204, 2005.

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