Você está na página 1de 78

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

CAMPUS ALTO PARAOPEBA


ENGENHARIA CIVIL

DOUGLAS HENRIQUE SANTOS SOUSA


JORDAN LOPES ALBINO

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA ESTABILIDADE


GEOTÉCNICA DE UM RESERVATÓRIO ESCAVADO

OURO BRANCO
DEZEMBRO-2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS ALTO PARAOPEBA
ENGENHARIA CIVIL

DOUGLAS HENRIQUE SANTOS SOUSA


JORDAN LOPES ALBINO

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA ESTABILIDADE


GEOTÉCNICA DE UM RESERVATÓRIO ESCAVADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação do Curso de Engenharia Civil – Ênfase em
Estruturas Metálicas, da Universidade Federal de São João
Del Rei, Campus Alto Paraopeba, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Dr. Leandro Neves Duarte

Co-orientador: Me. Tales Moreira de Oliveira

OURO BRANCO
DEZEMBRO-2016
DOUGLAS HENRIQUE SANTOS SOUSA
JORDAN LOPES ALBINO

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA ESTABILIDADE GEOTÉCNICA DE


UM RESERVATÓRIO ESCAVADO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Coordenadoria do Curso


de Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de São João del-Rei,
como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em: ___/___/___

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________________
Prof. Dr. Leandro Neves Duarte
Orientador/UFSJ

_____________________________________________
Prof. Me. Tales Moreira de Oliveira
Co-orientador/UFSJ

_____________________________________________
Prof. Dr. Erivelto Luís de Souza
Avaliador/UFSJ
RESUMO

Os males consequentes de um processo de instabilização, reportam a necessidade do


desenvolvimento contínuo de estudos e pesquisas aliados ao desenvolvimento e evolução de
softwares em busca da precisão, segurança e acurácia dos projetos. Na análise de estabilidades
de taludes (AET), em diferentes projetos geotécnicos, reservatórios do tipo escavados em solo,
tem grande importância no meio da mineração, pois visam garantir uma reserva de água
necessária ao pleno funcionamento da planta. Sua construção, se torna economicamente viável,
quando comparada a outros meios, como por exemplo, reservatório em concreto armado.
“Sendo assim, se fez necessária a análise de estabilidade de talude (AET), de um reservatório
escavado, de 35000m³ em uma empresa de mineração localizada na cidade de Congonhas-MG”.
A análise foi elaborada no talude possivelmente mais crítico do reservatório, onde sua seção se
mostrava mais suscetível à ruptura. Para esta análise foi necessária a verificação dos dados dos
ensaios já realizados, como Triaxial e SPT, para a correlação de parâmetros, tais como coesão,
ângulo de atrito e peso especifico do solo. De posse dos dados obtidos, observou-se uma
heterogeneidade entre camadas do solo. Para uma melhor representatividade do caso analisado,
utilizou-se o software GeoStudio 2012, para verificar a AE. Este software utiliza métodos
consagrados, como Morgenstern & Price, Janbu, Bishop e Spencer. Nos resultados, foi possível
a verificação do fator de segurança (FS) em várias situações para os diferentes métodos, tais
como: Ruptura do talude devido ao enchimento do reservatório; ruptura devido ao rebaixamento
rápido do reservatório; ruptura a jusante devido ao fluxo permanente e em condições do
reservatório vazio. Onde foi possível constatar que o reservatório se encontra estável.

Palavras-Chave: análise de estabilidade de taludes, GeoStudio, método do equilíbrio limite.


iv
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

1.1. Objetivos ............................................................................................................... 12

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 12

1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 12

1.2. Justificativa............................................................................................................ 13

2. Referencial Téorico ...................................................................................................... 14

2.1 Introdução ............................................................................................................. 14

2.2 Ensaios geotécnicos ............................................................................................... 15

2.2.1 SPT – Standart Penetration Test ...................................................................... 15

2.2.2 Triaxial ........................................................................................................... 16

2.3 Empuxos de Terra .................................................................................................. 17

2.3.1 Coeficiente de empuxo ................................................................................... 18

2.4 Estabilidade de taludes ........................................................................................... 19

2.4.1 Métodos do equilíbrio limite ........................................................................... 20

2.4.2 Método do círculo de atrito ............................................................................. 22

2.4.3 Método das Cunhas......................................................................................... 24

2.4.4 Método das lamelas (fatias) ............................................................................ 26

2.4.4.1 Método de Spencer .................................................................................. 29

2.4.4.2 Método de Morgenstern & Price .............................................................. 29

2.4.4.3 Método de Janbu...................................................................................... 30

2.4.4.4 Método de Bishop .................................................................................... 33

2.5 Correlações ............................................................................................................ 34

2.5.1 Ângulo de atrito (ϕ) ........................................................................................ 35

2.5.2 Coesão (c)....................................................................................................... 36

v
2.5.3 Peso específico (𝛾) .......................................................................................... 36

2.6 Geossintéticos ........................................................................................................ 36

2.6.1 Definição ........................................................................................................ 37

2.6.2 Geomembranas ............................................................................................... 38

2.6.2.1 Tubo para drenagem ................................................................................ 39

3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 41

3.1 Descrição da área de estudo ................................................................................... 41

3.2 Estudos realizados ................................................................................................. 41

3.2.1 Características geológicas ............................................................................... 41

3.2.2 Características topográficas ............................................................................ 42

3.2.3 Aspectos Geológicos-Geotécnicos .................................................................. 43

3.2.3.1 Ensaio de Sondagem a Percussão ............................................................. 43

3.2.3.2 Ensaio Triaxial ........................................................................................ 46

3.2.3.3 Parâmetros do Solo .................................................................................. 46

3.2.3.4 Ensaio de Permeabilidade ........................................................................ 48

3.3 Metodologia de Dimensionamento ......................................................................... 49

4. RESULTADOS............................................................................................................ 51

4.1 Método de Morgenstern-Price ................................................................................ 51

4.2 Método de Janbu.................................................................................................... 54

4.3 Método de Bishop .................................................................................................. 56

4.4 Método de Spencer ................................................................................................ 59

5. Discussão ..................................................................................................................... 62

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 63

7. Referência Bibliográfica ............................................................................................... 64

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - (a) Empuxo ativo; (b) Empuxo passivo (MOLITERNO, 1994) ............................ 18
Figura 2 - Ruptura de talude: (a) diagrama esquemático – (BRAJA, 2007). .......................... 20
Figura 3 - Esquema do Método do Círculo de Atrito (VILAR & BUENO, 1985). ................ 22
Figura 4 - Esquema exemplificado do Método das Cunhas (VILAR & BUENO, 1985) ........ 25
Figura 5 - - Esquema típico e polígono de forças do Método das Lamelas (VILAR & BUENO,
1985) ................................................................................................................................... 27
Figura 6 - Método de Janbu - Forças aplicadas a uma fatia de solo (FREITAS,2011) ........... 31
Figura 7 - Lamela de Bishop (MASSAD, 2003) .................................................................. 33
Figura 8 - Geossintéticos empregados com maior frequência em obras geotécnicas – Adaptado
de (VERTEMATTI, 2004). .................................................................................................. 37
Figura 9 - Tubo utilizado em drenagens popularmente conhecido como Kananet – Fonte:
disponível em: http://www.casadagua.com/fabricantes/kananet/ ........................................... 40
Figura 10 - Vista em Planta do Reservatório – Acervo da Empresa ...................................... 42
Figura 11 - Seção Crítica do Reservatório – Acervo da Empresa .......................................... 43
Figura 12 - Mapa de Furos de Sondagens – Acervo da Empresa ........................................... 44
Figura 13 - Estratigrafia do Solo GeoStudio – Fonte: Autores .............................................. 45
Figura 14 - Resultados do Ensaio de Permeabilidade – Acervo da Empresa ......................... 49
Figura 17 - Ruptura no Talude de Montante por Morgenstern-Price - Fonte: Autores ........... 52
Figura 18 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Morgenstern-
Price - Fonte: Autores .......................................................................................................... 53
Figura 24 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Janbu - Fonte: Autores ................. 56
Figura 25 - Ruptura a Jusante do Reservatório por Bishop - Fonte: Autores ......................... 56
Figura 31 - Ruptura Geral por Spencer - Fonte: Autores ....................................................... 59
Figura 32 - Ruptura no Talude de Montante por Spencer - Fonte: Autores ........................... 60
Figura 33 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Spencer - Fonte:
Autores ................................................................................................................................ 60
Figura 34 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Spencer - Fonte: Autores ............. 61

vii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fatores de segurança adaptado de (NBR 11682:2009) ......................................... 14


Tabela 2 - Equações x Incógnitas – Fonte: Autor ................................................................. 28
Tabela 3 - Peso específico de solos Argilosos (Godoy apud Cintra et al. 1972) .................... 36
Tabela 5 - Relação de coesão entre ensaios triaxiais - Acervo da Empresa ........................... 46
Tabela 6 - Parâmetros dos Solos por Camada ....................................................................... 48
Tabela 7 - Resultados dos FS ............................................................................................... 62

viii
LISTA DE ANEXO

Anexo A – Boletins de Sondagem............................................................................66

ix
1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade muitas foram as obras civis desenvolvidas, fossem


para desenvolvimento das civilizações ou mesmo para acomodações de pessoas. As obras em
engenharia são, em sua maioria, executadas sobre um solo natural, no qual o profissional pouco
pode atuar sobre suas características naturais, ou seja, tem que aceitá-lo tal como ele se
apresenta, com suas propriedades e comportamentos específicos (VELLOSO, 2012). Segundo
Massad (2010), a resistência ao cisalhamento de um solo depende de várias características do
material: tensão normal efetiva, condições de drenagem, trajetória das tensões, estrutura e
outras características do solo. Outra característica que tem influência na resistência ao
cisalhamento é a inclinação do solo em relação a uma linha horizontal de referência, uma vez
que se o maciço apresenta inclinação, ter-se-á uma componente da gravidade tendendo a mover
o solo para baixo (BRAJA, 2007). Ainda de acordo com Braja (2007), quando uma superfície
de solo exposta se apresenta inclinada em relação a uma linha horizontal de referência dá-se o
nome de talude.

Antes de executar qualquer construção em regiões adjacentes a taludes, faz-se necessária


a verificação da estabilidade do maciço através da Análise de Estabilidade de Taludes (AET).
Para a execução de uma AET é necessário primeiro a realização de ensaios geotécnicos com os
quais se obtêm os parâmetros c, ϕ e γ do solo, que são, respectivamente, coesão, ângulo de atrito
e peso específico natural do solo. Tais parâmetros podem ser obtidos por ensaio Triaxial. De
posse dos resultados do ensaio e com o auxílio de softwares como GeoStudio é possível verificar
a estabilidade do talude. A AET é feita através do método do equilíbrio-limite e baseado nas
premissas desse método, o material deve possuir um comportamento rígido-plástico, as
equações de equilíbrio estático devem ser válidas até a iminência da ruptura apesar de o
processo ser dinâmico e o fator de segurança (FS) constante ao longo da linha de ruptura.
Entende-se como fator de segurança a relação entre resistência ao cisalhamento do solo e a
tensão cisalhante atuante ou resistência mobilizada, sendo esta última obtida através das
equações de equilíbrio (MASSAD, 2010).

Segundo a metodologia adotada pela norma NBR 11682:2009 os valores de FS variam


de acordo com as seguintes premissas: (1) situação potencial de ruptura do talude, no que diz
respeito ao perigo de perdas de vidas humanas; (2) a possibilidade de danos materiais e danos

11
ao meio ambiente. Analisando as situações presentes in situ consegue-se através da tabela 3,
página 17 (NBR11682:2009) obter um valor estimado para o FS, que será o valor mínimo ao
qual o programa está limitado a fornecer, ou seja, se uma AET simulada no software retornar
um valor de FS maior que o valor limitante da norma, o talude estará seguro, caso contrário
constatar-se-á a instabilidade do mesmo com o risco de ruptura iminente.

Nesse presente trabalho é apresentado um caso de AET para um reservatório de 35000


m³ de água pertencente a uma empresa mineradora, na cidade de Congonhas, Minas Gerais. O
reservatório encontra-se escavado no local, porém sem a continuidade da obra uma vez que em
sua atual conjuntura uma das paredes (talude) do reservatório encontra-se possivelmente
instável, segundo estudo apresentado anteriormente por uma empresa.

1.1. Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a estabilidade e integridade de um dos taludes que compõe as paredes de um


reservatório de água, com capacidade de 35.000m³, pertencente a uma empresa de mineração,
localizada na cidade de Congonhas, Minas Gerais.

1.1.2 Objetivos específicos

 Levantamento dos dados relativos aos ensaios realizados;


 Tratamento dos dados através de correlações;
 Através da licença de 30 dias do software GeoStudio 2012, elaborar análises
utilizando o método sueco ou das fatias proposto por diversos autores, dentre eles,
Morgenstern & Price, Janbu, Bishop e Spencer, encontrando o menor FS.

12
1.2. Justificativa

As obras de contenções de taludes apresentam em geral, um custo elevado, e tendo em


vista o atual cenário econômico Brasileiro, os investimentos estão se tornando cada vez mais
escassos, implicando em uma diminuição das obras de engenharia. Nesse contexto, um estudo
foi elaborado a fim de se analisar a possibilidade de ruptura do talude considerado mais propício
a ruptura, buscando-se uma solução geotécnica de menor custo.

13
2. REFERENCIAL TÉORICO

2.1 Introdução

Muito se preocupa com a escassez de água no mundo ultimamente e mais ainda com a
reutilização e armazenamento desse recurso vital à vida humana. Em um artigo publicado no
site do Ipea em novembro de 2009, por Suelen Menezes, consta que o Brasil possui cerca de 13
% de toda a água superficial do planeta. Porém, mesmo com a abundância de água doce em
relação a outros países, o país passa por problemas de escassez de água em algumas regiões,
dentre elas o semiárido nordestino. Uma medida adotada por Dom Pedro II em 1880, logo após
a Grande Seca a qual perdurou por mais de 3 anos, foi a construção de barragens quando ele
observou a falta de água naquela região com a intenção de represar a água dos períodos
chuvosos para os de estiagem (PIASENTIN, 2011). A implantação das barragens de represagem
de água contribuiu e ainda contribui muito para amenizar o exaurimento do recurso hídrico.
Uma outra forma de se represar água é através de reservatórios, por exemplo. Eles podem ser
constituídos de concreto, aço, PVC, dentre outros, ou mesmo escavado com a utilização de um
material impermeabilizante para garantir a estanqueidade. Em especial, para os escavados deve-
se atentar para os taludes que constituem as paredes do reservatório, tanto a montante quanto a
jusante (quando for o caso), respaldando-se na norma NBR 11682:2009 - Análise de
estabilidade de taludes.

Essa norma avalia os riscos de ruptura de um talude e, de acordo com os riscos a danos
materiais e a vida humana, é atribuído um fator de segurança variando de 1,2 a 1,5 conforme
mostra a tabela 1:

Tabela 1 - Fatores de segurança adaptado de (NBR 11682:2009)

Nível de segurança
contra danos a vidas
humanas
Alto Médio Baixo
Nível de segurança
contra danos materiais e
ambientais
Alto 1,5 1,5 1,4
Médio 1,5 1,4 1,3
Baixo 1,4 1,3 1,2
14
NOTA 1 - No caso de grande variabilidade dos resultados dos ensaios geotécnicos, os fatores de segurança da tabela acima
devem ser majorados em 10%. Alternativamente, pode ser usado o enfoque semiprobabilistico indicado no Anexo D.
NOTA 2 – No caso de estabilidade de lascas/blocos rochosos, podem ser utilizados fatores de segurança parciais, incidindo
sobre os parâmetros γ, ϕ, c, em função das incertezas sobre estes parâmetros. O método de cálculo deve ainda considerar um
fator de segurança mínimo de 1,1. Este caso deve ser justificado pelo engenheiro civil geotécnico.
NOTA 3 – Esta tabela não se aplica aos casos de rastejo, voçorocas, ravinas e queda ou rolamento de blocos .

Para analisar as condições de ruptura de um talude é comum a utilização de softwares,


estes que facilitam os cálculos através do uso de metodologias, que podem ser encontradas na
literatura, porém dificilmente manuseadas em virtude do processo de interação presente nas
equações. Para alimentar os dados de input dos programas, primeiro faz-se necessário a
elaboração de ensaios geotécnicos para a aquisição dos valores de c, ϕ e  os quais são,
respectivamente, a coesão efetiva, o ângulo de atrito efetivo e o peso específico natural, dentre
outros.

2.2 Ensaios geotécnicos

2.2.1 SPT – Standart Penetration Test

O SPT (Standart Penetration test) originário dos EUA, é reconhecidamente o método


de prospecção geotécnica mais econômico e utilizado no Brasil e no mundo. Este ensaio
difundiu-se por ser um sistema com características simples, de baixo custo e também devido à
experiência acumulada na execução e aplicação dos resultados obtidos. (VARGAS, 1989).

O ensaio de penetração dinâmica (SPT), é capaz de amostrar o solo e medir a resistência


do solo ao longo da profundidade perfurada. Ao se realizar o ensaio, pretende se conhecer o
tipo de solo atravessado, retirando a cada metro de amostra deformada, a resistência (N)
oferecida pelo solo à cravação do amostrador padrão e a posição do nível d’água encontrado
durante a perfuração. (HACHICI et al, 1998).

No Brasil, o ensaio está normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas


através da Norma Brasileira (NBR 6484:2001).

15
2.2.2 Triaxial

Segundo (BRAJA, 2007) “O ensaio de compressão triaxial é um dos mais confiáveis


métodos disponíveis para a determinação dos parâmetros de resistência ao cisalhamento”. É
amplamente utilizado em pesquisas e projetos que demandam uma melhor acurácia.

O ensaio pode ser executado de maneiras distintas, no que se refere as condições de


drenagem podem ser:

Consolidated Drained (CD) - São ensaios em que há permanente drenagem do corpo de


prova. Aplica-se a pressão confinante e espera-se que o corpo de prova adense, ou seja, que a
pressão neutra se dissipe. A seguir, a tensão axial é aumentada lentamente, para que a água sob
pressão possa sair. Desta forma, a pressão neutra durante todo o carregamento é praticamente
nula, e as tensões totais aplicadas indicam as tensões efetivas que estavam ocorrendo. A
quantidade de água que sai do corpo de prova durante o carregamento axial pode ser medida, e
se o corpo de prova estiver saturado, indica a variação de volume. Este ensaio é também
conhecido como ensaio lento (S de Slow), expressão que não se referindo à velocidade de
carregamento, mas sim à condição de ser tão lento quanto o necessário para a dissipação das
pressões neutras; Segundo (Pinto, 2000) “se o solo for muito permeável, o ensaio pode ser
realizado em poucos minutos, mas para argilas, o carregamento axial requer 20 dias ou mais”.

Consolidated Undrained (CU) - Neste ensaio, aplica-se a pressão confinante e deixa-se


dissipar a pressão neutra correspondente. A seguir, carrega-se axialmente sem drenagem. Ele é
chamado também de ensaio rápido pré-adensado (R).

Este ensaio indica a resistência não drenada em função da tensão de adensamento. Se as


pressões neutras forem medidas, a resistência em termos de tensões efetivas também é
determinada; segundo (Pinto,2000) “razão pela qual ele é muito empregado, pois permite
determinar a envoltória em termos de tensão efetiva em um prazo menor que no ensaio CD”.

Unconsolidated Undrained (UU) – Neste ensaio, o corpo de prova é submetido à pressão


confinante e, a seguir, ao carregamento axial, sem que se permita qualquer drenagem. O teor
de umidade permanece constante, e, se o corpo de prova estiver saturado, não haverá variação
de volume. O ensaio é geralmente interpretado em termos de tensões totais. O ensaio é também

16
chamado de ensaio rápido (Q de quick) por não requerer que se proporcione tempo para
drenagem.

No Brasil não existe uma norma para sua execução, assim deve-se seguir as prescrições
da ASTM D2850.

2.3 Empuxos de Terra

Muitas vezes na engenharia civil, não se dispõe de espaço suficiente para realização de
uma transição gradual das elevações do terreno onde será implantado uma determinada obra.
Nestes casos os taludes podem ser suficientemente altos ou inclinados, de modo que a
estabilidade não é assegurada, sendo assim necessária a realização de estruturas de contenção
para suportar tais massas de solo não estáveis, garantindo a segurança da obra (MACHADO,
1997).

Estruturas de contenção, tais como muros de arrimo, paredes de subsolo, cortinas,


barragens e reservatórios, normalmente são encontradas na engenharia geotécnica, pois elas
suportam taludes de massas de terra ou pressões laterais oriundas de líquidos, como a água por
exemplo, estas pressões denominadas como empuxo. (BRAJA, 2007)

“Por empuxo de terra entendem-se as solicitações do solo sobre as estruturas que


interagem com os maciços terrosos, ou forças que se desenvolvem no interior desses maciços”.
(VILAR, 1995).

Segundo Machado (1997) o cálculo dos empuxos de terra constitui uma das mais antigas
preocupações da engenharia civil, antes mesmo ao nascimento da Mecânica dos Solos como
ciência autônoma, tratando-se de um problema de grande interesse prático, de ocorrência
frequente e de determinação complexa.

Para o estudo dos empuxos de terra, em síntese há duas linhas de conduta. A primeira
de cunho teórico, apoia-se em tratamentos matemáticos elaborados a partir de modelos
reológicos que tentam traduzir o comportamento preciso da Tensão x Deformação dos solos.
Este procedimento, em sua forma mais abrangente, considerando todos os aspectos
comportamentais, implica em dificuldades matemáticas insuperáveis, levando a adoção de
hipóteses simplificadoras que podem distanciar-se dos problemas práticos reais.
17
A segunda forma de abordagem, é de caráter empírico/experimental, sendo
recomendações colhidas de pesquisas em modelos laboratoriais e obras instrumentadas.

Segundo Vilar (1995) a automatização dos métodos numéricos (MDF - métodos das
diferenças finitas, MEF – método dos elementos finitos) através de computadores e a evolução
das técnicas de amostragem têm propiciado, nos últimos anos, um desenvolvimento
significativo dos processos de cunho teórico. O uso do MEF propicia o cálculo tanto dos
empuxos quanto das deformações do solo/estruturas, realizando problemas que seriam
altamente complexos sem o uso computacional.

2.3.1 Coeficiente de empuxo

Os empuxos laterais de solo sobre uma estrutura de contenção são normalmente


calculados por intermédio de um coeficiente (k), o qual é multiplicado por uma tensão vertical
efetiva (c) no ponto em questão.

Para esses coeficientes, denomina-se empuxo de terra Ativo (Ea), ou seja, quando o solo
está empurrando a estrutura, como mostra a Figura 1 (a). Quando a parede é que avança contra
o solo temos então o empuxo Passivo (Ep), ou seja, a estrutura empurra o solo, como podemos
notar na Figura 1 (b). As pressões correspondentes chamam-se ativa e passiva e os coeficientes
de empuxo, ativo (Ka) e passivo (Kp). No caso de solos não apresentar descolamentos laterais,
o coeficiente é denominado de coeficiente de empuxo em repouso do solo (Ko).

Figura 1 - (a) Empuxo ativo; (b) Empuxo passivo (MOLITERNO, 1994)

18
Segundo Machado e Machado (1997), solos pré-adensados tendem a exibir maiores
valores de Ko, os quais se apresentam crescentes com a razão de pré-adensamento. Para altos
valores de O.C.R. (Over consolidation ratio ou Razão de sobre adensamento), pode se encontrar
valores de Ko superiores à umidade. Tem-se demonstrado que os solos não saturados tendem a
exibir valores de Ko decrescentes com o seu valor de sucção.

2.4 Estabilidade de taludes

Uma superfície de solo exposta que forma um ângulo com a superfície horizontal é
chamada de talude não restrito (BRAJA, 2007).

A realização de análises de estabilidade de taludes pode ter vários objetivos, conforme


sua origem, natural (formados pela ação da natureza sem interferência humana, geralmente
denominados de encosta) ou artificial (formados ou modificados, pela ação direta do homem,
exemplo de taludes de corte e aterros).

Se a superfície do solo não for horizontal, uma componente da gravidade tenderá a


mover o solo para baixo. Se tal componente for grande o suficiente, poderá levar a ruptura do
talude. Os taludes naturais e escavações existem na natureza com grau de estabilidade ou fator
de segurança (FS) superior a 1. Frequentemente os engenheiros devem verificá-los
pretendendo-se, por isso, avaliar a necessidade ou não de medidas de estabilização para impedir
que esse grau baixe e se dê o colapso.

A verificação no qual leva em consideração as tensões de cisalhamento solicitantes e


resistentes e a provável superfície de ruptura é chamada de análise de estabilidade de taludes
(BRAJA, 2007). A figura 2, apresenta esquematicamente como ocorre uma ruptura de talude.

19
Figura 2 - Ruptura de talude: (a) diagrama esquemático – (BRAJA, 2007).

Augusto Filho & Virgili (1998) salientam que os métodos de análise de estabilidade de
taludes podem ser divididos em três grandes grupos principais, ou seja, os analíticos ou
determinísticos: envolvendo os métodos baseados na teoria do equilíbrio limite e nos modelos
matemáticos de tensão e deformação; os experimentais e os observacionais: empregando
modelos físicos de diferentes escalas baseados na experiência acumulada com a análise de
rupturas anteriores (retroanálise, ábacos de projeto, opinião de especialistas, etc).

Os métodos de equilíbrio limite são bastante utilizados nas análises de estabilidade de


talude devido à simplicidade. Entretanto, ao se considerar um talude com materiais
anisotrópicos e heterogêneos, cujas propriedades físicas e mecânicas mudam com o tempo, os
métodos podem se tornar menos confiáveis. Eles se baseiam na suposição de que a ruptura do
talude é um fenômeno instantâneo e simultâneo ao longo de toda superfície de deslizamento.
Entretanto, a ruptura progressiva em taludes é dependente do tempo e das deformações, os quais
não podem ser levados em conta na análise por equilíbrio limite.

A NBR 11682:2009 – Estabilidade de taludes, estabelece os requisitos necessário a


serem atendidos nos projetos e execuções de taludes.

2.4.1 Métodos do equilíbrio limite

Os métodos baseados na teoria do equilíbrio limite consistem basicamente na análise do


equilíbrio de uma massa de solo ou rocha potencialmente instável, a partir de algumas hipóteses

20
simplificadoras. A estabilidade do talude ou encosta é expressa pelo seu fator de segurança (FS)
que é determinado pelo quociente entre a resistência disponível do terreno e a resistência
mobilizada ao longo da superfície de escorregamento.

Essa teoria, aplicada na análise de estabilidade de taludes, está fundamentada nas


seguintes hipóteses: o solo comporta-se como um material rígido-plástico, ou seja, rompe-se
bruscamente, sem se deformar; as equações de equilíbrio da estática são válidas até a iminência
da ruptura, quando, na verdade o processo é dinâmico; e o fator de segurança é constante ao
longo de toda a superfície de ruptura (MASSAD, 2010).

Baseado na teoria do equilíbrio limite, vários métodos de análise de estabilidade de


taludes surgiram: Fellenius (1936), Janbu (1954), Bishop Simplificado (1955), Morgenstern-
Price (1965), Spencer (1967), os quais se diferenciam uns dos outros em função das hipóteses
simplificadoras adotadas.

Para a aplicação desses vários métodos, independentemente das hipóteses


simplificadoras adotadas por cada um deles, é necessário estabelecer os parâmetros de
resistência dos solos. As envoltórias de resistência da maioria dos solos podem ser expressas
de forma em termos de tensões totais, simplificada e aproximada através da equação de Mohr–
Coulomb.

τ  c  σ  tgφ (01)

Onde:

 = resistência ao cisalhamento;


 c = coesão;
 = tensão normal atuante no plano de ruptura; e
 = ângulo de atrito do solo.

As análises de estabilidade são feitas no plano, considerando-se uma seção típica do


maciço situada entre dois planos verticais e paralelos de espessura unitária. Assim estuda-se o

21
equilíbrio da porção do solo acima da superfície de ruptura pré-fixada, comparando as forças
resultantes atuantes com as de cisalhamento resistentes. (MACHADO & MACHADO, 1997).

2.4.2 Método do círculo de atrito

O método do círculo de atrito, ou método de Taylor, admite superfície de ruptura circular


e analisa a estabilidade do corpo rígido formado pelo solo situado acima desta superfície. Traça-
se uma superfície potencial de ruptura circular de raio r, figura 03 e verifica-se a cunha de
ruptura AEB sob a ação das seguintes forças:

Figura 3 - Esquema do Método do Círculo de Atrito (VILAR & BUENO, 1985).

Onde:

 W = força peso da massa que tende a deslizar, com direção, sentindo, e módulo
e ponto de aplicação conhecidos;
 F = força de atrito, cujo módulo é desconhecido, mas tem sua direção definida
por um ângulo  com a normal à superfície de deslizamento. Portanto, essa
direção tangencia um círculo de centro em O e com raio r = R x sen.
 C = força resultante da coesão do solo ao longo da superfície de ruptura e que
constitui do produto da coesão do solo pelo comprimento do arco de AB, C = c
x AB. A resultante C têm sentido de atuação conhecido e direção da corda AB.

22
A distância a entre o ponto de aplicação da força de coesão e o centro do círculo é obtida
por equilíbrio de momentos:

RL
a (02)
Lc

Onde:

 L = comprimento da seção circunferencial AB;e


 Lc = o comprimento da corda AB.

A fim de se obter o equilíbrio, deve-se proceder da seguinte forma:

a) Arbitra-se uma superfície de ruptura qualquer;


b) Determinam-se os módulos de W, C e o valor do comprimento a;
c) Traça-se uma reta vertical passando pelo centro de gravidade da cunha e a reta que
define a. A interseção de ambas define o ponto de aplicação de C;
d) Traça-se uma reta que passa pelo ponto definido no item anterior e tangencia o
círculo de raio r = R x sen. Esta reta define a direção de atuação da força de atrito
F.
e) Monta-se o polígono de forças:
- traça-se, em escala, a força W na direção vertical, com sentido para baixo;
- a partir do fim de W, traça-se uma reta paralela à direção de aplicação de F;
- desenha-se uma reta paralela à direção de aplicação de C, passando pelo início da
reta definida por W;

Com isso são obtidos os módulos da força de atrito F e da força de coesão C, e calcula-
se o fator se segurança (FS) por:

C
FS  (03)
c  AB

23
Assim repetem-se os procedimentos descritos de a) a e) até que se obtenha a superfície
de ruptura correspondente ao menor valor do coeficiente de segurança. Se houver pressões
neutras atuando no maciço, basta definir seu módulo, direção e sentido e incorporá-la ao
polígono de forças.

Utilizando um processo matemático de tentativas, Taylor, baseado no método do círculo


de atrito, elaborou gráficos que correlacionam o número de estabilidade (N) com o ângulo de
inclinação do talude. As hipóteses embutidas nas soluções apresentadas são: talude homogêneo
e sem percolação de água (análise em termos de tensões totais), superfície de ruptura cilíndrica
e envoltória de resistência do solo c’ ’xtg’Os ábacos conforme citados anteriormente
podem ser vistos em Vilar & Bueno (1985).

2.4.3 Método das Cunhas

Em alguns casos de análise de taludes é possível delimitar a massa instável de solo por
alguns planos pré-determinados. O método consiste basicamente em fazer uma análise gráfica
das forças atuantes nestes corpos deslizantes a fim de obter o fator de segurança.

O processo consiste no traçado de um polígono formado pelas forças atuantes no


equilíbrio do talude. As forças são desenhadas em escala, com as devidas direções e sentidos.

Compara-se seu valor com aquele obtido do polígono. Esta relação é o fator de
segurança, que deve ser igual ao valor adotado inicialmente. Caso não seja, repete-se o processo
até se obter essa igualdade. Para exemplificar o método, toma-se o caso de uma ruptura com
duas cunhas (vide Fig. 04). Desconhece-se as forças de atrito mobilizadas entre os corpos
deslizantes e a massa estável do talude (F1 e F2), a força resultante entre as duas cunhas (E),
sua direção (α) e o fator de segurança (FS). Para que o problema torne-se determinado, adota-
se o ângulo α igual ao ângulo de atrito mobilizado ’ e assume-se um valor para o coeficiente
de segurança.

24
Figura 4 - Esquema exemplificado do Método das Cunhas (VILAR & BUENO, 1985)

Em linhas gerais, segue-se o roteiro abaixo:

a) calcular o peso das cunhas ( W1 e W 2 ) e o comprimento das suas linhas de ruptura


(segmentos AB e BC);

b) adotar um valor para o coeficiente de segurança (FS);

c) calcular as direções de aplicação de F1 e F2 e a coesão na cunha 1:

 m1 = arctg ( tg φ1 / FS i )
 m 2 = arctg ( tg φ2 / FS i )
C1 = C1 ⋅ AB

d) Traçar em escala:

• W1 e W 2 , na direção vertical;
• Cm2, na direção de AB;
• uma reta paralela a F2 ;

• uma reta paralela a E, com origem no final do segmento de W1 e

início de W 2 ;

• uma reta paralela a F1 a partir do ponto de intersecção definido pelas


retas anteriores;
• uma reta paralela a Cm1, partindo do início de W1 .

25
Com isto, fecha-se o polígono e obtém o valor de Cm1 e fator de segurança calculado é
então por:

C1
FS calc  (04)
c m1

Se esse valor não for igual ao adotado inicialmente, repete-se os passos b) a d) até que
se verifique a igualdade.

Caso existam mais forças atuantes no equilíbrio do talude, tais como pressões neutras,
estas devem ser quantificadas e englobadas no polígono de forças.

2.4.4 Método das lamelas (fatias)

Os métodos das fatias são os mais aplicados a problemas práticos, principalmente por
sua flexibilidade em analisas problemas com diversas camas de solos com propriedades
diferentes, variação da resistência em uma mesma camada, diferentes configurações de pressão
neutra, diversas formas de superfície de ruptura (MACHADO & MACHADO, 1997).

O método é assim denominado por dividirem a massa do solo acima da superfície de


ruptura em fatias. Na figura 05, estão apresentados os esforços atuantes em uma fatia genérica
e o equilíbrio de forças na fatia.

26
Figura 5 - - Esquema típico e polígono de forças do Método das Lamelas (VILAR & BUENO, 1985)

Onde:

 W: peso total da lamela;


 N: força normal atuante na base da lamela;
 S: força de atrito resistente;
 b0 : comprimento da superfície de ruptura da lamela;

 T: força cisalhante na base da fatia (T= x b0 ), onde é a tensão cisalhante na

base da fatia;
 En, Em+1: resultantes das forças horizontais totais referentes às seções n e n+1,
respectivamente;
 Xn, Xn+1: resultante das forças cisalhantes atuantes nas seções n e n+1;
 U: resultante das pressões neutras atuantes;
 N’: força normal efetiva atuante na base da lamela;
 B: largura da fatia;
 H: altura da fatia;
 α: ângulo entre a força normal e vertical;
 x: distância entre o centro do círculo de ruptura adotado e o centro da lamela; e
 R: raio do círculo de ruptura adotado.

27
Qualquer força externa pode ser incluída na análise de equilíbrio da fatia e a superfície
de ruptura pode ter uma forma qualquer: circular (método de Bishop, Fellenius), mista (método
de Janbu) (MACHADO & MACHADO, 1997).

O fator de segurança (FS) é definido como a razão entre a tensão cisalhante de ruptura
e a atuante na base de cada fatia.

(i) c'i σ 'i  tan( φ'i ' i )


FS  Tr  (05)
Tmi Tmi

A definição de FS envolve apenas os esforços na base da fatia, e admite o FS como


constante ao longo da superfície de ruptura. Isso implica em um FS médio entre toda a
superfície. A divisão do maciço em fatias é necessária para facilitar o processo de integração
numérica.

Para determinação do FS utilizam-se os fundamentos da estática, ou seja, o equilíbrio


de forças nas duas direções e equilíbrio dos momentos, além do critério de ruptura de Mohr-
Coulomb.

Para uma superfície potencial de ruptura qualquer, dividida em n fatias, o problema é


indeterminado, pois tem-se 3n equações de equilíbrio e 6n-3 incógnitas, como apresentado a
seguir na Tabela 2:

Tabela 2 - Equações x Incógnitas – Fonte: Autor

Equações Incógnitas
n equilíbrio de forças horizontais n força normal na base da fatia (N)
n equilíbrio de forças verticais n força cisalhante na base da fatia (T)
n equilíbrio de momentos n ponto de aplicação da normal (N)
n-1 força horizontal interfatias (Ei)
n-1 força vertical interfatias (Xi)
n-1 ponto de aplicação de Ei
3n: equações 6n-3: incógnitas

28
Para resolução do sistema, adota-se geralmente as seguintes hipóteses:

• Caso a fatia seja suficientemente delgada, admite-se o ponto de aplicação de N, no


centro da base da fatia. Com isso passamos a ter 5n-3 incógnitas e 3n equações;
• A tensão cisalhante na base da fatia pode ser obtida em função dos parâmetros de
resistência do solo e de um FS, conservado constante ao longo de toda superfície de
ruptura. Assim teremos mais uma incógnita (FS) e mais uma equação (c x
tgresultando em 5n-2 incógnitas e 4n equações;

Vários autores propuseram soluções para este problema adotando hipóteses


simplificadoras diferentes, o que acabou resultando em diferentes métodos de análise, como
mostrado a seguir.

2.4.4.1 Método de Spencer

É um método que atende às condições de equilíbrio de forças e momentos. O método de


SPENCER assume que a inclinação das forças resistentes nas laterais das fatias é constante,
isto é: f(x)=1 e λ≠0. Assim o método pode ser compreendido como uma caso particular do
método de MORGENSTERN & PRICE (1965) para a função f(x) constante, conforme
apresentado a seguir.

2.4.4.2 Método de Morgenstern & Price

O método foi apresentado por Morgenstern & Price (1965), cumprindo todas as
equações de equilíbrio, pertencendo por isso ao grupo dos métodos mais rigorosos, tendo em
conta equações diferenciais de equilíbrio das forças (equação 06) e equilíbrio de momentos
(07), satisfazendo qualquer superfície de ruptura. Muitos métodos como Fellenius, Bishop
simplificado e Spencer, podem ser considerados como casos particulares deste último modelo.
É também uma aplicação do método das fatias, e exige cálculo computacional derivado do
complexo processo iterativo.

29
dE dy'
( y'1  y1)  E1  0 (06)
b b X1

c'
1  tan ²α  tan φ'  dW  dX  dE tan α  u  1  tan ²α   dE  dX tan α  dW tan α (07)
FS FS  b b b  b b b

Estas contêm, contudo, três incógnitas, as forças de interação entre fatias (X e E) e a


posição da linha de pressão (y'). O problema é, pois, estaticamente indeterminado.

De forma a tornar o problema estaticamente determinado, Morgenstern e Price


consideraram uma função arbitrária que descreve a variação da relação entre X e E e um fator
de escala .

X    f(x)  E (08)

Para se chegar ao valor do fator de segurança e de  procede-se a integração das


equações diferenciais 06 e 07 e efetua-se um processo iterativo através do método de Newton-
Raphson.

2.4.4.3 Método de Janbu

O método de Janbu na sua forma rigorosa foi apresentado em 1954. Este método
permite fazer análise admitindo superfícies de rotura com qualquer forma. O procedimento
baseia-se em equações diferenciais, as quais comandam o equilíbrio de forças e momentos da
massa acima da superfície adotada (FREITAS,2011).

O equilíbrio de momentos é considerado em relação ao ponto médio da base de cada


fatia, tornando as contribuições do peso (dW), e a força normal (dN) nulas uma vez que atuam
nesse mesmo ponto.

O equilíbrio de momentos é dado por:

30
 dy   dy  dX dX
En  (y' n - yn) -   ( En  dE)  ( y' n  dy' )  ( yn  dy)    Xn   ( Xn  dX )   0 ( 9.1)
 2  2 2 2

Onde dE e dX são as diferenças de valores de E e X entre as duas faces das fatias, dy e


dy’ diferenças dos valores tomados pelas funções y(x) e y’(x) entre as duas faces da fatia.

A expressão pode ser simplificada fazendo dX tender para zero, assim a transformando
a expressão em:

dy' dE
En    ( y ' n  yn)  Xn  0 (9.2)
dx dx

Assim o equilíbrio de forças vertical e horizontal para uma fatia infinitesimal, conduz
a:

dW  dX  dN  cos α  dT  senα  0 (9.3)

dE  dN  senα  dT  cos α  0 (9.4)

Em que T é a força resistente ao corte na base da fatia.

O equilíbrio local ficará satisfeito correndo a estas últimas três equações.

Figura 6 - Método de Janbu - Forças aplicadas a uma fatia de solo (FREITAS,2011)

31
Para o equilíbrio global considera-se o equilíbrio vertical, horizontal e de momento da
totalidade da massa do solo.

Para existir equilíbrio das forças verticais e horizontais, separadamente, a integral do


diferencial das forças de corte de interação entre as fatias tem que estar equilibrada com as
forças cortantes nas fronteiras da massa de solo.

 dX  X 0  X n ( 9.5)

 dE  E 0  En ( 9.6)

O equilíbrio de momentos encontra-se automaticamente satisfeito quando se considera


o equilíbrio local de cada fatia, incluindo as extremas.

Para determinar o fator de segurança adota-se para cada fatia:

Xn  1  Xn  0 (9.7)

A partir das equações de equilíbrio o valor do FS resulta da aplicação da seguinte


expressão:

1 sec²∝
FS= E x ∑ [[c' x ∆x+(W+(Xn+1 -Xn )-u x ∆x)tan∅'] tanα x tan∅'
] (9.8)
0 -En+ ∑ [(W+(Xn+1 -Xn )]tanα 1+
FS

 Define-se uma posição para a linha de pressão e utilizando o FS obtido inicialmente,


chega-se a um valor para a expressão (9.8) através das expressões de equilíbrio de
forças e de momentos, podendo assim calcular um novo valor de FS;
 Repete-se o processo até ser obtido um FS associado a um determinado erro de
convergência admitido no processo de cálculo.

32
2.4.4.4 Método de Bishop

O método proposto por Bishop (1955), conhecido como método de Bishop simplificado,
admite, para uma superfície circular, que não existem esforços cisalhantes interfatias, somente
esforços normais, onde então é feito o equilibro de forças, conforme indicado pela figura 07.

Figura 7 - Lamela de Bishop (MASSAD, 2003)

Tem-se:

( N  U )  cosθ  Tsenθ  P (10)

De onde se retira:

c'x  tgθ
P  *U  x 
N F (11)
tgφ'senθ
cos θ 
F

Substituindo na equação 10, permite o cálculo de F, por processo iterativo (pois N é


função de F, que se procura). Assim, a substituição resulta em:

33
P  u  x  c'x  tgθ / F
 [c'l  cos θ  tgφ'senφ / F
F  tgθ ' (12)
 ( P  senθ )

O cálculo iterativo do coeficiente de segurança F é feito da seguinte forma: adota-se um


valor inicial de F1, entra-se na equação 12, extrai-se novo valor do coeficiente de segurança F2,
que é comparado ao inicial F1. Para os problemas correntes, basta obter precisão decimal do
valor de F.

Segundo (MASSAD, 2003), analisando a expressão proposta, pode-se também prever


algumas dificuldades na aplicação do método de Bishop simplificado, de fato: na região do pé
de um talude, Ɵ pode ser negativo e, o denominador de N pode ser também negativo, ou nulo;
e se F for menor do que 1, e se a pressão neutra U for suficientemente grande, então o
denominador de N pode se tornar negativo.

Se tais resultados acontecerem, é recomendado a aplicação de um método mais rigoroso.

A título de curiosidade, o método de Bishop incluía originalmente, forças entre as


lamelas do tipo X. No entanto, a não consideração dessas forças conduzia a um erro de
aproximadamente 1% no valor de F. Daí Bishop ter recomendado desprezar tais forças entre
lamelas, denominado Bishop Simplificado. (MASSAD, 2003).

2.5 Correlações

Ensaios de laboratório podem se tornar inviáveis devido ao alto custo de realização e a


dificuldade em retirada de amostras indeformadas. Por tais motivos, recorre-se em geral, a
procedimento indiretos para se obter características “in situ” de resistência ao cisalhamento
e também de compressibilidade desses solos, em especial. As sondagens de percussão,
usualmente as únicas disponíveis em análises preliminares, são muito utilizadas nesses
procedimentos. (MARAGON,2000).

34
De acordo com (SCHNAID,2000), a análise dos resultados com vista a um projeto
geotécnico específico pode ser realizada segundo duas abordagens distintas:

a) Métodos diretos: de natureza empírica ou semiempírica, têm fundamentação


estatística, a partir da qual as medidas de ensaio são correlacionadas diretamente
ao desempenho de obras geotécnicas. O SPT constitui no mais conhecido
exemplo brasileiro de uso de métodos diretos de previsão, de recalques quanto
à capacidade de carga de fundações.

b) Métodos indiretos: os resultados dos ensaios são aplicados à previsão de


propriedades constitutivas de solos, possibilitando a adoção de conceitos e
formulações clássicas de Mecânicas dos Solos como abordagem de projeto.

Sabendo-se que o N spt fornece uma medida de resistência, é prática comum estabelecer

correlações entre N spt e a densidade relativa (Dr) e ângulo de atrito interno do solo. (Schnaid,

2000). Cintra et. al 2003, apresenta valores para correlações de coesão, ângulo de atrito e peso
específicos para os solos.

2.5.1 Ângulo de atrito (ϕ)

Para adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode-se utilizar a equação X proposta por
Teixeira (1996), onde correlaciona o índice de resistência à penetração (N) do SPT:

  20 N spt  15º (13)

35
2.5.2 Coesão (c)

Correlações de Soils and Foundations Handbook (2011) mostram que a coesão pode ser
grosseiramente encontrada utilizando a equação xx abaixo. Os valores para a coesão são dados
em toneladas por pés ao quadrado (tf/pes²).

N Sptm édio
c (14)

2.5.3 Peso específico (𝛾)

Os valores do peso específico utilizado em cada camada foram embasados em


correlações propostas por Godoy apud Cintra et al. 1972, conforme Tabela 5 abaixo.

Tabela 3 - Peso específico de solos Argilosos (Godoy apud Cintra et al. 1972)

Peso específico (kN/m³)


N (golpes) Consistência
Seca Úmida Saturada
≤5 Fofa 16 18 19
5-8 Pouco compacta 16 18 19
Medianamente
9 - 18 compacta 17 19 20
19 - 40 Compacta 18 20 21
> 40 Muito compacta 18 20 21

2.6 Geossintéticos

A utilização de materiais naturais para melhorar a qualidade dos solos, foi prática
comum desde 3000 a.C. Solo misturado com palha, bambus etc., em geral materiais vegetais
constituídos de fibras resistentes, foram empregados em diversas estruturas, como a Grande
Muralha da China e em várias obras do Império Romano. (VERTEMATT, 2004).

36
Ainda segundo VERTEMATT, 2004, mais tarde com a produção dos materiais
sintéticos, produzidos pela indústria química, por exemplo o PVC produzido em 1913, foi dado
um grande passo no desenvolvimento dos materiais geossintéticos, iniciando assim a fabricação
de geotêxteis não tecidos de filamentos contínuos, por volta do 1960 na França, Inglaterra e
EUA. Também data desta época o desenvolvimento, pelas indústrias de embalagens inglesas a
tecnologia de fabricação de malhas sintéticas, ou georredes.

Braja (2007), ressalta que devido as diversas funções que o gossintético pode
desenvolver, e sua economia aliada a praticidade, sua utilização em obras geotécnicas, vem
aumentando de modo rápido.

Figura 8 - Geossintéticos empregados com maior frequência em obras geotécnicas – Adaptado de (VERTEMATTI, 2004).

2.6.1 Definição

De acordo com (VERTEMATT, 2015), os geossintéticos são constituídos


essencialmente por polímeros e, em menor escala, por aditivos. Os aditivos têm função de
introduzir melhorias nos processos de fabricação ou modificar o comportamento de engenharia
do polímero básico.

37
No geral os geossintéticos são fabricados a partir de polímeros sintéticos derivados do
petróleo, embora algumas fibras naturais como as de juta, sisal e coco também são empregadas
na fabricação de geotêxteis, (denominados de biotêxteis) e geomantas (denominadas
biomantas).

De acordo com a NBR 12.553: Geossintéticos – Terminologia (ABNT, 1997), os


geossintéticos podem exercer uma ou mais funções em uma obra de engenharia, como as
destacadas a seguir:

 Separação – evitar a mistura ou interação de materiais adjacentes;


 Reforço – utilização das propriedades mecânicas de um geossintético para a melhoria
do comportamento mecânico de uma estrutura geotécnica;
 Proteção – limitação ou prevenção de danos a elementos de obras geotécnicas;
 Drenagem – coleta e condução de um fluido pelo corpo de um geossintético;
 Filtração – retenção de um solo ou de outras partículas, permitindo a passagem livre do
fluido em movimento;
 Impermeabilização – Bloqueio ou desvio de fluidos;
 Controle de erosão superficial – prevenção de erosão superficial de partículas de solo
devido a escoamento superficial de um fluido.

2.6.2 Geomembranas

As geomembranas são barreiras impermeáveis ao líquido ou vapor de folhas poliméricas


contínuas e flexíveis. São mantas laminadas flexíveis de Alta Densidade – Polietileno de Alta
Densidade (PEAD) ou policloreto de vinil (PVC) (BRAJA, 2007).

Os revestimentos com geomembranas evitam a percolação de efluentes, liquames,


chorumes no solo e subsolo, garantindo a estanqueidade de sistemas.

São características da geomembrana:

 Alta resistência de ruptura física por tração mecânica;


 Junções feitas através de termo-fusão;

38
 Praticidade em sua instalação, abreviando diversas etapas necessárias na
impermeabilização convencional; e
 Alto grau de segurança.

Além disso pode ser aplicada em diversas obras e ambientes distintos, tais como:
Armazenamento de água, estação de tratamento de efluentes, reservatórios para mineração,
reservatórios de lixos entre outros.

2.6.2.1 Tubo para drenagem

Os tubos de drenagem, tratam-se de dispositivos destinados ao rebaixamento e/ou


interceptação do lençol freático, e drenagens em geral em solos e rochas, através da inserção de
um meio poroso a fim de transportar água para o local desejado.

Os três materiais predominantes para a confecção de tubos de drenagem de plástico são


o policloreto de vinil (PVC), o polietileno de alta densidade (PEAD) e, em menor incidência, o
polipropileno (PP). Em condições de altas temperaturas os tubos de PEAD são mais afetados
que os de PVC apresentando, consequentemente, risco maior de deformação. Por outro lado, o
tubo de PVC se torna mais sensível a baixas temperaturas e frágil, quando exposto a temperatura
abaixo do ponto de congelamento da água (DIELEMAN e TRAFFORD, 1976; CAVELAARS
et al., 1994).

A utilização dos tubos de plástico lisos na drenagem iniciou-se em torno de 1960, esses
tubos foram depois substituídos por tubos de paredes corrugadas. A principal vantagem dos
tubos plásticos sobre os de cerâmica ou de concreto, é que são mais leves e isto faz com que o
seu transporte e manuseio sejam mais fáceis, possibilitando altos ritmos de instalação.

Hoje os tubos drenantes em PEAD vem ganhando espaço no mercado, flexível e


helicoidal, possui alta resistência mecânica e proteção ao ataque de agentes químicos presentes
no meio. A figura 09 mostra a composição de um tubo drenante.

39
Figura 9 - Tubo utilizado em drenagens popularmente conhecido como Kananet – Fonte: disponível em:
http://www.casadagua.com/fabricantes/kananet/

40
3. METODOLOGIA

3.1 Descrição da área de estudo

O presente trabalho realizou um estudo de caso sobre um reservatório localizado em


uma mineração na cidade de Congonhas, Minas Gerais. Este estudo visou analisar a estabilidade
de um talude que constitui uma das paredes do reservatório escavado (supracitado), em
situações que pudessem comprometer a estabilidade do mesmo. O reservatório foi escavado
com o intuito de alimentar a planta central da já referida empresa de mineração, podendo gerar
autonomia para o sistema de aproximadamente 8 horas. As situações analisadas para o estudo
de caso foram: reservatório em fluxo permanente, reservatório em fase final de construção,
reservatório em operação, enchimento do reservatório e rebaixamento rápido do reservatório.
Um dado importante para os cálculos foi a vazão de 2000 m³/h da bomba que alimenta o
reservatório para o cálculo do tempo que a bomba leva para encher o reservatório de 35000 m³.
Foi verificado um tempo necessário de 17,5 horas para o completo enchimento do tanque.

3.2 Estudos realizados

Para a determinação dos parâmetros geotécnicos do terreno, a empresa mineradora


forneceu a topografia do terreno, estudos geológicos-geotécnicos e todas as informações
necessárias para compreensão e realização das análises.

3.2.1 Características geológicas

De acordos com relatórios elaborados pela empresa, grande parte da área mapeada está
coberta por solos provenientes da alteração de xistos e filitos, nos limites da área do tanque foi
mapeada uma região coberta por solo laterítico.

41
3.2.2 Características topográficas

O levantamento topográfico do perfil do terreno fornecido pela empresa considerou uma


região a qual incluiu o reservatório, assim como as adjacências que pudessem influenciar as
análises. Segue abaixo a figura 10 mostrando a planta do terreno e suas adjacências.

Figura 10 - Vista em Planta do Reservatório – Acervo da Empresa

O talude mais crítico escolhido para análise (região circulada em vermelho na figura 16)
foi o talude de fronteira entre o acesso à mina existente e o reservatório. Esse talude possui 9,40
metros de altura com a crista medindo 5,71 metros de largura em sua parte mais crítica, como
mostra a figura 11.

42
Figura 11 - Seção Crítica do Reservatório – Acervo da Empresa

3.2.3 Aspectos Geológicos-Geotécnicos

3.2.3.1 Ensaio de Sondagem a Percussão

O perfil geológico-geotécnico do local foi realizado a partir do ensaio de sondagem a


percussão (SPT) fornecido pela empresa, do qual, respeitando a norma da ABNT NBR 6484/96,
foram obtidos os índices de resistência à penetração do solo, a amostra deformada do material
por camada e os níveis de água quando existentes nos furos. De acordo com a norma da ABNT
NBR 11682/2009, foram utilizados três furos (SP06, SP07 e SP11/11A) alinhados na seção
crítica para permitir a identificação da estratigrafia do solo e também para detectar as
características das camadas. A figura 12 mostra o mapa dos furos de sondagem.

43
Figura 12 - Mapa de Furos de Sondagens – Acervo da Empresa

Para cada furo de sondagem (SPT) as camadas geológicas-geotécnicas foram


consideradas pela média dos números de golpes, referentes a 30cm do ensaio de N spt e após,

esse valor médio, foi alvo de nova média, unindo todas as camadas do N spt . O nível d’água foi

indicado apenas em um dos furos estando a 14,33 metros de profundidade. Os resultados do


ensaio de SPT se encontram no anexo A. Baseado nos boletins de sondagem e nos valores de
índice de resistência à penetração médio foram criadas 7 camadas para representar a
estratigrafia do solo. As camadas estão mostradas na tabela 3 com os valores de N spt médio por

camada.

44
Tabela 4 - Materiais e Nspt Médio de Cada Camada – Fonte: Autores
Material Nspt médio Cor
Silte Pouco Arenoso 19,0
Fragmentos de Laterita 15,5
Silte Pouco Argiloso 18,8
Silte Marrom Amarelado 18,9
Silte Pouco Argiloso 29,2
Silte Argiloso 28,5
Silte Areno Argiloso 28,8

O furo SP-07 foi utilizado como referência para a inicialização da estratigrafia, uma vez
que este se encontrou no talude a ser analisado bem próximo à seção crítica (Vide Fig. 12). A
figura 13 representa a estratigrafia disposta no programa GeoStudio de acordo com as cores por
camadas representadas na tabela 4.

Figura 13 - Estratigrafia do Solo GeoStudio – Fonte: Autores

45
3.2.3.2 Ensaio Triaxial

Na crista do talude, em sua parte mais crítica, ainda foi realizado um ensaio triaxial
consolidado, não drenado e também os ensaios de permeabilidade, sedimentação e
caracterização do material para uma melhor precisão nos resultados. O bloco foi retirado a 1,25
metros da superfície com dimensões de 30cm x 30cm x 30cm. A coesão efetiva e o ângulo de
atrito obtido foram 48,8 KPa e 26,3°, respectivamente, e esses valores foram utilizados para
averiguar os valores obtidos para coesão e ângulo de atrito segundo o N spt médio de cada

camada. Foram também utilizados como referência, os valores obtidos de ensaios triaxiais
anteriormente realizados nos arredores do reservatório, e por meio de um estudo
pormenorizado, propôs-se uma relação entre os valores de coesão dos arredores do tanque e o
valor obtido do relatório atual (48,8 Kpa). A tabela 5 mostra os valores dos triaxiais antigos e
as correlações entre eles e o último. Além disso, com base na literatura e na geotecnia das
camadas estudadas, pelas sondagens, averiguou-se a consistência dos parâmetros obtidos por
todos os estudos.

Tabela 4 - Relação de coesão entre ensaios triaxiais - Acervo da Empresa

Empresa 1 Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Relação entre


2008 2009 2014 2016 coesões
𝛾 18 18 18 18,1
c 30 31 20 48,8 1,9
𝜙 28 31 30 26,3

Essa relação de 1,9 foi utilizada na equação 16 de correlação entre coesão e N spt como

um fator de segurança aos resultados.

3.2.3.3 Parâmetros do Solo

Conforme apresentado anteriormente, o ensaio triaxial foi realizado para apenas uma
camada do solo, o que não representa o perfil geotécnico como um todo, pois o solo se apresenta
como um material heterogêneo e anisotrópico, neste sentido fez-se necessário utilizar os dados

46
dos ensaios SPT para melhor representar a variação das propriedades do solo, nas diferentes
camadas que formam o perfil geotécnico.

Para obtenção do ângulo de atrito de cada camada constituinte do solo, partiu-se


inicialmente da equação 13. Os valores obtidos, foram comparados aqueles obtidos pelos
resultados dos ensaios anteriormente realizados. Assim sendo, propôs-se como forma de
corrigir os valores correlacionados, o valor de 5º em substituição aos 15º propostos por Teixeira,
na formulação de obtenção do ângulo de atrito conforme apresentado equação 15, obtendo-se
assim valores condizentes com a natureza geotécnica presente no reservatório.

O ângulo de atrito para cada camada foi obtido baseado na fórmula desenvolvida por
Teixeira (1996) que segue abaixo.

  20 N spt  5º (15)

Para a coesão, adotou-se o valor de 𝛼 = 27 na equação 14, devido a classificação


geotécnica do solo, existente na seção do reservatório analisada. Para a transformação de tf/m²
para KPa foi necessária a multiplicação da equação anterior por 95,76 para que a coesão
remetesse a um valor em KPa. Como a equação 14 não é uma correlação para solos brasileiros,
conforme apresentado anteriormente, optou-se pela utilização da relação de coesões, como um
fator de segurança de 1,9, tornando a análise mais real com os resultados dos ensaios. Portanto,
a fórmula final utilizada para a obtenção da coesão a partir do N spt médio se apresentou da

seguinte forma:

N spt
*95, 76
c  27  N spt *1,87 (16)
1,9

Os valores do peso específico utilizado em cada camada foram embasados em


correlações propostas por Godoy apud Cintra et al. 1972, conforme Tabela 03.

47
Por razões de segurança, optou se, por utilizar o valor do peso especifico de 17 KN/m³
invés de 19 KN/m³ para N spt variando de 11 a 19.

De posse das equações 15 e 16 e dos resultados fornecidos pela empresa, obteve-se os


resultados na Tabela 6, referentes aos parâmetros do solo para cada camada.

Tabela 5 - Parâmetros dos Solos por Camada

Nspt
Material NA 𝛾 c 𝜙
médio
Silte Pouco Arenoso 19,0 17 35,5 24,5
Fragmentos de Laterita 15,5 17 28,9 22,6
Silte Pouco Argiloso 18,8 17 35,1 24,4
Silte Marrom Amarelado 18,9 17 35,3 24,4
Silte Pouco Argiloso 29,2 14,3 21 54,5 29,2
Silte Argiloso 28,5 21 53,2 28,9
Silte Areno Argiloso 28,8 21 53,8 29,0

3.2.3.4 Ensaio de Permeabilidade

O relatório do ensaio de permeabilidade fornecido pela empresa mostrou um coeficiente


de permeabilidade igual a 6,8 x 10-6 cm por segundo a 20°C. Foi também fornecido pelo
relatório a umidade natural do material. Porém, para as análises realizadas necessitou-se saber
o valor da umidade saturada. Para isso, multiplicou-se a umidade natural por 1,4, ou seja, 40%
a mais para efeitos de saturação, tornando o valor final igual a 40% ou 0,4 m³/m³. A figura 21
foi retirada do relatório mostrando os resultados do mesmo.

48
Figura 14 - Resultados do Ensaio de Permeabilidade – Acervo da Empresa

3.3 Metodologia de Dimensionamento

O projeto em questão possui uma área total de 4953,5 m² e as análises foram realizadas
para um volume de 35000 m³. Com essas premissas foram realizadas as análises para os
métodos de Morgenstern-Price, Spencer, Janbu e Bishop. Para todos os casos foram
considerados os mesmos parâmetros e hipóteses: fluxo permanente do reservatório, fase final
da construção do reservatório, reservatório em operação, enchimento do reservatório e
rebaixamento rápido do reservatório.

Este trabalho buscou implementar a concepção de análise de estabilidade de taludes


baseado no software GeoStudio para as análises Slope e Seep, utilizando-se dos seguintes
métodos:

 Morgenstern-Price
 Bishop
 Janbu
 Spencer

Buscou-se realizar as análises por diferentes metodologias para que, de posse de todos
resultados, se obtivesse o menor fator de segurança possível. Tal fator deve ser de no mínimo
1,5, atendendo tanto às exigências da empresa mineradora quanto às da norma da ABNT NBR
11682:2009.

A análise SEEP do software GeoStudio foi utilizada para avaliar a percolação de água
no maciço e utilizou-se dela para obter os resultados para as hipóteses de fluxo permanente do
reservatório, enchimento do reservatório e rebaixamento rápido do reservatório. Já a análise

49
Slope foi utilizada para avaliar as possíveis superfícies de ruptura do maciço e foi utilizada para
encontrar os resultados para as hipóteses de: ruptura de jusante do talude devido ao enchimento
do reservatório, ruptura geral do talude devido ao fluxo permanente no reservatório, ruptura a
montante do talude devido ao rebaixamento rápido do reservatório, ruptura de jusante do talude
devido ao fluxo permanente no reservatório e ruptura de montante devido ao fim da construção
do reservatório (vazio). As condições de contorno foram impostas no programa impedindo que
a água percolasse pelo talude.

50
4. RESULTADOS

O programa foi inicializado e a partir dos parâmetros do solo obtidos através das
fórmulas ajustadas, criou-se camadas com seus respectivos parâmetros (vide Figura 20 e Tabela
3). Também foram definidas as condições de contorno necessárias para cada tipo de caso e os
resultados foram expressos através do software. Para a hipótese enchimento rápido a condição
de contorno foi delimitar toda a superfície do reservatório com poropressão nula. Para a hipótese
de fluxo permanente as condições de contorno consideradas foram a carga de água do
reservatório nas superfícies do reservatório e a poropressão nula nas demais superfícies. Para a
hipótese de rebaixamento rápido as condições de contorno consideradas foram o alívio de carga
devido ao rebaixamento do nível do reservatório nas superfícies do reservatório e a poropressão
nula nas demais superfícies. Nas demais hipóteses não foram consideradas condições de
contorno. De acordo com as condições apresentadas, o programa foi executado e os resultados
seguem abaixo separados para cada método.

4.1 Método de Morgenstern-Price

 Análise da ruptura no talude de jusante, devido ao enchimento do reservatório com


tempo estimado de 17,5 horas, FS = 2,541.

Figura 15 - Ruptura a Jusante do Reservatório por Morgenstern-Price – Fonte: Autores

 Análise da ruptura geral do maciço, FS = 1,999;

51
Figura 16 - Ruptura Geral por Morgenstern-Price - Fonte: Autores

 Análise da ruptura à montante do devido ao rebaixamento rápido do reservatório.


FS=2,589.

Figura 15 - Ruptura no Talude de Montante por Morgenstern-Price - Fonte: Autores

 Análise da ruptura a jusante do devido ao fluxo permanente, FS = 2,119.

52
Figura 16 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Morgenstern-Price - Fonte: Autores

 Análise da ruptura a montante em condições de reservatório vazio, FS = 2,671.

Figura 19 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Morgenstern-Price - Fonte: Autores

Para as análises seguintes (Janbu, Bishop e Spencer) apenas foi necessário alterar o
método e, então, o programa foi executado novamente.

53
4.2 Método de Janbu

 Análise da ruptura no talude de jusante, devido ao enchimento do reservatório com


tempo estimado de 17,5 horas, FS = 2,433.

Figura 20 - Ruptura a Jusante do Reservatório por Janbu - Fonte: Autores

 Análise de ruptura geral do maciço, FS = 1,931;

Figura 21 - Ruptura Geral por Janbu - Fonte: Autores

54
 Análise de ruptura à montante, devido ao rebaixamento rápido do reservatório,
FS= 2,240.

Figura 22 - Ruptura no Talude de Montante por Janbu - Fonte: Autores

 Análise da ruptura a jusante devido ao fluxo permanente, FS=1,888. Menor dente


os métodos e condições analisadas.

Figura 23 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Janbu - Fonte: Autores

 Análise de ruptura a montante em condições de reservatório vazio, FS=2,389.

55
Figura 17 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Janbu - Fonte: Autores

4.3 Método de Bishop

 Análise da ruptura no talude de jusante, devido ao enchimento do reservatório,


FS=2,352.

Figura 18 - Ruptura a Jusante do Reservatório por Bishop - Fonte: Autores

 Análise da ruptura geral do maciço, FS=1,998.

56
Figura 26 - Ruptura Geral por Bishop - Fonte: Autores

 Análise da ruptura à montante devido ao rebaixamento rápido do reservatório,


FS=2,473.

Figura 27 - Ruptura no Talude de Montante por Bishop - Fonte: Autores

 Análise da ruptura a jusante devido ao fluxo permanente, FS=1,998.

57
Figura 28 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Bishop - Fonte: Autores

 Análise de ruptura a montante em condições de reservatório vazio, FS=2,624.

Figura 29 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Bishop - Fonte: Autores

58
4.4 Método de Spencer

 Análise da ruptura no talude de jusante, devido ao enchimento do reservatório com


tempo estimado de 17,5 horas. FS = 2,589.

Figura 30 - Ruptura a Jusante do Reservatório por Spencer - Fonte: Autores

 Análise da ruptura geral do maciço, FS = 2,023.

Figura 19 - Ruptura Geral por Spencer - Fonte: Autores

59
 Análise da ruptura à montante devido ao rebaixamento rápido do reservatório, FS=
2,592.

Figura 20 - Ruptura no Talude de Montante por Spencer - Fonte: Autores

 Análise da ruptura a jusante devido ao fluxo permanente, FS=2,156.

Figura 21 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Spencer - Fonte: Autores

 Análise da ruptura a montante em condições de reservatório vazio, FS=2,705.

60
Figura 224 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Spencer - Fonte: Autores

61
5. DISCUSSÃO

De posse dos resultados emitidos pelo software, criou-se a Tabela 7 – Resultados dos
FS, comparativa dos fatores de segurança para cada método considerando todas as hipóteses.

Tabela 6 - Resultados dos FS

Hipóteses Morgenstern-Price Janbu Bishop Spencer

Enchimento 2,541 2,433 2,352 2,569

Geral 1,999 1,931 1,998 2,023

Rebaixamento 2,589 2,24 2,473 2,592

Jusante 2,119 1,888 1,998 2,156

Montante 2,671 2,389 2,624 2,705

Observando a Tabela 7 pode ser notado que o menor fator de segurança obtido foi de
1,888 considerando a hipótese de ruptura a jusante do talude quando em fluxo permanente pelo
método de Janbu. Mesmo o menor valor de fator de segurança foi satisfatório para o estudo em
questão onde considerou-se, segundo as exigências da empresa e da norma ABNT 11682/2009,
um fator mínimo de segurança igual a 1,5.

62
6. CONCLUSÃO

Este trabalho apresentou as análises de estabilidade de um talude que compõe uma das
paredes de um reservatório escavado de uma empresa mineradora para os diferentes métodos
considerados na engenharia geotécnica: Morgenstern-Price, Janbú, Bishop e Spencer. Para
todos eles foram considerados as hipóteses de: fluxo permanente do reservatório, fase final da
construção do reservatório, reservatório em operação, enchimento do reservatório e
rebaixamento rápido do reservatório. Pode-se observar uma discrepância nos fatores de
segurança para os métodos analisados, porém nenhum valor foi inferior ao mínimo exigido pela
empresa (FS=1,5) e todos respeitaram também a norma ABNT NBR 11682/2009.

Através dos resultados foi possível perceber que o menor valor de fator de segurança
obtido foi de 1,888 considerando a hipótese de ruptura a jusante do talude quando em fluxo
permanente pelo método de Janbú. Mesmo esse sendo o menor dos valores ele ainda foi
satisfatório por ser maior que 1,5.

Na prática, para garantir a estanqueidade do reservatório, foi aconselhado a aplicação


de uma Geomembrana em PEAD (Polietileno de Alta Densidade) de alta qualidade, que
satisfaça todos os requisitos estabelecidos por norma.

63
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABNT – NBR 11682: 2009 - Estabilidade de taludes. Rio de Janeiro, ABNT,2009. P.39.

ABNT – NBR 12.553:2013 – Geossintéticos – Terminologia – Elaboração, Rio de Janeiro:


ABNT, 2013. p.3.

ABNT – NBR 6023:2002 – Informação e documentação – Referências – Elaboração, Rio de


Janeiro: ABNT, 2002. p.22.

AUGUSTO FILHO, O. & VIRGILI, J. C. (1998), Geologia de Engenharia, Cap. 15,


Estabilidade de Taludes, ABGE, São Paulo, p. 243-269.

BRAJA M. DAS. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6. ed. São Paulo, Brasil:


Thomson Learning, 2007. 562 p.

BUENO, B. S. & VILAR, O. M. Mecânica dos solos. Gráfica EESC/USP, vols. 1e 2. São
Carlos, 1985.

DIELEMAN, P.J. & TRAFFORD, B.D. Ensayos de drenaje. In: Irrigation and Drainage, paper
nº 28. FAO/ONU, Roma, 1976. 172 p.

MENEZES, Suelen; IPEA. Arma contra danos da chuva - Minibarragens ajudam a evitar
erosões... 2007.Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1455:cati
d=28&Itemid=23>. Acesso em: 11 nov. 2016

HACHICH, W., Falconi, F. F., Saes, J. L. et al. Fundações: teoria e prática. 2 ed. Pini, São
Paulo,1998. 751p.

MACHADO, Sandro Lemos, MACHADO, Miriam de Fátima. Mecânica dos solos II:
conceitos introdutórios. UFB, Salvador, 1997.

MASSAD, Faiçal. Obras de terra, curso básico de Geotecnia. 2.ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2003. 216 p.

PIASENTIN, Corrado. A história das Barragens no Brasil – Séculos XIX, XX e XXI:


Cinquenta anos do comitê Brasileiro de Barragens. Print. São Paulo, 2011. 524p.

Soils and Foundations Handbook (2011) – State of Florida – Department of Transportation.

64
VELLOSO, Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Rezende. Introdução. In: VELLOSO,
Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Rezende (Org.). Fundações. 1º Reimpressão. São
Paulo: Oficina de Textos, 2012. 584p.

VERTEMATTI, J. C. Manual Brasileiro de Geossintéticos. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blucher,


2004. 576p.

65
ANEXO A – BOLETINS DE SONDAGEM

66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79

Você também pode gostar