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OURO BRANCO
DEZEMBRO-2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS ALTO PARAOPEBA
ENGENHARIA CIVIL
OURO BRANCO
DEZEMBRO-2016
DOUGLAS HENRIQUE SANTOS SOUSA
JORDAN LOPES ALBINO
COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________________
Prof. Dr. Leandro Neves Duarte
Orientador/UFSJ
_____________________________________________
Prof. Me. Tales Moreira de Oliveira
Co-orientador/UFSJ
_____________________________________________
Prof. Dr. Erivelto Luís de Souza
Avaliador/UFSJ
RESUMO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
1.2. Justificativa............................................................................................................ 13
v
2.5.3 Peso específico (𝛾) .......................................................................................... 36
3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 41
4. RESULTADOS............................................................................................................ 51
5. Discussão ..................................................................................................................... 62
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 63
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - (a) Empuxo ativo; (b) Empuxo passivo (MOLITERNO, 1994) ............................ 18
Figura 2 - Ruptura de talude: (a) diagrama esquemático – (BRAJA, 2007). .......................... 20
Figura 3 - Esquema do Método do Círculo de Atrito (VILAR & BUENO, 1985). ................ 22
Figura 4 - Esquema exemplificado do Método das Cunhas (VILAR & BUENO, 1985) ........ 25
Figura 5 - - Esquema típico e polígono de forças do Método das Lamelas (VILAR & BUENO,
1985) ................................................................................................................................... 27
Figura 6 - Método de Janbu - Forças aplicadas a uma fatia de solo (FREITAS,2011) ........... 31
Figura 7 - Lamela de Bishop (MASSAD, 2003) .................................................................. 33
Figura 8 - Geossintéticos empregados com maior frequência em obras geotécnicas – Adaptado
de (VERTEMATTI, 2004). .................................................................................................. 37
Figura 9 - Tubo utilizado em drenagens popularmente conhecido como Kananet – Fonte:
disponível em: http://www.casadagua.com/fabricantes/kananet/ ........................................... 40
Figura 10 - Vista em Planta do Reservatório – Acervo da Empresa ...................................... 42
Figura 11 - Seção Crítica do Reservatório – Acervo da Empresa .......................................... 43
Figura 12 - Mapa de Furos de Sondagens – Acervo da Empresa ........................................... 44
Figura 13 - Estratigrafia do Solo GeoStudio – Fonte: Autores .............................................. 45
Figura 14 - Resultados do Ensaio de Permeabilidade – Acervo da Empresa ......................... 49
Figura 17 - Ruptura no Talude de Montante por Morgenstern-Price - Fonte: Autores ........... 52
Figura 18 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Morgenstern-
Price - Fonte: Autores .......................................................................................................... 53
Figura 24 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Janbu - Fonte: Autores ................. 56
Figura 25 - Ruptura a Jusante do Reservatório por Bishop - Fonte: Autores ......................... 56
Figura 31 - Ruptura Geral por Spencer - Fonte: Autores ....................................................... 59
Figura 32 - Ruptura no Talude de Montante por Spencer - Fonte: Autores ........................... 60
Figura 33 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Spencer - Fonte:
Autores ................................................................................................................................ 60
Figura 34 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Spencer - Fonte: Autores ............. 61
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE ANEXO
ix
1. INTRODUÇÃO
11
ao meio ambiente. Analisando as situações presentes in situ consegue-se através da tabela 3,
página 17 (NBR11682:2009) obter um valor estimado para o FS, que será o valor mínimo ao
qual o programa está limitado a fornecer, ou seja, se uma AET simulada no software retornar
um valor de FS maior que o valor limitante da norma, o talude estará seguro, caso contrário
constatar-se-á a instabilidade do mesmo com o risco de ruptura iminente.
1.1. Objetivos
12
1.2. Justificativa
13
2. REFERENCIAL TÉORICO
2.1 Introdução
Muito se preocupa com a escassez de água no mundo ultimamente e mais ainda com a
reutilização e armazenamento desse recurso vital à vida humana. Em um artigo publicado no
site do Ipea em novembro de 2009, por Suelen Menezes, consta que o Brasil possui cerca de 13
% de toda a água superficial do planeta. Porém, mesmo com a abundância de água doce em
relação a outros países, o país passa por problemas de escassez de água em algumas regiões,
dentre elas o semiárido nordestino. Uma medida adotada por Dom Pedro II em 1880, logo após
a Grande Seca a qual perdurou por mais de 3 anos, foi a construção de barragens quando ele
observou a falta de água naquela região com a intenção de represar a água dos períodos
chuvosos para os de estiagem (PIASENTIN, 2011). A implantação das barragens de represagem
de água contribuiu e ainda contribui muito para amenizar o exaurimento do recurso hídrico.
Uma outra forma de se represar água é através de reservatórios, por exemplo. Eles podem ser
constituídos de concreto, aço, PVC, dentre outros, ou mesmo escavado com a utilização de um
material impermeabilizante para garantir a estanqueidade. Em especial, para os escavados deve-
se atentar para os taludes que constituem as paredes do reservatório, tanto a montante quanto a
jusante (quando for o caso), respaldando-se na norma NBR 11682:2009 - Análise de
estabilidade de taludes.
Essa norma avalia os riscos de ruptura de um talude e, de acordo com os riscos a danos
materiais e a vida humana, é atribuído um fator de segurança variando de 1,2 a 1,5 conforme
mostra a tabela 1:
Nível de segurança
contra danos a vidas
humanas
Alto Médio Baixo
Nível de segurança
contra danos materiais e
ambientais
Alto 1,5 1,5 1,4
Médio 1,5 1,4 1,3
Baixo 1,4 1,3 1,2
14
NOTA 1 - No caso de grande variabilidade dos resultados dos ensaios geotécnicos, os fatores de segurança da tabela acima
devem ser majorados em 10%. Alternativamente, pode ser usado o enfoque semiprobabilistico indicado no Anexo D.
NOTA 2 – No caso de estabilidade de lascas/blocos rochosos, podem ser utilizados fatores de segurança parciais, incidindo
sobre os parâmetros γ, ϕ, c, em função das incertezas sobre estes parâmetros. O método de cálculo deve ainda considerar um
fator de segurança mínimo de 1,1. Este caso deve ser justificado pelo engenheiro civil geotécnico.
NOTA 3 – Esta tabela não se aplica aos casos de rastejo, voçorocas, ravinas e queda ou rolamento de blocos .
15
2.2.2 Triaxial
16
chamado de ensaio rápido (Q de quick) por não requerer que se proporcione tempo para
drenagem.
No Brasil não existe uma norma para sua execução, assim deve-se seguir as prescrições
da ASTM D2850.
Muitas vezes na engenharia civil, não se dispõe de espaço suficiente para realização de
uma transição gradual das elevações do terreno onde será implantado uma determinada obra.
Nestes casos os taludes podem ser suficientemente altos ou inclinados, de modo que a
estabilidade não é assegurada, sendo assim necessária a realização de estruturas de contenção
para suportar tais massas de solo não estáveis, garantindo a segurança da obra (MACHADO,
1997).
Segundo Machado (1997) o cálculo dos empuxos de terra constitui uma das mais antigas
preocupações da engenharia civil, antes mesmo ao nascimento da Mecânica dos Solos como
ciência autônoma, tratando-se de um problema de grande interesse prático, de ocorrência
frequente e de determinação complexa.
Para o estudo dos empuxos de terra, em síntese há duas linhas de conduta. A primeira
de cunho teórico, apoia-se em tratamentos matemáticos elaborados a partir de modelos
reológicos que tentam traduzir o comportamento preciso da Tensão x Deformação dos solos.
Este procedimento, em sua forma mais abrangente, considerando todos os aspectos
comportamentais, implica em dificuldades matemáticas insuperáveis, levando a adoção de
hipóteses simplificadoras que podem distanciar-se dos problemas práticos reais.
17
A segunda forma de abordagem, é de caráter empírico/experimental, sendo
recomendações colhidas de pesquisas em modelos laboratoriais e obras instrumentadas.
Segundo Vilar (1995) a automatização dos métodos numéricos (MDF - métodos das
diferenças finitas, MEF – método dos elementos finitos) através de computadores e a evolução
das técnicas de amostragem têm propiciado, nos últimos anos, um desenvolvimento
significativo dos processos de cunho teórico. O uso do MEF propicia o cálculo tanto dos
empuxos quanto das deformações do solo/estruturas, realizando problemas que seriam
altamente complexos sem o uso computacional.
Para esses coeficientes, denomina-se empuxo de terra Ativo (Ea), ou seja, quando o solo
está empurrando a estrutura, como mostra a Figura 1 (a). Quando a parede é que avança contra
o solo temos então o empuxo Passivo (Ep), ou seja, a estrutura empurra o solo, como podemos
notar na Figura 1 (b). As pressões correspondentes chamam-se ativa e passiva e os coeficientes
de empuxo, ativo (Ka) e passivo (Kp). No caso de solos não apresentar descolamentos laterais,
o coeficiente é denominado de coeficiente de empuxo em repouso do solo (Ko).
18
Segundo Machado e Machado (1997), solos pré-adensados tendem a exibir maiores
valores de Ko, os quais se apresentam crescentes com a razão de pré-adensamento. Para altos
valores de O.C.R. (Over consolidation ratio ou Razão de sobre adensamento), pode se encontrar
valores de Ko superiores à umidade. Tem-se demonstrado que os solos não saturados tendem a
exibir valores de Ko decrescentes com o seu valor de sucção.
Uma superfície de solo exposta que forma um ângulo com a superfície horizontal é
chamada de talude não restrito (BRAJA, 2007).
19
Figura 2 - Ruptura de talude: (a) diagrama esquemático – (BRAJA, 2007).
Augusto Filho & Virgili (1998) salientam que os métodos de análise de estabilidade de
taludes podem ser divididos em três grandes grupos principais, ou seja, os analíticos ou
determinísticos: envolvendo os métodos baseados na teoria do equilíbrio limite e nos modelos
matemáticos de tensão e deformação; os experimentais e os observacionais: empregando
modelos físicos de diferentes escalas baseados na experiência acumulada com a análise de
rupturas anteriores (retroanálise, ábacos de projeto, opinião de especialistas, etc).
20
simplificadoras. A estabilidade do talude ou encosta é expressa pelo seu fator de segurança (FS)
que é determinado pelo quociente entre a resistência disponível do terreno e a resistência
mobilizada ao longo da superfície de escorregamento.
τ c σ tgφ (01)
Onde:
21
equilíbrio da porção do solo acima da superfície de ruptura pré-fixada, comparando as forças
resultantes atuantes com as de cisalhamento resistentes. (MACHADO & MACHADO, 1997).
Onde:
W = força peso da massa que tende a deslizar, com direção, sentindo, e módulo
e ponto de aplicação conhecidos;
F = força de atrito, cujo módulo é desconhecido, mas tem sua direção definida
por um ângulo com a normal à superfície de deslizamento. Portanto, essa
direção tangencia um círculo de centro em O e com raio r = R x sen.
C = força resultante da coesão do solo ao longo da superfície de ruptura e que
constitui do produto da coesão do solo pelo comprimento do arco de AB, C = c
x AB. A resultante C têm sentido de atuação conhecido e direção da corda AB.
22
A distância a entre o ponto de aplicação da força de coesão e o centro do círculo é obtida
por equilíbrio de momentos:
RL
a (02)
Lc
Onde:
Com isso são obtidos os módulos da força de atrito F e da força de coesão C, e calcula-
se o fator se segurança (FS) por:
C
FS (03)
c AB
23
Assim repetem-se os procedimentos descritos de a) a e) até que se obtenha a superfície
de ruptura correspondente ao menor valor do coeficiente de segurança. Se houver pressões
neutras atuando no maciço, basta definir seu módulo, direção e sentido e incorporá-la ao
polígono de forças.
Em alguns casos de análise de taludes é possível delimitar a massa instável de solo por
alguns planos pré-determinados. O método consiste basicamente em fazer uma análise gráfica
das forças atuantes nestes corpos deslizantes a fim de obter o fator de segurança.
Compara-se seu valor com aquele obtido do polígono. Esta relação é o fator de
segurança, que deve ser igual ao valor adotado inicialmente. Caso não seja, repete-se o processo
até se obter essa igualdade. Para exemplificar o método, toma-se o caso de uma ruptura com
duas cunhas (vide Fig. 04). Desconhece-se as forças de atrito mobilizadas entre os corpos
deslizantes e a massa estável do talude (F1 e F2), a força resultante entre as duas cunhas (E),
sua direção (α) e o fator de segurança (FS). Para que o problema torne-se determinado, adota-
se o ângulo α igual ao ângulo de atrito mobilizado ’ e assume-se um valor para o coeficiente
de segurança.
24
Figura 4 - Esquema exemplificado do Método das Cunhas (VILAR & BUENO, 1985)
m1 = arctg ( tg φ1 / FS i )
m 2 = arctg ( tg φ2 / FS i )
C1 = C1 ⋅ AB
d) Traçar em escala:
• W1 e W 2 , na direção vertical;
• Cm2, na direção de AB;
• uma reta paralela a F2 ;
início de W 2 ;
25
Com isto, fecha-se o polígono e obtém o valor de Cm1 e fator de segurança calculado é
então por:
C1
FS calc (04)
c m1
Se esse valor não for igual ao adotado inicialmente, repete-se os passos b) a d) até que
se verifique a igualdade.
Caso existam mais forças atuantes no equilíbrio do talude, tais como pressões neutras,
estas devem ser quantificadas e englobadas no polígono de forças.
Os métodos das fatias são os mais aplicados a problemas práticos, principalmente por
sua flexibilidade em analisas problemas com diversas camas de solos com propriedades
diferentes, variação da resistência em uma mesma camada, diferentes configurações de pressão
neutra, diversas formas de superfície de ruptura (MACHADO & MACHADO, 1997).
26
Figura 5 - - Esquema típico e polígono de forças do Método das Lamelas (VILAR & BUENO, 1985)
Onde:
T: força cisalhante na base da fatia (T= x b0 ), onde é a tensão cisalhante na
base da fatia;
En, Em+1: resultantes das forças horizontais totais referentes às seções n e n+1,
respectivamente;
Xn, Xn+1: resultante das forças cisalhantes atuantes nas seções n e n+1;
U: resultante das pressões neutras atuantes;
N’: força normal efetiva atuante na base da lamela;
B: largura da fatia;
H: altura da fatia;
α: ângulo entre a força normal e vertical;
x: distância entre o centro do círculo de ruptura adotado e o centro da lamela; e
R: raio do círculo de ruptura adotado.
27
Qualquer força externa pode ser incluída na análise de equilíbrio da fatia e a superfície
de ruptura pode ter uma forma qualquer: circular (método de Bishop, Fellenius), mista (método
de Janbu) (MACHADO & MACHADO, 1997).
O fator de segurança (FS) é definido como a razão entre a tensão cisalhante de ruptura
e a atuante na base de cada fatia.
Equações Incógnitas
n equilíbrio de forças horizontais n força normal na base da fatia (N)
n equilíbrio de forças verticais n força cisalhante na base da fatia (T)
n equilíbrio de momentos n ponto de aplicação da normal (N)
n-1 força horizontal interfatias (Ei)
n-1 força vertical interfatias (Xi)
n-1 ponto de aplicação de Ei
3n: equações 6n-3: incógnitas
28
Para resolução do sistema, adota-se geralmente as seguintes hipóteses:
O método foi apresentado por Morgenstern & Price (1965), cumprindo todas as
equações de equilíbrio, pertencendo por isso ao grupo dos métodos mais rigorosos, tendo em
conta equações diferenciais de equilíbrio das forças (equação 06) e equilíbrio de momentos
(07), satisfazendo qualquer superfície de ruptura. Muitos métodos como Fellenius, Bishop
simplificado e Spencer, podem ser considerados como casos particulares deste último modelo.
É também uma aplicação do método das fatias, e exige cálculo computacional derivado do
complexo processo iterativo.
29
dE dy'
( y'1 y1) E1 0 (06)
b b X1
c'
1 tan ²α tan φ' dW dX dE tan α u 1 tan ²α dE dX tan α dW tan α (07)
FS FS b b b b b b
X f(x) E (08)
O método de Janbu na sua forma rigorosa foi apresentado em 1954. Este método
permite fazer análise admitindo superfícies de rotura com qualquer forma. O procedimento
baseia-se em equações diferenciais, as quais comandam o equilíbrio de forças e momentos da
massa acima da superfície adotada (FREITAS,2011).
30
dy dy dX dX
En (y' n - yn) - ( En dE) ( y' n dy' ) ( yn dy) Xn ( Xn dX ) 0 ( 9.1)
2 2 2 2
A expressão pode ser simplificada fazendo dX tender para zero, assim a transformando
a expressão em:
dy' dE
En ( y ' n yn) Xn 0 (9.2)
dx dx
Assim o equilíbrio de forças vertical e horizontal para uma fatia infinitesimal, conduz
a:
31
Para o equilíbrio global considera-se o equilíbrio vertical, horizontal e de momento da
totalidade da massa do solo.
dX X 0 X n ( 9.5)
dE E 0 En ( 9.6)
Xn 1 Xn 0 (9.7)
1 sec²∝
FS= E x ∑ [[c' x ∆x+(W+(Xn+1 -Xn )-u x ∆x)tan∅'] tanα x tan∅'
] (9.8)
0 -En+ ∑ [(W+(Xn+1 -Xn )]tanα 1+
FS
32
2.4.4.4 Método de Bishop
O método proposto por Bishop (1955), conhecido como método de Bishop simplificado,
admite, para uma superfície circular, que não existem esforços cisalhantes interfatias, somente
esforços normais, onde então é feito o equilibro de forças, conforme indicado pela figura 07.
Tem-se:
De onde se retira:
c'x tgθ
P *U x
N F (11)
tgφ'senθ
cos θ
F
33
P u x c'x tgθ / F
[c'l cos θ tgφ'senφ / F
F tgθ ' (12)
( P senθ )
2.5 Correlações
34
De acordo com (SCHNAID,2000), a análise dos resultados com vista a um projeto
geotécnico específico pode ser realizada segundo duas abordagens distintas:
Sabendo-se que o N spt fornece uma medida de resistência, é prática comum estabelecer
correlações entre N spt e a densidade relativa (Dr) e ângulo de atrito interno do solo. (Schnaid,
2000). Cintra et. al 2003, apresenta valores para correlações de coesão, ângulo de atrito e peso
específicos para os solos.
Para adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode-se utilizar a equação X proposta por
Teixeira (1996), onde correlaciona o índice de resistência à penetração (N) do SPT:
35
2.5.2 Coesão (c)
Correlações de Soils and Foundations Handbook (2011) mostram que a coesão pode ser
grosseiramente encontrada utilizando a equação xx abaixo. Os valores para a coesão são dados
em toneladas por pés ao quadrado (tf/pes²).
N Sptm édio
c (14)
Tabela 3 - Peso específico de solos Argilosos (Godoy apud Cintra et al. 1972)
2.6 Geossintéticos
A utilização de materiais naturais para melhorar a qualidade dos solos, foi prática
comum desde 3000 a.C. Solo misturado com palha, bambus etc., em geral materiais vegetais
constituídos de fibras resistentes, foram empregados em diversas estruturas, como a Grande
Muralha da China e em várias obras do Império Romano. (VERTEMATT, 2004).
36
Ainda segundo VERTEMATT, 2004, mais tarde com a produção dos materiais
sintéticos, produzidos pela indústria química, por exemplo o PVC produzido em 1913, foi dado
um grande passo no desenvolvimento dos materiais geossintéticos, iniciando assim a fabricação
de geotêxteis não tecidos de filamentos contínuos, por volta do 1960 na França, Inglaterra e
EUA. Também data desta época o desenvolvimento, pelas indústrias de embalagens inglesas a
tecnologia de fabricação de malhas sintéticas, ou georredes.
Braja (2007), ressalta que devido as diversas funções que o gossintético pode
desenvolver, e sua economia aliada a praticidade, sua utilização em obras geotécnicas, vem
aumentando de modo rápido.
Figura 8 - Geossintéticos empregados com maior frequência em obras geotécnicas – Adaptado de (VERTEMATTI, 2004).
2.6.1 Definição
37
No geral os geossintéticos são fabricados a partir de polímeros sintéticos derivados do
petróleo, embora algumas fibras naturais como as de juta, sisal e coco também são empregadas
na fabricação de geotêxteis, (denominados de biotêxteis) e geomantas (denominadas
biomantas).
2.6.2 Geomembranas
38
Praticidade em sua instalação, abreviando diversas etapas necessárias na
impermeabilização convencional; e
Alto grau de segurança.
Além disso pode ser aplicada em diversas obras e ambientes distintos, tais como:
Armazenamento de água, estação de tratamento de efluentes, reservatórios para mineração,
reservatórios de lixos entre outros.
A utilização dos tubos de plástico lisos na drenagem iniciou-se em torno de 1960, esses
tubos foram depois substituídos por tubos de paredes corrugadas. A principal vantagem dos
tubos plásticos sobre os de cerâmica ou de concreto, é que são mais leves e isto faz com que o
seu transporte e manuseio sejam mais fáceis, possibilitando altos ritmos de instalação.
39
Figura 9 - Tubo utilizado em drenagens popularmente conhecido como Kananet – Fonte: disponível em:
http://www.casadagua.com/fabricantes/kananet/
40
3. METODOLOGIA
De acordos com relatórios elaborados pela empresa, grande parte da área mapeada está
coberta por solos provenientes da alteração de xistos e filitos, nos limites da área do tanque foi
mapeada uma região coberta por solo laterítico.
41
3.2.2 Características topográficas
O talude mais crítico escolhido para análise (região circulada em vermelho na figura 16)
foi o talude de fronteira entre o acesso à mina existente e o reservatório. Esse talude possui 9,40
metros de altura com a crista medindo 5,71 metros de largura em sua parte mais crítica, como
mostra a figura 11.
42
Figura 11 - Seção Crítica do Reservatório – Acervo da Empresa
43
Figura 12 - Mapa de Furos de Sondagens – Acervo da Empresa
esse valor médio, foi alvo de nova média, unindo todas as camadas do N spt . O nível d’água foi
camada.
44
Tabela 4 - Materiais e Nspt Médio de Cada Camada – Fonte: Autores
Material Nspt médio Cor
Silte Pouco Arenoso 19,0
Fragmentos de Laterita 15,5
Silte Pouco Argiloso 18,8
Silte Marrom Amarelado 18,9
Silte Pouco Argiloso 29,2
Silte Argiloso 28,5
Silte Areno Argiloso 28,8
O furo SP-07 foi utilizado como referência para a inicialização da estratigrafia, uma vez
que este se encontrou no talude a ser analisado bem próximo à seção crítica (Vide Fig. 12). A
figura 13 representa a estratigrafia disposta no programa GeoStudio de acordo com as cores por
camadas representadas na tabela 4.
45
3.2.3.2 Ensaio Triaxial
Na crista do talude, em sua parte mais crítica, ainda foi realizado um ensaio triaxial
consolidado, não drenado e também os ensaios de permeabilidade, sedimentação e
caracterização do material para uma melhor precisão nos resultados. O bloco foi retirado a 1,25
metros da superfície com dimensões de 30cm x 30cm x 30cm. A coesão efetiva e o ângulo de
atrito obtido foram 48,8 KPa e 26,3°, respectivamente, e esses valores foram utilizados para
averiguar os valores obtidos para coesão e ângulo de atrito segundo o N spt médio de cada
camada. Foram também utilizados como referência, os valores obtidos de ensaios triaxiais
anteriormente realizados nos arredores do reservatório, e por meio de um estudo
pormenorizado, propôs-se uma relação entre os valores de coesão dos arredores do tanque e o
valor obtido do relatório atual (48,8 Kpa). A tabela 5 mostra os valores dos triaxiais antigos e
as correlações entre eles e o último. Além disso, com base na literatura e na geotecnia das
camadas estudadas, pelas sondagens, averiguou-se a consistência dos parâmetros obtidos por
todos os estudos.
Essa relação de 1,9 foi utilizada na equação 16 de correlação entre coesão e N spt como
Conforme apresentado anteriormente, o ensaio triaxial foi realizado para apenas uma
camada do solo, o que não representa o perfil geotécnico como um todo, pois o solo se apresenta
como um material heterogêneo e anisotrópico, neste sentido fez-se necessário utilizar os dados
46
dos ensaios SPT para melhor representar a variação das propriedades do solo, nas diferentes
camadas que formam o perfil geotécnico.
O ângulo de atrito para cada camada foi obtido baseado na fórmula desenvolvida por
Teixeira (1996) que segue abaixo.
20 N spt 5º (15)
seguinte forma:
N spt
*95, 76
c 27 N spt *1,87 (16)
1,9
47
Por razões de segurança, optou se, por utilizar o valor do peso especifico de 17 KN/m³
invés de 19 KN/m³ para N spt variando de 11 a 19.
Nspt
Material NA 𝛾 c 𝜙
médio
Silte Pouco Arenoso 19,0 17 35,5 24,5
Fragmentos de Laterita 15,5 17 28,9 22,6
Silte Pouco Argiloso 18,8 17 35,1 24,4
Silte Marrom Amarelado 18,9 17 35,3 24,4
Silte Pouco Argiloso 29,2 14,3 21 54,5 29,2
Silte Argiloso 28,5 21 53,2 28,9
Silte Areno Argiloso 28,8 21 53,8 29,0
48
Figura 14 - Resultados do Ensaio de Permeabilidade – Acervo da Empresa
O projeto em questão possui uma área total de 4953,5 m² e as análises foram realizadas
para um volume de 35000 m³. Com essas premissas foram realizadas as análises para os
métodos de Morgenstern-Price, Spencer, Janbu e Bishop. Para todos os casos foram
considerados os mesmos parâmetros e hipóteses: fluxo permanente do reservatório, fase final
da construção do reservatório, reservatório em operação, enchimento do reservatório e
rebaixamento rápido do reservatório.
Morgenstern-Price
Bishop
Janbu
Spencer
Buscou-se realizar as análises por diferentes metodologias para que, de posse de todos
resultados, se obtivesse o menor fator de segurança possível. Tal fator deve ser de no mínimo
1,5, atendendo tanto às exigências da empresa mineradora quanto às da norma da ABNT NBR
11682:2009.
A análise SEEP do software GeoStudio foi utilizada para avaliar a percolação de água
no maciço e utilizou-se dela para obter os resultados para as hipóteses de fluxo permanente do
reservatório, enchimento do reservatório e rebaixamento rápido do reservatório. Já a análise
49
Slope foi utilizada para avaliar as possíveis superfícies de ruptura do maciço e foi utilizada para
encontrar os resultados para as hipóteses de: ruptura de jusante do talude devido ao enchimento
do reservatório, ruptura geral do talude devido ao fluxo permanente no reservatório, ruptura a
montante do talude devido ao rebaixamento rápido do reservatório, ruptura de jusante do talude
devido ao fluxo permanente no reservatório e ruptura de montante devido ao fim da construção
do reservatório (vazio). As condições de contorno foram impostas no programa impedindo que
a água percolasse pelo talude.
50
4. RESULTADOS
O programa foi inicializado e a partir dos parâmetros do solo obtidos através das
fórmulas ajustadas, criou-se camadas com seus respectivos parâmetros (vide Figura 20 e Tabela
3). Também foram definidas as condições de contorno necessárias para cada tipo de caso e os
resultados foram expressos através do software. Para a hipótese enchimento rápido a condição
de contorno foi delimitar toda a superfície do reservatório com poropressão nula. Para a hipótese
de fluxo permanente as condições de contorno consideradas foram a carga de água do
reservatório nas superfícies do reservatório e a poropressão nula nas demais superfícies. Para a
hipótese de rebaixamento rápido as condições de contorno consideradas foram o alívio de carga
devido ao rebaixamento do nível do reservatório nas superfícies do reservatório e a poropressão
nula nas demais superfícies. Nas demais hipóteses não foram consideradas condições de
contorno. De acordo com as condições apresentadas, o programa foi executado e os resultados
seguem abaixo separados para cada método.
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Figura 16 - Ruptura Geral por Morgenstern-Price - Fonte: Autores
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Figura 16 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Morgenstern-Price - Fonte: Autores
Para as análises seguintes (Janbu, Bishop e Spencer) apenas foi necessário alterar o
método e, então, o programa foi executado novamente.
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4.2 Método de Janbu
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Análise de ruptura à montante, devido ao rebaixamento rápido do reservatório,
FS= 2,240.
Figura 23 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Janbu - Fonte: Autores
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Figura 17 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Janbu - Fonte: Autores
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Figura 26 - Ruptura Geral por Bishop - Fonte: Autores
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Figura 28 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Bishop - Fonte: Autores
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4.4 Método de Spencer
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Análise da ruptura à montante devido ao rebaixamento rápido do reservatório, FS=
2,592.
Figura 21 - Ruptura à Jusante por Percolação Devido ao Fluxo Permanente por Spencer - Fonte: Autores
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Figura 224 - Ruptura de Montante Reservatório Vazio por Spencer - Fonte: Autores
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5. DISCUSSÃO
De posse dos resultados emitidos pelo software, criou-se a Tabela 7 – Resultados dos
FS, comparativa dos fatores de segurança para cada método considerando todas as hipóteses.
Observando a Tabela 7 pode ser notado que o menor fator de segurança obtido foi de
1,888 considerando a hipótese de ruptura a jusante do talude quando em fluxo permanente pelo
método de Janbu. Mesmo o menor valor de fator de segurança foi satisfatório para o estudo em
questão onde considerou-se, segundo as exigências da empresa e da norma ABNT 11682/2009,
um fator mínimo de segurança igual a 1,5.
62
6. CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou as análises de estabilidade de um talude que compõe uma das
paredes de um reservatório escavado de uma empresa mineradora para os diferentes métodos
considerados na engenharia geotécnica: Morgenstern-Price, Janbú, Bishop e Spencer. Para
todos eles foram considerados as hipóteses de: fluxo permanente do reservatório, fase final da
construção do reservatório, reservatório em operação, enchimento do reservatório e
rebaixamento rápido do reservatório. Pode-se observar uma discrepância nos fatores de
segurança para os métodos analisados, porém nenhum valor foi inferior ao mínimo exigido pela
empresa (FS=1,5) e todos respeitaram também a norma ABNT NBR 11682/2009.
Através dos resultados foi possível perceber que o menor valor de fator de segurança
obtido foi de 1,888 considerando a hipótese de ruptura a jusante do talude quando em fluxo
permanente pelo método de Janbú. Mesmo esse sendo o menor dos valores ele ainda foi
satisfatório por ser maior que 1,5.
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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ABNT – NBR 11682: 2009 - Estabilidade de taludes. Rio de Janeiro, ABNT,2009. P.39.
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Carlos, 1985.
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nº 28. FAO/ONU, Roma, 1976. 172 p.
MENEZES, Suelen; IPEA. Arma contra danos da chuva - Minibarragens ajudam a evitar
erosões... 2007.Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1455:cati
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HACHICH, W., Falconi, F. F., Saes, J. L. et al. Fundações: teoria e prática. 2 ed. Pini, São
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MACHADO, Sandro Lemos, MACHADO, Miriam de Fátima. Mecânica dos solos II:
conceitos introdutórios. UFB, Salvador, 1997.
MASSAD, Faiçal. Obras de terra, curso básico de Geotecnia. 2.ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2003. 216 p.
64
VELLOSO, Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Rezende. Introdução. In: VELLOSO,
Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Rezende (Org.). Fundações. 1º Reimpressão. São
Paulo: Oficina de Textos, 2012. 584p.
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ANEXO A – BOLETINS DE SONDAGEM
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