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(MEAGRD)
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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE
(MEAGRD)
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DEDICATÓRIA
A esse trabalho dedico a Deus pelo dom dado a vida, sabedoria e persistência.
Aos Meus Pais Master Lázaro e Telma Nhantumbo pela perpétua base da minha sustentação
e progresso.
Aos Meus irmãos Master Jr, Samuel Aires, Evans Master e Lincoln Da Telma pelo suporte,
entusiasmo e que me inspiram para uma forte busca de um futuro melhor.
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DECLARAÇÃO
Declaro por minha honra que este Trabalho de módulo é resultado da minha investigação
pessoal e o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho não
foi apresentado em nenhuma outra instituição para propósito semelhante ou obtenção de
qualquer grau académico.
_______________________________
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RESUMO
Hidrologia com tema "Análise Do Período De Retorno Das Cheias Aquando Da Passagem
que drena uma área de 22 800 km2, com um comprimento aproximado de 343 km e seu
perímetro é de cerca de 798 km, Com base no estudo, a bacia tem um escoamento médio de
42% do escoamento total da bacia o que significa que a mesma possui quantidade suficiente
de água. Através da investigação baseada registros históricos dos caudais máximos por
de 16% (aquando da passagem do evento climático ciclone FREDDY) e para o caso de Gurué
v
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1. OBJECTIVOS.................................................................................................................. 2
2.2. VULNERABILIDADE.................................................................................................... 6
Os PRs obtidos para estacão de Mocuba foram comparados com os valores dos períodos de
retorno da estacão de Gurué a fim de melhorar a confiabilidade da análise da alteração dos
padrões de ocorrência a dos eventos ........................................................................................ 37
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 43
vii
5.1. RECOMENDAÇÕES. ................................................................................................... 45
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 46
LISTA DE ABREVEATURA
Mm Milímetro
viii
Km Quilómetro
°C Grau centígrado
M Metros
LISTA DE TABELAS
ix
Tabela 4- Resultados de Analises efectuadas na Bacia de Licungo em 2002…………..….21
LISTA DE FIGURAS
x
I. INTRODUÇÃO
De acordo com (DRR, 2015), as inundações na bacia Licungo são causadas por chuvas de
alta intensidade nas altas montanhas a montante (áreas de Gurué e Milange) que alimentam o
rio e seu principal afluente, o rio Lugela. Após a confluência, perto de Mocuba, o rio entra
em uma área de baixa altitude no distrito de Maganja da Costa.
O presente trabalho pretende fazer a previsão probabilística do período de retorno das cheias
aquando da passagem do ciclone Freddy na Bacia do Licungo, baseando nas estacções de
Mocuba e Gurue, sendo que baseou-se na base dados das estações e no cálculo da
probabilidade de igualar e exceder e do período de retorno.
1
1.1.OBJECTIVOS
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
2
1.2.PROBLEMA
De acordo com o relatório da equipa do reino dos países baixos para a redução do risco
(DRR, 2015), as inundações e cheias de Janeiro 2015 foram mais extremas do que as de 2013
e de 2001 na bacial do Licungo, resultaram de quantidades extremas de precipitação em toda
a bacia relacionada a um evento de ciclone formado no Oceano Índico. E o evento Climático
Ciclone Freddy atingiu a costa da Zambézia no dia 12 de Março, com seu epicentro no
distrito de Namacurra, localidade de Macuze, com ventos de 148 Km/h e rajadas ate 213
Km/h, e chuvas fortes, de mais de 200mm, afectando as províncias de Zambézia, Sofala,
Nampula, Manica. Que conta com 70,502 casas parcialmente destruídas, 103,101 casas
totalmente destruídas, 24,889 casas inundadas 85 unidades sanitárias destruídas parcialmente
2,549 salas de aulas destruídas, 230,329 alunos afectados, 4,337 professores afectados, 1,017
escolas afectadas 5,059km de estradas afectadas 347,862 ha áreas afectados
A análise dá uma vazão de pico estimada em cerca de 19.000 m3 / seg. Isso para caso de
inundações de 2015 Foram rápidas, causaram vidas humanas e extensos danos a infra-
estruturas, inúmeras violações de diques e perdas agrícolas generalizados e isolando
comunidades e aldeias, sendo a maioria dos danos causados pelas cheias terem sido à estradas
e pontes.
A previsão do período de retorno das cheias na bacia do Licungo poderá ser uma estratégia
que visa áreas consoante o nível de risco. Neste sentido o trabalho procura responder:
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1.3.JUSTIFICATIVA
O propósito para escolha do tema surge no facto deste ser uma forma de aplicar os
conhecimentos adquiridos ao longo do modulo relacionados a eventos hidroclimatológicos
extremos de modo antever o risco a inundações e cheias, pois, essa previsão poderá ajudar
antecipar e destacar os locais com riscos maiores onde ocorreram ou pode vir a ocorrer
cheias, e podem ser utilizados para identificar vidas humanas, infra-estruturas sociais,
económicas, de transportes e comunicações e bens nos locais considerados de risco, e servir
de um meio para melhor planificar, agregando o fenómeno para evitar possíveis perdas e
destruições, respondendo de forma positiva ao fenómeno. A elaboração de uma cartografia de
áreas sob risco de cheias facilita num conjunto de informações que sejam vitais para as
acções de gestão e prevenção das cheias.
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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.A TEORIA DOS DESASTRES NATURAIS
De acordo com (MICOA, 2006, p. 11) desastre é um evento surgido de um padrão específico
interacção entre um evento natural perigoso e uma comunidade ou organização social, e que
afecta a sociedade e o meio ambiente em geral.
(Tominaga, Santoro, & Amaral, 2009, p. 13), Citando UN-ISDR (2009); define desastre
como sendo uma grave perturbação do funcionamento de uma comunidade ou de uma
sociedade que envolve perdas humanas, materiais, económicas ou ambientais de grande
extensão, cujos impactos excedem a capacidade da comunidade afectada de arcar com seus
próprios recursos.
Para (Tominaga, Santoro, & Amaral, 2009, p. 13), As causas dos desastres naturais podem
ser fenómenos, tais como, enchentes, deslizamento de Terras, erosão, terremotos, tornados,
furacões, tempestades, estiagem, entre outros.
A Organização Meteorológica Mundial, 2013; citando UNISDR, 2009 define desastre como:
Um fenómeno, substância, actividade humana perigosa ou condição que pode causar perda de
vida, ferimentos ou outros impactos na saúde, danos materiais, perda de meios de
subsistência e serviços, ruptura social e económica ou danos ambientais.
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2.2.VULNERABILIDADE
2.3.EXPOSIÇÃO
Para (OMM, 2013), a exposição compreende pessoas, bens, sistemas ou outros elementos
presentes em zonas de risco que estão sujeitos a perdas potenciais. Medidas de exposição
pode incluir o número de pessoas ou tipos de propriedade em uma área.
2.4.RISCO
Risco pelas cheias é definido pela EFD (European Flood Directive) como sendo a
combinação da probabilidade de um evento de enchentes ocorrer e as consequências adversas
para a saúde humana, o meio ambiente e actividades económicas associadas de inundação
(EXCIMAP, 2007, p. 23). O risco de inundação é o resultado da combinação do perigo de
cheia e das consequências da cheia (Barbosa, 2006).
2.5.CHEIAS E INUNDAÇÕES
Segundo (Belo, 2012), citando por Zêzere, Pereira & Morgado, (2005), As cheias podem ser
definidas como sendo fenómenos naturais relativamente frequentes, de carácter extremo,
temporário e cíclico, e que são provocadas por precipitações excessivas, o que faz aumentar o
caudal dos cursos de caudal de águas, originadas o extravase do leitor menor.
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Por outro lado, (ISDR 2002), citado por (Tominaga, Santoro, & Amaral, 2009), as cheias e
inundações são problemas geo-ambientais que derivam de desastres naturais de caráter
hidrometeorológico ou hidrológico, ou seja, aqueles de natureza atmosférica, hidrológica ou
oceanográfica.
De acordo (Tucci, 1999) este fenómeno pode ocorrer de duas maneiras, nomeadamente:
Enchentes em áreas ribeirinhas: os rios geralmente possuem dois leitos, o leito menor onde
a agua escoa na maioria do tempo e o leito maior, que e inundado em media a cada 2 anos. O
impacto devido a inundação ocorre quando a população ocupa o leito maior do rio, ficando
sujeita a inumação;
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tipo de inundações ocorre principalmente devido a forma como a drenagem urbana é
projectada nas cidades e pela impermeabilização das superfícies que produzem aumento de
escoamento superficial em detrimento do escoamento subterrâneo.
Ainda (Tucci 2005), citado por (Prochmann, 2014) cita que a inundação ocorre quando a
precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar, grande parte do volume escoa
para o sistema de drenagem, superando a capacidade do leito menor. Este é um processo
natural do ciclo hidrológico devido à variabilidade climática de curto, médio e longo prazo.
Estes eventos chuvosos ocorrem de forma aleatória em função dos processos climáticos
locais e regionais.
Para (RAMOS, 2009), As inundações podem ser devidas a várias causas e, consoante estas,
podem ser divididas em vários tipos (Como mostra o quadro seguinte), nomeadamente:
Inundações fluviais ou cheias, Inundações de depressões topográficas, inundações costeiras e
Inundações urbanas.
Tipo Causa
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- Subida da toalha freática (natural ou
artificial)
- Cheias
- Storm surge
- Tsunami ou maremoto
- Cheias
Tucci (2004) citado por Gomes et al (2004) descreve as principais condições naturais para a
ocorrência de enchentes que são: O relevo, o tipo de precipitação, a cobertura vegetal e a
capacidade de drenagem do solo. As principais condições artificiais são as obras hidráulicas,
a urbanização, o desmatamento e reflorestamento e uso agrícola.
“A causa principal das cheias é a precipitação intensa. Esta precipitação pode se apresentar de
modo diverso, tais como em frentes de grande dimensão ou como uma precipitação local.
Deste modo podem dividir-se os fenómenos da precipitação em dois grupos, lentos ou
frontais e locais ou rápidos” (Rocha, 1997?)
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Para (Tominaga, Santoro, & Amaral, 2009), a ocorrência de inundação, enchente e de
alagamento são analisadas pela combinação entre os condicionantes naturais e antrópicos. As
condições naturais permitem compreender a dinâmica do escoamento da água nas bacias
hidrográficas (vazão), de acordo com o regime de chuvas conhecidos, onde podem destacar-
se os seguintes:
a) Formas do relevo;
Os vales em forma de “V” e vertentes com altas declividades fazem com que a águas atinjam
altas velocidades em pouco tempo, causando inundações bruscas e mais destrutivas. Ao
contraio, vales abertos, com extensas planícies e terraços fluviais, devido ao menor gradiente
de declividade das vertentes, favorecem a ocorrência de inundações mais lentas. Chuvas
intensas e/ou de longa duração favorecem a saturação dos solos, o que aumenta o escoamento
superficial e a concentração de água nessas regiões.
É de destacar a cobertura vegetal como factor relevante, visto que auxilia na retenção de água
no solo e diminui a velocidade do escoamento superficial, minimizando as taxas de erosão.
c) Alterações nas características da bacia hidrográfica e dos cursos d’água (vazão, retificação
e canalização de cursos d’água, impermeabilização do solo, entre outras);
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2.5.2. MEDIDAS DE CONTROLO DAS INUNDAÇÕES E PREVENÇÃO
Medidas extensivas, aquelas que agem na bacia, procurando modificar as relações entre
precipitação e vazão, como modificação da cobertura vegetal no solo, que reduz e retarda os
picos de cheias e controla a erosão da bacia. Em geral, os diques e os reservatórios são mais
apropriados em planícies de inundação que são utilizadas de forma mais intensiva.
As medidas intensivas são aquelas que agem no rio e podem ser de três tipos:
As não-estruturais, quando o homem convive com o rio, são medidas do tipo preventivas,
tais como zoneamento de áreas de inundação, sistema de alerta ligada a Defesa Civil e
seguros.
As medidas não podem controlar totalmente as inundações, nas sim minimizar as suas
consequências. A associação de medidas estruturais e não estruturais, de modo que garanta à
população o mínimo de prejuízo possível além de possibilitar uma convivência harmoniosa
com o rio. Para as populações ribeirinhas, essa convivência é fundamental para evitar perdas
materiais e até, em alguns casos, perdas humanas. A tomada de decisão é definida em função
das características do rio, do benefício da redução das enchentes, além dos aspectos sociais
do seu impacto (Barbosa, 2006).
De acordo com (Barbosa, 2006, p. 49), o mapeamento das áreas de risco de inundação é uma
ferramenta auxiliar importante no controle e prevenção de inundações, uma vez que estão
associados com o grau de risco da inundação e dos prejuízos que podem ser causados,
evidenciam a extensão das planícies de cheia e bens sob risco de inundação nestas áreas.
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Os mapas das áreas de risco de cheias facultam um conjunto de informações de referência
que são absolutamente vitais para as acções a todos os níveis de gestão de cheias. Estes
mapas destacam os locais onde ocorreram ou podem ocorrer cheias, e podem ser utilizados
para identificar tudo aquilo que possa estar em risco.
Para o mesmo autor (Barbosa, 2006), O grau de risco de inundação e do impacto social varia
de acordo com a dimensão da população que vive nas áreas de riscos ou depende delas para
sobrevivência. Uma análise de vulnerabilidade, que identifica a população sob maior risco de
inundação, pode ser utilizada para identificar as respostas dos serviços de emergência que
podem ser necessárias, incluindo a necessidade de criação dos centros de reassentamentos
temporários e meios de evacuação. A análise é importante para as decisões sobre o nível de
proteção contra as cheias
Muitos estudos sobre cheias (Khalequzzaman, 1994; EMA, 2002; El Raey e Beoro, 2003;
Jinchi, 2005; Asante et al., 2007c) classificam os impactos das cheias em duas fases: durante
o evento das cheias (impactos negativos porque são destrutivos) e após o evento das cheias. O
último impacto pode incluir factores positivos que são, em última análise, produtivos para o
meio ambiente e para a sociedade.
Impactos negativos: as cheias são um dos desastres naturais mais disseminados e destrutivos.
Embora muitos dos seus efeitos possam ser atribuídos aos próprios eventos naturais, outros
efeitos estão associados à má gestão do uso da terra (Khalequzzaman, 1994; Asante et al.,
2005). As cheias ocorrem naturalmente ao longo da maioria dos sistemas fluviais e em áreas
baixas (Kundzewicz e Takeuch, 1999; Beilfuss e Dos Santos, 2001). As cheias, que ocorrem
em áreas densamente povoadas, têm a capacidade de causar uma grande quantidade de danos
à vida e à propriedade (EWC et al., 2003; Chiesa et al., 2012). Os danos causados por cheias
posuem efeitos primários e secundários (Murwira, 2006). Os efeitos primários incluem a
perda de vidas humanas e de animais; danos físicos à propriedades e infra-estruturas como
pontes, estradas e sistemas de esgoto; a erosão de terras agrícolas e a destruição de plantações
(El Raey e Beoro, 2003; Jinchi, 2005). Os efeitos secundários ocorrem depois que as cheias
diminuem e podem incluir falhas nas infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento
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ou a contaminação das fontes de água. Ambas as falhas podem levar a condições anti-
higiênicas e à propagação de doenças (Murwira, 2006; Moel et al., 2009).
Impactos positivos: As cheias também podem trazer muitos impactos positivos (Beilfuss e
Dos Santos, 2001; El Raey e Beoro, 2003; Jinchi, 2005), incluindo a restauração de ecos-
sistemas naturais; o fornecimento de água doce abundante para agricultura; a saúde e o
saneamento e a deposição de sedimentos ricos em nutrientes em várias áreas, aumentando,
assim, os rendimentos das culturas (Beilfuss e Dos Santos, 2001; El Raey e Beoro, 2003;
Jinchi, 2005). Por exemplo, após a cheia de 1999, na Bacia do Rio Amarelo, Jinchi (2005)
concluiu que a produção agrícola de algodão na China aumentou em 15 %. El Raey e Beoro
(2003) mostraram a importância das cheias anuais da bacia do rio Nilo como a principal fonte
de abastecimento de água para as actividades agrícolas no Egipto. A agricultura é responsável
por 70 % do emprego em tempo integral na África, 33 % do PIB total e 40 % do total das
receitas de exportação (FAO, 1999). Em muitos países, como Bangladesh, mais de 30 % da
população total depende da água subterrânea para obter água doce. Esses aquíferos, por sua
vez, dependem das águas das cheias para recarga e reposição (FAO et al., 2003). Em
Moçambique, após as cheias de 2000, novos estudos sobre previsão e gestão das cheias foram
conduzidos (USGS, 2000a; Artan et al., 2002; DHI, 2006) e novos métodos para previsão das
cheias foram postos em prática. Desde a cheia de 2000, o governo de Moçambique criou mais
de 200 novas áreas de reassentamento para mover a população das áreas de alto risco de
cheias para locais mais seguros (Arnall et al., 2013). No estudo sobre cheias, reassentamento
e mudança nos meios de subsistência, por Arnall et al. (2013), evidências da zona rural de
Moçambique demonstraram que as políticas desenvolvidas e implementadas pelo governo de
Moçambique, após as cheias de 2000, tiveram impacto positivo nas comunidades. Portanto, a
economia dessas comunidades mudou da agricultura de subsistência para a agricultura
comercial e actividades não agrícolas, melhorando, assim, as condições de vida dos membros
mais pobres e vulneráveis da sociedade (Pelling e Dill, 2010). As cheias também
desempenham um papel importante na reposição das zonas húmidas e equilibram a saúde e o
estado ecológico destas. Pântanos saudáveis promovem o abastecimento de água saudável
(Kunkel et al., 1994; Kolva, 1993; Walker e Kunkel, 1994). 40
As cheias igualmente podem reduzir a tensão política entre os países que compartilham
bacias hidrográficas, tornando a água disponível para diferentes usuários. As bacias hidro-
gráficas compartilhadas, como o Tigre e o Eufrates na Ásia Ocidental e o Nilo na África
13
Oriental, e outros rios importantes do mundo, são fontes potenciais de conflitos directamente
relacionados à escassez de água. No caso da bacia do Eufrates, compartilhada pelo Iraque,
Turquia, Síria, Irã, Arábia Saudita, Kuwait e Jordânia, as cheias sazonais são um dos
principais contribuintes para o aumento da disponibilidade de água na região. O rio Nilo é
compartilhado por onze países: Ruanda, Burundi, República Democrática do Congo (RDC),
Tanzânia, Quênia, Uganda, Etiópia, Eritreia, Sudão do Sul, Sudão e o Egito. Destes países, o
Egito depende fortemente da água do rio Nilo e afirmou seus direitos históricos naturais sobre
o rio. Os princípios de seus direitos adquiridos têm sido o ponto focal das negociações com
os estados a montante. O facto de que este direito existe significa que qualquer redução
percebida do abastecimento de água do Nilo para o Egito, seja por causa de uma redução das
cheias sazonais ou por meio de abstrações a montante, é considerado uma violação de sua
segurança nacional e, portanto, poderia potencialmente desencadear um conflito entre os
países (Chatteri, 2002). Outros impactos positivos das cheias incluem a melhoria de
navegação; a lavagem da água ácida; o fluxo transportando água salgada em direcção ao mar,
entre outros (Mays, 1996).
As medidas preventivas de gestão das cheias são tipicamente descritas como estruturais e não
estruturais. As medidas estruturais buscam a redução do risco associado às cheias por meio
da modificação do sistema fluvial, controlando o fluxo da água em determinadas secções.
Essas medidas contemplam, entre outras acções, a implementação de obras de engenharia
como barragens, diques, reservatórios, etc. Já as medidas não-estruturais são aquelas em que
as comunidades reduzem o risco associado às cheias através da melhor convivência com os
seus impactos. Nessas medidas, estão incluídos o planeamento de uso e ocupação de solo,
zoneamento de áreas de risco, planos de contingência, sistemas de alerta e aviso prévio e
resiliência às comunidades, entre outros (Tucci, 2012; Vilanculos, 2015).
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cheias pode ser uma boa estratégia de gestão dos impactos causados pelo fenómeno, na busca
por soluções racionalmente integradas e compatibilizadas com o esperado desenvolvimento
urbano (JHA et al., 2012).
De acordo com Lezcano (2004), um dos maiores desafios para a implementação de medidas
não-estruturais é o de promover o engajamento e a concordância de todas as partes
envolvidas no processo de gestão, uma vez que, para a viabilização de tais medidas, se exige
credibilidade em seus resultados, seja por parte dos governos, dos técnicos, de sectores
organizados da sociedade, além, claro, da própria população, especialmente a que habita as
áreas mais vulneráveis. As medidas não-estruturais podem gerar conflitos de natureza
financeira ou económica na área de abrangência das acções planejadas, como os interesses
comerciais imobiliários, por exemplo. Além disso, geralmente exigem investimentos por
parte do poder público, tanto para a implementação quanto para a manutenção das acções
envolvidas na gestão das mesmas, podendo este ser, em alguns casos, o principal desafio,
uma vez que os resultados são comumente reflectidos em longo prazo.
As medidas estruturais estão associadas aos elevados custos de construção de novas infra-
estruturas hidráulicas e ou da manutenção das existentes. A maioria das estruturas existentes
foi projectada para um determinado período de retorno das cheias e, portanto, potencialmente
criam uma falsa sensação de segurança (Görgens, 2007a, NR2C, 2008). Se a faixa de cheia
prevista for excedida, o impacto da cheia pode ser ainda pior, enquanto as comunidades estão
menos preparadas. Viljoen (1999) mostrou que a barragem de Klipfontein falhou em mitigar
cheias no rio Mfolozi, em 1994.
15
Medidas não-estruturais podem ser uma alternativa menos onerosa em capital para países em
desenvolvimento, onde os recursos são escassos (Artan et al., 2002; Asante et al., 2008;
Vilanculos, 2015). Estas medidas não-estruturais são também necessárias para complementar
aquelas medidas estruturais que se revelam ineficazes para as cheias excessivas – níveis de
água que estão além da capacidade do projecto das estruturas. A aplicação de medidas não-
estruturais consiste em estabelecer um programa para disparar alertas de cheia e emitir aviso
prévio de que uma cheia pode ocorrer num futuro próximo, em um determinado ponto
geográfico (James e Korom, 2001). As medidas também precisariam incluir um plano de
acção para permitir que as comunidades respondam ao fenómeno de maneira apropriada
(Grigg et al., 1999; James e Korom, 2001).
16
2.7. ASPECTOS QUALITATIVOS E AMBIENTAIS DA BACIA DO RIO LICUNGO.
2.7.1. ASPECTOS AMBIENTAIS
17
mineração que se manifesta através da salinidade e condutividade eléctrica que regista
maiores índices nas bacias e particularmente nas de Mozambique.
A agua não só tem vindo a deixar por evaporação, sais minerais, como também a lixiviação
dos solos nos locais onde se pratica a irrigação de culturas devido a utilização, de agro-
químicos, (MICOA; 1996). Por exemplo, o uso de fertilizantes no Nante como ' N.P.K. 12-
24-12, Nitrogenio 46%, Rundup usado no tempo seco, Proponil e M.C.P.A. herbicidas não
selectiva e selectiva p6s emergente respectivamente, alteram apesar de ser ainda em pequena
escala, os padrões de qualidade de água da bacia na área do Nante. O desenvolvimento de
vias actividades ao longo da bacia do rio Licungo cria vias alterações do meio físico do rio.
Os impactes resultantes das actividades humanas nos recursos hídricos embora seja ainda em
menor intensidade são as modificações do uso do solo das bacias hidrográficas, originando a
formação de bancos de areia e meandros com maior incidência a jusante das pontes sobre o
rio Licungo em Mocuba e na região de Malei. Esta situação pode provocar um eventual
agravamento da ocorrência e da magnitude da s cheias e secas.
Os critérios restritivos a poluição não podem constituir, ao mesmo tempo, critérios restritivos
a potabilização, tendo-se em vista, o facto de que a poluição nem sempre restringe o uso da
água. Em Mozambique, não existe um critério estabelecido ou que estabelece limites a
poluição dos corpos de água. Para o efeito, como forma de obter uma base para avaliar a
qualidade de água bruta, usam-se as Normas Internacionais editadas pela Organização
18
Mundial da Saúde em 1963. Atendendo que a listagem dos padrões e muito extensa, foram
seleccionados alguns padrões mais importantes que facilitarão fazer uma comparação dos
dados para determinar a qualidade de água para os diversos usos, como por exemplo o
abastecimento público, a agricultura e a indústria.
Os padrões de potabilidade de água ditam a qualidade que deve ser obtida do tratamento de
água, embora seja possível renovar águas de superfície altamente poluídas. Ate atingirem os
padrões de potabilidade, os processos envolvidos são complexos e dispendiosos,
(Hammer,1977:170-185), A tabela abaixo indica alguns dos principal padrões de qualidade
de água bruta que devem ser considerados segundo a OMS, 1963 na avaliação de agua.
Características Químicas
19
Características
microbiológicas
20
Fonte: DNA/DGRH/Hidrologia
Para avaliar o estado actual da qualidade de água da bacia hidrográfica do rio Licungo foram
recolhidas amostras de água no distrito de Gurué, no distrito de Mocuba e na Localidade de
Nante entre os dias 20 a 22 de Fevereiro de 2002. Na escolha destes locais teve-se em conta
as diferentes utilizações que o rio esta sujeito ao longo do seu percurso, e não só, pelo facto
de existirem alguns dados embora poucos dos anos anteriores, que Possam facilitar a análise
em questão. Para o efeito, foi utilizado o Laboratório Provincial de Aguas da Zambézia do
Centro de Higiene Ambiental e Exames Médicos, cujos resultados foram os seguintes.
Características Físicas
Características Químicas
Características
Microbiológicas
21
44®C 24 H
Fonte: DNA/DGRH/Hidrologia
Os resultados de análises do ano de 1976 e em Fevereiro de 2002, Tabela 12, indicam haver
uma ligeira modificação de qualidade de água. Por exemplo, os nitrates em 1976 no Gurué
situaram-se em O.Omg/1 e em 2002 foi 2.7 mg/1. Em Mocuba, os resultados demonstram
que de 1976 a 2002, houve um aumento considerável dos valores dos padrões de qualidade.
O Ph em 1976 foi de 6.4 e em 2002 situa-se em 7.4, enquanto os nitratos foram de 0.6 mg/1 e
4.4 mg/1 respectivamente. No que concerne aos coliformes fecais, as Normas Internacionais
indicam que o conveniente e 20/100 ml NMP e os resultados em Fevereiro de 2002 e de
240/100 ml NMP.
Uma das razoes desta grande diferença, prende-se pelo facto de nos últimos anos devido a
escassez de chuvas aliado ao ultimo conflito armado, ter obrigado que grande parte das
populações se fixasse junto das margens do rio, onde consequentemente as populações
passaram a praticar a agricultura e como consequência as margens passaram a ser muito
vulneráveis a erosão pluvial, arrastando consigo todo o tipo de dejectos resultantes da pratica
do fetalismo a céu aberto e outros costumes. No que se refere aos cloretos houve também um
incremento na ordem de 4.19 mgcl/1 no mesmo período.
22
De uma maneira geral, os resultados encontrados nas analises efectuadas, não fogem muito
da media e dos critérios estabelecidos pela O.M.S. com excepção dos coliformes fecais e a
condutividade eléctrica por razoes acima explicadas, se alendermos a dinâmica das
utilizações de agua. Porem, e preciso estabelecer medidas de mitigação da qualidade de água,
como forma de acompanhar o estado da evolução da degradação da qualidade de água.
Um rio que seja usado para a diluição de esgotos, depende da capacidade natural de auto
depuração para assimilar os efluentes e estabelecer sua própria qualidade original. A
capacidade de recuperação e determinada pelas características do rio incluindo as condições
climáticas. Um rio profundo, com meandros e piscinas natural, tern uma recção baixa e urn
período de recuperarão longo, enquanto rios rasos com boa declividade possuem boa reacção
e alta velocidade, (Hammer, 1977:170-185).
Contrariamente ao que acontece noutras cidades como por exemplo a de Quelimane, onde os
esgotos drenam para o no dos Bons Sinais, as cidade de Gurué e Mocuba não possuem
nenhum sistema de esgotos senão a drenagem das aguas pluviais para o rio sem grandes
prejuízos para a qualidade de agua e saúde publica. Os habitantes destas cidades tem
moradias que possuem fossas e drenos para as aguas negras, e as populações residentes nos
bairros circunvizinhos utilizam latrinas melhoradas havendo casos de muitas famílias que,
devido ao ultimo conflito armado foram se fixando nas margens do rio, em que a exiguidade
do espaço não permite construir as suas latrinas, subsistindo desta forma o fecalismo a céu
aberto situação que favorece para o aumento de coliformes fecais como pode se observar das
analises efectuadas.
Relativamente ao lixo toxico que geralmente e produzido pelas indústrias, ao longo da bacia
não foi observado nenhum foco deste tipo de lixo, isto devido a pouca ou quase inexistência
da indústria Os matadouros das duas cidades, apesar o de Mocuba situar-se junto ao rio e a
montante da ponte sobre o mesmo, não lançam os seus efluentes directamente ao rio,
depositando as aguas residuais em drenos construídos para o efeito. Como se pode
depreender, não existe possibilidades da contaminação das águas superficiais do rio Licungo
partir do saneamento destas cidades e outros serviços municipais.
23
2.8. PRINCIPAIS PROBLEMAS DE GESTÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA
A sua distribuição, de forma sustentável e racional, requer uma gestão integrada de modo a
maximizar os benefícios da comunidade, quer no presente, quer no futuro. A participação dos
grandes utilizadores de agua e da população em geral na gestão dos recursos hídricos, e
necessária de forma a balancear os investimentos, os benefícios e a protecção do meio
ambiente e qualidade de agua.
A gestão dos recursos hídricos, sendo uma função integradora a nível nacional e regional,
exige instituições publica fortes, competentes e serias. Mozambique encontra-se num
processo em que o Governo e os organismos internacionais que apoiam os pais, pretendem
que o sector privado desempenhe um papel mais importante em todas as esferas da vida da
nação (Vaz, 1997:25). Foi com esta intensão que o governo de Mozambique aprovou a Lei de
Aguas e a Politica Nacional de Aguas em 1991 e em 1995 respectivamente.
24
Errego (He), Malei, Mugeba e Nante, onde nalguns centros, nem sequer existe um sistema de
abastecimento de água no caso concreto na bacia hidrográfica do rio Licungo.
Um dos grandes problemas na gestão das bacias hidrográficas e a colecta dos dados
hidrológicos. Maior parte das vezes, os dados são recolhidos a escala nacional e se o fazem a
nível local, os funcionários tem enfrentado inúmeros problemas desde a falta de transporte
para as deslocações esta^des hidroclimatologicas, fundos para o pagamento de observadores
e outros equipamentos indispensáveis para um bom desempenho das suas actividades até a
articulação com as instituições locais de tutela.
Um outro factor e a ausência de uma estrutura administrativa de água na região que possa
fazer um planeamento de utilização de água, e fazer um acompanhamento da variabilidade da
quantidade e qualidade de água disponível ao longo do ano que pode dificultar de uma
maneira ou de outra a gestão dos recursos hídricos.
A resolução dos problemas dos recursos hídricos só pode ser alcançada através da
implementação de uma adequada política de gestão dos recursos hídricos nacionais que vise
não só urn melhor aproveitamento da agua disponível, mas também um criterioso
planeamento da sua utiliza ao e um reconhecimento da importância da agua como factor de
produção nos diversos sectores de actividades económico e social. No entanto, apesar destes
constrangimentos todos, tem-se assistido nos últimos anos, uma crescente sensibilidade e
intervenção do Governo, organizações internacionais e a população em geral apesar de ser
ainda em número bastante reduzido, tomando em consideração o universo que vive ao longo
da bacia, na tomada de consciência aos problemas de agua e suas implicações no
desenvolvimento económico e social.
25
III. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1.CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
A área em estudo corresponde a Bacia do Licungo, de acordo com (Muchangos, 1999), faz
parte das 25 principais bacias hidrográficas principais que drenam o país, localiza-se
totalmente em Moçambique, o seu caudal é determinado essencialmente peles relações entre
factores meteorológicos e não meteorológicos, nomeadamente a pluviosidade, a temperatura,
a evapotranspiração, o declive, a natureza dos solos e a intervenção humana.
O rio Licungo esta situado entre os paralelos 15° 18' 42’ Sul e os meridianos 35 45' e 37 33'
Este, na Província da Zambézia. Nasce nos Montes Namuli, perto da cidade de Gurué, a
altitude aproximada de 2000 metros e desagua no Oceano Indico próximo de Vila Valdez, 50
Km a Norte da Cidade de Quelimane. A sua bacia faz limite a Norte com as bacias dos rios
Raraga, Molocue e Melela, ao Sul com as bacias dos rios Zambeze e Namacurra, a Oeste com
Nalaua e Lurio e a Este pelo Oceano Indico. O seu eixo maior, que se desenvolve
sensivelmente na direcção NW - SE, tem aproximadamente 255 Km. O seu perímetro e de
cerca de 798 Km, verificando-se contudo, apos a confluência com o rio Lugela próximo da
Cidade de Mocuba, um estrangulamento progressiva da Bacia ate a foz. O rio Licungo teM
como principais afluentes na margem direita os rios Luo, Namacurra, Lugela e Mudi e na
margem esquerda os rios Muliquela, Mutuavi, Metuade e Mulemadi. O comprimento do rio e
de aproximadamente de 343 Km. O leito do rio Licungo e muito declivoso da nascente ate a
cota 700 (metros) próximo da cidade de Gurué, sendo a inclinação média de 44
26
metros/quilometro no curso superior. No curso médio, desde Gurué ate a cidade de Mocuba a
inclinarão média e de 7.8 m/Km, e de Mocuba ate a foz o rio tem uma inclinação média de
0.88 m/Km.
27
O mapa do relevo (Fig A) mostra que na região sul da bacia se localizam as áreas de maior
risco devido a configuração do mesmo, onde a norte o relevo é maior que no sul. O mapa do
declive reclassificado (Fig A), mostra a distribuição do declive plano na maior parte da bacia,
áreas montanhosas caracterizam-se por um declive mais acentuado. O declive e o relevo
podem ter sido os factores determinantes para os resultados obtidos neste trabalho.
3.2.CLIMA
3.3.TOPOGRAFIA
A topografia influencia o movimento do ar, tendo assim um efeito sobre o clima, por
exemplo as cadeias de montanhas, que são barreiras que alteram os padrões de vento e
precipitação (Funhen, 2015,pág.39). De acordo com Carvalho e Assad (2005,pág.205), os
maiores valores de precipitação tendem a se concentrar nas maiores altitudes, devido aos
ventos úmidos orográficos que porventura se estabelecem em cadeia de montanhas, as quais
servem de barreiras naturais. Essa precipitação adicional (em relação a uma área plana)
depende das dimensões e alinhamentos dessas elevações em relação aos ventos orográficos,
bem como da umidade da parcela de ar e das condições atmosféricas. Ademais, as vertentes a
barlavento recebem mais precipitação do que as vertentes a sota-vento, devido aos efeitos de
expansão e compreensão adiabática dos ventos úmidos (Ayoade, 1996; Barry e Chorley,
2010).
28
Figura 5: Mapa Topografico
3.4.PRECIPITAÇÃO
A precipitação consiste em qualquer partícula de água, sólida ou líquida, que cai da atmosfera
e atinge o solo, proveniente das nuvens, e pode ocorrer sempre que as gotas das nuvens
crescem até atingirem dimensões suficientes para caírem por efeito da gravidade. A
precipitação constitui um vector fundamental do ciclo hidrológico, unindo a atmosfera aos
restantes subsistemas do sistema climático. Tem uma grande variedade de formas (chuvisco,
chuva, neve, neve molhada, granizo, saraiva, aguaceiros, neve gelada) e a sua classificação
depende, em geral, do mecanismo envolvido no arrefecimento adiabático que conduziu à
formação da nuvem (convectiva, orográfica, de convergência, frontal).
29
Exprime-se em milímetros (= litros por metro quadrado). A duração da precipitação é o
período de tempo contado entre o início e o fim da chuvada (mede-se em horas, minutos ou
dias). Frequência é o número de ocorrências por ano para uma determinada chuvada ou, o
número de anos necessários para a ocorrência de uma determinada chuvada. A intensidade da
precipitação avalia-se pela variação da quantidade da precipitação ( R) relativamente ao
intervalo de tempo ( t) em que caiu.
A precipitação é mais intensa no norte da bacia, que coincide com as áreas de elevadas
altitudes, sendo que estas áreas não coincide com as áreas de alto risco, o que justifica-se pelo
facto de estas áreas abundarem muitos cursos de água, ou seja, a área tem uma maior
densidade de rede de drenagem, e as áreas á sul da bacia, com relevo mais baixo, a
precipitação é menos intensa, sendo que estas áreas, no resultado das áreas de risco estas
coincidem com as áreas de alto risco porque toda água drenada a partir das áreas mais
elevadas vai acumular-se nestas áreas, causando inundações.
30
3.5.USO E COBERTURAS
As áreas com formações herbáceas inundadas e inundáveis, solos expostos bem como aquelas
modificadas por actividades humanas, foram atribuídas mais pesos, visto que influenciam de
forma significativa no processo de escoamento, já áreas com cobertura vegetal são áreas com
menos risco de inundações. Para os solos, áreas com solos argilosos são as áreas com maior
risco, pois estas permitem a retensão da água na superfície do solo impossibilitando o
processo de infiltração da água no solo.
A evapotranspiração depende do albedo da vegetação, pois é tanto maior quanto menor o seu
valor. O albedo varia em função da espécie vegetal, e dentro da mesma espécie, varia com o
estado de desenvolvimento vegetativo. Dum modo geral, as culturas têm um albedo de 0.25,
em verde, mas o seu valor tende a baixar à medida que as culturas se desenvolvem. Em geral
as florestas transpiram mais do que as culturas arvenses, havendo ainda diferenças entre as
várias espécies arbóreas. Devido a diferenças na resistência dos estomas à difusão do vapor
de água, há também diferenças importantes nas intensidades de evapotranspiração potencial
entre espécies com o mesmo albedo e a mesma altura, quando expostas ao mesmo estado de
tempo. Por outro lado, na mesma espécie a abertura dos estomas funciona como reguladora
da evapotranspiração, reduzindo-se quer em condições de excessiva evapotranspiração
potencial, quer em condições de limitação da humidade do solo. Quando a camada superior
do solo está seca, as plantas com raízes pouco profundas reduzem a transpiração, no entanto
as plantas com raízes muito profundas continuam a transpirar normalmente. Esta é uma razão
pela qual as árvores transpiram mais do que as herbáceas. A densidade de raízes das plantas
pode também ser importante neste aspecto, na medida em que está relacionada com a
facilidade de captarem água para manterem a evapotranspiração. As resinosas ao
interceptarem mais água do que as folhosas fazem aumentar a evaporação. Além disso
transpiram mais porque têm um albedo mais baixo, e as folhas têm duração mais longa
31
Figura 7: Uso e Cobertura da terra
3.6.SOLOS
O solo influencia a evapotranspiração quer pelo seu albedo, quer pela sua capacidade de reter
e armazenar água, a qual depende da sua textura. Solos de características arenosas acabem
acabam por limitar a perda de água porque, uma vez secos á superfície, é mais facilmente
quebrada a continuidade da água ao nível dos poros e consequentemente reduzida a perda de
água por evaporação já que, a ascensão capilar é eliminada.
A maior quantidade de água armazenada pelos solos argilosos acaba por favorecer o
desenvolvimento vegetal e a evapotranspiração, bem como a perda por evaporação directa a
Partir do solo.
32
Figura 8: Solos da bacia do Licungo
33
3.7.ÁREAS DE RISCO Á INUNDAÇÃO NA BACIA DO LICUNGO
Com o mapa 8, pode ver-se o resultado do mapeamento das áreas de risco a inundações na
bacia do Licungo, onde destacam-se 5 classes de risco, nomeadamente: Risco muito alto,
Alto risco, Risco moderado, risco baixo e risco muito baixo; distribuídas ao longo da bacia.
As áreas de risco muito alto se concentram em áreas planas da bacia, com declive menor que
2%, e altitude entre os 0 – 50 metros, afectando o sul da bacia, sendo o posto administrativo
de Nate o mais afectado, Maganja da Costa e distrito de Namacurra.
As áreas de risco Alto expandem-se tal como as áreas de risco muito alto em altitudes até 50
metros, mas estas afectam também áreas com altitude a variar de 50 – 70 metros, seguindo a
configuração do rio principal (Licungo) até a fronteira entre os distritos de Mocuba e maganja
da costa. Mais a norte, na confluência entre os riscos Licungo e Lugela perto de mocuba
verificam-se áreas de alto risco onde a (DRR, 2015) justifica por ser nesta áreas onde se
concentra as aguas drenadas resultantes das precipitações intensas que se registam nas altas
montanhas de Gurué e Milange, a partir daí o rio entra numa em baixa altitude até ao distrito
de maganja da costa. Registam-se ainda áreas de alto risco nas áreas junto ao rio Licungo
com declive a variar de 1 – 2%.
34
As áreas de risco moderado, ocupam maior percentagem na bacia do Licungo, nestas áreas as
inundações registam de forma insolada, estão distribuídas em áreas com altitude que variam
de 50 metros podendo atingir ares de até 600 metros, com declive que varia de 2 – 4%.
O risco baixo, varia em altitude de 750 – 1000 metros de altitude, com declive maior que 2%
e menor que 8%. As inundações nestas áreas são menos prováveis de acontecer tanto pelas
condições de declive e altitude, bem como a as condições de uso e cobertura, abundando
florestas de baixa altitude, e características dos solos, por serem bem drenadas, não obstante o
facto de abundar maior precipitação.
Finalmente para as áreas de risco muito baixo, que se encontram em áreas de declive muito
acentuado, variando de 8 – 27% e altitude s elevadas que partem de 1500 metros até acima de
2000 metros.
A distribuicao dos Niveis de risco de inundacao são inflenciados por cinco factrores
principais na área em estudo sendo o relevo e o declive os que mais inflenciam com 39.42% e
38.23% respectiamente, o que faz com que as áreas de muito alto risco e de alto risco se
localizem nas baixas altitude e com declive plano, e as areas de muito baixo e baixo risco
estejam localizados em areas de relevo muito acentuado e com declive mais ondulado
35
estatistico foi a ferramenta utilizada a fim de verificar a probabilidade do evento de cheias ser
igualado ou superado.
3.8.RECOLHA DE DADOS
Os dados dos caudais da bacia hidrográfica de Licungo para a determinação dos objectivos do
trabalho investigativo foram obtidos na Direcção Nacional de Água.
Há uma grande variedade de modelos usados para estimar o pico de caudais dentro de uma
bacia hidrográfica, a escolha deste método deve se pelo facto dos métodos probabilísticos
serem por conseguinte, métodos de previsões de cheias futuras, associadas a um período de
recorrência, baseados nos registos de série histórica. O enfoque estatístico para se determinar
a magnitude das vazões máximas consiste em definir uma relação entre descargas máximas e
as correspondentes frequências de ocorrência, a partir do estudo de uma série de dados
observados. A suposição básica desses métodos é de que as cheias verificadas durante um
determinado período possam ocorrer em um período futuro de características hidrológicas
similares, isto é, com uma expectativa de repetição.
- Gerou-se duas tabelas, uma para cada estacão (Mocuba e Gurué), apresentando caudais
máximos registadas durante 30 anos (1993 – 2023) excluindo o ano de 2020, na Bacia de
Licungo, utilizando as probabilidades, para determinar o período de retorno.
- A série é colocada em ordem decrescente de caudais máximos correspondente aos 30 anos e
cada um dos anos recebe um índice de ordem (i).
- A cada ordem está associada uma probabilidade empírica dada por:
36
𝒊
𝑷 = (𝑵+𝟏) (1)
Onde:
P – é a probabilidade que indica a chance do caudal ser igualado ou superado em um ano
qualquer;
i - índice de ordem
N – é o número total de anos;
1
𝑇𝑅 𝑒 𝑃𝑅 =
𝑃
(2)
O PR foi calculado para todos os níveis, a partir do nível de cheias de cada estação,
utilizando-se uma série de dados temporais parciais, ou seja, os caudais máximos registrados
dentro de um contexto histórico, excluídos os eventos associados, para melhor avaliar a
frequência das cheias.
Os PRs obtidos para estacão de Mocuba foram comparados com os valores dos períodos de
retorno da estacão de Gurué a fim de melhorar a confiabilidade da análise da alteração dos
padrões de ocorrência a dos eventos
37
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO DE DADOS
4.1.DETERMINAÇÃO DA PROBABILIDADE DO CAUDAL IGUALAR OU
EXCEDER AO PERÍODO DE RETORNO NA ESTACÃO DE MOCUBA
2015 3% 31 21650
38
1999 55% 1.82 2033.6
Segundo a tabela percebe-se que observa-se que o caudal de 2023 (3897,87m3/s) representa
um Período de Retorno de 6 anos e a sua probabilidade de igualar ou exceder é de 16%
(aquando da passagem do evento climático ciclone FREDDY).
39
5.1.2 Gráfico da curva de caudais da estação de Mocuba (Bacia de Licungo)
Segundo ao gráfico percebe-se que a maior parte dos caudais estão acima de 16% sendo que
o período de retorno de evento similar é inferior a 6 anos.
40
2014 26% 3.9 65.122
41
1997 90% 1.1 32.131
Segundo a tabela percebe-se que observa-se que o caudal de 2023 (53,17m3/ano) representa
um Período de Retorno de 2 anos e a sua probabilidade de igualar ou exceder é de 45%
(aquando da passagem do evento climático ciclone FREDDY).
Segundo ao gráfico percebe-se que a maior parte dos caudais estão acima de 45% sendo que
o período de retorno de evento similar é inferior a 2 anos.
42
5. CONCLUSÃO
Findo trabalho, sobre a previsão probabilística do período de retorno das cheias aquando da
passagem do ciclone Freddy na Bacia do Licungo, baseando nas estacções de Mocuba e
Gurué, pode concluir-se o caudal de 2023 da estação de Mocuba (3897,87m3/s) representa
um Período de Retorno de 6 anos e a sua probabilidade de igualar ou exceder é de 16%
(aquando da passagem do evento climático ciclone FREDDY) e para o caso de Gurue
conclui-se que o caudal de 2023 (53,17m3/ano) representa um Período de Retorno de 2 anos e
a sua probabilidade de igualar ou exceder é de 45% (aquando da passagem do evento
climático ciclone FREDDY).
Também é importante referir que as áreas de maior risco na bacia do Licungo estão
localizadas em áreas de baixa altitude, com declive plano no sul da bacia, sendo que as de
risco muito alto podem afectar os distritos de maganja da costa mais precisamente, o posto
administrativo de Nate.
As áreas com maior risco à inundação na bacia do Licungo estão localizadas no sul da bacia,
em áreas com declive plano, baixa altitude, afectando principalmente o distrito de Maganja
de Costa, sendo que o nível de risco nestas áreas variando de Alto a Muito alto. Ainda, as
classes de risco Alto, podem se expandir ao longo do rio Licungo, seguindo a sua
configuração até Mocuba na confluência entre os rios Licungo e seu afluente, o Lugela. Que
resulta do aumento do caudal, resultante das altas precipitações que se registam nas altas
montanhas de Gurué e Milange. As áreas de risco moderado, representam maior percentagem
na bacia, com 52% do total da bacia, estas áreas as inundações podem ser causadas por
precipitação intensa e localizadas, sobre as áreas planas, estão localizadas no centro da área
em estudo, sendo que estas, compõem maior parte dos serviços, infra-estruturas e população
da área de estudo.
As áreas de risco baixo e muito baixo, se encontram mais a a norte da bacia, caracterizadas
por relevo acentuado e declive também moderado a acentuado; a precipitação incide mais
sobre estas áreas, mais devido a configuração do relevo, torna estas menos susceptíveis ao
risco de inundação, devido ao efeito da gravidade que tende em escoar o volume de
precipitação que incide sobre estas para as áreas a sul da bacia com relevo menos assentado e
declive plano. Param além disso, estas áreas apresentam um tipo de uso e cobertura
43
caracterizadas, por formações de florestas de baixa altitude aberta a fechada o que reduz o
risco.
44
5.1.RECOMENDAÇÕES.
Recomenda-se também a aplicação das medidas não estruturais, tais como fazer previsões de
eventos climáticos extremos bem como o mapeamento de áreas de risco de inundação,
sistema de alerta ligada e seguros.
A aplicação destas medidas tal como (Barbosa, 2006) afirma, garante à população o mínimo
de prejuízo possível além de possibilitar uma convivência harmoniosa com o rio. Para as
populações ribeirinhas, essa convivência é fundamental para evitar perdas materiais e até, em
alguns casos, perdas humanas.
45
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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